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Aula 15

Direito Civil p/ Magistratura Estadual


2020 (Curso Regular)

Autor:
Paulo H M Sousa
Aula 15

3 de Abril de 2020

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Sumário

Considerações iniciais ........................................................................................................................................ 3

I. Teoria geral...................................................................................................................................................... 5

1. Noções gerais ................................................................................................................................ 5

2. Pressupostos do dever de indenizar ............................................................................................ 10

2.1. Ato ilícito .................................................................................................................................. 12

2.2. Dano ......................................................................................................................................... 18


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2.3. Nexo de causalidade ................................................................................................................ 22

3.1. Objetiva e subjetiva .................................................................................................................. 30

3.2. Contratual e extracontratual ................................................................................................... 35

4. Indenização ................................................................................................................................. 37

5. Excludentes da responsabilidade civil ......................................................................................... 40

1. Legítima defesa (art. 188, inc. I) ................................................................................................................... 41

2. Estado de necessidade (art. 188, inc. II) ....................................................................................................... 43

3. Exercício regular de direito (art. 188, inc. I) ................................................................................................. 45

4. Estrito cumprimento do dever legal ............................................................................................................. 45

5. Caso fortuito ou força maior (art. 393)......................................................................................................... 46

6. Culpa exclusiva da vítima (art. 945) .............................................................................................................. 47

7. Fato exclusivo de terceiro............................................................................................................................. 47

8. Cláusula de não indenizar ............................................................................................................................. 49

9. Absolvição criminal ....................................................................................................................................... 50

Jurisprudência Correlata .................................................................................................................................. 51

Resumo............................................................................................................................................................. 65

Considerações finais......................................................................................................................................... 71

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Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 71

Lista de Questões ........................................................................................................................................... 102

Gabaritos ........................................................................................................................................................ 115

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Inicialmente, lembro que sempre estou disponível, para você, aluno Estratégia, no Fórum de Dúvidas do
Portal do Aluno e, alternativamente, também, nas minhas redes sociais:

prof.phms@estrategiaconcursos.com.br

prof.phms

prof.phms

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Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

Nesta aula, continuo com as espécies contratuais típicas reguladas pelo CC/2002. Lembro que essa é uma
das partes mais complicadas do Direito Civil. Complicada porque eu vou tratar de uma série de contratos
trazidos pelo Código, com muitas regras para cada um deles, sem que necessariamente haja alguma conexão
entre os temas.

Nos contratos vistos aqui, temos ainda outro complicador, que é a existência de variados contratos que têm
baixa incidência, em sua maioria, nas provas. Não à toa, nesta aula, eu habitualmente trago um volume maior
de contratos, para compensar o baixo volume de questões.

Infelizmente, esta é uma das piores aulas em termos de custo-benefício. Vale dizer, há um custo alto (volume
de conteúdo e de dispositivos legais, consequentemente) para um baixo benefício (volume pequeno de
questões a cada espécie, que conta com um número alto de dispositivos legais).

Igualmente, alguns contratos que tem pouca aderência social generalizada, ou seja, contratos que são vistos
com pouca frequência na realidade social comum. Mesmo os que têm grande aplicação, acabam tendo um
volume menor de questões relativamente às demais espécies já vistas.

Veja, por exemplo, para fazer uma parametrização para você, que há mais do que o dobro de questões sobre
o tema “bens” do que sobre as espécies contratuais cá vistas. “Bens”, por sua vez, conta com apenas 24
artigos. Só o contato de fiança conta com 21 artigos.

Uma das principais espécies contratuais, mais frequentes nas provas, exige 21 artigos (custo), contra 24 de
bens, sendo que tem um volume de questões incomparavelmente menor (benefício). Se eu fosse estudar
aquilo que pode ser convertido em acertos na prova, obviamente que essas espécies contratuais tomariam
bem menos tempo meu que os bens...

Por isso, sou sincero com você: eu não me ateria, num estudo que exige controle de tempo mais draconiano,
a essas espécies contratuais. Se você, no seu planejamento, dedicou bastante tempo às espécies contratuais,
aí a história é outra, claro.

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E qual é o ponto do seu Edital que eu analisarei nesta aula? Veja:

Responsabilidade civil I

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RESPONSABILIDADE CIVIL
I. TEORIA GERAL

1. NOÇÕES GERAIS
Inicialmente, vale lembrar que a culpa não é elemento de todos fatos jurídicos ilícitos, mas apenas de alguns
deles. Esse é um equívoco comum, por dois motivos, em geral: porque nossa responsabilidade civil é
tradicionalmente baseada na culpa e porque outro grande ramo do Direito tem sua responsabilização
centrada na culpa, o Direito Penal.

A responsabilidade, assim, não depende de culpa, mas de imputação. Ou seja, determinada ilicitude deve
gerar uma imputação a alguém. E só. Ponto. Atualmente, inclusive, fala-se até em responsabilidade por ato
lícito, como mostrarei a você mais adiante.

Trata-se de uma nova perspectiva, que funcionaliza também a responsabilidade civil. Ou seja, muito mais
que a discussão a respeito da culpa, atenta-se para a função, ou as funções, que a responsabilidade civil
apresenta. Por isso, passo às funções que a responsabilidade civil tem, atualmente. Quais são elas?

A. Ressarcitória/Indenizatória/Reparatória

•Significa recolocar, recompor, reconstruir o status quo ante deteriorado pelo ato ilícito cometido
•Aqui não há componente sancionatório na responsabilização patrimonial, mas apenas conteúdo
ressarcitório

Essa é a função mais básica da responsabilidade civil e geralmente fica intensamente ligada à indenização
por danos materiais ou patrimoniais. O objetivo aqui lembra muito a Lei de Talião, num sentido “econômico”:
“me fez perder dinheiro, você também vai perder dinheiro”, “deixei de ganhar dinheiro por sua causa, você
é quem vai me pagar pelo prejuízo”. Em resumo, ab alio spectes alteri quod feceris (quem faz o mal, espere
outro tal).

É, em linhas gerais, a previsão do art. 927, ao estabelecer que aquele que causa dano a outrem
fica obrigado a repará-lo. Desse dispositivo, a doutrina retira dois princípios, que são
habitualmente muito utilizados pela jurisprudência:

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1. Restitutio in O dano deve ser integralmente ressarcido, o que significa dizer que ele não pode
integrum ser nem ressarcido a menor nem a maior
(restituição
integral) Isso gera, assim, uma limitação ao ofensor e à vítima, pois aquele terá um piso a
indenizar e esta terá um teto a receber

2. Compensatio Efeito inverso do ato ilícito, quando ele, que num primeiro momento gerou dano,
lucri cum damno acabou por posteriormente trazer benefícios à vítima
(compensação dos
danos pelos lucros) Nesse caso, os benefícios gerados pelo evento danoso devem ser descontados do
valor a indenizar

B. Compensatória

• No plano extrapatrimonial, é impossível recolocar o sujeito na situação anterior, ou seja,


o dano não comporta um dimensionamento econômico
• Por isso, equipara-se o dano a uma quantidade econômica, para fins de indenização

Essa modalidade sempre foi discutida e continuamente trouxe controvérsia grande. Isso porque não se chega
a um ponto pacífico quanto a quando uma indenização é devida. Ainda assim, a função compensatória é
reconhecida contemporaneamente de maneira bastante ampla, sendo controversos apenas os casos de
reconhecimento e o quantum devido.

Em outras palavras, nós reconhecemos que o dano extrapatrimonial, imaterial, ou dano moral, é devido,
mas não há exatamente um consenso sobre quando e quanto ele é devido. Apesar de ter sido reconhecida
claramente no art. 186, a função compensatória é casuisticamente observada. Em outras palavras, é a
jurisprudência quem vai visualizar se é, ou não, cabível dano de natureza compensatória.

Por conta do princípio da restituição integral, que rege amplamente a responsabilidade civil brasileira, há
dificuldade de se aceitar a função compensatória (e a punitiva, vista logo mais). As exceções estão previstas
nos arts. 944, parágrafo único, e 945.

No primeiro caso, se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano,


poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. Ou seja, a restituição, para a vítima, não
será integral.

Por exemplo, imagine que você, indo para o trabalho, ao desviar de um pedestre que atravessa
a rua desatento, bate no carro ao lado; o carro ao lado é um veículo de R$2 milhões e, com a
batida, alguns fragmentos do veículo atingem o rosto da motorista, que é a modelo mais bem paga do
mundo. Você consegue imaginar o valor da indenização? Nesse caso, o juiz poderá reduzir a indenização, já
que sua culpa foi muito pequena e o dano à vítima, ao contrário, imenso.

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No segundo caso, quando a vítima concorre para o dano, num concurso de culpas, há
mitigação da indenização, que será fixada se tendo em conta a gravidade de sua culpa em
confronto com a do autor do dano. Novamente, a restituição não será integral.

Isso ocorre, por exemplo, numa situação em que você, apressado para o trabalho, está acima
do limite de velocidade permitido e, numa esquina, outro motorista fura o sinal. Nesse caso,
como ambos têm culpa, um pelo excesso de velocidade, outro por não respeitar a preferência legal, a
indenização será parcial, não integral a nenhum dos dois.

Por isso, o grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual conduta intencional (dolo), deve ser levado em conta
pelo juiz para a quantificação do dano moral. É a previsão do Enunciado 458 da V Jornada de Direito Civil. Ao
contrário, o patrimônio do ofendido não pode funcionar como parâmetro preponderante para o
arbitramento de compensação por dano extrapatrimonial, aduz o Enunciado 588 da VII Jornada de Direito
Civil.

Minudenciando ainda mais a previsão do art. 945, atente para o interessante Enunciado 630 da VIII Jornada
de Direito Civil. Dispõe ele que culpas não se compensam. Para os efeitos desse dispositivo, cabe observar
os seguintes critérios: (i) há diminuição do quantum da reparação do dano causado quando, ao lado da
conduta do lesante, verifica-se ação ou omissão do próprio lesado da qual resulta o dano, ou o seu
agravamento, desde que (ii) reportadas ambas as condutas a um mesmo fato, ou ao mesmo fundamento de
imputação, conquanto possam ser simultâneas ou sucessivas, devendo-se considerar o percentual causal do
agir de cada um.

Tradicionalmente, são essas as duas funções que a doutrina aponta para a responsabilidade civil. Por isso,
não se consideram as demais funções como funções genuínas, mas apenas funções incidentais, acidentais
ou acessórias.

Numa prova objetiva, você para por aqui. Numa prova dissertativa, por sua vez, é de pensar em outras
funções à responsabilidade civil, tradicionalmente relegadas ao Direito Penal (função sancionatória ou
punitiva), ao Direito Processual Civil (função preventiva) ou ao Direito dos Contratos (função de socialização
dos riscos e danos).

C. Sancionatória/Punitiva

• Função peculiar, caminhando conjuntamente com a função compensatória do dano


• A quantificação do dano traz em si uma carga de punição ao ofensor (sem ligação
alguma com a responsabilidade criminal)

Aqui, destaca-se a Teoria dos Punitive Damages, amplamente utilizada pelo direito consuetudinário, mas
que enfrenta forte resistência no Brasil, ainda com uma cultura muito arraigada na ideia de que o quantum
deve sempre corresponder à perda sofrida pela vítima (restitutio in integrum).

Em regra, aponta-se o art. 944, caput, como impedimento à função punitiva, dado que o dispositivo se baseia
no dano, e não na ofensa (“A indenização mede-se pela extensão do dano”). Não obstante, o Enunciado 379

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da IV Jornada de Direito Civil estabelece que o art. 944, caput, não afasta a possibilidade de se reconhecer a
função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil.

Boa parte da jurisprudência já se utiliza da função punitiva ao estabelecer o valor dos danos morais, de
forma a evitar que o ofensor continue a praticar condutas lesivas. A jurisprudência mais tradicional, ainda
muito corrente, porém, não enxerga com bons olhos essa função, porque a punição seria funcionalizada pelo
Direito Penal, nos casos cabíveis, havendo bis in idem numa punição civil.

Ademais, ao se falar em punição ao ofensor, a vítima acabaria recebendo benefícios indevidos (em tese,
enriquecimento sem causa). Parte da doutrina e jurisprudência, tentando contornar o problema, reputam
válido se fixar indenização punitiva destinada não à vítima, mas a terceiros. Isso ocorre nos casos de dano
moral coletivo, direcionado a fundos de amparo ou entidades assistenciais.

Essa possibilidade, interessante no caso de danos coletivos, esbarra numa questão processual, porém, nas
situações de dano moral individual. Como o autor, habitualmente, não faz esse tipo de pedido, o juiz, ao
determinar uma punição pecuniária revertida a um fundo ou entidade decidiria de maneira extra petita, o
que violaria o disposto no art. 492 do CPC/2015.

A controvérsia é grande, mas, em geral, a jurisprudência acaba “punindo” o ofensor a partir da função
compensatória, de maneira pouco clara, a rigor. Na prática, a função punitiva é aplicada, ainda que por linhas
tortas.

Em se tratando de dano moral, há três correntes a tentar explicar sua natureza jurídica, sendo a terceira a
mais utilizada pela jurisprudência. A primeira assenta que a indenização tem apenas intuito reparatório. A
segunda, que ela tem caráter punitivo. A terceira, que a indenização por dano moral à pessoa jurídica tem
caráter reparatório principal e caráter punitivo secundário ou acessório.

D. Preventiva

• Mais presente na esfera cível, já que na sociedade capitalista de consumo atual,


provavelmente, a sanção mais eficaz é a econômica
• A prevenção é tanto geral quanto especial

Resumidamente, pretende-se imputar ao ofensor responsabilização que extrapole o plano individual, ou


seja, indeniza-se não apenas porque a vítima sofreu um prejuízo, mas porque é necessário fazer o causador
do dano tomar maior cautela em seus atos. Há, aqui, as mesmas discussões existentes no Direito Penal sobre
a efetividade dessa função.

Distingue-se a função sancionatória/punitiva da preventiva pelo âmbito/plano de aplicação. A função


sancionatória volta-se à individualidade do caso; precisamente porque o ofensor causou dano, deve ser
punido por aquele ato já praticado. A função preventiva, por sua vez, não se volta ao caso passado, mas à
eventualidade de casos futuros; precisamente porque o ofensor causou dano, devo admoestá-lo de forma
que não mais daneie, em outras situações.

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Essa função tem estreita ligação com a função sancionatória/punitiva, e, tal qual ela, gera as mesmas
controvérsias. Adiciona-se ainda a questão problemática de uma punição exacerbada por conta de uma
pretensa prevenção. Ou seja, pune-se alguém (no caso da responsabilidade civil, pecuniariamente) por ato
que sequer cometeu, mas apenas pela possibilidade, baseada em conduta passada, de agir em desacordo
novamente.

Por outro lado, trata-se de uma punição em vista de reiteração de conduta (como companhias telefônicas e
instituições financeiras que reiteradamente inscrevem seus clientes indevidamente em serviços de proteção
ao crédito) ou de punição que se revela estatisticamente esperada, em vista da ausência de alteração de
condutas lesivas. É, em suma, um juízo de probabilidade, bastante comum na responsabilidade civil como
um todo.

E. Socialização do risco/dano

• Funciona como uma distribuição do risco por toda a sociedade


• Assim, evita-se, de um lado, que a vítima não seja indenizada, por variadas razões, e se
faz com que todos paguem por um risco socialmente distribuído, desonerando o devedor

São situações nas quais todos os danos acidentais são indenizados, independentemente da origem. Lembrou
de alguma coisa? Temos alguns exemplos disso: o INSS e o DPVAT. No caso do seguro automobilístico
obrigatório, todos os que têm veículos pagam anualmente o seguro, independentemente de quererem ou
não, independentemente de causarem dano ou não. Todas as vítimas são indenizadas, por outro lado. O
mesmo vale para o INSS, em larga medida.

Sílvio de Salvo Venosa, porém, critica a função de socialização de riscos. Para ele indeniza-se sempre, mas se
indeniza menos, já que são sempre tarifados os danos. O próprio DPVAT é um exemplo; veja alguns dos
valores de indenização, segundo a tabela da Lei 6.194/1974, atualizada pela Lei 11.482/2007 (ou seja, mais
de uma década sem atualização de valores):

Morte R$13.500,00

Compra de remédios e tratamentos R$2.700,00

Perda de dedo do pé R$1.350,00

Funções da Responsabilidade Civil

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Ressarcitória/indenizatória/reparatória

Compensatória

Sancionatória/Punitiva

Preventiva

Socialização de riscos/danos

2. PRESSUPOSTOS DO DEVER DE INDENIZAR


Os pressupostos do dever de indenizar são os elementos que compõem o dever de indenizar. Curiosamente,
aquilo que é mais elementar em se tratando de responsabilidade civil – quais sejam seus pressupostos – não
encontra unanimidade na doutrina. Longe disso.

Há quem considere haver três elementos, há quem considere haver quatro. Há quem considere a culpa
elemento indispensável, há quem considere um elemento acidental. Há quem considere o ato ilícito base do
dever de indenizar, há quem o considere apenas uma possibilidade. Enfim, dissenso amplo.

Eu, particularmente, com base na teoria do fato jurídico ponteana, tenho que a responsabilidade civil
contemporânea desafia os pressupostos tradicionais. O ato ilícito é dispensado em variados momentos. A
culpa foi erodida pela responsabilidade civil nas relações de consumo. O dano é presumido (in re ipsa).

O nexo de causalidade talvez seja o mais estável e menos questionado desses elementos. Ainda assim, na
aplicação sincera da “Teoria da perda de uma chance” ele é desconstruído para ser reconstruído e a
jurisprudência cível tem compreensão bem alargada – para não dizer, já dizendo, assistemática, simplista e
contraditória – a respeito de sua efetiva verificação.

Como superar isso? A meu ver, ou sendo radicalmente sincero – ao dizer que os pressupostos são fluidos e
podem ser afastados no caso concreto, tendo por base um determinado objetivo, como a proteção da vítima,
efetivamente –, ou apelando para os pressupostos tradicionais. Farei a segunda coisa, já que a primeira não
cai nas graças nem dos examinadores e bancas, nem da jurisprudência generalizada e do STJ.

O art. 186 do CC/2002 trata do ato ilícito. Esse artigo conjuga os pressupostos de verificação do ato ilícito.
Verificado o ato ilícito, o art. 927 manda o ofensor indenizar, desde que existente dano e nexo de
causalidade. Eis a literalidade desse dispositivo para que eu possa escrutiná-lo:

Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

A passagem “... que, por...” evidencia o nexo de causalidade. Necessário que uma determinada causa gere
um determinado efeito. Qual é a causa? “... ato ilícito...”. A causa, portanto, é um ato ilícito, um ato contra

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legem, um fato ilícito em sentido amplo, mais tecnicamente falando. Qual é a consequência? “...causar
dano...”. A consequência, portanto, é um dano em sentido amplo.

Na perspectiva mais tradicional possível traçada pelo art. 927, o dever de indenizar se subsume a uma causa
que se liga a uma consequência. Os componentes do dever de indenizar são, assim, três, na estrita
interpretação do art. 927 do CC/2002:

1. ato ilícito;

2. dano;

3. nexo de causalidade.

Mas, e a culpa? Não é ela um componente do dever de indenizar? A meu ver, não. Primeiro, de maneira
bastante técnica, porque todos os fatos em sentido amplo podem ser praeter legem (fato jurídico em sentido
amplo) ou contra legem (fato ilícito em sentido amplo), e não apenas os atos jurídicos em sentido amplo. De
qualquer forma, isso é objeto da teoria do fato jurídico, para evitar delongas e repetições.

O art. 927, porém, é atécnico no tema, pois fala em “ato”. Toma o gênero pela espécie. É como dizer que o
Brasil tem grande poluição atmosférica urbana porque só tem carros com motor a combustão. Efetivamente,
o volume de veículos nas ruas brasileiras que têm motor exclusivamente elétrico é desprezível, infelizmente.
Mas a afirmação está incorreta, em síntese.

De regra, o dever de indenizar derivará de uma conduta humana (daí se falar na culpa), o que remete ao ato
ilícito em sentido amplo, mas nem sempre. Há outros fatos ilícitos em sentido amplo que ensejam o dever
de indenizar.

Exemplo de fato jurídico em sentido estrito, no qual não há vontade humana, que gera dever de indenizar,
está no art. 1.251 (“Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se
juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro”).
Exemplo de ato-fato ilícito, no qual a vontade é irrelevante, que gera dever de indenizar, é o dano causado
pelas pessoas com menos de 16 anos, absolutamente incapazes e inimputáveis, segundo o ECA.

Esse erro, porém, é francamente ignorado pela maior parte da doutrina, que não compreende a teoria do
fato jurídico ponteana de maneira efetivamente adequada. O segundo erro é mais perceptível. São
pressupostos do dever de indenizar o ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade.

Elemento central do ato ilícito, por sua vez, é a culpa. Ora, como eu disse a você que a culpa não era um
componente do dever de indenizar e agora digo que é? E retruco: eu disse que a culpa é elemento central
do dever de indenizar (art. 927)? Não; eu disse que é elemento central do ato ilícito (art. 186).

Não é uma distinção meramente topográfica. Isso porque, atualmente, o dever de indenizar já não se remete
apenas ao ato ilícito em sentido estrito (art. 186), mas ao ato ilícito em sentido amplo, que compreende
também o abuso de direito (art. 187). Como o abuso de direito não exige culpa em sua verificação, a culpa
não é, tecnicamente, pressuposto do dever de indenizar.

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Como os casos de responsabilidade civil por ato ilícito são absolutamente mais numerosos (os veículos com
motor a combustão) que os decorrentes de abuso de direito (os veículos puramente elétricos), a doutrina
desatenta reputa a culpa elemento central do dever de indenizar. Não é.

Ou seja, a premissa de que a culpa é pressuposto do dever de indenizar foi esbodegada com o art. 187 do
CC/2002, dispositivo que não encontra similitude no CC/1916. Ao que me parece, aqueles que perpetuam a
culpa como pressuposto do dever de indenizar não atentaram para a mudança operada pelo art. 187, que
promoveu uma derrocada na conexão havida entre ato ilícito e culpa.

Não é possível enxergar essa conexão mesmo que se entenda o abuso de direito como figura absolutamente
apartada do ato ilícito. O art. 927 do CC/2002 é claro ao se remeter tanto ao ato ilícito do art. 186 (seja ele
ato ilícito em sentido amplo, seja ele somente ato ilícito) quanto ao abuso de direito do art. 187 (seja ele ato
ilícito em sentido estrito, seja ele figura autônoma).

Assim, não é que a culpa pode ser afastada aqui ou acolá. A culpa não é mais pressuposto do dever de
indenizar. O que deve haver é a imputação de um fato – ou ato ilícito, nas atécnicas palavras do art. 927,
caput – a alguém, em vista da causação de dano a outrem.

Além disso, estabelecer que a “conduta humana” é pressuposto do dever de indenizar é, como visto,
igualmente atécnico. Nem sempre haverá dever de indenizar diretamente relacionado à conduta de alguém.
O art. 936, ao determinar o dever de indenizar do dono do animal por dano causado por ele, é contraprova
disso.

Quem causa o dano é o animal, não o dono. “Ah, mas ele causa dano porque seu dono tem culpa in
vigilando“. Encontre elemento culposo no art. 936 e eu concordarei com você. Como você não vai encontrar,
já que esse é um caso típico de responsabilidade objetiva (sem culpa), evidente que a tal conduta humana é
despicienda.

A responsabilidade, assim, não depende de culpa, mas de imputação. Ou seja,


determinada ilicitude deve gerar uma imputação a alguém. E só. Ponto. Atualmente,
inclusive, fala-se até em responsabilidade por ato lícito, mesmo não havendo abuso de
direito, como mostrarei a você mais adiante.

O que é ato ilícito? O que é dano? O que é nexo de causalidade? Vou analisar cada um
desse pressupostos detalhadamente, fazendo as devidas considerações. Friso, mais uma vez, que tratarei
nuclearmente dessas perspectivas mais tradicionais, porque se formos criticar com um mínimo de
profundidade esses elementos, toda a teoria geral da responsabilidade civil estaria escangalhada.

2.1. ATO ILÍCITO


O ato ilícito, por aplicação do art. 186, deverá ser, em regra, culposo lato sensu, ao menos. O
direito civil brasileiro adota o princípio da culpa, excepcionando o princípio do risco/dano.
Entende-se que não há responsabilidade sem culpa em sentido amplo (lato sensu).

Verifica-se a existência da culpa em sentido amplo quando se exige comportamento diverso do


agente e há censura ao comportamento tomado, contrário ao ordenamento. A culpa é analisada

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pela censurabilidade da conduta, ou seja, não num juízo a priori do magistrado, mas uma análise comparada
da censura (probidade, ética, moral).

Aqui, apesar de toda a controvérsia a respeito dessa possibilidade, adotou-se a figura romana do bonus pater
familias, o “bom pai de família”, para balizar esse juízo de censurabilidade. Assim, o julgador, para analisar
se a conduta de alguém era censurável ou não, deveria se pautar numa imagem, nas condutas imaginadas
por um “bom pai de família”. Curiosamente, esse termo ainda é extensamente aplicado pela jurisprudência
portuguesa.

Posteriormente, substituiu-se a polêmica figura por outra, menos, mas igualmente controversa: o homem
médio. Assim, seria necessário analisar o que um homem médio faria nas circunstâncias fáticas. É mais ou
menos a aplicação da química CNTP (condições normais de temperatura e pressão) ou do weberiano “tipo
ideal”.

O “homem médio”, portanto, não existe na realidade, assim como não existem CNTP (não em lapso temporal
alargado, ao menos) ou sistemas políticos típicos e puros previstos na teoria de Max Weber. Essa figura é
apenas um parâmetro, uma escala de medida.

A figura do homem médio gera a noção de “conduta esperada do agente”. Podemos pensar
essa figura, mais contemporaneamente, a partir do princípio da boa-fé objetiva, numa noção
de standard de comportamento esperado dos agentes na vida social. Ou seja, a imagem ideal
de um agente probo, honesto, prudente, que procura não causar dano a outrem.

A meu ver, há mera ressignificação dos significantes, às avessas da perspectiva mais profunda da
metodologia do direito civil-constitucional. Ao invés de ressignificarmos os significantes, dando a eles novos
significados, mantemos os mesmos significados, dando a eles novos significantes.

Vale dizer, ao passo que o direito civil-constitucional ressignifica o termo “cônjuge” em diversas passagens
do CC/2002, dando-lhe o significado de convivente, abarcando tanto o companheiro quanto o cônjuge, a
responsabilidade civil manteve o significado da expressão “bom pai de família”, que é a de um “tipo ideal”
weberiano, substituindo-a por outra, “standard de comportamento”.

Superada essa questão filosófica, volto à análise da culpa em sentido amplo (lato sensu). Primeiro, a culpa
em sentido amplo se subdivide em culpa em sentido estrito (stricto sensu) e dolo. Em regra, não se faz a
distinção entre a culpa stricto sensu e o dolo porque desnecessária; como diz o brocardo, culpa lata dolo
aequiparatur, ou seja, a culpa se equipara ao dolo, para fins de responsabilidade civil.

Não obstante, por vezes o Direito Civil distingue a culpa do dolo para imputar responsabilidade ao agente
apenas no caso de dolo. O art. 353 (“Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas
quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a
imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo”) e o art. 392 (“Nos
contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo
aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as
exceções previstas em lei”) são exemplares.

De qualquer forma, as distinções feitas pelo Direito Penal a respeito da matéria são irrelevantes, à exceção
da culpa vs. dolo, quando cabível (art. 18, inc. II do CP/1940). Dolo eventual (e mesmo o preterdolo) e culpa

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consciente são categorias inaplicáveis ao Direito Civil, felizmente. Ou o dolo é não eventual ou é culpa. A
culpa stricto sensu baseia-se em três fatores (art. 18, inc. II do CP/1940):

A. Negligência
• Conduta omissiva, passiva. Esperava-se que o agente tomasse determinada medida
(omissão genérica), mas ele não toma, se omite, permanece passivo. Exige-se prova da
ausência de prática (omissão específica).
• Exemplo é o motorista que não conserta os freios do carro, após uma revisão, e,
posteriormente, bate o carro por falta deles; o dono não coloca focinheira no cachorro,
que morde um pedestre no parque.

B. Imprudência
• Conduta comissiva, ativa. Esperava-se que o agente não tomasse determinada medida,
mas ele se arrisca e a toma, age. Ele tem uma conduta contrária à exigida pelo
ordenamento.
• Exemplo é o motorista que dirige alcoolizado e causa acidente; o dono do imóvel que
deixa coisas no parapeito da janela do prédio e elas caem sobre um passante.

C. Imperícia
• A imperícia, ou falta de perícia, é ligada às atividades técnicas, ou seja, o sujeito age
sem a qualificação ou treinamento necessários ao ato.
• Exemplo é o enfermeiro inexperiente que ministra medicamentos errados; o médico,
sem especialização, que realiza procedimento cirúrgico contra as normas médicas.

No caso de negligência, ou seja, de omissão do agente, necessário também provar


que seu ato seria apto a evitar o dano. Caso, com a ação, o dano se verificasse do
mesmo modo, não há que se falar em omissão, em negligência.

Quanto à imperícia, a rigor ela não é tecnicamente um fator; ou o agente age de


maneira negligente ou age de maneira imprudente. A imperícia é, em realidade,
imperícia por negligência ou imperícia por imprudência.

O médico é imperito quando deixa uma gaze no paciente operado, por negligência; o motorista de um
caminhão de cargas perigosas é imperito ao, dirigindo em alta velocidade, tombar numa curva fechada, bem
sinalizada, por imprudência. De maneira mais apurada tecnicamente, portanto, a culpa se baseia em
apenas dois fatores: imprudência ou negligência.

Ultrapassados os fatores da culpa, passa-se à sua classificação. Primeiramente, em relação à atuação do


agente, pode-se classificar a culpa em:

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A. Culpa in committendo
• Culpa pela prática ativa de um ato
• Por exemplo, o acidente automobilístico provocado por motorista que fura preferencial

B. Culpa in omittendo
• Culpa pela falta de iniciativa, desde que exigida a ação
• Por exemplo, a responsabilidade do dono do cachorro que ataca um pedestre porque
estava sem a coleira

Em relação à forma de atuação do agente, a classificação da culpa é feita com base em:

A. Culpa in eligendo
• A falta de acerto na escolha de preposto, representante, empregado ou a falta de
controle sobre os bens usados em uma atividade
• Por exemplo, o empregador é responsabilizado por acidente causado pelo empregado

B. Culpa in vigilando
• É a falta de cuidado e/ou fiscalização do responsável por bens ou pessoas
• Por exemplo, a culpa dos pais pelos atos praticados pelos filhos

C. Culpa in custodiendo
• Ocorre quando há falta de atenção e cuidado com coisas sob custódia
• Por exemplo, o acidente em estrada causado por uma vaca que foge da fazenda, por
falta de cerca

Ademais, a culpa também admite gradação. Quanto aos graus, a culpa pode ser classificada em:

A. Grave ou lata
• Inobservância crassa e imperdoável das regras comuns exigidas nas atividades.
Avizinha-se ao dolo (culpa lata dolo aequiparatur), como, por exemplo, o acidente
causado por motorista embriagado.

B. Leve ou média
• Falta evitável com a atenção comum e normal esperada. Ocorre, por exemplo, no caso
de um acidente causado por motorista desatento que mexe no retrovisor enquanto
dirige.

C. Levíssima
• Ocorre se evitável o erro apenas com uma atenção especial ou habilidade incomum.
Exemplo disso é o acidente no qual o motorista não desvia de um objeto que aparece
repentinamente, batendo em outros carros.

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Na distinção em relação aos graus leve e levíssimo, necessário atentar para a culpa in abstrato, ou seja, o
standard de comportamento esperado do agente. A verificação da culpa in concreto, ou seja, de acordo com
o caso concreto, é insuficiente para aferir essa distinção.

Mas, por que a gradação da culpa é relevante, se basta a simples culpa para a identificação do
dever de indenizar? Em verdade, já dei a resposta a isso, ainda que não diretamente, mais
acima. Apesar de não ser possível estabelecer a indenização a partir do grau de culpa, o art.
944, parágrafo único, permite ao juiz reduzir o montante indenizatório se mínima a culpa.

A redução equitativa da indenização tem caráter excepcional. Por isso, somente se realiza quando a
amplitude do dano extrapolar os efeitos razoavelmente imputáveis à conduta do agente, prevê o Enunciado
457 da V Jornada de Direito Civil.

A norma se coaduna com a chamada Teoria do Inferno de Severidade (Enfer de Severité, nas palavras de
Geneviève Viney). Segundo ela, ao se aplicar de maneira desmesurada o princípio da reparação integral
pode-se visualizar, para o causador do dano, a criação de um verdadeiro inferno de severidade na medida
em que um ato singelo e infeliz tenha o condão de lhe proporcionar a ruína econômica.

Se do ponto de vista da vítima a reparação integral é de incontestável razoabilidade, o mesmo não pode ser
dito para o ofensor. Basta imaginar o motorista que espirra ao volante, vindo a colidir culposamente com
carro de luxo, cujo motorista sofre lesões extensas. Em que pese a indenização dever se pautar na
integralidade do dano, o grau de culpa é baixo demais a se jogar o ofensor aos leões, ao inferno de severidade
do caput do art. 944.

Ainda assim, de acordo com o Enunciado 46 da I Jornada de Direito Civil (alterado pelo Enunciado 380, na IV
Jornada), a possibilidade de redução do montante da indenização em face do grau de culpa do agente deve
ser interpretada restritivamente. Isso porque ela representa uma exceção ao princípio da reparação integral
do dano, não se aplicando às hipóteses de responsabilidade objetiva.

(FUNRIO / PGM-Trindade (GO) – 2016) A obrigação de indenizar decorre do sistema de


responsabilidade civil. Nesse sentido, diante da responsabilidade por um dano, é INCORRETO afirmar
que:

A) Em qualquer hipótese, quando alguém ressarcir o dano causado por outrem, pode reaver o que
houver pago daquele por quem pagou.

B) A indenização mede-se pela extensão do dano, mas, se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzi-la equitativamente.

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C) O nexo de causalidade tem uma dupla função, funcionando como fator de imputação de
responsabilidade e como um mecanismo de quantificação da extensão do dano;

D) Para a reparação dos danos submetida ao regime de responsabilidade subjetiva, é necessário que o
autor da ofensa incida num erro de conduta, isto é, que ele não observe um arquétipo de conduta que
deveria ser adotado para a situação concreta.

E) Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, operou-se uma radical mudança do sistema de
responsabilidade, que passou a ser dualista, convivendo simultaneamente uma cláusula geral de
responsabilidade subjetiva e uma cláusula geral de responsabilidade objetiva.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que em variadas situações se afasta o direito de regresso, como no
caso da responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores, sob seu poder familiar.

