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Aula 18

Direito Civil p/ Magistratura Estadual


2020 (Curso Regular)

Autor:
Paulo H M Sousa
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24 de Abril de 2020

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Sumário
Considerações iniciais ............................................................................................................................ 3

III. Propriedade plena............................................................................................................................. 6

1. Características ................................................................................................................................6

2. Função social ..................................................................................................................................9

3. Extensão e limites ........................................................................................................................12

4. Aquisição e transmissão...............................................................................................................17
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I. Quanto ao ingresso patrimonial .................................................................................................................... 20

II. Quanto à origem ........................................................................................................................................... 20

III. Quanto ao grau ............................................................................................................................................ 21

IV. Quanto ao objeto ........................................................................................................................................ 21

4.1. Propriedade imobiliária ............................................................................................................21

4.1.1. Usucapião...............................................................................................................................21

A. Ordinária ......................................................................................................................................26

B. Extraordinária ..............................................................................................................................27

C. Especial ........................................................................................................................................30

I. Constitucional ................................................................................................................................................ 30

II. Coletiva ......................................................................................................................................................... 32

III. Familiar ........................................................................................................................................................ 35

IV. Indígena ....................................................................................................................................................... 37

V. Regularizadora.............................................................................................................................................. 37

D. Extrajudicial .................................................................................................................................40

4.1.2. Registro ..................................................................................................................................44

4.1.3. Acessão ..................................................................................................................................46

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4.2. Propriedade mobiliária .............................................................................................................52

4.2.1. Usucapião...............................................................................................................................52

4.2.2. Coisas sem dono .....................................................................................................................53

I. Ocupação ....................................................................................................................................................... 53

II. Achado de tesouro ....................................................................................................................................... 54

4.2.3. Tradição .................................................................................................................................55

4.2.4. Acessão ..................................................................................................................................56

I. Especificação.................................................................................................................................................. 56

II. União............................................................................................................................................................. 57

5. Perda ............................................................................................................................................58

1. Modos voluntários: ....................................................................................................................................... 59

2. Modos involuntários: .................................................................................................................................... 62

Legislação Pertinente ........................................................................................................................... 62

Jurisprudência Correlata ...................................................................................................................... 73

Jornadas de Direito Civil....................................................................................................................... 84

Resumo ................................................................................................................................................ 85

Considerações finais ............................................................................................................................ 97

Questões com comentários ................................................................................................................. 97

Listas de Questões ............................................................................................................................. 139

Gabaritos ............................................................................................................................................ 158

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Inicialmente, lembro que sempre estou disponível, para você, aluno Estratégia, no Fórum de Dúvidas do
Portal do Aluno e, alternativamente, também, nas minhas redes sociais:

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Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

Eu frequentemente falo na lógica do Direito Civil. O Direito das Coisas é, na minha perspectiva, o segundo
ramo do Direito Civil no qual essa lógica é mais... “lógica”. O primeiro é o Direito das Obrigações. A construção
da Teoria da Relação Jurídica é contraprova desse movimento.

A força do Direito das Obrigações é tão grande que submeteu o Direito Processual – incluindo o Penal – e o
próprio Direito das Coisas. Mesmo il terribile diritto, usando a expressão imortalizada por Rodotà, o direito
de propriedade se submete à lógica obrigacional.

Mas a criatura, aqui, apesar de submetida, volta-se contra o criador. O direito de propriedade desafia a lógica
da relação jurídica. E o faz precisamente porque precisa criar uma nova lógica. Parafraseando o Agente Smith
que tentava submeter Mr. Anderson e seu matrixiano Neo às regras binárias do sistema de gestão da vida
cinematográfico, a propriedade é inevitável.

A Teoria da Relação Jurídica não consegue conter a propriedade por sua característica mais fundamental, ser
erga omnes. É social, filosófica e juridicamente impossível sustentar tal característica nos moldes como se
faz. A sustentação é meramente lógica, de conveniência, mas necessária para o tênue equilíbrio da
propriedade em sua matriz contemporânea, de índole liberal.

Por isso se exige um sistema lógico tão robusto, de modo a afastar questionamentos técnicos a respeito de
um instituto tão fundamental. A lógica formal do sistema de transmissão de propriedade germânico é
impecável. É tautológica, porque a forma se explica pela perfeição e a perfeição pela forma.

Por isso, o Direito das Coisas é considerado tão difícil. Sua complexidade é enorme. A exigência de
conhecimentos profundos de todo o restante do Direito Civil o torna hermético. Ao contrário, ele, quando
olhado na lâmina do microscópio, é de simplicidade ímpar. Sua lógica é tamanha que espanta.

Explicar porque alguém está doente apenas olhando a pessoa é impossível; necessário analisar o micróbio
patológico. Assim é com o Direito das Coisas. Compreender o que acontece olhando a superfície é impossível;
necessário analisar o micróbio “real”. Por isso esse ramo é tão desafiador.

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Seu refinamento teórico não encontra paralelo. É um ramo do Direito técnico. De técnicos. Para técnicos.
Essa técnica foi desenvolvida lentamente desde a última quadra do séc. XVIII, intensificou-se no séc. XIX com
o Código Civil dos Franceses e refinou-se em solo alemão no século subsequente. Os maiores teóricos do
Direito até as duas grandes guerras eram mestres no Direito das Coisas; as grandes discussões eram a
respeito das categorias nucleares do Direito das Coisas.

Curiosamente, as estruturas mais elementares do Direito das Coisas nunca conseguiram encontrar
desenvolvimento teórico satisfatório. A distinção mesma entre o Direito das Coisas e o Direito das Obrigações
continua esmaecida em muitos aspectos e a aplicação da “Teoria da relação jurídica” ainda hoje é desafiada
pela ausência de um sujeito passivo determinado.

O Direito das Coisas é, assim, contraditório. Ao mesmo tempo em que apresenta um desenvolvimento
teórico sem paralelo, toda essa estrutura se assenta em bases muito frágeis, que continuam a sustentá-lo
porque são úteis, pragmaticamente falando. Discutir as estruturas significaria fazê-las ruir. O Direito das
Coisas é, como costumamos dizer no interior, “palanque no banhado”...

POR FIM, APRESENTO A VOCÊ UMA TEORIA DIDÁTICA QUE CRIEI: A “TEORIA QUADRIMENSIONAL DA PROPRIEDADE
PRIVADA”, INSPIRADO NA TEORIA DA RELATIVIDADE DE EINSTEIN, QUE PROCURA EXPLICAR AS TEORIAS SOBRE O
ESPAÇO-TEMPO. EXPLICO-ME. TRADICIONALMENTE, ENXERGAMOS A PROPRIEDADE AINDA EM 2D: LARGURA E
PROFUNDIDADE (E NÃO ALTURA E LARGURA, COMO SE HABITUALMENTE FAZ).

A LARGURA DA PROPRIEDADE CORRESPONDE À PERSPECTIVA MAIS TRADICIONAL DO INSTITUTO. A PROPRIEDADE SE


LIMITA ÀS PROPRIEDADES VIZINHAS. NUMA SEGUNDA DIMENSÃO, A PROPRIEDADE SE LIMITA EM SI MESMA, MAS EM
PROFUNDIDADE. É O CASO DO CONDOMÍNIO, SITUAÇÃO NA QUAL TODOS OS CONDÔMINOS TÊM DIREITO SOBRE A
COISA TODA, MAS AUTOLIMITADOS POR ELES MESMOS. O QUE LIMITA A PROPRIEDADE NÃO É A PROPRIEDADE ALHEIA,
MAS A PROPRIEDADE DO COPROPRIETÁRIO.

ESSAS DUAS DIMENSÕES SÃO HABITUALMENTE TRATADAS PELA LITERATURA JURÍDICA. A ELA SE ADICIONA UMA
TERCEIRA DIMENSÃO, A ALTURA. A PROPRIEDADE, HABITUALMENTE, NÃO TEM RESTRIÇÃO NO ESPAÇO AÉREO E NO
SUBSOLO, NA SEARA PRIVADA (ART. 1.229); HÁ RESTRIÇÕES ADMINISTRATIVAS, CLARO.

O DIREITO REAL DE LAJE, INSTITUÍDO PELA LEI 13.465/2017 ESTABELECEU A TERCEIRA DIMENSÃO. PELA LAJE, O
PROPRIETÁRIO CRIA UMA AUTOLIMITAÇÃO À SUA PROPRIEDADE QUANTO AO ESPAÇO AÉREO (LAJE ASCENDENTE) E/OU
AO SUBSOLO (LAJE DESCENDENTE). TRATA-SE, AÍ, DA PROPRIEDADE LIMITADA TRIDIMENSIONALMENTE.

EM 2016, O STJ,RESP 1.546.165 PERFILHOU A LIMITAÇÃO À PROPRIEDADE TAMBÉM NO TEMPO, COM O


NO
RECONHECIMENTO DE QUE O TIME-SHARING SERIA ESPÉCIE DE DIREITO REAL. ASSIM, A PROPRIEDADE,
TRIDIMENSIONAL, ALCANÇA A QUARTA DIMENSÃO, O TEMPO. EXPLICA-SE, ASSIM, O FENÔMENO DE AUTOLIMITAÇÃO
DA PROPRIEDADE, SEM QUE AS HETEROLIMITAÇÕES, IMPOSTAS PELO PODER PÚBLICO, RELEVEM.

CHAMEI DE “TEORIA QUADRIMENSIONAL DA PROPRIEDADE PRIVADA” PORQUE OS ASPECTOS JUSPUBLICÍSTICOS NÃO


INTERESSAM AQUI. FOQUEI-ME NAS LIMITAÇÕES PRIVADAS, NO SENTIDO MAIS DOGMÁTICO DO TERMO, SEM TAMBÉM
ME ATER ÀS QUESTÕES QUE ENVOLVEM AS RESTRIÇÕES AO DIREITO DE PROPRIEDADE TRAZIDOS PELO PRINCÍPIO DA
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE TRAZ OUTRAS DISCUSSÕES.

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ASSIM, A “TEORIA QUADRIMENSIONAL DA PROPRIEDADE PRIVADA” RECONHECE QUE A PROPRIEDADE SE RESTRINGE


QUANTO ÀS DEMAIS PROPRIEDADES (1ª DIMENSÃO, NA LARGURA), QUANTO À COPROPRIEDADE OU CONDOMÍNIO (2ª
DIMENSÃO, NA PROFUNDIDADE), QUANTO À LAJE (3ª DIMENSÃO, NA ALTURA) E QUANTO AO COMPARTILHAMENTO
OU TIME-SHARING (4ª DIMENSÃO, NO TEMPO).

COMO EU DISSE, ESSA TEORIA É MERAMENTE DIDÁTICA, PARA VOCÊ ENTENDER O FUNCIONAMENTO DO DIREITO DE
PROPRIEDADE. MAS SERVE TAMBÉM PARA SUSTENTAR MINHA POSIÇÃO EM CASOS DE DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA .

DOU DOIS EXEMPLOS: A. O TIME-SHARING É UM NOVO DIREITO REAL, QUE MOSTRA QUE O OS DIREITOS REAIS SÃO
NUMERUS APERTUS? B. O DIREITO REAL DE LAJE É UM DIREITO REAL SOBRE COISA PRÓPRIA OU SOBRE COISA ALHEIA ?
ORA, A RESPOSTA É SIMPLES A AMBOS OS QUESTIONAMENTOS.

OS DIREITOS REAIS NÃO SÃO NUMERUS APERTUS E O TIME-SHARING NÃO TORNA O ROL DO ART. 1.225 ABERTO,
PORQUE O TIME-SHARING NADA MAIS É DO QUE UMA DIMENSÃO DO PRÓPRIO DIREITO DE PROPRIEDADE PREVISTO NO
==163284==

ART. 1.225, INC. I. O DIREITO REAL DE LAJE É UM DIREITO REAL SOBRE COISA PRÓPRIA , PORQUE É UMA DIMENSÃO
DO PRÓPRIO DIREITO DE PROPRIEDADE, E NÃO UM DIREITO SOBRE COISA ALHEIA.

DE QUALQUER SORTE, NÃO SE PREOCUPE EM “DECORAR” ISSO, JÁ QUE CUSTO A CRER QUE O EXAMINADOR VÁ
PROCURAR NO MEU PDF UM TEMA ALEATÓRIO, À LA “TEORIA DA GRAXA”, PARA FAZER VOCÊ SENTAR NA GRAXA NA
SUA PROVA...

E qual é o ponto do seu Edital que eu analisarei nesta aula? Veja:

Propriedade plena

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DIREITO DAS COISAS


III. PROPRIEDADE PLENA

1. CARACTERÍSTICAS
Orlando Gomes trata da propriedade como um direito complexo e unitário. Complexo porque envolve
diversos poderes, faculdades e pretensões sob a titularidade do proprietário. Unitário porque não obstante
essa complexidade, a propriedade não se define pela mera soma dessas posições jurídicas ativas, mas sim
por uma fusão que vai além dessa soma.

Explica-se esse direito complexo e unitário por uma perspectiva externa e uma interna. Na
leitura da perspectiva externa, verifica-se o direito de não ser limitado, de não haver
restrições externas à propriedade bem como a pretensão reivindicatória (jus vindicandi), de
reaver de quem injustamente a possua ou a detenha. Ainda que o proprietário não tenha
direito de posse, ele tem direito a possuir a coisa.

Na leitura da perspectiva interna, existiria a faculdade de usar (jus utendi), o poder de fruir (jus fruendi)
da coisa e o poder de dispor (jus disponendi). A faculdade de usar abrange as inúmeras possibilidades de
uso pelo proprietário, conforme o objeto. O poder de fruir da coisa significa a ampla possibilidade de
percepção e extração dos frutos, sejam eles naturais ou civis, e dos produtos. O poder de dispor envolve
desde a transmissão total da coisa, como a transmissão parcial, a disposição de figuras parcelares do direito
real de propriedade para uso, fruição ou garantia de terceiros.

Assim, a propriedade plena ou alodial é aquela que congrega todos os poderes inerentes à
propriedade nas mãos do proprietário: usar (ou utilizar), fruir (ou gozar), dispor (ou alienar) e
reaver (ou buscar). Limitada ou restrita será a propriedade quando um ou alguns desses
poderes não são detidos pelo proprietário.

Quando se adota a propriedade como o mais amplo dos direitos reais, questiona-se a diferença
entre domínio e propriedade. No texto do CC/2002, na perspectiva dogmática, foi flagrante a tentativa do
legislador de trabalhar uma indistinção entre eles, haja vista a retirada do termo domínio do texto legal.

Camargo Penteado entende que a diferença entre domínio e propriedade não se estabelece sobre a essência,
mas sobre a perspectiva adotada pelo observador. Nesse sentido a propriedade trataria da relação do seu
titular com a coisa numa perspectiva mais dinâmica, do exercício dos poderes sobre as coisas (tanto é assim
que se fala em função social da propriedade e não do domínio), enquanto a expressão domínio trataria do
conteúdo desses poderes.

Outros, como San Tiago Dantas, explicam que a propriedade poderia ser vista a partir de uma perspectiva
interna e externa. Esta trataria da exigência de abstenção dos demais quanto ao objeto da propriedade,
notadamente a partir da possibilidade de reivindicação. A perspectiva interna trataria dos poderes
proprietários, notadamente a clássica tríade “usar, gozar e dispor”, que corresponderia ao domínio.

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Ambas as perspectivas, portanto, seriam um tanto assemelhadas, tratando o domínio como sinônimo dos
poderes proprietários, o “conteúdo”, segundo Luciano de Camargo Penteado, ou a “perspectiva interna”,
segundo San Tiago Dantas. A maioria da literatura jurídica e da jurisprudência, entretanto, não distingue
propriedade e domínio, ao menos não de maneira satisfatória e inequívoca.

Boa parte dos autores conectará a perspectiva interna ao chamado domínio útil, ou seja, o
domínio corresponderia aos poderes de usar, fruir e dispor. Contrapor-se-ia ao domínio a nua-
propriedade, a titularidade do domínio – o fato de ser o proprietário e ter a coisa em seu
nome.

Assim, o nu-proprietário, apesar de ser titular do domínio, tem despidos os atributos diretos e
imediatos da propriedade (usar, fruir e dispor). Por exemplo, o nu-proprietário, ao se despir da faculdade de
usar se torna usuante, e o titular do domínio direto se torna usuário; o nu-proprietário, ao se despir das
faculdades de usar e fruir (usufruir) se torna usufrutuante, e o titular do domínio direito, usufrutuário; o nu-
proprietário, ao se despir das faculdades de usar, fruir e dispor se torna senhorio, e o titular do domínio
direito, enfiteuta.

Na prática, por vezes, ambos os termos são utilizados com sinonímia. Ao que me parece a mens legis foi
bastante clara: tornar indistintos os conceitos. A literatura jurídica em geral, por sua vez, usa os termos de
maneira equívoca, frequentemente. De igual modo, parece-me que efetivamente os dois conceitos têm
zonas de penumbra e de sobreposição grandes demais a justificar uma diferenciação que não a distinção de
perspectiva tratada por Camargo Penteado. Por essas razões, a distinção me parece desnecessária.

A doutrina nomina diversas características do direito de propriedade, que podem ser agrupadas em cinco
núcleos:

A. Perpetuidade

• A propriedade tem tendência a ser perpétua, ou seja, a propriedade não é um direito


que se extingue no tempo. Ao contrário, diferentemente do direito das obrigações,
quanto mais se exerce sua propriedade, mais se reforça o direito

B. Exclusividade

• Não podem existir dois proprietários de um mesmo bem. Veja que, mesmo nas situações
em que isso ocorre, o Direito cria uma ficção jurídica para manter a regra da
exclusividade
• Por exemplo, no condomínio, os diferentes proprietários não têm a totalidade da
propriedade; cada proprietário tem a propriedade sobre uma "fração ideal"

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C. Elasticidade

• Por mais que o titular do direito de propriedade efetue a disposição de figuras


parcelares, essas figuras tendencionalmente irão se reorganizar sob a titularidade do
proprietário

D. Abstratalidade

• O conteúdo do direito de propriedade é esvaziado, tornando-se a propriedade uma


“forma” dentro do ordenamento, tal qual o contrato, o que permite enxergar as
diferentes "propriedades" como uma única só

E. Individualidade

• Característica que diferencia a propriedade moderna da propriedade antiga, ou seja,


hoje a propriedade é sempre pensada a partir da propriedade individual

Corolário da proteção da propriedade é, certamente, o poder de reivindicar a coisa de quem a


injustamente detenha, por consequência do poder de sequela, tão caro aos direitos reais. Trata-
se da ação reivindicatória, meio pelo qual o proprietário despossuído maneja lide contra o
possuidor não proprietário, demonstrando seu domínio e a posse injusta do segundo,
conforme se depreende da parte final do art. 1.228.

Segundo o STJ (REsp 1.003.305) são três os requisitos da ação reivindicatória: a prova da
titularidade do domínio pelo autor, a individualização da coisa e a posse injusta do réu. Em regra, se o
proprietário aliena a coisa no curso da ação, entende Pontes de Miranda que a ação tem de ser julgada
improcedente, consequentemente.

Cuidado, porque o conceito de posse “injusta” do reivindicado não se confunde com o conceito de posse
injusta em geral. Como se viu, a posse se desdobra em justa e injusta, esta caracterizada pela violência,
clandestinidade ou precariedade. No entanto, a expressão “posse injusta” usada na ação reivindicatória se
assenta na noção de causa (“justa causa”), que se liga ao título. Ou seja, a posse injusta do réu na ação
reivindicatória significa que ele não possui justa causa (jurídica).

Obviamente, no caso de falecimento do autor, podem os sucessores dar continuidade à lide, seja o
inventariante, no caso de o inventário já estar em curso, sejam os coerdeiros, caso ainda o inventário não
tenha sido proposto. Em havendo divisão fática, vale dizer, se um dos coerdeiros usufruir do imóvel
individualmente, somente a ele compete a ação, a despeito de não se ter fixado ainda o quinhão individual.

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Podem propor a ação todos os que têm a propriedade plena ou limitada, mesmo que resolúvel. Assim,
legítimos reivindicantes o proprietário pleno, o coproprietário, o nu-proprietário, o enfiteuta, o devedor
hipotecário, o devedor pignoratício, o promitente-comprador e o cessionário, por exemplo.

Relativamente ao segundo requisito – a individualização da coisa –, deve ser a coisa reivindicada


individualizada de maneira perfeita em relação às demais. Deve o reivindicante indicar sua descrição,
limites, confrontações, área, localização, acessões, benfeitorias e metragens. Por isso, a repetição dos dados
de matrícula antiga, por exemplo, pode ensejar o descumprimento desse requisito, caso esteja a indicação
desatualizada.

Por outro lado, quanto à posse injusta do réu, como dito, Rizzardo defende que não se
utilizam apenas os caracteres gerais da posse (violenta, clandestina ou precária), sendo
a noção do art. 1.228 do CC/2202 mais ampla. Por isso, qualquer posse sem justa causa,
a despeito de não ser violenta, clandestina ou precária, ensejaria a ação reivindicatória.
Por exemplo, sentença não transitada em julgado em ação consignatória seria também
considerada injusta, a despeito de não se amoldar ao art. 1.200.

Nos casos em que há virtual impossibilidade fática de identificar todos os invasores, como ocorre nas áreas
de posse coletiva de áreas desocupadas pelo proprietário, a jurisprudência há tempos tem solução. Nesses
casos, admite-se a citação dos que forem encontrados na área, pelo oficial de justiça e a menção aos
demais, de maneira genérica, para que respondam à lide. Do contrário, se exigiria do proprietário a árdua
tarefa de conseguir identificar uma miríade de pessoas que se apossam de dadas áreas rapidamente.

Como o objeto da ação reivindicatória é a alegação de propriedade, pode o réu se defender também
alegando a propriedade. Nesse caso, vence a lide aquele que detém o título mais antigo ou, a despeito da
antiguidade do registro, aquele que conseguir provar que o título do outro é nulo (nulidade do registro por
falsidade, por exemplo).

De outra banda, pode a defesa se alicerçar na exceção de usucapião, ou seja, defende-se da reivindicação
da propriedade através da posse, como já há tempos vem estampado na Súmula 237 do STF.

2. FUNÇÃO SOCIAL
A Constituição do México de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919 foram os pioneiros instrumentos da
constitucionalização da função social da propriedade. Ambas acabaram influenciado as constituições
posteriores, notadamente a de Weimar, por uma série de razões históricas.

O CC/2002 não trata expressamente da função social da propriedade. O §1° do art. 1.228 é indicado pela
literatura jurídica como aquele que trata da função social da propriedade, sem, contudo, haver uma menção
literal dela. Esse dispositivo é, portanto, de pouca aplicabilidade, haja vista o desenvolvimento em termos
constitucionais e infraconstitucionais a respeito do assunto.

O CC/2002 também traz, no art. 1.228, §2°, o abuso de direito de propriedade. Esse abuso representa uma
limitação interna às situações jurídicas ativas; ainda que permitidos, não se permite que os atos sejam
abusivos. Todo e qualquer direito ou situação jurídica tem uma autolimitação na vedação no seu exercício

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abusivo e, em termos gerais, isso é apresentado no art. 187. Isso demonstra que a limitação é
verdadeiramente uma autolimitação, inerente a toda e qualquer situação jurídica.

Em que pese o art. 1.228, §2º, exigir dolo para a verificação do ato emulativo (aemulatio lato sensu), há de
se ler o dispositivo de maneira sistemática. De acordo com o Enunciado 49 da I Jornada de Direito Civil,
interpreta-se restritivamente a regra do art. 1.228, §2º, em harmonia com o princípio da função social da
propriedade e com o disposto no art. 187. Este último não exige culpa ou dolo, pelo que a verificação do
ato emulativo é caso de responsabilidade objetiva, sendo despicienda a verificação de dolo.

Em grandes linhas, distingue-se a função social da propriedade a partir de dois grandes eixos: a função social
da propriedade imobiliária urbana (tratada nos arts. 182 e 183 da CF/1988) e a função social da propriedade
imobiliária rural (arts. 184 a 191 da CF/1988).

Na primeira, configura-se a função social da propriedade adotando-se como parâmetro as diferentes


realidades locais existentes no país. Ao invés de unificar uma compreensão sobre os critérios para verificação
da função social da propriedade urbana, o constituinte remete à realidade particular dos municípios essa
averiguação. Assim, nos termos do §2° do art. 182, a propriedade urbana cumpre sua função social quando
atende as exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no Plano Diretor. A função social da
propriedade urbana desdobra-se, então, em três diplomas legislativos: a Constituição Federal; o Estatuto da
Cidade – Lei 10.257/2001 –, que desenvolve os mecanismos para tratamento da propriedade tal como
estabelecido constitucionalmente; e o Plano Diretor, que apresenta os critérios de ordenação urbana no
específico município.

A principal sanção pelo descumprimento da função social da propriedade urbana é a


desapropriação para posterior parcelamento, edificação ou utilização, prevista no Estatuto da
Cidade (Lei 10.257/2001).

Já a propriedade imobiliária rural apresenta outros critérios relativos à função social da


propriedade. Para que haja cumprimento da função social é necessário o cumprimento
simultâneo de quatro deveres presentes no art. 186 da CF/1988:

B. Utilização adequada D. Exploração com o


C. Observância das
A. Aproveitamento dos recursos e bem-estar de
disposições que
racional e adequado preservação do proprietários e
regulam o trabalho
ambiente trabalhadores

A Lei da Reforma Agrária – Lei 8.629/1993 – estabelece dois critérios objetivos para avaliação do
cumprimento da função social da propriedade. Esses critérios, repito, são bastante objetivos, tão objetivos
que são medidos por dois índices, quais sejam:

A. GUT – Grau de Utilização da Terra (art. 6º, §1º);

B. GEE – Grau de Eficiência na Exploração (art. 6º, §1º, incisos).

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Esses critérios dependem de uma série de fatores: geografia, região, estado, meio ambiente, solo. Por vezes,
a função social é atendida quando da não utilização da propriedade, como por exemplo nos casos de locais
de matas nativas de preservação ambiental. Excetuam-se dessa regulamentação as terras tradicionalmente
ocupadas pelos povos indígenas, conforme dicção do art. 231, §§1º e 2º da CF/1988, que seguem
especificidades em relação a sua ocupação.

A principal sanção pelo descumprimento da função social da propriedade rural é a


desapropriação para fins de reforma agrária, prevista tanto na CF/1988 quanto no Estatuto da
Terra (Lei 4.504/1964).

Assim, a função social da propriedade não é apenas uma restrição ao direito. Antes configura
parte de seu conteúdo, na perspectiva interna, parte do domínio. O proprietário que não exerce
os poderes inerentes à propriedade (especificamente os poderes diretos de usar e fruir), não se comporta
como proprietário. Já o possuidor, que assim age, tem o poder de ver reconhecida sua propriedade, diante
da posse somada ao tempo (usucapião).

Nesse sentido, o Enunciado 507 da V Jornada de Direito Civil estabelece que na aplicação do princípio da
função social da propriedade imobiliária rural, deve ser observada a cláusula aberta do §1º do art. 1.228 do
CC/2002. Em consonância com o disposto no art. 5º, inc. XXIII, da CF/1988, esse dispositivo permite melhor
objetivar a funcionalização mediante critérios de valoração centrados na primazia do trabalho.

No mais, fala-se ainda na transformação da função social da propriedade em função socioambiental da


propriedade. Em vez de se analisar a função da propriedade apenas a partir daquilo que lhe é inerente
(função econômica), ou a partir daquilo que se passou a considerar socialmente relevante (função social),
ela vai além e também deve permitir uma apropriação ambientalmente adequada.

Ao se compreender que a proteção ambiental, prevista em sede constitucional, tem relevância jurídica, deve-
se dotar o instituto de instrumentos que permitam a manutenção de um meio ambiente equilibrado.
Igualmente, as futuras gerações devem, também, ser capazes de usufruir da propriedade, daí a necessidade
de sua proteção.

Por isso, uma extensão de terras não deve se tornar produtiva ao máximo ao custo de uma completa
pauperização do solo, que o desertifique e torna a propriedade improdutiva no futuro. Igualmente, o
proprietário de um imóvel rural tombado pelo valor histórico e arquitetônico não pode pôr abaixo esse
patrimônio, para edificar um edifício que use todo o potencial construtivo permitido à região.

Em ambos os casos, não se confunde a maximização econômica à funcionalização social, de maneira pura e
simples. Necessário, pois, que os recursos sejam usados com racionalidade e visando ao bem comum tanto
da geração presente quanto das gerações futuras.

É, a rigor, o que estabelece o art. 1.228, §1º, que prevê que o direito de propriedade deve ser exercido em
consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico
e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

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O STJ, nesse sentido, entende que a obrigação de preservação e recuperação ambiental é propter rem (REsp
1.109.778), mesmo que o dano tenha sido causado por proprietário anterior. Ou seja, é a funcionalização
socioambiental que fala mais alto.

3. EXTENSÃO E LIMITES
A extensão do direito de propriedade tem relevância nos bens imóveis, já que eles se compõem do solo,
subsolo e espaço aéreo (art. 1.229). Nos bens móveis, irrelevante a discussão, em geral, porque a coisa, em
si, já apresenta os limites da propriedade.

A perspectiva trazida pelo art. 1.229 nada mais é do que a tradução contemporânea de uma passagem da
obra medieval de Accursio: cuius est solum, eius est usque ad coelum et ad inferos (ou na versão curta mais
consagrada, usque ad sidera, usque ad inferos). Em resumo, o proprietário do solo é proprietário do céu ao
inferno. A regra clássica, evidentemente, tem de ser vista com parcimônia.

Porém, segundo o art. 1.230, a propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos
minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por
leis especiais. No entanto, o proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego
imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto
em lei especial.

Além disso, a jurisprudência segue a mesma linha parcimoniosa. Por exemplo, se subsolo de imóvel foi
invadido por tirantes (pinos de concreto) provenientes de obra de sustentação do imóvel vizinho, o
proprietário do imóvel invadido não terá legítimo interesse para requerer, com base no art. 1.229, a remoção
dos tirantes nem indenização por perdas e danos. Apenas se for constatado que a invasão acarretou prejuízos
comprovados a ele ou impossibilitou o perfeito uso, gozo e fruição do seu imóvel, terá tais direitos (REsp
1.256.825).

Igualmente, por força de aplicação do Estatuto da Cidade, a abrangência do espaço aéreo


se limita ao gabarito construtivo da área, que pode se circunscreve ao zoneamento
urbano específico a cada área e ao cone aeronáutico.

Na verdade, não há uma tripartição entre espaço aéreo, solo e subsolo, mas subsolo e
espaço aéreo constituem extensão lógica da propriedade da superfície, pois não há como
edificar ou plantar sem que se utilize o subsolo e o espaço aéreo, minimamente. Atualmente, se fala que a
propriedade incide sobre o subsolo e o espaço aéreo até o limite de utilidade (além desse limite, há um
espaço inapropriável, sobretudo em relação ao espaço aéreo).

Quando um bem móvel se integra a um imóvel, ele se torna parte integrante deste e, se não puder ser
retirado sem destruição, torna-se parte integrante essencial. Consequência disso é que as partes integrantes
essenciais são parte da propriedade e presume-se que o proprietário do solo é também proprietário de
tudo aquilo que foi incorporado à coisa. Essa presunção, porém, é relativa, conforme arts. 1.258 e 1.259.

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As limitações são uma conformação atribuída a uma situação jurídica pelo ordenamento, um confinamento
das possibilidades que materialmente a situação jurídica possibilita ao seu titular, por conta de diversos
fatores. Penteado propõe uma divisão entre: a. autolimitação (interna à situação jurídica); b. heterolimitação
(externa à situação jurídica).

As autolimitações podem ser agrupadas sob dois prismas: função social da propriedade e a
vedação ao abuso de direito. Em ambos os casos, quem exerce abusivamente a propriedade,
verdadeiramente não exerce propriedade. Já as heterolimitações são limitações administrativas,
pelo que passarei por elas apenas superficialmente:

A. Ocupação temporária

• Prevista no art. 36 do Decreto-Lei 3.365/41


• Segundo Maria Sylvia Di Pietro, essa é a forma de limitação da propriedade pelo Estado,
caracterizada pela utilização transitória, gratuita ou remunerada, de imóvel particular
para fins de interesse público

B. Requisição

• Prevista no art. 5°, inc. XXV, da CF/1988


• Ocorre no caso de iminente perigo público, pelo que a autoridade poderá se utilizar de
propriedade pública, mediante indenização ulterior, se houver dano. A indenização
depende, portanto, da ocorrência de dano

C. Servidão administrativa

• Previsão genérica no art. 40 do Decreto-Lei 3.365/41


• Segundo Di Pietro, é um direito real de natureza pública, instituído sobre o imóvel de
propriedade alheia, com base em lei, por entidade pública ou seus delegados, em favor
de um serviço público, como, por exemplo, o caso das calçadas

D. Tombamento

• Previsto no art. 216 da CF/1988 e no Decreto-Lei 25/1937


• É uma limitação da propriedade de modo a proteger determinados bens considerados
pertencentes ao patrimônio histórico e artístico nacional. Normalmente gera uma série
de deveres e limitações ao proprietário

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E. Encampamento/Resgate

• Previsto na Lei 8.987/1995


• Segundo Orlando Gomes, ocorre quando o Estado se investe na propriedade de bens
pertencentes a empresas concessionárias de serviço público, seja indenizando pelos
bens, seja ressarcindo pela antecipação do fim do contrato de concessão. Ocorre, por
exemplo, quando o Estado privatiza uma ferrovia e, posteriormente, “toma” ela de volta

F. Desapropriação direta

• Presente em: art. 5°, inc. XXIV da CF/1988, Decreto-Lei 3.365/1941 (Desapropriação por
utilidade pública), Lei 4.132/1962 (Desapropriação por interesse social) e Lei 6.602/1978
(Imissão na posse em imóveis residenciais urbanos)
• Principal possibilidade de limitação pelo Poder Público

Deixa claro o art. 1.228, §3º, que o proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por
necessidade ou utilidade pública ou interesse social.

Igualmente, também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em


extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de 5 anos, de considerável
número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente,
obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante (art.
1.228, §4º). Nesse caso, evidencia o §5º que o juiz deve fixar justa indenização ao
proprietário.

Atente para um detalhe. O §4º exige “boa-fé”. No entanto, o Enunciado 309 da IV Jornada de Direito Civil
esclarece que o conceito de posse de boa-fé de que trata o art. 1.201 não se aplica ao instituto previsto no
§4º do art. 1.228. Ou seja, no caso de desapropriação fala-se em boa-fé objetiva, talqualmente no direito
dos contratos, e não em boa-fé subjetiva, ligada à posse e à usucapião.

Além disso, como ainda é frequente a confusão entre os juízos petitório e possessório (ao invés de o
proprietário propor uma ação reivindicatória, propõe uma reintegração de posse, ou vice-versa), há de se ler
a expressão “imóvel reivindicado” cum granu salis. Nesse sentido, o Enunciado 310 da IV Jornada de Direito
Civil prevê que se interpreta extensivamente a expressão “imóvel reivindicado”, abrangendo pretensões
tanto no juízo petitório quanto no possessório.

Apesar da singeleza desses dois dispositivos, eles são de suma importância. A rigor não há, sequer no Direito
Comparado, instituto semelhante. Segundo Miguel Reale, que inseriu esses dois parágrafos no Projeto de
Código Civil, trata-se de uma espécie de “desapropriação judicial privada por posse-trabalho”; e não uma
espécie de usucapião, dada a indenização prevista.

Depois da Lei 13.645/2017, as semelhanças entre essa “desapropriação judicial privada por posse-trabalho”
e a “usucapião especial coletiva” prevista no art. 10 da Lei 10.257/2001, o Estatuto da Cidade, tornaram-se

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menos perceptíveis. No entanto, a principal delas ainda persiste: a possibilidade de “desapropriação judicial
privada por posse-trabalho” pode ser aplicada à propriedade rural, ao passo que a “usucapião especial
coletiva” se verifica apenas em área urbana.

Evidentemente, distinguem-se também ambas porque na desapropriação há pagamento de indenização e


na usucapião, não. Mas isso não é efetivamente uma diferença, mas uma consequência de cada um dos
institutos.

Como forma de aquisição originária, a usucapião jamais importará em indenização. Já como forma de
aquisição derivada, a desapropriação deve importar em indenização (não confunda com a expropriação
prevista no art. 243 da CF/1988, que não importa em indenização precisamente porque não é
desapropriação, mas expropriação de terras nas quais há o plantio de psicotrópicos ou o uso de mão-de-
obra análoga à escrava).

Além disso, diferenças menores, como a exigência de um “núcleo urbano informal” do Estatuto e ausência
de exigência desse tipo na desapropriação judicial do CC/2002, são irrelevantes. Isso porque, na prática, a
desapropriação judicial também ocorrerá em área originariamente, ao menos, favelizada.

Essa hipótese de “desapropriação judicial privada por posse-trabalho” é tão controvertida que o Enunciado
82 da I Jornada de Direito Civil esclarece que é constitucional a modalidade aquisitiva de propriedade imóvel
prevista nos §§ 4º e 5º do art. 1.228, de modo a afastar o questionamento. Não bastasse, inúmeras questões
sobre esse instituto foram discutidas nas Jornadas de Direito Civil.

Prevê o Enunciado 83 do CJF que nas ações reivindicatórias propostas pelo Poder Público, não são aplicáveis
as disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1.228. No entanto, na esteira da literatura jurídica minoritária
– mas que paulatinamente vem ganhando mais força e adeptos, incluindo-me nesse rol – que assegura ser
possível a usucapião de bens públicos, desde que desafetados de função pública – bens dominicais –, o
Enunciado 304 da IV Jornada de Direito Civil tem redação interessante.

Segundo esse Enunciado, são aplicáveis as disposições dos §§4º e 5º do art. 1.228 às ações reivindicatórias
relativas a bens públicos dominicais. Muitos rechaçam esse entendimento ao permitir a usucapião de bem
público. Tecnicamente falando, porém, essa percepção é equivocada, pois os §§ 4º e 5º do art. 1.228 não
tratam de usucapião, mas de “desapropriação judicial privada por posse-trabalho”.

Ou seja, mesmo a corrente majoritária, que não admite usucapião de bem público lato sensu, não tem razão
ao afastar a aplicação desses dispositivos aos bens públicos. Eu, particularmente, defendo tese mais ampla
que a prevista no Enunciado 304 de que a “desapropriação judicial privada por posse-trabalho” se restringe
aos bens dominicais.

Ao que me parece, essa desapropriação se aplica a quaisquer bens públicos, ainda que os bens públicos de
uso comum do povo não permitam desapropriação, pela própria natureza, na maioria dos casos (impensável
a desapropriação judicial de um rio, por exemplo). Isso porque o Enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil
deixa claro que a defesa fundada no direito de aquisição com base no interesse social (art. 1.228, §§4º e
5º) deve ser arguida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo pagamento da
indenização.

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Ou seja, diferentemente da usucapião, vedada pelo art. 183, §3º, da CF/1988, a “desapropriação judicial
privada por posse-trabalho” não fere o interesse público porque exige indenização à pessoa cuja área for
desapropriada. E mais, são os privados a ter de custear essa indenização, e não o próprio Poder Público (o
que seria absurdo, já que o Estado desapropriaria uma área sua e pagaria para si mesmo, desvirtuando o
instituto e criando uma usucapião enviesada).

Apenas excepcionalmente o Poder Público arcará com essa indenização. De acordo com o Enunciado 308
da IV Jornada de Direito Civil, a justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial
somente deve ser suportada pela Administração Pública no contexto das políticas públicas de reforma
urbana ou agrária, em se tratando de possuidores de baixa renda e desde que tenha havido intervenção
daquela nos termos da lei processual. Não sendo os possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do
Enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil.

Em um caso ou outro, conforme prevê o Enunciado 240 da III Jornada de Direito Civil, a justa indenização
prevista no art. 1.228, §5º, do CC/2002, não tem como critério valorativo, necessariamente, a avaliação
técnica lastreada no mercado imobiliário. Igualmente, são indevidos os juros compensatórios.

Mesmo assim, o registro da sentença em ação reivindicatória, que opera a transferência da propriedade para
o nome dos possuidores, com fundamento no interesse social (art. 1.228, §5º), é condicionada ao pagamento
da respectiva indenização, cujo prazo será fixado pelo juiz, esclarece o Enunciado 241 da III Jornada de Direito
Civil. Porém, caso não seja pago o preço fixado para a desapropriação judicial, e ultrapassado o prazo
prescricional para se exigir o crédito correspondente, fica autorizada a expedição de mandado para registro
da propriedade em favor dos possuidores (Enunciado 311 da IV Jornada de Direito Civil).

Obviamente que a “desapropriação judicial privada por posse-trabalho”, alegada como matéria de exceção
enseja a improcedência do pedido reivindicatório. É o que prevê o Enunciado 306 da IV Jornada de Direito
Civil. Igualmente, na desapropriação pode o juiz determinar a intervenção dos órgãos públicos competentes
para o licenciamento ambiental e urbanístico, proclama o Enunciado 307 da IV Jornada de Direito Civil.

O art. 178, inc. III, do CPC/2015 lembra ainda que nesses casos, a intervenção do MP é
obrigatória, porque envolve litígio coletivo de posse de terra urbana ou rural. Essa
compreensão já vinha estampada no Enunciado 305 da IV Jornada de Direito Civil que previa que
o Ministério Público tinha o poder-dever de atuar nas hipóteses de desapropriação, inclusive a
indireta, que encerrasse relevante interesse público, determinado pela natureza dos bens
jurídicos envolvidos.

Por fim, vale ressaltar que, apesar de os dispositivos mencionados estabelecerem que a “desapropriação
judicial privada por posse-trabalho” é matéria de defesa em ação reivindicatória (e possessória), sua
aplicação foi alargada pelo Enunciado 496 da V Jornada de Direito Civil. Segundo o Enunciado, essa hipótese
de desapropriação pode ser objeto de ação autônoma, não se restringindo à defesa em pretensões
reivindicatórias.

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G. Desapropriação indireta

Ocorre quando o Estado, não obstante não iniciar um processo de desapropriação


regular, impõe restrições tão severas à propriedade privada que, na prática, acabam por
excluir os poderes do proprietário, sem justa indenização

A desapropriação indireta ocorreria quando um tombamento acabasse por


impossibilitar o proprietário de utilizar ou dispor da coisa, ou com uma rede de alta
tensão (servidão de passagem) que passe por cima de uma propriedade privada,
impedindo seu uso, sem qualquer indenização. Ela ocorre situações em que não há
um prévio procedimento administrativo e justifica busca judicial pela
desapropriação indireta. Segundo entendimento consolidado na Súmula 119 do STJ,
o prazo prescricional da pretensão indenizatória por desapropriação indireta é de 10 anos, considerando o
CC/2002.

Por fim, uma limitação específica surge com a inalienabilidade de determinados bens em situações
peculiares. Normalmente, a propriedade, por via do contrato, deve ter amplas possibilidades de circulação
dentro do sistema de trocas capitalista. Porém, por lei ou pela vontade, pode o bem ficar fora do comércio
jurídico.

No Direito Civil importa a voluntária, decorrente de aposição de cláusula de inalienabilidade


(art. 1.911 do CC/2002). Seus requisitos são: a. expressamente constar no título; b. a
transferência deve ser a título gratuito, seja por ato entre vivos, seja mortis causa – pelo que
só cabe em doações ou testamentos.

A inalienabilidade, porém, não pode ser perpétua, mas somente temporária (prazo determinado: sujeita a
termo ou condição) ou vitalícia (durante a vida do proprietário). Apenas em casos específicos pode haver
alienação do bem, desde que por decisão judicial, que controlará a necessidade e conveniência, segundo o
art. 1.911, parágrafo único.

4. AQUISIÇÃO E TRANSMISSÃO
Essa disciplina trata dos modos de aquisição, de titularização de uma situação jurídica proprietária. Indica,
portanto, os modos de aquisição de situações jurídicas proprietárias que integrarão o patrimônio dos
sujeitos. Igualmente, você verá, em conjunto com a aquisição, a transmissão dessas situações jurídicas
proprietárias.

Antes de iniciar o estudo a respeito dos modos de aquisição e transmissão da propriedade, necessário fazer
distinção relevante. Isso porque o CC/2002 regula a descoberta, por muitos confundida como modo de
aquisição da propriedade, de maneira imprópria. A descoberta não é um modo de aquisição da
propriedade, sem exceção!

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Na realidade, a coisa descoberta não é nem res nullius (coisa de ninguém) nem res derelictae
(coisa abandonada), mas coisa alheia encontrada, que fora perdida (res perdita). Assim, tem
dono, não sendo res nullius, nem fora abandonada pelo seu proprietário, não sendo res
derelictae, o que impede a aquisição da propriedade de maneira originária. No caso de res nullius,
simplesmente não há dono; no caso de res derelictae, o proprietário pretende se desfazer da
coisa, tornar-se não proprietário.

