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Aula 16

Direito Civil p/ Magistratura Estadual


2020 (Curso Regular)

Autor:
Paulo H M Sousa
Aula 16

10 de Abril de 2020

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Sumário

Considerações iniciais ............................................................................................................................ 3

RESPONSABILIDADE CIVIL ...................................................................................................................... 5

II. Responsabilidade por fato impróprio ................................................................................................ 5

1. Fato de terceiro ..............................................................................................................................5

1. Responsabilidade dos pais .............................................................................................................................. 9

2. Responsabilidade do tutor/curador ............................................................................................................. 14

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3. Responsabilidade do empregador/comitente .............................................................................................. 14

4. Responsabilidade dos estabelecimentos de albergue.................................................................................. 15

5. Responsabilidade pela participação em produto de crime .......................................................................... 15

2. Fato de coisa ................................................................................................................................17

1. Responsabilidade pela ruína de edifício ....................................................................................................... 17

2. Responsabilidade pela queda ou lançamento de coisas de edifícios ........................................................... 19

3. Fato de animal .............................................................................................................................20

III. Responsabilidade civil em sentido amplo ....................................................................................... 21

1. Responsabilidade civil-penal ........................................................................................................21

1.1. Ilícito civil e ilícito penal ............................................................................................................21

1.2. Influências da sentença criminal ...............................................................................................27

2. Responsabilidade civil-administrativa .........................................................................................30

3. Responsabilidade civil metaindividual .........................................................................................32

4. Abuso de direito ...........................................................................................................................36

A) Venire contra factum proprium ................................................................................................................... 37

B) Supressio e surrectio .................................................................................................................................... 37

C) Tu quoque .................................................................................................................................................... 38

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D) Exceptio doli ................................................................................................................................................. 38

E) Duty to mitigate the loss .............................................................................................................................. 39

F) Nachfrist ....................................................................................................................................................... 40

Jurisprudência Correlata ...................................................................................................................... 40

1. Abuso de direito ........................................................................................................................................... 41

2. Veículos automotores................................................................................................................................... 41

3. Transporte .................................................................................................................................................... 42

4. Acidente de trabalho .................................................................................................................................... 43

5. Inscrição indevida e protesto ....................................................................................................................... 44

6. Serviços bancários e financeiros ................................................................................................................... 46

7. Responsabilidade dos pais pelos filhos......................................................................................................... 48

8. Responsabilidade por objetos ...................................................................................................................... 53

9. Responsabilidade civil no Direito de Família ................................................................................................ 53

10. Responsabilidade civil do Estado ................................................................................................................ 54

11. Publicidade, intimidade e privacidade ....................................................................................................... 55

12. Educação e saúde ....................................................................................................................................... 56

13. Responsabilidade civil-penal ...................................................................................................................... 58

Jornadas de Direito Civil....................................................................................................................... 61

Resumo ................................................................................................................................................ 63

Considerações finais ............................................................................................................................ 65

Questões Comentadas ......................................................................................................................... 65

Listas de questões .............................................................................................................................. 113

Gabaritos ............................................................................................................................................ 133

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Inicialmente, lembro que sempre estou disponível, para você, aluno Estratégia, no Fórum de Dúvidas do
Portal do Aluno e, alternativamente, também, nas minhas redes sociais:

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Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

Reafirmo que obrigação e responsabilidade não se confundem. Por isso, é possível haver responsabilidade
sem obrigação. Essa é a primeira lógica da Responsabilidade Civil. A segunda lógica é ainda mais simples e
direta: a tutela da vítima.

Se você se lembrar dessas duas lógicas, a Responsabilidade Civil, campo fértil para o casuísmo, o absurdo, a
contradição, torna-se menos problemática. Nesta aula, essas lógicas serão fundamentais.

Isso porque tratarei, ao final da aula, da vasta jurisprudência que minudencia os casos nos quais há dever de
indenizar, ou não. Vale dizer, você mergulhará no casuísmo dos julgados do STJ. Para resumir... depende.

Como assim? De um lado, é de se criticar o casuísmo da jurisprudência, especificamente quanto à vacilação


que cotidianamente impera, a contradição entre os variados julgados de uma e da outra Seção do STJ e das
mudanças repentinas de entendimento.

De outro, a crítica ao casuísmo da jurisprudência é excessiva, especificamente quanto a situações


semelhantes que são julgadas de maneira completamente diversa. Parece-me que, em certa medida, esse é
o papel da jurisprudência: ajustar a decisão ao caso concreto. Do contrário, seria mais fácil e barato criar um
aplicativo de decisões.

Sem alma, sem coração, julgando a vida das pessoas à moda de um autômato, cega e insensível, a
jurisprudência se tornaria uma “lei dos juízes”. Em países da civil law a jurisprudência é mais comumente
atacada que nos países da common law exatamente porque os partidários do sistema romano-germânico
esperam das decisões judiciais algo que elas não podem oferecer: soluções a priori.

Esse é o papel da lei, não da jurisprudência. A jurisprudência deve tomar decisões a posteriori, considerando
as vicissitudes do caso concreto. Como diz Fachin, o julgador julga com o texto, mas também com a testa. A
insensibilidade da lei é corrigida pela sensibilidade do julgador; ele deve sentir o caso, corrigindo a justiça da
lei à concretude do caso.

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No entanto, a jurisprudência confunde a necessidade de sensibilidade, de fazer justiça ao caso concreto com
a ausência completa de parâmetros, de princípios, de um leitmotiv; confunde a justiça do caso concreto com
o justiceiro que toma para si o desígnio quase celestial de resolver o mundo.

Por isso, torna-se jurisprudência lotérica, errática, assistemática e criticável. A doutrina, na esteira desse
justicialismo vai no mesmo caminho. Temerária, sem coragem, ou se curva aos julgados, acriticamente, ou a
critica de modo panfletário, superficial, excessivamente ligada à defesa de interesses egoísticos e pessoais.

E isso é um complicador descomunal para quem estuda a Responsabilidade Civil. Exige um “decoreba”
inacreditável. Exige conhecer o “último grito da moda” jurisprudencial, a “decisão de ontem” do STJ que deu
um giro de 180º num entendimento consolidado há décadas.

Exige conhecer a teoria maluca que um doutrinador inexpressivo trouxe de um ordenamento jurídico
absolutamente distinto no brasileiro na semana passada. Exige conhecer as divergências, geralmente
baseadas na falta completa de técnica – e, quiçá, “noção” mesmo –, entre teses de autores que muitas vezes
criam teses que teses não são.

Habitualmente, as bancas não destroem os candidatos com tanta munição. É comum que as coisas fiquem
num certo círculo de tranquilidade, com um ou outro arroubo de desconforto. Mas, vez ou outra, o
examinador resolve “sair do corpo” e cobrar esse tipo de absurdo. E você, infelizmente, precisa ficar
preparado para o impreparável, ligado no inligável.

Minha dica? Acompanhe a jurisprudência do STJ como se acompanha fofoca de subcelebridade. Sempre dê
uma olhada nos Informativos de Jurisprudência do STJ enquanto faz alguma atividade burocrática do
cotidiano. Eu, sempre que relevante (e quase apelo para os critérios de oportunidade e conveniência do
agente público), tratei os julgados mais robustos, mais importantes e com maior probabilidade de pintarem
na sua prova.

Evidente que o examinador pode presentear você com julgados psicodélicos. Já vi em prova aparecer questão
sobre um julgado do STJ que eu mesmo tinha lido pouco tempo antes, mas sequer lembrava que tinha lido!
Caso peculiaríssimo. Irrelevante para a humanidade. Desnecessário para quem está sendo avaliado.

Sejamos sinceros. Nesses casos, a questão é tão lotérica quanto a jurisprudência. Aí, só resta apelar para a
entidade divina à qual você devota sua fé (ou as, se você for politeísta, ou a um cálculo de probabilidade, se
for ateísta). E esperar que sua mira esteja ajustada. E que o chute seja certeiro.

E qual é o ponto do seu Edital que eu analisarei nesta aula? Veja:

Responsabilidade civil II

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RESPONSABILIDADE CIVIL
II. RESPONSABILIDADE POR FATO IMPRÓPRIO
A cisão entre Schuld e Haftung fica bem clara quando se estudam algumas das hipóteses de responsabilidade
civil elencadas pelo CC/2002. Dentre elas encontram-se as situações de responsabilidade por fato de
terceiro, responsabilidade por fato de coisa e responsabilidade por fato de animal.

Ou seja, ainda que o causador do dano seja outra pessoa, ou mesmo quando sequer uma pessoa causa o
dano, mas um animal, ou ainda se for ele causado por um objeto inanimado, é necessário responsabilizar
alguém. Essa pessoa, mesmo não tendo causado o dano, terá dever de indenizar.

Aqui, a responsabilidade civil e o Direito Civil se afastam enormemente da responsabilidade penal e do


Direito Penal contemporâneos. Neste, há um sistema de responsabilização no qual seria, em linhas gerais,
impensável imputar ao acusado pena por ato cometido por outrem. Mais absurdo ainda responsabilizar
alguém pelo dano causado a outrem por uma coisa ou um animal.

Assim, é possível aduzir que, em regra, a responsabilidade civil é por fato próprio, ou seja, responsabiliza-se
o causador direto do dano. No entanto, na responsabilidade civil por fato impróprio responsabiliza-se alguém
por fato não cometido diretamente por ela. Por uma série de razões, o ordenamento jurídico imputa a
responsabilidade, ainda que indiretamente, àquele que não causou o dano.

1. FATO DE TERCEIRO
Vê-se aqui a possibilidade de não causar dano a outrem e, ainda assim, ser responsabilizado.
A lei, em situações especiais, remete a responsabilidade por um dano a terceiro, que não o
causador do dano. Mas isso pode acontecer a qualquer um, de qualquer modo, a qualquer
tempo? Não.

Via de regra, o fundamento último é um dever de guarda, controle, vigilância ou proteção.


Verifica-se, tradicionalmente, a responsabilidade por fato de outrem em relações de submissão ou
autoridade, como no caso do patrão e empregado ou do pai e filho, por exemplo.

Juridicamente falando, essa responsabilização de um terceiro se fundamenta numa omissão no seu dever
(como o patrão que não exerce sua autoridade disciplinar sobre o funcionário). Há, em algum sentido,
desleixo, descaso, falta de vigilância. Isso porque quem tem alguém sob seu comando, controle, autoridade
ou submissão, deve zelar tanto pelo agente quanto pelas pessoas e coisas com as quais o agente entra em
contato.

Quais são essas hipóteses? Elas estão presentes nos incisos do art. 932 do CC/2002:

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Os pais

• Pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia

O tutor e o curador

• Pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições

O empregador ou comitente

• Por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir,
ou em razão dele

Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por


dinheiro, mesmo para fins de educação

• Pelos seus hóspedes, moradores e educandos

Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime

• Até a concorrente quantia

Mas a responsabilidade dessas pessoas é objetiva ou subjetiva? Segundo o art. 933 do CC/2002, a
responsabilidade é objetiva (“Teoria do risco-criado”), sequer existindo espaço para que o terceiro prove
que tomou todas as medidas que lhe competiam para evitar o dano:

As pessoas indicadas no artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão
pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

ATENÇÃO!!! A responsabilidade civil do responsável legal (pais, tutores, curadores,


empregadores, donos de hospedagens, beneficiários do produto do crime) é OBJETIVA.
No entanto, a responsabilidade civil dos causadores do dano, dos agentes (filhos,
tutelados, curatelados, empregados, hóspedes e criminosos) é SUBJETIVA!

“Como assim? Isso não é contraditório???” Claro que não. Dois exemplos tornam essa
percepção mais simples. O motorista de uma transportadora trafega normalmente. Você bate no carro dele.
A transportadora responderá pelo dano ao seu carro? Evidente que não. Ora, mas a responsabilidade dela
não é objetiva pelos danos causados pelo empregado? Sim, mas ele não teve culpa. Em outras palavras,
analiso a conduta do agente de maneira culposa.

Um hóspede passa a provocar o outro. Começam a discutir. Um começa a agredir o outro. O agredido, então,
revida, e acaba “dando uma surra” no agressor. O agressor pode responsabilizar o hotel pelos danos
experimentados? Novamente, evidente que não. Ora, mas a responsabilidade do hotel não é objetiva? É,
mas não houve culpa do agredido, que apenas revidou a agressão.

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Em outras palavras, analiso a conduta do agente de maneira culposa. Trata-se do que alguns autores chamam
de “responsabilidade objetiva indireta” ou “responsabilidade objetiva impura”. Isso porque se exige culpa
do agente (responsabilidade subjetiva), mas não do responsável legal (responsabilidade objetiva).

(FCC / TRT-23ª Região – 2015) Caminhão da Transportadora Ribeirão, conduzido por seu empregado
Lúcio, abalroou veículo pertencente a Paulo, que ajuizou ação pugnando pela condenação da
empresa. Esta será responsabilizada de maneira

A) subjetiva, se provado que Lúcio agiu com culpa.

B) objetiva, independentemente de prova de que Lúcio agiu com culpa.

C) subjetiva, por culpa presumida, se provado que Lúcio agiu com culpa.

D) objetiva, se provado que Lúcio agiu com culpa.

E) subjetiva, por culpa presumida, independentemente de prova de que Lúcio agiu com culpa.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque a responsabilidade civil subjetiva se aplica apenas ao agente,
sendo objetiva a responsabilidade civil do responsável.

A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões da alternativa anterior, dado que necessário
provar a culpa do agente.

A alternativa C está incorreta, não havendo que se falar em culpa presumida.

A alternativa D está correta, na literalidade do art. 932, inc. III: “São também responsáveis pela
reparação civil o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício
do trabalho que lhes competir, ou em razão dele”.

A alternativa E está incorreta, pelas mesmas razões da assertiva C, supramencionada.

Em qualquer caso, nem que o responsabilizado (empregador ou hotel) prove que não teve culpa alguma e
não podia ter evitado o dano, responderá, havendo culpa do agente. E o responsável legal arca com o
prejuízo? Exclusivamente? O agente por nada responde?

Mais ou menos, porque há a possibilidade de ação regressiva do responsável legal contra o causador do
dano, nos termos do art. 934. Esclarece o dispositivo que aquele que ressarcir o dano causado por outrem

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pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou. Na via regressiva, a indenização atribuída a cada
agente será fixada proporcionalmente à sua contribuição para o evento danoso (Enunciado 453 da V Jornada
de Direito Civil).

A exceção fica por conta da primeira situação. Se o causador do dano for descendente do responsável legal,
absoluta ou relativamente incapaz, não pode ele agir regressivamente contra o filho. Segundo Venosa,
ainda que não se diga expressamente, inclui-se na exceção do art. 934 também os tutores e curadores pelos
danos causados pelos pupilos ou curatelados.

Veja-se que, em verdade, o art. 932 não trata apenas dos casos de responsabilidade civil por fato impróprio,
mas é de redação bastante geral:

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago
daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou
relativamente incapaz.

É com base nesse dispositivo que se dá azo à ação in rem verso, prevista genericamente
no art. 886 (“Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado
outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido”). Assim, aquele que ressarce dano
causado por outrem empobrece ao mesmo tempo em que o causador do dano enriquece,
na medida em que deixa de indenizar não fica mais rico, literalmente, mas, ao deixar de
empobrecer, quando deveria, enriquece.

Não se permite, com base na vedação ao enriquecimento sem causa, que alguém se enriqueça às custas de
outrem. As saídas são muitas (ou, processualmente falando, as ações), mas, mesmo quando o processo não
dá instrumento específico, o enriquecimento sem causa não deve prosperar.

Como compatibilizar essas percepções aparentemente contraditórias? A partir da residual ação in rem
verso, por meio do qual “aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago
daquele por quem pagou”.

Em todos os casos supracitados, a responsabilidade do causador do dano com o responsável


legal é solidária, por previsão expressa do art. 942, parágrafo único do CC/2002. Porém, o
incapaz (absoluta ou relativamente) responde pelos prejuízos que causar de maneira
subsidiária, inversamente.

(TRT 21ª REGIÃO / TRT-21ª REGIÃO (RN) – 2015) Consoante a dinâmica da responsabilidade civil, é
correto afirmar, à luz da legislação pátria e da jurisprudência dominante nos Tribunais Superiores:

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A) Ofensas indenizáveis, se possuírem mais de um autor, somente implicam responsabilização solidária


nos casos de obrigação indivisível, pois do contrário, cada autor responde de forma proporcional à
extensão de sua culpa.

B) Não se configura ilícito praticado em face de direito personalíssimo do empregado, a mera utilização
de sua imagem para fins comerciais, sem autorização, durante a jornada de trabalho, não se podendo
falar em reparação de dano moral por tal motivo.

C) A incapacidade é elemento excludente da responsabilidade civil própria, o que não limita a


possibilidade de reparação perante os responsáveis legais pelo incapaz.

D) Na hipótese de responsabilidade extracontratual, os juros de mora são devidos desde a data do


evento danoso e não da citação.

E) O construtor tem responsabilidade exclusivamente perante o dono da obra, devendo este último
responder perante terceiros que, eventualmente, venham a sofrer danos decorrentes da execução da
mesma.

Comentários

A alternativa A está incorreta, segundo o art. 942, parágrafo único: “São solidariamente responsáveis
com os autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932”.

A alternativa B está incorreta, de acordo com a Súmula 403 do STJ: “Independe de prova do prejuízo
a indenização pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou
comerciais”.

A alternativa C está incorreta, na literalidade do art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que
causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
meios suficientes”.

A alternativa D está correta, conforme o art. 398: “Nas obrigações provenientes de ato ilícito,
considera-se o devedor em mora, desde que o praticou”.

A alternativa E está incorreta, dada a jurisprudência antiga do STJ a respeito: “Responsabilidade civil.
Desabamento de muro. Responsabilidade do dono do imóvel e do empreiteiro. Prova do dano moral.
Precedentes da Corte. Do mesmo modo, precedente da Corte já assentou que o "proprietário da obra
responde, solidariamente com o empreiteiro, pelos danos que a demolição de prédio causa no imóvel
vizinho" (REsp 180.355/SP, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA,
julgado em 14/10/1999, DJ 06/12/1999, p. 84)”.

Vou mostrar a você cada uma dessas situações detalhadamente.

1. Responsabilidade dos pais

Em regra, os filhos não exercem atividades que possibilitem auferir renda, não possuem patrimônio e não
terão como arcar com a indenização, se devida, ao contrário dos pais, que, também geralmente, possuem

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melhores condições para tanto. Mesmo que inexista capacidade ou imputabilidade, o dano causado pelo
menor deve ser indenizado, já que o Direito Civil pretende a tutela da vítima.

Ainda que o menor não tenha causado ato ilícito, na perspectiva mais criminal do termo, pois incapaz, há
responsabilidade civil. Aqui se evidencia a perspectiva mais técnica de que na responsabilidade civil se fala
mais em imputação do que em culpa propriamente dita. Imputa-se uma conduta danosa ao menor porque
o ordenamento o permite.

Por isso, o Enunciado 590 da VII Jornada de Direito Civil me parece redundante. Estabelece que a
responsabilidade civil dos pais pelos atos dos filhos menores, não obstante objetiva, pressupõe a
demonstração de que a conduta imputada ao menor, caso o fosse a um agente imputável, seria hábil para a
sua responsabilização. Ora, o dispositivo confunde imputabilidade (penal) e imputação de responsabilidade
(civil).

Evidentemente, apesar de a responsabilidade dos pais ser objetiva, a responsabilidade do menor é subjetiva,
pressupondo culpa. Evidentemente que a responsabilidade dos pais não é objetiva mesmo que não haja
conduta culposa do menor, ou se responsabilizariam os pais por um ato no qual o menor é vítima.
Obviamente que a imputabilidade penal é irrelevante.

Assim, seria absurdo pensar que os pais teriam dever de indenizar na seguinte situação: o menor dirige
indevidamente e é atingido por um motorista bêbado que avança o sinal fechado. Ora, claro que o motorista
terá sofrido dano, já que seu carro ficou batido. Mas os pais desse menor não o indenizarão, porque não há
culpa dele (rectius, imputação, tecnicamente falando). A culpa é do outro motorista. Os pais não apenas não
indenizarão como também serão indenizados. Eventual responsabilidade penal e administrativa é irrelevante
para fins de indenização. É preciso ter clareza de ideias para não confundir as coisas.

Inicialmente, se há responsabilidade civil por dano causado por incapaz, quem responde são
responsáveis legais (responsáveis principais), em regra, e não o próprio incapaz (responsável
subsidiário). Agora, se os responsáveis legais não tiverem a obrigação de indenizar (não
estiver o menor sob a autoridade, p.ex.) ou quando estes não possuírem meios para adimplir
a indenização, segundo o art. 928, parágrafo único, os próprios incapazes responderão.

(FCC / TJ-PI – 2015) O incapaz

A) responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de
fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

B) não responde com seus bens pelos prejuízos que causar, em nenhuma hipótese, se a incapacidade
for absoluta.

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C) não responde com seus bens pelos prejuízos que causar, devendo suportá-los somente seus
responsáveis.

D) apenas responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem
obrigação de fazê-lo.

E) apenas responde com seus bens pelos prejuízos que causar, se a incapacidade cessar, ficando até
esse momento suspenso o prazo prescricional.

Comentários

A alternativa A está correta, na literalidade do art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que
causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
meios suficientes”.

As alternativas B, C, D e E estão incorretas, consequentemente.

Segundo o Enunciado 40 da I Jornada de Direito Civil, há uma exceção. O menor fica responsável como
devedor principal, diretamente, na hipótese do ressarcimento devido pelos adolescentes (pessoas entre 12
e 18 anos) que praticarem atos infracionais nos termos do art. 116 do ECA, no âmbito das medidas
socioeducativas ali previstas. Ou seja, no caso específico do ECA, o absolutamente incapaz (adolescente com
mais de 12 anos e menos de 16 anos) e o relativamente incapaz (adolescente com mais de 16 anos e menos
de 18 anos) será chamado a indenizar de maneira solidária com seus pais.

De volta ao art. 928, parágrafo único, há limitação da responsabilidade dos incapazes. Não se pode privar do
necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem, atentando-se ao mínimo existencial. Trata-se de
aplicação do estatuto jurídico do patrimônio mínimo, tese defendida por Fachin.

Aprofundando esse entendimento, o Enunciado 39 da I Jornada de Direito Civil esclarece que essa
impossibilidade de privação do necessário à pessoa traduz um dever de indenização equitativa, informado
pelo princípio constitucional da proteção à dignidade da pessoa humana. Como consequência, também os
pais, tutores e curadores serão beneficiados pelo limite humanitário do dever de indenizar, de modo que a
passagem ao patrimônio do incapaz se dará não quando esgotados todos os recursos do responsável, mas
se reduzidos estes ao montante necessário à manutenção de sua dignidade.

Além disso, quando se fala em indenização equitativa, ou seja, em redução do quantum indenizatório, não
necessariamente se deve reduzir a indenização apenas porque quem será chamado a indenizar é o menor.
Se os pais não têm meios suficientes e o menor é chamado a indenizar, pode a indenização ser plena
(restitutio in integrum), desde que não prive ele ou seus dependentes econômicos do patrimônio mínimo.
Esse é o entendimento que se vê estampado no Enunciado 449 da V Jornada de Direito Civil.

Cuidado em relação às expressões “sob sua autoridade” e “em sua companhia”. A autoridade liga-se ao
poder familiar; se um ou ambos ou genitores não detém poder familiar sobre o menor, não responde pelo
dano, como, por exemplo, no caso do filho sob a guarda dos avós.

A companhia não remete apenas à companhia momentânea, mas duradoura. Assim, se o menor sai, à
noite, e causa um dano, os pais são responsáveis, ainda que não na companhia “efetiva” do menor. Veja-se

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que se o filho não está na companhia dos pais por vontade ou desídia destes, não se afasta a
responsabilidade.

O mero fato de um genitor não deter guarda de seu filho ou não estar com ele não o isenta de
responsabilidade, entende o STJ. Há inúmeros julgados que mantêm o dever de indenizar do pai, divorciado,
cuja guarda do filho permanece com a mãe, mesmo que morem em cidades diferentes. Há precedentes que
afastam o dever de indenizar quando se verifica que não há mais qualquer relacionamento entre o pai e o
filho. Ou seja, deve-se atentar para a situação concreta.

Considerando que a responsabilidade dos pais pelos atos danosos praticados pelos filhos menores é objetiva,
e não por culpa presumida, ambos os genitores, no exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente
responsáveis por tais atos. Segundo o Enunciado 450 da V Jornada de Direito Civil, ainda que estejam eles
separados, a solidariedade persiste, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclusiva de um dos
genitores.

Nesse ponto entra também a controvérsia a respeito da emancipação. Ou seja, o filho, ainda menor, é
emancipado e torna-se plenamente capaz para os atos da vida civil. Persiste a responsabilidade dos pais? A
meu ver, a solução seria puramente legal. Isso porque o art. 932, inc. I, é claro ao dispor que os pais são
responsáveis pelos “filhos menores”.

O dispositivo, portanto, não fala em capacidade, fala em menoridade. Menoridade é um dado objetivo: quem
tem menos de 18 anos é menor. Irrelevante se o menor é plenamente capaz (porque emancipado). A lei
continua se aplicando (dura lex, sed lex). A doutrina, porém, discute o assunto ferrenhamente.

Como o CC/1916 trazia a responsabilidade dos pais por culpa presumida, afastar-se-ia sua responsabilidade
em caso de emancipação. A jurisprudência, todavia, já previu os excessos. Como assim? Os pais, verificando
a delinquência contumaz do filho o emancipariam para evitar que fossem chamados a indenizar.

A jurisprudência, prevendo essa “jogada”, passou a estabelecer que não se isentariam os pais de
responsabilidade ao emanciparem o filho. A presunção de culpa não seria ilidida em caso de emancipação
voluntária. Ao contrário, nos demais casos de emancipação (casamento, exercício efetivo de emprego
público, existência de economia própria decorrente de emprego e estabelecimento de empresa), a
responsabilidade dos pais cessaria.

No entanto, a meu ver, essa distinção e discussão são absolutamente irrelevantes na sistemática do CC/2002,
que afastou a presunção de culpa e tornou a responsabilidade dos pais objetiva. Quando perdura a
responsabilidade dos pais? “Pelos filhos menores”, estabelece o art. 932, inc. I. Por isso, inócuas questões a
respeito de emancipação, se voluntária ou legal.

O STJ, contudo, restringe a manutenção da responsabilidade dos pais à hipótese de emancipação voluntária,
dado que ela seria a única que permite que os pais tentem se esquivar do dever de indenizar. Vale lembrar
que os pais não podem agir regressivamente contra o filho, pelo que seria curioso que os pais de um Youtuber
milionário de 16 anos fossem obrigados a indenizar pela difamação que ele comete na internet e não
pudessem, posteriormente, regredir contra ele.

O moleque milionário nada indenizaria, e seus pobres pais indenizariam e não poderiam exigir o valor pago
de volta. Por isso a jurisprudência criou essa “dobra” sistemática para permitir que os pais se isentassem de

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responsabilidade nos casos de emancipação legal. Assim, a emancipação concedida pelos pais
(emancipação voluntária) não exclui sua responsabilidade pelos danos causados pelo filho menor. Ao
contrário, a emancipação legal (casamento, exercício efetivo de emprego público, existência de economia
própria decorrente de emprego e estabelecimento de empresa), isenta os pais do dever de indenizar.

Se o menor tiver sido emancipado voluntariamente (art. 5º, parágrafo único, inc. I), a responsabilidade
dele com os pais deixa de ser subsidiária e passa a ser solidária. Essa seria a única hipótese em que poderá
haver responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais, estabelece o Enunciado 41 da I Jornada
de Direito Civil.

Regra 1

• Pais têm responsabilidade principal, filhos têm responsabilidade subsidiária

Exceção

• Filhos têm responsabilidade principal por ato infracional (art. 116 do ECA)

Quando?

• Entre 12 anos e 18 anos (adolescentes, absoluta ou relativamente incapazes)

Regra 2
• Pais têm responsabilidade principal, filhos têm responsabilidade subsidiária

Exceção
• Filhos têm responsabilidade solidária, se voluntariamente emancipados (art. 5º,
parágrafo único, inc. I do CC/2002)

Quando?
• Entre 16 anos e 18 anos (relativamente incapazes)

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2. Responsabilidade do tutor/curador

Em regra, os próprios pais são os tutores e curadores, mas nem sempre. Há grande crítica à responsabilidade
objetiva, especialmente em relação à curatela, que é, em geral, ato de altruísmo e gratuito.

De qualquer forma, o CC/2002 mantém a responsabilidade dos tutores e curadores pelos atos praticados
pelos tutelados e curatelados, igualmente de maneira objetiva. Friso que, segundo Venosa, se o causador
do dano for o tutelado ou o curatelado, não pode o responsável legal, tutor ou curador, agir
regressivamente contra o tutelado ou curatelado.

Por fim, cuidado com a antinomia aparente entre o art. 942, parágrafo único (responsabilidade solidária dos
responsáveis legais) e o art. 928 (responsabilidade subsidiária do filho menor). Ora, se os pais são curadores
do próprio filho menor, como num caso em que ele não pode, transitória ou permanentemente exprimir sua
vontade, em virtude de um transtorno (art. 1.767, inc. I; não se falando aqui nas regras do Estatuto da Pessoa
com Deficiência), a responsabilidade dos pais é subsidiária ou solidária?

O entendimento prevalece no sentido de que a responsabilidade solidária é a regra geral, excepcionada no


caso dos pais pelos filhos menores. Assim, mesmo que os pais sejam também curadores, respondem
subsidiariamente. Se cessar a menoridade e a curadoria se mantiver, passaria a ser essa responsabilidade
solidária.

3. Responsabilidade do empregador/comitente

O conceito de empregador não está contido na legislação civil, mas no art. 2º da CLT, que considera
“empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite,
assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço”. Esse artigo, no §1º, equipara determinadas figuras ao
empregador:

Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais


liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins
lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.

Ou seja, em resumo, todo aquele que contrata alguém e se utiliza de seu trabalho, mediante
remuneração, para auferir algum benefício, mediante estabelecimento de uma relação
hierárquica de subordinação, é empregador, ao menos para os fins desse artigo do CC/2002.
Eventuais discussões de cunho trabalhista são resolvidos pela legislação, doutrina e
jurisprudência próprias, evidentemente.

Por outro lado, a noção de comitente está no art. 693 do CC/2002, que conceitua o contrato de comissão
como aquele que “tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, à
conta do comitente”. Ou seja, o comitente é o “favorecido” pelos negócios.

Essa responsabilização ocorre, em regra, apenas durante a execução da atividade subordinada, ou seja,
durante o “expediente”. Porém, com base na “Teoria da aparência”, há exceções, dado que aquele que
sofre o dano “acredita” que o causador do dano o fez em razão do emprego e, por isso, deve ser
indenizado.

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Por isso, determina o Enunciado 451 da V Jornada de Direito Civil que a responsabilidade civil por ato de
terceiro se funda na responsabilidade objetiva ou independente de culpa, estando superado o modelo de
culpa presumida. Assim, a Súmula 341 do STF (“É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo
do empregado ou preposto”) está superada, porque ainda baseada no modelo do CC/1916 de presunção de
culpa, solapado pelo art. 933 do CC/2002.

Porém, no RE 601.811, o STF entendeu que não há responsabilidade civil da empregadora por ato doloso
(homicídio) praticado por seu empregado (vigia), por razões estritamente pessoais, estranhas ao serviço,
contra vizinho do estabelecimento. Entendeu o Min. Lewandowski, em decisão monocrática, que isso não
violaria a Súmula 341 do STF. Assim, reconheceu a Corte, a despeito da remissão a Súmula superada, que a
responsabilidade do empregador, apesar de objetiva, pode ser afastada em caso de ato doloso do
empregado, sem qualquer correlação com o emprego, em ação estritamente pessoal.

Além disso, prevê o Enunciado 44 da I Jornada de Direito Civil que o empregador e o comitente somente
podem agir regressivamente contra o empregado ou preposto se estes tiverem causado dano com dolo ou
culpa. Óbvio, já que somente haverá responsabilidade do empregador/comitente se o empregado/preposto
agir, no mínimo, culposamente.

4. Responsabilidade dos estabelecimentos de albergue

A amplitude desse artigo abrange todo tipo de estabelecimento de albergue remunerado: creche, escola,
hotel, motel, SPA, asilo, hospital, sanatório, centros de recuperação de dependentes etc. Sublinhe-se a
necessidade de contraprestação para haver responsabilidade objetiva.

Essa responsabilidade abrange os danos causados pelos hóspedes a terceiros e pelo estabelecimento aos
hóspedes. No mesmo sentido, o art. 14 do CDC estabelece a responsabilidade objetiva na prestação de
serviços. Mesmo danos causados fora da instituição são passíveis de indenização por ela, como, por exemplo,
no caso de uma excursão de alunos organizada pela escola.

Além disso, cláusulas que atenuam ou isentam a responsabilidade do estabelecimento são nulas, mesmo
que existam avisos ostensivos, conforme regra do art. 51, inc. I do CDC. Nesse sentido, o Enunciado 191 da
III Jornada de Direito Civil evidencia que a instituição hospitalar privada responde objetivamente pelos atos
culposos praticados por médicos integrantes de seu corpo clínico.

5. Responsabilidade pela participação em produto de crime

Primeiro, não confunda participação com a coautoria, talqualmente não se pode fazer no âmbito da
responsabilidade penal. De acordo com a “Teoria finalista da ação”, na coautoria o sujeito participa do
evento consciente de sua função na execução do ato criminoso. O partícipe, inversamente, não realiza a
conduta típica, mas contribui para o ato, ciente da ilegalidade. Em resumo, o coautor age e o partícipe
apenas auxilia.

Nem de um nem de outro trata o art. 932, inc. V do CC/2002. Aqui, a pessoa apenas recebe o
produto do crime, ou seja, não pode ser considerado nem coautor nem partícipe. São
situações bem diferentes, portanto.

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Em realidade, essa participação é semelhante ao tipo de receptação do art. 180 do CP. A diferença é que na
receptação o receptador “sabe ser produto de crime” o objeto recebido (art. 180, caput, do CP/1940).
Mesmo que não saiba, porém, pode ser considerado receptador, se por sua natureza ou pela desproporção
entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, pode presumir ter sido obtida por meio
criminoso (art. 180, §3º).

A pena, na segunda situação, é menor, claro. Mas se alguém compra um objeto por preço infinitamente
inferior ao de mercado (um iPhone novo por R$100,00), também se configura receptação, dada a manifesta
desproporção no preço. Se alguém recebe gratuitamente um iPhone que ainda não foi lançado, também se
configura receptação, pois não pode ter o doador adquirido esse produto de maneira lícita, em regra.

No entanto, a repercussão penal é irrelevante para a responsabilidade civil. Imputabilidade, culpabilidade e


antijuridicidade são conceitos estranhos à análise da responsabilidade civil em caso de participação de
produto de crime. Em qualquer caso, a pessoa responde, objetivamente. Irrelevante, portanto, seu
conhecimento sobre o crime, que a tornaria imputável por receptação (art. 180, caput, do CP/1940), ou
sobre a possibilidade de se presumir seu conhecimento (art. 180, §3º). Irrelevante ser inimputável, como
um menor que recebe produto de crime; a responsabilidade subsiste.

Aquele que recebe produto de crime responde apenas pelo dano até o valor que recebeu. Ao
contrário, tanto na coautoria quanto na participação, a pessoa responderia integralmente
pelo dano, e não de maneira limitada. Essa distinção é fundamental, monetariamente falando.

Se João assalta um supermercado, roubando R$1 milhão, responde perante a vítima por R$1
milhão. Eventuais coautores e partícipes responderão, igualmente, por R$1 milhão. As
repercussões criminais são resolvidas na esfera penal, conforme o caso.

Se Carlos recebe R$10 mil, oriundos desse assalto, terá de indenizar o supermercado em R$10 mil. É
irrelevante se ele sabia ou não do roubo. Se sabia, ou deveria saber, na forma do art. 180, §3º, do CP/1940,
responderá também criminalmente.

O Enunciado 558 da VI Jornada de Direito Civil estabelece que são solidariamente responsáveis pela
reparação civil, juntamente com os agentes públicos que praticaram atos de improbidade administrativa, as
pessoas, inclusive as jurídicas, que para eles concorreram ou deles se beneficiaram direta ou indiretamente.
Veja que a responsabilidade civil é objetiva, não se confundindo com a penal.

Por isso, há de se ter cuidado. Com frequência, infelizmente, assistimos ao noticiário e vemos que agentes
políticos se aproveitam de sua posição para exigir propina de privados. Com a mesma frequência, familiares
desses agentes políticos, geralmente suas esposas, fruem das benesses da corrupção.

Criminalmente, relevante verificar se elas sabiam ou não dos esquemas. Civilmente, não; é irrelevante.
Receberam produto de crime? Compraram objetos pessoais com “dinheiro sujo”? Viajam às custas do Erário,
sub-repticiamente? De acordo com o art. 932, inc. V, têm dever de indenizar. Simples assim.

E a vovozinha do político pilantra, que recebeu uma casinha para morar? O dinheiro veio de desfalque os
cofres públicos? Se sim, ela também tem dever de indenizar. Mesmo que jamais desconfiasse da lisura do
neto e que nunca sequer tivesse como saber de suas maracutaias e negociatas. A responsabilidade civil é
objetiva.

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2. FATO DE COISA
Segundo Arnaldo Rizzardo:

O dono de uma coisa inanimada é responsável pelos danos que a mesma causar.

A responsabilidade por fato de coisa abrange tanto o proprietário quanto aquele que exerce
sua guarda (detentor). No CC/2002 adotou-se a responsabilidade objetiva, ou seja, o lesado
deve apenas provar o dano e o nexo causal com a conduta, sendo desnecessário questionar a
culpa do dono da coisa.

Ainda assim, o agente poderá eximir-se da responsabilidade se conseguir comprovar o caso


fortuito e força maior ou a culpa exclusiva da vítima. Não há um dispositivo legal próprio para essa espécie
de responsabilidade, aplicando-se o art. 927. Isso porque se entende a responsabilidade por fato da coisa
como espécie da responsabilidade objetiva por risco de atividade.

A responsabilidade por fato da coisa diferencia-se das demais espécies porque não requer uma conduta
direta do autor do dano com a coisa em relação ao dano. Basta a posse, propriedade ou detenção da coisa
e o dano para configurar-se a responsabilidade. Duas espécies têm grande importância:

1. Responsabilidade pela ruína de edifício

Caso especial de responsabilidade for fato de coisa está presente no art. 937 do CC/2002, que estipula que
“o dono do edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta
de reparos, cuja necessidade fosse manifesta”.

A responsabilidade do dono do imóvel ou da construção é objetiva, pois se entende que não


agiu com o devido cuidado, seja por falta de reparos, seja por falha construtiva. Não há mais
que se falar em presunção de culpa, como no regime do CC/1916, pois o dispositivo aplica a
“Teoria do risco-criado” ou do risco-proveito, mas o dispositivo é controverso.

Isso porque, em tese, o art. 937 abre amplas possibilidades de defesa do dono da obra, pois lhe
permite provar que agiu com o devido cuidado, inexistindo falta de reparos, o que evidenciaria a existência
de caso de presunção de culpa. Além disso, o artigo menciona a manifesta necessidade dos reparos para
configurar a responsabilidade.

Nada obstante, aqui, surge um caso curioso, pois, em regra, um edifício não desaba se estiver em perfeitas
condições, cai apenas quando há necessidade de algum reparo ou há uma falha na construção. Assim,
presume-se a necessidade de reparos se o edifício desaba.

Apesar de se falar em “presunção de necessidade de reparos”, não se pode confundir isso com a
responsabilidade objetiva do dono do prédio. Segundo o Enunciado 556 da VI Jornada de Direito Civil, a
responsabilidade civil do dono do prédio ou construção por sua ruína é objetiva.

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A responsabilidade pela ruína estende-se a todo tipo de imóvel, não apenas às construções ou imóveis
novos, incluindo-se aí a responsabilidade do proprietário que adquire imóvel já com muitos anos de uso,
pois se entende que deveria tê-lo vistoriado adequadamente. Abrange, em verdade, todo tipo de edificação:
pontes, canalizações (gás canalizado), andaimes (de prédios em obras), arquibancadas (de estádios),
marquises (eventos em geral), escadas rolantes (de shopping center).

O único modo de afastar a responsabilização é comprovar a ocorrência de um caso fortuito ou de culpa


exclusiva da vítima.