A alternativa B está correta, conforme regra do art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a
indenização”.

A alternativa C está correta, servindo ele de quantificação do dano no caso de culpa concorrente, por
exemplo, e balizamento de extensão da responsabilidade, como no caso da concausalidade.

A alternativa D está correta, inclusive adotando a jurisprudência o chamado “standard de


comportamento”, uma revisão do que anteriormente se chamava de “homem médio”.

A alternativa E está correta, uma vez que o CDC abriu novo flanco na responsabilidade civil,
estabelecendo-se lá a cláusula geral de responsabilidade objetiva, contrariamente ao CC/2002,
subjetivista.

Atente, porém, pois o inverso não pode ocorrer. O juiz não pode aumentar o valor da indenização, no caso
de um dano pequeno, mesmo que a culpa seja grave. Aqui, entra novamente a discussão das funções da
responsabilidade civil. Pela regra do art. 944, parágrafo único, do CC/2002, pode o juiz reduzir a indenização
se a culpa for mínima, mas não pode a elevar se ele for máxima, dolosa.

Assim, a aplicação da função punitiva e/ou preventiva ficaria prejudicada pela aplicação literal do refetido
dispositivo legal. Aí está precisamente a razão pela qual nossa jurisprudência majoritária rechaça a
majoração da indenização em prol da vítima simplesmente para “punir” o ofensor ou “prevenir” novas
condutas, diferentemente do que faz a jurisprudência estadunidense, por exemplo.

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2.2. DANO
O dano é o pressuposto central da responsabilidade civil. Em regra, o dano deve envolver
um comportamento contrário ao Direito (contra legem). Entretanto, nem sempre a
antijuridicidade é necessária, já que um ato lícito pode também gerar danos. Aqui a
responsabilidade civil distancia-se da penal, dado que esta apenas responsabiliza quando
há antijuridicidade, enquanto naquela há responsabilidade ainda que nenhum ilícito tenha
sido cometido.

De um lado, temos o dano patrimonial ou material. No dano patrimonial há visível interesse econômico no
fato. Por isso, verifica-se um dano quando uma necessidade econômica é insatisfeita, seja negativamente,
seja positivamente.

Esse dano é quantificável em dinheiro, em pecúnia, em “valores econômicos”. Os efeitos patrimoniais podem
ser imediatos, presentes, ou futuros, mediatos, diminuindo ou impedindo o acréscimo de patrimônio do
lesado.

Se o dano for atual, ele é chamado de dano emergente, ou dano positivo, ou seja, é o dano que emerge
do ato. Ao contrário, se forem danos futuros, eles são chamados de lucros cessantes, ou dano negativo,
ou seja, danos que cessam os lucros futuros. Trata-se da aplicação do instituto das perdas e danos, instituto
de Direito das Obrigações presente no art. 402.

Assim, o dano emergente se consubstancia no momento do ato ilícito ou logo após, ao passo que o lucro
cessante é o dano que se projeta no futuro pela perda de vantagens e interesses futuros. Geralmente, as
duas espécies de dano surgem concomitantemente, havendo tanto uma perda quanto a cessação de um
ganho.

Com um exemplo fica fácil lembrar: um motorista de táxi/Uber é abalroado por outro carro. Ele, além de
perder o carro parcialmente (um dano emergente), deixa de lucrar com as corridas (os lucros cessantes).
Verifica-se, no mesmo ato, ambos, danos emergentes e lucros cessantes.

O dano reparável é o dano certo, ainda que seja futuro, o que não se repara é dano eventual.
É possível estabelecer danos presumidos, de acordo com a doutrina.

No caso do dano patrimonial, a responsabilização se dá pelo princípio da boa-fé


objetiva, pela violação dos deveres laterais de conduta esperados pela boa-fé
objetiva. Abrange a responsabilidade pré-contratual, e até mesmo a
responsabilidade pré-negocial, além da responsabilização pela culpa post pactum finitum, ou
seja, mesmo após o término do contrato, cujo adimplemento foi perfeito.

Por outro lado, temos o dano extrapatrimonial, imaterial, comumente chamado de dano moral. Além de
uma lesão ao patrimônio, pode o indivíduo sofrer danos que não podem ser quantificados, que não são
economicamente visíveis e suscetíveis de apreciação monetária.

São os danos que perturbam a moral, a honra, o nome, a tranquilidade, os sentimentos, o afeto, ou seja,
todos elementos subjetivos, ao contrário dos danos materiais, que são objetivamente verificáveis. Todo dano

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moral traria ofensa à personalidade, aos direitos de personalidade, segundo a doutrina. Mesmo a partir de
danos a bens materiais pode haver dano moral, decorrente daqueles.

Esses configurariam o dano moral em sentido impróprio ou lato sensu, ou seja, os danos que trariam lesão
a um direito de personalidade. Consequentemente, eles não exigiriam prova de sofrimento, ou seja,
seriam dano morais presumidos (in re ipsa). Já o dano moral em sentido próprio constitui o dano moral in
natura, e causariam dor, sofrimento etc., pelo que necessária a prova.

De qualquer sorte, é difícil estabelecer com precisão o fundamento da responsabilização por danos
extrapatrimoniais. De maneira ampla, a doutrina reconhece lesão à dignidade da pessoa humana, vale dizer,
o dano moral é aquele que viola o princípio da dignidade da pessoa humana.

Por isso, o absolutamente incapaz e mesmo o nascituro são capazes de experimentar dano moral. É nesse
sentido que o Enunciado 445 da V Jornada de Direito Civil estabelece que o dano moral indenizável não
pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos desagradáveis como dor ou sofrimento.

Evidentemente que o princípio-mor ou supraprincípio constitucional é demasiado genérico quando se pensa


em sua aplicação num caso concreto. E nem poderia ser diferente, claro. Por isso, necessário densificar o
princípio na concretude do caso, de modo a se construir, doutrinária e jurisprudencialmente, as situações
concretas que demandam reprimenda do Estado-juiz.

Tradicionalmente, a doutrina e a jurisprudência apontam que meros transtornos, aborrecimentos e


dissabores cotidianos não configuram dano moral indenizável. Além disso, conforme o Enunciado 159 da III
Jornada de Direito Civil, o dano moral não se caracteriza quando há mero aborrecimento inerente a prejuízo
material.

Por isso, o mero inadimplemento contratual não é suficiente para ensejar indenização por danos morais.
Inversamente, o descumprimento de contrato pode gerar dano moral quando envolver valor fundamental
protegido pela CF/1988, elucida o Enunciado 411 da V Jornada de Direito Civil.

Quando estamos diante de transtornos, aborrecimentos e aborrecimentos cotidianos? Construção


jurisprudencial vai se consolidando, com o tempo, a respeito. No tópico próprio sobre a jurisprudência
detalharei casuisticamente as controvérsias.

De qualquer forma, a extensão desses danos será analisada pelo juiz, que definirá o montante da
indenização. Como não há um valor apriorístico, de antemão, a condenação, em valor inferior, não geraria
sucumbência à vítima.

O dano moral deve ser visto amplamente, incluindo-se nele até mesmo o dano
estético, o dano existencial, e, eventualmente, o dano punitivo, quando aplicado, já
que não se encaixa na categoria dos danos patrimoniais.

Quanto ao dano estético, Teresa Ancona Lopez, ao conceituá-lo (1980), estabelece a


necessidade de se mirar “a modificação sofrida pela pessoa em relação ao que ela
era”. Isso porque o conceito de estético, e de beleza a ele associado, é eminentemente relativo (daí o
ditado popular, “quem ama o feio, bonito lhe parece”).

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Havendo feridas, cicatrizes, lesões, perda de órgãos, amputações ou outras anomalias ao corpo “normal”,
há de se falar em perturbação da estética corporal. Trata-se de hipótese de dano in re ipsa, que não exige
demonstração cabal de prova do dano, precisamente diante do caráter relativo da estética.

Muito comum que os julgados acabem fixando a indenização por dano morais e por danos estéticos por um
único quantum (R$150 mil a título de danos morais E estéticos), ou por valores apartados, mas em igual
medida (R$75 mil a título de danos morais e outros R$75 mil a título de danos estéticos). Essa percepção,
porém, é incorreta, pois se trata de duas modalidades de dano distintas, com causas diferentes e apreciação
diversa.

Embora o reconhecimento dos danos morais se dê, em numerosos casos, independentemente de prova (in
re ipsa), deve o juiz investigar, sempre que entender necessário, as circunstâncias do caso concreto, para a
sua adequada quantificação. Inclusive, deve fazê-lo por intermédio da produção de depoimento pessoal e
da prova testemunhal em audiência, deixa claro o Enunciado 455 da V Jornada de Direito Civil. Uma coisa
não exclui a outra, inclusive para que danos diferentes – morais e estéticos, por exemplo – possam ser
quantificados de maneira adequada.

Desde 1992, o STJ reconhece a cumulabilidade dos danos materiais com os danos morais
(Súmula 37). Já em 2009, a Corte avançou e permitiu também a cumulação dos danos estéticos
com os danos morais (Súmula 387). Consequentemente, por lógica sistemática, permite-se não
apenas a cumulação dupla de danos (morais e estéticos ou materiais e morais), mas também
a cumulação tripla de danos (materiais, morais e estéticos).

Em vista da construção doutrinária a respeito dos novos danos, é possível pensar, inclusive, em cumulação
quádrupla de danos. Se reconhecidos danos existenciais, possível cumular o dano patrimonial com o dano
extrapatrimonial, este sob as espécies de dano moral, estético e existencial. Evidentemente, para tanto,
necessário provar cada modalidade de dano.

Superadas as distinções entre o dano a partir de sua patrimonialidade, avancemos. Num caso ou no outro,
seja no dano material, seja no dano imaterial/moral, o dano pode ser classificado como direto e indireto.

O dano direto surge do resultado imediato da ação danosa e causa imediato déficit econômico. São os
danos verificados a partir da conduta, que, se não tivesse existido, inexistiria também dano, ou seja, há
uma ligação direta ou imediata com as circunstâncias. Assim, por exemplo, sofro dano direto quando
contrato técnico de informática que, ao tentar consertar um componente eletrônico, quebra minha placa-
mãe, que fica inutilizada.

Já o dano indireto indaga as consequências indiretas, remotas da ação, ou seja, os efeitos dos efeitos.
Continuando o exemplo anterior, ao reconectar a placa-mãe ao computador, o componente quebrado gera
um superaquecimento da máquina, que, consequentemente, atinge o HD, fazendo com que todos os dados
que eu tenho nele se percam. Esse é o dano indireto.

Não confunda, assim, dano indireto com dano reflexo, também conhecido como dano por
ricochete. No dano indireto, a própria vítima é quem experimenta o dano; sofre o dano direto
e o dano indireto (que pode não existir, claro). Já no dano reflexo, não é a própria vítima a
experimentar um segundo dano, mas terceira pessoa.

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Assim, por exemplo, ao desviar de um objeto arremessado contra mim, que me acerta de raspão, terceiro é
atingido, e sofre dano. Esse tipo de situação é muito comum e objeto de análise aprofundada no Direito de
Consumidor, casos nos quais esse terceiro, vítima de acidente de consumo, é equiparado ao consumidor,
nos termos do art. 17 do CDC:

Para os efeitos desta Seção, que cuida da responsabilidade dos fornecedores pelo fato do
produto e do serviço, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.

Segundo o Enunciado 560 da VI Jornada de Direito Civil, no plano patrimonial, a manifestação do dano reflexo
ou por ricochete não se restringe às hipóteses previstas no art. 948 do CC/2002. E há mesmo dano moral
por ricochete ou reflexo também, e não apenas patrimonial. Imagine um ente querido seu faleça em virtude
do ato de alguém. Essa conduta danosa, direcionada a outrem, pode causar dano moral a você.

Novamente, não confunda, e já vi parte da doutrina o fazer, esse dano moral por ricochete ou reflexo com o
dano indireto. Lembre-se, o dano indireto é experimentado pela própria vítima, ao passo que o dano por
reflexo ou ricochete por outrem, que não a própria vítima.

Dano reflexo/ricochete
Dano indireto Dano não causado pela
Efeitos dos efeitos vítima
Própria vítima experimenta
o dano Dano que não se verifica na
vítima, mas em terceiro

Em qualquer caso, deve-se analisar o vínculo de causalidade entre a conduta e os danos. Deve
haver um vínculo de causalidade entre ambos (nexo de causalidade), ou seja, a conduta deve
desempenhar papel suficientemente decisivo na consumação daquele dano em específico.
Portanto, deve haver uma relação direta de causa e efeito entre as situações, como veremos
mais à frente, quando tratarmos do nexo de causalidade.

Nesse sentido, necessário faz-se analisar as concausas: qual a parcela de “culpa” de cada uma
das causas e se elas são, de fato, causas do dano. Eventualmente, segundo o art. 945, se houver culpa

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concorrente entre o causador do dano e a própria vítima, a indenização deve ser reduzida
proporcionalmente à parcela de culpa da vítima no evento. Mas aí já estou a tratar de nexo de causalidade.

2.3. NEXO DE CAUSALIDADE


O nexo de causalidade, como o próprio nome diz, investiga a causa e, por isso, está intimamente ligado ao
pressuposto anterior. Trata-se do elemento imaterial, virtual, “espiritual” dos pressupostos do dever de
indenizar. É um daqueles casos fáceis de se visualizar e difíceis de se analisar, conceituar, tratar
analiticamente e reconhecer tecnicamente.

Esse é o tema mais tratado atualmente pela doutrina e pela jurisprudência. Isso corre, em larga medida, em
face do reconhecimento de inúmeras situações de responsabilidade sem culpa, ou, mais propriamente,
responsabilidade objetiva, dependente apenas da verificação da conduta e do dano.

Já verificamos a conduta e o dano, falta analisar o liame que liga essas duas fontes. Desse modo, faz-se a
triangulação necessária e se configura a responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar.

Assim, para se responsabilizar um sujeito, ante um dano causado, é necessário analisar


se a conduta por ele tomada encontra uma ligação com esse dano. O nexo causal,
portanto, pode ser chamado de imputação, mais ou menos como a doutrina do Direito
Penal, mas mais ampla que ela, pois mais abrangente.

No Direito Penal, a imputação limita-se ao “autor” do dano, ao passo que o Direito Civil
pode responsabilizar um terceiro que não causou o dano, mas que deve ser responsabilizado por ele. Isso
por conta da bipartição que existe entre obrigação e responsabilidade, que são elementos distintos de um
mesmo fenômeno.

Os problemas enfrentados pelo Direito Penal, nesse sentido, são igualmente causadores de dor de cabeça
no Direito Civil. O grande questionamento que se faz é: até que ponto se pode estabelecer que entre um
evento (a causa, a conduta danosa) e outro (o efeito, o dano sofrido), há uma ligação suficientemente forte
para se responsabilizar o agente do primeiro evento em relação ao outro? Ou, em que momento “se
quebra” a corrente que liga um evento a outro?

Para que possa entender a extensão desse problema, veja um exemplo que pode ajudar você a visualizar
como o nexo de causalidade é difícil de analisar. É mais ou menos assim: há um acidente automobilístico
envolvendo um motorista que, desatento, avança o sinal vermelho após se assustar com um disparo de uma
arma de fogo de um policial militar ocorrido numa perseguição; o outro motorista, em alta velocidade, estava
ultrapassando um veículo que trafegava abaixo da velocidade mínima da via e não conseguiu parar porque
seus freios apresentaram um defeito. Um dos dois motoristas fica preso nas ferragens do veículo, vem um
pedestre que tenta ajudá-lo a sair, mas o carro acaba pegando fogo. O pedestre se queima e vão ambos para
o hospital. O motorista sofre sua infecção hospitalar e morre; o terceiro fica incapacitado para o trabalho,
por causa das queimaduras. O outro motorista era um artista de teatro, que perde a peça inaugural, que é
cancelada, e a empresa responsável pelo evento sofre uma pesada multa contratual. Por conta do
cancelamento do evento, há um quebra-quebra na entrada do teatro e muitas pessoas se ferem; alguns dos

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convidados, inclusive, destroem o patrimônio público. Por quais danos aquele agente vai responder? Ou,
ainda, quem é o responsável por cada um dos danos?

A doutrina se divide em muitas teorias. Segundo a maioria, o art. 403 traz, ainda que
relativamente às perdas e danos (“as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros
cessantes por efeito dela direto e imediato”), um indicativo da teoria adotada pelo CC/2002, a
“Teoria do dano direto e imediato”.

Outra parte substancial ainda adota a “Teoria da causalidade adequada”, que teria sido
adotada pelo art. 944 (“A indenização mede-se pela extensão do dano”). Segundo ela, somente o fato
relevante ao evento geraria o dever de indenizar.

De qualquer forma, há certa unanimidade da doutrina em não adotar a “Teoria da equivalência das
condições”, ou “Teoria da conditio sine qua non” ou ainda “Teoria do histórico dos antecedentes”. Em tese
adotada pelo art. 13 do CP/1940 (“O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”), na
redação dada pela Lei 7.209/1984, ela enuncia a necessidade de se verificar a presença de cada uma das
condições identificadas na situação concreta necessárias ao evento danoso.

(CESPE / PGM-Belo Horizonte (MG) – 2017) À luz da legislação aplicável e do entendimento


doutrinário prevalecente a respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta.

A. O abuso do direito, ato ilícito, exige a comprovação do dolo ou da culpa para fins de
responsabilização civil.

B. No contrato de transporte de pessoas, a obrigação assumida pelo transportador é de resultado, e a


responsabilidade é objetiva.

C. O dever de indenizar pressupõe, necessariamente, a prática de ato ilícito.

D. No que se refere ao nexo causal, elemento da responsabilidade civil, o Código Civil adota a teoria da
equivalência das condições.

Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme o Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil do CJF: “A


responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente
no critério objetivo-finalístico”.

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A alternativa B está correta, como se extrai do art. 734, que apresenta como única excludente de
responsabilidade a força maior: “O transportador responde pelos danos causados às pessoas
transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente
da responsabilidade”.

A alternativa C está incorreta, como se observa da simples conjugação do caput do art. 927 (“Aquele
que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”) com seu
parágrafo único (“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem”).

A alternativa D está incorreta, já que, segundo entendimento majoritário da literatura jurídica, adota
o art. 403 (“Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na
lei processual”) a Teoria do da Causalidade Adequada ou Teoria do Dano Direto e Imediato; a Teoria
da Equivalência das Condições seria adotada pelo Código Penal brasileiro.

Isso, porém, não impede que a jurisprudência utilize outras teorias, de maneira equívoca, quando da
aplicação delas ao caso concreto, infelizmente. É comum ver decisões nas quais o julgador apela para a
“Teoria do dano direto e imediato” para resolver o caso, mas aplica teoria diversa; ou, frente a dano direto
e imediato, rechaça a indenização, baseado, curiosamente, na “Teoria do dano direto e imediato”; ou ainda
diz que aplicará a Teoria, mas na resolução do caso, usa de outros critérios; ou, por fim, resolve os diferentes
casos no puro casuísmo mesmo.

Segundo a “Teoria do dano direto e imediato”, interessa o dano que é efeito imediato
e direto do fato causador. Por isso, num acidente automobilístico, reparam-se os danos
decorrentes do acidente e não do tratamento ruim, ou do acidente com a ambulância,
por exemplo.

Em relação ao nexo de causalidade, faz-se necessário atentar para a questão da culpa


concorrente, pois o art. 945 estabelece que se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento
danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do
autor do dano. Assenta o Enunciado 47 da I Jornada de Direito Civil que essa regra não exclui a aplicação da
“Teoria da causalidade adequada”.

Assim, se a vítima do dano concorrer com o agente causador, cada um arcará equitativamente com o
prejuízo, na proporção de suas culpas. O problema, fático, é saber qual é a proporção das culpas. Nesses
casos, não há muito o que se fazer, deve-se recorrer ao arbítrio do juiz, numa tentativa de se mensurar a
culpa in concreto.

De outra banda, de maneira diversa do Direito Penal, todos os membros de um grupo podem ser
responsabilizados quando não seja possível determinar, dentre eles, quem deu causa à lesão. É a chamada
“Teoria da causalidade alternativa”, aplicável a casos, por exemplo, de dano físico causado por agressões
cometidas por várias pessoas.

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Por fim, de um modo um tanto excepcional quanto à regra trazida pela “Teoria do dano direto e imediato”,
surge a “Teoria da perda de uma chance”. Nas situações em que se aplica tal Teoria, o dano, em realidade,
é virtual, probabilístico, abandonando-se a perspectiva de que o dano precisa ser certo, direto, imediato.

Por aplicação dela, indeniza-se a vítima pelas situações em que, havendo uma oportunidade potencial, ela
é perdida pelo dano causado. Ou seja, na realidade, verificando-se com relativa precisão a conduta danosa
e o nexo de causalidade, dispensa-se a prova do dano, ao menos no plano concreto, material, projetando-se
o dano em uma probabilidade, uma chance.

Essa chance, porém, não é qualquer chance, mas uma chance efetiva, real, probabilisticamente razoável.
Talvez um ótimo exemplo é o caso do corredor brasileiro que foi agarrado por um manifestante nas
Olimpíadas de Atenas, em 2004. Veja a notícia do ocorrido: 1

Vanderlei Cordeiro de Lima ficou neste domingo com a medalha de bronze na prova da maratona
dos Jogos Olímpicos de Atenas. O brasileiro liderou boa parte da prova, mas foi atrapalhado por
um invasor já perto do final. O ouro ficou com o italiano Stefano Baldini, enquanto a prata foi
para o norte-americano Mebrahtom Keflezighi.
O COB protestou contra o resultado, mas a IAAF (Federação Internacional de Atletismo) rejeitou
o pedido e confirmou o resultado final da prova. O Comitê Olímpico Brasileiro promete recorrer
ao TAS (Tribunal Arbitral do Esporte).
O brasileiro levou o susto com 1h53 de prova. Ele foi agarrado por um invasor, que saiu do meio
da torcida e furou o bloqueio de segurança. Segurando um cartaz e vestindo roupas tipicamente
irlandesas, o penetra empurrou e quase derrubou o atleta fora da pista. Logo em seguida,
torcedores, voluntários e seguranças livraram Vanderlei.
O invasor é o padre Neil Horan, que é famoso por seus protestos em todo o mundo. No Grande
Prêmio da Inglaterra de Fórmula 1, em 2003, por exemplo, ele invadiu a pista e arriscou a própria
vida correndo para cima dos carros também com um cartaz. A prova foi vencida pelo brasileiro
Rubens Barrichello.
O problema abalou o brasileiro, que saiu fazendo cara de dor e colocou a mão na perna direita.
Ele ainda balançou negativamente a cabeça depois de olhar inconformado para trás.
A diferença para o segundo colocado, que era de cerca de 45 segundos, caiu para
aproximadamente 11 pouco depois. Assim, com 2h de disputa, Vanderlei perdeu posições para
o italiano Baldini e para o norte-americano Keflezighi, respectivamente.
Apesar do problema, Vanderlei comemorou muito o resultado. Antes mesmo de cruzar a linha
de chegada, ele abriu um sorriso e abriu os braços. Aplaudido, ele mandou beijos para a torcida.

Pois bem, e aí, ele iria ganhar a prova? Ele tinha 45s de vantagem, depois do ocorrido a vantagem caiu para
11s. No fim da prova, ficou em terceiro, mais de um minuto atrás do primeiro colocado. Ele levaria o ouro?

1 Fonte: http://esportes.terra.com.br/atenas2004/interna/0,,OI374207-EI2806,00.html

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Ou, mesmo sem o “ataque” do manifestante, acabaria ficando atrás? Ele tinha 45s de vantagem, e mesmo
perdendo só 36s no “agarramento”, ainda ficou mais de 60s atrás do primeiro colocado...

Veja, é impossível, com absoluta certeza, dizer que há um nexo de causalidade ligando a conduta do
manifestante (agarrar o corredor) ao dano (ficar com o bronze). É aí que entra a discussão sobre a
“indenizabilidade” da perda de uma chance.

Surpreendentemente, em 2005, pouco depois do “causo”, o STJ aplicou a “Teoria da perda de uma chance”
no caso do nostálgico “Show do Milhão”, do SBT. Veja a ementa do julgado:

RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇÃO. IMPROPRIEDADE DE PERGUNTA FORMULADA EM


PROGRAMA DE TELEVISÃO. PERDA DA OPORTUNIDADE. 1. O questionamento, em programa de
perguntas e respostas, pela televisão, sem viabilidade lógica, uma vez que a Constituição Federal
não indica percentual relativo às terras reservadas aos índios, acarreta, como decidido pelas
instâncias ordinárias, a impossibilidade da prestação por culpa do devedor, impondo o dever de
ressarcir o participante pelo que razoavelmente haja deixado de lucrar, pela perda da
oportunidade (REsp 788.459/BA, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA,
julgado em 08/11/2005, DJ 13/03/2006, p. 334).

Ora, havia chance à participante de acertar a “pergunta do Milhão”, se não havia, nas quatro alternativas, a
resposta certa? É mais ou menos como se numa questão da prova objetiva eles fizessem a você uma
pergunta que não tivesse resposta certa.

Pois bem, exatamente por causa dessa questão você não conseguiu obter a nota mínima nessa prova. Bom,
você acertaria a questão se tivesse uma resposta certa? É impossível saber, mas você, de qualquer forma,
“perdeu a chance” de conseguir. Ou seja, houve um dano, ainda que ele não seja verificável com “certeza
absoluta”.

No caso do Show do Milhão, como o participante tinha 25% por cento das chances de acertar a resposta (já
que eram quatro alternativas), decidiu o STJ condenar o SBT em 25% do valor final esperado. Imagine se a
banca aplicasse essa teoria? Você receberia 25% dos pontos da questão! Felizmente, eles simplesmente a
anulam (quando reconhecem o erro)...

A “Teoria da perda de uma chance”, assim, permite aplicar a responsabilidade civil mesmo no
caso de dano não tão certo assim. O STJ afirma que a aplicação da Teoria depende de ser o
dano real, atual e certo, dentro de um juízo de probabilidade, e não de mera possibilidade
eventual.

A responsabilidade civil pela perda de chance não se limita à categoria de danos extrapatrimoniais. Conforme
as circunstâncias do caso concreto, a chance perdida pode apresentar também a natureza jurídica de dano
patrimonial (como no caso do “Show do Milhão”). A chance deve ser séria e real, não ficando adstrita a
percentuais apriorísticos, prevê o Enunciado 444 da V Jornada de Direito Civil.

A Teoria incide tanto em situações de responsabilidade contratual quanto em situações de responsabilidade


extracontratual. No entanto, deve ser séria e real a possibilidade de êxito, o que afasta a reparação no caso

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de simples esperança subjetiva ou mera expectativa aleatória. Não se exige a comprovação da existência
do dano final, bastando prova da certeza da chance perdida, pois esta é o objeto de reparação.

(CESPE / DPU – 2017) A aplicação da teoria da perda de uma chance pressupõe uma possibilidade
concreta, real e com alto grau de probabilidade de se garantir um benefício ou sofrer um prejuízo,
bem como que a ação ou omissão do agente tenha nexo causal com a perda da oportunidade de
exercer a chance.

Comentários

O item está correto, como recorrentemente decide o STJ: “CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO
MATERIAL E COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. ERRO MÉDICO. RESPONSABILIDADE CIVIL. NEGATIVA
DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO CONFIGURADA. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA
282/STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. COTEJO ANALÍTICO E SIMILITUDE FÁTICA. INDICAÇÃO DO
DISPOSITIVO LEGAL. AUSÊNCIA. ACOMPANHAMENTO NO PÓS-OPERATÓRIO. APLICAÇÃO DA TEORIA
DA PERDA DE UMA CHANCE. POSSIBILIDADE. ERRO GROSSEIRO. NEGLIGÊNCIA. AUSÊNCIA. Por ocasião
do julgamento do REsp 1.254.141/PR, a 3ª Turma do STJ decidiu que a teoria da perda de uma chance
pode ser utilizada como critério para a apuração de responsabilidade civil, ocasionada por erro médico,
na hipótese em que o erro tenha reduzido possibilidades concretas e reais de cura de paciente. A visão
tradicional da responsabilidade civil subjetiva; na qual é imprescindível a demonstração do dano, do
ato ilícito e do nexo de causalidade entre o dano sofrido pela vítima e o ato praticado pelo sujeito; não
é mitigada na teoria da perda de uma chance. Presentes a conduta do médico, omissiva ou comissiva,
e o comprometimento real da possibilidade de cura do paciente, presente o nexo causal (REsp
1622538/MS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/03/2017, DJe
24/03/2017)”.

A chance, em si, pode ser considerada um bem autônomo, cuja violação pode levar à indenização de seu
equivalente econômico. Considera o STJ que é desnecessário, nesses casos, sustentar teoria da causalidade
proporcional, reconhecendo-se a própria chance como bem jurídico autônomo.

Na seara jurídica e médica verificam-se frequentemente situações que ensejam a aplicação dessa Teoria. Em
caso de perda de prazo pelo advogado, o cliente perde a chance de conseguir vitória na lide (REsp 932.446).
Em caso de diagnóstico e tratamento claramente equivocados, o paciente perde a chance de conseguir a
cura (REsp 1.254.141).

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(VUNESP / TJ-SP – 2017) José outorga mandato verbal a advogado para em seu nome propor ação
de revisão de benefício previdenciário. A ação é julgada improcedente em primeiro grau e o
advogado perde o prazo para interpor apelação. Entendendo que poderia ter sido vencedor na
referida ação, José propõe ação de indenização, pleiteando a condenação do advogado ao
pagamento de indenização por dano material correspondente ao valor que receberia na ação de
revisão, caso esta fosse procedente, e por dano moral. A ação de indenização é julgada procedente.

Assinale a alternativa que corresponde corretamente aos fundamentos adotados na sentença.

A) Conduta negligente do advogado, decorrente de responsabilidade contratual e do descumprimento


da obrigação de aplicar a diligência habitual na execução do mandato.

B) Conduta ilícita do advogado pela perda de uma chance, decorrente de culpa aquiliana e do
descumprimento de dever comum de cuidado na prática de atividade profissional.

C) Conduta ilícita do advogado pela perda de uma chance, decorrente de responsabilidade contratual
objetiva, independentemente da existência de culpa.

D) Conduta negligente do advogado, decorrente de responsabilidade contratual pelo fato do serviço e


do descumprimento de obrigação de resultado.

Comentários

A alternativa A está correta, pois o manejo dos recursos cabíveis, quando razoáveis, constitui dever
lateral de conduta, que, ainda que não expressamente previsto no pacto, gera dever de indenizar em
face da quebra do princípio da boa-fé objetiva, em razão da evidente negligência do profissional.

A alternativa B está incorreta, já que o caso trata de responsabilidade civil contratual, e não
extracontratual (aquiliana).

A alternativa C está incorreta, já que a aplicação da teoria da perda de uma chance se aplica apenas a
situações nas quais a probabilidade do ganho é real, séria, e, inclusive, matematicamente elevada, não
tendo o exercício mencionado qual era a probabilidade de vitória da ação judicial.

A alternativa D está incorreta, porque a obrigação do causídico era de meio, não de resultado.

O CC/2002, de qualquer forma, já previa algumas situações que ficam, na realidade, no meio-termo entre a
aplicação da “Teoria perda de uma chance” e a “Teoria de dano direto e imediato”. Vou falar a respeito delas.

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O art. 948 estabelece que no caso de homicídio, a indenização consiste no pagamento das
despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família e na prestação de
alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável
da vida da vítima. O artigo não exclui outras reparações, como o dano moral.

O STJ (REsp 698.443), interpretando esse dispositivo, fixa que os alimentos devidos devem
obedecer à expectativa de vida média fixada pelo IBGE, bem como as demais verbas trabalhistas (2/3 do
salário do falecido, FGTS, 13º salário, férias e horas extras, se habituais). Caso o falecimento ocorra após essa
idade, o cálculo da sobrevida deve levar em consideração as condições gerais de saúde, de acordo com tabela
do IBGE (REsp 1.311.402).

No entanto, a Corte vê cum granu salis casos específicos. Assim, se o falecido devia alimentos a filho seu já
maior, mas ainda em curso universitário, absurdo pensar que o causador do dano deveria manter os
alimentos por décadas, caso seu genitor, morto, tivesse 50 anos, por exemplo. Por isso, o STJ (REsp 275.274)
entende que os alimentos devem ser fixados em correlação ao grau e ao tempo de dependência.

Se, em vez de homicídio, tratar-se de dano à incolumidade física, segundo o art. 949, o ofensor indenizará o
ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim do tratamento, além de eventuais
outros prejuízos sofridos.

Por fim, se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para
que se inabilitou, conforme regra do art. 950.

Tanto no caso do art. 949 quanto no do art. 950, não se excluem outras indenizações. Nesse sentido, o
Enunciado 192 da III Jornada de Direito Civil prevê que os danos devem ser analisados em conjunto, para o
efeito de atribuir indenização por perdas e danos materiais, cumulada com dano moral e estético.

O parágrafo único do art. 950 ainda permite que o prejudicado, se preferir, possa exigir que a indenização
seja arbitrada e paga de uma só vez. Há aqui, uma divergência doutrinária e jurisprudencial. Prevê o
Enunciado 381 da IV Jornada de Direito Civil que o lesado pode exigir que a indenização sob a forma de
pensionamento seja arbitrada e paga de uma só vez, salvo impossibilidade econômica do devedor, caso em
que o juiz poderá fixar outra forma de pagamento, atendendo à condição financeira do ofensor e aos
benefícios resultantes do pagamento antecipado. De acordo com o Enunciado 48 da I Jornada de Direito Civil
que essa regra constitui direito potestativo do lesado para exigir pagamento da indenização de uma só vez,
mediante arbitramento do valor pelo juiz, atendidos os arts. 944 e 945 e a possibilidade econômica do
ofensor.

Ao contrário, o STJ (REsp 1.349.968) entende que esse dispositivo, porém, não pode ser aplicado
indiscriminadamente, de maneira absoluta. Ao contrário, pauta-se na conveniente análise judicial, que
deve ponderar a satisfação do crédito do beneficiário e o risco de o devedor ser levado à ruína.

Assim, a regra de que a indenização pode ser repassada ao beneficiário em parcela única, ao invés de em
pensionamento mensal, conforme sua preferência, não é absoluta. Ela dependeria de análise judicial quanto

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à conveniência, segundo o STJ. Segundo o Enunciado do CNJ, no entanto, poderia o beneficiário exigi-la,
conforme sua conveniência.

