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Aula 05

Direito Administrativo p/ PC-SP


(Delegado) - Com videoaulas - 2020

Autor:
Wagner Damazio
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9 de Março de 2020

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649710

Sumário
Introdução ......................................................................................................................................... 4

1. Considerações Iniciais ...................................................................................................................... 6

2. Agentes Públicos ............................................................................................................................. 9

2.1. A Expressão “Agentes Públicos” no Ordenamento Jurídico .................................................................. 16

2.2. Agente Político ...................................................................................................................................... 20

2.2.1. Jurisprudência sobre Agentes Políticos ................................................................................................................ 20

2.3. Militar .................................................................................................................................................... 23

2.3.1. Jurisprudências sobre os Militares e Segurança Pública ...................................................................................... 29

2.4. Servidores Públicos ................................................................................................................................ 31

2.4.1. Servidores Públicos Estatutários .......................................................................................................................... 34

2.4.2. Empregados Públicos ............................................................................................................................................ 34

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2.4.3. Servidores Temporários ........................................................................................................................................ 37

2.4.4. Jurisprudência acerca dos Servidores Temporários ............................................................................................. 38

2.5 Particulares em Colaboração com o Estado........................................................................................... 39

3. Institutos Constitucionais Relevantes atinentes aos Agentes Públicos ................................................ 41

3.1. Regime Jurídico Único ........................................................................................................................... 41

3.1.1. Jurisprudência acerca do Regime Jurídico Único.................................................................................................. 44

3.2. Cargo, Emprego e Funções Públicas ...................................................................................................... 45

3.2.1. Jurisprudência acerca de Cargo, Emprego e Função Públicas .............................................................................. 48

3.3. Concurso Público ................................................................................................................................... 49

3.3.1. Jurisprudência acerca do Concurso Público ......................................................................................................... 50

3.4. Estabilidade ........................................................................................................................................... 49

3.4.1. Jurisprudência acerca da Estabilidade .................................................................................................................. 60

3.5. Remuneração ........................................................................................................................................ 62

3.6. Teto Remuneratório .............................................................................................................................. 67

3.6.1. Jurisprudência acerca de Remuneração e Teto Remuneratório .......................................................................... 70

3.7. Acumulação de Cargos, Empregos ou Funções ..................................................................................... 73

3.7.1. Jurisprudência acerca da Acumulação de Cargos, Empregos ou Funções Públicas ............................................. 75

3.8. Direito de Greve .................................................................................................................................... 77

3.8.1. Jurisprudência acerca da Greve ............................................................................................................................ 81

3.9. Regime Próprio de Previdência do Servidor Público ............................................................................. 82

3.10. Regime Complementar de Previdência do Servidor Público ............................................................... 93

3.10.1. Jurisprudência acerca do Regime Próprio de Previdência e do Regime Complementar ................................... 96

4. Questões de Concursos Anteriores ............................................................................................... 102

4.1. Lista de Questões sem Comentários ................................................................................................... 102


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4.2. Gabarito sem Comentários ................................................................................................................. 128

4.3. Questões Resolvidas e Comentadas .................................................................................................... 129

5. Resumo ...................................................................................................................................... 207

6. Considerações Finais ................................................................................................................... 218

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INTRODUÇÃO

Caríssimo(a)! Vamos dar continuidade, aqui no Estratégia Concursos, ao Curso de Direito


Administrativo com teoria e exercícios resolvidos e comentados para o concurso de ingresso à
carreira de Delegado da Polícia Civil de São Paulo.
Na aula passada, nós estudamos na integralidade o Marco Regulatório das Organizações da
Sociedade Civil – MROSC (Lei nº 13.019, de 2014), em especial:

 Vigência do MROSC;
 Regime Jurídico do MROSC;
 Celebração de Parcerias: Acordo de Cooperação, Termo de Colaboração e de Fomento;
 OSC Impedidas de Celebrar Parceria;
 Procedimento de Manifestação de Interesse Social;
 Chamamento Público;
 Formalização da Parceria;
 Parceria em Rede;
 Governança quanto à Execução das Parcerias;
 Penalidades; e
 Jurisprudência.

Hoje, nós iniciaremos os estudos dos Agentes Públicos. Tema importantíssimo e bastante
explorado em provas, sobretudo a jurisprudência.
Assim, esclareço que na aula de hoje haverá muita jurisprudência do STF, já que os grandes temas
acerca dos Agentes Públicos decorrem diretamente do texto constitucional. Tenha certeza que
isso é necessário e pode garantir a sua aprovação.

Havendo dificuldade na compreensão da teoria ou na resolução dos exercícios expostos nesta aula ou em
qualquer outra, não deixe de entrar em contato comigo pelo fórum de dúvidas!

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Repito que estou sempre atento ao fórum de dúvidas para, de forma célere, buscar uma maneira de
reescrever o conteúdo ou aclarar a explicação anteriormente oferecida para que você alcance a sua
meta de aprendizagem.
Frise-se que o nosso objetivo precípuo é a sua aprovação e para isso me dedicarei ao máximo para atendê-
lo e auxiliá-lo nessa caminhada.
Além disso, para ficar por dentro das notícias do mundo dos concursos públicos, recomendo que você siga
o perfil do Estratégia Carreira Jurídica e do Estratégia Concursos nas mídias sociais! Você também poderá
seguir meu perfil no Instagram. Por meio dele eu busco não só transmitir notícias de eventos do Estratégia
e de fatos relativos aos concursos em geral, mas também compartilhar questões comentadas de
concursos específicos que o ajudará em sua preparação!

Que Deus o ilumine nos estudos!

Sem mais delongas, vamos ao trabalho!

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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Como de praxe, inicio esta nossa aula 5 com as seguintes questões:

PROVOCAÇÕES INTRODUTÓRIAS PARA A AULA DE HOJE:


1) O que é o agente público putativo?

2) Aplica-se a teoria do fato consumado a casos nos quais se pleiteia a permanência em cargo
público, cuja posse tenha ocorrido de forma precária, em razão de decisão judicial não
definitiva?

3) Para alguns autores a expressão agente público inclui pessoas jurídicas?

4) Magistrados, membros do Ministério Público e do Tribunal de Contas são agentes políticos?

5) Em qual dispositivo legal se encontra a definição de agente público?

6) O foro por prerrogativa de função previsto na Constituição para infrações penais comuns é
extensível às ações de improbidade?

7) Os Agentes Políticos, inclusive o Presidente da República, encontram-se sujeitos a um duplo


regime sancionatório?

8) Há evolução jurisprudencial da súmula vinculante 13 no sentido de negar nomeação de filho


de Chefe do Executivo como Secretário?

9) Quem é a autoridade suprema dos militares das Forças Armadas?

10) Cabe habeas corpus para punições disciplinares? Militar pode se sindicalizar e realizar
greve? Pode se filiar a partido político na reserva?

11) Em tempo de guerra, mulheres e eclesiásticos podem ter que cumprir o serviço militar?

12) O que é imperativo de consciência?


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13) Viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as


praças prestadoras de serviço militar inicial?

14) Para efeitos de greve, as atividades desenvolvidas pela polícia civil são análogas às dos
militares?

15) Por que a CRFB deixou de utilizar a expressão “funcionário público”?

16) Indique três exceções constitucionais acerca da desnecessidade de realização de concurso


público?

17) Qual o regime jurídico único aplicável entre a data da constituição de 1988 e a emenda
constitucional 19, de 1998? E entre esta e a concessão da medida cautelar na ADI 2.135? E
atualmente?

18) Qual a diferença entre cargo, emprego e função pública?

19) Pode haver função sem cargo? E cargo sem função?

20) O que é o comissionado puro e função gratificada?

21) Qual o prazo para estabilidade no serviço público?

22) Qual o prazo de validade de um concurso público?

23) O STF afirma que “a discricionariedade da administração quanto à convocação de


aprovados em concurso público fica reduzida ao patamar zero”, certo ou errado?

24) O que são as cláusulas de barreira?

25) Quem se tornou estável nos termos do art. 19 do ADCT?

26) Em quais casos o servidor estável pode perder o cargo?

27) A quem se aplica obrigatoriamente a remuneração por subsídio? E de forma facultativa?

28) Qual o subteto remuneratório nos Municípios e nos Estados e DF?

29) O teto remuneratório é considerado em relação a cada uma das remunerações acumuladas
segunda autorização constitucional ou pela soma do valor recebido? Quais são os cargos
acumuláveis?

30) Qual lei se aplica à greve dos servidores públicos?

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31) A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do
exercício do direito de greve pelos servidores públicos?

32) Quais as condições para aposentadoria voluntária, por invalidez e compulsória?

33) Ao professor de ensino infantil, fundamental, médio e superior se aplica a redução de 5 anos
aos requisitos para aposentadoria?

34) Qual o valor devido para pensão por morte?

35) Em que situação a contribuição para previdência própria incidirá apenas sobre as parcelas
de proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social?

36) O que é entidade fechada de previdência complementar? E contribuição definida?

