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Autor:
Ricardo Torques
18 de Março de 2023
Sumário
1 - Introdução ................................................................................................................................................. 5
1 - Introdução ............................................................................................................................................... 29
2 - Preâmbulo ............................................................................................................................................... 30
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7 - Comitê ..................................................................................................................................................... 44
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes ................... 51
1 - Introdução ............................................................................................................................................... 51
5 - Extradição ............................................................................................................................................... 60
8 - Comitê ..................................................................................................................................................... 65
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Legislação Destacada....................................................................................................................................... 79
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes ............... 85
Resumo .............................................................................................................................................................. 89
Convenção contra a Tortura e outros Tratados ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes .................... 94
CESPE ........................................................................................................................................................ 98
Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher ............................. 106
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes ............. 108
Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial ....................... 114
Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher ............................. 116
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes ............. 117
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CONVENÇÕES ESPECÍFICAS
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje continuaremos com o assunto Sistema Global, agora ao tratar as convenções em espécie.
1 - Introdução
Em superação ao Absolutismo, aflorou, com a Revolução Francesa, em 1789, e com a Constituição dos EUA,
em 1776, a igualdade formal, segundo a qual todos são iguais na lei. Esses movimentos, imprescindíveis ao
desenvolvimento histórico, representaram a supremacia do Estado de Direito, que objetivou garantir os
direitos de liberdade negativa, que seriam aplicáveis a todos os homens, abstratamente considerados.
O princípio da igualdade, nesse período, é genérico, não considerando as pessoas em suas especificidades.
Contudo, percebeu-se que assegurar a igualdade formal não era suficiente para que as pessoas fossem
respeitadas mesmo com suas diferenças e particularidades.
Houve, assim, com a expansão dos Direitos Humanos, uma ampliação dos direitos de igualdade, de modo
que se passou a defender a necessidade de garantir não apenas a igualdade formal, mas também a igualdade
material (substancial), a igualdade perante a lei.
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A igualdade material pressupõe a individualização do sujeito. Vale dizer, consiste em considerar a pessoa
nas suas relações concretas, assimilando suas diferenças.
Assim, a igualdade (formal) considera a pessoa em abstrato, sem levar em conta o sexo, a cor e a classe
social. Pela igualdade em sentido material pugna-se por um aparato normativo especial, endereçado aos
grupos de pessoas vulneráveis na sociedade, como forma de reequilibrar tais desigualdades. Diante disso,
surgem regras protetivas às mulheres, às crianças, aos idosos e às vítimas de discriminação racial.
Nesse contexto, segundo a doutrina, o sistema que compreende a Declaração Internacional de Direitos
(International Bill os Rights), representa um conjunto de normas internacionais endereçadas a toda e
qualquer pessoa, genericamente concebida. Já os documentos específicos, a exemplo da Convenção
Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, constituem documentos
internacionais preocupados com a pessoa segundo suas diferenças e relações em concreto.
Assim:
A Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial foi assinada pelo
Brasil em março de 1966. Após aprovação pelo Congresso Nacional, foi depositada junto ao Secretário-Geral
da ONU em março de 1968, sendo promulgada internamente por intermédio do Decreto n° 65.810/1968.
1
PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos. 6ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2013, p. 292.
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Esse documento internacional possui como precedentes históricos, segundo ensinamentos de Flávia
Piovesan2:
O primeiro precedente indicou o ingresso de países vítimas de reiteradas discriminações no campo racial,
o que motivou a luta contra as violações de direitos humanos decorrentes. Os dois últimos eventos citados,
por sua vez, indicam uma retomada de força daqueles que perderam a guerra, gerando preocupação da
comunidade internacional, bem como a ocorrência de alguns atos nazistas novamente praticados no
continente europeu.
3 - Preâmbulo da Convenção
Além disso, destaca-se do preâmbulo que que, faticamente, são identificadas barreiras raciais e
manifestações de discriminação racial preocupantes que indicam a necessidade de adoção de medidas
capazes de eliminar a discriminação racial.
Leia:
2
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 13ª edição, rev.,
atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 261.
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Considerando que a Declaração Universal dos Direitos do Homem proclama que todos os
homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos e que todo homem tem todos os
direitos estabelecidos na mesma, sem distinção de qualquer espécie e principalmente de
raça, cor ou origem nacional,
Considerando todos os homens são iguais perante a lei e têm o direito à igual proteção
contra qualquer discriminação e contra qualquer incitamento à discriminação,
Considerando que a Declaração das Nações Unidas sobre eliminação de todas as formas de
Discriminação Racial, de 20 de novembro de 1963, (Resolução 1.904 ( XVIII) da Assembleia-
Geral), afirma solenemente a necessidade de eliminar rapidamente a discriminação racial
através do mundo em todas as suas formas e manifestações e de assegurar a
compreensão e o respeito à dignidade da pessoa humana,
Reafirmando que a discriminação entre os homens por motivos de raça, cor ou origem
étnica é um obstáculo a relações amistosas e pacíficas entre as nações e é capaz de
disturbar a paz e a segurança entre povos e a harmonia de pessoas vivendo lado a lado
até dentro de um mesmo Estado,
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Acordaram no seguinte:
Em forma de quadro:
O conceito de discriminação racial é apresentado no art. 1º, da Convenção, nos seguintes termos:
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toda distinção, exclusão, restrição ou preferência que tenha por objeto ou resultado
prejudicar ou anular o reconhecimento, o gozo ou o exercício em igualdade de condições,
dos direitos humanos e liberdades fundamentais, nos campos político, econômico, social,
cultural e civil ou em qualquer outro campo. Logo, a discriminação significa sempre
desigualdade.
A partir dos conceitos trazidos, devemos ficar atentos a alguns elementos que envolvem o conceito de
discriminação racial:
Ainda em relação ao art. 1º da Convenção, temos algumas informações importantes. Primeiro, leia com
atenção:
3. NADA nesta Convenção poderá ser interpretado como afetando as disposições legais
dos Estados Partes, relativas a nacionalidade, cidadania e naturalização, DESDE QUE tais
disposições não discriminem contra qualquer nacionalidade particular.
4. NÃO serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o único
objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou de
indivíduos que necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar a tais
grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades
fundamentais, contando que, tais medidas não conduzam, em consequência, à
3
PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos. 6ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2013, p.
293/4.
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manutenção de direitos separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após
terem sidos alcançados os seus objetivos.
Esses três itens trazem situações nas quais a diferenciação é admitida. São elas:
eventuais distinções, exclusões, restrições e preferências estabelecidas pelo Estado entre cidadão e
não-cidadãos.
disposições legais gerais dos Estados que disciplinem a nacionalidade, cidadania e naturalização (não
podem se referir a determinada etnia em específico); e
ações afirmativas estatais que objetivem proteção especial a indivíduos e grupos vulneráveis.
5 - Deveres do Estado
A questão da discriminação racial, por envolver a necessidade da prestação de serviços e medidas, requer
forte atuação o Estado, o que explica a explica o extenso rol de deveres criados na Convenção.
O art. 2º impõe ao Estado uma atuação ostensiva no combate a qualquer forma discriminatória. Num
primeiro momento, exige-se do Estado não haja de forma discriminatória. Ademais, não poderá o Estado
adotar práticas que encorajem ou incitem práticas discriminatórias pelo seu povo. Já em relação ao seu povo,
exige a Convenção que o Estado adote medidas eficazes para anular ou, ao menos, reduzir eventuais
discriminações, inclusive com a edição de leis proibitórias. Destaca-se, ainda, a possibilidade de o Estado
instituir favorecimentos e prerrogativas às organizações e movimentos multirraciais visando eliminar
eventuais barreiras raciais presentes na sociedade.
Enfim, extraímos do dispositivo abaixo citado diversas formas institucionalizadas para reduzir a
discriminação racial na sociedade. Vejamos o dispositivo:
Artigo II
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c) Cada Estado Parte deverá tomar as medidas eficazes, a fim de rever as politicas
governamentais nacionais e locais e para modificar, ab-rogar ou anular qualquer disposição
regulamentar que tenha como objetivo criar a discriminação ou perpetrá-la onde já existir;
d) Cada Estado Parte deverá, por todos os meios apropriados, inclusive se as circunstâncias
o exigirem, adotar as medidas legislativas, proibir e por fim, a discriminação racial
praticadas por pessoa, por grupo ou das organizações;
Artigo III
Artigo IV
a) a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difusão de ideias baseadas na superioridade
ou ódio raciais, qualquer incitamento à discriminação racial, assim como quaisquer atos
de violência ou provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer raça ou qualquer grupo
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de pessoas de outra cor ou de outra origem ética, como também qualquer assistência
prestada a atividades racistas, inclusive seu financiamento;
(SEDS - 2015) Acerca da constitucionalização dos direitos humanos, do Estatuto da Igualdade Racial, do
combate ao racismo, da constitucionalização dos direitos humanos, da proteção a minorias e a demais
grupos vulneráveis, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
Mulheres (CEDAW) e da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, do combate ao
racismo e da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue os itens
subsecutivos:
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial impõe expressamente ao
Estado-parte o dever de criminalizar o discurso do ódio racial e a participação em organizações racistas.
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial não prevê a atribuição do
Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial para receber e examinar
comunicações de indivíduos ou grupos de indivíduos sob a jurisdição de Estado-parte, tendo essa previsão
nascido a partir de Protocolo Facultativo à Convenção.
Comentários
O primeiro item está correto. De acordo com o art. 4º, a, da Convenção Internacional sobre todas as Formas
de Discriminação Racial, o Estado-parte deve condenar todas as organizações que encorajem qualquer forma
de ódio racial e declarar tais atos puníveis como delitos.
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O segundo item, por sua vez, está incorreto. De acordo com o art. 14, §1: “Todo Estado Membro na presente
Convenção poderá declarar, a qualquer momento, que reconhece a competência do Comitê para receber e
examinar as comunicações enviadas por indivíduos ou grupos de indivíduos sob sua jurisdição, que
aleguem ser vítimas de violação, por um Estado Membro, de qualquer um dos direitos enunciados na presente
Convenção. O Comitê não receberá comunicação alguma relativa a um Estado Membro que não houver feito
declaração dessa natureza”.
.
Antes de seguir para o rol dos direitos albergados, confiramos os arts. 6º e 7º, que insistem na temática da
assuntos de responsabilidades pelos Estados-partes.
Artigo VI
Os Estados Partes assegurarão a qualquer pessoa que estiver sob sua jurisdição, proteção
e recursos efetivos perante os tribunais nacionais e outros órgãos do Estado competentes,
contra quaisquer atos de discriminação racial que, contrariamente à presente Convenção,
violarem seus direitos individuais e suas liberdades fundamentais, assim como o direito de
pedir a esses tribunais uma satisfação ou repartição justa e adequada por qualquer dano
de que foi vitima em decorrência de tal discriminação.
do ensino o entendimento
da educação a tolerância
da informação
Artigo VII
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Sigamos!
6 - Direitos Albergados
O artigo V da Convenção, ao tratar dos direitos abrangidos, postula que o objetivo central é garantir a
igualdade em sentido material, destacando diversos direitos decorrentes da igualdade que devem ser
assegurados.
segundo, a proteção do Estado contra violência ou lesão corporal por razões discriminatórias.
A partir dessas premissas, temos um rol de direitos de primeira (direitos civis e políticos) e de segunda
(direitos sociais, econômicos e culturais) dimensões. Confira:
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o direito à herança;
o liberdade de pensamento, de consciência e de religião;
o liberdade de opinião e de expressão; e
o liberdade de reunião e de associação pacífica;
• direitos econômicos, sociais e culturais, destacando-se:
o direito ao trabalho;
o direito de fundar sindicatos e a eles se filiar;
o direito à habitação;
o direito à saúde pública, a tratamento médico, à previdência social e aos serviços sociais;
o direito à educação e à formação profissional;
o direito à igual participação das atividades culturais; e
o direito de acesso a todos os lugares e serviços destinados ao uso do público.
Artigo V
ii) direito de deixar qualquer pais, inclusive o seu, e de voltar a seu país;
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iv) direito à saúde pública, a tratamento médico, à previdência social e aos serviços sociais;
f) direito de acesso a todos os lugares e serviços destinados ao uso do público, tais como,
meios de transporte hotéis, restaurantes, cafés, espetáculos e parques.
Conforme leciona a doutrina, para a proteção das vítimas de discriminação racial devem ser assegurados
meios e condições para o exercício dos direitos civis e políticos, bem como dos direitos sociais, econômicos
e culturais em igualdade de condições com as demais pessoas.
(MPE-RR - 2017) A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial
dispõe que os Estados-partes se comprometam a garantir o direito de cada um à igualdade perante a lei,
prevendo expressamente os seguintes direitos, entre outros:
a) direito à habitação, direito à formação profissional e direito a emprego que garanta o sustento da família.
b) direito de casar-se e escolher o cônjuge e direito ao acesso a todo tipo de transporte público.
c) direito ao lazer, direito à habitação e direito de casar-se e escolher o cônjuge.
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O art. 8º trata da criação do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial. A finalidade desse Comitê é
garantir que as normas da Convenção sejam respeitadas. Para tanto, concentram todas as atividades
relacionadas aos mecanismos de fiscalização, conforme veremos adiante.
Artigo VIII
3. A primeira eleição será realizada seis meses após a data da entrada em vigor da presente
Convenção. Três meses pelo menos antes de cada eleição, o Secretário Geral das Nações
Unidas enviará uma Carta aos Estados Partes para convidá-los a apresentar suas
candidaturas no prazo de dois meses. O Secretário Geral elaborará uma lista por ordem
alfabética, de todos os candidatos assim nomeados com indicação dos Estados partes que
os nomearam, e a comunicará aos Estados Partes.
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma reunião dos Estados Partes
convocada pelo Secretário Geral das Nações Unidas. Nessa reunião, em que o quórum será
alcançado com dois terços dos Estados Partes, serão eleitos membros do Comitê, os
candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta de votos dos
representantes dos Estados Partes presentes e votantes.
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logo após a primeira eleição os nomes desses nove membros serão escolhidos, por sorteio,
pelo Presidente do Comitê.
b) Para preencher as vagas fortuitas, o Estado Parte, cujo perito deixou de exercer suas
funções de membro do Comitê, nomeará outro perito dentre seus nacionais, sob reserva
da aprovação do Comitê.
6. Os Estados Partes serão responsáveis pelas despesas dos membros do Comitê para o
período em que estes desempenharem funções no Comitê.
Sobre o Comitê:
Antes de iniciarmos a análise dos mecanismos de fiscalização, cumpre citar o art. 10, da Convenção, que trata
de algumas regras de organização:
Artigo X
8 - Mecanismos de Fiscalização
Assim, como a maioria dos tratados internacionais de direitos humanos, são três os mecanismos adotados:
relatórios, comunicações interestatais e petições individuais.
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8.1 - Relatórios
O mecanismo de relatórios está previsto no artigo 9º da Convenção, por meio do qual, a cada 2 anos, os
Estados-parte devem submeter, ao Comitê, relatórios acerca do cumprimento das disposições da
Convenção, bem como indicar as medidas (legislativas, judiciárias e administrativas) tomadas em defesa da
igualdade racial plena.
