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Autor:
Wagner Damazio
Aula 03
8 de Fevereiro de 2020
649710
Sumário
Introdução .......................................................................................................................................................... 3
4. OSCIP ............................................................................................................................................................ 35
8. Resumo....................................................................................................................................................... 109
INTRODUÇÃO
Caríssimo(a)! Vamos dar continuidade, aqui no Estratégia Concursos, ao Curso de Direito Administrativo com
teoria e exercícios resolvidos e comentados para o concurso de ingresso à carreira de Delegado da Polícia Civil de São
Paulo.
Na aula passada, nós estudamos a Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, que trata do Estatuto Jurídico da
Empresa Pública, da Sociedade de Economia Mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.
Hoje, nós estudaremos as pessoas jurídicas do terceiro setor, ou seja, aquelas que exercem atividades de
interesse coletivo, sem finalidades lucrativas, seja em colaboração com o Estado ou mesmo fazendo as vezes
deste, mas sem se enquadrar no conceito de Administração Pública direta ou indireta.
Havendo dificuldade na compreensão da teoria ou na resolução dos exercícios expostos nesta aula ou em
qualquer outra, não deixe de entrar em contato comigo pelo fórum de dúvidas!
Repito que estou sempre atento ao fórum de dúvidas para, de forma célere, buscar uma maneira de
reescrever o conteúdo ou aclarar a explicação anteriormente oferecida para que você alcance a sua
meta de aprendizagem.
Frise-se que o nosso objetivo precípuo é a sua aprovação e para isso me dedicarei ao máximo para atendê-
lo e auxiliá-lo nessa caminhada.
Além disso, para ficar por dentro das notícias do mundo dos concursos públicos, recomendo que você siga
o perfil do Estratégia Carreira Jurídica e do Estratégia Concursos nas mídias sociais! Você também poderá
seguir meu perfil no Instagram. Por meio dele eu busco não só transmitir notícias de eventos do Estratégia
e de fatos relativos aos concursos em geral, mas também compartilhar questões comentadas de
concursos específicos que o ajudará em sua preparação!
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Como de praxe, introduzo esta nossa aula 3 com as seguintes questões:
4) A Lei nº 13.019, de 2014, que trata do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil – MROSC,
revogou a Lei nº 9.637, de 1998 (Lei da OS), e a Lei nº 9.970, de 1999 (Lei da OSCIP)?
5) Organização Social é uma das pessoas jurídicas de direito privado constantes no art. 44 do Código Civil?
9) Qual o prazo, contado da assinatura do contrato de gestão, que a OS possui para publicar regulamento
próprio contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como
para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público?
10) Qual o somatório mínimo de membros do Conselho de Administração entre representantes do Poder
Público e de entidades da sociedade civil?
11) Em que casos o responsável pela fiscalização da execução do contrato de gestão deve representar ao
Ministério Público? E comunicar irregularidade ao Tribunal de Contas?
15) Qual o prazo de funcionamento mínimo da organização para se qualificar como OSCIP?
19) O servidor público pode participar da composição de conselho ou diretoria de OSCIP? Se sim, pode ser
remunerado?
21) Qual o prazo que a autoridade competente possui para deferir ou indeferir o pedido de qualificação
como OSCIP? O certificado de qualificação como OSCIP deve ser expedido em que prazo?
23) Qual o prazo, contado da assinatura do termo de parceria, que a OSCIP possui para publicar
regulamento próprio contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços,
bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público?
Se você não tem certeza de uma ou algumas das respostas a esses questionamentos, fique atento que elas
estarão ao longo da aula de hoje!
2. TERCEIRO SETOR
Inicialmente, lembre-se de que na aula 1 nós fizemos uma breve introdução ao Terceiro Setor.
Naquela oportunidade, esclarecemos que a classificação em primeiro, segundo e terceiro setor particiona a
totalidade de atividades exercidas por uma sociedade em função do agente que a pratica e sua finalidade
precípua.
O primeiro setor de atividade se refere aos agentes do Estado, cujas atividades buscam administrar o
interesse público ou da coletividade, inclusive quando intervêm no domínio econômico, mas sem finalidade
lucrativa.
Já o segundo setor se refere aos agentes privados que atuam no mercado e que buscam precipuamente a
finalidade lucrativa.
Por fim, o terceiro setor se refere àqueles agentes privados que não integram o Estado, mas que exercem
atividades de interesse da coletividade sem finalidade lucrativa.
Primeiro Setor
Segundo Setor
Estado, representado
pela Administração Agentes do mercado Terceiro Setor
Pública Direta e Indireta que atuam
precipuamente com Agentes privados que
finalidade lucrativa exercem atividades de
interesse da coletividade
sem finalidade lucrativa
a) uma ampla, na qual se entende ser toda organização que não seja
instituída pelo Estado. Isto é, seriam não governamentais todas as pessoas jurídicas enquadradas no
segundo e no terceiro setor da economia, só afastando as entidades do primeiro setor; e
b) outra estrita, na qual se entende como pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, e que
ofertam serviços sociais de interesse coletivo das mais variadas matizes: saúde, educação, assistência
social, meio ambiente, cultura, segurança, entre outros. Ou seja, é o gênero do qual todas as pessoas
jurídicas enquadráveis no terceiro setor seriam espécie.
E como vimos na aula 1, em função de os agentes privados do Terceiro Setor exercerem atividades de
interesse coletivo, sem finalidade lucrativa, convergindo seus interesses ao do Estado, são por este
fomentados, estimulados ou subsidiados.
Rememore, também, o estudo histórico que aproxima as expressões Terceiro Setor e “Entidade Paraestatal”.
#ficadica
Destarte, entidades do Terceiro Setor (ONGs em sentido estrito), da qual hoje também se aproxima o
conceito de Entidade Paraestatal, são as entidades privadas que realizam atividades de interesse público sem
fins lucrativos, coexistindo com as atividades do Primeiro Setor (Estado) e do Segundo Setor (Mercado – ONG
em sentido amplo).
Dessa forma, por realizarem atividades de interesse público, são fomentadas pelo Estado, recebendo
proteção, financiamento e medidas de colaboração.
E essa aproximação entre Estado e entidade do terceiro setor apresenta um grande campo de estudo no
Direito Administrativo, abrindo margem para enorme conteúdo programático a ser explorado pelas bancas.
A depender do tipo de atividade, algumas leis têm estabelecido requisitos para qualificar essas entidades do
Terceiro Setor e, com essa qualificação (OS, OSCIP, OSC, de Utilidade Pública, de Interesse Social, entre
outras), a elas ofertarem benefícios financeiros e incentivos materiais, humanos ou tecnológicos.
1
Di Pietro, Maria Sylvia. Direito Administrativo, 30ª edição, p 623 a 627.
7
a Lei Federal nº 9.637, de 1998, que dispõe sobre a qualificação de entidades como Organizações
Sociais - OS;
a Lei Federal nº 9.790, de 1999, a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP;
as Leis Federais nº 8.958, de 1994, e nº 10.973, de 2004, que tratam das Entidades de Apoio e
definem Fundação de Apoio;
a Lei Federal n 13.019, de 2014, que trata do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade
Civil – MROSC; e
Na aula de hoje, aprofundaremos algumas das principais figuras do terceiro setor, exceto o serviço social
autônomo que já exploramos de forma percuciente na aula 1 e apenas rememoraremos o tema aqui.
Deixaremos, ainda, para a próxima aula a análise da Lei nº 13.019, de 2014 – Marco Regulatório das
Organizações da Sociedade Civil – MROSC.
Cabe desde já enfatizar a importância de inúmeros conceitos que veremos na aula de hoje e na próxima aula
que são muito explorados em provas.
Contrato de Gestão: é o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como
Organização Social - OS, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de
atividades relativas às áreas relacionadas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico,
à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde.
Chamamento Público: é o procedimento destinado a selecionar organização da sociedade civil para firmar
parceria por meio de termo de colaboração ou de fomento, no qual se garanta a observância dos princípios
da isonomia, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos(inciso XII do art. 2º da Lei nº 13.019, de 2014).
Termo de Colaboração: é o instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela
administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse
público e recíproco propostas pela administração pública que envolvam a transferência de recursos
financeiro (inciso VII do art. 2º da Lei nº 13.019, de 2014)
Termo de Fomento:é o instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela
administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse
público e recíproco propostas pelas organizações da sociedade civil, que envolvam a transferência de
recursos financeiros (inciso VIII do art. 2º da Lei nº 13.019, de 2014)
Acordo de Cooperação:é o instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela
administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse
público e recíproco que não envolvam a transferência de recursos financeiros (inciso VIII-A do art. 2º da Lei
nº 13.019, de 2014)
Termo de Parceria: é o instrumento passível de ser firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas
como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP, destinado à formação de vínculo de
cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público previstas em
lei (art. 9º da Lei nº 9.790, de 1999)
Fundação de apoio:é fundação criada com a finalidade de dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e
extensão, projetos de desenvolvimento institucional, científico, tecnológico e projetos de estímulo à
inovação de interesse das Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação - ICTs, registrada e credenciada
no Ministério da Educação e no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, nos termos da Lei no 8.958, de
1994, e das demais legislações pertinentes nas esferas estadual, distrital e municipal.
A seguir segue um diagrama com as figuras jurídicas enquadráveis como entidades do Terceiro Setor:
Serviço Social
Autônomo
Organização
Cooperativas
Social - OS
Terceiro Setor
Organização da
Organizações Sociedade Civil
Religiosas de Interesse
Público - OSCIP
Organização da
Entidade de
Sociedade Civil -
Apoio
OSC
CAI NA PROVA
O concurso para Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Paraná, aplicado pela banca CESPE em 2017,
apresentou a seguinte alternativa em uma de suas questões: “Caso uma OSCIP ajuíze ação cível
comum de rito ordinário, o foro competente para o julgamento da causa será a vara da fazenda
pública, se existente na respectiva comarca, já que se trata de uma entidade que integra a
administração pública.”
Comentários: alternativa incorreta. Incorreta a alternativa porque as OSCIP como todas as demais
organizações integrantes do Terceiro Setor (OS, OSC, Serviços Sociais Autônomos, Entidades de
Apoio, entre outras), não integram a Administração Pública.
10
A professora Maria Sylvia apresenta um rol de características que, em regra, são comuns entre as entidades
enquadradas no terceiro setor, vejamos2:
não são criadas por lei: em que pese o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR ter sido
criado pela Lei nº 8.315, de 1991, em atendimento ao art. 62 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias – ADCT; o Decreto-Lei nº 4.048, de 1942, ter criado o Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial – SENAI; os demais serviços sociais autônomos, em regra, são autorizados à criação
mediante lei;
não desempenham serviço público delegado pelo Estado: as entidades do Terceiro Setor
desempenham atividade privada não exclusiva do Estado, mas de interesse público e em colaboração
com este;
são incentivadas pelo Poder Público: qualificação ou outorga de título, vantagens fiscais, outorga de
utilização de bens públicos móveis ou imóveis; cessão de servidores públicos; dotações
orçamentárias; entre outros;
possuem vínculos jurídicos com o Poder Público: por meio dos mais diversos institutos jurídicos, tais
como convênios, contrato de gestão, termo de parceria, termo de colaboração, termo de fomento,
acordo de cooperação, entre outros congêneres;
devem prestar contas ao Tribunal de Contas e ao Poder Público signatário do liame jurídico quanto
ao adimplemento de suas cláusulas, da utilização e emprego do dinheiro público;
atuam sob regime jurídico de direito privado, parcialmente derrogado por normas de direito
público;
não se enquadram na Administração Pública, direta ou indireta (1º setor), nem como agente do
mercado (2º setor).
O “em regra” é apropriado porque, como também ressalva a ilustre professora Maria Sylvia3, as Organizações
Sociais – OS, por exemplo, prestam serviço público por delegação do Poder Público:
2
Direito Administrativo, 30ª edição, p 628.
3
Direito Administrativo, 30ª edição, p 629.
11
(...) elas, como regra geral, prestam serviço público por delegação do Poder Público. Elas se
substituem ao Poder Público na prestação de uma atividade que a este incumbe; elas prestam a
atividade utilizando-se de bens do patrimônio público, muitas vezes contando com servidores
públicos em seu quadro de pessoal, e são mantidas com recursos públicos; embora instituídas
como entidades privadas, criadas por iniciativa de particulares, a sua qualificação como
Organização Social constitui iniciativa do Poder Público e é feita com o objetivo específico de a
elas transferir a gestão de determinado serviço público e a gestão de um patrimônio público. O
grande objetivo é fugir ao regime jurídico a que se submete a Administração Pública e permitir
que o serviço público seja prestado sob o regime jurídico do direito privado. No que diz respeito
ao objeto do contrato de gestão que as vincula ao Poder Público, elas não prestam atividade
privada de interesse público (serviços sociais não exclusivos do Estado, como as entidades do
terceiro setor), mas serviço social de titularidade do Estado, a elas transferido mediante
delegação feita por meio de contrato de gestão.
12
3. ORGANIZAÇÕES SOCIAIS - OS
A Lei Federal nº 9.637, de 1998, dispõe sobre a qualificação de entidades como OS no âmbito da União e
será a base do nosso estudo.
Ressalte-se que a Lei nº 9.637, de 1998, estabelece os requisitos e regras para qualificação como OS no
âmbito da Administração Pública Federal, nada impedindo que os demais entes da Federação produzam
normativos específicos para tratar do tema às suas realidades locais. O modelo da lei federal pode ser
utilizado ou não, a depender da conveniência do ente da federação.
O Estado de São Paulo, por exemplo, mesmo antes da conversão da Medida Provisória 1.648-7, de 1988, na
Lei Federal nº 9.637, de 1998, produziu um normativo específico disciplinando a qualificação como OS no
estado paulista: a Lei Complementar nº 846, de 19984.
Também o Município de São Paulo possui normativo específico para essa qualificação como OS. Trata-se da
Lei nº 14.132, de 20065.
Lembre-se que, em regra, a competência para legislar sobre Direito Administrativo é concorrente entre a
União, os Estados e o DF, com base no art. 24 da CRFB. Em regra, porque, por exemplo, é competência
privativa da União (art. 22, inciso XXVII, incluído pela emenda Constitucional nº 19, de 1998) legislar sobre
normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37,
XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III. Portanto,
o tema da qualificação como OS é de competência concorrente entre União, Estados e DF.
Além disso, os Municípios podem legislar sobre as regras para qualificação como OS em seus territórios como
base no inciso I do art. 30 da CRFB, que autoriza os Municípios a legislarem sobre assuntos de interesse local.
Cabe esclarecer, também, que a Lei Federal nº 13.019, de 2014, que trata do Marco Regulatório das
Organizações da Sociedade Civil – MROSC, fixou expressamente em seu inciso III do art. 3º que ela não se
aplica aos contratos de gestão celebrados com Organizações Sociais - OS, desde que cumpridos os requisitos
da Lei nº 9.637, de 1998.
Ademais, além das OS e OSCIP, há no cenário do terceiro setor as Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público – OSCIP, tratadas pela Lei Federal nº 9.790, de 1999.
4
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei.complementar/1998/lei.complementar-846-04.06.1998.html
5
http://www3.prefeitura.sp.gov.br/CENTS.WEB/instrucoes/arquivos/MANUAL%20DA%20OS%20vers%C3%A3o%20
3.0.pdf
13
Assim, não confunda OS (Organização Social) nem com OSC (Organização da Sociedade Civil) nem com OSCIP
(Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).
Tenha em mente, desde já, que OS é uma qualificação, um título, concedido pelo Poder Executivo a uma
entidade do terceiro setor cujo objeto de atuação é em determinadas áreas específicas de interesse do Ente
Político, que não sejam de execução exclusiva do Estado.
Ou seja, não existe, por si só, a modalidade jurídica de direito privado OS. Em outras palavras, nenhuma
pessoa jurídica de direito privado realiza a inscrição de seu ato constitutivo no respectivo registro, já com a
denominação OS.
Há, conforme prevê o art. 44 do Código Civil, as seguintes pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
Mas nem todas essas pessoas jurídicas de direito privado podem ser qualificadas como OS pelo Poder
Executivo.
De acordo com a Lei nº 9.637, de 1998, desde que atendidos os requisitos por ela fixados, o Poder Executivo
pode (ato discricionário) qualificar como OS as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas
atividades sejam dirigidas a:
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ensino
pesquisa científica
desenvolvimento tecnológico
OS
proteção e preservação do meio ambiente
cultura
saúde
CAI NA PROVA
O concurso para Procurador do Estado do Acre, realizado em 2017 pela banca FMP Concursos,
apresentou a seguinte questão: O contrato de gestão é o instrumento firmado entre o poder
público e a entidade qualificada como organização social para fins de formação de parceria
entre as partes com o ânimo de fomento e de execução de atividades relativas a determinadas
áreas previstas em lei, dentre as quais NÃO se inclui
b) a cultura.
c) a saúde.
d) o desenvolvimento tecnológico.
Resposta: alternativa “e”. De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.637, de 1998, o Poder Executivo
poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos
requisitos previstos em lei.
