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Autor:
Wagner Damazio
Aula 09
9 de Maio de 2020
Wagner Damazio
Aula 09
Sumário
Introdução .................................................................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2) No direito brasileiro, a responsabilidade civil, como regra geral, é orientada por qual teoria?
6) Como estão classificadas as teorias da responsabilidade civil do Estado conforme Maria Sylvia
de Pietro?
12) O que foi feito para abrandar a teoria da irresponsabilidade do monarca por prejuízos
causados a terceiros?
13) Qual a tese defendida pela Teoria da Culpa Administrativa, segundo Hely Lopes Meirelles?
14) A falta de serviço pode apresentar-se sob quais modalidades para presumir a culpa
administrativa e surgir a obrigação de indenizar do Estado?
15) Segundo entendimento do STF, qual a responsabilidade do Estado quando houver morte de
detento na sua custódia?
16) Segundo entendimento do STF, qual a responsabilidade do Estado quando houver tiro de
arma de fogo desferido por aluno em local de trabalho?
17) Qual a tese defendida pela Teoria do Risco Administrativo, segundo Hely Lopes Meirelles?
19) Há possibilidade do Poder Público demonstrar a culpa da vítima para excluir ou atenuar a
indenização quando analisado sob a ótica da teoria do risco administrativo?
21) Segundo entendimento do STF, qual a responsabilidade do Estado quando houver suicídio
de paciente internado em hospital público?
22) Segundo entendimento do STF, qual a responsabilidade do Estado quanto aos atos de juízes?
23) Qual a tese defendida pela Teoria Objetiva do Estado, segundo Bandeira de Melo, no que
concerne à responsabilidade civil do Estado? Onde ela está positivada no ordenamento
jurídico brasileiro?
24) A responsabilidade civil objetiva do Estado, conforme o Art.37, § 6º, da CRFB/88, é aplicada
a toda a administração pública?
25) Quem está sujeito à responsabilização pelos danos causados a terceiros, conforme o Art.37,
§ 6º, da CRFB/88?
26) Para feito de responsabilização, qual a abrangência do termo “agente”, de acordo com a
jurisprudência consolidada pelo Supremo Tribunal Federal?
27) Segundo entendimento do STF, qual a responsabilidade do Estado nas hipóteses em que o
“eventus damni” ocorra em hospitais públicos (ou mantidos pelo Estado), ou derive de
tratamento médico inadequado, ministrado por funcionário público, ou, então, resulte de
conduta positiva (ação) ou negativa (omissão) imputável a servidor público com atuação na
área médica?
28) Qual a tese defendida pela Teoria da Risco Integral, segundo Hely Lopes Meirelles?
29) Embora haja divergência doutrinária, cite duas situações que alguns juristas entendem como
risco integral para a responsabilização extracontratual do Estado.
30) Segundo a doutrina, como é a responsabilização civil do Estado em relação aos atos
legislativos e judiciais?
32) Segundo a Constituição Federal, qual é a responsabilidade civil do Estado no que concerne
ao ato judicial típico?
33) Segundo entendimento do STF, qual é a responsabilidade civil do Estado no que concerne
aos atos do Poder Judiciário, excetuando as hipóteses do art. 5º, LXXV, da CRFB/88?
42) Qual a teoria utilizada pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, que
assentou o caso de morte de detento no interior do estabelecimento prisional?
43) O Superior Tribunal de Justiça firmou o posicionamento de que o Estado é parte legítima para
figurar no polo passivo de ações indenizatórias e que responde de qual forma nos casos de
acidente de trânsito em face da má conservação das estradas, mesmo existindo autarquia
responsável pela preservação das estradas estaduais?
44) Qual o entendimento seguido pelo STJ quando da ocorrência de dano material ou moral
dentro de escola no que tange à responsabilidade do Estado?
45) Qual o entendimento seguido pelo STF quando o Estado deixar de garantir a dignidade da
pessoa humana aos presos no cumprimento da pena?
47) Segundo a doutrina majoritária, para que ocorra a responsabilidade civil é necessário o
cumprimento de quais requisitos?
49) Qual a responsabilidade do Estado quando há morte de detento por suicídio, com omissão do
poder público devido à negativa dos agentes de procurarem impedir tal conduta do preso?
50) Conforme entendimento do STF, lei estadual pode tratar sobre matéria relacionada à
responsabilidade civil?
Se você não tem certeza de uma ou algumas das respostas a esses questionamentos, fique atento
que esses temas estarão ao longo da aula de hoje!
2. REGIME JURÍDICO
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Trata-se da disciplina de ato ilícito da perspectiva civilista. A depender da norma jurídica que se
aplica, um ato pode ter repercussões na esfera penal, civil e administrativa. O art. 186 apresentado
traz, portanto, previsões no âmbito civil.
Desde já, é importante frisar que um mesmo ato pode gerar mais de uma responsabilização em
esferas distintas. Por exemplo, um servidor federal que viola o sigilo funcional, divulgando
informações às quais haja atribuição de sigilo, comete um ato ilícito que repercute nas três esferas:
trata-se de um crime, capitulado no art. 325 do Código Penal, de um ato de improbidade, previsto
no art. 11, inciso III, da Lei nº 8.429/92 e que viola um dever funcional do servidor, frustrando o art.
116, VIII, da Lei nº 8.112/90.
Portanto, a norma aplicável é o que define o âmbito ou esfera de responsabilidade de um certo ato.
Outro artigo importante do Código Civil é o art. 927:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Este artigo cria a obrigação de reparação por parte daquele que causou o dano.
Isso posto, a responsabilidade civil no direito brasileiro, como regra geral, é orientada pela “teoria
da causalidade direta e imediata”, segundo a qual ninguém pode ser responsabilizado por aquilo a
que não tiver dado causa, e somente se considera causa o evento que produziu direta e
concretamente o resultado danoso. Portanto, só origina responsabilidade civil, em princípio, o nexo
causal direto e imediato, isto é, deve haver ligação lógica direta entre a conduta (comissiva ou
omissiva) e o dano efetivo.
Como já mencionado anteriormente, frise-se que não se pode confundir a responsabilidade civil
com as responsabilidades administrativa e penal, sendo essas três esferas de responsabilização,
em regra, independentes entre si, podendo as sanções correspondentes serem aplicadas separada
ou cumulativamente conforme as circunstâncias de cada caso. A responsabilidade penal resulta da
prática de crimes ou contravenções tipificadas em lei prévia ao ato ou conduta. Já a
responsabilidade administrativa decorre de infração, pelos agentes da Administração Pública - ou
por particulares que com ela possuam vinculação jurídica específica, sujeitos, portanto, ao poder
disciplinar -, das leis e regulamentos administrativos que regem seus atos e condutas.
O Estado, enquanto pessoa jurídica, é intangível, conforme nos ensina José dos Santos Carvalho
Filho. O Estado não possui uma existência corpórea. Ou seja, o Estado age por meio de seus
agentes, que são pessoas naturais. Os atos praticados por eles, quando agem em nome da
entidade estatal, bem como as omissões diante de circunstâncias que demandariam sua atuação,
podem causar danos a indivíduos, algo que ensejaria a responsabilização da entidade pública
perante aqueles prejudicados.
Nesse contexto, quanto à definição de Responsabilidade Civil do Estado, há uma diversidade de
conceitos trazidos por doutrinadores. Passamos a listar alguns desses conceitos relevantes para o
nosso estudo.
RESPONSABILIDADE CIVIL...
3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Ressalte-se que existe muita divergência de terminologia entre os autores, o que torna difícil a
colocação da matéria. O que alguns chamam de culpa civil outros chamam de culpa administrativa;
alguns consideram como hipóteses diversas a culpa administrativa e o acidente administrativo;
alguns subdividem a teoria do risco em duas modalidades, risco integral e risco administrativo.
#ficadica
O egrégio Supremo Tribunal Federal tem diversas decisões sobre o tema da responsabilidade
extracontratual do Estado. Veja:
RE 841.526 - STF:
“Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º,
XLIX, da CF, o Estado é responsável pela morte de detento. Essa a conclusão do
Plenário, que desproveu recurso extraordinário em que discutida a responsabilidade
civil objetiva do Estado por morte de preso em estabelecimento penitenciário. No caso, o
falecimento ocorrera por asfixia mecânica, e o Estado-Membro alegava que, havendo indícios de
suicídio, não seria possível impor-lhe o dever absoluto de guarda da integridade física de pessoa
sob sua custódia. O Colegiado asseverou que a responsabilidade civil estatal, segundo a
CF/1988, em seu art. 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas
estatais comissivas quanto paras as omissivas, uma vez rejeitada a teoria do risco integral. Assim,
a omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nas
hipóteses em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para
impedir o resultado danoso. Além disso, é dever do Estado e direito subjetivo do preso a execução
da pena de forma humanizada, garantindo-se-lhe os direitos fundamentais, e o de ter preservada
a sua incolumidade física e moral.” (RE 841.526, rel min. Luiz Fux, julgamento em 30-3-2016,
Plenário, Informativo 819, com repercussão geral).
Quando há uma atuação estatal, é possível que as ações executadas pelos agentes públicos não
causem efeitos uniformes a todos aqueles que integram a sociedade. Por exemplo, se há a
construção de uma estação de Metrô em determinada localidade, haverá um benefício relevante
para a coletividade, tendo em vista que o transporte público ganhará um importante recurso de
mobilidade. Contudo, as pessoas que residem nas imediações das obras da estação podem ter
seus imóveis danificados em função da existência daquele empreendimento. Seus imóveis podem
apresentar trincas ou rachaduras em função da movimentação do solo.
Esse exemplo ilustra que nem sempre uma ação estatal repercutirá de maneira uniforme na
sociedade. Sendo assim, há que se pensar em repartir com a sociedade tanto os benefícios quanto
os danos causados. Portanto, é justo que o Estado indenize os imóveis vizinhos para que haja
isonomia material no caso apresentado. Houve um dano anormal, não experimentado por outros
imóveis que não aqueles situados nas proximidades da obra pública.
Por essa teoria, o elemento da culpa é substituído pela existência de um nexo de causalidade entre
o comportamento administrativo e o dano sofrido por um eventual prejudicado.
Destaca-se que não são apenas as ações ilícitas que geram ao Estado a obrigação de indenizar.
Mesmo atos estatais lícitos, mas que prejudicam os administrados, podem ensejar a
responsabilização do Poder Público. O exemplo apresentado anteriormente, sobre a obra de uma
estação de Metrô, ilustra bem isso. Sendo a obra revestida de licitude, e mesmo com a observância
de tudo o quanto diga respeito à sua segurança e solidez, é possível que a simples existência da
obra seja suficiente para acarretar danos a alguém.
Objetivamente, se o fato do serviço e o nexo direto de causalidade entre o fato e o dano ocorrido
estiverem presentes, então nasce para o poder público a obrigação de indenizar. Em relação ao
particular que sofreu o dano não há a necessidade de comprovação de qualquer espécie de culpa
do Estado ou do agente público.
Uma questão que merece uma particular atenção diz respeito à responsabilidade do Estado por
omissão. Segundo a Profª Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a responsabilidade nos casos de
omissões do Poder Público é subjetiva, aplicando-se a teoria da culpa do serviço público ou da
culpa anônima do serviço público.
Ressaltamos que a responsabilização do Estado no caso de omissões não é um assunto
pacificado no âmbito doutrinário e jurisprudencial. Iremos nos filiar ao entendimento da Profª Di
Pietro que cita a responsabilização subjetiva. Contudo, há autores que defendem a teoria objetiva
mesmo nos casos de omissões. A esse respeito, já houve inclusive decisões recentes do STF
pregando também a responsabilização objetiva no caso de omissões (cita-se como exemplo o RE
677.283, em que restou decidido que o Estado responde de forma objetiva pelas suas omissões,
desde que ele tivesse obrigação legal específica de agir para impedir que o resultado danoso
ocorresse).
#ficadica
A teoria da culpa do serviço público (ou da culpa anônima do serviço público, ou ainda
fato do serviço) é invocada nos casos de omissão do Estado, notadamente diante das
seguintes circunstâncias:
- Serviço público não funciona;
- Serviço público funciona atrasado;
- Serviço público funciona mal.
no serviço causar. Ocorre culpa quando o serviço não funciona, funciona mal, ou funciona
intempestivamente.
Assim, tratando-se de ato omissivo do Poder Público, a responsabilidade civil por esse ato é
subjetiva. Imprescindível, portanto, a demonstração de dolo ou culpa, esta numa de suas três
modalidades – negligência, imperícia ou imprudência. Destaque-se, ainda, que não é necessário
individualizar a responsabilidade, pois pode ser atribuída ao serviço público de forma genérica,
ou seja, à falta do serviço.
A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser
comprovados a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade
(Jurisprudência em Teses, edição nº 61, item 5).
O Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema
penitenciário, salvo quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga.
(Jurisprudência em Teses, edição nº 61, item 11).
Alteridade do dano pode ser compreendida como um dano anormal, diferente, não socialmente
tolerável e com consequências jurídicas relevantes.
Como se notou no final do trecho do julgado acima transcrito, a Administração poderá, se for o caso,
visando afastar ou atenuar a sua responsabilidade, invocar a ocorrência de alguma das chamadas
excludentes.
O Prof. José dos Santos Carvalho Filho8 traz alguns ensinamentos relevantes acerca da teoria do
risco administrativo, ocasião em que o autor também cita a teoria do risco integral, que abordaremos
mais adiante. Eis a transcrição de parte do entendimento do aludido professor:
[...] passou-se a considerar que, por ser mais poderoso, o Estado teria que arcar com um risco
natural decorrente de suas numerosas atividades: à maior quantidade de poderes haveria de
corresponder um risco maior. Surge, então, a teoria do risco administrativo, como fundamento
da responsabilidade objetiva do Estado.
Tem havido alguma controvérsia sobre as noções do risco administrativo e do denominado risco
integral. No risco administrativo, não há responsabilidade civil genérica e indiscriminada: se
houver participação total ou parcial do lesado para o dano, o Estado não será responsável no
primeiro caso e, no segundo, terá atenuação no que concerne a sua obrigação de indenizar. Por
conseguinte, a responsabilidade civil decorrente do risco administrativo encontra limites. Já no
risco integral a responsabilidade sequer depende do nexo causal e ocorre até mesmo quando a
culpa é da própria vítima.
8
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p. 594.
No caso de culpa exclusiva da vítima, é fundamental que reste demonstrado que o causador do
dano foi a vítima e, consequentemente, que o Estado não exerceu qualquer comportamento que
levou à ocorrência da lesão. Isso afasta o nexo de causalidade. No mesmo sentido, a culpa
exclusiva de terceiro também acarreta rompimento do nexo causal quando a conduta praticada
por ele seja a causa única do evento danoso.
#ficadica
Para a exclusão da responsabilidade estatal, deve-se atentar para o exame fático dos
seguintes elementos: conduta estatal, dano ou nexo de causalidade.
Inexistindo conduta do Poder Público para a ocorrência do dano à suposta vítima,
não há nexo causal, o que é suficiente para afastar a Responsabilidade Objetiva do
Estado.
Pode-se cogitar também de casos em que haja culpa concorrente. Neste caso, cada um arcaria
com os prejuízos decorrentes de seu respectivo comportamento. Aqui, portanto, não há que se falar
em exclusão da obrigação de indenizar do Estado, mas sim em um compartilhamento de
responsabilidades, proporcional à medida da responsabilização. Caso a Administração Pública
demonstre que houve culpa recíproca, ou seja, dela e do particular, concomitantemente, sua
obrigação de indenizar será proporcionalmente atenuada. Veja um exemplo de concorrência
de responsabilização extraído da jurisprudência do STJ:
No caso de atropelamento de pedestre em via férrea, configura-se a concorrência de
causas, impondo a redução da indenização por dano moral pela metade, quando:
(i) a concessionária do transporte ferroviário descumpre o dever de cercar e fiscalizar
os limites da linha férrea, mormente em locais urbanos e populosos, adotando conduta
negligente no tocante às necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes a evitar a
ocorrência de sinistros; e (ii) a vítima adota conduta imprudente, atravessando a via férrea em
local inapropriado. (Jurisprudência em Teses, edição nº 61, item 13).
O egrégio Supremo Tribunal Federal tem diversas decisões sobre o tema das excludentes da
responsabilidade do Estado. Veja:
RE 109.615 – STF:
Os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil
objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade
material entre o eventus damni e o comportamento positivo (ação) ou negativo
(omissão) do agente público, (c) a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente
do Poder Público, que tenha, nessa condição funcional, incidido em conduta comissiva ou
omissiva, independentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional (RTJ 140/636) e
(d) a ausência de causa excludente da responsabilidade estatal.
O princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o
abrandamento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do Estado, nas
hipóteses excepcionais configuradoras de situações liberatórias - como o caso fortuito e a força
maior - ou evidenciadoras de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO PODER PÚBLICO POR DANOS CAUSADOS A ALUNOS NO
RECINTO DE ESTABELECIMENTO OFICIAL DE ENSINO. - O Poder Público, ao receber o
estudante em qualquer dos estabelecimentos da rede oficial de ensino, assume o grave
compromisso de velar pela preservação de sua integridade física, devendo empregar todos os
meios necessários ao integral desempenho desse encargo jurídico, sob pena de incidir em
responsabilidade civil pelos eventos lesivos ocasionados ao aluno. - A obrigação
governamental de preservar a intangibilidade física dos alunos, enquanto estes se
encontrarem no recinto do estabelecimento escolar, constitui encargo indissociável do
dever que incumbe ao Estado de dispensar proteção efetiva a todos os estudantes que se
acharem sob a guarda imediata do Poder Público nos estabelecimentos oficiais de ensino.
Descumprida essa obrigação, e vulnerada a integridade corporal do aluno, emerge a
responsabilidade civil do Poder Público pelos danos causados a quem, no momento do
fato lesivo, se achava sob a guarda, vigilância e proteção das autoridades e dos
funcionários escolares, ressalvadas as situações que descaracterizam o nexo de
causalidade material entre o evento danoso e a atividade estatal imputável aos agentes
públicos.
RE 228.977 - STF:
O Supremo Tribunal já assentou que, salvo os casos expressamente previstos em lei,
a responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos de juízes. (RE
553.637-ED, rel. min. Ellen Gracie, julgamento em 4-8-2009, Segunda Turma, DJE de
25-9-2009.) Vide: RE 228.977, rel. min. Néri da Silveira, julgamento em 5-3-2002, Segunda
Turma, DJ de 12-4-2002.
RE 283.989 - STF:
Caracteriza-se a responsabilidade civil objetiva do poder público em decorrência de
danos causados, por invasores, em propriedade particular, quando o Estado se omite
no cumprimento de ordem judicial para envio de força policial ao imóvel invadido.
Segundo Bandeira de Mello 9, “há responsabilidade objetiva quando basta para caracterizá-la a
simples relação causal entre um acontecimento e o efeito que produz”.
Apenas a partir da Constituição Federal de 1946 o Brasil admitiu a responsabilização objetiva do
Estado. Houve avanços pontuais, seja através da legislação, seja pela jurisprudência, até
chegarmos ao entendimento hoje dominante, que ainda rende algumas divergências entre
publicistas e juristas renomados, provando que, não obstante sua previsão constitucional e diversos
julgados no STJ e STF, alguns pontos ainda precisam ser solidificados.
Veja como a Constituição Federal de 1988 trata o tema:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
Essa previsão constitucional é praticamente reproduzida no Código Civil, em seu art. 43:
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos
seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra
os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Entretanto, esses artigos não se aplicam a toda a Administração Pública. Ele não se aplica às
empresas públicas e às sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica.
Essas entidades estão sujeitas às regras de responsabilidade civil aplicável às pessoas jurídicas
privadas em geral, sendo tal responsabilidade regulada pelo código civil e não pela Constituição
Federal.
As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, que inclui as delegatárias
de serviços públicos, como as concessionárias e permissionárias desses serviços, estão sujeitas
ao regime de responsabilidade previsto na Carta Magna no art. 36, §6º, e também pelo Código Civil
em seu art. 43.
Dessa forma, configura a responsabilidade da Administração Pública o ato praticado pelo agente
público como decorrência de sua condição de agente público, ou das atribuições de sua função
pública, mesmo que ele esteja atuando ilicitamente, ultrapassando sua competência. O que importa
é que a qualidade de agente público seja ostentada na atuação deste, e é irrelevante o fato de que
ele, ao causar o dano, estivesse agindo dentro, fora ou além de sua competência legal. Em outros
termos, é necessária a existência efetiva de algum vínculo jurídico entre o agente e a pessoa jurídica
prestadora de serviço público, ainda que esse vínculo esteja eivado por vício insanável de validade
(funcionário de fato).
A responsabilização do Estado não ocorre caso o vínculo com o poder público seja inexistente,
como no caso da usurpação de função. Outro exemplo digno de nota diz respeito às organizações
sociais e às organizações da sociedade civil de interesse público. Essas possuem vínculos com o
Estado (contratos de gestão e termos de parceria), prestando serviços de relevância pública.
Contudo, por exercerem atividades de auxílio ao Poder Público, não há que se falar em
responsabilidade estatal por danos causados por essas entidades do terceiro setor.
Por outro lado, há casos em que uma aparente não vinculação ao Estado pode ensejar a
responsabilização deste. Por exemplo, já foi reconhecida a responsabilidade extracontratual da
Administração Pública quando um policial militar de folga fez uso da arma de fogo pertencente à
corporação para causar lesão a outra pessoa. (RE 160.401).
É necessária a apreciação de cada circunstância concreta a fim de caracterizar a incidência ou não
da responsabilidade objetiva do Estado. Como regra geral, um servidor fora de seus afazeres
funcionais, quando age e causa dano a alguém, não faz ensejar a responsabilização
extracontratual, respondendo pelos seus atos na esfera cível.
Por fim, observa-se que não somente os atos administrativos podem gerar indenização, mas os
fatos também podem ensejar tal responsabilização. Por exemplo: se um carro oficial, conduzido por
um agente público, colide com um veículo particular sem que seja possível a apuração de quem
teve culpa pelo acidente, aplica-se o art. 37, § 6º da CRFB/88 devendo, assim, o poder público
indenizar o particular lesado. Note-se que não ficou provada a culpa do servidor pelo ato, não foi
um ato administrativo o que causou o dano, mas ocorreu um fato jurídico, aqui denominado fato
administrativo (ou fato material) que apresenta os citados elementos necessários à
responsabilização do Estado, conforme preceitua a CRFB/88.
O Supremo Tribunal Federal tem diversas decisões sobre o tema da responsabilidade objetiva
do Estado. Veja:
Súmula Vinculante nº 11:
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou
de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,
justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual
a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
RE 136.861 (Rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 11-3-2020, Informativo 969,
RG, Tema 366):
Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos
decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de
um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para
funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais
irregularidades praticadas pelo particular.
RE 598.356 (Rel. min. Marco Aurélio, j. 8-5-2018, 1ª T, DJE de 1º-8-2018):
A teor do disposto no artigo 37, § 6º, da CF, há responsabilidade civil de pessoa jurídica
prestadora de serviço público em razão de dano decorrente de crime de furto praticado
em posto de pesagem, considerada a omissão no dever de vigilância e falha na
prestação e organização do serviço.
RE 228.977 - STF:
“O Supremo Tribunal já assentou que, salvo os casos expressamente previstos em lei,
a responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos de juízes.” (RE
553.637-ED, rel. min. Ellen Gracie, julgamento em 4-8-2009, Segunda Turma, DJE de
25-9-2009.) Vide: RE 228.977, rel. min. Néri da Silveira, julgamento em 5-3-2002, Segunda
Turma, DJ de 12-4-2002.
RE 213.525 – STF:
“Responsabilidade civil objetiva do Estado. Art. 37, § 6º, da Constituição. Crime
praticado por policial militar durante o período de folga, usando arma da corporação.
Responsabilidade civil objetiva do Estado.” (RE 418.023-AgR, rel. min. Eros Grau,
julgamento em 9-9-2008, Segunda Turma, DJE de 17-10-2008.) No mesmo sentido: ARE
751.186-AgR, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 2-12-2014, Segunda Turma, DJE de 17-
12-2014; RE 213.525-AgR, rel. min. Ellen Gracie, julgamento em 9-12-2008, Segunda Turma,
DJE de 6-2-2009.
RE 495.740 – STF:
"A jurisprudência dos tribunais em geral tem reconhecido a responsabilidade civil
objetiva do Poder Público nas hipóteses em que o eventus damni ocorra em hospitais
públicos (ou mantidos pelo Estado), ou derive de tratamento médico inadequado,
ministrado por funcionário público, ou, então, resulte de conduta positiva (ação) ou negativa
(omissão) imputável a servidor público com atuação na área médica. Servidora pública gestante,
que, no desempenho de suas atividades laborais, foi exposta à contaminação pelo
citomegalovírus, em decorrência de suas funções, que consistiam, essencialmente, no transporte
de material potencialmente infecto-contagioso (sangue e urina de recém-nascidos). Filho recém-
nascido acometido da ‘Síndrome de West’, apresentando um quadro de paralisia cerebral,
cegueira, tetraplegia, epilepsia e malformação encefálica, decorrente de infecção por
citomegalovírus contraída por sua mãe, durante o período de gestação, no exercício de suas
atribuições no berçário de hospital público. Configuração de todos os pressupostos primários
determinadores do reconhecimento da responsabilidade civil objetiva do Poder Público, o que faz
emergir o dever de indenização pelo dano pessoal e/ou patrimonial sofrido." (RE 495.740-AgR,
rel. min. Celso de Mello, julgamento em 15-4-2008, Segunda Turma, DJE de 14-8-2009.) Vide: AI
455.846, rel. min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 11-10-2004, DJ de 21-10-
2004.
RE 180.602 - STF:
"Responsabilidade do Estado. Natureza. Animais em via pública. Colisão. A
responsabilidade do Estado (gênero), prevista no § 6º do artigo 37 da
Constituição Federal, é objetiva. O dolo e a culpa nele previstos dizem respeito à
ação de regresso. Responde o Município pelos danos causados a terceiro em virtude da
insuficiência de serviço de fiscalização visando à retirada, de vias urbanas, de animais." (RE
180.602, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 15-12-1998, Segunda Turma, DJ de 16-4-1999.
A tese defendida por essa teoria é que basta a existência do evento danoso e do nexo causal para
que surja a obrigação de indenizar para o Estado, sem a possibilidade de que este alegue
excludentes de sua responsabilidade.
Existe grande controvérsia na doutrina quanto à existência, ou não, de hipóteses em que o nosso
ordenamento jurídico tenha adotado a teoria do risco integral para a responsabilização
extracontratual do Estado. Segundo alguns juristas, um exemplo seria o dos danos causados por
acidentes nucleares (CF, art. 21, XXIII, "d"), uma vez que, aqui, ficaria afastada qualquer
possibilidade de alegação de excludentes pelo Estado. Veja:
[...]
[...]
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; [grifos não
constantes no original]
Por fim, cabe ressaltar que nos casos de danos ambientais, tanto a doutrina quanto a jurisprudência
majoritária reconhecem ter sido adotada no Brasil a responsabilidade civil baseada no risco integral.
E o conceito de "risco integral" que empregam é praticamente o mesmo que expusemos acima:
obrigação de reparar o dano decorrente da atividade, sem possibilidade de alegação de
excludentes. Esse risco integral que caracteriza a responsabilidade por danos ambientais aplica-se
de forma absolutamente igual para todos, sem peculiaridades no que toca aos danos ocasionados
pela administração pública. O Informativo 507 do Superior Tribunal de Justiça trata desse tema:
pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que
o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável
pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar a sua obrigação de
indenizar. A doutrina menciona que, conforme o art. 14, § 1º, da Lei 6.938/1981, a
responsabilidade por dano ambiental é objetiva, tendo por pressuposto a existência de
atividade que implique riscos para a saúde e para o meio ambiente, sendo o nexo de
causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato que é
fonte da obrigação de indenizar, de modo que, aquele que explora a atividade econômica
coloca-se na posição de garantidor da preservação ambiental, e os danos que digam respeito à
atividade estarão sempre vinculados a ela. Por isso descabe a invocação, pelo responsável pelo
dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil. No mesmo sentido, há recurso
repetitivo do STJ em situação análoga (REsp 1.114.398/PR, Segunda Seção, DJe 16/2/2012).
Com efeito, está consolidando no âmbito do STJ a aplicação aos casos de dano ambiental da
teoria do risco integral, vindo daí o caráter objetivo da responsabilidade. (AgRg no REsp
1.412.664-SP, Quarta Turma, DJe 11/3/2014, AgRg no AREsp 201.350-PR, Quarta Turma, DJe
8/10/2013). REsp 1.354.536-SE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão).
Sobre danos ambientais, o STF decidiu que a pretensão de reparação civil de dano ambiental é
imprescritível, tal é a importância do meio ambiente para a coletividade, nos moldes do art. 225
da CRFB. Foi o entendimento fixado no julgamento do RE 654.833 (Tema 999 da Repercussão
Geral – Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 20-04-2020).
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
Assim, verifica-se que, na parte final do §6º, é feita referência à responsabilidade do agente
causador do dano, que, se for o caso, terá que ressarcir a pessoa jurídica que foi condenada a
indenizar a pessoa que o sofreu.
Trata-se da Teoria da Dupla Garantia, que tem como um de seus fundamentos o princípio da
Impessoalidade. O raciocínio é o seguinte: se o agente público agiu em função dessa qualidade,
deve-se perceber que quem agiu foi o Estado. Sendo assim, havendo dano, o Estado é quem deve
reparar e indenizar a vítima. Trata-se da primeira garantia: o Estado é quem garante a vítima.