Já na coisa encontrada, outrora perdida, o proprietário pretende continuar a ser proprietário, mas se vê
despossuído dela, por variadas razões. Deixa subentendido essa compreensão o art. 1.233, que deixa claro
que quem quer que ache coisa alheia perdida deve restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. Aqui se vê
que o ditado popular está parcialmente incorreto.

Isso porque, apesar de achado não ser roubado, efetivamente, constitui crime encontrar coisa alheia sem
devolver ao dono, na perspectiva penal desse dispositivo jusprivatístico. Estabelece o art. 169, parágrafo
único, inc. II, do CP/1940, que se sujeita a detenção, de um mês a um ano, ou multa:

II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-
la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de
quinze dias.

Assim, o ditado achado não é roubado, deve ser visto com cautela. “Achar” coisa abandonada (res derelictae)
ou sem dono (res nullius) constitui modo de aquisição originária da propriedade, não se sujeitando o
“achador” a qualquer coação penal. Se alguém, deliberadamente, abandona um guarda-chuva e eu o tomo
para mim, há aquisição da propriedade por ocupação, dado o abandono da propriedade pelo legítimo
proprietário. O mesmo vale para a coisa sem dono.

Porém, no caso de coisa que não seja sem dono ou que não tenha sido abandonada, não se fala em ocupação
em virtude de abandono. Ao contrário, há uma conduta tipificada pelo CP/1940, derivada da descoberta.

Mas, e se eu não sei quem é o proprietário? Nesse caso, tem o descobridor de encontrá-lo, e, se não o
encontrar, tem de entregar a coisa achada à autoridade competente. Assim, se em 15 dias eu não devolvo
a coisa ao proprietário ou à autoridade competente, em sendo o proprietário desconhecido, aplica-se a
norma penal. Se devolvida a coisa, volta-se à norma civil.

Quem é essa autoridade competente? Segundo o art. 746, caput e §1º, do CPC, a autoridade competente
para recolher as “coisas vagas”, na dicção processual, é a judiciária ou a policial, indistintamente.

Prevendo que não seriam muitos os descobridores a tomar tamanha cautela, a despeito da
possibilidade de haver persecução penal, o art. 1.234 estabelece que aquele que restituir a
coisa achada terá direito a uma recompensa não inferior a 5% do seu valor. Igualmente,
cabe indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa,
se o dono não preferir abandoná-la.

Na determinação do montante dessa recompensa, deve ser considerado o esforço desenvolvido pelo
descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar

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a coisa e a situação econômica de ambos. Há um piso (mínimo), mas não um teto (máximo), portanto, para
o achádego, o termo jurídico para a recompensa ao descobridor das coisas perdidas.

Assim, se encontrei, durante uma festa, um relógio Patek Philippe de R$100mil, devo procurar pelo
proprietário. Encontrando-o, tenho direito a indenização, no mínimo, de 5% (no caso, R$5 mil), levando-se
em consideração o meu esforço, as possibilidades de o dono ter encontrado a coisa ele mesmo e nossa
situação econômica. Não o encontrando, em 15 dias, no máximo (do contrário já pode ser aplicado o art.
169, parágrafo único, inc. II, do CP/1940), devo encaminhar o relógio à autoridade competente.

Imagine, porém, que, nesses 15 dias, pensei eu que, ao fim, seria melhor ficar com o relógio, já que, ao
devolvê-lo à polícia, provavelmente nada seria feito e o objeto ficaria “mofando” na delegacia ou mesmo
acabaria desaparecendo ante o trânsito intenso de pessoas. Por isso, resolvo apagar a gravação do nome do
dono que havia na parte interna. No entanto, no dia seguinte, o espírito do Lineu Silva baixa em mim e acho
por bem fazer o certo e devolver à autoridade competente. O que ocorre?

Segundo o art. 1.236, a autoridade competente deve dar conhecimento da descoberta através da imprensa
e outros meios de informação, somente expedindo editais se o seu valor os comportar. Se, no meu
exemplo, o proprietário do relógio aparece e o retoma, deve me pagar a indenização. No entanto, no
exemplo, eu apaguei a inscrição existente.

O art. 746, §2º, do CPC, estabelece que depositada a coisa, o juiz deve mandar publicar edital na rede mundial
de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do CNJ. Não havendo
sítio, a publicação ocorrerá no órgão oficial e na imprensa da comarca, para que o dono ou o legítimo
possuidor a reclame.

Em se tratando de coisa de pequeno valor e não sendo possível a publicação no sítio do tribunal, o edital
será apenas afixado no átrio do edifício do fórum. Trata-se de medida racional ante o baixo valor de
determinados bens encontrados.

Por isso, prevê o art. 1.235 que o descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou
possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo. Assim, dos, no mínimo, R$5 mil que eu receberia,
terão de ser descontadas as despesas com a recuperação da peça.

Ao contrário, se não aparece o dono, e passados 60 dias da divulgação da notícia, não se apresentando
quem comprove a propriedade sobre a coisa, será ela vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as
despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja
circunscrição se deparou o objeto perdido.

A única exceção na qual o descobridor acaba ficando com o objeto descoberto está prevista no
art. 1.237, parágrafo único. Caso o objeto seja de diminuto valor, pode o Município abandonar
a coisa em favor de quem a achou. Aqui, alguém desatento pode reconhecer a existência de
aquisição de propriedade no caso da descoberta.

Sem razão, no entanto. Isso porque, tecnicamente falando, não se trata de aquisição da
propriedade por descoberta (friso, que não existe!), mas por abandono do Município da coisa descoberta. A
aquisição da propriedade descoberta depende, primeiro, do abandono da municipalidade, ou seja, a causa

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da aquisição da propriedade é o abandono, não a descoberta (causa do abandono, num juízo de nexo de
causalidade).

Superado o ponto (friso, de novo, que o abandono NÃO é causa de aquisição de propriedade), posso trazer
a você alguns elementos prévios à análise dos modos de aquisição e transmissão da propriedade. Classificam-
se os modos de aquisição:

I. Quanto ao ingresso patrimonial

A. Universal
• Transferência de todo o patrimônio, como o herdeiro que recebe o patrimônio do
falecido, envolvendo situações jurídicas ativas e passivas

B. Singular
• Dá-se sobre elementos singulares cujos direitos integram o patrimônio. Se o falecido
deixou testamento, deixando um legado a uma pessoa (bem específico), temos uma
transferência singular

II. Quanto à origem

A. Originários

• Quando a aquisição não guarda relação com situações jurídicas que lhe antecedem,
como se existisse uma limpeza de tudo o que é anterior em favor de uma nova situação
que se cria. É o caso da usucapião, pois a pessoa adquire originariamente o bem por
força do fato jurídico da usucapião

B. Derivados

• São aqueles que guardam relação com uma situação jurídica anterior, sendo o mais
expressivo dos exemplos a compra e venda. Adquire-se a propriedade pelo comprador
que é entregue pelo devedor, havendo uma derivação de titularidade

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III. Quanto ao grau

A. Simples

• Quando apenas um fato jurídico conduz à aquisição, como, por exemplo, no caso de
morte

B. Complexos

• Quando se exige uma união de diferentes fatos jurídicos, como, por exemplo, na
transmissão da propriedade pelo contrato, que necessita do contrato e do registro

IV. Quanto ao objeto

A classificação quanto ao objeto é a mais relevante, por trazer numerosas consequências para o direito de
propriedade. Mostrarei, a partir de agora, detalhadamente, cada uma das formas de aquisição da
propriedade. Para facilitar, didaticamente, analiso a aquisição da propriedade dos bens imóveis e dos bens
móveis separadamente.

Além disso, você verá que eu vou agrupar algumas das hipóteses de aquisição da propriedade mobiliária em
gêneros. Isso porque o CC/2002 desenha seis hipóteses de aquisição da propriedade mobiliária: usucapião;
ocupação; achado de tesouro; tradição; especificação; confusão, comissão e adjunção. Trato de quatro
gêneros: usucapião; ocupação; coisas sem dono (achado de tesouro e tradição) e acessão (especificação e
confusão, comissão e adjunção).

4.1. PROPRIEDADE IMOBILIÁRIA


Regula-se pelos arts. 1.238 a 1.259 do CC/2002. O Código desenha três modos de aquisição de propriedade
imobiliária: usucapião, registro e acessão. Desses modos, a acessão e a usucapião constituem modos
originários de aquisição da propriedade, ao passo que o registro lato sensu constitui modo derivado de
aquisição de propriedade (registro stricto sensu e direito hereditário).

4.1.1. USUCAPIÃO
A usucapião, modo de aquisição originário da propriedade, faz predominar a situação de fato,
de uso, sobre a situação formal. Assim, quem adquire por usucapião, adquire ex novo,
apagando as situações jurídicas anteriores.

Atente, porém, pois os débitos tributários e os condominiais são transmitidos ao adquirente.


Quanto aos segundos, salta aos olhos a natureza de obrigação propter rem. Quanto aos
primeiros, deixa isso claro o art. 130 do CTN, que não exclui a aquisição originária como exculpação da
responsabilidade tributária do usucapiente:

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Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o
domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de
serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos
respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.

Muito comum, na literatura jurídica, a menção ao RE 94.586-6 do STF, no qual se julgou que o usucapiente,
agora proprietário, não é responsável pelos tributos que recaiam sobre o imóvel.

Veja-se que a propriedade se constitui com a posse somada ao tempo, ou seja, a sentença de
usucapião é meramente declaratória, e não constitutiva, pela clara dicção do art. 1.241. Essa
compreensão, inclusive, se coaduna com a sistemática do ordenamento civil. Isso porque o
suporte fático para a aquisição da propriedade, nesses casos, é a posse somada ao tempo,
independentemente do registro, já que a usucapião é modo originário de aquisição da
propriedade.

Porém, na sistemática da classificação quinária ponteana, quando a sentença é levada a registro, tem
também eficácia constitutiva, condenatória, mandamental e executiva. Declarada a usucapião, a decisão
constitui título hábil para o registro no Registro de Imóveis. Lembre-se de que pelo princípio registral da
legalidade, só pode o oficial registrar os títulos expressamente permitidos em Lei.

Como modo originário, não pode ela depender de um título, ou de derivação de propriedade. Como ação de
eficácia declaratória, a usucapião é, portanto, imprescritível, pelo que pode a pessoa, ou mesmo
descendente seu, requerer seu reconhecimento a qualquer tempo. Curiosamente, como se volta a um direito
real (o direito de propriedade), a passagem do tempo, ao invés de enfraquecer o pleito, o fortalece,
inversamente às ações pessoais, como o reconhecimento de paternidade, por exemplo.

Além disso, o Enunciado 315 da IV Jornada de Direito Civil estabelece que a regra do art. 1.241 do Código
Civil permite ao possuidor que figurar como réu em ação reivindicatória ou possessória formular pedido
contraposto. Nesse pedido, pode ele postular ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a
propriedade imóvel. Nesse caso, a sentença vale como instrumento para registro imobiliário, ressalvados
eventuais interesses de confinantes e terceiros.

No direito brasileiro, como já tratado, a posse de diferentes pessoas pode ser unida para fins de contagem
dos prazos exigidos para a usucapião (art. 1.243). Existem duas formas de ocorrer a transmissão:

2. Transmissão a título singular: quem


1. Transmissão a título universal: recebe a posse pode decidir por unir a
automaticamente o herdeiro recebe a posse com a do antecessor, a depender do
posse do antecessor e o sucessor recebe a que lhe será mais vantajoso. Essa
posse com todas as vicissitudes com a transmissão ocorre em todos os casos que
qual o antecessor mantinha não a transmissão a herdeiros (compra e
venda etc.)

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Atente para o art. 1.243. Segundo ele, o possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido
pelos arts. 1.238 a 1.242, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (accessio
possessionis), contanto que todas sejam contínuas e pacíficas. Ou seja, não se exige que as
posses sejam de boa-fé, literalmente.

Como o art. 1.208 estabelece que não induzem posse os atos violentos ou clandestinos e o art.
1.243 não trata da precariedade, pode-se inferir que a posse injusta, derivada da precariedade, pode ser
usada para contar o tempo de usucapião, ainda que a lei expressamente não o diga. Há, porém, intensa
divergência na literatura jurídica.

Por fim, de acordo com previsão do art. 1.244, estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor
acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à
usucapião. Apenas para que não fiquem as causas um tanto esquecidas, transcrevo-as aqui novamente:

Art. 197. Não corre a prescrição:

I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;

II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;

III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

Art. 198. Também não corre a prescrição:

I - contra os incapazes de que trata o art. 3º;

II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;

III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:

I - pendendo condição suspensiva;

II - não estando vencido o prazo;

III - pendendo ação de evicção.

Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá
a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros
se a obrigação for indivisível.

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(MPE-SP / MPE-SP – 2015) O artigo 1244 do Código Civil reza que: “Estende-se ao possuidor o
disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a
prescrição, as quais também se aplicam a usucapião.” Assim, entre as alternativas apresentadas
abaixo, marque aquela em que a usucapião poderá ser alegada:

A) entre cônjuges na constância do casamento.

B) entre tutelados e seus tutores, durante a tutela.

C) contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

D) contra os outros condôminos, uma vez cessado o estado de indivisão e comprovada a posse
exclusiva da coisa.

E) contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados e dos Municípios.

Comentários

A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 197, inc. I: “Não corre a prescrição entre os
cônjuges, na constância da sociedade conjugal”.

A alternativa B está incorreta, conforme o art. 197, inc. III: “Não corre a prescrição entre tutelados ou
curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela”.

A alternativa C está incorreta, na dicção do art. 198, inc. III: “Também não corre a prescrição contra os
que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra”.

A alternativa D está correta, segundo o STJ: “Esta Corte firmou entendimento no sentido de ser
possível ao condômino usucapir se exercer posse exclusiva sobre o imóvel" (STJ, AgRg no Ag
731971/MS, Terceira Turma, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 23.09.08).

A alternativa E está incorreta, consoante regra do art. 198, inc. II: “Também não corre a prescrição
contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios”.

A exceção fica, obviamente, por conta da usucapião familiar, cuja suspensão da prescrição prevista no art.
197, inc. I (“Não corre a prescrição entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal”) não é aplicável,
sob pena de virtual inutilidade do instituto. Deve-se, numa interpretação sistemática, compreender a regra
do art. 1.240-A como exceção ao art. 1.244, dado que aquele é norma especial em relação a este.

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Em havendo posse ad usucapionem, com animus domini, possível se falar em aquisição da propriedade pela
passagem do tempo. E se o tempo para a aquisição da propriedade não tiver sido preenchido quando da
propositura da demanda? Segundo o Enunciado 497 da V Jornada de Direito Civil, esse prazo pode ser
completado no curso do processo, ressalvadas as hipóteses de má-fé processual do autor.

(VUNESP / TJ-SP – 2017) Não sendo proprietário de imóvel, Nelson passa a ocupar como seu, no ano
de 2005, imóvel localizado em área urbana de Brasília, com 450 metros quadrados. Ali estabelece
sua moradia habitual, tornando pública a posse. O imóvel é de propriedade de Fábio, embaixador
brasileiro em atividade na Bélgica desde o ano 2000. Quando retorna ao Brasil no ano de 2008, Fábio
se aposenta e fixa residência em Santa Catarina. No ano de 2016, Nelson propõe ação de usucapião
contra Fábio.

Considerando ser incontroverso que Nelson exerce a posse, sem quaisquer vícios, assinale a alternativa
correta.

A) A ação é procedente, pois foram preenchidos todos os requisitos legais da usucapião extraordinária:
posse com animus domini por 10 (dez) anos, já́ que Nelson estabeleceu no imóvel sua moradia habitual,
sem interrupção ou oposição.

B) A ação é procedente, pois foram preenchidos todos os requisitos legais da usucapião especial
urbana: posse com animus domini, por 5 (cinco) anos, já́ que Nelson estabeleceu no imóvel sua
moradia habitual, sem interrupção e oposição, não sendo proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

C) A ação é improcedente, pois, embora a posse tenha sido exercida com animus domini, de forma
contínua e pacífica, faltou o preenchimento do requisito temporal de 10 (dez) anos, em razão da
existência de causa impeditiva atinente à ausência de Fábio do país, o que impediu a contagem do
prazo da prescrição aquisitiva entre 2005 e 2008.

D) A ação é improcedente, pois, embora dispensados o justo título e a boa-fé,́ e tendo a posse sido
contínua e pacífica, não foi preenchido o pressuposto temporal de 15 (quinze) anos.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que apesar de estar correta a hipótese de usucapião aplicável,
incorreta a contagem do tempo, pela conjugação do art. 1.244 (“Estende-se ao possuidor o disposto
quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais
também se aplicam à usucapião”) com o art. 198, inc. II (“Também não corre a prescrição contra os
ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios”).

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A alternativa B está incorreta, por aplicação do art. 1.240: “Aquele que possuir, como sua, área urbana
de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

A alternativa C está correta, já que, a despeito de ter cumprido praticamente todos os requisitos
exigidos pelo art. 1.238, parágrafo único, infra citados, a ausência de Fábio em território nacional, por
força do art. 198, inc. II, suspendeu a contagem do prazo necessário à aquisição da propriedade por
usucapião por Nelson.

A alternativa D está incorreta, pela conjugação do art. 1.238 (“Aquele que, por quinze anos, sem
interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a
qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis”) com seu parágrafo único (“O
prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel
a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo”).

A. ORDINÁRIA
Na usucapião ordinária comum ou regular, exigem-se 10 anos de posse, considerada de boa-
fé, com o chamado "justo título", sendo tratada no art. 1.242, caput, do CC/2002.

Por ser comum, exige-se menos tempo, mas com boa-fé (em sentido subjetivo, de aspecto
intencional) e justo título. Num primeiro momento, a jurisprudência entendia por justo título
apenas os documentos que fossem efetivamente hábeis para constituir a propriedade, mas a
limitação era gigantesca.

Progressivamente, a jurisprudência foi alargando esse conceito. Passou a entender que todo e qualquer
documento que possa justificar a situação de fato pode ser considerada justo título, como o contrato de
compra e venda sem forma pública e mesmo recibos de pagamento de transferência.

Nesse sentido, o Enunciado 86 da I Jornada de Direito Civil estabelece que a expressão "justo título" contida
nos arts. 1.242 e 1.260 abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a transferir a propriedade,
independentemente de registro.

Dentro dessa modalidade, há uma modalidade especial, também chamada de usucapião


ordinária por posse-trabalho, usucapião pro labore ou usucapião tabular. Eu prefiro chamar
essa modalidade de tabular, para evitar confusões com outras modalidades. Conforme o art.
1.242, parágrafo único, essa modalidade se verifica quando o possuidor tem um título
proveniente de uma aquisição onerosa, que foi cancelada posteriormente no registro de
imóveis.

Nessa situação, adquire-se a propriedade em metade do tempo (5 anos), com justo título e boa-fé, desde
que o possuidor tenha estabelecido moradia ou realizado investimentos de interesse social ou econômico.

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É precisamente esse último requisito que faz parte da literatura chamar essa hipótese de usucapião pro
labore (prefiro chamar essa hipótese de usucapião ordinária pro moradia).

O Enunciado 569 da VI Jornada de Direito Civil traz conclusão óbvia, mas útil. No caso do art. 1.242, parágrafo
único, a usucapião, como matéria de defesa, prescinde do ajuizamento da ação de usucapião, visto que,
nessa hipótese, o usucapiente já é o titular do imóvel no registro. Assim, o possuidor alegará a usucapião
como matéria de defesa numa ação anulatória de registro, por exemplo.

B. EXTRAORDINÁRIA
A usucapião extraordinária é chamada assim por ser independente de boa-fé e justo título,
sendo tratada no art. 1.238. Justamente por ser independente desses requisitos, a usucapião
extraordinária comum ou regular tem tempo de posse maior (15 anos).

Se o possuidor houver estabelecido sua moradia na área ou realizado obras ou serviços de


caráter produtivo, o tempo cai para 10 anos (art. 1.238, parágrafo único). Por isso, muitos
doutrinadores chamam essa espécie de usucapião extraordinária especial, usucapião extraordinária por
posse-trabalho, ou usucapião extraordinária pro moradia.

USUCAPIÃO
ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA
Comuns Comuns
Requisitos Justo Título -
URBANA ou RURAL
Boa-fé -
Prazos 10 anos 15 anos

TABULAR ESPECIAL

Cancelamento do registro -
DIFERENCIAL Requisitos
Moradia ou investimentos de Moradia ou investimentos de
interesse social ou econômico interesse social ou econômico
Prazos 5 anos 10 anos

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(TRF / TRF-2ª Região – 2017) Em maio de 2015, Gaio intenta ação objetivando ver reconhecida a
usucapião sobre imóvel de 150 m², localizado em terreno de marinha, com enfiteuse regularmente
constituída em favor de Tício, em 1980. Gaio mostra que, diante do aparente abandono local, desde
1997 passou a exercer posse contínua e não incomodada sobre a área, com ânimo de proprietário,
realizando melhorias e pagando as despesas, impostos e foro sobre o bem. Os autos revelam que
Tício fora interditado em 2004, e afirmado, segundo a lei vigente, absolutamente incapaz. Desde
então não ocorreu a mudança de seu quadro de interdição. Considerados corretos todos os dados
acima, assinale a opção certa:

A) No caso, é viável a usucapião extraordinária do domínio direto.

B) Em tese, estão presentes e descritos os pressupostos para a usucapião especial urbana do domínio
útil.

C) Não é viável, nem em tese, reconhecer usucapião, seja do domínio direto, seja do domínio útil, já
que o imóvel é público.

D) A jurisprudência é assente ao admitir, em terreno de marinha objeto de aforamento, a possibilidade


de usucapião extraordinária do domínio útil, mas no caso os pressupostos não estão presentes.

E) Estão presentes os pressupostos para a declaração da usucapião extraordinária do domínio útil, mas
não estão descritos os pressupostos necessários para a usucapião especial urbana.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque o domínio direto (o direito de propriedade elastecido ao seu
limite) não pode ser usucapido por ser o bem público.

A alternativa B está incorreta, primeiro, porque a rigor, aplicando-se o art. 1.244 (“Estende-se ao
possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem
a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião”), não correria o prazo de usucapião em desfavor
de Tício, então absolutamente incapaz, a partir de 2004 (situação essa que não mais perdura com a
modificação do art. 3º do CC/2002 pelo EPD), pelo que passados apenas 7 anos.

Além disso, o enunciado não menciona se Gaio é ou não proprietário de outro bem ou que naquele
estabeleceu sua moradia, requisitos esses necessários a reduzir o prazo para cinco anos, a teor do art.
1.240: “Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados,
por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

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A alternativa C está incorreta, porque, em tese, é possível reconhecer a usucapião sobre o domínio
útil.

A alternativa D está correta, segundo o STF: “O ajuizamento de ação contra o foreiro, na qual se
pretende usucapião do domínio útil do bem, não viola a regra de que os bens públicos não se adquirem
por usucapião (RE 218.324-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 20-4-2010, Segunda
Turma, DJE de 28-5-2010)”.

A alternativa E está incorreta, já que o art. 1.238 (“Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e
boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis”) exige transcurso de15 anos, não ultrapassados em vista
da incapacidade supramencionada.

(FCC / PGE-MA – 2016) Marcelo possuiu, como seu, imóvel no qual estabeleceu sua moradia habitual,
por onze anos, sem interrupção nem oposição, e não ostentando justo título. No imóvel, foram
descobertas jazidas e recursos minerais. Em ação de usucapião, Marcelo requereu fosse declarada
aquisição do imóvel e das jazidas e recursos minerais, pelo transcurso do tempo. A pretensão

A) procede em parte, porque a usucapião extraordinária independe de justo título e seu prazo é
reduzido de quinze para dez anos quando o possuidor estabelece no imóvel sua moradia habitual,
porém, a usucapião não alcançará́ as jazidas e recursos minerais, porque a propriedade do solo não as
abrange.

B) procede em parte, porque a usucapião extraordinária independe de justo título e seu prazo é
reduzido de vinte para dez anos quando o possuidor estabelece no imóvel sua moradia habitual,
porém, a usucapião não alcançará́ as jazidas e recursos minerais, porque a propriedade do solo não as
abrange.

C) não procede, porque as terras em que se encontram jazidas e recursos minerais não podem ser
usucapidas.

D) procede no todo, porque a usucapião extraordinária independe de justo título e seu prazo é
reduzido de vinte para dez anos quando o possuidor estabelece no imóvel sua moradia habitual e com
a aquisição da propriedade do solo, adquire-se a propriedade das jazidas e recursos minerais, que ao
solo pertencem.

E) não procede, porque a usucapião, em qualquer de suas espécies, demanda a existência de justo
título.

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Comentários

A alternativa A está correta, pela combinação dos arts. 1.230 e 1.238 do CC/2002, transcritos abaixo.

A alternativa B está incorreta, pela regra do art. 1.238: “Aquele que, por quinze anos, sem interrupção,
nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título
e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis”.

A alternativa C está incorreta, dado que não há qualquer restrição à usucapião em situações análogas.

A alternativa D está incorreta, na forma do art. 1.230: “A propriedade do solo não abrange as jazidas,
minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos
e outros bens referidos por leis especiais”.

A alternativa E está incorreta, na literalidade do art. 1.238, já mencionado: “Aquele que, por quinze
anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a
qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis”.

C. ESPECIAL

I. Constitucional

A usucapião constitucional tem requisitos diferentes, a depender de ser o imóvel urbano ou rural:

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A. Imóveis urbanos

• Art. 183 da CF/1988, art. 1.240 do CC/2002 e art. 9º da Lei 10.257/2001 (Estatuto da
Cidade)
• Chamada de usucapião especial
• Se for possuidor de área urbana de até 250 m², por 5 anos ininterruptos, sem oposição,
utilizando-se para moradia sua ou de família, adquire o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel e não tenha usucapido dessa forma anteriormente
• O Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) trouxe mais uma peculiaridade no art, 9º, §3º:
permite-se ao herdeiro continuar a posse do antecessor, desde que já resida no imóvel
na sucessão, em exceção à regra geral de que o sucessor pode continuar a posse do
antecessor, independentemente de onde residia antes

B. Imóveis rurais (pro labore)

• Art. 191 da CF/1988 e art. 1.239 do CC/2002


• Deve haver posse por 5 anos ininterruptos, sem oposição, de área de terra (em
perímetro rural) de até 50 hectares, tornando-a produtiva e tendo nela sua moradia,
desde que não seja proprietário de outro imóvel

A literatura chama a usucapião constitucional urbana também de usucapião especial, usucapião especial
urbana ou mesmo de usucapião constitucional pro misero. Para evitar confusões, creio que o termo
usucapião constitucional urbana é mais adequado.

A literatura chama a usucapião constitucional rural também de usucapião agrária, usucapião especial rural
ou mesmo de usucapião constitucional pro labore. Para evitar confusões, creio que o termo usucapião
constitucional rural é mais adequado.

Prevê o Enunciado 312 da IV Jornada de Direito Civil que, observado o teto constitucional, a fixação da área
máxima para fins de usucapião especial rural levará em consideração o módulo rural e a atividade agrária
regionalizada. O enunciado se explica porque, em determinadas áreas, o módulo rural pode ser muito
pequeno ou maior que o limite fixado na CF/1988; não importa.

De um lado, se a área a ser usucapida é superior ao limite constitucional, mas inferior a um módulo rural,
impossível a usucapião. Nesse sentido, o Enunciado 313 da IV Jornada de Direito Civil não deixa margem de
dúvida ao dispor que quando a posse ocorre sobre área superior aos limites legais, não é possível a
aquisição pela via da usucapião especial, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se quer usucapir.

Inversamente, o Enunciado 594 da VII Jornada de Direito Civil determina se a área usucapida é
inferior ao módulo rural e inferior ao limite constitucional, a aquisição da propriedade se impõe.
Ou seja, é possível adquirir a propriedade de área menor do que o módulo rural estabelecido
para a região, por meio da usucapião especial rural. O STJ tem o mesmo entendimento,
inclusive.

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Além disso, o Enunciado 317 da IV Jornada de Direito Civil prevê que a accessio possessionis do art. 1.243
não encontra aplicabilidade relativamente aos arts. 1.239 (usucapião constitucional rural) e 1.240 (usucapião
constitucional urbana) do CC/2002, em face da normatividade da usucapião constitucional rural (art. 191) e
da usucapião constitucional urbana (art. 183), respectivamente. Assim, não se permitira a soma das posses
dos possuidores anteriores, nesses dois casos.

No caso da usucapião urbana, o art. 9º, §1º, do Estatuto da Cidade prevê que o título de domínio será
conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. Além disso, de acordo
com o §2º, esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

Por isso, extrema cautela! No caso da usucapião constitucional rural, não há restrição a múltiplas
usucapiões. No caso da usucapião constitucional urbana, há uma restrição a apenas uma usucapião; vale
dizer, uma vez usucapida a área urbana na forma do art. 9º do Estatuto da Cidade, não pode mais a pessoa
pretender a usucapião novamente.

Veja que a restrição é bem específica. Se uma pessoa usucapiu uma área de terras
urbana ou rural ordinariamente ou extraordinariamente, nada impede que faça a
usucapião prevista no art. 9º do Estatuto da Cidade. Igualmente, se usucapiu na forma
do art. 9º do Estatuto da Cidade, nada impede que adquira propriedade por meio de
outras formas de usucapião.

Atente ainda para a exceção da accessio possessionis da usucapião constitucional urbana. Não pode ser a
sucessão na posse derivada de transmissão inter vivos, mas apenas mortis causa e desde que o herdeiro
já resida no imóvel quando da abertura da sucessão (morte do de cujus). Irrelevante se o herdeiro morava
no imóvel antes ou se veio a morar depois, o marco temporal estabelecido pelo Estatuto da Cidade é bastante
claro: a abertura da sucessão (morte).

Estabelece o Enunciado 85 da I Jornada de Direito Civil que para a aplicação da usucapião constitucional
urbana, deve-se entender por “área urbana” o imóvel edificado ou não, inclusive unidades autônomas
vinculadas a condomínios edilícios. Assim, mesmo que o imóvel seja um lote baldio ou um apartamento em
condomínio edilício, cabível a usucapião.

Em se tratando de unidade condominial, inclusive, não se deve computar, para fins de limite de metragem
máxima para essa modalidade de usucapião, a extensão compreendida pela fração ideal correspondente à
área comum. Esse é o entendimento presente no Enunciado 314 da IV Jornada de Direito Civil. De tal modo,
se o apartamento tem 300m2 de área total, mas apenas 240m2 de área útil, permitida a usucapião no prazo
de 5 anos.

II. Coletiva

Tratada no art. 10 da Lei 10.257/2001, o Estatuto da Cidade, a usucapião especial urbana coletiva, usucapião
para fins de regularização fundiária, ou simplesmente usucapião coletiva, estabelece-se necessariamente
sobre bens imóveis urbanos. Para haver a usucapião, o núcleo urbano informal deve estar em área inferior
a 250 m² per capita (área total dividida pelo número de possuidores, individualmente) ocupada por 5 anos
ininterruptos e sem oposição.

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Não se exige, depois da Lei 13.465/2017, que as áreas usucapidas sejam utilizadas para moradia ou que os
possuidores sejam considerados pessoas de baixa renda. O mote do novo dispositivo é mais a
regularização fundiária e menos o caráter “social”.

A redação anterior tinha um critério subjetivo, ainda que objetivamente verificável: “família de baixa renda”.
Necessário era analisar de cada pretendente era efetivamente enquadrado na categoria de “baixa renda”.
Não mais, já que o critério agora é puramente objetivo: “núcleo urbano informal”, uma nova expressão
legislativa para a boa e velha “favela”.

(FCC / DPE-BA – 2016) A posse-trabalho

A) pode gerar a desapropriação de terras públicas em favor de um grupo de pessoas que realizou obras
ou serviços considerados de interesse social e econômico relevante.

B) pode gerar ao proprietário a privação da coisa reivindicada, se for exercida em extensa área por
prazo ininterrupto de cinco anos, mas o proprietário tem direito à fixação de justa indenização.

C) é aquela que permite a usucapião especial urbana, em imóveis com área não superior a 250 metros
quadrados e, por ser forma originária de aquisição da propriedade, independe de indenização.

D) está prevista no Estatuto da Cidade como requisito para a usucapião coletiva de áreas urbanas ou
rurais onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor.

E) se configura como a mera detenção, também chamada de fâmulo da posse, fenômeno pelo qual
alguém detém a posse da coisa em nome alheio.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pela aplicação do art. 102: “Os bens públicos não estão sujeitos a
usucapião”. Sendo a posse requisito indispensável da usucapião, impossível tratar desta sem aquela.

A alternativa B está correta, na forma do art. 1.228, §§ 4º (“O proprietário também pode ser privado
da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais
de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou
separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante”) e
5º (“No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o
preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores”) do CC/2002.

A alternativa C está incorreta, pois o art. 9º do Estatuto da Cidade (“Aquele que possuir como sua área
ou edificação urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos,

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ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”) e o art. 1.240 do CC/2002
(“Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco
anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-
á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”) tratam da posse-
moradia.

A alternativa D está incorreta, já que o art. 10 do Estatuto trata da posse-moradia: “As áreas urbanas
com mais de duzentos e cinquenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para
sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os
terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde
que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural”.

A alternativa E está incorreta, dado que aquele que possui bem para nele trabalhar não se considera
detentor.

O art. 11, nos incs. I e II, da Lei 13.465/2017, inclusive, conceitua o que é o tal “núcleo urbano informal”.
Num primeiro momento, resumidamente, é aquele com unidades de área inferior à fração mínima de
parcelamento, independentemente do solo, e ainda que esteja a área em uma gleba considerada ou inscrita
como área rural. Num segundo momento, a norma qualifica como “núcleo urbano informal” a área
clandestina, irregular ou que impossibilite a titulação da ocupação, mesmo que atendida a legislação vigente
ao tempo da implantação e/ou regularização.

Essa área será usucapida coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel
urbano ou rural (se um deles é proprietário, não se contaminam os demais). A ação pode ser proposta pelo
possuidor, isoladamente, por litisconsórcio dos possuidores ou por Associação de Moradores
regularmente constituída (registrada), que funcionaria como substituto processual extraordinário, segundo
o art. 12, incisos, do Estatuto.

A sentença de procedência da usucapião coletiva constitui um condomínio entre os


possuidores, sendo que a sentença deve atribuir igual fração ideal de terreno para cada um
dos possuidores. A fração ideal será igual, em princípio, salvo acordo escrito dos
coproprietários.

Não há restrição ao tipo de imóvel, se residencial ou comercial; ambos os tipos são beneficiados
pela aquisição da propriedade. Além disso, não há restrições à accessio possessionis, que pode ser inter vivos
ou mortis causa.

Esse é o caso de um condomínio especial, pois dotado de indivisibilidade, sendo


somente divisível se por decisão favorável de dois terços dos condôminos, desde que
na hipótese de uma urbanização posterior à constituição do condomínio. Veja que não
basta o acordo entre os condôminos, mas também o requisito de urbanização, já que o
escopo da lei é regularizar a titulação, mas também acabar com a favelização da região
afetada.

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III. Familiar

Prevista no art. 1.240-A do CC/2002, a usucapião familiar ou usucapião especial urbana por
abandono familiar, vale somente para imóvel urbano de até 250m², utilizado como única
moradia, sem oposição, no caso de ex-cônjuge ou companheiro, seja heteroafetivo ou
homoafetivo, que abandona o lar conjugal por mais de 2 anos, pelo que o outro cônjuge ou
companheiro adquire o domínio integral.

Há de se ter cautela nessa modalidade de usucapião com a expressão “abandono do lar”. Veja que o
Enunciado 499 da V Jornada de Direito Civil prevê que os pressupostos para a aquisição da propriedade pela
usucapião familiar devem ser verificados anteriormente ao divórcio. Ao que me parece, essa primeira parte
do Enunciado, posteriormente cancelado, ainda merece chancela.

Já a segunda parte, de fato, foi substituída pelo Enunciado 595 da VII Jornada de Direito Civil. Segundo esse
novo Enunciado, o requisito “abandono do lar” deve ser interpretado na ótica do instituto da usucapião
familiar como abandono voluntário da posse do imóvel somado à ausência da tutela da família, não
importando em averiguação da culpa pelo fim do casamento ou união estável.

Por se tratar de espécie de objetivo mais socializante, tal qual ocorre em outras espécies de usucapião de
prazos mais reduzidos, o §1º estabelece que essa modalidade de usucapião não pode ser reconhecida ao
mesmo possuidor mais de uma vez.

O antecedente histórico desse artigo é a proteção da mulher abandonada pelo cônjuge/companheiro com
filhos, sobretudo nos casos de violência doméstica e formação familiar subsequente por aquele que
abandona o lar. O cônjuge ou companheiro, por vezes, simplesmente abandona a mulher e os filhos à própria
sorte.

Nesses casos, às vezes há falta de recursos para adquirir duas moradias com a divisão patrimonial. E o pior,
frequentemente há dificuldade do cônjuge ou companheiro que permanece no imóvel em alienar o bem
posteriormente pela ausência de outorga uxória. A mulher abandonada sequer consegue transmitir a
propriedade a terceiros ou a haver para si, mesmo depois de realizar a quitação integral dos valores relativos
ao financiamento.

Não bastasse isso, em muitos casos o cônjuge ou companheiro, anos depois, retornava apenas para fins de
“pegar sua metade”. Não pagou, abandonou a família e tinha a pretensão de haver para si a meação do bem.
Alguns casos beiravam ao absurdo e, infelizmente, pela letra fria da lei, nada havia a se fazer.

Como diz Berenice Dias, o homem acaba saindo beneficiado depois de atos de violência, abandono e/ou
descaso com sua família. Visando a acabar com essa situação, o legislador criou essa espécie de usucapião.

Evidentemente, a norma não vale apenas para a mulher, mas para qualquer relação afetiva, seja ela
heteroafetiva, seja homoafetiva, seja derivada de casamento, seja derivada de união estável.
Estatisticamente falando, porém, são poucos os exemplos que se enquadram numa situação inversa da que
narrei acima.

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Nesse sentido, de maneira bastante abrangente, o Enunciado 500 da V Jornada de Direito Civil esclarece que
essa modalidade pressupõe a propriedade comum do casal e compreende todas as formas de família ou
entidades familiares, inclusive homoafetivas. Inclusive, as expressões ex-cônjuge e ex-companheiro, contidas
no dispositivo legal, correspondem à situação fática da separação, independentemente de divórcio
(Enunciado 501 do CJF).

Por fim, o Enunciado 502 da V Jornada de Direito Civil traz conclusão óbvia. O conceito de posse direta
referido no caput do art. 1.240-A não coincide com a acepção de posse direta empregada no art. 1.197. Esse
dispositivo distingue a posse direta da posse indireta, para fins de proteção possessória (interditos
possessórios do possuidor direto contra o indireto e vice-versa).

USUCAPIÃO
ESPECIAL
CONSTITUCIONAL COLETIVA FAMILIAR
Comuns Comuns Comuns
Inferior a 250m2
Inferior a 250m2 Inferior a 250m2
individualmente
Requisitos
Moradia - Moradia
URBANA
Único Imóvel Único Imóvel Único Imóvel
Única vez - Única vez
Núcleo urbano
- -
informal
Prazos 5 anos 5 anos 2 anos

Comuns

Inferior a 50 ha

Requisitos Moradia - -
RURAL
Produtividade

Único imóvel
Prazos 5 anos - -

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IV. Indígena

Espécie peculiar, a usucapião especial indígena é um tanto desconhecida. Segundo o art.


33 da Lei 6.001/1973, o Estatuto do Índio, o indígena, integrado ou não, que ocupe como
próprio, por 10 anos, trecho de terra inferior a 50ha, adquire a propriedade plena.

Obviamente que essa regra não se aplica às terras do domínio da União, ocupadas por
grupos tribais, às áreas reservadas dispostas no Estatuto, nem às terras de propriedade
coletiva da comunidade autóctone. Do contrário, teríamos a situação bizarra e absolutamente risível de um
indígena tentando usucapir as terras da própria tribo.

Mas, e quem são os indígenas, na acepção do Estatuto? Segundo o art. 3º, inc. I, é indígena todo indivíduo
de origem e ascendência pré-colombiana que se identifica e é identificado como pertencente a um grupo
étnico cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional. Já a comunidade indígena ou
grupo tribal é o conjunto de famílias ou comunidades índias, quer vivendo em estado de completo
isolamento em relação aos outros setores da comunhão nacional, quer em contatos intermitentes ou
permanentes, sem, contudo, estarem neles integrados.

Por fim, o Estatuto ainda “classifica” os indígenas, de acordo com o art. 4º, em:

Isolados

• Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e vagos informes


através de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional

Em vias de integração

• Quando, em contato intermitente ou permanente com grupos estranhos, conservam


menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas aceitam algumas práticas e
modos de existência comuns aos demais setores da comunhão nacional, da qual vão
necessitando cada vez mais para o próprio sustento

Integrados

• Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício dos


direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua
cultura

V. Regularizadora

A Lei 13.465/2017, toda questionável, trouxe mais uma controvérsia para o plano da aquisição
da propriedade. Alterando a Lei 11.977/2009, a lei que rege o “Programa Minha Casa, Minha
Vida”, essa norma trouxe uma espécie de usucapião administrativa decorrente de legitimação
fundiária concedida pelo Poder Público no âmbito no Programa de Regularização Fundiária
Urbana, a REURB.

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Inicialmente, prevê o art. 25 que a legitimação de posse, instrumento de uso exclusivo para fins de
regularização fundiária, constitui ato do Poder Público destinado a conferir título, por meio do qual fica
reconhecida a posse de imóvel objeto da REURB. Para tanto, deve-se fazer a identificação de seus ocupantes,
do tempo da ocupação e da natureza da posse, sendo que a posse é conversível em direito real de
propriedade, na forma da lei.

A primeira controvérsia aí existente está na natureza desse direito. Trata-se de um reconhecimento de posse,
distinto tanto da tradicional posse quanto da propriedade. Meio termo, parece que o legislador quis criar
um certo “direito-escada” para a posterior titularização da propriedade. Há quem reconheça aí um novo
direito real, para além do rol do art. 1.225 do CC/2002.

Essa legitimação não se aplica aos imóveis urbanos situados em área de titularidade pública, ou seja,
impede-se a aquisição de propriedade de uma área de terras públicas, esclarece o §2º. Além disso, a
legitimação de posse pode ser transferida por causa mortis (rectius: mortis causa) ou por ato inter vivos,
prevê o §1º.

Nova controvérsia aqui (além do erro no uso do latim, difundido especialmente pelos
tributaristas desatentos), já que a legitimação de posse pode ser transferida por ato entre
vivos. Traduzindo em centavos de real, eu, que estou em uma área favelizada e obtenho essa
quasi-proprietas, posso vendê-la. Para quem não conhece menos o mármore do Congresso e
mais a terra batida das invasões, está aberta a temporada de especulação pouco social de áreas
favelizadas.

Quasi-proprietas porque aquele em cujo favor for expedido título de legitimação de posse, decorrido o
prazo de cinco anos de seu registro, terá a conversão automática dele em título de propriedade (art. 26).
Essa conversão, se atendidos os termos e as condições do art. 183 da CF/1988 (usucapião constitucional
urbana), é feita independentemente de prévia provocação ou prática de ato registral. Trata-se da primeira
forma de usucapião prevista nesta lei, a usucapião administrativa pela legitimação da posse de imóvel da
REURB:

Legitimação da posse na REURB

• Arts. 25 e ss. da Lei 13.465/2017 (Lei do REURB)


• Chamada de usucapião administrativa pela legitimação de posse ou apenas usucapião
de legimitação de posse
• Se for possuidor de área urbana de até 250 m², por 5 anos ininterruptos, sem oposição,
utilizando-se para moradia sua ou de família, adquire o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel e não tenha usucapido nessa modalidade anteriormente

E mesmo se o possuidor não se enquadrar nos requisitos estreitos do art. 183 da CF/1988, pode adquirir a
propriedade desde que satisfeitos os requisitos das demais espécies previstas no CC/2002 e/ou no Estatuto
da Cidade, diretamente perante o Registro de Imóveis competente. Como o Oficial fará essa avaliação, sem
qualquer orientação judicial, é uma pergunta ainda sem resposta.

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Em qualquer caso, prevê o §2º, a legitimação de posse, após convertida em propriedade, constitui modo
originário de aquisição da propriedade. Consequentemente, a unidade imobiliária com destinação urbana
regularizada fica livre e desembaraçada de quaisquer ônus, direitos reais, gravames ou inscrições,
eventualmente existentes em sua matrícula de origem, exceto quando disserem respeito ao próprio
beneficiário.

