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Aula 08

Direito Administrativo p/ PC-SP


(Delegado) - Com videoaulas - 2020

Autor:
Wagner Damazio
Aula 08

30 de Março de 2020

36963602875 - Gustavo de Mello


Wagner Damazio
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649710

Sumário
Introdução ......................................................................................................................................... 3

1. Considerações Iniciais ...................................................................................................................... 4

2. Conceito de Bens Públicos................................................................................................................ 7

2.1. Domínio Público ...................................................................................................................................... 7

2.1.1 Domínio eminente ................................................................................................................................. 7

2.2. Definição legal de bens públicos ............................................................................................................. 9

2.3. Definição doutrinária de bens públicos ................................................................................................. 10

3. Classificação de Bens Públicos ........................................................................................................ 12

3.1. Classificação legal de bens públicos ...................................................................................................... 12

3.2. Classificação doutrinária de bens públicos ........................................................................................... 12

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4. Afetação e desafetação ................................................................................................................. 18

5. Aquisição e alienação de bens pela Administração ........................................................................... 20

5.1. Aquisição de bens pela Administração.................................................................................................. 20

5.2. Alienação de bens pela Administração ................................................................................................. 22

6. Uso de bens públicos por particulares ............................................................................................. 24

7. Regime jurídico dos bens públicos .................................................................................................. 30

8. Espécies de bens públicos .............................................................................................................. 34

9. Patrimônio Público: Tombamento .................................................................................................. 37

10. A ineficiência na gestão dos bens públicos ..................................................................................... 40

11. Questões de Concursos Anteriores ................................................................................................ 43

11.1. Lista de Questões sem Comentários ................................................................................................... 43

11.2 – Gabarito ............................................................................................................................................ 63

11.3 – Questões Resolvidas e Comentadas .................................................................................................. 64

12. Resumo .................................................................................................................................... 135

13. Considerações Finais.................................................................................................................. 153

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INTRODUÇÃO

Caríssimo(a)! Vamos dar continuidade, aqui no Estratégia Concursos, ao Curso de Direito Administrativo com
teoria e exercícios resolvidos e comentados para o concurso de ingresso à carreira de Delegado da Polícia Civil de São
Paulo.
Veremos nesta aula os principais aspectos dos bens públicos.

Havendo dificuldade na compreensão da teoria ou na resolução dos exercícios expostos nesta aula ou em
qualquer outra, não deixe de entrar em contato comigo pelo fórum de dúvidas!
Repito que estou sempre atento ao fórum de dúvidas para, de forma célere, buscar uma maneira de
reescrever o conteúdo ou aclarar a explicação anteriormente oferecida para que você alcance a sua
meta de aprendizagem.
Frise-se que o nosso objetivo precípuo é a sua aprovação e para isso me dedicarei ao máximo para atendê-
lo e auxiliá-lo nessa caminhada.
Além disso, para ficar por dentro das notícias do mundo dos concursos públicos, recomendo que você siga
o perfil do Estratégia Carreira Jurídica e do Estratégia Concursos nas mídias sociais! Você também poderá
seguir meu perfil no Instagram. Por meio dele eu busco não só transmitir notícias de eventos do Estratégia
e de fatos relativos aos concursos em geral, mas também compartilhar questões comentadas de
concursos específicos que o ajudará em sua preparação!

Que Deus o ilumine nos estudos!

Sem mais delongas, vamos ao trabalho!

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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Como de costume, introduzo esta nossa aula com as seguintes provocações:

PROVOCAÇÕES INTRODUTÓRIAS PARA A AULA DE HOJE:

1) Qual o conceito de bens públicos?

2) Como o conceito de bens públicos se aplica às pessoas jurídicas de direito privado integrantes da
administração pública?

3) O que são bens públicos segundo os principais doutrinários administrativos?

4) Como podemos classificar os bens públicos quanto à sua destinação?

5) Caracterize cada item classificatório dos bens públicos quanto à sua destinação.

6) Como se caracterizam os bens públicos quanto sua titularidade?

7) Conforme a natureza física dos bens, como podemos classifica-los?

8) Os bens públicos podem ser obtidos através da usucapião?

9) A que se refere a relação de afetação e desafetação dos bens públicos?

10) Quais as possibilidades de mudança do estado de afetação para desafetação?

11) Quais as formas de aquisições dos bens públicos?

12) Quais os requisitos a serem observados na aquisição de um bem público?

13) Quais as formas de aquisição dos bens públicos?

14) É possível a alienação de um bem público?

15) Quais os requisitos para realizar a alienação de um bem público?

16) Quais os tipos de mecanismos que outorgam o uso de bens públicos por particulares?

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17) A utilização de bens de uso comum por terceiros depende de qual tipo de outorga?

18) Quais os principais pontos para utilização de bens comuns de uso especial por particular que devem ser
observados?

19) Quais hipóteses podemos considerar como uso especial do bem público comum?

20) O que é autorização de uso de bens públicos por particulares?

21) O que é permissão de uso de bens públicos por particulares?

22) O que é concessão de uso por contrato de uso de bens públicos por particulares?

23) O que é concessão de direito real de uso de bens públicos por particulares?

24) O que é aforamento?

25) Quais as principais Súmulas sobre o tema dessa aula?

26) Quais as principais características dos bens públicos?

27) O que podemos compreender sobre inalienabilidade ou alienabilidade como uma das características
dos bens públicos?

28) O que é impenhorabilidade quanto característica dos bens públicos?

29) Ainda sobre as características dos bens públicos, descreva a imprescritibilidade?

30) Discorra sobre a não oneração e sua relação com as características dos bens públicos.

31) Cite as principais espécies de bens públicos.

32) O que são terras devolutas?

33) O que é terreno de marinha?

34) Qual a definição das terras indígenas?

35) O que são faixas de fronteiras?

36) Como as jazidas são tratadas na Constituição Federal?

37) Discorra sobre o Espaço Aéreo à luz do Código Brasileiro de Aeronáutica.

38) Qual a definição de tombamento?

39) Qual a amplitude do alcance do tombamento?

40) Qual o objetivo do tombamento?


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41) Quais as modalidades dos bens públicos quanto à constituição ou procedimento?

42) Quais as modalidades dos bens públicos quanto à eficácia?

43) Quais as modalidades dos bens públicos quanto aos destinatários?

44) Qual a noção geral a respeito da gestão dos bens públicos?

45) Quais instrumentos regulamentam a gestão dos bens públicos?

46) Quem executa a gestão dos bens públicos?

47) O que é domínio eminente e qual sua relação com o domínio patrimonial?

48) Quais são as categorias de bens abrangidas pelo domínio eminente?

49) O que são bens reversíveis?

50) A afetação de bem a uso comum dependerá de avaliação prévia, assim como de autorização legislativa
ou decreto?

51) Qual a classificação de terras devolutas declaradas por lei indispensáveis à proteção de um relevante
ecossistema local?

52) Existe a possibilidade de o Poder Público adquirir bem de particular por usucapião?

53) Todos os bens públicos são impenhoráveis?

54) Os bens dominicais e os bens públicos de uso comum só podem ser outorgados a particulares por meio
de autorização e concessão?

55) A função social da propriedade deve ser compreendida em sua totalidade a todos os bens públicos?

56) Realizar uma festa de carnaval em uma praça pública da cidade necessita de autorização?

57) Os bens das empresas públicas e sociedades de economia mista, uma vez que estejam afetados a um
serviço público, são impenhoráveis?

Se você não tem certeza de uma ou algumas das respostas a esses questionamentos, fique atento que esses
temas estarão ao longo da aula de hoje!

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2. CONCEITO DE BENS PÚBLICOS

2.1. DOMÍNIO PÚBLICO

De acordo com a doutrina de José dos Santos Carvalho Filho1, a expressão domínio público pode ser aplicada
por meio de duas acepções, podendo ser dado ora com “enfoque voltado para o Estado, ora sendo
considerada a própria coletividade como usuária de alguns bens.”

Assim, o domínio público engloba os bens pertencentes ao Estado em si, o ente Estatal, bem como todos os
bens pertencentes à coletividade, a exemplo de ruas, praças, avenidas, etc.

Vale citar o conceito de domínio público trazido pelo autor, ao citar CRETELLA JUNIOR, como “o conjunto de
bens móveis e imóveis destinados ao uso direto do Poder Público ou à utilização direta ou indireta da
coletividade, regulamentados pela Administração e submetidos a regime de direito público.”

2.1.1 DOMÍNIO EMINENTE

Ainda sob a esteira de José dos Santos Carvalho Filho2, “quando se pretende fazer referência ao poder
político que permite ao Estado, de forma geral, submeter à sua vontade todos os bens situados em seu
território, emprega-se a expressão domínio eminente.”

Entende-se, então, que essa expressão é tratada no sentido potencial do Estado, o qual não é o proprietário
de todos os bens que se encontram no seu território, mas, em função do seu poder extroverso, pode vir a
ser.

Carvalho Filho leciona que o domínio eminente abrange as três categorias de bens, os quais, em tese, se
sujeitam ao poder estatal:

1
Manual de Direito Administrativo, 33ª edição, p 1219.
2
Manual de Direito Administrativo, 33ª edição, p 1219.
7

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BENS
PÚBLICOS

DOMÍNIO
EMINENTE

BENS NÃO
SUJEITOS AO
REGIME BENS
NORMAL DA PRIVADOS
PROPRIEDAD
E

Temos como consequência dessa característica soberana Estatal, sendo detentor do poder político
supracitado, a possibilidade de realizar desapropriações: determinados bens podem incorporar o patrimônio
Estatal em virtude de necessidade da coletividade, obviamente respeitando a legislação que trata do tema.

Destarte, Carvalho Filho3 ensina que o Estado pode transferir a propriedade privada, por meio da
desapropriação:

 quando há utilidade pública ou interesse social;


 para estabelecer limitações administrativas gerais à propriedade;
 para criar regime especial de domínio em relação a algumas espécies de bens, como os
situados no subsolo, nas águas, nas florestas etc.

3
Manual de Direito Administrativo, 33ª edição, p 1220.
8

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2.2. DEFINIÇÃO LEGAL DE BENS PÚBLICOS


O conceito de bens públicos não é padronizado na doutrina, mas há consenso entre os administrativistas de
que só é exercido sobre os bens pertencentes às entidades públicas, tanto os bens públicos como os
particulares de interesse coletivo.
O Código Civil de 2002 trata os bens públicos de acordo com a seguinte definição:

“Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas
de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem”.

Assim, bens públicos são aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno, quais sejam:
União, Estados, DF, Municípios, Autarquias e Fundações Públicas. As características principais, a serem
explicadas mais à frente, de acordo com Carvalho Filho são a alienabilidade condicionada,
impenhorabilidade, imprescritibilidade e a não-onerabilidade. Todos os demais bens são particulares, seja
qual for a pessoa a que pertencerem.

Hely Lopes Meirelles4 enfatiza que, conceituando os bens em geral, o Código Civil os reparte inicialmente em
públicos e particulares, esclarecendo que são públicos os do domínio nacional, das pessoas jurídicas de
Direito Público interno, e particulares todos os outros, seja qual for a pessoa a que pertencerem (art. 98). O
conceito adotado não deixa dúvidas quanto ao fato de que também são bens públicos os pertencentes às
autarquias e fundações públicas.

É importante frisar que a doutrina de Carvalho Filho5 é no sentido de que “os titulares são as pessoas jurídicas
públicas, e não os órgãos que as compõem [...] a indicação revela apenas que o bem foi adquirido com o
orçamento daquele órgão específico, estando, por isso, afetado a suas finalidades institucionais. A
propriedade, todavia, é do ente estatal, no caso, o Estado-membro”.

Quanto aos bens das empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista), Hely Lopes
Meirelles entende que “são, também, bens públicos com destinação especial e administração particular
das instituições a que foram transferidos para consecução dos fins estatutários. A origem e a natureza total
ou predominante desses bens continuam públicas; sua destinação é de interesse público; apenas sua
administração é confiada a uma entidade de personalidade privada, que os utilizará na forma da lei
instituidora e do estatuto regedor da instituição. A destinação especial desses bens sujeita-os aos preceitos
da lei que autorizou a transferência do patrimônio estatal ao paraestatal, a fim de atender aos objetivos

4
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 636-637.
5
Manual de Direito Administrativo, 33ª edição, p 1221.
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visados pelo Poder Público criador da entidade. Esse patrimônio, embora incorporado a uma instituição de
personalidade privada, continua vinculado ao serviço público, apenas prestado de forma descentralizada ou
indireta por uma empresa estatal, de estrutura comercial, civil ou, mesmo, especial.”

Em sentido oposto, José dos Santos Carvalho Filho entende que os bens das pessoas administrativas privadas
(empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado) “devem ser
caracterizados como bens privados, mesmo que em certos casos a extinção dessas entidades possa
acarretar o retorno dos bens ao patrimônio da pessoa de direito público de onde se haviam originado”.

Vale lembrar que os bens das empresas estatais prestam-se à oneração como garantia real e sujeitam-se à
penhora por dívidas da entidade, além de poderem ser alienados na forma prevista nos respectivos
estatutos, independentemente de lei autorizativa, se móveis e, se bens imóveis, dependem de lei para sua
alienação (Lei 8.666/93, art. 17, I). No mais, regem-se pelas normas do Direito Público, inclusive quanto à
imprescritibilidade por usucapião, uma vez que, se desviados dos fins especiais a que foram destinados,
retornam à sua condição originária do patrimônio de que se destacaram.

2.3. DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA DE BENS PÚBLICOS

Após considerações acerca da definição legal, vejamos a definição doutrinária de bens públicos por alguns
dos principais administrativistas brasileiros:

BENS PÚBLICOS SÃO...

...todos aqueles que pertencem às pessoas jurídicas de Direito


José dos Santos Carvalho Filho6 Público, ou seja, União, Distrito Federal, Municípios, Autarquias e
Fundações Públicas.

Celso Antônio Bandeira de Mello7 ... são todos os bens que pertencem às pessoas jurídicas de Direito
Público, isto é, União, Estados, Distrito Federal, Municípios,

6
Manual de Direito Administrativo, 32ª edição, p. 1217.
7
Curso de Direito Administrativo, 27ª edição, p. 913.

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respectivas autarquias e fundações de Direito Público (estas últimas,


aliás, não passam de autarquias designadas pela base estrutural que
possuem), bem como os que, embora não pertencentes a tais
pessoas, estejam afetados à prestação de um serviço público.

... em sentido menos amplo, utilizado na referida classificação do


direito francês, designa os bens afetados a um fim público, os quais,
Maria Sylvia Zanella Di Pietro8
no direito brasileiro, compreendem os de uso comum do povo e os de
uso especial.

... em sentido amplo, são todas as coisas, corpóreas e incorpóreas,


imóveis, móveis e semoventes, créditos, direitos e ações, que
Segundo Hely Lopes Meirelles9
pertençam, a qualquer título, às entidades estatais, autárquicas,
fundacionais e empresas governamentais.

8
Direito Administrativo. 31ª edição, p. 846.
9
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 418.
11

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3. CLASSIFICAÇÃO DE BENS PÚBLICOS

3.1. CLASSIFICAÇÃO LEGAL DE BENS PÚBLICOS

O Código Civil de 2002 traz a classificação (taxonomia) legal de bens públicos da seguinte forma:

Classificação legal de bens públicos:

Os de uso comum do povo: tais como rios, mares, estradas, ruas e praças.

Os de uso especial: tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou


estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias.

Os dominicais: que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,


como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

3.2. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DE BENS PÚBLICOS

Existem várias classificações de bens públicos. Praticamente cada autor possui a sua, sendo que muitas são
semelhantes. Iremos explorar duas classificações propostas por autores administrativistas renomados – Hely
Lopes Meirelles e Celso Antônio Bandeira de Melo.
Hely Lopes Meirelles10 enfatiza dois critérios para se classificar os bens públicos. Veja:

10
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 638-639.
12

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1ª Classificação: conforme a entidade política a que pertençam ou o serviço autárquico, fundacional ou


paraestatal a que se vinculem.

Bens públicos federais

Bens públicos estaduais

Bens públicos municipais

2ª Classificação: conforme relações de domínio e sua vinculação a um fim administrativo

Bens de uso comum do povo ou do domínio público: como exemplifica a própria lei, são os mares, praias,
rios, estradas, ruas e praças. Enfim, todos os locais abertos à utilização pública adquirem esse caráter de
comunidade, de uso coletivo, de fruição própria do povo. "Sob esse aspecto - acentua Cime Lima - pode o
domínio público definir-se como a forma mais completa da participação de um bem na atividade de
Administração Pública. São os bens de uso comum, ou do domínio público, o serviço mesmo prestado pela
Administração ao público, assim como as estradas, as ruas e praças".

Bens de uso especial ou do patrimônio administrativo: são os que se destinam especialmente à execução
dos serviços públicos e, por isso mesmo, são considerados instrumentos desses serviços; não 'integram
propriamente a Administração, mas constituem o aparelhamento administrativo, tais como os edifícios
das repartições públicas, os terrenos aplicados aos serviços públicos, os veículos da Administração, os
matadouros, os mercados e outras serventias que o Estado põe à disposição do público, mas com
destinação especial. Tais bens, como têm uma finalidade pública permanente, são também chamados
bens patrimoniais indisponíveis.

Bens dominiais ou do patrimônio disponível: são aqueles que, embora integrando o domínio público como
os demais, deles diferem pela possibilidade sempre presente de serem utilizados em qualquer fim ou,
mesmo, alienados pela Administração, se assim o desejar. Daí por que recebem também a denominação
de bens patrimoniais disponíveis ou de bens do patrimônio fiscal. Tais bens integram o patrimônio do
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Estado como objeto de direito pessoal ou real, isto é, sobre eles a Administração exerce "poderes de
proprietário, segundo os preceitos de Direitos Constitucional e Administrativo", na autorizada expressão
de Clóvis Beviláqua.

Celso Antônio Bandeira de Mello11 enfatiza dois critérios para se classificar os bens públicos. Veja:

1ª Classificação: conforme a sua destinação

Bem de uso comum: são os destinados ao uso indistinto de todos, como os mares, ruas, estradas, praças
etc.

Bem de uso especial: são os afetados a um serviço ou estabelecimento público, como as repartições
públicas, isto é, locais onde se realiza a atividade pública ou onde está à disposição dos administrados um
serviço público, como teatros, universidades, museus e outros abertos à visitação pública.

Bens dominicais, também chamados dominiais: são os próprios do Estado como objeto de direito real, não
aplicados nem ao uso comum, nem ao uso especial, tais os terrenos ou terras em geral, sobre os quais tem
senhoria, à moda de qualquer proprietário, ou que, do mesmo modo, lhe assistam em conta de direito
pessoal. Serão considerados dominicais os bens das pessoas da Administração indireta que tenham
estrutura de direito privado, salvo se a lei dispuser em contrário.

11
Curso de Direito Administrativo, 42ª edição, p. 914.
14

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2ª Classificação: conforme a sua natureza física

Bens do domínio hídrico: São bens do domínio hídrico as águas salgadas e doces, compreendendo o mar
territorial e as águas correntes e dormentes qualificáveis como públicas, na conformidade dos
esclarecimentos seguintes. Eles compreendem:

a) águas correntes (mar, rios, riachos etc.):

Mar territorial: bem público de uso comum, é a faixa de 12 milhas marítimas de largura, contadas a partir
da linha do baixa-mar do litoral continental e insular do País (art. 1º da Lei 8.617, de 4.1.93).

São bens públicos tanto as águas correntes (rios, riachos, canais) e dormentes (lagos, lagoas e
reservatórios executados pelo Poder Público) navegáveis ou flutuáveis bem como as correntes de que se
façam estas águas, quando as nascentes forem de tal modo consideráveis que, por si sós, constituam o
caput fluminis, como ainda os braços das correntes públicas, desde que influam na navegabilidade ou
flutuabilidade delas (art. 2º do Código de Águas — Decreto 24.643, de 10.7.34, época em que o Executivo
legislava por decretos), e mais as águas situadas nas zonas periodicamente assoladas pelas secas, nos
termos e forma que legislação especial dispuser sobre elas (art. 5º). Tais bens se categorizam como bens
públicos de uso comum.

Entretanto, os lagos e lagoas situados e cercados por um só prédio particular e que não forem alimentados
por correntes públicas não são bens públicos (§ 3º do art. 2º).

São também águas públicas, mas já agora como bens públicos dominicais, quaisquer águas que, não
respondendo às características indicadas, estejam, contudo, sitas em terras públicas (art. 6º).
Rios públicos, portanto, são, além dos situados em terrenos públicos, os navegáveis ou flutuáveis, os de
que estes se façam e os que lhes determinem a navegabilidade ou flutuabilidade.

Os rios públicos serão federais quando situados em terras federais ou quando banhem mais de um Estado,
ou quando sirvam de limite com outros países ou quando se estendam ou provenham de território
estrangeiro (art. 2º, III, da Constituição). Os demais rios públicos são estaduais (art. 2 6 ,1, da Constituição).

b) águas dormentes (lagos, lagoas, açudes): Lagos e lagoas públicos, conforme visto, são os situados em
terras públicas ou os que sejam navegáveis ou flutuáveis, ressalvados, neste caso, os situados e cercados
por um só prédio particular que não sejam alimentados por correntes públicas.

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Os lagos e lagoas públicos serão federais quando situados em terras federais, ou quando banhem mais de
um Estado ou sirvam de limite com território estrangeiro (art. 20, III, da Constituição). Serão estaduais nos
demais casos (art. 2 6 ,1, da Constituição).

c) potenciais de energia hidráulica: são bens públicos pertencentes à União, por força do art. 20, VIII, da
Constituição.

Bens do domínio terrestre: Dentre os bens do domínio terrestre do solo convém distinguir e referir as
terras devolutas, os terrenos de marinha, os terrenos marginais (ou ribeirinhos), os terrenos acrescidos e
as ilhas. Além destes bens há outros, arrolados no art. 20 como bens da União: sítios arqueológicos e pré-
históricos, terras tradicionalmente ocupadas pelos índios (os quais terão sobre elas posse permanente,
conforme o art. 231, § l 2, da Constituição), recursos minerais, inclusive do subsolo, e também alguns bens
subterrâneos, como as cavidades naturais subterrâneas, e submarinos, caso dos recursos naturais da
plataforma continental e da zona de exploração exclusiva. Eles compreendem:
a) do solo;
b) do subsolo.

Seguem jurisprudências do Supremo Tribunal Federal sobre classificação de bens públicos. Veja:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO: RE 984514 RS - RIO GRANDE DO SUL- STF


Dentre os bens do domínio terrestre do solo convém distinguir
e referir as terras devolutas, os terrenos de marinha, os terrenos marginais (ou ribeirinhos), os
terrenos acrescidos e as ilhas. Além destes bens há outros, arrolados no art. 20 como bens da União: sítios
arqueológicos e pré-históricos, terras tradicionalmente ocupadas pelos índios (os quais terão sobre elas
posse permanente, conforme o art. 231, § l 2, da Constituição), recursos minerais, inclusive do subsolo, e
também alguns bens subterrâneos, como as cavidades naturais subterrâneas, e submarinos, caso dos
recursos naturais da plataforma continental e da zona de exploração exclusiva.

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SÚMULA Nº 650 – STF


Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos,
ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto.

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4. AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO

Todos os bens públicos são incorporados ao patrimônio público para uma destinação, exceção feita em
relação aos bens dominicais. Essa destinação especial é chamada de afetação. A retirada dessa destinação,
com a inclusão do bem dentre os chamados dominicais, corresponde à desafetação.

A afetação está ligada à utilização do bem público e correlacionada à caracterização dele como alienável ou
inalienável. Caso o bem esteja sendo utilizado para fins públicos, diz-se que está afetado. Temos como
exemplo uma universidade utilizada pela população, sendo assim considerada um bem afetado ao fim
público.

De outro modo, caso o bem não esteja sendo utilizado para algum fim público, diz-se que está desafetado.
Exemplo: bens inservíveis, como computadores de um Tribunal de Contas que não estejam sendo utilizados
para qualquer fim são bens desafetados.

A doutrina entende que os bens públicos não podem ser alienados enquanto assim forem considerados.
Dessa maneira, os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial, enquanto destinados,
respectivamente, ao uso geral do povo e a fins administrativos especiais, não são suscetíveis de alienação.
Esse entendimento está alinhado ao disposto no Código Civil:

“Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.

Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências
da lei.”

Caso os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial venham a ser desafetados, serão
transformados em bens dominicais, e, assim, poderão ser alienados. Nesse contexto, afetação e desafetação
são fatos administrativos dinâmicos, que indicam mutações nas finalidades ou destinações do bem público.
Frise-se que o não uso, por si só, não acarreta desafetação, pois esta depende de lei ou ato administrativo.

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AFETAÇÃO X DESAFETAÇÃO

AFETAÇÃO: não permite que o bem público DESAFETAÇÃO: pode ser formal ou tácita.
seja alienado. Os bens dominicais são sempre Desafetação tácita se dá através de um fato
não afetados. A afetação ao uso comum tanto natural ou de um fato administrativo, como,
pode provir do destino natural do bem, como por exemplo, o abandono de um prédio. Já a
ocorre com os mares, rios, ruas, estradas, desafetação formal consiste na declaração,
praças, quanto por lei ou por ato feita pelo Poder Público, de que o bem não
administrativo que determine a aplicação de tem destinação pública. Pode ser feita através
um bem dominical ou de uso especial ao uso de procedimento administrativo ou pelo
público. Legislativo, sendo muito comum com
automóvel público. A desafetação permite a
alienação do bem público.

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5. AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO DE BENS PELA ADMINISTRAÇÃO

5.1. AQUISIÇÃO DE BENS PELA ADMINISTRAÇÃO


Os bens públicos são adquiridos pelas mesmas formas previstas no Direito Privado (compra, permuta, doação
ou dação em pagamento) podendo ainda ser adquiridos compulsoriamente, através de desapropriação e
adjudicação em execução de sentença, e ainda através de usucapião em favor do Poder Público. Cada uma
dessas modalidades de aquisição possui forma e requisitos específicos.
De maneira geral, pode-se dividir a aquisição de bens em imóveis e móveis:

AQUISIÇÃO DE BEM

Bens Imóveis: de um modo geral a aquisição Bens Móveis: quanto aos bens móveis
onerosa de bens imóveis depende de (1) (destinados ao serviço público), sua aquisição
prévia autorização legal, (2) avaliação e (3) dispensa autorização legal, mas depende de
licitação, podendo esta ser dispensada (1) licitação, na modalidade adequada ao
quando o bem escolhido for o único que contrato (concorrência, tomada de preços ou
convenha à Administração. Os bens imóveis convite). Há, ainda, a licitação por leilão.
de uso especial e os dominiais são sujeitos à
registro imobiliário; os de uso comum do
povo, não, enquanto mantiverem essa
destinação.

A seguir, uma consolidação das formas mais comuns de aquisição de bens públicos, de acordo com a doutrina
administrativista brasileira:

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Formas de aquisição de bens públicos


:
Relações contratuais (Contratos de Direito Privado): compra e venda, permuta, dação
em pagamento e resgate no contrato de aforamento

Usucapião: Não é possível usucapir terrenos públicos, mas o Poder Público pode
usucapir terrenos particulares.

Desapropriação (intervenção do Estado na propriedade): forma de aquisição


originária da propriedade para atender interesses sociais, necessidades ou utilidades
públicas.

Acessão natural: formação de ilhas, aluvião (acréscimos ao longo das margens),


avulsão (destacamento de um prédio para se juntar a outro), abandono de álveo
(mudança de curso de rio – surgimento de área nova) e construção de obras ou
plantações.

Direito hereditário (Aquisição causa mortis): Como manifestação de última vontade


do de cujus (testamento). Ou por não possuir herdeiros ou sucessores – herança
vacante/jacente. Ausência de sucessores ou sua renúncia.

Arrematação: PJs de Direito Público podem participar de leilões.

Adjudicação: Direito do credor de adquirir bens penhorados oferecendo preço não


inferior ao fixado na avaliação.
Aquisição decorrente da lei de arrematação: exemplo - nos loteamentos, mesmo
particulares, as ruas, praças, avenidas, etc, que automaticamente passam a integrar o
patrimônio público.

Pena de perdimento dos bens: Bens apreendidos em atividades ilícitas são perdidos
em favor do Estado.

Abandono de bens: Quando os bens estão abandonados, são recolhidos pelo Estado.
Passado um período, passam à titularidade pública.

Resgate na enfiteuse: Para terrenos de marinha (situados em uma distância até 33m
do mar), cujo domínio real é da União. É o resgate do domínio útil.

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5.2. ALIENAÇÃO DE BENS PELA ADMINISTRAÇÃO

Celso Antônio Bandeira de Mello12 esclarece que “a alienação de bens públicos só pode ter lugar nos termos
e forma legalmente previstos, como, de resto, consta do precitado art. 101 do Código Civil. A Administração,
para alienar bens públicos, depende, no caso de bens imóveis, de autorização legislativa, normalmente
explícita, embora se deva admitir que há casos em que aparece implicitamente conferida. Dita alienação deve
ser precedida da avaliação do bem e de licitação, tudo conforme preveem os arts. 17 e 19 da Lei 8.666/93
(Lei das Licitações e Contratos Administrativos), com as ressalvas ali estabelecidas no que tange à autorização
legislativa e aos casos de dispensa de licitação. A Lei 9.636, de 15.5.98, com inúmeras modificações ulteriores,
a última das quais introduzida pela Lei 12.058, de 13.10.2009 — é a lei mais geral sobre alienação de imóveis
da União. Seu art. 31 previu que, a critério do Presidente da República, poderiam ser doados a Estados,
Municípios, Distrito Federal, autarquias e fundações, empresas públicas, tanto federais quanto de quaisquer
destas esferas, assim como a “fundos públicos nas transferências destinadas à realização de programas de
provisão habitacional ou de regularização fundiária de interesse social” ou aos próprios beneficiários de
programas de provisão habitacional ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por
órgãos ou entidades da Administração Pública, para cuja execução seja efetivada a doação”.
Conforme arts. 49, XVII, e 188, § 1º, da Constituição Federal, a alienação ou concessão de terras públicas com
área superior a dois mil e quinhentos hectares depende de aprovação do Congresso Nacional, manifestada
por decreto legislativo, ressalvado o caso de alienações ou concessões de terras para fins de reforma agrária.
Vale lembrar que para ocorrer a alienação de bem público o bem deve estar desafetado, ou seja, não
vinculado a nenhuma finalidade pública específica. Neste caso, o bem é considerado dominical e pode ser
alienado.
A seguir, uma consolidação das informações mais relevantes acerca da alienação de bens públicos:

12
Curso de Direito Administrativo, 27ª edição, p. 924.
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Requisitos para alienação dos bens públicos


:
Lei nº 8.666/93, art. 17: desafetação - declaração de interesse público (motivação do
ato); avaliação prévia; autorização legislativa específica em caso de bens imóveis;
licitação para imóveis, modalidade: Concorrência para imóveis em geral; Leilão quando
o imóvel for adquirido por dação em pagamento ou decisão judicial; Verificar mais
exceções no art 17. I; licitação para móveis, modalidade: Leilão para móveis até
R$650.000,00; Concorrência para móveis acima de R$650.000,00; Verificar mais
exceções no art 17. II;
Após atualização pelo Decreto nº 9.412, de 2018, o valor para concorrência deve ser
acima de R$ 1,43 milhão.

Lei nº 8.666/93, art. 19: os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja
derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados
por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras:
I – avaliação dos bens alienáveis;
II – comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
III – adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão.

CF/88, art. 188: a destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a
política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.

CF/88, art. 188, § 1º: a alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas
com área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que
por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.

CF/88, art. 188, § 2º: excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as


concessões de terras públicas para fins de reforma agrária.

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6. USO DE BENS PÚBLICOS POR PARTICULARES

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello13, a utilização de bens públicos pelos particulares, como é natural,
depende do tipo do bem (bem de uso comum, de uso especial e dominical), mas se propõe em relação a
quaisquer destas categorias. Assim, devem ser discernidas as modalidades de uso, conforme se trate de bem
de uma ou outra tipologia. Veja os detalhes de cada modalidade a seguir:

a) Utilização dos bens de uso comum


Carvalho Filho14 leciona que o uso comum “é a utilização de um bem público pelos membros da coletividade
sem que haja discriminação entre os usuários, nem consentimento estatal específico para esse fim”. Ainda,
o autor traz como características do uso comum dos bens públicos:

a generalidade da utilização do bem

a indiscriminação dos administrados no que toca ao uso do bem

a compatibilização do uso com os fins normais a que se destina

a inexistência de qualquer gravame para permitir a utilização

Os bens de uso especial também proporcionam a utilização dessa forma, a exemplo de qualquer repartição
pública, pois o cidadão pode ingressar livremente na mesma, não havendo necessidade de autorizações
especiais.

De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello15, “além do uso comum dos bens de uso comum, isto é,
deste uso livre, podem ocorrer hipóteses em que alguém necessite ou pretenda deles fazer usos especiais,

13
Curso de Direito Administrativo, 27ª edição, p. 925-934.
14
Manual de Direito Administrativo, 33ª edição, p 1248.
15
Bandeira de Mello, Op. Cit.
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ou seja, que se afastem das características dantes apontadas, por implicarem sobrecarga do bem, transtorno
ou impedimento para a concorrente e igualitária utilização de terceiros ou ainda por demandarem até
mesmo o desfrute de uma exclusividade no uso sobre parte do bem”. Prossegue em sua explanação
afirmando que nessas situações serão indispensáveis:

dar prévia ciência à Administração de


que se pretende fazer determinada
a prévia manifestação administrativa utilização de certo bem público de uso
concordante (autorização de uso ou comum, para que o Poder Público possa
permissão de uso). vetá-la, se for o caso. Com efeito, nestes
casos não mais se estará ante o uso
comum, mas ante usos especiais.

