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Aula 20

Direito Civil p/ Magistratura Estadual


2020 (Curso Regular)

Autor:
Paulo H M Sousa
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8 de Maio de 2020

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Sumário
Considerações iniciais ............................................................................................................................ 3

VII. Direitos reais sobre coisa alheia ...................................................................................................... 5

1. Enfiteuse.........................................................................................................................................5

2. Superfície ........................................................................................................................................8

3. Servidão........................................................................................................................................13

1. Quanto ao modo........................................................................................................................................... 16
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2. Quanto ao exercício ...................................................................................................................................... 16

3. Quanto à forma ............................................................................................................................................ 16

4. Quanto ao lugar ............................................................................................................................................ 17

4. Usufruto .......................................................................................................................................18

5. Uso ...............................................................................................................................................24

6. Habitação .....................................................................................................................................25

7. Concessão de uso especial para fins de moradia e Concessão de direito real de uso .................26

VIII. Direitos reais de garantia .............................................................................................................. 26

1. Disposições gerais ........................................................................................................................26

1. Direito de excussão....................................................................................................................................... 30

2. Direito de prelação ....................................................................................................................................... 30

3. Direito de retenção....................................................................................................................................... 30

4. Remição da garantia ..................................................................................................................................... 31

2. Penhor ..........................................................................................................................................33

A. Constituição e extinção ................................................................................................................................ 34

B. Espécies ........................................................................................................................................................ 37

2.1. Rural ..........................................................................................................................................37

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2.2. Industrial e mercantil ................................................................................................................39

2.3. De direitos e títulos de crédito ..................................................................................................39

2.4. De veículos ................................................................................................................................40

2.5. Legal ..........................................................................................................................................41

3. Hipoteca .......................................................................................................................................42

3.1. Hipoteca convencional ..............................................................................................................42

3.2. Hipoteca legal ...........................................................................................................................47

3.3. Hipoteca judicial........................................................................................................................48

3.4. Hipoteca de vias férreas ............................................................................................................49

4. Anticrese.......................................................................................................................................50

Legislação Pertinente ........................................................................................................................... 51

Jurisprudência Correlata ...................................................................................................................... 52

Jornadas de Direito Civil....................................................................................................................... 55

Resumo ................................................................................................................................................ 55

Considerações Finais ............................................................................................................................ 64

Questões Comentadas ......................................................................................................................... 64

Lista de Questões ............................................................................................................................... 100

Gabaritos ............................................................................................................................................ 115

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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Os direitos reais são tradicionalmente divididos em direitos reais sobre coisa própria e direitos reais sobre
coisa alheia. Nos direitos reais sobre coisa própria, haveria um único direito, a rigor, o direito de propriedade.

Isso porque apenas o direito real de propriedade seria um direito real ilimitado, pleno, ao passo que os
demais seriam todos seriam limitados. Assim, eu poderia exercer um poder sobre a coisa ou por direito
próprio, porque proprietário sou, ou porque o proprietário permitiria esse exercício.

Verifica-se, assim, que a classificação foi criada para justificar que o direito de propriedade é absoluto, pleno,
irrestrito, na típica perspectiva que dominou o direito liberal francês do final do séc. XVIII e do início do séc.
XIX. O Code Napoléon assentou de maneira indelével essa perspectiva no Ocidente.

No âmbito dos direitos reais sobre coisa alheia (seu direito real sobre a minha coisa), existiriam os direitos
reais sobre coisa alheia propriamente ditos e os direitos reais de garantia. A distinção se explica porque nos
direitos reais sobre coisa alheia propriamente ditos o objetivo é de instituição de uma figura parcelar do
direito de propriedade a alguém que proprietário não é.

As figuras parcelares, assim, poderiam ser estabelecidas em favor de terceiros, em maior ou menor extensão.
Assim, a enfiteuse, a superfície, o usufruto, o uso e a habitação mostrariam, da maior à menor escala, a
transferência desses poderes a outrem. Usar, fruir, dispor e reivindicar são os poderes típicos atribuídos ao
proprietário, a partir da fusão das perspectivas interna e externa da propriedade.

O enfiteuta, assim, congrega praticamente todas as figuras parcelares do direito de propriedade, de modo
que o proprietário efetivo detém apenas sombra da propriedade. Já o habitante tem apenas uma pequena
fração do uso, sendo que a maioria dos poderes permanece com o proprietário.

Em se tratando de direito real de garantia, aquele que detém o direito real não tem a pretensão de
permanecer com ele consigo. O credor hipotecário não pretende exercer qualquer direito real sobre o bem,
efetivamente. Pretende apenas ter consigo garantia em relação a uma obrigação contraída pelo devedor.

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Poderia fazê-lo por intermédio de uma garantia fidejussória, mas ela é mais sujeita às intempéries da vida,
pelo que o faz por meio de uma coisa.

O que há de similitude entre todos os direitos reais sobre coisa alheia é precisamente o elastecimento das
figuras parcelares da propriedade. Se a propriedade, em si, pode ser vista de maneira quadridimensional,
tridimensionalmente no espaço (largura, profundidade e altura) e unidimensionalmente no tempo, pode
também ser feita de dentro para fora.

A função social da propriedade, nesse sentido, é princípio para iluminar as noções que envolvem os direitos
reais sobre coisa alheia, dado que o objetivo, para além da tutela do interesse do proprietário, é a
funcionalização da propriedade socialmente. Assim, mesmo o não proprietário tem a oportunidade de se
valer da propriedade alheia em benefício próprio.

E qual é o ponto do seu Edital que eu analisarei nesta aula? Veja:

Direitos reais limitados

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DIREITO DAS COISAS


VII. DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA
Os direitos reais sobre coisa alheia são também chamados de direitos reais de gozo ou direitos reais de
fruição. Eles possuem, basicamente, as mesmas características dos direitos reais até então estudados, só que
se realizam sobre a coisa alheia. Seguem, igualmente, o princípio da tipicidade estrita, segundo a literatura
jurídica mais tradicional.

Cada um deles tem regime jurídico próprio e peculiaridades que merecem análise detida. Ao se elastecer o
direito de propriedade, o proprietário pleno pode distender as figuras parcelares desse direito, criando
relações jurídicas reais que envolvam esses poderes. Assim, elastecendo a propriedade levemente, cria-se o
direito de superfície; elastecendo-a inversamente, ao máximo, cria-se a enfiteuse.

O que caracterizará cada direito real sobre coisa alheia é precisamente o grau de elastecimento do direito
de propriedade. Quão mais distendido ele for, menos sobrará de “direito” ao proprietário. A enfiteuse, por
exemplo, é conhecida pela doutrina tradicional por deixar ao proprietário mera “sombra” da propriedade,
tamanha a distensão, que quase rompe o direito.

Lembrar que o direito de propriedade é um elástico facilita essa compreensão. Ao passo em que na enfiteuse
o elástico é puxado quase ao ponto de ruptura, no direito de superfície ele é puxado de leve, sendo que mal
se vê a figura parcelar do direito de propriedade.

1. ENFITEUSE
A enfiteuse sofre paulatino “desaparecimento” do Direito brasileiro. Essa é uma figura de direito real
anacrônica, que fora importante na colonização do país no Império de Portugal. No entanto, suas bases
atuais remontam ao Direito Medieval, de modo que o instituto vai de encontro às perspectivas modernas do
direito de propriedade.

Isso porque a enfiteuse constitui figura parcelar da propriedade que a limita de modo perpétuo, violando o
princípio já presente no Código Civil francês de 1804 de que a propriedade é absoluta. Desde que o
liberalismo se assentou no Ocidente, a propriedade se tornou figura central do Direito. O uso de um instituto
que é anterior a essa perspectiva moderna é incompatível na contemporaneidade.

Isso porque a enfiteuse virtualmente esvazia o conteúdo do direito de propriedade. O foreiro, ou enfiteuta,
pode usar, fruir, dispor, ceder e transferir a coisa. Ou seja, possui ele aparentemente a plenitude dos
poderes proprietários. Ao senhorio, ou nu-proprietário, restam apenas dois poderes.

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O primeiro deles é a cobrança da taxa anual, o foro, cânon ou pensão. Esse valor é variável,
podendo ser estipulado de maneira mais ou menos ampla. Em regra, o foro se estabelece em
0,6% ao ano do valor do bem, um valor próximo ao que se tem hoje, na jurisprudência, para o
pagamento do aluguel mensal de bens imóveis.

O segundo é o direito de preferência, dado que o foreiro, sempre que pretender alienar seu
direito, deve oferece-lo primeiro ao senhorio, para que esse possa consolidar a propriedade, novamente,
em suas mãos. Isso demonstra com perfeição aquilo que eu disse anteriormente sobre a característica da
elasticidade do direito de propriedade. A despeito de o direito de propriedade quase se romper, ele tem a
tendência de retornar de maneira plena ao proprietário, com todas as suas figuras parcelares.

Assim, o domínio útil fica com o foreiro, ou enfiteuta. É ele quem efetivamente tem o domínio do bem, ao
passo que o senhorio, ou nu-proprietário, fica apenas com o domínio direto ou limitado. Cuidado para não
confundir domínio direto com posse direta; o senhorio, ou nu-proprietário, não tem posse direta, mas
apenas domínio direto!

Caso o senhorio não exerça a preferência, o foreiro é obrigado a pagar o laudêmio, que nada
mais é do que uma “indenização” pelo não exercício da consolidação da propriedade que lhe
cabe de direito. O valor do laudêmio fora, historicamente, livre.

No entanto, já a CF/1988 indica, no art. 49 do ADCT, a pretensão de extinguir o vetusto instituto


da enfiteuse, ainda que não o faça de maneira clara. Isso porque, ao tratar da enfiteuse nas
disposições “transitórias”, o constituinte exprimiu indisfarçadamente o desejo de acabar com o instituto.
Não o fez desde já porque, como consta do §3º, continua a ser aplicado o regramento da enfiteuse “aos
terrenos de marinha e seus acrescidos, situados na faixa de segurança, a partir da orla marítima”.

Quatorze anos depois, a legislação a respeito avançou e novo passo rumo à extinção da enfiteuse foi dado.
O art. 2.038 do CC/2002 proibiu a constituição de novas enfiteuses, subordinando as existentes à aplicação
do regramento do CC/1916 (arts. 678 a 694) e leis posteriores. Assim, não é mais possível instituir o regime
enfitêutico sobre a propriedade, sendo que não foi adotada nova legislação sobre o assunto. Continua a
reger a matéria, mais de 100 anos depois, o mesmo CC/1916.

O §1º, inc. I, ainda proibiu a cobrança do laudêmio ou qualquer outra cobrança semelhante quando da
alienação do imóvel, relativamente ao valor das construções ou plantações. Ou seja, atualmente o
laudêmio pode ser cobrado apenas sobre o valor da nua-propriedade. A medida se explica pela tentativa
de reduzir o valor dos laudêmios, de modo a tornar menos atrativa a manutenção do regime enfitêutico.

Mesmo nos aforamentos ainda existentes, ficou proibido constituir novas subenfiteuses, segundo o inc. II. O
objetivo é evidente: acabar com o instituto arcaico, ainda que nossa opção legislativa tenha sido de fazê-lo
de maneira bastante lenta.

Curioso notar como o instituto, apesar disso, ainda persiste. O exemplo mais emblemático – e anacrônico –
talvez seja o da cidade de Petrópolis/RJ, cuja vasta área urbana ainda paga o laudêmio à antiga família real
brasileira. A Companhia Imobiliária de Petrópolis, entidade dos herdeiros de Dom Pedro II, ainda recebe
valores pela área da antiga Fazenda do Córrego Seco, que era de propriedade do monarca à época da
Independência.

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Mas não só. Numerosos imóveis no território brasileiro antigo pagam o laudêmio à Igreja Católica, nos mais
diferentes lugares. Estima-se que mais de 60% da arrecadação com a taxa vá para os cofres da Santa Sé em
pleno séc. XXI. Porém, a aplicação mais relevante da enfiteuse ainda ocorre nos chamados terrenos de
marinha.

O art. 2.038, §2º, do CC/2002 estabelece que a enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos
é regulado por lei especial. A lei em questão é o Decreto-Lei 9.760/1946, que dispõe sobre os
imóveis da União, além da Lei 9.636/1998, que dispõe sobre o aforamento de bens da União.

Quinze anos depois do CC/2002, a Lei 13.465/2017 deu mais um passo rumo à extinção das
enfiteuses. Como eu disse, a aplicação majoritária da enfiteuse se dá, hoje, nos imóveis
dominiais da União.

O art. 16-A da Lei 13.465/2017 permitiu, para os terrenos submetidos ao regime enfitêutico, a remição do
foro e a consolidação do domínio pleno com o foreiro. Isso pode ser feito mediante o pagamento do valor
correspondente ao domínio direto do terreno, segundo os critérios de avaliação previstos na lei.

A enfiteuse, como visto, está fadada ao desaparecimento. Como a opção constitucional e infraconstitucional
foi de fazê-lo lentamente, o regime enfitêutico deve continuar a ser relevante por bastante tempo ainda. É
de se esperar que as enfiteuses pertencentes à antiga Família Real e à Santa Sé sejam as últimas a
permanecer, haja vista que provavelmente ambas não abrirão mão desse privilégio medieval tão facilmente.

(MP-DFT / MP-DFT – 2015) Coisa é matéria e tem amplitude genérica, compreendendo todos os
objetos exteriores móveis e imóveis. Sobre o direito das coisas, julgue as seguintes afirmações:

I. A propriedade do solo abrange o subsolo, com suas minas e jazidas, estando os potenciais de energia
elétrica dissociados da propriedade do solo porque compõem o patrimônio da União para efeito de
exploração ou aproveitamento.

II. O proprietário pode conceder o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo
determinado, sendo o direito de superfície um direito real sobre imóvel, que somente se adquire com
o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

III. Com a edição do Código Civil de 2002, foi extinto o direito real da enfiteuse, com exceção do relativo
aos terrenos de marinha.

IV. O usufrutuário tem o direito de usufruir exclusivamente de bem imóvel assumindo as despesas
ordinárias de sua conservação, inclusive os impostos e taxas que supõem o uso e fruto da propriedade.

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V. O dito popular de que “achado não é roubado" encontra respaldo no Código Civil Brasileiro, quando
trata da descoberta de coisa alheia perdida, permitindo ao descobridor a apropriação da coisa quando
não encontrar o dono ou legítimo possuidor.

A partir do julgamento das afirmações anteriores, escolha a alternativa CORRETA:

A) Estão corretas somente as assertivas I e V.

B) Estão corretas somente as assertivas I e III.

C) Estão corretas somente as assertivas II e IV.

D) Estão corretas somente as assertivas III e V.

E) Estão corretas todas as assertivas.

Comentários

O item I está incorreto, nos termos do art. 1.230: “A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas
e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e
outros bens referidos por leis especiais”.

O item II está correto, de acordo com o art. 1.369: “O proprietário pode conceder a outrem o direito
de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública
devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis”.

O item III está incorreto, conforme o art. 2.038: “Fica proibida a constituição de enfiteuses e
subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior,
Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, e leis posteriores”.

O item IV está correto, como se depreende do art. 1.403, incs. I e II: “Incumbem ao usufrutuário as
despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os recebeu; e as prestações e os
tributos devidos pela posse ou rendimento da coisa usufruída”.

O item V está incorreto, já que apenas a coisa abandonada (res derelicta) permite ocupação, não sendo
a descoberta modo de aquisição a propriedade, segundo o art. 1.233: “Quem quer que ache coisa
alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor”.

A alternativa C está correta, portanto.

2. SUPERFÍCIE
O direito de superfície foi criado pensando-se na extinção das enfiteuses. Ou seja, é um instituto que lembra
o velho, mas sem os defeitos que ele tinha. A perpetuidade foi afastada e a necessária onerosidade também.
No entanto, a superfície acabou não tendo a aplicação que dela se esperava.

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Como o proprietário possui diversas figuras parcelares do direito, de maneira elástica, ele pode
se desfazer das mais diversas figuras parcelares, sem perder a propriedade. Uma dessas
possibilidades é o direito de superfície, dando-se ao credor superficiário, ou simplesmente
superficiário, o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado,
onerosa ou gratuitamente (art. 1.369 e art. 1.370).

Aqui há um conflito aparente de normas, já que a Lei 10.257/2001 – o Estatuto da Cidade – estabelece que
o direito de superfície pode ser feito por tempo determinado ou indeterminado (art. 21, caput). De acordo
com o Enunciado 93 da I Jornada de Direito Civil, as normas previstas no CC/2002 sobre direito de superfície
não revogam as relativas a direito de superfície constantes do Estatuto da Cidade por ser instrumento de
política de desenvolvimento urbano.

Com base no Enunciado, portanto, o direito de superfície pode ser estabelecido por tempo determinado
ou por tempo indeterminado. Não se confunde a superfície com tempo indeterminado com enfiteuse, que
era perpétua. Perpetuidade e tempo indeterminado são coisas diferentes.

Didaticamente falando, importante frisar as distinções que aparecem entre o direito de superfície regulado
pelo CC/2002 e pela Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade. As diferenças são sutis, mais muito importantes:

• Onde? Imóvel urbano ou rural


CC/2002 • Quando? Tempo determinado, apenas
• O quê? Solo, SEM espaço aéreo ou subsolo

• Onde? Imóvel urbano


Estatuto da Cidade • Quando? Tempo determinado ou indeterminado
• O quê? Solo, subsolo e espaço aéreo

Além disso, evidente que, seja para plantar, seja para edificar, é necessário utilizar-se do subsolo. No entanto,
o direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão, segundo
o art. 1.369, parágrafo único. Assim, evidentemente que você, ao edificar, fará a sustentação do imóvel no
subsolo; inversamente, a edificação de um andar no nível subsolo não está abrangida no direito.

A regra do CC/2002, não obstante, sofre crítica. O Enunciado 568 da VI Jornada de Direito Civil estabelece
que o direito de superfície abrange o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao

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terreno, na forma estabelecida no contrato. Ele admitiria, inclusive, o direito de sobrelevação, atendida a
legislação urbanística.

Como o Enunciado é prévio ao direito real de laje, que com a Lei 13.465/2017 passou a desdobrar a
propriedade no plano vertical (terceira dimensão do direito de propriedade), essa parte do Enunciado me
parece criticável. Não poderia o superficiário permitir a sobrelevação – a laje – já que apenas o proprietário
do solo pode fazê-lo.

Porém, na dicção do art. 1.374, não pode o superficiário dar ao bem destinação diversa daquela para que
foi concedida. Assim, se permitida plantação, não se permite edificação; se permitida a edificação de uma
casa, impossível erigir um escritório de advocacia.

Exige-se que seja feita a superfície por escritura pública devidamente registrada no Registro de Imóveis,
segundo o art. 1.369. Como é o superficiário a se utilizar do bem, fica ele responsável pelo pagamento das
despesas relativas a encargos e tributos que oneram o bem, segundo o art. 1.371.

Primeiro, conforme o Enunciado 94 da I Jornada de Direito Civil, as partes têm plena liberdade para deliberar,
no contrato respectivo, sobre o rateio dos encargos e tributos que incidirão sobre a área objeto da concessão
do direito de superfície. Assim, o art. 1.371 seria norma dispositiva, a permitir previsão em contrário por
norma privada.

Segundo, como estabelece o Enunciado 321 da IV Jornada de Direito Civil, os direitos e obrigações
vinculados ao terreno e aqueles vinculados à construção ou à plantação formam patrimônios distintos e
autônomos, respondendo cada um de seus titulares exclusivamente por suas próprias dívidas e
obrigações. O art. 791 do CPC/2015, nesse sentido, estabelece a necessidade de averbação separada e clara
de atos de constrição judicial que recaiam sobre o direito real de propriedade e o direito real de superfície.

A ressalva fica por conta das obrigações fiscais decorrentes do imóvel, que, pelo princípio da
ambulatoriedade, independem do titular do direito real para recair sobre a coisa. Assim, as dívidas tributárias
obrigarão a coisa, sendo irrelevante se o inadimplemento se deu pelo proprietário ou pelo superficiário.

Além disso, a propriedade e a superfície não se confundem, e segundo o Enunciado supramencionado,


acabam criando patrimônios distintos sobre o bem. Por isso, o Enunciado 249 da III Jornada de Direito Civil
prevê que a propriedade superficiária pode ser autonomamente objeto de direitos reais de gozo e garantia,
cujo prazo não exceda a duração da concessão da superfície.

Inaplicável, consequentemente, a regra do art. 1.474, segundo a qual a hipoteca abrange todas as acessões,
melhoramentos ou construções do imóvel. No caso de hipoteca sobre um bem no qual há direito real de
superfície, a hipoteca superficiária não pode abranger, logicamente, o direito real de propriedade e nem a
edificação que não pertence ao superficiário.

O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus
herdeiros, nos termos do art. 1.372. No entanto, o parágrafo único estabelece que, nesses
casos, o proprietário, também chamado de fundieiro ou concedente, não pode receber
qualquer pagamento pela transferência, sendo nula cláusula nesse sentido.

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Tome cuidado, portanto. A instituição do direito de superfície pode ser gratuita ou onerosa (pagamento
do chamado solarium ou cânon superficiário). A transferência do direito de superfície para terceiros, seja
inter vivos, seja mortis causa, pode ser igualmente onerosa ou gratuita. No entanto, a transferência para
terceiros tem de ser feita gratuitamente em relação ao proprietário, ou seja, o superficiário pode receber
pela transferência, mas não o proprietário concedente.

É possível mesmo se constituir o direito de superfície por cisão, aponta o Enunciado 250 da III Jornada de
Direito Civil. Isso ocorre quando o detentor do direito real de propriedade constitui o direito real de superfície
em imóvel no qual há já edificação ou plantação. Trata-se de uma forma de transferência das construções e
plantações simultaneamente à constituição da superfície.

Igualmente, possível haver usucapião do direito real de superfície e usucapião do direito real de propriedade
submetida ao regime superficiário. Ainda que a possibilidade de usucapião do direito real de superfície,
isoladamente, seja mais teórica do que prática, não há razão para se criar impedimento.

Como titular de direito real, o superficiário tem direito de preferência, em caso de


alienação do imóvel (art. 1.373), bem como o proprietário, em relação à superfície.
Ou seja, se o fundieiro for alienar o imóvel, o superficiário tem preferência na
aquisição da propriedade; se o superficiário for transmitir a superfície, o fundieiro tem
preferência na aquisição, de modo a consolidar a propriedade plena em suas mãos
novamente. Trata-se de prelação recíproca, ou preempção de mão dupla, portanto.

E se a preferência legal não for respeitada? Três correntes tentam dar solução, ora apelando ao art. 33 da
Lei 8.245/1991, a Lei de Locações, ora ao art. 518 do CC/2002. O Enunciado 510 da V Jornada de Direito Civil
vai num outro sentido e prevê que ao superficiário que não foi previamente notificado pelo proprietário para
exercer o direito de preferência é assegurado o direito de, no prazo de seis meses (rectius: 180 dias), contado
do registro da alienação, adjudicar para si o bem mediante depósito do preço.

Quando a superfície se extinguir, o superficiário perde o direito ao que construiu ou plantou,


se as partes não houverem estipulado o contrário (art. 1.375). Isso pode contrariar seu “senso
comum jurídico”, pelo que exige cuidado. Se você é superficiário e edifica um prédio de 10
andares, ao final do direito de superfície o prédio inteiro é meu e você não tem direito de
indenização.

Se houver desapropriação, porém, a indenização cabe ao proprietário e ao superficiário, no valor


correspondente ao direito real de cada um, conforme regra do art. 1.376. Ou seja, faz-se um rateio da
indenização que o proprietário tem direito pela desapropriação entre ele e o superficiário.

Como se fará esse rateio? De acordo com o Enunciado 322 da IV Jornada de Direito Civil, o momento da
desapropriação e as condições da concessão superficiária serão considerados para fins da divisão do
montante indenizatório, constituindo-se litisconsórcio passivo necessário simples entre proprietário e
superficiário.

Por fim, o art. 1.377 deixa claro que o direito de superfície constituído por pessoa jurídica de direito público
interno rege-se pelo Código Civil, no que não for diversamente disciplinado em lei especial. Trata-se de
aplicação da Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade.

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(CESPE / PGE-SE – 2017) Carlos, proprietário de um terreno, concedeu a Pedro, mediante escritura
pública registrada, o direito de cultivar esse terreno pelo período de três anos.

Nessa situação hipotética, de acordo com o que dispõe o Código Civil,

A) em caso de falecimento de Pedro, o direito poderá ser transferido a seus herdeiros ou a terceiros.

B) Carlos poderá alienar o direito de cultivo durante o prazo estipulado, mas não poderá alienar o
imóvel objeto da concessão.

C) Pedro poderá fazer obra no subsolo para guardar em depósito os insumos destinados à plantação.

D) caso o imóvel seja desapropriado, Pedro também fará jus à indenização.

E) Carlos continuará obrigado ao pagamento dos tributos que incidirem sobre o terreno.

Comentários

A alternativa A está correta, conforme o art. 1.372: “O direito de superfície pode transferir-se a
terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros”.

A alternativa B está incorreta, já que o art. 1.373 (“Em caso de alienação do imóvel ou do direito de
superfície, o superficiário ou o proprietário tem direito de preferência, em igualdade de condições”)
permite a alienação da superfície e do próprio imóvel.

A alternativa C está incorreta, nos termos do art. 1.369, parágrafo único: “O direito de superfície não
autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão”.

A alternativa D está correta, como dispõe o art. 1.376: “No caso de extinção do direito de superfície
em consequência de desapropriação, a indenização cabe ao proprietário e ao superficiário, no valor
correspondente ao direito real de cada um”.

A alternativa E está incorreta, na forma do art. 1.371: “O superficiário responderá pelos encargos e
tributos que incidirem sobre o imóvel”.

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3. SERVIDÃO
CUIDADO! NÃO CONFUNDA A PASSAGEM FORÇADA COM A SERVIDÃO. ISSO É COMUM PORQUE HÁ
PASSAGENS EM MUITAS CIDADES QUE SÃO CHAMADAS DE SERVIDÃO SEM SERVIDÃO SEREM .
PASSAGEM FORÇADA É UM DIREITO DE VIZINHANÇA, FRUTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE;
SERVIDÃO É DIREITO REAL SOBRE COISA ALHEIA, QUE VISA GERAR CÔMODO AO PROPRIETÁRIO. A
PASSAGEM FORÇADA É OBRIGATÓRIA, DADO QUE NÃO HÁ COMO A PESSOA ACESSAR SUA
PROPRIEDADE SEM ELA; JÁ A SERVIDÃO É FACULTATIVA.

COMO É OBRIGATÓRIA, INEXISTINDO OPÇÃO AO IMÓVEL ENCRAVADO, A PASSAGEM


FORÇADA GERA O DEVER DE INDENIZAR; COMO A SERVIDÃO É FACULTATIVA, EXISTINDO
OPÇÃO AO IMÓVEL, MAS A SERVIDÃO FACILITA O ACESSO, NÃO HÁ DEVER DE INDENIZAR
(MAS É POSSÍVEL HAVER PAGAMENTO, COMO NOS CASOS DE SERVIDÃO DE VISTA).

OU SEJA, PARA CONFUNDIR VOCÊ UM POUCO: A SERVIDÃO É UMA ESPÉCIE DE PASSAGEM


FORÇADA CONVENCIONAL, AO PASSO QUE A PASSAGEM FORÇADA É UMA ESPÉCIE DE SERVIDÃO LEGAL (NÃO DECORE
ISSO, POR FAVOR!).

Na servidão delimita-se um prédio como dominante o qual desfruta da prerrogativa sobre o prédio
serviente. Além disso, a servidão decorre da manifestação de vontade das partes. Por isso, a servidão é
criada mediante vontade devidamente registrada no Registro de Imóveis (art. 1.378).

Excepcionalmente, há uma espécie de usucapião de servidão prevista no art. 1.379, que


independe de acordo prévio. O dispositivo estabelece prazo de 10 anos (ou 20 anos, se sem
justo título, segundo o parágrafo único) de uso contínuo e pacífico da área, com justo título,
e após decisão judicial.

Como se vê, esse dispositivo cria uma curiosa hipótese de usucapião de um direito real sobre coisa alheia
com prazo superior ao maior prazo previsto no CC/2002 para a usucapião da própria propriedade. Ou seja,
exige-se mais tempo para se usucapir o menos... Corrigindo essa distorção, o Enunciado 251 da III Jornada
de Direito Civil estabelece que o prazo máximo para a usucapião extraordinária de servidões deve ser de 15
anos, em conformidade com o sistema geral de usucapião previsto no Código.

(FCC / TJ-PI – 2015) A servidão

A) proporciona utilidade para o prédio dominante e grava o prédio serviente, que pertence ao mesmo
dono ou a diverso dono, constituindo-se por negócio jurídico inter vivos ou causa mortis, com
subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis.

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B) proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso
dono, constituindo-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e
subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis.

C) proporciona utilidade, mas não grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, constituindo-
se mediante declaração expressa dos proprietários e subsequente registro no Cartório de Registro de
Imóveis.

D) proporciona utilidade para o prédio serviente e grava o prédio dominante, que pertença a diverso
dono, constituindo-se mediante declaração expressa dos proprietários e subsequente registro no
Cartório de Registro de Imóveis.

E) só pode adquirir-se mediante negócio jurídico inter vivos e subsequente registro no Cartório de
Registro de Imóveis, não sendo em nenhuma hipótese passível de usucapião.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que se pertencessem os imóveis ao mesmo dono, desnecessária a


servidão.

A alternativa B está correta, na literalidade do art. 1.378: “A servidão proporciona utilidade para o
prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante
declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de
Registro de Imóveis”.

A alternativa C está incorreta, porque necessário gravar o prédio serviente.

A alternativa D está incorreta, já que inútil gravar o prédio dominante.

A alternativa E está incorreta, apesar de correta na primeira parte, porque admite-se usucapião, nos
termos do art. 1.379: “O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos,
nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis,
valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião”.

A servidão é acessória, ligando-se ao direito principal, que é o direito a propriedade. Ela é indivisível e
perpétua, com duração indefinida, prendendo-se ao bem imóvel, conforme estabelece o art. 1.386.

Em regra, o proprietário do imóvel dominante (que necessita da servidão) tem de exercer a servidão
causando o menor prejuízo (art. 1.385), em homenagem ao princípio da menor onerosidade ao imóvel
serviente (civiliter modo). Por isso, constituída para certo fim, a servidão não se pode ampliar a outro (§1º).

No caso das servidões de trânsito, a de maior inclui a de menor ônus, e a menor exclui a mais onerosa (§2º).
Por isso, a servidão que abrange o mais (servidão de trânsito de veículos), abrange o menos (trânsito de
pessoas), mas não o inverso (a servidão de trânsito voltada apenas para pessoas não abrange veículos).

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Além disso, cumpre ao proprietário do imóvel dominante arcar com as despesas de manutenção da
servidão (arts. 1.380 e 1.381). Se forem mais de um os dominantes, no caso de servidão conjunta, serão as
despesas rateadas proporcionalmente.

O proprietário do imóvel serviente, então, não pode atrapalhar o uso da servidão (art. 1.383), mas pode
removê-la, se isso não causar dano ao dominante (art. 1.384). Se houver embaraço, cabíveis as ações
possessórias para que a servidão seja protegida contra atos do proprietário do imóvel serviente.

Quando a obrigação incumbir, excepcionalmente, ao dono do prédio serviente, este


pode se exonerar. Como? Abandonando, total ou parcialmente, a propriedade ao dono
do dominante (chamado de abandono liberatório). Se o proprietário do prédio
dominante se recusar a receber a propriedade do serviente, ou parte dela, o custeio das
obras volta para ele, prevê o parágrafo único do art. 1.382.

