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Autor:
Wagner Damazio
Aula 08
30 de Março de 2020
649710
Sumário
Introdução ......................................................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO
Caríssimo(a)! Vamos dar continuidade, aqui no Estratégia Concursos, ao Curso de Direito Administrativo com
teoria e exercícios resolvidos e comentados para o concurso de ingresso à carreira de Delegado da Polícia Civil de São
Paulo.
Veremos nesta aula os principais aspectos dos bens públicos.
Havendo dificuldade na compreensão da teoria ou na resolução dos exercícios expostos nesta aula ou em
qualquer outra, não deixe de entrar em contato comigo pelo fórum de dúvidas!
Repito que estou sempre atento ao fórum de dúvidas para, de forma célere, buscar uma maneira de
reescrever o conteúdo ou aclarar a explicação anteriormente oferecida para que você alcance a sua
meta de aprendizagem.
Frise-se que o nosso objetivo precípuo é a sua aprovação e para isso me dedicarei ao máximo para atendê-
lo e auxiliá-lo nessa caminhada.
Além disso, para ficar por dentro das notícias do mundo dos concursos públicos, recomendo que você siga
o perfil do Estratégia Carreira Jurídica e do Estratégia Concursos nas mídias sociais! Você também poderá
seguir meu perfil no Instagram. Por meio dele eu busco não só transmitir notícias de eventos do Estratégia
e de fatos relativos aos concursos em geral, mas também compartilhar questões comentadas de
concursos específicos que o ajudará em sua preparação!
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2) Como o conceito de bens públicos se aplica às pessoas jurídicas de direito privado integrantes da
administração pública?
5) Caracterize cada item classificatório dos bens públicos quanto à sua destinação.
16) Quais os tipos de mecanismos que outorgam o uso de bens públicos por particulares?
17) A utilização de bens de uso comum por terceiros depende de qual tipo de outorga?
18) Quais os principais pontos para utilização de bens comuns de uso especial por particular que devem ser
observados?
19) Quais hipóteses podemos considerar como uso especial do bem público comum?
22) O que é concessão de uso por contrato de uso de bens públicos por particulares?
23) O que é concessão de direito real de uso de bens públicos por particulares?
27) O que podemos compreender sobre inalienabilidade ou alienabilidade como uma das características
dos bens públicos?
30) Discorra sobre a não oneração e sua relação com as características dos bens públicos.
47) O que é domínio eminente e qual sua relação com o domínio patrimonial?
50) A afetação de bem a uso comum dependerá de avaliação prévia, assim como de autorização legislativa
ou decreto?
51) Qual a classificação de terras devolutas declaradas por lei indispensáveis à proteção de um relevante
ecossistema local?
52) Existe a possibilidade de o Poder Público adquirir bem de particular por usucapião?
54) Os bens dominicais e os bens públicos de uso comum só podem ser outorgados a particulares por meio
de autorização e concessão?
55) A função social da propriedade deve ser compreendida em sua totalidade a todos os bens públicos?
56) Realizar uma festa de carnaval em uma praça pública da cidade necessita de autorização?
57) Os bens das empresas públicas e sociedades de economia mista, uma vez que estejam afetados a um
serviço público, são impenhoráveis?
Se você não tem certeza de uma ou algumas das respostas a esses questionamentos, fique atento que esses
temas estarão ao longo da aula de hoje!
De acordo com a doutrina de José dos Santos Carvalho Filho1, a expressão domínio público pode ser aplicada
por meio de duas acepções, podendo ser dado ora com “enfoque voltado para o Estado, ora sendo
considerada a própria coletividade como usuária de alguns bens.”
Assim, o domínio público engloba os bens pertencentes ao Estado em si, o ente Estatal, bem como todos os
bens pertencentes à coletividade, a exemplo de ruas, praças, avenidas, etc.
Vale citar o conceito de domínio público trazido pelo autor, ao citar CRETELLA JUNIOR, como “o conjunto de
bens móveis e imóveis destinados ao uso direto do Poder Público ou à utilização direta ou indireta da
coletividade, regulamentados pela Administração e submetidos a regime de direito público.”
Ainda sob a esteira de José dos Santos Carvalho Filho2, “quando se pretende fazer referência ao poder
político que permite ao Estado, de forma geral, submeter à sua vontade todos os bens situados em seu
território, emprega-se a expressão domínio eminente.”
Entende-se, então, que essa expressão é tratada no sentido potencial do Estado, o qual não é o proprietário
de todos os bens que se encontram no seu território, mas, em função do seu poder extroverso, pode vir a
ser.
Carvalho Filho leciona que o domínio eminente abrange as três categorias de bens, os quais, em tese, se
sujeitam ao poder estatal:
1
Manual de Direito Administrativo, 33ª edição, p 1219.
2
Manual de Direito Administrativo, 33ª edição, p 1219.
7
BENS
PÚBLICOS
DOMÍNIO
EMINENTE
BENS NÃO
SUJEITOS AO
REGIME BENS
NORMAL DA PRIVADOS
PROPRIEDAD
E
Temos como consequência dessa característica soberana Estatal, sendo detentor do poder político
supracitado, a possibilidade de realizar desapropriações: determinados bens podem incorporar o patrimônio
Estatal em virtude de necessidade da coletividade, obviamente respeitando a legislação que trata do tema.
Destarte, Carvalho Filho3 ensina que o Estado pode transferir a propriedade privada, por meio da
desapropriação:
3
Manual de Direito Administrativo, 33ª edição, p 1220.
8
“Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas
de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem”.
Assim, bens públicos são aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno, quais sejam:
União, Estados, DF, Municípios, Autarquias e Fundações Públicas. As características principais, a serem
explicadas mais à frente, de acordo com Carvalho Filho são a alienabilidade condicionada,
impenhorabilidade, imprescritibilidade e a não-onerabilidade. Todos os demais bens são particulares, seja
qual for a pessoa a que pertencerem.
Hely Lopes Meirelles4 enfatiza que, conceituando os bens em geral, o Código Civil os reparte inicialmente em
públicos e particulares, esclarecendo que são públicos os do domínio nacional, das pessoas jurídicas de
Direito Público interno, e particulares todos os outros, seja qual for a pessoa a que pertencerem (art. 98). O
conceito adotado não deixa dúvidas quanto ao fato de que também são bens públicos os pertencentes às
autarquias e fundações públicas.
É importante frisar que a doutrina de Carvalho Filho5 é no sentido de que “os titulares são as pessoas jurídicas
públicas, e não os órgãos que as compõem [...] a indicação revela apenas que o bem foi adquirido com o
orçamento daquele órgão específico, estando, por isso, afetado a suas finalidades institucionais. A
propriedade, todavia, é do ente estatal, no caso, o Estado-membro”.
Quanto aos bens das empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista), Hely Lopes
Meirelles entende que “são, também, bens públicos com destinação especial e administração particular
das instituições a que foram transferidos para consecução dos fins estatutários. A origem e a natureza total
ou predominante desses bens continuam públicas; sua destinação é de interesse público; apenas sua
administração é confiada a uma entidade de personalidade privada, que os utilizará na forma da lei
instituidora e do estatuto regedor da instituição. A destinação especial desses bens sujeita-os aos preceitos
da lei que autorizou a transferência do patrimônio estatal ao paraestatal, a fim de atender aos objetivos
4
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 636-637.
5
Manual de Direito Administrativo, 33ª edição, p 1221.
9
visados pelo Poder Público criador da entidade. Esse patrimônio, embora incorporado a uma instituição de
personalidade privada, continua vinculado ao serviço público, apenas prestado de forma descentralizada ou
indireta por uma empresa estatal, de estrutura comercial, civil ou, mesmo, especial.”
Em sentido oposto, José dos Santos Carvalho Filho entende que os bens das pessoas administrativas privadas
(empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado) “devem ser
caracterizados como bens privados, mesmo que em certos casos a extinção dessas entidades possa
acarretar o retorno dos bens ao patrimônio da pessoa de direito público de onde se haviam originado”.
Vale lembrar que os bens das empresas estatais prestam-se à oneração como garantia real e sujeitam-se à
penhora por dívidas da entidade, além de poderem ser alienados na forma prevista nos respectivos
estatutos, independentemente de lei autorizativa, se móveis e, se bens imóveis, dependem de lei para sua
alienação (Lei 8.666/93, art. 17, I). No mais, regem-se pelas normas do Direito Público, inclusive quanto à
imprescritibilidade por usucapião, uma vez que, se desviados dos fins especiais a que foram destinados,
retornam à sua condição originária do patrimônio de que se destacaram.
Após considerações acerca da definição legal, vejamos a definição doutrinária de bens públicos por alguns
dos principais administrativistas brasileiros:
Celso Antônio Bandeira de Mello7 ... são todos os bens que pertencem às pessoas jurídicas de Direito
Público, isto é, União, Estados, Distrito Federal, Municípios,
6
Manual de Direito Administrativo, 32ª edição, p. 1217.
7
Curso de Direito Administrativo, 27ª edição, p. 913.
10
8
Direito Administrativo. 31ª edição, p. 846.
9
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 418.
11
O Código Civil de 2002 traz a classificação (taxonomia) legal de bens públicos da seguinte forma:
Os de uso comum do povo: tais como rios, mares, estradas, ruas e praças.
Existem várias classificações de bens públicos. Praticamente cada autor possui a sua, sendo que muitas são
semelhantes. Iremos explorar duas classificações propostas por autores administrativistas renomados – Hely
Lopes Meirelles e Celso Antônio Bandeira de Melo.
Hely Lopes Meirelles10 enfatiza dois critérios para se classificar os bens públicos. Veja:
10
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 638-639.
12
Bens de uso comum do povo ou do domínio público: como exemplifica a própria lei, são os mares, praias,
rios, estradas, ruas e praças. Enfim, todos os locais abertos à utilização pública adquirem esse caráter de
comunidade, de uso coletivo, de fruição própria do povo. "Sob esse aspecto - acentua Cime Lima - pode o
domínio público definir-se como a forma mais completa da participação de um bem na atividade de
Administração Pública. São os bens de uso comum, ou do domínio público, o serviço mesmo prestado pela
Administração ao público, assim como as estradas, as ruas e praças".
Bens de uso especial ou do patrimônio administrativo: são os que se destinam especialmente à execução
dos serviços públicos e, por isso mesmo, são considerados instrumentos desses serviços; não 'integram
propriamente a Administração, mas constituem o aparelhamento administrativo, tais como os edifícios
das repartições públicas, os terrenos aplicados aos serviços públicos, os veículos da Administração, os
matadouros, os mercados e outras serventias que o Estado põe à disposição do público, mas com
destinação especial. Tais bens, como têm uma finalidade pública permanente, são também chamados
bens patrimoniais indisponíveis.
Bens dominiais ou do patrimônio disponível: são aqueles que, embora integrando o domínio público como
os demais, deles diferem pela possibilidade sempre presente de serem utilizados em qualquer fim ou,
mesmo, alienados pela Administração, se assim o desejar. Daí por que recebem também a denominação
de bens patrimoniais disponíveis ou de bens do patrimônio fiscal. Tais bens integram o patrimônio do
13
Estado como objeto de direito pessoal ou real, isto é, sobre eles a Administração exerce "poderes de
proprietário, segundo os preceitos de Direitos Constitucional e Administrativo", na autorizada expressão
de Clóvis Beviláqua.
Celso Antônio Bandeira de Mello11 enfatiza dois critérios para se classificar os bens públicos. Veja:
Bem de uso comum: são os destinados ao uso indistinto de todos, como os mares, ruas, estradas, praças
etc.
Bem de uso especial: são os afetados a um serviço ou estabelecimento público, como as repartições
públicas, isto é, locais onde se realiza a atividade pública ou onde está à disposição dos administrados um
serviço público, como teatros, universidades, museus e outros abertos à visitação pública.
Bens dominicais, também chamados dominiais: são os próprios do Estado como objeto de direito real, não
aplicados nem ao uso comum, nem ao uso especial, tais os terrenos ou terras em geral, sobre os quais tem
senhoria, à moda de qualquer proprietário, ou que, do mesmo modo, lhe assistam em conta de direito
pessoal. Serão considerados dominicais os bens das pessoas da Administração indireta que tenham
estrutura de direito privado, salvo se a lei dispuser em contrário.
11
Curso de Direito Administrativo, 42ª edição, p. 914.
14
Bens do domínio hídrico: São bens do domínio hídrico as águas salgadas e doces, compreendendo o mar
territorial e as águas correntes e dormentes qualificáveis como públicas, na conformidade dos
esclarecimentos seguintes. Eles compreendem:
Mar territorial: bem público de uso comum, é a faixa de 12 milhas marítimas de largura, contadas a partir
da linha do baixa-mar do litoral continental e insular do País (art. 1º da Lei 8.617, de 4.1.93).
São bens públicos tanto as águas correntes (rios, riachos, canais) e dormentes (lagos, lagoas e
reservatórios executados pelo Poder Público) navegáveis ou flutuáveis bem como as correntes de que se
façam estas águas, quando as nascentes forem de tal modo consideráveis que, por si sós, constituam o
caput fluminis, como ainda os braços das correntes públicas, desde que influam na navegabilidade ou
flutuabilidade delas (art. 2º do Código de Águas — Decreto 24.643, de 10.7.34, época em que o Executivo
legislava por decretos), e mais as águas situadas nas zonas periodicamente assoladas pelas secas, nos
termos e forma que legislação especial dispuser sobre elas (art. 5º). Tais bens se categorizam como bens
públicos de uso comum.
Entretanto, os lagos e lagoas situados e cercados por um só prédio particular e que não forem alimentados
por correntes públicas não são bens públicos (§ 3º do art. 2º).
São também águas públicas, mas já agora como bens públicos dominicais, quaisquer águas que, não
respondendo às características indicadas, estejam, contudo, sitas em terras públicas (art. 6º).
Rios públicos, portanto, são, além dos situados em terrenos públicos, os navegáveis ou flutuáveis, os de
que estes se façam e os que lhes determinem a navegabilidade ou flutuabilidade.
Os rios públicos serão federais quando situados em terras federais ou quando banhem mais de um Estado,
ou quando sirvam de limite com outros países ou quando se estendam ou provenham de território
estrangeiro (art. 2º, III, da Constituição). Os demais rios públicos são estaduais (art. 2 6 ,1, da Constituição).
b) águas dormentes (lagos, lagoas, açudes): Lagos e lagoas públicos, conforme visto, são os situados em
terras públicas ou os que sejam navegáveis ou flutuáveis, ressalvados, neste caso, os situados e cercados
por um só prédio particular que não sejam alimentados por correntes públicas.
15
Os lagos e lagoas públicos serão federais quando situados em terras federais, ou quando banhem mais de
um Estado ou sirvam de limite com território estrangeiro (art. 20, III, da Constituição). Serão estaduais nos
demais casos (art. 2 6 ,1, da Constituição).
c) potenciais de energia hidráulica: são bens públicos pertencentes à União, por força do art. 20, VIII, da
Constituição.
Bens do domínio terrestre: Dentre os bens do domínio terrestre do solo convém distinguir e referir as
terras devolutas, os terrenos de marinha, os terrenos marginais (ou ribeirinhos), os terrenos acrescidos e
as ilhas. Além destes bens há outros, arrolados no art. 20 como bens da União: sítios arqueológicos e pré-
históricos, terras tradicionalmente ocupadas pelos índios (os quais terão sobre elas posse permanente,
conforme o art. 231, § l 2, da Constituição), recursos minerais, inclusive do subsolo, e também alguns bens
subterrâneos, como as cavidades naturais subterrâneas, e submarinos, caso dos recursos naturais da
plataforma continental e da zona de exploração exclusiva. Eles compreendem:
a) do solo;
b) do subsolo.
Seguem jurisprudências do Supremo Tribunal Federal sobre classificação de bens públicos. Veja:
16
17
4. AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO
Todos os bens públicos são incorporados ao patrimônio público para uma destinação, exceção feita em
relação aos bens dominicais. Essa destinação especial é chamada de afetação. A retirada dessa destinação,
com a inclusão do bem dentre os chamados dominicais, corresponde à desafetação.
A afetação está ligada à utilização do bem público e correlacionada à caracterização dele como alienável ou
inalienável. Caso o bem esteja sendo utilizado para fins públicos, diz-se que está afetado. Temos como
exemplo uma universidade utilizada pela população, sendo assim considerada um bem afetado ao fim
público.
De outro modo, caso o bem não esteja sendo utilizado para algum fim público, diz-se que está desafetado.
Exemplo: bens inservíveis, como computadores de um Tribunal de Contas que não estejam sendo utilizados
para qualquer fim são bens desafetados.
A doutrina entende que os bens públicos não podem ser alienados enquanto assim forem considerados.
Dessa maneira, os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial, enquanto destinados,
respectivamente, ao uso geral do povo e a fins administrativos especiais, não são suscetíveis de alienação.
Esse entendimento está alinhado ao disposto no Código Civil:
“Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências
da lei.”
Caso os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial venham a ser desafetados, serão
transformados em bens dominicais, e, assim, poderão ser alienados. Nesse contexto, afetação e desafetação
são fatos administrativos dinâmicos, que indicam mutações nas finalidades ou destinações do bem público.
Frise-se que o não uso, por si só, não acarreta desafetação, pois esta depende de lei ou ato administrativo.