E a obtenção da qualificação como OS é pré-requisito para que essas pessoas jurídicas de direito privado
possam se beneficiar de vantagens oferecidas pelo Estado (vantagens fiscais, como isenções e remissões;
15
dotações orçamentárias; cessão de servidores públicos; utilização de bens públicos móveis e imóveis;
dispensa de licitação para ser contratada pelo ente público; entre outras).
No que tange aos requisitos para que o Poder Executivo possa qualificar uma pessoa jurídica de direito
privado, sem fins lucrativos, como OS, a aludida lei federal prevê:
6
A Lei nº 9.637, de 1999, cita o Ministro de Estado do ministério supervisor e o Ministro de Estado da
Administração Federal e Reforma do Estado, que já não existe mais na estrutura federal.
16
Contrato de Gestão: é o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como
Organização Social - OS, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de
atividades relativas às áreas relacionadas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico,
à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde (áreas de interesse constantes na Lei Federal
nº 9.637, de 1998).
CAI NA PROVA
17
O concurso para Promotor de Justiça do Estado de Santa Catarina, realizado em 2016 por banca
própria, apresentou a seguinte questão: “De acordo com a Lei n. 9.637/98 (Organizações
Sociais), o Poder Executivo, observados os requisitos legais, poderá qualificar como
organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades
sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e
preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde. E é por meio de contrato de gestão que o
Poder Público e a entidade qualificada como organização social formam parcerias para
fomento e execução de atividades relativas às áreas suprarelacionadas.”
Comentários: assertiva correta. De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.637, de 1998, o Poder
Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem
fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao
desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde,
atendidos aos requisitos previstos em lei. Já o art. 5º da aludida lei prevê que contrato de
gestão é o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como
organização social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução
de atividades relativas às áreas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde.
A formação e celebração do contrato de gestão entre o ente público e as pessoas jurídicas de direito privado,
sem fins lucrativos, que exerçam atividades em áreas de interesse coletivo, qualificadas como OS permite o
controle de resultado pela Administração Pública e pela sociedade civil.
Frise-se que o contrato de gestão é elaborado de comum acordo entre o órgão ou entidade supervisora e a
OS, devendo discriminar as atribuições, responsabilidades e obrigações de cada um dos parceiros (Poder
Público e OS).
Ademais, o contrato de gestão deve observar os preceitos abaixo indicados, sem prejuízo de as autoridades
supervisoras da área de atuação da entidade (Ministro, por exemplo) definirem as demais cláusulas do
contrato de gestão do qual serão signatários:
18
legalidade
impessoalidade
respeitar, em especial, os
moralidade
seguintes princípios:
publicidade
economicidade
Cabe dizer ainda que o contrato de gestão deve ser submetido à autoridade supervisora da área de atuação
da entidade, após aprovação pelo Conselho de Administração da OS, órgão que estudaremos no tópico
seguinte.
19
#ficadica
CAI NA PROVA
O concurso para Defensor Público de Pernambuco, aplicado pelo CESPE em 2018, apresentou a
seguinte questão: Considerando-se as novas formas de desestatização da prestação de serviços
públicos de caráter social, as pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que, atendidos
os requisitos previstos em lei, firmam parceria com o poder público, por instrumento de contrato de
gestão, para a execução de atividades de interesse público — especialmente ensino, pesquisa
científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde
— recebem a qualificação de
a) agência executiva.
b) fundação pública.
c) organização social.
Resposta: alternativa “c”. De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.637, de 1998, o Poder Executivo poderá
qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas
atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à
proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos por ela
previstos. Já o art. 5º da aludida lei prevê que contrato de gestão é o instrumento firmado entre o
Poder Público e a entidade qualificada como organização social, com vistas à formação de parceria
entre as partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas ao ensino, à pesquisa
científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e
à saúde.
20
21
Importante ressaltar que a Lei nº 9.637, de 1998, fixa que o somatório de membros do Conselho de
Administração representantes do Poder Público e de entidades da sociedade civil deve corresponder a mais
de 50% do Conselho.
CAI NA PROVA
O concurso para Analista do Tribunal de Contas do Paraná, aplicado pelo CESPE em 2016, apresentou
a seguinte afirmativa em uma das questões da prova: “Não é obrigatória a participação de agentes
do poder público no conselho de administração das organizações sociais, exigindo-se, contudo, que
seja formado por membros representantes de entidades da sociedade civil e por membros com
notória capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral, a serem eleitos pelos integrantes
do conselho.”
Comentários: assertiva incorreta. De acordo com o art. 3º da Lei nº 9.637, de 1998, o conselho de
administração da OS deve ser estruturado conforme dispuser seu Estatuto, mas sendo composto
por: 20 a 40% de membros natos representantes do Poder Público.
Estabelece ainda a aludida lei federal as seguintes atribuições privativas ao Conselho de Administração como
condição para qualificação como OS:
22
aprovar o regimento interno da entidade, que deve dispor, no mínimo, sobre a estrutura, forma de
gerenciamento, os cargos e respectivas competências
aprovar por maioria, no mínimo, de dois terços de seus membros, o regulamento próprio contendo os
procedimentos que deve adotar para a contratação de obras, serviços, compras e alienações e o plano
de cargos, salários e benefícios dos empregados da entidade
aprovar e encaminhar, ao órgão supervisor da execução do contrato de gestão, os relatórios gerenciais e
de atividades da entidade, elaborados pela diretoria
fiscalizar o cumprimento das diretrizes e metas definidas e aprovar os demonstrativos financeiros e
contábeis e as contas anuais da entidade, com o auxílio de auditoria externa
Enfatize-se que compete à OS apresentar, ao término de cada exercício ou a qualquer momento, conforme
indique o interesse público, relatório pertinente à execução do contrato de gestão, contendo comparativo
específico das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado da prestação de contas
correspondente ao exercício financeiro.
Realizada a avaliação pela Comissão de Avaliação, esta deve produzir um relatório conclusivo sobre o
trabalho executado pela OS, indicando à autoridade supervisora os resultados alcançados.
#ficadica
Atenção 1:além de comunicar ao Tribunal de Contas, quando assim exigir a gravidade dos fatos ou o
interesse público, havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos de origem pública, os
23
Atenção 2:até o término da ação processada nos termos do CPC, o Poder Público permanecerá como
depositário e gestor dos bens e valores sequestrados ou indisponíveis, devendo velar pela continuidade
das atividades sociais da entidade.
CAI NA PROVA
O concurso para Promotor de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina, aplicado por banca
própria em 2016, apresentou a seguinte assertiva: “De acordo com a Lei n. 9.637/98 (Organizações
Sociais), os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de gestão, ao tomarem
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem
pública por organização social, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, e representarão
ao Ministério Público, à Advocacia-Geral da União ou à Procuradoria da entidade para que requeira
ao juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o sequestro dos bens
dos seus dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido
ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público, sob pena de responsabilidade solidária.”
Comentários: assertiva incorreta. A assertiva está incorreta porque o examinador uniu em uma única
afirmação dois dispositivos com orientações diversas constantes na Lei nº 9.637, de 1998. Trata-se
das disposições dos artigos 9º e 10 da aludida lei, veja: Art. 9º Os responsáveis pela fiscalização da
execução do contrato de gestão, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou
ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem pública por organização social, dela darão
ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. Art. 10. Sem prejuízo
da medida a que se refere o artigo anterior, quando assim exigir a gravidade dos fatos ou o interesse
público, havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos de origem pública, os
responsáveis pela fiscalização representarão ao Ministério Público, à Advocacia-Geral da União ou à
Procuradoria da entidade para que requeira ao juízo competente a decretação da indisponibilidade
dos bens da entidade e o seqüestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente público ou
terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público. Portanto,
perceba que há uma gradação nos aludidos dispositivos. Quando houver qualquer irregularidade ou
ilegalidade, os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato devem dar ciência ao Tribunal
de Contas, sob pena de responsabilidade solidária. Por outro lado, quando forem graves os fatos ou
o interesse público exigir (demonstra maior relevância do que no item anterior), em função de
fundados indícios de malversação de bens ou recursos públicos, além de comunicar ao Tribunal de
Contas, os responsáveis pela fiscalização devem representar ao MP e à AGU ou Procuradoria do ente.
24
Portanto, não é em qualquer irregularidade verificada que deve haver representação ao MP, AGU
ou Procuradoria correspondente, mas apenas quando a gravidade do caso assim indicar.
Entre outras, são os seguintes os benefícios alcançados com a qualificação como OS:
dotações orçamentárias
Benefícios pela
utilização de bens públicos móveis e imóveis
qualificação como OS:
De acordo com a Lei nº 9.637, de 1998, podem ser destinados recursos orçamentários e bens públicos
(móveis e imóveis) necessários ao cumprimento do contrato de gestão, sendo esta destinação de bens
públicos dispensada de licitação e mediante permissão de uso, consoante cláusula expressa do contrato de
gestão.
Autoriza-se que os bens móveis públicos permitidos para uso pela OS sejam permutados por outros de
igual ou maior valor, condicionado a que os novos bens integrem o patrimônio público e tenha havido prévia
avaliação do bem e expressa autorização do Poder Público.
25
Faculta-se, ainda, que o Poder Executivo realize a cessão especial de servidor para as OS, com o ônus
permanecendo para a origem, ou seja, a remuneração do servidor continua sendo realizada pelo Poder
Público.
o servidor cedido continuará a perceber as vantagens do cargo a que fizer jus no órgão de origem,
quando ocupante de cargo de primeiro ou de segundo escalão na organização social;
não será incorporada aos vencimentos pagos pelo Poder Público ao servidor qualquer vantagem
pecuniária a ele eventualmente remunerada pela OS;
não é permitido à OS pagar vantagem pecuniária permanente com recursos provenientes do contrato
de gestão ao servidor cedido, exceto quanto a adicional relativo ao exercício temporário de direção
e assessoria;
No que tange à concessão orçamentária e respectivos recursos financeiros, o desembolso deve ocorrer
conforme cronograma fixado no próprio contrato de gestão.
Frise-se que podem ser adicionadas aos créditos orçamentários destinados ao custeio do contrato de gestão
parcelas de recursos para compensar desligamento de servidor cedido, desde que haja justificativa expressa
da necessidade pela OS.
No que tange à dispensa de licitação para celebração de contratos de prestação de serviços entre o Poder
Público e as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
contempladas no contrato de gestão, ela está prevista no inciso XXIV do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993:
26
Perceba, portanto, a gama de benefícios que podem compor as vantagens havidas pela qualificação como
OS: utilização de bens públicos, utilização da mão de obra de servidores públicos cedidos, repasses de
recursos financeiros, concessão de vantagens fiscais, dispensa de licitação para ser contratada pelo ente
público, entre outras.
Portanto, é necessário aos órgãos de controle ser bastante atuantes quanto ao cumprimento da prestação
de contas por parte dessas entidades, de modo a evitar abusos e malversação do patrimônio público.
Outro ponto relevante de ser abordado aqui é o fato de a Lei nº 9.637, de 1998, prever expressamente que
as entidades qualificadas como organizações sociais são declaradas como entidades de interesse social e
utilidade pública, para todos os efeitos legais.
A Lei nº 91, de 28 de agosto de 1935, tratava da declaração de utilidade pública às sociedades civis, às
associações e às fundações constituídas no país com o fim exclusivo de servir desinteressadamente à
coletividade, desde que cumpridos os seus requisitos.
Ocorre que, em 2015, a Lei nº 13.204, que alterou alguns dispositivos do MROSC (Lei nº 13.019, de 2014),
revogou a Lei nº 91, de 1935.
Ou seja, não há mais no ordenamento jurídico da União nem a concessão de novos títulos de Utilidade
Pública nem a necessidade de prestação de contas anual para sua manutenção.
Por fim, a Lei nº 9.637, de 1998, fixa que os efeitos da qualificação da OS em âmbito federal pode ser
extensível às entidades qualificadas como OS pelos Estados, DF e Municípios, desde que haja reciprocidade
e que a legislação local não contrarie os preceitos da legislação federal.
3.5. DESQUALIFICAÇÃO DA OS
Constatado o descumprimento de cláusula do contrato de gestão, o Poder Executivo pode proceder à
desqualificação da entidade como OS.
27
Importante ressaltar que a desqualificação deve obrigatoriamente ser precedida de processo administrativo,
assegurado o direito de ampla defesa, respondendo os dirigentes da organização social, individual e
solidariamente, pelos danos ou prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão.
Como consequência da desqualificação, sem prejuízo quanto às sanções cabíveis, ocorrerá a reversão dos
bens públicos permitidos e valores entregues à utilização pela então OS.
Por fim, quanto ao tema OS, cabe consignar três informações constantes nas disposições finais da Lei nº
9.637, de 1998, que para não corrermos o risco de perder nenhuma questão é bom que você saiba:
a) se uma OS absorver a realização de atividades da área da saúde, ela deve considerar no contrato de gestão
os princípios do Sistema Único de Saúde – SUS para o atendimento à comunidade;
b) a entidade que absorver atividade de rádio e televisão educativa pode receber recursos e veicular
publicidade institucional de entidades de direito público ou privado, a título de apoio cultural, admitindo-se
o patrocínio de programas, eventos e projetos, vedada a veiculação remunerada de anúncios e outras
práticas que configurem comercialização de seus intervalos;
c) o Decreto Federal nº 9.190, de 1º de novembro de 2017, regulamentou o art. 20 da Lei nº 9.637, de 1998,
para criar o Programa Nacional de Publicização - PNP, com o objetivo de estabelecer diretrizes e critérios
para a qualificação de organizações sociais, a fim de assegurar a absorção de atividades desenvolvidas por
entidades ou órgãos públicos da União, de acordo com as seguintes diretrizes:
28
Antes de passarmos para o estudo das OSCIP, consolido aqui as principais jurisprudências sobre as
Organizações Sociais – OS. Esclareço desde já que incluo quase que na integralidade o julgamento da ADI
1923 pela importância e profundidade com a qual a Lei nº 9.637, de 1998, foi avaliada pelo STF.
PARA O EXERCÍCIO DO CONTROLE EXTERNO (CF, ARTS. 70, 71, 74 E 127 E SEGUINTES). INTERFERÊNCIA
ESTATAL EM ASSOCIAÇÕES E FUNDAÇÕES PRIVADAS (CF, ART. 5º, XVII E XVIII). CONDICIONAMENTO À
ADESÃO VOLUNTÁRIA DA ENTIDADE PRIVADA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À CONSTITUIÇÃO. AÇÃO DIRETA
JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE PARA CONFERIR INTERPRETAÇÃO CONFORME AOS DIPLOMAS
IMPUGNADOS. (...) 3. A atuação do poder público no domínio econômico e social pode ser viabilizada por
intervenção direta ou indireta, disponibilizando utilidades materiais aos beneficiários, no primeiro caso,
ou fazendo uso, no segundo caso, de seu instrumental jurídico para induzir que os particulares executem
atividades de interesses públicos através da regulação, com coercitividade, ou através do fomento, pelo
uso de incentivos e estímulos a comportamentos voluntários. 5. O marco legal das Organizações Sociais
inclina-se para a atividade de fomento público no domínio dos serviços sociais, entendida tal atividade
como a disciplina não coercitiva da conduta dos particulares, cujo desempenho em atividades de interesse
público é estimulado por sanções premiais, em observância aos princípios da consensualidade e da
participação na Administração Pública. 6. A finalidade de fomento, in casu, é posta em prática pela cessão
de recursos, bens e pessoal da Administração Pública para as entidades privadas, após a celebração de
contrato de gestão, o que viabilizará o direcionamento, pelo Poder Público, da atuação do particular em
consonância com o interesse público, através da inserção de metas e de resultados a serem alcançados,
sem que isso configure qualquer forma de renúncia aos deveres constitucionais de atuação. 7. Na essência,
preside a execução deste programa de ação institucional a lógica que prevaleceu no jogo democrático, de
que a atuação privada pode ser mais eficiente do que a pública em determinados domínios, dada a
agilidade e a flexibilidade que marcam o regime de direito privado. 8. Os arts. 18 a 22 da Lei nº 9.637/98
apenas concentram a decisão política, que poderia ser validamente feita no futuro, de afastar a atuação
de entidades públicas através da intervenção direta para privilegiar a escolha pela busca dos mesmos
fins através da indução e do fomento de atores privados, razão pela qual a extinção das entidades
mencionadas nos dispositivos não afronta a Constituição, dada a irrelevância do fator tempo na opção pelo
modelo de fomento – se simultaneamente ou após a edição da Lei. 9. O procedimento de qualificação de
entidades, na sistemática da Lei, consiste em etapa inicial e embrionária, pelo deferimento do título jurídico
de “organização social”, para que Poder Público e particular colaborem na realização de um interesse
comum, não se fazendo presente a contraposição de interesses, com feição comutativa e com intuito
lucrativo, que consiste no núcleo conceitual da figura do contrato administrativo, o que torna inaplicável o
dever constitucional de licitar(CF, art. 37, XXI). 10. A atribuição de título jurídico de legitimação da
entidade através da qualificação configura hipótese de credenciamento, no qual não incide a licitação
pela própria natureza jurídica do ato, que não é contrato, e pela inexistência de qualquer competição, já
que todos os interessados podem alcançar o mesmo objetivo, de modo includente, e não excludente. 11.