A segunda garantia é relacionada ao agente. Se este agiu com dolo ou culpa (por exemplo, caso
de um servidor que propositalmente prejudicou o cidadão), o Estado, após ter reparado o dano da
vítima, poderá mover uma ação de regresso em face do agente público causador do dano para
cobrar desse último o quanto foi dispendido com a indenização da vítima. O agente tem a garantia
de que somente a entidade estatal é que poderá mover uma ação de responsabilização contra ele,
e não a vítima diretamente.
Trata-se, na essência, de uma relação triangular, em que a vítima ajuíza uma ação contra o Estado.
Este último, se concluir que o agente público deu causa ao dano, é quem processará o agente
público responsável.
Acerca disso, é relevante mencionar o julgamento do RE 1027633 (Rel. Min. Marco Aurélio,
publicado em 05/12/2019), em que a Suprema Corte consolidou o entendimento sobre a
responsabilização do Estado e a do servidor. Referido julgamento resultou no estabelecimento da
tese do Tema nº 940 da Repercussão Geral, cujo teor é o seguinte:
A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados
por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de
direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação
o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.
Vamos verificar uma decisão relevante do STF que trata sobre responsabilidade de parecerista no
âmbito da Administração Pública. A decisão é bastante didática e merece ser lida com atenção:
MS 24.631/DF:
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONTROLE EXTERNO. AUDITORIA PELO
TCU. RESPONSABILIDADE DE PROCURADOR DE AUTARQUIA POR EMISSÃO
DE PARECER TÉCNICO-JURÍDICO DE NATUREZA OPINATIVA. SEGURANÇA
DEFERIDA.
I. Repercussões da natureza jurídico-administrativa do parecer jurídico:
(i) quando a consulta é facultativa, a autoridade não se vincula ao parecer proferido, sendo que
seu poder de decisão não se altera pela manifestação do órgão consultivo;
(ii) quando a consulta é obrigatória, a autoridade administrativa se vincula a emitir o ato tal como
submetido à consultoria, com parecer favorável ou contrário, e se pretender praticar ato de forma
diversa da apresentada à consultoria, deverá submetê-lo a novo parecer;
(iii) quando a lei estabelece a obrigação de decidir à luz de parecer vinculante, essa manifestação
de teor jurídica deixa de ser meramente opinativa e o administrador não poderá decidir senão nos
termos da conclusão do parecer ou, então, não decidir.
II. No caso de que cuidam os autos, o parecer emitido pelo impetrante não tinha caráter
vinculante. Sua aprovação pelo superior hierárquico não desvirtua sua natureza opinativa, nem o
torna parte de ato administrativo posterior do qual possa eventualmente decorrer dano ao erário,
mas apenas incorpora sua fundamentação ao ato.
III. Controle externo: É lícito concluir que é abusiva a responsabilização do parecerista à luz de
uma alargada relação de causalidade entre seu parecer e o ato administrativo do qual tenha
resultado dano ao erário. Salvo demonstração de culpa ou erro grosseiro, submetida às
instâncias administrativo-disciplinares ou jurisdicionais próprias, não cabe a responsabilização do
advogado público pelo conteúdo de seu parecer de natureza meramente opinativa. Mandado de
segurança deferido.
Essa decisão do STF vai muito ao encontro do que prevê o art. 28 da Lei de Introdução às Normas
do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/42):
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em
caso de dolo ou erro grosseiro.
Um tema que também pode aparecer em prova diz respeito ao que se conhece como agente
putativo. José dos Santos Carvalho Filho10 apresenta as seguintes considerações:
Agentes putativos são os que desempenham uma atividade pública na presunção de que há
legitimidade, embora não tenha havido a investidura dentro do procedimento legalmente
exigido. É o caso, por exemplo, do servidor que pratica inúmeros atos de administração, tendo
sido admitido sem aprovação em concurso público. [...]
Em relação aos agentes putativos, podem ser questionados alguns atos praticados internamente
na Administração, mas externamente devem ser convalidados, para evitar que terceiros de boa-
fé sejam prejudicados pela falta de investidura legítima. Fala-se aqui na aplicação da teoria da
aparência, significando que para o terceiro há uma fundada suposição de que o agente é de
direito. Acresce, ainda, que, se o agente exerceu as funções dentro da Administração, tem ele
direito à percepção da remuneração, mesmo se ilegítima a investidura, não estando obrigado a
devolver os respectivos valores; a não ser assim, a Administração se beneficiaria de
enriquecimento sem causa.
Note-se, porém, que o agente de fato jamais poderá usurpar a competência funcional dos
agentes públicos em geral, já que este tipo de usurpação da função pública constitui crime
previsto no art. 328 do Código Penal.
Pelas explicações do professor, podemos concluir que as ações e omissões do agente público
putativo podem ensejar a responsabilidade civil do Estado, desde que a conduta dele esteja
revestida de legitimidade e aparência perante o terceiro de boa-fé. Por outro lado, o usurpador de
função pública, pessoa que pratica fato típico e antijurídico previsto no Código Penal, não enseja
a responsabilização do Poder Público, conforme já abordado em tópico anterior.
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do
Poder Público.
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos
oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
10
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p. 632.
Ao se verificar a redação da Lei Federal nº 8.935/94, conhecida como “Lei dos Cartórios”, há a
seguinte disposição:
Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que
causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou
escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso.
Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado o prazo da data
de lavratura do ato registral ou notarial.
Como se vê, aqueles agentes respondem subjetivamente por seus atos. Portanto, o cidadão que
eventualmente se sentir prejudicado em função da atuação de algum notário ou registrador pode
ajuizar ação de responsabilidade diretamente contra ele, desde que observe o prazo prescricional
de 3 anos (nos termos do art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil). Ademais, como se trata de
responsabilidade subjetiva, o interessado deve comprovar dolo ou culpa por parte do oficial ou
tabelião.
Nesse cenário surge a seguinte questão: já que os serviços prestados pelos cartórios são
delegados pelo Poder Público, não se poderia cogitar da responsabilização objetiva do Estado? Em
outras palavras, não poderia o cidadão prejudicado responsabilizar o Estado ao invés de ajuizar a
ação contra o oficial ou tabelião?
O Supremo Tribunal Federal teve a oportunidade de apreciar o assunto por ocasião do julgamento
do RE 842.846/SC, julgado na sistemática de repercussão geral (Tema 777).
O STF entendeu pela possibilidade de o cidadão ajuizar ação de responsabilização objetiva do
Estado, firmando-se o entendimento de que o Estado possui responsabilidade civil direta e primária
pelos danos causados por tabeliães e registradores no exercício de serviço público delegado.
O julgamento do STF acerca do tema está abaixo transcrito:
Celso Antônio Bandeira de Mello 11 faz considerações de forma objetiva e direta acerca da
responsabilidade por atos legislativos e judiciais. Para os atos administrativos, já vimos que a regra
constitucional é a responsabilidade objetiva da Administração. Mas, quanto aos atos legislativos
e judiciais, a Fazenda Pública só responde mediante a comprovação de culpa manifesta na
sua expedição, de maneira ilegítima e lesiva. Essa distinção resulta do próprio texto constitucional,
que só se refere aos agentes administrativos (servidores), sem aludir aos agentes políticos
(parlamentares e magistrados), que não são servidores da Administração Pública, mas sim
membros de Poderes de Estado.
O ato legislativo típico, que é a lei, dificilmente poderá causar prejuízo indenizável ao particular,
porque, como norma abstrata e geral, atua sobre toda a coletividade, em nome da Soberania do
Estado, que, internamente, se expressa no domínio eminente sobre todas as pessoas e bens
existentes no território nacional. Como a reparação civil do Poder Público visa a restabelecer o
equilíbrio rompido com o dano causado individualmente a um ou alguns membros da comunidade,
não há que se falar em indenização da coletividade. Só excepcionalmente poderá uma lei
inconstitucional atingir o particular “uti singuli”, causando-lhe um dano injusto e reparável.
Além disso, pode ocorrer também um dano jurídico lícito indenizável, em que a promulgação e
entrada em vigência de uma lei pode prejudicar o interesse de alguns integrantes da coletividade
em prol de um benefício maior. Contudo, é importante frisar que esse dano deve ser
economicamente mensurável (acarretando efeitos concretos), anormal e especial.
A doutrina e a jurisprudência reconhecem a possibilidade de atos legislativos ensejarem
responsabilidade civil do Estado em duas situações:
ARE 1175599 AgR (Rel. min. Rosa Weber, 1ª Turma, j. 10-12-2019, DJe 03-02-
2020):
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. REDUÇÃO DE
ALÍQUOTA DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE PREJUÍZO ANORMAL
E ESPECIAL AOS ANOS DE 1995 E 1996. AUSÊNCIA, TODAVIA, DE DIREITO SUBJETIVO À
PERMANÊNCIA DE DETERMINADA POLÍTICA ECONOMICA.
1. A possibilidade de alteração da alíquota do imposto de importação por ato do poder
público, nos termos do art. 153, § 1º da Constituição sendo instrumento de política economia,
não gera direito a indenização por se caracterizar como ato legislativo, com efeito geral e
abstrato. 2. É inerente à política econômica a possibilidade de alteração para atender a
circunstâncias internas e externas assim como é inerente ao risco empresarial a necessidade de
adaptação a tais mudanças. Não há direito subjetivo à manutenção de determinada política
econômica, desde que estabelecida genericamente e sem compromisso de sua permanência por
determinado prazo. 3. Não havendo afronta ao princípio da boa-fé ou quebra de confiança a
legitimar a expectativa sólida no sentido de manutenção das alíquotas do imposto de importação,
não se configura responsabilidade civil do Estado pelos prejuízos resultantes da queda dos níveis
de venda dos produtos nacionais. 4. Embargos infringentes improvidos.
AI 631.276 (Rel. min. Celso de Mello, j. 1º-2-2011, dec. monocrática, DJE de 15-2-
2011):
A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 29,
VIII, c/c art. 53, caput) exclui a responsabilidade civil (e também penal) do membro
do Poder Legislativo (vereadores, deputados e senadores), por danos eventualmente
resultantes de manifestações, orais ou escritas, desde que motivadas pelo desempenho do
mandato (prática in officio) ou externadas em razão deste (prática propter officium). Tratando-se
de vereador, a inviolabilidade constitucional que o ampara no exercício da atividade legislativa
estende-se às opiniões, palavras e votos por ele proferidos, mesmo fora do recinto da própria
câmara municipal, desde que nos estritos limites territoriais do Município a que se acha
funcionalmente vinculado. (...) A EC 35/2001, ao dar nova fórmula redacional ao art. 53, caput, da
Constituição da República, consagrou diretriz, que, firmada anteriormente pelo STF (...), já
reconhecia, em favor do membro do Poder Legislativo, a exclusão de sua responsabilidade civil,
como decorrência da garantia fundada na imunidade parlamentar material, desde que satisfeitos
determinados pressupostos legitimadores da incidência dessa excepcional prerrogativa jurídica.
Essa prerrogativa político-jurídica – que protege o parlamentar (como os vereadores, p. ex.) em
tema de responsabilidade civil – supõe, para que possa ser invocada, que exista o necessário
nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a
prática inerente ao ofício legislativo, de outro, salvo se as declarações contumeliosas
houverem sido proferidas no recinto da casa legislativa, notadamente da tribuna parlamentar,
hipótese em que será absoluta a inviolabilidade constitucional. (...) Se o membro do Poder
Legislativo, não obstante amparado pela imunidade parlamentar material, incidir em abuso
dessa prerrogativa constitucional, expor-se-á à jurisdição censória da própria casa
legislativa a que pertence (CF, art. 55, § 1º).
O ato judicial típico, que é a sentença ou decisão, enseja responsabilidade civil da Fazenda Pública,
nas hipóteses do art. 5º, LXXV, da CRFB/88. Veja:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença; [...] [grifos não constantes no original]
Nos demais casos, tem prevalecido no STF o entendimento de que ela não se aplica aos atos do
Poder Judiciário e de que o erro judiciário não ocorre quando a decisão judicial está suficientemente
fundamentada e obediente aos pressupostos que a autorizam (prisões cautelares, por exemplo,
quando o réu é inocentado ao final do processo). Ficará, entretanto, o juiz individual e civilmente
responsável por dolo, fraude, recusa, omissão ou retardamento injustificado de providências de seu
oficio, nos expressos termos do art. 143 do CPC/2015,. Porém, nos casos do referido art. 5º, LXXV,
a responsabilidade pelo dano é do Estado, não do juiz. Veja a literalidade do dispositivo no
CPC/2015:
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a
requerimento da parte. [...] [grifos não constantes no original]
Quanto aos atos administrativos praticados por órgãos do Poder Judiciário e do Poder Legislativo,
estes equiparam-se aos demais atos da Administração e, se lesivos, empenham a responsabilidade
civil objetiva da Fazenda Pública. Assim, tem-se que, segundo a regra constitucional, a
responsabilidade por parte da Administração Pública em relação aos atos administrativos é aquela
concernente à teoria objetiva.
Quando um fato causa um dano, este dano, por regra, deve ser reparado. Não basta, contudo, para
a verificação da responsabilização civil, que o ato meramente ocorra e que cause o dano – existem
elementos que precisam estar presentes para que se configure um dano que deve, de fato, ser
reparado.
Em linhas gerais, temos os seguintes elementos para caracterizar a responsabilidade civil:
Ação: diz respeito a um ato praticado no mundo concreto que causa um efeito sensível.
Nexo de causalidade: é a relação lógica e perceptível entre a prática do ato e o resultado deste.
Culpa: é uma imputação feita a alguém que pratica um ato de certa forma reprovável, sendo que
existem diversos tipos de culpa.
9.1 AÇÃO
Trata-se do ato que gera o dano, é o “fato gerador” da responsabilização civil. É um ato que, de
alguma forma, prejudica alguém.
Como já explanado nesta aula, existem as excludentes de responsabilidade – existem atos que,
mesmo que causem dano, não geram a obrigação de se reparar este dano causado. Pode-se citar
como exemplos o exercício regular de direito, o estrito cumprimento do dever legal, o caso fortuito
ou força maior, a culpa exclusiva da vítima, entre outras hipóteses. Caso se verifique alguma destas
excludentes, não há de se falar em responsabilização civil. As excludentes são previstas em lei.
9.2 DANO
O instituto do ‘dano’ é nada mais que o resultado da ação, o prejuízo de uma pessoa, seja aquele
perceptível no mundo concreto, na esfera íntima ou psicológica e até mesmo no âmbito físico,
corporal do indivíduo lesado.
O dano apto a ensejar a responsabilidade do Estado deve ser anormal, não bastando pensar-se
apenas em um incômodo gerado à vítima. O simples fato de se viver em sociedade pode gerar
alguns incômodos às pessoas, tais como o trânsito e a poluição do ar, por exemplo. Quanto a isso,
não há que se falar em responsabilidade estatal a ponto de viabilizar a indenização da vítima. Por
outro lado, o que não se pode tolerar é o dano anormal, que viole algum bem jurídico da vítima.
O dano pode ser “material”, “moral” e “estético”.
a) Dano material é aquele que reflete no mundo real, concreto, factível. Normalmente se relaciona
a pecúnia, podendo também se tratar de algum outro tipo de restituição. É o dano que podemos
constatar com certa ou até mesmo com total objetividade. Subdivide-se em dano emergente e
lucros cessantes.
É dano emergente aquele que podemos facilmente verificar no mundo concreto; é a destruição de
um bem, a perda de valores guardados numa mala extraviada, a ofensa à integridade física, no
sentido das despesas causadas, a desvalorização de um bem imóvel por fato causado por terceiro;
enfim, é todo o dano possível de se verificar de forma objetiva, que diga respeito a valores
perceptíveis no mercado.
Os lucros cessantes correspondem ao que se deixou de ganhar; são aqueles lucros, proveitos,
rendimentos que provavelmente seriam auferidos pela vítima, caso não tivesse sofrido o dano.
b) Dano moral: trata-se de dano abstrato, pois não é possível se notar no mundo concreto de forma
objetiva, não pode ser facilmente constatado pelos preços do mercado. O dano moral compreende
tudo aquilo que atinge o indivíduo em seu íntimo, em seus aspectos psicológicos, o ofendendo,
fragilizando-o mentalmente, o sensibilizando, etc. O dano moral age essencialmente na “psique” da
vítima. Exemplo: a destruição de um bem pessoal de muita valia para uma pessoa, por ter sido
presente de ente querido que falecera, independentemente de seu valor de mercado; o transtorno
psicológico – além do financeiro – causado por uma internação médica; o constrangimento de uma
piada; o vazamento de imagens ou informações íntimas; ofensas proferidas, dentre infinitas
hipóteses.
c) Dano estético: é modalidade mais recente no direito brasileiro, sendo anteriormente parte
integrante do direito moral e deste – bem como do dano material – estar de certa forma mesclado,
ao ponto que o tema pode ser um tanto confuso. Nesta espécie de dano podemos constatar no
mundo factível – mais especificamente no corpo de uma pessoa – os resultados de uma ação
indenizável: é o caso de ferimentos, cicatrizes, deformidades causadas a alguém.
Este instituto é essencial à responsabilização, sendo a relação lógica perceptível entre o ato e seu
resultado. Não é possível atribuir a alguém uma responsabilidade se o resultado danoso não tem a
mínima ligação lógica com um ato ou fato praticado e seu agente.
O nexo causal deve sempre ser analisado no caso concreto, sob pena de não se poder chegar a
uma conclusão segura – pois todas as nuances do caso devem ser observadas. É importante
também nunca se cometer o erro de proceder ao “regresso ao infinito”, forma de raciocínio sobre o
nexo causal que leva a um inconcebível fluxo eterno de responsabilização ao se regredir
infinitamente nas relações de causa x efeito.
9.4 CULPA
É uma imputação feita a alguém devido a ato ou fato que ocorra. É o indicio que nos diz quem deve
ser responsabilizado pelo dano. Na responsabilidade civil subjetiva, é necessária a comprovação
de culpa. A culpa pode ser direta – quando o agente causador do dano é a própria pessoa a ser
culpada – ou indireta, quando o dano é causado por um animal ou coisa pertencente ao indivíduo
que será responsabilizado, ou ainda, por um terceiro de quem o sujeito é responsável.
A culpa pode derivar de negligência, imperícia ou imprudência.
Derivações da culpa:
Imperícia: é o caso de o agente não estar apto a realizar o ato que está praticando com a
necessária perfeição e habilidade, causando assim um dano – é caso do médico que executa
operação para a qual não está preparado devidamente.
Imprudência: o agente sabe do risco da sua ação possivelmente causar um dano, porém ainda
assim decide por realiza-la, e então o dano ocorre – temos como exemplo o manobrista que sabe
que seu movimento ao volante não é o mais seguro e certeiro, porém o realiza achando que nada
acontecerá, porém este acaba por danificar o veículo.
O Supremo Tribunal Federal tem diversas decisões sobre o tema dos elementos necessários
para caracterização da Responsabilidade Civil. Veja:
RE 486.825 - STF:
“O dano suportado pelos servidores, derivado do rompimento unilateral pela
administração do plano de pensão, consubstancia direito à indenização, na forma do §
6º do art. 37 da CF. Com o que se faz imperioso o reconhecimento da situação jurídica
subjetiva dos recorrentes ante o Poder Público, sob pena de se chancelar o enriquecimento
estatal sem causa.” (RE 486.825, rel. min. Ayres Britto, julgamento em 6-9-2011, Primeira
Turma, DJE de 6-2-2012).
RE 339.852 - STF:
“Nos termos da jurisprudência do STF, é cabível a indenização por danos materiais
nos casos de demora na nomeação de candidatos aprovados em concursos públicos,
quando o óbice imposto pela administração pública é declarado inconstitucional pelo
Poder Judiciário.” (RE 339.852-AgR, rel. min. Ayres Britto, julgamento em 26-4-2011, Segunda
Turma, DJE de 18-8-2011.) Vide: RE 724.347, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, julgamento em
26-2-2015, Plenário, DJE de 13-5-2015, com repercussão geral.
RE 573.595- STF:
“Latrocínio cometido por foragido. Nexo de causalidade configurado. (...) A negligência
estatal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais diante da terceira
fuga e o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para
caracterizar o nexo de causalidade. Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade
objetiva nos termos do disposto no art. 37, § 6º, da CB.” (RE 573.595-AgR, rel. min. Eros Grau,
julgamento em 24-6-2008, Segunda Turma, DJE de 15-8-2008.)
RE 341.776- STF:
"Responsabilidade civil do Estado. Morte. Vítima que exercia atividade policial
irregular, desvinculada do serviço público. Nexo de causalidade não configurado."
(RE 341.776, rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 17-4-2007, Segunda Turma, DJ
de 3-8-2007).
O dano deve ser medido em sua extensão. Assim, a reparação deve ser proporcional ao próprio
dano. Atualmente entende-se que a reparação pode ser superior a capacidade financeira do
degradador, mantendo-se proporcional ao dano causado. A quantificação da indenização devida
segue algumas regras. Seu parâmetro é dado pela jurisprudência dos Tribunais, sendo
inconstitucional a fixação de um teto ou tabelamento ao valor. Primeiramente, a reparação do dano
deve ser no sentido de reparação ao status quo; isso não sendo possível, deve-se indenizar
pecuniariamente a vítima. A responsabilização deve de certa forma inibir a prática do ato que
causou o dano, porém não deve gerar enriquecimento sem causa para a vítima.
Consoante aos ensinamentos de Hely Lopes Meirelles 12 , “a reparação do dano causado pela
Administração a terceiros obtém-se amigavelmente ou por meio da ação de indenização, e, uma
vez indenizada a lesão da vítima, fica a entidade pública com o direito de voltar-se contra o servidor
culpado para haver dele o despendido, através da ação regressiva autorizada pelo § 6º, do art. 37
da CRFB/88”.
Além do foro competente, a questão da prescrição é importante de ser lembrada. Como regra geral,
e consonante o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (Tema 553 da sistemática de Recurso
Repetitivo), o prazo prescricional das ações indenizatórias é quinquenal, nos dizeres do art. 1º do
Decreto Federal nº 20.910/32. O termo inicial para a contagem desse prazo de cinco anos se inicia
do ato ou fato do qual se originou o dano à vítima. No mesmo sentido, há também a previsão do
art. 1º-C da Lei Federal nº 9.494/97. Vejamos esses dispositivos:
Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.
Art. 1o-C. Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos causados por
agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos.
Como já visto em tópico anterior, a ação, como regra geral, deve ser proposta em face do Estado,
uma vez que cabe à vítima tão somente comprovar o ato ou omissão estatal, o dano a ela causado
e o nexo de causalidade entre aqueles dois aspectos. Contudo, já houve ações em que figurava no
polo passivo da demanda o próprio agente público.
José dos Santos Carvalho Filho 13 , por exemplo, assim discorre sobre essa temática: “não se
compadece com o amplo direito de ação assegurado aos administrados em geral e deixa em
situação cômoda o agente que efetivamente perpetrou o dano. Por outro lado, não vislumbramos
no ordenamento jurídico fundamento para a blindagem do agente causador do dano em virtude da
possibilidade de ser ajuizada ação em face do Estado. Semelhante pensamento, portanto, é
antagônico ao sistema de garantias outorgados pela Constituição”.
Outro tópico não pacificado diz respeito à necessidade ou não de o Estado promover a denunciação
à lide do agente público causador do dano. Há aqueles que defendem pela sua necessidade,
enquanto outros defendem o sentido oposto.
Sob a égide do antigo Código de Processo Civil, tinha-se que a denunciação à lide era obrigatória.
Pela norma processual atual, fala-se apenas que ela é admissível (art. 125, caput e inciso II). No
mesmo sentido, o STJ possui entendimento jurisprudencial de que é desnecessária a denunciação
da lide ao suposto agente causador do ato lesivo (Jurisprudência em Teses edição nº 61, item 18).
Observa-se que a tendência atual vai mais no sentido de entendê-la como não obrigatória. Dessa
maneira, tem-se admitido que o direito de regresso do Estado contra o agente público responsável
pelo dano pode ser exercido em ação autônoma.
AgRg no REsp 1.424.680/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 03-
04-2014, DJe 09.04.2014)
O acórdão impugnado decidiu em conformidade com a orientação jurisprudencial do Superior
Tribunal de Justiça no sentido de que não se aplica a prescrição quinquenal do Decreto
n. 20.910/1932 às ações de reparação de danos sofridos em razão de perseguição, tortura e prisão,
por motivos políticos, durante o Regime Militar, pois nesse caso é imprescritível a pretensão.
Embora já tenhamos destacado alguns dos aspectos da ação regressiva, é importante notar o
conteúdo do art. 122, § 2º, da Lei nº 8.112/90, que possui a seguinte redação: “Tratando-se de dano
causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva”.
Em complemento ao debate acerca da denunciação da lide, veja que esse dispositivo legal faz
menção à existência de uma ação regressiva, dando a entender que a busca dessa
responsabilização se faz por meio de uma ação autônoma.
Quanto ao prazo para ajuizamento dessa ação, é importante observarmos o art. 37, § 5º, da CRFB:
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.
Entende-se desse dispositivo que o Estado pode propor, a qualquer tempo e sem prazo máximo, a
ação de cobrança em face do servidor em função do prejuízo causado à entidade pública.
Com o advento do novo Código de Processo Civil (Lei Federal nº 13.105/15), os mecanismos
alternativos para solução de litígios foram robustecidos. Logo no art. 3º do referido Código já
encontramos a seguinte previsão:
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos
deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério
Público, inclusive no curso do processo judicial.
Essa regra processual busca consolidar no Brasil algo que a doutrina processualista costuma
denominar de sistema multiportas na busca da pacificação dos conflitos. Nesse cenário, o Poder
Judiciário não fica sendo o único responsável por pacificar lides, existindo também outros
mecanismos.
Leonardo Carneiro da Cunha14 refere-se à expressão multiportas como uma metáfora: seria como
se houvesse, no átrio do fórum, várias portas. A depender do problema apresentado, as partes
seriam encaminhadas para a porta da mediação, ou da conciliação, ou da arbitragem, ou da própria
justiça estatal. Cada forma de solução de litígios possui suas características próprias, sendo que, a
depender do caso concreto, uma ou outra pode se mostrar mais apta a solucioná-lo.
Apesar de a sistemática multiportas ter sido valorizada pelo legislador na elaboração do novo
Código de Processo Civil, trata-se de uma ideia que já permeava o ordenamento jurídico brasileiro
em função de previsões normativas anteriores. A título exemplificativo, menciona-se uma previsão
da Lei Federal nº 8.987/95, que trata sobre as concessões e permissões de serviço público:
Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas:
[...]
XV - ao foro e ao modo amigável de solução das divergências contratuais.
É cláusula essencial do contrato de concessão prever modo amigável para a solução de
divergências contratuais. Portanto, já em 1995 o legislador brasileiro trouxe a possibilidade de se
fazer uso de mecanismos alternativos para a pacificação de conflitos no âmbito dos contratos de
delegação de serviços públicos.
Outra lei de notável importância para concursos públicos também aborda o assunto. É a Lei Federal
nº 11.079/04, que trata sobre as parcerias público-privadas:
Art. 11. O instrumento convocatório conterá minuta do contrato, indicará expressamente a
submissão da licitação às normas desta Lei e observará, no que couber, os §§ 3º e 4º do art. 15,
os arts. 18, 19 e 21 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, podendo ainda prever:
[...]
III – o emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a
arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, de 23
de setembro de 1996, para dirimir conflitos decorrentes ou relacionados ao contrato.
No mesmo sentido, várias das leis que instituíram agências reguladoras após o marco regulatório
de 1995 trouxeram previsões similares. A título ilustrativo, citaremos algumas a seguir:
Algumas Leis Federais que preveem mecanismos alternativos para solução de conflitos
com o Poder Público:
14
A Fazenda Pública em Juízo. 13ª edição, p. 637.
Art. 43. O contrato de concessão dever á refletir fielmente as condições do edital e da proposta
vencedora e terá como cláusulas essenciais:
X - as regras sobre solução de controvérsias, relacionadas com o contrato e sua execução,
inclusive a conciliação e a arbitragem internacional;
Lei Federal nº 10.233/01: trata da criação dos seguintes órgãos: Agência Nacional de Transportes
Terrestres, Agência Nacional de Transportes Aquaviários e Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes.
Art. 35. O contrato de concessão dever á refletir fielmente as condições do edital e da proposta
vencedora e terá como cláusulas essenciais, ressalvado o disposto em legislação específica, as
relativas a:
XVI – regras sobre solução de controvérsias relacionadas com o contrato e sua execução,
inclusive a conciliação e a arbitragem;
Lei Federal nº 10.848/04: dispõe sobre a comercialização de energia elétrica e atribui uma série
de obrigações à Agência Nacional de Energia Elétrica.
Art. 4 º , § 5 º As regras para a resolução das eventuais divergências entre os agentes
integrantes da CCEE serão estabelecidas na convenção de comercialização e em seu estatuto
social, que deverão tratar do mecanismo e da convenção de arbitragem, nos termos da Lei n
º 9.307, de 23 de setembro de 1996.
Lei Federal nº 12.815/13: dispõe sobre a exploração direta e indireta pela União de portos e
instalações portuárias e sobre as atividades desempenhadas pelos operadores portuários.