O supracitado autor ensina ainda que é o que ocorre perante as seguintes hipóteses, a saber:

(1) Quando o uso de tais bens, embora correspondente à destinação específica, principal, que lhes é própria,
for extraordinário, isto é, efetuado em condições incomuns, causadoras de incômodos ou transtornos para
o uso de terceiros ou onerosas para o próprio bem. Trata-se de um uso que pode ser efetuado, mediante
prévia manifestação administrativa concordante, mediante autorização16.

(2) Quando a utilização pretendida, embora compatível com as destinações secundárias, comportadas pelo
bem, implicar impedimentos à normal utilização concorrente de terceiros segundo a destinação principal do
logradouro público. É o que ocorre no caso de comícios, passeatas e demais manifestações em que
deliberadamente se promova grande concentração de pessoas cuja presença, evidentemente, obstará à
normalidade do uso do bem pela generalidade das pessoas.

(3) Quando o uso do bem, comportado em suas destinações secundárias, compatível, portanto, com sua
destinação principal e até mesmo propiciando uma serventia para a coletividade, implicar ocupação de parte
dele com caráter de exclusividade em relação ao uso propiciado pela sobredita ocupação. É o caso de
quiosques para venda de cigarros ou refrigerantes, de bancas de jornais ou de utilização das calçadas para
colocação de mesinhas diante de bares ou restaurantes. Nestas hipóteses a sobredita utilização depende de
permissão de uso de bem público. A Permissão de uso de bem público é o ato unilateral, precário e
discricionário quanto à decisão de outorga, pelo qual se faculta a alguém o uso de um bem público. Sempre

16
Para Carvalho Filho, em sua obra “Manual de Direito Administrativo” (33ª edição, p 1256-1257), é o ato
administrativo pelo qual o Poder Público consente que determinado indivíduo utilize bem público de modo privativo,
atendendo primordialmente a seu próprio interesse.

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que possível, será outorgada mediante licitação ou, no mínimo, com obediência a procedimento em que se
assegure tratamento isonômico aos administrados (como, por exemplo, outorga na conformidade de ordem
de inscrição). Foi dito “sempre que possível”, pois, em certos casos, evidentemente, não haveria como
efetuá-la. Sirva de exemplo a já mencionada hipótese de solicitação, feita por quem explore bar ou
restaurante, para instalar mesinhas na calçada lindeira ao estabelecimento.

(4) Quando a utilização do bem de uso comum for anormal, por excluí-lo, embora transitória e
episodicamente, de suas destinações próprias, em vista de proporcionar, ocasionalmente, um uso
comportado pelas características físicas do bem, mas diverso de suas jurídicas destinações. É o que ocorre
quando há fechamento de vias públicas para realização de corridas de pedestrianismo, ciclísticas ou
automobilísticas, com a temporária exclusão explícita de sua utilização pelos demais usuários. Para
utilizações deste gênero é necessária autorização administrativa

b) Utilização dos bens de uso especial


A utilização desses bens corresponda às condições de prestação do serviço ali sediado. Porém, há situações
em que administrados podem obter um uso exclusivo sobre partes das áreas de bens de uso especial, por
ser esta justamente a destinação das sobreditas áreas.
A concessão de uso de bem público é o contrato administrativo pelo qual, como o nome já o indica, a
Administração trespassa a alguém o uso de um bem público para uma finalidade específica. Se o Poder
Público, instado por conveniências administrativas, pretender rescindi-la antes do termo estipulado, terá de
indenizar o concessionário.

c) Utilização dos bens dominicais


Esses bens podem ser utilizados pelos particulares mediantes diferentes possibilidades, a exemplo de
locação, arrendamento, comodato (somente a instituições de utilidade pública), permissão de uso,
concessão de uso, concessão de direito real de uso, a concessão de uso especial, a autorização de uso e
enfiteuse.
A Concessão de direito real de uso é, na doutrina de Carvalho Filho17, “o contrato administrativo pelo qual
o Poder Público confere ao particular o direito real resolúvel de uso de terreno público ou sobre o espaço
aéreo que o recobre, para os fins que, prévia e determinadamente, o justificaram.” Já Bandeira de Mello18
entende que é “o contrato pelo qual a Administração transfere, por tempo certo ou por prazo
indeterminado, como direito real resolúvel, o uso remunerado ou gratuito de terreno público para que seja
utilizado com fins específicos de regularização fundiária de interesse social, urbanização, industrialização,
edificação, cultivo da terra, aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comunidades
tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modalidades de interesse social.”
Concessão de uso especial para fins de moradia é um instituto previsto no artigo 42, inciso V, alínea “h” da
Lei 10.257/2001, o famigerado Estatuto das Cidades, mas somente foi regulado por meio da Medida
Provisória 2.220/01. Conforme positivado nessa norma, quem, até 30 de junho de 2001, haja possuído como

17
Manual de Direito Administrativo, 33ª edição, p 1263.
18
Curso de Direito Administrativo, 27ª edição, p 931 .
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seu, por cinco anos ininterruptos e sem oposição, imóvel público urbano de até 250 m 2, utilizando-o para
sua moradia, tem direito à concessão de uso especial, desde que não seja proprietário ou concessionário de
outro imóvel urbano ou rural.

Algumas peculiaridades devem ser observadas:

1) Se a ocupação acarretar risco de vida ou à saúde dos ocupantes: o Poder Público assegurará o direito em
questão em outro imóvel e, se o imóvel for de uso comum do povo, destinado a projeto de urbanização, de
interesse da defesa nacional, de preservação ambiental e proteção dos ecossistemas naturais, reservado à
construção de represas e obras congêneres, ou situado em via de comunicação, é facultado ao Poder Público
assegurar dito direito em outro imóvel.
2) Para o caso de se tratar de área com mais de 250 m2, e seja ocupada como moradia por população de
baixa renda, não sendo possível identificar o possuidor dos terrenos ocupados, a concessão será conferida
de forma coletiva, atribuindo-se a cada qual fração ideal igual e que não poderá ser superior a 250 m 2. Caso
Frise-se que na contagem dos cinco anos de prazo, o possuidor poderá acrescentar o tempo de posse de seu
antecessor, desde que, assim como a sua, também tenha sido realizada de forma contínua.

Por último, vamos discorrer sobre o instituto da Enfiteuse:


ENFITEUSE (AFORAMENTO): É regulada nos arts. 99 a 124 do Decreto-lei 9.760, de 5.9.46, e na Lei 9.636, de
15.5.98, pode ser definida, na doutrina de Bandeira de Mello, como “o direito real sobre coisa alheia que
confere a alguém, perpetuamente, os poderes inerentes ao domínio, com obrigação de pagar ao dono da
coisa uma renda anual e a de conservar-lhe a substância [...] o enfiteuta dispõe dos mais amplos poderes
sobre o bem: pode usá-lo, gozá-lo e dispor dos frutos, produtos e rendas, mas não pode mudar-lhe a
substância ou deteriorá-lo.”
Esse instituto recai somente sobre imóveis, sendo pago por meio de rendas certas e não variáveis.
Importante anotarmos que esse direito é transferível onerosamente ou gratuitamente. Porém, o titular da
propriedade (chamado de senhorio) deve ser comunicado de tal fato.
Frise-se que em situações de venda ou dação em pagamento, o senhorio tem direito à preferência para
consolidar o domínio em seu favor e, caso não exerça o seu direito, fará jus ao percentual fixo de 5% a título
de laudêmio.

A seguir, uma compilação das informações mais relevantes acerca dos principais mecanismos para utilização
de bens públicos por particulares:

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Principais mecanismos para utilização de bens públicos por particulares, de acordo com a
doutrina administrativista brasileira
:
Autorização de uso: é o ato administrativo unilateral, discricionário e precário
através do qual se transfere o uso do bem público para particulares por um
período de curta duração. O desfazimento de um ato precário NÃO gera
indenização. Interesse predominante do particular. Não há licitação. Sem prazo
(regra).

Permissão de uso: é o ato administrativo unilateral, discricionário e precário


através do qual se transfere o uso do bem público para particulares por um
período maior que o previsto para a autorização. Interesse predominante público.
Há licitação prévia. Sem prazo (regra).

Concessão de uso (contrato): É contrato administrativo. Não é precária porque


possui prazo determinado. Não pode haver rescisão unilateral sem indenização.
Há licitação prévia.

Concessão de direito real de uso: são concessões especiais. Transferem ao


particular um direito real de uso. Hipóteses:
Para fins de moradia: regras que autorizam a regularização de áreas urbanas
invadidas (MP 2.220/01)
Para regulação fundiária: regras que autorizam a regularização de áreas rurais
invadidas.
Para industrialização/urbanização de áreas: faz a concessão para uma empresa se
instalar em uma área de interesse público.
Para preservação da Amazônia legal: concede um terreno público ao particular,
que pode usar parte e fica responsável pela proteção do restante.

Enfiteuse ou aforamento: segundo o Ato das Disposições Constitucionais


Transitórias ADCT, art. 49, §3°: É um direito real previsto apenas no CC/1961. O
Código Civil/2002 não traz mais revisão de enfiteuse e estabelece regras
próprias para as existentes. Para os imóveis públicos, possui regramento
específico e plenamente em vigor Decreto-lei 9.760/46. É um desmembramento
da sociedade.

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Seguem jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça sobre uso de bens
públicos. Veja:

SÚMULA 477 – STF:


As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos Estados,
autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domínio com a União, ainda que se mantenha
inerte ou tolerante, em relação aos possuidores.

SÚMULA 479 – STF:


As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por
isso mesmo, excluídas de indenização.

SÚMULA 496 – STJ:


Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são
oponíveis à União.

INFORMATIVO 551/2014 – STJ:


DIREITO ADMINISTRATIVO E CIVIL. INEXISTÊNCIA DE DIREITO A INDENIZAÇÃO PELAS
ACESSÕES E DE RETENÇÃO PELAS BENFEITORIAS EM BEM PÚBLICO IRREGULARMENTE
OCUPADO.
Quando irregularmente ocupado o bem público, não há que se falar em direito de retenção pelas
benfeitorias realizadas, tampouco em direito a indenização pelas acessões, ainda que as benfeitorias
tenham sido realizadas de boa-fé. Isso porque nesta hipótese não há posse, mas mera detenção, de
natureza precária. Dessa forma, configurada a ocupação indevida do bem público, resta afastado o direito
de retenção por benfeitorias e o pleito indenizatório à luz da alegada boa-fé. Precedentes citados: AgRg
no AREsp 456.758-SP, Segunda Turma, DJe 29/4/2014; e REsp 850.970-DF, Primeira Turma, DJe 11/3/2011.
AgRg no REsp 1.470.182-RN, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 4/11/2014. (grifos não
constantes do original)

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7. REGIME JURÍDICO DOS BENS PÚBLICOS

Celso Antônio Bandeira de Mello19 enumera as seguintes características dos bens públicos:

Características dos bens públicos:

Inalienabilidade ou alienabilidade nos termos da lei, característica esta expressamente referida no art. 100
do Código Civil. Os de uso comum ou especial não são alienáveis enquanto conservarem tal qualificação,
isto é, enquanto estiverem afetados a tais destinos. Só podem sê-lo (sempre nos termos da lei) ao serem
desafetados, passando à categoria dos dominiais. O fato de um bem-estar na categoria de dominical não
significa, entretanto, que só por isto seja alienável ao alvedrio da Administração, pois o Código Civil, no
artigo 101, dispõe que: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da
lei”. Independentemente do que dispõe o Código Civil, o simples princípio da subordinação da
Administração à lei (princípio da legalidade) já serviria de fundamento para tal característica dos bens
pertencentes às pessoas de Direito Público. Daí que, mesmo que se entenda que o Código Civil não poderia
legislar sobre matéria administrativa estadual ou municipal (como efetivamente não pode), também os
bens estaduais ou municipais estão submissos ao aludido regime. Anote-se ainda que a alienação de terras
públicas com área superior a 2.500 hectares depende de prévia aprovação do Congresso Nacional,
manifestada por decreto legislativo, conforme arts. 49, XV, e 188, § 1º, da Constituição.

Impenhorabilidade: bens públicos não podem ser penhorados. Isto é uma consequência do disposto no
art. 100 da Constituição. Com efeito, de acordo com ele, há uma forma específica para satisfação de
créditos contra o Poder Público inadimplente. Assim, bem se vê que também não podem ser gravados com
direitos reais de garantia, pois seria inconsequente qualquer oneração com tal fim.

Imprescritibilidade: quer-se com esta expressão significar que os bens públicos — sejam de que categoria
forem — não são suscetíveis de usucapião. É o que estabelecem os arts. 102 do Código Civil e 200 do
Decreto-lei 9.760, de 5.9.46, que regula o domínio público federal. Antes deles, já a tradição normativa,
desde o Brasil-Colônia, repelia a usucapião de terras públicas, embora alguns insistissem em questionar
este tópico. A primeira lei de terras do Brasil independente, Lei 601, de 18.9.1850, e seu regulamento, n.
1.318, de 1854, impunham tal intelecção e os Decretos federais 19.924, de 27.4.31, 22,785, de 31.5.33, e
710, de 17.9.38, também espancavam qualquer dúvida sobre isto. Hoje, a matéria está plenamente
pacificada (Súmula 340 do STF). Ademais, a Constituição vigente é expressa, em seus arts. 183, § 3º e 191,

19
Curso de Direito Administrativo, 27ª edição, p. 915-917.
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parágrafo único, ao dispor que “os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião”. Assim, as normas
sobre a usucapião pro labore, previstas no art. 191, caput, não podem ser invocadas em relação a bens
públicos. No passado, podiam. É que os textos constitucionais anteriores que previam tal modalidade de
usucapião não mencionavam a imprescritibilidade dos imóveis públicos. Era cabível, pois, entender que
prevaleciam sobre a proteção que lhes era dada pela legislação ordinária. Hoje isto não é mais possível,
ante a clareza do precitado parágrafo único do art. 191. A usucapião pro labore assim se configura, nos
termos do art. 191, caput: “Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
seu, por 5 (cinco) anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a 50
(cinquenta) hectares, tomando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade”.

No mesmo sentido, Hely Lopes Meirelles20 elenca os atributos dos bens públicos da seguinte forma:

Características dos bens públicos:

Imprescritibilidade: imprescritibilidade dos bens públicos decorre como consequência lógica de sua
inalienabilidade originária. E é fácil demonstrar a assertiva: se os bens públicos são originariamente
inalienáveis, segue-se que ninguém os pode adquirir enquanto guardar essa condição. Daí não ser possível
a invocação de usucapião sobre eles. E princípio jurídico, de aceitação universal, que não há direito contra
Direito, ou, por outras palavras, não se adquire direito em desconformidade com o Direito.

lmpenhorabilidade: impenhorabilidade dos bens públicos decorre de preceito constitucional que dispõe
sobre a forma pela qual serão executadas as sentenças judiciárias contra a Fazenda Pública, sem permitir
a penhora de seus bens. Admite, entretanto, o sequestro da quantia necessária à satisfação do débito,
desde que ocorram certas condições processuais (CF, art. 100).

Não oneração: impossibilidade de oneração dos bens públicos (das entidades estatais, autárquicas e
fundacionais). Parece-nos questão indiscutível, diante da sua inalienabilidade e impenhorabilidade.
Penhor, anticrese e hipoteca são, por definição legal, direitos reais de garantia sobre coisa alheia (CC, art.
1.419). Como tais, tipificam-se pelo poder de sequela, isto é, de acompanhar a coisa em todas as suas
mutações, mantendo-a como garantia da execução. No dizer de Clóvis, "o que caracteriza esta classe de
direitos reais é a íntima conexão em que se acham com as obrigações cujo cumprimento asseguram. É por

20
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p. 660-661.
31

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vincularem a coisa, diretamente, à ação do credor, para a satisfação de seu crédito, que lhes cabe,
adequadamente, a denominação de direitos reais de garantia".
O mesmo diz a lei civil: "Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia
fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação" (CC, art. 1.419).E no artigo seguinte a lei
esclarece: "Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que
se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca" (CC, art. 1.420). Por essa
conceituação, ficam afastados, desde logo, os bens de uso comum do povo e os de uso especial, que são,
por natureza, inalienáveis.

Seguem jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça sobre regime jurídico
dos bens públicos. Veja:

INFORMATIVO Nº 210 - STF:


Empresa Pública e Penhora de Bens
Concluído o julgamento de recursos extraordinários nos quais se discute a impenhorabilidade
dos bens, rendas e serviços da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT (v. Informativos 129, 135,
176 e 196). O Tribunal, por maioria, entendeu que a ECT tem o direito à execução de seus débitos
trabalhistas pelo regime de precatórios por se tratar de entidade que presta serviço público. Vencidos os
Ministros Marco Aurélio e Ilmar Galvão, que declaravam a inconstitucionalidade da expressão que assegura
à ECT a "impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços", constante do art. 12 do Decreto-lei 509/69,
por entenderem que se trata de empresa pública que explora atividade econômica, sujeita ao regime
jurídico próprio das empresas privadas (CF, art. 173, § 1º). Vencido também o Min. Sepúlveda Pertence
que, entendendo não ser aplicável à ECT o art. 100 da CF, entendia que a execução de seus débitos deveria
ser feita pelo direito comum mediante a penhora de bens não essenciais ao serviço público e declarava a
inconstitucionalidade do mencionado art. 12 do DL 509/69 apenas na parte em que prescreve a
impenhorabilidade das rendas da ECT.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.PRESTAÇÃO DE


SERVIÇO PÚBLICO. BENS. IMPENHORABILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
1. Cuida-se de Agravo em Recurso Especial interposto contra acórdão que afastou a penhora,
no atual estágio do procedimento, uma vez que nem sequer houve a liquidação, além de assentar a
impenhorabilidade dos bens de sociedade de economia mista que sejam necessários à continuidade do
serviço público. 2. Pretende a recorrente o reconhecimento da impenhorabilidade dos valores depositados
em conta- corrente, que, segundo ela, são destinados exclusivamente à execução do serviço público. 3.
Não se conhece da alegada ofensa ao art. 535 do CPC quando aparte limita-se a apresentar alegações
genéricas no sentido de que o Tribunal a quo não apreciou todas as questões levantadas, sem indicar
concretamente em que consistiu a suposta omissão. Aplicação da Súmula 284/STF. 4. No que tange à
questão da impenhorabilidade dos bens afetados ao serviço público, o julgado recorrido não diverge da
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orientação do STJ, segundo a qual são impenhoráveis os bens de sociedade de economia mista
prestadora de serviço público, desde que destinados à prestação do serviço ou que o ato constritivo
possa comprometer a execução da atividade de interesse público (cf. AgRg no REsp1.070.735/RS, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 18.11.2008; AgRg no REsp 1.075.160/AL,
Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 10.11.2009; REsp521.047/SP, Rel. Ministro
Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em20.11.2003). 5. Hipótese na qual o acórdão recorrido afastou, nessa
fase do procedimento, a determinação da penhora, não tendo, por conseguinte, analisado a natureza dos
bens que a recorrente busca proteger, nem a sua vinculação à regular prestação do serviço público, o que
lhe caberá demonstrar no momento processual oportuno. Dessarte, é impossível conhecer, no Recurso
Especial, da imprescindibilidade à execução do serviço público dos valores que se pretendem resguardar,
sob pena de ofensa à Súmula 7/STJ: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso
especial".6. Agravo Regimental não provido. (AgRg no AREsp 37.545/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 07/02/2012, DJe 13/04/2012) (grifos não constantes do original)

#ficadica

Os bens públicos são, em regra, imprescritíveis, impenhoráveis, inalienáveis e não sujeitos a


oneração.

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8. ESPÉCIES DE BENS PÚBLICOS


Serão apresentados, a seguir, aspectos mais relevantes dos principais bens, objetivando possibilitar o seu
enquadramento na classificação dos bens públicos. Hely Lopes Meirelles21 define cada um assim:

DEFINIÇÃO DAS ESPÉCIES DE BENS PÚBLICOS...

“...são todas aquelas que, pertencentes ao domínio público de qualquer das


entidades estatais, não se acham utilizadas pelo Poder Público, nem
destinadas a fins administrativos específicos. São bens públicos patrimoniais
ainda não utilizados pelos respectivos proprietários”.

Terras Devolutas Observação: as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental pertencem à União (CF, art. 20, II). As demais
pertencem aos estados-membros (CF, art. 26, IV). Nesse sentido, enquadram-
se como bens dominicais, já não são utilizadas para quaisquer finalidades
específicas.

“...todos os que, banhados pelas águas do mar ou dos rios navegáveis, em sua
foz, vão até a distância de 33 metros para a parte das terras, contados desde
o ponto em que chega o premar médio" (Aviso Imperial de 12.7.1833).
Terreno de Marinha

Observação: Os terrenos de marinha pertencem à União, por imperativos de


defesa e de segurança nacional (CF, art. 20, VII).

“...são as porções do território nacional necessárias à sobrevivência física e


cultural das populações indígenas que as habitam (CF, art. 231, § 1º).
Realmente, este dispositivo assegura aos índios a posse permanente das
Terras Indígenas terras por eles habitadas e o usufruto exclusivo das riquezas naturais e de
todas as utilidades nelas existentes (art. 231, § 2º). Constituindo bens públicos
da União com destinação específica, as terras ocupadas pelos índios são
inalienáveis e indisponíveis, e os direitos

21
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p. 660-661.
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sobre elas, imprescritíveis (art. 231, § 4º), sendo demarcáveis


administrativamente, nos termos do Dec. 1.775, de 8.1.96.

Observação: São bens pertencentes à União (CF, art. 20, XI), e, por possuírem
destinação específica, são classificados como bens de uso especial.

... é a área de até 150 km de largura, que corre paralelamente à linha terrestre
demarcatória da divisa entre o território nacional e países estrangeiros,
Faixas de fronteiras
considerada fundamental para a defesa do território nacional (CF, art. 20, §
2º).

...."Constituição vigente estabelece que: Art. 176. As jazidas, em lavra


ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica
constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou
aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra.
"§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos
potenciais a que se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados
mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por
brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua
sede e administração no País, na forma da lei; que estabelecerá as condições
Jazidas específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira
ou terras indígenas (redação dada pela EC 6, de 15.8.95).
"§ 2º É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados
da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei.
"§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as
autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou
transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder
concedente:
"§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do
potencial de energia renovável de capacidade reduzida."

...o Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei 7.565, de 19.12.86) reafirmou que:


"O Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima
de seu território e mar territorial" (art. 11); e tratou em onze títulos e
trezentos e vinte e quatro artigos de toda a problemática do uso do espaço
aéreo e de suas limitações, da infraestrutura aeronáutica, das aeronaves, da
Espaço Aéreo
tripulação, dos serviços aéreos, do contrato de transporte aéreo, da
responsabilidade civil, das infrações e providências administrativas e dos
prazos extintivos, revogando e substituindo toda a legislação pertinente
anterior. É, assim, o mais completo e atualizado conjunto de normas legais
sobre o espaço aéreo e sua utilização pela Aeronáutica.

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Veja a seguinte jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Veja:

SÚMULA 340 - STF:


Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem
ser adquiridos por usucapião.

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9. PATRIMÔNIO PÚBLICO: TOMBAMENTO

Segundo o Professor Celso Antônio Bandeira de Mello22, “tombamento é a intervenção administrativa na


propriedade pela qual o Poder Público sujeita determinados bens à sua perene conservação para preservação
dos valores culturais ou paisagísticos neles encarnados”.
A amplitude de seu alcance está consagrada no art. 216 do Texto Constitucional. Veja:

“Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e


imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às


manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,


paleontológico, ecológico e científico.

§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o


patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,
tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.”

Assim, tombamento é uma modalidade de intervenção na propriedade privada em que o Poder Público
objetiva proteger a memória nacional, protegendo bens de ordem histórica, artística, arqueológica, cultural,

22
Curso de Direito Administrativo, 27ª edição, p. 910-912.

37

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científica, turística e paisagística. Cabe ressaltar que a maioria dos bens tombados é de imóveis de valor
arquitetônico de épocas passadas em nossa história.
Pelo tombamento, o poder público protege determinados bens, que são considerados de valor histórico ou
artístico, determinando a sua inscrição nos chamados Livros do Tombo, para fins de sua sujeição a restrições
parciais; em decorrência dessa medida, o bem, ainda que pertencente a particular, passa a ser considerado
bem de interesse público; daí as restrições a que se sujeita o seu titular.
A professora Maria Sylvia23 explica que há três modalidades de tombamento:

1ª Modalidade: quanto à constituição ou procedimento

De ofício: se processa mediante simples notificação à entidade a quem pertencer ou sob cuja guarda
estiver a coisa tombada.

Voluntário: envolve o proprietário pedir o tombamento e a coisa se revestir dos requisitos necessários
para constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional, a juízo do órgão técnico
competente;

Compulsório: envolve o proprietário anuir, por escrito, à notificação que se lhe fizer para a inscrição da
coisa em qualquer dos Livros do Tombo. 0 tombamento compulsório é feito por iniciativa do poder público,
mesmo contra a vontade do proprietário.

2ª Modalidade: quanto à eficácia

Provisório: que ocorre com a notificação do proprietário, produz os mesmos efeitos que o definitivo, salvo
quanto à transcrição no Registro de Imóveis, somente exigível para o tombamento definitivo.

Definitivo: se dá com a transcrição do ato no Cartório de Registro de Imóveis.

23
Direito Administrativo. 31ª edição, p. 174.
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3ª Modalidade: quanto aos destinatários

Geral: que atinge todos os bens situados em um bairro ou uma cidade.

Individual: que atinge um bem determinado.

Vale salientar que este instituto sempre é resultante de vontade expressa do Poder Público, manifestada por
ato administrativo do Executivo, que deve ser precedido de processo administrativo, no qual serão apurados
os aspectos que materializam a necessidade de intervenção na propriedade privada para a proteção do bem
tombado.
Frise-se que o tombamento é mais uma maneira de proteção do patrimônio cultural brasileiro. Há outras
formas dessa proteção ser alcançada, tais como: a ação popular (CRFB, art. 5º, LXXIII), o direito de petição
aos Poderes Públicos (CRFB, art. 5º, XXXIV) e a ação civil pública (Lei nº 7.34 7/1985).

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10. A INEFICIÊNCIA NA GESTÃO DOS BENS PÚBLICOS

O professor José dos Santos Carvalho Filho24 sintetiza, em sua obra “Manual de Direito Administrativo”, o
tema “Gestão dos bens públicos”.
A ideia central apresentada pelo autor é a governança da totalidade dos bens da Administração Pública, ou
seja, a administração em concreto daquilo que é:

de uso privativo do ente público, sendo o bem classificado como comum, especial ou
dominical

de uso compartilhado

de uso pelos particulares

No dia a dia da Administração Pública, fixa-se um setor responsável por administrar e gerir esses recursos.
Essa gestão pode ser centralizada nesse órgão ou mesmo descentralizada em parte, sendo o controle
estratégico feito por essa unidade central.
De todo modo, como bem ressalta o professor José dos Santos Carvalho Filho, essa unidade gestora não tem
competência para alienar, onerar ou adquirir bens.
Isso porque, para alienação, para compra ou para qualquer mácula ao bem público são necessários os
requisitos constitucionais e legais, tais como previsto no inciso XXI do art. 37 da CRFB e no art. 17 da Lei nº
8.666, de 1993:

CRFB, art. 37 (...) XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,


serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas

24
Manual de Direito Administrativo, 32ª edição, p. 1241-1242.
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que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da


proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Lei nº 8.666, de 1993: Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública,


subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida
de avaliação e obedecerá às seguintes normas:

I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração


direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência, dispensada esta nos seguintes casos: (...)

II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos


seguintes casos: (...)

Ainda quanto ao tema, o professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que:

Na verdade, o poder de administração, como subordinado à lei, apenas confere ao


administrador o poder (e ao mesmo tempo o dever) de zelar pelo patrimônio público,
através de ações que tenham por objetivo a conservação dos bens, ou que visem a
impedir sua deterioração ou perda, ou, ainda, que os protejam contra investida de
terceiros, mesmo que necessário se torne adotar conduta coercitiva autoexecutória ou
recorrer ao Judiciário para a defesa do interesse público.

Além disso, cabe dizer que a gestão não se resume a identificar o usuário do bem, se exclusivamente público,
se compartilhado ou se, eventualmente, pelo particular, mas também a conservação desses bens. Isso
envolve, por exemplo, inúmeros processos licitatórios, contratos administrativos, parcerias com entidades
do terceiro setor, entre outras situações que precisam ser administradas.
Nessa seara é que sobressai a ineficiência da gestão pública, seja pelo excesso de burocracia (formalismo
exacerbado), seja pelo tamanho do Estado.
Ademais, não há uma diretriz normativa centralizada. As orientações do Direito Público acerca da gestão do
patrimônio estatal são encontradas de forma esparsa no ordenamento.
Essa ausência de uniformização no plano Constitucional e legal ainda faz com que haja uma inflação de
produção de atos infralegais, que busca adaptar para o direito público noções e regras do direito privado,
acarretando ainda mais burocracia e custo de manutenção da máquina pública.
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Cabe dizer, por fim, que o professor José dos Santos Carvalho Filho noticia a possibilidade de transferência
de gestão do patrimônio a outros entes da federação. É o caso, por exemplo, da Lei nº 13.240, de 2015:

Em princípio, a gestão dos bens públicos é executada pelo ente que detém sua
titularidade. Mas é lícita a transferência de gestão a outra entidade pública, conforme
as condições estabelecidas em lei editada pelo titular. A Lei nº 13.240, de 30.12.2015,
por exemplo, autorizou a União a transferir aos Municípios litorâneos a gestão das praias
marítimas urbanas, incluindo-se as áreas situadas em bens de uso comum com
exploração econômica (art. 14). A transferência, no caso, é formalizada por termo de
adesão, no qual o Município, de um lado, se compromete a observar as normas da SPU
– Secretaria do Patrimônio da União e, de outro, adquire o direito sobre as receitas
auferidas com autorizações de uso, típicas da atividade de gestão. Entretanto, a União
pode retomar a gestão por culpa do Município cessionário ou por motivo superveniente
de interesse público, o que denota a natureza discricionária do ato (art. 14, § 2º). Alguns
bens, contudo, são excluídos da transferência, como as áreas utilizadas por órgãos
federais, as destinadas à exploração de serviços públicos dessa esfera, os corpos d’água
e as áreas essenciais à defesa nacional ou situadas em unidades de conservação
demarcadas pela União.

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11. QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES

11.1. LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS

1. (2019/MP-SP/MP-SP/Promotor de Justiça) A respeito do regime jurídico dos bens públicos


assinale a alternativa correta.
a) Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial podem ser alienados, observadas
as exigências da lei.
b) Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião, ressalvada a hipótese daquele que, não sendo
proprietário rural nem urbano, possuir como sua, por 5 anos ininterruptos, sem oposição, área
rural continua, não excedente de 25 hectares, e a houver tornado produtiva com seu trabalho e
nela tiver sua morada, que adquirir-lhe-á o domínio, independentemente de justo título e boa-fé.
c) O uso privativo do bem público consentido pela Administração Pública não investe o particular
de direito subjetivo público oponível a terceiros nem perante a própria Administração contra atos
ilegais.
d) O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
e) São públicos os bens pertencentes à Administração Pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

2. (2019/MP-SP/MP-SP/Promotor de Justiça) Assinale a alternativa INCORRETA.


a) Ao instituto do tombamento, porque possui disciplina própria, não se aplica o princípio da
hierarquia verticalizada prevista no Decreto-Lei nº 3.365/41, que excepciona os bens da União do
rol dos que podem ser desapropriados.
b) Por se tratar de direito público de natureza real sobre um imóvel particular, para que este sirva
ao uso geral como uma extensão ou dependência do domínio público, afetando, assim, o caráter
de exclusividade da propriedade o tombamento sempre será indenizável.
c) Na hipótese de restrições administrativas, será devida a indenização a fim de garantir aplicação
à teoria da distribuição equânime dos encargos públicos, caso a limitação impeça de se dar ao
bem a destinação que se considerava natural, reconhecendo-se o dano especial e anormal, no
direito de propriedade.
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d) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger
os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos, assim como impedir a evasão, a destruição
e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural
e) O ato de tombamento, seja ele provisório ou definitivo, tem por finalidade preservar o bem
identificado como de valor cultural contrapondo-se aos interesses da propriedade privada, não só
limitando o exercício dos direitos inerentes ao bem, mas também obrigando o proprietário às
medidas necessárias à sua conservação.

