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Aula 13

Direito Civil p/ Magistratura Estadual


2020 (Curso Regular)

Autor:
Paulo H M Sousa
Aula 13

20 de Março de 2020

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Sumário

Considerações iniciais ........................................................................................................................................ 2

II. Espécies contratuais ....................................................................................................................................... 4

6. Empréstimo ................................................................................................................................................ 4

6.1. Comodato ................................................................................................................................................ 4

6.2. Mútuo ...................................................................................................................................................... 7

7. Prestação de serviço ................................................................................................................................... 9

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8. Empreitada ............................................................................................................................................... 14

9. Depósito ................................................................................................................................................... 24

9.1. Depósito voluntário ............................................................................................................................... 25

9.2. Depósito necessário .............................................................................................................................. 28

10. Mandato ................................................................................................................................................. 30

11. Comissão ................................................................................................................................................ 38

12. Agência e distribuição ............................................................................................................................ 41

13. Corretagem ............................................................................................................................................ 45

Legislação Pertinente ....................................................................................................................................... 47

Jurisprudência Correlata .................................................................................................................................. 53

Jornadas de Direito Civil ................................................................................................................................... 59

Resumo............................................................................................................................................................. 59

Considerações finais......................................................................................................................................... 68

Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 70

Lista de Questões ............................................................................................................................................. 97

Gabaritos ........................................................................................................................................................ 109

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Inicialmente, lembro que sempre estou disponível, para você, aluno Estratégia, no Fórum de Dúvidas do
Portal do Aluno e, alternativamente, também, nas minhas redes sociais:

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Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

Chegamos a uma das partes mais complicadas do Direito Civil. As espécies contratuais típicas reguladas pelo
CC/2002. Complicado porque eu vou tratar de uma série de contratos trazidos pelo Código, com muitas
regras para cada um deles, sem que necessariamente haja alguma conexão entre os temas.

Nos contratos vistos aqui, temos ainda outro complicador, que é a existência de variados contratos que têm
legislação especial própria ou que, a despeito das regras do CC/2002, têm regras específicas em outras
searas. Meu objetivo, evidentemente, não é esgotar esses tipos contratuais em extensão plena.

Sou mais contido. Vou me ater, basicamente, às disposições do CC/2002, juntamente com a jurisprudência,
os Enunciados do CJF e a doutrina. Isso já dá um caldo denso o suficiente para tão variados institutos.

Eu, que me agarro tanto à “lógica” do Direito Civil, terei de dar o braço a torcer aqui. Não há lá muita lógica
entre os contratos em si. Nada impede, porém, que enxerguemos as lógicas outrora vistas aqui também. A
classificação dos contratos é, por exemplo, providencial nesta aula, dado que várias nuances das espécies
contratuais se resolvem apenas pela memória do tipo de contrato diante do qual estamos.

Sua compreensão adequada facilita a compreensão das espécies contratuais, consequentemente. Assim,
ainda que não tenhamos uma lógica una nesta aula, é possível capturar alguns elementos da “lógica” do
Direito Privado que construímos ao longo do tempo.

Falo, em específico, do Direito das Obrigações. Se você tem bem assentadas as bases construídas quando da
análise do Direito das Obrigações, o caminho dos contratos será menos pedregoso. Inversamente, se você já
estava com problemas lá, haverá uma pedra no meio do caminho, com certeza. Minha recomendação?
Revisite o Direito das Obrigações, se sentir dificuldades nesses novos ares.

E qual é o ponto do seu Edital que eu analisarei nesta aula? Veja:

Contratos em espécie II

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DIREITO DOS CONTRATOS


II. ESPÉCIES CONTRATUAIS

6. EMPRÉSTIMO
O empréstimo é um gênero do qual se extraem duas espécies, o comodato e o mútuo. Comodato e mútuo
se distinguem pela coisa. Ao passo que o comodato é o empréstimo de coisa fungíveis, o mútuo é o
empréstimo de coisas fungíveis.

Comum é se confundir essas duas espécies com a locação, outra modalidade de “empréstimo”. Muitos
autores tentam distinguir a locação do empréstimo lato sensu, sem atentar para as espécies, mas não é
possível fazer isso.

Distingue-se a locação do comodato pela onerosidade e gratuidade respectivas; vale dizer, aquela é onerosa,
ao passo que este é gratuito. Distingue-se a locação do mútuo pela infungibilidade e fungibilidade
respectivas; vale dizer, aquela é de bem infungível, ao passo que este é de bem fungível.

Assim, inoportuno distinguir o empréstimo da locação, uma vez que as distinções variarão conforme a
espécie de empréstimo, comodato ou mútuo. Em comum, ambas as espécies de empréstimo tratam de
contratos reais, que exigem a tradição da coisa para sua perfectibilização.

Além disso, não me parece adequado conceituar ambas as espécies de empréstimo pela gratuidade, já que
o mútuo é tanto gratuito quanto oneroso. A distinção é outra, como eu disse ao início.

6.1. COMODATO
O art. 579 estabelece que o comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis
(empréstimo de uso). Por isso, possível comodato tanto de bens móveis quanto de bens
imóveis. A doutrina ainda aponta a possiblidade de comodato de bens fungíveis, quando se
destinam eles à mera ornamentação (comodato ad pompam vel ostentationem).

Esse é um contrato real, pois se exige que o bem seja transferido ao comodatário, não bastando
apenas o consentimento. Também é um contrato não solene, já que inexigida formalidade específica.

Trata-se de contrato pessoal (intuito personae), esclarece a doutrina. Não à toa, veja que, segundo o art. 580,
tutores, curadores e em geral todos os administradores de bens alheios não poderão dar em comodato, sem
autorização especial, os bens confiados à sua guarda. Isso porque o comodato efetuado por quem apenas
administra bem alheio quebra, em certa medida, o caráter pessoal do pacto.

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Portanto, são três os elementos fundamentais do comodato: gratuidade, infungibilidade do objeto e a


necessidade de tradição. Por conta da gratuidade, o comodatário não poderá jamais recobrar do comodante
as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada, por força do art. 584.

(FCC / TRT-23ª Região – 2015) Luiz Henrique emprestou a Cláudio, sem nenhum ônus, obra de arte
assinada pelo respectivo autor, a qual ficou exposta na sala de sua residência. A residência, durante
uma tempestade, foi atingida por um raio e se incendiou. Durante o incêndio, Cláudio houve por
bem salvar outras obras de arte, de sua propriedade, por possuírem maior valor. Considerada a
situação descrita, analise:

I. O contrato celebrado entre Luiz Henrique e Cláudio chama-se comodato, o qual tem por objeto bem
infungível, como é o caso da obra de arte assinada pelo respectivo autor.

II. O empréstimo de bem fungível ou infungível é um contrato de natureza real, perfazendo-se com a
entrega do objeto.

III. Cláudio não será obrigado a indenizar Luiz Henrique pelo perecimento da obra de arte, tendo em
vista que o caso fortuito e a força maior afastam o nexo de causalidade, o qual é pressuposto para a
responsabilização civil.

IV. Independentemente do dever de indenizar, Cláudio poderá recobrar de Luiz Henrique as despesas
feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.

Está correto o que consta APENAS em

A. III e IV.

B. I e III.

C. I e II.

D. II e IV.

E. I, II e III.

Comentários

O item I está correto, como se extrai do art. 579: “O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não
fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto”.

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O item II está correto, pela conjugação do art. 579, supracitado, com o art. 586 (“O mútuo é o
empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em
coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade”).

O item III está incorreto, de acordo com o art. 583: “Se, correndo risco o objeto do comodato
juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do
comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força
maior”.

O item IV está incorreto, consoante regra do art. 584: “O comodatário não poderá jamais recobrar do
comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada”.

A alternativa C está correta, portanto.

A doutrina se divide a respeito da possiblidade ou não de cobrança pelas benfeitorias realizadas pelo
comodatário, bem como sobre a existência de direito de retenção até seu ulterior pagamento. A controvérsia
me parece infundada, já que as “despesas” mencionadas pelo dispositivo se relacionam com a manutenção
da coisa hígida para seus fins. Benfeitorias são acréscimos e, portanto, devem ser indenizadas pelo
comodante, sob pena de enriquecimento sem causa e violação da boa-fé objetiva.

O art. 585 excepciona a regra de a obrigação não ser solidária. Ele estabelece que, se duas ou
mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente
responsáveis para com o comodante. Eis aí mais um caso de solidariedade passiva estabelecida
por lei.

Quais são as obrigações do comodatário?

A) Conservação da coisa
• O comodatário deve zelar pela coisa como se fosse sua (art. 583);
• Mesmo em caso de força maior, o comodatário responde pelo dano, se, em caso de risco, ele
privilegiar a segurança de seus bens próprios.
B) Usar a coisa de forma adequada
• O bem só poderá ser usado para a finalidade e de acordo com os termos do contrato de comodato
(art. 582), sob pena de resolução do pacto;
• Se o contrato for omisso quanto à finalidade, deve ser entendido que a coisa foi emprestada para
ser utilizada de acordo com sua natureza.
C) Restituir a coisa emprestada no momento devido
• O comodatário deve restituir o bem no prazo (art. 581);
• Se não houver prazo expresso, deve ser restituído no prazo necessário para a finalidade para a qual
foi emprestado;
• O comodante não pode exigir o bem antes do termo do contrato, exceto se ele comprovar
necessidade urgente e imprevista para exigi-lo antes;
• O comodatário que descumpra a obrigação de devolver o bem no prazo fica em mora e, portanto,
deve pagar aluguel (art. 582).

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Veja que, em caso de comodato com prazo determinado, a mora é automática (mora ex re, aplicável pela
regra do dies interpellat pro homine). Inversamente, no comodato com prazo indeterminado, imprescindível
a interpelação do comodatário (mora ex personae). Em quaisquer casos, esbulhada a posse pelo
comodatário, ante o abuso de confiança, cabível a reintegração de posse em favor do comodante, cumulada
com o aluguel.

Veja que esse aluguel também tem caráter de pena, como na locação. Por isso, o Enunciado 180 da III Jornada
de Direito Civil prevê que a regra do parágrafo único do art. 575, que autoriza a limitação pelo juiz do aluguel-
pena arbitrado pelo locador, aplica-se também ao aluguel arbitrado pelo comodante, autorizado pelo art.
582.

6.2. MÚTUO
Embora ambos sejam espécies do gênero empréstimo, o comodato e o mútuo apresentam algumas
diferenças:

A) Fungibilidade
• Comodato é o empréstimo de coisas não fungíveis e mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis
(art. 586).
B) Restituição
• No comodato, a pessoa tem de devolver a coisa ao comodante ao final do comodato; no mútuo,
como o bem emprestado é fungível, o mutuário tem que entregar um bem que tenha as mesmas
características do que o recebido (gênero, qualidade e quantidade), mas não necessariamente o
mesmo recebido;
• Assim, no mútuo, o domínio do bem é transferido ao mutuário (art. 587).
C) Gratuidade
• O mútuo tanto pode ser gratuito (livro emprestado a um amigo), como também oneroso (como no
empréstimo bancário, caso no qual presumem-se devidos juros, segundo o art. 591).

Tal qual o comodato, o mútuo é também um contrato não solene (não se exigindo forma específica), real (só
se aperfeiçoa com a entrega da coisa), nos termos do art. 587. Também se classifica como um contrato
unilateral (em regra não exige contraprestação, salvo no mútuo a juros) e comutativo (já que que as partes
conhecem a extensão da prestação).

Por ser um contrato real, correm por conta do mutuário todos os riscos da coisa a partir da
tradição (contrato translativo de propriedade). Atenção, porém, porque sendo destinado a
fins econômicos, presumem-se devidos juros ao mutuante, permitida a capitalização anual.

Presume-se o mútuo oneroso, portanto, em sendo ele destinado a fim econômico. O Enunciado 34 da I
Jornada de Direito Civil vai exatamente no mesmo sentido, estabelecendo que quaisquer contratos de mútuo
destinados a fins econômicos presumem-se onerosos, ficando a taxa de juros compensatórios limitada ao
disposto no art. 406, com capitalização anual.

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Especificamente ainda quanto ao mútuo feneratício, remeto você à aula sobre o inadimplemento das
obrigações. Lá, destaquei e minudenciei exaustivamente as variadas regras legais e a jurisprudência a
respeito dos limites e possibilidades sobre juros, multa, correção monetária, comissão de permanência e
demais encargos típicos desse tipo de avença.

Pode-se convencionar o mútuo por qualquer prazo. Não se o tendo convencionado, o prazo será, segundo
o art. 592:

I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como
para semeadura;

II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;

III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.

Fica a curiosidade. Se a ordem do art. 592 denota a prioridade do legislador e a relevância dos bens jurídicos,
a norma estampa o caráter ainda marcadamente agrário da sociedade brasileira. O dispositivo é cópia do
revogado CC/1916, ou seja, mantém um pé fincado num passado que ainda é bastante presente, apesar do
quase século que separa ambas as codificações.

Mas, e qual é o prazo prescricional para cobrança de dívida oriunda de mútuo? Depende. De quê? Se o
mútuo é cartularizado ou não. Se cartularizado em instrumento, público ou particular, prescreve a pretensão
de cobrança no prazo quinquenal do art. 206, §5º, inc. I (“dívidas líquidas constantes de instrumento público
ou particular”). Se meramente verbal, não há que se falar em “instrumento”, pelo que inaplicável o
dispositivo, mas o prazo geral decenal do art. 205. É a posição do STJ, inclusive (REsp 1.510.619/SP)

O art. 588 estabelece que o mútuo feito a menor, sem prévia autorização de seu responsável,
não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores. Trata-se de obrigação natural,
destituída de pretensão processual, ou seja, há obrigação (Schuld), mas não há correspondente
responsabilidade (Haftung).

Porém, excepcionalmente, o art. 589, em seus incisos, torna repetível o pagamento, no caso
de mútuo feito a menor (absoluta ou relativamente incapaz, não importa):

I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar


posteriormente;

II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os
seus alimentos habituais;

III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor
não lhes poderá ultrapassar as forças;

IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor;

V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente.

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Por fim, em havendo mudança notória na situação econômica do devedor, o mutuante pode exigir do
mutuário garantia de que poderá cumprir sua obrigação de pagar o mútuo (por força do art. 590, seguindo
orientação de proteção ao credor, prevista no art. 333). Não apresentando garantia real ou fidejussória,
vence antecipadamente o contrato.

7. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
O Código Civil, segundo o art. 593, regula a prestação de serviços residual, ou seja, o trabalho
avulso feito por pessoa física ou jurídica e o trabalho dos profissionais liberais, que não sejam
regidos por legislação trabalhista ou especial.

Vale dizer, se o serviço prestado se enquadra na legislação trabalhista, trata-se de contrato de


trabalho; se o serviço prestado se enquadra na lei especial de corretagem imobiliária, trata-se
de contrato de corretagem; e assim por diante. Somente se o serviço prestado não se enquadrar em
nenhuma outra hipótese ele será verdadeiramente considerado um contrato de prestação de serviços.

Nada obstante, as regras do contrato de prestação de serviço são subsidiárias em relação aos demais
contratos nos quais há... prestação de serviços, mas que são regidos por leis próprias. Evidentemente, desde
que com elas não conflitem, como nos casos da comissão, agência e distribuição, corretagem, trabalho e,
mais relevante, serviços prestados no âmbito da legislação consumerista.

Desde que respeitados os pressupostos e requisitos para os negócios jurídicos, qualquer espécie de serviço
pode ser objeto do contrato de prestação de serviço, nos termos do art. 594. Qualquer serviço lícito pode
ser objeto do contrato, evidentemente, sob pena de nulidade.

Assim, nulo é o contrato no qual me obrigo a entregar drogas do traficante ao usuário, ante a ilicitude do
objeto (ainda que o objeto imediato, a prestação, seja lícita, o objeto mediato, a coisa, é ilícito). Igualmente
nulo é o contrato no qual me obrigo a matar alguém (o objeto imediato, a prestação, é ilícito, sendo
irrelevante a licitude do objeto mediato, a coisa, que pode ser uma faca, lícita, ou uma arma de fogo de uso
restrito, ilícita).

Como se classifica o contrato? Essa espécie de contrato é bilateral, não solene, oneroso, pessoal
(personalíssimo ou intuitu personae) e por tempo determinado. Passo a analisar cada uma dessas
classificações.

Bilateral porque o tomador de serviços é credor dos serviços e devedor da remuneração, ao passo que o
prestador, inversamente, é credor da remuneração e devedor dos serviços.

Apesar de não solene, se escrito o contrato, mas qualquer das partes não souber ler nem escrever, o
instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas. De qualquer forma, não se exige
forma específica, nem mesmo escrita. Trata-se de “lógica” do Direito Civil, já que é frequente a contratação
de prestadores verbalmente, na prática.

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(MPT / MPT – 2015) Em relação aos contratos, analise as assertivas abaixo:

1. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença
que a decretar retroagirão à data em que ocorrer a onerosidade excessiva.

2. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão (venda ad mensuram), ou
se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas,
o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar
a resolução do contrato, não havendo possibilidade de requerer o abatimento proporcional ao preço.

3. No contrato de prestação de serviços, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o
instrumento deverá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas.

4. Não sendo a venda a crédito, o vendedor é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço.

De acordo com as assertivas propostas, é CORRETO afirmar que:

A. apenas as assertivas 1, 2 e 4 estão incorretas;

B. apenas as assertivas 2, 3 e 4 estão incorretas;

C. apenas as assertivas 1 e 2 estão incorretas;

D. todas as assertivas estão incorretas.

E. Não respondida.

Comentários

A assertiva 1 está incorreta, conforme o art. 478: “Nos contratos de execução continuada ou diferida,
se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a
resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação”.

A assertiva 2 está incorreta, de acordo com o art. 500: “Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço
por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer
dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não
sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço”.

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A assertiva 3 está incorreta, segundo o art. 595: “No contrato de prestação de serviço, quando
qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e
subscrito por duas testemunhas”.

A assertiva 4 está incorreta, nos termos do art. 491: “Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é
obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço”.

A alternativa D está correta, portanto.

Veja-se que mesmo que não haja retribuição prevista (preço, remuneração ou salário civil), ela será fixada
por arbitramento, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade, prevê o art. 596. No
entanto, segundo o Enunciado 541 da VI Jornada de Direito Civil, o contrato de prestação de serviço pode
ser gratuito. Em realidade, a prestação de serviços gratuita seria contrato atípico, pelo que aplicáveis as
regras da prestação de serviços onerosa apenas subsidiariamente, dado o forte caráter de liberalidade
havido.

Pessoal porque, estabelece o art. 605, nem aquele a quem os serviços são prestados pode transferir a
outrem o direito aos serviços ajustados, nem o prestador de serviços, sem consentimento da outra parte,
pode dar substituto que os preste. Em geral, sem previsão expressa em contrário ou não sendo costumeiro,
o pagamento ocorrerá depois da prestação do serviço, na dicção do art. 597.

'O prazo limite para a prestação é de 4 anos, mesmo que o contrato tenha por causa o
pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de certa e determinada
obra. Se o serviço ultrapassar esse prazo, dar-se-á por findo contrato, mesmo que não
concluído o serviço. A proibição contida no art. 598 tenta evitar a prestação de serviços
perpétuas, semelhante à escravidão (nemo potest locare opus in perpetuam).

Inversamente, o Enunciado 32 da I Jornada de Direito Comercial tem previsão outra. Nos contratos de
prestação de serviços nos quais as partes contratantes são empresários e a função econômica do contrato
está relacionada com a exploração de atividade empresarial, as partes podem pactuar prazo superior a 4
anos, sem que isso constitua violação do disposto no art. 598. O entendimento, apesar de contra legem,
parece razoável, já que há grande impessoalização na contratação de serviços de uma pessoa jurídica por
outra, não havendo situação assemelhada à escravidão, nesse caso.

Se não houver prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do lugar,
qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato, de acordo com o art.
599. Em realidade, o comando legal é atécnico, uma vez que esse não é um caso de resolução (oriunda de
descumprimento), mas de extinção ope legis (por força de lei). Esse aviso se dará, segundo o parágrafo
único, com antecedência de:

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8 dias
• Se a retribuição se houver fixado por tempo de um mês, ou mais.

4 dias
• Se a contraprestação se tiver ajustado por semana, ou quinzena.

Véspera
• Quando se tenha contratado por menos de 7 dias.

Não se conta, nesse prazo, no entanto, o tempo em que o prestador de serviço, por culpa sua, deixou de
servir, a teor do art. 600. Assim, se o pedreiro não aparece na obra na segunda-feira, em razão dos excessos
do fim de semana, esse dia não é computado; se não aparece porque ficou doente, conta-se.

A prestação de serviços englobará todos os serviços que o prestador habitualmente satisfaz, salvo se tiver
sido serviço contratado para certo e determinado trabalho, por previsão do art. 601. Nesse caso, o
prestador não pode se ausentar ou se exonerar, sem justa causa, antes de preenchido o tempo, ou concluída
a obra, segundo o art. 602. Se o fizer, terá direito à retribuição vencida, mas responderá por perdas e danos,
consoante regra do parágrafo único.

Ao contrário, se o prestador for despedido sem justa causa, a outra parte será obrigada a pagar-lhe por
inteiro a retribuição vencida, mais a metade pelo restante do tempo, conforme regra do art. 603.

Se terminado o contrato, despedido sem justa causa, ou havendo outro motivo justo para deixar o serviço,
o prestador de serviço tem direito a exigir da outra parte a declaração de que o contrato está findo.

Em regra, o prestador de serviço deve ser habilitado para exercer o ofício. Porém, se não possuir título de
habilitação ou não satisfizer requisitos outros estabelecidos em lei (expert), não pode o prestador cobrar
a retribuição normalmente correspondente ao trabalho executado. De qualquer forma, se o
serviço beneficiar a outra parte, o juiz deve atribuir a quem o prestou uma compensação
razoável, desde que tenha agido com boa-fé, para evitar o enriquecimento sem causa.

Atente, porém, porque caso a proibição da prestação de serviço resultar de lei de ordem
pública, não se aplica a segunda parte do raciocínio anterior, deixa claro o parágrafo único do
art. 606. Assim, se alguém que não é formado em medicina realiza uma cirurgia, ainda que de
boa-fé, não pode ser retribuído nem mesmo judicialmente, já que há proibição legal para o exercício desse
ofício.

Em que pese o dispositivo homenagear a vedação ao exercício regular da profissão, tenho eu minhas dúvidas
a respeito de sua adequação. Se alguém, não formado em direito, de posse de uma inscrição falsa, me
defende em juízo e eu venço a causa, é justo que eu não tenha que retribuir valor algum? Ou seja, lucro sem
contraprestação alguma?

Parece-me haver, no caso, violação à vedação ao enriquecimento sem causa, nos exatos termos do que
pretende evitar o art. 606, parágrafo único. De outra banda, também inadequado retribuir o “falso
causídico”. Qual a solução? Talvez o recurso ao art. 883, parágrafo único, seja interessante.

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Caso eu pague para obter fim ilícito, não tenho direito à repetição. Mas quem recebe também não fica com
o pagamento. Faz-se o quê? “O que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de beneficência, a
critério do juiz”. Assim, o valor que eu deveria pagar ao prestador irregular se reverteria em favor de
estabelecimento de caridade.

A extinção desse contrato se dá, segundo o art. 607, por:

Morte de uma das partes Término do prazo do serviço

Conclusão da obra Rescisão mediante aviso prévio

Inadimplemento Força maior

Tenta-se evitar que os prestadores de serviços, obrigados a realizar dada prestação, sejam
“aliciados” por terceiros, trazendo prejuízos ao tomador de serviços. Como? O art. 608
estabelece que aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço
a outrem pagará ao tomador primário a importância que ao prestador de serviço, pelo
ajuste desfeito, houvesse de caber durante 2 anos.

Veja que quem paga a indenização não é o prestador de serviço aliciado, mas o aliciador, o terceiro, a
despeito de não ter ele entabulado relação contratual com o prejudicado. Ressalte-se que o critério objetivo
do art. 608 quanto à prefixação da indenização não impede nem tarifa os danos morais eventualmente
também cabíveis.

Há, nesses casos, responsabilidade do terceiro pela inexecução de um contrato se, com a sua ação culposa,
foi o cúmplice do seu inadimplemento. É o velho instituto da “sedução”, apenas com novo significante:
aliciamento. O art. 500 da Lei 556 (o Código Comercial) já previa instituto assemelhando desde 1850: “O
capitão que seduzir ou desencaminhar marinheiro matriculado em outra embarcação será punido com a
multa de cem mil réis por cada indivíduo que desencaminhar, e obrigado a entregar o marinheiro seduzido,
existindo a bordo do seu navio”.

Ambos os vocábulos remetem a “atrair”, ou seja, um terceiro, estranho ao contrato, “atrai” um dos
contratantes para si, seduz, alicia. É precisamente o mesmo sentido, tanto no art. 500 do CCom/1850 quanto
no art. 608 do CC/2002. Este, inclusive, traz redação semelhante ao revogado art. 1.235 do CC/1916: “Aquele
que aliciar pessoas obrigadas a outros por locação de serviços agrícolas, haja ou não instrumento deste
contrato, pagará em dobro ao locatário prejudicado a importância, que ao locador, pelo ajuste desfeito,
houvesse de caber durante quatro anos”.

A diferença entre o CCom/1850 e o CC/1916 é que a “sedução” ganhou conotação de atração sexual,
perdendo o significado mais genérico, daí o art. 500 soar engraçado contemporaneamente. A diferença entre
o CC/1916 e o CC/2002 é que não se fala mais em “locação de serviços”, mas em “prestação de serviços”, de
modo a afastar a ultrapassada categoria que ainda remetia à origem um tanto escravocrata do termo.

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Curioso notar como um vetusto instrumento, a “sedução” numa “locação de serviços”, hoje ganha ares
contemporâneos e se torna a relativização do princípio da relatividade dos efeitos, na chamada tutela
externa do crédito. Ou seja, a eficácia de um contrato para quem não contrata, o terceiro aliciador (se
preferir, o sedutor do locatário de serviços).

Inversamente à ressignificação dos significantes (novos sentidos para velhos termos) proposta pela
constitucionalização do Direito Civil, houve uma “significação dos ressignificantes” (velhos sentidos para
novos termos). Uma pequena prova de como o velho e o novo convivem no Direito Civil, contraditória e
complementarmente.

O objetivo da norma é bastante claro. Nem sempre encontrar bons prestadores de serviço é fácil. Quando
consigo, e o mantenho comigo, devo me proteger, o tomador de serviço, contra outros tomadores que,
aproveitando-se do meu “investimento”, aliciam o prestador para si.

E, por fim, o CC/2002 prevê regra específica de prestação de serviço agrícola. Segundo o art. 609, mesmo a
alienação do prédio agrícola, onde a prestação dos serviços se opera, não importa a rescisão do contrato,
resguardando-se ao prestador opção entre continuá-lo com o adquirente da propriedade ou com o primitivo
contratante.

Duplamente curioso o dispositivo. Primeiro, porque cria uma obrigação com eficácia real para quem adquire
imóvel rural, qual seja, a de se obrigar por força da compra a manter um contrato de prestação de serviços.
Segundo, porque cria uma opção, ao prestador de serviços, de natureza potestativa, qual seja, pode ele
optar por um ou outro, independentemente da vontade deles.

8. EMPREITADA

A. Disposições gerais

A empreitada é o contrato por meio do qual o empreiteiro, segundo Silvio Rodrigues:

Se compromete a executar determinada obra, pessoalmente ou por terceiros, em troca de certa


remuneração fixa a ser paga pelo outro contraente – dono da obra -, de acordo com instruções
deste e sem relação de subordinação.

Ou seja, trata-se de um contrato de prestação de serviço peculiar, com características tão próprias que com
ele não se confunde. É classificado com contrato bilateral, oneroso, não solene e impessoal.

Não obstante, pode a empreitada se tornar pessoal por força de contrato, quando o ajuste for feito em
consideração às qualidades pessoais do empreiteiro, segundo o art. 626. Do contrário, não o é, já que
mesmo com a morte do empreiteiro ou do dono da obra ele não se extingue.

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(CESPE / TRE-BA – 2017) Pedro, a fim de reformar seu imóvel, celebrou contrato de empreitada com
João, empreiteiro que lhe ofereceu o menor preço e se comprometeu a concluir a obra em três
meses. O contrato previa a prestação de serviços e o fornecimento de materiais, contudo, durante a
execução da obrigação, João faleceu. Pedro estava em mora.

À luz do Código Civil e do entendimento doutrinário sobre o tema, assinale a opção correta, acerca
dessa situação hipotética.

A. Os riscos correriam por conta de João até o momento da entrega da obra, já que Pedro estava em
mora.

B. A obrigação assumida por João é alternativa.

C. A obrigação assumida por João é de não fazer.

D. O fornecimento de materiais por João é presumido no contrato de empreitada.

E. O falecimento de João não implica a extinção do contrato.

Comentários

A alternativa A está incorreta, como prevê o art. 611: “Quando o empreiteiro fornece os materiais,
correm por sua conta os riscos até o momento da entrega da obra, a contento de quem a encomendou,
se este não estiver em mora de receber. Mas se estiver, por sua conta correrão os riscos”.

A alternativa B está incorreta, já que o enunciado deixou claro se tratar de obrigação cumulativa:
serviços E fornecimento de materiais.

A alternativa C está incorreta, obviamente, tratando-se de obrigação de fazer, nuclearmente.

A alternativa D está incorreta, na dicção do art. 610, §1º: “A obrigação de fornecer os materiais não se
presume; resulta da lei ou da vontade das partes”.

A alternativa E está correta, de acordo com o art. 626: “Não se extingue o contrato de empreitada pela
morte de qualquer das partes, salvo se ajustado em consideração às qualidades pessoais do
empreiteiro”.

A empreitada pode ser classificada de variados modos, e a partir de diversos critérios. Vou aqui elencar as
diversas empreitadas apontadas pela doutrina, sem, num primeiro momento, ater-me à classificação feita
pelo CC/2002:

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Empreitada a preço fixo, integral ou global

• O preço e a retribuição são estipulados para a obra inteira, sem se considerar o


fracionamento da atividade, ou seja, é uma empreitada global. Se se permitir variação do
preço, será uma empreitada global relativa; se não, será uma empreitada global
absoluta.

Empreitada ad mensuram, por medida ou parcial

• Fixa-se o preço de acordo com as etapas realizadas. Ou seja, a empreitada é fracionada


em relação à obra toda e, por isso, a remuneração é proporcional ao trabalho executado,
em etapas.

Empreitada a preço reajustável

• Cláusula que permite a alteração do preço em consequência da variação dos materiais


e/ou da mão de obra.

Empreitada por preço máximo

• Há um limite de preço que não pode ser ultrapassado pelo empreiteiro.

Empreitada a preço de custo

• O empreiteiro realiza o trabalho por certo preço preestabelecido, ficando responsável


por fornecer os materiais e a mão de obra, cujos valores são reembolsados pelo dono,
com margem de lucro àquele.

Parte da doutrina chama a empreitada por medida de empreitada marché sur devis, ao passo que a
empreitada por preço global se chamaria de empreitada marché à forfait. Há, aqui, porém, uma inadequação
técnica e outra linguística. Linguística porque devis se traduz literalmente por orçamento, ao passo que não
é esse o sentido da empreitada ad mensuram. Técnica porque a distinção entre marché sur devis (preço por
orçamento) e marché à fortait (preço fixo) é aplicável a qualquer contrato, não apenas à empreitada.