Prevê o art. 1.386 que as servidões são indivisíveis (servitutes dividi non possunt). Por isso, elas subsistem,
no caso de divisão dos imóveis, em benefício de cada uma das porções do prédio dominante, e continuam a
gravar cada uma das do prédio serviente. A exceção fica por conta da situação em que, por natureza ou
destino, só se aplicarem a certa parte de um ou de outro.

Eventualmente, adquire-se a servidão por meio de sentença judicial, em duas ações:

A. Ação confessória

• Em por objetivo o reconhecimento da existência de servidão negada/contestada

B. Ação de divisão

• A partilha, conforme estabelece o art. art. 596, inc. II, do CPC/2015, instituem-se as
servidões, que forem indispensáveis, em favor de uns quinhões sobre os outros,
incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não se tratando de servidões
naturais, seja compensado o condômino aquinhoado com o prédio serviente

Como se cria uma servidão? Já mostrei a você três hipóteses: vontade (negócio jurídico inter vivos ou
mortis causa), usucapião e sentença judicial (ações confessória e de divisão). Há ainda uma quarta
hipótese, a destinação, que se verifica quando o proprietário, perpetui usus causa (caráter permanente),
reserva parte do prédio seu em favor de outrem e, se os imóveis passarem a proprietários diferentes, a
serventia por ele criada torna-se uma servidão.

As servidões, por versarem sobre restrições à propriedade, podem ser vistas de diversas maneiras. Para
tentar facilitar sua compreensão, divide a literatura as servidões de acordo com suas classificações.
Classificam-se as servidões em:

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1. Quanto ao modo

• As servidões positivas exigem ato do titular sobre o


Positivas imóvel serviente, como no caso de extração de águas

• Já as negativas exigem abstenção, como no caso da


Negativas servidão de passagem

2. Quanto ao exercício
==163284==

• As servidões contínuas independem de ato humano


Contínua para se manterem, ou seja, são exercidas
ininterruptamente, como no caso de servidão de
aqueduto

• Já as descontínuas exigem ato humano para sua


Descontínua continuidade, porque seu exercício é intermitente,
como, mais uma vez, a servidão de passagem

3. Quanto à forma

• Como o nome diz, as aparentes são visíveis, ou seja,


possuem sinais exteriores ou obras que as revelam,
Aparentes Não naturais como a servidão de aqueduto aéreo

• Já as não aparentes, ao contrário, não permitem sua


visão prima facie, por sinais exteriores ou obras
Não aparentes Naturais visíveis, como a servidão de aqueduto subterrânea

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4. Quanto ao lugar

• As primeiras voltam-se às construções vizinhas, como a


Urbanas servidão de passagem de água da chuva em terrenos
íngremes

• As segundas tratam das servidões campestres, como a de


Rústicas pastagem

Por fim, a servidão pode ser extinta por:

A. Desapropriação

• Art. 1.387
• Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar no título
hipotecário, será também preciso, para a cancelar, o consentimento do credor

B. Cancelamento

• Arts. 1.388 e 1.389. Casos previstos para que a servidão possa ser cancelada:
• a. quando o titular houver renunciado a sua servidão
• b. quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade, que
determinou a constituição da servidão
• c. quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão
• d. pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa (confusão real)
• e. pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título
expresso
• f. pelo não uso, durante dez anos contínuos (desuso da servidão)

Segundo a legislação brasileira, há uma espécie imprópria de servidão, a servidão de aqueduto. Isso porque
ela é tratada dentro dos direitos de vizinhança, numa espécie um tanto híbrida, já que conjuga algumas
características de servidão (imóvel dominante e imóvel serviente) com outras de direito de vizinhança
(desnecessidade de registro).

O art. 1.293 permite que alguém, mediante prévia indenização aos proprietários prejudicados, construa
canalização através de seus prédios para receber as águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras
necessidades da vida, e, desde que não cause prejuízo considerável aos proprietários, bem como para o
escoamento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos.

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Ao proprietário prejudicado assiste direito a ressarcimento pelos danos que de futuro lhe
advenham da infiltração das águas, bem como da deterioração das obras destinadas a
canalizá-las. Para minorar esses problemas, o proprietário prejudicado poderá exigir que
seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou
quintais, bem como da maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis
vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem também as despesas de
conservação.

Como eu disse, por se tratar de uma espécie híbrida, o art. 1.294 dispõe que se aplica ao direito de aqueduto
o regramento da disciplina a passagem forçada de cabos e tubulações, tema esse visto em momento
próprio.

4. USUFRUTO
O usufruto é o direito real de fruição por excelência. Isso porque o proprietário se despe dos poderes de
uso e de fruição, resguardando apenas os poderes de disposição e reivindicação para si. No entanto, tendo
em vista a extensão dos poderes reais, de “usu-fruto”, detidos pelo usufrutuário, o STJ (REsp 1.202.843)
entende que o usufrutuário também pode reivindicar a coisa de quem a detenha injustamente.

Assim, a despeito de boa parte da doutrina apontar que no usufruto há uma divisão igualitária das figuras
parcelares do direito de propriedade (uso, fruição, disposição e reivindicação), parece-me que essa
percepção é superficial e falsa. Isso porque o único poder efetivamente detido com exclusividade pelo
proprietário é o poder de disposição, sendo que o poder de reivindicação é exercido tanto por ele quanto
pelo usufrutuário.

Além disso, evidentemente, o proprietário tem direito de defender sua posse (indireta) contra o
usufrutuário, por meio das ações possessórias, bem como o usufrutuário tem direito de defender sua
posse (direta) contra o proprietário, por meio das ações possessórias. Trata-se da mesma percepção que
vigora em qualquer direito, de natureza obrigacional ou real, no qual se desdobra a posse por meio de
contrato, como ocorre no contrato de locação, no contrato de comodato, no direito real de superfície, no
direito real de uso etc.

Quando se perfaz o usufruto, costuma-se chamar o proprietário destituído das faculdades de uso e fruição
de nu-proprietário. Isso porque, entendendo-se a propriedade como os poderes de usar, fruir e dispor da
coisa (além de reaver, claro, em caso de perda injusta), restaria ao proprietário apenas a faculdade de dispor,
sem que pudesse efetivamente usar o bem, daí a propriedade restar “nua”.

É o mesmo raciocínio da enfiteuse e da superfície, mas o usufruto é mais restrito que esses dois institutos.
Vale lembrar que, pela característica da elasticidade, a tendência é o retorno das figuras parcelares da
propriedade nas mãos do proprietário. Isso é visível também no usufruto, dado que
qualquer perturbação – como a morte do usufrutuário ou pela extinção do motivo que o
determinava – terá o condão de extingui-lo, retornando os poderes parciais ao proprietário.

No entanto, apesar de nu-proprietário, o proprietário ainda resguarda o poder de dispor do


bem, e pode fazê-lo a qualquer tempo. O adquirente, porém, tem a obrigação de respeitar

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o usufruto, como se o proprietário original o fosse. Nesse caso, o usufruto não precisa de nova constituição
registral, dado que os poderes de uso e fruição prevalecem sobre a alienação.

O usufruto pode ser obrigatório ou legal (a), quando a própria lei ordena que alguém tenha o usufruto dos
bens de outrem, mesmo contra a vontade deste. Por exemplo, é o caso do usufruto dos bens dos filhos
menores pelos pais, previsto no art. 1.689, inc. I. Poderia também ser judicial o usufruto (b), pela regra do
defunto art. 716 do CPC/1973, mas essa espécie deixou de existir, já que o art. 867 do CPC/2015 permite
apenas a penhora de frutos e rendimentos do bem executado, mas não mais permite a criação de usufruto
em favor do exequente.

Pode ainda o usufruto ser voluntário ou convencional (c). Essa espécie se subdivide em duas. Haverá
usufruto por alienação quando o proprietário concede o usufruto a outrem e permanece como nu-
proprietário, vindo a retomar o bem nos casos de extinção do usufruto. Pode haver usufruto por retenção
ou dedução (usufruto deducto), quando, inversamente, o proprietário aliena a coisa a outrem e permanece
como usufrutuário.

O caso mais comum de usufruto deducto ocorre quando o bem é titulatizado por uma pessoa que,
pretendendo doá-lo, mas, ao mesmo tempo, pretendendo manter a fruição sobre ele, transfere a
propriedade a terceiro e reserva a si mesmo o usufruto. Trata-se de uma doação com cláusula de reserva
de usufruto ao donatário.

Essa operação é bastante comum no chamado “planejamento sucessório”, de modo que os bens do cônjuge
supérstite são doados aos descendentes comuns, mas o sobrevivente mantém o usufruto vitalício para si.
Assim, futuramente, quando o outro ascendente falecer, não é necessário fazer novo inventário, apenas se
procedendo ao registro da extinção do direito real de usufruto.

Por fim, uma quarte hipótese é a de usufruto misto (d). Ela ocorreria na raríssima hipótese de usucapião do
usufruto. Raríssima porque, como no caso de superfície, dificilmente o possuidor usucapirá apenas o direito
real limitado, preferindo usucapir o direito real pleno, a propriedade. Poderia haver tanto a usucapião
ordinária (com justo título e boa-fé, no prazo de 10 anos) quanto a extraordinária (sem justo título nem boa-
fé, no prazo de 15 anos).

O usufruto recai em bens móveis ou imóveis, abrangendo, no todo ou em parte, os frutos e


utilidades, inclusive os acessórios (art. 1.392), conforme preceitua o art. 1.390. A regra é de que
o usufruto seja pleno ou total, abrangendo o direito real todos os acessórios da coisa.
Inversamente, o usufruto será parcial ou restrito, quando tiver seu conteúdo delimitado na
instituição, sem abranger todos os acessórios.

Se há no imóvel em que recai o usufruto recursos naturais, devem o dono e o usufrutuário prefixar a extensão
e a maneira de sua exploração (art. 1.393, §2º). Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas
consumíveis, o usufrutuário terá o dever de restituir as existentes e o equivalente em gênero, qualidade e
quantidade pelas demais. Se não for possível, deve indenizar pelo seu valor, estimado ao tempo da
restituição.

Trata-se do chamado usufruto impróprio ou quase usufruto, no qual o usufrutuário, em realidade, torna-se
proprietário da coisa, mas deve restituir as coisas recebidas (consumíveis e fungíveis), como no depósito de

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bem fungível. Diversamente, no usufruto próprio, o usufrutuário deve restituir exatamente as mesmas
coisas recebidas (inconsumíveis e infungíveis).

Tal qual os demais direitos reais, o usufruto necessita de registro no Registro de Imóveis (art.
1.391). O usufruto não se transfere, mas seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou
oneroso, por força do art. 1.393. Como é inalienável é igualmente impenhorável, decidiu o STJ
(AgRg no Ag 851.994), o que não impede que os frutos sejam penhorados, a exemplo dos
aluguéis (REsp 883.085).

São direitos do usufrutuário:

A. Possuir, usar, administrar e perceber os frutos

B. Perceber os frutos e cobrar as dívidas, quando o usufruto recai em títulos de crédito

C. Perceber os frutos naturais, pendentes ao começar o usufruto (p. ex., café no pé), sem
encargo de pagar as despesas de produção
• Por outro lado, os frutos naturais, pendentes ao tempo em que cessa o usufruto
(igualmente, o café ainda no pé), pertencem ao dono, também sem compensação das
despesas

D. Perceber os frutos civis vencidos na data em que cessa o usufruto (p. ex., os aluguéis
vencidos e os pendentes de pagamento)
• Já os frutos civis, vencidos na data inicial do usufruto, pertencem ao proprietário (a partir
de então, pertencerão ao usufrutuário)

E. Usufruir da coisa em pessoa, ou mediante arrendamento

Além disso, no caso do usufruto de envolva animais, o art. 1.397 enuncia que as crias dos animais pertencem
ao usufrutuário, deduzidas quantas bastem para inteirar as cabeças de gado existentes ao começar o
usufruto. É um caso de compensação legal, no qual o usufrutuário de 100 cabeças de gado poderá ficar com
5 bezerros dos 10 nascidos quando cinco das vacas tiverem morrido durante o usufruto; devolve as 100
cabeças, ficando consigo as excedentes, realizada a compensação.

Veja, portanto, que o usufrutuário tem direito, por exemplo, de alugar o imóvel objeto do usufruto, bem
como perceber os aluguéis. O proprietário, por sua, vez, não pode impedir essa fruição e nem tem direito de
perceber, ele, os aluguéis. Pode também o usufrutuário usar o bem como melhor lhe convier, desde que
respeitados os limites fixados; isso afasta, evidentemente, o uso do bem pelo próprio nu-proprietário. De
outra banda, são deveres do usufrutuário:

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A. Não mudar a destinação econômica do bem, sem expressa autorização do proprietário

B. Inventariar os bens recebidos e prestar garantia, caso exija o proprietário (caução


usufrutuária)
• Se quem receber o usufruto for o doador do próprio bem, não precisa dar garantia (no
caso do usufruto deducto)

C. Velar pela conservação dos bens, e entregá-los findo o usufruto

D. Pagar pelas deteriorações resultantes do exercício irregular do usufruto

E. Pagar pelas despesas ordinárias de conservação dos bens e pelas prestações e tributos
devidos pela posse ou rendimento

F. Pagar pelas reparações que lhe competir, cobrando do proprietário a importância


despendida

G. Informar o dono sobre qualquer lesão produzida contra a posse da coisa, ou os direitos
deste

H. Pagar pelo seguro (prêmio), se a coisa estiver segurada

• O valor da indenização do seguro pertence, porém, ao proprietário, salvo no caso de


prejuízo sofrido pelo usufrutuário, que então se sub-roga no valor da indenização (caso
de sub-rogação legal)

Veja que, ordinariamente, o usufrutuário não responde pelas deteriorações, salvo culpa ou exercício
irregular de direito. Inversamente, as despesas ordinárias incumbem a ele, dado que tem a posse direta, mas
as despesas extraordinárias e as despesas ordinárias não módicas (de valor superior a dois terços do
rendimento líquido anual) continuam a cargo do nu-proprietário, aduz o art. 1.403. Trata-se, em larga
medida, de funcionamento bastante assemelhado à locação residencial.

Arcando o proprietário com as despesas extraordinárias ou as despesas ordinárias não módicas, o


usufrutuário lhe pagará os juros do capital despendido com as que forem necessárias à conservação, ou
aumentarem o rendimento da coisa usufruída. Mas, se o dono não fizer as reparações a que está obrigado,
e que são indispensáveis à conservação da coisa, o usufrutuário pode realizá-las, cobrando daquele a
importância despendida, assevera o §2º do art. 1.404.

Se o usufrutuário fizer o seguro, ao proprietário caberá o direito dele resultante contra o segurador, fixa o
art. 1.407, §1º. Em qualquer caso, o direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor da indenização do seguro
(§2º).

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O usufrutuário não pode vender o bem, já que o poder de disposição permanece com o nu-proprietário.
Inversamente, o usufruto não se extingue com a alienação do bem, como dito, dada sua natureza real. Veja
que, dentre outras, essa é uma característica que distingue bem um comodato ou uma locação de um
usufruto.

Como aqueles têm natureza meramente obrigacional, a transferência da propriedade permite a extinção do
comodato ou da locação, de acordo com o art. 576 (“Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente
não ficará obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua vigência”), aplicável
também ao comodato. Já a alienação do imóvel objeto do usufruto apenas modifica a titularidade da coisa,
alterando-se o nu-proprietário, sem que isso extinga o direito real.

E como se extingue o usufruto, então? Por se tratar de direito real, exige-se o cancelamento do registro do
usufruto no Registro de Imóveis (art. 1.410). O dispositivo supramencionado estabelece que se extingue o
usufruto por:

I. Renúncia ou morte do usufrutuário

II. Termo de sua duração (usufruto por tempo determinado)

III. Extinção da pessoa jurídica em favor de quem o usufruto foi constituído

IV. Cessação do motivo de que se origina

V. Destruição da coisa

VI. Consolidação

VII. Culpa do usufrutuário

VIII. Não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai

Vou tratar das peculiaridades de algumas dessas formas de extinção do usufruto. Inicialmente
(inc. I), se o bem for imóvel, exige-se escritura pública na renúncia, caso tenha valor superior a
30 salários mínimos, seguindo a regra geral do negócio jurídico. Em se tratando de morte do
usufrutuário (inc. I), extingue-se o usufruto vitalício: Inversamente, se o usufruto for a termo,
a morte do usufrutuário não o extingue, mas apenas o escoamento do prazo fixado.

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E no caso da pessoa jurídica (inc. III), poderia se perceber aí um virtual “usufruto perpétuo”? Isso porque,
diferentemente da pessoa natural, a pessoa jurídica pode perdurar indefinidamente, pelo que a ausência de
fixação de prazo de duração criar uma espécie de usufruto formalmente vitalício, mas, na prática, perpétuo.
Até seria o caso, mas a perpetuação de um direito real desvirtuaria a noção moderna de propriedade e iria
de encontro à perspectiva mais recente adotada pelo CC/2002 de extirpar qualquer direito real de natureza
perpétua.

A ausência de limitação criaria uma espécie de enfiteuse travestida de usufruto sem qualquer restrição
temporal. Por isso, o art. 1.410, inc. III, estabelece que se o usufruto for instituído em favor de pessoa
jurídica, obrigatoriamente se extingue pelo decurso de 30 anos da data em que se começou a exercer.

Assim, o usufruto pode ser temporário ou a termo (art. 1.410, inc. II), sendo que pode ele ser mais ou menos
longo, mas restrito a 30 anos no caso de usufrutuário pessoa jurídica. Pode também ser o usufruto vitalício
(mas não perpétuo), caso no qual se restringe às pessoas naturais, não havendo previsão de termo final,
extinguindo-se o direito real com a morte do beneficiário.

Pode haver a destruição da coisa dada em usufruto (inc. V). Se isso ocorrer, sem culpa do
proprietário, ele não será obrigado a reconstruir o imóvel e, mesmo que o reconstrua à sua
custa, o usufruto não se restabelece. No entanto, se a indenização do seguro for aplicada à
reconstrução do prédio, restabelece-se o usufruto.

Na hipótese de consolidação (inc. VI), o usufrutuário transfere o direito real ao nu-


proprietário, que passa a deter a propriedade plena. O caso mais comum é a morte do usufrutuário no
usufruto deducto; o pai, usufrutuário do bem doado ao filho em vida, falece, sendo que o filho, então,
consolida-se na propriedade plena da coisa.

Como o art. 1.393 não permite a alienação do usufruto, questiona-se se a confusão real operada seria
exclusivamente verificável mortis causa ou se poderia ser também inter vivos. Mortis causa é a consolidação
do usufruto em caso de falecimento do usufrutuário no usufruto deducto, acima exemplificado. Inter vivos
seria a consolidação do usufruto em caso de alienação do direito real pelo usufrutuário ao nu-proprietário.

Há quem entenda que nem mesmo ao nu-proprietário poderia o usufrutuário alienar a coisa, em virtude da
restrição prevista no art. 1.393. Não obstante, de modo a compatibilizar a regra do art. 1.393 com a regra do
art. 1.410, inc. VI, parece-me possível a alienação do direito real de usufruto ao nu-proprietário, caso no qual
há consolidação da propriedade nas mãos deste, mas não seria possível a alienação a terceiros, dado o
caráter personalíssimo (intuitu personae) do instituto, que é de maneira bastante clara subjetivamente
real.

Quando se verificará a culpa do usufrutuário (inc. VII)? Quando ele aliena, deteriora, ou deixa arruinar os
bens, sem realizar os reparos de conservação necessários. No caso de usufruto de títulos de crédito, age com
culpa quando não aplica os valores recebidos em títulos da mesma natureza, ou em títulos da dívida pública
federal, como exige o art. 1.395.

Por fim, no caso de extinção do usufruto pelo não-uso (inc. VIII), o Enunciado 252 da III Jornada de Direito
Civil determina a inaplicação do prazo decenal previsto no art. 1.389, inc. III, para a extinção da servidão pelo
não-uso. Assim, a não utilização do bem dado em usufruto pelo usufrutuário acarreta a extinção imediata

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do direito real, não se exigindo a fluência do prazo decenal ou de qualquer outro (evidentemente, atentando-
se para o caso concreto).

No caso de usufruto em favor de mais de uma pessoa, ele se extingue parcialmente em relação
a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses couber ao
sobrevivente. Ou seja, o usufruto simultâneo ou conjunto se extingue parcialmente em relação
a cada usufrutuário, exceto no caso de previsão de substituição. Trata-se de direito de acrescer
convencional dos usufrutuários sobrevivos.

(CESPE / DPE-PE – 2015) Ainda que o usufruto tenha sido estabelecido com prazo determinado, o
falecimento do usufrutuário não gera direito à sucessão hereditária legítima desse usufruto.

Comentários

O item está correto, na forma do art. 1.410, inc. I: “O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro
no Cartório de Registro de Imóveis, pela renúncia ou morte do usufrutuário”.

5. USO
Aplica-se, quanto ao uso, as disposições do usufruto (art. 1.413). A distinção fica por
conta de que o uso tem extensão menor do que o usufruto, limitado às necessidades
suas e de sua família. Por isso, parte da doutrina o chama de usufruto reduzido, ou,
de maneira pitoresca, de usufruto nanico ou usufruto anão.

Assim, as figuras parcelares da fruição e da disposição permanecem nas mãos do


proprietário, ao passo que o usuário tem para si apenas a faculdade de usar o bem. Evidentemente, como
ocorre no usufruto, a lógica do sistema indica que tanto o usuário quanto o proprietário têm o poder de
reivindicar a coisa de quem injustamente a detenha, ainda que o CC/2002 tenha sileciado a respeito.

Permite-se ao usuário a percepção dos frutos quando o exigirem as necessidades suas e de sua família. As
necessidades pessoais se avaliam conforme a sua condição social e o lugar onde viver; as da família
compreendem as de seu cônjuge (ou do companheiro, ainda que o §2º silencie a respeito), dos filhos
solteiros e das pessoas de seu serviço doméstico.

Por exemplo, o usuário poderá usar o imóvel, mas não poderá alugá-lo, já que o poder de fruição permanece
com o proprietário. No entanto, pode o usuário alugar um cômodo da casa ou a vaga de garagem do
apartamento, utilizando os valores auferidos para sua manutenção e de sua família.

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No caso de um imóvel rural, a produção de café será do proprietário, podendo o usuário colher apenas os
frutos necessários à manutenção sua e de sua família. Frise-se que a noção de família, aqui, é restrita,
devendo-se apenas ler o dispositivo de modo a incluir o companheiro.

No entanto, como o direito real de uso pode ser fixado onerosa ou gratuitamente, necessário ter cuidado ao
interpretar o art. 1.412, §2º. Se for oneroso, pode-se interpretar de maneira ampliativa o conceito de família,
se a isso não se opuser a natureza do contrato e a situação concreta.

Em se tratando de direito real de uso gratuito, porém, a interpretação sempre deve ser estrita, por força de
aplicação do art. 1.414. Frise-se, novamente, que a referida regra não prevalecerá em desfavor do
companheiro. Isso porque a norma do art. 226, §3º, da CF/1988 busca equalizar a união estável ao
casamento, sendo inaceitável uma “Civilização do Direito Constitucional” ao reverso da devida
“Constitucionalização do Direito Civil”.

6. HABITAÇÃO
O direito real de habitação é muito semelhante ao direito real de uso, mas ainda mais limitada.
Restringe-se à moradia gratuita da família do habitante, não podendo ele dar outra destinação
ao imóvel, não se permitindo que ele alugue ou mesmo empreste o bem a terceiros (art. 1.414).

Se o usuário não poderia locar o bem objeto do direito real de uso, o habitante sequer pode
emprestá-lo por comodato. Se o fizer, pode o proprietário extinguir o direito real, por
descumprimento da função. Igualmente, como o direito real de habitação é personalíssimo (intuitu
personae), não pode o habitante cedê-lo a terceiros, nem mesmo gratuitamente.

Assim, se no usufruto o beneficiário detém as figuras parcelares do uso e da fruição e se no uso o usuário
detém a figura parcelar do uso, na habitação o habitante detém apenas uma fração do poder de usar a coisa.
Novamente, a lógica do sistema indica que tanto o habitante quanto o proprietário têm o poder de
reivindicar a coisa de quem injustamente a detenha, ainda que o CC/2002 tenha sileciado a respeito.

Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa (direito real de habitação simultâneo ou
conjunto), qualquer delas que more sozinha na casa não tem de pagar aluguel à outra, mas não a pode
inibir de exercer o direito de habitá-la, se quiser. No mais, se aplica, quanto à habitação, as disposições do
usufruto (art. 1.416).

O direito real de habitação pode ser voluntário – ou convencional – ou determinado por lei – legal. No caso
de habitação voluntária, necessário o registro imobiliário, regra inaplicável ao direito real de habitação
havido por força de lei.

Na prática, a situação mais comum de verificação do direito real de habitação ocorre na hipótese legal de
sucessão do cônjuge e do companheiro. Prevê o art. 1.831 que ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja
o regime de bens, se assegura, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de
habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela
natureza a inventariar.

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7. CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA E


CONCESSÃO DE DIREITO REAL DE USO
Previstos no art. 1.225, incs. XI e XII, essas duas concessões têm por objetivo regularizar áreas favelizadas.
Trata-se de uma das primeiras normas a tentar criar verdadeira política pública de regularização fundiária
urbana, por meio da MP 2.220/2001 e pela Lei 11.481/2007. A Lei 13.465/2017 alterou profundamente os
dispositivos ao criar o REURB.

A despeito de bem-intencionadas, as normas aparentemente “não pegaram” e poucas dessas concessões


foram efetivadas. Na perspectiva mais pragmática, portanto, seu estudo é irrelevante aqui.

VIII. DIREITOS REAIS DE GARANTIA

1. DISPOSIÇÕES GERAIS
No âmbito do direito obrigacional, o credor tem uma garantia geral, de assédio de todo o patrimônio do
devedor, salvo as exceções legais que objetivam a manutenção de seu patrimônio mínimo, conforme a teoria
de Fachin. Não obstante, o credor pode, por conveniência, exigir garantias adicionais.

Essas garantias podem ser pessoais – fidejussórias – ou reais. Nas primeiras, o plus garantidor advém de
terceira pessoa, como o fiador. Assim, o credor pode assediar dois patrimônios, em vez de apenas um. Nas
segundas, o plus garantidor, inversamente, advém de uma coisa. O direito separa uma coisa do patrimônio
do devedor e dá ao credor prioridade de assédio a ela, em detrimento de outros potenciais credores.

Sobressaem das garantias reais duas peculiaridades: a acessoriedade e a ambulatoriedade. Sobre a primeira,
como as garantias são acessórias à obrigação principal, seguem o princípio da gravitação jurídica
(accessorium sequitur principale, ou o acessório segue o principal). A respeito da segunda, Orlando Gomes
explica que:

O direito real de garantia é o que confere ao credor a pretensão de obter o pagamento da dívida
com o valor do bem aplicado exclusivamente à sua satisfação. Sua função é garantir ao credor o
recebimento da dívida por estar vinculada a determinado bem. O vínculo não se descola da coisa
cujo valor está afetado ao pagamento da dívida. Se o devedor a transmite a outrem, continua
onerada, transferindo-se com ela o gravame. Acompanha, segue a coisa, subsistindo íntegro e
ileso, seja qual for a modificação que sofra a titularidade do direito. O direito do credor tem,
portanto, sequela.

Os direitos reais são divididos pela literatura jurídica em três grandes grupos: os direitos reais sobre coisa
própria, os direitos reais sobre coisa alheia e os direitos reais de garantia. Há três características gerais do
direito das coisas aplicáveis igualmente aos direitos reais de garantia:

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A. Eficácia erga omnes

• Apresenta uma preferência especial, bem como pelo chamado poder de sequela, o que
quer dizer que o titular pode vender o bem, mas a garantia o grava e o acompanha,
podendo o credor buscar a coisa nas mãos de quem quer que ela venha a estar

B. Indivisibilidade da garantia

• A garantia estabelece-se sobre a integralidade da dívida e sobre todo o bem dado em


garantia. Pelo principio da indivisibilidade, portanto, se um imóvel foi dado em hipoteca
para garantir uma dívida que já teve pagamento parcial, o imóvel inteiro pode ser levado
à alienação para quitar o restante (art. 1.421)
• Mas há exceções, como a Súmula 308 do STJ, que estabelece que a hipoteca entre
agente financeiro e construtor não tem eficácia sobre o promitente comprador

C. Proibição do pacto comissório real

• A garantia real garante aquele determinado bem para ser levado à venda em hasta
pública. Ou seja, proíbe-se que o próprio credor fique com o bem dado em garantia (a
chamada cláusula constituti), automaticamente, por força do art. 1.428
No entanto, os credores pignoratício, anticrético ou hipotecário podem ficar com o bem,
se o receberem por meio de dação em pagamento

Ainda relativamente ao pacto comissório, é importante distingui-lo do chamado pacto marciano. Ao


contrário do comissório, o pacto marciano assegura a aferição do justo valor do bem dado em garantia e
a restituição do supérfluo. Age, assim, como barreira de contenção aos abusos do credor, tutelando a
vulnerabilidade do devedor. Impede-se que o credor fixe unilateralmente o valor da coisa dada em garantia,
bem como que se aproprie de valor superior ao da obrigação principal, de sorte a afastar a possibilidade de
enriquecimento sem causa do credor, que não lucrará com o ajuste.

Desse modo, enquanto o pacto comissório gera o risco de desvirtuamento do sistema de garantias, que
passaria a apresentar intuito especulativo, a cláusula marciana assegura a manutenção do sistema por meio
da proteção da comutatividade da equação prestacional. A garantia mantém-se como acessória do débito,
sem que o credor se aproprie de valor superior ao da dívida.

Como resultado, o sistema de garantias é preservado. Contribui ainda o pacto marciano para a função
preventiva do sistema ao conceder maior eficácia à garantia, permitindo a aquisição da coisa pelo credor. De
outro giro, colabora para a função promocional, ao proporcionar, a um só tempo, ao credor modo mais
célere e menos dispendioso de satisfação do crédito, e ao devedor o alcance do valor de mercado do bem,
dificilmente obtido no procedimento de leilão, e o recebimento do eventual supérfluo.

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Outro efeito socialmente desejável da cláusula marciana consiste no aumento da previsibilidade das relações
contratuais e, por via de consequência, de segurança jurídica. Favorece, assim, o bom funcionamento do
mercado e do sistema econômico.

Por isso, o Enunciado 626 da VIII Jornada de Direito Civil estabelece que não afronta o art.
1.428, em relações paritárias, o pacto marciano. O pacto marciano é a cláusula contratual que
autoriza ao credor tornar-se proprietário da coisa objeto da garantia mediante aferição de
seu justo valor e restituição do supérfluo (valor do bem em garantia que excede o da dívida).
A aferição deve ser feita pelo valor de mercado ou por terceiro desinteressado no pacto,
indicado pelas partes.

É possível, ainda, distinguir os direitos reais de garantia dos direitos reais sobre coisa alheia (de fruição) a
partir do conteúdo e da função:

DIREITOS REAIS DE GARANTIA DIREITOS REAIS DE FRUIÇÃO


É o poder do titular por sua própria Traduz no poder do titular usar, e
Conteúdo iniciativa, obter a satisfação da dívida fruir a coisa da qual tem posse
garantida pela coisa direta
Acessórios, pressupõem antes a existência
Função Autônomos
de um crédito, a quem servem de garantia

Por fim, antes de passar às espécies dos direitos reais de garantia, mostrarei a você as regras gerais dos
direitos reais de garantia. Assim, quando adentrar nos direitos reais de garantia propriamente ditos, você já
saberá, de antemão, em detalhes, a “lógica” que perpassa as regras do CC/2002.