Art. 62. O inadimplemento, pelas concessionárias, arrendatárias, autorizatárias e operadoras
portuárias no recolhimento de tarifas portuárias e outras obrigações financeiras perante a
administração do porto e a Antaq, assim declarado em decisão final, impossibilita a inadimplente
de celebrar ou prorrogar contratos de concessão e arrendamento, bem como obter novas
autorizações.
§ 1º Para dirimir litígios relativos aos débitos a que se refere o caput , poderá ser utilizada a
arbitragem, nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996.
Nota-se que as leis mais recentes fazem alusão à arbitragem, que abordaremos no próximo tópico.
11.1 ARBITRAGEM
A arbitragem é um dos meios alternativos de resolução de conflitos mais conhecidos no âmbito
processual. De início, frise-se que os procedimentos e peculiaridades da arbitragem são melhor
esmiuçados no estudo da disciplina de Direito Processual Civil. Neste tópico constará apenas aquilo
que interessa ao Direito Administrativo, tendo em vista que ela pode ser aplicada em um eventual
conflito em que se pugne pela responsabilização do Estado diante de alguma circunstância.
Segundo Daniel Amorim Assumpção Neves15, a arbitragem é “antiga forma de solução de conflitos
fundada, no passado, na vontade das partes de submeterem a decisão a um determinado sujeito
que, de algum modo, exercia forte influência sobre elas, sendo, por isso, extremamente valorizadas
suas decisões”. Pessoas com certa prevalência espiritual em uma tribo, por exemplo, interviriam no
conflito a fim de pacificá-lo de maneira imperativa.
Na atualidade, ela mantém essas características antigas, baseando-se em 2 elementos, ainda
conforme Daniel Amorim Assumpção Neves:
• As partes escolhem um ter terceiro de sua confiança que será responsável pela solução do
conflito de interesses; e
• A decisão desse terceiro é impositiva, o que significa que resolve o conflito
independentemente da vontade das partes.
Nota-se que a arbitragem também envolve, à semelhança do que ocorre na jurisdição estatal, a
imposição de uma solução por um terceiro imparcial e que não é parte no conflito levado à
apreciação (heterocomposição). Porém, diferentemente do Poder Judiciário, na arbitragem as
partes chegam a um acordo sobre a pessoa que solucionará o conflito de interesses.
No ordenamento jurídico brasileiro, a arbitragem está prevista na Lei Federal nº 9.307/96. A redação
atual dos artigos iniciais desse diploma normativo, após as modificações trazidas pela Lei Federal
nº 13.129/15, é a seguinte:
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios
relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos
princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.
15
Manual de Direito Processual Civil. Volume único, 10ª edição, p. 77.
Nota-se que, pelo artigo 1º da Lei da Arbitragem, tem-se que o instituto se volta a dirimir conflitos
patrimoniais disponíveis. Diante disso, alguns chegaram a defender que, desde o início, a
arbitragem não se aplicaria no âmbito da Administração Pública, tendo em vista o mote da
indisponibilidade do interesse público. Contudo, atualmente tal visão não deve mais prevalecer, até
mesmo porque a Lei Federal nº 13.129/15 expressamente trouxe para a Lei da Arbitragem as
modificações necessárias para que ela seja aplicável no âmbito da Administração Pública.
A jurisprudência já vem se posicionando há bastante tempo no sentido de ser possível a aplicação
de arbitragem no âmbito da Administração Pública. Por exemplo, vejamos o julgado abaixo:
CC 139.519:
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO ARBITRAL E ÓRGÃO
JURISDICIONAL ESTATAL. CONHECIMENTO. ARBITRAGEM. NATUREZA
JURISDICIONAL. MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITO. DEVER
DO ESTADO. PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA-COMPETÊNCIA. PRECEDÊNCIA DO JUÍZO
ARBITRAL EM RELAÇÃO À JURISDIÇÃO ESTATAL. CONTROLE JUDICIAL A POSTERIORI.
CONVIVÊNCIA HARMÔNICA ENTRE O DIREITO PATRIMONIAL DISPONÍVEL DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O INTERESSE PÚBLICO. CONFLITO DE COMPETÊNCIA
JULGADO PROCEDENTE.
VII - No âmbito da Administração Pública, desde a Lei n. 8.987/95, denominada Lei Geral das
Concessões e Permissões de Serviços Públicos, com a redação dada pela Lei n. 11.196/05, há
previsão expressa de que o contrato poderá dispor sobre o emprego de mecanismos privados
para resolução de conflitos, inclusive a arbitragem. No mesmo sentido a Lei n. 9.478/97, que
regula a política energética nacional, as atividades relativas à extração de petróleo e a instituição
da ANP (artigo 43, X) e a Lei n. 13.129/15, que acresceu os §§ 1º e 2º, ao artigo 1º da Lei n.
9.307/96, quanto à utilização da arbitragem pela Administração Pública.
X - Convivência harmônica do direito patrimonial disponível da Administração Pública com
o princípio da indisponibilidade do interesse público. A Administração Pública, ao recorrer à
arbitragem para solucionar litígios que tenham por objeto direitos patrimoniais disponíveis, atende
ao interesse público, preservando a boa-fé dos atos praticados pela Administração Pública, em
homenagem ao princípio da segurança jurídica.
(Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 10/11/2017).
Vale ressaltar que, em função dos princípios da Administração Pública, algumas peculiaridades
devem ser observadas e seguidas quando um dos polos da relação jurídica envolver o Poder
Público. Por exemplo, o art. 2º, § 3º, da Lei Federal nº 9.307/96 impõe a observância do princípio
da publicidade, ao que eventual arbitragem envolvendo entidades estatais não pode ser
confidencial ou sigilosa. Ademais, em função do princípio da legalidade, aplica-se apenas a
arbitragem de direito aos conflitos em que a Administração esteja envolvida, afastando-se a
arbitragem por equidade.
uma lei própria e uma série de procedimentos específicos, melhor estudados e detalhados no
âmbito do estudo do Direito Processual Civil. Contudo, viu-se no tópico anterior a possibilidade de
sua aplicação para conflitos que envolvam a Administração Pública.
A autocomposição de conflitos envolve a possibilidade de as próprias partes criarem soluções que
atendam aos seus interesses, sem a imposição de uma decisão por um terceiro não participante da
relação jurídica (heterocomposição, caso da arbitragem e da jurisdição estatal).
As espécies mais difundidas de autocomposição são a mediação e a conciliação. Nestas, um
terceiro apenas intervém com o papel de contribuir para que as partes componham, por si próprias,
a melhor solução para a disputa que as envolve.
A diferença entre mediação e conciliação está na presença ou não de vínculo anterior entre as
partes. Na mediação, o mediador auxilia nos casos em que há relação anterior entre as partes,
como nos casos de direito de família. Leonardo Carneiro da Cunha 16 lembra que o mediador não
sugere qualquer solução para o conflito, sendo sua função a de auxiliar os interessados a
compreenderem as questões e os interesses em conflito para que eles mesmos possam identificar
as soluções consensuais. Para que possa haver êxito, o mediador deve agir com paciência, diálogo,
simplicidade e sempre prestando esclarecimentos.
O conciliador, em outra ponta, atua em casos nos quais não há vínculo anterior entre as partes.
Elas não se conheciam antes do evento que gerou o litígio, como em casos de acidentes de trânsito
ou outros danos patrimoniais. Aqui, podem ser sugeridas soluções para a pacificação do caso.
O art. 165 do Código de Processo Civil assim define o papel dos medidadores e conciliadores:
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis
pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de
programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo
anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização
de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior
entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito,
de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios,
soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
O caput do art. 165 cita a necessidade de os tribunais criarem centros judiciários de solução
consensual de conflitos. Já o art. 174 veicula previsão semelhante para o âmbito da Administração
Pública, conforme se vê abaixo:
16
A Fazenda Pública em Juízo. 13ª edição, p. 654.
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e
conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito
administrativo, tais como:
Portanto, o próprio CPC traz a previsão de que deve haver câmaras de mediação e conciliação,
locais aptos a viabilizar soluções consensuais de conflitos. Percebe-se que até mesmo termos de
ajustamento de condutas podem ser celebrados, não sendo tais instrumentos utilizados
exclusivamente pelo Ministério Público, portanto.
A Lei Federal nº 13.140/15 preocupou-se em normatizar, para o âmbito privado, a mediação e a
autocomposição de conflitos no âmbito da Administração Pública. Para o Direito Administrativo,
interessa o estudo do Capítulo II da lei, que trata da autocomposição de conflitos em que for parte
pessoa jurídica de direito público.
Segundo Janaína Soares Noleto Castelo Branco 17:
A novidade instituída pela Lei nº 13.140/2015 está em prever a atuação dessas câmaras também
para a solução de conflitos entre particulares, além de traçar normas gerais de atuação,
corretamente deixando amplo espaço para regulamentação da estrutura, competência e
procedimento por cada ente federado. É louvável a iniciativa legislativa, que, todavia, para ser
bem sucedida muito dependerá da forma como serão administradas as referidas câmaras e de
como serão cumpridas as obrigações reconhecidas pelo ente público ou pelo particular após
mediação exitosa.
O caput art. 32 da lei é muito similar ao já transcrito art. 174 do CPC, o qual prevê a criação das
câmaras de resolução de conflitos no âmbito dos entes federados. Por outro lado, vale transcrever
os parágrafos do art. 32 da Lei Federal nº 13.140/15, que contém disposições relevantes:
§ 3º Se houver consenso entre as partes, o acordo será reduzido a termo e constituirá título
executivo extrajudicial.
17
Advocacia Pública e Solução Consensual dos Conflitos. 2ª edição, p. 153.
Art. 33. Enquanto não forem criadas as câmaras de mediação, os conflitos poderão ser dirimidos
nos termos do procedimento de mediação previsto na Subseção I da Seção III do Capítulo I desta
Lei.
Parágrafo único. A Advocacia Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
onde houver, poderá instaurar, de ofício ou mediante provocação, procedimento de mediação
coletiva de conflitos relacionados à prestação de serviços públicos.
Como se viu no art. 32, § 1º, o modo de composição dos conflitos, bem como o funcionamento das
câmaras administrativas, deve se dar em função de previsão regulamentar no âmbito de cada ente
federado. Logo, é relevante que cada estado e município elabore normas no sentido de criar e
prever o funcionamento desses organismos de solução de conflitos.
#ficadica
Art. 37. É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas autarquias e fundações
públicas, bem como às empresas públicas e sociedades de economia mista federais, submeter
seus litígios com órgãos ou entidades da administração pública federal à Advocacia-
Geral da União, para fins de composição extrajudicial do conflito.
A AGU, portanto, tem competência para apreciar litígios nas relações jurídicas existentes entre
órgãos federais, de um lado, e órgãos pertencentes às demais entidades federadas, de outro lado,
por meio da já citada CCAF.
IMPORTANTE:
Empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias que explorem atividade
econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços em regime de
concorrência NÃO PODERÃO submeter seus litígios à AGU, conforme o art. 38, inciso II, da Lei
Federal nº 13.140/15.
Art. 39. A propositura de ação judicial em que figurem concomitantemente nos polos ativo
e passivo órgãos ou entidades de direito público que integrem a administração pública federal
deverá ser previamente autorizada pelo Advogado-Geral da União.
Como se percebe, a judicialização do conflito em âmbito federal deverá ser autorizada pelo
Advogado-Geral da União, que pode se dar em virtude de insucesso na tentativa de utilização de
autocomposição.
Quanto à responsabilização dos agentes públicos, esses só poderão ser responsabilizados diante
do recebimento de vantagem indevida ou concorrerem para que terceiros a percebam, mediante
dolo ou fraude. Contudo, há que se ponderar essa previsão em relação ao art. 28 da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que também menciona o erro grosseiro, além do dolo,
como fato de responsabilização pessoal do agente público.
a) É cabível ação de regresso manejada pela Pessoa Jurídica de Direito Público, na hipótese de esta ser
condenada a ressarcir um particular, em razão de conduta culposa de agente gerador de dano a
terceiro.
b) Os elementos comuns da responsabilidade civil objetiva e subjetiva são a ação do Estado, o nexo
causal e o dano.
c) Culpa é elemento subjetivo a ser verificado em ação de indenização quando se tratar de
responsabilidade subjetiva.
d) Na ação de reparação de danos, que tem por objeto a conduta comissiva de um agente do Estado, é
preciso que se comprove, além do nexo causal e dano, o elemento volitivo do agente do Estado.
e) Aplica-se a responsabilidade civil subjetiva do Estado na hipótese de dano físico em particular que
estava sob a custódia de um agente policial, e quando a alegação de dano físico decorreu de conduta
omissiva do referido policial.
(D) É aceita nos casos de atos normativos do Poder Executivo e de entes administrativos com função
normativa, mesmo em caso de vícios de inconstitucionalidade ou de ilegalidade.
- A apuração de eventual responsabilidade civil dos agentes dispensa a presença de conduta dolosa ou
culposa.
( ) Certo ( ) Errado
a) Caso fortuito.
b) Culpa concorrente da vítima.
c) Culpa exclusiva de terceiros.
d) Dolo eventual.
e) Força maior.
(A) não há nexo causal entre a conduta da Administração e o dano decorrente de força maior, razão pela
qual em tal situação não se pode falar em dever de indenizar, ainda que provado que a culpa anônima do
serviço concorreu para o evento.
(B) se lícito o ato do agente público que causou o dano, este só implicará dever de indenizar se for
antijurídico, ou seja, anormal e especial.
(C) não haverá dever de indenizar nos casos em que o princípio da igualdade de todos na distribuição dos
ônus e encargos sociais deva ceder diante do interesse da continuidade do serviço ou da intangibilidade da
obra pública.
(D) ela não se afasta pela culpa exclusiva da vítima, uma vez que é suficiente para sua caracterização o nexo
causal entre o ato do agente público e o dano.
(A) Nas ações indenizatórias decorrentes da responsabilidade civil objetiva do Estado, é obrigatória a
denunciação à lide.
(B) A responsabilidade civil pelo dano ambiental é subjetiva e subsidiária, mormente quando há omissão do
dever de controle e de fiscalização por parte do ente público.
(C) O Estado responde subjetivamente pela integridade física de detento em estabelecimento prisional.
(D) O Estado responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, ainda
que os danos não decorram direta ou imediatamente do ato de fuga.
(E) Em caso de ato ilícito cometido por agente público, o termo inicial do prazo prescricional para ajuizamento
de ação indenizatória em face do Estado se dá a partir do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória.
I O Estado é responsável pela morte de detento causada por disparo de arma de fogo portada por visitante
do presídio, salvo se comprovada a realização regular de revista no público externo.
II O Estado necessariamente será responsabilizado em caso de suicídio de pessoa presa, em razão do seu
dever de plena vigilância.
III A responsabilidade do Estado, em regra, será afastada quando se tratar da obrigação de pagamento de
encargos trabalhistas de empregados terceirizados que tenham deixado de receber salário da empresa de
terceirização.
a) objetiva, bastando que sejam comprovadas a existência do dano, efetivo ou presumido, e a existência de
nexo causal entre conduta e dano.
b) objetiva, bastando a comprovação da culpa in vigilando e do dano efetivo.
c) subjetiva, sendo necessário comprovar negligência na atuação estatal, o dano causado e o nexo causal
entre ambos.
d) subjetiva, sendo necessário comprovar a existência de dolo e dano, mas sendo dispensada a verificação
da existência de nexo causal entre ambos.
e) objetiva, bastando que seja comprovada a negligência estatal no dever de vigilância, admitindo-se, assim,
a responsabilização por dano efetivo ou presumido.
Com referência a essa situação, assinale a opção correta a partir do entendimento majoritário e atual do STF.
a) O Estado possui culpa presumida e responde solidariamente pelos encargos trabalhistas inadimplidos,
visto que a terceirização da atividade-fim constitui ato ilícito.
b) O Estado possui responsabilidade solidária e de aplicação automática com relação às dívidas trabalhistas
da empresa contratada.
c) O Estado possui responsabilidade subsidiária, a qual independe de culpa, sendo suficiente a comprovação
de que não foi possível realizar a cobrança em desfavor da empresa inadimplente.
I O Estado responde civilmente por danos decorrentes de atos praticados por seus agentes, mesmo que eles
tenham agido sob excludente de ilicitude penal.
II A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao descumprimento do dever de segurança e vigilância
contínua das vias férreas, a responsabilização da concessionária é uma constante, passível de ser elidida
somente quando cabalmente comprovada a culpa exclusiva da vítima.
III A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser comprovados
concomitantemente a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade entre o evento danoso
e o comportamento ilícito do poder público.
I. Fulano sofreu danos materiais decorrentes de uma ação estatal. Nesse caso, a ação de reparação de danos,
fundada no art. 37, §6º, CR/88 pode ser ajuizada conjuntamente contra a pessoa jurídica de direito público
e o agente público envolvido.
II. O servidor público não pode ser punido na esfera administrativa se foi absolvido no juízo criminal.
III. Pela má execução da obra, a administração pública responde objetivamente, ao passo que, pelo “só fato
da obra”, a responsabilidade é subjetiva.
IV. A responsabilidade civil de um servidor público e a de um empregado de empresa privada concessionária
de serviço público, ambos no exercício de suas funções, é objetiva e subjetiva, respectivamente.
Nesse contexto pode-se afirmar:
A) Estão corretas I e IV, apenas.
B) Estão corretas II e III, apenas.
a) Tanto a doutrina como a jurisprudência não estão pacificadas, no Brasil, no tocante ao estabelecimento
do regime jurídico da responsabilidade civil estatal por omissão, que ora é entendida como objetiva, ora
como subjetiva.
b) A responsabilidade civil do Estado no Brasil é matéria tradicionalmente regulada tanto pela Constituição
da República quanto pela Lei Nacional de Responsabilidade Civil do Estado.
c) A teoria do risco administrativo não foi recepcionada pela Constituição da República de 1988.
d) O texto da Constituição da República veda expressamente a responsabilidade civil do Estado por atos
legislativos.
e) As pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos respondem subjetivamente por suas ações se
tiverem personalidade de Direito privado.
escola, em estabelecimento escolar mantido pelo Tribunal, dedicado ao atendimento de filhos de seus
servidores. Durante a prestação do serviço, um dos alunos empurrou o colega do alto de um escorregador,
causando-lhe ferimentos graves e gerando sequelas para a criança acidentada. Nessa situação, no tocante
à responsabilidade civil,
a) trata-se de hipótese em que o ente estatal não será responsabilizado, visto que se trata de ato de terceiro,
a excluir o nexo causal entre a atividade estatal e o dano.
b) há responsabilidade objetiva da empresa contratada, sendo que não haverá responsabilização estatal,
visto que o serviço era prestado em benefício de terceiros.
c) haverá responsabilização civil dos pais do causador direto do dano, pois este é menor e civilmente
irresponsável.
d) é cabível a responsabilização estatal, com base na teoria da culpa do serviço, em vista do funcionamento
deficiente do serviço público.
e) não haverá responsabilização do ente estatal, visto que a situação não se enquadra entre as hipóteses de
responsabilização por atos praticados pelo Poder Judiciário.
18. (2018/FCC/DPE-AM/Defensor Público) Carlos, servidor público municipal que atua em hospital da
rede pública estadual, no exercício regular de sua função, aplicou determinada medicação em um
paciente, que, sendo alérgico à mesma, acabou vindo a óbito. No procedimento instaurado para apuração
de responsabilidades, restou comprovada a ausência de culpa de Carlos, eis que o mesmo apenas seguiu
a prescrição do médico responsável, também servidor do mesmo hospital. Inconformados, os familiares
do falecido solicitaram à Defensoria Pública a adoção das medidas judiciais cabíveis para a
responsabilização civil pelos danos sofridos. Diante da situação narrada,
a) a teoria do risco integral é a modalidade mais branda da doutrina do risco administrativo, sendo adotada
como regra no Brasil, por conduzir à justiça social e à distribuição razoável dos riscos entre a sociedade e os
cidadãos.
b) na teoria do risco integral, também conhecida por teoria do risco administrativo, a responsabilidade do
Estado depende de dano, conduta do Estado, nexo causal, além de culpa ou dolo do agente.
c) na teoria do risco integral, a responsabilidade do Estado não se sujeita às excludentes de responsabilidade,
podendo ocorrer, até mesmo quando a culpa é da própria vítima.
d) a teoria do risco integral situa-se no início da história do direito administrativo comparado, em época na
qual não se admitia a possibilidade de reconhecimento de falhas por parte do Estado.
e) a teoria do risco integral apresenta diversas hipóteses de aplicação na Constituição Federal de 1988, sendo
afastada a responsabilidade do Estado por danos causados aos administrados apenas no caso de caso
fortuito ou força maior.
a) poderão ser indenizados pelo Estado se houver comprovação de culpa na fiscalização das condições de
saúde e de higiene da unidade prisional, sendo irrelevante conhecer se foram aplicados todos os recursos
previstos na lei orçamentária nas áreas da segurança e saúde prisional.
b) poderão ser indenizados pelo Estado independentemente de comprovação de culpa na fiscalização das
condições de saúde e higiene da unidade prisional, apenas se comprovados que foram insuficientes os
recursos públicos legalmente destinados à segurança e saúde prisional.
c) poderão ser indenizados pelo Estado se ainda houver disponibilidade de recursos que na prática não foram
aplicados na área prisional, pois do Estado não pode ser exigido mais do que o possível dentro de sua reserva
orçamentária.
d) deverão ser indenizados pelo Estado independentemente de comprovação de culpa na fiscalização das
condições de saúde e higiene da unidade prisional, mas apenas os danos materiais, não se incluindo aí os
morais, sendo irrelevante conhecer se foram aplicados todos os recursos previstos na lei orçamentária nas
áreas da segurança e saúde prisional.
e) deverão ser indenizados pelo Estado, tanto os danos materiais como os morais, independentemente de
comprovação de culpa na fiscalização das condições de saúde e higiene da unidade prisional, sendo
irrelevante conhecer se foram aplicados todos os recursos previstos na lei orçamentária nas áreas da
segurança e saúde prisional
A existência de causa excludente de ilicitude penal não impede a responsabilidade civil do Estado pelos danos
causados por seus agentes.
( ) Certo ( ) Errado
e) embora tenha restado configurada hipótese apta a desencadear a responsabilidade civil do Estado por ato
jurisdicional, de natureza objetiva, esta não inclui o dever de indenização por danos morais pretendido pelo
condenado.
a) o Estado responde, objetivamente, por todos os danos causados por ação ou omissão de seus agentes e
de particulares prestadores de serviço público, não sendo admitida nenhuma excludente de
responsabilidade.
b) a responsabilidade do Estado é de natureza subjetiva, condicionada à comprovação de conduta culposa
ou dolosa do agente público e do nexo de causalidade com os danos indicados.
c) a responsabilidade do Estado é de natureza subjetiva, porém não atrelada à conduta culposa ou dolosa de
agente determinado, mas sim à denominada culpa anônima ou falta do serviço.
d) apenas em condutas omissivas pode ser invocada a responsabilidade objetiva do Estado, eis que inviável
a individualização de culpa ou dolo de agente específico.
e) o Estado responde objetivamente pelos atos comissivos de seus agentes, independentemente de culpa
ou dolo, bastando a comprovação do nexo de causalidade, admitindo, contudo, excludentes de
responsabilidade como caso fortuito e culpa exclusiva da vítima.
a) responde pelos danos causados, independentemente de comprovação de dolo ou culpa, porém apenas
em relação aos usuários dos serviços por ela prestados.
b) possui responsabilidade objetiva pelos danos causados, a qual, contudo, pode ser afastada caso
comprovada a ocorrência de caso fortuito.
c) apenas responde pelos danos causados se comprovada conduta dolosa ou culposa de seus empregados,
eis que os mesmos não são agentes públicos.
d) responde pelos danos causados, de forma irrestrita, com base na teoria do risco integral, descabendo
responsabilidade subsidiária do poder concedente.
e) somente responde pelos danos causados se comprovada falha na prestação do serviço, descabendo
responsabilização objetiva.
Nessa situação hipotética, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o defensor público
responsável pelo atendimento deverá informar a família de Caio de que
a) será necessário, para o ajuizamento de ação de reparação de danos morais, provar que as condições de
cumprimento de pena eram desumanas.
b) é cabível o ajuizamento de ação de reparação de danos morais em face do estado de Alagoas.
c) não houve omissão estatal, pois o suicídio configura ato exclusivo da vítima.
d) houve fato exclusivo de terceiro, pois o dever de evitar o ato cabia aos agentes penitenciários em serviço
no momento.
e) não cabe direito a reparação de qualquer natureza, por não ser possível comprovar nexo causal entre a
morte do detento e a conduta estatal.
a) Situação hipotética: Uma autarquia federal, por meio de processo licitatório, celebrou contrato com
empresa para a prestação de serviços de limpeza em sua sede. A referida empresa não honrou com as
obrigações trabalhistas com os seus empregados, que realizavam os serviços na sede do ente público.
Assertiva: Nessa situação, incide a responsabilidade objetiva extracontratual da União, nos termos do
entendimento do STF Parte superior do formulário.
b) Situação hipotética: Lei de determinado estado da Federação estabeleceu a responsabilidade do estado
durante a realização de evento internacional na capital dessa unidade federativa: o estado assumiria os
efeitos da responsabilidade civil perante os organizadores do evento, por todo e qualquer dano resultante
ou que surgisse em função de qualquer incidente ou acidente de segurança relacionado ao referido evento,
exceto na situação em que organizadores ou vítimas concorressem para a ocorrência do dano. Assertiva:
Conforme entendimento do STF, a referida lei estadual é constitucional, pois a Constituição Federal de 1988
não esgota matéria relacionada à responsabilidade civil.
c) Situação hipotética: Um professor de escola pública foi agredido por um aluno em sala de aula, tendo sido
atingido por disparo de arma de fogo. Assertiva: Nessa situação, incide a responsabilidade subjetiva estatal
devido à conduta omissiva do Estado pelo não oferecimento de segurança adequada aos seus servidores.
d) Em caso de dano causado por servidor público, o Estado tem o dever de indenizar a vítima,
independentemente da licitude da conduta, cabendo, ainda, ação regressiva contra o servidor, fundada na
responsabilidade objetiva e em razão da teoria do risco administrativo.
e) Particular que tenha sofrido danos materiais e morais provocados por servidor público no exercício de
suas atribuições poderá ingressar com ação diretamente contra o servidor na busca de reparo pelos prejuízos
sofridos, aplicando-se a teoria da imputação volitiva com incidência da responsabilidade objetiva no tocante
à comprovação do dano.
Com base nessa situação hipotética e no entendimento dos tribunais superiores acerca da responsabilidade
civil do Estado, assinale a opção correta.
a) O poder público concedente tem responsabilidade solidária para reparar os danos decorrentes do
acidente, devendo vir a figurar no polo passivo da ação indenizatória.
b) A responsabilização do agente responsável pela falha ao deixar de cercar ou sinalizar o local do acidente
exigirá a denunciação da lide nos autos da ação indenizatória.
c) A responsabilização civil da empresa concessionária independerá da demonstração da falha na prestação
do serviço pela empresa, ante o risco inerente à atividade econômica desenvolvida.
d) A conduta de Pedro, que atravessou a ferrovia em local inadequado, afastará a responsabilização civil da
empresa concessionária, ainda que fique demonstrada a falha no isolamento por cerca ou na sinalização do
local do acidente.
e) A demonstração da omissão no isolamento por cerca ou na sinalização do local do acidente acarretará a
responsabilização civil da empresa concessionária, embora possa haver redução da indenização dada a
conduta imprudente de Pedro.
a) O caso fortuito, a força maior e a culpa concorrente da vítima rompem o nexo causal e, por conseguinte,
afastam a responsabilidade civil objetiva do Estado.
b) No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, prevalece o entendimento de que o prazo prescricional para a
propositura da ação indenizatória é de três anos contados da ocorrência do evento danoso.
c) A responsabilidade dos concessionários de serviços públicos, de acordo com a jurisprudência mais recente
do Supremo Tribunal Federal, não se sujeita à aplicação da teoria objetiva quanto a danos causados a
terceiros não usuários.
d) A expressão “nessa qualidade”, prevista no art. 37, § 6° , da CF/88, significa que somente podem ser
atribuídos à pessoa jurídica os comportamentos do agente público levados a efeito durante o exercício da
função pública, em razão do que os danos causados por servidor público em seu período de férias, em
princípio, não implicam responsabilização objetiva do Estado.
e) A imunidade relativa a opiniões, palavras e votos, em sede de atos legislativos, prevista no texto
constitucional de 1988, não afasta o direito de regresso do Estado contra o parlamentar.
a) Como Joana da Silva foi tratada em hospital municipal, tanto o médico quanto o hospital respondem
objetivamente pelo dano sofrido, bastando à autora comprovar o dano.
b) Joana da Silva deve ingressar com ação somente contra o médico que realizou a cirurgia, que responde
objetivamente pelo dano sofrido.
c) Na seara médica vigora o princípio da irresponsabilidade estatal, não cabendo a propositura de ação contra
o Município.
d) Para a responsabilização do médico, Joana da Silva deve comprovar a existência de culpa, pois na seara
médica vigora o princípio da responsabilidade subjetiva, eis que a ação médica é considerada obrigação de
meio e não de resultado.
e) Como a retirada do rim se caracterizou em ato comissivo, o médico e o hospital respondem objetivamente
pelos danos sofridos por Joana da Silva.