A compra e venda pode ser marché sur devis ou marché à fortait, por exemplo. Não obstante, parte da
doutrina clássica ainda mantém essa terminologia praticamente napoleônica.

Inversamente, o CC/2002 estabelece duas espécies de empreitada no art. 610, numa perspectiva mais
tradicional. Há quem classifique de maneira distinta, mas isso me parece inadequado, em face da
classificação literal da norma. Demais classificações da empreitada podem ser vistas a partir daquela que fiz
logo mais acima. Quais são as espécies de empreitada reguladas pelo CC/2002?

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A) Empreitada de lavor
• O empreiteiro contribui apenas com seu trabalho.
B) Empreitada mista
• O empreiteiro contribui com mão de obra e materiais;
• Tem de estar expressamente prevista ou decorrer da lei (§1º);
• Quando o empreiteiro realiza o projeto, não se presume que se obrigou a executá-lo ou fiscalizá-lo
(§2º).

Veja que a regra do art. 610, §2º, corresponde precisamente à perspectiva prática das empreitadas. Se
contrato um engenheiro ou arquiteto para desenvolver o projeto de uma obra, ele não é responsável pela
execução ou fiscalização da obra em si. Posso contratar um arquiteto para o projeto, um engenheiro para a
execução e outro para a fiscalização (no caso de uma obra de vulto, evidentemente).

A diferença maior entre as duas hipóteses está no tratamento dos riscos. A empreitada mista, ou de lavor
e materiais, por se tratar de obrigação de resultado, atrai maiores riscos ao empreiteiro (a empreitada de
valor é, consequentemente, obrigação de meio). Não à toa, em termos práticos, essa empreitada costuma
ser substancialmente mais cara, dados os riscos bem mais altos envolvidos, que passam desapercebidos
pelas pessoas, em geral.

Primeiro, os riscos quanto à mão de obra. A regra é que o empreiteiro assume os riscos pela mão de obra
tanto na hipótese de empreitada de lavor quanto na empreitada mista. Trata-se de aplicação da regra res
perit domino, a boa e velha “lógica” do Direito Civil, novamente.

A coisa, no caso o “lavor”, a mão de obra, são do empreiteiro. Por isso, estabelece o art. 613
que se houver perecimento da coisa antes da entrega, sem culpa de qualquer das partes, o
empreiteiro de lavor perderá o direito à retribuição. Exceção ocorre quando o empreiteiro
provar que o perecimento ocorreu por problema nos materiais fornecidos pelo dono da obra
e que em tempo reclamara contra a sua quantidade ou qualidade.

Resumindo, se contrato empreiteiro de lavor, ele edifica, e o prédio cai, durante as obras, por causa de um
tremor de terras, perco os materiais e ele perde a mão de obra, consubstanciada na remuneração (eu
perderei meus materiais e ele terá trabalhado “de graça”). Se, porém, o prédio caiu porque edifiquei com
areia da praia, e o empreiteiro reclamou da qualidade do material, ainda assim ele fará jus à remuneração.
Nesse caso, o dono da obra amarga duplo prejuízo.

Segundo, os riscos quanto aos materiais. O art. 611 estabelece que os riscos pelos materiais correm por
conta do empreiteiro até a entrega da obra, tratando-se de empreitada mista. Assim, o dono da obra paga
o valor e recebe a obra pronta, sendo que todas as eventualidades ficam a cargo do empreiteiro.

A exceção fica por conta do dono da obra em mora, cujos riscos correm por si, então. Na sequência, o art.
612 estabelece que todos os riscos da coisa correm por conta do dono da obra, exceto aqueles em que o
empreiteiro teve culpa, em caso de empreitada de lavor.

Imagine uma obra de uma usina hidrelétrica ou de um estádio de futebol. São obras faraônicas. Imagine
essas duas obras em estágio final, nas quais o empreiteiro já injetou milhões ou mesmo bilhões. Um tremor

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de terra e toda a obra é obliterada. O risco, altíssimo, transmuta-se num prejuízo astronômico. Por isso a
remuneração do empreiteiro – e seu lucro – são substancialmente maiores que a mera soma dos materiais
e da mão de obra.

B. Obrigações do empreiteiro

A principal obrigação do empreiteiro é entregar a coisa no tempo e na forma acertados. Caso o empreiteiro
não cumpra as obrigações do contrato, fica sujeito à obrigação de reparar o prejuízo, conforme regra geral
do art. 389.

Por isso, se suspensa a execução da empreitada sem justa causa, responde o empreiteiro por perdas e
danos, nos termos do art. 624. Ele, porém, poderá suspender a obra, segundo os incisos do art. 625:

I - por culpa do dono, ou por motivo de força maior;

II - quando, no decorrer dos serviços, se manifestarem dificuldades imprevisíveis de execução,


resultantes de causas geológicas ou hídricas, ou outras semelhantes, de modo que torne a
empreitada excessivamente onerosa, e o dono da obra se opuser ao reajuste do preço inerente
ao projeto por ele elaborado, observados os preços;

III - se as modificações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e natureza, forem
desproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar com o acréscimo
de preço.

Responde o empreiteiro, subjetivamente, pelos materiais que recebeu, se por imperícia ou negligência os
inutilizar. Ademais, se o empreiteiro não atende às especificações contratadas, o dono da obra tem duas
alternativas:

A) rejeitar a coisa
• Art. 615
B) recebê-la com abatimento do preço
• Art. 616

Na empreitada de edifícios e outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais


e execução (empreitada mista) responderá pela solidez e segurança do trabalho, assim em
razão dos materiais como do solo, durante o prazo de 5 anos, segundo o art. 618 do CC/2002.
O prazo para a reclamação é decadencial, ao dono da obra em relação ao empreiteiro, de 180
dias, após o aparecimento do vício ou defeito, consoante leciona o parágrafo único.

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(FUNDATEC / PGM-Porto Alegre – 2016) Sobre o contrato de empreitada, é correto afirmar que:

A. Na empreitada de lavor, só́ há uma forma de fixação da remuneração: por medição.

B. A partir da entrega da obra, o empreiteiro dá garantia legal, pelo prazo irredutível de cinco anos, por
todo e qualquer risco que possa sofrer a obra pronta.

C. Na empreitada mista, os riscos dos bens empregados na obra são transferidos no momento da
contratação da empreitada.

D. A chamada empreitada meramente de lavor é regulada pelo contrato de prestação de serviço


(Código Civil, Art. 593 a 609) ou pela Consolidação das Leis do Trabalho, já́ que não se trata de
verdadeira e própria empreitada.

E. Se o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos destes materiais até a entrega
da obra, salvo em caso de modo do dono da obra em recebê-la.

Comentários

A questão, como comentei à época, deveria ser anulada, e foi, já que todas as alternativas estão
incorretas. Ainda assim, podemos analisar a questão tranquilamente.

A alternativa A está incorreta, conforme a leitura do art. 614 (“Se a obra constar de partes distintas,
ou for de natureza das que se determinam por medida, o empreiteiro terá direito a que também se
verifique por medida, ou segundo as partes em que se dividir, podendo exigir o pagamento na
proporção da obra executada”), que permite que o empreiteiro tenha direito à contraprestação que
também se verifique por medida, ou seja, não só.

A alternativa B está incorreta, dado que o art. 618 (“Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras
construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo
irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do
solo”) limita expressamente as situações nas quais a garantia vale.

A alternativa C está incorreta, já que os riscos são abrangidos até a entrega da obra, como prevê o art.
611: “Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos até o momento da
entrega da obra, a contento de quem a encomendou, se este não estiver em mora de receber. Mas se
estiver, por sua conta correrão os riscos”.

A alternativa D está incorreta, pela interpretação literal do art. 610: “O empreiteiro de uma obra pode
contribuir para ela só com seu trabalho ou com ele e os materiais”.

A alternativa E está incorreta. Estava correta, segundo o gabarito preliminar. Sua correção viria da
dicção do art. 611 do CC/2002, supracitado. Ocorre, porém, que há um erro no item, que prevê, na
parte final, que os riscos da empreitada correm por conta do empreiteiro até a entrega da obra, “salvo
em caso de modo do dono da obra em recebê-la”. Ao que parece, a pretensão do examinador era ter
dito “salvo em caso de MORA do dono da obra em recebê-la”. No entanto, não disse. E MODO, em
sentido técnico-jurídico rigoroso, é o equivalente a ENCARGO. Ou seja, lida de maneira direta, a

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questão diria algo assim: “Correm os riscos pelo empreiteiro, salvo no caso do encargo do dono da
obra”. Como apontei, ao final a banca acabou anulando a alternativa.

AQUI, HÁ GRANDE CONFUSÃO, DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL. GRANDE MESMO! POSSO


CONTAR NOS DEDOS DE UMA MÃO QUANTOS SÃO OS AUTORES E JULGADORES QUE SE VALEM
DESSE DISPOSITIVO DE MANEIRA ADEQUADA.

SE EU FOSSE UM EXAMINADOR MALDOSO, CERTAMENTE FARIA UMA QUESTÃO CAPCIOSA SOBRE


ESSE DISPOSITIVO. A LEITURA RASA FEITA PELA MAIORIA INDUZ A RACIOCÍNIOS EQUIVOCADOS, E
PERIGOSOS. VOU ME VALER, AQUI, DA COMPREENSÃO DO STJ E DO CJF A RESPEITO.

O ART. 618, CAPUT, FALA EM “PRAZO IRREDUTÍVEL DE CINCO ANOS”. PRAZO DE QUÊ? PRESCRIÇÃO? DECADÊNCIA?
SEGUNDO A JURISPRUDÊNCIA DO STJ, AINDA NA VIGÊNCIA DO CC/1916, NEM UMA COISA, NEM OUTRA. TRATA-SE
DE PRAZO DE GARANTIA. OU SEJA, O CONSTRUTOR GARANTE A SOLIDEZ E SEGURANÇA DA OBRA PELO QUINQUÊNIO. A
RESPONSABILIDADE DO EMPREITEIRO, NESSES CASOS, É OBJETIVA.

ESSA GARANTIA PODE SER EXERCIDA A QUALQUER TEMPO? NÃO. EM 180 DIAS. CONTADOS DE QUANDO? DO
“APARECIMENTO DO VÍCIO OU DEFEITO”, ESTABELECE O ART. 618, PARÁGRAFO ÚNICO, PARTE FINAL. AQUI ESTÁ O
PULO DO GATO QUE GERA A CONFUSÃO TODA.

PENSE NUMA SITUAÇÃO CONCRETA. COMPRO UM IMÓVEL HOJE. POR CAUSA DE UM VÍCIO CONSTRUTIVO, UM CANO
NO SUBSOLO VAZA E COMPROMETE A ESTRUTURA DO IMÓVEL. DOIS ANOS DEPOIS, COMEÇA A APARECER UMA
RACHADURA NA PAREDE, ATRÁS DO ARMÁRIO PLANEJADO QUE EU EMBUTI. UM ANO DEPOIS, O ARMÁRIO ENTORTA,
EU RETIRO O MÓVEL E DESCUBRO A PAREDE RACHADA. UM ENGENHEIRO AVALIA O IMÓVEL E DIZ QUE ELE ESTÁ
CONDENADO, POR CAUSA DE UM VÍCIO ESTRUTURAL INSANÁVEL.

DECAÍ DO DIREITO DE RECLAMAR DO VÍCIO, PORQUE PASSADOS MAIS DE 180 DIAS DO “APARECIMENTO DO VÍCIO”?
EVIDENTE QUE NÃO. O STJ DIRÁ QUE O TERMO INICIAL DE CONTAGEM DESSE PRAZO “É A DATA DO CONHECIMENTO
DAS FALHAS CONSTRUTIVAS”. COMO SOUBE DO VÍCIO NO TERCEIRO ANO (DOIS ANOS DA AQUISIÇÃO PARA SEU
SURGIMENTO E MAIS UM PARA QUE ELE APARECESSE), DECAIO DO DIREITO DE PROPOR A AÇÃO EDILÍCIA (REDIBITÓRIA
OU ESTIMATÓRIA – QUANTI MINORIS) EM 180 DIAS.

OU SEJA, TENHO DIREITO DE RECLAMAR DO VÍCIO DE SOLIDEZ E SEGURANÇA, POR MEIO DA AÇÃO EDILÍCIA QUE JULGAR
MAIS CONVENIENTE (REDIBITÓRIA OU ESTIMATÓRIA), NO PRAZO DECADENCIAL DE 180 DIAS, CONTADO DO
CONHECIMENTO DA FALHA CONSTRUTIVA, DESDE QUE O DEFEITO APAREÇA NO PRAZO DE GARANTIA DE 5 ANOS.
RESPONDE O CONSTRUTOR OBJETIVAMENTE.

PENSE NUMA SEGUNDA SITUAÇÃO CONCRETA, BEM SEMELHANTE À PRIMEIRA. COMPRO UM IMÓVEL HOJE. POR
CAUSA DE UM VÍCIO CONSTRUTIVO, UM CANO NO SUBSOLO VAZA E COMPROMETE A ESTRUTURA DO IMÓVEL . DOIS
ANOS DEPOIS, COMEÇA A APARECER UMA RACHADURA NA PAREDE, ATRÁS DO ARMÁRIO PLANEJADO QUE EU EMBUTI.
UM ANO DEPOIS, O ARMÁRIO ENTORTA, EU RETIRO O MÓVEL E DESCUBRO A PAREDE RACHADA. UM ENGENHEIRO
AVALIA O IMÓVEL E DIZ QUE ELE ESTÁ CONDENADO, POR CAUSA DE UM VÍCIO ESTRUTURAL INSANÁVEL.

JÁ VIMOS QUE NÃO DECAÍ DO DIREITO DE PROPOR A DEMANDA, SE MANEJAR A LIDE EM 180 DIAS DO
“DESCOBRIMENTO”. MAS... E SE EU NÃO PROPUS A AÇÃO EDILÍCIA? NÃO RESPONDE MAIS O EMPREITEIRO?
RESPONDE. NÃO PELA GARANTIA DE SOLIDEZ E SEGURANÇA OFERTADA PELO ART. 618, CAPUT, MAS POR FORÇA DO

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ART. 389, PELAS PERDAS E DANOS OCORRIDAS EM RAZÃO DO DESCUMPRIMENTO DO CONTRATO (ILÍCITO
CONTRATUAL).

E QUAL É O PRAZO PARA A PROPOSITURA DESSA DEMANDA? AQUI ESTÁ O SEGUNDO PULO DO GATO. PARTE DA
DOUTRINA ENTENDE QUE SE APLICA O PRAZO TRIENAL DO ART. 206, §3º, INC. V. EM SE TRATANDO DE RELAÇÃO DE
CONSUMO, APLICÁVEL O PRAZO QUINQUENAL DO ART. 27 DO CDC. O STJ ENTENDEU QUE, COMO NÃO HÁ PRAZO
ESPECÍFICO, APLICÁVEL O PRAZO DECENAL GERAL DO ART. 205 (SÚMULA 194).

OU SEJA, TENHO DIREITO DE RECLAMAR DO VÍCIO DE SOLIDEZ E SEGURANÇA, POR MEIO AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
PERDAS E DANOS, EM VISTA DO ILÍCITO CONTRATUAL, NO PRAZO PRESCRICIONAL DE 10 ANOS, CONTADO DO
CONHECIMENTO DA FALHA CONSTRUTIVA, DESDE QUE O DEFEITO APAREÇA NO PRAZO DE GARANTIA DE 5 ANOS.
RESPONDE O CONSTRUTOR SUBJETIVAMENTE.

ESSE, INCLUSIVE, É O ENTENDIMENTO EXARADO NO ENUNCIADO 181 DA III JORNADA DE DIREITO CIVIL. PREVÊ ELE,
ACERTADAMENTE, QUE O PRAZO REFERIDO NO ART. 618, PARÁGRAFO ÚNICO, REFERE-SE UNICAMENTE À GARANTIA
PREVISTA NO CAPUT, SEM PREJUÍZO DE PODER O DONO DA OBRA, COM BASE NO MAU CUMPRIMENTO DO CONTRATO
DE EMPREITADA, DEMANDAR PERDAS E DANOS.

PENSE NUMA TERCEIRA SITUAÇÃO CONCRETA, BEM SEMELHANTE ÀS ANTERIORES. COMPRO UM IMÓVEL HOJE. POR
CAUSA DE UM VÍCIO CONSTRUTIVO, UM CANO NO SUBSOLO VAZA E COMPROMETE A ESTRUTURA DO IMÓVEL. DOIS
ANOS DEPOIS, COMEÇA A APARECER UMA RACHADURA NA PAREDE, ATRÁS DO ARMÁRIO PLANEJADO QUE EU EMBUTI.
SETE ANOS DEPOIS, O ARMÁRIO ENTORTA, EU RETIRO O MÓVEL E DESCUBRO A PAREDE RACHADA. UM ENGENHEIRO
AVALIA O IMÓVEL E DIZ QUE ELE ESTÁ CONDENADO, POR CAUSA DE UM VÍCIO ESTRUTURAL INSANÁVEL.

SE PROPOSTA A AÇÃO EM 180 DIAS, CERTAMENTE NÃO HÁ DECADÊNCIA. MAS HOUVE PRESCRIÇÃO OU DECADÊNCIA,
JÁ QUE SUPERADO O PRAZO DE 5 ANOS DO CAPUT DO ART. 618? HÁ QUEM DIGA QUE O PRAZO DO CAPUT É
PRESCRICIONAL, HÁ QUEM DIGA QUE É DECADENCIAL; COMO EU DISSE NO INÍCIO, NEM UM, NEM OUTRO, POIS É DE
GARANTIA. DE TODA SORTE, “PERDI O PRAZO” OU NÃO?

NÃO. O STJ ENTENDE QUE SERIA ABSURDO IMAGINAR QUE ESSA PRETENSÃO JÁ NASCE FULMINADA PELA PRESCRIÇÃO,
O QUE ME PARECE UM RACIOCÍNIO BASTANTE LÓGICO. A CORTE, NOVAMENTE, ESTABELECE QUE MESMO SUPERADO
O PRAZO DE GARANTIA DE 5 ANOS, CABÍVEL A AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS, DIANTE DA MÁ EXECUÇÃO
DA OBRA, QUE CARACTERIZA ILÍCITO CONTRATUAL.

QUAL O PRAZO PARA MANEJAR ESSA LIDE? NOVAMENTE, SEGUNDO O ART. 205, O PRAZO PRESCRICIONAL É DE 10
ANOS, CONTADOS DO CONHECIMENTO DAS FALHAS CONSTRUTIVAS. ASSIM, NO NONO ANO (DOIS ANOS PARA
COMPROMETER A ESTRUTURA PELO VAZAMENTO E MAIS SETE PARA QUE O ARMÁRIO ENTORTE ) COMEÇA A CORRER O
PRAZO DECENAL PARA PROPOSITURA DA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS . EIS AÍ O TERCEIRO PULO DO
GATO.

OU SEJA, TENHO DIREITO DE RECLAMAR DO VÍCIO DE SOLIDEZ E SEGURANÇA, POR MEIO DE AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
PERDAS E DANOS, EM VISTA DO ILÍCITO CONTRATUAL, NO PRAZO PRESCRICIONAL DE 10 ANOS, CONTADO DO
CONHECIMENTO DA FALHA CONSTRUTIVA, DESDE QUE O DEFEITO APAREÇA ANTES DO PRAZO DE GARANTIA DE 5 ANOS,
AINDA QUE O CONHECIMENTO DO VÍCIO SE DÊ DEPOIS DESSE PRAZO. RESPONDE O CONSTRUTOR SUBJETIVAMENTE.

AÍ, VOCÊ DEVE ESTAR SE QUESTIONANDO: E SE O BENDITO DO ARMÁRIO SÓ CAIR 30 ANOS DEPOIS? COMPRADO O
IMÓVEL EM 2000, EM 2002 APARECE A RACHADURA POR TRÁS DO ARMÁRIO, EM 2032 O ARMÁRIO CAI, TEREI EU

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10 ANOS PARA RECLAMAR DO VÍCIO DE SEGURANÇA E SOLIDEZ, OU SEJA, ATÉ 2042??? SIM. OU SEJA, O STJ CRIOU
UMA HIPÓTESE DE PRETENSÃO INCADUCÁVEL? NÃO.

NÃO JOGUE O LIVRO FORA, AGORA. A BELEZA QUASE CRUEL DO DIREITO CIVIL MORA NAS NUANCES. NOVAMENTE,
BASTA USAR A “LÓGICA” DO DIREITO CIVIL PARA RESOLVER ESSE PROBLEMA!

SIM. TEM ATÉ 2042. LEMBRA QUE A RESPONSABILIDADE DO CONSTRUTOR É SUBJETIVA, NESSES CASOS? EU DESAFIO
VOCÊ A CONSEGUIR PROVAR CULPA DO EMPREITEIRO PELA FALHA CONSTRUTIVA DE UM PRÉDIO QUE ELE CONSTRUIU
EM 2000, LÁ EM 2042. E PIOR, DESAFIO VOCÊ A PROVAR QUE A FALHA CONSTRUTIVA SE DEU ENTRE 2000 E 2005!
FICOU NA DÚVIDA? NÃO CONSEGUIU PROVAR? ELE NÃO RESPONDE.

O TEMPO, NESSES CASOS, RESOLVE A CONTROVÉRSIA NATURALMENTE. SEQUER É NECESSÁRIO FIXAR UM PRAZO
ESPECÍFICO PARA QUE O DONO DA OBRA POSSA RECLAMAR PELOS VÍCIOS DE SOLIDEZ E SEGURANÇA EM FACE DO
EMPREITEIRO. A PROVA, COM O TEMPO, TORNA-SE IMPOSSÍVEL, FATICAMENTE FALANDO. NÃO. O STJ NÃO CRIOU
UMA PRETENSÃO INCADUCÁVEL, PORTANTO.

E AQUI SE VÊ, PRECISAMENTE, A RACIONALIDADE DO INSTITUTO DA CADUCIDADE. O TEMPO APAGA O DIREITO, PÕE
FIM AOS CONFLITOS E ARREFECE AS PAIXÕES. NÃO À TOA, HÁ ORDENAMENTOS JURÍDICOS NOS QUAIS NÃO HÁ PRAZOS
PARA QUE AS LIDES SEJAM PROPOSTAS; A RAZOABILIDADE DITA AS REGRAS.

VOU, AQUI, SINTETIZAR ESSE CONJUNTO DE REGRAS, PRAZOS E SITUAÇÕES, EM APLICAÇÃO ÀS DISPOSIÇÕES DE: ART.
205, ART. 389, ART. 618, CAPUT, ART. 618, PARÁGRAFO ÚNICO, SÚMULA 194 DO STJ, RESP 903.771, RESP
1.290.383 E ENUNCIADO 181 DO CJF.

ASSIM, EM RESUMO:

1. O DONO TEM DIREITO DE RECLAMAR DO VÍCIO DE SOLIDEZ E SEGURANÇA, POR MEIO DE AÇÃO EDILÍCIA A), NO PRAZO
DECADENCIAL DE 180 DIAS B), CONTADO DO CONHECIMENTO DA FALHA CONSTRUTIVA C), DESDE QUE O DEFEITO
APAREÇA NO PRAZO DE GARANTIA DE 5 ANOS D). RESPONDE O CONSTRUTOR OBJETIVAMENTE E). FUNDAMENTO: ART.
618, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO (F).

2. O DONO TEM DIREITO DE RECLAMAR DO VÍCIO DE SOLIDEZ E SEGURANÇA, POR MEIO DE AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
PERDAS E DANOS A), EM VISTA DO ILÍCITO CONTRATUAL, NO PRAZO PRESCRICIONAL DE 10 ANOS B), CONTADO DO
CONHECIMENTO DA FALHA CONSTRUTIVA C), DESDE QUE O DEFEITO APAREÇA ANTES DO PRAZO DE GARANTIA DE 5
ANOS, AINDA QUE O CONHECIMENTO DO VÍCIO SE DÊ DEPOIS DESSE PRAZO D). RESPONDE O CONSTRUTOR
SUBJETIVAMENTE E). FUNDAMENTO: ART. 389 E 205 (F).

UFA!

Volto às disposições do CC/2002 a respeito da empreitada. Em regra, salvo estipulação em contrário, os


riscos da obra são assumidos pelo empreiteiro que se incumbir de executar uma obra, segundo plano
aceito por quem a encomendou. Mesmo que sejam feitas modificações no projeto, a regra é a mesma, na
dicção do art. 619.

O empreiteiro só pode exigir acréscimo no preço do dono da obra se forem feitas modificações no projeto
a ser implementado, por meio de instruções por escrito do dono da obra. Pode igualmente ser exigido o
acréscimo mesmo se não houver autorização escrita, mas o dono, presente às obras, verificou a alteração

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no projeto e não protestou. A ausência de protesto é considerada, nesse caso, aceitação tácita do dono da
obra, conforme estabelece o parágrafo único desse artigo.

Trata-se de aplicação da “teoria da base objetiva”. A empreitada, sustentada pelo projeto pelo qual o
empreiteiro se obriga a executar, muda em caso de introdução de modificações no projeto. O projeto é a
base do negócio. Alterado o projeto, muda-se a base objetiva.

Ao contrário, se ocorrer diminuição no preço do material ou da mão de obra superior a 10% do preço global
convencionado, poderá este ser revisto, a pedido do dono da obra, para que se lhe assegure a diferença
apurada, por força do art. 620.

C. Obrigações do dono da obra

A principal obrigação do dono da obra é efetuar o pagamento do preço. Assim, se a obra constar de partes
distintas, ou for de natureza das que se determinam por medida, o empreiteiro terá direito a que também
se verifique por medida, ou segundo as partes em que se dividir, podendo exigir o pagamento na proporção
da obra executada, nos termos do art. 614.

Nesse caso, segundo o §1º, tudo o que se pagou presume-se verificado pelo dono da obra, se, em 30 dias, a
contar da medição, não forem denunciados os vícios ou defeitos por ele ou por quem estiver incumbido da
sua fiscalização, consoante dispõe o §2º.

O dono da obra tem obrigação de receber a coisa, não podendo recusar injustificadamente a
tal aceitação (art. 615). Caso o dono da obra recuse o recebimento da coisa sem motivo, ele
será tido como em mora, ficando responsável pelos efeitos dela decorrentes. Poderá, porém,
rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das
regras técnicas em trabalhos de tal natureza.

O dono da obra também não pode, sem anuência de seu autor, introduzir modificações no
projeto por ele aprovado, ainda que a execução seja confiada a terceiros. Essa noção guarda
estreita ligação com a proteção conferida pelo art. 7º, inc. X, da Lei 9.610/1998, a Lei de Direitos
Autorais, aos projetos de engenharia, arquitetura e paisagismo. Pode o autor, inclusive,
repudiar a autoria de projeto arquitetônico alterado sem o seu consentimento durante a
execução ou após a conclusão da construção, permite o art. 26 dessa Lei. As exceções à
impossibilidade de alteração do projeto na execução são duas:

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Por motivos supervenientes ou razões de ordem técnica, ficar comprovada a inconveniência ou


a excessiva onerosidade de execução do projeto em sua forma originária

Alterações de pouca monta, ressalvada sempre a unidade estética da obra projetada

Se a execução da obra for confiada a terceiros, a responsabilidade do autor do projeto


respectivo, desde que não assuma a direção ou fiscalização daquela, ficará limitada aos danos
resultantes da solidez e segurança do trabalho em razão dos materiais e/ou do solo, nos
edifícios ou outras construções consideráveis. Trata-se da subempreitada, que pode ser total
ou parcial.

Importante frisar que a subempreitada não se confunde com a marchandage, contrato de intermediação de
mão de obra que dá origem àquilo que se convenciou chamar de terceirização. Figura controvertida, ligada
aos antigos contratos de locação de serviços, era geralmente proibida pelas legislações (na França, desde
meados do séc. XIX).

Volta à mesa agora, com o recrudescimento da terceirização e da “pejotização” das relações laborais
promovidas pelas alterações na legislação trabalhista. A nova regulação a respeito do trabalho temporário
(Lei 13.429/2017), inclusive, traz, em seu art. 2º, conceito quase idêntico ao da outrora proibida
marchandage: “trabalho [...] prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário
que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços”. No entanto, como as discussões a respeito
do tema transbordam do Direito Civil e acabam desaguando no Direito do Trabalho, não vou me aprofundar
no assunto.

E, por fim, ainda que o dono da obra possa suspendê-la quando o quiser, fica obrigado a pagar ao
empreiteiro as despesas e lucros relativos aos serviços já feitos, mais indenização razoável, calculada em
função do que ele teria ganho, se concluída a obra.

9. DEPÓSITO
O art. 627 estabelece que o depositário recebe um bem móvel, para guardar, até que o depositante o
reclame. O depósito é semelhante ao comodato porque este também é real, unilateral e gratuito, em regra.

Quais as diferenças entre o contrato de depósito e o de comodato? Primeiro, o depósito tem


por objeto apenas bens móveis infungíveis, ao passo que o comodato pode ter por objeto
bens móveis e imóveis, desde que infungíveis.

Além disso, o depositário não pode utilizar a coisa depositada, ou seja, trata-se de obrigação
de custódia. No comodato, inversamente, o comodatário não simplesmente custodia a coisa,

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mas tem o direito de usar a coisa para os fins adequados, como expressa o art. 582 (“não podendo usá-la
senão de acordo com o contrato ou a natureza dela”).

O depósito é classificado como um contrato comutativo, real, unilateral, gratuito ou oneroso. Entende-se
que ele é pessoal (intuitu personae), pois tem por base a confiança que o depositante tem no depositário.

De acordo com o art. 628, em regra, o contrato de depósito voluntário é gratuito. Haverá contrato oneroso
nos casos em que o depositário o é profissionalmente. São os casos das garagens para guarda e depósito de
veículos de um colecionador; e dos cofres bancários para guarda e depósito de bens de alto valor (joias,
documentos, peças valiosas etc.).

Se o depósito for oneroso e a retribuição do depositário não constar de lei ou da vontade, será determinada
pelos usos do lugar. Na falta de usos locais, determina-se a remuneração por arbitramento.

Além disso, discute-se se ele é solene ou não. Isso porque o art. 646 estabelece que o depósito voluntário
se prova por escrito. Parte da doutrina entende que, por se tratar de prova (elemento ad probationem),
seria a forma escrita elemento de eficácia.

Sem razão, contudo, já que a “forma prescrita ou não defesa em lei” é elemento de
validade do negócio jurídico (art. 104, inc. III). Por isso, é de se classificar o contrato
de depósito como solene, exigindo-se forma escrita para sua validade.

São duas espécies de depósito reguladas pelo Código Civil, o depósito voluntário e o
depósito necessário.

9.1. DEPÓSITO VOLUNTÁRIO


O depósito voluntário é aquele ajustado única e exclusivamente em razão da vontade das partes. O
depositário tem diversas obrigações. Quais são as obrigações contidas no CC/2002?

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A) Guardar a coisa alheia

• É a obrigação inerente e principal do contrato de depósito;


• O depositário poderá devolver a coisa ou depositá-la judicialmente, se o depositante se recusar a
recebê-la, quando, por motivo plausível, não puder continuar a guardá-la (art. 635).

B) Conservar a coisa alheia

• O depositário é obrigado a conservar a coisa como se sua fosse (art. 629);


• Ele, no entanto, não responde pela deterioração ou perda do bem em caso de força maior,
cabendo-lhe, porém, a prova, sob pena de reparar o prejuízo do depositante (art. 642).