O Comitê irá avaliar esses relatórios, podendo solicitar informações complementares. A partir das
informações encaminhadas e do histórico dos relatórios anteriores, é possível ao Comitê elaborar um
relatório próprio relatando como, cada país membro da Convenção, tem observado e quais são os progressos
obtidos no que diz respeito à promoção dos direitos desse grupo vulnerável. É por isso que, no art. 9º, 1, há
previsão de que o Comitê elaborará relatório próprio sobre suas atividades e fará sugestões e
recomendações a partir dos relatórios encaminhados pelos Estados-partes.
Artigo IX
a) dentro do prazo de um ano a partir da entrada em vigor da Convenção, para cada Estado
interessado no que lhe diz respeito, e posteriormente, a cada DOIS ANOS, e toda vez que
o Comitê o solicitar. O Comitê poderá solicitar informações complementares aos Estados
Partes.
Não obstante, todo o procedimento das comunicações interestatais passa pela atuação do Comitê, conforme
veremos.
Assim, sempre que um Estado constar a violação das normas pelo outro, poderá “chamar atenção do
Comitê”, que transmitir a informação ao Estado comunicado.
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A partir daí, inicia-se prazo de 6 meses para que solução amistosa alcançada. Se a questão não for resolvida,
o Estado comunicante poderá novamente levar a matéria ao Comitê, caso em que deverá se certificar de
que os recursos internos passíveis de utilização pelo Estado comunicado se esgotaram. Em termos simples,
a intenção é se certificar de que o Estado comunicado não adotou providência, é moroso em adotar qualquer
providência ou adotou providencias não satisfatórias. Se isso ocorrer, o Comitê poderá analisar a questão
novamente.
Nesse caso, haverá a possibilidade de constituir uma Comissão de Conciliação “ad hoc”. Antes de analisar as
regras relativas a essa Comissão, vamos ler o art. 11 da Convenção:
Artigo XI
1. Se um Estado Parte Julgar que outro Estado igualmente Parte não aplica as disposições
da presente Convenção poderá chamar a atenção do Comitê sobre a questão. O Comitê
transmitirá, então, a comunicação ao Estado Parte interessado. Num prazo de TRÊS MESES,
o Estado destinatário submeterá ao Comitê as explicações ou declarações por escrito, a
fim de esclarecer a questão e indicar as medidas corretivas que por acaso tenham sido
tomadas pelo referido Estado.
4. Em qualquer questão que lhe for submetida, Comitê poderá solicitar aos Estados-Partes
presentes que lhe forneçam quaisquer informações complementares pertinentes.
5. Quando o Comitê examinar uma questão conforme o presente Artigo os Estados Partes
interessados terão o direito de nomear um representante que participará SEM direito de
voto dos trabalhos no Comitê durante todos os debates.
Essa Comissão de Conciliação é chamada de “ad hoc” porque é constituída especificamente para a
controvérsia estabelecida entre os países conflitantes. Não se trata de um órgão permanente, mas
constituído para solucionar o impasse amigavelmente.
A Comissão de Conciliação é formada por cinco membros, os quais serão escolhidos pelos Estados
conflitantes. Constituída, a Comissão efetuará estudos sobre a situação e exporá um relatório com
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conclusões e recomendações. Ato contínuo os Estados irão se manifestar informando se aceitam ou não as
recomendações.
Se ainda assim não houver uma solução, o Estado-parte poderá submeter a questão à Corte Internacional de
Justiça, conforme estabelece o art. 22 da Convenção.
Artigo XII
7. O Secretário Geral ficará autorizado a pagar, se for necessário, as despesas dos membros
da Comissão, antes que o reembolso seja efetuado pelos Estados Partes na controvérsia,
de conformidade com o parágrafo 6 do presente artigo.
Artigo XIII
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1. Após haver estudado a questão sob todos os seus aspectos, a Comissão preparará e
submeterá ao Presidente do Comitê um relatório com as conclusões sobre todas as
questões de fato relativas à controvérsia entre as partes e as recomendações que julgar
oportunas a fim de chegar a uma solução amistosa da controvérsia.
O último mecanismo de fiscalização da Convenção, previsto são, na dicção direta da norma internacional, as
comunicações de indivíduos sob sua jurisdição, conhecido como petições individuais.
Trata-se de mecanismos avançado de proteção aos direitos humanos, não obstante seja direcionado ao
Comitê. Lembre-se: no sistema global de direitos humanos, o peticionamento individual nunca será
direcionado à Corte Internacional de Justiça, mas ao Comitês e Comissões. A legitimidade para iniciar uma
ação internacional pelo descumprimento de normas internacionais de direitos humanos é da Comissão de
Direitos Humanos e dos Estados membros das Nações Unidas. Uma pessoa ou grupo de pessoas vítimas de
violações aos seus direitos humanos não podem instaurar ação de responsabilização internacional perante
a Corte Internacional de Justiça.
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Dito de outra forma se o Estado parte não aceitar tal mecanismos, não poderá ser utilizado contra ele. Além
disso, se o Estado estiver atuando no sentido de reparar a violação internamente, não será admitido o
peticionamento individual.
Artigo XIV
2. Qualquer Estado parte que fizer uma declaração de conformidade com o parágrafo do
presente artigo, poderá criar ou designar um órgão dentro de sua ordem jurídica nacional,
que terá competência para receber e examinar as petições de pessoas ou grupos de
pessoas sob sua jurisdição que alegarem ser vítimas de uma violação de qualquer um dos
direitos enunciados na presente Convenção e que esgotaram os outros recursos locais
disponíveis.
6. a) O Comitê levará, a título confidencial, qualquer comunicação que lhe tenha sido
endereçada, ao conhecimento do Estado Parte que, pretensamente houver violado
qualquer das disposições desta Convenção, mas a identidade da pessoa ou dos grupos de
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pessoas não poderá ser revelada sem o consentimento expresso da referida pessoa ou
grupos de pessoas. O Comitê NÃO receberá comunicações anônimas.
b) Nos TRÊS MESES seguintes, o referido Estado submeterá, por escrito ao Comitê, as
explicações ou recomendações que esclarecem a questão que por acaso houver
adotado.
9. O Comitê somente terá competência para exercer as funções previstas neste artigo se
pelo menos dez Estados Partes nesta Convenção estiverem obrigados por declarações
feitas de conformidade com o parágrafo deste artigo.
Vejamos, na sequência, os arts. 15 e 16, cuja leitura é o suficiente para fins de prova:
Artigo XV
1. Enquanto não forem atingidos os objetivos da resolução 1.514 (XV) da Assembleia Geral
de 14 de dezembro de 1960, relativa à Declaração sobro a concessão da independência dos
países e povos coloniais, as disposições da presente convenção não restringirão de maneira
alguma o direito de petição concedida aos povos por outros instrumentos internacionais
ou pela Organização das Nações Unidas e suas agências especializadas.
b) O Comitê receberá dos órgãos competentes da Organização das Nações Unidas cópia
dos relatórios sobre medidas de ordem legislativa judiciária, administrativa ou outra
diretamente relacionada com os princípios e objetivos da presente Convenção que as
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Artigo XVI
Na sequência, você se deparará com dispositivos de menor importância para concursos públicos. Contudo,
com intuito de lhes apresentar um material completo, citamos e destacamos pontos que, eventualmente,
podem ser cobrados em prova.
9 - Assinatura e ratificação
Artigo XVII
• membros da ONU;
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Artigo XVIII
Artigo XIX
1. Esta convenção entrará em vigor no trigésimo dia após a data do deposito junto ao
Secretário Geral das Nações Unidas do vigésimo sétimo instrumento de ratificação ou
adesão.
2. Para cada Estado que ratificar a presente Convenção ou a ele aderir após o depósito do
vigésimo sétimo instrumento de ratificação ou adesão esta Convenção entrará em vigor
no trigésimo dia após o depósito de seu instrumento de ratificação ou adesão.
Artigo XX
1. O Secretário Geral das Nações Unidas receberá e enviará, a todos os Estados que forem
ou vierem a torna-se partes desta Convenção, as reservas feitas pelos Estados no momento
da ratificação ou adesão. Qualquer Estado que objetar a essas reservas, deverá notificar ao
Secretário Geral dentro de noventa dias da data da referida comunicação, que não aceita.
2. Não será permitida uma reserva incompatível com o objeto e o escopo desta Convenção
nem uma reserva cujo efeito seria a de impedir o funcionamento de qualquer dos órgãos
previstos nesta Convenção. Uma reserva será considerada incompatível ou impeditiva se a
ela objetarem ao menos dois terços dos Estados partes nesta Convenção.
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento por uma notificação endereçada
com esse objetivo ao Secretário Geral. Tal notificação surgirá efeito na data de seu
recebimento.
Artigo XXI
Qualquer Estado parte poderá denunciar esta Convenção mediante notificação escrita
endereçada ao Secretário Geral da Organização das Nações Unidas. A denúncia surtirá
efeito UM ANO após data do recebimento da notificação pelo Secretário Geral.
Artigo XXII
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Artigo XXIII
Artigo XXIV
b) a data em que a presente Convenção entrar em vigor, de conformidade com o artigo 19;
Artigo XXV
1. Esta Convenção, cujos textos em chinês, espanhol, inglês e russo são igualmente
autênticos será depositada nos arquivos das Nações Unidas.
2. O Secretário Geral das Nações Unidas enviará cópias autenticadas desta Convenção a
todos os Estados pertencentes a qualquer uma das categorias mencionadas no parágrafo
1º do artigo 17.
Com isso, finalizamos os principais aspectos relativos à Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas
as Formas de Discriminação Racial.
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1 - Introdução
Adicionalmente, foi editado o Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, assinado no ano de 1999. O Brasil, signatário do Presente Protocolo,
aprovou internamente seu texto por meio do Decreto Legislativo nº 107/2002, que foi depositado
internacionalmente pelo Presidente da República e promulgado por meio do Decreto nº 4.316/2002.
A Convenção foi assinada por vários países, contudo, de acordo com a doutrina, é um dos documentos
internacionais contra o qual os países mais se opuseram. Tais reservas decorrem essencialmente em função
de argumentos de ordem religiosa, cultural ou legal, no qual se afirma que há imposição de uma visão de
igualdade em sociedade nas quais o tratamento da matéria é culturalmente desigual. Essa questão traz à
tona a discussão entre universalismo e relativismo dos direitos humanos.
O dispositivo abaixo, de acordo com a doutrina de Flávia Piovesan, é um dos mais contestados pela
comunidade internacional, sob o argumento de que constitui intervenção às peculiaridades culturais de cada
Estado. Novamente, volta-se à eterna discussão entre universalistas e relativistas. Em razão disso, esse
dispositivo foi um dos que mais sofreu reserva pelos países que ratificaram a presente Convenção.
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Em decorrência disso, a Convenção deve ser interpretada no sentido de que os parâmetros ali definidos
constituem um rol protetivo mínimo às mulheres, que historicamente apresentam-se vulneráveis. Contudo,
essa interpretação é sensível e envolve, além das imbricadas diferenças culturais e sociais, questões políticas.
Nesse sentido, o art. 23 expressamente prevê que se existirem normas internas dos Estados mais favoráveis
que as regras constantes da Convenção, deve-se aplicar as regras mais favoráveis. Esse dispositivo destaca
uma das características dos Direitos Humanos, qual seja a complementariedade, vale dizer, todos os
esforços, internos e internacionais, devem se somar para a completa proteção aos Direitos Humanos.
Artigo 23 - NADA do disposto nesta Convenção prejudicará qualquer disposição que seja
mais propícia à obtenção da igualdade entre homens e mulheres e que esteja contida:
a) na legislação de um Estado-parte; ou
2 - Preâmbulo
A parte introdutória da Convenção destaca as bases que levaram a comunidade internacional à assinatura
do documento. A igualdade entre homens e mulheres é a grande base principiológica da Convenção.
Ademais, há forte preocupação com a eliminação da discriminação em razão do gênero.
Vejamos o preâmbulo:
Considerando que a Carta das Nações Unidas reafirma a fé nos direitos humanos
fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do
homem e da mulher,
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dignidade e direitos e que toda pessoa pode invocar todos os direitos e liberdades
proclamados nessa Declaração, sem distinção alguma, inclusive de sexo,
Preocupados, contudo, com o fato de que, apesar destes diversos instrumentos, a mulher
continue sendo objeto de grandes discriminações,
Preocupados com o fato de que, em situações de pobreza, a mulher tem um acesso mínimo
à alimentação, à saúde, à educação, à capacitação e às oportunidades de emprego, assim
como à satisfação de outras necessidades,
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Reconhecendo que para alcançar a plena igualdade entre o homem e a mulher é necessário
modificar o papel tradicional tanto do homem, como da mulher na sociedade e na família,
Concordam no seguinte:
Em relação ao conteúdo da Convenção, inicialmente, cumpre expor o conceito de discriminação social, que
é trazido pelo artigo 1º, da Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher, segundo a qual
O elemento fundamental para configuração da discriminação contra a mulher envolve a prática de atos que
distinga, exclua ou restrinja o exercício de direitos da mulher em razão do sexo.
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4 - Deveres do Estado
A Convenção que ora estudamos, ela se volta para a proteção de uma discriminação específica, a
discriminação contra a mulher. Isso decorre, como vimos acima, em razão da inferioridade fática da mulher
na sociedade. A forma corretiva encontrada é a adoção de tratamento diferenciado. A forma de estabelecer
essa proteção diferenciada à mulher envolve, necessariamente, a atuação estatal. Em face disso, nota-se da
leitura do texto, várias passagens atribuindo responsabilidades aos Estados-partes.
c) estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mulher em uma base de igualdade com
os do homem e garantir, por meio dos tribunais nacionais competentes e de outras
instituições públicas, a proteção efetiva da mulher contra todo ato de discriminação;
De início, nota-se o dever de o Estado-parte prever na sua Constituição o princípio da igualdade entre
homens e mulheres, o que é observado pela nossa Constituição no art. 5º, I.
A previsão constitucional não suficiente, a partir dela é necessário que o Estado adote medidas
sancionatórias de práticas discriminatórias, proteção jurídica diferenciada às mulheres, além de o Estado,
ele próprio, não atuar de forma discriminatória.
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PRINCIPAIS OBRIGAÇÕES
• garantia da igualdade entre homens e mulheres no texto constitucional;
• adoção de medidas punitivas que proíbam qualquer forma de discriminação contra a
mulher;
• proteção jurídica efetiva contra todo ato discriminatório à mulher;
• dever de abstenção de incorrer em discriminação, seja por meio de atos ou por leis;
• dever de revogar legislações discriminatórias às mulheres; e
• dever de adoção de ações afirmativas visando à igualdade em sentido material.
Novamente a Convenção deixa claro que aos Estados-parte não deverão apenas assegurar a igualdade formal
entre homens e mulheres, mas deverão instituir políticas públicas consistente em ações afirmativas,
objetivando a igualdade real entre os sexos, em razão quadro histórico de discriminação contra as mulheres.
Destaca-se, ainda em relação ao art. 4º, que haverá proteção à maternidade, vedando-se a prática de atos
discriminatórios. Essa regra é importante, pois em um primeiro momento tutela direitos da mulher –
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vulnerável – encontra-se em situação de maior vulnerabilidade, pela gravidez. Por decorrência, há tutela do
direito do concepturo, daquele que irá nascer.
