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Aula 06

Direito Civil p/ Magistratura do Trabalho


Professor: Paulo H M Sousa
DIREITO CIVIL – CNMT
Teoria e Questões
Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

AULA 06
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES:
ESTRUTURA E CLASSIFICAÇÃO

Sumário
Sumário .................................................................................................... 1
Considerações Iniciais ................................................................................ 2
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES ........................................................................ 2
6. Teoria Geral das Obrigações .................................................................... 2
1. Noções Gerais ..................................................................................... 2
2. Estrutura das obrigações .................................................................... 10
2.1. Quanto ao vínculo ........................................................................... 10
2.2. Quanto ao objeto ............................................................................ 12
2.3. Quanto ao sujeito ........................................................................... 20
3. Solidariedade .................................................................................... 22
3.1. Solidariedade Passiva ...................................................................... 23
3.2. Solidariedade Ativa ......................................................................... 30
4. Classificação das obrigações ............................................................... 33
4.1. Obrigações de dar........................................................................... 34
4.2. Obrigações de fazer ........................................................................ 40
4.3. Obrigações de não fazer .................................................................. 42
Legislação pertinente ................................................................................ 44
Jurisprudência e Súmulas Correlatas .......................................................... 50
Questões ................................................................................................. 53
Questões sem comentários ..................................................................... 53
Gabaritos ............................................................................................. 69
Questões com comentários ..................................................................... 73
Resumo ................................................................................................ 104
Considerações Finais .............................................................................. 113

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AULA 06 – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES I

Considerações Iniciais
Na aula de hoje vamos iniciar o tratamento dos Livros Especiais do CC/2002,
com as noções gerais de Direito das Obrigações, tema esse que tomará ainda
mais duas aulas.
Esse é um tema tecnicamente mais complexo, mas que cai com graaande
frequência nas provas. O Direito das Obrigações não é o campeão de questões
nas provas, mas sua compreensão facilita – e muito – o entendimento do
Direito dos Contratos, principalmente, do Direito das Coisas e do Direito de
Família. E não só, pois o conteúdo do Direito das Obrigações é, em grande
medida, também conteúdo do Direito dos Contatos, notadamente as noções que
giram em torno dos temas da aula seguinte, a Teoria do Pagamento e a Teoria
do Inadimplemento.
Além disso, após o levantamento que fiz em relação às questões das
Magistraturas do Trabalho e das outras provas em Nível Superior, as
Obrigações têm um número de questões semelhante ao número de
questões de Contratos, ao passo que o Direito das Obrigações tem um
conteúdo muito menor e mais fácil para estudar.

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


6. Teoria Geral das Obrigações
1. Noções Gerais
Os direitos obrigacionais também são chamados de Direitos Pessoais. Por quê?
Para responder a essa pergunta, é necessário compreender o sentido jurídico do
termo “obrigação”, que se diferencia do sentido comum do termo. Em geral, na
linguagem comum/leiga, obrigação significa “dever”, num sentido genérico, que
se aproxima da moral. Por exemplo, num ônibus, caso eu esteja sentado num
banco preferencial, tenho o dever de ceder meu lugar a uma mulher grávida.
Mas essa é uma verdadeira obrigação?
Não, porque não há uma consequência jurídica para o
descumprimento desse dever. A noção de obrigação,
portanto, tem um algo mais em relação ao termo utilizado
ordinariamente. Podemos conceituar, genericamente, utilizando as lições de
Clovis Veríssimo do Couto e Silva, a obrigação como “um vínculo que liga
as partes a uma prestação de conteúdo patrimonial para a satisfação do
interesse do credor”.

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Segundo a Teoria Dualista, o Direito Privado, em geral,


pode ser classificado em Direitos Pessoais e Direitos
Reais, apesar de ambos poderem se inserir no chamado
direito patrimonial. Há autores que diferenciam o Direito Patrimonial do Direito
Pessoal, mas essa é uma distinção outra, que não nos serve nesse momento.
A distinção entre Direito Pessoal e Direito Real é de sua importância no campo
dos efeitos jurídicos. Em linhas gerais, apesar das inúmeras críticas a serem
feitas a essa distinção, ela é importante para compreendermos o
funcionamento, aplicação e efeitos de diferentes institutos.
Pode-se dizer, então, que o Direito das Obrigações compreende uma
satisfação originada por uma pessoa, ao passo que o
Direito das Coisas compreende uma satisfação
originada por uma coisa. Por exemplo, numa relação
creditícia, a satisfação do credor é diversa, a depender da forma de
assecuramento da dívida; numa fiança a satisfação do credor se dá por uma
pessoa, o fiador, ao passo que numa hipoteca a satisfação do credor se dá por
uma coisa, o imóvel hipotecado.
Podemos, a partir dessa distinção, traçar algumas diferenças entre o Direito
das Obrigações e o Direito das Coisas:

1. Objeto
• No Direito das Obrigações o objeto da relação jurídica é uma
prestação
• No direito das coisas o objeto da relação é, em última análise,
uma coisa

2. Duração

• Um direito obrigacional tende a ser temporal, ou seja, é criado já


se visando sua extinção, em regra
• Um direito real tem caráter duradouro, ou seja, não é pensado
para se esgotar

3. Quantidade

• Como as obrigações tendem ao infinito, dada a liberdade de ser


criar diferentes obrigações no tempo, categorizam-se as
obrigações por serem numerus apertus, como se pode ver no art.
425 do CC/2002 (“É lícito às partes estipular contratos atípicos,
observadas as normas gerais fixadas neste Código”)
• Já o Direito das Coisas se caracteriza por ser numerus clausus,
ou, em outras palavras, os direitos reais são taxativos; veja-se,
por isso, o art. 1.225 do CC/2002 (“São direitos reais”), que
estabelece um rol taxativo de direitos nos incisos

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4. Formação

• Os direitos pessoais formam-se a partir da vontade e, por isso,


eles são chamados de direitos em numerus apertus
• Os direitos reais não podem ser criados meramente pela vontade
das pessoas, dependem de Lei permitindo sua instituição, como
vimos mais acima, daí serem chamados de numerus clausus;

5. Eficácia

• Como o direito das obrigações trata de direitos pessoais, cujo


objeto é uma prestação de outrem, sua eficácia é relativa, ou
seja, o direito obrigacional só produz efeitos entre as partes que
se obrigam, daí ser chamado de direito interpartes. Por isso, um
contrato não pode ser arguido contra terceiros para que uma das
partes não cumpra com um dever assumido perante esse terceiro
• O direito real, ao contrário, por tratar não de uma prestação,
mas de uma coisa, tem eficácia absoluta, ou seja, erga omnes,
não podendo qualquer pessoa alegar que não participou da
relação jurídica que o criou. Assim, o direito de propriedade deve
ser respeitado por todos, por sua eficácia geral, mas eu não
posso sofrer qualquer interferência em minha esfera de direitos
pelo contrato assinado por meu descendente ou pelo meu
cônjuge, por exemplo

6. Exercício

• Como o direito obrigacional depende de uma prestação da


contraparte, seu exercício é indireto, ou seja, se o outro não
executar sua obrigação, o credor não pode ser satisfeito
• Já um direito real, ao contrário, por independer do exercício da
contraparte, é exercido diretamente. Apenas pelo fato de alguém
ostentar um direito real ele já o consegue o exercer, sem que
seja necessária a interferência de outrem. Nesse sentido,
simplesmente por ser proprietário de meu carro eu posso exercer
meu direito de propriedade, independentemente de qualquer
pessoa; mas eu dependo do dentista para exercer meu direito à
prestação de serviços dentários, sem o qual eu não consigo obter
satisfatoriamente meu “direito”

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7. Sujeito passivo

• Um direito pessoal sempre terá um sujeito passivo determinado,


ou, ao menos, determinável. Se ele não estiver determinado,
como vimos na aula anterior, descumpre-se um dos requisitos de
existência do negócio jurídico, pelo que o contrato em questão
será reputado inexistente
• O sujeito passivo de um direito real é indeterminado, não se
sabendo, de antemão, quem ele é. Veja-se, nesse sentido, a
propriedade sobre o aparelho eletrônico no qual você está lendo
essa aula; quem é o sujeito passivo dessa relação de
propriedade? Em realidade, esse é um dos grandes problemas da
categoria do Direitos das Coisas, surgindo daí o questionamento
sobre sua tutela. Trataremos melhor desse ponto na aula própria
sobre o Direito das Coisas.

Em resumo, podemos estabelecer, de maneira sistemática e sintética, um


quadro dessas distinções:

Direitos Obrigacionais Direito das Coisas

Objeto Prestação Coisa

Duração Temporal (extinção) Caráter duradouro

Numerus clausus
Quantidade Numerus apertus
(taxativos)

Formação Vontade Lei

Eficácia Relativa (interpartes) Absoluta (erga omnes)

Indireto Direto
Exercício
(depende do outro) (sobre a coisa)

Sujeito passivo Determinado(ável) Indeterminado

Porém, essa distinção não é de todo “fechada”,


exata e cristalina, por conta de dois pontos. Primeiro,
veremos que várias figuras dos direitos pessoais e
dos direitos das coisas fogem ligeiramente dessas
regras, em determinadas situações.
Segundo, surgem figuras intermediárias entre ambos os direitos, que
ostentam características de ambos, sem que se possa nominar assim fácil,
como veremos mais à frente na nossa aula, as chamadas “obrigações reais”, o
que desafia essas regras gerais.

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Direitos
Direitos
das
Reais
Orbigações

Obrigações Reais
Essas figuras híbridas, obrigações reais sem sentido amplo, podem ser
subdivididas, para facilitar sua análise e compreensão:

Obrigações propter rem (Obrigações reais em


sentido estrito
• São obrigações decorrentes da titularidade ou detenção de uma
determinada coisa, decorrentes de Lei e vinculadas a um direito
real, mas que com ele não se confundem

É o caso, por exemplo, das obrigações decorrentes do direito de vizinhança,


como a de manter o sossego e a segurança do imóvel, prevista no art. 1.277.
Alterando-se o titular ou detentor da coisa, altera-se o sujeito passivo da
obrigação real, automaticamente, não sendo necessário qualquer negócio
jurídico para que a obrigação seja transferida, diretamente.
Transfere-se indiretamente e, mesmo que o novo titular não pretenda assumir
tal obrigação, transfere-se-a, ex lege. Veja-se que mesmo que a coisa pereça,
os efeitos da obrigação podem ser mantidos, como, por exemplo, o dever de o
titular indenizar por perdas e danos o vizinho que sofreu prejuízos, a despeito
de perecer a coisa que originara o dever.
Ademais, ainda que tenha características marcadamente e típicas de direito
real, as ações titularizadas pelo polo contrário são sempre obrigacionais, como
é o caso das ações de indenização por violação às obrigações decorrentes do
direito de vizinhança ou a ação de obrigação de desfazer obra feita
irregularmente.

Ônus reais

• São ônus que limitam o direito de propriedade, ou seja, limitam o


pleno gozo da propriedade pelo titular, constituindo um gravame
que acompanha a coisa

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Semelhantes às obrigações propter rem, os ônus reais se aproximam mais do


direito reais que as obrigações reais em sentido amplo, que se assemelham
mais às obrigações tradicionais. O exemplo clássico é a constituição de renda
sobre o imóvel, limitando a fruição do bem pelo proprietário, que deve
transferir os frutos ao detentor do ônus.
Não à toa, as ações titularizadas pelos credores de um ônus real são reais, e
não obrigacionais, como as ações que o titular da constituição de renda possui
sobre eventuais detentores do bem e mesmo sobre o proprietário.
Em caso de perecimento da coisa, o ônus real automaticamente se extingue,
por consequência lógica, não ficando o patrimônio do titular à mercê do credor.
A responsabilidade pelo ônus real limita-se à coisa, ao passo que a
reponsabilidade pela obrigação propter rem se estende a todo o patrimônio do
titular. O ônus real sempre configura prestação positiva, ao passo que a
obrigação real em sentido estrito pode configurar prestação positiva ou
negativa.

Obrigações com eficácia real

• São típicas obrigações, ou seja, um direito a uma prestação, mas,


por força de lei, tornam-se oponíveis em relação a terceiros que
eventualmente possuam direitos reais sobre a coisa

Assim, as obrigações com eficácia real são, a rigor, obrigações, mas com um
peculiar efeito real. É como se a obrigação sorvesse uma única característica
dos direitos reais, a oponibilidade erga omnes, mantendo suas demais
características (vale lembrar que as obrigações têm mera eficácia relativa, entre
aqueles que se obrigam, em regra).
O exemplo mais singelo e clássico é a obrigação que o adquirente tem de
respeitar o contrato de locação vigente antes da aquisição, prevista no art. 576
do CC/2002. O adquirente, em regra, não precisa respeitar a locação realizada
entre o locador e o locatário, ou seja, pode resilir o contrato, por meio da
denúncia.
No entanto, caso o locatário averbe o contrato de locação na matrícula do
imóvel locado, se o adquirente resolver resilir o pacto locatício, pode o locatário
opor-se à denúncia, dado que a averbação transforma a obrigação comum
numa obrigação real, que pode ser oposta mesmo contra o adquirente.

Sub-rogação real

• A sub-rogação, veremos adiante, é forma de extinção indireta de


adimplemento de uma obrigação. No entanto, peculiar, a sub-
rogação legal ocorre por força de lei

A sub-rogação pessoal se distingue da sub-rogação real porque nesta há uma


sub-rogação do objeto, e não do sujeito. Nesse caso, a lei estabelece que

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determinado objeto seja substituído por outro, mantendo-se todas as limitações


reais existentes ao primeiro sobre o segundo.
Situação típica é a sub-rogação determinada pelo juiz no caso de transferência
de cláusula de inalienabilidade de um bem sobre outro, como se estabelece no
art. 1.848, §2º do CC/2002.
Dito isso, podemos estabelecer a estrutura das obrigações. A relação jurídica
obrigacional depende, para existir, da existência de certos elementos que a
compõem. A doutrina em geral apresenta o seguinte esquema:

A. Sujeito
O primeiro elemento diz respeito aos titulares, as partes, as pessoas que
compõem os polos de uma relação jurídica obrigacional. O elemento sujeito
divide-se em:

I. Sujeito ativo
Chamado genericamente de credor da obrigação. Ele é o sujeito que tem o
direito de exigir o cumprimento da obrigação, o titular do interesse
juridicamente tutelável.
Tal direito é relativo, ou seja, obriga apenas aquele credor. Em regra, qualquer
pessoa pode ser credora, mesmo que sob tutela ou curatela (há ressalvas em
relação a obrigações com determinados encargos pesados), seja pessoa
física/natural ou jurídica, seja pessoa jurídica de direito público ou pessoa
jurídica de direito privado. Porém, o credor, por vezes, está momentaneamente
indeterminado, mas pode ser determinado (novamente lembro do art. 166, inc.
II do CC/2002), como ocorre na execução individual de ações coletivas ou no
caso da consignação em pagamento decorrente de morte de beneficiário de
situação jurídica patrimonial. Em qualquer caso, porém, deve o credor ser
determinado até o cumprimento da obrigação.

II. Sujeito passivo


Genericamente chamado de devedor da obrigação, sujeito que assume o
encargo de cumprir a obrigação ou é obrigado legal ou judicialmente a fazê-lo.
Em regra, credor e devedor podem se alterar e pode haver sucessão do credor
ou do devedor, exceto nas obrigações personalíssimas, cuja alteração do polo é
mais complexa e demanda exame mais cuidadoso.

B. Objeto (ou conteúdo)


O objeto da obrigação é uma prestação de dar, fazer ou
não fazer, ou seja, uma conduta. Ele não se
confunde, portanto, com a coisa submetida à
obrigação. Para essa distinção ficar mais clara, dizemos que a prestação é o
objeto imediato, ou seja, o objeto que não depende de nenhuma mediação.
Nesse sentido, quando eu, advogado, presto serviços para alguém, o objeto
dessa obrigação é um “fazer” serviços. De outro lado, o objeto mediato é a

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coisa em si. Quando um cirurgião plástico estético se obriga a colocar uma


prótese mamária em alguém, o objeto imediato é o “fazer” a cirurgia e o objeto
mediato é a prótese.
Por isso, toda relação jurídica obrigacional tem de
ter um objeto imediato (a prestação, a conduta),
obrigatoriamente, mas não necessariamente tem de
ter um objeto mediato (uma coisa). Se faltar à
obrigação o objeto imediato, a obrigação terá por objeto um objeto
indeterminado, o que lhe causa a nulidade (art. 166, inc. II do CC/2002).
Além disso, não pode a obrigação ter por objeto (imediato ou mediato) um
comportamento impossível, ilícito ou indeterminável; portanto, o objeto deve
ser lícito, possível e determinado/determinável, nos termos do art. 166, inc. II
do CC/2002, sob pena de nulidade.

Objeto Objeto Mediato


Imediato

Prestação Coisa

C. Vínculo
O vínculo é “o” algo que liga o credor ao devedor. Porém, diferentemente de
qualquer vínculo, o vínculo obrigacional é um vínculo “jurídico”, o que quer
dizer que ele é acompanhado por uma sanção legal.
Especificamente quanto à obrigação, essa sanção legal é uma pretensão
processual. Vimos em aula anterior o que significa a pretensão, quando vimos a
diferença entre prescrição e decadência, que é, resumindo, a exigibilidade
jurídica.
Ou seja, é por causa do vínculo jurídico que a obrigação é “obrigação”, no
sentido jurídico da palavra; o credor, pelo vínculo, é capaz de coagir o devedor
a cumprir, pelos meios legais.
O vínculo se estrutura em três elementos:
A. Direito à prestação: que é o interesse juridicamente protegido, possuindo
o credor a titularidade da tutela de seu interesse;
B. Dever correlativo de prestar: o devedor não tem direito de prestar, nem
tem um ônus, mas um dever jurídico;
C. Garantia: a qualificação do vínculo obrigacional, que estabelece a disposição
do patrimônio do devedor ao credor, em caso de inadimplemento.

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A depender do doutrinador, a garantia seria um quarto elemento estrutural da


obrigação e não um elemento do vínculo.
Porém, segundo Antunes Varela, a garantia encontra-se dentro do vínculo, eis
que a garantia nada mais é que um vínculo qualificado,
garantido. Em outras palavras, toda obrigação é uma
obrigação com garantia, por mais tênue que seja
essa garantia, e sempre de ordem patrimonial.

2. Estrutura das obrigações


A estrutura indica os modos de configuração dos elementos da relação jurídica
obrigacional, ou seja, como os sujeitos, os objetos e o vínculo relacionam-se
entre si. Como o direito das obrigações é muito amplo e tende ao
infinito, a relação jurídica obrigacional tem de ter maleabilidade
suficiente para se adaptar às diversas situações.
Em outras palavras, cada modalidade da obrigação funciona como uma
pequena peça que pode ser montada de diversos modos, criando obrigações
bastante diferentes entre si a depender das peças que a compõem. Assim, por
exemplo, se uma obrigação é principal ou acessória, uma das modalidades do
objeto, o funcionamento dessa obrigação será bem diferente.
Vejamos cada uma das modalidades das obrigações:

2.1. Quanto ao vínculo


A. Vínculo civil
Tende a gerar para a parte credora e para a parte devedora as situações típicas
estudadas. Assim, se houver inadimplemento, há, para o credor, o poder de
exigibilidade relativamente ao devedor. Nessa espécie de vínculo, há a
pretensão processual para o credor, que terá ação processual contra o
devedor.

B. Vínculo natural
O vínculo natural constitui uma autêntica obrigação jurídica, mas com vínculo
menos estável. Ela será uma obrigação sem pretensão
processual e correspectiva obrigação processual. O
exemplo é a dívida de jogo tolerado. A lei tira a pretensão
do credor, que continua credor, mas não possui pretensão
processual, ou seja, não poderá se utilizar do Poder Judiciário para conseguir
obter a prestação.
Curiosamente, o CC/2002 não trata da obrigação natural diretamente,
mas apenas indiretamente. O problema começa quando o Código afiança
que o devedor deve cumprir com suas obrigações e, ao mesmo tempo, ordena
que o credor que recebe um valor que não lhe é devido deve devolver tal valor,
segundo o art. 884.

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Aí surge o problema: deve ou não deve o credor repetir o pagamento,


ou seja, devolver o valor pago “erroneamente”? Se o devedor não tem o
poder de cobrar judicialmente o credor, tem o credor o dever de devolver o que
recebeu, nos termos do art. 884 do CC/2002? Ou não tem o dever de devolver,
já que o credor tinha direito de receber, nos termos dos arts. 304 e 308?
Pois bem. O CC/2002 trata apenas casuisticamente da obrigação natural, na
específica situação daquele devedor que, a despeito da obrigação ser natural,
ou seja, não poder ser pelo credor cobrada judicialmente, paga.
Posteriormente, esse devedor, vendo que não precisaria pagar, pretende pegar
seu dinheiro de volta. A regra geral está fixada no art. 882 do CC/2002:
Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação
judicialmente inexigível.

O Código estabelece outras situações específicas


relativamente à obrigação natural. Vejamos, pela
ordem da Lei.
O art. 564, inc. III do CC/2002, é irrevogável a doação efetivada em vista
por obrigação natural, ou seja, não adianta fazer uma doação, sabendo que é
uma obrigação natural, para depois poder revogar.
As dívidas de jogo ou de aposta, se ilícitas ou toleradas, não obrigam a
pagamento. Jogos e apostas legalmente permitidos, incluindo os prêmios
oferecidos ou prometidos para o vencedor em competição de natureza
esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se submetam às
prescrições legais e regulamentares, no entanto, não seguem essa regra,
segundo os §§2º e 3º do art. 815.
Porém, não se pode recobrar a quantia que voluntariamente se pagou, salvo se
quem perdeu é menor ou interdito, nos termos do art. 815. Essa regra vale,
igualmente, segundo o §1º desse artigo, estende-se esta disposição a qualquer
contrato que encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívida
de jogo.
Igualmente, não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou
aposta, no ato de apostar ou jogar, nos termos do art. 815 do CC/2002. O
objetivo do Código é claro: tentar fazer com que as pessoas “se afastem desses
vícios” que são os jogos, ainda numa perspectiva bastante paternalista e
moralista, ainda que um tanto antiquada.
No caso de dívida prescrita, que está encoberta pelos efeitos da inexigibilidade,
igualmente, não cabe repetição, segundo o art. 882. Nesse caso, o art. 191
estabelece que há renúncia da prescrição, podendo ela ser expressa ou tácita.
Porém, como dissemos antes, no tópico da prescrição, o
art. 332, §1º do CPC estabelece que o juiz pode
julgar liminarmente improcedente o pedido se
verificar, desde logo, a ocorrência de prescrição.
Há obrigação natural, mais uma vez, quando a obrigação se forma no intuito de
haver obtenção de fim ilícito, como na compra de produto falso,

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contrabandeado, de substâncias entorpecentes etc. Nesses casos, segundo o


art. 883 do CC/2002, novamente, não poderá haver repetição do pagamento.

Obrigações naturais irrepetíveis


Doação
Jogo e aposta
Mútuo a menor
Dívida prescrita

2.2. Quanto ao objeto


Vale lembrar que o objeto pode ser tomado em dois sentidos, como objeto
imediato (conjunto de situações jurídicas ativas e passivas de
titularidade das partes, consubstanciadas em uma prestação de dar,
fazer ou não fazer) ou mediato (que constituem os
bens jurídicos cuja titularidade, apropriação e
disposição ocorre mediante o exercício das posições
jurídicas próprias, ou seja, a coisa).
Igualmente, ambos os objetos – mediato e imediato – devem ser lícitos (licitude
corresponde à conformidade ou desconformidade com o ordenamento jurídico),
possíveis (tal possibilidade é estreitamente ligada a determinado momento
histórico) e determinados ou determináveis (ante uma hipotética
indeterminação total do objeto, os limites do vínculo entre as partes também
seriam indeterminados).