Atente porque esses casos que envolvem pensionamento tratam dos chamados “alimentos
indenizatórios”, que não se confundem com os alimentos típicos do Direito de Família. Consequentemente,
não se aplicam a eles a prescrição típica do art. 206, §2º (“Prescreve em dois anos a pretensão para haver
prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem”), e nem a prisão por inadimplemento prevista
no art. 538, §3º do CPC (“Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz,
além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do §1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de
1 (um) a 3 (três) meses”).

Nesses três casos (art. 948, no caso de homicídio; art. 949, no caso de lesão à saúde; e art. 950, no caso de
perda de capacidade laborativa), o art. 951 determina que a indenização é devida por aquele que, no
exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente,
agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.

Por fim, veja que o caso fortuito, a força maior e a culpa exclusiva da vítima afastam o dever
de indenizar precisamente porque há rompimento do nexo de causalidade. De qualquer forma,
não há como enunciar uma regra absoluta em se tratando de nexo causal, como tenta a “Teoria
do dano direto e imediato”, devendo o julgador atentar para o caso concreto. Essa perspectiva
encontra contraprova fática, uma vez que nossas Cortes decidem de maneira eclética, até
casuística.

3.1. OBJETIVA E SUBJETIVA


A responsabilidade subjetiva é regra, conforme estabelece o art. 927, parágrafo único. Arnaldo Rizzardo
estabelece que:

Pela teoria da responsabilidade subjetiva, só é imputável, a título de culpa, aquele que praticou
o fato culposo possível de ser evitado. Não há responsabilidade quando o agente não pretendeu
e nem podia prever, tendo agido com a necessária cautela.

Veja, novamente, que se fala em imputação da conduta ao ofensor, não propriamente culpa. Como a
imputação, na esmagadora maioria dos casos, dá-se pela culpa, na perspectiva tradicional, forjou-se a ideia
(equivocada) de que a culpa é pressuposto elementar da responsabilidade civil. O art. 186, por sua vez, traça
as linhas gerais da responsabilidade civil subjetiva:

Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

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A responsabilidade civil subjetiva era a única presente no CC/1916 originário. Com o tempo, porém, nos
casos de prova de culpa muito difícil ou impossível (no processo civil a chamada prova impossível ou
diabólica) passou-se para a responsabilidade civil com “culpa presumida”.

A culpa presumida nada mais é do que o inverso da presunção de inocência do Direito Penal.
Eu presumo que o causador do dano é culpado e ele tem de provar que estava certo. Nesses
casos, não se prescinde a culpa, apenas inverte-se o ônus da prova.

São os casos em que se presume que o autor não agiu conforme o direito, como nos acidentes
de trânsito em que há uma batida traseira. Quem está errado? Não dá para saber de antemão, mas nós
presumimos que o carro que trafegava atrás está errado. Ele sempre será obrigado a indenizar? Não, mas
ele terá de provar que o motorista da frente estava errado ou provar força maior, por exemplo. Presume-se
a culpa e inverte-se o ônus da prova.

Sérgio Cavalieri Filho, inclusive, parte dessa premissa para tratar da chamada “Teoria da culpa contra a
legalidade”. Em que consiste essa teoria? Segundo ela, pela simples infração da norma, já há
responsabilidade.

Ou seja, incorre em culpa aquele que pratica um ato proibido pela norma ou não cumpre o que a norma
determina, de per si, sem que seja necessário analisar a culpa do agente, talqualmente a culpa presumida.
Ao invés de ser necessário provar culpa, basta que o ofendido mostre a violação da proibição legal, sem que
seja necessário adentrar na análise da culpa, mas pode o ofensor afastar o dever de indenizar, provando que
agiu sem culpa.

'A doutrina vai apontar a aplicação dessa teoria nos casos de acidente de trânsito, quando, por exemplo, um
motorista alcoolizado causa dano. É desnecessário provar culpa ou dolo do agente, basta evidenciar que ele
descumpriu a norma de trânsito, que agiu “contra a legalidade”.

Passa-se, então, para a responsabilidade civil “sem culpa”, ou objetiva. Nesses casos,
dispensa-se a culpa, sequer se falando em culpa ou ônus; agiu ou se omitiu? É responsável,
mesmo que prove que não tem culpa alguma.

Há uma diferença fundamental entre a responsabilidade subjetiva com


presunção de culpa e a responsabilidade objetiva. Na responsabilidade
subjetiva com presunção de culpa, admite-se o afastamento da responsabilidade se o agente
provar que não agiu com culpa; na responsabilidade objetiva, inversamente, mesmo que o
agente prove não ter culpa, não se isenta do dever de indenizar.

Dou um exemplo de Direito das Obrigações: “obrigação de dar coisa incerta, em que, antes da escolha, o
devedor não pode exonerar-se da obrigação, mesmo havendo fortuito, segundo o art. 246 do CC/2002”. Ou
seja, eu tenho de te dar um tablet de um modelo específico. Antes da entrega, porém, mesmo ocorrendo
fortuito, eu sou obrigado a entregar a você um tablet igual, ainda que eu prove que houve um dilúvio bíblico
que derrubou a minha loja ou que eu fui roubado por um funcionário vingativo meliante.

Atente porque a responsabilidade objetiva não afasta a análise de eventual conduta da própria vítima,
especialmente no dano extrapatrimonial. Não à toa, o Enunciado 458 da V Jornada de Direito Civil evidencia

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que o grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual conduta intencional, deve ser levado em conta pelo juiz
para a quantificação do dano moral.

E quando falaremos em responsabilidade objetiva, sem culpa? Tradicionalmente pensamos no Direito do


Consumidor, que é o sub-ramo do Direito Privado no qual está ela presente por excelência. O CC/2002, não
obstante, também versa sobre a responsabilidade civil objetiva. O art. 927, parágrafo único, traz as linhas
gerais da responsabilidade objetiva:

Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em


lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.

O art. 931, por sua vez, prevê que ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários
individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos
postos em circulação. Esclarece o Enunciado 378 da IV Jornada de Direito Civil que esse dispositivo se aplica
haja ou não relação de consumo.

Prevê o Enunciado 43 da I Jornada de Direito Civil que a responsabilidade civil pelo fato do produto, prevista
no art. 931, também inclui os riscos do desenvolvimento. O art. 931 é um gérmen do CDC, plantado no
Projeto do CC/2002, ainda na década de 1970.

O Direito Civil, portanto, já versava sobre a responsabilidade civil objetiva dos fornecedores de produtos por
danos causados aos compradores duas décadas antes do CDC. Como o Projeto ficou dormitando no
Congresso Nacional por quase quatro décadas, a disposição revolucionária e vanguardista do Código Civil
acabou se tornando quase caricatural depois do CDC.

Por isso, o Enunciado 190 da III Jornada de Direito Civil não titubeia ao prever que a regra do art. 931 não
afasta as normas acerca da responsabilidade pelo fato do produto previstas no art. 12 do CDC, que continuam
mais favoráveis ao consumidor lesado. Ou seja, o CDC não apenas avançou quanto ao tema como foi além.

O CDC não tratou apenas de produtos, mas também de serviços. Não versou apenas sobre os vendedores,
mas também sobre fabricantes, importadores, intermediadores etc. Mas, curiosamente, segundo o
Enunciado 42 da I Jornada de Direito Civil, o art. 931 ampliou o conceito de fato do produto existente no art.
12 do CDC, ao imputar responsabilidade civil à empresa e aos empresários individuais vinculados à circulação
dos produtos.

O art. 927, parágrafo único, e o art. 931 tratam da objetivação da responsabilidade a partir de uma teoria
muito em voga nos anos 1970-1990, a “Teoria do risco”. Assim, a responsabilidade objetiva presente no
CC/2002 baseia-se largamente na “Teoria do Risco”, que, segundo Arnaldo Rizzardo, se adota porque:

Todo aquele que dispõe de um bem deve suportar os riscos decorrentes, a que expõem os
estranhos.

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Essa Teoria surge com o risco-proveito, estampado no art. 931. Assim, aquele que quer
ter determinado lucro com uma atividade, um proveito, deve arcar com os prejuízos, os
riscos, decorrentes dessa atividade. Isso se assenta no princípio ubi est emolumentum, ibi
onus esse debet (“onde está o ganho, reside aí o ônus”).

Posteriormente, essa discussão abrange também o risco da atividade, constante do art.


927, parágrafo único, segunda parte. No que tange a esse dispositivo, há grande discussão doutrinária e
jurisprudencial a respeito de sua extensão, em termos mais práticos.

Isso porque o dispositivo trata de uma “cláusula geral do dever de responsabilidade civil objetiva” quando
a atividade normalmente desenvolvida implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Segundo o Enunciado 555 da VI Jornada de Direito Civil, esses “direitos de outrem” abrangem não apenas a
vida e a integridade física, mas também outros direitos, de caráter patrimonial ou extrapatrimonial.

A questão é saber o que é essa tal atividade de risco. Propõe o Enunciado 38 da I Jornada de Direito Civil que
ele se configura quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar a pessoa
determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade. Assim, é um risco “para além do
normal”.

Tentando minudenciar essa dificuldade, o Enunciado 446 da V Jornada de Direito Civil aprofunda a
compreensão sobre a atividade de risco”. Prevê que a aplicação do dispositivo deve levar em consideração
não apenas a proteção da vítima e a atividade do ofensor, mas também a prevenção e o interesse da
sociedade.

Já o Enunciado 448, também da V Jornada de Direito Civil, vai além. Exige a aplicação desse dispositivo
sempre que a atividade normalmente desenvolvida, mesmo sem defeito e não essencialmente perigosa,
induza, por sua natureza, risco especial e diferenciado aos direitos de outrem. São critérios de avaliação
desse risco, entre outros, a estatística, a prova técnica e as máximas de experiência.

Há, no caso do art. 927, parágrafo único, do CC/2002, antinomia com o art. 7º, inc. XXVIII, da CF/1998. O
dispositivo da Carta Magna exige a comprovação de culpa ou dolo para a caracterização da responsabilidade
civil em caso de acidente de trabalho. O art. 927, parágrafo único, do CC/2002, por sua vez, permite assumir
que a responsabilidade do empregador, dado o risco inerente à atividade, é objetiva.

Segundo o Enunciado 377 da IV Jornada de Direito Civil, o art. 7º, inc. XXVIII, da CF/1998 não é impedimento
para a aplicação do disposto no art. 927, parágrafo único, do CC/2002, quando se tratar de atividade de risco.
A jurisprudência majoritária do TST, no entanto, só aplica a responsabilização objetiva para o caso de seguro
acidentário, não para deferir indenização ao empregado pelo dano causado na relação empregatícia.
Julgados em sentido contrário existem, mas são raros.

Além dessa controvérsia, o Enunciado 447 da V Jornada de Direito Civil versa a respeito de outra. Segundo
ele, as agremiações esportivas são objetivamente responsáveis por danos causados a terceiros pelas torcidas
organizadas, agindo nessa qualidade, quando, de qualquer modo, as financiam ou custeiam, direta ou
indiretamente, total ou parcialmente. Seria um caso de responsabilidade objetiva não prevista
taxativamente em lei, mas derivada da “Teoria do risco”.

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Mostrei, até aqui, duas modalidades sobre a “Teoria do risco”, o risco-proveito e o risco da atividade. Mas a
“Teoria do risco” tem diversas modalidades, a depender do seu âmbito de aplicação e de seus pressupostos.
Em resumo, quais são as principais modalidades da “Teoria do risco”?

Teoria do risco administrativo


• Art. 37, §6º, da CF/1988
• Adotada nos casos de responsabilidade civil objetiva do Estado

Teoria do risco da atividade ou Teoria do risco profissional


• Art. 927, parágrafo único, segunda parte, do CC/2002
• Adotada nos casos de atividades criadoras de riscos a terceiros

Teoria do risco-proveito
• Art. 931 do CC/2002 e CDC
• Adotada nos casos de riscos decorrentes de atividades lucrativas

Teoria do risco criado


• Arts. 936, 937 e 938 do CC/2002
• Adotada nos casos de riscos criados por pessoas ou coisas

Teoria do risco integral


• Art. 14, §1º, da Lei 6.938/1981 e art. 21, inc. XXIII, d, da CF/1988
• Adotada nos casos que não há excludentes de responsabilidade

A partir da “teoria do risco”, o CDC inaugura um novo ramo na responsabilidade civil, pois tem pressupostos
e características peculiares e especiais em relação ao CC/2002. A Teoria é o mote do CDC, já que as
atividades direcionadas ao consumo são criadoras de risco por natureza.

Segundo Sergio Cavalieri Filho, “a responsabilidade civil passou a ser dividida em duas partes: a
responsabilidade tradicional e a responsabilidade nas relações de consumo”. Ou seja, há verdadeira
bipartição da responsabilidade civil, mesmo em se tratando de responsabilidade objetiva, tamanhas são as
peculiaridades presentes na responsabilidade civil prevista no CDC.

Não obstante, deixo de me aprofundar na responsabilidade civil das relações de consumo, dada a
especialidade do tema e dados os limites da proposta de análise do Direito Civil em sentido mais estrito. De
qualquer forma, o ápice da responsabilidade objetiva é o seguro social.

Trata-se de dissolver, espraiar os riscos e danos por toda a sociedade, não mais se restringindo a questão
meramente ao ofensor e à vítima, respectivamente. É possível se visualizar esse fenômeno a partir da função
de socialização de riscos/danos, vista anteriormente.

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Indeniza-se ainda que não se saiba o causador do dano, tutelando-se a vítima ao extremo. Isso ocorre, por
exemplo, no DPVAT e no INSS. Não resta, nesses casos, quase nenhum dano que sem ressarcimento,
justamente o objetivo da responsabilidade objetiva, que se pauta no dano e não na culpa, na vítima e não
no ofensor.

Quando se tratará de responsabilidade subjetiva ou objetiva, sinteticamente? Não há uma resposta fixa,
pois a espécie depende da lei, da atividade e mesmo da jurisprudência. A resposta é casuística, sem
prefixação, e mutável.

Ao longo do tempo, foram sendo construídos alguns “marcos” para fixação das hipóteses de
responsabilidade objetiva e responsabilidade subjetiva. Igualmente, lentamente se constroem as hipóteses
de presunção de culpa, de aplicação de excludentes de responsabilidade etc. A regra, porém, permanece
sendo a responsabilidade civil subjetiva, não esqueça (art. 927, caput, do CC/2002)!

Responsabilidade
Teoria da Culpa Exceções do CC/2002
Objetiva

Responsabilidade
Teoria do Dano Regra do CDC
subjetiva

Socialização dos
Regra do CC/2002 Presunção de culpa danos/riscos: seguro
social

3.2. CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL


É possível distinguir a responsabilidade civil em contratual, ou negocial, e extracontratual, ou aquiliana.
Lembra-se quando eu falei da responsabilidade e disse que a responsabilidade era diferente da obrigação?
Pois bem, “a responsabilidade pode advir do descumprimento de uma obrigação estabelecida entre as partes
ou advir do contato social”.

No primeiro caso, o descumprimento de uma obrigação gerará a responsabilidade civil


contratual quando há a violação de deveres inerentes ao contrato, quando o contratante
deixa de cumprir com o acordado, gerando prejuízo à contraparte. Nesse caso, aplica-se a
disciplina das perdas e danos, prevista nos arts. 389 e ss., dispositivos próprios do Direito das
Obrigações.

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Fala-se, no âmbito da responsabilidade civil contratual, de outra espécie de culpa, a culpa in contrahendo,
que basicamente é a culpa originada do fato de um contratante fazer com que o outro estabeleça um
contrato que claramente gerará prejuízo pelo simples fato de se ter contratado. É, em resumo, uma violação
de algum dos deveres laterais de conduta do princípio da boa-fé objetiva, como o dever de informação, por
exemplo.

Já a responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana se verifica pela ocorrência de ato ilícito


em sentido amplo (ato ilícito stricto sensu e abuso de direito). Não me parece ter havido
mudança substancial em relação ao CC/1916, dado que o art. 187 do CC/2002 trata do abuso de
direito como espécie de ato ilícito, e não como categoria jurídica absolutamente autônoma,
ainda que possa assim ser visto em determinados casos.

A doutrina mais contemporânea estabelece que a responsabilidade civil extracontratual se baseia no contato
social, ou seja, na inexistência de uma relação jurídica prévia entre o causador do dano e a vítima. Nesse
caso, aplica-se o disposto nos arts. 186 e ss.

Segundo boa parte da doutrina brasileira, como Fernando Noronha e Judith Martins-Costa, atualmente é
indiferente classificar a culpa como contratual ou extracontratual, pois os efeitos trazidos pelo CC/2002 são
basicamente os mesmos. É a corrente chamada de monista, que apregoa haver apenas uma forma de
responsabilidade, independentemente de provir de contrato ou contato.

Não obstante, persistem diferenças importantes, como, por exemplo, em relação ao


ônus da prova. Na responsabilidade contratual, por exemplo, basta ao credor
demonstrar o descumprimento de uma cláusula contratual para exigir a
responsabilização do devedor/agente, não sendo necessária a demonstração de culpa.
Já na responsabilidade extracontratual, deve o credor demonstrar a culpa do
devedor/agente para obter a indenização (lembrando que a regra geral é a
responsabilidade subjetiva, que demanda prova de culpa).

Por isso é que você, quando maneja uma ação de despejo contra o locatário, não precisa dizer nada mais do
que “ele não pagou”, sem qualquer prova. Ele, para não pagar, é quem deverá provar algo, como já ter pago,
ou ter consignado em pagamento porque você exigiu valor superior ao devido. A responsabilidade é
contratual.

Agora, se batem no seu carro e você entra com uma ação de reparação, deve mostrar que o sujeito furou a
preferencial, ou não receberá indenização alguma. Por isso, a corrente monista, ainda que “modista”, é
tecnicamente equivocada.

De fato, a legislação e a jurisprudência, no Brasil, aproximaram muito ambas as responsabilidades. Tanto a


ponto de haver quem defenda não existir diferença. Não obstante, há distinções, e importantes, como
mostrei a você.

Parece-me inadequado tratar de hipóteses distintas como se distinção não houvesse; aproximação sim, mas
indistinção, não. Não há um modelo monista ou unitário na origem, na fonte da responsabilidade civil,
consequentemente, mas um modelo binário ou dual.

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4. INDENIZAÇÃO
Verificada a tríade da responsabilidade civil (conduta/ato ilícito/culpa, dano e nexo de causalidade), deve-se
procurar pelo melhor meio para a reparação que seja mais conveniente, tanto ao agente quanto à vítima.
Apesar de a reparação pecuniária ser a primeira a vir à mente quando se pensa em reparação, ela não deve
ser, ao contrário, a mais indicada.

Por isso, vale lembrar que o objetivo da responsabilidade civil é retornar ao status quo ante.
Ou seja, a melhor reparação é aquela que deixa as coisas no estado anterior, como se não
tivesse havido dano. É a chamada “reparação perfeita”.

Assim, a melhor resposta, genericamente falando, não é a pecúnia, mas a reparação do dano
em si, por si. Assim, num acidente automobilístico, o melhor é reparar o veículo; no caso de
uma cirurgia comum malfeita, refazê-la, deixando o paciente “bem”; numa cirurgia plástica, o melhor é
arrumar o defeito; no caso de um produto ruim, o ideal é trocá-lo por um hígido etc.

Mesmo em se tratando de dano extrapatrimonial, a compensação pecuniária não é o único modo de


reparar o dano. Admite-se a reparação in natura, na forma de retratação pública, por exemplo, frisa o
Enunciado 589 da VII Jornada de Direito Civil.

Por vezes, é impossível a reparação específica, “perfeita”, restando somente a indenização correspondente.
Em outros casos, apesar de possível, a reparação em espécie (in natura), não é a melhor saída, seja para o
lesado, seja para o autor do dano. Isso porque ela não será indicada para a reparação integral do dano. Isso
ocorre, por exemplo, num caso de dano estético, pois não é interessante ser operado novamente pelo
mesmo médico.

E, de outra banda, às vezes a reparação em espécie gerará enriquecimento sem causa ao lesado. Exemplo é
a substituição de um bem com problemas, depois de um tempo relativamente longo, já que o bem estaria
desgastado pelo uso e, consequentemente, desvalorizado.

A quantificação dos danos é talvez a maior dificuldade na responsabilidade civil.


Quando a responsabilidade é contratual, podem os contratantes prefixar no próprio
contrato, em uma cláusula penal, os valores de ressarcimento. Se for
responsabilidade extracontratual, o ressarcimento deverá ser verificado caso a caso,
especificamente, segundo regra do art. 946.

Entretanto, a indenização não é aferida de modo amplo, irrestrito e ilimitado, mas segundo os parâmetros
estabelecimentos no art. 402: o que perdeu (dano emergente) e o que deixou de ganhar (lucro cessante).
Porém, quando a indenização versa sobre danos morais, a liberdade do julgador é muitíssimo alargada,
inexistindo qualquer parâmetro legal como limite, seja positivo, seja negativo. O balizamento fica a cargo,
então, da jurisprudência, que vai consolidando entendimentos sobre o quantum caso a caso.

Para compreender como facilitar esse problema, é necessário entender os sistemas de aferição de dano. Eles
são dois:

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A. Sistema aberto (Sistema do arbitramento)

• Em tese, nosso ordenamento se pauta por esse sistema, ou seja, o magistrado pode livremente
fixar o montante da indenização
• Contudo, isso não é de todo verdadeiro, pois há limitações negativas e positivas para o magistrado.
Esse sistema ganhou força com o CC/2002, pois legou ao magistrado mais poder; é um sistema que
preza mais pela justiça do caso, mas tem o ônus de ser mais “inseguro”

B. Sistema tarifário

• É um sistema mais seguro, mas mais problemático, pois exclui a possibilidade de aferição dos danos
reais, de sua extensão real, estabelecendo um quantum fechado, impassível, "pétreo"

Pode-se dizer que o sistema brasileiro é aberto. Tão aberto que o próprio STJ se permite rever decisões das
Cortes inferiores em relação ao quantum da indenização quando ele se revela irrisório ou exorbitante. É
uma exceção criada pela própria Corte relativamente à aplicação da Súmula 7, que veda que no julgado
especial sejam revistas provas ou revolvidos fatos já discutidos nas instâncias ordinárias.

Porém, o sistema de responsabilidade civil brasileiro tem algumas “pitadas tarifárias”. Alguns autores
consideram nosso sistema misto, pois temos na legislação algumas fontes de tarifação, ainda que bastante
restritas. Nos arts. 939 e 940, o legislador coloca o quantum exato para a aferição de danos:

1) Credor demanda dívida não vencida

• Segundo o art. 939, o credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em
que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar
os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.

2) Credor demanda dívida já paga

• O art. 940 estabelece que aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem
ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor,
no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir.

Os danos patrimoniais, via de regra, devem ser provados. Apenas excepcionalmente eles podem ser
presumidos. Em regra, são tarifados, limitados ao montante efetivamente despendido. Já em relação aos
“danos morais”, sempre serão eles arbitrados pelo juiz, não havendo tarifação para tanto, em nenhuma
hipótese.

O STJ estabelece que para a fixação de dano extrapatrimonial deve o juiz determinar a indenização a partir
de arbitramento equitativo. Como o fazer, na prática? A Corte aplica o chamado método bifásico. Assim,
fixa-se montante de indenização que não seja pura aleatoriedade.

Na primeira fase, estabelece-se um valor básico para a indenização, considerando o interesse jurídico lesado,
com base nos precedentes jurisprudenciais que apreciaram casos semelhantes. Essa primeira fase é abstrata,
portanto, sem que se prenda aos meandros do caso concreto.

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Já na segunda etapa, devem ser consideradas as circunstâncias do caso, para fixação definitiva do valor da
indenização, atendendo a determinação legal de arbitramento equitativo pelo juiz. Aqui, inversamente, a
análise não é mais abstrata, mas concreta, sopesando-se as vicissitudes do caso particularmente tomando
em consideração.

Inversamente, a legislação trabalhista tratou de tarifar os danos extrapatrimoniais depois da vigência da


Lei 13.467/2017, que implementou a chamada “reforma trabalhista”. O art. 223-G, §1º, tarifou os danos
extrapatrimoniais, nos seguintes termos:

I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido;

II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido;

III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido;

IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido.

Esses dispositivos, entre outros, foram objeto da ADI 5.870. O pedido vai na esteira da declaração de
inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei 5.250/1967, a Lei de Imprensa, quando do julgamento da ADPF
130. Na ocasião, o STF firmou jurisprudência no sentido de que a indenização por danos decorrentes de
ofensas praticadas pela imprensa não poderia ficar limitada a valores previamente fixados em lei.

Parte relevante da doutrina afiança que qualquer tipo de tarifação quanto a danos morais é, na gênese,
inconstitucional. Nesse mesmo sentido vai o Enunciado 550 da VI Jornada de Direito Civil, ao prever que a
quantificação da reparação por danos extrapatrimoniais não deve estar sujeita a tabelamento ou a valores
fixos.

De volta ao CC/2002, o art. 952 fixa que havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da
coisa, a indenização consiste no pagamento do valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros
cessantes. Em caso de impossibilidade de restituição, deve-se reembolsar o seu equivalente à vítima.

Esse equivalente deve ser estimado pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se
avantaje àquele, determina o parágrafo único. Trata-se do chamado “valor de afeição”. Prevê o Enunciado
561 da VI Jornada de Direito Civil, que mesmo no caso de impossibilidade de restiuição deve-se, além do
reembolso pelo equivalente, indenizar também os lucros cessantes.

No tocante a ofensa à liberdade pessoal, o CC/2002 tem regra específica. Mas, o que se caracteriza como
ofensivo da liberdade pessoal? O art. 954, parágrafo único, em seus incisos, define como ofensivo à liberdade
pessoal o cárcere privado, a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé e a prisão ilegal.

Nesses casos, de acordo com o art. 954, a indenização por ofensa à liberdade pessoal consiste no pagamento
das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido. Caso ele não possa provar prejuízo, cabe ao
juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso,
por aplicação do art. 953, parágrafo único.

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Retomando um tema de Parte Geral, a respeito da caducidade, em regra, segundo o art. 206, § 3º, inc. V,
o prazo da ação de reparação de danos é de 3 anos, contados da data do evento.

Estatui o art. 943 que o direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Assim, mesmo que a vítima morra, seus herdeiros podem exigir indenização; igualmente, se o ofensor
morrer, seus herdeiros continuam obrigados a prestar a indenização, mas o herdeiro não responde por
encargos superiores às forças da herança, claro (art. 1.792).

O Enunciado 454 da V Jornada de Direito Civil evidencia que esse direito abrange inclusive os danos morais,
ainda que a ação não tenha sido iniciada pela vítima. Aqui, a tutela é da própria vítima, inconfundível com o
eventual dano moral por ricochete que tenha sofrido o herdeiro da vítima.

5. EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL


Inicialmente, há de se ter cuidado porque as excludentes da responsabilidade civil serão analisadas
genericamente. Em determinadas situações, porém, por questões de política legislativa, o CC/2002 afasta a
excludente de responsabilidade em certas situações.

Além disso, pode haver uma excludente de responsabilidade civil que não exclui o dever de indenizar;
indeniza-se sem ser o responsável. Há, ainda, outras previsões que não excluem o dever de indenizar, mas
atenuam a responsabilidade civil, como a culpa concorrente prevista no art. 945.

O art. 936, ao tratar da responsabilidade do dono do animal, afasta o dever de indenizar em apenas duas
hipóteses: culpa exclusiva da vítima e força maior. Em outras palavras, se o ato foi de terceiro, mantém-se o
dever de indenizar, apesar de o “fato de terceiro” ser uma excludente da responsabilidade civil.

Há situações em que a ação humana, embora cause dano, com nexo causal, não é
considerada ato ilícito, não gerando, muitas vezes, dever de indenizar. São as hipóteses de
isenção de responsabilidade civil inscritas no art. 188.

Trata-se de atos legitimados pelo direito, pois exercidos com apoio em algumas das seguintes
hipóteses: a) legítima defesa; b) exercício regular de direito reconhecido e c) estado de
necessidade, com destruição de coisa ou lesão a pessoa para remoção de perigo iminente. Apesar de serem
excludentes de responsabilidade, nem sempre excluirão o dever de indenizar (art. 929).

Segundo o art. 65 do CPP/1941, a sentença penal que reconhece as excludentes de antijuridicidade


(legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular de direito)
faz coisa julgada no juízo cível. Isso significa que não é preciso comprovar novamente essas circunstâncias
na esfera cível, como evidencia o art. 935 do CC/2002.

Igualmente, nem sempre a exclusão da antijuridicidade na esfera penal excluirá o dever de indenizar no cível.
Isso porque a esfera cível e a criminal são independentes, havendo grande restrição à comunicação delas, a
teor do referido art. 935.

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Além disso, a ocorrência de caso fortuito, força maior, culpa exclusiva da vítima e a absolvição criminal são
outras possibilidades de exclusão, mas estão fora do âmbito do art. 188. O art. 187, por sua vez, dispõe que
o excesso no exercício de direito é ilícito, consoante os limites dados pela boa-fé e os bons costumes.

As excludentes de responsabilidade podem evidentemente ser aplicados mesmo em se tratando de


responsabilidade objetiva. Ora, o fornecedor responde independentemente de culpa. A pessoa adquire uma
faca e usa para tentar se suicidar. Pode exigir em juízo indenização, postulando a desnecessidade de
comprovação de culpa (responsabilidade objetiva) do fabricante de facas, provando apenas o nexo de
causalidade e o dano? Evidente que não.

Mesmo aos casos do art. 931 do CC/2002 (empresários individuais e empresas) aplicam-se as excludentes da
responsabilidade objetiva, portanto. Esse é o entendimento previsto pelo Enunciado 562 da VI Jornada de
Direito Civil.

Vou analisar excludentes de responsabilidade civil de maneira ampla. Apontarei, inclusive, as situações em
que o dever de indenizar não é afastado ou quando o caso não é configurado tecnicamente como excludente
de responsabilidade civil, ainda que possa ser reconhecido como excludente de responsabilidade penal.

EM RESUMO, SÃO EXCLUDENTES DO DEVER DE INDENIZAR: A LEGÍTIMA DEFESA VERA E PRÓPRIA, O EXERCÍCIO REGULAR
DE DIREITO RECONHECIDO, O ESTADO DE NECESSIDADE PARA REMOÇÃO DE PERIGO IMINENTE, O ESTRITO
CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E A ABSOLVIÇÃO CRIMINAL EM CASO DE INEXISTÊNCIA MATERIAL DO FATO. SÃO
EXCLUDENTES DE NEXO DE CAUSALIDADE: A CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA, A CULPA DE TERCEIRO E O CASO FORTUITO
OU A FORMA MAIOR. É EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE A CLÁUSULA DE NÃO INDENIZAR .

1. Legítima defesa (art. 188, inc. I)

A legítima defesa é uma excludente do dever de indenizar. Não é necessário o prévio julgamento no juízo
criminal para ficar comprovada, pois há independência dos juízos, na forma do art. 935 do CC/2002, como
dito. Mas os requisitos para sua aferição vêm, sem dúvida, do Direito Penal.

O art. 25 do CP/1940 define a legítima defesa como aquela praticada por “quem, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. Assim, pode-
se sintetizar os requisitos para a configuração da legítima defesa:

A) Agressão atual ou iminente e B) Preservação de direito C) Emprego moderado dos


injusta (sem provocação) próprio ou alheio meios

Imprescindível que a defesa seja moderada. Por isso, não é legítima defesa, ainda que defesa seja, o ato de
atirar contra alguém para proteger a posse (o chamado desforço possessório imediato previsto no art. 1.210
do CC/2002). Igualmente abusiva a defesa de quem contra-ataca com socos e pontapés violentos aquele que
o xinga.

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A legítima defesa que ofende a honra não exclui o dever de indenizar. Da mesma forma, se o
resultado da legítima defesa ofende a pessoa estranha à agressão, a responsabilidade de
indenizar subsiste em relação ao terceiro. O ato, embora justificável, não exclui a indenização,
segundo o art. 930, parágrafo único.

Ademais, em caso de acidente ou erro de execução (aberratio ictus), quando o agente, em vez
de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime
contra aquela, prevê o art. 73 do CP/1941. Haverá acidente ou erro de execução também quando, além de
terceiro, atinge-se também a vítima pretendida.

Por isso, pouco importa se o acidente ou erro de execução na pretensa legítima defesa atingiu o ofensor e
um terceiro (aberratio ictus em sentido amplo) ou se o acidente ou erro de execução na pretensa legítima
defesa atingiu apenas um terceiro (aberratio ictus em sentido estrito). Na esfera cível, tanto a aberratio
ictus lato sensu quanto a aberratio ictus stricto sensu geram dever de indenizar.

Evidentemente, pode haver direito de regresso em face daquele em defesa de quem a reação ocorreu
quanto à indenização a ser paga ao terceiro, como estabelece o parágrafo único do art. 930 do CC/2002.
Isso vale tanto para a aberratio ictus lato sensu quanto a aberratio ictus stricto sensu.

Há aqui um detalhe técnico que exige atenção. O parágrafo único do art. 930 estabelece que a ação
regressiva, no caso de legítima defesa, deve ser manejada em face daquele em defesa de quem se causou o
dano.

Ou seja, se defendo uma vítima de um ofensor, mas causo dano a terceiro (aberratio ictus), no ato de
heroísmo, terei de indenizar. Paga a indenização, posso regredir contra a vítima, em defesa de quem causei
o dano, e não contra o ofensor.

Há quem leia o parágrafo único pelo caput, asseverando que a ação regressiva deveria ser manejada em face
do ofensor, apenas. Outros preferem compreender caput e parágrafo único conjuntamente, pelo que a ação
regressiva poderia ser proposta tanto em face da vítima quanto do ofensor.

A primeira posição não me parece defensável; a segunda, ao contrário, mais denfesável. De toda sorte, me
parece que o parágrafo único traz situação diversa da situação prevista no caput.

Se na legítima defesa o causador do dano ao terceiro tivesse de regredir em face do ofensor, bastaria ao
legislador ter previsto uma única norma. Não o fez e ainda deixou claro que as regras eram diferentes,
prevendo, aqui, a regressão em face da vítima.

Pode parecer um tanto injusto, mas a norma é tecnicamente adequada. Isso porque o causador do dano ao
terceiro protegeu bem jurídico da vítima, ao passo que esta é quem tem eventual direito em face do ofensor,
conforme as circunstâncias. Se for o caso, a vítima poderá regredir contra o ofensor, tanto pelo dano sofrido,
quanto pelo montante que teve de desembolsar para indenizar seu protetor.