18
AFETAÇÃO X DESAFETAÇÃO
AFETAÇÃO: não permite que o bem público DESAFETAÇÃO: pode ser formal ou tácita.
seja alienado. Os bens dominicais são sempre Desafetação tácita se dá através de um fato
não afetados. A afetação ao uso comum tanto natural ou de um fato administrativo, como,
pode provir do destino natural do bem, como por exemplo, o abandono de um prédio. Já a
ocorre com os mares, rios, ruas, estradas, desafetação formal consiste na declaração,
praças, quanto por lei ou por ato feita pelo Poder Público, de que o bem não
administrativo que determine a aplicação de tem destinação pública. Pode ser feita através
um bem dominical ou de uso especial ao uso de procedimento administrativo ou pelo
público. Legislativo, sendo muito comum com
automóvel público. A desafetação permite a
alienação do bem público.
19
AQUISIÇÃO DE BEM
Bens Imóveis: de um modo geral a aquisição Bens Móveis: quanto aos bens móveis
onerosa de bens imóveis depende de (1) (destinados ao serviço público), sua aquisição
prévia autorização legal, (2) avaliação e (3) dispensa autorização legal, mas depende de
licitação, podendo esta ser dispensada (1) licitação, na modalidade adequada ao
quando o bem escolhido for o único que contrato (concorrência, tomada de preços ou
convenha à Administração. Os bens imóveis convite). Há, ainda, a licitação por leilão.
de uso especial e os dominiais são sujeitos à
registro imobiliário; os de uso comum do
povo, não, enquanto mantiverem essa
destinação.
A seguir, uma consolidação das formas mais comuns de aquisição de bens públicos, de acordo com a doutrina
administrativista brasileira:
20
Usucapião: Não é possível usucapir terrenos públicos, mas o Poder Público pode
usucapir terrenos particulares.
Pena de perdimento dos bens: Bens apreendidos em atividades ilícitas são perdidos
em favor do Estado.
Abandono de bens: Quando os bens estão abandonados, são recolhidos pelo Estado.
Passado um período, passam à titularidade pública.
Resgate na enfiteuse: Para terrenos de marinha (situados em uma distância até 33m
do mar), cujo domínio real é da União. É o resgate do domínio útil.
21
Celso Antônio Bandeira de Mello12 esclarece que “a alienação de bens públicos só pode ter lugar nos termos
e forma legalmente previstos, como, de resto, consta do precitado art. 101 do Código Civil. A Administração,
para alienar bens públicos, depende, no caso de bens imóveis, de autorização legislativa, normalmente
explícita, embora se deva admitir que há casos em que aparece implicitamente conferida. Dita alienação deve
ser precedida da avaliação do bem e de licitação, tudo conforme preveem os arts. 17 e 19 da Lei 8.666/93
(Lei das Licitações e Contratos Administrativos), com as ressalvas ali estabelecidas no que tange à autorização
legislativa e aos casos de dispensa de licitação. A Lei 9.636, de 15.5.98, com inúmeras modificações ulteriores,
a última das quais introduzida pela Lei 12.058, de 13.10.2009 — é a lei mais geral sobre alienação de imóveis
da União. Seu art. 31 previu que, a critério do Presidente da República, poderiam ser doados a Estados,
Municípios, Distrito Federal, autarquias e fundações, empresas públicas, tanto federais quanto de quaisquer
destas esferas, assim como a “fundos públicos nas transferências destinadas à realização de programas de
provisão habitacional ou de regularização fundiária de interesse social” ou aos próprios beneficiários de
programas de provisão habitacional ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por
órgãos ou entidades da Administração Pública, para cuja execução seja efetivada a doação”.
Conforme arts. 49, XVII, e 188, § 1º, da Constituição Federal, a alienação ou concessão de terras públicas com
área superior a dois mil e quinhentos hectares depende de aprovação do Congresso Nacional, manifestada
por decreto legislativo, ressalvado o caso de alienações ou concessões de terras para fins de reforma agrária.
Vale lembrar que para ocorrer a alienação de bem público o bem deve estar desafetado, ou seja, não
vinculado a nenhuma finalidade pública específica. Neste caso, o bem é considerado dominical e pode ser
alienado.
A seguir, uma consolidação das informações mais relevantes acerca da alienação de bens públicos:
12
Curso de Direito Administrativo, 27ª edição, p. 924.
22
Lei nº 8.666/93, art. 19: os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja
derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados
por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras:
I – avaliação dos bens alienáveis;
II – comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
III – adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão.
CF/88, art. 188: a destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a
política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.
CF/88, art. 188, § 1º: a alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas
com área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que
por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.
23
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello13, a utilização de bens públicos pelos particulares, como é natural,
depende do tipo do bem (bem de uso comum, de uso especial e dominical), mas se propõe em relação a
quaisquer destas categorias. Assim, devem ser discernidas as modalidades de uso, conforme se trate de bem
de uma ou outra tipologia. Veja os detalhes de cada modalidade a seguir:
Os bens de uso especial também proporcionam a utilização dessa forma, a exemplo de qualquer repartição
pública, pois o cidadão pode ingressar livremente na mesma, não havendo necessidade de autorizações
especiais.
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello15, “além do uso comum dos bens de uso comum, isto é,
deste uso livre, podem ocorrer hipóteses em que alguém necessite ou pretenda deles fazer usos especiais,
13
Curso de Direito Administrativo, 27ª edição, p. 925-934.
14
Manual de Direito Administrativo, 33ª edição, p 1248.
15
Bandeira de Mello, Op. Cit.
24
ou seja, que se afastem das características dantes apontadas, por implicarem sobrecarga do bem, transtorno
ou impedimento para a concorrente e igualitária utilização de terceiros ou ainda por demandarem até
mesmo o desfrute de uma exclusividade no uso sobre parte do bem”. Prossegue em sua explanação
afirmando que nessas situações serão indispensáveis:
O supracitado autor ensina ainda que é o que ocorre perante as seguintes hipóteses, a saber:
(1) Quando o uso de tais bens, embora correspondente à destinação específica, principal, que lhes é própria,
for extraordinário, isto é, efetuado em condições incomuns, causadoras de incômodos ou transtornos para
o uso de terceiros ou onerosas para o próprio bem. Trata-se de um uso que pode ser efetuado, mediante
prévia manifestação administrativa concordante, mediante autorização16.
(2) Quando a utilização pretendida, embora compatível com as destinações secundárias, comportadas pelo
bem, implicar impedimentos à normal utilização concorrente de terceiros segundo a destinação principal do
logradouro público. É o que ocorre no caso de comícios, passeatas e demais manifestações em que
deliberadamente se promova grande concentração de pessoas cuja presença, evidentemente, obstará à
normalidade do uso do bem pela generalidade das pessoas.
(3) Quando o uso do bem, comportado em suas destinações secundárias, compatível, portanto, com sua
destinação principal e até mesmo propiciando uma serventia para a coletividade, implicar ocupação de parte
dele com caráter de exclusividade em relação ao uso propiciado pela sobredita ocupação. É o caso de
quiosques para venda de cigarros ou refrigerantes, de bancas de jornais ou de utilização das calçadas para
colocação de mesinhas diante de bares ou restaurantes. Nestas hipóteses a sobredita utilização depende de
permissão de uso de bem público. A Permissão de uso de bem público é o ato unilateral, precário e
discricionário quanto à decisão de outorga, pelo qual se faculta a alguém o uso de um bem público. Sempre
16
Para Carvalho Filho, em sua obra “Manual de Direito Administrativo” (33ª edição, p 1256-1257), é o ato
administrativo pelo qual o Poder Público consente que determinado indivíduo utilize bem público de modo privativo,
atendendo primordialmente a seu próprio interesse.
25
que possível, será outorgada mediante licitação ou, no mínimo, com obediência a procedimento em que se
assegure tratamento isonômico aos administrados (como, por exemplo, outorga na conformidade de ordem
de inscrição). Foi dito “sempre que possível”, pois, em certos casos, evidentemente, não haveria como
efetuá-la. Sirva de exemplo a já mencionada hipótese de solicitação, feita por quem explore bar ou
restaurante, para instalar mesinhas na calçada lindeira ao estabelecimento.
(4) Quando a utilização do bem de uso comum for anormal, por excluí-lo, embora transitória e
episodicamente, de suas destinações próprias, em vista de proporcionar, ocasionalmente, um uso
comportado pelas características físicas do bem, mas diverso de suas jurídicas destinações. É o que ocorre
quando há fechamento de vias públicas para realização de corridas de pedestrianismo, ciclísticas ou
automobilísticas, com a temporária exclusão explícita de sua utilização pelos demais usuários. Para
utilizações deste gênero é necessária autorização administrativa
17
Manual de Direito Administrativo, 33ª edição, p 1263.
18
Curso de Direito Administrativo, 27ª edição, p 931 .
26
seu, por cinco anos ininterruptos e sem oposição, imóvel público urbano de até 250 m 2, utilizando-o para
sua moradia, tem direito à concessão de uso especial, desde que não seja proprietário ou concessionário de
outro imóvel urbano ou rural.
1) Se a ocupação acarretar risco de vida ou à saúde dos ocupantes: o Poder Público assegurará o direito em
questão em outro imóvel e, se o imóvel for de uso comum do povo, destinado a projeto de urbanização, de
interesse da defesa nacional, de preservação ambiental e proteção dos ecossistemas naturais, reservado à
construção de represas e obras congêneres, ou situado em via de comunicação, é facultado ao Poder Público
assegurar dito direito em outro imóvel.
2) Para o caso de se tratar de área com mais de 250 m2, e seja ocupada como moradia por população de
baixa renda, não sendo possível identificar o possuidor dos terrenos ocupados, a concessão será conferida
de forma coletiva, atribuindo-se a cada qual fração ideal igual e que não poderá ser superior a 250 m 2. Caso
Frise-se que na contagem dos cinco anos de prazo, o possuidor poderá acrescentar o tempo de posse de seu
antecessor, desde que, assim como a sua, também tenha sido realizada de forma contínua.
A seguir, uma compilação das informações mais relevantes acerca dos principais mecanismos para utilização
de bens públicos por particulares:
27
Principais mecanismos para utilização de bens públicos por particulares, de acordo com a
doutrina administrativista brasileira
:
Autorização de uso: é o ato administrativo unilateral, discricionário e precário
através do qual se transfere o uso do bem público para particulares por um
período de curta duração. O desfazimento de um ato precário NÃO gera
indenização. Interesse predominante do particular. Não há licitação. Sem prazo
(regra).
28
Seguem jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça sobre uso de bens
públicos. Veja:
29
Celso Antônio Bandeira de Mello19 enumera as seguintes características dos bens públicos:
Inalienabilidade ou alienabilidade nos termos da lei, característica esta expressamente referida no art. 100
do Código Civil. Os de uso comum ou especial não são alienáveis enquanto conservarem tal qualificação,
isto é, enquanto estiverem afetados a tais destinos. Só podem sê-lo (sempre nos termos da lei) ao serem
desafetados, passando à categoria dos dominiais. O fato de um bem-estar na categoria de dominical não
significa, entretanto, que só por isto seja alienável ao alvedrio da Administração, pois o Código Civil, no
artigo 101, dispõe que: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da
lei”. Independentemente do que dispõe o Código Civil, o simples princípio da subordinação da
Administração à lei (princípio da legalidade) já serviria de fundamento para tal característica dos bens
pertencentes às pessoas de Direito Público. Daí que, mesmo que se entenda que o Código Civil não poderia
legislar sobre matéria administrativa estadual ou municipal (como efetivamente não pode), também os
bens estaduais ou municipais estão submissos ao aludido regime. Anote-se ainda que a alienação de terras
públicas com área superior a 2.500 hectares depende de prévia aprovação do Congresso Nacional,
manifestada por decreto legislativo, conforme arts. 49, XV, e 188, § 1º, da Constituição.
Impenhorabilidade: bens públicos não podem ser penhorados. Isto é uma consequência do disposto no
art. 100 da Constituição. Com efeito, de acordo com ele, há uma forma específica para satisfação de
créditos contra o Poder Público inadimplente. Assim, bem se vê que também não podem ser gravados com
direitos reais de garantia, pois seria inconsequente qualquer oneração com tal fim.
Imprescritibilidade: quer-se com esta expressão significar que os bens públicos — sejam de que categoria
forem — não são suscetíveis de usucapião. É o que estabelecem os arts. 102 do Código Civil e 200 do
Decreto-lei 9.760, de 5.9.46, que regula o domínio público federal. Antes deles, já a tradição normativa,
desde o Brasil-Colônia, repelia a usucapião de terras públicas, embora alguns insistissem em questionar
este tópico. A primeira lei de terras do Brasil independente, Lei 601, de 18.9.1850, e seu regulamento, n.
1.318, de 1854, impunham tal intelecção e os Decretos federais 19.924, de 27.4.31, 22,785, de 31.5.33, e
710, de 17.9.38, também espancavam qualquer dúvida sobre isto. Hoje, a matéria está plenamente
pacificada (Súmula 340 do STF). Ademais, a Constituição vigente é expressa, em seus arts. 183, § 3º e 191,
19
Curso de Direito Administrativo, 27ª edição, p. 915-917.
30
parágrafo único, ao dispor que “os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião”. Assim, as normas
sobre a usucapião pro labore, previstas no art. 191, caput, não podem ser invocadas em relação a bens
públicos. No passado, podiam. É que os textos constitucionais anteriores que previam tal modalidade de
usucapião não mencionavam a imprescritibilidade dos imóveis públicos. Era cabível, pois, entender que
prevaleciam sobre a proteção que lhes era dada pela legislação ordinária. Hoje isto não é mais possível,
ante a clareza do precitado parágrafo único do art. 191. A usucapião pro labore assim se configura, nos
termos do art. 191, caput: “Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
seu, por 5 (cinco) anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a 50
(cinquenta) hectares, tomando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade”.
No mesmo sentido, Hely Lopes Meirelles20 elenca os atributos dos bens públicos da seguinte forma:
Imprescritibilidade: imprescritibilidade dos bens públicos decorre como consequência lógica de sua
inalienabilidade originária. E é fácil demonstrar a assertiva: se os bens públicos são originariamente
inalienáveis, segue-se que ninguém os pode adquirir enquanto guardar essa condição. Daí não ser possível
a invocação de usucapião sobre eles. E princípio jurídico, de aceitação universal, que não há direito contra
Direito, ou, por outras palavras, não se adquire direito em desconformidade com o Direito.
lmpenhorabilidade: impenhorabilidade dos bens públicos decorre de preceito constitucional que dispõe
sobre a forma pela qual serão executadas as sentenças judiciárias contra a Fazenda Pública, sem permitir
a penhora de seus bens. Admite, entretanto, o sequestro da quantia necessária à satisfação do débito,
desde que ocorram certas condições processuais (CF, art. 100).
Não oneração: impossibilidade de oneração dos bens públicos (das entidades estatais, autárquicas e
fundacionais). Parece-nos questão indiscutível, diante da sua inalienabilidade e impenhorabilidade.
Penhor, anticrese e hipoteca são, por definição legal, direitos reais de garantia sobre coisa alheia (CC, art.
1.419). Como tais, tipificam-se pelo poder de sequela, isto é, de acompanhar a coisa em todas as suas
mutações, mantendo-a como garantia da execução. No dizer de Clóvis, "o que caracteriza esta classe de
direitos reais é a íntima conexão em que se acham com as obrigações cujo cumprimento asseguram. É por
20
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p. 660-661.
31
vincularem a coisa, diretamente, à ação do credor, para a satisfação de seu crédito, que lhes cabe,
adequadamente, a denominação de direitos reais de garantia".
O mesmo diz a lei civil: "Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia
fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação" (CC, art. 1.419).E no artigo seguinte a lei
esclarece: "Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que
se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca" (CC, art. 1.420). Por essa
conceituação, ficam afastados, desde logo, os bens de uso comum do povo e os de uso especial, que são,
por natureza, inalienáveis.
Seguem jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça sobre regime jurídico
dos bens públicos. Veja:
orientação do STJ, segundo a qual são impenhoráveis os bens de sociedade de economia mista
prestadora de serviço público, desde que destinados à prestação do serviço ou que o ato constritivo
possa comprometer a execução da atividade de interesse público (cf. AgRg no REsp1.070.735/RS, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 18.11.2008; AgRg no REsp 1.075.160/AL,
Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 10.11.2009; REsp521.047/SP, Rel. Ministro
Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em20.11.2003). 5. Hipótese na qual o acórdão recorrido afastou, nessa
fase do procedimento, a determinação da penhora, não tendo, por conseguinte, analisado a natureza dos
bens que a recorrente busca proteger, nem a sua vinculação à regular prestação do serviço público, o que
lhe caberá demonstrar no momento processual oportuno. Dessarte, é impossível conhecer, no Recurso
Especial, da imprescindibilidade à execução do serviço público dos valores que se pretendem resguardar,
sob pena de ofensa à Súmula 7/STJ: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso
especial".6. Agravo Regimental não provido. (AgRg no AREsp 37.545/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 07/02/2012, DJe 13/04/2012) (grifos não constantes do original)
#ficadica
33
Terras Devolutas Observação: as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental pertencem à União (CF, art. 20, II). As demais
pertencem aos estados-membros (CF, art. 26, IV). Nesse sentido, enquadram-
se como bens dominicais, já não são utilizadas para quaisquer finalidades
específicas.