(FGV / Câmara Municipal-Salvador – 2018) A Fundação Memória do Escritor (FME), pessoa jurídica
de direito privado, mantém acervo de livros raros e, mediante cobrança de simbólico preço, expõe
sua biblioteca à visitação regular. Marcos, adolescente de 15 anos, quando visitava o acervo
desacompanhado de seus pais ou outro representante, sofre ferimentos em seu braço em
decorrência da queda de reboco na sala de visitação da FME. A Fundação formula escusas pelo
ocorrido e oferece a Marcos a visitação livre e gratuita por um ano, o que é imediatamente por ele
aceita. Ao chegar em casa, seus pais, inconformados com o acidente, pretendem postular para
Marcos indenização pelos danos comprovadamente por ele sofridos, a qual:

A) terá seus encargos moratórios iniciados após a fixação do valor reparatório;

B) será devida pela FME mediante a demonstração de culpa;

C) não será devida, visto que já extinta a obrigação reparatória por transação;

D) terá seus encargos moratórios iniciados após o ajuizamento da demanda;

E) será devida independentemente de culpa.

Comentários

A alternativa A está incorreta, segundo o art. 398: “Nas obrigações provenientes de ato ilícito,
considera-se o devedor em mora, desde que o praticou”.

A alternativa B está incorreta, dado que o art. 937, que trata da responsabilidade civil por dano infecto,
trata de responsabilidade objetiva.

A alternativa C está incorreta, já que apesar de permitida numa situação como essa, como prevê o art.
841 (“Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação”), nula tendo em
vista que o transator era absolutamente incapaz.

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A alternativa D está incorreta, novamente, pelas mesmas razões previstas na assertiva A.

A alternativa E está correta, de acordo com o art. 937: “O dono de edifício ou construção responde
pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse
manifesta”.

2. Responsabilidade pela queda ou lançamento de coisas de edifícios

Outro caso especial de responsabilidade por fato de coisa está presente no art. 938, que aduz que aquele
que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem
lançadas em lugar indevido. É a chamada responsabilidade por defenestramento, termo que remonta à
derivação parassintética de sufixo verbal do termo oriundo do francês antigo fenestre (fenêtre, janela).

O termo “prédio” é entendido de maneira bastante alargada, compreendendo, além do condomínio edilício
vertical, casas, hotéis, estações, escritórios, templos, escolas, clínicas, ou seja, todo local em que as pessoas
ficam, permanecem, “habitam” (também em sentido lato, e não apenas “morar”)

O termo “coisa” é também genérico, abrangendo lixo, placas, pequenos objetos, vasos de plantas e mesmo
água, que cai sobre um equipamento eletrônico em funcionamento, por exemplo. Ou seja, qualquer objeto,
líquido ou sólido (effusius et dejectis, respectivamente).

A responsabilidade do dono do edifício é objetiva, pois se entende que não agiu com o
devido cuidado ao deixar que coisas fossem lançadas ou caíssem do edifício (“Teoria do
risco-criado”. Não importa se o objeto foi lançado acidentalmente ou dolosamente. Não
importa quem lançou o objeto, acionando-se todos os proprietários.

Mesmo que o lançamento ou queda sejam efetuados por terceiro (um parente que visita em
casa, criança na escola, hóspede do hotel), o proprietário responde. O fundamento é a “Teoria do risco”,
mais uma vez. Evidentemente, o dono do imóvel terá direito regressivo contra o terceiro que causou o dano.

Se condomínio edilício, geralmente aciona-se o próprio condomínio, pois é difícil, ou mesmo impossível,
precisar o autor. Esse entendimento está contido no Enunciado 557 da VI Jornada de Direito Civil: “se a coisa
cair ou for lançada de condomínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá o
condomínio, assegurado o direito de regresso”.

Desconhecida a unidade, irrelevante que de alguma unidade seja impossível o lançamento,


todos indenizam. Portanto, mesmo os proprietários das unidades de costas para a rua
indenizarão o pedestre pelo dano ocorrido enquanto ele transitava pela calçada (não podem
sequer exigir que a cota condominial seja aumentada apenas para os condôminos que se situam
de frente para a rua). Porém, se possível for fixar quem foi o autor do dano, ou seja, se for
possível identificar a unidade condominial, não pode a vítima pretender obter a indenização
do condomínio, pois manifesta sua ilegitimidade passiva.

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3. FATO DE ANIMAL
Mesmo na vigência do CC/1916 havia presunção de culpa do proprietário do animal que causa dano, pela
presunção de falta de cuidado e diligência do dono (culpa in custodiendo). Não mais se discute a respeito; a
responsabilidade do dono do animal é objetiva por dano por este causado, sendo irrelevante se tomou as
cautelas devidas e exigidas.

O CC/2002 exclui a responsabilidade apenas nos casos de culpa exclusiva da vítima ou de força maior,
segundo art. 936. A fuga do animal, ou sua permanência em local inapropriado, portanto, importam em
responsabilização do dono. São os casos de animal que pula o muro, animal que morde a pessoa através de
uma grade ou ataca alguém durante uma festa de rua.

Nesses casos, o animal deveria estar bem guardado/não deveria estar lá. Por isso, a vítima deve apenas
apontar o dano e o nexo causal com a conduta. Cumprirá ao dono provar a existência de culpa exclusiva da
vítima ou de força maior.

O excludente de culpa exclusiva da vítima limita-se à culpa exclusiva. Se a vítima concorre


com o dano, responde o dono, ainda assim.

Por exemplo, se vítima provoca o animal, que vem a pular o muro e atacá-la, há culpa
concorrente, já que se estivesse bem preso, o animal provocado não causaria dano. Se uma vaca
que atravessa a rodovia rapidamente numa curva, estando o motorista em excesso de
velocidade, há culpa concorrente; se ela estava parada numa longa reta, e vai invadindo a pista lentamente,
é culpa exclusiva, já que o motorista tinha o dever de reduzir, prudentemente.

Nos casos de animais selvagens ou sem dono, não há dever de indenizar, porque não há “alguém”
propriamente dito para responsabilizar. Assim, se sou mordido por uma cobra, não há que se falar em
responsabilidade civil do Estado, por exemplo.

Cuidado, porém. O STJ (AgRg no Ag 522.022) entende que a concessionária tem dever de indenizar em caso
de animal na pista por ela administrada que causa dano ao usuário ou a terceiro. Havia, no caso, dever de
evitar que animais permanecessem ali, sendo a responsabilidade objetiva. Evidentemente, tem ela direito
de regresso contra o dono do animal, se o identificar.

Controvertidamente, o Enunciado 452 da V Jornada de Direito Civil prevê que a responsabilidade civil do
dono ou detentor de animal é objetiva, admitindo-se a excludente do fato exclusivo de terceiro. O Enunciado
vai além da literalidade do CC/2002, portanto.

Baseia-se na perspectiva, em franca adoção pelo STJ, de que o fato exclusivo de terceiro e a força maior
seriam espécies do gênero fortuito externo. Por isso, o art. 936 teria de ser lido como “fortuito externo, a
excluir o dever de indenizar tanto no caso de força maior quanto no caso de fato exclusivo de terceiro.
Restaria mantido o dever de indenizar em havendo fortuito interno, como no caso do leão circense que
vitimou uma criança nas barras da jaula (STJ, REsp 1.100.571).

Mesmo que o animal fuja, permanece o dever de indenizar. Caso o animal esteja sob guarda de terceiro,
também permanece o dever de indenizar. Neste caso, respondem preposto e dono, solidariamente, por

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força do art. 936, como nos casos em que o animal, sendo adestrado, ataca outrem (respondem adestrador
e dono).

III. RESPONSABILIDADE CIVIL EM SENTIDO AMPLO

1. RESPONSABILIDADE CIVIL-PENAL
1.1. ILÍCITO CIVIL E ILÍCITO PENAL
O ato ilícito pode ter naturezas jurídicas distintas, a partir de sua perspectiva de análise. Lembro bem da
graduação, nas aulas de Direito Penal (e essa talvez seja uma das coisas que jamais esquecerei sobre penal)
é que o crime, no seu conceito analítico, é a “conduta típica, antijurídica e culpável”.

Lembro disso porque, desde aquela época, já me preocupava em diferenciar a responsabilidade


civil da responsabilidade penal e como visualizar suas semelhanças e diferenças. Isso porque,
originariamente, o conceito de ato ilícito não tinha distinção no Direito Civil e no Direito
Penal. A noção mais clássica de ato ilícito, independente se civil ou criminal consolidou-se ao
longo do tempo e se cristalizou, sob uma perspectiva claramente dotada dessa historicidade,
no art. 186:

Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

É daí que se retira o conceito mais elementar de ato ilícito, dotado de culpabilidade e antijuridicidade,
respectivamente pela exigência de culpa, caracterizada tanto por ação quanto por omissão (conduta
negligente ou imprudente), e pela exigência de violação direito alheio, causando dano.

Desse conceito é que se caracterizam os pressupostos do dever de indenizar, quais sejam a conduta (ilícita),
o dano e o nexo de causalidade entre a conduta e o dano, somados à culpa, no caso da responsabilidade
subjetiva.

A conduta, seja comissiva, seja omissiva, precisa ser violadora da esfera de direitos de outrem e passível de
lhe causar dano. Essa conduta precisa ser culposa, na responsabilidade como regra geral trazida pelo art.
927. Se conduta há, mas não se pode imputar culpa ao agente, não se pode falar em dever de indenizar. Por
outro lado, mesmo havendo conduta culposa, se não há dano, não há dever de indenizar, da mesma forma.

Por fim, obviamente, entre a conduta e o dano deve haver um nexo de causalidade, um liame que ligue
ambos os pontos. Segundo a tradição civilística, esse liame deve ser direto e imediato. Danos indiretos ou
mediatos não são indenizáveis, mas nem sempre essa teoria se aplica de maneira tão restrita.

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O mesmo vale para o Direito Penal, cuja noção de ato ilícito se confunde com a noção de
ato ilícito civil, ante a ausência de diferenciação que havia entre ambos. Porém,
paralelamente ao estabelecimento do princípio da legalidade cria-se também a noção de
tipicidade.

Isso ocorre, segundo boa parte da doutrina, inicialmente com a Carta Magna de 1215, que
limitava o poder real ao devido processo legal. A partir do compromisso do monarca, nenhum homem livre
poderia ser aprisionado sem um julgamento legal, feito por seus pares, pela lei do território, que se
consolidou no chamado trial by jury do sistema anglo-saxônico.

Essa noção, ainda bastante ampla, foi fixada num regime de tipicidade, mais ou menos como hoje o
conhecemos, com a revolucionária Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, que previa, no
art. 4º:

A liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que não prejudique outrem: assim, o exercício
dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão os que asseguram aos outros
membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser
determinados pela Lei. 1

Na última parte fica claramente disposto que os limites à atuação estão na Lei. Vale lembrar que,
a partir da divisão de poderes bem clássica de Montesquieu, só é Lei o que o Poder Legislativo
assim o estabelece. Portanto, as condutas que limitam o exercício de direitos devem ser
estabelecidas pela lei. No caso do Direito Penal, os tipos penais passam a ser a regra para a
verificação da ilicitude.

Aí eu volto para aquele conceito analítico tradicional de crime, a “conduta típica, antijurídica e culpável”.
Fora a tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade já eram pressupostos do ato ilícito, válido também para
o Direito Civil. A tipicidade, portanto, é o elemento que distingue o ato ilícito, nuclearmente, no Direito
Penal e no Direito Civil.

Obviamente, como a tipicidade simplesmente não existe no Direito Civil, numerosas soluções –
e problemas – sobre a tipicidade não são objeto de análise na Responsabilidade Civil. Assim, os
excludentes de tipicidade, como o caso da aplicação do princípio da insignificância, não se
analisam na responsabilidade civil, por absoluta incompatibilidade sistêmica.

Por mais insignificante que seja, o furto de um objeto cumpre os requisitos de antijuridicidade e
culpabilidade presentes no art. 186 do CC/2002, o que caracteriza o dever de indenizar. Insignificante
criminalmente; significativo, civilmente.

1
Vide a seguinte versão da Declaração: http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-
apoio/legislacao/direitos-humanos/declar_dir_homem_cidadao.pdf

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É possível que estejam presentes os elementos da responsabilização e, por isso, exista o dever de indenizar,
mas não veremos repercussão alguma na esfera cível. Isso porque o agente simplesmente nada faz, por
ausência de razoabilidade patrimonial. O custo, tanto em termos objetivos – financeiros e de tempo –,
quanto em termos subjetivos – desgaste, stress etc. –, pode ser excessivo para a vítima.

Por exemplo, alguém me furta um sabonete comum. Provavelmente não seria condenado na esfera criminal,
já que o valor insignificante do objeto seria fundamento suficiente para a exclusão da tipicidade por aplicação
do princípio da insignificância. Não obstante a presença dos elementos do dever de indenizar, provavelmente
eu não a acionaria judicialmente, buscando indenização pelo dano.

O custo com o transporte da minha casa até o JEC supera o valor do bem furtado, sem contar com o desgaste
emocional e o “tempo perdido”. Mas posso fazê-lo, se quiser, independentemente dos custos financeiros e
psicológicos, e o autor do dano não pode se escusar com base no princípio da insignificância.

Ademais, a forma como se analisa os pressupostos de antijuridicidade e culpabilidade são distintos. Ao


passo que a doutrina civilística mantém a culpabilidade baseada na culpa em sentido amplo (subdividida
em culpa em sentido estrito e dolo), a doutrina penal ampliou horizontes, criando também as figuras da
culpa consciente e do dolo eventual.

Inclusive, a distinção de culpa e dolo é irrelevante na maioria dos casos para aplicação da
responsabilidade civil, exigindo-se dolo para responsabilizar o agente apenas em situações
excepcionais, como no caso da responsabilidade do doador pelos danos causados ao
donatário em relação ao bem doado. Ao contrário, no Direito Penal, a distinção é
imprescindível e irá impactar profundamente na aplicação do direito, já que existem
numerosos casos de tipos apenas dolosos, como o tipo de dano (ao passo que no Direito Civil
o dano independe de dolo!).

Grande parte da responsabilidade civil passa ao largo dessas discussões sobre


culpabilidade, pela aplicação da responsabilidade civil objetiva, que afasta completamente
as noções subjetivas. Igualmente, o grau de culpabilidade é em regra irrelevante no Direito
Civil, exceto no caso de aplicação do art. 944, parágrafo único (“Se houver excessiva
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a
indenização”).

(TRT-2ª REGIÃO / TRT-2ª REGIÃO – 2016) Quanto à responsabilidade civil assinale a alternativa
INCORRETA:

A) Sendo da própria atividade o risco de dano, o autor ficará responsável pela indenização civil
independentemente da aferição de culpa.

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B) Decidido acerca da existência do fato e seu autor no juízo criminal, é vedado discutir-se tais questões
no juízo competente para resolver sobre a responsabilidade civil.

C) Sendo o dano desproporcional à gravidade da culpa do autor, o Juiz poderá reduzir o valor da
indenização, mas se o autor for menor, poderá deixar de fixá-la se privá-lo ou a seus dependentes do
necessário.

D) O incapaz não responde pelos prejuízos que causar ainda que as pessoas por ele responsáveis não
disponham de meios suficientes para cumprir a obrigação.

E) O Juiz poderá fixar indenização a ser paga de uma só vez se do dano sofrido vier resultar defeito que
inabilite a vítima ao exercício de sua profissão.

Comentários

A alternativa A está correta, conforme a segunda parte do art. 927, parágrafo único: “Haverá obrigação
de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem”.

A alternativa B está correta, na literalidade do art. 935: “A responsabilidade civil é independente da


criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor,
quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal”.

A alternativa C está correta, na conjugação do art. 944, parágrafo único (“Se houver excessiva
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a
indenização“), com o art. 928, parágrafo único (“A indenização prevista neste artigo, que deverá ser
equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem”).

A alternativa D está incorreta, segundo o art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se
as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios
suficientes”.

A alternativa E está correta, na dicção do parágrafo único (“O prejudicado, se preferir, poderá exigir
que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez”) do art. 950 (“Se da ofensa resultar defeito pelo
qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de
trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da
convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou
da depreciação que ele sofreu”).

Veja-se que, inclusive, era tão difícil para a doutrina civilística tradicional falar em responsabilidade civil sem
culpa que se chamava ela de culpa objetiva (o que é uma contradição em termos, já que a culpabilidade é
essencialmente subjetiva). Somente mais recentemente é que se passou a falar, sem grandes problemas, em
responsabilidade civil sem culpa, mas você ainda vê autores mais tradicionais usando esse tipo de termo.

Curiosamente, por outro lado, a responsabilidade civil ainda se encontra essencialmente ligada ao dano, por
conta do princípio da restituição integral. Não se fala em responsabilidade civil sem dano. Quando, em uma

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situação concreta, não existe dano ou sua prova é impossível, a doutrina e a jurisprudência se valem do
chamado dano in re ipsa, o dano presumido.

Exemplo da presunção de dano pela dificuldade de prova é o art. 953, parágrafo único. Este dispositivo
estabelece que no caso de indenização por injúria, difamação ou calúnia, caso o ofendido não possa provar
prejuízo material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das
circunstâncias do caso. Ou seja, o dano não é afastado, mas presumido, ante a impossibilidade ou extrema
dificuldade de comprovação do dano.

O mesmo ocorre quando não há dano a ser indenizado. A partir de uma dada conduta, há situações nas quais
certa conduta ilícita gera dano, mas, às vezes, em outras situações, sequer há dano. Novamente, presume-
se o dano, ainda que a contraparte comprove a inexistência dele.

Isso ocorre com o dano moral no caso de inclusão indevida do consumidor em serviço de restrição de
crédito. A jurisprudência, uníssona, estabelece o dever de indenizar a partir do dano in re ipsa.
Sinceramente, na maioria das situações trata-se de responsabilidade sem dano.

Pode haver dano, claro, como no caso de uma pessoa que perde uma oportunidade de negócio porque não
consegue empréstimo bancário para honrar negócio em decorrência da inclusão indevida. No geral, porém,
não há, efetivamente, um dano a indenizar.

Posso ter consultado a SERASA apenas por curiosidade e visto meu nome incluído indevidamente no órgão
– e não houve dano algum. Ao contrário, posso até ter ficado feliz, pela perspectiva de receber indenização,
mas receberei indenização do mesmo jeito, não importa. Ainda assim, é necessário recorrer ao expediente
do dano in re ipsa, pois não se reconhece a responsabilidade civil sem dano.

Me parece, num exercício de clarividência, que é o mesmo que ocorreu com a culpa. Os civilistas clássicos
não suportavam a ideia de responsabilidade sem culpa. Por isso, passaram a presumir a culpa, depois a
chamá-la de “objetiva”. A noção de responsabilidade sem culpa custou a se tornar palatável de modo
generalizado.

Atualmente, isso acontece com o dano. Começamos aceitando um dano não patrimonial e agora estamos na
fase da presunção de dano, o dano in re ipsa, uma espécie de dano que não exige prova, um dano “objetivo”
em casos de danos essencialmente subjetivos (como a “moral” e o “bom nome” do consumidor protestado
indevidamente). A doutrina ainda estrebucha com a ideia de responsabilidade sem dano.

No Direito Penal, ao contrário, ainda que sob fortes críticas, o tipo de dano vem se tornando mais comum,
especialmente nos tipos penais presentes no Código de Trânsito Brasileiro – CTB. O art. 306 do CTB
estabelece que a condução de veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da
influência de substância psicoativa que determine dependência é vedada. A pena é aplicada mesmo que o
condutor não tenha causado dano algum, apenas pelo perigo decorrente da conduta eventualmente danosa.

Ainda dentro da culpabilidade, outro foco de grande discussão no Direito Penal é a imputabilidade. As
discussões sobre a maioridade penal provavelmente se eternizarão, alguns clamando por sua redução – e,
no limite, pela exclusão de um critério temporal objetivo –, outros clamando por sua extensão – e, no limite,
pela exclusão quiçá da própria punição estatal. A imputabilidade é assunto de suma importância no crime.

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No cível, essa discussão é praticamente inócua. Tecnicamente falando, por conta dos institutos
da tutela, curatela e representação, estende-se a responsabilidade dos “inimputáveis” a seus
representantes legais. O Direito Civil vai além, fixando a responsabilidade civil objetiva dos pais
pelos danos causados pelos seus filhos e a responsabilidade civil objetiva dos tutores e dos
curadores pelos danos causados pelos tutelados e curatelados, segundos o art. 932, incs. I e II,
c/c art. 933.

Com isso, contorna-se a discussão sobre o grau de consciência de uma pessoa sobre a prática de um ato
danoso. Os críticos da imputabilidade penal aos 18 anos dizem que a pessoa entre 16 e 18 anos é plenamente
apta a compreender os efeitos de sua conduta. No Direito Civil, em que pese a redução da “maioridade civil”
trazer mudanças para o dever de indenizar, essa redução teria pouco ou nenhum impacto, já que, de
qualquer forma, os pais se responsabilizariam.

Isso porque, já no âmbito do Direito das Obrigações, analisamos as diferenças entre


obrigação e responsabilidade, pelo que se pode imputar a alguém a responsabilidade pelo
inadimplemento de uma obrigação de outrem (como nos casos dos pais pelos filhos). Esse
raciocínio é impensável no Direito Penal, dado que a condenação de alguém, que não o
próprio agente, pela conduta alheia significaria que a pena ultrapassa a pessoa do ofensor.
Nem mesmo as propostas criminais mais endurecedoras sugerem essa possibilidade.

As diferenças também existem quanto ao nexo de causalidade. Enquanto se utiliza, largamente, no Direito
Civil, a “Teoria da causalidade adequada” ou a “Teoria do dano direto e imediato” (a depender do gosto do
freguês) para limitar o nexo de causalidade, no Direito Penal, o limitador do nexo causal é o dolo, pela “Teoria
Finalista”. Se analisada a “Teoria da imputação objetiva” do Direito Penal, chegaremos à conclusão de que
ela se parece, em certa medida, com a “Teoria do dano direto e imediato” do Direito Civil.

Ainda que seja pouco utilizada a “Teoria da imputação objetiva” lá, já que ela não resolve a maioria das
situações concretas, as críticas a ela dirigidas são bastante parecidas com as críticas que a “Teoria do dano
direto e imediato” sofre aqui, no Direito Privado.

A própria essência do Direito Civil e do Direito Penal é distinta. Enquanto na


responsabilidade civil a tutela se volta à vítima, no Direito Penal a tutela se volta ao
ofensor, em linhas gerais.

Na responsabilidade civil é frequente a crítica a dispositivos que tutelam o ofensor, como o parágrafo
único do art. 944 (“Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz
reduzir a indenização”). A redução da indenização se dá em razão do ofensor; a vítima ficará sem restituição
integral, o que viola a racionalidade básica do sistema.

Na responsabilidade penal, ao contrário, há frequente crítica a dispositivos que tutelam a vítima, como o art.
72 da Lei 9.099/1995 (“Na audiência preliminar, presente o representante do MP, o autor do fato e a vítima,
o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos”). Quebra-se, em alguma medida, o
monopólio estatal da aplicação da lei penal, já que o ofendido poderá obstar a continuidade da persecução
penal, voluntariamente.

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Igualmente, a base de aplicação da responsabilidade é distinta. Ao passo que no crime a pena privativa de
liberdade é a regra (prática), ela é a exceção no cível; ao contrário, ao passo que no cível a indenização seja
a regra (prática), no crime ela é exceção.

Modernamente, os pontos de contato também se tornam mais frequentes. Enquanto há uma


tendência, no Direito Penal, ao uso maior das penas alternativas (como a restritiva de direitos
ou mesmo a composição penal) em detrimento das penas privativas de liberdade, há uma
tentativa, no Direito Civil, de ampliar o uso de medidas não-pecuniárias de reparação, de
reparação in natura, como o direito de resposta e as obrigações de não-fazer.

Ainda que atualmente as diferenças entre a responsabilidade civil e a responsabilidade penal sejam
marcantes e bastante evidentes, suas semelhanças também se evidenciam quando analisamos ambos os
objetos, com certo “distanciamento científico”. Essas semelhanças se explicam pela origem comum da
responsabilidade do agente causador de danos, pois ambas – a cível e a criminal – eram indistintas. A cisão
ocorrerá de maneira mais completa apenas com o Positivismo Jurídico, com sua exigência de cientificidade.

No fim, tanto a responsabilidade civil quanto a responsabilidade penal têm um mesmo objetivo de
pacificação social dos conflitos por meio de um ideal de “justiça”. Como cumprir com esse objetivo é que
varia muito. Ao passo que o Direito Penal apostou na tutela do ofensor, o Direito Civil apostou na tutela da
vítima.

“Penalisticamente” falando, a solução parecia ser punir o ofensor. A justiça social seria alcançada por meio
da “vingança”. “Civilisticamente” falando, a solução parece ser compensar a vítima. A justiça social seria
alcançada pela “indenização”. Ao que parece nenhuma das duas esferas consegue alcançar esse escopo tão
nobre, pois frequentemente as vítimas reclamam da indenização recebida e reclamam da punição ao
ofensor, simultaneamente.

Não à toa, a esfera penal tenta se “civilizar” com a composição de danos no JEC, por exemplo. A esfera cível
tenta se “penalizar” com os punitive damages, a seu turno. Mais uma vez, ao que parece, essa “invasão de
competência” não surtiu o efeito esperado, já que nunca se puniu tanto (civil e criminalmente) ao mesmo
tempo em que parece haver tanta impunidade (criminal e civilmente).

Necessário estudar os laços que ainda unem a responsabilidade civil e a reponsabilidade penal,
especialmente em relação aos impactos, na esfera judicial, de uma sobre a outra. Isso porque uma mesma
conduta pode ter repercussões, ao mesmo tempo, na esfera cível e criminal, como no caso do homicídio,
fato jurídico que atrai a aplicação do art. 121 do CP/1940 e do CPP/1941, bem como do art. 928 do CC/2002
e do CPC/2015.

1.2. INFLUÊNCIAS DA SENTENÇA CRIMINAL


O art. 935 do CC/2002, como dito, aduz existir independência do juízo cível e criminal,
porém não se pode discutir mais o autor (autoria) e existência do fato (materialidade)
quando já há decisão na esfera criminal. Os julgamentos cíveis e criminais são
independentes, mas não devem ser contraditórios. A ideia de que o julgamento criminal
faz coisa julgada para o cível é vista com muitas ressalvas.

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Há a concorrência da responsabilidade civil-criminal. Um atropelamento gera responsabilidade civil e


criminal, ou seja, pode o ofensor ser punido em ambas as esferas ou em apenas uma delas, seja no cível, seja
no criminal.

O problema é que há atipicidade da responsabilidade civil e tipicidade da responsabilidade criminal. Nesta,


impera o subjetivismo, naquela, caminha-se para a objetividade. O crime visa a punir o agressor; o cível visa
a tutelar a vítima.

Por isso, a atuação do juiz criminal não limita a do juiz cível. Como pode haver concorrência de
responsabilidades, pode um delito ser julgado pelo juiz cível e pelo criminal ao mesmo tempo. A coisa julgada
cível é influenciada pela criminal, mas não o inverso. O juiz criminal, de certo modo, guia a instrução quanto
à autoria e ao ato criminoso.

Feita coisa julgada no cível, em pendência de processo criminal, a sentença criminal não
poderá reverter a sentença cível, já transitada em julgado. Apenas quando há uma sentença
condenatória cível e, em fase de execução cível, o juízo criminal não encontra autoria no fato,
o executado cível pode, se ainda pendente a execução, impugnar a sentença, alegando a
ausência de autoria. Se, no entanto, a execução cível já está terminada, ou seja, o executado já
adimpliu com a indenização, nada mais há para se fazer.

Logicamente, a autoria e a materialidade do fato deveriam ser apuradas primeiro no juízo criminal. Todavia,
por vezes, a esfera cível acaba por resolver essa questão antes.

O art. 91, inc. I, do CP/1940 coloca que a função da sentença criminal é tornar certa a obrigação de indenizar,
mas não diz qual é a extensão do dano, nem mesmo se houve dano. O art. 387, inc. IV do CPP/1941, porém,
estabeleceu a possibilidade de o juiz criminal fixar um valor mínimo de indenização, que servirá de piso ao
juiz cível na hora da liquidação, que se dá na forma vista mais abaixo. Outra inovação importante foi feita
pela Lei 12.403/2011, que alterou o art. 336 do CPP/1941, colocando que a fiança criminal poderá ser usada
para o pagamento de indenização, no caso de o réu ser condenado. Já o art. 63 do CPP/1941 fala que
transitada em julgado a sentença condenatória, pode-se promover o cumprimento da sentença para
reparação do dano.

Materialmente, mesmo existindo uma sentença criminal absolutória, por falta de provas
e/ou atipicidade de conduta, pode-se ingressar com uma ação cível indenizatória. Isso se dá
porque as possibilidades de responsabilização na esfera cível são muito mais amplas que na
criminal e a atipicidade e falta de provas não fazem coisa julgada para o cível. Nesse sentido,
o Enunciado 45 da I Jornada de Direito Civil estabelece que não mais se pode questionar a
existência do fato ou quem seja o seu autor se essas questões se acharem categoricamente
decididas no juízo criminal.

Outra possibilidade de haver indenização cível no criminal existe no art. 72 da Lei 9.099/1995 (Lei dos
Juizados Especiais Estaduais). Na audiência preliminar levada a cabo perante o Juizado Especial Criminal, o
réu e o autor podem fazer a composição dos danos, evitando-se a persecução criminal.

Processualmente, o juiz cível pode sobrestar o processo civil para aguardar o processo penal, segundo o art.
64 do CPP/1941 c/c art. 315 do CPC/2015. Em geral, isso ocorre nos casos de existência de fato delituoso e
legítima defesa.

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Porém, a suspensão não ocorre na prática por conta do regramento do §1º do art. 315 do CPC/2015, que
estabelece que se a ação penal não for exercida dentro de 3 meses, contados da intimação do despacho de
sobrestamento, cessará o efeito deste, decidindo o juiz cível a questão, incidentalmente. Da propositura da
ação penal, o juízo cível suspenderá o feito por, no máximo, 1 ano, prazo o qual, se superado, exige que o
cível decida incidentalmente a questão prévia.

Juízo Cível Juízo Criminal


Visa a indenizar a vítima Visa a punir o agressor
Objetividade (tendência à Subjetividade (tendência à
responsabilidade objetiva) responsabilidade baseada na culpa)
Influencia na autoria e materialidade
Não influencia no outro Pode estabelecer indenização mínima e
Executa a sentença transitada em fiança para o Cível
julgado no Criminal Juizado Especial Criminal: pode fazer
Sentença condenatória penal é título composição cível
executivo judicial

Por fim, há um detalhe relevante quanto ao tempo, especificamente quanto à prescrição. Isso porque o art.
200 do CC/2002 estabelece que quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal,
não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

Assim, se for necessário apurar algo no juízo criminal, a prescrição ficará suspensa até que
o juiz do crime tenha proferido sentença definitiva. Discussões acerca do cumprimento da
pena já em segundo grau de jurisdição são irrelevantes para a aplicação do art. 200 do
CC/2002, já que o texto legal é expresso em falar em “sentença definitiva”.

Numerosas possibilidades se descortinam aí. Se for proposta uma ação cível, e ela depende
da verificação do fato delituoso, o juízo deve suspender o processo até que o juízo criminal tenha desfecho.
Se em três meses não for proposta a ação penal, seja ela pública, condicionada ou incondicionada, ou
privada, termina a suspensão e o juízo cível decide incidentalmente.

Se dentro de três meses for proposta a ação penal, deve o juízo cível aguardar um ano. Se nesse ano for
julgada a ação penal, deve ele observar o resultado, não podendo mais haver discussão nos casos de
absolvição ou condenação, reconhecendo-se a autoria e a materialidade do fato. Se a ação penal for julgada,
não observará o resultado o juízo cível se o autor for inocentado por falta de provas quanto à autoria ou à
materialidade, se há atipicidade da conduta, se ao autor é inimputável (menor de 18 anos ou que possua
distúrbio mental, por exemplo) ou mesmo se houver extinção da punibilidade (por morte, por exemplo).

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Se ultrapassado um ano da suspensão e o juízo criminal não sentenciou o caso, o juízo cível passa a decidir
incidentalmente. Caso a ação cível continue suspensa depois desse período, não pode haver prejuízo às
partes. Por isso, mesmo que suspensa a ação por prazo longo, a prescrição continua obstada, não sendo
imputável a desídia da Serventia (“do cartório”) à vítima, evidentemente.

No meio disso tudo, muita coisa mais pode ocorrer, mas é desnecessário entrar nessas nuances e nos
meandros processuais, tanto no cível quanto no crime, dado que as provas não o fazem.

2. RESPONSABILIDADE CIVIL-ADMINISTRATIVA
Para além das semelhanças e diferenças entre a responsabilidade civil e a responsabilidade criminal, há ainda
a responsabilidade administrativa. Assim como pode haver uma conduta geradora de responsabilidade civil
e penal concomitantes, pode ela gerar responsabilidade administrativa.

Há, obviamente, conexões entre a responsabilidade penal e a responsabilidade administrativa. Não


analisarei essas conexões, pois fogem do nosso objetivo. Serão elas vistas nessas respectivas áreas.

A mim interessam as conexões entre a responsabilidade civil e a responsabilidade


administrativa, estabelecida pela CF/1988, pelo CC/2002 e pela Lei 8.112/1990, a lei que
trata dos servidores públicos civis. O art. 125 dessa lei prevê que as sanções civis, penais e
administrativas poderão se cumular, sendo independentes entre si.

A rigor, a responsabilidade civil tem relevância na análise dos danos causados pelos
agentes públicos no exercício de suas funções. A base está em dois artigos, o art. 43 do CC/2002 e o art. 37,
§6º, da CF/1988. Diz o art. 43 do CC/2002:

As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus
agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os
causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

Por outro lado, a redação do art. 37, §6º, da CF/1988 vai um pouco além, além de deixar mais claros os
limites de aplicação do dispositivo legal:

As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Veja-se que o CC/2002 não trata das “pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviços públicos”. A CF/1988 o faz, de modo a afastar qualquer dúvida sobre a extensão da
responsabilidade civil do Estado, que se dá de maneira bastante ampla. A responsabilidade,
frise-se, é do Estado, que terá direito de regresso contra o agente público causador do dano,
mas apenas nos casos de culpa ou dolo.

Trata-se, portanto, de caso de responsabilidade civil objetiva na relação vítima-Estado (seja ela relativa
aos usuários ou aos não-usuários do serviço) e de responsabilidade civil subjetiva, na relação Estado-

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agente público, em linhas gerais. O Estado responde independentemente de culpa, ao passo que ele deve
provar a culpa do agente causador do dano, por força de aplicação do referido artigo constitucional.

A relação Estado-agente público fica mais transparente no seu art. 121 da Lei 8.112/1990, que estabelece de
maneira bem evidente que o servidor público responde civil, penal e administrativamente pelo exercício
irregular de suas atribuições.

De modo bastante repetitivo a Lei 8.112/1990 traz a mesma regra do CC/2002 (que reproduz, em grande
parte, o art. 15 do CC/1916) e da CF/1988. O art. 122 prevê que a responsabilidade civil do funcionário
público decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a
terceiros.

Mas não só. Nossa realidade jurídica tipicamente legalista vai repetir, dois artigos depois, a mesma coisa! O
art. 124 repisa que a responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no
desempenho do cargo ou função. É pra não deixar dúvida! Mas não só (de novo)! O art. 122, §2º, diz que se
houver dano a terceiros, responderá regressivamente o servidor perante o Erário. Ufa! É pra não deixar
dúvidas meeesmo.

O ponto positivo desses artigos é esclarecer que o agente público é responsável pessoalmente pelo ato
praticado no desempenho do cargo. Ora, se ele pratica ato ilícito fora do exercício do cargo, será
pessoalmente responsável, não se cogitando em responsabilidade regressiva a partir da responsabilidade
objetiva do Estado pelo ato.

Nos casos de responsabilização por ato praticado no exercício da função, o servidor


responde pessoalmente perante a Administração Pública. O §3º do art. 122 ainda deixa
claro que a obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores do servidor e contra
eles será executada, até o limite do valor da herança recebida.

A cobrança estatal seguirá a forma comum, com a obtenção de bens que


assegurem a execução do débito pela via judicial. O art. 122, §1º, da Lei 8.112/1990 permite
que, no caso de dolo, o Estado possa exercer o direito regressivo de maneira peculiar.

Em geral, diz o art. 45, salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum desconto
incidirá sobre a remuneração ou provento. Igualmente, o vencimento, a remuneração e o
provento não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de alimentos
resultante de decisão judicial, prevê o art. 48.

No entanto, no caso de ato ilícito doloso, a cobrança rege-se pelo art. 46. Nesses casos, o Erário previamente
comunica o servidor ativo, aposentado ou o pensionista sobre a indenização a ser cobrada, dando-lhe
prazo máximo de 30 dias para pagamento.

O servidor pode solicitar o parcelamento do valor. Se solicitado o parcelamento, o §1º prevê que o valor de
cada parcela não poderá ser inferior ao correspondente a 10% da remuneração, provento ou pensão.

Relevante é o art. 126 da Lei 8.112/1990. Segundo o dispositivo legal, a responsabilidade administrativa do
servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato (materialidade) ou
sua autoria.

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Isso é importante para as relações da responsabilidade penal-civil-administrativa. Isso porque


o art. 935 do CC/2002 estabelece que não se pode discutir, no cível, a autoria e a existência do
fato já decidas no criminal. Assim, se há ação no cível e procedimento administrativo sobre
determinado ato, mas, nesse meio tempo, o crime afasta (ou reconhece) a autoria ou a
materialidade do fato, tanto no cível quanto no administrativo não poderão mais ser
discutidas essas questões.

De modo a ajudar no combate à corrupção, a Lei 12.527/2011 inseriu o art. 126-A à Lei 8.112/1990. Segundo
ele, nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à
autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade competente
para apuração de informação concernente à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento,
ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública.

Por fim, maiores digressões sobre a Responsabilidade Civil do Estado são vistas com mais propriedade no
Direito Administrativo, já que é lá que outras categorias específicas, e necessárias para melhor análise dos
institutos, são vistas. Por exemplo, a distinção entre as pessoas jurídicas de direito público, a
responsabilidade do Estado por omissão (que é diferente da por ato comissivo), entre tantas outras coisas.

3. RESPONSABILIDADE CIVIL METAINDIVIDUAL


Apenas para esclarecer, acho que é mais interessante se falar em responsabilidade civil
metaindividual como gênero. Consequentemente, há um dano metaindividual que se dá com a
violação de direitos metaindividuais ou transindividuais.

Dano coletivo em sentido amplo ou direito coletivo em sentido amplo, para mim, cria mais
confusão. Isso porque são se questiona, nas provas, sobre o gênero, mas sobre as espécies e as
situações nas quais elas se aplicam.

Os danos metaindividuais são os danos que transcendem a esfera jurídica do indivíduo, afetando a
coletividade, de maneiras distintas, a depender da situação. Não vou me deter na classificação de maneira
mais aprofundada, já que isso não é meu objeto principal. Vou me focar exclusivamente nos impactos na
responsabilidade civil, em linhas gerais.

Para além dos direitos individuais, podemos visualizar esses direitos metaindividuais a partir de uma
classificação bem tradicional desenvolvida pela doutrina:

A. Direito difuso

• Art. 81, inc. I, do CDC


• Verificável quando se trata de direitos transindividuais, de natureza indivisível, de que
sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato
• Exemplo é a poluição de um rio, genericamente, pelo rompimento de um duto
petrolífero

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B. Direito coletivo (em sentido estrito)

• Art. 81, inc. II, do CDC


• Verificável quando se trata de direitos transindividuais, de natureza indivisível de que
seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base
• Exemplo é a poluição do rio, que afeta um grupo de pescadores que vive da pesca na
área

C. Individual Homogêneo

• Art. 81, inc. III, do CDC


• Verificável quando se trata de direitos individuais, mas decorrentes de origem comum,
que afetam uma pluralidade de pessoas determinada ou determinável de pessoas. Na
verdade, trata-se de direito individual, mas acidentalmente coletivizado
• Exemplo é o acidente aéreo que causa numerosas vítimas

Vale lembrar que segundo o art. 82 do CDC, há legitimidade concorrente para propositura da demanda que
envolve os direitos metaindividuais das seguintes instituições:

O Ministério Público

A União, os Estados, os Municípios e o DF

As entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta,


ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à
defesa dos interesses e direitos dos consumidores

As associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e


que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e
direitos dos consumidores, dispensada a autorização de assembleia

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Especificamente quanto ao dano coletivo em sentido estrito em sua modalidade


extrapatrimonial, a jurisprudência é vacilante. A tendência do STJ (REsp 1.221.756) é reconhecer
a reparabilidade do chamado dano moral coletivo (dano extrapatrimonial stricto sensu
coletivo), mais recentemente. Porém, em regra, os julgados acabam por afastar sua incidência
sob a alegação de que não há dano coletivo, mas individual, que sequer pode ser considerado
homogêneo.

Inversamente, a jurisprudência do TST é assentada no sentido de reconhecer a existência de danos


extrapatrimoniais metaindividuais ou transindividuais. A Corte condena sociedades empresárias a
indenizar a sociedade por danos morais coletivos, via de regra revertendo os valores ao Fundo de Amparo
ao Trabalhador – FAT.