3. (2015/CEBRASPE/Juiz Federal/TRF 1) Assinale a opção correta acerca do domínio público.


a) As terras devolutas são bens públicos de uso especial que, em regra, integram o patrimônio da
União.
b) Diferentemente dos bens de uso comum do povo, os bens de uso especial podem ser alienados
mesmo enquanto conservarem a sua qualificação.
c) São considerados bens públicos aqueles integrantes do patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público interno e das pessoas jurídicas de direito privado que integram a administração
pública.
d) O uso privativo dos bens públicos pode se dar tanto por instrumentos de direito público quanto
por instrumentos jurídicos de direito privado.
e) Os terrenos de marinha, considerados bens públicos federais, não podem ter seu uso transferido
a particulares.
4. (2019/CESPE/TCE-RO/Procurador do Ministério Público de Contas) Em relação ao regime
jurídico dos bens públicos, julgue os itens a seguir.
I - Exceto os bens do domínio nacional pertencentes a pessoas jurídicas de direito público interno,
que são públicos, todos os demais bens são particulares, independentemente da pessoa a que
pertencerem.
II - O uso comum dos bens públicos, como estradas e edifícios públicos, pode ser gratuito ou
retribuído, conforme for estabelecido pela entidade a que pertencerem.
III - Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação.
IV - A alienação de bens móveis dependerá de autorização legislativa, de avaliação prévia e de
licitação, realizada na modalidade de concorrência.
Estão certos apenas os itens
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e IV.
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d) I, II e III.
e) II, III e IV.
5. (2019/CESPE/MPE-PI/Promotor de Justiça Substituto) O poder público estadual instalou escola
em determinado imóvel público abandonado. Após a instalação e o efetivo uso público do bem,
o imóvel será caracterizado como bem público
a) dominical, tacitamente desafetado.
b) de uso especial, tacitamente afetado.
c) de uso comum do povo, tacitamente afetado.
d) de uso especial, expressamente desafetado.
e) de uso comum do povo, expressamente desafetado.

6. (2019/CEBRASPE/TJ-SC/Juiz Substituto) As ilhas costeiras são bens públicos que pertencem


a) aos estados, no caso de ilhas situadas nas águas interiores e na zona contígua, até o limite
interior da plataforma continental, ou à União, no caso de ilhas situadas na plataforma continental.
b) à União, com exceção das ilhas que contenham as sedes de capitais ou que possuam unidades
de conservação estadual ou municipal.
c) à União, ressalvadas as ilhas que contenham a sede de municípios, que podem ter áreas sob
domínio municipal ou particular, e as áreas sob o domínio dos estados.
d) aos municípios, no caso de ilhas situadas aquém das águas interiores, ou aos estados, no caso
de ilhas situadas nas águas interiores até o fim da zona contígua.
e) aos estados, salvo as que contenham a sede de municípios, as áreas afetadas ao serviço público
dos demais entes e as unidades ambientais federais.

7. (2019/FCC/TJ-AL/Juiz Substituto) Suponha que uma autarquia estadual pretenda alienar alguns
imóveis de sua propriedade, objetivando a obtenção de receitas para a aquisição de um imóvel
situado em região mais central da cidade e no qual pretende concentrar suas atividades.
Considerando o regime jurídico aplicável aos bens públicos, bem como as disposições da Lei
federal n° 8.666/1993,
a) as alienações e as aquisições prescindem de autorização legislativa, devendo, contudo, haver
despacho motivado do dirigente da autarquia, avaliação prévia dos imóveis e adoção de
procedimento licitatório para cada um dos negócios jurídicos, na modalidade leilão ou
concorrência.

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b) a aquisição do novo imóvel depende de prévia autorização legislativa para afetação às


finalidades da autarquia, devendo ser efetuada por procedimento licitatório na modalidade
concorrência, aplicando-se as mesmas exigências em relação às alienações.
c) o caráter de inalienabilidade dos imóveis pertencentes à entidade de direito público impede a
sua venda, salvo em se tratando de aquisição por meio de desapropriação.
d) as alienações dependem de prévia autorização legislativa, admitindo-se a permuta de imóvel(is)
que se pretende alienar por outro que atenda às necessidades atuais de instalação e localização
da autarquia, com dispensa de licitação, observados os valores de mercado.
e) a autarquia poderá vender ou permutar os imóveis em questão, mediante autorização legislativa
específica para o negócio jurídico escolhido, afastando-se, em ambos os casos, a necessidade de
prévio procedimento licitatório.

8. (2018/VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto) É correto afirmar, com relação aos bens públicos, que
(A) os de uso comum podem ser objeto de uso exclusivo por particular a título oneroso ou gratuito
e, desde que previamente desafetados, podem ser alienados.
(B) o uso exclusivo por particular só pode ter por objeto os dominicais e os de uso especial.
(C) o uso exclusivo por particular pode ter por objeto os de uso comum, desde que a título oneroso
e mediante prévia desafetação.
(D) os de uso comum podem ser objeto de uso exclusivo por particular a título gratuito ou oneroso,
mas não podem perder o caráter de inalienabilidade.

9. (2018/VUNESP/PREFEITURA DE BAURU-SP/ Procurador) Cinco municípios limítrofes constituíram


consórcio público para gestão associada de serviço público de transporte coletivo de passageiros
sobre pneus. Para prestação do serviço à população, o Consórcio constituído nos termos da Lei
federal nº 11.107/2005, elaborou plano de outorga, realizou a licitação e celebrou contrato de
permissão, observadas as normas da Lei federal nº 8.987/95. Tanto no edital de licitação como no
contrato dele decorrente, para prestação adequada do serviço, foi prevista obrigação de
aquisição, pela permissionária, de bens e equipamentos imprescindíveis à prestação adequada e
continuada do serviço público, como veículos, bem como a construção e manutenção de uma
garagem, onde também funcionaria o controle operacional do serviço delegado, em área própria
da contratada, dentro dos limites territoriais de qualquer um dos cinco municípios integrantes do
consórcio permitente. A respeito desses bens e equipamentos, é correto afirmar que
a) constituem bens reversíveis que, durante o prazo de vigência da permissão, integram o
patrimônio da empresa permissionária, mas, ao fim da delegação, por serem imprescindíveis à
prestação do serviço, passam para o patrimônio do consórcio público permitente.

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b) constituem bens reversíveis que, durante o prazo de vigência da permissão, submetem-se ao


regime jurídico público de gestão de bens e, ao fim da delegação, passam para o patrimônio do
ente público em cujo território estiverem localizados.
c) constituem bens particulares da permissionária, embora afetados à prestação de serviço público
e, porque por ela adquiridos com recursos próprios, ao fim da delegação, não revertem ao
patrimônio público.
d) constituem bens particulares da permissionária, afetados a uma finalidade pública e, por isso,
ao final da delegação, deverão ser transferidos ao novo contratado, se houver, ou ao ente
municipal líder do consórcio.
e) constituem bens de domínio particular da permissionária que, de acordo com o regime de bens
reversíveis aplicável ao caso, deles poderá livremente dispor ao final da vigência da delegação.

10. (2018/CESPE/PGE-PE/Procurador do Estado) De acordo com a conceituação dada pela doutrina


pertinente, o ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual a administração
consente na utilização privativa de bem público para fins de interesse público é denominado
a) permissão de uso de bem público.
b) autorização de uso de bem público.
c) concessão de direito real de uso de bem público.
d) concessão de uso de bem público.
e) cessão de uso de bem público.

11. (2018/VUNESP/PAULIPREV-SP/Procurador Autárquico) No tocante a bem público, é correto


afirmar que a
a) alienação de bens imóveis, como regra, dependerá de autorização legislativa, de avaliação
prévia e de licitação, realizada na modalidade de concorrência.
b) afetação de bem a uso comum dependerá de avaliação prévia, assim como de autorização
legislativa ou decreto.
c) alienação poderá decorrer de retrocessão, que não se confunde com concessão de uso, porque
é forma de alienação hoje admitida apenas para terras devolutas da União, Estados e Municípios.
d) afetação e a desafetação de qualquer bem sempre dependerão de lei.
e) alienação poderá decorrer de concessão de domínio, que ocorre sempre que a Administração
não mais necessita do bem expropriado, e o particular o aceita em retorno.

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12. (2018/FCC/PGE-TO/Procurador do Estado) Uma gleba de terras devolutas estaduais foi


arrecadada por ação discriminatória e o Governo do Estado, por meio de lei, declarou-a como
indispensável à proteção de um relevante ecossistema local, incluindo-a na área de parque
estadual já constituído para esse fim. Tal gleba deve ser considerada bem
a) privado sob domínio estatal.
b) público dominical.
c) público de uso comum do povo.
d) público de uso especial.
e) privado sob regime especial de proteção.

13. (2018/FCC/PGE-TO/Procurador do Estado) O Governo do Estado pretende que a iniciativa


privada administre, mediante contrato, os terminais de ônibus intermunicipais existentes no
Estado, sendo que, em contrapartida dos gastos de manutenção, os empresários possam explorar,
por prazo determinado, a área dos terminais com a construção de lojas, escritórios, hotéis etc.
Pelas características anunciadas, o negócio deve ser enquadrado como
a) autorização de uso de bem público.
b) concessão de uso de bem público.
c) permissão de uso de bem público.
d) direito de superfície.
e) outorga onerosa de potencial construtivo.

14. (2018/FAUEL/PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR/Procurador Municipal) Sobre os bens públicos,


assinale a alternativa INCORRETA:
a) Apesar de o Código Civil de 2002 não incluir no conceito de bens públicos aqueles pertencentes
às pessoas jurídicas de direito privado e atrelados à prestação de serviços públicos, o Superior
Tribunal de Justiça reconhece a impenhorabilidade desses bens.
b) Os bens públicos não estão sujeitos à usucapião, modalidade de aquisição derivada da
propriedade, mas é plenamente possível bens particulares serem usucapidos pelo Poder Público.
c) Os potenciais de energia hidroelétrica pertencem à União, mesmo se localizados em rios
estaduais.
d) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, ressalvadas as terras que eram possuídas
pelos nativos no passado remoto, são de propriedade da União.
e) O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido
legalmente pela entidade a cuja administração pertencer.
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15. (2018/CESPE/DPE-PE/Defensor Público) Com relação à disciplina dos bens públicos, assinale a
opção correta.
a) À exceção dos bens dominiais não afetados a qualquer finalidade pública, os bens públicos são
impenhoráveis.
b) A ocupação irregular de bem público não impede que o particular retenha o imóvel até que lhe
seja paga indenização por acessões ou benfeitorias por ele realizadas, conforme entendimento do
Superior Tribunal de Justiça.
c) Aos municípios pertencem as terras devolutas não compreendidas entre aquelas pertencentes
à União.
d) As terras tradicionalmente reservadas aos índios são consideradas bens públicos de uso especial
da União.
e) Bens de uso comum do povo, destinados à coletividade em geral, não podem, em nenhuma
hipótese, ser privativamente utilizados por particulares.

16. (2017/MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça) Assinale a alternativa correta.


a) Os bens dominicais e os bens públicos de uso comum só podem ser outorgados a particulares
por meio de autorização e concessão, institutos sujeitos ao regime de direito público.
b) A concessão, contrato administrativo pelo qual a Administração faculta ao particular a utilização
privativa do bem público para que a exerça conforme sua destinação, depende de licitação e
impõe a fixação de prazo.
c) A autorização, permissão e concessão de uso privativo de bens públicos são atos administrativos
que apresentam como características comuns a unilateralidade, a discricionariedade e a
precariedade.
d) A autorização, ato administrativo em que a Administração consente que o particular se utilize
de bem público com exclusividade, depende de licitação e cria para o usuário um dever de
utilização.
e) A permissão de uso, ato administrativo pelo qual a Administração faculta a utilização de bem
público, para fins de interesse público, tem sempre a forma onerosa e tempo determinado.

17. (2017/CESPE/DPE-AC/Defensor Público) Com referência à disciplina constitucional dos bens


públicos, assinale a opção correta.
a) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são exemplos de bens de uso especial e
pertencem aos estados.

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b) As terras devolutas, não se encontrando afetadas a nenhuma finalidade pública específica, são
bens públicos dominiais.
c) Salvo a hipótese de usucapião especial para fins de moradia prevista na CF, não é permitido
usucapião de bens públicos.
d) A utilização dos bens de uso comum do povo, os quais são destinados à utilização geral pelos
indivíduos, não pode sofrer restrições por ato do poder público.
e) Os bens de uso especial são aqueles que, por ato formal da administração pública, são
destinados à execução dos serviços administrativos e serviços públicos em geral.

18. (2017/VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito) Considerando-se o regime jurídico dos bens públicos, pode-
se afirmar que
a) a eles não se aplica o princípio da função social da propriedade, em razão do regime de
impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade.
b) a eles se aplica, com grau diferenciado, o princípio da função social da propriedade, em relação
aos bens de uso comum do povo.
c) a eles se aplica o princípio da função social da propriedade, em grau diferenciado, em relação
aos bens dominiais.
d) a eles se aplica o princípio da função social da propriedade que incide indistintamente e com
mesmo grau de intensidade, dada sua função normativa, sobre todo o ordenamento jurídico e
sobre o domínio público e particular.

19. (2017/VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito) Sobre a impenhorabilidade dos bens públicos, pode-se


afirmar que
a) tem natureza absoluta por decorrerem da inalienabilidade que os caracterizam.
b) é absoluta, com exceção da hipótese de concessão de garantia da União em operações de
crédito externo, nos termos do artigo 52, VIII, da Constituição Federal de 1988.
c) é absoluta, com exceção da hipótese de sequestro de bens ao teor do artigo 100, parágrafo
6°, da Constituição Federal de 1988.
d) admite exceção para a hipótese de sequestro de bens, nos termos do artigo 100, parágrafo
6°, da Constituição Federal de 1988, e para a concessão de garantia, em condições
especialíssimas, em operações de crédito externo, cabendo ao Senado Federal dispor sobre limite
e concessões, nos termos do artigo 52, VIII, da Constituição Federal de 1988.

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20. (2017/CESPE/MPE-RR/Promotor de Justiça) Considerando o entendimento do STJ, julgue as


asserções seguintes.
I É ilegal cobrar de concessionária de serviço público taxas pelo uso de solo, subsolo ou espaço
aéreo.
II A utilização do uso de bem público por concessionária de serviço público para a instalação de,
por exemplo, postes, dutos ou linhas de transmissão será revertida em benefício para a sociedade.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
a) As asserções I e II são falsas.
b) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
c) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.

21. (2017/FCC/TJ-SC/Juiz de Direito) A propósito do uso dos bens públicos pelos particulares, é
correto afirmar que
a) as concessões de uso, dada a sua natureza contratual, não admitem a modalidade gratuita.
b) o concessionário de uso de bem público exerce posse ad interdicta, mas não exerce posse ad
usucapionem.
c) a autorização de uso, por sua natureza precária, não admite a fixação de prazo de utilização do
bem público.
d) a Medida Provisória n° 2.220/2001 garante àquele que possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de imóvel público
situado em área urbana, utilizando-o para fins comerciais e respeitado o marco temporal ali
estabelecido, o direito à concessão de uso especial.
e) a permissão de uso, por sua natureza discricionária, não depende de realização de prévia
licitação.

22. (2017/CESPE/PREFEITURA DE BELO HORIZONTE-MG/Procurador Municipal) Com relação aos


bens públicos, assinale a opção correta.
a) Bens dominicais são os de domínio privado do Estado, não afetados a finalidade pública e
passíveis de alienação ou de conversão em bens de uso comum ou especial, mediante observância
de procedimento previsto em lei.
b) Consideram-se bens de domínio público os bens localizados no município de Belo Horizonte
afetados para destinação específica precedida de concessão mediante contrato de direito público,
remunerada ou gratuita, ou a título e direito resolúvel.

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c) O uso especial de bem público, por se tratar de ato precário, unilateral e discricionário, será
remunerado e dependerá sempre de licitação, qualquer que seja sua finalidade econômica.
d) As áreas indígenas são bens pertencentes à comunidade indígena, à qual cabem o uso, o gozo
e a fruição das terras que tradicionalmente ocupa para manter e preservar suas tradições,
tornando-se insubsistentes pretensões possessórias ou dominiais de particulares relacionados à
sua ocupação.

23. (2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/Procurador Municipal) A respeito de bens


públicos e responsabilidade civil do Estado, julgue o próximo item.
Situação hipotética: Determinado município brasileiro construiu um hospital público em parte de
um terreno onde se localiza um condomínio particular. Assertiva: Nessa situação, segundo a
doutrina dominante, obedecidos os requisitos legais, o município poderá adquirir o bem por
usucapião

( ) Certo ( ) Errado.

24. (2017/CESPE/PRFEITURA DE FORTALEZA-CE/Procurador Municipal) A respeito de bens públicos


e responsabilidade civil do Estado, julgue o próximo item.
Situação hipotética: A associação de moradores de determinado bairro de uma capital brasileira
decidiu realizar os bailes de carnaval em uma praça pública da cidade. Assertiva: Nessa situação,
a referida associação poderá fazer uso da praça pública, independentemente de autorização,
mediante prévio aviso à autoridade competente

( ) Certo ( ) Errado.

25. (2017/CESPE/TJ-PR /Juiz de Direito) Em relação aos bens públicos, assinale a opção correta.
a) O ordenamento jurídico brasileiro permite que pertençam a particulares algumas áreas nas ilhas
oceânicas e costeiras.
b) Por serem abertos a uma utilização universal, o mercado municipal e o cemitério público são
considerados bens de uso comum do povo.
c) Em face do atributo da inalienabilidade, os bens públicos dominicais não podem ser alienados.
d) Quando o tribunal de justiça consente o uso gratuito de determinada sala do prédio do foro
para uso institucional da defensoria pública local, efetiva-se o instituto da permissão de uso de
bem público.

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26. (2017/FUNDEP-GESTÃO DE CONCURSOS/MPE-MG/Promotor de Justiça) Analise as seguintes


assertivas sobre bens públicos:
I. A venda de bens públicos imóveis será obrigatoriamente precedida de licitação e depende
também de autorização legislativa, interesse público devidamente justificado e avaliação prévia.
II. Independe de transcrição imobiliária a concessão de domínio que tiver como destinatário
pessoa estatal.
III. A doação de bens móveis públicos é admissível exclusivamente para fins de interesse social e
depende de avaliação prévia e autorização legal.
IV. A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois mil
e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de
prévia aprovação do Congresso Nacional, exceto quando a alienação ou concessão de terras
públicas tiver por finalidade reforma agrária.
Somente está CORRETO o que se afirma em:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.

27. (2017/IBEG/IPREV/Procurador) De acordo com a classificação dos bens públicos, o imóvel que
abriga e pertence à Prefeitura de Viana é considerado
a) de uso especial.
b) de uso comum do povo.
c) dominal.
d) regular de serviço.
e) de uso disponível.

28. (2017/FGV/ALERJ-RJ/Procurador) Um agricultor mantém, durante mais de 20 (vinte) anos, a


utilização de bem público sem destinação específica, sendo surpreendido com a invasão do bem
por outro particular. Ajuíza, então, ação de reintegração de posse em face do invasor.
Para o desfecho do caso, é correto afirmar que:
a) o ocupante de bem público deve ser considerado mero detentor do imóvel, sem legitimidade
para pleitear proteção possessória, embora deva ser indenizado por benfeitorias realizadas;
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b) não pode haver posse de particular sobre bem público, devendo ser julgada improcedente a
ação, sem prejuízo de posterior demanda da Administração Pública em face do particular que
explorou o bem indevidamente, fundada na vedação ao enriquecimento sem causa;
c) o pedido de reintegração de posse deve ser considerado juridicamente impossível, tendo em
vista que, como a área objeto da disputa se encontra situada em terra pública, não há direito de
posse a ser disputado entre os particulares;
d) deve ser reconhecida a possibilidade de tutela possessória sobre terras públicas sem destinação
específica, sendo certo que tal proteção, condicionada à promoção da função social da posse pelo
possuidor, não altera a titularidade dominial do bem;
e) o pedido de reintegração de posse deve ser julgado procedente, considerando que o particular
que manteve por mais de 20 (vinte) anos a posse sobre o bem, promovendo sua função social,
adquire-lhe a propriedade.

29. (2017/FGV/ALERJ-RJ/Procurador) Amanda obteve permissão de uso de bem público para


exploração de lanchonete no interior da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, por
prazo indeterminado. Passados dois anos, a Casa Legislativa revogou o ato, para ampliação de
uma sala de reunião. Inconformada, Amanda manejou ação de manutenção de posse.
De acordo com ensinamentos doutrinários e jurisprudenciais sobre o tema, a Amanda:
a) assiste razão, eis que a permissão de uso é ato unilateral, vinculado e precário, e a Administração
não pode revogá-lo sem promover a prévia e justa indenização ao particular;
b) assiste razão, eis que a permissão de uso é ato bilateral e discricionário, e a Administração não
pode revogá-lo unilateralmente pela via administrativa, sendo imprescindível a judicialização caso
não haja acordo com o particular;
c) não assiste razão, eis que a permissão de uso é ato bilateral e discricionário, e a Administração,
em regra, pode revogá-lo se houver razões de interesse público, mediante a prévia indenização
ao particular;
d) não assiste razão, eis que a permissão de uso é ato unilateral, discricionário e precário, e a
Administração pode revogá-lo posteriormente se houver razões de interesse público, não
cabendo, em regra, indenização ao particular;
e) não assiste razão, eis que a permissão de uso é ato unilateral, vinculado e precário, e a
Administração pode revogá-lo posteriormente se houver razões de interesse público, com
indenização ulterior ao particular.

30. (2016/CESPE/PGE-AM/Procurador do Estado) Com relação a pessoas jurídicas de direito privado


e bens públicos, julgue o item a seguir.

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Consideram-se bens públicos dominicais aqueles que constituem o patrimônio das pessoas
jurídicas de direito público como objeto de direito pessoal ou real, tais como os edifícios
destinados a sediar a administração pública.

( ) Certo ( ) Errado

31. (2016/RHS-CONSULT/PREFEITURA DE PARATY-RJ/Procurador) A administração dos bens


públicos compreende normalmente a ___________ e ___________ do patrimônio público, mas
excepcionalmente, pode a Administração ter necessidade ou interesse na ___________ de alguns
de seus bens, caso em que deverá atender às exigências especiais impostas por normas
superiores.
Assinale a alternativa que apresenta os termos que preenchem, correta e respectivamente, as
lacunas acima.
a) alienação / utilização / conservação.
b) utilização / conservação / alienação.
c) permutação / alienação / utilização.
d) organização / reorganização / concessão.
e) destinação / vinculação / titulação.

32. (2016/IDECAN/CÂMARA DE ARACRUZ-ES/Procurador Legislativo) Considere que um servidor


público tenha adquirido um bem público que estava sob sua administração. Nos termos do
Código Civil brasileiro, o referido contrato é
a) nulo.
b) válido se adquirido em hasta pública.
c) válido se a administração do bem era direta.
d) válido se a administração do bem era indireta.

33. (2016/FCC/SEGEP-MA/Procurador do Estado) O Governo do Estado do Maranhão decidiu


constituir uma parceria público-privada na modalidade concessão administrativa, com a finalidade
de contratar a construção de um estabelecimento prisional e a prestação de serviços associados
a esse estabelecimento. Para garantia do recebimento da contraprestação pecuniária pelo
parceiro privado, um imóvel onde funciona uma escola pública estadual, de propriedade do
Estado, foi transferido ao Fundo Garantidor de Parcerias do Estado do Maranhão, após
autorização da Assembleia Legislativa. Uma vez construída a unidade prisional e iniciada a

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prestação dos serviços a ela associados, o Estado passou a atrasar o pagamento da


contraprestação devida ao parceiro privado. Por conta da inadimplência, o parceiro privado
ajuizou ação de execução da dívida estatal, pleiteando em juízo a penhora do imóvel em que está
instalado o estabelecimento escolar. Em vista de tal situação, é correto afirmar que
a) por se tratar de bem imóvel, deveria ser solicitada a hipoteca e não a penhora, que é utilizada
apenas para bens móveis e semoventes.
b) em razão da natureza autárquica do Fundo, é impossível a penhora de bens de seu domínio.
c) a transferência do imóvel para o Fundo Garantidor é nula, visto que deveria ter ocorrida a prévia
desafetação do bem.
d) em face da transferência para o Fundo Garantidor, o imóvel tornou-se bem de natureza
particular, o que possibilita a sua constrição judicial para satisfação da dívida.
e) quaisquer bens pertencentes ao Estado e às entidades por ele controladas são impenhoráveis
e, portanto, o pedido de penhora deve ser negado.

34. (2016/FCC/SEGEP-MA/Procurador do Estado) Em janeiro de 1993, Maurício Quevedo passou a


residir em terreno urbano que lhe fora vendido “de boca” por outro posseiro antigo, ali
construindo sua residência, um barraco de aproximadamente setenta metros quadrados,
ocupando dois terços do terreno assim adquirido. Em janeiro deste ano, Maurício procurou
aconselhar-se com advogado, que verificou a situação dominial do terreno, constatando tratar-se
de propriedade registrada em nome do Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS. Diante de
tal situação, o referido posseiro
a) deve solicitar à Secretaria do Patrimônio da União – SPU a declaração de aforamento do imóvel,
passando a recolher o foro anual.
b) faz jus à usucapião do terreno, visto que se trata de imóvel particular da entidade autárquica.
c) não possui direito subjetivo de permanecer no imóvel, pois o princípio da boa-fé não é oponível
ao interesse público.
d) tem o direito à concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da
posse, desde que comprove não ser proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro
imóvel urbano ou rural.
e) deve requerer ao INCRA a abertura de processo de legitimação de posse, visto tratar-se de
ocupante de terra devoluta.

35. (2016/VUNESP/PREFEITURA DE ALUMÍNIO-SP/Procurador) As Escolas Municipais do Município


de Alumínio são

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a) bens de uso especial e, no tocante ao regime jurídico, são inalienáveis enquanto estiverem
afetados.
b) bens de uso comum e, no tocante ao regime jurídico, são inalienáveis enquanto estiverem
afetados.
c) bens dominicais e, no tocante ao regime jurídico, são inalienáveis enquanto estiverem afetados.
d) bens de uso comum e, no tocante ao regime jurídico, não há qualquer restrição à sua alienação.
e) bens de uso especial e, no tocante ao regime jurídico, não há qualquer restrição à sua alienação.

36. (2016/FAFIPA/CÂMARA DE CAMBARÁ-PR/Procurador) Assinale a alternativa que possui um


exemplo de bem de uso especial, segundo entende a doutrina administrativista.
a) Praças.
b) Edifício de repartição pública.
c) Florestas.
d) Terras devolutas.

37. (2016/MPE-SC/MPE-SC/Promotor de Justiça) É indispensável a autorização legislativa para a extinção,


mediante alienação judicial, de condomínio indivisível que possua fração ideal constituída por bem
dominical.

( ) Certo ( ) Errado.

38. (2016/VUNESP/CÂMARA DE MARÍLIA-SP/Procurador) Assinale a alternativa que corretamente


discorre sobre os bens públicos sob a perspectiva do direito administrativo pátrio.
a) Os bens públicos não são bens de qualquer natureza, porque na categoria de bens públicos se
inserem os bens corpóreos, como móveis, imóveis ou semoventes, excluindo-se os incorpóreos,
como créditos, direitos e ações.
b) A propósito da titularidade dos bens públicos, há uma particularidade a destacar, os titulares
não são as pessoas jurídicas públicas, e sim os órgãos que as compõem, como o Tribunal de
Justiça, a Assembleia Legislativa e o Ministério Público.
c) São bens municipais aqueles localizados em seu território e que constituam as terras devolutas
necessárias à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares e os terrenos de
marinha e seus acrescidos.

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d) São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
e) Os bens dominicais são aqueles que se destinam à utilização geral pelos indivíduos, podendo
ser federais, estaduais ou municipais, neles prevalecendo o sentido de destinação pública, pela
utilização efetiva destes pelos membros da coletividade.

39. (2016/FCC/PREFEITURA DE SÃO LUIZ-MA/Procurador Municipal) Um Município, devidamente


autorizado pelo Legislativo local, lavrou escritura de doação de um terreno em favor do Estado
para que lá fosse construído o novo Fórum da Comarca. O Ministério Público ajuizou ação civil
pública questionando o negócio jurídico, sob o fundamento de que o terreno era originário de
área institucional de loteamento e que o Município demandava prioritariamente a construção de
uma creche ou unidade escolar.
Em relação ao ajuizamento da ação e ao exame a ser promovido pelo Judiciário,
a) a ação civil pública não seria cabível, porque foi questionada a legalidade do ato, sendo aquela
medida adequada para exame de mérito da atuação da Administração pública.
b) insere-se no âmbito do controle exercido pelo Ministério Público, que pode se valer da ação
civil pública para suprir a Administração pública na tomada de decisão que melhor atenderia ao
interesse público, não obstante ambas destinações fossem possíveis.
c) não se identifica perspectiva de procedência da ação, tendo em vista que a decisão acerca da
construção de um equipamento público insere-se em competência essencialmente discricionária
da Administração pública.
d) há de ser julgada procedente a ação civil pública, tendo em vista que houve a desafetação da
área com a doação, que assim passou a ser bem dominical.
e) inexiste fundamento para o ajuizamento da ação, que se mostra formalmente inadequada,
tendo em vista que não se trata de tutela de bens patrimoniais, mas sim discussão sobre políticas
públicas, o que não compete ao Judiciário.

40. (2016/CESPE/TJ-DF/Juiz de Direito) Acerca dos bens públicos, assinale a opção correta.
a) Os bens privados do Estado, que não se submetem ao regime jurídico de direito público, são
aqueles adquiridos de particulares por meio de contrato de direito privado.
b) Bens dominicais são aqueles que podem ser utilizados por todos os indivíduos nas mesmas
condições, por determinação de lei ou pela própria natureza do bem.
c) Os bens de uso especial do Estado são as coisas, móveis ou imóveis, corpóreas ou não, que a
administração utiliza para a realização de suas atividades e finalidades.

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d) Os bens de uso comum não integram o patrimônio do Estado, constituindo coisas que não
pertencem ao ente público ou a qualquer particular, não sendo passíveis, portanto, de aquisição
por pessoa física ou jurídica.
e) Os bens dominicais são aqueles pertencentes ao Estado e afetados a uma finalidade específica
da administração pública.

41. (2016/TRF- 3ª REGIÃO/TRF-3ª REGIÃO/Juiz Federal) Dadas as assertivas abaixo, assinale a


alternativa correta. São bens da União:
I – O mar territorial, entendido como uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a
partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas
de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.
II – Os recursos naturais da plataforma continental, entendida como o subsolo das áreas
submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento
natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma
distância de cento e cinquenta milhas marítimas das linhas de base, a partir das quais se mede a
largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja
essa distância.
III – Os recursos naturais da zona econômica exclusiva, entendida como uma faixa que se estende
das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir
a largura do mar territorial.
Estão corretas:
a) I, II e III;
b) I e III;
c) II e III;
d) Apenas III.

42. (2015/PUC-PR/PREFEITURA DE MARINGÁ-PR/Procurador) Sobre os bens públicos e seu regime


jurídico, é CORRETO afirmar:
a) Os bens de uso comum não comportam utilização remunerada.
b) Os bens de uso especial da Administração só podem ser desafetados de suas funções por meio
de ato administrativo formal.
c) Os bens dominicais podem ser usucapidos, pois são alienáveis.
d) A alienação de bens móveis inservíveis da Administração deve dar-se por meio de licitação na
modalidade de leilão.

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e) A autorização para utilização privativa de bem público sem prazo determinado é ato estável,
que não pode ser revogado pela Administração, salvo nos casos de indevida utilização do bem
pelo particular.

43. (2015/COPEVE-UFAL/PREFEITURA DE INHAPI-AL/Procurador Municipal) Dadas as afirmativas


quanto aos bens públicos,
I. São atributos fundamentais dos bens públicos a inalienabilidade, a impenhorabilidade, a
imprescritibilidade e a onerabilidade.
II. A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro de Estado da
Fazenda, não sendo permitida a subdelegação.
III. A venda de bens imóveis da União será feita mediante concorrência ou leilão, devendo ser
observadas as condições previstas no regulamento e no edital de licitação, dentre outros
requisitos.
Verifica-se que está(ão) correta(s)
a) II, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.

44. (2015/CESPE/PREFEITURA DE SALVADOR-BA/Procurador) Assinale a opção correta


relativamente a bens públicos.
a) No caso de desapropriação cujo objetivo seja o repasse dos bens a terceiros, os bens
desapropriados manterão sua condição de bens públicos enquanto não se der a sua transferência
aos beneficiados.
b) O uso privativo, ou uso especial privado, consiste no direito de utilização de bens públicos
outorgado pela administração tão somente para determinadas pessoas jurídicas, mediante
instrumento jurídico próprio para tal finalidade.
c) Por meio da permissão de uso, a administração permite que determinada pessoa utilize de
forma privativa um bem público, atendendo assim a interesse exclusivamente privado.
d) É inadmissível a doação de bens públicos, mesmo em caráter excepcional, dada a
indisponibilidade desses bens em nome do interesse público.

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e) Quanto à destinação, os bens públicos classificam-se em bens de uso comum do povo, bens de
uso especial e bens dominicais, sendo definidos como bens de uso comum do povo aqueles que
se destinem a utilização específica pelos indivíduos.

45. (2015/CESPE/AGU/Advogado da União) Acerca dos serviços públicos e dos bens públicos, julgue
o item a seguir.
Situação hipotética: A União decidiu construir um novo prédio para a Procuradoria-Regional da
União da 2.ª Região para receber os novos advogados da União. No entanto, foi constatado que
a única área disponível, no centro do Rio de Janeiro, para a realização da referida obra estava
ocupada por uma praça pública. Assertiva: Nessa situação, não há possibilidade de desafetação
da área disponível por se tratar de um bem de uso comum do povo, razão por que a administração
deverá procurar por um bem dominical.

( ) Certo ( ) Errado

46. (2015/CESPE/AGU/Advogado da União) Julgue o próximo item, referente à utilização dos bens
públicos e à desapropriação.
Se os membros de uma comunidade desejarem fechar uma rua para realizar uma festa
comemorativa do aniversário de seu bairro, será necessário obter da administração pública
uma permissão de uso.