Se você não tem certeza de uma ou algumas das respostas a esses questionamentos, fique atento
que elas estarão ao longo da aula de hoje!

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2. AGENTES PÚBLICOS

Agente público é o gênero citado em alguns dispositivos do ordenamento jurídico e adotado pela
doutrina e pela jurisprudência para se referir a todo e qualquer sujeito que execute alguma função
pública para a Administração Pública Direta ou Indireta.
É por meio dos agentes públicos que o Estado manifesta a sua vontade. Ou seja, sem os agentes
públicos o Estado seria meramente uma “alma sem corpo”, um verdadeiro fantasma existente
apenas no plano jurídico.
Nas aulas precedentes, nós estudamos os órgãos e entes da Administração Pública Direta e
Indireta, bem como vimos com profundidade as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, que trabalham em colaboração com o Estado (Terceiro Setor).
É preciso focar agora na figura daqueles que, em três dimensões, materializam as ações estatais,
ou seja, são aqueles que atuam no plano fático na dimensão estratégica, na dimensão tática e na
dimensão operacional.
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello1discorre que:

Esta expressão - agentes públicos - é a mais ampla que se pode conceber para designar
genérica e indistintamente os sujeitos que servem ao Poder Público como instrumentos
expressivos de sua vontade ou ação, ainda quando o façam apenas ocasional ou
episodicamente.

Ainda segundo o ilustre autor, a caracterização de agente público exige dois requisitos, quais
sejam: a natureza da atividade desempenhada (critério objetivo) e a investidura nela (critério
subjetivo).

1
Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, pp 219 e ss.

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Antes de apresentar a sua classificação de agentes públicos, o professor Celso Antônio discorre
sobre a figura do “agente público de fato” (ou agente público putativo2). Isto é, aquele cuja
investidura foi irregular, mas a situação aparentava regularidade e legalidade. Em suas palavras:

De passagem, anote-se que o defeito invalidante da investidura de um agente não


acarreta, só por só, a invalidade dos atos que este praticou. (...) Em nome do princípio
da aparência, da boa-fé dos administrados, da segurança jurídica e do princípio da
presunção de legalidade dos atos administrados reputam-se válidos os atos por ele
praticados, se por outra razão não forem viciados.

Essa conclusão, inclusive, está em linha com a Teoria do Fato Consumado que estudamos em
nossa primeira aula do curso (aula demonstrativa).

#ficadica

A Teoria do Fato Consumado: está intimamente ligada à segurança jurídica e busca


a estabilização de situações sociais ou jurídicas em função do decurso do tempo.
Segundo o STF, é matéria de ordem eminentemente constitucional, devendo ser
utilizada excepcionalmente e ser temperado pela corte suprema frente ao caso
concreto.

Relembre duas jurisprudências do STF sobre a Teoria do Fato Consumado:

2
A expressão agente público putativo é utilizada pelo professor José dos Santos Carvalho Filho em seu Manual
de Direito Administrativo, 31ª edição, p. 633.
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A teoria do fato consumado não se caracteriza como matéria infraconstitucional, pois


em diversas oportunidades esta Corte manifestou-se pela aplicação do princípio da
segurança jurídica em atos administrativos inválidos, como subprincípio do Estado de
Direito, tal como nos julgamentos do MS 24.268, DJ de 17-9-2004, e do MS 22.357,
DJ de 5-11-2004, ambos por mim relatados. No entanto, no presente caso, não se pode invocar
a teoria do fato consumado sob o manto da segurança jurídica. A aplicação dessa teoria enfrenta
temperamentos neste Tribunal.[RE 462.909 AgR, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 4-4-2006,
2ª T, DJ de 12-5-2006.]
A jurisprudência deste Tribunal é no sentido da inaplicabilidade da teoria do fato
consumado a casos nos quais se pleiteia a permanência em cargo público, cuja posse
tenha ocorrido de forma precária, em razão de decisão judicial não definitiva.(RE
405964/RS, Relator: Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, data de julgamento:
24/04/2012)

Rememorado o conceito e esclarecida a figura do “agente público de fato”, apresento a


classificação de agentes públicos segundo Celso Antônio Bandeira de Mello:

Exemplos: Presidente, Governadores,


Prefeitos e seus vices; Ministros e
Agentes Políticos
Secretários; Senadores, Deputados e
Vereadores

servidores públicos
Servidores Estatais
Agentes servidores das pessoas governamentais
Públicos de Direito Privado

requisitados

Particulares em atuação gestores de negócios públicos


colaboradora com o Poder
Público contratados por locação civil de serviços

concessionários, permissionários e
delegatários de serviços públicos

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Como você bem sabe, a taxonomia (classificação) adotada por cada doutrinador é muito pessoal e apresenta
peculiaridades. Então são variadas as classificações apresentadas nos diversos manuais de Direito
Administrativo.
De todo modo, como as bancas podem explorar um ou outro doutrinador específico, eu também apresento,
antes de detalharmos este tópico, a definição e a classificação de agentes públicos apresentadas nas obras
da professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro e dos professores José dos Santos Carvalho Filho, Hely Lopes
Meirelles e Marçal Justen Filho.
Você vai reparar que há classificações mais sintéticas, como a do professor Celso Antônio, já apresentada, e
outras extremamente analíticas, como a do professor Marçal Justen Filho.
Creio que adotando a classificação da professora Maria Sylvia como fio condutor para o nosso estudo,
conseguiremos abordar, senão a totalidade, mas a grande maioria da teoria necessária para que você
compreenda qualquer outra classificação que possa ser apresentada.
Esclareço que também incluirei alguns apontamentos pertinentes da teoria desses doutrinadores e que
podem ser explorados em sua prova.
Então vamos a eles!
A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro3 define agente público como toda pessoa física que presta
serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta, subdividindo-o em quatro categorias:

Agentes Políticos

Militares Servidores Estatutários

Servidores Públicos Empregados Públicos


Agente
Público
Servidores Temporários

delegação

Particulares em colaboração com o Poder requisição, nomeação ou


Público designação

gestor de negócio

3
Direito Administrativo, 30ª edição, p 678.

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Nessa linha, o professor José dos Santos Carvalho Filho4 discorre acerca da figura do agente público
apresentando a definição e a classificação a seguir:

A expressão agentes públicos tem sentido amplo. Significa o conjunto de pessoas que,
a qualquer título, exercem uma função pública como prepostos do Estado. Essa função,
é mister que se diga, pode ser remunerada ou gratuita, definitiva ou transitória, política
ou jurídica.

Agentes Políticos
Civis e Militares

Agente
Público de Servidores Públicos Comuns e Especiais
Direito

Estatutários, Trabalhistas e
Temporários
Agentes Particulares Colaboradores

Necessários
Agente de
Fato
Putativos

Por seu turno, a classificação de agentes públicos de acordo com a obra do professor Hely Lopes Meirelles5, para o qual
agentes públicos são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício de alguma
função estatal, é a seguir apresentada:

4
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 629 e ss.
5
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, pp 79 a 86.
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Exemplos: Chefes do Executivo, Ministros,


Secretários, Senadores, Deputados, Vereadores,
agentes políticos
Magistrados, Membros do Ministério Público e do
Tribunal de Contas, representantes diplomáticos

servidores públicos concursados


(art. 37, II, da CRFB)

servidores públicos exercentes de cargo em


agentes comissão
administrativos
(art. 37, V, da CRFB)

Agentes
Públicos servidores temporários
(art. 37, IX, da CRFB)

agentes Exemplos: jurado, mesário eleitoral, integrante de


honoríficos comissão de estudo ou de julgamento

Exemplos: concessionários, delegatários,


agentes
permissionários, leiloeiros, tradutores e intérpretes
delegados
públicos

representa o Poder Público em determinado ato ou


agentes
para certa atividade específica, mediante
credenciados
remuneração

Por fim, incluo aqui também a classificação de agentes público do professor Marçal Justen Filho6, para quem agente
público é, necessariamente, uma pessoa física, que atua como órgão estatal, produzindo ou manifestando a vontade
do Estado.

6
Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, pp 689 e ss.
14

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Poder Executivo

Poder Legislativo

Poder Judiciário
com vínculo
vínculo de direito trabalhista
Ministério Público
privado sem vínculo
trabalhista
Tribunal de Contas

Administração
Indireta
mandato
eletivo
executivo
cargo em
Agente político
comissão
Estatal com legislativo
Vínculo
Jurídico
Lei 8.666/1993
Fomal

Lei 8.987/1995

não
Lei 9.637/1998
servidor

Lei 9.790/1999

vínculo de Executivo (e
autarquias) Lei
direito 11079/2004
público
servidor
estatutário
servidor
temporário
servidor
estatutário
Legislativo
servidor
temporário
não
magistrado
servidor
civil Judiciário
não servidor estatutário
político
militar
procuradores
temporário
Agente Estatal e promotores
sem Vínculo funcionário de fato
Ministério
Jurídico Fomal estatutário
Público

temporário

ministros e
conselheiros
Tribunal de
estatutários
Contas

temporários

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Perceba o quanto é extensa e analítica a classificação do professor Marçal Justen Filho.