A. Quanto ao objeto reciprocamente considerado


I. Principais/essenciais
As obrigações principais ou essenciais trazem em si todos os elementos
essenciais da obrigação, sendo independentes de quaisquer outras relações
obrigacionais.

II. Acessórias
As obrigações acessórias constituem encargos ou garantias não
essenciais à obrigação principal, ou seja, não têm elas existência
autônoma. Em outras palavras, as relações jurídicas obrigacionais acessórias
não fazem sentido se tomadas isoladamente.
Temos, como exemplos, uma fiança ou a obrigação referente ao pagamento de
uma multa penitencial; ambas não fazem sentido se tomadas isoladamente,
ninguém se obrigará a uma fiança sem um contrato de locação; ninguém
aplicará uma multa penitencial sem uma cláusula de descumprimento num
outro contrato principal.

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Consequência dessa distinção é a regra de que o


acessório segue a sorte do principal, ou seja, se
extinta a obrigação principal, extingue-se a acessória; se
prescrita a principal, prescrita a acessória; se nula a
principal, imprestável a acessória.
Vale, aqui, lembrar o que dissemos em aula sobre a classificação dos bens, que
vale para o caso do objeto mediato, a coisa (ressalto, porém, que necessário é
se fazer a distinção entre os acessórios, relativamente à coisa, pela redação do
CC/2002, diversa daquela do CC/1916).

B. Quanto ao conteúdo do objeto


I. Meio
São aquelas em que não há um resultado específico, mas tendente a tal
resultado; como, por exemplo as obrigações assumidas por advogados ou
médicos em geral.

II. Resultado
São as obrigações com objetivos já pretedeterminados; como, por
exemplo, a pintura de uma residência, a edificação de um prédio ou a entrega
de um veículo.

III. Garantia
São obrigações que objetivam dar segurança a outro negócio, outra
obrigação, por isso são sempre acessórias. Por exemplo, o seguro
habitacional ou a fiança de uma locação.

C. Quanto à divisibilidade
I. Divisíveis/periódicas
Em relação ao objeto imediato, a prestação, ela pode ser particionada,
fracionada em mais de um momento. As obrigações divisíveis são
características das obrigações de trato sucessivo, como a locação, ou a compra
e venda parcelada.
Em relação ao objeto imediato, a coisa, tratamos da divisibilidade a partir da
ótica dos bens divisíveis/indivisíveis. O objeto divisível é aquele que pode ser
fracionado, sem que perca suas características ou valor.

II. Indivisíveis/instantâneas
Assim estabelece o art. 258:
A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a
razão determinante do negócio jurídico.

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Ou seja, é inviável fracionar a obrigação das partes, seja pela própria natureza
da obrigação (natural), seja por imposição da lei (legal), seja pela vontade das
partes (contratual).
No entanto, segundo estabelece o art. 263 do
CC/2002, perde a qualidade de indivisível a
obrigação que se resolver em perdas e danos. Isso
ocorrerá, por exemplo, quando, numa obrigação, a
prestação for de entregar um veículo, mas o veículo, por alguma razão, deixar
de existir; nesse caso, ela resolve-se em perdas e danos e a obrigação deixa de
ser indivisível.
Nesse caso, se houver culpa de todos os devedores, responderão todos por
partes iguais, segundo o §1º do mesmo artigo. Se, porém, for de um só a
culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos,
segundo o §2º.
No caso das obrigações indivisíveis, se houver dois ou
mais devedores, cada um será obrigado pela dívida
toda. Porém, segundo o parágrafo único do art. 259, o
devedor que paga a dívida sub-roga-se no direito do credor em relação aos
outros coobrigados.
Inversamente, se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes
exigir a dívida inteira, na dicção do art. 260 do CC/2002. Nesse caso, o
devedor ou devedores se desobrigarão, pagando, segundo os incisos do artigo:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.

Caso um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros
assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total,
consoante regra do art. 261 do CC/2002. Em caso de perdão da dívida,
transação, novação, compensação ou confusão, por um dos credores, a
obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir,
descontada a quota do credor remitente, nos termos do art. 262 e do parágrafo
único do CC/2002.

FCC – PGE/SP – 2012 – Procurador do Estado


Havendo pluralidade de credores de obrigação indivisível,
(A) o devedor pode se exonerar pagando a um dos credores, dispensada a
ratificação dos demais.
(B) poderá cada um deles exigir o todo da obrigação, desde que haja
expressa previsão contratual autorizadora.
(C) cada um deles pode exigir a totalidade da obrigação, exceto se
convertida em perdas e danos.

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(D) a remissão da dívida por um dos credores não prejudica os demais,


que podem exigir toda a obrigação sem desconto ou compensação, dada a
impossibilidade de cisão do seu objeto.
(E) só poderão exigir a cota parte que lhes couber, mas se um deles
receber a prestação por inteiro, deverá ressarcir os demais na medida de
suas respectivas participações.
Comentários
A alternativa A está incorreta, por previsão contrária do art. 260, inc. II, que
afiança que “o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando a um, dando
este caução de ratificação dos outros credores”. Ou seja, é necessária a
ratificação dos demais, do contrário não se exonera o devedor.
A alternativa B está incorreta, já que não exige o art. 259 expressa previsão,
basta que a prestação seja indivisível: “Se, havendo dois ou mais devedores, a
prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda”.
A alternativa C está correta, segundo dicção literal do art. 260: “Se a
pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira”.
Igualmente, conforme o art. 263, “Perde a qualidade de indivisível a obrigação
que se resolver em perdas e danos”.
A alternativa D está incorreta, já que o art. 262 que se um dos credores
remitir a dívida, os outros só poderão exigir, descontada a quota do credor
remitente. Assim, a remissão prejudicará em alguma medida os demais, pois
terão descontar a cota do que remitiu.
A alternativa E está incorreta, pois o art. 260 estabelece que “Se a pluralidade
for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira”, e não apenas
sua cota parte.

D. Quanto às condições
I. Puras
As obrigações puras não dependem de qualquer condição outra que não a
própria obrigação para terem eficácia;

II. Impuras
As obrigações impuras dependem de algo mais para serem eficazes. As
obrigações impuras podem ser:
a. condicionais:
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das
partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto

b. modais ou com encargo, que correspondem a um ônus ou obrigação à parte:


Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando
expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.

c. a termo:

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Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.

E. Quanto ao momento de determinação


I. Cumulativas/conjuntiva
A obrigação cumulativa determina-se na formação, pelo que todas as
obrigações devem ser cumpridas em sua totalidade. Ou seja, na verdade
há uma série de obrigações e o cumprimento só se dá quando todas as
obrigações são satisfeitas, como, por exemplo, numa empreitada, em que o
construtor deve fazer a terraplanagem do terreno, edificar as estruturas, pintar
a residência etc.;

II. Alternativas/disjuntivas
Já as obrigações alternativas determinam-se no cumprimento, ou seja, a
escolha de uma obrigação exclui a outra, segundo estabelece o art. 252 do
CC/2002. Essa escolha pode ser feita a critério do credor, do devedor ou de
árbitro, ou caso, o terceiro não aceitar a incumbência, ficará a cargo do juiz,
segundo o art. 252, §4º do CC/2002. O juiz também acaba decidindo no caso
de ausência de concordância, em havendo pluralidade de optantes (mais de
uma pessoa deve fazer a escolha), terminado o prazo para a escolha (§3º do
mesmo dispositivo).
Em regra, porém, se não houver estipulação alguma
a respeito do tema, a escolha cabe ao devedor,
segundo regra clássica prevista no art. 252 do
CC/2002.
Quem faz a escolha deve escolher uma das
alternativas integralmente, não podendo escolher parte
de uma ou de outra, consoante estabelece o art. 252, §1º
do CC/2002. No entanto, no caso de prestações periódicas,
a opção pode ser exercida a cada período, e não apenas no primeiro ato de
escolha, pela previsão do §2º.
A obrigação alternativa tem por peculiaridade sua manutenção, ainda
que haja perecimento de um dos objetos ou tenha ele se tornado
inexequível (art. 253). Se uma das obrigações se
torna impossível, sem culpa de quaisquer das partes,
a obrigação se concentra na restante,
independentemente de a quem caiba a escolha, na
dicção do art. 253 do CC/2002. Se uma das obrigações se torna impossível, por
culpa do devedor, e o credor é quem deveria escolher, opta pela remanescente
ou pelo valor da outra, segundo o art. 255, primeira parte. Se uma das
obrigações se torna impossível, por culpa do devedor, e o devedor mesmo é
quem deveria escolher, ele cumpre a remanescente, obviamente.
Se todas as obrigações se tornam impossíveis, sem culpa do devedor, a
obrigação se extingue, conforme o art. 256 do CC/2002. Se se tornam
impossíveis com culpa do devedor, deverá pagar pela que ao fim se

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impossibilitou, mais perdas e danos, se ele deveria


fazer a escolha (art. 254); se o credor deveria fazer a
escolha, pode escolher o valor de qual preferiria,
mais perdas e danos (art. 255 do CC/2002).
Ponto que não é tratado pelo CC/2002, mas que recebe atenção da doutrina é a
retratabilidade da escolha. Poderia o devedor, ignorando o fato de ser a
obrigação alternativa, concentrar sua escolha numa e, posteriormente,
pretender cumprir a outra, retratando-se pela omissão? Segundo Venosa, a
retratação seria apenas excepcional, caso provasse ele erro escusável.
As questões sobre a obrigação alternativa caem com
muita frequência nas provas de concurso. O
examinador, em geral, tenta de confundir com questões
que envolvem culpa, escolha, possibilidade de se
concentrar a escolha meio a meio etc. Por isso, preste
bastante atenção mesmo!

FUMARC – PGE/MG – 2012 – Procurador do Estado


Assinale a alternativa INCORRETA:
a) nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao credor, se outra coisa
não se estipulou
b) se uma de duas obrigações alternativas não puder ser objeto da
obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra
c) no silêncio do contrato, a obrigação que A, B e C têm de pagar a D
R$9.000,00 é considerada divisível
d) perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e
danos
e) na obrigação indivisível, se a coisa se perder por culpa de um dos
devedores, os demais ficarão exonerados das perdas e danos, respondendo
por estas só o culpado
Comentários
A alternativa A está incorreta, segundo regra expressa do art. 252: “Nas
obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se
estipulou.”
A alternativa B está correta, de acordo com a regra do art. 253: “Se uma das
duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível,
subsistirá o débito quanto à outra”.
A alternativa C está correta, por força da aplicação da regra geral prevista no
art. 257: “Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação
divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas,
quantos os credores ou devedores”.

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A alternativa D está correta, segundo o art. 263: “Perde a qualidade de


indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos”.
A alternativa E está correta, pois, como vimos anteriormente, segundo o art.
263: “Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e
danos.” Nesse caso, o §2º estabelece que “Se for de um só a culpa, ficarão
exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos”.

OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

CULPA do devedor? Perecimento: UM objeto

Escolha: CREDOR Escolha: DEVEDOR

Restante ou
SIM equivalente pela outra Concentra na restante
+ perdas e danos

NÃO Concentra na restante Concentra na restante

OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

CULPA do devedor? Perecimento: AMBOS os objetos

Escolha: CREDOR Escolha: DEVEDOR

Equivalente por Equivalente pela


SIM qualquer, à escolha + última + perdas e
perdas e danos danos

NÃO Extingue a obrigação Extingue a obrigação

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III. Facultativas
Preste atenção, porém, para não confundir a noção
de obrigação alternativa com a obrigação facultativa.
É comum que as provas tentem de confundir,
tomando uma pela outra! Fala-se que “na obrigação
alternativa é facultado ao...” ou que na obrigação
facultativa a alternativa é...” e por aí vai. O grande
problema é que o CC/2002 não trata da hipótese, sendo que se utiliza como
amparo a legislação comparada, notadamente o Código Civil Argentino.
A obrigação facultativa é também chamada de
subsidiária, ou seja, consiste na entrega de um único
objeto. No entanto, faculta-se o devedor, à sua
escolha, desde que pactuado previamente, substituir
a prestação quando do adimplemento. Pode-se facultar a escolha ao
credor? Não, jamais, sob pena de se desfigurar a obrigação facultativa.
Na obrigação alternativa, pode o credor, se assim se convencionou, escolher
qualquer das duas obrigações (uma ou outra); na obrigação facultativa, porém,
não pode ele escolher a obrigação subsidiária, pois tem direito apenas à
principal (uma se + ou outra).

Obrigação alternativa Obrigação facultativa

uma OU outra uma se + ou outra


Escolha: credor/devedor Escolha: devedor

Ao contrário da obrigação alternativa, na qual o perecimento de uma das


obrigações (uma ou outra) não extingue a obrigação, na obrigação
facultativa o perecimento da obrigação principal faz com que a
subsidiária também seja extinta. É a aplica da velha
regra “o acessório segue a sorte do principal”, ou

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seja, se a obrigação principal for nula ou impossível, nula ou impossível


também é a acessória, ou subsidiária; contrariamente, se a acessória foi nula
ou impossível, subsiste a principal.

Principais/essenciais
Reciprocamente considerado
Acessórias

Meio

Conteúdo Resultado
Quanto ao objeto

Garantia

Divisíveis
Divisibilidade
Indivisíveis

Puras
Condições
Impuras

Cumulativas

Determinação Alternativas

Facultativas

2.3. Quanto ao sujeito


A. Singulares/únicas
Quando em cada polo subjetivo verifica-se um sujeito credor e um sujeito
devedor, apenas.

B. Plurais/múltiplas
O polo credor e/ou devedor são integrados por dois ou mais sujeitos,
subdividias em três subespécies:

I. Obrigações Conjuntas
As obrigações conjuntas são a presunção legal, nos termos do art. 257 do
CC/2002:

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Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta


presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou
devedores.

Se o objeto é divisível, o vínculo divide-se em prestações autônomas e


proporcionais entre as partes, ou seja, se há pluralidade de sujeitos, há uma
pluralidade de vínculos, com relações independentes e com cota proporcionais
em relação a cada pessoa).
Se indivisível, porém, o art. 259 estabelece que
todos eles devem a dívida toda. Nesse caso, aquele que
paga sub-roga-se no direito do credor em relação aos
outros coobrigados.

II. Obrigações Solidárias


ATENÇÃO! As obrigações solidárias correspondem à
principal exceção à presunção de que a obrigação é
conjunta. Por isso, a solidariedade, seja ativa, seja
passiva, nunca pode ser presumida, depende da
vontade ou da Lei, segundo o art. 265 do CC/2002.
Pela comunhão de interesses de credores e devedores, estes são vistos como
um só: qualquer dos credores, individualmente, pode exigir a integralidade da
obrigação; e qualquer dos devedores pode ser compelido a cumprir com a
obrigação inteira, na dicção do art. 264 do CC/2002. Por isso, pode se
estabelecer a obrigação de maneira bastante ampla, como estatui o art. 266:
A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e
condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
Para que fique didaticamente mais fácil sua compreensão, analisaremos a
obrigação solidária num tópico específico, dada sua importância, logo mais.
Quanto ao sujeito

Singulares/únicas
Conjuntas
Plurais/múltiplas
Solidárias

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3. Solidariedade
Como dissemos, as obrigações solidárias correspondem à principal exceção à
presunção da obrigação conjunta. No entanto, ela precisa sempre de previsão
específica:
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
Pela comunhão de interesses de credores e
devedores, estes são vistos como um só: qualquer
dos credores, individualmente, pode exigir a
integralidade da obrigação; e qualquer dos
devedores pode ser compelido a cumprir com a obrigação inteira, na
dicção do art. 264 do CC/2002. De qualquer forma, a obrigação solidária pode
ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a
prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro, sem problemas.
Existem também relações jurídicas que não são solidárias, pois há
devedores distintos cuja obrigação é distinta, mas originada de um
mesmo fato. São as chamadas obrigações in solidum, que não se
confundem com as solidárias. Um exemplo é o sujeito que pega meu veículo
emprestado, sem autorização, e o bate, culposamente. Posso acionar essa
pessoa, pelo ato ilícito cometido, e a seguradora. Ambos respondem pela
integralidade da obrigação, ainda que não de maneira solidária, dada a origem
una do evento danoso.

2016 – CESPE – TJ/AM – Juiz Estadual Substituto


Acerca do direito das obrigações, assinale a opção correta.
a) Na hipótese de pluralidade de devedores obrigados ao pagamento de
objeto indivisível, presume-se a existência de solidariedade passiva, a qual,
entretanto, é afastada na hipótese de conversão da obrigação em perdas e
danos.
b) Nas obrigações in solidum, todos os devedores, embora estejam ligados
ao credor por liames distintos, são obrigados pela totalidade da dívida.
c) Caso um credor solidário faleça e seu crédito seja destinado a três
herdeiros, cada um destes poderá exigir, por inteiro, a dívida do devedor
comum, já que a morte não extingue a solidariedade anteriormente
estabelecida.
d) Havendo pluralidade de credores e devedores, importa verificar se as
obrigações são solidárias ou indivisíveis, já que, nas solidárias, poderá o
devedor opor a todos os credores exceção pessoal que tenha contra apenas
um deles, enquanto, nas indivisíveis, a exceção pessoal não se estende aos
demais credores.

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e) Nas obrigações de dar coisa incerta, se for silente o contrato, terá o


devedor a atuação na fase de concentração do débito, cabendo-lhe
entregar ao credor a melhor coisa.
Comentários
A alternativa A está incorreta, porque, como é sabido e ressabido,
solidariedade não se presume, decorre da lei ou da vontade.
A alternativa B está correta, pois nas obrigações in solidum há devedores
distintos cuja obrigação é distinta, mas originada de um mesmo fato,
respondendo pela totalidade da dívida, mas não de maneira solidária.
A alternativa C está incorreta, segundo o art. 270: “Se um dos credores
solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e
receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo
se a obrigação for indivisível”.
A alternativa D está incorreta, conforme o art. 281: “O devedor demandado
pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos;
não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor”.
A alternativa E está incorreta, pela literalidade do art. 244: “Nas coisas
determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se
o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior,
nem será obrigado a prestar a melhor”.
Bem didaticamente, podemos analisar tais obrigações partindo-se do polo ativo
e do polo passivo e a partir de duas relações, uma interna e outra externa.
Começaremos com a solidariedade passiva, que constitui a situação mais
comum de solidariedade no direito das obrigações, na realidade prática e nas
provas de Concursos Públicos.

3.1. Solidariedade Passiva


Dividamos a solidariedade passiva em dois núcleos, numa perspectiva externa e
numa perspectiva interna. Na perspectiva externa, vamos analisar a relação do
credor com os devedores solidários, para, depois, na perspectiva interna,
analisar a relação do devedor que cumpre a prestação com os demais
devedores.
Chamo sua atenção porque esse, como muitos temas envolvendo a
solidariedade passiva, não são uníssonos nem na doutrina nem na
jurisprudência. Renúncia à solidariedade, remissão relativamente a parcela
inferior do que a cota-parte individual, os efeitos da renúncia e da remissão no
caso de insolvência de um dos codevedores, transação entre codevedor e
credor são temas que não foram tratados direta e textualmente pelo CC/2002,
pelo que há divergências.
Exemplo é a situação de insolvência de um dos codevedores: A é credor de B,
C, D e E, devedores solidários. A remite (perdoa) B, C paga e D está insolvente.
Pode C cobrar de B a parte do insolvente ou somente ele, C, e E arcarão com o
prejuízo? Carlos Roberto Gonçalves simplesmente passa ao largo do tema;

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Silvio Venosa diz que o remido tem a obrigação extinta para si, mas não explica
a consequência disso; Arnaldo Rizzardo diz que B foi excluído, pelo que o credor
é quem será chamado a pagar.
O STJ ainda não decidiu situação análoga, mas pelas outras decisões a respeito
do tema, parace indicar que não seria adequado deixar o prejuízo da
insolvência de D apenas com C e D, mas não se sabe se diria que ficaria com o
credor ou se o remido também seria chamado a repor o desfalque. Por isso,
levaremos em conta as decisões do STJ a respeito do tema e, na
omissão, pela ausência de decisão em casos análogos, levaremos em
conta o que aparentemente é a ratio da Corte, a
partir dos Princípios Gerais do Direito e dos
princípios que regem o Direito das Obrigações), bem
como a melhor doutrina.

Perspectiva Externa
Na perspectiva interna, não interessa a relação dos devedores entre si, mas
apenas a relação do credor com os codevedores solidários. “Ah, mas e se um
codevedor estiver insolvente e o outro pagar tudo, pode ele cobrar do remido
da dívida”? Isso será objeto de análise na perspectiva interna, apenas. Vamos
com calma...

Devedor
A

Devedor Devedor
B Credor C

Devedor
D

O credor escolhe quais devedores podem ser compelidos a cumprir a


integralidade da obrigação. Isso não exonera os demais, nem o próprio
cumpridor, segundo o art. 275:
O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o
pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores
continuam obrigados solidariamente pelo resto.

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Por isso, estabelece o parágrafo único do art. 275, não


importa renúncia da solidariedade a propositura de
ação pelo credor contra um dos codevedores, sem
que os demais sejam incluídos no polo passivo da
demanda.
O pagamento parcial feito por um dos devedores aproveita aos demais, no
limite do pagamento por ele feito. Assim, se um dos devedores paga 20 de uma
dívida de 100, o credor não pode mais cobrar 100 do pagante ou dos demais,
mas apenas 80.
O credor tem também o poder de renunciar à solidariedade ou de perdoar a
dívida em relação a um ou alguns dos devedores solidários.
Renúncia à solidariedade e remissão da dívida
(perdão) são diferentes. Na primeira o credor retira
algum dos devedores da solidariedade, enquanto na
segunda ele retira algum dos devedores do polo passivo.
Na renúncia, os demais continuam solidariamente obrigados, bem como aquele
que foi retirado da solidariedade continua obrigado, só que não mais
solidariamente, apenas em relação à sua cota-parte. Na remissão, o remido não
está mais obrigado com o credor, mas os demais continuam solidariamente
devedores.
Atente porque o parágrafo único do art. 275 do CC/2002 afiança que
não significa renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo
credor contra um ou alguns dos devedores.
A remissão pode ser parcial ou total. Se total, perdoa o credor a dívida toda,
que se extingue em relação a todos os codevedores. Se parcial, perdoa o credor
apenas parte da dívida, em relação apenas ao codevedor remido.
O efeito da remissão de parte da dívida aproveita aos demais devedores,
segundo o art. 277 do CC/2002. Por exemplo, numa dívida de 120 em que há 4
devedores solidários, o perdão integral da dívida em relação a um deles faz com
que este seja exonerado da dívida, em 30, enquanto os outros 3 ficariam
devendo 90, solidariamente. Se, porém, o credor perdoa apenas 20 de um
dos devedores solidários, os outros 3 continuam devem apenas 90, por
aplicação do art. 278:
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos
devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem
consentimento destes.