Portanto, conforme leciona Flávia Piovesan: combina-se a proibição da discriminação com políticas
compensatórias. Alia-se à vertente repressivo-punitiva a vertente positivo-promocional4. Nesse contexto, a
autora relata que a Convenção impõe a obrigação de assegurar que as mulheres tenham uma igualdade
formal perante a lei e reconhece que medidas temporárias de ação afirmativa são necessárias, em muitos
casos, para que as garantias de igualdade formal se transformem em realidade.
Em síntese, temos:
sancionando a
repressivo-punitiva discriminação contra
a mulher
VERTENTES DE
ATUAÇÃO NA CEDAW
prevendo políticas
públicas e ações
promocional
afirmativas aplicáveis
ao grupo vulnerável
5 - Direitos Albergados
Na segunda parte da Convenção, passamos a estudar os direitos albergados. Inicialmente, vamos sintetizá-
los:
4
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 13ª edição, rev. e
atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 269/271.
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Historicamente a mulher foi excluída do processo político, seja para escolher os representantes do Estado,
seja para assunção a cargos políticos.
A ideia de cidadania remonta à Revolução Francesa, que excluía mulheres, pobres e crianças. Assim, as
mulheres foram consideradas seres sem capacidade de intervir nas questões públicas. Os argumentos
utilizados fundamentavam-se em visões estereotipadas das mulheres, em especial em razão da sua natureza
biológica.
A Convenção que estamos estudando se propõe a superar essa realidade. Para tanto, assegura, nos termos
do artigo 7º, o dever de os Estados-parte garantirem não apenas a possibilidade de voto das mulheres, mas
também a capacidade eleitoral passiva, ou seja, o direito de ser votado. Além disso, prevê a garantia de que
as mulheres poderão participar da formulação de políticas públicas, bem como de organizações e associações
que se envolvam com as questões políticas e públicas do nosso país.
DIREITOS POLÍTICOS
• capacidade eleitoral ativa (direito de votar);
• capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado);
• participação na formulação de políticas públicas; e
• participação em organizações e associações que se ocupem de questões públicas e
políticas.
Confira:
a) votar em todas as eleições e referendos públicos e ser elegível para todos os órgãos
cujos membros sejam objeto de eleições públicas;
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Outro direito importante, que consta do rol da Convenção, refere-se aos direitos de nacionalidade, que estão
prescritos no artigo 9º. Assim, às mulheres foi assegurado a igualdade de direitos no que tange à aquisição,
à mudança ou à conservação de sua nacionalidade em relação ao homem.
a mudança de nacionalidade;
a adoção necessária da nacionalidade do cônjuge; ou
a condição de apátrida.
Em síntese:
DIREITOS DE NACIONALIDADE
• Assegura-se a igualdade em relação aos homens para as regras de aquisição, de
mudança e de alteração da nacionalidade; e
• O casamento com pessoa estrangeira não implica a mudança de nacionalidade, a adoção
da nacionalidade do cônjuge ou a condição de apátrida.
Veja:
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O art. 10 trata dos direitos à educação e instrução que devem ser praticados em igualdade de condições
entre homens em mulheres, abrangendo todos os aspectos que envolvem o ensino, a exemplo de igualdade
de bolsas e subvenções, mesmas condições de ensino, participação efetiva em esportes, etc.
b) acesso aos mesmos currículos e mesmos exames, pessoal docente do mesmo nível
profissional, instalações e material escolar da mesma qualidade;
h) acesso a material informativo específico que contribua para assegurar a saúde e o bem-
estar da família, incluída a informação e o assessoramento sobre o planejamento da
família.
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Os direitos trabalhistas vêm dispostos no artigo 11, da Convenção, sobre a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher.
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Pela primeira vertente, percebe-se que os convencionados asseguram igualdade de tratamento entre
homens e mulheres, imputando ao estado o dever de assegurar e de garantir iguais condições de trabalho,
mesmas oportunidades de emprego, liberdade de escolha da profissão, de modo que não se justifica o
exercício de determinadas profissões exclusivamente por pessoas do sexo masculino.
Além disso, o texto da convenção prevê o salário equitativo entre homens e mulheres, o direito à seguridade
social e a extensão da proteção de saúde e segurança no trabalho.
Pela segunda vertente, a Convenção dispõe regras protetivas da maternidade e da mulher enquanto
gestante. Em razão disso, veda-se a demissão justificada na gravidez, orienta a implantação de licença-
maternidade e a necessidade de proteção especial às mulheres durante o período de gravidez. Por fim,
pugna-se por fornecimento de serviços sociais de apoio para permitir que os pais combinem o trabalho
com a criação dos filhos.
Em suma:
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DIREITO DO TRABALHO
Em relação ao direito à saúde a Convenção é bastante direta ao buscar a eliminação da discriminação contra
a mulher em relação aos cuidados médicos e também pela previsão de proteção à mulher na gestação.
Agregamos dentro desse tópico intitulado “direito genéricos”, outros trazidos de forma objetiva e direta pela
Convenção. Veremos, portanto, as regras do art. 13 e 14.
O art. 13 ressalta alguns direitos que tradicionalmente foram sempre assegurados aos homens, contudo,
nem sempre garantidos às mulheres.
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Atento à realidade específica de regiões rurais, a Convenção propugna pela defesa dos direitos das mulheres,
especialmente contra discriminação no âmbito rural que, tradicionalmente, é mais arraigado no que
contexto urbano.
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O artigo 15 consagra a igualdade em sentido material entre homens e mulheres, que deverá ser observada
nas relações privadas. Para tanto, a mulher assim como o homem devem concorrer com as mesmas
condições para possuírem a capacidade de exercício, que, no Brasil, é atingida em regras aos 18 anos de
idade.
Novamente é perceptível o tom adotado pela Convenção, no sentido de suprimir da sociedade algumas
nações falsas acerca da mulher. Garante-se, assim, o direito de contrair matrimônio livremente, iguais
direitos e responsabilidades no casamento e, inclusive, igualdade de tratamento em relação aos bens
adquiridos na constância do casamento.
Notem que a Convenção data de 1979, contudo, durante anos e, ainda hoje, tais direitos são estranhos em
determinadas comunidades e, inclusive, em nosso país em determinadas contextos sociais.
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d) os mesmos direitos e responsabilidades como pais, qualquer que seja seu estado civil,
em matérias pertinentes aos filhos. Em todos os casos, os interesses dos filhos serão a
consideração primordial;
2. Os esponsais e o casamento de uma criança não terão efeito legal e todas as medidas
necessárias, inclusive as de caráter legislativo, serão adotadas para estabelecer uma idade
mínima para o casamento e para tornar obrigatória a inscrição de casamentos em registro
oficial.
7 - Comitê
A Convenção prevê, no artigo 17, o Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, que será
composto por 23 peritos, indicados e eleitos em votação secreta pelos Estados-parte, para um mandato de
4 anos.
Ademais, de acordo com o texto da convenção, os peritos exercerão suas funções a título pessoal, não
atuando, portanto, como representantes do Estado do qual é nacional.
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2. Os membros do Comitê serão eleitos em votação secreta dentre uma lista de pessoas
indicadas pelos Estados-partes. Cada Estado-parte pode indicar uma pessoa dentre os seus
nacionais.
3. A primeira eleição se realizará seis meses após a data da entrada em vigor da presente
Convenção. Ao menos três meses antes da data de cada eleição, o Secretário Geral da
Organização das Nações Unidas enviará uma carta aos Estados-partes para convidá-los a
apresentar suas candidaturas no prazo de dois meses. O Secretário Geral da Organização
das Nações Unidas organizará uma lista, por ordem alfabética, de todos os candidatos
assim designados, com indicações dos Estados-partes que os tiverem designado, e a
comunicará aos Estados-partes.
7. Para preencher as vagas fortuitas, o Estado-parte cujo perito tenha deixado de exercer
suas funções de membro do Comitê nomeará outro perito entre seus nacionais, sob reserva
da aprovação do Comitê.
O artigo acima disciplina as atividades do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher,
estabelecendo que será composto por 23 peritos, que atuarão a título próprio, sendo indicados e escolhidos
pelos Estados-parte para um mandato de 4 anos.
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8 - Mecanismos de Fiscalização
No que tange aos mecanismos de fiscalização, a Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher prevê tão somente o mecanismo de relatórios, que está disciplinado no artigo
18, da Convenção, os quais deverão ser encaminhados a cada 4 anos e sempre que o Comitê solicitar.
Confira:
b) posteriormente, pelo menos a cada quatro anos e toda vez que o Comitê vier a solicitar.
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Além desse mecanismo originário, o Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de todas as
Formas de Discriminação contra a Mulher trouxe outros dois mecanismos de fiscalização: petições
individuais e investigações in loco.
Por intermédio das petições individuais, as vítimas de violações atinentes aos direitos assegurados na
Convenção poderão iniciar procedimento junto ao Comitê.
O Protocolo Facultativo estabelece dois requisitos (artigo 3º) para o processamento da petição:
Além disso, o artigo 3º, 2, do Protocolo, estabelece algumas hipóteses em que será considerada inadmissível
a petição inicial:
Quando o assunto da petição já tiver sido examinado ou estiver em exame em outro organismo
internacional;
Ademais, se necessário, o Comitê poderá adotar as denominadas medidas acautelatórias, a fim de evitar
danos irreparáveis aos direitos da vítima de violação, nos termos do artigo 5º.
No que tange ao procedimento, a Convenção prevê que, após o recebimento, o Estado-parte supostamente
violador será comunicado para se manifestar no prazo de 6 meses. Após, o Comitê transmitirá sua opinião
e, se necessário, fará recomendações, possibilitando ao Estado-parte violador apresentar, nos 6 meses
subsequentes, informações sobre as ações realizadas, as quais constarão do relatório anual do Comitê.
Por fim, o Protocolo Facultativo prevê a possibilidade de recurso às investigações “in loco” nos casos de
graves ou sistemáticas violações de direitos humanos, por meio do qual o Comitê, após receber autorização
do Estado a ser investigado, enviará membro para conduzir a investigação a respeito das violações
denunciadas. Após conclusão das investigações, o Comitê apresentará suas observações e recomendações,
que deverão ser respondidas e esclarecidas pelo Estado-parte no prazo de 6 meses.
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RELATÓRIOS
• Previstos originariamente no texto da Convenção.
• Os Estado-parte deverão, a cada 4 anos e sempre que solicitado pelo Comitê, enviar relatório
apresentando as medidas de promoção dos direitos assegurados no Pacto.
PETIÇÕES INDIVIDUAIS
• Previstas no Protocolo Facultativo.
• Instrumento pelo qual a vítima de direitos humanos aciona o Comitê para análise e processamento
do Estado violador.
INVESTIGAÇÕES IN LOCO
• Previstas no Protocolo Facultativo.
• Em caso de grave ou sistemáticas violações de Direitos Humanos, é possível ao Comitê, após
autorização do Estado-parte, enviar pessoa para investigar in loco a violação denunciada.
(SEDF - 2015) Acerca da constitucionalização dos direitos humanos, do Estatuto da Igualdade Racial, do
combate ao racismo, da constitucionalização dos direitos humanos, da proteção a minorias e a demais
grupos vulneráveis, julgue os itens seguintes.
Quando se refere a casamento, a CEDAW não se limita à união entre homem e mulher, fazendo menção a
outras entidades familiares, como a união homoafetiva entre mulheres.
A CEDAW veda a adoção de medidas especiais de caráter temporário, a exemplo das ações afirmativas, por
taxá-las de discriminação reversa.
O Protocolo Facultativo à CEDAW, que foi ratificado pelo Brasil, permite que indivíduos que se encontrem
sob a jurisdição brasileira apresentem reclamações, fundadas em graves ou sistemáticas violações da
Convenção, diretamente ao Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
Mulheres.
Comentários
O primeiro item está equivocado, pois não há tal referência no texto da Convenção.
O segundo item também está incorreto, pois ao contrário do afirmado, as ações afirmativas, em caráter
temporário são colocadas como um dever do Estado-parte. Cite-se, a título ilustrativo, a regra que consta do
art. 3º.
O terceiro item está correto. Há a enunciação apenas do mecanismo de relatórios. Desse modo, coube ao
Protocolo Facultativo a ampliação dos mecanismos de fiscalização da Convenção, ao prever as petições
individuais e as investigações in loco.
Para complementar, citamos os arts. 1º e 2º, do Protocolo Facultativo da CEDAW.
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“Artigo 1
Cada Estado Parte do presente Protocolo (doravante denominado "Estado Parte") reconhece a competência
do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher (doravante denominado “o Comitê") para
receber e considerar comunicações apresentadas de acordo com o Artigo 2 deste Protocolo.
Artigo 2
As comunicações podem ser apresentadas por indivíduos ou grupos de indivíduos, que se encontrem sob a
jurisdição do Estado Parte e aleguem ser vítimas de violação de quaisquer dos direitos estabelecidos na
Convenção por aquele Estado Parte, ou em nome desses indivíduos ou grupos de indivíduos. Sempre que for
apresentada em nome de indivíduos ou grupos de indivíduos, a comunicação deverá contar com seu
consentimento, a menos que o autor possa justificar estar agindo em nome deles sem o seu consentimento”.
O art. 23 expressamente prevê que se houverem normas internas dos Estados mais favoráveis que as regras
constantes da Convenção, deve-se aplicar as regras mais favoráveis.
Artigo 23 - NADA do disposto nesta Convenção prejudicará qualquer disposição que seja
mais propícia à obtenção da igualdade entre homens e mulheres e que esteja contida:
a) na legislação de um Estado-parte; ou
10 - Dispositivos finais
Os dispositivos finais da Convenção são de menor importância, contudo, uma leitura atenta sempre é
recomendada.
2. O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas fica designado depositário desta
Convenção.
4. Esta Convenção está aberta à adesão de todos os Estados. Far-se-á a adesão mediante
depósito do instrumento de adesão junto ao Secretário Geral das Nações Unidas.
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2. A Assembleia Geral das Nações Unidas decidirá sobre as medidas a serem tomadas, se
for o caso, com respeito a esse pedido.
2. Para os Estados que vierem a ratificar a presente Convenção ou a ela aderir após o
depósito do vigésimo instrumento de ratificação ou adesão, a Convenção entrará em vigor
no trigésimo dia a contar da data em que o Estado em questão houver depositado seu
instrumento de ratificação ou adesão.
Artigo 28 - 1. O Secretário Geral das Nações Unidas receberá e enviará a todos os Estados
o texto das reservas feitas pelos Estados no momento da ratificação ou adesão.
2. Não será permitido uma reserva incompatível com o objeto e o propósito desta
Convenção.
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento por uma notificação endereçada
com esse objetivo ao Secretário Geral das Nações Unidas, que informará a todos os Estados
a respeito. A notificação surtirá efeito na data de seu recebimento.
Artigo 30 - A presente Convenção, cujos textos em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês
e russo são igualmente autênticos, será depositada junto ao Secretário Geral das Nações
Unidas.
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1 - Introdução
A Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes – primeiro
documento internacional do Sistema Global Específico – é um dos principais diplomas de proteção aos
Direitos Humanos. Adotada pela Resolução nº 1984, pela Assembleia da ONU, foi ratificada pelo Brasil em
1989.