Por exemplo, num caso de fraude na manutenção de empregados sem registro sob o manto de trabalho
autônomo, o MPT manejou ACP exigindo condenação ao pagamento de indenização por dano moral coletivo,
a ser revertida para o FAT. O TST reconheceu que não se tratava de tutela de direito ou interesse de
reparação individual. Ao contrário, o Parquet pretendia coibir o desvirtuamento do sistema de cooperativa,
que trazia prejuízos flagrantes aos direitos dos trabalhadores. Por isso, reconheceu interesse social relevante
e a legitimidade ativa do MPT para promover a defesa dos direitos ou interesses difusos ou coletivos,
condenando a contraparte a indenizar (RR 2490-67.2011.5.02.0021, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de
Mello Filho, Data de Julgamento: 20/06/2018, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/06/2018).

Além disso, parte da doutrina defende a existência dos chamados danos sociais. Os danos
sociais seriam, segundo Junqueira de Azevedo, “lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto
por rebaixamento de seu patrimônio moral – principalmente a respeito da segurança –
quanto por diminuição na qualidade de vida”.

Esses danos sociais têm natureza difusa, podendo ser tanto patrimoniais quanto extrapatrimoniais,
contrariamente ao dano moral coletivo, de natureza extrapatrimonial, apenas. Ao que me parece, trata-se
de tutela de danos difusos, mutatis mutandis, com outro nome.

Nesse sentido, o Enunciado 456 da V Jornada de Direito Civil estabelece que a expressão “dano”
no art. 944 abrange não só os danos individuais, materiais ou imateriais, mas também os danos
sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos a serem reclamados pelos legitimados para
propor ações coletivas. Em resumo, a expressão “dano social” abrange os danos difusos, tanto
patrimoniais quanto extrapatrimoniais, tornando mais técnica e abrangente a categoria do
chamado “dano moral coletivo”.

Com ela não se confunde porque o dano moral coletivo trata de direitos coletivos stricto sensu, relativos a
um grupo ou categoria específicos, ao passo que o “dano social” confunde-se com o dano difuso, causado à
sociedade de maneira ampla, sem categorização específica. Ao fim e ao cabo, a jurisprudência joga todos
esses conceitos num grande caldeirão, mistura-os todos, sem muito critério e dali estão a sair as primeiras
decisões a respeito da responsabilidade metaindividual.

Nessa categoria de responsabilidade metaindividual, relevante falar ainda dos “danos ao meio ambiente, ao
consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico”. A Lei que regula
essas situações tem um título ainda maior que essa expressão. Trata-se da Lei 7.347/1985, a Lei da Ação Civil

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Pública – LACP, que “disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico”.

Não só o título, mas os objetivos da LACP são igualmente abrangentes. Segundo o art. 1º, regem-se por ela,
sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:

I - ao meio-ambiente;

II - ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;

V - por infração da ordem econômica;

VI - à ordem urbanística;

VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;

VIII – ao patrimônio público e social.

Como fica evidente pelo inc. IV, a redação original da LACP ia até esse inciso. No entanto, diversas
modificações foram feitas, criando uma verdadeira colcha de retalhos. Incisos foram incluídos, excluídos,
reinseridos, ora por Medida Provisória, que ora eram transformadas em Lei, ora não; leis de 1990, de 2001,
de 2011, de 2014...

A LACP foi retalhada pela Medida Provisória 2.180-35/2001. Era a época da “festa das MPs” e essa MP era
uma monstruosidade, alterando um ou outro dispositivo de várias e várias leis, grande parte delas no
interesse explícito da União. Essa MP foi alvo de intensas críticas à época, pois a cada reedição ela alterava
mais e mais coisas, revogava alterações que ela mesma havia feito, um verdadeiro caos. E o pior, nunca foi
transformada em Lei!

Mas, por que mencionei isso? Porque o parágrafo único estabelece que a LACP não será
aplicável a pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o FGTS ou
outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente
determinados.

Um dispositivo legal na medida para evitar que ações metaindividuais que causassem
“prejuízos” à União fossem intentadas. Assim, os danos causados pelas políticas públicas abusivas do governo
deveriam ser individualmente perseguidos. Ora, se a União cobrasse 0,00001% em excesso de IRPF, quantas
pessoas intentariam ações contra o governo?

De toda sorte, questões mais controvertidas a respeito da tutela dos direitos metaindividuais acabam
desaguando no processo. Por isso, para evitar me aprofundar desnecessariamente o tema, encerro a análise
do tópico.

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4. ABUSO DE DIREITO
A figura do abuso de direito é velha conhecida da doutrina civilística. Segundo Francisco Amaral,

O abuso de direito consiste no uso imoderado do direito subjetivo, de modo a causar dano a
outrem. Em princípio, aquele que age dentro do seu direito a ninguém prejudica (neminem laedit
qui jure suo utitur). No entanto, o titular do direito subjetivo, no uso desse direito, pode
prejudicar terceiros, configurando ato ilícito e sendo obrigado a reparar o dano.

Limongi França, resumindo, o define como “um ato jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício, levado a
efeito sem a devida regularidade, acarreta um resultado considerado ilícito”. O abuso de direito é um ato
lícito na causa, mas ilícito nas consequências, ou seja, trata-se de exercício irregular de direito regular.

Expressa o Enunciado 617 da VIII Jornada de Direito Civil que o abuso do direito impede a produção de efeitos
do ato abusivo de exercício, na extensão necessária a evitar sua manifesta contrariedade à boa-fé, aos bons
costumes, à função econômica ou social do direito exercido. Assim, preservam-se os efeitos lícitos
decorrentes do ato ilícito, já se derribando suas consequências ilícitas.

O instituto vem previsto especificamente no art. 187, ainda que não com o nome de “abuso de
direito”. Diz o dispositivo que também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim socioeconômico, pela boa-fé ou
pelos bons costumes. Ou seja, a ilicitude não está na conduta em si, mas no abuso dela.

Assim, a edificação de um muro é ato lícito, mas se edificado em altura incompatível com o
razoável, com o intuito manifesto de prejudicar a insolação natural ao prédio vizinho, veremos o abuso do
direito de edificar, reputado ilícito pelo art. 187. Por isso, os requisitos para a verificação do abuso de direito
são:

1. Titularidade do 2. Exercício excessivo 3. Transposição dos


direito pelo agente do direito limites impostos

4. Violação do direito
5. Nexo de causalidade
alheio

O abuso de direito pode se desdobrar em variadas situações específicas, geralmente vinculadas ao princípio
da boa-fé objetiva, como deixa claro o Enunciado 412 do CJF. O Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil
elucida que a responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se
somente no critério objetivo-finalístico.

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Como se pode visualizar o abuso de direito? Em regra, fica mais fácil ver esse instituto a partir
do estudo das figuras parcelares da boa-fé objetiva, notadamente a) vedação ao
comportamento contraditório, b) supressão, surgimento, c) vedação ao desconhecimento da
lei, d) exceção de dolo, e) vedação ao agravamento do prejuízo e (f) extensão de prazo.

O Enunciado 412 da V Jornada de Direito Civil, por sua vez, estabelece que as diversas hipóteses
de exercício inadmissível de uma situação jurídica subjetiva, tais como supressio, tu quoque, surrectio e
venire contra factum proprium, são concreções da boa-fé objetiva. Posso adicionar ainda exceptio doli, duty
to mitigate the loss e Nachfrist para completar o rol do Enunciado.

A) Venire contra factum proprium

A vedação ao comportamento contraditório (da máxima latina venire contra factum proprium non potest)
tem aplicação é mais evidente no Direito dos Contratos. Ainda assim, já no Direito das Obrigações ela se
visualiza no art. 330 (“O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor
relativamente ao previsto no contrato”).

Assim, se alguém age de determinada forma, toma determinada conduta, criando uma
expectativa justa em outrem, com base na confiança, não pode, posteriormente, agir de
maneira contrária. É por isso que o art. 330 proíbe ao credor que reiteradamente recebe em
local distinto do contratado pretender cobrar do devedor, posteriormente, no local
anteriormente previsto, sem que este concorde. Igualmente, se não comparecer ao local
habitual, a mora será sua, e não do devedor que não paga, por esperar pelo credor, sem obter
resposta.

O STJ, em repetidas decisões veda o comportamento contraditório, por aplicação dos princípios da confiança
e da lealdade, deveres laterais de conduta decorrentes da cláusula geral da boa-fé objetiva. Nesse sentido
também o Enunciado 362 da IV Jornada de Direito Civil que esclarece que a vedação do comportamento
contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos
arts. 187 e 422 do CC/2002.

Assim, contraditório o comportamento de consumidor que alega não ter assinado contrato de cartão de
crédito com uma instituição financeira, mas utiliza o meio de pagamento e paga as faturas por meses.
Igualmente contraditória é a esposa que assenta verbalmente, perante testemunhas, a venda da casa
conjugal e anos depois, pretender anular o contrato.

B) Supressio e surrectio

A supressão (supressio ou Verwirkung) é instituto intimamente ligado à vedação ao


comportamento contraditório e à caducidade. Ocorre nas situações nas quais a pessoa não
exercita seu exercício em tempo adequado, pelo que o transcurso do tempo torna seu exercício
abusivo. A supressio, assim, inibe o exercício de um direito, até então reconhecido, pelo seu
não exercício.

Não se confunde com a caducidade, apesar da ligação com os institutos da prescrição e da decadência. O
mesmo art. 330 serve de exemplo, já que não há prescrição ou decadência em relação à alteração do local
do pagamento, mas sim uma espécie de renúncia tácita.

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Ocorre, porém, que como o titular do direito creditório deixou o tempo fluir sem exercitar o direito de exigir
que o devedor realizasse o pagamento no local devido, o exercício, após largo prazo, é abusivo. Suprime-se
seu direito, portanto, em outras palavras, daí o nome supressio.

Já o surgimento (surrectio ou Erwirkung) é a outra face da supressão, tratando-se da situação na qual não
há direito algum, mas o exercício contrariamente à norma legal (dispositiva) ou contratual (de eficácia
relativa) que gera estabilização daquela relação jurídica para o futuro. A surrectio, assim, é a aquisição de
um direito pelo decurso do tempo, pela expectativa legitimamente despertada por ação ou
comportamento.

O art. 330, igualmente, demonstra o surgimento. Apesar de não ser direito do devedor fazer o pagamento
em local diverso do ajustado, sua reiteração faz surgir o direito. Veja que não há que se falar em costume
contra legem, vedado pelo art. 4º da LINDB, segundo a doutrina.

Assim, surrectio e supressio nada mais são do que as duas faces de uma mesma moeda, havendo apenas
uma distinção de ângulo, de perspectiva; ao passo que se extingue uma posição jurídica a uma parte, cria-se
essa mesma posição jurídica para a contraparte. O art. 330 é, assim, exemplar a respeito.

C) Tu quoque

“A ninguém é dado aproveita-se da própria torpeza” (nemo auditur propriam turpitudinem


allegans), já diz o ditado. O tu quoque é, em alguma medida, a expressão civil da perspectiva
criminal de que a ninguém é dado alegar o desconhecimento da lei.

Assim, não pode a pessoa alegar o desconhecimento de uma situação jurídica justamente para
não a observar. Trata-se da surpresa de uma parte por ato injustificado da outra.

Ou, em outras palavras, para usar um exemplo tipicamente contratual, não pode um contratante alegar que
não leu o contrato para se escusar de cumpri-lo, sob a exata alegação de que não sabia de seu conteúdo.
Não pode uma das partes querer que a outra cumpra sua parte sem que tenha previamente cumprido a sua.
Não pode o credor exigir o adimplemento, com as cominações legais, quando se recusa a receber a dívida.

D) Exceptio doli

Aqui, mais uma vez, há conexão do instituto da exceção de dolo à vedação ao comportamento
contraditório. A peculiaridade é que a exceptio doli se aplica às situações nas quais uma parte,
abusivamente, age com dolo, gerando prejuízo à contraparte.

Como a parte lesada se defenderá? Por meio de uma exceção, a exceção de dolo. Assim, o
lesado não questiona os termos da avença, mas apenas o dolo do outro em deixar de cumpri-la. A exceção
de contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus) e sua versão mais limitada, a exceção de
contrato parcialmente não cumprido (exceptio non exceptio non rite adimpleti contractus) são corolários da
exceptio doli.

Nos casos de exceção de contrato não cumprido, uma parte pode se ver forçada a manejar uma lide contra
a outra, porque dolosamente não cumpre com o contrato, mas exige que a outra o faça. Se uma parte
dolosamente descumpre, e a outra for cobrada pelo inadimplemento, pode esta se defender, via exceção.

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E) Duty to mitigate the loss

A vedação ao agravamento do prejuízo ou o dever de mitigar as perdas, mais conhecida


por sua versão anglo-saxônica, duty to mitigate the loss, igualmente deriva do princípio
da boa-fé objetiva. Liga-se umbilicalmente também ao nemo auditur propriam
turpitudinem allegans. Nesse sentido, o credor tem de evitar o próprio prejuízo,
tomando medidas judiciais cabíveis para proteger seu crédito, sendo que
posteriormente não pode agravar os prejuízos do devedor ou de terceiros por conta de
sua desídia.

Nesse sentido, o Enunciado 169 da III Jornada de Direito Civil determina que o princípio da boa-fé objetiva
deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo. Trata-se de uma versão do art. 77 da
Convenção de Viena de 1980 (ou simplesmente CISG – United Nations Convention on Contracts for the
International Sale of Goods, no original).

A CISG ingressou no ordenamento jurídico brasileiro por meio do Decreto 8.327/2014, que promulgou a
Convenção das Nações Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias –
UNCITRAL (United Nations Commission on International Trade Law). O art. 77 dispõe, literalmente, o
seguinte:

A parte que invocar o inadimplemento do contrato deverá tomar as medidas que forem
razoáveis, de acordo com as circunstâncias, para diminuir os prejuízos resultantes do
descumprimento, incluídos os lucros cessantes. Caso não adote estas medidas, a outra parte
poderá pedir redução na indenização das perdas e danos, no montante da perda que deveria ter
sido mitigada.

Assim, em caso de inadimplemento de uma dívida substancial de cartão de crédito (cujos juros, sabidamente,
não são muito paternais), a instituição financeira deve manejar a ação de cobrança rapidamente. Não pode
esperar por tempo demasiado (ainda que a legislação tenha prazo prescricional específico) para cobrar,
imputando todas as cominações legais no saldo devedor. A dívida terá se tornado monstruosa e “impagável”,
de modo a majorar os prejuízos ao devedor.

O STJ (REsp 758.518) aplicou esse entendimento ao caso de um credor que deixou transcorrer 7 anos para
cobrar o devedor de uma promessa de compra e venda do imóvel. Pretendia ele que o devedor devolvesse
a posse do bem e que os valores pagos fossem devolvidos. Evidentemente, o prejuízo ao devedor seria de
grande monta.

O Enunciado 629 da VIII Jornada de Direito Civil vai no mesmo sentido. Segundo ele, a indenização não inclui
os prejuízos agravados, nem os que poderiam ser evitados ou reduzidos mediante esforço razoável da vítima.
Os custos da mitigação devem ser considerados no cálculo da indenização.

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F) Nachfrist

Prevista no art. 47 da CISG, a extensão do prazo (Nachfrist) estabelece um certo


prazo de carência para o vendedor cumprir sua obrigação, depois de dado um prazo
adicional pelo comprador. No tráfego internacional de mercadorias, a relevância
dessa extensão é ímpar, pois a compra e venda não é tão simples quanto aquela
regulada pelo CDC, de um consumidor a pegar um produto na prateleira.

Esse instituto pretende, em certa medida, evitar a judicialização e a cobrança de encargos que poderiam
tornar as transações internacionais inviáveis. A redação do art. 47, em seus dois parágrafos, é exemplar a
respeito:

(1) O comprador poderá conceder ao vendedor prazo suplementar razoável para o cumprimento
de suas obrigações.

(2) Salvo se tiver recebido a comunicação do vendedor de que não cumprirá suas obrigações no
prazo fixado conforme o parágrafo anterior, o comprador não poderá exercer qualquer ação por
descumprimento do contrato, durante o prazo suplementar. Todavia, o comprador não perderá,
por este fato, o direito de exigir indenização das perdas e danos decorrentes do atraso no
cumprimento do contrato.

Paulo Nalin e Renata Steiner pontuam que se pode extrair dessa norma que a resolução do contrato é
automática, independendo de intervenção judicial (resolução ipso jure). Além disso, mesmo depois da
extensão do prazo, pode-se resolver o contrato sem recurso à via judicial, independentemente do
descumprimento fundamental.

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
Diferentemente do habitual, vou dividir a análise aqui por “temas”, já que há certo pot-pourri de julgados
que aparecem nas provas. São eles:

1. Abuso de direito
2. Veículos automotores
3. Transporte
4. Acidente de trabalho
5. Inscrição indevida e protesto
6. Serviços bancários e financeiros
7. Responsabilidade dos pais
8. Responsabilidade por objetos
9. Responsabilidade civil no Direito de Família
10. Responsabilidade do Estado
11. Publicidade, intimidade e privacidade
12. Educação e saúde
13. Responsabilidade civil-penal

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1. Abuso de direito

O casal conseguiu autorização judicial para interromper a gravidez, já que o feto padecia de uma síndrome
extremamente rara e fatal. Morreria, portanto, logo após o parto (o que, ao final, aconteceu). A gestante foi
então ao hospital e iniciou o tratamento para expulsão do feto acometido pala síndrome.

Três dias depois, terceiro manejou ação para impedir, em caráter de urgência, o aborto terapêutico,
acusando o casal, inclusive, de homicídio, sob forte argumentação de cunho confessional. O juízo,
liminarmente, ordenou a cessação do tratamento que culminaria com a expulsão do feto do ventre materno.

A gestante foi retirada do hospital, o procedimento cessado e, dias depois, voltou ao hospital em trabalho
de parto, sob fortes dores e sem auxílio adequado. O casal, então, processou a pessoa que manejara a ação
“urgente”.

Entendeu-se que esse terceiro, amparado pelo direito de ação, causou dano irreparável ao casal, e em
especial à então gestante, por abusar de seu direito constitucionalmente assegurado, ao tentar impedir a
interrupção da gravidez. Em que pese o direito de ação lhe fosse garantido, havia ele abusado dele em
detrimento do casal que já passava por grandes provações psíquicas:

RESPONSABILIDADE CIVIL. ABUSO DE DIREITO. IMPETRAÇÃO DE HABEAS CORPUS.


IMPEDIMENTO DE INTERRUPÇÃO DE GRAVIDEZ. SÍNDROME DE BODY STALK. Caracteriza abuso
de direito ou ação passível de gerar responsabilidade civil pelos danos causados a impetração do
habeas corpus por terceiro com o fim de impedir a interrupção, deferida judicialmente, de
gestação de feto portador de síndrome incompatível com a vida extrauterina (REsp 1.467.888-
GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 20/10/2016, DJe 25/10/2016).

2. Veículos automotores

A Súmula 492 do STF já definia, desde 1969, que a empresa que loca veículos responde pelos danos
causados pelo locatário. Essa responsabilidade, inclusive, é solidária:

STF – Súmula 492


A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por
este causados a terceiro, no uso do carro locado.

Apesar de, em regra, o proprietário do veículo ser também responsável pelos danos causados a terceiros,
ainda que ele não seja o motorista causador do dano, no caso de alienação do veículo, mesmo que não
registrada devidamente, essa regra não se aplica. Isso porque, a obrigação de realizar a transferência é do
adquirente, e não do alienante, pelo que seria injusto imputar a ele responsabilidade:

STJ – Súmula 132


A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo proprietário por
dano resultante de acidente que envolva o veiculo alienado.

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Curiosamente, mesmo que instalado sistema de rastreamento e monitoramento de veículos, caso sejam
estes roubados e não sejam localizados pelo sistema, a empresa não responde, porque caracterizado fato
de terceiro. O entendimento é de que se o sistema funciona, a sociedade empresarial não pode responder
pelo fato de o ladrão conseguir burlar, desativando seu funcionamento:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE


PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE RASTREAMENTO E MONITORAMENTO. INAPLICABILIDADE DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. VEÍCULOS ROUBADOS E NÃO LOCALIZADOS PELO
SISTEMA. FATO DE TERCEIRO (AgRg no AREsp 305.087/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS
FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 25/02/2014, DJe 06/03/2014).

3. Transporte

Se o passageiro cai da composição férrea, mesmo que atirado por outrem por conta da superlotação do
trem que estava bastante atrasado, o fato de terceiro não afasta o dever de indenizar. Nesse caso, não há
que se falar em fortuito externo por culpa exclusiva de terceiro, porque houve falha na prestação de serviço.
Pode-se até pensar em culpa concorrente, mas não em exclusão do dever de indenizar:

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSO CIVIL. INDENIZAÇÃO


POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. QUEDA DE PASSAGEIRO. ACIDENTE EM VIA FÉRREA.
AFASTAMENTO DO NEXO DE CAUSALIDADE PELO FATO DE TERCEIRO. IMPOSSIBILIDADE.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO (AgRg no AREsp 522.196/RJ,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/12/2015, DJe
02/02/2016).

Ao contrário, o arremesso de pedra por pessoa de fora para o interior de composição férrea não obriga a
empresa a indenizar. Aqui sim o fato de terceiro é tido por fortuito externo, que afasta a responsabilidade
civil, porque a segurança dos passageiros, interna à atividade de transporte, tem a ver com o transporte em
si e fatos ligados internamente a ele (internamente no sentido de “dentro” mesmo), e não a fatores externos
(externamente no sentido de “fora” mesmo):

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. REMESSA DE PEDRA PARA O INTERIOR DE COMPOSIÇÃO
FERROVIÁRIA. FATO DE TERCEIRO. CASO FORTUITO. A jurisprudência do STJ possui entendimento
de que o arremesso de pedra por terceiro que fere passageiro no interior de composição
ferroviária deve ser caracterizado como fortuito externo, por se tratar de fato não relacionado
com os riscos inerentes à atividade explorada. Precedentes (AgRg no AREsp 638.800/SP, Rel.
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 07/05/2015, DJe 14/05/2015).

Igualmente, se terceiro insere artefato explosivo na composição e causa dano a passageiros, não há dever
de indenizar, por se tratar de fortuito externo. É o mesmo sentido visto no julgado anterior:

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AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONCESSIONÁRIA DE


SERVIÇO PÚBLICO. EXPLOSÃO DE BOMBA EM COMPOSIÇÃO FERROVIÁRIA. FATO DE TERCEIRO.
CASO FORTUITO. A jurisprudência do STJ possui entendimento no sentido de que a colocação de
artefato explosivo em composição ferroviária por terceiro deve ser caracterizada como fortuito
externo, por se tratar de fato não relacionado com os riscos inerentes à atividade explorada.
Precedentes (AgRg no REsp 1160265/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA,
julgado em 24/06/2014, DJe 01/08/2014).

A concessionária de transporte ferroviário pode responder por dano moral sofrido por passageira, vítima
de assédio sexual, praticado por outro usuário no interior do trem. Isso porque o STF (RE 591.874)
reconhece que a pessoa jurídica de direito privado, prestadora de serviço público, ostenta responsabilidade
objetiva em relação a terceiros usuários ou não usuários do serviço público, nos termos do art. 37, § 6º, da
CF/1988:

DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E


COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. ATO LIBIDINOSO PRATICADO CONTRA PASSAGEIRA NO
INTERIOR DE UMA COMPOSIÇÃO DE TREM NA CIDADE DE SÃO PAULO/SP ("ASSÉDIO SEXUAL").
FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. RESPONSABILIDADE DA TRANSPORTADORA.
NEXO CAUSAL. ROMPIMENTO. FATO EXCLUSIVO DE TERCEIRO. AUSÊNCIA DE CONEXIDADE COM
A ATIVIDADE DE TRANSPORTE (REsp 1662551/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 15/05/2018, DJe 25/06/2018).

4. Acidente de trabalho

A indenização acidentária não exclui a indenização ordinária, caso se verifique dolo ou culpa grave (que se
avizinha ao dolo criminal) do empregador, dadas as origens diferentes de ambas:

STF – Súmula 229


A indenização acidentária não exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do
empregador.

Em caso de dano causado por acidente de trabalho, o prazo prescricional para que se busque a indenização
se estabelece a partir da data na qual o segurado teve ciência inequívoca de sua incapacidade para o
trabalho. Ou seja, não se aplica a superficial regra geral de que o prazo para a busca de indenização se inicia
com o evento danoso, no caso o acidente de trabalho em si.

Isso por duas razões. Primeiro, porque, como é sabido, o INSS não é lá muito rápido para dar resposta sobre
os benefícios trabalhistas (in)deferidos. Segundo, porque a indenização por incapacitação laboral só passa a
existir no plano jurídico quando há perícia inequívoca (do INSS) atestando tal situação.

Pode ser que o trabalhador, acometido por uma lesão, creia estar incapacitado para o trabalho, mas a perícia
demonstra que a incapacitação é parcial, não integral. Ou que não há incapacitação perene, mas apenas
temporária:

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STJ – Súmula 278


O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve
ciência inequívoca da incapacidade laboral.

5. Inscrição indevida e protesto

Apesar de o cheque ser título de crédito descontável à vista, a apresentação antecipada do cheque pré-
datado gera dano moral indenizável. Não há que se falar em costume contra legem como fonte criadora de
obrigações, no entanto.

O fato é que a praxe comercial chancela esse hábito. Como a norma legal não impede o desconto à vista – e
nem poderia, por ausência de possibilidade de alegação de costume contra legem –, o desconto pode ser
feito antecipadamente.

No entanto, há justa expectativa do devedor de que o credor aguardará o prazo ajustado. O princípio da boa-
fé objetiva determina, assim, que o desconto se dê apenas na data entabulada, pelo que a apresentação
antecipada viola a justa expectativa do devedor, caracterizando-se aí dano extrapatrimonial:

STJ Súmula 370


Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.

A jurisprudência brasileira tem firme entendimento quanto ao cabimento de indenização por dano moral no
caso de inscrição indevida em órgão de proteção ao crédito. Há, inclusive, entendimento consolidado de que
esse dano é in re ipsa, ou seja, dispensa a prova do dano.

Assim, a pessoa não precisa provar qualquer violação a direito de personalidade ou que efetivamente tenha
“sofrido” ou passado por situações vexatórias. Basta provar que a inscrição é indevida.

No entanto, caso já existente outra inscrição, a inscrição feita posteriormente de maneira indevida não
gera dano moral indenizável. Irrelevante se a primeira inscrição feita é devida ou indevida.

Isso porque não se verifica dano que deve ser reparado, nesse caso. Evidente que o questionamento a
respeito da prévia inscrição é resolvido em lide própria. Se for a primeira inscrição indevida, cabível
indenização; se devida, incabível indenização.

STJ – Súmula 385


Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral,
quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.

Para cadastrar o consumidor nos serviços de proteção ao crédito é necessário enviar previamente
comunicação ao endereço fornecido pelo devedor. Não é necessário provar o efetivo recebimento da carta
mediante aviso de recebimento pelo devedor, ao contrário:

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REPETITIVO. CADASTRO. CRÉDITO. AR. Os órgãos mantenedores de cadastros de proteção ao


crédito cumprem o dever estabelecido no art. 43, § 2º, do CDC (notificação prévia da inscrição)
pela comprovação do envio de correspondência ao devedor no endereço fornecido pelo credor,
sem que seja necessária a prova do efetivo recebimento da carta mediante aviso de recebimento
(AR). Esse entendimento foi reafirmado pela Seção no julgamento de recurso repetitivo (art. 543-
C do CPC). Precedentes citados: AgRg no Ag 1.019.370-RJ, DJe 23/6/2008; AgRg no Ag 833.769-
RS, DJ 12/12/2007; REsp 893.069-RS, DJ 31/10/2007; REsp 1.065.096-RS, DJe 23/9/2008, e AgRg
no Ag 727.440-RJ, DJe 17/6/2009. REsp 1.083.291-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
9/9/2009.

Ou seja, a inscrição em serviço de proteção ao crédito precisa ser precedida de notificação à pessoa.
Inexistente a comunicação, cabível indenização por danos morais.

Porém, segundo o mesmo STJ, desnecessário que a notificação seja acompanhada de aviso de recebimento
(AR). Basta que o credor envie a notificação para a pessoa correta no endereço correto:

STJ – Súmula 404


É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a
negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros.

Se for enviada comunicação a endereço diverso do informado claramente pelo próprio consumidor, há
dano moral indenizável. Não há dano se o consumidor informa endereço equivocado, ou se, depois de
realizada a mudança, não informa ao credor o novo endereço:

RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. CADASTRO DE DEVEDORES INADIMPLENTES. DEVER DE


NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. ENDEREÇO INCORRETO DO DEVEDOR. DISTINÇÃO EM FACE DE RECURSO
REPETITIVO. DEFEITO DO SERVIÇO. DANO MORAL. Demanda indenizatória movida por
consumidor que teve seu nome incluído no SPC sem prévia notificação, tendo sido a comunicação
enviada para endereço incorreto. Dever legal do arquivista de notificar o consumidor antes de
inclusão em cadastro no endereço informado pelo credor (Resp 1.083.291/RS, afetado ao rito
dos recursos repetitivos). Mantenedor de cadastro que não está obrigado, em regra, a investigar
a veracidade das informações prestadas pelo credor. Inaplicabilidade do precedente ao caso, em
face de prévia comunicação enviada pelo consumidor ao órgão mantenedor do cadastro para
que futuras notificações fossem remetidas a endereço por ele indicado ante a existência de
fraudes praticadas com seu nome (REsp 1620394/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/12/2016, DJe 06/02/2017).

A exclusão do nome do consumidor dos cadastros dos serviços de restrição de crédito deve ocorrer em 5
dias, contados do integral pagamento. Não o fazendo o credor, a inscrição torna-se indevida, e a empresa
passa a se responsabilizar pelo dano moral eventualmente causado.

Não confunda essa regra com outra. O STJ tem o entendimento de que, feito o pagamento que originou
protesto – devido – perante o Tabelião de Protestos, a responsabilidade pela baixa do protesto é da pessoa,
não do credor. Por isso, a manutenção da inscrição isenta o fornecedor do dever de indenizar.

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Ora, como assim? Esses entendimentos não são contraditórios? Não. Serviços de proteção ao crédito, como
a SERASA, são totalmente privados e mantidos exclusivamente pelos credores. Por isso, é o próprio credor
quem tem de retirar o nome do inscrito.

Já os Tabeliães de Protestos são serviços públicos, ainda que prestados por particulares por delegação. São
mantidos segundo legislação própria e específica, que determina ser obrigação do próprio devedor dar baixa
no protesto feito. São duas situações diferentes, portanto:

STJ – Súmula 548


Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de
inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito.

Imagine que você emitiu um cheque. Não o honrou, por N razões. O credor, porém, deixou que o título
prescrevesse. Posteriormente à prescrição, protestou o cheque. Esse protesto é indevido? Gera dano moral?

Segundo o STJ, o protesto de cheque prescrito, se ainda possível a cobrança, não gera dano moral. Isso
porque, ainda que processualmente exista um impedimento à cobrança, a dívida, materialmente, persiste,
e uma das poucas armas que o credor tem para si é precisamente o protesto:

DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE


PROTESTO C/C PEDIDO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. PROTESTO DE CHEQUES
PRESCRITOS. IRREGULARIDADE. HIGIDEZ DA DÍVIDA. POSSIBILIDADE DE MANEJO DE AÇÃO DE
COBRANÇA FUNDADA NA RELAÇÃO CAUSAL E DE AÇÃO MONITÓRIA. ABALO DE CRÉDITO
INEXISTENTE. DANO MORAL NÃO CARACTERIZADO. Os protestos dos cheques foram irregulares,
na medida em que efetivados cerca de 4 (quatro) anos após a data da emissão dos títulos.
Cuidando-se de protesto irregular de título de crédito, o reconhecimento do dano moral está
atrelado à ideia do abalo do crédito causado pela publicidade do ato notarial, que, naturalmente,
faz associar ao devedor a pecha de "mau pagador" perante a praça. Todavia, na hipótese em que
o protesto é irregular por estar prescrita a pretensão executória do credor, havendo, porém, vias
alternativas para a cobrança da dívida consubstanciada no título, não há se falar em abalo de
crédito, na medida em que o emitente permanece na condição de devedor, estando, de fato,
impontual no pagamento. Prescrita a ação executiva do cheque, assiste ao credor a faculdade de
ajuizar a ação cambial por locupletamento ilícito, no prazo de 2 (dois) anos (art. 61 da Lei
7.357/85); ação de cobrança fundada na relação causal (art. 62 do mesmo diploma legal) e, ainda,
ação monitória, no prazo de 5 (cinco) anos, nos termos da Súmula 503/STJ (REsp 1677772/RJ,
Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/11/2017, DJe 20/11/2017 )

6. Serviços bancários e financeiros

Hábito pernicioso e, infelizmente, habitual, das operadoras de cartão de enviar cartões de crédito sem
prévia solicitação do consumidor constitui ato ilícito passível de indenização por dano extrapatrimonial.
Isso porque, como se sabe, não raro as operadoras enviam o cartão e cobram a cobrar as mais variadas taxas,
bem como eventualmente um cartão esquecido em algum canto pode ser objeto de fraude e dor de cabeça
à pessoa:

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STJ – Súmula 532


Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação
do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa
administrativa.

O STJ já definiu que as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno quando de fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. Essa
responsabilidade, evidentemente, não será imputável à instituição financeira se o dano foi causado por culpa
exclusiva da vítima, por exemplo, dada a quebra do nexo de causalidade, como quando o consumidor fornece
seus dados bancários para terceiros:

STJ – Súmula 479


As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.

Essa responsabilidade se alastra, inclusive, nos casos de saques fraudulentos. Novamente, necessário
atentar para a conduta da vítima; se ela fornece sua senha e cartão bancários a outrem, não há dever de
indenizar:

O banco deve compensar os danos morais sofridos por consumidor vítima de saque fraudulento
que, mesmo diante de grave e evidente falha na prestação do serviço bancário, teve que intentar
ação contra a instituição financeira com objetivo de recompor o seu patrimônio, após frustradas
tentativas de resolver extrajudicialmente a questão. (AgRg no AREsp 395.426 -DF, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, Rel. para acórdão Marco Buzzi, 4ª Turma, julgado em 15/10/2015).

Além disso, o STJ definiu que as fraudes perpetradas por terceiros contra clientes do banco não afastam o
dever de indenizar. Novamente, essas ações correspondem a fortuito interno, porque se espera que as
instituições financeiras disponham de sistema de segurança e de cuidados especiais em suas transações:

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JULGAMENTO PELA SISTEMÁTICA DO


ART. 543-C DO CPC. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS. DANOS CAUSADOS
POR FRAUDES E DELITOS PRATICADOS POR TERCEIROS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
FORTUITO INTERNO. RISCO DO EMPREENDIMENTO. As instituições bancárias respondem
objetivamente pelos danos causados por fraudes ou delitos praticados por terceiros - como, por
exemplo, abertura de conta-corrente ou recebimento de empréstimos mediante fraude ou
utilização de documentos falsos -, porquanto tal responsabilidade decorre do risco do
empreendimento, caracterizando-se como fortuito interno (REsp 1197929/PR, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/08/2011, DJe 12/09/2011).

Imagine que você, ao tentar entrar no banco, é barrado pela porta giratória. O alarme soa, você tira o celular
do bolso, coloca no compartimento e volta. A porta trava novamente. Você escarafuncha os bolsos e não há
mais metais. O segurança do banco, porém, impede que você entre no estabelecimento. Isso configura dano
moral indenizável?

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Não. O mero travamento da porta giratória com detector de metais não gera dano moral,
automaticamente, segundo o STJ. Trata-se de exercício regular de direito da instituição financeira, que deve
prezar pela sua segurança e pela segurança das demais pessoas presentes no estabelecimento, alvo de ações,
por vezes, midiáticas de meliantes.

Mas, e se você é um policial militar, está fardado e tenta entrar no banco com sua arma? O STJ entende que,
mesmo assim, o banco pode barrar a entrada da autoridade policial. Por duas razões. A uma, porque a pessoa
pode se apresentar falsamente, o que não é, infelizmente, tão difícil assim. A duas, porque não se sabe se o
agente público não tentará ele mesmo perpetrar um roubo, ainda que, convenhamos, isso seja
evidentemente menos provável:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. POLICIAL MILITAR. TRAVAMENTO


DE PORTA GIRATÓRIA DE BANCO. DISPOSITIVO DE SEGURANÇA. ATO LÍCITO. EXERCÍCIO REGULAR
DE DIREITO. É obrigação da instituição financeira promover a segurança de seus clientes,
constituindo-se em exercício regular de direito a utilização de porta giratória com detector de
objetos metálicos. Não caracteriza ato ilícito passível de indenização por dano moral o simples
travamento da porta giratória na passagem de policial militar armado, ainda que fardado (REsp
1444573/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO
DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/09/2014, DJe 17/09/2014).

7. Responsabilidade dos pais pelos filhos

Sempre se discutiu muito a respeito do art. 932, inc. I, do CC/2002, que versa sobre a responsabilidade dos
pais pelos filhos incapazes. Significaria o dispositivo que se o filho menor é emancipado, cessa a
responsabilidade dos pais?

E se o menor for emancipado por força de lei, como nos casos de casamento, exercício de cargo público
efetivo etc., também cessa a responsabilidade dos pais? O STJ entende que ainda que o menor seja
emancipado voluntariamente pelos pais, a responsabilidade destes se mantém em caso de dano causado
por aquele. Diversamente, se a emancipação se der por força de lei, não respondem mais os pais:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ATROPELAMENTO. LESÕES CORPORAIS. INCAPACIDADE. DEVER DE


INDENIZAR. REEXAME DE MATÉRIA DE FATO. REVISÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL. PENSÃO MENSAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.
JULGAMENTO ULTRA PETITA. OCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS. EMANCIPAÇÃO.
A emancipação voluntária, diversamente da operada por força de lei, não exclui a
responsabilidade civil dos pais pelos atos praticados por seus filhos menores (AgRg no Ag
1239557/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 09/10/2012,
DJe 17/10/2012).

Veja que esse posicionamento do STJ vem de longa data, ou seja, a Corte mantém o entendimento de que a
emancipação voluntária dos pais não tem o condão de lhes eximir de indenizar pelos atos praticados pelos
filhos:

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Responsabilidade civil. Pais. Menor emancipado. A emancipação por outorga dos pais não exclui,
por si só, a responsabilidade decorrente de atos ilícitos do filho. (REsp 122.573/PR, Rel. Ministro
EDUARDO RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/06/1998, DJ 18/12/1998, p. 340).

O STJ já definiu que o fato de o menor não residir com um dos genitores não configura, por si só, causa
excludente de responsabilidade civil do genitor que não reside com o menor. Isso porque as expressões
contidas no CC/2002, “sob sua guarda e em sua companhia”, não significam “ao seu lado”, “junto consigo”,
ou mesmo significam guarda no sentido dado pelo Direito de Família.

Significam, antes, o sentido de cuidado inerente às responsabilidades dos pais, fruto dos deveres insculpidos
no ECA e do CC/2002. Por isso, o simples fato de não haver coabitação entre o genitor e o filho não isentam
o primeiro do dever de indenizar. Podem ensejar o afastamento, mas não necessariamente:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL INDIRETA DOS PAIS PELOS ATOS
DOS FILHOS. EXCLUDENTES. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. O fato de o menor não residir com
oa) genitora) não configura, por si só, causa excludente de responsabilidade civil. Há que se
investigar se persiste o poder familiar com todas os deveres/poderes de orientação e vigilância
que lhe são inerentes (AgRg no AREsp 220.930/MG, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 09/10/2012, DJe 29/10/2012).

E quando pode ser que o genitor não se responsabilize? Em determinadas situações, excepcionalmente, o
fato de o genitor não deter a guarda e habitar em local diverso, inclusive em município diferente, pode
ensejar o afastamento da responsabilidade desse genitor.

Assim, o entendimento da Corte é de que, em regra, mantém-se o dever de indenizar, mesmo que o genitor
não detenha a guarda e nem resida com o filho. No entanto, excepcionalmente, ele pode ser exonerado do
dever de indenizar, mesmo que o poder familiar se mantenha:

RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS PELOS ATOS ILÍCITOS DE FILHO MENOR - PRESUNÇÃO DE
CULPA - LEGITIMIDADE PASSIVA, EM SOLIDARIEDADE, DO GENITOR QUE NÃO DETÉM A GUARDA
- POSSIBILIDADE - NÃO OCORRÊNCIA IN CASU - RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. Como princípio
inerente ao pátrio poder ou poder familiar e ao poder-dever, ambos os genitores, inclusive
aquele que não detém a guarda, são responsáveis pelos atos ilícitos praticados pelos filhos
menores, salvo se comprovarem que não concorreram com culpa para a ocorrência do dano.
Essa realidade, narrada no voto vencido do v. acórdão recorrido, é situação excepcional que
isenta o genitor, que não detém a guarda e não habita no mesmo domicílio, de responder
solidariamente pelo ato ilícito cometido pelo menor, ou seja, deve ser considerado parte
ilegítima (REsp 777.327/RS, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em
17/11/2009, DJe 01/12/2009).

