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Autor:
Fábio Dutra
Aula 02
28 de Agosto de 2020
É com grande satisfação que iniciamos mais uma aula do nosso curso de Direito Tributário aqui no Estratégia
Concursos!
Eu estou realmente entusiasmado em trazer até vocês hoje uma aula incrível, e peço que vocês estejam, a
partir de agora, muito motivados em aprender esse conteúdo! Esse é um pressuposto básico para uma boa
compreensão e memorização do que será lido!
Vamos tratar das imunidades tributárias, um assunto que é muito cobrado em provas de concursos públicos!
1 - IMUNIDADES
O tema que será tratado nesta aula é de suma importância para concursos públicos. As bancas adoram cobrar
imunidades tributárias nas provas de Direito Tributário.
Desta forma, vamos abordar o assunto no grau de profundidade que ele merece, com o intuito de deixá-lo
totalmente preparado para qualquer prova sobre o assunto.
Assim, iniciaremos explicando o conceito de imunidade, isenção e não incidência. Posteriormente, serão
abordadas as classificações doutrinárias das imunidades. Por fim, vamos estudar as imunidades em espécie!
Vocês verão que o assunto é bem tranquilo, embora tenha certa riqueza de jurisprudência.
Você precisa saber que imunidade, isenção e não incidência geram o mesmo efeito prático para a pessoa
beneficiada: não pagar tributo. Uma pessoa isenta ou imune não paga o tributo objeto da imunidade ou da
isenção. Então, na prática, o efeito é o mesmo!
Porém, juridicamente, e nas provas de concursos públicos, existem distinções relevantes, e é por isso que as
estudaremos, você precisa estar pronto no dia da prova! Vamos lá!
A fim de compreendermos com exatidão a diferença entre os conceitos de imunidade, isenção e não
incidência, é necessário que entendamos primeiramente o que vem a ser incidência tributária.
Quando uma lei institui determinado tributo, ela prevê os elementos essenciais para que seja possível sua
cobrança (hipótese de incidência, sujeitos ativo e passivo, base de cálculo e alíquota).
Veja que a hipótese de incidência, como elemento essencial na instituição dos tributos, prevê na lei uma
situação que, ocorrida no mundo real, dará origem ao fato gerador do tributo. Dessa forma, quando a
situação prevista em lei se concretizar, houve incidência tributária (ocorre o fato gerador). Nós já vimos
superficialmente isso na aula anterior, você se lembra?
Agora que já sabemos o que é incidência tributária, o que poderia ser considerado não incidência? Podemos
citar três situações:
• A pessoa política não faz uso da competência tributária que lhe foi conferida. Podemos dizer que seria o
caso de um tributo instituído “pela metade”, em que o ente não prevê todas as hipóteses de incidência
capazes de gerar a tributação;
• A pessoa política não possui competência tributária para determinar certas situações fáticas como hipótese
de incidência. Esta hipótese se refere a situações que fogem do raio de incidência daquele tributo. Por
exemplo, o IPVA não pode incidir sobre bicicletas;
• A pessoa política é “barrada” pela CF/88. Ou seja, há certo dispositivo constitucional que inibe a
possibilidade de o ente prever aquela situação como hipótese de incidência do tributo.
Todas as três situações acima se referem a não incidência tributária. Contudo, a última pode ser considerada
como hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada. Por tal motivo, é denominada
IMUNIDADE.
Perceba, pela explicação inicial do tópico, que tanto na imunidade propriamente dita, como nas demais
situações que de não incidência, não há a ocorrência do fato gerador. Guarde isso!
Precisamos nos atentar ainda para o conceito de isenção. Trata-se de um benefício fiscal concedido pelo
ente político, por intermédio de lei. Ou seja, é a dispensa legal do pagamento do tributo, sendo considerada
uma decisão política.
Neste caso, há uma hipótese de incidência prevista na lei que instituiu o tributo e, por esse motivo, o fato
gerador ocorre. Contudo, o tributo não vem a ser cobrado, pois a isenção é uma hipótese de exclusão do
crédito tributário. Não iremos nos aprofundar neste conceito, por enquanto, para não ter o risco de
confundirmos. O momento irá chegar.
O que importa, por enquanto, é saber que a isenção decorre do exercício da competência tributária e o fato
gerador do tributo chega a ocorrer, e a obrigação tributária chega a existir. Isto é, o ente poderia cobrar
aquele tributo, mas decide isentar os contribuintes, mediante a edição de uma lei. Nesta aula, estamos
adotando a doutrina clássica, pois é o posicionamento adotado pelo STF (ADI 286).
A doutrina clássica, preconizada por Amílcar de Araújo Falcão1, dentre outros, defende que
a isenção constitui apenas em dispensa legal do pagamento do tributo, isto é, o fato
gerador ocorre, a obrigação tributária chega a existir, mas não o crédito tributário, tendo
em vista que ocorre a sua exclusão, nos termos do art. 175, I, do CTN. Esta é a linha adotada
pelo STF (ADI 286).
A doutrina mais moderna entende que, em casos de isenção, não há ocorrência do fato
gerador, de forma que a obrigação tributária não chega a existir. Nesta linha, De acordo
com o autor Roque Antônio Carraza2, “a isenção pode ser definida como limitação legal do
âmbito de validade da norma jurídica tributária, que impede que o tributo nasça ou faz com
que ele surja de modo mitigado.”
Dando continuidade ao nosso estudo, por outro lado, a imunidade é uma delimitação da competência
tributária, ou melhor, uma limitação constitucional ao poder de tributar, posicionando-se ao lado dos
princípios constitucionais tributários. Ou seja, existe um limite além do qual o ente instituidor não pode
tributar, por expressa disposição constitucional. Vimos também que não ocorre o fato gerador neste caso.
Por último, há que se ressaltar que não importa a terminologia utilizada pela CF/88 para tratar das
imunidades, visto que o simples fato de estar no texto constitucional dá ao instituto o título de imunidade.
Neste sentido, o STF (RMS 22.192/DF) já decidiu que, embora o art. 195, § 7°, da CF/88, mencione a palavra
“isentas”, a interpretação que deve ser dada é a de que se trata de verdadeira imunidade.
Repare que, embora diferenciamos não incidência de imunidade, esta está inserida dentro
do conceito daquela, com a ressalva de que foi prevista constitucionalmente.
Espero que o quadro abaixo possa auxiliá-los a entender melhor o que dissemos até agora.
1
FALCÃO, Amílcar de Araújo. Fato gerador da obrigação tributária. 6ª Edição. 2002. Pág. 66
2
CARRAZA, Roque Antônio. ICMS. 9ª Edição. Editora Malheiros. 2003
Não
Imunidade Isenção
Incidência
Situação não
a) Limitação ao 1. Opção
prevista na lei
poder de política do ente
instituidora ou
tributar; tributante;
impossível;
2. Previsão em
b) Previsão no
Não há norma norma
texto
que preveja; infraconstitucio
constitucional;
-nal;
Por fim, cabe destacar o conceito de alíquota zero, que é mais uma hipótese em que o tributo acaba não
sendo cobrado. Nesse caso, ocorre o fato gerador, contudo, o valor do tributo é nulo, já que a alíquota é
zero. Isso ocorreria, por exemplo, se o Governo Federal decidisse reduzir a alíquota de Imposto de
Importação a zero sobre determinados produtos essenciais ao País.
Sempre que falamos de imunidade, estamos falando do não recolhimento do tributo. Então, dizer que uma
pessoa é imune a determinado imposto, significa dizer que a pessoa está, por determinação constitucional,
dispensada do recolhimento do imposto.
Neste ponto da aula, é importante trazer um conceito que não é o foco central da aula, mas que toma
relevância por estar relacionado com a imunidade tributária. Trata-se das obrigações tributárias.
Uma obrigação tributária significa uma obrigação do contribuinte com a Fazenda Pública, que pode ter como
objeto o pagamento de tributo, mas também pode ter como objeto outras prestações, como, por exemplo,
apresentar uma declaração, emitir notas fiscais, etc.
Então, sempre quando se fala em obrigação tributária, não estamos falando necessariamente de obrigação
de pagar tributos, mas sim de deveres que o contribuinte possui em relação à Fazenda. Correto?
Indo um pouco além, existem obrigações tributárias “principais”, que sempre se refere ao pagamento
(tributo ou multas tributárias) e também existem as obrigações tributárias “acessórias”, que representam os
demais deveres despidos do caráter patrimonial (notas fiscais, declarações etc.), ou seja, são as obrigações
do contribuinte perante o Fisco, que não envolvem “dinheiro”.
Repetindo: todas as obrigações tributárias representam obrigações para os contribuintes, mas nem sempre
essas obrigações se referem ao “pagamento”. Quando tais obrigações se referirem a pagamento, são
obrigações principais; quando não se relacionarem a um pagamento, são acessórias. Ok?
Então, nós já sabemos que a imunidade recai sobre as obrigações principais, afinal, como já foi dito, se uma
pessoa é imune a determinado imposto, estará dispensado do seu “pagamento”, e pagamento é obrigação
tributária principal.
As obrigações acessórias não dependem da obrigação principal, são autônomas. Por isso, a dispensa da
obrigação principal, seja pela isenção ou imunidade, não dispensa o contribuinte de continuar cumprindo
obrigações acessórias que tenham relação com o tributo objeto do benefício fiscal concedido.
Antes de estudarmos as imunidades, gostaria de deixar claro que, embora se trate de uma dispensa
constitucional do pagamento de tributos, a imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias
instituídas pela legislação tributária.
Nesse sentido, para o STF (RE 250.844), “exigir de entidade imune a manutenção de livros fiscais é
consentâneo com o gozo da imunidade tributária (...)”. Nesse ponto da aula você já sabe que a manutenção
de livros fiscais é um exemplo de obrigação acessória.
Em maio de 2020, o STF também decidiu (ACO 1098, Informativo 980) que não há violação ao princípio da
legalidade, caso as obrigações acessórias sejam instituídas por atos infralegais.
Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica não está dispensada de
cumprir obrigações acessórias e de se submeter à fiscalização tributária.
Neste tópico, iremos abordar as principais classificações das imunidades adotadas pela doutrina. À medida
que expusermos uma classificação, traremos exemplos estatuídos na própria CF/88, com o objetivo de
facilitar a absorção do assunto.
A Constituição Federal, ao instituir as imunidades, pode adotar como parâmetro tanto as pessoas (imunidade
subjetiva), quanto as coisas (imunidade objetiva). Podemos ter ainda imunidades que consideram as coisas
e as pessoas ao mesmo tempo, sendo estas denominadas imunidades mistas.
As imunidades subjetivas podem ser exemplificadas pela imunidade recíproca. De acordo com o art. 150, VI,
a, da CF/88, é vedado à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, a
renda ou serviços, uns dos outros. Observe que a imunidade é direcionada a pessoas políticas, mas não o é
às empresas privadas, por exemplo. Com isso, fica clara a importância que tem a “pessoa” para se definir
se haverá ou não imunidade.
Cabe observar que a imunidade subjetiva não exime as pessoas por ela abrangidas da responsabilidade pela
retenção de tributos, caso estejam designadas pela lei. Sendo assim, a União fica, a título de exemplo,
responsável pela retenção do imposto de renda incidente sobre os rendimentos de seus servidores, pois
estes não são imunes.
Ainda que esteja imune, a “pessoa” pode estar sujeita, por meio de lei, a fazer retenção e
recolhimento dos tributos devidos por outrem.
Temos aqui mais um exemplo obrigação acessória: o fato de a empresa estar obrigada a
descontar os tributos devidos por terceiros e recolhê-los. Veja que não há encargo
financeiro, mas tão somente a obrigação de “fazer algo”.
livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Desta forma, não importa qual pessoa esteja
vendendo um jornal, por exemplo. O que é relevante para a aplicação da imunidade é o bem que está sendo
objeto de comercialização.
Por último, as imunidades mistas podem ser ilustradas pela imunidade que impede a incidência do Imposto
sobre Propriedade Territorial Rural sobre as pequenas glebas rurais definidas em lei, quando as explore o
proprietário que não possua outro imóvel. Atente para o fato de que as glebas rurais constituem o aspecto
objetivo e, o fato de seu proprietário não poder possuir outro imóvel, revela o aspecto subjetivo da referida
imunidade.
As imunidades ontológicas são aquelas que decorrem do princípio da isonomia e do pacto federativo. Ou
seja, são imunidades que, ainda que não houvesse sua previsão constitucional, existiriam.