Dentre as diversas formas de violação dos direitos humanos, a tortura é a que mais causa aversão à
comunidade internacional.
Historicamente, vários são os pensadores antigos que refletiram acerca da impossibilidade do crime de
tortura. No Digesto de Justiniano, no século VI, questionava-se a respeito da credibilidade de informações
obtidas mediante tortura. No Século XVIII, Cesare Beccaria lecionou: “a tortura não é condenável apenas
porque é desumana, mas porque é ineficiente e estúpida”5. Já no século XVIII e XIX, a tortura foi abolida dos
códigos penais europeus.
5
ALVES, José Augusto Lindgren. A Arquitetura Internacional dos Direitos Humanos. São Paulo:
Editora FTD, 1997, p. 135.
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2 - Preâmbulo da Convenção
A primeira é a referência aos diversos diplomas internacionais já existentes que pesam na adoção da
Convenção contra a Tortura. Conforme se destaca desse texto introdutório, a Carta das Nações Unidas e a
Carta Internacional de Direitos (DUDH, PIDCP e PIDSEC) já trazer clara orientação no sentido de que a prática
da tortura, do tratamento cruel desumano e degradante são vedados.
A segunda referência é o desejo da comunidade internacional em criar meios mais eficazes para lutar contra
essa mazela, ainda faticamente presente em alguns locais.
Importante mencionar nessa parte introdutório do estudo da Convenção que há forte preocupação em vedar
totalmente a prática da tortura. Isso é perceptível desde o preâmbulo, passando, por exemplo, pelo arts. 2º,
itens 2 e 3. É partir dessa redação reiterada de garantia de que as pessoas não serão submetidas a prática de
tortura, que a doutrina especializada menciona que essa garantia humana é absoluta. Vale dizer, não há
possibilidade alguma na qual a pessoa possa ser submetida à tortura.
Tendo em consideração o artigo 5.º da Declaração Universal dos Direitos do Homem (2) e
o artigo 7.º do Pacto Internacional Relativo aos Direitos Civis e Políticos (3), que preconizam
que ninguém deverá ser submetido a tortura ou a penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes;
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Acordaram no seguinte:
Sigamos!
A Convenção se presta a evitar todas as condutas que impliquem tortura e tratamentos cruéis, desumanos
ou degradantes. Resta, portanto, saber o conceito de cada um deles.
O artigo 1º, 1, da Convenção, define amplamente o que se entende por tortura, nos seguintes termos:
1. Para os fins da presente Convenção, o termo tortura significa qualquer ato por meio do
qual uma dor ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são intencionalmente causados
a uma pessoa com os fins de, nomeadamente, obter dela ou de uma terceira pessoa
informações ou confissões, a punir por um ato que ela ou uma terceira pessoa cometeu
ou se suspeita que tenha cometido, intimidar ou pressionar essa ou uma terceira pessoa,
ou por qualquer outro motivo baseado numa forma de discriminação, desde que essa dor
ou esses sofrimentos sejam infligidos por um agente público ou qualquer outra pessoa
agindo a título oficial, a sua instigação ou com o seu consentimento expresso ou tácito.
Este termo NÃO compreende a dor ou os sofrimentos resultantes unicamente de sanções
legítimas, inerentes a essas sanções ou por elas ocasionados.
No que diz respeito a esse primeiro elemento, destaque-se que apenas condutas dolosas, intencionais
são consideradas. Não são incluídos no conceito de tortura, a inflição de dor ou sofrimento de forma
culposa.
6
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, p. 277.
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Ainda do conceito acima, devemos ficar atentos a parte final, que excepciona a dor ou sofrimento resultante
de sanções legítimas, impostas em razão do cometimento de crimes.
A tortura é um ato considerado crime contra a ordem internacional na medida em que revela a perversidade
dos atos estatais em praticar atos atentatórios à dignidade da pessoa.
O tema é tão sensível que a doutrina internacional majoritária, a exemplo de Norberto Bobbio, defende que
a vedação à tortura é um direito humano absoluto, que não pode ser relativizado, nem mesmo em caso de
guerra ou de instabilidade interna. A vedação à tortura constitui, portanto, conforme estudamos nas aulas
iniciais, uma exceção à característica à relatividade dos direitos humanos.
Tratamento cruel ou desumano abrange atos que intensificam desnecessariamente o sofrimento da vítima
em razão de atos brutais para além do normal do agente. Já por tratamento degradante compreendem-se
os atos praticados com o intuito de diminuir, de humilhar a pessoa.
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De acordo com o art. 16 da Convenção todas essas condutas, para assim serem consideradas para fins do
nosso estudo, devem estar vinculadas ao Estado, ainda que indiretamente. Confira:
Artigo 16.º
Não obstante a distinção trazida acima, os termos “desumano, cruel e degradante” são sinônimos em provas
de concurso público.
4 - Medidas estatais
A prática dessas ações de tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante possuem, como vimos acima,
vinculação com o Estado, com agentes estatais, ainda que indiretamente.
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Diante disso, o cumprimento da norma internacional requer adoção de uma série de medidas pelos Estados-
partes, tal como se observa do dispositivo abaixo:
Artigo 2.º
Assim:
CUMPRE AO ESTADO-
PARTE ADOTAR:
medidas
medidas legislativas medidas judiciais
administrativas
Ainda, em decorrência dos itens 2 e 3 desse dispositivo, que a doutrina especializada afirma que a vedação
à tortura constitui direito humano absoluto, em exceção à característica da relatividade dos direitos
humanos. Nesse sentido, já tivemos questões de prova:
(DPE-PE - 2015) Com relação aos tratados internacionais de proteção aos direitos humanos, julgue o
próximo item.
A tortura é um crime que viola o direito internacional, porém, em circunstâncias excepcionais, como em
casos de segurança nacional, se comprovada grave ameaça à segurança pública, pode ser exercida com
limites.
Comentários
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A assertiva está incorreta. A tortura é proibida em qualquer caso e em toda situação. Não há situações
excepcionais nas quais a tortura é admissível. A vedação à tortura pode, inclusive, ser considerada como o
único direito humano absoluto, na medida em que não aceita violação.
No contexto das medidas legislativas, o art. 4º estabelece o dever de os Estados tipificarem criminalmente a
conduta de torturar. Não apenas a prática da tortura é crime, mas a tentativa, a cumplicidade ou a
participação devem ser tipificados. Evidentemente que nas hipóteses de tentativa, cumplicidade e
participação a responsabilidade deve ser proporcional à gravide de tais conduta. Mesma pena não poderá
ser imposta à aquele que diretamente torturou e àquele que teve participação nos fatos.
Veja:
Artigo 4.º
Assim:
Para encerrar, vejamos alguns outros dispositivos da Convenção que listam medidas a serem adotadas pelos
Estados-partes.
Outra importante previsão no texto da Convenção diz respeito ao compromisso que os Estados-parte
assumem de incorporar o ensino e de informar sobre a proibição da tortura, às pessoas que executam
atividades na área de segurança pública, a exemplo de policiais, de agentes penitenciários e de
investigadores.
Artigo 10.º
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2. Os Estados partes deverão incluir esta proibição nas normas ou instruções emitidas
relativamente às obrigações e atribuições das pessoas referidas no n.º 1.
O artigo 11 a 13 da Convenção tratam do dever de investigação do Estado quando houver suspeitas internas
da prática de tortura.
Confira:
Artigo 11.º
Artigo 12.º
Os Estados partes deverão garantir às pessoas que aleguem ter sido submetidas a tortura
em qualquer território sob a sua jurisdição o direito de apresentar queixa perante as
autoridades competentes desses Estados, que procederão de imediato ao exame
rigoroso do caso. Deverão ser tomadas medidas para assegurar a proteção do queixoso e
das testemunhas contra maus tratos ou intimidações em virtude da apresentação da
queixa ou da prestação de declarações.
O art. 14 disciplina o dever de o Estado criar um aparato jurídico para garantir à vítima reparação e
indenização adequados, bem como meios para reabilitação.
Assim:
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Além disso, essa indenização específica para aqueles que sofrem a tortura não se confunde com a
indenização civil usual prevista na legislação interna por atos ou omissões estatais.
Artigo 14.º
1. Os Estados partes deverão providenciar para que o seu sistema jurídico garanta à vítima
de um ato de tortura o direito de obter uma reparação e de ser indenizada em termos
adequados, incluindo os meios necessários à sua completa reabilitação. Em caso de morte
da vítima como consequência de um ato de tortura, a indemnização reverterá a favor dos
seus herdeiros.
2. O presente artigo NÃO exclui qualquer direito a indenização que a vítima ou outra
pessoa possam ter por força das leis nacionais.
O dispositivo acima prevê o dever de indenizar a pessoa (ou familiares) que sofreu violação aos direitos
humanos, que não se confunde com as indenizações garantidas pelas legislações internas
vigilância sistemática
rigoroso inquérito
O art. 15, por sua vez, contém regra relevante: a vedação à utilização de provas obtidas por intermédio de
tortura. Trata-se de prova ilícita que não poderá ser utilizada no bojo de um processo judicial.
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Essa prova poderá ser utilizada tão somente contra a pessoa acusada da prática de tortura para provar que
a declaração foi feita. Ou seja, a vítima poderá utilizá-la para provar a autoria dos atos de tortura.
Confira:
Artigo 15.º
Os Estados partes deverão providenciar para que qualquer declaração que se prove ter
sido obtida pela tortura não possa ser invocada como elemento de prova num processo,
SALVO se for utilizada contra a pessoa acusada da prática de tortura para provar que a
declaração foi feita.
Sigamos!
5 - Extradição
A Convenção se esforça em criar mecanismos para, além de coibir, reprimir a prática da tortura. Assim, por
intermédio de uma série de regras, é criado um mecanismo de jurisdição diante da prática de atos de tortura
que impõe o dever de os Estados-partes de punir torturadores (jurisdição compulsória) e que cria um sistema
jurisdicional abrangente, de modo que torturadores nacionais ou estrangeiros possam ser apenados.
Em termos simples, a extradição constitui procedimento por intermédio do qual um Estado solicita a outro
a entrega de uma pessoa condenada ou suspeita pela prática de crimes para que responda penalmente. Por
exemplo, um brasileiro que pratica crime e foge para o Paraguai, se lá for encontrado poderá ser extraditado
para responder pelos crimes que praticou.
A extradição, contudo, é ato de soberania, uma vez que não é possível obrigar o Estado a extraditar.
Diante disso, são fixados tratados internacionais bilaterais ou multilaterais entre países para viabilizar o
procedimento de extradição. São elencados crimes e requisitos para que a extradição seja operada. Dito de
outro modo, não havendo tratado ou, mesmo havendo tratado, se não preenchidos os requisitos do tratado
a extradição não será operada.
No caso da tortura, a Convenção fixa que esse crime é extraditável em qualquer tratado de extradição.
Melhor explicando:
todo e qualquer tratado existente irá incluir a tortura como um dos crimes passíveis que permitem
a extradição do responsável; e
ainda que não exista tratado bilateral prevendo a possibilidade de extradição do agente causador
da tortura, o texto convencionado será considerado como base legal suficiente para fundamentar o
decreto de extradição.
Busca-se eliminar eventuais barreiras legais e diplomática para as situações que envolver a extradição dos
responsáveis pela prática desses atos violadores da dignidade humana.
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Além disso, ainda a respeito da extradição, há outra regra prevendo que um Estado não deverá extraditar,
expulsar ou devolver uma pessoa para outro Estado se houver razões para acreditar que essa será
submetida a tortura. Ou seja, ainda que o crime supostamente praticado pela pessoa no seu país de origem
esteja dentro do rol dos crimes extraditáveis (de acordo com os acordos internacionais), se houver suspeita
de que o acusado possa sofrer tortura em seu país de origem não será permitida a extradição.
Assim:
Artigo 3.º
1. NENHUM Estado parte expulsará, entregará ou extraditará uma pessoa para um outro
Estado quando existam motivos sérios para crer que possa ser submetida a tortura.
Essas regras são criadas justamente no sentido de facilitar os procedimentos de entrega dos responsáveis
pela prática de atos de tortura para que sejam responsabilizados.
Vamos analisar de forma um pouco mais detida os conceitos de jurisdição compulsória e universal, sobre a
qual falávamos acima?!
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Fala-se, também, em jurisdição universal, na qual o acusado de praticar a tortura deverá ser processado no
país onde se encontra ou deverá ser extraditado para o país de origem, independentemente de haver
acordo prévio bilateral sobre a extradição, para responder pelo crime violador de direitos humanos.
Para melhor organizar o conteúdo que pode ser cobrado em relação a esse tema, inicialmente, confira a
leitura dos arts. 5º e 8º:
Artigo 5.º
a) Sempre que a infração tenha sido cometida em qualquer território sob a sua jurisdição
ou a bordo de uma nave ou navio registados nesse Estado;
c) Sempre que a vítima seja um nacional desse Estado e este o considere adequado.
Artigo 6.º
3. Qualquer pessoa detida em conformidade com o n.º 1 do presente artigo poderá entrar
imediatamente em contato com o mais próximo representante qualificado do Estado do
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qual seja nacional ou, tratando-se de apátrida, com o representante do Estado em que
resida habitualmente.
Artigo 7.º
1. Se o autor presumido de uma das infracções referidas no artigo 4.º for encontrado no
território sob a jurisdição de um Estado parte que o não extradite, esse Estado submeterá
o caso, nas condições previstas no artigo 5.º, às suas autoridades competentes para o
exercício da ação criminal.
3. Qualquer pessoa arguida da prática de uma das infracções previstas no artigo 4.º
beneficiará da garantia de um tratamento justo em todas as fases do processo.
Artigo 8.º
4. Para fins de extradição entre os Estados partes, tais infracções serão consideradas como
tendo sido cometidas tanto no local da sua perpetração como no território sob jurisdição
dos Estados cuja competência deve ser estabelecida ao abrigo do n.º 1 do artigo 5.º .
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Artigo 9.º
Por fim, o conjunto dos artigos 12 ao 15 da Convenção estabelece, em síntese, a obrigação dos Estados
investigar com rigor e efetividade, quaisquer denúncias que lhes sejam submetidas quanto à prática de
tortura, assegurando aos denunciantes e às testemunhas proteção contra maus-tratos ou intimidação.
Artigo 14.º
1. Os Estados partes deverão providenciar para que o seu sistema jurídico garanta à vítima
de um ato de tortura o direito de obter uma reparação e de ser indenizada em termos
adequados, incluindo os meios necessários à sua completa reabilitação. Em caso de morte
da vítima como consequência de um ato de tortura, a indemnização reverterá a favor dos
seus herdeiros.
2. O presente artigo NÃO exclui qualquer direito a indenização que a vítima ou outra pessoa
possam ter por força das leis nacionais.
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Do que vimos até o presente, possível sintetizar as principais informações no seguinte esquema:
8 - Comitê
No que tange aos mecanismos de fiscalização, a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes cria o Comitê contra Tortura, que será composto por 10 peritos, que
atuarão em nome próprio e serão eleitos, em votação secreta, para um mandato de 4 anos.