Mas, como se pode afastar essa responsabilidade? Segundo o STJ, deve o genitor que pretende ver excluída
sua responsabilidade participar da lide, permitindo-se-lhe o contraditório e a ampla defesa:

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RECURSO ESPECIAL - RESPONSABILIDADE CIVIL - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS


- RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS PELOS DANOS CAUSADOS POR FILHOS MENORES DE IDADE
- EXCLUSÃO - POSSIBILIDADE - COMPROVAÇÃO DE QUE NÃO CONCORREU COM CULPA NA
REALIZAÇÃO DO EVENTO DANOSO - PRECEDENTES - NECESSIDADE DE PRÉVIA PARTICIPAÇÃO E
MANIFESTAÇÃO NA LIDE INDENIZATÓRIA DO GENITOR SEPARADO E SEM GUARDA -
LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM - IDENTIFICAÇÃO - HOMENAGEM AO CONTRADITÓRIO E A
AMPLA DEFESA. A jurisprudência desta Corte Superior caminha no sentido de que é possível, ao
genitor, ainda que separado e sem o exercício da guarda, eximir-se da responsabilidade civil de
ilícito praticado por filhos menores, se comprovado que não concorreu com culpa na ocorrência
do dano. Precedentes. Contudo, para tanto, é mister que o genitor separado e sem a guarda,
participe da lide, em homenagem à ampla defesa e ao contraditório, momento em que será
possível, ao genitor, comprovar se, para a ocorrência do evento danoso, agiu com culpa (REsp
1146665/PR, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/11/2011, DJe
12/12/2011).

Se o filho biológico, menor, deixa de residir com o genitor, não se pode falar em dano material pela morte
dele, já que não contribuía economicamente com os pais. No entanto, possível indenização por danos
morais, pois, a despeito de não estar mais com os pais, há evidente laço que, rompido com o falecimento,
gera abalo moral quantificável:

RESPONSABILIDADE CIVIL. MORTE DE FILHO MENOR DE IDADE. EXCEPCIONALIDADE DO CASO


CONCRETO. RELAÇÃO AFETIVA CONTROVERSA ENTRE VÍTIMA E AUTORA. MENOR INSERIDO EM
FAMÍLIA DIVERSA COMO SE FILHO FOSSE. CONSEQUÊNCIAS DO ILÍCITO PARA OS RÉUS.
RELEVÂNCIA NA DOSIMETRIA DA CONDENAÇÃO. DANO MATERIAL. PENSÃO MENSAL. NÃO-
CABIMENTO. AUSÊNCIA DE DEPENDÊNCIA FINANCEIRA SEQUER PRESUMIDA. A autora, mãe
biológica do menor vítima de homicídio culposo, ajuizou ação de indenização em face de casal
que – reconhecidamente, tanto pela sentença de improcedência, quanto pelo acórdão que a
reformou –, acolheu o menor em sua residência como se filho fosse. Em razão de o filho biológico
do casal réu ter desferido, acidentalmente, o disparo de arma de fogo que ceifou a vida do filho
biológico da autora, pretende esta indenização por danos morais e materiais. A jurisprudência
da Casa é uníssona em afirmar que, cuidando-se de família de baixa renda, a colaboração do
menor trabalhador é presumida. Porém, tal presunção não se sustenta se a realidade dos autos
indicar que a vítima, além de não conviver com a autora, não lhe prestava nenhuma ajuda
financeira, circunstância a revelar que o infortúnio não causou à autora nenhuma redução
patrimonial, tampouco lucros cessantes. Afasta-se, portanto, o dano material. Se, por um lado, a
autora se distanciou de seu filho biológico nos últimos dois anos de sua vida, não é menos
verdade que durante os outros nove anos o menor com ela conviveu, não sendo possível afirmar-
se que inexistiu dor moral decorrente da perda precoce do seu filho. Com efeito, muito embora
a legitimidade para pleitear-se indenização por danos morais, decorrentes de morte, tenha tido
como pressuposto o grau de parentesco entre a vítima e o requerente, tal solução não é
destituída de causa. Em realidade, a depender do grau de parentesco, presume-se a existência
de laços afetivos sólidos, cujo rompimento em razão da morte do querido ente gera sofrimento
indenizável. Destarte, mostra-se relevante à determinação da legitimidade para receber
indenização por dano moral, em última análise, e sobretudo, os laços afetivos entre a vítima, em
vida, e o autor da ação, cuja existência é presumida em parentes próximos, porquanto nesses

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casos os fatos tidos por danosos, de regra, conseguem ingressar na esfera da dignidade da
pessoa, causando-lhe abalo moral (REsp 866.220/BA, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 17/08/2010, DJe 13/09/2010).

Ainda que o menor possa ser responsabilizado pelos danos causados, pessoalmente, de maneira subsidiária
e mitigada, por força do art. 928 do CC/2002, não há litisconsórcio necessário na lide, mas apenas
litisconsórcio facultativo simples, opcional ao autor da ação.

Assim, a vítima do evento danoso pode acionar apenas os pais do menor causador do dano, se assim acharem
mais conveniente. Inversamente, não podem acionar apenas o menor, diretamente, já que a
responsabilidade dele é meramente subsidiária, desde que provadas as excludentes de responsabilidade dos
pais:

DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL POR FATO DE OUTREM - PAIS PELOS ATOS PRATICADOS
PELOS FILHOS MENORES. ATO ILÍCITO COMETIDO POR MENOR. RESPONSABILIDADE CIVIL
MITIGADA E SUBSIDIÁRIA DO INCAPAZ PELOS SEUS ATOS (CC, ART. 928). LITISCONSÓRCIO
NECESSÁRIO. INOCORRÊNCIA. A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é
subsidiária e mitigada (CC, art. 928). Não há litisconsórcio passivo necessário, pois não há
obrigação – nem legal, nem por força da relação jurídica (unitária) – da vítima lesada em litigar
contra o responsável e o incapaz. É possível, no entanto, que o autor, por sua opção e
liberalidade, tendo em conta que os direitos ou obrigações derivem do mesmo fundamento de
fato ou de direito (CPC,73, art. 46, II) intente ação contra ambos – pai e filho –, formando-se um
litisconsórcio facultativo e simples. O art. 932, I do CC ao se referir a autoridade e companhia dos
pais em relação aos filhos, quis explicitar o poder familiar (a autoridade parental não se esgota
na guarda), compreendendo um plexo de deveres como, proteção, cuidado, educação,
informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa e diária, sendo
irrelevante a proximidade física no momento em que os menores venham a causar danos (REsp
1436401/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 02/02/2017,
DJe 16/03/2017).

Se a criança ou o adolescente se afogam na piscina do clube, aguardando os pais o buscarem após suas
atividades, há responsabilidade da pessoa jurídica, presumindo-se sua culpa. Pode ela afastar seu dever de
indenizar, provando que não agiu culposamente, no entanto.

Igualmente, nesses casos não se pode alegar culpa concorrente dos pais, porque a associação aceitou
tacitamente o dever de guarda dos menores. Assim, não há que se mitigar a indenização, respondendo
integralmente pelo dano o clube no qual ocorreu o dano:

RECURSOS ESPECIAIS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. FALECIMENTO


DE MENOR IMPÚBERE VÍTIMA DE AFOGAMENTO EM PISCINA DE CLUBE ASSOCIATIVO. CULPA IN
VIGILANDO. RESPONSABILIDADE CONCORRENTE DOS PAIS. NÃO OCORRÊNCIA.
PENSIONAMENTO AOS PAIS. FIXAÇÃO DO TERMO FINAL. DATA EM QUE A VÍTIMA COMPLETARIA
65 ANOS DE IDADE, SOB PENA DE JULGAMENTO ULTRA PETITA, ASSEGURADO O DIREITO DE
ACRESCER. RECURSO ESPECIAL DA RÉ DESPROVIDO E PROVIDO PARCIALMENTE O DOS AUTORES.
Tratando-se de acidentes em piscinas, poços, lagos e afins, em princípio, a responsabilidade de

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quem explora esse tipo de atividade é presumida, embora decorra da existência de conduta
culposa, ou seja, proveniente da responsabilidade subjetiva, a qual só poderá ser elidida
mediante a comprovação de alguma situação excludente prevista na lei, como motivo de força
maior, fato de terceiro ou fato exclusivo da vítima. Diversamente, a partir do momento em que
a associação recreativa permitiu que os pais deixassem os filhos menores impúberes na portaria
do clube para frequentar as aulas na escolinha de futebol - o que inclusive se tornou corriqueiro
-, aceitou a incumbência de guarda sobre eles, surgindo, em contrapartida, para ela o dever de
zelar por sua incolumidade física ou demonstrar que, se não o fez, foi por algum motivo que
escapou ao seu controle, a fim de tornar evidente que não incorreu em falta de vigilância ou não
agiu com culpa. Na hipótese, não deve ser acolhida a alegação de culpa concorrente dos pais, o
que importaria em redução do valor da indenização, haja vista que, tendo havido a aceitação
tácita por parte da associação do dever de guarda dos filhos dos autores, reside nesse fato o
elemento ontológico da responsabilidade, o qual se sobrepõe à eventual ausência dos pais no
momento do trágico incidente, como causa direta e imediata do dano (REsp 1346320/SP, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/08/2016, DJe
05/09/2016).

De outra banda, se o menor foge do hospital e, por isso, sofre agravamento de sua doença e vem a morrer,
há responsabilidade do nosocômio em concorrência com a responsabilidade dos pais. A responsabilidade
do hospital existe por não exercer seu dever de guarda adequadamente. Há responsabilidade dos pais pela
atitude negligente após a fuga do menor.

Assim, a indenização a ser prestada pelo hospital deve ser reduzida, em virtude da concausalidade existente
no caso:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PRESCRIÇÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO. FUGA


DE PACIENTE MENOR DE ESTABELECIMENTO HOSPITALAR. AGRAVAMENTO DA DOENÇA. MORTE
SUBSEQUENTE. NEXO DE CAUSALIDADE. CONCORRÊNCIA DE CULPAS. RECONHECIMENTO.
REDUÇÃO DA CONDENAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. As circunstâncias invocadas
pelas instâncias ordinárias levaram a que concluíssem que a causa direta e determinante do
falecimento do menor fora a omissão do hospital em impedir a evasão do paciente menor,
enquanto se encontrava sob sua guarda para tratamento de doença que poderia levar à morte.
Contudo, não se pode perder de vista sobretudo a atitude negligente dos pais após a fuga do
menor, contribuindo como causa direta e também determinante para o trágico evento danoso.
Está-se, assim, diante da concorrência de causas, atualmente prevista expressamente no art. 945
do Código Civil de 2002, mas, há muito, levada em conta pela doutrina e jurisprudência pátrias
(REsp 1307032/PR, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 18/06/2013, DJe
01/08/2013).

A discussão levada a efeito no STJ nem tratou do fato de o dano ser indenizável ou não, mas do fato de ter
uma criança “pestinha” ter sofrido efetivamente dano ou não. Ou seja, a agressão, em si, a um menor gera
dano moral indenizável, ou é necessário comprová-lo?

A Corte entendeu que, havendo agressão a menor de idade há dano moral in re ipsa, ou seja, desnecessário
provar o dano, que é ínsito à conduta danosa. O STJ ainda entendeu que o fato de ter a mãe agido sob forte

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emoção, na proteção da própria prole, ainda que desmedida e não esperada para alguém com maior
maturidade mental, seria elemento apto a manter a indenização no patamar estabelecido nas Cortes
inferiores (R$4.000,00).

AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. AGRESSÃO VERBAL E FÍSICA. INJUSTIÇA.


CRIANÇA. ÔNUS DA PROVA. DANO MORAL IN RE IPSA. A conduta da agressão, verbal ou física,
de um adulto contra uma criança ou adolescente, configura elemento caracterizador da espécie
do dano moral in re ipsa (REsp 1.642.318-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado
em 7/2/2017, DJe 13/2/2017).

8. Responsabilidade por objetos

O STJ, ainda na vigência do CC/1916, já dispunha que há responsabilidade do condomínio pela queda de
objetos causadores de dano quando não é possível identificar qual unidade os lançou.

Inclusive, é irrelevante que seja impossível que uma unidade condominial tenha lançado o objeto, o
condômino também arcará com a indenização. Por exemplo, num edifício que tem apartamentos voltados
para a rua e apartamentos voltados para os fundos, se o pedestre atingido passava pela rua, os condôminos
que moram nos apartamentos voltados para os fundos também são chamados a indenizar:

RESPONSABILIDADE CIVIL. OBJETOS LANÇADOS DA JANELA DE EDIFÍCIOS. A REPARAÇÃO DOS


DANOS É RESPONSABILIDADE DO CONDOMÍNIO. A impossibilidade de identificação do exato
ponto de onde parte a conduta lesiva, impõe ao condomínio arcar com a responsabilidade
reparatória por danos causados à terceiros. Inteligência do art. 1.529, do Código Civil Brasileiro
(REsp 64.682/RJ, Rel. Ministro BUENO DE SOUZA, QUARTA TURMA, julgado em 10/11/1998, DJ
29/03/1999, p. 180).

O STJ já fixou há tempos o entendimento de que o dono da obra responde solidariamente com o
empreiteiro pelos danos causados pela ruína, em caso de empreitada. O art. 937 trata da responsabilidade
do edifício ou construção, mas se restringe ao próprio dono, ou seja, a situação na qual o “proprietário” é o
garante, como nos casos em que não há obra. O STJ, porém, vai além, permitindo a responsabilização
também do empreiteiro, em havendo empreitada, evidentemente:

Responsabilidade civil. Desabamento de muro. Responsabilidade do dono do imóvel e do


empreiteiro. Prova do dano moral. Precedentes da Corte. Do mesmo modo, precedente da Corte
já assentou que o "proprietário da obra responde, solidariamente com o empreiteiro, pelos
danos que a demolição de prédio causa no imóvel vizinho" (REsp 180.355/SP, Rel. Ministro
CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/10/1999, DJ 06/12/1999,
p. 84).

9. Responsabilidade civil no Direito de Família

A Corte entendeu que a omissão voluntária e injustificada do genitor quanto ao amparo material do filho
gera danos morais. Esse dano, decorrente da conduta ilícita, é passível de compensação pecuniária porque

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se trata de direito fundamental da criança e do adolescente. Essa conduta omissiva afeta a integridade física,
moral, intelectual e psicológica do menor, em prejuízo do desenvolvimento sadio de sua personalidade. Há
evidente ato atentatório à dignidade da pessoa humana que enseja o pagamento de indenização, portanto.

Esse julgado demonstra com clareza como o descumprimento de obrigação, apesar de em regra não gerar
dano moral, pode ocasionar sua aplicação, em determinadas situações. Veja-se que não se trata de genitor
que não tinha condições materiais de amparar seu filho, mas de pai que o podia, mas simplesmente não o
fez, sem justificativa.

Igualmente, aclara que os atos praticados na vida privada que são livres às pessoas geram, de outra banda,
igual responsabilidade. É o caso da liberdade acerca das condutas afetivas, como é o caso da
paternidade/maternidade:

FAMÍLIA. ABANDONO MATERIAL. MENOR. DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE PRESTAR


ASSISTÊNCIA MATERIAL AO FILHO. ATO ILÍCITO. DANOS MORAIS. COMPENSAÇÃO.
POSSIBILIDADE. A omissão voluntária e injustificada do pai quanto ao amparo material do filho
gera danos morais, passíveis de compensação pecuniária (REsp 1.087.561-RS, Rel. Min. Raul
Araújo, por unanimidade, julgado em 13/6/2017, DJe 18/8/2017).

10. Responsabilidade civil do Estado

A presença de animal na pista gera para a concessionária de serviços rodoviários o dever de indenizar, de
forma objetiva, pela morte de motorista que se choca com animal na rodovia:

RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE. É cediço que, segundo a jurisprudência deste Superior


Tribunal, as concessionárias de serviços rodoviários, nas suas relações com os usuários da
estrada, estão subordinadas ao CDC. Dessa forma, a presença de animal na pista coloca em risco
a segurança dos usuários da rodovia, devendo a concessionária responder, de forma objetiva,
pela morte de motociclista que se chocou com animal na rodovia. Com esse entendimento, a
Turma não conheceu do recurso da concessionária, no qual se defendia a denunciação à lide do
DNER para reparação dos danos, afirmando ser da autarquia a responsabilidade de patrulhar a
rodovia para apreensão de animais soltos, e confirmou o acórdão recorrido que decidiu descaber
a denunciação à lide. Precedentes citados: REsp 647.710-RJ, DJ 30/6/2006; AgRg no Ag 522.022-
RJ, DJ 5/4/2004, e REsp 467.883-RJ, DJ 1º/9/2003. REsp 573.260-RS, Rel. Min. Aldir Passarinho
Junior, julgado em 27/10/2009.

Já o Estado responde subjetivamente pela presença de animais na pista que causam dano, mormente por
aplicação do dever de fiscalização deficiente, de especial modo em regiões com trânsito frequente de
animais:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. DANOS


MATERIAIS E MORAIS. ANIMAL QUE SE ENCONTRAVA EM RODOVIA ESTADUAL. LEGITIMIDADE
PASSIVA DO ESTADO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. DEVER DE FISCALIZAÇÃO. OMISSÃO
INEXISTENTE. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA AFASTADA. Há responsabilidade subjetiva do Estado

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que, por omissão, deixa de fiscalizar rodovia estadual com trânsito frequente de animais,
contribuindo para a ocorrência do acidente (REsp 1173310/RJ, Rel. Ministra ELIANA CALMON,
SEGUNDA TURMA, julgado em 16/03/2010, DJe 24/03/2010).

O STJ entende que as ações de indenização por danos morais perpetrados pelos agentes do Estado
ocorridas durante o regime militar de exceção são imprescritíveis, dada a gravidade da violação havida:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA.


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PERSEGUIÇÃO POLÍTICA OCORRIDA DURANTE O REGIME
MILITAR. IMPRESCRITIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ART. 1º DO DECRETO 20.910/1932.
PRECEDENTES. ACUMULAÇÃO DE REPARAÇÃO ECONÔMICA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM. PROSEGUIMENTO DO
JULGAMENTO QUANTO AO MÉRITO. A jurisprudência do STJ é pacificada no sentido de que a
prescrição quinquenal, disposta no art. 1º do Decreto 20.910/1932, é inaplicável aos danos
decorrentes de violação de direitos fundamentais, que são imprescritíveis, principalmente
quando ocorreram durante o Regime Militar, época na qual os jurisdicionados não podiam
deduzir a contento suas pretensões. Ressalte-se que a afronta aos direitos básicos da pessoa
humana, como a proteção da sua dignidade lesada pela tortura e prisão por delito de opinião
durante o Regime Militar de exceção, enseja ação de reparação ex delicto imprescritível e ostenta
amparo constitucional no art. 8.º, §3º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. O
Supremo Tribunal Federal já reconheceu, em hipótese similar à dos autos, a inexistência de
violação ao art. 97 da CF/88 quando o acórdão recorrido entendeu inaplicável o prazo
prescricional estabelecido no art. 1º do Decreto 20.910/1932. A Lei 10.559/2002 proíbe a
acumulação de: a) reparação econômica em parcela única com reparação econômica em
prestação continuada (art. 3º, §1º); b) pagamentos, benefícios ou indenizações com o mesmo
fundamento, facultando-se ao anistiado político, nesta hipótese, a escolha da opção mais
favorável (art. 16). Inexiste vedação para a acumulação da reparação econômica com indenização
por danos morais, porquanto se trata de verbas indenizatórias com fundamentos e finalidades
diversas: aquela visa à recomposição patrimonial (danos emergentes e lucros cessantes), ao
passo que esta tem por escopo a tutela da integridade moral, expressão dos direitos da
personalidade. Recurso Especial parcialmente provido (REsp 1664760/RS, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/06/2017, DJe 30/06/2017).

11. Publicidade, intimidade e privacidade

A Súmula 221 anda sendo revista por conta de sua aplicabilidade, ao menos em tese, às publicações online,
especialmente por conta das regras do Marco Civil da Internet – MCI. Há dispositivos do MCI que determinam
a responsabilidade apenas daquele que realiza a publicação, que produz o conteúdo, isentando de
responsabilidade os provedores de aplicações (a companhia que fornece o aplicativo usado para a
publicidade) e os provedores de internet (a companhia que fornece a conexão).

O provedor da aplicação pode ser, em determinados casos, responsabilizado, caso, por exemplo, intimado,
não retire o conteúdo do ar. Já o provedor de internet não se responsabiliza, de maneira alguma. De qualquer
forma, a Súmula, ainda pensada para o “jornal”, estabelece a responsabilidade conjunta do autor e do
veículo de publicação de escrito:

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STJ – Súmula 221


São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela
imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.

É necessário provar o dano em caso de violação ao direito de imagem, com uso comercial sem autorização?
Não, segundo a jurisprudência assentada do STJ. Isso porque a obrigação da reparação decorre do próprio
uso indevido do direito personalíssimo, não havendo de se cogitar da prova da existência de prejuízo ou
dano. Além disso, sequer é preciso provar que o causador do dano conseguiu algum lucro com a violação:

DIREITO À IMAGEM. CORRETOR DE SEGUROS. NOME E FOTO. UTILIZAÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO.


PROVEITO ECONÔMICO. DIREITOS PATRIMONIAL E EXTRAPATRIMONIAL. LOCUPLETAMENTO.
DANO. PROVA. DESNECESSIDADE. O direito à imagem reveste-se de duplo conteúdo: moral,
porque direito de personalidade; patrimonial, porque assentado no princípio segundo o qual a
ninguém é lícito locupletar-se à custa alheia. A utilização da imagem de cidadão, com fins
econômicos, sem a sua devida autorização, constitui locupletamento indevido, ensejando a
indenização. Em se tratando de direito à imagem, a obrigação da reparação decorre do próprio
uso indevido do direito personalíssimo, não havendo de cogitar-se da prova da existência de
prejuízo ou dano. O dano é a própria utilização indevida da imagem, não sendo necessária a
demonstração do prejuízo material ou moral (REsp 267.529/RJ, Rel. Ministro SÁLVIO DE
FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 03/10/2000, DJ 18/12/2000, p. 208).

Ser “travado” em porta de estabelecimento bancário não gera dever de indenizar, decidiu o STJ. Mas, e em
estabelecimentos comerciais, aquele alarme antifurto, disparado, gera? Não. O mero soar de alarme em
estabelecimento comercial não gera dano moral, automaticamente, segundo o STJ. Deve a pessoa
comprovar que foi constrangida de maneira exacerbada, de outra forma, mas o mero soar do alarme, ainda
que desconfortável, não é suficiente para gerar o dever de indenizar:

CIVIL E PROCESSUAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ALARME


SONORO. DISPARO. DANO MORAL. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 7 DO STJ. TESE DO
RECURSO CONTRÁRIA À JURISPRUDÊNCIA DO STJ. A alegação de que o mero soar de alarme em
estabelecimento comercial geraria dano moral não encontra amparo na jurisprudência desta
Corte Superior (STJ - AgRg no AREsp: 291760 MG 2013/0025555-0, Relator: Ministra MARIA
ISABEL GALLOTTI, Data de Julgamento: 14/05/2013, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 22/05/2013).

12. Educação e saúde

A Instituição de Ensino Superior – IES que não providencia, durante o curso, a regularização de curso
superior junto ao MEC, é responsável pelo dano causado àquele que, a despeito da colação de grau, não
pode se inscrever no Conselho Profissional respectivo e, assim, exercer o ofício para o qual se graduou. Assim,
devido o dano moral pela frustração na obtenção de diploma devido ao não reconhecimento do curso
oferecido pela IES.

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Descabe, por outro lado, a restituição das mensalidades ante a prestação do ensino e o ulterior
reconhecimento do curso. Igualmente, descabido também o pleito de lucros cessantes, porquanto não pode
haver responsabilização por efeitos colaterais, caso de pretendida melhoria salarial em carreira do serviço
público, que são inteiramente estranhos à relação contratual existente entre as partes.

A Corte, inclusive, entende que a relação é regida pelo CDC, pelo que a instituição de ensino é
objetivamente responsável pelos prejuízos causados em decorrência do não credenciamento de curso se,
em virtude desse entrave, o consumidor não obteve a correspondente titulação pretendida. Para evitar a
configuração do dano, necessário que a informação a respeito da ausência de reconhecimento do curso,
seja de graduação, seja de pós-graduação, fique ostensiva e clara ao consumidor no momento da
contratação:

STJ – Súmula 595


As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo
aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre
o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação.

O dever de informação é a obrigação que possui o médico de esclarecer o paciente sobre os riscos do
tratamento, suas vantagens e desvantagens etc. Há efetivo cumprimento do dever de informação quando
os esclarecimentos se relacionarem especificamente ao caso do paciente, não se mostrando suficiente a
informação genérica.

Da mesma forma, para validar a informação prestada, não pode o consentimento do paciente ser genérico
(blanket consent), necessitando ser claramente individualizado. O dever de informar é dever de conduta
decorrente da boa-fé objetiva e sua simples inobservância caracteriza inadimplemento contratual e gera
dever de indenizar.

A indenização é devida pela privação sofrida pelo paciente em sua autodeterminação, por lhe ter sido
retirada a oportunidade de ponderar os riscos e vantagens de determinado tratamento, que, ao final, lhe
causou danos, que poderiam não ter sido causados, caso não fosse realizado o procedimento, por opção do
paciente.

O ônus da prova quanto ao cumprimento do dever de informar e obter o consentimento informado do


paciente é do médico ou do hospital, orientado pelo princípio da colaboração processual, em que cada parte
deve contribuir com os elementos probatórios que mais facilmente lhe possam ser exigidos. A
responsabilidade subjetiva do médico (art. 14, §4º, do CDC) não exclui a possibilidade de inversão do ônus
da prova, se presentes os requisitos do art. 6º, inc. VIII, devendo o profissional demonstrar ter agido com
respeito às orientações técnicas aplicáveis:

RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC/1973. NÃO OCORRÊNCIA.


RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO POR INADIMPLEMENTO DO DEVER DE INFORMAÇÃO.
NECESSIDADE DE ESPECIALIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO E DE CONSENTIMENTO ESPECÍFICO.
OFENSA AO DIREITO À AUTODETERMINAÇÃO. VALORIZAÇÃO DO SUJEITO DE DIREITO. DANO
EXTRAPATRIMONIAL CONFIGURADO. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. BOA-FÉ OBJETIVA.
ÔNUS DA PROVA DO MÉDICO (REsp 1540580/DF, Rel. Ministro LÁZARO GUIMARÃES

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(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), Rel. p/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE


SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 02/08/2018, DJe 04/09/2018).

13. Responsabilidade civil-penal

O art. 935 é claro ao dispor que não se pode “questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja
o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal”. No entanto, o STJ entende que,
apesar de comprovada a autoria no juízo criminal, pode o juízo cível reconhecer a culpa concorrente da
vítima, reduzindo a indenização.

Isso porque a questão da culpa concorrente não é, a rigor, e em regra, relevante para a imposição da pena
(ainda que possa sê-lo na dosimetria da pena). No entanto, é relevantíssima para a fixação do quantum
indenizatório:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. MORTE POR DISPARO
DE ARMA DE FOGO. CONDENAÇÃO POR HOMICÍDIO CULPOSO NA ESFERA CRIMINAL. SENTENÇA
QUE TORNA CERTO O DEVER DE INDENIZAR. POSSIBILIDADE DE O JUÍZO CIVIL RECONHECER A
CULPA CONCORRENTE. PRECEDENTES DO STJ. VÍTIMA QUE PRATICA FURTO EM PROPRIEDADE
ALHEIA NO MOMENTO EM FOI ALVEJADA POR TIRO. RELEVÂNCIA DA CONDUTA DA VÍTIMA.
CIRCUNSTÂNCIA QUE INTERFERE DECISIVAMENTE NA FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. PENSÃO CIVIL.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Apesar da
impossibilidade de discussão sobre os fatos e sua autoria, nada obsta que o juízo cível, após o
exame dos autos e das circunstâncias que envolveram as condutas do autor e da vítima, conclua
pela existência de concorrência de culpa em relação ao evento danoso (REsp 1354346/PR, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/09/2015, DJe 26/10/2015).

Policial militar trafega na contramão com a viatura para atender a chamado. Colide com veículo e causa
danos à viatura policial. O Estado cobra dele os danos causados. Cumpria ele seu dever legal em perseguir
o meliante, mas cumpria ele “estritamente o dever legal” ao dirigir pela contramão?

Existe alguma norma do CTB ou interna da corporação que determina que o agente público tem de trafegar
na contramão? Evidente que não. Por isso, no plano cível, há que se falar em indenização pelo dano
causado? Sim, segundo o STJ:

PROCESSUAL CIVIL. POLICIAL MILITAR. CONDUÇÃO DE VIATURA NA CONTRAMÃO. ACIDENTE.


RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO DEVIDO. SÚMULA 7/STJ.
RECURSO ESPECIAL. ALÍNEA "C". NÃO DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL
NÃO PROVIDO. Alega o Estado do Paraná que o réu, ora recorrente, Policial Militar, ao conduzir
viatura policial pela contramão enquanto atendia a uma ocorrência, colidiu com um veículo
Fiat/Uno que se encontrava à sua frente, e que o impacto acarretou danos à viatura policial.
Dispôs que o encarregado pelo Inquérito Técnico instaurado pelo Comando da Polícia concluiu
pela culpabilidade do reú no sinistro e que, na Solução de Inquérito Técnico, foi imputado ao
recorrente o pagamento de R$ 12.912,22 (doze mil, novecentos e doze reais e vinte e dois
centavos). Não há que se falar em estrito cumprimento do dever legal quando a conduta do
agente público foge aos parâmetros legalmente estabelecidos. Nestes casos, sua conduta e

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imprudente e deve, por essa razão, ser responsabilizado pelos danos que venha a provocar" (fls.
480 - 481, grifo acrescentado) (AgRg no REsp 1454429/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 07/04/2015, DJe 22/05/2015).

O fato de no juízo criminal o agente do estado ter sido absolvido por ato praticado em estrito cumprimento
do dever legal não leva ao automático afastamento do dever de indenizar no cível. Isso porque o sentido
de estrito cumprimento do dever legal, na esfera criminal, foi indevidamente alargado com o passar do
tempo.

Na esfera cível, contudo, o estrito cumprimento do dever legal continua sendo “estrito”. Estrito
cumprimento do dever legal é o bombeiro que arromba porta para combater incêndio. Estrito cumprimento
do dever legal é o policial que, diante de um crime em flagrante agride o ofensor para evitar a continuidade
da conduta criminosa, para contê-lo.

No mais, condutas outras, inclusive aquelas que trazem efeitos colaterais a terceiros, seja nos casos de dano
por ricochete, seja nos casos de aberratio ictus, geram dever de indenizar. Não se fala em “estrito”
cumprimento do dever legal:

ADMINISTRATIVO - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO - RECURSO ESPECIAL - ALÍNEAS "A" E


"C" - ART. 65 DO CPP - ART. 160, I E II, DO CC/16 - TESE DA IRRESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
EM RAZÃO DO ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL DE SEUS AGENTES – NÃO-APLICAÇÃO
– FATO DO SERVIÇO - NEXO CAUSAL - DANO - CONFIGURAÇÃO - DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL -
AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE ACÓRDÃOS RECORRIDO E PARADIGMA. A questão
federal está em saber se, absolvidos os agentes da polícia no juízo criminal em razão de causa
excludente de ilicitude – no estrito cumprimento do dever legal (art. 65, CPP) –, pode ser o Estado
demandado em razão do dano causado (homicídio) a herdeiros da vítima, existindo, como causa
de pedir, a responsabilidade objetiva estatal – fato do serviço. Realmente, a sentença absolutória
fundada em excludente de ilicitude repercute sobremaneira no juízo cível, a teor do art. 65 do
CPP. Entretanto, a repercussão integral só acontece quando se está diante da responsabilidade
civil subjetiva, hipótese bem diversa dos autos. Entendimento doutrinário e jurisprudencial (REsp
111843/PR, Rel. Min. JOSÉ DELGADO) (REsp 884.198/RO, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 10/04/2007, DJ 23/04/2007, p. 247).

Quando alguém sofre dano à incolumidade física ou é morto, em fuga, pela autoridade policial, não há que
se falar em estrito cumprimento do dever legal, já que o art. 284 do CPP/1941 permite à autoridade o uso
de força – indispensável, moderada e proporcional – apenas quando a pessoa já fora presa. Ou seja, a pessoa
tenta escapar após ter sido preso ou resiste à prisão, e não quando se põe a fugir antes de ser alcançado
pelo agente do Estado. Nesses casos, há dever de indenizar:

RECURSO ESPECIAL. LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE. DESCLASSIFICAÇÃO. HOMICÍDIO


CULPOSO. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL. ARTIGO 284 DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL. NORMA DE EXCEÇÃO. PODER INVESTIGATÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. O artigo 284
do Código de Processo Penal é norma de exceção, enquanto permissiva de emprego de força
contra preso, que não admite, por força de sua natureza, interpretação extensiva, somente se
permitindo, à luz do direito vigente, o emprego de força, no caso de resistência à prisão ou de

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tentativa de fuga do preso, hipótese esta que em nada se identifica com aqueloutra de quem,
sem haver sido alcançado pela autoridade ou seu agente, põe-se a fugir. Não há falar em estrito
cumprimento do dever legal, precisamente porque a lei proíbe à autoridade, aos seus agentes e
a quem quer que seja desfechar tiros de revólver ou pistola contra pessoas em fuga, mais ainda
contra quem, devida ou indevidamente, sequer havia sido preso efetivamente. O resultado
morte, transcendendo embora o animus laedendi do agente, era plenamente previsível, pela
natureza da arma, pelo local do corpo da vítima alvejado e pelas circunstâncias do fato, havendo
o recorrido, em boa verdade, tangenciado o dolo eventual (REsp 402.419/RO, Rel. Ministro
HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em 21/10/2003, DJ 15/12/2003, p. 413).

No mesmo sentido, se um transeunte morre numa troca de tiros entre seguranças e meliantes, dentro de
estação de trem, tendo aqueles reagido contra assalto perpetrado por estes contra carro forte da empresa,
não se afasta o dever de indenizar por fato de terceiro.

Isso porque o uso de arma de fogo foi opção da empresa, que assumiu o risco pelos danos em locais
reconhecidamente repletos de pessoas. Não se caracteriza, portanto, fortuito externo, mas fortuito interno
à atividade de segurança:

RESPONSABILIDADE CIVIL. CONSUMIDOR. MORTE NAS DEPENDÊNCIAS DA ESTAÇÃO DE TREM.


TRANSEUNTE ATINGIDO POR BALA PERDIDA ADVINDA DE TIROTEIO ENTRE SEGURANÇAS DA
EMPRESA E ASSALTANTES QUE OBJETIVAVAM ROUBO DE CARRO FORTE. FATO DO SERVIÇO.
INCIDÊNCIA DO CDC. CONSUMIDOR BYSATNDER. Polêmica em torno da responsabilidade civil
das empresas demandadas pelos danos causados aos demandantes pela morte de seu filho na
Estação Ferroviária da Lapa (São Paulo) atingido por um projétil de arma de fogo disparado
durante um tiroteio envolvendo assaltantes e seguranças das empresas recorrentes após
tentativa de roubo a carro forte que recolhia valores no local. Atenta contra a segurança do
consumidor a opção pelo uso de armas de fogo pelos prepostos da ré em confronto com
meliantes, em local de intenso trânsito de pessoas, priorizando a recuperação do dinheiro
roubado à integridade física dos consumidores que lá se encontravam. Reação ao assalto, por
parte dos seguranças das rés, resultou na morte de três pessoas, além de outras vítimas não
fatais. Inaplicabilidade da excludente do fato de terceiro, prevista no inciso II do parágrafo 3.º do
artigo 14 do CDC, pois, para sua configuração, seria necessária a exclusividade de outras causas
não reconhecida na origem. Súmula 07/STJ (REsp 1372889/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/10/2015, DJe 19/10/2015).

A Corte entendeu que o fato de a autoridade policial, sob o argumento de ter sido desacatada, dar ordem
de prisão, algemar o vizinho e o levar à delegacia, após ter causado dano físico, não caracteriza direito
nem estrito cumprimento do dever legal. O agente público não se encontrava diante de pessoa causando
dano considerável a outrem, nem alguém de per si violento, nem que escaparia.

Por isso, evidenciado o abuso, cometeu ato ilícito na esfera cível, independentemente de “quem começou a
briga” e se efetivamente houve desacato. Dano moral in re ipsa, que independe da comprovação do dano
porque exsurge diretamente da conduta danosa.

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AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. PRISÃO EFETUADA POR POLICIAL FORA DO
EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES. OFENSA À LIBERDADE PESSOAL. DANO CONFIGURADO. A privação da
liberdade por policial fora do exercício de suas funções e com reconhecido excesso na conduta
caracteriza dano moral in re ipsa (REsp 1.675.015-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade,
julgado em 12/9/2017, DJe 14/9/2017).

JORNADAS DE DIREITO CIVIL


Ainda hoje existe discussão doutrinária a respeito da natureza jurídica dos direitos da propriedade industrial.
Além disso, uma vez verificada a infração ao direito da propriedade, é fundamental que se estabeleça a
devida reparação pelos danos causados ao seu detentor, mormente porque essa espécie de lesão se reflete
na esfera patrimonial, reduzindo as vendas de um produto ou serviço. Igualmente, a conduta também se
reflete na esfera moral, com prejuízos para a imagem do produto ou serviço através de mácula a sua
reputação, de associação com outro de qualidade inferior ou cujo conceito é moralmente reprovável pela
sociedade, de ofuscamento da sua distintividade e/ou de adulteração do seu conceito (teoria da diluição).

Por fim, é evidente o enriquecimento ilícito daquele que se aproveita do direito de propriedade alheio. Isso
sem mencionar as perdas impostas à sociedade pelo atraso no desenvolvimento de tecnologias, do
desestímulo ao processo criativo e da limitação na oferta de produtos e serviços, em flagrante afronta ao
que estabelece o princípio da função social da propriedade. Por isso, nas violações aos direitos relativos a
marcas, patentes e desenhos industriais, será assegurada a reparação civil ao seu titular, incluídos tanto
os danos patrimoniais como os danos extrapatrimoniais:

VI Jornada de Direito Civil – Enunciado 551


Nas violações aos direitos relativos a marcas, patentes e desenhos industriais, será assegurada a
reparação civil ao seu titular, incluídos tanto os danos patrimoniais como os danos
extrapatrimoniais.

A Agência Nacional de Saúde impõe que as operadoras de planos de saúde arquem com as despesas médicas
oriundas de complicações de procedimentos não cobertos, em virtude do princípio da preservação da vida,
órgão ou função do paciente. Ocorre que muitas dessas complicações surgem em virtude de vícios nos
materiais utilizados no procedimento, por erro médico ou por condições inadequadas das clínicas e dos
hospitais, tais como infecção hospitalar ou falta de equipamentos.

Considerando que o art. 35-F da Lei 9.656/1998 determina que a assistência prestada pelas operadoras de
planos de assistência à saúde compreende todas as ações necessárias à prevenção da doença e à
recuperação, manutenção e reabilitação da saúde, nada mais razoável do que a possibilidade de
ressarcimento da operadora contra o causador do dano em caso de culpa. É claro que qualquer
procedimento envolvendo a saúde do paciente incorre em riscos, que são minimizados quando todas as
medidas de segurança necessárias são utilizadas.

Não se pretende imputar responsabilidade aos médicos e estabelecimentos de tratamento de saúde por
complicações oriundas de casos fortuitos (por exemplo, deficiência imunológica oriunda do próprio paciente

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ou da doença que o acomete). O que se busca é atribuir a devida responsabilidade em caso de não
observância dos deveres de diligência e cuidado que envolvem a área da saúde.

Assim, a proposta serve para estabelecer aplicação analógica da norma em comento por se tratar de
situações semelhantes, pelo que constituem danos reflexos reparáveis as despesas suportadas pela
operadora de plano de saúde decorrentes de complicações de procedimentos por ela não cobertos:

VI Jornada de Direito Civil – Enunciado 552


Constituem danos reflexos reparáveis as despesas suportadas pela operadora de plano de saúde
decorrentes de complicações de procedimentos por ela não cobertos.

Ainda hoje, há resistência e timidez na aplicação às relações de natureza financeira do regramento do


microssistema normativo consumerista, especialmente no que se refere à responsabilidade civil. Nos
contratos bancários, são inúmeros os desdobramentos contratuais que envolvem prestação de serviço,
especialmente quanto a procedimentos de registro no cadastro de devedores inadimplentes.

Não raro, esses serviços são prestados de forma indevida, resultando em ações judiciais que visam à
responsabilização civil das instituições financeiras. Na praxe judicial, porém, invariavelmente, a discussão é
canalizada para averiguação da culpa da instituição financeira nas suas mais variadas facetas.

Porém, frequente se buscar arrimo no art. 927 do CC/2002, tendente a induzir o magistrado a proceder à
análise da culpa do agente financeiro. A referida operação de cadastramento, todavia, não está, de modo
algum, abrangida pela “definição dos custos das operações ativas e a remuneração das operações passivas
praticadas na exploração da intermediação de dinheiro na economia”, critério delimitador para a não
aplicação do microssistema normativo do CDC aos contratos bancários.