“...todos os que, banhados pelas águas do mar ou dos rios navegáveis, em sua
foz, vão até a distância de 33 metros para a parte das terras, contados desde
o ponto em que chega o premar médio" (Aviso Imperial de 12.7.1833).
Terreno de Marinha
21
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p. 660-661.
34
Observação: São bens pertencentes à União (CF, art. 20, XI), e, por possuírem
destinação específica, são classificados como bens de uso especial.
... é a área de até 150 km de largura, que corre paralelamente à linha terrestre
demarcatória da divisa entre o território nacional e países estrangeiros,
Faixas de fronteiras
considerada fundamental para a defesa do território nacional (CF, art. 20, §
2º).
35
36
I - as formas de expressão;
Assim, tombamento é uma modalidade de intervenção na propriedade privada em que o Poder Público
objetiva proteger a memória nacional, protegendo bens de ordem histórica, artística, arqueológica, cultural,
22
Curso de Direito Administrativo, 27ª edição, p. 910-912.
37
científica, turística e paisagística. Cabe ressaltar que a maioria dos bens tombados é de imóveis de valor
arquitetônico de épocas passadas em nossa história.
Pelo tombamento, o poder público protege determinados bens, que são considerados de valor histórico ou
artístico, determinando a sua inscrição nos chamados Livros do Tombo, para fins de sua sujeição a restrições
parciais; em decorrência dessa medida, o bem, ainda que pertencente a particular, passa a ser considerado
bem de interesse público; daí as restrições a que se sujeita o seu titular.
A professora Maria Sylvia23 explica que há três modalidades de tombamento:
De ofício: se processa mediante simples notificação à entidade a quem pertencer ou sob cuja guarda
estiver a coisa tombada.
Voluntário: envolve o proprietário pedir o tombamento e a coisa se revestir dos requisitos necessários
para constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional, a juízo do órgão técnico
competente;
Compulsório: envolve o proprietário anuir, por escrito, à notificação que se lhe fizer para a inscrição da
coisa em qualquer dos Livros do Tombo. 0 tombamento compulsório é feito por iniciativa do poder público,
mesmo contra a vontade do proprietário.
Provisório: que ocorre com a notificação do proprietário, produz os mesmos efeitos que o definitivo, salvo
quanto à transcrição no Registro de Imóveis, somente exigível para o tombamento definitivo.
23
Direito Administrativo. 31ª edição, p. 174.
38
Vale salientar que este instituto sempre é resultante de vontade expressa do Poder Público, manifestada por
ato administrativo do Executivo, que deve ser precedido de processo administrativo, no qual serão apurados
os aspectos que materializam a necessidade de intervenção na propriedade privada para a proteção do bem
tombado.
Frise-se que o tombamento é mais uma maneira de proteção do patrimônio cultural brasileiro. Há outras
formas dessa proteção ser alcançada, tais como: a ação popular (CRFB, art. 5º, LXXIII), o direito de petição
aos Poderes Públicos (CRFB, art. 5º, XXXIV) e a ação civil pública (Lei nº 7.34 7/1985).
39
O professor José dos Santos Carvalho Filho24 sintetiza, em sua obra “Manual de Direito Administrativo”, o
tema “Gestão dos bens públicos”.
A ideia central apresentada pelo autor é a governança da totalidade dos bens da Administração Pública, ou
seja, a administração em concreto daquilo que é:
de uso privativo do ente público, sendo o bem classificado como comum, especial ou
dominical
de uso compartilhado
No dia a dia da Administração Pública, fixa-se um setor responsável por administrar e gerir esses recursos.
Essa gestão pode ser centralizada nesse órgão ou mesmo descentralizada em parte, sendo o controle
estratégico feito por essa unidade central.
De todo modo, como bem ressalta o professor José dos Santos Carvalho Filho, essa unidade gestora não tem
competência para alienar, onerar ou adquirir bens.
Isso porque, para alienação, para compra ou para qualquer mácula ao bem público são necessários os
requisitos constitucionais e legais, tais como previsto no inciso XXI do art. 37 da CRFB e no art. 17 da Lei nº
8.666, de 1993:
24
Manual de Direito Administrativo, 32ª edição, p. 1241-1242.
40
Ainda quanto ao tema, o professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que:
Além disso, cabe dizer que a gestão não se resume a identificar o usuário do bem, se exclusivamente público,
se compartilhado ou se, eventualmente, pelo particular, mas também a conservação desses bens. Isso
envolve, por exemplo, inúmeros processos licitatórios, contratos administrativos, parcerias com entidades
do terceiro setor, entre outras situações que precisam ser administradas.
Nessa seara é que sobressai a ineficiência da gestão pública, seja pelo excesso de burocracia (formalismo
exacerbado), seja pelo tamanho do Estado.
Ademais, não há uma diretriz normativa centralizada. As orientações do Direito Público acerca da gestão do
patrimônio estatal são encontradas de forma esparsa no ordenamento.
Essa ausência de uniformização no plano Constitucional e legal ainda faz com que haja uma inflação de
produção de atos infralegais, que busca adaptar para o direito público noções e regras do direito privado,
acarretando ainda mais burocracia e custo de manutenção da máquina pública.
41
Cabe dizer, por fim, que o professor José dos Santos Carvalho Filho noticia a possibilidade de transferência
de gestão do patrimônio a outros entes da federação. É o caso, por exemplo, da Lei nº 13.240, de 2015:
Em princípio, a gestão dos bens públicos é executada pelo ente que detém sua
titularidade. Mas é lícita a transferência de gestão a outra entidade pública, conforme
as condições estabelecidas em lei editada pelo titular. A Lei nº 13.240, de 30.12.2015,
por exemplo, autorizou a União a transferir aos Municípios litorâneos a gestão das praias
marítimas urbanas, incluindo-se as áreas situadas em bens de uso comum com
exploração econômica (art. 14). A transferência, no caso, é formalizada por termo de
adesão, no qual o Município, de um lado, se compromete a observar as normas da SPU
– Secretaria do Patrimônio da União e, de outro, adquire o direito sobre as receitas
auferidas com autorizações de uso, típicas da atividade de gestão. Entretanto, a União
pode retomar a gestão por culpa do Município cessionário ou por motivo superveniente
de interesse público, o que denota a natureza discricionária do ato (art. 14, § 2º). Alguns
bens, contudo, são excluídos da transferência, como as áreas utilizadas por órgãos
federais, as destinadas à exploração de serviços públicos dessa esfera, os corpos d’água
e as áreas essenciais à defesa nacional ou situadas em unidades de conservação
demarcadas pela União.
42
d) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger
os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos, assim como impedir a evasão, a destruição
e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural
e) O ato de tombamento, seja ele provisório ou definitivo, tem por finalidade preservar o bem
identificado como de valor cultural contrapondo-se aos interesses da propriedade privada, não só
limitando o exercício dos direitos inerentes ao bem, mas também obrigando o proprietário às
medidas necessárias à sua conservação.
d) I, II e III.
e) II, III e IV.
5. (2019/CESPE/MPE-PI/Promotor de Justiça Substituto) O poder público estadual instalou escola
em determinado imóvel público abandonado. Após a instalação e o efetivo uso público do bem,
o imóvel será caracterizado como bem público
a) dominical, tacitamente desafetado.
b) de uso especial, tacitamente afetado.
c) de uso comum do povo, tacitamente afetado.
d) de uso especial, expressamente desafetado.
e) de uso comum do povo, expressamente desafetado.
7. (2019/FCC/TJ-AL/Juiz Substituto) Suponha que uma autarquia estadual pretenda alienar alguns
imóveis de sua propriedade, objetivando a obtenção de receitas para a aquisição de um imóvel
situado em região mais central da cidade e no qual pretende concentrar suas atividades.
Considerando o regime jurídico aplicável aos bens públicos, bem como as disposições da Lei
federal n° 8.666/1993,
a) as alienações e as aquisições prescindem de autorização legislativa, devendo, contudo, haver
despacho motivado do dirigente da autarquia, avaliação prévia dos imóveis e adoção de
procedimento licitatório para cada um dos negócios jurídicos, na modalidade leilão ou
concorrência.
45
8. (2018/VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto) É correto afirmar, com relação aos bens públicos, que
(A) os de uso comum podem ser objeto de uso exclusivo por particular a título oneroso ou gratuito
e, desde que previamente desafetados, podem ser alienados.
(B) o uso exclusivo por particular só pode ter por objeto os dominicais e os de uso especial.
(C) o uso exclusivo por particular pode ter por objeto os de uso comum, desde que a título oneroso
e mediante prévia desafetação.
(D) os de uso comum podem ser objeto de uso exclusivo por particular a título gratuito ou oneroso,
mas não podem perder o caráter de inalienabilidade.
46
47
15. (2018/CESPE/DPE-PE/Defensor Público) Com relação à disciplina dos bens públicos, assinale a
opção correta.
a) À exceção dos bens dominiais não afetados a qualquer finalidade pública, os bens públicos são
impenhoráveis.
b) A ocupação irregular de bem público não impede que o particular retenha o imóvel até que lhe
seja paga indenização por acessões ou benfeitorias por ele realizadas, conforme entendimento do
Superior Tribunal de Justiça.
c) Aos municípios pertencem as terras devolutas não compreendidas entre aquelas pertencentes
à União.
d) As terras tradicionalmente reservadas aos índios são consideradas bens públicos de uso especial
da União.
e) Bens de uso comum do povo, destinados à coletividade em geral, não podem, em nenhuma
hipótese, ser privativamente utilizados por particulares.
49
b) As terras devolutas, não se encontrando afetadas a nenhuma finalidade pública específica, são
bens públicos dominiais.
c) Salvo a hipótese de usucapião especial para fins de moradia prevista na CF, não é permitido
usucapião de bens públicos.
d) A utilização dos bens de uso comum do povo, os quais são destinados à utilização geral pelos
indivíduos, não pode sofrer restrições por ato do poder público.
e) Os bens de uso especial são aqueles que, por ato formal da administração pública, são
destinados à execução dos serviços administrativos e serviços públicos em geral.
18. (2017/VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito) Considerando-se o regime jurídico dos bens públicos, pode-
se afirmar que
a) a eles não se aplica o princípio da função social da propriedade, em razão do regime de
impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade.
b) a eles se aplica, com grau diferenciado, o princípio da função social da propriedade, em relação
aos bens de uso comum do povo.
c) a eles se aplica o princípio da função social da propriedade, em grau diferenciado, em relação
aos bens dominiais.
d) a eles se aplica o princípio da função social da propriedade que incide indistintamente e com
mesmo grau de intensidade, dada sua função normativa, sobre todo o ordenamento jurídico e
sobre o domínio público e particular.
50
21. (2017/FCC/TJ-SC/Juiz de Direito) A propósito do uso dos bens públicos pelos particulares, é
correto afirmar que
a) as concessões de uso, dada a sua natureza contratual, não admitem a modalidade gratuita.
b) o concessionário de uso de bem público exerce posse ad interdicta, mas não exerce posse ad
usucapionem.
c) a autorização de uso, por sua natureza precária, não admite a fixação de prazo de utilização do
bem público.
d) a Medida Provisória n° 2.220/2001 garante àquele que possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de imóvel público
situado em área urbana, utilizando-o para fins comerciais e respeitado o marco temporal ali
estabelecido, o direito à concessão de uso especial.
e) a permissão de uso, por sua natureza discricionária, não depende de realização de prévia
licitação.
51
c) O uso especial de bem público, por se tratar de ato precário, unilateral e discricionário, será
remunerado e dependerá sempre de licitação, qualquer que seja sua finalidade econômica.
d) As áreas indígenas são bens pertencentes à comunidade indígena, à qual cabem o uso, o gozo
e a fruição das terras que tradicionalmente ocupa para manter e preservar suas tradições,
tornando-se insubsistentes pretensões possessórias ou dominiais de particulares relacionados à
sua ocupação.
( ) Certo ( ) Errado.
( ) Certo ( ) Errado.
25. (2017/CESPE/TJ-PR /Juiz de Direito) Em relação aos bens públicos, assinale a opção correta.
a) O ordenamento jurídico brasileiro permite que pertençam a particulares algumas áreas nas ilhas
oceânicas e costeiras.
b) Por serem abertos a uma utilização universal, o mercado municipal e o cemitério público são
considerados bens de uso comum do povo.
c) Em face do atributo da inalienabilidade, os bens públicos dominicais não podem ser alienados.
d) Quando o tribunal de justiça consente o uso gratuito de determinada sala do prédio do foro
para uso institucional da defensoria pública local, efetiva-se o instituto da permissão de uso de
bem público.
52
27. (2017/IBEG/IPREV/Procurador) De acordo com a classificação dos bens públicos, o imóvel que
abriga e pertence à Prefeitura de Viana é considerado
a) de uso especial.
b) de uso comum do povo.
c) dominal.
d) regular de serviço.
e) de uso disponível.
b) não pode haver posse de particular sobre bem público, devendo ser julgada improcedente a
ação, sem prejuízo de posterior demanda da Administração Pública em face do particular que
explorou o bem indevidamente, fundada na vedação ao enriquecimento sem causa;
c) o pedido de reintegração de posse deve ser considerado juridicamente impossível, tendo em
vista que, como a área objeto da disputa se encontra situada em terra pública, não há direito de
posse a ser disputado entre os particulares;
d) deve ser reconhecida a possibilidade de tutela possessória sobre terras públicas sem destinação
específica, sendo certo que tal proteção, condicionada à promoção da função social da posse pelo
possuidor, não altera a titularidade dominial do bem;
e) o pedido de reintegração de posse deve ser julgado procedente, considerando que o particular
que manteve por mais de 20 (vinte) anos a posse sobre o bem, promovendo sua função social,
adquire-lhe a propriedade.
54
Consideram-se bens públicos dominicais aqueles que constituem o patrimônio das pessoas
jurídicas de direito público como objeto de direito pessoal ou real, tais como os edifícios
destinados a sediar a administração pública.
( ) Certo ( ) Errado
55
56
a) bens de uso especial e, no tocante ao regime jurídico, são inalienáveis enquanto estiverem
afetados.
b) bens de uso comum e, no tocante ao regime jurídico, são inalienáveis enquanto estiverem
afetados.
c) bens dominicais e, no tocante ao regime jurídico, são inalienáveis enquanto estiverem afetados.
d) bens de uso comum e, no tocante ao regime jurídico, não há qualquer restrição à sua alienação.
e) bens de uso especial e, no tocante ao regime jurídico, não há qualquer restrição à sua alienação.
( ) Certo ( ) Errado.
57
d) São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
e) Os bens dominicais são aqueles que se destinam à utilização geral pelos indivíduos, podendo
ser federais, estaduais ou municipais, neles prevalecendo o sentido de destinação pública, pela
utilização efetiva destes pelos membros da coletividade.
40. (2016/CESPE/TJ-DF/Juiz de Direito) Acerca dos bens públicos, assinale a opção correta.
a) Os bens privados do Estado, que não se submetem ao regime jurídico de direito público, são
aqueles adquiridos de particulares por meio de contrato de direito privado.
b) Bens dominicais são aqueles que podem ser utilizados por todos os indivíduos nas mesmas
condições, por determinação de lei ou pela própria natureza do bem.
c) Os bens de uso especial do Estado são as coisas, móveis ou imóveis, corpóreas ou não, que a
administração utiliza para a realização de suas atividades e finalidades.
58
d) Os bens de uso comum não integram o patrimônio do Estado, constituindo coisas que não
pertencem ao ente público ou a qualquer particular, não sendo passíveis, portanto, de aquisição
por pessoa física ou jurídica.
e) Os bens dominicais são aqueles pertencentes ao Estado e afetados a uma finalidade específica
da administração pública.
59
e) A autorização para utilização privativa de bem público sem prazo determinado é ato estável,
que não pode ser revogado pela Administração, salvo nos casos de indevida utilização do bem
pelo particular.
60
e) Quanto à destinação, os bens públicos classificam-se em bens de uso comum do povo, bens de
uso especial e bens dominicais, sendo definidos como bens de uso comum do povo aqueles que
se destinem a utilização específica pelos indivíduos.
45. (2015/CESPE/AGU/Advogado da União) Acerca dos serviços públicos e dos bens públicos, julgue
o item a seguir.
Situação hipotética: A União decidiu construir um novo prédio para a Procuradoria-Regional da
União da 2.ª Região para receber os novos advogados da União. No entanto, foi constatado que
a única área disponível, no centro do Rio de Janeiro, para a realização da referida obra estava
ocupada por uma praça pública. Assertiva: Nessa situação, não há possibilidade de desafetação
da área disponível por se tratar de um bem de uso comum do povo, razão por que a administração
deverá procurar por um bem dominical.
( ) Certo ( ) Errado
46. (2015/CESPE/AGU/Advogado da União) Julgue o próximo item, referente à utilização dos bens
públicos e à desapropriação.
Se os membros de uma comunidade desejarem fechar uma rua para realizar uma festa
comemorativa do aniversário de seu bairro, será necessário obter da administração pública
uma permissão de uso.