Importante ressaltar que há não só diferenças nas classificações, mas também conflitos entre elas.
Por exemplo, na obra do professor Hely Lopes Meirelles, os membros da magistratura, do ministério público e dos
tribunais de contas são incluídos na espécie de agentes políticos, enquanto os demais autores citados, com as vênias
de estilo, não adotam essa inclusão (Celso Antônio, Maria Sylvia7, José dos Santos Carvalho Filho e Marçal Justen Filho).
Além disso, na obra do professor Hely Lopes Meirelles e de Celso Antônio Bandeira de Mello, incluem-se entre os
agentes públicos as concessionárias e permissionárias pessoas jurídicas, fato que não é acolhido nem pela professora
Maria Sylvia, nem por Marçal Justen Filho e nem por José dos Santos Carvalho Filho, que só aceitam pessoas físicas na
qualidade de agentes públicos.
Vamos aprofundar a classificação de agentes públicos tendo por linha mestra a da professora Maria Sylvia e no
decorrer das explanações faremos os apontamentos importantes quanto à doutrina e à jurisprudência, tópicos
necessários para a resolução de questões de concursos anteriores e preparação sólida para os futuros.

2.1. A EXPRESSÃO “AGENTES PÚBLICOS” NO ORDENAMENTO


JURÍDICO

Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – CRFB, a expressão “agentes públicos” é utilizada
apenas nos arts. 151, inciso II, e 216-A, inciso IV, sendo a primeira citação oriunda do Poder Constituinte
Originário e a segunda o Poder Constituinte Derivado, já que proveniente da Emenda Constitucional nº 71,
de 2012.
Por outro lado, a palavra agente com a conotação que a doutrina utiliza, bem como suas variações, aparece
em inúmeros artigos da Constituição, aos quais colaciono a seguir, chamando atenção para o art. 37, inciso
XI, que cita agente político, e o seu §5º, que cita agentes, servidores ou não, já indicando ser a semântica de
agente um gênero do qual servidor é espécie.

Art. 5º (...)

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade

7
A professora Maria Sylvia, faz uma ressalva em função do julgamento no STF do RE 228.977/SP, conforme veremos
a seguir.
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ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de


atribuições do Poder Público; (...)

Art. 37 (...)

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos


da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento
do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos
Procuradores e aos Defensores Públicos (...)

§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer


agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
ações de ressarcimento.

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de


serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa. (...)

Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus
efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores
ou agentes. (...)

Art. 144. (...)

§10 (...)

II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos


respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em
Carreira, na forma da lei.

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Art. 151. É vedado à União: (...)

II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes
públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
(...)

Art. 198 (...)

§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes


comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo
seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e
requisitos específicos para sua atuação.

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a regulamentação das atividades de


agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias.

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as
diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente
comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos
termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.

§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição


Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde
ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de
descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício.

Art. 216-A. (...)

§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional de cultura e nas


suas diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguintes
princípios: (...)

IV - cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes na


área cultural; (...)

Portanto, não há na CRFB a definição de agente público nem a sua utilização é técnica e ordenadamente
utilizada. Da leitura dos excertos extraídos, inclusive, é possível identificar a aludida expressão fazendo
referências a pessoas físicas e/ou a pessoas jurídicas.

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Ainda no direito positivo, contudo, cabe dizer que a Lei de Improbidade Administrativa, Lei nº 8.429, de
1992, assim define agente público:

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou


não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa
incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário
haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da
receita anual, serão punidos na forma desta lei.

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do
patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

Perceba a amplitude da semântica de agente público, que inclui inclusive aqueles que integram os quadros
das entidades que recebam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público.
E, dessa definição positivada, depreende-se a generalização e amplitude dada pela doutrina à semântica de
“agente público”.
Fundamenta-se, inclusive, a grande variabilidade que cada autor adota.

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2.2. AGENTE POLÍTICO

Como já alertamos anteriormente, não é pacífico na doutrina quais são os agentes incluídos na espécie
agente político.
Reitero o dito anteriormente no sentido de que na obra do professor Hely Lopes Meirelles, os membros da
magistratura, do ministério público e dos tribunais de contas são incluídos na espécie de agentes políticos,
enquanto Celso Antônio, Maria Sylvia, José dos Santos Carvalho Filho e Marçal Justen Filho não fazem essa
inclusão.
Importante alertar que a professora Maria Sylvia8, citando o julgamento do RE 228.977 pelo STF, em 2002
(vide o teor desta e de outras jurisprudências sobre agentes políticos a seguir), indica que seria necessário
reconhecer que há uma tendência de se considerar os membros da Magistratura e do Ministério Público
entre os agentes políticos.
De todo modo, para a professora Maria Sylvia, a ideia de agente político está intimamente ligada à de governo
(aspecto subjetivo) e à de função política (aspecto objetivo).
Ou seja, integra a acepção de agente político aqueles que realizam atividades de governo como os Chefes
dos Poderes Executivos, seus vices e assessores imediatos (Ministros e Secretários), bem como os Senadores,
Deputados Federais, Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores.
Portanto, fique atento com relação à pergunta em sua prova! Se o fundamento buscado pela banca for a
doutrina, não é pacífico o entendimento de que magistrados, membro do Ministério Público e dos Tribunais
de Contas integram os agentes políticos. Se o fundamento for a jurisprudência do STF há um julgado (RE
228.977) de 2002 em que se afirma ser o magistrado integrante do chamado agente político e houve outro
julgado (RE 518.278) em 2009 em que apenas foi citado o RE 228.977.

2.2.1. Jurisprudência sobre Agentes Políticos

Vejamos aqui as principais jurisprudências acerca do tema Agentes Políticos.

8
Direito Administrativo, 30ª edição, pp 679 e 680.
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#ficadica

Chamo atenção para o Julgamento no STF do AgRg na Petição 3240. Este


julgado estava suspenso desde 2014 e foi retomado e finalizado em 10 de maio
de 2018. O Pleno do STF decidiu duas questões importantíssimas:

1) o foro por prerrogativa de função previsto na Constituição para infrações penais comuns não é
extensível às ações de improbidade administrativa que tem natureza civil. Assim, compete à primeira
instância processar e julgar ações de improbidade administrativa, ainda que praticados por Agentes
Políticos; e

2) os Agentes Políticos, exceto o Presidente da República, encontram-se sujeitos a um duplo regime


sancionatório, submetendo-se tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa (Lei
nº 8.429, de 1992) quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de responsabilidade (Lei
nº 1.079, de 1950).

A autoridade judiciária não tem responsabilidade civil pelos atos jurisdicionais praticados. Os
magistrados enquadram-se na espécie agente político, investidos para o exercício de
atribuições constitucionais, sendo dotados de plena liberdade funcional no desempenho de
suas funções, com prerrogativas próprias e legislação específica. Ação que deveria ter sido
ajuizada contra a Fazenda estadual – responsável eventual pelos alegados danos causados pela autoridade
judicial, ao exercer suas atribuições –, a qual, posteriormente, terá assegurado o direito de regresso contra
o magistrado responsável, nas hipóteses de dolo ou culpa. Legitimidade passiva reservada ao Estado.
Ausência de responsabilidade concorrente em face dos eventuais prejuízos causados a terceiros pela
autoridade julgadora no exercício de suas funções, a teor do art. 37, § 6º, da CF/1988.[RE 228.977, rel. min.
Néri da Silveira, j. 5-3-2002, 2ª T, DJ de 12-4-2002.]= RE 518.278 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 31-3-2009, 2ª
T, DJE de 24-4-2009

Súmula Vinculante 13
A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha reta, colateral ou por afinidade,
até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão
ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta, em qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas, viola a CF.

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Embora restrita ao âmbito do Judiciário, a Resolução 7/2005 do CNJ, a prática do nepotismo


nos demais Poderes é ilícita. A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para
coibir a prática. Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput,
da CF. (...) Recurso extraordinário conhecido e parcialmente provido para anular a nomeação
do servidor, aparentado com agente político, ocupante de cargo em comissão.[RE 579.951, rel. min.
Ricardo Lewandowski, j. 20-8-2008, P, DJE de 24-10-2008, Tema 66.]= ADI 3.745, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-
5-2013, P, DJE de 1º-8-2013

Nomeação de irmão de governador de Estado. Cargo de secretário de Estado. Nepotismo.