Por fim, a legítima defesa putativa – em que há erro de fato sobre a situação de legítima defesa – não
exclui a ilicitude, nem o dever de indenizar, se decorreu de negligência na apreciação errônea dos fatos
(REsp 1.433.566).

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2. Estado de necessidade (art. 188, inc. II)

O estado de necessidade é uma excludente do dever de indenizar. Para que se configure o


estado de necessidade vero e próprio, deve haver deterioração/destruição de coisa alheia para
remover perigo iminente, restringindo-se aos casos absolutamente necessários, e desde que
não haja excesso.

Não confunda o estado de necessidade com o estado de perigo (“quando alguém, premido da
necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume
obrigação excessivamente onerosa”). Não confunda também com a lesão (“quando uma pessoa, sob
premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta”). Esses são institutos relativos aos defeitos dos negócios jurídicos, previstos nos
arts. 156 e 157, respectivamente.

Nem sempre o estado de necessidade exclui a ilicitude, pois ele está bem delimitado pelas hipóteses do art.
188, em seu caput e parágrafo único. Segundo o art. 929 do CC/2002, se o dono da coisa ou a pessoa lesada
não forem culpados por causar o perigo, fica-lhes garantido o direito à indenização pelos danos a ser paga
por quem os causou.

(TRF / TRF-2ª Região – 2017) Magnus, com 15 anos de idade, pega a chave do veículo de seu pai e,
ao dirigi-lo com cautela, perto de sua casa, faz desvio para evitar o atropelamento de criancinha que,
de surpresa, avançou sobre a rua. Magnus, ao fazer a manobra salvadora da criança, colide com
veículo da Empresa de Correios e Telégrafos, regularmente estacionado. Assinale a opção correta:

A) Magnus, ao desviar, agiu em estado de necessidade, daí que não há base legal para obrigá-lo, a si
ou a seu responsável, a reparar o dano causado ao veículo da ECT.

B) Admitindo que o pai de Magnus seja condenado a reparar o dano, ele, mais tarde, faz jus a obter o
regresso contra o filho.

C) Embora não se configure o estado de necessidade, o absolutamente incapaz não responde em


termos civis, e apenas seu representante ou responsável pode ser chamado a reparar o dano.

D) Mesmo que se acolha a tese de estado de necessidade, o responsável pelo menor pode, legalmente,
ser condenado a reparar o dano causado à ECT.

E) O estado de necessidade não se caracteriza. Dirigir sem habilitação é ilícito permanente e incide o
Estatuto da Criança e do Adolescente, com responsabilidade civil direta de Magnus e subsidiária de seu
pai.

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Comentários

A alternativa A está incorreta, na conjugação do art. 929 (“Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no
caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do
prejuízo que sofreram”) com o art. 188, inc. II (“Não constituem atos ilícitos a deterioração ou
destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”).

A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por
outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for
descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz”.

A alternativa C está incorreta, como se vê pelo art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que
causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
meios suficientes”.

A alternativa D está correta, consoante mencionado na alternativa A, pela conjugação dos arts. 929 e
188, inc. II.

A alternativa E está incorreta, já que, de acordo com o art. 928 a responsabilidade do menor é
subsidiária, não do genitor.

Porém, há direito de regresso do autor do dano contra quem causou o perigo a ser evitado, nos termos do
art. 930. Consequentemente, se o perigo foi causado pelo próprio dono da coisa ou pessoa lesada, está
afastado o dever de indenizar.

Diferentemente da legítima defesa, no estado de necessidade se aplica o caput do art. 930. Lá, pela regra do
parágrafo único, o autor do dano regride em face da vítima (“aquele em defesa de quem se causou o dano”);
aqui, pela regra do caput, o autor do dano regride em face do terceiro culpado pelo perigo.

Assim, se vejo uma mulher sendo agredida por um ladrão, tomo uma pequena estátua e a arremesso contra
o agressor (legítima defesa de terceiro), terei de indenizar o dono da estátua. Poderei regredir contra a
mulher, para receber o que paguei (e ela, se for o caso, pode regredir contra o ladrão).

Por outro lado, se vejo uma mulher presa em uma casa em chamas, tomo uma pequena estátia e a arremesso
para quebrar a vidraça (estado de necessidade), terei de indenizar o dono da estátua. Poderei regredir contra
quem causou o incêndio, caso não tenha sido o dono da estátua, seja a mulher ou não).

O estado de necessidade enseja dever de indenizar, mesmo que não seja ato ilícito e mesmo
que o ato tenha salvado os interesses de outrem. É caso de responsabilidade objetiva, pois
não é justo que a vítima suporte os prejuízos sob a escusa de que o autor tinha direito de
praticar o dano.

Por isso, é irrelevante que eu tenha salvado 247 crianças que estavam atravessando
desavisadamente a rodovia. Se bati no seu carro, vou ter de indenizar você. Tenho direito de regresso contra
quem deixou a criançada na rua, mas eu indenizarei você, não o responsável pelas crianças.

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Cuidado! Trata-se da lógica do Direito Civil, de uma lógica específica e própria da responsabilidade civil, que
é a tutela da vítima. Mitigando esse entendimento, porém, o STJ (REsp 1.292.141) entende possível a redução
do quantum indenizatório, de modo a evitar onerar demasiadamente o ato de heroísmo em prol do
patrimônio.

3. Exercício regular de direito (art. 188, inc. I)

O exercício regular de direito reconhecido é uma excludente do dever de indenizar. Seu conceito é
autoevidente. Trata-se de um direito reconhecido pelo ordenamento, que é exercido pelo seu titular, de
maneira regular (sim, não há como explicar sem ser tautológico). Ao contrário, se o exercício do direito não
é regular ou o direito não é reconhecido, está configurado o abuso de direito, considerado ato ilícito, por
aplicação do art. 187.

O exercício do direito não pode ir além de um justo limite, portanto, e deve atender à
satisfação de um interesse sério e legítimo. A prova do exercício regular é de quem causa o
dano e não de quem o sofreu, porque este só precisa comprovar a contrariedade do ato com
o direito, nas palavras de Pontes de Miranda.

Como caracterizar o exercício de um direito de maneira regular ou abusiva? É necessário,


primeiro, analisar a legislação, de modo a se evidenciar que, de fato, o direito é reconhecido. Isso porque é
comum as pessoas acharem que têm mais direito do que efetivamente têm, e ainda mais comum se
olvidarem de suas obrigações.

O exemplo mais fácil para demonstrar a tênue linha entre direito e abuso é o direito do credor de cobrar seu
crédito. Inscrever o devedor em serviço de proteção de crédito é direito do credor. Protestar o cheque é um
direito do credor. Coagir o devedor com um “leão de chácara” é abusivo. “Plantar” um carro de som em
frente ao local de trabalho do devedor é abusivo. Enviar cobrança em seu endereço de trabalho (“cartinha
da SERASA”), se foi esse que ele forneceu, é um direito.

Em regra, releva atentar nos princípios contratuais para se analisar se a ação do titular do direito é regular
ou abusiva, em se tratando de relação contratual. Quer outro exemplo?

No caso de inadimplemento das mensalidades escolares, pode a instituição de ensino vedar que o aluno
participe das atividades institucionais ou reter seu histórico escolar, em caso de inadimplemento? Segundo
o STJ (REsp 61.344), não pode a instituição impedir a participação nas atividades escolares (abuso), mas pode
reter o histórico escolar (direito), cumpridas as normas da Lei 8.170/1991 (sob pena de abuso).

4. Estrito cumprimento do dever legal

O estrito cumprimento do dever legal é uma excludente do dever de indenizar. Parte da doutrina aloca
essa hipótese em conjunto com a antecedente, ou seja, um “exercício regular de direito e/ou de função”. No
entanto, são hipóteses diversas, pois a segunda se liga a um dever legal, e não a um direito, como a primeira.

O credor tem um direito de cobrar seu crédito, não um dever. O bombeiro não tem direito de arrombar a
porta para salvar uma pessoa num edifício em chamas, tem dever. Quem tem direito pode optar por não o
exercer, quem tem dever não. O bombeiro “desertor” será punido pela inação; o credor que não cobra, não.

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O cumprimento do dever legal, mesmo que reconhecido no juízo penal, gerando a


absolvição do agente, não obsta sua análise também no juízo cível. Isso porque pode ser
aferida a extensão da conduta lesiva e o grau de culpa, de modo a se verificar se o
cumprimento foi verdadeiramente “estrito”.

Em outras palavras, primeiro, deve ser reconhecido o estrito cumprimento do dever legal.
Veja-se que é “estrito”, ou seja, se o agente transborda, ainda que minimamente, o comando legal, afasta-
se a irresponsabilidade e há dever de indenizar.

Igualmente, se mesmo agindo estritamente dentro da lei, o agente causar dano a terceiro, sem correlação
com o fato, permanece o dever de indenizar. Por fim, o excesso afasta a irresponsabilização, dado que se
verifica, então, abuso de direito.

Os exemplos são numerosos, especialmente na seara policial. O agente público que dispara em via pública
em perseguição a criminosos não age em estrito cumprimento do dever legal. Não há mandamento legal
para que se atire a esmo. Há dever de indenizar.

O agente público que dispara contra criminoso que disparou primeiro, com real chance de ser acertado, não
age em estrito cumprimento do dever legal. Não há mandamento legal para que se atire contra quem atira
em mim. No entanto, há evidente legítima defesa. Não há dever de indenizar.

O agente público que dispara contra criminoso que disparou primeiro, com real chance de ser acertado, e
atinge terceiro não age em estrito cumprimento do dever legal. No entanto, há evidente legítima defesa.
Mas há dever de indenizar em face do terceiro e direito de regresso contra o criminoso.

Por isso, cuidado para não confundir, especialmente na esfera cível, o estrito cumprimento do dever legal e
a legítima defesa. São conceitos a âmbitos de aplicação absolutamente distintos.

5. Caso fortuito ou força maior (art. 393)

O caso fortuito e a força maior são excludentes do nexo de causalidade. O art. 393 estabelece que o
devedor não responde pelos prejuízos resultantes do caso fortuito ou da força maior se não se houver
responsabilizado expressamente.

Há quem distinga o caso fortuito da força maior. Orlando Gomes afiança que o caso fortuito é o evento
imprevisível, humano ou natural, ao passo que a força maior seria o evento previsível, mas inevitável ou
irresistível. Não me parece necessário fazer a distinção porque o CC/2002 não o faz; trata das duas
hipóteses como se fossem termos equívocos e mesmo unívocos.

Além disso, a noção de “previsível” tem sentido peculiar no Direito. Basta assistir à previsão do tempo. Ora,
a chuva não é mais ou menos previsível, em vista dos conhecimentos climáticos que hoje se tem? Ou é
imprevisível? O desabamento de um prédio condenado pela Defesa Civil é previsível ou imprevisível? Como
a vida contemporânea se pauta cotidianamente por cálculos matemáticos de previsibilidade, essa distinção
se mostra ultrapassada, a meu ver.

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Adiante, trabalharei, no caso de “fato de terceiro”, outra distinção existente entre o caso fortuito e a força
maior, que começou já há tempos, mas vem se consolidando apenas mais recentemente. Essa sim me parece
ser uma distinção mais interessante e de aplicabilidade prática relevante.

Superado o ponto, se verificará o caso fortuito ou a força maior nas situações nas quais o evento danoso é
necessário, com efeitos inevitáveis. A chuva forte é evento necessário, em dadas circunstâncias climáticas,
e seus efeitos não podem ser evitados; podem até ser previstos, mas não evitados.

Inversamente, não se verifica caso fortuito ou força maior nas situações nas quais o risco de
dano é inerente à atividade, ou se poderia falar que é inerente a um carro explodir, já que ele
traz numerosos compostos químicos explosivos, pode explodir espontaneamente. Não há
lógica nesse raciocínio.

A regra de que o caso fortuito e a força maior afastam o dever de indenizar é sujeita a exceções. Essas
exceções, no entanto, são esparsas, vistas especificamente em cada situação que enseja o dever de
indenizar.

Por exemplo, nos casos de mora do devedor, antes da tradição da coisa incerta; ou no comodato, quando o
comodatário salva as coisas próprias primeiro. Mesmo em havendo caso fortuito ou força maior, perdura o
dever de indenizar, por expressa previsão legal.

6. Culpa exclusiva da vítima (art. 945)

A culpa exclusiva da vítima é uma excludente do nexo de causalidade. O ato da vítima é o fato gerador do
evento danoso, ou seja, a gravidade da sua culpa, em confronto com a do autor, é de 100%. Como o art. 945
estabelece que a indenização é fixada tomando-se em conta as “culpas” do autor e do réu, se o próprio autor
tem 100% de responsabilidade, ele terá 0% de dano indenizado.

É o que ocorre, por exemplo, no caso do condutor de um veículo que, notoriamente embriagado, sonolento
ou desatento, bate o carro em um poste ou bate em outro carro, sem que a via, o veículo ou outros
elementos tenham turvado suas condições ao dirigir.

Nos casos de culpa ou fato exclusivo da vítima inexiste o nexo causal entre o dano e a conduta do autor.
A própria vítima é a causadora do dano. Não confunda essa hipótese com a culpa concorrente entre a
vítima e o autor do dano; nesse caso há dever de indenizar, mas o quantum da indenização é obviamente
reduzido.

Todas essas situações não impedem, contudo, a cobertura de danos por seguro que estabelece reparação
independentemente de culpa ou tão somente com a verificação do dano. Isso porque a situação se conecta
com uma relação contratual prevista exatamente para abarcar essas situações, também.

7. Fato exclusivo de terceiro

O fato exclusivo de terceiro é uma excludente do nexo de causalidade. Inicialmente, necessário é


caracterizar quem é o terceiro. Em se tratando de responsabilidade contratual, é fácil compreender que

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qualquer um que não seja um dos contratantes é terceiro. No entanto, na responsabilidade extracontratual
ou aquiliana, a tarefa não é tão simples.

O funcionário é um terceiro, relativamente a dano causado por ele nas dependências da sede da sociedade
empresarial? E um ex-funcionário que causa dano, é terceiro, relativamente a empregado atual? A
jurisprudência é vacilante quanto à exclusão da responsabilidade civil por fato de terceiro.

Não me parece muito adequado traçar – merecidas – teorizações mais aprofundadas a respeito do tema,
pois isso não ajudaria muito numa prova. Por isso, parece-me mais adequado, a partir das minhas
percepções da jurisprudência, traçar a seguinte correlação:

Semelhante a: Força Afasta-se o dever de


Maior Fortuito Externo indenizar

Caso de: Fato de terceiro

Semelhante a: Fortuito Não se afasta o dever de


Interno indenizar

Cheguei a essas conclusões com base numa passagem de um julgado do STJ (REsp 976.564) bem elucidativo
que tomou algumas lições que vêm sendo desenvolvidas pela doutrina já há algum tempo. Em resumo,
afasta-se a distinção clássica entre o caso fortuito e a força maior e se constrói uma nova:

A força maior deve ser entendida, atualmente, como espécie do gênero fortuito externo, do qual
faz parte também a culpa exclusiva de terceiros, os quais se contrapõem ao chamado fortuito
interno. O roubo, mediante uso de arma de fogo, em regra é fato de terceiro equiparável a força
maior, que deve excluir o dever de indenizar, mesmo no sistema de responsabilidade civil
objetiva.

Complementando esse raciocínio, o gênero seria o caso fortuito, que comportaria duas espécies, o fortuito
externo e o fortuito interno. Externamente, o fortuito poderia ser subdividido em duas espécies, a força
maior, fruto da natureza, e a culpa exclusiva de terceiro, fruto de ação humana (desde que exclusive e não
semelhante ao fortuito interno). Esquematicamente, pode-se dividir o caso fortuito em:

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Fortuito externo (inevitável e irresistível ao Fortuito interno (evitável ou resistível do


ofensor) ofensor)

Força maior (natural)

Culpa de terceiro (humano)

Assim, por exemplo, o STJ estabelece que o roubo de joias depositadas em cofre de banco não constitui fato
de terceiro, porque equiparado ao fortuito interno, pelo que há dever de indenizar. No entanto, o roubo de
carga a ser transportada do depósito de transportadora que mantém segurança razoável se equipara à força
maior, espécie do gênero fortuito externo, não gerando dever de indenizar.

Tentando simplificar a controvérsia, o Enunciado 443 da V Jornada de Direito Civil expõe que o caso fortuito
e a força maior somente serão considerados como excludentes da responsabilidade civil quando o fato
gerador do dano não for conexo à atividade desenvolvida. Vale dizer, se for fortuito interno, típico da
atividade, não há que se excluir o dever de indenizar.

8. Cláusula de não indenizar

A cláusula de não indenizar, cláusula de irresponsabilidade ou ainda cláusula excludente de responsabilidade


é objeto de controvérsia. Esse tipo de cláusula, evidentemente, não se aplica a situações de
responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana, mas somente à responsabilidade civil contratual.

Por isso, aquelas placas que ficam nos muros de algumas casas (“Cuidado! Cão feroz. Não nos
responsabilizamos por eventuais danos”) é evidentemente descabida. O mesmo vale para condomínios, em
relação a danos causados nas garagens, e para outras relações que derivam do contato social.

'Esse tipo de cláusula não é permitida, de antemão, nas relações consumeristas, por força do art. 51, inc. I,
do CDC. Também proibida em contratos de adesão não consumeristas, por violação do art. 424 do CC/2002.
Igualmente, vedada sua utilização em casos de crime ou de ato doloso, pois ela vigeria talqualmente uma
condição meramente potestativa, proibida pelo art. 122 do CC/2002.

No entanto, de maneira restrita e justificada, a doutrina e a jurisprudência aceitam sua


aplicação. A jurisprudência acaba construindo essas hipóteses, casuisticamente.

Exemplo é a cláusula securitária que exige instalação de rastreador ou escolta armada, sob pena
de exclusão da garantia, a chamada “cláusula de gerenciamento de riscos”, reputada válida pelo
STJ (REsp 1.314.318). A Corte, igualmente, mantém a cláusula de exclusão de cobertura de danos morais em
contrato de seguro automobilístico caso esteja ela expressamente prevista (AgRg no AREsp 378.288).

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O Enunciado 631 da VIII Jornada de Direito Civil vai além, ao trazer permissão de exclusão ainda mais ampla.
Estabelece ele que como instrumento de gestão de riscos na prática negocial paritária, é lícita a estipulação
de cláusula que exclui a reparação por perdas e danos decorrentes do inadimplemento (cláusula excludente
do dever de indenizar) e de cláusula que fixa valor máximo de indenização (cláusula limitativa do dever de
indenizar).

9. Absolvição criminal

Segundo o art. 66 do CPP, a absolvição criminal não impede a responsabilização civil se não
houve sido reconhecida a inexistência material do fato. Ou seja, se o sujeito é absolvido por
falta de provas, por exemplo, não há afastamento do dever de indenizar.

A absolvição criminal só seria impeditiva de reconhecimento da responsabilidade civil se o juiz


criminal reconhecesse, na sentença, que não houve conduta do agente apontado como causador do dano.
O Estado de dúvida, consequentemente, não impede a busca pela reparação e o dever de indenizar.

Excludentes de responsabilidade

Legítima defesa
Estado de necessidade
Exercício regular de direito reconhecido
Estrito cumprimento do dever legal
Caso fortuito e força maior
Culpa exclusiva da vítima
Fato exclusivo de terceiro (equiparada à força maior)
Cláusula contratual de exclusão de responsabilidade
Absolvição criminal por inexistência material do fato

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JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
Diferentemente do habitual, vou dividir a análise aqui por “temas”, já que há certo pot-pourri de julgados
que aparecem nas provas. São eles:

1. Cálculo da indenização
2. Prescrição da indenização
3. Pessoa jurídica
4. Dano in re ipsa
5. Teoria da perda de uma chance
6. Seguro automobilístico e DPVAT
7. Depósito (estacionamentos, bagagens etc.)

1. Cálculo da indenização

A antiga Súmula 159 do STF já impunha limitação ao art. 1.531 do CC/1916 (art. 940 do CC/2002), cuja
previsão era de indenização em dobro no caso de cobrança indevida. Segundo a Corte, a cobrança de dívida
já paga ou a cobrança em excesso, mas de boa-fé, não impõe pagamento de indenização pelo dobro ou
pelo valor simples, respectivamente, a depender do caso:

STF Súmula 159


Cobrança excessiva, mas de boa-fé, não dá lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil.

Em se tratando de indenização medida em salários mínimos, a Súmula 490 do STF determina que devem ser
calculados os salários vigentes ao tempo da sentença. Assim, irrelevante o valor do salário ao tempo da
inicial ou do trânsito em julgado. O valor do salário mínimo vigente ao tempo da sentença deve ser corrigido,
evidentemente, na fase de execução:

STF Súmula 490


A pensão correspondente à indenização oriunda de responsabilidade civil deve ser calculada com
base no salário-mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às variações ulteriores.

Quando se pensa em indenização por morte, logo se pensa na capacidade laborativa do falecido e qual o
impacto da morte dele nas finanças familiares. No entanto, o STF determina que a morte de menor, mesmo
que não exerça trabalho remunerado, gera dever de indenizar.

Isso porque há a presunção de que ele contribuiria nas finanças domésticas, ao iniciar o labor. Esse
entendimento é apontado como indevido por parte da doutrina, especialmente porque esse entendimento
pretendia indenizar materialmente os pais num tempo em que o dano moral era controvertido.

STF Súmula 491

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É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho
remunerado.

Em se tratando de indenização paga em prestações periódicas deve levar em consideração a incidência do


imposto de renda. Atente porque os dispositivos referidos pela Súmula, art. 911 (“No arbitramento da
indenização proveniente de ato ilícito, os lucros cessantes serão convertidos em prestação de renda ou
pensão, mediante pagamento de capital que, aos juros legais, assegure as prestações devida”) e 912 (“A
indenização referida no artigo anterior será fixada, sempre que possível, na ação principal, e compreenderá
as custas judiciais, os honorários de advogado, as pensões vencidas e respectivos juros, devendo a sentença
determinar a aplicação do capital em títulos da dívida pública federal para a constituição da renda”) dizem
respeito ao CPC/1939, não havendo mais dispositivo igual no CPC/2015. De qualquer forma, a compreensão
do STF de que o valor deve considerar o abatimento feito pelo imposto de renda permanece:

STF Súmula 493


O valor da indenização, se consistente em prestações periódicas e sucessivas, compreenderá,
para que se mantenha inalterável na sua fixação, parcelas compensatórias do imposto de renda,
incidente sobre os juros do capital gravado ou caucionado, nos termos dos arts. 911 e 912 do
Código de Processo Civil.

A correção monetária, nas ações de indenização que têm por base um ato ilícito, incide a partir da data do
efetivo prejuízo, em se tratando de dano material:

STJ Súmula 43
Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo.

Cuidado para não confundir, pois no caso de indenização por dano moral, a correção monetária não incide
desde o efetivo prejuízo, mas desde a data do arbitramento. Isso porque a sentença judicial é aí constitutiva
do direito, e não meramente declaratória, surgindo o dever de indenizar, apenas, após a decisão judicial
respectiva:

STJ Súmula 362


A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do
arbitramento.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, os juros moratórios se aplicam desde a data do evento danoso, em
se tratando de responsabilidade extracontratual:

STJ Súmula 54
Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade
extracontratual.

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A cobrança dos juros moratórios será feita de maneira simples pelos responsáveis pela indenização, só se
cobrando juros compostos daquele que praticou o ato ilícito. Assim, empregadores e aquele que recebe
produto de crime, gratuitamente, por exemplo, indenizam com a cobrança simples de juros, sendo que os
empregados e os criminosos que praticaram o furto ou roubo respondem por juros compostos:

STJ Súmula 186


Nas indenizações por ato ilícito, os juros compostos somente são devidos por aquele que praticou
o crime.

A Súmula 281 do STJ já não mais se aplica mais aos danos morais praticados pela imprensa. Isso porque a Lei
5.250/1967 – Lei de Imprensa, foi declarada inconstitucional pelo STF, pela ausência de recepção pela
CF/1988 no âmbito da ADPF 130, em 2009, relativamente aos dispositivos que previam tarifação do dano.

No entanto, a Súmula é de 2004, cinco anos antes da ADPF 2009. O STJ, portanto, foi pioneiro ao vedar a
tarifação legal no caso de dano extrapatrimonial. Em sua perspectiva mais ampla, ademais, ela prevê que
não pode haver qualquer tarifação ou escalonamento objetivo nas indenizações por dano moral:

STJ Súmula 281


A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa.

A constituição de capital para pagamento de indenização na forma de pensionamento à vítima independe


da situação financeira do executado. Assim, apenas porque o executado tem condições de arcar, no
presente, com a pensão derivada de ato ilícito, isso não significa que sua situação se manterá no futuro, pelo
que pode ser determinada a constituição de capital do mesmo modo:

STJ Súmula 313


Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou caução
fidejussória para a garantia de pagamento da pensão, independentemente da situação financeira
do demandado.

A valor dado à causa relativamente ao dano moral, ou o valor pedido a título de danos morais, é meramente
ilustrativo, de alçada. Por isso, a procedência do pedido, mas em montante inferior ao pedido, não
caracteriza sucumbência recíproca, já que houve atendimento ao pedido de condenação pelo dano moral
ocasionado:

STJ Súmula 326


Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na
inicial não implica sucumbência recíproca.

A Súmula 580 do STJ apenas veio aclarar um entendimento que é lógico do ponto de vista da Teoria das
Obrigações. A correção monetária, em regra, incide desde o momento no qual o desembolso foi feito, ou
desde que a pessoa deveria receber determinado valor, mas não recebeu, por algum motivo.

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O caput do art. 5º da Lei 6.194/1974, que trata do DPVAT, é claro ao dispor que “o pagamento da indenização
será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente, independentemente da existência
de culpa, haja ou não resseguro, abolida qualquer franquia de responsabilidade do segurado”. Ou seja, provei
que teve acidente? Recebo indenização.

Logo, a indenização me é devida, pela leitura do art. 5º, desde o momento no qual o acidente ocorreu. Se
não recebi a indenização nessa data, estou perdendo dinheiro pela desvalorização da moeda, o que atrai a
aplicabilidade da correção monetária. Por isso, a correção monetária na indenização do seguro DPVAT é
devida desde a data do evento danoso:

STJ Súmula 580


A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou invalidez, prevista no §
7º do art. 5º da Lei n. 6.194/1974, redação dada pela Lei n. 11.482/2007, incide desde a data do
evento danoso.

O STJ estabelece que para a indenização por dano extrapatrimonial deve se dar por arbitramento
equitativo, a partir da aplicação do chamado método bifásico. Ao longo da aula eu mostrei a você,
resumidamente, como funciona o método bifásico.

Parte da doutrina critica esse julgado por duas razões. Primeiro, porque ele feriria a impossibilidade de
tarifação do dano extrapatrimonial. Segundo, porque ele seria bifásico apenas na superfície, mas monofásico
na gênese. Isso porque os elementos da segunda fase estariam contidos já na primeira:

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. MORTE DE MENOR POR AFOGAMENTO.


RESPONSABILIDADE DO CLUBE PELA FALHA NO SERVIÇO. DANO MORAL. QUANTUM
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO. MÉTODO BIFÁSICO. NÚCLEO
FAMILIAR. SUJEITO DO DANO. NECESSIDADE DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. PENSÃO
MENSAL DEVIDA. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por danos
morais, atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais
arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a
tarifação do dano. Traz um ponto de equilíbrio, pois se alcançará uma razoável correspondência
entre o valor da indenização e o interesse jurídico lesado, além do fato de estabelecer montante
que melhor corresponda às peculiaridades do caso. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da
indenização é arbitrado tendo-se em conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os
precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo de casos). Na segunda fase, ajusta-se o
valor às peculiaridades do caso, com base nas suas circunstâncias (gravidade do fato em si,
culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes),
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz
(REsp 1332366/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
10/11/2016, DJe 07/12/2016).

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2. Prescrição da indenização

A ação do segurado em face do segurador, em caso de verificação de sinistro, prescreve no curto prazo de
1 ano, segundo o STJ. Assim, não se aplica o prazo trienal para a reparação civil, mas o prazo específico ânuo
do art. 206, §1º, inc. II, alíneas a”” e “b”:

STJ Súmula 101


A ação de indenização do segurado em grupo contra a seguradora prescreve em um ano.

A Súmula 39 do STJ, de 1992, ainda trata da prescrição sob a perspectiva do CC/1916, pelo que precisa ser
relida à luz do CC/2002. Assim, prescreve em 10 anos a ação de indenização por responsabilidade civil
contra sociedade de economia mista:

STJ Súmula 39
Prescreve em vinte anos a ação para haver indenização, por responsabilidade civil, de sociedade
de economia mista.

A Corte tem entendimento sedimentando há tempos que “a demora na busca da reparação do dano moral
é fator influente na fixação do quantum indenizatório, a fazer obrigatória a consideração do tempo decorrido
entre o fato danoso e a propositura da ação” (EREsp 526.299). Isso porque a Corte tem entendimento de
que o dano moral tem certa natureza de “dor”.

A despeito de numerosos julgados em contrário, fixando-se, em geral, a tese de que o dano moral se liga à
violação de algum aspecto da dignidade da pessoa humana, aqui se vê como, no fundo, o julgador ainda
trabalha com a perspectiva de que o dano moral é sim sinônimo de sofrimento ou dor. Do contrário, não
faria sentido em reduzir o valor da indenização com o passar do tempo, já que há não prescrição contínua
no ordenamento jurídico brasileiro. Fica o questionamento, em todo caso.

Porém, a Corte entendeu que esse posicionamento não se coaduna com a situação em que o autor da ação
de indenização era absolutamente incapaz à época do infortúnio. Por isso, o STJ, acertadamente,
compreendeu que o entendimento consolidado na Corte acerca da redução do quantum indenizatório pela
demora na propositura da demanda não deve ser aplicado em se tratando de absolutamente incapaz:

AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO.


TRANSPORTE DE PASSAGEIROS. MORTE DO GENITOR. FILHAS MENORES. DEMORA PARA
AJUIZAMENTO DA DEMANDA. DESINFLUÊNCIA NO ARBITRAMENTO. A demora na busca da
compensação por dano moral, quando justificada pela interrupção prescricional da pretensão
dos autores – menores à época do evento danoso – não configura desídia apta a influenciar a
fixação do valor indenizatório (REsp 1.529.971-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por
unanimidade, julgado em 12/9/2017, DJe 19/9/2017).

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3. Pessoa jurídica

De modo a encerrar qualquer controvérsia, a Súmula 227 estabelece de maneira bastante clara e objetiva
que a pessoa jurídica pode ser indenizada na ocorrência de dano moral, por equiparação às pessoas físicas.
Vale lembrar que essa súmula é de 1999, ou seja, ainda antes da existência do art. 52 do CC/2002 que ao
dizer que se aplica “às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”,
sedimentou o entendimento jurisprudencial a respeito do cabimento de danos morais às pessoas jurídicas:

STJ Súmula 227


A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

Pode sofrer pessoa jurídica de direito público dano moral? Segundo o STJ, não, por subversão à lógica dos
danos e pela possibilidade de subversão da ordem democrática:

DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INFORMAÇÕES VEICULADAS EM


REDE DE RÁDIO E TELEVISÃO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL AJUIZADA POR
MUNICÍPIO CONTRA O PARTICULAR. IMPOSSIBILIDADE. DIREITOS FUNDAMENTAIS. PESSOA
JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. RECONHECIMENTO LIMITADO. Em razão disso, de modo geral, a
doutrina e jurisprudência nacionais só têm reconhecido às pessoas jurídicas de direito público
direitos fundamentais de caráter processual ou relacionados à proteção constitucional da
autonomia, prerrogativas ou competência de entidades e órgãos públicos, ou seja, direitos
oponíveis ao próprio Estado e não ao particular. Porém, ao que se pôde pesquisar, em se tratando
de direitos fundamentais de natureza material pretensamente oponíveis contra particulares, a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal nunca referendou a tese de titularização por pessoa
jurídica de direito público. No caso em exame, o reconhecimento da possibilidade teórica de o
município pleitear indenização por dano moral contra o particular constitui a completa subversão
da essência dos direitos fundamentais, não se mostrando presente nenhum elemento
justificador do pleito, como aqueles apontados pela doutrina e relacionados à defesa de suas
prerrogativas, competência ou alusivos a garantias constitucionais do processo. Pretende-se a
responsabilidade de rede de rádio e televisão local por informações veiculadas em sua
programação que, como alega o autor, teriam atingido a honra e a imagem da própria
Municipalidade. Tal pretensão representa real ameaça a centros nervosos do Estado
Democrático de Direito, como a imprensa livre e independente, ameaça que poderia voltar-se
contra outros personagens igualmente essenciais à democracia. A Súmula n. 227/STJ constitui
solução pragmática à recomposição de danos de ordem material de difícil liquidação - em regra,
microdanos - potencialmente resultantes do abalo à honra objetiva da pessoa jurídica. Cuida-se,
com efeito, de resguardar a credibilidade mercadológica ou a reputação negocial da empresa,
que poderiam ser paulatinamente fragmentadas por violações a sua imagem, o que, ao fim e ao
cabo, conduziria a uma perda pecuniária na atividade empresarial. Porém, esse cenário não se
verifica no caso de suposta violação à imagem ou à honra - se existente - de pessoa jurídica de
direito público (REsp 1258389/PB, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 17/12/2013, DJe 15/04/2014).

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3. Dano in re ipsa

A doutrina defende que a possibilidade de considerar o dano moral como in re ipsa decorre da existência de
uma comunhão de valores éticos e sociais ou, ainda, de uma essência comum universal dos seres humanos.
Nessa linha de raciocínio, e considerando a falta dessa “essência comum”, é impossível ao julgador avaliar a
existência e a extensão de danos morais supostamente sofridos pela pessoa jurídica, sem qualquer tipo de
comprovação. Disso não decorre, contudo, a impossibilidade da utilização de presunções ou regras de
experiência no julgamento de pedidos de indenização por danos morais sofridos por pessoa jurídica.

Nesse sentido, apesar de incabível haver dano moral in re ipsa em favor de pessoa jurídica, cabíveis
presunções a respeito, como é o caso de protesto indevido de cambial ou outros documentos de dívida,
mesmo tendo o pagamento sido feito em atraso:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. PROTESTO INDEVIDO. PAGAMENTO EM ATRASO.


DANOS MORAIS. PESSOA JURÍDICA. Para a pessoa jurídica, o dano moral não se configura in re
ipsa, por se tratar de fenômeno muito distinto daquele relacionado à pessoa natural. É, contudo,
possível a utilização de presunções e regras de experiência no julgamento (REsp 1564955/SP, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/02/2018, DJe 15/02/2018).