( ) Certo ( ) Errado

47. (2015/TRT-16 a REGIÃO/TRT-16ª REGIÃO/Juiz do Trabalho) Considerando as afirmações abaixo,


assinale a alternativa CORRETA:
I. Embora seja entidade pertencente à Administração Indireta, os bens das autarquias se
submetem ao regime jurídico de Direito Privado quando elas atuam na exploração de atividade
econômica.
II. Os bens patrimoniais disponíveis possuem a característica da patrimonialidade, o que enseja
sua alienabilidade dentro dos parâmetros estabelecidos em lei. Como espécie de bens
patrimoniais disponíveis temos os bens dominicais.
III. A afetação ou desafetação de bens públicos pode ocorrer de modo expresso ou tácito. Na
primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei, enquanto que, na segunda, resultam
de atuação direta da Administração, sem manifestação expressa de sua vontade, ou de fato da
natureza.

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IV. Nos termos da jurisprudência do STF, os bens das empresas públicas e sociedades de economia
mista, uma vez que estejam afetados a um serviço público, são impenhoráveis.
a) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
b) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
c) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

48. (2015/FCC/TRT-23ª REGIÃO (MT)/Juiz do Trabalho) O regime jurídico de direito público abrange
a impenhorabilidade e a imprescritibilidade dos bens públicos, o que, em relação à Administração
Direta e à Indireta, significa que
a) a impenhorabilidade dos bens públicos não afasta a possibilidade de constrição de recursos
públicos em moeda corrente para créditos de natureza alimentar, excepcionando o regime de
execução por meio de precatórios.
b) a imprescritibilidade incide sobre os bens públicos, para impedir a aquisição por usucapião, mas
não se confunde com a imprescritibilidade do direito da Fazenda Pública propor ações de
ressarcimento do erário por atos de improbidade administrativa.
c) em razão das funções administrativas sempre visarem ao bem comum, as ações judiciais de
particulares contra a Fazenda Pública são imprescritíveis.
d) a impenhorabilidade dos bens públicos abrange o patrimônio das autarquias, empresas públicas
e sociedades de economia mista, excluído o das fundações, porque estão sujeitas a regime jurídico
de direito privado.
e) o direito da Fazenda Pública propor ações judiciais em face de pessoas jurídicas de direito
público ou privado, bem como de pessoas físicas, é imprescritível, em observância ao princípio da
indisponibilidade dos bens público.

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11.2 – GABARITO

1. D 17. B 33. C
2. B 18. C 34. D
3. D 19. D 35. A
4. A 20. B 36. B
5. B 21. B 37. ERRADO
6. C 22. A 38. D
7. D 23. CERTO 39. C
8. A 24. ERRADO 40. C
9. A 25. A 41. B
10. A 26. D 42. D
11. A 27. A 43. B
12. D 28. D 44. A
13. B 29. D 45. ERRADO
14. B 30. ERRADO 46. ERRADO
15. D 31. B 47. C
16. B 32. A 48. B

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11.3 – QUESTÕES RESOLVIDAS E COMENTADAS

1. (2019/MP-SP/MP-SP/Promotor de Justiça) A respeito do regime jurídico dos bens públicos


assinale a alternativa correta.
a) Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial podem ser alienados, observadas
as exigências da lei.
b) Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião, ressalvada a hipótese daquele que, não sendo
proprietário rural nem urbano, possuir como sua, por 5 anos ininterruptos, sem oposição, área
rural continua, não excedente de 25 hectares, e a houver tornado produtiva com seu trabalho e
nela tiver sua morada, que adquirir-lhe-á o domínio, independentemente de justo título e boa-fé.
c) O uso privativo do bem público consentido pela Administração Pública não investe o particular
de direito subjetivo público oponível a terceiros nem perante a própria Administração contra atos
ilegais.
d) O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
e) São públicos os bens pertencentes à Administração Pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Comentários:
Incorreta a alternativa “a” porque é contrária ao art. 100 do Código Civil: Art. 100. Os bens
públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a
sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Incorreta a alternativa “b” porque é contrária ao parágrafo único do art. 191 da CRFB: Parágrafo
único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Incorreta a alternativa “c” porque, de acordo com a Doutrina do Professor Hely Lopes Meirelles:

“Uma vez titulado regularmente o uso especial, o particular passa a ter um direito
subjetivo público ao seu exercício, oponível a terceiros e à própria Administração, nas
condições estabelecidas ou convencionadas. A estabilidade ou precariedade desse uso
assim como a retomada do bem público, com ou sem indenização ao particular,
dependerão do título atributivo que o legitimar” (Direito Administrativo Brasileiro, 25.
ed, p. 474).
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Correta a alternativa “d” que está em linha com o art. 103 do Código Civil.
Incorreta a alternativa “e” porque é contrária ao art. 98 do Código Civil: Art. 98. São públicos os
bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

Gabarito: D.
2. (2019/MP-SP/MP-SP/Promotor de Justiça) Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Ao instituto do tombamento, porque possui disciplina própria, não se aplica o princípio da
hierarquia verticalizada prevista no Decreto-Lei nº 3.365/41, que excepciona os bens da União do
rol dos que podem ser desapropriados.
b) Por se tratar de direito público de natureza real sobre um imóvel particular, para que este sirva
ao uso geral como uma extensão ou dependência do domínio público, afetando, assim, o caráter
de exclusividade da propriedade o tombamento sempre será indenizável.
c) Na hipótese de restrições administrativas, será devida a indenização a fim de garantir aplicação
à teoria da distribuição equânime dos encargos públicos, caso a limitação impeça de se dar ao
bem a destinação que se considerava natural, reconhecendo-se o dano especial e anormal, no
direito de propriedade.
d) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger
os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos, assim como impedir a evasão, a destruição
e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural
e) O ato de tombamento, seja ele provisório ou definitivo, tem por finalidade preservar o bem
identificado como de valor cultural contrapondo-se aos interesses da propriedade privada, não só
limitando o exercício dos direitos inerentes ao bem, mas também obrigando o proprietário às
medidas necessárias à sua conservação.

Comentários:
Correta a alternativa “a” porque a jurisprudência, como exemplo, ACO 2.176 do STF e RMS
18.952 do STJ, fixou entendimento de que não há restrição de tombamento entre os entes da
federação, como ocorre na desapropriação (art. 2º, §2, do Decreto-Lei nº 3.365/41).
Incorreta a alternativa “b” porque, em regra, no Tombamento não há indenização.
Correta a alternativa “c” porque, de fato, havendo na limitação o impedimento de se dar ao bem
a destinação que se considerava natural, então haverá o dever de indenizar.
Correta a alternativa “d” que está em linha como art. 23, III e IV, da CRFB.
Correta a alternativa “e” que está em linha com o julgamento do STJ no REsp 753.534.
Gabarito: B.

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3. (2015/CEBRASPE/Juiz Federal/TRF 1) Assinale a opção correta acerca do domínio público.


a) As terras devolutas são bens públicos de uso especial que, em regra, integram o patrimônio da
União.
b) Diferentemente dos bens de uso comum do povo, os bens de uso especial podem ser alienados
mesmo enquanto conservarem a sua qualificação.
c) São considerados bens públicos aqueles integrantes do patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público interno e das pessoas jurídicas de direito privado que integram a administração
pública.
d) O uso privativo dos bens públicos pode se dar tanto por instrumentos de direito público quanto
por instrumentos jurídicos de direito privado.
e) Os terrenos de marinha, considerados bens públicos federais, não podem ter seu uso transferido
a particulares.
Comentários
Alternativa “a”: Incorreta. Há terras devolutas que se incluem no patrimônio do Estado (art. 26, IV,
da CRFB).
Alternativa “b”: Incorreta. Conforme art. 100 do Código Civil, os bens públicos de uso comum do
povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma
que a lei determinar.
Alternativa “c”: Incorreta. Somente pessoas jurídicas de direito público interno. Conforme art. 98.
São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Alternativa “d”: Correta. De fato, há instrumentos jurídicos e negócios jurídicos regidos pelo
Regime Público e pelo Regime Privado que autorizam o uso privativo dos bens públicos
(Desapropriação e Locação).
Alternativa “e”: Incorreta. De acordo com o art. 22-A da Lei nº 9.636, de 1998, poderá haver a
concessão de uso especial para fins de moradia.
Gabarito: D.

4. (2019/CESPE/TCE-RO/Procurador do Ministério Público de Contas) Em relação ao regime jurídico


dos bens públicos, julgue os itens a seguir.
I - Exceto os bens do domínio nacional pertencentes a pessoas jurídicas de direito público interno,
que são públicos, todos os demais bens são particulares, independentemente da pessoa a que
pertencerem.
II - O uso comum dos bens públicos, como estradas e edifícios públicos, pode ser gratuito ou
retribuído, conforme for estabelecido pela entidade a que pertencerem.

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III - Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação.
IV - A alienação de bens móveis dependerá de autorização legislativa, de avaliação prévia e de
licitação, realizada na modalidade de concorrência.
Estão certos apenas os itens
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) I, II e III.
e) II, III e IV.
Comentários
Correto o item “I”. Conforme dispõe o art. 98, do Código Civil, são públicos os bens do domínio
nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são
particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Incorreto o item “II”. De acordo com o art. 103, do Código Civil, o uso comum dos bens públicos
pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja
administração pertencerem.
Correto o item “III”. Assertiva em conformidade com o que dispõe o art. 103, do Código Civil:
“Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar”.
Incorreto o item “IV”. De acordo com o art. 17, inciso II, da Lei Federal nº 8.666/1993, a alienação
de bens móveis não depende de autorização legislativa, mas é necessária a avaliação prévia e
licitação:

Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de


interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação (...)

Já o mesmo art. 17, em seu inciso I, dispõe que na alienação de bens imóveis é necessária
autorização legislativa:

Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de


interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:

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I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração


direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência(...).

Somente os itens I e III estão corretos.


Resposta: alternativa “a”.

5. (2019/CESPE/MPE-PI/Promotor de Justiça Substituto) O poder público estadual instalou escola


em determinado imóvel público abandonado. Após a instalação e o efetivo uso público do bem,
o imóvel será caracterizado como bem público
a) dominical, tacitamente desafetado.
b) de uso especial, tacitamente afetado.
c) de uso comum do povo, tacitamente afetado.
d) de uso especial, expressamente desafetado.
e) de uso comum do povo, expressamente desafetado.
Comentários
Incorreta a alternativa “a”. Bem público dominical (ou patrimônio disponível) são aqueles que
pertencem ao patrimônio público, porém não possuem fim administrativo específico. A
desafetação tácita ocorre quando a Administração deixa de utilizar o bem.
Correta a alternativa “b”. Bens de uso especial (ou do Patrimônio Administrativo Indisponível) são
aqueles bens que se destinam à execução de serviços públicos em geral - neste caso, a escola. A
afetação de um bem público ocorre quando o bem está sendo utilizado para um fim público
determinado, como é a situação apresentada na questão.
Incorreta a alternativa “c”. Os bens de uso comum do povo (ou Domínio Público) são os bens que
se destinam à coletividade como um todo. A título exemplificativo, o Código Civil menciona rios,
mares, estradas, ruas e praças.
Incorreta a alternativa “d”. O bem público está sendo utilizado para um fim público determinado.
Portanto, na situação apresentada no enunciado o bem está afetado, já que existe lá uma escola
pública.
Incorreta a alternativa “e”. Os bens de uso comum do povo são aqueles que se destinam à
utilização geral pela coletividade, não havendo que se falar em afetação ou desafetação dessa
modalidade de bens públicos.
Resposta: alternativa “b”.

6. (2019/CEBRASPE/TJ-SC/Juiz Substituto) As ilhas costeiras são bens públicos que pertencem


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a) aos estados, no caso de ilhas situadas nas águas interiores e na zona contígua, até o limite
interior da plataforma continental, ou à União, no caso de ilhas situadas na plataforma continental.
b) à União, com exceção das ilhas que contenham as sedes de capitais ou que possuam unidades
de conservação estadual ou municipal.
c) à União, ressalvadas as ilhas que contenham a sede de municípios, que podem ter áreas sob
domínio municipal ou particular, e as áreas sob o domínio dos estados.
d) aos municípios, no caso de ilhas situadas aquém das águas interiores, ou aos estados, no caso
de ilhas situadas nas águas interiores até o fim da zona contígua.
e) aos estados, salvo as que contenham a sede de municípios, as áreas afetadas ao serviço público
dos demais entes e as unidades ambientais federais.
Incorreta a alternativa “a”. As ilhas costeiras, em regra, são bens da União, conforme art. 20, IV,
da CRFB.
Incorreta a alternativa “b”. Apesar da assertiva afirmar que as ilhas são bens da União, o texto
constitucional nada afirma a respeito das “que possuam unidades de conservação estadual ou
municipal”, conforme art. 20, IV, da CRFB.
Correta a alternativa “c”. Conforme art. 20, IV, da CRFB: “são bens da União: as ilhas fluviais e
lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as
costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas
afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II”.
Incorreta a alternativa “d”. A área das ilhas costeiras que pertencem aos municípios é onde a sua
sede está contida, conforme art. 20, IV, da CRFB.
Incorreta a alternativa “e”. Conforme art. 20, IV, da CRFB, as ilhas costeiras, em regra, são bens
da União.
Resposta: alternativa “c”.

7. (2019/FCC/TJ-AL/Juiz Substituto) Suponha que uma autarquia estadual pretenda alienar alguns
imóveis de sua propriedade, objetivando a obtenção de receitas para a aquisição de um imóvel
situado em região mais central da cidade e no qual pretende concentrar suas atividades.
Considerando o regime jurídico aplicável aos bens públicos, bem como as disposições da Lei
federal n° 8.666/1993,
a) as alienações e as aquisições prescindem de autorização legislativa, devendo, contudo, haver
despacho motivado do dirigente da autarquia, avaliação prévia dos imóveis e adoção de
procedimento licitatório para cada um dos negócios jurídicos, na modalidade leilão ou
concorrência.

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b) a aquisição do novo imóvel depende de prévia autorização legislativa para afetação às


finalidades da autarquia, devendo ser efetuada por procedimento licitatório na modalidade
concorrência, aplicando-se as mesmas exigências em relação às alienações.
c) o caráter de inalienabilidade dos imóveis pertencentes à entidade de direito público impede a
sua venda, salvo em se tratando de aquisição por meio de desapropriação.
d) as alienações dependem de prévia autorização legislativa, admitindo-se a permuta de imóvel(is)
que se pretende alienar por outro que atenda às necessidades atuais de instalação e localização
da autarquia, com dispensa de licitação, observados os valores de mercado.
e) a autarquia poderá vender ou permutar os imóveis em questão, mediante autorização legislativa
específica para o negócio jurídico escolhido, afastando-se, em ambos os casos, a necessidade de
prévio procedimento licitatório.
Comentários
Incorreta a alternativa “a”. Cabe destacar que prescindir significa dispensar. Neste caso a assertiva
afirma que alienações de imóveis dispensam autorização legislativa, o que fere o art. 17, inciso I,
da Lei Federal nº 8.666/93, que normatiza: “A alienação de bens da Administração Pública, quando
imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades
autárquicas e fundacionais (...)”
Incorreta a alternativa “b”. Para aquisição de um novo imóvel, a licitação pode ser dispensável,
conforme inciso X do art. 24 da Lei Federal nº 8.666/93: “é dispensável a licitação (...) para a
compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da
administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde
que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia”.
Incorreta a alternativa “c”. A Lei Federal nº 8.666/93 permite a alienação de bens móveis. A
definição legal encontra-se no art. 6º, IV: “Alienação - toda transferência de domínio de bens a
terceiros”, Importante também observar a previsão do art. 17, inciso I, da referida lei: “A alienação
de bens da Administração Pública, quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para
órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais (...)”.
Correta a alternativa “d”. A alienação depende de autorização legislativa, conforme art. 17, I, da
Lei Federal nº 8.666/93. A permuta é possível conforme art. 17, I, alínea c: “permuta, por outro
imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei”. Os requisitos, vale
lembrar, são o valor compatível com o de mercado e se o imóvel atende às necessidades de
instalação e localização.
Incorreta a alternativa “e”. As autarquias se submetem à Lei Federal nº 8.666/93, conforme seu
art. 1º, parágrafo único: “subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração
direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas (...)”. Portanto, são obrigadas a
licitar, como por exemplo no art. 17: “A alienação de bens da Administração Pública, subordinada
à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e
obedecerá às seguintes normas: quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para
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órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as


entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência”.
Resposta: alternativa “d”.

8. (2018/VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto) É correto afirmar, com relação aos bens públicos, que
(A) os de uso comum podem ser objeto de uso exclusivo por particular a título oneroso ou gratuito
e, desde que previamente desafetados, podem ser alienados.
(B) o uso exclusivo por particular só pode ter por objeto os dominicais e os de uso especial.
(C) o uso exclusivo por particular pode ter por objeto os de uso comum, desde que a título oneroso
e mediante prévia desafetação.
(D) os de uso comum podem ser objeto de uso exclusivo por particular a título gratuito ou oneroso,
mas não podem perder o caráter de inalienabilidade.
Comentários
Correta a alternativa “a”. Conforme o art. 103, do Código Civil, “o uso comum dos bens públicos
pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja
administração pertencerem”. Como se vê, a legislação admite a remuneração por utilização de
bem público, por meio de institutos como os da autorização, permissão e concessão de uso, este
último previsto no Decreto-Lei nº 271/67. Ademais, conforme o art. 100 do Código Civil, “os bens
públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a
sua qualificação, na forma que a lei determinar”. Quando sobrevier uma lei que mude a
qualificação do bem de uso comum, tornando-o um bem dominical, é possível sua alienação,
conforme o art. 101 do Código Civil: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados,
observadas as exigências da lei”.
Incorreta a alternativa “b”. Os bens de uso comum podem ser utilizados exclusivamente por
particulares, tal qual exposto na alternativa anterior.
Incorreta a alternativa “c”. Não há que se falar em desafetação de uso de bem público comum
para viabilizar a utilização do bem por particular. O bem conserva suas características de bem de
uso comum, ainda quando haja autorização, permissão ou concessão de uso a particular. A
desafetação deve ocorrer quando a intenção do Pode Público for a de alienar o bem.
Incorreta a alternativa “d”. Os bens de uso comum podem perder o caráter de inalienabilidade se
houver uma lei desafetando-os. Com isso, permite-se a alienação.
Resposta: alternativa “a”.

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9. (2018/VUNESP/PREFEITURA DE BAURU-SP/ Procurador) Cinco municípios limítrofes constituíram


consórcio público para gestão associada de serviço público de transporte coletivo de passageiros
sobre pneus. Para prestação do serviço à população, o Consórcio constituído nos termos da Lei
federal nº 11.107/2005, elaborou plano de outorga, realizou a licitação e celebrou contrato de
permissão, observadas as normas da Lei federal nº 8.987/95. Tanto no edital de licitação como no
contrato dele decorrente, para prestação adequada do serviço, foi prevista obrigação de
aquisição, pela permissionária, de bens e equipamentos imprescindíveis à prestação adequada e
continuada do serviço público, como veículos, bem como a construção e manutenção de uma
garagem, onde também funcionaria o controle operacional do serviço delegado, em área própria
da contratada, dentro dos limites territoriais de qualquer um dos cinco municípios integrantes do
consórcio permitente. A respeito desses bens e equipamentos, é correto afirmar que
a) constituem bens reversíveis que, durante o prazo de vigência da permissão, integram o
patrimônio da empresa permissionária, mas, ao fim da delegação, por serem imprescindíveis à
prestação do serviço, passam para o patrimônio do consórcio público permitente.
b) constituem bens reversíveis que, durante o prazo de vigência da permissão, submetem-se ao
regime jurídico público de gestão de bens e, ao fim da delegação, passam para o patrimônio do
ente público em cujo território estiverem localizados.
c) constituem bens particulares da permissionária, embora afetados à prestação de serviço público
e, porque por ela adquiridos com recursos próprios, ao fim da delegação, não revertem ao
patrimônio público.
d) constituem bens particulares da permissionária, afetados a uma finalidade pública e, por isso,
ao final da delegação, deverão ser transferidos ao novo contratado, se houver, ou ao ente
municipal líder do consórcio.
e) constituem bens de domínio particular da permissionária que, de acordo com o regime de bens
reversíveis aplicável ao caso, deles poderá livremente dispor ao final da vigência da delegação.
Comentários
a) Correto. Durante o prazo do contrato, os bens adquiridos pela permissionária serão de sua
propriedade. Porém, ao final do contrato, por conta de esses bens serem considerados como
imprescindíveis à prestação adequada e continuada do serviço público, os bens reversíveis serão
incorporados ao patrimônio do consórcio constituído, nos termos dos incisos X e XI, do art. 18, da
Lei 8.666/93 c/c §1º e 3º do art. 35 e do art. 36, ambos da Lei 8987/1995, in verbis:

Lei 8.666/1993
Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo poder concedente, observados, no
que couber, os critérios e as normas gerais da legislação própria sobre licitações e
contratos e conterá, especialmente:
(...)
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X - a indicação dos bens reversíveis;


XI - as características dos bens reversíveis e as condições em que estes serão postos à
disposição, nos casos em que houver sido extinta a concessão anterior; (grifos não
constantes do original)

Lei 8.987/1995
Art. 35. Extingue-se a concessão por:
(...)
§ 1o Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis,
direitos e privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e
estabelecido no contrato.
§ 2o Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo poder concedente,
procedendo-se aos levantamentos, avaliações e liquidações necessários.
§ 3o A assunção do serviço autoriza a ocupação das instalações e a utilização, pelo poder
concedente, de todos os bens reversíveis.
Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das
parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou
depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e
atualidade do serviço concedido. (grifos não constantes do original)

b) Incorreto. Durante o prazo do contrato, os bens adquiridos pela permissionária serão de sua
propriedade. Porém, ao final do contrato, por conta de esses bens serem considerados como
imprescindíveis à prestação adequada e continuada do serviço público, os bens reversíveis serão
incorporados ao patrimônio do consórcio constituído.
c) Incorreto. Ao final, revertem ao poder concedente, nos termos dos §§1º e 3º do art. 35 e do art.
36, ambos da Lei 8987/1995. Vide comentários da alternativa “A”.
d) Incorreto. Ao final, revertem ao poder concedente, nos termos dos §§1º e 3º do art. 35 e do
art. 36, ambos da Lei 8987/1995. Vide comentários da alternativa “A”.
e) Incorreto. Ao final do contrato, os bens adquiridos pelo permissionário reverterão ao poder
concedente, por conta de serem imprescindíveis à prestação adequada e continuada do serviço
público.
Gabarito: Letra A.

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10. (2018/CESPE/PGE-PE/Procurador do Estado) De acordo com a conceituação dada pela doutrina


pertinente, o ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual a administração
consente na utilização privativa de bem público para fins de interesse público é denominado
a) permissão de uso de bem público.
b) autorização de uso de bem público.
c) concessão de direito real de uso de bem público.
d) concessão de uso de bem público.
e) cessão de uso de bem público.
Comentários
a) Correto. Segundo Hely Lopes Meirelles (p.644, 2016),

Permissão de uso é o ato negocial, unilateral, discricionário e precário através do qual


a Administração faculta ao particular a utilização individual de determinado bem
público. Como ato negocial, pode ser com ou sem condições, gratuito ou remunerado,
por tempo certo ou indeterminado, conforme estabelecido no termo próprio, mas
sempre modificável e revogável unilateralmente pela Administração, quando o
interesse público o exigir, dados sua natureza precária e o poder discricionário do
permitente para consentir e retirar o uso especial do bem público. A revogação faz-se,
em geral, sem indenização, salvo se em contrário se dispuser, pois a regra é a
revogabilidade sem ônus para a Administração. O ato da revogação deve ser idêntico
ao do deferimento da permissão e atender às condições nele previstas.

b) Incorreto. Segundo Hely Lopes Meirelles (p.643 e 644, 2016):

A autorização de Uso é o ato unilateral, discricionário e precário pelo qual a


Administração consente na prática de determinada atividade individual incidente sobre
um bem público. Não tem forma nem requisitos especiais para sua efetivação, pois visa
apenas a atividades transitórias e irrelevantes para o Poder Público, bastando que se
consubstancie em ato escrito, revogável sumariamente a qualquer tempo e sem ônus
para a Administração. Essas autorizações são comuns para a ocupação de terrenos
baldios, para a retirada de água em fontes não abertas ao uso comum do povo e para
outras utilizações de interesse de certos particulares, desde que não prejudiquem a
comunidade nem embaracem o serviço público. Tais autorizações não geram privilégios
contra a Administração ainda que remuneradas e fruídas por muito tempo, e, por isso
mesmo, dispensam lei autorizativa e licitação para seu deferimento. (grifos não
constantes do original)

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c) Incorreto. Segundo Hely Lopes Meirelles (p.649, 2016),

a concessão de direito real de uso é o contrato pelo qual a Administração transfere o


uso remunerado ou gratuito de terreno público a particular, como direito real resolúvel,
para que dele se utilize em fins específicos de regularização fundiária de interesse social,
urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, aproveitamento sustentável
das várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência ou
outras modalidades de interesse social em áreas urbanas. (grifos não constantes do
original)

d) Incorreto. Segundo Hely Lopes Meirelles (p.646, 2016),

Concessão de uso é o contrato administrativo pelo qual o Poder Público atribui a


utilização exclusiva de um bem de seu domínio a particular, para que o explore segundo
sua destinação específica.
O que caracteriza a concessão de uso e a distingue dos demais institutos assemelhados
- autorização e permissão de uso - é o caráter contratual e estável da outorga do uso
do bem público ao particular, para que o utilize com exclusividade e nas condições
convencionadas com a Administração. (grifos não constantes do original)

e) Incorreto. Segundo Hely Lopes Meirelles (p.645, 2016),

Cessão de uso é a transferência gratuita da posse de um bem público de uma entidade


ou órgão para outro, a fim de que o cessionário o utilize nas condições estabelecidas
no respectivo termo, por tempo certo ou indeterminado. É ato de colaboração entre
repartições públicas, em que aquela que tem bens desnecessários aos seus serviços
cede o uso a outra que deles está precisando. (grifos não constantes do original)

Gabarito: Letra A.

11. (2018/VUNESP/PAULIPREV-SP/Procurador Autárquico) No tocante a bem público, é correto


afirmar que a
a) alienação de bens imóveis, como regra, dependerá de autorização legislativa, de avaliação
prévia e de licitação, realizada na modalidade de concorrência.
b) afetação de bem a uso comum dependerá de avaliação prévia, assim como de autorização
legislativa ou decreto.
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c) alienação poderá decorrer de retrocessão, que não se confunde com concessão de uso, porque
é forma de alienação hoje admitida apenas para terras devolutas da União, Estados e Municípios.
d) afetação e a desafetação de qualquer bem sempre dependerão de lei.
e) alienação poderá decorrer de concessão de domínio, que ocorre sempre que a Administração
não mais necessita do bem expropriado, e o particular o aceita em retorno.
Comentários
a) Correto. Para Hely Lopes Meirelles (p.654, 2016):
A alienação de bens imóveis está disciplinada, em geral, na legislação própria das
entidades estatais, a qual, comumente, exige autorização legislativa, avaliação prévia e
concorrência, inexigível esta nos casos de doação, permuta, legitimação de posse e
investidura, cujos contratos, por visarem a pessoas ou imóvel certo, são incompatíveis
com o procedimento licitatório. (grifos não constantes do original)

b) Incorreto. A afetação de um bem público comum ou especial pode ocorrer de forma expressa
ou tácita, segundo a doutrina. Para Maria Sylvia de Pietro (p.850, 2018):

Pelos conceitos de afetação e desafetação, verifica-se que uma e outra podem ser
expressas ou tácitas. Na primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei;
na segunda, resultam de atuação direta da Administração sem manifestação expressa
de sua vontade, ou de fato da natureza. Por exemplo, a Administração pode baixar
decreto estabelecendo que determinado imóvel, integrado na categoria dos bens
dominicais, será destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
essa escola no prédio, sem qualquer declaração expressa. Em um e outro caso, o bem
está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar a categoria de bem
de uso especial. A operação inversa também pode ocorrer, mediante declaração
expressa ou pela simples desocupação do imóvel, que fica sem destinação. (grifos não
constantes do original)

A assertiva tentou induzir o candidato ao erro ao elencar os requisitos da alienação como se fossem
os da afetação (com exceção da informação de que por decreto não se autoriza a alienação). Para
fins de alienação são necessários os seguintes procedimentos, nos termos da mesma autora
(p.857, 2018)

Na esfera federal, os requisitos para alienação constam do artigo 17 da Lei nº 8.666, de


21-6-93, a qual exige demonstração de interesse público, prévia avaliação, licitação e
autorização legislativa, este último requisito somente exigível quando se trate de bem
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imóvel. A inobservância dessas exigências invalida a alienação. A Lei nº 9.636, de 5-5-


98, exige para alienação de bens imóveis da União, autorização do Presidente da
República (art. 22). (grifos não constantes do original)

c) Incorreto. A retrocessão é uma das formas de alienação do poder público ao particular. Para
Maria Sylvia de Pietro, (p.216 e 218, 2018):

A retrocessão é o direito que tem o expropriado de exigir de volta o seu imóvel caso o
mesmo não tenha o destino para que se desapropriou.

A retrocessão cabe quando o poder público não dê ao imóvel a utilização para a qual
se fez a desapropriação, estando pacífica na jurisprudência a tese de que o expropriado
não pode fazer valer o seu direito quando o expropriante dê ao imóvel uma destinação
pública diversa daquela mencionada no ato expropriatório; por outras palavras, desde que
o imóvel seja utilizado para um fim público qualquer, ainda que não o especificado
originariamente, não ocorre o direito de retrocessão. Este só é possível em caso de desvio
de poder (finalidade contrária ao interesse público, como, por exemplo, perseguição ou
favoritismo a pessoas determinadas), também chamado, na desapropriação, de
predestinação, ou quando o imóvel seja transferido a terceiros, a qualquer título, nas
hipóteses em que essa transferência não era possível. grifos não constantes do original)

Em síntese: anteriormente o particular foi compelido a alienar seu imóvel ao poder público sob
justificativa de uso no interesse público. Assim, caso o poder público não promova a destinação
do bem a um fim público, nascerá o direito de o ex-proprietário ter novamente a propriedade do
imóvel, mediante pagamento nas mesmas condições da operação jurídica anterior de
desapropriação.
Por fim, temos a alienação de terras devolutas denominada de legitimação de posse. Para Hely
Lopes Meirelles (p.659, 2016),

Legitimação de posse: legitimação de posse é modo excepcional de transferência de


domínio de terra devoluta ou área pública sem utilização, ocupada por longo tempo
por particular que nela se instala, cultivando-a ou levantando edificação para seu uso.
A legitimação da posse há que ser feita na forma da legislação pertinente, sendo que,
para as terras da União, o Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) já disciplina seu procedimento
e a expedição do título (arts. 11 e 97 a 102), para o devido registro do imóvel em nome
do legitimado. Quanto às terras estaduais e municipais, são igualmente passíveis de
legitimação de posse para transferência do domínio público ao particular ocupante, na

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forma administrativa estabelecida na legislação pertinente. (grifos não constantes do


original)

d) Incorreto. Tanto a afetação quanto a desafetação (que são diferentes de alienação) podem
decorrer de ato administrativo ou de lei ou ainda de forma tácita, segundo a doutrina.
Para Maria Sylvia de Pietro (p.850, 2018):

Pelos conceitos de afetação e desafetação, verifica-se que uma e outra podem ser
expressas ou tácitas. Na primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei;
na segunda, resultam de atuação direta da Administração sem manifestação expressa
de sua vontade, ou de fato da natureza. Por exemplo, a Administração pode baixar
decreto estabelecendo que determinado imóvel, integrado na categoria dos bens
dominicais, será destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
essa escola no prédio, sem qualquer declaração expressa. Em um e outro caso, o bem
está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar a categoria de bem
de uso especial. A operação inversa também pode ocorrer, mediante declaração
expressa ou pela simples desocupação do imóvel, que fica sem destinação.
Não há uniformidade de pensamento entre os doutrinadores a respeito da possibilidade
de a desafetação decorrer de um fato (desafetação tácita), e não de uma manifestação
de vontade (desafetação expressa); por exemplo rio que seca ou tem seu curso
alterado; um incêndio que provoca a destruição dos livros de uma biblioteca ou das
obras de um museu. Alguns acham que mesmo nesses casos seria necessário um ato de
desafetação. Isto, no entanto, constitui excesso de formalismo se se levar em
consideração o fato de que o bem se tornou materialmente inaproveitável para o fim
ao qual estava afetado.
O que é inaceitável é a desafetação pelo não uso, ainda que prolongado, como, por
exemplo, no caso de uma rua que deixa de ser utilizada. Em hipótese como essa, torna-
se necessário um ato expresso de desafetação, pois inexiste a fixação de um momento
a partir do qual o não uso pudesse significar desafetação. Sem essa restrição, a cessação
da dominialidade pública poderia ocorrer arbitrariamente, em prejuízo do interesse
coletivo. (grifos não constantes do original)

e) Incorreto. O enunciado se aproxima do conceito de retrocessão, quando o poder público não


dá a destinação a que havia justificado para a apropriação do bem de particular.
Gabarito: Letra A.