C) Restituir a coisa alheia

• Caso receba outra em seu lugar, deve esta entregar ao depositante (art. 636);
• Se seu herdeiro alienar a coisa, de boa-fé, deve colaborar na ação de reivindicação movida pelo
depositante em face do adquirente, inclusive restituindo a este o valor recebido (art. 637).

D) Devolver a coisa alheia

• O depositário deve devolver o bem ao depositante quando solicitado, independentemente do prazo


inicialmente ajustado entre as partes e no estado em que foi recebida, acompanhada dos frutos e
acrescidos (arts. 629, 630 e 633)
• Não pode compensar as dívidas da obrigação com a coisa (art. 638)
• Pode, porém, reter a coisa, até que o pagamento lhe seja dado (art. 644)

Se o depósito se entregou fechado, colado, selado, ou lacrado, nesse mesmo estado


se manterá. Assim, deve o depositário entregar a coisa no estado em que a recebeu.
Por outro lado, se a coisa houver sido depositada no interesse de terceiro, e o
depositário tiver sido cientificado desse fato pelo depositante, não pode o
depositário exonerar-se do depósito restituindo a coisa ao depositante, sem o
consentimento do terceiro.

Se o depositário tiver motivo razoável para suspeitar que a coisa foi dolosamente obtida, expondo ao juiz
fundamento da suspeita, requererá que se recolha o objeto ao Depósito Público, prevê o art. 634. Pode ainda
o depositário requerer depósito judicial da coisa, quando, por motivo plausível, não a possa guardar, e o
depositante não queira recebê-la.

Haverá Depósito Público ainda na hipótese do art. 641, quando o depositário se tornar relativamente
incapaz. Trata-se de incapacidade superveniente, nas hipóteses do art. 4º, incisos. Ressalte-se que não há
mais que se falar em incapacitação absoluta, porque é impossível que alguém plenamente capaz se torne
absolutamente incapaz na nova sistemática traçada pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência.

Nesse caso de incapacitação superveniente, a pessoa que assumir a administração dos bens deve diligenciar
imediatamente a restituição da coisa depositada ao depositante. Se o depositante não a quiser ou a puder

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receber, ela será recolhida ao Depósito Público, ou, alternativamente, será promovida a nomeação de outro
depositário.

Em ambas as hipóteses (depositário não pode guardar e o depositante não a quer e; incapacitação
superveniente do depositário), quando há depósito judicial, aplicam-se as regras da consignação em
pagamento. Valem tanto as regras processuais (arts. 539 e ss. do CPC) quanto as regras materiais (arts. 334
e ss. do CC/2002).

Quando ele, por força maior, perde a coisa depositada e recebe outra em seu lugar, é obrigado a entregar a
coisa sub-rogada ao depositante. Igualmente, obriga-lhe o art. 636 a ceder ao depositante as ações que no
caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição da coisa perdida.

Sendo dois ou mais depositantes de coisa divisível, o depositário só entregará a cada um


a respectiva parte (concursus parte fiunt), salvo se houver entre eles solidariedade. Assim,
a coisa é entregue por cota-parte aos depositantes, se divisível; e entregue toda a
qualquer deles, se indivisível, ou se divisível, for solidário o depósito.

Além disso, o depositário não pode utilizar a coisa depositada ou repassar o depósito a terceiros sob pena
de arcar com as perdas e danos (responsabilidade objetiva). A exceção fica por conta da expressa
autorização do depositante (art. 640), permitindo-se ao depositário o uso da coisa.

Mesmo que confie o bem a terceiros, o depositário original responde por culpa. Ou seja, ainda que
autorizado a usar e a repassar a coisa a terceiros, o depositário responde objetivamente, desde que prova a
culpa do terceiro. Trata-se de caso típico de responsabilidade civil por fato de outrem, por analogia da regra
do art. 932, inc. III, cumulado com o art. 933.

Trata-se de obrigação de custódia. No comodato, inversamente, o comodatário não


simplesmente custodia a coisa, mas tem o direito de usar a coisa para os fins adequados,
como expressa o art. 582 (“não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a
natureza dela”).

Já ao depositante cabem outras obrigações que não decorrem da natureza do contrato de


depósito em si, mas das obrigações subsidiárias:

A) Reembolsar as despesas na guarda da coisa (art. 643)


B) Indenizar pelos prejuízos em razão do depósito (art. 643)
C) Arcar com as despesas da restituição da coisa (art. 631)
D) Receber a coisa no lugar em que foi guardada (art. 631)

Caso o depositante não pague as despesas, o art. 644 permite ao depositário reter o depósito até que se lhe
pague a retribuição devida, o líquido valor das despesas e ou dos prejuízos, se houver, provando
imediatamente esses prejuízos ou essas despesas. Se não as conseguir provar, ou forem ilíquidas, o
depositário poderá exigir caução idônea do depositante ou, na falta desta, a remoção da coisa para o
Depósito Público, até que se liquidem.

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Há uma hipótese de depósito irregular, qual seja, no depósito de coisas fungíveis. Nesse caso,
prevê o art. 645, quando o depositário se obrigar a restituir objetos do mesmo gênero,
qualidade e quantidade, regula-se o depósito pelas regras do mútuo. Essa modalidade de
depósito é ainda regulada por lei especial, o Decreto 1.102/1903.

Resumidamente, trata-se do depósito de coisas fungíveis nos armazéns gerais, que são os
estabelecimentos destinados à guarda e à conservação de mercadorias neles depositadas por terceiros e
à emissão de títulos especiais. Esses armazéns são bastante comuns nas zonas portuárias, em portos secos
e terminais ferroviários.

Nesse contrato emite-se o conhecimento de depósito, representativo da mercadoria, com livre circulação
por endosso. A transferência do conhecimento de depósito transfere a propriedade da coisa depositada. É
também possível emitir o warrant, que se une ao conhecimento, mas é dele separável, à vontade do
depositante. O warrant funciona como título constitutivo de direito real de penhor sobre a coisa dada em
depósito.

9.2. DEPÓSITO NECESSÁRIO


O depósito necessário independe da vontade das partes. Ocorre em três hipóteses:

A) Depósito legal
• Depósito para desempenho de obrigação legal (art. 647, inc. I).
B) Depósito humanitário ou miserável (depositum miserabile)
• Depósito que se faz em situação de calamidade pública (art. 647, inc. II).
C) Depósito hospedeiro
• Bagagens dos hóspedes nas hospedarias onde estiverem (art. 649).

Nesse último caso, segundo o parágrafo único, os hospedeiros respondem, inclusive, por furto
e roubo, sejam eles praticados pelos funcionários, sejam eles praticados por terceiros
admitidos no estabelecimento. Trata-se de responsabilidade objetiva.

(TRT-21ª Região / TRT-21ª Região – 2015) Analise as assertivas abaixo e, a seguir, assinale a opção
correta:

I - O comodatário poderá reaver do comodante as despesas que teve com o uso da coisa emprestada.

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II - O mútuo realizado com uma pessoa menor, com autorização prévia de quem detiver sua guarda,
pode ser reavido do mutuário ou de seu fiador.

III - O prestador de serviços por obra determinada pode despedir-se sem justa causa antes de concluída
a obra, desde que pré-avise o seu tomador de serviços com antecedência de 10 (dez) dias.

IV - No contrato de empreitada, suspensa esta, sem justa causa, o empreiteiro responde por perdas e
danos.

V - O depósito é necessário, quando feito em desempenho de obrigação legal.

A. apenas as assertivas I e V estão corretas;

B. apenas as assertivas II e III estão corretas;

C. apenas as assertivas I, III e IV estão corretas;

D. apenas as assertivas I, III e V estão corretas;

E. apenas a assertiva V está correta.

Comentários

Essa questão foi anulada, ao final, mas nada impede que a analisemos.

O item I está incorreto, nos termos do art. 584: “O comodatário não poderá jamais recobrar do
comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada”.

O item II está correto, segundo o art. 588: “O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização
daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores”.

O item III está incorreto, na previsão do art. 602: “O prestador de serviço contratado por tempo certo,
ou por obra determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de preenchido o
tempo, ou concluída a obra”.

O item IV está correto, como determina o art. 624: “Suspensa a execução da empreitada sem justa
causa, responde o empreiteiro por perdas e danos”.

O item V está correto, na literalidade do art. 647, inc. I: “É depósito necessário o que se faz em
desempenho de obrigação legal”.

Nenhuma alternativa está correta, portanto.

A exceção à responsabilidade do hospedeiro-depositante ocorre quando provar que não podiam os atos
ser evitados, na dicção do art. 650. A inevitabilidade da situação deve ser concretamente demonstrada, mas
a jurisprudência não afasta a responsabilidade na generalidade dos casos, especialmente por conta da
aplicação das regras do CDC.

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As regras aplicáveis ao depósito voluntário aplicam-se subsidiariamente aos necessários, por força do art.
648 e seu parágrafo único. E, ao contrário do depósito voluntário que se presume gratuito, o depósito
necessário presume-se oneroso (art. 651) e, no caso das bagagens (art. 649), a remuneração se inclui no
preço da hospedagem.

10. MANDATO
Mandato é o contrato por meio do qual uma pessoa (mandatário) recebe poderes de outra
(mandante), para, em nome e por conta desta, praticar atos ou administrar interesses,
consoante estipula o art. 653. O mandato voluntário é regido pelas normas do Código Civil,
enquanto o mandato judicial regula-se pela lei processual e, supletivamente, pela legislação civil.

Como se classifica o contrato de mandato? O mandato é contrato consensual, não solene, pois,
embora a lei determine que a procuração é o instrumento do mandato, é possível o mandato tácito e o
verbal, como se vê no art. 656.

Entretanto, tal regra é mitigada pelo art. 657, que dispõe que o mandato deverá seguir a forma prescrita
em lei quando o ato exigir solenidade. Sua aceitação, igualmente, pode ser tácita, resultando-se da
execução, nos termos do art. 659.

Em geral, o mandato é pessoal (intuitu personae), pelo que não se transmite aos sucessores do mandante.
Pensar no exemplo do advogado ajuda, mas é perigoso. Se o advogado morre, seu filho não se torna
mandatário (imagine que ele é engenheiro civil). Não obstante, isso não significa que há vedação ao
substabelecimento.

Ele é igualmente, em regra, unilateral e gratuito, mas quando tem por objeto a realização de atos que o
mandatário realiza profissionalmente é oneroso, segundo o art. 658, como é o caso, por exemplo, dos
advogados. Esse mandato não se presume gratuito, pois ele é um instrumento para que o advogado possa
defender os interesses de seu cliente e exercer seu ofício.

Em sendo o mandato escrito, seu instrumento particular, a procuração, deve conter quais requisitos? O art.
654, §1º os delimita: a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a
data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos.

AQUI, TOME CUIDADO PARA NÃO FAZER AUTOMATICAMENTE CONEXÕES QUE NÃO SÃO
AUTOMÁTICAS. MANDATO, PROCURAÇÃO E REPRESENTAÇÃO SÃO INSTITUTOS DIVERSOS E
INCONFUNDÍVEIS. EM REGRA, PENSA-SE NOS TRÊS INSTITUTOS EM CONJUNTO. O MANDATÁRIO,
PARA REPRESENTAR O MANDANTE, APRESENTA A PROCURAÇÃO A TERCEIROS. NEM SEMPRE.

PODE HAVER REPRESENTAÇÃO SEM MANDATO? SIM, COMO OCORRE COM OS REPRESENTANTES
LEGAIS DOS INCAPAZES E O SÍNDICO DA MASSA FALIDA. AMBOS SÃO REPRESENTANTES, MAS NÃO POSSUEM MANDATO
(E NEM TÊM COMO POSSUIR, LOGICAMENTE). SÃO SITUAÇÕES BEM COMUNS E RECORRENTES, INCLUSIVE.

SE O REPRESENTANTE NÃO TEM MANDATO, SEQUER HÁ QUE SE FALAR EM PROCURAÇÃO. NESSES CASOS, O
REPRESENTANTE REPRESENTA SEM PROCURAÇÃO.

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POR ISSO, EQUIVOCADA A CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA A RESPEITO DO “MANDATO LEGAL”, POIS OS CASOS
ABRANGIDOS POR ESSA ESPÉCIE SÃO, EM REALIDADE, AS SITUAÇÕES DE REPRESENTAÇÃO SEM MANDATO. O EXEMPLO
CLÁSSICO DE “MANDATO LEGAL” É AQUELE EXISTENTE EM FAVOR DOS PAIS, TUTORES E CURADORES PARA
ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DOS FILHOS, TUTELADOS E CURATELADOS. ORA, ESSES SÃO PRECISAMENTE OS CASOS DE
REPRESENTAÇÃO SEM MANDATO.

PODE HAVER MANDATO SEM REPRESENTAÇÃO? SIM, CONSOANTE A LIÇÃO DE PONTES DE MIRANDA, SUSTENTANDO-
SE NO DIREITO GERMÂNICO. É O CASO DA SEGUNDA PARTE DO ART. 663: “FICARÁ, PORÉM, O MANDATÁRIO
PESSOALMENTE OBRIGADO, SE AGIR NO SEU PRÓPRIO NOME, AINDA QUE O NEGÓCIO SEJA DE CONTA DO MANDANTE”.

OU SEJA, HÁ MANDATO, DADO QUE O MANDATÁRIO AGE POR CONTA DO MANDANTE, MAS O MANDATÁRIO NÃO
REPRESENTA O MANDANTE, PORQUE AGE EM NOME PRÓPRIO. POSTERIORMENTE, O MANDANTE ASSUME O NEGÓCIO,
RESPONSABILIZANDO-SE PESSOALMENTE, POR FORÇA DA PRIMEIRA PARTE DO REFERIDO DISPOSITIVO: “SEMPRE QUE
O MANDATÁRIO ESTIPULAR NEGÓCIOS EXPRESSAMENTE EM NOME DO MANDANTE , SERÁ ESTE O ÚNICO
RESPONSÁVEL”.

SE O MANDATÁRIO NÃO É REPRESENTANTE, PODE ELE OSTENTAR PROCURAÇÃO OU NÃO. ASSIM, HÁ MANDATO, SEM
REPRESENTAÇÃO, COM PROCURAÇÃO E MANDATO, SEM REPRESENTAÇÃO OU PROCURAÇÃO. A ÚNICA SITUAÇÃO
IMPOSSÍVEL É A REPRESENTAÇÃO, SEM MANDATO, COM PROCURAÇÃO.

Superada essa parte, necessário analisar o substabelecimento. Como eu disse, há de se ter cuidado com o
substabelecimento, uma vez que o contrato de mandato é classificado pela doutrina como pessoal (intuitu
personae). Isso significa que o contrato não admite, como regra geral, cessão. A cessão de mandato tem
nome peculiar: substabelecimento.

O CC/2002 prevê que ainda quando se outorga mandato por instrumento público, pode
substabelecer-se mediante instrumento particular, por permissão do art. 655. O
substabelecimento é o ato unilateral pelo qual o mandatário transfere ao substabelecido os
poderes que lhe foram anteriormente dados pelo mandante.

Em realidade, essa regra apenas repete, com detalhes, a regra do art. 104, inc. III (“A validade do negócio
jurídico requer forma prescrita ou não defesa em lei”). Ora, se a lei não exige forma pública, mas eu a utilizo,
nada impede que me valha da forma particular no substabelecimento. Vai nesse sentido o Enunciado 182 da
III Jornada de Direito Civil, ao prever que o mandato outorgado por instrumento público somente admite
substabelecimento por instrumento particular quando a forma pública for facultativa e não integrar a
substância do ato.

EM QUE PESE O MANDATO SER PESSOAL, NADA IMPEDE SUA CESSÃO. EM REGRA, PORTANTO, PODE O MANDATÁRIO
SUBSTABELECER OS PODERES A OUTREM, CHAMADO DE SUBSTABELECIDO.

SE A PROIBIÇÃO À CESSÃO CONSTAR DA PROCURAÇÃO, OS ATOS PRATICADOS PELO SUBSTABELECIDO


NÃO OBRIGAM O MANDANTE. A EXCEÇÃO, ÓBVIA, FICA PELA RATIFICAÇÃO POSTERIOR, COM EFICÁCIA
EX TUNC. SE A VEDAÇÃO, PORÉM, NÃO CONSTA DO INSTRUMENTO, MAS HOUVE PROIBIÇÃO PELO
MANDANTE, ESTE RESPONDE PELOS ATOS DO SUBSTABELECIDO, MAS TERÁ DIREITO DE INDENIZAÇÃO
EM FACE DO SUBSTABELECENTE, MESMO EM CASO DE CASO FORTUITO.

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EM RELAÇÃO À EXTENSÃO DA CESSÃO, O SUBSTABELECIMENTO PODE SER SEM RESERVA DE PODERES OU COM RESERVA
DE PODERES.

NO SUBSTABELECIMENTO SEM RESERVA DE PODERES, O SUBSTABELECENTE CEDE OS PODERES AO SUBSTABELECIDO DE


MANEIRA PLENA E DEFINITIVA. COMO SE TRATA DE UMA CESSÃO COM RENÚNCIA, O MANDANTE DEVE SER
NOTIFICADO, SOB PENA DE INEFICÁCIA E DE MANUTENÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO MANDATÁRIO
SUBSTABELECENTE.

NO SUBSTABELECIMENTO COM RESERVA DE PODERES, O SUBSTABELECENTE CEDE OS PODERES AO SUBSTABELECIDO DE


MANEIRA RESTRITA. COMO SE TRATA DE UMA CESSÃO SEM RENÚNCIA, O MANDANTE NÃO PRECISA SER NOTIFICADO.
TANTO O SUBSTABELECENTE QUANTO O SUBSTABELECIDO MANTÊM OS PODERES DO MANDANTE.

O mandato pode ser especial a um ou mais negócios, ou geral a todos os do mandante. Para efetuar
determinados atos, como alienar ou transigir, o art. 661, em seus parágrafos, exige que a procuração
contenha poderes expressos, e não apenas de administração em geral:

§1º Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem da
administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos.

§2º O poder de transigir não importa o de firmar compromisso.

O Enunciado 183 da III Jornada de Direito Civil estabelece, nesse sentido, que para os casos em que o
parágrafo primeiro do art. 661 exige poderes especiais, a procuração deve conter a identificação do objeto.

Portanto, deve-se verificar a procuração e os poderes que foram outorgados para não correr o risco de que
o contrato seja ineficaz em relação ao mandante. Veja que o art. 662 prevê que os atos praticados por quem
não tenha poderes suficientes são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se
este os ratificar, na forma do parágrafo único.

Não é nulo ou anulável o mandato, nesses casos, mas INEFICAZ! A ratificação, por sua vez, tem
de ser expressa ou resultar de ato inequívoco (pagar, por exemplo). Feita a ratificação, ela
retroage à data do ato (eficácia ex tunc).

Qualquer pessoa capaz é apta a dar procuração mediante instrumento particular, que vale desde que tenha
a assinatura do outorgante. Nos instrumentos particulares escritos, deve-se indicar o lugar onde foi passado,
a qualificação do outorgante e do outorgado, a data, o objetivo da outorga, a designação e a extensão dos
poderes conferidos.

Aquele que negocia com o mandatário pode exigir que a procuração traga a firma reconhecida, de modo
a dar mais segurança ao negócio (o reconhecimento torna o mandato eficaz erga omnes). Curiosamente,
estabelece o art. 666 que o menor relativamente incapaz (maior de 16 e menor de 18 anos, não
emancipado) pode ser mandatário.

O mandante, nesse caso, não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às
obrigações contraídas por menores. A regra do art. 666 não se aplica inversamente, vale dizer, não pode o
relativamente incapaz por idade ser mandante, sem a devida assistência.

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A conclusão, porém, não é assentada na doutrina. Há quem estenda a regra do art. 666 também ao menor
púbere agindo como mandatário, pelo que ele poderia ser mandante mesmo sem assistência. Essa conclusão
parece violar tanto o art. 666 (“O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser
mandatário”) quanto o art. 654 (“Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração”).

Quais são as obrigações do mandatário?

A) Agir em nome do mandante

• O mandatário deve atuar dentro dos limites outorgados (art. 663); se agir em nome próprio, não
obriga o mandante, ainda que o negócio seja de conta do mandante.
• O mandatário que exceder os poderes será considerado mero gestor de negócios, enquanto o
mandante não lhe ratificar os atos (art. 665). A ratificação tem eficácia ex tunc.
• Se a contraparte souber que o mandatário está extrapolando os limites do mandato, porém, nada
pode fazer contra o mandatário (art. 673), salvo se prometeu ratificação do mandante ou se
responsabilizou pessoalmente.
• O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação, o quanto baste para pagamento das
despesas (art. 664).

B) Agir com o zelo necessário e diligência habitual

• O mandatário é responsável pelos prejuízos causados ao mandante, quando eles resultarem de


culpa (art. 667).
• Cabe ao mandatário provar que não houve culpa para evitar a responsabilização pelos prejuízos
sofridos pelo mandante (§§1º, 2º e 4º).

C) Prestar contas

• O mandatário é obrigado a prestar contas de sua gerência ao mandante (art. 668)


• O mandatário é obrigado transferir ao mandante todas as vantagens obtidas nos negócios (art.
668).
• O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos que tenha
conseguido (art. 669).
• Se o fizer, terá de pagar juros, desde o momento em que abusou (art. 670).

D) Prosseguir no exercício do mandato


• Inclusive após extinção do mandato por morte, interdição ou mudança de estado do mandante,
para concluir negócio já iniciado ou até ser substituído, para impedir que o mandante sofra prejuízo
(art. 674).

Quanto ao dever de prestar contas, o STJ tem entendimento de que não se transmite o dever aos sucessores
do mandatário, dado que o contrato é pessoal. Inversamente, podem os sucessores do mandante exigir
contas do mandatário.

Já quanto ao direito que o mandatário tem de reter o objeto da operação (art. 664), é de se questionar: tem
ele direito de reter o bem até a quitação de quais despesas? Segundo o Enunciado 184 da III Jornada de
Direito Civil, deve-se interpretar esse dispositivo conjuntamente com o art. 681. Assim, desde que seja o

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mandato oneroso, o mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, tudo
o que lhe for devido em virtude do mandato, incluindo-se a remuneração ajustada e o reembolso de
despesas.

Se, a despeito da proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do mandato,


responderá ao mandante pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do terceiro, embora provenientes de
caso fortuito. A exceção fica por conta, como de hábito, da prova de que o caso teria sobrevindo, ainda que
não tivesse havido substabelecimento.

Ao contrário, sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será


responsável se o substabelecido proceder culposamente.

Se o mandatário, tendo créditos do mandante, comprar, em nome próprio, algo que deveria
comprar para o mandante, por ter sido expressamente designado no mandato, o mandante
terá ação para obrigar o mandatário à entrega da coisa comprada. O objetivo é claro: evitar que
o mandatário usurpe do direito que lhe foi conferido e granjeie vantagens para si, violando o objetivo do
contrato.

Além disso, se forem nomeados dois ou mais os mandatários no mesmo instrumento,


qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados, se não forem expressamente
declarados conjuntos, nem especificamente designados para atos diferentes, ou
subordinados a atos sucessivos.

Aqui surgem algumas classificações importantes a respeito do mandato. O mandato pode ser simples,
também chamado de singular, ou plural. Simples ou singular é o mandato com um único mandatário; plural
é o mandato com mais de um mandatário. O mandato plural pode ser:

Mandato solidário
• Os mandatários podem agir separadamente;
• Cada mandatário age como se fosse o único (cláusula in solidum);
• Trata-se da presunção legal do art. 672, caput.

Mandato conjunto ou simultâneo


• Os mandatários devem agir em conjunto;
• Não terá eficácia o ato praticado sem interferência de todos, salvo havendo ratificação,
que retroagirá à data do ato.

Mandato fracionário
• Os mandatários agem de acordo com os limites fixados especificamente no instrumento
(“setorização” dos poderes).

Mandato sucessivo ou substitutivo


• Os mandatários agem na ordem prevista no instrumento, pelo que o subsequente só age
na falta do precedente.

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E, por outro lado, quais são as obrigações do mandante?

A) Cumprir os compromissos assumidos pelo mandatário


• Desde que nos limites previstos na procuração (arts. 675 e 678).
• Se o mandatário contrariar as instruções do mandante, mas não exceder os limites do mandato, o
mandante ficará obrigado a cumprir as obrigações perante terceiros (art. 679).
• Nesse caso, terá ação de perdas e danos contra o mandatário pela inobservância das instruções, até
o limite dos danos (art. 679).
B) Adiantar ao mandatário os valores necessários
• Ou reembolsá-lo pelas despesas efetuadas (arts. 675 e 676), cabendo juros pelas somas adiantadas
pelo mandatário, para a execução do mandato, desde a data do desembolso.
C) Pagar ao mandatário a remuneração ajustada
• Caso o mandato seja oneroso (art. 676).

D) Indenizar o mandatário
• Pelos prejuízos que venha a sofrer em cumprimento ao mandato, desde que não resultem de culpa
do mandatário ou de excesso de poderes.

Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negócio comum, cada uma ficará
solidariamente responsável ao mandatário por todos os compromissos e efeitos do mandato,
salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros mandantes, prevê o art. 680.
Até ser reembolsado pelo que gastou no desempenho do encargo, o mandatário tem sobre a
coisa de que tenha a posse em virtude do mandato direito de retenção.

Segundo os incisos do art. 682, cessa o mandato:

I - pela revogação ou pela renúncia;

II - pela morte ou interdição de uma das partes;

III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário
para os exercer;

IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.

No caso de morte do mandante, permanecem válidos, em relação aos contratantes de


boa-fé, os atos com estes ajustados em nome do mandante pelo mandatário, enquanto
este ignorar a morte daquele ou a extinção do mandato, por qualquer outra causa,
consoante regra do art. 689. É uma regra lógica, pois o mandatário não teria como saber da
morte do mandante e não seria adequado ou justo que ambos, de boa-fé, sofressem
consequências negativas por isso.

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Já no caso de morte do mandatário, e ainda pendente negócio a ele cometido, seus herdeiros, tendo ciência
do mandato, avisarão o mandante, de acordo com o art. 690. Os herdeiros, nesse caso, devem limitar-se às
medidas conservatórias, ou continuar os negócios pendentes que se não possam demorar sem perigo,
regulando-se os seus serviços dentro desse limite, pelas mesmas normas a que os do mandatário estão
sujeitos.

No entanto, a revogação do mandato em causa própria (in rem propriam ou in rem suam) é ineficaz, na
dicção do art. 685, ficando o mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens
móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as formalidades legais.

(CESPE / PGM-Belo Horizonte (MG) – 2017) Pedro — maior, capaz e solteiro — outorgou a Antônio
— maior, capaz e solteiro —, por instrumento público e prazo indeterminado, procuração com
cláusula causa própria, para a venda de imóvel cujo preço era de R$ 1 milhão. Posteriormente, Pedro
revogou o mandato e notificou Antônio, que, por sua vez, havia transferido o imóvel para si próprio.
Inconformado, Pedro ingressou com ação visando à anulabilidade do mandato.

Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta à luz das disposições do Código Civil.

A. Por serem maiores e capazes, Pedro e Antônio poderiam ter dado procuração mediante instrumento
particular.

B. A prova do negócio jurídico celebrado entre Pedro e Antônio não pode ser exclusivamente
testemunhal.

C. A conduta de Antônio caracteriza simulação, de modo que a nulidade pode ser reconhecida de ofício
pelo juiz.

D. A revogação do mandato efetuada por Pedro é ineficaz, ainda que ocorra a notificação de Antônio.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que a transmissão de bem móvel exige forma pública, pelo que o
mandato para tanto deve seguir tal forma, a teor da primeira parte do art. 657: “A outorga do mandato
está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbal quando
o ato deva ser celebrado por escrito”.

A alternativa B está incorreta, com a revogação do art. 227 do CC/2002 pelo CPC/2015, restando
apenas a dicção do parágrafo único: “Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova
testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito”.

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A alternativa C está incorreta, já que, a despeito de ser anulável (“Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou
o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de
outrem, celebrar consigo mesmo”), não se visualiza no caso situação de simulação.

A alternativa D está correta, na literalidade do art. 685: “Conferido o mandato com a cláusula "em
causa própria", a sua revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes,
ficando o mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou
imóveis objeto do mandato, obedecidas as formalidades legais”.

O mandato pode conter cláusula de irrevogabilidade, que impede o mandante de extinguir


unilateralmente o contrato (obsta o direito potestativo). Se mesmo assim o contrato for
revogado pelo mandante, originará indenização por perdas e danos, na dicção do art. 683.
Entretanto, é ineficaz o mandato se for condição de um negócio bilateral, ou tiver sido estipulada
no exclusivo interesse do mandatário, segundo o art. 684.

A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se pode opor aos terceiros
que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; de qualquer forma, o mandante mantém contra
o mandatário as ações cabíveis, eventualmente. Ainda assim, é irrevogável o mandato que
contenha poderes de cumprimento ou confirmação de negócios já realizados, aos quais ele se
ache vinculado, consoante estabelece o art. 686, parágrafo único.

Quanto o mandante nomeia outro mandatário, comunicando a nomeação a ele, considera-se revogado,
desde já, o mandato anterior, expressamente determina o art. 687. Contrariamente, se o mandatário
renunciar ao mandato, deve comunicar imediatamente ao mandante, mas, se a renúncia lhe prejudicar,
seja pela inoportunidade, seja pela falta de tempo de se prover substituto, será ele indenizado pelo
mandatário, salvo se este provar que não podia continuar no mandato sem prejuízo considerável, e que não
lhe era dado substabelecer.

Por se tratar tanto a renúncia (por parte do mandatário) quanto a revogação (por parte do mandante) do
contrato de mandato de um direito potestativo, não há que se falar em indenização, ordinariamente.
Inclusive, por conta disso, o STJ entende inválida cláusula contratual que estipule multa, seja por renúncia,
seja por revogação (REsp 1.346.171).

Extinção do mandato

Revogação

Renúncia

Morte

Interdição

Mudança de estado

Término do prazo

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11. COMISSÃO
No contrato de comissão, o comissário não representa o comitente nos negócios. Ele adquire
ou vende bens à conta do comitente, mas contrata em nome próprio, e não em nome da
pessoa (geralmente jurídica) a que presta colaboração, segundo o art. 693. Reside
precisamente aí a distinção entre o mandato (no qual o mandatário age em nome do mandante,
ordinariamente) e a comissão (na qual o comissário age em nome próprio, e não em nome do
comitente, ainda que à sua conta).

Por isso, o comissário fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem que estas
tenham ação contra o comitente, nem este contra elas. A exceção fica por conta das situações nas quais o
comissário cede seus direitos a qualquer das partes (art. 694).

O contrato de comissão é bilateral, consensual, comutativo, pessoal (intuitu personae) e oneroso. Não
sendo estipulada a remuneração devida ao comissário, o art. 701 aduz que será ela arbitrada
segundo os usos correntes no lugar. A remuneração, de maneira não muito criativa, é chamada
de comissão.