Nesse sentido, podemos adotar como exemplo a imunidade recíproca. Repare que tal imunidade busca
preservar a autonomia financeira dos entes federativos, protegendo, por isso mesmo, o pacto federativo.
Por outro lado, as imunidades políticas são aquelas que só existem por decisão expressa do legislador
constituinte. Isso não quer dizer que elas não protegem outros princípios constitucionais. Por exemplo, a
imunidade cultural impede a cobrança de imposto sobre os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à
sua impressão.
Configuram-se explícitas as imunidades expressas no próprio texto constitucional. Trata-se das hipóteses
que o legislador já previu, no momento da elaboração da Constituição Federal.
É possível também que algumas imunidades não tenham sido reconhecidas expressamente, mas, por
decorrerem de princípios constitucionais, a jurisprudência passe a aceitá-las da mesma forma que as que
estão confeccionadas na CF. A essas imunidades, a doutrina denominou implícitas. Até o momento, não
temos exemplos de imunidades implícitas.
Perceba que podemos fazer uma interligação entre o que foi visto aqui e o que vimos na classificação quanto
à origem das imunidades. As imunidades políticas são sempre explícitas, pois necessariamente devem estar
previstas no texto da Constituição.
Por outro lado, vimos que as imunidades ontológicas, ainda que não fossem previstas na CF, existiriam.
Desta maneira, podemos afirmar que tais imunidades podem ser tanto explícitas como implícitas.
Esta classificação diz respeito à necessidade de que a imunidade, para surtir efeitos no mundo concreto,
esteja regulamentada por norma infraconstitucional, ou seja, por leis.
Neste contexto, se as imunidades forem incondicionadas, como, por exemplo, a imunidade recíproca, não
há necessidade de edição de lei, produzindo efeitos imediatamente.
Devemos lembrar que também há as imunidades condicionadas, que são aquelas que dependem de
regulamentação por lei, para que possam produzir efeitos. Como exemplos, podemos citar a imunidade
prevista no art. 150, VI, c, da CF/88. Trata-se da imunidade referente às instituições de educação e assistência
social sem fins lucrativos. Estas só poderão gozar da benesse constitucional, caso haja regulamentação legal.
Recuperando os seus estudos de Direito Constitucional, podemos dizer que as imunidades condicionadas
constituem normas de eficácia limitada, pois se faz necessária uma regulamentação infraconstitucional.
Em alguns casos, o legislador constituinte optou por incluir vários tributos e todos os entes federativos
dentro de certas imunidades. Por exemplo, a imunidade recíproca veda a instituição de diversos impostos
(sobre patrimônio, renda ou serviços) e tal vedação é extensiva à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios.
Neste caso, tal imunidade é denominada geral ou genérica.
Todas as imunidades previstas no art. 150, VI, da CF/88, são consideradas genéricas.
Por outro lado, em algumas situações, as imunidades são mais restritas, alcançando tributos específicos e,
por consequência, apenas o ente competente para instituí-los. Cite-se, por exemplo, o caso da imunidade
concedida ao IPI sobre operações de exportação (art. 153, § 3°, III). Tal imunidade pode ser denominada
específica, tópica ou especial.
c) pode ser criada por lei do ente competente para instituir o tributo, podendo ser em caráter geral ou em
caráter específico.
d) é prevista na Constituição Federal, que fixa as hipóteses de incompetência para o ente instituir o tributo
nas situações por ela definidas.
e) é prevista na Constituição Federal, mas sua aplicação depende sempre de despacho de autoridade
administrativa fiscal competente que reconheça a não incidência.
Comentário:
Alternativa A: A imunidade tributária apenas pode ser definida na Constituição Federal. Alternativa errada.
Alternativa B: A imunidade não fica sujeita à deferimento por parte da autoridade administrativa. Alternativa
errada.
Alternativa C: Essa regra aplica-se à isenção, mas não à imunidade, visto que esta só pode ser definida na
CF/88. Alternativa errada.
Alternativa D: Realmente, a imunidade é prevista na Constituição Federal, fixando hipóteses de
incompetência tributária para o ente instituir o tributo, ou seja, traça limites ao poder de tributar dos entes
federativos. Alternativa correta.
Alternativa E: Embora seja realmente prevista na CF, sua aplicação independe de despacho de autoridade
administrativa. Alternativa errada.
Gabarito: Letra D
Na verdade, tal imunidade – também denominada imunidade intergovernamental – existe para proteger a
autonomia financeira dos entes federados e, consequentemente, o pacto federativo. Podemos afirmar,
portanto, que ela configura uma cláusula pétrea, no entendimento da Suprema Corte (ADI 939).
Como é viabilizada esta proteção que acabamos de dizer? Ora, de acordo com o art. 150, VI, a, da CF/88, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio,
renda ou serviços uns dos outros.
Você precisa estar atento ao fato de que as únicas espécies de tributos abrangidas por esta imunidade são
os impostos. Além disso, note que o conceito é ainda mais restrito: apenas os impostos sobre o patrimônio,
renda ou serviços foram alcançados pela imunidade recíproca.
Para entender o assunto que vamos estudar, é necessário que você conheça o conceito de contribuinte de
direito e contribuinte de fato. Esse tema toma relevância em situações nas quais as pessoas que arcam, de
fato, com o ônus tributário não são as mesmas que recolhem o tributo ao erário. Isso ocorre nos
denominados tributos indiretos.
Imaginemos que determinado cidadão compra uma TV de LED em uma loja de eletrodomésticos. Sobre a
incidência do ICMS nesta operação, a loja é eleita pela lei como contribuinte e é ela que vai recolher tal
imposto, correto? No entanto, quem sofre o ônus do tributo não é a loja, mas, sim, a pessoa física que
adquiriu a TV. Isso ocorre, porque a loja simplesmente acrescenta o custo daquele tributo no valor da TV.
Dessa forma, dizemos que contribuinte de direito é aquele eleito pela lei para recolher o tributo, e
contribuinte de fato é o que arca realmente com o ônus do tributo. Entendido?
Tudo isso será visto com maiores detalhes em outras aulas. O importante agora é que você saiba distinguir
tais figuras, para entender com precisão o que será dito a seguir.
(STF, ARE 663.552-AgR/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Julgado em
28/02/2012)
Para a Suprema Corte (ARE 663.552), a imunidade recíproca somente se aplica se o ente beneficiado estiver
na condição de contribuinte de direito, não o alcançando como contribuinte de fato.
Vejam que quem faz o recolhimento do tributo, relativo aos serviços de energia elétrica, são as próprias
prestadoras de serviço, sendo elas denominadas contribuinte de direito.
Por outro lado, a referida imunidade pode se aplicar em operações de importação de bens, quando o ente
federado for o importador. Neste caso, perceba que há a identidade do contribuinte de fato e do
contribuinte de direito, não havendo transferência do ônus tributário (STF, AI 518.405-AgR).
Além destas situações, podemos acrescentar que o STF (AI AgR/RS 174.808 e RE 196.415/PR) já considerou
ilegítima a incidência de IOF sobre aplicações financeiras dos entes federados, bem como a tributação da
renda resultante de tais aplicações pelo IR.
(...)
(STF, RE 259.976 AgR-ED/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Julgado em
19/10/2010)
Observação: O caso concreto se referia à imunidade recíproca extensiva à OAB. Ainda hoje
estudaremos mais detalhes sobre esta situação.
Ressalte-se ainda que, para o STF (ADI 2.024 e RE 364.202/RS, respectivamente), a imunidade recíproca não
pode ser invocada para as contribuições previdenciárias e para as taxas. Sendo assim, por exemplo, uma
repartição federal poderia estar sujeita a pagar taxa pela coleta de lixo.
Até aqui vimos a aplicabilidade da imunidade recíproca aos entes federados. No entanto, há que se lembrar
de que esta limitação constitucional ao poder de tributar é extensiva a outras pessoas jurídicas, de acordo
com o art. 150, § 2°, da CF/88, a seguir transcrito:
A citada extensão é denominada “imunidade tributária recíproca extensiva”, por parcela da doutrina. Note
que há uma restrição neste parágrafo: a necessidade de que o patrimônio, a renda e os serviços das referidas
entidades estejam vinculados às finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Perceba ainda que esta
restrição não foi feita em relação aos entes políticos, como demonstra a ementa do seguinte julgado:
"O julgado recorrido contempla a conclusão de que a União não está condicionada ao ônus de
comprovar vinculação do bem tributado a uma finalidade pública, o que somente ocorre nos
casos das autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público no que se refere à
tributação do patrimônio, renda e serviços vinculados a suas finalidades essenciais. (...)”
(STF, RE 635.012/RJ, Decisão Monocrática, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgado em 07/02/2013)
De qualquer modo, é interessante destacar a jurisprudência do STJ, no sentido de que há presunção de que,
os imóveis pertencentes às entidades autárquicas, se destinam aos seus fins institucionais:
(STJ, Segunda Turma, REsp 1.335.220/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Julgamento em
21/08/2012)
Para o STJ, o ônus de provar que o patrimônio da autarquia está desvinculado dos seus
objetivos institucionais é do ente tributante.
Destaque-se que, muito embora o texto constitucional restrinja a aplicação desta imunidade às autarquias e
às fundações públicas, o entendimento predominante no STF (RE 407.099/RS e AC 1.550-2) é o de que a
benesse é extensível também às empresas públicas (EP) e às sociedades de economia mista (SEM)
prestadoras de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado.
A princípio, você poderia pensar que isso seria proibido pelo art. 173, § 2°, da CF/88, segundo o qual “as
empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos
às do setor privado”.
Contudo, o que deve ser considerado é que existem dois tipos de EP e SEM, isto é, há aquelas exploradoras
de atividade econômicas (sujeitas ao art. 173, da CF/88) e há as prestadoras de serviços públicos (sujeitas ao
art. 175, da CF/88). As únicas abrangidas pela imunidade recíproca são as prestadoras de serviço público.
Observação: Em 2014, tivemos mais três decisões favoráveis à imunidade gozada pela ECT.
Senão, vejamos:
Em 12/11/2014, o Plenário do STF decidiu que não incide o ICMS sobre o serviço de
transporte de bens e mercadorias realizado pela Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos – ECT.
Além dos casos acima citados, o entendimento do STF (RE 580.264/RS) tem sido o de que “as sociedades de
economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal,
gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal”.
Na direção oposta do que vimos, o STF (RE 285.716-AgR) negou à Petrobrás, sociedade de economia mista
destinada à exploração econômica em benefício de seus acionistas, a imunidade recíproca. De acordo com a
Suprema Corte, “é irrelevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a
circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal”. Dessa forma,
podemos memorizar que o fato de a atividade estar sujeita a monopólio estatal não traz como consequência
a aplicação de imunidade.
Ressalte-se que a OAB – entidade não integrante da administração pública indireta – também foi alcançada
pela imunidade recíproca, no entendimento do STF (RE 259.976-AgR). De acordo com a Suprema Corte, a
OAB desempenha atividade própria de Estado, motivo que faz com que ela também esteja imune.
Embora a OAB esteja inserida no seleto rol de entidades abrangidas pela imunidade recíproca, o STF já
chegou a decidir que as Caixas de Assistência dos Advogados, mesmo integrando a estrutura da OAB, não
são imunes (STF, RE 662.816/BA-AgR), sob a argumentação de que as Caixas de Assistência têm sua área de
atuação voltada aos benefícios individuais dos associados. Trata-se de entidade destinada a prover
benefícios pecuniários e assistenciais a seus associados, não desempenhando as atividades inerentes à
Ordem dos Advogados do Brasil (defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado democrático de direito,
dos direitos humanos, da justiça social Também não lhe compete privativamente promover a representação,
a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil).
Tal posicionamento, contudo, foi superado no julgamento dos embargos de declaração, opostos contra outra
decisão proferida pela Segunda Turma do STF (RE 405267 AgR-segundo-ED / MG). Neste julgamento, o
relator, Min. Edson Fachin, destacou que as caixas de assistência dos advogados prestam serviço público
delegado, possuem caráter jurídico de ente público e não exploram atividade econômica com intuito
lucrativo.