Portanto, é necessário apontar o direcionamento correto para averiguação da natureza da responsabilidade


civil das instituições financeiras, na qual não se perquire a culpa do agente financeiro, tão somente a
ocorrência de fato do serviço, cuja previsão não se encontra no CC/2002, mas no art. 12 do CDC. Ou seja, há
responsabilidade objetiva na conduta das instituições financeiras no que se refere ao cadastro indevido
de devedores, afastando a discussão da noção de culpa para aproximá-la da noção de fato do serviço:

VI Jornada de Direito Civil – Enunciado 553


Nas ações de responsabilidade civil por cadastramento indevido nos registros de devedores
inadimplentes realizados por instituições financeiras, a responsabilidade civil é objetiva.

Há precedentes do STJ que reconhecem a desnecessidade de indicação específica do local onde a informação
nociva à dignidade humana está inserida para que o provedor proceda à retirada. Ou seja,
“independentemente da indicação precisa, pelo ofendido, das páginas (URLs) que foram veiculadas as
ofensas (REsp 1.175.675). Tal posicionamento visa a primeiramente fazer cessar o dano, visto que a rapidez
com que as informações são replicadas e disponibilizadas na internet pode tornar inútil a prestação
jurisdicional futura.

Além disso, visa a também preservar a própria efetividade da jurisdição, principalmente quando envolve
antecipações dos efeitos da tutela em que se determina o bloqueio da informação, e não apenas de um link

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específico. Portanto, opta-se pela tutela da dignidade humana da vítima que procura o Poder Judiciário
para a satisfação da pretensão de bloqueio do conteúdo nocivo e que não pode ser incumbida do ônus de
indicar em que local especificamente está disponibilizada a informação lesiva toda vez que o mesmo
conteúdo é replicado e disponibilizado novamente por terceiros:

VI Jornada de Direito Civil – Enunciado 554


Independe de indicação do local específico da informação a ordem judicial para que o provedor
de hospedagem bloqueie determinado conteúdo ofensivo na internet.

RESUMO
Quais são as hipóteses de responsabilidade civil imprópria?

Os pais
• Pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia

O tutor e o curador
• Pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições

O empregador ou comitente
• Por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir,
ou em razão dele

Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por


dinheiro, mesmo para fins de educação
• Pelos seus hóspedes, moradores e educandos

Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime


• Até a concorrente quantia

Como funciona a esfera cível e a esfera criminal e como elas se influenciam?

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Juízo Cível Juízo Criminal


Visa a indenizar a vítima Visa a punir o agressor
Objetividade (tendência à Subjetividade (tendência à
responsabilidade objetiva) responsabilidade baseada na culpa)
Influencia na autoria e materialidade
Não influencia no outro Pode estabelecer indenização mínima e
Executa a sentença transitada em fiança para o Cível
julgado no Criminal Juizado Especial Criminal: pode fazer
Sentença condenatória penal é título composição cível
executivo judicial

Quais são os requisitos para a verificação do abuso de direito?

1. Titularidade do direito 2. Exercício excessivo do 3. Transposição dos


pelo agente direito limites impostos

4. Violação do direito
5. Nexo de causalidade
alheio

Quais são as decorrências da vedação ao abuso, derivadas da boa-fé objetiva?

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Vedação ao comportamento contraditório


• Venire contra factum proprium

Supressão e surgimento
• Supressio

Surgimento
• Surrectio

A ninguém é dado aproveitar-se da própria torpeza


• Tu quoque, nemo auditur propriam turpitudinem allegans

Vedação ao agravamento do prejuízo


• Duty to mitigate the loss

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final desta aula! Aqui, minudenciei alguns aspectos mais verticais sobre a Responsabilidade
Civil, incluindo um tema que cai com frequência nas provas, a responsabilidade por fato impróprio. Além
disso, objetivei trazer os aspectos jurisprudenciais mais relevantes que podem aparecer na sua prova.

Quaisquer dúvidas, sugestões, críticas ou mesmo elogios, não hesite em entrar em contato comigo. Estou
disponível preferencialmente no Fórum de Dúvidas do Curso, mas também nas redes sociais, claro. Estou
aguardando você na próxima aula. Até lá!

Paulo H M Sousa

QUESTÕES COMENTADAS
1. (IADES / AL-GO – 2019) Em conformidade com o sistema de responsabilidade civil previsto no
Direito Civil, assinale a alternativa correta.
a) Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização.
b) O direito civil brasileiro não admite a responsabilidade civil dos incapazes.
c) A jurisprudência brasileira não admite pedidos de indenizações a título de dano moral, fundadas em danos
reflexos ou por ricochete.
d) A demonstração de ter agido em estado de necessidade exonera o réu do dever de indenizar.
e) A responsabilidade do dono do animal pelos danos ocasionados a terceiros é subjetiva, dependendo de
demonstração de um ato culposo ou doloso para se configurar.

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Comentários

A alternativa A está correta, sendo a exata transcrição do art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”.

A alternativa B está incorreta, segundo dispõe o art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar,
se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios
suficientes”.

A alternativa C está incorreta, pois a jurisprudência é praticamente unânime quanto ao tema, reconhecendo
o direito à indenização por danos morais fundadas em danos reflexos em diversas situações, especialmente
naquelas regidas pelo CDC.

A alternativa D está incorreta, já que no caso de estado de necessidade, previsto no art. 188, inc. II (“Não
constituem atos ilícito a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover
perigo iminente”), há dever de indenizar em determinadas situações, como prevê o art. 929: “Se a pessoa
lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á
direito à indenização do prejuízo que sofreram”.

A alternativa E está incorreta, de acordo com o disposto no art. 936: “O dono, ou detentor, do animal
ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior”.

2. (MP-PR / MP-PR – 2018) São responsáveis pela reparação civil:


I - Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
II - O empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele.
III - Os que, gratuita ou onerosamente, houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente
quantia.
a) Apenas a I está correta.
b) Apenas a II está correta.
c) Apenas III está correta.
d) Apenas I e II estão corretas.
e) Apenas II e III estão corretas.

Comentários

O item I está correto, de acordo com o art. 932, inc. I: “São também responsáveis pela reparação civil os pais,
pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”.

O item II está correto, de acordo com o art. 932, inc. III: “São também responsáveis pela reparação civil o
empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele”.

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O item II está incorreto, de acordo com o art. 932, inc. V: “São também responsáveis pela reparação civil os
que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia”.

Logo, conclui-se que a única alternativa que nos apresenta as afirmações corretas é a alternativa D.

3. (VUNESP / PGE-SP – 2018) Assinale a alternativa correta.


a) O magistrado, em caso de excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá reduzir o
valor da indenização em até 2/3 do valor originalmente fixado.
b) Pai que ressarce o dano causado por filho relativamente capaz pode buscar reembolso no prazo de 3 anos,
contados da cessação da menoridade.
c) Em caso de concurso de agentes causadores de dano, cada qual responde na medida da sua culpabilidade.
d) Decisão criminal absolutória por insuficiência de provas impede rediscussão, em âmbito civil, de pretensão
de reparação de danos.
e) O incapaz responderá pelos danos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem a obrigação
de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que o art. 944, parágrafo único (“Se houver excessiva desproporção entre
a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”) não tabela ou prefixa
a redução, que fica a critério do juiz.

A alternativa B está incorreta, dada a previsão do art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem
pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu,
absoluta ou relativamente incapaz”.

A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 942: “Os bens do responsável pela ofensa ou violação
do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor,
todos responderão solidariamente pela reparação”.

A alternativa D está incorreta, pois o juízo cível e o criminal são independentes e, além disso, apenas se
demonstrada claramente autoria e/ou materialidade é que esses elementos fazem coisa julgada no cível,
como esclarece o art. 935: “A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar
mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas
no juízo criminal”.

A alternativa E está correta, na literalidade do art. 928; “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se
as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.

4. (CESPE / PGE-PE – 2018) Em razão da premente necessidade da entrega das mercadorias que
transportava, o motorista contratado pela empresa de transporte conduziu o veículo de carga em alta
velocidade, vindo a colidir com outro veículo, o que causou a morte do condutor desse veículo. Nesse caso,
a responsabilidade do empregador é objetiva,
a) desde que provado que o empregado estava em horário de trabalho.

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b) mas depende da prova da culpa in elegendo.


c) mas depende da prova da culpa in vigilando.
d) estando de acordo com a teoria da substituição.
e) independentemente de prova da conduta culposa do empregado.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque, por aplicação da teoria da aparência, mesmo que estivesse ele fora
do horário de trabalho poderia haver responsabilização patronal.

A alternativa B está incorreta, pela cumulação do art. 932, inc. III (“São também responsáveis pela reparação
civil o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele”) com o art. 933 (“As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali
referidos”).

A alternativa C está incorreta, novamente, porque a responsabilidade do empregador é objetiva.

A alternativa D está correta, sendo essa teoria o fundamento do art. 932, inc. III, especialmente quando
ainda do CC/1916, como já assentava a antiga Súmula 341 do STF.

A alternativa E está incorreta, já que a responsabilidade do empregador é objetiva, independendo de culpa


própria, mas o empregado deve ter praticado conduta culposa para haver responsabilidade civil,
evidentemente.

5. (FCC / PGM-Caruaru (PE) – 2018) Segundo o Código Civil, o incapaz


a) não responde em nenhum caso, sendo relativa ou absolutamente incapaz, só tendo lugar indenização
contra ele se, sendo relativamente incapaz, escondeu dolosamente sua idade, hipótese na qual será
responsabilizado solidária e diretamente com seus responsáveis legais.
b) responde solidariamente, de forma direta, com seus responsáveis legais, não tendo qualquer atenuação
se for relativamente incapaz e não podendo ser privado de meios mínimos de subsistência se for
absolutamente incapaz, caso em que a indenização será equitativa.
c) não responde em nenhum caso se for absolutamente incapaz, respondendo subsidiariamente, se for
relativamente incapaz, em relação a seus responsáveis legais.
d) responde solidariamente, de forma direta, com seus responsáveis legais, mas não pode ser privado de
meios de subsistência mínimos, nem seu núcleo familiar.
e) responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo
ou não dispuserem de meios suficientes; a indenização será equitativa e não pode privar do necessário o
incapaz ou as pessoas que dele dependem.

Comentários

A alternativa A está incorreta, segundo o art. 982: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar nos casos
em que seus responsáveis não forem obrigados ou não possuírem meios suficientes de arcar com as perdas”.

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A alternativa B está incorreta, pois o menor não responde de forma solidária, mas subsidiária.

A alternativa C está incorreta, já que o menor responde de forma subsidiária pelos prejuízos que causar, nos
termos do supracitado art. 982.

A alternativa D está incorreta, pelas mesmas razões apontadas na assertiva B.

A alternativa E está correta, pela cumulação do caput do art. 928 (“O incapaz responde pelos prejuízos que
causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios
suficientes”) com seu parágrafo único (“A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não
terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem”).

6. (FCC / DPE-MA – 2018) Alexandre trabalha como motorista de passageiros por meio de aplicativo
para aparelhos celulares, pelo qual os usuários solicitam a corrida e realizam o pagamento por meio
eletrônico à operadora do aplicativo. Em uma de suas corridas, Alexandre veio a se envolver em um
acidente, causando danos para o passageiro. Neste caso, Alexandre
a) somente terá responsabilidade pelos danos causados aos passageiros caso seja provado o seu dolo ou
culpa grave.
b) não tem qualquer responsabilidade pelos danos causados ao passageiro, pois a responsabilidade é
exclusiva da operadora do aplicativo.
c) somente terá responsabilidade pelos danos causados ao passageiro caso seja provado o seu dolo ou culpa,
de qualquer grau.
d) tem responsabilidade objetiva pelos danos causados ao passageiro, salvo caso fortuito ou força maior.
e) tem responsabilidade objetiva pelos danos causados ao passageiro, mesmo diante de caso fortuito ou
força maior.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que haveria aplicação do art. 736 (“Não se subordina às normas do
contrato de transporte o feito gratuitamente, por amizade ou cortesia”), que, segundo a jurisprudência,
impõe ao transportador responsabilidade apenas em caso de culpa grave ou dolo, se o transporte fosse
gratuito.

A alternativa B está incorreta, porque há relações distintas entre a operadora do aplicativo e passageiro e o
passageiro e o motorista, já que o caso envolve uma rede contratual. Assim, o acidente causado pelo
motorista gerará o dever de indenizar a este.

A alternativa C está incorreta, pelas mesmas razões já expostas na assertiva A.

A alternativa D está correta, por aplicação da norma do art. 734: “O transportador responde pelos danos
causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer
cláusula excludente da responsabilidade”.

A alternativa E está incorreta, pela evidente exclusão de responsabilidade prevista no art. 734.

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7. (CESPE / DPE-PE – 2018) Daniel, em 2010, com quinze anos de idade, sem que seu pai Douglas
soubesse, pegou o carro da família e saiu para se divertir. Alcoolizado, Daniel atropelou Ana na faixa de
pedestre, que, em decorrência do atropelamento, perdeu uma das pernas. Em 2016, Douglas foi absolvido
no processo penal, em sentença transitada em julgado, por ausência de provas em relação a sua culpa no
atropelamento causado por seu filho Daniel.
Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Douglas é civilmente responsável pelo ato praticado por Daniel, de maneira objetiva, independentemente
de culpa.
b) Tendo decorrido mais de três anos da data do acidente, a pretensão de indenização cível de Ana está
prescrita.
c) A absolvição de Douglas no processo penal faz coisa julgada no processo cível, de modo que Ana não
poderá mais acioná-lo civilmente.
d) Caso seja responsabilizado civilmente pelo ato, Douglas poderá reaver do seu filho Daniel, responsável
pelo acidente, o valor pago.
e) Ana poderá ajuizar ação para pleitear danos morais e materiais, mas não danos estéticos isoladamente:
dano moral já engloba dano estético.

Comentários

A alternativa A está correta, diante da leitura conjunta do art. 932, inc. I (“São também responsáveis pela
reparação civil os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”) e do
art. 933 (“As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”).

A alternativa B está incorreta, conforme o art. 200: “Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado
no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva”.

A alternativa C está incorreta, já que não se incluir na solução dada pelo art. 935 (“A responsabilidade civil é
independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja
o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal”) a absolvição por ausência de
provas.

A alternativa D está incorreta, diante do que preconiza o art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por
outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for
descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz”.

A alternativa E está incorreta, pois, de acordo com a Súmula 387 do STJ, é lícita a cumulação das indenizações
de dano estético e dano moral.

8. (FCC / TJ-SC – 2017) Joaquim, transitando por uma rua, foi atingido por tijolos, que caíram de um
prédio em ruína, cuja falta de reparos era manifesta, sofrendo graves lesões e ficando impedido de
trabalhar, experimentando prejuízos materiais na ordem de R$ 100.000,00 (cem mil reais), deles fazendo
prova. Ajuizada ação, defendeu-se o proprietário alegando que desconhecia a necessidade de reparos

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porque há muito tempo, já́ idoso, residia em uma casa de repouso, achando-se referido imóvel
abandonado e sujeito a invasões.
No curso do processo, Joaquim faleceu, requerendo seus herdeiros habilitação, pretendo receber o que fosse
devido a Joaquim. No caso, a responsabilidade do proprietário é
a) objetiva e a alegação de abandono em razão de idade não aproveita ao réu, mas os direitos do autor não
se transmitem a seus herdeiros, porque personalíssimos, devendo o processo ser extinto sem resolução de
mérito.
b) subjetiva, devendo ser provada a culpa do réu pela ruína do prédio, transmitindo-se o direito do autor a
seus herdeiros, incidindo juros.
c) objetiva e a alegação de abandono em razão da idade não aproveita ao réu, devendo a ação ser julgada
procedente, incidindo juros e transmitindo-se os direitos do autor aos seus herdeiros.
d) objetiva, mas o réu tem a seu favor suas alegações, que devem ser acolhidas como excludente de
responsabilidade, julgando-se a ação improcedente, mas se for julgada procedente, por falta de prova das
alegações do réu, o direito do autor se transmite a seus herdeiros, incidindo juros.
e) subjetiva, porém, a manifesta necessidade de reforma implica presunção de culpa, que poderá́ ser
infirmada pelo réu, mas os direitos do autor se transmitem aos seus herdeiros, vencendo juros, caso o pedido
seja julgado procedente.

Comentários

A alternativa A está incorreta, evidentemente, como se vê pelo art. 943. O direito de exigir reparação e a
obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança”.

A alternativa B está incorreta, sendo a responsabilidade objetiva, como se extrai do art. 937: “O dono de
edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos,
cuja necessidade fosse manifesta”.

A alternativa C está correta, na cumulação dos dois supracitados artigos.

A alternativa D está incorreta, e apresenta verdadeira “salada mista” de argumentos um tanto desconexos.

A alternativa E está incorreta, novamente, sendo o caso de responsabilidade objetiva.

9. (VUNESP / MP-SP – 2017) Todos aqueles que, por ato ilícito, causarem dano a quem quer que seja
deverão pessoalmente reparar esse dano causado. No entanto, além daquele que pessoalmente tenha
cometido o ato ilícito, o Código Civil brasileiro estabelece algumas outras hipóteses em que terceiros
podem ser corresponsabilizados. Assinale a alternativa que indica corretamente as hipóteses de
corresponsabilização civil no Brasil.
a) Os pais, os tutores e curadores, os empregadores ou comitentes, os donos de hotéis e assemelhados e
aqueles que houverem participado nos produtos dos crimes.
b) Os pais e os alimentantes sem parentesco, os tutores e curadores, os empregadores ou comitentes e os
donos de hotéis e assemelhados.

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c) Os pais, os alimentantes sem parentesco, os tutores, os curadores, os representantes legais de empresas


e os mandatários.
d) Os pais, os alimentantes sem parentesco, os tutores, os representantes legais de empresas, os
mandatários e os membros de conselhos.
e) Os pais e os alimentantes que tenham ou não parentesco, os representantes legais de empresas, todos e
quaisquer mandatários.

Comentários

A alternativa A está correta, de acordo com o rol taxativo disposto no art. 932: “São também responsáveis
pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele;

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para
fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia”.

A alternativa B está incorreta, porque alimentantes sem parentesco não estão nesse rol.

A alternativa C está incorreta, igualmente, pelas mesmas razões supra expostas.

A alternativa D está incorreta, inexistindo previsão quanto a “membros de conselhos”.

A alternativa E está incorreta, mais uma vez, conforme mencionado na assertiva B.

10. (CESPE / PGE-SE – 2017) Caso um motorista de concessionária de serviço de transporte coletivo
atropele um ciclista, a responsabilidade civil dessa concessionária será subjetiva, haja vista o fato de, nessa
hipótese, o ciclista não ser usuário do serviço público.

Comentários

O item está incorreto, por aplicação do art. 43: “As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”.

11. (CESPE / DPU – 2017) A recusa injustificada da operadora de plano de saúde em autorizar cobertura
financeira de tratamento médico a que esteja contratualmente obrigada enseja indenização a título de
danos morais.

Comentários

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O item está correto, como reiteradamente decide o STJ: “AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO
DE OBRIGAÇÃO DE FAZER (COBERTURA FINANCEIRA DE CIRURGIA DE GASTROPLASTIA POR VÍDEO)
CUMULADA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - DECISÃO MONOCRÁTICA DANDO
PROVIMENTO AO RECLAMO INSURGÊNCIA DA OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. Indenização por dano
moral. A jurisprudência do STJ é no sentido de que a recusa indevida/injustificada pela operadora de plano
de saúde, em autorizar a cobertura financeira de tratamento médico, a que esteja legal ou contratualmente
obrigada, enseja reparação a título de dano moral, por agravar a situação de aflição psicológica e de angústia
no espírito do beneficiário. Precedentes (AgInt no REsp 1613394/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA
TURMA, julgado em 01/06/2017, DJe 12/06/2017)”.

12. (TRT-4ª REGIÃO / TRT-4ª REGIÃO (RS) – 2016) Considere as assertivas abaixo sobre
responsabilidade civil.
I - É possível a responsabilização do incapaz pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis
não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
II - O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança, podendo a
reparação ser cobrada integralmente do herdeiro.
III - A indenização é prestada, preferencialmente, em moeda corrente.
Quais são corretas?
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas II e III
e) I, II e III

Comentários

O item I está correto, na literalidade do art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.

O item II está incorreto. A primeira parte está correta, pela previsão do art. 943: “O direito de exigir
reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança”. No entanto, a reparação pode ser
cobrada dos herdeiros apenas nos limites das forças da herança, e não integralmente (ainda que a redação
do item seja dúbia).

O item III está incorreto, como se extrai do art. 947: “Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie
ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente”, que estabelece que a reparação é a que restitui
a pessoa ao status quo ante.

A alternativa A é a correta, portanto.

13. (TRF / TRF-3ª Região – 2016) Marque a alternativa correta, observando a jurisprudência dominante
do Superior Tribunal de Justiça:
a) A simples propositura da ação de revisão de contrato inibe a caracterização da mora do autor.

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b) Nas indenizações por ato ilícito, os juros compostos não são devidos por aquele que praticou o crime.
c) A evicção consiste na perda parcial ou integral da posse ou da propriedade do bem, via de regra, em virtude
de decisão judicial que atribui o uso, a posse ou a propriedade a outrem, em decorrência de motivo jurídico
anterior ao contrato de aquisição.
d) Os conceitos de onerosidade excessiva e de imprevisão são sinônimos, tendo o legislador civil deles feito
uso de modo indistinto.

Comentários

A alternativa A está incorreta, de acordo com a Súmula 380 do STJ: “A simples propositura da ação de revisão
de contrato não inibe a caracterização da mora do autor”.

A alternativa B está incorreta, conforme a Súmula 186 do STJ: “Nas indenizações por ato ilícito, os juros
compostos somente são devidos por aquele que praticou o crime”.

A alternativa C está correta, já que a alternativa retrata, quase literalmente, o entendimento doutrinário
uníssono a respeito do instituto da evicção.

A alternativa D está incorreta, como se extrai do art. 478 (“Nos contratos de execução continuada ou
diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para
a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução
do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação”) e do art. 317 (“Quando,
por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do
momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto
possível, o valor real da prestação”).

14. (VUNESP / TJM-SP – 2016) Considere o caso hipotético. Antonio e Maria contrataram a prestação
de serviço de um laboratório particular para coletar células-tronco embrionárias do cordão umbilical de
seu filho que iria nascer, pagando previamente pelo serviço de coleta. Por ocasião do parto, o laboratório
foi avisado pelo casal, mas nenhum representante compareceu, deixando de coletar o material genético
que poderia ser usado, no futuro, em eventual tratamento da saúde do nascituro. Proposta ação
indenizatória pelos pais e a criança, assinale a alternativa que melhor soluciona a questão.
a) Os pais têm direito à indenização por danos materiais e os três a danos morais, não se falando na perda
de uma chance, ou dano hipotético, que só ocorreria se a criança fosse vir a necessitar do material coletado
no futuro.
b) Os pais têm direito à indenização por danos morais e materiais e a criança a ser reparada pela perda de
uma chance de obter um proveito determinado ou de evitar uma perda, por ser a beneficiária do contrato
celebrado.
c) Apenas os pais são legitimados a receber indenização por danos morais, materiais e pela perda de uma
chance, uma vez que a criança não participou do contrato, tratando-se de mero dano hipotético.
d) Os três são legitimados a receber indenização por danos materiais, morais e pela perda de uma chance,
em razão da potencialização do dano.
e) Os pais têm direito apenas a serem reparados por danos materiais e a criança pelos danos morais ou pela
perda de uma chance, que se confundem, evidenciada por um dano certo, por evitar determinado prejuízo.

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Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que esse é típico caso de aplicação da “Teoria da perda de uma chance”.

A alternativa B está correta, conforme a jurisprudência do STJ: “RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE


CIVIL. PERDA DE UMA CHANCE. DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO DE COLETA DE CÉLULAS-TRONCO
EMBRIONÁRIAS DO CORDÃO UMBILICAL DO RECÉM NASCIDO. NÃO COMPARECIMENTO AO HOSPITAL.
LEGITIMIDADE DA CRIANÇA PREJUDICADA. DANO EXTRAPATRIMONIAL CARACTERIZADO. 1. Demanda
indenizatória movida contra empresa especializada em coleta e armazenagem de células tronco
embrionárias, em face da falha na prestação de serviço caracterizada pela ausência de prepostos no
momento do parto. 2. Legitimidade do recém nascido, pois "as crianças, mesmo da mais tenra idade, fazem
jus à proteção irrestrita dos direitos da personalidade, entre os quais se inclui o direito à integralidade
mental, assegurada a indenização pelo dano moral decorrente de sua violação" (REsp. 1.037.759/RJ, Rel.
Min. Nancy Andrighi, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/02/2010, DJe 05/03/2010). 3. A teoria da perda de
uma chance aplica-se quando o evento danoso acarreta para alguém a frustração da chance de obter um
proveito determinado ou de evitar uma perda. 4. Não se exige a comprovação da existência do dano final,
bastando prova da certeza da chance perdida, pois esta é o objeto de reparação. 5. Caracterização de dano
extrapatrimonial para criança que tem frustrada a chance de ter suas células embrionárias colhidas e
armazenadas para, se for preciso, no futuro, fazer uso em tratamento de saúde. 6. Arbitramento de
indenização pelo dano extrapatrimonial sofrido pela criança prejudicda (REsp 1291247/RJ, Rel. Ministro
PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/08/2014, DJe 01/10/2014)”.

A alternativa C está incorreta, já que é a criança a sofrer o dano da conduta irresponsável, e não os pais.

A alternativa D está incorreta, porque os pais não são partes legítimas para pleitear indenização em vista de
os danos se relacionarem com a criança.

A alternativa E está incorreta, pelas mesmas razões expostas nas alternativas anteriores.

15. (TRT-2ª REGIÃO / TRT-2ª REGIÃO (SP) – 2016) Quanto à responsabilidade civil assinale a alternativa
INCORRETA:
a) Sendo da própria atividade o risco de dano, o autor ficará responsável pela indenização civil
independentemente da aferição de culpa.
b) Decidido acerca da existência do fato e seu autor no juízo criminal, é vedado discutir-se tais questões no
juízo competente para resolver sobre a responsabilidade civil.
c) Sendo o dano desproporcional à gravidade da culpa do autor, o Juiz poderá reduzir o valor da indenização,
mas se o autor for menor, poderá deixar de fixá-la se privá-lo ou a seus dependentes do necessário.
d) O incapaz não responde pelos prejuízos que causar ainda que as pessoas por ele responsáveis não
disponham de meios suficientes para cumprir a obrigação.
e) O Juiz poderá fixar indenização a ser paga de uma só vez se do dano sofrido vier resultar defeito que
inabilite a vítima ao exercício de sua profissão.

Comentários

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A alternativa A está correta, conforme a segunda parte do art. 927, parágrafo único: “Haverá obrigação de
reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.

A alternativa B está correta, na literalidade do art. 935: “A responsabilidade civil é independente da criminal,
não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas
questões se acharem decididas no juízo criminal”.

A alternativa C está correta, na conjugação do art. 944, parágrafo único (“Se houver excessiva desproporção
entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização“), com o art. 928,
parágrafo único (“A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do
necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem”).

A alternativa D está incorreta, segundo o art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.

A alternativa E está correta, na dicção do parágrafo único (“O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez”) do art. 950 (“Se da ofensa resultar defeito pelo qual o
ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a
indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu”).

16. (FAURGS / TJ-RS – 2016) Sobre a reparação de danos, é correto afirmar que
a) apenas a culpa concorrente da vítima é admitida como causa de redução da indenização pelo Código Civil,
constituindo exceção ao princípio da reparação integral.
b) se adota, segundo entendimento majoritário, a teoria do risco integral como fundamento da imputação
de responsabilidade, independente de culpa em razão de atividade de risco (artigo 927, parágrafo único).
c) todos os membros de um grupo, pela adoção da teoria da causalidade alternativa, podem ser
responsabilizados, quando não seja possível determinar, dentre eles, quem deu causa à lesão.
d) a responsabilidade pelo fato do animal é independente de culpa do seu dono ou detentor, não podendo
ser afastada mesmo quando ausente o nexo de causalidade.
e) o patrimônio do incapaz não pode servir ao pagamento da indenização, cabendo exclusivamente aos pais,
tutores ou curadores, conforme o caso, responder pelos danos que ele causar.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois o art. 944, parágrafo único (“Se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”), permite a redução da
indenização em outros casos.

A alternativa B está incorreta, já que o referido dispositivo adota a responsabilidade objetiva, mas não
integral, excepcionalíssima no ordenamento privado.

A alternativa C está correta, sendo esse caso excepcional de responsabilização civil.

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A alternativa D está incorreta, já que, obviamente, a ausência de nexo de causalidade afasta o dever de
indenizar, como, por exemplo, no caso de culpa exclusiva da vítima que invade o local no qual o animal está
devidamente enjaulado.

A alternativa E está incorreta, na literalidade do art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar,
se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios
suficientes”.

17. (CESPE / PGE-AM – 2016) A teoria da responsabilidade civil objetiva aplica-se a atos ilícitos
praticados por agentes de autarquias estaduais.

Comentários

O item está correto, pois, de fato, a responsabilidade do Estado pelos ilícitos causados por agentes de
autarquias, federais ou estaduais, é objetiva. Nesse sentido, a lição do art. 37, §6º, da CF/1988: “As pessoas
jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa”. Em julgado ainda pré-Constituição de 1988, no AI 113722 AgR/SP,
o Min. Sydney Sanches já o decidia.

18. (CESPE / PGE-AM – 2016) Constitui ato lícito a ação de destruir o vidro lateral de veículo alheio, de
alto valor comercial, a fim de removê-lo das proximidades de local onde se alastrem chamas de incêndio.

Comentários

O item está correto, na forma do art. 188, inc. II: “Não constituem atos ilícitos, a deterioração ou destruição
da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”. Atente para a regra do parágrafo
único: “No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente
necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo”.

19. (FUNDATEC / PGM-Porto Alegre (RS) – 2016) Sobre responsabilidade civil, é correto afirmar que:
a) Na fixação da indenização, deve-se atentar que os lucros cessantes observam o princípio da causalidade,
ao passo que os danos emergentes não respeitam esse princípio.
b) Tendo em vista o princípio da reparação integral, aplica-se, no Direito brasileiro, quando da fixação do
montante indenizatório, a compensação dos danos com as eventuais vantagens obtidas pelo lesado
(compensatio lucri cum damno).
c) A responsabilidade pela perda de uma chance não é aplicável no Direito brasileiro, haja vista a inexistência,
no caso, de um efetivo dano.
d) Na responsabilidade civil extracontratual por ato ilícito, os juros moratórios contam-se desde a citação.
e) O ato ilícito é pressuposto de qualquer caso de responsabilidade civil.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pela leitura do art. 403: “Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor,
as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato,

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sem prejuízo do disposto na lei processual”. Se os lucros cessantes decorrem de maneira direta e imediata
do prejuízo, há conexão com o princípio da causalidade, portanto.

A alternativa B está correta, já que, do contrário, o dano causaria, para além do prejuízo a ser indenizado,
verdadeiro lucro ao ofendido, o que tornaria a situação verdadeiro enriquecimento sem causa.

A alternativa C está incorreta, pois, em que pese a “Teoria da perda de uma chance” tratar de um dano
futuro e apenas provável, há de se verificar que essa teoria pressupõe a análise de uma probabilidade real e
séria.

A alternativa D está incorreta, segundo a Súmula 54 do STJ: “Os juros moratórios fluem a partir do evento
danoso em caso de responsabilidade extracontratual”.

A alternativa E está incorreta, dado que o próprio art. 945, parágrafo único, trata das hipóteses de
indenizabilidade de dano causado licitamente: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente
de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.

20. (FCC / DPE-BA – 2016) De acordo com a jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça,
a) o Estado tem responsabilidade civil nos casos de morte de custodiado em unidade prisional, desde que se
prove a culpa in vigilando.
b) a operadora de saúde não é responsável por eventuais falhas na prestação de serviços pelo profissional
credenciado.
c) a inclusão indevida do nome de consumidor em cadastro de proteção ao crédito gera dano moral
indenizável, desde que se comprove efetivo prejuízo extrapatrimonial.
d) as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a
fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
e) a falta de pagamento do prêmio do seguro obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos
Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) justifica a recusa do pagamento da indenização.

Comentários

A alternativa A está incorreta, em decorrência da aplicação do AgRg no AREsp 346.952/PE (Rel. Ministro OG
FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/10/2013, DJe 23/10/2013): “ADMINISTRATIVO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. MORTE DE PRESO. ESTABELECIMENTO PRISIONAL.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO
PROVIDO”.

A alternativa B está incorreta, na forma do AgRg no AREsp 194.955/RJ (Rel. Ministro SIDNEI BENETI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 26/02/2013, DJe 20/03/2013): AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO.
RESPONSABILIDADE CIVIL. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. ERRO MÉDICO. 1. A operadora de plano da
saúde responde por falhas nos serviços prestados por profissional médico credenciado. Precedentes desta
Corte”.

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A alternativa C está incorreta, conforme o REsp 1105974/BA (Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 23/04/2009, DJe 13/05/2009): “RESPONSABILIDADE CIVIL. INCLUSÃO INDEVIDA DO NOME DA
CLIENTE NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL PRESUMIDO. VALOR DA REPARAÇÃO.
CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO. CONTROLE PELO STJ. POSSIBILIDADE. REDUÇÃO DO QUANTUM”.

A alternativa D está correta, consoante estabelece a Súmula 479/STJ: "As instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros
no âmbito de

operações bancárias".

A alternativa E está incorreta, de acordo com a Súmula 257/STJ: “A falta de pagamento do prêmio do seguro
obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) não é motivo
para a recusa do pagamento da indenização”.

21. (CESPE / TRF-5ª Região – 2015) Juliana faleceu aos oito anos de idade, após ter sido atropelada por
um veículo oficial do Ministério da Fazenda. Os pais da criança, pessoas humildes e de baixa renda,
ajuizaram ação contra a União, requerendo indenização por danos materiais consistentes no pagamento
de pensão mensal.
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) A pensão mensal será devida aos pais da vítima a partir do dia em que esta completaria quatorze anos de
idade.
b) A pensão mensal no valor de dois terços do salário mínimo será devida aos pais da vítima desde a data do
falecimento desta.
c) A pensão mensal arbitrada somente deixará de ser paga quando ocorrer o óbito dos pais da vítima.
d) Gratificação natalina e décimo terceiro salário não farão parte da pensão fixada a título de indenização.
e) A pensão mensal no valor de um terço do salário mínimo será devida aos pais da vítima desde a data do
evento danoso.

Comentários

A alternativa A está correta, conforme o STJ: “Tratando-se de família de baixa renda, presume-se que o filho
contribuiria para o sustento de seus pais, quando tivesse idade para passar a exercer trabalho remunerado,
dano este passível de indenização. Pensão mensal de 2/3 (dois terços) do salário mínimo, inclusive
gratificação natalina, contada a partir do dia em que a vítima completasse 14 anos até a data em que viria a
completar 25 anos, reduzida, a partir de então, para 1/3 (um terço) do salário mínimo, até o óbito dos
beneficiários da pensão ou a data em que a vítima completaria 65 anos de idade, o que ocorrer primeiro
(AgRg no Ag 1217064/RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 23/04/2013, DJe
08/05/2013)”.

A alternativa B está incorreta, contando-se o pensionamento de 2/3 a partir apenas da data na qual a pessoa
completaria 14 anos, conforme visto acima.

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A alternativa C está incorreta, já que é irrelevante a morte dos pais da vítima, mas sim a morte de seus
beneficiários (ainda que em geral sejam os pais os beneficiários, mas nem sempre), igualmente de acordo
com o julgado acima.

A alternativa D está incorreta, pois, novamente com base no julgado mencionado, a gratificação natalina é
devida (sendo que “décimo terceiro” é o termo popular para o técnico-trabalhista gratificação natalina).

A alternativa E está incorreta, ulteriormente, com base no julgado supracitado, já que o terço é contado
apenas a partir dos 25 anos.

22. (FCC / TJ-PI – 2015) O incapaz


a) responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo
ou não dispuserem de meios suficientes.
b) não responde com seus bens pelos prejuízos que causar, em nenhuma hipótese, se a incapacidade for
absoluta.
c) não responde com seus bens pelos prejuízos que causar, devendo suportá-los somente seus responsáveis.
d) apenas responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de
fazê-lo.
e) apenas responde com seus bens pelos prejuízos que causar, se a incapacidade cessar, ficando até esse
momento suspenso o prazo prescricional.

Comentários

A alternativa A está correta, na literalidade do art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se
as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.

As alternativas B, C, D e E estão incorretas, consequentemente.

23. (TRT-21ª REGIÃO / TRT-21ª REGIÃO (RN) – 2015) Consoante a dinâmica da responsabilidade civil, é
correto afirmar, à luz da legislação pátria e da jurisprudência dominante nos Tribunais Superiores:
a) Ofensas indenizáveis, se possuírem mais de um autor, somente implicam responsabilização solidária nos
casos de obrigação indivisível, pois do contrário, cada autor responde de forma proporcional à extensão de
sua culpa.
b) Não se configura ilícito praticado em face de direito personalíssimo do empregado, a mera utilização de
sua imagem para fins comerciais, sem autorização, durante a jornada de trabalho, não se podendo falar em
reparação de dano moral por tal motivo.
c) A incapacidade é elemento excludente da responsabilidade civil própria, o que não limita a possibilidade
de reparação perante os responsáveis legais pelo incapaz.
d) Na hipótese de responsabilidade extracontratual, os juros de mora são devidos desde a data do evento
danoso e não da citação.
e) O construtor tem responsabilidade exclusivamente perante o dono da obra, devendo este último
responder perante terceiros que, eventualmente, venham a sofrer danos decorrentes da execução da
mesma.

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Comentários

A alternativa A está incorreta, segundo o art. 942, parágrafo único: “São solidariamente responsáveis com
os autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932”.

A alternativa B está incorreta, de acordo com a Súmula 403 do STJ: “Independe de prova do prejuízo a
indenização pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”.

A alternativa C está incorreta, na literalidade do art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar,
se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios
suficientes”.

A alternativa D está correta, conforme o art. 398: “Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se
o devedor em mora, desde que o praticou”.

A alternativa E está incorreta, dada a jurisprudência antiga do STJ a respeito: “Responsabilidade civil.
Desabamento de muro. Responsabilidade do dono do imóvel e do empreiteiro. Prova do dano moral.
Precedentes da Corte. Do mesmo modo, precedente da Corte já assentou que o "proprietário da obra
responde, solidariamente com o empreiteiro, pelos danos que a demolição de prédio causa no imóvel
vizinho" (REsp 180.355/SP, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em
14/10/1999, DJ 06/12/1999, p. 84)”.

24. (FCC / TRT-23ª REGIÃO (MT) – 2015) Carlos foi vítima de golpe por meio do qual fraudadores
utilizaram-se de documentos falsos a fim de realizar operações bancárias em seu nome. Procurada por
Carlos, a instituição financeira afirmou não ter tido culpa pelo incidente, negando-se a restituir o prejuízo.
A negativa é
a) ilícita, configurando abuso do direito, decorrente da inobservância do princípio da boa-fé subjetiva, que
impõe às partes, dentre outros, o dever anexo de segurança, independentemente da existência do elemento
culpa.
b) lícita, pois, para caracterização do abuso do direito, é necessária a existência do elemento culpa.
c) lícita, por ausência de nexo de causalidade entre a atividade da instituição financeira e o prejuízo
experimentado por Carlos.
d) lícita, pois somente comete ato ilícito aquele que, por ação ou omissão voluntária decorrente de
negligência ou imprudência, viola direito e causa dano a outrem.
e) ilícita, configurando abuso do direito, decorrente da inobservância do princípio da boa-fé objetiva, que
impõe às partes, dentre outros, o dever anexo de segurança, independentemente da existência do elemento
culpa.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que há inobservância da boa-fé objetiva, não subjetiva, inaplicável à seara
negocial.

A alternativa B está incorreta, segundo o Enunciado 37 do CJF: “responsabilidade civil decorrente do abuso
do direito independe de culpa, e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico”.

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A alternativa C está incorreta, evidentemente, já que se trata de situação de fortuito interno.

A alternativa D está incorreta, conforme o art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes”.

A alternativa E está correta, de acordo com a Súmula 479 do STJ: “As instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros
no âmbito de operações bancárias”.