Em regra, o comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar, segundo
o art. 697. Isso porque ele não representa o comissário, mas compra e vende os bens à sua
conta, recebendo uma comissão. No entanto, há duas exceções:

A) Culpa do comissário
• Art. 697
B) Cláusula del credere
• Art. 698

A cláusula del credere objetiva tornar o comissário não apenas responsável pelo cumprimento das obrigações
de quem com ele contrata, mas também solidariamente responsável. Assim, o comissário assume os riscos
do negócio. É a exata dicção do art. 698:

Se do contrato de comissão constar a cláusula del credere, responderá o comissário


solidariamente com as pessoas com que houver tratado em nome do comitente, caso em que,
salvo estipulação em contrário, o comissário tem direito a remuneração mais elevada, para
compensar o ônus assumido

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(Câmara Municipal-Salvador – 2018) O agricultor Cardeal celebrou contrato de comissão com o


empresário Elisio. No ajuste foi pactuada a cláusula Del Credere. Diante da presença dessa cláusula
no contrato, o comissário:

A. responderá perante o comitente pelo eventual inadimplemento das pessoas com quem tratar;

B. não responderá perante o comitente pelo eventual inadimplemento das pessoas com quem tratar;

C. responderá perante o comitente apenas pelo inadimplemento doloso das pessoas com quem tratar;

D. não responderá perante o comitente pelo eventual inadimplemento das pessoas com quem tratar,
salvo motivo de força maior;

E. responderá perante o comitente, no limite do valor ajustado da comissão, pelo eventual


inadimplemento das pessoas com quem tratar.

Comentários

A alternativa A está correta, na conjugação do art. 697 (“O comissário não responde pela insolvência
das pessoas com quem tratar, exceto em caso de culpa e no do artigo seguinte”) com o art. 698, citado
abaixo.

A alternativa B está incorreta, dado que, em regra, ele não responderia, mas a inserção da cláusula del
credere altera essa percepção.

A alternativa C está incorreta, já que o art. 698, abaixo transcrito, não limita a responsabilização pelo
dolo.

A alternativa D está incorreta, novamente, pelas mesmas razões mencionadas na alternativa anterior.

A alternativa E está incorreta, por força do art. 698 (“Se do contrato de comissão constar a cláusula
del credere, responderá o comissário solidariamente com as pessoas com que houver tratado em nome
do comitente, caso em que, salvo estipulação em contrário, o comissário tem direito a remuneração
mais elevada, para compensar o ônus assumido”), que não limita a responsabilidade ao valor recebido
na comissão, mas atinge o valor integral devido pela pessoa.

A obrigação do comissário é de meio, vale dizer, consiste procurar obter o lucro que se espera do negócio.
Por isso, sua responsabilidade é sempre subjetiva, ainda que solidária, no caso da cláusula del credere.
Podem ser classificadas as comissões em:

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Comissão imperativa

• Não há margem de negociação para o comissário, pois o comitente fixa de antemão as


condições do negócio.

Comissão indicativa

• O comissário tem margem de manobra, mas deve sempre comunicar o comitente a


respeito de sua atuação.

Comissão facultativa

• O comitente não restringe a atuação do comissário, indicando-lhe tão somente a razão


do negócio.
==163284==

Quais são as obrigações do comissário?

Ação

• Deve o comissário agir de conformidade com as ordens do comitente. Na falta, não


podendo pedi-las a tempo, deve proceder segundo os usos em casos semelhantes (art.
695).

Cuidado e diligência

• Não apenas para evitar prejuízo, mas também para proporcionar lucro razoável que se
esperaria do negócio (art. 696).

Indenização

• Responde o comissário, salvo força maior, por ação ou omissão que cause prejuízo (art.
696, parágrafo único);
• Responde pelas consequências da dilação e pela ausência de ciência ao comitente dos
prazos dados e de quem é o beneficiário (art. 700);
• Juros, pela mora na entrega dos valores pertencentes ao comitente (art. 706).

Não dilatar prazos

• Se houver instruções ou se não for usual (art. 699);


• Presume-se que pode dilatar em conformidade com os usos, se não houver instruções
contrárias do comitente.

Segundo o art. 695, parágrafo único, justificam-se os atos do comissário, se deles houver resultado
vantagem para o comitente. Igualmente justificáveis nos casos nos quais, não admitindo demora a
realização do negócio, o comissário agiu de acordo com os usos.

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Quais são as obrigações do comitente?

Remuneração

•Em caso de morte ou de força maior que impossibilite a conclusão do negócio, deve o comissário
ser remunerado proporcionalmente (art. 702);
•Mesmo que tenha dado causa à dispensa, tem direito à remuneração. Pode o comitente, porém,
compensar os prejuízos (arts. 703 e 705).

Informação

•A qualquer tempo, pode alterar as instruções ao comissário, o que inclui os negócios pendentes,
mas deve informá-lo da alteração (art. 704).

Indenização

•Em caso de dispensa sem justa causa, pelas perdas e danos (art. 705).
•Juros, se o comissário tiver adiantado valores para cumprimento de suas instruções (art. 706).
•O comissário tem direito de retenção sobre os valores e bens em seu poder até que seja
reembolsado pelas despesas, remunerações e indenizações (art. 708).

O crédito do comissário, relativo a comissões e despesas feitas, goza de privilégio geral, no caso de falência
ou insolvência do comitente, ressalva o art. 707. No mais, aplicam-se à comissão, no que couber, as regras
sobre mandato (art. 709).

12. AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO


O contato de agência e o contrato de distribuição são distintos, apesar de o CC/2002 ter tratado deles
conjuntamente. De qualquer forma, ambos são contatos bilaterais, onerosos, comutativos, não solenes,
pessoais e de trato sucessivo. O art. 710 traz o conceito do contrato de agência, que pode se somar ao
contrato de distribuição:

Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de
dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de

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certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à


sua disposição a coisa a ser negociada.

(CESPE / MPE-RO – 2013) No que se refere aos contratos, assinale a opção correta.

A. O objeto do contrato de comissão, regulado como típico no Código Civil, são negócios determinados,
negociando o comissário em nome do comitente, o qual será parte do negócio ajustado com o terceiro.

B. Em se tratando de contrato de agência, a coisa a ser negociada fica à disposição do agente, a quem
cabe promover negócios do agenciado em zona determinada, mediante retribuição, em caráter não
eventual e sem vínculo de dependência.

C. O mandante tem o dever de satisfazer as obrigações assumidas pelo mandatário, considerando-se


os poderes a ele conferidos pelo contrato celebrado, ainda que o mandatário tenha desatendido a
alguma instrução.

D. Em caso de morte do proponente de obrigação não personalíssima séria e consciente, os herdeiros


não estarão obrigados em relação às consequências do ato praticado.

E. A resolução unilateral do contrato é um direito de ambas as partes em caso de inadimplemento, de


forma que o adimplemento substancial por parte do devedor não obsta o exercício de tal faculdade
pelo credor

Comentários

A alternativa A está incorreta, pela previsão do art. 694: “O comissário fica diretamente obrigado para
com as pessoas com quem contratar, sem que estas tenham ação contra o comitente, nem este contra
elas, salvo se o comissário ceder seus direitos a qualquer das partes”.

A alternativa B está incorreta, pois, segundo o art. 710 (“Pelo contrato de agência, uma pessoa assume,
em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra,
mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a
distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada”), a disponibilidade dos
bens ao agente caracteriza a distribuição.

A alternativa C está correta, conforme se extrai do art. 679: “Ainda que o mandatário contrarie as
instruções do mandante, se não exceder os limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com
aqueles com quem o seu procurador contratou; mas terá contra este ação pelas perdas e danos
resultantes da inobservância das instruções”.

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A alternativa D está incorreta, já que se a obrigação é impessoal, transmite-se aos herdeiros, sendo
intransmissível a proposta se realizada em relação a contrato personalíssimo, como a prestação de
serviços, como é possível se interpretar da previsão geral do art. 427: “A proposta de contrato obriga
o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das
circunstâncias do caso”.

A alternativa E está incorreta, pois é a base da teoria do adimplemento substancial a vedação à


resolução unilateral do contrato em caso de cumprimento próximo da satisfação do credor.

Ou seja, a representação comercial ou agência se verifica quando o fornecedor não comanda


o processo de angariamento da clientela. Deixa ele essa atividade a cargo do agente que,
autonomamente, organiza sua própria empresa e a dirige, sem interferência do representado.
Assim, o representante comercial ou agente faz da intermediação de negócios alheios sua
profissão, não praticando a compra e venda de mercadorias do representado, mas apenas
prestando um serviço tendente a promover a compra e venda.

Além disso, pode ser do interesse do fornecedor igualmente não comandar o processo de distribuição de
mercadorias, simplesmente se preocupando em as produzir. Nesse caso, ele deixa essa atividade a cargo do
distribuidor, que, autonomamente, organiza sua própria empresa e a dirige, sem interferência do
representado. Assim, o distribuidor faz da entrega de bens alheios sua profissão.

Pode, ainda, o proponente conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusão dos
contratos. É possível a fusão, assim, de três contratos distintos:

Agência
• Promoção de negócios alheios;

Distribuição
• Disposição das coisas negociadas;

Representação
• Poderes para conclusão do negócio em nome do agente.

A rigor, aplica-se a legislação especial ao contrato de agência, nos termos do art. 721. O contrato de
representação comercial autônoma é disciplinado especificamente pela Lei 4.886/1965, a Lei dos
Representantes Comerciais Autônomos. Ademais, aplicam-se, subsidiariamente, as regras do mandato e da
comissão aos contratos de agência e distribuição.

O contrato pode ser apenas de agência (ou seja, de “angariação” de clientela), mais restrito, ou também de
distribuição, mais amplo. Pelo art. 710, a distribuição não é a revenda feita pelo agente, pois ele não compra
a mercadoria do empresário, mas apenas capta a clientela e as entrega.

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Eventualmente, o agente pode distribuir as mercadorias, mas, neste caso, ele age apenas
como depositário da mercadoria, de maneira que, ao concluir um contrato de compra e venda
e promover a entrega da mercadoria ao adquirente, ele não age em nome próprio, mas em
nome e por conta do empresário que representa. Assim, ao invés de atuar como vendedor, atua
como mandatário do vendedor, podendo, inclusive, ter poderes de representação, segundo o
parágrafo único desse artigo.

O agente, porém, não é mandatário, pois os negócios agenciados são retransmitidos ao proponente e são
por este aceitos ou não e, se aceitos, por ele consumados, e não pelo agente. Entretanto, nada impede que
eventualmente a representação também confira outros poderes ao agente, para que este pratique atos
próprios de um mandatário, aplicando-se, também, as regras próprias do mandato (art. 721).

Vê-se, aqui, mais uma vez, contraprova de que é possível haver mandato sem representação. O agente,
mandatário do empresário, não é seu representante, mas pode o ser. Por isso, criticável a posição do
CC/2002, que parece confundir o contrato de representação comercial, regulado por lei especial, com o
contrato de agência.

No desempenho de sua atividade, o agente deve agir com toda diligência, atendo-se às instruções recebidas
do proponente, segundo estabelece o art. 712. Nesse sentido, todas as despesas com o contrato, salvo
estipulação em contrário, ficam a cargo do agente ou distribuidor, por aplicação do art. 713.

Por isso, em regra, o proponente não pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na mesma
zona, com idêntica incumbência, segundo o art. 711, de modo a salvaguardar os negócios do representante
comercial (contrato de exclusividade). Igualmente, o agente ou distribuidor terá direito à remuneração
correspondente aos negócios concluídos dentro de sua zona, ainda que sem a sua interferência, por força
do art. 714.

Ainda em relação à remuneração, o art. 716 estabelece que ela será devida ao agente também quando o
negócio deixar de ser realizado por fato imputável ao proponente. Do mesmo modo, o representante
comercial tem direito à indenização se o proponente, sem justa causa, cessar o atendimento das propostas
ou reduzi-lo tanto que se torna antieconômica a continuação do contrato, consoante regra do art. 715. Esse
dispositivo homenageia o dever lateral de conduta da lealdade, decorrente da boa-fé objetiva.

Em relação à extinção, mesmo que dispensado por justa causa, terá o agente direito a ser remunerado
pelos serviços úteis prestados ao proponente, na dicção do art. 717. Se a dispensa se der sem culpa do
agente, ele tem direito à remuneração até então devida, inclusive sobre os negócios pendentes, além das
indenizações previstas na Lei 4.886/1965, por disposição expressa do art. 718.

Ao contrário, se o representante comercial não puder continuar o trabalho por motivo de força maior, terá
direito à remuneração correspondente aos serviços realizados, conforme regra do art. 719.

De qualquer forma, se a agência for estipulada por tempo indeterminado, qualquer das
partes poderá resolvê-la, mediante aviso prévio de 90 dias, desde que transcorrido prazo
compatível com a natureza e o vulto do investimento. Em que pese o tropeço do legislador,
não é caso de resolução, mas de resilição (unilateral imotivada), evidentemente.

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Em caso de divergência entre as partes, esse prazo compatível será avaliado mediante arbitramento judicial,
por aplicação do art. 720 e seu parágrafo único. Para encerrar, aplicam-se ao contrato de agência e
distribuição, no que couber, as regras concernentes ao mandato e à comissão e as constantes de lei especial,
como já dito anteriormente.

13. CORRETAGEM
A corretagem passou a ser regulada genericamente pelo CC/2002, tal qual ocorreu com o contrato de agência
e distribuição. Do mesmo modo, não se afastou a legislação especial, por força do art. 729, que remete à Lei
6.530/1978, a Lei do Corretor de Imóveis.

E o que é a corretagem? Segundo Orlando Gomes, “a corretagem consiste a atividade de corretor em


aproximar pessoas que desejam contratar, pondo-as em contato”. Tal atividade será feita mediante
aconselhamento e informação na conclusão de contrato, além de procurar o corretor conciliar os interesses
das pessoas que aproxima, segundo previsão do art. 722.

A corretagem é contrato bilateral, consensual, não solene, oneroso, acessório e aleatório. É contrato não
solene, porque pode ser mesmo verbal. Acessório porque depende de um contrato principal,
evidentemente. Aleatório, dado que há risco ligado à celebração ou não do contrato principal.

Segundo a regra do a art. 724, a remuneração do corretor, se não estiver fixada em lei, nem
ajustada entre ele e o comitente, será arbitrada segundo a natureza do negócio e os usos locais.
A remuneração da corretagem é também chamada de comissão, daí muitos confundirem os dois
contratos. Diferem, evidente, pelo objetivo de cada um.

E a quem cabe o pagamento da comissão ao corretor? Ora, evidentemente, a quem buscou o corretor para
que o aproximasse de outrem para realizar o negócio. Esse, inclusive, é o entendimento do STJ (REsp
1.288.450) num caso de corretagem imobiliária, na qual o comprador buscou o corretor para que
encontrasse um imóvel. De qualquer forma, nada impede que as partes ajustem em contrário e mesmo
dividam os custos, em vista do princípio da autonomia privada.

A corretagem pode ser exercida ocasionalmente, e não apenas habitualmente (diferença em relação ao
contrato de agência ou representação). Além disso, pode ser feita para os mais diversos contratos, à exceção
dos contratos que devem ser praticados desinteressadamente (no caso dos contratos benéficos/gratuitos).

Há também limitações legais para a corretagem de determinados contratos, que são realizadas
exclusivamente por profissionais da área, nos casos previstos em lei. Assim, possível distinguir a corretagem
livre, aquela que independe de qualquer requisito legal específico, da corretagem oficial, que o demanda.

No caso das corretagens livres, pode ser necessário submissão a determinada legislação própria de
corporação, como é o caso dos Corretores de Imóveis, regidos pela Lei 6.530/1978. No entanto,
determinadas corretagens sequer contam com corporação própria.

Nada impede que eu me torne corretor de seja o que for, corretor de chocolate (aproximo produtores de
cacau de industriais), corretor de cervejas (aproximo bebedores de produtores independentes pequenos),
ou mesmo corretor de matrimônios (aproximo pessoas interessadas em contrair casamento). Desde que a

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aproximação se dê dentro dos limites legais, sem violar a ordem pública e os bons costumes, não há vedação
legal expressa.

De outra banda, nas corretagens oficiais, não basta isso; necessário o cumprimento de determinados
requisitos específicos. Por exemplo, a corretagem feita por Corretora de Ações em Bolsa depende de
autorização da CVM, segundo a Lei 6.385/1976.

Em regra, segundo o art. 723 e seu parágrafo único, cabe ao corretor prestar ao cliente, espontaneamente,
de maneira diligente e prudente, todas as informações sobre o andamento do negócio. Além disso, deve
prestar esclarecimentos sobre a segurança, o risco e quaisquer outros fatores que
possam influenciar o resultado do negócio, sob pena de responder por perdas e
danos.

Por outro lado, a remuneração do corretor é devida, inclusive, se o negócio não se


finaliza por arrependimento de uma das partes, na dicção do art. 725. Ele a receberá,
ainda, mesmo quando dispensado e o negócio se realizar posteriormente, como fruto
da sua mediação, conforme estabelece o art. 727.

Não se deve remuneração ao corretor se o negócio foi iniciado e concluído diretamente entre as partes, ou
se, mesmo havendo corretagem com exclusividade, estabelecida por escrito, for comprovada sua inércia ou
ociosidade, consoante regra do art. 726. Se o negócio se concluir com a intermediação de mais de um
corretor, a remuneração será paga a todos em partes iguais, salvo ajuste em contrário.

(VUNESP / TJ-SP – 2017) Mediante contrato escrito, José efetua a venda de imóvel a Maria. Embora
consumado o negócio, Maria desiste da compra depois de noventa dias. O corretor Antônio exige de
José o pagamento de remuneração pelo trabalho de mediação.

A respeito do caso hipotético, é correto afirmar que a remuneração

A. não é exigível, uma vez que o rompimento do contrato de venda e compra equivale à não obtenção
do resultado do trabalho do corretor.

B. é exigível, uma vez que o contrato de venda e compra foi concluído e que o arrependimento de uma
das partes não é oponível ao corretor.

C. é exigível, exceto se a compradora deixou de efetuar o pagamento total ou parcial do preço,


independentemente de tal circunstância ter sido prevista em contrato pelo vendedor e pelo corretor.

D. não é exigível, ainda que a corretagem tenha sido contratada por escrito e com exclusividade.

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Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme reza o art. 725: “A remuneração é devida ao corretor uma vez
que tenha conseguido o resultado previsto no contrato de mediação, ou ainda que este não se efetive
em virtude de arrependimento das partes”.

A alternativa B está correta, pela dicção do supracitado art. 725.

A alternativa C está incorreta, já que o inadimplemento, seja total, seja parcial, é irrelevante para a
obrigação do vendedor adimplir a corretagem para com o corretor.

A alternativa D está incorreta, pois mesmo que o contrato tivesse sido encetado entre as partes
diretamente, a cláusula de exclusividade obrigaria ao pagamento: “Art. 726. Iniciado e concluído o
negócio diretamente entre as partes, nenhuma remuneração será devida ao corretor; mas se, por
escrito, for ajustada a corretagem com exclusividade, terá o corretor direito à remuneração integral,
ainda que realizado o negócio sem a sua mediação, salvo se comprovada sua inércia ou ociosidade”.

De qualquer forma, para que se fale em corretagem, necessário que haja... corretagem! Ainda assim, o STJ
entende que a aquisição de imóvel em estande de vendas de unidades autônomas incorporadas configura
corretagem, desde que previamente informado ao adquirente que ele arcará com o custo. No entanto, a
cobrança da malfadada SATI (Serviço de Assessoria Técnico-Imobiliária) ou congênere é abusiva (REsp
1.599.511/SP).

LEGISLAÇÃO PERTINENTE
6. Empréstimo

A Lei 10.820/2003 dispõe sobre a autorização para desconto de prestações em folha de pagamento, ou seja,
ela trata dos chamados “empréstimos consignados”. Preste atenção nos percentuais e limites previstos
nessa lei, já que esses elementos foram reiteradamente alterados ao longo do tempo, por sucessivas leis
modificativas:

Art. 1o Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, poderão autorizar, de forma irrevogável e
irretratável, o desconto em folha de pagamento ou na sua remuneração disponível dos valores
referentes ao pagamento de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e operações de
arrendamento mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de arrendamento
mercantil, quando previsto nos respectivos contratos.

§ 1º O desconto mencionado neste artigo também poderá incidir sobre verbas rescisórias
devidas pelo empregador, se assim previsto no respectivo contrato de empréstimo,
financiamento, cartão de crédito ou arrendamento mercantil, até o limite de 35% (trinta e cinco
por cento), sendo 5% (cinco por cento) destinados exclusivamente para:

I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou

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II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito.

§ 2º O regulamento disporá sobre os limites de valor do empréstimo, da prestação consignável


para os fins do caput e do comprometimento das verbas rescisórias para os fins do § 1o deste
artigo.

§ 3º Os empregados de que trata o caput poderão solicitar o bloqueio, a qualquer tempo, de


novos descontos.

§ 4º O disposto no § 3o não se aplica aos descontos autorizados em data anterior à da solicitação


do bloqueio.

§ 5º Nas operações de crédito consignado de que trata este artigo, o empregado poderá oferecer
em garantia, de forma irrevogável e irretratável:

I - até 10% (dez por cento) do saldo de sua conta vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço - FGTS;

II - até 100% (cem por cento) do valor da multa paga pelo empregador, em caso de despedida
sem justa causa ou de despedida por culpa recíproca ou força maior, nos termos dos §§ 1º e 2º
do art. 18 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990.

§ 6º A garantia de que trata o § 5º só poderá ser acionada na ocorrência de despedida sem justa
causa, inclusive a indireta, ou de despedida por culpa recíproca ou força maior, não se aplicando,
em relação à referida garantia, o disposto no § 2º do art. 2º da Lei nº 8.036, de 11 de maio de
1990.

§ 7º O Conselho Curador do FGTS poderá definir o número máximo de parcelas e a taxa máxima
mensal de juros a ser cobrada pelas instituições consignatárias nas operações de crédito
consignado de que trata este artigo.

§ 8º Cabe ao agente operador do FGTS definir os procedimentos operacionais necessários à


execução do disposto nos §§ 5º e 6º deste artigo, nos termos do inciso II do caput do art. 7º da
Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990.

Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se:

I - empregador, a pessoa jurídica assim definida pela legislação trabalhista e o empresário a que
se refere o Título I do Livro II da Parte Especial da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código
Civil;

II - empregado, aquele assim definido pela legislação trabalhista;

III - instituição consignatária, a instituição autorizada a conceder empréstimo ou financiamento


ou realizar operação com cartão de crédito ou de arrendamento mercantil mencionada no caput
do art. 1o;

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IV - mutuário, empregado que firma com instituição consignatária contrato de empréstimo,


financiamento, cartão de crédito ou arrendamento mercantil regulado por esta Lei;

V - verbas rescisórias, as importâncias devidas em dinheiro pelo empregador ao empregado em


razão de rescisão do seu contrato de trabalho;

VI - instituição financeira mantenedora, a instituição a que se refere o inciso III do caput e que
mantém as contas para crédito da remuneração disponível dos empregados;

VII - desconto, ato de descontar na folha de pagamento ou em momento anterior ao do crédito


devido pelo empregador ao empregado como remuneração disponível ou verba rescisória o valor
das prestações assumidas em operação de empréstimo, financiamento, cartão de crédito ou
arrendamento mercantil; e

VIII - remuneração disponível, os vencimentos, subsídios, soldos, salários ou remunerações,


descontadas as consignações compulsórias.

§ 1o Para os fins desta Lei, são consideradas consignações voluntárias as autorizadas pelo
empregado.

§ 2º No momento da contratação da operação, a autorização para a efetivação dos descontos


permitidos nesta Lei observará, para cada mutuário, os seguintes limites:

I - a soma dos descontos referidos no art. 1o não poderá exceder a 35% (trinta e cinco por cento)
da remuneração disponível, conforme definido em regulamento, sendo 5% (cinco por cento)
destinados exclusivamente para:

a) a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou

b) a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito; e

II - o total das consignações voluntárias, incluindo as referidas no art. 1o, não poderá exceder a
quarenta por cento da remuneração disponível, conforme definida em regulamento.

7. Prestação de serviço

8. Empreitada

9. Depósito

10. Mandato

O contrato de mandato é, em regra, de pactuação livre. Não se exige do mandatário alguma qualidade
peculiar. Exceção está prevista na Lei 8.906/1994, o Estatuto da Advocacia, que regula, além das atribuições
da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, o mandato privativo do advogado:

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Art. 1º São atividades privativas de advocacia:

I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais;

II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.

§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer


instância ou tribunal.

§ 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser
admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados.

§ 3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade.

11. Comissão

12. Agência e distribuição

A Lei 4.886/1965 regula as atividades dos representantes comerciais autônomos, a par das regras do
CC/2002 quanto à agência e distribuição:

Art. 1º. Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem
relação de emprego, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma ou mais
pessoas, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos,
para transmiti-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos
negócios.

Parágrafo único. Quando a representação comercial incluir poderes atinentes ao mandato


mercantil, serão aplicáveis, quanto ao exercício deste, os preceitos próprios da legislação
comercial.

Art. 2º. É obrigatório o registro dos que exerçam a representação comercial autônoma nos
Conselhos Regionais criados pelo art. 6º desta Lei.

Parágrafo único. As pessoas que, na data da publicação da presente Lei, estiverem no exercício
da atividade, deverão registrar-se nos Conselhos Regionais, no prazo de 90 dias a contar da data
em que estes forem instalados.

Art. 5º. Somente será devida remuneração, como mediador de negócios comerciais, a
representante comercial devidamente registrado.

Art. 6º. São criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais dos Representantes Comerciais,
aos quais incumbirá a fiscalização do exercício da profissão, na forma desta Lei.

Parágrafo único. É vedado, aos Conselhos Federal e Regionais dos Representantes Comerciais,
desenvolverem quaisquer atividades não compreendidas em suas finalidades previstas nesta Lei,
inclusive as de caráter político e partidárias.

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13. Corretagem

A Lei 6.530/1978 regula a profissão de Corretor de Imóveis, a par das regras do CC/2002 quanto à
corretagem geral:

Art. 1º O exercício da profissão de Corretor de Imóveis, no território nacional, é regido pelo


disposto na presente lei.

Art. 2º O exercício da profissão de Corretor de Imóveis será permitido ao possuidor de título de


Técnico em Transações Imobiliárias.

Art. 3º Compete ao Corretor de Imóveis exercer a intermediação na compra, venda, permuta e


locação de imóveis, podendo, ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária.

Parágrafo único. As atribuições constantes deste artigo poderão ser exercidas, também, por
pessoa jurídica inscrita nos termos desta lei.

Art. 4º A inscrição do Corretor de Imóveis e da pessoa jurídica será objeto de Resolução do


Conselho Federal de Corretores de Imóveis.

Art. 5º O Conselho Federal e os Conselhos Regionais são órgãos de disciplina e fiscalização do


exercício da profissão de Corretor de Imóveis, constituídos em autarquia, dotada de
personalidade jurídica de direito público, vinculada ao Ministério do Trabalho, com autonomia
administrativa, operacional e financeira.

Art. 6º As pessoas jurídicas inscritas no Conselho Regional de Corretores de Imóveis sujeitam-se


aos mesmos deveres e têm os mesmos direitos das pessoas físicas nele inscritas.

§ 1º As pessoas jurídicas a que se refere este artigo deverão ter como sócio gerente ou diretor
um Corretor de Imóveis individualmente inscrito.

§ 2º O corretor de imóveis pode associar-se a uma ou mais imobiliárias, mantendo sua autonomia
profissional, sem qualquer outro vínculo, inclusive empregatício e previdenciário, mediante
contrato de associação específico, registrado no Sindicato dos Corretores de Imóveis ou, onde
não houver sindicato instalado, registrado nas delegacias da Federação Nacional de Corretores
de Imóveis.

§ 3º Pelo contrato de que trata o § 2o deste artigo, o corretor de imóveis associado e a imobiliária
coordenam, entre si, o desempenho de funções correlatas à intermediação imobiliária e ajustam
critérios para a partilha dos resultados da atividade de corretagem, mediante obrigatória
assistência da entidade sindical.

§ 4º O contrato de associação não implica troca de serviços, pagamentos ou remunerações entre


a imobiliária e o corretor de imóveis associado, desde que não configurados os elementos
caracterizadores do vínculo empregatício previstos no art. 3o da Consolidação das Leis do
Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943.

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A Lei 4.594/1964 regula a profissão de Corretor de Seguros, também a par das regras do CC/2002 quanto à
corretagem geral:

Art. 1º O corretor de seguros, seja pessoa física ou jurídica, é o intermediário legalmente


autorizado a angariar e a promover contratos de seguros, admitidos pela legislação vigente, entre
as Sociedades de Seguros e as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado.

Art. 2º O exercício da profissão de corretor de seguros depende da prévia obtenção do título de


habilitação, o qual será concedido pelo Departamento Nacional de Seguros Privados e
Capitalização, nos termos desta lei.

Parágrafo único. O número de corretores de seguro é ilimitado.

Art. 12. O corretor de seguros poderá ter prepostos de sua livre escolha bem como designar,
entre eles, o que o substitua nos impedimentos ou faltas.

Parágrafo único. Os prepostos serão registrados no Departamento Nacional de Seguros Privados


e Capitalização, mediante requerimento do corretor e preenchimento dos requisitos exigidos
pelo art. 3º.

Art. 13. Só ao corretor de seguros devidamente habilitado nos termos desta lei e que houver
assinado a proposta, deverão ser pagas as corretagens admitidas para cada modalidade de
seguro, pelas respectivas tarifas, inclusive em caso de ajustamento de prêmios.

§ 1º Nos casos de alterações de prêmios por erro de cálculo na proposta ou por ajustamentos
negativos, deverá o corretor restituir a diferença da corretagem.

§ 2º Nos seguros efetuados diretamente entre o segurador e o segurado, sem interveniência de


corretor, não haverá corretagem a pagar.

Art. 14. O corretor deverá ter o registro devidamente autenticado pelo Departamento Nacional
de Seguros Privados e Capitalização das propostas que encaminhar às Sociedades de Seguros,
com todos os assentamentos necessários à elucidação completa dos negócios em que intervier.

Art. 15. O corretor deverá recolher incontinenti à Caixa da Seguradora o prêmio que porventura
tiver recebido do segurado para pagamento de seguro realizado por seu intermédio.

Art. 16. Sempre que for exigido pelo Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização
e no prazo por ele determinado, os corretores e prepostos deverão exibir os seus registros bem
como os documentos nos quais se baseiam os lançamentos feitos.

Art. 17. É vedado aos corretores e aos prepostos:

a) aceitarem ou exercerem empregos de pessoa jurídica de direito público, inclusive de entidade


paraestatal;

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b) serem sócios, administradores, procuradores, despachantes ou empregados de empresa de


seguros.

Parágrafo único. O impedimento previsto neste artigo é extensivo aos sócios e diretores de
empresa de corretagem.

A Lei 6.385/1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e trata da Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, traz normas gerais e exigências para a corretagem junto à CVM:

Art. 15. O sistema de distribuição de valores mobiliários compreende:

VI - as corretoras de mercadorias, os operadores especiais e as Bolsas de Mercadorias e Futuros.

Art. 16. Depende de prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários o exercício das
seguintes atividades:

III - mediação ou corretagem de operações com valores mobiliários;

Parágrafo único. Só os agentes autônomos e as sociedades com registro na Comissão poderão


exercer a atividade de mediação ou corretagem de valores mobiliários fora da bolsa.

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
6. Empréstimo

Em caso de mútuo feneratício, é comum que as instituições financeiras se apropriem dos valores que o
correntista possui em conta para que o saldo devedor seja quitado. O argumento é de que a autonomia
privada deve prevalecer, vale dizer, se há cláusula autorizativa, o desconto é devido.

No entanto, o STJ definiu que é proibido à instituição financeira reter, em qualquer extensão, os salários,
vencimentos e/ou proventos de correntista para adimplir o mútuo (comum) contraído. A vedação atinge
os contratos que tenham cláusula autorizativa, da mesma forma. A exceção é o empréstimo garantido por
margem salarial consignável, com desconto em folha de pagamento (empréstimo consignado), que possuem
regramentos legais específicos e admitem a retenção de percentual.