O mesmo ocorre na renúncia à solidariedade, segundo o art. 282 e o


parágrafo único. Quando o credor renuncia à solidariedade em relação a um
dos devedores, ele passa a ter 3 devedores, solidariamente devendo agora 90.
Esse é o entendimento jurisprudencial assentado pelo STJ, ao estabelecer que a
remissão ou a exclusão de um devedor solidário pelo
credor, em razão do pagamento parcial do débito,
deve corresponder à dedução, no mínimo, da cota do
remido ou excluído, partilhando-se a responsabilidade pro rata. Do

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contrário, haveria prejuízo ao exercício do direito de regresso contra os demais


codevedores, pois o credor iria receber por inteiro uma obrigação já
parcialmente extinta por ele mesmo (REsp 1.478.262).
Igualmente, se o credor transaciona com um dos codevedores e recebe dele
quantia inferior à cota-parte, há, em verdade, um misto de renúncia à
solidariedade com remissão parcial. Por exemplo, usando o mesmo exemplo
dado acima, o credor da dívida de 120 recebe 20 de um dos codevedores e os
outros 3 continuam devendo 90.
O credor renunciou à solidariedade, passando a cobrar e receber diretamente
de um dos codevedores a quantia estabelecida por eles (os 20, objeto da
transação) e, ao receber menos, remitiu esse mesmo codevedor dos outros 10,
daí a dívida final manter-se em 90 para os demais. É esse o entendimento que
se extrai do mesmo REsp 1.478.262 supracitado.
Isso tudo para manter uma certa “justiça” com os demais devedores, ou o
credor perdoaria a dívida de um deles e os outros continuariam a dever 120;
perdoaria mais um e mais outro e o último devedor ficaria obrigado pela
integralidade da dívida, sem poder regredir contra os demais.
Se um dos devedores possui alguma exceção ao débito, ou seja, uma defesa,
seja pessoal, seja material (exceção de incompetência relativa ou exceção de
compensação, respectivamente). Esse aproveitamento em relação aos demais
devedores, porém, dependerá do tipo da exceção. Vale lembrar que as
exceções podem ser pessoais ou gerais.
As exceções pessoais dizem respeito apenas à pessoa que argui a
oposição, como, por exemplo, a exceção de
compensação prevista no art. 368 do CC/2002, ou a
exceção de anulação do negócio por coação. Como
exceção pessoal, ela não pode ser arguida em relação
aos demais devedores, pois eles não ostentam tal exceção para si,
conforme estabelece o art. 281. Em outras palavras, se A e B são credores e
devedores entre si e A é credor de B e C, devedores solidários, C não se
aproveita da exceção de compensação de B. Isso porque, obviamente, C nada
tem a ver com a dívida de A com B. O mesmo vale para a coação, já que quem
foi coagido fora B, e não ele mesmo, C.
Já as exceções gerais são aquelas que aproveitam não apenas ao titular
da situação jurídica, mas a todas as outras pessoas envolvidas na
relação. Exemplo é o art. 476 do CC/2002, a exceção de contrato não
cumprido. Como o credor não cumpriu o contrato, esse descumprimento se
efetiva em relação a todos os devedores, pelo que a exceção, por ser geral,
aproveita a todos os demais, segundo o citado art. 281.

Perspectiva Interna
Na perspectiva interna, já não nos interessa mais o credor, eis que está ele
satisfeito, seja com o pagamento direto, realizado por um ou mais de um dos
codevedores obrigados, seja porque transacionou, renunciando à solidariedade

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em favor de um dos devedores, seja simplesmente porque perdoou a um ou a


todos. Interessa aqui saber como o codevedor que adimpliu se relaciona com os
demais codevedores.

Devedor B

Devedor Devedor
Credor
A C

Devedor D

Quando um ou todos dos devedores cumpre a dívida,


o credor é satisfeito e se extingue a relação jurídica
obrigacional em relação a ele. A partir desse
momento, a relação entre o credor e os devedores
solidários já não importa mais; interessam, então as
relações internas entre os devedores, entre o devedor que pagou e os
demais devedores solidários:
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos
codevedores a sua quota.
Assim, o codevedor adimplente tem direito de reembolsa-se, no limite
da cota-parte de cada um dos demais codevedores; é a chamada
pretensão de reembolso. Atente porque, quando o codevedor A cobra
dos demais, a obrigação não continua solidária, ou seja, deve ele cobrar
apenas a cota-parte de cada um dos demais, B, C e D.
Se algum dos devedores solidários for insolvente, a
parte do insolvente deve ser igualmente dividida
entre todos, inclusive dividida entre aqueles
devedores solidários que o credor exonerou da
solidariedade e o próprio cumpridor da obrigação
(numa conjunção dos arts. 278, 283 e 284); é a chamada pretensão de
nivelamento.
Assim, numa dívida de 120 com 4 devedores solidários, se A é exonerado da
obrigação, B paga, pode cobrar 30 de C e D. Se D é insolvente, a parte dele, de
30, é dividida entre todos os outros, ou seja, 10 para A, B e C.
Por uma interpretação extensiva dos julgados do STJ, mesmo no caso
de remissão de dívida do credor em relação ao devedor A, haveria a

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pretensão de nivelamento. Não se indica, porém, de quem se cobraria a


parte do insolvente que tocaria ao devedor remido, se do próprio devedor
remido, contrariando a literalidade do art. 284, que parece apontar apenas para
o exonerado da solidariedade, ou se para o próprio credor remitente, como
aponta, por exemplo Arnaldo Rizzardo.
Numa ou noutra solução, não parece adequado que o adimplente e os demais
devedores solventes arquem sozinhos com o prejuízo do insolvente, em clara
violação ao art. 278, que é taxativo, e em clara violação ao princípio da
vedação ao enriquecimento sem causa (no caso, do codevedor remido e/ou do
credor remitente).
Igualmente, se um dos devedores solidários falecer
deixando herdeiros, continuam eles obrigados, até os
limites do seu quinhão hereditário e dividindo-se a
obrigação entre eles equitativamente, salvo se a
obrigação for indivisível. Assim, no caso de o codevedor A ter quitado os
120, e B ter morrido, seus filhos, B1 e B2, arcarão com metade cada um da
parte devida em vida por B, que era de 30; logo, cada um pagará apenas 15.
Não se adentra aqui nas relações sucessórias, que dão mais um degrau de
complexidade à questão. Obviamente que se o inventário está em
curso, desnecessário é cobrar a meação do falecido de cada um dos
herdeiros, cobrando-se a integralidade do espólio; se ultimada a partilha,
porém, o codevedor que pagara poderá se reembolsar apenas pela metade com
cada um dos herdeiros, nos limites das forças da herança, igualmente.
Por outro lado, se o quinhão hereditário de B1 e B2 for insuficiente para quitar o
valor devido pelo falecido (antes ou depois da partilha, não importa), volta-se à
questão da insolvência, que vimos antes.
A regra não se aplica às obrigações indivisíveis,
como, por exemplo, na obrigação solidária de
entregar um avião. B1 pode ser chamado, inclusive,
por ação judicial, a entregar o avião, na
integralidade, ao credor. Posteriormente, poderá regressar contra os demais
codevedores, segundo as mesmas regras vistas.

Não confunda, porém, obrigação solidária e


obrigação indivisível. Obrigação indivisível está tratando
do objeto; obrigação solidária, do sujeito. A obrigação
solidária tem pluralidade de sujeitos (obrigação plural ou múltipla) e pode ter
por objeto algo divisível, uma dívida em dinheiro, por exemplo, ou algo
indivisível, como um avião.
Inclusive, uma pegadinha muito comum nas provas tem a ver com essa
semelhança mental que as pessoas acabam fazendo entre a obrigação solidária
e a obrigação indivisível relativamente ao perecimento do objeto,
transmutando-se a obrigação em perdas e danos.
Segundo o art. 263, perde a qualidade de indivisível

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a obrigação que se resolver em perdas e danos. Já segundo o art. 271,


subsiste a solidariedade na obrigação que se converter em perdas e
danos. Cuidado!!!!!
E se a obrigação solidária tiver um objeto indivisível,
que se resolve em perdas e danos? É o caso dos
codevedores solidários que têm a obrigação de entregar o
avião. O credor poderia cobrar de qualquer um deles o avião, integralmente,
inclusive dos herdeiros de um dos codevedores falecidos, na dicção da segunda
parte do art. 276.
Pois bem, a obrigação deixa de ser indivisível, mas permace solidária. Se
aplicarmos esse raciocínio ao caso de falecimento de um dos codevedores, eles
continuam devedores solidários, mas como a obrigação deixou de ser
indivisível, eu aplico a primeira parte do art. 276 novamente, pelo que o credor
não mais poderá cobrar o valor integral equivalente ao avião, mas somente a
cota-parte de cada um dos herdeiros, e no limite das forças da herança.

Os herdeiros do falecido serão considerados como um devedor solidário, na


relação com os demais devedores, desde que todos reunidos, segundo a parte
final do art. 276 do CC/2002. Assim, se o codevedor adimplente cobrar em
conjunto de B1 e B2, pode cobrar deles a integralidade do equivalente devido
pelo falecido, estando ou não ultimada a partilha, e não apenas a cota-parte de
cada um. Essa regra vale, inclusive, em relação à parte do insolvente.
Se um dos devedores for interpelado a pagar, mas não cumprir, os juros de
mora correm para todos. Mas, posteriormente, apenas aquele que deu
causa aos juros deverá responder por esta obrigação, segundo a regra do
art. 280 do CC/2002. Não se dividirá o valor dos juros com os demais
codevedores, portanto.
Se a prestação de coisa se torna impossível por culpa exclusiva de apenas um
dos devedores solidários, todos responderão solidariamente pelo valor
equivalente, mas as perdas e danos somente poderão ser exigidas do
devedor que deu causa à destruição ou deterioração da coisa, da dicção
do art. 279.
Vale lembrar, por fim, que não há solidariedade
entre os devedores em relação ao devedor que
cumpriu com a dívida. Ou seja, o que pagou só pode
exigir isoladamente dos outros devedores antes solidários a dívida.
A exceção ocorre quando a dívida interessa exclusivamente a um devedor, nos
termos do art. 285 do CC/2002, como, por exemplo, no
caso de acidente de trânsito. Nesse caso, apenas o
interessado responde pela dívida toda, depois que o
credor receber dos codevedores solidários.

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3.2. Solidariedade Ativa


Dividamos a solidariedade ativa, igualmente, em dois núcleos, numa
perspectiva externa e numa perspectiva interna. Na perspectiva externa, vamos
analisar a relação do devedor com os credores solidários, para, depois, na
perspectiva interna, analisar a relação do credor que recebe a prestação com os
demais credores.

Perspectiva Externa
Aqui, vale repetir, analisaremos a perspectiva externa, ou seja, a relação do
devedor com os cocredores. Não importa, portanto, a relação dos credores
entre si, seja porque apenas um deles recebeu os valores integralmente, seja
porque remitiu a dívida.

Credor
A

Credor Credor
Devedor
B C

Credor
D

Quando diante de uma pluralidade de credores com a


unidade de interesses e o efeito de que cada um
deles, individualmente, pode exigir o cumprimento
da integralidade da prestação, ocorre a solidariedade
ativa, segundo o art. 267 do CC/2002. Dessa forma, o pagamento feito a um
dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago,
consoante a regra estabelecida pelo art. 269. Mesmo que a obrigação tenha
se transmutado em perdas e danos, subsiste a solidariedade, na forma
do art. 271 do CC/2002.
Ante a solidariedade ativa, o devedor pode pagar a qualquer um dos credores, à
sua escolha, livremente, segundo o art. 268 do CC/2002. Pode, por exemplo,
inclusive pagar uma parte a uma e outra parte a outro credor. Porém, depois
de citado para pagar a prestação judicialmente, o
devedor somente poderá pagar ao credor que o
demandou, nos termos do art. 268. E se o devedor

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pagar a um dos cocredores, depois de citado por outro deles? Vigora a máxima,
“quem paga mal, paga duas vezes”, sendo que o devedor deverá, depois de
efetivar o pagamento correto, cobrar do cocredor que recebeu indevidamente.
Se um credor falecer, seus herdeiros só poderão exigir sua quota-parte,
exceto no caso de obrigação indivisível, conforme regra do art. 270 do
CC/2002. Isso, de alguma maneira “quebra” a solidariedade, tal qual ocorria na
solidariedade passiva
Tal qual na solidariedade passiva, o devedor não pode opor exceção aos demais
credores quando só a tem em relação a algum deles, como, por exemplo,
quando tiver compensação por ter uma dívida com um desses credores, na
forma do art. 273.

2014 – UFPR – DPE/PR – Defensor Público Estadual


Identifique as afirmativas a seguir a respeito do Direito das Obrigações
como verdadeiras (V) ou falsas (F).
I. ( ) Havendo mais de um devedor, cada um deles será responsável pela
dívida toda se o objeto da prestação for indivisível, mesmo que não
estipulada a solidariedade passiva no contrato.
II. ( ) O pagamento feito a um dos credores solidários só extingue a dívida,
até o montante do que foi pago, se os demais firmarem conjuntamente a
prova da quitação.
III. ( ) Havendo devedores solidários, a propositura de ação pelo credor
contra um ou alguns deles importará na renúncia da solidariedade.
IV. ( ) O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o
represente, sendo válido se feito de boa-fé ao credor putativo, ainda que
se prove, depois, que este não era o credor.
V. ( ) A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor
principal e os fiadores.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para
baixo.
a) V – V – V – F – F.
b) V – V – F – V – F.
c) F – V – F – V – F.
d) V – F – F – V – V.
e) F – F – V – F – V.
Comentários

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A alternativa I está correta, nos termos do art. 259: “Se, havendo dois ou
mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela
dívida toda”.
A alternativa II está incorreta, na dicção do art. 269: “O pagamento feito a
um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago”.
A alternativa III está incorreta, segundo o art. 275, Parágrafo único: “Não
importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra
um ou alguns dos devedores”.
A alternativa IV está correta, na leitura do art. 309: “O pagamento feito de
boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor”.
A alternativa V está correta, por conta do art. 349: “A sub-rogação transfere
ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em
relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores”.
A alternativa D está correta, portanto.

Perspectiva Interna
Aqui, o devedor já está liberado, seja porque adimpliu integralmente, da
maneira que se esperava, satisfazendo os interesses dos credores, seja porque
deve sua dívida remida, não importa. Necessário é analisar as relações entre os
cocredores, portanto, de modo que o eventual credor que recebeu ou que
remitiu deve prestar contas aos demais.

Credor
B

Credor Credor
Devedor
A C

Credor
D

O credor que vier a receber fica obrigado a prestar aos demais cocredores a
quota proporcional que lhes cabe, na regra do art. 272 do CC/2002. Por isso, o
credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá
aos outros pela parte que lhes caiba.
A remissão, tal qual ocorria na solidariedade passiva, pode ser parcial
ou total. O cocredor pode perdoar o devedor apenas quanto à cota-parte que
cabe, pelo que a dívida se extingue apenas em relação a ele. Pode remir dívida
em valor superior à sua cota, mas ainda não extinguindo a dívida toda; nesse

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caso, responde o credor remitente aos demais cocredores, no valor que


ultrapassar a cota ideal daquele. Por fim, pode o credor solidário remir a dívida
integralmente, pelo que o devedor é completamente liberado e o credor
remitente responde perante os demais.
Na hipótese de julgamento de uma demanda
envolvendo um dos credores, secundum eventum
litis (segundo o que ocorre na lide), aproveita a
todos os demais cocredores a decisão em julgamento
favorável.
Processual e tecnicamente falando, não é a coisa julgada que será secundum
eventum litis, pois a decisão fará coisa julgada favoravelmente ou
desfavoravelmente ao credor que litigou. A extensão dos efeitos ultra partes,
para os demais cocredores, é que será secundum eventum litis, dependendo de
a lide ter sido julgada favorável. Ou seja, a distinção que
ocorre numa ou noutra situação não é a formação da
coisa julgada (que sempre ocorrerá), mas a extensão
dos efeitos desse julgamento.
A exceção fica por conta da possível exceção (defesa) pessoal que o
devedor possa opor em face do cocredor comum; nesse caso, mesmo
que a lide seja favorável ao cocredor, não lhe beneficia, pois, de
qualquer forma, o devedor ainda pode lhe opor exceção pessoal.
É o caso, por exemplo, de demanda ajuizada por apenas um dos credores.
Julgada procedente, aproveita aos demais, que se beneficiam do resultado da
lide ainda que não tenham eles litigado. Porém, se todos os cocredores
propuserem a ação, e vencerem, isso não impede que o devedor defenda-se
por meio da exceção pessoal que detém contra um dos cocredores.
Contrariamente, o julgamento desfavorável prejudica apenas o credor
que demandou, consoante estabelecido no art. 274, pelo que a coisa julgada
não lhe é estendida.
ATENÇÃO!!! O Novo Código de Processo Civil alterou o art. 274 do
CC/2002, dando-lhe nova redação; a mudança é sutil, corrigindo sua
redação. No fundo, nada mudou, mas uma curiosa interpretação dada
por alguns processualistas foi finalmente afastada por completo. Diz o
artigo:
O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o
julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor
tenha direito de invocar em relação a qualquer deles.
A solidariedade ativa é rara na prática, pois quando se a utiliza, ela procura
tutelar o interesse do devedor.

4. Classificação das obrigações


Apesar das diferentes classificações para os diferentes autores, vamos utilizar a
classificação do Direito Brasileiro Contemporâneo, que é a utilizada pelo
CC/2002: dar, fazer e não fazer.

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Os conteúdos das obrigações podem se misturar. Por exemplo, pode haver uma
obrigação de fazer e não fazer ao mesmo tempo, como no contrato de trabalho;
obrigação de dar e fazer, como na empreitada; obrigação de dar e não fazer,
como no desconto de cheque pré-datado.
Porém, sempre uma obrigação é mais relevante, pelo que ela será classificada
por essa obrigação mais relevante, mais importante que as demais, a obrigação
central, nuclear. Vejamos cada uma das obrigações a partir de agora.

4.1. Obrigações de dar


A obrigação de dar consiste na entrega de determinada coisa a alguém.

A. Obrigações de dar coisa certa


Coisa certa é, a seu turno, segundo Washington de Barros Monteiro:
Um objeto preciso, que se possa distinguir, por característicos próprios, de outras da
mesma espécie, a ser entregue pelo devedor ao credor, no tempo e
modo devidos.

Vale lembrar que, segundo o art. 233 do CC/2002, a


obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios
dela, ainda que não mencionados, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. Igualmente,
lembre-se que deixamos claro que, ao se diferenciar os acessórios das
pertenças, estas não estão incluídas na obrigação de dar, salvo se as partes
assim estipularem, inversamente aos acessórios.
A coisa, para ser certa, deve ser especificada, determinada e individualizada
das demais, de modo suficiente. A qualidade do bem, nesse caso, tem caráter
preponderante. Mas a coisa propriamente dita também está sujeita aos eventos
da vida, a modificações que modificam também a obrigação.
Essa disciplina apoia-se na chamada Teoria do Risco, consubstanciada na
clássica regra do res perit domino, ou, numa tradução quase literal do latim, “a
coisa perece para quem tem seu domínio”, quem está com a coisa em suas
mãos.
Porém, a aplicação da lei é dispositiva, ou seja,
podem as partes estabelecer em contrário. É
importante que você se lembre disso, pois a
esmagadora maioria das regras que aqui estamos
discutindo pode ser alterada pelas partes num
contrato, por exemplo.

I) Deterioração
Aquele que tem a obrigação de dar deve resguardar a coisa, conservando-a até
que seja feita a tradição. No caso de a coisa se perder, total ou parcialmente,
deve-se atentar para a culpa do devedor e sua boa ou má-fé.

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Pode haver deterioração, degradação, estragos à coisa, que, contudo, continua


a ser aproveitável, como um carro batido, uma casa parcialmente destelhada.
No caso de perda parcial da coisa, sem culpa de quem deveria entregá-
la, pode haver, à escolha do credor:
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.

No caso de perda parcial da coisa, com culpa de quem deveria entregá-la, o


credor pode fazer ambas as escolhas anteriores, mas
são adicionadas as perdas e danos que sofrer (lucro
cessante e dano emergente), conforme art. 236 do CC/2002.
Isso ocorre porque a coisa subsiste certa, apenas havendo alteração em sua
valorização econômica.

II) Perecimento
No caso de perda integral da coisa (perecimento), sem culpa de quem
deveria entregá-la, extingue-se a obrigação, sem indenização para
nenhuma das partes, nos termos do art. 234 do CC/2002. Novamente, de
modo óbvio, se o devedor da coisa já recebeu parte do pagamento, deve
restituí-lo, sob pena de enriquecimento ilícito. Seriam exemplos o furto da
coisa, a morte do animal, a destruição do bem por intempéries diversas (chuva,
granizo etc.):
Art. 234. Se (...) a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente
a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes (...).

Do mesmo modo, se pendente condição suspensiva (como a entrega do bem


em determinado prazo, por exemplo), as mesmas regras valem, segundo dicção
desse artigo.
No caso de perda da coisa, com culpa de quem deveria entregá-la, deve haver
o pagamento de perdas e danos, além da restituição do que eventualmente foi
pago, consoante o art. 234:
Art. 234. (...) Se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e
mais perdas e danos.

Em ambos os casos, note-se, não cabe abatimento


proporcional, pois o bem não mais serve para o que
se pretendia.

III) Acréscimo/melhoramento
Ao contrário, pode ser que a coisa venha a sofrer melhoramentos antes da
tradição, o que não é incomum. Nesses casos, o acréscimo pertence ao devedor
(e esse é outro lado do res perit domino), sendo que o credor passa a ter
duas opções:
a. aceitar o acréscimo e pagar proporcionalmente por ele, nos termos do art.
237 do CC/2002, ou;
b. resolver o negócio, sem indenização para nenhuma das partes, segundo o
mesmo artigo, na segunda parte.

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No entanto, deve-se atentar para a boa-fé do


devedor, eis que se o melhoramento foi inserido na
coisa exatamente para forçar o credor a não mais a
aceitar, perderá o devedor tal melhoramento. É o
caso do vendedor da casa que, premido pela necessidade, a vende, prometendo
entregá-la no prazo de 60 dias; ato contínuo, conseguindo os valores para
pagar suas dívidas e para evitar ter de indenizar o comprador, constrói uma
piscina, sabedor que o comprador gastou todos os seus recursos na compra. O
resultado, sabe ele de antemão, será a desistência do comprador pelo aumento
do preço.
Quanto aos frutos, o art. 237, no parágrafo único, estabelece regra
específica quanto à disciplina dos frutos. Os frutos percebidos são do
devedor, ao passo que cabem ao credor os frutos pendentes.

Extinção da obrigação

Sem culpa

Aceitação + abatimento

Deterioração
Extinção da obrigação (c/
perdas e danos)
Obrigação de dar

Com culpa
Aceitação + abatimento
(c/ perdas e danos)

Sem culpa Extinção da obrigação

Perecimento
Extinção da obrigação (c/
Com culpa
perdas e danos)

Aceita + aumento

Com boa-fé

Extingue a obrigação
Melhoramento

Devedor perde o
Sem boa-fé
melhoramento

B. Obrigações de restituir
A obrigação de restituir ocorre quando o credor é
dono da coisa, entrega a outrem e tem o direito de,
posteriormente, recebê-la de volta, como na locação
ou no comodato.

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Em relação à deterioração, perecimento ou melhoramento, há tratamento


diverso na obrigação de restituir relativamente à obrigação de dar coisa certa
em geral.

I) Deterioração
No caso da obrigação de restituir, o devedor é, em realidade, o sujeito que deve
restituir a coisa, e, portanto, não é o dono do bem.
Se houver deterioração, ou seja, perda parcial, sem culpa do devedor, o credor
receberá a coisa no estado em que se encontra, sem direito de
indenização, consoante regra do art. 240 do CC/2002. Exemplo é a casa de
veraneio que eu tomo emprestada de um amigo e que passa por um vendaval;
eu a entrego, com danos, sem qualquer indenização:
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor,
tal qual se ache, sem direito a indenização

Se a deterioração se dá com culpa do devedor, deverá ele arcar com o prejuízo,


ou seja, o equivalente pela deterioração, mais perdas e danos, segundo o
mesmo art. 240.

II) Perda/perecimento
Se houver perecimento, ou seja, perda integral da coisa,
sem culpa do devedor, haverá extinção da obrigação
com a perda para o credor. Porém, ele recebe, por
exemplo, o dinheiro da locação pelo tempo utilizado, nos termos do art. 238 do
CC/2002:
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se
perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados
os seus direitos até o dia da perda.

Se a perda ou perecimento se dá com culpa do devedor, deverá ele arcar


com o prejuízo, ou seja, o equivalente pela deterioração, mais as
perdas e danos, consoante o art. 239:
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente,
mais perdas e danos.