Esses membros embora eleitos pelos Estados membros não se vinculam ao país da nacionalidade, de modo
que, como menciona a Convenção terão “assento a título pessoal”.
Confira:
Artigo 17.º
1. Será formado um Comitê contra a tortura (adiante designado por Comité), que terá as
funções a seguir definidas. O Comité será composto por dez peritos de elevado sentido
moral e reconhecida competência no domínio dos direitos do homem, que terão assento
a título pessoal. Os peritos serão eleitos pelos Estados partes tendo em conta uma
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2. Os membros do Comité serão eleitos por escrutínio secreto de uma lista de candidatos
designados pelos Estados partes. Cada Estado parte poderá designar um candidato
escolhido de entre os seus nacionais. Os Estados partes deverão ter em conta a
conveniência de designar candidatos que sejam igualmente membros do Comitê dos
Direitos do Homem, instituído em virtude do Pacto Internacional Relativo aos Direitos Civis
e Políticos, e que estejam dispostos a fazer parte do Comité contra a Tortura.
3. Os membros do Comité serão eleitos nas reuniões bienais dos Estados partes,
convocadas pelo Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas.
Nessas reuniões, em que o quórum será constituído por dois terços dos Estados partes,
serão eleitos membros do Comité os candidatos que obtenham o maior número de votos
e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos Estados partes presentes e
votantes.
4. A primeira eleição terá lugar, o mais tardar, seis meses após a data de entrada em vigor
da presente Convenção. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas enviará uma
carta aos Estados partes, com pelo menos quatro meses de antecedência sobre a data de
cada eleição, convidando-os a apresentar as suas candidaturas num prazo de três meses.
O Secretário-Geral preparará uma lista por ordem alfabética de todos os candidatos assim
designados, com indicação dos Estados partes que os indicaram, e comunicá-la-á aos
Estados partes.
5. Os membros do Comité serão eleitos por quatro anos. Poderão ser reeleitos desde que
sejam novamente designados. No entanto, o mandato de cinco dos membros eleitos na
primeira eleição terminará ao fim de dois anos; imediatamente após a primeira eleição, o
nome desses cinco membros será tirado à sorte pelo presidente da reunião mencionada
no n.º 3 do presente artigo.
6. No caso de um membro do Comité falecer, se demitir das suas funções ou não poder,
por qualquer motivo, desempenhar as suas atribuições no Comité, o Estado parte que o
designou nomeará, de entre os seus nacionais, um outro perito que cumprirá o tempo
restante do mandato, sob reserva da aprovação da maioria dos Estados partes. Esta
aprovação será considerada como obtida, salvo se metade ou mais dos Estados partes
emitirem uma opinião desfavorável num prazo de seis semanas a contar da data em que
forem informados pelo Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas da nomeação
proposta.
Artigo 18.º1. O Comitê elegerá o seu gabinete por um período de dois anos, podendo os
membros do gabinete ser reeleitos.
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2. O Comité elaborará o seu regulamento interno, do qual deverão constar, entre outras,
as seguintes disposições:
Registra o art. 24 que o Comitê deverá apresentar um relatório anual no qual constará as atividades
desenvolvidas para a garantias dos direitos constantes da Convenção.
Artigo 24.º
O Comité apresentará aos Estados partes e à Assembleia Geral da Organização das Nações
Unidas um relatório anual sobre as atividades já empreendidas em aplicação da presente
Convenção.
O Comitê será responsável pelo processamento dos mecanismos de fiscalização previstos na Convenção,
quais sejam: relatórios, petições individuais, comunicações interestatais e investigação de ofício, que
estudaremos, em separado, no próximo tópico.
8 - Mecanismo de Fiscalização
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artigo 19 • relatórios
8.1 - Relatórios
O art. 19 introduz o tratamento dos mecanismos de fiscalização, disciplinando a os relatórios, que devem ser
informados ao Comitê a cada 4 anos ou sempre que solicitado.
Esses relatórios serão submetidos à análise pelos membros peritos, os quais informarão a situação específica
do Estado no que diz respeito ao cumprimento das regras previstas na Convenção num relatório anual a ser
enviado à Assembleia Geral da ONU.
Artigo 19.º
4. O Comité poderá decidir, por sua iniciativa, reproduzir no relatório anual, a elaborar em
conformidade com o artigo 24.º, todos os comentários por ele formulados nos termos do
n.º 3 do presente artigo, acompanhados das observações transmitidas pelos Estados
partes. Caso os Estados partes interessados o solicitem, o Comité poderá, igualmente,
reproduzir o relatório apresentado ao abrigo do n.º 1 do presente artigo.
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Outro mecanismo previsto na Convenção é a investigação por iniciativa do Comitê, quando houver
informações idôneas e fundadas de que a prática da tortura é sistematicamente praticada.
A partir de dessas informações, o Comitê poderá impor um inquérito confidencial, em cooperação com o
Estado onde ocorrem as violações, para apuração dos fatos. A partir da investigação, o Comitê irá apresentar
as conclusões em um relatório, com comentários ou sugestões.
Artigo 20.º
1. Caso o Comitê receba informações idóneas que pareçam conter indicações bem
fundadas de que a tortura é sistematicamente praticada no território de um Estado parte,
convidará o referido Estado a cooperar na análise dessas informações e, para esse fim, a
comunicar-lhe as suas observações sobre essa questão.
Assim, diante de informações dando conta de fortes indícios da prática sistemática de tortura por algum dos
Estados-parte, inicialmente, o Comitê convidará o Estado-parte a examinar as informações com base no
princípio da cooperação.
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Contudo, se as informações prestadas no entender do Comitê não forem suficientes poderá o Comitê
designar membros para que procedam a uma investigação confidencial e em caráter de urgência, para
verificar se procedem as denúncias. A visita, contudo, ao território do Estado-parte pelos membros da
comissão, somente poderá ocorrer mediante autorização do Estado investigado.
As conclusões da Comissão serão objeto de análise do Comitê, que repassará tais informações, bem como
observações e sugestões, ao Estado investigado. Essas informações, por fim, poderão constar do relatório
anual do Comitê, que será apresentado à Assembleia Geral da ONU.
INVESTIGAÇÕES DE OFÍCIO
1º) havendo denúncias, o Comitê deverá, cooperativamente com o Estado acusado, chegar a uma
solução;
2º) Em não havendo acordo, o Comitê poderá designar Comissão para investigar a situação (a visita ao
país acusado depende de autorização deste);
3º) As conclusões da comissão serão repassadas ao Comitê, que analisará e tecerá suas observações;
4º) Essas informações serão repassadas ao Estado investigado para reparação à violação, se necessário; e
5º) As conclusões e deslinde da situação constarão do relatório anual da Comissão que vai à Assembleia
Geral da ONU.
Para finalizar, cumpre observar que toda a atuação do Comitê contra Tortura, no que diz respeito aos
mecanismos de fiscalização, constituem observações e sugestões que serão encaminhadas aos países que
violarem o conteúdo da Convenção. Não há propriamente algo que garanta juridicidade ou vinculação dos
Estados-parte violadores. O único instrumento que poderá implicar pressão moral e política ao Estado
violador constitui o que a doutrina de Flávia Piovesan denomina de “power of shame” ou “power of
embarassment”. Consiste no fato de que as recomendações e as reparações (ou não reparações) constarão
do relatório anual do Comitê, que será encaminhado à Assembleia Geral da ONU, constituindo uma
exposição negativa do signatário perante a comunidade internacional.
As comunicações interestatais são utilizadas como forma de um membro controlar o cumprimento das
regras da Convenção pelos demais. No contexto do art. 28 há previsão de que ele somente poderá ser
utilizado diante da declaração de aceitação do Estado-parte. Feita a declaração, o Estado-parte poderá
receber ou analisar comunicações do Estado-parte que aceitou o mecanismo.
Artigo 28.º
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2. Qualquer Estado parte que tenha formulado uma reserva em conformidade com as
disposições do n.º 1 do presente artigo poderá, a qualquer momento, retirar essa reserva
mediante notificação dirigida ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas.
Do art. 21, que disciplina o procedimento das comunicações interestatais, vamos extrair as principais regras:
após 6 meses, se não houver resolução do conflito, poderá ser submetido ao Comitê;
o Comitê deverá apresentar relatório no prazo de 12 meses a contar da data em que foi
notificado para atuar na comunicação, expondo se foi ou não obtida solução para o caso
concreto.
Artigo 21.º
b) Se, num PRAZO DE SEIS MESES a contar da data da recepção da comunicação inicial
pelo Estado destinatário, a questão ainda não estiver regulada a contento dos dois
Estados partes interessados, tanto um como o outro poderão submeter a questão ao
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Comitê, por meio de notificação, enviando igualmente uma notificação ao outro Estado
parte interessado;
c) O Comité só poderá analisar uma questão a ele submetida ao abrigo do presente artigo
depois de se ter certificado de que foram utilizados exaustivamente todos os recursos
internos disponíveis, de acordo com os princípios de direito internacional geralmente
reconhecidos. Esta regra não se aplicará aos casos em que os processos de recurso
excedam prazos razoáveis, nem quando seja pouco provável que os processos de recurso
venham a compensar a pessoa vítima de violação da presente Convenção;
e) Sem prejuízo do disposto na alínea c), o Comité ficará à disposição dos Estados partes
interessados, com vista à obtenção de uma solução amigável da questão, tendo por base
o respeito das obrigações previstas pela presente Convenção. Para esse fim, o Comité
poderá, caso considere oportuno, estabelecer uma comissão de conciliação ad hoc;
f) O Comité poderá solicitar aos Estados partes interessados, mencionados na alínea b),
que lhe forneçam todas as informações pertinentes de que disponham relativamente a
qualquer assunto que lhe seja submetido nos termos do presente artigo;
h) O Comité deverá apresentar um relatório num prazo de DOZE MESES a contar da data
da recepção da notificação referida na alínea b):
i) Se for possível alcançar uma solução de acordo com as disposições da alínea e), o Comité
poderá limitar-se, no seu relatório, a uma breve exposição dos factos e da solução
alcançada;
ii) Se não for possível encontrar uma solução de acordo com as disposições da alínea e), o
Comité limitar-se-á, no seu relatório, a uma breve exposição dos factos; o texto contendo
as observações escritas, bem assim o registo das observações orais apresentadas pelos
Estados partes interessados, serão anexados ao relatório.
2. As disposições do presente artigo entrarão em vigor logo que cinco Estados partes na
presente Convenção tenham feito a declaração prevista no n.º 1 do presente artigo. A
referida declaração será depositada pelo Estado parte junto do Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas, o qual transmitirá cópia aos outros Estados partes. As
declarações poderão ser retiradas a qualquer momento mediante notificação dirigida ao
Secretário-Geral. Tal retirada não prejudicará a análise de qualquer questão já comunicada
ao abrigo do presente artigo. O Secretário-Geral não receberá qualquer comunicação de
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um Estado parte que já tenha feito notificação da retirada da sua declaração, salvo se esse
Estado parte tiver apresentado uma nova declaração.
Por fim, está previsto no art. 23, por fim, a possibilidade de formação de uma comissão ad hoc (ou seja, uma
comissão instituída para uma finalidade específica) para tentar conciliar os estados envolvidos, quando for
utilizado o mecanismo de comunicações interestatais.
Artigo 23.º
A necessidade de declaração expressa do Estado aceitando tal mecanismo, tal como ocorre em
relação às comunicações interestatais;
A necessidade de que a comunicação apresentada seja assinada pelo interessado, não se admitindo
a comunicação apócrifa;
A petição será direcionada ao Comitê que analisará o caso e comunicará ao Estado, suposto violador,
e à vítima suas conclusões.
A ausência de litispendência internacional, vale dizer, a questão não pode constituir objeto de análise
por outra instância internacional.
Confira:
Artigo 22.º
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3. Sem prejuízo do disposto no n.º 2, o Comité dará a conhecer qualquer comunicação, que
lhe seja apresentada ao abrigo do presente artigo, ao Estado parte na presente Convenção
que tenha feito uma declaração ao abrigo do n.º 1 e tenha, alegadamente, violado alguma
das disposições da presente Convenção. Nos SEIS MESES seguintes, o referido Estado
apresentará por escrito ao Comité as explicações ou declarações que esclareçam a
questão, indicando, se for caso disso, as medidas que poderiam ter sido tomadas a fim de
solucionar a questão.
a) Essa questão NÃO constitui objeto de análise por parte de outra instância internacional
de inquérito ou de decisão;
8. As disposições do presente artigo entrarão em vigor logo que cinco Estados partes na
presente Convenção tenham feito a declaração prevista no n.º 1 do presente artigo. A
referida declaração será depositada pelo Estado parte junto do Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas, o qual transmitirá cópia aos outros Estados partes. As
declarações poderão ser retiradas a qualquer momento mediante notificação dirigida ao
Secretário-Geral. Tal retirada não prejudicará a análise de qualquer questão já comunicada
ao abrigo do presente artigo; não serão, contudo, aceites quaisquer comunicações
apresentadas por ou em nome de um particular ao abrigo da presente Convenção, após o
Secretário-Geral ter recebido noti-ficação da retirada da declaração, excepto se o Estado
parte interessado apresentar uma nova declaração.
Para encerrar o conteúdo desta Convenção, façamos a leitura aos dispositivos finais, cuja incidência em
provas é reduzida:
Artigo 25.º
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Artigo 26.º
Qualquer Estado poderá aderir à presente Convenção. A adesão será feita mediante
depósito de um instrumento de adesão junto do Secretário-Geral da Organização das
Nações Unidas.
Artigo 27.º
1. A presente Convenção entrará em vigor no 30.º dia a partir da data do depósito do 20.º
instrumento de ratificação ou de adesão junto do Secretário-Geral da Organização das
Nações Unidas.
2. Para os Estados que ratificarem a Convenção ou a ela aderirem após o depósito do 20.º
instrumento de ratificação ou adesão, a presente Convenção entrará em vigor no 30.º dia
a partir da data do depósito por esse Estado do seu instrumento de ratificação ou de
adesão.
Artigo 29.º
1. Qualquer Estado parte na presente Convenção poderá propor uma alteração e depositar
a sua proposta junto do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas. O Secretário-
Geral transmitirá a proposta de alteração aos Estados partes, solicitando-lhes que
comuniquem se são favoráveis à realização de uma conferência de Estados partes para
analisarem a proposta e para a votarem. Se, nos quatro meses que se seguirem à referida
comunicação, pelo menos um terço dos Estados partes se pronunciarem a favor da
realização da referida conferência, o Secretário-Geral organizará a conferência sob os
auspícios da Organização das Nações Unidas. Qualquer alteração adoptada pela maioria
dos Estados partes presentes e votantes na conferência será submetida pelo Secretário-
Geral à aceitação de todos os Estados partes.
3. Logo que as alterações entrem em vigor, terão carácter obrigatório para todos os Estados
partes que as aceitaram, ficando os outros Estados partes vinculados pelas disposições da
presente Convenção e por quaisquer alterações anteriores que tenham aceite.
Artigo 30.º
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3. Qualquer Estado parte que tenha formulado uma reserva em conformidade com as
disposições do n.º 2 do presente artigo poderá, a qualquer momento, retirar essa reserva
mediante notificação dirigida ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas.