STJ Súmula 603


É vedado ao banco mutuante reter, em qualquer extensão, os salários, vencimentos e/ou
proventos de correntista para adimplir o mútuo (comum) contraído, ainda que haja cláusula
contratual autorizativa, excluído o empréstimo garantido por margem salarial consignável, com
desconto em folha de pagamento, que possui regramento legal específico e admite a retenção
de percentual.

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7. Prestação de serviço

O elastecimento de contrato de prestação de serviços por mais de 4 anos desconfigura-o, tornando-o


contrato de trabalho por prazo indeterminado. Já há muito tempo essa é a orientação da Súmula 195 do STF
(1963), ainda sob a égide do CC/1916. Nesses casos, transmuta-se o contrato em contrato de trabalho por
prazo indeterminado:

STF Súmula 195


Contrato de trabalho para obra certa, ou de prazo determinado, transforma-se em contrato de
prazo indeterminado, quando prorrogado por mais de quatro anos.

8. Empreitada

Em caso de dano a terceiro, respondem proprietário e empreiteiro, solidariamente, pelos danos causados.
Assim, não há que se afastar a responsabilidade por dano causado em decorrência da obra sob a alegação
de ausência de culpa do proprietário, uma vez que é seu dever supervisionar as obras (culpa in vigilando):

CIVIL. DANO AO IMÓVEL VIZINHO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO PROPRIETÁRIO DA OBRA


E DO EMPREITEIRO. O proprietário da obra responde solidariamente com o empreiteiro, pelos
danos causados a terceiro (AgRg no REsp 473.107/MG, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE
BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/10/2006, DJ 18/12/2006, p. 361).

A Súmula 194 do STJ, que é de 1997, deve ser relida à luz do CC/2002. Isso porque o entendimento ainda usa
o prazo prescricional geral do CC/1916. Revista, entende-se que é aplicável o prazo prescricional geral de
10 anos para que a ação de indenização por defeitos na obra seja proposta pelo dono da obra. Não se
trata, aqui, de aplicação do art. 618, que trata do prazo quinquenal, que é de garantia, apenas:

STJ Súmula 194


Prescreve em vinte anos a ação para obter, do construtor, indenização por defeitos da obra.

Complementando essa Súmula, em 2011 o tema voltou à baila no STJ. E qual foi o entendimento da Corte?
Na realidade, foram três, que não ficam muito bem delimitados na ementa, mas que são de ímpar relevância.

Primeiro, em complemento à Súmula 194, o prazo prescricional para obter do construtor indenização por
defeitos da obra é de 10 anos, desde que o vício apareça nos 5 anos seguintes à conclusão da obra (art.
618). Nesse caso, o construtor responde de maneira objetiva, ou seja, desnecessário provar culpa ou dolo
do construtor, mas apenas o dano (quanto à solidez e segurança e o nexo de causalidade).

Segundo, mesmo que o vício ocorra posteriormente ao prazo de 5 anos, o construtor responde por vícios de
solidez e segurança da obra, mas por perdas e danos, ou seja, subjetivamente. Assim, se passados 5 anos da
conclusão da obra, o dono deverá mostrar que o construtor agiu com dolo ou culpa.

Terceiro, o julgado tratou do início da contagem do prazo. Como o julgado, porém, não explicou a aplicação
do parágrafo único do art. 618 do CC, que ficaria para julgado posterior, deixo de tratar dele aqui:

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RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO CONSTRUTOR. CONTRATO DE EMPREITADA.


POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO DO CONSTRUTOR PELA SOLIDEZ E SEGURANÇA DA
OBRA COM BASE NO ART. 1056 DO CC/16. MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO QUE AFASTOU A
PRESCRIÇÃO. Constatação de problemas construtivos graves em obra entregue em 09/08/1982
apenas no ano de 1999, com ingresso da demanda indenizatória em 12/11/2002. Controvérsia
em torno do prazo para o exercício da pretensão indenizatória contra o construtor pelo dono da
obra por danos relativos à solidez e segurança. Possibilidade de responsabilização do construtor
pela fragilidade da obra com fundamento tanto no art. 1245 do CC/16, em que a sua
responsabilidade é presumida, como no art. 1056 do CC/16, em que se faz necessária a
comprovação do ilícito contratual, consistente na má-execução da obra. Enunciado 181 da III
Jornada de Direito Civil. Jurisprudência de outros Tribunais. Distinção da responsabilização do
construtor pelo art. 1245 do CC/16, que podia ser demandada no prazo de vinte anos (Súmula
194 STJ), mas desde que o conhecimento dos problemas relacionados à solidez e segurança da
obra transparecessem nos cinco anos seguintes à sua entrega O termo inicial do prazo
prescricional é a data do conhecimento das falhas construtivas. Prescrição afastada no caso
diante do reconhecimento da possibilidade do recorrido demandar a construtora recorrente com
fundamento no art. 1056 do CC/16, comprovada a prática do ilícito contratual (REsp 903.771/SE,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/04/2011, DJe
27/04/2011).

Como se dá a contagem do prazo para as lides que envolvem os vícios de solidez e segurança das obras?
Depende, segundo o STJ, do tipo de demanda. Além disso, como fica o prazo decadencial do parágrafo único
do art. 618 do CC/2002, que não entrou no julgado anterior da Corte? O próprio Ministro Sanseverino
complementou seu voto, três anos depois.

Caso de vício de solidez e segurança estabelecido por força de prazo de garantia legal do art. 618, caput,
do CC/2002. Em se tratando desse prazo de garantia, aplica-se o prazo decadencial de 180 dias previsto no
parágrafo único para propositura da demanda. A contagem do prazo se inicia com a ciência do vício. Assim,
se conheço do vício no 4º ano, tenho 180 dias para propor a ação, sendo a responsabilidade do construtor
objetiva.

Caso de inadimplemento contratual, consistente na má-execução da obra, não previsto na garantia legal
do art. 618, caput, do CC/2002. Em se tratando desse prazo para indenização por perdas e danos, aplica-
se o prazo prescricional geral de 10 anos previsto no art. 205 para propositura da demanda. A contagem
dos prazos igualmente se inicia com a ciência do vício. Assim, se conheço do vício no 6º ano, tenho 10 anos
para propor a ação, sendo a responsabilidade do construtor subjetiva, inversamente:

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO CONSTRUTOR. CONTRATO DE EMPREITADA


INTEGRAL. POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO DO CONSTRUTOR PELA SOLIDEZ E
SEGURANÇA DA OBRA COM BASE NO ART. 1.056 DO CCB/16 (ART. 389 CCB/02). AÇÃO
INDENIZATÓRIA. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. Controvérsia em torno do prazo para o exercício
da pretensão indenizatória contra o construtor por danos relativos à solidez e segurança da obra.
Possibilidade de responsabilização do construtor pela fragilidade da obra, com fundamento tanto
no art. 1.245 do CCB/16 (art. 618 CCB/02), em que a sua responsabilidade é presumida, ou com
fundamento no art. 1.056 do CCB/16 (art. 389 CCB/02), em que se faz necessária a comprovação

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do ilícito contratual, consistente na má-execução da obra. Enunciado 181 da III Jornada de Direito
Civil. Na primeira hipótese, a prescrição era vintenária na vigência do CCB/16 (cf. Sumula
194/STJ), passando o prazo a ser decadencial de 180 dias por força do disposto no parágrafo
único do art. 618 do CC/2002. Na segunda hipótese, a prescrição, que era vintenária na vigência
do CCB/16, passou a ser decenal na vigência do CCB/02. O termo inicial da prescrição é a data do
conhecimento das falhas construtivas, sendo que a ação fundada no art. 1.245 do CCB/16 (art.
618 CCB/02) somente é cabível se o vício surgir no prazo de cinco anos da entrega da obra (REsp
1290383/SE, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em
11/02/2014, DJe 24/02/2014).

O STJ firmou entendimento, desde 2015, que o CDC é aplicável aos empreendimentos habitacionais
promovidos pelas sociedades cooperativas. A orientação segue a mesma lógica da aplicação do CDC às
cooperativas de crédito, relativamente a empréstimos bancários. A Corte, ao longo dos anos, vem
reconhecendo o caráter empresarial das sociedades cooperativas, de modo que a aplicação das regras do
CDC é atraída por elas:

STJ Súmula 602


O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais promovidos
pelas sociedades cooperativas.

9. Depósito

10. Mandato

Na ADI 1.127, o STF julgou uma série de dispositivos do Estatuto da Advocacia (EOAB), em ação movida pela
Associação dos Magistrados Brasileiros. Relevante, aqui, que foi declarado inconstitucional o termo
“qualquer” do art. 1º, inc. I, do EOAB, já que em determinadas situações a atuação do advogado não é
obrigatória. São os casos da Justiça do Trabalho e dos Juizados Especiais Cíveis.

No caso da Justiça do Trabalho, o jus postulandi se restringe aos Tribunais Regionais do Trabalho, ou seja, as
lides em grau ordinário. Isso não inclui o manejo de Recurso de Revista, Ação Rescisória, Ação Cautelar,
Mandado de Segurança e os recursos de competência originária do TST, segundo Súmula 425 da Corte
Superior Trabalhista.

Igualmente, o jus postulandi existente nos Juizados Especiais é duplamente limitado. Primeiro, não se exige
atuação de advogado apenas até o teto monetário de 20 salários mínimos, como prevê o art. 9º da Lei
9.099/1995, ainda que o Juizado tenha competência para lides de até 40 salários mínimos. Além disso, ele
se restringe ao primeiro grau; no caso de manejo de recurso (inexplicavelmente ainda chamado por muitos
de “inominado”) para a turma recursal, exige-se a representação por advogado, como determina o art. 41,
§2º da referida lei.

Além disso, a ADI julgou prejudicada a análise da parte final do referido artigo (“e aos juizados especiais”), já
que a Lei dos Juizados Especiais, de 1999, tratou especificamente do tema, afastando a obrigatoriedade da
assistência de causídico em determinadas situações. Assim, em virtude de aplicação das normas da LINDB,

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quanto ao tema, desnecessário declarar a inconstitucionalidade de dispositivo que fora parcialmente


derrogado por lei posterior:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 8.906, DE 4 DE JULHO DE 1994. ESTATUTO DA


ADVOCACIA E A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. DISPOSITIVOS IMPUGNADOS PELA AMB.
PREJUDICADO O PEDIDO QUANTO À EXPRESSÃO "JUIZADOS ESPECIAIS", EM RAZÃO DA
SUPERVENIÊNCIA DA LEI 9.099/1995. AÇÃO DIRETA CONHECIDA EM PARTE E, NESSA PARTE,
JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. I - O advogado é indispensável à administração da
Justiça. Sua presença, contudo, pode ser dispensada em certos atos jurisdicionais. II - A
imunidade profissional é indispensável para que o advogado possa exercer condigna e
amplamente seu múnus público. III - A inviolabilidade do escritório ou do local de trabalho é
consectário da inviolabilidade assegurada ao advogado no exercício profissional. IV - A presença
de representante da OAB em caso de prisão em flagrante de advogado constitui garantia da
inviolabilidade da atuação profissional. A cominação de nulidade da prisão, caso não se faça a
comunicação, configura sanção para tornar efetiva a norma. V - A prisão do advogado em sala de
Estado Maior é garantia suficiente para que fique provisoriamente detido em condições
compatíveis com o seu múnus público. VI - A administração de estabelecimentos prisionais e
congêneres constitui uma prerrogativa indelegável do Estado. VII - A sustentação oral pelo
advogado, após o voto do Relator, afronta o devido processo legal, além de poder causar tumulto
processual, uma vez que o contraditório se estabelece entre as partes. VIII - A imunidade
profissional do advogado não compreende o desacato, pois conflita com a autoridade do
magistrado na condução da atividade jurisdicional. IX - O múnus constitucional exercido pelo
advogado justifica a garantia de somente ser preso em flagrante e na hipótese de crime
inafiançável. X - O controle das salas especiais para advogados é prerrogativa da Administração
forense. XI - A incompatibilidade com o exercício da advocacia não alcança os juízes eleitorais e
seus suplentes, em face da composição da Justiça eleitoral estabelecida na Constituição. XII - A
requisição de cópias de peças e documentos a qualquer tribunal, magistrado, cartório ou órgão
da Administração Pública direta, indireta ou fundacional pelos Presidentes do Conselho da OAB
e das Subseções deve ser motivada, compatível com as finalidades da lei e precedida, ainda, do
recolhimento dos respectivos custos, não sendo possível a requisição de documentos cobertos
pelo sigilo. XIII - Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente. (ADI
1127, Relatora): Min. MARCO AURÉLIO, Relatora) p/ Acórdão: Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
Tribunal Pleno, julgado em 17/05/2006, DJe-105 DIVULG 10-06-2010 PUBLIC 11-06-2010 EMENT
VOL-02405-01 PP-00040 RTJ VOL-00215-01 PP-00528).

Em caso de morte do mandatário, a obrigação de prestar contas não se transmite aos herdeiros, entende
o STJ. Isso porque, à toda evidência, o mandato e a obrigação de prestar contas relativo ao seu exercício, são
atos personalíssimos, que impedem a extensão de seus efeitos para os sucessores do mandatário, por
exemplo:

RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS - MORTE DO MANDATÁRIO -


TRANSMISSÃO DA OBRIGAÇÃO AO ESPÓLIO - INVIABILIDADE - AÇÃO DE CUNHO
PERSONALÍSSIMO - EXTINÇÃO DA AÇÃO SEM O JULGAMENTO DO MÉRITO - MANUTENÇÃO -
NECESSIDADE - ARTS. 1323 E 1324 DO CC/1916 - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO -
INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 211 DA SÚMULA/STJ - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO (REsp

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1055819/SP, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/03/2010, DJe
07/04/2010).

Cuidado, porém, com a situação inversa! Em caso de morte do mandante, o direito de exigir contas se
transmite aos seus herdeiros, entende o STJ. Isso porque, à toda evidência, o mandato e a obrigação de
prestar contas relativo ao seu exercício, são atos personalíssimos, que impedem a extensão de seus efeitos
para os sucessores do mandatário, como dito. Inversamente, a morte do mandante não impede de maneira
alguma que seus sucessores exijam as contas devidas pelo mandatário a ele, não se quebrando o critério
personalíssimo:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. CONTRATO DE


MANDATO. MORTE DO MANDANTE. LEGITIMIDADE DOS HERDEIROS. Esta Corte já decidiu que o
dever de prestar de contas não se transmite aos herdeiros do mandatário, devido ao caráter
personalíssimo do contrato de mandato (cf. REsp 1.055.819/SP, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA,
TERCEIRA TURMA, DJe 07/04/2010). Essa orientação, porém, não pode ser estendida à hipótese
de morte do mandante, porque as circunstâncias que impedem a transmissibilidade do dever de
prestar contas aos herdeiros do mandatário não se verificam na hipótese inversa, relativa ao
direito de os herdeiros do mandante exigirem a prestação de contas do mandatário. Legitimidade
dos herdeiros do mandante para ajuizarem ação de prestação de contas em desfavor do
mandatário do 'de cujus' (REsp 1122589/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 10/04/2012, DJe 19/04/2012)

Quando a lei não exige motivo, a resilição unilateral imotivada não gera direito de indenização. Essa regra
vale também para o contrato de prestação de serviços advocatícios. Em razão da relação de confiança entre
advogado e cliente, por se tratar de contrato personalíssimo (intuitu personae), dispõe o Código de Ética, no
tocante ao advogado, que “a renúncia ao patrocínio deve ser feita sem menção do motivo que a
determinou”. Trata-se de resilição unilateral imotivada, igualmente.

Trata-se, portanto, de direito potestativo do advogado em renunciar ao mandato e, ao mesmo tempo, do


cliente em revogá-lo, sendo anverso e reverso da mesma moeda, do qual não pode se opor nem mandante
nem mandatário, nem se cria dever de indenizar:

CLÁUSULA PENAL EM CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS. RESCISÃO


UNILATERAL. DIREITO POTESTATIVO DO CLIENTE E DO ADVOGADO. DIREITO DE REVOGAÇÃO
SEM ÔNUS PARA OS CONTRATANTES. Não é possível a estipulação de multa no contrato de
honorários para as hipóteses de renúncia ou revogação unilateral do mandato do advogado,
independentemente de motivação, respeitado o direito de recebimento dos honorários
proporcionais ao serviço prestado (REsp 1.346.171-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por
unanimidade, julgado em 11/10/2016, DJe 7/11/2016).

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11. Comissão

12. Agência e distribuição

13. Corretagem

JORNADAS DE DIREITO CIVIL


Quanto às espécies contratuais vistas nesta aula, já tratei de todos os Enunciados das Jornadas de Direito
Civil do CJF ao longo do texto. Desnecessário repetir aqui.

RESUMO
6. Empréstimo

Quais são as obrigações do comodatário?

A) Conservação da coisa
• O comodatário deve zelar pela coisa como se fosse sua (art. 583);
• Mesmo em caso de força maior, o comodatário responde pelo dano, se, em caso de risco, ele
privilegiar a segurança de seus bens próprios.
B) Usar a coisa de forma adequada
• O bem só poderá ser usado para a finalidade e de acordo com os termos do contrato de comodato
(art. 582), sob pena de resolução do pacto;
• Se o contrato for omisso quanto à finalidade, deve ser entendido que a coisa foi emprestada para
ser utilizada de acordo com sua natureza.
C) Restituir a coisa emprestada no momento devido
• O comodatário deve restituir o bem no prazo (art. 581);
• Se não houver prazo expresso, deve ser restituído no prazo necessário para a finalidade para a qual
foi emprestado;
• O comodante não pode exigir o bem antes do termo do contrato, exceto se ele comprovar
necessidade urgente e imprevista para exigi-lo antes;
• O comodatário que descumpra a obrigação de devolver o bem no prazo fica em mora e, portanto,
deve pagar aluguel (art. 582).

Quais são as diferenças entre o comodato e o mútuo?

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A) Fungibilidade
• Comodato é o empréstimo de coisas não fungíveis e mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis (art.
586).
B) Restituição
• No comodato, a pessoa tem de devolver a coisa ao comodante ao final do comodato; no mútuo,
como o bem emprestado é fungível, o mutuário tem que entregar um bem que tenha as mesmas
características do que o recebido (gênero, qualidade e quantidade), mas não necessariamente o
mesmo recebido;
• Assim, no mútuo, o domínio do bem é transferido ao mutuário (art. 587).
C) Gratuidade
• O mútuo tanto pode ser gratuito (livro emprestado a um amigo), como também oneroso (como no
empréstimo bancário, caso no qual presumem-se devidos juros, segundo o art. 591).

7. Prestação de serviço

O aviso prévio, na prestação de serviços, se dará com antecedência de:

8 dias
• Se a retribuição se houver fixado por tempo de um mês, ou mais.

4 dias
• Se a contraprestação se tiver ajustado por semana, ou quinzena.

Véspera
• Quando se tenha contratado por menos de 7 dias.

A extinção da prestação de serviços se dá:

Morte de uma das partes Término do prazo do serviço

Conclusão da obra Rescisão mediante aviso prévio

Inadimplemento Força maior

8. Empreitada

O CC/2002 estabelece duas espécies de empreitada:

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A) Empreitada de lavor
• O empreiteiro contribui apenas com seu trabalho.
B) Empreitada mista
• O empreiteiro contribui com mão de obra e materiais;
• Tem de estar expressamente prevista ou decorrer da lei (§1º);
• Quando o empreiteiro realiza o projeto, não se presume que se obrigou a executá-lo ou fiscalizá-lo
(§2º).

Pode-se, ainda, classificar a empreitada em:

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Empreitada a preço fixo, integral ou global

• O preço e a retribuição são estipulados para a obra inteira, sem se considerar o


fracionamento da atividade, ou seja, é uma empreitada global. Se se permitir variação
do preço, será uma empreitada global relativa; se não, será uma empreitada global
absoluta.

Empreitada ad mensuram, por medida ou parcial

• Fixa-se o preço de acordo com as etapas realizadas. Ou seja, a empreitada é fracionada


em relação à obra toda e, por isso, a remuneração é proporcional ao trabalho executado,
em etapas.

Empreitada a preço reajustável

• Cláusula que permite a alteração do preço em consequência da variação dos materiais


e/ou da mão de obra.

Empreitada por preço máximo

• Há um limite de preço que não pode ser ultrapassado pelo empreiteiro.

Empreitada a preço de custo

• O empreiteiro realiza o trabalho por certo preço preestabelecido, ficando responsável


por fornecer os materiais e a mão de obra, cujos valores são reembolsados pelo dono,
com margem de lucro àquele.

Se o empreiteiro não atende às especificações contratadas, o dono da obra tem duas alternativas:

A) rejeitar a coisa
• Art. 615
B) recebê-la com abatimento do preço
• Art. 616

As exceções à impossibilidade de alteração do projeto na execução da empreitada são duas:

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Por motivos supervenientes ou razões de ordem técnica, ficar comprovada a inconveniência ou a


excessiva onerosidade de execução do projeto em sua forma originária

Alterações de pouca monta, ressalvada sempre a unidade estética da obra projetada

9. Depósito

Quais são as obrigações do depositário?

A) Guardar a coisa alheia

• É a obrigação inerente e principal do contrato de depósito;


• O depositário poderá devolver a coisa ou depositá-la judicialmente, se o depositante se recusar a
recebê-la, quando, por motivo plausível, não puder continuar a guardá-la (art. 635).

B) Conservar a coisa alheia

• O depositário é obrigado a conservar a coisa como se sua fosse (art. 629);


• Ele, no entanto, não responde pela deterioração ou perda do bem em caso de força maior,
cabendo-lhe, porém, a prova, sob pena de reparar o prejuízo do depositante (art. 642).

C) Restituir a coisa alheia

• Caso receba outra em seu lugar, deve esta entregar ao depositante (art. 636);
• Se seu herdeiro alienar a coisa, de boa-fé, deve colaborar na ação de reivindicação movida pelo
depositante em face do adquirente, inclusive restituindo a este o valor recebido (art. 637).

D) Devolver a coisa alheia

• O depositário deve devolver o bem ao depositante quando solicitado, independentemente do


prazo inicialmente ajustado entre as partes e no estado em que foi recebida, acompanhada dos
frutos e acrescidos (arts. 629, 630 e 633)
• Não pode compensar as dívidas da obrigação com a coisa (art. 638)
• Pode, porém, reter a coisa, até que o pagamento lhe seja dado (art. 644)

Quais são as obrigações do depositante?

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A) Reembolsar as despesas na guarda da coisa (art. 643)


B) Indenizar pelos prejuízos em razão do depósito (art. 643)
C) Arcar com as despesas da restituição da coisa (art. 631)
D) Receber a coisa no lugar em que foi guardada (art. 631)

O depósito necessário ocorre em três hipóteses:

A) Depósito legal
• Depósito para desempenho de obrigação legal (art. 647, inc. I).
B) Depósito humanitário ou miserável (depositum miserabile)
• Depósito que se faz em situação de calamidade pública (art. 647, inc. II).
C) Depósito hospedeiro
• Bagagens dos hóspedes nas hospedarias onde estiverem (art. 649).

10. Mandato

O mandato pode ser simples/singular ou plural. Quais são as espécies de mandato plural?

Mandato solidário
• Os mandatários podem agir separadamente;
• Cada mandatário age como se fosse o único (cláusula in solidum);
• Trata-se da presunção legal do art. 672, caput.

Mandato conjunto ou simultâneo


• Os mandatários devem agir em conjunto;
• Não terá eficácia o ato praticado sem interferência de todos, salvo havendo ratificação,
que retroagirá à data do ato.

Mandato fracionário
• Os mandatários agem de acordo com os limites fixados especificamente no instrumento
(“setorização” dos poderes).

Mandato sucessivo ou substitutivo


• Os mandatários agem na ordem prevista no instrumento, pelo que o subsequente só age
na falta do precedente.

Quais são as obrigações do mandatário?

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A) Agir em nome do mandante

• O mandatário deve atuar dentro dos limites outorgados (art. 663); se agir em nome próprio, não
obriga o mandante, ainda que o negócio seja de conta do mandante.
• O mandatário que exceder os poderes será considerado mero gestor de negócios, enquanto o
mandante não lhe ratificar os atos (art. 665). A ratificação tem eficácia ex tunc.
• Se a contraparte souber que o mandatário está extrapolando os limites do mandato, porém, nada
pode fazer contra o mandatário (art. 673), salvo se prometeu ratificação do mandante ou se
responsabilizou pessoalmente.
• O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação, o quanto baste para pagamento das
despesas (art. 664).

B) Agir com o zelo necessário e diligência habitual

• O mandatário é responsável pelos prejuízos causados ao mandante, quando eles resultarem de


culpa (art. 667).
• Cabe ao mandatário provar que não houve culpa para evitar a responsabilização pelos prejuízos
sofridos pelo mandante (§§1º, 2º e 4º).

C) Prestar contas

• O mandatário é obrigado a prestar contas de sua gerência ao mandante (art. 668)


• O mandatário é obrigado transferir ao mandante todas as vantagens obtidas nos negócios (art.
668).
• O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos que tenha
conseguido (art. 669).
• Se o fizer, terá de pagar juros, desde o momento em que abusou (art. 670).

D) Prosseguir no exercício do mandato


• Inclusive após extinção do mandato por morte, interdição ou mudança de estado do mandante,
para concluir negócio já iniciado ou até ser substituído, para impedir que o mandante sofra prejuízo
(art. 674).

Quais são as obrigações do mandante?

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A) Cumprir os compromissos assumidos pelo mandatário


• Desde que nos limites previstos na procuração (arts. 675 e 678).
• Se o mandatário contrariar as instruções do mandante, mas não exceder os limites do mandato, o
mandante ficará obrigado a cumprir as obrigações perante terceiros (art. 679).
• Nesse caso, terá ação de perdas e danos contra o mandatário pela inobservância das instruções, até
o limite dos danos (art. 679).
B) Adiantar ao mandatário os valores necessários
• Ou reembolsá-lo pelas despesas efetuadas (arts. 675 e 676), cabendo juros pelas somas adiantadas
pelo mandatário, para a execução do mandato, desde a data do desembolso.
C) Pagar ao mandatário a remuneração ajustada
• Caso o mandato seja oneroso (art. 676).
D) Indenizar o mandatário
• Pelos prejuízos que venha a sofrer em cumprimento ao mandato, desde que não resultem de culpa
do mandatário ou de excesso de poderes.

Extinção do mandato

Revogação

Renúncia

Morte

Interdição

Mudança de estado

Término do prazo

11. Comissão

Quando o comissário responde pela insolvência das pessoas com quem tratar?

A) Culpa do comissário
• Art. 697
B) Cláusula del credere
• Art. 698

Como se classificam as comissões?

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Comissão imperativa

• Não há margem de negociação para o comissário, pois o comitente fixa de antemão as


condições do negócio.

Comissão indicativa

• O comissário tem margem de manobra, mas deve sempre comunicar o comitente a


respeito de sua atuação.

Comissão facultativa

• O comitente não restringe a atuação do comissário, indicando-lhe tão somente a razão


do negócio.

Quais são as obrigações do comissário?

Ação

• Deve o comissário agir de conformidade com as ordens do comitente. Na falta, não


podendo pedi-las a tempo, deve proceder segundo os usos em casos semelhantes (art.
695).

Cuidado e diligência

• Não apenas para evitar prejuízo, mas também para proporcionar lucro razoável que se
esperaria do negócio (art. 696).

Indenização

• Responde o comissário, salvo força maior, por ação ou omissão que cause prejuízo (art.
696, parágrafo único);
• Responde pelas consequências da dilação e pela ausência de ciência ao comitente dos
prazos dados e de quem é o beneficiário (art. 700);
• Juros, pela mora na entrega dos valores pertencentes ao comitente (art. 706).

Não dilatar prazos

• Se houver instruções ou se não for usual (art. 699);


• Presume-se que pode dilatar em conformidade com os usos, se não houver instruções
contrárias do comitente.

Quais são as obrigações do comitente?

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Remuneração

• Em caso de morte ou de força maior que impossibilite a conclusão do negócio, deve o


comissário ser remunerado proporcionalmente (art. 702);
• Mesmo que tenha dado causa à dispensa, tem direito à remuneração. Pode o comitente,
porém, compensar os prejuízos (arts. 703 e 705).

Informação

• A qualquer tempo, pode alterar as instruções ao comissário, o que inclui os negócios


pendentes, mas deve informá-lo da alteração (art. 704).

Indenização

• Em caso de dispensa sem justa causa, pelas perdas e danos (art. 705).
• Juros, se o comissário tiver adiantado valores para cumprimento de suas instruções (art.
706).
• O comissário tem direito de retenção sobre os valores e bens em seu poder até que seja
reembolsado pelas despesas, remunerações e indenizações (art. 708).

12. Agência e distribuição

Quais são os três contratos que se podem fusionar num contrato de agência?

Agência
• Promoção de negócios alheios;

Distribuição
• Disposição das coisas negociadas;

Representação
• Poderes para conclusão do negócio em nome do agente.

13. Corretagem

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, concluo mais uma aula! Você pôde ver um bloco de espécies contratuais reguladas pelo CC/2002.
Ainda que não tenhamos uma “lógica” para chamar de nossa, aqui, você pôde ver que é possível

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compreender com mais facilidade esses contratos típicos se alguns institutos-chave estiverem bem
assentados.

Quaisquer dúvidas, sugestões, críticas ou mesmo elogios, não hesite em entrar em contato comigo. Estou
disponível preferencialmente no Fórum de Dúvidas do Curso, mas também nas redes sociais, claro. Estou
aguardando você na próxima aula. Até lá!

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QUESTÕES COMENTADAS
6. Empréstimo

1. (VUNESP / TJ-MT – 2018) Caio e Tício receberam em comodato um apartamento de propriedade


de Mélvio, pelo prazo de dois anos, em 31.12.2012. Após o término do contrato, Caio e Tício devolveram
o imóvel em 31.12.2014 e, em razão dos danos causados por estes no imóvel, o mesmo ruiu
completamente em 01.01.2015. O valor apurado para a reconstrução foi de R$ 200.000,00 (duzentos mil
reais). Em 25.12.2017, Caio enviou uma carta de próprio punho a Mélvio, se desculpando pela ruína
ocasionada no imóvel, bem como requerendo um prazo para o pagamento dos danos ocasionados.
Em 01.06.2018, Mélvio ajuizou ação de reparação civil, pretendendo a condenação de Caio e Tício ao
pagamento do valor da reconstrução e perdas e danos.
Assinale a alternativa correta.
a) A pretensão está prescrita em relação a Tício, podendo Mélvio postular a condenação de Caio no valor de
até R$ 100.000,00 (cem mil reais), acrescida de metade do valor das perdas e danos.
b) A pretensão está prescrita em relação a Tício, podendo Mélvio postular a condenação de Caio no valor
total da reconstrução, mais perdas e danos.
c) Mélvio poderá requerer apenas metade do valor da reconstrução do imóvel de Caio e apenas a outra
metade de Tício.
d) Mélvio poderá requerer o valor total de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), mais perdas e danos, de Caio,
de Tício, ou de ambos, isolada ou conjuntamente.
e) A pretensão está prescrita, tendo em vista o decurso do prazo prescricional previsto em lei, bem como
ausência de qualquer causa de interrupção.

Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme dispõe o art. 585: “Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente
comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante”. Assim, Tício e Caio
são solidariamente responsáveis pelos danos decorrentes da perda do imóvel cujo comodante é Mélvio.