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12. (2018/FCC/PGE-TO/Procurador do Estado) Uma gleba de terras devolutas estaduais foi


arrecadada por ação discriminatória e o Governo do Estado, por meio de lei, declarou-a como
indispensável à proteção de um relevante ecossistema local, incluindo-a na área de parque
estadual já constituído para esse fim. Tal gleba deve ser considerada bem
a) privado sob domínio estatal.
b) público dominical.
c) público de uso comum do povo.
d) público de uso especial.
e) privado sob regime especial de proteção.
Comentários
As terras devolutas declaradas como indispensáveis à proteção de um relevante ecossistema local
são classificadas como bens de uso especial, segundo Maria Sylvia de Pietro, (p.849, 2018):

São exemplos de bens de uso especial os imóveis onde estão instaladas repartições
públicas, os bens móveis utilizados pela Administração, museus, bibliotecas, veículos
oficiais, terras dos silvícolas, cemitérios públicos, aeroportos, mercados e agora, pela
nova Constituição, as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

Gabarito: Letra D.

13. (2018/FCC/PGE-TO/Procurador do Estado) O Governo do Estado pretende que a iniciativa


privada administre, mediante contrato, os terminais de ônibus intermunicipais existentes no
Estado, sendo que, em contrapartida dos gastos de manutenção, os empresários possam explorar,
por prazo determinado, a área dos terminais com a construção de lojas, escritórios, hotéis etc.
Pelas características anunciadas, o negócio deve ser enquadrado como
a) autorização de uso de bem público.
b) concessão de uso de bem público.
c) permissão de uso de bem público.
d) direito de superfície.
e) outorga onerosa de potencial construtivo.
Comentários
Segundo Hely Lopes Meirelles (p.646, 2016):

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Concessão de uso é o contrato administrativo pelo qual o Poder Público atribui a


utilização exclusiva de um bem de seu domínio a particular, para que o explore segundo
sua destinação específica.
O que caracteriza a concessão de uso e a distingue dos demais institutos assemelhados
- autorização e permissão de uso - é o caráter contratual e estável da outorga do uso
do bem público ao particular, para que o utilize com exclusividade e nas condições
convencionadas com a Administração. (grifos não constantes do original)

Gabarito: Letra B.

14. (2018/FAUEL/PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR/Procurador Municipal) Sobre os bens públicos,


assinale a alternativa INCORRETA:
a) Apesar de o Código Civil de 2002 não incluir no conceito de bens públicos aqueles pertencentes
às pessoas jurídicas de direito privado e atrelados à prestação de serviços públicos, o Superior
Tribunal de Justiça reconhece a impenhorabilidade desses bens.
b) Os bens públicos não estão sujeitos à usucapião, modalidade de aquisição derivada da
propriedade, mas é plenamente possível bens particulares serem usucapidos pelo Poder Público.
c) Os potenciais de energia hidroelétrica pertencem à União, mesmo se localizados em rios
estaduais.
d) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, ressalvadas as terras que eram possuídas
pelos nativos no passado remoto, são de propriedade da União.
e) O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido
legalmente pela entidade a cuja administração pertencer.
Comentários
a) Correto. Veja abaixo o posicionamento da jurisprudência do STJ sobre o tema:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA.PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. BENS. IMPENHORABILIDADE. SÚMULA
7/STJ.
1. Cuida-se de Agravo em Recurso Especial interposto contra acórdão que afastou a
penhora, no atual estágio do procedimento, uma vez que nem sequer houve a
liquidação, além de assentar a impenhorabilidade dos bens de sociedade de economia
mista que sejam necessários à continuidade do serviço público. 2. Pretende a recorrente
o reconhecimento da impenhorabilidade dos valores depositados em conta- corrente,
que, segundo ela, são destinados exclusivamente à execução do serviço público. 3. Não
se conhece da alegada ofensa ao art. 535 do CPC quando aparte limita-se a apresentar
alegações genéricas no sentido de que o Tribunal a quo não apreciou todas as questões
levantadas, sem indicar concretamente em que consistiu a suposta omissão. Aplicação
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da Súmula 284/STF. 4. No que tange à questão da impenhorabilidade dos bens


afetados ao serviço público, o julgado recorrido não diverge da orientação do STJ,
segundo a qual são impenhoráveis os bens de sociedade de economia mista prestadora
de serviço público, desde que destinados à prestação do serviço ou que o ato
constritivo possa comprometer a execução da atividade de interesse público (cf. AgRg
no REsp1.070.735/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado
em 18.11.2008; AgRg no REsp 1.075.160/AL, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Turma, julgado em 10.11.2009; REsp521.047/SP, Rel. Ministro Luiz Fux,
Primeira Turma, julgado em20.11.2003). 5. Hipótese na qual o acórdão recorrido
afastou, nessa fase do procedimento, a determinação da penhora, não tendo, por
conseguinte, analisado a natureza dos bens que a recorrente busca proteger, nem a sua
vinculação à regular prestação do serviço público, o que lhe caberá demonstrar no
momento processual oportuno. Dessarte, é impossível conhecer, no Recurso Especial,
da imprescindibilidade à execução do serviço público dos valores que se pretendem
resguardar, sob pena de ofensa à Súmula 7/STJ: "A pretensão de simples reexame de
prova não enseja recurso especial".6. Agravo Regimental não provido. (AgRg no AREsp
37.545/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
07/02/2012, DJe 13/04/2012) (grifos não constantes do original)

b) Incorreto. Nos termos da Súmula nº 340, “desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais,
como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”. A assertiva afirma que
a usucapião é uma modalidade de aquisição derivada da propriedade, quando o correto é defini-
la como aquisição originária da propriedade.
Além disso, o ente público pode adquirir bem de particular por usucapião. Segundo José dos
Santos Carvalho Filho (p. 1142, 2012):

Outra forma de aquisição de bens públicos é através de usucapião. O Código Civil


admite expressamente o usucapião como forma de aquisição de bens (art. 1.238,
Código Civil) e estabelece algumas condições necessárias à consumação aquisitiva,
como a posse do bem por determinado período, a boa-fé em alguns casos e a sentença
declaratória da propriedade. Poder-se-ia indagar se a União, um Estado ou Município,
ou ainda uma autarquia podem adquirir bens por usucapião. A resposta é positiva. A lei
civil, ao estabelecer os requisitos para a aquisição da propriedade por usucapião, não
descartou o Estado como possível titular do direito. Segue-se, pois, que, observados os
requisitos legais exigidos para os possuidores particulares de modo geral, podem as
pessoas de direito público adquirir bens por usucapião. Esses bens, uma vez consumado
o processo aquisitivo, tomar-se-ão bens públicos.

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c) Correto. Nos termos do inciso VIII, art. 20, da CF/88, in verbis: “Art. 20. São bens da União: VIII
- os potenciais de energia hidráulica;”

d) Correto. É o que dizem os incisos I e II do art. 20 da CF/88 c/c súmula 650 do STF, in verbis:

Constituição Federal 1988

Art. 20. São bens da União:


I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

Súmula 650 STF: Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras
de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto.

e) Correto. O uso dos bens de uso comum do povo pode ser gratuito ou retribuído, conforme
Maria Sylvia de Pietro (p.863, 2018):

O uso comum tem, em regra, as seguintes características:


1. é aberto a todos ou a uma coletividade de pessoas, para ser exercido anonimamente,
em igualdade de condições, sem necessidade de consentimento expresso e
individualizado por parte da Administração;
2. é, em geral, gratuito, mas pode, excepcionalmente, ser remunerado; no direito
brasileiro, o artigo 68 do Código Civil expressamente permite que o uso de bens
públicos seja gratuito ou remunerado, conforme as leis da União, dos Estados, dos
Municípios, a cuja administração pertencerem; (grifos não constantes do original)

Gabarito: Letra B.

15. (2018/CESPE/DPE-PE/Defensor Público) Com relação à disciplina dos bens públicos, assinale a
opção correta.
a) À exceção dos bens dominiais não afetados a qualquer finalidade pública, os bens públicos são
impenhoráveis.
b) A ocupação irregular de bem público não impede que o particular retenha o imóvel até que lhe
seja paga indenização por acessões ou benfeitorias por ele realizadas, conforme entendimento do
Superior Tribunal de Justiça.

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c) Aos municípios pertencem as terras devolutas não compreendidas entre aquelas pertencentes
à União.
d) As terras tradicionalmente reservadas aos índios são consideradas bens públicos de uso especial
da União.
e) Bens de uso comum do povo, destinados à coletividade em geral, não podem, em nenhuma
hipótese, ser privativamente utilizados por particulares.
Comentários
a) Incorreto. Os bens públicos são impenhoráveis, devendo os credores se submeterem à regra
dos precatórios, nos termos do caput do art. 100 da CF/1988, in verbis:
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital
e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos,
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim.

Porém, em algumas situações o poder judiciário vem decidindo pelo sequestro de bens de entes
públicos com o fim de assegurar o acesso aos direitos da saúde, como veremos no julgado do STJ
nesse sentido:
PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SUS. CUSTEIO
DETRATAMENTO MÉDICO. MOLÉSTIA GRAVE. DIREITO À VIDA E À
SAÚDE.BLOQUEIO DE VALORES EM CONTAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. ART. 461
DOCPC. I - A Constituição Federal excepcionou da exigência do precatório os créditos
de natureza alimentícia, entre os quais incluem-se aqueles relacionados com a garantia
da manutenção da vida, como os decorrentes do fornecimento de medicamentos pelo
Estado. II - É lícito ao magistrado determinar o bloqueio de valores em contas públicas
para garantir o custeio de tratamento médico indispensável, como meio de concretizar
o princípio da dignidade da pessoa humana e do direito à vida e à saúde. Nessas
situações, a norma contida no art. 461, § 5º, do Código de Processo Civil deve ser
interpretada de acordo com esses princípios e normas constitucionais, sendo permitido,
inclusive, a mitigação da impenhorabilidade dos bens públicos. III - Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido. (grifos não constantes do original)

b) Incorreto. Veja abaixo julgado no informativo 551/ STJ 2014:

DIREITO ADMINISTRATIVO E CIVIL. INEXISTÊNCIA DE DIREITO A INDENIZAÇÃO


PELAS ACESSÕES E DE RETENÇÃO PELAS BENFEITORIAS EM BEM PÚBLICO
IRREGULARMENTE OCUPADO.

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Quando irregularmente ocupado o bem público, não há que se falar em direito de


retenção pelas benfeitorias realizadas, tampouco em direito a indenização pelas
acessões, ainda que as benfeitorias tenham sido realizadas de boa-fé. Isso porque nesta
hipótese não há posse, mas mera detenção, de natureza precária. Dessa forma,
configurada a ocupação indevida do bem público, resta afastado o direito de retenção
por benfeitorias e o pleito indenizatório à luz da alegada boa-fé. Precedentes citados:
AgRg no AREsp 456.758-SP, Segunda Turma, DJe 29/4/2014; e REsp 850.970-DF,
Primeira Turma, DJe 11/3/2011. AgRg no REsp 1.470.182-RN, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 4/11/2014. (grifos não constantes do original)
c) Incorreto. A competência de terras devolutas não compreendidas na competência da União
pertence aos Estados, nos termos do inciso IV, art. 26, da CF/88.
d) Correto. As terras tradicionalmente reservadas aos índios são consideradas bens públicos de
uso especial segundo Maria Sylvia de Pietro, (p.849, 2018),
São exemplos de bens de uso especial os imóveis onde estão instaladas repartições
públicas, os bens móveis utilizados pela Administração, museus, bibliotecas, veículos
oficiais, terras dos silvícolas, cemitérios públicos, aeroportos, mercados e agora, pela
nova Constituição, as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. (grifos não
constantes do original)
e) Incorreto. Pode ocorrer de o poder público delegar o uso de bem público nas modalidades de
concessão de uso de bem público, autorização de uso, permissão de uso, etc.
Gabarito: Letra D.

16. (2017/MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça) Assinale a alternativa correta.


a) Os bens dominicais e os bens públicos de uso comum só podem ser outorgados a particulares
por meio de autorização e concessão, institutos sujeitos ao regime de direito público.
b) A concessão, contrato administrativo pelo qual a Administração faculta ao particular a utilização
privativa do bem público para que a exerça conforme sua destinação, depende de licitação e
impõe a fixação de prazo.
c) A autorização, permissão e concessão de uso privativo de bens públicos são atos administrativos
que apresentam como características comuns a unilateralidade, a discricionariedade e a
precariedade.
d) A autorização, ato administrativo em que a Administração consente que o particular se utilize
de bem público com exclusividade, depende de licitação e cria para o usuário um dever de
utilização.

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e) A permissão de uso, ato administrativo pelo qual a Administração faculta a utilização de bem
público, para fins de interesse público, tem sempre a forma onerosa e tempo determinado.
Comentários
a) Incorreto. Os bens públicos de uso comum e, acrescentando, os de uso especial, podem ser
outorgados a particulares por meio da autorização de uso, concessão de uso e permissão de uso,
todos sujeitos ao regime de direito público. Já os bens dominicais, por estarem aptos a serem
negociados, além das três já citadas formas de outorgas, também podem se utilizar de institutos
do direito privado como locação e arrendamento. Segundo a lição de Maria Sylvia de Pietro
(p.867,2018):

Com relação aos instrumentos jurídicos de outorga do uso privativo ao particular, mais
uma vez se torna relevante a distinção entre, de um lado, os bens de uso comum do
povo e uso especial e, de outro, os bens dominicais, já que apenas estes últimos são
coisas que estão no comércio jurídico de direito privado, sujeitos, portanto, a regime
jurídico um pouco diverso quanto às formas de sua utilização.
Os bens das duas primeiras modalidades estão fora do comércio jurídico de direito
privado, de modo que só podem ser objeto de relações jurídicas regidas pelo direito
público; assim, para fins de uso privativo, os instrumentos possíveis são apenas a
autorização, a permissão e a concessão de uso.
(...)
Diversa é a situação dos bens dominicais, já que estes são coisas que estão no comércio
jurídico de direito privado. Embora possam ser cedidos aos particulares por meio dos
mesmos institutos de direito público já mencionados, também podem ser objeto de
contratos regidos pelo Código Civil, como a locação, o arrendamento, o comodato, a
concessão de direito real de uso, a enfiteuse. (grifos não constantes do original)

b) Correto. Segundo Hely Lopes Meirelles (p.646, 2016):

Concessão de uso é o contrato administrativo pelo qual o Poder Público atribui a


utilização exclusiva de um bem de seu domínio a particular, para que o explore segundo
sua destinação específica.
O que caracteriza a concessão de uso e a distingue dos demais institutos assemelhados
- autorização e permissão de uso - é o caráter contratual e estável da outorga do uso
do bem público ao particular, para que o utilize com exclusividade e nas condições
convencionadas com a Administração. (grifos não constantes do original)

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c) Incorreto. A concessão de uso possui características diversas da permissão de uso e autorização


de uso, conforme lição de Maria Sylvia de Pietro (2018):

Autorização de uso é o ato administrativo unilateral e discricionário, pelo qual a


Administração consente, a título precário, que o particular se utilize de bem público
com exclusividade. (p.867,2018)

Concessão de uso é o contrato administrativo pelo qual a Administração Pública faculta


ao particular a utilização privativa de bem público, para que a exerça conforme a sua
destinação. Sua natureza é a de contrato de direito público, sinalagmático, oneroso ou
gratuito, comutativo e realizado intuitu personae. (p.871,2018)

Permissão de uso é o ato administrativo unilateral, discricionário e precário, gratuito ou


oneroso, pelo qual a Administração Pública faculta a utilização privativa de bem público,
para fins de interesse público. (p.868,2018)

d) Incorreto. A autorização de uso não depende de licitação e não cria para o usuário um dever
de utilização. Para Maria Sylvia de Pietro (p.867,2018):

Autorização de uso é o ato administrativo unilateral e discricionário, pelo qual a


Administração consente, a título precário, que o particular se utilize de bem público
com exclusividade.
(...)
A utilização não é conferida com vistas à utilidade pública, mas no interesse privado do
utente. Aliás, essa é uma das características que distingue a autorização da permissão
e da concessão.
Do fato de tratar-se de utilização exercida no interesse particular do beneficiário
decorrem importantes efeitos:
1. a autorização reveste-se de maior precariedade do que a permissão e a concessão;
2. é outorgada, em geral, em caráter transitório;
3. confere menores poderes e garantias ao usuário;
4. dispensa licitação e autorização legislativa;
5. não cria para o usuário um dever de utilização, mas simples faculdade. (grifos não
constantes do original)

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e) Incorreto. A permissão de uso pode ser feita de forma gratuita e, em regra, não possui prazo,
já que tem a característica de ser precária.

Permissão de uso é o ato administrativo unilateral, discricionário e precário, gratuito ou


oneroso, pelo qual a Administração Pública faculta a utilização privativa de bem público,
para fins de interesse público.
(...)

Quanto à fixação de prazo na permissão, vale a mesma observação já feita para a


autorização. Ao outorgar permissão qualificada ou condicionada de uso, a
Administração tem que ter em vista que a fixação de prazo reduz a precariedade do
ato, constituindo, em conseqüência, uma autolimitação ao seu poder de revogá-lo, o
que somente será possível quando a utilização se tornar incompatível com a afetação
do bem ou se revelar contrária ao interesse coletivo, sujeitando, em qualquer hipótese,
a Fazenda Pública a compensar pecuniariamente o permissionário pelo sacrifício de seu
direito antes do termo estabelecido. (grifos não constantes do original)

Gabarito: Letra B.

17. (2017/CESPE/DPE-AC/Defensor Público) Com referência à disciplina constitucional dos bens


públicos, assinale a opção correta.
a) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são exemplos de bens de uso especial e
pertencem aos estados.
b) As terras devolutas, não se encontrando afetadas a nenhuma finalidade pública específica, são
bens públicos dominiais.
c) Salvo a hipótese de usucapião especial para fins de moradia prevista na CF, não é permitido
usucapião de bens públicos.
d) A utilização dos bens de uso comum do povo, os quais são destinados à utilização geral pelos
indivíduos, não pode sofrer restrições por ato do poder público.
e) Os bens de uso especial são aqueles que, por ato formal da administração pública, são
destinados à execução dos serviços administrativos e serviços públicos em geral.
Comentários
Incorreto. As terras ocupadas pelos índios são de domínio da União:
Constituição Federal 1988

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Art. 20. São bens da União:


(...)
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
Além disso, as terras tradicionalmente reservadas aos índios são consideradas bens públicos de
uso especial segundo Maria Sylvia de Pietro, (p.849, 2018):
São exemplos de bens de uso especial os imóveis onde estão instaladas repartições
públicas, os bens móveis utilizados pela Administração, museus, bibliotecas, veículos
oficiais, terras dos silvícolas, cemitérios públicos, aeroportos, mercados e agora, pela
nova Constituição, as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. (grifos não
constantes do original)

b) Correto. As terras devolutas são classificadas como bens públicos dominiais, segundo Maria
Sylvia de Pietro, (p.894, 2018):
As terras devolutas constituem uma das espécies do gênero terras públicas, ao lado de
tantas outras, como terrenos reservados, terrenos de Marinha, terras dos índios, ilhas
etc.
Elas integram a categoria de bens dominicais, precisamente pelo fato de não terem
qualquer destinação pública. Isto significa que elas são disponíveis. (grifos não
constantes do original)

c) Incorreto. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião, nos termos do art. 102 do Código
Civil 2002: “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.”
Além disso a súmula 340 do STF aduz o seguinte: “Desde a vigência do Código Civil, os bens
dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.”

d) Incorreto. O uso dos bens de uso comum pode sofrer restrições pelo poder público. Segundo
Maria Sylvia de Pietro, (p.864 e 865, 2018):

O uso comum admite duas modalidades: o uso comum ordinário e o uso comum
extraordinário.
(...)
Trata-se de utilizações que não se exercem com exclusividade (não podendo, por isso,
ser consideradas privativas), mas que dependem de determinados requisitos, como o
pagamento de prestação pecuniária ou de manifestação de vontade da Administração,
expressa por meio de ato de polícia, sob a forma de licença ou de autorização. O uso é

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exercido em comum (sem exclusividade), mas remunerado ou dependente de título


jurídico expedido pelo Poder Público.
(...)
Essas exigências constituem limitações ao exercício do direito de uso, impostas pela lei,
com base no poder de polícia do Estado, sem desnaturar o uso comum e sem
transformá-lo em uso privativo; uma vez cumpridas as imposições legais, ficam
afastados os obstáculos que impediam a utilização. Tem-se, nesse caso, uso comum - já
que a utilização é exercida sem o caráter de exclusividade que caracteriza o uso
privativo - porém sujeito à remuneração ou ao consentimento da Administração. Essa
modalidade é a que se denomina de uso comum extraordinário, acompanhando a
terminologia de Diogo Freitas do Amaral (1972:108).
(...)
O uso comum ordinário é aberto a todos indistintamente, sem exigência de instrumento
administrativo de outorga e sem retribuição de natureza pecuniária.
O uso comum extraordinário está sujeito a maiores restrições impostas pelo poder de
polícia do Estado, ou porque limitado a determinada categoria de usuários, ou porque
sujeito a remuneração, ou porque dependente de outorga administrativa.

e) Incorreto. Não é necessário ato formal da Administração, bastando que efetivamente seja dado
destino público.
Para Maria Sylvia de Pietro (p.850, 2018):

Pelos conceitos de afetação e desafetação, verifica-se que uma e outra podem ser
expressas ou tácitas. Na primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei;
na segunda, resultam de atuação direta da Administração sem manifestação expressa
de sua vontade, ou de fato da natureza. Por exemplo, a Administração pode baixar
decreto estabelecendo que determinado imóvel, integrado na categoria dos bens
dominicais, será destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
essa escola no prédio, sem qualquer declaração expressa. Em um e outro caso, o bem
está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar a categoria de bem
de uso especial. A operação inversa também pode ocorrer, mediante declaração
expressa ou pela simples desocupação do imóvel, que fica sem destinação. (grifos não
constantes do original)

Gabarito: Letra B.

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18. (2017/VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito) Considerando-se o regime jurídico dos bens públicos, pode-
se afirmar que
a) a eles não se aplica o princípio da função social da propriedade, em razão do regime de
impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade.
b) a eles se aplica, com grau diferenciado, o princípio da função social da propriedade, em relação
aos bens de uso comum do povo.
c) a eles se aplica o princípio da função social da propriedade, em grau diferenciado, em relação
aos bens dominiais.
d) a eles se aplica o princípio da função social da propriedade que incide indistintamente e com
mesmo grau de intensidade, dada sua função normativa, sobre todo o ordenamento jurídico e
sobre o domínio público e particular.
Comentários
A função social da propriedade possui previsão em diversos pontos da Constituição Federal de
1988. A doutrina e jurisprudência convergem para o entendimento de que aos bens de uso
comum e bens especiais se aplicam integralmente os preceitos da função social. A dúvida paira
sobre a aplicabilidade do princípio nos bens dominiais pelo fato de já estarem desafetados, uma
vez que esses bens nessa modalidade não estarem sendo utilizados em benefício da sociedade.
Apesar disso, por outro lado, os bens dominiais não perdem a característica de imprescritibilidade
e impenhorabilidade. Diante disso, os doutrinadores e a jurisprudência entendem que a aplicação
do princípio da função social poderia se dar de forma diferenciada, em menor intensidade. Além
disso, existem situações em que o bem, por se encontrar abandonado ou sem uso, pode gerar
uma oportunidade de essa função social ser observada, como, por exemplo, um prédio
abandonado que pertence ao governo estadual e, por conta da não utilização, serve de abrigo
para moradores de ruas. A partir do momento da ocupação, o bem volta a desempenhar uma
função social, que é a de possibilitar a moradia para um grande número de pessoas necessitadas.
A seguir, importante julgado do STJ sobre o tema no informativo nº 594:
RECURSO ESPECIAL. POSSE. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. BEM PÚBLICO
DOMINICAL. LITÍGIO ENTRE PARTICULARES. INTERDITO POSSESSÓRIO.
POSSIBILIDADE. FUNÇÃO SOCIAL. OCORRÊNCIA.
1. Na ocupação de bem público, duas situações devem ter tratamentos distintos: i)
aquela em que o particular invade imóvel público e almeja proteção possessória ou
indenização/retenção em face do ente estatal e ii) as contendas possessórias entre
particulares no tocante a imóvel situado em terras públicas.
2. A posse deve ser protegida como um fim em si mesma, exercendo o particular o
poder fático sobre a res e garantindo sua função social, sendo que o critério para
aferir se há posse ou detenção não é o estrutural e sim o funcional. É a afetação

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do bem a uma finalidade pública que dirá se pode ou não ser objeto de atos
possessórias por um particular.
3. A jurisprudência do STJ é sedimentada no sentido de que o particular tem
apenas detenção em relação ao Poder Público, não se cogitando de proteção
possessória.
4. É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre
particulares sobre bem público dominical, pois entre ambos a disputa será relativa à
posse.
5. À luz do texto constitucional e da inteligência do novo Código
Civil, a função social é base normativa para a solução dos conflitos
atinentes à posse, dando-se efetividade ao bem comum, com escopo nos princípios da
igualdade e da dignidade da pessoa humana.
6. Nos bens do patrimônio disponível do Estado (dominicais), despojados de
destinação pública, permite-se a proteção possessória pelos ocupantes da terra pública
que venham a lhe dar função social.
7. A ocupação por particular de um bem público abandonado/desafetado - isto é, sem
destinação ao uso público em geral ou a uma atividade administrativa -, confere
justamente a função social da qual o bem está carente em sua essência.
8. A exegese que reconhece a posse nos bens dominicais deve ser conciliada com
a regra que veda o reconhecimento da usucapião nos bens públicos (STF, Súm 340;
CF, arts. 183, § 3°; e 192; CC, art. 102); um dos efeitos jurídicos da posse - a
usucapião – será limitado, devendo ser mantido, no entanto, a possibilidade de
invocação dos interditos possessórios pelo particular.
9. Recurso especial não provido.STJ. 4ª Turma. REsp 1.296.964-DF, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 18/10/2016 (Info 594). (grifos não constantes do original)

Gabarito: Letra C.

19. (2017/VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito) Sobre a impenhorabilidade dos bens públicos, pode-se


afirmar que
a) tem natureza absoluta por decorrerem da inalienabilidade que os caracterizam.
b) é absoluta, com exceção da hipótese de concessão de garantia da União em operações de
crédito externo, nos termos do artigo 52, VIII, da Constituição Federal de 1988.
c) é absoluta, com exceção da hipótese de sequestro de bens ao teor do artigo 100, parágrafo
6°, da Constituição Federal de 1988.
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d) admite exceção para a hipótese de sequestro de bens, nos termos do artigo 100, parágrafo
6°, da Constituição Federal de 1988, e para a concessão de garantia, em condições
especialíssimas, em operações de crédito externo, cabendo ao Senado Federal dispor sobre limite
e concessões, nos termos do artigo 52, VIII, da Constituição Federal de 1988.
Comentários
a) Incorreto. Impenhorabilidade e inalienabilidade são institutos distintos. Enquanto todos os bens
públicos são impenhoráveis, em regra, a inalienabilidade engloba apenas os de uso comum do
povo e uso especial. Os bens dominicais são alienáveis.
b) Incorreta. Existe outra hipótese aceita pelo STJ de exceção à regra da impenhorabilidade de
bens públicos. É o caso da violação do direito à saúde. Vejamos a seguir:
PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SUS. CUSTEIO
DETRATAMENTO MÉDICO. MOLÉSTIA GRAVE. DIREITO À VIDA E À SAÚDE.
BLOQUEIO DE VALORES EM CONTAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. ART. 461 DOCPC.
I - A Constituição Federal excepcionou da exigência do precatório os créditos de
natureza alimentícia, entre os quais incluem-se aqueles relacionados com a garantia da
manutenção da vida, como os decorrentes do fornecimento de medicamentos pelo
Estado. II - É lícito ao magistrado determinar o bloqueio de valores em contas públicas
para garantir o custeio de tratamento médico indispensável, como meio de concretizar
o princípio da dignidade da pessoa humana e do direito à vida e à saúde. Nessas
situações, a norma contida no art. 461, § 5º, do Código de Processo Civil deve ser
interpretada de acordo com esses princípios e normas constitucionais, sendo permitido,
inclusive, a mitigação da impenhorabilidade dos bens públicos. III - Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido. (grifos não constantes do original)

c) Incorreta. Também existe a previsão do art. 52, VIII, da CF/88, in verbis:


Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em
operações de crédito externo e interno;
d) Correta. Atualmente são admitidas exceções à regra geral de impenhorabilidade dos bens
públicos como o oferecimento de garantia em operações de empréstimos externo e interno da
União e sequestro de valores para assegurar o tratamento médico e fornecimento de
medicamentos.
Gabarito: Letra D.

20. (2017/CESPE/MPE-RR/Promotor de Justiça) Considerando o entendimento do STJ, julgue as


asserções seguintes.

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I É ilegal cobrar de concessionária de serviço público taxas pelo uso de solo, subsolo ou espaço
aéreo.
II A utilização do uso de bem público por concessionária de serviço público para a instalação de,
por exemplo, postes, dutos ou linhas de transmissão será revertida em benefício para a sociedade.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
a) As asserções I e II são falsas.
b) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
c) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
d) A asserção I é falsa, mas a II é verdadeira.
Comentários
As duas afirmações estão corretas, conforme julgado abaixo do STJ:
ADMINISTRATIVO. BENS PÚBLICOS. USO DE SOLO, SUBSOLO E ESPAÇO AÉREO
POR CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. COBRANÇA. IMPOSSIBILIDADE. 1.
Cinge-se a controvérsia no debate acerca da legalidade da cobrança de valores pela
utilização do bem público, consubstanciado pela faixa de domínio da rodovia federal
BR-493, por concessionária de serviço público estadual. 2. O Superior Tribunal de
Justiça possui jurisprudência firme e consolidada no sentido de que a cobrança em face
de concessionária de serviço público pelo uso de solo, subsolo ou espaço aéreo é ilegal
(seja para a instalação de postes, dutos ou linhas de transmissão, por exemplo), uma
vez que: a) a utilização, nesse caso, se reverte em favor da sociedade - razão pela qual
não cabe a fixação de preço público; e b) a natureza do valor cobrado não é de taxa,
pois não há serviço público prestado ou poder de polícia exercido. Nesse sentido: AgRg
na AR 5.289/SP, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Seção, DJe
19.9.2014; AI no RMS 41.885/MG, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Corte Especial,
DJe 28.8.2015; AgRg no REsp 1.191.778/RS, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho,
Primeira Turma, DJe 26.10.2016; REsp 1.246.070/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe 18.6.2012; REsp 863.577/RS, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10.9.2010; REsp 881.937/RS, Rel. Min. Luiz
Fux, Primeira Turma, DJe 14.4.2008. 3. Agravo Interno não provido.

Gabarito: Letra B.

21. (2017/FCC/TJ-SC/Juiz de Direito) A propósito do uso dos bens públicos pelos particulares, é
correto afirmar que
a) as concessões de uso, dada a sua natureza contratual, não admitem a modalidade gratuita.
b) o concessionário de uso de bem público exerce posse ad interdicta, mas não exerce posse ad
usucapionem.
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c) a autorização de uso, por sua natureza precária, não admite a fixação de prazo de utilização do
bem público.
d) a Medida Provisória n° 2.220/2001 garante àquele que possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de imóvel público
situado em área urbana, utilizando-o para fins comerciais e respeitado o marco temporal ali
estabelecido, o direito à concessão de uso especial.
e) a permissão de uso, por sua natureza discricionária, não depende de realização de prévia
licitação.
Comentários
a) Incorreto. A concessão de uso também admite a forma gratuita, como veremos na lição de Hely
Lopes Meirelles (p.296, 2016):

A concessão de uso, que pode ser remunerada ou não, apresenta duas modalidades, a
saber: a concessão administrativa de uso e a concessão de direito real de uso. A
primeira, também denominada concessão comum de uso, apenas confere ao
concessionário um direito pessoal, intransferível a terceiros. Já, a concessão de direito
real de uso, instituída pelo Dec.-lei 271, de 28.2.67 (arts. 72 e 82), como o próprio nome
indica, atribui o uso do bem público como direito real, transferível a terceiros por ato
inter vivos ou por sucessão legítima ou testamentária. E é isso que a distingue da
concessão administrativa de uso, tornando-a um instrumento de grande utilidade para
os empreendimentos de interesse social, em que o Poder Público fomenta determinado
uso do bem público. (grifos não constantes do original)

b) Correta. Os bens públicos não são adquiridos por usucapião. Desta forma, não pode haver a
aplicação do instituto da posse ad usucapionem. Já a posse ad interdicta é aplicável, visando
proteger a posse do bem público contra terceiros.
Para Maria Sylvia de Pietro (p.882, 2018):

Especificamente quanto aos bens de uso comum do povo, diz ele que “a regra é esta: a posse
não é excluída senão para as coisas fora do comércio, de sorte que a ação possessória não é
repudiada e afastada senão na medida mesma desta exceção, vale dizer, tão-somente enquanto
entra em conflito e põe em dúvida a destinação da propriedade pública; nos limites em que é
compatível com essa destinação, a ação possessória tem cabimento”. Se assim não fosse, não
poderia o Estado defender os bens públicos contra terceiros, utilizando esse procedimento. A
extracomerciabilidade exclui a posse ad usucapionem (porque incompatível com a
inalienabilidade dos bens públicos), porém admite a posse ad interdicta na medida em que seja
necessária para proteger a pública destinação dos bens.

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Há de se atentar, no entanto, que o titular de uso privativo pode propor ação possessória contra
terceiros; não cabe contra a Administração quando esta usa legitimamente seu poder de
extinguir o uso privativo por razões de interesse público. (grifos não constantes do original)

c) Incorreta. A autorização de uso admite a estipulação de prazo, nos termos dos ensinamentos
Maria Sylvia de Pietro (p.868, 2018),

A autorização pode ser simples (sem prazo) e qualificada (com prazo).