É objetiva a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos em
relação a terceiros, usuários ou não do serviço, podendo, ainda, o poder concedente responder
subsidiariamente quando o concessionário causar prejuízos e não possuir meios de arcar com indenizações.
( ) Certo ( ) Errado
a) a ação pode ser ajuizada e a chance de êxito é plena, pois nosso ordenamento jurídico adotou a teoria do
risco integral, devendo o Estado de Rondônia ser responsabilizado, bastando a comprovação do dano e sua
extensão.
b) o sucesso da demanda dependerá da demonstração do dano, da existência de nexo deste com a ação
policial e da inexistência da prática de ato, pela vítima, que legitimasse referida ação.
c) como defensor público, não pode ajuizar ação contra pessoa jurídica de direito público.
d) precisaria da identificação do policial militar, pois a ação deve ser ajuizada em face dele e da Fazenda
Pública do Estado de Rondônia, sob pena de extinção.
e) a ação deve ser ajuizada em face do policial militar, independentemente da demonstração de culpa, desde
que seja possível identificá-lo e provar que foi o autor dos danos.
De acordo com o STF, em caso de inobservância do seu dever específico de assegurar aos presos o respeito
à sua integridade física, o Estado será responsável pela morte do detento.
( ) Certo ( ) Errado
a) STJ, é aplicável o prazo constante do Decreto n° 20.910/32 para que autarquia concessionária de serviços
públicos ajuíze execução fiscal visando a cobrança de débitos decorrentes do inadimplemento de tarifas.
b) STF, as ações de reparação de danos decorrentes de acidente de trânsito, cometido em prejuízo do
patrimônio da Administração Pública, são imprescritíveis.
c) STJ, no tocante à ação para pleitear danos morais decorrentes de prática de tortura ocorrida durante o
regime militar, deve-se adotar a prescrição vintenária, sendo o termo inicial a vigência da Constituição
Federal de 1988.
d) STF, considera-se prescrito o jus puniendi no caso de transcurso do prazo legal assinalado para conclusão
procedimento de processo administrativo disciplinar.
e) STJ, aplica-se o prazo prescricional estabelecido no Código Civil para as ações de repetição de indébito
referentes a tarifas cobradas por empresas concessionárias de serviços públicos.
De acordo com o entendimento do STF, empresa concessionária de serviço público de transporte responde
objetivamente pelos danos causados à família de vítima de atropelamento provocado por motorista de
ônibus da empresa.
( ) Certo ( ) Errado
Situação hipotética: Um veículo particular, ao transpassar indevidamente um sinal vermelho, colidiu com
veículo oficial da Procuradoria-Geral do Município de Fortaleza, que trafegava na
contramão. Assertiva: Nessa situação, não existe a responsabilização integral do Estado, pois a culpa
concorrente atenua o quantum indenizatório.
( ) Certo ( ) Errado
40. (2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito) Em recente decisão, o STF entendeu que, quando o poder
público comprovar causa impeditiva da sua atuação protetiva e não for possível ao Estado agir para evitar
a morte de detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade),
a) haverá responsabilidade civil do Estado, aplicando-se à situação a responsabilidade subjetiva por haver
omissão estatal.
b) haverá responsabilidade civil do Estado, aplicando-se ao caso a responsabilidade objetiva por haver
omissão estatal.
c) não haverá responsabilidade civil do Estado, pois o nexo causal da sua omissão com o resultado danoso
terá sido rompido.
d) haverá responsabilidade civil do Estado, aplicando-se ao caso a teoria do risco integral.
41. (2017/TRF-2ª REGIÃO/TRF-2ª REGIÃO/Juiz Federal) Em 2014, conhecido assaltante e homicida foge
do presídio federal. O inquérito administrativo que apurou o evento resulta em punição de dois servidores
e mudança de padrões de segurança. Já o foragido mantém-se quieto até 2016, quando se une a outro
meliante. Os dois invadem casa, roubam e matam pai de família, na frente da esposa. A dupla de meliantes
foge. Por conta da falha de segurança no presídio, a viúva aciona a União Federal, pedindo ressarcimento
consistente em pensão alimentícia, danos morais, despesas de funeral e luto, além de reparação do custo
de psiquiatra. Assinale a resposta adequada à orientação dominante na doutrina e nos Tribunais
Superiores:
a) O pedido é improcedente.
b) A procedência do pedido de pensão depende da prova da dependência econômica da autora para com o
falecido. Já o dano moral ocorre in re ipsa.
c) No caso, o dano moral ocorre in re ipsa e a verba de luto e funeral deve ser arbitrada mesmo se não
provados os gastos, já que essas despesas sempre existem, em eventos assim.
d) A compensação por dano moral procede, mas, ainda que se provem gastos com psiquiatra, estes estão
fora do desdobramento normal do evento, que apenas abarca os danos diretos e imediatos.
e) No caso, as verbas de luto e funeral dependem de prova, não podendo ser meramente arbitradas. A
dependência econômica da esposa é presumida e a eventual pensão deve ser limitada à idade de sobrevida
provável da vítima.
a) a força maior.
b) a culpa exclusiva da vítima.
c) o caso fortuito.
d) a culpa concorrente da vítima.
e) a culpa de terceiro.
negligência na elaboração da defesa, por acreditar que seria útil à defesa do poder público alegar culpa
exclusiva de terceiro na geração do acidente.
( ) Certo ( ) Errado
Diante da ausência de denunciação da lide, ficou prejudicado o direito de regresso do Estado contra o
motorista causador do acidente
( ) Certo ( ) Errado
a) não está prescrita, mas há litisconsórcio necessário, devendo ser ajuizada também em relação aos agentes
públicos causadores do dano, haja vista a necessidade de garantir-se o direito de regresso do Estado.
b) é imprescritível, podendo ser ajuizada ação de reparação a qualquer momento.
c) já se encontra prescrita, no tocante aos danos materiais, sendo imprescritível a pretensão aos danos
morais.
d) já se encontra inteiramente prescrita, em vista dos efeitos da chamada Lei de Anistia (Lei Federal nº
6.683/1979).
e) já se encontra prescrita, por força do Decreto nº 20.910/1932, devendo ter sido ajuizada ação de
reparação no prazo de cinco anos a partir da vigência da Constituição Federal de 1988.
a) Efeito danoso;
b) Relação de causalidade;
c) Regra do risco integral;
d) Fato administrativo.
48. (2016/FCC/SEGEP-MA/Procurador do Estado) Uma célula de grupo terrorista detona uma carga
explosiva em aeronave de matrícula brasileira, operada por empresa brasileira de transporte aéreo
público, causando mortes e ferimentos em diversos passageiros. Esclareça-se que a aeronave decolou de
aeroporto brasileiro e a explosão ocorreu por ocasião da chegada ao destino, em solo norte-americano,
sendo que diversas vítimas haviam embarcado em escala no México. Em vista de tal situação e nos termos
da legislação brasileira,
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
Diante dessa previsão, é correto afirmar que, com relação à responsabilidade civil, o Brasil adotou a Teoria
a) do risco integral, diante da responsabilidade objetiva do Estado.
b) do risco administrativo, diante da responsabilidade objetiva do Estado.
c) da culpa consciente, diante da responsabilidade subjetiva do Estado.
d) da responsabilidade com culpa, diante da responsabilidade objetiva do Estado.
e) da irresponsabilidade do Estado, diante da responsabilidade subjetiva do Estado.
( ) Certo ( ) Errado
a) são solidariamente responsáveis o poder público municipal e os agentes públicos responsáveis pela gestão
da unidade escolar, devendo, em razão disso, incidir a modalidade de responsabilidade subjetiva.
b) o poder público municipal onde foi sediado o evento é responsável pelos danos causados, demonstrado
o nexo de causalidade entre a omissão dos agentes públicos que realizavam a manutenção do equipamento
e os danos causados tanto nos alunos, quanto nos visitantes.
c) por se tratar de acidente e, portanto, força-maior, não há como responsabilizar o poder público, possível,
no entanto, imputar responsabilidade diretamente aos agentes públicos que organizaram o evento, que não
garantiram as adequadas condições de segurança.
d) a municipalidade é responsável pelos danos porventura causados nos alunos matriculados na escola que
sediou o evento, porque submetidos à sua custódia, cabendo aos demais entes públicos responsáveis pelos
alunos visitantes a reparação dos danos por esses sofridos.
e) há responsabilidade objetiva da municipalidade em relação aos danos causados nos alunos e visitantes,
vedado direito de regresso em face dos dirigentes da unidade por se tratar de caso fortuito ou força-maior.
a) O Procurador Municipal tem responsabilidade solidária com a Administração Pública pelos pareceres
jurídicos que apresenta.
b) A pessoa que sofrer um dano por parte da administração direta não poderá ajuizar ação indenizatória
diretamente contra o agente público causador direto do prejuízo.
c) O Poder Público tem responsabilidade objetiva pelos seus atos de omissão na prestação de serviços
públicos obrigatórios.
d) A responsabilidade civil da administração pública se aplica da mesma maneira entre as empresas públicas
prestadoras de serviços públicos e as empresas públicas exploradoras de atividade econômica.
a) seria imprescritível.
b) teria prazo de três anos para o seu exercício.
c) deveria ser proposta no prazo de até vinte anos.
d) seria proposta após o final do processo penal.
e) deveria ocorrer após a aposentadoria do condutor.
a) a fixação do valor da indenização, não se deve aplicar o critério referente à teoria da perda da chance, e
sim o da efetiva extensão do dano causado (art. 944 do CC), na hipótese em que o Estado tenha sido
condenado por impedir servidor público, em razão de interpretação equivocada, de continuar a exercer de
forma cumulativa dois cargos públicos regularmente acumuláveis.
b) É imprescritível a pretensão de recebimento de indenização por dano moral decorrente de atos de tortura
ocorridos durante o regime militar de exceção.
c) A Administração Pública está obrigada ao pagamento de pensão e indenização por danos morais no caso
de morte por suicídio de detento ocorrido dentro de estabelecimento prisional mantido pelo Estado.
d) Na hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de sua função, não há de se
conceder ao lesado a possibilidade de ajuizar ação diretamente contra o agente.
e) Aplica-se o prazo prescricional quinquenal – previsto no art. 1º do Dec. n. 20.910/1932 – às ações
indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, e não o prazo prescricional trienal – previsto no art. 206,
§ 3º, V, do CC/2002.
56. (2016/TRF-3ª REGIÃO /TRF-3ª REGIÃO/Juiz Federal) Dadas as assertivas abaixo, assinale a
alternativa incorreta.
Considerando a forma como a responsabilidade civil do Estado é prevista no ordenamento pátrio, é correto
afirmar que a ação do indivíduo deve ser julgadaParte superior do formulário
a) improcedente, pois embora tenha havido falha no registro estatal que não continha a informação sobre o
furto, não há nexo de causalidade entre o ato perpetrado pelo órgão estadual e os danos experimentados
pelo autor.
b) procedente, pois a responsabilidade civil do Estado é objetiva, sendo assim, o Estado é civilmente
responsável pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, venham a causar a terceiros.
c) parcialmente procedente, pois a culpa é concorrente, do Estado, que não manteve os devidos registros, e
do indivíduo que adquiriu o veículo sem tomar as devidas cautelas quanto à verificação da origem do veículo.
d) improcedente, pois a responsabilidade civil do Estado na Constituição Federal de 1988 é subjetiva, tendo
como pressupostos que a conduta praticada seja contrária ao direito e haja inobservância de dever legal.
e) procedente, pois resta demonstrada a culpa, na modalidade omissiva, do Estado, ao deixar de manter os
cadastros devidamente atualizados, com a informação de que o veículo havia sido furtado.
b) a municipalidade deverá ser responsabilizada civilmente, pois na hipótese de fatos imprevisíveis não há
necessidade de comprovação do nexo de causalidade.
c) mesmo não existindo o nexo de causalidade, deverá a municipalidade ser responsabilizada, diante da
aplicação da teoria do risco integral.
d) estará afastada a responsabilidade civil da municipalidade, pois um de seus pressupostos, o fato
administrativo, não existiu.
e) mesmo não existindo o nexo de causalidade, deverá a municipalidade ser responsabilizada, diante da
aplicação da teoria da culpa administrativa.
a)Otto Gierke.
b) Otto Jellinek.
c) John Maclennan.p
d) John Bachofen.
e) Otto von Bismark.
60. (2015/FCC/TRT-23ª REGIÃO (MT)/Juiz do Trabalho) Era janeiro e, portanto, época de férias
escolares. Os alunos da escola de ensino fundamental municipal de uma cidade litorânea participavam de
um campeonato de natação, que consistia em uma travessia de 3 km, largando da praia em direção a uma
conhecida ilha, onde era o ponto de chegada. A competição é anualmente organizada pela Municipalidade,
mas nessa edição contou com patrocínio de empresa detentora de tradicional marca de protetores solares,
possibilitando sensível melhoria nos equipamentos de segurança, fiscalização e resgate ao longo de todo
o trajeto, além de disponibilização de embarcações de apoio aos nadadores.
Não obstante, durante o trajeto um dos alunos acabou não resistindo à força da corrente marítima e se
afastou do grupo. Constatado o desaparecimento e, horas após o início das buscas, noticiado o acidente
fatal, a família da vítima, inconformada,
a) deve demandar judicialmente a União Federal, responsável jurídica, por ser a titular do domínio das praias
e do mar, existindo, em decorrência, dever de vigilância, facultado, ainda, litisconsórcio ativo com a empresa
patrocinadora do evento, responsável financeira pelos danos.
b) pode demandar a Municipalidade, demonstrando o nexo de causalidade entre a má prestação do dever
de salvaguardar e vigiar os nadadores, na qualidade de organizadora do evento, e os danos experimentados
pela vítima, pleiteando responsabilização objetiva, incluídos danos morais, embora não haja submissão à
teoria do risco integral.
c) pode demandar judicialmente os patrocinadores do evento, tendo em vista que foram os responsáveis
pela equipe de segurança e salvamento, para responsabilizá-los objetivamente pelos danos morais e
materiais sofridos.
d) não possui direito à indenização, tendo em vista que o aluno se inscreveu voluntariamente na competição,
sendo o exclusivo responsável pela sua condição física e capacidade de conclusão do trajeto.
e) deve demandar a Municipalidade, em razão de se tratar de aluno de escola municipal e, portanto, com
vínculo jurídico direto, respondendo objetivamente pelos danos materiais ocorridos, excluídos eventuais
danos morais em razão do evento danoso ter se dado fora das dependências escolares e do período regular
de aulas, quando o risco é integralmente assumido pelo ente político.
61. (2015/FCC/DPE-MA/Defensor Público) Com vistas a unir esforços na execução do serviço público
de coleta e tratamento de lixo, os municípios A e B estabelecem consórcio público, na modalidade de
associação pública, nos termos da Lei Federal n° 11.107/2005, para fins de gestão dos resíduos sólidos
gerados pelos seus cidadãos. Em caso de danos causados aos cidadãos, na prestação do serviço pelo
referido consórcio, é correto afirmar que haverá responsabilidade
a) subsidiária e objetiva do Estado, haja vista que havendo gestão associada de serviços públicos, a entidade
hierarquicamente deve atuar como garantidora do serviço.
b) direta e objetiva dos municípios consorciados, que serão solidários nessa responsabilidade.
c) direta e objetiva do município em cujo território ocorrer o dano, havendo responsabilidade subsidiária do
outro município partícipe da relação consorcial.
d) direta e subjetiva dos municípios consorciados, haja vista que falharam no dever de fiscalização do
consórcio.
e) direta e objetiva do consórcio público.
62. (2015/CESPE/TJ-PB/Juiz de Direito) Cada uma das próximas opções apresenta uma situação
hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com referência à responsabilidade civil do Estado.
Assinale a opção correta à luz da legislação e da jurisprudência dos tribunais superiores.
do estado, por ser obrigatória a denunciação à lide da mencionada empresa na ação movida por Tiago, que
é fundada na responsabilidade objetiva do Estado.
d) Lucas, que cumpria pena em presídio de um estado da Federação, faleceu em consequência de agressões
cometidas por outro detento. O pai da vítima ajuizou ação de indenização contra o referido estado fundada
na responsabilidade objetiva. Nessa situação, o juiz deve reconhecer o descabimento do pedido,
considerando que a morte de detento sob custódia enseja a responsabilidade civil subjetiva do Estado.
e) Em determinada ação judicial movida por vítima de disparo acidentalmente efetuado por policial militar,
figuraram no polo passivo da relação jurídica processual o Estado e o agente responsável pelo disparo. Nessa
situação, eventual decisão do juiz que exclua o militar da relação processual extinguirá o direito do Estado
de ajuizar ação de regresso contra o servidor.
a) Ato malicioso.
b) Ato de sabotagem.
c) Depredação por passageiros.
d) Distúrbios trabalhistas.
e) Greve.
Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com a jurisprudência do STF
acerca da responsabilidade civil do Estado.
a) A responsabilidade civil da empresa é objetiva, visto que decorre da aplicação da teoria do risco integral.
Desse modo, é suficiente para sua configuração a demonstração da conduta, do resultado e do nexo causal.
b) A empresa será responsabilizada de forma objetiva tanto no que tange aos usuários quanto aos não
usuários do serviço, uma vez que, embora não seja pessoa jurídica de direito público, ela atua por delegação
do Estado na prestação de serviço público.
c) Será incabível indenização para os passageiros e os transeuntes, uma vez que o motorista agiu sem dolo
ou culpa e, portanto, não cometeu ato ilícito.
d) A responsabilidade civil da empresa é objetiva para os danos provocados aos usuários do serviço público;
contudo, em relação aos transeuntes, a responsabilidade civil da empresa é subjetiva, aplicando-se as regras
das relações jurídicas extracontratuais.
e) A responsabilidade civil da empresa é subjetiva, o que requer a existência de dolo ou culpa do motorista
para o surgimento do direito à reparação dos danos.
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta à luz da jurisprudência predominante no
STF e STJ relativamente à matéria.
a) O processo deve ser extinto sem resolução do mérito por ilegitimidade passiva, pois, conforme a CF, não
se admite a responsabilidade civil per saltum da pessoa física do agente.
b) A reparação do dano sofrido pela empresa não é de responsabilidade do Estado, pois o ato administrativo
de interdição teve caráter cautelar, não punitivo.
c) O servidor poderá promover a denunciação da lide ao ente público em decorrência da aplicação da teoria
da responsabilidade objetiva do Estado.
d) É facultado à empresa ajuizar a ação contra o Estado ou contra o servidor responsável pelo dano.
e) O pedido deverá ser julgado procedente se a empresa comprovar o prejuízo sofrido, a conduta culposa ou
dolosa do servidor e o nexo de causalidade entre a conduta e o dano.
12.2 – GABARITO
24. A 47. C
1. D
25. D 48. E
2. D
26. E 49. B
3. A
27. B 50. A
4. ERRADO
28. D 51. CERTO
5. B
29. B 52. B
6. CERTO
30. B 53. B
7. C
31. E 54. B
8. B
32. D 55. D
9. E
33. D 56. A
10. B
34. CERTO 57. A
11. C
35. B 58. A
12. D
36. CERTO 59. A
13. B
37. E 60. B
14. D
38. CERTO 61. E
15. A
39. CERTO 62. B
16. C
40. C 63. E
17. D
41. A 64. A
18. A
42. D 65. C
19. C
43. E 66. B
20. E
44. CERTO 67. A
21. A
45. ERRADO
22. E
46. B
23. CERTO
a) É cabível ação de regresso manejada pela Pessoa Jurídica de Direito Público, na hipótese de esta ser
condenada a ressarcir um particular, em razão de conduta culposa de agente gerador de dano a
terceiro.
b) Os elementos comuns da responsabilidade civil objetiva e subjetiva são a ação do Estado, o nexo
causal e o dano.
c) Culpa é elemento subjetivo a ser verificado em ação de indenização quando se tratar de
responsabilidade subjetiva.
d) Na ação de reparação de danos, que tem por objeto a conduta comissiva de um agente do Estado, é
preciso que se comprove, além do nexo causal e dano, o elemento volitivo do agente do Estado.
e) Aplica-se a responsabilidade civil subjetiva do Estado na hipótese de dano físico em particular que
estava sob a custódia de um agente policial, e quando a alegação de dano físico decorreu de conduta
omissiva do referido policial.
Comentários
Correta a alternativa “a”. A responsabilidade civil do Estado tem previsão originária no art. 37, § 6º, da CRFB:
Nota-se que o próprio texto constitucional alude à possibilidade de ação de regresso por parte da pessoa
jurídica em face do causador do dano, no caso de dolo ou culpa.
83
Correta a alternativa “c”. Na mesma linha da alternativa “a”, o elemento subjetivo da culpa deve ser
verificado judicialmente na ação de regresso para que o agente público seja responsabilizado e condenado
a ressarcir o erário.
Incorreta a alternativa “d”. A responsabilidade do Estado é objetiva, garantindo-se reparação dos danos e
eventual indenização à vítima independentemente de culpa ou dolo por parte do agente público envolvido.
Havendo ação imputada a agente público, dano anormal causado a uma vítima e nexo de causalidade entre
ambos, incide automaticamente a responsabilização do Estado. Por outro lado, quando se fala em
responsabilidade do agente público, torna-se relevante o elemento subjetivo – culpa ou dolo.
Correta a alternativa “e”. Trata-se de situação em que há pessoa sob custódia do Estado. Em circunstâncias
assim, o Estado deve ser garantidor da incolumidade dessas pessoas, respondendo objetivamente diante da
ocorrência de danos a elas. A título ilustrativo, mencionam-se os itens nº 8, 9 e 10 da edição nº 61 do
“Jurisprudência em Teses”, do Superior Tribunal de Justiça:
8) É objetiva a responsabilidade civil do Estado pelas lesões sofridas por vítima baleada em razão
de tiroteio ocorrido entre policiais e assaltantes.
9) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de custodiado em unidade
prisional.
10) O Estado responde objetivamente pelo suicídio de preso ocorrido no interior de
estabelecimento prisional.
Incorreta a alternativa “a”. Em que pese haver, em regra, a incomunicabilidade das instâncias civil, penal e
administrativa, há situações em que a decisão de uma das esferas pode repercutir na outra, sobretudo
quando na esfera penal há absolvição por inexistência do fato ou prova de não autoria, bem como quando
haja condenação que, nos termos do Código Penal, acarretam a perda do cargo, função pública ou mandato
eletivo (inciso I, do art. 92, do CP). Havendo sentença condenatória penal por ato que também se caracterize
como descumprimento de dever funcional, ainda que no âmbito penal o ato não seja punível com pena
privativa de liberdade, haverá repercussão na esfera administrativa. Transitada em julgado a sentença
condenatória, estará fixada a posição estatal de ocorrência do fato e caracterização da autoria, o que deve
84
ser observado obrigatoriamente pela Administração Pública. Desta forma, ainda que na dosimetria penal o
ato não acarrete pena privativa de liberdade, haverá reflexo na seara administrativa.
Incorreta a alternativa “b” porque a absolvição por insuficiência de provas não repercute nas esferas
administrativa e cível, prosseguindo o juízo independente dessas instâncias. É o que a doutrina e o STF
denominam de conduta residual (Súmula 18 do STF: Pela falta residual, não compreendida na absolvição
pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público). Somente se a decisão
absolutória afirmar estar provada a inexistência do fato (inciso I do art. 386 do CPP) ou estar provado que o
réu não concorreu para a infração penal (inciso IV do art. 386 do CPP), caracterizando inexistência do fato
ou inocorrência de autoria, haverá repercussão na esfera civil (art. 935 do CC) ou administrativa.
Incorreta a alternativa “c” porque o Estado responde objetivamente pelos danos causados, conforme
previsto no art. 37, §6º, da CRFB: as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos respondem pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Correta a alternativa “d” já que, caracterizado o dano, o nexo causal entre o fato de dirigir em velocidade
superior a permitida na via e o atropelamento, bem como a culpabilidade (ao servidor aplica-se a
responsabilidade subjetiva), o agente público estará sujeito: a) à ação de regresso pelo Estado na esfera civil;
b) responderá pelo homicídio culposo no trânsito na esfera penal (art. 302 do CTB); c) responderá na esfera
administrativa por infringir o dever funcional de executar suas atribuições observando o cumprimento da
legislação vigente (limite de velocidade no trânsito, por exemplo).
Gabarito "d".
De acordo com a obra da professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro (Direito Administrativo, 30ª edição, p 831):
"Atualmente, aceita-se a responsabilidade do Estado por atos legislativos pelo menos nas
seguintes hipóteses:
a) leis inconstitucionais;
b) atos normativos do Poder Executivo e de entes administrativos com função normativa, com
vícios de inconstitucionalidade ou ilegalidade;
c) lei de efeitos concretos, constitucionais ou inconstitucionais
d) omissão o poder de legislar e regulamentar"
85
Assim, incorreta a alternativa “a” porque a responsabilidade do Estado pode ser aplicável em relação a leis
de efeitos concretos. Ressalte-se que leis de efeito concreto são aquelas que materialmente não se destinam
gerais, abstratos e impessoais, mas sim a disciplinar relação jurídica de indivíduos determinados. Isto é,
formalmente é lei, mas materialmente é ato administrativo que cumpriu todo o rito do processo legislativo.
Correta a alternativa “b” porque a inércia de produção legislativa ou regulamentar, sobretudo após
manifestação do Poder Judiciário por meio dos remédios constitucionais relativos ao Mandado de Injunção
ou Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, quando o caso, pode ensejar a condenação e a
reparação constitucional devida pelas perdas e danos (STF: MI 283).
Correta a alternativa “c” porque admissível a reparação pelo Estado em função de produção legislativa
declarada inconstitucional, desde que fique efetivamente caracterizado o dano ao administrado (STF: RE
153.464).
Correta a alternativa “d” porque é aceita a responsabilização Estatal decorrente de atos normativos do Poder
Executivo e de Agências Reguladora (e outros entes administrativos com função normativa) em caso de vícios
de inconstitucionalidade ou de ilegalidade. Ressalte-se haver o necessário pronunciamento do Poder
Judiciário declarando a ilegalidade ou a inconstitucionalidade.
Gabarito: “a”.
- A apuração de eventual responsabilidade civil dos agentes dispensa a presença de conduta dolosa ou
culposa.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Errado. Pelo teor do art. 37, § 6º, da CRFB, é sempre importante lembrar que a responsabilização do agente
público se faz mediante a presença de dolo ou culpa, em ação de regresso ajuizada pelo Estado. É a
responsabilidade civil do Estado que dispensa a discussão acerca da existência ou não desses elementos:
Art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Resposta: errado.
86
a) Caso fortuito.
b) Culpa concorrente da vítima.
c) Culpa exclusiva de terceiros.
d) Dolo eventual.
e) Força maior.
Comentários
Incorreta a alternativa “a”. O caso fortuito é reputado como sendo um excludente do nexo de causalidade,
algo que afastaria a responsabilidade extracontratual do Estado. Como a questão pede uma atenuante da
responsabilidade estatal, a alternativa se mostra incorreta.
Correta a alternativa “b”. A alternativa é correta, pois a responsabilidade civil do Estado pode ser atenuada
na hipótese de ser comprovada culpa também por parte da vítima. Nesses casos, deve-se verificar no caso
concreto, por meio de provas, aquele que possui o maior nível de culpa, para que se possa fazer a
“compensação de culpas” e a consequente fixação justa da indenização adequada ao quinhão de cada
responsável.
Incorreta a alternativa “c”. A culpa exclusiva de terceiro rompe o nexo de causalidade do Estado, fazendo
com que haja a exclusão da responsabilidade do Poder Público.
Incorreta a alternativa “d”. Dolo eventual não é circunstância admitida pela doutrina como atenuante ou
excludente da responsabilidade civil do Estado.
Incorreta a alternativa “e”. A força maior também é causa de exclusão de responsabilidade por parte do
Poder Público, ao lado do caso fortuito, do fato de terceiros e da conduta exclusiva por parte da vítima.
Resposta: alternativa “b”.
“A ação ou a omissão do Poder Público, quando lesiva aos direitos de qualquer pessoa, induz à
responsabilidade civil objetiva do Estado, desde que presentes os pressupostos primários que lhe
determinam a obrigação de indenizar os prejuízos que os seus agentes, nessa condição, hajam
causado a terceiros”.
87
Gabarito: Certo.
Comentários sobre o item “I”. A responsabilidade da fundação pública é objetiva, pois se trata de uma
entidade de direito público, bastando verificar o dano e o nexo de causalidade da conduta para identificar a
responsabilização da pessoa jurídica responsável (a fundação, no caso).
Comentários sobre o item “II”. No caso de Pedro, ele é agente de sociedade de economia mista exploradora
de atividade econômica. Neste caso, afasta-se a teoria da responsabilidade objetiva do Estado, incidindo o
caso na regra geral de responsabilização civil que consta no Código Civil. A responsabilidade da entidade
será, portanto, subjetiva, devendo-se comprovar dolo ou culpa para haver responsabilização.
Comentários sobre o ítem “III”. A entidade que Antônio atua é prestadora de serviços públicos. Neste caso,
a responsabilidade é objetiva, conforme o teor do art. 36, § 6º, da CRFB, que vale a pena reproduzir aqui:
Art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Dessa forma, respectivamente, a responsabilidade das referidas pessoas jurídicas são: objetiva / subjetiva /
objetiva.
88
(A) não há nexo causal entre a conduta da Administração e o dano decorrente de força maior, razão pela
qual em tal situação não se pode falar em dever de indenizar, ainda que provado que a culpa anônima do
serviço concorreu para o evento.