III) Acréscimo/melhoramento
Se, ao contrário, houve melhoramento antes da restituição, a resposta é mais
complexa. Se não houve dispêndio de energia ou recursos por parte
daquele que está com a coisa, o melhoramento é integral do
proprietário, sem que tenha ele de indenizar o devedor, segundo o art.
241. É o caso da minha vaca emprestada que acaba por ficar prenhe na posse
do comodatário; nesse caso, a cria é minha, sem que eu tenha que indenizar o
devedor.
Se, ao contrário, houve trabalho ou dispêndio, a solução é mais ampla,
obedecendo o caso à disciplina das benfeitorias e dos frutos, segundo
regra do art. 242 do CC/2002:

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Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou


dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias
realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o
disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.

Veremos, mais à frente, essas regras, que estão contidas nos arts. 1.214 a
1.220 do CC/2002, mas vou deixar elas resumidas, por hora, para que você dê
uma olhada desde já!

Recebe como
Sem culpa
está
Deterioração
Recebe como
Com culpa está (c/ perdas e
danos)

Extinção da
Sem culpa
Obrigação de restituir

obrigação
Perecimento
Extinção da
Com culpa obrigação (c/
perdas e danos)
Boa-fé (úteis,
necessárias e
voluptuárias, se
aceitas)
Benfeitorias
Sem dispêndio Má-fé (só
Melhoramento necessárias, sem
retenção)
Com dispêndio
Boa-fé
(percebidos e
despesas de
produção)
Frutos
Má-fé (nenhum,
despesas de
produção

C. Obrigações de dar coisa incerta


As obrigações de dar coisa incerta assemelham-se às de dar coisa certa,
valendo aqui o que foi dito anteriormente. O traço distintivo entre ambas é a
coisa, incerta neste caso. Mas, o que é coisa incerta?

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Coisa incerta é algo que não está perfeitamente


considerado em sua individualidade dentro do
gênero à qual pertence. Fala-se da coisa em seu
gênero e quantidade, sendo que a qualidade não é o elemento mais
importante da obrigação, ainda que o tenha.
Ao credor, portanto, é indiferente a coisa que receberá dentro de um universo
de coisas iguais, pois são todas semelhantes dentro de seu gênero. O
“gênero” é empregado no sentido jurídico de “grupo de coisas
semelhantes” e não num sentido de Taxonomia das Ciências Biológicas.
Porém, a coisa, apesar de incerta, deve ter um grau minimamente razoável de
identificação. Vale lembrar de que o objeto deve ser lícito, possível e
determinado ou determinável, mas não pode ser indeterminado, ou, do
contrário, a obrigação é nula. A rigor, a incerteza da coisa é bastante grande,
mas deve ela ser ao menos indicada pela quantidade e gênero, segundo o art.
243 do CC/2002.
A coisa incerta deve ser escolhida, em regra, pelo
devedor, que a entregará ao credor, mas nada
impede que o contrário seja pactuado, conforme
estabelece o art. 244 do CC/2002.
Tratando-se de coisas que têm diversidade em sua qualidade, o devedor deverá
escolher as coisas por sua qualidade “média”, ou seja, nem as piores, nem as
melhores, conforme estabelece o art. 244. Feita a concentraçã, torna-se a
obrigação de dar coisa incerta em obrigação de dar coisa certa, na forma do art.
245 do CC/2002:
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.

A escolha se concretiza quando o devedor comunica


o credor sobre a escolha ou quando o credor faz a
escolha, fenômeno que se chama de “concentração”.
Ou seja, não é necessário que o devedor efetivamente
“dê” a coisa ao credor, mas apenas que o cientifique sobre a escolha. Pode ser
que a concentração ocorra exatamente com a entrega da coisa ao credor, como
é o mais comum, mas atente porque não exige o CC/2002 a entrega.
As regras de perecimento, deterioração e melhoramento são todas
resumidas em uma só:
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa,
ainda que por força maior ou caso fortuito.

Ou seja, até a escolha da coisa pelo credor ou pelo devedor, este não poderá se
eximir pela perda, parcial ou total, da coisa, devendo providenciar outra de
igual gênero e na mesma quantidade. Assim, o devedor tem
responsabilidade integral, independentemente de culpa, segundo
estabelece o art. 246 do CC/2002. Se a escolha já
tiver sido feita, valem as mesmas regras da
obrigação de dar coisa certa.

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2016 – FUNDATEC – PGM/Porto Alegre (RS) – Procurador do


Município
Assinale a alternativa correta sobre obrigações e solidariedade.
A) A obrigação indivisível com pluralidade de credores gera sempre
obrigação solidária ativa.
B) Havendo solidariedade passiva, o objeto da obrigação é sempre
indivisível.
C) Se a prestação da obrigação solidária se converter em perdas e danos,
extingue-se o vínculo solidário.
D) Na solidariedade passiva, todos os devedores respondem frente ao
credor pelos juros moratórios.
E) O regime jurídico da obrigação solidária é idêntico para todos os
credores ou devedores, de modo que todos eles necessariamente terão os
mesmos prazos, o mesmo o lugar de pagamento etc.
Comentários
A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 257: “Havendo mais de
um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se
dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou
devedores”.
A alternativa B está incorreta, na forma do art. 258: “A obrigação é indivisível
quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de
divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão
determinante do negócio jurídico”. A solidariedade, seja ativa ou passiva,
permite a divisão do objeto.
A alternativa C está incorreta, conforme estabelece o art. 271: “Convertendo-
se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a
solidariedade”.
A alternativa D está correta, pela literalidade do art. 280: “Todos os
devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido
proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela
obrigação acrescida”.
A alternativa E está incorreta, na dicção do art. 266: “A obrigação solidária
pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional,
ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro”.

4.2. Obrigações de fazer


Fazer compreende uma ação intelectual ou física concretizada com o
dispêndio de energia do agente, cujo fim é a realização de um serviço
material ou imaterial. Juntamente com o fazer está, via de regra, também

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um dar, eis que as prestações são em geral materiais, mas não


necessariamente.
Em regra, as obrigações de fazer são pessoais, ou seja, intuitu personae.
Nesses casos, segundo o art. 247:
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a
prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.

Ao contrário, se a obrigação for “impessoal”, exequível por terceiro:


Art. 249. Será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou
mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Em resumo, saberemos se a obrigação admite ou não
a execução por terceiro a depender de sua natureza
e do que fora pactuado. Nas obrigações em que o
resultado em si é preponderante, geralmente haverá uma obrigação impessoal,
realizável por terceiros, como a pintura de uma casa ou o atendimento numa
emergência médica. Ao contrário, naquelas em que a prestação releva, teremos
uma obrigação pessoal, como a pintura de quadro ou uma cirurgia estética.
Hoje não se exige mais que a obrigação tenha sido pactuada expressamente de
modo pessoal, como exigia textualmente o CC/1916, pois é evidente que certos
serviços especializados são contratados com base na pessoalidade e que outros
serviços, em sua maioria, não o são.
O descumprimento da obrigação de fazer pode se dar de dois modos distintos.
A inexecução pode ser voluntária ou involuntária, a depender da situação.
Vejamos cada uma dessas situações.

A. Inexecução involuntária/sem culpa


No caso de descumprimento involuntário, fatos alheios à vontade dos sujeitos
impossibilitam sua execução, ainda que estes o queiram, como, por exemplo,
no caso de morte ou doença do prestador, proibição da atividade pelo Poder
Público, destruição da coisa etc. Frise-se que deve haver impossibilidade, e não
mera dificuldade, ainda que enorme, pois, nesses casos, não se exonera o
devedor.
A inexecução involuntária não gera dever de indenização, desde que a
obrigação seja pessoal, como, por exemplo, uma doença incapacitante do
escultor que eu contratei, nos termos do art. 248 do CC/2002:
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á
a obrigação (...).
Obviamente, deve haver a devolução do que fora pago pelo devedor, se houver
algum pagamento. Se for impessoal a obrigação, deve ser substituída, nos
termos do art. 249, como no caso de uma empresa de pintura que não começa
a obra porque o pintor escalado adoeceu.

B. Inexecução voluntária/com culpa

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Nesses casos, em regra, tratando-se de obrigação pessoal,


restam somente as perdas e danos, segundo o art. 247.
Nos casos em que a obrigação é impessoal, o credor
pode obter a prestação à custa do devedor, sendo
que terceiro executará a obrigação, consoante o art. 249 do CC/2002).
Em casos de urgência, isso pode ser feito mesmo sem autorização
judicial, na forma do art. 249, parágrafo único. Posteriormente, o devedor
fará o ressarcimento devido. Mesmo que terceiro tenha executado o serviço,
ainda são cabíveis perdas e danos em relação ao devedor que descumpre,
conforme estabelece o art. 249 do CC/2002.

Obrigação de fazer: descumprimento

Sem culpa Com culpa

Pessoal: Impessoal: Pessoal: perdas Impessoal:


extingue substitui e danos substitui

4.3. Obrigações de não fazer


Na vida em sociedade, são diversos os deveres que os cidadãos possuem.
Dentre esses deveres há os positivos (obrigações de fazer), mas há também
deveres negativos (de não fazer), que são restrições à liberdade dos indivíduos.
A obrigação de não fazer origina-se da escolha, do comprometimento
do devedor em face do credor. Ou seja, a obrigação de não fazer trata
da abstenção de uma conduta que normalmente o indivíduo poderia
tomar, genericamente; exige-se, portanto, uma
omissão, e não uma ação. Realizada a ação, o
devedor descumpre a obrigação de maneira
absoluta, eis que descabe falar em mora nessa
situação.
As obrigações de não fazer podem ter efeitos reais ou obrigacionais, a depender
da situação. Por exemplo, no depósito, o depositário não pode se utilizar do
bem dado em depósito pelo depositante, sem que ele tenha consentido, sob
pena de perdas e danos, como estabelece o art. 640 do CC/2002.
Já na servidão, o proprietário de um imóvel deve abster-se de atrapalhar a
utilização de uma determinada área usada por outro proprietário como
passagem; se for a servidão registrada na matrícula do imóvel serviente, tem
eficácia real, como permite o art. 1.378 do CC/2002. Naquela situação só há
eficácia obrigacional; nesta, pode haver eficácia real.

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Segundo a doutrina, a maioria das obrigações de não fazer são oriundas


da lei, como no seguro, no qual o segurado não pode agravar o risco; na
locação, na qual o locador não pode turbar o uso do imóvel; na compra e
venda, na qual se pode vender o mesmo bem para outro; na agência e
comissão, na qual não se pode estabelecer mais de um agente para a mesma
área etc.
Porém, atualmente, a partir da interpretação dada
pelos tribunais ao princípio da boa-fé objetiva,
verifica-se que inúmeras obrigações de não fazer decorrem os deveres
laterais de conduta. Esses deveres não são previstos ou pactuados
pelas partes, mas decorrem da boa-fé e devem ser cumpridos.
De acordo com o art. 250 do CC/2002, se tornar-se impossível ao
devedor abster-se do ato, fica extinta a obrigação, se sem culpa sua.
Em geral, isso ocorrerá em razão de caso fortuito ou força maior.
Por exemplo, devedor se abstém de fazer muro no imóvel, mas a
Municipalidade o intima a fazê-lo, sob pena de multa; é impossível que ele não
o faça, ou ao menos lhe é extremamente gravoso, pelo que se extingue a
obrigação. No caso, se o devedor houver recebido contraprestação pela
abstenção, deve ressarcir, claro, sob pena de enriquecimento sem causa (já
que ela deixou de existir, como ficará claro mais adiante, no tópico próprio).
Se houver descumprimento, por culpa de devedor, o sujeito que deveria abster-
se do ato deverá desfazê-lo, ele mesmo ou terceiro, à sua custa, se possível. Se
possível o desfazimento ou não, cabem perdas e danos, em qualquer hipótese,
segundo o art. 251 do CC/2002:
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir
dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e
danos.

O desfazimento somente pode ser efetuado depois


de decisão judicial, salvo nos casos de urgência,
conforme estabelece o parágrafo único. Por exemplo,
o vizinho constrói um muro na servidão; eu mesmo o destruo ou mando
destruir, imediatamente, ou não posso entrar em casa.
Se não for o caso de desfazimento, e o sujeito, sob o argumento da urgência, o
desfez, arcará com os prejuízos. O mais indicado, deste modo, é que o credor
tome medidas cautelares judicialmente, sem fazer “justiça privada”, como a
propositura de uma ação de nunciação de obra nova, de dano infecto,
demolitória, possessória etc., a depender da situação.

2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Distrital


No que se refere ao direito das obrigações, julgue os itens a seguir.
Se o devedor que assumiu obrigação de abster-se da prática de
determinado ato vier a praticá-lo, o credor poderá exigir que ele o desfaça,

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sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e


danos. No entanto, extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem
culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato que se obrigou
a não praticar.
Comentários
O item está correto, pela conjunção dos arts. 251 (“Praticado pelo devedor o
ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob
pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.”) e 250
(“Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se
lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.”)

Obrigação de não fazer: descumprimento

Impossível se abster Possível se abster

Possível desfazer:
Impossível desfazer:
Extingue desfaz, mais perdas e
perdas e danos
danos

Legislação pertinente

Em relação à aula de hoje, vou pontuar os dispositivos legais que têm


correlação com a solidariedade. Isso porque, como dito, na dicção do art. 265,
a solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Ora,
se resulta da vontade basta ler o contrato; se resulta da lei, é necessário saber
quais são as hipóteses legais de solidariedade.
O objetivo não é esgotar todas as hipóteses, mas trazer as principais,
notadamente as mais relevantes no Direito Civil.

Quanto às invalidades, decorrentes de vícios de consentimento, temos duas


hipóteses:
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a
responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do
representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por
perdas e danos.

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Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou
devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com
aquele por perdas e danos.

Quando da novação de obrigação solidária, temos o inverso, a extinção da


solidariedade:
Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre
os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito
novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados.

No que tange aos contratos, eis as hipóteses de solidariedade:


Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao
vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá
solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé.

Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa,
ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante.

Art. 639. Sendo dois ou mais depositantes, e divisível a coisa, a cada um só entregará o
depositário a respectiva parte, salvo se houver entre eles solidariedade.

Art. 680. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negócio comum,
cada uma ficará solidariamente responsável ao mandatário por todos os compromissos e
efeitos do mandato, salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros
mandantes.

Art. 698. Se do contrato de comissão constar a cláusula del credere, responderá o


comissário solidariamente com as pessoas com que houver tratado em nome do
comitente, caso em que, salvo estipulação em contrário, o comissário tem direito a
remuneração mais elevada, para compensar o ônus assumido.

Art. 733, § 2o Se houver substituição de algum dos transportadores no decorrer do


percurso, a responsabilidade solidária estender-se-á ao substituto.

Art. 756. No caso de transporte cumulativo, todos os transportadores respondem


solidariamente pelo dano causado perante o remetente, ressalvada a apuração final da
responsabilidade entre eles, de modo que o ressarcimento recaia, por inteiro, ou
proporcionalmente, naquele ou naqueles em cujo percurso houver ocorrido o dano.

Art. 867, Parágrafo único. Havendo mais de um gestor, solidária será a sua
responsabilidade.

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No caso de fiança, o fiador pode opor ao credor do afiançado o benefício de


ordem, qual seja, que o credor execute primeiro os bens do afiançado. No
entanto, essa regra se altera se ele anuir como devedor solidário:
Art. 828. Não aproveita este benefício ao fiador:
II - se se obrigou como principal pagador, ou devedor solidário.

Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa
importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem
o benefício de divisão.

Igualmente vemos solidariedade nos títulos de crédito e nas garantias reais:


Art. 914, § 1o Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante se torna
devedor solidário.

Art. 1.460. O devedor do título empenhado que receber a intimação prevista no inciso III
do artigo antecedente, ou se der por ciente do penhor, não poderá pagar ao seu credor.
Se o fizer, responderá solidariamente por este, por perdas e danos, perante o credor
pignoratício.

Na responsabilidade civil, vejamos a solidariedade para o pagamento da


indenização devida:
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam
sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação.

No caso de responsabilidade dos pais, pelos filhos menores que estiverem sob
sua autoridade e em sua companhia; do tutor e o curador, pelos pupilos e
curatelados, que se acharem nas mesmas condições; do empregador ou do
comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho
que lhes competir, ou em razão dele; dos donos de hotéis, hospedarias, casas
ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de
educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; e dos que
gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente
quantia, também há solidariedade no pagamento da indenização:
Art. 942, Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores
e as pessoas designadas no art. 932.

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No Direito de Empresa também há solidariedade, um terreno fértil, dadas as


relações mais pessoais nesse tipo de relação jurídica obrigacional:
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais,
excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela
sociedade.

Art. 993, Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios
sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com
terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que
intervier.

Art. 1.003, Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato,
responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros,
pelas obrigações que tinha como sócio.

Art. 1.009. A distribuição de lucros ilícitos ou fictícios acarreta responsabilidade solidária


dos administradores que a realizarem e dos sócios que os receberem, conhecendo ou
devendo conhecer-lhes a ilegitimidade.

Art. 1.012. O administrador, nomeado por instrumento em separado, deve averbá-lo à


margem da inscrição da sociedade, e, pelos atos que praticar, antes de requerer a
averbação, responde pessoal e solidariamente com a sociedade.

Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os


terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções.

Art. 1.036. Ocorrida a dissolução, cumpre aos administradores providenciar


imediatamente a investidura do liquidante, e restringir a gestão própria aos negócios
inadiáveis, vedadas novas operações, pelas quais responderão solidária e ilimitadamente.

Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo,
respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias:
os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações
sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota.

Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de


suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

Art. 1.055, § 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem
solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da
sociedade.

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Art. 1.056. A quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de


transferência, caso em que se observará o disposto no artigo seguinte.
§ 2o Sem prejuízo do disposto no art. 1.052, os condôminos de quota indivisa respondem
solidariamente pelas prestações necessárias à sua integralização.

Art. 1.091. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como
diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade.
§ 1o Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de
esgotados os bens sociais.

Art. 1.095, § 2o É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde


solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais.

Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos


anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor
primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos
vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.

Art. 1.157, Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas


obrigações contraídas sob a firma social aqueles que, por seus nomes, figurarem na firma
da sociedade de que trata este artigo.

Art. 1.158, § 3o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e


ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da
sociedade.

Art. 1.177, Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente
responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros,
solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos.

No direito de família, talvez o ramo do Direito Civil que deveria ser mais
“solidário”, temos casos de solidariedade obrigacional:
Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro:
I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;
II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.
Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam
solidariamente ambos os cônjuges.

Art. 1.752, § 2o São solidariamente responsáveis pelos prejuízos as pessoas às quais


competia fiscalizar a atividade do tutor, e as que concorreram para o dano.

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Também nas Sucessões há casos de aplicação de obrigações solidárias:


Art. 1.986. Havendo simultaneamente mais de um testamenteiro, que tenha aceitado o
cargo, poderá cada qual exercê-lo, em falta dos outros; mas todos ficam solidariamente
obrigados a dar conta dos bens que lhes forem confiados, salvo se cada um tiver, pelo
testamento, funções distintas, e a elas se limitar.

Veja as hipóteses de solidariedade presentes no CDC:


Art. 7º, Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem


solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes
de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto


sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido
for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha.

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou


atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão
solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.

Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de


seus prepostos ou representantes autônomos.

No caso de desconsideração da personalidade jurídica, nas hipóteses previstas


pela Teoria Menor do CDC, também há situação de solidariedade:
Art. 28, § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas
obrigações decorrentes deste código.

No caso de propositura de ação coletiva não há adiantamento de custas,


emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de
advogados, custas e despesas processuais. Se houver, a responsabilidade
também é solidária:

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Art. 78, Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os


diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em
honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por
perdas e danos.

Igualmente, a mesma regra vale para a Ação Civil Pública que objetiva a
proteção de direitos do consumidor, regulada pela Lei 7.347/1985:
Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis
pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e
ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

Outras hipóteses de solidariedade estão dispostas na Lei 8.245/1991, a Lei de


Locações:
Art. 2º Havendo mais de um locador ou mais de um locatário, entende - se que são
solidários se o contrário não se estipulou.

Art. 75. Na hipótese do inciso III do art. 72 (Art. 72, inc. III. A contestação do locador,
além da defesa de direito que possa caber, ficará adstrita, quanto à matéria de fato, a ter
proposta de terceiro para a locação, em condições melhores), a sentença fixará desde
logo a indenização devida ao locatário em conseqüência da não prorrogação da locação,
solidariamente devida pelo locador e o proponente.

Por fim, mais uma hipótese de solidariedade está disposta na Lei 6.766/1979,
sobre o Parcelamento do Solo Urbano:
Art. 47. Se o loteador integrar grupo econômico ou financeiro, qualquer pessoa física ou
jurídica desse grupo, beneficiária de qualquer forma do loteamento ou desmembramento
irregular, será solidariamente responsável pelos prejuízos por ele causados aos
compradores de lotes e ao Poder Público.

Jurisprudência e Súmulas Correlatas

Reconheceu o STJ que, no caso de transação havida entre um codevedor e


o credor, a outorga de quitação plena faz presumir renúncia à
solidariedade, sendo que os codevedores que permanecem com o débito
respondem tão somente pelo valor remanescente:

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DIREITO CIVIL. SOLIDARIEDADE PASSIVA. TRANSAÇÃO COM UM DOS CO-DEVEDORES.


OUTORGA DE QUITAÇÃO PLENA. PRESUNÇÃO DE RENÚNCIA À SOLIDARIEDADE. DIREITO
CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO EFETIVO. DANOS MORAIS. ALTERAÇÃO PELO STJ. VALOR
EXORBITANTE OU ÍNIFMO. POSSIBILIDADE. DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
SUCUMBÊNCIA. FIXAÇÃO. PEDIDOS FORMULADOS E PEDIDOS EFETIVAMENTE
PROCEDENTES. - Na solidariedade passiva o credor tem a faculdade de exigir e receber,
de qualquer dos co-devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. Havendo
pagamento parcial, todos os demais co-devedores continuam obrigados solidariamente
pelo valor remanescente. O pagamento parcial efetivado por um dos co-devedores e a
remissão a ele concedida, não alcança os demais, senão até a concorrência da quantia
paga ou relevada. - Na presente lide, contudo, a sobrevivência da solidariedade não é
possível, pois resta apenas um devedor, o qual permaneceu responsável por metade da
obrigação. Diante disso, a conseqüência lógica é que apenas a recorrida permaneça no
pólo passivo da obrigação, visto que a relação solidária era constituída de tão-somente
dois co-devedores. - O acolhimento da tese da recorrente, no sentido de que a recorrida
respondesse pela integralidade do valor remanescente da dívida, implicaria, a rigor, na
burla da transação firmada com a outra devedora. Isso porque, na hipótese da recorrida
se ver obrigada a satisfazer o resto do débito, lhe caberia, a teor do que estipula o art.
283 do CC/02, o direito de exigir da outra devedora a sua quota, não obstante, nos
termos da transação, esta já tenha obtido plena quitação em relação à sua parte na
dívida. A transação implica em concessões recíprocas, não cabendo dúvida de que a
recorrente, ao firmá-la, aceitou receber da outra devedora, pelos prejuízos sofridos
(correspondentes a metade do débito total), a quantia prevista no acordo. Assim, não
seria razoável que a outra devedora, ainda que por via indireta, se visse obrigada a
despender qualquer outro valor por conta do evento em relação ao qual transigiu e obteve
quitação plena (REsp 1089444/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 09/12/2008, DJe 03/02/2009).

Novamente em relação à transação, o STJ definiu a transação se equipara à


remissão, no caso de obrigação solidária passiva. Por isso, os demais
codevedores ficam responsável apenas pelo saldo divido pro rata:
DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. ACORDO ENTRE AS PARTES. QUITAÇÃO
PARCIAL. EXCLUSÃO DE UM DOS DEVEDORES 1. O art. 844, § 3º, do Código Civil
estabelece que a transação não aproveita nem prejudica senão aos que nela intervierem.
Contudo, se realizada entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue-se a
dívida em relação aos co-devedores. 2. A quitação parcial da dívida dada pelo credor a um
dos devedores solidários por meio de transação, tal como ocorre na remissão não
aproveita aos outros devedores, senão até a concorrência da quantia paga. 3. Se, na
transação, libera-se o devedor que dela participou com relação à quota-parte pela qual
era responsável, ficam os devedores remanescentes responsáveis somente pelo saldo
que, pro rata, lhes cabe (AgRg no REsp 1002491/RN, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 01/07/2011).