A previsão de competência discricionária no art. 2º, II, da Lei nº 9.637/98 no que pertine à qualificação tem
de ser interpretada sob o influxo da principiologia constitucional, em especial dos princípios da
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência(CF, art. 37, caput). É de se ter por vedada, assim,
qualquer forma de arbitrariedade, de modo que o indeferimento do requerimento de qualificação, além
de pautado pela publicidade, transparência e motivação, deve observar critérios objetivos fixados em ato
regulamentar expedido em obediência ao art. 20 da Lei nº 9.637/98, concretizando de forma homogênea
as diretrizes contidas nos inc. I a III do dispositivo. 12. A figura do contrato de gestão configura hipótese
de convênio, por consubstanciar a conjugação de esforços com plena harmonia entre as posições
subjetivas, que buscam um negócio verdadeiramente associativo, e não comutativo, para o atingimento
de um objetivo comum aos interessados: a realização de serviços de saúde, educação, cultura, desporto
e lazer, meio ambiente e ciência e tecnologia, razão pela qual se encontram fora do âmbito de incidência
do art. 37, XXI, da CF. 13. Diante, porém, de um cenário de escassez de bens, recursos e servidores públicos,
30
no qual o contrato de gestão firmado com uma entidade privada termina por excluir, por consequência, a
mesma pretensão veiculada pelos demais particulares em idêntica situação, todos almejando a posição
subjetiva de parceiro privado, impõe-se que o Poder Público conduza a celebração do contrato de gestão
por um procedimento público impessoal e pautado por critérios objetivos, por força da incidência direta
dos princípios constitucionais da impessoalidade, da publicidade e da eficiência na Administração Pública
(CF, art. 37, caput). 14. As dispensas de licitação instituídas no art. 24, XXIV, da Lei nº 8.666/93 e no art. 12,
§3º, da Lei nº 9.637/98 têm a finalidade que a doutrina contemporânea denomina de função regulatória
da licitação, através da qual a licitação passa a ser também vista como mecanismo de indução de
determinadas práticas sociais benéficas, fomentando a atuação de organizações sociais que já ostentem, à
época da contratação, o título de qualificação, e que por isso sejam reconhecidamente colaboradoras do
Poder Público no desempenho dos deveres constitucionais no campo dos serviços sociais. O afastamento
do certame licitatório não exime, porém, o administrador público da observância dos princípios
constitucionais, de modo que a contratação direta deve observar critérios objetivos e impessoais, com
publicidade de forma a permitir o acesso a todos os interessados. 15. As organizações sociais, por
integrarem o Terceiro Setor, não fazem parte do conceito constitucional de Administração Pública, razão
pela qual não se submetem, em suas contratações com terceiros, ao dever de licitar, o que consistiria em
quebra da lógica de flexibilidade do setor privado, finalidade por detrás de todo o marco regulatório
instituído pela Lei. Por receberem recursos públicos, bens públicos e servidores públicos, porém, seu
regime jurídico tem de ser minimamente informado pela incidência do núcleo essencial dos princípios da
Administração Pública (CF, art. 37, caput), dentre os quais se destaca o princípio da impessoalidade, de
modo que suas contratações devem observar o disposto em regulamento próprio (Lei nº 9.637/98, art.
4º, VIII), fixando regras objetivas e impessoais para o dispêndio de recursos públicos. 16. Os empregados
das Organizações Sociais não são servidores públicos, mas sim empregados privados, por isso que sua
remuneração não deve ter base em lei (CF, art. 37, X), mas nos contratos de trabalho firmados
consensualmente. Por identidade de razões, também não se aplica às Organizações Sociais a exigência de
concurso público (CF, art. 37, II), mas a seleção de pessoal, da mesma forma como a contratação de obras
e serviços, deve ser posta em prática através de um procedimento objetivo e impessoal. 17. Inexiste
violação aos direitos dos servidores públicos cedidos às organizações sociais, na medida em que
preservado o paradigma com o cargo de origem, sendo desnecessária a previsão em lei para que verbas
de natureza privada sejam pagas pelas organizações sociais, sob pena de afronta à própria lógica de
eficiência e de flexibilidade que inspiraram a criação do novo modelo. 18. O âmbito constitucionalmente
definido para o controle a ser exercido pelo Tribunal de Contas da União (CF, arts. 70, 71 e 74) e pelo
Ministério Público (CF, arts. 127 e seguintes) não é de qualquer forma restringido pelo art. 4º, caput, da Lei
nº 9.637/98, porquanto dirigido à estruturação interna da organização social, e pelo art. 10 do mesmo
diploma, na medida em que trata apenas do dever de representação dos responsáveis pela fiscalização,
sem mitigar a atuação de ofício dos órgãos constitucionais. 19. A previsão de percentual de representantes
do poder público no Conselho de Administração das organizações sociais não encerra violação ao art. 5º,
XVII e XVIII, da Constituição Federal, uma vez que dependente, para concretizar-se, de adesão voluntária
das entidades privadas às regras do marco legal do Terceiro Setor. 20. Ação direta de
inconstitucionalidade cujo pedido é julgado parcialmente procedente, para conferir interpretação
conforme à Constituição à Lei nº 9.637/98 e ao art. 24, XXIV, da Lei nº 8666/93, incluído pela Lei nº
9.648/98, para que: (i) o procedimento de qualificação seja conduzido de forma pública, objetiva e
impessoal, com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF, e de acordo com parâmetros fixados
em abstrato segundo o que prega o art. 20 da Lei nº 9.637/98; (ii) a celebração do contrato de gestão seja
conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput do art. 37 da
31
CF; (iii) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei nº 8.666/93, art. 24, XXIV) e outorga de
permissão de uso de bem público (Lei nº 9.637/98, art. 12, §3º) sejam conduzidas de forma pública,
objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF; (iv) os contratos a serem
celebrados pela Organização Social com terceiros, com recursos públicos, sejam conduzidos de forma
pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF, e nos termos do
regulamento próprio a ser editado por cada entidade; (v) a seleção de pessoal pelas Organizações Sociais
seja conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do caput do art. 37
da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado por cada entidade; e (vi) para afastar qualquer
interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério Público e pelo TCU, da aplicação de verbas públicas.
ADI 1923, Relator min. Ayres Brito, Relator p/ Acórdão Min. Luiz Fux, publicado em 17/12/2015.
Aplicabilidade estrita da prerrogativa processual do prazo recursal em dobro (CPC, art. 188).
Para na previdência. Entidade paraestatal (ente de cooperação). Inaplicabilidade do benefício
extraordinário da ampliação do prazo recursal (...). As empresas governamentais (sociedades
de economia mista e empresas públicas) e os entes de cooperação (serviços sociais
autônomos e organizações sociais) qualificam-se como pessoas jurídicas de direito privado e, nessa
condição, não dispõem dos benefícios processuais inerentes à Fazenda Pública (União, Estados-membros,
Distrito Federal, Municípios e respectivas autarquias), notadamente da prerrogativa excepcional da
ampliação dos prazos recursais (CPC, art. 188).[AI 349.477 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 11-2-2003, 2ª T,
DJ de 28-2-2003.]Vide AI 841.548 RG, rel. min. Cezar Peluso, j. 9-6-2011, P, DJE de 31-8-2011, Tema 411.
DIREITO ADMINISTRATIVO - MANDADO DE SEGURANÇA - LEI 9.637/98 -ORGANIZAÇÃO
SOCIAL - DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO DE GESTÃO -DESQUALIFICAÇÃO DA ENTIDADE
IMPETRANTE - ATO DA MINISTRA DE ESTADODO MEIO AMBIENTE - AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO
DOS PRINCÍPIOS DA AMPLADEFESA, CONTRADITÓRIO E DEVIDO PROCESSO LEGAL - ANÁLISE
DASUBSTANCIOSA DEFESA APRESENTADA PELA IMPETRANTE - LEGALIDADE ECONSTITUCIONALIDADE DO
PROCESSO ADMINISTRATIVO QUE CULMINOU COM OATO IMPETRADO - AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E
CERTO A SER PROTEGIDOPELA VIA ELEITA. 1. O presente mandamus é dirigido contra ato praticado pela
Excelentíssima Senhora Ministra de Estado do Meio Ambiente, que,analisando o processo administrativo
n. 02000.001704/2001-14,acolheu o relatório da Comissão Processante e aprovou o parecer
n.346/CONJUR/MMA/2004, por seus jurídicos fundamentos, determinando a desqualificação da
Organização Social impetrante.3. Diversamente do que alega a impetrante, não houve cerceamento de
defesa, tampouco ocorreu violação dos princípios do contraditório e do devido processo legal. Isso porque
o processo administrativo foi regularmente instaurado e processado, oportunizando-se o oferecimento de
defesa pela impetrante, que foi exaustivamente analisada pelo Ministério do Meio Ambiente. (...) 8.
Registre-se que as alegações da impetrante são contrárias aos princípios que regem a Administração
Pública e as atividades do chamado "terceiro setor", pois a qualificação de entidades como organizações
sociais e a celebração de contratos de gestão tiveram origem na necessidade de se desburocratizar e
otimizar a prestação de serviços à coletividade, bem como viabilizar o fomento e a execução de
atividades relativas às áreas especificadas na Lei 9.637/98 (ensino, pesquisa científica, desenvolvimento
tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde). Assim, apesar de, na espécie,
competir ao Ministério do Meio Ambiente a fiscalização, a avaliação e o acompanhamento dos resultados
do contrato de gestão, essas providências não afastam a responsabilidade do impetrante de cumprir as
metas acordadas com o Poder Público.(MS 10527, Ministra Denise Arruda, 14/09/2005).
32
CAI NA PROVA
O concurso para Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Paraná, aplicado pela banca CESPE em 2017,
apresentou a seguinte alternativa em uma de suas questões: “Segundo o STF, o procedimento de
qualificação pelo poder público de entidades privadas como OS prescinde de licitação.”
Comentários: alternativa correta. Correta a alternativa, já que no julgamento da ADI 1923 no STF, é
possível extrair o seguinte excerto da longa ementa do julgado: O procedimento de qualificação de
entidades, na sistemática da Lei, consiste em etapa inicial e embrionária, pelo deferimento do título
jurídico de “organização social”, para que Poder Público e particular colaborem na realização de um
interesse comum, não se fazendo presente a contraposição de interesses, com feição comutativa e
com intuito lucrativo, que consiste no núcleo conceitual da figura do contrato administrativo, o que
torna inaplicável o dever constitucional de licitar (CF, art. 37, XXI). 10. A atribuição de título jurídico
de legitimação da entidade através da qualificação configura hipótese de credenciamento, no qual
não incide a licitação pela própria natureza jurídica do ato, que não é contrato, e pela inexistência
de qualquer competição, já que todos os interessados podem alcançar o mesmo objetivo, de modo
includente, e não excludente.
CAI NA PROVA
33
O concurso para Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Paraná, aplicado pela banca CESPE em 2017,
apresentou a seguinte alternativa em uma de suas questões: “Segundo o STF, as atividades de saúde,
ensino e cultura devem ser viabilizadas por intervenção direta do Estado, não podendo a execução
desses serviços essenciais ser realizada por meio de convênios com organizações sociais.”
Comentários: alternativa incorreta. Incorreta a alternativa porque, também do julgado pelo STF da
ADI 1923, podemos extrair os seguintes excertos: A atuação do poder público no domínio econômico
e social pode ser viabilizada por intervenção direta ou indireta, disponibilizando utilidades materiais
aos beneficiários, no primeiro caso, ou fazendo uso, no segundo caso, de seu instrumental jurídico
para induzir que os particulares executem atividades de interesses públicos através da regulação,
com coercitividade, ou através do fomento, pelo uso de incentivos e estímulos a comportamentos
voluntários. (...) A figura do contrato de gestão configura hipótese de convênio, por consubstanciar
a conjugação de esforços com plena harmonia entre as posições subjetivas, que buscam um negócio
verdadeiramente associativo, e não comutativo, para o atingimento de um objetivo comum aos
interessados: a realização de serviços de saúde, educação, cultura, desporto e lazer, meio ambiente
e ciência e tecnologia, razão pela qual se encontram fora do âmbito de incidência do art. 37, XXI, da
CF.
CAI NA PROVA
O concurso para Advogado do Instituto de Previdência de São José dos Pinhas no Paraná, realizado
em 2017 pela banca FAUEL – Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Estadual de
Londrina, apresentou a seguinte alternativa em uma de suas questões: “O STF pronunciou-se pela
inconstitucionalidade da hipótese de dispensa de licitação para a contratação entre o Poder Público
e organizações sociais.”
Comentários: alternativa incorreta. No julgamento da ADI 1923 o STF, por decisão majoritária, julgou
parcialmente procedente o pedido apenas para dar à Lei nº 9.637, de 1998, interpretação conforme
a Constituição. É possível extrair o seguinte excerto da longa ementa do julgado: As dispensas de
licitação instituídas no art. 24, XXIV, da Lei nº 8.666/93 e no art. 12, §3º, da Lei nº 9.637/98 têm a
finalidade que a doutrina contemporânea denomina de função regulatória da licitação, através da
qual a licitação passa a ser também vista como mecanismo de indução de determinadas práticas
sociais benéficas, fomentando a atuação de organizações sociais que já ostentem, à época da
contratação, o título de qualificação, e que por isso sejam reconhecidamente colaboradoras do Poder
Público no desempenho dos deveres constitucionais no campo dos serviços sociais. O afastamento
do certame licitatório não exime, porém, o administrador público da observância dos princípios
constitucionais, de modo que a contratação direta deve observar critérios objetivos e impessoais,
com publicidade de forma a permitir o acesso a todos os interessados.
34
4. OSCIP
A Lei Federal nº 9.790, de 1999, dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP.
Sem fins lucrativos: é a pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus sócios ou
associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou
líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o
exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto social.
Todas as explanações acerca da competência dos demais entes da federação para tratarem em suas leis
locais acerca das OS se aplicam às OSCIP.
Importante ressaltar que, inicialmente, a Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014, que trata do Marco
Regulatório das Organizações da Sociedade Civil – MROSC, tinha fixado em seu artigo 4º que as suas
disposições se aplicariam às relações da Administração Pública com as entidades qualificadas como OSCIP,
tratadas pela Lei nº 9.790, de 1999, e regidas por termos de parceria.
Ocorre que a Lei nº 13.204, de 2015, ao alterar dispositivos da Lei nº 13.019, de 2014, revogou o aludido art.
4º e incluiu o inciso VI no art. 3º para fixar expressamente que a lei do MROSC não se aplica aos termos de
parceria celebrados com Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP, desde que cumpridos
os requisitos da Lei nº 9.790, de 1999.
#ficadica
35
As pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que tenham sido constituídas e
se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 anos, desde que os respectivos
objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos pela Lei nº 9.790,
de 1999, podem se qualificar como OSCIP.
Essa limitação de constituição e regular funcionamento há, no mínimo, 3 anos, não existia no texto originário
da lei das OSCIP, tendo sido incluída pela Lei nº 13.019, de 2014.
CAI NA PROVA
O concurso para Juiz Federal da 3ª Região, realizado em 2016 por banca própria, apresentou a
seguinte assertiva em uma de suas questões: “Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido
constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 1 (um) ano, desde que os
respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos pela Lei nº
9.790/1999.”
Comentários: assertiva incorreta. De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.790, de 1999, com a redação
da Lei nº 13.019, de 2014, podem qualificar-se como OSCIP as pessoas jurídicas de direito privado
sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no
mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos
requisitos instituídos em lei.
CAI NA PROVA
36
O concurso para Advogado do Instituto de Previdência de São José dos Pinhas no Paraná, realizado
em 2017 pela banca FAUEL – Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Estadual de
Londrina, apresentou a seguinte alternativa em uma de suas questões: “Podem qualificar-se como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado sem fins
lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo,
2 (dois) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos
requisitos legais.”
Comentários: alternativa incorreta. De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.790, de 1999, com a redação
da Lei nº 13.019, de 2014, podem qualificar-se como OSCIP as pessoas jurídicas de direito privado
sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no
mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos
requisitos instituídos em lei.
A qualificação como OSCIP, observado em qualquer caso o princípio da universalização dos serviços no
respectivo âmbito de atuação da entidade, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado,
sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
37
CAI NA PROVA
38
O concurso para Juiz Federal da 3ª Região, realizado em 2016 por banca própria, apresentou a
seguinte assertiva em uma de suas questões: “Dentre os objetos sociais possíveis para a qualificação
instituída pela Lei nº 9.790/1999 está o de realização de estudos e pesquisas para o
desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de
pessoas, por qualquer meio de transporte.”
Comentários: assertiva correta. Correta a assertiva, já que a Lei nº 13.019, de 2014, incluiu o inciso
XIII no art. 3º da Lei nº 9.970, de 1999, para permitir como um dos objetivos sociais autorizadores
de qualificação como OSCIP a realização de estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a
disponibilização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer
meio de transporte.