(B) se lícito o ato do agente público que causou o dano, este só implicará dever de indenizar se for
antijurídico, ou seja, anormal e especial.
(C) não haverá dever de indenizar nos casos em que o princípio da igualdade de todos na distribuição dos
ônus e encargos sociais deva ceder diante do interesse da continuidade do serviço ou da intangibilidade da
obra pública.
(D) ela não se afasta pela culpa exclusiva da vítima, uma vez que é suficiente para sua caracterização o nexo
causal entre o ato do agente público e o dano.
Comentários
Incorreta a alternativa “a”. De fato, o motivo de força maior quebra o nexo causal entre o dano e a conduta
de agente público. Contudo, em sendo possível a incidência da teoria da culpa anônima do serviço, caso em
que o serviço público não é prestado ou é prestado tardiamente ou de maneira deficiente, o nexo de
causalidade permanece, ainda que diante de casos fortuitos ou de força maior.
Correta a alternativa “b”. A conduta lícita do agente público só pode ensejar indenização a uma eventual
vítima diante de uma ação ou omissão que cause um dano anormal e específico. Logo, ao se cogitar de um
dano anormal, deve-se raciocinar com a antijuridicidade, pois foge da pretensão do ordenamento jurídico
que uma determinada pessoa, sem ter dado causa a algo, seja obrigada a arcar com danos anormais. Esta é
a posição defendida pela Profª Maria Sylvia Zanella DiPietro.
Incorreta a alternativa “c”. O que não se pode suportar é o dano anormal e específico. Essa circunstância
gera pretensão indenizatória e a responsabilidade extracontratual do Estado. Por outro lado, o simples fato
de se estar em sociedade pode gerar incômodos sentidos pela coletividade como um todo. Contra esses
incômodos não há que se falar em pretensão indenizatória, mas somente contra aqueles danos anormais e
específicos.
Incorreta a alternativa “d”. A culpa exclusiva da vítima afasta o nexo de causalidade, não ensejando a
responsabilidade civil extracontratual do Estado. A Teoria do Risco Administrativo, adotada pelo nosso
ordenamento jurídico, admite casos em que se rompe o nexo de causalidade, liberando o Estado da
obrigação de reparar eventuais danos causados à vítima.
89
(A) Nas ações indenizatórias decorrentes da responsabilidade civil objetiva do Estado, é obrigatória a
denunciação à lide.
(B) A responsabilidade civil pelo dano ambiental é subjetiva e subsidiária, mormente quando há omissão do
dever de controle e de fiscalização por parte do ente público.
(C) O Estado responde subjetivamente pela integridade física de detento em estabelecimento prisional.
(D) O Estado responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, ainda
que os danos não decorram direta ou imediatamente do ato de fuga.
(E) Em caso de ato ilícito cometido por agente público, o termo inicial do prazo prescricional para ajuizamento
de ação indenizatória em face do Estado se dá a partir do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória.
Comentários
Incorreta a alternativa “a Conforme o STJ, no julgamento do REsp 866614/AL, tem-se que “Não é obrigatória
a denunciação à lide de servidor público nas ações de indenização fundadas na responsabilidade civil objetiva
do Estado”. Cabe ressaltar que, conforme o Código de Processo Civil, em seu art. 125, a denunciação à lide é
admissível, não mais obrigatória.
Incorreta a alternativa “b”. O STJ tem assentado o entendimento, em julgamentos mais recentes, que a
responsabilidade civil por danos ambientais é objetiva e solidária. A título exemplificativo reproduzimos
trecho do AgInt no AREsp 277167/MG: “No tocante à ausência de responsabilidade solidária pelos danos
ambientais, é pacificada nesta Corte a orientação de que a responsabilidade ambiental é objetiva
e solidária de todos os agentes que obtiveram proveito da atividade que resultou no dano ambiental
não com fundamento no Código de Defesa do Consumidor, mas pela aplicação da teoria do risco integral
ao poluidor/pagador prevista pela legislação ambiental (art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/81), combinado com o
art. 942 do Código Civil. Precedentes.”
Incorreta a alternativa “c”. Segundo o STJ, a responsabilidade civil do Estado se dá na modalidade objetiva
em relação à integridade física de detentos. Vejamos trecho do AResp Nº 1.029.825 - MG: “A
responsabilidade civil do Estado é objetiva quando se trata de lesão causada a pessoa que estava sob a sua
custódia, visto que incumbe ao ente público zelar pela integridade física do custodiado, em observância ao
disposto no art. 5°, XLIX, da CR/88. Tratando-se o evento danoso da morte de um parente próximo, no caso
em apreço, de um irmão, não se mostra imprescindível a prova concreta da repercussão do dano moral na
esfera subjetiva dos autores.”
Incorreta a alternativa “d”. Para a jurisprudência do STJ, o Estado não responde civilmente por atos ilícitos
praticados por foragidos do sistema penitenciário, salvo quando os danos decorrem direta ou imediatamente
do ato de fuga. Tal entendimento é ilustrado pelo REsp 858.511/DF: "Trata-se de ação indenizatória em que
se busca do Estado a reparação de danos materiais e morais decorrentes da morte de menor que foi atingido
por "bala perdida" disparada por outro menor que se encontrava foragido de estabelecimento destinado
ao cumprimento de medida sócio-educativa de semiliberdade. Assim, no caso, não há como afirmar que a
deficiência do serviço do Estado, de permitir que o menor que vinha cumprindo medida sócio-educativa em
regime de semiliberdade permanecesse foragido, tenha sido causa direta e imediata do tiroteio durante o
qual a "bala perdida" resultou na morte de outro menor, nem que esse tiroteio seja efeito necessário da
90
referida deficiência. Logo, ausente o nexo causal, afasta-se a responsabilidade do Estado. Com esse
entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, negou provimento ao recurso.”
Correta a alternativa “e”. Assertiva correta e que vai ao encontro do entendimento do STJ, conforme o REsp
1536911 - PE: “Esta Corte Superior possui orientação no sentido de que, em caso de ilícito cometido por
agente público, o termo inicial do prazo prescricional para ajuizamento de ação indenizatória em face do
Estado se dá a partir do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.”
I O Estado é responsável pela morte de detento causada por disparo de arma de fogo portada por visitante
do presídio, salvo se comprovada a realização regular de revista no público externo.
II O Estado necessariamente será responsabilizado em caso de suicídio de pessoa presa, em razão do seu
dever de plena vigilância.
III A responsabilidade do Estado, em regra, será afastada quando se tratar da obrigação de pagamento de
encargos trabalhistas de empregados terceirizados que tenham deixado de receber salário da empresa de
terceirização.
Comentários:
A propositura I está incorreta. O Estado possui responsabilidade objetiva no caso de morte de detentos. Tal
entendimento decorre do art. 37, § 6º e do art. 5º, XLIX, ambos da CRFB. Ademais, o fato de ter havido revista
apenas agrava a responsabilidade estatal, pois fica nítido que a revista não foi bem realizada. Acerca desse
tema, é relevante colacionar julgado do STF sobre isso: “Considerando que é dever do Estado, imposto pelo
sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no
ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação
de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta
91
ou insuficiência das condições legais de encarceramento. STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig. Min. Teori
Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/2/2017 (repercussão geral)”.
A propositura II está incorreta. Não obstante seja responsabilidade do Estado zelar pela integridade física e
dignidade das pessoas sob sua custódia, o entendimento do STF relativiza a responsabilização estatal no caso
de suicídio de detentos. Deve-se perquirir se o preso havia demonstrado indícios de que poderia atentar
contra sua própria vida. Caso afirmativo, sendo o suicídio previsível, o Estado pode ser responsabilizado na
hipótese de não ter tomado providências para evitar o acontecimento. Por outro lado, se a pessoa não
demonstrava qualquer tendência suicida, tendo sido ocasionado por uma atitude repentina da pessoa, a
responsabilidade estatal pode ser afastada.
A propositura III está correta. Trata-se de reprodução de parte do item V da Súmula nº 331, do TST, e também
de decisão de julgamento do STF no RE 760.931/DF, cujo teor é o seguinte: “O inadimplemento dos encargos
trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a
responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º,
da Lei nº 8.666/93.”
Gabarito: Letra B.
a) objetiva, bastando que sejam comprovadas a existência do dano, efetivo ou presumido, e a existência de
nexo causal entre conduta e dano.
b) objetiva, bastando a comprovação da culpa in vigilando e do dano efetivo.
c) subjetiva, sendo necessário comprovar negligência na atuação estatal, o dano causado e o nexo causal
entre ambos.
d) subjetiva, sendo necessário comprovar a existência de dolo e dano, mas sendo dispensada a verificação
da existência de nexo causal entre ambos.
e) objetiva, bastando que seja comprovada a negligência estatal no dever de vigilância, admitindo-se, assim,
a responsabilização por dano efetivo ou presumido.
Comentários:
Incorreta a alternativa “a”. Apesar de ser necessário que se comprove a negligência na atuação estatal (falha
do serviço), o dano e o nexo causal entre ambos, a responsabilidade é subjetiva.
Incorreta a alternativa “b”. Segundo entendimento do STJ, a responsabilidade civil do Estado por condutas
omissivas é subjetiva e não objetiva, como afirma a questão.
Correta a alternativa “c”. A responsabilidade civil do Estado por conduta omissiva é subjetiva, sendo
necessário comprovar a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo causal entre ambos. (STJ – Agravo
Interno em Recurso Especial nº 1.249.851/SP 2018/0031730-0)
92
Incorreta a alternativa “d”. Para que haja a responsabilidade civil do Estado, faz-se necessário o nexo causal.
Incorreta a alternativa “e”. A responsabilidade civil do Estado por conduta omissiva é subjetiva, sendo
necessário comprovar a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo causal entre ambos.
Com referência a essa situação, assinale a opção correta a partir do entendimento majoritário e atual do STF.
a) O Estado possui culpa presumida e responde solidariamente pelos encargos trabalhistas inadimplidos,
visto que a terceirização da atividade-fim constitui ato ilícito.
b) O Estado possui responsabilidade solidária e de aplicação automática com relação às dívidas trabalhistas
da empresa contratada.
c) O Estado possui responsabilidade subsidiária, a qual independe de culpa, sendo suficiente a comprovação
de que não foi possível realizar a cobrança em desfavor da empresa inadimplente.
d) A responsabilidade pelo pagamento das dívidas trabalhistas não é transferida automaticamente da
empresa contratada para o poder público, seja em caráter solidário ou subsidiário.
e) A responsabilidade pelo pagamento das dívidas trabalhistas é transferida automaticamente da empresa
contratada para o poder público, sendo suficiente, para tanto, a comprovação da inadimplência do
empregador.
Comentários:
Incorreta a alternativa “a”. Segundo o entendimento do STF que consta no julgamento do RE 760.931, o
Estado não possui culpa presumida e não responde solidariamente por inadimplementos trabalhistas de seus
contratos.
Incorreta a alternativa “b”. O Estado não possui responsabilidade solidária em relação às dívidas trabalhistas
da contratada, conforme previsto no art. 71, § 1º, da Lei Federal nº 8.666/93. O Estado apenas possui
responsabilidade solidária no que diz respeito aos encargos previdenciários (art. 71, § 2º, Lei nº 8.666/93).
Incorreta a alternativa “c”. Segundo o entendimento do STF no RE 760.931, o Estado não possui
responsabilidade subsidiária automática em função do inadimplemento trabalhista.
Correta a alternativa “d”. O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não
transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em
caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93. Tese de Repercussão Geral
do STF - Recurso Extraordinário 760.931.
93
I O Estado responde civilmente por danos decorrentes de atos praticados por seus agentes, mesmo que eles
tenham agido sob excludente de ilicitude penal.
II A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao descumprimento do dever de segurança e vigilância
contínua das vias férreas, a responsabilização da concessionária é uma constante, passível de ser elidida
somente quando cabalmente comprovada a culpa exclusiva da vítima.
III A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser comprovados
concomitantemente a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade entre o evento danoso
e o comportamento ilícito do poder público.
I. Fulano sofreu danos materiais decorrentes de uma ação estatal. Nesse caso, a ação de reparação de danos,
fundada no art. 37, §6º, CR/88 pode ser ajuizada conjuntamente contra a pessoa jurídica de direito público
e o agente público envolvido.
II. O servidor público não pode ser punido na esfera administrativa se foi absolvido no juízo criminal.
III. Pela má execução da obra, a administração pública responde objetivamente, ao passo que, pelo “só fato
da obra”, a responsabilidade é subjetiva.
IV. A responsabilidade civil de um servidor público e a de um empregado de empresa privada concessionária
de serviço público, ambos no exercício de suas funções, é objetiva e subjetiva, respectivamente.
Nesse contexto pode-se afirmar:
A) Estão corretas I e IV, apenas.
B) Estão corretas II e III, apenas.
C) Estão corretas I, II, III e IV.
D) Todos os itens estão incorretos.
Comentários:
Incorreta a assertiva I porque, em respeito ao princípio da dupla garantia, quando se trata de
Responsabilidade Extracontratual do Estado, sobretudo amparado na responsabilidade objetiva constante
no art. 37, §6º, da CRFB:
1) o particular tem a garantia de acionar diretamente o Estado, sem necessidade de comprovação de dolo
ou culpa do agente público; e
2) o agente público tem a garantia de só ser acionado em ação regressiva Estatal, após a condenação
definitiva deste, e desde que tenha agido com dolo ou culpa.
À luz da Constituição de 1988, não cabe o ajuizamento “per saltum” em caso de responsabilidade objetiva
do Estado (STF: RE 327.904).
Em que pese haver alguma dissonância no STJ (REsp 1.325.862), é mais segura a posição do STF.
Incorreta a assertiva II porque nem toda absolvição na esfera penal tem o condão de refletir na esfera
administrativa. Esse reflexo ocorrerá em caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua
autoria, mas não, por exemplo, na absolvição por falta de provas.
Incorreta a assertiva III porque a assertiva inverte a responsabilidade. Pela má execução da obra, ou seja, por
imperícia, imprudência ou negligência da construtora, haverá a responsabilidade subjetiva. Por outro lado,
pelo “só fato da obra” (danos causados pela obra em si; razão natural ou imprevisível e sem que tenha havido
culpa de alguém), a responsabilidade é objetiva.
95
Nessa linha, por exemplo, José dos Santos Carvalho Filho, em sua obra Manual de Direito Administrativo, 31ª
edição, página 608.
Incorreta a assertiva IV porque, nos termos do art. 37, §6º, da CRFB, as pessoas jurídicas de direito público e
as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa.
Logo, quem responde objetivamente é a PJ de Direito Público e a PJ de Direito Privado prestadora de serviço
público. O servidor público e o agente da PJ de Direito Privado responderão subjetivamente em ação de
regresso.
Gabarito: Alternativa “d”.
a) Tanto a doutrina como a jurisprudência não estão pacificadas, no Brasil, no tocante ao estabelecimento
do regime jurídico da responsabilidade civil estatal por omissão, que ora é entendida como objetiva, ora
como subjetiva.
b) A responsabilidade civil do Estado no Brasil é matéria tradicionalmente regulada tanto pela Constituição
da República quanto pela Lei Nacional de Responsabilidade Civil do Estado.
c) A teoria do risco administrativo não foi recepcionada pela Constituição da República de 1988.
d) O texto da Constituição da República veda expressamente a responsabilidade civil do Estado por atos
legislativos.
e) As pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos respondem subjetivamente por suas ações se
tiverem personalidade de Direito privado.
Comentários:
Correta a alternativa “a” porque a doutrina e a jurisprudência diferenciam omissão específica de omissão
genérica para classificar a responsabilidade, respectivamente, como objetiva ou subjetiva (STF RE 841.526;
136861; 754778 tende à posição objetiva / STJ REsp 302.747; 1230155 – tende à posição subjetiva). A
jurisprudência traz à baila o fato de que não cabe ao Estado ser considerado um segurador universal ou um
ser onipotente. Não se pode confundir o risco administrativo com o risco integral. Contudo, havendo dano e
o dever de proteção razoável do Estado, estará presente a responsabilidade.
Incorreta a alternativa “b” porque não há uma Lei Nacional de Responsabilidade Civil do Estado. A disciplina
da responsabilidade objetiva do Estado deriva diretamente do §6º do art. 37 da CRFB:
Incorreta a alternativa “c” porque a teoria do risco administrativo foi sim recepcionada pela Constituição de
1988. Essa teoria foi recepcionada já pela Constituição de 1946 e tem sido adotada no Brasil.
Incorreta a alternativa “d” porque não há na CRFB vedação expressa à responsabilidade civil do Estado por
atos legislativos. A doutrina, como exemplo, Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de Direito
Administrativo, 27ª edição, p 970), e a jurisprudência reconhecem a possibilidade de atos legislativos
ensejarem a responsabilidade civil do Estado em duas situações excepcionais: leis inconstitucionais e leis de
efeitos concretos (exigem, em regra, culpa manifesta na expedição, de maneira ilegítima e lesiva).
Incorreta a alternativa “e” porque afronta o §6º do art. 37 da CRFB já citado.
Gabarito: alternativa A.
Para o Superior Tribunal de Justiça - a quem compete, precipuamente, interpretar a lei federal
(CR, art. 105, III) e que "tem por função constitucional uniformizar o Direito Federal" (AgRgMC n.
7.164, Min. Eliana Calmon) -, "para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano
urbanístico-ambiental e de eventual solidariedade passiva, equiparam-se quem faz, quem não
97
faz quando deveria fazer, quem não se importa que façam, quem cala quando lhe cabe
denunciar, quem financia para que façam e quem se beneficia quando outros fazem. A
Administração é solidária, objetiva e ilimitadamente responsável, nos termos da Lei 6.938/1981,
por danos urbanístico-ambientais decorrentes da omissão do seu dever de controlar e fiscalizar,
na medida em que contribua, direta ou indiretamente, tanto para a degradação ambiental em si
mesma, como para o seu agravamento, consolidação ou perpetuação, tudo sem prejuízo da
adoção, contra o agente público relapso ou desidioso, de medidas disciplinares, penais, civis e no
campo da improbidade administrativa".
b)incorreto. A responsabilidade objetiva do Estado, para o caso em análise, não decorre da teoria do risco
integral e sim da teoria do risco administrativo, uma vez que é necessária a comprovação do nexo de
causalidade entre a sua omissão e óbito ocorrido. Vejamos a seguir o julgado sobre o tema:
98
c)correto. A assertiva está em consonância com o entendimento da jurisprudência do STF, conforme a seguir:
d)incorreto. A responsabilidade para o caso da assertiva é subjetiva, conforme julgado do STJ abaixo:
99
BERNARDES ADVOGADO : NEDY MAISER ZIULKOSKI E OUTRO (S) - RS009479 DECISÃO Trata-se
de Agravo em Recurso Especial, interposto pela UNIÃO, em 28/03/2017, contra decisão do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que inadmitiu o Recurso Especial interposto contra
acórdão assim ementado: "ADMINISTRATIVO. CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO - ANIMAL EM
RODOVIA FEDERAL. UNIÃO E DNIT - LEGITIMIDADE PASSIVA. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO
ESTADO. NEXO CAUSAL COMPROVADO. PENSÃO VITALÍCIA - PROVA DE PERDA FINANCEIRA.
DANOS MORAIS - CABIMENTO. COMPENSAÇÃO COM DPVAT - CABÍVEL. CONSECTÁRIOS LEGAIS.
1. Hipótese em que o acidente decorreu de invasão de animal na pista de rolamento de Rodovia
Federal. 2. Havendo a prova de falta de serviço (omissão) na fiscalização da rodovia, exsurge a
responsabilidade dos réus. 3. No caso em exame, aplica-se a teoria da responsabilidade
subjetiva que tem como pressupostos, além da omissão, neste caso, a relação de causalidade,
a existência de dano e culpa.
Gabarito: Letra C.
a) trata-se de hipótese em que o ente estatal não será responsabilizado, visto que se trata de ato de terceiro,
a excluir o nexo causal entre a atividade estatal e o dano.
b) há responsabilidade objetiva da empresa contratada, sendo que não haverá responsabilização estatal,
visto que o serviço era prestado em benefício de terceiros.
c) haverá responsabilização civil dos pais do causador direto do dano, pois este é menor e civilmente
irresponsável.
d) é cabível a responsabilização estatal, com base na teoria da culpa do serviço, em vista do funcionamento
deficiente do serviço público.
e) não haverá responsabilização do ente estatal, visto que a situação não se enquadra entre as hipóteses de
responsabilização por atos praticados pelo Poder Judiciário.
Comentários
Para o caso em análise, a jurisprudência do STJ vem seguindo o entendimento de que ocorrendo dano
material ou moral dentro de escola, é cabível a responsabilidade do Estado por culpa do serviço, nos termos
a seguir:
100
(...)
(STJ - AgRg no AREsp: 559386 PE 2014/0195166-3, Relator: Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, Data
de Julgamento: 16/10/2014, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 31/10/2014) (grifos
não constantes do original)
18. (2018/FCC/DPE-AM/Defensor Público) Carlos, servidor público municipal que atua em hospital
da rede pública estadual, no exercício regular de sua função, aplicou determinada medicação em
um paciente, que, sendo alérgico à mesma, acabou vindo a óbito. No procedimento instaurado
para apuração de responsabilidades, restou comprovada a ausência de culpa de Carlos, eis que o
mesmo apenas seguiu a prescrição do médico responsável, também servidor do mesmo hospital.
Inconformados, os familiares do falecido solicitaram à Defensoria Pública a adoção das medidas
judiciais cabíveis para a responsabilização civil pelos danos sofridos. Diante da situação narrada,
101
d) incide a responsabilidade subjetiva e exclusiva do Estado, com base na teoria do risco administrativo,
cabendo, para tanto, a demonstração de omissão no dever de fiscalizar a atuação de seus agentes.
e) o Estado e o servidor responsável pela prescrição do medicamento respondem, solidariamente e de forma
objetiva, pelos danos causados, salvo se presente causa excludente de responsabilidade civil como, por
exemplo, culpa de terceiro.
Comentários
A questão trata da responsabilidade sobre pacientes em hospitais públicos do Estado quando sofrerem
algum dano. Para Hely Lopes Meirelles (p.786 e 787, 2016),
Por isso, incide a responsabilidade civil objetiva quando a Administração Pública assume o
compromisso de velar pela integridade física da pessoa e esta vem a sofrer um dano decorrente
da omissão do agente público naquela vigilância. Assim, alunos da rede oficial de ensino,
pessoas internado em hospitais públicos ou detentos, caso sofram algum dano quando estejam
sob a guarda imediata do Poder Público, têm direito à indenização salvo se ficar comprovada a
ocorrência de alguma causa excludente daquela responsabilidade estatal. (grifos não
constantes do original)
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
a) a teoria do risco integral é a modalidade mais branda da doutrina do risco administrativo, sendo adotada
como regra no Brasil, por conduzir à justiça social e à distribuição razoável dos riscos entre a sociedade e os
cidadãos.
b) na teoria do risco integral, também conhecida por teoria do risco administrativo, a responsabilidade do
Estado depende de dano, conduta do Estado, nexo causal, além de culpa ou dolo do agente.
102
a) poderão ser indenizados pelo Estado se houver comprovação de culpa na fiscalização das condições de
saúde e de higiene da unidade prisional, sendo irrelevante conhecer se foram aplicados todos os recursos
previstos na lei orçamentária nas áreas da segurança e saúde prisional.
103
b) poderão ser indenizados pelo Estado independentemente de comprovação de culpa na fiscalização das
condições de saúde e higiene da unidade prisional, apenas se comprovados que foram insuficientes os
recursos públicos legalmente destinados à segurança e saúde prisional.
c) poderão ser indenizados pelo Estado se ainda houver disponibilidade de recursos que na prática não foram
aplicados na área prisional, pois do Estado não pode ser exigido mais do que o possível dentro de sua reserva
orçamentária.
d) deverão ser indenizados pelo Estado independentemente de comprovação de culpa na fiscalização das
condições de saúde e higiene da unidade prisional, mas apenas os danos materiais, não se incluindo aí os
morais, sendo irrelevante conhecer se foram aplicados todos os recursos previstos na lei orçamentária nas
áreas da segurança e saúde prisional.
e) deverão ser indenizados pelo Estado, tanto os danos materiais como os morais, independentemente de
comprovação de culpa na fiscalização das condições de saúde e higiene da unidade prisional, sendo
irrelevante conhecer se foram aplicados todos os recursos previstos na lei orçamentária nas áreas da
segurança e saúde prisional
Comentários
A questão trata sobre as condições de tratamento do preso durante o cumprimento da pena nos presídios.
O STF vem decidindo pela responsabilidade objetiva do Estado quando são descumpridos os preceitos da
dignidade da pessoa humana, como veremos a seguir:
104
Dessa forma, o Estado responde objetivamente quando deixar de garantir a dignidade da pessoa humana
aos presos no cumprimento da pena, podendo gerar obrigação de pagar indenizações, tanto materiais
quanto morais.
Vamos aos comentários:
a)incorreto. A comprovação de culpa da fiscalização é incabível, uma vez que a responsabilidade é objetiva,
devendo ser observados os seguintes requisitos: conduta do agente, dano e nexo de causalidade. A
verificação da culpa está no campo da responsabilidade subjetiva, que visa verificar se o agente público
procedeu com culpa ou dolo para futura responsabilização em ação regressiva.
b)incorreto. A comprovação de insuficiência de recursos públicos não gera motivo para o Estado ter excluída
a sua responsabilidade pelos danos causados aos detentos.
c)incorreto. O argumento de que o Estado não aplicou regularmente os recursos públicos na área de
segurança pública não gera a responsabilidade de indenização. O que gera a responsabilização é a
observância dos três requisitos: conduta, dano e nexo de causalidade.
d)incorreto. Ficando caracterizada a responsabilidade objetiva do Estado, poderá ocorrer tanto indenização
por danos materiais quanto indenização por danos morais.
e)correto. A assertiva preenche todos os requisitos apontados pela atual jurisprudência do STF para
responsabilizar o Estado quando viola os direitos da dignidade da pessoa humana dos detentos durante o
período de cumprimento da pena.
Gabarito: Letra E.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
105
A responsabilidade civil do Estado por ato comissivo, em regra, é objetiva, devendo ficar evidenciado o nexo
de causalidade entre a conduta do Estado (na figura do prestador de serviço público) e o fato ocorrido.
Desta forma, o gabarito é a letra A.
Gabarito: Letra A.
106
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
Trata-se de agravo contra decisão que negou seguimento ao recurso extraordinário interposto
em face de acórdão assim ementado: "APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM
ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA (ART. 37,
§ 6º DA CF/88) EM ACIDENTE DE TRÂNSITO TAMBÉM PERANTE A NÃO-USUÁRIO DO SERVIÇO
DE TRANSPORTE PÚBLICO. PRECEDENTE DO STF. COLISÃO ENVOLVENDO CICLISTA E UM
COLETIVO DE EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO. FATO DE TERCEIRO. MANTIDA A
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. UNÂNIME. APELO DESPROVIDO" (pág. 93 do volume
eletrônico 12). No RE, fundado no art. 102, III, a, da Constituição, alegou-se, em suma, violação
aos arts. 5º, X e 37, § 6º, da mesma Carta. Sustenta-se que na responsabilidade objetiva “não há
necessidade de demonstrar a conduta do agente” (pág. 75 do volume eletrônico 13). A pretensão
recursal não merece acolhida. O acórdão recorrido encontra-se em harmonia com o decidido por
esta Corte no julgamento do RE 591.874-RG, de minha relatoria, Tema 130, de que a
responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é
objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, assim ementado:
“EMENTA: CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO.
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO.
CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO DO SERVIÇO DE TRANSPORTE COLETIVO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A TERCEIROS NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO.
RECURSO DESPROVIDO. I – A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários do
serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal. II - A inequívoca presença do
nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano causado ao terceiro não-usuário do
serviço público, é condição suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa
jurídica de direito privado.
(...)
(ARE 951.552-AgR/ES, Rel. Min. Dias Toffoli). Isso posto, nego seguimento ao recurso (Art. 21, §
1º, do RISTF). Publique-se. Brasília, 12 de setembro de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski
107
A existência de causa excludente de ilicitude penal não impede a responsabilidade civil do Estado pelos danos
causados por seus agentes.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Correto. O tema foi pacificado pela jurisprudência do STJ no sentido de não ocorrer impedimento para a
responsabilização do Estado na esfera cível, conforme julgado a seguir:
Gabarito: Certo.
108
Comentários
a)correto. No caso em análise, ocorreu a responsabilidade civil objetiva do Estado por conta da conduta do
agente público ter causado o acidente, ter havido a ocorrência do dano e ficar configurado o nexo causal
entre a conduta do agente público e o dano, preenchendo assim os requisitos da teoria do risco
administrativo.
b)incorreto. A responsabilidade do agente causador é subjetiva, devendo ser comprovada a culpa ou dolo
em ação regressiva. O município responderá de forma objetiva.
c)incorreto. Existe sim a responsabilidade civil do Estado, uma vez que o dano foi provocado por servidor
que estava uniformizado. Caso não estivesse, seria enquadrado por conta de ter se aproveitado da qualidade
de servidor público ao utilizar o carro oficial.
d)incorreto. O dano foi provocado por agente público da prefeitura, sendo preenchido um dos os requisitos
para a responsabilidade civil objetiva.
e)incorreto. A responsabilidade da pessoa jurídica de direito público será objetiva pela teoria do risco
administrativo.
Gabarito: Letra A.