A. Constituição e eficácia

A constituição de um direito real de garantia segue a regra geral de capacidade, ou seja, só pode
empenhar, hipotecar e dar em anticrese quem pode igualmente alienar a coisa, ou seja, deve
o sujeito ter capacidade de disposição (regra do art. 1.420).

No caso de tutelados ou curatelados, os tutores ou curadores só podem instituir direito real de


garantia sobre a coisa com autorização judicial, por interpretação do art. 1.691. Do mesmo
modo o cônjuge só pode gravar a coisa comum mediante assentimento do outro, em aplicação do art. 1.647,
inc. I, do CC/2002, à exceção dos regimes de separação de bens.

A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias reais estabelecidas por quem não
era dono. Trata-se da convalidação por superveniência do domínio, ou seja, a regra da venda a non domino
é aplicável igualmente às garantias reais, pelo que quem dá em garantia (hipoteca, penhor ou anticrese)
bem sobre a qual não detinha direito real sobre coisa própria, a propriedade superveniente tem o condão
de dar eficácia ao negócio acessório de garantia.

Já o art. 1.424 prevê os requisitos eficaciais dos direitos reais de garantia, quais sejam:

I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo

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II - o prazo fixado para pagamento

III - a taxa dos juros, se houver

IV - o bem dado em garantia com as suas especificações

O STJ tem entendimento de que a falta de cumprimento desses requisitos não acarreta a nulidade da
garantia real, mas apenas uma ineficácia contra terceiros (REsp 226.041). Isso deixa claro que o registro é
apenas elemento de plus eficacial, e não elemento de validade ou mesmo de eficácia inter partes.

B. Objeto

O objeto específico depende do direito em questão, mas, segundo regra do art. 1.420, somente os bens
alienáveis podem ser dados em hipoteca, penhor ou anticrese, ou seja, apenas as coisas sujeitas ao
comércio. A ausência de consuntibilidade jurídica exigida torna nula a garantia real.

Nesse sentido, variados bens que estão fora do comércio, como os bens públicos, ou que possuam restrições,
como os bens gravados com cláusula de inalienabilidade oriunda de testamento ou doação (na leitura do art.
1.911), não podem ser oferecidos em garantia real. Igualmente, bem produto de crime torna nula a garantia
dada em relação a ele.

Atente para o bem de família. Pode um bem de família ser objeto de garantia real; posso hipotecar minha
casa, meu bem de família? Se sua reposta foi positiva ou negativa, ela está equivocada. Depende. Se a casa
é bem de família convencional (art. 1.711 do CC/2002), nula é a hipoteca. Se a casa é bem de família legal
(art. 1º da Lei 8.009/1990), a hipoteca é válida.

Outro ponto relevante em relação ao objeto é quando a coisa é comum, ou seja,


instituída em condomínio. Somente quando todos os proprietários anuem com o direito
real é que o bem todo pode ser dado em garantia, mas nada impede que cada
proprietário institua garantia real sobre sua parte ideal (art. 1.420, § 2º, em consonância
com o art. 1.314).

De uma banda, portanto, posso dar em garantia a minha fração ideal sobre a coisa comum, mas para dar em
garantia a coisa toda, necessária a anuência de todos os coproprietários. Evidentemente, estou a falar no
condomínio geral, não na espécie do condomínio edilício, já que nesta hipótese não pode o condômino dar
em garantia sua fração ideal sobre as áreas comuns de maneira autônoma em relação à área privativa.

Além disso, o objeto da garantia é indivisível em relação ao pagamento parcial, salvo se


estipulado em contrato em contrário, por força do art. 1.421. Ou seja, mesmo que se deem
diversos bens em garantia, todos eles (inclusive os acessórios) continuam garantindo o credor,
ainda que haja pagamento parcial, seja a coisa indivisível (como um carro, uma joia ou uma
casa), seja divisível (coleções, rebanhos, rendas ou fazenda).

Igualmente, em se tratando de um bem imóvel, as acessões e benfeitorias realizadas pelo proprietário


passam também a integrar a garantia hipotecária, independentemente do valor. O princípio da

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indivisibilidade, portanto, carrega em si também o princípio da gravitação jurídica (accessorium sequitur


principale), de modo que os acessórios e frutos da coisa seguem a sorte da garantia, de maneira indivisível.

Por fim, necessário prestar atenção a um detalhe. O entendimento da doutrina é de que a hipoteca do direito
real de propriedade não atinge os direitos do superficiário, nem a hipoteca do direito real de superfície atinge
os direitos do nu-proprietário. A mesma regra vale para o direito real de laje, situação na qual a hipoteca
constituída sobre a propriedade do proprietário da construção-base não atinge os lajeiros, proprietários das
lajes acrescidas no espaço aéreo ou no subsolo, desde que registradas.

C. Terminologia

1. Direito de excussão

Corresponde à possibilidade de tomar o bem dado em garantia real para aliená-lo em hasta
pública ou privada, conforme o caso, sendo o produto da arrematação destinado à satisfação
do credor (art. 1.422), nos casos de hipoteca e penhor. Este é o principal efeito visado pelo
credor, a preferência no produto da alienação do bem.

Se o montante não for suficiente, continua o devedor obrigado pelo restante na execução,
mas aí como credor quirografário (art. 1.430). Se for gravado mais de uma garantia, prefere a que primeiro
foi registrada – não interessa quando foi obtida, mas sim registrada.

2. Direito de prelação

A expressão prelação significa a situação de preferência ou preempção do credor de poder


atingir a coisa dada em garantia real para satisfação do seu crédito com predominância em
relação aos demais credores.

Orlando Gomes sustenta o direito de preferência a partir da teoria da obrigação real, segundo
a qual a pretensão do credor se dirige contra quem quer que seja proprietário da coisa no
momento dado. Trata-se, em larga medida, do poder de sequela havido no direito real de garantia.

Vale mencionar, ainda, que a lei pode excepcionar essa referência estabelecida no art. 1.422, por razões de
política legislativa. É o caso de concurso de credores, previsto no art. 83 da Lei 11.101/2005, no qual os
credores trabalhistas têm preferência sobre os créditos de garantia real. Igualmente, os créditos
condominiais têm preferência sobre os créditos de garantia real, de acordo com a Súmula 478 do STJ.

3. Direito de retenção

Alguns direitos reais de garantia envolvem a retenção do bem pelo credor. Isso ocorre tanto no penhor
comum como na anticrese, por prazo máximo de 15 anos, nos termos do art. 1.423 (perempção da garantia
anticrética).

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4. Remição da garantia

Não confunda remiÇão e remiSSão, pois esta é ligada ao verbo remitir, perdoar, ou seja,
é o acordo pelo qual o credor oferta o perdão da dívida. Já a remição, por sua vez, é o
resgate de objeto dado em garantia real pelo pagamento da dívida. A remição
corresponde ao poder do terceiro que adquire um bem gravado por garantia real, do
cônjuge e dos herdeiros de pagar a dívida para resgatar o bem.

• “Perdoar” a dívida, gratuitamente, por liberalidade, pela


Remissão absolvição
• Remitir

• “Perdoar” a dívida, onerosamente, pelo resgate, pela


Remição reaquisição
• Remir

Porém, a remição tem de ser integral, como preceitua o art. 1.429, porque, do inverso, o princípio da
indivisibilidade da garantia seria quebrado. O terceiro fica sub-rogado nos direitos do credor, segundo o
parágrafo único, quando remir a dívida que deu origem à garantia. Assim, possível que os sucessores do
devedor redimam (e não remitam, como frequentemente a doutrina aponta) a dívida, no todo, ficando o
remiçor (codevedor real) sub-rogado nos direitos do credor.

D. Princípios gerais

São princípios dos direitos reais de garantia, de acordo com Orlando Gomes:

1. Quanto ao sujeito

• Poderá dar bem em garantia somente quem pode alienar (art. 1.420)

2. Quanto ao objeto

• Somente poderá ser dada em garantia coisa passível de ser alienada (art. 1.420)

3. Quanto à função

• A coisa dada em garantia, por vínculo real, fica sujeita ao cumprimento da obrigação (art.
1.419)

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4. Quanto à extensão da garantia

• O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa em desobrigação da


proporção correspondente (art. 1.421)

5. Quanto ao valor do título executivo

• Para que valham é preciso que contenham os elementos do art. 1.424

6. Quando à forma do exercício do direito

• Não é possível ao credor ficar com o bem, deverá ele promover a venda judicial (art.
1.428)
Igualmente, o devedor pode dar a coisa em pagamento, se quiser (art. 1.428, parágrafo
único), valendo, então, o regramento da dação em pagamento

7. Quanto ao vencimento antecipado da dívida

• Considera-se antecipadamente vencida a dívida nas hipóteses do art. 1.425

A regra geral, prevista no art. 331 é que salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época
para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. Interpretação inversa do dispositivo é de que,
tendo sido ajustada época para o pagamento, não pode o credor exigi-lo antes do termo previsto, salvo
disposição legal em contrário. O art. 333 traz três hipóteses nas quais o pagamento poderia ser exigido
antecipadamente:

I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores

II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor

III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais,


e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las

O art. 1.425 trará redação semelhante a esses três incisos em seus cinco incisos. Fará ainda uma
minudenciação deles, de modo a prever as hipóteses nas quais se considera vencida antecipadamente a
dívida no caso de garantia real prevista:

I - se, deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado em segurança, desfalcar a garantia, e o


devedor, intimado, não a reforçar ou substituir;

II - se o devedor cair em insolvência ou falir;

III - se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez que deste modo se achar
estipulado o pagamento. Neste caso, o recebimento posterior da prestação atrasada importa
renúncia do credor ao seu direito de execução imediata;

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IV - se perecer o bem dado em garantia, e não for substituído;

V - se se desapropriar o bem dado em garantia, hipótese na qual se depositará a parte do preço


que for necessária para o pagamento integral do credor.

No caso de destruição, previsto no inc. IV, se a coisa tiver seguro o credor se sub-roga nos
direitos do segurado (art. 1.425, §1º). Situação de exceção ao perecimento ocorre no caso de
terceiro ter dado a coisa em garantia, situação na qual é obrigado a substituir a garantia caso o
bem se perca sem culpa sua (art. 1.427).

Já nos casos de perecimento sem substituição ou desapropriação, a hipoteca só vence antes do


prazo estipulado se o perecimento ou a desapropriação recaírem sobre o bem dado em garantia, e esta não
abranger outras. Subsiste a garantia sobre os demais bens, não desapropriados ou destruídos, sobre a dívida,
reduzida.

Em quaisquer desses casos de vencimento antecipado, não se compreendem os juros correspondentes ao


tempo ainda não decorrido. A regra é evidente, ou se geraria enriquecimento sem causa. Assim, se hipoteco
minha casa e a dívida se vence antecipadamente, não pagarei os juros remuneratórios embutidos nas
parcelas futuras, mas apenas os juros remuneratórios das parcelas vencidas. Juros moratórios são
irrelevantes aqui, porque conexos à mora, e não ao vencimento antecipado.

Conforme o art. 1.427, salvo cláusula expressa, o terceiro que presta garantia real por dívida
alheia não fica obrigado a substituí-la, ou reforçá-la, quando, sem culpa sua, se perca, deteriore
ou desvalorize. Trata-se da figura do terceiro interveniente hipotecante ou empenhante, muito
comum, por exemplo, nas relações entre pais e filhos.

Além disso, aplicam-se as duas disposições do art. 333, incs. II e III, supramencionadas, já que a
hipótese do inc. I também consta do art. 1.425, inc. II, textualmente. Assim, nos casos de penhora em outra
execução dos bens dados em garantia e de a garantia se tornar insuficiente relativamente ao valor da dívida
garantida, a dívida se vence antecipadamente.

Vistas essas disposições gerais, possível tratar dos direitos reais em garantia próprios em espécie, que são
três: penhor, hipoteca e anticrese. Frise-se que há, ainda, outros direitos reais, que não são direitos reais
de garantia, mas que têm função de garantia. São os chamados direitos de garantia impróprios ou, num
trava-língua de direito real, “direitos reais sobre coisa própria com função imprópria de garantia”, como é
o caso da alienação fiduciária em garantia.

2. PENHOR
O penhor ocorre quando o devedor entrega a posse efetiva da coisa ao credor, para a garantia
de seu débito, segundo o art. 1.431. Porém, a própria lei determinada exceções a essa regra no
art. 1.431, parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas
empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar.

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Isso, no entanto, não desfigura o penhor, passando o devedor a ser apenas possuidor direto do bem, sob
a figura do depositário. A propriedade, em qualquer caso, continua a ser do devedor, só que com gravame
pignoratício.

Só pode ser empenhada coisa móvel, segundo regra do art. 1.431, mas há de se tomar cuidado com alguns
móveis que são considerados imóveis para fins de atribuição jurídica, como as aeronaves e embarcações,
sujeitas a hipoteca. Valem aqui as regras sobre os objetos da garantia (bens inalienáveis, impenhoráveis,
fora do comércio etc., não podem ser objeto de penhor).

Como, em regra, o bem fica na posse do credor, terá ele direito aos frutos, na forma do art. 1.433, inc. V.
Evidentemente, se a coisa empenhada fica com o próprio devedor, como no penhor rural, permanecerão
com ele os frutos, já que não o credor não terá o poder sobre a coisa.

A. Constituição e extinção

Os requisitos para a constituição do penhor estão no art. 1.424, correspondentes aos requisitos gerais dos
direitos reais de garantia. Necessário que no instrumento do penhor conste o valor do crédito, sua estimação,
ou valor máximo; o prazo fixado para pagamento; a taxa dos juros, se houver; e o bem dado em garantia
com as suas especificações.

Ele pode ser feito por instrumento público ou particular, já que a publicidade do ato se dá
pela transmissão da posse, em regra. Porém, para que anteceda eventuais outros penhores,
deve ser registrado, por quaisquer dos contratantes, junto ao Registro de Títulos e
Documentos.

Isso é importante porque mesmo na falência ou recuperação o penhor terá prioridade em face
dos demais créditos, salvo as exceções legais, necessitando da publicidade registral. Novamente, como dito,
a falta de registro gera mera ineficácia erga omnes, não nulidade nem ineficácia inter partes.

O exemplo mais visual de penhor é o de joias realizado junto à CAIXA para obtenção de empréstimo pessoal
a juros mais cômodos, já que os empréstimos pessoais constituem as modalidades de mútuo com as maiores
taxas de juros do mercado. Assim, o mutuário, agora também devedor pignoratício, empenha (e não
penhora, como popularmente se chama, já que penhora é instituto de direito processual conexo à execução)
as joias ao banco. As joias permanecem empenhadas até a quitação, quando são liberadas pelo mutuante,
agora credor pignoratício, à pessoa.

Os direitos do credor pignoratício estão estipulados no art. 1.433. O credor pignoratício tem direito a:

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I. Posse da coisa empenhada

II Retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não
sendo ocasionadas por culpa sua

III. Ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa empenhada

IV. Promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe permitir expressamente o contrato,
ou lhe autorizar o devedor mediante procuração

V. Apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder (princípio da
gravitação jurídica; accessorium sequitur principale)

VI. Promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial

No caso do inc. VI, a venda antecipada pode ocorrer sempre que haja receio fundado de que a coisa
empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado. O dono da coisa empenhada, porém,
pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea. A venda deve
ser sempre autorizada pelo juiz, em face da proibição do pacto comissório real pelo art. 1.428.

O art. 1.434 estabelece que o credor não pode ser constrangido a devolver a coisa empenhada,
ou uma parte dela, antes de ser integralmente pago. Pode o juiz, a requerimento do
proprietário, determinar que seja vendida apenas uma das coisas, ou parte da coisa
empenhada, suficiente para o pagamento do credor.

As obrigações do credor pignoratício estão estipuladas no art. 1.435. O credor pignoratício tem
dever de:

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I. Custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for
culpado, podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da
responsabilidade

II. Defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das circunstâncias que
tornarem necessário o exercício de ação possessória

III. Imputar o valor dos frutos, de que se apropriar, como permite o art. 1.433, inc. V, nas
despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente

IV. Restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida

V. Entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga

O penhor se extingue por uma série de razões. O art. 1.436 traz rol exemplificativo (numerus apertus), e
não taxativo, elencando as situações mais comuns:

I. Extinção da obrigação principal

II. Perecimento da coisa

III. Renúncia do credor

IV. Confusão real: a mesma pessoa se torna credor e dono da coisa

V. Adjudicação judicial, remição da dívida ou venda da coisa empenhada, pelo credor ou autorizada

No caso de extinção da obrigação principal, extingue-se o penhor em razão do princípio da gravitação jurídica
(accessorium sequitur principale). Aplicando-se a mesma regra, às avessas, a renúncia do credor pignoratício
à garantia tem o condão de a extinguir, mas não de extinguir a dívida, já que o principal não segue a sorte
do acessório, em regra.

Se na hipótese do inc. IV a confusão de operar a respeito de apenas parte da dívida, subsiste


o penhor por inteiro, prevê o §1º do art. 1.436. Isso porque a lógica das garantias reais
estabelece a indivisibilidade da garantia.

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Atenção ao art. 1.436, inc. VI. O legislador cometeu grave equívoco técnico ao falar em “remissão” ao invés
de “remição”. Como é sabido, não é “o perdão e a venda da coisa empenhada” que extinguem o penhor,
mas “o resgate e a venda da coisa empenhada”. Cuidado com o erro legislativo.

A eficácia da extinção só produzirá efeitos, segundo o art. 1.437, depois de averbado o cancelamento do
registro, à vista da respectiva prova.

B. Espécies

O CC/2002 regulamenta algumas espécies de penhor, para além do penhor convencional comum. Regula as
espécies principais e mais tradicionais. No entanto, novas espécies de penhor podem ser incluídas por leis
especiais, ou seja, o rol de espécies de penhor reguladas pelo CC/2002 é aberto (numerus apertus).

Destaco, por exemplo, o Decreto-Lei 167/1967, que traz, nos incisos do art. 9º, quatro hipóteses de penhor
cartularizada, os penhores cedulares ou cédulas pignoratícias. São eles: a CRP – Cédula Rural Pignoratícia, a
CRH – Cédula Rural Hipotecária, a CRPH – Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária e a NCR – Nota de Crédito
Rural.

Deixando as categorias especiais, regidas por leis extravagantes, de lado, me focarei nas espécies de penhor
convencional especial reguladas pelo CC/2002.

2.1. RURAL
Trata do empenho de móveis ligados às atividades agropastoris. Distingue-se do penhor geral por três
características:

A. Necessidade de registro no Registro de Imóveis


• No qual estão as coisas empenhadas: art. 1.438

B. Limite de tempo
• Igual à própria obrigação: art. 1.439

C. Posse nas mãos do próprio devedor


• O devedor hipotecário pode estabelecer penhor sem consultar o credor hipotecário: art.
1.440

Embora vencidos os prazos, permanece a garantia, enquanto subsistirem os bens que a constituem. Não
obstante, a prorrogação deve ser averbada à margem do registro, mediante requerimento do credor e do
devedor.

Se o pagamento da dívida for em dinheiro, que garante com penhor rural, o devedor poderá emitir, em
favor do credor, cédula rural pignoratícia, na forma determinada em lei especial. De qualquer forma, o
credor tem direito a verificar o estado das coisas empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou
por pessoa credenciada.

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Além deste penhor geral, o penhor ainda pode ser especificado em duas subespécies, o penhor rural agrícola
e o penhor rural pecuário. Veja:

A. Agrícola (art. 1.442)


• Máquinas e instrumentos de agricultura
• Colheitas pendentes, ou em via de formação
• Frutos acondicionados ou armazenados
• Lenha cortada e carvão vegetal
• Animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola

Veja que parte dos bens acima mencionados é imóvel, por acessão. Por isso, duplo cuidado quando se
discutir se o penhor se restringe a bens móveis.

Em regra, há prorrogação compulsória do penhor para a safra subsequente. O parágrafo


único do art. 1.443 mitiga essa regra, estabelecendo que se o credor não financiar a
nova safra, poderá o devedor constituir com outrem novo penhor, em quantia máxima
equivalente à do primeiro; o segundo penhor terá preferência sobre o primeiro,
abrangendo este apenas o excesso apurado na colheita seguinte. Há, aí, exceção à
prelação.

A racionalidade dessa norma é evidente. A lógica contida nela é de que o agricultor dificilmente conseguirá
obter novo empréstimo sem ter quitado a primeira dívida, pelo que a regra “força” o antigo credor
pignoratício a conceder novo empréstimo, para que consiga recuperar o valor emprestado com a nova safra,
que eventualmente promete ser mais produtiva.

Se ele não “acreditar” no agricultor, este pode obter novo empréstimo perante terceiro, passando este a ter
preferência sobre o credor pignoratício que lhe antecede. Trata-se, em larga medida, de aplicação do
princípio da boa-fé objetiva, cujo dever lateral de conduta de colaboração impõe a medida.

B. Pecuário (art. 1.444)


• Podem ser objeto de penhor os animais que integram a atividade pastoril, agrícola ou de lacticínios.

O art. 1.445 do estabelece que o devedor não poderá alienar os animais empenhados sem
prévio consentimento do credor. Caso algum dos animais morra e o devedor adquira outros,
na mesma espécie, sub-rogam-se estes no penhor, nos termos do art. 1.446.

Além disso, o credor poderá realizar a venda antecipada do bem, caso sua perda ou
deterioração lhe parecer iminente, mediante autorização judicial. O devedor pode impedir a
venda, entregando outra garantia ou substituindo a coisa para garantir o débito.

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2.2. INDUSTRIAL E MERCANTIL


O penhor industrial e mercantil refere-se a máquinas, aparelhos, materiais, instrumentos, instalados e em
funcionamento, com os acessórios ou sem eles; animais, utilizados na indústria; sal e bens destinados à
exploração das salinas; produtos de suinocultura, animais destinados à industrialização de carnes e
derivados; matérias-primas e produtos industrializados.

Veja, novamente, que parte dos bens acima mencionados é imóvel, por acessão. Por isso, duplo cuidado
quando se discutir se o penhor se restringe a bens móveis.

Também não necessita da transmissão da posse e registra-se igualmente no Registro de


Imóveis da circunscrição onde estiverem situadas as coisas empenhadas, na dicção do art.
1.448. Igualmente, se o pagamento for em dinheiro, o devedor pode emitir, em favor do credor,
cédula do respectivo crédito, na forma e para os fins que a lei especial determinar.

Mais uma vez, por força da regra do art. 1.449, o devedor não pode, sem o consentimento por
escrito do credor, alterar as coisas empenhadas ou mudar-lhes a situação, nem delas dispor. O devedor
que, anuindo o credor, alienar as coisas empenhadas, deverá repor outros bens da mesma natureza, que
ficarão sub-rogados no penhor.

Por fim, talqualmente o penhor pecuário, o credor pignoratício industrial e o mercantil têm direito a verificar
o estado das coisas empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por pessoa credenciada.

2.3. DE DIREITOS E TÍTULOS DE CRÉDITO


Os direitos e créditos devem voltar-se a bens móveis, segundo o art. 1.451. Esse penhor se faz no Registro
de Títulos e Documentos (art. 1.452). O titular de direito empenhado deve entregar ao credor pignoratício
os documentos comprobatórios desse direito, salvo se tiver interesse legítimo em conservá-los. Em se
tratando de penhor sobre título de crédito, constitui-se mediante instrumento público ou particular ou
endosso pignoratício, com a tradição do título ao credor.

O penhor de crédito não tem eficácia senão quando notificado ao devedor, que se faz por
meio de instrumento público ou particular no qual este se declara ciente da existência do
penhor. Se o mesmo crédito for objeto de vários penhores, só ao credor pignoratício, cujo
direito prefira aos demais, o devedor deve pagar. Responde por perdas e danos aos demais
credores o credor preferente que, notificado por qualquer um deles, não promover
oportunamente a cobrança.

O credor pignoratício deve praticar os atos necessários à conservação e defesa do direito empenhado,
obviamente. Por exemplo, se o crédito estiver para prescrever, ele deve tomar os atos necessários à
interrupção da prescrição (art. 202, incisos). Para isso ele deve cobrar o crédito tão logo se torne exigível,
incluindo juros e demais prestações acessórias.

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O credor tem o direito de conservar a posse do título e recuperá-la de quem quer que o
detenha; usar dos meios judiciais convenientes para assegurar os seus direitos; fazer intimar
ao devedor do título que não pague ao seu credor, enquanto durar o penhor; e receber a
importância consubstanciada no título e os respectivos juros, se exigíveis, restituindo o título
ao devedor, quando este solver a obrigação.

Se o crédito consistir numa prestação pecuniária, ele, recebendo, deve depositar a importância recebida,
seja onde acordar com o devedor pignoratício, seja onde o juiz determinar. Se o crédito consistir na entrega
de coisa, o crédito pignoratício se sub-rogará na coisa recebida.

No primeiro caso, o credor pode reter, da quantia recebida, o que lhe é devido, restituindo o restante ao
devedor. No segundo caso, pode excutir a coisa a ele entregue. Em qualquer caso, o titular do crédito
empenhado só pode receber o pagamento com a anuência, por escrito, do credor pignoratício, caso em
que o penhor se extingue.

O art. 1.460 deixa claro que quando o devedor do título empenhado é notificado do penhor, ou se der por
ciente dele, não pode mais pagar ao seu credor do título, que é o devedor pignoratício. Se o fizer, vale o
raciocínio do Direito das Obrigações: “quem paga mal, paga duas vezes”. Aqui, o dispositivo supracitado
prevê que o devedor do título passa a responder solidariamente com o credor do título, devedor pignoratício,
por perdas e danos, perante o credor pignoratício.

Se o credor do título der quitação ao devedor do título empenhado, deve saldar imediatamente a dívida, em
cuja garantia se constituiu o penhor, perante o credor pignoratício.

2.4. DE VEÍCULOS
O penhor de veículos lato sensu (veículos empregados em qualquer espécie de transporte ou
condução.) tem a peculiaridade de exigir duplo registro, tanto no Registro de Títulos e
Documentos quanto na autoridade administrativa competente (DETRAN estadual), na dicção
do art. 1.462. Evidentemente, o bem dado em garantia permanece com o devedor pignoratício.

Exige-se seguro do veículo (art. 1.463) e ele só pode ser alienado ou transferido com a
autorização do credor. Se for feita a transferência sem a autorização do credor, a dívida se considera vencida
antecipadamente (art. 1.465).

Como nas demais espécies de penhor, o art. 1.464 estabelece que o credor tem direito a verificar o estado
do veículo empenhado, inspecionando-o onde se achar, por si ou por pessoa que credenciar. Além disso, há
limite de prazo de 2 anos para o penhor de veículos, prorrogável por igual período (art. 1.466).

Como nos demais casos, se o pagamento for em dinheiro, pode o devedor emitir cédula de crédito, na forma
e para os fins que a lei especial determinar, bem como pode o credor verificar o estado do veículo
empenhado, inspecionando-o onde se achar, por si ou por pessoa credenciada.

Ao fim e ao cabo, o penhor de veículos acabou por não atingir a aplicação esperada. Novamente, o Novo
Código que velho nasceu acabou por matar o instituto. Quando, em meados dos anos de 1960, Miguel Reale
foi chamado pelo legislador fardado a criar a nova codificação civil, o instituto era uma novidade

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interessante. Em 2002, quando não mais havia a sombra do Regime de Exceção e o regime democrático já
havia acelerado diversas modificações legislativas, o penhor veicular estava, na prática, natimorto.

2.5. LEGAL
Hipótese peculiar de penhor, pois se trata de uma forma de contrato obrigatório, oriundo da lei ou de ato
unilateral. As duas primeiras situações estão previstas no art. 1.467 e a terceira hipótese é lançada pelo art.
31 da Lei 6.533/1978:

I. Hospedeiros e fornecedores de pousada ou alimento

• Sobre as bagagens, móveis, joias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses


tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo
que aí tiverem feito

II. Dono do prédio rústico ou urbano

• Sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio,
pelos aluguéis ou rendas

III. Artista e técnico de espetáculos

• Sobre o equipamento e todo o material de propriedade do empregador, utilizado na


realização do programa, espetáculo ou produção, pelo valor das obrigações não
cumpridas pelo empregador

Em quaisquer dos casos, pode o credor tomar em garantia um ou mais objetos até o valor da dívida. No caso
do inc. I, exige-se que sejam extraídos, conforme a tabela impressa, prévia e ostensivamente exposta na
casa, os preços de hospedagem, pensão e/ou gêneros fornecidos, sob pena de nulidade do penhor.

O art. 1.470 estipula uma das raras hipóteses de justiça privada, para evitar a demora
danosa, permitindo ao credor empenhar os bens antes de intervenção judicial, nos casos de
perigo da demora. Na sequência, deve o credor exigir homologação judicial (art. 1.471).
Pode o devedor evitar o penhor legal, oferecendo caução idônea.

Em que pesem vozes contrárias, não me parece que in a bird's-eye view, ou seja,
genericamente falando, que essas previsões violam o CDC, a Lei de Locações ou a CLT. Será vexatória essa
forma de cobrança e constituirá ilícito passível de indenização quando o credor se valer do penhor legal
de maneira abusiva, tomando para si bens do devedor que sejam impenhoráveis por sua essencialidade.

No mais, por vezes essa é a única forma de o credor conseguir satisfazer minimamente seu crédito.
Frequentes são os casos em que o locatário não residencial desaparece sem quitar suas obrigações; parece-
me adequado que o credor possa tomar os bens que permanecem no estabelecimento comercial,
empenhando-os.

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3. HIPOTECA
3.1. HIPOTECA CONVENCIONAL
Novamente aqui valem as regras gerais outrora estudadas. Diferentemente do penhor, na hipoteca o
devedor hipotecário não é desapossado do bem em favor do credor hipotecante. A hipoteca liga-se, ao
contrário, a bem imóvel, atual, futuro ou condicionado, o que inclui, segundo o art. 1.473:

I - os imóveis e os acessórios;

II - o domínio direto;

III - o domínio útil;

IV - as estradas de ferro;

V - os recursos naturais, independentemente do solo onde se acham;

VI - os navios;

VII - as aeronaves;

VIII - o direito de uso especial para fins de moradia;

IX - o direito real de uso;

X - a propriedade superficiária.

(CESPE / PC-GO – 2017) Em cada uma das opções seguintes, é apresentada uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito de posse, propriedade e direitos reais sobre coisa
alheia. Assinale a opção que apresenta assertiva correta conforme a legislação e a doutrina
pertinentes.

A) Durante o prazo de vigência de contrato de locação de imóvel urbano, o locatário viajou e, ao


retornar, percebeu que o imóvel havia sido invadido pelo próprio proprietário. Nesse caso, o locatário
não pode defender sua posse, uma vez que o possuidor direto não tem proteção possessória em face
do indireto.

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B) Determinado indivíduo realizou, de boa-fé, construção em terreno que pertencia a seu vizinho. O
valor da construção excede consideravelmente o valor do terreno. Nessa situação, não havendo
acordo, o indivíduo que realizou a construção adquirirá a propriedade do solo mediante pagamento da
indenização fixada pelo juiz.

C) Caio realizou a doação de um bem para Fernando. No contrato celebrado entre ambos, consta
cláusula que determina que o bem doado volte para o patrimônio do doador se ele sobreviver ao
donatário. Nessa situação, a cláusula é nula, pois o direito brasileiro não admite a denominada
propriedade resolúvel.

D) Roberto possui direito real de superfície de bem imóvel e deseja hipotecar esse direito pelo prazo
de vigência do direito real. Nesse caso, a estipulação de direito real de garantia é ilegal porque a
hipoteca somente pode ser constituída pelo proprietário do bem.