Outro ponto a ser destacado é que nos serviços públicos prestados por meio de delegação pelo poder
público, a atividade delegada em si, caso seja exercida com intuito lucrativo, não há que se falar em
imunidade. É o caso, por exemplo, dos serviços de registros públicos, cartorários e notariais que, por terem
intuito lucrativo e serem devidamente remunerados, não estão imunes (STF, ADI 3.089). Por conta desse
entendimento, faz-se necessário transcrever parte da ementa do acórdão proferido pelo STF no julgamento
da ADI 3.089:
As pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à tributação, porquanto a
circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com intuito lucrativo invoca a exceção
prevista no art. 150, § 3º da Constituição. O recebimento de remuneração pela prestação dos
serviços confirma, ainda, capacidade contributiva.
Não há diferenciação que justifique a tributação dos serviços públicos concedidos e a não-
tributação das atividades delegadas. Ação Direta de Inconstitucionalidade conhecida, mas
julgada improcedente.
(STF, ADI 3.089/DF, Pleno, Rel. Min. carlos Britto, Julgado em 13/02/2008)
O simples fato de o serviço ter natureza pública não basta para ficar caracterizada a
imunidade!
Para concluir o tema, precisamos estudar a última norma que versa sobre a imunidade recíproca, que é o §
3° do art. 150, que diz o seguinte:
Uma leitura atenta do dispositivo permite inferir que há duas hipóteses que escapam da abrangência da
imunidade recíproca.
A primeira diz respeito a quando o patrimônio, a renda e os serviços são utilizados para exploração de
atividades econômicas em concorrência com os empreendimentos privados. O que se deve ficar atento é ao
motivo que fez o legislador constituinte inserir esta exceção, que é o fato de não permitir que haja
concorrência desleal. Ou seja, seria injusto que determinadas entidades utilizassem da imunidade para
concorrer no mercado, certo?
Ainda devemos tratar sobre os casos de delegação de serviços públicos, nos quais são cedidos imóveis dos
entes públicos a pessoas jurídicas de direito privado, para exploração da atividade. Em tais casos, o STF
mantinha o entendimento de que a imunidade recíproca se estendia ao imóvel pertencente à União utilizado
por empresa privada, sob o regime de concessão.
Porém, no julgamento do RE 601.720/RJ, foi considerada a exigência do IPTU em tal situação. O caso concreto
envolveu a INFRAERO, que é uma pessoa jurídica de direito privado (empresa pública) com imunidade
pacificamente reconhecida pelo STF, e uma empresa privada (Barrafor – concessionária de veículos Ford),
sendo o bem imóvel objeto da concessão de uso pertencente à União.
O entendimento da maioria dos ministros da Suprema Corte foi o de que a imunidade recíproca não é
aplicável ao caso em razão do disposto no art. 150, § 3º, da CF/88, por se tratar de atividade privada
desenvolvida no local, evitando que haja violação à livre concorrência, pela aplicação de uma imunidade a
uma empresa em detrimento de seus concorrentes que atuam no mesmo segmento.
Há que se destacar que o STF (RE 242.827) já decidiu que a imunidade recíproca extensiva alcança o INCRA
– autarquia federal -, desobrigando-o de pagar ICMS sobre a exploração de unidade agroindustrial. No
entendimento do tribunal, a exploração é ocasional e está inserida no âmbito de sua destinação social. Trata-
se de um caso muito específico, mas é bom que você saiba que o STF assim já se posicionou.
A segunda hipótese afirma que a imunidade recíproca não exonera o promitente comprador da obrigação
de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
A situação se refere a quando uma pessoa particular (promitente comprador) assina um contrato de compra
e venda, adquirindo um imóvel de um ente imune. Lembre-se de que a mera assinatura do contrato não
transfere a propriedade do bem, mas o comprador passa a ter sobre o bem o direito real de aquisição de
coisa alheia, bastando, segundo a CF/88, para ser tributado normalmente.
Patrimônio Extensiva a
IMUNIDADE
Impostos Renda autarquias e
RECÍRPOCA
Serviços fundações públicas
Alternativa B: Trata-se, neste caso, do princípio constitucional da liberdade de tráfego. Alternativa errada.
Alternativa C: Trata-se de princípio da não discriminação em razão da procedência ou destino. Alternativa
errada.
Alternativa D: Trata-se do princípio da vedação às isenções heterônomas. Alternativa errada.
Alternativa E: Trata-se do princípio da uniformidade geográfica da tributação. Alternativa errada.
Gabarito: Letra A
(SEFAZ-PI-Auditor Fiscal/2015) A Constituição Federal estabelece limitações ao poder de tributar, concedido
aos entes federados. No que se refere a estes limites, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios, instituir tributos sobre a renda e patrimônio uns dos outros, inclusive em relação às
autarquias, fundações e empresas públicas, instituídas ou mantidas por estes entes federados.
Comentário: Primeiramente, devemos nos atentar ao fato de que a referida imunidade citada na questão
se restringe aos impostos, não sendo extensiva aos “tributos” de um modo geral. Ademais, além desse erro,
as empresas públicas não foram consideradas imunes no texto constitucional, mas apenas as autarquias e
fundações instituídas e mantidas pelo poder público.
Gabarito: Errada
(ICMS-PE/2014) As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, ainda que seu
capital social seja majoritariamente estatal, não gozam da imunidade tributária recíproca.
Comentário: O STF já decidiu que as sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde,
cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso
VI do art. 150 da Constituição Federal.
Gabarito: Errada
(TRT-16ª Região – Analista Judiciário/2014) Facundo, Auditor Fiscal da Receita Federal, pretende multar a
Fundação “Vida e Paz”, fundação instituída e mantida pelo Poder Público, haja vista que a mesma jamais
pagou imposto sobre seu patrimônio, renda e serviços. Nesse caso,
a) Facundo apenas pode cobrar tributo pelos serviços exercidos pela fundação, mas não sobre a renda e o
patrimônio, os quais detém imunidade tributária.
b) correta a postura de Facundo, vez que a citada fundação não detém imunidade tributária.
c) correta a postura de Facundo, pois apenas as autarquias possuem imunidade tributária.
d) incorreta a postura de Facundo, vez que a fundação possui imunidade tributária relativa aos impostos
sobre seu patrimônio, renda e serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou as delas decorrentes.
e) Facundo apenas pode cobrar tributo sobre a renda da fundação, mas não sobre seus serviços e patrimônio,
os quais detém imunidade tributária.
Comentário: Sabemos que a imunidade recíproca foi estendida às autarquias às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes, conforme determina o art. 150, § 2º, da CF/88. Portanto,
Facundo não pode multar a referida fundação, sob o fundamento de que tal entidade jamais pagou imposto
sobre seu patrimônio, renda e serviços.
Gabarito: Letra D
(ICMS-PE/2014) A sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto não é
abrangida pela imunidade tributária recíproca.
O art. 150, VI, b, da CF/88, veda que todos os entes federativos cobrem impostos sobre os templos de
qualquer culto. Levando em consideração o disposto no art. 5°, VI, da CF/88, podemos dizer que a liberdade
de culto é um direito individual, o que faz com que a imunidade ora analisada se configure uma cláusula
pétrea.
==13ddc4==
Verifica-se também que, pelo fato de o Brasil ser um país laico, a imunidade religiosa alcança todas as
religiões, sem qualquer distinção.
Há que se ressaltar, nesse contexto, que, da mesma forma como ocorre com as demais imunidades inseridas
no art. 150, VI, da Magna Carta, a imunidade religiosa somente alcança os impostos, não sendo extensiva,
no entendimento do STF (RE 129.930), às contribuições sindicais.
Ainda seguindo o raciocínio do STF (RE 325.822), embora o texto constitucional mencione que a imunidade
protege os “templos”, devemos entender que o legislador constituinte quis dizer que a vedação abrange
também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais da entidade
religiosa.
Neste rumo, ainda que um imóvel pertencente a determinada entidade religiosa encontre-se alugado para
terceiros, a imunidade subsiste, pois embora a atividade exercida não esteja de acordo com o disposto no
art. 150, § 4°, da CF/88, para o STF, basta que os recursos gerados estejam sendo vertidos para as finalidades
essenciais de tais entidades. Ademais, a Suprema Corte (RE 578.562), dando entendimento extensivo à
imunidade religiosa, entende que os cemitérios que consubstanciam extensões destas entidades também
são alcançados pela vedação constitucional em tela.
Perceba que não são todos os cemitérios que estão abrangidos pela imunidade, mas
apenas aqueles que são, de fato, mera extensão da entidade religiosa.
Por fim, cabe-nos ressaltar a decisão do STF (RE 562.351) no sentido de que a maçonaria não é alcançada
pela imunidade religiosa, já que nas lojas maçônicas não se professa qualquer religião.
Relacionados com
finalidades RECURSOS
essenciais GERADOS
Alcança Imóveis
IMUNIDADE Patrimônio/Renda
Impostos Alugados a
RELIGIOSA /Serviços
Terceiros
De acordo com o art. 150, VI, c, da CF/88, é vedado a todos os entes políticos cobrar impostos sobre o
patrimônio, a renda e os serviços dos partidos políticos e suas fundações, dos sindicatos de trabalhadores e
das instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.
O art. 150, VI, “c”, trata da imunidade de várias entidades. Qual é a extensão dos termos
“sem fins lucrativos” e “atendidos os requisitos da lei”?
sem fins lucrativos → “Requisito a ser preenchido tão somente pelas instituições de
educação e assistência social, uma vez que os partidos políticos e suas fundações, bem
como as entidades sindicais de trabalhadores, são entes que, por sua própria natureza, não
objetivam lucro.”
O que nos chama a atenção – e por tal motivo eu o negritei – é o fato de a norma constitucional exigir a
edição de uma lei, para que as instituições de educação e assistência social gozem da referida imunidade.
Além disso, seria uma lei ordinária ou complementar?
3
COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional. 4ª Edição.
2014.
Para dirimir as dúvidas, será necessário recorrer ao entendimento do STF acerca do assunto, conforme
vemos a seguir (grifos nossos):
“Conforme precedente no STF (RE 93.770, Muñoz, RTJ 102/304) e na linha da melhor doutrina, o
que a Constituição remete à lei ordinária, no tocante à imunidade tributária considerada, é a
fixação de normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou
assistencial imune; não, o que diga respeito aos lindes da imunidade, que, quando susceptíveis
de disciplina infraconstitucional, ficou reservado à lei complementar.”
(STF, ADI-MC 1.802/DF, Plenário, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Julgamento em 27/08/1988)
Perceba que, quando uma lei for fixar normas sobre a constituição e o funcionamento das referidas
entidades, basta que se edite uma lei ordinária. É o que ocorreu com a edição da Lei 9.532/97, estabelecendo
diversas regras relacionadas às entidades objeto da imunidade. No julgamento acima, o STF teve a
oportunidade de analisar os requisitos previstos no § 2º, do art. 12, desta norma, e decidiu que a maioria
deles se referiam à constituição e funcionamento dessas entidades, podendo, pois, serem regulados pela via
de lei ordinária.
Observação: De acordo com o art. 146, II, da CF/88, é necessária a edição de lei
complementar para regular tais limitações ao poder de tributar.
Outra pergunta pertinente seria: qual lei complementar cumpre com esse papel? Ora, trata-se de uma lei
muito conhecida por nós (ou que ainda o será), que é o CTN. Em seu art. 14, a Lei 5.172/66 elenca os
requisitos para que as já mencionadas entidades gozem da imunidade:
“Art. 14 – (...)
Perceba que, ao lermos na CF/88 que tais entidades não podem ter fins lucrativos, não quer dizer que elas
não podem obter resultado financeiro positivo, pois isso é essencial para que qualquer entidade se
desenvolva. No entanto, o que é vedado pelo CTN é que haja distribuição de seu patrimônio ou de suas
rendas, a qualquer título, inclusive aos sócios, gerentes etc.
Também não se pode confundir a repartição de lucros com a justa remuneração de seus colaboradores pelos
trabalhos desenvolvidos na entidade. Isso é permitido.
Outro ponto a ser discutido em nosso curso, de suma importância para o conhecimento amplo da imunidade
estudada, é a restrição de que somente o patrimônio, a renda e os serviços vinculados às finalidades
essenciais da entidade estarão imunes aos impostos sobre eles incidentes. Trata-se, pois, da mesma
restrição feita à imunidade religiosa, disposta no art. 150, § 4°, da CF/88.
Vale ressaltar que, da mesma forma como tem ocorrido com a imunidade religiosa, o STF tem sido bastante
flexível na análise da vinculação asseverada na CF. Nesse sentido, vamos citar, a partir de agora, alguns
julgados, da própria Corte, que já foram ou que há grandes chances de serem cobrados em prova. Portanto,
atenção total!