109
Erro judiciário. Responsabilidade civil objetiva do Estado. Direito à indenização por danos
morais decorrentes de condenação desconstituída em revisão criminal e de prisão preventiva.
CF, art. 5º, LXXV. C.Pr.Penal, art. 630. 1. O direito à indenização da vítima de erro judiciário e
daquela presa além do tempo devido, previsto no art. 5º, LXXV, da Constituição, já era previsto
no art. 630 do C. Pr. Penal, com a exceção do caso de ação penal privada e só uma hipótese de
exoneração, quando para a condenação tivesse contribuído o próprio réu. 2. A regra
constitucional não veio para aditar pressupostos subjetivos à regra geral da responsabilidade
fundada no risco administrativo, conforme o art. 37, § 6º, da Lei Fundamental: a partir do
entendimento consolidado de que a regra geral é a irresponsabilidade civil do Estado por atos de
jurisdição, estabelece que, naqueles casos, a indenização é uma garantia individual e,
manifestamente, não a submete à exigência de dolo ou culpa do magistrado. 3. O art. 5º, LXXV,
110
da Constituição: é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem impede eventuais
construções doutrinárias que venham a reconhecer a responsabilidade do Estado em hipóteses
que não a de erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta objetiva do serviço público da
Justiça.(STF - RE: 505393 PE, Relator: SEPÚLVEDA PERTENCE, Data de Julgamento: 26/06/2007,
Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-117 DIVULG 04-10-2007 PUBLIC 05-10-2007 DJ 05-10-
2007 PP-00025 EMENT VOL-02292-04 PP-00717 LEXSTF v. 29, n. 346, 2007, p. 296-310 RT v. 97,
n. 868, 2008, p. 161-168 RDDP n. 57, 2007, p. 112-119) (grifos não constante do original)
a) o Estado responde, objetivamente, por todos os danos causados por ação ou omissão de seus agentes e
de particulares prestadores de serviço público, não sendo admitida nenhuma excludente de
responsabilidade.
b) a responsabilidade do Estado é de natureza subjetiva, condicionada à comprovação de conduta culposa
ou dolosa do agente público e do nexo de causalidade com os danos indicados.
c) a responsabilidade do Estado é de natureza subjetiva, porém não atrelada à conduta culposa ou dolosa de
agente determinado, mas sim à denominada culpa anônima ou falta do serviço.
d) apenas em condutas omissivas pode ser invocada a responsabilidade objetiva do Estado, eis que inviável
a individualização de culpa ou dolo de agente específico.
e) o Estado responde objetivamente pelos atos comissivos de seus agentes, independentemente de culpa
ou dolo, bastando a comprovação do nexo de causalidade, admitindo, contudo, excludentes de
responsabilidade como caso fortuito e culpa exclusiva da vítima.
Comentários
111
a)incorreto. O Estado só será responsabilizado de forma objetiva nos atos comissivos e desde que praticados
pelos seus agentes públicos. Nos casos praticados pelos agentes das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos, a responsabilidade recairá sobre elas mesmas. Além disso, pela teoria do
risco administrativo, são admitidas hipóteses de exclusão ou atenuação dessa responsabilidade objetiva a
depender da participação da vítima na ocorrência do dano (concorrente ou exclusiva).
b)incorreto. A responsabilidade do Estado é objetiva nos atos comissos. Já nos atos omissos, em regra, a
responsabilidade é subjetiva, devendo o Estado comprovar que agiu diligentemente, usando de todas as
ferramentas possíveis para evitar o dano ou então que se determinado fato ocorreu era impossível de evitar.
Em algumas hipóteses, a omissão do Estado o leva a responsabilidade objetiva. Já a responsabilidade do
agente é subjetiva, devendo ser comprovado culpa ou dolo.
c)incorreto. A responsabilidade do Estado nos atos comissivos é objetiva. Já a responsabilidade do agente
que praticou o ato é subjetiva, devendo ser comprovada a culpa ou dolo.
Já em relação à omissão, a responsabilidade do Estado pode ser subjetiva ou objetiva.
No âmbito da responsabilidade subjetiva pela omissão, Maria Sylvia de Pietro (p. 824, 2018) aduz o seguinte:
“No caso de omissão do Poder Público os danos em regra não são causados por agentes públicos.
São causados por fatos da natureza ou fatos de terceiros. Mas poderiam ter sido evitados ou
minorados se o Estado, tendo o dever de agir, se omitiu.”
d)incorreto. Nos casos de omissão, o Estado pode responder de forma objetiva (morte de detento na
penitenciária) ou de forma subjetiva (dano provocado por um buraco aberto em via pública).
e)correto. A assertiva está em consonância com a teoria do risco administrativo, pela qual o Estado responde
objetivamente pelos atos praticados pelos seus agentes, devendo ocorrer o enquadramento de três
requisitos: conduta do agente, dano e nexo de causalidade. Admite-se as excludentes de responsabilidade.
Gabarito: Letra E.
a) responde pelos danos causados, independentemente de comprovação de dolo ou culpa, porém apenas
em relação aos usuários dos serviços por ela prestados.
b) possui responsabilidade objetiva pelos danos causados, a qual, contudo, pode ser afastada caso
comprovada a ocorrência de caso fortuito.
c) apenas responde pelos danos causados se comprovada conduta dolosa ou culposa de seus empregados,
eis que os mesmos não são agentes públicos.
112
d) responde pelos danos causados, de forma irrestrita, com base na teoria do risco integral, descabendo
responsabilidade subsidiária do poder concedente.
e) somente responde pelos danos causados se comprovada falha na prestação do serviço, descabendo
responsabilização objetiva.
Comentários
a)incorreto. A responsabilidade objetiva recai sobre as concessionárias de prestação de serviços públicos
independentemente de ser a vítima usuária ou não do serviço, conforme jurisprudência do STJ a seguir
exposta:
Trata-se de agravo contra decisão que negou seguimento ao recurso extraordinário interposto
em face de acórdão assim ementado: "APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM
ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA (ART. 37,
§ 6º DA CF/88) EM ACIDENTE DE TRÂNSITO TAMBÉM PERANTE A NÃO-USUÁRIO DO SERVIÇO
DE TRANSPORTE PÚBLICO. PRECEDENTE DO STF. COLISÃO ENVOLVENDO CICLISTA E UM
COLETIVO DE EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO. FATO DE TERCEIRO. MANTIDA A
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. UNÂNIME. APELO DESPROVIDO" (pág. 93 do volume
eletrônico 12). No RE, fundado no art. 102, III, a, da Constituição, alegou-se, em suma, violação
aos arts. 5º, X e 37, § 6º, da mesma Carta. Sustenta-se que na responsabilidade objetiva “não há
necessidade de demonstrar a conduta do agente” (pág. 75 do volume eletrônico 13). A pretensão
recursal não merece acolhida. O acórdão recorrido encontra-se em harmonia com o decidido por
esta Corte no julgamento do RE 591.874-RG, de minha relatoria, Tema 130, de que a
responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é
objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, assim ementado:
“EMENTA: CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO.
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO.
CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO DO SERVIÇO DE TRANSPORTE COLETIVO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A TERCEIROS NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO.
RECURSO DESPROVIDO. I – A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários do
serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal. II - A inequívoca presença do
nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano causado ao terceiro não-usuário do
serviço público, é condição suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa
jurídica de direito privado.
(...)
(ARE 951.552-AgR/ES, Rel. Min. Dias Toffoli). Isso posto, nego seguimento ao recurso (Art. 21, §
1º, do RISTF). Publique-se. Brasília, 12 de setembro de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski
Relator(STF - ARE: 1070271 RS - RIO GRANDE DO SUL 0063741-64.2010.8.21.0014, Relator: Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 12/09/2017, Data de Publicação: DJe-208
14/09/2017) (grifos não constantes do original)
b)correto. Pela Teoria do Risco Administrativo, a responsabilidade civil do Estado é objetiva, regra geral,
podendo ocorrer a exclusão ou atenuação do dever de indenizar. Além disso, existem outras hipóteses que
113
culminam no afastamento da responsabilidade civil objetiva: caso fortuito, força maior, culpa exclusiva da
vítima, etc.
c)incorreto. As concessionárias de serviços públicos respondem objetivamente pelos danos provocados
pelos seus agentes, como prevê o art. 37, §6º da CF/88, in verbis:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
114
Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, XLIX, da CF, o
Estado é responsável pela morte de detento. Essa a conclusão do Plenário, que desproveu
recurso extraordinário em que discutida a responsabilidade civil objetiva do Estado por morte de
preso em estabelecimento penitenciário. No caso, o falecimento ocorrera por asfixia mecânica,
e o Estado-Membro alegava que, havendo indícios de suicídio, não seria possível impor-lhe o
dever absoluto de guarda da integridade física de pessoa sob sua custódia. O Colegiado
asseverou que a responsabilidade civil estatal, segundo a CF/1988, em seu art. 37, § 6º,
subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas quanto
paras as omissivas, uma vez rejeitada a teoria do risco integral. Assim, a omissão do Estado
reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nas hipóteses em que o
Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado
danoso. Além disso, é dever do Estado e direito subjetivo do preso a execução da pena de
forma humanizada, garantindo-se-lhe os direitos fundamentais, e o de ter preservada a sua
incolumidade física e moral. Esse dever constitucional de proteção ao detento somente se
considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos
fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade civil objetiva
estatal. Por essa razão, nas situações em que não seja possível ao Estado agir para evitar a
morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo
de causalidade. Afasta-se, assim, a responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se
a teoria do risco integral, ao arrepio do texto constitucional. A morte do detento pode ocorrer
por várias causas, como homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, não sendo sempre
possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. Portanto, a
responsabilidade civil estatal fica excluída nas hipóteses em que o Poder Público comprova causa
impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de causalidade da sua omissão
com o resultado danoso. Na espécie, entretanto, o tribunal “a quo” não assentara haver causa
capaz de romper o nexo de causalidade da omissão do Estado-Membro com o óbito. Correta,
115
Nessa situação hipotética, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o defensor público
responsável pelo atendimento deverá informar a família de Caio de que
a) será necessário, para o ajuizamento de ação de reparação de danos morais, provar que as condições de
cumprimento de pena eram desumanas.
b) é cabível o ajuizamento de ação de reparação de danos morais em face do estado de Alagoas.
c) não houve omissão estatal, pois o suicídio configura ato exclusivo da vítima.
d) houve fato exclusivo de terceiro, pois o dever de evitar o ato cabia aos agentes penitenciários em serviço
no momento.
e) não cabe direito a reparação de qualquer natureza, por não ser possível comprovar nexo causal entre a
morte do detento e a conduta estatal.
Comentários
Trata o caso de morte de detento por suicídio, porém com omissão do poder público devido à negativa dos
agentes de procurarem impedir tal conduta do preso. Nesse caso, o Estado responde objetivamente, uma
vez que o agente público poderia ter evitado tal ocorrência.
Em recente julgado do STF (informativo 819), os ministros têm defendido a seguinte tese:
116
Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, XLIX, da CF, o
Estado é responsável pela morte de detento. Essa a conclusão do Plenário, que desproveu
recurso extraordinário em que discutida a responsabilidade civil objetiva do Estado por morte de
preso em estabelecimento penitenciário. No caso, o falecimento ocorrera por asfixia mecânica,
e o Estado-Membro alegava que, havendo indícios de suicídio, não seria possível impor-lhe o
dever absoluto de guarda da integridade física de pessoa sob sua custódia. O Colegiado
asseverou que a responsabilidade civil estatal, segundo a CF/1988, em seu art. 37, § 6º,
subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas quanto
paras as omissivas, uma vez rejeitada a teoria do risco integral. Assim, a omissão do Estado
reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nas hipóteses em que o
Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado
danoso. Além disso, é dever do Estado e direito subjetivo do preso a execução da pena de
forma humanizada, garantindo-se-lhe os direitos fundamentais, e o de ter preservada a sua
incolumidade física e moral. Esse dever constitucional de proteção ao detento somente se
considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos
fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade civil objetiva
estatal. Por essa razão, nas situações em que não seja possível ao Estado agir para evitar a
morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo
de causalidade. Afasta-se, assim, a responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se
a teoria do risco integral, ao arrepio do texto constitucional. A morte do detento pode ocorrer
por várias causas, como homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, não sendo sempre
possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. Portanto, a
responsabilidade civil estatal fica excluída nas hipóteses em que o Poder Público comprova causa
impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de causalidade da sua omissão
com o resultado danoso. Na espécie, entretanto, o tribunal “a quo” não assentara haver causa
capaz de romper o nexo de causalidade da omissão do Estado-Membro com o óbito. Correta,
portanto, a decisão impositiva de responsabilidade civil estatal.
RE 841526/RS, rel. Min. Luiz Fux, 30.3.2016. (RE-841526) (grifos não constantes do original)
117
a) Situação hipotética: Uma autarquia federal, por meio de processo licitatório, celebrou contrato com
empresa para a prestação de serviços de limpeza em sua sede. A referida empresa não honrou com as
obrigações trabalhistas com os seus empregados, que realizavam os serviços na sede do ente público.
Assertiva: Nessa situação, incide a responsabilidade objetiva extracontratual da União, nos termos do
entendimento do STF Parte superior do formulário.
b) Situação hipotética: Lei de determinado estado da Federação estabeleceu a responsabilidade do estado
durante a realização de evento internacional na capital dessa unidade federativa: o estado assumiria os
efeitos da responsabilidade civil perante os organizadores do evento, por todo e qualquer dano resultante
ou que surgisse em função de qualquer incidente ou acidente de segurança relacionado ao referido evento,
exceto na situação em que organizadores ou vítimas concorressem para a ocorrência do dano. Assertiva:
Conforme entendimento do STF, a referida lei estadual é constitucional, pois a Constituição Federal de 1988
não esgota matéria relacionada à responsabilidade civil.
c) Situação hipotética: Um professor de escola pública foi agredido por um aluno em sala de aula, tendo sido
atingido por disparo de arma de fogo. Assertiva: Nessa situação, incide a responsabilidade subjetiva estatal
devido à conduta omissiva do Estado pelo não oferecimento de segurança adequada aos seus servidores.
d) Em caso de dano causado por servidor público, o Estado tem o dever de indenizar a vítima,
independentemente da licitude da conduta, cabendo, ainda, ação regressiva contra o servidor, fundada na
responsabilidade objetiva e em razão da teoria do risco administrativo.
e) Particular que tenha sofrido danos materiais e morais provocados por servidor público no exercício de
suas atribuições poderá ingressar com ação diretamente contra o servidor na busca de reparo pelos prejuízos
sofridos, aplicando-se a teoria da imputação volitiva com incidência da responsabilidade objetiva no tocante
à comprovação do dano.
Comentários
a)incorreto. O tema foi tratado no informativo do STF nº 862/Direito Administrativo da seguinte forma:
Decidiram os Ministros do STF que, regra geral, não ocorre a transferência de responsabilidade solidária ou
subsidiária de forma automática. Para isso ocorrer, deve o ex-empregado reclamante comprovar em juízo,
com elementos concretos de prova, que houve efetiva falha do Poder Público na fiscalização do contrato.
b)correto. É permitida por Lei Estadual a ampliação da matéria relativa a responsabilidade civil, nos termos
da decisão da ADIN 4976-DF, in verbis:
118
MUNDO FIFA 2014. ASSUNÇÃO PELA UNIÃO, COM SUB-ROGAÇÃO DE DIREITOS, DOS EFEITOS DA
RESPONSABILIDADE CIVIL PERANTE A FIFA POR DANOS EM INCIDENTES OU ACIDENTES DE
SEGURANÇA. OFENSA AO ART. 37, § 6º, DA CF, PELA SUPOSTA ADOÇÃO DA TEORIA DO RISCO
INTEGRAL. INOCORRÊNCIA. CONCESSÃO DE PRÊMIO EM DINHEIRO E DE AUXÍLIO ESPECIAL
MENSAL AOS JOGADORES CAMPEÕES DAS COPAS DO MUNDO FIFA DE 1958, 1962 E 1970. ARTS.
5º, 19, III, E 195, § 5º, TODOS DA CF. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA IGUALDADE E AUSÊNCIA DE
INDICAÇÃO DA FONTE DE CUSTEIO TOTAL. ALEGAÇÕES REJEITADAS. ISENÇÃO CONCEDIDA À FIFA
E A SEUS REPRESENTANTES DE CUSTAS E DESPESAS PROCESSUAIS DEVIDAS AOS ÓRGÃOS DO
PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO. ART. 150, II, DA CF. AFRONTA À ISONOMIA TRIBUTÁRIA.
INEXISTÊNCIA. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. I – A disposição contida no art. 37, § 6º, da
Constituição Federal não esgota a matéria relacionada à responsabilidade civil imputável à
Administração, pois, em situações especiais de grave risco para a população ou de relevante
interesse público, pode o Estado ampliar a respectiva responsabilidade, por danos decorrentes
de sua ação ou omissão, para além das balizas do supramencionado dispositivo constitucional,
inclusive por lei ordinária, dividindo os ônus decorrentes dessa extensão com toda a sociedade.
II – Validade do oferecimento pela União, mediante autorização legal, de garantia adicional, de
natureza tipicamente securitária, em favor de vítimas de danos incertos decorrentes dos eventos
patrocinados pela FIFA, excluídos os prejuízos para os quais a própria entidade organizadora ou
mesmo as vítimas tiverem concorrido. Compromisso livre e soberanamente contraído pelo Brasil
à época de sua candidatura para sediar a Copa do Mundo FIFA 2014.
(...)
(STF - ADI: 4976 DF, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 07/05/2014,
Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014) (grifos não
constantes do original)
c)incorreto. Trata-se de hipótese de omissão específica, gerando a responsabilidade objetiva do Estado pela
ofensa à integridade física no local de trabalho. Vejamos trecho de julgado do STF sobre o tema a seguir:
“Professora. Tiro de arma de fogo desferido por aluno. Ofensa à integridade física em local de
trabalho. Responsabilidade objetiva. Abrangência de atos omissivos.” (ARE 663.647-AgR, rel.
min. Cármen Lúcia, julgamento em 14-2-2012, Primeira Turma, DJE de 6-3-2012.) (grifos não
constantes do original)
d)incorreto. A princípio, os danos causados pelos agentes públicos remetem para a responsabilidade civil
objetiva do Estado, desde que cumpridos os requisitos essenciais: conduta do agente, dano e nexo de
causalidade. Ressalte-se que a responsabilidade objetiva por ato comissivo pode se originar tanto de atos
ilícitos quanto de atos lícitos. Porém, existem os casos em que a vítima possui alguma participação na
ocorrência do dano, podendo gerar a exclusão ou a atenuação da obrigação de indenizar do Estado, nos
termos da teoria do risco administrativo.
e)incorreto. Primeiramente, é importante esclarecer que doutrina e jurisprudência são divergentes em
aceitar a tese de que o particular possa ajuizar ação contra o agente público diretamente. Em relação ao STJ,
o entendimento é que se possa ajuizar diretamente contra o agente público. Já o STF entende que não é
permitido. Em ambas as hipóteses, o agente público estará no polo passivo com base na responsabilidade
119
subjetiva, ou seja, terão que ser apuradas a culpa ou dolo. A responsabilidade objetiva somente pode ser
imputada ao Estado.
Gabarito: Letra B.
Com base nessa situação hipotética e no entendimento dos tribunais superiores acerca da responsabilidade
civil do Estado, assinale a opção correta.
a) O poder público concedente tem responsabilidade solidária para reparar os danos decorrentes do
acidente, devendo vir a figurar no polo passivo da ação indenizatória.
b) A responsabilização do agente responsável pela falha ao deixar de cercar ou sinalizar o local do acidente
exigirá a denunciação da lide nos autos da ação indenizatória.
c) A responsabilização civil da empresa concessionária independerá da demonstração da falha na prestação
do serviço pela empresa, ante o risco inerente à atividade econômica desenvolvida.
d) A conduta de Pedro, que atravessou a ferrovia em local inadequado, afastará a responsabilização civil da
empresa concessionária, ainda que fique demonstrada a falha no isolamento por cerca ou na sinalização do
local do acidente.
e) A demonstração da omissão no isolamento por cerca ou na sinalização do local do acidente acarretará a
responsabilização civil da empresa concessionária, embora possa haver redução da indenização dada a
conduta imprudente de Pedro.
Comentários
a)incorreto. A responsabilidade do poder concedente será subsidiária, nos termos do entendimento do STJ
a seguir exposto:
dessa Corte, a teor da Súmula 83/STJ. IV - Esta Corte possui orientação consolidada, segundo o
qual nos casos de danos resultantes de atividade estatal delegada pelo Poder Público há
responsabilidade subsidiária do ente estatal. V - O Agravante não apresenta, no regimental,
argumentos suficientes para desconstituir a decisão agravada. VI - Agravo Regimental
improvido.(STJ - AgRg no AREsp: 732946 DF 2015/0150223-4, Relator: Ministra REGINA HELENA
COSTA, Data de Julgamento: 06/06/2017, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
09/06/2017) (grifos não constantes do original)
(STJ - AgRg no AREsp: 139358 SP 2012/0030135-1, Relator: Ministro ARI PARGENDLER, Data de
Julgamento: 26/11/2013, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/12/2013) (grifos
não constantes do original)
c)incorreto. No caso em análise, ocorreu a omissão da concessionária. Dessa forma, a responsabilidade pode
se dar de duas formas: objetiva ou subjetiva. Será responsabilidade objetiva se a omissão for específica, nos
casos em que o Estado tem o dever de garantir a proteção daqueles que estão sob sua tutela (detentos nos
presídios, alunos na escola, etc). Já no caso de responsabilidade subjetiva, ocorrerá quando da omissão
genérica, ou seja, aquela em que houve uma falha na prestação dos serviços, devendo ser comprovada a
culpa ou dolo nesse último caso.
d)incorreto. A responsabilidade da vítima pode configurar como concorrente, que mesmo assim não afasta
a responsabilidade por omissão da concessionária.
e)correto. A omissão da concessionária acarreta a responsabilização subjetiva (omissão geral). Porém, como
houve participação concorrente de Pedro que contribuiu para a ocorrência do fato, a indenização pode ser
atenuada.
Gabarito: Letra E.
a) O caso fortuito, a força maior e a culpa concorrente da vítima rompem o nexo causal e, por conseguinte,
afastam a responsabilidade civil objetiva do Estado.
121
b) No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, prevalece o entendimento de que o prazo prescricional para a
propositura da ação indenizatória é de três anos contados da ocorrência do evento danoso.
c) A responsabilidade dos concessionários de serviços públicos, de acordo com a jurisprudência mais recente
do Supremo Tribunal Federal, não se sujeita à aplicação da teoria objetiva quanto a danos causados a
terceiros não usuários.
d) A expressão “nessa qualidade”, prevista no art. 37, § 6° , da CF/88, significa que somente podem ser
atribuídos à pessoa jurídica os comportamentos do agente público levados a efeito durante o exercício da
função pública, em razão do que os danos causados por servidor público em seu período de férias, em
princípio, não implicam responsabilização objetiva do Estado.
e) A imunidade relativa a opiniões, palavras e votos, em sede de atos legislativos, prevista no texto
constitucional de 1988, não afasta o direito de regresso do Estado contra o parlamentar.
Comentários
a)incorreto. As hipóteses de rompimento do nexo causal ocorrem com o caso fortuito, força maior e culpa
exclusiva da vítima. A culpa concorrente da vítima apenas atenua a responsabilização do Estado.
b)incorreto. Trata a assertiva sobre o prazo prescricional para a propositura de ação indenizatória contra o
Estado. O STJ tem definido que o prazo é de 5 anos da ocorrência do dano, conforme jurisprudência a seguir:
(...)
(...)
122
(STJ - REsp: 1251993 PR 2011/0100887-0, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data
de Julgamento: 12/12/2012, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 19/12/2012) (grifos
não constantes do original)
c)incorreto. A responsabilidade objetiva das empresas concessionárias de serviços públicos se aplica inclusive
para reparar os danos causados a terceiros não usuários, conforme jurisprudência a seguir:
(STF - AI: 779629 MG, Relator: Min. AYRES BRITTO, Data de Julgamento: 17/05/2011, Segunda
Turma, Data de Publicação: DJe-163 DIVULG 24-08-2011 PUBLIC 25-08-2011 EMENT VOL-02573-
05 PP-00734) (grifos não constantes do original)
d)incorreto. A banca considerou como correta essa assertiva, porém não concordamos, tendo em vista que
embora o servidor público possa estar em período de gozo de férias, mas, contribuindo para a ocorrência do
dano se valendo das prerrogativas de agente público, o Estado responde objetivamente pela conduta
praticada. Veremos como o tema foi objeto de debates no STF:
(STF - RE: 160401 SP, Relator: CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento: 20/04/1999, Segunda
Turma, Data de Publicação: DJ 04-06-1999 PP-00017 EMENT VOL-01953-01 PP-00158) (grifos não
constantes do original)
e)incorreto. Nesses casos de imunidade constitucional não pode ocorrer a ação regressiva do Estado, pois
descaracterizaria a proteção parlamentar.
Gabarito: D - Gabarito oficial da banca.
Gabarito do professor: anulada. Todas estão incorretas.
maligno situado em um rim e que resultou na perda desse órgão, acarretando sobrecarga no rim
remanescente e piora na sua qualidade de vida. Em razão disso, a cidadã decide ingressar com
ação judicial, visando recebimento de indenização em razão da perda do rim. A partir desses
fatos hipotéticos, assinale a alternativa correta.
a) Como Joana da Silva foi tratada em hospital municipal, tanto o médico quanto o hospital respondem
objetivamente pelo dano sofrido, bastando à autora comprovar o dano.
b) Joana da Silva deve ingressar com ação somente contra o médico que realizou a cirurgia, que responde
objetivamente pelo dano sofrido.
c) Na seara médica vigora o princípio da irresponsabilidade estatal, não cabendo a propositura de ação contra
o Município.
d) Para a responsabilização do médico, Joana da Silva deve comprovar a existência de culpa, pois na seara
médica vigora o princípio da responsabilidade subjetiva, eis que a ação médica é considerada obrigação de
meio e não de resultado.
e) Como a retirada do rim se caracterizou em ato comissivo, o médico e o hospital respondem objetivamente
pelos danos sofridos por Joana da Silva.
Comentários
a)incorreto. A responsabilidade do município é objetiva, desde que comprovados os seguintes requisitos:
conduta do agente público, dano e nexo de causalidade. Já a responsabilidade do médico é subjetiva,
devendo ocorrer por meio de ação regressiva, para apurar culpa ou dolo.
b)Incorreto. Existem controvérsias entre STF e STJ e entre os doutrinadores sobre o ajuizamento de ação
direta contra o agente público que praticou o ato que gerou o dano. De qualquer forma, a alternativa está
incorreta por conta de que a responsabilidade do agente é sempre subjetiva.
c)incorreto. O município pode responder de forma objetiva pelos atos causados pelos seus agentes,
conforme orientação jurisprudencial a seguir:
(...)
124
(STJ - AgInt no AREsp: 616058 RJ 2014/0308349-9, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de
Julgamento: 27/11/2018, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 05/12/2018) (grifos não
constantes do original)
d)correto. A responsabilidade dos médicos é subjetiva, devendo ser comprovada a ocorrência de culpa ou
dolo.
e)incorreto. O médico sempre responderá de forma subjetiva, tendo que ser comprovada a ocorrência de
culpa ou dolo. Nos atos comissivos, o Estado sempre responderá de forma objetiva, desde que cumprido os
requisitos essências: conduta, dano e nexo de causalidade.
Gabarito: Letra D.
É objetiva a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos em
relação a terceiros, usuários ou não do serviço, podendo, ainda, o poder concedente responder
subsidiariamente quando o concessionário causar prejuízos e não possuir meios de arcar com indenizações.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
A assertiva está em consonância com a jurisprudência do STJ, nos seguintes termos:
125
Gabarito: Correto.
a) a ação pode ser ajuizada e a chance de êxito é plena, pois nosso ordenamento jurídico adotou a teoria do
risco integral, devendo o Estado de Rondônia ser responsabilizado, bastando a comprovação do dano e sua
extensão.
b) o sucesso da demanda dependerá da demonstração do dano, da existência de nexo deste com a ação
policial e da inexistência da prática de ato, pela vítima, que legitimasse referida ação.
c) como defensor público, não pode ajuizar ação contra pessoa jurídica de direito público.
d) precisaria da identificação do policial militar, pois a ação deve ser ajuizada em face dele e da Fazenda
Pública do Estado de Rondônia, sob pena de extinção.
e) a ação deve ser ajuizada em face do policial militar, independentemente da demonstração de culpa, desde
que seja possível identificá-lo e provar que foi o autor dos danos.
Comentários
a)incorreto. A teoria adotada no Brasil é do Risco Administrativo, pelo qual o Estado responde de forma
objetiva nos atos comissivos se cumpridos três requisitos: conduta do agente, dano e nexo de causalidade.