Súmula Vinculante 13. Inaplicabilidade ao caso. Cargo de natureza política. Agente político. (...)
Impossibilidade de submissão do reclamante, secretário estadual de transporte, agente
político, às hipóteses expressamente elencadas na Súmula Vinculante 13, por se tratar de
cargo de natureza política. Existência de precedente do Plenário do Tribunal: RE 579.951/RN, rel. min.
Ricardo Lewandowski, DJE de 12-9-2008. Ocorrência da fumaça do bom direito.[Rcl 6.650 MC-AgR, rel. min.
Ellen Gracie, j. 16-10-2008, P, DJE de 21-11-2008.]= RE 825.682 AgR, rel. min. Teori Zavascki, j. 10-2-2015,
2ª T, DJE de 2-3-2015
Atenção:o Ministro Marco Aurélio, em 2017, em tutela antecipada, deferiu liminar na Rcl 26.303 para
suspender a eficácia de Decreto expedido pelo Prefeito do Rio de Janeiro ao nomear o próprio filho como
Secretário Chefe da Casa Civil, mesmo tratando-se de cargo político, com base na súmula vinculante 13.
Assim, é preciso avaliar os próximos julgados do STF sobre o tema.

Improbidade administrativa. Agente político. Comportamento alegadamente ocorrido no


exercício de mandato de governador de Estado. Possibilidade de dupla sujeição tanto ao regime
de responsabilização política, mediante impeachment (Lei 1.079/1950), desde que ainda titular
de referido mandato eletivo, quanto à disciplina normativa da responsabilização civil por
improbidade administrativa (Lei 8.424/1992). Extinção subsequente do mandato de governador de Estado.
Exclusão do regime fundado na Lei 1.079/1950 (art. 76, parágrafo único). Pleito que objetiva distinguir
processo civil de improbidade administrativa, em razão de, à época dos fatos, a autora ostentar a qualidade
de chefe do Poder Executivo. Legitimidade, contudo, de aplicação a ex-governador de Estado do regime
jurídico fundado na Lei 8.427/1992 (...) Regime de plena responsabilidade dos agentes estatais, inclusive
dos agentes políticos, como expressão necessária do primado da ideia republicana.[AC 3.585 AgR, rel. min.
Celso de Mello, j. 2-9-2014, 2ª T, DJE de 28-10-2014.]

À incidência da regra do art. 15, III, da Constituição, sobre os condenados na sua vigência, não
cabe opor a circunstância de ser o fato criminoso anterior à promulgação dela a fim de invocar
a garantia da irretroatividade da lei penal mais severa: cuidando-se de norma originária da
Constituição, obviamente não lhe são oponíveis as limitações materiais que nela se impuseram
ao poder de reforma constitucional. Da suspensão de direitos políticos – efeito da condenação criminal
transitada em julgado, ressalvada a hipótese excepcional do art. 55, § 2º, da Constituição, resulta por si
mesma a perda do mandato eletivo ou do cargo do agente político.[RE 418.876, rel. min. Sepúlveda
Pertence, j. 30-3-2004, 1ª T, DJ de 4-6-2004.]

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2.3. MILITAR

O texto originário da CRFB denominava a sua seção II (artigos 39, 40 e 41) e a sua seção III (artigo 42) do
Capítulo VII (Da Administração Pública) do Título III (Da Organização do Estado), respectivamente, como “Dos
Servidores Públicos Civis” e “Dos Servidores Públicos Militares”.
Contudo, a Emenda Constitucional nº 19, de 1998, alterou as denominações dessas seções para,
respectivamente, “Dos Servidores Públicos” e “Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios”.
Portanto, no texto atual da CRFB, o tema militar é tratado especialmente:

 pelo art. 42: cujo objeto são os membros das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares dos Estados,
DF e Territórios;
 pelos arts. 142 e 143: cujo objeto são os membros das Forças Armadas, constituídas pela Marinha,
Exército e Aeronáutica; e
 pelo art. 144: cujo objeto é a segurança pública.

Fato é que os militares, espécie do gênero agentes públicos possuem regramento constitucional e legal
próprios, já que organizados com base na hierarquia e na disciplina e indispensáveis à segurança pública no
plano interno e nas relações internacionais.
Aos militares das Forças Armadas, que atuam sob a autoridade suprema do Presidente da República, é
destinada a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer dos poderes
do Estado, a garantia da lei e da ordem.

As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela


Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares sob a
autoridade suprema do Presidente da República, organizadas com base
na hierarquia e na disciplina, e destinadas a:

defesa da pátria

garantia dos Poderes Constitucionais

garantia da Lei e da Ordem, por iniciativa de qualquer dos Poderes da


República

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A Lei nº 6.880, de 1980, dispõe acerca do Estatuto dos Militares e disciplina as obrigações, deveres, direitos
e prerrogativas dos membros das Forças Armadas.
Como o Estatuto dos Militares é anterior à CRFB, é preciso que se fique atento quanto à compatibilidade e a
recepção ou não frente ao texto da atual carta da República.
Ainda no plano constitucional, fixa-se que as Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares são
instituições organizadas com base na hierarquia e na disciplina constituindo os militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios.
Cabe à lei específica dos Estados dispor sobre as carreiras de seus militares.
Importante ressaltar, contudo, que para o Distrito Federal, a Constituição fixou que Lei Federal deve dispor
sobre a utilização das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar por este ente (art. 32, §4º).
Frise-se também que na estrutura do Poder Judiciário há uma Justiça Militar própria, formada pelo Superior
Tribunal Militar e pelos Tribunais e juízes militares instituídos por lei.
A seguir, consolido as principais disposições constitucionais específicas acerca dos militares, além das já
citadas até aqui, esclarecendo que, após a Emenda Constitucional nº 19, de 1998, houve uma segregação
clara entre os servidores públicos em geral e os militares, de modo que é importante que você saiba que há
direito aos servidores públicos que não se aplicam aos militares, bem como há restrições específicas a serem
observadas por estes fixadas no texto constitucional.

DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES ACERCA DOS MILITARES:

é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva (inciso VII, do art. 5º)

é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar (inciso XVII, do art. 5º)
Atenção: a expressão paramilitar é adotada para associações civis que de forma irregular e não autorizada
se reúnem em grupos, armadas, e se utilizam de táticas e técnicas próprias de militares para, com base na
força e intimidação, obterem seus objetivos que podem ser, entre outros, ideológicos, políticos, partidários
ou religiosos.

constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático (inciso XLIV, do art. 5º)

ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos
em lei(inciso LXI, do art. 5º)

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não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os
conscritos9 (§2º do art. 14)
Atenção: a expressão conscrito é utilizada para designar aquele jovem que foi recrutado para o serviço
militar obrigatório.

o militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

a) se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

b) se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade (§8º do art. 14).

é vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar (§4º do art. 17)

compete à União organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços
públicos, por meio de fundo próprio (art. 21, inciso XIV)

compete privativamente à União legislar sobre requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e
em tempo de guerra (art. 22, III) e normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias,
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares (art. 22, XXI)

aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado
em lei, as disposições do art. 14, § 8º (trata das condições de elegibilidade do militar); do art. 40, § 9º
(trata da contagem de tempo de contribuição para aposentadoria e do tempo de serviço para
disponibilidade); e do art. 142, §§ 2º (não cabe habeas corpus para punições disciplinares militares) e 3º
(fixa direitos e obrigações dos militares), cabendo à lei estadual específica dispor sobre as matérias do
art. 142, § 3º, inciso X (trata das condições para ingresso, direitos, deveres, remuneração e
prerrogativas), sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores (§1º do art. 42)

aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado
em lei específica do respectivo ente estatal (§2º do art. 42)

a incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo
de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva (§7º do art. 53)

9
No link a seguir há um curto texto da revista jurídica Consulex analisa o porquê, à luz da Assembléia Nacional
Constituinte, de os conscritos não poderem votar: http://www.tre-rs.jus.br/arquivos/Santos_Afinal_conscritos.PDF
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são de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre militares das Forças
Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
transferência para a reserva (art. 61, §1º, inciso II, alínea “f”)

o Superior Tribunal Militar é composto de 15 Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da


República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo 3 dentre oficiais-generais da
Marinha, 4 dentre oficiais-generais do Exército, 3 dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da
ativa e do posto mais elevado da carreira, e 5 dentre civis escolhidos pelo Presidente da República
dentre brasileiros maiores de 35 anos dos quais 3 dentre advogados de notório saber jurídico e conduta
ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, e 2, por escolha paritária, dentre juízes
auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar (art. 123)

a lei estadual pode criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída,
em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio
Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a
20 mil integrantes(§3º do art. 125)

compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri
quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente
dos oficiais e da graduação das praças (§4º do art. 125)

o Ministério Público da União compreende: o Ministério Público Federal; o Ministério Público do


Trabalho;o Ministério Público Militar; e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (art. 128)

NÃO caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares (§2 do art. 142)

as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da
República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes
privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das
Forças Armadas (inciso I, do §3º, do art. 142)

o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a
hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c" (profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas), será transferido para a reserva, nos termos da lei (inciso II, do §3º, do art. 142)

o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil
temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37,
inciso XVI, alínea "c" (profissionais de saúde, com profissões regulamentadas), ficará agregado ao
respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por
antiguidade, contando o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva,
sendo depois de 2 anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei
(inciso III, do §3º, do art. 142)

ao militar são proibidas a sindicalização e a greve (inciso IV, do §3º, do art. 142)