Quando existir alguma divergência quanto à interpretação ou quanto à aplicação das normas da Convenção,
qualquer dos Estados-partes podem buscar uma solução por intermédio da arbitragem.
O recurso da arbitragem como forma de interpretar a Convenção somente não será utilizado se, no momento
da ratificação do tratado, o signatário fizer reserva expressa.
O procedimento arbitral será desenvolvido pelo prazo de seis meses. Caso não haja consenso quanto à
interpretação, a matéria poderá ser encaminhada à Corte Internacional de Justiça.
Artigo 31.º
2. Tal denúncia não desobrigará o Estado parte das obrigações que lhe incumbam em
virtude da presente Convenção, no que se refere a qualquer acto ou omissão cometidos
antes da data em que a denúncia produzir efeitos, nem obstará à continuação da análise
de qualquer questão já apresentada ao Comité à data em que a denúncia produzir efeitos.
3. Após a data em que a denúncia feita por um Estado parte produzir efeitos, o Comité não
se encarregará do exame de qualquer nova questão relativa a esse Estado.
Artigo 32.º
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Artigo 33.º
1. A presente Convenção, cujos textos em inglês, árabe, chinês, espanhol, francês e russo
fazem igualmente fé, será depositada junto do Secretário-Geral da Organização das Nações
Unidas.
(DPE-AM - 2018) A Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes,
a) estabelece que, por nenhuma razão, nem mesmo a inexistência de acordo bilateral sobre o assunto, um
Estado-Parte deixará de expulsar, devolver ou extraditar uma pessoa para outro Estado quando houver
fundadas evidências de que neste outro Estado ela tenha cometido crime de tortura.
b) prevê que, exceto para preservação da segurança nacional em situação extrema de ameaça ou estado de
guerra, nenhuma outra circunstância excepcional, instabilidade política interna ou emergência pública
poderá ser invocada como justificativa para a tortura.
c) dispõe que cada Estado-Parte assegurará que nenhuma declaração comprovadamente obtida sob tortura
possa ser admitida como prova em qualquer processo, exceto contra uma pessoa acusada de tortura como
prova de que tal declaração foi dada.
d) inclui, na definição de "tortura”, qualquer ato pelo qual uma violenta dor ou sofrimento, físico ou mental,
é infligido dolosa ou culposamente a uma pessoa ou grupo étnico com o fim de se obter deles informações
ou confissão.
e) prevê, para o Estado-Parte, a obrigação de implementar progressivamente o registro audiovisual de todos
os interrogatórios de pessoas submetidas a detenção, disponibilizando o acesso das imagens aos comitês
nacionais e internacionais de monitoramento sempre que solicitado.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois é justamente o contrário. Se houver razões substanciais para acreditar-
se que a pessoa corre risco de tortura, em nenhuma hipótese admitir-se-á a expulsão, devolução ou
extradição, conforme prevê o art. 3º da Convenção.
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A alternativa B está totalmente equivocada também. Lembre-se que a vedação à tortura é garantia humana
absoluta, que não comporta flexibilizações.
A alternativa C está correta e é o gabarito. É justamente isso que encontramos no art. 15, a vedação da prova
ilícita obtida por intermédio de tortura, exceto se for utilizada para provar a autoria do torturador pela
vítima.
A alternativa D está incorreta, pois considera-se tortura apenas a dor ocasionada intencionalmente, do que
se extrai do art. 1º, 1, da Convenção.
Por fim, peca a alternativa E pois o dever de proporcionar a capacitação e assegurar recursos adequados é
imediato, não progressivo.
10 - Protocolo Adicional
Em 2002, a ONU adotou o Protocolo Adicional à Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que foi assinado pelo Brasil, aprovado pelo Congresso Nacional por meio
do Decreto Legislativo nº 483/2006, ratificado e depositado internacionalmente pelo Presidente da
República, que o promulgou internamente por intermédio do Decreto nº 6.085/2007.
De acordo com o artigo 1º, o objetivo do Protocolo Adicional é estabelecer um sistema de visitas regulares,
efetuadas por órgãos nacionais e internacionais independentes, a lugares onde pessoas são privadas de
sua liberdade, com a intenção de prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
degradantes. Ou seja, trata-se de um mecanismo preventivo e específico de fiscalização e de implementação
das regras defendidas na Convenção, que será operacionalizada pelo Subcomitê de Prevenção da Tortura e
outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes. O Subcomitê, disciplinado no artigo 2º do
Protocolo Adicional, será composto por 10 membros, que deverão possuir conhecimentos na área de
administração da justiça, em particular no direito penal e na administração penitenciária ou policial, ou nos
vários campos relevantes para o tratamento de pessoas privadas de liberdade (artigo 5º). Esses membros,
escolhidos em votação secreta, cumprirão mandato de 4 anos (artigo 9º).
Os países que aderirem ao Protocolo devem permitir, nos termos do artigo 4º, que o Subcomitê, por
intermédio de sua equipe, realize visita nos locais em que hajam pessoas custodiadas por força de ordem
pública.
No exercício de suas competências – arroladas no artigo 11, do Protocolo Adicional – o Subcomitê poderá
fazer recomendações e observações, relatórios redigidos em conjunto com os Estados-parte, bem como um
relatório anual que será encaminhado ao Comitê contra a Tortura.
Para além da atuação preventiva do Subcomitê, a partir do artigo 17, o Protocolo Adicional passa a tratar do
dever de os Estados-parte constituírem mecanismos preventivos nacionais para a prevenção da tortura em
nível doméstico, por intermédio de unidades descentralizadas.
Essas seriam as noções gerais acerca do Protocolo Facultativo. Reiteramos a desnecessidade de maior
preocupação com esse assunto para a sua prova.
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LEGISLAÇÃO DESTACADA
Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial
3. NADA nesta Convenção poderá ser interpretado como afetando as disposições legais
dos Estados Partes, relativas a nacionalidade, cidadania e naturalização, DESDE QUE tais
disposições não discriminem contra qualquer nacionalidade particular.
4. NÃO serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o único
objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou de
indivíduos que necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar a tais
grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades
fundamentais, contando que, tais medidas não conduzam, em consequência, à
manutenção de direitos separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após
terem sidos alcançados os seus objetivos.
Artigo V
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assim como na direção dos assuntos públicos, em qualquer grau e o direito de acesso em
igualdade de condições, às funções públicas.
ii) direito de deixar qualquer pais, inclusive o seu, e de voltar a seu país;
iv) direito à saúde pública, a tratamento médico, à previdência social e aos serviços sociais;
f) direito de acesso a todos os lugares e serviços destinados ao uso do público, tais como,
meios de transporte hotéis, restaurantes, cafés, espetáculos e parques.
Artigo VIII
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conhecida imparcialidade, que serão eleitos pelos Estados Membros dentre seus nacionais
e que atuarão a título individual, levando-se em conta uma repartição geográfica
equitativa e a representação das formas diversas de civilização assim como dos principais
sistemas jurídicos.
Artigo IX
a) dentro do prazo de um ano a partir da entrada em vigor da Convenção, para cada Estado
interessado no que lhe diz respeito, e posteriormente, a cada DOIS ANOS, e toda vez que
o Comitê o solicitar. O Comitê poderá solicitar informações complementares aos Estados
Partes.
Artigo XI
1. Se um Estado Parte Julgar que outro Estado igualmente Parte não aplica as disposições
da presente Convenção poderá chamar a atenção do Comitê sobre a questão. O Comitê
transmitirá, então, a comunicação ao Estado Parte interessado. Num prazo de TRÊS MESES,
o Estado destinatário submeterá ao Comitê as explicações ou declarações por escrito, a
fim de esclarecer a questão e indicar as medidas corretivas que por acaso tenham sido
tomadas pelo referido Estado.
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4. Em qualquer questão que lhe for submetida, Comitê poderá solicitar aos Estados-Partes
presentes que lhe forneçam quaisquer informações complementares pertinentes.
5. Quando o Comitê examinar uma questão conforme o presente Artigo os Estados Partes
interessados terão o direito de nomear um representante que participará SEM direito de
voto dos trabalhos no Comitê durante todos os debates.
2. Qualquer Estado parte que fizer uma declaração de conformidade com o parágrafo do
presente artigo, poderá criar ou designar um órgão dentro de sua ordem jurídica nacional,
que terá competência para receber e examinar as petições de pessoas ou grupos de
pessoas sob sua jurisdição que alegarem ser vítimas de uma violação de qualquer um dos
direitos enunciados na presente Convenção e que esgotaram os outros recursos locais
disponíveis.
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2. Os membros do Comitê serão eleitos em votação secreta dentre uma lista de pessoas
indicadas pelos Estados-partes. Cada Estado-parte pode indicar uma pessoa dentre os seus
nacionais.
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b) posteriormente, pelo menos a cada quatro anos e toda vez que o Comitê vier a solicitar.
1. Para os fins da presente Convenção, o termo tortura significa qualquer ato por meio do
qual uma dor ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são intencionalmente causados
a uma pessoa com os fins de, nomeadamente, obter dela ou de uma terceira pessoa
informações ou confissões, a punir por um ato que ela ou uma terceira pessoa cometeu
ou se suspeita que tenha cometido, intimidar ou pressionar essa ou uma terceira pessoa,
ou por qualquer outro motivo baseado numa forma de discriminação, desde que essa dor
ou esses sofrimentos sejam infligidos por um agente público ou qualquer outra pessoa
agindo a título oficial, a sua instigação ou com o seu consentimento expresso ou tácito.
Este termo NÃO compreende a dor ou os sofrimentos resultantes unicamente de sanções
legítimas, inerentes a essas sanções ou por elas ocasionados.
Artigo 2.º
Artigo 3.º
1. NENHUM Estado parte expulsará, entregará ou extraditará uma pessoa para um outro
Estado quando existam motivos sérios para crer que possa ser submetida a tortura.
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Artigo 5.º
a) Sempre que a infração tenha sido cometida em qualquer território sob a sua jurisdição
ou a bordo de uma nave ou navio registados nesse Estado;
c) Sempre que a vítima seja um nacional desse Estado e este o considere adequado.
Artigo 17.º
1. Será formado um Comitê contra a tortura (adiante designado por Comité), que terá as
funções a seguir definidas. O Comité será composto por dez peritos de elevado sentido
moral e reconhecida competência no domínio dos direitos do homem, que terão assento
a título pessoal. Os peritos serão eleitos pelos Estados partes tendo em conta uma
distribuição geográfica equitativa e o interesse que representa a participação nos trabalhos
do Comité de pessoas com experiência jurídica.
2. Os membros do Comité serão eleitos por escrutínio secreto de uma lista de candidatos
designados pelos Estados partes. Cada Estado parte poderá designar um candidato
escolhido de entre os seus nacionais. Os Estados partes deverão ter em conta a
conveniência de designar candidatos que sejam igualmente membros do Comitê dos
Direitos do Homem, instituído em virtude do Pacto Internacional Relativo aos Direitos Civis
e Políticos, e que estejam dispostos a fazer parte do Comité contra a Tortura.
Artigo 19.º
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Artigo 20.º
1. Caso o Comitê receba informações idóneas que pareçam conter indicações bem
fundadas de que a tortura é sistematicamente praticada no território de um Estado parte,
convidará o referido Estado a cooperar na análise dessas informações e, para esse fim, a
comunicar-lhe as suas observações sobre essa questão.
Artigo 28.º
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2. Qualquer Estado parte que tenha formulado uma reserva em conformidade com as
disposições do n.º 1 do presente artigo poderá, a qualquer momento, retirar essa reserva
mediante notificação dirigida ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas.
Artigo 22.º
3. Sem prejuízo do disposto no n.º 2, o Comité dará a conhecer qualquer comunicação, que
lhe seja apresentada ao abrigo do presente artigo, ao Estado parte na presente Convenção
que tenha feito uma declaração ao abrigo do n.º 1 e tenha, alegadamente, violado alguma
das disposições da presente Convenção. Nos SEIS MESES seguintes, o referido Estado
apresentará por escrito ao Comité as explicações ou declarações que esclareçam a
questão, indicando, se for caso disso, as medidas que poderiam ter sido tomadas a fim de
solucionar a questão.
a) Essa questão NÃO constitui objeto de análise por parte de outra instância internacional
de inquérito ou de decisão;
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8. As disposições do presente artigo entrarão em vigor logo que cinco Estados partes na
presente Convenção tenham feito a declaração prevista no n.º 1 do presente artigo. A
referida declaração será depositada pelo Estado parte junto do Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas, o qual transmitirá cópia aos outros Estados partes. As
declarações poderão ser retiradas a qualquer momento mediante notificação dirigida ao
Secretário-Geral. Tal retirada não prejudicará a análise de qualquer questão já comunicada
ao abrigo do presente artigo; não serão, contudo, aceites quaisquer comunicações
apresentadas por ou em nome de um particular ao abrigo da presente Convenção, após o
Secretário-Geral ter recebido noti-ficação da retirada da declaração, excepto se o Estado
parte interessado apresentar uma nova declaração.
RESUMO
Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial
preâmbulo:
promoção de políticas públicas compensatórias que levem à igualdade substancial (vertente promocional).
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eventuais distinções, exclusões, restrições e preferências estabelecidas pelo Estado entre cidadão e não-
cidadãos.
disposições legais gerais dos Estados que disciplinem a nacionalidade, cidadania e naturalização (não podem
se referir a determinada etnia em específico); e
ações afirmativas estatais que objetivem proteção especial a indivíduos e grupos vulneráveis.
direitos albergados
direitos políticos, incluindo a capacidade eleitoral ativa (votar) e passiva (ser votado) em igualdade de
condições;
• liberdade de ir e vir;
• direito de deixar o país e de retornar;
• direito a uma nacionalidade;
• direito de casar-se e escolher o cônjuge;
• direito à propriedade;
• direito à herança;
• liberdade de pensamento, de consciência e de religião;
• liberdade de opinião e de expressão; e
• liberdade de reunião e de associação pacífica;
• direito ao trabalho;
• direito de fundar sindicatos e a eles se filiar;
• direito à habitação;
• direito à saúde pública, a tratamento médico, à previdência social e aos serviços sociais;
• direito à educação e à formação profissional;
• direito à igual participação das atividades culturais; e
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Comitê
18 membros (denominados de peritos), escolhidos pelos Estados-parte, que atuarão a título individual (ou
seja, não representam o Estado da nacionalidade);
eleitos pelo voto da maioria absoluta dos presentes, com quórum de instalação de 2/3 dos Estados-parte,
para um período de 4 ano.
mecanismos de fiscalização
• Se não a questão não foi solucionada, poderá novamente ser submetida ao Comitê, que nomeará uma
Comissão de Conciliação "ad hoc".
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conceito e discriminação contra a mulher: ato que tenha direta ou indiretamente o objetivo de cercear os direitos
humanos de primeira e de segunda dimensão.
adoção de medidas punitivas que proíbam qualquer forma de discriminação contra a mulher;
dever de abstenção de incorrer em discriminação, seja por meio de atos ou por leis;
vertentes de atuação
direitos albergados
vedação à discriminação da mulher na vida política e pública (direito de votar, de ser votada e de participar
das políticas públicas);
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Direitos Políticos
Direitos de Nacionalidade
Assegura-se a igualdade em relação aos homens para as regras de aquisição, de mudança e de alteração da
nacionalidade; e
O casamento com pessoa estrangeira não implica a mudança de nacionalidade, a adoção da nacionalidade
do cônjuge ou a condição de apátrida.