Além disso, pode ocorrer a exclusão ou atenuação da responsabilização a depender da participação da vítima
na ocorrência do dano.
b)correto. Deve o autor da ação demonstrar a ocorrência dos três requisitos básicos: conduta do agente,
dano e nexo de causalidade. Além disso, para fins de responsabilidade plena do Estado, deve ser comprovado
que a vítima não contribuiu para a ocorrência do fato.
c)incorreto. A Defensoria Pública, se utilizando de suas prerrogativas constitucionais, pode figurar como
patrono da causa mesmo nos casos em que o outro lado da relação processual seja o Estado, pois caso
contrário os mais necessitados ficariam prejudicados quando tivessem que pleitear suas demandas contra
as pessoas jurídicas de direito público.
d)incorreto. O que deve ser comprovado são os requisitos para se configurar a responsabilidade objetiva do
Estado dos atos comissivos. Feito isto, futuramente, o Estado pode ajuizar demanda contra o agente público
para apurar a culpa ou dolo.
e)incorreto. Em que pese a divergência entre STF e STJ e os doutrinadores sobre a possibilidade de
ajuizamento de ações contra os agentes públicos diretamente pela própria vítima ou representantes, a culpa
ou dolo deve ser demonstrada, uma vez que o agente público só responde pelos atos praticados de forma
subjetiva.
Gabarito: Letra B.
126
De acordo com o STF, em caso de inobservância do seu dever específico de assegurar aos presos o respeito
à sua integridade física, o Estado será responsável pela morte do detento.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
A responsabilidade pela morte de detento recai objetivamente para o Estado. Vejamos como o STF vem
decidindo:
assentou que inocorreu a comprovação do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper
o nexo de causalidade da sua omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão
impositiva de responsabilidade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (Recurso
extraordinário nº 841.526, da relatoria do ministro Luiz Fux, Pleno, com acórdão publicado em
1º de agosto de 2016). 3. Nego seguimento ao extraordinário. Considerada a fixação em sentença
dos honorários advocatícios em 10% sobre o valor da condenação, majoro os honorários
recursais no patamar de mais 5% do valor da condenação, consoante o artigo 85, § 11, do Código
de Processo Civil de 2015. 4. Publiquem. Brasília, 14 de dezembro de 2018. Ministro MARCO
AURÉLIO Relator(STF - RE: 1177865 AM - AMAZONAS, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de
Julgamento: 14/12/2018, Data de Publicação: DJe-272 19/12/2018) (grifos não constantes do
original)
Gabarito: Certa.
a) STJ, é aplicável o prazo constante do Decreto n° 20.910/32 para que autarquia concessionária de serviços
públicos ajuíze execução fiscal visando a cobrança de débitos decorrentes do inadimplemento de tarifas.
b) STF, as ações de reparação de danos decorrentes de acidente de trânsito, cometido em prejuízo do
patrimônio da Administração Pública, são imprescritíveis.
c) STJ, no tocante à ação para pleitear danos morais decorrentes de prática de tortura ocorrida durante o
regime militar, deve-se adotar a prescrição vintenária, sendo o termo inicial a vigência da Constituição
Federal de 1988.
d) STF, considera-se prescrito o jus puniendi no caso de transcurso do prazo legal assinalado para conclusão
procedimento de processo administrativo disciplinar.
e) STJ, aplica-se o prazo prescricional estabelecido no Código Civil para as ações de repetição de indébito
referentes a tarifas cobradas por empresas concessionárias de serviços públicos.
Comentários
a)incorreto. O tema foi objeto de debate no seguinte julgado do STJ:
b)incorreto. O tema foi tratado no informativo nº 813 do STF, nos seguintes termos:
É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. Esse o
entendimento do Plenário, que em conclusão de julgamento e por maioria, negou provimento a
recurso extraordinário em que discutido o alcance da imprescritibilidade da pretensão de
ressarcimento ao erário prevista no § 5º do art. 37 da CF (“§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de
prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”). No caso, o Tribunal de origem
considerara prescrita a ação de ressarcimento de danos materiais promovida com fundamento
em acidente de trânsito, proposta em 2008, por dano ocorrido em 1997 — v. Informativo 767. O
Colegiado afirmou não haver dúvidas de que a parte final do dispositivo constitucional em
comento veicularia, sob a forma da imprescritibilidade, ordem de bloqueio destinada a conter
eventuais iniciativas legislativas displicentes com o patrimônio público. Todavia, não seria
adequado embutir na norma de imprescritibilidade um alcance ilimitado, ou limitado apenas pelo
conteúdo material da pretensão a ser exercida — o ressarcimento — ou pela causa remota que
dera origem ao desfalque no erário — ato ilícito em sentido amplo. De acordo com o sistema
constitucional, o qual reconheceria a prescritibilidade como princípio, se deveria atribuir um
sentido estrito aos ilícitos previstos no § 5º do art. 37 da CF. No caso concreto, a pretensão de
ressarcimento estaria fundamentada em suposto ilícito civil que, embora tivesse causado
prejuízo material ao patrimônio público, não revelaria conduta revestida de grau de
reprovabilidade mais pronunciado, nem se mostraria especialmente atentatória aos princípios
constitucionais aplicáveis à Administração Pública. Por essa razão, não seria admissível
reconhecer a regra excepcional de imprescritibilidade. Seria necessário aplicar o prazo
prescricional comum para as ações de indenização por responsabilidade civil em que a Fazenda
figurasse como autora. Ao tempo do fato, o prazo prescricional seria de 20 anos de acordo com
o CC/1916 (art. 177). Porém, com o advento do CC/2002, o prazo fora diminuído para três anos.
Além disso, possuiria aplicação imediata, em razão da regra de transição do art. 2.028, que
preconiza a imediata incidência dos prazos prescricionais reduzidos pela nova lei nas hipóteses
em que ainda não houvesse transcorrido mais da metade do tempo estabelecido no diploma
revogado. A Corte pontuou que a situação em exame não trataria de imprescritibilidade no
tocante a improbidade e tampouco envolveria matéria criminal. Assim, na ausência de
contraditório, não seria possível o pronunciamento do STF sobre tema não ventilado nos autos.
Vencido o Ministro Edson Fachin, que provia o recurso. Entendia que a imprescritibilidade
constitucional deveria ser estendida para as ações de ressarcimento decorrentes de atos ilícitos
que gerassem prejuízo ao erário.
RE 669069/MG, rel. Min. Teori Zavascki, 3.2.2016. (RE-669069) (grifos não constantes do
original)
Dessa forma, o prazo para ajuizamento de ação de reparação civil é de 3 anos nos casos em que o Estado for
o autor. A ressalva existe para as ações de ressarcimento que, até a presente data, permanecem
imprescritíveis.
129
c)incorreto. As ações de indenizações por danos morais decorrentes de fatos ocorridos durante a ditadura
são imprescritíveis, conforme trecho de decisão do STF sobre o tema:
(...)
(STF - RE: 667534 DF, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 18/03/2012, Data de
Publicação: DJe-064 DIVULG 28/03/2012 PUBLIC 29/03/2012) (grifos não constantes do original)
d)incorreto. Segundo a jurisprudência do STF, durante o prazo em que estiver ocorrendo o processo
administrativo disciplinar, considera-se o prazo para a administração aplicar penalidades ao administrado
interrompido, nos termos do julgado a seguir:
130
Dessa forma, o novo prazo para contagem do jus puniendi será a partir do término da interrupção, ou seja,
a partir da finalização do processo administrativo disciplinar.
e)correto. Nos termos da súmula 412 do STJ: ”A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto
sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil”.
Gabarito: Letra E.
De acordo com o entendimento do STF, empresa concessionária de serviço público de transporte responde
objetivamente pelos danos causados à família de vítima de atropelamento provocado por motorista de
ônibus da empresa.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
A responsabilidade pelo atropelamento de vítima provocado por motorista de ônibus recai sobre a
concessionária de serviços públicos de forma objetiva, independente de ser a vítima usuária ou não do
serviço público de ônibus. Vejamos como o STF vem decidindo sobre o caso:
Trata-se de agravo contra decisão que negou seguimento ao recurso extraordinário interposto
em face de acórdão assim ementado: "APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE
DE TRÂNSITO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA (ART. 37, § 6º DA
CF/88) EM ACIDENTE DE TRÂNSITO TAMBÉM PERANTE A NÃO-USUÁRIO DO SERVIÇO DE
TRANSPORTE PÚBLICO. PRECEDENTE DO STF. COLISÃO ENVOLVENDO CICLISTA E UM COLETIVO
DE EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO. FATO DE TERCEIRO. MANTIDA A SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. UNÂNIME. APELO DESPROVIDO" (pág. 93 do volume eletrônico 12).
No RE, fundado no art. 102, III, a, da Constituição, alegou-se, em suma, violação aos arts. 5º, X e
37, § 6º, da mesma Carta. Sustenta-se que na responsabilidade objetiva “não há necessidade de
demonstrar a conduta do agente” (pág. 75 do volume eletrônico 13). A pretensão recursal não
131
merece acolhida. O acórdão recorrido encontra-se em harmonia com o decidido por esta Corte
no julgamento do RE 591.874-RG, de minha relatoria, Tema 130, de que a responsabilidade civil
das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente
a terceiros usuários e não-usuários do serviço, assim ementado: “EMENTA: CONSTITUCIONAL.
RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO. PESSOAS JURÍDICAS DE
DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO. CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO
DO SERVIÇO DE TRANSPORTE COLETIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A
TERCEIROS NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO. RECURSO DESPROVIDO. I – A responsabilidade civil das
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a
terceiros usuários e não-usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição
Federal. II - A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano
causado ao terceiro não-usuário do serviço público, é condição suficiente para estabelecer a
responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado.
(...)
(ARE 951.552-AgR/ES, Rel. Min. Dias Toffoli). Isso posto, nego seguimento ao recurso (Art. 21, §
1º, do RISTF). Publique-se. Brasília, 12 de setembro de 2017. Ministro Ricardo Lewandowski
Relator(STF - ARE: 1070271 RS - RIO GRANDE DO SUL 0063741-64.2010.8.21.0014, Relator: Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 12/09/2017, Data de Publicação: DJe-208
14/09/2017) (grifos não constantes do original)
Gabarito: Certa.
Situação hipotética: Um veículo particular, ao transpassar indevidamente um sinal vermelho, colidiu com
veículo oficial da Procuradoria-Geral do Município de Fortaleza, que trafegava na
contramão. Assertiva: Nessa situação, não existe a responsabilização integral do Estado, pois a culpa
concorrente atenua o quantum indenizatório.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Correto. No caso em análise, ocorreu culpa concorrente entre o particular, que avançou o sinal vermelho, e
o veículo oficial da Procuradoria Geral, que trafegava na contramão. Dessa forma, a responsabilidade do
Estado é atenuada. Para Hely Lopes Meirelles (p.782, 2016)
dispense a prova da culpa da Administração, permite que o Poder Público demonstre a culpa da
vítima para excluir ou atenuar a indenização. Isto porque o risco administrativo não se confunde
com o risco integral. O risco administrativo não significa que a Administração deva indenizar
sempre e em qualquer caso o dano suportado pelo particular; significa, apenas e tão somente,
132
que a vítima fica dispensada da prova da culpa da Administração, mas esta poderá demonstrar a
culpa total ou parcial do lesado no evento danoso, caso em que a Fazenda Pública se eximirá
integral ou parcialmente da indenização.”
Gabarito: Certo.
40. (2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito) Em recente decisão, o STF entendeu que, quando o poder
público comprovar causa impeditiva da sua atuação protetiva e não for possível ao Estado agir
para evitar a morte de detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade),
a) haverá responsabilidade civil do Estado, aplicando-se à situação a responsabilidade subjetiva por haver
omissão estatal.
b) haverá responsabilidade civil do Estado, aplicando-se ao caso a responsabilidade objetiva por haver
omissão estatal.
c) não haverá responsabilidade civil do Estado, pois o nexo causal da sua omissão com o resultado danoso
terá sido rompido.
d) haverá responsabilidade civil do Estado, aplicando-se ao caso a teoria do risco integral.
Comentários
Quando ficar comprovado que a atuação estatal não era possível para impedir o suicídio de detento em cela
de prisão, ocorrerá o rompimento do nexo de causalidade, não havendo assim a responsabilidade civil do
estado, nos termos do entendimento a seguir do STJ:
assentou que ocorreu a comprovação de suicídio do detento, ficando escorreita a decisão que
afastou a responsabilidade civil do Estado de Santa Catarina. 6. Em juízo de retratação, nos
termos do art. 1.030, inciso II, do CPC/2015, nego provimento ao recurso especial. (STJ - REsp:
1305259 SC 2012/0034508-6, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de
Julgamento: 08/02/2018, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/02/2018) (grifos
não constantes do original)
Gabarito: Letra C.
a) O pedido é improcedente.
b) A procedência do pedido de pensão depende da prova da dependência econômica da autora para com o
falecido. Já o dano moral ocorre in re ipsa.
c) No caso, o dano moral ocorre in re ipsa e a verba de luto e funeral deve ser arbitrada mesmo se não
provados os gastos, já que essas despesas sempre existem, em eventos assim.
d) A compensação por dano moral procede, mas, ainda que se provem gastos com psiquiatra, estes estão
fora do desdobramento normal do evento, que apenas abarca os danos diretos e imediatos.
e) No caso, as verbas de luto e funeral dependem de prova, não podendo ser meramente arbitradas. A
dependência econômica da esposa é presumida e a eventual pensão deve ser limitada à idade de sobrevida
provável da vítima.
Comentários
A responsabilidade civil do Estado é objetiva, em regra, nos termos da teoria do risco administrativo,
podendo ser atenuada ou excluída a depender da participação concorrente da vítima. Em todas essas
circunstâncias, o nexo de causalidade entre a conduta da administração representada pelos seus agentes
públicos e o dano ocorrido é tomado como essencial para a verificação da responsabilidade civil do Estado.
No caso em análise, segundo a jurisprudência do STJ, não se configurou a tese de ter ocorrido a
responsabilidade civil do Estado pela morte do pai de família por conta de fuga de presos em virtude de falha
na segurança de presídio.
(STJ - REsp: 980844 RS 2007/0200277-4, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento:
19/03/2009, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: 20090422 --> DJe 22/04/2009) (grifos
não constantes do original)
135
estiver aliado a outras circunstâncias, ou seja, quando não for a causa única. Assim, admite-se na
doutrina e na jurisprudência, como causa que atenua a responsabilidade do Estado,
a) a força maior.
b) a culpa exclusiva da vítima.
c) o caso fortuito.
d) a culpa concorrente da vítima.
e) a culpa de terceiro.
Comentários
A culpa concorrente da vítima é uma hipótese de atenuação da responsabilidade civil do Estado. Para Hely
Lopes Meirelles (p.782, 2016),
Advirta-se, contudo, que a teoria do risco administrativo, embora dispense a prova da culpa da
Administração, permite que o Poder Público demonstre a culpa da vítima para excluir ou
atenuar a indenização. Isto porque o risco administrativo não se confunde com o risco integral.
O risco administrativo não significa que a Administração deva indenizar sempre e em qualquer
caso o dano suportado pelo particular; significa, apenas e tão somente, que a vítima fica
dispensada da prova da culpa da Administração, mas esta poderá demonstrar a culpa total ou
parcial do lesado no evento danoso, caso em que a Fazenda Pública se eximirá integral ou
parcialmente da indenização. (grifos não constantes do original)
Já a força maior, caso fortuito e culpa exclusiva da vítima excluem a responsabilidade civil do Estado, por não
ocorrer o nexo de causalidade.
Gabarito: Letra D.
O dano causado por obra pública gera para a Administração a mesma responsabilidade
objetiva estabelecida para os serviços públicos, porque, embora a obra seja um/ato
administrativo, deriva sempre de um ato administrativo de quem ordena sua execução.
Mesmo que a obra pública seja confiada a empreiteiros articulares, a responsabilidade pelos
danos oriundos do só fato da obra é sempre do Poder Público que determinou sua realização.
O construtor particular de obra pública só responde por atos lesivos resultantes de sua imperícia,
imprudência ou negligência na condução dos trabalhos que lhe são confiados. Quanto às lesões
a terceiros ocasionadas pela obra em si mesma, ou seja, por sua natureza, localização, extensão
ou duração prejudicial ao particular, a Administração Pública que a planejou responde
objetivamente, sem indagação de culpa de sua parte. Exemplificando: se na abertura de um
túnel ou de uma galeria de águas pluviais o só fato da obra causa danos aos particulares, por
estes danos responde objetivamente a Administração que ordenou os serviços; se, porém, o
dano é produzido pela imperícia, imprudência ou negligência do construtor na execução do
projeto, a responsabilidade originária é da Administração, como dona da obra, mas pode ela
haver do executor culpado tudo quanto pagou à vítima. (grifos não constantes do original)
Dessa forma, a responsabilidade para o caso será objetiva e com base no risco administrativo.
Gabarito: Letra E.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Correto. Nem sempre a Administração Pública responde objetivamente pelos danos ocorridos com terceiros
quando um agente público está envolvido. Existem as hipóteses de culpa concorrente e culpa exclusiva da
vítima, podendo ocasionar na atenuação ou exclusão da indenização.
137
Advirta-se, contudo, que a teoria do risco administrativo, embora dispense a prova da culpa da
Administração, permite que o Poder Público demonstre a culpa da vítima para excluir ou
atenuar a indenização. Isto porque o risco administrativo não se confunde com o risco integral.
O risco administrativo não significa que a Administração deva indenizar sempre e em qualquer
caso o dano suportado pelo particular; significa, apenas e tão somente, que a vítima fica
dispensada da prova da culpa da Administração, mas esta poderá demonstrar a culpa total ou
parcial do lesado no evento danoso, caso em que a Fazenda Pública se eximirá integral ou
parcialmente da indenização. (grifos não constantes do original)
Diante da ausência de denunciação da lide, ficou prejudicado o direito de regresso do Estado contra o
motorista causador do acidente
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Incorreto. A denunciação da lide é facultativa, podendo a responsabilidade do agente causador do dano ser
apurada por meio de ação regressiva (ação autônoma). Vejamos o entendimento do STJ sobre o tema:
(STJ - AgRg no AREsp: 139358 SP 2012/0030135-1, Relator: Ministro ARI PARGENDLER, Data de
Julgamento: 26/11/2013, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/12/2013)
Gabarito: Errado.
138
decorrentes do episódio, que lhe causou sequelas físicas e psicológicas. Em vista de tal situação,
é correto concluir que a pretensão em tela
a) não está prescrita, mas há litisconsórcio necessário, devendo ser ajuizada também em relação aos agentes
públicos causadores do dano, haja vista a necessidade de garantir-se o direito de regresso do Estado.
b) é imprescritível, podendo ser ajuizada ação de reparação a qualquer momento.
c) já se encontra prescrita, no tocante aos danos materiais, sendo imprescritível a pretensão aos danos
morais.
d) já se encontra inteiramente prescrita, em vista dos efeitos da chamada Lei de Anistia (Lei Federal nº
6.683/1979).
e) já se encontra prescrita, por força do Decreto nº 20.910/1932, devendo ter sido ajuizada ação de
reparação no prazo de cinco anos a partir da vigência da Constituição Federal de 1988.
Comentários
As ações de indenizações por danos morais e materiais decorrentes de fatos ocorridos durante a ditadura
são imprescritíveis, conforme trecho de decisão do STF sobre o tema:
(...)
(STF - RE: 667534 DF, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 18/03/2012, Data de
Publicação: DJe-064 DIVULG 28/03/2012 PUBLIC 29/03/2012) (grifos não constantes do original)
Gabarito: Letra B.
a) Efeito danoso;
b) Relação de causalidade;
c) Regra do risco integral;
d) Fato administrativo.
Comentários
A doutrina majoritária elenca os seguintes pressupostos para a caracterização da responsabilidade civil do
Estado: dano, conduta e nexo de causalidade.
Vamos às alternativas:
a)efeito danoso: se enquadra no pressuposto “dano”, portanto é um dos elementos essenciais para a
caracterização da responsabilidade civil do Estado.
Alternativa correta.
b)Relação de causalidade: é necessário que haja uma relação de causalidade entre o dano e a conduta do
agente público. Também se caracteriza como elemento da responsabilidade civil do Estado.
Alternativa correta.
c)Regra do Risco Integral: Esta se caracteriza como um dos tipos de enquadramento da responsabilidade
objetiva do Estado, em que a existência do dano e do nexo causal são suficientes para a responsabilização
civil do Estado. Desta forma, o risco integral não se enquadra como pressuposto e sim em um dos tipos de
responsabilidade civil do Estado.
Alternativa incorreta.
d)Fato Administrativo: a conduta lícita ou ilícita do evento danoso foi praticada por agente público,
caracterizando-se como elemento essencial para a análise da procedência da responsabilização.
Alternativa correta.
Gabarito: Letra C.
140
48. (2016/FCC/SEGEP-MA/Procurador do Estado) Uma célula de grupo terrorista detona uma carga
explosiva em aeronave de matrícula brasileira, operada por empresa brasileira de transporte
aéreo público, causando mortes e ferimentos em diversos passageiros. Esclareça-se que a
aeronave decolou de aeroporto brasileiro e a explosão ocorreu por ocasião da chegada ao
destino, em solo norte-americano, sendo que diversas vítimas haviam embarcado em escala no
México. Em vista de tal situação e nos termos da legislação brasileira,
Art. 1o Fica a União autorizada, na forma e critérios estabelecidos pelo Poder Executivo, a
assumir despesas de responsabilidades civis perante terceiros na hipótese da ocorrência de
danos a bens e pessoas, passageiros ou não, provocados por atentados terroristas, atos de
guerra ou eventos correlatos, ocorridos no Brasil ou no exterior, contra aeronaves de matrícula
brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público, excluídas as
empresas de táxi aéreo. (grifos não constantes do original)
Dessa forma, o ponto central é verificar essencialmente os crimes realizados a bordo de aeronaves de
matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público, excluídas as empresas
de táxi aéreo. Assim, preenchendo esses requisitos a responsabilidade recairá sobre a União,
independentemente se passageiros de outras nações embarcarem na aeronave em conexões realizadas em
outros países.
Com isso, o gabarito é a letra E. As demais estão incorretas.
Gabarito: Letra E.
141
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
Diante dessa previsão, é correto afirmar que, com relação à responsabilidade civil, o Brasil adotou a Teoria
a) do risco integral, diante da responsabilidade objetiva do Estado.
b) do risco administrativo, diante da responsabilidade objetiva do Estado.
c) da culpa consciente, diante da responsabilidade subjetiva do Estado.
d) da responsabilidade com culpa, diante da responsabilidade objetiva do Estado.
e) da irresponsabilidade do Estado, diante da responsabilidade subjetiva do Estado.
Comentários
A teoria adotada no Brasil para os atos comissivos é da responsabilidade objetiva do Estado e
responsabilidade subjetiva do agente público. Em relação a responsabilidade objetiva, a modalidade
predominante é a do risco administrativo, ou seja, a responsabilidade civil recai sobre o Estado, tendo em
vista que o ente estatal assume o controle de várias atividades, podendo o dever de indenizar ser excluído
ou atenuado a depender da participação da vítima ser excludente ou concorrente para o efeito danoso.
Dessa forma, o gabarito é a letra B.
Gabarito: Letra B.
142
Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamente pelos danos causados em
decorrência da divulgação não autorizada ou utilização indevida de informações sigilosas ou
informações pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou
culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa física ou entidade privada que, em
virtude de vínculo de qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a informação
sigilosa ou pessoal e a submeta a tratamento indevido. (grifos não constantes do original)
Em regra, para o caso em análise, a responsabilidade deveria recair sobre o ente estatal (União, Estados
ou municípios e DF). Porém, a banca examinadora optou por considerá-la correta sob o argumento do
art. 34 da Lei 12.527/2011.
b)incorreto. Para se responsabilizar objetivamente o Estado, deverão ser cumpridos os seguintes requisitos:
conduta de agente público, ocorrência de dano e nexo de causalidade. Observa-se no enunciado que o jogo
não foi organizado pelo poder público e sim por entidades privadas. Dessa forma, a responsabilidade será
subjetiva e recairá sobre os organizadores, de forma que serão apuradas as respectivas responsabilidades
pela culpa ou dolo.
c)incorreto. O policial militar estava de folga quando ocorreu o acidente. Além disso, não estava se utilizando
de suas prerrogativas profissionais e nem teria atuado em razão dela. Por conta disso, o nexo causal não se
forma. Diferentemente seria o caso de um policial que estivesse de férias e cometido um crime com a arma
da corporação pelo qual pertence. Neste último caso, se poderia vislumbrar a responsabilidade objetiva do
Estado.
d)incorreto. A prestação de serviço público de segurança pública é disponibilizada para toda a coletividade
e custeada por meio dos impostos. Dessa forma, a prestação do serviço é colocada para atender a um
número infinito de pessoas. Com isso, verificamos que não é oferecido individualmente. Além disso, para
gerar a responsabilidade do Estado é necessária a comprovação de que quem praticou o ato foi um agente
público com ocorrência do dano e nexo de causalidade. Como o delito foi praticado por um particular sem
vínculo com o Estado, descabe mencionar responsabilidade do Estado, seja por ato comissivo ou omissivo.
e)incorreto. Os esbulhadores não são agentes públicos, dessa forma descabe mencionar que haja
responsabilidade do Estado.
Gabarito: Letra A.
143
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Correto. As pessoas jurídicas de direito privado que receberem do poder concedente a delegação de serviços
públicos estão sujeitas à responsabilidade civil objetiva, nos termos do art. 37, §6º da CF/88, in verbis:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
Cabe acrescentar que a jurisprudência do STJ tem entendimento firmado de que os terceiros não usuários
do serviço público quando se acidentarem por um ônibus coletivo, por exemplo, terão o direito de ser
indenizados, conforme trechos da decisão abaixo:
(STF - AI: 779629 MG, Relator: Min. AYRES BRITTO, Data de Julgamento: 17/05/2011, Segunda
Turma, Data de Publicação: DJe-163 DIVULG 24-08-2011 PUBLIC 25-08-2011 EMENT VOL-02573-
05 PP-00734) (grifos não constantes do original)
Gabarito: Certo.
144
a) são solidariamente responsáveis o poder público municipal e os agentes públicos responsáveis pela gestão
da unidade escolar, devendo, em razão disso, incidir a modalidade de responsabilidade subjetiva.
b) o poder público municipal onde foi sediado o evento é responsável pelos danos causados, demonstrado
o nexo de causalidade entre a omissão dos agentes públicos que realizavam a manutenção do equipamento
e os danos causados tanto nos alunos, quanto nos visitantes.
c) por se tratar de acidente e, portanto, força-maior, não há como responsabilizar o poder público, possível,
no entanto, imputar responsabilidade diretamente aos agentes públicos que organizaram o evento, que não
garantiram as adequadas condições de segurança.
d) a municipalidade é responsável pelos danos porventura causados nos alunos matriculados na escola que
sediou o evento, porque submetidos à sua custódia, cabendo aos demais entes públicos responsáveis pelos
alunos visitantes a reparação dos danos por esses sofridos.
e) há responsabilidade objetiva da municipalidade em relação aos danos causados nos alunos e visitantes,
vedado direito de regresso em face dos dirigentes da unidade por se tratar de caso fortuito ou força-maior.
Comentários
a)incorreto. Não existe a solidariedade na responsabilização do dano causado. Ou seja, quando fica
comprovada a responsabilidade do Estado de forma objetiva, o agente público poderá sofrer uma ação
regressiva. No caso em análise, ocorreu uma omissão por parte do poder público municipal (omissão
específica), podendo gerar a responsabilidade objetiva.
b)correto. O enunciado trata sobre a omissão especifica, ou seja, quando o Estado tem o dever de guarda,
cautela, proteção, como se vê nas escolas, presídios, repartições públicas. Para a ocorrência se configurar é
necessário que ocorra a formação do nexo de causalidade.
C)incorreto. O município responde objetivamente pelos atos causados pelos seus agentes (ato comissivo). Já
nos atos omissivos, a responsabilidade do município será objetiva ou subjetiva. No caso em análise, a
responsabilidade dos organizadores é subjetiva, devendo ser apurados a culpa ou dolo pela omissão
constatada em ação regressiva. Por fim, não houve força maior e sim omissão do município.
d)incorreto. Caberá a responsabilidade em sua totalidade ao município, desde que não haja indícios de que
houve culpa exclusiva das vítimas.
e)incorreto. O direito de regresso é permitido sob o manto da teoria do risco administrativo. Por fim, no caso
em análise, ocorreu uma omissão do poder público e não caso fortuito e nem força maior.
Gabarito: Letra B.
a) O Procurador Municipal tem responsabilidade solidária com a Administração Pública pelos pareceres
jurídicos que apresenta.
145
b) A pessoa que sofrer um dano por parte da administração direta não poderá ajuizar ação indenizatória
diretamente contra o agente público causador direto do prejuízo.
c) O Poder Público tem responsabilidade objetiva pelos seus atos de omissão na prestação de serviços
públicos obrigatórios.
d) A responsabilidade civil da administração pública se aplica da mesma maneira entre as empresas públicas
prestadoras de serviços públicos e as empresas públicas exploradoras de atividade econômica.
Comentários
a)incorreto. A responsabilidade do Estado será objetiva, independente da comprovação de culpa ou dolo do
agente público. Já a responsabilidade do Procurador Municipal será subjetiva, devendo ser apurados culpa
ou dolo na conduta.
b)correto. O Gabarito da banca anotou esta assertiva como correta. Porém, existe divergência doutrinária e
também do STF e STJ sobre o tema. Alguns doutrinadores aceitam a tese de que se pode buscar a reparação
diretamente do agente público causador do dano. Já outros admitem apenas a cobrança do Estado e este se
encarrega de ajuizar ação regressiva contra o agente público. Além disso, o STJ tem entendimento pela
possibilidade de ajuizamento de ação diretamente contra o agente público. Já o STF é contrário, aplicando a
tese de que não se pode ajuizar ação diretamente contra o agente público causador do dano.
c)incorreto. Quando a omissão for geral, a responsabilidade do Estado é subjetiva. Já quando a omissão for
específica, a responsabilidade é objetiva.
d)incorreto. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços público estão sujeitas à responsabilidade objetiva do Estado, conforme §6º, art. 37
da CF/88, in verbis:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
Já as pessoas jurídicas de direito privado que exercem atividade econômica respondem de forma subjetiva
pelos atos que seus agentes causarem a terceiros.