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o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos (inciso V, do §3º, do art.
142)

aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI,
XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI,
alínea "c"(inciso VIII, do §3º, do art. 142)

o serviço militar é obrigatório nos termos da lei (art. 143)

Atenção 1:as mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de paz,
sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir

Atenção2: compete às Forças Armadas, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo
de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência

Atenção3:entende-se por imperativo de consciência aquele decorrente de crença religiosa e de convicção


filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar

Cabe uma atenção especial aos órgãos integrantes da Segurança Pública. De acordo com o texto
constitucional, a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, devendo ser
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
Dentre os órgãos integrantes da Segurança Pública, conforme diagramado a seguir, apenas os agentes
públicos das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares são considerados militares na acepção da
palavra, embora todos estejam imbuídos da manutenção da ordem pública e social.
Ressalte-se inclusive, que a jurisprudência do STF já se posicionou no sentido de que os serviços públicos
desenvolvidos por grupos armados, como da Polícia Civil, são análogos, no que tange ao instituto da greve,
aos dos militares. Ou seja, é proibida a realização de greve por esses agentes tal qual ocorre com os militares.
Dessa forma, apresento, de acordo com a Constituição, os órgãos que compõem a Segurança Pública interna
e em seguida um rol de jurisprudência sobre o tema:

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apurar infrações penais


contra União ou suas
entidades autárquicas e
empresas públicas, assim
como outras infrações cuja
prática tenha repercussão
interestadual ou
internacional e exija
Órgão Permanente, repressão uniforme
organizado e mantido pela
Polícia União
Federal
Estruturado em carreira prevenir e reprimir o tráfico
para: ilícito de entorpecentes e
drogas afins, o contrabando
Órgão Permanente, e o descaminho
organizado e mantido pela
União
Polícia
Rodoviária Estruturado em carreira exercer as funções de polícia
Federal para, na forma da lei, marítima, aeroportuária e de
realizar o patrulhamento fronteiras
ostensivo das rodovias
federais
exercer, com exclusividade,
Órgão Permanente, as funções de polícia
organizado e mantido pela judiciária da União
União
Polícia
Ferroviária Estruturado em carreira
Federal para, na forma da lei,
Órgãos realizar o patrulhamento
Integrantes da ostensivo das ferrovias
Segurança federais
Pública Dirigidas por Delegados de
Polícia de carreira
Realizam as funções de
Polícias Civis polícia judiciária e a
apuração de infrações
penais, exceto as militares,
respeitadas as
competências da União
polícia ostensiva para a
Polícias
preservação da ordem
Militares
pública

executam as atividades de
Corpos de
defesa civil, sem prejuízo
Bombeiros
quanto às atribuições
Militares
definidas em lei

constituídas pelos
Guarda Municípios para proteção
Municipal de seus bens, serviços e
instalações, conforme lei

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A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados à Segurança


Pública deve ser fixada por subsídio, em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o teto remuneratório constitucional.

Por fim, vejamos algumas jurisprudências acerca dos Militares.

2.3.1. Jurisprudências sobre os Militares e Segurança Pública

Jurisprudência acerca dos agentes públicos militares e integrantes dos órgãos do sistema de
segurança pública.

Súmula Vinculante 6:
Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as
praças prestadoras de serviço militar inicial.

Serviço militar obrigatório. Soldo. Valor inferior ao salário mínimo. Violação aos arts. 1º, III, 5º,
caput, e 7º, IV, da CF. Inocorrência. (...) A CF não estendeu aos militares a garantia de
remuneração não inferior ao salário mínimo, como o fez para outras categorias de
trabalhadores.O regime a que submetem os militares não se confunde com aquele aplicável
aos servidores civis, visto que têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos próprios. Os cidadãos
que prestam serviço militar obrigatório exercem um múnus público relacionado com a defesa da
soberania da pátria. A obrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições
materiais para a adequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas.[RE 570.177, rel.
min. Ricardo Lewandowski, j. 30-4-2008, P, DJE de 27-6-2008, Tema 15.]

Os militares, indivíduos que são, não foram excluídos da garantia constitucional da


individualização da pena. Digo isso porque, de ordinário, a CF de 1988, quando quis tratar por
modo diferenciado os servidores militares, o fez explicitamente. Por ilustração, é o que se
contém no inciso LXI do art. 5º do Magno Texto, a saber: "ninguém será preso senão em
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos
de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei". Nova amostragem está no
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preceito de que "não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares" (§ 2º do art. 142).
Isso sem contar que são proibidas a sindicalização e a greve por parte do militar em serviço ativo, bem
como a filiação partidária (incisos IV e V do § 3º do art. 142). De se ver que esse tratamento particularizado
decorre do fato de que as Forças Armadas são instituições nacionais regulares e permanentes,
organizadas com base na hierarquia e disciplina, destinadas à defesa da Pátria, garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (cabeça do art. 142). Regramento
singular, esse, que toma em linha de conta as "peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas
cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra"(inciso X do art. 142). É de se entender,
desse modo, contrária ao texto constitucional a exigência do cumprimento de pena privativa de liberdade
sob regime integralmente fechado em estabelecimento militar, seja pelo invocado fundamento da falta de
previsão legal na lei especial, seja pela necessidade do resguardo da segurança ou do respeito à hierarquia
e à disciplina no âmbito castrense. Ordem parcialmente concedida para determinar ao juízo da execução
penal que promova a avaliação das condições objetivas e subjetivas para progressão de regime prisional,
na concreta situação do paciente, e que aplique, para tanto, o CP e a Lei 7.210/1984 naquilo que for omissa
a lei castrense.[HC 104.174, rel. min. Ayres Britto, j. 29-3-2011, 2ª T, DJE de 18-5-2011.]

Os servidores públicos são, seguramente, titulares do direito de greve. Essa é a regra.Ocorre,


contudo, que entre os serviços públicos há alguns que a coesão social impõe sejam prestados
plenamente, em sua totalidade. Atividades das quais dependam a manutenção da ordem
pública e a segurança pública, a administração da Justiça – onde as carreiras de Estado, cujos
membros exercem atividades indelegáveis, inclusive as de exação tributária – e a saúde pública não estão
inseridos no elenco dos servidores alcançados por esse direito. Serviços públicos desenvolvidos por grupos
armados: as atividades desenvolvidas pela polícia civil são análogas, para esse efeito, às dos militares, em
relação aos quais a Constituição expressamente proíbe a greve (art. 142, § 3º, IV).[Rcl 6.568, rel. min. Eros
Grau, j. 21-5-2009, P, DJE de 25-9-2009.]= Rcl 11.246 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 27-2-2014, P, DJE de 2-4-
2014

O Ação direta de inconstitucionalidade. Parte final do art. 117 da Lei 6.880/1980 (Estatuto dos
Militares da União), na redação dada pela Lei 9.297/1996. Dever do oficial militar com menos
de cinco anos de corporação de indenizar os custos decorrentes de sua formação, no caso de
assunção de cargo ou emprego civil. (...) Ação que se julga improcedente. O desembolso pelo
erário de custos adicionais, destinados a preparação e a manutenção de seus servidores, em especial dos
militares, com a finalidade de aprimoramento do Corpo das Forças Armadas, não poder ser negligenciado,
em razão da própria configuração constitucional da supremacia do interesse público e da integridade do
erário. A norma questionada é similar a outras previstas na legislação do servidor civil, que preveem a
necessidade de devolução pelo servidor dos valores gastos pela União com sua formação profissional.
Ausente ainda ofensa ao princípio da proporcionalidade, na medida em que a norma é adequada para o
fim que se destina, sem agressão ou nulificação do direito de liberdade profissional.[ADI 1.626, rel. min.
Dias Toffoli, j. 15-12-2016, P, DJE de 3-3-2017.]

A jurisprudência consolidada desta Corte já assentou que a transferência para a reserva


remunerada de militar aprovado em concurso público, subordina-se à autorização do
presidente da República ou à do respectivo ministro. [AI 453.424 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j.
29-11-2005, 2ª T, DJ de 10-2-2006.] = RE 601.148 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 29-9-2009, 2ª T,
DJE de 23-10-2009
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Cabe exclusivamente ao presidente da República, dentro do princípio da discricionariedade que


a lei lhe outorga para avaliar e decidir segundo seus próprios critérios de conveniência e
oportunidade, autorizar ou não a nomeação ou admissão de oficial militar para cargo ou
emprego público. A autorização do presidente da República é requisito essencial à passagem
de oficial das Forças Armadas para a reserva remunerada.[MS 22.431, rel. min. Maurício Corrêa, j. 2-10-
1996, P, DJ de 22-11-1996.]= MS 22.530, rel. min. Sydney Sanches, j. 18-2-1998, P, DJ de 4-5-2001

O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis
e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. É
obrigatória a participação do poder público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das
carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses
da categoria. [ARE 654.432, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 5-4-2017, P, Informativo 860, Tema
541.]