Há, em algumas situações, entendimento consolidado de que certos danos são in re ipsa, ou seja, dispensam
a prova do dano. Ou seja, a pessoa não precisa provar qualquer violação a direito de personalidade ou que
efetivamente tenha “sofrido” ou passado por situações vexatórias.

Basta provar que há uma conduta violadora e nexo de causalidade entre ela e o alegado dano
extrapatrimonial, presumindo-se o dano. É o caso da devolução indevida de cheque, que gera dever de
indenizar, verificando-se aí dano in re ipsa, ou seja, dano que dispensa prova. Desnecessário é demonstrar
“sofrimento” ou efetivo prejuízo; basta comprovar a conduta:

STJ Súmula 388


A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.

Outra situação de presunção de dano (dano in re ipsa) está na publicação indevida, sem autorização, de
imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. Basta provar a conduta e o nexo de causalidade para
se verificar dano moral indenizável:

STJ Súmula 403


Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de
pessoa com fins econômicos ou comerciais.

O STJ reconhece a existência de dano material no caso de uso indevido da marca, uma vez que a própria
violação do direito se revela capaz de gerar lesão à atividade empresarial do titular, como, por exemplo, no
desvio de clientela e na confusão entre as empresas, acarretando inexorável prejuízo. O dano moral por uso
indevido da marca é aferível in re ipsa, ou seja, sua configuração decorre da mera comprovação da prática

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de conduta ilícita, revelando-se despicienda a demonstração de prejuízos concretos ou a comprovação


probatória do efetivo abalo moral:

RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. USO INDEVIDO DE MARCA DE EMPRESA.


SEMELHANÇA DE FORMA. DANO MATERIAL. OCORRÊNCIA. PRESUNÇÃO. DANO MORAL.
AFERIÇÃO. IN RE IPSA. DECORRENTE DO PRÓPRIO ATO ILÍCITO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. RECURSO
PROVIDO (REsp 1327773/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
28/11/2017, DJe 15/02/2018).

5. Teoria da perda de uma chance

A vedação de revolvimento de fatos e de revisão de provas pelo STJ é bastante contundente, sendo que a
esmagadora maioria dos casos que chegam à Corte não têm o mérito analisado por esbarrarem na Súmula
7. No entanto, a própria Corte excepciona o entendimento consolidado nesse enunciado quanto ao dano
moral, permitindo-se rever os valores quando eles são irrisórios ou exagerados. Esse entendimento é
bastante antigo já no STJ:

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. VALOR DA CONDENAÇÃO. CIRCUNSTÂNCIAS.


PRECEDENTES. O valor da indenização por dano moral sujeita-se ao controle do Superior Tribunal
de Justiça, notadamente quando o quantum contraria a razoabilidade, mostrando-se exagerado
ou irrisório, distanciando-se das finalidades da lei. Na espécie, diante das circunstâncias, e
também em face dos precedentes da Turma, o valor fixado mostrou-se modesto, a reclamar
elevação (AgRg no REsp 324.130/DF, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA
TURMA, julgado em 20/09/2001, DJ 04/02/2002, p. 386).

O STJ reconheceu a aplicação da “Teoria da perda de uma chance”, em 2005, no caso do “Show do Milhão”
pela primeira vez. Posteriormente, a Corte ainda aplicou a Teoria a outras situações, especialmente em casos
advocatícios (perda de prazo) e médicos (perda de capacidade física).

É aplicável a “Teoria da perda de uma chance” à situação na qual o advogado perde o prazo para interpor
medida que poderia beneficiar o cliente. A indenização pode abranger tanto danos materiais quanto danos
morais. No entanto, a perda do prazo não gera, automaticamente, dever de indenizar decorrente da
aplicação da Teoria, mas se deve analisar a real probabilidade de sucesso da demanda, em casos análogos,
frustrada pela desídia do causídico (REsp 993.936/RJ):

RESPONSABILIDADE DE ADVOGADO PELA PERDA DO PRAZO DE APELAÇÃO. TEORIA DA PERDA


DA CHANCE. APLICAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. DEFICIÊNCIA NA
FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE DE REVISÃO DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7,
STJ. APLICAÇÃO. A responsabilidade do advogado na condução da defesa processual de seu
cliente é de ordem contratual. Embora não responda pelo resultado, o advogado é obrigado a
aplicar toda a sua diligência habitual no exercício do mandato. Ao perder, de forma negligente,
o prazo para a interposição de apelação, recurso cabível na hipótese e desejado pelo mandante,
o advogado frusta as chances de êxito de seu cliente. Responde, portanto, pela perda da
probabilidade de sucesso no recurso, desde que tal chance seja séria e real. Não se trata,

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portanto, de reparar a perda de “uma simples esperança subjetiva”, nem tampouco de conferir
ao lesado a integralidade do que esperava ter caso obtivesse êxito ao usufruir plenamente de
sua chance. A perda da chance se aplica tanto aos danos materiais quanto aos danos morais
(REsp 1079185/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/11/2008,
DJe 04/08/2009).

É aplicável a “Teoria da perda de uma chance” à situação na qual o político perde a eleição por margem
ínfima de votos por conta da divulgação de notícias falsas a seu respeito, às vésperas da eleição. Assim, em
que pese não poder ele retomar o mandato eletivo, já que perdeu o pleito, pode haver indenização por conta
do ocorrido:

RECURSO ESPECIAL. 1) NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL AFASTADA. 2) PERDA DE


CHANCE QUE GERA DEVER DE INDENIZAR. 3) CANDIDATO A VEREADOR, SOBRE QUEM
PUBLICADA NOTÍCIA FALSA, NÃO ELEITO POR REDUZIDA MARGEM DE VOTOS. 4) FATO DA PERDA
DA CHANCE QUE CONSTITUI MATÉRIA FÁTICA NÃO REEXAMINÁVEL PELO STJ. As Turmas que
compõem a Segunda Seção desta Corte vêm reconhecendo a possibilidade de indenização pelo
benefício cuja chance de obter a parte lesada perdeu, mas que tinha possibilidade de ser obtida.
Aplica-se a teoria da perda de uma chance ao caso de candidato a Vereador que deixa de ser
eleito por reduzida diferença de oito votos após atingido por notícia falsa publicada por jornal,
resultando, por isso, a obrigação de indenizar (REsp 821.004/MG, Rel. Ministro SIDNEI BENETI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 19/08/2010, DJe 24/09/2010).

A “Teoria da perda de uma chance” tem grande aplicação na seara médica, especialmente nos casos de
dano à pessoa. Caso comum de visualização dela é quando o médico dispensa tratamento evidentemente
inadequado de acordo com a literatura médica especializada, reduzindo as chances de cura do paciente.

Essa situação, aliada à morte da pessoa, deve ser vista com cuidado. Em princípio, o dano é causado por
força da doença, e não pela falha de tratamento. No entanto, se há participação do médico nesse resultado,
possível se falar em dever de indenizar pela chance perdida:

DIREITO CIVIL. CÂNCER. TRATAMENTO INADEQUADO. REDUÇÃO DAS POSSIBILIDADES DE CURA.


ÓBITO. IMPUTAÇÃO DE CULPA AO MÉDICO. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA TEORIA DA
RESPONSABILIDADE CIVIL PELA PERDA DE UMA CHANCE. REDUÇÃO PROPORCIONAL DA
INDENIZAÇÃO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. O STJ vem enfrentando diversas
hipóteses de responsabilidade civil pela perda de uma chance em sua versão tradicional, na qual
o agente frustra à vítima uma oportunidade de ganho. Nessas situações, há certeza quanto ao
causador do dano e incerteza quanto à respectiva extensão, o que torna aplicável o critério de
ponderação característico da referida teoria para a fixação do montante da indenização a ser
fixada. Precedentes. Nas hipóteses em que se discute erro médico, a incerteza não está no dano
experimentado, notadamente nas situações em que a vítima vem a óbito. A incerteza está na
participação do médico nesse resultado, à medida que, em princípio, o dano é causado por força
da doença, e não pela falha de tratamento. Conquanto seja viva a controvérsia, sobretudo no
direito francês, acerca da aplicabilidade da teoria da responsabilidade civil pela perda de uma
chance nas situações de erro médico, é forçoso reconhecer sua aplicabilidade. Basta, nesse

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sentido, notar que a chance, em si, pode ser considerado um bem autônomo, cuja violação pode
dar lugar à indenização de seu equivalente econômico, a exemplo do que se defende no direito
americano. Prescinde-se, assim, da difícil sustentação da teoria da causalidade proporcional.
Admitida a indenização pela chance perdida, o valor do bem deve ser calculado em uma
proporção sobre o prejuízo final experimentado pela vítima. A chance, contudo, jamais pode
alcançar o valor do bem perdido. É necessária uma redução proporcional (REsp 1254141/PR, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 20/02/2013).

A “Teoria da perda de uma chance” também se aplica aos casos nos quais não é feita a coleta de células-
tronco de recém-nato cujos pais contratam o serviço, gerando dano moral indenizável. Irrelevante que a
criança que mova a ação esteja em tenra idade, porque, como já assentado na jurisprudência, o
absolutamente incapaz (com menos de 16 anos) e mesmo o nascituro podem sofrer achaques que originam
o dever de indenizar:

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PERDA DE UMA CHANCE. DESCUMPRIMENTO DE


CONTRATO DE COLETA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS DO CORDÃO UMBILICAL DO
RECÉM NASCIDO. NÃO COMPARECIMENTO AO HOSPITAL. LEGITIMIDADE DA CRIANÇA
PREJUDICADA. DANO EXTRAPATRIMONIAL CARACTERIZADO. Demanda indenizatória movida
contra empresa especializada em coleta e armazenagem de células tronco embrionárias, em face
da falha na prestação de serviço caracterizada pela ausência de prepostos no momento do parto.
Não se exige a comprovação da existência do dano final, bastando prova da certeza da chance
perdida, pois esta é o objeto de reparação. Caracterização de dano extrapatrimonial para criança
que tem frustrada a chance de ter suas células embrionárias colhidas e armazenadas para, se for
preciso, no futuro, fazer uso em tratamento de saúde (REsp 1291247/RJ, Rel. Ministro PAULO DE
TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/08/2014, DJe 01/10/2014).

O STJ entende que, demonstrada a chance real de ganho, a perda de um prazo pelo atraso na entrega da
correspondência é conduta sujeita à reparação pecuniária pela aplicação da “Teoria da perda de uma
chance”:

RECURSO ESPECIAL - PROCESSUAL CIVIL - CIVIL - TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE -


PARTICIPAÇÃO EM PROCESSO LICITATÓRIO - IMPOSSIBILIDADE - ENVIO DA PROPOSTA PELO
CORREIO A ESTADO DIVERSO DA FEDERAÇÃO - POSSIBILIDADE CONCRETA DE ÊXITO - PREJUÍZO
REAL - ART. 159 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 - SÚMULA Nº 7/STJ. CUSTAS PROCESSUAIS. ISENÇÃO.
A teoria da perda de uma chance incide em situações de responsabilidade contratual e
extracontratual, desde que séria e real a possibilidade de êxito, o que afasta qualquer reparação
no caso de uma simples esperança subjetiva ou mera expectativa aleatória. O êxito em licitação,
possibilidade frustrada em virtude da conduta ilícita da empresa responsável pela entrega, em
tempo hábil, da documentação devidamente enviada, enseja dano concreto, aferível à luz do art.
159 do Código Civil de 1916 (REsp 614.266/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
TERCEIRA TURMA, julgado em 18/12/2012, DJe 02/08/2013).

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6. Seguro automobilístico e DPVAT

Imagine que você sofra um acidente automobilístico. Busca indenização do causador do dano e também
procura obter a indenização do seguro obrigatório, DPVAT, que você, e todo mundo que tem um veículo
automotor, paga. Recebe do DPVAT valores de R$3 mil.

O magistrado dá procedência ao seu pedido indenizatório contra o motorista e determina indenização por
danos materiais e morais no valor de R$10 mil. Você receberá, portanto, R$13mil? Segundo o STJ, não.

A Súmula 246 é bastante controvertida por isso. Determina que caso seja fixada indenização por acidente
automobilístico, a vítima terá descontados os valores recebidos a título de DPVAT. No exemplo que eu dei,
você receberá do ofensor apenas R$7 mil. A crítica é dupla.

Tecnicamente falando, criticável porque a fonte do dever de indenizar é distinta. Uma se origina de seguro,
seja ele obrigatório ou não. Além disso, ela viola uma lógica da Responsabilidade Civil, que é a tutela da
vítima. O enunciado tutela o ofensor, pois permite que ele indenize em valor inferior ao que se julga
necessário.

STJ – Súmula 246


O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada.

Mesmo que não esteja adimplente em relação ao pagamento do DPVAT, a vítima de acidente
automobilístico faz jus ao recebimento da indenização. Isso, em certa medida, contraria a regra do contrato
de seguro (que no caso do DPVAT é obrigatório), que impede a percepção da indenização em caso de
inadimplência do prêmio.

Porém, necessário ir além. O que acontece com um pedestre que é atropelado por um veículo, ele recebe
ou não recebe indenização do DPVAT? Claro que sim, mesmo que nunca pague nem um tostão, porque os
pedestres, apesar de receberem indenização pelo seguro obrigatório, não o pagam.

Assim, seria contrassensual permitir que mesmo por pessoas que não pagam o DPVAT recebessem o seguro,
não porque inadimplentes, mas simplesmente porque não têm dever legal de fazê-lo, e pessoas que pagam,
mas estão inadimplentes, não recebessem:

STJ – Súmula 257


A falta de pagamento do prêmio do seguro obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos
Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) não é motivo para a recusa do pagamento da
indenização.

Havia grande discussão a respeito do tabelamento das indenizações do DPVAT. Isso porque muitos juízes, a
despeito de uma redução ordenada pela lei, em caso de invalidez parcial, acabavam deferindo a indenização
no valor integral, por variadas razões. O STJ, então, em 2012, fixou o entendimento de que a indenização do
DPVAT deve ser paga de maneira proporcional, em caso de invalidez também proporcional:

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STJ – Súmula 474


A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será paga de forma
proporcional ao grau da invalidez.

Uma pessoa sofre um acidente. Sofre lesões que a invalidam permanentemente e, não em razão da lesão,
mas depois da invalidez, ela morre. Podem os sucessores requer a indenização pela invalidez?

O STJ entendeu que os sucessores da vítima têm legitimidade para ajuizar ação de cobrança para obter a
indenização do seguro DPVAT por invalidez permanente ocorrida antes da morte do de cujus. Obviamente
que a ação tem de ser proposta dentro do prazo prescricional para a obtenção da indenização.

Isso porque não há como o próprio morto fazê-lo, ainda que pudesse quando vivo, estendendo-se a
legitimidade aos herdeiros. Veja que não se trata de ação pessoal, cuja morte extingue a legitimidade, como
nos casos de revogação da doação por agressão física, por exemplo. Não intentada a lide pelo doador em
face do donatário, se aquele vem a falecer, mas não em decorrência da agressão, não podem os herdeiros
fazê-lo:

SEGURO DPVAT. INVALIDEZ PERMANENTE. INDENIZAÇÃO. MORTE POSTERIOR DO SEGURADO


DESVINCULADA DO ACIDENTE DE TRÂNSITO. DIREITO PATRIMONIAL. SUCESSORES.
LEGITIMIDADE PARA COBRANÇA. Os sucessores da vítima têm legitimidade para ajuizar ação de
cobrança de pagamento de indenização do seguro DPVAT por invalidez permanente ocorrida
antes da morte daquela (REsp 1.185.907-CE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, por unanimidade,
julgado em 14/2/2017, DJe 21/2/2017).

Fora das hipóteses do DPVAT, no caso de seguro automobilístico facultativo, a vítima do evento danoso
não pode manejar a ação de indenização em face da seguradora do causador do dano, direta e
exclusivamente:

STJ – Súmula 529


No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro
prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano.

7. Depósito (estacionamentos, bagagens etc.)

Não responde o depositário por roubo ocorrido no depósito, caso tenha ele sistema de segurança
adequado, em caso de transportadora. Caracteriza-se aí fato exclusivo ou culpa exclusiva de terceiro.
Evidente que o que se espera de uma transportadora é que ela tenha sistemas de segurança adequados, mas
não sistemas de segurança que excedem o comum:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRANSPORTADORA. ROUBO. FORTUITO


EXTERNO. Hipótese em que o acórdão recorrido reconhece que a empresa transportadora
mantinha segurança adequada em seu depósito, com muros altos e monitoramento adequado
via rádio e segurança, não tendo tido parcela de culpa alguma no roubo da mercadoria a ser

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transportada mediante assalto a mão armada cometido por grande número de homens, com
moderno armamento e ameaça de morte aos funcionários da transportadora (AgRg no REsp
748.322/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 27/11/2012,
DJe 18/12/2012).

O roubo nas dependências do hotel, por criminosos fortemente armados, sendo que o hotel mantém
segurança adequada e não se omitiu ou facilitou a ação daqueles, afasta o dever de indenizar. Aqui,
novamente, a ação dos bandidos constitui fortuito externo por fato exclusivo ou culpa exclusiva de terceiros
e não gera dever de indenizar:

Direito civil. Assalto à mão armada no interior de hotel. Hipótese em que, durante a noite, os
recepcionistas do estabelecimento foram rendidos pelos criminosos, que invadiram o quarto do
autor e lhe roubaram joias que portava consigo, para venda em feira de artesanato. Caso fortuito
configurado. - De acordo com as regras do Código Civil de 1916, a responsabilidade do hotel por
roubo à mão armada no interior do estabelecimento somente se caracteriza caso fique
comprovado que agiu com culpa, facilitando a ação dos criminosos ou omitindo-se de impedi-la.
- Comprovado que os recepcionistas do hotel agiram de maneira correta, procurando barrar a
entrada dos criminosos, e que a chave mestra dos quartos somente foi entregue aos assaltantes
mediante ameaça de morte com arma de fogo, resta caracterizado caso fortuito. - Na hipótese,
o hóspede portava quantidade considerável de joias, que expunha para venda em público em
feira livre. Desempenhava, portanto, atividade de risco, que não declarou ao hotel no check in.
Também não se utilizou do cofre conferido pelo estabelecimento para guarda de objetos de
valor. (REsp 841.090/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
24/10/2006, DJ 12/02/2007, p. 261).

Inversamente aos casos da transportadora e do hotel, responde o banco pelo roubo de joias depositadas
na instituição perpetrado por terceiros. Nesse caso, ao contrário, há fortuito interno, inerente à atividade.
Evidente que o que se espera de um banco é que ele tenha sistemas de segurança não apenas adequados,
mas sistemas de segurança que excedem o comum, ou seja, que sejam mais seguros do que a segurança que
a própria pessoa teria:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSO CIVIL. RESPONSABILIDADE


CIVIL. ROUBO DE JÓIAS DEPOSITADAS EM COFRE DE BANCO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
FATO DE TERCEIRO NÃO RECONHECIDO. RISCO DO NEGÓCIO. PRECEDENTE ESPECÍFICO. AGRAVO
DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1229551/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 20/09/2012, DJe 27/09/2012).

A Súmula 130 do STJ trata apenas de dano ou furto, mas a jurisprudência da Corte já há tempos inclui o
roubo no rol de situações que geram indenização ao consumidor lesado. Além disso, a mera gratuidade do
estacionamento não tem o condão de afastar o dever de indenizar do estabelecimento.

O que foi foco desse julgado foi o porte e o tipo do estabelecimento. O STJ afirmou que, de fato, tem
jurisprudência farta a respeito da indenizabilidade de roubo ocorrido nas dependências de shopping centers
e hipermercados. Igualmente, se for o estacionamento privado, vale a mesma regra. Isso porque esse tipo

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de comércio trabalha com a justa expectativa do consumidor de que está em “local seguro”, no caso de
shopping centers e hipermercados ou, no caso de estacionamentos, porque essa é a atividade própria
(guardar veículos em segurança).

No entanto, num restaurante no qual o estacionamento é aberto (sem grades, cercas), sem aparato de
segurança (câmeras, vigilância armada), sem restrição (não tem cancela, tíquete) e gratuito, não é de esperar
proteção idêntica.

Talvez a imagem mental resuma bem: basta imaginar o estacionamento dos tradicionais shoppings e o
estacionamento do Mc Donald’s. Você certamente não espera o mesmo nível de segurança nos dois
estabelecimentos.

Foi exatamente isso que o STJ decidiu. Se o estabelecimento tem estacionamento externo, gratuito, sem
controle ou segurança substancial, o roubo perpetrado com arma de fogo e grave ameaça constitui fortuito
externo, que afasta o dever de indenizar:

AÇÃO INDENIZATÓRIA. ROUBO DE MOTOCICLETA. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. ÁREA EXTERNA


DE LANCHONETE. ESTACIONAMENTO GRATUITO. FORTUITO EXTERNO. SÚMULA N. 130/STJ.
INAPLICABILIDADE. A incidência do disposto na Súmula 130/STJ não alcança as hipóteses de
crime de roubo a cliente de lanchonete, praticado mediante grave ameaça e com emprego de
arma de fogo, ocorrido no estacionamento externo e gratuito oferecido pelo estabelecimento
comercial (REsp 1.431.606-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, por maioria, julgado em 15/08/2017, DJe 13/10/2017).

O drive-thru, em linhas gerais, é a forma de atendimento ou de serviço diferenciado de fornecimento de


mercadorias em que o estabelecimento comercial disponibiliza aos seus clientes a opção de aquisição de
produtos sem que tenham que sair do automóvel. O consumidor é atendido e servido ao passar com o
veículo pelo restaurante, mais precisamente em área contígua à loja.

Assim como ocorre nos assaltos em estacionamentos, a rede de restaurantes, ao disponibilizar o serviço de
drive-thru em troca dos benefícios financeiros indiretos decorrentes desse acréscimo de conforto aos
consumidores, assumiu o dever implícito de lealdade e segurança em qualquer relação contratual, como
incidência concreta do princípio da confiança. De fato, dentro do seu poder de livremente contratar e
oferecer diversos tipos de serviços, ao agregar a forma de venda pelo drive-thru ao empreendimento, acaba
por incrementar, de alguma forma, o risco à sua atividade, notadamente por instigar os consumidores a
efetuar o consumo de seus produtos de dentro do veículo, em área contígua ao estabelecimento, deixando-
os, por outro lado, mais expostos e vulneráveis a intercorrências criminais.

Diante disso, verifica-se que se a pessoa é vítima de furto ou roubo no drive-thru, o serviço disponibilizado
foi inadequado e ineficiente, não havendo falar em caso fortuito ou força maior. Há, sim, fortuito interno,
porquanto incidente na proteção dos riscos esperados da atividade empresarial desenvolvida e na frustração
da legítima expectativa de segurança do consumidor-médio, concretizando-se o nexo de imputação na
frustração da confiança a que fora induzido o cliente. Por isso, a lanchonete responde pela reparação de
danos sofridos pelo consumidor que foi vítima de crime ocorrido no drive-thru do estabelecimento
comercial:

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RESPONSABILIDADE CIVIL E CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. ASSALTO À MÃO ARMADA EM


DRIVE-THRU DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. FORTUITO INTERNO. FATO DO SERVIÇO.
RELAÇÃO DE CONSUMO. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR (REsp 1450434/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2018, DJe 09/11/2018).

RESUMO
Quais são as funções da responsabilidade civil?

A. Ressarcitória/Indenizatória/Reparatória
• Significa recolocar, recompor, reconstruir o status quo ante deteriorado pelo ato ilícito
cometido
• Aqui não há componente sancionatório na responsabilização patrimonial, mas apenas
conteúdo ressarcitório

B. Compensatória

• No plano extrapatrimonial, é impossível recolocar o sujeito na situação anterior, ou seja,


o dano não comporta um dimensionamento econômico
• Por isso, equipara-se o dano a uma quantidade econômica, para fins de indenização

C. Sancionatória/Punitiva

• Função peculiar, caminhando conjuntamente com a função compensatória do dano


• A quantificação do dano traz em si uma carga de punição ao ofensor (sem ligação
alguma com a responsabilidade criminal)

D. Preventiva

• Mais presente na esfera cível, já que na sociedade capitalista de consumo atual,


provavelmente, a sanção mais eficaz é a econômica
• A prevenção é tanto geral quanto especial

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E. Socialização do risco/dano

• Funciona como uma distribuição do risco por toda a sociedade


• Assim, evita-se, de um lado, que a vítima não seja indenizada, por variadas razões, e se
faz com que todos paguem por um risco socialmente distribuído, desonerando o
devedor

Quais são os dois princípios utilizados pela jurisprudência para estabelecer a indenização?

1. Restitutio in O dano deve ser integralmente ressarcido, o que significa dizer que ele não pode
integrum ser nem ressarcido a menor nem a maior
(restituição
integral) Isso gera, assim, uma limitação ao ofensor e à vítima, pois aquele terá um piso a
indenizar e esta terá um teto a receber

2. Compensatio Efeito inverso do ato ilícito, quando ele, que num primeiro momento gerou dano,
lucri cum damno acabou por posteriormente trazer benefícios à vítima
(compensação dos
danos pelos lucros) Nesse caso, os benefícios gerados pelo evento danoso devem ser descontados do
valor a indenizar

Quais são os fatores da culpa?

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A. Negligência
• Conduta omissiva, passiva. Esperava-se que o agente tomasse determinada medida
(omissão genérica), mas ele não toma, se omite, permanece passivo. Exige-se prova da
ausência de prática (omissão específica).
• Exemplo é o motorista que não conserta os freios do carro, após uma revisão, e,
posteriormente, bate o carro por falta deles; o dono não coloca focinheira no cachorro,
que morde um pedestre no parque.

B. Imprudência
• Conduta comissiva, ativa. Esperava-se que o agente não tomasse determinada medida,
mas ele se arrisca e a toma, age. Ele tem uma conduta contrária à exigida pelo
ordenamento.
• Exemplo é o motorista que dirige alcoolizado e causa acidente; o dono do imóvel que
deixa coisas no parapeito da janela do prédio e elas caem sobre um passante.

C. Imperícia
• A imperícia, ou falta de perícia, é ligada às atividades técnicas, ou seja, o sujeito age
sem a qualificação ou treinamento necessários ao ato.
• Exemplo é o enfermeiro inexperiente que ministra medicamentos errados; o médico,
sem especialização, que realiza procedimento cirúrgico contra as normas médicas.

Qual é a classificação da culpa?

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A. Culpa in eligendo
• A falta de acerto na escolha de preposto, representante, empregado ou a falta de
controle sobre os bens usados em uma atividade
• Por exemplo, o empregador é responsabilizado por acidente causado pelo empregado

B. Culpa in vigilando
• É a falta de cuidado e/ou fiscalização do responsável por bens ou pessoas
• Por exemplo, a culpa dos pais pelos atos praticados pelos filhos

C. Culpa in committendo
• Culpa pela prática ativa de um ato
• Por exemplo, o acidente automobilístico provocado por motorista que fura preferencial

D. Culpa in omittendo
• Culpa pela falta de iniciativa, desde que exigida a ação
• Por exemplo, a responsabilidade do dono do cachorro que ataca um pedestre porque
estava sem a focinheira

E. Culpa in custodiendo
• Ocorre quando há falta de atenção e cuidado com coisas sob custódia
• Por exemplo, o acidente em estrada causado por uma vaca leiteira que fugiu da
fazenda, por falta de cerca

Quais são os graus da culpa?

A. Grave ou lata
• Inobservância crassa e imperdoável das regras comuns exigidas nas atividades.
Avizinha-se ao dolo (culpa lata dolo aequiparatur), como, por exemplo, o acidente
causado por motorista embriagado.

B. Leve ou média
• Falta evitável com a atenção comum e normal esperada. Ocorre, por exemplo, no caso
de um acidente causado por motorista desatento que mexe no retrovisor enquanto
dirige.

C. Levíssima
• Ocorre se evitável o erro apenas com uma atenção especial ou habilidade incomum.
Exemplo disso é o acidente no qual o motorista não desvia de um objeto que aparece
repentinamente, batendo em outros carros.

Como se passou da Teoria da Culpa à Teoria do Dano e ao seguro social?

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Teoria da Culpa Responsabilidade Objetiva Exceções do CC/2002

Responsabilidade subjetiva Teoria do Dano Regra do CDC

Socialização dos
Regra do CC/2002 Presunção de culpa
danos/riscos: seguro social

Quais são os sistemas de aferição de danos?

A. Sistema aberto (Sistema do arbitramento)

• Em tese, nosso ordenamento se pauta por esse sistema, ou seja, o magistrado pode livremente
fixar o montante da indenização
• Contudo, isso não é de todo verdadeiro, pois há limitações negativas e positivas para o magistrado.
Esse sistema ganhou força com o CC/2002, pois legou ao magistrado mais poder; é um sistema que
preza mais pela justiça do caso, mas tem o ônus de ser mais “inseguro”

B. Sistema tarifário

• É um sistema mais seguro, mas mais problemático, pois exclui a possibilidade de aferição dos danos
reais, de sua extensão real, estabelecendo um quantum fechado, impassível, "pétreo"

Quais são as fontes legais de tarifação?

1) Credor demanda dívida não vencida

• Segundo o art. 939, o credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em
que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar
os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro

2) Credor demanda dívida já paga

• O art. 940 estabelece que aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem
ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor,
no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir

Não confunda o dano indireto com o dano reflexo:

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Dano reflexo/ricochete
Dano indireto
Dano não causado pela
Efeitos dos efeitos
vítima Dano
Própria vítima experimenta
que não se verifica na
o dano
vítima, mas em terceiro

Quando se exclui a responsabilidade por fato de terceiro?

Semelhante a: Força
Maior Afasta-se o dever de
indenizar
Caso de: Fato de Fortuito Externo
terceiro
Semelhante a: Fortuito Não se afasta o dever de
Interno indenizar

Quais são as excludentes de responsabilidade civil?

Legítima defesa
Exercício regular de direito
Estado de necessidade
Caso fortuito/força maior
Culpa exclusiva da vítima
Estrito cumprimento do dever legal
Absolvição criminal por inexistência material do fato
Fato de terceiro (equiparada à força maior)
Cláusula contratual de exclusão de responsabilidade

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final desta aula! Você pôde ver o funcionamento geral da Responsabilidade Civil por meio da
Teoria Geral. Fazendo uma analogia marinha, vimos a cabeça do polvo. Esse polvo espalhará seus tentáculos
por numerosos sub-ramos do Direito: Administrativo, Processual, Penal, Ambiental, do Consumidor, do
Trabalho etc. Cada “braço” do polvo apresentará peculiaridades próprias, mas a cabeça está aqui!

Quaisquer dúvidas, sugestões, críticas ou mesmo elogios, não hesite em entrar em contato comigo. Estou
disponível preferencialmente no Fórum de Dúvidas do Curso, mas também nas redes sociais, claro. Estou
aguardando você na próxima aula. Até lá!

Paulo H M Sousa

QUESTÕES COMENTADAS
1. (VUNESP / TJ-MT – 2018) Caio, servidor público municipal aposentado, contratou Tício para que
ajuizasse ação contra o Município, pleiteando o pagamento de auxílio-alimentação. O pedido foi julgado
improcedente em sentença, confirmada pelo Tribunal Estadual. Sem requerer autorização de Caio, Tício
deixou de apresentar recursos aos Tribunais Superiores, em razão da Súmula Vinculante do Supremo
Tribunal Federal nº 55, a qual consubstancia o entendimento de que “o direito ao auxílio-alimentação não
se estende aos servidores inativos”.
É correto afirmar que Tício:
a) não deve ser condenado, tendo em vista que a condenação pela perda de uma chance pressupõe a
possibilidade de vitória na demanda, não existente no caso, em razão da súmula vinculante.
b) deve ser condenado pela perda da chance decorrente de sua omissão em recorrer, em valor equivalente
à pretensão de Caio, podendo ser acrescida de lucros cessantes e danos morais.
c) não pode ser condenado por não ter recorrido, tendo em vista o não acolhimento pelo ordenamento
jurídico brasileiro da teoria da perda de uma chance.
d) deve ser condenado pela perda da chance decorrente de sua omissão em recorrer, em valor a ser apurado,
não podendo ser equivalente à pretensão de Caio, tendo em vista que o que se indeniza é a perda da chance
e não a pretensão perdida.
e) deve ser condenado pela perda da chance decorrente de sua omissão em recorrer, tendo em vista que,
mesmo improvável a vitória, Caio tinha o direito de requerer sua pretensão em juízo em última instância.

Comentários

A alternativa A está correta, porque o STJ, em reiterada jurisprudência, exige que a chance seja real, séria e
probabilisticamente razoável, o que aconteceu no caso. Em sentido contrário, veja quando a Corte entende
que caberia a aplicação da teoria: “RESPONSABILIDADE DE ADVOGADO PELA PERDA DO PRAZO DE
APELAÇÃO. TEORIA DA PERDA DA CHANCE. APLICAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. DEFICIÊNCIA
NA FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE DE REVISÃO DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7, STJ.

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APLICAÇÃO. A responsabilidade do advogado na condução da defesa processual de seu cliente é de ordem


contratual. Embora não responda pelo resultado, o advogado é obrigado a aplicar toda a sua diligência
habitual no exercício do mandato. Ao perder, de forma negligente, o prazo para a interposição de apelação,
recurso cabível na hipótese e desejado pelo mandante, o advogado frusta as chances de êxito de seu cliente.
Responde, portanto, pela perda da probabilidade de sucesso no recurso, desde que tal chance seja séria e
real. Não se trata, portanto, de reparar a perda de “uma simples esperança subjetiva”, nem tampouco de
conferir ao lesado a integralidade do que esperava ter caso obtivesse êxito ao usufruir plenamente de sua
chance. A perda da chance se aplica tanto aos danos materiais quanto aos danos morais (REsp 1079185/MG,
Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/11/2008, DJe 04/08/2009)”.

A alternativa B está incorreta, porque, como visto, não há probabilidade real de vitória, inexistindo
responsabilidade.

A alternativa C está incorreta, já que o ordenamento jurídico brasileiro consagrou a aplicação da teoria, pela
doutrina e pela jurisprudência.

A alternativa D está incorreta, estando essa assertiva, em larga medida, em contradição interna. Indeniza-
se a perda de uma chance que, no caso, era a pretensão perdida.

A alternativa E está incorreta, evidentemente, pelo que já se disse. Não se poderia imputar ao procurador a
obrigação de recorrer eternamente.