Por outro lado, NÃO podem se qualificar como OSCIP, ainda que se dediquem às atividades constantes no
diagrama anterior:
39
sociedades comerciais
OS
cooperativas
fundações públicas
40
CAI NA PROVA
O concurso para Juiz Federal da 3ª Região, realizado em 2016 por banca própria, apresentou a
seguinte assertiva em uma de suas questões: “Não são passíveis de qualificação como Organizações
da Sociedade Civil de Interesse Público, as sociedades comerciais, os sindicatos, as associações de
classe ou de representação de categoria profissional, nem as instituições religiosas ou voltadas para
a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais.”
Comentários: assertiva correta. De acordo com art. 2º da Lei nº 9.790, de 1999: NÃO são passíveis
de qualificação como OSCIP: I - as sociedades comerciais; II - os sindicatos, as associações de classe
ou de representação de categoria profissional; III - as instituições religiosas ou voltadas para a
disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; IV - as organizações
partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações; V - as entidades de benefício mútuo destinadas
a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; VI - as entidades e
empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados; VII - as instituições hospitalares
privadas não gratuitas e suas mantenedoras; VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal
não gratuito e suas mantenedoras; IX - as organizações sociais; X - as cooperativas; XI - as fundações
públicas; XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão
público ou por fundações públicas; XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de
vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
CAI NA PROVA
O concurso para Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Paraná, aplicado pela banca CESPE em 2017,
apresentou a seguinte alternativa em uma de suas questões: “Cumpridos os requisitos legais, caso
uma OS requeira a qualificação como OSCIP, o poder público deverá outorgar-lhe o referido título,
pois se trata de decisão vinculada do ministro da Justiça.”
Comentários: alternativa incorreta. Incorreta a alternativa porque, de acordo com o inciso IX do art.
2º da Lei nº 9.790, de 1999, as Organizações Sociais – OS não são passíveis de qualificação como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP
CAI NA PROVA
41
O concurso para Advogado do Instituto de Previdência de São José dos Pinhas no Paraná, realizado
em 2017 pela banca FAUEL – Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Estadual de
Londrina, apresentou a seguinte alternativa em uma de suas questões: “As organizações sociais,
desde que preenchidos os requisitos legais, podem receber a qualificação de Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público.”
Comentários: alternativa incorreta. De acordo com o inciso IX do art. 2º da Lei nº 9.790, de 1999, as
Organizações Sociais – OS não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil
de Interesse Público – OSCIP.
Estabelece ainda a Lei Federal nº 9.790, de 1999, para qualificação como OSCIP, a necessidade de constar no
Estatuto as seguintes disposições:
AS PESSOAS JURÍDICAS INTERESSADAS EM SE QUALIFICAR COMO OSCIP DEVEM SER REGIDAS POR ESTATUTOS QUE
EXPRESSAMENTE DISPONHAM SOBRE:
42
qualificação, seja transferido a outra pessoa jurídica qualificada como OSCIP, preferencialmente que
tenha o mesmo objeto social
possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem efetivamente na
gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados, em ambos os casos,
os valores praticados pelo mercado, na região correspondente a sua área de atuação
observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras
de Contabilidade
normas de que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício
prestação de fiscal, ao relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade,
contas a serem incluindo-se as certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-
observadas pela os à disposição para exame de qualquer cidadão
entidade, que realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes se for o
determinem, no caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme
mínimo: previsto em regulamento
prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas
OSCIP conforme determina o parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal.
Atenção: os servidores públicos podem participar da composição de conselho ou da diretoria de OSCIP,
bem como ser remunerados por isso.
CAI NA PROVA
O concurso para Promotor de Justiça do Estado de Santa Catarina, realizado em 2016 por banca
própria, apresentou a seguinte assertiva: “De acordo com a Lei n. 9.790/99 (Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público), que dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito
privado, sem fins lucrativos, como OSCIP, exige-se, para tanto, que sejam regidas por estatutos cujas
normas expressamente disponham sobre a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente,
dotado de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e
sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos superiores da
entidade, sendo vedada a participação de servidores públicos na composição desse conselho.”
Comentários: assertiva incorreta. A assertiva está incorreta apenas por sua parte final. O parágrafo
único do art. 4º da Lei nº 9.790, de 1999, já permitia a participação de servidores públicos na
composição de conselho de OSCIP, mas vedava a percepção de remuneração ou subsídio, a qualquer
43
título. Mas a Lei nº 13.019, de 2014, alterou o aludido dispositivo, continuando a permitir a
participação de servidor público, só que agora excluindo a vedação de remuneração ou subsídio. Ou
seja, atualmente, o servidor tanto pode participar da composição de conselho de OSCIP quanto ser
remunerado por isso. A parte inicial da assertiva está correta e em linha com o art. 4º, incido III, da
Lei nº 9.790, de 1999, que prevê que o estatuto da OSCIP deve dispor sobre a constituição de
conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para opinar sobre os relatórios de
desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres
para os organismos superiores da entidade.
Além disso, presentes os requisitos para habilitação como OSCIP, a entidade interessada deve formular
requerimento escrito ao Ministério da Justiça, instruído com os seguintes documentos em cópia autenticada:
balanço patrimonial e
estatuto registrado em ata de eleição de sua atual
demonstração do resultado
cartório diretoria
do exercício
declaração de isenção do
inscrição no CNPJ
imposto de renda
#ficadica
Atenção 1:sendo DEFERIDO o pedido, o Ministério da Justiça deve emitir, no prazo de 15 dias
da decisão, certificado de qualificação da requerente como OSCIP.
44
Atenção 2:sendo INDEFERIDO o pedido, por descumprimento de algum dos dispositivos legais, o
Ministério da Justiça deve dar ciência da decisão, mediante publicação no Diário Oficial.
Termo de Parceria: é o instrumento passível de ser firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas
como OSCIP destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução
das atividades de interesse público previstas em lei.
Fixe que deve preceder à celebração do Termo de Parceria consultas aos Conselhos de Políticas Públicas das
áreas correspondentes de atuação existentes, nos respectivos níveis de governo.
Superadas as consultas, o Termo de Parceria deve ser firmado de comum acordo entre o Poder Público e a
OSCIP, discriminando direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias.
A Lei nº 9.790, de 1999, fixa as seguintes cláusulas essenciais para o Termo de Parceria:
45
que estabelece as obrigações da OSCIP, entre as quais a de apresentar ao Poder Público, ao término de
cada exercício, relatório sobre a execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo
específico das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado de prestação de contas dos
gastos e receitas efetivamente realizados, independente das previsões de receitas e despesas
de publicação, na imprensa oficial do Município, do Estado ou da União, conforme o alcance das
atividades celebradas entre o órgão parceiro e a OSCIP, de extrato do Termo de Parceria e de
demonstrativo da sua execução física e financeira, conforme modelo simplificado estabelecido em
regulamento, contendo os dados principais da documentação obrigatória de competência da OSCIP, sob
pena de não liberação dos recursos previstos no Termo de Parceria
#ficadica
Atenção: caso a organização adquira bem imóvel com recursos provenientes da celebração do Termo de
Parceria, este será gravado com cláusula de inalienabilidade.
Realizada a avaliação, a Comissão deve encaminhar à autoridade competente relatório conclusivo sobre a
execução do Termo de Parceria.
Ademais, cabe dizer que o Termo de Parceria também está sujeito ao controle social, nos termos da
legislação.
46
Nessa linha, o Ministério da Justiça deve permitir, mediante requerimento dos interessados, livre acesso
público a todas as informações pertinentes às OSCIP.
Frise-se que a prestação de contas relativa à execução do Termo de Parceria deve demonstrar a correta
aplicação dos recursos públicos recebidos e o adimplemento do objeto do Termo de Parceria, mediante a
apresentação dos seguintes documentos:
DOCUMENTOS A SEREM APRESENTADOS PELA OSCIP NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DA EXECUÇÃO DO TERMO DE PARCERIA:
relatório anual de execução de atividades, contendo especificamente relatório sobre a execução do
objeto do Termo de Parceria, bem como comparativo entre as metas propostas e os resultados
alcançados
demonstrativo integral da receita e despesa realizada na execução
extrato da execução física e financeira
demonstração de resultados do exercício
balanço patrimonial
demonstração das origens e das aplicações de recursos
demonstração das mutações do patrimônio social
notas explicativas das demonstrações contábeis, caso necessário
parecer e relatório de auditoria, se for o caso
#ficadica
para que requeira ao juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o
sequestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que possam ter
enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público, incluindo a investigação, o exame e o
bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações mantidas pelo demandado no País e no exterior, nos
termos da lei e dos tratados internacionais.
Atenção 2:até o término da ação processada nos termos do CPC, o Poder Público permanecerá como
depositário e gestor dos bens e valores sequestrados ou indisponíveis, devendo velar pela continuidade
das atividades sociais da organização parceira.
Enfatize-se que é vedada às entidades qualificadas como OSCIP participar em campanhas de interesse
político-partidário ou eleitorais, sob quaisquer meios ou formas, sendo o seu descumprimento motivo para
a desqualificação.
#ficadica
Consolido aqui as principais jurisprudências sobre as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público -
OSCIP.
48
49
50
5. ENTIDADES DE APOIO
as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por servidores públicos,
porém em nome próprio, sob a forma de fundação, associação ou cooperativa, para a prestação,
em caráter privado de serviços sociais não exclusivos do Estado, mantendo vínculo jurídico com
entidades da Administração Direta ou Indireta, em regra por meio de convênio.
CAI NA PROVA
O concurso para Auditor do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, realizado em 2018 pela banca
CESPE, apresentou a seguinte questão: Pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
instituídas por servidores públicos, em nome próprio, sob a forma de fundação, associação ou
cooperativa, para a prestação, em caráter privado, de serviços sociais não exclusivos do Estado e que
mantêm vínculo jurídico com entidades da administração direta ou indireta, em regra por meio de
convênio, denominam-se
a) entidades de apoio.
c) organizações sociais.
7
Direito Administrativo, 30ª edição, página 636.
51
para realizarem atividade de interesse público não exclusivo do Estado, sem fins lucrativos; c)
organização social: é uma qualificação, um título, concedido pelo Poder Executivo, em ato
discricionário(STF ADI 1923: ato discricionário não é ato arbitrário), a uma entidade do terceiro setor
cujo objeto de atuação é em determinadas áreas específicas de interesse do Ente Político, que não
sejam de execução exclusiva do Estado, mas em geral serviço público social de titularidade do Estado
(Lei nº 9.637, de 1998); d) autarquias de “regime especial” são espécies do gênero autarquias que
apresentam no plano legal algumas características peculiares que as distinguem do “regime
comum”; e) organização da sociedade civil de interesse público: também é uma qualificação, um
título, outorgado em ato vinculado ao cumprimento dos requisitos instituídos pela Lei nº 9.790, de
1999.
Perceba, portanto, que a entidade de apoio é instituída por servidores públicos, em nome próprio, e por seus
próprios recursos na modalidade de pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, do tipo fundação,
associação ou cooperativa, cujo objeto finalístico é o mesmo da entidade a ser apoiada.
Nessa linha, as entidades de apoio realizam atividade privada, não sujeitas ao regime público, mas em
colaboração ao ente público, por meio de convênio, sendo comum sua criação em hospitais públicos,
instituições de educação e de pesquisa científica e tecnológica.
#ficadica
Atenção 1:a celebração de convênio não depende de licitação, tanto que a própria Lei nº 8.666, de 1993,
afirma em seu art. 116 que as suas disposições se aplicam apenas no que couber aos convênios, acordos,
ajustes ou outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da Administração. Contudo,
a celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos ou entidades da Administração Pública depende
de prévia aprovação de competente plano de trabalho proposto pela organização interessada, o qual
deverá conter, no mínimo, as seguintes informações:
52
f) previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim da conclusão das etapas ou fases
programadas;
g) se o ajuste compreender obra ou serviço de engenharia, comprovação de que os recursos próprios para
complementar a execução do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o custo total do
empreendimento recair sobre a entidade ou órgão descentralizador.
Atenção 2: assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador dará ciência dele à Assembleia Legislativa
ou à Câmara Municipal respectiva.
É comum nos convênios entre o ente público e a entidade de apoio a previsão de que a pessoa jurídica de
direito privado, sem fins lucrativos, instituída para apoiar o ente público se utilize de bens públicos móveis
(mobiliário, computador, equipamentos de laboratórios, ...) ou imóveis (sala, andar ou um prédio público
como sede da entidade de apoio).
Nessa linha, a professora Maria Sylvia levanta dúvida sobre a legalidade da forma de atuação de muitas das
Entidades de Apoio, pelo fato de se utilizarem livremente do patrimônio público e de servidores públicos,
sem observância do regime jurídico imposto à Administração Pública. E arremata:
Em suma, o serviço é prestado por servidores públicos, na própria sede da entidade pública, com
equipamentos pertencentes ao patrimônio desta última; só que quem arrecada toda a receita e
a administra é a entidade de apoio. E o faz sob as regras de entidades privadas, sem a observância
das exigências de licitação (nem mesmo os princípios da licitação) e sem a realização de qualquer
tipo de processo seletivo para a contratação de empregados. Essa é a vantagem dessas
entidades: elas são a roupagem com que se reveste a entidade pública para escapar às normas
do regime jurídico de direito público.
Uma das espécies do gênero entidade de apoio é a fundação de apoio, definida no ordenamento jurídico na
Lei nº 10.973, de 2004, com a redação dada pela Lei nº 13.242, de 2016.
Fundação de apoio:é fundação criada com a finalidade de dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e
extensão, projetos de desenvolvimento institucional, científico, tecnológico e projetos de estímulo à
inovação de interesse das Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação - ICTs, registrada e credenciada
no Ministério da Educação e no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, nos termos da Lei no 8.958, de
1994, e das demais legislações pertinentes nas esferas estadual, distrital e municipal.
53
As fundações de apoio devem ser constituídas como fundações de direito privado, sem fins lucrativos, nos
termos do Código Civil, com estatutos cujas normas expressamente disponham sobre a observância dos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e eficiência, e sujeitas, em
especial:
ao prévio credenciamento
no Ministério da Educação e
à fiscalização pelo Ministério no Ministério da Ciência,
à legislação trabalhista
Público Tecnologia, Inovações e
Comunicações, renovável a
cada 5 anos
A Lei nº 8.958, de 1994, citada na definição de fundação de apoio, dispõe sobre a relação das Instituições
Federais de Ensino Superior – IFES e das Instituições Científicas e Tecnológicas – ICT com as fundações de
apoio.
Nesta lei, há a autorização expressa de que as IFESs e as ICTs celebrem convênio e contratos, com dispensa
de licitação, por prazo determinado com as fundações instituídas com a finalidade de apoiar:
54
Frise-se que a dispensa de licitação só se aplica aos contratos, isto porque convênio já não exige processo
licitatório.
Ademais a fundamentação para essa dispensa de licitação para celebração de contrato com as fundações de
apoio está no inciso XIII do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993:
#ficadica
55
Veda-se a subcontratação total do objeto dos ajustes realizados pelas IFES e demais ICTs com
as fundações de apoio, bem como a subcontratação parcial que delegue a terceiros a
execução do núcleo do objeto contratado.
Importante ressaltar que a atuação das fundações de apoio em projetos de desenvolvimento institucional
para melhoria de infraestrutura deve se limitar às obras laboratoriais e à aquisição de materiais,
equipamentos e outros insumos diretamente relacionados às atividades de inovação e pesquisa científica e
tecnológica.
56
Importante ressaltar que as fundações de apoio devem adotar regulamento específico de aquisições e
contratações de obras e serviços, a ser editado por meio de ato do Poder Executivo de cada nível de governo,
para execução de convênios, contratos, acordos e demais ajustes que envolvam recursos provenientes do
poder público.
Além disso, desde que a IFES ou a ICT anua expressamente, a Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP,
como secretaria executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FNDCT, o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, as agências financeiras oficiais de
fomento e empresas públicas ou sociedades de economia mista, suas subsidiárias ou controladas, podem
celebrar convênios e contratos, com dispensa de licitação, por prazo determinado, com as fundações de
57
apoio, com finalidade de dar apoio às IFES e às demais ICTs, inclusive na gestão administrativa e financeira
dos projetos.
No que tange à execução e convênios, contratos, acordos e demais ajustes na forma desta Lei, as fundações
de apoio devem:
#ficadica
As IFES e demais ICTs contratantes podem autorizar, de acordo com as normas aprovadas
pelo órgão de direção superior competente e limites e condições previstos em regulamento,
a participação de seus servidores nas atividades realizadas pelas fundações de apoio, sem
prejuízo de suas atribuições funcionais.
Atenção 1:a participação de servidores da IFES e das ICTs nas atividades das fundações de
apoio não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, podendo as fundações contratadas, para sua
execução, conceder bolsas de ensino, de pesquisa e de extensão, de acordo com os parâmetros a serem
fixados em regulamento
Atenção 2:é vedada aos servidores públicos federais a participação nas atividades da fundação de apoio
durante a jornada de trabalho a que estão sujeitos, excetuada a colaboração esporádica, remunerada ou
não, em assuntos de sua especialidade, de acordo com as normas estabelecidas em regulamento.