O legislador brasileiro tem previsto a possibilidade de fixação de prazo, como ocorre
com a derivação de águas, no interesse do particular, com fundamento no artigo 43 do
Código de Águas, devendo a autorização ser dada por tempo não inferior a 30 anos.
No Município de São Paulo, a Lei Orgânica de 4-4-1990, no artigo 114, § 5º, apesar de
imprimir natureza transitória à autorização, permite a fixação de prazo, até o máximo
de 90 dias.
A fixação de prazo tira à autorização o caráter de precariedade, conferindo ao uso
privativo certo grau de estabilidade; vincula a Administração à obediência do prazo e
cria, para o particular, direito público subjetivo ao exercício da utilização até o termo
final previamente fixado; em conseqüência, se razões de interesse público obrigarem à
revogação extemporânea, ficará o poder público na contingência de ter de pagar
indenização ao particular, para compensar o sacrifício de seu direito. Manifesta é a
inconveniência de estipulação de prazo nas autorizações. (grifos não constantes do
original)

d) Incorreta. Não é para fins comerciais e sim para fins de moradia, nos termos do seu art. 1º, in
verbis:

Art. 1o Aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de
imóvel público situado em área com características e finalidade urbanas, e que o utilize
para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins
de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou
concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural. (Redação dada pela lei
nº 13.465, de 2017) (grifos não constantes do original)

e) Incorreto. Em algumas hipóteses, a licitação para a permissão de uso é obrigatória.


Para Maria Sylvia de Pietro (p. 870, 2018):

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Quanto à licitação, não é, em regra, necessária, a não ser que leis específicas sobre
determinadas matérias o exijam, como ocorre no caso da permissão para instalação de
bancas nas feiras livres. É verdade que a Lei nº 8.666, no artigo 2º, inclui a permissão
entre os ajustes que, quando contratados com terceiros, serão necessariamente
precedidos de licitação. Tem-se, no entanto, que entender a norma em seus devidos
termos. Em primeiro lugar, deve-se atentar para o fato de que a Constituição Federal,
no artigo 175, parágrafo único, I, refere-se a permissão de serviço público como
contrato; talvez por isso se justifique a norma do artigo 2º da Lei nº 8.666. Em segundo
lugar, deve-se considerar também que este dispositivo, ao mencionar os vários tipos de
ajustes em que a licitação é obrigatória, acrescenta a expressão “quando contratados
com terceiros”, o que faz supor a existência de um contrato. Além disso, a permissão
de uso, embora seja ato unilateral, portanto excluído da abrangência do artigo 2º, às
vezes assume a forma contratual, com características iguais ou semelhantes à concessão
de uso; é o que ocorre na permissão qualificada, com prazo estabelecido. Neste caso,
a licitação torna-se obrigatória. A Lei nº 8.666 parece ter em vista precisamente essa
situação quando, no artigo 2º, parágrafo único, define o contrato como “todo e
qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em
que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de
obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada”. Quer dizer: ainda que se
fale em permissão, a licitação será obrigatória se a ela for dada a forma contratual,
sendo dispensada a licitação na hipótese do art.17, I, f, da Lei nº 8.666, alterada pela
Lei nº 8.883, de 8-6-94. (grifos não constantes do original)

Gabarito: Letra B.

22. (2017/CESPE/PREFEITURA DE BELO HORIZONTE-MG/Procurador Municipal) Com relação aos


bens públicos, assinale a opção correta.
a) Bens dominicais são os de domínio privado do Estado, não afetados a finalidade pública e
passíveis de alienação ou de conversão em bens de uso comum ou especial, mediante observância
de procedimento previsto em lei.
b) Consideram-se bens de domínio público os bens localizados no município de Belo Horizonte
afetados para destinação específica precedida de concessão mediante contrato de direito público,
remunerada ou gratuita, ou a título e direito resolúvel.
c) O uso especial de bem público, por se tratar de ato precário, unilateral e discricionário, será
remunerado e dependerá sempre de licitação, qualquer que seja sua finalidade econômica.
d) As áreas indígenas são bens pertencentes à comunidade indígena, à qual cabem o uso, o gozo
e a fruição das terras que tradicionalmente ocupa para manter e preservar suas tradições,
tornando-se insubsistentes pretensões possessórias ou dominiais de particulares relacionados à
sua ocupação.

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Comentários
a) Correto. Os bens públicos dominicais são os do domínio privado do Estado que não possuem
destinação publica, ou seja, são desafetados, constituindo no patrimônio privado do Estado.
Quando tiverem uma destinação pública especifica, podem ser afetados, tornando-se bens de
domínio público.
Para Maria Sylvia de Pietro (p. 850 e 851, 2018):
Os bens do domínio privado do Estado, chamados bens dominicais pelo Código Civil,
e bens do patrimônio disponível pelo Código de Contabilidade Pública, são definidos
legalmente como “os que constituem o patrimônio da União, dos Estados ou
Municípios, como objeto de direito pessoal ou real de cada uma dessas entidades” (art.
66, III, do Código Civil). (grifos não constantes do original)

b) Incorreto. Uma vez que para determinar se um bem é de domínio público ou privado, elemento
diferenciador é o da afetação ou destinação pública.
c) Incorreto. A alternativa tenta induzir o candidato a erro ao sugerir que o conceito de bens
públicos especiais seja o relativo a características das formas de outorga de bens de domínio
público a particulares (permissão de uso, autorização de uso e concessão de uso).
O conceito de bens públicos especiais consta no inciso II, art. 99, do Código Civil 2002, in verbis:
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. (grifos não
constantes do original)

d) Incorreto. As terras ocupadas pelos índios são de domínio da União.

Constituição Federal 1988

Art. 20. São bens da União:


(...)
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. (grifos não constantes do original)

Gabarito: Letra A.

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23. (2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/Procurador Municipal) A respeito de bens


públicos e responsabilidade civil do Estado, julgue o próximo item.
Situação hipotética: Determinado município brasileiro construiu um hospital público em parte de
um terreno onde se localiza um condomínio particular. Assertiva: Nessa situação, segundo a
doutrina dominante, obedecidos os requisitos legais, o município poderá adquirir o bem por
usucapião

( ) Certo ( ) Errado.
Comentários
Correto. O ente público pode adquirir bem de particular por usucapião. Segundo José dos Santos
Carvalho Filho (p. 1142, 2012):

Outra forma de aquisição de bens públicos é através de usucapião. O Código Civil


admite expressamente o usucapião como forma de aquisição de bens (art. 1.238,
Código Civil) e estabelece algumas condições necessárias à consumação aquisitiva,
como a posse do bem por determinado período, a boa-fé em alguns casos e a sentença
declaratória da propriedade. Poder-se-ia indagar se a União, um Estado ou Município,
ou ainda uma autarquia podem adquirir bens por usucapião. A resposta é positiva. A lei
civil, ao estabelecer os requisitos para a aquisição da propriedade por usucapião, não
descartou o Estado como possível titular do direito. Segue-se, pois, que, observados os
requisitos legais exigidos para os possuidores particulares de modo geral, podem as
pessoas de direito público adquirir bens por usucapião. Esses bens, uma vez consumado
o processo aquisitivo, tomar-se-ão bens públicos. (grifos não constantes do original)

Gabarito: Correto.

24. (2017/CESPE/PRFEITURA DE FORTALEZA-CE/Procurador Municipal) A respeito de bens públicos


e responsabilidade civil do Estado, julgue o próximo item.
Situação hipotética: A associação de moradores de determinado bairro de uma capital brasileira
decidiu realizar os bailes de carnaval em uma praça pública da cidade. Assertiva: Nessa situação,
a referida associação poderá fazer uso da praça pública, independentemente de autorização,
mediante prévio aviso à autoridade competente

( ) Certo ( ) Errado.
Comentários

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Errado. O candidato foi induzido ao erro por acreditar que a fundamentação seria com base no
inciso XVI, art. 5º, da CF 88, in verbis:
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
autoridade competente"

Veja que a CF menciona que o direito de reunião independe de autorização para ser realizada,
devendo apenas o prévio aviso a autoridade competente. Diferentemente é o caso de um baile
de carnaval, em que é necessário um tratamento diferenciado por conta do número imenso de
participantes, por exemplo.
Segundo José dos Santos Carvalho Filho (p. 1156 e 1157, 2012):
Autorização de uso é o ato administrativo pelo qual o Poder Público consente que
determinado indivíduo utilize bem público de modo privativo, atendendo
primordialmente a seu próprio interesse. Esse ato administrativo é unilateral, porque a
exteriorização da vontade é apenas da Administração Pública, embora o particular seja
o interessado no uso. É também discricionário, porque depende da valoração do Poder
Público sobre a conveniência e a oportunidade em conceder o consentimento. Trata-
se de ato precário: a Administração pode revogar posteriormente a autorização se
sobrevierem razões administrativas para tanto, não havendo, como regra, qualquer
direito de indenização em favor do administrado. A autorização de uso só remotamente
atende ao interesse público, até porque esse objetivo é inarredável para a
Administração. Na verdade, porém, o benefício maior do uso do bem público pertence
ao administrado que obteve a utilização privativa. Portanto, é de se considerar que na
autorização de uso é prevalente o interesse privado do autorizatário.
Como o ato é discricionário e precário, ficam resguardados os interesses
administrativos. Sendo assim, o consentimento dado pela autorização de uso não
depende de lei nem exige licitação prévia. Em outra ótica, cabe afirmar que o
administrado não tem direito subjetivo à utilização do bem público, não comportando
formular judicialmente pretensão no sentido de obrigar a Administração a consentir no
uso; os critérios de deferimento ou não do pedido de uso são exclusivamente
administrativos, calcados na conveniência e na oportunidade da Administração.
Exemplos desse tipo de ato administrativo são as autorizações de uso de terrenos
baldios, de área para estacionamento, de retirada de água de fontes não abertas ao
público, de fechamento de ruas para festas comunitárias ou para a segurança de
moradores e outros semelhantes. (grifos não constantes do original)

Dessa forma, para se organizar um baile de carnaval é necessária autorização do poder


competente, pois não se trata de uma simples reunião para ser exposta alguma manifestação.
Gabarito: Errado.

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25. (2017/CESPE/TJ-PR /Juiz de Direito) Em relação aos bens públicos, assinale a opção correta.
a) O ordenamento jurídico brasileiro permite que pertençam a particulares algumas áreas nas ilhas
oceânicas e costeiras.
b) Por serem abertos a uma utilização universal, o mercado municipal e o cemitério público são
considerados bens de uso comum do povo.
c) Em face do atributo da inalienabilidade, os bens públicos dominicais não podem ser alienados.
d) Quando o tribunal de justiça consente o uso gratuito de determinada sala do prédio do foro
para uso institucional da defensoria pública local, efetiva-se o instituto da permissão de uso de
bem público.
Comentários
a) Correto. A CF/88 permite que terceiros possuam algumas áreas nas ilhas oceânicas e costeiras,
nos termos do inciso IV, art. 20 e inciso II, art. 26, ambos da CF/88, in verbis:
Art. 20. São bens da União:
IV. as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas;
as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:


I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas
aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
b) Incorreto. Os cemitérios e o mercado municipal são bens de uso especial, nos termos do inciso
II, art. 99, do CC/2002, in verbis:

Art. 99. São bens públicos:


I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
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Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens


pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de
direito privado.

Dessa forma, os prédios em que ficam localizados os estabelecimentos que possuem uma
finalidade pública são classificados como bens de uso especial.
c) Incorreto. Os bens públicos dominicais estão desafetados, ou seja, sem destinação pública
específica, podendo ser alienados.
d) Incorreto. O instrumento jurídico correto é por meio da cessão de uso. Segundo Hely Lopes
Meirelles (p.645, 2016):

Cessão de uso é a transferência gratuita da posse de um bem público de uma entidade


ou órgão para outro, a fim de que o cessionário o utilize nas condições estabelecidas
no respectivo termo, por tempo certo ou indeterminado. É ato de colaboração entre
repartições públicas, em que aquela que tem bens desnecessários aos seus serviços
cede o uso a outra que deles está precisando. (grifos não constantes do original)

Gabarito: Letra A.

26. (2017/FUNDEP-GESTÃO DE CONCURSOS/MPE-MG/Promotor de Justiça) Analise as seguintes


assertivas sobre bens públicos:
I. A venda de bens públicos imóveis será obrigatoriamente precedida de licitação e depende
também de autorização legislativa, interesse público devidamente justificado e avaliação prévia.
II. Independe de transcrição imobiliária a concessão de domínio que tiver como destinatário
pessoa estatal.
III. A doação de bens móveis públicos é admissível exclusivamente para fins de interesse social e
depende de avaliação prévia e autorização legal.
IV. A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois mil
e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de
prévia aprovação do Congresso Nacional, exceto quando a alienação ou concessão de terras
públicas tiver por finalidade reforma agrária.
Somente está CORRETO o que se afirma em:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.

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d) II e IV.
Comentários
I - Incorreto. Nem sempre na alienação de bens imóveis será exigida a licitação na modalidade
concorrência, nos termos do art.17, Inciso I e alíneas, da Lei 8.666/93, in verbis:
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de
interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração
direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração
pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas
alíneas f, h e i;(Redação dada pela Lei nº 11.952, de 2009)
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art.
24 desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de
governo; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação
ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou
efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização
fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração
pública; (grifos não constantes do original)
II - Correto. A concessão de domínio feita entre entes públicos não necessita de transcrição
imobiliária, uma vez que a efetivação da operação é formalizada por lei. Para Hely Lopes Meirelles
(p. 658 e 659, 2016):
Concessão de domínio: concessão de domínio é forma de alienação de terras públicas
que teve sua origem nas concessões de sesmarias da Coroa e foi largamente usada nas
concessões de datas das Municipalidades da Colônia e do Império. Atualmente, só é
utilizada nas concessões de terras devolutas da União, dos Estados e dos Municípios,
consoante prevê a Constituição da República (art. 188, § 12). Tais concessões não
passam de vendas ou doações dessas terras públicas, sempre precedidas de lei
autorizadora e avaliação das glebas a serem concedidas a título oneroso ou gratuito,
além da aprovação do Congresso Nacional quando excedentes de dois mil e quinhentos

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hectares. Quando feita por uma entidade estatal a outra, a concessão de domínio
formaliza-se por lei e independe de registro; quando feita a particulares exige termo
administrativo ou escritura pública e o título deve ser transcrito no registro imobiliário
competente, para a transferência do domínio. (grifos não constantes do original)

III - Incorreto. Na alienação de bens móveis não se necessita de autorização legal, conforme art.
17, inciso II, alínea “a”, da Lei 8.666/93, in verbis:

Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de


interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:
(...)
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos
seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação
de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra
forma de alienação; (grifos não constantes do original)

IV - Correto. Nos termos do §1º, art. 188, da CF 88, in verbis:


Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política
agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.
§ 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior
a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta
pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.

Gabarito: Letra D.

27. (2017/IBEG/IPREV/Procurador) De acordo com a classificação dos bens públicos, o imóvel que
abriga e pertence à Prefeitura de Viana é considerado
a) de uso especial.
b) de uso comum do povo.
c) dominal.
d) regular de serviço.
e) de uso disponível.
Comentários

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O conceito de bens públicos especiais consta no inciso II, art. 99, do Código Civil 2002 , in verbis:
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. (grifos não
constantes do original)

Portanto, o imóvel que abriga o prédio da sede da Prefeitura de Viana é classificado como de uso
especial, pois encontra-se afetado a um fim público.
Gabarito: Letra A.

28. (2017/FGV/ALERJ-RJ/Procurador) Um agricultor mantém, durante mais de 20 (vinte) anos, a


utilização de bem público sem destinação específica, sendo surpreendido com a invasão do bem
por outro particular. Ajuíza, então, ação de reintegração de posse em face do invasor.
Para o desfecho do caso, é correto afirmar que:
a) o ocupante de bem público deve ser considerado mero detentor do imóvel, sem legitimidade
para pleitear proteção possessória, embora deva ser indenizado por benfeitorias realizadas;
b) não pode haver posse de particular sobre bem público, devendo ser julgada improcedente a
ação, sem prejuízo de posterior demanda da Administração Pública em face do particular que
explorou o bem indevidamente, fundada na vedação ao enriquecimento sem causa;
c) o pedido de reintegração de posse deve ser considerado juridicamente impossível, tendo em
vista que, como a área objeto da disputa se encontra situada em terra pública, não há direito de
posse a ser disputado entre os particulares;
d) deve ser reconhecida a possibilidade de tutela possessória sobre terras públicas sem destinação
específica, sendo certo que tal proteção, condicionada à promoção da função social da posse pelo
possuidor, não altera a titularidade dominial do bem;
e) o pedido de reintegração de posse deve ser julgado procedente, considerando que o particular
que manteve por mais de 20 (vinte) anos a posse sobre o bem, promovendo sua função social,
adquire-lhe a propriedade.
Comentários
Primeiramente, por conta de estar a mais de 20 anos utilizando bem público sem destinação social,
o agricultor mantém status apenas de detentor, já que não possui a propriedade do imóvel e,

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também, por conta de não poder adquiri-la por usucapião. A seguir um precedente sobre o tema
do STJ:

ADMINISTRATIVO. OCUPAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA POR PARTICULARES. JARDIM


BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO. MERA DETENÇÃO. CONSTRUÇÃO.
BENFEITORIAS. INDENIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.1. A ocupação de área pública,
sem autorização expressa e legítima do titular do domínio, é mera detenção, que não
gera os direitos, entre eles o de retenção, garantidos ao possuidor de boa-fé pelo
Código Civil. Precedentes do STJ. 2."Posse é o direito reconhecido a quem se
comporta como proprietário. Posse e propriedade, portanto, são institutos que
caminham juntos, não havendo de se reconhecer a posse a quem, por proibição legal,
não possa ser proprietário ou não possa gozar de qualquer dos poderes inerentes à
propriedade. A ocupação de área pública, quando irregular, não pode ser reconhecida
como posse, mas como mera detenção. Se o direito de retenção ou de indenização
pelas acessões realizadas depende da configuração da posse, não se pode, ante a
consideração da inexistência desta, admitir o surgimento daqueles direitos, do que
resulta na inexistência do dever de se indenizar as benfeitorias úteis e necessárias"
(REsp 863.939/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 24.11.2008). 3.
"Configurada a ocupação indevida de bem público, não há falar em posse, mas em
mera detenção, de natureza precária, o que afasta o direito de retenção por
benfeitorias" (REsp 699374/DF, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, Terceira
Turma, DJ 18.6.2007). 4. "A ocupação de bem público não passa de simples detenção,
caso em que se afigura inadmissível o pleito de proteção possessória contra o órgão
público. Não induzem posse os atos de mera tolerância (art. 497 do Código Civil/1916)"
(REsp 489.732/DF, Rel. Min. Barros Monteiro, Quarta Turma, DJ 13.6.2005). 5. "Tem-se
como clandestina a construção, a qual está inteiramente em logradouro público, além
do fato de que a sua demolição não vai trazer nenhum benefício direto ou indireto para
o Município que caracterize eventual enriquecimento, muito pelo contrário, já que se
está em discussão é a desocupação de imóvel público de uso comum que, por tal
natureza, além de inalienável, interessa a toda coletividade" (REsp 245.758/PE, Rel. Min.
José Delgado, Primeira Turma, DJ 15.5.2000) .6. Recurso Especial provido. REsp
900.159/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
01/09/2009, DJe de 27/02/2012) (grifos não constantes do original)

Já em relação a possibilidade de defesa desse bem público face a invasão provocada por outro
particular, o STJ tem entendido caber a propositura de ações possessórias, como a ação de
reintegração de posse, como se verá abaixo por meio do informativo nº 579 do STJ:

Informativo 579 STJ

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DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AJUIZAMENTO DE AÇÃO POSSESSÓRIA POR


INVASOR DE TERRA PÚBLICA CONTRA OUTROS PARTICULARES. É cabível o
ajuizamento de ações possessórias por parte de invasor de terra pública contra outros
particulares. Inicialmente, salienta-se que não se desconhece a jurisprudência do STJ no
sentido de que a ocupação de área pública sem autorização expressa e legítima do
titular do domínio constitui mera detenção (REsp 998.409-DF, Terceira Turma, DJe
3/11/2009). Contudo, vislumbra-se que, na verdade, isso revela questão relacionada à
posse. Nessa ordem de ideias, ressalta-se o previsto no art. 1.198 do CC, in verbis:
"Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com
outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções
suas". Como se vê, para que se possa admitir a relação de dependência, a posse deve
ser exercida em nome de outrem que ostente o jus possidendi ou o jus possessionis.
Ora, aquele que invade terras públicas e nela constrói sua moradia jamais exercerá a
posse em nome alheio, de modo que não há entre ele e o ente público uma relação de
dependência ou de subordinação e, por isso, não há que se falar em mera detenção.
De fato, o animus domni é evidente, a despeito de ele ser juridicamente infrutífero.
Inclusive, o fato de as terras serem públicas e, dessa maneira, não serem passíveis de
aquisição por usucapião, não altera esse quadro. Com frequência, o invasor sequer
conhece essa característica do imóvel. Portanto, os interditos possessórios são
adequados à discussão da melhor posse entre particulares, ainda que ela esteja
relacionada a terras públicas. REsp 1.484.304-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
10/3/2016, DJe 15/3/2016.

Vamos aos comentários:


a) Incorreto. O ocupante de bem público, sendo mero detentor, pode propor ações possessórias
contra outro particular que queira prejudicar o uso do bem.
b) Incorreto. O particular exerce a posse sobre o bem público, cabendo a propositura de ações
possessórias quando tiver o uso do bem prejudicado por outro particular.
c) Incorreto. O particular considerado como detentor da posse pode pleitear por meio de ações
possessórias a proteção face às investidas de outro particular. Porém, não pode pleitear a
usucapião das terras públicas pelo fato de ter utilizado por mais de 20 anos.
d) Correto. A titularidade do bem permanece com o poder público. Porém, pode o particular se
utilizar das ações possessórias para proteger a posse do bem público contra outros particulares.
e) Incorreto. A reintegração de posse somente pode ser intentada frente a um outro particular
que esteja com a intenção de prejudicar a posse do detentor. Porém, as ações possessórias não
podem ser propostas contra o poder público, uma vez que os bens são impenhoráveis.
Gabarito: Letra D.

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29. (2017/FGV/ALERJ-RJ/Procurador) Amanda obteve permissão de uso de bem público para


exploração de lanchonete no interior da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, por
prazo indeterminado. Passados dois anos, a Casa Legislativa revogou o ato, para ampliação de
uma sala de reunião. Inconformada, Amanda manejou ação de manutenção de posse.
De acordo com ensinamentos doutrinários e jurisprudenciais sobre o tema, a Amanda:
a) assiste razão, eis que a permissão de uso é ato unilateral, vinculado e precário, e a Administração
não pode revogá-lo sem promover a prévia e justa indenização ao particular;
b) assiste razão, eis que a permissão de uso é ato bilateral e discricionário, e a Administração não
pode revogá-lo unilateralmente pela via administrativa, sendo imprescindível a judicialização caso
não haja acordo com o particular;
c) não assiste razão, eis que a permissão de uso é ato bilateral e discricionário, e a Administração,
em regra, pode revogá-lo se houver razões de interesse público, mediante a prévia indenização
ao particular;
d) não assiste razão, eis que a permissão de uso é ato unilateral, discricionário e precário, e a
Administração pode revogá-lo posteriormente se houver razões de interesse público, não
cabendo, em regra, indenização ao particular;
e) não assiste razão, eis que a permissão de uso é ato unilateral, vinculado e precário, e a
Administração pode revogá-lo posteriormente se houver razões de interesse público, com
indenização ulterior ao particular.
Comentários.
Nos casos de permissão de uso, em regra, não se vislumbra a indenização em favor do
permissionário, uma vez que o ato negocial pode ser desfeito de forma unilateral, tendo em vista
a precariedade da relação jurídica entre o poder público e o permissionário. Para Hely Lopes
Meirelles (p.644,2016),
Permissão de uso: permissão de uso é o ato negocial, unilateral, discricionário e precário
através do qual a Administração faculta ao particular a utilização individual de
determinado bem público. Como ato negocial, pode ser com ou sem condições,
gratuito ou remunerado, por tempo certo ou indeterminado, conforme estabelecido no
termo próprio, mas sempre modificável e revogável unilateralmente pela
Administração, quando o interesse público o exigir, dados sua natureza precária e o
poder discricionário do permitente para consentir e retirar o uso especial do bem
público. A revogação faz-se, em geral, sem indenização, salvo se em contrário se
dispuser, pois a regra é a revogabilidade sem ônus para a Administração. O ato da
revogação deve ser idêntico ao do deferimento da permissão e atender às condições
nele previstas. (grifos não constantes do original)

Gabarito: Letra D.

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30. (2016/CESPE/PGE-AM/Procurador do Estado) Com relação a pessoas jurídicas de direito privado


e bens públicos, julgue o item a seguir.
Consideram-se bens públicos dominicais aqueles que constituem o patrimônio das pessoas
jurídicas de direito público como objeto de direito pessoal ou real, tais como os edifícios
destinados a sediar a administração pública.

( ) Certo ( ) Errado
Comentários
O conceito de bens públicos dominicais consta no inciso III, art. 99, do Código Civil 2002, in verbis:
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. (grifos não
constante do original)

Portanto, os bens dominicais são aqueles em que constam do patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, porém estão desafetados, ou seja, sem destinação pública específica, podendo
ser alienados.
A assertiva se encontra incorreta por conta de ter mencionado que o edifício destinado a sediar a
Administração se classificaria como dominical, quando o correto é ser classificado como bem de
uso especial, nos termos do inciso II, art. 99 do CC/2002.
Gabarito: Errado.

31. (2016/RHS-CONSULT/PREFEITURA DE PARATY-RJ/Procurador) A administração dos bens


públicos compreende normalmente a ___________ e ___________ do patrimônio público, mas
excepcionalmente, pode a Administração ter necessidade ou interesse na ___________ de alguns
de seus bens, caso em que deverá atender às exigências especiais impostas por normas
superiores.
Assinale a alternativa que apresenta os termos que preenchem, correta e respectivamente, as
lacunas acima.
a) alienação / utilização / conservação.
b) utilização / conservação / alienação.

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c) permutação / alienação / utilização.


d) organização / reorganização / concessão.
e) destinação / vinculação / titulação.
Comentários
Para responder a questão, vejamos o trecho abaixo da obra de Hely Lopes Meirelles (p.639, 2016):

Em sentido estrito, a administração dos bens públicos admite unicamente sua utilização
e conservação segundo a destinação natural ou legal de cada coisa, e em sentido amplo
abrange também a alienação dos bens que se revelarem inúteis ou inconvenientes ao
·domínio público e a aquisição de novos bens, necessários ao serviço público. Quanto
à oneração, não admitimos que possa incidir sobre bem público, salvo quando
incorporado a empresa estatal. (grifos não constantes do original)

Portanto, para completar a frase, o gabarito é letra B.


Gabarito: Letra B

32. (2016/IDECAN/CÂMARA DE ARACRUZ-ES/Procurador Legislativo) Considere que um servidor


público tenha adquirido um bem público que estava sob sua administração. Nos termos do
Código Civil brasileiro, o referido contrato é
a) nulo.
b) válido se adquirido em hasta pública.
c) válido se a administração do bem era direta.
d) válido se a administração do bem era indireta.
Comentários
O tema apresentado é abordado no inciso II, art. 497, do Código Civil de 2002, in verbis:
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
(...)
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que
servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; (grifos não constante
do original)

Portanto, é nulo servidor público adquirir bem público que estava sob sua administração.
Gabarito: Letra A.

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33. (2016/FCC/SEGEP-MA/Procurador do Estado) O Governo do Estado do Maranhão decidiu


constituir uma parceria público-privada na modalidade concessão administrativa, com a finalidade
de contratar a construção de um estabelecimento prisional e a prestação de serviços associados
a esse estabelecimento. Para garantia do recebimento da contraprestação pecuniária pelo
parceiro privado, um imóvel onde funciona uma escola pública estadual, de propriedade do
Estado, foi transferido ao Fundo Garantidor de Parcerias do Estado do Maranhão, após
autorização da Assembleia Legislativa. Uma vez construída a unidade prisional e iniciada a
prestação dos serviços a ela associados, o Estado passou a atrasar o pagamento da
contraprestação devida ao parceiro privado. Por conta da inadimplência, o parceiro privado
ajuizou ação de execução da dívida estatal, pleiteando em juízo a penhora do imóvel em que está
instalado o estabelecimento escolar. Em vista de tal situação, é correto afirmar que
a) por se tratar de bem imóvel, deveria ser solicitada a hipoteca e não a penhora, que é utilizada
apenas para bens móveis e semoventes.
b) em razão da natureza autárquica do Fundo, é impossível a penhora de bens de seu domínio.
c) a transferência do imóvel para o Fundo Garantidor é nula, visto que deveria ter ocorrida a prévia
desafetação do bem.
d) em face da transferência para o Fundo Garantidor, o imóvel tornou-se bem de natureza
particular, o que possibilita a sua constrição judicial para satisfação da dívida.
e) quaisquer bens pertencentes ao Estado e às entidades por ele controladas são impenhoráveis
e, portanto, o pedido de penhora deve ser negado.
Comentários
a) Incorreto. Os bens públicos não podem ser dados em garantia real (hipoteca, penhor e
anticrese), nos termos do art. 1420 do Código Civil 2002, in verbis: “Art. 1.420. Só aquele que pode
alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se podem alienar poderão ser
dados em penhor, anticrese ou hipoteca.”

b) Incorreto. O fundo garantidor tem natureza privada, nos termos do §1º do art. 16, da Lei
11074/2004, in verbis:
Art. 16. Ficam a União, seus fundos especiais, suas autarquias, suas fundações públicas
e suas empresas estatais dependentes autorizadas a participar, no limite global de R$
6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais), em Fundo Garantidor de Parcerias Público-
Privadas - FGP que terá por finalidade prestar garantia de pagamento de obrigações
pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais, distritais, estaduais ou
municipais em virtude das parcerias de que trata esta Lei. (Redação dada
pela Lei nº 12.766, de 2012)
§ 1o O FGP terá natureza privada e patrimônio próprio separado do patrimônio dos
cotistas, e será sujeito a direitos e obrigações próprios.
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§ 2o O patrimônio do Fundo será formado pelo aporte de bens e direitos realizado


pelos cotistas, por meio da integralização de cotas e pelos rendimentos obtidos com
sua administração. (grifos não constantes do original)

c) Correta. Deveria ter ocorrido primeiro a desafetação do imóvel para que se transformasse em
bem dominical, nos termos do §7º, art. 16, da Lei 11074/2004, in verbis:
Art. 16. Ficam a União, seus fundos especiais, suas autarquias, suas fundações públicas
e suas empresas estatais dependentes autorizadas a participar, no limite global de R$
6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais), em Fundo Garantidor de Parcerias Público-
Privadas - FGP que terá por finalidade prestar garantia de pagamento de obrigações
pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais, distritais, estaduais ou
municipais em virtude das parcerias de que trata esta Lei. (Redação dada
pela Lei nº 12.766, de 2012)
(...)
§ 4o A integralização das cotas poderá ser realizada em dinheiro, títulos da dívida
pública, bens imóveis dominicais, bens móveis, inclusive ações de sociedade de
economia mista federal excedentes ao necessário para manutenção de seu controle
pela União, ou outros direitos com valor patrimonial.

§ 7o O aporte de bens de uso especial ou de uso comum no FGP será condicionado a


sua desafetação de forma individualizada. (grifos não constantes do original)

d) Incorreto. Como o negócio jurídico da transferência do bem imóvel para o fundo garantidor
possui nulidade, o patrimônio continua sendo público, então sujeito a impenhorabilidade.
e) Incorreto. Os bens públicos são impenhoráveis. No caso da questão, a transferência para o
fundo garantidor não se formalizou, por conta de não ter havido anteriormente a desafetação do
bem imóvel.
Gabarito: Letra C.

34. (2016/FCC/SEGEP-MA/Procurador do Estado) Em janeiro de 1993, Maurício Quevedo passou a


residir em terreno urbano que lhe fora vendido “de boca” por outro posseiro antigo, ali
construindo sua residência, um barraco de aproximadamente setenta metros quadrados,
ocupando dois terços do terreno assim adquirido. Em janeiro deste ano, Maurício procurou
aconselhar-se com advogado, que verificou a situação dominial do terreno, constatando tratar-se
de propriedade registrada em nome do Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS. Diante de
tal situação, o referido posseiro
a) deve solicitar à Secretaria do Patrimônio da União – SPU a declaração de aforamento do imóvel,
passando a recolher o foro anual.

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b) faz jus à usucapião do terreno, visto que se trata de imóvel particular da entidade autárquica.
c) não possui direito subjetivo de permanecer no imóvel, pois o princípio da boa-fé não é oponível
ao interesse público.
d) tem o direito à concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da
posse, desde que comprove não ser proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro
imóvel urbano ou rural.
e) deve requerer ao INCRA a abertura de processo de legitimação de posse, visto tratar-se de
ocupante de terra devoluta.
Comentários
Para o caso em análise, o Sr. Maurício deverá solicitar a concessão de uso especial para fins de
moradia, nos termos do art.77(art.1º da Medida Provisória nº 2220/2001), in verbis:
Art. 77. A Medida Provisória no 2.220, de 4 de setembro de 2001, passa a vigorar com
as seguintes alterações:
“Art. 1º Aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de
imóvel público situado em área com características e finalidade urbanas, e que o utilize
para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins
de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou
concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural.