Feita a legitimação, se o Estado visualizar que as condições estipuladas na lei deixaram de ser satisfeitas, o
título de legitimação de posse pode ser cancelado pelo emitente, deixa evidente o art. 27. Nesses casos, não
é devida qualquer indenização àquele que irregularmente se beneficiou do instrumento.

De outra banda, o art. 23 estabelece que a legitimação fundiária constitui forma originária de
aquisição da propriedade conferido por ato do Poder Público, exclusivamente no âmbito da
REURB, àquele que detiver em área pública ou possuir em área privada, como sua, unidade
imobiliária com destinação urbana, integrante de núcleo urbano informal consolidado
existente em 22/12/2016. Essa modalidade de usucapião se restringe ao REURB-S, qual seja,
a Regularização Fundiária Urbana de Interesse Social, ou seja, uma usucapião administrativa
pela legitimação fundiária de interesse social.

Resumidamente, o dispositivo permite usucapião de bem público, o que, em certa medida, viola o §3º do
art. 183 da CF/1988 que impede a prática. O §4º, ademais, sublinha esse entendimento, prevendo que no
caso de imóveis públicos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e as suas entidades
vinculadas, quando titulares do domínio, ficam autorizados a reconhecer o direito de propriedade aos
ocupantes do núcleo urbano informal regularizado por meio da legitimação fundiária.

Não à toa, muitos reputam o dispositivo inconstitucional. Tenho lá minhas dúvidas porque, nadando contra
forte corrente doutrinária ao inverso, sempre acreditei que deveria haver usucapião de certos bens públicos
em determinadas circunstâncias, já que a propriedade pública também tem de cumprir sua função social.

Quais são os requisitos para que se possa usucapir uma propriedade no âmbito da REURB-S? Segundo o §1º
do art. 23 da Lei 13.465/2017 são condições para a usucapião por legitimação fundiária:

I - o beneficiário não seja concessionário, foreiro ou proprietário de imóvel urbano ou rural;

II - o beneficiário não tenha sido contemplado com legitimação de posse ou fundiária de imóvel
urbano com a mesma finalidade, ainda que situado em núcleo urbano distinto; e

III - em caso de imóvel urbano com finalidade não residencial, seja reconhecido pelo poder
público o interesse público de sua ocupação.

Assim, não pode o beneficiário ser proprietário de qualquer outro imóvel, nem ter sido
contemplado por ambas as modalidades de usucapião presentes na lei (legitimação da
posse na REURB ou legitimação fundiária na REURB-S). Igualmente, em se tratando de
imóvel não residencial, o Poder Público avaliará o interesse público da usucapião.

Talqualmente na outra modalidade, no caso de usucapião decorrente de regularização por


legitimação fundiária, o ocupante adquire a unidade imobiliária com destinação urbana livre e

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desembaraçada de quaisquer ônus, direitos reais, gravames ou inscrições, eventualmente existentes em sua
matrícula de origem, exceto quando disserem respeito ao próprio legitimado. Trata-se, evidentemente, de
aquisição originária da propriedade, como é de se esperar.

Da mesma maneira que ocorria na outra modalidade, o §5º estabelece que o Poder Público deve fazer o
registro imediato da aquisição de propriedade. Por isso, dispensa-se a apresentação de título individualizado
e as cópias da documentação referente à qualificação do beneficiário, o projeto de regularização fundiária
aprovado, a listagem dos ocupantes e sua devida qualificação e a identificação das áreas que ocupam.

Legitimação fundiária na REURB-S

• Arts. 23 e ss. da Lei 13.465/2017 (Lei do REURB)


• Chamada de usucapião administrativa pela legitimação fundiária de interesse social ou
apenas de usucapião de legitimação fundiária
• Se for possuidor de área urbana, pública ou privada, independentemente da extensão da
área, que seja integrante de núcleo urbano informal existente até 22/12/2016. Se o
imóvel não for residencial, deve haver interesse público na ocupação
• Não pode ser concessionário, foreiro ou proprietário de outra área, nem já contemplado
por qualquer benefício do REURB

Em ambas as hipóteses o objetivo é claro: evitar a judicialização da usucapião de áreas enquadradas na


norma. Essa percepção, que remonta à Lei 11.977/2009, que trata do “Programa Minha Casa, Minha Vida”
– PMCMV, foi absorvida, posteriormente, pelo CPC/2015 e uma espécie de generalização do instituto pela
usucapião extrajudicial.

D. EXTRAJUDICIAL
A usucapião extrajudicial, também chamada de administrativa, está prevista no art. 216-A da Lei 6.015/1973
(Lei de Registros Públicos – LRP), pela inserção de regra nova pelo CPC/2015. Foi, posteriormente, modificada
pela Lei 13.465/2017, mas não é propriamente uma modalidade de usucapião, antes uma forma de se fazer
usucapião sem necessidade de intervenção judicial.

Trata-se de mais uma tentativa de “desjudicialização”, de modo a tentar desafogar o Poder Judiciário de
demandas que, em realidade, não apresentam conflito a exigir a intervenção judicial. A medida é louvável
por si só, já que desburocratiza o procedimento, mas certamente não contribui muito para desafogar nossos
juízes.

Assim, prevê o mencionado dispositivo, é admitido o pedido de reconhecimento


extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro
de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo. Veja que a via
extrajudicial é facultativa, não compulsória, pelo que nada impede que a parte beneficiada
prefira o Poder Judiciário.

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O interessado deve estar obrigatoriamente representado por advogado (ou mesmo por Defensor Público, a
despeito da omissão do descuidado legislador), ainda que se valha da via extrajudicial. Seu representante
deve instruir o pedido administrativo com:

I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e seus
antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias, aplicando-se o disposto no art. 384 do CPC;

II - planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de
anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, e pelos
titulares de direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na
matrícula dos imóveis confinantes;

III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio do


requerente;

IV - justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem, a continuidade, a


natureza e o tempo da posse, tais como o pagamento dos impostos e das taxas que incidirem
sobre o imóvel.

Atente para um detalhe. A exigência do inc. IV de justo título é feita apenas para os casos de usucapião nos
quais se exige tal requisito. Se for o caso de usucapião extraordinária, por exemplo, dispensável essa
condicionante, evidentemente.

Segundo os parágrafos do referido art. 216-A da LRP, o notário fará a prenotação do pedido de usucapião,
que se estende até o acolhimento ou a rejeição do pedido. Nesse pedido, a planta do imóvel deve estar
assinada por todos os titulares de direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e
na matrícula dos imóveis confinantes. Se ausente alguma dessas assinaturas, serão as pessoas notificadas
pelo registrador, pessoalmente ou pelo correio, para manifestar seu consentimento expresso em 15 dias,
interpretado o seu silêncio como concordância. Cuidado! O §2º estabelecia, na redação dada pelo
CPC/2015, que o silêncio se interpretaria como DISCORDÂNCIA; com a redação dada pela Lei 13.465/2017,
o silêncio passou a ser interpretado como CONCORDÂNCIA.

Ou seja, é exatamente o contrário do que ocorre no testamento e no divórcio extrajudiciais, nos


quais não pode haver oposição de quaisquer dos interessados. Aqui, vale o ditado popular,
“quem cala, consente!”. No caso da usucapião, a necessidade de assentimento (ou silêncio
interpretado como tal) inclui os confinantes e os detentores de quaisquer direitos reais que
possam ser afetados pela usucapião.

Caso não seja encontrado o notificando ou caso ele esteja em lugar incerto ou não sabido,
tal fato será certificado pelo registrador, que deverá promover a sua notificação por edital
mediante publicação, por duas vezes, em jornal local de grande circulação, pelo prazo de 15
dias cada um, interpretado o silêncio do notificando como concordância. O órgão jurisdicional
correcional pode, a partir de Regulamento substituir a publicação jornalística pela publicação
do edital em meio eletrônico.

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Na sequência, conforme previsão do §3º, o oficial deve dar ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federal e
ao Município, pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos, ou pelo correio
(com AR), para que se manifestem, em 15 dias, sobre o pedido. Tal medida é feita para que se evite a
usucapião de um bem público ou que a pretensão seja apenas uma tentativa de livrar a pessoa do pagamento
dos tributos devidos.

Igualmente, deve ele promover a publicação de Edital em jornal de grande circulação, onde houver, para a
ciência de terceiros eventualmente interessados, que poderão se manifestar em 15 dias.

Se houver alguma dúvida, prevê o §5º que podem ser solicitadas ou realizadas diligências pelo Oficial.
Além disso, em qualquer caso, pode o interessado suscitar o procedimento de dúvida, nos termos já vistos.
Assim, se o proprietário alegar que a posse do pretendente à usucapião é precária, baseada num contrato
que não lhe permite a propriedade, o oficial deve remeter o caso ao juiz-corregedor.

Transcorrido o prazo do Edital, sem pendência de diligências e achando-se em ordem a documentação, o


Oficial registra a aquisição do imóvel com as descrições apresentadas. Se for o caso, permite-se a abertura
de matrícula nova.

Ao contrário, ao final das diligências, se a documentação não estiver em ordem, o


oficial de registro de imóveis rejeitará o pedido, na forma do §8º. Por se tratar de
procedimento extrajudicial, a rejeição do pedido não impede o ajuizamento de ação
de usucapião. O oficial age como uma espécie de “juiz preliminar”, aqui, com poder
decisório, ao menos na esfera administrativa.

Por fim, em caso de impugnação do pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião apresentada por
qualquer um (titulares de direito reais, titulares de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do
imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, entes públicos ou algum terceiro interessado),
o Oficial deve remeter os autos ao juízo competente da comarca da situação do imóvel.

Ao que me parece, o juiz competente, nesse caso, é o da Vara Cível, e não da Vara de Registros Públicos, pois
aqui não há procedimento de dúvida. Ainda assim, também me parece que boa parte da doutrina se inclinará
pela resolução da contenda perante a Vara de Registros Públicos.

Nesse caso, cabe ao requerente emendar a petição inicial para adequá-la ao procedimento comum. Isso
porque a pretensão extrajudicial inserida no pedido é bastante singela do ponto de visto técnico-jurídico,
exigindo-se, para seu processamento em juízo, alterações significativas.

Atente para a exceção trazida pelo §11. No caso de o imóvel usucapiendo ser unidade
autônoma de condomínio edilício, fica dispensado consentimento dos titulares de direitos
reais e outros direitos registrados ou averbados na matrícula dos imóveis confinantes e
bastará a notificação do síndico para se manifestar. Igualmente, se o imóvel confinante
contiver um condomínio edilício, bastará a notificação do síndico, dispensada a notificação de
todos os condôminos.

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USUCAPIÃO
EXTRAOR-
ORDINÁRIA ESPECIAL COLETIVA FAMILIAR
DINÁRIA

Comuns Comuns Comuns Comuns Comuns

Justo título - - - -

- - -

Inferior a 250
Inferior a
m², Inferior a 250 m²
250 m²
individualmente
Requisitos
URBANA Moradia - Moradia
Boa-fé -
Único
Único imóvel Único Imóvel
imóvel

Única vez - Única vez

Núcleo urbano Ex-


-
informal cônjuge/abandono

Prazos 10 anos 15 anos 5 anos 5 anos 2 anos

Comuns

Inferior a
50 ha
RURAL Requisitos Iguais Iguais
Produtivi-
dade
moradia

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Único
imóvel

Prazos 10 anos 15 anos 5 anos

TABULAR ESPECIAL *** INDÍGENA ***

Cancela- Moradia/
mento do produtivi- Uso próprio
Requisitos registro dade
DIFEREN-
CIAIS
- - Inferior a 50 ha

Prazos 5 anos 10 anos 10 anos

4.1.2. REGISTRO
O registro do título é modo de aquisição derivada da propriedade. Apresenta-nos a regra geral
dos modos de aquisição em decorrência de negócios jurídicos dispositivos. São negócios
hábeis a transmitir a propriedade: compra e venda (regra), permuta, dação em pagamento,
transação judicial imobiliária e doação. O Enunciado 87 da I Jornada de Direito Civil ainda
considera título translativo a promessa de compra e venda devidamente quitada (arts. 1.417 e
1.418 do CC/2002 e §6º do art. 26 da Lei 6.766/1979).

No caso da compra e venda, caso mais comum de transmissão que se leva ao registro,
exige-se instrumento público. Primeiro se vai ao Ofício de Títulos e Documentos e, uma
vez celebrada a escritura pública de compra e venda, vai-se ao Ofício do Registro de
Imóveis no qual o imóvel está matriculado.

Essa matrícula contém toda a especificação do imóvel e toda a informação dos titulares
da propriedade (como uma certidão da “vida” do imóvel). Essa escritura é levada a registro e os dados
essenciais sobre o vendedor, comprador, preço, são registrados na matrícula. Não mais se fala em transcrição
dos dados, mas apenas em registro dos dados essenciais.

O registro gera uma presunção da propriedade, como determina o art. 1.245, §2º, do CC/2002. Por isso,
enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel, nos
termos do §1º.

De acordo com o Enunciado 503 da V Jornada de Direito Civil, a presunção de propriedade decorrente do
registro imobiliário é relativa (presunção juris tantum). A exceção fica por conta do Sistema Torrens, que
traz presunção absoluta de propriedade.

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Já que presunção relativa, invalidades ou ineficácia do negócio jurídico basal podem servir de demanda para
anular, nulificar ou reformar o registro de imóveis (art. 1.247). Se cancelado o registro, pode o proprietário
reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.

Anulado, nulo ou refeito o registro, não pode haver a exclusão dos dados invalidados do teor da matrícula.
O Enunciado 624 da VIII Jornada de Direito Civil reconhece que o ordenamento registral brasileiro não prevê
hipótese de exclusão, mas tão somente do cancelamento, que corresponde a uma averbação, de assento já
registrado anteriormente. Preservam-se, assim, na integralidade, os registros a respeito do bem.

Esse registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o
prenotar no protocolo, por força do art. 1.246. Assim, vige o princípio da prioridade em matéria registral,
sendo que tem prioridade o título registrado antes.

Essa matéria é tratada nos arts. 1.245 a 1.247, mas sua mais ampla disciplina está na Lei de Registros Públicos
– LRP (Lei 6.015/1973). Vou mostrar a você os princípios do sistema registral brasileiro, contidos na LRP,
que são:

A. Publicidade
• A razão de ser do registro de imóveis é a sua publicidade, informando ao público os dados
essenciais sobre o bem imóvel e sobre sua titularidade, de modo a garantir maior segurança
jurídica nas operações de transmissão e constituição sobre coisa alheia

B. Especialidade
• Por esse princípio devem ser detalhados todos os dados essenciais do que é levado a registro,
tanto no que diz respeito ao bem quanto aos sujeitos titulares das situações jurídicas ativas e
passivas

C. Unicidade e unitariedade da matrícula

• Cada bem imóvel só pode ter uma matrícula e cada matrícula só pode tratar de um único bem
imóvel

D. Continuidade
• Exige-se uma continuidade na sucessão dominial, não se admitindo rupturas, pelo que deve ser
possível acompanhar o “andamento” do registro desde o início

E. Legalidade

• Só podem ser levados a registro os títulos, os documentos, descritos pela Lei, não sendo possível
registrar situações que não foram previstas pelo legislador

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No entanto, não apenas por ato inter vivos se faz a transmissão da propriedade, mas também mortis causa.
A rigor, no caso de direito hereditário, a transmissão da propriedade se dá imediatamente após o
falecimento, por aplicação do princípio da saisine.

Assim, não há necessidade de registro da transmissão hereditária para que haja transmissão da propriedade.
Essa transmissão, contudo, é meramente ficta, já que o Direito não pode conviver com a situação de bens
imóveis sem titulares, quando não se enquadra a coisa na categoria da herança jacente. Por isso, necessário
será registrar o formal de partilha para que a propriedade seja transmitida de pleno jure.

4.1.3. ACESSÃO
A acessão é modo de aquisição originária da propriedade. Ela, acessão, pode ser entendida
como uma força externa que aumenta a coisa do proprietário, seja construção, seja plantação.
As acessões podem ser naturais (formação de ilhas, aluvião, avulsão, álveo abandonado) ou
artificiais (construções e plantações). Passo a analisar cada uma das espécies de acessão de bem
imóvel trazida pelo CC/2002:

A. Formação de ilhas
• Ocorre quando em um rio forma-se uma ilha, naturalmente (art. 1.249)

Se o rio for de domínio público, segundo regra do art. 23 do Código de Águas (Decreto 24.643/1934), a ilha
é de domínio público, portanto, pertencente à pessoa jurídica de direito público em cujo domínio a ilha se
encontra (União, Estado, Distrito Federal ou Município). Ilhas fluviais e lacustres pertencem igualmente à
União, Estados e Municípios (arts. 20, inc. IV e art. 26, incs. II e III da CF/1988).

Assim, somente será acessão ao proprietário se a ilha surgir em rio que não é de domínio público. Se for de
domínio privado, são duas as hipóteses de acessão pela formação de ilhas (art. 1.249):

I. Ilha no meio do rio: pertence aos


II. Ilha entre o meio e uma margem: pertence
proprietários ribeirinhos igualmente, segundo
ao proprietário mais próximo
a testada das terras

Além disso, se a ilha se forma por um novo braço do rio, não se fala em acessão, ficando o
proprietário da terra anteriormente ocupada apenas pela terra com a ilha. Assim, se no meio
de minha propriedade surge um novo braço de um rio, originário de um rio que divide a minha
e a sua propriedade, a ilha surgida nesse novo braço de rio é inteiramente minha.

Por fim, anoto a controvérsia existente entre administrativistas e civilistas. Para aqueles,
depois da CF/1988, não haveria mais como se falar em águas particulares, porque não mais inexistente rio
particular, pelo que, consequentemente, impossível se falar em ilha particular por formação.

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No entanto, os civilistas continuam a distinguir os rios em navegáveis e não navegáveis, sendo que nestes
ainda se poderia falar em aquisição da propriedade por formação de ilhas. A controvérsia, de qualquer forma,
persiste.

Eu, particularmente, creio ser possível, na esteira dos civilistas, a acessão privada. Isso porque, mesmo que
não seja propriamente um rio no seu sentido mais tradicional, um canal, construído por um privado, constitui
um álveo privado e a eventual ilha a surgir ali deve ser vista, evidentemente, como privada.

B. Aluvião

• Acréscimo paulatino de terras do rio na propriedade ribeirinha (“assoreamento”)


• Esse aumento tem de ser lento, sucessivo, paulatino e imperceptível (art. 1.250)

O acréscimo pertence aos proprietários, no limite das testadas (art. 1.250, parágrafo único). Ou seja, se a
aluvião ocorre nos limites da minha propriedade e da sua, é tracejada uma linha imaginária, estendendo a
propriedade em direção ao rio. Cada um de nós adquirirá a propriedade proporcionalmente à testada.

Há ainda a chamada aluvião imprópria, característica do acréscimo de solo pela retração de águas (rios,
lagos etc.), que secam parcialmente. Nesse caso, também há aquisição da propriedade. A distinção é
meramente didática, já que os efeitos são exatamente os mesmos.

Por fim, atente porque se a retração das águas é temporária, não há que se falar em aquisição de
propriedade. Isso ocorre em rios que secam por determinados períodos (não perenes ou intermitentes) ou
mesmo em áreas de pântano, cujo fluxo e reflexo das águas é constante e deixa indelimitada a terra.

C. Avulsão
• Por força violenta da natureza, uma porção de terras desloca-se de uma propriedade para outra,
sem intervenção humana (art. 1.251)

Se em um ano o proprietário que perdeu terras não contatar aquele que teve terras
acrescidas, perde o direito de propriedade sobre a área (prazo decadencial). Do
contrário, o proprietário que perdeu terras é indenizado e o que ganhou as terras adquire
sua propriedade. Se não quiser indenizar, aquele que perder as terras tem direito a
reclamá-las de volta (art. 1.251, parágrafo único).

Esse caso é emblemático a demonstrar como a teoria do fato jurídico ponteana funciona de maneira bem
mais adequada que as demais, em termos de compreensão da aplicação do direito. Comumente, a literatura
jurídica menos técnica e imprecisa faz conexão intrínseca da responsabilidade civil com a conduta humana.

O art. 1.251 não deixa margem de dúvida. Aqui, inexiste qualquer conduta humana a imputar
responsabilidade. Ainda assim, persiste o dever de indenizar daquele que recebe terras. Não que ele não
tenha culpa; ele sequer agiu, não há conduta.

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A responsabilidade civil baseada no critério culposo (subjetiva), e mesmo a responsabilidade civil sem culpa
(objetiva) incorrem no mesmo erro, qual seja a vinculação a um ato humano. Equivocado porque a
responsabilidade civil se baseia num critério de imputação. Haverá dever de indenizar porque imputarei a
responsabilidade a alguém, independentemente de ter sido o responsável o ofensor (responsabilidade por
fato de outrem), mesmo que o ato tenha se originado exclusivamente por fato da natureza.

D. Álveo abandonado
• Ocorre quando um rio ou lago que dividia duas propriedades para de correr, seca ou é desviado
(art. 1.252)

Não importa se o rio era público ou privado, traça-se uma linha imaginária ao meio do leito do rio e divide-
se a propriedade entre os ribeirinhos. Ao contrário da formação de ilhas, é irrelevante o fato de o curso ser
público ou privado.

E. Construções e Plantações
• Tudo aquilo que se constrói num imóvel pertence, presumivelmente, ao proprietário, pelo princípio
do superficie solo cedit (art. 1.253)

Nos casos anteriores (formação de ilhas, aluvião, avulsão, álveo abandonado), havia acessão
de um imóvel em outro. No caso de construções e plantações há acessão de um móvel a um
imóvel.

A rigor, até prova em contrário (presunção juris tantum), toda construção e plantação foi feita
pelo proprietário e à sua custa. Mas, o que ocorre se alguém constrói com materiais de
terceiros? Ou se constrói em imóvel alheio com seus materiais? O CC/2002 tratará dessas hipóteses de
acessões seguindo duas regras, que valem tanto para as plantações quanto para as construções:

1. Terreno próprio com material alheio:


2. Material próprio em terreno alheio:
adquire a propriedade do que foi
perde a propriedade sobre o material,
construído, devendo ressarcir o valor dos
pois a acessão ocorrerá em favor do
materiais ao seu dono. Se o proprietário
proprietário, mas terá direito de
agiu de má-fé, deve indenizar também
indenização, se agiu de boa-fé (art. 1.255)
perdas e danos (art. 1.254)

Posso exemplificar o primeiro caso com a pessoa que deixa uma saca de milho no galpão do vizinho. Se o
funcionário semeia com a saca, ignorando que o milho era alheio, o dono da terra adquire a propriedade,
mas tem de indenizar pelo valor da saca. Se o proprietário da terra, sabendo que o milho era do vizinho, usa
a saca para semear, terá de indenizar também pelas eventuais perdas e danos, como o fertilizante aplicado
na terra que o vizinho perderá por não semear a tempo.

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No segundo caso, a exceção ocorre quando a construção ou plantação em terreno alheio


exceder consideravelmente o valor do terreno no qual foi construído (parágrafo único do
artigo). Nessa situação, pela preservação da situação fática e numa ponderação, o que plantou
ou edificou adquire a propriedade mediante indenização ao proprietário, fixada judicialmente,
se não houver acordo.

Isso cria uma peculiar hipótese de acessão invertida, inversa ou às avessas, contrariando o princípio
clássico superficies solo cedit. Essa percepção vai ao encontro da visão mais contemporânea de que nem
sempre o solo efetivamente é o bem jurídico mais valioso, funcionalizando a propriedade (homenagem ao
princípio da função social da propriedade).

Se ambos estavam de má-fé (má-fé recíproca ou bilateral), adquirirá o proprietário as sementes, plantas
e construções, devendo ressarcir o valor das acessões (art. 1.256). Presume-se – relativamente – a má-fé
do proprietário quando o trabalho de construção ou plantação se fez em sua presença e sem impugnação
sua.

Igualmente, a mesma regra se aplica ao caso de não pertencerem os materiais a quem de boa-fé os
empregou em solo alheio. Nesse caso, prevê o art. 1.257, parágrafo único, o proprietário das sementes,
plantas ou materiais pode cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la
do plantador ou construtor.

O STJ, com vistas à regra desse dispositivo, condenou o proprietário do terreno a arcar com as despesas de
construção de um edifício feito nessa propriedade, apesar de não ter contratado o construtor. O construtor,
cobrando o contratante, nada recebeu. Como o proprietário esteve presente às obras e nunca as impugnou,
foi chamado a indenizar o construtor, para evitar o enriquecimento sem causa (REsp 963.199).

Situação peculiar ocorre quando se constrói invadindo parcela da propriedade alheia (arts. 1.258 e 1.259).
Se a obra ainda estiver em curso, é possível a propositura de ação para impedir a continuidade da obra e/ou
demolir o que já foi construído (ação de nunciação de obra nova e ação demolitória).

Porém, se a obra já está construída, o Código prevê os remédios dos artigos mencionados, de modo a
evitar a demolição, quando há boa-fé, e além de demolir, penalizar, quando há má-fé.

Assim, se o sujeito age de boa-fé, em área inferior a 1/20 do terreno alheio, adquire-lhe a propriedade, se o
valor da construção exceder o valor da área perdida. De qualquer forma, deve indenizar pela área perdida e
pela desvalorização da remanescente.

Se construo uma edícula nos fundos de minha casa, invadindo até 5% de sua área, adquiro a propriedade, se
ignorar que estou a invadir. Mesmo assim, terei de indenizar você pelo valor dos metros quadrados perdidos
e pela eventual desvalorização que seu terreno sofreu.

Geralmente, essa desvalorização é ínfima ou mesmo não ocorre. Suponha, porém, que sua área integral,
antes de minha invasão inocente, era de 1.000m2 (valendo R$1 milhão). Quando invadi 40m2, seu terreno
passou a ter 960m2 (valendo agora R$960 mil). No Plano Diretor, se a área for superior a 975m2, o
proprietário pode edificar até 40 pavimentos; se for inferior, até 12 pavimentos. Você, que pretendia alienar
esse terreno a uma construtora, certamente vai obter um valor substancialmente menor depois que eu
adquiri esses 40 m2 seus (algo em torno de R$700 mil).

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A indenização que devo a você vai englobar essa diferença, pelo que terei de indenizar você em R$300 mil.
Percebeu como o custo desses 40 m2 ficou bastante alto para mim? O recado do CC/2002 é claro: não invada
a propriedade alheia!

Se a área for superior a 1/20 do terreno alheio, a pessoa adquire a propriedade. Aqui, a indenização abrange,
além do valor da área perdida e da desvalorização do remanescente, o valor que a área invadida acresceu à
construção.

Continuando no exemplo anterior. Não apenas indenizarei os R$300 mil, mas também o valor que o terreno
acresceu ao meu, numa espécie de bis in idem. Assim, se meu terreno de 300 m2 valia R$400 mil, e com a
invasão passou a
2
340 m , valendo agora R$450 mil (sem contar com a edícula), terei de indenizar você em R$350 mil.

Se agiu de má-fé, em regra, deve-se demolir a construção invasora. No entanto, se a demolição não puder
ser realizada sem grave prejuízo para a construção, a resposta muda.

Suponha que eu invadi, de má-fé, seu terreno. Construí a edícula supramencionada. A solução? Derrubar
tudo. Se em vez de uma edícula eu construí um estacionamento de três pisos e o acesso aos andares
superiores se dá precisamente pela área invadida, a demolição causa grave prejuízo à minha construção. Aí,
não se demolirá. O que será feito?

Invadindo-se área inferior a 1/20 da área do vizinho, com construção que exceda o valor da área invadida,
adquire a propriedade. No entanto, nesse caso, deve pagar dez vezes o valor mencionado – o valor da área
perdida e o valor da desvalorização do remanescente.

Usando os valores que eu dei no exemplo mais acima, se construí a garagem com pavimentos invadindo 40
m2 do seu terreno e ele se desvalorizou em R$300 mil, terei de indenizar você em R$3 milhões.
Provavelmente um metro quadrado mais caro que o do Palácio de Buckingham, o do distrito financeiro de
Manhattan e o do Palácio Imperial japonês juntos.

Se a área invadida for superior a esse patamar, deve a obra ser demolida. Não só, pois o invasor ainda
deve arcar com as perdas e danos havidos, e em dobro, ao proprietário da área invadida.

Veja que, nesse caso, não importa se a construção invasora sofrerá grave dano. Derruba-se-a. Se construí
um prédio de 40 andares, serão todos eles demolidos, e eu ainda terei de indenizar você pelas perdas e
danos que tiver, e em dobro! Uma pena bastante elevada. Evidentemente, em qualquer caso, nada impede
um acordo entre os proprietários (o que certamente ocorreria no último exemplo).

O Enunciado 318 da IV Jornada de Direito Civil vai além. Estabelece que o direito à aquisição da propriedade
do solo em favor do construtor de má-fé, prevista no art. 1.258, parágrafo único, somente é viável quando,
além dos requisitos explícitos previstos (até a 1/20 de invasão, valor da construção exceder
consideravelmente o valor da parte invadida, demolição não puder ser realizada sem grave prejuízo para a
construção e houver o pagamento em décuplo das perdas e danos), houver necessidade de proteger
terceiros de boa-fé.

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Área Boa-Fé? Solução

- Adquire propriedade
Boa-fé - Indeniza o proprietário (área
perdida + desvalori-zação do
remanes-cente)
Inferior a 1/20
- Demolição
Má-fé - Exceção: grave prejuízo à
Construção construção (indeniza-ção: 10 X)
com invasão
do terreno - Adquire propriedade
alheio - Indeniza o proprietário (área
Boa-fé perdida + desvalori-zação do
remanes-cente + acréscimo à
Superior a construção)
1/20

- Demolição - Indeniza por perdas e


Má-fé
danos X 2

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aquisição de propriedade

Usucapião
Formação de ilhas
imobiliária
Modos de

Registro Aluvião

Acessão Avulsão

Álveo abandonado

Construções e plantações

4.2. PROPRIEDADE MOBILIÁRIA


A aquisição da propriedade mobiliária regula-se pelos arts. 1.260 a 1.274 do CC/2002. Existem vários meios,
que podem ser originários e derivados. São modos de aquisição originários da propriedade mobiliária a
ocupação, o achado de tesouro e a usucapião. De outra banda, são modos de aquisição derivados da
propriedade mobiliária a especificação, a confusão, a comissão, a adjunção, a tradição e a sucessão.

4.2.1. USUCAPIÃO
É de rara aplicabilidade a usucapião de bem móvel, já que, no cotidiano, de baixa utilidade. Para o
examinador não é tão interessante trazer questões sobre o assunto porque ele não apresenta muitas
possibilidade de confundir você e fazer típicas pegadinhas desnecessárias.

De antemão, deixou claro o legislador, no art. 1.262, que se aplica à usucapião das coisas móveis o disposto
nos arts. 1.243 e 1.244. Reveja os dois dispositivos:

Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes,
acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam
contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.

Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam,
suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.

Ou seja, possível a accessio possessionis para a contagem dos prazos previstos para a usucapião de bem
móvel. Se meu pai possui um bem móvel, ao falecer, posso unir meu tempo de posse ao dele para a
pretensão de usucapião futura.

São duas as singelas hipóteses de usucapião de bem traçadas pelo CC/2002, equivalentes às espécies mais
tradicionais de usucapião de bem imóvel: a usucapião ordinária e a usucapião extraordinária.

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Primeiro, quanto à usucapião ordinária, prevê o art. 1.260 que aquele que possuir coisa móvel
como sua, contínua e incontestadamente durante 3 anos, com justo título e boa-fé, adquire
a propriedade.

Por outro lado, relativamente à espécie extraordinária, mesmo que ausente o justo título e a
boa-fé, pode a coisa móvel ser usucapida, desde que se possua a coisa por 5 anos, segundo
estabelece o art. 1.261.

Segundo o STJ (REsp 1.582.177), é possível a usucapião de veículos automotores, quando impossível o
registro no DETRAN competente. Ainda de acordo com a Corte (REsp 247.345), veículos furtados não podem
ser usucapidos. A solução da Corte, porém, é polêmica, já que se aplicam as regras gerais da usucapião aos
bens móveis e, em se cessando a violência e/ou clandestinidade, não haveria motivo para se restringir a
usucapião.

USUCAPIÃO
ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA
Comuns Comuns
Requisitos Justo Título -
MÓVEL
Boa-fé -
Prazos 3 anos 5 anos

4.2.2. COISAS SEM DONO

I. Ocupação

Modo de aquisição de coisa móvel abandonada. A coisa móvel sem dono pode ser ocupada, se
não existir lei específica que vede esse modo de aquisição, segundo o art. 1.263. É o caso dos
veículos, que têm registro próprio a impedir a ocupação (mas não a usucapião).

Possível falar em ocupação no caso das pessoas que trabalham com materiais recicláveis.
Evidentemente que os bens descartados por outrem tornam-se res derelictae (situação da
derrelicção, a coisa abandonada), passíveis de ocupação; trata-se do ditado popular “o lixo de uns é o luxo
de outros”. Igualmente possível falar em ocupação nos casos de res nullius, coisas sem dono.

Igualmente, é o caso pescador que fisga um peixe; há ocupação, nesse caso, independentemente de ele
pretender pescar. Aqui rememoro as lições da teoria do fato jurídico.

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A pesca é um ato-fato jurídico, ou ato real, fato jurídico no qual existe conduta humana, mas a vontade
humana é irrelevante, pelo que são considerados condutas avolitivas (sem vontade ou com vontade
irrelevante). Assim, se eu, sem querer, deixo uma linhada com um anzol, sem isca, e o peixe “se fisga
sozinho”, e eu o tomo para mim, há aquisição da propriedade móvel, independentemente da minha vontade.

Por fim, friso, mais uma vez, que “achado é roubado”, se a coisa tiver sido perdida (res perdita). Possível a
ocupação, apenas, nos casos de res derelictae (coisa abandonada) e res nullius (coisa de ninguém).

II. Achado de tesouro

Pode-se adquirir a propriedade da coisa desde que não seja possível a determinação de sua titularidade,
ou seja, sendo coisa imemorial (art. 1.264). Trata-se da aquisição de peculiar res nullius, a coisa que, perdida
há tanto tempo (res perdita), já não tem dono, porque esquecida (quo non extat memoria rei).

Se houver dono, deve a ele o tesouro ser entregue; se não, é dividido entre o dono do terreno e o
descobridor. Evidentemente, se aquele que acha o tesouro é o próprio dono do terreno, adquire a coisa por
inteiro.

Quando a pessoa for contratada para buscar tesouro, o proprietário é dono de todo o achado (art. 1.265).
A mesma solução vale para caso ele ache o tesouro no próprio terreno ou tenha sido encontrado o tesouro
por terceiro não autorizado a fazer buscas.

Nos casos de tesouros arqueológicos e pré-históricos ou encontrados em águas sob a jurisdição nacional,
aplica-se legislação específica. No primeiro caso, segundo o art. 18 da Lei 3.924/1961, deve ser comunicado
o achado ao atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, sucessor da extinta Diretoria
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. No segundo caso, segundo o art. 29 da Lei 7.542/1986, deve o
achado ser repassado à Autoridade Naval, que entregará os bens, nacionais ou nacionalizados, aos
responsáveis.

Por fim, o art. 1.266 menciona que no caso de a coisa ser achada em terreno aforado, divide-se-a meio a
meio entre aquele que a achou e o foreiro ou enfiteuta. Ou seja, não se divide a coisa entre aquele que achou
e o senhorio ou nu-proprietário. Porém, de maneira imperdoável, esqueceu o legislador de mencionar o que
ocorre com os demais direitos reais limitados.

Mencionou um instituto fadado ao desaparecimento, já que a instituição de novas enfiteuses foi proibida
pelo art. 2.038 do CC/2002, mas não falou de vários institutos importantes. Assim, parece-me que nos casos
dos demais direitos reais limitados, a solução tem de ser a mesma, em decorrência da interpretação lógico-
sistemática e extensiva do dispositivo.

Assim, no caso de usufruto, o tesouro achado deve ser “rachado” entre aquele que o encontrou e o
usufrutuário, e não com o proprietário. O mesmo vale para os demais casos, consequentemente.

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4.2.3. TRADIÇÃO
Já tratei, em linhas gerais, da tradição (traditio rei), a entrega do bem, anteriormente. É pela
tradição que, em regra, transmite-se a propriedade, na dicção do art. 1.267 do CC/2002. As
exceções ficam por conta dos bens sujeitos a registro, ainda que móveis, como os veículos
automotores.

Não necessariamente a tradição precisa ser faticamente feita. Por vezes, há


tradição ficta e por vezes há tradição simbólica. Isso fica claro no parágrafo único do art.
1.267: ”Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo
constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se
encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por
ocasião do negócio jurídico”.

Ocorre tradição ficta no caso de constitutum possessorum (ou constituto possessório, nos termos do art.
1.267), caso, em realidade, de perda da propriedade. Nessa situação, o possuidor em nome próprio se torna
possuidor em nome alheio (o exemplo é exatamente do proprietário que aliena a residência e nela continua
a morar, a título de locação). Isso ocorrerá por meio da chamada cláusula constituti. O adquirente se torna
proprietário mesmo sem a tradição real, já que a coisa continua com o alienante.

De outra banda, pode-se falar em tradição simbólica. Ela ocorre quando se subentende a tradição, como
quando o adquirente já está com o bem ou quando o bem passa diretamente de um terceiro para o
adquirente, sem que seja necessário primeiro passar ela pelas mãos do proprietário vendedor.

Isso ocorre para facilitar a transmissão e evitar atos inúteis. Por exemplo, imagine que eu vendo a você um
guarda-sol que tinha emprestado para que você usasse nas férias. Seria ridículo obrigar você a me devolver
o guarda-sol e, na sequência, ali mesmo, eu entregá-lo a você novamente. Do mesmo modo, seria absurdo
esperar que eu, ao vender uma bicicleta que está alugada a um terceiro precisasse retomar a coisa e depois
entregar a você. Basta que eu diga ao terceiro que ao invés de entregar a coisa a mim entregue a você.
Simples.

Nesses dois casos há igualmente uma tradição ficta. Quando o alienante cede ao adquirente o direito à
restituição da coisa em poder de terceiro (caso da bicicleta) há a traditio longa manu. Quando o adquirente
já está na posse do bem (caso do guarda-sol) há a traditio brevi manu.

Na traditio brevi manu, o possuidor em nome alheio se torna possuidor em nome próprio. O caso mais
comum é o do possuidor (um locatário, por exemplo) que adquire a propriedade do bem sobre o qual detém
posse. Assim, adquire-se a propriedade sem a necessidade de tradição efetiva; ela é meramente ficta.

A tradição simbólica ocorre quando o bem não é entregue nem fictamente, nem faticamente. Há um
símbolo que representa a tradição da coisa. É o que ocorre quando alguém vence um prêmio e recebe, na
televisão algo que simboliza essa transmissão de propriedade, como aqueles “cheques-placa” (que servem
para mostrar o valor que a pessoa receberá), ou uma maleta transparente com o desenho de barras de ouro.

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Parte da doutrina, porém, entende que a traditio longa manu e a traditio brevi manu são espécies de tradição
simbólica, ao passo que o constitutum possessorum seria o único exemplo de tradição ficta. Não me parece
que exista algo a simbolizar a tradição nesses casos, há “presunção de tradição”, fictamente. O próprio
parágrafo único do art. 1.267 não distingue as três hipóteses, dizendo se “subentender” a tradição nas três
situações. Subentender fictamente, não simbolicamente.

A tradição simbólica não é tratada pelo Código diretamente. Ela pode ser visualizada, por exemplo, no art.
529, que trata da venda sobre documentos: “a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título
representativo”. Ou seja, a tradição do documento se dá, simbolicamente, pelo título que o representa.

Por obviedade, não pode o não proprietário que efetuar a tradição transmitir a propriedade, já
que não tem ele como alienar a coisa, nos termos do art. 1.268. A exceção fica por conta da
coisa que, oferecida ao público, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de
boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono. Se o adquirente estiver de boa-
fé e o alienante adquirir depois a propriedade, considera-se realizada a transferência desde o
momento em que ocorreu a tradição; trata-se da venda a non domino.

A ausência de titularidade afasta a eficácia da transferência da propriedade, que fica sujeita a uma condição
suspensiva, que é a aquisição (“se o alienante adquirir depois a propriedade”). A venda a non domino é,
assim, existente é válida, mas ainda ineficaz, eficacizando-se com o cumprimento da condição que suspende
o negócio, qual seja a aquisição da propriedade pelo alienante. A eficácia, nesse caso, é retroativa (ex tunc),
ou seja, a venda a non domino se reputa válida e eficaz desde o momento em que houve a tradição.

Igualmente, se o negócio jurídico basal for nulo, a tradição não transfere a propriedade, segundo o §2º desse
artigo.

Por fim, o direito hereditário é situação de aquisição derivada da propriedade. A transmissão da propriedade
se dá imediatamente após o falecimento, pelo princípio da saisine. Porém, talqualmente eu tratei a respeito
dos bens imóveis, trata-se de forma de aquisição da propriedade fictícia.

4.2.4. ACESSÃO

I. Especificação

Especificação
• Ocorre quando alguém trabalha em matéria-prima alheia, como o artesão que trabalha o mármore
alheio, segundo o art. 1.269 do CC/2002

Se for possível restituir a coisa à forma anterior, essa deve ser a solução (art. 1.270), incluindo-se aí
indenização. Isso porque, nesse caso, não se criou coisa nova. Se não for possível, criando-se coisa nova, o
especificador adquire a propriedade da obra, devendo indenizar o dono da matéria-prima.

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Porém, se o especificador agiu de má-fé, adquire a propriedade o proprietário da matéria-prima (§1º). A


exceção fica por conta da situação em que o valor agregado pelo especificador supere em muito o valor da
matéria-prima (§2º). No entanto, o próprio especificador é igualmente indenizado, se agira de boa-fé.

II. União

Confusão, Comissão/Comistão e Adjunção


•Essas três figuras trazem em comum a ideia de junção de materiais
•A confusão ocorre quando da mistura de coisas líquidas, como a água e vinho, ou a água e o álcool
•A comissão (comistão) ocorre quando há a mistura de coisas sólidas, como ouro e prata, cimento e areia
•A adjunção se dá pela justaposição de bens, como o selo no papel, ou um carimbo num documento

Primeiro, não confunda a confusão obrigacional com a confusão real! A confusão obrigacional é aquela na
qual credor e devedor confundem-se na mesma pessoa. Confusão real ocorre quando duas coisas líquidas
(ou mesmo gasosas) se misturam. Ocorre confusão real quando o petróleo de uma companhia é misturado
por equívoco ao de outra, num terminal portuário, ou quando uma sociedade empresarial mistura o oxigênio
hospitalar seu com o de outra.

Se for possível separar as coisas, separam-se (art. 1.272 do CC/2002). É o caso da mistura de água e óleo,
que permite separação. No entanto, mesmo que seja possível a separação, não se as separam quando for a
separação excessivamente custosa. Por exemplo, possível separar o ouro da prata, mas como o custo é
elevado, não se faz a separação.

Se houver boa-fé de ambas as partes, não sendo possível observar qual das duas coisas era
mais valiosa, estabelece-se um condomínio entre os proprietários, ficando cada um titular
de uma fração ideal (§1º). Se uma das coisas puder ser vista como a principal, o proprietário
desta adquire a propriedade como um todo, indenizando os demais (§2º).

Se houver má-fé, o prejudicado pode escolher entre adquirir a propriedade, ressarcindo o


valor do que não é seu, abatendo-se a indenização que lhe é devida, ou renunciar à propriedade, recebendo
o ressarcimento (art. 1.273). Trata-se de medida salutar para “punir” aquele que mistura coisas
culposamente.

Se da mistura cria-se coisa nova, as regras da especificação são aplicadas, deixa claro o art. 1.274. Aqui, há
um erro de digitação do legislador, que manda aplicar as regras dos arts. 1.272 e 1.273, ou seja, manda
aplicar as mesmas regras. O correto são os arts. 1.270 e 1.271, relativos à especificação.

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Usucapião
Modos de aquisição de

Ocupação
propriedade
mobiliária

Achado de tesouro
Especificação
Tradição
Confusão
Acessão
Comissão/Comistão

Adjunção

5. PERDA
A perda da propriedade, seja móvel, seja imóvel, pode ocorrer por fato relativo a:

1. Pessoa
• Pela morte natural (real ou presumida)

2. Objeto
• Perecimento da coisa ou pela acessão (art. 1.275, inc. IV)

3. Direito
• Voluntariamente ou contra a vontade do proprietário

Em relação às duas primeiras situações, não há muitas dificuldades, pelo que desnecessário minudenciar.
Releva a terceira situação, relativamente ao Direito. Vou analisar a perda da propriedade pelo Direito quanto
à vontade de seu dono, se a perda ocorre voluntariamente ou involuntariamente.