Por fim, cabe dizer que devem ser divulgadas na íntegra na página da internet da fundação de apoio:
58
Antes de passarmos para a resolução de exercícios e, de modo que o tema do Terceiro Setor fique
centralizado em uma única aula, transcrevo aqui a teoria acerca do Serviço Social Autônomo que abordamos
na aula 1.
59
Exemplos genuínos de entidades paraestatais são os serviços sociais autônomos que são pessoas jurídicas
de direito privado, não integrantes da Administração Pública indireta, criadas ou autorizadas por lei para
realizarem atividade de interesse público não exclusivo do Estado, sem fins lucrativos, e que por esse motivo
são fomentadas, incentivadas e subvencionadas pela Administração Pública.
Em que pese atividade de interesse coletivo, não é atribuição dos Serviços Sociais Autônomos a prestação
de serviços públicos, mas sim de interesses de grupos sociais ou profissionais.
O “Sistema S” define “o conjunto de organizações das entidades corporativas voltadas para o treinamento
profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica, que além de terem seu nome
iniciado com a letra S, têm raízes comuns e características organizacionais similares”8.
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI: criado pelo Decreto-Lei nº 4.048, de 1942;
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC: Decreto-Lei nº 8.621, de 1.946, que atribui à
Confederação Nacional do Comércio o encargo de criar, organizar e administrar o SENAC;
Serviço Social da Indústria – SESI: Decreto-Lei nº 9.403, de 1.946, que atribui à Confederação Nacional
do Comércio o encargo de criar, organizar e dirigir o SESI;
Serviço Social do Comércio – SESC: Decreto-Lei nº 9.853, de 1.946, que atribui à Confederação
Nacional do Comércio o encargo de criar e organizar o SESC;
Serviço Social do Transporte – SEST: Lei nº 8.706, de 1993, que atribuiu à Confederação Nacional do
Transporte – CTN o encargo de criar, organizar e administrar o SEST;
Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte – SENAT: Lei nº 8.706, de 1993, que atribuiu à
Confederação Nacional do Transporte – CTN o encargo de criar, organizar e administrar o SENAT;
8
Definição constante no site do Senado Federal: https://www12.senado.leg.br/noticias/glossario-
legislativo/sistema-s
60
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR: criado pela Lei nº 8.315, de 1991, em atendimento
ao art. 62 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT;
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE: a Lei nº 8.029, de 1990, em seu
art. 8º, autorizou o Poder Executivo a desvincular da Administração Pública Federal o Centro
Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa - CEBRAE, mediante sua transformação em serviço
social autônomo. Nessa linha, o Decreto nº 99.570, de 1990, o fez passando o novo serviço social
autônomo a denominar-se Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE; e
Cabe dizer também que essas entidades privadas de serviço social fazem jus à contribuição compulsória
dos empregadores sobre a folha de salários, conforme previsto no art. 149 e 240 da CRFB, o que caracteriza
caso de parafiscalidade:
Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições compulsórias dos
empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e
de formação profissional vinculadas ao sistema sindical.
#ficadica
61
É importante ressaltar também que serviço social autônomo pode existir independentemente de estar ligado
à Confederações ou Federações Sindicais de qualquer espécie.
O que importa é que essas entidades tenham natureza de direito privado, sejam criadas ou autorizadas por
lei, mesmo sem integrar a Administração Pública Indireta, para realizarem atividades de interesse público,
sem fins lucrativos.
São exemplos de Serviços Sociais Autônomos não vinculados à Confederações ou Federações Sindicais:
a) Associação das Pioneiras Sociais: a Lei nº 8.246, de 1991, autorizou o Poder Executivo à instituir Serviço
Social Autônomo da Associação das Pioneiras Sociais, pessoa jurídica de direito privado sem fins
lucrativos, de interesse coletivo e de utilidade pública, com o objetivo de prestar assistência médica
qualificada e gratuita a todos os níveis da população e de desenvolver atividades educacionais e de
pesquisa no campo da saúde, em cooperação com o Poder Público;
b) APEX-BRASIL: a Lei nº 10.668, de 2003, cujo artigo 1º previu estar o Poder Executivo autorizado a instituir
o Serviço Social Autônomo Agência de Promoção de Exportações do Brasil – Apex-Brasil, na forma de
pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, de interesse coletivo e de utilidade pública, com o
objetivo de promover a execução de políticas de promoção de exportações, em cooperação com o Poder
Público, especialmente as que favoreçam as empresas de pequeno porte e a geração de empregos; e
c) ABDI: a Lei nº 11.080, de 2004, autorizou o Poder a instituir Serviço Social Autônomo, pessoa jurídica de
direito privado sem fins lucrativos, de interesse coletivo e de utilidade pública, denominada Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, com a finalidade de promover a execução de políticas
de desenvolvimento industrial, especialmente as que contribuam para a geração de empregos, em
consonância com as políticas de comércio exterior e de ciência e tecnologia.
Ressalte-se, também, que os Serviços Sociais Autônomos têm sido criados por todos os Entes da Federação
e não só a União.
Por fim, vejamos algumas características adicionais acerca dos Serviços Sociais Autônomos:
de licitação prevista na alínea 'e' do inciso I do art. 17 da Lei n. 8.666/1993 (licitação dispensada); ao
contrário, enquadram-se no comando contido no caput do art. 17, que, expressamente, exige a licitação,
na modalidade concorrência, para a venda de imóveis da Administração Pública às entidades
paraestatais. (REsp 1241460, Ministro Benedito Gonçalves, 08/10/2013)
64
CAI NA PROVA
O concurso para Defensor Púbico de Alagoas, aplicado pelo CESPE em 2017, apresentou a seguinte
questão: Os serviços sociais autônomos:
Resposta: alternativa “b”. Os serviços sociais autônomos são pessoas jurídicas de direito privado,
não integrantes da Administração Pública indireta, criadas ou autorizadas por lei para realizarem
atividade de interesse público, sem fins lucrativos, não exclusivo do Estado, e que por esse motivo
são fomentadas, incentivadas e subvencionadas pela Administração Pública. Incorretas as
alternativas “a” e “c” porque, como não integram a Administração Pública, não usufruem de
privilégios processuais da Fazenda Pública nem respondem pelos débitos oriundos de decisão
judicial transitada em julgado por meio de precatório (STF AI 841.548 RG) e sim devem atender aos
mesmos institutos e procedimentos das pessoas jurídicas de direito privado. Incorreta a alternativa
“d” porque, em que pese serem criadas ou autorizadas por lei, não integram a Administração
Indireta e possuem personalidade jurídica de direito privado (STF ADI 1.864). Incorreta a alternativa
“e” porque os Serviços Sociais Autônomos não se sujeitam à estrita observância da Lei 8.666/1993,
mas sim aos seus regulamentos próprios devidamente publicados, os quais devem se pautar pelos
princípios gerais do processo licitatório e seguir os postulados gerais relativos à Administração
Pública, em especial os da legalidade, da moralidade, da impessoalidade, da isonomia e da
publicidade (TCU Acórdão 2198/2015).
65
==9e9ee==
a) É inconstitucional a previsão legal de cessão de servidor público a organização social: essa hipótese
configura desvio de função.
b) O contrato de gestão não configura hipótese de convênio, uma vez que prevê negócio jurídico de natureza
comutativa e se submete ao mesmo regime jurídico dos contratos administrativos.
c) As organizações sociais, por integrarem o terceiro setor, integram a administração pública, razão pela qual
devem submeter-se, em suas contratações com terceiros, ao dever de licitar.
d) O indeferimento do requerimento de qualificação da organização social deve ser pautado pela
publicidade, transparência e motivação, mas não precisa observar critérios objetivos, devendo ser respeitada
a ampla margem de discricionariedade do Poder Público.
e) A qualificação da entidade como organização social configura hipótese de simples credenciamento, o qual
não exige licitação em razão da ausência de competição.
6. (2018/CESPE/TCM-BA/ Auditor) Pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas
por servidores públicos, em nome próprio, sob a forma de fundação, associação ou cooperativa, para a
prestação, em caráter privado, de serviços sociais não exclusivos do Estado e que mantêm vínculo jurídico
com entidades da administração direta ou indireta, em regra por meio de convênio, denominam-se
a) entidades de apoio.
b) serviços sociais autônomos.
c) organizações sociais.
d) autarquias em regime especial.
e) organizações da sociedade civil de interesse público.
( ) Certo ( ) Errado
68
objetivos do ajuste. Assertiva: Nessa situação, para efetivar a contratação de terceiros, a OSCIP deverá
realizar licitação pública na modalidade concorrência.
( ) Certo ( ) Errado
( ) Certo ( ) Errado
a) agência executiva.
b) fundação pública.
c) organização social.
d) organização da sociedade civil de interesse público.
e) serviço social autônomo.
( ) Certo ( ) Errado
69
12. (2018/CESPE/TCE-PB/Auditor de Contas Públicas) As organizações sem fins lucrativos que são
voltadas à resolução de problemas coletivos de interesse social e podem prestar serviços públicos são
a) as sociedades de economia mista.
b) os consórcios públicos.
c) os convênios públicos.
d) as fundações.
e) as organizações da sociedade civil de interesse público.
( ) Certo ( ) Errado
70
( ) Certo ( ) Errado
( ) Certo ( ) Errado
18. (2017/CESPE/SERES-PE /Agente Penitenciário (Superior) Pessoa jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos, que tenha sido instituída por iniciativa de particulares e que receba delegação do Poder Público
mediante contrato de gestão para desempenhar serviço público de natureza social denomina-se
a) organização social.
b) entidade de apoio.
c) empresa pública.
d) organização da sociedade civil de interesse público.
71
d) As organizações sociais, desde que preenchidos os requisitos legais, podem receber a qualificação de
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.
e) A qualificação de uma pessoa jurídica como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público é ato
vinculado, de forma que o pedido só pode ser indeferido na hipótese de a pessoa jurídica requerente
desatender a algum dos requisitos legais.
22. (2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito) Acerca das entidades paraestatais e do terceiro setor, assinale
a opção correta.
a) Segundo o STF, o procedimento de qualificação pelo poder público de entidades privadas como OS
prescinde de licitação.
b) Segundo o STF, as atividades de saúde, ensino e cultura devem ser viabilizadas por intervenção direta do
Estado, não podendo a execução desses serviços essenciais ser realizada por meio de convênios com
organizações sociais.
c) Cumpridos os requisitos legais, caso uma OS requeira a qualificação como OSCIP, o poder público deverá
outorgar-lhe o referido título, pois se trata de decisão vinculada do ministro da Justiça.
d) Caso uma OSCIP ajuíze ação cível comum de rito ordinário, o foro competente para o julgamento da causa
será a vara da fazenda pública, se existente na respectiva comarca, já que se trata de uma entidade que
integra a administração pública
23. (2017/CESPE/TRE-PE/Analista Judiciário) Pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, não
integrante da administração pública, que atua na área de ensino e pode contratar diretamente com o
poder público por dispensa de licitação, para a prestação de serviços contemplados no contrato de gestão
firmado com o ente público, é denominada
a) sociedade de economia mista.
b) instituição comunitária de educação superior.
c) organização da sociedade civil.
d) organização social.
e) organização da sociedade civil de interesse público.
a) não pode ser concretizada, uma vez que a área da saúde pública não admite ser administrada por terceiros.
73
b) pode ser efetivada por meio de contrato de gestão com uma Organização Social.
c) pode ser efetivada por meio de contrato de gestão com uma Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público.
d) pode ser efetivada por meio de Termo de Parceria com uma Organização Social.
e) não pode ser efetivada com entidades privadas, podendo ser concretizada apenas por meio de parcerias
com entes públicos.
pactuantes e destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes para o fomento e a execução
das atividades de interesse público.
b) Organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio
ambiente, à cultura e à saúde.
c) Os serviços sociais autônomos, que são instituídos pelo poder público por meio de lei, integram a
administração pública.
d) Não é obrigatória a participação de agentes do poder público no conselho de administração das
organizações sociais, exigindo-se, contudo, que seja formado por membros representantes de entidades da
sociedade civil e por membros com notória capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral, a serem
eleitos pelos integrantes do conselho.
e) A qualificação das organizações sociais será concedida pelo Ministério da Justiça por meio de ato
vinculado.
( ) Certo ( ) Errado
( ) Certo ( ) Errado
75
( ) Certo ( ) Errado
76
À luz da sistemática constitucional e da interpretação que lhe vem sendo dispensada pelo Supremo
Tribunal Federal, é correto afirmar que os serviços sociais autônomos,
a) por integrarem a Administração Pública direta, devem observar a referida exigência constitucional.
b) na medida em que não integram a Administração Pública, não devem observar a referida exigência
constitucional.
c) por integrarem a Administração Pública indireta, devem observar a referida exigência constitucional.
d) somente estarão sujeitos à referida exigência constitucional quando receberem contribuições parafiscais.
e) por serem entes paraestatais, devem observar a referida exigência constitucional.
35. (2016/TRF-3ª REGIÃO/TRF-3ª REGIÃO/Juiz Federal) Dadas as assertivas abaixo a respeito das
OSCIPs, assinale a alternativa correta.
I – Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de
direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular
há, no mínimo, 1 (um) ano, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos
requisitos instituídos pela Lei nº 9.790/1999.
II – Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, as
sociedades comerciais, os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional,
77
nem as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais
e confessionais.
III – Dentre os objetos sociais possíveis para a qualificação instituída pela Lei nº 9.790/1999 está o de
realização de estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de
tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte.
Estão corretas
a) Apenas I e II.
b) I, II e III.
c) Apenas II.
d) Apenas II e III.
78
79
Comentários
Correta a alternativa “a”. O acórdão do julgamento da ADI 1923/DF contém expressamente que as atividades
desempenhadas pelas organizações sociais são alvo de fomento público. Abaixo está transcrito parte do
acórdão com esse entendimento:
5. O marco legal das Organizações Sociais inclina-se para a atividade de fomento público no
domínio dos serviços sociais, entendida tal atividade como a disciplina não coercitiva da conduta
dos particulares, cujo desempenho em atividades de interesse público é estimulado por sanções
premiais, em observância aos princípios da consensualidade e da participação na Administração
Pública.
80
Incorreta a alternativa “b”. Conforme se nota em trecho do acórdão da ADI 1923/DF, resta claro o
entendimento de que as atividades exercidas pelas OSs nas áreas previstas no art. 1º da Lei Federal nº
9.637/98 prescindem de delegação estatal. Vejamos trecho do acórdão:
2. Os setores de saúde (CF, art. 199, caput), educação (CF, art. 209, caput), cultura (CF, art. 215),
desporto e lazer (CF, art. 217), ciência e tecnologia (CF, art. 218) e meio ambiente (CF, art. 225)
configuram serviços públicos sociais, em relação aos quais a Constituição, ao mencionar que “são
deveres do Estado e da Sociedade” e que são “livres à iniciativa privada”, permite a atuação, por
direito próprio, dos particulares, sem que para tanto seja necessária a delegação pelo poder
público, de forma que não incide, in casu, o art. 175, caput, da Constituição.
Incorreta a alternativa “c”. O erro da alternativa está em afirmar que as organizações sociais estão
dispensadas da observância dos princípios e regras regentes da Administração Pública. Por não serem órgãos
públicos, de fato não precisam realizar licitações ou concursos públicos, mas o STF deixou transparecer que
a tais entidades deve haver incidência dos princípios da Administração Pública, com destaque à
impessoalidade:
15. As organizações sociais, por integrarem o Terceiro Setor, não fazem parte do conceito
constitucional de Administração Pública, razão pela qual não se submetem, em suas
contratações com terceiros, ao dever de licitar, o que consistiria em quebra da lógica de
flexibilidade do setor privado, finalidade por detrás de todo o marco regulatório instituído pela
Lei. Por receberem recursos públicos, bens públicos e servidores públicos, porém, seu regime
jurídico tem de ser minimamente informado pela incidência do núcleo essencial dos princípios
da Administração Pública (CF, art. 37, caput), dentre os quais se destaca o princípio da
impessoalidade, de modo que suas contratações devem observar o disposto em regulamento
próprio (Lei nº 9.637/98, art. 4º, VIII), fixando regras objetivas e impessoais para o dispêndio de
recursos públicos.
16. Os empregados das Organizações Sociais não são servidores públicos, mas sim empregados
privados, por isso que sua remuneração não deve ter base em lei (CF, art. 37, X), mas nos
contratos de trabalho firmados consensualmente. Por identidade de razões, também não se
aplica às Organizações Sociais a exigência de concurso público (CF, art. 37, II), mas a seleção de
pessoal, da mesma forma como a contratação de obras e serviços, deve ser posta em prática
através de um procedimento objetivo e impessoal.
Incorreta a alternativa “d”. No julgamento da ADI 1923/DF, resta claro o entendimento que o Ministério
Público e o Tribunal de Contas da União não têm suas respectivas atuações restringidas pela Lei Federal nº
9.637/98, conforme o trecho do acórdão abaixo transcrito:
18. O âmbito constitucionalmente definido para o controle a ser exercido pelo Tribunal de Contas
da União (CF, arts. 70, 71 e 74) e pelo Ministério Público (CF, arts. 127 e seguintes) não é de
qualquer forma restringido pelo art. 4º, caput, da Lei nº 9.637/98, porquanto dirigido à
81
estruturação interna da organização social, e pelo art. 10 do mesmo diploma, na medida em que
trata apenas do dever de representação dos responsáveis pela fiscalização, sem mitigar a
atuação de ofício dos órgãos constitucionais.