De acordo com o art. 42 da CF, cabe à lei própria fixar o regime jurídico de aposentadoria dos
servidores militares, de modo que, existindo norma específica (LC 51/1985 ou DL estadual
260/1970), não há que se falar em aplicação da regra prevista aos trabalhadores em geral (Lei
8.213/1991).[ARE 818.547 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 30-9-2014, 1ª T, DJE de 15-10-
2014.]= ARE 870.509 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 12-5-2015, 2ª T, DJE de 22-5-2015

Cabe à lei estadual, nos termos da norma constitucional do art. 142, § 3º, X, regular as
disposições do art. 42, § 1º, da CF e estabelecer as condições de transferência do militar para
a inatividade. [RE 495.341 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 14-9-2010, 2ª T, DJE de 1º-10-2010.]

2.4. SERVIDORES PÚBLICOS

Seguindo a linha mestra de classificação dos agentes públicos exteriorizada pela professora Maria Sylvia,
vamos agora analisar aqueles que, sem sombra de dúvidas, correspondem à maioria dos agentes públicos.
Os servidores públicos podem ser subdivididos em:

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servidores estatutários

Servidores Públicos empregados públicos

servidores temporários

#ficadica

Importante ressaltar que o ordenamento jurídico inaugurado pela CRFB em 1988


deixou de utilizar a nomenclatura “Funcionário Público” e passou a utilizar a
expressão servidor público, de forma mais ampla. Na Constituição de 1967, inclusive
com a emenda nº 1, de 1969, a expressão Funcionário Público era a empregada para
designar o atual servidor público estatutário. De igual modo, era o termo utilizado pelas
Constituições republicanas precedentes (1946, 1937, 1934, 1891).

Atenção: as leis esparsas, em geral anteriores à CRFB, que utilizam a expressão “Funcionário Público”,
exceto se incompatível materialmente com o texto constitucional, continuam a vigorar normalmente com
base no instituto da recepção. Cabe ao interprete realizar as adequações dogmáticas necessárias às
nomenclaturas e disciplinas constitucionais atuais.

Focando na expressão servidor público no atual texto constitucional, constata-se que ele é explicitamente
citado nos seguintes artigos:

Art. 37 (...)

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical; (...)

XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados
nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (...)

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no


exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições (...)

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
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§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (...)

Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração


Social, criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e para o
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei
Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta
Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa do seguro-
desemprego e o abono de que trata o § 3º deste artigo. (...)

§ 2º Os patrimônios acumulados do Programa de Integração Social e do Programa de


Formação do Patrimônio do Servidor Público são preservados, mantendo-se os critérios
de saque nas situações previstas nas leis específicas, com exceção da retirada por
motivo de casamento, ficando vedada a distribuição da arrecadação de que trata o
"caput" deste artigo, para depósito nas contas individuais dos participantes.

§ 3º Aos empregados que percebam de empregadores que contribuem para o


Programa de Integração Social ou para o Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público, até dois salários mínimos de remuneração mensal, é assegurado o
pagamento de um salário mínimo anual, computado neste valor o rendimento das
contas individuais, no caso daqueles que já participavam dos referidos programas, até
a data da promulgação desta Constituição. (...)

Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 e no § 7º do art. 169


estabelecerão critérios e garantias especiais para a perda do cargo pelo servidor
público estável que, em decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva
atividades exclusivas de Estado.

Parágrafo único. Na hipótese de insuficiência de desempenho, a perda do cargo


somente ocorrerá mediante processo administrativo em que lhe sejam assegurados o
contraditório e a ampla defesa.

Contudo, as disposições acerca dos servidores públicos vão muito além dos citados artigos.
Vejamos cada uma das espécies de servidores públicos.

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2.4.1. Servidores Públicos Estatutários

Essa categoria de servidores públicos é assim denominada porque a sua relação jurídica com o ente da
Administração Pública está estabelecida em lei que disciplina o Estatuto Jurídico dos Servidores Públicos.

Exemplos: a) Lei Federal nº 8.112, de 1990: dispõe sobre o regime jurídico dos servidores
públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais;

b) Lei do Estado de São Paulo nº 10.261, de 1968: dispõe sobre o Estatuto dos
Funcionários Públicos Civis do Estado;
c) Lei do Município de São Paulo nº 8.989, de 1979: dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos do
Município de São Paulo.

Cabe ressaltar que o Estatuto é alterável unilateralmente pelo ente da Federação, desde que, nos termos
do art. 5º, inciso XXXVI, respeite o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Portanto, não há um congelamento da relação jurídica do servidor estatutário e o ente da Federação pode,
ao longo do tempo, alterar as disposições legais incluindo ou retirando direitos, deveres e obrigações.

2.4.2. Empregados Públicos

Os empregados públicos são a espécie do gênero servidor público contratados sob o regime das leis
trabalhistas, cabe dizer a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (Decreto-Lei nº 5.452, de 1943).
Até por esse motivo, é coloquial a utilização da expressão “servidores celetistas” para ser referir a este grupo.
Importante ressaltar, contudo, que se impõem eventuais disposições Constitucionais aplicáveis aos
Empregados Públicos, ainda que de forma diversa à aplicação das leis trabalhistas aos empregados da
iniciativa privada atuantes no mercado.
Dessa forma, em que pese estarem sujeitos à CLT, aos empregados públicos se aplicam as normas
constitucionais relativas a concurso público, acumulação de cargos, vencimentos, entre outros, tratados na
disciplina da Administração Pública pela CRFB.
Ou seja, aos empregados públicos, em que pese a relação contratual ser predominantemente disciplina por
regime privado, em muitos pontos ela é derrogada e submetida ao regime jurídico público.
Cabe ressaltar também que, em função de ser competência privativa da União legislar sobre Direito do
Trabalho, nos termos do inciso I, do art. 22, da CRFB, não podem os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
legislar para alterar disposições trabalhistas com seus eventuais empregados públicos.

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No âmbito federal, foi publicada a Lei nº 9.962, de 2000, para disciplinar o regime de emprego público do
pessoal da Administração federal direta, autárquica e fundacional.
A Lei nº 9.962, de 2000, previu que o pessoal admitido como empregado público na Administração federal
direta, autárquica e fundacional deve ter sua relação de trabalho regida pela CLT e legislação trabalhista
correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário.
Previu também a Lei nº 9.962, de 2000, que leis específicas devem dispor sobre a criação dos empregos
públicos na Administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo, bem como sobre as
transformações de cargos em empregos públicos.
Cabe ressaltar que estão excluídos do regime da Lei nº 9.962, de 2000, os servidores públicos estatutários e
os cargos de provimento em comissão que são de livre nomeação e exoneração (ad nutum).

#ficadica

A contratação de pessoal para emprego público deverá ser precedida de concurso


público de provas ou de provas e títulos, conforme a natureza e a complexidade do
emprego.

Além disso, previu o legislador federal que o contrato de trabalho por prazo indeterminado somente será
rescindido com base em ato unilateral da Administração pública nas hipóteses a seguir indicadas, exceto para
as contratações que tenham ocorrido em função da autonomia de gestão de que trata o §8º do art. 37 da
CRFB:

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prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da


Consolidação das Leis do Trabalho – CLT

acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas

necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso de


despesa, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 169
da Constituição Federal

insuficiência de desempenho, apurada em procedimento no qual se


assegurem pelo menos um recurso hierárquico dotado de efeito
suspensivo, que será apreciado em 30 dias, e o prévio
conhecimento dos padrões mínimos exigidos para continuidade da
relação de emprego, obrigatoriamente estabelecidos de acordo
com as peculiaridades das atividades exercidas

Lembre-se que o §8º do art. 37 é o fundamento constitucional, inclusive, para as Agências Executivas,
conforme estudamos em aula anterior. Rememore:

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da


administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado
entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas
de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:

I - o prazo de duração do contrato;

II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e


responsabilidade dos dirigentes;

III - a remuneração do pessoal.

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De acordo com a professora Maria Sylvia10, este contrato de gestão celebrado pela Administração deve
conter:

forma como a autonomia será exercida;

metas a serem cumpridas pelo órgão ou entidade no prazo estabelecido no


contrato;

controle de resultado, para verificação do cumprimento ou não das metas


estabelecidas.

O professor José dos Santos Carvalho Filho cita o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia), a ABIN11 (Agência Brasileira de Inteligência), a SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento
da Amazônia) e a SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) como exemplos de Agências
Executiva12.
Portanto, para essas e todas as demais contratações de pessoal decorrentes da autonomia de gestão pode
haver a rescisão unilateral do contrato de trabalho sem que presente uma das hipóteses incluídas no último
diagrama.