Ainda sobre a controvérsia envolvendo a solidariedade passiva e a relação


externa entre o credor e os codevedores, o STJ fiou entendimento muito
importante e que pode indicar soluções para muitos dos problemas que esses
temas enfrentam ante o dissídio jurisprudencial e doutrinário que existe em
razão do silêncio do CC/2002.
A remissão de dívida (exclusão) e a renúncia à solidariedade devem
corresponder a, no mínimo, a quota-parte daquele que fora excluído ou
teve a solidariedade renunciada pelo credor. Do contrário, haveria prejuízo

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dos demais no momento da relação interna dos codevedores, vale dizer, no


exercício das pretensões de reembolso e de nivelamento. Assim, se remida
parte da dívida ou se renunciada à solidariedade em recebimento de
valor inferior à cota-parte, não pode o credor cobrar valor superior às
cotas relativas aos demais:
RESPONSABILIDADE CIVIL. EXECUÇÃO DE CÉDULA COMERCIAL. SOLIDARIEDADE
PASSIVA. PAGAMENTO PARCIAL COM REMISSÃO DE UM DOS DEVEDORES. VALOR
IRRISÓRIO EM RELAÇÃO AO MONTANTE DEVIDO. SALDO DEVEDOR REMANESCENTE.
REDUÇÃO DE, NO MÍNIMO, A QUOTA-PARTE CORRESPONDENTE. 1. É firme a
jurisprudência do STJ no sentido de que a transação efetivada entre um dos devedores
solidários e seu credor só irá extinguir a dívida em relação aos demais codevedores (CC,
art. 844, § 3°) quando o credor der a quitação por toda a dívida, e não de forma parcial.
2. A remissão ou exclusão de determinado devedor solidário pelo credor, em razão do
pagamento parcial do débito, deverá, para fins de redução do valor total devido,
corresponder à dedução de, no mínimo, sua quota-parte, partilhando-se a
responsabilidade pro rata, sob pena de prejudicar o exercício do direito de regresso contra
os coodeverores, pois o credor iria receber por inteiro uma obrigação já parcialmente
extinta; e o devedor que pagasse o total da dívida não poderia reembolsar-se da parte
viril dos coobrigados, pois um deles já teria perdido, anteriormente e por causa distinta, a
sua condição de devedor. 3. Na hipótese, em uma execução contra cinco devedores
solidários, em razão do pagamento parcial e irrisório com remissão obtida por um deles
(CC, art. 277), entendeu o Tribunal que os outros codevedores continuariam responsáveis
pelo total do débito cobrado (montante aproximado de R$ 3.500.000,00 - três milhões e
meio de reais), abatida tão somente a quantia paga de R$ 20.013,69 (vinte mil treze reais
e sessenta e nove centavos); sendo que, em verdade, deverá ser abatida a quota-parte
correspondente ao remitido, isto é, 1/5 (um quinto) do valor total executado (REsp
1478262/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
21/10/2014, DJe 07/11/2014).

Em se tratando de avalista, se figurar ele como devedor solidário, responde


juntamente com o obrigado principal pelas obrigações pactuadas:
STJ Súmula 26 20/06/1991
O avalista do título de credito vinculado a contrato de mutuo também responde pelas
obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário.

No caso de denunciação da lide entre segurado e segurador, o segurador


responde solidariamente na ação de reparação de danos movida pelo terceiro,
segundo a Súmula 537 do STJ:
Súmula 537/STJ - 26/10/2015
Recurso especial representativo de controvérsia. Consumidor. Recurso especial
representativa da controvérsia. Denunciação da lide. Seguro. Seguradora litisdenunciada
em ação de reparação de danos movida em face do segurado. Responsabilidade solidária.
Solidariedade. Condenação direta e solidária. Possibilidade

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Questões

Questões sem comentários

As questões abaixo foram tratadas ao longo da aula. Na sequência,


estão elas sem comentários, secas, para você acompanhar. Adiante,
estarão os gabaritos dessas questões e, ao final, os comentários:

2016 – CESPE – TJ/AM – Juiz Estadual Substituto


Acerca do direito das obrigações, assinale a opção correta.
a) Na hipótese de pluralidade de devedores obrigados ao pagamento de
objeto indivisível, presume-se a existência de solidariedade passiva, a qual,
entretanto, é afastada na hipótese de conversão da obrigação em perdas e
danos.
b) Nas obrigações in solidum, todos os devedores, embora estejam ligados
ao credor por liames distintos, são obrigados pela totalidade da dívida.
c) Caso um credor solidário faleça e seu crédito seja destinado a três
herdeiros, cada um destes poderá exigir, por inteiro, a dívida do devedor
comum, já que a morte não extingue a solidariedade anteriormente
estabelecida.
d) Havendo pluralidade de credores e devedores, importa verificar se as
obrigações são solidárias ou indivisíveis, já que, nas solidárias, poderá o
devedor opor a todos os credores exceção pessoal que tenha contra apenas
um deles, enquanto, nas indivisíveis, a exceção pessoal não se estende aos
demais credores.
e) Nas obrigações de dar coisa incerta, se for silente o contrato, terá o
devedor a atuação na fase de concentração do débito, cabendo-lhe
entregar ao credor a melhor coisa.

2016 – FUNDATEC – PGM/Porto Alegre (RS) – Procurador do


Município
Assinale a alternativa correta sobre obrigações e solidariedade.
A) A obrigação indivisível com pluralidade de credores gera sempre
obrigação solidária ativa.

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B) Havendo solidariedade passiva, o objeto da obrigação é sempre


indivisível.
C) Se a prestação da obrigação solidária se converter em perdas e danos,
extingue-se o vínculo solidário.
D) Na solidariedade passiva, todos os devedores respondem frente ao
credor pelos juros moratórios.
E) O regime jurídico da obrigação solidária é idêntico para todos os
credores ou devedores, de modo que todos eles necessariamente terão os
mesmos prazos, o mesmo o lugar de pagamento etc.

2014 – UFPR – DPE/PR – Defensor Público Estadual


Identifique as afirmativas a seguir a respeito do Direito das Obrigações
como verdadeiras (V) ou falsas (F).
I. ( ) Havendo mais de um devedor, cada um deles será responsável pela
dívida toda se o objeto da prestação for indivisível, mesmo que não
estipulada a solidariedade passiva no contrato.
II. ( ) O pagamento feito a um dos credores solidários só extingue a dívida,
até o montante do que foi pago, se os demais firmarem conjuntamente a
prova da quitação.
III. ( ) Havendo devedores solidários, a propositura de ação pelo credor
contra um ou alguns deles importará na renúncia da solidariedade.
IV. ( ) O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o
represente, sendo válido se feito de boa-fé ao credor putativo, ainda que
se prove, depois, que este não era o credor.
V. ( ) A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor
principal e os fiadores.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para
baixo.
a) V – V – V – F – F.
b) V – V – F – V – F.
c) F – V – F – V – F.
d) V – F – F – V – V.
e) F – F – V – F – V.

2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Distrital

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No que se refere ao direito das obrigações, julgue os itens a seguir.


Se o devedor que assumiu obrigação de abster-se da prática de
determinado ato vier a praticá-lo, o credor poderá exigir que ele o desfaça,
sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e
danos. No entanto, extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem
culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato que se obrigou
a não praticar.

2012 – FCC – PGE/SP – Procurador do Estado


Havendo pluralidade de credores de obrigação indivisível,
(A) o devedor pode se exonerar pagando a um dos credores, dispensada a
ratificação dos demais.
(B) poderá cada um deles exigir o todo da obrigação, desde que haja
expressa previsão contratual autorizadora.
(C) cada um deles pode exigir a totalidade da obrigação, exceto se
convertida em perdas e danos.
(D) a remissão da dívida por um dos credores não prejudica os demais,
que podem exigir toda a obrigação sem desconto ou compensação, dada a
impossibilidade de cisão do seu objeto.
(E) só poderão exigir a cota parte que lhes couber, mas se um deles
receber a prestação por inteiro, deverá ressarcir os demais na medida de
suas respectivas participações.

2012 – FUMARC – PGE/MG – Procurador do Estado


Assinale a alternativa INCORRETA:
a) nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao credor, se outra coisa
não se estipulou
b) se uma de duas obrigações alternativas não puder ser objeto da
obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra
c) no silêncio do contrato, a obrigação que A, B e C têm de pagar a D
R$9.000,00 é considerada divisível
d) perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e
danos
e) na obrigação indivisível, se a coisa se perder por culpa de um dos
devedores, os demais ficarão exonerados das perdas e danos, respondendo
por estas só o culpado

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As questões abaixo, agora sem comentários, não estão contidas na


aula. Elas orbitam em torno das questões acima e, por isso, apresentam
comentários não tão detalhados quanto as questões anteriores. É pra
você treinar! Adiante, seguem os gabaritos e, ao fim, os comentários.

1. 2016 – TRF – TRF/3ª Região – Juiz Federal Substituto


Assinale a alternativa incorreta:
a) Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e
danos.
b) Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os
efeitos, a solidariedade.
c) A remissão da dívida feita por um dos credores em obrigação indivisível
extingue esta para com os demais credores.
d) A remissão da dívida feita por um dos credores solidários extingue a
obrigação com relação ao devedor, devendo aquele credor responder aos
outros pela parte que lhes caiba.

2. 2016 – VUNESP – TJ/RJ – Juiz Estadual Substituto


Caio e Joana, irmãos, são devedores solidários em relação ao credor Jonny,
pela quantia de R$ 3.000.000,00, com vencimento em 20.11.2015. Caio
possui três filhos, Jackson, Max e Philipe, todos capazes. Max e Philipe não
possuem filhos e Jackson possui 2 filhos, Marcelo e Rafael, também
capazes. Rafael, por sua vez, possui única filha Michele. Jackson faleceu
em 15.06.2015 e, em seguida, faleceu seu pai Caio, em 01.07.2015. Por
razões pessoais, Rafael, logo em seguida ao falecimento de Jackson (e
antes do falecimento de Caio), validamente renunciou à herança que lhe
cabia em decorrência do falecimento de seu pai. Caio deixou tão somente
R$ 6.000.000,00 de patrimônio, em espécie.
Sabendo que Caio e Joana são solteiros, não havendo quaisquer outras
pessoas envolvidas na relação negocial e na relação sucessória, assinale a
alternativa correta.
a) Com o falecimento de Caio, a obrigação de Joana não poderá
ultrapassar R$ 1.500.000,00.
b) Rafael responderá pela dívida de Caio, até o limite de R$ 1.000.000,00.
c) Marcelo responderá pela dívida de Caio, até o limite de R$
2.000.000,00.
d) Michele responderá pela dívida de Caio, até o limite de R$ 1.000.00,00.

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e) Max e Philipe responderão, cada um, pelo pagamento de até R$


3.000.000,00.

3. 2016 – FUNDATEC – PGM/Porto Alegre (RS) – Procurador do


Município
Sobre relações obrigacionais, é correto afirmar que:
A) Destruindo-se totalmente e sem culpa do devedor a coisa certa, objeto
de obrigação de restituir, o credor sofrerá a perda.
B) As obrigações de fazer são, pela natureza da prestação, sempre
fungíveis. C) Conforme o Direito brasileiro, as obrigações pecuniárias
corporificam dívidas de valor, sendo sempre necessária a correção
monetária quando houver diferimento entre o nascimento e o cumprimento
da obrigação.
D) Sendo certa a coisa a ser dada, seus eventuais acessórios não estão
abrangidos no dever de entrega do devedor.
E) As obrigações de dar coisa incerta, a escolha cabe sempre ao devedor.

4. 2015 – FCC – TJ/PI – Juiz Estadual Substituto


Marcos foi contratado, em um mesmo instrumento, para prestar serviços
de manutenção de máquinas agrícolas durante o período de colheita,
simultaneamente, nas fazendas de Lourenço e Sérgio, comprometendo-se
estes conjuntamente a pagar os serviços, parte em dinheiro e parte com
um equino. Não tendo Lourenço e Sérgio cumprido a obrigação assumida e
achando-se eles em mora, Marcos poderá cobrar a
a) parte de cada um na dívida em dinheiro e a entrega do animal de
qualquer dos devedores.
b) entrega do animal de qualquer deles, mas a cobrança em dinheiro é
impossível, porque o contrato não estabeleceu a proporção de cada um,
devendo o valor da dívida, nesta parte, ser arbitrado pelo juiz.
c) dívida em dinheiro integralmente de qualquer um dos devedores, mas
pelo animal, ambos deverão ser cobrados.
d) parte de cada um na dívida em dinheiro e, quanto à entrega do animal,
deverá a obrigação ser necessariamente convertida em dinheiro e também
cobrada a cota parte de cada um.
e) parte de cada um da dívida em dinheiro, mas não poderá reclamar a
entrega do animal, porque o objeto se tornou ilícito.

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5. 2015 – FCC – TJ/SC – Juiz Estadual Substituto


A ind́stria de ceramica X celebrou contrato de fornecimento de carṽo
mineral, durante um ano, com empresa mineradora estabelecendo o
instrumento que o produto deveria ser apropriado para a combust̃o,
contudo sem fixar percentual ḿximo de cinza, sabendo-se que melhor
seŕ a combust̃o, quanto menor a quantidade de cinza. Ao fazer a
primeira entrega do produto, o adquirente verificou que a quantidade de
cinza era muito alta e que seu concorrente recebia carṽo com quantidade
de cinza muito baixa. Notificada, a mineradora esclareceu que, no contrato
firmado com a concorrente, ficara estabelecido aquele percentual ḿnimo,
o que ño figurava no contrato firmado com a Ceramica X e, por isso,
entregava o carṽo de pior qualidade. A ind́stria X ajuizou a ̃o, com
pedido de antecipa ̃o de tutela, para que a Mineradora Y lhe entregasse o
carṽo de melhor qualidade. O juiz, aṕs a contestac̃o, e tendo sido
comprovada a existência de um produto intermedírio, deferiu a liminar,
determinando que este fosse o objeto da entrega. Ambas as partes
interpuseram agravo de instrumento, pedindo a ŕ que fosse a liminar
revogada e a autora, que fosse a decis̃o reformada para que a agravada
lhe entregasse o carṽo de melhor qualidade. Considerando a disposic̃o
espećfica de direito material, nesse caso,
(A) ambos os recursos devem ser providos parcialmente, para que a ŕ
seja compelida a, alternadamente, entregar o produto melhor, o
intermedírio e o pior.
(B) ambos os agravos devem ser improvidos, porque o devedor ño podeŕ
dar a coisa pior, nem seŕ obrigado a prestar a melhor.
(C) deve ser provido o agravo do ŕu, porque ño resultando o contŕrio do
t́tulo da obrigac̃o, a escolha pertence ao devedor.
(D) deve ser provido o recurso da autora, porque, ño resultando o
contŕrio do t́tulo da obrigac̃o, a escolha pertence ao credor.
(E) deve ser provido o recurso da autora, porque a ŕ violou o dever de
boa-f́.

6. 2015 – FCC – TJ/SC – Juiz Estadual Substituto


A obrigação natural é judicialmente
(A) inexigível, mas se for paga, não comporta repetição.
(B) exigível, exceto se o devedor for incapaz.
(C) exigível e só comporta repetição se for paga por erro.
(D) exigível e em nenhuma hipótese comporta repetição.

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(E) inexigível e se for paga comporta repetição, independentemente de


comprovação de erro no pagamento.

7. 2015 – FUNDATEC – PGE/RS – Procurador do Estado


Em relação às modalidades das obrigações, analise as seguintes
assertivas:
I. Aquele que se recusar ao cumprimento de uma obrigação de fazer
instituída em caráter personalíssimo, incorre na obrigação de indenizar
perdas e danos.
II. O credor pode exigir o desfazimento de obrigação realizada por devedor
a cuja abstenção se obrigou.
III. Em hipótese de urgência, o credor pode desfazer, independentemente
de autorização judicial, a obrigação realizada por devedor a cuja abstenção
se obrigou.
IV. Na solidariedade passiva, a proposta de ação pelo credor contra
qualquer um dos devedores importa em renúncia da solidariedade.
Quais estão corretas?
A) Apenas I e III.
B) Apenas I e IV.
C) Apenas II e III.
D) Apenas II e IV.
E) Apenas I, II e III.

8. 2015 – CESPE – DPE/PE – Defensor Público Estadual


A respeito de obrigações e contratos, julgue o item abaixo, de acordo com
a jurisprudência do STJ.
Os deveres secundários da prestação obrigacional vinculam-se ao correto
cumprimento dos deveres principais, como ocorre com a conservação da
coisa até a tradição. Por sua vez, os deveres acessórios ou laterais são
diretamente relacionados ao correto processamento da relação
obrigacional, tais como os de cooperação, de informação, de sigilo e de
cuidado.

9. 2015 – CESPE – DPE/RN – Defensor Público Estadual


Com relação ao direito das obrigações, assinale a opção correta.

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A- É permitido transformar os bens naturalmente divisíveis em indivisíveis


se a alteração se der para preservar a natureza da obrigação, por motivo
de força maior ou caso fortuito, mas não por vontade das partes.
B- As obrigações ambulatórias são as que incidem sobre uma pessoa em
decorrência de sua vinculação a um direito pessoal, haja vista que da
própria titularidade lhe advém a obrigação.
C- As obrigações conjuntivas possuem múltiplas prestações ou objetos, de
tal modo que seu cumprimento será dado como efetivado quando todas as
obrigações forem realizadas.
D- As obrigações disjuntivas são aquelas em que a prestação ou objeto
material são indeterminados, isto é, há apenas referência quanto a gênero
e quantidade.
E- A desconcentração é característica das obrigações de dar coisa incerta.
É configurada pela escolha, ato pelo qual o objeto ou prestação se tornam
certos e determinados, sendo necessário, para que possa produzir efeitos,
que o credor seja disso cientificado.

10. 2014 – FMP – PGE/AC – Procurador do Estado


Na obrigação de dar coisa certa, se a coisa se perder sem culpa do
devedor:
(A) antes da tradição resolve-se a obrigação.
(B) o credor pode resolver a obrigação ou pedir indenização pelo prejuízo.
(C) após a tradição o credor pode pedir indenização.
(D) é dele a opção entre resolver ou pagar a indenização.

11. 2014 – FCC – DPE/RS – Defensor Público Estadual


Considere as seguintes assertivas sobre o Direito das Obrigações.
I. Quando convertida em perdas e danos, a obrigação solidária conserva
sua natureza, enquanto a obrigação indivisível torna-se divisível.
II. Na obrigação indivisível, o devedor que paga a dívida se sub-roga no
direito do credor em relação aos demais coobrigados, porém só poderá
cobrar dos coobrigados a quota-parte de cada um destes.
III. É possível a formação de vínculo obrigacional no qual o sujeito passivo
possua apenas a responsabilidade, mas não o débito pelo qual poderá ser
civilmente acionado.
IV. Pessoas futuras, como o nascituro e a pessoa jurídica em formação,
não podem figurar em relação jurídica obrigacional.

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Está correto o que se afirma APENAS em


(A) II e IV.
(B) I e III.
(C) I, II e III.
(D) I e II.
(E) III e IV.

12. 2013 – MPT – MPT – Procurador do Trabalho


Em relação à teoria geral das obrigações, assinale a alternativa
[IN]CORRETA:
(a) A ação trabalhista proposta contra apenas uma empresa do grupo
econômico importa renúncia da solidariedade passiva em relação às demais
responsáveis solidárias.
(b) O empregado não pode ser obrigado a receber prestação diversa da
que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
(c) Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente
desde o dia em que executou o ato em que devia se abster.
(d) A sub-rogação não produz efeito liberatório em relação ao
devedor, mas exclusivamente translativo, pois há a mutação subjetiva
da obrigação com o ingresso do novo credor.
(e) Não respondida.

13. 2013 – MPT – MPT – Procurador do Trabalho


Marque a alternativa INCORRETA:
(a) Começa a existência legal da pessoa jurídica de direito privado
com a inscrição no respectivo registro, precedida, se for o caso, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo.
(b) Não constitui coação a ameaça do exercício regular de um direito.
(c)As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem
danos a terceiros, resguardando-se seu direito regressivo contra os
causadores do dano, independentemente de dolo ou culpa.
(d) Extingue-se a obrigação de não fazer se, sem culpa do devedor, seu
cumprimento se torne impossível.
e) Não respondida.

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Teoria e Questões
Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

14. 2013 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


Caio, Tício e Pompeu se fazem devedores solidários de um Credor pela
quantia de R$ 3 milhões, sendo que esta obrigação interessa igualmente a
todos os devedores, e todos são solventes. Considerada essa hipótese,
assinale a opção correta.
a) Paga a integralidade da dívida por Caio, nada poderá cobrar de Tício ou
de Pompeu.
b) Paga a integralidade da dívida por Caio, poderá cobrar R$ 2 milhões
tanto de Tício quanto de Pompeu.
c) Qualquer dos 3 co-devedores pode, ao dele se exigir a integralidade da
dívida, opor ao Credor tanto as exceções que lhe forem pessoais quanto as
exceções pessoais aos outros co-devedores não demandados.
d) Paga a integralidade da dívida por Caio, poderá ele cobrar R$ 1 milhão
de Tício e R$ 1 milhão de Pompeu.

15. 2013 – PGE – PGE/GO – Procurador do Estado


A propósito das obrigações solidárias, é CORRETO afirmar:
a) Importa renúncia à solidariedade obrigacional a propositura de ação
contra um ou alguns dos devedores.
b) Presume-se solidária a obrigação divisível.
c) Verificada a impossibilidade de cumprimento da prestação por culpa de
um dos devedores solidários, a obrigação solidária subsiste, porém as
perdas e danos serão atribuídos ao co-devedor culpado.
d) Extingue-se a solidariedade ativa quando a prestação original for
convertida em perdas e danos.
e) O devedor demandado poderá opor as exceções pessoais próprias de
outro co-devedor.

16. 2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Distrital


No que se refere ao direito das obrigações, julgue os itens a seguir.
A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou
codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente,
para o outro. Esse tipo de obrigação não se presume, devendo ser sempre
resultante da lei ou da vontade das partes.

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Teoria e Questões
Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

17. 2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Distrital


No que se refere ao direito das obrigações, julgue os itens a seguir.
A obrigação de dar coisa certa não abrange os acessórios da coisa, salvo se
o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso

18. 2013 – FEPESE – DPE/SC – Analista Técnico da Defensoria


Assinale a alternativa correta de acordo com o Código Civil brasileiro.
a) Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao credor.
b) Presume-se a solidariedade quando decorrente da vontade das partes.
c) Na obrigação de dar coisa certa, os frutos percebidos e os pendentes são
do credor.
d) Na obrigação de dar coisa incerta, antes da escolha, não poderá o
devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior
ou caso fortuito.
e) Até a tradição pertence ao devedor a coisa certa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, não podendo depois da avença exigir
aumento no preço.

19. 2013 – FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa


Em relação às obrigações solidárias, analise as seguintes afirmações:
I. Importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor
contra um ou alguns dos devedores, não demandando de imediato os
demais.
II. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores
ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente,
para o outro.
III. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um
destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que
corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II e III.
(B) I e III.

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Teoria e Questões
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(C) II.
(D) I e II.
(E) I.

20. 2012 – PGR – PGR – Procurador da República


EM SE TRATANDO DE OBRIGAÇÕES:
a) Na obrigação de restituir coisa certa, incidem o depositário, o locatário,
o mandatário, o mutuário e o comodatário;
b) Na obrigação de dar coisa incerta, não é exigivel um ato de escolha,
devendo apenas ser observados o gênero e quantidade;
c) Se alguém se obriga a não impedir a passagem de vizinhos em sua
propriedade, o descumprimento nunca extingue a obrigação;
d) È incompativel com a natureza jurídica da obrigação solidária a
possibilidade de estipulá-la a prazo para um, e simples para outro devedor.