Comentários
Correta a alternativa “a”. Nos incisos do art. 2º, a Lei Federal nº 9.790/99 dispõe as pessoas jurídicas que não
são passíveis de qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.Não há vedação para
as instituições comunitárias de créditos sem vinculação com o sistema financeiro nacional.
Incorreta a alternativa “b”. Em consonância com a Lei Federal 9.790/99, art. 2º, II; não são passíveis de
qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer
forma às atividades descritas no art. 3o desta lei os sindicatos, as associações de classe ou de representação
de categoria profissional.
Incorreta a alternativa “c”. Em consonância com a Lei Federal 9.790/99, art. 2º, III; não são passíveis de
qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer
forma às atividades descritas no art. 3o desta lei as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação
de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais.
Incorreta a alternativa “d”. Em consonância com a Lei Federal 9.790/99, art. 2º, IV; não são passíveis de
qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer
forma às atividades descritas no art. 3o desta lei as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
fundações.
82
Incorreta a alternativa “e”. Em consonância com a Lei Federal 9.790/99, art. 2º, VI; não são passíveis de
qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer
forma às atividades descritas no art. 3o desta lei as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
fundações as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados.
Comentários
Correta a alternativa “a”. As áreas das atividades a serem desempenhadas por instituições privadas para
serem qualificadas como organizações sociais estão elencadas no art. 1º da Lei Federal nº 9.637/98: ensino,
pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e
saúde. Além disso, o art. 5º da mesma lei prevê que o ajuste firmado entre a Administração Pública e a
organização social se chama contrato de gestão, enquanto que o art. 6º prevê que ele será elaborado de
comum acordo entre o órgão ou entidade supervisora e a organização social.
Incorreta a alternativa “b”. Embora a alternativa cite a preservação do meio ambiente, como área de atuação
das OSs, o ajuste firmado não se chama acordo de cooperação. Acordo de cooperação está previsto na Lei
nº 13.019/14, que trata das organizações da sociedade civil.
83
Incorreta a alternativa “c”. Há várias áreas para atuação das OSs, e não somente ensino. Ademais, o vínculo
não se chama “acordo de parceria”.
Incorreta a alternativa “d”. A nomenclatura “convênio de gestão” não encontra previsão em nenhum ato
normativo do Poder Público.
Incorreta a alternativa “e”. Conforme o art. 1º da Lei nº 9.637/98, há várias áreas de participação das OSs, e
não apenas cultura e saúde. Além desse erro, tem-se também que o vínculo não se chama “acordo de
parceria”.
Comentários:
Correta a alternativa “a”. Trata-se do entendimento da Profª Maria Sylvia Zanella DiPietro, que defende a
compatibilidade do instituto das franquias, previsto na Lei Federal nº 8.955/94, com as entidades da
Administração Indireta. Toma-se como exemplo o que ocorre com as franquias postais no âmbito da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, conforme Lei Federal nº 11.668/08.
Incorreta a alternativa “b”. “Contrato de franquia” não é nomenclatura aplicável ao estudo dos vínculos que
podem ser formados entre Administração Pública e terceiro setor. Não há nenhum instrumento com essa
nomenclatura no estudo do terceiro setor.
Incorreta a alternativa “c”. Uma nova forma de ajuste de prestação de serviço público de entes federados
diferentes poderia ser o consórcio público ou o convênio de cooperação, nos termos do art. 241 da CRFB.
84
Incorreta a alternativa “e”. Embora seja tipicamente empresarial, há leis no Brasil que viabilizam a aplicação
das franquias no âmbito da Administração Indireta, tal qual ocorre com as agências de correios franqueadas.
Gabarito: “a”
Incorreta a alternativa “a”. Há previsão legal acerca da cessão de servidor no art. 14 da Lei Federal nº
9.637/98 (art. 14): “É facultado ao Poder Executivo a cessão especial de servidor para as organizações sociais,
com ônus para a origem”.
Incorreta a alternativa “b”. Segundo o entendimento do STF (ADI 1.923/DF), o contrato de gestão teria
natureza jurídica de convênio por abranger conjugação de esforços para a formação de um negócio jurídico
associativo, e não comutativo. Além disso, há objetivo comum, o que exclui a obrigatoriedade de licitação
prevista no art. 37, XXI, da CRFB.
Incorreta a alternativa “c”. As organizações sociais não fazem parte do conceito constitucional de
Administração Pública. Sendo assim, não há razão para se submeterem ao dever de licitar.
Incorreta a alternativa “d”. Segundo a ADI 1.923, é de se ter por vedada qualquer forma de arbitrariedade,
de modo que o indeferimento do requerimento de qualificação, além de pautado pela publicidade,
transparência e motivação, deve observar critérios objetivos fixados em ato regulamentar expedido em
obediência ao art. 20 da Lei nº 9.637/98.
Correta a alternativa e”. A atribuição de título jurídico de legitimação da entidade através da qualificação
configura hipótese de credenciamento, no qual não incide a licitação pela própria natureza jurídica do ato,
que não é contrato, e pela inexistência de qualquer competição, já que todos os interessados podem alcançar
o mesmo objetivo, de modo includente, e não excludente.
85
Resposta: “e”.
6. (2018/CESPE/TCM-BA/ Auditor) Pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas
por servidores públicos, em nome próprio, sob a forma de fundação, associação ou cooperativa, para a
prestação, em caráter privado, de serviços sociais não exclusivos do Estado e que mantêm vínculo jurídico
com entidades da administração direta ou indireta, em regra por meio de convênio, denominam-se
a) entidades de apoio.
b) serviços sociais autônomos.
c) organizações sociais.
d) autarquias em regime especial.
e) organizações da sociedade civil de interesse público.
Comentários
Resposta: alternativa “a”. A questão apresenta a literalidade da definição de Entidades de Apoio de autoria
da professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, constante em seu livro Direito Administrativo (página 636, 30ª
edição).
Incorreta a alternativa “b”: serviços sociais autônomos são pessoas jurídicas de direito privado, não
integrantes da Administração Pública indireta, criadas ou autorizadas por lei para realizarem atividade de
interesse público não exclusivo do Estado, sem fins lucrativos;
Incorreta a alternativa “c”: organização social é uma qualificação, um título, concedido pelo Poder Executivo,
em ato discricionário (STF ADI 1923: ato discricionário não é ato arbitrário), a uma entidade do terceiro setor
cujo objeto de atuação é em determinadas áreas específicas de interesse do Ente Político, que não sejam de
execução exclusiva do Estado, mas em geral serviço público social de titularidade do Estado (Lei nº 9.637, de
1998);
Incorreta a alternativa “d”: autarquias de “regime especial” são espécies do gênero autarquias que
apresentam no plano legal algumas características peculiares que as distinguem do “regime comum”;
Incorreta a alternativa “e”: organização da sociedade civil de interesse público: também é uma qualificação,
um título, outorgado em ato vinculado ao cumprimento dos requisitos instituídos pela Lei nº 9.790, de 1999.
Gabarito: “a”.
86
A concessão, pelo poder público, da qualificação como OSCIP de entidade privada sem fins lucrativos é ato
vinculado ao cumprimento dos requisitos legais estabelecidos para tal.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Resposta: certo. De acordo com o §2º do art. 1º da Lei nº 9.790, de 1999, a outorga da qualificação como
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP é ato vinculado ao cumprimento dos requisitos
instituídos pela aludida lei.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Resposta: errado. De acordo com o art. 14 da Lei nº 9.790, de 1999, a organização parceira fará publicar, no
prazo máximo de trinta dias, contado da assinatura do Termo de Parceria, regulamento próprio contendo os
procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como para compras com emprego
de recursos provenientes do Poder Público, observados os princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência.
( ) Certo ( ) Errado
87
Comentários
Resposta: certo. De acordo com o art. 2º da Lei nº 9.790, de 1999, NÃO são passíveis de qualificação como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público: I - as sociedades comerciais; II - os sindicatos, as
associações de classe ou de representação de categoria profissional; III - as instituições religiosas ou voltadas
para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; IV - as organizações
partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações; V - as entidades de benefício mútuo destinadas a
proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; VI - as entidades e empresas
que comercializam planos de saúde e assemelhados; VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas
e suas mantenedoras; VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas
mantenedoras; IX - as organizações sociais; X - as cooperativas; XI - as fundações públicas; XII - as fundações,
sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por fundações públicas; XIII
- as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema financeiro nacional a
que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
a) agência executiva.
b) fundação pública.
c) organização social.
d) organização da sociedade civil de interesse público.
e) serviço social autônomo.
Comentários
Resposta: alternativa “c”. De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.637, de 1998, o Poder Executivo poderá
qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades
sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos em lei. Já o art. 5º da aludida lei
prevê que contrato de gestão é o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como
organização social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades
relativas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio
ambiente, à cultura e à saúde.
88
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Resposta: certo. De acordo com o art. 9º da Lei nº 9.790, de 1999, Termo de Parceria é o instrumento passível
de ser firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público – OSCIP destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e
a execução das atividades de interesse público previstas na aludida lei.
12. (2018/CESPE/TCE-PB/Auditor de Contas Públicas) As organizações sem fins lucrativos que são
voltadas à resolução de problemas coletivos de interesse social e podem prestar serviços públicos são
a) as sociedades de economia mista.
b) os consórcios públicos.
c) os convênios públicos.
d) as fundações.
e) as organizações da sociedade civil de interesse público.
Comentários
Resposta: alternativa “e”. A redação da questão não é das melhores porque é imprecisa. Mas o cerne dela é
se ater à expressão “problemas coletivos de interesse social”. Ou seja, ainda que a organização (pessoa
jurídica) possa prestar serviço público, ela é voltada precipuamente a resolução de problemas coletivos de
interesse social com a acepção de assistência social, amparo à pessoa humana e aspectos humanitários.
Assim, correta a alternativa “e”, já que a OSCIP, pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
qualificada com o cumprimento dos requisitos da Lei nº 9.790, de 1999, tem como objetivo social uma das
finalidades constantes no art. 3º da aludida lei (assistência social, cultura, educação, saúde, meio ambiente,
patrimônio histórico e artístico, entre outros).
Incorreta a alternativa “a” porque as sociedades de economia mista, nos termos do art. 173 da CRFB, quando
necessário aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, precipuamente
exploram atividade econômica. Perceba, portanto, que, em que pese a criação por lei de sociedade economia
mista (sociedade anônima) buscar a resolução de problemas coletivos, estes são de âmbito econômico e não
de interesse propriamente social. É certo, contudo, que nos termos do art. 175 da CRFB, o Poder Público,
por meio das sociedades de economia mista, pode prestar diretamente serviços públicos. Outro ponto, ainda
89
quanto à alternativa “a”, é que para os particulares que investem na sociedade de economia mista de capital
aberto exploradora de atividade econômica comprando ações negociadas em bolsa de valores, ela tem
finalidade precipuamente lucrativa. Em regra, esse não é o interesse precípuo do Estado quando cria a
sociedade de economia mista, mas fato é que do ponto de vista de atuação no mercado elas buscam não só
cumprir o objetivo público para qual foi criada, mas ao explorarem atividade econômica acabam buscando
a obtenção de lucro na perspectiva de seu acionista privado.
Incorreta a alternativa “b” porque nos termos dos artigos 1º e 2º da Lei nº 11.107, de 2005, a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem constituir consórcios públicos para a realização de
interesse comum entre eles, sendo o objetivo do consórcio determinado pelos próprios entes da Federação.
Ou seja, não necessariamente à resolução de problemas coletivos de interesse social. A gama de atuação do
consórcio é amplíssima, respeitados os limites competenciais constitucionais.
Incorreta a alternativa “c” porque convênio é um instrumento jurídico e não uma organização como afirma
o enunciado.
Incorreta a alternativa “d” porque as fundações privadas cujo instituidor é pessoa privada (art. 62 do Código
Civil) ou as fundações públicas, sejam as de personalidade pública (Autarquia Fundacional ou Fundação
Autárquica) sejam as de personalidade privada (art. 62 do Código Civil), também possuem amplo espectro
de atuação, por exemplo, em pesquisa científica e tecnologia alternativa, o que não apresenta a semântica
de “problemas coletivos de interesse social” na acepção que a banca buscou. Reitero que a banca, a meu
ver, foi infeliz na imprecisão do termo “interesse social” utilizado, dando margem a interpretações diversas.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Resposta: certo. Como vimos, há uma aproximação na doutrina atual entre Entidade Paraestatal e Terceiro
Setor, aí se enquadrando, por exemplo, os serviços sociais autônomos (Sistema S), as organizações sociais
(OS), as organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP), as organizações da sociedade civil (OSC)
e entidades de apoio. Compõem o Sistema S (o conjunto de organizações das entidades corporativas voltadas
para o treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica, que além de
terem seu nome iniciado com a letra S, têm raízes comuns e características organizacionais similares)
atualmente uma grande gama de entidades, entre as quais, SENAI, SENAC, SESI, SESC, SEST, SENAT, SENAR,
SEBRAE e SESCOOP.
90
Comentários
Resposta: alternativa “c”. De acordo com o §2º do art. 10 da Lei nº 9.790, de 1999, são cláusulas essenciais
do Termo de Parceria: I - a do objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho proposto pela
OSCIP; II - a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos de execução
ou cronograma; III - a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem
utilizados, mediante indicadores de resultado; IV - a de previsão de receitas e despesas a serem realizadas
em seu cumprimento, estipulando item por item as categorias contábeis usadas pela organização e o
detalhamento das remunerações e benefícios de pessoal a serem pagos, com recursos oriundos ou
vinculados ao Termo de Parceria, a seus diretores, empregados e consultores; V - a que estabelece as
obrigações da OSCIP, entre as quais a de apresentar ao Poder Público, ao término de cada exercício, relatório
sobre a execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo específico das metas propostas
com os resultados alcançados, acompanhado de prestação de contas dos gastos e receitas efetivamente
realizados, independente das previsões mencionadas no inciso IV; VI - a de publicação, na imprensa oficial
do Município, do Estado ou da União, conforme o alcance das atividades celebradas entre o órgão parceiro
e a OSCIP, de extrato do Termo de Parceria e de demonstrativo da sua execução física e financeira, conforme
modelo simplificado estabelecido no regulamento, contendo os dados principais da documentação
obrigatória do inciso V, sob pena de não liberação dos recursos previstos no Termo de Parceria.
91
c) fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por fundações
públicas
d) organizações sem fins lucrativos focadas na promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
histórico e artístico
e) sociedades comerciais
Comentários
Resposta: alternativa “d”. De acordo com o art. 2º da Lei nº 9.790, de 1999, não são passíveis de qualificação
como OSCIP: I - as sociedades comerciais; II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de
categoria profissional; III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos,
práticas e visões devocionais e confessionais; IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
fundações; V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo
restrito de associados ou sócios; VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e
assemelhados; VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras; VIII - as escolas
privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras; IX - as organizações sociais; X - as
cooperativas; XI - as fundações públicas; XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado
criadas por órgão público ou por fundações públicas; XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer
tipos de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal. A
descrição da alternativa “d” está em linha com a autorização de habilitação como OSCIP constante no art.
3º, inciso II, da aludida lei.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Resposta: certo. De acordo com o art. 4º da Lei nº 9.790, de 1999, exige-se ainda, para qualificarem-se como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas
por estatutos cujas normas expressamente disponham sobre: I - a observância dos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência; II - a adoção de práticas de gestão
administrativa, necessárias e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios
ou vantagens pessoais, em decorrência da participação no respectivo processo decisório; III - a constituição
de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para opinar sobre os relatórios de
desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os
organismos superiores da entidade; IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo
92
patrimônio líquido será transferido a outra pessoa jurídica qualificada como OSCIP, preferencialmente que
tenha o mesmo objeto social da extinta; V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a
qualificação como OSCIP, o respectivo acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos
durante o período em que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa jurídica qualificada
como OSCIP, preferencialmente que tenha o mesmo objeto social; VI - a possibilidade de se instituir
remuneração para os dirigentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva e para aqueles
que a ela prestam serviços específicos, respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado,
na região correspondente a sua área de atuação; VII - as normas de prestação de contas a serem observadas
pela entidade, que determinarão, no mínimo: a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade
e das Normas Brasileiras de Contabilidade; b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no
encerramento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade,
incluindo-se as certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para exame
de qualquer cidadão; c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes se for o
caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento;
d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. 70 da
Constituição Federal.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Resposta: errado. As Organizações Sociais não são passíveis de serem qualificadas como OSCIP. Essa previsão
consta no art. 2º, inciso IX, da Lei nº 9.790, de 1999: não são passíveis de qualificação como OSCIP: I - as
sociedades comerciais; II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria
profissional; III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões
devocionais e confessionais; IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações; V - as
entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados
ou sócios; VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados; VII - as
instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras; VIII - as escolas privadas dedicadas ao
ensino formal não gratuito e suas mantenedoras; IX - as organizações sociais; X - as cooperativas; XI - as
fundações públicas; XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão
público ou por fundações públicas; XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação
com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
93
18. (2017/CESPE/SERES-PE /Agente Penitenciário (Superior) Pessoa jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos, que tenha sido instituída por iniciativa de particulares e que receba delegação do Poder Público
mediante contrato de gestão para desempenhar serviço público de natureza social denomina-se
a) organização social.
b) entidade de apoio.
c) empresa pública.
d) organização da sociedade civil de interesse público.
e) serviço social autônomo
Comentários
Resposta: alternativa “a”. De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.637, de 1998, o Poder Executivo poderá
qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades
sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos em lei. Já o art. 5º da aludida lei
prevê que contrato de gestão é o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como
organização social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades
relativas às áreas do ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e à saúde. Portanto, frise-se que organização social é uma qualificação, um
título, concedido pelo Poder Executivo, em ato discricionário (STF ADI 1923: ato discricionário não é ato
arbitrário), a uma entidade do terceiro setor cujo objeto de atuação é em determinadas áreas específicas de
interesse do Ente Político, que não sejam de execução exclusiva do Estado, mas em geral serviço público
social de titularidade do Estado.