Direito do Trabalho
• direito ao trabalho
• mesmas oportunidades
• liberdade de escolha da profissão
• salário equitativo
• seguridade social
• proteção por meio de regras de saúde e segurança no trabalho
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Comitê
mandato de 4 anos;
mecanismos de fiscalização
preâmbulo: desejo da comunidade internacional em criar meios mais eficazes para lutar contra a tortura.
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tortura é considerado pela doutrina direito humano absoluto, em exceção à característica da relatividade dos
direitos humanos.
tortura: inflição de dor ou sofrimento físico ou mental, praticado com a finalidade de obter informações,
castigar ou intimidar, com vinculação, ao menos indireta, do agente com o Estado.
tratamento cruel ou desumano: atos que intensificam desnecessariamente o sofrimento da vítima em razão
de atos brutais para além do normal do agente.
medidas legislativas
medidas administrativas
medidas judiciais
cumplicidade e participação
Extradição
Todos os tratados ou acordos incluem o crime de tortura como extraditável e, se não houver, fundamenta-
se a extradição na Convenção.
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Fala-se, também, em jurisdição universal, na qual o acusado de praticar a tortura deverá ser processado no
país onde se encontra ou deverá ser extraditado para o país de origem, independentemente de haver acordo
prévio bilateral sobre a extradição, para responder pelo crime violador de direitos humanos.
Comitê
composto por 10 peritos, que atuarão em nome próprio e serão eleitos em votação secreta;
mandato de 4 anos;
mecanismos de fiscalização
investigações in loco: fiscalização por iniciativa do Comitê quando houver informações idôneas e fundadas
de que a prática da tortura é sistematicamente praticada;
comunicações interestatais
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• o Comitê deverá apresentar relatório no prazo de 12 meses a contar da data em que foi notificado
para atuar na comunicação, expondo se foi ou não obtida solução para o caso concreto.
petições individuais
• A necessidade de declaração expressa do Estado aceitando tal mecanismo, tal como ocorre em relação
às comunicações interestatais;
• A necessidade de que a comunicação apresentada seja assinada pelo interessado, não se admitindo a
comunicação apócrifa;
• A petição será direcionada ao Comitê que analisará o caso e comunicará ao Estado, suposto violador,
e à vítima suas conclusões.
• A ausência de litispendência internacional, vale dizer, a questão não pode constituir objeto de análise
por outra instância internacional.
Protocolo Adicional: estabelecer um sistema de visitas regulares, efetuadas por órgãos nacionais e internacionais
independentes, a lugares onde pessoas são privadas de sua liberdade, com a intenção de prevenir a tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos nossa sexta aula do curso. Essa é uma aula importante.
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/convencoesespecificasp1/
Na próxima aula concluiremos o estudo das Convenções Internacionais específicas. Até lá!
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CESPE
1. (CESPE/MPU - 2018) Julgue os itens a seguir, à luz das disposições da Lei n.º 12.288/2010, da Lei n.º
10.639/2003 e da Convenção Internacional sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial.
Medidas que visem garantir certo grupo de minorias a superação de barreiras resultantes de desigualdade
histórica e impeditivas ao exercício pleno de direitos e garantias fundamentais não devem ser consideradas
discriminatórias, pois representam compromisso com a promoção de valores universais concernentes à paz
e à igualdade entre diferentes povos, raças e nações.
Comentários
A assertiva está correta, pois retrata, em seu conteúdo, o conceito de discriminação positiva, vale dizer, a
criação de tratamento jurídico diferenciado àquele que se encontra em situação de vulnerabilidade fática. É
o que extraímos do art. 1, §4º, da Convenção sobre a Todas as Formas de Eliminação da Discriminação Racial:
§4. Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o único
objetivo de assegurar o progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou de
indivíduos que necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar a tais
grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades
fundamentais, contanto que tais medidas não conduzam, em consequência, à manutenção
de direitos separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sido
alcançados os seus objetivos.
Comentários
3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afetando as disposições legais dos
Estados Partes, relativas a nacionalidade, cidadania e naturalização, desde que tais
disposições não discriminem contra qualquer nacionalidade particular.
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De acordo com o dispositivo citado, não é possível que a Convenção seja interpretada no sentido de afetar
regras internas sobre nacionalidade, cidadania e naturalização, exceto se essas regras relativas
discriminarem determinada nacionalidade em particular.
Comentários
Assim, de acordo com o destacado acima, está incorreta a assertiva. Porém, mesmo que você não lembrasse
do teor desse dispositivo, poderíamos acertar a questão sob a seguinte lógica: a discriminação racial constitui
qualquer ato que atente contra direitos de primeira e de segunda dimensão em razão da etnia, raça,
descendência ou nacionalidade. Assim, é possível afirmar que restrições à liberdade sob esse pretexto
constitui discriminação racial.
Comentários
De acordo com o art. IX, 1, da Convenção, os Estados-parte devem submeter relatórios a cada 2 anos ao
Secretário Geral da ONU, que o encaminhará ao Comitê, sobre as medidas adotada para tornarem efetivas
as disposições do texto convencional.
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Comentários
Pelo que prevê artigo I, 4, da Convenção, medidas especiais poderão ser praticadas em favor de grupos
raciais, desde que objetivem a igualdade material e não conduzam à segregação entre etnias, razão pela qual
deve ser temporária.
Comentários
a) a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difusão de ideias baseadas na superioridade
ou ódio raciais, qualquer incitamento à discriminação racial, assim como quaisquer atos de
violência ou provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer raça ou qualquer grupo de
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pessoas de outra cor ou de outra origem étnica, como também qualquer assistência
prestada a atividades racistas, inclusive seu financiamento; (...).
Logo, existe previsão expressa para que os Estados-parte declarem como delito a difusão de ideias baseadas
na superioridade e ódio raciais.
A essas previsões que existem tanto em Tratados Internacionais como na Constituição (ex.: art. 5º, XLII),
impondo ao legislador ordinário a criação de tipos penais em defesa de determinados bens jurídicos, André
de Carvalho Ramos dá o nome de mandados de criminalização. Segundo o autor, determinados bens
jurídicos são de especial relevância. Esses bens jurídicos, por isso, devem ser protegidos pelo Estado de forma
mais intensa, o que se consegue, em alguns casos, apenas a partir do uso do Direito Penal. É por esse motivo
que, em determinadas situações, o legislador acaba impondo a criação de tipos penais, em defesa desses
direitos. Esse raciocínio decorre das máximas do princípio da proporcionalidade: a vedação do excesso
(Untermassverbot) e a vedação à proteção deficiente (Übermassverbot).
Comentários
Nos termos do artigo I, 1, da Convenção, discriminação com fundamento na origem nacional constitui
discriminação racial.
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Comentários
1. Todo Estado Parte poderá declarar a qualquer momento que reconhece a competência
do Comitê para receber e examinar comunicações de indivíduos ou grupos de indivíduos
sob sua jurisdição que se consideram vítimas de uma violação pelo referido Estado Parte,
de qualquer um dos direitos enunciados na presente Convenção. O Comitê não receberá
qualquer comunicação de um Estado Parte que não houver feito tal declaração
2. Qualquer Estado Parte que fizer uma declaração de conformidade com o parágrafo do
presente artigo, poderá criar ou designar um órgão dentro de sua ordem jurídica nacional,
que terá competência para receber e examinar. As petições de pessoas ou grupos de
pessoas sob sua jurisdição que alegarem ser vítimas de uma violação de qualquer um dos
direitos enunciados na presente Convenção e que esgotaram os outros recursos locais
disponíveis.
Comentários
A questão acima é recorrente em provas. Já vimos, inclusive, nesta bateria de exercício uma relacionada ao
tema.
Nos termos do artigo I, 1, da Convenção, discriminação com fundamento na origem nacional constitui
discriminação racial.
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10. (CESPE/DPE-RR - 2013) A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
A exclusão, distinção, restrição ou preferência embasada na raça, cor, descendência ou origem étnica
esgotam as modalidades de discriminação proibidas pela convenção em pauta.
Comentários
11. (CESPE/DPE-TO - 2013) No que diz respeito ao esgotamento dos recursos de direito interno, julgue o
item abaixo:
Apesar de a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial não o
reconhecer expressamente, admite-se excepcionar a regra dos esgotamentos dos recursos internos nos
casos em que estes se prolongam excessivamente.
Comentários
Artigo XI, 3. O Comitê só poderá tomar conhecimento de uma questão, de acordo com o
2.° do presente artigo, após ter constatado que todos os recursos internos disponíveis
foram interpostos ou esgotados, de conformidade com os princípios de direito
internacional geralmente reconhecidos. Esta regra não se aplicará se os procedimentos de
recurso excedem prazos razoáveis.
12. (CESPE/DPE-RR - 2013) A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
O Brasil reconheceu a competência do Comitê Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial no
ano de 2003.
Comentários
Está correta a assertiva, uma vez que o Decreto nº 4.738/2003 reconhece o referido Comitê.
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13. (CESPE/DPE-SE - 2012) De acordo com as disposições da Convenção Internacional sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue o item abaixo:
Os elementos relevantes para a caracterização da discriminação racial se restringem à raça, à cor e à origem
étnica.
Comentários
Comentários
Recusa a inscrição de aluno por motivos de etnia, cor, sexo ou estado civil constitui discriminação racial, nos
termos do artigo I, 1, da Convenção.
Contudo, a questão foi ANULADA pela banca que realizou o concurso, uma vez que tal violação poderá
implicar a perda do cargo e não implicará conforme enuncia a questão.
Comentários
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A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, pois a Convenção Internacional sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial prevê, em seu art. 5º, o direito de casar-se e escolher o cônjuge,
direito à habitação e direito à formação profissional.
A alternativa A está incorreta. O direito a emprego que garanta o sustento da família não consta no art. 5º,
da referida Convenção.
A alternativa B está incorreta. O direito ao acesso a todo tipo de transporte público não consta no art. 5º,
da referida Convenção.
A alternativa C está incorreta. O direito ao lazer não consta no art. 5º, da referida Convenção.
16. (CESPE/PC-CE - 2012) Julgue o item, relativo à Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial.
Serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o único objetivo de assegurar o
progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos, ainda que tais medidas não conduzam, em
consequência, à manutenção de direitos separados para diferentes grupos raciais.
Comentários
A assertiva está incorreta. De acordo com o art. 1º, 4, da Convenção Internacional sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação Racial, não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais
tomadas com o único objetivo de assegurar o progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos,
contando que, tais medidas não conduzam, em consequência, à manutenção de direitos separados para
diferentes grupos raciais.
4. Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o único
objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou de
indivíduos que necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar a tais
grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades
fundamentais, contando que, tais medidas não conduzam, em consequência, à
manutenção de direitos separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após
terem sidos alcançados os seus objetivos.
17. (CESPE/PC-CE - 2012) Julgue os próximos itens, relativos à Convenção Internacional sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial.
Essa convenção aplica-se em âmbito universal à proteção aos direitos à igualdade, proibindo, entre outras,
distinções, exclusões, restrições e preferências feitas por um Estado entre cidadãos e não cidadãos.
Comentários
A assertiva está incorreta. De acordo com o art. 1º, 2, a Convenção sobre a eliminação de todas as formas
de discriminação racial não se aplicará às distinções, exclusões, restrições e preferências feitas por um Estado
signatário entre cidadãos e não cidadãos.
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18. (CESPE/PC-CE - 2012) Julgue os próximos itens, relativos à Convenção Internacional sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial.
Discriminação racial é toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência
ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo
ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública.
Comentários
A assertiva está correta, pois é o que dispõe o art. 1º, 1, da Convenção Internacional sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação Racial:
ARTIGO 1º
CESPE
19. (CESPE/DPE-TO - 2013) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher exige, de maneira genérica, a plena igualdade entre homens e mulheres, mas não contém
cláusula específica sobre a isonomia de gênero nas instâncias judiciais.
Comentários
É exatamente o contrário do que prevê o item 2 do Artigo 15 da Convenção sobre a Eliminação de todas as
Formas de Discriminação Contra a Mulher:
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20. (CESPE/DPE-TO - 2013) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher prevê expressamente o direito de a mulher ser tratada em igualdade de condições no que se
refere à publicação de suas opiniões pela imprensa.
Comentários
Não existe tal previsão na Convenção, razão pela qual a questão está incorreta.
21. (CESPE/DPE-MA - 2011) Com relação ao núcleo de direito internacional dos direitos humanos, formado
de instrumentos internacionais de natureza cogente, julgue os itens a seguir.
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher permite que
determinados direitos sejam limitados quando isso for necessário à segurança nacional e à ordem pública.
Comentários
Não há, na Convenção, limitação aos direitos da mulher em razão de segurança Nacional ou ordem pública.
Medidas excepcionais só podem ser adotadas para ACELERAR o processo de igualdade de fato entre homem
e mulher. É o que fixa o Artigo 4º:
22. (CESPE/DPE-BA - 2010) Acerca dos mecanismos de proteção internacional de direitos humanos, julgue
o item subsequente.
A violação grave e sistemática dos direitos humanos das mulheres em um Estado pode ser investigada pelo
Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, que recebe petições com denúncias de violação
a esses direitos.
Comentários
Artigo 1 - Cada Estado Parte do presente Protocolo (doravante denominado "Estado Parte")
reconhece a competência do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher
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CESPE
23. (CESPE/CGE-CE - 2019) Acerca da Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes e de suas disposições, julgue os itens que se seguem.
I - A referida convenção entrou em vigor no Brasil alguns anos após a promulgação da Constituição Federal
de 1988.
II - Essa convenção não se opõe à utilização excepcional de tortura em caso de ameaça ou estado de guerra,
instabilidade política interna, atos comprovados de terrorismo ou uso de armas de destruição em massa.
III - Policiais e outros encarregados de custódia, interrogatório ou tratamento de pessoa submetida a
qualquer forma de prisão, detenção ou reclusão que eventualmente participarem de treinamento sobre a
proibição de aplicar tortura receberão incentivos salariais como forma de ampliar a divulgação da referida
convenção no território nacional.
IV - A referida convenção prevê que cada Estado-parte assegurará à vítima de ato de tortura o direito à
reparação justa e adequada dos danos sofridos, incluídos os meios necessários para a mais completa
reabilitação possível, e, em caso de morte da vítima como resultado de ato de tortura, seus dependentes
terão direito à indenização.
Estão certos apenas os itens
(A) I e III.
(B) I e IV.
(C) II e IV.
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV.
Comentários
A letra B está correta e é o gabarito da questão, pois apenas os itens I e IV estão certos.
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O item I está correto, pois a Assembleia Geral das Nações Unidas, em sua XL Sessão, realizada em Nova York,
adotou a 10 de dezembro de 1984, a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes, contudo, a Convenção só foi internalizada no Brasil em 1991 através do Decreto
40.