2. (CESPE / PGM-Manaus (AM) – 2018) Lucas – vítima de importante perda de discernimento em razão
de grave doença degenerativa em estágio avançado –, devidamente representado por sua filha e curadora
Maria, ajuizou ação indenizatória por danos materiais e morais contra determinada instituição financeira,
sustentando que foram realizados saques indevidos em sua conta-corrente com a utilização de um cartão
magnético clonado por terceiros. Durante a instrução processual, foi comprovado que os fatos alegados
na petição inicial eram verdadeiros.
Lucas não faz jus ao recebimento de indenização por dano moral, tendo em vista não estar conscientemente
sujeito a dor ou sofrimento psíquico devido à significativa perda de discernimento.
Comentários

O item está incorreto, tão incorreto que eu sequer sei por onde começar. O enunciado já é um show de
horrores, pois parece conectar a deficiência com a interdição, diretamente. Traz conceitos ultrapassados
pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, mesmo depois de dois anos de sua vigência.

Mas... vamos lá! Incorreto porque o dano moral não se liga a dor ou sofrimento psíquico. Tanto o é que a
jurisprudência reconhece o dano in re ipsa. A base e fundamento do dano moral está na violação de algum
dos caracteres do princípio da dignidade da pessoa humana, o que, quero crer, não perdeu Lucas.

3. (CESPE / PGM-Manaus (AM) – 2018) De acordo com a jurisprudência do STJ e as disposições do


Código Civil, julgue os itens a seguir, acerca da responsabilidade civil.
Uma vez ajuizada ação de cobrança de dívida já paga, o direito do requerido à restituição em dobro
prescindirá de demonstração de má-fé do autor da cobrança.
Comentários

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O item está incorreto. De acordo com o art. 940 (“Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em
parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao
devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir,
salvo se houver prescrição”), a devolução deve ocorrer em dobro. No entanto, o STJ repetidamente exige a
comprovação de má-fé, abuso ou leviandade: “AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL E
PROCESSUAL. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. DEVOLUÇÃO EM DOBRO. MÁ-FÉ. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE.
REEXAME DE PROVAS. SÚMULA N. 7/STJ. Nos termos da jurisprudência da Segunda Seção do Superior
Tribunal de Justiça, "[...] para se determinar a repetição do indébito em dobro deve estar comprovada a má-
fé, o abuso ou leviandade, como determinam os artigos 940 do Código Civil e 42, parágrafo único, do Código
de Defesa do Consumidor, o que não ocorreu na espécie, porquanto, segundo o Tribunal a quo, o tema da
repetição em dobro sequer foi devolvida para apreciação" (AgInt no AgRg no AREsp 730.415/RS, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 17/04/2018, DJe 23/04/2018)”.

4. (CESPE / PGM-Manaus (AM) – 2018) De acordo com a jurisprudência do STJ e as disposições do


Código Civil, julgue os itens a seguir, acerca da responsabilidade civil.
A sanção civil de pagamento em dobro por cobrança de dívida já adimplida pode ser pleiteada na defesa do
réu, independentemente da propositura de ação autônoma ou de reconvenção para tanto.
Comentários

O item está correto, como se vê pelo teor de julgado do STJ: “RECURSOS ESPECIAIS - DEMANDA
POSTULANDO A DECLARAÇÃO DE INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PARCELAS PAGAS A
CONSÓRCIO E A RESPECTIVA RESTITUIÇÃO DOS VALORES - ACÓRDÃO ESTADUAL QUE CONSIDEROU
INCIDENTES JUROS DE MORA, SOBRE OS VALORES REMANESCENTES A SEREM DEVOLVIDOS AOS AUTORES,
DESDE O 31º DIA APÓS O ENCERRAMENTO DO GRUPO CONSORCIAL, BEM COMO APLICOU A SANÇÃO
PREVISTA NO ARTIGO 1.531 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 (ATUAL ARTIGO 940 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002) EM
DETRIMENTO DO DEMANDANTE QUE NÃO RESSALVARA OS VALORES RECEBIDOS. Controvérsia submetida
ao rito dos recursos repetitivos (artigo 543-C do CPC): A aplicação da sanção civil do pagamento em dobro
por cobrança judicial de dívida já adimplida (cominação encartada no artigo 1.531 do Código Civil de 1916,
reproduzida no artigo 940 do Código Civil de 2002) pode ser postulada pelo réu na própria defesa,
independendo da propositura de ação autônoma ou do manejo de reconvenção, sendo imprescindível a
demonstração de má-fé do credor (REsp 1111270/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado
em 25/11/2015, DJe 16/02/2016)”.

5. (FCC / DPE-MA – 2018) Joaquim, desempregado e sem atividade remunerada, foi aprovado nas
etapas preliminares de concurso público e, como requisito para a posse, precisava passar por avaliação
médica de caráter eliminatório. Entretanto, quando estava indo até o local da perícia, foi atropelado e
hospitalizado, perdendo o prazo para a realização dos exames. Por esse motivo, foi eliminado do certame.
Diante desta situação, Joaquim faz jus
a) somente aos danos morais, mas não há falar-se em danos materiais, uma vez que estava desempregado
e sem atividade remunerada, de modo que não há falar-se em lucros cessantes.
b) aos danos morais e materiais decorrentes do acidente, inclusive à integralidade dos vencimentos a que
faria jus se tivesse sido investido no cargo.
c) aos danos morais e materiais decorrentes do acidente, mas a possibilidade de aprovação no certame não
deve ser valorada na quantificação dos danos, por se tratar de mera expectativa de direito.

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d) somente aos danos materiais, mas não há falar-se em danos morais à espécie, por se tratar de mero
aborrecimento da vida em sociedade.
e) aos danos morais e materiais decorrentes do acidente, inclusive a uma indenização proporcional à perda
da chance de tomar posse no cargo.
Comentários

Essa questão foi alvo de polêmica. Tentou-se a anulação com base num julgado do STJ (REsp 1.591.178). No
caso, assemelhado, a Corte entendeu não haver possibilidade de indenização por perda de uma chance, uma
vez que a aprovação no concurso se tratava apenas de expectativa de direito.

No entanto, a meu ver, a situação julgada pelo STJ em 2017 é diversa. Isso porque, no caso julgado, o
candidato alegava a perde de uma chance quando ainda em disputa o cargo; ou seja, estava ele bem
posicionado em uma das fases, mas outras fases ainda viriam. Veja um trecho do julgado:

“A jurisprudência desta Corte admite a responsabilidade civil e o consequente dever de reparação de


possíveis prejuízos com fundamento na denominada teoria da perda de uma chance, desde que séria e real
a possibilidade de êxito, o que afasta qualquer reparação no caso de uma simples esperança subjetiva ou
mera expectativa aleatória. A simples inscrição do autor em concurso público ou o fato de estar, no momento
do acidente, bem posicionado em lista classificatória parcial do certame, não indicam existir situação de real
possibilidade de êxito capaz de autorizar a aplicação, no caso, da teoria da perda uma chance, não havendo
falar, portanto, na existência de lucros cessantes a serem indenizados”.

No entanto, neste caso, o enunciado foi claro ao dizer que o cidadão “foi aprovado nas etapas preliminares
de concurso público”. O único obstáculo à posse era a “avaliação médica de caráter eliminatório”.

Veja, portanto, que no julgado do STJ o candidato ainda passaria por fases classificatórias, num das quais
poderia ficar abaixo da classificação necessária para o êxito. No caso do enunciado, não havia mais
classificação, mas mera eliminação, se ele não apresentasse os exames. Probabilisticamente falando, era
quase 100% a chance de ele ser empossado, daí o acerto do gabarito, creio.

A alternativa A está incorreta, duplamente, primeiro porque ele sofreu danos materiais com a hospitalização
e, segundo, porque mesmo sem atividade remunerada, o causador do dano ter de pagar pensionamento.

A alternativa B está incorreta, e poderia estar correta, se o enunciado tivesse dito que ele tinha todas as
condições de ser aprovado na perícia.

A alternativa C está incorreta, e foi a fonte da controvérsia, mas é cabível a aplicação da teoria da perda de
uma chance.

A alternativa D está incorreta, já que, convenhamos, ser atropelado não parece um “mero aborrecimento
do cotidiano”.

A alternativa E está correta, conforme já dito.

6. (FUNDATEC / PC-RS – 2018) Sobre ilicitude e responsabilidade civil, assinale a alternativa correta.

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a) Para a caracterização do ato ilícito previsto no Art. 187 do Código Civil brasileiro, é necessária a aferição
de culpa e dano do autor do fato.
b) Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, quando a atividade desenvolvida
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
c) Só é considerado ilícito o ato que, exercido em manifesto excesso aos limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, causar efetivo dano a alguém.
d) Constitui hipótese de ilicitude civil, em qualquer circunstância, a conduta de lesionar a pessoa a fim de
remover perigo iminente.
e) O dano exclusivamente moral, provocado por omissão voluntária, em caso de prática de ato negligente,
não conduz a caracterização de um ilícito civil.
Comentários

A alternativa A está incorreta, pois há entendimento fixado no Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil (“A
responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no
critério objetivo-finalístico”) de que a responsabilidade por abuso, prevista no art. 187, é objetiva.

A alternativa B está correta, na literalidade do art. 927, parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o
dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.

A alternativa C está incorreta, segundo o art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes”.

A alternativa D está incorreta, como se extrai do art. 188, inc. II: “Não constituem atos ilícitos a deterioração
ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”.

A alternativa E está incorreta, pois o art. 186 (“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”) não
restringe a caracterização do dano moral à comissividade do ato.

7. (TRF / TRF-2ªRegião – 2017) Magnus, com 15 anos de idade, pega a chave do veículo de seu pai e,
ao dirigi-lo com cautela, perto de sua casa, faz desvio para evitar o atropelamento de criancinha que, de
surpresa, avançou sobre a rua. Magnus, ao fazer a manobra salvadora da criança, colide com veículo da
Empresa de Correios e Telégrafos, regularmente estacionado. Assinale a opção correta:
a) Magnus, ao desviar, agiu em estado de necessidade, daí que não há base legal para obrigá-lo, a si ou a seu
responsável, a reparar o dano causado ao veículo da ECT.
b) Admitindo que o pai de Magnus seja condenado a reparar o dano, ele, mais tarde, faz jus a obter o regresso
contra o filho.
c) Embora não se configure o estado de necessidade, o absolutamente incapaz não responde em termos
civis, e apenas seu representante ou responsável pode ser chamado a reparar o dano.
d) Mesmo que se acolha a tese de estado de necessidade, o responsável pelo menor pode, legalmente, ser
condenado a reparar o dano causado à ECT.

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e) O estado de necessidade não se caracteriza. Dirigir sem habilitação é ilícito permanente e incide o Estatuto
da Criança e do Adolescente, com responsabilidade civil direta de Magnus e subsidiária de seu pai.
Comentários

A alternativa A está incorreta, na conjugação do art. 929 (“Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso
do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que
sofreram”) com o art. 188, inc. II (“Não constituem atos ilícitos a deterioração ou destruição da coisa alheia,
ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”).

A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem
pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu,
absoluta ou relativamente incapaz”.

A alternativa C está incorreta, como se vê pelo art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se
as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.

A alternativa D está correta, consoante mencionado na alternativa A, pela conjugação dos arts. 929 e 188,
inc. II.

A alternativa E está incorreta, já que, de acordo com o art. 928 a responsabilidade do menor é subsidiária,
não do genitor.

8. (VUNESP / TJ-SP – 2017) José outorga mandato verbal a advogado para em seu nome propor ação
de revisão de benefício previdenciário. A ação é julgada improcedente em primeiro grau e o advogado
perde o prazo para interpor apelação. Entendendo que poderia ter sido vencedor na referida ação, José
propõe ação de indenização, pleiteando a condenação do advogado ao pagamento de indenização por
dano material correspondente ao valor que receberia na ação de revisão, caso esta fosse procedente, e
por dano moral. A ação de indenização é julgada procedente.
Assinale a alternativa que corresponde corretamente aos fundamentos adotados na sentença.
a) Conduta negligente do advogado, decorrente de responsabilidade contratual e do descumprimento da
obrigação de aplicar a diligência habitual na execução do mandato.
b) Conduta ilícita do advogado pela perda de uma chance, decorrente de culpa aquiliana e do
descumprimento de dever comum de cuidado na prática de atividade profissional.
c) Conduta ilícita do advogado pela perda de uma chance, decorrente de responsabilidade contratual
objetiva, independentemente da existência de culpa.
d) Conduta negligente do advogado, decorrente de responsabilidade contratual pelo fato do serviço e do
descumprimento de obrigação de resultado.
Comentários

A alternativa A está correta, pois o manejo dos recursos cabíveis, quando razoáveis, constitui dever lateral
de conduta, que, ainda que não expressamente previsto no pacto, gera dever de indenizar em face da quebra
do princípio da boa-fé objetiva, em razão da evidente negligência do profissional.

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A alternativa B está incorreta, já que o caso trata de responsabilidade civil contratual, e não extracontratual
(aquiliana).

A alternativa C está incorreta, já que a aplicação da teoria da perda de uma chance se aplica apenas a
situações nas quais a probabilidade do ganho é real, séria, e, inclusive, matematicamente elevada, não tendo
o exercício mencionado qual era a probabilidade de vitória da ação judicial.

A alternativa D está incorreta, porque a obrigação do causídico era de meio, não de resultado.

9. (CESPE / DPU – 2017) A aplicação da teoria da perda de uma chance pressupõe uma possibilidade
concreta, real e com alto grau de probabilidade de se garantir um benefício ou sofrer um prejuízo, bem
como que a ação ou omissão do agente tenha nexo causal com a perda da oportunidade de exercer a
chance.
Comentários

O item está correto, como recorrentemente decide o STJ: “CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO
MATERIAL E COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. ERRO MÉDICO. RESPONSABILIDADE CIVIL. NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO CONFIGURADA. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 282/STF.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. COTEJO ANALÍTICO E SIMILITUDE FÁTICA. INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL.
AUSÊNCIA. ACOMPANHAMENTO NO PÓS-OPERATÓRIO. APLICAÇÃO DA TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE.
POSSIBILIDADE. ERRO GROSSEIRO. NEGLIGÊNCIA. AUSÊNCIA. Por ocasião do julgamento do REsp
1.254.141/PR, a 3ª Turma do STJ decidiu que a teoria da perda de uma chance pode ser utilizada como
critério para a apuração de responsabilidade civil, ocasionada por erro médico, na hipótese em que o erro
tenha reduzido possibilidades concretas e reais de cura de paciente. A visão tradicional da responsabilidade
civil subjetiva; na qual é imprescindível a demonstração do dano, do ato ilícito e do nexo de causalidade
entre o dano sofrido pela vítima e o ato praticado pelo sujeito; não é mitigada na teoria da perda de uma
chance. Presentes a conduta do médico, omissiva ou comissiva, e o comprometimento real da possibilidade
de cura do paciente, presente o nexo causal (REsp 1622538/MS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 21/03/2017, DJe 24/03/2017)”.

10. (CESPE / PGM-Belo Horizonte (MG) – 2017) À luz da legislação aplicável e do entendimento
doutrinário prevalecente a respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta.
a) O abuso do direito, ato ilícito, exige a comprovação do dolo ou da culpa para fins de responsabilização
civil.
b) No contrato de transporte de pessoas, a obrigação assumida pelo transportador é de resultado, e a
responsabilidade é objetiva.
c) O dever de indenizar pressupõe, necessariamente, a prática de ato ilícito.
d) No que se refere ao nexo causal, elemento da responsabilidade civil, o Código Civil adota a teoria da
equivalência das condições.
Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme o Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil do CJF: “A


responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no
critério objetivo-finalístico”.

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A alternativa B está correta, como se extrai do art. 734, que apresenta como única excludente de
responsabilidade a força maior: “O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas
e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade”.

A alternativa C está incorreta, como se observa da simples conjugação do caput do art. 927 (“Aquele que,
por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”) com seu parágrafo único
(“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem”).

A alternativa D está incorreta, já que, segundo entendimento majoritário da literatura jurídica, adota o art.
403 (“Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos
e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”) a Teoria
do da Causalidade Adequada ou Teoria do Dano Direto e Imediato; a Teoria da Equivalência das Condições
seria adotada pelo Código Penal brasileiro.

11. (FCC / DPE-PR – 2017) Sobre dano moral, é correto afirmar:


a) A natureza de reparação dos danos morais, e não de ressarcimento, é o que justifica a não incidência de
imposto de renda sobre o valor recebido a título de compensação por tal espécie de dano.
b) Como indenização por dano moral, não é possível, por exemplo, que uma vítima obtenha direito de
resposta em caso de atentado contra honra praticado por veículo de comunicação, sendo possível apenas o
recebimento de quantia em dinheiro.
c) O descumprimento de um contrato não gera dano moral, ainda que envolvido valor fundamental
protegido pela Constituição Federal de 1988.
d) O dano moral indenizável pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos
desagradáveis, como dor ou sofrimento, por isso não se pode falar em dano moral da pessoa jurídica.
e) A quantificação por danos morais está sujeita a tabelamento e a valores fixos.
Comentários

A alternativa A está correta, de acordo com a Súmula 498 do STJ: “Não incide imposto de renda sobre a
indenização por danos morais”.

A alternativa B está incorreta, segundo Enunciado 589 do CJF: "A compensação pecuniária não é o único
modo de reparar o dano extrapatrimonial, sendo admitida a reparação in natura, na forma de retração
pública ou outro meio".

A alternativa C está incorreta, porque, embora se entenda que o mero descumprimento contratual não gere
dano moral, o envolvimento de outras violações a direitos fundamentais pode gerar a indenização por dano
moral.

A alternativa D está incorreta, pois, além de o Enunciado 445 da V Jornada de Direito Civil disciplinar que “o
dano moral indenizável não pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos
desagradáveis como dor ou sofrimento”, a Súmula 227 do STJ dita que “A pessoa jurídica pode sofrer dano

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moral”. Nesse sentido, o artigo 52 do CC/2002 também prevê que “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que
couber, a proteção dos direitos da personalidade”.

A alternativa E está incorreta, conforme a Súmula 281 do STJ: “A indenização por dano moral não está sujeita
à tarifação prevista na Lei de Imprensa”.

12. (TRF 4ª REGIÃO / TRF 4ª REGIÃO – 2016) Assinale a alternativa INCORRETA.


a) As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a
fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
b) No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por
danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave.
c) Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com
fins econômicos ou comerciais.
d) A apresentação antecipada de cheque pré-datado não caracteriza dano moral, visto consistir o cheque em
ordem de pagamento à vista.
e) As administradoras de consórcio têm liberdade para estabelecer a respectiva taxa de administração, ainda
que fixada em percentual superior a dez por cento.
Comentários

A alternativa A está correta, conforme a Súmula 479 do STJ: “As instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros
no âmbito de operações bancárias”.

A alternativa B está correta, segundo a Súmula 145 do STJ: “No transporte desinteressado, de simples
cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando
incorrer em dolo ou culpa grave”.

A alternativa C está correta, de acordo com a Súmula 403 do STJ: “Independe de prova do prejuízo a
indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”.

A alternativa D está incorreta, dada a previsão inversa da Súmula 370 do STJ: “Caracteriza dano moral a
apresentação antecipada de cheque pré-datado”.

A alternativa E está correta, consoante a Súmula 538 do STJ: “As administradoras de consórcio têm liberdade
para estabelecer a respectiva taxa de administração, ainda que fixada em percentual superior a dez por
cento”.

13. (TRF 3ª REGIÃO / TRF 3ª REGIÃO – 2016) Considerando a jurisprudência dominante no Superior
Tribunal de Justiça, assinale a alternativa incorreta:
a) A correção monetária do valor da indenização do dano material incide desde a data do arbitramento.
b) São cumuláveis as pretensões ao dano moral, ao dano estético e ao dano material decorrentes do mesmo
fato.
c) A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.

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d) São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto
o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.
Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme a Súmula 43 do STJ: “Incide correção monetária sobre dívida por
ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo”.

A alternativa B está correta, como se extrai da Súmula 387 do STJ: “É lícita a cumulação das indenizações de
dano estético e dano moral”.

A alternativa C está correta, de acordo com a Súmula 388 do STJ: “A simples devolução indevida de cheque
caracteriza dano moral”.

A alternativa D está correta, conforme a Súmula 221 do STJ: “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento
de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo
de divulgação”.

14. (CESPE / TJ-DFT– 2016) A respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta.
a) De acordo com o Código Civil, a possibilidade legal de redução equitativa da indenização pelo juiz é
aplicável às hipóteses de responsabilidade subjetiva e objetiva.
b) Se houver concorrência de culpas e danos a ambas as partes, cada qual deve arcar com seus respectivos
prejuízos.
c) Nos termos explicitados no Código Civil, a gradação de culpa possui relevância para a configuração do ato
ilícito.
d) Segundo a atual orientação do STJ, a reparação pela lesão extrapatrimonial deve seguir o método
denominado bifásico na aferição do valor da indenização.
e) Conforme jurisprudência prevalente do STJ, a cobrança indevida já traz em si a ilicitude, bastando a prova
de que se deu por meio judicial para se impor a devolução em dobro, prevista no Código Civil.
Comentários

A alternativa A está incorreta, por aplicação do art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva desproporção
entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”. Veja que o
dispositivo exige “culpa”, sendo inaplicável à responsabilidade objetiva.

A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 945: “Se a vítima tiver concorrido culposamente para o
evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com
a do autor do dano”.

A alternativa C está incorreta, já que nos termos do art. 186, a configuração do ato ilícito exige apenas uma
conduta dolosa ou culposa. Nesse sentido, pouco importa se a culpa é grave, média ou leve, algo relevante
apenas no estabelecimento da indenização, como permite o art. 944, parágrafo único.

A alternativa D é correta, conforme a Corte: “RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. MORTE DE


MENOR POR AFOGAMENTO. RESPONSABILIDADE DO CLUBE PELA FALHA NO SERVIÇO. DANO MORAL.

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QUANTUM INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO. MÉTODO BIFÁSICO. NÚCLEO


FAMILIAR SUJEITO DO DANO. NECESSIDADE DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. PENSÃO MENSAL
DEVIDA. 3. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por danos morais, atende às
exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais arbitrariedades, evitando a
adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano. Traz um ponto de
equilíbrio, pois se alcançará uma razoável correspondência entre o valor da indenização e o interesse jurídico
lesado, além do fato de estabelecer montante que melhor corresponda às peculiaridades do caso. 4. Na
primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em conta o interesse jurídico
lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo de casos). 5. Na
segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso, com base nas suas circunstâncias (gravidade do
fato em si, culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes),
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz (REsp
1332366/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 10/11/2016, DJe
07/12/2016)”.

A alternativa E é incorreta, pois além da demanda judicial por cobrança de dívida já paga, a jurisprudência
do STJ entende que é necessário demonstrar que o demandante agiu com manifesta má-fé.

15. (FAURGS / TJ-RS – 2016) Sobre a reparação de danos, é correto afirmar que
a) apenas a culpa concorrente da vítima é admitida como causa de redução da indenização pelo Código Civil,
constituindo exceção ao princípio da reparação integral.
b) se adota, segundo entendimento majoritário, a teoria do risco integral como fundamento da imputação
de responsabilidade, independente de culpa em razão de atividade de risco (artigo 927, parágrafo único).
c) todos os membros de um grupo, pela adoção da teoria da causalidade alternativa, podem ser
responsabilizados, quando não seja possível determinar, dentre eles, quem deu causa à lesão.
d) a responsabilidade pelo fato do animal é independente de culpa do seu dono ou detentor, não podendo
ser afastada mesmo quando ausente o nexo de causalidade.
e) o patrimônio do incapaz não pode servir ao pagamento da indenização, cabendo exclusivamente aos pais,
tutores ou curadores, conforme o caso, responder pelos danos que ele causar.
Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme o art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva desproporção
entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”.

A alternativa B está incorreta, já que risco integral é uma coisa, risco é outra, e não se confundem; sendo
que aquele se aplica em situações bastante específicas, como no caso de dano ambiental.

A alternativa C está correta, como no caso do lançamento de objeto de prédio de apartamentos, pelo que
todos os condôminos são responsabilizados, sendo cobrado o condomínio, como se extrai do art. 938:
"Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou
forem lançadas em lugar indevido."

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A alternativa D está incorreta, já que a ausência de nexo de causalidade afasta o dever de indenizar, como
se vê pelo art. 936: “O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa
da vítima ou força maior”.

A alternativa E está incorreta, na forma do art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.

16. (CESPE / TJ-DFT – 2016) A respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta.
a) De acordo com o Código Civil, a possibilidade legal de redução equitativa da indenização pelo juiz é
aplicável às hipóteses de responsabilidade subjetiva e objetiva.
b) Se houver concorrência de culpas e danos a ambas as partes, cada qual deve arcar com seus respectivos
prejuízos.
c) Nos termos explicitados no Código Civil, a gradação de culpa possui relevância para a configuração do ato
ilícito.
d) Segundo a atual orientação do STJ, a reparação pela lesão extrapatrimonial deve seguir o método
denominado bifásico na aferição do valor da indenização.
e) Conforme jurisprudência prevalente do STJ, a cobrança indevida já traz em si a ilicitude, bastando a prova
de que se deu por meio judicial para se impor a devolução em dobro, prevista no Código Civil.
Comentários

A alternativa A está incorreta, visto que de acordo com o Código Civil, no art. 944, parágrafo único, somente
nos casos em que há aferição de culpa é possível ter redução equitativa da indenização.

A alternativa B está incorreta, pois é preciso fazer um balanço entre o grau de culpa de ambas as partes, que
nem sempre se equivalerão a ponto de cada um arcar com seu próprio prejuízo.

A alternativa C está incorreta, pois o ato ilícito se configura independentemente do grau da culpa, conforme
art. 186, CC.

A alternativa D está correta, conforme entendimento do STJ: RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
DANO MORAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO BIFÁSICO.
VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO. Elevação do valor da
indenização por dano moral na linha dos precedentes desta Corte, considerando as duas etapas que devem
ser percorridas para esse arbitramento. Na primeira etapa, deve-se estabelecer um valor básico para a
indenização, considerando o interesse jurídico lesado, com base em grupo de precedentes jurisprudenciais
que apreciaram casos semelhantes. Na segunda etapa, devem ser consideradas as circunstâncias do caso,
para fixação definitiva do valor da indenização, atendendo a determinação legal de arbitramento equitativo
pelo juiz (REsp 1152541/RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em
13/09/2011, DJe 21/09/2011).

A alternativa E está incorreta, visto que além da cobrança por via judicial é necessária a comprovação da
má-fé do demandante.

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17. (FCC / PGE-MA – 2016) Considere as proposições abaixo, sobre a exclusão da responsabilidade civil:
I. A responsabilidade civil do Estado por atos comissivos de seus agentes não admite causa de exclusão.
II. A culpa exclusiva da vítima afasta o elemento culpa, porém não o nexo de causalidade e a obrigação de
indenizar.
III. O caso fortuito e a força maior nem sempre excluem a responsabilidade pelo dano.
IV. Não constitui ilícito, e por isto não enseja a responsabilização civil, o exercício de direito reconhecido,
ainda que exercido de maneira antifinalística, excedendo manifestamente os limites impostos por seu fim e
econômico ou social, pela boa-fé́ ou pelos bons costumes.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e III.
b) I e II.
c) II e III.
d) III.
e) I, III e IV.
Comentários

O item I está incorreto, pois pela aplicação da Teoria do Risco Administrativo e do art. 37, § 6º da CF/1988,
há entendimentos que tratam da responsabilidade civil do estado por ato comissivo como situação de
responsabilidade subjetiva, o que, desde já, permite compreender situações de excludente.

O item II está incorreto, já que a culpa exclusiva da vítima é causa de interrupção do nexo de causalidade,
que, consequentemente, afasta o dever de indenizar.

O item III está correto, já que há situações peculiares nas quais mesmo tais eventos não afastam o dever de
indenizar, como a situação prevista no art. 246 (“Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou
deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito”) ou a prevista no art. 868 (“O gestor
responde pelo caso fortuito quando fizer operações arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las, ou
quando preterir interesse deste em proveito de interesses seus”) do CC/2002.

O item IV está incorreto, na literalidade do art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes”.

A alternativa D está correta, portanto.

18. (FUNDATEC / PGM-Porto Alegre (RS) – 2016) Sobre responsabilidade civil, é correto afirmar que:
a) Na fixação da indenização, deve-se atentar que os lucros cessantes observam o princípio da causalidade,
ao passo que os danos emergentes não respeitam esse princípio.
b) Tendo em vista o princípio da reparação integral, aplica-se, no Direito brasileiro, quando da fixação do
montante indenizatório, a compensação dos danos com as eventuais vantagens obtidas pelo lesado
(compensatio lucri cum damno).

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c) A responsabilidade pela perda de uma chance não é aplicável no Direito brasileiro, haja vista a inexistência,
no caso, de um efetivo dano.
d) Na responsabilidade civil extracontratual por ato ilícito, os juros moratórios contam-se desde a citação.
e) O ato ilícito é pressuposto de qualquer caso de responsabilidade civil.
Comentários

A alternativa A está incorreta, pela leitura do art. 403: “Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor,
as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato,
sem prejuízo do disposto na lei processual”. Se os lucros cessantes decorrem de maneira direta e imediata
do prejuízo, há conexão com o princípio da causalidade, portanto.

A alternativa B está correta, já que, do contrário, o dano causaria, para além do prejuízo a ser indenizado,
verdadeiro lucro ao ofendido, o que tornaria a situação verdadeiro enriquecimento sem causa.

A alternativa C está incorreta, pois, em que pese a perda de uma chance tratar de um dano futuro e apenas
provável, há de se verificar que essa teoria pressupõe a análise de uma probabilidade real e séria.

A alternativa D está incorreta, segundo a Súmula 54 do STJ: “Os juros moratórios fluem a partir do evento
danoso em caso de responsabilidade extracontratual”.

A alternativa E está incorreta, dado que o próprio art. 945, parágrafo único do CC/2002 trata das hipóteses
de indenizabilidade de dano causado licitamente: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente
de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.

19. (FUNRIO / PGM-Trindade (GO) – 2016) A obrigação de indenizar decorre do sistema de


responsabilidade civil. Nesse sentido, diante da responsabilidade por um dano, é INCORRETO afirmar que:
a) Em qualquer hipótese, quando alguém ressarcir o dano causado por outrem, pode reaver o que houver
pago daquele por quem pagou.
b) A indenização mede-se pela extensão do dano, mas, se houver excessiva desproporção entre a gravidade
da culpa e o dano, poderá o juiz reduzi-la equitativamente.
c) O nexo de causalidade tem uma dupla função, funcionando como fator de imputação de responsabilidade
e como um mecanismo de quantificação da extensão do dano;
d) Para a reparação dos danos submetida ao regime de responsabilidade subjetiva, é necessário que o autor
da ofensa incida num erro de conduta, isto é, que ele não observe um arquétipo de conduta que deveria ser
adotado para a situação concreta.
e) Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, operou-se uma radical mudança do sistema de
responsabilidade, que passou a ser dualista, convivendo simultaneamente uma cláusula geral de
responsabilidade subjetiva e uma cláusula geral de responsabilidade objetiva.
Comentários

A alternativa A está incorreta, já que em variadas situações se afasta o direito de regresso, como no caso da
responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores, sob seu poder familiar.

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A alternativa B está correta, conforme regra do art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva desproporção
entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização”.

A alternativa C está correta, servindo ele de quantificação do dano no caso de culpa concorrente, por
exemplo, e balizamento de extensão da responsabilidade, como no caso da concausalidade.

A alternativa D está correta, inclusive adotando a jurisprudência o chamado “standard de comportamento”,


uma revisão do que anteriormente se chamava de “homem médio”.

A alternativa E está correta, uma vez que o CDC abriu novo flanco na responsabilidade civil, estabelecendo-
se lá a cláusula geral de responsabilidade objetiva, contrariamente ao CC/2002, subjetivista.

20. (FCC / PGM-Salvador (BA) – 2016) No que concerne à responsabilidade civil,


a) o enriquecimento sem justa causa confunde-se com o enriquecimento ilícito.
b) o sistema civil em vigor não contempla hipóteses de responsabilidade objetiva, somente subjetiva.
c) a caracterização do caso fortuito ou da força maior no âmbito civil é a mesma para as relações de consumo.
d) o dano moral abrange a indenização pelo mero desgosto ou frustração.
e) o Código Civil de 2002 adotou a gradação da culpa como critério de redução da indenização.
Comentários

A alternativa A está incorreta, porque enriquecimento sem causa pode não derivar de ilicitude, como no
caso da pessoa que recebe dívida da qual não é credora, incorretamente.

A alternativa B está incorreta, evidentemente, já que o próprio art. 927, parágrafo único reconhece a
responsabilidade civil independente de culpa.

A alternativa C está incorreta, havendo, inclusive, no subsistema consumerista distinção entre fortuito
interno e externo, não visto no CC/2002.

A alternativa D está incorreta, já que o mero dissabor é, conforme a jurisprudência unânime, incapaz de
gerar dever de indenizar.

A alternativa E está correta, como se extrai do art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva desproporção
entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”.

21. (PGR / PGR – 2015) Mesmo sabendo que Paulo encontrava-se alcoolizado, Gabriela pediu-lhe que
conduzisse sua irmã a farmácia, emprestando-lhe, para tanto, o seu carro. No trajeto, Paulo veio a colidir
com outro veículo, causando danos materiais de monta. A conduta de Gabriela configurou:
a) Culpa in vigilando.
b) Culpa in eligendo.
c) Culpa in omittendo.
d) Não configurou culpa porque havia um justo motivo.

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Comentários

A alternativa A está incorreta, porque Gabriela não tem dever legal de guarda, vigilância ou cuidado sobre
Paulo.

A alternativa B está correta, dado que Gabriela elegeu Paulo para guiar o veículo, dentre as várias
possibilidades existentes, como ocorre, por exemplo, na responsabilidade do empregador pelos atos
praticados pelo empregado, em geral.

A alternativa C está incorreta, porque ela não se omitiu, em momento algum, em relação à conduta danosa,
simplesmente ignorou a situação de Paulo.

A alternativa D está incorreta, já que se poderia pensar em justo motivo apenas se ela mesma não pudesse
guiar o veículo e sua irmã estivesse em perigo de vida, por exemplo (exemplo meramente didático), mas não
na situação apresentada.

22. (MPT / MPT – 2015) Analise as assertivas abaixo:


1) O devedor incorre de pleno direito na cláusula penal, desde que, dolosamente, deixe de cumprir a
obrigação ou se constitua em mora.
2) O empregador é responsável pela reparação civil dos atos que seus empregados praticarem no exercício
ou em razão do trabalho, desde que configurada a culpa dos trabalhadores.
3) Quando a violação ou ofensa a direito tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela
reparação.
4) Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a
ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar
de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.
Marque a alternativa CORRETA:
a) apenas as assertivas 3 e 4 estão corretas;
b) apenas as assertivas 1 e 3 estão corretas;
c) apenas as assertivas 2 e 4 estão corretas;
d) apenas as assertivas 1 e 2 estão corretas.
e) Não respondida.
Comentários

A assertiva 1 está incorreta, de acordo com o art. 408: “Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal,
desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora”.