Comentários
Resposta: alternativa “d”. De acordo com o julgamento do STF na ADI 1923, no qual, por decisão majoritária,
foi julgado parcialmente procedente para dar à Lei nº 9.637, de 1998, interpretação conforme a Constituição,
94
é possível extrair o seguinte excerto da longa ementa do julgado: “(...)os empregados das Organizações
Sociais não são servidores públicos, mas sim empregados privados, por isso que sua remuneração não deve
ter base em lei (CF, art. 37, X), mas nos contratos de trabalho firmados consensualmente. Por identidade de
razões, também não se aplica às Organizações Sociais a exigência de concurso público (CF, art. 37, II), mas a
seleção de pessoal, da mesma forma como a contratação de obras e serviços, deve ser posta em prática
através de um procedimento objetivo e impessoal.
Comentários
Resposta: alternativa “e”. De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.637, de 1998, o Poder Executivo poderá
qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades
sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos em lei.
95
e) A qualificação de uma pessoa jurídica como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público é ato
vinculado, de forma que o pedido só pode ser indeferido na hipótese de a pessoa jurídica requerente
desatender a algum dos requisitos legais.
Comentários
Correta a alternativa “e” já que em linha com a previsão do §2º do art. 1º da Lei nº 9.790, de 1999, que prevê
expressamente que a outorga da qualificação como OSCIP é ato vinculado ao cumprimento dos requisitos
instituídos pela Lei nº 9.790, de 1999. Além disso, o §3º do artigo 6º elenca os motivos para indeferimento
do pedido de qualificação como OSCIP.
Incorreta a alternativa “a” porque os serviços sociais autônomos não se submetem à licitação, devendo,
contudo, contemplar os princípios gerais da licitação em seus regulamentos próprios de aquisição, compras
e contratações. Nessa linha veja o teor do acórdão 2198/2015 do TCU: os Serviços Sociais Autônomos não se
sujeitam à estrita observância da Lei 8.666/1993, mas sim aos seus regulamentos próprios devidamente
publicados, os quais devem se pautar pelos princípios gerais do processo licitatório e seguir os postulados
gerais relativos à Administração Pública, em especial os da legalidade, da moralidade, da impessoalidade,
da isonomia e da publicidade. (Relator Marcos Bemquerer).
Incorreta a alternativa “b”, já que no julgamento da ADI 1923 o STF, por decisão majoritária, julgou
parcialmente procedente o pedido apenas para dar à Lei nº 9.637, de 1998, interpretação conforme a
Constituição. É possível extrair o seguinte excerto da longa ementa do julgado: As dispensas de licitação
instituídas no art. 24, XXIV, da Lei nº 8.666/93 e no art. 12, §3º, da Lei nº 9.637/98 têm a finalidade que a
doutrina contemporânea denomina de função regulatória da licitação, através da qual a licitação passa a ser
também vista como mecanismo de indução de determinadas práticas sociais benéficas, fomentando a
atuação de organizações sociais que já ostentem, à época da contratação, o título de qualificação, e que por
isso sejam reconhecidamente colaboradoras do Poder Público no desempenho dos deveres constitucionais
no campo dos serviços sociais. O afastamento do certame licitatório não exime, porém, o administrador
público da observância dos princípios constitucionais, de modo que a contratação direta deve observar
critérios objetivos e impessoais, com publicidade de forma a permitir o acesso a todos os interessados.
Incorreta a alternativa “c”, já que, de acordo com o art. 1º da Lei nº 9.790, de 1999, com a redação da Lei nº
13.019, de 2014, podem qualificar-se como OSCIP as pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos
que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde
que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos em lei.
Incorreta a alternativa “d” porque, de acordo com o inciso IX do art. 2º da Lei nº 9.790, de 1999, as
Organizações Sociais – OS não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público – OSCIP.
96
22. (2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito) Acerca das entidades paraestatais e do terceiro setor, assinale
a opção correta.
a) Segundo o STF, o procedimento de qualificação pelo poder público de entidades privadas como OS
prescinde de licitação.
b) Segundo o STF, as atividades de saúde, ensino e cultura devem ser viabilizadas por intervenção direta do
Estado, não podendo a execução desses serviços essenciais ser realizada por meio de convênios com
organizações sociais.
c) Cumpridos os requisitos legais, caso uma OS requeira a qualificação como OSCIP, o poder público deverá
outorgar-lhe o referido título, pois se trata de decisão vinculada do ministro da Justiça.
d) Caso uma OSCIP ajuíze ação cível comum de rito ordinário, o foro competente para o julgamento da causa
será a vara da fazenda pública, se existente na respectiva comarca, já que se trata de uma entidade que
integra a administração pública
Comentários
Correta a alternativa “a”, já que no julgamento da ADI 1923 no STF, é possível extrair o seguinte excerto da
longa ementa do julgado: O procedimento de qualificação de entidades, na sistemática da Lei, consiste em
etapa inicial e embrionária, pelo deferimento do título jurídico de “organização social”, para que Poder
Público e particular colaborem na realização de um interesse comum, não se fazendo presente a
contraposição de interesses, com feição comutativa e com intuito lucrativo, que consiste no núcleo conceitual
da figura do contrato administrativo, o que torna inaplicável o dever constitucional de licitar (CF, art. 37, XXI).
10. A atribuição de título jurídico de legitimação da entidade através da qualificação configura hipótese de
credenciamento, no qual não incide a licitação pela própria natureza jurídica do ato, que não é contrato, e
pela inexistência de qualquer competição, já que todos os interessados podem alcançar o mesmo objetivo,
de modo includente, e não excludente.
Incorreta a alternativa “b” porque, também do julgado pelo STF da ADI 1923, podemos extrair os seguintes
excertos: A atuação do poder público no domínio econômico e social pode ser viabilizada por intervenção
direta ou indireta, disponibilizando utilidades materiais aos beneficiários, no primeiro caso, ou fazendo uso,
no segundo caso, de seu instrumental jurídico para induzir que os particulares executem atividades de
interesses públicos através da regulação, com coercitividade, ou através do fomento, pelo uso de incentivos
e estímulos a comportamentos voluntários. (...) A figura do contrato de gestão configura hipótese de
convênio, por consubstanciar a conjugação de esforços com plena harmonia entre as posições subjetivas, que
buscam um negócio verdadeiramente associativo, e não comutativo, para o atingimento de um objetivo
comum aos interessados: a realização de serviços de saúde, educação, cultura, desporto e lazer, meio
ambiente e ciência e tecnologia, razão pela qual se encontram fora do âmbito de incidência do art. 37, XXI,
da CF.
Incorreta a alternativa “c” porque, de acordo com o inciso IX do art. 2º da Lei nº 9.790, de 1999, as
Organizações Sociais – OS não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público – OSCIP.
97
Incorreta a alternativa “d” porque as OSCIP como todas as organizações integrantes do Terceiro Setor, não
integram a Administração Pública.
23. (2017/CESPE/TRE-PE/Analista Judiciário) Pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, não
integrante da administração pública, que atua na área de ensino e pode contratar diretamente com o
poder público por dispensa de licitação, para a prestação de serviços contemplados no contrato de gestão
firmado com o ente público, é denominada
a) sociedade de economia mista.
b) instituição comunitária de educação superior.
c) organização da sociedade civil.
d) organização social.
e) organização da sociedade civil de interesse público.
Comentários
Resposta: alternativa “d”. De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.637, de 1998, o Poder Executivo poderá
qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades
sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos em lei. Já o art. 5º da aludida lei
prevê que contrato de gestão é o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como
organização social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades
relativas às áreas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e à saúde. Além disso, tanto a OS quanto qualquer outra organização do Terceiro
Setor não integram a Administração Pública direta ou indireta. Por fim, cabe dizer que está dispensada de
licitação, nos termos do inciso XXIV do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993, a celebração de contratos de
prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de
governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.
a) não pode ser concretizada, uma vez que a área da saúde pública não admite ser administrada por
terceiros.
b) pode ser efetivada por meio de contrato de gestão com uma Organização Social.
c) pode ser efetivada por meio de contrato de gestão com uma Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público.
98
d) pode ser efetivada por meio de Termo de Parceria com uma Organização Social.
e) não pode ser efetivada com entidades privadas, podendo ser concretizada apenas por meio de parcerias
com entes públicos.
Comentários
Correta a alternativa “b”, já que, nos termos da Lei nº 9.637, de 1998, o Poder Executivo poderá qualificar
como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio
ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos em lei. Além disso, pode o Poder Público,
por meio de contrato de gestão, firmar com a entidade qualificada como organização social a execução de
atividades relativas às áreas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e
preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde.
Incorretas as alternativas “a” e “e” porque, conforme já decidiu o STF no julgamento da ADI 1923, a prestação
de serviço de saúde pode se dar de forma direta (o próprio Poder Público prestando, seja por entidade da
Administração Direta ou Indireta) ou de forma indireta (por meio de particulares, por delegação).
Incorretas as alternativas “c” e “d” porque, contrato de gestão é celebrado com OS (organização social) e
não com OSCIP. O Poder Público pode celebrar termo de parceria com OSCIP, nos termos da Lei nº 9.790, de
1999.
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Resposta: alternativa “d”. De fato, as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, qualificadas
como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, nos termos da Lei nº 9.790, de 1999,
não integram a Administração Pública direta ou indireta.
99
Incorreta a alternativa “a” porque consórcio público, figura tratada pela Lei nº 11.107, de 2005, com base no
art. 241 da CRFB, é pessoa jurídica que pode ser constituída pela União, Estados, DF e Municípios, com
personalidade jurídica de direito público (associação pública) ou de direito privado, não sendo, portanto,
forma de credenciamento de organizações não governamentais – ONGs.
Incorreta a alternativa “b” porque as organizações sociais – OS firmam contrato de gestão com o Poder
Público, nos termos da Lei nº 8.637, de 1998. Quem firma termo de parceria com o Poder Público são as
organizações da sociedade civil de interesse público – OSCIP, com base na Lei nº 9.790, 1999.
Incorreta a alternativa “c” já que, conforme decisão do STF no julgamento da ADI 3026, a OAB não é
enquadrada como Autarquia Profissional, não integrando, portanto, a Administração Indireta. Segundo o
STF, a OAB é “serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas
existentes no direito brasileiro”.
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Resposta: alternativa “e”. De acordo com art. 2º da Lei nº 9.790, de 1999: NÃO são passíveis de qualificação
como OSCIP: I - as sociedades comerciais; II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de
categoria profissional; III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos,
práticas e visões devocionais e confessionais; IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
fundações; V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo
restrito de associados ou sócios; VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e
assemelhados; VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras; VIII - as escolas
privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras; IX - as organizações sociais; X - as
cooperativas; XI - as fundações públicas; XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado
criadas por órgão público ou por fundações públicas; XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer
tipo de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
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Incorreta a alternativa “a” porque, para serem qualificadas como OSCIP, as pessoas jurídicas de direito
privado sem fins lucrativos devem cumprir os requisitos previstos na Lei nº 9.790, de 1999. Ademais, de
acordo com o art. 2º da aludida lei, não são passíveis de qualificação como OSCIP as instituições hospitalares
privadas, não gratuitas e suas mantenedoras.
Incorreta a alternativa “b” porque, conforme o já citado art. 2º, não são passíveis de qualificação como OSCIP
os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional.
Incorreta a alternativa “c” porque o exercício de atividade cultural não é o único que permite a qualificação
como OSCIP.
Incorreta a alternativa “d” porque autarquia não pode ser qualificada como OSCIP, isso porque o art. 1º da
Lei nº 9.790, de 1999, prevê que podem qualificar-se como OSCIP as pessoas jurídicas de direito privado sem
fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3
(três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos
instituídos por Lei.
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Resposta: alternativa “b”. De fato, o art. 1º da Lei nº 9.637, de 1999, afirma que o Poder Executivo pode
qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades
sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos da lei. Assim, se uma entidade já
101
foi qualificada como OS, ao menos formalmente, pode-se afirmar que ela é de direito privado, sem fins
lucrativos, e atua em uma das atividades citadas.
Incorreta a alternativa “a” porque o Poder Público e as OSCIP celebram termo de parceria, conforme fixa a
Lei nº 9.970, de 1999.
Incorreta a alternativa “c” porque os serviços sociais autônomos não necessariamente são instituídos pelo
Poder Público e, de todo modo, não integram a Administração Pública, direta ou indireta.
Incorreta a alternativa “d” porque, de acordo com o art. 3º da Lei nº 9.637, de 1998, o conselho de
administração da OS deve ser estruturado conforme dispuser seu Estatuto, mas sendo composto por: 20 a
40% de membros natos representantes do Poder Público.
Por fim, incorreta a alternativa “e” porque, de acordo com o inciso II, do art 2º da Lei nº 9.637, de 1998, é
requisito para habilitação como OS haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua
qualificação como organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de
atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma
do Estado. A qualificação que é concedida pelo Ministro da Justiça é como OSCIP, nos termos da Lei nº 9.970,
de 1999, em especial seus artigos 5º e 6º: cumpridos os requisitos da lei, a pessoa jurídica de direito privado
sem fins lucrativos, interessada em obter a qualificação como OSCIP, deverá formular requerimento escrito
ao Ministério da Justiça, instruído com cópias autenticadas dos documentos obrigatórios; recebido o
requerimento, o Ministério da Justiça decidirá, no prazo de trinta dias, deferindo ou não o pedido.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Resposta: certo. De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.637, de 1998, o Poder Executivo poderá qualificar como
organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas
ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio
ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos em lei. Já o art. 5º da aludida lei prevê que
contrato de gestão é o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização
social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades relativas às
áreas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio
ambiente, à cultura e à saúde.
102
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Resposta: errado. A assertiva está incorreta porque o examinador uniu em uma única afirmação dois
dispositivos com orientações diversas constantes na Lei nº 9.637, de 1998. Trata-se das disposições dos
artigos 9º e 10 da aludida lei, veja: Art. 9º Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de
gestão, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou
bens de origem pública por organização social, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena
de responsabilidade solidária. Art. 10. Sem prejuízo da medida a que se refere o artigo anterior, quando assim
exigir a gravidade dos fatos ou o interesse público, havendo indícios fundados de malversação de bens ou
recursos de origem pública, os responsáveis pela fiscalização representarão ao Ministério Público, à
Advocacia-Geral da União ou à Procuradoria da entidade para que requeira ao juízo competente a decretação
da indisponibilidade dos bens da entidade e o seqüestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente
público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
Portanto, perceba que há uma gradação nos aludidos dispositivos. Quando houver qualquer irregularidade
ou ilegalidade, os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato devem dar ciência ao Tribunal de
Contas, sob pena de responsabilidade solidária. Por outro lado, quando forem graves os fatos ou o interesse
público exigir (demonstra maior relevância do que no item anterior), em função de fundados indícios de
malversação de bens ou recursos públicos, além de comunicar ao Tribunal de Contas, os responsáveis pela
fiscalização devem representar ao MP e à AGU ou Procuradoria do ente.
( ) Certo ( ) Errado
103
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Resposta: errado. A assertiva está incorreta apenas por sua parte final. O parágrafo único do art. 4º da Lei nº
9.790, de 1999, já permitia a participação de servidores públicos na composição de conselho de OSCIP, mas
vedava a percepção de remuneração ou subsídio, a qualquer título. Mas a Lei nº 13.019, de 2014, alterou o
aludido dispositivo, continuando a permitir a participação de servidor público, só que agora excluindo a
vedação de remuneração ou subsídio. Ou seja, atualmente, o servidor tanto pode participar da composição
de conselho de OSCIP quanto ser remunerado por isso. A parte inicial da assertiva está correta e em linha
com o art. 4º, incido III, da Lei nº 9.790, de 1999, que prevê que o estatuto da OSCIP deve dispor sobre a
constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para opinar sobre os relatórios
de desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para
os organismos superiores da entidade.