2.4.3. Servidores Temporários

Essa espécie de servidor público congrega todos aqueles contratados para o exercício temporário de função
pública, que deve se submeter a regime especial do ente da Federação.
Nesses termos e o teor do inciso IX do art. 37 da CRFB:

10
Direito Administrativo, 30ª edição, p. 388.
11
O professor, na página 520 do seu Manual de Direito Administrativo, cita a ABIN. No entanto, trata-se de um
equívoco porque, segundo sua Lei de instituição, a Lei 9.883, de 1999, a ABIN é um órgão da presidência da república.
Não é, portanto, autarquia ou agência executiva.
12
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 520.
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IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a


necessidade temporária de excepcional interesse público;

Exemplos: a) Lei Federal nº 8.745, de 1993: dispõe sobre a contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público,
nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal;

b) Lei Complementar do Estado de São Paulo nº 1.093, de 2009: dispõe sobre a contratação por tempo
determinado de que trata o inciso X do artigo 115 da Constituição Estadual;

c) Lei do Município de São Paulo nº 10.793, de 1989: dispõe sobre contratação por tempo determinado,
nos termos do artigo 37, inciso IX, da constituição federal.

2.4.4. Jurisprudência acerca dos Servidores Temporários

Vejamos algumas jurisprudências sobre os servidores temporários.

São inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF, a autorização legislativa genérica para
contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de contratações
temporárias. (...) o Tribunal, por maioria, modulou os efeitos da declaração de
inconstitucionalidade para autorizar a manutenção dos atuais contratos de trabalho pelo prazo
máximo de um ano, a contar da data da publicação da ata deste julgamento.[ADI 3.662, rel. min. Marco
Aurélio, j. 23-3-2017, P, Informativo 858.]

A regra é a admissão de servidor público mediante concurso público: CF, art. 37, II. As duas
exceções à regra são para os cargos em comissão referidos no inciso II do art. 37, e a
contratação de pessoal por tempo determinado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público.CF, art. 37, IX. Nessa hipótese, deverão ser atendidas as
seguintes condições: a) previsão em lei dos cargos; b) tempo determinado; c) necessidade temporária de

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interesse público; d) interesse público excepcional.[ADI 2.229, rel. min. Carlos Velloso, j. 9-6-2004, P, DJ
de 25-6-2004.]= ADI 3.430, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 12-8-2009, P, DJE de 23-10-2009

É compatível com a CF a previsão legal que exija o transcurso de 24 meses, contados do


término do contrato, antes de nova admissão de professor temporário anteriormente
contratado.[RE 635.648, voto do rel. min. Edson Fachin, j. 14-6-2017, P, DJE de 12-9-2017,
Tema 403.]

Reafirma-se, para fins de repercussão geral, a jurisprudência do STF no sentido de que a


contratação por tempo determinado para atendimento de necessidade temporária de
excepcional interesse público realizada em desconformidade com os preceitos do art. 37, IX,
da CF não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos servidores contratados, com
exceção do direito à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da
Lei 8.036/1990, ao levantamento dos depósitos efetuados no FGTS.[RE 765.320 RG, rel. min. Teori Zavascki,
j. 15-9-2016, P, DJE de 23-9-2016, Tema 916.]

Servidores públicos. Regime temporário. Justiça do Trabalho. Incompetência. No julgamento


da ADI 3.395 MC/DF, este Supremo Tribunal suspendeu toda e qualquer interpretação do
inciso I do art. 114 da CF (na redação da EC 45/2004) que inserisse, na competência da Justiça
do Trabalho, a apreciação de causas instauradas entre o poder público e seus servidores, a ele
vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo. As contratações
temporárias para suprir os serviços públicos estão no âmbito de relação jurídico-administrativa, sendo
competente para dirimir os conflitos a Justiça comum e não a Justiça especializada. [Rcl 4.872, rel. p/ o ac.
min. Menezes Direito, j. 21-8-2008, P, DJE de 7-11-2008.] = Rcl 7.126 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 20-
6-2012, P, DJE de 1º-8-2012.

2.5 PARTICULARES EM COLABORAÇÃO COM O ESTADO

Como última classe dos agentes públicos, temos os particulares em colaboração com o Estado, sem vínculo
empregatício com o Poder Público, remunerado ou não. Este grupo, conforme classificação da professora
Maria Sylvia13, pode ser subdividido em:

13
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delegação do Poder Público

Particulares em Colaboração com o


requisição, desginação ou nomeação
Poder Público

gestores de negócio

Na subespécie dos agentes públicos enquadrados por delegação do Poder Público estariam todos aqueles:

empregados de empresas
concessionárias e os que exercem serviços leiloeiros, tradutores e
permissionárias de serviços notarias e de registro intérpretes públicos
públicos

Assim, essa subespécie representa aquelas pessoas físicas sem vínculo empregatício com o Poder Público,
mas que podem ser remuneradas pelos usuários dos serviços por eles desenvolvidos.
Já a subespécie dos agentes públicos particulares em colaboração com o Poder Público em função de
requisição, nomeação ou designação é aquela que, sem vínculo empregatício, com ou sem remuneração,
exercem atividades públicas de relevância, como ocorre com os jurados do tribunal do júri, os mesários nas
eleições, os convocados para prestação do serviço militar, entre outros.
Por fim, a subespécie dos agentes públicos particulares em colaboração com o Poder Público na condição de
gestor de negócio é aquela que, espontaneamente assumem determinada função pública em momento de
emergência, calamidade, epidemia, incêndio, entre outros14.
Superada a classificação dos agentes públicos e suas espécies, vamos estudar alguns institutos de grande
incidência nos concursos relativos aos agentes públicos.

14
Direito Administrativo, 30ª edição, p 688.
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3. INSTITUTOS CONSTITUCIONAIS RELEVANTES ATINENTES


AOS AGENTES PÚBLICOS

Vamos estudar neste título alguns dos principais institutos constitucionais cobrados nos concursos acerca dos
Agentes Públicos.

3.1. REGIME JURÍDICO ÚNICO

O “caput” do art. 39 da CRFB, em seu texto originário, previu o seguinte:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito


de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da
administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas.

Ou seja, os entes políticos da Federação deveriam instituir em sua esfera competencial um Regime Jurídico
Único para os servidores da Administração Pública direta, das autarquias e das fundações públicas.
Ocorre que, da leitura seca do aludido dispositivo, houve interpretações divergentes por parte da doutrina
quanto à sua finalidade.
Duas principais correntes de interpretação surgiram:

1º) que a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir para sua Administração
Direta, bem como para suas autarquias e fundações, o Regime Estatutário para todos os servidores;

2º) que a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deveriam escolher entre o Regime Estatutário
e o Regime Celetista aquele que exclusivamente ia ser adotado para toda sua Administração Direta,
autarquias e fundações.

Nessa senda, a doutrina noticia entes da Federação que adotam o regime jurídico estatutário para todos os
servidores, enquanto outros adotaram exclusivamente o celetista.

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Veja o que escreve sobre o tema o professor José dos Santos Carvalho Filho15:

Muita polêmica se originou desse mandamento, porquanto, não tendo sido


suficientemente claro, permitiu o entendimento, para uns, de que o único regime
deveria ser o estatutário, e para outros de que a pessoa federativa poderia eleger o
regime adequado, desde que fosse o único. Na verdade, nunca foi dirimida a dúvida.
O certo é que havia entidades políticas em que se adotou o regime estatutário, ao lado
de outras (sobretudo Municípios), nas quais adotado foi o regime trabalhista.

Ademais disso, por meio da Emenda Constitucional nº 19, de 1998, o aludido artigo foi alterado e passou a
ter a seguinte redação:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de


política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores
designados pelos respectivos Poderes.

Com essa nova redação, houve e ainda há inúmeros debates acerca de sua correta interpretação. Uma das
possibilidades interpretativas aponta para que o Poder Constituinte derivado buscou interromper a obrigação
de um regime jurídico único, autorizando que os entes da Federação adotassem o regime que melhor lhe
aprouvesse.
Além disso, foi impetrada a ADI 2.135 no STF por alguns partidos políticos sob a alegação de que o processo
legislativo da aludida emenda constitucional não seguira o rito previsto no §2º do art. 60 da CRFB.

§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois


turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros.

Fato é que, em 02 de agosto de 2007, o STF, em medida cautelar, deferiu parcialmente o pedido, suspendendo
a eficácia do “caput” do art. 39 da CRFB, com efeitos ex nunc. Ou seja, manteve-se a validade dos atos

15
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 649.
42

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praticados com base nas legislações editadas durante a vigência do aludido dispositivo até o eventual
julgamento definitivo da ADI (que até hoje não ocorreu).