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1. Modos voluntários:

A. Alienação

• Modo de perda e aquisição concomitante de propriedade (art. 1.275, inc. I)


• Se for bem imóvel, deve o alienante efetuar o registro no Registro de Imóveis para que
tenha eficácia (art. 1.275, parágrafo único)

B. Renúncia

• Ato unilateral de declaração explícita de vontade de despojar-se do bem (art. 1.275, inc.
II)
• Se for bem imóvel, deve o renunciante efetuar o registro no Registro de Imóveis para que
tenha eficácia (art. 1.275, parágrafo único)

C. Abandono

• O sujeito se desfaz, intencionalmente, da coisa sobre a qual detém domínio, tornando a


coisa res derelicta (art. 1.275, inc. III)
• Segundo o art. 1.276, o imóvel que o proprietário abandonar, com a intenção de não
mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem,
poderá ser arrecadado como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do
Município (se urbano) ou à União (se rural)
Presume-se de modo absoluto a intenção quando, cessados os atos de posse, deixar o
proprietário de satisfazer os ônus fiscais

Apesar de a presunção de abandono ser absoluta (juris et de jure), a arrecadação do bem não é automática,
porque nem sempre o bem será considerado vago. O Enunciado 597 da VII Jornada de Direito Civil esclarece
que a posse impeditiva da arrecadação é efetiva e qualificada por sua função social.

Ou seja, não está abandonado o bem que é possuído, efetivamente, e em cumprimento à função social da
propriedade, por outrem. Essa pessoa, portanto, poderá usucapir o bem, a despeito de ele ter sido
abandonado por outrem.

Veja-se ainda que se questiona a constitucionalidade da presunção absoluta, pelo que a literatura jurídica
majoritária entende que o dispositivo deve ser visto com parcimônia. Assim, deveria o julgador analisar o
caso a partir de relativa presunção, e não absoluta.

O Enunciado 243 da III Jornada de Direito Civil do CJF parece militar pela presunção relativa. Isso porque,
prevê o Enunciado que a presunção não pode ser interpretada de modo a contrariar a norma-princípio do
art. 150, inc. IV, da CF/1988, que proíbe a instituição de tributo com efeito de confisco.

Seja pela literalidade do art. 1.276 (presunção absoluta de abandono), seja pela vertente doutrinária e do
CJF (presunção relativa de abandono), não deixa dúvida o Enunciado 242 da III Jornada de Direito Civil que a

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arrecadação depende do devido processo legal, em ampla dilação probatória num procedimento que
assegura a ampla defesa e o contraditório, em que seja assegurado ao interessado demonstrar a não-
cessação da posse.

A Lei 13.465/2017 complementa esse dispositivo. O art. 64, §1º, determina a arrecadação depois de 5 anos
de tributos inadimplidos. Passados esses 5 anos, o bem é considerado abandonado e, então, 3 anos depois,
pode ser arrecadado pelo Município (imóveis urbanos) ou pela União (imóveis rurais). Explico em detalhes.

Em realidade, o art. 1.276 do CC/2002 dava a entender que a arrecadação poderia ser feita tão logo
transcorridos 3 anos depois que o bem fosse considerado vago. A doutrina, então, pressupunha que quando
o proprietário deixasse de pagar o IPTU ou ITR por 3 anos poderia haver a arrecadação. Mas o art. 1.276 é
claro ao dispor que o bem arrecadado, considerado vago, passaria ao domínio público 3 anos depois.

A questão era: quando o bem poderia ser considerado vago? O CC/2002 dava meia resposta. Isso porque,
em caso de abandono expresso, era fácil. A partir do momento no qual o proprietário expressamente
abandona o imóvel ele se considera vago e 3 anos depois passa ao Município ou à União.

Mas e o que acontece quando o proprietário não abandona expressamente o bem, mas deixa de arcar com
os tributos incidentes? O CC/2002 presume (absolutamente) o abandono, pelo que a literatura, de maneira
rasa, considerava haver não dois prazos distintos, mas um só. Deixou de pagar os tributos, 3 anos depois é
arrecadado e passa ao domínio público.

Esse raciocínio é incompleto e, consequentemente, equivocado. Havia, em verdade, uma lacuna nesse caso,
pois era necessário saber por quanto tempo o proprietário deveria deixar de pagar o IPTU ou o ITR para que
o bem fosse considerado vago e, consequentemente, 3 anos depois, fosse ele “arrecadado, como bem vago,
e passar, três anos depois, à propriedade do Município” ou da União, conforme o caso.

A lacuna somente foi sanada com a Lei 13.465/2017. Se o proprietário abandonar expressamente o imóvel,
ele será considerado vago e pode ser arrecadado, 3 anos depois (art. 1.276 do CC/2002). Se o proprietário
abandonar o imóvel, deixando de satisfazer os ônus fiscais, por 5 anos (art. 64, §1º, da Lei 13.465/2017),
ele será considerado vago e pode ser arrecadado, 3 anos depois (art. 1.276 do CC/2002).

Num ou noutro caso, exige-se que o Poder Público comprove o tempo de abandono e de inadimplência fiscal
(art. 64, §2º, inc. II, da Lei 13.465/2017), bem como a notificação do titular do domínio para que apresente
eventualmente impugnação no prazo de 30 dias, contado da data de recebimento da notificação (inc. III do
referido dispositivo). A ausência de manifestação do titular do domínio será interpretada como concordância
com a arrecadação, dispõe o §3º do art. 64.

Transcorridos os 5 anos da presunção de abandono oriunda do inadimplemento dos ônus fiscais, ou tendo
havido abandono expresso, e arrecadado o bem considerado vago, o bem passará ao domínio estatal em 3
anos. E se o proprietário propuser demanda petitória nesse interregno, ou seja, tendo sido o bem já
arrecadado, mas ainda não sob o domínio público, pode ele reivindicar a coisa para si de volta?

O Enunciado 316 da IV Jornada de Direito Civil, anterior à Lei 13.465/2017, estabelece que a ação
reivindicatória proposta depois da arrecadação não pode prosperar, em homenagem à vedação ao
comportamento contraditório (venire contra factum proprium). Assim, se o proprietário abandonar
expressamente o bem ou deixar de pagar o IPTU/ITR por 5 anos, não pode ele reivindicar a coisa.

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No entanto, o art. 64, §5º, da Lei 13.465/2017 permite a reivindicação até o limite do triênio previsto no art.
1.276 do CC/2002. Nesse caso, porém, fica assegurado ao Poder Executivo municipal o direito ao
ressarcimento prévio, e em valor atualizado, de todas as despesas em que eventualmente houver incorrido,
inclusive tributárias, em razão do exercício da posse provisória.

O dispositivo, assim, permite a reivindicação, mas apenas em se tratando de arrecadação de bem vago
urbano. Ou se aplica a regra, analogicamente, aos bens imóveis rurais, ou se aplica o Enunciado 316 da IV
Jornada de Direito Civil, que impede a reivindicação.

Por fim, volto ao “lixo para uns, luxo para outros”. Habitualmente, o que fazemos quando não queremos
mais algo que não parece ter valor? Simplesmente descartados a coisa, jogando-a no lixo. É um caso típico
de abandono por comportamento concludente.

Agora, o lixo deixou de ser questão subsidiária na contemporaneidade. Imagine uma grande indústria que
rejeita resíduos no meio ambiente. Pode ela se afastar das normas ambientais, dizendo que simplesmente
abandonou os bens, como o permite o CC/2002?

Evidente que não. As regras a respeito do abandono foram pensadas em outro tempo, no qual o lixo não era
algo tão claudicante. Por isso, o Enunciado 565 da VI Jornada de Direito Civil prevê que não ocorre a perda
da propriedade por abandono de resíduos sólidos, que são considerados bens socioambientais, nos termos
da Lei 12.305/2012.

Assim, o proprietário, para que o despojo seja considerado abandono vero e próprio, deve dar destinação
final ambientalmente adequada, como seu envio a um aterro sanitário. Meramente descartar a coisa no
meio ambiente, sem qualquer cuidado e sob o pálio do instituto do abandono, já não dá mais...

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2. Modos involuntários:

A. Desapropriação
• Regulamentada pelo Direito Administrativo (art. 1.275, inc. V)

B. Arrematação
• Perda judicial da propriedade pela alienação em hasta pública

C. Adjudicação
• Perda judicial da propriedade pelo próprio exequente

D. Implemento de condição resolutiva


• Como mostrarei melhor na propriedade resolutiva

E. Perdimento
• Bens que servem para ressarcir dano ao Erário

F. Requisição
• Em tempos de guerra para uso do Estado

Como se trata de institutos típicos de Direito Administrativo e de Direito Processual Civil, em regra, não
vouanalisá-los. Quanto à desapropriação, trato, ao longo da aula, a respeito da desapropriação prevista no
art. 1.228, §4º, a “desapropriação judicial privada por posse-trabalho”. De igual modo, verso sobre o
implemento da condição resolutiva quando trato da propriedade resolúvel.

São esses os dois modos involuntários de perda da propriedade que interessam estritamente ao Direito
Civil: “desapropriação judicial privada por posse-trabalho” (art. 1.228, §§ 4º e 5º) e resolubilidade da
propriedade imobiliária (arts. 1.359 e ss.). Os demais modos de perda involuntária interessam a ramos
outros, irrelevantes aqui.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE
Reveja as regras de usucapião imobiliária inseridas no CC/2002, de maneira um tanto complexa de
compreender não esquematicamente:

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um
imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao
juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de
Registro de Imóveis.

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Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver
estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter
produtivo.

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por
cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade.

Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros
quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural.

§1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a


ambos, independentemente do estado civil.

§2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais
de uma vez.

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse
direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros
quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar,
utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§1º O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a
propriedade imóvel.

Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil para o registro
no Cartório de Registro de Imóveis.

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente,
com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.

Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido
adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada
posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado
investimentos de interesse social e econômico.

Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes,
acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam
contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.

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Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam,
suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.

A Lei 601/1850, a Lei de Terras, fixa o sentido das terras devolutas:

Art. 3º São terras devolutas:

§1º As que não se acharem applicadas a algum uso publico nacional, provincial, ou municipal.

§2º As que não se acharem no dominio particular por qualquer titulo legitimo, nem forem
havidas por sesmarias e outras concessões do Governo Geral ou Provincial, não incursas em
commisso por falta do cumprimento das condições de medição, confirmação e cultura.

§ 3º As que não se acharem dadas por sesmarias, ou outras concessões do Governo, que, apezar
de incursas em commisso, forem revalidadas por esta Lei.

§ 4º As que não se acharem occupadas por posses, que, apezar de não se fundarem em titulo
legal, forem legitimadas por esta Lei.

O art. 2º do Estatuto da Terra, Lei 4.504/1965, fixa os critérios da função social da propriedade, que seriam
posteriormente trazidos de maneira nada inovadora pela CF/1988:

Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela


sua função social, na forma prevista nesta Lei.

§1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando,


simultaneamente:

a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de
suas famílias;

b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;

c) assegura a conservação dos recursos naturais;

d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a
possuem e a cultivem.

Além disso, veja os conceitos trazidos pelo Estatuto da Terra são frequentemente utilizados pelas provas:

Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se:

I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se
destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos
públicos de valorização, quer através de iniciativa privada;

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II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e
sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso
social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e
eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;

III - "Módulo Rural", a área fixada nos termos do inciso anterior;

IV - "Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar;

V - "Latifúndio", o imóvel rural que:

a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b, desta Lei, tendo-se em
vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine;

b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão
do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas,
econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente
explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;

VI - "Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que


explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico
...Vetado... da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo
padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às
áreas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com
benfeitorias;

VII - "Parceleiro", aquele que venha a adquirir lotes ou parcelas em área destinada à Reforma
Agrária ou à colonização pública ou privada;

VIII - "Cooperativa Integral de Reforma Agrária (C.I.R.A.)", toda sociedade cooperativa mista, de
natureza civil, criada nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, contando temporariamente com
a contribuição financeira e técnica do Poder Público, através do Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária, com a finalidade de industrializar, beneficiar, preparar e padronizar a produção
agropecuária, bem como realizar os demais objetivos previstos na legislação vigente;

IX - "Colonização", toda a atividade oficial ou particular, que se destine a promover o


aproveitamento econômico da terra, pela sua divisão em propriedade familiar ou através de
Cooperativas.

Parágrafo único. Não se considera latifúndio:

a) o imóvel rural, qualquer que seja a sua dimensão, cujas características recomendem, sob o
ponto de vista técnico e econômico, a exploração florestal racionalmente realizada, mediante
planejamento adequado;

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b) o imóvel rural, ainda que de domínio particular, cujo objeto de preservação florestal ou de
outros recursos naturais haja sido reconhecido para fins de tombamento, pelo órgão competente
da administração pública.

Art. 5° A dimensão da área dos módulos de propriedade rural será fixada para cada zona de
características econômicas e ecológicas homogêneas, distintamente, por tipos de exploração
rural que nela possam ocorrer.

Parágrafo único. No caso de exploração mista, o módulo será fixado pela média ponderada das
partes do imóvel destinadas a cada um dos tipos de exploração considerados.

Apesar de ser um tema mais afeito ao Direito Administrativo, é importante que você, para compreender os
contratos relativos à aquisição da propriedade imobiliária urbana realizada mediante parcelamento do solo,
entenda como se faz e quando se pode parcelar o solo urbano, a partir dos dispositivos da Lei 6.766/1979:

Art. 2º O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento ou


desmembramento, observadas as disposições desta Lei e as das legislações estaduais e
municipais pertinentes.

§1º Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com


abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação
ou ampliação das vias existentes.

§2º Considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com


aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na abertura de novas vias e
logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes.

§4º Considera-se lote o terreno servido de infraestrutura básica cujas dimensões atendam aos
índices urbanísticos definidos pelo plano diretor ou lei municipal para a zona em que se situe.

§5º A infraestrutura básica dos parcelamentos é constituída pelos equipamentos urbanos de


escoamento das águas pluviais, iluminação pública, esgotamento sanitário, abastecimento de
água potável, energia elétrica pública e domiciliar e vias de circulação.

§6º A infraestrutura básica dos parcelamentos situados nas zonas habitacionais declaradas por
lei como de interesse social (ZHIS) consistirá, no mínimo, de:

I - vias de circulação;

II - escoamento das águas pluviais;

III - rede para o abastecimento de água potável;

IV - soluções para o esgotamento sanitário e para a energia elétrica domiciliar.

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Art. 3º Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de
expansão urbana ou de urbanização específica, assim definidas pelo plano diretor ou aprovadas
por lei municipal.

Parágrafo único - Não será permitido o parcelamento do solo:

I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências para


assegurar o escoamento das águas;

Il - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam
previamente saneados;

III - em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas
exigências específicas das autoridades competentes;

IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação;

V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias


suportáveis, até a sua correção.

Art. 4º. Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos:

I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de equipamento urbano e


comunitário, bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de
ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem.

II - os lotes terão área mínima de 125m² (cento e vinte e cinco metros quadrados) e frente mínima
de 5 (cinco) metros, salvo quando o loteamento se destinar a urbanização específica ou
edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, previamente aprovados pelos órgãos
públicos competentes;

II - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público das rodovias e
ferrovias, será obrigatória a reserva de uma faixa não-edificável de 15 (quinze) metros de cada
lado, salvo maiores exigências da legislação específica;

IV - as vias de loteamento deverão articular-se com as vias adjacentes oficiais, existentes ou


projetadas, e harmonizar-se com a topografia local.

§1º A legislação municipal definirá, para cada zona em que se divida o território do Município, os
usos permitidos e os índices urbanísticos de parcelamento e ocupação do solo, que incluirão,
obrigatoriamente, as áreas mínimas e máximas de lotes e os coeficientes máximos de
aproveitamento.

§2º - Consideram-se comunitários os equipamentos públicos de educação, cultura, saúde, lazer


e similares.

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§3º Se necessária, a reserva de faixa não-edificável vinculada a dutovias será exigida no âmbito
do respectivo licenciamento ambiental, observados critérios e parâmetros que garantam a
segurança da população e a proteção do meio ambiente, conforme estabelecido nas normas
técnicas pertinentes.

Por se tratar de um processo mais burocratizado, custoso e voltado ao crescimento mais ordenado da urbe,
a Lei do Parcelamento excepciona sua aplicação a municípios menores de 50.000 habitantes:

Art. 8º Os Municípios com menos de cinquenta mil habitantes e aqueles cujo plano diretor
contiver diretrizes de urbanização para a zona em que se situe o parcelamento poderão
dispensar, por lei, a fase de fixação de diretrizes previstas nos arts. 6º e 7º desta Lei.

Veja uma interessante “transformação” que um bem particular sofre quando há loteamento:

Art. 22. Desde a data de registro do loteamento, passam a integrar o domínio do Município as
vias e praças, os espaços livres e as áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos
urbanos, constantes do projeto e do memorial descritivo.

A Instrução Normativa 11 de 2003 do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –


estabelece diretrizes para fixação do Módulo Fiscal de cada Município de que trata o Decreto 84.685/1980,
bem como os procedimentos para cálculo dos Graus de Utilização da Terra – GUT e de Eficiência na
Exploração – GEE, observadas as disposições constantes da Lei 8.629/1993:

Do Imóvel Rural

Art. 3º Para efeito do disposto no art. 4º da Lei nº 8.629/93, considera-se:

I - Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua qualquer que seja a sua localização, que se
destine ou possa destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou
agroindustrial;

II - Pequena Propriedade - o imóvel rural de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro)


Módulos Fiscais;

III - Média Propriedade - o imóvel rural de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) Módulos
Fiscais;

IV - Grande Propriedade - o imóvel rural de área superior a 15 (quinze) Módulos Fiscais.

Da Produtividade

Art. 4º Considera-se propriedade produtiva para fins do disposto no art. 6º da Lei n.º 8.629/93,
aquela que explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, Grau de Utilização
da Terra - GUT igual ou superior a 80% (oitenta por cento) e Grau de Eficiência na Exploração -
GEE igual ou superior a 100% (cem por cento).

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Do Grau de Utilização da Terra

Art. 5.º O Grau de Utilização da Terra - GUT, de que trata o art. 6.º da referida lei será fixado
mediante divisão da área efetivamente utilizada pela área aproveitável do imóvel, multiplicando-
se o resultado por cem para obtenção do valor em percentuais.

§1º Considera-se área efetivamente utilizada para fins do disposto no §3º do art. 6º da Lei n.º
8.629/93:

I - as áreas plantadas com produtos vegetais;

II - as áreas de pastagens nativas e plantadas, observado o índice de lotação por zona de pecuária,
constante da Tabela n.º 5 em anexo;

III - as áreas de exploração extrativa vegetal ou florestal, observados os índices de rendimento


constantes da Tabela n.º 3 em anexo, respeitada a legislação ambiental;

IV - as áreas de exploração florestal nativa, observadas as condições estabelecidas no plano de


exploração devidamente aprovado pelo órgão federal competente; e

V - as áreas sob processo técnico de formação e ou recuperação de pastagens e de culturas


permanentes, tecnicamente conduzidas e devidamente comprovadas mediante apresentação da
documentação pertinente e do respectivo termo de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART,
desde que satisfeitas as seguintes condições:

a) no caso de processo técnico de formação de pastagens ou de culturas permanentes,


entendidas aí aquelas com ciclo vegetativo superior a doze meses, que as áreas tenham sido
submetidas a tratos culturais adequados;

b) no caso de processo técnico de recuperação de pastagens que as áreas tenham sido


submetidas a tratos culturais adequados, visando restaurar a capacidade de suporte do pasto ou
a produção de massa verde;

c) no caso de processo técnico de recuperação de culturas permanentes que as áreas tenham


sido submetidas a tratos culturais adequados, que possibilitem restabelecer os níveis de
rendimentos econômicos aceitáveis.

Do Grau de Eficiência na Exploração

Art. 9.º O Grau de Eficiência na Exploração - GEE de que trata o art. 6º da Lei n.º 8.629/93, será
obtido de acordo com a seguinte sistemática:

I - para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto pelos respectivos
índices de rendimento, constantes da Tabela nº 1 em anexo; e

II - para os produtos extrativos vegetais e florestais, divide-se a quantidade colhida de cada


produto pelos respectivos índices de rendimento, constantes da Tabela nº 2 em anexo;

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III - para apuração do rebanho, divide-se o número total de Unidades Animais - UA do imóvel,
pelo índice de lotação constante da Tabela nº 4 em anexo, observada a Zona de Pecuária - ZP do
município de localização do imóvel;

IV - para as áreas sob processo técnico de formação, recuperação ou de renovação de pastagens


tecnicamente conduzidas e devidamente comprovadas mediante apresentação da
documentação pertinente e do respectivo termo de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART,
adotar-se-ão essas áreas como resultado do cálculo previsto no inciso III deste artigo;

V - para as áreas sob processos técnicos de formação ou recuperação de culturas permanentes


tecnicamente conduzidas e devidamente comprovadas mediante apresentação da
documentação pertinente e do respectivo termo de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART,
adotar-se-ão essas áreas como resultado do cálculo previsto no inciso I deste artigo;

VI - para os produtos que não tenham índices de rendimento prefixados, adotar-se-á a área
plantada com tais produtos como resultado do cálculo previsto no inciso I deste artigo;

VII - o somatório das áreas calculadas na forma dos incisos I, II, III, IV, V e VI deste artigo, dividido
pela área efetivamente utilizada de cada imóvel e multiplicada por 100 (cem), determina o Grau
de Eficiência na Exploração - GEE.

Há numerosas disposições no CPC/2015 a respeito das ações possessórias. Esse é um tema marcadamente
material-processual. Não é possível compreender a posse sem suas ações e vice-versa. Por isso, a despeito
de eu ter tratado de maneira esparsa na aula essas questões, importante rever de maneira mais verticalizada
as disposições processuais gerais das ações possessórias:

Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça
do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àqueles cujos pressupostos estejam
provados.

§1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão
feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos
demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em
situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.

§2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os ocupantes no
local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.

§3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no §1º
e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou
rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.

Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:

I - condenação em perdas e danos;

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II - indenização dos frutos.

Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:

I - evitar nova turbação ou esbulho;

II - cumprir-se a tutela provisória ou final.

Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a
proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho
cometido pelo autor.

Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação
de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.

Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade


ou de outro direito sobre a coisa.

Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção


II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho
afirmado na petição inicial.

Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo,
contudo, o caráter possessório.

Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou
reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder
por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou
fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte
economicamente hipossuficiente.

O art. 558 do CPC/2015, ao tratar da manutenção e reintegração de posse, faz menção expressa à Seção II
do CPC, que trata dos procedimentos de rito especial para a manutenção e a reintegração de posse
intentadas no prazo de ano e dia. Veja as regras dessas duas ações, quando tiverem o procedimento especial
de ano e dia:

Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em
caso de esbulho.

Art. 561. Incumbe ao autor provar:

I - a sua posse;

II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;

III - a data da turbação ou do esbulho;

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IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na


ação de reintegração.

Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a
expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará
que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que
for designada.

Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção
ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.

Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção
ou de reintegração.

Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor


promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação
no prazo de 15 (quinze) dias.

Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar será contado
da intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar.

Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na
petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de
concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30
(trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2º e 4º.

§1º Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de
distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2º a 4º deste
artigo.

§2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será
intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça.

§3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à
efetivação da tutela jurisdicional.

§4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do
Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para
a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de
possibilidade de solução para o conflito possessório.

§5º Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel.

Art. 566. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento comum.

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O CPC/2015 ainda traz duas regras sobre o interdito proibitório. Apesar da distinção em gênese das ações
de manutenção e reintegração, o interdito proibitório se vale das mesmas regras do rito especial de ano e
dia anteriormente mencionadas:

Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá
requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório
em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.

Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo.

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
A usucapião pode ser arguida na defesa de uma ação possessória, como no caso de uma ação de
reintegração de posse. Assim, o Juízo não apenas pode afastar a reintegração, reintegrando o réu na posse
de imóvel de cuja posse fora indevidamente esbulhado, como pode usar o pedido de usucapião como defesa
possessória. Vale lembrar que as ações possessórias têm caráter dúplice, pelo que o juiz irá, em qualquer
caso, determinar de quem é a posse a ser defendida.

No entanto, seria necessário propor uma ação de usucapião para que a propriedade fosse reconhecida, por
via autônoma. Isso porque o objeto de uma ação possessória é a posse, como dito.

Como o fundamento da defesa da ação possessória seria a posse somada ao tempo e o fundamento da ação
de usucapião a ser proposta seria a posse somada ao tempo – ou seja, fundamentos idênticos – mais
adequado já solucionar a controvérsia toda no bojo de uma única ação. Além disso, como nas ações
possessórias não se limita a discussão à posse, mas também é possível cumular pedido indenizatório, por
exemplo, parece adequado incluir aí também o pedido de aquisição da propriedade, daí o entendimento
sumulado:

STF – Súmula 237


A usucapião pode ser arguida em defesa.

A Súmula 263 do STF acabou com as controvérsias antigas sobre a citação do possuidor no caso de ação de
usucapião. A Corte estabeleceu que o possuidor deve ser citado pessoalmente para a ação de usucapião:

STF – Súmula 263


O possuidor deve ser citado pessoalmente para a ação de usucapião.

O mesmo raciocínio foi aplicado, pelo STF, tempos depois, para os confinantes, que igualmente devem ser
citados pessoalmente para as ações de usucapião nas quais figurem como interessados:

STF – Súmula 391


O confinante certo deve ser citado, pessoalmente, para a ação de usucapião.

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Uma das Súmulas mais antigas do STJ trata justamente da usucapião e sua interlocução com a competência
jurisdicional. A Corte entende que a competência territorial não é afastada nas ações de usucapião pela
presença da União. Assim, não se desloca a competência do foro da situação do imóvel, a despeito de estar
a União ou quaisquer de seus entes presentes na lide:

STJ – Súmula 11
A presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de usucapião especial, não afasta a
competência do foro da situação do imóvel.

A Súmula 193 é um tanto datada (1997), mas serve para demonstrar como a usucapião é bastante ampla,
incluindo bens móveis bastante peculiares. Outrora relevantes e de alto valor econômico, as linhas
telefônicas eram passíveis de usucapião, apesar de não serem bens corpóreos.

Como era comum a transferência informal de linhas, a única forma de aquisição formal se dava pela
usucapião. Aqui, vê-se um caso de aplicação das raras situações de usucapião de bem móvel:

STJ – Súmula 193


O direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião.

Essa Súmula é apenas uma consequência das noções que vimos sobre os negócios jurídicos, no início de
nossas aulas. A exigência de forma especial não é, em geral, voltada à validade do negócio jurídico, mas à
eficácia erga omnes. A ausência da forma exigida, por isso, não torna o negócio nulo, mas apenas limita a
eficácia às partes que realizaram o negócio. O mesmo vale para convenção de condomínio, que é um negócio
jurídico. Mesmo sem registro, ela é válida e eficaz, mas sua eficácia é apenas inter partes:

STJ – Súmula 260


A convenção de condomínio aprovada, ainda que sem registro, é eficaz para regular as relações
entre os condôminos.

Para evitar que na pendência de processo expropriatório para fins de reforma agrária fosse o bem imóvel
invadido, já com a perspectiva de expropriação, com o cunho de “forçar” o Poder Público a efetivar a
desapropriação, o STJ fixou Súmula que determina a suspensão do processo nesse caso. Assim, a invasão do
imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma agrária. Atente porque se
trata de suspensão, não interrupção, do processo expropriatório:

STJ – Súmula 354


A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma
agrária.

Tendo em vista que os terrenos de marinha são bens públicos, os títulos de propriedade sobre eles
estabelecidos não podem ser opostos à União, titular última dessa categoria de bens públicos:

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STJ – Súmula 496


Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são
oponíveis à União.

Uma Súmula que une a matéria de Contratos à de Reais. Uma vez feito o registro junto ao Registro de
Imóveis do contrato de locação, dispensa-se sua transcrição no Registro de Títulos e Documentos:

STF – Súmula 442


A inscrição do contrato de locação no Registro de Imóveis, para a validade da cláusula de vigência
contra o adquirente do imóvel, ou perante terceiros, dispensa a transcrição no Registro de Títulos
e Documentos.

Veja o julgado do STJ no qual se fixam os três requisitos da ação reivindicatória, quais sejam: a prova da
titularidade do domínio pelo autor, a individualização da coisa e a posse injusta do réu. Lembre que a
caracterização da posse nem sempre se dá pelo contato físico com a coisa, muitas vezes prescindindo de
exteriorização material, bastando a existência de um poder de fato sobre o bem, como fixou a Corte:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. IMÓVEL ABANDONADO.


INEXISTÊNCIA DE POSSE INJUSTA. FALTA DE INTERESSE DE AGIR. A admissibilidade da ação
reivindicatória exige a presença de três requisitos: a prova da titularidade do domínio pelo autor,
a individualização da coisa e a posse injusta do réu. Precedentes. A caracterização da posse nem
sempre se dá pelo contato físico com a coisa, muitas vezes prescindindo de exteriorização
material, bastando a existência de um poder de fato sobre o bem. Nesse contexto, há de se
distinguir o abandono da ausência, seja ela eventual ou habitual. No abandono, o possuidor
abdica de sua situação jurídica, desligando-se da coisa com a intenção de se privar
definitivamente de sua disponibilidade física e de não mais exercer sobre ela atos possessórios.
Na mera ausência, o possuidor perde apenas transitoriamente o contato físico com a coisa, mas
mantém a relação de fato com o bem e a vontade de exercer a posse (REsp 1003305/DF, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/11/2010, DJe 24/11/2010).

O STJ já definiu que o espólio, presentado pelo inventariante, tem legitimidade para manejar a ação
reivindicatória sobre os bens inventariados, até o encerramento do inventário. Homologando-se a
partilha, encerra-se a legitimidade do espólio, findando-se a representação conferida ao inventariante pela
lei processual:

RECURSO ESPECIAL - AÇÃO REIVINDICATÓRIA - ESPÓLIO - REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL -


INVENTARIANTE - ENCERRAMENTO DO INVENTÁRIO - HABITAÇÃO DOS HERDEIROS -
REGULARIZAÇÃO - NECESSIDADE - PRINCÍPIOS DA ECONOMIA PROCESSUAL E CELERIDADE -
AUSÊNCIA DE PREJUÍZO - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. Encerrado o inventário, com a
homologação da partilha, esgota-se a legitimidade do espólio, momento em que finda a
representação conferida ao inventariante pelo artigo 12, V, do Código de Processo Civil. Dessa
forma, é necessário que o Juiz possibilite, aos herdeiros, sua habilitação, em prazo razoável, para
fins de regularização da substituição processual, por força dos princípios da celeridade e da

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economia processual (REsp 1162398/SP, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 20/09/2011, DJe 29/09/2011).

Igualmente, decidiu o STJ, o coerdeiro também tem legitimidade ativa para a propositura de demanda
reivindicatória em relação aos bens deixados pelo de cujus, não tendo sido a partilha ultimada ainda, tendo
em vista a existência de condomínio entre os coerdeiros:

RECURSO ESPECIAL - AÇÃO REIVINDICATÓRIA - TUTELA DE BEM DEIXADO PELO DE CUJUS -


PARTILHA AINDA NÃO VERIFICADA - CO-HERDEIRO - LEGITIMIDADE ATIVA RECONHECIDA -
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. Sendo a herança uma universalidade, é de rigor reconhecer-se que
sobre ela os herdeiros detêm frações ideais não individualizadas, pois, até a partilha. Aberta a
sucessão, cria-se um condomínio pro indiviso sobre o acervo hereditário, regendo-se o direito
dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, pelas normas relativas ao
condomínio (artigo 1791, parágrafo único, do Código Civil). Tal como ocorre em relação a um
condômino, ao co-herdeiro é dada a legitimidade ad causam para reivindicar,
independentemente da formação de litisconsórcio com os demais co-herdeiros, a coisa comum
que esteja indevidamente em poder de terceiro, nos moldes no artigo 1314 da lei civil. O disposto
no artigo 12, V, do Código de Processo Civil não exclui, nas hipóteses em que ainda não se
verificou a partilha, a legitimidade de cada herdeiro vindicar em juízo os bens recebidos a título
de herança, porquanto, in casu, trata-se de legitimação concorrente (REsp 1192027/MG, Rel.
Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/08/2010, DJe 06/09/2010).

No caso de direito sucessório cedido a terceiro, tem legitimidade ativa o terceiro, na ação reivindicatória:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO


RECURSO ESPECIAL. DIREITO SUCESSÓRIO. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. BEM INTEGRANTE DE
QUINHÃO HEREDITÁRIO CEDIDO A TERCEIRO. LEGITIMIDADE ATIVA. TEORIA DA ASSERÇÃO. Tem
prevalecido na jurisprudência desta Corte o entendimento de que as condições da ação, aí
incluída a legitimidade para a causa, devem ser aferidas com base na teoria da asserção, isto é,
à luz das afirmações deduzidas na petição inicial. No caso dos autos, a petição inicial afirma que
o de cujos era o legítimo proprietário do imóvel. Nesses termos, impossível sustentar, a partir do
que fixado pela teoria da asserção, que o espólio seja parte ilegítima para ajuizar ação
reivindicatória quanto a esse bem. A alegação trazida em sede de contestação, no sentido de que
o imóvel integrava quinhão hereditário cedido a terceira pessoa denota circunstância que deve
ser sopesada no momento do julgamento do próprio mérito da demanda. O fato de o espólio ser
ou não o proprietário do bem repercute na procedência ou improcedência do pedido, não na
análise das condições da ação (AgRg nos EDcl no REsp 1035860/MS, Rel. Ministro ANTONIO
CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 02/12/2014).

O STJ já fixou o entendimento, na esteira da doutrina, de que a ação reivindicatória não se limita apenas ao
proprietário, mas abrange também os direitos reais limitados, como o usufruto:

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RECURSO ESPECIAL. AÇÃO PETITÓRIA. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. USUFRUTO. DIREITO REAL


LIMITADO. USUFRUTUÁRIO. LEGITIMIDADE E INTERESSE. Cinge-se a controvérsia a definir se o
usufrutuário tem legitimidade/interesse para propor ação petitória/reivindicatória para fazer
prevalecer o seu direito de usufruto sobre o bem. O usufrutuário - na condição de possuidor
direto do bem - pode valer-se das ações possessórias contra o possuidor indireto (nu-
proprietário) e - na condição de titular de um direito real limitado (usufruto) - também tem
legitimidade/interesse para a propositura de ações de caráter petitório, tal como a
reivindicatória, contra o nu-proprietário ou contra terceiros (REsp 1202843/PR, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/10/2014, DJe 28/10/2014).

Esse julgado do STJ é bastante interessante porque engloba dois elementos importantes da ação
reivindicatória. Primeiro, se proposta a ação reivindicatória em face de apenas um dos cônjuges, a sentença
de mérito é ineficaz em relação ao outro, não citado.

No entanto, em caso de invasão de área por numerosas pessoas, como ocorre em determinadas áreas,
desnecessário é a citação de todos eles, nominalmente, pelo que a regra do cônjuge não citado não se
aplica:

PROCESSUAL CIVIL E DIREITOS REAIS. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA AJUIZADA EM


FACE DE APENAS UM DOS CÔNJUGES. INEFICÁCIA, EM REGRA, DA SENTENÇA, NO QUE TANGE
AO CÔNJUGE QUE NÃO FOI CITADO. INVASÃO DE ÁREA. CITAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE TODOS OS
INVASORES. DESNECESSIDADE, EM VIRTUDE DA PRECARIEDADE DA SITUAÇÃO. IMISSÃO DO
CÔNJUGE NA POSSE DE BEM PÚBLICO, QUE DETINHA IRREGULARMENTE. DESCABIMENTO. A
jurisprudência do STJ e STF reconhece a adequação do manejo, pelo cônjuge que não foi citado,
de querela nullitatis insanabilis para discussão acerca de vício, relativo à ausência de sua citação
em ação reivindicatória, cuja sentença transitou em julgado, bem como que esse decisum não
tem efeito, no que tange àquele litisconsorte necessário que não integrou a relação processual.
Como os autores ocupavam irregularmente, juntamente com várias outras pessoas, bem imóvel
pertencente à TERRACAP, não é necessária a qualificação, individualização e citação de cada um
dos invasores, tendo em vista a precariedade da situação exsurgida pela conduta dos próprios
ocupantes da área. Precedentes. Como a detenção é posse degradada, juridicamente
desqualificada pelo ordenamento jurídico, o pleito mostra-se descabido, pois a autora, como
incontroverso nos autos, era invasora da área pública, por isso não há falar em composse ou
direitos reais imobiliários (REsp 977.662/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 22/05/2012, DJe 01/06/2012).

Caso não seja mais possível dar continuidade à ação reivindicatória, já que a propriedade não mais pode ser
devolvida ao reivindicante, pode a ação reivindicatória ser convolada em ação de indenização por perdas
e danos:

RECURSO ESPECIAL - ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL - DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA -


CONVOLAÇÃO DE AÇÃO DE REIVINDICAÇÃO EM AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ALEGAÇÃO DE
JULGAMENTO "EXTRA PETITA". NÃO-OCORRÊNCIA - O TRIBUNAL "A QUO", EM FACE DA
IMPOSSIBILIDADE DA DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL AOS ANTIGOS PROPRIETÁRIOS, CONVERTEU A

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AÇÃO DE REIVINDICAÇÃO EM AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – PERDAS E DANOS – PERDA DA


PROPRIEDADE - AUSÊNCIA DE CONTRARIEDADE AOS ARTIGOS 128 E 460 DO CPC. Não há ofensa
aos artigos 128 e 460, do CPC a convolação da Ação Reivindicatória em Ação de Indenização por
perdas e danos, pois já não é possível a devolução do bem imóvel ao proprietário. Ocorreu, "in
casu", Desapropriação Indireta. O Poder Público cometeu um ato ilícito, pois se apossou e não
pagou. Construção pretoriana, criada a partir de ações possessórias e reivindicatórias convertidas
em indenizatórias, diante do princípio da intangibilidade da obra pública (REsp 770.098/RS, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/08/2006, DJ 13/09/2006, p.
276).

Requisito essencial de propositura da ação reivindicatória é a individualização adequada da área


reivindicada. Não feita a individualização pormenorizada, não se permite a reivindicação, decide o STJ já há
tempos:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. FALTA DE


INDIVIDUALIZAÇÃO DA ÁREA REIVINDICANDA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO. O Tribunal de origem concluiu que os lotes reivindicados não estão perfeitamente
individualizados de molde a permitir sua reivindicação. Acórdão proferido em consonância com
a jurisprudência desta Corte. Precedentes (AgRg no REsp 1545490/DF, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/12/2016, DJe 14/12/2016).

O STJ, na esteira da Súmula 283 do STF, estabelece que a ação reivindicatória é imprescritível. Desnecessário
mesmo decorar esse entendimento quando bem compreendido o critério científico de distinção entre
prescrição e decadência de Agnelo Amorim Filho, dado que a ação reivindicatória é, essencialmente,
declaratória de propriedade:

Ação reivindicatória. Prescrição. Súmula nº 283 do Supremo Tribunal Federal. Precedentes da


Corte. Sem discrepância a jurisprudência da Corte sobre a imprescritibilidade da ação
reivindicatória (REsp 216.117/RN, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA
TURMA, julgado em 03/12/1999, DJ 28/02/2000, p. 78).

Questionamento frequente se dá em relação ao fato de alguém permanecer em área pública com animus
domini. Pode usucapir? A jurisprudência já antiga assenta que não, sendo que a “posse” de área pública é,
em verdade, mera detenção. Assim, as consequências derivadas da posse, como o direito de retenção e de
indenização por benfeitorias, são inaplicáveis à situação:

EMBARGOS DE TERCEIRO - MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - OCUPAÇÃO IRREGULAR DE


ÁREA PÚBLICA - INEXISTÊNCIA DE POSSE - DIREITO DE RETENÇÃO NÃO CONFIGURADO. Posse é
o direito reconhecido a quem se comporta como proprietário. Posse e propriedade, portanto,
são institutos que caminham juntos, não havendo de ser reconhecer a posse a quem, por
proibição legal, não possa ser proprietário ou não possa gozar de qualquer dos poderes inerentes
à propriedade. A ocupação de área pública, quando irregular, não pode ser reconhecida como
posse, mas como mera detenção. Se o direito de retenção depende da configuração da posse,

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não se pode, ante a consideração da inexistência desta, admitir o surgimento daquele direito
advindo da necessidade de se indenizar as benfeitorias úteis e necessárias, e assim impedir o
cumprimento da medida imposta no interdito proibitório (REsp 556.721/DF, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/09/2005, DJ 03/10/2005, p. 172).

Outra discussão, na mesma toada, é a respeito da permanência de alguém em um imóvel não público no
sentido mais estrito do termo, mas num imóvel que está situado em área especial, de domínio da Marinha.
O STJ aplica o mesmo raciocínio: os imóveis situados nos terrenos de Marinha são insuscetíveis de
usucapião e a permanência na área, apenas tolerada, não constitui posse, mas apenas mera detenção.

ADMINISTRATIVO E CIVIL. AÇÃO POSSESSÓRIA. TERRENO DE MARINHA. OCUPAÇÃO PRECÁRIA.


RETENÇÃO POR BENFEITORIAS. INADMISSIBILIDADE. SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO (REsp
635.980/PR, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/08/2004, DJ
27/09/2004, p. 271).

O STF fixou o entendimento de que pode haver usucapião mesmo em áreas cuja metragem mínima é
inferior à estabelecida pela municipalidade para o parcelamento do solo urbano. Isso porque há exigências
para metragens máximas, não mínimas, na legislação constitucional e infraconstitucional para a usucapião.

A restrição legal de parcelamento do solo urbano ocorre exatamente no parcelamento, que é forma derivada
de aquisição de propriedade. Não há qualquer restrição para que determinada área seja inferior à mínima
exige na usucapião, que é modo de aquisição originário da propriedade.

Destaque-se ainda que a Corte entendeu, acertadamente, que não pode a legislação infraconstitucional ser
utilizada como empecilho, com a criação de requisitos que não foram criados pela legislação constitucional.
Vale dizer, onde não há impedimento constitucional, não pode a norma infraconstitucional criá-lo, seja qual
for o fundamento do argumento:

Recurso extraordinário. Repercussão geral. Usucapião especial urbana. Interessados que


preenchem todos os requisitos exigidos pelo art. 183 da Constituição Federal. Pedido indeferido
com fundamento em exigência supostamente imposta pelo plano diretor do município em que
localizado o imóvel. Impossibilidade. A usucapião especial urbana tem raiz constitucional e seu
implemento não pode ser obstado com fundamento em norma hierarquicamente inferior ou em
interpretação que afaste a eficácia do direito constitucionalmente assegurado. Recurso provido.
1. Módulo mínimo do lote urbano municipal fixado como área de 360 m². Pretensão da parte
autora de usucapir porção de 225 m2, destacada de um todo maior, dividida em composse. 2.
Não é o caso de declaração de inconstitucionalidade de norma municipal. 3. Tese aprovada:
preenchidos os requisitos do art. 183 da Constituição Federal, o reconhecimento do direito à
usucapião especial urbana não pode ser obstado por legislação infraconstitucional que
estabeleça módulos urbanos na respectiva área em que situado o imóvel (dimensão do lote). (RE
422349, Relatora): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 29/04/2015, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-153 DIVULG 04-08-2015 PUBLIC 05-08-2015).