25. (FCC / TRT-15ªRegião – 2015) O motorista de um supermercado, dirigindo veículo da empresa e no


horário de trabalho, envolveu-se em acidente, do qual resultou a morte de ocupante de outro veículo, mas
foi absolvido na ação penal por insuficiência de prova. Sua culpa, entretanto, assim como os demais
requisitos para a responsabilização civil, foram provados em ação indenizatória movida pelo cônjuge e
filhos da vítima contra aquele motorista e seu empregador. Neste caso,
a) o motorista e seu empregador serão solidariamente responsáveis pela indenização.
b) somente o empregador será responsável pela indenização, porque o empregado foi absolvido no juízo
criminal.
c) somente o motorista será responsável pela indenização, se o seu empregador provar que diligenciou na
escolha do preposto e o vigiou, mas ambos serão solidariamente responsáveis se essa prova não for
realizada.
d) o motorista e seu empregador serão conjuntamente responsáveis pela indenização, sendo subsidiária a
responsabilidade do empregador.
e) não haverá obrigação de indenizar, porque a sentença penal absolutória eliminou a responsabilidade civil.

Comentários

A alternativa A está correta, dada a literalidade do art. 942, parágrafo único: “São solidariamente
responsáveis com os autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932”.

A alternativa B está incorreta, como se extrai do Informativo 517 do STJ: “Sentença penal absolutória, por
insuficiência de provas, não gera repercussão no juízo cível”.

A alternativa C está incorreta, como se vê pelo art. 932, inc. III: “São também responsáveis pela reparação
civil o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele”.

A alternativa D está incorreta, já que a responsabilidade é solidária, a teor do art. 942, supramencionado.

A alternativa E está incorreta, novamente, pelas mesmas razões apontadas na assertiva B.

26. (FCC / TRT-23ª Região – 2015) Caminhão da Transportadora Ribeirão, conduzido por seu
empregado Lúcio, abalroou veículo pertencente a Paulo, que ajuizou ação pugnando pela condenação da
empresa. Esta será responsabilizada de maneira
a) subjetiva, se provado que Lúcio agiu com culpa.

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b) objetiva, independentemente de prova de que Lúcio agiu com culpa.


c) subjetiva, por culpa presumida, se provado que Lúcio agiu com culpa.
d) objetiva, se provado que Lúcio agiu com culpa.
e) subjetiva, por culpa presumida, independentemente de prova de que Lúcio agiu com culpa.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque a responsabilidade civil subjetiva se aplica apenas ao agente, sendo
objetiva a responsabilidade civil do responsável.

A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões da alternativa anterior, dado que necessário provar a
culpa do agente.

A alternativa C está incorreta, não havendo que se falar em culpa presumida.

A alternativa D está correta, na literalidade do art. 932, inc. III: “São também responsáveis pela reparação
civil o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele”.

A alternativa E está incorreta, pelas mesmas razões da assertiva C, supramencionada.

27. (TRT-8ª Região / TRT-8ª Região – 2015) Sobre a responsabilidade civil no Código Civil Brasileiro, é
CORRETO afirmar que:
a) O incapaz não responde pelos prejuízos que causar tendo em vista a responsabilidade dos pais ou
responsáveis.
b) Haverá obrigação de reparar o dano, através da averiguação de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
c) Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe
diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até
ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou,
ou da depreciação que ele sofreu.
d) O prejudicado não poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez, salvo se
demonstrado o estado de solvência do devedor.
e) Em caso de usurpação ou esbulho do alheio, quando não mais exista a própria coisa, a indenização será
estimada pelo seu preço ordinário, não sendo considerado o preço de afeição.

Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme o art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.

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A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 927, parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o
dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.

A alternativa C está correta, na literalidade do art. 950: “Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido
não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além
das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente
à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu”.

A alternativa D está incorreta, na dicção do art. 950, parágrafo único: “O prejudicado, se preferir, poderá
exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez”.

A alternativa E está incorreta, dada a disposição do art. 952: “Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além
da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título
de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado”.

28. (FCC / TJ-SC – 2015) A vítima de um acidente automobilístico ajuizou, um ano após o fato, ação
indenizatória contra o condutor, a quem o proprietário confiara o veículo, ocorrendo imediatamente a
citação. Achando-se ainda o processo em curso, mas já passados quatro anos do acidente, a vítima propôs
ação indenizatória contra o proprietário do automotor, que, na contestação, alegou inviabilidade do
pedido, em razão da pretensão já deduzida contra o condutor, e prescrição. Nesse caso,
a) o juiz deverá extinguir o processo, porque a propositura da ação contra um dos devedores importa
renúncia do direito em relação ao outro.
b) ambas as alegações do réu encontram respaldo na lei.
c) nenhuma das alegações do réu deve ser acolhida.
d) apenas a alegação de inviabilidade do pedido, em razão da pretensão já deduzida contra o condutor, é
acolhível.
e) apenas a arguição de prescrição é acolhível.

Comentários

A responsabilização do proprietário do veículo pelos danos causados pelo motorista já é antiga no STJ:
RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DE AUTOMOVEL. RESPONSABILIDADE DO PROPRIETARIO QUE CEDE O
USO DO VEICULO A TERCEIRO. DANO MATERIAL E MORAL - CUMULAÇÃO - POSSIBILIDADE. (REsp 6.852/RS,
Rel. Ministro EDUARDO RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 29/04/1991, DJ 03/06/1991, p. 7425).

Igualmente, o reconhecimento de que a responsabilidade é solidária também já é antiga:


RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE VEICULO. DONO DO AUTOMOVEL. - O DONO DO AUTOMOVEL QUE
O EMPRESTA AO FILHO, SENDO ESTE O CAUSADOR CULPOSO DO ACIDENTE, RESPONDE SOLIDARIAMENTE
PELOS DANOS. PRESUNÇÃO DE CULPA NÃO AFASTADA PELA PROVA DOS AUTOS (REsp 116.828/RJ, Rel.
Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 27/05/1997, DJ 24/11/1997, p. 61225).

Por fim, vale lembrar que o prazo, no caso, é de 3 anos, por aplicação do art. 205, §3º, inc. V: “Prescreve em
três anos a pretensão de reparação civil”.

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A alternativa A está incorreta, por aplicação do art. 275, parágrafo único: “Não importará renúncia da
solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores”.

A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões mencionadas na alternativa anterior.

A alternativa C está correta, por aplicação da jurisprudência do STJ, que estabelece a solidariedade entre o
motorista e o proprietário do veículo. Ademais, no caso, houve interrupção da prescrição por conta da
propositura da demanda em face do motorista (art. 202, inc. I: “A interrupção da prescrição, que somente
poderá ocorrer uma vez, dar-se-á por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual”), sendo que recomeçou a correr logo em
seguida, um ano após o acidente (art. 202, parágrafo único: “A prescrição interrompida recomeça a correr
da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper”). Nesse caso,
interrompida a prescrição, recomeçaria a correr com o trânsito em julgado da demanda, já que a lide
continua em curso, pelo que, contando-se o prazo trienal do art. 205, §3º, inc. V, teria a vítima três anos,
contados do último ato do processo, para propor demanda contra o proprietário, o que ocorreu.

A alternativa D está incorreta, por aplicação do citado art. 275, parágrafo único.

A alternativa E está incorreta, igualmente, por aplicação do já citado art. 202, parágrafo único.

29. (FCC / TJ-AL – 2015) A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito


a) determina indenização material, independentemente de comprovação de prejuízo.
b) não acarreta consequência pecuniária, se não houver dano moral.
c) rege-se pelo critério subjetivo, só sendo indispensável o dano.
d) rege-se pelo critério subjetivo, sendo indispensável o dano apenas quando configurado dolo.
e) independe de comprovação de culpa.

Comentários

A alternativa A está incorreta, evidentemente, dado que o prejuízo é elemento nuclear da responsabilidade
civil. Sem ele, não há que se falar em responsabilização.

A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões mencionadas na assertiva anterior.

A alternativa C está incorreta, conforme Enunciado 37 do CJF: “A responsabilidade civil decorrente do abuso
do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico”.

A alternativa D está incorreta, já que, a teor do art. 927 (“Aquele que, por ato ilícito (arts 186 e 187) causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”), não há que se falar em afastamento do dano.

A alternativa E está correta, pela interpretação do art. 187 (“Também comete ato ilícito o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes”), contida no Enunciado supracitado.

30. (FCC / TJ-AL – 2015) A responsabilidade civil pelo dano ambiental é

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a) subjetiva para pessoa física e objetiva para pessoa jurídica.


b) subjetiva, devendo haver comprovação de dolo ou culpa.
c) objetiva, bastando a comprovação de ação ou omissão, resultado e nexo de causalidade.
d) subjetiva, devendo haver comprovação apenas do dolo.
e) mista, a depender da espécie de lesão causada ao meio ambiente.

Comentários

A alternativa A está incorreta, sendo ela objetiva para qualquer pessoa.

A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões expostas na assertiva anterior.

A alternativa C está correta, na esteira da jurisprudência do STJ: “PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL VIOLAÇÃO
DO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA DANO AMBIENTAL RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA REPOSIÇÃO NATURAL: OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO
CABIMENTO. Tratando-se de direito difuso, a reparação civil ambiental assume grande amplitude, com
profundas implicações na espécie de responsabilidade do degradador que é objetiva, fundada no simples
risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da culpa do agente causador do dano. A
condenação do poluidor em obrigação de fazer, com o intuito de recuperar a área degradada pode não ser
suficiente para eximi-lo de também pagar uma indenização, se não for suficiente a reposição natural para
compor o dano ambiental. 4. Sem descartar a possibilidade de haver concomitantemente na recomposição
do dano ambiental a imposição de uma obrigação de fazer e também a complementação com uma obrigação
de pagar uma indenização, descarta-se a tese de que a reposição natural exige sempre e sempre uma
complementação (STJ - REsp: 1165281 MG 2009/0216966-6, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de
Julgamento: 06/05/2010, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/05/2010)”.

A alternativa D está incorreta, já que a responsabilização objetiva torna despicienda a análise de qualquer
elemento de culpa, incluindo o eventual dolo.

A alternativa E está incorreta, novamente, pelas razões já mencionadas anteriormente.

31. (FCC / TJ-CE – 2015) Praticado um ato jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício, levado a efeito
sem a devida regularidade, acarreta um resultado que se considera ilícito (FRANÇA, R. Limongi. Instituições
de Direito Civil. 4. ed., Saraiva, 1991, p. 891), pode-se afirmar que o agente
a) cometeu ato ilícito que só pode determinar indenização por dano moral.
b) incorreu em abuso do direito.
c) praticou ato ilícito, mas que não pode implicar qualquer sanção jurídica.
d) realizou negócio nulo.
e) realizou negócio anulável.

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A alternativa A está incorreta, pois, evidentemente, pode haver dano material, a depender do caso, mas não
apenas.

A alternativa B está correta, como diz o próprio autor em sua obra (“sem a devida regularidade” é abusivo).
O ato em si é lícito, mas seu resultado, ilícito, atraindo a aplicação da figura do abuso de direito.

A alternativa C está incorreta, porque seu ato foi abusivo, ensejando o dever de indenizar.

A alternativa D está incorreta, a situação trata de ato jurídico, e não de negócio jurídico.

A alternativa E está incorreta, pelas mesmas razões apontadas na assertiva anterior.

32. (CEFET / MPE-BA – 2015) Assinale a alternativa INCORRETA sobre a responsabilidade civil, segundo
o Código Civil Brasileiro:
a) Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo.
b) O incapaz pode ser responsabilizado pelos prejuízos que causar se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
c) A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência
do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.
d) O direito de exigir a reparação se transmite com a herança, mas não a obrigação de prestá-la.
e) Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.

Comentários

A alternativa A está correta, na literalidade do art. 927: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

A alternativa B está correta, consoante o art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.

A alternativa C está correta, dada a regra do art. 935: “A responsabilidade civil é independente da criminal,
não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas
questões se acharem decididas no juízo criminal”.

A alternativa D está incorreta, pela previsão inversa do art. 943: “O direito de exigir reparação e a obrigação
de prestá-la transmitem-se com a herança”.

A alternativa E está correta, como prevê o art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode
reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu,
absoluta ou relativamente incapaz”.

33. (FAPEC / MPE-MS – 2015) Tratando-se de indenização, é correto afirmar que:


a) A indenização é mensurada pela extensão do dano, inexistindo a possibilidade de sua redução pela via da
equidade.

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b) O acidente que cause morte de filho menor, caso este não exerça trabalho remunerado, não é indenizável.
c) A teoria da causalidade adequada é aplicável na fixação da indenização.
d) Não se cumulam as indenizações por dano moral e dano material oriundos do mesmo fato.
e) Não se deduz o valor do seguro obrigatório da indenização judicialmente fixada.

Comentários

A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva desproporção
entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”.

A alternativa B está incorreta, conforme a já antiga Súmula 491 do STF: “É indenizável o acidente que cause
a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado”.

A alternativa C está correta, como se extrai do Enunciado 47 do CJF: “O art. 945 do Código Civil, que não
encontra correspondente no Código Civil de 1916, não exclui a aplicação da teoria da causalidade adequada”.

A alternativa D está incorreta, segundo a Súmula 37 do STJ: “São cumuláveis as indenizações por dano
material e dano moral oriundos do mesmo fato”.

A alternativa E está incorreta, como estabelece a Súmula 246 do STJ: “O valor do seguro obrigatório deve
ser deduzido da indenização”.

34. (CESPE / DPU – 2015) Extinta a relação jurídica por culpa de uma das partes, a outra parte poderá́
pleitear indenização em face do que lucraria em investimento financeiro de risco com a manutenção da
relação jurídica desfeita.

Comentários

O item está incorreto, já que a indenização é medida pelo dano direto e imediato, pelo que danos
hipotéticos, que abrangem investimentos de risco, não são englobados pela indenização. Vale mencionar
que nem mesmo a aplicação da “Teoria da perda de uma chance” teria o condão de alterar esse
entendimento, já que ela pressupõe alta probabilidade do dano indenizado, o que não ocorre,
evidentemente, em investimentos de risco.

35. (UEPA / PGE-PA – 2015) Sobre a responsabilidade civil, é correto afirmar que:
a) na responsabilidade civil decorrente do abuso de direito o ofensor não pratica ato ilícito, mas apenas se
excede no exercício de um direito respaldado em lei.
b) de acordo com a jurisprudência predominante do STF, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de
direito privado, prestadoras de serviços públicos, é objetiva apenas relativamente a terceiros usuários do
serviço; não abrangendo os não-usuários, que devem provar a culpa das concessionárias e/ou
permissionárias.
c) de acordo com a jurisprudência predominante do STF, a indenização acidentária exclui a de direito comum
devida pelo causador do dano resultante de acidente do trabalho, de modo a evitar o bis in idem.

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d) de acordo com a jurisprudência predominante do STJ, a anotação irregular em cadastro de proteção ao


crédito dá ensejo a indenização por dano moral, mesmo quando preexistente legítima inscrição.
e) não é possível ao STJ rever o valor da indenização por danos morais pelas instâncias ordinárias, por
aplicação da Súmula nº 7 daquele Tribunal Superior, ressalvadas as hipóteses em que esse valor se mostrar
ínfimo ou exagerado.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois o art. 187 é claro ao dispor que o abuso de direito gera ato ilícito:
“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.

A alternativa B está incorreta, já que se entende que a responsabilidade civil da Administração Pública é
objetiva em relação a terceiros, sejam usuários e não-usuários.
==163284==

A alternativa C está incorreta, se tratam de indenizações de fontes diferentes.

A alternativa D está incorreta, porque a anotação prévia, regular ou não, é que causa o dano, sendo que a
posterior não acrescenta dano à vítima.

A alternativa E está correta, dado que o próprio STJ excepciona a aplicação da Súmula 7:
“RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. VALOR DA CONDENAÇÃO. CIRCUNSTÂNCIAS. PRECEDENTES. O
valor da indenização por dano moral sujeita-se ao controle do Superior Tribunal de Justiça, notadamente
quando o quantum contraria a razoabilidade, mostrando-se exagerado ou irrisório, distanciando-se das
finalidades da lei. Na espécie, diante das circunstâncias, e também em face dos precedentes da Turma, o
valor fixado mostrou-se modesto, a reclamar elevação (AgRg no REsp 324.130/DF, Rel. Ministro SÁLVIO DE
FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 20/09/2001, DJ 04/02/2002, p. 386)”.

36. (COPS-UEL / PGE-PR – 2015) Com relação à responsabilidade civil no direito civil brasileiro
contemporâneo, é CORRETO afirmar que:
a) O abuso do direto pressupõe logicamente a existência do direito, embora o titular se exceda no exercício
dos poderes que o integram. Assim, quem alega a ausência de direito não pode validamente alegar a
existência de abuso de direito. E quem pretende indenização pelos danos decorrentes do exercício abusivo
de direito deve comprovar a culpa neste exercício abusivo de um direito existente.
b) Como a responsabilidade civil da Administração Pública é objetiva, não se lhe aplicam as excludentes de
responsabilidade por ausência de nexo de causalidade entre a conduta e o dano ou por inexistência de dano.
c) Em regra, o fundamento da responsabilidade civil extracontratual no direito brasileiro é uma atuação
culposa. Excepcionalmente, poderá haver imputação pelo risco.
d) Na responsabilidade civil contratual, a violação de deveres laterais impostos pelo princípio da boa-fé, tais
como os deveres mútuos de proteção, lealdade, informação e assistência, não gera o dever de indenizar
perdas e danos, mas tão somente a anulação do contrato.
e) Nos casos de deferimento judicial de indenização por danos morais decorrentes de ato ilícito, os juros de
mora contam-se a partir da citação.

Comentários

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A alternativa A está incorreta, porque o abuso de direito não pressupõe comprovação de culpa, basta
demonstrar o excesso, abusivo, nos termos do Enunciado 37 do CJF: “A responsabilidade civil decorrente do
abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico”.

A alternativa B está incorreta, dado que, em que pese se tratar de responsabilidade civil objetiva, seja para
a Administração Pública ou não, os excludentes de responsabilidade por exclusão do nexo de causalidade
(no caso, a culpa exclusiva da vítima) também se aplicam à espécie.

A alternativa C está correta, por aplicação da regra do art. 927 (“Aquele que, por ato ilícito (arts 186 e 187)
e seu parágrafo único (“Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem”).

A alternativa D está incorreta, já que a violação desses deveres é abusiva, na forma do art. 187: “Também
comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.

A alternativa E está incorreta, por aplicação da Súmula 54 do STJ (“Os juros moratórios fluem a partir do
evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual”).

37. (FUNDATEC / PGE-RS – 2015) Em relação à obrigação de indenizar, analise as seguintes assertivas:
I. O incapaz pode responder, equitativamente, por prejuízos por ele causados.
II. O pai pode ressarcir-se perante o filho, relativamente incapaz, pela indenização paga a terceiro por ato
cometido pelo seu descendente.
III. A obrigação de prestar reparação transmite-se com a herança.
IV. A responsabilidade civil independe da criminal, podendo se questionar quanto à existência do fato mesmo
quando esta questão se achar decidida no juízo criminal.
Quais estão corretas?
a) Apenas I e III.
b) Apenas II e III.
c) Apenas I, II e III.
d) Apenas I, II e IV.
e) Apenas I, III e IV.

Comentários

O item I está correto, como vimos em aula anterior, de acordo com o art. 928: “O incapaz responde pelos
prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem
de meios suficientes”.

O item II está incorreto, na forma do art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver
o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou
relativamente incapaz”.

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O item III está correto, segundo o art. 943: “O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la
transmitem-se com a herança”.

O item IV está incorreto, conforme o art. 935: “A responsabilidade civil é independente da criminal, não se
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões
se acharem decididas no juízo criminal”.

A alternativa A está correta, portanto.

38. (FUNDATEC / PGE-RS – 2015) Assinale a alternativa correta.


a) O dano exclusivamente moral, provocado por omissão voluntária, não permite a caracterização de um
ilícito civil.
b) Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se as disposições pertinentes aos
defeitos do negócio jurídico.
c) Para a caracterização do ato ilícito por abuso de direito previsto no Código Civil é necessária a aferição de
culpa do autor do fato.
d) Só é considerado ilícito o ato que, exercido em excesso manifesto aos limites impostos pelos bons
costumes, necessariamente causar dano a alguém.
e) Constitui ilicitude civil a conduta de destruir coisa alheia para remover perigo iminente.

Comentários

A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 186: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito”.

A alternativa B está correta, pelas razões vistas em aula anterior, porque sua aplicação é incompatível.

A alternativa C está incorreta, pela ausência do requisito de culpabilidade no art. 187, abaixo transcrito.

A alternativa D está incorreta, pela redação literal do art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes”.

A alternativa E está incorreta, segundo o art. 188, inc. II: “Não constituem atos ilícitos, a deterioração ou
destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”.

39. (FCC / DPE-MA – 2015) A respeito da responsabilidade civil, é correto afirmar:


a) A cláusula penal compensatória tem a finalidade de compensar os prejuízos causados pelo atraso no
cumprimento da obrigação avençada, ao passo que a cláusula penal moratória serve como forma de pré-
fixar o valor mínimo da indenização no caso de descumprimento da obrigação.
b) No contrato de transporte oneroso de pessoas, o transportador responde pelos danos causados às pessoas
transportadas, mas não responde por eventuais danos causados às bagagens transportadas caso haja
cláusula excludente da responsabilidade.

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c) A responsabilidade extracontratual objetiva se caracteriza pela responsabilidade independentemente de


ter o causador do dano agido com dolo ou culpa, razão pela qual não pode ser afastada em razão de caso
fortuito ou de força maior.
d) O incapaz responde subsidiariamente pelos prejuízos que causar, somente caso seus responsáveis não
tenham obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes, mas a indenização deve ser fixada por
equidade e não poderá privar o incapaz do necessário para a sua manutenção.
e) Nas hipóteses em que o ato ilícito retira da vítima a oportunidade de obter uma situação futura melhor,
como por exemplo quando em razão do ato ilícito a vítima foi impedida de participar de um concurso público,
está diante de lucros cessantes, fazendo jus a indenização no valor dos salários que a vítima receberia caso
fosse aprovada no concurso.

Comentários

A alternativa A está incorreta, invertendo as funções da cláusula penal, já que a compensatória, também
chamada de multa penitencial, serve para pré-fixar a indenização.

A alternativa B está incorreta, nos termos do art. 734: “O transportador responde pelos danos causados às
pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula
excludente da responsabilidade”.

A alternativa C está incorreta, já que o caso fortuito e a força maior são excludentes gerais de
responsabilidade, sendo que somente se os afastam em casos específicos, como a mora, mas não no caso da
responsabilidade extracontratual objetiva.

A alternativa D está correta, de acordo com o art. 928 (“O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se
as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”)
e seu parágrafo único (“A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem”).

A alternativa E está incorreta, pois os lucros cessantes são apenas aqueles aferíveis a partir do evento
danoso, de maneira direta e objetiva. Esse seria, a rigor, um caso de aplicação da “Teoria da perda de uma
chance”, mas, em realidade, sequer se a pode aplicar, já que não há chance real e séria, estatisticamente
provável.

40. (CESPE / DPE-PE – 2015) A respeito de obrigações e contratos, julgue o item abaixo, de acordo com
a jurisprudência do STJ.
Caso determinada rede de rádio, por informações veiculadas em sua programação, atinja a honra e a imagem
do próprio Estado, será admitida, nessa hipótese, ação indenizatória por dano moral pelo ente federativo
em desfavor da empresa de radiodifusão, devendo o locutor responder regressivamente se tiver agido com
dolo ou culpa. Nesse caso, se o locutor for economicamente hipossuficiente, deverá a DP atuar na defesa
dele.

Comentários

O item está incorreto, segundo o STJ: “DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


INFORMAÇÕES VEICULADAS EM REDE DE RÁDIO E TELEVISÃO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL

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AJUIZADA POR MUNICÍPIO CONTRA O PARTICULAR. IMPOSSIBILIDADE. DIREITOS FUNDAMENTAIS. PESSOA


JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. RECONHECIMENTO LIMITADO. Em razão disso, de modo geral, a doutrina e
jurisprudência nacionais só têm reconhecido às pessoas jurídicas de direito público direitos fundamentais de
caráter processual ou relacionados à proteção constitucional da autonomia, prerrogativas ou competência
de entidades e órgãos públicos, ou seja, direitos oponíveis ao próprio Estado e não ao particular (REsp
1258389/PB, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/12/2013, DJe
15/04/2014)”.

41. (FCC / MANAUSPREV – 2015) Analise as proposições abaixo, a respeito da responsabilidade civil:
I. O médico, em regra, responde civilmente somente se o autor da ação fizer prova de dolo ou culpa.
II. O pai é objetivamente responsável pelos danos decorrentes de culpa do filho menor que estiver sob sua
autoridade e companhia.
III. Não se responsabiliza o incapaz se os seus responsáveis tiverem obrigação de fazê-lo e dispuserem de
meios suficientes para tanto.
Está correto o que se afirma em
a) I e III, somente.
b) III, somente.
c) I, II e III.
d) I e II, somente.
e) II e III, somente.

Comentários

O item I está correto, porque aplicável a ele o regime jurídico legal da responsabilidade civil subjetiva prevista
no caput do art. 927.

O item II está correto, na conjugação do art. 932, inc. I (“São também responsáveis pela reparação civil os
pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”), com o art. 933 (“As
pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão
pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”).

O item III está correto, de acordo com o art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.

A alternativa C está correta, portanto.

42. (VUNESP / TJ-SP – 2014) No que se refere a indenização, assinale a opção correta.
a) A morte de filho menor que não exercia trabalho remunerado não poderá gerar indenização.
b) O soar de alarme nas saídas das lojas por si só acarreta o dever de indenizar o cliente.
c) Tendo em vista que a indenização se mede pela extensão do dano, o juiz somente poderá reduzir
equitativamente a indenização, havendo excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, no
caso de haver pedido expresso da parte.

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d) Não gera o dever de indenizar o simples travamento de porta giratória nos estabelecimentos bancários
com usuário dentro.

Comentários

A alternativa A está incorreta, segundo a Súmula 491 do STF: “É indenizável o acidente que cause a morte
de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado".

A alternativa B está incorreta, conforme o STJ: “CIVIL E PROCESSUAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO
EM RECURSO ESPECIAL. ALARME SONORO. DISPARO. DANO MORAL. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA.
SÚMULA 7 DO STJ. TESE DO RECURSO CONTRÁRIA À JURISPRUDÊNCIA DO STJ. A alegação de que o mero
soar de alarme em estabelecimento comercial geraria dano moral não encontra amparo na jurisprudência
desta Corte Superior (STJ - AgRg no AREsp: 291760 MG 2013/0025555-0, Relator: Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, Data de Julgamento: 14/05/2013, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 22/05/2013)”.

A alternativa C está incorreta, pois o art. 944, parágrafo único (“Se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”), não exige pedido
expresso.

A alternativa D está correta, novamente, consoante o STJ: “RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE
DANOS MORAIS. POLICIAL MILITAR. TRAVAMENTO DE PORTA GIRATÓRIA DE BANCO. DISPOSITIVO DE
SEGURANÇA. ATO LÍCITO. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. É obrigação da instituição financeira promover a
segurança de seus clientes, constituindo-se em exercício regular de direito a utilização de porta giratória com
detector de objetos metálicos. Não caracteriza ato ilícito passível de indenização por dano moral o simples
travamento da porta giratória na passagem de policial militar armado, ainda que fardado (REsp 1444573/SP,
Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 04/09/2014, DJe 17/09/2014)”.

43. (FMP / PGE-AC – 2014) É caso de responsabilidade subjetiva:


a) a dos pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
b) a do tutor pelo pupilo que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
c) a dos que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
d) a do incapaz se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
meios suficientes.

Comentários

A alternativa A está incorreta, de acordo com art. 932, inc. I (“São também responsáveis pela reparação civil
os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”), em conjunto com o
art. 933 (“As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”).

A alternativa B está incorreta, conforme o art. 932, inc. II (“São também responsáveis pela reparação civil o
tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições”), em conjunto com

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o art. 933 (“As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua
parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”).

A alternativa C está incorreta, na literalidade do art. 932, inc. V (“São também responsáveis pela reparação
civil os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia”), em
conjunto com o art. 933 (“As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja
culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”).

A alternativa D está correta, conforme a regra geral do art. 927, não contrariada pelo art. 928 (“O incapaz
responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou
não dispuserem de meios suficientes”). Veja-se que, inexistindo menção expressa sobre a responsabilidade
ser objetiva, segue-se a regra de responsabilização subjetiva.

44. (UFPR / DPE-PR – 2014) A respeito da Responsabilidade Civil no Código Civil de 2002, é correto
afirmar:
a) Ainda que a responsabilidade por fato de terceiro seja objetiva em relação aos pais, incumbe ao ofendido
provar a culpa do filho menor que estiver sob a autoridade ou em companhia daqueles e que seja o causador
do dano, com o que estará configurado o dever de indenizar.
b) Aquele que requerer em Juízo a busca e apreensão de determinado bem sem necessidade não pratica ato
ilícito, uma vez que apenas está exercendo seu direito constitucional de ação.
c) Os atos praticados em estado de necessidade são considerados lícitos, razão pela qual não obrigam o seu
autor a indenizar o dono da coisa deteriorada ou destruída, mesmo que este não seja culpado pela situação
de perigo que motivou a ação.
d) O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança, sendo ilimitada a
responsabilidade do sucessor a título universal.
e) Compreende-se no conceito de dano emergente aquilo que a vítima efetivamente perdeu e o que
razoavelmente deixou de ganhar com a ocorrência do fato danoso.

Comentários

A alternativa A está correta, pela literalidade do art. 933: “As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali
referidos”. Ou seja, os responsáveis legais respondem objetivamente, mas não se fala o mesmo sobre os
causadores dos danos.

A alternativa B está incorreta, visualizando-se, in casu, típico caso de abuso de direito, nos termos do art.
187

A alternativa C está incorreta, dado que o art. 188, incs. I e II limitam a licitude à legítima defesa, ao exercício
regular de direito e à destruição de pessoa/coisa para evitar perigo iminente, mas não o estado de
necessidade

A alternativa D está incorreta, pelo princípio do direito hereditário brasileiro de que as dívidas não atingem
os herdeiros quando ultrapassarem as forças da herança.

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45. (CESPE / PGE-BA – 2014) Acerca da responsabilidade civil, julgue os itens subsequentes, à luz da
jurisprudência dominante do STJ.
Na hipótese de indenização por danos morais ou materiais decorrentes do falecimento de ente querido, o
termo inicial da contagem do prazo prescricional é a data do óbito, independentemente da data da ação ou
da omissão.

Comentários

O item está correto, dado que, em regra, o prazo prescricional começa a fluir do evento. Na responsabilidade
civil, o evento deve ser danoso, contando-se o prazo a partir daí, da ação ou omissão.

46. (CESPE / PGE-BA – 2014) Acerca da responsabilidade civil, julgue os itens subsequentes, à luz da
jurisprudência dominante do STJ.
O espólio tem legitimidade para postular indenização pelos danos materiais e morais supostamente
experimentados pelos herdeiros.

Comentários

O item está incorreto, pois se há dano moral indenizável, sentido pelos herdeiros, devem eles buscar,
pessoalmente, a indenização, sendo que o espólio é parte ilegítima nessa demanda.

47. (FCC / DPE-PB – 2014) Sônia é proprietária de uma pousada. Marina, sua, vizinha, cria codornas.
Segundo Sônia, o forte cheiro das codornas atrapalharia seu negócio. Por tal razão, com a intenção de
afugentar as codornas, mas também imaginando que poderia entreter seus clientes, passou, com
autorização do órgão ambiental, a criar corujas, as quais acabaram por dizimar as codornas. Sônia cometeu
ato
a) ilícito, pois agiu com dolo direto de matar as codornas, podendo Marina, em razão de tal fato, postular
indenização.
b) lícito, pois não é obrigada a tolerar atividade danosa a seus negócios.
c) lícito, pois a criação das corujas foi autorizada pelo órgão ambiental, podendo Marina, entretanto, em
razão dos prejuízos que experimentou, postular indenização.
d) ilícito, pois excedeu abusivamente os limites impostos pela boa-fé objetiva e pela finalidade social do
negócio, podendo Marina, em razão de tal fato, postular indenização.
e) imoral, porém lícito, uma vez que fundado em exercício regular do direito.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois não houve dolo por parte de Sônia.

A alternativa B está incorreta, já que Marina exercia atividade lícita.

A alternativa C está incorreta, dado que a conduta de Sônia foi ilícita.

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A alternativa D está correta, pelo evidente excesso de Sônia na criação de corujas que, como ela mesma
sabia, poderia causar dano às codornas de Marina, ainda que de maneira culposa.

A alternativa E está incorreta, porque a conduta dela foi fundada em exercício de direito, mas de forma
abusiva, como dito acima.

48. (FUNDATEC / Câmara Municipal-Porto Alegre (RS) – 2014) Assinale a alternativa correta a respeito
dos direitos dos contratos e da responsabilidade civil:
a) A sentença penal absolutória sempre afastará a responsabilidade na esfera cível.
b) A obrigação de reparação a o dano não se transmite com a herança.
c) É anulável a venda de ascendente a descendente, ainda que os outros descendentes e o cônjuge do
alienante expressamente houverem consentido.
d) Na compra e venda com reserva de domínio, o vendedor busca atenuar os efeitos da tradição, de modo
que conservará a propriedade para si até que o preço esteja integralmente pago.
e) Faculta-se ao comodatário o direito de recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da
coisa emprestada.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pela literalidade do art. 935: “A responsabilidade civil é independente da
criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando
estas questões se acharem decididas no juízo criminal”.

A alternativa B está incorreta, conforme estabelece o art. 943: “O direito de exigir reparação e a obrigação
de prestá-la transmitem-se com a herança”.

A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 496: “É anulável a venda de ascendente a descendente,
salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido”.

A alternativa D está correta, consoante regra do art. 521: “Na venda de coisa móvel, pode o vendedor
reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago”.

A alternativa E está incorreta, na forma do art. 584: “O comodatário não poderá jamais recobrar do
comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada”.

49. (FUNDATEC / Câmara Municipal-Porto Alegre (RS) – 2014) Assinale a alternativa correta em relação
aos institutos da propriedade e da responsabilidade civil:
a) Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à
União.
b) As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que
nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano,
exclusivamente se houver dolo por parte destes.
c) Os rios, mares, estradas, ruas e praças são bens públicos de uso especial.

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d) O titular de direito que, ao exercê-lo, exceder manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico
ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes, incidirá na hipótese de abuso de direito, porém não praticará
ato ilícito.
e) O empregador responderá civilmente pelos atos dos seus empregados, praticados no exercício do trabalho
que lhes competir, somente quando comprovada a sua culpa.

Comentários

A alternativa A está correta, por conta da aplicação da Súmula 496 do STJ: “Os registros de propriedade
particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União”.

A alternativa B está incorreta, por força do art. 43: “As pessoas jurídicas de direito público interno são
civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado
direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”.

A alternativa C está incorreta, na forma do art. 99: “São bens públicos os de uso comum do povo, tais como
rios, mares, estradas, ruas e praças”.

A alternativa D está incorreta, consoante regra do art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes”.

A alternativa E está incorreta, pela conjugação do art. 932, inc. III (“São também responsáveis pela reparação
civil, o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele”), com o art. 933 (“As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali
referidos”).

50. (NUCEPE-UESPI / PC-PI – 2014) Sobre a reparação civil, é CORRETO dizer que:
a) respondem os pais sobre atos lesivos causados por filho incapaz, mesmo que este não se ache sob sua
autoridade ou em sua companhia.
b) o empregador não é responsável por dano causado por empregado seu, quando diretamente não deu
ordens de execução.
c) as escolas respondem por danos causados em um aluno por outros alunos
d) os donos de hospedarias não respondem pelos danos que seus empregados causarem a seus hóspedes,
somente os donos de hotéis respondem por atos de seus empregados.
e) as pessoas jurídicas de direito privado só respondem subjetivamente por atos praticados por seus
funcionários.

Comentários

A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 932, inc. I: “São também responsáveis pela reparação
civil os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”.

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A alternativa B está incorreta, conforme dispõe o art. 932, inc. III: “São também responsáveis pela reparação
civil o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele”. Não ter dado ordem é irrelevante, conforme art. 933: “As pessoas
indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos
atos praticados pelos terceiros ali referidos”.

A alternativa C está correta, segundo o disposto no art. 932, inc. IV: “São também responsáveis pela
reparação civil os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos”.

A alternativa D está incorreta, sendo irrelevante a distinção entre hotel e hospedaria, na hipótese. Aplica-se
o disposto no art. 932, inc. III: “São também responsáveis pela reparação civil o empregador ou comitente,
por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele”.

A alternativa E está correta, consoante indicado nos itens B e D.

51. (FUNRIO / IF-PI – 2014) No tocante a responsabilidade civil é correto afirmar que
a) haverá obrigação de reparar o dano, dependentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
b) o incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação
de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
c) os responsáveis não são responsáveis civilmente pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade
e companhia.
d) o dono, ou detentor, do animal não ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou
força maior.
e) aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
mesmo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.

Comentários

A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 927, parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.

A alternativa B está correta, segundo o art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.

A alternativa C está incorreta, conforme o art. 932, inc. I: “São também responsáveis pela reparação civil os
pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”.

A alternativa D está incorreta, na forma do art. 936: “O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por
este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior”.

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A alternativa E está incorreta, de acordo com o art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem
pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu,
absoluta ou relativamente incapaz”.

52. (PGR / PGR – 2013) Em matéria de danos materiais e/ou morais, o Superior Tribunal de Justiça vem
entendendo que:
I. O mero descumprimento contratual, em princípio, não enseja responsabilização ao pagamento de
indenização por danos morais, visto não passar de incômodo da vida em sociedade.
II. O roubo ou furto perpetrado contra a instituição financeira, com repercussão negativa ao cofre locado,
constitui risco assumido pelo fornecedor do serviço, haja vista compreender-se na própria atividade
empresarial, configurando, assim, hipótese de fortuito interno.
III. O endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito contendo vício formal, sendo
inexistente a causa para conferir lastro à emissão de duplicata, não responde pelos danos causados diante
de protesto indevido.
IV. Legitimamente protestado o título de crédito, não cabe ao devedor, que paga posteriormente a dívida, o
ônus de providenciar a baixa do protesto em cartório, pois trata-se de relação de consumo, havendo dano
moral pela manutenção do apontamento.
Das proposições acima:
a) I e IV estão corretas;
b) II e III estão corretas;
c) III e IV estão corretas;
d) I e II estão corretas.

Comentários

O item I está correto, já que a violação do contrato gera apenas indenização decorrente do inadimplemento.
Para haver indenização por dano moral, a violação deve extrapolar o mero descumprimento, atingindo
também os direitos da personalidade.

O item II está correto, pois o caso enunciado mostra um caso de risco intrínseco ao serviço prestado pela
instituição financeira. Veja, porém, que a jurisprudência fixa o entendimento de que a indenização se dará
na forma do contrato, independentemente de os bens inseridos no cofre serem muito superiores ao valor
assegurado, como é comum.

O item III está incorreto, pelas razões que você vê no Direito Empresarial, mas, de qualquer forma, o
endossatário responde.

O item IV está incorreto, porque a responsabilidade pela baixa é do consumidor, dado que o protesto fora
devido, anteriormente.

A alternativa D está correta, portanto.

53. (MPE-SP / MPE-SP – 2013) Em tema de responsabilidade civil, assinale a assertiva INCORRETA.

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a) A empresa locadora de veículos não responde civilmente pelos prejuízos causados pelo locatário a
terceiros, no uso do carro locado.
b) São responsáveis pela reparação civil o empregador ou comitente, por conduta de seus empregados,
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele.
c) São responsáveis pela reparação civil o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados que estiverem sob
sua autoridade ou em sua companhia.
d) O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força
maior.
e) São responsáveis pela reparação civil os pais, pelos atos de filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia.

Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme a Súmula 492 do STF: “A EMPRESA LOCADORA DE VEÍCULOS
RESPONDE, CIVIL E SOLIDARIAMENTE COM O LOCATÁRIO, PELOS DANOS POR ESTE CAUSADOS A TERCEIRO,
NO USO DO CARRO LOCADO”.

A alternativa B está correta, na dicção do art. 932, inc. III: “São também responsáveis pela reparação civil o
empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele”.

A alternativa C está correta, conforme o art. 932, inc. II: “São também responsáveis pela reparação civil o
tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições”.

A alternativa D está correta, na literalidade do art. 936: “O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano
por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior”.

A alternativa E está correta, de acordo com o art. 932, inc. I: “São também responsáveis pela reparação civil
os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”.

54. (CESPE / DP-DF – 2013) Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, todas as pessoas jurídicas de
direito público e as de direito privado que integrem a administração pública responderão objetivamente
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.

Comentários

O item está incorreto, conforme a literalidade do art. 37, §6º, da CF/1988: “As pessoas jurídicas de direito
público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa”.

55. (MPT / MPT – 2012) À luz do Código Civil, assinale a assertiva CORRETA:
a) No caso de indenização por danos, se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o
seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do

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trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu; porém, se o ofensor preferir, poderá exigir
que a indenização seja arbitrada para pagamento de uma só vez.
b) Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição fixando a indenização
devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que a lei processual determinar.
c) Em nenhuma circunstância constituirá ato ilícito a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
pessoa, a fim de remover perigo iminente.
d) Não comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelos bons costumes.
e) Não respondida.

Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme o art. 950, parágrafo único: “O prejudicado, se preferir, poderá
exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez”.

A alternativa B está correta, na literalidade do art. 946: “Se a obrigação for indeterminada, e não houver na
lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas
e danos na forma que a lei processual determinar”.

A alternativa C está incorreta, na conjugação do art. 188, inc. II (“Não constituem atos ilícitos a deterioração
ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”) com seu parágrafo
único (“No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente
necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo”).

A alternativa D está incorreta, de acordo com o art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um direito
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-
fé ou pelos bons costumes”.

56. (CESPE / TJ-BA – 2012) Acerca dos negócios jurídicos, assinale a opção correta.
a) Testamento é exemplo de ato jurídico stricto sensu, devendo, por isso, os efeitos conferidos pelo testador
estar em conformidade com a legislação.
b) A gradação de culpa do agente não pode ser levada em conta para a configuração do ato ilícito ou para a
determinação da indenização dele decorrente.
c) De acordo com o Código Civil, não importa em anuência tácita o silêncio da locadora em relação à
correspondência a ela encaminhada pelos fiadores comunicando-lhe a intenção de se exonerarem da fiança
prestada.
d) A aferição de abusividade no exercício de um direito deve ser realizada pelo magistrado de forma objetiva.
e) Para os efeitos legais, não importa que a reserva mental seja ou não conhecida da outra parte contratante.

Comentários

Essa questão foi anulada, mas isso não nos impede de a analisar.

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A alternativa A está incorreta, dado que o testamento se consubstancia em negócio jurídico unilateral.

A alternativa B está incorreta, pois, de acordo com o art. 944, apesar de a indenização medir-se pela extensão
do dano, “se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização”, determina o parágrafo único.

A alternativa C está correta, conforme o STJ: “DIREITO CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.
LOCAÇÃO. FIANÇA. EXONERAÇÃO. ANUÊNCIA TÁCITA DA LOCADORA. IMPOSSIBILIDADE. EXAME DE
MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. CONTRATO DE LOCAÇÃO. TÍTULO
EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. POSSIBILIDADE. MAJORAÇÃO DO ALUGUEL. FIADOR. RESPONSABILIDADE
LIMITADA AO VALOR ORIGINALMENTE PACTUADO. PRECEDENTES DO STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
INEXISTÊNCIA. SÚMULA 83/STJ. APLICABILIDADE. DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. OCORRÊNCIA.
SÚMULA 284/STF. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO.1. A exoneração do fiador deve se dar por meio de
distrato ou pela propositura de ação declaratória de exoneração da fiança, nos termos do artigo 1.500 do
antigo Código Civil, hipótese em que não importa em anuência tácita o silêncio da locadora acerca da
correspondência encaminhada pelos fiadores via fac-simile, comunicando-lhe a intenção de se exonerarem
da fiança prestada (REsp 941.772/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em
11/12/2008, DJe 02/02/2009)”.

A alternativa D está correta, porque no direito civil contemporâneo, a aferição de abusividade no exercício
de um direito deve ser exclusivamente objetiva.

A alternativa E estaria incorreta, de acordo com o art. 110: “A manifestação de vontade subsiste ainda que
o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha
conhecimento”.

57. (FCC / DPE-PR – 2012) Sobre o Sistema de Responsabilidade Civil é correto afirmar:
a) No caso de atropelamento por veículo dirigido profissionalmente, a pretensão de reparação civil das
escoriações e fraturas sofridas, pelo pedestre, sob o prisma do Direito Civil, exigirá a prova da culpa do
motorista ofensor.
b) Moradora de Curitiba perdeu o horário para realização de prova de segunda fase de concurso realizado
em Manaus em razão de atraso no voo devido à greve dos pilotos de determinada companhia aérea. Esta
situação caracteriza o chamado dano reflexo ou por ricochete.
c) Pessoa embriagada, que atravessa larga avenida fora da faixa de segurança e correndo, vindo a ser
atropelada por motorista que trafegava acima do limite de velocidade, deve ser indenizada integralmente,
com base no princípio da restitutio in integrum.
d) Microempresário contrata as empresas X e Y para o transporte cumulativo de uma carga que deixa de ser
entregue em seu destino. Nesse caso, cada transportador deve responder pelo eventual descumprimento
do contrato relativamente ao respectivo percurso, podendo opor tratar-se de obrigação de meio.
e) Famoso artista de rua, que tem sua imagem veiculada em propaganda comercial sem sua autorização,
terá direito à indenização, independentemente da demonstração de seu prejuízo.

Comentários

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A alternativa A está incorreta, na conjugação do art. 932, inc. III (“São também responsáveis pela reparação
civil, o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele”), com o art. 933 (“As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali
referidos”).

A alternativa B está incorreta, sendo este um caso de dano indireto (sendo o dano direto o atraso na
chegada), porque sentido pela própria vítima, e não por ricochete (dano sentido por terceiro alheio à relação
jurídica).

A alternativa C está incorreta, pela aplicação mais literal do art. 945: “Se a vítima tiver concorrido
culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua
culpa em confronto com a do autor do dano”.

A alternativa D está incorreta, pela combinação do caput do art. 733 (“Nos contratos de transporte
cumulativo, cada transportador se obriga a cumprir o contrato relativamente ao respectivo percurso,
respondendo pelos danos nele causados a pessoas e coisas”) com seu § 1º (“O dano, resultante do atraso ou
da interrupção da viagem, será determinado em razão da totalidade do percurso”).

A alternativa E está correta, inclusive por aplicação da Lei de Direitos Autorais, havendo, nesse caso, dano
moral indenizável.

58. (FCC / DPE-PR – 2012) O absolutamente incapaz não responde pelos danos que causar, tendo em
vista a responsabilidade privativa de seus pais ou responsáveis.

Comentários

O item está incorreto, de acordo com o art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.

59. (CESPE / DPE-SE – 2012) Acerca dos efeitos da responsabilidade civil extracontratual, assinale a
opção correta.
a) Embora a indenização por ato ilícito proveniente de dano extracontratual seja medida pela extensão do
dano, se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada com
base na gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
b) Como regra, a responsabilidade civil não passa da pessoa causadora do dano; assim, não havendo
determinação expressa do empregador para que seus empregados façam ou deixem de fazer alguma coisa,
não se pode responsabilizar o empregador pelos atos praticados por seus empregados, serviçais e prepostos,
no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele.
c) As vítimas de lesão ou de outra ofensa à saúde têm direito de exigir do ofensor tão somente as despesas
provenientes do tratamento, estendendo-se a obrigação de reparar os danos até o fim da convalescença,
independentemente do tempo, e, nesse caso, o lesado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja
arbitrada e paga de uma só vez.

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d) Não comete ato ilícito civil aquele que, por ação voluntária, destrói coisa alheia a fim de remover perigo
iminente de dano, ainda que a ação não seja estritamente necessária, e o agente exceda os limites do
indispensável para a remoção do perigo.
e) Mesmo que a responsabilidade civil independa da criminal, a lei veda que se questione, na esfera cível,
fato decidido no juízo criminal; por conseguinte, a sentença penal absolutória, independentemente do
motivo da absolvição, impede o processamento da ação civil de reparação de dano causado pelo mesmo fato
que tenha provocado a absolvição do agente provocador do ilícito.

Comentários

A alternativa A está correta, na forma do art. 945: “Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento
danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do
autor do dano”.

A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 932, inc. III: “São também responsáveis pela reparação
civil, o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele”.

A alternativa C está incorreta, conforme o art. 949: “No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor
indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além
de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido”.

A alternativa D está incorreta, consoante regra do art. 188, inc. II (“Não constituem atos ilícito, a deterioração
ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”) e seu parágrafo único
(“No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente
necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo”).

A alternativa E está incorreta, pela literalidade do art. 935: “A responsabilidade civil é independente da
criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando
estas questões se acharem decididas no juízo criminal”.

60. (FGV / PC-MA – 2012) Claúdio se hospedou num hotel em Maranguape e deixou os seus pertences
pessoais no quarto. Ao retornar de um passeio pela cidade, foi surpreendido com os vários itens de sua
bagagem danificados por uma placa de gesso que havia se descolado do teto e caído. Ao se dirigir à Direção
do estabelecimento, soube que não seria ressarcido pelo hotel, pois o gerente desconfiava de um antigo
funcionário a quem iria atribuir a autoria e, portanto, responsabilidade pelo ilícito.
Considerando o fato narrado, assinale a afirmativa correta.
a) Os donos de hotéis são responsáveis, independentemente de culpa, pelos bens de seus hóspedes,
devendo, portanto, Cláudio ser ressarcido pelo hotel.
b) Somente comete ato ilícito, aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, e, portanto, o hotel não tem obrigação de indenizar Cláudio.
c) Como o hotel suspeita que o antigo funcionário seja o responsável pelo ilícito, haverá necessidade de
aguardar que o fato seja apurado no juízo criminal, para após analisar o fato no juízo cível.

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d) O hotel não deve indenizar Cláudio, pois houve culpa exclusiva da vítima, já que ele deveria ter deixado,
aos cuidados do gerente, seus pertences pessoais para que houvesse essa garantia.
e) O hotel deve indenizar Cláudio, pois cometeu ato ilícito.

Comentários

A alternativa A está correta, na literalidade do art. 932, inc. IV: “São também responsáveis pela reparação
civil os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para
fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos”.

A alternativa B está incorreta, já que a previsão geral sobre o ato ilícito contida no art. 186 não exclui as
hipóteses de responsabilidade objetiva.

A alternativa C está incorreta, pois a eventual culpa/dolo do funcionário terá impacto no direito de regresso
do hotel pelo prejuízo indenizado ao hóspede, apenas.

A alternativa D está incorreta, evidentemente, já que seria absurdo esperar que os hóspedes deixassem
todos os seus pertences pessoais com o gerente do estabelecimento.

A alternativa E está incorreta, porque, no caso, se trata de responsabilidade objetiva.

61. (PGR / PGR – 2011) No que se refere à responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente:
I. Um mesmo fato pode originar ações diversas, visando a reparação do dano individual e a reparação do
dano coletivo;
II. Eventos da natureza não excluem a responsabilidade quando alguém cria uma situação que, se inexistente,
não levaria o evento natural a causar o dano;
III. Havendo pluralidade de autores, a responsabilidade é solidária, sendo possível acionar qualquer um deles
pela integralidade do dano;
IV. A responsabilidade objetiva por risco integral, quanto aos danos ambientais, não é pacifica na doutrina.
Das assertivas acima:
a) I e II estão corretas;
b) II e IV estão corretas;
c) Todas estão corretas;
d) Todas estão incorretas.

Comentários

O item I está correto, conforme o STJ: “É jurisprudência pacífica desta Corte o entendimento de que um
mesmo dano ambiental pode atingir tanto a esfera moral individual como a esfera coletiva, acarretando a
responsabilização do poluidor em ambas, até porque a reparação ambiental deve ser feita da forma mais
completa possível. (REsp 1.355.132)”.

O item II está correto, de acordo com a adoção, no Brasil, da teoria do risco integral em matéria ambiental.

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O item III está correto, já que o evento danoso é único e indivisível, pressupondo, portanto, um nexo causal
comum.

O item IV está correto, porque, apesar de majoritária, conforme esclarecido no item II, ela não é unânime
na doutrina, especialmente quanto aos autores do Direito Administrativo.

A alternativa C está correta, portanto.

62. (CESPE / DPE-MA – 2011) Tendo em vista que o termo responsabilidade é utilizado em qualquer
situação em que alguma pessoa, natural ou jurídica, deva arcar com as consequências de um ato, fato ou
negócio danoso, assinale a opção correta a respeito da responsabilidade civil.
a) Os bens do responsável por ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano
causado, e o direito de exigir reparação, mas não a obrigação de prestá-la, transmite-se com a herança.
b) Considere a seguinte situação hipotética. Marco, que presta serviços de “passeio com animais”, passeia,
três vezes por semana, com um cachorro da raça doberman, de propriedade de Thiago. Por ser tratar de um
cachorro de guarda, Marco foi orientado por Thiago a, sempre, nos passeios, fixar focinheira no cachorro.
Em um dos passeios, o referido animal, que estava sem a focinheira, atacou e mordeu uma pessoa que
passava no local. Nessa situação hipotética, apenas Thiago, o dono do animal, poderia ser demandado para
ressarcir o dano causado à vítima.
c) A responsabilidade civil independe da criminal, de modo que a sentença penal absolutória, por falta de
provas quanto ao fato, não tem influência na ação indenizatória, que pode revolver toda a matéria em seu
bojo.
d) Não constitui ato ilícito a destruição de coisa alheia para remover perigo iminente, e o dono da coisa,
ainda que não seja culpado do perigo, não tem direito à indenização do prejuízo que sofrer.
e) O empregador, exceto se comprovar que não há culpa de sua parte, responde pelos atos ilícitos dos
empregados no exercício do trabalho ou em razão dele.

Comentários

A alternativa A está incorreta, na forma do art. 943: “O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-
la transmitem-se com a herança”.

A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 936: “O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano
por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior”.

A alternativa C está correta, segundo o art. 935: “A responsabilidade civil é independente da criminal, não
se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas
questões se acharem decididas no juízo criminal”.

A alternativa D está incorreta, conforme o art. 929: “Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do
inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que
sofreram”.

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A alternativa E está incorreta, na dicção do art. 933: “As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali
referidos”.

63. (CESPE / DPU – 2010) A proibição de comportamento contraditório é aplicável ao direito brasileiro
como modalidade do abuso de direito e pode derivar de comportamento tanto omissivo quanto comissivo.

Comentários

O item está correto, dado que o silêncio, igualmente, pode ser considerado abusivo, quando objetivar causar
dano a outrem.

64. (CESPE / DPE-BA – 2010) No tocante à responsabilidade civil, julgue os itens seguintes.
O mero afastamento de filho de 16 anos de idade da casa paterna não é suficiente para elidir a
responsabilidade dos pais.

Comentários

O item está correto, já que a responsabilidade dos pais só cessa com a maioridade do filho. Ademais, mesmo
que fosse ele emancipado (e o exercício não fala que ele foi emancipado, mas que está apenas afastado, sem
indicar a razão), resistiria ainda a responsabilidade dos pais.

65. (CESPE / DPU – 2010) A exemplo da responsabilidade civil por ato ilícito em sentido estrito, o dever
de reparar decorrente do abuso de direito depende da comprovação de ter o indivíduo agido com culpa
ou dolo.

Comentários

O item está incorreto, de acordo com o Enunciado 37 do CJF: “A responsabilidade civil decorrente do abuso
do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico”.

66. (CESPE / DPE-AL – 2009) Lucas, menor com dezessete anos de idade, pegou o carro de seus pais,
enquanto eles dormiam, e causou um acidente ao colidir no veículo de Eduardo.
Considerando essa situação hipotética, julgue os próximos itens com base na disciplina da responsabilidade
civil.
Ainda que provada a culpa de Lucas, seus pais não terão a obrigação de indenizar o dano provocado,
porquanto, nesse caso, não se pode falar em culpa in vigilando.

Comentários

O item está incorreto, conforme o art. 932, inc. I: “São também responsáveis pela reparação civil os pais,
pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”.

67. (CESPE / DPE-AL – 2009) Lucas, menor com dezessete anos de idade, pegou o carro de seus pais,
enquanto eles dormiam, e causou um acidente ao colidir no veículo de Eduardo.

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Considerando essa situação hipotética, julgue os próximos itens com base na disciplina da responsabilidade
civil.
Em razão de a emancipação cessar a menoridade, predomina o entendimento de que, caso os pais tivessem
emancipado Lucas, ficaria afastada a responsabilidade deles pelos danos causados a Eduardo.

Comentários

O item está incorreto, de acordo com o STJ: “AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ATROPELAMENTO. LESÕES
CORPORAIS. INCAPACIDADE. DEVER DE INDENIZAR. REEXAME DE MATÉRIA DE FATO. REVISÃO DO VALOR DA
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. PENSÃO MENSAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO.
POSSIBILIDADE. JULGAMENTO ULTRA PETITA. OCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS.
EMANCIPAÇÃO. A emancipação voluntária, diversamente da operada por força de lei, não exclui a
responsabilidade civil dos pais pelos atos praticados por seus filhos menores (AgRg no Ag 1239557/RJ, Rel.
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 09/10/2012, DJe 17/10/2012)”.

68. (FCC / DPE-MA – 2009) No tocante à disciplina da responsabilidade civil, é correto afirmar:
a) Os pais são responsáveis objetivamente pela reparação civil dos danos causados por filhos menores ou,
embora maiores de 18 anos, incapazes, ainda que estes não estejam sob sua autoridade e em sua companhia.
b) Para que ocorra a responsabilidade civil subjetiva, basta a existência de um dano material ou moral e de
uma ação ou omissão dolosa ou culposa.
c) Na responsabilidade civil objetiva, a culpa exclusiva do prejudicado afasta o dever de reparação do
causador do dano porque é causa de exclusão do dano.
d) Na responsabilidade civil objetiva, a culpa exclusiva do prejudicado em nada altera a situação jurídica do
causador do dano, o qual responderá independentemente de culpa.
e) Na responsabilidade civil objetiva, não surgirá o dever de reparação do dano na hipótese de culpa exclusiva
da vítima por falta de nexo de causalidade entre a ação do agente e o dano sofrido.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que a responsabilidade dos pais sobre os filhos depende de a autoridade
parental manter-se incólume, ou seja, se não tiver um dos pais autoridade sobre o filho, não responde ele
pelo dano causado.

A alternativa B está incorreta, já que faltou aí o nexo de causalidade, imprescindível tanto para a
responsabilidade civil subjetiva quanto para a objetiva.

A alternativa C está incorreta, pois a culpa exclusiva da vítima exclui o dever de indenizar por conta do
rompimento do nexo de causalidade. O dano existe, mas foi praticado pela própria vítima.

A alternativa D está incorreta, eis que, como eu disse no item anterior, há cessação do nexo de causalidade,
o que afasta o dever de indenizar mesmo no caso de responsabilidade objetiva (que independe de culpa,
mas ainda depende da verificação conjunta do dano e do nexo causal, portanto).

A alternativa E está correta, pelas mesmas razões que mencionei acima, nas alternativas C e D.

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69. (CESPE / DPE-AC – 2006) Catarina procurou a defensoria pública de seu estado para relatar que seu
filho, de 15 anos de idade, foi atropelado e ficou paraplégico em razão das lesões sofridas no acidente. O
veículo que o atropelou era dirigido por Diogo, de 16 anos de idade. Catarina afirmou que procurou o
proprietário do veículo, Vitor, pai de Diogo, para que ele a ajudasse com as despesas médicas e com a
aquisição de uma cadeira de rodas. Vitor se negou a auxiliar Catarina, alegando não ter qualquer
responsabilidade no caso, pois quem dirigia o carro no momento do acidente era seu filho. Com relação a
essa situação hipotética, assinale a opção correta, tendo a legislação pertinente como base.
a) Como o veículo não era dirigido por seu proprietário, nada pode ser feito quanto ao auxílio demandado
por Catarina a Vitor, e não há como pleitear qualquer indenização, haja vista Diogo ser menor de idade.
b) Por ter seu filho ficado paralítico e dada a não-participação de Vitor no acidente, o mais aconselhável é
que Catarina ajuíze ação requerendo o ressarcimento por danos morais, apenas.
c) Na situação em apreço, Vitor apenas responde pelos danos para os quais fique demonstrada a intenção
de Diogo de lesionar o filho de Catarina.
d) Na situação apresentada, Vitor responde pelos danos materiais e morais sofridos pelo filho de Catarina.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que o causador do dano era menor, pelo que incide a regra do art. 932,
inc. I: “São também responsáveis pela reparação civil os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia”.

A alternativa B está incorreta, porque visível é que a indenização devida englobará danos materiais.

A alternativa C está incorreta, pois a responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos é objetiva, como se
depreende do art. 933: “As pessoas indicadas no artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”.

A alternativa D está correta, nos termos ao art. 932, inc. I, supracitado na alternativa A.

70. (FCC / PGE-SE – 2005) A pessoa jurídica de direito público interno que em seu laboratório produz
medicamentos, nesta atividade
a) não responde por vício ou defeito do produto, porque o serviço de saúde é considerado público e a
responsabilidade civil será regulada apenas pela Constituição Federal.
b) não pode ser considerada fornecedora, porque o adquirente dos medicamentos é mero usuário.
c) é considerada consumidora dos insumos utilizados na produção dos medicamentos.
d) não poderá ser considerada fornecedora nem consumidora, porque é vedada a presença do Estado no
mercado de consumo.
e) é fornecedora e sujeita-se ao Código de Defesa do Consumidor.

Comentários

A alternativa A está incorreta, porque, a despeito de um serviço ser público, ele pode ser enquadrado como
uma relação de consumo.

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A alternativa B está incorreta, pois “mero usuário” também é consumidor, a rigor.

A alternativa C está incorreta, dado que, ao utilizar os insumos na produção, se distancia do conceito de
consumidor, “destinatário final do produto”, conceito esse previsto no CDC.

A alternativa D está incorreta, já que a intervenção do Estado na economia não é incomum, sendo ele
detentor de numerosas pessoas jurídicas que empreendem no setor privado, podendo ser considerado tanto
consumidor quanto fornecedor, a depender da situação concreta.

A alternativa E está correta, pelas razões já expostas nas alternativas anteriores.

71. (FCC / PGE-MA – 2003) Cometendo ato ilícito o incapaz,


a) respondem, em qualquer hipótese, somente seus pais, tutores ou curadores, sem direito de regresso
contra o incapaz que estiver sob sua guarda e em sua companhia.
b) não responderá ele pelos prejuízos causados, que deverão ser ressarcidos por seus representantes e, na
impossibilidade destes, pelo Estado.
c) ele sempre responderá pelos prejuízos que causar até o limite de seu patrimônio.
d) responderão seus representantes que poderão reaver o que pagou, salvo se o causador do dano for
ascendente, descendente ou cônjuge absolutamente incapazes.
e) poderá ele responder pelos prejuízos que causar, pagando indenização equitativa e desde que não fique
ele próprio nem as pessoas que dele dependam privados do necessário.

Comentários

A alternativa A está incorreta, na forma do art. 928: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.

A alternativa B está incorreta, já que o Estado não responde pelos danos causados por menores, ainda que
na impossibilidade dos pais deste menor.

A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 932, inc. I: “São também responsáveis pela reparação
civil os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”.

A alternativa D está incorreta, conforme o art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode
reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu,
absoluta ou relativamente incapaz”.

A alternativa E está correta, consoante regra do art. 928, parágrafo único: “A indenização prevista neste
artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele
dependem”.

72. (PGE / PGE-MS – 2003) Assinale a alternativa correta:


a) A responsabilidade civil depende da criminal, podendo ser questionada a existência do fato constitutivo
ou sobre quem seja o seu autor, a não ser na hipótese de trânsito em julgado da decisão proferida no juízo
criminal, quando a matéria fática encontra-se sob o manto da coisa julgada;

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b) Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz;
c) O dono ou detentor do animal ressarcirá o dano por este causado, mesmo na hipótese de força maior ou
culpa da vítima;
d) Não é responsável pela reparação civil o que participou gratuitamente no produto de crime, desde que o
valor que lhe coube não ultrapasse 20 (vinte) salários mínimos;
e) O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-las não se transmitem com a herança.

Comentários

A alternativa A está incorreta, segundo dicção do art. 935: “A responsabilidade civil é independente da
criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando
estas questões se acharem decididas no juízo criminal”.

A alternativa B está correta, na literalidade do art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem
pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu,
absoluta ou relativamente incapaz”.

A alternativa C está incorreta, na forma do art. 936: “O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por
este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior”.

A alternativa D está incorreta, de acordo com o art. 932, inc. V: “São também responsáveis pela reparação
civil os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia”.

A alternativa E está incorreta, consoante regra do art. 943: “O direito de exigir reparação e a obrigação de
prestá-la transmitem-se com a herança”.

73. (CESPE / DPE-AM – 2003) Com referência à responsabilidade civil, julgue os itens que se seguem.
O estabelecimento comercial não será obrigado a indenizar proprietário de veículo furtado em via pública e
que tiver sido entregue ao serviço de manobrista do referido estabelecimento.

Comentários

O item está incorreto, já que, pelo princípio da confiança, se entende que o oferecimento de manobrista
integra o contrato de consumo.

74. (CESPE / DPE-AM – 2003) Com referência à responsabilidade civil, julgue os itens que se seguem.
Em matéria de danos causados ao meio ambiente, a responsabilidade é objetiva, independe da existência de
culpa e se configura diante da prova do dano, da ação ou da omissão do causador e da relação de causalidade.

Comentários

O item está correto, dado que os danos ambientais se verificam objetivamente, inclusive, aplicando-se a
teoria do risco integral, não sendo possível alegar excludente de responsabilidade se verificado o dano.

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75. (CESPE / DPE-AM – 2003) Com referência à responsabilidade civil, julgue os itens que se seguem.
Os pais da vítima de morte em acidente de trânsito não são parte legítima para pleitear indenização por
danos materiais, em forma de pensionamento mensal, porque se presume que cabe aos pais sustentar os
filhos.

Comentários

O item está incorreto, pois o falecido não poderá fazê-lo, estendendo-se a permissão aos parentes vivos,
como permite a Súmula 491 do STF: “É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que
não exerça trabalho remunerado”.

76. (CESPE / DPE-AM – 2003) Com referência à responsabilidade civil, julgue os itens que se seguem.
O estabelecimento bancário responde pelos danos causados a terceiro em decorrência de conta-corrente
aberta com documentos falsos.

Comentários

O item está correto, porque tal se trata de fortuito interno, segundo o STJ: “RECURSO ESPECIAL
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JULGAMENTO PELA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC.
RESPONSABILIDADE CIVIL. INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS. DANOS CAUSADOS POR FRAUDES E DELITOS
PRATICADOS POR TERCEIROS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FORTUITO INTERNO. RISCO DO
EMPREENDIMENTO. As instituições bancárias respondem objetivamente pelos danos causados por fraudes
ou delitos praticados por terceiros - como, por exemplo, abertura de conta-corrente ou recebimento de
empréstimos mediante fraude ou utilização de documentos falsos -, porquanto tal responsabilidade decorre
do risco do empreendimento, caracterizando-se como fortuito interno (REsp 1197929/PR, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/08/2011, DJe 12/09/2011)”.

LISTAS DE QUESTÕES
1. (IADES / AL-GO – 2019) Em conformidade com o sistema de responsabilidade civil previsto no
Direito Civil, assinale a alternativa correta.
a) Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização.
b) O direito civil brasileiro não admite a responsabilidade civil dos incapazes.
c) A jurisprudência brasileira não admite pedidos de indenizações a título de dano moral, fundadas em danos
reflexos ou por ricochete.
d) A demonstração de ter agido em estado de necessidade exonera o réu do dever de indenizar.
e) A responsabilidade do dono do animal pelos danos ocasionados a terceiros é subjetiva, dependendo de
demonstração de um ato culposo ou doloso para se configurar.
2. (MP-PR / MP-PR – 2018) São responsáveis pela reparação civil:
I - Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.

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II - O empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele.
III - Os que, gratuita ou onerosamente, houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente
quantia.
a) Apenas a I está correta.
b) Apenas a II está correta.
c) Apenas III está correta.
d) Apenas I e II estão corretas.
e) Apenas II e III estão corretas.
3. (VUNESP / PGE-SP – 2018) Assinale a alternativa correta.
a) O magistrado, em caso de excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá reduzir o
valor da indenização em até 2/3 do valor originalmente fixado.
b) Pai que ressarce o dano causado por filho relativamente capaz pode buscar reembolso no prazo de 3 anos,
contados da cessação da menoridade.
c) Em caso de concurso de agentes causadores de dano, cada qual responde na medida da sua culpabilidade.
d) Decisão criminal absolutória por insuficiência de provas impede rediscussão, em âmbito civil, de pretensão
de reparação de danos.
e) O incapaz responderá pelos danos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem a obrigação
de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
4. (CESPE / PGE-PE – 2018) Em razão da premente necessidade da entrega das mercadorias que
transportava, o motorista contratado pela empresa de transporte conduziu o veículo de carga em alta
velocidade, vindo a colidir com outro veículo, o que causou a morte do condutor desse veículo. Nesse caso,
a responsabilidade do empregador é objetiva,
a) desde que provado que o empregado estava em horário de trabalho.
b) mas depende da prova da culpa in elegendo.
c) mas depende da prova da culpa in vigilando.
d) estando de acordo com a teoria da substituição.
e) independentemente de prova da conduta culposa do empregado.
5. (FCC / PGM-Caruaru (PE) – 2018) Segundo o Código Civil, o incapaz
a) não responde em nenhum caso, sendo relativa ou absolutamente incapaz, só tendo lugar indenização
contra ele se, sendo relativamente incapaz, escondeu dolosamente sua idade, hipótese na qual será
responsabilizado solidária e diretamente com seus responsáveis legais.
b) responde solidariamente, de forma direta, com seus responsáveis legais, não tendo qualquer atenuação
se for relativamente incapaz e não podendo ser privado de meios mínimos de subsistência se for
absolutamente incapaz, caso em que a indenização será equitativa.
c) não responde em nenhum caso se for absolutamente incapaz, respondendo subsidiariamente, se for
relativamente incapaz, em relação a seus responsáveis legais.

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d) responde solidariamente, de forma direta, com seus responsáveis legais, mas não pode ser privado de
meios de subsistência mínimos, nem seu núcleo familiar.
e) responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo
ou não dispuserem de meios suficientes; a indenização será equitativa e não pode privar do necessário o
incapaz ou as pessoas que dele dependem.
6. (FCC / DPE-MA – 2018) Alexandre trabalha como motorista de passageiros por meio de aplicativo
para aparelhos celulares, pelo qual os usuários solicitam a corrida e realizam o pagamento por meio
eletrônico à operadora do aplicativo. Em uma de suas corridas, Alexandre veio a se envolver em um
acidente, causando danos para o passageiro. Neste caso, Alexandre
a) somente terá responsabilidade pelos danos causados aos passageiros caso seja provado o seu dolo ou
culpa grave.
b) não tem qualquer responsabilidade pelos danos causados ao passageiro, pois a responsabilidade é
exclusiva da operadora do aplicativo.
c) somente terá responsabilidade pelos danos causados ao passageiro caso seja provado o seu dolo ou culpa,
de qualquer grau.
d) tem responsabilidade objetiva pelos danos causados ao passageiro, salvo caso fortuito ou força maior.
e) tem responsabilidade objetiva pelos danos causados ao passageiro, mesmo diante de caso fortuito ou
força maior.
7. (CESPE / DPE-PE – 2018) Daniel, em 2010, com quinze anos de idade, sem que seu pai Douglas
soubesse, pegou o carro da família e saiu para se divertir. Alcoolizado, Daniel atropelou Ana na faixa de
pedestre, que, em decorrência do atropelamento, perdeu uma das pernas. Em 2016, Douglas foi absolvido
no processo penal, em sentença transitada em julgado, por ausência de provas em relação a sua culpa no
atropelamento causado por seu filho Daniel.
Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Douglas é civilmente responsável pelo ato praticado por Daniel, de maneira objetiva, independentemente
de culpa.
b) Tendo decorrido mais de três anos da data do acidente, a pretensão de indenização cível de Ana está
prescrita.
c) A absolvição de Douglas no processo penal faz coisa julgada no processo cível, de modo que Ana não
poderá mais acioná-lo civilmente.
d) Caso seja responsabilizado civilmente pelo ato, Douglas poderá reaver do seu filho Daniel, responsável
pelo acidente, o valor pago.
e) Ana poderá ajuizar ação para pleitear danos morais e materiais, mas não danos estéticos isoladamente:
dano moral já engloba dano estético.
8. (FCC / TJ-SC – 2017) Joaquim, transitando por uma rua, foi atingido por tijolos, que caíram de um
prédio em ruína, cuja falta de reparos era manifesta, sofrendo graves lesões e ficando impedido de
trabalhar, experimentando prejuízos materiais na ordem de R$ 100.000,00 (cem mil reais), deles fazendo
prova. Ajuizada ação, defendeu-se o proprietário alegando que desconhecia a necessidade de reparos
porque há muito tempo, já́ idoso, residia em uma casa de repouso, achando-se referido imóvel
abandonado e sujeito a invasões.

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No curso do processo, Joaquim faleceu, requerendo seus herdeiros habilitação, pretendo receber o que
fosse devido a Joaquim. No caso, a responsabilidade do proprietário é
a) objetiva e a alegação de abandono em razão de idade não aproveita ao réu, mas os direitos do autor não
se transmitem a seus herdeiros, porque personalíssimos, devendo o processo ser extinto sem resolução de
mérito.
b) subjetiva, devendo ser provada a culpa do réu pela ruína do prédio, transmitindo-se o direito do autor a
seus herdeiros, incidindo juros.
c) objetiva e a alegação de abandono em razão da idade não aproveita ao réu, devendo a ação ser julgada
procedente, incidindo juros e transmitindo-se os direitos do autor aos seus herdeiros.
d) objetiva, mas o réu tem a seu favor suas alegações, que devem ser acolhidas como excludente de
responsabilidade, julgando-se a ação improcedente, mas se for julgada procedente, por falta de prova das
alegações do réu, o direito do autor se transmite a seus herdeiros, incidindo juros.
e) subjetiva, porém, a manifesta necessidade de reforma implica presunção de culpa, que poderá́ ser
infirmada pelo réu, mas os direitos do autor se transmitem aos seus herdeiros, vencendo juros, caso o pedido
seja julgado procedente.
9. (VUNESP / MP-SP – 2017) Todos aqueles que, por ato ilícito, causarem dano a quem quer que seja
deverão pessoalmente reparar esse dano causado. No entanto, além daquele que pessoalmente tenha
cometido o ato ilícito, o Código Civil brasileiro estabelece algumas outras hipóteses em que terceiros
podem ser corresponsabilizados. Assinale a alternativa que indica corretamente as hipóteses de
corresponsabilização civil no Brasil.
a) Os pais, os tutores e curadores, os empregadores ou comitentes, os donos de hotéis e assemelhados e
aqueles que houverem participado nos produtos dos crimes.
b) Os pais e os alimentantes sem parentesco, os tutores e curadores, os empregadores ou comitentes e os
donos de hotéis e assemelhados.
c) Os pais, os alimentantes sem parentesco, os tutores, os curadores, os representantes legais de empresas
e os mandatários.
d) Os pais, os alimentantes sem parentesco, os tutores, os representantes legais de empresas, os
mandatários e os membros de conselhos.
e) Os pais e os alimentantes que tenham ou não parentesco, os representantes legais de empresas, todos e
quaisquer mandatários.
10. (CESPE / PGE-SE – 2017) Caso um motorista de concessionária de serviço de transporte coletivo
atropele um ciclista, a responsabilidade civil dessa concessionária será subjetiva, haja vista o fato
11. (CESPE / DPU – 2017) A recusa injustificada da operadora de plano de saúde em autorizar cobertura
financeira de tratamento médico a que esteja contratualmente obrigada enseja indenização a título de
danos morais.
12. (TRT-4ª REGIÃO / TRT-4ª REGIÃO (RS) – 2016) Considere as assertivas abaixo sobre
responsabilidade civil.
I - É possível a responsabilização do incapaz pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis
não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

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II - O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança, podendo a


reparação ser cobrada integralmente do herdeiro.
III - A indenização é prestada, preferencialmente, em moeda corrente.
Quais são corretas?
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas II e III
e) I, II e III
13. (TRF / TRF-3ª Região – 2016) Marque a alternativa correta, observando a jurisprudência dominante
do Superior Tribunal de Justiça:
a) A simples propositura da ação de revisão de contrato inibe a caracterização da mora do autor.
b) Nas indenizações por ato ilícito, os juros compostos não são devidos por aquele que praticou o crime.
c) A evicção consiste na perda parcial ou integral da posse ou da propriedade do bem, via de regra, em virtude
de decisão judicial que atribui o uso, a posse ou a propriedade a outrem, em decorrência de motivo jurídico
anterior ao contrato de aquisição.
d) Os conceitos de onerosidade excessiva e de imprevisão são sinônimos, tendo o legislador civil deles feito
uso de modo indistinto.
14. (VUNESP / TJM-SP – 2016) Considere o caso hipotético. Antonio e Maria contrataram a prestação
de serviço de um laboratório particular para coletar células-tronco embrionárias do cordão umbilical de
seu filho que iria nascer, pagando previamente pelo serviço de coleta. Por ocasião do parto, o laboratório
foi avisado pelo casal, mas nenhum representante compareceu, deixando de coletar o material genético
que poderia ser usado, no futuro, em eventual tratamento da saúde do nascituro. Proposta ação
indenizatória pelos pais e a criança, assinale a alternativa que melhor soluciona a questão.
a) Os pais têm direito à indenização por danos materiais e os três a danos morais, não se falando na perda
de uma chance, ou dano hipotético, que só ocorreria se a criança fosse vir a necessitar do material coletado
no futuro.
b) Os pais têm direito à indenização por danos morais e materiais e a criança a ser reparada pela perda de
uma chance de obter um proveito determinado ou de evitar uma perda, por ser a beneficiária do contrato
celebrado.
c) Apenas os pais são legitimados a receber indenização por danos morais, materiais e pela perda de uma
chance, uma vez que a criança não participou do contrato, tratando-se de mero dano hipotético.
d) Os três são legitimados a receber indenização por danos materiais, morais e pela perda de uma chance,
em razão da potencialização do dano.
e) Os pais têm direito apenas a serem reparados por danos materiais e a criança pelos danos morais ou pela
perda de uma chance, que se confundem, evidenciada por um dano certo, por evitar determinado prejuízo.
15. (TRT-2ª REGIÃO / TRT-2ª REGIÃO (SP) – 2016) Quanto à responsabilidade civil assinale a alternativa
INCORRETA:

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a) Sendo da própria atividade o risco de dano, o autor ficará responsável pela indenização civil
independentemente da aferição de culpa.
b) Decidido acerca da existência do fato e seu autor no juízo criminal, é vedado discutir-se tais questões no
juízo competente para resolver sobre a responsabilidade civil.
c) Sendo o dano desproporcional à gravidade da culpa do autor, o Juiz poderá reduzir o valor da indenização,
mas se o autor for menor, poderá deixar de fixá-la se privá-lo ou a seus dependentes do necessário.
d) O incapaz não responde pelos prejuízos que causar ainda que as pessoas por ele responsáveis não
disponham de meios suficientes para cumprir a obrigação.
e) O Juiz poderá fixar indenização a ser paga de uma só vez se do dano sofrido vier resultar defeito que
inabilite a vítima ao exercício de sua profissão.
16. (FAURGS / TJ-RS – 2016) Sobre a reparação de danos, é correto afirmar que
a) apenas a culpa concorrente da vítima é admitida como causa de redução da indenização pelo Código Civil,
constituindo exceção ao princípio da reparação integral.
b) se adota, segundo entendimento majoritário, a teoria do risco integral como fundamento da imputação
de responsabilidade, independente de culpa em razão de atividade de risco (artigo 927, parágrafo único).
c) todos os membros de um grupo, pela adoção da teoria da causalidade alternativa, podem ser
responsabilizados, quando não seja possível determinar, dentre eles, quem deu causa à lesão.
d) a responsabilidade pelo fato do animal é independente de culpa do seu dono ou detentor, não podendo
ser afastada mesmo quando ausente o nexo de causalidade.
e) o patrimônio do incapaz não pode servir ao pagamento da indenização, cabendo exclusivamente aos pais,
tutores ou curadores, conforme o caso, responder pelos danos que ele causar.
17. (CESPE / PGE-AM – 2016) A teoria da responsabilidade civil objetiva aplica-se a atos ilícitos
praticados por agentes de autarquias estaduais.
18. (CESPE / PGE-AM – 2016) Constitui ato lícito a ação de destruir o vidro lateral de veículo alheio, de
alto valor comercial, a fim de removê-lo das proximidades de local onde se alastrem chamas de incêndio.
19. (FUNDATEC / PGM-Porto Alegre (RS) – 2016) Sobre responsabilidade civil, é correto afirmar que:
a) Na fixação da indenização, deve-se atentar que os lucros cessantes observam o princípio da causalidade,
ao passo que os danos emergentes não respeitam esse princípio.
b) Tendo em vista o princípio da reparação integral, aplica-se, no Direito brasileiro, quando da fixação do
montante indenizatório, a compensação dos danos com as eventuais vantagens obtidas pelo lesado
(compensatio lucri cum damno).
c) A responsabilidade pela perda de uma chance não é aplicável no Direito brasileiro, haja vista a inexistência,
no caso, de um efetivo dano.
d) Na responsabilidade civil extracontratual por ato ilícito, os juros moratórios contam-se desde a citação.
e) O ato ilícito é pressuposto de qualquer caso de responsabilidade civil.
20. (FCC / DPE-BA – 2016) De acordo com a jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça,
a) o Estado tem responsabilidade civil nos casos de morte de custodiado em unidade prisional, desde que se
prove a culpa in vigilando.