Súmula Vinculante 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal,
desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram
constituídas.
Observação: Esta súmula vinculante possui a mesma redação da Súmula 724 do STF. Isso
significa que já se tratava de entendimento pacífico no STF. A distinção é que, a partir da
sua publicação, o posicionamento nela contido possui efeito vinculante em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta.
Semelhantemente ao que estudamos na imunidade religiosa, o STF também entende que se aplica a
imunidade quando o imóvel, pertencente às entidades referidas no art. 150, VI, c, estiver alugado a terceiros.
A única condição é que a renda gerada seja aplicada nas atividades essenciais das entidades.
Além disso, de acordo com a mesma Corte (RE 144.900), são imunes os serviços não relacionados às
finalidades essenciais das entidades, desde que a receita deles destine-se ao financiamento de tais
finalidades. No caso concreto, foi considerado imune de ISS o serviço de estacionamento de veículos
prestado por hospital em pátio interno. Vejamos a íntegra da ementa desse julgado:
(STF, Primeira Turma, RE 144.900/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em 22/04/1997)
Na esteira desse entendimento, também foi considerado imune do IPTU imóvel de propriedade de uma
entidade beneficente, em cujas instalações era mantida uma livraria. A imunidade subsiste, neste caso,
pois o que importa é que as rendas auferidas sejam revertidas para a manutenção de suas atividades
institucionais.
Sobre a renda destinada às finalidades essenciais, destaque-se que também já foi considerada imune pelo
STF “a renda obtida pelo SESC na prestação de serviços de diversão pública, mediante a venda de ingressos
de cinema ao público em geral”.
Além disso, ainda que os imóveis estejam sendo utilizados como escritório e residência de membro da
entidade, continuam imunes. Senão, vejamos:
Instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (...). O fato de os imóveis estarem
sendo utilizados como escritório e residência de membros da entidade não afasta a imunidade
prevista no art. 150, VI, alínea c, § 4º, da CF."
(STF, RE 221.395, Segunda Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em 08/02/2000)
Diferentemente do que acaba de ser visto, em 2010, a Segunda Turma do STF havia afastado a aplicação da
imunidade prevista no art. 150, VI, “c”, da CF/88, aos terrenos baldios sem vinculação às finalidades
essenciais das entidades imunes.
Contudo, em 2013, a Primeira Turma da Colenda Corte, de forma divergente, decidiu que a constatação de
que imóvel vago ou sem edificação não seria suficiente, por si só́, para destituir a garantia constitucional
da imunidade tributária. A ementa do julgamento do RE 385.091/DF foi parcialmente transcrita abaixo:
EMENTA: Imunidade. Entidade de assistência social. Artigo 150, VI, c, CF. Imóvel vago. Finalidades
essenciais. Presunção. Ônus da prova.
(...)
3. No caso da imunidade das entidades beneficentes de assistência social, a Corte tem conferido
interpretação extensiva à respectiva norma, ao passo que tem interpretado restritivamente as
normas de isenção.
(...)
5. A constatação de que um imóvel está vago ou sem edificação não é suficiente, por si só, para
destituir a garantia constitucional da imunidade. A sua não utilização temporária deflagra uma
neutralidade que não atenta contra os requisitos que autorizam o gozo e a fruição da
imunidade.
(STF, Primeira Turma, RE 385.091/DF, Min. Rel. Dias Toffoli, Julgamento em 06/08/2013)
Certamente, essa divergência entre as turmas causa dúvidas no candidato sobre qual posicionamento levar
para a prova. A orientação mais sensata é a de que seja seguido o mais recente julgamento, direcionado à
manutenção da referida imunidade, em caso de imóvel vagos ou sem edificação.
Ainda no que se refere à imunidade em tela, quando nossa análise recai sobre o ICMS (tributo indireto), há
que se relembrar dos conceitos que já vimos sobre contribuinte de direito e de fato. Você se lembra, certo?
Caso não tenha certeza, retorne ao tópico da imunidade recíproca e leia novamente. Vamos lá, então:
(STF, RE 186.175 ED-EDv/SP, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgamento em 23/08/2006)
Esse posicionamento foi corroborado pelo STJ, no julgamento do RMS 46.170-MS, ao reafirmar que a
jurisprudência do STF é firme no sentido de que a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF também se
aplica ao ICMS, desde que a atividade seja relacionada com as finalidades essenciais da entidade.
Contudo, o STJ (RMS 46.170-MS, julgado em 23/10/2014) ressaltou que tal imunidade não se aplica
em relação ao ICMS decorrente da prática econômica desenvolvida por entidade de assistência social sem
fins lucrativos que tem por finalidade realizar ações que visem à promoção da pessoa com deficiência,
quando desempenhar atividade franqueada da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
Dessa forma, ainda que a renda obtida pela entidade seja revertida em prol de suas atividades
essenciais, a imunidade em relação ao ICMS não pode ser concedida no caso, porquanto a atividade
econômica fraqueada dos Correios foge dos fins institucionais da entidade, ou seja, o serviço prestado não
possui relação com seus trabalhos na área de assistência social.
(STF, RE 203.755/ES, Segunda Turma, Rel. Min. Carlos Velloso, Julgamento em 17/09/1996)
Com base no entendimento de que o que importa é saber se o bem adquirido no mercado interno ou
externo integra o patrimônio da entidade imune, o STF estendeu a citada imunidade às aquisições no
mercado interno:
(STF, AI 535.922-AgR/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgamento em 30/09/2008)
Embora os dois últimos julgados se refiram a situações em que a entidade imune é contribuinte de
fato, há uma diferença entre eles: no AI 535.922, os bens adquiridos passam a integrar o patrimônio da
entidade; no AI 731.786 se refere a mero consumo do serviço de energia elétrica.
-Se a questão mencionar que o bem foi adquirido e passou a integrar o patrimônio da
entidade, haverá imunidade.
-Se houver apenas menção de que a entidade está na posição do contribuinte de fato, não
haverá imunidade.
Além de tais casos, devemos guardar que a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF/88, também “abrange
o Imposto de Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados, que incidem sobre bens a serem
utilizados na prestação de seus serviços específicos” (STF, RE 243.807).
Destaque-se que tal imunidade estende-se ao Imposto sobre operações financeiras (IOF) (STF, RE 192.899-
AgR):
EMENTA: IOF. Imunidade tributária. Instituição de educação sem fins lucrativos. A imunidade
tributária prevista no art. 150, VI, c, da Constituição, estende-se ao imposto sobre operações
financeiras. Precedente: RE 230.128-AgR, 1ª T., 8.10.2002, Ellen Gracie, DJ 8.11.2002.
O ensino de línguas estrangeiras também caracteriza-se como atividade educacional para aplicação da
imunidade tributária, consoante o entendimento firmado pelo STF no RMS 24.283.
Com o intuito de finalizar este tópico, vamos discorrer agora sobre a possibilidade de as entidades fechadas
de previdência social serem abrangidas pela imunidade ora em análise.
Súmula STF 730 - A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins
lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de
previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
Nesse contexto, de acordo com a Suprema Corte, somente serão alcançadas pela imunidade conferida às
entidades de assistência social as entidades fechadas de previdência social privada, quando não houver
contribuição dos beneficiários.
As entidades fechadas de previdência social privada são aquelas criadas por certas organizações, com o
intuito de complementar o valor que será pago de aposentadoria pelo INSS aos seus funcionários.
Normalmente, a contribuição ocorre tanto parte do patrocinador (organização) como do beneficiário
(empregado).
Observe, entretanto, que a CF/88 não abarcou no art. 150, VI, c, as entidades de previdências, mas tão
somente as de assistência social. Então, no entender do STF, somente se não houver contribuição dos
beneficiários, é que a entidade se caracterizará como assistencial, fazendo jus, assim, à imunidade.
Outro ponto digno de nota é o que foi disposto no art. 202, § 3°, da CF/88, como vemos a seguir:
O dispositivo menciona que os entes políticos e as entidades a eles vinculadas (administração indireta)
somente contribuirão com entidades de previdência privada na condição de patrocinadores e, mesmo
assim, as contribuições deles não podem exceder às dos segurados.
Agora eu lhe pergunto: se as contribuições dos patrocinadores devem ser menores que a dos segurados, é
porque sempre deve haver contribuições dos segurados, para que os entes públicos participem como
patrocinadores, concorda?
Fazendo uma relação, portanto, com o que acabamos de ver, não será possível que uma entidade tenha
patrocinadores públicos e, ao mesmo tempo, goze da imunidade do art. 150, VI, c.
Como de praxe nesta aula, vamos esquematizar a estudada imunidade (incluindo apenas o principal):
IMUNIDADE Art.
150, VI, “c”
Partidos Políticos
Impostos
Sindicato Trab.
Patrimônio/Renda/
Serviços
Inst. Educacionais
Abrange
IOF
Inst. Assistenciais
Alternativa C: Esta imunidade alcança o patrimônio, renda ou serviços das entidades educacionais, desde
que não tenham fins lucrativos. Alternativa errada.
Alternativa D: Realmente, a imunidade prevista no art. 150, VI, "c", aplica-se aos bens, rendas e serviços
relacionados às atividades essenciais dos partidos políticos.Alternativa correta.
Alternativa E: A imunidade tributária exclui parte da competência tributária, impedindo, por ordenança
constitucional, a cobrança de impostos sobre determinadas pessoas ou bens. Alternativa errada.
Gabarito: Letra D
(ICMS-PE/2014) A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos
somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada, se não houver contribuição dos
beneficiários.
Comentário: De acordo com a Súmula 730, do STF, a imunidade tributária conferida a instituições de
assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades
fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
Gabarito: Correta
(ICMS-SP/2013) A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pela
Constituição Federal somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver
contribuição dos beneficiários.
Comentário: De acordo com a Súmula 730, do STF, a imunidade tributária conferida a instituições de
assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades
fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
Gabarito: Correta
O art. 150, VI, d, da CF/88, estabelece que é vedado a todos os entes federados instituírem impostos sobre
os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.
Trata-se da imunidade cultural – também denominada imunidade de imprensa – cujo principal objetivo é
favorecer o acesso aos meios culturais, como livros, jornais e periódicos.
De imediato, percebemos uma grande diferença entre as demais imunidades já vistas durante a aula e a
cultural: esta é objetiva, incidindo sobre “coisas”, ao passo que as demais são subjetivas, sendo parâmetro
para concessão a “pessoa”.
Seguindo essa linha de entendimento, poderíamos dizer que a imunidade não alcança o Imposto de Renda,
por exemplo, incidente sobre os lucros auferidos pelas editoras:
EMENTA: TRIBUTÁRIO. ANISTIA DO ART. 150, VI, D, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. IPMF. EMPRESA
DEDICADA À EDIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE LIVROS, JORNAIS, REVISTAS E
PERIÓDICOS. Imunidade que contempla, exclusivamente, veículos de comunicação e informação
escrita, e o papel destinado a sua impressão, sendo, portanto, de natureza objetiva, razão pela
No mesmo sentido, as operações financeiras realizadas pelas empresas que industrializam tais produtos
não podem ser imunizadas do IOF (STF, RE 504.615-AgR).
Ademais, a referida imunidade acaba por defender o direito à liberdade de expressão, caracterizado nos
incisos IV, V, IX e XIV do art. 5º da CF/88, o que a torna uma cláusula pétrea.
Vistos os conceitos iniciais da imunidade cultural, é necessário que conheçamos a jurisprudência a ela
atinente, sendo de suma importância para as provas de concurso público.
Assim sendo, a jurisprudência consagrada no STF era a de que, além dos livros, jornais, periódicos e o papel
destinado à sua impressão, também estavam imunes os outros insumos assimiláveis ao papel. Foi nessa
linha que o STF demonstrou, por meio da Súmula 657, que a imunidade cultural abrange os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos:
Súmula STF 657 - A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.
Ocorre que, ao julgar o Recurso Extraordinário 202.149, a Primeira Turma do STF chegou a considerar que a
imunidade tributária relativa a livros, jornais e periódicos é ampla, total, apanhando produto, maquinário e
insumos. A referência, no preceito, a papel seria, então, meramente exemplificativa e não exaustiva.