( ) Certo ( ) Errado
61
IV. Nos termos da jurisprudência do STF, os bens das empresas públicas e sociedades de economia
mista, uma vez que estejam afetados a um serviço público, são impenhoráveis.
a) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
b) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.
c) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
48. (2015/FCC/TRT-23ª REGIÃO (MT)/Juiz do Trabalho) O regime jurídico de direito público abrange
a impenhorabilidade e a imprescritibilidade dos bens públicos, o que, em relação à Administração
Direta e à Indireta, significa que
a) a impenhorabilidade dos bens públicos não afasta a possibilidade de constrição de recursos
públicos em moeda corrente para créditos de natureza alimentar, excepcionando o regime de
execução por meio de precatórios.
b) a imprescritibilidade incide sobre os bens públicos, para impedir a aquisição por usucapião, mas
não se confunde com a imprescritibilidade do direito da Fazenda Pública propor ações de
ressarcimento do erário por atos de improbidade administrativa.
c) em razão das funções administrativas sempre visarem ao bem comum, as ações judiciais de
particulares contra a Fazenda Pública são imprescritíveis.
d) a impenhorabilidade dos bens públicos abrange o patrimônio das autarquias, empresas públicas
e sociedades de economia mista, excluído o das fundações, porque estão sujeitas a regime jurídico
de direito privado.
e) o direito da Fazenda Pública propor ações judiciais em face de pessoas jurídicas de direito
público ou privado, bem como de pessoas físicas, é imprescritível, em observância ao princípio da
indisponibilidade dos bens público.
62
11.2 – GABARITO
1. D 17. B 33. C
2. B 18. C 34. D
3. D 19. D 35. A
4. A 20. B 36. B
5. B 21. B 37. ERRADO
6. C 22. A 38. D
7. D 23. CERTO 39. C
8. A 24. ERRADO 40. C
9. A 25. A 41. B
10. A 26. D 42. D
11. A 27. A 43. B
12. D 28. D 44. A
13. B 29. D 45. ERRADO
14. B 30. ERRADO 46. ERRADO
15. D 31. B 47. C
16. B 32. A 48. B
63
Comentários:
Incorreta a alternativa “a” porque é contrária ao art. 100 do Código Civil: Art. 100. Os bens
públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a
sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Incorreta a alternativa “b” porque é contrária ao parágrafo único do art. 191 da CRFB: Parágrafo
único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Incorreta a alternativa “c” porque, de acordo com a Doutrina do Professor Hely Lopes Meirelles:
“Uma vez titulado regularmente o uso especial, o particular passa a ter um direito
subjetivo público ao seu exercício, oponível a terceiros e à própria Administração, nas
condições estabelecidas ou convencionadas. A estabilidade ou precariedade desse uso
assim como a retomada do bem público, com ou sem indenização ao particular,
dependerão do título atributivo que o legitimar” (Direito Administrativo Brasileiro, 25.
ed, p. 474).
64
Correta a alternativa “d” que está em linha com o art. 103 do Código Civil.
Incorreta a alternativa “e” porque é contrária ao art. 98 do Código Civil: Art. 98. São públicos os
bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Gabarito: D.
2. (2019/MP-SP/MP-SP/Promotor de Justiça) Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Ao instituto do tombamento, porque possui disciplina própria, não se aplica o princípio da
hierarquia verticalizada prevista no Decreto-Lei nº 3.365/41, que excepciona os bens da União do
rol dos que podem ser desapropriados.
b) Por se tratar de direito público de natureza real sobre um imóvel particular, para que este sirva
ao uso geral como uma extensão ou dependência do domínio público, afetando, assim, o caráter
de exclusividade da propriedade o tombamento sempre será indenizável.
c) Na hipótese de restrições administrativas, será devida a indenização a fim de garantir aplicação
à teoria da distribuição equânime dos encargos públicos, caso a limitação impeça de se dar ao
bem a destinação que se considerava natural, reconhecendo-se o dano especial e anormal, no
direito de propriedade.
d) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger
os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos, assim como impedir a evasão, a destruição
e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural
e) O ato de tombamento, seja ele provisório ou definitivo, tem por finalidade preservar o bem
identificado como de valor cultural contrapondo-se aos interesses da propriedade privada, não só
limitando o exercício dos direitos inerentes ao bem, mas também obrigando o proprietário às
medidas necessárias à sua conservação.
Comentários:
Correta a alternativa “a” porque a jurisprudência, como exemplo, ACO 2.176 do STF e RMS
18.952 do STJ, fixou entendimento de que não há restrição de tombamento entre os entes da
federação, como ocorre na desapropriação (art. 2º, §2, do Decreto-Lei nº 3.365/41).
Incorreta a alternativa “b” porque, em regra, no Tombamento não há indenização.
Correta a alternativa “c” porque, de fato, havendo na limitação o impedimento de se dar ao bem
a destinação que se considerava natural, então haverá o dever de indenizar.
Correta a alternativa “d” que está em linha como art. 23, III e IV, da CRFB.
Correta a alternativa “e” que está em linha com o julgamento do STJ no REsp 753.534.
Gabarito: B.
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66
III - Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação.
IV - A alienação de bens móveis dependerá de autorização legislativa, de avaliação prévia e de
licitação, realizada na modalidade de concorrência.
Estão certos apenas os itens
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) I, II e III.
e) II, III e IV.
Comentários
Correto o item “I”. Conforme dispõe o art. 98, do Código Civil, são públicos os bens do domínio
nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são
particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Incorreto o item “II”. De acordo com o art. 103, do Código Civil, o uso comum dos bens públicos
pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja
administração pertencerem.
Correto o item “III”. Assertiva em conformidade com o que dispõe o art. 103, do Código Civil:
“Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar”.
Incorreto o item “IV”. De acordo com o art. 17, inciso II, da Lei Federal nº 8.666/1993, a alienação
de bens móveis não depende de autorização legislativa, mas é necessária a avaliação prévia e
licitação:
Já o mesmo art. 17, em seu inciso I, dispõe que na alienação de bens imóveis é necessária
autorização legislativa:
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a) aos estados, no caso de ilhas situadas nas águas interiores e na zona contígua, até o limite
interior da plataforma continental, ou à União, no caso de ilhas situadas na plataforma continental.
b) à União, com exceção das ilhas que contenham as sedes de capitais ou que possuam unidades
de conservação estadual ou municipal.
c) à União, ressalvadas as ilhas que contenham a sede de municípios, que podem ter áreas sob
domínio municipal ou particular, e as áreas sob o domínio dos estados.
d) aos municípios, no caso de ilhas situadas aquém das águas interiores, ou aos estados, no caso
de ilhas situadas nas águas interiores até o fim da zona contígua.
e) aos estados, salvo as que contenham a sede de municípios, as áreas afetadas ao serviço público
dos demais entes e as unidades ambientais federais.
Incorreta a alternativa “a”. As ilhas costeiras, em regra, são bens da União, conforme art. 20, IV,
da CRFB.
Incorreta a alternativa “b”. Apesar da assertiva afirmar que as ilhas são bens da União, o texto
constitucional nada afirma a respeito das “que possuam unidades de conservação estadual ou
municipal”, conforme art. 20, IV, da CRFB.
Correta a alternativa “c”. Conforme art. 20, IV, da CRFB: “são bens da União: as ilhas fluviais e
lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as
costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas
afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II”.
Incorreta a alternativa “d”. A área das ilhas costeiras que pertencem aos municípios é onde a sua
sede está contida, conforme art. 20, IV, da CRFB.
Incorreta a alternativa “e”. Conforme art. 20, IV, da CRFB, as ilhas costeiras, em regra, são bens
da União.
Resposta: alternativa “c”.
7. (2019/FCC/TJ-AL/Juiz Substituto) Suponha que uma autarquia estadual pretenda alienar alguns
imóveis de sua propriedade, objetivando a obtenção de receitas para a aquisição de um imóvel
situado em região mais central da cidade e no qual pretende concentrar suas atividades.
Considerando o regime jurídico aplicável aos bens públicos, bem como as disposições da Lei
federal n° 8.666/1993,
a) as alienações e as aquisições prescindem de autorização legislativa, devendo, contudo, haver
despacho motivado do dirigente da autarquia, avaliação prévia dos imóveis e adoção de
procedimento licitatório para cada um dos negócios jurídicos, na modalidade leilão ou
concorrência.
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8. (2018/VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto) É correto afirmar, com relação aos bens públicos, que
(A) os de uso comum podem ser objeto de uso exclusivo por particular a título oneroso ou gratuito
e, desde que previamente desafetados, podem ser alienados.
(B) o uso exclusivo por particular só pode ter por objeto os dominicais e os de uso especial.
(C) o uso exclusivo por particular pode ter por objeto os de uso comum, desde que a título oneroso
e mediante prévia desafetação.
(D) os de uso comum podem ser objeto de uso exclusivo por particular a título gratuito ou oneroso,
mas não podem perder o caráter de inalienabilidade.
Comentários
Correta a alternativa “a”. Conforme o art. 103, do Código Civil, “o uso comum dos bens públicos
pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja
administração pertencerem”. Como se vê, a legislação admite a remuneração por utilização de
bem público, por meio de institutos como os da autorização, permissão e concessão de uso, este
último previsto no Decreto-Lei nº 271/67. Ademais, conforme o art. 100 do Código Civil, “os bens
públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a
sua qualificação, na forma que a lei determinar”. Quando sobrevier uma lei que mude a
qualificação do bem de uso comum, tornando-o um bem dominical, é possível sua alienação,
conforme o art. 101 do Código Civil: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados,
observadas as exigências da lei”.
Incorreta a alternativa “b”. Os bens de uso comum podem ser utilizados exclusivamente por
particulares, tal qual exposto na alternativa anterior.
Incorreta a alternativa “c”. Não há que se falar em desafetação de uso de bem público comum
para viabilizar a utilização do bem por particular. O bem conserva suas características de bem de
uso comum, ainda quando haja autorização, permissão ou concessão de uso a particular. A
desafetação deve ocorrer quando a intenção do Pode Público for a de alienar o bem.
Incorreta a alternativa “d”. Os bens de uso comum podem perder o caráter de inalienabilidade se
houver uma lei desafetando-os. Com isso, permite-se a alienação.
Resposta: alternativa “a”.
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Lei 8.666/1993
Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo poder concedente, observados, no
que couber, os critérios e as normas gerais da legislação própria sobre licitações e
contratos e conterá, especialmente:
(...)
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Lei 8.987/1995
Art. 35. Extingue-se a concessão por:
(...)
§ 1o Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis,
direitos e privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e
estabelecido no contrato.
§ 2o Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo poder concedente,
procedendo-se aos levantamentos, avaliações e liquidações necessários.
§ 3o A assunção do serviço autoriza a ocupação das instalações e a utilização, pelo poder
concedente, de todos os bens reversíveis.
Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das
parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou
depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e
atualidade do serviço concedido. (grifos não constantes do original)
b) Incorreto. Durante o prazo do contrato, os bens adquiridos pela permissionária serão de sua
propriedade. Porém, ao final do contrato, por conta de esses bens serem considerados como
imprescindíveis à prestação adequada e continuada do serviço público, os bens reversíveis serão
incorporados ao patrimônio do consórcio constituído.
c) Incorreto. Ao final, revertem ao poder concedente, nos termos dos §§1º e 3º do art. 35 e do art.
36, ambos da Lei 8987/1995. Vide comentários da alternativa “A”.
d) Incorreto. Ao final, revertem ao poder concedente, nos termos dos §§1º e 3º do art. 35 e do
art. 36, ambos da Lei 8987/1995. Vide comentários da alternativa “A”.
e) Incorreto. Ao final do contrato, os bens adquiridos pelo permissionário reverterão ao poder
concedente, por conta de serem imprescindíveis à prestação adequada e continuada do serviço
público.
Gabarito: Letra A.
73
74
Gabarito: Letra A.
c) alienação poderá decorrer de retrocessão, que não se confunde com concessão de uso, porque
é forma de alienação hoje admitida apenas para terras devolutas da União, Estados e Municípios.
d) afetação e a desafetação de qualquer bem sempre dependerão de lei.
e) alienação poderá decorrer de concessão de domínio, que ocorre sempre que a Administração
não mais necessita do bem expropriado, e o particular o aceita em retorno.
Comentários
a) Correto. Para Hely Lopes Meirelles (p.654, 2016):
A alienação de bens imóveis está disciplinada, em geral, na legislação própria das
entidades estatais, a qual, comumente, exige autorização legislativa, avaliação prévia e
concorrência, inexigível esta nos casos de doação, permuta, legitimação de posse e
investidura, cujos contratos, por visarem a pessoas ou imóvel certo, são incompatíveis
com o procedimento licitatório. (grifos não constantes do original)
b) Incorreto. A afetação de um bem público comum ou especial pode ocorrer de forma expressa
ou tácita, segundo a doutrina. Para Maria Sylvia de Pietro (p.850, 2018):
Pelos conceitos de afetação e desafetação, verifica-se que uma e outra podem ser
expressas ou tácitas. Na primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei;
na segunda, resultam de atuação direta da Administração sem manifestação expressa
de sua vontade, ou de fato da natureza. Por exemplo, a Administração pode baixar
decreto estabelecendo que determinado imóvel, integrado na categoria dos bens
dominicais, será destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
essa escola no prédio, sem qualquer declaração expressa. Em um e outro caso, o bem
está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar a categoria de bem
de uso especial. A operação inversa também pode ocorrer, mediante declaração
expressa ou pela simples desocupação do imóvel, que fica sem destinação. (grifos não
constantes do original)
A assertiva tentou induzir o candidato ao erro ao elencar os requisitos da alienação como se fossem
os da afetação (com exceção da informação de que por decreto não se autoriza a alienação). Para
fins de alienação são necessários os seguintes procedimentos, nos termos da mesma autora
(p.857, 2018)
c) Incorreto. A retrocessão é uma das formas de alienação do poder público ao particular. Para
Maria Sylvia de Pietro, (p.216 e 218, 2018):
A retrocessão é o direito que tem o expropriado de exigir de volta o seu imóvel caso o
mesmo não tenha o destino para que se desapropriou.
A retrocessão cabe quando o poder público não dê ao imóvel a utilização para a qual
se fez a desapropriação, estando pacífica na jurisprudência a tese de que o expropriado
não pode fazer valer o seu direito quando o expropriante dê ao imóvel uma destinação
pública diversa daquela mencionada no ato expropriatório; por outras palavras, desde que
o imóvel seja utilizado para um fim público qualquer, ainda que não o especificado
originariamente, não ocorre o direito de retrocessão. Este só é possível em caso de desvio
de poder (finalidade contrária ao interesse público, como, por exemplo, perseguição ou
favoritismo a pessoas determinadas), também chamado, na desapropriação, de
predestinação, ou quando o imóvel seja transferido a terceiros, a qualquer título, nas
hipóteses em que essa transferência não era possível. grifos não constantes do original)
Em síntese: anteriormente o particular foi compelido a alienar seu imóvel ao poder público sob
justificativa de uso no interesse público. Assim, caso o poder público não promova a destinação
do bem a um fim público, nascerá o direito de o ex-proprietário ter novamente a propriedade do
imóvel, mediante pagamento nas mesmas condições da operação jurídica anterior de
desapropriação.
Por fim, temos a alienação de terras devolutas denominada de legitimação de posse. Para Hely
Lopes Meirelles (p.659, 2016),
77
d) Incorreto. Tanto a afetação quanto a desafetação (que são diferentes de alienação) podem
decorrer de ato administrativo ou de lei ou ainda de forma tácita, segundo a doutrina.
Para Maria Sylvia de Pietro (p.850, 2018):
Pelos conceitos de afetação e desafetação, verifica-se que uma e outra podem ser
expressas ou tácitas. Na primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei;
na segunda, resultam de atuação direta da Administração sem manifestação expressa
de sua vontade, ou de fato da natureza. Por exemplo, a Administração pode baixar
decreto estabelecendo que determinado imóvel, integrado na categoria dos bens
dominicais, será destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
essa escola no prédio, sem qualquer declaração expressa. Em um e outro caso, o bem
está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar a categoria de bem
de uso especial. A operação inversa também pode ocorrer, mediante declaração
expressa ou pela simples desocupação do imóvel, que fica sem destinação.
Não há uniformidade de pensamento entre os doutrinadores a respeito da possibilidade
de a desafetação decorrer de um fato (desafetação tácita), e não de uma manifestação
de vontade (desafetação expressa); por exemplo rio que seca ou tem seu curso
alterado; um incêndio que provoca a destruição dos livros de uma biblioteca ou das
obras de um museu. Alguns acham que mesmo nesses casos seria necessário um ato de
desafetação. Isto, no entanto, constitui excesso de formalismo se se levar em
consideração o fato de que o bem se tornou materialmente inaproveitável para o fim
ao qual estava afetado.
O que é inaceitável é a desafetação pelo não uso, ainda que prolongado, como, por
exemplo, no caso de uma rua que deixa de ser utilizada. Em hipótese como essa, torna-
se necessário um ato expresso de desafetação, pois inexiste a fixação de um momento
a partir do qual o não uso pudesse significar desafetação. Sem essa restrição, a cessação
da dominialidade pública poderia ocorrer arbitrariamente, em prejuízo do interesse
coletivo. (grifos não constantes do original)
78
São exemplos de bens de uso especial os imóveis onde estão instaladas repartições
públicas, os bens móveis utilizados pela Administração, museus, bibliotecas, veículos
oficiais, terras dos silvícolas, cemitérios públicos, aeroportos, mercados e agora, pela
nova Constituição, as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
Gabarito: Letra D.