E) Determinado empregador cedeu bem imóvel de sua propriedade a seu empregado, em razão de
relação de confiança decorrente de contrato de trabalho. Nesse caso, ainda que desfeito o vínculo
trabalhista, é juridicamente impossível a conversão da detenção do empregado em posse.

Comentários

A alternativa A está incorreta, como se vê pelo art. 1.197: “A posse direta, de pessoa que tem a coisa
em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem
aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto”.

A alternativa B está correta, conforme a literalidade do art. 1.255, parágrafo único: “Se a construção
ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou
edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente,
se não houver acordo”.

A alternativa C está incorreta, segundo o art. 547: “O doador pode estipular que os bens doados voltem
ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário”.

A alternativa D está incorreta, em clara previsão contrária do art. 1.473, inc. X: “Podem ser objeto de
hipoteca a propriedade superficiária”.

A alternativa E está incorreta, como esclarece o Enunciado 301 do CJF: “É possível a conversão da
detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio
dos atos possessórios”.

Mais abrangente, ainda, porque inclui tudo o que for adicionado ao bem imóvel (art. 1.474), como
benfeitorias e acessões, e até mesmo as pertenças, apesar da omissão legal. A hipoteca, portanto, leva às
últimas consequências o princípio da gravitação jurídica (accessorium sequitur principale). Assim, não há
direito de retenção ou de indenização pelos acessórios, já decidiu o STJ (REsp 1.399.143).

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(FAURGS / TJ-RS – 2016) Assinale a alternativa correta a respeito dos Direitos Reais no Código Civil.

A) Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel fungível que o devedor, com escopo
de garantia, transfere ao credor.

B) É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a
dívida não for paga no vencimento.

C) No condomínio edilício, as partes suscetíveis de utilização independente, tais como abrigos para
veículos, sujeitam-se à propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus
proprietários.

D) Constitui-se o penhor de direito mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório


de Registro de Imóveis.

E) A hipoteca não abrange as acessões, melhoramentos ou construções do imóvel, sendo nula de pleno
direito a alienação de imóvel hipotecado.

Comentários

A alternativa A está incorreta, na previsão do art. 1.361: “Considera-se fiduciária a propriedade


resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor”.

A alternativa B está correta, na literalidade do art. 1.365: “É nula a cláusula que autoriza o proprietário
fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento”.

A alternativa C está incorreta, dada a dicção do art. 1.361, §1º: “As partes suscetíveis de utilização
independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações
ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas
e gravadas livremente por seus proprietários, exceto os abrigos para veículos, que não poderão ser
alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção
de condomínio”.

A alternativa D está incorreta, conforme o art. 1.438: “Constitui-se o penhor rural mediante
instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição em
que estiverem situadas as coisas empenhadas”.

A alternativa E está incorreta, como estabelece o art. 1.474: “A hipoteca abrange todas as acessões,
melhoramentos ou construções do imóvel. Subsistem os ônus reais constituídos e registrados,
anteriormente à hipoteca, sobre o mesmo imóvel”.

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Podem o credor e o devedor, no ato constitutivo da hipoteca, autorizar a emissão da correspondente cédula
hipotecária, permite o art. 1.486. A hipoteca cedular deve ser emitida na forma e para os fins previstos em
lei especial.

Apesar de não poder o credor hipotecário impedir o devedor de alienar o bem a terceiros,
taxando-se tal cláusula de nula, nada impede que se convencione que vencerá o crédito
hipotecário antecipadamente se o imóvel for alienado. De outra banda, o devedor não pode
se opor à cessão da hipoteca a terceiros.

Característica importantíssima da hipoteca é a necessidade de registro junto ao Registro


de Imóveis, sob pena de nulidade da garantia. O CC/2002 limita a hipoteca a 20 anos (art. 1.498), que pode
ser prorrogada, por mais 10 anos, a até 30 anos (art. 1.485). Além disso, o entendimento doutrinário
corrente estabelece que caso a hipoteca tenha sido entabulada sem prazo, vige o prazo trintenário
supramencionado.

Atente, porém, porque a hipoteca sobre aqueles bens que não parecem sujeitos à hipoteca, porque bens
móveis – aeronaves e embarcações –, é regida por lei especial. Isso porque, historicamente, as peculiaridades
registrais desses bens são tamanhas que a legislação comum não as comporta.

Quanto às aeronaves, sujeitam-se à hipoteca prevista no art. 106, parágrafo único, da Lei 7.565/1986 –
Código Brasileiro de Aeronáutica, que estabelece o RAB – Registro Aeronáutico Brasileiro. Quanto às
embarcações, sujeitam-se à hipoteca prevista no art. 13 da Lei 7.652/1988 – Lei da Propriedade Marítima,
bem como às especificações do Decreto 2.256/1997, que cria o REB – o Registro Especial Brasileiro, efetuado
perante o Tribunal Marítimo.

A hipoteca pode ser legal ou convencional. Em qualquer caso, ela acompanha o bem, ainda que com terceiros
(art. 1.480). Trata-se da característica da ambulatoriedade, que estabelece o poder de sequela do credor
hipotecário.

Igualmente, pode haver pluralidade de hipotecas, ou sub-hipotecas ou hipotecas em segundo grau (art.
1.476), desde que não haja cláusula na anterior em contrário. A execução da segunda hipoteca, porém,
dependerá da primeira, salvo no caso de insolvência (art. 1.477). Não se considera, contudo, insolvente o
devedor por faltar ao pagamento das obrigações garantidas por hipotecas posteriores à primeira.

Vencida a primeira hipoteca ou já em execução, o segundo credor pode remir o imóvel. Ou seja, ele se
oferece para resgatar, pagar o que o devedor deve ao credor e fica como primeiro credor hipotecário.
Porém, se o devedor realizar a remição da dívida, o depósito do segundo credor é ineficaz.

Caso o devedor não pague há a remição da hipoteca pelo credor da hipoteca posterior (art.
1.478). Pode também o adquirente do imóvel remir a dívida (art. 1.481), desde que em 30
dias da do registro do título aquisitivo. Em verdade, pode ele remir a dívida mesmo antes do
vencimento dela, por se tratar de direito potestativo da parte (REsp 164.609).

Nesse caso, ele deve citar os credores hipotecários e propor importância não inferior ao preço pelo qual
adquiriu o bem. Se o credor impugnar o preço da aquisição ou a importância oferecida, realiza-se licitação,
efetuando-se a venda judicial a quem oferecer maior preço, assegurada preferência ao adquirente do imóvel
(§1º).

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Ao contrário, não impugnado pelo credor, o preço da aquisição ou o preço proposto pelo adquirente, fixa-se
ele definitivamente para a remição do imóvel, que fica livre de hipoteca, uma vez pago ou depositado o
preço. Novamente, aqui, o legislador pecou pela técnica, já que o §2º do art. 1.481 fala em “remissão”, ao
invés da correta “remição”.

Se o adquirente deixar de remir o imóvel, sujeitando-o a execução, fica obrigado a


ressarcir os credores hipotecários da desvalorização que, por sua culpa (lato sensu),
o imóvel vier a sofrer, além das despesas judiciais da execução. Nessa situação,
privado do imóvel, ele tem direito a manejar ação regressiva contra o vendedor (§4º).

Os arts. 1.482 e 1.483 previam também a remição pelos familiares do proprietário e


pela massa falida ou os credores, mas essas duas normas foram revogadas pelo CPC/2015. Aos familiares
resguarda-se apenas direito de preferência na aquisição do bem, segundo o art. 876, §5º, do CPC/2015, mas
não mais há direito à remição. Quanto à massa falida e aos credores, o §4º do referido dispositivo mantém
a possibilidade de remição, nos mesmos termos do revogado art. 1.483 do CC/2002 (sendo sincero, não há
razão aparente para a revogação da norma do CC/2002, que simplesmente foi repetida pelo CPC/2015).

O adquirente do imóvel hipotecado, desde que não se tenha obrigado pessoalmente a pagar as dívidas
aos credores hipotecários, pode se exonerar da hipoteca, abandonando o imóvel (art. 1.479). Para isso, ele
deve notificar o vendedor e os credores hipotecários, dando a eles, conjuntamente, a posse do imóvel, ou,
ainda, depositando a coisa em juízo.

Pode ele fazer isso a qualquer tempo? Não, o parágrafo único do art. 1.480 limita o exercício dessa faculdade
às 24 horas subsequentes à citação, com que se inicia o procedimento executivo. Depois disso, inexiste tal
possibilidade.

Na execução da dívida, há o vencimento automático das demais hipotecas, devendo o


exequente intimar os demais credores sobre a execução (art. 1.501). Assim, podem os demais
credores hipotecários, se for o caso, verificar a insolvência e participar do produto da excussão.

Veja-se que a hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura ou condicionada,
desde que determinado o valor máximo do crédito a ser garantido. Nesse caso, a execução da
hipoteca dependerá de prévia e expressa concordância do devedor quanto à verificação da condição, ou ao
montante da dívida. Havendo divergência, caberá ao credor fazer prova de seu crédito. Reconhecido este, o
devedor responderá, inclusive, por perdas e danos, em razão da superveniente desvalorização do imóvel.

Se o imóvel hipotecado for loteado ou se construir condomínio edilício, a garantia pode ser dividida, mas
deve haver concordância dos novos proprietários (art. 1.488). O credor pode se opor ao desmembramento
somente se demonstrar prejuízo, mas, uma vez realizado, o devedor continua obrigado, inclusive
pessoalmente, se a dívida persistir.

A hipoteca se registra no Registro de Imóveis da situação do imóvel – ou seja, no local em que ele se situa –
, com a exibição do título pelo interessado ao Oficial. Se sua área extrapolar um Registro, deve ser registrada
em todos eles, prevê o parágrafo único do art. 1.492.

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Seguindo a lógica da Lei 6.015/1973, a de Registros Públicos – LRP, os registros e averbações


devem seguir a ordem em que forem requeridos. Verifica-se a ordem pela numeração sucessiva
no protocolo. Esse número de ordem é relevantíssimo porque é por meio dele que se
determina a prioridade, e esta é que estabelece a preferência entre as hipotecas (princípio
da anterioriedade ou da prioridade registral).

Novamente seguindo a lógica da LRP, não podem ser registradas no mesmo dia duas hipotecas, ou uma
hipoteca e outro direito real, sobre o mesmo imóvel, em favor de pessoas diversas. A exceção fica por
conta de escrituras, do mesmo dia, que indiquem a hora em que foram lavradas. E por que isso? Exatamente
para manter a ordem de prioridade e de preferência das hipotecas, mais uma vez.

Se for apresentada hipoteca que indica constituição de anterior, não registrada, o art. 1.495 determina que
o Oficial sobresteja a inscrição da nova, depois de a prenotar, até 30 dias, aguardando que o interessado
inscreva a precedente. Se nesse prazo não se registra a hipoteca anterior, a ulterior será registrada e obterá
preferência.

Ainda que tenha dúvida sobre a legalidade do registro requerido, o Oficial deve fazer a prenotação do
pedido. Se a dúvida, dentro em 90 dias, for julgada improcedente, o registro é feito com o mesmo número
que teria na data da prenotação. Contrariamente, cancelada esta, o registro recebe o número
correspondente à data em que se tornar a requerer.

Prevê o art. 1.501 que não se extingue a hipoteca, devidamente registrada, no caso de arrematação ou
adjudicação, sem que tenham sido notificados judicialmente os respectivos credores hipotecários, que não
forem de qualquer modo partes na execução. Mas, e como se extingue a hipoteca? De acordo com o art.
1.499, incisos, extingue-se a hipoteca por:

I. Extinção da obrigação principal

II. Perecimento da coisa

III. Resolução da propriedade

IV. Renúncia do credor

V. Remição

VI. Arrematação ou adjudicação

VII. Cancelamento do registro

3.2. HIPOTECA LEGAL


A hipoteca legal é a hipoteca conferida por lei, obrigatoriamente, nos casos previstos pelo art. 1.489.
Confere-se hipoteca legal a:

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I. Pessoas de direito público interno sobre os imóveis pertencentes aos encarregados da


cobrança, guarda ou administração dos respectivos fundos e rendas

II. Filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes de fazer o
inventário do casal anterior (causa suspensiva do casamento).

III. Ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinquente, para satisfação do dano
causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais

IV. Coerdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre o imóvel adjudicado ao
herdeiro reponente

V. Credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento do restante do preço da


arrematação

O credor da hipoteca legal, ou seu represente, pode, provando a insuficiência dos imóveis especializados,
exigir do devedor que seja reforçado com outros, prevê o art. 1.490. Em qualquer caso, estabelece o art.
1.491, a hipoteca legal pode ser substituída por caução de títulos da dívida pública federal ou estadual,
recebidos pelo valor de sua cotação mínima no ano corrente; ou por outra garantia, a critério do juiz, a
requerimento do devedor.

Para sua constituição, não basta o fato jurídico previsto no art. 1.489, mas o pedido e ordem
judicial para que se faça a especialização da hipoteca junto ao Registro. Caso contrário, as
hipotecas legais são ineficazes (art. 1.497).

O registro e a especialização incumbem a quem está obrigado a prestar a garantia, mas os


interessados ou o MP podem promover a inscrição delas. Em caso de omissão no registro ou na
especialização, sujeitam-se os omissos ao pagamento de indenização por perdas e danos.

Prevê o art. 1.498 que vale o registro da hipoteca, enquanto a obrigação perdurar; mas a especialização, em
completando 20 anos, deve ser renovada. Ou seja, a hipoteca legal, apesar de ser ilimitada no tempo, deve
ser renovada após 20 anos de eficácia, já que a espécie perdura enquanto vige a situação descrita na lei.

3.3. HIPOTECA JUDICIAL


Tratada pelo art. 495 do CPC/2015, a decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente
em dinheiro e a que determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em
prestação pecuniária valem como título constitutivo de hipoteca judiciária.

A decisão judicial pode determinar a instituição da hipoteca mesmo que a condenação seja genérica, o credor
possa promover o cumprimento provisório da sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do devedor,

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e mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo. Sua constituição, prevê o §1º, é bastante
ampla, portanto.

Ela pode ser realizada mediante apresentação de cópia da sentença perante o Registro de Imóveis,
independentemente de ordem ou de declaração expressa do juiz ou de demonstração de urgência.
Realizada, a parte interessada informa o registro ao Juízo, que determina a intimação da outra parte para
que tome ciência do ato (§3º).

Por fim, sobrevindo a reforma ou a invalidação da decisão que impôs o pagamento de quantia, a parte
responderá, independentemente de culpa, pelos danos que a outra parte tiver sofrido em razão da
constituição da garantia. O valor da indenização deve ser liquidado e executado nos próprios autos, finaliza
o §5º.

3.4. HIPOTECA DE VIAS FÉRREAS


Em caso de linhas férreas, a hipoteca tem algumas peculiaridades. Isso porque beira ao
absurdo imaginar que o credor hipotecário tenha de registrar a garantia em todas
circunscrições pelas quais a linha passa, como se extrairia da regra geral do art. 1.492. Por
isso, de maneira bastante lógica, o art. 1.502 estabelece que a hipoteca sobre as estradas
de ferro seja registrada no Município da estação inicial da respectiva linha.

No entanto, com a nova redação dada pela Lei 13.465/2017 ao art. 171 da Lei 6.015/1973, a Lei de Registros
Públicos – LRP, pode haver controvérsia. O dispositivo estabelece que os atos relativos a vias férreas serão
registrados na circunscrição imobiliária onde se situe o imóvel. Como as vias férreas se situam ao longo de
todo o trecho, seria exigível, a partir da nova norma, o registro hipotecário em cada circunscrição?

Ao que parece, a despeito da atecnia do legislador, não, sendo que a expressão “onde se situe o imóvel”
deve ser lida como “onde se situe a estação inicial da respectiva linha”. Assim, compatibiliza-se a regra da
LRP com a regra do CC/2002 e não se torna a exigência da LRP inexequível.

A hipoteca se circunscreve às linhas especificadas na escritura e ao respectivo material de


exploração, no estado em que estiverem ao tempo da execução. Contrariamente à regra geral
do art. 1.475 que fixa a nulidade da cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel
hipotecado, os credores hipotecários podem se opor à venda da estrada, à de suas linhas, de
seus ramais ou de parte considerável do material de exploração, bem como à fusão com outra
empresa, sempre que com isso a garantia do débito enfraquecer.

Não obstante essa possibilidade, o art. 1.503 deixa claro que os credores hipotecários não podem embaraçar
a exploração da linha, nem contrariar as modificações, que a administração deliberar, no leito da estrada,
em suas dependências, ou no seu material.

Outra peculiaridade dessa modalidade hipotecária tão diferente é que na execução das hipotecas deve ser
intimado o representante da União ou do Estado, para que, dentro em 15 dias, redima a estrada de ferro
hipotecada, pagando o preço da arrematação ou da adjudicação, dita o art. 1.505.

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4. ANTICRESE
De novo, valem aqui valem as regras gerais outrora estudadas. Diferentemente da hipoteca e
do penhor, a anticrese não se volta aos bens móveis ou imóveis ensimesmados, mas à renda
de um imóvel (art. 1.506), ou seja, os frutos e rendimentos.

Pode-se estipular que os frutos e rendimentos do imóvel sejam imputados pelo credor ao
pagamento de juros, mas se o seu valor ultrapassar a taxa máxima permitida em lei para as
operações financeiras, o remanescente será imputado ao capital. A pretensão do legislador é óbvia: evitar
que a anticrese seja utilizada indevidamente e com fins usurários.

Assim como se permite a coexistência de penhor e hipoteca (aquele sobre o maquinário e esta sobre o
imóvel, por exemplo), quando a anticrese recair sobre bem imóvel, pode-se hipotecá-lo ao credor
anticrético ou mesmo a terceiros. Inversamente, também pode o imóvel hipotecado ser dado em
anticrese.

Nesses casos, a ordem do registro impera, pois a preferência será dada a quem registrou
primeiro, segundo o art. 1.509. Assim, se houver uma anticrese registrada e o bem é dado em
hipoteca, guarda a anticrese preferência; se, ao contrário, registra-se anticrese em bem
hipotecado, esta tem preferência na excussão.

O credor anticrético, na posse do bem, administra os rendimentos e presta contas


anualmente ao devedor (art. 1.507), podendo utilizá-los para si ou para terceiros (§2°), salvo pacto em
contrário. Curiosamente, o credor hipotecário pode reter o bem, em caso de locação/arrendamento, se o
locatário/arrendatário não efetuar o pagamento, ainda que o aluguel não seja vinculativo para o devedor
anticrético.

Haveria, segundo parte da doutrina, a possibilidade de estipulação de anticrese sobre bens móveis, pela
abertura dada pelo §2º do art. 1.506. Seria o caso de garantia anticrética atípica. O caput, porém, é taxativo:
“entrega do imóvel ao credor”. De qualquer forma, a discussão é de todo despicienda, já que a anticrese é
praticamente um unicórnio na fauna jurídica, absolutamente inútil na prática.

Seguindo-se adiante, se o devedor anticrético não concordar com a inexata prestação de contas ou porque
a administração do credor anticrético é ruinosa, pode ele impugnar o balanço. Se quiser, pode requerer a
transformação da garantia anticrética em arrendamento, fixando o juiz o valor mensal do aluguel, o qual
poderá ser corrigido anualmente.

Como possuidor direto, o credor anticrético responde pelos danos causados, culposamente, e
pelos rendimentos que não recolher (art. 1.508).

O credor anticrético pode vindicar os seus direitos contra o adquirente dos bens, os credores
quirografários e os hipotecários posteriores ao registro da anticrese, prevê o art. 1.509. Se
executar os bens por falta de pagamento da dívida, ou permitir que outro credor o execute, sem
opor o seu direito de retenção ao exequente, não terá preferência sobre o preço.

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O credor anticrético não tem preferência sobre a indenização do seguro, quando o prédio seja
destruído. Igualmente, não tem preferência sobre a indenização pela desapropriação, se
forem os bens desapropriados.

Talqualmente na hipoteca, o adquirente do bem dado em anticrese pode remi-lo, antes do


vencimento da dívida, pagando-a na data do pedido de remição. Nessa situação, o redimente
(aquele que realiza a remição) pode se imitir na posse do bem, se for o caso.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE
Direitos reais sobre coisa alheia

O art. 1.º da Lei 6.634/1979 dispõe se considera área indispensável à Segurança Nacional a faixa interna de
150km de largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional, que será designada como Faixa
de Fronteira. Nessa área, prevê o art. 2º que exceto com o assentimento prévio do Conselho de Segurança
Nacional, será vedada a prática dos atos referentes a:

I - alienação e concessão de terras públicas, abertura de vias de transporte e instalação de meios


de comunicação destinados à exploração de serviços de radiodifusão de sons ou radiodifusão de
sons e imagens;

II - Construção de pontes, estradas internacionais e campos de pouso;

III - estabelecimento ou exploração de indústrias que interessem à Segurança Nacional, assim


relacionadas em decreto do Poder Executivo.

IV - instalação de empresas que se dedicarem às seguintes atividades:

a) pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento de recursos minerais, salvo aqueles de imediata


aplicação na construção civil, assim classificados no Código de Mineração;

b) colonização e loteamento rurais;

V - transações com imóvel rural, que impliquem a obtenção, por estrangeiro, do domínio, da
posse ou de qualquer direito real sobre o imóvel;

VI - participação, a qualquer título, de estrangeiro, pessoa natural ou jurídica, em pessoa jurídica


que seja titular de direito real sobre imóvel rural;

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JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
Direitos reais sobre coisa alheia

Já há muitos anos o STF entende que o domínio útil de imóvel foreiro/enfitêutico pode ser usucapido contra
particular, mesmo que o bem seja público. Isso porque o particular não estará usucapindo a propriedade
plena do bem nem o domínio direto, mas apenas o domínio útil, que já está nas mãos de particular. Veja-se
que a Corte também entende que não pode haver constituição de enfiteuse, se não for ela preexistente,
para que o particular fique com o domínio útil e se relegue mero domínio direto ao ente público:

Enfiteuse. Bem dominical de Prefeitura Municipal. Usucapião de domínio útil. Em se tratando de


bem público, o usucapião não é admissível para a constituição de enfiteuse que vai transformar
o imóvel em foreiro. O mesmo não sucede, porém, quando - e este é o caso dos autos - o imóvel
já era foreiro, e a constituição da enfiteuse em favor do usucapiente se faz contra o particular
até então enfiteuta, e não contra a pessoa jurídica de direito público que continua na mesma
situação em que se achava, ou seja, na de nua-proprietária (RE 82106, Relator: Min. THOMPSON
FLORES, Tribunal Pleno, julgado em 01/06/1977, DJ 07-10-1977 PP-06916 EMENT VOL-01073-02
PP-00768).

Em outro julgado, o mesmo STF definiu que, no caso de usucapião da propriedade enfitêutica, não há
direito de opção exercitável ao senhorio, independentemente de quem seja o senhorio, como ocorre nas
transferências comuns do domínio útil:

ENFITEUSE. USUCAPIÃO. DIREITO DE OPÇÃO. NÃO NEGA VIGÊNCIA AOS ARTIGOS 678, 683, 685,
686, 692, 693, 676 E 858 DO CÓDIGO CIVIL, OU AO ART. 237 DA LEI 60/5/76, ACÓRDÃO QUE
RECONHECE QUE A ENFITEUSE É USUCAPÍVEL E QUE NEGA, NESSE CASO, A EXISTÊNCIA DE
DIREITO DE OPÇÃO EM FAVOR DO SENHOR DO DOMÍNIO DIRETO. INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO
676 DO CÓDIGO CIVIL, NO QUAL, POR VEZES, SE TEM PROCURADO ARRIMAR A TESE DE QUE A
ENFITEUSE NÃO E SUSCEPTÍVEL DE SER ADQUIRIDA POR USUCAPIÃO (RE 87050, Relator: Min.
MOREIRA ALVES, Segunda Turma, julgado em 12/04/1977, DJ 13-05-1977 PP-03089 EMENT VOL-
01058-02 PP-00966 RTJ VOL-00082-02 PP-00611).

O STJ já assentou o entendimento de que os registros de propriedade particular de imóveis situados em


terrenos de marinha não são oponíveis à União, independentemente da origem do título ou da boa-fé
daquele que o detém:

STJ – Súmula 496


Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são
oponíveis à União.

Contrariando a noção registral, a servidão que se tornar permanente merece proteção possessória, mesmo
contra o proprietário do bem principal que serve, por se a ver como aparente:

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STF – Súmula 415


Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente, sobretudo pela natureza das obras
realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à proteção possessória.

Quando o Poder Público concede terras em áreas de terras devolutas, situadas na faixa de fronteira, essa
concessão tem peculiaridades. Reveja as regras sobre a faixa de fronteira que vimos antes. A concessão
dessas terras, em consonância com os objetivos dessa Lei, autoriza apenas o uso das terras, pelo que o
domínio ainda pertence à União:

STF – Súmula 477


As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos Estados, autorizam,
apenas, o uso, permanecendo o domínio com a União, ainda que se mantenha inerte ou
tolerante, em relação aos possuidores.

A servidão não se presume e deve ser interpretada restritivamente, estabelece o STJ:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO POSSESSÓRIA. INTERDITO PROIBITÓRIO. PASSAGEM FORÇADA.


SERVIDÃO DE PASSAGEM. DISTINÇÕES E SEMELHANÇAS. NÃO CARACTERIZAÇÃO NO CASO.
SERVIDÃO NÃO SE PRESUME E DEVE SER INTERPRETADA RESTRITIVAMENTE. Apesar de
apresentarem naturezas jurídicas distintas, tanto a passagem forçada, regulada pelos direitos de
vizinhança, quanto a servidão de passagem, direito real, originam-se em razão da
necessidade/utilidade de trânsito, de acesso. Não identificada, no caso dos autos, hipótese de
passagem forçada ou servidão de passagem, inviável a proteção possessória pleiteada com base
no alegado direito. A servidão, por constituir forma de limitação do direito de propriedade, não
se presume, devendo ser interpretada restritivamente (REsp 316.045/SP, Rel. Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/10/2012, DJe 29/10/2012).

Apesar da omissão legislativa e de boa parte da doutrina estabelecer que o usufrutuário tem apenas os
poderes de usar e fruir (e o proprietário os poderes de dispor e reivindicar), o ele também tem o poder de
reivindicar. O STJ fixou entendimento de que o usufrutuário tem direito a manejar, mesmo contra o nu-
proprietário, não apenas ações possessórias, mas também ações petitórias, ou seja, pode reivindicar a
coisa contra o nu-proprietário:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO PETITÓRIA. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. USUFRUTO. DIREITO REAL


LIMITADO. USUFRUTUÁRIO. LEGITIMIDADE E INTERESSE. 1. Cuida-se que ação denominada
"petitória-reivindicatória" proposta por usufrutuário, na qual busca garantir o seu direito de
usufruto vitalício sobre o imóvel. 2. Cinge-se a controvérsia a definir se o usufrutuário tem
legitimidade/interesse para propor ação petitória/reivindicatória para fazer prevalecer o seu
direito de usufruto sobre o bem. 3. O usufrutuário - na condição de possuidor direto do bem -
pode valer-se das ações possessórias contra o possuidor indireto (nu-proprietário) e - na
condição de titular de um direito real limitado (usufruto) - também tem legitimidade/interesse
para a propositura de ações de caráter petitório, tal como a reivindicatória, contra o nu-

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proprietário ou contra terceiros (REsp 1202843/PR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
TERCEIRA TURMA, julgado em 21/10/2014, DJe 28/10/2014).

Como distinguir a servidão do direito de passagem (direito de vizinhança, portanto)? A Min. Nancy Andrighi,
no voto, mencionando seu voto no REsp 223.590 deixa bem fácil a distinção: "Não é rara a confusão entre
servidões e direito de vizinhança. Ambas as espécies se identificam enquanto limitam o uso da propriedade
plena. Mas, na verdade, desponta uma diferença de origem e finalidade. As primeiras se fixam por ato
voluntário de seus titulares e as segundas decorrem de texto expresso de lei. A par disso, o direito de
vizinhança está endereçado a evitar um dano ('de damno evitando'), o qual, se verificado, impede o
aproveitamento do prédio. Na servidão não se procura atender uma necessidade imperativa. Ela visa à
concessão de uma facilidade maior ao prédio dominante. [...]”.

No caso concreto, se uma fazenda não tem acesso à água e a outra tem, a primeira, ante a negativa da
segunda de dar acesso, não tem outros meios de obter a água necessária que não construindo um aqueduto
que passe pela segunda fazenda. Trata-se, portanto, de um direito de vizinhança, dado que não há mera
“comodidade”, mas necessidade:

DIREITO CIVIL. CONSTRUÇÃO EM TERRENO ALHEIO DE AQUEDUTO PARA PASSAGEM DE ÁGUAS.


O proprietário de imóvel tem direito de construir aqueduto no terreno do seu vizinho,
independentemente do consentimento deste, para receber águas provenientes de outro imóvel,
desde que não existam outros meios de passagem de águas para a sua propriedade e haja o
pagamento de prévia indenização ao vizinho prejudicado (REsp 1.616.038-RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 27/9/2016, DJe 7/10/2016).

Direitos reais de garantia

Essa Súmula, a rigor, está datada, já que o STJ passou a admitir a capitalização de juros, relativamente às
instituições financeiras, de maneira bastante ampla. Vale mencionar, contudo, que a capitalização também
é permitida em relação às cédulas de crédito:

STJ – Súmula 93
A legislação sobre cédulas de crédito rural, comercial e industrial admite o pacto de capitalização
de juros.

De modo a proteger os compromissários adquirentes de bem imóvel, a hipoteca firmada pelo alienante e a
instituição financeira para o financiamento da obra não é oponível aos compradores, independentemente
de ter sido feita antes ou depois da celebração das promessas de compra e venda:

STJ – Súmula 308


A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração
da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel.

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JORNADAS DE DIREITO CIVIL


Direitos reais sobre coisa alheia

Em relação aos tópicos pertinentes, mostrei a você todos os Enunciados das Jornadas de Direito Civil ao longo
da aula.

Direitos reais de garantia

Em relação aos tópicos relacionados, mostrei a você todos os Enunciados das Jornadas de Direito Civil ao
longo da aula.

RESUMO
Como se adquire a servidão?

A. Ação confessória

• Em por objetivo o reconhecimento da existência de servidão negada/contestada

B. Ação de divisão

• A partilha, conforme estabelece o art. art. 596, inc. II, do CPC/2015, instituem-se as
servidões, que forem indispensáveis, em favor de uns quinhões sobre os outros,
incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não se tratando de servidões
naturais, seja compensado o condômino aquinhoado com o prédio serviente

Como se classificam as servidões?

1. Quanto ao modo

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• As servidões positivas exigem ato do titular sobre o


Positivas imóvel serviente, como no caso de extração de águas

• Já as negativas exigem abstenção, como no caso da


Negativas servidão de passagem

2. Quanto à continuidade

• As servidões contínuas independem de ato humano


Contínua para se manterem, ou seja, são exercidas
ininterruptamente, como no caso de servidão de
aqueduto

• Já as descontínuas exigem ato humano para sua


Descontínua continuidade, porque seu exercício é intermitente,
como, mais uma vez, a servidão de passagem

3. Quanto à aparência

• Como o nome diz, as aparentes são visíveis, ou seja,


possuem sinais exteriores ou obras que as revelam,
Aparentes Não naturais como a servidão de aqueduto aéreo

• Já as não aparentes, ao contrário, não permitem sua


visão prima facie, por sinais exteriores ou obras
Não aparentes Naturais visíveis, como a servidão de aqueduto subterrânea

4. Quanto ao lugar

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• As primeiras voltam-se às construções vizinhas, como a


Urbanas servidão de passagem de água da chuva em terrenos
íngremes

• As segundas tratam das servidões campestres, como a de


Rústicas pastagem

Como se extinguem as servidões?