Contudo, posteriormente, o Min. Celso de Mello admitiu e julgou embargos de divergência (DJe 16/04/2015),
apresentados pela União, ocasião em que demonstrou que a decisão tomada pela Primeira Turma divergia
da jurisprudência consagrada do STF, conhecendo e dando provimento ao recurso extraordinário da União.
Sem nos aprofundarmos neste momento no rito processual, para nossa prova, isso significa que, atualmente,
é recomendável seguir o entendimento mais restritivo, qual seja: apenas estão imunes livros, jornais,
periódicos e o papel destinado a sua impressão, bem como outros insumos, desde que assimiláveis ao
papel!
Em maio de 2018, a Primeira Turma do STF (ARE 1100204 AgR/SP), reiterando o referido entendimento,
decidiu que a imunidade é extensível a qualquer material assimilável a papel utilizado no processo de
impressão e à própria tinta especial para jornal, mas não abarca o maquinário utilizado no processo de
produção de livros, jornais e periódicos.
Acrescente-se que, para a Suprema Corte, não há proteção constitucional à prestação de serviços de
composição gráfica ou de impressão onerosos a terceiros (RE 723.018-AgR).
Na linha desse mesmo entendimento, o STF (RE 630.462-AgR) também considerou que os serviços de
distribuição de periódicos, revistas, publicações, jornais e livros não estão abrangidos pela imunidade
cultural. Portanto, nesse caso, incide o ISS (Imposto sobre Serviços) normalmente.
Além disso, não há que se falar em análise do valor cultural, como requisito para conceder a imunidade. De
acordo com o STF, “os álbuns de figurinhas e os respectivos cromos adesivos estão alcançados pela
imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal”.
(STF,RE 183.403/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em 07/11/2000)
Ainda no que diz respeito à imunidade cultural, destacamos o julgamento do Recurso Extraordinário
330.817/RJ, com repercussão geral reconhecida, no qual ficou decidido pelo Supremo Tribunal Federal
que livros eletrônicos e os suportes próprios para sua leitura são alcançados pela imunidade. Assim,
podemos dizer que não apenas os livros digitais (e-books), mas também os denominados e-readers, isto é,
equipamentos eletrônicos elaborados exclusivamente para viabilizar o acesso aos livros digitais.
Se a extensão da imunidade cultural aos livros eletrônicos já era considerada muito relevante, o tema tomou
ainda mais relevância para as próximas provas de concursos púbicos com a aprovação, em abril de 2020, da
Súmula Vinculante 57, cujo enunciado é o seguinte:
Súmula Vinculante 57 - A imunidade tributária constante do artigo 150, VI, d, da CF/88 aplica-se
à importação e comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes
exclusivamente utilizados para fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que
possuam funcionalidades acessórias
Destaque-se que a inserção de anúncios e publicidade em listas telefônicas, com o objetivo de permitir a
divulgação das informações a custo zero para os assinantes, não descaracteriza a imunidade em tela (RE
199.183).
No entanto, é de se ressaltar que os encartes de propaganda com exclusiva índole comercial não podem ser
considerados imunes, como vemos a seguir:
Observação: Mais uma vez podemos perceber o caráter objetivo da imunidade, a qual não
alcançou as empresas! Nesse caso, excepcionalmente, a imunidade não alcançou nem
mesmo os bens, por terem exclusiva índole comercial!
Nesse momento, vamos tratar de uma emenda constitucional, que acrescentou mais uma imunidade ao
texto constitucional, que afeta diretamente o tema estudado na aula de hoje. Trata-se da EC 75/2013, cujo
projeto foi denominado PEC da Música. Vamos ver o que diz o seu texto:
“Art. 1º O inciso VI do art. 150 da Constituição Federal passa a vigorar acrescido da seguinte
alínea e:
Sabendo-se que imunidade é uma forma de não incidência constitucionalmente qualificada, qual seria,
portanto, a limitação imposta ao Estado pela EC 75/2013? Ora, está vedado a todos os entes federativos
instituir impostos (e não tributos, como as bancas adoram cobrar) sobre fonogramas e videofonogramas
musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras
em geral interpretadas por artistas brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os
contenham.
Destaque-se que a etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser foi excepcionada, não
estando imune aos impostos.
Para facilitar a memorização de tal exceção, faz-se necessário entender o motivo de ela ter sido incluída no
texto constitucional. Levando em consideração que a grande maioria dos CDs e DVDs fabricados no Brasil sai
da Zona Franca de Manaus, o que houve foi a tentativa de manter aquele pólo industrial atrativo para as
empresas.
Explique-se melhor: caso o processo de replicação se tornasse imune, não haveria motivo para as fábricas
responsáveis por esta etapa industrial continuarem instaladas naquela longínqua região já que, o benefício
fiscal lá concedido, hoje estaria imune em todo o território nacional. Entendeu?
O principal aspecto sobre essa novidade é saber como as bancas podem cobrar este assunto. Eu diria que
elas vão permanecer estendendo aos tributos a imunidade que só abrange impostos, considerando incorreta
a assertiva.
Outra possibilidade é cobrar a exceção que nós vimos (sobre a replicação das mídias), bem como a restrição
de que apenas os fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil e que contenham obras
de autores brasileiros – e/ou interpretadas por artistas brasileiros – estão imunes aos impostos.
(TJ-RR-Juiz Substituto/2015) Mary, Juan, Cristina e François são quatro amigos que tinham, originariamente,
as respectivas nacionalidades: americana, mexicana, brasileira e canadense. Eles acabaram de se graduar em
música, na Juilliard School, de Nova Iorque.
Em 2010, os quatro músicos decidiram passar o carnaval no Brasil. Os estrangeiros se encantaram com a
terra, com o povo e, principalmente, com a variedade de sons da música brasileira.
Juan gostou tanto que, em 2011, naturalizou-se brasileiro. François, por sua vez, conseguiu visto de
residência permanente no Brasil já em 2012.
Em 2014, Mary produziu, em Belo Horizonte, um CD com canções sertanejas de Marcelo & Marcelinho,
autores gaúchos, que interpretaram as canções de sua autoria; Juan produziu, no Rio de Janeiro, um DVD
com melodias do cancioneiro indígena da Amazônia; Cristina produziu, na Argentina, um CD com letras e
músicas de sua criação e, por fim, François produziu, em São Paulo, um CD instrumental com melodias
folclóricas medievais de autores franceses.
Com base nas informações acima e no que dispõe a Constituição Federal a respeito das limitações ao poder
de tributar, o ICMS NÃO incide sobre as operações de comercialização, no território nacional, do
I. CD produzido por Cristina.
II. CD produzido por Mary.
III. DVD produzido por Juan.
IV. CD produzido por François.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e IV.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
Comentário: A imunidade da música nacional alcança os impostos sobre fonogramas e videofonogramas
musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras
em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os
contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
Analisemos, caso a caso:
Mary: Trata-se de fonograma contendo obras musicais interpretadas por artistas brasileiros e foi produzido
no Brasil. Portanto, está imune da incidência do ICMS.
Juan: Sendo Juan brasileiro naturalizado, o DVD (videofonograma) por ele produzido no Brasil com melodias
do cancioneiro indígena da Amazônia está imune da incidência do ICMS.
Cristina: Não se enquadra na regra da imunidade, porque, embora seja brasileira, sua obra foi produzida no
exterior (Argentina).
François: Não se enquadra na regra da imunidade, porque, embora seja uma obra produzida no Brasil, não
contém obras de autores brasileiros ou interpretadas por artistas brasileiros.
Gabarito: Letra C
(SEFAZ-PI-Auditor Fiscal/2015) A Constituição Federal estabelece limitações ao poder de tributar, concedido
aos entes federados. No que se refere a estes limites, é vedado instituir impostos sobre livros, jornais,
periódicos e papel destinado à sua impressão, e sobre fonogramas musicais produzidos no Brasil, com obras
musicais de autores brasileiros, natos ou naturalizados, salvo na etapa de replicação industrial de mídias
ópticas de leitura a laser.
Comentário: A imunidade cultural veda realmente a instituição de impostos sobre livros, jornais, periódicos
e papel destinado à sua impressão. Ademais, foi acrescentada ao texto constitucional a imunidade que veda
a instituição de impostos sobre fonogramas (e videofonogramas também!) musicais produzidos no Brasil,
com obras musicais de autores brasileiros, natos ou naturalizados, ou interpretadas por artistas brasileiros,
ficando ressalvada dessa imunidade a etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
Gabarito: Correta
(TCM-GO-Auditor de Controle Externo/2015) De acordo com a Constituição Federal, é vedado aos
Municípios instituir
a) impostos e contribuições sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, especificamente
naquilo que se relaciona com as finalidades essenciais dessas entidades.
b) impostos e taxas sobre patrimônio, renda ou serviços, da União, dos Estados e do Distrito Federal e de
outros Municípios.
c) impostos sobre fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou
literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros.
d) tributos sobre templos de qualquer culto, no que diz respeito ao patrimônio, renda e serviços,
relacionados ou não com as suas finalidades essenciais.
e) impostos sobre livros, jornais, periódicos, papel, tinta e demais insumos empregados na sua impressão.
Comentário:
Alternativa A: A imunidade dos partidos políticos abrange apenas os impostos sobre seu patrimônio, renda
ou serviços. Alternativa errada.
Alternativa B: A imunidade recíproca abrange apenas os impostos, não alcançando as taxas. sobre
patrimônio, renda ou serviços. Alternativa errada.
Alternativa C: De fato, o texto constitucional impede a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
de instituírem impostos sobre fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros.
Alternativa correta.
Alternativa D: A imunidade religiosa somente alcança os impostos e, ainda, apenas no que se refere ao
patrimônio, renda e serviços, relacionados com as suas finalidades essenciais. Alternativa errada.
Alternativa E: A imunidade cultural abrange apenas os impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel
destinado à sua impressão, e materiais assimiláveis ao papel, porém não de forma ampla, alcançando todo
e qualquer insumo. Alternativa errada.
Gabarito: Letra C
Em alguns casos, como no art. 195, § 7, o texto constitucional trata tais limitações ao poder de tributar como
isenção. Não obstante tais previsões, de acordo com o STF, são consideradas imunidades.
Como já vimos, a isenção seria a dispensa legal do pagamento do tributo, e não um preceito constitucional,
condicionando o exercício da competência tributária.
Feitas tais observações e revisões, seguem abaixo as demais imunidades mencionadas no corpo do texto
constitucional:
• São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (a) o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (b) a obtenção de
certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal (art. 5°, XXXIV);
• Ação popular, salvo comprovada má-fé, é isento (imune) de custas judiciais, as quais são consideradas
taxas pelo STF (art. 5°, LXXIII);
• São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento e a
certidão de óbito (art.5°, LXXVI);
• O IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior (art. 153, §3°, III);
• O ITR não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que
não possua outro imóvel (art. 153, §3°, II);
• O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se
exclusivamente à incidência do IOF, sendo imune de qualquer outro tributo (art. 153, §5°);
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a
destinatários no exterior;
b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos
e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
• À exceção do II, IE e ICMS nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia
elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País (art. 155,
§3°);
• O ITBI não incidirá sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica
em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação,
cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente
for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil (art.
156, §2°,I);
• A contribuição previdenciária não incide sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral
de previdência social (art. 195, II);
• São isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência
social que atendam às exigências estabelecidas em lei (art. 195, §7°);
Antes que você se desespere, pensando que não vai conseguir decorar tudo isso, posso garantir que, durante
o curso, veremos todas as principais imunidades que são cobradas nas provas de Direito Tributário (as que
foram inseridas dentro do capítulo que se dedica ao trato do Sistema Tributário Nacional).
Portanto, à medida que formos explicando a matéria, você verá que a “decoreba” será quase que natural.
Não se desespere, pois o objetivo deste tópico é que você tenha conhecimento da existência de tais
imunidades. Tudo bem?
Antes de partirmos para as questões, vamos estudar a seguir a imunidade prevista no art. 195, § 7º.
Digno de tópico específico, sobretudo por ser cobrado com certa riqueza de detalhes pelas bancas
examinadoras, o art. 195, § 7º, da CF/88, estabelece o seguinte:
Inicialmente, cumpre-nos destacar que, muito embora o legislador constituinte tenha dito que tais entidades
são “isentas”, podemos afirmar, com base nos conceitos vistos no início da aula, que se trata de imunidade
(STF, RMS 22.192/DF).
Observação: Tenha muito cuidado com as questões literais, que podem transcrever a
literalidade do texto constitucional, algo que será indubitavelmente correto.