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O mesmo entendimento foi fixado quase concomitantemente pelo STJ quanto a áreas rurais. Ou seja, uma
gleba de terras pode ser usucapida ainda que a metragem mínima do módulo rural não tenha sido atingida.
Novamente, o raciocínio é idêntico: a usucapião é modo de aquisição originário, sendo irrelevante o
regramento a respeito do parcelamento do solo, aplicável à aquisição derivada da propriedade:

RECURSO ESPECIAL. USUCAPIÃO RURAL CONSTITUCIONAL. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE


RURAL. MÓDULO RURAL. ÁREA MÍNIMA NECESSÁRIA AO APROVEITAMENTO ECONÔMICO DO
IMÓVEL. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DA NORMA. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PREVISÃO DE
ÁREA MÁXIMA A SER USUCAPIDA. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL DE ÁREA MÍNIMA.
IMPORTÂNCIA MAIOR AO CUMPRIMENTO DOS FINS A QUE SE DESTINA A NORMA.
1. A propriedade privada e a função social da propriedade estão previstas na Constituição Federal
de 1988 dentre os direitos e garantias individuais (art. 5º, XXIII), sendo pressupostos
indispensáveis à promoção da política de desenvolvimento urbano (art. 182, §2º) e rural (art.
186, I a IV).
2. No caso da propriedade rural, sua função social é cumprida, nos termos do art. 186 da CF/1988,
quando seu aproveitamento for racional e apropriado; quando a utilização dos recursos naturais
disponíveis for adequada e o meio ambiente preservado, assim como quando as disposições que
regulam as relações de trabalho forem observadas.
3. A usucapião prevista no art. 191 da Constituição (e art. 1.239 do Código Civil), regulamentada
pela Lei n. 6.969/1981, é caracterizada pelo elemento posse-trabalho. Serve a essa espécie tão
somente a posse marcada pela exploração econômica e racional da terra, que é pressuposto à
aquisição do domínio do imóvel rural, tendo em vista a intenção clara do legislador em prestigiar
o possuidor que confere função social ao imóvel rural.
4. O módulo rural previsto no Estatuto da Terra foi pensado a partir da delimitação da área
mínima necessária ao aproveitamento econômico do imóvel rural para o sustento familiar, na
perspectiva de implementação do princípio constitucional da função social da propriedade,
importando sempre, e principalmente, que o imóvel sobre o qual se exerce a posse trabalhada
possua área capaz de gerar subsistência e progresso social e econômico do agricultor e sua
família, mediante exploração direta e pessoal - com a absorção de toda a força de trabalho,
eventualmente com a ajuda de terceiros.
5. Com efeito, a regulamentação da usucapião, por toda legislação que cuida da matéria, sempre
delimitou apenas a área máxima passível de ser usucapida, não a área mínima, donde concluem
os estudiosos do tema, que mais relevante que a área do imóvel é o requisito que precede a ele,
ou seja, o trabalho realizado pelo possuidor e sua família, que torna a terra produtiva e lhe
confere função social.
6. Assim, a partir de uma interpretação teleológica da norma, que assegure a tutela do interesse
para a qual foi criada, conclui-se que, assentando o legislador, no ordenamento jurídico, o
instituto da usucapião rural, prescrevendo um limite máximo de área a ser usucapida, sem
ressalva de um tamanho mínimo, estando presentes todos os requisitos exigidos pela legislação
de regência, parece evidenciado não haver impedimento à aquisição usucapicional de imóvel que
guarde medida inferior ao módulo previsto para a região em que se localize.
7. A premissa aqui assentada vai ao encontro do que foi decidido pelo Plenário do Supremo
Tribunal Federal, em conclusão de julgamento realizado em 29/4/2015, que proveu recurso
extraordinário, em que se discutia a possibilidade de usucapião de imóvel urbano em município
que estabelece lote mínimo para parcelamento do solo, para reconhecer aos recorrentes o
domínio sobre o imóvel, dada a implementação da usucapião urbana prevista no art. 183 da CF.

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8. Na oportunidade do Julgamento acima referido, a Suprema Corte fixou a seguinte tese:


Preenchidos os requisitos do art. 183 da CF, o reconhecimento do direito à usucapião especial
urbana não pode ser obstado por legislação infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos
na respectiva área onde situado o imóvel (dimensão do lote) (RE 422.349/RS, rel. Min. Dias
Toffoli, 29.4.2015) 9. Recurso especial provido.
(REsp 1040296/ES, Rel. Ministro MARCO BUZZI, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 02/06/2015, DJe 14/08/2015).

Em sendo as sociedades de economia mista pessoas jurídicas de direito privado, podem os bens
pertencentes a elas ser objeto de usucapião por outros particulares, já definiu o STJ antes mesmo da
vigência do CC/2002. Assim, não há restrição à usucapião dos bens pertencentes às sociedades de economia
mista, sejam eles considerados públicos ou particulares:

USUCAPIÃO. BEM PERTENCENTE A SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. POSSIBILIDADE. "ANIMUS


DOMINI". MATÉRIA DE FATO. BENS PERTENCENTES A SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA PODEM
SER ADQUIRIDOS POR USUCAPIÃO. DISSONÂNCIA INTERPRETATIVA INSUSCETÍVEL DE
CONFIGURAR-SE TOCANTE AO ANIMUS DOMINI DOS USUCAPIENTES EM FACE DA SITUAÇÃO
PECULIAR DE CADA CASO CONCRETO (REsp 37.906/ES, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO,
QUARTA TURMA, julgado em 29/10/1997, DJ 15/12/1997, p. 66414).

Segundo o STJ, a decisão que reconhece a aquisição da propriedade de bem imóvel por usucapião
prevalece sobre a hipoteca judicial que anteriormente tenha gravado o referido bem. Isso porque, com a
declaração de aquisição de domínio por usucapião, deve desaparecer o gravame real constituído sobre o
imóvel, antes ou depois do início da posse ad usucapionem, seja porque a sentença apenas declara a
usucapião com efeitos ex tunc, seja porque a usucapião é forma originária de aquisição de propriedade, não
decorrente da antiga e não guardando com ela relação de continuidade:

RECURSO ESPECIAL. HIPOTECA JUDICIAL DE GLEBA DE TERRAS. POSTERIOR PROCEDÊNCIA DE


AÇÃO DE USUCAPIÃO DE PARTE DAS TERRAS HIPOTECADAS. PARTICIPAÇÃO DO CREDOR
HIPOTECÁRIO NA AÇÃO DE USUCAPIÃO COMO ASSISTENTE DO RÉU. AUSÊNCIA DE
CERCEAMENTO DE DEFESA. PREVALÊNCIA DA USUCAPIÃO. EFEITOS EX TUNC DA SENTENÇA
DECLARATÓRIA. CANCELAMENTO PARCIAL DA HIPOTECA JUDICIAL. RECURSO DESPROVIDO.
Assegurada ao primitivo credor hipotecário participação na posterior ação de usucapião, não se
pode ter como ilegal a decisão que reconhece ser a usucapião modo originário de aquisição da
propriedade e, portanto, prevalente sobre os direitos reais de garantia que anteriormente
gravavam a coisa (REsp 620.610/DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
03/09/2013, DJe 19/02/2014).

A regra geral de transmissão da propriedade é, segundo o art. 1.267, a tradição (“A propriedade das coisas
não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição”). Ou seja, sei quem é o proprietário porque ele
possui a coisa, recebida por intermédio da transferência dela por outrem. Os bens imóveis, por sua vez,
transmitem-se pelo registro, na regra do art. 1.245, que trata da aquisição da propriedade imobiliária
(“Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis”).

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Os veículos automotores, porém, exigem registro para que os direitos reais sobre eles possam ser
regularmente exercidos. Por isso, necessária a ação de usucapião para que possa o proprietário não
registral fazer a transferência do veículo junto à autoridade de trânsito (DETRAN) e exercer plenamente
seus direitos mobiliários, como alienar ou gravar o bem:

AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA PARA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE DE COISA MÓVEL.


REGISTRO NO ÓRGÃO DE TRÂNSITO. AUSENTE. LIMITAÇÃO DOS DIREITOS DA PROPRIEDADE.
INTERESSE DE AGIR. EXISTÊNCIA. Possui interesse de agir para propor ação de usucapião
extraordinária aquele que tem a propriedade de veículo registrado em nome de terceiros nos
Departamentos Estaduais de Trânsito competentes (REsp 1.582.177-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,
por unanimidade, julgado em 25/10/2016, DJe 9/11/2016).

O caso em apreço tratou de situação muito peculiar. Uma via pública, em verdade uma servidão declarada
de utilidade pública, foi invadida por uma empresa, impedindo que os moradores a usassem. Duas
associações de moradores manejaram uma ação de reintegração de posse contra essa empresa, visando à
continuidade na utilização do bem de uso comum do povo.

A empresa alegou que não se tratava de posse, mas de mera detenção, pelo que não poderia ser manejada
a ação possessória por um particular, contra outro particular, cujo objeto seria um bem público (de uso
comum do povo). O STJ, então, reconheceu que qualquer pessoa que tenha seu direito de usar o bem
comum de uso do povo cerceado pode manejar a ação possessória, desde que isso não importe em
cerceamento do uso pelos demais.

Assim, se eu requisitasse reintegração de posse de uma rua porque outro particular estivesse a usando e eu
quisesse utilizar a rua só para mim, essa pretensão não poderia ser acolhida. No entanto, como a proteção
requerida pelos moradores da área não excluiria outras pessoas, cabível seria a reintegração de posse:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. POSSIBILIDADE DE AJUIZAMENTO POR PARTICULARES DE


DEMANDA POSSESSÓRIA RELACIONADA A BEM PÚBLICO DE USO COMUM DO POVO. Particulares
podem ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via municipal (bem
público de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem (REsp 1.582.176-MG, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/9/2016, DJe 30/9/2016).

Esse é, apesar da singeleza da ementa, um dos julgados mais relevantes dos últimos tempos do STJ em se
tratando de Direito das Coisas. Ainda não sabemos se a Corte manterá esse entendimento, mas ele é
bastante significativo.

No caso, penhorou-se a integralidade de um bem imóvel que havia sido objeto de divisão entre
multiproprietários no tempo, o time-sharing. Em geral, a multipropriedade é vista no espaço (mais de um
proprietário sobre uma única coisa ao mesmo tempo), mas não no tempo, como nos casos de imóveis de
lazer e recreação, nos quais cada multiproprietário tem direito de gozar da coisa por determinado tempo
apenas, geralmente uma ou duas semanas.

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E se o proprietário registral não cumpre uma obrigação, posso penhorar o imóvel todo? Segundo a
perspectiva tradicional, sim, pois o time-sharing tem natureza obrigacional, e não real, ou seja, permite que
eu, perdendo o bem, busque indenização contra o proprietário registral, mas não que eu proteja a minha
propriedade. Isso porque, a rigor, não tenho eu propriedade, mas apenas uma parcela proprietária que não
tem proteção de direito real, dado que não há nenhum artigo de lei dizendo que o time-sharing é um direito
real.

No entanto, o STJ decidiu, nesse caso, que o princípio da tipicidade estrita dos direitos reais não deve ser
encarado de maneira absoluta no ordenamento brasileiro. Ou seja, ao contrário do que sustenta a maior
parte da doutrina, há muito tempo, não apenas os direitos reais elencados pelo legislador seriam direitos
reais; seria possível, portanto, que as partes criassem direitos reais para além dos limites estabelecidos pela
Lei.

A lógica do sistema de transmissão dos direitos reais no Brasil segue o modelo germânico de tipicidade
estrita. É mais ou menos a mesma coisa que vale para o Direito Penal: se há um tipo penal, pune-se; do
contrário, não. Para os direitos reais valeria a mesma máxima: se há um “tipo real”, transmite-se; do
contrário, não.

O que o STJ disse, em resumo, foi “olha, apesar de, em regra, só podermos tratar como direito real aquilo
que a lei previu como direito real, em algumas situações a realidade social acaba criando novas figuras que
têm características típicas de direito real, que devem ser reconhecidas e tratadas pelo julgador como tais”:

DIREITO CIVIL. INVALIDADE DA PENHORA SOBRE A INTEGRALIDADE DE IMÓVEL SUBMETIDO A


TIME SHARING. É inválida a penhora da integralidade de imóvel submetido ao regime de
multipropriedade (time-sharing) (REsp 1.546.165-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel.
para acórdão Min. João Otávio de Noronha, por maioria, julgado em 26/4/2016, DJe 6/9/2016).

Num determinado caso, um instituto X contratou uma construtora para edificar, num determinado terreno,
um edifício. Edificou e não recebeu. Cobrou da entidade Y, que era hierarquicamente superior ao instituto
X, mas essa entidade alegou que não tinha assinado o contrato, logo, pelo princípio do pacta sunt servanda,
não tinha obrigação.

Porém, o art. 1.257, parágrafo único, do CC/2002 estabelece que “O proprietário das sementes, plantas ou
materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do
plantador ou construtor”. Consequentemente, a entidade Y, proprietária do terreno, deve arcar com os
custos da obra, já que ela vai adquirir a propriedade sobre a edificação, com base no princípio da superficies
solo cedit.

AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE IMÓVEL. PAGAMENTO DE CONSTRUÇÃO EM TERRENO DE


TERCEIRO NÃO CONTRATANTE. RESPONSABILIDADE DESSE TERCEIRO. O construtor proprietário
dos materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida pela construção,
quando não puder havê-la do contratante (REsp 963.199-DF, Rel. Min. Raul Araújo, por
unanimidade, julgado em 11/10/2016, DJe 7/11/2016).

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É possível o reconhecimento da usucapião de bem imóvel na hipótese em que o requisito temporal (prazo
para usucapir) previsto em lei é implementado no curso da demanda? O STJ entende que sim.

O prazo, na ação de usucapião, pode ser completado no curso do processo, em conformidade com o
disposto no art. 493 do CPC/2015. Isso porque a contestação não tem a capacidade de exprimir a resistência
do demandado à posse exercida pelo autor, mas apenas a sua discordância com a aquisição do imóvel pela
usucapião.

A interrupção do prazo da prescrição aquisitiva somente poderia ocorrer na hipótese em que o proprietário
do imóvel usucapiendo conseguisse reaver a posse para si. Assim, havendo o transcurso do lapso na data da
prolação da sentença e estando presentes todos os demais requisitos da usucapião, deve ser julgado
procedente o pedido de usucapião:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA.


PRESCRIÇÃO AQUISITIVA. PRAZO. IMPLEMENTAÇÃO. CURSO DA DEMANDA. POSSIBILIDADE.
FATO SUPERVENIENTE. ART. 462 DO CPC/1973. CONTESTAÇÃO. INTERRUPÇÃO DA POSSE.
INEXISTÊNCIA. ASSISTENTE SIMPLES. ART. 50 DO CPC/1973 (REsp 1361226/MG, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe 09/08/2018).

JORNADAS DE DIREITO CIVIL


Vamos a uma questão relativa a direito intertemporal. Se, na entrada em vigor da Lei 12.424/2011, que
inseriu o art. 1.240-A no CC/2002, o ex-cônjuge ou companheiro já se encontrava abandonado pelo outro há
mais de 2 anos, poderia já manejar ação declaratória para que fosse reconhecida a aquisição da propriedade
pela usucapião familiar? O Enunciado 498 da V Jornada de Direito Civil prevê que não; o prazo bienal para
essa forma de aquisição da propriedade só poderia ser contado a partir da vigência da lei, ou seja, apenas
a partir de 2013 é que se poderia falar em usucapião familiar:

V Jornada de Direito Civil - Enunciado 498


A fluência do prazo de 2 (dois) anos previsto pelo art. 1.240-A para a nova modalidade de
usucapião nele contemplada tem início com a entrada em vigor da Lei n. 12.424/2011.

No âmbito do procedimento previsto na Lei 11.977/2009, verifica-se que o Poder Público Municipal, ao
efetuar cadastramento dos possuidores no momento da demarcação urbanística, emite documento público
que atesta a situação possessória ali existente. Tal reconhecimento configura título possessório, ainda que
anterior à legitimação da posse, admite o Enunciado 563 da VI Jornada de Direito Civil.

VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 563


O reconhecimento da posse por parte do Poder Público competente anterior à sua legitimação
nos termos da Lei nº 11.977/2009 constitui título possessório.

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Estabelece o art. 2.029 que até dois anos após a entrada em vigor do CC/2002 (11/01/2003), os prazos
estabelecidos no parágrafo único do art. 1.238 (usucapião extraordinária cujo prazo se reduz pela moradia
ou serviços produtivos) e no parágrafo único do art. 1.242 (usucapião tabular cujo registro foi cancelado)
serão acrescidos de dois anos, qualquer que seja o tempo transcorrido na vigência do CC/1916. Assim, em
11/01/2005, contam-se 12 anos e 7 anos, respectivamente, para a usucapião.

Além disso, o art. 2.030 prevê que a supracitada norma se aplique a outra situação. Assim, há o acréscimo
de 2 anos ao prazo para a desapropriação prevista no §4º do art. 1.228 (no caso de considerável número de
pessoas que realizam obras e serviços de interesse social e econômico relevante).

Para arrematar, o Enunciado 564 da VI Jornada de Direito Civil estabelece, de maneira a deixar ainda mais
evidentes essas disposições, que a regra de transição do art. 2.028 (“Serão os da lei anterior os prazos,
quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da
metade do tempo estabelecido na lei revogada”) não se aplica ao caput dos arts. 1.238 e 1.242, que tratam,
respectivamente, da usucapião extraordinária (sem justo título ou boa-fé e em 15 anos) e da usucapião
ordinária (com justo título e boa-fé e em 10 anos). Assim, mesmo que iniciada a posse ainda na vigência do
CC/1916 (até 10/01/2003) e mesmo que já transcorrido mais da metade do lapso temporal, são os prazos de
15 anos e 10 anos a reger esses casos:

VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 564


As normas relativas à usucapião extraordinária (art. 1.238, caput, CC) e à usucapião ordinária
(art. 1.242, caput, CC), por estabelecerem redução de prazo em benefício do possuidor, têm
aplicação imediata, não incidindo o disposto no art. 2.028 do Código Civil.

RESUMO
A doutrina nomina diversas características do direito de propriedade, que podem ser agrupadas em cinco núcleos:

A. Perpetuidade

• A propriedade tem tendência a ser perpétua, ou seja, a propriedade não é um direito


que se extingue no tempo. Ao contrário, diferentemente do direito das obrigações,
quanto mais se exerce sua propriedade, mais se reforça o direito

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B. Exclusividade

• Não podem existir dois proprietários de um mesmo bem. Veja que, mesmo nas situações
em que isso ocorre, o Direito cria uma ficção jurídica para manter a regra da
exclusividade
• Por exemplo, no condomínio, os diferentes proprietários não têm a totalidade da
propriedade; cada proprietário tem a propriedade sobre uma "fração ideal"

C. Elasticidade

• Por mais que o titular do direito de propriedade efetue a disposição de figuras


parcelares, essas figuras tendencionalmente irão se reorganizar sob a titularidade do
proprietário

D. Abstratalidade

• O conteúdo do direito de propriedade é esvaziado, tornando-se a propriedade uma


“forma” dentro do ordenamento, tal qual o contrato, o que permite enxergar as
diferentes "propriedades" como uma única só

E. Individualidade

• Característica que diferencia a propriedade moderna da propriedade antiga, ou seja,


hoje a propriedade é sempre pensada a partir da propriedade individual

Quais são os critérios de cumprimento da função social da propriedade imobiliária rural?

B. Utilização adequada D. Exploração com o


C. Observância das
A. Aproveitamento dos recursos e bem-estar de
disposições que
racional e adequado preservação do proprietários e
regulam o trabalho
ambiente trabalhadores

Quais são as heterolimitações da propriedade?

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A. Ocupação temporária

• Prevista no art. 36 do Decreto-Lei 3.365/41


• Segundo Maria Sylvia Di Pietro, essa é a forma de limitação da propriedade pelo Estado,
caracterizada pela utilização transitória, gratuita ou remunerada, de imóvel particular
para fins de interesse público

B. Requisição

• Prevista no art. 5°, inc. XXV, da CF/1988


• Ocorre no caso de iminente perigo público, pelo que a autoridade poderá se utilizar de
propriedade pública, mediante indenização ulterior, se houver dano. A indenização
depende, portanto, da ocorrência de dano

C. Servidão administrativa

• Previsão genérica no art. 40 do Decreto-Lei 3.365/41


• Segundo Di Pietro, é um direito real de natureza pública, instituído sobre o imóvel de
propriedade alheia, com base em lei, por entidade pública ou seus delegados, em favor
de um serviço público, como, por exemplo, o caso das calçadas

D. Tombamento

• Previsto no art. 216 da CF/1988 e no Decreto-Lei 25/1937


• É uma limitação da propriedade de modo a proteger determinados bens considerados
pertencentes ao patrimônio histórico e artístico nacional. Normalmente gera uma série
de deveres e limitações ao proprietário

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E. Encampamento/Resgate

• Previsto na Lei 8.987/1995


• Segundo Orlando Gomes, ocorre quando o Estado se investe na propriedade de bens
pertencentes a empresas concessionárias de serviço público, seja indenizando pelos
bens, seja ressarcindo pela antecipação do fim do contrato de concessão. Ocorre, por
exemplo, quando o Estado privatiza uma ferrovia e, posteriormente, “toma” ela de volta

F. Desapropriação direta

• Presente em: art. 5°, inc. XXIV da CF/1988, Decreto-Lei 3.365/1941 (Desapropriação por
utilidade pública), Lei 4.132/1962 (Desapropriação por interesse social) e Lei 6.602/1978
(Imissão na posse em imóveis residenciais urbanos)
• Principal possibilidade de limitação pelo Poder Público

G. Desapropriação indireta

Ocorre quando o Estado, não obstante não iniciar um processo de desapropriação


regular, impõe restrições tão severas à propriedade privada que, na prática, acabam por
excluir os poderes do proprietário, sem justa indenização

Quanto aos modos de aquisição da propriedade, como se classificam esses modos quanto ao ingresso patrimonial?

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A. Universal
• Transferência de todo o patrimônio, como o herdeiro que recebe o patrimônio do
falecido, envolvendo situações jurídicas ativas e passivas

B. Singular
• Dá-se sobre elementos singulares cujos direitos integram o patrimônio. Se o falecido
deixou testamento, deixando um legado a uma pessoa (bem específico), temos uma
transferência singular

Quanto aos modos de aquisição da propriedade, como se classificam esses modos quanto à origem?

A. Originários

• Quando a aquisição não guarda relação com situações jurídicas que lhe antecedem,
como se existisse uma limpeza de tudo o que é anterior em favor de uma nova situação
que se cria. É o caso da usucapião, pois a pessoa adquire originariamente o bem por
força do fato jurídico da usucapião

B. Derivados

• São aqueles que guardam relação com uma situação jurídica anterior, sendo o mais
expressivo dos exemplos a compra e venda. Adquire-se a propriedade pelo comprador
que é entregue pelo devedor, havendo uma derivação de titularidade

Quanto aos modos de aquisição da propriedade, como se classificam esses modos quanto ao grau?

A. Simples
• Quando apenas um fato jurídico conduz à aquisição, como, por exemplo, no caso de
morte

B. Complexos
• Quando se exige uma união de diferentes fatos jurídicos, como, por exemplo, na
transmissão da propriedade pelo contrato, que necessita do contrato e do registro

Quais são as duas formas de ocorrer a transmissão da propriedade?

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2. Transmissão a título singular: quem


1. Transmissão a título universal: recebe a posse pode decidir por unir a
automaticamente o herdeiro recebe a posse com a do antecessor, a depender do
posse do antecessor e o sucessor recebe a que lhe será mais vantajoso. Essa
posse com todas as vicissitudes com a transmissão ocorre em todos os casos que
qual o antecessor mantinha não a transmissão a herdeiros (compra e
venda etc.)

Quais são as espécies de usucapião de imóveis?

USUCAPIÃO
EXTRAOR-
ORDINÁRIA ESPECIAL COLETIVA FAMILIAR
DINÁRIA
Comuns Comuns Comuns Comuns Comuns
Justo título - - - -
- - -
Inferior a 250 Inferior a 250 m², Inferior a 250
m² individualmente m²
Requisitos Moradia - Moradia
URBANA
Boa-fé - Único imóvel Único imóvel Único Imóvel
Única vez - Única vez
Ex-
Núcleo urbano
- cônjuge/aban
informal
dono
Prazos 10 anos 15 anos 5 anos 5 anos 2 anos

Comuns
Inferior a 50
ha
Requisitos Iguais Iguais
RURAL Produtivida-
de/ moradia
Único imóvel
Prazos 10 anos 15 anos 5 anos

*** INDÍGENA
TABULAR ESPECIAL
***
Cancela- Moradia/
mento do produtivi- Uso próprio
DIFEREN Requisitos
registro dade
-CIAIS
- - Inferior a 50 ha
Prazos 5 anos 10 anos 10 anos
Resumidamente, quais são os princípios do sistema registral brasileiro?

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A. Publicidade
• A razão de ser do registro de imóveis é a sua publicidade, informando ao público os dados
essenciais sobre o bem imóvel e sobre sua titularidade, de modo a garantir maior segurança jurídica
nas operações de transmissão e constituição sobre coisa alheia

B. Especialidade
• Por esse princípio devem ser detalhados todos os dados essenciais do que é levado a registro, tanto
no que diz respeito ao bem quanto aos sujeitos titulares das situações jurídicas ativas e passivas

C. Unicidade e unitariedade da matrícula

• Cada bem imóvel só pode ter uma matrícula e cada matrícula só pode tratar de um único bem
imóvel

D. Continuidade
• Exige-se uma continuidade na sucessão dominial, não se admitindo rupturas, pelo que deve ser
possível acompanhar o “andamento” do registro desde o início

E. Legalidade

• Só podem ser levados a registro os títulos, os documentos, descritos pela Lei, não sendo possível
registrar situações que não foram previstas pelo legislador

Quais são as hipóteses de acessão da propriedade imobiliária?

A. Formação de ilhas
• Ocorre quando em um rio forma-se uma ilha, naturalmente (art. 1.249)

I. Ilha no meio do rio: pertence aos


II. Ilha entre o meio e uma margem: pertence
proprietários ribeirinhos igualmente, segundo a
ao proprietário mais próximo
testada das terras

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B. Aluvião

• Acréscimo paulatino de terras do rio na propriedade ribeirinha (“assoreamento”)


• Esse aumento tem de ser lento, sucessivo, paulatino e imperceptível (art. 1.250)

C. Avulsão
• Por força violenta da natureza, uma porção de terras desloca-se de uma propriedade para outra,
sem intervenção humana (art. 1.251)

D. Álveo abandonado

•Ocorre quando um rio ou lago que dividia duas propriedades para de correr, seca ou é desviado (art. 1.252)

E. Construções e Plantações

•Tudo aquilo que se constrói num imóvel pertence, presumivelmente, ao proprietário, pelo princípio do
superficie solo cedit (art. 1.253)

1. Terreno próprio com material alheio:


2. Material próprio em terreno alheio: perde
adquire a propriedade do que foi construído,
a propriedade sobre o material, pois a
devendo ressarcir o valor dos materiais ao
acessão ocorrerá em favor do proprietário,
seu dono. Se o proprietário agiu de má-fé,
mas terá direito de indenização, se agiu de
deve indenizar também perdas e danos (art.
boa-fé (art. 1.255)
1.254)

Quais são as regras sobre a construção/plantação em terreno alheio?

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Área Boa-Fé? Solução

- Adquire propriedade
Boa-fé - Indeniza o proprietário (área
perdida + desvalori-zação do
remanes-cente)
Inferior a 1/20
- Demolição
Má-fé - Exceção: grave prejuízo à
construção (indeniza-ção: 10 X)
Construção
com invasão do
terreno alheio - Adquire propriedade
- Indeniza o proprietário (área
Boa-fé perdida + desvalori-zação do
remanes-cente + acréscimo à
construção)
Superior a 1/20

- Demolição - Indeniza por


Má-fé
perdas e danos X 2

Quais são os modos de aquisição da propriedade imobiliária?

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Modos de aquisição de

Usucapião
Formação de ilhas
propriedade
imobiliária

Registro Aluvião

Acessão Avulsão

Álveo abandonado

Construções e plantações

Quais são as espécies de usucapião de móveis?

USUCAPIÃO
ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA
Comuns Comuns
Requisitos Justo Título -
MÓVEL
Boa-fé -
Prazos 3 anos 5 anos

Quais são as formas de acessão da propriedade mobiliária?

Especificação
•Ocorre quando alguém trabalha em matéria-prima alheia, como o artesão que trabalha o mármore alheio,
segundo o art. 1.269 do CC/2002

Confusão, Comissão/Comistão e Adjunção


• Essas três figuras trazem em comum a ideia de junção de materiais
• A confusão ocorre quando da mistura de coisas líquidas, como a água e vinho, ou a água e o álcool
• A comissão (comistão) ocorre quando há a mistura de coisas sólidas, como ouro e prata, cimento e
areia
• A adjunção se dá pela justaposição de bens, como o selo no papel, ou um carimbo num
documento

Quais são os modos de aquisição da propriedade mobiliária?

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Usucapião
Modos de aquisição de

Ocupação
propriedade
mobiliária

Achado de tesouro
Especificação
Tradição
Confusão
Acessão
Comissão/Comistão

Adjunção

Como pode ocorrer a perda da propriedade?

1. Pessoa

•Pela morte natural (real ou presumida)

2. Objeto

•Perecimento da coisa ou pela acessão (art. 1.275, inc. IV)

3. Direito

•Voluntariamente ou contra a vontade do proprietário

Quais são os modos voluntários de perda da propriedade?

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A. Alienação

• Modo de perda e aquisição concomitante de propriedade (art. 1.275, inc. I)


• Se for bem imóvel, deve o alienante efetuar o registro no Registro de Imóveis para
que tenha eficácia (art. 1.275, parágrafo único)

B. Renúncia

• Ato unilateral de declaração explícita de vontade de despojar-se do bem (art.


1.275, inc. II)
• Se for bem imóvel, deve o renunciante efetuar o registro no Registro de Imóveis
para que tenha eficácia (art. 1.275, parágrafo único)

C. Abandono

• O sujeito se desfaz, intencionalmente, da coisa sobre a qual detém domínio,


tornando a coisa res derelicta (art. 1.275, inc. III)
• Segundo o art. 1.276, o imóvel que o proprietário abandonar, com a intenção de
não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de
outrem, poderá ser arrecadado como bem vago, e passar, três anos depois, à
propriedade do Município (se urbano) ou à União (se rural)
Presume-se de modo absoluto a intenção quando, cessados os atos de posse,
deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais

Quais são os modos involuntários de perda da propriedade?

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A. Desapropriação
•Regulamentada pelo Direito Administrativo (art. 1.275, inc. V)

B. Arrematação
•Perda judicial da propriedade pela alienação em hasta pública

C. Adjudicação
•Perda judicial da propriedade pelo próprio exequente

D. Implemento de condição resolutiva


•Como mostrarei melhor na propriedade resolutiva

E. Perdimento
•Bens que servem para ressarcir dano ao Erário

F. Requisição
•Em tempos de guerra para uso do Estado

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final desta aula! Nela, tratei de um tema difícil, mas muito revelador, a propriedade. Nesta
aula, a “lógica” do Direito das Coisas começa a fazer mais sentido, quando o instituto da propriedade, que é
um dos três a compor a estrutura básica do Direito Privado, é tratado com detalhes.

Quaisquer dúvidas, sugestões, críticas ou mesmo elogios, não hesite em entrar em contato comigo. Estou
disponível preferencialmente no Fórum de Dúvidas do Curso, mas também nas redes sociais, claro. Estou
aguardando você na próxima aula. Até lá!

Paulo H M Sousa

QUESTÕES COM COMENTÁRIOS


1. (VUNESP / TJ-MT – 2018) Foi ajuizada uma ação reivindicatória de uma extensa área urbana, de 20
000 m², ocupada há 6 (seis) anos, de boa-fé, por 50 (cinquenta) famílias, que a usam para moradia.
Deverá a ação
a) ser improcedente, tendo em vista que o juiz deverá declarar que o proprietário perdeu o imóvel, em razão
da desapropriação judicial por interesse social, fixando a indenização devida, valendo a sentença como título
para o registro no cartório de registro de imóveis.

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b) ser julgada procedente, tendo em vista que, em razão da extensão da área, não se mostra aplicável a
usucapião constitucional urbana que requer ocupação de até 250 m², não tendo ainda se consumado o prazo
da usucapião ordinária.
c) ser improcedente, tendo em vista que o juiz deverá declarar que o proprietário perdeu o imóvel, em razão
da desapropriação judicial por interesse social, sem qualquer direito a indenização, valendo a sentença como
título para o registro no cartório de registro de imóveis.
d) ser julgada improcedente, tendo em vista o preenchimento dos requisitos para aquisição da área pela
usucapião especial coletiva, valendo a sentença como título para o registro no cartório de registro de
imóveis.
e) ser julgada procedente em parte, declarando a aquisição pela usucapião de parte da área, limitada a 350
m2 por família, desde que os ocupantes comprovem justo título, bem como não sejam, e nem tenham sido,
em qualquer momento, proprietários de outro imóvel urbano ou rural.

Comentários

A alternativa A está correta, de acordo com o art. 1.228, §4º: “O proprietário também pode ser privado da
coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente,
obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante”.

A alternativa B está incorreta, porque, apesar de correta a impossibilidade de cabimento da usucapião,


cabível a desapropriação judicial prevista no supracitado artigo.

A alternativa C está incorreta, segundo o art. 1.228, §5º: “No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a
justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do
imóvel em nome dos possuidores”.

A alternativa D está incorreta, porque o art. 10 do Estatuto da Cidade exige que a área individual, na divisão
da área total pelas famílias, seja inferior a 250m2: “Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há
mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta
metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente, desde que os
possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural”.

A alternativa E está incorreta, matematicamente, inclusive, já que os 20mil m2 divididos por 50 famílias
redundarão em terrenos de 400m2.

2. (VUNESP / TJ-RS – 2018) José era proprietário de uma extensa área urbana não edificada, com mais
de 50.000 m2. Essa área não era vigiada e nem utilizada para qualquer finalidade. O imóvel foi ocupado,
no mês de janeiro de 2010, por um considerável número de pessoas, que construíram suas moradias. Os
ocupantes, por sua própria conta, em mutirão, além de construírem suas casas, realizaram a abertura de
viários posteriormente reconhecidos pelo poder público municipal, bem como construíram espaços
destinados a escolas e creches que estão em pleno funcionamento. Cada moradia tem área superior a 350
m2. Em março de 2016, José ajuizou uma ação reivindicatória que deverá ser julgada
a) improcedente, tendo em vista que o juiz deverá declarar que o proprietário perdeu o imóvel reivindicado,
em razão das obras de interesse social realizadas pelos moradores, fixando a justa indenização devida ao

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proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos
possuidores.
b) procedente, tendo em vista que ainda não houve o prazo para a aquisição mediante usucapião. Dessa
forma, os moradores deverão ser retirados, sem qualquer direito a indenizações por benfeitorias e acessões,
tendo em vista a posse de má-fé.
c) procedente, tendo em vista que ainda não houve o prazo para a aquisição mediante usucapião
constitucional. Dessa forma, os moradores deverão ser retirados, mas terão direito à retenção do imóvel até
serem indenizados pelas benfeitorias e acessões, tendo em vista a posse de boa-fé.
d) improcedente, tendo em vista que o imóvel foi adquirido por usucapião especial coletivo; José, assim, foi
penalizado pelo não cumprimento da função social da propriedade, bem como em razão da preponderância
do direito social à moradia sobre o direito de propriedade.
e) improcedente, tendo em vista que o juiz deverá declarar que o proprietário perdeu o imóvel reivindicado,
em razão das obras de interesse social realizadas pelos moradores, não havendo qualquer direito à
indenização, tendo em vista o não cumprimento da função social da propriedade e a preponderância do
direito social à moradia sobre o direito de propriedade.

Comentários

A alternativa A está correta, em vista da desapropriação privada prevista nos § 4º e §5º do art. 1.228.
Segundo dispõe o artigo, os requisitos para que ocorra a desapropriação são: imóvel de extensa área; posse
ininterrupta e de boa-fé usufruída por um número considerável de pessoas; realização de obras ou serviços
considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.

Caso sejam observados esses requisitos descritos, o juiz deverá declarar a desapropriação, fixando justa
indenização a ser paga ao proprietário. Após o pagamento da mencionada indenização, a sentença prolatada
pelo juiz valerá como título para o registro do imóvel em nome dos novos possuidores.

A alternativa B está incorreta, porque, a despeito do descabimento da usucapião, pelo descumprimento do


limite da área prevista no art. 10 do Estatuto da Cidade (“Os núcleos urbanos informais existentes sem
oposição há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos
e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente, desde que
os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural”), haveria direito de indenização
pelas benfeitorias e acessões, tendo em vista a boa-fé dos moradores.

A alternativa C está incorreta, pois, apesar de mencionar corretamente o direito de indenização dos
moradores, há a possibilidade de desapropriação prevista no art. 1.228, §4º (“O proprietário também pode
ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé,
por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto
ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante”).

A alternativa D está incorreta, dado o descabimento da usucapião do Estatuto da Cidade.

A alternativa E está incorreta, porque há direito de indenização, nos termos do art. 1.228, §5º (“No caso do
parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a
sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores”).

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3. (VUNESP / TJ-SP – 2018) O menor José, tendo recebido por herança de seu pai um terreno de 500
m2, sem construção, representado por sua mãe, em 15.01.2003, quando ele contava 13 anos de idade,
locou-o a Pedro, pelo prazo de 2 anos, que nele instalou uma borracharia. Aos 15 anos, José, com sua mãe,
mudou-se para o exterior, sem mais receber os alugueis, nem pagar tributos, os quais passaram a ser
quitados por Pedro, assumindo este a aparência de dono e construindo no local, em um ano, sua casa de
moradia, pois, até então, por nada ter de seu, morava no próprio estabelecimento, feito por ele, de
madeira. Além daquela casa, nenhum outro bem de raiz Pedro conseguiu adquirir. Em março de 2018, José
retornou ao Brasil com o in- tuito de reaver o imóvel que admitiu ter sido abandonado por ele e sua mãe.
Pedro, em relação à pretensão de José,
a) não poderá́ opor-se, porque o contrato de locação prorrogou-se a prazo indeterminado, e sua posse
continuou precária.
b) somente poderá́ opor-se se tiver ocupado apenas 250 m2 do terreno, provando não possuir outro imóvel
urbano ou rural, devolvendo ao proprietário o remanescente da área.
c) poderá́ opor-se, provando interversão da posse e que adquirira o imóvel pela usucapião extraordinária.
d) não poderá́ opor-se, porque, quando da celebração do contrato, o locador era absolutamente incapaz e
contra ele não corria prescrição, a qual só́ passaria a fluir depois da rescisão do contrato, que se prorrogara
por tempo indeterminado e funcionaria, também, como condição suspensiva para as partes.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que entre 2003 e 2005 vigeu a locação. A partir daí, pode-se falar em posse
do locatário, ante o abandono do imóvel, não sendo tal posse considerada precária, de per si.

Como o locador contava com 15 anos, entre 2005 e 2006 não se pode contar a posse para fins de usucapião.
Isso porque o art. 1.244 (“Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que
obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião”) remeterá ao
art. 198, inc. I (“Também não corre a prescrição contra os incapazes de que trata o art. 3o”), ou seja, corre o
prazo apenas quando José alcançar os 16 anos.

Assim, a posse efetivamente se contará entre 2006 e 2018, ou seja, foram 12 anos de posse. Como ele erigiu
a casa em 2007, possível contar 11 anos de posse com moradia.

Há interversão da posse, já que esse assumiu a condição de dono em 2006, com a ida de José para o exterior.
A posse precária se transforma, então, em posse ad usucapionem.

A alternativa B está incorreta, porque, como a área tem 500m2, inaplicável a regra do art. 1.240, que limita
a possibilidade a áreas de até 250m2. Não é possível requerer usucapião de área inferior, entende a doutrina
e a jurisprudência.

A alternativa C está correta, em vista do supramencionado, sendo aplicável o art. 1.238 ao caso: “Aquele
que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a
propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por
sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis”. No entanto, esse prazo
cai para 10 anos, em virtude da parte final do parágrafo único: “O prazo estabelecido neste artigo reduzir-

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se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras
ou serviços de caráter produtivo”.

Conclui-se, então, que é possível a usucapião, em sua espécie extraordinária, provada a interversão da posse.

A alternativa D está incorreta, pois, como evidenciou o enunciado, ele estava representado pela mãe,
situação que se incompatibiliza com fluência do prazo prescricional a partir da rescisão do contrato.

4. (VUNESP / PGE-SP – 2018) Desde novembro de 2007, Tício exerce posse mansa, pacífica,
ininterrupta e com fim de moradia sobre imóvel urbano com área de 260 m2, baseado em compromisso
de compra e venda quitado, mas não registrado, celebrado com Caio. Mévio, de boa-fé, adquiriu o mesmo
imóvel de Caio em fevereiro de 2018, mediante pagamento à vista, seguido de posterior registro da
escritura pública de compra e venda no Cartório de Imóveis. Em seguida, Mévio move ação de imissão na
posse em face de Tício. Nesse caso,
a) Tício poderá alegar a usucapião ordinária como matéria de defesa para impedir a procedência do pedido,
mediante prova da existência de compromisso de compra e venda quitado, ainda que não registrado, e da
posse prolongada exercida com boa-fé.
b) Tício não poderá invocar a usucapião como matéria de defesa, ante a vedação à exceptio proprietatis
prescrita no art. 1.210, parágrafo 2º do Código Civil e o fato de Mévio ser adquirente de boa-fé.
c) se acolhida a usucapião como matéria de defesa, Tício deverá indenizar Mévio, pois este não teria
adquirido o imóvel de Caio caso o compromisso de compra e venda tivesse sido levado a prévio registro.
d) a alegação de usucapião ordinária formulada por Tício, como matéria de defesa, não impedirá a
procedência do pedido, por falta de prévio registro do compromisso de compra e venda, condição
indispensável para torná-lo oponível erga omnes, em especial a Mévio, adquirente de boa-fé.
e) mesmo ausentes os requisitos da usucapião ordinária, Tício poderá alegar a usucapião especial urbana
como matéria de defesa, para impedir a procedência do pedido.

Comentários

A alternativa A está correta, pela conjugação do caput do art. 1.238 (“Aquele que, por quinze anos, sem
interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente
de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para
o registro no Cartório de Registro de Imóveis”) com seu parágrafo único (“O prazo estabelecido neste artigo
reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele
realizado obras ou serviços de caráter produtivo”).

A alternativa B está incorreta, pois a regra do art. 1.210, §2º (“Não obsta à manutenção ou reintegração na
posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa”), se aplica à alegação de propriedade
(exceptio proprietatis), mas não à exceção de usucapião, que se baseia na posse.

A alternativa C está incorreta, porque não há previsão legal nem entendimento jurisprudencial a respeito de
hipótese de indenização. No caso, o lesado deverá buscar indenização de que o lesou, qual seja o alienante,
evidentemente de má-fé, Caio.

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A alternativa D está incorreta, já que a exceção de usucapião, como o próprio nome diz, impede a
continuidade da lide de imissão na posse, caso se verifique o cumprimento dos requisitos legais.

A alternativa E está incorreta, dado que o art. 9º da Lei 10.257/2001 (“Aquele que possuir como sua área ou
edificação urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural”) exige que a área seja inferior a 250m2.

5. (CESPE / DPE-PE – 2018) Roberto abandonou o lar e sua companheira, Francisca, no Recife – PE e
foi para São Paulo – SP, deixando um imóvel urbano de 120 m2, adquirido onerosamente na constância
da união estável, mas registrado no cartório de imóveis apenas no nome de Roberto. Francisca não tinha
outra propriedade imóvel e residiu no local ininterruptamente e sem oposição. Após três anos, Roberto
voltou ao Recife – PE com o propósito de retirar Francisca do imóvel.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Francisca não terá direito ao imóvel, uma vez que o bem estava registrado apenas no nome de Roberto.
b) Francisca terá direito à metade do imóvel caso comprove que contribuiu financeiramente para a sua
aquisição na constância da união estável.
c) Roberto, por ter abandonado o lar, não terá direito ao imóvel, porque Francisca usucapiu o bem.
d) Roberto terá direito ao imóvel, porque, para Francisca usucapir o bem, ela teria de atender ao requisito
temporal mínimo de cinco anos.
e) A residência do casal deverá ser partilhada na proporção de 50% para cada companheiro, tendo em vista
que, em se tratando de união estável, aplica-se o regime de comunhão parcial de bens.

Comentários

Afigura-se mais didático comentar o enunciado a partir da leitura do artigo 1.240-A do Código Civil, uma vez
que o caso narrado se amolda à hipótese de usucapião familiar, modalidade consignada no dispositivo em
comento, que assim preconiza: “Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição,
posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros
quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural”.

Veja-se que, no caso, o imóvel foi adquirido na constância da união estável, portanto, configurada a
copropriedade, pela dicção do artigo 1.725: “Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros,
aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”.

A resposta, portanto, é a alternativa C.

6. (CESPE / DPE-PE – 2018) Francisco comprou, em janeiro de 2014, um lote de 240 m2 de Antônio,
que se apresentou como proprietário do imóvel. Francisco construiu uma casa de alvenaria, instalando-se
no local com sua família. Depois de três anos de posse mansa e pacífica, Danilo, o verdadeiro proprietário,
ajuizou ação para reaver a posse do imóvel. Só então, Francisco descobriu que fora vítima de uma fraude,
pois Antônio havia falsificado os documentos para induzi-lo a erro.

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Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.


a) Francisco não poderá adquirir o terreno mediante pagamento de indenização a Danilo, ainda que a
construção exceda consideravelmente o valor do terreno.
b) Não tendo observado a fraude no momento da contratação, Francisco não poderá pleitear indenização
em face de Antônio.
c) Danilo perderá o terreno em favor de Francisco, cabendo-lhe apenas o direito à indenização.
d) Francisco adquiriu, em 2017, a propriedade do imóvel pela usucapião especial urbana, ficando, nesse caso,
dispensado de pagar indenização a Danilo.
e) Francisco, que agira de boa-fé, perderá em favor de Danilo os direitos sobre as construções realizadas no
terreno, devendo, no entanto, ser indenizado.