A. Desapropriação

• Art. 1.387
• Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar no título
hipotecário, será também preciso, para a cancelar, o consentimento do credor

B. Cancelamento

• Arts. 1.388 e 1.389. Casos previstos para que a servidão possa ser cancelada:
• a. quando o titular houver renunciado a sua servidão
• b. quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade, que
determinou a constituição da servidão
• c. quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão
• d. pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa (confusão real)
• e. pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título
expresso
• f. pelo não uso, durante dez anos contínuos (desuso da servidão)

Quais são os direitos do usufrutuário?

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A. Possuir, usar, administrar e perceber os frutos

B. Perceber os frutos e cobrar as dívidas, quando o usufruto recai em títulos de crédito

C. Perceber os frutos naturais, pendentes ao começar o usufruto (p. ex., café no pé), sem
encargo de pagar as despesas de produção
• Por outro lado, os frutos naturais, pendentes ao tempo em que cessa o usufruto
(igualmente, o café ainda no pé), pertencem ao dono, também sem compensação das
despesas

D. Perceber os frutos civis vencidos na data em que cessa o usufruto (p. ex., os aluguéis
vencidos e os pendentes de pagamento)
• Já os frutos civis, vencidos na data inicial do usufruto, pertencem ao proprietário (a
partir de então, pertencerão ao usufrutuário)

E. Usufruir da coisa em pessoa, ou mediante arrendamento

Quais são os deveres do usufrutuário?

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A. Não mudar a destinação econômica do bem, sem expressa autorização do proprietário

B. Inventariar os bens recebidos e prestar garantia, caso exija o proprietário (caução


usufrutuária)
• Se quem receber o usufruto for o doador do próprio bem, não precisa dar garantia (no
caso do usufruto deducto)

C. Velar pela conservação dos bens, e entregá-los findo o usufruto

D. Pagar pelas deteriorações resultantes do exercício irregular do usufruto

E. Pagar pelas despesas ordinárias de conservação dos bens e pelas prestações e tributos
devidos pela posse ou rendimento

F. Pagar pelas reparações que lhe competir, cobrando do proprietário a importância


despendida

G. Informar o dono sobre qualquer lesão produzida contra a posse da coisa, ou os direitos
deste

H. Pagar pelo seguro (prêmio), se a coisa estiver segurada

• O valor da indenização do seguro pertence, porém, ao proprietário, salvo no caso de


prejuízo sofrido pelo usufrutuário, que então se sub-roga no valor da indenização (caso
de sub-rogação legal)

Quais são as características gerais do direito das coisas aplicáveis aos direitos reais de garantia?

A. Eficácia erga omnes

• Apresenta uma preferência especial, bem como pelo chamado poder de sequela, o que
quer dizer que o titular pode vender o bem, mas a garantia o grava e o acompanha,
podendo o credor buscar a coisa nas mãos de quem quer que ela venha a estar

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B. Indivisibilidade da garantia

• A garantia estabelece-se sobre a integralidade da dívida e sobre todo o bem dado em


garantia. Pelo principio da indivisibilidade, portanto, se um imóvel foi dado em hipoteca
para garantir uma dívida que já teve pagamento parcial, o imóvel inteiro pode ser levado
à alienação para quitar o restante (art. 1.421)
• Mas há exceções, como a Súmula 308 do STJ, que estabelece que a hipoteca entre
agente financeiro e construtor não tem eficácia sobre o promitente comprador

C. Proibição do pacto comissório real

• A garantia real garante aquele determinado bem para ser levado à venda em hasta
pública. Ou seja, proíbe-se que o próprio credor fique com o bem dado em garantia (a
chamada cláusula constituti), automaticamente, por força do art. 1.428
No entanto, os credores pignoratício, anticrético ou hipotecário podem ficar com o bem,
se o receberem por meio de dação em pagamento

Quais são as distinções entre os direitos reais de garantia dos direitos reais de gozo?

DIREITOS REAIS DE GARANTIA DIREITOS REAIS DE FRUIÇÃO


É o poder do titular por sua própria Traduz no poder do titular usar, e
Conteúdo iniciativa, obter a satisfação da dívida fruir a coisa da qual tem posse
garantida pela coisa direta
Acessórios, pressupõem antes a existência
Função Autônomos
de um crédito, a quem servem de garantia

Quais são os princípios gerais dos direitos reais de garantia?

1. Quanto ao sujeito

• Poderá dar bem em garantia somente quem pode alienar (art. 1.420)

2. Quanto ao objeto

• Somente poderá ser dada em garantia coisa passível de ser alienada (art. 1.420)

3. Quanto à função

• A coisa dada em garantia, por vínculo real, fica sujeita ao cumprimento da obrigação
(art. 1.419)

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4. Quanto à extensão da garantia

• O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa em desobrigação da


proporção correspondente (art. 1.421)

5. Quanto ao valor do título executivo

• Para que valham é preciso que contenham os elementos do art. 1.424

6. Quando à forma do exercício do direito

• Não é possível ao credor ficar com o bem, deverá ele promover a venda judicial (art.
1.428)
Igualmente, o devedor pode dar a coisa em pagamento, se quiser (art. 1.428, parágrafo
único), valendo, então, o regramento da dação em pagamento

7. Quanto ao vencimento antecipado da dívida

• Considera-se antecipadamente vencida a dívida nas hipóteses do art. 1.425

I - se, deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado em segurança, desfalcar a garantia, e o


devedor, intimado, não a reforçar ou substituir;

II - se o devedor cair em insolvência ou falir;

III - se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez que deste modo se achar
estipulado o pagamento. Neste caso, o recebimento posterior da prestação atrasada importa
renúncia do credor ao seu direito de execução imediata;

IV - se perecer o bem dado em garantia, e não for substituído;

V - se se desapropriar o bem dado em garantia, hipótese na qual se depositará a parte do preço


que for necessária para o pagamento integral do credor.

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Quais são as situações, exemplificativas, de extinção do penhor?

I. Extinção da obrigação principal

II. Perecimento da coisa

III. Renúncia do credor

IV. Confusão real: a mesma pessoa se torna credor e dono da coisa

V. Adjudicação judicial, remição da dívida ou venda da coisa empenhada, pelo credor ou autorizada

Quais são as características do penhor rural?

A. Necessidade de registro no Registro de Imóveis


• No qual estão as coisas empenhadas: art. 1.438

B. Limite de tempo
• Igual à própria obrigação: art. 1.439

C. Posse nas mãos do próprio devedor


• O devedor hipotecário pode estabelecer penhor sem consultar o credor hipotecário: art.
1.440

Quando se aplica o penhor agrícola e o pecuário?

A. Agrícola (art. 1.442)


• Máquinas e instrumentos de agricultura
• Colheitas pendentes, ou em via de formação
• Frutos acondicionados ou armazenados
• Lenha cortada e carvão vegetal
• Animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola

B. Pecuário (art. 1.444)


• Podem ser objeto de penhor os animais que integram a atividade pastoril, agrícola ou de lacticínios.

Quais são as hipóteses de penhor legal?

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I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, joias ou


dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou
estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito;

II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver
guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas.

Quais são os bens sujeitos a hipoteca?

I - os imóveis e os acessórios;

II - o domínio direto;

III - o domínio útil;

IV - as estradas de ferro;

V - os recursos naturais, independentemente do solo onde se acham;

VI - os navios;

VII - as aeronaves;

VIII - o direito de uso especial para fins de moradia;

IX - o direito real de uso;

X - a propriedade superficiária.

Como se extingue a hipoteca?

I - pela extinção da obrigação principal;

II - pelo perecimento da coisa;

III - pela resolução da propriedade;

IV - pela renúncia do credor;

V - pela remição;

VI - pela arrematação ou adjudicação;

VII - pelo cancelamento do registro (art. 1.500).

Quais são as hipóteses de hipoteca legal?

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I - às pessoas de direito público interno (art. 41) sobre os imóveis pertencentes aos encarregados
da cobrança, guarda ou administração dos respectivos fundos e rendas;

II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes de fazer o
inventário do casal anterior;

III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinquente, para satisfação do dano
causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais;

IV - ao coerdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre o imóvel adjudicado
ao herdeiro reponente;

V - ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento do restante do preço da


arrematação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final desta aula. Mostrei a você a última parte do Direito das Coisas, em sua regulação pelo
CC/2002. Aqui, já se exige um conhecimento mais aprofundado dos demais ramos do Direito Civil, dado que
a “lógica” dos institutos jurídicos começa a ser exigida mais frequentemente.

Quaisquer dúvidas, sugestões, críticas ou mesmo elogios, não hesite em entrar em contato comigo. Estou
disponível preferencialmente no Fórum de Dúvidas do Curso, mas também nas redes sociais, claro. Estou
aguardando você na próxima aula. Até lá!

Paulo H M Sousa

QUESTÕES COMENTADAS
Direitos reais sobre coisa alheia

1. (FCC / PGM-Caruaru (PE) – 2018) O direito de superfície


I. é direito pessoal sobre coisa alheia, porém oponível erga omnes.
II. deve ser constituído mediante escritura pública, devidamente registrada no Cartório de Registro de
Imóveis.
III. não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão.
IV. sua concessão será necessariamente onerosa, podendo as partes estipular o pagamento de uma só vez
ou parceladamente.
V. pode transferir-se a terceiro e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, III e IV.

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b) II, III e V.
c) I, II, IV e V.
d) III, IV e V.
e) I, II e V.

Comentários

O item I está incorreto, já que a superfície é direito real, não pessoal, de cunho meramente obrigacional.

O item II está correto, sendo esse um requisito disposto no art. 1.369: “O proprietário pode conceder a
outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura
pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis”.

O item III está correto, pela transcrição literal do art. 1.369, parágrafo único: “O direito de superfície não
autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão”

O item IV está incorreto, conforme dispõe o art. 1.370. A concessão da superfície poderá ser gratuita ou
onerosa.

O item V está correto, já que o direito de superfície pode ser transferido aos herdeiros do superficiário, por
ocasião da sua morte, conforme dispõe o art. 1.372.

A alternativa B está correta, consequentemente.

2. (CESPE / PGE-PE – 2018) Por meio de escritura pública devidamente registrada, Pedro concedeu a
Rodolfo a propriedade, por prazo determinado, de construção que efetuar em área de seu terreno. Essa
relação reflete o direito de
a) superfície.
b) servidão contínua contratual.
c) uso.
d) usufruto temporário
e) habitação

Comentários

A alternativa A está correta, de acordo com o disposto nos arts. 1.369 a 1.377. Conforme prevê CC/2002, na
concessão, o proprietário concede o direito de construir ou plantar ao superficiário, por prazo determinado
e mediante pública devidamente registrada no Cartório de registro de imóveis.

A alternativa B está incorreta, já que nos casos de servidão contínua (arts. 1.378 a 1.389), um imóvel
proporciona utilidade a outro. Tal ação é exercida independentemente de qualquer ato humano. Neste
sentido, podemos citar como casos de ocorrência de servidão contínua a passagem de água, energia, cabos
de internet etc.

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A alternativa C está incorreta, pois por esse direito o proprietário concede o atributo de utilizar a coisa
(móvel ou imóvel) ao usuário, o qual perceberá os seus frutos quanto o exigirem as necessidades suas e de
sua família. Tal instituto está disposto nos arts. 1.412 e 1.413.

A alternativa D está incorreta, porque, de acordo com o art. 1.410, inc. II, a concessão ao usufrutuário o uso
e fruição de bens móveis e imóveis é temporária quando a sua instituição estabelece um prazo de duração.

A alternativa E está incorreta. O direito de habitação está disposto nos arts. 1.414 a 1.416. Nesse caso, o uso
consiste no direito de habitar gratuitamente a casa de outrem. Porém, o titular desse direito não pode alugar
ou emprestar o imóvel, tendo direito de simplesmente ocupá-la sem ônus com sua família.

3. (CESPE / PGE-SE – 2017) Carlos, proprietário de um terreno, concedeu a Pedro, mediante escritura
pública registrada, o direito de cultivar esse terreno pelo período de três anos.
Nessa situação hipotética, de acordo com o que dispõe o Código Civil,
a) em caso de falecimento de Pedro, o direito poderá ser transferido a seus herdeiros ou a terceiros.
b) Carlos poderá alienar o direito de cultivo durante o prazo estipulado, mas não poderá alienar o imóvel
objeto da concessão.
c) Pedro poderá fazer obra no subsolo para guardar em depósito os insumos destinados à plantação.
d) caso o imóvel seja desapropriado, Pedro também fará jus à indenização.
e) Carlos continuará obrigado ao pagamento dos tributos que incidirem sobre o terreno.

Comentários

A alternativa A está correta, conforme o art. 1.372: “O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e,
por morte do superficiário, aos seus herdeiros”.

A alternativa B está incorreta, já que o art. 1.373 (“Em caso de alienação do imóvel ou do direito de
superfície, o superficiário ou o proprietário tem direito de preferência, em igualdade de condições”) permite
a alienação da superfície e do próprio imóvel.

A alternativa C está incorreta, nos termos do art. 1.369, parágrafo único: “O direito de superfície não autoriza
obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão”.

A alternativa D está correta, como dispõe o art. 1.376: “No caso de extinção do direito de superfície em
consequência de desapropriação, a indenização cabe ao proprietário e ao superficiário, no valor
correspondente ao direito real de cada um”.

A alternativa E está incorreta, na forma do art. 1.371: “O superficiário responderá pelos encargos e tributos
que incidirem sobre o imóvel”.

4. (FAURGS / TJ-RS – 2016) Assinale a alternativa correta acerca do direito de superfície no Código
Civil.
a) O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir em seu terreno, por tempo indeterminado,
mediante instrumento particular, devidamente registrado no Cartório de Títulos e Documentos.

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b) O direito de superfície abrange a autorização para obra no subsolo, salvo se expressamente excluído no
instrumento de concessão celebrado entre as partes.
c) O superficiário não responde pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel.
d) O direito de superfície não pode ser transferido a terceiros, exceto, por morte do superficiário, aos seus
herdeiros.
e) O proprietário, extinta a concessão, passará a ter a propriedade plena sobre o terreno, construção ou
plantação, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário.

Comentários

A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 1.369: “O proprietário pode conceder a outrem o direito
de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente
registrada no Cartório de Registro de Imóveis”.

A alternativa B está incorreta, na dicção do art. 1.369, parágrafo único: “O direito de superfície não autoriza
obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão”.

A alternativa C está incorreta, segundo o art. 1.371: “O superficiário responderá pelos encargos e tributos
que incidirem sobre o imóvel”.

A alternativa D está incorreta, como prevê o art. 1.372: “O direito de superfície pode transferir-se a terceiros
e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros”.

A alternativa E está correta, na literalidade do art. 1.375: “Extinta a concessão, o proprietário passará a ter
a propriedade plena sobre o terreno, construção ou plantação, independentemente de indenização, se as
partes não houverem estipulado o contrário”.

5. (PGR / PGR – 2015) Assinale a alternativa correta:


a) O direito de passagem forçada não comporta oposição do vizinho, cabendo ao juiz fixar o rumo da
passagem de forma mais cômoda e menos onerosa para as partes.
b) O proprietário do prédio inferior e obrigado a receber as águas naturais e as impróprias provenientes de
nascente existente no prédio superior
c) O proprietário de prédio urbano ou rural não pode levantar edificações nem abrir janelas a menos de um
metro e meio da propriedade vizinha.
d) O vizinho sempre deve contribuir para as despesas de construção de muro divisório entre as propriedades,
independentemente de sua necessidade.

Comentários

A alternativa A está correta, como se vê pelo verbo usado no art. 1.285: “O dono do prédio que não tiver
acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o
vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário”.

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A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1.288: “O dono ou o possuidor do prédio inferior é
obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que
embaracem o seu fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por
obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior”.

A alternativa C está incorreta, na dicção do art. 1.303: “Na zona rural, não será permitido levantar edificações
a menos de três metros do terreno vizinho”.

A alternativa D está incorreta, conforme o art. 1.297, §3º: “A construção de tapumes especiais para impedir
a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a
necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas”.

6. (CESPE / TRF–1ª Região – 2015) Lucas concedeu uma casa de sua propriedade para que Lauro e sua
família nela residissem temporariamente e de forma gratuita. Entretanto, Lucas não transcreveu o título
de concessão no cartório de imóveis competente. Nessa situação hipotética, o direito real de Lauro
consiste em
a) doação resolúvel.
b) comodato.
c) direito de fruir.
d) habitação.
e) usufruto impróprio.

Comentários

A questão foi anulada, igualmente, o que não nos impede de a analisar.

A alternativa A está incorreta, já que a doação exigiria transferência de propriedade, ao passo que o exercício
deixa claro se tratar de “residência temporária”.

A alternativa B está incorreta, e poderia ser a opção correta, caso o enunciado não tivesse exigido que se
apontasse o “direito real de Lauro”. No caso, há um típico contrato de comodato, na modalidade verbal,
mas, como qualquer relação obrigacional, não há que se falar em direito real, de per si.

A alternativa C está incorreta, não existindo, no direito brasileiro, a figura do “direito de fruir”, mas apenas
do usufruto.

A alternativa D está incorreta, e também poderia ser a opção correta, porque o enunciado parece
predeterminar uma situação de habitação. No entanto, não há direito real de habitação sem registro, sendo
a forma um requisito constante do plano da existência.

A alternativa E está incorreta, evidentemente, porque não há de se apontar o usufruto, próprio ou


impróprio, no caso.

7. (FCC / TJ-PI – 2015) A servidão

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a) proporciona utilidade para o prédio dominante e grava o prédio serviente, que pertence ao mesmo dono
ou a diverso dono, constituindo-se por negócio jurídico inter vivos ou causa mortis, com subsequente registro
no Cartório de Registro de Imóveis.
b) proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono,
constituindo-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro
no Cartório de Registro de Imóveis.
c) proporciona utilidade, mas não grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, constituindo-se
mediante declaração expressa dos proprietários e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis.
d) proporciona utilidade para o prédio serviente e grava o prédio dominante, que pertença a diverso dono,
constituindo-se mediante declaração expressa dos proprietários e subsequente registro no Cartório de
Registro de Imóveis.
e) só pode adquirir-se mediante negócio jurídico inter vivos e subsequente registro no Cartório de Registro
de Imóveis, não sendo em nenhuma hipótese passível de usucapião.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que se pertencessem os imóveis ao mesmo dono, desnecessária a servidão.

A alternativa B está correta, na literalidade do art. 1.378: “A servidão proporciona utilidade para o prédio
dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração
expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis”.

A alternativa C está incorreta, porque necessário gravar o prédio serviente.

A alternativa D está incorreta, já que inútil gravar o prédio dominante.

A alternativa E está incorreta, apesar de correta na primeira parte, porque admite-se usucapião, nos termos
do art. 1.379: “O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do
art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título
a sentença que julgar consumado a usucapião”.

8. (FCC / TJ-SC – 2015) O usufruto pode recair


a) apenas sobre imóveis urbanos, tendo o usufrutuário o direito de neles habitar, administrá-los e perceber
os frutos, não podendo, porém, ceder o seu exercício. 

b) sobre bens móveis ou imóveis, devendo o usufrutuário deles utilizar, não podendo alugá-los ou emprestá-
los. 

c) apenas sobre um ou mais bens, móveis ou imóveis, abrangendo-lhe os frutos e utilidades, mas não pode
recair em um patrimônio inteiro. 

d) em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no
todo ou em parte, os frutos e utilidades.
e) em um ou mais bens, móveis ou imóveis, dependendo 
no caso de imóveis, de registro e pode ser
transferido 
por alienação, a título gratuito ou oneroso.

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Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme a primeira parte do art. 1.390: “O usufruto pode recair em um ou
mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em
parte, os frutos e utilidades”.

A alternativa B está incorreta, pois a parte final do art. 1.390 permite que o usufrutuário colha os frutos do
bem, o que inclui o aluguel.

A alternativa C está incorreta, dada a literalidade da primeira parte do art. 1.390, supracitado, que não limita
a apenas um bem ou ao patrimônio parcial o instituto.

A alternativa D está correta, conforme a literalidade do art. 1.390 supracitado.

A alternativa E está incorreta, dado que apesar de a primeira parte da assertiva estar correta (“Art. 1.391. O
usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante registro no Cartório de
Registro de Imóveis”), a segunda parte não está, já que o usufruto não pode ser transferido onerosamente
(“Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título
gratuito ou oneroso”), mas apenas seu exercício.

9. (VUNESP / TJ-SP – 2015) Assinale a alternativa correta, no que tange ao direito real de habitação,
assegurado ao cônjuge sobrevivente.
a) É irrenunciável.
b) Não dá direito aos frutos.
c) Exige registro imobiliário para a sua constituição.
d) Não é extensível ao regime da separação de bens.

Comentários

A alternativa A está incorreta, sendo até ilógico imaginar que não se poderia renunciar a tal direito.

A alternativa B está correta, conforme o art. 1.414: “Quando o uso consistir no direito de habitar
gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente
ocupá-la com sua família”.

A alternativa C está incorreta, por aplicação do art. 1.416 (“São aplicáveis à habitação, no que não for
contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto”), que remete ao art. 1.391 (“O usufruto de
imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante registro no Cartório de Registro de
Imóveis”).

A alternativa D está incorreta, na literalidade do art. 1.831: “Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o
regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de
habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela
natureza a inventariar”.

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10. (MP-DFT / MP-DFT – 2015) Coisa é matéria e tem amplitude genérica, compreendendo todos os
objetos exteriores móveis e imóveis. Sobre o direito das coisas, julgue as seguintes afirmações:
I. A propriedade do solo abrange o subsolo, com suas minas e jazidas, estando os potenciais de energia
elétrica dissociados da propriedade do solo porque compõem o patrimônio da União para efeito de
exploração ou aproveitamento.
II. O proprietário pode conceder o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado,
sendo o direito de superfície um direito real sobre imóvel, que somente se adquire com o registro no Cartório
de Registro de Imóveis.
III. Com a edição do Código Civil de 2002, foi extinto o direito real da enfiteuse, com exceção do relativo aos
terrenos de marinha.
IV. O usufrutuário tem o direito de usufruir exclusivamente de bem imóvel assumindo as despesas ordinárias
de sua conservação, inclusive os impostos e taxas que supõem o uso e fruto da propriedade.
V. O dito popular de que “achado não é roubado" encontra respaldo no Código Civil Brasileiro, quando trata
da descoberta de coisa alheia perdida, permitindo ao descobridor a apropriação da coisa quando não
encontrar o dono ou legítimo possuidor.
A partir do julgamento das afirmações anteriores, escolha a alternativa CORRETA:
a) Estão corretas somente as assertivas I e V.
b) Estão corretas somente as assertivas I e III.
c) Estão corretas somente as assertivas II e IV.
d) Estão corretas somente as assertivas III e V.
e) Estão corretas todas as assertivas.

Comentários

O item I está incorreto, nos termos do art. 1.230: “A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e
demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens
referidos por leis especiais”.

O item II está correto, de acordo com o art. 1.369: “O proprietário pode conceder a outrem o direito de
construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente
registrada no Cartório de Registro de Imóveis”.

O item III está incorreto, conforme o art. 2.038: “Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses,
subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei nº 3.071, de 1º
de janeiro de 1916, e leis posteriores”.

O item IV está correto, como se depreende do art. 1.403, incs. I e II: “Incumbem ao usufrutuário as despesas
ordinárias de conservação dos bens no estado em que os recebeu; e as prestações e os tributos devidos pela
posse ou rendimento da coisa usufruída”.

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O item V está incorreto, já que apenas a coisa abandonada (res derelicta) permite ocupação, não sendo a
descoberta modo de aquisição a propriedade, segundo o art. 1.233: “Quem quer que ache coisa alheia
perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor”.

A alternativa C está correta, portanto.

11. (CESPE / DPE-PE – 2015) Ainda que o usufruto tenha sido estabelecido com prazo determinado, o
falecimento do usufrutuário não gera direito à sucessão hereditária legítima desse usufruto.

Comentários

O item está correto, na forma do art. 1.410, inc. I: “O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no
Cartório de Registro de Imóveis, pela renúncia ou morte do usufrutuário”.

12. (UEPA / PGE-PA – 2015) Assinale a alternativa correta:


I. A alegação de propriedade obsta à manutenção ou a reintegração na posse.
II. Ao possuidor de má-fé não serão ressarcidas nenhuma espécie de benfeitorias.
III. O domínio útil pode ser objeto de hipoteca.
IV. A servidão aparente pode ser usucapida.
A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
a) I e IV
b) I e II
c) II e III
d) III e IV
e) I e III

Comentários

O item I está incorreto, de acordo com o art. 1.210, §2º: “Não obsta à manutenção ou reintegração na posse
a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa”.

O item II está incorreto, consoante regra expressa do art. 1.219: “O possuidor de boa-fé tem direito à
indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas,
a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor
das benfeitorias necessárias e úteis”.

O item III está correto, na forma do art. 1.473, inc. III: “Podem ser objeto de hipoteca o domínio útil”.

O item IV está correto, conforme o art. 1.379: “O exercício incontestado e contínuo de uma servidão
aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no
Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião”.

A alternativa D está correta, portanto.

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13. (CESPE / DPE-PE – 2015) A respeito da responsabilidade civil, da posse, do usufruto, do contrato de
locação e das práticas comerciais no âmbito do direito do consumidor, julgue o item que se segue.
Ainda que o usufruto tenha sido estabelecido com prazo determinado, o falecimento do usufrutuário não
gera direito à sucessão hereditária legítima desse usufruto.

Comentários

O item está correto, na literalidade do art. 1.410, inc. I: “O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no
Cartório de Registro de Imóveis pela renúncia ou morte do usufrutuário”.

14. (TRF-2ª Região / TRF-2ª REGIÃO – 2014) Sobre as servidões prediais, assinale a assertiva correta:
a) O titular do prédio dominante pode alienar a servidão em separado da propriedade, em favor de outro
imóvel vizinho, pertencente a terceiro, mas o ato apenas é oponível ao titular do prédio serviente após o
registro do título no assento imobiliário.
b) É inviável usucapir, na forma extraordinária, servidão não aparente e descontínua.
c) O usufrutuário de imóvel pode sobre ele constituir servidão em favor de prédio vizinho, desde que o faça
a título gratuito e em caráter real.
d) O desuso da servidão, passados pelo menos quinze anos e desde que notificado o titular do prédio
dominante, gera a sua extinção.
e) É vedada a renúncia à servidão por parte do titular do prédio dominante.

Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme o art. 1.378: “A servidão proporciona utilidade para o prédio
dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração
expressa dos proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis”.

A alternativa B está correta, de acordo com o art. 1.379: “O exercício incontestado e contínuo de uma
servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome
no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião”.

A alternativa C está incorreta, já que apenas o proprietário pode constituir servidão, a teor do art. 1.378
supracitado, vedando-se essa faculdade de limitação da propriedade aos detentores de direitos reais
limitados.

A alternativa D está incorreta, segundo o art. 1.389, inc. III: “Também se extingue a servidão, ficando ao
dono do prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção pelo não uso, durante
dez anos contínuos”.

A alternativa E está incorreta, como se extrai do art. 1.388, inc. I: “O dono do prédio serviente tem direito,
pelos meios judiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do prédio dominante lho impugne
quando o titular houver renunciado a sua servidão”.

15. (FCC / DPE-PB – 2014) Ronaldo doou um imóvel a Renato e resguardou para si usufruto vitalício
sobre o bem. O contrato foi firmado por escritura pública e registrado no Cartório de Registro de Imóveis.

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Passado algum tempo, Ronaldo resolveu ceder o exercício do usufruto a João, a título oneroso, enquanto
Renato houve por bem vender o imóvel a Daniela. Esta venda é:
a) possível, continuando existente o usufruto, em nome de Ronaldo, e podendo João exercê-lo, em razão da
cessão operada a seu favor.
b) possível, embora extinga o usufruto.
c) possível, continuando existente o usufruto, em nome de João, em razão da cessão operada em seu favor.
d) impossível, pois feriria o direito de João, a quem foi cedido o exercício do usufruto.
e) possível, embora a adquirente deva respeitar os direitos de Ronaldo, que continuou no exercício do
usufruto, uma vez que não é possível a cessão onerosa de seu exercício.

Comentários

A alternativa A está correta, dado que a limitação da propriedade não impede a alienação do bem dado em
usufruto, por conta da elasticidade da propriedade. Obviamente, o adquirente deverá respeitar o usufruto.
Além disso, estabelece o art. 1.393 que não se pode transferir o usufruto por alienação, mas o seu exercício
pode ceder-se por título gratuito ou oneroso, o que permite que João exerça tal direito.

A alternativa B está incorreta, porque a propriedade pode ser transferida sem que a figura parcelar do
usufruto se extinga, já que ele durará enquanto durar a vida de Ronaldo, dada a vitaliciedade.

A alternativa C está incorreta, pois o usufruto foi dado em nome de Ronaldo e não de João, que é cessionário
do direito real, apenas.

A alternativa D está incorreta, pelas mesmas razões já anteriormente declinadas.

A alternativa E está incorreta, pelas mesmas razões já anteriormente declinadas.

16. (VUNESP / TJ-SP – 2013) Assinale a alternativa correta.


a) É real o direito do comprador à aquisição do imóvel que a ele se prometeu vender por escritura pública,
ainda que não registrado no Cartório de Registro de Imóveis.
b) Exercida a servidão aparente de forma contínua e sem oposição por 10 anos, pode ser ela usucapida.
c) Constitui direito real de garantia a penhora feita em processo de execução.
d) Diferentemente do usufruto, o direito de uso sobre coisa não constitui direito real.

Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme o art. 1.227: “Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou
transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos
referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código”.

A alternativa B está correta, na literalidade do art. 1.379: “O exercício incontestado e contínuo de uma
servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome
no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião”.

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A alternativa C está incorreta, já que penhora e penhor são, à toda evidência, coisas completamente
diferentes, não sendo a penhora direito real de garantia.

A alternativa D está incorreta, dada a previsão expressa do art. 1.225, inc. XII: “São direitos reais: a concessão
de direito real de uso”.

17. (CESPE / TJ-BA – 2012) No que se refere aos direitos reais, assinale a opção correta.
a) No caso de o beneficiário não usar o imóvel por prazo superior a um ano, restará configurada causa legal
de extinção do direito de habitação.
b) O superficiário deverá efetuar ao proprietário do solo pagamento pela transferência do direito de
superfície a terceiros, salvo estipulação contratual em contrário
c) O direito real de servidão de trânsito exige que reste configurado o encravamento do imóvel dominante.
d) A morte do usufrutuário casado é causa de transmissão do usufruto ao cônjuge sobrevivente, qualquer
que seja o regime de casamento
e) O fato de o adimplemento contratual afigurar-se economicamente insuportável para o promitente
comprador lhe confere a direito de obter a resilição do compromisso de compra e venda

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois, não há prazo estipulado legalmente para a extinção do direito de
habitação.

A alternativa B está incorreta, pois contrária ao que preconiza o art. 1.372: “Art. 1.372. O direito de
superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros”.

A alternativa C está incorreta, pois, na servidão de trânsito, é despicienda a verificação de encravamento.


Nesse sentido, a Súmula 415 do STF esclarece que o encravamento do imóvel dominante é desnecessário, já
que a servidão é instituto que não se confunde com a passagem forçada.