21. 2012 – FUMARC – PGE/MG – Procurador do Estado


Assinale a alternativa correta:
a) na obrigação de dar coisa certa, se esta se perder, sem culpa do
devedor, antes da tradição, sofrerá a perda o credor
b) na obrigação de dar coisa incerta, se esta se perder, sem culpa do
devedor, antes da tradição, sofrerá a perda o credor
c) na obrigação de dar coisa certa, deteriorada a coisa sem culpa do
devedor, poderá o credor exigir o equivalente ou aceitar a coisa no estado
em que acha, podendo reclamar, em ambos os casos, perdas e danos
d) na obrigação de dar coisa incerta, resolve-se a obrigação se, antes da
escolha, sobrevier perda decorrente de caso fortuito ou força maior
e) na obrigação de restituir, deteriorada a coisa sem culpa do devedor, o
credor é obrigado a recebê-la tal como se encontra, sem direito a
indenização.

22. 2012 – FUMARC – PGE/MG – Procurador do Estado


Com relação à solidariedade, marque a alternativa correta:
a) na solidariedade ativa, a remissão integral da dívida pode ser feita por
apenas um dos credores solidários

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Teoria e Questões
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b) convertendo-se a obrigação em perdas e danos, desaparece, para todos


os efeitos, a solidariedade
c) impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores
solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente e as
perdas e danos
d) importa renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor
contra um ou alguns dos devedores
e) sendo A, B e C credores solidários de D da importância de R$30.000,00,
falecendo A, seus dois herdeiros poderão cobrar, cada um deles,
individualmente, o valor total da obrigação

23. 2012 – IVIN – PGM/Teresina (PI) – Procurador do Município


Acerca da obrigação de dar coisa certa, marque a assertiva INCORRETA.
a) A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do ato.
b) Perdida a coisa, antes da entrega, com ou sem culpa do devedor,
resolve-se a obrigação.
c) Deteriorada a coisa, sem culpa do devedor, o credor pode resolver a
obrigação ou exigir abatimento no preço. Em caso de culpa do devedor, o
credor pode exigir perdas e danos.
d) O credor não é obrigado a receber prestação diverso do que lhe é
devido, ainda que mais valiosa.

24. FCC – TCM/BA – 2011 – Procurador do Ministério Público


Estadual
Na obrigação de dar coisa incerta,
(A) o devedor sempre poderá dar a coisa pior.
(B) a escolha pertence conjuntamente ao credor e ao devedor, se o
contrário não resultar do título da obrigação.
(C) o devedor será sempre obrigado a prestar a melhor.
(D) a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da
obrigação.
(E) o devedor, antes da escolha, não poderá alegar perda ou deterioração
da coisa, salvo na ocorrência de caso fortuito ou força maior.

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25. 2010 – CESPE – AGU – Procurador Federal


De acordo com o direito das obrigações, em regra, a obrigação de dar coisa
certa abrange os acessórios dessa coisa, ainda que não mencionados.

26. 2010 – CESPE – AGU – Procurador Federal


Se o contrato celebrado for de obrigação de resultado, o inadimplemento
se presumirá culposo.

27. 2009 – CESPE – DPE/ES – Defensor Público Estadual


Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes
só terá direito a exigir a quota do crédito correspondente ao seu quinhão
hereditário, exceto quando a obrigação for indivisível.

28. 2009 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


No Direito das Obrigações,
(A) a solidariedade, de acordo com a lei, nunca será presumida, pois
dependerá exclusivamente da vontade das partes.
(B) se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum
destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu
quinhão hereditário, salvo se a obrigação for divisível; mas todos reunidos
serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais
devedores.
(C) enquanto o julgamento contrário a um dos credores solidários não
atinge os demais, o favorável, como regra geral, aproveita-lhes.
(D) o credor não pode renunciar à solidariedade em favor de um ou de
alguns dos devedores, em razão do princípio da indivisibilidade da
obrigação solidária.
(E) impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores
solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente, mais
perdas e danos.

29. 2009 – CESPE – DPE/PI – Defensor Público Estadual


Quanto ao direito das obrigações, assinale a opção correta.

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A Por se entender a obrigação como um processo voltado à entrega da


prestação ao credor com a liberação do devedor, havendo mais de um
devedor, presume-se a solidariedade passiva como meio de garantir maior
efetividade à obrigação.
B A solidariedade passiva determina que qualquer um dos devedores
responde pelas perdas e pelos danos decorrentes da impossibilidade do
objeto, mesmo que estes tenham sido causados por apenas um dos
devedores, o que se dá em virtude de o instituto servir à proteção do
credor.
C Se o devedor se torna herdeiro de um dos credores da obrigação
solidária, persiste aos demais credores a possibilidade de cobrar a parte do
crédito não atingida pela confusão, mantendo-se quanto a esta até mesmo
a solidariedade.
D A solidariedade passiva da obrigação determina que, feito o pagamento
total da dívida por um dos devedores, os demais devedores ficam
solidariamente obrigados perante o pagador pela parte da dívida que não
lhe couber.
E O falecimento de um dos codevedores solidários determina que cada um
dos seus herdeiros responda pela dívida conforme a quota hereditária
recebida, o que configura o encerramento da solidariedade para os demais
devedores.

30. 2009 – FCC – DPE/PA – Defensor Público Estadual


No que tange ao Direito das Obrigações, é correto afirmar que
(A) nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, mesmo se
outra coisa se estipulou.
(B) a obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa
ou um fato suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem
econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
(C) a obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores
ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente,
para o outro.
(D) nas obrigações de fazer, incorre na obrigação de indenizar perdas e
danos o devedor inadimplente, exceto se recusar a prestação a ele só
imposta, ou só por ele exequível.
(E) nas obrigações de dar coisa incerta, tratando-se de coisas
determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao credor,
se o contrário não resultar do título da obrigação.

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Teoria e Questões
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31. 2007 – FUNRIO – PGE/TO – Procurador do Estado


João, José e Jorge devem R$ 450,00 a Pedro e Paulo. Assim sendo, Paulo
poderá exigir:
A) toda a dívida a João
B) R$ 450,00 a João, se houver solidariedade passiva
C) R$ 150,00 a João
D) R$ 150,00 a João, se houver solidariedade ativa
E) R$ 75,00 a João.

32. 2007 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


Havendo solidariedade entre devedores, a interrupção da prescrição atinge
a todos, devedor principal e fiador.

33. 2004 – CESPE – PGE/AM – Procurador do Estado


No caso de obrigação de não fazer, cujo devedor realiza ato que se
comprometeu a não fazer, não se pode considerar ter havido mora, mas
sim inadimplemento absoluto, ainda que os efeitos de ambos se
confundam no caso concreto.

34. 2003 – FCC – PGE/MA – Procurador do Estado


Praticado pelo devedor o ato a cuja abstenção se obrigara, o credor
(A) poderá, em caso de urgência, desfazê-lo ou mandar desfazer,
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento
devido.
(B) nunca poderá desfazer ou mandar desfazer o ato, sob pena de perder o
direito à indenização, antes de decisão em processo no qual foi assegurado
o contraditório.
(C) só terá direito à indenização se constituir o devedor em mora,
mediante notificação judicial ou extrajudicial.
(D) não poderá requerer em Juízo o desfazimento, porque pelo
descumprimento de obrigações de não fazer, o devedor só responde por
perdas e danos.
(E) só poderá pleitear em Juízo a aplicação de multa diária até que o
devedor desfaça o ato, salvo a existência de cláusula penal prevista no
contrato, que, neste caso, é a única sanção possível.

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Teoria e Questões
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35. 2002 – ESAF – PGM/Fortaleza (CE) – Procurador do


Município
Assinale a opção falsa.
a) A solidariedade não se presume.
b) A obrigação, que tem por objeto uma prestação de dinheiro, é
pecuniária, constituindo-se em modalidade de obrigação de dar, que se
caracteriza pelo valor da quantia devida.
c) Os ônus reais são obrigações que limitam a fruição e a disposição da
propriedade.
d) A obrigação propter rem é uma obrigação acessória mista por vincular-
se a direito real, objetivando uma prestação devida ao seu titular.
e) A obrigacão de restituir geralmente é divisível.

36. 2001 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


Existindo solidariedade entre devedores, o credor podeŕ, entre outras
opções, demandar todos os devedores ou apenas um deles pelo
pagamento integral da dívida.

Gabaritos

Gabaritos das questões com comentários ao longo da aula:

2016 – CESPE – TJ/AM – Juiz Estadual Substituto


B

2016 – FUNDATEC – PGM/Porto Alegre (RS) – Procurador do Município


D

2014 – UFPR – DPE/PR – Defensor Público Estadual


D

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2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Distrital


C

2012 – FCC – PGE/SP – Procurador do Estado


C

2012 – FUMARC – PGE/MG – Procurador do Estado


A

Gabaritos das questões sem comentários ao longo da aula:

1. 2016 – TRF – TRF/3ª Região – Juiz Federal Substituto


C

2. 2016 – VUNESP – TJ/RJ – Juiz Estadual Substituto


B

3. 2016 – FUNDATEC – PGM/Porto Alegre (RS) – Procurador do


Município
A

4. 2015 – FCC – TJ/PI – Juiz Estadual Substituto


A

5. 2015 – FCC – TJ/SC – Juiz Estadual Substituto


B

6. 2015 – FCC – TJ/SC – Juiz Estadual Substituto


A

7. 2015 – FUNDATEC – PGE/RS – Procurador do Estado


E

8. 2015 – CESPE – DPE/PE – Defensor Público Estadual

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9. 2015 – CESPE – DPE/RN – Defensor Público Estadual


C

10. 2014 – FMP – PGE/AC – Procurador do Estado


A

11. 2014 – FCC – DPE/RS – Defensor Público Estadual


C

12. 2013 – MPT – MPT – Procurador do Trabalho


A

13. 2013 – MPT – MPT – Procurador do Trabalho


C

14. 2013 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


D

15. 2013 – PGE – PGE/GO – Procurador do Estado


C

16. 2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Distrital


C

17. 2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Distrital


E

18. 2013 – FEPESE – DPE/SC – Analista Técnico da Defensoria


D

19. 2013 – FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa


A

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20. 2012 – PGR – PGR – Procurador da República


A

21. 2012 – FUMARC – PGE/MG – Procurador do Estado


E

22. 2012 – FUMARC – PGE/MG – Procurador do Estado


A

23. 2012 – IVIN – PGM/Teresina (PI) – Procurador do Município


C

24. FCC – TCM/BA – 2011 – Procurador do Ministério Público


Estadual
D

25. 2010 – CESPE – AGU – Procurador Federal


C

26. 2010 – CESPE – AGU – Procurador Federal


C

27. 2009 – CESPE – DPE/ES – Defensor Público Estadual


C

28. 2009 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


C

29. 2009 – CESPE – DPE/PI – Defensor Público Estadual


C

30. 2009 – FCC – DPE/PA – Defensor Público


C

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31. 2007 – FUNRIO – PGE/TO – Procurador do Estado


DeE

32. 2007 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


C

33. 2004 – CESPE – PGE/AM – Procurador do Estado


C

34. 2003 – FCC – PGE/MA – Procurador do Estado


A

35. 2002 – ESAF – PGM/Fortaleza (CE) – Procurador do


Município
E

36. 2001 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


C

Questões com comentários

Aqui, as questões que foram comentadas ao longo da aula, com


comentários:

2016 – CESPE – TJ/AM – Juiz Estadual Substituto


Acerca do direito das obrigações, assinale a opção correta.
a) Na hipótese de pluralidade de devedores obrigados ao pagamento de
objeto indivisível, presume-se a existência de solidariedade passiva, a qual,
entretanto, é afastada na hipótese de conversão da obrigação em perdas e
danos.

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DIREITO CIVIL – CNMT
Teoria e Questões
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b) Nas obrigações in solidum, todos os devedores, embora estejam ligados


ao credor por liames distintos, são obrigados pela totalidade da dívida.
c) Caso um credor solidário faleça e seu crédito seja destinado a três
herdeiros, cada um destes poderá exigir, por inteiro, a dívida do devedor
comum, já que a morte não extingue a solidariedade anteriormente
estabelecida.
d) Havendo pluralidade de credores e devedores, importa verificar se as
obrigações são solidárias ou indivisíveis, já que, nas solidárias, poderá o
devedor opor a todos os credores exceção pessoal que tenha contra apenas
um deles, enquanto, nas indivisíveis, a exceção pessoal não se estende aos
demais credores.
e) Nas obrigações de dar coisa incerta, se for silente o contrato, terá o
devedor a atuação na fase de concentração do débito, cabendo-lhe
entregar ao credor a melhor coisa.
Comentários
A alternativa A está incorreta, porque, como é sabido e ressabido,
solidariedade não se presume, decorre da lei ou da vontade.
A alternativa B está correta, pois nas obrigações in solidum há devedores
distintos cuja obrigação é distinta, mas originada de um mesmo fato,
respondendo pela totalidade da dívida, mas não de maneira solidária.
A alternativa C está incorreta, segundo o art. 270: “Se um dos credores
solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e
receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo
se a obrigação for indivisível”.
A alternativa D está incorreta, conforme o art. 281: “O devedor demandado
pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos;
não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor”.
A alternativa E está incorreta, pela literalidade do art. 244: “Nas coisas
determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se
o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior,
nem será obrigado a prestar a melhor”.

2016 – FUNDATEC – PGM/Porto Alegre (RS) – Procurador do


Município
Assinale a alternativa correta sobre obrigações e solidariedade.
A) A obrigação indivisível com pluralidade de credores gera sempre
obrigação solidária ativa.
B) Havendo solidariedade passiva, o objeto da obrigação é sempre
indivisível.

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DIREITO CIVIL – CNMT
Teoria e Questões
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C) Se a prestação da obrigação solidária se converter em perdas e danos,


extingue-se o vínculo solidário.
D) Na solidariedade passiva, todos os devedores respondem frente ao
credor pelos juros moratórios.
E) O regime jurídico da obrigação solidária é idêntico para todos os
credores ou devedores, de modo que todos eles necessariamente terão os
mesmos prazos, o mesmo o lugar de pagamento etc.
Comentários
A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 257: “Havendo mais de
um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se
dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou
devedores”.
A alternativa B está incorreta, na forma do art. 258: “A obrigação é indivisível
quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de
divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão
determinante do negócio jurídico”. A solidariedade, seja ativa ou passiva,
permite a divisão do objeto.
A alternativa C está incorreta, conforme estabelece o art. 271: “Convertendo-
se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a
solidariedade”.
A alternativa D está correta, pela literalidade do art. 280: “Todos os
devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido
proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela
obrigação acrescida”.
A alternativa E está incorreta, na dicção do art. 266: “A obrigação solidária
pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional,
ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro”.

2014 – UFPR – DPE/PR – Defensor Público Estadual


Identifique as afirmativas a seguir a respeito do Direito das Obrigações
como verdadeiras (V) ou falsas (F).
I. ( ) Havendo mais de um devedor, cada um deles será responsável pela
dívida toda se o objeto da prestação for indivisível, mesmo que não
estipulada a solidariedade passiva no contrato.
II. ( ) O pagamento feito a um dos credores solidários só extingue a dívida,
até o montante do que foi pago, se os demais firmarem conjuntamente a
prova da quitação.
III. ( ) Havendo devedores solidários, a propositura de ação pelo credor
contra um ou alguns deles importará na renúncia da solidariedade.

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DIREITO CIVIL – CNMT
Teoria e Questões
Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

IV. ( ) O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o


represente, sendo válido se feito de boa-fé ao credor putativo, ainda que
se prove, depois, que este não era o credor.
V. ( ) A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor
principal e os fiadores.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para
baixo.
a) V – V – V – F – F.
b) V – V – F – V – F.
c) F – V – F – V – F.
d) V – F – F – V – V.
e) F – F – V – F – V.
Comentários
A alternativa I está correta, nos termos do art. 259: “Se, havendo dois ou
mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela
dívida toda”.
A alternativa II está incorreta, na dicção do art. 269: “O pagamento feito a
um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago”.
A alternativa III está incorreta, segundo o art. 275, Parágrafo único: “Não
importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra
um ou alguns dos devedores”.
A alternativa IV está correta, na leitura do art. 309: “O pagamento feito de
boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor”.
A alternativa V está correta, por conta do art. 349: “A sub-rogação transfere
ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em
relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores”.
A alternativa D está correta, portanto.

2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Distrital


No que se refere ao direito das obrigações, julgue os itens a seguir.
Se o devedor que assumiu obrigação de abster-se da prática de
determinado ato vier a praticá-lo, o credor poderá exigir que ele o desfaça,
sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e
danos. No entanto, extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem
culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato que se obrigou
a não praticar.
Comentários

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DIREITO CIVIL – CNMT
Teoria e Questões
Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

O item está correto, pela conjunção dos arts. 251 (“Praticado pelo devedor o
ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob
pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.”) e 250
(“Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se
lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.”)

2012 – FCC – PGE/SP – Procurador do Estado


Havendo pluralidade de credores de obrigação indivisível,
(A) o devedor pode se exonerar pagando a um dos credores, dispensada a
ratificação dos demais.
(B) poderá cada um deles exigir o todo da obrigação, desde que haja
expressa previsão contratual autorizadora.
(C) cada um deles pode exigir a totalidade da obrigação, exceto se
convertida em perdas e danos.
(D) a remissão da dívida por um dos credores não prejudica os demais,
que podem exigir toda a obrigação sem desconto ou compensação, dada a
impossibilidade de cisão do seu objeto.
(E) só poderão exigir a cota parte que lhes couber, mas se um deles
receber a prestação por inteiro, deverá ressarcir os demais na medida de
suas respectivas participações.
Comentários
A alternativa A está incorreta, por previsão contrária do art. 260, inc. II, que
afiança que “o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando a um, dando
este caução de ratificação dos outros credores”. Ou seja, é necessária a
ratificação dos demais, do contrário não se exonera o devedor.
A alternativa B está incorreta, já que não exige o art. 259 expressa previsão,
basta que a prestação seja indivisível: “Se, havendo dois ou mais devedores, a
prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda”.
A alternativa C está correta, segundo dicção literal do art. 260: “Se a
pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira”.
Igualmente, conforme o art. 263, “Perde a qualidade de indivisível a obrigação
que se resolver em perdas e danos”.
A alternativa D está incorreta, já que o art. 262 que se um dos credores
remitir a dívida, os outros só poderão exigir, descontada a quota do credor
remitente. Assim, a remissão prejudicará em alguma medida os demais, pois
terão descontar a cota do que remitiu.
A alternativa E está incorreta, pois o art. 260 estabelece que “Se a pluralidade
for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira”, e não apenas
sua cota parte.

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DIREITO CIVIL – CNMT
Teoria e Questões
Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

2012 – FUMARC – PGE/MG – Procurador do Estado


Assinale a alternativa INCORRETA:
a) nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao credor, se outra coisa
não se estipulou
b) se uma de duas obrigações alternativas não puder ser objeto da
obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra
c) no silêncio do contrato, a obrigação que A, B e C têm de pagar a D
R$9.000,00 é considerada divisível
d) perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e
danos
e) na obrigação indivisível, se a coisa se perder por culpa de um dos
devedores, os demais ficarão exonerados das perdas e danos, respondendo
por estas só o culpado
Comentários
A alternativa A está incorreta, segundo regra expressa do art. 252: “Nas
obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se
estipulou.”
A alternativa B está correta, de acordo com a regra do art. 253: “Se uma das
duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível,
subsistirá o débito quanto à outra.”
A alternativa C está correta, por força da aplicação da regra geral prevista no
art. 257: “Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação
divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas,
quantos os credores ou devedores.”
A alternativa D está correta, segundo o art. 263: “Perde a qualidade de
indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.”
A alternativa E está correta, pois, como vimos anteriormente, segundo o art.
263: “Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e
danos.” Nesse caso, o §2º estabelece que “Se for de um só a culpa, ficarão
exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.”

Aqui, as questões que não foram tratadas ao longo da aula, com


comentários:

1. 2016 – TRF – TRF/3ª Região – Juiz Federal Substituto


Assinale a alternativa incorreta:

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DIREITO CIVIL – CNMT
Teoria e Questões
Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

a) Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e


danos.
b) Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os
efeitos, a solidariedade.
c) A remissão da dívida feita por um dos credores em obrigação indivisível
extingue esta para com os demais credores.
d) A remissão da dívida feita por um dos credores solidários extingue a
obrigação com relação ao devedor, devendo aquele credor responder aos
outros pela parte que lhes caiba.
Comentários
A alternativa A está correta, na literalidade do art. 263: “Perde a qualidade de
indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos”.
A alternativa B está correta, de acordo com o art. 271: “Convertendo-se a
prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade”.
A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 262: “Se um dos credores
remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes
só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente”.
A alternativa D está correta, segundo o art. 277: “O pagamento parcial feito
por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros
devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada”.

2. 2016 – VUNESP – TJ/RJ – Juiz Estadual Substituto


Caio e Joana, irmãos, são devedores solidários em relação ao credor Jonny,
pela quantia de R$ 3.000.000,00, com vencimento em 20.11.2015. Caio
possui três filhos, Jackson, Max e Philipe, todos capazes. Max e Philipe não
possuem filhos e Jackson possui 2 filhos, Marcelo e Rafael, também
capazes. Rafael, por sua vez, possui única filha Michele. Jackson faleceu
em 15.06.2015 e, em seguida, faleceu seu pai Caio, em 01.07.2015. Por
razões pessoais, Rafael, logo em seguida ao falecimento de Jackson (e
antes do falecimento de Caio), validamente renunciou à herança que lhe
cabia em decorrência do falecimento de seu pai. Caio deixou tão somente
R$ 6.000.000,00 de patrimônio, em espécie.
Sabendo que Caio e Joana são solteiros, não havendo quaisquer outras
pessoas envolvidas na relação negocial e na relação sucessória, assinale a
alternativa correta.
a) Com o falecimento de Caio, a obrigação de Joana não poderá
ultrapassar R$ 1.500.000,00.
b) Rafael responderá pela dívida de Caio, até o limite de R$ 1.000.000,00.
c) Marcelo responderá pela dívida de Caio, até o limite de R$
2.000.000,00.

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DIREITO CIVIL – CNMT
Teoria e Questões
Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

d) Michele responderá pela dívida de Caio, até o limite de R$ 1.000.00,00.


e) Max e Philipe responderão, cada um, pelo pagamento de até R$
3.000.000,00.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que, sendo a obrigação solidária, pode Joana
ser chamada a prestar a integralidade da dívida.
A alternativa B está correta, eis que, apesar de Rafael ter renunciado à
herança de seu pai, Jackson, não renunciou à herança do avô, Caio. Como
Jackson era pré-morto, Marcelo e Rafael o representam na herança, recebendo,
cada um, a metade do que caberia a Jackson; como Jackson receberia um terço
da herança de Caio (R$2 milhões), cada um deles teria direito hereditário a R$1
milhão, que é exatamente o limite das forças da herança e o montante limite
pelo qual responderia Rafael no caso dado, por aplicação do art. 276 (“Se um
dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será
obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário,
salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados
como um devedor solidário em relação aos demais devedores”), conjugado com
o art. 1.792 (“O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da
herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário
que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados”).
A alternativa C está incorreta, porque Marcelo herdaria somente R$1 milhão
da herança de Caio, conforme explicitado acima, não podendo ele responder
por valor superior às forças da herança, na conjugação dos arts. 276 e 1.792,
supracitados.
A alternativa D está incorreta, pois Rafael, vivo, não transmitirá valores,
sejam direitos, sejam obrigações, à filha.
A alternativa E está incorreta, dado que, por aplicação do supracitado art.
276, respondem eles apenas até o valor herdado, no caso, os R$6milhões
divididos entre os três herdeiros de Caio, o que leva o valor a ser, no máximo
R$2milhões, a despeito de ser Jackson pré-morto.