Destaque-se que o benefício é concedido às entidades beneficentes de assistência social com a finalidade
de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, conforme prevê o art. 1º, da
Lei 12.101/2009:
Não são imunes apenas as entidades com a finalidade de prestação de serviços na área de
assistência social, mas também na área da saúde ou educação.
Cabe ressaltar também que o art. 2º da mesma norma dispõe que tais entidades deverão obedecer ao
princípio da universalidade do atendimento, sendo vedado dirigir suas atividades exclusivamente a seus
associados ou a categoria profissional.
Para gozar da imunidade prevista no art. 195, § 7º, a Lei 12.101/2009 estabelece que a entidade beneficente
deve estar certificada e que, para isso (certificação ou renovação), é necessário observar os seguintes
requisitos :
I - seja constituída como pessoa jurídica nos termos do caput do art. 1º; e
Parágrafo único. O período mínimo de cumprimento dos requisitos de que trata este
artigo poderá ser reduzido se a entidade for prestadora de serviços por meio de contrato,
convênio ou instrumento congênere com o Sistema Único de Saúde (SUS) ou com o Sistema
Único de Assistência Social (Suas), em caso de necessidade local atestada pelo gestor do
respectivo sistema. (Redação dada pela Lei nº 12.868, de 2013)
Observação: As sessões I, II, III e IV trazem regras específicas sobre a certificação das
entidades da área da saúde, assistência social e educação, fugindo do escopo desse curso.
O certificado ao qual estamos nos referindo é o CEBAS (Certificado de Entidade Beneficente de Assistência
Social). Trata-se de um certificado que, basicamente, comprova que a entidade preenche as condições de
constituição e funcionamento, que devem ser atendidas para que a entidade receba o benefício
constitucional.
Retornando à redação do dispositivo constitucional (art. 195, § 7º), é dito que a imunidade só alcança as
entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Neste
momento, uma pergunta que deve ser feita é a seguinte: a lei exigida pelo constituinte seria ordinária ou
complementar?
Da mesma forma, como foi explicado na imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF/88 (já estudada por nós),
você deve memorizar o seguinte:
Observação: De acordo com o art. 146, II, cabe à lei complementar regular as limitações
constitucionais ao poder de tributar. A imunidade, como já estudamos, é uma limitação ao
poder de tributar.
Por analogia, a lei complementar aplicável ao caso é aquela prevista no art. 14 do CTN, que
se refere à imunidade do art. 150, VI, c.
Destaque-se que a emissão do CEBAS significa o mero reconhecimento de que a entidade preenche as
condições de constituição e funcionamento, estando apta a gozar da imunidade prevista no art. 195, § 7º,
da CF/88. Portanto, os requisitos para receber o CEBAS podem ser definidos em lei ordinária (Lei
12.101/2009).
Sendo assim, o STF (RMS 27.093/DF) entende que não ofende a CF/88 a exigência de emissão e renovação
periódica do CEBAS. Neste caso, não há direito adquirido ao regime jurídico relativo à imunidade tributária,
isto é, em caso de renovação, a entidade se sujeita às novas leis que porventura tenham alterado os
requisitos e condições para renovação do CEBAS.
Explique-se melhor: para a emissão do CEBAS, a entidade deve se adequar aos requisitos legais naquele
momento. Posteriormente, na época da renovação, não há alegação de direito adquirido ao regime jurídico
anterior, ou seja, devendo se sujeitar à legislação superveniente.
Além disso, o STF também decidiu que a exigência de renovação periódica do CEBAS não ofende o disposto
no art. 146, II, da CF/88, que reserva à lei complementar regulação das limitações ao poder de tributar.
Cabe ressaltar que a Lei 12.101/2009 também determina alguns requisitos para fruição da imunidade,
previstos em seu art. 29. Ao que parece, o legislador ordinário segue à risca o previsto na CF/88, entendendo
tratar-se de isenção, e não de imunidade. Isso porque, se considerasse o dispositivo como imunidade que é,
deveria haver lei complementar para regular os requisitos para o gozo da cláusula de não incidência
constitucionalmente qualificada. Em vista dessa problemática, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil (CFOAB) propôs, no Supremo Tribunal Federal (STF), a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)
4891, pendente de julgamento.
Por fim, ressaltamos o entendimento do STF no sentido de que a entidade que satisfaz os requisitos da lei,
faz jus à imunidade, não podendo ser obstada por autoridade administrativa, com o objetivo de restringir a
eficácia do disposto no art. 195, § 7º, da CF/88 (norma que prevê a imunidade):
A Associação Paulista da Igreja Adventista do Sétimo Dia, por qualificar-se como entidade
beneficente de assistência social - e por também atender, de modo integral, as exigências
estabelecidas em lei - tem direito irrecusável ao benefício extraordinário da imunidade
subjetiva relativa às contribuições pertinentes à seguridade social.
(...)
Tratando-se de imunidade - que decorre, em função de sua natureza mesma, do próprio texto
constitucional -, revela-se evidente a absoluta impossibilidade jurídica de a autoridade
executiva, mediante deliberação de índole administrativa, restringir a eficácia do preceito
inscrito no art. 195, § 7º, da Carta Política, para, em função de exegese que claramente distorce
a teleologia da prerrogativa fundamental em Referência, negar, à entidade beneficente de
assistência social que satisfaz os requisitos da lei, o benefício que lhe é assegurado no mais
elevado plano normativo.
(STF, Primeira Turma, RMS 22.192/DF, Rel. Min. Celso de Mello, Julgamento em 28/11/1995)
Considerando os confins da competência constitucional tributária, o dever de não pagar as custas judiciais,
na hipótese em apreço, decorre de
a) anistia.
b) isenção.
c) imunidade.
d) não-incidência.
e) remissão.
Comentário: Trata-se de uma imunidade, uma vez que é o próprio texto constitucional restringindo a
competência tributária, impedindo a cobrança de custas judiciais (taxas) na hipótese de ação popular.
Gabarito: Letra C
(TCM-RJ-Auditor-Substituto de Conselheiro/2015) Acerca das imunidades tributárias, é correto afirmar que
a) a imunidade dos templos de qualquer culto abrange o local de culto e também imóveis de propriedade da
entidade religiosa locados a terceiros, desde que o aluguel reverta em benefício da atividade religiosa.
b) as entidades fechadas de previdência privada estão amparadas pela imunidade, devido à natureza
assistencial.
c) são aplicáveis exclusivamente em relação aos impostos.
d) a imunidade relativa às operações com petróleo, combustíveis e minerais alcança os tributos em geral,
compreendendo impostos e contribuições.
e) a imunidade recíproca beneficia as empresas públicas e sociedades de economia mista.
Comentário:
Alternativa A: De acordo com a jurisprudência do STF, a imunidade religiosa alcança, além dos templos
destinados aos cultos religiosos, os imóveis de propriedade da entidade religiosa locados a terceiros, desde
que o aluguel reverta em benefício da atividade religiosa. Alternativa correta.
Alternativa B: Nem todas entidades fechadas de previdência privada estão amparadas pela imunidade, pois,
de acordo com o STF, a imunidade tributária só alcança as entidades fechadas de previdência social privada
se não houver contribuição dos beneficiários. Alternativa errada.
Alternativa C: Existem diversas imunidades em nosso texto constitucional aplicáveis a outras espécies
tributárias além dos impostos, como as taxas, por exemplo. Alternativa errada.
Alternativa D: Este assunto ainda será estudado em aula posterior. Porém, de antemão, podemos afirmar
que a referida imunidade alcança apenas os impostos, ressalvados o Imposto de Importação, Imposto de
Exportação e o ICMS. Alternativa errada.
Alternativa E: A imunidade recíproca não beneficia todas as empresas públicas e sociedades de economia
mista, mas tão somente aquelas prestadoras de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva de
Estado. Alternativa errada.
Gabarito: Letra A
1. CESPE/TJ-SC-Juiz Estadual/2019
A respeito de imunidade tributária e isenção tributária, é correto afirmar que
a) a isenção está no campo infraconstitucional e corresponde a uma hipótese de não incidência da norma
tributária.
b) a imunidade está no plano constitucional e proíbe a própria instituição do tributo relativamente às
situações e pessoas imunizadas.
c) a isenção é criada diretamente pela Constituição Federal de 1988, sendo uma norma negativa de
competência tributária.
d) a imunidade pressupõe a incidência da norma tributária, sendo o crédito tributário excluído pelo
legislador.
e) a imunidade está no plano de aplicação da norma tributária, sendo equivalente ao estabelecimento de
uma alíquota nula.
Comentário:
Alternativa A: A isenção realmente está no campo infraconstitucional, mas não corresponde a uma hipótese
de não incidência da norma tributária porque o fato gerador chega a ocorrer, mas o tributo não chega a ser
exigido. Alternativa errada.
Alternativa B: Realmente, a imunidade tributária, como forma de incompetência tributária, está no plano
constitucional e proíbe a própria instituição do tributo relativamente às situações e pessoas imunizadas.
Alternativa correta.
Alternativa C: A isenção é criada pela lei, e não pela CF/88. Alternativa errada.
Alternativa D: Na realidade, a imunidade pressupõe a não incidência da norma tributária. A assertiva trouxe
a definição de isenção. Alternativa errada.
Alternativa E: A imunidade tributária está no plano constitucional e proíbe a própria instituição do tributo
relativamente às situações e pessoas imunizadas. Alternativa errada.
Gabarito: Letra B
Comentário: A imunidade tributária, por ser limitação ao poder de tributar, somente é definida na própria
CF/88.
Gabarito: Errada
3. CESPE/TCE-RN-Auditor/2015
A imunidade tributária visa preservar valores políticos, religiosos, sociais, econômicos e éticos da sociedade,
com vistas a evitar que determinadas atividades sejam oneradas pela incidência dos tributos.
Comentário: De fato, esse é o real objetivo das imunidades tributárias, isto é, preservar valores políticos,
religiosos, sociais, econômicos e éticos da sociedade, com vistas a evitar que determinadas atividades sejam
oneradas pela incidência dos tributos. Assim, por exemplo, a imunidade recíproca existe para proteger a
autonomia financeira dos entes federados. Questão correta.
Gabarito: Correta
4. CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013
Reputa-se de natureza política a imunidade tributária recíproca.
Gabarito: Errada
5. CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012
As entidades que gozem de isenção ou imunidade tributária não são passíveis de fiscalização, visto que a
ação fiscalizadora constituiria abuso de poder do agente fiscalizador.
Comentário: Não há exceções quanto à atividade de fiscalização tributária. Ainda que a entidade goze de
imunidade ou mesmo de isenção, fica sujeita à fiscalização, devendo, ainda, cumprir obrigações acessórias a
que estiver submetida.
Gabarito: Errada
6. CESPE/PROMOTOR-MP-RR/2011
Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica não está dispensada de cumprir obrigações
acessórias e de se submeter à fiscalização tributária.
Comentário: Conforme entendimento esposado pelo STF, o fato de a pessoa jurídica gozar de imunidade
tributária não a exime da obrigação de cumprir obrigações acessórias.
Gabarito: Correta
7. CESPE/PROCURADOR-PE/2009
A criação de imunidade tributária é matéria típica de lei ordinária.
Comentário: A criação de imunidade tributária é matéria exclusiva da própria Constituição Federal, não
podendo ser prevista em lei ordinária.
Gabarito: Errada
Imunidade Recíproca
8.CESPE/SEFAZ-DF-Auditor Fiscal/2020
A imunidade tributária recíproca dos entes federativos não é extensível às respectivas autarquias e
fundações públicas.
Comentário: De acordo com o art. 150, § 2º, da CF/88, a imunidade recíproca é extensiva às autarquias e às
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
Gabarito: Errada
9.CESPE/MPE-CE-Promotor de Justiça/2020
A União não pode instituir tributos de nenhuma natureza sobre o patrimônio dos estados e municípios.
Comentário: A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, "a", da CF/88, é específica para os impostos,
não alcançando outras espécies tributárias. Ao resolver a questão, o candidato precisa ter muito cuidado
para não confundir imposto" com "tributo".
Gabarito: Errada
Comentário: Na realidade, as autarquias estão imunes apenas em relação aos impostos. Logo, é incorreto
afirmar genericamente que tais entes não podem instituir tributos, pois não há imunidade sobre as demais
espécies tributárias.