A alternativa D está incorreta, pois o usufruto se extingue por renúncia ou morte do usufrutuário (art. 1.410,
inc. I).

A alternativa E está correta, de acordo com entendimento firmado pelo STJ, no sentido de ser possível a
resilição do compromisso de compra e venda, por parte do promitente comprador, quando se lhe afigurar
economicamente insuportável o adimplemento contratual (REsp 702.787).

18. (FCC / MPE-AL – 2012) NÃO é causa de extinção da servidão, na esteira do Código Civil brasileiro
a) o não uso da servidão durante cinco anos contínuos.
b) a reunião dos dois prédios, dominante e serviente, no domínio da mesma pessoa.
c) o resgate da servidão pelo dono do prédio serviente.
d) cessação, para o prédio dominante, da utilidade ou da comodidade que determinou a constituição da
servidão.
e) a renúncia pelo titular da sua servidão.

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Comentários

A alternativa A está correta, de acordo com o art. 1.389, inc. III: “Também se extingue a servidão, ficando ao
dono do prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção pelo não uso, durante
dez anos contínuos”.

A alternativa B está incorreta, segundo o art. 1.389, inc. I: “Também se extingue a servidão, ficando ao dono
do prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção, pela reunião dos dois
prédios no domínio da mesma pessoa”.

A alternativa C está incorreta, na regra do art. 1.388, inc. III: “O dono do prédio serviente tem direito, pelos
meios judiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do prédio dominante lho impugne, quando o
dono do prédio serviente resgatar a servidão”.

A alternativa D está incorreta, conforme o art. 1.388, inc. II: “O dono do prédio serviente tem direito, pelos
meios judiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do prédio dominante lho impugne, quando
tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade, que determinou a constituição da
servidão”.

A alternativa E está incorreta, como se extrai do art. 1.388, inc. I: “O dono do prédio serviente tem direito,
pelos meios judiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do prédio dominante lho impugne
quando o titular houver renunciado a sua servidão”.

19. (FUMARC / PGE-MG – 2012) O exercício incontestado de uma servidão aparente com o
preenchimento dos demais requisitos legais, autoriza o possuidor sem justo título a adquiri-la por
usucapião. Assinale a alternativa que contempla o prazo completo para tal mister:
a) 03 anos
b) 05 anos
c) 10 anos
d) 15 anos
e) 20 anos.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que o art. 1.379 e seu parágrafo único estabelecem outros prazos.

A alternativa B está incorreta, porque esse prazo é aplicável a outra espécie de usucapião, mas não à de
servidão.

A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 1.379: “O exercício incontestado e contínuo de uma
servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome
no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião”.

A alternativa D está incorreta, já que esse é o prazo para a espécie geral de usucapião, como vimos
anteriormente.

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A alternativa E está correta, na forma do art. 1.379, parágrafo único: “Se o possuidor não tiver título, o prazo
da usucapião será de vinte anos”.

20. (FCC / DPE-RS – 2011) Atenção: Para responder à questão assinale a alternativa que contém a
afirmação correta em relação ao assunto indicado:
Direitos Reais.
a) O possuidor com justo título tem por si a presunção absoluta de boa-fé.
b) O possuidor de má-fé detém o direito de ressarcimento pelas benfeitorias necessárias e de levantamento
das benfeitorias voluptuárias.
c) Não é cabível a constituição de usufruto que recaia em bens móveis e em um patrimônio inteiro.
d) O contrato de promessa de compra e venda, desde que escrito, confere ao seu titular direito real à
aquisição do imóvel.
e) Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também
resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois o justo título traz presunção relativa de boa-fé, já que apesar do título
pode a pessoa conhecer o vício.

A alternativa B está incorreta, na forma do art. 1.220: “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as
benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as
voluptuárias”.

A alternativa C está incorreta, como veremos adiante, de acordo com o art. 1.390: “O usufruto pode recair
em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo
ou em parte, os frutos e utilidades”.

A alternativa D está incorreta, consoante regra do art. 1.417: “Mediante promessa de compra e venda, em
que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no
Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel”.

A alternativa E está correta, na literalidade do art. 1.359: “Resolvida a propriedade pelo implemento da
condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua
pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem
a possua ou detenha”.

21. (Instituto Cidades / DPE-AM – 2011) A respeito das servidões, assinale a alternativa correta:
a) Não é possível a usucapião de servidão aparente, pois a usucapião é sempre uma forma de aquisição do
direito de propriedade.
b) O dono do prédio serviente não poderá embaraçar de modo algum o exercício legítimo da servidão.
c) A servidão não pode ser removida, de um local para outro, pelo dono do prédio serviente, sem expressa
concordância do dono do prédio dominante.

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d) Se o prédio dominante estiver hipotecado e a servidão não estiver mencionada no título hipotecário, será
também preciso, para cancelar a servidão, o consentimento do credor.
e) A reunião do prédio dominante e do serviente no domínio da mesma pessoa não extingue a servidão, pois
sempre haverá a possibilidade de os imóveis serem novamente desmembrados.

Comentários

A alternativa A está incorreta, na forma do art. 1.379: “O exercício incontestado e contínuo de uma servidão
aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no
Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião”.

A alternativa B está correta, consoante regra do art. 1.383: “O dono do prédio serviente não poderá
embaraçar de modo algum o exercício legítimo da servidão”.

A alternativa C está incorreta, conforme o art. 1.384: “A servidão pode ser removida, de um local para outro,
pelo dono do prédio serviente e à sua custa, se em nada diminuir as vantagens do prédio dominante, ou pelo
dono deste e à sua custa, se houver considerável incremento da utilidade e não prejudicar o prédio
serviente”.

A alternativa D está incorreta, pela literalidade do art. 1.387, parágrafo único: “Se o prédio dominante estiver
hipotecado, e a servidão se mencionar no título hipotecário, será também preciso, para a cancelar, o
consentimento do credor”.

A alternativa E está incorreta, de acordo com o art. 1.389, inc. I: “Também se extingue a servidão, ficando
ao dono do prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção, pela reunião dos
dois prédios no domínio da mesma pessoa”.

22. (VUNESP / TJ-MT – 2009) João doou para sua filha Célia cotas de estabelecimento comercial,
permanecendo como seu usufrutuário. João percebe rendimentos dessas cotas e deseja transferir parte
do usufruto à pessoa jurídica constituída por seu irmão Marcelo. Nesse caso,
a) não é possível a transferência do usufruto em parte, mas apenas em sua totalidade.
b) não é possível a transferência do usufruto para pessoa jurídica, ainda que regularmente constituída.
c) é possível a transferência por cessão de parte do usufruto para pessoa jurídica a título gratuito.
d) é possível a transferência por alienação de parte do usufruto apenas para pessoa física.
e) é possível a transferência por alienação a título oneroso para pessoa física ou jurídica.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois o art. 1.390 (“O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou
imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e
utilidades”) permite transmissão parcial de usufruto.

A alternativa B está incorreta, não havendo restrição quanto à pessoa do usufrutuário ser pessoa jurídica.

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A alternativa C está correta, pela cumulação do supracitado art. 1.390 com o art. 1.393: “Não se pode
transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso”.

A alternativa D está incorreta, novamente, não havendo restrição à pessoa jurídica.

A alternativa E está incorreta, por aplicação do art. 1.393, que veda a alienação do usufruto.

23. (CESPE / DPE-ES – 2009) O registro do usufruto de imóvel que não resulte de usucapião tem
natureza constitutiva.

Comentários

O item está correto, dado que é necessário registrar-se o usufruto para que sua constituição se efetive. A
usucapião, porém, como modo de aquisição originário, que exige apenas a posse somada ao tempo, exige
registro meramente declaratório.

24. (CESPE / PGE-CE – 2008) Em relação ao direito das coisas, assinale a opção correta.
a) O usufruto é constituído intuito personae, ou seja, é intransferível, seja entre vivos ou por causa de morte.
Assim, se for vitalício e constituído em favor de duas pessoas, se extinguirá, em sua totalidade, com o
falecimento de um dos usufrutuários, restabelecendo-se, assim, a propriedade plena do nu-proprietário.
b) Para a concessão do direito real de servidão de trânsito, exige-se que os dois imóveis sejam contíguos,
pertencentes ou não ao mesmo dono, e que o imóvel dominante seja encravado, ou seja, que não possua
saída pela via pública, fonte ou porto. A servidão é contínua quando esse direito só se exterioriza com o ato
humano de transitar pelo prédio serviente.
c) Composse é modalidade de posse exercida concomitantemente por mais de um titular sobre o mesmo
bem que se encontra em estado de indivisão. Nesse caso, cada possuidor terá uma parte ideal, já que não se
determina qual parcela compete a cada um.
d) O proprietário de um imóvel hipotecado não poderá aliená-lo sem quitar o crédito hipotecário, sendo,
inclusive, cláusula válida e obrigatória, no referido contrato, a proibição de o proprietário alienar o imóvel
hipotecado.
e) O direito de uso conferido a uma pessoa transfere-se, por morte do usuário, aos seus s/ucessores,
obedecida a ordem de vocação hereditária.

Comentários

A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 1.411: “Constituído o usufruto em favor de duas ou mais
pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa,
o quinhão desses couber ao sobrevivente”.

A alternativa B está incorreta, conforme o art. 1.378: “A servidão proporciona utilidade para o prédio
dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração
expressa dos proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis”.
Ademais, as servidões contínuas dispensam ato humano de exercício.

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A alternativa C está correta, na literalidade do art. 1.199: “Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa,
poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros
compossuidores”. Sendo a coisa indivisa, obviamente necessário o estabelecimento de quota-parte.

A alternativa D está incorreta, de acordo com o art. 1.475: “É nula a cláusula que próibe ao proprietário
alienar imóvel hipotecado”.

A alternativa E está incorreta, já que, segundo o art. 1.413, “São aplicáveis ao uso, no que não for contrário
à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto”. Por sua vez, assim determina o art. 1.410, inc. I: “O
usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis pela renúncia ou morte
do usufrutuário”.

25. (FUNRIO / PGM-Coronel Fabriciano (MG) – 2008) São direitos reais.


I. a propriedade (somente de bem imóvel), a superfície e o espaço aéreo;
II. a superfície, as servidões e o usufruto;
III. as servidões, a habitação e o direito do promitente comprador do imóvel;
IV. o usufruto, a penhora e a hipoteca;
V. a habitação, anticrese e a concessão especial para fins de moradia;
a) as assertivas III, IV e V estão corretas.
b) as assertivas II, IV e V estão corretas.
c) as assertivas II, III e V estão corretas.
d) as assertivas I, III e V estão corretas.
e) as assertivas I, IV e V estão corretas.

Comentários

O item I está incorreto, dado que a propriedade mobiliária também é direito real, ao passo que o espaço
aéreo não, mas consectário lógico da propriedade, espacialmente falando.

O item II está correto, consoante regra expressa do art. 1.225, incs. II, III e IV, respectivamente.

O item III está correto, na forma do art. 1.225, incs. III, VI e VII, respectivamente.

O item IV está incorreto, porque a penhora não é direito real, mas instituto processual que em nada se
relaciona com o direito das coisas.

O item V está correto, conforme o art. 1.225, incs. VI, X e XI, respectivamente.

A alternativa C está correta, portanto.

26. (CESPE / DPE-AM – 2003) É nula a cláusula inserida no contrato de concessão do direito de
superfície que imponha ao proprietário concedente o ônus de indenizar quaisquer construções ou
plantações que o superficiário vier a incorporar ao solo.

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Comentários

O item está incorreto, na forma do art. 1.372, parágrafo único: “Não poderá ser estipulado pelo concedente,
a nenhum título, qualquer pagamento pela transferência”.

27. (ESAF / PGFN – 2002/2003) Assinale a opção correta.


a) O enfiteuta não terá direito ao resgate do foro, após dez anos da constituição da enfiteuse, mediante
pagamento de um laudêmio.
b) Cânon é uma pensão anual e invariável paga ao senhorio direto pelo enfiteuta, fixada com base no valor
proporcional ao domínio pleno.
c) A servidão altius non tollendi, ou seja, a de não construir além de certa altura, é aparente.
d) O usufruto não pode ter como objeto um patrimônio.
e) O titular do direito real de habitação pode alugar e emprestar o imóvel gravado.

Comentários

A alternativa A está incorreta, na forma do art. 693 do CC/1916 (“Todos os aforamentos, inclusive os
constituídos anteriormente a este Código, salvo acordo entre as partes, são resgatáveis dez anos depois de
constituídos, mediante pagamento de um laudêmio, que será de dois e meio por cento sobre o valor atual
da propriedade plena, e de dez pensões anuais pelo foreiro, que não poderá no seu contrato renunciar ao
direito de resgate, nem contrariar as disposições imperativas deste capítulo”), aplicável por força do art.
2.038 do CC/2002 (“Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as
existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916,
e leis posteriores”).

A alternativa B está correta, chamando-se-o também de laudêmio ou pensão, conforme a doutrina.

A alternativa C está incorreta, por lógica, já que a servidão aparente é aquela manifestada visivelmente, por
obras, sendo que a servidão de não construir não aparenta, inicialmente, ser uma servidão, a não que se
saiba sobre ela.

A alternativa D está incorreta, por força do art. 1.390: “O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis
ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e
utilidades”.

A alternativa E está incorreta, na literalidade do art. 1.414: “Quando o uso consistir no direito de habitar
gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente
ocupá-la com sua família”.

28. (ESAF / PGM-Fortaleza (CE) – 2002) A servidão de energia elétrica, quanto ao modo de exercício,
classifica-se como:
a) servidão contínua
b) servidão legal
c) servidão negativa

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d) servidão natural
e) servidão descontínua

Comentários

A alternativa A está correta, pois exercida continuamente, sem intervenção humana.

A alternativa B está incorreta, porque legal é classificação da servidão quanto à constituição (judicial ou
voluntária), e não quanto ao exercício.

A alternativa C está incorreta, dado que essa servidão é positiva, permitindo ao proprietário do prédio
dominante praticar atos no prédio serviente, notadamente, no caso, atos para preservar a estrutura de
energia elétrica, como a manutenção.

A alternativa D está incorreta, já que a servidão natural, contrariamente à servidão aparente, não se releva
por atos exteriores.

A alternativa E está incorreta, porque descontínua seria se se exigisse ato humano presente, como a servidão
de passagem.

29. (ESAF / PGM-Fortaleza (CE) – 2002) O usufrutuário tem:


a) posse injusta
b) posse violenta
c) posse clandestina
d) posse direta
e) posse ad usucapionem

Comentários

A alternativa A está incorreta, dada a posse se originar de fonte justa, o usufruto transmitido pelo
proprietário.

A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões da alternativa anterior.

A alternativa C está incorreta, igualmente, pelas mesmas razões da alternativa A.

A alternativa D está correta, desdobrando-se a posse em posse indireta, que permanece com o proprietário
imobiliário, e posse direta, que é repassada, pelo proprietário, ao usufrutuário.

A alternativa E está incorreta, já que, derivado de parcela da propriedade, o usufruto não induz a posse que
permite deferimento de pretensão de usucapião.

Direitos reais de garantia

30. (MP-PR / MP-PR – 2018) Podem ser objeto de hipoteca:

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a) Veículos empregados em qualquer espécie de transporte ou condução.


b) Aeronaves.
c) Colheitas pendentes, ou em via de formação.
d) Animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola.
e) Animais que integram a atividade pastoril, agrícola ou de lacticínios.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque os veículos se sujeitam ao penhor, conforme prevê o art. 1.461:
“Podem ser objeto de penhor os veículos empregados em qualquer espécie de transporte ou condução”.

A alternativa B está correta, de acordo com o disposto no art. 1.473, inc. VII: “Podem ser objeto de hipoteca
as aeronaves”.

A alternativa C está incorreta, segundo o art. 1.442, inc. II: “Podem ser objeto de penhor as colheitas
pendentes, ou em via de formação”.

A alternativa D está incorreta, na dicção do art. 1.442, inc. V: “Podem ser objeto de penhor animais do
serviço ordinário de estabelecimento agrícola”.

A alternativa E está incorreta, na forma do art. 1.444: “Podem ser objeto de penhor os animais que integram
a atividade pastoril, agrícola ou de lacticínios.

31. (CESPE / TJ-PR – 2017) Acerca do direito das coisas, assinale a opção correta à luz do Código Civil e
do entendimento doutrinário sobre o tema.
a) Caso seja instituído o usufruto em favor de dois usufrutuários, o falecimento de um deles gerará de pleno
direito o acréscimo ao sobrevivente.
b) Ao efetuar o desdobramento da posse, o proprietário perde a condição de possuidor.
c) Para fins de proteção possessória, deve ser demonstrado algum vício objetivo da posse, não sendo
imprescindível a constatação de má-fé do esbulhador.
d) O conceito de multipropriedade, que perpassa a análise de uso compartilhado, fere o atributo de
exclusividade da propriedade.

Comentários

A alternativa A está incorreta, segundo o art. 1.411: “Constituído o usufruto em favor de duas ou mais
pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa,
o quinhão desses couber ao sobrevivente. Ou seja, Não estipulada a cláusula de acrescer, pela
superveniência da morte de um dos usufrutuários, consolida-se na pessoa do nu-proprietário a plena
propriedade da parte ideal do usufrutuário falecido”.

A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1.197: “A posse direta, de pessoa que tem a coisa em
seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela
foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto”.

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A alternativa C está correta, pois, como se extrai do art. 1.210 (“O possuidor tem direito a ser mantido na
posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio
de ser molestado”), é relevante para a proteção possessória a posse ser (in)justa, ou seja, violenta,
clandestina ou precária.

A alternativa D está incorreta, já que o time sharing apenas ressignifica o conceito de exclusividade da
propriedade, para compreendê-la não apenas espacialmente, mas temporalmente também. O uso se torna
exclusivo não no espaço, mas no tempo, o que não fere tal característica.

32. (VUNESP / MP-SP – 2017) Helena é engenheira, maior, solteira e especialista em programação, e,
por conta de suas habilidades técnicas, acaba desenvolvendo avançado aplicativo para aparelhos celulares
que permite que mulheres ativem redes de contatos pessoais, e, inclusive, a polícia militar e a polícia civil,
caso se encontrem em situação de grave ameaça por conta de qualquer tipo de violência que estejam
sofrendo ou em vias de sofrer. No entanto, para que ela possa lançar o aplicativo no mercado de forma
adequada, ela precisa de capital, e, portanto, precisa obter acesso à linha de financiamento perante
alguma instituição bancária ou fundo investidor, credores esses que, no entanto, lhe exigirão algum tipo
de garantia. Helena tem mãe viva, mas está hospitalizada em estado grave. Também tem duas irmãs.
Assinale a alternativa que traz uma garantia válida, que poderá ser ofertada e utilizada rapidamente por
Helena perante uma instituição bancária ou um fundo investidor.
a) Uma nova hipoteca sobre um imóvel de sua exclusiva propriedade e que já está hipotecado ao banco, para
garantir empréstimo anteriormente tomado para custear a faculdade de Helena e de seu mestrado no
exterior.
b) A herança que Helena receberá de sua mãe, que está internada na UTI, em coma e em estado grave.
c) A hipoteca integral de um imóvel do qual é uma das proprietárias, juntamente com suas duas outras irmãs,
as quais, no entanto, não concordam com esse oferecimento.
d) O penhor sobre as valiosas joias de sua mãe, as quais não estão sendo usadas, haja vista que ela se
encontra internada no hospital, em coma e em estado grave.
e) O penhor sobre o quadro de Pablo Picasso, exposto no MASP, que era de seu falecido pai e que foi herdado
por Helena e suas duas irmãs.

Comentários

A alternativa A é a correta, com base no art. 1.476: “O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra
hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo ou de outro credor”.

A alternativa B está incorreta, porque não existe previsão de que se tenha como objeto de negócio jurídico
a herança de pessoa viva, conforme dispõe o art. 426.

A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 1.420, §2º: “A coisa comum a dois ou mais proprietários
não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode
individualmente dar em garantia real a parte que tiver”.

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A alternativa D está incorreta, pois de acordo com o art. 1.420, apenas aquele que pode alienar um bem,
poderá empenhá-lo. Como ela não é proprietária das joias e não é permitido que haja negócio jurídico que
tenha por objeto herança de pessoa viva, não caberia o penhor das joias da mãe de Helena.

A alternativa E está incorreta pelo mesmo fundamento apresentado na alternativa C.

33. (CESPE / PC-GO – 2017) Em cada uma das opções seguintes, é apresentada uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito de posse, propriedade e direitos reais sobre coisa alheia.
Assinale a opção que apresenta assertiva correta conforme a legislação e a doutrina pertinentes.
a) Durante o prazo de vigência de contrato de locação de imóvel urbano, o locatário viajou e, ao retornar,
percebeu que o imóvel havia sido invadido pelo próprio proprietário. Nesse caso, o locatário não pode
defender sua posse, uma vez que o possuidor direto não tem proteção possessória em face do indireto.
b) Determinado indivíduo realizou, de boa-fé, construção em terreno que pertencia a seu vizinho. O valor da
construção excede consideravelmente o valor do terreno. Nessa situação, não havendo acordo, o indivíduo
que realizou a construção adquirirá a propriedade do solo mediante pagamento da indenização fixada pelo
juiz.
c) Caio realizou a doação de um bem para Fernando. No contrato celebrado entre ambos, consta cláusula
que determina que o bem doado volte para o patrimônio do doador se ele sobreviver ao donatário. Nessa
situação, a cláusula é nula, pois o direito brasileiro não admite a denominada propriedade resolúvel.
d) Roberto possui direito real de superfície de bem imóvel e deseja hipotecar esse direito pelo prazo de
vigência do direito real. Nesse caso, a estipulação de direito real de garantia é ilegal porque a hipoteca
somente pode ser constituída pelo proprietário do bem.
e) Determinado empregador cedeu bem imóvel de sua propriedade a seu empregado, em razão de relação
de confiança decorrente de contrato de trabalho. Nesse caso, ainda que desfeito o vínculo trabalhista, é
juridicamente impossível a conversão da detenção do empregado em posse.

Comentários

A alternativa A está incorreta, como se vê pelo art. 1.197: “A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu
poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi
havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto”.

A alternativa B está correta, conforme a literalidade do art. 1.255, parágrafo único: “Se a construção ou a
plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou,
adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver
acordo”.

A alternativa C está incorreta, segundo o art. 547: “O doador pode estipular que os bens doados voltem ao
seu patrimônio, se sobreviver ao donatário”.

A alternativa D está incorreta, em clara previsão contrária do art. 1.473, inc. X: “Podem ser objeto de
hipoteca a propriedade superficiária”.

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A alternativa E está incorreta, como esclarece o Enunciado 301 do CJF: “É possível a conversão da detenção
em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos
possessórios”.

34. (CESPE / TJ-AM – 2016) Acerca da posse, dos direitos reais e dos direitos reais de garantia, assinale
a opção correta à luz da legislação e da jurisprudência.
a) O usufrutuário tem o direito de ceder o exercício do usufruto, a título gratuito ou oneroso,
independentemente de autorização do nu-proprietário.
b) O penhor industrial deve ser constituído mediante a lavratura de instrumento público ou particular e
levado a registro no cartório de títulos e documentos.
c) O ocupante irregular de bem público tem direito de retenção pelas benfeitorias realizadas se provar que
foram feitas de boa-fé.
d) Quando da constituição de penhor, anticrese ou hipoteca, admite-se a imposição de cláusula comissória
no contrato.
e) A decisão judicial que reconhece a aquisição da propriedade de bem imóvel por usucapião, a despeito dos
efeitos ex tunc, não prevalece sobre a hipoteca judicial que tenha anteriormente gravado o bem.

Comentários

A alternativa A está correta, na literalidade do art. 1.393: “Não se pode transferir o usufruto por alienação;
mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso”.

A alternativa B está incorreta, segundo o art. 1.448: “Constitui-se o penhor industrial, ou o mercantil,
mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição
onde estiverem situadas as coisas empenhadas”.

A alternativa C está incorreta, conforme extensamente já mencionado, dado que não se pode tratar a
ocupação de bem público como posse, mas mera detenção.

A alternativa D está incorreta, como se extrai do art. 1.428: “É nula a cláusula que autoriza o credor
pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no
vencimento”.

A alternativa E está incorreta, de acordo com a jurisprudência do STJ: “RECURSO ESPECIAL. HIPOTECA
JUDICIAL DE GLEBA DE TERRAS. POSTERIOR PROCEDÊNCIA DE AÇÃO DE USUCAPIÃO DE PARTE DAS TERRAS
HIPOTECADAS. PARTICIPAÇÃO DO CREDOR HIPOTECÁRIO NA AÇÃO DE USUCAPIÃO COMO ASSISTENTE DO
RÉU. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. PREVALÊNCIA DA USUCAPIÃO. EFEITOS EX TUNC DA
SENTENÇA DECLARATÓRIA. CANCELAMENTO PARCIAL DA HIPOTECA JUDICIAL. RECURSO DESPROVIDO.
Assegurada ao primitivo credor hipotecário participação na posterior ação de usucapião, não se pode ter
como ilegal a decisão que reconhece ser a usucapião modo originário de aquisição da propriedade e,
portanto, prevalente sobre os direitos reais de garantia que anteriormente gravavam a coisa (REsp
620.610/DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 19/02/2014)”.

35. (FAURGS / TJ-RS – 2016) Assinale a alternativa correta a respeito dos Direitos Reais no Código Civil.

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a) Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel fungível que o devedor, com escopo de
garantia, transfere ao credor.
b) É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida
não for paga no vencimento.
c) No condomínio edilício, as partes suscetíveis de utilização independente, tais como abrigos para veículos,
sujeitam-se à propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários.
d) Constitui-se o penhor de direito mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de
Registro de Imóveis.
e) A hipoteca não abrange as acessões, melhoramentos ou construções do imóvel, sendo nula de pleno
direito a alienação de imóvel hipotecado.

Comentários

A alternativa A está incorreta, na previsão do art. 1.361: “Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de
coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor”.

A alternativa B está correta, na literalidade do art. 1.365: “É nula a cláusula que autoriza o proprietário
fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento”.

A alternativa C está incorreta, dada a dicção do art. 1.361, §1º: “As partes suscetíveis de utilização
independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações
ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e
gravadas livremente por seus proprietários, exceto os abrigos para veículos, que não poderão ser alienados
ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de condomínio”.

A alternativa D está incorreta, conforme o art. 1.438: “Constitui-se o penhor rural mediante instrumento
público ou particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição em que estiverem
situadas as coisas empenhadas”.

A alternativa E está incorreta, como estabelece o art. 1.474: “A hipoteca abrange todas as acessões,
melhoramentos ou construções do imóvel. Subsistem os ônus reais constituídos e registrados,
anteriormente à hipoteca, sobre o mesmo imóvel”.

36. (FCC / PGE-MT – 2016) Endividado, Ademir contraiu empréstimo de R$ 100.00,00 (cem mil reais)
com o Banco Riqueza, oferecendo, como garantia, a hipoteca de um de seus imóveis. Paga parcialmente a
dívida, Ademir alienou referido imóvel a Josué. A hipoteca
a) é extinta tanto pelo pagamento parcial da dívida como pela alienação da coisa.
b) é extinta pelo pagamento parcial da dívida.
c) não é extinta pelo pagamento parcial da dívida, mas impede a alienação da coisa.
d) não é extinta pelo pagamento parcial da dívida, nem impede a alienação da coisa, mas o credor hipotecário
não poderá fazer valer o direito real de garantia contra o adquirente do bem.
e) não é extinta pelo pagamento parcial da dívida nem impede a alienação da coisa, mas o credor hipotecário
poderá fazer valer o direito real de garantia contra o adquirente do bem.

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Comentários

A alternativa A está incorreta, segundo o art. 1.481: “Dentro em trinta dias, contados do registro do título
aquisitivo, tem o adquirente do imóvel hipotecado o direito de remi-lo, citando os credores hipotecários e
propondo importância não inferior ao preço por que o adquiriu”.

A alternativa B está incorreta, na forma do art. 1.421: “O pagamento de uma ou mais prestações da dívida
não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo
disposição expressa no título ou na quitação”.

A alternativa C está incorreta, consoante regra expressa do art. 1.475: “É nula a cláusula que proíbe ao
proprietário alienar imóvel hipotecado”.

A alternativa D está incorreta, igualmente, nos termos mencionados na alternativa B.

A alternativa E está correta, pela aplicação das regras dos arts. 1.421, 1.475 e 1.481, supracitados.

37. (CESPE / PGE-AM – 2016) É legítimo o contrato de penhor de veículo firmado mediante instrumento
público ou particular, cujo prazo máximo de vigência é de dois anos, prorrogável até o limite de igual
período.

Comentários

O item está correto, na conjugação de dois artigos, o art. 1.462 (“Constitui-se o penhor [de veículos]
mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do
devedor, e anotado no certificado de propriedade”) e o art. 1.466 (“O penhor de veículos só se pode
convencionar pelo prazo máximo de dois anos, prorrogável até o limite de igual tempo, averbada a
prorrogação à margem do registro respectivo”).

38. (FCC / TJ-SC – 2015) O instrumento do penhor deverá


a) mencionar o valor do crédito, sua estimação ou valor máximo; não poderá, entretanto, fixar taxa de juros.
b) observar necessariamente a forma de escritura pública, quando se tratar de penhor rural.
c) em qualquer de suas modalidades ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos, por dizer respeito
a garantia real com bens móveis.
d) ser levado a registro, no caso de penhor comum no Cartório de Títulos e Documentos e, no caso de penhor
rural, no Cartório de Registo de Imóveis da circunscrição em que estiverem situadas as coisas empenhadas.
e) identificar o bem dado em garantia com as suas especificações e o valor mínimo do crédito concedido.

Comentários

A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 1.424, inc. III “Os contratos de penhor, anticrese ou
hipoteca declararão, sob pena de não terem eficácia a taxa dos juros, se houver”.

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A alternativa B está incorreta, segundo o art. 1.438: “Constitui-se o penhor rural mediante instrumento
público ou particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição em que estiverem
situadas as coisas empenhadas”.

A alternativa C está incorreta, como, por exemplo, no caso do penhor rural, acima mencionado, registrável
perante a Serventia de Imóveis.

A alternativa D está correta, na cumulação do art. 1.432 (“O instrumento do penhor deverá ser levado a
registro, por qualquer dos contratantes; o do penhor comum será registrado no Cartório de Títulos e
Documentos”), com o art. 1.438, supracitado.

A alternativa E está incorreta, na forma do art. 1.424, inc. I: “Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca
declararão, sob pena de não terem eficácia o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo”.

39. (FCC / TJ-PI – 2015) Os contratos de penhor e de hipoteca declararão


a) necessariamente apenas o valor da dívida e do bem dado em garantia.
b) o prazo fixado para pagamento, mas não é preciso declarar o valor do crédito, ou estimá-lo, nem valor
máximo ou mínimo, podendo esses valores serem declarados no vencimento, para fins de cobrança.
c) o valor do crédito, sua estimação ou valor máximo, bem como o prazo fixado para pagamento, sob pena
de não terem eficácia.
d) o valor mínimo do crédito ou sua estimação, bem como o prazo do pagamento, sob pena de nulidade.
e) obrigatoriamente o valor da dívida, o do bem dado em garantia, e o prazo para pagamento se houver, não
sendo, porém, necessário mencionar a taxa de juros, mesmo que se trate de mútuo feneratício.

Comentários

A resposta se extrai do art. 1.424, incisos, que assim dispõe: “Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca
declararão, sob pena de não terem eficácia:

I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo;

II - o prazo fixado para pagamento;

III - a taxa dos juros, se houver;

IV - o bem dado em garantia com as suas especificações”.