A assertiva 2 está incorreta, segundo o gabarito oficial. No entanto, por se tratar de responsabilidade civil
imprópria, responde objetivamente apenas o responsável legal, sendo que o causador do dano responde por
culpa. Nesse sentido, o STJ: “O novo Código Civil (art. 933), seguindo evolução doutrinária, considera a
responsabilidade civil por ato de terceiro como sendo objetiva, aumentando sobejamente a garantia da
vítima. Malgrado a responsabilização objetiva do empregador, esta só exsurgirá se, antes, for demonstrada

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a culpa do empregado ou preposto, à exceção, por evidência, da relação de consumo." (REsp 1135988/SP,
Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe 17/10/2013) (AgRg no REsp 1411569/SP, Rel. Ministro
MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 06/02/2014, DJe 17/02/2014)”. Poder-se-ia ventilar que
teríamos exceções, como nos casos do parágrafo único do art. 927, no caso de atividade de risco, mas não
me parece que era esse o ponto tratado no item.

A assertiva 3 está correta, na clara disposição do art. 942: “Os bens do responsável pela ofensa ou violação
do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor,
todos responderão solidariamente pela reparação”.

A assertiva 4 está correta, na literalidade do art. 312: “Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da
penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra
estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o
credor”.

A alternativa A está correta, portanto.

23. (FCC / TJ-PE – 2015) Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
a) sempre que o juiz, verificando a hipossuficiência da vítima, inverter o ônus da prova.
b) apenas quando o dano for ocasionado por agente público ou preposto de empresa concessionária de
serviço público, no exercício de seu trabalho.
c) quando a lei não estabelecer que a hipótese se regula pela responsabilidade civil subjetiva.
d) quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem.
e) somente nos casos especificados em lei.
Comentários

A alternativa A está incorreta, já que a inversão do ônus probatório é elemento processual, inconfundível
com a culpa, elemento material da responsabilidade civil.

A alternativa B está incorreta, pois há outras várias hipóteses de responsabilidade civil objetiva que não
apenas a do Estado.

A alternativa C está incorreta, dada a regra do art. 927: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

A alternativa D está correta, como estabelece o art. 927, parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o
dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.

A alternativa E está incorreta, porque a segunda parte do referido dispositivo deixa claro outras hipóteses.

24. (FCC / TJ-CE – 2015) Entre os poderes do juiz, ao fixar a indenização por responsabilidade civil
extracontratual, acha-se o de

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a) impor a pessoa incapaz, qualquer que seja a sua situação econômica ou financeira, condenação a
indenizar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios
suficientes.
b) desconsiderar, em qualquer hipótese, a sentença absolutória proferida no Juízo criminal.
c) desconsiderar a circunstância de a vítima ter concorrido culposamente para o evento danoso.
d) reduzir, equitativamente, a indenização, se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e
o dano produzido.
e) reconhecer a responsabilidade objetiva do causador do dano discricionariamente, segundo as
circunstâncias do evento danoso.
Comentários

A alternativa A está incorreta, como se extrai do art. 928, parágrafo único: “A indenização prevista neste
artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele
dependem”.

A alternativa B está incorreta, na clareza do art. 935: “A responsabilidade civil é independente da criminal,
não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas
questões se acharem decididas no juízo criminal”.

A alternativa C está incorreta, evidentemente, pela redação do art. 945: “Se a vítima tiver concorrido
culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua
culpa em confronto com a do autor”.

A alternativa D está correta, na quase literalidade do art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”.

A alternativa E está incorreta porque o magistrado deve seguir o comando do art. 927, parágrafo único:
“Haverá obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem”.

25. (FCC / TJ-SE – 2015) Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam
sujeitos à reparação do dano causado e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão:
a) solidariamente, devendo o ofendido cobrar deles a dívida toda, ou a cota parte de cada um em ações
autônomas ou em litisconsórcio, dividindo-se, porém, entre eles a cota parte do insolvente, se houver, e
acrescentando-se, ao do preponente ou responsável indireto, o que tocar ao preposto ou responsável direto.
b) conjuntamente pela reparação, devendo o ofendido cobrar de cada um sua cota parte na dívida, dividindo-
se, porém, por todos, a do insolvente.
c) conjuntamente, pela reparação, exceto nas hipóteses previstas na lei, em que uma pessoa responde pelos
atos do outro, como no caso do preponente e preposto, devendo naquele caso o ofendido demandar a todos
os ofensores e nestas, aquele que pagar por inteiro a dívida, salvo em relação a descendente absolutamente
incapaz, poderá cobrar dos demais a respectiva cota parte, dividindo-se entre os pagantes a cota do
insolvente, se houver.

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d) solidariamente pela reparação, podendo o ofendido cobrar de qualquer um deles a dívida toda, mas
aquele que pagar por inteiro a dívida, salvo as exceções legais, poderá exigir de cada um dos co-devedores a
sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se houver.
e) solidariamente, exceto se algum for descendente absolutamente incapaz de um deles, cabendo a este
suportar sozinho essa cota parte, mas os que pagarem serão remidos do que tocar ao insolvente se houver,
tendo o ofendido, neste caso, de habilitar-se no concurso de credores, para receber proporcionalmente a
parte que o insolvente lhe dever.
Comentários

A alternativa A está incorreta, como se extrai do art. 275, parágrafo único (“Não importará renúncia da
solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores”), não se exigindo que
a cobrança recaia sobre todos, mas apenas sobre aqueles que o credor quiser.
==163284==

A alternativa B está incorreta, porque o art. 942, parágrafo único (“São solidariamente responsáveis com os
autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932”), remetendo-se ao caso de responsabilidade por
fato de outrem, deixa clara a solidariedade da obrigação.

A alternativa C está incorreta, mais uma vez, sendo o caso mencionado de responsabilidade solidária.

A alternativa D está correta, de acordo com o art. 275, parágrafo único, art. 942, parágrafo único,
supramencionados, na conjugação com o art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode
reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu,
absoluta ou relativamente incapaz”.

A alternativa E está incorreta, conforme se extrai do art. 283 (“O devedor que satisfez a dívida por inteiro
tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do
insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores”), já que a cota
do devedor insolvente é redistribuída entre os demais codevedores.

26. (VUNESP / TJ-SP – 2015) Em matéria de ilicitude dos atos jurídicos, é correto afirmar que
a) o termo a quo da correção monetária na indenização por ato ilícito é a data do efetivo prejuízo, enquanto
que na indenização por dano moral é a data do seu arbitramento.
b) o descumprimento da prática convencional da pós-datação não retira a obrigação do sacado de efetuar o
pagamento de título de crédito à vista e não gera indenização por responsabilidade civil do beneficiário.
c) a pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por dano moral.
d) depende de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com
fins econômicos ou comerciais.
Comentários

A alternativa A está correta, em conformidade com a Súmula 43 (“Incide correção monetária sobre dívida
por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo”) e a Súmula 362 (“A correção monetária do valor da
indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”) do STJ, respectivamente.

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A alternativa B está incorreta, de acordo com a jurisprudência assentada no STJ: “AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS EM RAZÃO DA APRESENTAÇÃO ANTECIPADA DE CHEQUE PRÉ-DATADO, ENSEJANDO A
INSCRIÇÃO DO NOME DO EMITENTE NO BANCO CENTRAL - PROCEDÊNCIA - PROVA DO DANO -
DESNECESSIDADE - INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 83/STJ - QUANTUM INDENIZATÓRIO - RAZOABILIDADE
(AgRg no REsp 1222180/AL)”.

A alternativa C está correta, como se assentou no STJ: “A pessoa jurídica de direito público não tem direito
à indenização por danos morais relacionados à violação da honra ou da imagem (REsp 1.258.389/PB)”.

A alternativa D está incorreta, novamente, já se tendo assentado tal entendimento no STJ: “Em se tratando
de direito à imagem, a obrigação da reparação decorre do próprio uso indevido do direito personalíssimo,
não havendo de cogitar-se da prova da existência de prejuízo ou dano. O dano é a própria utilização indevida
da imagem, não sendo necessária a demonstração do prejuízo material ou moral (REsp 267.529/RJ)”.

27. (FUNDATEC / PGE-RS – 2015) Assinale a alternativa correta.


a) O dano exclusivamente moral, provocado por omissão voluntária, não permite a caracterização de um
ilícito civil.
b) Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se as disposições pertinentes aos
defeitos do negócio jurídico.
c) Para a caracterização do ato ilícito por abuso de direito previsto no Código Civil é necessária a aferição de
culpa do autor do fato.
d) Só é considerado ilícito o ato que, exercido em excesso manifesto aos limites impostos pelos bons
costumes, necessariamente causar dano a alguém.
e) Constitui ilicitude civil a conduta de destruir coisa alheia para remover perigo iminente.
Comentários

A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 186: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito”.

A alternativa B está correta, já que, a despeito de a vontade não permitir a escolha das categorias eficaciais
dos atos jurídicos não-negociais, ela compõe seu suporte fático, pelo que passível a verificação dos defeitos
direcionados ao negócio jurídico.

A alternativa C está incorreta, pela ausência do requisito de culpabilidade no art. 187, abaixo transcrito.

A alternativa D está incorreta, pela redação literal do art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes”.

A alternativa E está incorreta, segundo o art. 188, inc. II: “Não constituem atos ilícitos, a deterioração ou
destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”. (FCC / MPE-PE – 2014) A
indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá

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28. (FCC / MPE-PE – 2014) A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá
a) necessariamente em reparação por dano moral, que é presumido, sendo a indenização tarifada em lei,
não podendo o Juiz arbitrá-la.
b) na reparação de dano que o ofendido conseguir provar e não se admite, em nenhuma hipótese, presunção
de dano moral.
c) em reparação exclusivamente moral, cabendo ao Juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização,
conforme a gravidade da ofensa.
d) em reparação exclusivamente material, não sendo admissível sua cumulação com reparação por dano
moral.
e) na reparação de dano que delas resulte ao ofendido e, se o ofendido não puder provar prejuízo material,
caberá ao Juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
Comentários

A alternativa A está incorreta, pois não há tarifação legal e a indenização pode se referir a dano material.

A alternativa B está incorreta, já que o parágrafo único do art. 953 permite a indenização mesmo sem prova
do dano.

A alternativa C está incorreta, cabendo indenização por dano material, em havendo, como se retira do art.
953, parágrafo único.

A alternativa D está incorreta, porque o art. 953 não exclui – e nem poderia – o dano moral.

A alternativa E está correta, pela conjugação entre o art. 953, caput (“A indenização por injúria, difamação
ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido”), com seu parágrafo único (“Se o
ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização,
na conformidade das circunstâncias do caso”).

29. (MPE-SC / MPE-SC – 2014) A responsabilidade civil pela perda de chance não se limita à categoria
de danos extrapatrimoniais, pois, conforme as circunstâncias do caso concreto, a chance perdida pode
apresentar também a natureza jurídica de dano patrimonial.
Comentários

O item está correto, já que a aplicação da teoria não se limita aos danos materiais ou morais.

30. (FMP / PGE-AC – 2014) É caso de responsabilidade subjetiva:


a) a dos pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
b) a do tutor pelo pupilo que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
c) a dos que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
d) a do incapaz se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
meios suficientes.
Comentários

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A alternativa A está incorreta, de acordo com art. 932, inc. I (“São também responsáveis pela reparação civil
os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”) em conjunto com o
art. 933 (“As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”).

A alternativa B está incorreta, conforme o art. 932, inc. II (“São também responsáveis pela reparação civil o
tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições”) em conjunto com o
art. 933 (“As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”).

A alternativa C está incorreta, na literalidade do art. 932, inc. V (“São também responsáveis pela reparação
civil os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia”) em
conjunto com o art. 933 (“As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja
culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”).

A alternativa D está correta, conforme a regra geral do art. 927, não contrariada pelo art. 928 (“O incapaz
responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou
não dispuserem de meios suficientes”). Veja-se que, inexistindo menção expressa sobre a responsabilidade
ser objetiva, segue-se a regra de responsabilização objetiva.

31. (VUNESP / PGM-São Paulo (SP) – 2014) São elementos essenciais para configuração da
responsabilidade civil subjetiva, apenas:
a) o ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade.
b) o fato jurídico, a culpa, o dano e o nexo de causalidade.
c) o abuso de direito, a culpa e o dano.
d) o ato ilícito, a culpa, o dano e o nexo de causalidade.
e) a ação humana e o dano.
Comentários

A alternativa A está incorreta, pois a responsabilidade civil objetiva tem como pressuposto básico a culpa,
não contida na alternativa.

A alternativa B está incorreta, sendo que se exige um ato jurídico, ou melhor, um ato ilícito, não se falando
na responsabilidade civil subjetiva em fato jurídico, em sentido mais amplo.

A alternativa C está incorreta, já que o abuso de direito não é pressuposto da responsabilidade civil subjetiva.

A alternativa D está correta, dado que a responsabilidade civil objetiva necessita, para além dos mínimos
elementos de ato ilícito, dano e nexo a culpa.

A alternativa E está incorreta, porque entre a ação humana e o dano deve haver nexo de causalidade.

32. (FUNDEP / DPE-MG – 2014) Considerando o instituto da responsabilidade civil no Código Civil,
analise as afirmativas a seguir.

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I. Partindo do pressuposto de que a indenização se mede pela extensão do dano, no caso de excessiva
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, o juiz poderá reduzir, equitativamente, a indenização.
II. Os credores de indenização por dano por morte fixada na forma de pensão mensal têm o direito de exigir
que o causador do ilícito pague de uma só vez todo o valor correspondente.
III. A indenização por ofensa à liberdade pessoal (cárcere privado, prisão por queixa, denúncia falsa e de má-
fé, além da prisão ilegal) fica condicionada à prova de prejuízo material.
IV. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem
pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu absoluta ou relativamente incapaz.
Estão CORRETAS as afirmativas
a) III e IV apenas.
b) I e IV apenas.
c) II e III apenas.
d) I e II apenas.
Comentários

O item I está correto, conforme o art. 953, parágrafo único: “Se o ofendido não puder provar prejuízo
material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias
do caso”.

O item II está incorreto, pois a hipótese do art. 950, parágrafo único (“O prejudicado, se preferir, poderá
exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez”), volta-se ao caput (“Se da ofensa resultar
defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de
trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença,
incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele
sofreu”), que trata da indenização por redução da capacidade ou impedimento para o labor. Ademais, quem
o solicita é o ofendido.

O item III está incorreto, pela literalidade do art. 954: “A indenização por ofensa à liberdade pessoal
consistirá no pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar
prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo único do artigo antecedente”.

O item IV está correto, na dicção do art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver
o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou
relativamente incapaz”.

A alternativa B é a correta, portanto.

33. (MPT / MPT – 2013) Sobre a responsabilidade civil do empregador, analise os itens abaixo:
I - Consoante jurisprudência uniforme do STJ, é lícita a cumulação das indenizações por dano moral e por
dano estético decorrentes de um mesmo fato, desde que passíveis de identificação autônoma.
II - A teoria da perda de uma chance pode ser aplicada às relações de trabalho.

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III - Para que reste caracterizada culpa exclusiva da vítima, é preciso que não haja culpa do empregador em
nenhum grau.
Marque a alternativa CORRETA:
a) todas as assertivas estão corretas;
b) apenas as assertivas II e III estão corretas;
c) apenas as assertivas I e III estão corretas;
d) apenas a assertiva I está correta;
e) não respondida.
Comentários

O item I está correto, conforme a Súmula 387 do STJ: “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético
e dano moral”.

O item II está correto, de acordo com o TST: “o contrário do que alega a recorrente, o dano, nos casos em
que a contratação não é efetivada, após a realização de entrevista - o que gera expectativa na pessoa de
conseguir um novo emprego -, é in re ipsa, ou seja, decorre do próprio evento danoso, não havendo falar em
demonstração do dano, pois, nesse caso, ele se situa no psicológico do lesado, em que é impossível se extrair
uma prova material. Convém destacar, mais uma vez, o ensinamento de Sérgio Cavalieri Filho, segundo o
qual -a doutrina francesa, aplicada com frequência pelos nossos Tribunais, fala na perda de uma chance
(perte d'une chance) nos casos em que o ato ilícito tira da vítima a oportunidade de obter uma situação
futura melhor, como progredir na carreira artística ou no trabalho, arrumar um novo emprego, deixar de
ganhar uma causa pela falha do advogado etc. (grifou-se - in Programa de Responsabilidade Civil. 3ª edição.
São Paulo: Editora Malheiros, 2002, pp. 81 e 82) (TST – RR - 484400-27.2009.5.09.0021, Relator Ministro:
José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 28/08/2013, 2ª Turma, Data de Publicação: 06/09/2013)”.

O item III está correto, aplicando-se não apenas ao direito do trabalho o entendimento, mas a qualquer
situação. Havendo responsabilidade de outrem, ainda que mínima, a culpa não é exclusiva, mas concorrente.

A alternativa A está correta, portanto.

34. (VUNESP / TJ-SP – 2013) Acerca da responsabilidade civil, e considerada a jurisprudência assente,
é certo afirmar que
a) se sentença criminal definir que determinado fato existiu, a existência desse fato não pode mais ser
discutida na ação de responsabilidade civil.
b) aquele que cobra dívida já paga na sua inteireza é obrigado a pagar ao devedor o dobro do que houver
pago, ainda que tenha agido de boa-fé.
c) na responsabilidade objetiva não se exige culpa e nem nexo de causalidade.
d) a perda de uma chance, por não se caracterizar como dano real e concreto, não pode ser indenizada.
Comentários

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A alternativa A está correta, na literalidade do art. 935: “A responsabilidade civil é independente da criminal,
não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas
questões se acharem decididas no juízo criminal”.

A alternativa B está incorreta, por aplicação da Súmula 159 do STF: “Cobrança excessiva, mas de boa fé, não
dá lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil” (de 1916, correspondente ao atual art. 940 do CC/2002).

A alternativa C está incorreta, evidentemente, dado que a despeito do afastamento da exigência de


comprovação da culpabilidade, continua obrigada a vítima a demonstrar o nexo de causalidade.

A alternativa D está incorreta, conforme a jurisprudência do STJ: “RESPONSABILIDADE DE ADVOGADO PELA


PERDA DO PRAZO DE APELAÇÃO. TEORIA DA PERDA DA CHANCE. APLICAÇÃO. RECURSO ESPECIAL.
ADMISSIBILIDADE. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE DE REVISÃO DO CONTEXTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. SÚMULA 7, STJ. APLICAÇÃO. A responsabilidade do advogado na condução da defesa
processual de seu cliente é de ordem contratual. Embora não responda pelo resultado, o advogado é
obrigado a aplicar toda a sua diligência habitual no exercício do mandato. Ao perder, de forma negligente, o
prazo para a interposição de apelação, recurso cabível na hipótese e desejado pelo mandante, o advogado
frusta as chances de êxito de seu cliente. Responde, portanto, pela perda da probabilidade de sucesso no
recurso, desde que tal chance seja séria e real. Não se trata, portanto, de reparar a perda de “uma simples
esperança subjetiva”, nem tampouco de conferir ao lesado a integralidade do que esperava ter caso
obtivesse êxito ao usufruir plenamente de sua chance. A perda da chance se aplica tanto aos danos materiais
quanto aos danos morais (REsp 1079185/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
11/11/2008, DJe 04/08/2009)”.

35. (PGE-GO / PGE-GO – 2013) Sobre a Indenização, está CORRETA a seguinte proposição:
a) A conduta dolosa do agente causador do dano resulta em fixação judicial de indenização, além do prejuízo
material sofrido pela vítima.
b) Excepcionalmente admite-se a valoração do grau de culpa do agente causador do dano e do prejuízo
sofrido pela vítima para efeito de reduzir equitativamente o valor da indenização fixada judicialmente.
c) Admite-se a indenização tarifada na reparação de danos materiais.
d) A culpa concorrente deve ser fixada proporcionalmente em razão da extensão dos danos sofridos pelas
partes envolvidas no ilícito civil.
e) A indenização punitiva está assegurada à vítima pela legislação civil brasileira e corresponde a uma verba
autônoma a ser paga em caso de dano material.
Comentários

A alternativa A está incorreta, pois o CC/2002 trata da culpa sem sequer mencionar o dolo na indenização;
mesmo sendo a culpa ser grave (ou dolo), não se gera indenização a maior, portanto.

A alternativa B está correta, na forma do art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva desproporção entre
a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”.

A alternativa C está incorreta, já que a tarifação existente no direito brasileiro trata de situações peculiares
e extremamente limitadas, mas a indenização, em si, não é tarifada.

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A alternativa D está incorreta, na forma do art. 945: “Se a vítima tiver concorrido culposamente para o
evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com
a do autor do dano”.

A alternativa E está incorreta, já que o direito brasileiro tradicionalmente não abraça a indenização punitiva,
jamais se falando em verba autônoma.

36. (PGE-GO / PGE-GO – 2013) A sociedade contemporânea é marcada pelos muitos riscos oferecidos,
o que enseja situações de reparação. No entanto, nem todos os fatos danosos geram a obrigação de
indenizar. A lei brasileira prevê excludentes do dever de reparar o dano, entre as quais o caso fortuito e a
força maior, quando o fato gerador do dano for necessário e
a) desvinculado da atividade desenvolvida e seus efeitos, inevitáveis.
b) conexo à atividade desenvolvida e seus efeitos não se podiam impedir.
c) conexo à atividade desenvolvida e seus efeitos, imprevisíveis e inevitáveis.
d) vinculado à atividade desenvolvida e seus efeitos, imprevisíveis e inevitáveis.
e) diretamente ligado à atividade desenvolvida e seus efeitos, imprevisíveis.
Comentários

A alternativa A está correta, já que o caso fortuito e a força maior pressupõem um evento necessário de
efeitos inevitáveis.

A alternativa B está incorreta, já que a atividade desenvolvida pelo agente não pode ser capaz de gerar
aqueles danos, constituindo risco da atividade.

A alternativa C está incorreta, pelas mesmas razões da supracitada alternativa B.

A alternativa D está incorreta, pelas mesmas razões da supracitada alternativa B.

A alternativa E está incorreta, pelas mesmas razões da supracitada alternativa B.

37. (FMP / PGE-AC – 2013) Assinale a alternativa INCORRETA.


a) Há previsão expressa de responsabilidade extracontratual solidária no Código Civil brasileiro.
b) Na responsabilidade extracontratual, como na contratual, se exige constituição em mora.
c) A responsabilidade solidária não se presume, resultando da lei ou da vontade das partes.
d) Haverá responsabilidade civil objetiva, no sistema do Código Civil, quando houver expressa determinação
legal ou quando a atividade habitual do agente, por sua natureza, implicar risco para o direito de outrem, o
que não exclui outros subsistemas de responsabilidade civil objetiva.
Comentários

A alternativa A está correta, a exemplo do art. 942, parágrafo único: “São solidariamente responsáveis com
os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932”.

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A alternativa B está incorreta, já que a mora é imprescindível à responsabilidade derivada do contrato, mas
irrelevante para a responsabilidade aquiliana, que exige o inadimplemento, apenas.

A alternativa C está correta, dada a previsão do art. 265: “A solidariedade não se presume; resulta da lei ou
da vontade das partes”.

A alternativa D está correta, conforme o art. 927, parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.

38. (CESPE / DP-DF – 2013) Caso um DP recorra de decisão judicial que arbitre indenização de valor
irrisório a ser paga pelo poder público, pleiteando revisão do valor, o recurso interposto, segundo a
jurisprudência consolidada do STJ, será inviável, visto que a revisão do valor a ser indenizado somente é
possível quando a importância arbitrada é exorbitante.
Comentários

O item está incorreto, dado que o STJ revê a indenização quando ela é exorbitante, mas também quando ela
é irrisória.

39. (CESPE / PC-BA – 2013) No Código Civil, é prevista a possibilidade de as empresas responderem,
independentemente de culpa, pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.
Comentários

O item está correto, na dicção do art. 931: “Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os
empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos
produtos postos em circulação”.

40. (FCC / DPE-PR – 2012) A pessoa jurídica, porque não titulariza direitos subjetivos referentes à
dignidade da pessoa humana, não é titular de direitos da personalidade, embora possa sofrer dano moral.
Comentários

O item está incorreto, na forma do art. 52: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos
direitos da personalidade”.

41. (FCC / DPE-PR – 2012) No caso de deterioração da coisa alheia, provocada para remover perigo
iminente provocado por terceiro, assistirá ao proprietário da coisa direito a indenização a ser paga pelo
causador direto do dano, ainda que à luz da lei civil este não tenha cometido ato ilícito.
Comentários

O item está correto, pela combinação do art. 927 (“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo”) com o art. 188, inc. II (“Não constituem atos ilícitos a deterioração ou
destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”).

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42. (FCC / DPE-PR – 2012) A indenização por dano estético, na qualidade de espécie de dano moral,
abarca este, não havendo falar em responsabilização autônoma do agente ofensor com relação aos danos
psicológicos.
Comentários

O item está incorreto, dado que, tecnicamente falando, o dano estético é autônomo, espécie do gênero
“danos extrapatrimoniais”, que tem como outra espécie o dano moral.

43. (FUNDATEC / PGE-RS – 2011) NÃO constitui ato ilícito


a) o exercício de um direito se exceder a boa fé objetiva.
b) o ato praticado em legítima defesa, desde que própria.
c) o ato praticado no uso regular de um direito, desde que se demonstre ser o mesmo absolutamente
indispensável.
d) o ato praticado para remoção de perigo desde que não cause danos a pessoas.
e) o ato praticado para remoção de perigo desde que não exceda o limite do indispensável e for
absolutamente necessário.
Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme regra do art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um direito
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-
fé ou pelos bons costumes”.

A alternativa B está incorreta, pela literalidade do art. 188, inc. II: “Não constituem atos ilícitos, os praticados
em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido”.

A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 188, inc. I: “Não constituem atos ilícitos, os praticados
em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido”, não se exigindo a indispensabilidade.

A alternativa D está incorreta, conforme o art. 188, inc. II: “Não constituem atos ilícitos, a deterioração ou
destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”.

A alternativa E está correta, segundo o art. 188, inc. II: “Não constituem atos ilícitos, a deterioração ou
destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente, mas somente quando as
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a
remoção do perigo”.

44. (VUNESP / TJ-MT – 2009) Observe as assertivas a seguir.


I. Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou caução fidejussória
para a garantia de pagamento de pensão, independentemente da situação financeira do demandado.
II. Não é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral, visto que se confundem.
III. A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento.

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IV. Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não
implica sucumbência recíproca.
V. O valor do seguro obrigatório não deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada.
Está correto apenas o que se afirma em
a) I e II.
b) III e V.
c) I, III e IV.
d) II, IV e V.
e) I, II e IV.
Comentários

A afirmativa I está correta, pois é oque afirma expressamente a Súmula 313 do STJ: “Em ação de indenização,
procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou caução fidejussória para a garantia de
pagamento da pensão, independentemente da situação financeira do demandado”.

A afirmativa II está incorreta, pois colide com a Súmula 387 do STJ: "É lícita a cumulação das indenizações
de dano estético e dano moral".

A afirmativa III está correta, pois é o que afirma expressamente a Súmula 362 do STJ:"A correção monetária
do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento".

A afirmativa IV está correta, de acordo com a Súmula 326 do STJ: "Na ação de indenização por dano moral,
a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca".

A afirmativa V está incorreta, pois está em desacordo com a Súmula 246 do STJ: "O valor do seguro
obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada".

A alternativa C está correta, portanto.

45. (CESPE / PGE-CE – 2008) A respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta.
a) O ato praticado com abuso de poder, mesmo quando não causa dano à vítima, resulta no dever de
indenizar, em virtude da violação a dever de conduta.
b) As pessoas jurídicas de direito privado, quaisquer que sejam a sua natureza e os seus fins, respondem
objetivamente pelos atos de seus dirigentes, administradores e empregados ou prepostos que, nessa
qualidade, causem dano a outrem.
c) A responsabilidade daquele que provocar acidente por exercício de atividade de risco é objetiva,
independentemente de conduta do agente provocador ou da vítima e da demonstração do nexo de
causalidade entre a conduta perigosa e o dano por ela causado.
d) A fixação judicial do valor da indenização a título de danos morais está vinculada ao prejuízo
experimentado e demonstrado pela vítima. Para a sua adequada fixação, consideram-se o poder econômico
do réu e o caráter educativo da sanção.

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e) Se, em um acidente, um dos envolvidos é o veículo de uma empresa de transporte coletivo, portanto,
prestadora de serviços públicos, independentemente da culpa do motorista ou da vítima, a empresa
responderá objetivamente pelos danos causados no acidente.
Comentários

A alternativa A está incorreta, já que pressuposto elementar da responsabilidade civil é o dano, sem o qual
não se a configura.

A alternativa B está correta, na literalidade do art. 932, inc. III: “São também responsáveis pela reparação
civil o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele”.

A alternativa C está incorreta, pois a responsabilidade civil, mesmo que objetiva, não afasta a exigência de
nexo de causalidade e de dano, mas apenas a culpa, pelo que a culpa exclusiva da vítima, ao quebrar o nexo
de causalidade, impede a configuração do dever de indenizar.

A alternativa D está incorreta, porque não há como vincular a indenização por danos materiais a “prejuízo
experimentado e demonstrado” efetivamente.

A alternativa E está incorreta, já que, mais uma vez, a culpa exclusiva da vítima quebra o nexo de causalidade.

46. (CESPE / DPU – 2007) A ação indenizatória decorrente de danos morais tem caráter pessoal, pois o
herdeiro não sucede no sofrimento da vítima nem pode ser indenizado por dor alheia. Por isso, se o autor
falecer no curso do processo, não poderá́ ocorrer substituição processual no polo ativo da demanda. Nesse
caso, o processo será́ extinto sem resolução de mérito, por perda superveniente da legitimidade ad causam
do autor.
Comentários

O item está incorreto, pois a jurisprudência, sem exceção, admite ação indenizatória decorrente de dano
moral continuada pelos herdeiros, em face de situação vivenciada pelo falecido.

47. (FCC / DPE-BA – 2006) A responsabilidade civil fundada no risco, como consequência de atividades
perigosas,
a) possui como característica a subjetividade, ou seja, a vontade do agente contribuiu para a produção do
resultado.
b) funda-se na ilicitude da atividade, uma vez que é necessária a prova irrefutável do exercício não autorizado
da atividade perigosa.
c) obriga a reparação do dano ambiental, mesmo na hipótese de conduta lícita, bastando para tanto a simples
prova de lesividade da atividade.
d) descarta a aplicabilidade do princípio “ubi est emolumentum, ibi onus esse debet”, ou seja, quem retira
proveito dos riscos criados, deve arcar com as respectivas consequências.
e) admite excludentes da responsabilidade civil, assim como a culpa exclusiva ou concorrente do poluidor.
Comentários

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A alternativa A está incorreta, já que, em se tratando de aplicação da teoria do risco, a responsabilidade civil
independe da culpa.

A alternativa B está incorreta, pois deriva a responsabilidade exatamente da atividade perigosa


desenvolvida, sendo ela autorizada ou não.

A alternativa C está correta, porque a responsabilidade ambiental, objetiva, aplica-se inclusive nas hipóteses
de realização de ato lícito.

A alternativa D está incorreta, pois o princípio latino do ubi est emolumentum, ibi onus esse debet significa
que “onde está o ganho, reside aí o ônus”, ou seja, o desenvolvimento da atividade, por gerar ganho, gera
também o ônus de indenizar. Não há que se falar, portanto, em descartar o princípio.

A alternativa E está incorreta, até porque a alternativa sequer especifica de quem seria a “culpa exclusiva”.
Do fornecedor? Se sim, obviamente que não se afasta o dever de indenizar. Além disso, como a segunda
parte fala em “poluidor”, é de se pensar que o caso trata de responsabilidade por dano ambiental, ou seja,
excluir a responsabilidade por culpa exclusiva da vítima. Tá, mas quando é que o meio ambiente vai ser
culpado pelo próprio dano? Além disso, se for o caso de culpa concorrente, não se afasta o dever de
indenizar, ainda que ele seja mitigado.

48. (FCC / DPE-MA – 2003) Segundo a regra constitucional acerca desta matéria, no acidente de
trabalho, a responsabilidade civil do empregador é
a) objetiva, por aplicação da teoria da risco integral.
b) subjetiva, sendo, porém, objetiva a da Previdência Social.
c) objetiva, por aplicação da teoria do risco proveito.
d) excluída se houver contribuído para a Previdência Social.
e) objetiva se não houver recolhido as contribuições previdenciárias e subjetiva se as houver recolhido.
Comentários

A alternativa A está incorreta, haja vista que o art. 5º, inc. XXVIII, da CF/1988 é claro ao dispor que a
responsabilidade do empregador depende culpa ou dolo.

A alternativa B está correta, pois a responsabilidade do empregador em relação ao empregado é subjetiva,


mas a responsabilidade da Previdência Social, pela função de socialização de riscos, é objetiva.

A alternativa C está incorreta, já que a aplicação da teoria do risco-proveito se dá do empregador em relação


ao consumidor, por ato praticado pelo empregado, segundo o art. 932, inc. III, do CC/2002.

A alternativa D está incorreta, porque o art. 5º, inc. XXVIII, da CF/1988 é claro, também, ao dispor que o
empregador está vinculado à indenização, em caso de culpa ou dolo, a despeito de ter contribuído ou não
de maneira adequada para a Previdência Social.

A alternativa E está incorreta, dado que a norma constitucional nada trata dessa distinção.

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49. (FCC / DPE-MA – 2003) Comete ato ilícito, ficando civilmente responsável pela reparação do dano
a) o causador de qualquer dano, exceto se provar culpa exclusiva da vítima.
b) o agente que pratica o ato em legítima defesa de direito de outrem, cabendo contra este ação regressiva.
c) aquele que age no exercício regular de um direito reconhecido, causando dano a outrem, salvo se for
servidor público.
d) o que age em estado de necessidade, mesmo que o perigo tenha sido ocasionado pela pessoa lesada ou
dono da coisa destruída.
e) o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social.
Comentários

A alternativa A está incorreta, pois a culpa exclusiva da vítima afasta o dever de indenizar pela quebra do
nexo de causalidade.

A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 188, inc. I: “Não constituem atos ilícitos os praticados
em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido”.