79
Gabarito: Letra B.
b) Incorreto. Nos termos da Súmula nº 340, “desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais,
como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”. A assertiva afirma que
a usucapião é uma modalidade de aquisição derivada da propriedade, quando o correto é defini-
la como aquisição originária da propriedade.
Além disso, o ente público pode adquirir bem de particular por usucapião. Segundo José dos
Santos Carvalho Filho (p. 1142, 2012):
81
c) Correto. Nos termos do inciso VIII, art. 20, da CF/88, in verbis: “Art. 20. São bens da União: VIII
- os potenciais de energia hidráulica;”
d) Correto. É o que dizem os incisos I e II do art. 20 da CF/88 c/c súmula 650 do STF, in verbis:
Súmula 650 STF: Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras
de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto.
e) Correto. O uso dos bens de uso comum do povo pode ser gratuito ou retribuído, conforme
Maria Sylvia de Pietro (p.863, 2018):
Gabarito: Letra B.
15. (2018/CESPE/DPE-PE/Defensor Público) Com relação à disciplina dos bens públicos, assinale a
opção correta.
a) À exceção dos bens dominiais não afetados a qualquer finalidade pública, os bens públicos são
impenhoráveis.
b) A ocupação irregular de bem público não impede que o particular retenha o imóvel até que lhe
seja paga indenização por acessões ou benfeitorias por ele realizadas, conforme entendimento do
Superior Tribunal de Justiça.
82
c) Aos municípios pertencem as terras devolutas não compreendidas entre aquelas pertencentes
à União.
d) As terras tradicionalmente reservadas aos índios são consideradas bens públicos de uso especial
da União.
e) Bens de uso comum do povo, destinados à coletividade em geral, não podem, em nenhuma
hipótese, ser privativamente utilizados por particulares.
Comentários
a) Incorreto. Os bens públicos são impenhoráveis, devendo os credores se submeterem à regra
dos precatórios, nos termos do caput do art. 100 da CF/1988, in verbis:
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital
e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos,
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim.
Porém, em algumas situações o poder judiciário vem decidindo pelo sequestro de bens de entes
públicos com o fim de assegurar o acesso aos direitos da saúde, como veremos no julgado do STJ
nesse sentido:
PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SUS. CUSTEIO
DETRATAMENTO MÉDICO. MOLÉSTIA GRAVE. DIREITO À VIDA E À
SAÚDE.BLOQUEIO DE VALORES EM CONTAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. ART. 461
DOCPC. I - A Constituição Federal excepcionou da exigência do precatório os créditos
de natureza alimentícia, entre os quais incluem-se aqueles relacionados com a garantia
da manutenção da vida, como os decorrentes do fornecimento de medicamentos pelo
Estado. II - É lícito ao magistrado determinar o bloqueio de valores em contas públicas
para garantir o custeio de tratamento médico indispensável, como meio de concretizar
o princípio da dignidade da pessoa humana e do direito à vida e à saúde. Nessas
situações, a norma contida no art. 461, § 5º, do Código de Processo Civil deve ser
interpretada de acordo com esses princípios e normas constitucionais, sendo permitido,
inclusive, a mitigação da impenhorabilidade dos bens públicos. III - Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido. (grifos não constantes do original)
83
84
e) A permissão de uso, ato administrativo pelo qual a Administração faculta a utilização de bem
público, para fins de interesse público, tem sempre a forma onerosa e tempo determinado.
Comentários
a) Incorreto. Os bens públicos de uso comum e, acrescentando, os de uso especial, podem ser
outorgados a particulares por meio da autorização de uso, concessão de uso e permissão de uso,
todos sujeitos ao regime de direito público. Já os bens dominicais, por estarem aptos a serem
negociados, além das três já citadas formas de outorgas, também podem se utilizar de institutos
do direito privado como locação e arrendamento. Segundo a lição de Maria Sylvia de Pietro
(p.867,2018):
Com relação aos instrumentos jurídicos de outorga do uso privativo ao particular, mais
uma vez se torna relevante a distinção entre, de um lado, os bens de uso comum do
povo e uso especial e, de outro, os bens dominicais, já que apenas estes últimos são
coisas que estão no comércio jurídico de direito privado, sujeitos, portanto, a regime
jurídico um pouco diverso quanto às formas de sua utilização.
Os bens das duas primeiras modalidades estão fora do comércio jurídico de direito
privado, de modo que só podem ser objeto de relações jurídicas regidas pelo direito
público; assim, para fins de uso privativo, os instrumentos possíveis são apenas a
autorização, a permissão e a concessão de uso.
(...)
Diversa é a situação dos bens dominicais, já que estes são coisas que estão no comércio
jurídico de direito privado. Embora possam ser cedidos aos particulares por meio dos
mesmos institutos de direito público já mencionados, também podem ser objeto de
contratos regidos pelo Código Civil, como a locação, o arrendamento, o comodato, a
concessão de direito real de uso, a enfiteuse. (grifos não constantes do original)
85
d) Incorreto. A autorização de uso não depende de licitação e não cria para o usuário um dever
de utilização. Para Maria Sylvia de Pietro (p.867,2018):
86
e) Incorreto. A permissão de uso pode ser feita de forma gratuita e, em regra, não possui prazo,
já que tem a característica de ser precária.
Gabarito: Letra B.
87
b) Correto. As terras devolutas são classificadas como bens públicos dominiais, segundo Maria
Sylvia de Pietro, (p.894, 2018):
As terras devolutas constituem uma das espécies do gênero terras públicas, ao lado de
tantas outras, como terrenos reservados, terrenos de Marinha, terras dos índios, ilhas
etc.
Elas integram a categoria de bens dominicais, precisamente pelo fato de não terem
qualquer destinação pública. Isto significa que elas são disponíveis. (grifos não
constantes do original)
c) Incorreto. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião, nos termos do art. 102 do Código
Civil 2002: “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.”
Além disso a súmula 340 do STF aduz o seguinte: “Desde a vigência do Código Civil, os bens
dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.”
d) Incorreto. O uso dos bens de uso comum pode sofrer restrições pelo poder público. Segundo
Maria Sylvia de Pietro, (p.864 e 865, 2018):
O uso comum admite duas modalidades: o uso comum ordinário e o uso comum
extraordinário.
(...)
Trata-se de utilizações que não se exercem com exclusividade (não podendo, por isso,
ser consideradas privativas), mas que dependem de determinados requisitos, como o
pagamento de prestação pecuniária ou de manifestação de vontade da Administração,
expressa por meio de ato de polícia, sob a forma de licença ou de autorização. O uso é
88
e) Incorreto. Não é necessário ato formal da Administração, bastando que efetivamente seja dado
destino público.
Para Maria Sylvia de Pietro (p.850, 2018):
Pelos conceitos de afetação e desafetação, verifica-se que uma e outra podem ser
expressas ou tácitas. Na primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei;
na segunda, resultam de atuação direta da Administração sem manifestação expressa
de sua vontade, ou de fato da natureza. Por exemplo, a Administração pode baixar
decreto estabelecendo que determinado imóvel, integrado na categoria dos bens
dominicais, será destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
essa escola no prédio, sem qualquer declaração expressa. Em um e outro caso, o bem
está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar a categoria de bem
de uso especial. A operação inversa também pode ocorrer, mediante declaração
expressa ou pela simples desocupação do imóvel, que fica sem destinação. (grifos não
constantes do original)
Gabarito: Letra B.
89
18. (2017/VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito) Considerando-se o regime jurídico dos bens públicos, pode-
se afirmar que
a) a eles não se aplica o princípio da função social da propriedade, em razão do regime de
impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade.
b) a eles se aplica, com grau diferenciado, o princípio da função social da propriedade, em relação
aos bens de uso comum do povo.
c) a eles se aplica o princípio da função social da propriedade, em grau diferenciado, em relação
aos bens dominiais.
d) a eles se aplica o princípio da função social da propriedade que incide indistintamente e com
mesmo grau de intensidade, dada sua função normativa, sobre todo o ordenamento jurídico e
sobre o domínio público e particular.
Comentários
A função social da propriedade possui previsão em diversos pontos da Constituição Federal de
1988. A doutrina e jurisprudência convergem para o entendimento de que aos bens de uso
comum e bens especiais se aplicam integralmente os preceitos da função social. A dúvida paira
sobre a aplicabilidade do princípio nos bens dominiais pelo fato de já estarem desafetados, uma
vez que esses bens nessa modalidade não estarem sendo utilizados em benefício da sociedade.
Apesar disso, por outro lado, os bens dominiais não perdem a característica de imprescritibilidade
e impenhorabilidade. Diante disso, os doutrinadores e a jurisprudência entendem que a aplicação
do princípio da função social poderia se dar de forma diferenciada, em menor intensidade. Além
disso, existem situações em que o bem, por se encontrar abandonado ou sem uso, pode gerar
uma oportunidade de essa função social ser observada, como, por exemplo, um prédio
abandonado que pertence ao governo estadual e, por conta da não utilização, serve de abrigo
para moradores de ruas. A partir do momento da ocupação, o bem volta a desempenhar uma
função social, que é a de possibilitar a moradia para um grande número de pessoas necessitadas.
A seguir, importante julgado do STJ sobre o tema no informativo nº 594:
RECURSO ESPECIAL. POSSE. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. BEM PÚBLICO
DOMINICAL. LITÍGIO ENTRE PARTICULARES. INTERDITO POSSESSÓRIO.
POSSIBILIDADE. FUNÇÃO SOCIAL. OCORRÊNCIA.
1. Na ocupação de bem público, duas situações devem ter tratamentos distintos: i)
aquela em que o particular invade imóvel público e almeja proteção possessória ou
indenização/retenção em face do ente estatal e ii) as contendas possessórias entre
particulares no tocante a imóvel situado em terras públicas.
2. A posse deve ser protegida como um fim em si mesma, exercendo o particular o
poder fático sobre a res e garantindo sua função social, sendo que o critério para
aferir se há posse ou detenção não é o estrutural e sim o funcional. É a afetação
90
do bem a uma finalidade pública que dirá se pode ou não ser objeto de atos
possessórias por um particular.
3. A jurisprudência do STJ é sedimentada no sentido de que o particular tem
apenas detenção em relação ao Poder Público, não se cogitando de proteção
possessória.
4. É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre
particulares sobre bem público dominical, pois entre ambos a disputa será relativa à
posse.
5. À luz do texto constitucional e da inteligência do novo Código
Civil, a função social é base normativa para a solução dos conflitos
atinentes à posse, dando-se efetividade ao bem comum, com escopo nos princípios da
igualdade e da dignidade da pessoa humana.
6. Nos bens do patrimônio disponível do Estado (dominicais), despojados de
destinação pública, permite-se a proteção possessória pelos ocupantes da terra pública
que venham a lhe dar função social.
7. A ocupação por particular de um bem público abandonado/desafetado - isto é, sem
destinação ao uso público em geral ou a uma atividade administrativa -, confere
justamente a função social da qual o bem está carente em sua essência.
8. A exegese que reconhece a posse nos bens dominicais deve ser conciliada com
a regra que veda o reconhecimento da usucapião nos bens públicos (STF, Súm 340;
CF, arts. 183, § 3°; e 192; CC, art. 102); um dos efeitos jurídicos da posse - a
usucapião – será limitado, devendo ser mantido, no entanto, a possibilidade de
invocação dos interditos possessórios pelo particular.
9. Recurso especial não provido.STJ. 4ª Turma. REsp 1.296.964-DF, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 18/10/2016 (Info 594). (grifos não constantes do original)
Gabarito: Letra C.
d) admite exceção para a hipótese de sequestro de bens, nos termos do artigo 100, parágrafo
6°, da Constituição Federal de 1988, e para a concessão de garantia, em condições
especialíssimas, em operações de crédito externo, cabendo ao Senado Federal dispor sobre limite
e concessões, nos termos do artigo 52, VIII, da Constituição Federal de 1988.
Comentários
a) Incorreto. Impenhorabilidade e inalienabilidade são institutos distintos. Enquanto todos os bens
públicos são impenhoráveis, em regra, a inalienabilidade engloba apenas os de uso comum do
povo e uso especial. Os bens dominicais são alienáveis.
b) Incorreta. Existe outra hipótese aceita pelo STJ de exceção à regra da impenhorabilidade de
bens públicos. É o caso da violação do direito à saúde. Vejamos a seguir:
PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SUS. CUSTEIO
DETRATAMENTO MÉDICO. MOLÉSTIA GRAVE. DIREITO À VIDA E À SAÚDE.
BLOQUEIO DE VALORES EM CONTAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. ART. 461 DOCPC.
I - A Constituição Federal excepcionou da exigência do precatório os créditos de
natureza alimentícia, entre os quais incluem-se aqueles relacionados com a garantia da
manutenção da vida, como os decorrentes do fornecimento de medicamentos pelo
Estado. II - É lícito ao magistrado determinar o bloqueio de valores em contas públicas
para garantir o custeio de tratamento médico indispensável, como meio de concretizar
o princípio da dignidade da pessoa humana e do direito à vida e à saúde. Nessas
situações, a norma contida no art. 461, § 5º, do Código de Processo Civil deve ser
interpretada de acordo com esses princípios e normas constitucionais, sendo permitido,
inclusive, a mitigação da impenhorabilidade dos bens públicos. III - Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido. (grifos não constantes do original)
92
I É ilegal cobrar de concessionária de serviço público taxas pelo uso de solo, subsolo ou espaço
aéreo.
II A utilização do uso de bem público por concessionária de serviço público para a instalação de,
por exemplo, postes, dutos ou linhas de transmissão será revertida em benefício para a sociedade.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
a) As asserções I e II são falsas.
b) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
c) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
d) A asserção I é falsa, mas a II é verdadeira.
Comentários
As duas afirmações estão corretas, conforme julgado abaixo do STJ:
ADMINISTRATIVO. BENS PÚBLICOS. USO DE SOLO, SUBSOLO E ESPAÇO AÉREO
POR CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. COBRANÇA. IMPOSSIBILIDADE. 1.
Cinge-se a controvérsia no debate acerca da legalidade da cobrança de valores pela
utilização do bem público, consubstanciado pela faixa de domínio da rodovia federal
BR-493, por concessionária de serviço público estadual. 2. O Superior Tribunal de
Justiça possui jurisprudência firme e consolidada no sentido de que a cobrança em face
de concessionária de serviço público pelo uso de solo, subsolo ou espaço aéreo é ilegal
(seja para a instalação de postes, dutos ou linhas de transmissão, por exemplo), uma
vez que: a) a utilização, nesse caso, se reverte em favor da sociedade - razão pela qual
não cabe a fixação de preço público; e b) a natureza do valor cobrado não é de taxa,
pois não há serviço público prestado ou poder de polícia exercido. Nesse sentido: AgRg
na AR 5.289/SP, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Seção, DJe
19.9.2014; AI no RMS 41.885/MG, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Corte Especial,
DJe 28.8.2015; AgRg no REsp 1.191.778/RS, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho,
Primeira Turma, DJe 26.10.2016; REsp 1.246.070/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe 18.6.2012; REsp 863.577/RS, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10.9.2010; REsp 881.937/RS, Rel. Min. Luiz
Fux, Primeira Turma, DJe 14.4.2008. 3. Agravo Interno não provido.
Gabarito: Letra B.
21. (2017/FCC/TJ-SC/Juiz de Direito) A propósito do uso dos bens públicos pelos particulares, é
correto afirmar que
a) as concessões de uso, dada a sua natureza contratual, não admitem a modalidade gratuita.
b) o concessionário de uso de bem público exerce posse ad interdicta, mas não exerce posse ad
usucapionem.
93
c) a autorização de uso, por sua natureza precária, não admite a fixação de prazo de utilização do
bem público.
d) a Medida Provisória n° 2.220/2001 garante àquele que possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de imóvel público
situado em área urbana, utilizando-o para fins comerciais e respeitado o marco temporal ali
estabelecido, o direito à concessão de uso especial.
e) a permissão de uso, por sua natureza discricionária, não depende de realização de prévia
licitação.
Comentários
a) Incorreto. A concessão de uso também admite a forma gratuita, como veremos na lição de Hely
Lopes Meirelles (p.296, 2016):
A concessão de uso, que pode ser remunerada ou não, apresenta duas modalidades, a
saber: a concessão administrativa de uso e a concessão de direito real de uso. A
primeira, também denominada concessão comum de uso, apenas confere ao
concessionário um direito pessoal, intransferível a terceiros. Já, a concessão de direito
real de uso, instituída pelo Dec.-lei 271, de 28.2.67 (arts. 72 e 82), como o próprio nome
indica, atribui o uso do bem público como direito real, transferível a terceiros por ato
inter vivos ou por sucessão legítima ou testamentária. E é isso que a distingue da
concessão administrativa de uso, tornando-a um instrumento de grande utilidade para
os empreendimentos de interesse social, em que o Poder Público fomenta determinado
uso do bem público. (grifos não constantes do original)
b) Correta. Os bens públicos não são adquiridos por usucapião. Desta forma, não pode haver a
aplicação do instituto da posse ad usucapionem. Já a posse ad interdicta é aplicável, visando
proteger a posse do bem público contra terceiros.