A alternativa A está incorreta, porque apenas o valor da dívida e do bem dado em garantia são insuficientes.

A alternativa B está incorreta, já que o valor do crédito é necessário.

A alternativa C está correta, como se extrai dos incisos I e II.

A alternativa D está incorreta, não havendo que se falar em “valor mínimo” na dicção do art. 1.424.

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A alternativa E está incorreta, pois o inc. III exige previsão da taxa de juros.

40. (FCC / MANAUSPREV – 2015) Sobre os direitos reais de garantia, é correto afirmar que
a) não se admite o penhor de colheita em vias de formação.
b) o usufrutuário não pode hipotecar o bem objeto do usufruto.
c) o condômino não pode, individualmente, dar em hipoteca sua respetiva parte.
d) não pode o cônjuge, sem autorização do outro, gravar de ônus real os bens imóveis, seja qual for o regime
de bens.
e) o pagamento parcial da dívida, em regra, extingue parcialmente a hipoteca.

Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme o art. 1.442, inc. II: “Podem ser objeto de penhor colheitas
pendentes, ou em via de formação”.

A alternativa B está correta, de acordo com o art. 1.420: “Só aquele que pode alienar poderá empenhar,
hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou
hipoteca”.

A alternativa C está incorreta, na dicção do art. 1.420, §2º: “A coisa comum a dois ou mais proprietários não
pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode
individualmente dar em garantia real a parte que tiver”.

A alternativa D está incorreta, segundo o art. 1.647, inc. I: “Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos
cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta, alienar ou gravar de ônus
real os bens imóveis”.

A alternativa E está incorreta, conforme o art. 1.421: “O pagamento de uma ou mais prestações da dívida
não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo
disposição expressa no título ou na quitação”.

41. (FMP / PGE-AC – 2014) Não é direito real de garantia:


a) o penhor.
b) a anticrese.
c) o usufruto.
d) a hipoteca.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que o penhor é hipótese de garantia real de bem móvel.

A alternativa B está incorreta, pois a anticrese é direito real de garantia voltado aos frutos.

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A alternativa C está correta, pois o usufruto não se presta a garantir, por se tratar de direito real de fruição.

A alternativa D está incorreta, dado que a hipoteca é garantia real imobiliária.

42. (FCC / DPE-CE – 2014) Ana Paula celebrou promessa de compra e venda de imóvel com “Construtora
Agia Certo Ltda.”. Esta, por sua vez, ofereceu o bem em hipoteca a “Banco da Construção S.A.”, agente
financiador do empreendimento. De acordo com Súmula do Superior Tribunal de Justiça, não pago o
débito contraído pela construtora perante o agente financiador,
a) antes da excussão do bem, deverá ser dada oportunidade para que Ana Paula pague a respectiva cota
parte da dívida ao agente financiador.
b) o bem oferecido em hipoteca poderá ser excutido pelo agente financiador, pois os direitos reais produzem
efeitos erga omnes.
c) a hipoteca não terá eficácia perante Ana Paula, mesmo que seja anterior à celebração da promessa de
compra e venda.
d) a hipoteca não terá eficácia perante Ana Paula, desde que seja posterior à celebração da promessa de
compra e venda.
e) deverá ser dada oportunidade para que Ana Paula pague a respectiva cota-parte da dívida ao agente
financiador, mesmo que já tenha sido ajuizada ação para excussão do bem.

Comentários

Para resolver essa questão, basta ter decorado o conteúdo da Súmula 308 do STJ: “A hipoteca firmada entre
a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não
tem eficácia perante os adquirentes do imóvel”.

A alternativa A está incorreta, pois não é necessário que o adquirente quite o valor da hipoteca.

A alternativa B está incorreta, já que apesar da eficácia contra todos ser a regra, em relação ao compromisso
de compra e venda celebrado pelo construtor foge-se á regra.

A alternativa C está correta, na forma da Súmula 308 do STJ, mencionada mais acima.

A alternativa D está incorreta, porque, nos termos da Súmula 308 do STJ, mesmo que seja anterior à
celebração da promessa de compra e venda a hipoteca é ineficaz.

A alternativa E está incorreta, conforme o mencionado na alternativa A, supracitada.

43. (FUNDATEC / Câmara Municipal-Porto Alegre (RS) – 2014) Os registros de propriedade particular
de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União.

Comentários

O item está correto, na forma da Súmula 496 do STJ: “Os registros de propriedade particular de imóveis
situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União”.

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44. (CESPE / TRF-1ª REGIÃO – 2013) A respeito da superfície, servidões, usufruto, penhor e hipoteca,
assinale a opção correta.
a) O direito subjetivo integra o patrimônio do superficiário, podendo este transferir o direito de superfície a
terceiro por negócio jurídico; no entanto, não haverá a saisine em favor dos herdeiros quando do seu
falecimento.
b) A servidão de passagem, direito real que surge em razão da necessidade/utilidade de trânsito através de
determinado imóvel, por constituir forma de proteção à função social da propriedade, embora se presuma,
deve ser interpretada restritivamente.
c) O proprietário resolúvel pode conceder o bem em hipoteca, não lhe sendo vedado onerar a coisa; no
entanto, verificado o evento futuro e incerto, o ônus real subsistirá, gravando-se a coisa.
d) No intuito de assegurar o cumprimento da função social da propriedade gravada, o Código Civil, sem
prever prazo determinado, autoriza a extinção do usufruto pelo não uso ou pela não fruição do bem sobre o
qual ele recai.
e) O valor do crédito e o bem dado em garantia com as suas especificações constituem elementos nucleares
do contrato de penhor, de forma que, faltando um deles, a validade do pacto estará comprometida.

Comentários

A alternativa A está incorreta, na literalidade do art. 1.372: “O direito de superfície pode transferir-se a
terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros”.

A alternativa B está incorreta, segundo a jurisprudência do STJ: “RECURSO ESPECIAL. AÇÃO POSSESSÓRIA.
INTERDITO PROIBITÓRIO. PASSAGEM FORÇADA. SERVIDÃO DE PASSAGEM. DISTINÇÕES E SEMELHANÇAS.
NÃO CARACTERIZAÇÃO NO CASO. SERVIDÃO NÃO SE PRESUME E DEVE SER INTERPRETADA
RESTRITIVAMENTE. Apesar de apresentarem naturezas jurídicas distintas, tanto a passagem forçada,
regulada pelos direitos de vizinhança, quanto a servidão de passagem, direito real, originam-se em razão da
necessidade/utilidade de trânsito, de acesso. Não identificada, no caso dos autos, hipótese de passagem
forçada ou servidão de passagem, inviável a proteção possessória pleiteada com base no alegado direito. A
servidão, por constituir forma de limitação do direito de propriedade, não se presume, devendo ser
interpretada restritivamente (REsp 316.045/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 23/10/2012, DJe 29/10/2012).”.

A alternativa C está incorreta, conforme o art. 1.359: “Resolvida a propriedade pelo implemento da condição
ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência,
e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou
detenha”.

A alternativa D está correta, nos termos do art. 1.410, inc. VIII: “O usufruto extingue-se, cancelando-se o
registro no Cartório de Registro de Imóveis, pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai”.

A alternativa E está incorreta, de acordo com a parte final do art. 1.424: “Os contratos de penhor, anticrese
ou hipoteca declararão, sob pena de não terem eficácia”.

45. (CESPE / AGU – 2013) Intimado o credor hipotecário acerca da realização da praça, a arrematação
produzirá o efeito de extinguir a hipoteca.

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Comentários

O item está correto, pois, segundo o art. 1,499, inc. VI, a arrematação extingue a hipoteca.

46. (CESPE / BACEN – 2013) O fato de alguém instituir hipoteca sobre seu imóvel e depois o vender a
outrem, que pague o valor da hipoteca a fim de livrar o bem do vínculo real configura:
a) imputação.
b) sub-rogação.
c) dação.
d) novação.
e) compensação.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que a imputação ao pagamento se refere a ordem de diferentes


pagamentos feitas por um mesmo devedor a um mesmo credor.

A alternativa B está correta, dado que a sub-rogação da hipoteca ocorre nos casos em que há remição do
crédito hipotecário perante o credor.

A alternativa C está incorreta, pois haveria dação se o próprio devedor desse coisa diferente da pactuada ao
credor.

A alternativa D está incorreta, sendo que a novação é a criação de novo vínculo obrigacional que tem o
condão de extinguir o pretérito.

A alternativa E está incorreta, porque compensação ocorre quando credor e devedor possuem dívidas que
se extinguem mutuamente.

47. (CESPE / TJ-BA – 2012) Em relação aos direitos reais de garantia, assinale a opção correta.
a) O prazo para pagamento, se não constar no contrato de hipoteca, será determinado pelos usos do lugar
hipotecado.
b) Se o valor do bem dado em garantia por terceiro não satisfizer a dívida, o terceiro continuará obrigado
pelo restante da dívida.
c) O condômino que deseje dar em garantia sua parte ideal necessitará do consentimento dos demais
condôminos.
d) Sendo divisível o bem dado em garantia, esta será paulatinamente extinta pela amortização da dívida.
e) É nulo o pacto comissório, mas, vencida a dívida, o devedor poderá dar a coisa em pagamento.

Comentários

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A alternativa A está incorreta, pois, de acordo com o art. 1.424, inc. II, caso o prazo para pagamento não
constar do contrato de hipoteca, este sequer terá eficácia (“Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca
declararão, sob pena de não terem eficácia: o prazo fixado para pagamento”).

A alternativa B está incorreta, conforme o art. 1.427: “Salvo cláusula expressa, o terceiro que presta garantia
real por dívida alheia não fica obrigado a substituí-la, ou reforçá-la, quando, sem culpa sua, se perca,
deteriore ou desvalorize”.

A alternativa C está incorreta, e se trata de uma pegadinha. Veja que o art. 1.420, §2º, exige apenas
concorrência de assentimentos quanto à garantia integral da coisa, não relativamente à parte pessoal: “A
coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o
consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver”.

A alternativa D está incorreta, pois “o pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa
exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa
no título ou na quitação” (art. 1.421).

A alternativa E está correta, uma vez que está de acordo com o que dita o art. 1.428 (“É nula a cláusula que
autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for
paga no vencimento”) em seu parágrafo único: “Após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em
pagamento da dívida”.

48. (ESAF / PGFN – 2012) Os direitos reais estão divididos em direitos reais sobre a própria coisa e
direitos reais sobre a coisa alheia. Nestes se incluem os institutos do penhor, da hipoteca e da anticrese,
que são os direitos reais de garantia. Relativamente aos direitos reais de garantia, marque a opção
incorreta.
a) O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada ou empenhada, e preferir,
no pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a prioridade no registro.
b) O credor anticrético tem o direito a reter em seu poder o bem, enquanto a dívida não for paga; extingue-
se esse direito decorridos quinze anos da data de sua constituição.
c) O penhor de crédito não tem eficácia senão quando notificado ao devedor; por notificado tem-se o
devedor que, em instrumento público ou particular, declarar-se ciente da existência do penhor.
d) É lícito aos interessados fazer constar das escrituras o valor entre si ajustado dos imóveis hipotecados, o
qual, devidamente atualizado, será a base para as arrematações, adjudicações e remições, dispensada a
avaliação.
e) A hipoteca legal pode ser substituída por caução de títulos da dívida pública federal ou estadual, recebidos
pelo valor de sua cotação média de mercado no ano corrente; ou por outra garantia, a critério do juiz, a
requerimento do credor.

Comentários

A alternativa A está correta, de acordo com o art. 1.422: “O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito
de excutir a coisa hipotecada ou empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores, observada,
quanto à hipoteca, a prioridade no registro”.

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A alternativa B está correta, na forma do art. 1.423: “O credor anticrético tem direito a reter em seu poder
o bem, enquanto a dívida não for paga; extingue-se esse direito decorridos quinze anos da data de sua
constituição”.

A alternativa C está correta, conforme o art. 1.453: “O penhor de crédito não tem eficácia senão quando
notificado ao devedor; por notificado tem-se o devedor que, em instrumento público ou particular, declarar-
se ciente da existência do penhor”.

A alternativa D está correta, segundo o art. 1.484: “É lícito aos interessados fazer constar das escrituras o
valor entre si ajustado dos imóveis hipotecados, o qual, devidamente atualizado, será a base para as
arrematações, adjudicações e remições, dispensada a avaliação”.

A alternativa E está incorreta, na dicção do art. 1.491: “A hipoteca legal pode ser substituída por caução de
títulos da dívida pública federal ou estadual, recebidos pelo valor de sua cotação mínima no ano corrente;
ou por outra garantia, a critério do juiz, a requerimento do devedor”.

49. (UEPA / PGE-PA – 2012) Permite-se ao credor pignoratício que se aproprie dos frutos da coisa
empenhada que se encontra em seu poder, imputando o valor respectivo, em primeiro lugar, nas despesas
de guarda e conservação por ele efetuadas.

Comentários

O item está correto, na forma do art. 1.433, inc. V (”O credor pignoratício tem direito a apropriar-se dos
frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder”), cumulado com o art. 1.435, inc. III (“O credor
pignoratício é obrigado a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas despesas
de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente”).

50. (FCC / MP-CE – 2011) A respeito do penhor, da hipoteca e da anticrese, considere:


I. É válida a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da
garantia, se a dívida não for paga no vencimento.
II. Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese e só os bens que se podem
alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.
III. Os sucessores do devedor podem remir parcialmente o penhor ou a hipoteca na proporção dos seus
quinhões.
Está correto o que se afirma SOMENTE em
a) I.
b) II.
c) I e II.
d) I e III.
e) II e III.

Comentários

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O item I está incorreto, de acordo com o art. 1.428, “É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício,
anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento”.

O item II está correto, na literalidade do art. 1.420: “Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar
ou dar em anticrese; só os bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca”.

O item III está incorreto porque vai de encontro ao disposto no art. 1.429: “Os sucessores do devedor não
podem remir parcialmente o penhor ou a hipoteca na proporção dos seus quinhões; qualquer deles, porém,
pode fazê-lo no todo”.

A alternativa B é a resposta, portanto.

51. (FUMARC / PC-MG – 2011) As seguintes afirmativas concernentes aos Direitos Reais de Garantia
estão corretas, EXCETO:
a) podem ser apontadas como características de penhor, da anticrese e da hipoteca: o poder de sequela, o
direito de preferência, a excussão e a divisibilidade da garantia.
b) na constituição do penhor, anticrese ou hipoteca é expressamente vedada à imposição de cláusula
comissória no bojo do contrato.
c) os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca declaração sob pena de não terem eficácia o valor do
crédito, sua estimulação, ou estimação, ou valor máximo; o prazo fixado para pagamento; a taxa de juros, se
houver; e o bem dado em garantia com suas especicações.
d) salvo cláusula expressa, o terceiro que prestar garantia real por dívida alheia não fica obrigado a substituí-
la, ou reforçá-la, quando, sem culpa sua, se perca, deteriore, ou desvalorize.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois as garantias reais são indivisíveis, como se extrai do art. 1.421: “O
pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente da garantia, ainda
que esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação”.

A alternativa B está correta, como determina o art. 1.428: “É nula a cláusula que autoriza o credor
pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no
vencimento”.

A alternativa C está correta, na previsão exaustiva do art. 1.424: “Os contratos de penhor, anticrese ou
hipoteca declararão, sob pena de não terem eficácia:

I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo;

II - o prazo fixado para pagamento;

III - a taxa dos juros, se houver;

IV - o bem dado em garantia com as suas especificações”.

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A alternativa D está correta, na expressa previsão do art. 1.427: “Salvo cláusula expressa, o terceiro que
presta garantia real por dívida alheia não fica obrigado a substituí-la, ou reforçá-la, quando, sem culpa sua,
se perca, deteriore ou desvalorize”.

52. (CESPE / BACEN – 2009) Com relação ao penhor, assinale a opção correta:
a) A posse da coisa dada em penhor pelo credor pignoratício é condição essencial para a formação do
contrato, considerando-se contrato atípico aquele em que a garantia não se seguir da posse direta.
b) O direito de retenção do credor pignoratício pelas despesas de conservação que teve com a coisa pode
ser exercido contra o devedor, mas não contra o terceiro que deu a coisa em garantia de dívida alheia.
c) Perecendo a coisa dada em penhor, o credor poderá exigir a sua substituição por outra suficiente à
garantia, sem que a obrigação principal seja atingida de algum modo por essa ocorrência.
d) É vedada disposição contratual que autorize o credor pignoratício a tomar como sua a coisa dada em
garantia, no entanto, não há óbice a que o devedor dê essa mesma coisa em pagamento da dívida após o
vencimento.
e) A indivisibilidade da garantia veda a liberação parcial dos bens antes do pagamento integral da dívida,
ressalvando-se essa possibilidade quando isso for da natureza do negócio.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que algumas espécies de penhor, como o rural, não exigem que a posse
da coisa empenhada permaneça com o credor.

A alternativa B está incorreta, na forma do art. 1.433, inc. II: “O credor pignoratício tem direito à retenção
dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por
culpa sua”.

A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 1.436, inc. II: “Extingue-se o penhor perecendo a coisa”.

A alternativa D está correta, conforme prevê o art. 1.428 (“É nula a cláusula que autoriza o credor
pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no
vencimento”) e seu parágrafo único (“Após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em pagamento da
dívida”).

A alternativa E está incorreta, consoante o art. 1.434: “O credor não pode ser constrangido a devolver a
coisa empenhada, ou uma parte dela, antes de ser integralmente pago, podendo o juiz, a requerimento do
proprietário, determinar que seja vendida apenas uma das coisas, ou parte da coisa empenhada, suficiente
para o pagamento do credor”.

53. (CESPE / DPE-AL – 2009) Julgue os itens a seguir, a respeito das obrigações.
O locador, apesar de não estar vinculado ao credor hipotecário, poderá resgatar a hipoteca que pesa sobre
o imóvel alugado, hipótese em que, independentemente da anuência de qualquer das partes envolvidas no
negócio que gerou o ônus, ficará sub-rogado nos direitos do credor satisfeito pelo pagamento.

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Esse item foi anulado; não obstante, analisemos ele. O item está incorreto, e foi anulado porque o
examinador trocou o “locatário” pelo “locador”, quando pretendia discutir a aplicação do art. 346, inc. II: “A
sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor
hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel”.
Por isso, o locatário poderia sub-rogar-se de pleno direito, para evitar a privação do direito, mas como o
exercício mencionou o locador, está incorreta.

54. (CESPE / PGE-PI – 2008) A respeito dos direitos reais, assinale a opção correta.
a) A servidão predial aparente pode ser constituída em prédio próprio, exigindo-se que os prédios serviente
e dominante sejam contíguos, de forma a possibilitar a utilização mais cômoda do prédio dominante.
b) O direito ao usufruto é inalienável e intransmissível, não podendo o usufrutuário, portanto, ceder a
exploração da coisa a terceiro. Quando constituído em favor de duas pessoas, com cláusula expressa de
direito de acrescer, em caso de falecimento de uma delas, ocorre a desoneração da propriedade a ela
correspondente que, automaticamente, retorna ao nu-proprietário.
c) Nas dívidas garantidas por penhor, é válido que os contratantes firmem convenção acessória autorizando
o credor a ficar com a coisa dada em garantia, caso a prestação não seja cumprida no vencimento.
d) A hipoteca não pode ser constituída como meio de garantir a dívida futura ou condicionada, ainda que
determinado o valor máximo do crédito a ser garantido, pois essa visa assegurar ao credor o pagamento da
dívida líquida e certa.
e) A anticrese é o direito real sobre imóvel alheio, em virtude do qual o credor obtém a posse da coisa a fim
de perceber-lhe os frutos, juros e capital, e imputá-los no pagamento da dívida, sendo, porém, permitido
estipular que os frutos do imóvel sejam, na sua totalidade, percebidos pelo credor à conta de juro.

Comentários

A alternativa A está incorreta, na forma do art. 1.378: “A servidão proporciona utilidade para o prédio
dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração
expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis”.

A alternativa B está incorreta, consoante regra do art. 1.393: “Não se pode transferir o usufruto por
alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso”.

A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 1.428: “É nula a cláusula que autoriza o credor
pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no
vencimento”.

A alternativa D está incorreta, segundo o art. 1.487: “A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida
futura ou condicionada, desde que determinado o valor máximo do crédito a ser garantido”.

A alternativa E está correta, na dicção do art. 1.506 (“Pode o devedor ou outrem por ele, com a entrega do
imóvel ao credor, ceder-lhe o direito de perceber, em compensação da dívida, os frutos e rendimentos”),
cumulado com seu §1º (“É permitido estipular que os frutos e rendimentos do imóvel sejam percebidos pelo
credor à conta de juros, mas se o seu valor ultrapassar a taxa máxima permitida em lei para as operações
financeiras, o remanescente será imputado ao capital”).

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55. (FUNRIO / PGE-TO – 2007) Quais das opções abaixo são objetos de hipoteca:
I - o domínio útil
II - as estradas de ferro
III - os navios e aeronaves
IV - o domínio direto
a) I e II, apenas
b) II e III, apenas
c) I e IV, apenas
d) I, II e III, apenas
e) I, II, III e IV

Comentários

O item I está correto, de acordo com o art. 1.473, inc. III: “o domínio útil”.

O item II está correto, consoante regra expressa do art. 1.473, inc. IV: “as estradas de ferro”.

O item III está correto, na forma do art. 1.473, incs. VI e VII: “os navios e as aeronaves”.

O item IV está correto, conforme o art. 1.473, inc. II: “o domínio direto”.

A alternativa E está correta, portanto.

56. (CESPE / BACEN – 2005) Podem ser objeto de hipoteca:


a) os navios e as aeronaves.
b) os imóveis por natureza e os títulos de crédito.
c) os bens móveis e as estradas de ferro.
d) somente os imóveis por natureza.
e) somente as coisas móveis que a lei considera imóveis.

Comentários

A alternativa A está correta, por força do art. 1.473, incs. VI e VII.

A alternativa B está incorreta, porque os títulos de crédito sujeitam-se a penhor, não a hipoteca.

A alternativa C está incorreta, pois bens móveis igualmente se sujeitem a penhor.

A alternativa D está incorreta, pela literalidade do art. 1.473, inc. I: “os imóveis e os acessórios”.

A alternativa E está incorreta, pelas mesmas razões declinadas na alternativa anterior.

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57. (CESPE / DPU – 2005) Se uma unidade condominial hipotecada a instituição financeira for adquirida
judicialmente, por arrematação, o crédito hipotecário, por ser de natureza real, terá́ preferência em
relação ao crédito condominial em atraso.

Comentários

O item está incorreto, dado que a hipoteca é garantia real, ao passo que o crédito condominial tem natureza
de obrigação real, com preferência sobre a garantia.

58. (ESAF / PGM-Fortaleza (CE) – 2002) Assinale a opção correta.


a) O direito de prelação que resulta da natureza do direito real de garantia não sofre qualquer exceção.
b) A adjudicação judicial e a remição envolvem a excussão pignoratícia.
c) O direito real de garantia é divisível, pois o pagamento de parte do débito importará exoneração
correspondente da garantia, se esta compreender vários bens.
d) O credor pignoratício, por investir-se na posse da coisa empenhada, está autorizado a usá-la.
e) O adquirente do imóvel hipotecado não tem o direito de resgate.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque a prelação é excepcionada nas garantias reais, a exemplo do penhor
de safra, cuja preferência pignoratícia é excepcionada no caso de safra frustrada (art. 1.443, parágrafo único).

A alternativa B está correta, nos termos do art. 1.436, inc. V: “Extingue-se o penhor dando-se a adjudicação
judicial, a remissão ou a venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele autorizada”.

A alternativa C está incorreta, na forma do art. 1.421: “O pagamento de uma ou mais prestações da dívida
não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo
disposição expressa no título ou na quitação”.

A alternativa D está incorreta, pois, por previsão da primeira parte do art. 1.435, inc. I (“O credor pignoratício
é obrigado à custódia da coisa, como depositário”), equipara-se o penhor ao depósito.

A alternativa E está incorreta, segundo o art. 1.481: “Dentro em trinta dias, contados do registro do título
aquisitivo, tem o adquirente do imóvel hipotecado o direito de remi-lo, citando os credores hipotecários e
propondo importância não inferior ao preço por que o adquiriu”.

LISTA DE QUESTÕES
Direitos reais sobre coisa alheia

1. (FCC / PGM-Caruaru (PE) – 2018) O direito de superfície


I. é direito pessoal sobre coisa alheia, porém oponível erga omnes.

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II. deve ser constituído mediante escritura pública, devidamente registrada no Cartório de Registro de
Imóveis.
III. não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão.
IV. sua concessão será necessariamente onerosa, podendo as partes estipular o pagamento de uma só vez
ou parceladamente.
V. pode transferir-se a terceiro e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, III e IV.
b) II, III e V.
c) I, II, IV e V.
d) III, IV e V.
e) I, II e V.
2. (CESPE / PGE-PE – 2018) Por meio de escritura pública devidamente registrada, Pedro concedeu a
Rodolfo a propriedade, por prazo determinado, de construção que efetuar em área de seu terreno. Essa
relação reflete o direito de
a) superfície.
b) servidão contínua contratual.
c) uso.
d) usufruto temporário
e) habitação
3. (CESPE / PGE-SE – 2017) Carlos, proprietário de um terreno, concedeu a Pedro, mediante escritura
pública registrada, o direito de cultivar esse terreno pelo período de três anos.
Nessa situação hipotética, de acordo com o que dispõe o Código Civil,
a) em caso de falecimento de Pedro, o direito poderá ser transferido a seus herdeiros ou a terceiros.
b) Carlos poderá alienar o direito de cultivo durante o prazo estipulado, mas não poderá alienar o imóvel
objeto da concessão.
c) Pedro poderá fazer obra no subsolo para guardar em depósito os insumos destinados à plantação.
d) caso o imóvel seja desapropriado, Pedro também fará jus à indenização.
e) Carlos continuará obrigado ao pagamento dos tributos que incidirem sobre o terreno.
4. (FAURGS / TJ-RS – 2016) Assinale a alternativa correta acerca do direito de superfície no Código
Civil.
a) O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir em seu terreno, por tempo indeterminado,
mediante instrumento particular, devidamente registrado no Cartório de Títulos e Documentos.
b) O direito de superfície abrange a autorização para obra no subsolo, salvo se expressamente excluído no
instrumento de concessão celebrado entre as partes.
c) O superficiário não responde pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel.

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d) O direito de superfície não pode ser transferido a terceiros, exceto, por morte do superficiário, aos seus
herdeiros.
e) O proprietário, extinta a concessão, passará a ter a propriedade plena sobre o terreno, construção ou
plantação, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário.
5. (PGR / PGR – 2015) Assinale a alternativa correta:
a) O direito de passagem forçada não comporta oposição do vizinho, cabendo ao juiz fixar o rumo da
passagem de forma mais cômoda e menos onerosa para as partes.
b) O proprietário do prédio inferior e obrigado a receber as águas naturais e as impróprias provenientes de
nascente existente no prédio superior
c) O proprietário de prédio urbano ou rural não pode levantar edificações nem abrir janelas a menos de um
metro e meio da propriedade vizinha.
d) O vizinho sempre deve contribuir para as despesas de construção de muro divisório entre as propriedades,
independentemente de sua necessidade.
6. (CESPE / TRF–1ª Região – 2015) Lucas concedeu uma casa de sua propriedade para que Lauro e sua
família nela residissem temporariamente e de forma gratuita. Entretanto, Lucas não transcreveu o título
de concessão no cartório de imóveis competente. Nessa situação hipotética, o direito real de Lauro
consiste em
a) doação resolúvel.
b) comodato.
c) direito de fruir.
d) habitação.
e) usufruto impróprio.
7. (FCC / TJ-PI – 2015) A servidão
a) proporciona utilidade para o prédio dominante e grava o prédio serviente, que pertence ao mesmo dono
ou a diverso dono, constituindo-se por negócio jurídico inter vivos ou causa mortis, com subsequente registro
no Cartório de Registro de Imóveis.
b) proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono,
constituindo-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro
no Cartório de Registro de Imóveis.
c) proporciona utilidade, mas não grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, constituindo-se
mediante declaração expressa dos proprietários e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis.
d) proporciona utilidade para o prédio serviente e grava o prédio dominante, que pertença a diverso dono,
constituindo-se mediante declaração expressa dos proprietários e subsequente registro no Cartório de
Registro de Imóveis.
e) só pode adquirir-se mediante negócio jurídico inter vivos e subsequente registro no Cartório de Registro
de Imóveis, não sendo em nenhuma hipótese passível de usucapião.
8. (FCC / TJ-SC – 2015) O usufruto pode recair

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a) apenas sobre imóveis urbanos, tendo o usufrutuário o direito de neles habitar, administrá-los e perceber
os frutos, não podendo, porém, ceder o seu exercício. 

b) sobre bens móveis ou imóveis, devendo o usufrutuário deles utilizar, não podendo alugá-los ou emprestá-
los. 

c) apenas sobre um ou mais bens, móveis ou imóveis, abrangendo-lhe os frutos e utilidades, mas não pode
recair em um patrimônio inteiro. 

d) em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no
todo ou em parte, os frutos e utilidades.
e) em um ou mais bens, móveis ou imóveis, dependendo 
no caso de imóveis, de registro e pode ser
transferido 
por alienação, a título gratuito ou oneroso.
9. (VUNESP / TJ-SP – 2015) Assinale a alternativa correta, no que tange ao direito real de habitação,
assegurado ao cônjuge sobrevivente.
a) É irrenunciável.
b) Não dá direito aos frutos.
c) Exige registro imobiliário para a sua constituição.
d) Não é extensível ao regime da separação de bens.
10. (MP-DFT / MP-DFT – 2015) Coisa é matéria e tem amplitude genérica, compreendendo todos os
objetos exteriores móveis e imóveis. Sobre o direito das coisas, julgue as seguintes afirmações:
I. A propriedade do solo abrange o subsolo, com suas minas e jazidas, estando os potenciais de energia
elétrica dissociados da propriedade do solo porque compõem o patrimônio da União para efeito de
exploração ou aproveitamento.
II. O proprietário pode conceder o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado,
sendo o direito de superfície um direito real sobre imóvel, que somente se adquire com o registro no Cartório
de Registro de Imóveis.
III. Com a edição do Código Civil de 2002, foi extinto o direito real da enfiteuse, com exceção do relativo aos
terrenos de marinha.
IV. O usufrutuário tem o direito de usufruir exclusivamente de bem imóvel assumindo as despesas ordinárias
de sua conservação, inclusive os impostos e taxas que supõem o uso e fruto da propriedade.
V. O dito popular de que “achado não é roubado" encontra respaldo no Código Civil Brasileiro, quando trata
da descoberta de coisa alheia perdida, permitindo ao descobridor a apropriação da coisa quando não
encontrar o dono ou legítimo possuidor.
A partir do julgamento das afirmações anteriores, escolha a alternativa CORRETA:
a) Estão corretas somente as assertivas I e V.
b) Estão corretas somente as assertivas I e III.
c) Estão corretas somente as assertivas II e IV.
d) Estão corretas somente as assertivas III e V.
e) Estão corretas todas as assertivas.