A alternativa B está incorreta, já que, em havendo responsabilidade solidária, Mévio poderá requerer o valor
total da reconstrução tanto de Tício quanto de Caio.

A alternativa C está incorreta, como se extrai do art. 239: “Se a coisa [na obrigação de restituir coisa certa]
se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos”.

A alternativa D está correta, pela conjugação dos supracitados arts. 585 e 239. Por se tratar de
responsabilidade solidária, Mélvio poderá requerer o valor correspondente apenas de Caio, apenas de Tício
ou requerer a totalidade do valor devido de ambos.

A alternativa E está incorreta, de acordo com o art. 202, inc. VI: “A interrupção da prescrição, que somente
poderá ocorrer uma vez, dar-se-á por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor”. Extrai-se da questão que, em 25.12.2017, Caio enviou uma carta

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de próprio punho a Mévio requerendo prazo para providenciar o ressarcimento dos prejuízos,
caracterizando, assim, a interrupção do prazo prescricional. Assim, o prazo trienal da reparação recomeçou
a correr nesta data e na data do ajuizamento da ação de reparação civil, não estava configurada a prescrição
da pretensão.

2. (FUNRIO / AL-Nova Iguaçu-RJ – 2016) Robson pede emprestado veículo de seu amigo Ricardo por
cinco dias. Findo o prazo, embora Ricardo peça a devolução do automóvel, transcorrem mais dez dias sem
que o veículo seja restituído. No décimo quinto dia após o empréstimo, uma enchente atinge o bairro onde
residem as partes, causando sérias avarias ao veículo.
É CORRETO afirmar que Robson
a) não deve responder pelos danos advindos ao veículo, por ser possuidor de boa-fé.
b) não deve responder pelos danos advindos ao veículo, pois ninguém pode ser responsabilizado pelo
fortuito.
c) apenas não precisará responder pelos danos advindos ao veículo se comprovar que as avarias ocorreriam
mesmo que o bem houvesse sido restituído a Ricardo tempestivamente.
d) deve responder pelos danos advindos ao veículo, não se admitindo que invoque qualquer causa
excludente de responsabilidade.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que, no caso, se visualiza um comodato verbal (“Art. 579. O comodato é o
empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto”) cuja obrigação do
devedor, Robson, é de restituir coisa certa, pelo que ele responde pelos danos, já que possuía a coisa
injustamente, por abuso de confiança.

A alternativa B está incorreta, dado que o inadimplemento da obrigação de restituir do comodato atrai a
aplicação do art. 399, visto adiante.

A alternativa C está correta, na forma do art. 399: “O devedor em mora responde pela impossibilidade da
prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem
durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse
oportunamente desempenhada”.

A alternativa D está incorreta, pois, apesar de se responsabilizar pelos danos, nos termos do art. 399
supramencionado, ele pode afastar seu dever de indenizar provando ou havia restituído o veículo no prazo
acordado ou que o dano ocorreria independentemente da devolução a tempo.

3. (FCC / TRT-23ª Região – 2015) Luiz Henrique emprestou a Cláudio, sem nenhum ônus, obra de arte
assinada pelo respectivo autor, a qual ficou exposta na sala de sua residência. A residência, durante uma
tempestade, foi atingida por um raio e se incendiou. Durante o incêndio, Cláudio houve por bem salvar
outras obras de arte, de sua propriedade, por possuírem maior valor. Considerada a situação descrita,
analise:
I. O contrato celebrado entre Luiz Henrique e Cláudio chama-se comodato, o qual tem por objeto bem
infungível, como é o caso da obra de arte assinada pelo respectivo autor.

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II. O empréstimo de bem fungível ou infungível é um contrato de natureza real, perfazendo-se com a entrega
do objeto.
III. Cláudio não será obrigado a indenizar Luiz Henrique pelo perecimento da obra de arte, tendo em vista
que o caso fortuito e a força maior afastam o nexo de causalidade, o qual é pressuposto para a
responsabilização civil.
IV. Independentemente do dever de indenizar, Cláudio poderá recobrar de Luiz Henrique as despesas feitas
com o uso e gozo da coisa emprestada.
Está correto o que consta APENAS em
a) III e IV.
b) I e III.
c) I e II.
d) II e IV.
e) I, II e III.

Comentários

O item I está correto, como se extrai do art. 579: “O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não
fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto”.

O item II está correto, pela conjugação do art. 579, supracitado, com o art. 586 (“O mútuo é o empréstimo
de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo
gênero, qualidade e quantidade”).

O item III está incorreto, de acordo com o art. 583: “Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente
com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá
pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior”.

O item IV está incorreto, consoante regra do art. 584: “O comodatário não poderá jamais recobrar do
comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada”.

A alternativa C está correta, portanto.

4. (UFPR / DPE-PR – 2014) Assinale a alternativa correta acerca dos Contratos em espécie no Direito
Civil.
a) É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do
alienante, mesmo que casados pelo regime da separação obrigatória de bens, expressamente houverem
consentido, não se aplicando tal causa legal de anulabilidade à venda feita de avô a neto.
b) A lei civil considera totalmente nula a doação inoficiosa, em que o doador, ao dispor de seus bens, excede
à parte que poderia dispor em testamento, não subsistindo a liberalidade, em qualquer proporção.
c) No contrato de comodato de duração indeterminada sem destinação ou finalidade específica, caso
pretenda a resilição unilateral, o comodante deve notificar o comodatário para que efetue a devolução no

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prazo que lhe for assinado. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até
restituir a coisa, o aluguel que for arbitrado pelo comodante.
d) Se o mútuo é destinado a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais podem ser estipulados
livremente pelas partes, sendo vedada, entretanto, a sua capitalização anual.
e) Na venda de imóvel ad mensuram, caso constatado, em posterior medição, que a área não corresponde
às dimensões dadas pelo vendedor, tem o comprador o direito de exigir a sua complementação e, não sendo
esta possível, o abatimento proporcional ao preço, não lhe sendo facultado, entretanto, reclamar a resolução
do contrato.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dada a disposição do art. 496, parágrafo único: “Em ambos os casos, dispensa-
se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória”.

A alternativa B está incorreta, segundo a primeira parte do art. 549: “Nula é também a doação quanto à
parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento”.

A alternativa C está correta, pela conjugação da primeira parte do art. 581 (“Se o comodato não tiver prazo
convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido...”) com a parte final do art. 582 (“...O
comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que
for arbitrado pelo comodante).

A alternativa D está incorreta, pela aplicação da parte final do art. 591: “Destinando-se o mútuo a fins
econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que
se refere o art. 406, permitida a capitalização anual”.

A alternativa E está incorreta, por conta do art. 500: “Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por
medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos,
às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível,
o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço”.

5. (FCC / DPE-PB – 2014) Arnaldo contratou, por telefone, serviço de TV a cabo por meio do qual
recebeu, em comodato, aparelho de recepção de sinal. Passado algum tempo, informou, também por
telefone, que desejava realizar distrato, além de ser indenizado pelo que gastou nas despesas com o uso
da coisa, consistentes em aquisição de televisor compatível com a tecnologia do aparelho de recepção de
sinal. A prestadora de serviço informou que, para realização do distrato, Arnaldo deveria assinar um
instrumento escrito. Além disto, recusou-se a indenizar Arnaldo e exigiu de volta o aparelho de recepção
de sinal. A prestadora de serviço
a) tem razão quanto à forma do distrato, que deve ser feito por escrito, quanto a não indenizar Arnaldo pelas
despesas com o uso da coisa e pela exigência na devolução ao aparelho.
b) tem razão quanto à forma do distrato, que deve ser feito por escrito, e também quanto à exigência da
devolução do aparelho, obrigando-se, contudo, a indenizar Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa.
c) não tem razão quanto à forma do distrato, que poderá ser feito por telefone, tampouco quanto a não
indenizar Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa ou quanto à exigência da devolução do aparelho.

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d) não tem razão quanto à forma do distrato, que poderá ser feito pelo telefone, nem quanto a não indenizar
Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa, mas está correta quanto à exigência da devolução do aparelho.
e) não tem razão quanto à forma do distrato, que poderá ser feito por telefone, mas possui quanto a não
indenizar Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa e pela exigência na devolução do aparelho.

Comentários

A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 472: “O distrato faz-se pela mesma forma exigida para
o contrato”. Como não se exige forma específica para o contrato de comodato, não se exige, também, forma
específica para o distrato.

A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões apontadas na alternativa anterior.

A alternativa C está incorreta, já que o comodante pode exigir que a coisa lhe seja restituída, segundo o art.
581: “Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido;
não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso
e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso
outorgado”.

A alternativa D está incorreta, na forma do art. 584: “O comodatário não poderá jamais recobrar do
comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada”.

A alternativa E está correta, pela conjunção dos arts. 472, 581 e 584 supramencionados.

6. (PGR / PGR – 2013) Dentre as proposições abaixo, algumas são falsas, outras verdadeiras:
I - A atribuição de encargo ao comodatário, consistente na construção de casa de alvenaria, a fim de evitar a
"favelização" do local, não desnatura o contrato de comodato modal.
II - As acessões artificiais são modos de aquisição originária da propriedade imóvel, consistentes em obras
com a formação de coisas novas que se aderem à propriedade preexistente (superficies solo cedit),
aumentando-a qualitativa ou quantitativamente.
III - Embora o contrato de comodato não tenha conteúdo econômico imediato, o benefício patrimonial
consubstancia-se no valor do aluguel que o proprietário está deixando de receber enquanto o comodatário
permanece na posse do bem.
IV - A perda do bem por vício anterior ao negócio jurídico oneroso é fator determinante da evicção, desde
que haja a efetiva ou iminente perda da posse ou da propriedade, e não uma mera cogitação da perda ou
limitação desse direito.
Das assertivas acima:
a) I e II estão corretas.
b) III e IV estão corretas.
c) I e III estão corretas.
d) Todas estão corretas.

Comentários

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O item I está correto, já que possível a aposição dos elementos de eficacização do negócio jurídico (termo,
condição e encargo) ao comodato, como no exemplo dado. No mesmo sentido, o STJ: “A atribuição de
encargo ao comodatário, consistente na construção de casa de alvenaria, a fim de evitar a "favelização" do
local, não desnatura o contrato de comodato modal (REsp 1.316.895)”.

O item II está correto, pois o art. 1.248, inc. V, prevê a possibilidade de aquisição da propriedade imobiliária
por acessão, não derivando ela das relações de propriedade anteriores (já que independe quem
planta/edifica e o terreno de quem é). A distinção haverá, apenas, em quem vai adquirir a propriedade, se o
dono do terreno, pela regra geral do princípio da superficie solo cedit, ou se o dono da obra/plantação,
excepcionalmente; e quanto à indenizabilidade dos materiais.

No mesmo sentido, o STJ: “Diferentemente, as acessões artificiais são modos de aquisição originária da
propriedade imóvel, consistentes em obras com a formação de coisas novas que se aderem à propriedade
preexistente (superficies solo cedit), aumentando-a qualitativa ou quantitativamente (REsp: 1.109.406)”.

O item III está correto, consubstanciando-se a apreciação econômica em equiparação aos lucros cessantes,
talqualmente ocorre nos lucros obtidos pelo locador. Não à toa, para fixação do valor da causa decorrente
de comodato, o STJ fixou entendimento de que é aplicável analogicamente o art. 58, inc. III, da Lei
8.245/1991, a Lei de Locações (o valor correspondente a 12 meses de aluguel do imóvel), no REsp 1.230.839.

O item IV está correto, porque requisito da evicção é a espoliação do bem, e não o mero temor, que, a
depender do caso, permitiria à parte pretensamente prejudicada invocar a proteção possessória, por meio
do competente interdito proibitório.

A alternativa D está correta, portanto.

7. (FCC / DPE-PR – 2012) Marcelo firmou contrato de mútuo feneratício com João e José, pelo qual
emprestou cinco mil reais para cada um, a fim de que os mesmos iniciassem um pequeno comércio. Neste
caso,
a) não havendo estipulação de juros, estes não serão presumidos.
b) em se tratando de contrato civil, é válida a previsão de juros capitalizados anualmente, ainda que sem
taxa estipulada, quando então estes encargos serão fixados segundo a taxa referencial do Sistema Especial
de Liquidação e Custódia (SELIC).
c) em sendo prevista a solidariedade passiva, e sendo inadimplidas as prestações por José, Marcelo deverá
primeiramente requerer o pagamento deste, para depois acionar João.
d) o contrato é existente, eis que possui objeto idôneo, qual seja, bem infungível.
e) verificada a inviabilidade do comércio de João e José, indicando mudança na situação econômica dos
mutuários, antes do vencimento da prestação Marcelo não pode exigir garantia da restituição dos valores
emprestados.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pela aplicação da primeira parte do art. 591: “Destinando-se o mútuo a fins
econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que
se refere o art. 406, permitida a capitalização anual”.

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A alternativa B está correta, pela combinação do art. 406, supracitado, com o entendimento fixado pelo STJ:
EXECUÇÃO DE SENTENÇA. TAXA DE JUROS. NOVO CÓDIGO CIVIL. VIOLAÇÃO À COISA JULGADA.
INEXISTÊNCIA. ART. 406 DO NOVO CÓDIGO CIVIL. TAXA SELIC (REsp 1111117/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, CORTE ESPECIAL, julgado em
02/06/2010, DJe 02/09/2010).

Atente, porém, porque atualmente o STJ já permite capitalização em periodicidade inferior à anual, o que
não torna a assertiva incorreta, mas a “desatualiza” um pouco.

A alternativa C está incorreta, porque se a obrigação é solidária, compete ao credor escolher qual devedor
pretende cobrar, em qual montante e em qual ordem.

A alternativa D está incorreta, na forma do art. 586: “O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O
mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e
quantidade”.

A alternativa E está incorreta, segundo o art. 590: “O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes
do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica”.

8. (FCC / PGE-SP – 2009) É correto afirmar:


a) O comodato, empréstimo de coisa fungível, não comporta cobrança por parte do comodatário das
despesas ordinárias com o uso da coisa emprestada.
b) Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão subsidiariamente
responsáveis para com o comodante.
c) O comodatário que estiver em mora arcará com as consequências da deterioração ou perda da coisa
emprestada e pagará o aluguel arbitrado pelo comodante até restituí-la.
d) O comodatário que estiver em mora suportará os riscos e pagará o aluguel arbitrado pelo comodante,
passando à condição de locatário.
e) O comodatário pode recobrar do comodante as despesas feitas com o uso da coisa emprestada.

Comentários

A alternativa A está incorreta, consoante regra do art. 579: “O comodato é o empréstimo gratuito de coisas
não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto”.

A alternativa B está incorreta, na regra do art. 585: “Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente
comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante”.

A alternativa C está correta, na forma do art. 582: “O comodatário é obrigado a conservar, como se sua
própria fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela,
sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder,
pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante”.

A alternativa D está incorreta, dado que o supracitado artigo estabelece apenas que o comodatário pagará
aluguel pelo uso da coisa, mas não o transforma em locatário.

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A alternativa E está incorreta, conforme o art. 584: “O comodatário não poderá jamais recobrar do
comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada”.

9. (CESPE / DPE-AL – 2009) Marcelo tomou por empréstimo R$ 5 mil em uma instituição financeira
para pagar em vinte e quatro meses. A partir do décimo segundo mês, Marcelo interrompeu o pagamento
das prestações ante as dificuldades financeiras por que estava passando. Comparecendo ao banco, foi
informado de que no contrato havia cláusula permitindo a cobrança de comissão de permanência.
A respeito dessa situação hipotética, julgue os itens a seguir.
A hipótese descrita aponta um contrato de mútuo, que, além de ser contrato real, tem a fungibilidade do
objeto como uma de suas características.

Comentários

O item está correto, como se extrai do art. 586: “O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é
obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade”.

10. (CESPE / DPE-AL – 2009) Marcelo tomou por empréstimo R$ 5 mil em uma instituição financeira
para pagar em vinte e quatro meses. A partir do décimo segundo mês, Marcelo interrompeu o pagamento
das prestações ante as dificuldades financeiras por que estava passando. Comparecendo ao banco, foi
informado de que no contrato havia cláusula permitindo a cobrança de comissão de permanência.
A respeito dessa situação hipotética, julgue os itens a seguir.
Na hipótese descrita, que constitui um exemplo de mútuo, a comissão de permanência poderá ser cumulada
com a correção monetária, mas não com os juros remuneratórios.

Comentários

O item está incorreto, conforme a Súmula 30 do STJ: “A comissão de permanência e a correção monetária
são inacumuláveis”.

11. (CESPE / DPE-AL – 2009) Marcelo tomou por empréstimo R$ 5 mil em uma instituição financeira
para pagar em vinte e quatro meses. A partir do décimo segundo mês, Marcelo interrompeu o pagamento
das prestações ante as dificuldades financeiras por que estava passando. Comparecendo ao banco, foi
informado de que no contrato havia cláusula permitindo a cobrança de comissão de permanência.
A respeito dessa situação hipotética, julgue os itens a seguir.
Hoje prevalece o entendimento jurisprudencial de que a cláusula contratual que prevê a comissão de
permanência, calculada pela taxa média de mercado, não é potestativa.

Comentários

O item está correto, dado o permissivo da Súmula 472: “A cobrança de comissão de permanência – cujo
valor não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato – exclui
a exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contratual”.

12. (CESPE / DPU – 2005) Em caso de contrato de comodato de bem imóvel a título oneroso e por prazo
indeterminado, desejando o proprietário pôr fim ao comodato, deverá notificar judicialmente o

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comodatário, pedindo a restituição da coisa e constituindo em mora o devedor no momento em que este
for citado para os termos da causa. A partir de então, passam a ser devidos os aluguéis ao comodante.

Comentários

O item está incorreto, pois o contrato de comodato de um bem infungível mediante contraprestação
(onerosidade) comodato não é, mas locação, pelo que o locador não pode retomar mediante mera
constituição em mora por ação judicial.

13. (CESPE / DPE-AL – 2003) Em relação ao direito civil, julgue os itens a seguir.
No caso do comodato, a norma de interpretação sofre uma restrição não-admitida para os demais atos
jurídicos em geral, devendo tais contratos ser interpretados em obediência ao que estiver escrito.

Comentários

O item está correto, já que, conforme já dissemos anteriormente, os negócios jurídicos gratuitos devem ser
interpretados restritivamente, nunca ampliativamente. Como o comodato é o empréstimo gratuito de bens,
segue-se a regra.

7. Prestação de serviço

14. (MPT / MPT – 2015) Em relação aos contratos, analise as assertivas abaixo:
1. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que
a decretar retroagirão à data em que ocorrer a onerosidade excessiva.
2. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão (venda ad mensuram), ou se
determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o
comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a
resolução do contrato, não havendo possibilidade de requerer o abatimento proporcional ao preço.
3. No contrato de prestação de serviços, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o
instrumento deverá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas.
4. Não sendo a venda a crédito, o vendedor é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço.
De acordo com as assertivas propostas, é CORRETO afirmar que:
a) apenas as assertivas 1, 2 e 4 estão incorretas;
b) apenas as assertivas 2, 3 e 4 estão incorretas;
c) apenas as assertivas 1 e 2 estão incorretas;
d) todas as assertivas estão incorretas.
e) Não respondida.

Comentários

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A assertiva 1 está incorreta, conforme o art. 478: “Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a
prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em
virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato.
Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação”.

A assertiva 2 está incorreta, de acordo com o art. 500: “Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por
medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos,
às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível,
o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço”.

A assertiva 3 está incorreta, segundo o art. 595: “No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das
partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas
testemunhas”.

A assertiva 4 está incorreta, nos termos do art. 491: “Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado
a entregar a coisa antes de receber o preço”.

A alternativa D está correta, portanto.

15. (TRT-21ª Região / TRT-21ª Região – 2015) Considerando a teoria contratual, a doutrina e
jurisprudência correlatas, é correto afirmar:
a) A aplicação judicial da teoria da imprevisão implica necessariamente na redução quantitativa ou resolução,
não podendo resultar na modificação das condições do contrato ante a limitação da autonomia da vontade.
b) Se, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, uma prestação contratual se tornar
excessivamente onerosa e com extrema vantagem para um dos contratantes, poderá o devedor pedir a
resolução do contrato pela via judicial, devendo os efeitos da sentença retroagir à data do evento
imprevisível que gerou o desequilíbrio.
c) A legislação pode estabelecer limitações à liberdade contratual, de modo a garantir que não haja violação
da função social do contrato e a utilização do contrato para imposição de cláusulas abusivas, a exemplo da
impossibilidade da exclusão da responsabilidade pela evicção nos casos de contratos de compra e venda
sobre bens imóveis.
d) Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito
resultante da natureza do negócio.
e) É elemento essencial à forma legal nos contratos de prestação de serviços, quando qualquer das partes
não souber ler nem escrever, a assinatura a rogo e subscrição por duas testemunhas.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que o art. 317 (“Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção
manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a
pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação”) expressamente permite
alteração qualitativa do pacto.

A alternativa B está incorreta, nos termos da parte final do art. 478: “Nos contratos de execução continuada
ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem

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para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a


resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação”.

A alternativa C está incorreta, já que o art. 448 permite a modificação da evicção: “Podem as partes, por
cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção”.

A alternativa D está correta, na literalidade do art. 424: “Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que
estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio”.

A alternativa E está incorreta, porque a exigência do art. 595 (“No contrato de prestação de serviço, quando
qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por
duas testemunhas”) se aplica apenas aos casos em que o contrato for por escrito, não sendo essencial à
forma, já que pode ele ser verbal.

16. (FCC / TRT-15ª Região – 2015) Sobre a eficácia dos contratos em relação a terceiros, afirma Miguel
Maria de Serpa Lopes: Finalmente, é princípio assente a responsabilidade do terceiro pela inexecução de
um contrato se, com a sua ação culposa, foi o cúmplice do seu inadimplemento. É o que a jurisprudência
francesa já firmou, embora colocando a questão fora do terreno da culpa contratual, para situá-la no da
culpa extracontratual. (Curso de Direito Civil − vol. III − p. 123 − 3ª edição – Livraria Freitas Bastos S/A,
1960). No Direito brasileiro, essa figura do terceiro cúmplice
a) só é identificada, em disposição do Código Civil, estabelecendo que aquele que aliciar pessoas obrigadas
em contrato a prestar serviço a outrem pagará a este indenização por danos emergentes e lucros cessantes,
que será arbitrada pelo juiz.
b) não é identificada em nenhuma disposição legal.
c) é identificada apenas em disposição do Código Civil estabelecendo que aquele que aliciar pessoas
obrigadas em contrato escrito e desde que por prazo determinado a prestar serviços agrícolas a outrem
pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante
dois anos.
d) é identificada apenas em disposição legal estabelecendo que aquele que aliciar pessoas obrigadas em
contrato escrito e por prazo determinado a prestar serviços de publicidade ou artísticos a outrem pagará a
este uma indenização equitativa arbitrada pelo juiz.
e) pode ser reconhecida em disposição do Código Civil estabelecendo que aquele que aliciar pessoas
obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de
serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos.

Comentários

A alternativa A está incorreta, quase correta, mas a indenização não é arbitrada pelo juiz, antes prefixada no
CC/2002.

A alternativa B está incorreta, porque o art. 608 prevê especificamente uma hipótese de aplicação do
entendimento esposado pela doutrina francesa.

A alternativa C está incorreta, já que inexiste a limitação a serviços “agrícolas” no art. 608.

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A alternativa D está incorreta, igualmente, não havendo limitação a serviços “de publicidade ou artísticos”
no referido dispositivo legal.

A alternativa E está correta, como se extrai do art. 608: “Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato
escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste
desfeito, houvesse de caber durante dois anos”.

8. Empreitada

17. (VUNESP / PGE-SP – 2018) O Estado de São Paulo celebra com a empresa Alfa contrato que tem por
objeto a construção de hospital público. Quatro anos após o recebimento definitivo da obra, constatou-se
desconformidade de vigas de sustentação de um dos pavimentos do prédio, com comprometimento à
segurança, decorrente de má execução. Notificada para eliminar a desconformidade, a empresa Alfa
silenciou. Nesse caso, a Administração deverá buscar ressarcimento das perdas e danos junto ao
empreiteiro no prazo de até
a) 5 anos, prescricional, contados da constatação do defeito.
b) a qualquer momento, por se tratar de pretensão imprescritível.
c) 180 dias, prescricional, contado da comunicação do defeito ao empreiteiro.
d) 180 dias, decadencial, contados da constatação do defeito.
e) 5 anos, decadencial, contados da comunicação do defeito ao empreiteiro.

Comentários

A alternativa A está correta, segundo a banca, por aplicação do entendimento genérico do STJ a respeito da
prescrição: “PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RESSARCIMENTO.
DANOS EM ACIDENTE DE TRÂNSITO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. APLICAÇÃO DO ART. 20.910/32
PRECEDENTES. A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que é quinquenal o prazo de prescrição
nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/32.
Pelo princípio da isonomia, o mesmo prazo deve ser aplicado nos casos em que a Fazenda Pública é autora
(AgInt no REsp 1716221/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
25/10/2018, DJe 05/11/2018)”.

A alternativa B está incorreta, já que não há aí uma ação declaratória nem uma ação desconstitutiva sem
prazo definido em lei, que permitiria a visualização de uma situação de incaducabilidade.

A alternativa C está incorreta, mas o prazo é decadencial e sua contagem está equivocada.

A alternativa D está incorreta, dada a literalidade do art. 618, parágrafo único: “Decairá do direito
assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta
dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito”.

A alternativa E está incorreta, pelas mesmas razões mencionadas na alternativa A.

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Ao que me parece, essa questão deveria ter sido anulada, mas a banca manteve o gabarito, ao fim e ao cabo.
Em realidade, há uma discussão gigantesca aqui, Primeiro, se discute a respeito da natureza do prazo
quinquenal do art. 618, caput.

Por isso acho que a banca se equivocou ao não analisar a situação pela ótica adequada. Isso porque, o prazo
previsto no CC/2002 não é prescricional nem decadencial, mas de garantia, pelo que não deveria ser aplicado
o entendimento do STJ a respeito da prescrição contra a Fazenda Pública.

Inicialmente, a Súmula 194 do STJ, que é de 1997, deve ser relida à luz do CC/2002. O entendimento ainda
usa o prazo prescricional geral do CC/1916. Revista, entende-se que é aplicável o prazo prescricional geral
de 10 anos para que a ação de indenização por defeitos na obra seja proposta pelo dono da obra. Não se
trata, aqui, de aplicação do art. 618, que trata do prazo quinquenal, que é de garantia, apenas.

Complementando essa Súmula, em 2011 o tema voltou à baila no STJ (REsp 903.771/SE, Rel. Ministro PAULO
DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/04/2011, DJe 27/04/2011). E qual foi o
entendimento da Corte? Na realidade, foram três, que não ficam muito bem delimitados na ementa, mas
que são de ímpar relevância.

Primeiro, em complemento à Súmula 194, o prazo prescricional para obter do construtor indenização por
defeitos da obra é de 10 anos, desde que o vício apareça nos 5 anos seguintes à conclusão da obra (art. 618).
Nesse caso, o construtor responde de maneira objetiva, ou seja, desnecessário provar culpa ou dolo do
construtor, mas apenas o dano (quanto à solidez e segurança e o nexo de causalidade).

Segundo, mesmo que o vício ocorra posteriormente ao prazo de 5 anos, o construtor responde por vícios de
solidez e segurança da obra, mas por perdas e danos, ou seja, subjetivamente. Assim, se passados 5 anos da
conclusão da obra, o dono deverá mostrar que o construtor agiu com dolo ou culpa.

Terceiro, o julgado tratou do início da contagem do prazo. Como o julgado, porém, não explicou a aplicação
do parágrafo único do art. 618 do CC, que ficaria para julgado posterior.

Como se dá a contagem do prazo para as lides que envolvem os vícios de solidez e segurança das obras?
Depende, segundo o STJ, do tipo de demanda. Além disso, como fica o prazo decadencial do parágrafo único
do art. 618 do CC/2002, que não entrou no julgado anterior da Corte? O próprio Ministro Sanseverino
complementou seu voto, três anos depois (REsp 1290383/SE, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 11/02/2014, DJe 24/02/2014).

Caso de vício de solidez e segurança estabelecido por força de prazo de garantia legal do art. 618, caput, do
CC/2002. Em se tratando desse prazo de garantia, aplica-se o prazo decadencial de 180 dias previsto no
parágrafo único para propositura da demanda. A contagem do prazo se inicia com a ciência do vício. Assim,
se conheço do vício no 4º ano, tenho 180 dias para propor a ação, sendo a responsabilidade do construtor
objetiva.

Caso de inadimplemento contratual, consistente na má-execução da obra, não previsto na garantia legal do
art. 618, caput, do CC/2002. Em se tratando desse prazo para indenização por perdas e danos, aplica-se o
prazo prescricional geral de 10 anos previsto no art. 205 para propositura da demanda. A contagem dos
prazos igualmente se inicia com a ciência do vício. Assim, se conheço do vício no 6º ano, tenho 10 anos para
propor a ação, sendo a responsabilidade do construtor subjetiva, inversamente.

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Em resumo, o gabarito apresentado pela Banca é insustentável, seja pela literalidade do CC/2002, seja pela
jurisprudência assentada pelo STJ na Súmula 194, no REsp 903.771/SE, no REsp 1.290.383/SE ou no AgInt no
REsp 1.716.221. A uma, o prazo do caput do art. 618 é de garantia, nem prescricional, nem decadencial.

Segundo, ainda que se o considerasse sujeito à caducabilidade, há divergência doutrinária. Ainda que eu
concorde com o fato de que o prazo do caput não seja decadencial, como muitos o fazem, mas prescricional,
segundo a natureza da ação envolvida (condenatória, e não constitutiva), não há que se falar no assunto,
desde a jurisprudência antiga do STJ que delimita esse prazo como de garantia.

Terceiro, ainda que se assumisse que o prazo fosse prescricional, se a Administração Pública manejasse ação
depois do prazo decadencial de 180 dias previsto no parágrafo único, teria decaído do direito de
responsabilizar objetivamente o construtor pelos vícios de solidez e segurança da obra, com espeque
no caput do art. 618.

Quarto, conforme o STJ, nada impediria que se buscasse indenização por perdas e danos, com base no art.
389, aplicando-se o prazo prescricional geral de 10 anos do art. 205. Nesse caso, porém, seria exigida a
demonstração de culpa pela má-execução do contrato.

Por fim (finalmente), não me parece aplicável o art. 1º do Decreto-Lei 20.910/1932, como ao final a banca
acabou fazendo. Novamente, a jurisprudência do STJ determina a aplicação do prazo quinquenal em ações
indenizatórias (cuja base é a prescrição), mas o caso não é de prazo prescricional, mas de prazo de garantia.

18. (FUNDATEC / PGM-Porto Alegre-RS – 2016) Sobre o contrato de empreitada, é correto afirmar que:
a) Na empreitada de lavor, só́ há uma forma de fixação da remuneração: por medição.
b) A partir da entrega da obra, o empreiteiro dá garantia legal, pelo prazo irredutível de cinco anos, por todo
e qualquer risco que possa sofrer a obra pronta.
c) Na empreitada mista, os riscos dos bens empregados na obra são transferidos no momento da contratação
da empreitada.
d) A chamada empreitada meramente de lavor é regulada pelo contrato de prestação de serviço (Código
Civil, Art. 593 a 609) ou pela Consolidação das Leis do Trabalho, já́ que não se trata de verdadeira e própria
empreitada.
e) Se o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos destes materiais até a entrega da
obra, salvo em caso de modo do dono da obra em recebê-la.