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Resposta: alternativa “c”. A alternativa “c” está em linha com a jurisprudência do STF, STJ e TCU. As
organizações do Terceiro Setor (OS, OSCIP, OSC, Serviço social Autônomo, Entidades de apoio, entre outras)
não se enquadram no conceito de Administração Pública direta ou indireta, a elas não se aplicando
ordinariamente o regime jurídico público. Elas se submetem ao regime jurídico privado, sendo este mitigado
apenas em situações específicas e excepcionais.
Incorreta também a alternativa “a”, já que no julgamento da ADI 1923 o STF, por decisão majoritária, julgou
parcialmente procedente o pedido apenas para dar à Lei nº 9.637, de 1998, interpretação conforme a
Constituição. É possível extrair o seguinte excerto da longa ementa do julgado: As dispensas de licitação
instituídas no art. 24, XXIV, da Lei nº 8.666/93 e no art. 12, §3º, da Lei nº 9.637/98 têm a finalidade que a
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doutrina contemporânea denomina de função regulatória da licitação, através da qual a licitação passa a ser
também vista como mecanismo de indução de determinadas práticas sociais benéficas, fomentando a
atuação de organizações sociais que já ostentem, à época da contratação, o título de qualificação, e que por
isso sejam reconhecidamente colaboradoras do Poder Público no desempenho dos deveres constitucionais
no campo dos serviços sociais. O afastamento do certame licitatório não exime, porém, o administrador
público da observância dos princípios constitucionais, de modo que a contratação direta deve observar
critérios objetivos e impessoais, com publicidade de forma a permitir o acesso a todos os interessados.
Portanto, não se exige licitação para realização de convênio ou contrato do Poder Público com OS, neste
caso.
Incorreta a alternativa “b” porque também não se exige que a OS realize procedimento licitatório. Inclusive
o art. 17 da Lei nº 9.637, de 1998, fixou que a OS deve publicar, no prazo máximo de 90 dias contados da
assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio contendo os procedimentos que adotará para a
contratação de obras e serviços, bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder
Público.
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Resposta: alternativa “a”. De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.637, de 1998, o Poder Executivo poderá
qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades
sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos em Lei.
À luz da sistemática constitucional e da interpretação que lhe vem sendo dispensada pelo Supremo
Tribunal Federal, é correto afirmar que os serviços sociais autônomos,
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a) por integrarem a Administração Pública direta, devem observar a referida exigência constitucional.
b) na medida em que não integram a Administração Pública, não devem observar a referida exigência
constitucional.
c) por integrarem a Administração Pública indireta, devem observar a referida exigência constitucional.
d) somente estarão sujeitos à referida exigência constitucional quando receberem contribuições parafiscais.
e) por serem entes paraestatais, devem observar a referida exigência constitucional.
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Resposta: alternativa “b”. De acordo com a jurisprudência do STF, por exemplo, no julgamento da ADI 1.864
e RE 789.874, tem-se que: os serviços sociais autônomos integrantes do denominado Sistema "S", vinculados
a entidades patronais de grau superior e patrocinados basicamente por recursos recolhidos do próprio setor
produtivo beneficiado, ostentam natureza de pessoa jurídica de direito privado e não integram a
administração pública, embora colaborem com ela na execução de atividades de relevante significado social.
Presentes essas características, não estão submetidas à exigência de concurso público para a contratação de
pessoal, nos moldes do art. 37, II, da CF. Dessa jurisprudência decorreu a fixação da seguinte tese no tema
569 de repercussão geral: Os serviços sociais autônomos integrantes do denominado Sistema "S" não estão
submetidos à exigência de concurso público para contratação de pessoal, nos moldes do art. 37, II, da
Constituição Federal.
Comentários
Correta a alternativa “e”. A OS, assim qualificada pelo Poder Executivo nos termos da Lei nº 9.637, de 1998,
e todas as outras organizações do Terceiro Setor (OSCIP, OSC, Serviço Social Autônomo, Entidades de Apoio,
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...) não integram a Administração Pública, direta ou indireta. A elas não se aplica ordinariamente o regime
jurídico público, submetendo-se ao regime jurídico privado, sendo este mitigado apenas em situações
específicas e excepcionais. Nesta linha, no julgamento da ADI 1923 pelo STF, por decisão majoritária, foi
julgado parcialmente procedente o pedido apenas para dar à Lei nº 9.637, de 1998, interpretação conforme
a Constituição. É possível extrair o seguinte excerto da longa ementa do julgado: (...) para afastar qualquer
interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério Público e pelo TCU, da aplicação de verbas públicas.
Incorreta a alternativa “a” porque a qualificação como OS é concedida discricionariamente pelo Poder
Executivo, sem necessidade de lei. Frise-se que, no julgamento da já citada ADI 1923 o STF fixou a orientação
de que a discricionariedade citada não pode ser confundida com arbitrariedade. Assim, os motivos para
concessão ou não devem ser públicos para que haja controle social e dos órgãos competentes.
Incorreta a alternativa “c” porque, nos termos do inciso XXIV do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993, há dispensa
de licitação para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas
no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.
Incorreta a alternativa “d” porque, em linha com o julgamento da ADI 1923 pelo STF, o Poder Público não
está sujeito à licitação para qualificação das pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos como OS,
cumpridos os requisitos da Lei nº 9.637, de 1998.
35. (2016/TRF-3ª REGIÃO/TRF-3ª REGIÃO/Juiz Federal) Dadas as assertivas abaixo a respeito das
OSCIPs, assinale a alternativa correta.
I – Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de
direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular
há, no mínimo, 1 (um) ano, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos
requisitos instituídos pela Lei nº 9.790/1999.
II – Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, as
sociedades comerciais, os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional,
nem as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais
e confessionais.
III – Dentre os objetos sociais possíveis para a qualificação instituída pela Lei nº 9.790/1999 está o de
realização de estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de
tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte.
Estão corretas
a) Apenas I e II.
b) I, II e III.
c) Apenas II.
d) Apenas II e III.
107
Comentários
Incorreta a assertiva I porque, de acordo com o art. 1º da Lei nº 9.970, de 1999, podem qualificar-se como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado sem fins
lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três)
anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos em
lei.
Correta a assertiva II, já que, de acordo com art. 2º da Lei nº 9.790, de 1999: NÃO são passíveis de qualificação
como OSCIP: I - as sociedades comerciais; II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de
categoria profissional; III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos,
práticas e visões devocionais e confessionais; IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
fundações; V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo
restrito de associados ou sócios; VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e
assemelhados; VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras; VIII - as escolas
privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras; IX - as organizações sociais; X - as
cooperativas; XI - as fundações públicas; XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado
criadas por órgão público ou por fundações públicas; XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer
tipo de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
Correta também a assertiva III, já que a Lei nº 13.019, de 2014, incluiu o inciso XIII no art. 3º da Lei nº 9.970,
de 1999, para permitir como um dos objetivos sociais autorizadores de qualificação como OSCIP a realização
de estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de tecnologias
voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte.
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8. RESUMO
1. Setores da Economia:
Primeiro Setor
Segundo Setor
Estado, representado
pela Administração Agentes do mercado Terceiro Setor
Pública Direta e Indireta que atuam
precipuamente com Agentes privados que
finalidade lucrativa exercem atividades de
interesse da coletividade
sem finalidade lucrativa
2. Organização Não Governamental – ONG: sentido amplo (segundo e terceiro setores) – engloba todas as
entidades que não sejam do Poder Público; sentido estrito (apenas terceiro setor) – pessoas jurídicas de
direito privado, sem fins lucrativos, que realizam atividades de interesse coletivo nas mais diversas áreas
(saúde, educação, assistência social, meio ambiente, cultura, segurança, entre outros)
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Serviço
Social
Autônomo
Algumas Organização
Cooperativas Social - OS
Terceiro
Setor
Algumas
Organizações OSCIP
Religiosas
Organização
Entidade de
da Sociedade
Apoio
Civil - OSC
3. Terceiro Setor: entidades privadas que realizam atividades de interesse público sem fins lucrativos,
coexistindo com as atividades do Primeiro Setor (Estado) e do Segundo Setor (Mercado). Por realizarem
atividades de interesse público, são fomentadas pelo Estado, recebendo proteção, financiamento e
medidas de colaboração.
110
111
4. Características, em regra, comuns entre entidades do Terceiro Setor: não se enquadram na Administração
Pública, direta ou indireta (1º setor), nem como agente do mercado (2º setor); são incentivadas pelo
Poder Público; possuem vínculos jurídicos com o Poder Público; devem prestar contas ao Tribunal de
Contas e ao Poder Público signatário do liame jurídico; atuam sob regime jurídico de direito privado,
parcialmente derrogado por normas de direito público.
5. Organizações Sociais: é uma qualificação, um título, concedido pelo Poder Executivo a uma pessoa
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa
científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à
saúde, atendidos aos requisitos previstos em lei.
✓ A obtenção da qualificação como OS é pré-requisito para que essas pessoas jurídicas de direito privado
possam se beneficiar de vantagens oferecidas pelo Estado (vantagens fiscais, como isenções e
remissões; dotações orçamentárias; cessão de servidores públicos; utilização de bens públicos móveis
e imóveis; dispensa de licitação para ser contratada pelo ente público; entre outras)
✓ A OS deve publicar, no prazo máximo de 90 dias contados da assinatura do contrato de gestão,
regulamento próprio contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços,
bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público.
✓ O somatório de membros do Conselho de Administração representantes do Poder Público e de
entidades da sociedade civil deve corresponder a mais de 50% do Conselho.
✓ Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de gestão devem dar ciência ao Tribunal de
Contas, sob pena de responsabilidade solidária, quando tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem pública por OS.
✓ Além de comunicar ao Tribunal de Contas, quando assim exigir a gravidade dos fatos ou o interesse
público, havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos de origem pública, os
responsáveis pela fiscalização devem representar ao Ministério Público, à Advocacia-Geral da União
ou à Procuradoria da entidade para que requeira ao juízo competente a decretação da
indisponibilidade dos bens da entidade e o sequestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de
agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio
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6. Jurisprudência sobre OS: ADI 1923 – interpretação da Lei nº 9.637, de 1998, conforme a Constituição;
inexistência de violação à licitação; procedimento de qualificação como OS configura credenciamento;
competência discricionária, mas não arbitrária; inexistência de dever de realizar concurso público;
controle pelo Tribunal de Contas e Ministério Público; o contrato de gestão configura hipótese de
convênio; procedimento público impessoal e pautado por critérios objetivos; OS não integra
Administração Pública; não precisa licitar; seus empregados não são servidores públicos; previsão de
percentual de representantes do poder público no conselho de administração das é constitucional;
desqualificação depende de contraditório e ampla defesa;
7. O Decreto Federal nº 9.190, de 1º de novembro de 2017, regulamentou o art. 20 da Lei nº 9.637, de 1998,
para criar o Programa Nacional de Publicização - PNP, com o objetivo de estabelecer diretrizes e critérios
para a qualificação de organizações sociais, a fim de assegurar a absorção de atividades desenvolvidas por
entidades ou órgãos públicos da União.
8. A Lei nº 91, de 1935, que tratava da declaração de utilidade pública às sociedades civis, às associações e
às fundações constituídas no país com o fim exclusivo de servir desinteressadamente à coletividade,
desde que cumpridos os seus requisitos, foi revogada em 2015, pela Lei nº 13.204.
9. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP: também é uma qualificação, um título,
mas diferentemente da OS cuja concessão é discricionária, a outorgada da qualificação como OSCIP é um
ATO VINCULADO ao cumprimento dos requisitos instituídos pela Lei nº 9.790, de 1999.
✓ As pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que tenham sido constituídas e se
encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 anos, desde que os respectivos objetivos
sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos pela Lei nº 9.790, de 1999, podem se
qualificar como OSCIP.
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sociedades comerciais
OS
cooperativas
fundações públicas
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✓ Caso a organização adquira bem imóvel com recursos provenientes da celebração do Termo de
Parceria, este será gravado com cláusula de inalienabilidade.
✓ Os responsáveis pela fiscalização do Termo de Parceria, ao tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem pública pela OSCIP, devem
dar imediata ciência ao Tribunal de Contas respectivo e ao Ministério Público, sob pena de
responsabilidade solidária.
✓ Havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos de origem pública, os responsáveis
pela fiscalização devem representar ao Ministério Público e à Advocacia-Geral da União para que
requeira ao juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o sequestro
dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido
ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público, incluindo a investigação, o exame e o bloqueio
de bens, contas bancárias e aplicações mantidas pelo demandado no País e no exterior, nos termos da
lei e dos tratados internacionais.
✓ A perda da qualificação como OSCIP pode ocorrer a pedido ou mediante decisão proferida em processo
administrativo ou judicial, de iniciativa popular ou do Ministério Público, no qual devem ser
assegurados, ampla defesa e o devido contraditório.
✓ Vedado o anonimato; qualquer cidadão, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, é parte
legítima para requerer, judicial ou administrativamente, a perda da qualificação como OSCIP, desde
que amparado por fundadas evidências de erro ou fraude.
10. Entidades de Apoio: são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por
servidores públicos, porém em nome próprio, sob a forma de fundação, associação ou cooperativa, para
a prestação, em caráter privado de serviços sociais não exclusivos do Estado, mantendo vínculo jurídico
com entidades da Administração Direta ou Indireta, em regra por meio de convênio.
✓ As entidades de apoio realizam atividade privada, não sujeitas ao regime público, mas em colaboração
ao ente público, por meio de convênio, sendo comum sua criação em hospitais públicos, instituições
de educação e de pesquisa científica e tecnológica.
11. Fundação de apoio: é fundação criada com a finalidade de dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e
extensão, projetos de desenvolvimento institucional, científico, tecnológico e projetos de estímulo à
inovação de interesse das Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação - ICTs, registrada e
credenciada no Ministério da Educação e no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, nos termos
da Lei no 8.958, de 1994, e das demais legislações pertinentes nas esferas estadual, distrital e municipal.
✓ Autorização expressa de que as Instituições Federais de Ensino Superior – IFES e as Instituições
Científicas e Tecnológicas – ICT celebrem convênio e contratos, com dispensa de licitação, por prazo
determinado com as fundações de apoio.
✓ Veda-se a subcontratação total do objeto dos ajustes realizados pelas IFES e demais ICTs com as
fundações de apoio, bem como a subcontratação parcial que delegue a terceiros a execução do núcleo
do objeto contratado.
✓ Desenvolvimento institucional: trata-se dos programas, projetos, atividades e operações especiais,
inclusive de natureza infraestrutural, material e laboratorial, que levem à melhoria mensurável das
condições das IFES e demais ICTs, para cumprimento eficiente e eficaz de sua missão, conforme
descrita no plano de desenvolvimento institucional, vedada, em qualquer caso, a contratação de
objetos genéricos, desvinculados de projetos específicos.
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12. Serviços Sociais Autônomos: são pessoas jurídicas de direito privado, não integrantes da Administração
Pública indireta, criadas ou autorizadas por lei para realizarem atividade de interesse público não
exclusivo do Estado, sem fins lucrativos, e que por esse motivo são fomentadas, incentivadas e
subvencionadas pela Administração Pública.
✓ O “Sistema S” define “o conjunto de organizações das entidades corporativas voltadas para o
treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica, que além de
terem seu nome iniciado com a letra S, têm raízes comuns e características organizacionais similares.
✓ Não se sujeitam a Licitação, devendo, contudo, contemplar os princípios gerais em seus regulamentos
próprios.
✓ Não se submetem a concurso público para admissão de pessoal.
✓ Eventual excedente de receitas frente à despesa caracteriza superávit e não lucro, devendo ser
aplicado em suas finalidades essenciais.
✓ Sujeitam-se ao controle do Tribunal de Contas.
✓ Não fazem jus aos privilégios processuais da Fazenda Pública.
✓ Não estão sujeitas à Justiça Federal.
✓ Impossibilidade de alienação de imóvel público ao Sistema S por licitação dispensada.
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9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caríssimo(a), finalizamos aqui essa nossa aula de hoje.
Espero que este tema tenha ficado claro para você e que você garanta qualquer eventual questão em sua
prova que o aborde.
Como você bem sabe, uma questão pode ser o diferencial para sua aprovação, então não se pode vacilar
quanto ao tema Terceiro Setor.
Na próxima aula continuaremos abordando esta temática, analisando em sua integralidade o Marco
Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (Lei nº 13.019, de 2014).
Qualquer dúvida, seja na teoria ou na resolução dos exercícios entre em contato por meio do Fórum de
Dúvidas.
Estou à sua disposição para aclarar ou aprofundar qualquer tema.
Deixe lá também suas sugestões, críticas e comentários.
Conte comigo como um parceiro em sua caminhada.
Além disso, para ficar por dentro das notícias do mundo dos concursos públicos, recomendo que você siga o
perfil do Estratégia Carreira Jurídica e do Estratégia Concursos nas mídias sociais! Você também poderá
seguir meu perfil no Instagram. Por meio dele eu busco não só transmitir notícias de eventos do Estratégia e
de fatos relativos aos concursos em geral, mas também compartilhar questões comentadas de concursos
específicos que o ajudará em sua preparação!
Cordial abraço
Wagner Damazio
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