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11. (CESPE / DPE-PE – 2015) Ainda que o usufruto tenha sido estabelecido com prazo determinado, o
falecimento do usufrutuário não gera direito à sucessão hereditária legítima desse usufruto.
12. (UEPA / PGE-PA – 2015) Assinale a alternativa correta:
I. A alegação de propriedade obsta à manutenção ou a reintegração na posse.
II. Ao possuidor de má-fé não serão ressarcidas nenhuma espécie de benfeitorias.
III. O domínio útil pode ser objeto de hipoteca.
IV. A servidão aparente pode ser usucapida.
A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
a) I e IV
b) I e II
c) II e III
d) III e IV
e) I e III
13. (CESPE / DPE-PE – 2015) A respeito da responsabilidade civil, da posse, do usufruto, do contrato
de locação e das práticas comerciais no âmbito do direito do consumidor, julgue o item que se segue.
Ainda que o usufruto tenha sido estabelecido com prazo determinado, o falecimento do usufrutuário não
gera direito à sucessão hereditária legítima desse usufruto.
14. (TRF-2ª Região / TRF-2ª REGIÃO – 2014) Sobre as servidões prediais, assinale a assertiva correta:
a) O titular do prédio dominante pode alienar a servidão em separado da propriedade, em favor de outro
imóvel vizinho, pertencente a terceiro, mas o ato apenas é oponível ao titular do prédio serviente após o
registro do título no assento imobiliário.
b) É inviável usucapir, na forma extraordinária, servidão não aparente e descontínua.
c) O usufrutuário de imóvel pode sobre ele constituir servidão em favor de prédio vizinho, desde que o faça
a título gratuito e em caráter real.
d) O desuso da servidão, passados pelo menos quinze anos e desde que notificado o titular do prédio
dominante, gera a sua extinção.
e) É vedada a renúncia à servidão por parte do titular do prédio dominante.
15. (FCC / DPE-PB – 2014) Ronaldo doou um imóvel a Renato e resguardou para si usufruto vitalício
sobre o bem. O contrato foi firmado por escritura pública e registrado no Cartório de Registro de Imóveis.
Passado algum tempo, Ronaldo resolveu ceder o exercício do usufruto a João, a título oneroso, enquanto
Renato houve por bem vender o imóvel a Daniela. Esta venda é:
a) possível, continuando existente o usufruto, em nome de Ronaldo, e podendo João exercê-lo, em razão da
cessão operada a seu favor.
b) possível, embora extinga o usufruto.
c) possível, continuando existente o usufruto, em nome de João, em razão da cessão operada em seu favor.
d) impossível, pois feriria o direito de João, a quem foi cedido o exercício do usufruto.

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e) possível, embora a adquirente deva respeitar os direitos de Ronaldo, que continuou no exercício do
usufruto, uma vez que não é possível a cessão onerosa de seu exercício.
16. (VUNESP / TJ-SP – 2013) Assinale a alternativa correta.
a) É real o direito do comprador à aquisição do imóvel que a ele se prometeu vender por escritura pública,
ainda que não registrado no Cartório de Registro de Imóveis.
b) Exercida a servidão aparente de forma contínua e sem oposição por 10 anos, pode ser ela usucapida.
c) Constitui direito real de garantia a penhora feita em processo de execução.
d) Diferentemente do usufruto, o direito de uso sobre coisa não constitui direito real.
17. (CESPE / TJ-BA – 2012) No que se refere aos direitos reais, assinale a opção correta.
a) No caso de o beneficiário não usar o imóvel por prazo superior a um ano, restará configurada causa legal
de extinção do direito de habitação.
b) O superficiário deverá efetuar ao proprietário do solo pagamento pela transferência do direito de
superfície a terceiros, salvo estipulação contratual em contrário
c) O direito real de servidão de trânsito exige que reste configurado o encravamento do imóvel dominante.
d) A morte do usufrutuário casado é causa de transmissão do usufruto ao cônjuge sobrevivente, qualquer
que seja o regime de casamento
e) O fato de o adimplemento contratual afigurar-se economicamente insuportável para o promitente
comprador lhe confere a direito de obter a resilição do compromisso de compra e venda
18. (FCC / MPE-AL – 2012) NÃO é causa de extinção da servidão, na esteira do Código Civil brasileiro
a) o não uso da servidão durante cinco anos contínuos.
b) a reunião dos dois prédios, dominante e serviente, no domínio da mesma pessoa.
c) o resgate da servidão pelo dono do prédio serviente.
d) cessação, para o prédio dominante, da utilidade ou da comodidade que determinou a constituição da
servidão.
e) a renúncia pelo titular da sua servidão.
19. (FUMARC / PGE-MG – 2012) O exercício incontestado de uma servidão aparente com o
preenchimento dos demais requisitos legais, autoriza o possuidor sem justo título a adquiri-la por
usucapião. Assinale a alternativa que contempla o prazo completo para tal mister:
a) 03 anos
b) 05 anos
c) 10 anos
d) 15 anos
e) 20 anos.
20. (FCC / DPE-RS – 2011) Atenção: Para responder à questão assinale a alternativa que contém a
afirmação correta em relação ao assunto indicado:
Direitos Reais.

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a) O possuidor com justo título tem por si a presunção absoluta de boa-fé.


b) O possuidor de má-fé detém o direito de ressarcimento pelas benfeitorias necessárias e de levantamento
das benfeitorias voluptuárias.
c) Não é cabível a constituição de usufruto que recaia em bens móveis e em um patrimônio inteiro.
d) O contrato de promessa de compra e venda, desde que escrito, confere ao seu titular direito real à
aquisição do imóvel.
e) Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também
resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência.
21. (Instituto Cidades / DPE-AM – 2011) A respeito das servidões, assinale a alternativa correta:
a) Não é possível a usucapião de servidão aparente, pois a usucapião é sempre uma forma de aquisição do
direito de propriedade.
b) O dono do prédio serviente não poderá embaraçar de modo algum o exercício legítimo da servidão.
c) A servidão não pode ser removida, de um local para outro, pelo dono do prédio serviente, sem expressa
concordância do dono do prédio dominante.
d) Se o prédio dominante estiver hipotecado e a servidão não estiver mencionada no título hipotecário, será
também preciso, para cancelar a servidão, o consentimento do credor.
e) A reunião do prédio dominante e do serviente no domínio da mesma pessoa não extingue a servidão, pois
sempre haverá a possibilidade de os imóveis serem novamente desmembrados.
22. (VUNESP / TJ-MT – 2009) João doou para sua filha Célia cotas de estabelecimento comercial,
permanecendo como seu usufrutuário. João percebe rendimentos dessas cotas e deseja transferir parte
do usufruto à pessoa jurídica constituída por seu irmão Marcelo. Nesse caso,
a) não é possível a transferência do usufruto em parte, mas apenas em sua totalidade.
b) não é possível a transferência do usufruto para pessoa jurídica, ainda que regularmente constituída.
c) é possível a transferência por cessão de parte do usufruto para pessoa jurídica a título gratuito.
d) é possível a transferência por alienação de parte do usufruto apenas para pessoa física.
e) é possível a transferência por alienação a título oneroso para pessoa física ou jurídica.
23. (CESPE / DPE-ES – 2009) O registro do usufruto de imóvel que não resulte de usucapião tem
natureza constitutiva.
24. (CESPE / PGE-CE – 2008) Em relação ao direito das coisas, assinale a opção correta.
a) O usufruto é constituído intuito personae, ou seja, é intransferível, seja entre vivos ou por causa de morte.
Assim, se for vitalício e constituído em favor de duas pessoas, se extinguirá, em sua totalidade, com o
falecimento de um dos usufrutuários, restabelecendo-se, assim, a propriedade plena do nu-proprietário.
b) Para a concessão do direito real de servidão de trânsito, exige-se que os dois imóveis sejam contíguos,
pertencentes ou não ao mesmo dono, e que o imóvel dominante seja encravado, ou seja, que não possua
saída pela via pública, fonte ou porto. A servidão é contínua quando esse direito só se exterioriza com o ato
humano de transitar pelo prédio serviente.

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c) Composse é modalidade de posse exercida concomitantemente por mais de um titular sobre o mesmo
bem que se encontra em estado de indivisão. Nesse caso, cada possuidor terá uma parte ideal, já que não se
determina qual parcela compete a cada um.
d) O proprietário de um imóvel hipotecado não poderá aliená-lo sem quitar o crédito hipotecário, sendo,
inclusive, cláusula válida e obrigatória, no referido contrato, a proibição de o proprietário alienar o imóvel
hipotecado.
e) O direito de uso conferido a uma pessoa transfere-se, por morte do usuário, aos seus s/ucessores,
obedecida a ordem de vocação hereditária.
25. (FUNRIO / PGM-Coronel Fabriciano (MG) – 2008) São direitos reais.
I. a propriedade (somente de bem imóvel), a superfície e o espaço aéreo;
II. a superfície, as servidões e o usufruto;
III. as servidões, a habitação e o direito do promitente comprador do imóvel;
IV. o usufruto, a penhora e a hipoteca;
V. a habitação, anticrese e a concessão especial para fins de moradia;
a) as assertivas III, IV e V estão corretas.
b) as assertivas II, IV e V estão corretas.
c) as assertivas II, III e V estão corretas.
d) as assertivas I, III e V estão corretas.
e) as assertivas I, IV e V estão corretas.
26. (CESPE / DPE-AM – 2003) É nula a cláusula inserida no contrato de concessão do direito de
superfície que imponha ao proprietário concedente o ônus de indenizar quaisquer construções ou
plantações que o superficiário vier a incorporar ao solo.
27. (ESAF / PGFN – 2002/2003) Assinale a opção correta.
a) O enfiteuta não terá direito ao resgate do foro, após dez anos da constituição da enfiteuse, mediante
pagamento de um laudêmio.
b) Cânon é uma pensão anual e invariável paga ao senhorio direto pelo enfiteuta, fixada com base no valor
proporcional ao domínio pleno.
c) A servidão altius non tollendi, ou seja, a de não construir além de certa altura, é aparente.
d) O usufruto não pode ter como objeto um patrimônio.
e) O titular do direito real de habitação pode alugar e emprestar o imóvel gravado.
28. (ESAF / PGM-Fortaleza (CE) – 2002) A servidão de energia elétrica, quanto ao modo de exercício,
classifica-se como:
a) servidão contínua
b) servidão legal
c) servidão negativa
d) servidão natural

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e) servidão descontínua
29. (ESAF / PGM-Fortaleza (CE) – 2002) O usufrutuário tem:
a) posse injusta
b) posse violenta
c) posse clandestina
d) posse direta
e) posse ad usucapionem

Direitos reais de garantia

30. (MP-PR / MP-PR – 2018) Podem ser objeto de hipoteca:


a) Veículos empregados em qualquer espécie de transporte ou condução.
b) Aeronaves.
c) Colheitas pendentes, ou em via de formação.
d) Animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola.
e) Animais que integram a atividade pastoril, agrícola ou de lacticínios.
31. (CESPE / TJ-PR – 2017) Acerca do direito das coisas, assinale a opção correta à luz do Código Civil e
do entendimento doutrinário sobre o tema.
a) Caso seja instituído o usufruto em favor de dois usufrutuários, o falecimento de um deles gerará de pleno
direito o acréscimo ao sobrevivente.
b) Ao efetuar o desdobramento da posse, o proprietário perde a condição de possuidor.
c) Para fins de proteção possessória, deve ser demonstrado algum vício objetivo da posse, não sendo
imprescindível a constatação de má-fé do esbulhador.
d) O conceito de multipropriedade, que perpassa a análise de uso compartilhado, fere o atributo de
exclusividade da propriedade.
32. (VUNESP / MP-SP – 2017) Helena é engenheira, maior, solteira e especialista em programação, e,
por conta de suas habilidades técnicas, acaba desenvolvendo avançado aplicativo para aparelhos celulares
que permite que mulheres ativem redes de contatos pessoais, e, inclusive, a polícia militar e a polícia civil,
caso se encontrem em situação de grave ameaça por conta de qualquer tipo de violência que estejam
sofrendo ou em vias de sofrer. No entanto, para que ela possa lançar o aplicativo no mercado de forma
adequada, ela precisa de capital, e, portanto, precisa obter acesso à linha de financiamento perante
alguma instituição bancária ou fundo investidor, credores esses que, no entanto, lhe exigirão algum tipo
de garantia. Helena tem mãe viva, mas está hospitalizada em estado grave. Também tem duas irmãs.
Assinale a alternativa que traz uma garantia válida, que poderá ser ofertada e utilizada rapidamente por
Helena perante uma instituição bancária ou um fundo investidor.
a) Uma nova hipoteca sobre um imóvel de sua exclusiva propriedade e que já está hipotecado ao banco, para
garantir empréstimo anteriormente tomado para custear a faculdade de Helena e de seu mestrado no
exterior.

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b) A herança que Helena receberá de sua mãe, que está internada na UTI, em coma e em estado grave.
c) A hipoteca integral de um imóvel do qual é uma das proprietárias, juntamente com suas duas outras irmãs,
as quais, no entanto, não concordam com esse oferecimento.
d) O penhor sobre as valiosas joias de sua mãe, as quais não estão sendo usadas, haja vista que ela se
encontra internada no hospital, em coma e em estado grave.
e) O penhor sobre o quadro de Pablo Picasso, exposto no MASP, que era de seu falecido pai e que foi herdado
por Helena e suas duas irmãs.
33. (CESPE / PC-GO – 2017) Em cada uma das opções seguintes, é apresentada uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito de posse, propriedade e direitos reais sobre coisa alheia.
Assinale a opção que apresenta assertiva correta conforme a legislação e a doutrina pertinentes.
a) Durante o prazo de vigência de contrato de locação de imóvel urbano, o locatário viajou e, ao retornar,
percebeu que o imóvel havia sido invadido pelo próprio proprietário. Nesse caso, o locatário não pode
defender sua posse, uma vez que o possuidor direto não tem proteção possessória em face do indireto.
b) Determinado indivíduo realizou, de boa-fé, construção em terreno que pertencia a seu vizinho. O valor da
construção excede consideravelmente o valor do terreno. Nessa situação, não havendo acordo, o indivíduo
que realizou a construção adquirirá a propriedade do solo mediante pagamento da indenização fixada pelo
juiz.
c) Caio realizou a doação de um bem para Fernando. No contrato celebrado entre ambos, consta cláusula
que determina que o bem doado volte para o patrimônio do doador se ele sobreviver ao donatário. Nessa
situação, a cláusula é nula, pois o direito brasileiro não admite a denominada propriedade resolúvel.
d) Roberto possui direito real de superfície de bem imóvel e deseja hipotecar esse direito pelo prazo de
vigência do direito real. Nesse caso, a estipulação de direito real de garantia é ilegal porque a hipoteca
somente pode ser constituída pelo proprietário do bem.
e) Determinado empregador cedeu bem imóvel de sua propriedade a seu empregado, em razão de relação
de confiança decorrente de contrato de trabalho. Nesse caso, ainda que desfeito o vínculo trabalhista, é
juridicamente impossível a conversão da detenção do empregado em posse.
34. (CESPE / TJ-AM – 2016) Acerca da posse, dos direitos reais e dos direitos reais de garantia, assinale
a opção correta à luz da legislação e da jurisprudência.
a) O usufrutuário tem o direito de ceder o exercício do usufruto, a título gratuito ou oneroso,
independentemente de autorização do nu-proprietário.
b) O penhor industrial deve ser constituído mediante a lavratura de instrumento público ou particular e
levado a registro no cartório de títulos e documentos.
c) O ocupante irregular de bem público tem direito de retenção pelas benfeitorias realizadas se provar que
foram feitas de boa-fé.
d) Quando da constituição de penhor, anticrese ou hipoteca, admite-se a imposição de cláusula comissória
no contrato.
e) A decisão judicial que reconhece a aquisição da propriedade de bem imóvel por usucapião, a despeito dos
efeitos ex tunc, não prevalece sobre a hipoteca judicial que tenha anteriormente gravado o bem.
35. (FAURGS / TJ-RS – 2016) Assinale a alternativa correta a respeito dos Direitos Reais no Código Civil.

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a) Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel fungível que o devedor, com escopo de
garantia, transfere ao credor.
b) É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida
não for paga no vencimento.
c) No condomínio edilício, as partes suscetíveis de utilização independente, tais como abrigos para veículos,
sujeitam-se à propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários.
d) Constitui-se o penhor de direito mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de
Registro de Imóveis.
e) A hipoteca não abrange as acessões, melhoramentos ou construções do imóvel, sendo nula de pleno
direito a alienação de imóvel hipotecado.
36. (FCC / PGE-MT – 2016) Endividado, Ademir contraiu empréstimo de R$ 100.00,00 (cem mil reais)
com o Banco Riqueza, oferecendo, como garantia, a hipoteca de um de seus imóveis. Paga parcialmente a
dívida, Ademir alienou referido imóvel a Josué. A hipoteca
a) é extinta tanto pelo pagamento parcial da dívida como pela alienação da coisa.
b) é extinta pelo pagamento parcial da dívida.
c) não é extinta pelo pagamento parcial da dívida, mas impede a alienação da coisa.
d) não é extinta pelo pagamento parcial da dívida, nem impede a alienação da coisa, mas o credor hipotecário
não poderá fazer valer o direito real de garantia contra o adquirente do bem.
e) não é extinta pelo pagamento parcial da dívida nem impede a alienação da coisa, mas o credor hipotecário
poderá fazer valer o direito real de garantia contra o adquirente do bem.
37. (CESPE / PGE-AM – 2016) É legítimo o contrato de penhor de veículo firmado mediante
instrumento público ou particular, cujo prazo máximo de vigência é de dois anos, prorrogável até o limite
de igual período.
38. (FCC / TJ-SC – 2015) O instrumento do penhor deverá
a) mencionar o valor do crédito, sua estimação ou valor máximo; não poderá, entretanto, fixar taxa de juros.
b) observar necessariamente a forma de escritura pública, quando se tratar de penhor rural.
c) em qualquer de suas modalidades ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos, por dizer respeito
a garantia real com bens móveis.
d) ser levado a registro, no caso de penhor comum no Cartório de Títulos e Documentos e, no caso de penhor
rural, no Cartório de Registo de Imóveis da circunscrição em que estiverem situadas as coisas empenhadas.
e) identificar o bem dado em garantia com as suas especificações e o valor mínimo do crédito concedido.
39. (FCC / TJ-PI – 2015) Os contratos de penhor e de hipoteca declararão
a) necessariamente apenas o valor da dívida e do bem dado em garantia.
b) o prazo fixado para pagamento, mas não é preciso declarar o valor do crédito, ou estimá-lo, nem valor
máximo ou mínimo, podendo esses valores serem declarados no vencimento, para fins de cobrança.
c) o valor do crédito, sua estimação ou valor máximo, bem como o prazo fixado para pagamento, sob pena
de não terem eficácia.
d) o valor mínimo do crédito ou sua estimação, bem como o prazo do pagamento, sob pena de nulidade.

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e) obrigatoriamente o valor da dívida, o do bem dado em garantia, e o prazo para pagamento se houver, não
sendo, porém, necessário mencionar a taxa de juros, mesmo que se trate de mútuo feneratício.
40. (FCC / MANAUSPREV – 2015) Sobre os direitos reais de garantia, é correto afirmar que
a) não se admite o penhor de colheita em vias de formação.
b) o usufrutuário não pode hipotecar o bem objeto do usufruto.
c) o condômino não pode, individualmente, dar em hipoteca sua respetiva parte.
d) não pode o cônjuge, sem autorização do outro, gravar de ônus real os bens imóveis, seja qual for o regime
de bens.
e) o pagamento parcial da dívida, em regra, extingue parcialmente a hipoteca.
41. (FMP / PGE-AC – 2014) Não é direito real de garantia:
a) o penhor.
b) a anticrese.
c) o usufruto.
d) a hipoteca.
42. (FCC / DPE-CE – 2014) Ana Paula celebrou promessa de compra e venda de imóvel com
“Construtora Agia Certo Ltda.”. Esta, por sua vez, ofereceu o bem em hipoteca a “Banco da Construção
S.A.”, agente financiador do empreendimento. De acordo com Súmula do Superior Tribunal de Justiça, não
pago o débito contraído pela construtora perante o agente financiador,
a) antes da excussão do bem, deverá ser dada oportunidade para que Ana Paula pague a respectiva cota
parte da dívida ao agente financiador.
b) o bem oferecido em hipoteca poderá ser excutido pelo agente financiador, pois os direitos reais produzem
efeitos erga omnes.
c) a hipoteca não terá eficácia perante Ana Paula, mesmo que seja anterior à celebração da promessa de
compra e venda.
d) a hipoteca não terá eficácia perante Ana Paula, desde que seja posterior à celebração da promessa de
compra e venda.
e) deverá ser dada oportunidade para que Ana Paula pague a respectiva cota-parte da dívida ao agente
financiador, mesmo que já tenha sido ajuizada ação para excussão do bem.
43. (FUNDATEC / Câmara Municipal-Porto Alegre (RS) – 2014) Os registros de propriedade particular
de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União.

Comentários

O item está correto, na forma da Súmula 496 do STJ: “Os registros de propriedade particular de imóveis
situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União”.

44. (CESPE / TRF-1ª REGIÃO – 2013) A respeito da superfície, servidões, usufruto, penhor e hipoteca,
assinale a opção correta.

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a) O direito subjetivo integra o patrimônio do superficiário, podendo este transferir o direito de superfície a
terceiro por negócio jurídico; no entanto, não haverá a saisine em favor dos herdeiros quando do seu
falecimento.
b) A servidão de passagem, direito real que surge em razão da necessidade/utilidade de trânsito através de
determinado imóvel, por constituir forma de proteção à função social da propriedade, embora se presuma,
deve ser interpretada restritivamente.
c) O proprietário resolúvel pode conceder o bem em hipoteca, não lhe sendo vedado onerar a coisa; no
entanto, verificado o evento futuro e incerto, o ônus real subsistirá, gravando-se a coisa.
d) No intuito de assegurar o cumprimento da função social da propriedade gravada, o Código Civil, sem
prever prazo determinado, autoriza a extinção do usufruto pelo não uso ou pela não fruição do bem sobre o
qual ele recai.
e) O valor do crédito e o bem dado em garantia com as suas especificações constituem elementos nucleares
do contrato de penhor, de forma que, faltando um deles, a validade do pacto estará comprometida.
45. (CESPE / AGU – 2013) Intimado o credor hipotecário acerca da realização da praça, a arrematação
produzirá o efeito de extinguir a hipoteca.
46. (CESPE / BACEN – 2013) O fato de alguém instituir hipoteca sobre seu imóvel e depois o vender a
outrem, que pague o valor da hipoteca a fim de livrar o bem do vínculo real configura:
a) imputação.
b) sub-rogação.
c) dação.
d) novação.
e) compensação.
47. (CESPE / TJ-BA – 2012) Em relação aos direitos reais de garantia, assinale a opção correta.
a) O prazo para pagamento, se não constar no contrato de hipoteca, será determinado pelos usos do lugar
hipotecado.
b) Se o valor do bem dado em garantia por terceiro não satisfizer a dívida, o terceiro continuará obrigado
pelo restante da dívida.
c) O condômino que deseje dar em garantia sua parte ideal necessitará do consentimento dos demais
condôminos.
d) Sendo divisível o bem dado em garantia, esta será paulatinamente extinta pela amortização da dívida.
e) É nulo o pacto comissório, mas, vencida a dívida, o devedor poderá dar a coisa em pagamento.
48. (ESAF / PGFN – 2012) Os direitos reais estão divididos em direitos reais sobre a própria coisa e
direitos reais sobre a coisa alheia. Nestes se incluem os institutos do penhor, da hipoteca e da anticrese,
que são os direitos reais de garantia. Relativamente aos direitos reais de garantia, marque a opção
incorreta.
a) O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada ou empenhada, e preferir,
no pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a prioridade no registro.

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b) O credor anticrético tem o direito a reter em seu poder o bem, enquanto a dívida não for paga; extingue-
se esse direito decorridos quinze anos da data de sua constituição.
c) O penhor de crédito não tem eficácia senão quando notificado ao devedor; por notificado tem-se o
devedor que, em instrumento público ou particular, declarar-se ciente da existência do penhor.
d) É lícito aos interessados fazer constar das escrituras o valor entre si ajustado dos imóveis hipotecados, o
qual, devidamente atualizado, será a base para as arrematações, adjudicações e remições, dispensada a
avaliação.
e) A hipoteca legal pode ser substituída por caução de títulos da dívida pública federal ou estadual, recebidos
pelo valor de sua cotação média de mercado no ano corrente; ou por outra garantia, a critério do juiz, a
requerimento do credor.
49. (UEPA / PGE-PA – 2012) Permite-se ao credor pignoratício que se aproprie dos frutos da coisa
empenhada que se encontra em seu poder, imputando o valor respectivo, em primeiro lugar, nas despesas
de guarda e conservação por ele efetuadas.
50. (FCC / MP-CE – 2011) A respeito do penhor, da hipoteca e da anticrese, considere:
I. É válida a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da
garantia, se a dívida não for paga no vencimento.
II. Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese e só os bens que se podem
alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.
III. Os sucessores do devedor podem remir parcialmente o penhor ou a hipoteca na proporção dos seus
quinhões.
Está correto o que se afirma SOMENTE em
a) I.
b) II.
c) I e II.
d) I e III.
e) II e III.
51. (FUMARC / PC-MG – 2011) As seguintes afirmativas concernentes aos Direitos Reais de Garantia
estão corretas, EXCETO:
a) podem ser apontadas como características de penhor, da anticrese e da hipoteca: o poder de sequela, o
direito de preferência, a excussão e a divisibilidade da garantia.
b) na constituição do penhor, anticrese ou hipoteca é expressamente vedada à imposição de cláusula
comissória no bojo do contrato.
c) os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca declaração sob pena de não terem eficácia o valor do
crédito, sua estimulação, ou estimação, ou valor máximo; o prazo fixado para pagamento; a taxa de juros, se
houver; e o bem dado em garantia com suas especicações.
d) salvo cláusula expressa, o terceiro que prestar garantia real por dívida alheia não fica obrigado a substituí-
la, ou reforçá-la, quando, sem culpa sua, se perca, deteriore, ou desvalorize.
52. (CESPE / BACEN – 2009) Com relação ao penhor, assinale a opção correta:

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a) A posse da coisa dada em penhor pelo credor pignoratício é condição essencial para a formação do
contrato, considerando-se contrato atípico aquele em que a garantia não se seguir da posse direta.
b) O direito de retenção do credor pignoratício pelas despesas de conservação que teve com a coisa pode
ser exercido contra o devedor, mas não contra o terceiro que deu a coisa em garantia de dívida alheia.
c) Perecendo a coisa dada em penhor, o credor poderá exigir a sua substituição por outra suficiente à
garantia, sem que a obrigação principal seja atingida de algum modo por essa ocorrência.
d) É vedada disposição contratual que autorize o credor pignoratício a tomar como sua a coisa dada em
garantia, no entanto, não há óbice a que o devedor dê essa mesma coisa em pagamento da dívida após o
vencimento.
e) A indivisibilidade da garantia veda a liberação parcial dos bens antes do pagamento integral da dívida,
ressalvando-se essa possibilidade quando isso for da natureza do negócio.
53. (CESPE / DPE-AL – 2009) Julgue os itens a seguir, a respeito das obrigações.
O locador, apesar de não estar vinculado ao credor hipotecário, poderá resgatar a hipoteca que pesa sobre
o imóvel alugado, hipótese em que, independentemente da anuência de qualquer das partes envolvidas no
negócio que gerou o ônus, ficará sub-rogado nos direitos do credor satisfeito pelo pagamento.
54. (CESPE / PGE-PI – 2008) A respeito dos direitos reais, assinale a opção correta.
a) A servidão predial aparente pode ser constituída em prédio próprio, exigindo-se que os prédios serviente
e dominante sejam contíguos, de forma a possibilitar a utilização mais cômoda do prédio dominante.
b) O direito ao usufruto é inalienável e intransmissível, não podendo o usufrutuário, portanto, ceder a
exploração da coisa a terceiro. Quando constituído em favor de duas pessoas, com cláusula expressa de
direito de acrescer, em caso de falecimento de uma delas, ocorre a desoneração da propriedade a ela
correspondente que, automaticamente, retorna ao nu-proprietário.
c) Nas dívidas garantidas por penhor, é válido que os contratantes firmem convenção acessória autorizando
o credor a ficar com a coisa dada em garantia, caso a prestação não seja cumprida no vencimento.
d) A hipoteca não pode ser constituída como meio de garantir a dívida futura ou condicionada, ainda que
determinado o valor máximo do crédito a ser garantido, pois essa visa assegurar ao credor o pagamento da
dívida líquida e certa.
e) A anticrese é o direito real sobre imóvel alheio, em virtude do qual o credor obtém a posse da coisa a fim
de perceber-lhe os frutos, juros e capital, e imputá-los no pagamento da dívida, sendo, porém, permitido
estipular que os frutos do imóvel sejam, na sua totalidade, percebidos pelo credor à conta de juro.
55. (FUNRIO / PGE-TO – 2007) Quais das opções abaixo são objetos de hipoteca:
I - o domínio útil
II - as estradas de ferro
III - os navios e aeronaves
IV - o domínio direto
a) I e II, apenas
b) II e III, apenas
c) I e IV, apenas

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d) I, II e III, apenas
e) I, II, III e IV
56. (CESPE / BACEN – 2005) Podem ser objeto de hipoteca:
a) os navios e as aeronaves.
b) os imóveis por natureza e os títulos de crédito.
c) os bens móveis e as estradas de ferro.
d) somente os imóveis por natureza.
e) somente as coisas móveis que a lei considera imóveis.
57. (CESPE / DPU – 2005) Se uma unidade condominial hipotecada a instituição financeira for adquirida
judicialmente, por arrematação, o crédito hipotecário, por ser de natureza real, terá́ preferência em
relação ao crédito condominial em atraso.
58. (ESAF / PGM-Fortaleza (CE) – 2002) Assinale a opção correta.
a) O direito de prelação que resulta da natureza do direito real de garantia não sofre qualquer exceção.
b) A adjudicação judicial e a remição envolvem a excussão pignoratícia.
c) O direito real de garantia é divisível, pois o pagamento de parte do débito importará exoneração
correspondente da garantia, se esta compreender vários bens.
d) O credor pignoratício, por investir-se na posse da coisa empenhada, está autorizado a usá-la.
e) O adquirente do imóvel hipotecado não tem o direito de resgate.

GABARITOS

DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA


1. PGM-Caruaru (PE) B 12. PGE-PA D
2. PGE-PE A 13. DPE-PE C
3. PGE-SE AeD 14. TRF-2ª REGIÃO B
4. TJ-RS E 15. DPE-PB A
5. PGR A 16. TJSP B
6. TRF-1ª Região ANULADA 17. TJ-BA E
7. TJ-PI B 18. MPE-AL A
8. TJ-SC D 19. PGE-MG E
9. TJ-SP B 20. DPE-RS E
10. MP-DFT C 21. DPE-AM B
11. DPE-PE C 22. TJ-MT C

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23. DPE-ES C 27. PGFN B


24. PGE-CE C 28. PGM-Fortaleza (CE) A
25. PGM-Coronel Fabriciano (MG) C 29. PGM-Fortaleza (CE) D
26. DPE-AM E

DIREITOS REAIS DE GARANTIA


30. MP-PR B 55. PGE-TO E
31. TJ-PR C 56. BACEN – Procurador A
32. MP-SP A 57. DPU E
33. PC-GO B 58. PGM-Fortaleza (CE) B
34. TJ-AM A
35. TJ-RS B
36. PGE-MT E
37. PGE-AM C
38. TJ-SC D
39. TJ-PI C
40. MANAUSPREV B
41. PGE-AC C
42. DPE-CE C
43. C. Municipal-Porto Alegre (RS) C
44. TRF-1ª REGIÃO D
45. AGU C
46. BACEN – Procurador B
47. TJ-BA E
48. PGFN E
49. PGE-PA C
50. MP-CE B
51. PC-MG A
52. BACEN – Procurador D
53. DPE-AL E
54. PGE-PI E

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