Gabarito: Errada
11.CESPE/PGM-Manaus-Procurador/2018
É proibida a cobrança de tributo sobre o patrimônio e a renda dos templos de qualquer culto.
Comentário: A vedação é específica para os impostos. Não podemos confundir “tributo” com “imposto”, já
que esta é apenas uma espécie dos tributos.
Gabarito: Errada
Comentário: A imunidade recíproca veda apenas a cobrança de impostos sobre o patrimônio, renda e
serviços dos entes federativos. Não se estende, por conseguinte, às contribuições sociais.
Gabarito: Errada
13.CESPE/EMAP-Analista Portuário/2018
Conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a imunidade tributária recíproca prevista na
Constituição Federal de 1988 foi estendida às empresas públicas.
Comentário: De acordo com o STF, a imunidade recíproca foi estendida às empresas públicas e sociedades
de economia mista prestadoras de serviços públicos.
Gabarito: Correta
Comentário: De fato, como vimos, por proteger a autonomia financeira dos entes federativos, a imunidade
recíproca é reconhecida como cláusula pétrea.
Gabarito: Correta
15. CESPE/PGE-AM-Procurador/2016
A imunidade recíproca beneficia sociedades de economia mista que prestem serviços públicos estatais
essenciais e exclusivos, como, por exemplo, o serviço de saneamento básico, ainda que tais serviços sejam
remunerados por tarifas.
Gabarito: Correta
16. CESPE/TCE-RN-Auditor/2015
Há entendimento do STF segundo o qual é extensível, em alguns casos, a imunidade recíproca às empresas
públicas, sob o argumento central de que elas reinvestem seus ganhos ou lucros na própria atividade-fim.
Comentário: O argumento central utilizado pelo STF para estender a imunidade recíproca às empresas
públicas é o de que prestam serviços de caráter obrigatório e exclusivo de Estado.
Gabarito: Errada
Gabarito: Errada
18. CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013
O princípio da imunidade recíproca, mediante o qual é vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios
instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, é extensivo às autarquias e às
fundações instituídas e mantidas pelo poder público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
Comentário: Trata-se da imunidade recíproca extensiva, prevista no art. 150, § 2º, da CF/88, alcançando as
autarquias e as fundações instituídas e mantidas pelo poder público, no que se refere ao patrimônio, à renda
e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
Gabarito: Correta
Comentário: Conforme estudamos, a imunidade recíproca constitui cláusula pétrea. Por esse motivo, não é
possível haver proposta de emenda constitucional com o objetivo de abolir ou restringir tal princípio.
Gabarito: Correta
Comentário: A imunidade recíproca é considerada cláusula pétrea por proteger a autonomia dos entes
federados e, consequentemente, a Federação. Portanto, podemos dizer que não pode ser restringida nem
mesmo por emenda constitucional.
Gabarito: Correta
21. CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013
O princípio da imunidade tributária recíproca não pode, à luz do posicionamento firmado pelo STF, ser
invocado na hipótese de contribuições previdenciárias.
Comentário: A imunidade recíproca é aplicável aos impostos, não podendo ser invocado na hipótese de
contribuições previdenciárias.
Gabarito: Correta
22. CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013
O princípio da imunidade tributária recíproca não pode, à luz do posicionamento firmado pelo STF, ser
invocado na hipótese de contribuições previdenciárias.
Comentário: Questão bem tranquila. A imunidade recíproca não se aplica às contribuições previdenciárias.
Gabarito: Correta
23. CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012
O princípio da imunidade recíproca, que veda à União, aos estados, ao DF e aos municípios instituir impostos
sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, não se aplica aos entes que compõem a administração
indireta, como autarquias e fundações públicas.
Comentário: A imunidade recíproca é extensiva às autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder
público, observadas as condições previstas no art. 150, § 2º, da CF/88.
Gabarito: Errada
24. CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012
Como a imunidade recíproca está inserida entre as denominadas imunidades genéricas, pode o legislador
constituinte derivado afastar a aplicação desse instituto em determinada hipótese.
Comentário: De fato, a imunidade recíproca é considerada genérica, mas essa característica não concede ao
constituinte derivado (pela via da emenda constitucional) o poder de afastar a imunidade, haja vista ser
considerada cláusula pétrea.
Gabarito: Errada
25. CESPE/PROMOTOR-MP-PI/2012
Em razão do princípio da imunidade recíproca, é vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios instituir
impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, inclusive quando houver contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário.
Comentário: Consoante o disposto no art. 150, § 3º, da CF/88, a imunidade recíproca não se aplica ao
patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas
normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços
ou tarifas pelo usuário. Sendo assim, a questão está errada.
Gabarito: Errada
e) Se a residência oficial for vendida, o comprador estará imune ao pagamento do imposto de transferência
de sua propriedade.
Comentário:
Alternativa A: Se o imóvel que abriga o gerador de energia está servindo para propiciar luz à residência oficial
do governador, certamente estará imune ao pagamento de IPTU. Alternativa correta.
Alternativa B: Não importa se a residência está situada em área residencial ou comercial, urbana ou rural.
De qualquer modo, a imunidade subsiste. Alternativa errada.
Alternativa C: O ente federativo não está vinculado a destinar o imóvel ao cumprimento de sua finalidade
essencial como condição para usufruir da imunidade, já que tal restrição somente se aplica às autarquias e
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. Alternativa errada.
Alternativa D: Não há necessidade que o gerador abasteça a cidade, e muito menos que seja cobrado tributo
em razão do fornecimento de energia. Alternativa errada.
Alternativa E: Em caso de alienação do imóvel em que esteja situada a residência oficial do governador, o
comprador não estará imune, devendo realizar o pagamento do imposto devido em face da transferência da
propriedade do referido bem. Alternativa errada.
Gabarito: Letra A
Imunidade Religiosa
27.CESPE/CAGE-RS-Auditor do Estado/2018
Determinada entidade religiosa presta serviços de batismo e casamento, revende artigos religiosos
produzidos por uma fábrica e vende artesanato sacro produzido pelos membros da entidade. Além disso, a
entidade tem, além do imóvel onde funciona o templo, outros imóveis cuja renda é revertida à composição
do patrimônio da entidade.
Nessa situação hipotética, a imunidade religiosa relativa ao pagamento de impostos
a) não abrange a venda do artesanato.
b) abrange todas as situações mencionadas.
c) não abrange o IPTU em caso de configuração de concorrência desleal.
d) não abrange os serviços de batismo e casamento.
e) abrange o ICMS relativo à compra e à venda de artigos religiosos da fábrica.
Comentário:
Alternativa A: A venda do artesanato sacro produzido pelos membros da entidade não é excluída da
imunidade, pois não há desvio de finalidade. Alternativa errada.
Alternativa B: Não se pode afirmar que a imunidade abrange todas as situações mencionadas, conforme o
comentário das demais alternativas. Alternativa errada.
Alternativa C: Se a locação dos imóveis colocar a entidade em situação de concorrência desleal, a imunidade
não subsistirá. Alternativa correta.
Alternativa D: A prestação dos serviços de batismo e casamento também estão ao abrigo da imunidade
religiosa. Alternativa errada.
Alternativa E: Quanto ao ICMS referente ao comércio de artigos religiosos produzidos por uma fábrica, não
há que se falar em imunidade. Alternativa errada.
Gabarito: Letra C
28. CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012
Em razão da imunidade constitucional conferida aos templos de qualquer culto, os entes federativos são
impedidos de cobrar ou instituir taxas e impostos sobre o patrimônio e os serviços relacionados com as
finalidades essenciais dos templos, mas não sobre as rendas decorrentes das contribuições dos fiéis.
Comentário: Em primeiro lugar, a imunidade diz respeito aos impostos, e não às taxas. Em segundo, a
imunidade compreende os impostos sobre o patrimônio, serviços e rendas relacionados com as finalidades
essenciais dos templos, conforme art. 150, VI, b, c/c art. 150, § 4º, da CF/88.
Gabarito: Errada
29. CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011
A CF confere benefício de isenção tributária aos templos religiosos, ou seja, sobre eles é conferida, pela
ordem constitucional, exoneração de obrigação de pagar tributos.
Comentário: O que a CF/88 confere é imunidade, e não isenção. Outrossim, o benefício é extensível apenas
aos impostos, e não de forma generalizada aos tributos.
Gabarito: Errada
30. CESPE/Delegado/RN/2009
Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso não estão abrangidos pela
imunidade tributária prevista na CF, uma vez que as normas que tratam de renúncia fiscal devem ser
interpretadas restritivamente.
Comentário: O STF entende que os cemitérios que consubstanciam extensões destas entidades também são
alcançados pela vedação constitucional em tela.
Gabarito: Errada
31.CESPE/PGE-PE-Analista Judiciário/2019
Partido político perde a imunidade de IPTU sobre imóvel de sua propriedade caso o alugue para terceiro,
ainda que o valor dos aluguéis seja investido, por exemplo, em propaganda partidária.
Comentário: De acordo com a Súmula Vinculante 52, do STF, as entidades da alínea “c” do art. 150, V, da
CF/88 (incluindo os partidos políticos) não perdem a imunidade de IPTU sobre imóvel de sua propriedade
caso o alugue para terceiro, ainda que o valor dos aluguéis seja investido na manutenção das suas finalidades
essenciais.
Gabarito: Errada
32.CESPE/PGE-PE-Analista Judiciário/2019
A imunidade tributária das instituições de assistência social sem fins lucrativos está condicionada à
inexistência de contribuição por parte de seus beneficiários.
Comentário: Esta linha foi seguida pelo STF para determinar, na Súmula 730, que as entidades fechadas de
previdência social privada somente configuram entidades assistenciais e gozam da imunidade tributária se
não exigirem contribuição por parte dos seus beneficiários.
Gabarito: Correta
Comentário:
Alternativa A: A imunidade em questão abrange apenas os impostos, não vedando a instituição de outras
modalidades de tributos. Alternativa correta.
Gabarito: Letra A
34. CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012
Está abrangida pela imunidade estabelecida na CF eventual renda que, obtida por instituição de assistência
social mediante cobrança de estacionamento de veículos em área interna da entidade, destine-se ao custeio
das atividades desta.
Gabarito: Correta
Comentário: De acordo com o que estudamos, a imunidade conferida aos partidos políticos, às entidades
sindicais dos trabalhadores e às instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, abrange
também o IOF - o imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou as relativas a títulos ou valores
mobiliários. Portanto, questão errada.
Gabarito: Errada
36. CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012
O imóvel pertencente a partido político permanece imune ao IPTU, ainda quando alugado a terceiros, desde
que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais dessa entidade.
Comentário: No mesmo ano, o CESPE cobrou essa assertiva duas vezes. Na presente questão, a Súmula 724
foi transcrita, de forma que a questão está correta.
Gabarito: Correta
Comentário: Conforme posicionamento do STF, a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF/88, abrange o
IOF.
Gabarito: Errada
38. CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012
A imunidade tributária conferida pela CF a instituições de assistência social sem fins lucrativos somente
alcança as entidades fechadas de previdência social privada se houver contribuição dos beneficiários.
Comentário: Nos termos da Súmula nº 730 do STF, a imunidade conferida a instituições de assistência social
sem fins lucrativos somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver
contribuição dos beneficiários.
Gabarito: Errada
Imunidade Cultural
Comentário: O que se tem é um caso de imunidade, prevista no art. 150, VI, "d", da CF/88, que não pode ser
confundida com isenção, sendo esta prevista sempre em lei.
Gabarito: Errada
40. CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012
A imunidade tributária conferida aos livros, jornais, periódicos e papel destinado à sua impressão estende-
se aos serviços de composição gráfica necessários à composição do produto final.
Comentário: Conforme o entendimento do STF, não há extensão da imunidade cultural aos serviços de
composição gráfica. Dessa forma, a questão está errada.
Gabarito: Errada
Comentário: Como já foi mais do que repetido, a imunidade não se estende a contribuições para seguridade
social. Portanto, esta questão está correta.
Gabarito: Correta
Gabarito: Errada
Comentário: A questão copia e cola o termo trazido pela CF/88, isenção, o que na prática sabemos se tratar
de verdadeira imunidade. A referida imunidade se refere apenas às entidades beneficentes de assistência
social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
Gabarito: Letra E
44. CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013
Conforme jurisprudência do STF fundamentada no princípio da seletividade, operações e bens relacionados
à saúde são imunes a tributação.