Comentários

A questão, como comentei à época, deveria ser anulada, e foi, já que todas as alternativas estão incorretas.
Ainda assim, podemos analisar a questão tranquilamente.

A alternativa A está incorreta, conforme a leitura do art. 614 (“Se a obra constar de partes distintas, ou for
de natureza das que se determinam por medida, o empreiteiro terá direito a que também se verifique por
medida, ou segundo as partes em que se dividir, podendo exigir o pagamento na proporção da obra
executada”), que permite que o empreiteiro tenha direito à contraprestação que também se verifique por
medida, ou seja, não só.

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A alternativa B está incorreta, dado que o art. 618 (“Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras
construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível
de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo”) limita
expressamente as situações nas quais a garantia vale.

A alternativa C está incorreta, já que os riscos são abrangidos até a entrega da obra, como prevê o art. 611:
“Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos até o momento da entrega da
obra, a contento de quem a encomendou, se este não estiver em mora de receber. Mas se estiver, por sua
conta correrão os riscos”.

A alternativa D está incorreta, pela interpretação literal do art. 610: “O empreiteiro de uma obra pode
contribuir para ela só com seu trabalho ou com ele e os materiais”.

A alternativa E está incorreta. Estava correta, segundo o gabarito preliminar. Sua correção viria da dicção do
art. 611 do CC/2002, supracitado. Ocorre, porém, que há um erro no item, que prevê, na parte final, que os
riscos da empreitada correm por conta do empreiteiro até a entrega da obra, “salvo em caso de modo do
dono da obra em recebê-la”. Ao que parece, a pretensão do examinador era ter dito “salvo em caso de MORA
do dono da obra em recebê-la”. No entanto, não disse. E MODO, em sentido técnico-jurídico rigoroso, é o
equivalente a ENCARGO. Ou seja, lida de maneira direta, a questão diria algo assim: “Correm os riscos pelo
empreiteiro, salvo no caso do encargo do dono da obra”. Como apontei, ao final a banca acabou anulando a
alternativa.

19. (PGM-Fortaleza – 2002) Assinale a opção correta.


a) O direito de resilição unilateral é transmissível causa mortis aos herdeiros do dono da obra, mas não se
estende aos credores.
b) A falência do empreiteiro não provocará a cessação do contrato de empreitada.
c) A empreitada por preço máximo opera-se quando o empreiteiro se obriga a realizar o trabalho, ficando
sob sua responsabilidade o fornecimento dos materiais e o pagamento da mão-de-obra, mediante o
reembolso do dispendido, acrescido do lucro assegurado.
d) A empreitada por preço de custo não é compatível com a empreitada por medida.
e) A gratuidade da prestação de serviço pode ser presumida, se o contrato for omisso quanto à
remuneração.

Comentários

A alternativa A está correta, pela aplicação conjunta dos arts. 626 (“Não se extingue o contrato de
empreitada pela morte de qualquer das partes, salvo se ajustado em consideração às qualidades pessoais
do empreiteiro”) e 623 (“Mesmo após iniciada a construção, pode o dono da obra suspendê-la, desde que
pague ao empreiteiro as despesas e lucros relativos aos serviços já feitos, mais indenização razoável,
calculada em função do que ele teria ganho, se concluída a obra”.

A alternativa B está incorreta, segundo a doutrina, permitindo-se a cessação do pacto no caso de insolvência
de qualquer das partes, para se evitar o agravamento do prejuízo à outra.

A alternativa C está incorreta, porque essa modalidade estabelece um teto ao valor da obra.

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A alternativa D está incorreta, já que não há incompatibilidade entre a empreitada a preço de custo (preço
pré-estabelecido quanto a materiais e mão de obra) e por medida (pagamento proporcional ao trabalho
realizado).

A alternativa E está incorreta, segundo o art. 596: “Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes,
fixar-se-á por arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade”.

9. Depósito

20. (TRT-21ª Região / TRT-21ª Região – 2015) Analise as assertivas abaixo e, a seguir, assinale a opção
correta:
I - O comodatário poderá reaver do comodante as despesas que teve com o uso da coisa emprestada.
II - O mútuo realizado com uma pessoa menor, com autorização prévia de quem detiver sua guarda, pode
ser reavido do mutuário ou de seu fiador.
III - O prestador de serviços por obra determinada pode despedir-se sem justa causa antes de concluída a
obra, desde que pré-avise o seu tomador de serviços com antecedência de 10 (dez) dias.
IV - No contrato de empreitada, suspensa esta, sem justa causa, o empreiteiro responde por perdas e danos.
V - O depósito é necessário, quando feito em desempenho de obrigação legal.
a) apenas as assertivas I e V estão corretas;
b) apenas as assertivas II e III estão corretas;
c) apenas as assertivas I, III e IV estão corretas;
d) apenas as assertivas I, III e V estão corretas;
e) apenas a assertiva V está correta.

Comentários

Essa questão foi anulada, ao final, mas nada impede que a analisemos.

O item I está incorreto, nos termos do art. 584: “O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante
as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada”.

O item II está correto, segundo o art. 588: “O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele
sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores”.

O item III está incorreto, na previsão do art. 602: “O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou
por obra determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de preenchido o tempo,
ou concluída a obra”.

O item IV está correto, como determina o art. 624: “Suspensa a execução da empreitada sem justa causa,
responde o empreiteiro por perdas e danos”.

O item V está correto, na literalidade do art. 647, inc. I: “É depósito necessário o que se faz em desempenho
de obrigação legal”.

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Nenhuma alternativa está correta, portanto.

21. (NUCEPE-UESPI / PC-PI – 2014) Dentre os contratos abaixo, todos são de depósito, EXCETO,
a) hospedagem de um cachorro na clínica veterinária.
b) hospedagem de um animal de estimação na casa do vizinho.
c) veículo no estacionamento do shopping enquanto se faz compras.
d) alienação fiduciária.
e) entrega de um veículo em retribuição de quantia em dinheiro.

Comentários

Preleciona o art. 627: “Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até
que o depositante o reclame”. Ainda que existam minúcias outras, as alternativas A, B e C tranquilamente
poderiam ser eliminadas porque a correspondência é evidente.

A alternativa A está incorreta, já que o cão está depositado na clínica.

A alternativa B está incorreta, porque o totó está depositado com o vizinho.

A alternativa C está incorreta, dado que o carro está depositado no estacionamento.

A alternativa D está incorreta, pois a alienação fiduciária gera a transferência da posse direta ao devedor-
fiduciante enquanto a indireta e a propriedade resolúvel permanece com o credor-fiduciário. A lei especial
apenas equipara o devedor, possuidor direto, ao fiduciário, para fins de aplicação normativa, mas não há
depósito propriamente dito. A alternativa apresenta uma pegadinha!

A alternativa E está correta, já que a entrega de um veículo em retribuição de quantia em dinheiro nada
mais é que compra e venda, não depósito.

22. (ESAF / PGFN – 2002/2003) Se o depositário não conseguir provar suficientemente as despesas e
os prejuízos, ou se o valor deles for ilíquido, deverá:
a) exigir caução idônea do depositante.
b) reembolsar ex lege o depositante.
c) pagar ex contractu as benfeitorias.
d) apurar, primeiramente, a liquidez do ressarcimento.
e) requerer, em primeiro lugar, a remoção da coisa para o depósito público.

Comentários

A alternativa A está correta, na forma do art. 644, parágrafo único: “Se essas dívidas, despesas ou prejuízos
não forem provados suficientemente, ou forem ilíquidos, o depositário poderá exigir caução idônea do
depositante ou, na falta desta, a remoção da coisa para o Depósito Público, até que se liquidem”.

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A alternativa B está incorreta, conforme a dicção do mesmo art. 644, parágrafo único, supracitado.

A alternativa C está incorreta, até porque, pela dicção do art. 627, o depósito volta-se a bens móveis, pelo
que benfeitorias nessa classe de bens é algo mais incomum.

A alternativa D está incorreta, e faria sentido pelas regras do CPC, mas a regra específica supracitada afasta
esse entendimento.

A alternativa E está incorreta, dado que, conforme a parte final desse dispositivo, a remoção ao depositário
é subsidiária apenas.

23. (ESAF / PGM-Fortaleza – 2002) O depósito de mercadorias nos armazéns gerais é o:


a) judicial
b) ordinário
c) irregular
d) regular
e) legal

Comentários

A alternativa A está incorreta, sendo esta modalidade a determinada em virtude de decisão judicial.

A alternativa B está incorreta, pois o depósito regular é voltado para bens infungíveis, o que não é o caso de
mercadorias depositadas nos armazéns gerais.

A alternativa C está correta, porque no depósito de mercadorias nos armazéns gerais a devolução dessas
mercadorias, bens fungíveis, se dá em quantidade, qualidade e gênero equivalentes, e não aos bens em si,
exatamente aqueles entregues. É o caso dos warrants, depósitos feitos nos armazéns gerais.

A alternativa D está incorreta, já que o depósito regular é sinônimo de depósito ordinário.

A alternativa E está incorreta, dado que o depósito legal é aquele previsto em lei e por ela obrigatório.

10. Mandato

24. (FCC / PGM-Caruaru-PE – 2018) O mandato


a) só pode ser exercido, como mandatário, a maior de dezoito anos, no exercício pleno de sua capacidade
civil.
b) cessa somente pela revogação expressa, morte de ambas as partes, término do prazo ou conclusão do
negócio.
c) pode ser verbal ou escrito, mas sempre expresso, não se admitindo mandato tácito.
d) não gera compensação, ou seja, o mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os
proveitos que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte.

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e) em termos gerais só confere poderes de administração, ou para outorgar hipoteca e transigir, mas não
para alienar ou contrair empréstimos.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois, de acordo com o art. 666, o maior de dezesseis e menor de dezoito anos
não emancipado pode ser mandatário – observadas as restrições dispostas no artigo com relação à possível
ação contra o menor mandatário.

A alternativa B está incorreta, porque de acordo com o art. 682, o mandato é extinto pela revogação ou
renúncia, pela morte ou interdição de uma das partes, pela mudança de estado que inabilite mandante e
mandatários de exercer seus direitos e obrigações decorrentes do mandato e pelo término do prazo ou
conclusão do negócio.

A alternativa C está incorreta, já que o art. 656 dispõe que o mandato pode ser expresso ou tácito.

A alternativa D está correta, na literalidade do art. 669: “O mandatário não pode compensar os prejuízos a
que deu causa com os proveitos que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte”.

A alternativa E está incorreta, dado que o art. 661 estabelece que o mandato, em termos gerais, só confere
poderes de administração. Os demais poderes que exorbitem a administração ordinária, deverão constar
expressamente em procuração de poderes especiais.

25. (CESPE / PGM-Belo Horizonte-MG – 2017) Pedro — maior, capaz e solteiro — outorgou a Antônio
— maior, capaz e solteiro —, por instrumento público e prazo indeterminado, procuração com cláusula
causa própria, para a venda de imóvel cujo preço era de R$ 1 milhão. Posteriormente, Pedro revogou o
mandato e notificou Antônio, que, por sua vez, havia transferido o imóvel para si próprio. Inconformado,
Pedro ingressou com ação visando à anulabilidade do mandato.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta à luz das disposições do Código Civil.
a) Por serem maiores e capazes, Pedro e Antônio poderiam ter dado procuração mediante instrumento
particular.
b) A prova do negócio jurídico celebrado entre Pedro e Antônio não pode ser exclusivamente testemunhal.
c) A conduta de Antônio caracteriza simulação, de modo que a nulidade pode ser reconhecida de ofício pelo
juiz.
d) A revogação do mandato efetuada por Pedro é ineficaz, ainda que ocorra a notificação de Antônio.

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que a transmissão de bem móvel exige forma pública, pelo que o mandato
para tanto deve seguir tal forma, a teor da primeira parte do art. 657: “A outorga do mandato está sujeita à
forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser
celebrado por escrito”.

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A alternativa B está incorreta, com a revogação do art. 227 do CC/2002 pelo CPC/2015, restando apenas a
dicção do parágrafo único: “Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível
como subsidiária ou complementar da prova por escrito”.

A alternativa C está incorreta, já que, a despeito de ser anulável (“Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o
representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem,
celebrar consigo mesmo”), não se visualiza no caso situação de simulação.

A alternativa D está correta, na literalidade do art. 685: “Conferido o mandato com a cláusula "em causa
própria", a sua revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o
mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do
mandato, obedecidas as formalidades legais”.

26. (MPE-SP / MPE-SP – 2015) Sobre o caso fortuito ou de força maior, assinale a alternativa que
contém afirmação incorreta:
a) O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente
não se houver por eles responsabilizado.
b) O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de
caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso, exceto se provar isenção de culpa ou
que o dano sobreviria ainda que a obrigação tivesse sido cumprida oportunamente.
c) Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do mandato,
responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do substituto, ainda que
provenientes de caso fortuito ou de força maior.
d) Os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem,
contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador,
correrão por conta deste.
e) Nas obrigações de dar coisa incerta, não poderá o devedor, antes da escolha, alegar a perda ou
deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.

Comentários

A alternativa A está correta, conforme o art. 393: “O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de
caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado”.

A alternativa B está correta, de acordo com o art. 399: “O devedor em mora responde pela impossibilidade
da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem
durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse
oportunamente desempenhada”.

A alternativa C está incorreta, consoante o art. 667, §1º: “Se, não obstante proibição do mandante, o
mandatário se fizer substituir na execução do mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos
ocorridos sob a gerência do substituto, embora provenientes de caso fortuito, salvo provando que o caso
teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido substabelecimento”.

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A alternativa D está correta, segundo a regra do art. 492, §1º: “Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no
ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou
assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste”.

A alternativa E está correta, na literalidade do art. 246: “Antes da escolha, não poderá o devedor alegar
perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito”.

27. (FCC / DPE-SP – 2012) Maria Aparecida, viúva, apresentando os primeiros sintomas de Alzheimer,
mas ainda no domínio pleno de suas faculdades mentais, temendo a iminente perda de sua capacidade
civil, outorga instrumento de mandato com poderes especiais e expressos para sua única filha,
autorizando-a a alienar seu único bem imóvel para custear seu futuro tratamento. Durante as tratativas
iniciais para alienação do imóvel, sem assunção formal de quaisquer obrigações, sobrevém a interdição da
primeira, nomeando-se curadora pessoa diversa da mandatária e reconhecendo-se, por perícia médica,
que a incapacidade ocorrera em data superveniente à outorga do mandato. Nesse caso,
a) não será possível a outorga da escritura pela mandatária, uma vez que a incapacidade do mandante faz
cessar o contrato de mandato.
b) será possível a outorga da escritura pela mandatária, uma vez que a lei autoriza auto curatela antecipada.
c) será possível a outorga, pois trata-se de conclusão de ato jurídico iniciado, havendo perigo na demora.
d) será possível a conclusão do negócio pela própria mandante, uma vez que o mandato que contém poderes
de cumprimento ou confirmação de negócios encetados, aos quais se ache vinculado, é irrevogável.
e) não será possível a conclusão do negócio pela mandatária, já que após a interdição somente o curador
nomeado poderia praticar tal ato, independente de autorização judicial.

Comentários

A alternativa A está correta, na forma do art. 682, inc. III: “Cessa o mandato pela mudança de estado que
inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer”.

A alternativa B está incorreta, já que não já qualquer previsão legal permitindo espécie de “auto curatela
antecipada”.

A alternativa C está incorreta, pelas mesmas razões previstas na alternativa A, supramencionada.

A alternativa D está incorreta, pois no caso não se trata de mandato com cláusula de irrevogabilidade, mas
de incapacitação do mandante.

A alternativa E está incorreta. Quase correta. No entanto, haverá necessidade de autorização judicial.

28. (COPS-UEL / PGE-PR – 2011) Assinale a alternativa incorreta:


a) o chamado “contrato consigo mesmo” é anulável, salvo se ele for permitido pela lei ou pelo representado;
b) se a procuração for dada por instrumento público, os poderes podem ser substabelecidos por instrumento
particular;
c) a revogação do mandato pode ser desmotivada;

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d) a revogação do mandato “em causa própria” é ineficaz;


e) o mandatário pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos que tenha alcançado para
o mandante.

Comentários

A alternativa A está correta, consoante regra do art. 117: “Salvo se o permitir a lei ou o representado, é
anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo
mesmo”.

A alternativa B está correta, por previsão expressa do art. 655: “Ainda quando se outorgue mandato por
instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular”.

A alternativa C está correta, na forma do art. 682, inc. I, que não exige motivação para a revogação.

A alternativa D está correta, de acordo com o art. 685: “Conferido o mandato com a cláusula "em causa
própria", a sua revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o
mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do
mandato, obedecidas as formalidades legais”.

A alternativa E está incorreta, segundo a literalidade do art. 669: “O mandatário não pode compensar os
prejuízos a que deu causa com os proveitos que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte”.

29. (VUNESP / TJ-MT – 2009) João, pretendendo vender seu carro, outorga procuração, por
instrumento público, a Carlos, para fazê-lo em seu lugar. Carlos, como mandatário, substabelece os
poderes recebidos por instrumento particular a sua irmã, que por sua vez vende o carro a seu pai, por meio
de contrato em que houve a declaração de sua quitação do preço, porém João nada recebeu, ficando
evidente que não houve nenhum pagamento. Diante dos fatos apresentados, é correto dizer que
a) o instrumento de substabelecimento de mandato não tem validade, visto que outorgado o mandato por
instrumento público, esta deveria ter sido a forma do substabelecimento, sendo a venda inválida.
b) a declaração de quitação do contrato assinado presume-se verdadeira em relação aos signatários, desse
modo, João não poderá cobrar o valor da transação.
c) a declaração de quitação, por ser enunciativa, não exime Carlos de comprovar sua veracidade, desse modo,
deverá prestar contas do mandato a João.
d) a declaração de quitação, por ser dispositiva, exime a prova do pagamento, visto que as declarações
constantes do documento são verdadeiras em relação às partes.
e) os efeitos do negócio, transferência da propriedade, em relação a terceiros de boa-fé, como é o caso do
pai de Carlos, só se opera com a transferência do documento do veículo.

Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme art. 655: “Ainda quando se outorgue mandato por instrumento
público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular”.

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A alternativa B está incorreta, pois, não obstante o que dita o art. 219 (“As declarações constantes de
documentos assinados presumem-se verdadeiras em relação aos signatários”), o parágrafo único do
dispositivo prevê que “Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a legitimidade
das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de prová-
las”.

A alternativa C está correta, diante da dicção do parágrafo único do art. 219, acima colacionado, bem como
em conformidade com o entendimento esposado pelo STJ: “Declarações dispositivas são aquelas relativas à
essência do próprio negócio jurídico, já as declarações enunciativas guardam alguma pertinência com o
negócio firmado, em maior ou menor grau. Se tais enunciações, apesar de não dizerem respeito a
manifestações de vontade estruturantes do negócio, ainda assim mantiverem com estas relação próxima,
ambas repartirão da mesma força probante; caso contrário, não são mais do que começo de prova – ainda
que inseridas em instrumento público (STJ - REsp 885329/MG -Relatora Ministra NANCY ANDRIGHI - Órgão
Julgador T3 - TERCEIRA TURMA - Data do Julgamento: 25/11/2008)”. Além disso, o art. 668 do prevê: “O
mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-lhe as vantagens
provenientes do mandato, por qualquer título que seja”.

A alternativa D está incorreta, em razão do que apregoou o acórdão no REsp 885.329, conforme excerto
acima.

A alternativa E está incorreta, pois não se pode falar que Carlos é terceiro de boa-fé, evidentemente.

30. (CESPE / BACEN – 2009) Diante da necessidade de transferir sua residência para outra cidade,
Maura, menor púbere, resolveu conferir a sua tia, Antônia, judicialmente reconhecida como pródiga,
poderes para que esta pleiteasse em juízo determinado direito. Para isso, Maura, devidamente assistida
por seus pais, e mediante instrumento particular, outorgou poderes a Antônia, que, por não ser advogada,
substabeleceu esses poderes a profissional habilitado.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta:
a) É inválido o negócio realizado entre Maura e Antônia, porque, sendo a primeira menor, esse negócio
deveria ter sido objeto de instrumento público.
b) Não é válido o mandato porque o pródigo, assim como o falido, não é capaz de exercer mandato.
c) Na situação descrita, é válido o negócio realizado pelas partes, pois obedeceu ao necessário não só quanto
à forma, como quanto ao suprimento da capacidade da mandante.
d) É inválido o negócio porque, diante de um mandato judicial, seria necessário que Antônia tivesse
capacidade postulatória para que o substabelecimento se tornasse viável.
e) Seria inválido o negócio se Antônia fosse também menor púbere, já que este não pode ser mandatário.

Comentários

A alternativa A está incorreta, na forma do art. 654: “Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração
mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante”.

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A alternativa B está incorreta, dado que o art. 4º, inc. IV, limita a incapacitação do pródigo a determinados
atos, notadamente de natureza patrimonial e, no caso, não há impacto patrimonial que poderia causar
prejuízo a Maura.

A alternativa C está correta, pelas razões expostas nas demais alternativas.

A alternativa D está incorreta, inclusive misturando conceitos variados, de maneira confusa.

A alternativa E está incorreta, porque, se Antônia fosse menor púbere, poderia praticar tal ato, mas também
necessitaria da assistência de seus representantes legais.

11. Comissão

12. Agência e distribuição

31. (CESPE / MPE-RO – 2013) No que se refere aos contratos, assinale a opção correta.
a) O objeto do contrato de comissão, regulado como típico no Código Civil, são negócios determinados,
negociando o comissário em nome do comitente, o qual será parte do negócio ajustado com o terceiro.
b) Em se tratando de contrato de agência, a coisa a ser negociada fica à disposição do agente, a quem cabe
promover negócios do agenciado em zona determinada, mediante retribuição, em caráter não eventual e
sem vínculo de dependência.
c) O mandante tem o dever de satisfazer as obrigações assumidas pelo mandatário, considerando-se os
poderes a ele conferidos pelo contrato celebrado, ainda que o mandatário tenha desatendido a alguma
instrução.
d) Em caso de morte do proponente de obrigação não personalíssima séria e consciente, os herdeiros não
estarão obrigados em relação às consequências do ato praticado.
e) A resolução unilateral do contrato é um direito de ambas as partes em caso de inadimplemento, de forma
que o adimplemento substancial por parte do devedor não obsta o exercício de tal faculdade pelo credor

Comentários

A alternativa A está incorreta, pela previsão do art. 694: “O comissário fica diretamente obrigado para com
as pessoas com quem contratar, sem que estas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo
se o comissário ceder seus direitos a qualquer das partes”.

A alternativa B está incorreta, pois, segundo o art. 710 (“Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em
caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante
retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando
o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada”), a disponibilidade dos bens ao agente caracteriza a
distribuição.

A alternativa C está correta, conforme se extrai do art. 679: “Ainda que o mandatário contrarie as instruções
do mandante, se não exceder os limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles com
quem o seu procurador contratou; mas terá contra este ação pelas perdas e danos resultantes da
inobservância das instruções”.

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A alternativa D está incorreta, já que se a obrigação é impessoal, transmite-se aos herdeiros, sendo
intransmissível a proposta se realizada em relação a contrato personalíssimo, como a prestação de serviços,
como é possível se interpretar da previsão geral do art. 427: “A proposta de contrato obriga o proponente,
se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso”.

A alternativa E está incorreta, pois é a base da teoria do adimplemento substancial a vedação à resolução
unilateral do contrato em caso de cumprimento próximo da satisfação do credor.

13. Corretagem

32. (VUNESP / TJ-SP – 2017) Mediante contrato escrito, José efetua a venda de imóvel a Maria. Embora
consumado o negócio, Maria desiste da compra depois de noventa dias. O corretor Antônio exige de José
o pagamento de remuneração pelo trabalho de mediação.
A respeito do caso hipotético, é correto afirmar que a remuneração
a) não é exigível, uma vez que o rompimento do contrato de venda e compra equivale à não obtenção do
resultado do trabalho do corretor.
b) é exigível, uma vez que o contrato de venda e compra foi concluído e que o arrependimento de uma das
partes não é oponível ao corretor.
c) é exigível, exceto se a compradora deixou de efetuar o pagamento total ou parcial do preço,
independentemente de tal circunstância ter sido prevista em contrato pelo vendedor e pelo corretor.
d) não é exigível, ainda que a corretagem tenha sido contratada por escrito e com exclusividade.

Comentários

A alternativa A está incorreta, conforme reza o art. 725: “A remuneração é devida ao corretor uma vez que
tenha conseguido o resultado previsto no contrato de mediação, ou ainda que este não se efetive em virtude
de arrependimento das partes”.

A alternativa B está correta, pela dicção do supracitado art. 725.

A alternativa C está incorreta, já que o inadimplemento, seja total, seja parcial, é irrelevante para a obrigação
do vendedor adimplir a corretagem para com o corretor.

A alternativa D está incorreta, pois mesmo que o contrato tivesse sido encetado entre as partes diretamente,
a cláusula de exclusividade obrigaria ao pagamento: “Art. 726. Iniciado e concluído o negócio diretamente
entre as partes, nenhuma remuneração será devida ao corretor; mas se, por escrito, for ajustada a
corretagem com exclusividade, terá o corretor direito à remuneração integral, ainda que realizado o negócio
sem a sua mediação, salvo se comprovada sua inércia ou ociosidade”.

33. (VUNESP / TJ-PA – 2014) Assinale a alternativa correta.


a) O direito à adjudicação compulsória se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no
cartório de imóveis.
b) A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro tem eficácia perante os adquirentes do
imóvel.

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c) Ainda que o negócio jurídico de compra e venda de imóvel não se concretize em razão do inadimplemento
do comprador, é devida comissão de corretagem.
d) Não é possível a resilição do compromisso de compra e venda por iniciativa do promitente comprador por
não ter mais as condições econômicas de suportar o pagamento das prestações.
e) O compromisso de compra e venda não é título hábil a fundamentar usucapião ordinária.

Comentários

A alternativa A está incorreta, segundo a Súmula 239 do STJ: “O direito à adjudicação compulsória não se
condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis.”.

A alternativa B está incorreta, por aplicação da Súmula 308 do STJ: “A hipoteca firmada entre a construtora
e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia
perante os adquirentes do imóvel”.

A alternativa C está correta, pela previsão do art. 725: “A remuneração é devida ao corretor uma vez que
tenha conseguido o resultado previsto no contrato de mediação, ou ainda que este não se efetive em virtude
de arrependimento das partes”.

A alternativa D está incorreta, conforme o STJ: “PROMESSA DE VENDA E COMPRA. RESILIÇÃO. DENÚNCIA
PELO COMPROMISSÁRIO COMPRADOR EM FACE DA INSUPORTABILIDADE NO PAGAMENTO DAS
PRESTAÇÕES. RESTITUIÇÃO. O compromissário comprador que deixa de cumprir o contrato em face da
insuportabilidade da obrigação assumida tem o direito de promover ação a fim de receber a restituição das
importâncias pagas (EREsp 59.870/SP, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
10/04/2002, DJ 09/12/2002, p. 281)”.

A alternativa E está incorreta, de acordo com a jurisprudência: “CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO


REIVINDICATÓRIA. ALEGAÇÃO DE USUCAPIÃO INSTRUMENTO PARTICULAR DE COMPROMISSO DE COMPRA
E VENDA. JUSTO TÍTULO. SÚMULA N. 84-STJ. POSSE. SOMA. PERÍODO NECESSÁRIO À PRESCRIÇÃO
AQUISITIVA ATINGIDO. Ainda que não passível de registro, a jurisprudência do STJ reconhece como justo
título hábil a demonstrar a posse o instrumento particular de compromisso de compra e venda. Aplicação da
orientação preconizada na Súmula n. 84 (REsp 171.204/GO, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR,
QUARTA TURMA, julgado em 26/06/2003, DJ 01/03/2004, p. 186)”.

34. (VUNESP / PGM-São José do Rio Preto-SP – 2014) Pelo contrato de __________ , uma pessoa, não
ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou qualquer outra relação de dependência,
obriga-se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas.
De acordo com a redação do Código Civil, completa corretamente a lacuna
a) corretagem
b) agência
c) comissão
d) compromisso
e) constituição de renda

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Comentários

A alternativa A está correta, na literalidade do art. 722: “Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não
ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência,
obriga-se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas”.

As alternativas B, C, D e E estão incorretas, consequentemente.

35. (FUNCAB / ANS – 2013) A propósito do contrato de corretagem, é correto afirmar que:
a) é contrato bilateral, oneroso, aleatório, consensual e inominado.
b) o corretor torna-se um representante ou mandatário do comitente.
c) a remuneração do corretor, se não estiver fixada em lei, nem ajustada entre as partes, será arbitrada
segundo a natureza do negócio e os usos locais.
d) se exige a forma escrita.
e) é personalíssimo (intuitu personae).

Comentários

A alternativa A está incorreta, já que o contrato de corretagem é nominado.

A alternativa B está incorreta, pela previsão do art. 722: “Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não
ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência,
obriga-se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas”.

A alternativa C está correta, conforme o art. 724: “A remuneração do corretor, se não estiver fixada em lei,
nem ajustada entre as partes, será arbitrada segundo a natureza do negócio e os usos locais”.

A alternativa D está incorreta, pois a corretagem é contrato consensual, não se exigindo solenidade, como
se extrai do art. 722.

A alternativa E está incorreta, já que, como se denota facilmente da prática da corretagem, ela é em regra
estabelecida com pessoa jurídica, permitindo-se seu exercício por pessoas naturais diversas.

36. (FCC / PGM-João Pessoa-PB – 2012) Marta ajustou com Aurélio, corretor de imóveis, a corretagem
com exclusividade, na venda de uma casa localizada no Município de João Pessoa. Posteriormente, Marta
conheceu, na fila de uma agência bancária, Roberta, que se interessou em comprar a referida casa. Assim,
foi iniciado e concluído o negócio diretamente entre Marta e Roberta. Neste caso, de acordo com o Código
Civil brasileiro, em regra, Aurélio
a) terá direito à 50% da remuneração relativa a corretagem ajustada na exclusividade.
b) não terá direito a qualquer remuneração ou indenização.
c) terá direito à remuneração integral relativa a corretagem ajustada na exclusividade.
d) terá direito à 30% da remuneração relativa a corretagem ajustada na exclusividade.

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e) terá direito apenas ao ressarcimento de despesas devidamente comprovadas até o limite da corretagem
ajustada na exclusividade.

Comentários

A alternativa A está incorreta, inexistindo meação da remuneração em decorrência da aplicação das normas
do CC/2002.

A alternativa B está incorreta, pois o exercício não menciona inércia ou ociosidade do corretor, exigidas para
o afastamento do pagamento.

A alternativa C está correta, na literalidade do art. 726: “Iniciado e concluído o negócio diretamente entre
as partes, nenhuma remuneração será devida ao corretor; mas se, por escrito, for ajustada a corretagem
com exclusividade, terá o corretor direito à remuneração integral, ainda que realizado o negócio sem a sua
mediação, salvo se comprovada sua inércia ou ociosidade”.

A alternativa D está incorreta, pelas mesmas razões apontadas anteriormente na alternativa A.

A alternativa E está incorreta, não mencionado a regra do art. 726 essas despesas.