A alternativa C está incorreta, pelas mesmas razões da alternativa anterior, já que o servidor público não
constitui exceção.

A alternativa D está incorreta, conforme o art. 929: “Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do
inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que
sofreram”.

A alternativa E está correta, pela regra do art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes”.

50. (CESPE / DPU – 2001) Os serviços prestados por advogados e por cirurgiões plásticos constituem
obrigações de meio, consoante jurisprudência dominante.
Comentários

O item está incorreto, porque a jurisprudência reputa os cirurgiões plásticos, em cirurgias eletivas,
objetivamente responsáveis pelos danos que causam aos pacientes, contrariamente à regra geral de que os
profissionais liberais são subjetivamente responsáveis.

LISTA DE QUESTÕES
1. (VUNESP / TJ-MT – 2018) Caio, servidor público municipal aposentado, contratou Tício para que
ajuizasse ação contra o Município, pleiteando o pagamento de auxílio-alimentação. O pedido foi julgado
improcedente em sentença, confirmada pelo Tribunal Estadual. Sem requerer autorização de Caio, Tício
deixou de apresentar recursos aos Tribunais Superiores, em razão da Súmula Vinculante do Supremo

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Tribunal Federal nº 55, a qual consubstancia o entendimento de que “o direito ao auxílio-alimentação não
se estende aos servidores inativos”.
É correto afirmar que Tício:
a) não deve ser condenado, tendo em vista que a condenação pela perda de uma chance pressupõe a
possibilidade de vitória na demanda, não existente no caso, em razão da súmula vinculante.
b) deve ser condenado pela perda da chance decorrente de sua omissão em recorrer, em valor equivalente
à pretensão de Caio, podendo ser acrescida de lucros cessantes e danos morais.
c) não pode ser condenado por não ter recorrido, tendo em vista o não acolhimento pelo ordenamento
jurídico brasileiro da teoria da perda de uma chance.
d) deve ser condenado pela perda da chance decorrente de sua omissão em recorrer, em valor a ser apurado,
não podendo ser equivalente à pretensão de Caio, tendo em vista que o que se indeniza é a perda da chance
e não a pretensão perdida.
e) deve ser condenado pela perda da chance decorrente de sua omissão em recorrer, tendo em vista que,
mesmo improvável a vitória, Caio tinha o direito de requerer sua pretensão em juízo em última instância.
2. (CESPE / PGM-Manaus (AM) – 2018) Lucas – vítima de importante perda de discernimento em
razão de grave doença degenerativa em estágio avançado –, devidamente representado por sua filha e
curadora Maria, ajuizou ação indenizatória por danos materiais e morais contra determinada instituição
financeira, sustentando que foram realizados saques indevidos em sua conta-corrente com a utilização de
um cartão magnético clonado por terceiros. Durante a instrução processual, foi comprovado que os fatos
alegados na petição inicial eram verdadeiros.
Lucas não faz jus ao recebimento de indenização por dano moral, tendo em vista não estar conscientemente
sujeito a dor ou sofrimento psíquico devido à significativa perda de discernimento.
3. (CESPE / PGM-Manaus (AM) – 2018) De acordo com a jurisprudência do STJ e as disposições do
Código Civil, julgue os itens a seguir, acerca da responsabilidade civil.
Uma vez ajuizada ação de cobrança de dívida já paga, o direito do requerido à restituição em dobro
prescindirá de demonstração de má-fé do autor da cobrança.
4. (CESPE / PGM-Manaus (AM) – 2018) De acordo com a jurisprudência do STJ e as disposições do
Código Civil, julgue os itens a seguir, acerca da responsabilidade civil.
A sanção civil de pagamento em dobro por cobrança de dívida já adimplida pode ser pleiteada na defesa do
réu, independentemente da propositura de ação autônoma ou de reconvenção para tanto.
5. (FCC / DPE-MA – 2018) Joaquim, desempregado e sem atividade remunerada, foi aprovado nas
etapas preliminares de concurso público e, como requisito para a posse, precisava passar por avaliação
médica de caráter eliminatório. Entretanto, quando estava indo até o local da perícia, foi atropelado e
hospitalizado, perdendo o prazo para a realização dos exames. Por esse motivo, foi eliminado do certame.
Diante desta situação, Joaquim faz jus
a) somente aos danos morais, mas não há falar-se em danos materiais, uma vez que estava desempregado
e sem atividade remunerada, de modo que não há falar-se em lucros cessantes.
b) aos danos morais e materiais decorrentes do acidente, inclusive à integralidade dos vencimentos a que
faria jus se tivesse sido investido no cargo.

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c) aos danos morais e materiais decorrentes do acidente, mas a possibilidade de aprovação no certame não
deve ser valorada na quantificação dos danos, por se tratar de mera expectativa de direito.
d) somente aos danos materiais, mas não há falar-se em danos morais à espécie, por se tratar de mero
aborrecimento da vida em sociedade.
e) aos danos morais e materiais decorrentes do acidente, inclusive a uma indenização proporcional à perda
da chance de tomar posse no cargo.
6. (FUNDATEC / PC-RS – 2018) Sobre ilicitude e responsabilidade civil, assinale a alternativa correta.
a) Para a caracterização do ato ilícito previsto no Art. 187 do Código Civil brasileiro, é necessária a aferição
de culpa e dano do autor do fato.
b) Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, quando a atividade desenvolvida
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
c) Só é considerado ilícito o ato que, exercido em manifesto excesso aos limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, causar efetivo dano a alguém.
d) Constitui hipótese de ilicitude civil, em qualquer circunstância, a conduta de lesionar a pessoa a fim de
remover perigo iminente.
e) O dano exclusivamente moral, provocado por omissão voluntária, em caso de prática de ato negligente,
não conduz a caracterização de um ilícito civil.
7. (TRF / TRF-2ªRegião – 2017) Magnus, com 15 anos de idade, pega a chave do veículo de seu pai e,
ao dirigi-lo com cautela, perto de sua casa, faz desvio para evitar o atropelamento de criancinha que, de
surpresa, avançou sobre a rua. Magnus, ao fazer a manobra salvadora da criança, colide com veículo da
Empresa de Correios e Telégrafos, regularmente estacionado. Assinale a opção correta:
a) Magnus, ao desviar, agiu em estado de necessidade, daí que não há base legal para obrigá-lo, a si ou a seu
responsável, a reparar o dano causado ao veículo da ECT.
b) Admitindo que o pai de Magnus seja condenado a reparar o dano, ele, mais tarde, faz jus a obter o regresso
contra o filho.
c) Embora não se configure o estado de necessidade, o absolutamente incapaz não responde em termos
civis, e apenas seu representante ou responsável pode ser chamado a reparar o dano.
d) Mesmo que se acolha a tese de estado de necessidade, o responsável pelo menor pode, legalmente, ser
condenado a reparar o dano causado à ECT.
e) O estado de necessidade não se caracteriza. Dirigir sem habilitação é ilícito permanente e incide o Estatuto
da Criança e do Adolescente, com responsabilidade civil direta de Magnus e subsidiária de seu pai.
8. (VUNESP / TJ-SP – 2017) José outorga mandato verbal a advogado para em seu nome propor ação
de revisão de benefício previdenciário. A ação é julgada improcedente em primeiro grau e o advogado
perde o prazo para interpor apelação. Entendendo que poderia ter sido vencedor na referida ação, José
propõe ação de indenização, pleiteando a condenação do advogado ao pagamento de indenização por
dano material correspondente ao valor que receberia na ação de revisão, caso esta fosse procedente, e
por dano moral. A ação de indenização é julgada procedente.
Assinale a alternativa que corresponde corretamente aos fundamentos adotados na sentença.

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a) Conduta negligente do advogado, decorrente de responsabilidade contratual e do descumprimento da


obrigação de aplicar a diligência habitual na execução do mandato.
b) Conduta ilícita do advogado pela perda de uma chance, decorrente de culpa aquiliana e do
descumprimento de dever comum de cuidado na prática de atividade profissional.
c) Conduta ilícita do advogado pela perda de uma chance, decorrente de responsabilidade contratual
objetiva, independentemente da existência de culpa.
d) Conduta negligente do advogado, decorrente de responsabilidade contratual pelo fato do serviço e do
descumprimento de obrigação de resultado.
9. (CESPE / DPU – 2017) A aplicação da teoria da perda de uma chance pressupõe uma possibilidade
concreta, real e com alto grau de probabilidade de se garantir um benefício ou sofrer um prejuízo, bem
como que a ação ou omissão do agente tenha nexo causal com a perda da oportunidade de exercer a
chance.
10. (CESPE / PGM-Belo Horizonte (MG) – 2017) À luz da legislação aplicável e do entendimento
doutrinário prevalecente a respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta.
a) O abuso do direito, ato ilícito, exige a comprovação do dolo ou da culpa para fins de responsabilização
civil.
b) No contrato de transporte de pessoas, a obrigação assumida pelo transportador é de resultado, e a
responsabilidade é objetiva.
c) O dever de indenizar pressupõe, necessariamente, a prática de ato ilícito.
d) No que se refere ao nexo causal, elemento da responsabilidade civil, o Código Civil adota a teoria da
equivalência das condições.
11. (FCC / DPE-PR – 2017) Sobre dano moral, é correto afirmar:
a) A natureza de reparação dos danos morais, e não de ressarcimento, é o que justifica a não incidência de
imposto de renda sobre o valor recebido a título de compensação por tal espécie de dano.
b) Como indenização por dano moral, não é possível, por exemplo, que uma vítima obtenha direito de
resposta em caso de atentado contra honra praticado por veículo de comunicação, sendo possível apenas o
recebimento de quantia em dinheiro.
c) O descumprimento de um contrato não gera dano moral, ainda que envolvido valor fundamental
protegido pela Constituição Federal de 1988.
d) O dano moral indenizável pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos
desagradáveis, como dor ou sofrimento, por isso não se pode falar em dano moral da pessoa jurídica.
e) A quantificação por danos morais está sujeita a tabelamento e a valores fixos.
12. (TRF 4ª REGIÃO / TRF 4ª REGIÃO – 2016) Assinale a alternativa INCORRETA.
a) As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a
fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
b) No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por
danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave.

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c) Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com
fins econômicos ou comerciais.
d) A apresentação antecipada de cheque pré-datado não caracteriza dano moral, visto consistir o cheque em
ordem de pagamento à vista.
e) As administradoras de consórcio têm liberdade para estabelecer a respectiva taxa de administração, ainda
que fixada em percentual superior a dez por cento.
13. (TRF 3ª REGIÃO / TRF 3ª REGIÃO – 2016) Considerando a jurisprudência dominante no Superior
Tribunal de Justiça, assinale a alternativa incorreta:
a) A correção monetária do valor da indenização do dano material incide desde a data do arbitramento.
b) São cumuláveis as pretensões ao dano moral, ao dano estético e ao dano material decorrentes do mesmo
fato.
c) A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.
d) São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto
o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.
14. (CESPE / TJ-DFT– 2016) A respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta.
a) De acordo com o Código Civil, a possibilidade legal de redução equitativa da indenização pelo juiz é
aplicável às hipóteses de responsabilidade subjetiva e objetiva.
b) Se houver concorrência de culpas e danos a ambas as partes, cada qual deve arcar com seus respectivos
prejuízos.
c) Nos termos explicitados no Código Civil, a gradação de culpa possui relevância para a configuração do ato
ilícito.
d) Segundo a atual orientação do STJ, a reparação pela lesão extrapatrimonial deve seguir o método
denominado bifásico na aferição do valor da indenização.
e) Conforme jurisprudência prevalente do STJ, a cobrança indevida já traz em si a ilicitude, bastando a prova
de que se deu por meio judicial para se impor a devolução em dobro, prevista no Código Civil.
15. (FAURGS / TJ-RS – 2016) Sobre a reparação de danos, é correto afirmar que
a) apenas a culpa concorrente da vítima é admitida como causa de redução da indenização pelo Código Civil,
constituindo exceção ao princípio da reparação integral.
b) se adota, segundo entendimento majoritário, a teoria do risco integral como fundamento da imputação
de responsabilidade, independente de culpa em razão de atividade de risco (artigo 927, parágrafo único).
c) todos os membros de um grupo, pela adoção da teoria da causalidade alternativa, podem ser
responsabilizados, quando não seja possível determinar, dentre eles, quem deu causa à lesão.
d) a responsabilidade pelo fato do animal é independente de culpa do seu dono ou detentor, não podendo
ser afastada mesmo quando ausente o nexo de causalidade.
e) o patrimônio do incapaz não pode servir ao pagamento da indenização, cabendo exclusivamente aos pais,
tutores ou curadores, conforme o caso, responder pelos danos que ele causar.
16. (CESPE / TJ-DFT – 2016) A respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta.

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a) De acordo com o Código Civil, a possibilidade legal de redução equitativa da indenização pelo juiz é
aplicável às hipóteses de responsabilidade subjetiva e objetiva.
b) Se houver concorrência de culpas e danos a ambas as partes, cada qual deve arcar com seus respectivos
prejuízos.
c) Nos termos explicitados no Código Civil, a gradação de culpa possui relevância para a configuração do ato
ilícito.
d) Segundo a atual orientação do STJ, a reparação pela lesão extrapatrimonial deve seguir o método
denominado bifásico na aferição do valor da indenização.
e) Conforme jurisprudência prevalente do STJ, a cobrança indevida já traz em si a ilicitude, bastando a prova
de que se deu por meio judicial para se impor a devolução em dobro, prevista no Código Civil.
17. (FCC / PGE-MA – 2016) Considere as proposições abaixo, sobre a exclusão da responsabilidade
civil:
I. A responsabilidade civil do Estado por atos comissivos de seus agentes não admite causa de exclusão.
II. A culpa exclusiva da vítima afasta o elemento culpa, porém não o nexo de causalidade e a obrigação de
indenizar.
III. O caso fortuito e a força maior nem sempre excluem a responsabilidade pelo dano.
IV. Não constitui ilícito, e por isto não enseja a responsabilização civil, o exercício de direito reconhecido,
ainda que exercido de maneira antifinalística, excedendo manifestamente os limites impostos por seu fim e
econômico ou social, pela boa-fé́ ou pelos bons costumes.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e III.
b) I e II.
c) II e III.
d) III.
e) I, III e IV.
18. (FUNDATEC / PGM-Porto Alegre (RS) – 2016) Sobre responsabilidade civil, é correto afirmar que:
a) Na fixação da indenização, deve-se atentar que os lucros cessantes observam o princípio da causalidade,
ao passo que os danos emergentes não respeitam esse princípio.
b) Tendo em vista o princípio da reparação integral, aplica-se, no Direito brasileiro, quando da fixação do
montante indenizatório, a compensação dos danos com as eventuais vantagens obtidas pelo lesado
(compensatio lucri cum damno).
c) A responsabilidade pela perda de uma chance não é aplicável no Direito brasileiro, haja vista a inexistência,
no caso, de um efetivo dano.
d) Na responsabilidade civil extracontratual por ato ilícito, os juros moratórios contam-se desde a citação.
e) O ato ilícito é pressuposto de qualquer caso de responsabilidade civil.
19. (FUNRIO / PGM-Trindade (GO) – 2016) A obrigação de indenizar decorre do sistema de
responsabilidade civil. Nesse sentido, diante da responsabilidade por um dano, é INCORRETO afirmar que:

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a) Em qualquer hipótese, quando alguém ressarcir o dano causado por outrem, pode reaver o que houver
pago daquele por quem pagou.
b) A indenização mede-se pela extensão do dano, mas, se houver excessiva desproporção entre a gravidade
da culpa e o dano, poderá o juiz reduzi-la equitativamente.
c) O nexo de causalidade tem uma dupla função, funcionando como fator de imputação de responsabilidade
e como um mecanismo de quantificação da extensão do dano;
d) Para a reparação dos danos submetida ao regime de responsabilidade subjetiva, é necessário que o autor
da ofensa incida num erro de conduta, isto é, que ele não observe um arquétipo de conduta que deveria ser
adotado para a situação concreta.
e) Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, operou-se uma radical mudança do sistema de
responsabilidade, que passou a ser dualista, convivendo simultaneamente uma cláusula geral de
responsabilidade subjetiva e uma cláusula geral de responsabilidade objetiva.
20. (FCC / PGM-Salvador (BA) – 2016) No que concerne à responsabilidade civil,
a) o enriquecimento sem justa causa confunde-se com o enriquecimento ilícito.
b) o sistema civil em vigor não contempla hipóteses de responsabilidade objetiva, somente subjetiva.
c) a caracterização do caso fortuito ou da força maior no âmbito civil é a mesma para as relações de consumo.
d) o dano moral abrange a indenização pelo mero desgosto ou frustração.
e) o Código Civil de 2002 adotou a gradação da culpa como critério de redução da indenização.
21. (PGR / PGR – 2015) Mesmo sabendo que Paulo encontrava-se alcoolizado, Gabriela pediu-lhe que
conduzisse sua irmã a farmácia, emprestando-lhe, para tanto, o seu carro. No trajeto, Paulo veio a colidir
com outro veículo, causando danos materiais de monta. A conduta de Gabriela configurou:
a) Culpa in vigilando.
b) Culpa in eligendo.
c) Culpa in omittendo.
d) Não configurou culpa porque havia um justo motivo.
22. (MPT / MPT – 2015) Analise as assertivas abaixo:
1) O devedor incorre de pleno direito na cláusula penal, desde que, dolosamente, deixe de cumprir a
obrigação ou se constitua em mora.
2) O empregador é responsável pela reparação civil dos atos que seus empregados praticarem no exercício
ou em razão do trabalho, desde que configurada a culpa dos trabalhadores.
3) Quando a violação ou ofensa a direito tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela
reparação.
4) Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a
ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar
de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.
Marque a alternativa CORRETA:
a) apenas as assertivas 3 e 4 estão corretas;

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b) apenas as assertivas 1 e 3 estão corretas;


c) apenas as assertivas 2 e 4 estão corretas;
d) apenas as assertivas 1 e 2 estão corretas.
e) Não respondida.
23. (FCC / TJ-PE – 2015) Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
a) sempre que o juiz, verificando a hipossuficiência da vítima, inverter o ônus da prova.
b) apenas quando o dano for ocasionado por agente público ou preposto de empresa concessionária de
serviço público, no exercício de seu trabalho.
c) quando a lei não estabelecer que a hipótese se regula pela responsabilidade civil subjetiva.
d) quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem.
e) somente nos casos especificados em lei.
24. (FCC / TJ-CE – 2015) Entre os poderes do juiz, ao fixar a indenização por responsabilidade civil
extracontratual, acha-se o de
a) impor a pessoa incapaz, qualquer que seja a sua situação econômica ou financeira, condenação a
indenizar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios
suficientes.
b) desconsiderar, em qualquer hipótese, a sentença absolutória proferida no Juízo criminal.
c) desconsiderar a circunstância de a vítima ter concorrido culposamente para o evento danoso.
d) reduzir, equitativamente, a indenização, se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e
o dano produzido.
e) reconhecer a responsabilidade objetiva do causador do dano discricionariamente, segundo as
circunstâncias do evento danoso.
25. (FCC / TJ-SE – 2015) Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam
sujeitos à reparação do dano causado e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão:
a) solidariamente, devendo o ofendido cobrar deles a dívida toda, ou a cota parte de cada um em ações
autônomas ou em litisconsórcio, dividindo-se, porém, entre eles a cota parte do insolvente, se houver, e
acrescentando-se, ao do preponente ou responsável indireto, o que tocar ao preposto ou responsável direto.
b) conjuntamente pela reparação, devendo o ofendido cobrar de cada um sua cota parte na dívida, dividindo-
se, porém, por todos, a do insolvente.
c) conjuntamente, pela reparação, exceto nas hipóteses previstas na lei, em que uma pessoa responde pelos
atos do outro, como no caso do preponente e preposto, devendo naquele caso o ofendido demandar a todos
os ofensores e nestas, aquele que pagar por inteiro a dívida, salvo em relação a descendente absolutamente
incapaz, poderá cobrar dos demais a respectiva cota parte, dividindo-se entre os pagantes a cota do
insolvente, se houver.
d) solidariamente pela reparação, podendo o ofendido cobrar de qualquer um deles a dívida toda, mas
aquele que pagar por inteiro a dívida, salvo as exceções legais, poderá exigir de cada um dos co-devedores a
sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se houver.

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e) solidariamente, exceto se algum for descendente absolutamente incapaz de um deles, cabendo a este
suportar sozinho essa cota parte, mas os que pagarem serão remidos do que tocar ao insolvente se houver,
tendo o ofendido, neste caso, de habilitar-se no concurso de credores, para receber proporcionalmente a
parte que o insolvente lhe dever.
26. (VUNESP / TJ-SP – 2015) Em matéria de ilicitude dos atos jurídicos, é correto afirmar que
a) o termo a quo da correção monetária na indenização por ato ilícito é a data do efetivo prejuízo, enquanto
que na indenização por dano moral é a data do seu arbitramento.
b) o descumprimento da prática convencional da pós-datação não retira a obrigação do sacado de efetuar o
pagamento de título de crédito à vista e não gera indenização por responsabilidade civil do beneficiário.
c) a pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por dano moral.
d) depende de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com
fins econômicos ou comerciais.
27. (FUNDATEC / PGE-RS – 2015) Assinale a alternativa correta.
a) O dano exclusivamente moral, provocado por omissão voluntária, não permite a caracterização de um
ilícito civil.
b) Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se as disposições pertinentes aos
defeitos do negócio jurídico.
c) Para a caracterização do ato ilícito por abuso de direito previsto no Código Civil é necessária a aferição de
culpa do autor do fato.
d) Só é considerado ilícito o ato que, exercido em excesso manifesto aos limites impostos pelos bons
costumes, necessariamente causar dano a alguém.
e) Constitui ilicitude civil a conduta de destruir coisa alheia para remover perigo iminente.
28. (FCC / MPE-PE – 2014) A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá
a) necessariamente em reparação por dano moral, que é presumido, sendo a indenização tarifada em lei,
não podendo o Juiz arbitrá-la.
b) na reparação de dano que o ofendido conseguir provar e não se admite, em nenhuma hipótese, presunção
de dano moral.
c) em reparação exclusivamente moral, cabendo ao Juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização,
conforme a gravidade da ofensa.
d) em reparação exclusivamente material, não sendo admissível sua cumulação com reparação por dano
moral.
e) na reparação de dano que delas resulte ao ofendido e, se o ofendido não puder provar prejuízo material,
caberá ao Juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
29. (MPE-SC / MPE-SC – 2014) A responsabilidade civil pela perda de chance não se limita à categoria
de danos extrapatrimoniais, pois, conforme as circunstâncias do caso concreto, a chance perdida pode
apresentar também a natureza jurídica de dano patrimonial.
30. (FMP / PGE-AC – 2014) É caso de responsabilidade subjetiva:
a) a dos pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.

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b) a do tutor pelo pupilo que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
c) a dos que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
d) a do incapaz se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
meios suficientes.
31. (VUNESP / PGM-São Paulo (SP) – 2014) São elementos essenciais para configuração da
responsabilidade civil subjetiva, apenas:
a) o ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade.
b) o fato jurídico, a culpa, o dano e o nexo de causalidade.
c) o abuso de direito, a culpa e o dano.
d) o ato ilícito, a culpa, o dano e o nexo de causalidade.
e) a ação humana e o dano.
32. (FUNDEP / DPE-MG – 2014) Considerando o instituto da responsabilidade civil no Código Civil,
analise as afirmativas a seguir.
I. Partindo do pressuposto de que a indenização se mede pela extensão do dano, no caso de excessiva
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, o juiz poderá reduzir, equitativamente, a indenização.
II. Os credores de indenização por dano por morte fixada na forma de pensão mensal têm o direito de exigir
que o causador do ilícito pague de uma só vez todo o valor correspondente.
III. A indenização por ofensa à liberdade pessoal (cárcere privado, prisão por queixa, denúncia falsa e de má-
fé, além da prisão ilegal) fica condicionada à prova de prejuízo material.
IV. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem
pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu absoluta ou relativamente incapaz.
Estão CORRETAS as afirmativas
a) III e IV apenas.
b) I e IV apenas.
c) II e III apenas.
d) I e II apenas.
33. (MPT / MPT – 2013) Sobre a responsabilidade civil do empregador, analise os itens abaixo:
I - Consoante jurisprudência uniforme do STJ, é lícita a cumulação das indenizações por dano moral e por
dano estético decorrentes de um mesmo fato, desde que passíveis de identificação autônoma.
II - A teoria da perda de uma chance pode ser aplicada às relações de trabalho.
III - Para que reste caracterizada culpa exclusiva da vítima, é preciso que não haja culpa do empregador em
nenhum grau.
Marque a alternativa CORRETA:
a) todas as assertivas estão corretas;
b) apenas as assertivas II e III estão corretas;

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c) apenas as assertivas I e III estão corretas;


d) apenas a assertiva I está correta;
e) não respondida.
34. (VUNESP / TJ-SP – 2013) Acerca da responsabilidade civil, e considerada a jurisprudência assente,
é certo afirmar que
a) se sentença criminal definir que determinado fato existiu, a existência desse fato não pode mais ser
discutida na ação de responsabilidade civil.
b) aquele que cobra dívida já paga na sua inteireza é obrigado a pagar ao devedor o dobro do que houver
pago, ainda que tenha agido de boa-fé.
c) na responsabilidade objetiva não se exige culpa e nem nexo de causalidade.
d) a perda de uma chance, por não se caracterizar como dano real e concreto, não pode ser indenizada.
35. (PGE-GO / PGE-GO – 2013) Sobre a Indenização, está CORRETA a seguinte proposição:
a) A conduta dolosa do agente causador do dano resulta em fixação judicial de indenização, além do prejuízo
material sofrido pela vítima.
b) Excepcionalmente admite-se a valoração do grau de culpa do agente causador do dano e do prejuízo
sofrido pela vítima para efeito de reduzir equitativamente o valor da indenização fixada judicialmente.
c) Admite-se a indenização tarifada na reparação de danos materiais.
d) A culpa concorrente deve ser fixada proporcionalmente em razão da extensão dos danos sofridos pelas
partes envolvidas no ilícito civil.
e) A indenização punitiva está assegurada à vítima pela legislação civil brasileira e corresponde a uma verba
autônoma a ser paga em caso de dano material.
36. (PGE-GO / PGE-GO – 2013) A sociedade contemporânea é marcada pelos muitos riscos oferecidos,
o que enseja situações de reparação. No entanto, nem todos os fatos danosos geram a obrigação de
indenizar. A lei brasileira prevê excludentes do dever de reparar o dano, entre as quais o caso fortuito e a
força maior, quando o fato gerador do dano for necessário e
a) desvinculado da atividade desenvolvida e seus efeitos, inevitáveis.
b) conexo à atividade desenvolvida e seus efeitos não se podiam impedir.
c) conexo à atividade desenvolvida e seus efeitos, imprevisíveis e inevitáveis.
d) vinculado à atividade desenvolvida e seus efeitos, imprevisíveis e inevitáveis.
e) diretamente ligado à atividade desenvolvida e seus efeitos, imprevisíveis.
37. (FMP / PGE-AC – 2013) Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Há previsão expressa de responsabilidade extracontratual solidária no Código Civil brasileiro.
b) Na responsabilidade extracontratual, como na contratual, se exige constituição em mora.
c) A responsabilidade solidária não se presume, resultando da lei ou da vontade das partes.

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d) Haverá responsabilidade civil objetiva, no sistema do Código Civil, quando houver expressa determinação
legal ou quando a atividade habitual do agente, por sua natureza, implicar risco para o direito de outrem, o
que não exclui outros subsistemas de responsabilidade civil objetiva.
38. (CESPE / DP-DF – 2013) Caso um DP recorra de decisão judicial que arbitre indenização de valor
irrisório a ser paga pelo poder público, pleiteando revisão do valor, o recurso interposto, segundo a
jurisprudência consolidada do STJ, será inviável, visto que a revisão do valor a ser indenizado somente é
possível quando a importância arbitrada é exorbitante.
39. (CESPE / PC-BA – 2013) No Código Civil, é prevista a possibilidade de as empresas responderem,
independentemente de culpa, pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.
40. (FCC / DPE-PR – 2012) A pessoa jurídica, porque não titulariza direitos subjetivos referentes à
dignidade da pessoa humana, não é titular de direitos da personalidade, embora possa sofrer dano moral.
41. (FCC / DPE-PR – 2012) No caso de deterioração da coisa alheia, provocada para remover perigo
iminente provocado por terceiro, assistirá ao proprietário da coisa direito a indenização a ser paga pelo
causador direto do dano, ainda que à luz da lei civil este não tenha cometido ato ilícito.
42. (FCC / DPE-PR – 2012) A indenização por dano estético, na qualidade de espécie de dano moral,
abarca este, não havendo falar em responsabilização autônoma do agente ofensor com relação aos danos
psicológicos.
43. (FUNDATEC / PGE-RS – 2011) NÃO constitui ato ilícito
a) o exercício de um direito se exceder a boa fé objetiva.
b) o ato praticado em legítima defesa, desde que própria.
c) o ato praticado no uso regular de um direito, desde que se demonstre ser o mesmo absolutamente
indispensável.
d) o ato praticado para remoção de perigo desde que não cause danos a pessoas.
e) o ato praticado para remoção de perigo desde que não exceda o limite do indispensável e for
absolutamente necessário.
44. (VUNESP / TJ-MT – 2009) Observe as assertivas a seguir.
I. Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou caução fidejussória
para a garantia de pagamento de pensão, independentemente da situação financeira do demandado.
II. Não é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral, visto que se confundem.
III. A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento.
IV. Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não
implica sucumbência recíproca.
V. O valor do seguro obrigatório não deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada.
Está correto apenas o que se afirma em
a) I e II.
b) III e V.
c) I, III e IV.

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d) II, IV e V.
e) I, II e IV.
45. (CESPE / PGE-CE – 2008) A respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta.
a) O ato praticado com abuso de poder, mesmo quando não causa dano à vítima, resulta no dever de
indenizar, em virtude da violação a dever de conduta.
b) As pessoas jurídicas de direito privado, quaisquer que sejam a sua natureza e os seus fins, respondem
objetivamente pelos atos de seus dirigentes, administradores e empregados ou prepostos que, nessa
qualidade, causem dano a outrem.
c) A responsabilidade daquele que provocar acidente por exercício de atividade de risco é objetiva,
independentemente de conduta do agente provocador ou da vítima e da demonstração do nexo de
causalidade entre a conduta perigosa e o dano por ela causado.
d) A fixação judicial do valor da indenização a título de danos morais está vinculada ao prejuízo
experimentado e demonstrado pela vítima. Para a sua adequada fixação, consideram-se o poder econômico
do réu e o caráter educativo da sanção.
e) Se, em um acidente, um dos envolvidos é o veículo de uma empresa de transporte coletivo, portanto,
prestadora de serviços públicos, independentemente da culpa do motorista ou da vítima, a empresa
responderá objetivamente pelos danos causados no acidente.
46. (CESPE / DPU – 2007) A ação indenizatória decorrente de danos morais tem caráter pessoal, pois
o herdeiro não sucede no sofrimento da vítima nem pode ser indenizado por dor alheia. Por isso, se o
autor falecer no curso do processo, não poderá́ ocorrer substituição processual no polo ativo da demanda.
Nesse caso, o processo será́ extinto sem resolução de mérito, por perda superveniente da legitimidade ad
causam do autor.
47. (FCC / DPE-BA – 2006) A responsabilidade civil fundada no risco, como consequência de atividades
perigosas,
a) possui como característica a subjetividade, ou seja, a vontade do agente contribuiu para a produção do
resultado.
b) funda-se na ilicitude da atividade, uma vez que é necessária a prova irrefutável do exercício não autorizado
da atividade perigosa.
c) obriga a reparação do dano ambiental, mesmo na hipótese de conduta lícita, bastando para tanto a simples
prova de lesividade da atividade.
d) descarta a aplicabilidade do princípio “ubi est emolumentum, ibi onus esse debet”, ou seja, quem retira
proveito dos riscos criados, deve arcar com as respectivas consequências.
e) admite excludentes da responsabilidade civil, assim como a culpa exclusiva ou concorrente do poluidor.
48. (FCC / DPE-MA – 2003) Segundo a regra constitucional acerca desta matéria, no acidente de
trabalho, a responsabilidade civil do empregador é
a) objetiva, por aplicação da teoria da risco integral.
b) subjetiva, sendo, porém, objetiva a da Previdência Social.
c) objetiva, por aplicação da teoria do risco proveito.

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d) excluída se houver contribuído para a Previdência Social.


e) objetiva se não houver recolhido as contribuições previdenciárias e subjetiva se as houver recolhido.
49. (FCC / DPE-MA – 2003) Comete ato ilícito, ficando civilmente responsável pela reparação do dano
a) o causador de qualquer dano, exceto se provar culpa exclusiva da vítima.
b) o agente que pratica o ato em legítima defesa de direito de outrem, cabendo contra este ação regressiva.
c) aquele que age no exercício regular de um direito reconhecido, causando dano a outrem, salvo se for
servidor público.
d) o que age em estado de necessidade, mesmo que o perigo tenha sido ocasionado pela pessoa lesada ou
dono da coisa destruída.
e) o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social.
50. (CESPE / DPU – 2001) Os serviços prestados por advogados e por cirurgiões plásticos constituem
obrigações de meio, consoante jurisprudência dominante.

GABARITOS
1. TJ-MT A 18. PGM-Porto Alegre (RS) B
2. PGM-Manaus (AM) E 19. PGM-Trindade (GO) A
3. PGM-Manaus (AM) E 20. PGM-Salvador (BA) E
4. PGM-Manaus (AM) E 21. PGR B
5. DPE-MA E 22. MPT A
6. PC-RS B 23. TJ-PE D
7. TRF-2ª REGIÃO D 24. TJ-CE D
8. TJ-SP A 25. TJ-SE D
9. DPU C 26. TJ-SP C
10. PGM-Belo Horizonte B 27. PGE-RS B
11. DPE-PR A 28. MPE-PE E
12. TRF-4ª REGIÃO D 29. MPE-SC C
13. TRF-3ª REGIÃO D 30. PGE-AC D
14. TJ-DFT D 31. PGM-São Paulo (SP) D
15. TJ-RS C 32. DPE-MG B
16. TJ-DFT D 33. MPT A
17. PGE-MA D 34. TJ-SP A

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35. PGE-GO B
36. PGE-GO A
37. PGE-AC B
38. DP-DF E
39. PC-BA C
40. DPE-PR E
41. DPE-PR C
42. DPE-PR E
43. PGE-RS E
44. TJ-MT C
45. PGE-CE B
46. DPU E
47. DPE-BA C
48. DPE-MA B
49. DPE-MA E
50. DPU E

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