3. 2016 – FUNDATEC – PGM/Porto Alegre (RS) – Procurador do


Município
Sobre relações obrigacionais, é correto afirmar que:
A) Destruindo-se totalmente e sem culpa do devedor a coisa certa, objeto
de obrigação de restituir, o credor sofrerá a perda.
B) As obrigações de fazer são, pela natureza da prestação, sempre
fungíveis. C) Conforme o Direito brasileiro, as obrigações pecuniárias
corporificam dívidas de valor, sendo sempre necessária a correção
monetária quando houver diferimento entre o nascimento e o cumprimento
da obrigação.

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DIREITO CIVIL – CNMT
Teoria e Questões
Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

D) Sendo certa a coisa a ser dada, seus eventuais acessórios não estão
abrangidos no dever de entrega do devedor.
E) As obrigações de dar coisa incerta, a escolha cabe sempre ao devedor.
Comentários
A alternativa A está correta, conforme regra do art. 238: “Se a obrigação for
de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da
tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os
seus direitos até o dia da perda”.
A alternativa B está incorreta, pelo que se depreende do art. 249: “Se o fato
puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à
custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização
cabível”. Ou seja, se a obrigação pode ser cumprida por terceiro, ela é fungível,
mas não necessariamente o será, sempre.
A alternativa C está incorreta, pela dicção do art. 315 (“As dívidas em dinheiro
deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal,
salvo o disposto nos artigos subsequentes”) c/c art. 316 (“É lícito convencionar
o aumento progressivo de prestações sucessivas”), ou seja, a correção deve ser
pactuada, ou a dívida se presume pagável pelo valor nominal.
A alternativa D está incorreta, na literalidade do art. 233: “A obrigação de dar
coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso”.
A alternativa E está incorreta, por aplicação da regra do art. 244: “Nas coisas
determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se
o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior,
nem será obrigado a prestar a melhor”.

4. 2015 – FCC – TJ/PI – Juiz Estadual Substituto


Marcos foi contratado, em um mesmo instrumento, para prestar serviços
de manutenção de máquinas agrícolas durante o período de colheita,
simultaneamente, nas fazendas de Lourenço e Sérgio, comprometendo-se
estes conjuntamente a pagar os serviços, parte em dinheiro e parte com
um equino. Não tendo Lourenço e Sérgio cumprido a obrigação assumida e
achando-se eles em mora, Marcos poderá cobrar a
a) parte de cada um na dívida em dinheiro e a entrega do animal de
qualquer dos devedores.
b) entrega do animal de qualquer deles, mas a cobrança em dinheiro é
impossível, porque o contrato não estabeleceu a proporção de cada um,
devendo o valor da dívida, nesta parte, ser arbitrado pelo juiz.
c) dívida em dinheiro integralmente de qualquer um dos devedores, mas
pelo animal, ambos deverão ser cobrados.

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DIREITO CIVIL – CNMT
Teoria e Questões
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d) parte de cada um na dívida em dinheiro e, quanto à entrega do animal,


deverá a obrigação ser necessariamente convertida em dinheiro e também
cobrada a cota parte de cada um.
e) parte de cada um da dívida em dinheiro, mas não poderá reclamar a
entrega do animal, porque o objeto se tornou ilícito.
Comentários
A alternativa A está correta, já que, no caso, visualiza-se obrigação conjunta,
apenas, e não solidária, já que não há regra que a determine e ficou claro que a
vontade das partes não era fixar obrigação solidária, que, frise-se, não se
presume. Desse modo, o valor em dinheiro, por ser divisível, pode ser cobrado
apenas relativamente á cota-parte de cada um, isoladamente; já o animal,
naturalmente indivisível, permite cobrança de qualquer dos coobrigados.
A alternativa B está incorreta, por aplicação do art. 257 (“Havendo mais de
um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se
dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou
devedores”), presumindo-se, no caso, que o valor é devido ao meio pelos
coobrigados.
A alternativa C está incorreta, pelas razões supramencionadas nas alternativas
anteriores.
A alternativa D está incorreta, porque não há razão para que a dívida seja
convertida em dinheiro, a não ser que o equino fosse coisa certa e tivesse
perecido, por exemplo.
A alternativa E está incorreta, não havendo, na questão, qualquer indício de
ter a coisa se tornado ilícita.

5. 2015 – FCC – TJ/SC – Juiz Estadual Substituto


A ind́stria de ceramica X celebrou contrato de fornecimento de carṽo
mineral, durante um ano, com empresa mineradora estabelecendo o
instrumento que o produto deveria ser apropriado para a combust̃o,
contudo sem fixar percentual ḿximo de cinza, sabendo-se que melhor
seŕ a combust̃o, quanto menor a quantidade de cinza. Ao fazer a
primeira entrega do produto, o adquirente verificou que a quantidade de
cinza era muito alta e que seu concorrente recebia carṽo com quantidade
de cinza muito baixa. Notificada, a mineradora esclareceu que, no contrato
firmado com a concorrente, ficara estabelecido aquele percentual ḿnimo,
o que ño figurava no contrato firmado com a Ceramica X e, por isso,
entregava o carṽo de pior qualidade. A ind́stria X ajuizou a ̃o, com
pedido de antecipa ̃o de tutela, para que a Mineradora Y lhe entregasse o
carṽo de melhor qualidade. O juiz, aṕs a contestac̃o, e tendo sido
comprovada a existência de um produto intermedírio, deferiu a liminar,
determinando que este fosse o objeto da entrega. Ambas as partes
interpuseram agravo de instrumento, pedindo a ŕ que fosse a liminar

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DIREITO CIVIL – CNMT
Teoria e Questões
Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

revogada e a autora, que fosse a decis̃o reformada para que a agravada


lhe entregasse o carṽo de melhor qualidade. Considerando a disposic̃o
espećfica de direito material, nesse caso,
(A) ambos os recursos devem ser providos parcialmente, para que a ŕ
seja compelida a, alternadamente, entregar o produto melhor, o
intermedírio e o pior.
(B) ambos os agravos devem ser improvidos, porque o devedor ño podeŕ
dar a coisa pior, nem seŕ obrigado a prestar a melhor.
(C) deve ser provido o agravo do ŕu, porque ño resultando o contŕrio do
t́tulo da obrigac̃o, a escolha pertence ao devedor.
(D) deve ser provido o recurso da autora, porque, ño resultando o
contŕrio do t́tulo da obrigac̃o, a escolha pertence ao credor.
(E) deve ser provido o recurso da autora, porque a ŕ violou o dever de
boa-f́.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que não faria o menor sentido estabelecer
uma prestação alternativa numa situação na qual não se previu, anteriormente,
essa forma de obrigação.
A alternativa B está correta, na literalidade do art. 244: “Nas coisas
determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se
o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior,
nem será obrigado a prestar a melhor”.
A alternativa C está incorreta, não pela justificativa, dado que, de fato, o art.
244 defere a escolha ao devedor, em caso de silêncio, mas pelo fato de isso,
por si só, não ser elemento de resolução da controvérsia.
A alternativa D está incorreta, já que a regra presente no art. 244 estabelece
o inverso.
A alternativa E está incorreta, ainda que se possa ressalvar certo equívoco.
Isso porque, mesmo que inexistisse a regra do art. 244, de fato, a ré violara os
deveres laterais de conduta de cooperação e honestidade, contidos no princípio
da boa-fé, mas como o exercício não especificou que a boa-fé é objetiva, bem
como havendo regra clara a respeito, descabe falar no assunto.

6. 2015 – FCC – TJ/SC – Juiz Estadual Substituto


A obrigação natural é judicialmente
(A) inexigível, mas se for paga, não comporta repetição.
(B) exigível, exceto se o devedor for incapaz.
(C) exigível e só comporta repetição se for paga por erro.

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Teoria e Questões
Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

(D) exigível e em nenhuma hipótese comporta repetição.


(E) inexigível e se for paga comporta repetição, independentemente de
comprovação de erro no pagamento.
Comentários
A alternativa A está correta, eis que a obrigação mutilada, nas palavras de
Pontes de Miranda, é aquela cuja pretensão processual é mutilada pelo Direito;
materialmente exigível, mas processualmente inexigível, pelo que o pagamento
feito pelo devedor obsta a repetição.
A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões aludidas na alternativa
anterior.
A alternativa C está incorreta, pois pode a obrigação natural paga ser repetida
igualmente em caso de coação, por exemplo.
A alternativa D está incorreta, pelas mesmas razões declinadas supra.
A alternativa E está incorreta, porque se comportasse repetição de maneira
ampla e irrestrita, a obrigação natural não seria autêntica obrigação jurídica,
mas meramente moral.

7. 2015 – FUNDATEC – PGE/RS – Procurador do Estado


Em relação às modalidades das obrigações, analise as seguintes
assertivas:
I. Aquele que se recusar ao cumprimento de uma obrigação de fazer
instituída em caráter personalíssimo, incorre na obrigação de indenizar
perdas e danos.
II. O credor pode exigir o desfazimento de obrigação realizada por devedor
a cuja abstenção se obrigou.
III. Em hipótese de urgência, o credor pode desfazer, independentemente
de autorização judicial, a obrigação realizada por devedor a cuja abstenção
se obrigou.
IV. Na solidariedade passiva, a proposta de ação pelo credor contra
qualquer um dos devedores importa em renúncia da solidariedade.
Quais estão corretas?
A) Apenas I e III.
B) Apenas I e IV.
C) Apenas II e III.
D) Apenas II e IV.
E) Apenas I, II e III.
Comentários

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Teoria e Questões
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O item I está correto, segundo o art. 247: “Incorre na obrigação de indenizar


perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por
ele exequível”.
O item II está correto, de acordo com o art. 251: “Praticado pelo devedor o
ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob
pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos”.
O item III está correto, conforme o parágrafo único do art. 251: “Em caso de
urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de
autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido”.
O item IV está incorreto, na literalidade do art. 275, parágrafo único: “Não
importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra
um ou alguns dos devedores”.
A alternativa E é a correta, portanto.

8. 2015 – CESPE – DPE/PE – Defensor Público Estadual


A respeito de obrigações e contratos, julgue o item abaixo, de acordo com
a jurisprudência do STJ.
Os deveres secundários da prestação obrigacional vinculam-se ao correto
cumprimento dos deveres principais, como ocorre com a conservação da
coisa até a tradição. Por sua vez, os deveres acessórios ou laterais são
diretamente relacionados ao correto processamento da relação
obrigacional, tais como os de cooperação, de informação, de sigilo e de
cuidado.
Comentários
O item está correto, já que, de acordo com o entendimento doutrinário e
jurisprudencial, os deveres laterais de conduta ligam-se diretamente ao
processamento da obrigação principal. Deveres secundários são aqueles não
decorrentes da boa-fé objetiva, mas da própria prestação, como eu disse
acima.

9. 2015 – CESPE – DPE/RN – Defensor Público Estadual


Com relação ao direito das obrigações, assinale a opção correta.
A- É permitido transformar os bens naturalmente divisíveis em indivisíveis
se a alteração se der para preservar a natureza da obrigação, por motivo
de força maior ou caso fortuito, mas não por vontade das partes.
B- As obrigações ambulatórias são as que incidem sobre uma pessoa em
decorrência de sua vinculação a um direito pessoal, haja vista que da
própria titularidade lhe advém a obrigação.

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Teoria e Questões
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C- As obrigações conjuntivas possuem múltiplas prestações ou objetos, de


tal modo que seu cumprimento será dado como efetivado quando todas as
obrigações forem realizadas.
D- As obrigações disjuntivas são aquelas em que a prestação ou objeto
material são indeterminados, isto é, há apenas referência quanto a gênero
e quantidade.
E- A desconcentração é característica das obrigações de dar coisa incerta.
É configurada pela escolha, ato pelo qual o objeto ou prestação se tornam
certos e determinados, sendo necessário, para que possa produzir efeitos,
que o credor seja disso cientificado.
Comentários
A alternativa A está incorreta, por conta do art. 88: “Os bens naturalmente
divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade
das partes.”, conforme vimos em aula passada.
A alternativa B está incorreta, já que a obrigação ambulatória é sinônima da
obrigação real, ou propter rem.
A alternativa C está correta, conforme mencionei anteriormente; são as
obrigações “E”.
A alternativa D está incorreta, conforme mencionei antes; são as obrigações
“OU”. O exemplo mencionado pela questão é da obrigação de dar coisa incerta.
A alternativa E está incorreta, pois essa situação configura a concentração, e
não desconcentração.

10. 2014 – FMP – PGE/AC – Procurador do Estado


Na obrigação de dar coisa certa, se a coisa se perder sem culpa do
devedor:
(A) antes da tradição resolve-se a obrigação.
(B) o credor pode resolver a obrigação ou pedir indenização pelo prejuízo.
(C) após a tradição o credor pode pedir indenização.
(D) é dele a opção entre resolver ou pagar a indenização.
Comentários
A alternativa A está correta, por previsão expressa do art. 234: “Se [...] a
coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a
condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes”.
A alternativa B está incorreta. Correta seria se houvesse culpa do devedor em
caso de mera deterioração, segundo o art. 236: “Sendo culpado o devedor,
poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se
acha”.

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Teoria e Questões
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A alternativa C está incorreta. Estaria correta se houvesse culpa do devedor,


conforme o art. 234: “Se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este
pelo equivalente e mais perdas e danos.”
A alternativa D está incorreta, pois não há direito de indenização, conforme o
art. 234 mencionado na alternativa A.

11. 2014 – FCC – DPE/RS – Defensor Público Estadual


Considere as seguintes assertivas sobre o Direito das Obrigações.
I. Quando convertida em perdas e danos, a obrigação solidária conserva
sua natureza, enquanto a obrigação indivisível torna-se divisível.
II. Na obrigação indivisível, o devedor que paga a dívida se sub-roga no
direito do credor em relação aos demais coobrigados, porém só poderá
cobrar dos coobrigados a quota-parte de cada um destes.
III. É possível a formação de vínculo obrigacional no qual o sujeito passivo
possua apenas a responsabilidade, mas não o débito pelo qual poderá ser
civilmente acionado.
IV. Pessoas futuras, como o nascituro e a pessoa jurídica em formação,
não podem figurar em relação jurídica obrigacional.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II e IV.
(B) I e III.
(C) I, II e III.
(D) I e II.
(E) III e IV.
Comentários
O item I está correto, na forma do art. 271: “Convertendo-se a prestação em
perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.” c/c art. 263:
“Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e
danos.”
O item II está correto, conforme o art. 259, parágrafo único: “O devedor, que
paga a dívida (indivisível), sub-roga-se no direito do credor em relação aos
outros coobrigados.” c/c art. 283: “O devedor que satisfez a dívida por inteiro
tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se
igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no
débito, as partes de todos os codevedores.”
O item III está correto, conforme tratamos anteriormente, já que pode haver
tanto responsabilidade sem débito quanto o inverso, débito sem
responsabilidade.

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O item IV está incorreto, já que, exemplificativamente, o nascituro pode ser


credor de alimentos, receber indenização por dano moral, entre outras relações
obrigacionais assumíveis.
Portanto, a alternativa C está correta.

12. 2013 – MPT – MPT – Procurador do Trabalho


Em relação à teoria geral das obrigações, assinale a alternativa
[IN]CORRETA:
(a) A ação trabalhista proposta contra apenas uma empresa do grupo
econômico importa renúncia da solidariedade passiva em relação às demais
responsáveis solidárias.
(b) O empregado não pode ser obrigado a receber prestação diversa da
que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
(c) Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente
desde o dia em que executou o ato em que devia se abster.
(d) A sub-rogação não produz efeito liberatório em relação ao
devedor, mas exclusivamente translativo, pois há a mutação subjetiva
da obrigação com o ingresso do novo credor.
(e) Não respondida.
Comentários
A questão foi anulada porque, na realidade, deveria o enunciado mandar
marcar a alternativa INCORRETA, já que há apenas uma incorreta e três
corretas (coloquei entre colchetes, desde já, para você conseguir resolver
adequadamente)...
A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 275, parágrafo único: “Não
importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra
um ou alguns dos devedores”.
A alternativa B está correta, segundo o art. 313: “O credor não é obrigado a
receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa”.
A alternativa C está correta, conforme o art. 390: “Nas obrigações negativas o
devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que
se devia abster”.
A alternativa D está correta, como se extrai do art. 349: “A sub-rogação
transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do
primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores”.

13. 2013 – MPT – MPT – Procurador do Trabalho

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DIREITO CIVIL – CNMT
Teoria e Questões
Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

Marque a alternativa INCORRETA:


(a) Começa a existência legal da pessoa jurídica de direito privado
com a inscrição no respectivo registro, precedida, se for o caso, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo.
(b) Não constitui coação a ameaça do exercício regular de um direito.
(c)As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem
danos a terceiros, resguardando-se seu direito regressivo contra os
causadores do dano, independentemente de dolo ou culpa.
(d) Extingue-se a obrigação de não fazer se, sem culpa do devedor, seu
cumprimento se torne impossível.
e) Não respondida.
Comentários
A alternativa A está correta, conforme o art. 45: “Começa a existência legal
das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação
do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que
passar o ato constitutivo”.
A alternativa B está correta, de acordo com o art. 153: “Não se considera
coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor
reverencial”.
A alternativa C está incorreta, consoante o art. 43: “As pessoas jurídicas de
direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes
que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo
contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”.
A alternativa D está correta, na dicção do art. 250: “Extingue-se a obrigação
de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-
se do ato, que se obrigou a não praticar”.

14. 2013 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


Caio, Tício e Pompeu se fazem devedores solidários de um Credor pela
quantia de R$ 3 milhões, sendo que esta obrigação interessa igualmente a
todos os devedores, e todos são solventes. Considerada essa hipótese,
assinale a opção correta.
a) Paga a integralidade da dívida por Caio, nada poderá cobrar de Tício ou
de Pompeu.
b) Paga a integralidade da dívida por Caio, poderá cobrar R$ 2 milhões
tanto de Tício quanto de Pompeu.

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c) Qualquer dos 3 co-devedores pode, ao dele se exigir a integralidade da


dívida, opor ao Credor tanto as exceções que lhe forem pessoais quanto as
exceções pessoais aos outros co-devedores não demandados.
d) Paga a integralidade da dívida por Caio, poderá ele cobrar R$ 1 milhão
de Tício e R$ 1 milhão de Pompeu.
Comentários
A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 283: “O devedor que
satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a
sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver,
presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores”.
A alternativa B está incorreta, já que o mesmo art. 283 menciona
expressamente que o pagante pode exigir a “cota”, não se mantendo a
solidariedade depois do pagamento ao credor.
A alternativa C está incorreta, de acordo com a segunda parte do art. 281: “O
devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e
as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-
devedor”.
A alternativa D está correta, novamente, por aplicação do art. 283,
supracitado.

15. 2013 – PGE – PGE/GO – Procurador do Estado


A propósito das obrigações solidárias, é CORRETO afirmar:
a) Importa renúncia à solidariedade obrigacional a propositura de ação
contra um ou alguns dos devedores.
b) Presume-se solidária a obrigação divisível.
c) Verificada a impossibilidade de cumprimento da prestação por culpa de
um dos devedores solidários, a obrigação solidária subsiste, porém as
perdas e danos serão atribuídos ao co-devedor culpado.
d) Extingue-se a solidariedade ativa quando a prestação original for
convertida em perdas e danos.
e) O devedor demandado poderá opor as exceções pessoais próprias de
outro co-devedor.
Comentários
A alternativa A está incorreta, segundo dicção literal do art. 275, parágrafo
único: “Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo
credor contra um ou alguns dos devedores.”
A alternativa B está incorreta, já que o art. 265 é expresso: “A solidariedade
não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.” Como não há regra

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própria, o simples fato de a obrigação ser divisível não gera presunção de


solidariedade.
A alternativa C está correta, por força do art. 279: “Impossibilitando-se a
prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o
encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o
culpado.”
A alternativa D está incorreta, dado que, segundo o art. 271, “Convertendo-se
a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a
solidariedade.”
A alternativa E está incorreta, mesmo por lógica. Se a exceção é pessoal, só
vale contra aquela pessoa; se se trata de outra pessoa, a exceção pessoal nada
tem a ver com esta. Nesse sentido, o art. 281: “O devedor demandado pode
opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não
lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.”

16. 2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Distrital


No que se refere ao direito das obrigações, julgue os itens a seguir.
A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou
codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente,
para o outro. Esse tipo de obrigação não se presume, devendo ser sempre
resultante da lei ou da vontade das partes.
Comentários
O item está correto, conforme a previsão do art. 266 (“A obrigação solidária
pode ser pura e simples para um dos cocredores, e condicional, ou a prazo, ou
pagável em lugar diferente, para o outro.”) c/c art. 265 (“A solidariedade não
se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.”).

17. 2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Distrital


No que se refere ao direito das obrigações, julgue os itens a seguir.
A obrigação de dar coisa certa não abrange os acessórios da coisa, salvo se
o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso
Comentários
O item está incorreto, conforme prevê o art. 233: “A obrigação de dar coisa
certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário
resultar do título ou das circunstâncias do caso.”

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18. 2013 – FEPESE – DPE/SC – Analista Técnico da Defensoria


Assinale a alternativa correta de acordo com o Código Civil brasileiro.
a) Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao credor.
b) Presume-se a solidariedade quando decorrente da vontade das partes.
c) Na obrigação de dar coisa certa, os frutos percebidos e os pendentes são
do credor.
d) Na obrigação de dar coisa incerta, antes da escolha, não poderá o
devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior
ou caso fortuito.
e) Até a tradição pertence ao devedor a coisa certa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, não podendo depois da avença exigir
aumento no preço.
Comentários
A alternativa A está incorreta, como estabelece o art. 252: “Nas obrigações
alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou”.
A alternativa B está incorreta, conforme o art. 265: “A solidariedade não se
presume; resulta da lei ou da vontade das partes”.
A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 237, parágrafo único: “Os
frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes”.
A alternativa D está correta, pela literalidade do art. 246: “Antes da escolha,
não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por
força maior ou caso fortuito”.
A alternativa E está incorreta, consoante o art. 237: “Até a tradição pertence
ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais
poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor
resolver a obrigação”.

19. 2013 – FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa


Em relação às obrigações solidárias, analise as seguintes afirmações:
I. Importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor
contra um ou alguns dos devedores, não demandando de imediato os
demais.
II. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores
ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente,
para o outro.
III. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um
destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que
corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for
indivisível.

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Está correto o que se afirma APENAS em


(A) II e III.
(B) I e III.
(C) II.
(D) I e II.
(E) I.
Comentários
O item I está incorreto, consoante regra do art. 275, parágrafo único: “Não
importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra
um ou alguns dos devedores”.
O item II está correto, de acordo com o art. 266: “A obrigação solidária pode
ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a
prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro”.
O item III está correto, na literalidade do art. 270: “Se um dos credores
solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e
receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo
se a obrigação for indivisível”.
A alternativa A é a correta, portanto.

20. 2012 – PGR – PGR – Procurador da República


EM SE TRATANDO DE OBRIGAÇÕES:
a) Na obrigação de restituir coisa certa, incidem o depositário, o locatário,
o mandatário, o mutuário e o comodatário;
b) Na obrigação de dar coisa incerta, não é exigivel um ato de escolha,
devendo apenas ser observados o gênero e quantidade;
c) Se alguém se obriga a não impedir a passagem de vizinhos em sua
propriedade, o descumprimento nunca extingue a obrigação;
d) È incompativel com a natureza jurídica da obrigação solidária a
possibilidade de estipulá-la a prazo para um, e simples para outro devedor.
Comentários
A alternativa A está correta, dado que em todas essas situações a titularidade
da coisa é da contraparte, qual seja o depositante, o locador, o mandante, o
mutuante e o comodante.
A alternativa B está incorreta, eis que apesar de a indicação dever observar o
gênero e a quantidade, necessário é tornar a coisa certa, num dado momento,
pela concentração.