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b) a operadora de saúde não é responsável por eventuais falhas na prestação de serviços pelo profissional
credenciado.
c) a inclusão indevida do nome de consumidor em cadastro de proteção ao crédito gera dano moral
indenizável, desde que se comprove efetivo prejuízo extrapatrimonial.
d) as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a
fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
e) a falta de pagamento do prêmio do seguro obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos
Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) justifica a recusa do pagamento da indenização.
21. (CESPE / TRF-5ª Região – 2015) Juliana faleceu aos oito anos de idade, após ter sido atropelada por
um veículo oficial do Ministério da Fazenda. Os pais da criança, pessoas humildes e de baixa renda,
ajuizaram ação contra a União, requerendo indenização por danos materiais consistentes no pagamento
de pensão mensal.
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) A pensão mensal será devida aos pais da vítima a partir do dia em que esta completaria quatorze anos de
idade.
b) A pensão mensal no valor de dois terços do salário mínimo será devida aos pais da vítima desde a data do
falecimento desta.
c) A pensão mensal arbitrada somente deixará de ser paga quando ocorrer o óbito dos pais da vítima.
d) Gratificação natalina e décimo terceiro salário não farão parte da pensão fixada a título de indenização.
e) A pensão mensal no valor de um terço do salário mínimo será devida aos pais da vítima desde a data do
evento danoso.
22. (FCC / TJ-PI – 2015) O incapaz
a) responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo
ou não dispuserem de meios suficientes.
b) não responde com seus bens pelos prejuízos que causar, em nenhuma hipótese, se a incapacidade for
absoluta.
c) não responde com seus bens pelos prejuízos que causar, devendo suportá-los somente seus responsáveis.
d) apenas responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de
fazê-lo.
e) apenas responde com seus bens pelos prejuízos que causar, se a incapacidade cessar, ficando até esse
momento suspenso o prazo prescricional.
23. (TRT-21ª REGIÃO / TRT-21ª REGIÃO (RN) – 2015) Consoante a dinâmica da responsabilidade civil,
é correto afirmar, à luz da legislação pátria e da jurisprudência dominante nos Tribunais Superiores:
a) Ofensas indenizáveis, se possuírem mais de um autor, somente implicam responsabilização solidária nos
casos de obrigação indivisível, pois do contrário, cada autor responde de forma proporcional à extensão de
sua culpa.
b) Não se configura ilícito praticado em face de direito personalíssimo do empregado, a mera utilização de
sua imagem para fins comerciais, sem autorização, durante a jornada de trabalho, não se podendo falar em
reparação de dano moral por tal motivo.

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c) A incapacidade é elemento excludente da responsabilidade civil própria, o que não limita a possibilidade
de reparação perante os responsáveis legais pelo incapaz.
d) Na hipótese de responsabilidade extracontratual, os juros de mora são devidos desde a data do evento
danoso e não da citação.
e) O construtor tem responsabilidade exclusivamente perante o dono da obra, devendo este último
responder perante terceiros que, eventualmente, venham a sofrer danos decorrentes da execução da
mesma.
24. (FCC / TRT-23ª REGIÃO (MT) – 2015) Carlos foi vítima de golpe por meio do qual fraudadores
utilizaram-se de documentos falsos a fim de realizar operações bancárias em seu nome. Procurada por
Carlos, a instituição financeira afirmou não ter tido culpa pelo incidente, negando-se a restituir o prejuízo.
A negativa é
a) ilícita, configurando abuso do direito, decorrente da inobservância do princípio da boa-fé subjetiva, que
impõe às partes, dentre outros, o dever anexo de segurança, independentemente da existência do elemento
culpa.
b) lícita, pois, para caracterização do abuso do direito, é necessária a existência do elemento culpa.
c) lícita, por ausência de nexo de causalidade entre a atividade da instituição financeira e o prejuízo
experimentado por Carlos.
d) lícita, pois somente comete ato ilícito aquele que, por ação ou omissão voluntária decorrente de
negligência ou imprudência, viola direito e causa dano a outrem.
e) ilícita, configurando abuso do direito, decorrente da inobservância do princípio da boa-fé objetiva, que
impõe às partes, dentre outros, o dever anexo de segurança, independentemente da existência do elemento
culpa.
25. (FCC / TRT-15ªRegião – 2015) O motorista de um supermercado, dirigindo veículo da empresa e no
horário de trabalho, envolveu-se em acidente, do qual resultou a morte de ocupante de outro veículo, mas
foi absolvido na ação penal por insuficiência de prova. Sua culpa, entretanto, assim como os demais
requisitos para a responsabilização civil, foram provados em ação indenizatória movida pelo cônjuge e
filhos da vítima contra aquele motorista e seu empregador. Neste caso,
a) o motorista e seu empregador serão solidariamente responsáveis pela indenização.
b) somente o empregador será responsável pela indenização, porque o empregado foi absolvido no juízo
criminal.
c) somente o motorista será responsável pela indenização, se o seu empregador provar que diligenciou na
escolha do preposto e o vigiou, mas ambos serão solidariamente responsáveis se essa prova não for
realizada.
d) o motorista e seu empregador serão conjuntamente responsáveis pela indenização, sendo subsidiária a
responsabilidade do empregador.
e) não haverá obrigação de indenizar, porque a sentença penal absolutória eliminou a responsabilidade civil.
26. (FCC / TRT-23ª Região – 2015) Caminhão da Transportadora Ribeirão, conduzido por seu
empregado Lúcio, abalroou veículo pertencente a Paulo, que ajuizou ação pugnando pela condenação da
empresa. Esta será responsabilizada de maneira
a) subjetiva, se provado que Lúcio agiu com culpa.

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b) objetiva, independentemente de prova de que Lúcio agiu com culpa.


c) subjetiva, por culpa presumida, se provado que Lúcio agiu com culpa.
d) objetiva, se provado que Lúcio agiu com culpa.
e) subjetiva, por culpa presumida, independentemente de prova de que Lúcio agiu com culpa.
27. (TRT-8ª Região / TRT-8ª Região – 2015) Sobre a responsabilidade civil no Código Civil Brasileiro, é
CORRETO afirmar que:
a) O incapaz não responde pelos prejuízos que causar tendo em vista a responsabilidade dos pais ou
responsáveis.
b) Haverá obrigação de reparar o dano, através da averiguação de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
c) Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe
diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até
ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou,
ou da depreciação que ele sofreu.
d) O prejudicado não poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez, salvo se
demonstrado o estado de solvência do devedor.
e) Em caso de usurpação ou esbulho do alheio, quando não mais exista a própria coisa, a indenização será
estimada pelo seu preço ordinário, não sendo considerado o preço de afeição.
28. (FCC / TJ-SC – 2015) A vítima de um acidente automobilístico ajuizou, um ano após o fato, ação
indenizatória contra o condutor, a quem o proprietário confiara o veículo, ocorrendo imediatamente a
citação. Achando-se ainda o processo em curso, mas já passados quatro anos do acidente, a vítima propôs
ação indenizatória contra o proprietário do automotor, que, na contestação, alegou inviabilidade do
pedido, em razão da pretensão já deduzida contra o condutor, e prescrição. Nesse caso,
a) o juiz deverá extinguir o processo, porque a propositura da ação contra um dos devedores importa
renúncia do direito em relação ao outro.
b) ambas as alegações do réu encontram respaldo na lei.
c) nenhuma das alegações do réu deve ser acolhida.
d) apenas a alegação de inviabilidade do pedido, em razão da pretensão já deduzida contra o condutor, é
acolhível.
e) apenas a arguição de prescrição é acolhível.
29. (FCC / TJ-AL – 2015) A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito
a) determina indenização material, independentemente de comprovação de prejuízo.
b) não acarreta consequência pecuniária, se não houver dano moral.
c) rege-se pelo critério subjetivo, só sendo indispensável o dano.
d) rege-se pelo critério subjetivo, sendo indispensável o dano apenas quando configurado dolo.
e) independe de comprovação de culpa.
30. (FCC / TJ-AL – 2015) A responsabilidade civil pelo dano ambiental é

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a) subjetiva para pessoa física e objetiva para pessoa jurídica.


b) subjetiva, devendo haver comprovação de dolo ou culpa.
c) objetiva, bastando a comprovação de ação ou omissão, resultado e nexo de causalidade.
d) subjetiva, devendo haver comprovação apenas do dolo.
e) mista, a depender da espécie de lesão causada ao meio ambiente.
31. (FCC / TJ-CE – 2015) Praticado um ato jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício, levado a efeito
sem a devida regularidade, acarreta um resultado que se considera ilícito (FRANÇA, R. Limongi. Instituições
de Direito Civil. 4. ed., Saraiva, 1991, p. 891), pode-se afirmar que o agente
a) cometeu ato ilícito que só pode determinar indenização por dano moral.
b) incorreu em abuso do direito.
c) praticou ato ilícito, mas que não pode implicar qualquer sanção jurídica.
d) realizou negócio nulo.
e) realizou negócio anulável.
32. (CEFET / MPE-BA – 2015) Assinale a alternativa INCORRETA sobre a responsabilidade civil, segundo
o Código Civil Brasileiro:
a) Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo.
b) O incapaz pode ser responsabilizado pelos prejuízos que causar se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
c) A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência
do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.
d) O direito de exigir a reparação se transmite com a herança, mas não a obrigação de prestá-la.
e) Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
33. (FAPEC / MPE-MS – 2015) Tratando-se de indenização, é correto afirmar que:
a) A indenização é mensurada pela extensão do dano, inexistindo a possibilidade de sua redução pela via da
equidade.
b) O acidente que cause morte de filho menor, caso este não exerça trabalho remunerado, não é indenizável.
c) A teoria da causalidade adequada é aplicável na fixação da indenização.
d) Não se cumulam as indenizações por dano moral e dano material oriundos do mesmo fato.
e) Não se deduz o valor do seguro obrigatório da indenização judicialmente fixada.
34. (CESPE / DPU – 2015) Extinta a relação jurídica por culpa de uma das partes, a outra parte poderá́
pleitear indenização em face do que lucraria em investimento financeiro de risco com a manutenção da
relação jurídica desfeita.
35. (UEPA / PGE-PA – 2015) Sobre a responsabilidade civil, é correto afirmar que:
a) na responsabilidade civil decorrente do abuso de direito o ofensor não pratica ato ilícito, mas apenas se
excede no exercício de um direito respaldado em lei.

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b) de acordo com a jurisprudência predominante do STF, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de
direito privado, prestadoras de serviços públicos, é objetiva apenas relativamente a terceiros usuários do
serviço; não abrangendo os não-usuários, que devem provar a culpa das concessionárias e/ou
permissionárias.
c) de acordo com a jurisprudência predominante do STF, a indenização acidentária exclui a de direito comum
devida pelo causador do dano resultante de acidente do trabalho, de modo a evitar o bis in idem.
d) de acordo com a jurisprudência predominante do STJ, a anotação irregular em cadastro de proteção ao
crédito dá ensejo a indenização por dano moral, mesmo quando preexistente legítima inscrição.
e) não é possível ao STJ rever o valor da indenização por danos morais pelas instâncias ordinárias, por
aplicação da Súmula nº 7 daquele Tribunal Superior, ressalvadas as hipóteses em que esse valor se mostrar
ínfimo ou exagerado.
36. (COPS-UEL / PGE-PR – 2015) Com relação à responsabilidade civil no direito civil brasileiro
contemporâneo, é CORRETO afirmar que:
a) O abuso do direto pressupõe logicamente a existência do direito, embora o titular se exceda no exercício
dos poderes que o integram. Assim, quem alega a ausência de direito não pode validamente alegar a
existência de abuso de direito. E quem pretende indenização pelos danos decorrentes do exercício abusivo
de direito deve comprovar a culpa neste exercício abusivo de um direito existente.
b) Como a responsabilidade civil da Administração Pública é objetiva, não se lhe aplicam as excludentes de
responsabilidade por ausência de nexo de causalidade entre a conduta e o dano ou por inexistência de dano.
c) Em regra, o fundamento da responsabilidade civil extracontratual no direito brasileiro é uma atuação
culposa. Excepcionalmente, poderá haver imputação pelo risco.
d) Na responsabilidade civil contratual, a violação de deveres laterais impostos pelo princípio da boa-fé, tais
como os deveres mútuos de proteção, lealdade, informação e assistência, não gera o dever de indenizar
perdas e danos, mas tão somente a anulação do contrato.
e) Nos casos de deferimento judicial de indenização por danos morais decorrentes de ato ilícito, os juros de
mora contam-se a partir da citação.
37. (FUNDATEC / PGE-RS – 2015) Em relação à obrigação de indenizar, analise as seguintes assertivas:
I. O incapaz pode responder, equitativamente, por prejuízos por ele causados.
II. O pai pode ressarcir-se perante o filho, relativamente incapaz, pela indenização paga a terceiro por ato
cometido pelo seu descendente.
III. A obrigação de prestar reparação transmite-se com a herança.
IV. A responsabilidade civil independe da criminal, podendo se questionar quanto à existência do fato mesmo
quando esta questão se achar decidida no juízo criminal.
Quais estão corretas?
a) Apenas I e III.
b) Apenas II e III.
c) Apenas I, II e III.
d) Apenas I, II e IV.

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e) Apenas I, III e IV.


38. (FUNDATEC / PGE-RS – 2015) Assinale a alternativa correta.
a) O dano exclusivamente moral, provocado por omissão voluntária, não permite a caracterização de um
ilícito civil.
b) Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se as disposições pertinentes aos
defeitos do negócio jurídico.
c) Para a caracterização do ato ilícito por abuso de direito previsto no Código Civil é necessária a aferição de
culpa do autor do fato.
d) Só é considerado ilícito o ato que, exercido em excesso manifesto aos limites impostos pelos bons
costumes, necessariamente causar dano a alguém.
e) Constitui ilicitude civil a conduta de destruir coisa alheia para remover perigo iminente.
39. (FCC / DPE-MA – 2015) A respeito da responsabilidade civil, é correto afirmar:
a) A cláusula penal compensatória tem a finalidade de compensar os prejuízos causados pelo atraso no
cumprimento da obrigação avençada, ao passo que a cláusula penal moratória serve como forma de pré-
fixar o valor mínimo da indenização no caso de descumprimento da obrigação.
b) No contrato de transporte oneroso de pessoas, o transportador responde pelos danos causados às pessoas
transportadas, mas não responde por eventuais danos causados às bagagens transportadas caso haja
cláusula excludente da responsabilidade.
c) A responsabilidade extracontratual objetiva se caracteriza pela responsabilidade independentemente de
ter o causador do dano agido com dolo ou culpa, razão pela qual não pode ser afastada em razão de caso
fortuito ou de força maior.
d) O incapaz responde subsidiariamente pelos prejuízos que causar, somente caso seus responsáveis não
tenham obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes, mas a indenização deve ser fixada por
equidade e não poderá privar o incapaz do necessário para a sua manutenção.
e) Nas hipóteses em que o ato ilícito retira da vítima a oportunidade de obter uma situação futura melhor,
como por exemplo quando em razão do ato ilícito a vítima foi impedida de participar de um concurso público,
está diante de lucros cessantes, fazendo jus a indenização no valor dos salários que a vítima receberia caso
fosse aprovada no concurso.
40. (CESPE / DPE-PE – 2015) A respeito de obrigações e contratos, julgue o item abaixo, de acordo com
a jurisprudência do STJ.
Caso determinada rede de rádio, por informações veiculadas em sua programação, atinja a honra e a imagem
do próprio Estado, será admitida, nessa hipótese, ação indenizatória por dano moral pelo ente federativo
em desfavor da empresa de radiodifusão, devendo o locutor responder regressivamente se tiver agido com
dolo ou culpa. Nesse caso, se o locutor for economicamente hipossuficiente, deverá a DP atuar na defesa
dele.
41. (FCC / MANAUSPREV – 2015) Analise as proposições abaixo, a respeito da responsabilidade civil:
I. O médico, em regra, responde civilmente somente se o autor da ação fizer prova de dolo ou culpa.
II. O pai é objetivamente responsável pelos danos decorrentes de culpa do filho menor que estiver sob sua
autoridade e companhia.

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III. Não se responsabiliza o incapaz se os seus responsáveis tiverem obrigação de fazê-lo e dispuserem de
meios suficientes para tanto.
Está correto o que se afirma em
a) I e III, somente.
b) III, somente.
c) I, II e III.
d) I e II, somente.
e) II e III, somente.
42. (VUNESP / TJ-SP – 2014) No que se refere a indenização, assinale a opção correta.
a) A morte de filho menor que não exercia trabalho remunerado não poderá gerar indenização.
b) O soar de alarme nas saídas das lojas por si só acarreta o dever de indenizar o cliente.
c) Tendo em vista que a indenização se mede pela extensão do dano, o juiz somente poderá reduzir
equitativamente a indenização, havendo excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, no
caso de haver pedido expresso da parte.
d) Não gera o dever de indenizar o simples travamento de porta giratória nos estabelecimentos bancários
com usuário dentro.
43. (FMP / PGE-AC – 2014) É caso de responsabilidade subjetiva:
a) a dos pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
b) a do tutor pelo pupilo que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
c) a dos que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
d) a do incapaz se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de
meios suficientes.
44. (UFPR / DPE-PR – 2014) A respeito da Responsabilidade Civil no Código Civil de 2002, é correto
afirmar:
a) Ainda que a responsabilidade por fato de terceiro seja objetiva em relação aos pais, incumbe ao ofendido
provar a culpa do filho menor que estiver sob a autoridade ou em companhia daqueles e que seja o causador
do dano, com o que estará configurado o dever de indenizar.
b) Aquele que requerer em Juízo a busca e apreensão de determinado bem sem necessidade não pratica ato
ilícito, uma vez que apenas está exercendo seu direito constitucional de ação.
c) Os atos praticados em estado de necessidade são considerados lícitos, razão pela qual não obrigam o seu
autor a indenizar o dono da coisa deteriorada ou destruída, mesmo que este não seja culpado pela situação
de perigo que motivou a ação.
d) O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança, sendo ilimitada a
responsabilidade do sucessor a título universal.
e) Compreende-se no conceito de dano emergente aquilo que a vítima efetivamente perdeu e o que
razoavelmente deixou de ganhar com a ocorrência do fato danoso.

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45. (CESPE / PGE-BA – 2014) Acerca da responsabilidade civil, julgue os itens subsequentes, à luz da
jurisprudência dominante do STJ.
Na hipótese de indenização por danos morais ou materiais decorrentes do falecimento de ente querido, o
termo inicial da contagem do prazo prescricional é a data do óbito, independentemente da data da ação ou
da omissão.
46. (CESPE / PGE-BA – 2014) Acerca da responsabilidade civil, julgue os itens subsequentes, à luz da
jurisprudência dominante do STJ.
O espólio tem legitimidade para postular indenização pelos danos materiais e morais supostamente
experimentados pelos herdeiros.
47. (FCC / DPE-PB – 2014) Sônia é proprietária de uma pousada. Marina, sua, vizinha, cria codornas.
Segundo Sônia, o forte cheiro das codornas atrapalharia seu negócio. Por tal razão, com a intenção de
afugentar as codornas, mas também imaginando que poderia entreter seus clientes, passou, com
autorização do órgão ambiental, a criar corujas, as quais acabaram por dizimar as codornas. Sônia cometeu
ato
a) ilícito, pois agiu com dolo direto de matar as codornas, podendo Marina, em razão de tal fato, postular
indenização.
b) lícito, pois não é obrigada a tolerar atividade danosa a seus negócios.
c) lícito, pois a criação das corujas foi autorizada pelo órgão ambiental, podendo Marina, entretanto, em
razão dos prejuízos que experimentou, postular indenização.
d) ilícito, pois excedeu abusivamente os limites impostos pela boa-fé objetiva e pela finalidade social do
negócio, podendo Marina, em razão de tal fato, postular indenização.
e) imoral, porém lícito, uma vez que fundado em exercício regular do direito.
48. (FUNDATEC / Câmara Municipal-Porto Alegre (RS) – 2014) Assinale a alternativa correta a respeito
dos direitos dos contratos e da responsabilidade civil:
a) A sentença penal absolutória sempre afastará a responsabilidade na esfera cível.
b) A obrigação de reparação a o dano não se transmite com a herança.
c) É anulável a venda de ascendente a descendente, ainda que os outros descendentes e o cônjuge do
alienante expressamente houverem consentido.
d) Na compra e venda com reserva de domínio, o vendedor busca atenuar os efeitos da tradição, de modo
que conservará a propriedade para si até que o preço esteja integralmente pago.
e) Faculta-se ao comodatário o direito de recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da
coisa emprestada.
49. (FUNDATEC / Câmara Municipal-Porto Alegre (RS) – 2014) Assinale a alternativa correta em relação
aos institutos da propriedade e da responsabilidade civil:
a) Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à
União.
b) As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que
nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano,
exclusivamente se houver dolo por parte destes.

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c) Os rios, mares, estradas, ruas e praças são bens públicos de uso especial.
d) O titular de direito que, ao exercê-lo, exceder manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico
ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes, incidirá na hipótese de abuso de direito, porém não praticará
ato ilícito.
e) O empregador responderá civilmente pelos atos dos seus empregados, praticados no exercício do trabalho
que lhes competir, somente quando comprovada a sua culpa.
50. (NUCEPE-UESPI / PC-PI – 2014) Sobre a reparação civil, é CORRETO dizer que:
a) respondem os pais sobre atos lesivos causados por filho incapaz, mesmo que este não se ache sob sua
autoridade ou em sua companhia.
b) o empregador não é responsável por dano causado por empregado seu, quando diretamente não deu
ordens de execução.
c) as escolas respondem por danos causados em um aluno por outros alunos
d) os donos de hospedarias não respondem pelos danos que seus empregados causarem a seus hóspedes,
somente os donos de hotéis respondem por atos de seus empregados.
e) as pessoas jurídicas de direito privado só respondem subjetivamente por atos praticados por seus
funcionários.
51. (FUNRIO / IF-PI – 2014) No tocante a responsabilidade civil é correto afirmar que
a) haverá obrigação de reparar o dano, dependentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
b) o incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação
de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
c) os responsáveis não são responsáveis civilmente pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade
e companhia.
d) o dono, ou detentor, do animal não ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou
força maior.
e) aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
mesmo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
52. (PGR / PGR – 2013) Em matéria de danos materiais e/ou morais, o Superior Tribunal de Justiça vem
entendendo que:
I. O mero descumprimento contratual, em princípio, não enseja responsabilização ao pagamento de
indenização por danos morais, visto não passar de incômodo da vida em sociedade.
II. O roubo ou furto perpetrado contra a instituição financeira, com repercussão negativa ao cofre locado,
constitui risco assumido pelo fornecedor do serviço, haja vista compreender-se na própria atividade
empresarial, configurando, assim, hipótese de fortuito interno.
III. O endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito contendo vício formal, sendo
inexistente a causa para conferir lastro à emissão de duplicata, não responde pelos danos causados diante
de protesto indevido.

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IV. Legitimamente protestado o título de crédito, não cabe ao devedor, que paga posteriormente a dívida, o
ônus de providenciar a baixa do protesto em cartório, pois trata-se de relação de consumo, havendo dano
moral pela manutenção do apontamento.
Das proposições acima:
a) I e IV estão corretas;
b) II e III estão corretas;
c) III e IV estão corretas;
d) I e II estão corretas.
53. (MPE-SP / MPE-SP – 2013) Em tema de responsabilidade civil, assinale a assertiva INCORRETA.
a) A empresa locadora de veículos não responde civilmente pelos prejuízos causados pelo locatário a
terceiros, no uso do carro locado.
b) São responsáveis pela reparação civil o empregador ou comitente, por conduta de seus empregados,
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele.
c) São responsáveis pela reparação civil o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados que estiverem sob
sua autoridade ou em sua companhia.
d) O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força
maior.
e) São responsáveis pela reparação civil os pais, pelos atos de filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia.
54. (CESPE / DP-DF – 2013) Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, todas as pessoas jurídicas de
direito público e as de direito privado que integrem a administração pública responderão objetivamente
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
55. (MPT / MPT – 2012) À luz do Código Civil, assinale a assertiva CORRETA:
a) No caso de indenização por danos, se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o
seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do
trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu; porém, se o ofensor preferir, poderá exigir
que a indenização seja arbitrada para pagamento de uma só vez.
b) Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição fixando a indenização
devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que a lei processual determinar.
c) Em nenhuma circunstância constituirá ato ilícito a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
pessoa, a fim de remover perigo iminente.
d) Não comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelos bons costumes.
e) Não respondida.
56. (CESPE / TJ-BA – 2012) Acerca dos negócios jurídicos, assinale a opção correta.
a) Testamento é exemplo de ato jurídico stricto sensu, devendo, por isso, os efeitos conferidos pelo testador
estar em conformidade com a legislação.

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b) A gradação de culpa do agente não pode ser levada em conta para a configuração do ato ilícito ou para a
determinação da indenização dele decorrente.
c) De acordo com o Código Civil, não importa em anuência tácita o silêncio da locadora em relação à
correspondência a ela encaminhada pelos fiadores comunicando-lhe a intenção de se exonerarem da fiança
prestada.
d) A aferição de abusividade no exercício de um direito deve ser realizada pelo magistrado de forma objetiva.
e) Para os efeitos legais, não importa que a reserva mental seja ou não conhecida da outra parte contratante.
57. (FCC / DPE-PR – 2012) Sobre o Sistema de Responsabilidade Civil é correto afirmar:
a) No caso de atropelamento por veículo dirigido profissionalmente, a pretensão de reparação civil das
escoriações e fraturas sofridas, pelo pedestre, sob o prisma do Direito Civil, exigirá a prova da culpa do
motorista ofensor.
b) Moradora de Curitiba perdeu o horário para realização de prova de segunda fase de concurso realizado
em Manaus em razão de atraso no voo devido à greve dos pilotos de determinada companhia aérea. Esta
situação caracteriza o chamado dano reflexo ou por ricochete.
c) Pessoa embriagada, que atravessa larga avenida fora da faixa de segurança e correndo, vindo a ser
atropelada por motorista que trafegava acima do limite de velocidade, deve ser indenizada integralmente,
com base no princípio da restitutio in integrum.
d) Microempresário contrata as empresas X e Y para o transporte cumulativo de uma carga que deixa de ser
entregue em seu destino. Nesse caso, cada transportador deve responder pelo eventual descumprimento
do contrato relativamente ao respectivo percurso, podendo opor tratar-se de obrigação de meio.
e) Famoso artista de rua, que tem sua imagem veiculada em propaganda comercial sem sua autorização,
terá direito à indenização, independentemente da demonstração de seu prejuízo.
58. (FCC / DPE-PR – 2012) O absolutamente incapaz não responde pelos danos que causar, tendo em
vista a responsabilidade privativa de seus pais ou responsáveis.
59. (CESPE / DPE-SE – 2012) Acerca dos efeitos da responsabilidade civil extracontratual, assinale a
opção correta.
a) Embora a indenização por ato ilícito proveniente de dano extracontratual seja medida pela extensão do
dano, se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada com
base na gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
b) Como regra, a responsabilidade civil não passa da pessoa causadora do dano; assim, não havendo
determinação expressa do empregador para que seus empregados façam ou deixem de fazer alguma coisa,
não se pode responsabilizar o empregador pelos atos praticados por seus empregados, serviçais e prepostos,
no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele.
c) As vítimas de lesão ou de outra ofensa à saúde têm direito de exigir do ofensor tão somente as despesas
provenientes do tratamento, estendendo-se a obrigação de reparar os danos até o fim da convalescença,
independentemente do tempo, e, nesse caso, o lesado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja
arbitrada e paga de uma só vez.
d) Não comete ato ilícito civil aquele que, por ação voluntária, destrói coisa alheia a fim de remover perigo
iminente de dano, ainda que a ação não seja estritamente necessária, e o agente exceda os limites do
indispensável para a remoção do perigo.

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e) Mesmo que a responsabilidade civil independa da criminal, a lei veda que se questione, na esfera cível,
fato decidido no juízo criminal; por conseguinte, a sentença penal absolutória, independentemente do
motivo da absolvição, impede o processamento da ação civil de reparação de dano causado pelo mesmo fato
que tenha provocado a absolvição do agente provocador do ilícito.
60. (FGV / PC-MA – 2012) Claúdio se hospedou num hotel em Maranguape e deixou os seus pertences
pessoais no quarto. Ao retornar de um passeio pela cidade, foi surpreendido com os vários itens de sua
bagagem danificados por uma placa de gesso que havia se descolado do teto e caído. Ao se dirigir à Direção
do estabelecimento, soube que não seria ressarcido pelo hotel, pois o gerente desconfiava de um antigo
funcionário a quem iria atribuir a autoria e, portanto, responsabilidade pelo ilícito.
Considerando o fato narrado, assinale a afirmativa correta.
a) Os donos de hotéis são responsáveis, independentemente de culpa, pelos bens de seus hóspedes,
devendo, portanto, Cláudio ser ressarcido pelo hotel.
b) Somente comete ato ilícito, aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, e, portanto, o hotel não tem obrigação de indenizar Cláudio.
c) Como o hotel suspeita que o antigo funcionário seja o responsável pelo ilícito, haverá necessidade de
aguardar que o fato seja apurado no juízo criminal, para após analisar o fato no juízo cível.
d) O hotel não deve indenizar Cláudio, pois houve culpa exclusiva da vítima, já que ele deveria ter deixado,
aos cuidados do gerente, seus pertences pessoais para que houvesse essa garantia.
e) O hotel deve indenizar Cláudio, pois cometeu ato ilícito.
61. (PGR / PGR – 2011) No que se refere à responsabilidade civil por danos causados ao meio
ambiente:
I. Um mesmo fato pode originar ações diversas, visando a reparação do dano individual e a reparação do
dano coletivo;
II. Eventos da natureza não excluem a responsabilidade quando alguém cria uma situação que, se inexistente,
não levaria o evento natural a causar o dano;
III. Havendo pluralidade de autores, a responsabilidade é solidária, sendo possível acionar qualquer um deles
pela integralidade do dano;
IV. A responsabilidade objetiva por risco integral, quanto aos danos ambientais, não é pacifica na doutrina.
Das assertivas acima:
a) I e II estão corretas;
b) II e IV estão corretas;
c) Todas estão corretas;
d) Todas estão incorretas.
62. (CESPE / DPE-MA – 2011) Tendo em vista que o termo responsabilidade é utilizado em qualquer
situação em que alguma pessoa, natural ou jurídica, deva arcar com as consequências de um ato, fato ou
negócio danoso, assinale a opção correta a respeito da responsabilidade civil.
a) Os bens do responsável por ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano
causado, e o direito de exigir reparação, mas não a obrigação de prestá-la, transmite-se com a herança.

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b) Considere a seguinte situação hipotética. Marco, que presta serviços de “passeio com animais”, passeia,
três vezes por semana, com um cachorro da raça doberman, de propriedade de Thiago. Por ser tratar de um
cachorro de guarda, Marco foi orientado por Thiago a, sempre, nos passeios, fixar focinheira no cachorro.
Em um dos passeios, o referido animal, que estava sem a focinheira, atacou e mordeu uma pessoa que
passava no local. Nessa situação hipotética, apenas Thiago, o dono do animal, poderia ser demandado para
ressarcir o dano causado à vítima.
c) A responsabilidade civil independe da criminal, de modo que a sentença penal absolutória, por falta de
provas quanto ao fato, não tem influência na ação indenizatória, que pode revolver toda a matéria em seu
bojo.
d) Não constitui ato ilícito a destruição de coisa alheia para remover perigo iminente, e o dono da coisa,
ainda que não seja culpado do perigo, não tem direito à indenização do prejuízo que sofrer.
e) O empregador, exceto se comprovar que não há culpa de sua parte, responde pelos atos ilícitos dos
empregados no exercício do trabalho ou em razão dele.
63. (CESPE / DPU – 2010) A proibição de comportamento contraditório é aplicável ao direito brasileiro
como modalidade do abuso de direito e pode derivar de comportamento tanto omissivo quanto comissivo.
64. (CESPE / DPE-BA – 2010) No tocante à responsabilidade civil, julgue os itens seguintes.
O mero afastamento de filho de 16 anos de idade da casa paterna não é suficiente para elidir a
responsabilidade dos pais.
65. (CESPE / DPU – 2010) A exemplo da responsabilidade civil por ato ilícito em sentido estrito, o dever
de reparar decorrente do abuso de direito depende da comprovação de ter o indivíduo agido com culpa
ou dolo.
66. (CESPE / DPE-AL – 2009) Lucas, menor com dezessete anos de idade, pegou o carro de seus pais,
enquanto eles dormiam, e causou um acidente ao colidir no veículo de Eduardo.
Considerando essa situação hipotética, julgue os próximos itens com base na disciplina da responsabilidade
civil.
Ainda que provada a culpa de Lucas, seus pais não terão a obrigação de indenizar o dano provocado,
porquanto, nesse caso, não se pode falar em culpa in vigilando.
67. (CESPE / DPE-AL – 2009) Lucas, menor com dezessete anos de idade, pegou o carro de seus pais,
enquanto eles dormiam, e causou um acidente ao colidir no veículo de Eduardo.
Considerando essa situação hipotética, julgue os próximos itens com base na disciplina da responsabilidade
civil.
Em razão de a emancipação cessar a menoridade, predomina o entendimento de que, caso os pais tivessem
emancipado Lucas, ficaria afastada a responsabilidade deles pelos danos causados a Eduardo.
68. (FCC / DPE-MA – 2009) No tocante à disciplina da responsabilidade civil, é correto afirmar:
a) Os pais são responsáveis objetivamente pela reparação civil dos danos causados por filhos menores ou,
embora maiores de 18 anos, incapazes, ainda que estes não estejam sob sua autoridade e em sua companhia.
b) Para que ocorra a responsabilidade civil subjetiva, basta a existência de um dano material ou moral e de
uma ação ou omissão dolosa ou culposa.
c) Na responsabilidade civil objetiva, a culpa exclusiva do prejudicado afasta o dever de reparação do
causador do dano porque é causa de exclusão do dano.

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d) Na responsabilidade civil objetiva, a culpa exclusiva do prejudicado em nada altera a situação jurídica do
causador do dano, o qual responderá independentemente de culpa.
e) Na responsabilidade civil objetiva, não surgirá o dever de reparação do dano na hipótese de culpa exclusiva
da vítima por falta de nexo de causalidade entre a ação do agente e o dano sofrido.
69. (CESPE / DPE-AC – 2006) Catarina procurou a defensoria pública de seu estado para relatar que seu
filho, de 15 anos de idade, foi atropelado e ficou paraplégico em razão das lesões sofridas no acidente. O
veículo que o atropelou era dirigido por Diogo, de 16 anos de idade. Catarina afirmou que procurou o
proprietário do veículo, Vitor, pai de Diogo, para que ele a ajudasse com as despesas médicas e com a
aquisição de uma cadeira de rodas. Vitor se negou a auxiliar Catarina, alegando não ter qualquer
responsabilidade no caso, pois quem dirigia o carro no momento do acidente era seu filho. Com relação a
essa situação hipotética, assinale a opção correta, tendo a legislação pertinente como base.
a) Como o veículo não era dirigido por seu proprietário, nada pode ser feito quanto ao auxílio demandado
por Catarina a Vitor, e não há como pleitear qualquer indenização, haja vista Diogo ser menor de idade.
b) Por ter seu filho ficado paralítico e dada a não-participação de Vitor no acidente, o mais aconselhável é
que Catarina ajuíze ação requerendo o ressarcimento por danos morais, apenas.
c) Na situação em apreço, Vitor apenas responde pelos danos para os quais fique demonstrada a intenção
de Diogo de lesionar o filho de Catarina.
d) Na situação apresentada, Vitor responde pelos danos materiais e morais sofridos pelo filho de Catarina.
70. (FCC / PGE-SE – 2005) A pessoa jurídica de direito público interno que em seu laboratório produz
medicamentos, nesta atividade
a) não responde por vício ou defeito do produto, porque o serviço de saúde é considerado público e a
responsabilidade civil será regulada apenas pela Constituição Federal.
b) não pode ser considerada fornecedora, porque o adquirente dos medicamentos é mero usuário.
c) é considerada consumidora dos insumos utilizados na produção dos medicamentos.
d) não poderá ser considerada fornecedora nem consumidora, porque é vedada a presença do Estado no
mercado de consumo.
e) é fornecedora e sujeita-se ao Código de Defesa do Consumidor.
71. (FCC / PGE-MA – 2003) Cometendo ato ilícito o incapaz,
a) respondem, em qualquer hipótese, somente seus pais, tutores ou curadores, sem direito de regresso
contra o incapaz que estiver sob sua guarda e em sua companhia.
b) não responderá ele pelos prejuízos causados, que deverão ser ressarcidos por seus representantes e, na
impossibilidade destes, pelo Estado.
c) ele sempre responderá pelos prejuízos que causar até o limite de seu patrimônio.
d) responderão seus representantes que poderão reaver o que pagou, salvo se o causador do dano for
ascendente, descendente ou cônjuge absolutamente incapazes.
e) poderá ele responder pelos prejuízos que causar, pagando indenização equitativa e desde que não fique
ele próprio nem as pessoas que dele dependam privados do necessário.
72. (PGE / PGE-MS – 2003) Assinale a alternativa correta:

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a) A responsabilidade civil depende da criminal, podendo ser questionada a existência do fato constitutivo
ou sobre quem seja o seu autor, a não ser na hipótese de trânsito em julgado da decisão proferida no juízo
criminal, quando a matéria fática encontra-se sob o manto da coisa julgada;
b) Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz;
c) O dono ou detentor do animal ressarcirá o dano por este causado, mesmo na hipótese de força maior ou
culpa da vítima;
d) Não é responsável pela reparação civil o que participou gratuitamente no produto de crime, desde que o
valor que lhe coube não ultrapasse 20 (vinte) salários mínimos;
e) O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-las não se transmitem com a herança.
73. (CESPE / DPE-AM – 2003) Com referência à responsabilidade civil, julgue os itens que se seguem.
O estabelecimento comercial não será obrigado a indenizar proprietário de veículo furtado em via pública e
que tiver sido entregue ao serviço de manobrista do referido estabelecimento.
74. (CESPE / DPE-AM – 2003) Com referência à responsabilidade civil, julgue os itens que se seguem.
Em matéria de danos causados ao meio ambiente, a responsabilidade é objetiva, independe da existência de
culpa e se configura diante da prova do dano, da ação ou da omissão do causador e da relação de causalidade.
75. (CESPE / DPE-AM – 2003) Com referência à responsabilidade civil, julgue os itens que se seguem.
Os pais da vítima de morte em acidente de trânsito não são parte legítima para pleitear indenização por
danos materiais, em forma de pensionamento mensal, porque se presume que cabe aos pais sustentar os
filhos.
76. (CESPE / DPE-AM – 2003) Com referência à responsabilidade civil, julgue os itens que se seguem.
O estabelecimento bancário responde pelos danos causados a terceiro em decorrência de conta-corrente
aberta com documentos falsos.

GABARITOS
1. AL-GO A 11. DPU C
2. MP-PR D 12. TRT-4ª REGIÃO A
3. PGE-SP E 13. TRF-3ª Região C
4. PGE-PE D 14. TJM-SP B
5. PGM-Caruaru E 15. TRT-2ª REGIÃO D
6. DPE-MA D 16. TJ-RS C
7. DPE-PE A 17. PGE-AM C
8. TJ-SC C 18. PGE-AM C
9. MP-SP A 19. PGM-Porto Alegre B
10. PGE-SE E 20. DPE-BA D

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21. TRF-5ª Região A 52. PGR D


22. TJ-PI A 53. MPE-SP A
23. TRT-21ª REGIÃO D 54. DP-DF E
24. TRT-23ª REGIÃO E 55. MPT B
25. TRT-15ª Região A 56. TJ-BA CeD
26. TRT-23ª Região D 57. DPE-PR E
27. TRT-8ª Região C 58. DPE-PR E
28. TJ-SC C 59. DPE-SE A
29. TJ-AL E 60. PC-MA A
30. TJ-AL C 61. PGR C
31. TJ-CE B 62. DPE-MA C
32. MPE-BA D 63. DPU C
33. MPE-MS C 64. DPE-BA C
34. DPU E 65. DPU E
35. PGE-PA E 66. DPE-AL E
36. PGE-PR C 67. DPE-AL E
37. PGE-RS A 68. DPE-MA E
38. PGE-RS B 69. DPE-AC D
39. DPE-MA D 70. PGE-SE E
40. DPE-PE E 71. PGE-MA E
41. MANAUSPREV C 72. PGE-MS B
42. TJ-SP D 73. DPE-AM E
43. PGE-AC D 74. DPE-AM C
44. DPE-PR A 75. DPE-AM E
45. PGE-BA C 76. DPE-AM C
46. PGE-BA E
47. DPE-PB D
48. CM-Porto Alegre D
49. CM-Porto Alegre A
50. PC-PI C
51. IF-PI B

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