Comentários

A alternativa A está incorreta, na cumulação do caput do art. 1.255 (“Aquele que semeia, planta ou edifica
em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de
boa-fé, terá direito a indenização”) com seu parágrafo único (“Se a construção ou a plantação exceder
consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade
do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo)”.

A alternativa B está incorreta, conforme o supracitado caput do cart. 1.255.

A alternativa C está incorreta, diante do mesmo art. 1.255, parágrafo único.

A alternativa D está incorreta, pois o lapso temporal para a usucapião urbana de imóvel até 250 m² é de
cinco anos (art. 9º da Lei 10.257/2001, que regulamenta os artigos 182 e 183 da CF/1988) e, no caso, a posse
mansa e pacífica de Francisco se deu por apenas três anos.

A alternativa E está correta, pois, mais uma vez, “aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio
perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito
a indenização” (art. 1.255).

7. (TRF / TRF-2ª Região – 2017) Em maio de 2015, Gaio intenta ação objetivando ver reconhecida a
usucapião sobre imóvel de 150 m², localizado em terreno de marinha, com enfiteuse regularmente
constituída em favor de Tício, em 1980. Gaio mostra que, diante do aparente abandono local, desde 1997
passou a exercer posse contínua e não incomodada sobre a área, com ânimo de proprietário, realizando
melhorias e pagando as despesas, impostos e foro sobre o bem. Os autos revelam que Tício fora
interditado em 2004, e afirmado, segundo a lei vigente, absolutamente incapaz. Desde então não ocorreu
a mudança de seu quadro de interdição. Considerados corretos todos os dados acima, assinale a opção
certa:
a) No caso, é viável a usucapião extraordinária do domínio direto.
b) Em tese, estão presentes e descritos os pressupostos para a usucapião especial urbana do domínio útil.
c) Não é viável, nem em tese, reconhecer usucapião, seja do domínio direto, seja do domínio útil, já que o
imóvel é público.

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d) A jurisprudência é assente ao admitir, em terreno de marinha objeto de aforamento, a possibilidade de


usucapião extraordinária do domínio útil, mas no caso os pressupostos não estão presentes.
e) Estão presentes os pressupostos para a declaração da usucapião extraordinária do domínio útil, mas não
estão descritos os pressupostos necessários para a usucapião especial urbana.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque o domínio direto (o direito de propriedade elastecido ao seu limite)
não pode ser usucapido por ser o bem público.

A alternativa B está incorreta, primeiro, porque a rigor, aplicando-se o art. 1.244 (“Estende-se ao possuidor
o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as
quais também se aplicam à usucapião”), não correria o prazo de usucapião em desfavor de Tício, então
absolutamente incapaz, a partir de 2004 (situação essa que não mais perdura com a modificação do art. 3º
do CC/2002 pelo EPD), pelo que passados apenas 7 anos.

Além disso, o enunciado não menciona se Gaio é ou não proprietário de outro bem ou que naquele
estabeleceu sua moradia, requisitos esses necessários a reduzir o prazo para cinco anos, a teor do art. 1.240:
“Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio,
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

A alternativa C está incorreta, porque, em tese, é possível reconhecer a usucapião sobre o domínio útil.

A alternativa D está correta, segundo o STF: “O ajuizamento de ação contra o foreiro, na qual se pretende
usucapião do domínio útil do bem, não viola a regra de que os bens públicos não se adquirem por usucapião
(RE 218.324-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 20-4-2010, Segunda Turma, DJE de 28-5-2010)”.

A alternativa E está incorreta, já que o art. 1.238 (“Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé;
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório
de Registro de Imóveis”) exige transcurso de15 anos, não ultrapassados em vista da incapacidade
supramencionada.

8. (VUNESP / TJ-SP – 2017) Não sendo proprietário de imóvel, Nelson passa a ocupar como seu, no
ano de 2005, imóvel localizado em área urbana de Brasília, com 450 metros quadrados. Ali estabelece sua
moradia habitual, tornando pública a posse. O imóvel é de propriedade de Fábio, embaixador brasileiro
em atividade na Bélgica desde o ano 2000. Quando retorna ao Brasil no ano de 2008, Fábio se aposenta e
fixa residência em Santa Catarina. No ano de 2016, Nelson propõe ação de usucapião contra Fábio.
Considerando ser incontroverso que Nelson exerce a posse, sem quaisquer vícios, assinale a alternativa
correta.
a) A ação é procedente, pois foram preenchidos todos os requisitos legais da usucapião extraordinária: posse
com animus domini por 10 (dez) anos, já́ que Nelson estabeleceu no imóvel sua moradia habitual, sem
interrupção ou oposição.

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b) A ação é procedente, pois foram preenchidos todos os requisitos legais da usucapião especial urbana:
posse com animus domini, por 5 (cinco) anos, já́ que Nelson estabeleceu no imóvel sua moradia habitual,
sem interrupção e oposição, não sendo proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
c) A ação é improcedente, pois, embora a posse tenha sido exercida com animus domini, de forma contínua
e pacífica, faltou o preenchimento do requisito temporal de 10 (dez) anos, em razão da existência de causa
impeditiva atinente à ausência de Fábio do país, o que impediu a contagem do prazo da prescrição aquisitiva
entre 2005 e 2008.
d) A ação é improcedente, pois, embora dispensados o justo título e a boa-fé́, e tendo a posse sido contínua
e pacífica, não foi preenchido o pressuposto temporal de 15 (quinze) anos.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que apesar de estar correta a hipótese de usucapião aplicável, incorreta
a contagem do tempo, pela conjugação do art. 1.244 (“Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao
devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se
aplicam à usucapião”) com o art. 198, inc. II (“Também não corre a prescrição contra os ausentes do País em
serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios”).

A alternativa B está incorreta, por aplicação do art. 1.240: “Aquele que possuir, como sua, área urbana de
até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-
a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro
imóvel urbano ou rural”.

A alternativa C está correta, já que, a despeito de ter cumprido praticamente todos os requisitos exigidos
pelo art. 1.238, parágrafo único, infra citados, a ausência de Fábio em território nacional, por força do art.
198, inc. II, suspendeu a contagem do prazo necessário à aquisição da propriedade por usucapião por Nelson.

A alternativa D está incorreta, pela conjugação do art. 1.238 (“Aquele que, por quinze anos, sem interrupção,
nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-
fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no
Cartório de Registro de Imóveis”) com seu parágrafo único (“O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á
a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou
serviços de caráter produtivo”).

9. (FCC / TJ-SC – 2017) João X é proprietário de um imóvel de 230 m2, onde reside com sua família, e
adquiriu, posteriormente, em 12.5.2010, o imóvel contíguo de 250 m2 mediante escritura de venda e
compra outorgada por José Y, registrada no serviço de registro de imóveis, e onde existe um casebre por
ele totalmente reformado, no ano de 2011, inclusive executando benfeitorias necessárias, úteis e
voluptuárias. Em 10.3.2016, João X foi citado em ação reivindicatória movida por Antônio Z que
comprovou ser proprietário do imóvel adquirido de José Y por João X, conforme o registro imobiliário,
porque a escritura anterior recebida por José Y era falsa e outorgada por Joaquim P condenado por
estelionato. Não obstante isso, João X, depois da citação, realizou benfeitorias necessárias. Em defesa, o
réu alegou que comprou esse imóvel de boa-fé e que, em razão do tempo decorrido, o adquiriu pela
usucapião quinquenal. A ação deverá ser julgada

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a) improcedente, porque a usucapião pode ser alegada como matéria de defesa, devendo o autor ser
declarado proprietário desse imóvel.
b) procedente, mas o autor terá direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, podendo exercer
o direito de retenção pelo valor dessas benfeitorias, realizadas antes da citação, bem como ao ressarcimento
das benfeitorias necessárias pela importância delas, realizadas depois da citação, mas sem direito de
retenção; quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, permite-se o levantamento, quando o puder, sem
detrimento da coisa.
c) procedente, e o autor terá direito ao ressarcimento de todas as benfeitorias necessárias e úteis, podendo
exercer quanto a elas direito de retenção e, quanto às voluptuárias, se não lhes forem pagas poderá levantá-
las, desde que sem detrimento da coisa.
d) procedente, mas o autor terá direito ao ressarcimento das benfeitorias necessárias e úteis, mas direito de
retenção só relativamente às necessárias introduzidas antes da citação e, quanto às voluptuárias, poderá
levantá-las se não forem ressarcidas.
e) improcedente, porque autor é adquirente de boa-fé, ficando prejudicada a alegação de usucapião.

Comentários

A questão foi anulada, de maneira correta, como previ à época, mas por um detalhe que passou
desapercebido do examinador (que trocou autor e réu nas assertivas). Isso, claro, não impede sua análise.

A alternativa A está incorreta, porque o cabimento da usucapião tabular prevista no art. 1.239, parágrafo
único (“Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente,
com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores
nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico”), não
fica claro pelo enunciado. Aparentemente não houve cancelamento do registro (ao menos ainda) e nem
estabeleceu o possuidor moradia (tecnicamente morava no outro terreno) ou realizou investimentos de
interesse social e econômico (meras benfeitorias).

A alternativa B está incorreta, e fora apontada como correta no gabarito preliminar. Sua incorreção advém
do art. 1.222: “O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de
optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual”.

Ou seja, a indenização pelas benfeitorias necessárias realizadas após a citação ocorrerá pelo valor atual ou
de custo, à escolha do reivindicante, e não “pela importância delas”, como menciona a alternativa. No mais,
a alternativa está correta, trazendo as normas dos arts. 1.219 e 1.220.

A alternativa C está incorreta, dada a previsão do art. 1.219: “O possuidor de boa-fé tem direito à indenização
das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-
las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das
benfeitorias necessárias e úteis”.

A alternativa D está incorreta, como se vê pelo art. 1.220: “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente
as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar
as voluptuárias”.

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A alternativa E está incorreta, porque a ação é a reivindicatória e, portanto, o autor é Antônio e não João.

10. (VUNESP / MP-SP – 2017) Carlos pegou o metrô e ao sentar-se no vagão, observa a existência de
uma carteira cheia de dinheiro esquecida no banco ao seu lado. De acordo com a legislação civil brasileira,
assinale o que ele deve fazer com a sua descoberta.
a) Entregar a carteira imediatamente para o segurança da empresa privada que presta serviços de segurança
dentro do metrô, mediante comprovante de entrega.
b) Permanecer com a carteira por 72 horas, aguardando que o dono da carteira o procure durante esse
intervalo de tempo, após o qual poderá permanecer com ela.
c) Devolver a carteira ao seu dono ou possuidor, ou, caso não o conheça, deverá tentar encontrá-lo ou
entregar a coisa achada às autoridades competentes.
d) Permanecer com a carteira, porque achado não é roubado, haja visto que a legislação civil autoriza que a
descoberta seja mantida com quem a encontra.
e) Deixar a carteira no banco ao seu lado e nada fazer com ela.

Comentários

A alternativa A está incorreta, segundo o art. 1.233: “Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-
la ao dono ou legítimo possuidor”.

A alternativa B está incorreta, já que ele deve devolver ao dono, não permanecer com ela consigo nem
entregar a outrem.

A alternativa C está correta, cumulando-se o caput do art. 1.233, supramencionado, com seu parágrafo
único: “Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa
achada à autoridade competente”.

A alternativa D está incorreta, conforme já exposto na assertiva B.

A alternativa E está incorreta, ainda que provavelmente a opção mais plausível do ponto de vista prático.

11. (CESPE / DPE-AL – 2017) Assinale a opção que apresenta um modo de aquisição ordinária da
propriedade
a) renúncia
b) usucapião
c) desapropriação
d) alienação
e) abandono

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A alternativa A está incorreta, consoante o art. 1.275, inc. II: “Além das causas consideradas neste Código,
perde-se a propriedade pela renúncia”.

A alternativa B, está correta. A aquisição da propriedade imóvel e móvel está regulada nos arts. 1.238 a
1.248 e 1.260 a 1.274, sendo a usucapião uma dessas possibilidades.

A alternativa C está incorreta, na forma do art. 1.275, inc. V: “Além das causas consideradas neste Código,
perde-se a propriedade por desapropriação”.

A alternativa D está incorreta, diante do exposto no art. 1.275, inc. I: “Além das causas consideradas neste
Código, perde-se a propriedade por alienação”.

A alternativa E está incorreta, segundo o art. 1.275, inc. III: “Além das causas consideradas neste Código,
perde-se a propriedade por abandono”.

12. (TRF / TRF-4ª Região – 2016) Assinale a alternativa INCORRETA.


Acerca da usucapião de bens imóveis:
a) O prazo da usucapião extraordinária é de 10 anos, podendo ser reduzido para 5 anos se o possuidor houver
estabelecido no imóvel sua moradia habitual ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
b) O prazo da usucapião especial por abandono do lar, também conhecida como conjugal, é de 2 anos.
c) O prazo da usucapião pro labore, também conhecida como especial rural, é de 5 anos.
d) O prazo da usucapião documental, também conhecida como tabular, é de 5 anos.
e) O prazo da usucapião especial coletiva de bem imóvel, previsto no Estatuto das Cidades, é de 5 anos.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois o prazo para usucapião extraordinária é de 15 anos, segundo o art. 1.238
(“Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a
propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por
sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis”), podendo ser reduzido
a 10 anos, nos termos do parágrafo único (“O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o
possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de
caráter produtivo”).

A alternativa B está correta, de acordo com o art. 1.240-A: “Aquele que exercer, por 2 (dois) anos
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m²
(duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

A alternativa C está correta, segundo o art. 1.239: “Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou
urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não
superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade”.

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A alternativa D está correta, nos termos do art. 1.242 (“Adquire também a propriedade do imóvel aquele
que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos”) e seu parágrafo único
(“Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com
base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele
tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico”).

A alternativa E está correta, conforme art. 10 do Estatuto da Cidade.

13. (CESPE / TJ-DFT – 2016) A respeito da posse e do direito das coisas, assinale a opção correta.
a) A posse ad interdicta dá ensejo à prescrição aquisitiva originária pela usucapião.
b) A propriedade, conforme disposição legal, incide exclusivamente sobre bens corpóreos.
c) A resolução da propriedade determinada por causa originária, prevista no título, produzirá efeitos ex nunc
e inter partes.
d) A sentença que reconhece a usucapião tem natureza constitutiva.
e) A posse pode ser adquirida por terceiro, sem mandato do pretendente, caso em que a aquisição depende
de ratificação.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois é a posse ad usucapionem que dá ensejo à aquisição da propriedade por
usucapião, desde que obedecidos os parâmetros legais.

A alternativa B está incorreta, visto que a propriedade incide sobre bens corpóreos e incorpóreos, como
ocorre na propriedade intelectual.

A alternativa C está incorreta, segundo o Enunciado 509 do CJF: “A resolução da propriedade, quando
determinada por causa originária, prevista no título, opera ex tunc e erga omnes; se decorrente de causa
superveniente, atua ex nunc e inter partes.

A alternativa D está incorreta, pois a sentença que reconhece a usucapião tem natureza declaratória, tendo
em vista o caráter originário da aquisição da propriedade.

A alternativa E está correta, conforme o art. 1.205, inc. II: “A posse pode ser adquirida por terceiro sem
mandato, dependendo de ratificação”.

14. (VUNESP / TJ-RJ – 2016) Rony, há 6 (seis) anos ininterruptos e sem oposição, possui como sua uma
pequena casa de 90 m², em área urbana, onde reside com sua família. Não é proprietário de outro imóvel,
urbano ou rural. Anteriormente à sua posse, a casa era ocupada por um amigo seu que se mudou para
outro Estado, mas Rony não sabe a que título seu amigo ocupava o imóvel. Dois anos após a ocupação por
Rony, foi averbada na matrícula do imóvel uma certidão de distribuição de uma ação de execução em face
do formal proprietário do bem. Rony não recebeu notícia da averbação realizada.
Diante dessas circunstâncias, é correto afirmar que
a) a averbação da certidão de distribuição da execução interrompeu o prazo para prescrição aquisitiva.

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b) não se operou a prescrição aquisitiva, por falta de lapso temporal suficiente.


c) a averbação da certidão de distribuição da execução suspende o prazo para prescrição aquisitiva, até que
seja cancelada a averbação por algum motivo.
d) Rony não usucapiu o imóvel na medida em que a averbação da certidão de distribuição da execução
implica na impossibilidade de usucapir por modalidade diversa da usucapião extraordinária.
e) se operou a prescrição aquisitiva em favor de Rony, pela denominada usucapião especial urbana
residencial individual.

Comentários

A alternativa A está incorreta, justamente porque, apesar de se insistir chamar a usucapião de prescrição
aquisitiva, pela leitura equivocada do art. 1.244, não se enquadra a situação narrada em nenhuma das
hipóteses legais.

A alternativa B está incorreta, segundo o art. 1.239: “Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou
urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade”.

A alternativa C está incorreta, pelas mesmas razões da alternativa A, supramencionada.

A alternativa D está incorreta, já que a averbação não limita a usucapião à modalidade extraordinária.

A alternativa E está correta, segundo o STJ: “A decisão que reconhece a aquisição da propriedade de bem
imóvel por usucapião prevalece sobre a hipoteca judicial que anteriormente tenha gravado o referido bem.
Isso porque, com a declaração de aquisição de domínio por usucapião, deve desaparecer o gravame real
constituído sobre o imóvel, antes ou depois do início da posse "ad usucapionem", seja porque a sentença
apenas declara a usucapião com efeitos "ex tunc", seja porque a usucapião é forma originária de aquisição
de propriedade, não decorrente da antiga e não guardando com ela relação de continuidade (REsp
620.610/DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 19/02/2014)”.

15. (FCC / PGE-MA – 2016) Marcelo possuiu, como seu, imóvel no qual estabeleceu sua moradia
habitual, por onze anos, sem interrupção nem oposição, e não ostentando justo título. No imóvel, foram
descobertas jazidas e recursos minerais. Em ação de usucapião, Marcelo requereu fosse declarada
aquisição do imóvel e das jazidas e recursos minerais, pelo transcurso do tempo. A pretensão
a) procede em parte, porque a usucapião extraordinária independe de justo título e seu prazo é reduzido de
quinze para dez anos quando o possuidor estabelece no imóvel sua moradia habitual, porém, a usucapião
não alcançará́ as jazidas e recursos minerais, porque a propriedade do solo não as abrange.
b) procede em parte, porque a usucapião extraordinária independe de justo título e seu prazo é reduzido de
vinte para dez anos quando o possuidor estabelece no imóvel sua moradia habitual, porém, a usucapião não
alcançará́ as jazidas e recursos minerais, porque a propriedade do solo não as abrange.
c) não procede, porque as terras em que se encontram jazidas e recursos minerais não podem ser
usucapidas.

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d) procede no todo, porque a usucapião extraordinária independe de justo título e seu prazo é reduzido de
vinte para dez anos quando o possuidor estabelece no imóvel sua moradia habitual e com a aquisição da
propriedade do solo, adquire-se a propriedade das jazidas e recursos minerais, que ao solo pertencem.
e) não procede, porque a usucapião, em qualquer de suas espécies, demanda a existência de justo título.

Comentários

A alternativa A está correta, pela combinação dos arts. 1.230 e 1.238 do CC/2002, transcritos abaixo.

A alternativa B está incorreta, pela regra do art. 1.238: “Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé;
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório
de Registro de Imóveis”.

A alternativa C está incorreta, dado que não há qualquer restrição à usucapião em situações análogas.

A alternativa D está incorreta, na forma do art. 1.230: “A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas
e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens
referidos por leis especiais”.

A alternativa E está incorreta, na literalidade do art. 1.238, já mencionado: “Aquele que, por quinze anos,
sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual
servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis”.

16. (FCC / DPE-BA – 2016) A posse-trabalho


a) pode gerar a desapropriação de terras públicas em favor de um grupo de pessoas que realizou obras ou
serviços considerados de interesse social e econômico relevante.
b) pode gerar ao proprietário a privação da coisa reivindicada, se for exercida em extensa área por prazo
ininterrupto de cinco anos, mas o proprietário tem direito à fixação de justa indenização.
c) é aquela que permite a usucapião especial urbana, em imóveis com área não superior a 250 metros
quadrados e, por ser forma originária de aquisição da propriedade, independe de indenização.
d) está prevista no Estatuto da Cidade como requisito para a usucapião coletiva de áreas urbanas ou rurais
onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor.
e) se configura como a mera detenção, também chamada de fâmulo da posse, fenômeno pelo qual alguém
detém a posse da coisa em nome alheio.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pela aplicação do art. 102: “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião”.
Sendo a posse requisito indispensável da usucapião, impossível tratar desta sem aquela.

A alternativa B está correta, na forma do art. 1.228, §§ 4º (“O proprietário também pode ser privado da coisa
se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos,

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de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras
e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante”) e 5º (“No caso do parágrafo
antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como
título para o registro do imóvel em nome dos possuidores”) do CC/2002.

A alternativa C está incorreta, pois o art. 9º do Estatuto da Cidade (“Aquele que possuir como sua área ou
edificação urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural”) e o art. 1.240 do CC/2002 (“Aquele que possuir, como sua,
área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural”) tratam da posse-moradia.

A alternativa D está incorreta, já que o art. 10 do Estatuto trata da posse-moradia: “As áreas urbanas com
mais de duzentos e cinquenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia,
por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados
por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não
sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural”.

A alternativa E está incorreta, dado que aquele que possui bem para nele trabalhar não se considera
detentor.

17. (FCC / DPE-ES – 2016) Cícero é proprietário de vários imóveis urbanos de pequeno valor, e veio a
casar-se com Josefa pelo regime legal de bens, em 10/01/2006, sendo que ela de nenhum imóvel era
proprietária. O casal foi residir em um dos imóveis de 250 m2 pertencente ao varão e, a partir daí, nada
mais adquiriram, em virtude de seus gastos excessivos. Passados dez anos, Cícero abandonou o cônjuge e
passou a viver maritalmente com Roberta, tendo um filho. Nesse caso, Josefa
a) não adquirirá o imóvel em que reside, ainda que exerça a posse exclusiva, exceto pela usucapião ordinária,
porque a situação dela e de Cícero é semelhante à de condôminos de coisa indivisível em que a posse de um
não pode impedir à do outro.
b) não adquirirá o imóvel onde reside pela usucapião familiar ou conjugal, mesmo se decorridos dois anos
ininterruptamente e sem oposição de sua posse direta e com exclusividade sobre o imóvel, por faltar-lhe
requisito estabelecido em lei para essa forma especial de aquisição da propriedade.
c) se exercer por dois anos ininterruptamente e sem oposição a posse direta com exclusividade sobre o
imóvel onde reside, desde que não seja proprietária de outro imóvel urbano ou rural, adquiri-lhe-á o domínio
pela usucapião.
d) se exercer por um ano ininterruptamente e sem oposição a posse direta com exclusividade sobre o imóvel
onde reside, desde que não seja proprietária de outro imóvel urbano ou rural, adquiri-lhe-á o domínio pela
usucapião.
e) mesmo preenchendo todos os requisitos para a aquisição do imóvel onde reside pela usucapião familiar
ou conjugal, não obterá o domínio, porque Cícero veio a ter um descendente, que é herdeiro necessário.

Comentários

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A alternativa A está incorreta, pois a hipótese é a de usucapião familiar, cujos requisitos se encontram no
caput do artigo 1240-A.

A alternativa B está correta, pois falta o requisito da propriedade comum, uma vez que o imóvel foi adquirido
previamente ao casamento, regido pela comunhão parcial de bens, como se denota pelo art. 1.240-A:
“Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade,
sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com
ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

A alternativa C está incorreta, novamente, pela falta da propriedade comum.

A alternativa D está incorreta, porque o requisito temporal do artigo 1.240-A do CC é de dois anos de posse
ininterrupta e não ânuo.

A alternativa E está incorreta, sendo irrelevante o fato de Cícero ter gerado descendente após o abandono
do lar.

18. (FCC / TJ-AL – 2015) A propriedade do solo


a) abrange a do subsolo apenas para explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil,
desde que não submetidos a transformação industrial.
b) abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício,
não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou
profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
c) não abrange a do subsolo, por isso o proprietário não pode opor-se a atividades que sejam realizadas por
terceiros no subsolo, ainda que tenha interesse em impedi-las.
d) não abrange a do espaço aéreo, mas abrange a do subsolo.
e) não abrange a do espaço aéreo e o subsolo correspondentes, em qualquer altura ou profundidade, mesmo
que úteis ao seu exercício, podendo, entretanto, obter autorização administrativa para sua utilização, desde
que não prejudique terceiros ou o interesse público.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque a propriedade do solo abrange a do subsolo correspondente em


profundidade útil para seu exercício, na dicção do art. 1.229 do CC/2002, não estando restrita apenas à
exploração de recursos minerais de emprego imediato na construção civil não submetidos a transformação
industrial.

A alternativa B está correta, conforme art. 1.229, CC/2002: “A propriedade do solo abrange a do espaço
aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o
proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que
não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.”

A alternativa C está incorreta, pois contrária ao art. 1.229.

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A alternativa D está incorreta, pois contrária ao art. 1.229, igualmente.

A alternativa E está incorreta, pois contrária ao art. 1.229, mais uma vez.

19. (MPE-SP / MPE-SP – 2015) O artigo 1244 do Código Civil reza que: “Estende-se ao possuidor o
disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as
quais também se aplicam a usucapião.” Assim, entre as alternativas apresentadas abaixo, marque aquela
em que a usucapião poderá ser alegada:
a) entre cônjuges na constância do casamento.
b) entre tutelados e seus tutores, durante a tutela.
c) contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
d) contra os outros condôminos, uma vez cessado o estado de indivisão e comprovada a posse exclusiva da
coisa.
e) contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados e dos Municípios.

Comentários

A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 197, inc. I: “Não corre a prescrição entre os cônjuges, na
constância da sociedade conjugal”.

A alternativa B está incorreta, conforme o art. 197, inc. III: “Não corre a prescrição entre tutelados ou
curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela”.

A alternativa C está incorreta, na dicção do art. 198, inc. III: “Também não corre a prescrição contra os que
se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra”.

A alternativa D está correta, segundo o STJ: “Esta Corte firmou entendimento no sentido de ser possível ao
condômino usucapir se exercer posse exclusiva sobre o imóvel" (STJ, AgRg no Ag 731971/MS, Terceira Turma,
Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 23.09.08).

A alternativa E está incorreta, consoante regra do art. 198, inc. II: “Também não corre a prescrição contra os
ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios”.

20. (UFPR / PGM-Curitiba (PR) – 2015) Sobre usucapião, considere as seguintes situações:
1. A Associação de Moradores da Comunidade Pinhal, regularmente constituída, tem legitimidade, como
substituto processual, para ajuizar ação de usucapião especial coletiva urbana em favor dos associados que
expressamente a autorizaram a regularizar a situação do imóvel de 900 m² que habitam com suas famílias
há 6 anos, ininterruptamente e sem oposição. Pinhal é uma comunidade de famílias de baixa renda e não foi
possível identificar de forma individual os terrenos ocupados por cada grupo. A sentença que acolher o
pedido declarará o direito dos compossuidores à usucapião e atribuirá a cada um deles fração ideal do
terreno sem levar em conta a dimensão que cada qual ocupa na área.
2. Na usucapião especial urbana ou constitucional não é admissível a acessio possessionis, ou seja, a acessão
ou junção da posse, pois não há transmissão da posse por ato intervivos, já que se exige que a posse seja
pessoal. De outro lado, poderá utilizar-se o prazo do ex-possuidor, no caso de sucessio possessionis, quando

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o sucessor, ao tempo do óbito, já residia no imóvel, porque não haverá quebra do período possessório de
cinco anos.
3. Marialva recebeu por herança uma pequena chácara em Adrianópolis, mas pretende vendê-la para
comprar um carro, porque já está acostumada a morar em Curitiba. Antes, porém, quer resolver a situação
do apartamento de 200m² no Bairro Alto, onde vive com seus dois filhos gêmeos de 5 anos. O imóvel foi
comprado quando ela ainda coabitava com o pai dos meninos, que deixou o convívio familiar há 2 anos. Ele
não colabora com as despesas do lar, nem visita os gêmeos regularmente, mas não se opõe a que Marialva
habite o apartamento. Marialva reúne as condições para aquisição da integralidade desse imóvel através de
usucapião familiar.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.

Comentários

O item I está correto, na forma do art. 12, inc. III do Estatuto da Cidade: “São partes legítimas para a
propositura da ação de usucapião especial urbana, como substituto processual, a associação de moradores
da comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada
pelos representados”.

Boa parte desse item ainda se baseia na redação original do art. 10, mas isso não invalida, de per si, o item.
Vide, novamente, a redação original (“As áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta metros
quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e
sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis
de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel
urbano ou rural”) e a atual (“Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco anos e
cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados
por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente, desde que os possuidores não sejam
proprietários de outro imóvel urbano ou rural”).

O item II está correto, conforme o art. 1.240 (“Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos
e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural”), que exige posse ininterrupta. Ademais, vide o art. 9º, §3º do Estatuto: “Para os efeitos deste
artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse de seu antecessor, desde que já resida no
imóvel por ocasião da abertura da sucessão”.

O item III está incorreto, de acordo com o art. 1.240-A, §1º: “O direito previsto no caput não será reconhecido
ao mesmo possuidor mais de uma vez”.

A alternativa B está correta, portanto.

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21. (TRF-4ª REGIÃO –/ TRF-4ª REGIÃO – 2014) Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta.
O Código Civil de 2002 (na redação vigente) assegura o respeito à propriedade, na mesma linha traçada pelo
legislador constituinte no art. 5º, caput e inciso XXII, da Constituição Federal de 1988, garantindo, a cada um,
o direito ao respeito a seus bens. De fato, só a tutela jurídica da propriedade ocupa o extenso Título III (Da
Propriedade) do Livro III (Do Direito das Coisas) de sua Parte Especial. Com base nos respectivos dispositivos,
pode-se dizer que:
I. Ainda que o proprietário tenha a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa e o direito de reavê-la do poder
de quem quer que, injustamente, a possua ou detenha, ele terá de respeitar, entre outros, o equilíbrio
ambiental e os patrimônios históricos e artísticos, na forma e nos limites estabelecidos pelas leis especiais
respectivas.
II. O proprietário pode ser privado da coisa em determinadas situações, como, por exemplo, por
desapropriação judicial decorrente da posse-trabalho, garantindo-lhe a justa indenização fixada pelo Juiz,
sendo que, uma vez pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos
possuidores.
III. A usucapião especial urbana residencial familiar exige, como condições para que oa) interessadoa) possa
vir a ser declaradoa) proprietárioa) pela referida usucapião, que a posse ad usucapionem seja exercida, sem
interrupção ou oposição, por no mínimo 5 (cinco) anos, por aquelea) que dividia o imóvel com ex-cônjuge
ou ex-companheiroa) que abandonou o lar, e desde que esteja presente a finalidade de utilização do imóvel
para fins de moradia própria, individual ou de sua família.
a) Está correta apenas a assertiva I.
b) Está correta apenas a assertiva II.
c) Está correta apenas a assertiva III.
d) Estão corretas apenas as assertivas I e II.
e) Estão corretas apenas as assertivas II e III.

Comentários

O item I está correto, conforme se extrai da leitura do caput do art. 1.228 (“O proprietário tem a faculdade
de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua
ou detenha”) e seu §1º (“O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei
especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem
como evitada a poluição do ar e das águas”).

O item II está correto, nos termos dos §§ 4º (“O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel
reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de
considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e
serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante”) e 5º (“No caso do parágrafo
antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como
título para o registro do imóvel em nome dos possuidores”) do art. 1.228.

O item III está incorreto, conforme determina o art. 1.240-A: “Aquele que exercer, por 2 (dois) anos
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m²

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(duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.”

A alternativa D é a correta, portanto.

22. (VUNESP / TJ-RJ – 2014) Assinale a alternativa que versa corretamente sobre aspectos do direito à
propriedade.
a) Na propriedade fiduciária, o contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já
integrava o patrimônio do devedor.
b) Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha são oponíveis à União.
c) Aquele que possuir coisa alheia móvel como sua, continuamente por 2 (dois) anos, com justo título e boa-
fé, adquirir-lhe-á a propriedade.
d) A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis constitui bem de família para efeito
de penhora.

Comentários

A alternativa A está correta, nos termos do exato teor da Súmula 28 do STJ: “O contrato de alienação
fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já integrava o patrimônio do devedor.”

A alternativa B está incorreta, pois contraria a Súmula 496 do STJ: “Os registros de propriedade particular
de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União.”

A alternativa C está incorreta, visto que o prazo para aquisição da propriedade de bem móvel, presentes
justo título e boa-fé, é de 3 anos, segundo o art. 1.260: “Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua
e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade”.

A alternativa D está incorreta, segundo a Súmula 449 do STJ: “A vaga de garagem que possui matrícula
própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora”.

23. (VUNESP / TJ-SP – 2014) Assinale a opção correta.


a) Pode ser transferida ao comprador, por contrato, coisa que já lhe pertence, desde que o desconheça.
b) Na venda a non domino, estando o adquirente de boa fé e o alienante adquirir depois a propriedade,
convalida-se o ato, considerando-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição.
c) Na venda de coisa alheia, feita a tradição, a propriedade se transfere imediata e automaticamente,
independentemente de qualquer circunstância.
d) Mesmo no caso de furto ou roubo, a propriedade é transferida, e a posse, legitimada.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já é absolutamente incondizente permitir que alguém adquira a propriedade
sobre algo que já lhe pertence.

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A alternativa B está correta, consoante se retira do art. 1.268 (“Feita por quem não seja proprietário, a
tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento
comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o
alienante se afigurar dono”) e seu §1º (“Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a
propriedade, considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição”), que
tratam da venda a non domino, qual seja aquela realizada por quem não é o proprietário do bem.

A alternativa C está incorreta, de acordo com o mencionado art. 1.268, §1º.

A alternativa D está incorreta, consoante regra do art. 1.208: “Não induzem posse os atos de mera permissão
ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de
cessar a violência ou a clandestinidade”.

24. (FCC / TJ-AP – 2014) José e Maria, casados sob o regime da comunhão parcial de bens, adquiriram
um terreno em loteamento devidamente registrado com área de 300 m², nele construindo uma casa para
residência da família, que ocupa 250 m², sendo essa área murada, embora restassem nos fundos 50 m²,
contíguos a uma outra área destinada a uma praça que, entretanto, não foi concluída, nem pela
municipalidade, nem pelo loteador. José abandonou a família e Maria pediu separação judicial, convertida
posteriormente em divórcio, sendo o cônjuge citado por edital, mas não houve a partilha de bens.
Decorridos 6 anos do divórcio, José retornou e passou a ocupar a área remanescente de 50 m² do imóvel
referido e mais 200 m² contíguos, onde se situaria a praça, nelas construindo sua moradia. As casas de José
e Maria são as únicas de cada um. Passados 10 anos do divórcio e 5 anos desde que José veio a residir,
com ânimo de dono, no local mencionado e sem que sofressem oposição às respectivas posses,
a) apesar do tempo decorrido, nem José, nem Maria adquiririam o domínio exclusivo das áreas que ocupam
porque, após a separação judicial, extinguindo-se o regime de bens do casamento, tornaram-se condôminos
e o condômino não pode adquirir, por usucapião, a totalidade do imóvel.
b) Maria só terá adquirido o domínio integral da área em que ficou residindo, depois de 5 anos e José não
poderá adquirir por usucapião a área total que ocupa com exclusividade.
c) Maria terá adquirido o domínio integral da área em que ficou residindo com a família, depois de 2 anos
ininterruptos de sua posse exclusiva, mas José não poderá adquirir por usucapião a área total que ocupa com
exclusividade.
d) José e Maria terão adquirido pela usucapião a totalidade das áreas que ocupam, cada um deles após 2
anos de efetiva ocupação.
e) José e Maria adquiriram o domínio das respectivas áreas, após 5 anos de efetiva ocupação.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque Maria usucapirá a área ocupada, de acordo com o art. 1.240-A:
“Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade,
sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com
ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

A alternativa B está incorreta, por aplicação do prazo bienal mencionado anteriormente.

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A alternativa C está correta, na conjugação do art. 1.240-A, supracitado, com o art. 102, citado infra,
permitindo-se a José a usucapião da área de 50m2, apenas.

A alternativa D está incorreta, porque a área pública é inusucapível por José, por força do art. 102: “Os bens
públicos não estão sujeitos a usucapião”.

A alternativa E está incorreta, pelas mesmas razões mencionadas na alternativa anterior.

25. (FMP-RS / TJ-MT – 2014) Analise as afirmativas abaixo.


I. É admitida a modalidade de usucapião especial urbano residencial familiar de imóvel de até 250m², desde
que computados dois anos de posse ininterrupta, exclusiva, sem oposição e direta, pelo cônjuge que
permanece residindo no imóvel, contra o ex- cônjuge, ou ex-companheiro, que abandonou o lar e com quem
dividia a propriedade, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
II. As normas do Código Civil que instituem causas obstativas, suspensivas ou interruptivas dos prazos
prescricionais não são aplicáveis à disciplina específica das ações de usucapião.
III. Para os fins da disciplina da usucapião ordinária, considera-se justo o título hábil, em tese, à transferência
do domínio, sendo exemplo o título aquisitivo a non domino.
IV. A boa-fé, dispensável na modalidade de usucapião extraordinária, mas indispensável na modalidade
ordinária, é aquela relativa à dimensão psicológica.
Quais estão corretas?
a) Apenas a I e II.
b) Apenas a II, III e IV.
c) Apenas a III e IV.
d) Apenas a I, III e IV.
e) Apenas a I, II e III.

Comentários

O item I está correto, de acordo com o art. 1.240-A: “Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente
e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta
metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar,
utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

O item II está incorreto, nos termos do art. 1.244: “Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor
acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à
usucapião”.

O item III está correto, dado que da leitura do Enunciado 302 do CJF (“Pode ser considerado justo título para
a posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art.
113 do Código Civil”), pode-se inferir o título aquisitivo a non domino.

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O item IV está correto, já que, ao contrário da disciplina contratual, que trata da boa-fé objetiva, a posse
trata da boa-fé subjetiva.

A alternativa D é a correta, portanto.

26. (FCC / DPE-RS – 2014) José da Silva tomou conhecimento da existência de uma rudimentar casa
urbana de veraneio, construída sobre um terreno de 300 m², que estava desocupada e, com sua esposa e
dois filhos, esbulhou o imóvel em 5 de abril de 1998. Desde então, estabeleceu no imóvel sua moradia
habitual, mantendo posse com ânimo de dono, de forma pública, contínua, mansa e pacífica. Em 10 de
junho de 2010, por contrato particular de compra e venda, José alienou o imóvel a Pedro de Souza, pelo
valor de R$ 14.000,00, tendo o comprador passado a utilizar o imóvel também para sua moradia,
mantendo as mesmas características da posse exercida pelo vendedor. Em 10 de junho de 2014, Pedro
recebeu citação em ação reivindicatória ajuizada pelo espólio do proprietário registral do imóvel,
procurando a Defensoria Pública para a defesa de seus direitos. Nesse caso, Pedro
a) poderá, em sua defesa, alegar a ocorrência da prescrição aquisitiva, na modalidade extraordinária, hábil a
ensejar a improcedência da ação reivindicatória contra si manejada.
b) não poderá alegar, tanto em sua defesa na ação petitória quanto em ação autônoma de usucapião, a
ocorrência da prescrição aquisitiva, uma vez que a simples citação na ação ajuizada pelo espólio do
proprietário registral interrompe a posse ad usucapionem.
c) não poderá, em sua defesa, alegar a ocorrência da prescrição aquisitiva, podendo, entretanto, ajuizar ação
autônoma de usucapião extraordinária.
d) não poderá alegar, tanto em sua defesa na ação petitória quanto em ação autônoma de usucapião, a
ocorrência da prescrição aquisitiva, em qualquer de suas modalidades, pois não atingido prazo suficiente
para tanto.
e) não poderá alegar, tanto em sua defesa na ação petitória quanto em ação autônoma de usucapião, a
ocorrência da prescrição aquisitiva na modalidade extraordinária, pois, em que pese tenha implementado o
requisito temporal, a posse se originou em esbulho do vendedor.

Comentários

A alternativa A está correta, dado que Pedro pode unir seu tempo de posse com o do possuidor anterior, o
que soma mais de 16 anos, sendo que a modalidade extraordinária permite aquisição mesmo que sem justo
título ou boa-fé.

A alternativa B está incorreta, já que, ainda que interrompesse o prazo aquisitivo, já estariam configurados
16 anos de posse mansa e pacífica, como dito na alternativa anterior. Ademais, como estabelece a
jurisprudência, a usucapião pode servir como matéria de defesa em sede de ação real movida pelo
proprietário registral.

A alternativa C está incorreta, pois Pedro pode manejar ação autônoma, mas também pode usar a usucapião
como matéria de defesa, como mencionei na alternativa anterior.

A alternativa D está incorreta, porque, como eu disse, já ultrapassado tempo suficiente para aquisição
extraordinária.

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A alternativa E está incorreta, dado que, como dito antes, a boa-fé sequer é requisito para essa forma de
aquisição e, ainda que fosse, o exercício não menciona expressamente o conhecimento dele sobre a situação.

27. (UFPR / DPE-PR – 2014) Identifique as seguintes afirmativas sobre Posse e Propriedade como
verdadeiras (V) ou falsas (F):
( ) Os atos violentos ou clandestinos não autorizam a aquisição da posse, justa ou injusta, mesmo depois de
cessada a prática de tais atos ilícitos.
( ) O detentor age como lhe determina o possuidor, havendo, entre ambos, uma relação de ordem,
obediência e autoridade, razão pela qual ao primeiro não assiste o direito de invocar, em nome próprio, a
proteção possessória.
( ) A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal,
ou real, anula a indireta, de quem aquela foi havida.
( ) O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem
quer que injustamente a possua ou detenha, sendo a pretensão reivindicatória imprescritível, embora possa
esbarrar na usucapião, que pode, inclusive, ser alegada pelo possuidor em defesa.
( ) O registro do título translativo confere presunção juris tantum de domínio, razão pela qual o adquirente
continua a ser havido como dono do imóvel enquanto não se promover, por meio de ação própria, a
decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
a) F – V – F – V – V.
b) V – V – F – V – F.
c) F – F – F – V – V.
d) F – F – V – F – V.
e) V – F – V – F – F.

Comentários

A primeira assertiva está incorreta, na dicção da parte final do art. 1.208: “Não induzem posse os atos de
mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos,
senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.

A segunda assertiva está correta, pela aplicação do art. 1.208 (“Não induzem posse os atos de mera
permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão
depois de cessar a violência ou a clandestinidade”) à noção de que as ações possessórias somente podem
ser requisitadas pelo possuidor.

A terceira assertiva está incorreta, pois a posse direta e a indireta não se anulam, ao contrário, aquela é um
desdobramento desta.

A quarta assertiva está correta, porque a ação reivindicatória do proprietário, de natureza eminentemente
declaratória, é imprescritível, o que não impede que sua eficácia seja, ao final, nenhuma, em vista da
pretensão de usucapião alegada pelo possuidor como matéria de defesa.

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A quinta assertiva está correta, conforme o art. 1.245, §2º: “Enquanto não se promover, por meio de ação
própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser
havido como dono do imóvel”.

A alternativa A está correta, portanto.

28. (VUNESP / PC-SP – 2014) No que tange ao instituto da posse e ao direito real de propriedade,
assinale a alternativa correta, de acordo com as disposições do Código Civil de 2002.
a) Os direitos do detentor equivalem aos direitos do possuidor, havendo legítima pretensão à proteção
possessória.
b) Considerando que a propriedade privada é um dos princípios da ordem econômica, não se admite a sua
perda em razão do abandono, pelo proprietário.
c) Admite-se que o possuidor turbado ou esbulhado proteja sua posse por força própria, desde que a reação
seja imediata e não exceda o indispensável.
d) Em regra, o possuidor não tem pretensão de reintegração de posse quando o esbulho houver sido
praticado pelo proprietário do bem.
e) Em caso de perigo público iminente, o Poder Público pode requisitar a propriedade privada, sendo
faculdade do proprietário ceder ou não o uso às autoridades competentes.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que o detentor apenas possui aparência de possuidor, mas não é; o detentor
é mero servidor da posse alheia, pelo que não faz jus à proteção possessória.