Comentário: Não há que se alegar que os bens essenciais ao ser humano devem ser imunes, por conta do
princípio da seletividade. Há outros princípios que devem ser levados em consideração, como o da
capacidade contributiva, da concorrência e da livre iniciativa.
Gabarito: Errada
45. CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012
A CF concede imunidade em relação ao ICMS apenas às operações que destinem ao exterior produtos
industrializados.
Comentário: Na verdade, a CF imuniza o ICMS, dentre outras hipóteses, nas operações que destinem
mercadorias para o exterior e sobre serviços prestados a destinatários no exterior.
Gabarito: Errada
1. CESPE/TJ-SC-Juiz Estadual/2019
3. CESPE/TCE-RN-Auditor/2015
A imunidade tributária visa preservar valores políticos, religiosos, sociais, econômicos e éticos da sociedade,
com vistas a evitar que determinadas atividades sejam oneradas pela incidência dos tributos.
4. CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013
Reputa-se de natureza política a imunidade tributária recíproca.
5. CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012
As entidades que gozem de isenção ou imunidade tributária não são passíveis de fiscalização, visto que a
ação fiscalizadora constituiria abuso de poder do agente fiscalizador.
6. CESPE/PROMOTOR-MP-RR/2011
Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica não está dispensada de cumprir obrigações
acessórias e de se submeter à fiscalização tributária.
7. CESPE/PROCURADOR-PE/2009
A criação de imunidade tributária é matéria típica de lei ordinária.
Imunidade Recíproca
8.CESPE/SEFAZ-DF-Auditor Fiscal/2020
A imunidade tributária recíproca dos entes federativos não é extensível às respectivas autarquias e
fundações públicas.
9.CESPE/MPE-CE-Promotor de Justiça/2020
A União não pode instituir tributos de nenhuma natureza sobre o patrimônio dos estados e municípios.
11.CESPE/PGM-Manaus-Procurador/2018
É proibida a cobrança de tributo sobre o patrimônio e a renda dos templos de qualquer culto.
13.CESPE/EMAP-Analista Portuário/2018
Conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a imunidade tributária recíproca prevista na
Constituição Federal de 1988 foi estendida às empresas públicas.
15. CESPE/PGE-AM-Procurador/2016
A imunidade recíproca beneficia sociedades de economia mista que prestem serviços públicos estatais
essenciais e exclusivos, como, por exemplo, o serviço de saneamento básico, ainda que tais serviços sejam
remunerados por tarifas.
16. CESPE/TCE-RN-Auditor/2015
Há entendimento do STF segundo o qual é extensível, em alguns casos, a imunidade recíproca às empresas
públicas, sob o argumento central de que elas reinvestem seus ganhos ou lucros na própria atividade-fim.
18. CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013
O princípio da imunidade recíproca, mediante o qual é vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios
instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, é extensivo às autarquias e às
fundações instituídas e mantidas pelo poder público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
21. CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013
O princípio da imunidade tributária recíproca não pode, à luz do posicionamento firmado pelo STF, ser
invocado na hipótese de contribuições previdenciárias.
22. CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013
O princípio da imunidade tributária recíproca não pode, à luz do posicionamento firmado pelo STF, ser
invocado na hipótese de contribuições previdenciárias.
23. CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012
O princípio da imunidade recíproca, que veda à União, aos estados, ao DF e aos municípios instituir impostos
sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, não se aplica aos entes que compõem a administração
indireta, como autarquias e fundações públicas.
24. CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012
Como a imunidade recíproca está inserida entre as denominadas imunidades genéricas, pode o legislador
constituinte derivado afastar a aplicação desse instituto em determinada hipótese.
25. CESPE/PROMOTOR-MP-PI/2012
Em razão do princípio da imunidade recíproca, é vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios instituir
impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, inclusive quando houver contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário.
Imunidade Religiosa
27.CESPE/CAGE-RS-Auditor do Estado/2018
Determinada entidade religiosa presta serviços de batismo e casamento, revende artigos religiosos
produzidos por uma fábrica e vende artesanato sacro produzido pelos membros da entidade. Além disso, a
entidade tem, além do imóvel onde funciona o templo, outros imóveis cuja renda é revertida à composição
do patrimônio da entidade.
Nessa situação hipotética, a imunidade religiosa relativa ao pagamento de impostos
a) não abrange a venda do artesanato.
b) abrange todas as situações mencionadas.
c) não abrange o IPTU em caso de configuração de concorrência desleal.
d) não abrange os serviços de batismo e casamento.
e) abrange o ICMS relativo à compra e à venda de artigos religiosos da fábrica.
28. CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012
Em razão da imunidade constitucional conferida aos templos de qualquer culto, os entes federativos são
impedidos de cobrar ou instituir taxas e impostos sobre o patrimônio e os serviços relacionados com as
finalidades essenciais dos templos, mas não sobre as rendas decorrentes das contribuições dos fiéis.
29. CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011
A CF confere benefício de isenção tributária aos templos religiosos, ou seja, sobre eles é conferida, pela
ordem constitucional, exoneração de obrigação de pagar tributos.
30. CESPE/Delegado/RN/2009
Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso não estão abrangidos pela
imunidade tributária prevista na CF, uma vez que as normas que tratam de renúncia fiscal devem ser
interpretadas restritivamente.
31.CESPE/PGE-PE-Analista Judiciário/2019
Partido político perde a imunidade de IPTU sobre imóvel de sua propriedade caso o alugue para terceiro,
ainda que o valor dos aluguéis seja investido, por exemplo, em propaganda partidária.
32.CESPE/PGE-PE-Analista Judiciário/2019
A imunidade tributária das instituições de assistência social sem fins lucrativos está condicionada à
inexistência de contribuição por parte de seus beneficiários.
34. CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012
Está abrangida pela imunidade estabelecida na CF eventual renda que, obtida por instituição de assistência
social mediante cobrança de estacionamento de veículos em área interna da entidade, destine-se ao custeio
das atividades desta.
36. CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012
O imóvel pertencente a partido político permanece imune ao IPTU, ainda quando alugado a terceiros, desde
que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais dessa entidade.
38. CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012
A imunidade tributária conferida pela CF a instituições de assistência social sem fins lucrativos somente
alcança as entidades fechadas de previdência social privada se houver contribuição dos beneficiários.
Imunidade Cultural
40. CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012
A imunidade tributária conferida aos livros, jornais, periódicos e papel destinado à sua impressão estende-
se aos serviços de composição gráfica necessários à composição do produto final.
44. CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013
Conforme jurisprudência do STF fundamentada no princípio da seletividade, operações e bens relacionados
à saúde são imunes a tributação.
45. CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012
A CF concede imunidade em relação ao ICMS apenas às operações que destinem ao exterior produtos
industrializados.
1. B 17. E 33. A
2. E 18. C 34. C
3. C 19. C 35. E
4. E 20. C 36. C
5. E 21. C 37. E
6. C 22. C 38. E
7. E 23. E 39. E
8. E 24. E 40. E
9. E 25. E 41. C
10. E 26. A 42. E
11. E 27. C 43. E
12. E 28. E 44. E
13. C 29. E 45. E
14. C 30. E
15. C 31. E
16. E 32. C
• A imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias instituídas pela legislação tributária. As
obrigações acessórias são condutas impostas ao contribuinte, que não possuem caráter pecuniário,
criando obrigações de “fazer” ou “deixar de fazer” algo no interesse da arrecadação e fiscalização.
• A não incidência tributária pode ocorrer de formas distintas, a saber: a pessoa política não faz uso da
competência tributária que lhe foi conferida; a pessoa política não possui competência tributária para
determinar certas situações fáticas como hipótese de incidência; e a pessoa política é impedir de tributar
determinado fato pela própria CF/88. Neste último caso, temos a imunidade tributária.
• A isenção, por outro lado, decorre do exercício da competência tributária. Trata-se de situação que, a
princípio seria tributada, mas que, por decorrência de lei específica do ente competente para instituir o
tributo, se torna isenta.
Imunidade Recíproca
• A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, a, da CF/88, veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros. Tal imunidade
existe com o intuito de proteger a autonomia financeira dos entes federados e, consequentemente, o
pacto federativo.
• No que se refere aos tributos indiretos, o entendimento do STF é o de que a imunidade recíproca aplica-
se apenas quando a entidade imune se encontra na situação de contribuinte de direito.
• Vale destacar que, por decorrência de previsão na própria CF/88, a imunidade recíproca é extensiva às
autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à
renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
• Outro aspecto importante sobre a imunidade recíproca é que não se aplica a ao patrimônio, à renda e
aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a
empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo
usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem
imóvel.
• Apresentamos a seguir um breve esquema sobre a imunidade recíproca:
Patrimônio Extensiva a
IMUNIDADE
Impostos Renda autarquias e
RECÍRPOCA
Serviços fundações públicas
Imunidade Religiosa
• A denominada imunidade religiosa, prevista no art. 150, VI, “b”, da CF/88, veda que todos os entes
federativos cobrem impostos sobre os templos de qualquer culto. Levando em consideração o disposto
no art. 5°, VI, da CF/88, podemos dizer que a liberdade de culto é um direito individual, o que faz com
que a imunidade ora analisada se configure uma cláusula pétrea.
• De acordo com o art. 150, § 4º, da CF/88, a referida imunidade compreende somente o patrimônio, a
renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades religiosas.
• Apresentamos a seguir um breve esquema sobre a imunidade religiosa:
RECURSOS
GERADOS
• De acordo com o art. 150, VI, c, da CF/88, é vedado a todos os entes políticos cobrar impostos sobre o
patrimônio, a renda e os serviços dos partidos políticos e suas fundações, dos sindicatos de
trabalhadores e das instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei.
• Apresentamos a seguir um breve esquema sobre tal imunidade:
IMUNIDADE Art.
150, VI, “c”
Partidos Políticos
Impostos
Sindicato Trab.
Patrimônio/Renda/
Serviços
Inst. Educacionais
Abrange
IOF
Inst. Assistenciais
Imunidade Cultural
• A imunidade cultural, prevista no art. 150, VI, “d”, da CF/88, estabelece que é vedado a todos os entes
federados instituírem impostos sobre os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua
impressão. Trata-se de imunidade objetiva, alcançando apenas o objeto imune, e não a pessoa que
o produz ou comercializa.
• Apresentamos a seguir um breve esquema sobre a imunidade religiosa:
• A imunidade em favor da produção musical brasileira, contida no art. 150, VI, “e”, da CF/88, estabelece
que é vedado a todos os entes federativos instituir impostos (e não tributos, como as bancas adoram
cobrar) sobre fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou
literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como
os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham.
• Acerca dessa imunidade tributária, você deve saber o seguinte:
o Os fonogramas e videofonogramas devem ser produzidos no Brasil;
o As obras não precisam ser dos autores brasileiros. Entretanto, devem ser, no mínimo,
interpretadas por artistas brasileiros;
o Abrange os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham;
o A etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser não está imune.
• São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (a) o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (b) a obtenção de
certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal (art. 5°, XXXIV);
• Ação popular, salvo comprovada má-fé, é isento (imune) de custas judiciais, as quais são consideradas
taxas pelo STF (art. 5°, LXXIII);
• São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento e a
certidão de óbito (art.5°, LXXVI);
• São gratuitas as ações de “habeas-corpus” e “habeas-data”, e, na forma da lei, os atos necessários ao
exercício da cidadania (art. 5°, LXXVII);
• As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não incidirão sobre as receitas
decorrentes de exportação (art. 149, §2°, I);
• O IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior (art. 153, §3°, III);
• O ITR não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que
não possua outro imóvel (art. 153, §3°, II);
• O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente
à incidência do IOF, sendo imune de qualquer outro tributo (art. 153, §5°);
• O ICMS não incidirá (art. 155, §2°, X):
• sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários
no exterior;
o sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis
líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
o nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e
imagens de recepção livre e gratuita;
o exceção do II, IE e ICMS nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia
elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País
(art. 155, §3°);
• O ITBI não incidirá sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica
em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação,
cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for
a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil (art. 156,
§2°,I);
• São isentas (imunes) de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de
imóveis desapropriados para fins de reforma agrária (art. 184, §5°);
• A contribuição previdenciária não incide sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
previdência social (art. 195, II);
• São isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência
social que atendam às exigências estabelecidas em lei (art. 195, §7°);
• A celebração do casamento é gratuita, portanto, imune a taxas (art. 226, § 1º).