Gabarito: Letra D.

35. (2016/VUNESP/PREFEITURA DE ALUMÍNIO-SP/Procurador) As Escolas Municipais do Município


de Alumínio são
a) bens de uso especial e, no tocante ao regime jurídico, são inalienáveis enquanto estiverem
afetados.
b) bens de uso comum e, no tocante ao regime jurídico, são inalienáveis enquanto estiverem
afetados.
c) bens dominicais e, no tocante ao regime jurídico, são inalienáveis enquanto estiverem afetados.
d) bens de uso comum e, no tocante ao regime jurídico, não há qualquer restrição à sua alienação.
e) bens de uso especial e, no tocante ao regime jurídico, não há qualquer restrição à sua alienação.
Comentários
O conceito de bens públicos especiais consta no art. 99, do Código Civil 2002, in verbis:
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
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II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou


estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. (grifos não
constantes do original)
Portanto, o imóvel que abriga o prédio da Escola Municipal do município de Alumínio é
classificado como de uso especial, pois encontra-se afetado a um fim público. Assim, o gabarito é
a letra A.
Gabarito: Letra A.

36. (2016/FAFIPA/CÂMARA DE CAMBARÁ-PR/Procurador) Assinale a alternativa que possui um


exemplo de bem de uso especial, segundo entende a doutrina administrativista.
a) Praças.
b) Edifício de repartição pública.
c) Florestas.
d) Terras devolutas.
Comentários
a) Incorreto. Uma praça é um bem de uso comum do povo.
b) Correto. O conceito de bens públicos especiais consta no inciso II, art. 99, do Código Civil 2002,
in verbis:
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. (grifos não
constantes do original)

Portanto, o imóvel que abriga o edifício da repartição pública é classificado como de uso especial.
c) Incorreto. As florestas são bens de uso comum do povo.
d) Incorreto. As terras devolutas são dominicais, em regra. Para serem consideradas como de uso
especial deverão ser declaradas por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais, como se vê na lição de Maria Sylvia de Pietro, (p.849, 2018):
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São exemplos de bens de uso especial os imóveis onde estão instaladas repartições
públicas, os bens móveis utilizados pela Administração, museus, bibliotecas, veículos
oficiais, terras dos silvícolas, cemitérios públicos, aeroportos, mercados e agora, pela
nova Constituição, as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. (grifos não
constantes do original)

Gabarito: Letra B.

37. (2016/MPE-SC/MPE-SC/Promotor de Justiça) É indispensável a autorização legislativa para a extinção,


mediante alienação judicial, de condomínio indivisível que possua fração ideal constituída por bem
dominical.

( ) Certo ( ) Errado.
Comentários
Errado. É dispensável a autorização legislativa para extinção de condomínio indivisível que possua
fração dele constituída por bem dominical. Vejamos abaixo posicionamento da jurisprudência do
STJ sobre o tema:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. BEM PÚBLICO. AÇAO DE


EXTINÇAO DE CONDOMÍNIO. FRAÇAO PERTENCENTE A MUNICÍPIO.
POSSIBILIDADE. PRÉVIA AUTORIZAÇAO LEGISLATIVA. PRESCINDIBILIDADE.
1. É direito potestativo do condômino de bem imóvel indivisível promover a extinção
do condomínio mediante alienação judicial da coisa (CC/16, art. 632; CC/2002,
art. 1322; CPC, art. 1.117, II). Tal direito não fica comprometido com a aquisição, por
arrecadação de herança jacente, de parte ideal do imóvel por pessoa jurídica de
direito público.
2. Os bens públicos dominicais podem ser alienados "nos casos e na forma que a lei
prescrever"(CC de 1916, art. 66, III e 67; CC de 2002, art. 101). Mesmo sendo pessoa
jurídica de direito público a proprietária de fração ideal do bem imóvel indivisível, é
legítima a sua alienação pela forma da extinção de condomínio, por provocação de
outro condômino. Nesse caso, a autorização legislativa para a alienação da fração ideal
pertencente ao domínio público é dispensável, porque inerente ao regime da
propriedade condominial.
3. Recurso especial a que se nega provimento. (grifos não constantes do original)

Gabarito: Errado.
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38. (2016/VUNESP/CÂMARA DE MARÍLIA-SP/Procurador) Assinale a alternativa que corretamente


discorre sobre os bens públicos sob a perspectiva do direito administrativo pátrio.
a) Os bens públicos não são bens de qualquer natureza, porque na categoria de bens públicos se
inserem os bens corpóreos, como móveis, imóveis ou semoventes, excluindo-se os incorpóreos,
como créditos, direitos e ações.
b) A propósito da titularidade dos bens públicos, há uma particularidade a destacar, os titulares
não são as pessoas jurídicas públicas, e sim os órgãos que as compõem, como o Tribunal de
Justiça, a Assembleia Legislativa e o Ministério Público.
c) São bens municipais aqueles localizados em seu território e que constituam as terras devolutas
necessárias à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares e os terrenos de
marinha e seus acrescidos.
d) São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
e) Os bens dominicais são aqueles que se destinam à utilização geral pelos indivíduos, podendo
ser federais, estaduais ou municipais, neles prevalecendo o sentido de destinação pública, pela
utilização efetiva destes pelos membros da coletividade.
Comentários
a) Incorreto. No conceito de bens públicos os bens incorpóreos, como créditos, direitos e ações,
também estão acobertados.
b) Incorreto. Os órgãos públicos em geral não possuem personalidade jurídica própria, devendo
ser representados pelo Estado.
c) Incorreto. As terras devolutas e terrenos de marinha não fazem parte do território dos
municípios, nos termos dos incisos II e VII do art. 20 e inciso IV do art. 26, ambos na CF/1988, in
verbis:

Art. 20. São bens da União:


II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental,
definidas em lei;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:


IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. (grifos não constantes do
original)
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d) Correto. Nos termos do art. 98 do CC/2002, in verbis: ”São públicos os bens do domínio
nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são
particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.”
e) Incorreto. Nos termos do inciso III, art. 99, do CC 2002, in verbis:
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. (grifos não
constantes do original)
Gabarito: Letra D.

39. (2016/FCC/PREFEITURA DE SÃO LUIZ-MA/Procurador Municipal) Um Município, devidamente


autorizado pelo Legislativo local, lavrou escritura de doação de um terreno em favor do Estado
para que lá fosse construído o novo Fórum da Comarca. O Ministério Público ajuizou ação civil
pública questionando o negócio jurídico, sob o fundamento de que o terreno era originário de
área institucional de loteamento e que o Município demandava prioritariamente a construção de
uma creche ou unidade escolar.
Em relação ao ajuizamento da ação e ao exame a ser promovido pelo Judiciário,
a) a ação civil pública não seria cabível, porque foi questionada a legalidade do ato, sendo aquela
medida adequada para exame de mérito da atuação da Administração pública.
b) insere-se no âmbito do controle exercido pelo Ministério Público, que pode se valer da ação
civil pública para suprir a Administração pública na tomada de decisão que melhor atenderia ao
interesse público, não obstante ambas destinações fossem possíveis.
c) não se identifica perspectiva de procedência da ação, tendo em vista que a decisão acerca da
construção de um equipamento público insere-se em competência essencialmente discricionária
da Administração pública.
d) há de ser julgada procedente a ação civil pública, tendo em vista que houve a desafetação da
área com a doação, que assim passou a ser bem dominical.
e) inexiste fundamento para o ajuizamento da ação, que se mostra formalmente inadequada,
tendo em vista que não se trata de tutela de bens patrimoniais, mas sim discussão sobre políticas
públicas, o que não compete ao Judiciário.
Comentários

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A seguir um breve precedente do STJ sobre o tema tratado na questão:


Ementa: APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. DIREITO PÚBLICO. AÇÃO
CIVIL PÚBLICA. CONSTRUÇÃO DE PRESÍDIO. BENTO GONÇALVES. CONTROLE
JUDICIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS. OMISSÃO ESTATAL NÃO VERIFICADA.
IMPOSSIBILIDADE NO CASO CONCRETO. - Ação civil pública que visa à condenação
do Estado do Rio Grande do Sul à construção de novo presídio no Município de Bento
Gonçalves, dada a precariedade das instalações do presídio atual. - A realização das
políticas públicas é encargo do Poder Executivo, de sorte que ao Poder Judiciário é
dado intervir, ordenando a execução de políticas, somente se constatada violação a
direitos fundamentais, seja por ação ou omissão do ente responsável. A possibilidade
de exercício do controle judicial sobre as políticas públicas pressupõe a violação a
direitos fundamentais como decorrência de injusta omissão ou ação indevida do Poder
Público. - No caso dos autos, observa-se que não houve inércia injustificada do Estado
do Rio Grande do Sul porque, muito embora as tentativas de implantação de um novo
presídio em Bento Gonçalves se estendam desde 2008, foram entraves burocráticos
que fizeram com que o projeto não fosse adiante, com destaque para a ocorrência de
licitação para escolha de empresa de engenharia para a consecução das obras, cujo
resultado restou infrutífero após contendas administrativas e judiciais, inclusive com
suspensão do procedimento mediante determinação judicial, além de ações judiciais
referentes à desapropriação do local para a realização... da obra e, por fim, com o
cancelamento do repasse de verba do Fundo Penitenciário Nacional . - Ação civil
pública improcedente. APELO PROVIDO, DE PLANO. REEXAME NECESSÁRIO
PREJUDICADO. (Apelação e Reexame Necessário Nº 70064262348, Vigésima Segunda
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marilene Bonzanini, Julgado em
20/04/2015). (grifos não constantes do original)
a) Incorreto. O ato de doação ocorreu sem vícios. Porém, em vez de se construir o fórum da
comarca a prioridade se transformou para ser construída uma creche ou unidade escolar. Portanto,
os fatos apontados não justificariam a propositura de ação civil pública, uma vez que o interesse
público não deixou de ser observado, tendo ocorrido apenas uma redestinação lícita, que é
quando o bem é adquirido pelo poder público com um fim, mas que depois é dada a ele outra
finalidade, não deixando de ser de interesse público.
b) Incorreto. Não cabe ao poder judiciário intervir na gestão das políticas públicas, somente nos
casos em que se viole os direitos fundamentais, conforme jurisprudência do STJ.
c) Correto. A decisão sobre as políticas públicas é campo de competência do Poder Executivo,
cabendo a interferência do judiciário apenas em caso de lesão a direitos fundamentais, conforme
jurisprudência do STJ.
d) Incorreto. Incabível a ação civil pública, tendo em vista que não ocorreu a desafetação do bem,
por conta de a finalidade pública da destinação ter sido mantida.

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e) Incorreto. A ação civil pública é apropriada para a defesa dos direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos. No caso em análise, não houve violação desses direitos, descabendo a
propositura da ação. Além disso, a gestão das políticas públicas cabe ao executivo, podendo o
judiciário interferir quando houver violação aos direitos fundamentais.
Gabarito: Letra C.

40. (2016/CESPE/TJ-DF/Juiz de Direito) Acerca dos bens públicos, assinale a opção correta.
a) Os bens privados do Estado, que não se submetem ao regime jurídico de direito público, são
aqueles adquiridos de particulares por meio de contrato de direito privado.
b) Bens dominicais são aqueles que podem ser utilizados por todos os indivíduos nas mesmas
condições, por determinação de lei ou pela própria natureza do bem.
c) Os bens de uso especial do Estado são as coisas, móveis ou imóveis, corpóreas ou não, que a
administração utiliza para a realização de suas atividades e finalidades.
d) Os bens de uso comum não integram o patrimônio do Estado, constituindo coisas que não
pertencem ao ente público ou a qualquer particular, não sendo passíveis, portanto, de aquisição
por pessoa física ou jurídica.
e) Os bens dominicais são aqueles pertencentes ao Estado e afetados a uma finalidade específica
da administração pública.
Comentários
a) Incorreto. Os bens privados do Estado ou bens dominicais são aqueles que estão desafetados,
ou seja, sem destinação dos bens a uma finalidade. A origem deles pode ter surgido desde sempre
do próprio patrimônio público e também de bens de particulares.
b) Incorreto. O conceito se refere aos bens de uso comum do povo.
c) Correto. Os bens de uso especial são os afetados a alguma finalidade pública. Constitui-se do
patrimônio das pessoas jurídicas de direito público em que abrigam os prédios das repartições
públicas ou os bens móveis, por exemplo.
d) Incorreto. Os bens de uso comum do povo integram os bens públicos.
e) Incorreto. Os bens dominicais são aqueles que não estão mais afetados a alguma finalidade
pública.
Gabarito: Letra C.

41. (2016/TRF- 3ª REGIÃO/TRF-3ª REGIÃO/Juiz Federal) Dadas as assertivas abaixo, assinale a


alternativa correta. São bens da União:

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I – O mar territorial, entendido como uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a
partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas
de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.
II – Os recursos naturais da plataforma continental, entendida como o subsolo das áreas
submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento
natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma
distância de cento e cinquenta milhas marítimas das linhas de base, a partir das quais se mede a
largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja
essa distância.
III – Os recursos naturais da zona econômica exclusiva, entendida como uma faixa que se estende
das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir
a largura do mar territorial.
Estão corretas:
a) I, II e III;
b) I e III;
c) II e III;
d) Apenas III.
Comentários
Correto. Nos termos do art. 1º da Lei nº 8617/1993, in verbis:
Art. 1º O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas marítima de
largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como
indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.

II- Incorreto. Nos termos do art. 11 da Lei nº 8617/1993, in verbis:


Art. 11. A plataforma continental do Brasil compreende o leito e o subsolo das áreas
submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do
prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem
continental, ou até uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas de base, a
partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior
da margem continental não atinja essa distância.(grifos não constantes do original)

III- Correto. Nos termos do art. 6º da Lei nº 8617/1993, in verbis: “Art. 6º A zona econômica
exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas,
contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.”
Gabarito: Letra B.

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42. (2015/PUC-PR/PREFEITURA DE MARINGÁ-PR/Procurador) Sobre os bens públicos e seu regime


jurídico, é CORRETO afirmar:
a) Os bens de uso comum não comportam utilização remunerada.
b) Os bens de uso especial da Administração só podem ser desafetados de suas funções por meio
de ato administrativo formal.
c) Os bens dominicais podem ser usucapidos, pois são alienáveis.
d) A alienação de bens móveis inservíveis da Administração deve dar-se por meio de licitação na
modalidade de leilão.
e) A autorização para utilização privativa de bem público sem prazo determinado é ato estável,
que não pode ser revogado pela Administração, salvo nos casos de indevida utilização do bem
pelo particular.
Comentários
a) Incorreto. É admitida a onerosidade para se utilizar bens de uso comum do povo. Isso ocorre
quando o bem é utilizado para os fins de uso comum extraordinário. Segundo Maria Sylvia de
Pietro, (p.864 e 865, 2018),
O uso comum admite duas modalidades: o uso comum ordinário e o uso comum
extraordinário.
(...)
Trata-se de utilizações que não se exercem com exclusividade (não podendo, por isso,
ser consideradas privativas), mas que dependem de determinados requisitos, como o
pagamento de prestação pecuniária ou de manifestação de vontade da Administração,
expressa por meio de ato de polícia, sob a forma de licença ou de autorização. O uso é
exercido em comum (sem exclusividade), mas remunerado ou dependente de título
jurídico expedido pelo Poder Público.
(...)
Essas exigências constituem limitações ao exercício do direito de uso, impostas pela lei,
com base no poder de polícia do Estado, sem desnaturar o uso comum e sem
transformá-lo em uso privativo; uma vez cumpridas as imposições legais, ficam
afastados os obstáculos que impediam a utilização. Tem-se, nesse caso, uso comum - já
que a utilização é exercida sem o caráter de exclusividade que caracteriza o uso
privativo - porém sujeito à remuneração ou ao consentimento da Administração. Essa
modalidade é a que se denomina de uso comum extraordinário, acompanhando a
terminologia de Diogo Freitas do Amaral (1972:108).
(...)
O uso comum ordinário é aberto a todos indistintamente, sem exigência de instrumento
administrativo de outorga e sem retribuição de natureza pecuniária.
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O uso comum extraordinário está sujeito a maiores restrições impostas pelo poder de
polícia do Estado, ou porque limitado a determinada categoria de usuários, ou porque
sujeito a remuneração, ou porque dependente de outorga administrativa.

Por fim, o art. 103 do CC 2002 trata do tema da seguinte forma: ”O uso comum dos bens públicos
pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja
administração pertencerem.”
b) Incorreto. Também podem ser desafetados mediante lei ou tacitamente. A afetação de um bem
público comum ou especial pode ocorrer de forma expressa ou tácita, segundo a doutrina. Para
Maria Sylvia de Pietro (p.850,2018),
Pelos conceitos de afetação e desafetação, verifica-se que uma e outra podem ser
expressas ou tácitas. Na primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei;
na segunda, resultam de atuação direta da Administração sem manifestação expressa
de sua vontade, ou de fato da natureza. Por exemplo, a Administração pode baixar
decreto estabelecendo que determinado imóvel, integrado na categoria dos bens
dominicais, será destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
essa escola no prédio, sem qualquer declaração expressa. Em um e outro caso, o bem
está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar a categoria de bem
de uso especial. A operação inversa também pode ocorrer, mediante declaração
expressa ou pela simples desocupação do imóvel, que fica sem destinação. (grifos não
constantes do original)

c) Incorreto. Os bens públicos em geral não podem sofrer usucapião, nos termos do art. 102 do
CC 2002: “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião”. Porém, os bens dominicais podem
ser alienados, uma vez que estão desafetados de finalidade pública.
d) Correto. A modalidade de leilão comporta a venda de bens móveis inservíveis para a
administração, nos termos do §5º, inciso V, do art. 22, da Lei 8.666/93, in verbis:
Art. 22. São modalidades de licitação:
V - leilão.
§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de
bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos
ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer
o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
1994) (grifos não constantes do original)

e) Incorreto. A autorização para uso de bem público por prazo indeterminado tem natureza
precária. Já o uso com prazo tem natureza mais estável. Para Maria Sylvia de Pietro (p.866,2018):
No caso de uso privativo estável, ou seja, outorgado com prazo estabelecido, a
precariedade não existe no ato de outorga. A fixação do prazo cria para o particular
uma expectativa de estabilidade, a justificar os maiores encargos que assumirá em
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decorrência do uso consentido; frustrada, pela revogação antecipada, essa expectativa


que o poder público espontaneamente criou, tem o particular direito a compensação
de natureza pecuniária.

Gabarito: Letra D.

43. (2015/COPEVE-UFAL/PREFEITURA DE INHAPI-AL/Procurador Municipal) Dadas as afirmativas


quanto aos bens públicos,
I. São atributos fundamentais dos bens públicos a inalienabilidade, a impenhorabilidade, a
imprescritibilidade e a onerabilidade.
II. A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro de Estado da
Fazenda, não sendo permitida a subdelegação.
III. A venda de bens imóveis da União será feita mediante concorrência ou leilão, devendo ser
observadas as condições previstas no regulamento e no edital de licitação, dentre outros
requisitos.
Verifica-se que está(ão) correta(s)
a) II, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.
Comentários
I) Incorreto. Os bens públicos podem ser adquiridos ou alienados de forma onerosa ou gratuita.
As demais características estão corretas.
Para Maria Sylvia de Pietro, (p. 857, 2018),

Os bens dominicais, não estando afetados a finalidade pública específica, podem ser
alienados por meio de institutos do direito privado (compra e venda, doação, permuta)
ou do direito público (investidura, legitimação de posse e retrocessão, esta última
objeto de análise no capítulo concernente à desapropriação). (grifos não constantes do
original)
II) Incorreto. A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro da
Fazenda, sendo permitida a subdelegação, nos termos do §2º, do art. 23, da Lei 9636/1998, in
verbis:

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Art. 23. A alienação de bens imóveis da União dependerá de autorização, mediante ato
do Presidente da República, e será sempre precedida de parecer da SPU quanto à sua
oportunidade e conveniência.
§ 1o A alienação ocorrerá quando não houver interesse público, econômico ou social
em manter o imóvel no domínio da União, nem inconveniência quanto à preservação
ambiental e à defesa nacional, no desaparecimento do vínculo de propriedade.
§ 2o A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro de
Estado da Fazenda, permitida a subdelegação. (grifos não constantes do original)

III- Correto. As duas modalidades de vendas são previstas para bens imóveis, nos termos do inciso
I, art. 17, da Lei 8.666/93 (para a concorrência) e inciso III, art. 19, da Lei 8.666/93 (concorrência e
leilão), in verbis:
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de
interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração
direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
(...)
Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de
procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da
autoridade competente, observadas as seguintes regras:
I - avaliação dos bens alienáveis;
II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou
leilão. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) (grifos não constantes do
original)
Gabarito: Letra B.

44. (2015/CESPE/PREFEITURA DE SALVADOR-BA/Procurador) Assinale a opção correta


relativamente a bens públicos.
a) No caso de desapropriação cujo objetivo seja o repasse dos bens a terceiros, os bens
desapropriados manterão sua condição de bens públicos enquanto não se der a sua transferência
aos beneficiados.

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b) O uso privativo, ou uso especial privado, consiste no direito de utilização de bens públicos
outorgado pela administração tão somente para determinadas pessoas jurídicas, mediante
instrumento jurídico próprio para tal finalidade.
c) Por meio da permissão de uso, a administração permite que determinada pessoa utilize de
forma privativa um bem público, atendendo assim a interesse exclusivamente privado.
d) É inadmissível a doação de bens públicos, mesmo em caráter excepcional, dada a
indisponibilidade desses bens em nome do interesse público.
e) Quanto à destinação, os bens públicos classificam-se em bens de uso comum do povo, bens de
uso especial e bens dominicais, sendo definidos como bens de uso comum do povo aqueles que
se destinem a utilização específica pelos indivíduos.
Comentários
a) Correto. Existem várias modalidades de desapropriação em que o ato final se consagra na
transferência do bem desapropriado ao particular para que se atinja a finalidade pública.
Para Maria Sylvia de Pietro (p. 211, 2016),
Como regra, os bens desapropriados passam a integrar o Patrimônio das pessoas
jurídicas políticas que fizeram a desapropriação (União, Estados, Municípios e Distrito
Federal) ou das pessoas públicas ou privadas que desempenhem serviços públicos por
delegação do poder público.
No entanto, pode ocorrer que os bens se destinem a ser transferidos a terceiros. Isto
ocorre nos casos em que a desapropriação se faz:
1. por zona;
2. para fins de urbanização;
3. para fins de formação de distritos industriais;
4. por interesse social;
5 . para assegurar o abastecimento da população;
6. a título punitivo, quando incide sobre terras onde se cultivem plantas psicotrópicas.
(grifos não constantes do original)

Dessa forma, quando o poder público consegue ter para si o bem depois de efetivada a
desapropriação este se transforma em bem público, e enquanto não forem transferidos aos
beneficiários permanecerão com essa característica.
b) Incorreta. O uso privativo de bem público pode ser outorgado para pessoas físicas ou jurídicas,
públicas ou privadas. Para Maria Sylvia de Pietro (p.865, 2016):

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Uso privativo, que alguns denominam de uso especial, é o que a Administração Pública
confere, mediante título jurídico individual, a pessoa ou grupo de pessoas
determinadas, para que o exerçam, com exclusividade, sobre parcela de bem público.
Pode ser outorgado a pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, pois nada
impede que um ente público consinta que outro se utilize privativamente de bem
público integrado em seu patrimônio. (grifos não constantes do original)

c) Incorreto. O fim almejado pela permissão é o interesse coletivo. Segundo Maria Sylvia de Pietro
(p.869, 2018):

O que acaba de ser exposto permite ser estabelecida mais nítida comparação entre
autorização e permissão de uso. Ambas têm a natureza de ato administrativo unilateral,
discricionário e precário. Nas duas hipóteses, o uso pode ser gratuito ou oneroso, por
tempo determinado (permissão ou autorização qualificada) ou indeterminado
(permissão ou autorização simples).
Três diferenças podem ser assinaladas, em face do direito positivo brasileiro:
l. enquanto a autorização confere a faculdade de uso privativo no interesse privado do
beneficiário, a permissão implica a utilização privativa para fins de interesse coletivo;
2. dessa primeira diferença decorre outra, relativa à precariedade.
Esse traço existe em ambas as modalidades, contudo é mais acentuado na autorização,
justamente pelas finalidades de interesse individual; no caso da permissão, que é dada
por razões de predominante interesse público, é menor o contraste entre o interesse
do permissionário e o do usuário do bem público; (grifos não constantes do original)

d) Incorreto. A doação de bens dominicais é permitida. Para Maria Sylvia de Pietro, (p.857, 2018),
Os bens dominicais, não estando afetados a finalidade pública específica, podem ser
alienados por meio de institutos do direito privado (compra e venda, doação, permuta)
ou do direito público (investidura, legitimação de posse e retrocessão, este último
objeto de análise no capítulo concernente à desapropriação). (grifos não constantes do
original)

e) Incorreto. O conceito de bens públicos especiais consta no inciso II, art. 99, do Código Civil
2002, in verbis:
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

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II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou


estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. (grifos não
constantes do original)
Os bens de uso comum do povo se destinam ao uso comum ou geral. Os de uso específico são os
bens especiais.
Gabarito: Letra A.

45. (2015/CESPE/AGU/Advogado da União) Acerca dos serviços públicos e dos bens públicos, julgue
o item a seguir.
Situação hipotética: A União decidiu construir um novo prédio para a Procuradoria-Regional da
União da 2.ª Região para receber os novos advogados da União. No entanto, foi constatado que
a única área disponível, no centro do Rio de Janeiro, para a realização da referida obra estava
ocupada por uma praça pública. Assertiva: Nessa situação, não há possibilidade de desafetação
da área disponível por se tratar de um bem de uso comum do povo, razão por que a administração
deverá procurar por um bem dominical.

( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Errado. A administração pode modificar a afetação de um bem público de uso comum do povo
para de uso especial, podendo ocorrer por lei ou ato administrativo.
Para Maria Sylvia de Pietro, (p.850, 2018),

Pelos conceitos de afetação e desafetação, verifica-se que uma e outra podem ser
expressas ou tácitas. Na primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei;
na segunda, resultam de atuação direta da Administração sem manifestação expressa
de sua vontade, ou de fato da natureza. Por exemplo, a Administração pode baixar
decreto estabelecendo que determinado imóvel, integrado na categoria dos bens
dominicais, será destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
essa escola no prédio, sem qualquer declaração expressa. Em um e outro caso, o bem
está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar a categoria de bem
de uso especial. A operação inversa também pode ocorrer, mediante declaração
expressa ou pela simples desocupação do imóvel, que fica sem destinação. (grifos não
constantes do original)
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Gabarito: Errado.

46. (2015/CESPE/AGU/Advogado da União) Julgue o próximo item, referente à utilização dos bens
públicos e à desapropriação.
Se os membros de uma comunidade desejarem fechar uma rua para realizar uma festa
comemorativa do aniversário de seu bairro, será necessário obter da administração pública
uma permissão de uso.

( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Errado. O correto é solicitar a autorização de uso de bem público. Segundo José dos Santos
Carvalho Filho (p.1156 e 1157, 2012),
Autorização de uso é o ato administrativo pelo qual o Poder Público consente que
determinado indivíduo utilize bem público de modo privativo, atendendo
primordialmente a seu próprio interesse. Esse ato administrativo é unilateral, porque a
exteriorização da vontade é apenas da Administração Pública, embora o particular seja
o interessado no uso. É também discricionário, porque depende da valoração do Poder
Público sobre a conveniência e a oportunidade em conceder o consentimento. Trata-
se de ato precário: a Administração pode revogar posteriormente a autorização se
sobrevierem razões administrativas para tanto, não havendo, como regra, qualquer
direito de indenização em favor do administrado. A autorização de uso só remotamente
atende ao interesse público, até porque esse objetivo é inarredável para a
Administração. Na verdade, porém, o benefício maior do uso do bem público pertence
ao administrado que obteve a utilização privativa. Portanto, é de se considerar que na
autorização de uso é prevalente o interesse privado do autorizatário.
Como o ato é discricionário e precário, ficam resguardados os interesses
administrativos. Sendo assim, o consentimento dado pela autorização de uso não
depende de lei nem exige licitação prévia. Em outra ótica, cabe afirmar que o
administrado não tem direito subjetivo à utilização do bem público, não comportando
formular judicialmente pretensão no sentido de obrigar a Administração a consentir no
uso; os critérios de deferimento ou não do pedido de uso são exclusivamente
administrativos, calcados na conveniência e na oportunidade da Administração.
Exemplos desse tipo de ato administrativo são as autorizações de uso de terrenos
baldios, de área para estacionamento, de retirada de água de fontes não abertas ao
público, de fechamento de ruas para festas comunitárias ou para a segurança de
moradores e outros semelhantes. (grifos não constantes do original)

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Dessa forma, para se organizar uma festa de aniversário numa rua de um bairro é necessária
autorização do poder competente, pois não se trata de uma simples reunião para ser exposta
alguma manifestação (nesta não precisaria de autorização, bastando uma comunicação prévia).
Gabarito: Errado.

47. (2015/TRT-16 a REGIÃO/TRT-16ª REGIÃO/Juiz do Trabalho) Considerando as afirmações abaixo,


assinale a alternativa CORRETA:
I. Embora seja entidade pertencente à Administração Indireta, os bens das autarquias se
submetem ao regime jurídico de Direito Privado quando elas atuam na exploração de atividade
econômica.
II. Os bens patrimoniais disponíveis possuem a característica da patrimonialidade, o que enseja
sua alienabilidade dentro dos parâmetros estabelecidos em lei. Como espécie de bens
patrimoniais disponíveis temos os bens dominicais.
III. A afetação ou desafetação de bens públicos pode ocorrer de modo expresso ou tácito. Na
primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei, enquanto que, na segunda, resultam
de atuação direta da Administração, sem manifestação expressa de sua vontade, ou de fato da
natureza.
IV. Nos termos da jurisprudência do STF, os bens das empresas públicas e sociedades de economia
mista, uma vez que estejam afetados a um serviço público, são impenhoráveis.
a) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
b) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
c) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
Comentários
I- Incorreto. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público pertencente a administração
indireta, criadas por lei, para desempenho de atividades típicas de estado. Dessa forma, não atua
no campo destinado a exploração de atividades econômicas e seu patrimônio é regido pelas
normas do direito público.
II- Correto. Os bens dominicais são aqueles pertencentes ao patrimônio do ente público que se
encontram desafetados, ou seja, sem destinação pública específica, podendo ser alienados, por
exemplo.
III- Correto. Para Maria Sylvia de Pietro, (p.850, 2018),

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Pelos conceitos de afetação e desafetação, verifica-se que uma e outra podem ser
expressas ou tácitas. Na primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei;
na segunda, resultam de atuação direta da Administração sem manifestação expressa
de sua vontade, ou de fato da natureza. Por exemplo, a Administração pode baixar
decreto estabelecendo que determinado imóvel, integrado na categoria dos bens
dominicais, será destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
essa escola no prédio, sem qualquer declaração expressa. Em um e outro caso, o bem
está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar a categoria de bem
de uso especial. A operação inversa também pode ocorrer, mediante declaração
expressa ou pela simples desocupação do imóvel, que fica sem destinação. (grifos não
constantes do original)

IV- Correto. A jurisprudência do STF preceitua que os bens das empresas públicas e sociedade de
economia mista que estejam afetados a prestação de serviços públicos gozam da
impenhorabilidade.
Informativo 210 STF

Empresa Pública e Penhora de Bens


Concluído o julgamento de recursos extraordinários nos quais se discute a
impenhorabilidade dos bens, rendas e serviços da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos - ECT (v. Informativos 129, 135, 176 e 196). O Tribunal, por maioria,
entendeu que a ECT tem o direito à execução de seus débitos trabalhistas pelo regime
de precatórios por se tratar de entidade que presta serviço público. Vencidos os
Ministros Marco Aurélio e Ilmar Galvão, que declaravam a inconstitucionalidade da
expressão que assegura à ECT a "impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços",
constante do art. 12 do Decreto-lei 509/69, por entenderem que se trata de empresa
pública que explora atividade econômica, sujeita ao regime jurídico próprio das
empresas privadas (CF, art. 173, § 1º). Vencido também o Min. Sepúlveda Pertence que,
entendendo não ser aplicável à ECT o art. 100 da CF, entendia que a execução de seus
débitos deveria ser feita pelo direito comum mediante a penhora de bens não essenciais
ao serviço público e declarava a inconstitucionalidade do mencionado art. 12 do DL
509/69 apenas na parte em que prescreve a impenhorabilidade das rendas da ECT.
(grifos não constantes do original)

Gabarito: Letra C.

48. (2015/FCC/TRT-23ª REGIÃO (MT)/Juiz do Trabalho) O regime jurídico de direito público abrange
a impenhorabilidade e a imprescritibilidade dos bens públicos, o que, em relação à Administração
Direta e à Indireta, significa que

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a) a impenhorabilidade dos bens públicos não afasta a possibilidade de constrição de recursos


públicos em moeda corrente para créditos de natureza alimentar, excepcionando o regime de
execução por meio de precatórios.
b) a imprescritibilidade incide sobre os bens públicos, para impedir a aquisição por usucapião, mas
não se confunde com a imprescritibilidade do direito da Fazenda Pública propor ações de
ressarcimento do erário por atos de improbidade administrativa.
c) em razão das funções administrativas sempre visarem ao bem comum, as ações judiciais de
particulares contra a Fazenda Pública são imprescritíveis.
d) a impenhorabilidade dos bens públicos abrange o patrimônio das autarquias, empresas públicas
e sociedades de economia mista, excluído o das fundações, porque estão sujeitas a regime jurídico
de direito privado.
e) o direito da Fazenda Pública propor ações judiciais em face de pessoas jurídicas de direito
público ou privado, bem como de pessoas físicas, é imprescritível, em observância ao princípio da
indisponibilidade dos bens público.