A alternativa B está incorreta, como se extrai do art. 1.276: “O imóvel urbano que o proprietário abandonar,
com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem,
poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do
Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições”.

A alternativa C está correta, na quase literalidade do art. 1.210, §1°: “O possuidor turbado, ou esbulhado,
poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de
desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse”.

A alternativa D está incorreta, já que a reintegração versa sobre a posse, que pode ser exercida mesmo
contra o proprietário. Ademais, o art. 1.197 deixa claro que o possuidor direito pode proteger sua posse
mesmo contra o possuidor indireto.

A alternativa E está incorreta, porque o art. 1.228, §3° estabelece que a privação da propriedade pode
ocorrer “por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de
perigo público iminente”, sem condicionar seu uso à aceitação do proprietário.

29. (NUCEPE-UESPI / PC-PI – 2014) Quanto às formas de aquisição da propriedade móvel, julgue os
itens.
I - A descoberta não é forma de aquisição da propriedade móvel.

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II - A usucapião não é forma de aquisição de propriedade móvel.


III - A especificação é forma de aquisição originária de propriedade móvel.
IV - Tradição não é forma de aquisição de propriedade móvel.
a) Estão corretos os itens II e III.
b) Estão corretos os itens I e II, somente.
c) Apenas o item IV é falso.
d) Apenas o item I está correto.
e) Estão corretos os itens II e IV.

Comentários

O item I está correto, de acordo com o art. 1.233: “Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-
la ao dono ou legítimo possuidor”. Inexiste, pois, qualquer menção à aquisição de propriedade.

O item II está incorreto, porque a usucapião é forma de aquisição tanto da propriedade móvel ou imóvel,
como se denota do art. 1.260: “Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente
durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade”.

O item III está incorreto, já que a especificação está prevista no art. 1.269 (“Aquele que, trabalhando em
matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à
forma anterior”). Há transformação da coisa, de forma que se trata de aquisição derivada da propriedade.

O item IV está incorreto, pois a tradição é forma de aquisição da propriedade móvel, ainda que derivada. De
acordo com o art. 1.267, “A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da
tradição”.

A alternativa D é a resposta, portanto.

30. (VUNESP / TJ-SP – 2013) Sobre o imóvel urbano de 350 m² que, sem interrupção e nem oposição,
está na posse de Cícero desde fevereiro de 2003, tanto que nele construiu casa pré-fabricada de madeira,
onde habita com sua família, é correto dizer que
a) em fevereiro de 2005, a usucapião especial se consumaria.
b) em 2008, já poderia ter sido usucapido de acordo com a regra da usucapião especial urbana.
c) poderia ser usucapido somente em 2018, de acordo com a regra da usucapião ordinária do Código Civil.
d) em fevereiro de 2013, Cícero já pode ajuizar a ação de usucapião para ver reconhecido seu direito de
propriedade sobre o imóvel.

Comentários

A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 1.240: “Aquele que possuir, como sua, área urbana de até
duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para

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sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel
urbano ou rural”, já que o imóvel seria usucapível apenas em 2008.

A alternativa B está incorreta, segundo o art. 1.240, supracitado, sendo possível se o imóvel tivesse menos
de 250m2.

A alternativa C está incorreta, pois apesar de o caput do art. 1.238 (“Aquele que, por quinze anos, sem
interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente
de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para
o registro no Cartório de Registro de Imóveis”) exigir prazo de 15 anos, seu parágrafo único (“O prazo
estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia
habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo”) o reduz a dez anos, em caso de moradia
habitual, como no caso apresentado, o que faria a data ser 2013.

A alternativa D está correta, por aplicação do parágrafo único do art. 1.238, supramencionado.

31. (CESPE / PF – 2013) Como causa de perda de propriedade de bem móvel, o abandono pode ser
presumido, desde que presente a intenção do proprietário; como causa de perda de propriedade de
imóvel, será o abandono absolutamente presumido ante o inadimplemento de ônus fiscais, depois de
cessados os atos de posse.

Comentários

O item está correto, segundo o art. 1.276, §2º: “Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere
este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais”.

32. (CESPE / PC-BA – 2013) Considere que Ana e João tenham vivido como companheiros em
determinado imóvel urbano de 100 m² , cuja propriedade era dividida pelo casal e que João tenha
abandonado o lar há dois anos. Nessa situação hipotética, Ana poderá adquirir a propriedade do imóvel
mediante usucapião, desde que tenha exercido a posse direta sobre o bem ininterruptamente e sem
oposição e não seja proprietária de imóvel rural superior a 50 hectares.

Comentários

O item está incorreto, conforme a parte final do art. 1.240-A: “Aquele que exercer, por 2 (dois) anos
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m²
(duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

33. (PGR / PGR – 2012) EM RELAÇÃO ÀS AFIRMATIVAS ABAIXO:


I. A acessão é chamada de industrial ou artificial quando a incorporação de uma coisa a outra resultar do
trabalho humano, processando-se de móvel a imóvel;
II. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos
fronteiros, mesmo se o rio for público;

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III. A acessão natural por abandono de álveo de uma corrente ocorre quando um rio seca ou se desvia em
decorrência de um fenômeno da natureza;
IV. O construtor de má-fé em zona lindeira, que exceder a vigésima parte do solo alheio, é obrigado a demolir
a construção, indenizando a desvalorização da área perdida.
Das proposições acima:
a) I e II estão corretas;
b) I e III estão corretas;
c) I e IV estão corretas;
d) Todas estão corretas.

Comentários

O item I está correto, já que o critério de distinção entre as acessões naturais e artificiais é justamente a
presença de trabalho humano intrínseco ao acréscimo proprietário.

O item II está incorreto, como se pode depreender do art. 1.249: “As ilhas que se formarem em correntes
comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes”.
Ademais, o art. 23 do Decreto 24.643/1934, o Código de Águas, deixa isso ainda mais claro: “As ilhas ou
ilhotas, que se formarem no álveo de uma corrente, pertencem ao domínio público, no caso das águas
públicas, e ao domínio particular, no caso das águas comuns ou particulares”.

O item III está correto, na esteira do raciocínio exposto no item I, já que não há intervenção humana no caso
do álveo abandonado naturalmente.

O item IV está incorreto, já que a parte final do art. 1.259 não menciona a desvalorização, mas perdas e
danos em dobro, apenas: “Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima
parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam
o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área
remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados,
que serão devidos em dobro”.

A alternativa B está correta, portanto.

34. (FCC / DPE-PR – 2012) Acerca da propriedade e de suas formas de aquisição, aquele que
a) possui ininterruptamente, há seis anos, imóvel urbano com 130 metros quadrados, contíguo com imóvel
de sua propriedade com 80 metros quadrados, tem direito ao usucapião urbano.
b) estabeleceu sua moradia habitual há sete anos em determinado imóvel, após firmar e adimplir com os
ditames de contrato de compra e venda registrado e recentemente anulado por falta de capacidade civil do
vendedor, terá de aguardar mais três anos para adquirir direito à aquisição da propriedade por usucapião.
c) reivindica extensa área de terras de sua propriedade, atualmente ocupada por trinta famílias que
ingressaram a nove anos no local, de boa-fé, em razão de um processo irregular de loteamento, vindo a
urbanizar a área com recursos próprios, pode vir a ser privado da coisa, desde que devidamente indenizado
pelos possuidores.

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d) invadiu imóvel alheio e ali estabeleceu sua moradia habitual há onze anos, cultivando no local hortaliças
para venda na região, terá de aguardar mais quatro anos para adquirir direito à aquisição da propriedade
por usucapião.
e) possuiu de forma contínua e de boa-fé bem móvel como seu pelo período de dois anos, tem direito à
aquisição da propriedade por usucapião.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pela parte final do art. 1.240: “Aquele que possuir, como sua, área urbana de
até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-
a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro
imóvel urbano ou rural”.

A alternativa B está incorreta, segundo o art. 1.242, parágrafo único: “Será de cinco anos o prazo previsto
neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo
cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou
realizado investimentos de interesse social e econômico”.

A alternativa C está correta, na leitura do art. 1.228, §4º: “O proprietário também pode ser privado da coisa
se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos,
de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras
e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante”.

A alternativa D está incorreta. Estaria correta, em linhas gerais, na aplicação do caput do art. 1.238 (“Aquele
que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a
propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por
sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis”), mas seu parágrafo
único acaba se amoldando exatamente ao caso descrito (“O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a
dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou
serviços de caráter produtivo”).

A alternativa E está incorreta, pela dicção do art. 1.260: “Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua
e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade”.

35. (FCC / DPE-SP – 2012) Em tema de Usucapião Coletiva Urbana, é correto afirmar que
a) tem por objeto área particular de até 250 metros quadrados.
b) seu reconhecimento atribui a cada possuidor fração ideal correspondente à dimensão que ocupe na gleba,
exceto se convencionado em contrário.
c) exige posse não contestada, justo título e boa-fé.
d) instaura condomínio indivisível e não passível de extinção por pelo menos dez anos.
e) admite acessio possessionis e sucessio possessionis.

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A alternativa A está incorreta. Aqui, um adendo. A Lei 13.465/2017 alterou profundamente o art. 10 do
Estatuto da Cidade, de modo que essa assertiva atualmente seria dúbia. Isso porque, na atual redação, o
núcleo urbano informal deve estar em área inferior a 250 m² per capita (área total dividida pelo número de
possuidores, individualmente).

Assim, individualmente falando, de fato, “tem por objeto área particular de até 250 metros quadrados”,
como coloca a assertiva, mas globalmente falando a área terá de ter mais de 250m2. De qualquer forma, ela
me parece incorreta, na dicção do defunto art. 10 (“As áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta
metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada
possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam
proprietários de outro imóvel urbano ou rural”).

A alternativa B está incorreta, na forma do §3º desse artigo: “Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal
de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo
hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas”.

A alternativa C está incorreta, dado que o art. 10, supracitado, não exige justo título dos ocupantes.

A alternativa D está incorreta, nos termos do art. 10, §4º: “O condomínio especial constituído é indivisível,
não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos
condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio”.

A alternativa E está correta, de acordo com o art. 10, §1º: “O possuidor pode, para o fim de contar o prazo
exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas”.

36. (FUNDATEC / PGE-RS – 2011) NÃO é causa de perda da propriedade


a) a alienação.
b) a renúncia.
c) o abandono.
d) a deterioração da coisa.
e) a desapropriação.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque a alienação é causa de perda e aquisição da propriedade,


concomitantemente.

A alternativa B está incorreta, dado que a renúncia também se considera perda da propriedade.

A alternativa C está incorreta, igualmente, porque o abandono gera a presunção relativa de intencionalidade
de não mais querer a propriedade, perdendo-se-a.

A alternativa D está correta, já que a deterioração faz não se perder a propriedade, mas apenas se perder
parte do valor.

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A alternativa E está incorreta, tratando-se de forma de perda da propriedade efetivada pelo Poder Público.

37. (FUNDATEC / PGE-RS – 2011) O possuidor de boa-fé


a) faz jus aos frutos percebidos até que cesse a boa-fé, mas perde os pendentes e os colhidos
antecipadamente.
b) faz jus à indenização das despesas de custeio dos frutos percebidos, dos pendentes e dos colhidos
antecipadamente.
c) não responde pela perda ou deterioração da coisa, enquanto esteja de boa-fé, mesmo que por culpa sua.
d) pode exercer o direito de retenção pelas benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias.
e) que semear em terreno alheio com sementes próprias tem direito à colheita.

Comentários

A alternativa A está correta, na letra do art. 1.214, parágrafo único: “Os frutos pendentes ao tempo em que
cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser
também restituídos os frutos colhidos com antecipação”.

A alternativa B está incorreta, pois a parte final do art. 1.214, parágrafo único estabelece apenas a restituição
dos frutos colhidos antecipadamente, sem direito de indenização (já que foram colhidos antes do tempo).

A alternativa C está incorreta, na forma do art. 1.217: “O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou
deterioração da coisa, a que não der causa”.

A alternativa D está incorreta, consoante regra do art. 1.219: “O possuidor de boa-fé tem direito à
indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas,
a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor
das benfeitorias necessárias e úteis”.

A alternativa E está incorreta, conforme a regra do art. 1.255: “Aquele que semeia, planta ou edifica em
terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-
fé, terá direito a indenização”.

38. (FUMARC / PC-MG – 2011) Considerando-se as formas de aquisição da propriedade do imóvel, é


CORRETO afirmar que
a) a aquisição da propriedade por invenção ou descoberta somente será́ efetivada depois de decorrido o
prazo de 60 dias da divulgação da notícia pela imprensa e não se manifestando quem comprove a
propriedade sobre a coisa.
b) a aquisição por usucapião de bens móveis poderá́ ocorrer nas modalidades ordinárias, com 3 anos de
posse, e extraordinária, com 5 anos de posse, sendo que somente nesta última modalidade será́ permitido
ao possuidor acrescentar à sua posse a dos seus antecessores.
c) o constituto possessório e a tradição “brevi manu” são formas de aquisição por tradição ficta, sendo que
no constituto o proprietário de um bem aliena a coisa a outrem, mas continua como possuidor direto,
enquanto que na tradição “brevi manu” ocorre justamente o contrário.

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d) a Confusão, a comissão e a adjunção são modos originários de aquisição da propriedade mobiliária e,


assim como na especificação, não produzem espécies novas.

Comentários

Essa questão foi anulada, já que todas as assertivas estão incorretas.

A alternativa A está incorreta, já que a descoberta não é meio de aquisição da propriedade, como se pode
ver pelo art. 1.237: “Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, não se
apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, deduzidas
do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja
circunscrição se deparou o objeto perdido”.

A alternativa B está incorreta, pois o art. 1.262 (“Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts.
1.243 e 1.244”), que menciona o art. 1.243 (“O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos
artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam
contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé”), não se limita à usucapião
mobiliária extraordinária, mas também abrange a modalidade ordinária.

A alternativa C está incorreta, porque o constituto possessório é forma de perda da propriedade por meio
da tradição ficta, na qual o possuidor em nome próprio se torna possuidor em nome alheio ao alienar a coisa,
ainda que na posse se conserve.

A alternativa D está incorreta, já que pode ou não haver criação de espécies novas, a depender do caso,
como deixa claro o art. 1.274: ”Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, à
confusão, comissão ou adjunção aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273”.

39. (FUMARC / PC-MG – 2011) A lei 12.424, de 16 de junho de 2011, inseriu no Código Civil, em seu
artigo 1.240-A e seu parágrafo 1º, uma nova modalidade de usucapião em nosso ordenamento jurídico, o
usucapião familiar. Sobre esta modalidade de usucapião, é INCORRETO afirmar que
a) permite que um dos ex-cônjuges ou até mesmo ex-companheiros, oponha contra o outro o direito de
usucapir a parte que não lhe pertence, possibilitando neste caso o usucapião entre condôminos.
b) tem como requisito o exercício de posse direta por 2 anos ininterruptos, sem oposição e com
exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² ou rural de até 50 hectares.
c) a parte que propõe a ação de usucapião não pode ser proprietária de outro imóvel urbano ou rural, sendo
que o direito de usucapir nesta modalidade não será́ reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
d) tem como o requisito o abandono do lar por um dos coproprietários.

Comentários

A alternativa A está correta, pela previsão do art. 1.240-A: “Aquele que exercer, por 2 (dois) anos
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m²
(duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde

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que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”. Trata-se de hipótese excepcional de permissão
de usucapião de bens que fazem parte do acervo comum, em condomínio, portanto.

A alternativa B está incorreta, já que a disposição legal se limita a imóveis urbanos, não se aplicando aos
rurais.

A alternativa C está correta, na conjugação do caput do art. 1.240-A, supracitado, com seu §1º: “O direito
previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez”.

A alternativa D está correta, dada a dicção do art. 1.240-A, anteriormente transcrito.

40. (VUNESP / TJ-MT – 2009) Os pais de Daniel viveram desde 4 de dezembro de 2000 em uma casa de
2
75 m no centro da cidade, exercendo posse como se donos fossem do imóvel, pois não possuíam outro
imóvel, no entanto, faleceram em um trágico acidente ocorrido em 11 de agosto de 2008. Ficando o imóvel
fechado e vazio por três meses, Ana, que possuía escritura de propriedade do imóvel, inscrita no Registro
Público, retomou o imóvel e lá se encontra residindo há seis meses. Daniel, não se conformando com a
situação, ingressou com ação objetivando reaver o imóvel. Diante desse fato, é correto o que se afirma
em:
a) como Daniel não exercia posse sobre o imóvel, o falecimento de seus pais não lhe garante nenhum direito
sobre este, por não ter somado suas posses.
b) Daniel somente poderia ter algum direito sobre o imóvel, se seus pais tivessem requerido a aquisição de
propriedade do imóvel por ação de usucapião.
c) o falecimento dos pais de Daniel interrompeu a posse com animus domini, impossibilitando a aquisição
da propriedade por usucapião.
d) Daniel adquiriu o imóvel por sucessão causa mortis, razão pela qual poderá intentar a retomada do imóvel
por via judicial em face de Ana.
e) Ana é proprietária do imóvel por ter título público inscrito e retornando à sua posse, não se discute
eventual direito de terceiros.

Comentários

Afigura-se mais didática uma análise conjunta de todas as alternativas.

Percebe-se que, no caso, os pais de Daniel exerceram posse ininterrupta sobre um imóvel de até 250m²,
utilizando-o como moradia familiar, sem serem proprietários de outro imóvel, por 8 anos, cumprindo, assim,
o requisito temporal mínimo de 5 anos para a configuração da usucapião especial urbana, prevista no art.
183 da CF/1988, em consonância com o art. 1.240 do CC/2002. Adquiriram, assim, o domínio sobre o imóvel.

Nesse sentido, importante lembrar que, não obstante Ana possua escritura de propriedade do imóvel, a ação
de usucapião é de natureza declaratória (nos termos do artigo 1.241 do CC/2002), sendo inequívoca,
portanto, a aquisição do domínio pelos pais de Daniel. Vale lembrar que a posse foi exercida por estes sem
oposição no lapso temporal acima descrito.

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Ademais, segundo o princípio da saisine (art. 1.784), aberta a sucessão, a herança transmite-se desde logo
aos herdeiros legítimos e testamentários, de modo que, a partir da morte de seus pais, Daniel, como
descendente e herdeiro necessário, Daniel efetivamente adquire o imóvel por sucessão mortis causa.

Ainda, preveem os arts. 1.206 (“A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os
mesmos caracteres”) e 1.207: “O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao
sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais”.

Assim, correta a alternativa D.

41. (CESPE / BACEN – 2009) No direito brasileiro, quanto à alienação de bem imóvel de valor superior
ao limite legal:
a) o contrato de compra e venda firmado por instrumento público é condição bastante à transmissão da
propriedade.
b) o contrato de compra e venda do bem estabelece apenas obrigações, de modo que transmitirá a
propriedade uma segunda convenção realizada pelas partes no cartório de registro de imóveis.
c) o registro imobiliário é o ato que determina a transmissão da propriedade, sendo irrelevante a posterior
nulidade do contrato que o antecedeu.
d) firmado contrato válido de transmissão da propriedade, apenas o registro no cartório imobiliário será
bastante à efetiva transmissão, pois o primeiro só estabelece obrigações.
e) a transmissão da propriedade ocorre pela formação de contrato válido, sendo o registro uma condição de
eficácia que opera efeitos retroativos à data em que foi firmada a avença.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque a transmissão depende do posterior registro.

A alternativa B está incorreta, já que inexiste uma “segunda convenção” no Ofício do Registro de Imóveis.

A alternativa C está incorreta, pois a nulidade do negócio jurídico basal pode acabar por contaminar o
registro que sustenta a transmissão da propriedade.

A alternativa D está correta, conforme dito nas alternativas anteriores.

A alternativa E está incorreta, dado que o registro é elemento constitutivo, não eficacial da aquisição da
propriedade imobiliária.

42. (CESPE / DPE-AL – 2009) Julgue os próximos itens, relativos à propriedade.


Compõem o direito de propriedade as faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa de quem
injustamente a possua, de modo que, tendo-se como certo o conceito de posse injusta como aquela violenta,
clandestina ou precária, não será possível obter a posse por meio de reivindicatória se a pessoa que detém
a coisa não o faz mediante qualquer dos mencionados vícios.

Comentários

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O item está incorreto, porque na ação reivindicatória a “injustiça” da posse se assenta na causa, ou seja, a
ausência de justa causa jurídica, conceito esse mais amplo que o da distinção entre a posse justa e injusta
(violência, clandestinidade ou precariedade).

43. (CESPE / DPE-AL – 2009) Julgue os próximos itens, relativos à propriedade.


Distanciando-se do sistema francês, a lei brasileira exige que a transmissão de um bem imóvel por ato
oneroso inter vivos seja materializada por meio de escritura pública de compra e venda, de modo que
somente após a lavratura desse ato é que o bem passará a integrar o patrimônio do comprador, sendo sua
a propriedade.

Comentários

O item está incorreto, nos termos do art. 1.245, §1º: “Enquanto não se registrar o título translativo, o
alienante continua a ser havido como dono do imóvel”.

44. (FCC / DPE-MA – 2009) À luz do Código Civil brasileiro:


a) o direito de propriedade será exercido de forma plena, absoluta e exclusiva por todo aquele que detiver
o título, sendo inconstitucional qualquer restrição imposta, excetuando-se as que seu titular aceitar de forma
voluntária.
b) segundo Jhering, a posse, por se tratar da exteriorização do direito de propriedade, gera presunção juris
et de jure de domínio.
c) enquanto a propriedade de bem imóvel é adquirida no momento da averbação em Cartório de Registro
de Imóveis do título aquisitivo, tratando-se de ato inter vivos, ou do formal de partilha, no caso de sucessão
mortis causa, a do bem móvel ocorre pela simples tradição em qualquer caso.
d) a propriedade de bem imóvel transmite-se ao herdeiro do de cujus, pelo registro do formal de partilha no
Cartório de Registro de Imóveis.
e) a propriedade de bem imóvel transmite-se ao herdeiro do de cujus independentemente de registro do
formal de partilha no Cartório de Registro de Imóveis.

Comentários

A alternativa A está incorreta, obviamente errada, já que a propriedade sofre numerosas restrições, como,
por exemplo, os limites de construção estabelecidos pelo Plano Diretor do Município

A alternativa B está incorreta, como vimos anteriormente, dado que a posse gera presunção relativa, não
absoluta de proprietário (o possuidor comporta-se como se proprietário fosse).

A alternativa C está incorreta, tendo em vista que os veículos automotores também se sujeitam a registro
específico, por exemplo, pelo que a tradição é insuficiente para a aquisição.

A alternativa D está incorreta, pois pela regra da saisine, a transmissão é automática.

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A alternativa E está correta, porque, repita-se o que eu disse na alternativa anterior, o registro da partilha
apenas é ato formal subsequente à transmissão automática, nos termos do art. 1.784: “Aberta a sucessão, a
herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”.

45. (FUMARC / DPE-MG – 2009) Analise as alternativas abaixo e assinale a resposta adequada:
1. O exercício do direito de propriedade pressupõe deveres.
2. A propriedade do solo se estende ao subsolo.
3. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias, sobre as quais recai o direito
de retenção.
4. O pedido de imissão de posse poderá seguir o procedimento especial, caso trate de posse nova.
Está(ão) CORRETA(S):
a) apenas a alternativa 1.
b) apenas a alternativa 2.
c) apenas as alternativas 1 e 2.
d) apenas as alternativas 2 e 3.
e) apenas as alternativas 3 e 4.

Comentários

A alternativa 1 está correta, de maneira bastante óbvia, o que inclui a funcionalização da propriedade.

A alternativa 2 está correta, na forma do art. 1.229: “A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e
subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-
se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele
interesse legítimo em impedi-las”.

A alternativa 3 está incorreta, de acordo com o art. 1.220: “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente
as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar
as voluptuárias”.

A alternativa 4 está incorreta, já que a imissão na posse não é ação autônoma desde o CPC/1939, usando-
se o procedimento comum para exercitá-la.

A alternativa B é a correta, portanto.

46. (CESPE / DPE-CE – 2008) Acerca dos registros públicos e dos direitos reais, julgue os itens
subsequentes.
Segundo o princípio da unitariedade, é impossível a matrícula conter mais do que um imóvel em sua
descrição. Permite-se, no entanto, a fusão de matrículas de dois imóveis fisicamente contíguos, mesmo
quando em um deles a titularidade seja representada por compromisso de compra e venda.

Comentários

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O item está incorreto, já que a propriedade registral tem de ser comum para a fusão, o que não ocorre no
caso de compromisso de compra e venda, cujo registro mantém a propriedade nas mãos do promitente
vendedor.

47. (FUNRIO / PGE-TO – 2007) O tempo de permanência ininterrupta na área rural, para que o ocupante
possa requerer ao juiz, no usucapião pro labore, que o declare detentor do domínio, é de:
a) 15 (quinze) anos
b) 7 (sete) anos
c) 3 (três) anos
d) 10 (dez) anos
e) 5 (cinco) anos

Comentários

A alternativa E está correta, de acordo com o art. 1.239: “Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural
ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade”.

As alternativas A, B, C e D estão incorretas, consequentemente, dado o prazo da usucapião pro labore, ou


constitucional.

48. (EJEF / TJ-MG – 2005) De acordo com o Código Civil, são formas de aquisição da propriedade móvel,
EXCETO:
a) a usucapião.
b) a ocupação.
c) a tradição.
d) a acessão.

Comentários

A alternativa A está correta, visto que a usucapião de coisa móvel está prevista nos arts. 1.260 e 1.261.

A alternativa B está correta, pois a ocupação está prevista no art. 1.263: “Quem se assenhorear de coisa sem
dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei”.

A alternativa C está correta, uma vez que a tradição encontra-se prevista nos arts. 1.267 e 1.268.

A alternativa D está incorreta, pois a acessão não está prevista no capítulo que trata da Aquisição da
Propriedade Móvel (arts. 1.260 a 1.274, CC/02), sendo causa de aquisição da propriedade imobiliária.

49. (CESPE / BACEN – 2005) Toda construção existente em um terreno presume-se feita pelo
proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário, porém:

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a) o dono do terreno, para se tornar proprietário da construção levantada por outrem de boa-fé, terá de
pagar metade do valor da construção, exceto se o construtor quiser ficar com o terreno, pagando o décuplo
do valor deste.
b) pagando em dobro as perdas e danos, aquele que, construindo em terreno próprio invadir terreno alheio,
mesmo que de má-fé, adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte
deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção
invasora sem grave prejuízo para a construção.
c) quem constrói em terreno alheio sempre adquirir á a propriedade do solo, pagando o preço do terreno.
d) o que constrói em terreno alheio de boa-fé ou de má-fé, sempre será obrigado a demolir a construção, se
o dono do terreno exigir.
e) se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à
vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da
construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área
perdida e a desvalorização da área remanescente.

Comentários

A alternativa A está incorreta, na forma do art. 1.255: “Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno
alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá
direito a indenização”.

A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1.259: “Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do
solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por
perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da
desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as
perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro”.

A alternativa C está incorreta, conforme o art. 1.225, parágrafo único: “Se a construção ou a plantação
exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a
propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo”.

A alternativa D está incorreta, pois ao construtor de boa-fé são indenizadas as construções feitas.

A alternativa E está correta, pela literalidade do art. 1.258: “Se a construção, feita parcialmente em solo
próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-
fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por
indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente”.

50. (PGE / PGE-MS – 2005) Aponte, de acordo com os itens abaixo, qual alternativa retrata requisitos
para a aquisição da propriedade móvel por usucapião:
I. Posse de 3 anos entre ausentes e cinco entre presentes;
II. O justo título e a boa-fé são sempre requisitos da usucapião de coisa móvel;
III. Ocorre a prescrição aquisitiva de móvel no prazo de três anos, mas a lei exige, ainda, posse continua
incontestável, justo título e boa-fé:

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IV. Produzirá usucapião a posse de cinco anos, independente de justo titulo boa-fé;
V. As causas suspensivas ou interruptivas da prescrição não se aplicam à usucapião de coisas móveis.
a) Só os itens I e II são falsos:
b) Só os itens I e V são falsos:
c) Só os itens III e IV são verdadeiros;
d) Só os itens IV e V são verdadeiros;
e) Todos os itens são falsos.

Comentários

O item I está incorreto, dado que esse requisito não encontra escora legal; a distinção entre presentes e
ausentes existe na eficácia da proposta e da aceitação nos contratos.

O item II está incorreto, pela literalidade do art. 1.261, abaixo transcrito.

O item III está correto, na forma do art. 1.260: “Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e
incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade”.

O item IV está correto, de acordo com o art. 1.261: “Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos,
produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé”.

O item V está incorreto, pois as causas de interrupção e suspensão, previstas na Parte Geral do CC/2002, se
aplicam aos livros especiais. Como não há nenhuma menção em contrário, especificamente quanto a esse
ponto, não há que se afastar o item.

A alternativa C está correta, portanto.

51. (FCC / PGE-MA – 2003) Aquele que edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, a
construção, mas
a) o construtor poderá tornar-se condômino do proprietário do terreno se depositar em Juízo 50% (cinquenta
por cento) do valor deste.
b) o proprietário do solo pode, sempre que o desejar, mandar demolir a construção, mas, neste caso, não
tem direito a perdas e danos.
c) o proprietário sempre se tornará condômino do construtor independentemente do pagamento de
qualquer valor.
d) se a construção exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que edificou de boa-fé adquirirá a
propriedade do solo, mediante pagamento de indenização que pode ser fixada pelo Juiz.
e) o construtor adquirirá a propriedade do terreno por usucapião, após ano e dia do término da obra.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que o CC/2002 não prevê essa hipótese em momento algum.

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A alternativa B está incorreta, na forma do art. 1.255: “Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno
alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá
direito a indenização”.

A alternativa C está incorreta, igualmente, de acordo com o mencionado na alternativa A.

A alternativa D está correta, de acordo com o art. 1.255, parágrafo único: “Se a construção ou a plantação
exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a
propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo”.

A alternativa E está incorreta, dado que a construção em terreno alheio não gera, de per si, a possibilidade
de usucapião.

52. (FCC / DPE-MA – 2003) Quem, não sendo proprietário de outro imóvel urbano ou rural, possuir
como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio
a) somente depois de dez anos ininterruptos entre presentes e quinze anos entre ausentes, por usucapião
ordinária.
b) por acessão, após dez anos ininterruptos.
c) por usucapião, após cinco anos ininterruptos.
d) somente após vinte anos ininterruptos, desde que ostente justo título e boa-fé, por usucapião.
e) apenas se ostentar justo título e boa-fé, após dez anos ininterruptos desde o término da construção da
moradia, pela usucapião social.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois são necessários cinco anos, apenas: “Art. 1.240. Aquele que possuir,
como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e
sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

A alternativa B está incorreta, novamente, porque são necessários cinco anos, apenas: “Art. 1.240. Aquele
que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio,
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

A alternativa C está correta, na forma do art. 1.240 supracitado, por se tratar de usucapião especial.

A alternativa D está incorreta, já que sequer há, no CC/2002, usucapião no prazo de 20 anos mais.

A alternativa E está incorreta, porque não é necessário ostentar justo título, nesse caso: “Art. 1.240. Aquele
que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio,
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.

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53. (CESPE / DPE-AM – 2003) Em relação à posse e à propriedade, julgue os itens a seguir:
Não se adquire a propriedade por usucapião sem sentença que declare tal direito, pois esta é requisito formal
da aquisição da propriedade pela prescrição aquisitiva.

Comentários

O item está incorreto, já que a sentença não é requisito para aquisição da propriedade por usucapião, apenas
declara tal aquisição de modo que ela possa ser registrada. Ou seja, a sentença tem apenas eficácia registral,
e não constitutiva da aquisição.

54. (ESAF / PGM-Fortaleza (CE) – 2002) Assinale a opção falsa [INCORRETA].


a) Não se pode alegar usucapião pendendo condição suspensiva.
b) A posse ad usucapionem deverá ser exercida com animus domine, mansa e continuamente, durante o
prazo exigido por lei.
c) A posse do credor pignoratício não afasta a possibilidade de usucapião.
d) O usucapião tem por fundamento a consolidação da propriedade, dando juridicidade a uma situação
fática: a posse unida ao tempo.
e) O usucapião é um modo de aquisição da propriedade e de outros direitos reais (usufruto, uso, habitação,
enfiteuse e servidão predial) pela posse prolongada da coisa com a observância dos requisitos legais.

Comentários

A alternativa A está correta, já que o art. 1.244 (“Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor
acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à
usucapião”) determina a aplicação do art. 199, inc. I (“Não corre igualmente a prescrição pendendo condição
suspensiva”), que impede a verificação da usucapião em caso de condição suspensiva.

A alternativa B está correta, sendo requisito da posse sua qualificação como mansa, pacífica, contínua e com
ânimo de ter a coisa como sua, pelos prazos legais.

A alternativa C está incorreta, pois o credor pignoratício não poder usucapir o bem dado como garantia. No
entanto, podem terceiros, a despeito da relação creditícia, usucapir o bem móvel em questão. Assim, a
alternativa peca por deixar muito aberto o enunciado, o que poderia a tornar correta, se pensada pela ótica
dos terceiros.

A alternativa D está correta, mas igualmente de maneira discutível. Em realidade, a usucapião não consolida
a propriedade, como ocorre na alienação fiduciária, mas é apenas o reconhecimento, via declaração judicial,
da situação fática. Assim, correta seria se dissesse que “tem por fundamento a declaração de propriedade”,
ou “o possuidor pretende consolidar a propriedade”; não é errada, mas está longe de estar correta...

A alternativa E está correta, pois a usucapião não se limita ao direito de propriedade. Veja que isso, inclusive,
contraria o enunciado da assertiva anterior, que expressamente fala em “consolidação da propriedade”. Ora,
banca séria jamais poderia considerar as assertivas D e E corretas em conjunto...

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Ademais, a enfiteuse, em si, pode ser usucapida, desde que o imóvel seja particular, seja o domínio direto,
seja o domínio útil (RE 60.304/BA). No entanto, se o imóvel for público, não se pode “criar” um aforamento,
com desdobramento do domínio, mas somente o domínio útil pode ser usucapido, e não o domínio direto
(RE 82.106/PR e REsp 575.552/RS), ou se faria uma espécie de usucapião do próprio bem público, o que não
é permitido pela legislação pátria. Igualmente, quando não registrada a enfiteuse, o foreiro não é
verdadeiramente foreiro, pelo que possível a usucapião (REsp 1.228.615/SP).

55. (CESPE / DPU – 2001) Adolfo vendeu seu carro, o qual utilizava diariamente, para Benício.
Entretanto, conforme previamente acordado, Adolfo continuará a usá-lo a título de empréstimo de coisa
infungível.
No caso apresentado, há a figura do instituto jurídico da traditio brevi manu.

Comentários

O item está incorreto, porque a situação traz o constitutum possessorum (constituto possessório), que é o
inverso da traditio brevi manu, situação na qual o possuidor em nome alheio passa a possuir a coisa em nome
próprio.

56. (CESPE / DPU – 2001) Adolfo vendeu seu carro, o qual utilizava diariamente, para Benício.
Entretanto, conforme previamente acordado, Adolfo continuará a usá-lo a título de empréstimo de coisa
infungível.
O contrato de compra e venda sozinho não transmite a propriedade do carro; entretanto, a tradição implícita
presente na figura do constituto possessório transmite.

Comentários

O item está correto, conforme o art. 1.267, parágrafo único: “Subentende-se a tradição quando o
transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à
restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa,
por ocasião do negócio jurídico”.

LISTAS DE QUESTÕES
1. (VUNESP / TJ-MT – 2018) Foi ajuizada uma ação reivindicatória de uma extensa área urbana, de 20
000 m², ocupada há 6 (seis) anos, de boa-fé, por 50 (cinquenta) famílias, que a usam para moradia. Deverá
a ação
a) ser improcedente, tendo em vista que o juiz deverá declarar que o proprietário perdeu o imóvel, em razão
da desapropriação judicial por interesse social, fixando a indenização devida, valendo a sentença como título
para o registro no cartório de registro de imóveis.
b) ser julgada procedente, tendo em vista que, em razão da extensão da área, não se mostra aplicável a
usucapião constitucional urbana que requer ocupação de até 250 m², não tendo ainda se consumado o prazo
da usucapião ordinária.

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c) ser improcedente, tendo em vista que o juiz deverá declarar que o proprietário perdeu o imóvel, em razão
da desapropriação judicial por interesse social, sem qualquer direito a indenização, valendo a sentença como
título para o registro no cartório de registro de imóveis.
d) ser julgada improcedente, tendo em vista o preenchimento dos requisitos para aquisição da área pela
usucapião especial coletiva, valendo a sentença como título para o registro no cartório de registro de
imóveis.
e) ser julgada procedente em parte, declarando a aquisição pela usucapião de parte da área, limitada a 350
m2 por família, desde que os ocupantes comprovem justo título, bem como não sejam, e nem tenham sido,
em qualquer momento, proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
2. (VUNESP / TJ-RS – 2018) José era proprietário de uma extensa área urbana não edificada, com mais
de 50.000 m2. Essa área não era vigiada e nem utilizada para qualquer finalidade. O imóvel foi ocupado,
no mês de janeiro de 2010, por um considerável número de pessoas, que construíram suas moradias. Os
ocupantes, por sua própria conta, em mutirão, além de construírem suas casas, realizaram a abertura de
viários posteriormente reconhecidos pelo poder público municipal, bem como construíram espaços
destinados a escolas e creches que estão em pleno funcionamento. Cada moradia tem área superior a 350
m2. Em março de 2016, José ajuizou uma ação reivindicatória que deverá ser julgada
a) improcedente, tendo em vista que o juiz deverá declarar que o proprietário perdeu o imóvel reivindicado,
em razão das obras de interesse social realizadas pelos moradores, fixando a justa indenização devida ao
proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos
possuidores.
b) procedente, tendo em vista que ainda não houve o prazo para a aquisição mediante usucapião. Dessa
forma, os moradores deverão ser retirados, sem qualquer direito a indenizações por benfeitorias e acessões,
tendo em vista a posse de má-fé.
c) procedente, tendo em vista que ainda não houve o prazo para a aquisição mediante usucapião
constitucional. Dessa forma, os moradores deverão ser retirados, mas terão direito à retenção do imóvel até
serem indenizados pelas benfeitorias e acessões, tendo em vista a posse de boa-fé.
d) improcedente, tendo em vista que o imóvel foi adquirido por usucapião especial coletivo; José, assim, foi
penalizado pelo não cumprimento da função social da propriedade, bem como em razão da preponderância
do direito social à moradia sobre o direito de propriedade.
e) improcedente, tendo em vista que o juiz deverá declarar que o proprietário perdeu o imóvel reivindicado,
em razão das obras de interesse social realizadas pelos moradores, não havendo qualquer direito à
indenização, tendo em vista o não cumprimento da função social da propriedade e a preponderância do
direito social à moradia sobre o direito de propriedade.
3. (VUNESP / TJ-SP – 2018) O menor José, tendo recebido por herança de seu pai um terreno de 500
m2, sem construção, representado por sua mãe, em 15.01.2003, quando ele contava 13 anos de idade,
locou-o a Pedro, pelo prazo de 2 anos, que nele instalou uma borracharia. Aos 15 anos, José, com sua mãe,
mudou-se para o exterior, sem mais receber os alugueis, nem pagar tributos, os quais passaram a ser
quitados por Pedro, assumindo este a aparência de dono e construindo no local, em um ano, sua casa de
moradia, pois, até então, por nada ter de seu, morava no próprio estabelecimento, feito por ele, de
madeira. Além daquela casa, nenhum outro bem de raiz Pedro conseguiu adquirir. Em março de 2018, José
retornou ao Brasil com o in- tuito de reaver o imóvel que admitiu ter sido abandonado por ele e sua mãe.
Pedro, em relação à pretensão de José,

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a) não poderá́ opor-se, porque o contrato de locação prorrogou-se a prazo indeterminado, e sua posse
continuou precária.
b) somente poderá́ opor-se se tiver ocupado apenas 250 m2 do terreno, provando não possuir outro imóvel
urbano ou rural, devolvendo ao proprietário o remanescente da área.
c) poderá́ opor-se, provando interversão da posse e que adquirira o imóvel pela usucapião extraordinária.
d) não poderá́ opor-se, porque, quando da celebração do contrato, o locador era absolutamente incapaz e
contra ele não corria prescrição, a qual só́ passaria a fluir depois da rescisão do contrato, que se prorrogara
por tempo indeterminado e funcionaria, também, como condição suspensiva para as partes.
4. (VUNESP / PGE-SP – 2018) Desde novembro de 2007, Tício exerce posse mansa, pacífica,
ininterrupta e com fim de moradia sobre imóvel urbano com área de 260 m2, baseado em compromisso
de compra e venda quitado, mas não registrado, celebrado com Caio. Mévio, de boa-fé, adquiriu o mesmo
imóvel de Caio em fevereiro de 2018, mediante pagamento à vista, seguido de posterior registro da
escritura pública de compra e venda no Cartório de Imóveis. Em seguida, Mévio move ação de imissão na
posse em face de Tício. Nesse caso,
a) Tício poderá alegar a usucapião ordinária como matéria de defesa para impedir a procedência do pedido,
mediante prova da existência de compromisso de compra e venda quitado, ainda que não registrado, e da
posse prolongada exercida com boa-fé.
b) Tício não poderá invocar a usucapião como matéria de defesa, ante a vedação à exceptio proprietatis
prescrita no art. 1.210, parágrafo 2º do Código Civil e o fato de Mévio ser adquirente de boa-fé.
c) se acolhida a usucapião como matéria de defesa, Tício deverá indenizar Mévio, pois este não teria
adquirido o imóvel de Caio caso o compromisso de compra e venda tivesse sido levado a prévio registro.
d) a alegação de usucapião ordinária formulada por Tício, como matéria de defesa, não impedirá a
procedência do pedido, por falta de prévio registro do compromisso de compra e venda, condição
indispensável para torná-lo oponível erga omnes, em especial a Mévio, adquirente de boa-fé.
e) mesmo ausentes os requisitos da usucapião ordinária, Tício poderá alegar a usucapião especial urbana
como matéria de defesa, para impedir a procedência do pedido.
5. (CESPE / DPE-PE – 2018) Roberto abandonou o lar e sua companheira, Francisca, no Recife – PE e
foi para São Paulo – SP, deixando um imóvel urbano de 120 m2, adquirido onerosamente na constância
da união estável, mas registrado no cartório de imóveis apenas no nome de Roberto. Francisca não tinha
outra propriedade imóvel e residiu no local ininterruptamente e sem oposição. Após três anos, Roberto
voltou ao Recife – PE com o propósito de retirar Francisca do imóvel.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Francisca não terá direito ao imóvel, uma vez que o bem estava registrado apenas no nome de Roberto.
b) Francisca terá direito à metade do imóvel caso comprove que contribuiu financeiramente para a sua
aquisição na constância da união estável.
c) Roberto, por ter abandonado o lar, não terá direito ao imóvel, porque Francisca usucapiu o bem.
d) Roberto terá direito ao imóvel, porque, para Francisca usucapir o bem, ela teria de atender ao requisito
temporal mínimo de cinco anos.
e) A residência do casal deverá ser partilhada na proporção de 50% para cada companheiro, tendo em vista
que, em se tratando de união estável, aplica-se o regime de comunhão parcial de bens.