Para Maria Sylvia de Pietro (p.882, 2018):
Especificamente quanto aos bens de uso comum do povo, diz ele que “a regra é esta: a posse
não é excluída senão para as coisas fora do comércio, de sorte que a ação possessória não é
repudiada e afastada senão na medida mesma desta exceção, vale dizer, tão-somente enquanto
entra em conflito e põe em dúvida a destinação da propriedade pública; nos limites em que é
compatível com essa destinação, a ação possessória tem cabimento”. Se assim não fosse, não
poderia o Estado defender os bens públicos contra terceiros, utilizando esse procedimento. A
extracomerciabilidade exclui a posse ad usucapionem (porque incompatível com a
inalienabilidade dos bens públicos), porém admite a posse ad interdicta na medida em que seja
necessária para proteger a pública destinação dos bens.
94
Há de se atentar, no entanto, que o titular de uso privativo pode propor ação possessória contra
terceiros; não cabe contra a Administração quando esta usa legitimamente seu poder de
extinguir o uso privativo por razões de interesse público. (grifos não constantes do original)
c) Incorreta. A autorização de uso admite a estipulação de prazo, nos termos dos ensinamentos
Maria Sylvia de Pietro (p.868, 2018),
d) Incorreta. Não é para fins comerciais e sim para fins de moradia, nos termos do seu art. 1º, in
verbis:
Art. 1o Aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de
imóvel público situado em área com características e finalidade urbanas, e que o utilize
para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins
de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou
concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural. (Redação dada pela lei
nº 13.465, de 2017) (grifos não constantes do original)
95
Quanto à licitação, não é, em regra, necessária, a não ser que leis específicas sobre
determinadas matérias o exijam, como ocorre no caso da permissão para instalação de
bancas nas feiras livres. É verdade que a Lei nº 8.666, no artigo 2º, inclui a permissão
entre os ajustes que, quando contratados com terceiros, serão necessariamente
precedidos de licitação. Tem-se, no entanto, que entender a norma em seus devidos
termos. Em primeiro lugar, deve-se atentar para o fato de que a Constituição Federal,
no artigo 175, parágrafo único, I, refere-se a permissão de serviço público como
contrato; talvez por isso se justifique a norma do artigo 2º da Lei nº 8.666. Em segundo
lugar, deve-se considerar também que este dispositivo, ao mencionar os vários tipos de
ajustes em que a licitação é obrigatória, acrescenta a expressão “quando contratados
com terceiros”, o que faz supor a existência de um contrato. Além disso, a permissão
de uso, embora seja ato unilateral, portanto excluído da abrangência do artigo 2º, às
vezes assume a forma contratual, com características iguais ou semelhantes à concessão
de uso; é o que ocorre na permissão qualificada, com prazo estabelecido. Neste caso,
a licitação torna-se obrigatória. A Lei nº 8.666 parece ter em vista precisamente essa
situação quando, no artigo 2º, parágrafo único, define o contrato como “todo e
qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em
que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de
obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada”. Quer dizer: ainda que se
fale em permissão, a licitação será obrigatória se a ela for dada a forma contratual,
sendo dispensada a licitação na hipótese do art.17, I, f, da Lei nº 8.666, alterada pela
Lei nº 8.883, de 8-6-94. (grifos não constantes do original)
Gabarito: Letra B.
96
Comentários
a) Correto. Os bens públicos dominicais são os do domínio privado do Estado que não possuem
destinação publica, ou seja, são desafetados, constituindo no patrimônio privado do Estado.
Quando tiverem uma destinação pública especifica, podem ser afetados, tornando-se bens de
domínio público.
Para Maria Sylvia de Pietro (p. 850 e 851, 2018):
Os bens do domínio privado do Estado, chamados bens dominicais pelo Código Civil,
e bens do patrimônio disponível pelo Código de Contabilidade Pública, são definidos
legalmente como “os que constituem o patrimônio da União, dos Estados ou
Municípios, como objeto de direito pessoal ou real de cada uma dessas entidades” (art.
66, III, do Código Civil). (grifos não constantes do original)
b) Incorreto. Uma vez que para determinar se um bem é de domínio público ou privado, elemento
diferenciador é o da afetação ou destinação pública.
c) Incorreto. A alternativa tenta induzir o candidato a erro ao sugerir que o conceito de bens
públicos especiais seja o relativo a características das formas de outorga de bens de domínio
público a particulares (permissão de uso, autorização de uso e concessão de uso).
O conceito de bens públicos especiais consta no inciso II, art. 99, do Código Civil 2002, in verbis:
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. (grifos não
constantes do original)
Gabarito: Letra A.
97
( ) Certo ( ) Errado.
Comentários
Correto. O ente público pode adquirir bem de particular por usucapião. Segundo José dos Santos
Carvalho Filho (p. 1142, 2012):
Gabarito: Correto.
( ) Certo ( ) Errado.
Comentários
98
Errado. O candidato foi induzido ao erro por acreditar que a fundamentação seria com base no
inciso XVI, art. 5º, da CF 88, in verbis:
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
autoridade competente"
Veja que a CF menciona que o direito de reunião independe de autorização para ser realizada,
devendo apenas o prévio aviso a autoridade competente. Diferentemente é o caso de um baile
de carnaval, em que é necessário um tratamento diferenciado por conta do número imenso de
participantes, por exemplo.
Segundo José dos Santos Carvalho Filho (p. 1156 e 1157, 2012):
Autorização de uso é o ato administrativo pelo qual o Poder Público consente que
determinado indivíduo utilize bem público de modo privativo, atendendo
primordialmente a seu próprio interesse. Esse ato administrativo é unilateral, porque a
exteriorização da vontade é apenas da Administração Pública, embora o particular seja
o interessado no uso. É também discricionário, porque depende da valoração do Poder
Público sobre a conveniência e a oportunidade em conceder o consentimento. Trata-
se de ato precário: a Administração pode revogar posteriormente a autorização se
sobrevierem razões administrativas para tanto, não havendo, como regra, qualquer
direito de indenização em favor do administrado. A autorização de uso só remotamente
atende ao interesse público, até porque esse objetivo é inarredável para a
Administração. Na verdade, porém, o benefício maior do uso do bem público pertence
ao administrado que obteve a utilização privativa. Portanto, é de se considerar que na
autorização de uso é prevalente o interesse privado do autorizatário.
Como o ato é discricionário e precário, ficam resguardados os interesses
administrativos. Sendo assim, o consentimento dado pela autorização de uso não
depende de lei nem exige licitação prévia. Em outra ótica, cabe afirmar que o
administrado não tem direito subjetivo à utilização do bem público, não comportando
formular judicialmente pretensão no sentido de obrigar a Administração a consentir no
uso; os critérios de deferimento ou não do pedido de uso são exclusivamente
administrativos, calcados na conveniência e na oportunidade da Administração.
Exemplos desse tipo de ato administrativo são as autorizações de uso de terrenos
baldios, de área para estacionamento, de retirada de água de fontes não abertas ao
público, de fechamento de ruas para festas comunitárias ou para a segurança de
moradores e outros semelhantes. (grifos não constantes do original)
99
25. (2017/CESPE/TJ-PR /Juiz de Direito) Em relação aos bens públicos, assinale a opção correta.
a) O ordenamento jurídico brasileiro permite que pertençam a particulares algumas áreas nas ilhas
oceânicas e costeiras.
b) Por serem abertos a uma utilização universal, o mercado municipal e o cemitério público são
considerados bens de uso comum do povo.
c) Em face do atributo da inalienabilidade, os bens públicos dominicais não podem ser alienados.
d) Quando o tribunal de justiça consente o uso gratuito de determinada sala do prédio do foro
para uso institucional da defensoria pública local, efetiva-se o instituto da permissão de uso de
bem público.
Comentários
a) Correto. A CF/88 permite que terceiros possuam algumas áreas nas ilhas oceânicas e costeiras,
nos termos do inciso IV, art. 20 e inciso II, art. 26, ambos da CF/88, in verbis:
Art. 20. São bens da União:
IV. as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas;
as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)
Dessa forma, os prédios em que ficam localizados os estabelecimentos que possuem uma
finalidade pública são classificados como bens de uso especial.
c) Incorreto. Os bens públicos dominicais estão desafetados, ou seja, sem destinação pública
específica, podendo ser alienados.
d) Incorreto. O instrumento jurídico correto é por meio da cessão de uso. Segundo Hely Lopes
Meirelles (p.645, 2016):
Gabarito: Letra A.
101
d) II e IV.
Comentários
I - Incorreto. Nem sempre na alienação de bens imóveis será exigida a licitação na modalidade
concorrência, nos termos do art.17, Inciso I e alíneas, da Lei 8.666/93, in verbis:
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de
interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração
direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração
pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas
alíneas f, h e i;(Redação dada pela Lei nº 11.952, de 2009)
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art.
24 desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de
governo; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação
ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou
efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização
fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração
pública; (grifos não constantes do original)
II - Correto. A concessão de domínio feita entre entes públicos não necessita de transcrição
imobiliária, uma vez que a efetivação da operação é formalizada por lei. Para Hely Lopes Meirelles
(p. 658 e 659, 2016):
Concessão de domínio: concessão de domínio é forma de alienação de terras públicas
que teve sua origem nas concessões de sesmarias da Coroa e foi largamente usada nas
concessões de datas das Municipalidades da Colônia e do Império. Atualmente, só é
utilizada nas concessões de terras devolutas da União, dos Estados e dos Municípios,
consoante prevê a Constituição da República (art. 188, § 12). Tais concessões não
passam de vendas ou doações dessas terras públicas, sempre precedidas de lei
autorizadora e avaliação das glebas a serem concedidas a título oneroso ou gratuito,
além da aprovação do Congresso Nacional quando excedentes de dois mil e quinhentos
102
hectares. Quando feita por uma entidade estatal a outra, a concessão de domínio
formaliza-se por lei e independe de registro; quando feita a particulares exige termo
administrativo ou escritura pública e o título deve ser transcrito no registro imobiliário
competente, para a transferência do domínio. (grifos não constantes do original)
III - Incorreto. Na alienação de bens móveis não se necessita de autorização legal, conforme art.
17, inciso II, alínea “a”, da Lei 8.666/93, in verbis:
Gabarito: Letra D.
27. (2017/IBEG/IPREV/Procurador) De acordo com a classificação dos bens públicos, o imóvel que
abriga e pertence à Prefeitura de Viana é considerado
a) de uso especial.
b) de uso comum do povo.
c) dominal.
d) regular de serviço.
e) de uso disponível.
Comentários
103
O conceito de bens públicos especiais consta no inciso II, art. 99, do Código Civil 2002 , in verbis:
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. (grifos não
constantes do original)
Portanto, o imóvel que abriga o prédio da sede da Prefeitura de Viana é classificado como de uso
especial, pois encontra-se afetado a um fim público.
Gabarito: Letra A.
104
também, por conta de não poder adquiri-la por usucapião. A seguir um precedente sobre o tema
do STJ:
Já em relação a possibilidade de defesa desse bem público face a invasão provocada por outro
particular, o STJ tem entendido caber a propositura de ações possessórias, como a ação de
reintegração de posse, como se verá abaixo por meio do informativo nº 579 do STJ:
105
106
Gabarito: Letra D.
107
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
O conceito de bens públicos dominicais consta no inciso III, art. 99, do Código Civil 2002, in verbis:
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. (grifos não
constante do original)
Portanto, os bens dominicais são aqueles em que constam do patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, porém estão desafetados, ou seja, sem destinação pública específica, podendo
ser alienados.
A assertiva se encontra incorreta por conta de ter mencionado que o edifício destinado a sediar a
Administração se classificaria como dominical, quando o correto é ser classificado como bem de
uso especial, nos termos do inciso II, art. 99 do CC/2002.
Gabarito: Errado.
108
Em sentido estrito, a administração dos bens públicos admite unicamente sua utilização
e conservação segundo a destinação natural ou legal de cada coisa, e em sentido amplo
abrange também a alienação dos bens que se revelarem inúteis ou inconvenientes ao
·domínio público e a aquisição de novos bens, necessários ao serviço público. Quanto
à oneração, não admitimos que possa incidir sobre bem público, salvo quando
incorporado a empresa estatal. (grifos não constantes do original)
Portanto, é nulo servidor público adquirir bem público que estava sob sua administração.
Gabarito: Letra A.
109
b) Incorreto. O fundo garantidor tem natureza privada, nos termos do §1º do art. 16, da Lei
11074/2004, in verbis:
Art. 16. Ficam a União, seus fundos especiais, suas autarquias, suas fundações públicas
e suas empresas estatais dependentes autorizadas a participar, no limite global de R$
6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais), em Fundo Garantidor de Parcerias Público-
Privadas - FGP que terá por finalidade prestar garantia de pagamento de obrigações
pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais, distritais, estaduais ou
municipais em virtude das parcerias de que trata esta Lei. (Redação dada
pela Lei nº 12.766, de 2012)
§ 1o O FGP terá natureza privada e patrimônio próprio separado do patrimônio dos
cotistas, e será sujeito a direitos e obrigações próprios.
110
c) Correta. Deveria ter ocorrido primeiro a desafetação do imóvel para que se transformasse em
bem dominical, nos termos do §7º, art. 16, da Lei 11074/2004, in verbis:
Art. 16. Ficam a União, seus fundos especiais, suas autarquias, suas fundações públicas
e suas empresas estatais dependentes autorizadas a participar, no limite global de R$
6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais), em Fundo Garantidor de Parcerias Público-
Privadas - FGP que terá por finalidade prestar garantia de pagamento de obrigações
pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais, distritais, estaduais ou
municipais em virtude das parcerias de que trata esta Lei. (Redação dada
pela Lei nº 12.766, de 2012)
(...)
§ 4o A integralização das cotas poderá ser realizada em dinheiro, títulos da dívida
pública, bens imóveis dominicais, bens móveis, inclusive ações de sociedade de
economia mista federal excedentes ao necessário para manutenção de seu controle
pela União, ou outros direitos com valor patrimonial.
d) Incorreto. Como o negócio jurídico da transferência do bem imóvel para o fundo garantidor
possui nulidade, o patrimônio continua sendo público, então sujeito a impenhorabilidade.
e) Incorreto. Os bens públicos são impenhoráveis. No caso da questão, a transferência para o
fundo garantidor não se formalizou, por conta de não ter havido anteriormente a desafetação do
bem imóvel.
Gabarito: Letra C.
111
b) faz jus à usucapião do terreno, visto que se trata de imóvel particular da entidade autárquica.
c) não possui direito subjetivo de permanecer no imóvel, pois o princípio da boa-fé não é oponível
ao interesse público.
d) tem o direito à concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da
posse, desde que comprove não ser proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro
imóvel urbano ou rural.
e) deve requerer ao INCRA a abertura de processo de legitimação de posse, visto tratar-se de
ocupante de terra devoluta.
Comentários
Para o caso em análise, o Sr. Maurício deverá solicitar a concessão de uso especial para fins de
moradia, nos termos do art.77(art.1º da Medida Provisória nº 2220/2001), in verbis:
Art. 77. A Medida Provisória no 2.220, de 4 de setembro de 2001, passa a vigorar com
as seguintes alterações:
“Art. 1º Aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de
imóvel público situado em área com características e finalidade urbanas, e que o utilize
para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins
de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou
concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural.
Gabarito: Letra D.
Portanto, o imóvel que abriga o edifício da repartição pública é classificado como de uso especial.
c) Incorreto. As florestas são bens de uso comum do povo.
d) Incorreto. As terras devolutas são dominicais, em regra. Para serem consideradas como de uso
especial deverão ser declaradas por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais, como se vê na lição de Maria Sylvia de Pietro, (p.849, 2018):
113
São exemplos de bens de uso especial os imóveis onde estão instaladas repartições
públicas, os bens móveis utilizados pela Administração, museus, bibliotecas, veículos
oficiais, terras dos silvícolas, cemitérios públicos, aeroportos, mercados e agora, pela
nova Constituição, as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. (grifos não
constantes do original)
Gabarito: Letra B.
( ) Certo ( ) Errado.
Comentários
Errado. É dispensável a autorização legislativa para extinção de condomínio indivisível que possua
fração dele constituída por bem dominical. Vejamos abaixo posicionamento da jurisprudência do
STJ sobre o tema:
Gabarito: Errado.
114
d) Correto. Nos termos do art. 98 do CC/2002, in verbis: ”São públicos os bens do domínio
nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são
particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.”
e) Incorreto. Nos termos do inciso III, art. 99, do CC 2002, in verbis:
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. (grifos não
constantes do original)
Gabarito: Letra D.
116
117
e) Incorreto. A ação civil pública é apropriada para a defesa dos direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos. No caso em análise, não houve violação desses direitos, descabendo a
propositura da ação. Além disso, a gestão das políticas públicas cabe ao executivo, podendo o
judiciário interferir quando houver violação aos direitos fundamentais.
Gabarito: Letra C.
40. (2016/CESPE/TJ-DF/Juiz de Direito) Acerca dos bens públicos, assinale a opção correta.
a) Os bens privados do Estado, que não se submetem ao regime jurídico de direito público, são
aqueles adquiridos de particulares por meio de contrato de direito privado.
b) Bens dominicais são aqueles que podem ser utilizados por todos os indivíduos nas mesmas
condições, por determinação de lei ou pela própria natureza do bem.
c) Os bens de uso especial do Estado são as coisas, móveis ou imóveis, corpóreas ou não, que a
administração utiliza para a realização de suas atividades e finalidades.
d) Os bens de uso comum não integram o patrimônio do Estado, constituindo coisas que não
pertencem ao ente público ou a qualquer particular, não sendo passíveis, portanto, de aquisição
por pessoa física ou jurídica.
e) Os bens dominicais são aqueles pertencentes ao Estado e afetados a uma finalidade específica
da administração pública.