O item II está errado, porque a Convenção não autoriza a utilização de qualquer situação de excepcionalidade
a justificar a prática de tortura. Neste sentido, é o seu art. 2º:
O item III está incorreto, pois é obrigação de cada Estado Parte da Convenção o treinamento de seu pessoal
civil ou militar encarregado da aplicação da lei acerca da proibição de tortura, não havendo qualquer
incentivo para quem não praticá-la. Neste sentido é a Convenção:
ARTIGO 10
1. Cada Estado Parte assegurará que o ensino e a informação sobre a proibição de tortura
sejam plenamente incorporados no treinamento do pessoal civil ou militar encarregado da
aplicação da lei, do pessoal médico, dos funcionários públicos e de quaisquer outras
pessoas que possam participar da custódia, interrogatório ou tratamento de qualquer
pessoa submetida a qualquer forma de prisão, detenção ou reclusão.
2. Cada Estado Parte incluirá a referida proibição nas normas ou instruções relativas aos
deveres e funções de tais pessoas.
ARTIGO 14
1. Cada Estado Parte assegurará, em seu sistema jurídico, à vítima de um ato de tortura, o
direito à reparação e a uma indenização justa e adequada, incluídos os meios necessários
para a mais completa reabilitação possível. Em caso de morte da vítima como resultado de
um ato de tortura, seus dependentes terão direito à indenização.
24. (CESPE/DPE-TO - 2013) Assinale a opção correta acerca da Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
O Comitê contra a Tortura deve ser composto por pessoas de reputação ilibada indicadas pelos Estados-
partes e aprovadas pelo secretário-geral da ONU.
Comentários
De fato, os membros do Comitê devem possuir reputação moral ilibada. Além disso, os membros são
chamados de peritos e são indicados pelos Estados parte, todavia, a indicação dos Estados forma uma lista
da qual serão eleitos 10 peritos nos termos do art. 17, da Convenção:
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25. (CESPE/DPE-TO - 2013) Assinale a opção correta acerca da Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
Essa convenção não estabelece garantias para o acusado da prática de tortura.
Comentários
A Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes prevê em
seu art. 7º garantias para o acusado de prática de tortura:
Art. 7º (...) 3 - Qualquer pessoa processada por qualquer dos crimes previstos no artigo 4º
receberá garantias de tratamento justo em todas as fases do processo”.
Todavia, não é necessário saber o texto da lei para acertar essa questão, isso porque o princípio do
contraditório permeia todo o direito internacional, bem como os direitos humanos.
26. (CESPE/DPE-TO - 2013) Assinale a opção correta acerca da Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
Quando o Estado-parte reconhecer a competência do Comitê contra a Tortura para receber e processar
petições individuais, devem ser sempre consideradas inadmissíveis as petições apócrifas.
Comentários
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27. (CESPE/DPE-TO - 2013) Assinale a opção correta acerca da Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
O referido acordo internacional define a tortura como qualquer ato por meio do qual dores ou sofrimentos
agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de castigá-la por ato que ela
tenha cometido, mesmo que tais dores ou sofrimentos sejam consequência unicamente de sanções
legítimas.
Comentários
O conceito de tortura está previsto já no Artigo 1º da Convenção, todavia, ao contrário do que diz a questão,
não se considera tortura se tais dores e sofrimentos advierem de sanções legítimas. É o que diz a parte final
do Artigo 1º:
Para fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato pelo qual dores
ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a
fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato
que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar
ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em
discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por
um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua
instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura
as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, ou que
sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram.
28. (CESPE/DPE-TO - 2013) Assinale a opção correta acerca da Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
A referida convenção não pode funcionar como base legal para a extradição, quando permitida, de pessoa
acusada de tortura.
Comentários
A assertiva está incorreta, uma vez que o artigo 8 da Convenção dispõe que os crimes nela previstos serão
extraditáveis nos termos dos tratados assinados pelos Estados-parte. Inclusive, poderá ocorrer a extradição
por crime de tortura com base na própria convenção se não houver tratado de extradição entre os Estados
envolvidos no caso de tortura.
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29. (CESPE/PC-CE - 2012) A respeito da Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes, julgue os itens seguintes.
Nenhum país procederá à expulsão, devolução ou extradição de pessoa para outro Estado quando houver
razões substanciais para crer que essa pessoa corre perigo de ali ser submetida a tortura.
Comentários
Trata-se de reprodução literal do que prevê o art. 3º item 1 da Convenção: “Nenhum Estado parte procederá
à expulsão, devolução ou extradição de uma pessoa para outro Estado quando houver razões substanciais
para crer que a mesma corre perigo de ali ser submetida a tortura”.
30. (CESPE/PC-CE - 2012) A respeito da Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes, julgue os itens seguintes.
Tortura é qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos são infligidos à pessoa a fim de se obterem
informações ou confissões, ainda que tais dores ou sofrimentos sejam consequências unicamente de sanções
legítimas.
Comentários
O conceito de tortura está previsto já no artigo primeiro da Convenção, o qual estabelece expressamente
que “não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos consequência unicamente de sanções
legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram”.
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31. (CESPE/DPE-PE - 2015) No ano de 1993, João foi preso no Brasil durante uma manifestação popular
motivada por reivindicações diversas. Na delegacia policial, sofreu maus tratos por parte dos policiais
e foi encarcerado na condição de preso provisório. Durante o período de encarceramento, ele foi
torturado e submetido a abuso sexual por algumas autoridades policiais para que informasse quem
eram os líderes daquele movimento, informação essa não conhecida por João. No julgamento pela
participação na manifestação, o tempo de sua condenação foi inferior ao tempo que ele já havia
cumprido como preso provisório. Logo após sua libertação, João aceitou convite de uma organização
não governamental francesa para residir em Paris, obteve cidadania francesa e passou a visitar o Brasil
eventualmente para relatar essa experiência. Em uma dessas visitas, já em 2001, ele identificou e
localizou um de seus torturadores. Nesse mesmo ano, por intermédio de um conhecido, já que não
tinha condições financeiras para custear os honorários de um advogado, João ingressou com pedido
judicial em que requereu indenização contra a unidade federativa onde foi preso em razão dos danos
decorrentes da tortura e dos maus tratos sofridos no período de encarceramento. Esse processo ainda
não foi julgado e encontra-se atualmente na primeira instância. João procura a Defensoria para passar
a representá-lo.
A respeito dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
No processo judicial em curso, João tem direito a receber indenização pelos maus tratos e pela tortura
sofridos, caso seja possível comprová-los.
Comentários
O direito à reparação e à indenização justa e adequada está previsto no art. 14, da Convenção contra a
Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
ARTIGO 14
1. Cada Estado Parte assegurará, em seu sistema jurídico, à vítima de um ato de tortura, o
direito à reparação e a uma indenização justa e adequada, incluídos os meios necessários
para a mais completa reabilitação possível. Em caso de morte da vítima como resultado de
um ato de tortura, seus dependentes terão direito à indenização.
2. O disposto no presente Artigo não afetará qualquer direito a indenização que a vítima
ou outra pessoa possam ter em decorrência das leis nacionais.
Portanto, João tem direito a receber indenização pelos maus tratos e pela tortura sofridos, caso seja possível
comprová-los. Assim, a assertiva está correta.
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CESPE
1. (CESPE/MPU - 2018) Julgue os itens a seguir, à luz das disposições da Lei n.º 12.288/2010, da Lei n.º
10.639/2003 e da Convenção Internacional sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial.
Medidas que visem garantir certo grupo de minorias a superação de barreiras resultantes de desigualdade
histórica e impeditivas ao exercício pleno de direitos e garantias fundamentais não devem ser consideradas
discriminatórias, pois representam compromisso com a promoção de valores universais concernentes à paz
e à igualdade entre diferentes povos, raças e nações.
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Nos termos da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, a
exclusão de direitos baseada unicamente na origem nacional também poderá caracterizar discriminação
racial.
10. (CESPE/DPE-RR - 2013) A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
A exclusão, distinção, restrição ou preferência embasada na raça, cor, descendência ou origem étnica
esgotam as modalidades de discriminação proibidas pela convenção em pauta.
11. (CESPE/DPE-TO - 2013) No que diz respeito ao esgotamento dos recursos de direito interno, julgue o
item abaixo:
Apesar de a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial não o
reconhecer expressamente, admite-se excepcionar a regra dos esgotamentos dos recursos internos nos
casos em que estes se prolongam excessivamente.
12. (CESPE/DPE-RR - 2013) A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
O Brasil reconheceu a competência do Comitê Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial no
ano de 2003.
13. (CESPE/DPE-SE - 2012) De acordo com as disposições da Convenção Internacional sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue o item abaixo:
Os elementos relevantes para a caracterização da discriminação racial se restringem à raça, à cor e à origem
étnica.
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16. (CESPE/PC-CE - 2012) Julgue o item, relativo à Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação Racial.
Serão consideradas discriminação racial as medidas especiais tomadas com o único objetivo de assegurar o
progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos, ainda que tais medidas não conduzam, em
consequência, à manutenção de direitos separados para diferentes grupos raciais.
17. (CESPE/PC-CE - 2012) Julgue os próximos itens, relativos à Convenção Internacional sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial.
Essa convenção aplica-se em âmbito universal à proteção aos direitos à igualdade, proibindo, entre outras,
distinções, exclusões, restrições e preferências feitas por um Estado entre cidadãos e não cidadãos.
18. (CESPE/PC-CE - 2012) Julgue os próximos itens, relativos à Convenção Internacional sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial.
Discriminação racial é toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência
ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo
ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública.
CESPE
19. (CESPE/DPE-TO - 2013) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher exige, de maneira genérica, a plena igualdade entre homens e mulheres, mas não contém
cláusula específica sobre a isonomia de gênero nas instâncias judiciais.
20. (CESPE/DPE-TO - 2013) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
a Mulher prevê expressamente o direito de a mulher ser tratada em igualdade de condições no que se
refere à publicação de suas opiniões pela imprensa.
21. (CESPE/DPE-MA - 2011) Com relação ao núcleo de direito internacional dos direitos humanos, formado
de instrumentos internacionais de natureza cogente, julgue os itens a seguir.
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher permite que
determinados direitos sejam limitados quando isso for necessário à segurança nacional e à ordem pública.
22. (CESPE/DPE-BA - 2010) Acerca dos mecanismos de proteção internacional de direitos humanos, julgue
o item subsequente.
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A violação grave e sistemática dos direitos humanos das mulheres em um Estado pode ser investigada pelo
Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, que recebe petições com denúncias de violação
a esses direitos.
CESPE
23. (CESPE/CGE-CE - 2019) Acerca da Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes e de suas disposições, julgue os itens que se seguem.
I - A referida convenção entrou em vigor no Brasil alguns anos após a promulgação da Constituição Federal
de 1988.
II - Essa convenção não se opõe à utilização excepcional de tortura em caso de ameaça ou estado de guerra,
instabilidade política interna, atos comprovados de terrorismo ou uso de armas de destruição em massa.
III - Policiais e outros encarregados de custódia, interrogatório ou tratamento de pessoa submetida a
qualquer forma de prisão, detenção ou reclusão que eventualmente participarem de treinamento sobre a
proibição de aplicar tortura receberão incentivos salariais como forma de ampliar a divulgação da referida
convenção no território nacional.
IV - A referida convenção prevê que cada Estado-parte assegurará à vítima de ato de tortura o direito à
reparação justa e adequada dos danos sofridos, incluídos os meios necessários para a mais completa
reabilitação possível, e, em caso de morte da vítima como resultado de ato de tortura, seus dependentes
terão direito à indenização.
Estão certos apenas os itens
(A) I e III.
(B) I e IV.
(C) II e IV.
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV.
24. (CESPE/DPE-TO - 2013) Assinale a opção correta acerca da Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
O Comitê contra a Tortura deve ser composto por pessoas de reputação ilibada indicadas pelos Estados-
partes e aprovadas pelo secretário-geral da ONU.
25. (CESPE/DPE-TO - 2013) Assinale a opção correta acerca da Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
Essa convenção não estabelece garantias para o acusado da prática de tortura.
26. (CESPE/DPE-TO - 2013) Assinale a opção correta acerca da Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
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Quando o Estado-parte reconhecer a competência do Comitê contra a Tortura para receber e processar
petições individuais, devem ser sempre consideradas inadmissíveis as petições apócrifas.
27. (CESPE/DPE-TO - 2013) Assinale a opção correta acerca da Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
O referido acordo internacional define a tortura como qualquer ato por meio do qual dores ou sofrimentos
agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de castigá-la por ato que ela
tenha cometido, mesmo que tais dores ou sofrimentos sejam consequência unicamente de sanções
legítimas.
28. (CESPE/DPE-TO - 2013) Assinale a opção correta acerca da Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
A referida convenção não pode funcionar como base legal para a extradição, quando permitida, de pessoa
acusada de tortura.
29. (CESPE/PC-CE - 2012) A respeito da Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes, julgue os itens seguintes.
Nenhum país procederá à expulsão, devolução ou extradição de pessoa para outro Estado quando houver
razões substanciais para crer que essa pessoa corre perigo de ali ser submetida a tortura.
30. (CESPE/PC-CE - 2012) A respeito da Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes, julgue os itens seguintes.
Tortura é qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos são infligidos à pessoa a fim de se obterem
informações ou confissões, ainda que tais dores ou sofrimentos sejam consequências unicamente de sanções
legítimas.
31. (CESPE/DPE-PE - 2015) No ano de 1993, João foi preso no Brasil durante uma manifestação popular
motivada por reivindicações diversas. Na delegacia policial, sofreu maus tratos por parte dos policiais
e foi encarcerado na condição de preso provisório. Durante o período de encarceramento, ele foi
torturado e submetido a abuso sexual por algumas autoridades policiais para que informasse quem
eram os líderes daquele movimento, informação essa não conhecida por João. No julgamento pela
participação na manifestação, o tempo de sua condenação foi inferior ao tempo que ele já havia
cumprido como preso provisório. Logo após sua libertação, João aceitou convite de uma organização
não governamental francesa para residir em Paris, obteve cidadania francesa e passou a visitar o Brasil
eventualmente para relatar essa experiência. Em uma dessas visitas, já em 2001, ele identificou e
localizou um de seus torturadores. Nesse mesmo ano, por intermédio de um conhecido, já que não
tinha condições financeiras para custear os honorários de um advogado, João ingressou com pedido
judicial em que requereu indenização contra a unidade federativa onde foi preso em razão dos danos
decorrentes da tortura e dos maus tratos sofridos no período de encarceramento. Esse processo ainda
não foi julgado e encontra-se atualmente na primeira instância. João procura a Defensoria para passar
a representá-lo.
A respeito dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
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No processo judicial em curso, João tem direito a receber indenização pelos maus tratos e pela tortura
sofridos, caso seja possível comprová-los.
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GABARITO
1. CORRETA
2. INCORRETA
3. INCORRETA
4. CORRETA
5. CORRETA
6. CORRETA
7. CORRETA
8. INCORRETA
9. INCORRETA
10. INCORRETA
11. INCORRETA
12. CORRETA
13. INCORRETA
14. ANULADA
15. D
16. INCORRETA
17. INCORRETA
18. CORRETA
19. INCORRETA
20. INCORRETA
21. INCORRETA
22. CORRETA
23. B
24. INCORRETA
25. INCORRETA
26. CORRETA
27. INCORRETA
28. INCORRETA
29. CORRETA
30. INCORRETA
31. CORRETA
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