Comentários
a) Incorreto. Em regra, os bens públicos são impenhoráveis, inclusive os relativos para satisfazer
os créditos de natureza alimentar. Em algumas exceções a essa regra, tem-se os créditos de
pequenos valores pagos por meio de Requisição de pequeno valor (RPV), nos termos a seguir da
CF 88:

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital
e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos,
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 62, de 2009). (Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários,
vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários
e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em
virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre
todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão
hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave,
ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com
preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em
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lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa
finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do
precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se
aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as
Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em
julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). (grifos não
constantes do original)

Além disso, em algumas situações o poder judiciário vem decidindo pelo sequestro de bens de
entes públicos com o fim de assegurar o acesso aos direitos da saúde, como veremos no julgado
do STJ nesse sentido:

PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SUS. CUSTEIO


DETRATAMENTO MÉDICO. MOLÉSTIA GRAVE. DIREITO À VIDA E À
SAÚDE.BLOQUEIO DE VALORES EM CONTAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. ART. 461
DOCPC. I - A Constituição Federal excepcionou da exigência do precatório os créditos
de natureza alimentícia, entre os quais incluem-se aqueles relacionados com a garantia
da manutenção da vida, como os decorrentes do fornecimento de medicamentos pelo
Estado. II - É lícito ao magistrado determinar o bloqueio de valores em contas públicas
para garantir o custeio de tratamento médico indispensável, como meio de concretizar
o princípio da dignidade da pessoa humana e do direito à vida e à saúde. Nessas
situações, a norma contida no art. 461, § 5º, do Código de Processo Civil deve ser
interpretada de acordo com esses princípios e normas constitucionais, sendo permitido,
inclusive, a mitigação da impenhorabilidade dos bens públicos. III - Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido. (grifos não constantes do original)

b) Correto. Nos termos do art.102 do CC 2002, “os bens públicos não estão sujeitos a usucapião”.
Portanto, são imprescritíveis.
Já a imprescritibilidade de ações de ressarcimento, instituto diferente do termo anterior, teve sua
tese alterada por conta de julgamento do STF em agosto/2018, a seguir exposto

Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 897 da repercussão geral, deu
parcial provimento ao recurso para afastar a prescrição da sanção de ressarcimento e
determinar o retorno dos autos ao tribunal recorrido para que, superada a preliminar
de mérito pela imprescritibilidade das ações de ressarcimento por improbidade
administrativa, aprecie o mérito apenas quanto à pretensão de ressarcimento. Vencidos
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os Ministros Alexandre do Moraes (Relator), Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar


Mendes e Marco Aurélio. Em seguida, o Tribunal fixou a seguinte tese: “São
imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso
tipificado na Lei de Improbidade Administrativa”, vencido o Ministro Marco Aurélio.
Redigirá o acórdão o Ministro Edson Fachin. Nesta assentada, reajustaram seus votos,
para acompanhar a divergência aberta pelo Ministro Edson Fachin, os Ministros Luiz Fux
e Roberto Barroso. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário,
8.8.2018. (grifos não constantes do original)

Em resumo, a imprescritibilidade de uso dos bens públicos é instituto diferente da


imprescritibilidade para proposituras de ações de ressarcimento.
c) Incorreto. As ações de particulares contra a fazenda pública possuem prazo prescricional de 5
anos, conforme entendimento firmado pelo STJ, nos termos seguintes:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA


(ARTIGO 543-C DO CPC). RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO
INDENIZATÓRIA. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL (ART. 1º DO
DECRETO20.910/32) X PRAZO TRIENAL (ART. 206, § 3º, V, DO CC). PREVALÊNCIADA
LEI ESPECIAL. ORIENTAÇÃO PACIFICADA NO ÂMBITO DO STJ. RECURSO ESPECIAL
NÃO PROVIDO.

1. A controvérsia do presente recurso especial, submetido à sistemática do art. 543-C


do CPC e da Res. STJ n 8/2008, está limitada ao prazo prescricional em ação
indenizatória ajuizada contra a Fazenda Pública, em face da aparente antinomia do
prazo trienal (art. 206, § 3º, V, do Código Civil) e o prazo quinquenal (art. 1º do Decreto
20.910/32).

2. O tema analisado no presente caso não estava pacificado, visto que o prazo
prescricional nas ações indenizatórias contra aFazenda Pública era defendido de
maneira antagônica nos âmbitos doutrinário e jurisprudencial. Efetivamente, as Turmas
de Direito Público desta Corte Superior divergiam sobre o tema, pois existem julgados
de ambos os órgãos julgadores no sentido da aplicação do prazo prescricional trienal
previsto no Código Civil de 2002 nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda
Pública. Nesse sentido, o seguintes precedentes: REsp 1.238.260/PB, 2ª Turma, Rel.Min.
Mauro Campbell Marques, DJe de 5.5.2011; REsp 1.217.933/RS, 2ªTurma, Rel. Min.
Herman Benjamin, DJe de 25.4.2011; REsp1.182.973/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro
Meira, DJe de 10.2.2011;REsp 1.066.063/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe
de17.11.2008; EREspsim 1.066.063/RS, 1ª Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de
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22/10/2009). A tese do prazo prescricional trienal também é defendida no âmbito


doutrinário, dentre outros renomados doutrinadores: José dos Santos Carvalho Filho
("Manual de Direito Administrativo", 24ª Ed., Rio de Janeiro: Editora Lumen Júris, 2011,
págs. 529/530) e Leonardo José Carneiro da Cunha ("A Fazenda Pública em Juízo", 8ª
ed, São Paulo: Dialética, 2010, págs. 88/90).

3. Entretanto, não obstante os judiciosos entendimentos apontados, o atual e


consolidado entendimento deste Tribunal Superior sobre o tema é no sentido da
aplicação do prazo prescricional quinquenal -previsto do Decreto 20.910/32 - nas ações
indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo trienal
contido do Código Civil de 2002.4. O principal fundamento que autoriza tal afirmação
decorre da natureza especial do Decreto 20.910/32, que regula a prescrição, seja qual
for a sua natureza, das pretensões formuladas contra a Fazenda Pública, ao contrário
da disposição prevista no Código Civil, norma geral que regula o tema de maneira
genérica, a qual não altera o caráter especial da legislação, muito menos é capaz de
determinar a sua revogação. Sobre o tema: Rui Stoco ("Tratado de Responsabilidade
Civil". Editora Revista dos Tribunais, 7ª Ed. – São Paulo, 2007; págs. 207/208) e Lucas
Rocha Furtado ("Curso de Direito Administrativo". Editora Fórum, 2ª Ed. - Belo
Horizonte, 2010; pág.1042).5. A previsão contida no art. 10 do Decreto 20.910/32, por
si só, não autoriza a afirmação de que o prazo prescricional nas ações indenizatórias
contra a Fazenda Pública foi reduzido pelo Código Civil de 2002, a qual deve ser
interpretada pelos critérios histórico e hermenêutico. Nesse sentido: Marçal Justen
Filho ("Curso de Direito Administrativo". Editora Saraiva, 5ª Ed. - São Paulo,2010; págs.
1.296/1.299).6. Sobre o tema, os recentes julgados desta Corte Superior: AgRg no
AREsp 69.696/SE, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de21.8.2012; AgRg nos
EREsp 1.200.764/AC, 1ª Seção, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 6.6.2012; AgRg
no REsp 1.195.013/AP, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.5.2012;
REsp1.236.599/RR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 21.5.2012;AgRg no AREsp
131.894/GO, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJede 26.4.2012; AgRg no AREsp
34.053/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 21.5.2012; AgRg no
AREsp 36.517/RJ, 2ªTurma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 23.2.2012;
EREsp1.081.885/RR, 1ª Seção, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJe de1º.2.2011.7. No
caso concreto, a Corte a quo, ao julgar recurso contra sentença que reconheceu prazo
trienal em ação indenizatória ajuíza da por particular em face do Município,
corretamente reformou a sentença para aplicar a prescrição quinquenal prevista no
Decreto20.910/32, em manifesta sintonia com o entendimento desta Corte Superior
sobre o tema.8. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do artigo
543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.

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d) Incorreto. A impenhorabilidade atinge também as fundações públicas de direito público quanto


de direito privado. Diferentemente seria o caso das fundações privadas, regidas inteiramente pelo
direito privado.
e) Incorreto. O prazo de a fazenda pública propor ações judiciais face às pessoas jurídicas de
direito público e privado e pessoas físicas prescreve em 5 anos, nos termos do art. 1º do Decreto
20.910/1932, in verbis: ”Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim
todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua
natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. ”

Gabarito: Letra B.

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12. RESUMO

1. Domínio Eminente: quando se pretende fazer referência ao poder político que permite ao Estado, de forma
geral, submeter à sua vontade todos os bens situados em seu território, emprega-se esta expressão.

BENS
PÚBLICOS

DOMÍNIO
EMINENTE

BENS NÃO
SUJEITOS
AO REGIME BENS
NORMAL DA PRIVADOS
PROPRIEDA
DE

2.

Classificação legal de bens públicos:

Os de uso comum do povo: tais como rios, mares, estradas, ruas e praças.

Os de uso especial: tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou


estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias.

Os dominicais: que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,


como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

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3. Bens Públicos: são os que pertencem às pessoas jurídicas de direito público interno. Características dos
bens públicos:

 alienabilidade condicionada
 impenhorabilidade
 imprescritibilidade
 não-onerabilidade

4. Também são bens públicos os pertencentes às autarquias, fundações públicas e empresas estatais.

5.

BENS PÚBLICOS SÃO...

...todos aqueles que pertencem às pessoas jurídicas de Direito


José dos Santos Carvalho Filho Público, ou seja, União, Distrito Federal, Municípios, Autarquias e
Fundações Públicas.

... são todos os bens que pertencem às pessoas jurídicas de Direito


Público, isto é, União, Estados, Distrito Federal, Municípios,
respectivas autarquias e fundações de Direito Público (estas últimas,
Celso Antônio Bandeira de Mello
aliás, não passam de autarquias designadas pela base estrutural que
possuem), bem como os que, embora não pertencentes a tais
pessoas, estejam afetados à prestação de um serviço público.

... em sentido menos amplo, utilizado na referida classificação do


direito francês, designa os bens afetados a um fim público, os quais,
Maria Sylvia Zanella Di Pietro
no direito brasileiro, compreendem os de uso comum do povo e os de
uso especial.

... em sentido amplo, são todas as coisas, corpóreas e incorpóreas,


imóveis, móveis e semoventes, créditos, direitos e ações, que
Segundo Hely Lopes Meirelles
pertençam, a qualquer título, às entidades estatais, autárquicas,
fundacionais e empresas governamentais.

6. Classificação dos bens públicos segundo Hely Lopes Meirelles:

1ª Classificação: conforme a entidade política a que pertençam ou o serviço autárquico, fundacional ou


paraestatal a que se vinculem.

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Bens públicos federais

Bens públicos estaduais

Bens públicos municipais

2ª Classificação: conforme relações de domínio e sua vinculação a um fim administrativo

Bens de uso comum do povo ou do domínio público: como exemplifica a própria lei, são os mares, praias,
rios, estradas, ruas e praças. Enfim, todos os locais abertos à utilização pública adquirem esse caráter de
comunidade, de uso coletivo, de fruição própria do povo. "Sob esse aspecto - acentua Cime Lima - pode o
domínio público definir-se como a forma mais completa da participação de um bem na atividade de
Administração Pública. São os bens de uso comum, ou do domínio público, o serviço mesmo prestado pela
Administração ao público, assim como as estradas, as ruas e praças".

Bens de uso especial ou do patrimônio administrativo: são os que se destinam especialmente à execução
dos serviços públicos e, por isso mesmo, são considerados instrumentos desses serviços; não 'integram
propriamente a Administração, mas constituem o· aparelhamento administrativo, tais como os edifícios
das repartições públicas, os terrenos aplicados aos serviços públicos, os veículos da Administração, os
matadouros, os mercados e outras serventias que o Estado põe à disposição do público, mas com
destinação especial. Tais bens, como têm uma finalidade pública permanente, são também chamados
bens patrimoniais indisponíveis.

Bens dominiais ou do patrimônio disponível: são aqueles que, embora integrando o domínio público como
os demais, deles diferem pela possibilidade sempre presente de serem utilizados em qualquer fim ou,
mesmo, alienados pela Administração, se assim o desejar. Daí por que recebem também a denominação
de bens patrimoniais disponíveis ou de bens do patrimônio fiscal. Tais bens integram o patrimônio do
Estado como objeto de direito pessoal ou real, isto é, sobre eles a Administração exerce "poderes de
proprietário, segundo os preceitos de Direitos Constitucional e Administrativo", na autorizada expressão
de Clóvis Beviláqua.

7. Classificação dos bens públicos segundo Celso Antônio Bandeira de Melo:

1ª Classificação: conforme a sua destinação

Bem de uso comum: são os destinados ao uso indistinto de todos, como os mares, ruas, estradas, praças
etc.

Bem de uso especial: são os afetados a um serviço ou estabelecimento público, como as repartições
públicas, isto é, locais onde se realiza a atividade pública ou onde está à disposição dos administrados um
serviço público, como teatros, universidades, museus e outros abertos à visitação pública.

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Bens dominicais, também chamados dominiais: são os próprios do Estado como objeto de direito real, não
aplicados nem ao uso comum, nem ao uso especial, tais os terrenos ou terras em geral, sobre os quais tem
senhoria, à moda de qualquer proprietário, ou que, do mesmo modo, lhe assistam em conta de direito
pessoal. O parágrafo único do citado artigo pretendeu dizer que serão considerados dominicais os bens
das pessoas da Administração indireta que tenham estrutura de direito privado, salvo se a lei dispuser em
contrário.

2ª Classificação: conforme a sua natureza física

Bens do domínio hídrico: São bens do domínio hídrico as águas salgadas e doces, compreendendo o mar
territorial e as águas correntes e dormentes qualificáveis como públicas, na conformidade dos
esclarecimentos seguintes. Eles compreendem:

a) águas correntes (mar, rios, riachos etc.):

Mar territorial: bem público de uso comum, é a faixa de 12 milhas marítimas de largura, contadas a partir
da linha do baixa-mar do litoral continental e insular do País (art. 1º da Lei 8.617, de 4.1.93).

São bens públicos tanto as águas correntes (rios, riachos, canais) e dormentes (lagos, lagoas e
reservatórios executados pelo Poder Público) navegáveis ou flutuáveis bem como as correntes de que se
façam estas águas, quando as nascentes forem de tal modo consideráveis que, por si sós, constituam o
caput fluminis, como ainda os braços das correntes públicas, desde que influam na navegabilidade ou
flutuabilidade delas (art. 2º do Código de Águas — Decreto 24.643, de 10.7.34, época em que o Executivo
legislava por decretos), e mais as águas situadas nas zonas periodicamente assoladas pelas secas, nos
termos e forma que legislação especial dispuser sobre elas (art. 5º). Tais bens se categorizam como bens
públicos de uso comum.

Entretanto, os lagos e lagoas situados e cercados por um só prédio particular e que não forem alimentados
por correntes públicas não são bens públicos (§ 3º do art. 2º).

São também águas públicas, mas já agora como bens públicos dominicais, quaisquer águas que, não
respondendo às características indicadas, estejam, contudo, sitas em terras públicas (art. 6º).
Rios públicos, portanto, são, além dos situados em terrenos públicos, os navegáveis ou flutuáveis, os de
que estes se façam e os que lhes determinem a navegabilidade ou flutuabilidade.

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Os rios públicos serão federais quando situados em terras federais ou quando banhem mais de um Estado,
ou quando sirvam de limite com outros países ou quando se estendam ou provenham de território
estrangeiro (art. 2º, III, da Constituição). Os demais rios públicos são estaduais (art. 2 6 ,1, da Constituição).

b) águas dormentes (lagos, lagoas, açudes): Lagos e lagoas públicos, conforme visto, são os situados em
terras públicas ou os que sejam navegáveis ou flutuáveis, ressalvados, neste caso, os situados e cercados
por um só prédio particular que não sejam alimentados por correntes públicas.

Os lagos e lagoas públicos serão federais quando situados em terras federais, ou quando banhem mais de
um Estado ou sirvam de limite com território estrangeiro (art. 20, III, da Constituição). Serão estaduais nos
demais casos (art. 2 6 ,1, da Constituição).

c) potenciais de energia hidráulica: são bens públicos pertencentes à União, por força do art. 20, VIII, da
Constituição.

Bens do domínio terrestre: Dentre os bens do domínio terrestre do solo convém distinguir e referir as
terras devolutas, os terrenos de marinha, os terrenos marginais (ou ribeirinhos), os terrenos acrescidos e
as ilhas. Além destes bens há outros, arrolados no art. 20 como bens da União: sítios arqueológicos e pré-
históricos, terras tradicionalmente ocupadas pelos índios (os quais terão sobre elas posse permanente,
conforme o art. 231, § l 2, da Constituição), recursos minerais, inclusive do subsolo, e também alguns bens
subterrâneos, como as cavidades naturais subterrâneas, e submarinos, caso dos recursos naturais da
plataforma continental e da zona de exploração exclusiva. Eles compreendem:
a) do solo:
b) do subsolo:

8. Afetação: refere-se à utilização do bem público e está correlacionada à caracterização dele como
alienável ou inalienável. Veja:

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AFETAÇÃO X DESAFETAÇÃO

AFETAÇÃO: não permite que o bem público DESAFETAÇÃO: pode ser formal ou tácita.
seja alienado. Os bens dominicais são sempre Desafetação tácita se dá através de um fato
não afetados. A afetação ao uso comum natural ou de um fato administrativo, como,
tanto pode provir do destino natural do bem, por exemplo, o abandono de um prédio. Já a
como ocorre com os mares, rios, ruas, desafetação formal consiste na declaração,
estradas, praças, quanto por lei ou por ato feita pelo Poder Público, de que o bem não
administrativo que determine a aplicação de tem destinação pública. Pode ser feita através
um bem dominical ou de uso especial ao uso de procedimento administrativo ou pelo
público. Legislativo, sendo muito comum com
automóvel público. A desafetação permite a
alienação do bem público.

9. Os bens públicos adquirem-se pelas mesmas formas previstas no Direito Privado (compra, permuta,
doação ou dação em pagamento) ou compulsoriamente, através de desapropriação e adjudicação em
execução de sentença, e ainda através de usucapião em favor do Poder Público.

AQUISIÇÃO DE BEM

Bens Imóveis: de um modo geral a aquisição Bens Móveis: quanto aos bens móveis
onerosa de bens imóveis depende de (1) (destinados ao serviço público), sua aquisição
prévia autorização legal, (2) avaliação e (3) dispensa autorização legal, mas depende de
licitação, podendo esta ser dispensada (1) licitação, na modalidade adequada ao
quando o bem escolhido for o único que contrato (concorrência, tomada de preços ou
convenha à Administração. Os bens imóveis convite). Há, ainda, a licitação por leilão.
de uso especial e os dominiais são sujeitos à
registro imobiliário; os de uso comum do
povo, não, enquanto mantiverem essa
destinação.

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Formas de aquisição de bens públicos


:
Relações contratuais (Contratos de Direito Privado): compra e venda, permuta,
dação em pagamento e resgate no contrato de aforamento

Usucapião: Não é possível usucapir terrenos públicos, mas o Poder Público pode
usucapir terrenos particulares.

Desapropriação (intervenção do Estado na propriedade): forma de aquisição


originária da propriedade para atender interesses sociais, necessidades ou
utilidades públicas.

Acessão natural: formação de ilhas, aluvião (acréscimos ao longo das margens),


avulsão (destacamento de um prédio para se juntar a outro), abandono de álveo
(mudança de curso de rio – surgimento de área nova) e construção de obras ou
plantações.

Direito hereditário (Aquisição causa mortis): Como manifestação de última vontade


do de cujus (testamento). Ou por não possuir herdeiros ou sucessores – herança
vacante/jacente. Ausência de sucessores ou sua renúncia.

Arrematação: PJs de Direito Público podem participar de leilões.

Adjudicação: Direito do credor de adquirir bens penhorados oferecendo preço não


inferior ao fixado na avaliação.
Aquisição decorrente da lei rrematação: exemplo - nos loteamentos, mesmo
particulares, as ruas, praças, avenidas, etc, automaticamente passam a integrar o
patrimônio público.
Pena de perdimento dos bens: Bens apreendidos em atividades ilícitas são perdidos
em favor do Estado.

Abandono de bens: Quando os bens estão abandonados, são recolhidos pelo


Estado. Passado um período, passam à titularidade pública.

Resgate na enfiteuse: Para terrenos de marinha (situados em uma distância até 33m
do mar), cujo domínio real é da União. É o resgate do domínio útil.
10.

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11. Diagramação25:

25
As imagens recortadas constantes no resumo são do livro do professor Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de
Direito Administrativo, 27ª edição, páginas 926 a 929.
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Requisitos para alienação dos bens públicos


:

Lei nº 8.666/93, art. 17: desafetação; declaração de interesse público (motivação do


ato); avaliação prévia; autorização legislativa específica em caso de bens imóveis;
licitação para imóveis, modalidade: Concorrência para imóveis em geral; Leilão
quando o imóvel for adquirido por dação em pagamento ou decisão judicial;
Verificar mais exceções no art 17. I; licitação para móveis, modalidade: Leilão para
móveis até R$650.000,00; Concorrência para móveis acima de R$650.000,00;
Verificar mais exceções no art 17. II;

Lei nº 8.666/93, art. 19: os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja
==9e9ee==

derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser


alienados por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras:
I – avaliação dos bens alienáveis;
II – comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
III – adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão.

CF/88, art. 188: a destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a
política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.

CF/88, art. 188, § 1º: a alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas
com área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda
que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.

CF/88, art. 188, § 2º: excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou


as concessões de terras públicas para fins de reforma agrária.

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12.

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Principais mecanismos para utilização de bens públicos por particulares


:

Autorização de uso: é o ato administrativo unilateral, discricionário e precário


através do qual se transfere o uso do bem público para particulares por um
período de curta duração. O desfazimento de um ato precário NÃO gera
indenização. Interesse predominante do particular. Não há licitação. Sem prazo
(regra).

Permissão de uso: é o ato administrativo unilateral, discricionário e precário


através do qual se transfere o uso do bem público para particulares por um
período maior que o previsto para a autorização. Interesse predominante público.
Há licitação prévia. Sem prazo (regra).

Concessão de uso (contrato): É contrato administrativo. Não é precária porque


possui prazo determinado. Não pode haver rescisão unilateral sem indenização.
Há licitação prévia.

Concessão de direito real de uso: são concessões especiais. Transferem ao


particular um direito real de uso. Hipóteses:
Para fins de moradia: regras que autorizam a regularização de áreas urbanas
invadidas (MP 2.220/01)
Para regulação fundiária: regras que autorizam a regularização de áreas rurais
invadidas.
Para industrialização/urbanização de áreas: faz a concessão para uma empresa
se instalar em uma área de interesse público.
Para preservação da Amazônia legal: concede um terreno público ao particular,
que pode usar parte e fica responsável pela proteção do restante.

Enfiteuse ou aforamento: segundo o Ato das Disposições Constitucionais


Transitórias ADCT, art. 49, §3°: É um direito real previsto apenas no CC/1961. O
Código Civil/2002 não traz mais revisão de enfiteuse e estabelece regras
próprias para as existentes. Para os imóveis públicos, possui regramento
específico e plenamente em vigor Decreto-lei 9.760/46. É um desmembramento
da sociedade.

16.
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Características dos bens públicos:

Inalienabilidade ou alienabilidade nos termos da lei, característica, esta, expressamente referida no art.
100 do Código Civil. Os de uso comum ou especial não são alienáveis enquanto conservarem tal
qualificação, isto é, enquanto estiverem afetados a tais destinos. Só podem sê-lo (sempre nos termos da
lei) ao serem desafetados, passando à categoria dos dominiais. O fato de um bem estar na categoria de
dominical não significa, entretanto, que só por isto seja alienável ao alvedrio da Administração, pois o
Código Civil, no artigo 101, dispõe que: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas
as exigências da lei”. Independentemente do que dispõe o Código Civil, o simples princípio da
subordinação da Administração à lei (princípio da legalidade) já serviria de fundamento para tal
característica dos bens pertencentes às pessoas de Direito Público. Daí que, mesmo que se entenda que o
Código Civil não poderia legislar sobre matéria administrativa estadual ou municipal (como efetivamente
não pode), também os bens estaduais ou municipais estão submissos ao aludido regime. Anote-se, ainda
que a alienação de terras públicas com área superior a 2.500 hectares depende de prévia aprovação do
Congresso Nacional, manifestada por decreto legislativo, conforme arts. 49, XV, e 188, § 1º, da
Constituição.

Impenhorabilidade: bens públicos não podem ser penhorados. Isto é uma consequência do disposto no
art. 100 da Constituição. Com efeito, de acordo com ele, há uma forma específica para satisfação de
créditos contra o Poder Público inadimplente. Assim, bem se vê que também não podem ser gravados com
direitos reais de garantia, pois seria inconsequente qualquer oneração com tal fim.

Imprescritibilidade: quer-se com esta expressão significar que os bens públicos — sejam de que categoria
forem — não são suscetíveis de usucapião. É o que estabelecem os arts. 102 do Código Civil e 200 do
Decreto-lei 9.760, de 5.9.46, que regula o domínio público federal. Antes dele, já a tradição normativa,
desde o Brasil-Colônia, repelia a usucapião de terras públicas, embora alguns insistissem em questionar
este tópico. A primeira lei de terras do Brasil independente, Lei 601, de 18.9.1850, e seu regulamento, n.
1.318, de 1854, impunham tal intelecção e os Decretos federais 19.924, de 27.4.31, 22,785, de 31.5.33, e
710, de 17.9.38, também espancavam qualquer dúvida sobre isto. Hoje, a matéria está plenamente
pacificada (Súmula 340 do STF). Ademais, a Constituição vigente é expressa, em seus arts. 183, § 3º e 191,
parágrafo único, ao dispor que “os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião”. Assim, as normas
sobre a usucapião pro labore, previstas no art. 191, caput, não podem ser invocadas em relação a bens
públicos. No passado, podiam. É que os textos constitucionais anteriores que previam tal modalidade de
usucapião não mencionavam a imprescritibilidade dos imóveis públicos. Era cabível, pois, entender que
prevaleciam sobre a proteção que lhes era dada pela legislação ordinária. Hoje isto não é mais possível,
ante a clareza do precitado parágrafo único do art. 191. A usucapião pro labore assim se configura, nos
termos do art. 191, caput: “Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
seu, por 5 (cinco) anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a 50
(cinquenta) hectares, tomando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade”.

17.

Características dos bens públicos:

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Imprescritibilidade: imprescritibilidade dos bens públicos decorre como consequência lógica de sua
inalienabilidade originária. E é fácil demonstrar a assertiva: se os bens públicos são originariamente
inalienáveis, segue-se que ninguém os pode adquirir enquanto guardar essa condição. Daí não ser possível
a invocação de usucapião sobre eles. E princípio jurídico, de aceitação universal, que não há direito contra
Direito, ou, por outras palavras, não se adquire direito em desconformidade com o Direito.

lmpenhorabilidade: impenhorabilidade dos bens públicos decorre de preceito constitucional que dispõe
sobre a forma pela qual serão executadas as sentenças judiciárias contra a Fazenda Pública, sem permitir
a penhora de seus bens. Admite, entretanto, o sequestro da quantia necessária à satisfação do débito,
desde que ocorram certas condições processuais (CF, art. 100).

Não oneração: impossibilidade de oneração dos bens públicos (das entidades estatais, autárquicas e
fundacionais). Parece-nos questão indiscutível, diante da sua inalienabilidade e impenhorabilidade.
Penhor, anticrese e hipoteca são, por definição legal, direitos reais de garantia sobre coisa alheia (CC, art.
1.419). Como tais, tipificam-se pelo poder de sequela, isto é, de acompanhar a coisa em todas as suas
mutações, mantendo-a como garantia da execução. No dizer de Clóvis, "o que caracteriza esta classe de
direitos reais é a íntima conexão em que se acham com as obrigações cujo cumprimento asseguram. É por
vincularem a coisa, diretamente, à ação do credor, para a satisfação de seu crédito, que lhes cabe,
adequadamente, a denominação de direitos reais de garantia".
O mesmo diz a lei civil: "Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia
fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação" (CC, art. 1.419).E no artigo seguinte a lei
esclarece: "Só aquele que pode alienar poderá empelhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se
podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca" (CC, art. 1.420). Por essa
conceituação, ficam afastados, desde logo, os bens de uso comum do povo e os de uso especial, que são,
por natureza, inalienáveis.

18.

DEFINIÇÃO DAS ESPÉCIES DE BENS PÚBLICOS...

“...são todas aquelas que, pertencentes ao domínio público de qualquer das


entidades estatais, não se acham utilizadas pelo Poder Público, nem destinadas a
fins administrativos específicos. São bens públicos patrimoniais ainda não
utilizados pelos respectivos proprietários”.

Terras Devolutas
Observação: as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental pertencem à União (CF, art. 20, II). As demais pertencem
aos estados-membros (CF, art. 26, IV). Nesse sentido, enquadram-se como bens
dominicais, já não são utilizadas para quaisquer finalidades específicas.

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“...todos os que, banhados pelas águas do mar ou dos rios navegáveis, em sua foz,
vão até a distância de 33 metros para a parte das terras, contados desde o ponto
em que chega o premar médio" (Aviso Imperial de 12.7.1833).
Terreno de Marinha

Observação: Os terrenos de marinha pertencem à União, por imperativos de


defesa e de segurança nacional (CF, art. 20, VII).

“...são as porções do território nacional necessárias à sobrevivência física e cultural


das populações indígenas que as habitam (CF, art. 231, § 1º). Realmente, este
dispositivo assegura aos índios a posse permanente das terras por eles habitadas
e o usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades nelas
existentes (art. 231, § 2º). Constituindo bens públicos da União com destinação
específica, as terras ocupadas pelos índios são inalienáveis e indisponíveis, e os
Terras Indígenas direitos
sobre elas, imprescritíveis (art. 231, § 4º), sendo demarcáveis
administrativamente, nos termos do Dec. 1.775, de 8.1.96.

Observação: São bens pertencentes à União (CF, art. 20, XI), e, por possuírem
destinação específica, são classificados como bens de uso especial.

“...é a área de até 150 km de largura, que corre paralelamente à linha terrestre
Faixas de fronteiras demarcatória da divisa entre o território nacional e países estrangeiros,
considerada fundamental para a defesa do território nacional (CF, art. 20, § 2º).

“...Constituição vigente estabelece que: Art. 176. As jazidas, em lavra ou


não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem
propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e
pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da
lavra.
"§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos
potenciais a que se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados
mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por
brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua
Jazidas
sede e administração no País, na forma da lei; que estabelecerá as condições
específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira
ou terras indígenas (redação dada pela EC 6, de 15.8.95).
"§ 2º É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados
da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei.
"§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as
autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou
transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente:
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"§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial


de energia renovável de capacidade reduzida."

“...o Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei 7.565, de 19.12.86) reafirmou que: "O
Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu
território e mar territorial" (art. 11); e tratou em onze títulos e trezentos e vinte e
quatro artigos de toda a problemática do uso do espaço aéreo e de suas limitações,
da infraestrutura aeronáutica, das aeronaves, da tripulação, dos serviços aéreos,
Espaço Aéreo do contrato de transporte aéreo, da responsabilidade civil, das infrações e
providências administrativas e dos prazos extintivos, revogando e substituindo
toda a legislação pertinente anterior. É, assim, o mais completo e atualizado
conjunto de normas legais
sobre o espaço aéreo e sua utilização pela Aeronáutica.

19.

20. Modalidades de Tombamento para Di Pietro:

1ª Modalidade: quanto à constituição ou procedimento

De ofício: se processa mediante simples notificação à entidade a quem pertencer ou sob cuja guarda
estiver a coisa tombada.

Voluntário: o proprietário pedir o tombamento e a coisa se revestir dos requisitos necessários para
constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional, a juízo do órgão técnico
competente;

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Compulsório: o proprietário anuir, por escrito, à notificação que se lhe fizer para a inscrição da coisa em
qualquer dos Livros do Tombo. 0 tombamento compulsório é feito por iniciativa do poder público, mesmo
contra a vontade do proprietário.

2ª Modalidade: quanto à eficácia

Provisório: que ocorre com a notificação do proprietário, produz os mesmos efeitos que o definitivo, salvo
quanto à transcrição no Registro de Imóveis, somente exigível para o tombamento definitivo.

Definitivo: se dá com a transcrição do ato no Cartório de Registro de Imóveis

3ª Modalidade: quanto aos destinatários

Geral: que atinge todos os bens situados em um bairro ou uma cidade.

Individual: que atinge um bem determinado.

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13. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caríssimo(a), finalizamos aqui essa nossa aula de hoje.

Qualquer dúvida, seja na teoria ou na resolução dos exercícios, entre em contato comigo por meio do Fórum
de Dúvidas.
Estou à sua disposição para aclarar ou aprofundar qualquer tema.
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Wagner Damazio

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Direito Administrativo p/ PC-SP (Delegado) - Com videoaulas - 2020 148


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