Comentários
a) Incorreto. Os bens privados do Estado ou bens dominicais são aqueles que estão desafetados,
ou seja, sem destinação dos bens a uma finalidade. A origem deles pode ter surgido desde sempre
do próprio patrimônio público e também de bens de particulares.
b) Incorreto. O conceito se refere aos bens de uso comum do povo.
c) Correto. Os bens de uso especial são os afetados a alguma finalidade pública. Constitui-se do
patrimônio das pessoas jurídicas de direito público em que abrigam os prédios das repartições
públicas ou os bens móveis, por exemplo.
d) Incorreto. Os bens de uso comum do povo integram os bens públicos.
e) Incorreto. Os bens dominicais são aqueles que não estão mais afetados a alguma finalidade
pública.
Gabarito: Letra C.
118
I – O mar territorial, entendido como uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a
partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas
de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.
II – Os recursos naturais da plataforma continental, entendida como o subsolo das áreas
submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento
natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma
distância de cento e cinquenta milhas marítimas das linhas de base, a partir das quais se mede a
largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja
essa distância.
III – Os recursos naturais da zona econômica exclusiva, entendida como uma faixa que se estende
das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir
a largura do mar territorial.
Estão corretas:
a) I, II e III;
b) I e III;
c) II e III;
d) Apenas III.
Comentários
Correto. Nos termos do art. 1º da Lei nº 8617/1993, in verbis:
Art. 1º O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas marítima de
largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como
indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.
III- Correto. Nos termos do art. 6º da Lei nº 8617/1993, in verbis: “Art. 6º A zona econômica
exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas,
contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.”
Gabarito: Letra B.
119
O uso comum extraordinário está sujeito a maiores restrições impostas pelo poder de
polícia do Estado, ou porque limitado a determinada categoria de usuários, ou porque
sujeito a remuneração, ou porque dependente de outorga administrativa.
Por fim, o art. 103 do CC 2002 trata do tema da seguinte forma: ”O uso comum dos bens públicos
pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja
administração pertencerem.”
b) Incorreto. Também podem ser desafetados mediante lei ou tacitamente. A afetação de um bem
público comum ou especial pode ocorrer de forma expressa ou tácita, segundo a doutrina. Para
Maria Sylvia de Pietro (p.850,2018),
Pelos conceitos de afetação e desafetação, verifica-se que uma e outra podem ser
expressas ou tácitas. Na primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei;
na segunda, resultam de atuação direta da Administração sem manifestação expressa
de sua vontade, ou de fato da natureza. Por exemplo, a Administração pode baixar
decreto estabelecendo que determinado imóvel, integrado na categoria dos bens
dominicais, será destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
essa escola no prédio, sem qualquer declaração expressa. Em um e outro caso, o bem
está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar a categoria de bem
de uso especial. A operação inversa também pode ocorrer, mediante declaração
expressa ou pela simples desocupação do imóvel, que fica sem destinação. (grifos não
constantes do original)
c) Incorreto. Os bens públicos em geral não podem sofrer usucapião, nos termos do art. 102 do
CC 2002: “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião”. Porém, os bens dominicais podem
ser alienados, uma vez que estão desafetados de finalidade pública.
d) Correto. A modalidade de leilão comporta a venda de bens móveis inservíveis para a
administração, nos termos do §5º, inciso V, do art. 22, da Lei 8.666/93, in verbis:
Art. 22. São modalidades de licitação:
V - leilão.
§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de
bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos
ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer
o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
1994) (grifos não constantes do original)
e) Incorreto. A autorização para uso de bem público por prazo indeterminado tem natureza
precária. Já o uso com prazo tem natureza mais estável. Para Maria Sylvia de Pietro (p.866,2018):
No caso de uso privativo estável, ou seja, outorgado com prazo estabelecido, a
precariedade não existe no ato de outorga. A fixação do prazo cria para o particular
uma expectativa de estabilidade, a justificar os maiores encargos que assumirá em
121
Gabarito: Letra D.
Os bens dominicais, não estando afetados a finalidade pública específica, podem ser
alienados por meio de institutos do direito privado (compra e venda, doação, permuta)
ou do direito público (investidura, legitimação de posse e retrocessão, esta última
objeto de análise no capítulo concernente à desapropriação). (grifos não constantes do
original)
II) Incorreto. A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro da
Fazenda, sendo permitida a subdelegação, nos termos do §2º, do art. 23, da Lei 9636/1998, in
verbis:
122
Art. 23. A alienação de bens imóveis da União dependerá de autorização, mediante ato
do Presidente da República, e será sempre precedida de parecer da SPU quanto à sua
oportunidade e conveniência.
§ 1o A alienação ocorrerá quando não houver interesse público, econômico ou social
em manter o imóvel no domínio da União, nem inconveniência quanto à preservação
ambiental e à defesa nacional, no desaparecimento do vínculo de propriedade.
§ 2o A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro de
Estado da Fazenda, permitida a subdelegação. (grifos não constantes do original)
III- Correto. As duas modalidades de vendas são previstas para bens imóveis, nos termos do inciso
I, art. 17, da Lei 8.666/93 (para a concorrência) e inciso III, art. 19, da Lei 8.666/93 (concorrência e
leilão), in verbis:
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de
interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração
direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
(...)
Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de
procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da
autoridade competente, observadas as seguintes regras:
I - avaliação dos bens alienáveis;
II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou
leilão. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) (grifos não constantes do
original)
Gabarito: Letra B.
123
b) O uso privativo, ou uso especial privado, consiste no direito de utilização de bens públicos
outorgado pela administração tão somente para determinadas pessoas jurídicas, mediante
instrumento jurídico próprio para tal finalidade.
c) Por meio da permissão de uso, a administração permite que determinada pessoa utilize de
forma privativa um bem público, atendendo assim a interesse exclusivamente privado.
d) É inadmissível a doação de bens públicos, mesmo em caráter excepcional, dada a
indisponibilidade desses bens em nome do interesse público.
e) Quanto à destinação, os bens públicos classificam-se em bens de uso comum do povo, bens de
uso especial e bens dominicais, sendo definidos como bens de uso comum do povo aqueles que
se destinem a utilização específica pelos indivíduos.
Comentários
a) Correto. Existem várias modalidades de desapropriação em que o ato final se consagra na
transferência do bem desapropriado ao particular para que se atinja a finalidade pública.
Para Maria Sylvia de Pietro (p. 211, 2016),
Como regra, os bens desapropriados passam a integrar o Patrimônio das pessoas
jurídicas políticas que fizeram a desapropriação (União, Estados, Municípios e Distrito
Federal) ou das pessoas públicas ou privadas que desempenhem serviços públicos por
delegação do poder público.
No entanto, pode ocorrer que os bens se destinem a ser transferidos a terceiros. Isto
ocorre nos casos em que a desapropriação se faz:
1. por zona;
2. para fins de urbanização;
3. para fins de formação de distritos industriais;
4. por interesse social;
5 . para assegurar o abastecimento da população;
6. a título punitivo, quando incide sobre terras onde se cultivem plantas psicotrópicas.
(grifos não constantes do original)
Dessa forma, quando o poder público consegue ter para si o bem depois de efetivada a
desapropriação este se transforma em bem público, e enquanto não forem transferidos aos
beneficiários permanecerão com essa característica.
b) Incorreta. O uso privativo de bem público pode ser outorgado para pessoas físicas ou jurídicas,
públicas ou privadas. Para Maria Sylvia de Pietro (p.865, 2016):
124
Uso privativo, que alguns denominam de uso especial, é o que a Administração Pública
confere, mediante título jurídico individual, a pessoa ou grupo de pessoas
determinadas, para que o exerçam, com exclusividade, sobre parcela de bem público.
Pode ser outorgado a pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, pois nada
impede que um ente público consinta que outro se utilize privativamente de bem
público integrado em seu patrimônio. (grifos não constantes do original)
c) Incorreto. O fim almejado pela permissão é o interesse coletivo. Segundo Maria Sylvia de Pietro
(p.869, 2018):
O que acaba de ser exposto permite ser estabelecida mais nítida comparação entre
autorização e permissão de uso. Ambas têm a natureza de ato administrativo unilateral,
discricionário e precário. Nas duas hipóteses, o uso pode ser gratuito ou oneroso, por
tempo determinado (permissão ou autorização qualificada) ou indeterminado
(permissão ou autorização simples).
Três diferenças podem ser assinaladas, em face do direito positivo brasileiro:
l. enquanto a autorização confere a faculdade de uso privativo no interesse privado do
beneficiário, a permissão implica a utilização privativa para fins de interesse coletivo;
2. dessa primeira diferença decorre outra, relativa à precariedade.
Esse traço existe em ambas as modalidades, contudo é mais acentuado na autorização,
justamente pelas finalidades de interesse individual; no caso da permissão, que é dada
por razões de predominante interesse público, é menor o contraste entre o interesse
do permissionário e o do usuário do bem público; (grifos não constantes do original)
d) Incorreto. A doação de bens dominicais é permitida. Para Maria Sylvia de Pietro, (p.857, 2018),
Os bens dominicais, não estando afetados a finalidade pública específica, podem ser
alienados por meio de institutos do direito privado (compra e venda, doação, permuta)
ou do direito público (investidura, legitimação de posse e retrocessão, este último
objeto de análise no capítulo concernente à desapropriação). (grifos não constantes do
original)
e) Incorreto. O conceito de bens públicos especiais consta no inciso II, art. 99, do Código Civil
2002, in verbis:
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
125
45. (2015/CESPE/AGU/Advogado da União) Acerca dos serviços públicos e dos bens públicos, julgue
o item a seguir.
Situação hipotética: A União decidiu construir um novo prédio para a Procuradoria-Regional da
União da 2.ª Região para receber os novos advogados da União. No entanto, foi constatado que
a única área disponível, no centro do Rio de Janeiro, para a realização da referida obra estava
ocupada por uma praça pública. Assertiva: Nessa situação, não há possibilidade de desafetação
da área disponível por se tratar de um bem de uso comum do povo, razão por que a administração
deverá procurar por um bem dominical.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Errado. A administração pode modificar a afetação de um bem público de uso comum do povo
para de uso especial, podendo ocorrer por lei ou ato administrativo.
Para Maria Sylvia de Pietro, (p.850, 2018),
Pelos conceitos de afetação e desafetação, verifica-se que uma e outra podem ser
expressas ou tácitas. Na primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei;
na segunda, resultam de atuação direta da Administração sem manifestação expressa
de sua vontade, ou de fato da natureza. Por exemplo, a Administração pode baixar
decreto estabelecendo que determinado imóvel, integrado na categoria dos bens
dominicais, será destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
essa escola no prédio, sem qualquer declaração expressa. Em um e outro caso, o bem
está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar a categoria de bem
de uso especial. A operação inversa também pode ocorrer, mediante declaração
expressa ou pela simples desocupação do imóvel, que fica sem destinação. (grifos não
constantes do original)
126
Gabarito: Errado.
46. (2015/CESPE/AGU/Advogado da União) Julgue o próximo item, referente à utilização dos bens
públicos e à desapropriação.
Se os membros de uma comunidade desejarem fechar uma rua para realizar uma festa
comemorativa do aniversário de seu bairro, será necessário obter da administração pública
uma permissão de uso.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Errado. O correto é solicitar a autorização de uso de bem público. Segundo José dos Santos
Carvalho Filho (p.1156 e 1157, 2012),
Autorização de uso é o ato administrativo pelo qual o Poder Público consente que
determinado indivíduo utilize bem público de modo privativo, atendendo
primordialmente a seu próprio interesse. Esse ato administrativo é unilateral, porque a
exteriorização da vontade é apenas da Administração Pública, embora o particular seja
o interessado no uso. É também discricionário, porque depende da valoração do Poder
Público sobre a conveniência e a oportunidade em conceder o consentimento. Trata-
se de ato precário: a Administração pode revogar posteriormente a autorização se
sobrevierem razões administrativas para tanto, não havendo, como regra, qualquer
direito de indenização em favor do administrado. A autorização de uso só remotamente
atende ao interesse público, até porque esse objetivo é inarredável para a
Administração. Na verdade, porém, o benefício maior do uso do bem público pertence
ao administrado que obteve a utilização privativa. Portanto, é de se considerar que na
autorização de uso é prevalente o interesse privado do autorizatário.
Como o ato é discricionário e precário, ficam resguardados os interesses
administrativos. Sendo assim, o consentimento dado pela autorização de uso não
depende de lei nem exige licitação prévia. Em outra ótica, cabe afirmar que o
administrado não tem direito subjetivo à utilização do bem público, não comportando
formular judicialmente pretensão no sentido de obrigar a Administração a consentir no
uso; os critérios de deferimento ou não do pedido de uso são exclusivamente
administrativos, calcados na conveniência e na oportunidade da Administração.
Exemplos desse tipo de ato administrativo são as autorizações de uso de terrenos
baldios, de área para estacionamento, de retirada de água de fontes não abertas ao
público, de fechamento de ruas para festas comunitárias ou para a segurança de
moradores e outros semelhantes. (grifos não constantes do original)
127
Dessa forma, para se organizar uma festa de aniversário numa rua de um bairro é necessária
autorização do poder competente, pois não se trata de uma simples reunião para ser exposta
alguma manifestação (nesta não precisaria de autorização, bastando uma comunicação prévia).
Gabarito: Errado.
128
Pelos conceitos de afetação e desafetação, verifica-se que uma e outra podem ser
expressas ou tácitas. Na primeira hipótese, decorrem de ato administrativo ou de lei;
na segunda, resultam de atuação direta da Administração sem manifestação expressa
de sua vontade, ou de fato da natureza. Por exemplo, a Administração pode baixar
decreto estabelecendo que determinado imóvel, integrado na categoria dos bens
dominicais, será destinado à instalação de uma escola; ou pode simplesmente instalar
essa escola no prédio, sem qualquer declaração expressa. Em um e outro caso, o bem
está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar a categoria de bem
de uso especial. A operação inversa também pode ocorrer, mediante declaração
expressa ou pela simples desocupação do imóvel, que fica sem destinação. (grifos não
constantes do original)
IV- Correto. A jurisprudência do STF preceitua que os bens das empresas públicas e sociedade de
economia mista que estejam afetados a prestação de serviços públicos gozam da
impenhorabilidade.
Informativo 210 STF
Gabarito: Letra C.
48. (2015/FCC/TRT-23ª REGIÃO (MT)/Juiz do Trabalho) O regime jurídico de direito público abrange
a impenhorabilidade e a imprescritibilidade dos bens públicos, o que, em relação à Administração
Direta e à Indireta, significa que
129
Comentários
a) Incorreto. Em regra, os bens públicos são impenhoráveis, inclusive os relativos para satisfazer
os créditos de natureza alimentar. Em algumas exceções a essa regra, tem-se os créditos de
pequenos valores pagos por meio de Requisição de pequeno valor (RPV), nos termos a seguir da
CF 88:
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital
e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos,
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 62, de 2009). (Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários,
vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários
e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em
virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre
todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão
hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave,
ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com
preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em
130
lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa
finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do
precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se
aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as
Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em
julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). (grifos não
constantes do original)
Além disso, em algumas situações o poder judiciário vem decidindo pelo sequestro de bens de
entes públicos com o fim de assegurar o acesso aos direitos da saúde, como veremos no julgado
do STJ nesse sentido:
b) Correto. Nos termos do art.102 do CC 2002, “os bens públicos não estão sujeitos a usucapião”.
Portanto, são imprescritíveis.
Já a imprescritibilidade de ações de ressarcimento, instituto diferente do termo anterior, teve sua
tese alterada por conta de julgamento do STF em agosto/2018, a seguir exposto
Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 897 da repercussão geral, deu
parcial provimento ao recurso para afastar a prescrição da sanção de ressarcimento e
determinar o retorno dos autos ao tribunal recorrido para que, superada a preliminar
de mérito pela imprescritibilidade das ações de ressarcimento por improbidade
administrativa, aprecie o mérito apenas quanto à pretensão de ressarcimento. Vencidos
131
2. O tema analisado no presente caso não estava pacificado, visto que o prazo
prescricional nas ações indenizatórias contra aFazenda Pública era defendido de
maneira antagônica nos âmbitos doutrinário e jurisprudencial. Efetivamente, as Turmas
de Direito Público desta Corte Superior divergiam sobre o tema, pois existem julgados
de ambos os órgãos julgadores no sentido da aplicação do prazo prescricional trienal
previsto no Código Civil de 2002 nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda
Pública. Nesse sentido, o seguintes precedentes: REsp 1.238.260/PB, 2ª Turma, Rel.Min.
Mauro Campbell Marques, DJe de 5.5.2011; REsp 1.217.933/RS, 2ªTurma, Rel. Min.
Herman Benjamin, DJe de 25.4.2011; REsp1.182.973/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro
Meira, DJe de 10.2.2011;REsp 1.066.063/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe
de17.11.2008; EREspsim 1.066.063/RS, 1ª Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de
132
133
Gabarito: Letra B.