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6. (CESPE / DPE-PE – 2018) Francisco comprou, em janeiro de 2014, um lote de 240 m2 de Antônio,
que se apresentou como proprietário do imóvel. Francisco construiu uma casa de alvenaria, instalando-se
no local com sua família. Depois de três anos de posse mansa e pacífica, Danilo, o verdadeiro proprietário,
ajuizou ação para reaver a posse do imóvel. Só então, Francisco descobriu que fora vítima de uma fraude,
pois Antônio havia falsificado os documentos para induzi-lo a erro.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Francisco não poderá adquirir o terreno mediante pagamento de indenização a Danilo, ainda que a
construção exceda consideravelmente o valor do terreno.
b) Não tendo observado a fraude no momento da contratação, Francisco não poderá pleitear indenização
em face de Antônio.
c) Danilo perderá o terreno em favor de Francisco, cabendo-lhe apenas o direito à indenização.
d) Francisco adquiriu, em 2017, a propriedade do imóvel pela usucapião especial urbana, ficando, nesse caso,
dispensado de pagar indenização a Danilo.
e) Francisco, que agira de boa-fé, perderá em favor de Danilo os direitos sobre as construções realizadas no
terreno, devendo, no entanto, ser indenizado.
7. (TRF / TRF-2ª Região – 2017) Em maio de 2015, Gaio intenta ação objetivando ver reconhecida a
usucapião sobre imóvel de 150 m², localizado em terreno de marinha, com enfiteuse regularmente
constituída em favor de Tício, em 1980. Gaio mostra que, diante do aparente abandono local, desde 1997
passou a exercer posse contínua e não incomodada sobre a área, com ânimo de proprietário, realizando
melhorias e pagando as despesas, impostos e foro sobre o bem. Os autos revelam que Tício fora
interditado em 2004, e afirmado, segundo a lei vigente, absolutamente incapaz. Desde então não ocorreu
a mudança de seu quadro de interdição. Considerados corretos todos os dados acima, assinale a opção
certa:
a) No caso, é viável a usucapião extraordinária do domínio direto.
b) Em tese, estão presentes e descritos os pressupostos para a usucapião especial urbana do domínio útil.
c) Não é viável, nem em tese, reconhecer usucapião, seja do domínio direto, seja do domínio útil, já que o
imóvel é público.
d) A jurisprudência é assente ao admitir, em terreno de marinha objeto de aforamento, a possibilidade de
usucapião extraordinária do domínio útil, mas no caso os pressupostos não estão presentes.
e) Estão presentes os pressupostos para a declaração da usucapião extraordinária do domínio útil, mas não
estão descritos os pressupostos necessários para a usucapião especial urbana.
8. (VUNESP / TJ-SP – 2017) Não sendo proprietário de imóvel, Nelson passa a ocupar como seu, no
ano de 2005, imóvel localizado em área urbana de Brasília, com 450 metros quadrados. Ali estabelece sua
moradia habitual, tornando pública a posse. O imóvel é de propriedade de Fábio, embaixador brasileiro
em atividade na Bélgica desde o ano 2000. Quando retorna ao Brasil no ano de 2008, Fábio se aposenta e
fixa residência em Santa Catarina. No ano de 2016, Nelson propõe ação de usucapião contra Fábio.
Considerando ser incontroverso que Nelson exerce a posse, sem quaisquer vícios, assinale a alternativa
correta.

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a) A ação é procedente, pois foram preenchidos todos os requisitos legais da usucapião extraordinária: posse
com animus domini por 10 (dez) anos, já́ que Nelson estabeleceu no imóvel sua moradia habitual, sem
interrupção ou oposição.
b) A ação é procedente, pois foram preenchidos todos os requisitos legais da usucapião especial urbana:
posse com animus domini, por 5 (cinco) anos, já́ que Nelson estabeleceu no imóvel sua moradia habitual,
sem interrupção e oposição, não sendo proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
c) A ação é improcedente, pois, embora a posse tenha sido exercida com animus domini, de forma contínua
e pacífica, faltou o preenchimento do requisito temporal de 10 (dez) anos, em razão da existência de causa
impeditiva atinente à ausência de Fábio do país, o que impediu a contagem do prazo da prescrição aquisitiva
entre 2005 e 2008.
d) A ação é improcedente, pois, embora dispensados o justo título e a boa-fé́, e tendo a posse sido contínua
e pacífica, não foi preenchido o pressuposto temporal de 15 (quinze) anos.
9. (FCC / TJ-SC – 2017) João X é proprietário de um imóvel de 230 m2, onde reside com sua família, e
adquiriu, posteriormente, em 12.5.2010, o imóvel contíguo de 250 m2 mediante escritura de venda e
compra outorgada por José Y, registrada no serviço de registro de imóveis, e onde existe um casebre por
ele totalmente reformado, no ano de 2011, inclusive executando benfeitorias necessárias, úteis e
voluptuárias. Em 10.3.2016, João X foi citado em ação reivindicatória movida por Antônio Z que
comprovou ser proprietário do imóvel adquirido de José Y por João X, conforme o registro imobiliário,
porque a escritura anterior recebida por José Y era falsa e outorgada por Joaquim P condenado por
estelionato. Não obstante isso, João X, depois da citação, realizou benfeitorias necessárias. Em defesa, o
réu alegou que comprou esse imóvel de boa-fé e que, em razão do tempo decorrido, o adquiriu pela
usucapião quinquenal. A ação deverá ser julgada
a) improcedente, porque a usucapião pode ser alegada como matéria de defesa, devendo o autor ser
declarado proprietário desse imóvel.
b) procedente, mas o autor terá direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, podendo exercer
o direito de retenção pelo valor dessas benfeitorias, realizadas antes da citação, bem como ao ressarcimento
das benfeitorias necessárias pela importância delas, realizadas depois da citação, mas sem direito de
retenção; quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, permite-se o levantamento, quando o puder, sem
detrimento da coisa.
c) procedente, e o autor terá direito ao ressarcimento de todas as benfeitorias necessárias e úteis, podendo
exercer quanto a elas direito de retenção e, quanto às voluptuárias, se não lhes forem pagas poderá levantá-
las, desde que sem detrimento da coisa.
d) procedente, mas o autor terá direito ao ressarcimento das benfeitorias necessárias e úteis, mas direito de
retenção só relativamente às necessárias introduzidas antes da citação e, quanto às voluptuárias, poderá
levantá-las se não forem ressarcidas.
e) improcedente, porque autor é adquirente de boa-fé, ficando prejudicada a alegação de usucapião.
10. (VUNESP / MP-SP – 2017) Carlos pegou o metrô e ao sentar-se no vagão, observa a existência de
uma carteira cheia de dinheiro esquecida no banco ao seu lado. De acordo com a legislação civil brasileira,
assinale o que ele deve fazer com a sua descoberta.
a) Entregar a carteira imediatamente para o segurança da empresa privada que presta serviços de segurança
dentro do metrô, mediante comprovante de entrega.

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b) Permanecer com a carteira por 72 horas, aguardando que o dono da carteira o procure durante esse
intervalo de tempo, após o qual poderá permanecer com ela.
c) Devolver a carteira ao seu dono ou possuidor, ou, caso não o conheça, deverá tentar encontrá-lo ou
entregar a coisa achada às autoridades competentes.
d) Permanecer com a carteira, porque achado não é roubado, haja visto que a legislação civil autoriza que a
descoberta seja mantida com quem a encontra.
e) Deixar a carteira no banco ao seu lado e nada fazer com ela.
11. (CESPE / DPE-AL – 2017) Assinale a opção que apresenta um modo de aquisição ordinária da
propriedade
a) renúncia
b) usucapião
c) desapropriação
d) alienação
e) abandono
12. (TRF / TRF-4ª Região – 2016) Assinale a alternativa INCORRETA.
Acerca da usucapião de bens imóveis:
a) O prazo da usucapião extraordinária é de 10 anos, podendo ser reduzido para 5 anos se o possuidor houver
estabelecido no imóvel sua moradia habitual ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
b) O prazo da usucapião especial por abandono do lar, também conhecida como conjugal, é de 2 anos.
c) O prazo da usucapião pro labore, também conhecida como especial rural, é de 5 anos.
d) O prazo da usucapião documental, também conhecida como tabular, é de 5 anos.
e) O prazo da usucapião especial coletiva de bem imóvel, previsto no Estatuto das Cidades, é de 5 anos.
13. (CESPE / TJ-DFT – 2016) A respeito da posse e do direito das coisas, assinale a opção correta.
a) A posse ad interdicta dá ensejo à prescrição aquisitiva originária pela usucapião.
b) A propriedade, conforme disposição legal, incide exclusivamente sobre bens corpóreos.
c) A resolução da propriedade determinada por causa originária, prevista no título, produzirá efeitos ex nunc
e inter partes.
d) A sentença que reconhece a usucapião tem natureza constitutiva.
e) A posse pode ser adquirida por terceiro, sem mandato do pretendente, caso em que a aquisição depende
de ratificação.
14. (VUNESP / TJ-RJ – 2016) Rony, há 6 (seis) anos ininterruptos e sem oposição, possui como sua uma
pequena casa de 90 m², em área urbana, onde reside com sua família. Não é proprietário de outro imóvel,
urbano ou rural. Anteriormente à sua posse, a casa era ocupada por um amigo seu que se mudou para
outro Estado, mas Rony não sabe a que título seu amigo ocupava o imóvel. Dois anos após a ocupação por
Rony, foi averbada na matrícula do imóvel uma certidão de distribuição de uma ação de execução em face
do formal proprietário do bem. Rony não recebeu notícia da averbação realizada.

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Diante dessas circunstâncias, é correto afirmar que


a) a averbação da certidão de distribuição da execução interrompeu o prazo para prescrição aquisitiva.
b) não se operou a prescrição aquisitiva, por falta de lapso temporal suficiente.
c) a averbação da certidão de distribuição da execução suspende o prazo para prescrição aquisitiva, até que
seja cancelada a averbação por algum motivo.
d) Rony não usucapiu o imóvel na medida em que a averbação da certidão de distribuição da execução
implica na impossibilidade de usucapir por modalidade diversa da usucapião extraordinária.
e) se operou a prescrição aquisitiva em favor de Rony, pela denominada usucapião especial urbana
residencial individual.
15. (FCC / PGE-MA – 2016) Marcelo possuiu, como seu, imóvel no qual estabeleceu sua moradia
habitual, por onze anos, sem interrupção nem oposição, e não ostentando justo título. No imóvel, foram
descobertas jazidas e recursos minerais. Em ação de usucapião, Marcelo requereu fosse declarada
aquisição do imóvel e das jazidas e recursos minerais, pelo transcurso do tempo. A pretensão
a) procede em parte, porque a usucapião extraordinária independe de justo título e seu prazo é reduzido de
quinze para dez anos quando o possuidor estabelece no imóvel sua moradia habitual, porém, a usucapião
não alcançará́ as jazidas e recursos minerais, porque a propriedade do solo não as abrange.
b) procede em parte, porque a usucapião extraordinária independe de justo título e seu prazo é reduzido de
vinte para dez anos quando o possuidor estabelece no imóvel sua moradia habitual, porém, a usucapião não
alcançará́ as jazidas e recursos minerais, porque a propriedade do solo não as abrange.
c) não procede, porque as terras em que se encontram jazidas e recursos minerais não podem ser
usucapidas.
d) procede no todo, porque a usucapião extraordinária independe de justo título e seu prazo é reduzido de
vinte para dez anos quando o possuidor estabelece no imóvel sua moradia habitual e com a aquisição da
propriedade do solo, adquire-se a propriedade das jazidas e recursos minerais, que ao solo pertencem.
e) não procede, porque a usucapião, em qualquer de suas espécies, demanda a existência de justo título.
16. (FCC / DPE-BA – 2016) A posse-trabalho
a) pode gerar a desapropriação de terras públicas em favor de um grupo de pessoas que realizou obras ou
serviços considerados de interesse social e econômico relevante.
b) pode gerar ao proprietário a privação da coisa reivindicada, se for exercida em extensa área por prazo
ininterrupto de cinco anos, mas o proprietário tem direito à fixação de justa indenização.
c) é aquela que permite a usucapião especial urbana, em imóveis com área não superior a 250 metros
quadrados e, por ser forma originária de aquisição da propriedade, independe de indenização.
d) está prevista no Estatuto da Cidade como requisito para a usucapião coletiva de áreas urbanas ou rurais
onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor.
e) se configura como a mera detenção, também chamada de fâmulo da posse, fenômeno pelo qual alguém
detém a posse da coisa em nome alheio.
17. (FCC / DPE-ES – 2016) Cícero é proprietário de vários imóveis urbanos de pequeno valor, e veio a
casar-se com Josefa pelo regime legal de bens, em 10/01/2006, sendo que ela de nenhum imóvel era
proprietária. O casal foi residir em um dos imóveis de 250 m2 pertencente ao varão e, a partir daí, nada

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mais adquiriram, em virtude de seus gastos excessivos. Passados dez anos, Cícero abandonou o cônjuge e
passou a viver maritalmente com Roberta, tendo um filho. Nesse caso, Josefa
a) não adquirirá o imóvel em que reside, ainda que exerça a posse exclusiva, exceto pela usucapião ordinária,
porque a situação dela e de Cícero é semelhante à de condôminos de coisa indivisível em que a posse de um
não pode impedir à do outro.
b) não adquirirá o imóvel onde reside pela usucapião familiar ou conjugal, mesmo se decorridos dois anos
ininterruptamente e sem oposição de sua posse direta e com exclusividade sobre o imóvel, por faltar-lhe
requisito estabelecido em lei para essa forma especial de aquisição da propriedade.
c) se exercer por dois anos ininterruptamente e sem oposição a posse direta com exclusividade sobre o
imóvel onde reside, desde que não seja proprietária de outro imóvel urbano ou rural, adquiri-lhe-á o domínio
pela usucapião.
d) se exercer por um ano ininterruptamente e sem oposição a posse direta com exclusividade sobre o imóvel
onde reside, desde que não seja proprietária de outro imóvel urbano ou rural, adquiri-lhe-á o domínio pela
usucapião.
e) mesmo preenchendo todos os requisitos para a aquisição do imóvel onde reside pela usucapião familiar
ou conjugal, não obterá o domínio, porque Cícero veio a ter um descendente, que é herdeiro necessário.
18. (FCC / TJ-AL – 2015) A propriedade do solo
a) abrange a do subsolo apenas para explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil,
desde que não submetidos a transformação industrial.
b) abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício,
não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou
profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
c) não abrange a do subsolo, por isso o proprietário não pode opor-se a atividades que sejam realizadas por
terceiros no subsolo, ainda que tenha interesse em impedi-las.
d) não abrange a do espaço aéreo, mas abrange a do subsolo.
e) não abrange a do espaço aéreo e o subsolo correspondentes, em qualquer altura ou profundidade, mesmo
que úteis ao seu exercício, podendo, entretanto, obter autorização administrativa para sua utilização, desde
que não prejudique terceiros ou o interesse público.
19. (MPE-SP / MPE-SP – 2015) O artigo 1244 do Código Civil reza que: “Estende-se ao possuidor o
disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as
quais também se aplicam a usucapião.” Assim, entre as alternativas apresentadas abaixo, marque aquela
em que a usucapião poderá ser alegada:
a) entre cônjuges na constância do casamento.
b) entre tutelados e seus tutores, durante a tutela.
c) contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
d) contra os outros condôminos, uma vez cessado o estado de indivisão e comprovada a posse exclusiva da
coisa.
e) contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados e dos Municípios.
20. (UFPR / PGM-Curitiba (PR) – 2015) Sobre usucapião, considere as seguintes situações:

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1. A Associação de Moradores da Comunidade Pinhal, regularmente constituída, tem legitimidade, como


substituto processual, para ajuizar ação de usucapião especial coletiva urbana em favor dos associados que
expressamente a autorizaram a regularizar a situação do imóvel de 900 m² que habitam com suas famílias
há 6 anos, ininterruptamente e sem oposição. Pinhal é uma comunidade de famílias de baixa renda e não foi
possível identificar de forma individual os terrenos ocupados por cada grupo. A sentença que acolher o
pedido declarará o direito dos compossuidores à usucapião e atribuirá a cada um deles fração ideal do
terreno sem levar em conta a dimensão que cada qual ocupa na área.
2. Na usucapião especial urbana ou constitucional não é admissível a acessio possessionis, ou seja, a acessão
ou junção da posse, pois não há transmissão da posse por ato intervivos, já que se exige que a posse seja
pessoal. De outro lado, poderá utilizar-se o prazo do ex-possuidor, no caso de sucessio possessionis, quando
o sucessor, ao tempo do óbito, já residia no imóvel, porque não haverá quebra do período possessório de
cinco anos.
3. Marialva recebeu por herança uma pequena chácara em Adrianópolis, mas pretende vendê-la para
comprar um carro, porque já está acostumada a morar em Curitiba. Antes, porém, quer resolver a situação
do apartamento de 200m² no Bairro Alto, onde vive com seus dois filhos gêmeos de 5 anos. O imóvel foi
comprado quando ela ainda coabitava com o pai dos meninos, que deixou o convívio familiar há 2 anos. Ele
não colabora com as despesas do lar, nem visita os gêmeos regularmente, mas não se opõe a que Marialva
habite o apartamento. Marialva reúne as condições para aquisição da integralidade desse imóvel através de
usucapião familiar.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
21. (TRF-4ª REGIÃO –/ TRF-4ª REGIÃO – 2014) Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa
correta.
O Código Civil de 2002 (na redação vigente) assegura o respeito à propriedade, na mesma linha traçada pelo
legislador constituinte no art. 5º, caput e inciso XXII, da Constituição Federal de 1988, garantindo, a cada um,
o direito ao respeito a seus bens. De fato, só a tutela jurídica da propriedade ocupa o extenso Título III (Da
Propriedade) do Livro III (Do Direito das Coisas) de sua Parte Especial. Com base nos respectivos dispositivos,
pode-se dizer que:
I. Ainda que o proprietário tenha a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa e o direito de reavê-la do poder
de quem quer que, injustamente, a possua ou detenha, ele terá de respeitar, entre outros, o equilíbrio
ambiental e os patrimônios históricos e artísticos, na forma e nos limites estabelecidos pelas leis especiais
respectivas.
II. O proprietário pode ser privado da coisa em determinadas situações, como, por exemplo, por
desapropriação judicial decorrente da posse-trabalho, garantindo-lhe a justa indenização fixada pelo Juiz,
sendo que, uma vez pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos
possuidores.

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III. A usucapião especial urbana residencial familiar exige, como condições para que oa) interessadoa) possa
vir a ser declaradoa) proprietárioa) pela referida usucapião, que a posse ad usucapionem seja exercida, sem
interrupção ou oposição, por no mínimo 5 (cinco) anos, por aquelea) que dividia o imóvel com ex-cônjuge
ou ex-companheiroa) que abandonou o lar, e desde que esteja presente a finalidade de utilização do imóvel
para fins de moradia própria, individual ou de sua família.
a) Está correta apenas a assertiva I.
b) Está correta apenas a assertiva II.
c) Está correta apenas a assertiva III.
d) Estão corretas apenas as assertivas I e II.
e) Estão corretas apenas as assertivas II e III.
22. (VUNESP / TJ-RJ – 2014) Assinale a alternativa que versa corretamente sobre aspectos do direito à
propriedade.
a) Na propriedade fiduciária, o contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já
integrava o patrimônio do devedor.
b) Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha são oponíveis à União.
c) Aquele que possuir coisa alheia móvel como sua, continuamente por 2 (dois) anos, com justo título e boa-
fé, adquirir-lhe-á a propriedade.
d) A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis constitui bem de família para efeito
de penhora.
23. (VUNESP / TJ-SP – 2014) Assinale a opção correta.
a) Pode ser transferida ao comprador, por contrato, coisa que já lhe pertence, desde que o desconheça.
b) Na venda a non domino, estando o adquirente de boa fé e o alienante adquirir depois a propriedade,
convalida-se o ato, considerando-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição.
c) Na venda de coisa alheia, feita a tradição, a propriedade se transfere imediata e automaticamente,
independentemente de qualquer circunstância.
d) Mesmo no caso de furto ou roubo, a propriedade é transferida, e a posse, legitimada.
24. (FCC / TJ-AP – 2014) José e Maria, casados sob o regime da comunhão parcial de bens, adquiriram
um terreno em loteamento devidamente registrado com área de 300 m², nele construindo uma casa para
residência da família, que ocupa 250 m², sendo essa área murada, embora restassem nos fundos 50 m²,
contíguos a uma outra área destinada a uma praça que, entretanto, não foi concluída, nem pela
municipalidade, nem pelo loteador. José abandonou a família e Maria pediu separação judicial, convertida
posteriormente em divórcio, sendo o cônjuge citado por edital, mas não houve a partilha de bens.
Decorridos 6 anos do divórcio, José retornou e passou a ocupar a área remanescente de 50 m² do imóvel
referido e mais 200 m² contíguos, onde se situaria a praça, nelas construindo sua moradia. As casas de José
e Maria são as únicas de cada um. Passados 10 anos do divórcio e 5 anos desde que José veio a residir,
com ânimo de dono, no local mencionado e sem que sofressem oposição às respectivas posses,
a) apesar do tempo decorrido, nem José, nem Maria adquiririam o domínio exclusivo das áreas que ocupam
porque, após a separação judicial, extinguindo-se o regime de bens do casamento, tornaram-se condôminos
e o condômino não pode adquirir, por usucapião, a totalidade do imóvel.

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b) Maria só terá adquirido o domínio integral da área em que ficou residindo, depois de 5 anos e José não
poderá adquirir por usucapião a área total que ocupa com exclusividade.
c) Maria terá adquirido o domínio integral da área em que ficou residindo com a família, depois de 2 anos
ininterruptos de sua posse exclusiva, mas José não poderá adquirir por usucapião a área total que ocupa com
exclusividade.
d) José e Maria terão adquirido pela usucapião a totalidade das áreas que ocupam, cada um deles após 2
anos de efetiva ocupação.
e) José e Maria adquiriram o domínio das respectivas áreas, após 5 anos de efetiva ocupação.
25. (FMP-RS / TJ-MT – 2014) Analise as afirmativas abaixo.
I. É admitida a modalidade de usucapião especial urbano residencial familiar de imóvel de até 250m², desde
que computados dois anos de posse ininterrupta, exclusiva, sem oposição e direta, pelo cônjuge que
permanece residindo no imóvel, contra o ex- cônjuge, ou ex-companheiro, que abandonou o lar e com quem
dividia a propriedade, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
II. As normas do Código Civil que instituem causas obstativas, suspensivas ou interruptivas dos prazos
prescricionais não são aplicáveis à disciplina específica das ações de usucapião.
III. Para os fins da disciplina da usucapião ordinária, considera-se justo o título hábil, em tese, à transferência
do domínio, sendo exemplo o título aquisitivo a non domino.
IV. A boa-fé, dispensável na modalidade de usucapião extraordinária, mas indispensável na modalidade
ordinária, é aquela relativa à dimensão psicológica.
Quais estão corretas?
a) Apenas a I e II.
b) Apenas a II, III e IV.
c) Apenas a III e IV.
d) Apenas a I, III e IV.
e) Apenas a I, II e III.
26. (FCC / DPE-RS – 2014) José da Silva tomou conhecimento da existência de uma rudimentar casa
urbana de veraneio, construída sobre um terreno de 300 m², que estava desocupada e, com sua esposa e
dois filhos, esbulhou o imóvel em 5 de abril de 1998. Desde então, estabeleceu no imóvel sua moradia
habitual, mantendo posse com ânimo de dono, de forma pública, contínua, mansa e pacífica. Em 10 de
junho de 2010, por contrato particular de compra e venda, José alienou o imóvel a Pedro de Souza, pelo
valor de R$ 14.000,00, tendo o comprador passado a utilizar o imóvel também para sua moradia,
mantendo as mesmas características da posse exercida pelo vendedor. Em 10 de junho de 2014, Pedro
recebeu citação em ação reivindicatória ajuizada pelo espólio do proprietário registral do imóvel,
procurando a Defensoria Pública para a defesa de seus direitos. Nesse caso, Pedro
a) poderá, em sua defesa, alegar a ocorrência da prescrição aquisitiva, na modalidade extraordinária, hábil a
ensejar a improcedência da ação reivindicatória contra si manejada.
b) não poderá alegar, tanto em sua defesa na ação petitória quanto em ação autônoma de usucapião, a
ocorrência da prescrição aquisitiva, uma vez que a simples citação na ação ajuizada pelo espólio do
proprietário registral interrompe a posse ad usucapionem.

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c) não poderá, em sua defesa, alegar a ocorrência da prescrição aquisitiva, podendo, entretanto, ajuizar ação
autônoma de usucapião extraordinária.
d) não poderá alegar, tanto em sua defesa na ação petitória quanto em ação autônoma de usucapião, a
ocorrência da prescrição aquisitiva, em qualquer de suas modalidades, pois não atingido prazo suficiente
para tanto.
e) não poderá alegar, tanto em sua defesa na ação petitória quanto em ação autônoma de usucapião, a
ocorrência da prescrição aquisitiva na modalidade extraordinária, pois, em que pese tenha implementado o
requisito temporal, a posse se originou em esbulho do vendedor.
27. (UFPR / DPE-PR – 2014) Identifique as seguintes afirmativas sobre Posse e Propriedade como
verdadeiras (V) ou falsas (F):
( ) Os atos violentos ou clandestinos não autorizam a aquisição da posse, justa ou injusta, mesmo depois de
cessada a prática de tais atos ilícitos.
( ) O detentor age como lhe determina o possuidor, havendo, entre ambos, uma relação de ordem,
obediência e autoridade, razão pela qual ao primeiro não assiste o direito de invocar, em nome próprio, a
proteção possessória.
( ) A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal,
ou real, anula a indireta, de quem aquela foi havida.
( ) O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem
quer que injustamente a possua ou detenha, sendo a pretensão reivindicatória imprescritível, embora possa
esbarrar na usucapião, que pode, inclusive, ser alegada pelo possuidor em defesa.
( ) O registro do título translativo confere presunção juris tantum de domínio, razão pela qual o adquirente
continua a ser havido como dono do imóvel enquanto não se promover, por meio de ação própria, a
decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
a) F – V – F – V – V.
b) V – V – F – V – F.
c) F – F – F – V – V.
d) F – F – V – F – V.
e) V – F – V – F – F.
28. (VUNESP / PC-SP – 2014) No que tange ao instituto da posse e ao direito real de propriedade,
assinale a alternativa correta, de acordo com as disposições do Código Civil de 2002.
a) Os direitos do detentor equivalem aos direitos do possuidor, havendo legítima pretensão à proteção
possessória.
b) Considerando que a propriedade privada é um dos princípios da ordem econômica, não se admite a sua
perda em razão do abandono, pelo proprietário.
c) Admite-se que o possuidor turbado ou esbulhado proteja sua posse por força própria, desde que a reação
seja imediata e não exceda o indispensável.

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d) Em regra, o possuidor não tem pretensão de reintegração de posse quando o esbulho houver sido
praticado pelo proprietário do bem.
e) Em caso de perigo público iminente, o Poder Público pode requisitar a propriedade privada, sendo
faculdade do proprietário ceder ou não o uso às autoridades competentes.
29. (NUCEPE-UESPI / PC-PI – 2014) Quanto às formas de aquisição da propriedade móvel, julgue os
itens.
I - A descoberta não é forma de aquisição da propriedade móvel.
II - A usucapião não é forma de aquisição de propriedade móvel.
III - A especificação é forma de aquisição originária de propriedade móvel.
IV - Tradição não é forma de aquisição de propriedade móvel.
a) Estão corretos os itens II e III.
b) Estão corretos os itens I e II, somente.
c) Apenas o item IV é falso.
d) Apenas o item I está correto.
e) Estão corretos os itens II e IV.
30. (VUNESP / TJ-SP – 2013) Sobre o imóvel urbano de 350 m² que, sem interrupção e nem oposição,
está na posse de Cícero desde fevereiro de 2003, tanto que nele construiu casa pré-fabricada de madeira,
onde habita com sua família, é correto dizer que
a) em fevereiro de 2005, a usucapião especial se consumaria.
b) em 2008, já poderia ter sido usucapido de acordo com a regra da usucapião especial urbana.
c) poderia ser usucapido somente em 2018, de acordo com a regra da usucapião ordinária do Código Civil.
d) em fevereiro de 2013, Cícero já pode ajuizar a ação de usucapião para ver reconhecido seu direito de
propriedade sobre o imóvel.
31. (CESPE / PF – 2013) Como causa de perda de propriedade de bem móvel, o abandono pode ser
presumido, desde que presente a intenção do proprietário; como causa de perda de propriedade de
imóvel, será o abandono absolutamente presumido ante o inadimplemento de ônus fiscais, depois de
cessados os atos de posse.
32. (CESPE / PC-BA – 2013) Considere que Ana e João tenham vivido como companheiros em
determinado imóvel urbano de 100 m² , cuja propriedade era dividida pelo casal e que João tenha
abandonado o lar há dois anos. Nessa situação hipotética, Ana poderá adquirir a propriedade do imóvel
mediante usucapião, desde que tenha exercido a posse direta sobre o bem ininterruptamente e sem
oposição e não seja proprietária de imóvel rural superior a 50 hectares.
33. (PGR / PGR – 2012) EM RELAÇÃO ÀS AFIRMATIVAS ABAIXO:
I. A acessão é chamada de industrial ou artificial quando a incorporação de uma coisa a outra resultar do
trabalho humano, processando-se de móvel a imóvel;
II. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos
fronteiros, mesmo se o rio for público;

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III. A acessão natural por abandono de álveo de uma corrente ocorre quando um rio seca ou se desvia em
decorrência de um fenômeno da natureza;
IV. O construtor de má-fé em zona lindeira, que exceder a vigésima parte do solo alheio, é obrigado a demolir
a construção, indenizando a desvalorização da área perdida.
Das proposições acima:
a) I e II estão corretas;
b) I e III estão corretas;
c) I e IV estão corretas;
d) Todas estão corretas.
34. (FCC / DPE-PR – 2012) Acerca da propriedade e de suas formas de aquisição, aquele que
a) possui ininterruptamente, há seis anos, imóvel urbano com 130 metros quadrados, contíguo com imóvel
de sua propriedade com 80 metros quadrados, tem direito ao usucapião urbano.
b) estabeleceu sua moradia habitual há sete anos em determinado imóvel, após firmar e adimplir com os
ditames de contrato de compra e venda registrado e recentemente anulado por falta de capacidade civil do
vendedor, terá de aguardar mais três anos para adquirir direito à aquisição da propriedade por usucapião.
c) reivindica extensa área de terras de sua propriedade, atualmente ocupada por trinta famílias que
ingressaram a nove anos no local, de boa-fé, em razão de um processo irregular de loteamento, vindo a
urbanizar a área com recursos próprios, pode vir a ser privado da coisa, desde que devidamente indenizado
pelos possuidores.
d) invadiu imóvel alheio e ali estabeleceu sua moradia habitual há onze anos, cultivando no local hortaliças
para venda na região, terá de aguardar mais quatro anos para adquirir direito à aquisição da propriedade
por usucapião.
e) possuiu de forma contínua e de boa-fé bem móvel como seu pelo período de dois anos, tem direito à
aquisição da propriedade por usucapião.
35. (FCC / DPE-SP – 2012) Em tema de Usucapião Coletiva Urbana, é correto afirmar que
a) tem por objeto área particular de até 250 metros quadrados.
b) seu reconhecimento atribui a cada possuidor fração ideal correspondente à dimensão que ocupe na gleba,
exceto se convencionado em contrário.
c) exige posse não contestada, justo título e boa-fé.
d) instaura condomínio indivisível e não passível de extinção por pelo menos dez anos.
e) admite acessio possessionis e sucessio possessionis.
36. (FUNDATEC / PGE-RS – 2011) NÃO é causa de perda da propriedade
a) a alienação.
b) a renúncia.
c) o abandono.
d) a deterioração da coisa.

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e) a desapropriação.
37. (FUNDATEC / PGE-RS – 2011) O possuidor de boa-fé
a) faz jus aos frutos percebidos até que cesse a boa-fé, mas perde os pendentes e os colhidos
antecipadamente.
b) faz jus à indenização das despesas de custeio dos frutos percebidos, dos pendentes e dos colhidos
antecipadamente.
c) não responde pela perda ou deterioração da coisa, enquanto esteja de boa-fé, mesmo que por culpa sua.
d) pode exercer o direito de retenção pelas benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias.
e) que semear em terreno alheio com sementes próprias tem direito à colheita.
38. (FUMARC / PC-MG – 2011) Considerando-se as formas de aquisição da propriedade do imóvel, é
CORRETO afirmar que
a) a aquisição da propriedade por invenção ou descoberta somente será́ efetivada depois de decorrido o
prazo de 60 dias da divulgação da notícia pela imprensa e não se manifestando quem comprove a
propriedade sobre a coisa.
b) a aquisição por usucapião de bens móveis poderá́ ocorrer nas modalidades ordinárias, com 3 anos de
posse, e extraordinária, com 5 anos de posse, sendo que somente nesta última modalidade será́ permitido
ao possuidor acrescentar à sua posse a dos seus antecessores.
c) o constituto possessório e a tradição “brevi manu” são formas de aquisição por tradição ficta, sendo que
no constituto o proprietário de um bem aliena a coisa a outrem, mas continua como possuidor direto,
enquanto que na tradição “brevi manu” ocorre justamente o contrário.
d) a Confusão, a comissão e a adjunção são modos originários de aquisição da propriedade mobiliária e,
assim como na especificação, não produzem espécies novas.
39. (FUMARC / PC-MG – 2011) A lei 12.424, de 16 de junho de 2011, inseriu no Código Civil, em seu
artigo 1.240-A e seu parágrafo 1º, uma nova modalidade de usucapião em nosso ordenamento jurídico, o
usucapião familiar. Sobre esta modalidade de usucapião, é INCORRETO afirmar que
a) permite que um dos ex-cônjuges ou até mesmo ex-companheiros, oponha contra o outro o direito de
usucapir a parte que não lhe pertence, possibilitando neste caso o usucapião entre condôminos.
b) tem como requisito o exercício de posse direta por 2 anos ininterruptos, sem oposição e com
exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² ou rural de até 50 hectares.
c) a parte que propõe a ação de usucapião não pode ser proprietária de outro imóvel urbano ou rural, sendo
que o direito de usucapir nesta modalidade não será́ reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
d) tem como o requisito o abandono do lar por um dos coproprietários.
40. (VUNESP / TJ-MT – 2009) Os pais de Daniel viveram desde 4 de dezembro de 2000 em uma casa de
75 m2 no centro da cidade, exercendo posse como se donos fossem do imóvel, pois não possuíam outro
imóvel, no entanto, faleceram em um trágico acidente ocorrido em 11 de agosto de 2008. Ficando o imóvel
fechado e vazio por três meses, Ana, que possuía escritura de propriedade do imóvel, inscrita no Registro
Público, retomou o imóvel e lá se encontra residindo há seis meses. Daniel, não se conformando com a
situação, ingressou com ação objetivando reaver o imóvel. Diante desse fato, é correto o que se afirma
em:

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a) como Daniel não exercia posse sobre o imóvel, o falecimento de seus pais não lhe garante nenhum direito
sobre este, por não ter somado suas posses.
b) Daniel somente poderia ter algum direito sobre o imóvel, se seus pais tivessem requerido a aquisição de
propriedade do imóvel por ação de usucapião.
c) o falecimento dos pais de Daniel interrompeu a posse com animus domini, impossibilitando a aquisição
da propriedade por usucapião.
d) Daniel adquiriu o imóvel por sucessão causa mortis, razão pela qual poderá intentar a retomada do imóvel
por via judicial em face de Ana.
e) Ana é proprietária do imóvel por ter título público inscrito e retornando à sua posse, não se discute
eventual direito de terceiros.
41. (CESPE / BACEN – 2009) No direito brasileiro, quanto à alienação de bem imóvel de valor superior
ao limite legal:
a) o contrato de compra e venda firmado por instrumento público é condição bastante à transmissão da
propriedade.
b) o contrato de compra e venda do bem estabelece apenas obrigações, de modo que transmitirá a
propriedade uma segunda convenção realizada pelas partes no cartório de registro de imóveis.
c) o registro imobiliário é o ato que determina a transmissão da propriedade, sendo irrelevante a posterior
nulidade do contrato que o antecedeu.
d) firmado contrato válido de transmissão da propriedade, apenas o registro no cartório imobiliário será
bastante à efetiva transmissão, pois o primeiro só estabelece obrigações.
e) a transmissão da propriedade ocorre pela formação de contrato válido, sendo o registro uma condição de
eficácia que opera efeitos retroativos à data em que foi firmada a avença.
42. (CESPE / DPE-AL – 2009) Julgue os próximos itens, relativos à propriedade.
Compõem o direito de propriedade as faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa de quem
injustamente a possua, de modo que, tendo-se como certo o conceito de posse injusta como aquela violenta,
clandestina ou precária, não será possível obter a posse por meio de reivindicatória se a pessoa que detém
a coisa não o faz mediante qualquer dos mencionados vícios.
43. (CESPE / DPE-AL – 2009) Julgue os próximos itens, relativos à propriedade.
Distanciando-se do sistema francês, a lei brasileira exige que a transmissão de um bem imóvel por ato
oneroso inter vivos seja materializada por meio de escritura pública de compra e venda, de modo que
somente após a lavratura desse ato é que o bem passará a integrar o patrimônio do comprador, sendo sua
a propriedade.
44. (FCC / DPE-MA – 2009) À luz do Código Civil brasileiro:
a) o direito de propriedade será exercido de forma plena, absoluta e exclusiva por todo aquele que detiver
o título, sendo inconstitucional qualquer restrição imposta, excetuando-se as que seu titular aceitar de forma
voluntária.
b) segundo Jhering, a posse, por se tratar da exteriorização do direito de propriedade, gera presunção juris
et de jure de domínio.

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c) enquanto a propriedade de bem imóvel é adquirida no momento da averbação em Cartório de Registro


de Imóveis do título aquisitivo, tratando-se de ato inter vivos, ou do formal de partilha, no caso de sucessão
mortis causa, a do bem móvel ocorre pela simples tradição em qualquer caso.
d) a propriedade de bem imóvel transmite-se ao herdeiro do de cujus, pelo registro do formal de partilha no
Cartório de Registro de Imóveis.
e) a propriedade de bem imóvel transmite-se ao herdeiro do de cujus independentemente de registro do
formal de partilha no Cartório de Registro de Imóveis.
45. (FUMARC / DPE-MG – 2009) Analise as alternativas abaixo e assinale a resposta adequada:
1. O exercício do direito de propriedade pressupõe deveres.
2. A propriedade do solo se estende ao subsolo.
3. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias, sobre as quais recai o direito
de retenção.
4. O pedido de imissão de posse poderá seguir o procedimento especial, caso trate de posse nova.
Está(ão) CORRETA(S):
a) apenas a alternativa 1.
b) apenas a alternativa 2.
c) apenas as alternativas 1 e 2.
d) apenas as alternativas 2 e 3.
e) apenas as alternativas 3 e 4.
46. (CESPE / DPE-CE – 2008) Acerca dos registros públicos e dos direitos reais, julgue os itens
subsequentes.
Segundo o princípio da unitariedade, é impossível a matrícula conter mais do que um imóvel em sua
descrição. Permite-se, no entanto, a fusão de matrículas de dois imóveis fisicamente contíguos, mesmo
quando em um deles a titularidade seja representada por compromisso de compra e venda.
47. (FUNRIO / PGE-TO – 2007) O tempo de permanência ininterrupta na área rural, para que o
ocupante possa requerer ao juiz, no usucapião pro labore, que o declare detentor do domínio, é de:
a) 15 (quinze) anos
b) 7 (sete) anos
c) 3 (três) anos
d) 10 (dez) anos
e) 5 (cinco) anos
48. (EJEF / TJ-MG – 2005) De acordo com o Código Civil, são formas de aquisição da propriedade móvel,
EXCETO:
a) a usucapião.
b) a ocupação.
c) a tradição.

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d) a acessão.
49. (CESPE / BACEN – 2005) Toda construção existente em um terreno presume-se feita pelo
proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário, porém:
a) o dono do terreno, para se tornar proprietário da construção levantada por outrem de boa-fé, terá de
pagar metade do valor da construção, exceto se o construtor quiser ficar com o terreno, pagando o décuplo
do valor deste.
b) pagando em dobro as perdas e danos, aquele que, construindo em terreno próprio invadir terreno alheio,
mesmo que de má-fé, adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte
deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção
invasora sem grave prejuízo para a construção.
c) quem constrói em terreno alheio sempre adquirir á a propriedade do solo, pagando o preço do terreno.
d) o que constrói em terreno alheio de boa-fé ou de má-fé, sempre será obrigado a demolir a construção, se
o dono do terreno exigir.
e) se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à
vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da
construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área
perdida e a desvalorização da área remanescente.
50. (PGE / PGE-MS – 2005) Aponte, de acordo com os itens abaixo, qual alternativa retrata requisitos
para a aquisição da propriedade móvel por usucapião:
I. Posse de 3 anos entre ausentes e cinco entre presentes;
II. O justo título e a boa-fé são sempre requisitos da usucapião de coisa móvel;
III. Ocorre a prescrição aquisitiva de móvel no prazo de três anos, mas a lei exige, ainda, posse continua
incontestável, justo título e boa-fé:
IV. Produzirá usucapião a posse de cinco anos, independente de justo titulo boa-fé;
V. As causas suspensivas ou interruptivas da prescrição não se aplicam à usucapião de coisas móveis.
a) Só os itens I e II são falsos:
b) Só os itens I e V são falsos:
c) Só os itens III e IV são verdadeiros;
d) Só os itens IV e V são verdadeiros;
e) Todos os itens são falsos.
51. (FCC / PGE-MA – 2003) Aquele que edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário,
a construção, mas
a) o construtor poderá tornar-se condômino do proprietário do terreno se depositar em Juízo 50% (cinquenta
por cento) do valor deste.
b) o proprietário do solo pode, sempre que o desejar, mandar demolir a construção, mas, neste caso, não
tem direito a perdas e danos.
c) o proprietário sempre se tornará condômino do construtor independentemente do pagamento de
qualquer valor.

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d) se a construção exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que edificou de boa-fé adquirirá a
propriedade do solo, mediante pagamento de indenização que pode ser fixada pelo Juiz.
e) o construtor adquirirá a propriedade do terreno por usucapião, após ano e dia do término da obra.
52. (FCC –/ DPE-MA – 2003) Quem, não sendo proprietário de outro imóvel urbano ou rural, possuir
como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio
a) somente depois de dez anos ininterruptos entre presentes e quinze anos entre ausentes, por usucapião
ordinária.
b) por acessão, após dez anos ininterruptos.
c) por usucapião, após cinco anos ininterruptos.
d) somente após vinte anos ininterruptos, desde que ostente justo título e boa-fé, por usucapião.
e) apenas se ostentar justo título e boa-fé, após dez anos ininterruptos desde o término da construção da
moradia, pela usucapião social.
53. (CESPE / DPE-AM – 2003) Em relação à posse e à propriedade, julgue os itens a seguir:
Não se adquire a propriedade por usucapião sem sentença que declare tal direito, pois esta é requisito formal
da aquisição da propriedade pela prescrição aquisitiva.
54. (ESAF / PGM-Fortaleza (CE) – 2002) Assinale a opção falsa [INCORRETA].
a) Não se pode alegar usucapião pendendo condição suspensiva.
b) A posse ad usucapionem deverá ser exercida com animus domine, mansa e continuamente, durante o
prazo exigido por lei.
c) A posse do credor pignoratício não afasta a possibilidade de usucapião.
d) O usucapião tem por fundamento a consolidação da propriedade, dando juridicidade a uma situação
fática: a posse unida ao tempo.
e) O usucapião é um modo de aquisição da propriedade e de outros direitos reais (usufruto, uso, habitação,
enfiteuse e servidão predial) pela posse prolongada da coisa com a observância dos requisitos legais.
55. (CESPE / DPU – 2001) Adolfo vendeu seu carro, o qual utilizava diariamente, para Benício.
Entretanto, conforme previamente acordado, Adolfo continuará a usá-lo a título de empréstimo de coisa
infungível.
No caso apresentado, há a figura do instituto jurídico da traditio brevi manu.
56. (CESPE / DPU – 2001) Adolfo vendeu seu carro, o qual utilizava diariamente, para Benício.
Entretanto, conforme previamente acordado, Adolfo continuará a usá-lo a título de empréstimo de coisa
infungível.
O contrato de compra e venda sozinho não transmite a propriedade do carro; entretanto, a tradição implícita
presente na figura do constituto possessório transmite.

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GABARITOS
1. TJ-MT A 44. DPE-MA E
2. TJ-RS A 45. DPE-MG B
3. TJ-SP C 46. DPE-CE E
4. PGE-SP A 47. PGE-TO E
5. DPE-PE C 48. TJ-MG D
6. DPE-PE E 49. BACEN E
7. TRF-2ª Região D 50. PGE-MS C
8. TJ-SP C 51. PGE-MA D
9. TJ-SC ANULADA 52. DPE-MA C
10. MP-SP C 53. DPE-AM E
11. DPE-AL B 54. PGM-Fortaleza C
12. TRF-4ª Região A 55. DPU E
13. TJ-DFT E 56. DPU C
14. TJ-RJ E
15. PGE-MA A
16. DPE-BA B
17. DPE-ES B
18. TJ-AL B
19. MPE-SP D
20. PGM-Curitiba B
21. TRF-4ª REGIÃO D
22. TJ-RJ A
23. TJ-SP B
24. TJ-AP C
25. TJ-MT D
26. DPE-RS A
27. DPE-PR A
28. PC-SP C
29. PC-PI D
30. TJ-SP D
31. PF C
32. PC-BA E
33. PGR B
34. DPE-PR C
35. DPE-SP E
36. PGE-RS D
37. PGE-RS A
38. PC-MG NENHUMA
39. PC-MG B
40. TJ-MT D
41. BACEN D
42. DPE-AL E
43. DPE-AL E

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