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A alternativa C está incorreta, por aplicação do art. 1.389, inc. III: “Também
se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente a faculdade de
fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção pelo não uso, durante dez anos
contínuos”.
A alternativa D está incorreta, dada a literalidade do art. 266: “A obrigação
solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e
condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro”.

21. 2012 – FUMARC – PGE/MG – Procurador do Estado


Assinale a alternativa correta:
a) na obrigação de dar coisa certa, se esta se perder, sem culpa do
devedor, antes da tradição, sofrerá a perda o credor
b) na obrigação de dar coisa incerta, se esta se perder, sem culpa do
devedor, antes da tradição, sofrerá a perda o credor
c) na obrigação de dar coisa certa, deteriorada a coisa sem culpa do
devedor, poderá o credor exigir o equivalente ou aceitar a coisa no estado
em que acha, podendo reclamar, em ambos os casos, perdas e danos
d) na obrigação de dar coisa incerta, resolve-se a obrigação se, antes da
escolha, sobrevier perda decorrente de caso fortuito ou força maior
e) na obrigação de restituir, deteriorada a coisa sem culpa do devedor, o
credor é obrigado a recebê-la tal como se encontra, sem direito a
indenização.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que, segundo o art. 234, “Se [...] a coisa se
perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição
suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes”. Ou seja, o credor
não sofre a perda, mas o devedor, ao fim e ao cabo. Se o credor já adiantara o
pagamento, antes de receber a coisa, deve ter o dinheiro devolvido, já que a
obrigação se resolve, devendo voltar-se ao status quo ante. Se ele nada pagou,
nada pagará, perda nenhuma sofrendo, portanto.
A alternativa B está incorreta, pois a perda, mais uma vez, acometerá o
devedor, por aplicação do art. 246: “Antes da escolha, não poderá o devedor
alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso
fortuito.”
A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 235: “Deteriorada a coisa,
não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar
a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.” Havia perdas e danos caso
houvesse culpa do devedor.

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A alternativa D está incorreta, novamente, por aplicação do art. 246 (“Antes


da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda
que por força maior ou caso fortuito.”)
A alternativa E está correta, por força do art. 240: “Se a coisa restituível se
deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem
direito a indenização”.
A rigor, todas essas situações se resolvem por aplicação da regra do res perit
domino, traduzida diretamente para “a coisa perece para o dono”; eu, em geral,
prefiro uma tradução mais literal, “a coisa perece para quem tem o domínio”,
para facilitar sua memorização e evitar que você confunda com questões de
propriedade (já que nos bens imóveis e nos móveis sujeitos a registro, a
tradição não transfere a propriedade sem antes haver o registro próprio).

22. 2012 – FUMARC – PGE/MG – Procurador do Estado


Com relação à solidariedade, marque a alternativa correta:
a) na solidariedade ativa, a remissão integral da dívida pode ser feita por
apenas um dos credores solidários
b) convertendo-se a obrigação em perdas e danos, desaparece, para todos
os efeitos, a solidariedade
c) impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores
solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente e as
perdas e danos
d) importa renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor
contra um ou alguns dos devedores
e) sendo A, B e C credores solidários de D da importância de R$30.000,00,
falecendo A, seus dois herdeiros poderão cobrar, cada um deles,
individualmente, o valor total da obrigação
Comentários
A alternativa A está correta, mas, neste caso, estabelece o art. 272 que “O
credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos
outros pela parte que lhes caiba.”
A alternativa B está incorreta, dado que, segundo o art. 271, “Convertendo-se
a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a
solidariedade.”
A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 279: “Impossibilitando-se
a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o
encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o
culpado.”

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A alternativa D está incorreta, segundo dicção literal do art. 275, parágrafo


único: “Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo
credor contra um ou alguns dos devedores.”
A alternativa E está incorreta, por previsão expressa do art. 270: “Se um dos
credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a
exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.”

23. 2012 – IVIN – PGM/Teresina (PI) – Procurador do Município


Acerca da obrigação de dar coisa certa, marque a assertiva INCORRETA.
a) A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do ato.
b) Perdida a coisa, antes da entrega, com ou sem culpa do devedor,
resolve-se a obrigação.
c) Deteriorada a coisa, sem culpa do devedor, o credor pode resolver a
obrigação ou exigir abatimento no preço. Em caso de culpa do devedor, o
credor pode exigir perdas e danos.
d) O credor não é obrigado a receber prestação diverso do que lhe é
devido, ainda que mais valiosa.
Comentários
A alternativa A está correta, conforme a regra do art. 233: “A obrigação de
dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso”.
A alternativa B está correta, na forma do art. 234: “Se, no caso do artigo
antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou
pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as
partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo
equivalente e mais perdas e danos”.
A alternativa C está incorreta, na forma do art. 234: “Se, no caso do artigo
antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou
pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as
partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo
equivalente e mais perdas e danos”.
A alternativa D está correta, consoante a dicção do art. 313: “O credor não é
obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais
valiosa”.

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24. FCC – TCM/BA – 2011 – Procurador do Ministério Público


Estadual
Na obrigação de dar coisa incerta,
(A) o devedor sempre poderá dar a coisa pior.
(B) a escolha pertence conjuntamente ao credor e ao devedor, se o
contrário não resultar do título da obrigação.
(C) o devedor será sempre obrigado a prestar a melhor.
(D) a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da
obrigação.
(E) o devedor, antes da escolha, não poderá alegar perda ou deterioração
da coisa, salvo na ocorrência de caso fortuito ou força maior.
Comentários
A alternativa A está incorreta, conforme a última parte do art. 244: “Nas
coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao
devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar
a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com a primeira parte do supracitado
art. 244.
A alternativa C está incorreta, mais uma vez, consoante o mesmo art. 244
mencionado.
A alternativa D está correta, novamente, pela previsão da parte central do art.
244.
A alternativa E está incorreta, conforme o art. 246: “Antes da escolha, não
poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força
maior ou caso fortuito”.

25. 2010 – CESPE – AGU – Procurador Federal


De acordo com o direito das obrigações, em regra, a obrigação de dar coisa
certa abrange os acessórios dessa coisa, ainda que não mencionados.
Comentários
O item está correto, na forma do art. 233: “A obrigação de dar coisa certa
abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário
resultar do título ou das circunstâncias do caso”.

26. 2010 – CESPE – AGU – Procurador Federal

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Se o contrato celebrado for de obrigação de resultado, o inadimplemento


se presumirá culposo.
Comentários
O item está correto, eis que consequência dessa distinção é que como na
obrigação de resultado já se espera o cumprimento do objetivo predeterminado,
o descumprimento presume a culpa no inadimplemento.

27. 2009 – CESPE – DPE/ES – Defensor Público Estadual


Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes
só terá direito a exigir a quota do crédito correspondente ao seu quinhão
hereditário, exceto quando a obrigação for indivisível.
Comentários
O item está correto, na forma do art. 270: “Se um dos credores solidários
falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a
quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a
obrigação for indivisível

28. 2009 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


No Direito das Obrigações,
(A) a solidariedade, de acordo com a lei, nunca será presumida, pois
dependerá exclusivamente da vontade das partes.
(B) se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum
destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu
quinhão hereditário, salvo se a obrigação for divisível; mas todos reunidos
serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais
devedores.
(C) enquanto o julgamento contrário a um dos credores solidários não
atinge os demais, o favorável, como regra geral, aproveita-lhes.
(D) o credor não pode renunciar à solidariedade em favor de um ou de
alguns dos devedores, em razão do princípio da indivisibilidade da
obrigação solidária.
(E) impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores
solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente, mais
perdas e danos.
Comentários
A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 265: “A solidariedade não
se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.”

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A alternativa B está incorreta, na dicção do art. 270: “Se um dos credores


solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e
receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo
se a obrigação for indivisível.”
A alternativa C está correta, na forma do art. 274, com nova redação dada
pela Lei 13.105/2015: “O julgamento contrário a um dos credores solidários
não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo
de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a
qualquer deles.”
A alternativa D está incorreta, consoante a regra do art. 282: “O credor pode
renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os
devedores.”
A alternativa E está incorreta, pela previsão do art. 279: “Impossibilitando-se
a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o
encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o
culpado.”

29. 2009 – CESPE – DPE/PI – Defensor Público Estadual


Quanto ao direito das obrigações, assinale a opção correta.
A Por se entender a obrigação como um processo voltado à entrega da
prestação ao credor com a liberação do devedor, havendo mais de um
devedor, presume-se a solidariedade passiva como meio de garantir maior
efetividade à obrigação.
B A solidariedade passiva determina que qualquer um dos devedores
responde pelas perdas e pelos danos decorrentes da impossibilidade do
objeto, mesmo que estes tenham sido causados por apenas um dos
devedores, o que se dá em virtude de o instituto servir à proteção do
credor.
C Se o devedor se torna herdeiro de um dos credores da obrigação
solidária, persiste aos demais credores a possibilidade de cobrar a parte do
crédito não atingida pela confusão, mantendo-se quanto a esta até mesmo
a solidariedade.
D A solidariedade passiva da obrigação determina que, feito o pagamento
total da dívida por um dos devedores, os demais devedores ficam
solidariamente obrigados perante o pagador pela parte da dívida que não
lhe couber.
E O falecimento de um dos codevedores solidários determina que cada um
dos seus herdeiros responda pela dívida conforme a quota hereditária
recebida, o que configura o encerramento da solidariedade para os demais
devedores.
Comentários

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A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 265: “A solidariedade não


se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.”
A alternativa B está incorreta, conforme o art. 279: “Impossibilitando-se a
prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o
encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o
culpado.”
A alternativa C está correta, consoante regra que veremos na próxima aula,
prevista no art. 383: “A confusão operada na pessoa do credor ou devedor
solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no
crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.”
A alternativa D está incorreta, na regra do art. 283: “O devedor que satisfez a
dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota,
dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se
iguais, no débito, as partes de todos os codevedores.”
A alternativa E está incorreta, conforme prevê o art. 276: “Se um dos
devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a
pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a
obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um
devedor solidário em relação aos demais devedores.”

30. 2009 – FCC – DPE/PA – Defensor Público Estadual


No que tange ao Direito das Obrigações, é correto afirmar que
(A) nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, mesmo se
outra coisa se estipulou.
(B) a obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa
ou um fato suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem
econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
(C) a obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores
ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente,
para o outro.
(D) nas obrigações de fazer, incorre na obrigação de indenizar perdas e
danos o devedor inadimplente, exceto se recusar a prestação a ele só
imposta, ou só por ele exequível.
(E) nas obrigações de dar coisa incerta, tratando-se de coisas
determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao credor,
se o contrário não resultar do título da obrigação.
Comentários
A alternativa A está incorreta, conforme a parte central do art. 244: “Nas
coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao

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Aula 06 – Prof. Paulo H M Sousa

devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar
a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 258: “A obrigação é
indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou
dada a razão determinante do negócio jurídico”.
A alternativa C está correta, consoante o art. 266: “A obrigação solidária pode
ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a
prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro”.
A alternativa D está incorreta, na dicção do art. 247: “Incorre na obrigação de
indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta,
ou só por ele exequível”.
A alternativa E está incorreta, mais uma vez, pela leitura da parte central do
art. 244, supracitado.

31. 2007 – FUNRIO – PGE/TO – Procurador do Estado


João, José e Jorge devem R$ 450,00 a Pedro e Paulo. Assim sendo, Paulo
poderá exigir:
A) toda a dívida a João
B) R$ 450,00 a João, se houver solidariedade passiva
C) R$ 150,00 a João
D) R$ 150,00 a João, se houver solidariedade ativa
E) R$ 75,00 a João.
Comentários
Essa questão foi anulada, mas, ainda assim, é possível utilizá-la nos nossos
estudos!
A alternativa A está incorreta, porque, em não sendo estipulada solidariedade,
ela não se presume.
A alternativa B está incorreta, já que, mesmo havendo solidariedade passiva,
não se mencionou acerca da solidariedade ativa, pelo que ele poderia cobrar
apenas a metade do valor apontado.
A alternativa C está incorreta, pois, em sendo a obrigação fracionada entre
todos os credores e devedores, poderia ele cobrar apenas a metade do valor
apontado.
A alternativa D está correta, dado que, existindo solidariedade ativa, pode o
credor cobrar a dívida por inteiro do devedor. Como há pluralidade de
devedores, deve a dívida ser fracionada entre os codevedores, podendo Paulo
cobrar a integralidade do terço devido por João.

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A alternativa E está correta, porque não havendo solidariedade ativa ou


passiva, deve a dívida ser cobrada fracionadamente por cada um dos credores
em relação a cada um dos devedores.

32. 2007 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


Havendo solidariedade entre devedores, a interrupção da prescrição atinge
a todos, devedor principal e fiador.
Comentários
O item está correto, pela previsão da segunda parte do art. 204: “A
interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros;
semelhantemente, a interrupção operada contra o codevedor, ou seu herdeiro,
não prejudica aos demais coobrigados”.

33. 2004 – CESPE – PGE/AM – Procurador do Estado


No caso de obrigação de não fazer, cujo devedor realiza ato que se
comprometeu a não fazer, não se pode considerar ter havido mora, mas
sim inadimplemento absoluto, ainda que os efeitos de ambos se
confundam no caso concreto.
Comentários
O item está correto, já que impossível visualizar mora (que permitiria
cumprimento adequado, ainda que não no tempo, modo e local exigidos pelo
credor) no descumprimento de obrigação de não fazer, que, se descumprida,
ocasiona inadimplemento absoluto.

34. 2003 – FCC – PGE/MA – Procurador do Estado


Praticado pelo devedor o ato a cuja abstenção se obrigara, o credor
(A) poderá, em caso de urgência, desfazê-lo ou mandar desfazer,
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento
devido.
(B) nunca poderá desfazer ou mandar desfazer o ato, sob pena de perder o
direito à indenização, antes de decisão em processo no qual foi assegurado
o contraditório.
(C) só terá direito à indenização se constituir o devedor em mora,
mediante notificação judicial ou extrajudicial.

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(D) não poderá requerer em Juízo o desfazimento, porque pelo


descumprimento de obrigações de não fazer, o devedor só responde por
perdas e danos.
(E) só poderá pleitear em Juízo a aplicação de multa diária até que o
devedor desfaça o ato, salvo a existência de cláusula penal prevista no
contrato, que, neste caso, é a única sanção possível.
Comentários
A alternativa A está correta, de acordo com o art. 251, parágrafo único: “Em
caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer,
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento
devido.” Do contrário, pela urgência, o dano ao credor ser maior e
desnecessário.
A alternativa B está incorreta, conforme se estabelece o artigo
supramencionado. Veja-se, porém, que o credor arcará com o ressarcimento
devido, caso se reconheça que ela não tinha direito à obrigação ou que não era
ela urgente ou ainda que causou dano, o desfazimento, feito pelo credor.
A alternativa C está incorreta, pois, no momento em que pratica ato cuja
abstenção se obrigara, o devedor gera-se automaticamente uma obrigação de
desfazer, o que é, em realidade, uma obrigação de fazer. O art. 247, por sua
vez, estabelece que “Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o
devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível”,
sem que se exija notificação.
A alternativa D está incorreta, já que essas duas pretensões (desfazimento e
perdas e danos) se cumulam, por força do art. 251: “Praticado pelo devedor o
ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob
pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.”
A alternativa E está incorreta. Estaria correta se dissesse que “pode” pleitear
multa diária, conforme estabelece o CPC, mas como disse “só”, está incorreta,
dado que pode ele solicitar o desfazimento e, se ele se tornar impossível, de
nada adianta a multa diária (já que o sujeito nunca poderá cumprir), mas
apenas indenização por perdas e danos.

35. 2002 – ESAF – PGM/Fortaleza (CE) – Procurador do


Município
Assinale a opção falsa.
a) A solidariedade não se presume.
b) A obrigação, que tem por objeto uma prestação de dinheiro, é
pecuniária, constituindo-se em modalidade de obrigação de dar, que se
caracteriza pelo valor da quantia devida.
c) Os ônus reais são obrigações que limitam a fruição e a disposição da
propriedade.

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d) A obrigação propter rem é uma obrigação acessória mista por vincular-


se a direito real, objetivando uma prestação devida ao seu titular.
e) A obrigacão de restituir geralmente é divisível.
Comentários
A alternativa A está correta, na regra do art. 265: “Há solidariedade, quando
na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor,
cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda”.
A alternativa B está correta, eis que a obrigações pecuniária é, em realidade,
uma obrigação de dar coisa (quantia de dinheiro) certa.
A alternativa C está correta, pois são correspondentes eles aos chamados
“gravames” da propriedade.
A alternativa D está correta, decorrendo ela da situação de titularidade.
A alternativa E está incorreta, dado que a restituição se presume indivisível,
salvo estipulação em contrário.

36. 2001 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


Existindo solidariedade entre devedores, o credor podeŕ, entre outras
opções, demandar todos os devedores ou apenas um deles pelo
pagamento integral da dívida.
Comentários
O item está correto, nos termos do art. 267: “Cada um dos credores solidários
tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro”.

Resumo

Como distinguir o Direito das Obrigações do Direito das Coisas? Eis um


traço comparativo para simplificar a equação:

Direitos Obrigacionais Direito das Coisas

Objeto Prestação Coisa

Duração Temporal (extinção) Caráter duradouro

Quantidade Numerus apertus Numerus clausus

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(taxativos)

Formação Vontade Lei

Eficácia Relativa (interpartes) Absoluta (erga omnes)

Indireto Direto
Exercício
(depende do outro) (sobre a coisa)

Sujeito passivo Determinado(ável) Indeterminado

A distinção entre as Obrigações e as Coisas não é estanque. No meio de ambas


encontramos as chamadas obrigações híbridas, ou obrigações reais em sentido
amplo, que englobam características das obrigações e das coisas. Quais são as
espécies de obrigações reais em sentido amplo?

Obrigações propter rem (Obrigações reais em


sentido estrito
• São obrigações decorrentes da titularidade ou detenção de uma
determinada coisa, decorrentes de Lei e vinculadas a um direito
real, mas que com ele não se confundem

Ônus reais

• São ônus que limitam o direito de propriedade, ou seja, limitam o


pleno gozo da propriedade pelo titular, constituindo um gravame
que acompanha a coisa

Obrigações com eficácia real

• São típicas obrigações, ou seja, um direito a uma prestação, mas,


por força de lei, tornam-se oponíveis em relação a terceiros que
eventualmente possuam direitos reais sobre a coisa

Sub-rogação real

• A sub-rogação, veremos adiante, é forma de extinção indireta de


adimplemento de uma obrigação. No entanto, peculiar, a sub-
rogação legal ocorre por força de lei

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A obrigação tem como objeto a prestação, um comportamento juridicamente


exigível. No entanto, o objeto mediato, a coisa, é igualmente relevante:

Objeto Objeto Mediato


Imediato

Prestação Coisa

Obrigações naturais irrepetíveis


Doação
Jogo e aposta
Mútuo a menor
Dívida prescrita

Como funciona a responsabilidade do devedor no caso das obrigações


alternativas?

OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

CULPA do devedor? Perecimento: UM objeto

Escolha: CREDOR Escolha: DEVEDOR

Restante ou
SIM equivalente pela outra Concentra na restante
+ perdas e danos

NÃO Concentra na restante Concentra na restante

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OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

CULPA do devedor? Perecimento: AMBOS os objetos

Escolha: CREDOR Escolha: DEVEDOR

Equivalente por Equivalente pela


SIM qualquer, à escolha + última + perdas e
perdas e danos danos

NÃO Extingue a obrigação Extingue a obrigação

Preste atenção, novamente, para não confundir a obrigação alternativa


com a obrigação facultativa!

Obrigação alternativa Obrigação facultativa

uma OU outra uma se + ou outra


Escolha: credor/devedor Escolha: devedor

Vamos retomar as distinções entre as classificações das obrigações quanto


ao seu objeto:

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Principal/essencial
Reciprocamente considerado
Acessória

Meio

Conteúdo Resultado
Quanto ao objeto

Garantia

Divisíveis
Divisibilidade
Indivisíveis

Puras
Condições
Impuras

Cumulativas

Determinação Alternativas

Facultativas

Quanto aos sujeitos, a classificação das obrigações é bem mais fácil. No


entanto, a solidariedade merece muita atenção sua, cuidado!
Quanto ao sujeito

Singulares/únicas
Conjuntas
Plurais/múltiplas
Solidárias

Lembre-se que ao se tratar da solidariedade passiva, é necessário analisar a


perspectiva externas (credor X codevedores) e, posteriormente, a perspectiva

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interna (codevedor adimplente X demais codevedores). É importante fazê-lo


passo a passo, para evitar confusões:

Devedor
A

Devedor Devedor
B Credor C

Devedor
D

Devedor B

Devedor Devedor
Credor
A C

Devedor D

Do mesmo modo, ainda que a solidariedade ativa seja bem mais simples, vale
fazer o mesmo, analisando primeiro a perspectiva externa (cocredores X
devedor), para depois se ver a perspectiva interna (cocredor receptor X demais
cocredores:

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Credor
A

Credor Credor
Devedor
B C

Credor
D

Credor
B

Credor Credor
Devedor
A C

Credor
D

Como funciona a deterioração, o perecimento e o melhoramento da coisa na


obrigação de dar coisa certa?

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Extinção da obrigação

Sem culpa

Aceitação + abatimento

Deterioração
Extinção da obrigação (c/
perdas e danos)
Obrigação de dar

Com culpa
Aceitação + abatimento
(c/ perdas e danos)

Sem culpa Extinção da obrigação

Perecimento
Extinção da obrigação (c/
Com culpa
perdas e danos)

Aceita + aumento

Com boa-fé

Extingue a obrigação
Melhoramento

Devedor perde o
Sem boa-fé
melhoramento

Como funciona a deterioração, o perecimento e o melhoramento da coisa na


obrigação de restituir?

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Recebe como
Sem culpa
está
Deterioração
Recebe como
Com culpa está (c/ perdas e
danos)

Extinção da
Sem culpa
Obrigação de restituir

obrigação
Perecimento
Extinção da
Com culpa obrigação (c/
perdas e danos)
Boa-fé (úteis,
necessárias e
voluptuárias, se
aceitas)
Benfeitorias
Sem dispêndio Má-fé (só
Melhoramento necessárias, sem
retenção)
Com dispêndio
Boa-fé
(percebidos e
despesas de
produção)
Frutos
Má-fé (nenhum,
despesas de
produção

Como funciona o descumprimento, pelo devedor, das obrigações de fazer?

Obrigação de fazer: descumprimento

Sem culpa Com culpa

Pessoal: Impessoal: Pessoal: perdas Impessoal:


extingue substitui e danos substitui

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Como funciona o descumprimento, pelo devedor, das obrigações de não


fazer?

Obrigação de não fazer: descumprimento

Impossível se abster Possível se abster

Possível desfazer:
Impossível desfazer:
Extingue desfaz, mais perdas e
perdas e danos
danos

Considerações Finais

Chegamos ao final desta aula. Vimos a primeira parte do Direito das Obrigações
inserida no CC/2002. Com isso, na aula que vem, entramos na segunda parte
do livro do Direito das Obrigações.
Como você viu pela aula, não é um tema extremamente frequente nas provas,
já que a Parte Geral é responsável, sozinha, por numerosas questões das
últimas provas de Nível Superior. No entanto, é uma matéria que, nesses
certames, é exigida, em larga medida, apenas pela letra da lei, pelo que perder
algum tempo na leitura do CC/2002 e numa releitura da matéria, como
acompanhamento, pode ser bastante proveitoso para matar algumas questões
mais simples.
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou
disponível no fórum no Curso, por e-mail e, inclusive, pelo Facebook.
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Paulo H M Sousa

prof.phms@gmail.com

facebook.com/prof.phms

Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

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