134
12. RESUMO
1. Domínio Eminente: quando se pretende fazer referência ao poder político que permite ao Estado, de forma
geral, submeter à sua vontade todos os bens situados em seu território, emprega-se esta expressão.
BENS
PÚBLICOS
DOMÍNIO
EMINENTE
BENS NÃO
SUJEITOS
AO REGIME BENS
NORMAL DA PRIVADOS
PROPRIEDA
DE
2.
Os de uso comum do povo: tais como rios, mares, estradas, ruas e praças.
135
3. Bens Públicos: são os que pertencem às pessoas jurídicas de direito público interno. Características dos
bens públicos:
alienabilidade condicionada
impenhorabilidade
imprescritibilidade
não-onerabilidade
4. Também são bens públicos os pertencentes às autarquias, fundações públicas e empresas estatais.
5.
136
Bens de uso comum do povo ou do domínio público: como exemplifica a própria lei, são os mares, praias,
rios, estradas, ruas e praças. Enfim, todos os locais abertos à utilização pública adquirem esse caráter de
comunidade, de uso coletivo, de fruição própria do povo. "Sob esse aspecto - acentua Cime Lima - pode o
domínio público definir-se como a forma mais completa da participação de um bem na atividade de
Administração Pública. São os bens de uso comum, ou do domínio público, o serviço mesmo prestado pela
Administração ao público, assim como as estradas, as ruas e praças".
Bens de uso especial ou do patrimônio administrativo: são os que se destinam especialmente à execução
dos serviços públicos e, por isso mesmo, são considerados instrumentos desses serviços; não 'integram
propriamente a Administração, mas constituem o· aparelhamento administrativo, tais como os edifícios
das repartições públicas, os terrenos aplicados aos serviços públicos, os veículos da Administração, os
matadouros, os mercados e outras serventias que o Estado põe à disposição do público, mas com
destinação especial. Tais bens, como têm uma finalidade pública permanente, são também chamados
bens patrimoniais indisponíveis.
Bens dominiais ou do patrimônio disponível: são aqueles que, embora integrando o domínio público como
os demais, deles diferem pela possibilidade sempre presente de serem utilizados em qualquer fim ou,
mesmo, alienados pela Administração, se assim o desejar. Daí por que recebem também a denominação
de bens patrimoniais disponíveis ou de bens do patrimônio fiscal. Tais bens integram o patrimônio do
Estado como objeto de direito pessoal ou real, isto é, sobre eles a Administração exerce "poderes de
proprietário, segundo os preceitos de Direitos Constitucional e Administrativo", na autorizada expressão
de Clóvis Beviláqua.
Bem de uso comum: são os destinados ao uso indistinto de todos, como os mares, ruas, estradas, praças
etc.
Bem de uso especial: são os afetados a um serviço ou estabelecimento público, como as repartições
públicas, isto é, locais onde se realiza a atividade pública ou onde está à disposição dos administrados um
serviço público, como teatros, universidades, museus e outros abertos à visitação pública.
137
Bens dominicais, também chamados dominiais: são os próprios do Estado como objeto de direito real, não
aplicados nem ao uso comum, nem ao uso especial, tais os terrenos ou terras em geral, sobre os quais tem
senhoria, à moda de qualquer proprietário, ou que, do mesmo modo, lhe assistam em conta de direito
pessoal. O parágrafo único do citado artigo pretendeu dizer que serão considerados dominicais os bens
das pessoas da Administração indireta que tenham estrutura de direito privado, salvo se a lei dispuser em
contrário.
Bens do domínio hídrico: São bens do domínio hídrico as águas salgadas e doces, compreendendo o mar
territorial e as águas correntes e dormentes qualificáveis como públicas, na conformidade dos
esclarecimentos seguintes. Eles compreendem:
Mar territorial: bem público de uso comum, é a faixa de 12 milhas marítimas de largura, contadas a partir
da linha do baixa-mar do litoral continental e insular do País (art. 1º da Lei 8.617, de 4.1.93).
São bens públicos tanto as águas correntes (rios, riachos, canais) e dormentes (lagos, lagoas e
reservatórios executados pelo Poder Público) navegáveis ou flutuáveis bem como as correntes de que se
façam estas águas, quando as nascentes forem de tal modo consideráveis que, por si sós, constituam o
caput fluminis, como ainda os braços das correntes públicas, desde que influam na navegabilidade ou
flutuabilidade delas (art. 2º do Código de Águas — Decreto 24.643, de 10.7.34, época em que o Executivo
legislava por decretos), e mais as águas situadas nas zonas periodicamente assoladas pelas secas, nos
termos e forma que legislação especial dispuser sobre elas (art. 5º). Tais bens se categorizam como bens
públicos de uso comum.
Entretanto, os lagos e lagoas situados e cercados por um só prédio particular e que não forem alimentados
por correntes públicas não são bens públicos (§ 3º do art. 2º).
São também águas públicas, mas já agora como bens públicos dominicais, quaisquer águas que, não
respondendo às características indicadas, estejam, contudo, sitas em terras públicas (art. 6º).
Rios públicos, portanto, são, além dos situados em terrenos públicos, os navegáveis ou flutuáveis, os de
que estes se façam e os que lhes determinem a navegabilidade ou flutuabilidade.
138
Os rios públicos serão federais quando situados em terras federais ou quando banhem mais de um Estado,
ou quando sirvam de limite com outros países ou quando se estendam ou provenham de território
estrangeiro (art. 2º, III, da Constituição). Os demais rios públicos são estaduais (art. 2 6 ,1, da Constituição).
b) águas dormentes (lagos, lagoas, açudes): Lagos e lagoas públicos, conforme visto, são os situados em
terras públicas ou os que sejam navegáveis ou flutuáveis, ressalvados, neste caso, os situados e cercados
por um só prédio particular que não sejam alimentados por correntes públicas.
Os lagos e lagoas públicos serão federais quando situados em terras federais, ou quando banhem mais de
um Estado ou sirvam de limite com território estrangeiro (art. 20, III, da Constituição). Serão estaduais nos
demais casos (art. 2 6 ,1, da Constituição).
c) potenciais de energia hidráulica: são bens públicos pertencentes à União, por força do art. 20, VIII, da
Constituição.
Bens do domínio terrestre: Dentre os bens do domínio terrestre do solo convém distinguir e referir as
terras devolutas, os terrenos de marinha, os terrenos marginais (ou ribeirinhos), os terrenos acrescidos e
as ilhas. Além destes bens há outros, arrolados no art. 20 como bens da União: sítios arqueológicos e pré-
históricos, terras tradicionalmente ocupadas pelos índios (os quais terão sobre elas posse permanente,
conforme o art. 231, § l 2, da Constituição), recursos minerais, inclusive do subsolo, e também alguns bens
subterrâneos, como as cavidades naturais subterrâneas, e submarinos, caso dos recursos naturais da
plataforma continental e da zona de exploração exclusiva. Eles compreendem:
a) do solo:
b) do subsolo:
8. Afetação: refere-se à utilização do bem público e está correlacionada à caracterização dele como
alienável ou inalienável. Veja:
139
AFETAÇÃO X DESAFETAÇÃO
AFETAÇÃO: não permite que o bem público DESAFETAÇÃO: pode ser formal ou tácita.
seja alienado. Os bens dominicais são sempre Desafetação tácita se dá através de um fato
não afetados. A afetação ao uso comum natural ou de um fato administrativo, como,
tanto pode provir do destino natural do bem, por exemplo, o abandono de um prédio. Já a
como ocorre com os mares, rios, ruas, desafetação formal consiste na declaração,
estradas, praças, quanto por lei ou por ato feita pelo Poder Público, de que o bem não
administrativo que determine a aplicação de tem destinação pública. Pode ser feita através
um bem dominical ou de uso especial ao uso de procedimento administrativo ou pelo
público. Legislativo, sendo muito comum com
automóvel público. A desafetação permite a
alienação do bem público.
9. Os bens públicos adquirem-se pelas mesmas formas previstas no Direito Privado (compra, permuta,
doação ou dação em pagamento) ou compulsoriamente, através de desapropriação e adjudicação em
execução de sentença, e ainda através de usucapião em favor do Poder Público.
AQUISIÇÃO DE BEM
Bens Imóveis: de um modo geral a aquisição Bens Móveis: quanto aos bens móveis
onerosa de bens imóveis depende de (1) (destinados ao serviço público), sua aquisição
prévia autorização legal, (2) avaliação e (3) dispensa autorização legal, mas depende de
licitação, podendo esta ser dispensada (1) licitação, na modalidade adequada ao
quando o bem escolhido for o único que contrato (concorrência, tomada de preços ou
convenha à Administração. Os bens imóveis convite). Há, ainda, a licitação por leilão.
de uso especial e os dominiais são sujeitos à
registro imobiliário; os de uso comum do
povo, não, enquanto mantiverem essa
destinação.
140
Usucapião: Não é possível usucapir terrenos públicos, mas o Poder Público pode
usucapir terrenos particulares.
Resgate na enfiteuse: Para terrenos de marinha (situados em uma distância até 33m
do mar), cujo domínio real é da União. É o resgate do domínio útil.
10.
141
11. Diagramação25:
25
As imagens recortadas constantes no resumo são do livro do professor Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de
Direito Administrativo, 27ª edição, páginas 926 a 929.
142
Lei nº 8.666/93, art. 19: os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja
==9e9ee==
CF/88, art. 188: a destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a
política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.
CF/88, art. 188, § 1º: a alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas
com área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda
que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.
143
12.
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14.
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16.
147
Inalienabilidade ou alienabilidade nos termos da lei, característica, esta, expressamente referida no art.
100 do Código Civil. Os de uso comum ou especial não são alienáveis enquanto conservarem tal
qualificação, isto é, enquanto estiverem afetados a tais destinos. Só podem sê-lo (sempre nos termos da
lei) ao serem desafetados, passando à categoria dos dominiais. O fato de um bem estar na categoria de
dominical não significa, entretanto, que só por isto seja alienável ao alvedrio da Administração, pois o
Código Civil, no artigo 101, dispõe que: “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas
as exigências da lei”. Independentemente do que dispõe o Código Civil, o simples princípio da
subordinação da Administração à lei (princípio da legalidade) já serviria de fundamento para tal
característica dos bens pertencentes às pessoas de Direito Público. Daí que, mesmo que se entenda que o
Código Civil não poderia legislar sobre matéria administrativa estadual ou municipal (como efetivamente
não pode), também os bens estaduais ou municipais estão submissos ao aludido regime. Anote-se, ainda
que a alienação de terras públicas com área superior a 2.500 hectares depende de prévia aprovação do
Congresso Nacional, manifestada por decreto legislativo, conforme arts. 49, XV, e 188, § 1º, da
Constituição.
Impenhorabilidade: bens públicos não podem ser penhorados. Isto é uma consequência do disposto no
art. 100 da Constituição. Com efeito, de acordo com ele, há uma forma específica para satisfação de
créditos contra o Poder Público inadimplente. Assim, bem se vê que também não podem ser gravados com
direitos reais de garantia, pois seria inconsequente qualquer oneração com tal fim.
Imprescritibilidade: quer-se com esta expressão significar que os bens públicos — sejam de que categoria
forem — não são suscetíveis de usucapião. É o que estabelecem os arts. 102 do Código Civil e 200 do
Decreto-lei 9.760, de 5.9.46, que regula o domínio público federal. Antes dele, já a tradição normativa,
desde o Brasil-Colônia, repelia a usucapião de terras públicas, embora alguns insistissem em questionar
este tópico. A primeira lei de terras do Brasil independente, Lei 601, de 18.9.1850, e seu regulamento, n.
1.318, de 1854, impunham tal intelecção e os Decretos federais 19.924, de 27.4.31, 22,785, de 31.5.33, e
710, de 17.9.38, também espancavam qualquer dúvida sobre isto. Hoje, a matéria está plenamente
pacificada (Súmula 340 do STF). Ademais, a Constituição vigente é expressa, em seus arts. 183, § 3º e 191,
parágrafo único, ao dispor que “os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião”. Assim, as normas
sobre a usucapião pro labore, previstas no art. 191, caput, não podem ser invocadas em relação a bens
públicos. No passado, podiam. É que os textos constitucionais anteriores que previam tal modalidade de
usucapião não mencionavam a imprescritibilidade dos imóveis públicos. Era cabível, pois, entender que
prevaleciam sobre a proteção que lhes era dada pela legislação ordinária. Hoje isto não é mais possível,
ante a clareza do precitado parágrafo único do art. 191. A usucapião pro labore assim se configura, nos
termos do art. 191, caput: “Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
seu, por 5 (cinco) anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a 50
(cinquenta) hectares, tomando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade”.
17.
148
Imprescritibilidade: imprescritibilidade dos bens públicos decorre como consequência lógica de sua
inalienabilidade originária. E é fácil demonstrar a assertiva: se os bens públicos são originariamente
inalienáveis, segue-se que ninguém os pode adquirir enquanto guardar essa condição. Daí não ser possível
a invocação de usucapião sobre eles. E princípio jurídico, de aceitação universal, que não há direito contra
Direito, ou, por outras palavras, não se adquire direito em desconformidade com o Direito.
lmpenhorabilidade: impenhorabilidade dos bens públicos decorre de preceito constitucional que dispõe
sobre a forma pela qual serão executadas as sentenças judiciárias contra a Fazenda Pública, sem permitir
a penhora de seus bens. Admite, entretanto, o sequestro da quantia necessária à satisfação do débito,
desde que ocorram certas condições processuais (CF, art. 100).
Não oneração: impossibilidade de oneração dos bens públicos (das entidades estatais, autárquicas e
fundacionais). Parece-nos questão indiscutível, diante da sua inalienabilidade e impenhorabilidade.
Penhor, anticrese e hipoteca são, por definição legal, direitos reais de garantia sobre coisa alheia (CC, art.
1.419). Como tais, tipificam-se pelo poder de sequela, isto é, de acompanhar a coisa em todas as suas
mutações, mantendo-a como garantia da execução. No dizer de Clóvis, "o que caracteriza esta classe de
direitos reais é a íntima conexão em que se acham com as obrigações cujo cumprimento asseguram. É por
vincularem a coisa, diretamente, à ação do credor, para a satisfação de seu crédito, que lhes cabe,
adequadamente, a denominação de direitos reais de garantia".
O mesmo diz a lei civil: "Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia
fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação" (CC, art. 1.419).E no artigo seguinte a lei
esclarece: "Só aquele que pode alienar poderá empelhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se
podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca" (CC, art. 1.420). Por essa
conceituação, ficam afastados, desde logo, os bens de uso comum do povo e os de uso especial, que são,
por natureza, inalienáveis.
18.
Terras Devolutas
Observação: as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental pertencem à União (CF, art. 20, II). As demais pertencem
aos estados-membros (CF, art. 26, IV). Nesse sentido, enquadram-se como bens
dominicais, já não são utilizadas para quaisquer finalidades específicas.
149
“...todos os que, banhados pelas águas do mar ou dos rios navegáveis, em sua foz,
vão até a distância de 33 metros para a parte das terras, contados desde o ponto
em que chega o premar médio" (Aviso Imperial de 12.7.1833).
Terreno de Marinha
Observação: São bens pertencentes à União (CF, art. 20, XI), e, por possuírem
destinação específica, são classificados como bens de uso especial.
“...é a área de até 150 km de largura, que corre paralelamente à linha terrestre
Faixas de fronteiras demarcatória da divisa entre o território nacional e países estrangeiros,
considerada fundamental para a defesa do território nacional (CF, art. 20, § 2º).
“...o Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei 7.565, de 19.12.86) reafirmou que: "O
Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu
território e mar territorial" (art. 11); e tratou em onze títulos e trezentos e vinte e
quatro artigos de toda a problemática do uso do espaço aéreo e de suas limitações,
da infraestrutura aeronáutica, das aeronaves, da tripulação, dos serviços aéreos,
Espaço Aéreo do contrato de transporte aéreo, da responsabilidade civil, das infrações e
providências administrativas e dos prazos extintivos, revogando e substituindo
toda a legislação pertinente anterior. É, assim, o mais completo e atualizado
conjunto de normas legais
sobre o espaço aéreo e sua utilização pela Aeronáutica.
19.
De ofício: se processa mediante simples notificação à entidade a quem pertencer ou sob cuja guarda
estiver a coisa tombada.
Voluntário: o proprietário pedir o tombamento e a coisa se revestir dos requisitos necessários para
constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional, a juízo do órgão técnico
competente;
151
Compulsório: o proprietário anuir, por escrito, à notificação que se lhe fizer para a inscrição da coisa em
qualquer dos Livros do Tombo. 0 tombamento compulsório é feito por iniciativa do poder público, mesmo
contra a vontade do proprietário.
Provisório: que ocorre com a notificação do proprietário, produz os mesmos efeitos que o definitivo, salvo
quanto à transcrição no Registro de Imóveis, somente exigível para o tombamento definitivo.
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Qualquer dúvida, seja na teoria ou na resolução dos exercícios, entre em contato comigo por meio do Fórum
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Deixe lá também suas sugestões, críticas e comentários.
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Que DEUS o ilumine abundantemente para que você consiga focar nos estudos e, em breve, alcançar a sua
vaga!!!!!
Cordial abraço
Wagner Damazio
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