LISTA DE QUESTÕES
6. Empréstimo

1. (VUNESP / TJ-MT – 2018) Caio e Tício receberam em comodato um apartamento de propriedade


de Mélvio, pelo prazo de dois anos, em 31.12.2012. Após o término do contrato, Caio e Tício devolveram
o imóvel em 31.12.2014 e, em razão dos danos causados por estes no imóvel, o mesmo ruiu
completamente em 01.01.2015. O valor apurado para a reconstrução foi de R$ 200.000,00 (duzentos mil
reais). Em 25.12.2017, Caio enviou uma carta de próprio punho a Mélvio, se desculpando pela ruína
ocasionada no imóvel, bem como requerendo um prazo para o pagamento dos danos ocasionados.
Em 01.06.2018, Mélvio ajuizou ação de reparação civil, pretendendo a condenação de Caio e Tício ao
pagamento do valor da reconstrução e perdas e danos.
Assinale a alternativa correta.
a) A pretensão está prescrita em relação a Tício, podendo Mélvio postular a condenação de Caio no valor de
até R$ 100.000,00 (cem mil reais), acrescida de metade do valor das perdas e danos.
b) A pretensão está prescrita em relação a Tício, podendo Mélvio postular a condenação de Caio no valor
total da reconstrução, mais perdas e danos.
c) Mélvio poderá requerer apenas metade do valor da reconstrução do imóvel de Caio e apenas a outra
metade de Tício.
d) Mélvio poderá requerer o valor total de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), mais perdas e danos, de Caio,
de Tício, ou de ambos, isolada ou conjuntamente.
e) A pretensão está prescrita, tendo em vista o decurso do prazo prescricional previsto em lei, bem como
ausência de qualquer causa de interrupção.

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2. (FUNRIO / AL-Nova Iguaçu-RJ – 2016) Robson pede emprestado veículo de seu amigo Ricardo por
cinco dias. Findo o prazo, embora Ricardo peça a devolução do automóvel, transcorrem mais dez dias sem
que o veículo seja restituído. No décimo quinto dia após o empréstimo, uma enchente atinge o bairro onde
residem as partes, causando sérias avarias ao veículo.
É CORRETO afirmar que Robson
a) não deve responder pelos danos advindos ao veículo, por ser possuidor de boa-fé.
b) não deve responder pelos danos advindos ao veículo, pois ninguém pode ser responsabilizado pelo
fortuito.
c) apenas não precisará responder pelos danos advindos ao veículo se comprovar que as avarias ocorreriam
mesmo que o bem houvesse sido restituído a Ricardo tempestivamente.
d) deve responder pelos danos advindos ao veículo, não se admitindo que invoque qualquer causa
excludente de responsabilidade.
3. (FCC / TRT-23ª Região – 2015) Luiz Henrique emprestou a Cláudio, sem nenhum ônus, obra de arte
assinada pelo respectivo autor, a qual ficou exposta na sala de sua residência. A residência, durante uma
tempestade, foi atingida por um raio e se incendiou. Durante o incêndio, Cláudio houve por bem salvar
outras obras de arte, de sua propriedade, por possuírem maior valor. Considerada a situação descrita,
analise:
I. O contrato celebrado entre Luiz Henrique e Cláudio chama-se comodato, o qual tem por objeto bem
infungível, como é o caso da obra de arte assinada pelo respectivo autor.
II. O empréstimo de bem fungível ou infungível é um contrato de natureza real, perfazendo-se com a entrega
do objeto.
III. Cláudio não será obrigado a indenizar Luiz Henrique pelo perecimento da obra de arte, tendo em vista
que o caso fortuito e a força maior afastam o nexo de causalidade, o qual é pressuposto para a
responsabilização civil.
IV. Independentemente do dever de indenizar, Cláudio poderá recobrar de Luiz Henrique as despesas feitas
com o uso e gozo da coisa emprestada.
Está correto o que consta APENAS em
a) III e IV.
b) I e III.
c) I e II.
d) II e IV.
e) I, II e III.
4. (UFPR / DPE-PR – 2014) Assinale a alternativa correta acerca dos Contratos em espécie no Direito
Civil.
a) É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do
alienante, mesmo que casados pelo regime da separação obrigatória de bens, expressamente houverem
consentido, não se aplicando tal causa legal de anulabilidade à venda feita de avô a neto.
b) A lei civil considera totalmente nula a doação inoficiosa, em que o doador, ao dispor de seus bens, excede
à parte que poderia dispor em testamento, não subsistindo a liberalidade, em qualquer proporção.

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c) No contrato de comodato de duração indeterminada sem destinação ou finalidade específica, caso


pretenda a resilição unilateral, o comodante deve notificar o comodatário para que efetue a devolução no
prazo que lhe for assinado. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até
restituir a coisa, o aluguel que for arbitrado pelo comodante.
d) Se o mútuo é destinado a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais podem ser estipulados
livremente pelas partes, sendo vedada, entretanto, a sua capitalização anual.
e) Na venda de imóvel ad mensuram, caso constatado, em posterior medição, que a área não corresponde
às dimensões dadas pelo vendedor, tem o comprador o direito de exigir a sua complementação e, não sendo
esta possível, o abatimento proporcional ao preço, não lhe sendo facultado, entretanto, reclamar a resolução
do contrato.
5. (FCC / DPE-PB – 2014) Arnaldo contratou, por telefone, serviço de TV a cabo por meio do qual
recebeu, em comodato, aparelho de recepção de sinal. Passado algum tempo, informou, também por
telefone, que desejava realizar distrato, além de ser indenizado pelo que gastou nas despesas com o uso
da coisa, consistentes em aquisição de televisor compatível com a tecnologia do aparelho de recepção de
sinal. A prestadora de serviço informou que, para realização do distrato, Arnaldo deveria assinar um
instrumento escrito. Além disto, recusou-se a indenizar Arnaldo e exigiu de volta o aparelho de recepção
de sinal. A prestadora de serviço
a) tem razão quanto à forma do distrato, que deve ser feito por escrito, quanto a não indenizar Arnaldo pelas
despesas com o uso da coisa e pela exigência na devolução ao aparelho.
b) tem razão quanto à forma do distrato, que deve ser feito por escrito, e também quanto à exigência da
devolução do aparelho, obrigando-se, contudo, a indenizar Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa.
c) não tem razão quanto à forma do distrato, que poderá ser feito por telefone, tampouco quanto a não
indenizar Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa ou quanto à exigência da devolução do aparelho.
d) não tem razão quanto à forma do distrato, que poderá ser feito pelo telefone, nem quanto a não indenizar
Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa, mas está correta quanto à exigência da devolução do aparelho.
e) não tem razão quanto à forma do distrato, que poderá ser feito por telefone, mas possui quanto a não
indenizar Arnaldo pelas despesas com o uso da coisa e pela exigência na devolução do aparelho.
6. (PGR / PGR – 2013) Dentre as proposições abaixo, algumas são falsas, outras verdadeiras:
I - A atribuição de encargo ao comodatário, consistente na construção de casa de alvenaria, a fim de evitar a
"favelização" do local, não desnatura o contrato de comodato modal.
II - As acessões artificiais são modos de aquisição originária da propriedade imóvel, consistentes em obras
com a formação de coisas novas que se aderem à propriedade preexistente (superficies solo cedit),
aumentando-a qualitativa ou quantitativamente.
III - Embora o contrato de comodato não tenha conteúdo econômico imediato, o benefício patrimonial
consubstancia-se no valor do aluguel que o proprietário está deixando de receber enquanto o comodatário
permanece na posse do bem.
IV - A perda do bem por vício anterior ao negócio jurídico oneroso é fator determinante da evicção, desde
que haja a efetiva ou iminente perda da posse ou da propriedade, e não uma mera cogitação da perda ou
limitação desse direito.
Das assertivas acima:

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a) I e II estão corretas.
b) III e IV estão corretas.
c) I e III estão corretas.
d) Todas estão corretas.
7. (FCC / DPE-PR – 2012) Marcelo firmou contrato de mútuo feneratício com João e José, pelo qual
emprestou cinco mil reais para cada um, a fim de que os mesmos iniciassem um pequeno comércio. Neste
caso,
a) não havendo estipulação de juros, estes não serão presumidos.
b) em se tratando de contrato civil, é válida a previsão de juros capitalizados anualmente, ainda que sem
taxa estipulada, quando então estes encargos serão fixados segundo a taxa referencial do Sistema Especial
de Liquidação e Custódia (SELIC).
c) em sendo prevista a solidariedade passiva, e sendo inadimplidas as prestações por José, Marcelo deverá
primeiramente requerer o pagamento deste, para depois acionar João.
d) o contrato é existente, eis que possui objeto idôneo, qual seja, bem infungível.
e) verificada a inviabilidade do comércio de João e José, indicando mudança na situação econômica dos
mutuários, antes do vencimento da prestação Marcelo não pode exigir garantia da restituição dos valores
emprestados.
8. (FCC / PGE-SP – 2009) É correto afirmar:
a) O comodato, empréstimo de coisa fungível, não comporta cobrança por parte do comodatário das
despesas ordinárias com o uso da coisa emprestada.
b) Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão subsidiariamente
responsáveis para com o comodante.
c) O comodatário que estiver em mora arcará com as consequências da deterioração ou perda da coisa
emprestada e pagará o aluguel arbitrado pelo comodante até restituí-la.
d) O comodatário que estiver em mora suportará os riscos e pagará o aluguel arbitrado pelo comodante,
passando à condição de locatário.
e) O comodatário pode recobrar do comodante as despesas feitas com o uso da coisa emprestada.
9. (CESPE / DPE-AL – 2009) Marcelo tomou por empréstimo R$ 5 mil em uma instituição financeira
para pagar em vinte e quatro meses. A partir do décimo segundo mês, Marcelo interrompeu o pagamento
das prestações ante as dificuldades financeiras por que estava passando. Comparecendo ao banco, foi
informado de que no contrato havia cláusula permitindo a cobrança de comissão de permanência.
A respeito dessa situação hipotética, julgue os itens a seguir.
A hipótese descrita aponta um contrato de mútuo, que, além de ser contrato real, tem a fungibilidade do
objeto como uma de suas características.
10. (CESPE / DPE-AL – 2009) Marcelo tomou por empréstimo R$ 5 mil em uma instituição financeira
para pagar em vinte e quatro meses. A partir do décimo segundo mês, Marcelo interrompeu o pagamento
das prestações ante as dificuldades financeiras por que estava passando. Comparecendo ao banco, foi
informado de que no contrato havia cláusula permitindo a cobrança de comissão de permanência.

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A respeito dessa situação hipotética, julgue os itens a seguir.


Na hipótese descrita, que constitui um exemplo de mútuo, a comissão de permanência poderá ser cumulada
com a correção monetária, mas não com os juros remuneratórios.
11. (CESPE / DPE-AL – 2009) Marcelo tomou por empréstimo R$ 5 mil em uma instituição financeira
para pagar em vinte e quatro meses. A partir do décimo segundo mês, Marcelo interrompeu o pagamento
das prestações ante as dificuldades financeiras por que estava passando. Comparecendo ao banco, foi
informado de que no contrato havia cláusula permitindo a cobrança de comissão de permanência.
A respeito dessa situação hipotética, julgue os itens a seguir.
Hoje prevalece o entendimento jurisprudencial de que a cláusula contratual que prevê a comissão de
permanência, calculada pela taxa média de mercado, não é potestativa.
12. (CESPE / DPU – 2005) Em caso de contrato de comodato de bem imóvel a título oneroso e por prazo
indeterminado, desejando o proprietário pôr fim ao comodato, deverá notificar judicialmente o
comodatário, pedindo a restituição da coisa e constituindo em mora o devedor no momento em que este
for citado para os termos da causa. A partir de então, passam a ser devidos os aluguéis ao comodante.
13. (CESPE / DPE-AL – 2003) Em relação ao direito civil, julgue os itens a seguir.
No caso do comodato, a norma de interpretação sofre uma restrição não-admitida para os demais atos
jurídicos em geral, devendo tais contratos ser interpretados em obediência ao que estiver escrito.

7. Prestação de serviço

14. (MPT / MPT – 2015) Em relação aos contratos, analise as assertivas abaixo:
1. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que
a decretar retroagirão à data em que ocorrer a onerosidade excessiva.
2. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão (venda ad mensuram), ou se
determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o
comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a
resolução do contrato, não havendo possibilidade de requerer o abatimento proporcional ao preço.
3. No contrato de prestação de serviços, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o
instrumento deverá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas.
4. Não sendo a venda a crédito, o vendedor é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço.
De acordo com as assertivas propostas, é CORRETO afirmar que:
a) apenas as assertivas 1, 2 e 4 estão incorretas;
b) apenas as assertivas 2, 3 e 4 estão incorretas;
c) apenas as assertivas 1 e 2 estão incorretas;
d) todas as assertivas estão incorretas.
e) Não respondida.

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15. (TRT-21ª Região / TRT-21ª Região – 2015) Considerando a teoria contratual, a doutrina e
jurisprudência correlatas, é correto afirmar:
a) A aplicação judicial da teoria da imprevisão implica necessariamente na redução quantitativa ou resolução,
não podendo resultar na modificação das condições do contrato ante a limitação da autonomia da vontade.
b) Se, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, uma prestação contratual se tornar
excessivamente onerosa e com extrema vantagem para um dos contratantes, poderá o devedor pedir a
resolução do contrato pela via judicial, devendo os efeitos da sentença retroagir à data do evento
imprevisível que gerou o desequilíbrio.
c) A legislação pode estabelecer limitações à liberdade contratual, de modo a garantir que não haja violação
da função social do contrato e a utilização do contrato para imposição de cláusulas abusivas, a exemplo da
impossibilidade da exclusão da responsabilidade pela evicção nos casos de contratos de compra e venda
sobre bens imóveis.
d) Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito
resultante da natureza do negócio.
e) É elemento essencial à forma legal nos contratos de prestação de serviços, quando qualquer das partes
não souber ler nem escrever, a assinatura a rogo e subscrição por duas testemunhas.
16. (FCC / TRT-15ª Região – 2015) Sobre a eficácia dos contratos em relação a terceiros, afirma Miguel
Maria de Serpa Lopes: Finalmente, é princípio assente a responsabilidade do terceiro pela inexecução de
um contrato se, com a sua ação culposa, foi o cúmplice do seu inadimplemento. É o que a jurisprudência
francesa já firmou, embora colocando a questão fora do terreno da culpa contratual, para situá-la no da
culpa extracontratual. (Curso de Direito Civil − vol. III − p. 123 − 3ª edição – Livraria Freitas Bastos S/A,
1960). No Direito brasileiro, essa figura do terceiro cúmplice
a) só é identificada, em disposição do Código Civil, estabelecendo que aquele que aliciar pessoas obrigadas
em contrato a prestar serviço a outrem pagará a este indenização por danos emergentes e lucros cessantes,
que será arbitrada pelo juiz.
b) não é identificada em nenhuma disposição legal.
c) é identificada apenas em disposição do Código Civil estabelecendo que aquele que aliciar pessoas
obrigadas em contrato escrito e desde que por prazo determinado a prestar serviços agrícolas a outrem
pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante
dois anos.
d) é identificada apenas em disposição legal estabelecendo que aquele que aliciar pessoas obrigadas em
contrato escrito e por prazo determinado a prestar serviços de publicidade ou artísticos a outrem pagará a
este uma indenização equitativa arbitrada pelo juiz.
e) pode ser reconhecida em disposição do Código Civil estabelecendo que aquele que aliciar pessoas
obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de
serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos.

8. Empreitada

17. (VUNESP / PGE-SP – 2018) O Estado de São Paulo celebra com a empresa Alfa contrato que tem por
objeto a construção de hospital público. Quatro anos após o recebimento definitivo da obra, constatou-se
desconformidade de vigas de sustentação de um dos pavimentos do prédio, com comprometimento à

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segurança, decorrente de má execução. Notificada para eliminar a desconformidade, a empresa Alfa


silenciou. Nesse caso, a Administração deverá buscar ressarcimento das perdas e danos junto ao
empreiteiro no prazo de até
a) 5 anos, prescricional, contados da constatação do defeito.
b) a qualquer momento, por se tratar de pretensão imprescritível.
c) 180 dias, prescricional, contado da comunicação do defeito ao empreiteiro.
d) 180 dias, decadencial, contados da constatação do defeito.
e) 5 anos, decadencial, contados da comunicação do defeito ao empreiteiro.
18. (FUNDATEC / PGM-Porto Alegre-RS – 2016) Sobre o contrato de empreitada, é correto afirmar que:
a) Na empreitada de lavor, só́ há uma forma de fixação da remuneração: por medição.
b) A partir da entrega da obra, o empreiteiro dá garantia legal, pelo prazo irredutível de cinco anos, por todo
e qualquer risco que possa sofrer a obra pronta.
c) Na empreitada mista, os riscos dos bens empregados na obra são transferidos no momento da contratação
da empreitada.
d) A chamada empreitada meramente de lavor é regulada pelo contrato de prestação de serviço (Código
Civil, Art. 593 a 609) ou pela Consolidação das Leis do Trabalho, já́ que não se trata de verdadeira e própria
empreitada.
e) Se o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos destes materiais até a entrega da
obra, salvo em caso de modo do dono da obra em recebê-la.
19. (PGM-Fortaleza – 2002) Assinale a opção correta.
a) O direito de resilição unilateral é transmissível causa mortis aos herdeiros do dono da obra, mas não se
estende aos credores.
b) A falência do empreiteiro não provocará a cessação do contrato de empreitada.
c) A empreitada por preço máximo opera-se quando o empreiteiro se obriga a realizar o trabalho, ficando
sob sua responsabilidade o fornecimento dos materiais e o pagamento da mão-de-obra, mediante o
reembolso do dispendido, acrescido do lucro assegurado.
d) A empreitada por preço de custo não é compatível com a empreitada por medida.
e) A gratuidade da prestação de serviço pode ser presumida, se o contrato for omisso quanto à
remuneração.

9. Depósito

20. (TRT-21ª Região / TRT-21ª Região – 2015) Analise as assertivas abaixo e, a seguir, assinale a opção
correta:
I - O comodatário poderá reaver do comodante as despesas que teve com o uso da coisa emprestada.
II - O mútuo realizado com uma pessoa menor, com autorização prévia de quem detiver sua guarda, pode
ser reavido do mutuário ou de seu fiador.

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III - O prestador de serviços por obra determinada pode despedir-se sem justa causa antes de concluída a
obra, desde que pré-avise o seu tomador de serviços com antecedência de 10 (dez) dias.
IV - No contrato de empreitada, suspensa esta, sem justa causa, o empreiteiro responde por perdas e danos.
V - O depósito é necessário, quando feito em desempenho de obrigação legal.
a) apenas as assertivas I e V estão corretas;
b) apenas as assertivas II e III estão corretas;
c) apenas as assertivas I, III e IV estão corretas;
d) apenas as assertivas I, III e V estão corretas;
e) apenas a assertiva V está correta.
21. (NUCEPE-UESPI / PC-PI – 2014) Dentre os contratos abaixo, todos são de depósito, EXCETO,
a) hospedagem de um cachorro na clínica veterinária.
b) hospedagem de um animal de estimação na casa do vizinho.
c) veículo no estacionamento do shopping enquanto se faz compras.
d) alienação fiduciária.
e) entrega de um veículo em retribuição de quantia em dinheiro.
22. (ESAF / PGFN – 2002/2003) Se o depositário não conseguir provar suficientemente as despesas e
os prejuízos, ou se o valor deles for ilíquido, deverá:
a) exigir caução idônea do depositante.
b) reembolsar ex lege o depositante.
c) pagar ex contractu as benfeitorias.
d) apurar, primeiramente, a liquidez do ressarcimento.
e) requerer, em primeiro lugar, a remoção da coisa para o depósito público.

23. (ESAF / PGM-Fortaleza – 2002) O depósito de mercadorias nos armazéns gerais é o:


a) judicial
b) ordinário
c) irregular
d) regular
e) legal

10. Mandato

24. (FCC / PGM-Caruaru-PE – 2018) O mandato


a) só pode ser exercido, como mandatário, a maior de dezoito anos, no exercício pleno de sua capacidade
civil.

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b) cessa somente pela revogação expressa, morte de ambas as partes, término do prazo ou conclusão do
negócio.
c) pode ser verbal ou escrito, mas sempre expresso, não se admitindo mandato tácito.
d) não gera compensação, ou seja, o mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os
proveitos que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte.
e) em termos gerais só confere poderes de administração, ou para outorgar hipoteca e transigir, mas não
para alienar ou contrair empréstimos.

25. (CESPE / PGM-Belo Horizonte-MG – 2017) Pedro — maior, capaz e solteiro — outorgou a Antônio
— maior, capaz e solteiro —, por instrumento público e prazo indeterminado, procuração com cláusula
causa própria, para a venda de imóvel cujo preço era de R$ 1 milhão. Posteriormente, Pedro revogou o
mandato e notificou Antônio, que, por sua vez, havia transferido o imóvel para si próprio. Inconformado,
Pedro ingressou com ação visando à anulabilidade do mandato.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta à luz das disposições do Código Civil.
a) Por serem maiores e capazes, Pedro e Antônio poderiam ter dado procuração mediante instrumento
particular.
b) A prova do negócio jurídico celebrado entre Pedro e Antônio não pode ser exclusivamente testemunhal.
c) A conduta de Antônio caracteriza simulação, de modo que a nulidade pode ser reconhecida de ofício pelo
juiz.
d) A revogação do mandato efetuada por Pedro é ineficaz, ainda que ocorra a notificação de Antônio.
26. (MPE-SP / MPE-SP – 2015) Sobre o caso fortuito ou de força maior, assinale a alternativa que
contém afirmação incorreta:
a) O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente
não se houver por eles responsabilizado.
b) O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de
caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso, exceto se provar isenção de culpa ou
que o dano sobreviria ainda que a obrigação tivesse sido cumprida oportunamente.
c) Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do mandato,
responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do substituto, ainda que
provenientes de caso fortuito ou de força maior.
d) Os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem,
contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador,
correrão por conta deste.
e) Nas obrigações de dar coisa incerta, não poderá o devedor, antes da escolha, alegar a perda ou
deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.

27. (FCC / DPE-SP – 2012) Maria Aparecida, viúva, apresentando os primeiros sintomas de Alzheimer,
mas ainda no domínio pleno de suas faculdades mentais, temendo a iminente perda de sua capacidade
civil, outorga instrumento de mandato com poderes especiais e expressos para sua única filha,
autorizando-a a alienar seu único bem imóvel para custear seu futuro tratamento. Durante as tratativas
iniciais para alienação do imóvel, sem assunção formal de quaisquer obrigações, sobrevém a interdição da

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primeira, nomeando-se curadora pessoa diversa da mandatária e reconhecendo-se, por perícia médica,
que a incapacidade ocorrera em data superveniente à outorga do mandato. Nesse caso,
a) não será possível a outorga da escritura pela mandatária, uma vez que a incapacidade do mandante faz
cessar o contrato de mandato.
b) será possível a outorga da escritura pela mandatária, uma vez que a lei autoriza auto curatela antecipada.
c) será possível a outorga, pois trata-se de conclusão de ato jurídico iniciado, havendo perigo na demora.
d) será possível a conclusão do negócio pela própria mandante, uma vez que o mandato que contém poderes
de cumprimento ou confirmação de negócios encetados, aos quais se ache vinculado, é irrevogável.
e) não será possível a conclusão do negócio pela mandatária, já que após a interdição somente o curador
nomeado poderia praticar tal ato, independente de autorização judicial.

28. (COPS-UEL / PGE-PR – 2011) Assinale a alternativa incorreta:


a) o chamado “contrato consigo mesmo” é anulável, salvo se ele for permitido pela lei ou pelo representado;
b) se a procuração for dada por instrumento público, os poderes podem ser substabelecidos por instrumento
particular;
c) a revogação do mandato pode ser desmotivada;
d) a revogação do mandato “em causa própria” é ineficaz;
e) o mandatário pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos que tenha alcançado para
o mandante.

29. (VUNESP / TJ-MT – 2009) João, pretendendo vender seu carro, outorga procuração, por
instrumento público, a Carlos, para fazê-lo em seu lugar. Carlos, como mandatário, substabelece os
poderes recebidos por instrumento particular a sua irmã, que por sua vez vende o carro a seu pai, por meio
de contrato em que houve a declaração de sua quitação do preço, porém João nada recebeu, ficando
evidente que não houve nenhum pagamento. Diante dos fatos apresentados, é correto dizer que
a) o instrumento de substabelecimento de mandato não tem validade, visto que outorgado o mandato por
instrumento público, esta deveria ter sido a forma do substabelecimento, sendo a venda inválida.
b) a declaração de quitação do contrato assinado presume-se verdadeira em relação aos signatários, desse
modo, João não poderá cobrar o valor da transação.
c) a declaração de quitação, por ser enunciativa, não exime Carlos de comprovar sua veracidade, desse modo,
deverá prestar contas do mandato a João.
d) a declaração de quitação, por ser dispositiva, exime a prova do pagamento, visto que as declarações
constantes do documento são verdadeiras em relação às partes.
e) os efeitos do negócio, transferência da propriedade, em relação a terceiros de boa-fé, como é o caso do
pai de Carlos, só se opera com a transferência do documento do veículo.

30. (CESPE / BACEN – 2009) Diante da necessidade de transferir sua residência para outra cidade,
Maura, menor púbere, resolveu conferir a sua tia, Antônia, judicialmente reconhecida como pródiga,
poderes para que esta pleiteasse em juízo determinado direito. Para isso, Maura, devidamente assistida
por seus pais, e mediante instrumento particular, outorgou poderes a Antônia, que, por não ser advogada,
substabeleceu esses poderes a profissional habilitado.

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Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta:


a) É inválido o negócio realizado entre Maura e Antônia, porque, sendo a primeira menor, esse negócio
deveria ter sido objeto de instrumento público.
b) Não é válido o mandato porque o pródigo, assim como o falido, não é capaz de exercer mandato.
c) Na situação descrita, é válido o negócio realizado pelas partes, pois obedeceu ao necessário não só quanto
à forma, como quanto ao suprimento da capacidade da mandante.
d) É inválido o negócio porque, diante de um mandato judicial, seria necessário que Antônia tivesse
capacidade postulatória para que o substabelecimento se tornasse viável.
e) Seria inválido o negócio se Antônia fosse também menor púbere, já que este não pode ser mandatário.

11. Comissão

12. Agência e distribuição

31. (CESPE / MPE-RO – 2013) No que se refere aos contratos, assinale a opção correta.
a) O objeto do contrato de comissão, regulado como típico no Código Civil, são negócios determinados,
negociando o comissário em nome do comitente, o qual será parte do negócio ajustado com o terceiro.
b) Em se tratando de contrato de agência, a coisa a ser negociada fica à disposição do agente, a quem cabe
promover negócios do agenciado em zona determinada, mediante retribuição, em caráter não eventual e
sem vínculo de dependência.
c) O mandante tem o dever de satisfazer as obrigações assumidas pelo mandatário, considerando-se os
poderes a ele conferidos pelo contrato celebrado, ainda que o mandatário tenha desatendido a alguma
instrução.
d) Em caso de morte do proponente de obrigação não personalíssima séria e consciente, os herdeiros não
estarão obrigados em relação às consequências do ato praticado.
e) A resolução unilateral do contrato é um direito de ambas as partes em caso de inadimplemento, de forma
que o adimplemento substancial por parte do devedor não obsta o exercício de tal faculdade pelo credor

13. Corretagem

32. (VUNESP / TJ-SP – 2017) Mediante contrato escrito, José efetua a venda de imóvel a Maria. Embora
consumado o negócio, Maria desiste da compra depois de noventa dias. O corretor Antônio exige de José
o pagamento de remuneração pelo trabalho de mediação.
A respeito do caso hipotético, é correto afirmar que a remuneração
a) não é exigível, uma vez que o rompimento do contrato de venda e compra equivale à não obtenção do
resultado do trabalho do corretor.
b) é exigível, uma vez que o contrato de venda e compra foi concluído e que o arrependimento de uma das
partes não é oponível ao corretor.
c) é exigível, exceto se a compradora deixou de efetuar o pagamento total ou parcial do preço,
independentemente de tal circunstância ter sido prevista em contrato pelo vendedor e pelo corretor.

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d) não é exigível, ainda que a corretagem tenha sido contratada por escrito e com exclusividade.
33. (VUNESP / TJ-PA – 2014) Assinale a alternativa correta.
a) O direito à adjudicação compulsória se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no
cartório de imóveis.
b) A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro tem eficácia perante os adquirentes do
imóvel.
c) Ainda que o negócio jurídico de compra e venda de imóvel não se concretize em razão do inadimplemento
do comprador, é devida comissão de corretagem.
d) Não é possível a resilição do compromisso de compra e venda por iniciativa do promitente comprador por
não ter mais as condições econômicas de suportar o pagamento das prestações.
e) O compromisso de compra e venda não é título hábil a fundamentar usucapião ordinária.
34. (VUNESP / PGM-São José do Rio Preto-SP – 2014) Pelo contrato de __________ , uma pessoa, não
ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou qualquer outra relação de dependência,
obriga-se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas.
De acordo com a redação do Código Civil, completa corretamente a lacuna
a) corretagem
b) agência
c) comissão
d) compromisso
e) constituição de renda
35. (FUNCAB / ANS – 2013) A propósito do contrato de corretagem, é correto afirmar que:
a) é contrato bilateral, oneroso, aleatório, consensual e inominado.
b) o corretor torna-se um representante ou mandatário do comitente.
c) a remuneração do corretor, se não estiver fixada em lei, nem ajustada entre as partes, será arbitrada
segundo a natureza do negócio e os usos locais.
d) se exige a forma escrita.
e) é personalíssimo (intuitu personae).
36. (FCC / PGM-João Pessoa-PB – 2012) Marta ajustou com Aurélio, corretor de imóveis, a corretagem
com exclusividade, na venda de uma casa localizada no Município de João Pessoa. Posteriormente, Marta
conheceu, na fila de uma agência bancária, Roberta, que se interessou em comprar a referida casa. Assim,
foi iniciado e concluído o negócio diretamente entre Marta e Roberta. Neste caso, de acordo com o Código
Civil brasileiro, em regra, Aurélio
a) terá direito à 50% da remuneração relativa a corretagem ajustada na exclusividade.
b) não terá direito a qualquer remuneração ou indenização.
c) terá direito à remuneração integral relativa a corretagem ajustada na exclusividade.
d) terá direito à 30% da remuneração relativa a corretagem ajustada na exclusividade.

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e) terá direito apenas ao ressarcimento de despesas devidamente comprovadas até o limite da corretagem
ajustada na exclusividade.

GABARITOS
6. Empréstimo

1. TJ-MT D 8. PGE-SP C
2. AL-Nova Iguaçu C 9. DPE-AL C
3. TRT-23ª Região C 10. DPE-AL E
4. DPE-PR C 11. DPE-AL C
5. DPE-PB E 12. DPU E
6. PGR D 13. DPE-AL C
7. DPE-PR B
7. Prestação de serviço

14. MPT D 16. TRT-15ª Região E


15. TRT-21ª Região D

8. Empreitada

17. PGE-SP A 19. PGM-Fortaleza A


18. PGM-Porto Alegre NENHUMA
9. Depósito

20. TRT-21ª Região NENHUMA 22. PGFN A


21. PC-PI E 23. PGM-Fortaleza C

10. Mandato

24. PGM-Caruaru D 28. PGE-PR E


25. PGM-BH D 29. TJ-MT C
26. MPE-SP C 30. BACEN C
27. DPE-SP A

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11. Comissão

12. Agência e distribuição

31. MPE-RO C

13. Corretagem

32. TJ-SP B
33. TJ-PA C
34. PGM-São José do Rio Preto A
35. ANS C
36. PGM-João Pessoa C

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