Gabarito: Letra B.
dez anos o município ajuizou ação de ressarcimento do referido prejuízo diante da constatação
de culpa do condutor. De acordo com a jurisprudência assente no Supremo Tribunal Federal a
ação de cobrança dos danos causados, no caso em tela:
a) seria imprescritível.
b) teria prazo de três anos para o seu exercício.
c) deveria ser proposta no prazo de até vinte anos.
d) seria proposta após o final do processo penal.
e) deveria ocorrer após a aposentadoria do condutor.
Comentários
O tema foi tratado no informativo nº 813 do STF, nos seguintes termos:
É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. Esse o
entendimento do Plenário, que em conclusão de julgamento e por maioria, negou provimento a
recurso extraordinário em que discutido o alcance da imprescritibilidade da pretensão de
ressarcimento ao erário prevista no § 5º do art. 37 da CF (“§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de
prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”). No caso, o Tribunal de origem
considerara prescrita a ação de ressarcimento de danos materiais promovida com fundamento
em acidente de trânsito, proposta em 2008, por dano ocorrido em 1997 — v. Informativo 767. O
Colegiado afirmou não haver dúvidas de que a parte final do dispositivo constitucional em
comento veicularia, sob a forma da imprescritibilidade, ordem de bloqueio destinada a conter
eventuais iniciativas legislativas displicentes com o patrimônio público. Todavia, não seria
adequado embutir na norma de imprescritibilidade um alcance ilimitado, ou limitado apenas pelo
conteúdo material da pretensão a ser exercida — o ressarcimento — ou pela causa remota que
dera origem ao desfalque no erário — ato ilícito em sentido amplo. De acordo com o sistema
constitucional, o qual reconheceria a prescritibilidade como princípio, se deveria atribuir um
sentido estrito aos ilícitos previstos no § 5º do art. 37 da CF. No caso concreto, a pretensão de
ressarcimento estaria fundamentada em suposto ilícito civil que, embora tivesse causado
prejuízo material ao patrimônio público, não revelaria conduta revestida de grau de
reprovabilidade mais pronunciado, nem se mostraria especialmente atentatória aos princípios
constitucionais aplicáveis à Administração Pública. Por essa razão, não seria admissível
reconhecer a regra excepcional de imprescritibilidade. Seria necessário aplicar o prazo
prescricional comum para as ações de indenização por responsabilidade civil em que a Fazenda
figurasse como autora. Ao tempo do fato, o prazo prescricional seria de 20 anos de acordo com
o CC/1916 (art. 177). Porém, com o advento do CC/2002, o prazo fora diminuído para três anos.
Além disso, possuiria aplicação imediata, em razão da regra de transição do art. 2.028, que
preconiza a imediata incidência dos prazos prescricionais reduzidos pela nova lei nas hipóteses
em que ainda não houvesse transcorrido mais da metade do tempo estabelecido no diploma
revogado. A Corte pontuou que a situação em exame não trataria de imprescritibilidade no
tocante a improbidade e tampouco envolveria matéria criminal. Assim, na ausência de
147
contraditório, não seria possível o pronunciamento do STF sobre tema não ventilado nos autos.
Vencido o Ministro Edson Fachin, que provia o recurso. Entendia que a imprescritibilidade
constitucional deveria ser estendida para as ações de ressarcimento decorrentes de atos ilícitos
que gerassem prejuízo ao erário.
RE 669069/MG, rel. Min. Teori Zavascki, 3.2.2016. (RE-669069) (grifos não constantes do
original)
Dessa forma, o prazo para ajuizamento de ação de reparação civil é de 3 anos nos casos em que o Estado for
o autor. A ressalva existe para as ações de ressarcimento que, até a presente data, permanecem
imprescritíveis.
Gabarito: Letra B.
a) a fixação do valor da indenização, não se deve aplicar o critério referente à teoria da perda da chance, e
sim o da efetiva extensão do dano causado (art. 944 do CC), na hipótese em que o Estado tenha sido
condenado por impedir servidor público, em razão de interpretação equivocada, de continuar a exercer de
forma cumulativa dois cargos públicos regularmente acumuláveis.
b) É imprescritível a pretensão de recebimento de indenização por dano moral decorrente de atos de tortura
ocorridos durante o regime militar de exceção.
c) A Administração Pública está obrigada ao pagamento de pensão e indenização por danos morais no caso
de morte por suicídio de detento ocorrido dentro de estabelecimento prisional mantido pelo Estado.
d) Na hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de sua função, não há de se
conceder ao lesado a possibilidade de ajuizar ação diretamente contra o agente.
e) Aplica-se o prazo prescricional quinquenal – previsto no art. 1º do Dec. n. 20.910/1932 – às ações
indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, e não o prazo prescricional trienal – previsto no art. 206,
§ 3º, V, do CC/2002.
Comentários
a)correto. O tema foi tratado no informativo nº 530 do STJ a seguir exposto:
indevidamente impedido de fazê-lo, sendo este um evento certo, em relação ao qual não restam
dúvidas. Não se trata, portanto, da perda de uma chance de exercício cumulativo de ambos os
cargos, porque isso já ocorria, sendo que o ato ilícito imputado ao ente estatal gerou dano de
caráter certo e determinado, que deve ser indenizado de acordo com sua efetiva extensão (art.
944 do CC). REsp 1.308.719-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/6/2013.
(grifos não constantes do original)
b)correto. As ações de indenizações por danos morais decorrentes de fatos ocorridos durante a ditadura
são imprescritíveis, conforme trecho de decisão do STF sobre o tema:
(...)
(STF - RE: 667534 DF, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 18/03/2012, Data de
Publicação: DJe-064 DIVULG 28/03/2012 PUBLIC 29/03/2012) (grifos não constantes do original)
c)correto. O Estado só se eximiria de responsabilidade caso comprovasse que era impossível impedir o
acontecido (suicídio), conforme veremos abaixo:
149
(...)
(STF - RE: 1177865 AM - AMAZONAS, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento:
14/12/2018, Data de Publicação: DJe-272 19/12/2018) (grifos não constantes do original)
(...)
(...)
(STJ - REsp: 1251993 PR 2011/0100887-0, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data
de Julgamento: 12/12/2012, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 19/12/2012) (grifos
não constantes do original)
Gabarito: Letra D.
56. (2016/TRF-3ª REGIÃO /TRF-3ª REGIÃO/Juiz Federal) Dadas as assertivas abaixo, assinale a
alternativa incorreta.
151
Comentários
a)incorreto. Trata-se o caso de morte de detento por suicídio. Em recente julgado do STF(informativo 819),
os ministros têm defendido a seguinte tese:
Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, XLIX, da CF, o
Estado é responsável pela morte de detento. Essa a conclusão do Plenário, que desproveu
recurso extraordinário em que discutida a responsabilidade civil objetiva do Estado por morte de
preso em estabelecimento penitenciário. No caso, o falecimento ocorrera por asfixia mecânica,
e o Estado-Membro alegava que, havendo indícios de suicídio, não seria possível impor-lhe o
dever absoluto de guarda da integridade física de pessoa sob sua custódia. O Colegiado
asseverou que a responsabilidade civil estatal, segundo a CF/1988, em seu art. 37, § 6º,
subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas quanto
paras as omissivas, uma vez rejeitada a teoria do risco integral. Assim, a omissão do Estado
reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nas hipóteses em que o
Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado
danoso. Além disso, é dever do Estado e direito subjetivo do preso a execução da pena de
forma humanizada, garantindo-se-lhe os direitos fundamentais, e o de ter preservada a sua
incolumidade física e moral. Esse dever constitucional de proteção ao detento somente se
considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos
fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade civil objetiva
estatal. Por essa razão, nas situações em que não seja possível ao Estado agir para evitar a
morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo
de causalidade. Afasta-se, assim, a responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se
a teoria do risco integral, ao arrepio do texto constitucional. A morte do detento pode ocorrer
por várias causas, como homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, não sendo sempre
possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. Portanto, a
responsabilidade civil estatal fica excluída nas hipóteses em que o Poder Público comprova causa
impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de causalidade da sua omissão
com o resultado danoso. Na espécie, entretanto, o tribunal “a quo” não assentara haver causa
capaz de romper o nexo de causalidade da omissão do Estado-Membro com o óbito. Correta,
portanto, a decisão impositiva de responsabilidade civil estatal.
RE 841526/RS, rel. Min. Luiz Fux, 30.3.2016. (RE-841526) (grifos não constantes do original)
Gabarito: Letra A.
Considerando a forma como a responsabilidade civil do Estado é prevista no ordenamento pátrio, é correto
afirmar que a ação do indivíduo deve ser julgadaParte superior do formulário
a) improcedente, pois embora tenha havido falha no registro estatal que não continha a informação sobre o
furto, não há nexo de causalidade entre o ato perpetrado pelo órgão estadual e os danos experimentados
pelo autor.
b) procedente, pois a responsabilidade civil do Estado é objetiva, sendo assim, o Estado é civilmente
responsável pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, venham a causar a terceiros.
c) parcialmente procedente, pois a culpa é concorrente, do Estado, que não manteve os devidos registros, e
do indivíduo que adquiriu o veículo sem tomar as devidas cautelas quanto à verificação da origem do veículo.
d) improcedente, pois a responsabilidade civil do Estado na Constituição Federal de 1988 é subjetiva, tendo
como pressupostos que a conduta praticada seja contrária ao direito e haja inobservância de dever legal.
e) procedente, pois resta demonstrada a culpa, na modalidade omissiva, do Estado, ao deixar de manter os
cadastros devidamente atualizados, com a informação de que o veículo havia sido furtado.
Comentários
O tema é pacificado na jurisprudência do STJ, conforme os julgados abaixo:
realização da vistoria. 2. Na hipótese dos autos, não há nexo causal entre a vistoria negligente
e a posterior apreensão do veículo por adulteração de chassi, já que o ato da Administração
não caracteriza o ato ilícito que ensejou a apreensão. Precedentes. 3. A pretensão recursal no
sentido da pura e simples descaracterização do nexo causal não requer a revisão de fatos e
provas, bastando, para tanto, analisar se a liberação do registro e licenciamento do veículo após
vistoria é conduta suficiente a ensejar responsabilidade civil em razão da apreensão do mesmo
automotor por adulteração de chassi - tendo o Superior Tribunal de Justiça à conclusão de que a
conduta ilícita que perpetrou o dano ao agravante é anterior à conduta do Estado. 4. Irrelevante,
ainda, asseverar se a tradição foi anterior ou posterior à vistoria, pois o que ficou expresso na
origem, e é importante para o bom deslinde da controvérsia, é o fato de que a adulteração do
chassi - que levou à apreensão do veículo - é conduta não imputável ao Estado. 5. Agravo
regimental não provido"(STJ, AgRg no Ag 1271648/GO, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 10/11/2010). (grifos não constantes do original)
Dessa forma, o DETRAN (Estado) não se responsabiliza pelas eventuais práticas ilícitas vinculadas ao veículo,
por falta de nexo de causalidade.
Gabarito: Letra A.
154
c)incorreto. A regra geral é a aplicação da teoria do risco administrativo. Por este, para que ocorra a
responsabilização é necessário o preenchimento dos três requisitos: conduta, dano e nexo de causalidade.
Admite-se a exclusão da responsabilidade do Estado ou a sua diminuição a depender da participação da
vítima (culpa concorrente ou culpa exclusiva).
d)incorreto. O afastamento da responsabilidade objetiva será por conta do não atendimento do nexo de
causalidade entre a conduta dos agentes e da ocorrência do dano, uma vez que a força maior ou caso fortuito
tem o condão de afastar por completo a responsabilização do ente.
e)incorreto. A responsabilidade será afastada por conta da força maior e caso fortuito.
Gabarito: Letra A.
a)Otto Gierke.
b) Otto Jellinek.
c) John Maclennan.p
d) John Bachofen.
e) Otto von Bismark.
Comentários
O enunciado contém fundamentação na teoria do órgão, pela qual o agente público exerce suas atribuições
visando expressar a opinião do Estado. Para Maria Sylvia de Pietro (p. 668, 2018),
A teoria do órgão foi elaborada na Alemanha, por Otto Gierke, merecendo grande aceitação
pelos publicistas, como Michoud, Jellinek, Carré de Malberg, D Alessio, Cino Vitta, Renato Alessi,
Santi Romano, Marcello Caetano, entre tantos outros.
Com base na teoria do órgão, pode-se definir o órgão público como uma unidade que congrega
atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram com o objetivo de expressar a
vontade do Estado. (grifos não constantes do original)
60. (2015/FCC/TRT-23ª REGIÃO (MT)/Juiz do Trabalho) Era janeiro e, portanto, época de férias
escolares. Os alunos da escola de ensino fundamental municipal de uma cidade litorânea
participavam de um campeonato de natação, que consistia em uma travessia de 3 km, largando
da praia em direção a uma conhecida ilha, onde era o ponto de chegada. A competição é
155
anualmente organizada pela Municipalidade, mas nessa edição contou com patrocínio de
empresa detentora de tradicional marca de protetores solares, possibilitando sensível melhoria
nos equipamentos de segurança, fiscalização e resgate ao longo de todo o trajeto, além de
disponibilização de embarcações de apoio aos nadadores.
Não obstante, durante o trajeto um dos alunos acabou não resistindo à força da corrente marítima e se
afastou do grupo. Constatado o desaparecimento e, horas após o início das buscas, noticiado o acidente
fatal, a família da vítima, inconformada,
a) deve demandar judicialmente a União Federal, responsável jurídica, por ser a titular do domínio das praias
e do mar, existindo, em decorrência, dever de vigilância, facultado, ainda, litisconsórcio ativo com a empresa
patrocinadora do evento, responsável financeira pelos danos.
b) pode demandar a Municipalidade, demonstrando o nexo de causalidade entre a má prestação do dever
de salvaguardar e vigiar os nadadores, na qualidade de organizadora do evento, e os danos experimentados
pela vítima, pleiteando responsabilização objetiva, incluídos danos morais, embora não haja submissão à
teoria do risco integral.
c) pode demandar judicialmente os patrocinadores do evento, tendo em vista que foram os responsáveis
pela equipe de segurança e salvamento, para responsabilizá-los objetivamente pelos danos morais e
materiais sofridos.
d) não possui direito à indenização, tendo em vista que o aluno se inscreveu voluntariamente na competição,
sendo o exclusivo responsável pela sua condição física e capacidade de conclusão do trajeto.
e) deve demandar a Municipalidade, em razão de se tratar de aluno de escola municipal e, portanto, com
vínculo jurídico direto, respondendo objetivamente pelos danos materiais ocorridos, excluídos eventuais
danos morais em razão do evento danoso ter se dado fora das dependências escolares e do período regular
de aulas, quando o risco é integralmente assumido pelo ente político.
Comentários
a)incorreto. A União Federal não pode ser responsabilizada, pois não participou da organização do evento,
faltando a observância dos 3 requisitos essenciais para a comprovação da responsabilidade objetiva:
conduta, dano e nexo de causalidade.
b)correto. Como organizador maior do evento, o município deve responder objetivamente pelo ocorrido,
por preencher os três requisitos essências: conduta, dano e nexo de causalidade. Em relação à
responsabilidade da empresa patrocinadora, esta pode ser apurada de forma subjetiva, ou seja, se teve culpa
ou dolo.
c)incorreto. A responsabilidade dos patrocinadores é subjetiva, devendo apurar culpa ou dolo.
d)incorreto. O Estado responde objetivamente pelo fato ocorrido, cabendo inclusive indenização por danos
materiais e morais. Para Hely Lopes Meirelles (p. 786 e 787, 2016),
Por isso, incide a responsabilidade civil objetiva quando a Administração Pública assume o
compromisso de velar pela integridade física da pessoa e esta vem a sofrer um dano decorrente
da omissão do agente público naquela vigilância. Assim, alunos da rede oficial de ensino,
pessoas internadas em hospitais públicos ou detentos, caso sofram algum dano quando estejam
sob a guarda imediata do Poder Público, têm direito à indenização salvo se ficar comprovada a
156
e)incorreto. O município responde objetivamente por conta de ser o organizador maior do evento e não pelo
aluno ser matriculado em escola municipal.
Gabarito: Letra B.
61. (2015/FCC/DPE-MA/Defensor Público) Com vistas a unir esforços na execução do serviço público
de coleta e tratamento de lixo, os municípios A e B estabelecem consórcio público, na
modalidade de associação pública, nos termos da Lei Federal n° 11.107/2005, para fins de gestão
dos resíduos sólidos gerados pelos seus cidadãos. Em caso de danos causados aos cidadãos, na
prestação do serviço pelo referido consórcio, é correto afirmar que haverá responsabilidade
a) subsidiária e objetiva do Estado, haja vista que havendo gestão associada de serviços públicos, a entidade
hierarquicamente deve atuar como garantidora do serviço.
b) direta e objetiva dos municípios consorciados, que serão solidários nessa responsabilidade.
c) direta e objetiva do município em cujo território ocorrer o dano, havendo responsabilidade subsidiária do
outro município partícipe da relação consorcial.
d) direta e subjetiva dos municípios consorciados, haja vista que falharam no dever de fiscalização do
consórcio.
e) direta e objetiva do consórcio público.
Comentários
Os consórcios públicos são uma gestão associada de vários entes com o objetivo de executar a atividades
públicas de interesse comum. Quando criados, adquirem personalidade de direito público e de direito
privado, nos termos dos incisos I e II do art. 6º da Lei 11.107/2005, in verbis:
I – de direito público, no caso de constituir associação pública, mediante a vigência das leis de
ratificação do protocolo de intenções;
Por conta de serem considerados como associações públicas, nos casos em que adquirem personalidade
jurídica de direito público, se sujeitam às mesmas regras de responsabilização civil das entidades da
administração direta e indireta, como prevê o art. 37, §6º da CF/88, in verbis:
157
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
Com isso, os consórcios públicos considerados associações públicas estão sujeitos a responsabilidade civil
objetiva com base na teoria do risco integral.
Dessa forma, o gabarito é letra E.
Gabarito: Letra E.
62. (2015/CESPE/TJ-PB/Juiz de Direito) Cada uma das próximas opções apresenta uma situação
hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com referência à responsabilidade civil do
Estado. Assinale a opção correta à luz da legislação e da jurisprudência dos tribunais superiores.
158
d)incorreto. É cabível a responsabilidade objetiva do Estado, pois este tinha o dever de preservar a
integridade física do detento. Para Hely Lopes Meirelles (p. 786 e 787, 2016),
Por isso, incide a responsabilidade civil objetiva quando a Administração Pública assume o
compromisso de velar pela integridade física da pessoa e esta vem a sofrer um dano decorrente
da omissão do agente público naquela vigilância. Assim, alunos da rede oficial de ensino,
pessoas internado em hospitais públicos ou detentos, caso sofram algum dano quando estejam
sob a guarda imediata do Poder Público, têm direito à indenização salvo se ficar comprovada a
ocorrência de alguma causa excludente daquela responsabilidade estatal. (grifos não
constantes do original)
159
e)incorreto. Independentemente da exclusão ou não do agente público do polo passivo pelo juiz, poderá o
Estado ajuizar ação autônoma (ação regressiva) contra o servidor para apuração de responsabilidade.
Gabarito: Letra B.
160
Vistos. Estado do Paraná interpõe agravo de instrumento contra a decisão que não admitiu
recurso extraordinário assentado em contrariedade ao artigo 37, § 6º, e 236 da Constituição
Federal. Insurge-se, no apelo extremo, contra acórdão da Segunda Câmara Cível do Tribunal de
Justiça daquele Estado, assim do: APELAÇÃO CÍVEL. REPARAÇÃO DE DANOS. TABELIONATO.
COMPRA DE IMÓVEL. ANULAÇÃO JUDICIALMENTE POR FALSIDADE DO INSTRUMENTO PÚBLICO
DE MANDATO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO CONFIGURADA. RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA DO TITULAR DO TABELIONATO. NÃO CONFIGURAÇÃO. ART. 37, § 6º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. APELAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ, PROVIDA PARCIALMENTE, PARA
EXCLUSÃO DOS DANOS MORAIS. APELAÇÃO DOS AUTORES, NÃO CONHECIDA, POR
EXTEMPORÂNEA. Demonstrada, na alienação imobiliária, a fraude por meio de procuração
pública falsa, responde objetivamente o Estado pelos danos experimentados pelos adquirentes
de boa-fé. O Tabelião só responde pela indenização se demonstrada sua culpa ou dolo, no caso
inexistentes. Para o caso, é excluída a indenização por danos morais, mantendo-se a sentença
no tocante aos materiais e ao termo inicial dos juros (a partir da citação)” (fls. 300/301) (grifos
não constantes do original)
(...)
(STF - AI: 672138 PR, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 23/05/2011, Data de
Publicação: DJe-110 DIVULG 08/06/2011 PUBLIC 09/06/2011)
161
a) Ato malicioso.
b) Ato de sabotagem.
c) Depredação por passageiros.
d) Distúrbios trabalhistas.
e) Greve.
Comentários
A questão trata da Lei n° 10.744/2003 que dispõe sobre a assunção, pela União, de responsabilidades civis
perante terceiros no caso de atentados terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos, contra aeronaves
de matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público, excluídas as empresas
de táxi aéreo.
O enunciado quer saber qual dentre as alternativas se configura como hipótese de eventos em que não se
permite a indenização pela União. Vejamos nos termos do §5º do art. 1º, da Lei n° 10.744/2003, as hipóteses:
Art. 1o Fica a União autorizada, na forma e critérios estabelecidos pelo Poder Executivo, a
assumir despesas de responsabilidades civis perante terceiros na hipótese da ocorrência de
danos a bens e pessoas, passageiros ou não, provocados por atentados terroristas, atos de guerra
ou eventos correlatos, ocorridos no Brasil ou no exterior, contra aeronaves de matrícula
brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público, excluídas as empresas
de táxi aéreo.
(...)
§ 5o Os eventos correlatos, a que se refere o caput deste artigo, incluem greves, tumultos,
comoções civis, distúrbios trabalhistas, ato malicioso, ato de sabotagem, confisco,
nacionalização, apreensão, sujeição, detenção, apropriação, seqüestro ou qualquer apreensão
ilegal ou exercício indevido de controle da aeronave ou da tripulação em vôo por parte de
qualquer pessoa ou pessoas a bordo da aeronave sem consentimento do explorador. (grifos não
constantes do original)
Dessa forma, das alternativas apresentadas, apenas a da depredação por passageiros não se inclui dentre
aqueles atos que podem ser indenizados pela União.
Gabarito: Letra C.
162
Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com a jurisprudência do STF
acerca da responsabilidade civil do Estado.
a) A responsabilidade civil da empresa é objetiva, visto que decorre da aplicação da teoria do risco integral.
Desse modo, é suficiente para sua configuração a demonstração da conduta, do resultado e do nexo causal.
b) A empresa será responsabilizada de forma objetiva tanto no que tange aos usuários quanto aos não
usuários do serviço, uma vez que, embora não seja pessoa jurídica de direito público, ela atua por delegação
do Estado na prestação de serviço público.
c) Será incabível indenização para os passageiros e os transeuntes, uma vez que o motorista agiu sem dolo
ou culpa e, portanto, não cometeu ato ilícito.
d) A responsabilidade civil da empresa é objetiva para os danos provocados aos usuários do serviço público;
contudo, em relação aos transeuntes, a responsabilidade civil da empresa é subjetiva, aplicando-se as regras
das relações jurídicas extracontratuais.
e) A responsabilidade civil da empresa é subjetiva, o que requer a existência de dolo ou culpa do motorista
para o surgimento do direito à reparação dos danos.
Comentários
Alternativa “a”: Incorreta. Atualmente no ordenamento jurídico vige a Teoria do Risco Administrativo com
responsabilidade objetiva do Estado nos termos do art. 37, §6º, da CRFB. A Teoria do Risco Integral só se
aplica para alguns casos específicos como dano nuclear e dano ambiental.
Alternativa “b”: Correta. Fundamento no art. 37, §6º, da CRFB. Ainda de acordo com o entendimento do STF,
a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva
relativamente a terceiros usuários e não usuários do serviço (RE 591.874-2).
Alternativa “c”: Incorreta. Trata-se de responsabilidade objetiva e, portanto, independe da comprovação de
dolo ou culpa.
Alternativa “d”: Incorreta. RE 591.874-2.
Alternativa “e”: Incorreta. Responsabilidade objetiva (fundamento no art. 37, §6º, da CRFB).
Gabarito: B.
163
interdição, por meio da qual pediu indenização sob a alegação de que ele foi responsável pelo
prejuízo.
Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta à luz da jurisprudência predominante no
STF e STJ relativamente à matéria.
a) O processo deve ser extinto sem resolução do mérito por ilegitimidade passiva, pois, conforme a CF, não
se admite a responsabilidade civil per saltum da pessoa física do agente.
b) A reparação do dano sofrido pela empresa não é de responsabilidade do Estado, pois o ato administrativo
de interdição teve caráter cautelar, não punitivo.
c) O servidor poderá promover a denunciação da lide ao ente público em decorrência da aplicação da teoria
da responsabilidade objetiva do Estado.
d) É facultado à empresa ajuizar a ação contra o Estado ou contra o servidor responsável pelo dano.
e) O pedido deverá ser julgado procedente se a empresa comprovar o prejuízo sofrido, a conduta culposa ou
dolosa do servidor e o nexo de causalidade entre a conduta e o dano.
Comentários
Questão bastante polêmica. A banca pede a resposta com base na Jurisprudência do STF e do STJ. Ocorre
que elas divergem quanto neste ponto. Ainda que a banca tenha indicado a predominante. Para o STF (RE
327904), não é possível a responsabilidade direta do agente público (responsabilidade civil per saltum; esse
nome advém do fato de que o ajuizamento direto saltaria o Estado que, com base na responsabilidade
objetiva deveria responder pelo dano). Para o STJ (REsp 1325862), o prejudicado pode escolher entre ajuizar
ação direta contra o agente, contra o Estado ou contra ambos. Foi adotada a posição do STF (letra A) e não
a do STJ (alternativa D).
Gabarito: A.
164
13. RESUMO
1.
3.
RESPONSABILIDADE CIVIL...
165
166
5.
6.
7.
TEORIA DA CULPA
167
Deveria ser demonstrada culpa do agente; A vítima deve comprovar a falta de serviço;
8.
9.
168
10.
11.
12.
169
13.
14.
170
15.
16.
17. O Estado tem responsabilidade objetiva pelos danos que os seus agentes causem
aos particulares. Já o agente público tem responsabilidade subjetiva.
18. Em relação aos atos legislativos e judiciais, a Fazenda Pública só responde mediante
a comprovação de culpa manifesta na sua expedição, de maneira ilegítima e lesiva
19. O ato legislativo típico, que é a lei, dificilmente poderá causar prejuízo indenizável ao
particular, porque, como norma abstrata e geral, atua sobre toda a coletividade, em nome
da Soberania do Estado, que, internamente, se expressa no domínio eminente sobre todas
as pessoas e bens existentes no território nacional. Como a reparação civil do Poder
Público visa a restabelecer o equilíbrio rompido com o dano causado individualmente a um
ou alguns membros da comunidade, não há que se falar em indenização da coletividade.
20.
171
21.
Ação: diz respeito a um ato praticado no mundo concreto que causa um efeito sensível.
Nexo de causalidade: é a relação lógica e perceptível entre a prática do ato e o resultado deste.
Culpa: é uma imputação feita a alguém que pratica um ato de certa forma reprovável, sendo que
existem diversos tipos de culpa.
22.
23.
172
Derivações da culpa:
Imperícia: é o caso de o agente não estar apto a realizar o ato que está praticando com a
necessária perfeição e habilidade, causando assim um dano – é caso do médico que executa
operação para a qual não está preparado devidamente.
Imprudência: o agente sabe do risco da sua ação possivelmente causar um dano, porém ainda
assim decide por realiza-la, e então o dano ocorre – temos como exemplo o manobrista que sabe
que seu movimento ao volante não é o mais seguro e certeiro, porém o realiza achando que nada
acontecerá, porém este acaba por danificar o veículo.
24.
25.
173
26. A Exposição de Motivos do Código de Processo Penal esclarece: "Não será prejudicial da
ação cível a decisão que, no juízo penal:
1) absolver o acusado sem reconhecer, categoricamente, a inexistência material do fato;
2) ordenar o arquivamento do inquérito ou das peças da informação, por insuficiência de
prova quanto à existência do crime ou sua autoria;
3) declarar extinta a punibilidade; ou
4) declarar que o fato imputado não é definido como crime".
174
Qualquer dúvida, seja na teoria ou na resolução dos exercícios, entre em contato comigo por meio
do Fórum de Dúvidas.
Estou à sua disposição para aclarar ou aprofundar qualquer tema.
Deixe lá também suas sugestões, críticas e comentários.
Conte comigo como um parceiro em sua caminhada.
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Que DEUS o ilumine abundantemente para que você consiga focar nos estudos e, em breve,
alcançar a sua vaga!!!!!
Cordial abraço
Wagner Damazio
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