• Texto originário do "caput" do art. 39 da CRFB prevê


o Regime Jurídico Único
05/10/1988
• Há entes que adotaram o estatutário e há entes que
adotaram o celetista, exclusivamente

• Emenda Constitucional nº 19 altera o "caput" do art. 39


e afasta a obrigatoriedade de Regime Jurídico Único
04/06/1998 • Os entes puderam adotar, concomitantemente, um ou
outro regime (União: Lei nº 9.962/2000)

• O STF concedeu medida cautelar para suspender a


eficácia da nova redação do "caput" do art. 39 dado
02/08/2007 pela EC nº 19/98
• Retorna o Regime Jurídico Único, com efeitos ex
nunc (preservam-se as legislações em vigor)

Portanto, até que se ultime a decisão no mérito pelo STD na ADI 2.135, continua produzindo efeitos a redação
originária do “caput” do art. 39 da Constituição.
Importante ressaltar que no julgamento da Cautelar da aludida ADI, inclusive na ementa, consta que se
mantém vigente a redação originária do art. 39 da CRFB que trata do regime jurídico único “incompatível
com a figura do emprego público”.
Ademais, no julgamento da ADI 2.310, o STF também se inclinou à posição de que a redação originária do
“caput” do art. 39 da CRFB e que voltou a produzir efeitos, após a medida cautelar na ADI 2.135, obriga o
regime jurídico único estatutário para a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios, bem como suas
autarquias e fundações.
Isto é, para as pessoas jurídicas de direito público, o posicionamento indicado é no sentido de que se aplica
o regime estatutário.
A professora Maria Sylvia, inclusive, assim discorre sobre este tópico:

Embora tenhamos entendido, em edições anteriores, que esse regime pode ser o
estatutário ou celetista, reformulamos agora tal entendimento, para defender a tese de
que o regime estatutário é o que deve ser adotado, tendo em vista que as carreiras
típicas de Estado não podem submeter-se a regime celetista, conforme entendeu o
Supremo Tribunal Federal ao julga a ADI 2.310 (pertinente ao pessoal das agências
reguladoras). Ainda que para atividades-meio o regime celetista fosse aceitável, o

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vínculo de natureza estatutária se impõe em decorrência da exigência de que o regime


jurídico seja único.

Mas, como não houve análise do mérito na integralidade da ADI 2.135, nada se definiu quanto àqueles entes
que eventualmente adotaram a CLT.
De todo modo, em regra, nós temos as pessoas jurídicas com personalidade jurídica de direito público
(Administração direta, autarquias e fundações) adotando o regime estatutário e as pessoas jurídicas com
personalidade jurídica de direito privado adotando o regime celetista.

3.1.1. Jurisprudência acerca do Regime Jurídico Único

Vejamos um excerto da ementa do julgamento da ADI 2135:

A matéria votada em destaque na Câmara dos Deputados no DVS 9 não foi aprovada
em primeiro turno, pois obteve apenas 298 votos e não os 308 necessários. Manteve-
se, assim, o então vigente caput do art. 39, que tratava do regime jurídico único,
incompatível com a figura do emprego público. O deslocamento do texto do § 2º do
art. 39, nos termos do substitutivo aprovado, para o caput desse mesmo dispositivo representou,
assim, uma tentativa de superar a não aprovação do DVS [Destaque para Votação em Separado]
9 e evitar a permanência do regime jurídico único previsto na redação original suprimida,
circunstância que permitiu a implementação do contrato de emprego público ainda que à revelia
da regra constitucional que exige o quorum de três quintos para aprovação de qualquer mudança
constitucional. Pedido de medida cautelar deferido, dessa forma, quanto ao caput do art. 39 da
CF, ressalvando-se, em decorrência dos efeitos ex nunc da decisão, a subsistência, até o
julgamento definitivo da ação, da validade dos atos anteriormente praticados com base em
legislações eventualmente editadas durante a vigência do dispositivo ora suspenso. (...) Vícios
formais e materiais dos demais dispositivos constitucionais impugnados, todos oriundos da EC
19/1998, aparentemente inexistentes ante a constatação de que as mudanças de redação
promovidas no curso do processo legislativo não alteraram substancialmente o sentido das
proposições ao final aprovadas e de que não há direito adquirido à manutenção de regime
jurídico anterior.[ADI 2.135 MC, rel. p/ o ac. min. Ellen Gracie, j. 2-8-2007, P, DJE de 7-3-2008.]

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3.2. CARGO, EMPREGO E FUNÇÕES PÚBLICAS

O art. 37 da CRFB faz alusão às figuras dos cargos públicos, empregos públicos e funções públicas.
Assim, é preciso distingui-los.
Nas palavras do professor Celso Antônio Bandeira de Mello:16

Cargos são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas


por um agente, previstas em número certo, com denominação própria, retribuídas por
pessoas jurídicas de direito público e criadas por lei, salvo quando concernente aos
serviços auxiliares do Legislativo, caso em que se criam por resolução (...)

Ou seja, fazendo um paralelo com a Teoria do Órgão de Otto Mayer, os cargos seriam as células que, unidas,
compõem os órgãos e estes, por sua vez, corporificam o ente.
O titular do cargo é um servidor público estatutário.
Por seu turno, o professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que

A função pública é a atividade em si mesma, ou seja, função é sinônimo de atribuição e


corresponde às inúmeras tarefas que constituem o objeto dos serviços prestados pelos
servidores públicos.

Dessas duas definições decorre a célebre frase de Hely Lopes Meirelles17 no sentido de que todo cargo tem
função, mas pode haver função sem cargo.
Por fim, a expressão “emprego público” remete à identificação das funções exercidas pelo agente com
vínculo celetista, o empregado público.

16
Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, pp 226 e 227.
17
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 524.
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Reitere-se que o empregado público não titulariza um cargo, mas exerce uma função, no sentido de exercer
uma atividade com vínculo celetista.
Portanto, quando a CRFB em seu inciso I do art. 37 afirma que os cargos, empregos e funções públicas são
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
forma da lei, você já pode identificar que:

cargos são células dos órgãos públicos titularizados por servidores estatutários

empregos remetem às funções exercidas pelos empregados públicos, portanto, sob o


regime celetista

funções públicas são as atividades em si

Importante, por oportuno, diferenciar função de confiança de cargo em comissão, bem como servidor
ocupante exclusivamente de cargo em comissão daquele servidor que é titular de cargo efetivo e, ao mesmo
tempo, também titulariza cargo comissionado ou função comissionada.
Nessa linha, veja o teor dos incisos V do art. 37 da CRFB:

V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de


cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento; (...)

Portanto, só quem pode exercer função de confiança são os servidores públicos estatutários, titulares de
cargos efetivos.
A função de confiança, no dia a dia também denominada função gratificada, representa um conjunto de
atribuições para as quais aquele que vier a exercer fará jus a uma gratificação. Ou seja, o titular do cargo
efetivo, além das atribuições ordinárias de seu cargo efetivo, caso assuma a função de confiança, deverá
exercer também aquele plexo de tarefas e para isto fará jus a um incremento remuneratório.
Por outro lado, cargo comissionado pode ser exercido tanto por servidor público efetivo quanto por aquele
que não tenha qualquer vínculo com a Administração Pública.
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O denominado “comissionado puro” é aquele servidor que não titulariza cargo efetivo, mas apenas o cargo
comissionado que, respeitadas as condições previstas em lei, são de livre nomeação e exoneração – ad
nutum.
Frise-se que, de acordo com o inciso V do art. 37 da CRFB, lei deve fixar os casos, condições e percentuais
mínimos dos cargos comissionados que serão titularizados por servidores públicos estatutários (de carreira).
Ressalte-se, ainda, que tanto os cargos comissionados quanto as funções de confiança devem ser alocados
apenas para atribuições de direção, chefia e assessoramento.
Resumindo, tem-se que:

Função Gratificada Cargo Comissionado


Cargo Efetivo
(Função de Confiança) (Cargo de Confiança)

Livre nomeação e exoneração


Titularizado por servidor
Exercidas exclusivamente por (ad nutum), respeitado o
investido após aprovação em
servidores ocupantes de preenchimento mínimo por
concurso público de provas
cargo efetivo servidores de carreira
ou de provas e títulos
previstos em lei

Destinação ampla, não só Pode ser titularizado tanto


Destina-se à Direção, Chefia
para Direção, Chefia ou pelo "comissionado puro"
ou Assessoramento
Assessoramento quanto por servidor efeitvo

Destina-se à Direção, Chefia


ou Assessoramento

Ainda no art. 37 da CRFB, importante ressaltar dois mandamentos constitucionais a serem disciplinados por
lei:

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão; (...)

§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego


da administração direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.

Por fim, importante chamar atenção para o fato de que a Lei nº 8.112, de 1990, define cargo como:

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Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na


estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.

Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por
lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para
provimento em caráter efetivo ou em comissão.

Ocorre que essa definição é criticada pela doutrina, em especial, pelo professor José dos Santos Carvalho
Filho. Veja:

O conceito da lei não é perfeito: cargo não é um conjunto de atribuições; cargo é uma
célula, um lugar dentro da organização; além do mais, as atribuições são, isto sim,
cometidas ao titular do cargo.

3.2.1. Jurisprudência acerca de Cargo, Emprego e Função Públicas

Vejamos algumas jurisprudências sobre cargo, emprego e funções públicas:

Súmula Vinculante 44:


Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.

Súmula 683:
O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX,
da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido.

Cargo público efetivo. Provimento por estrangeiro. (...) Até o advento das Emendas 11/1996
e 19/1998, o núcleo essencial dos direitos atribuídos aos estrangeiros, embora certamente
compreendesse as prerrogativas necessárias ao resguardo da dignidade humana, não
abrangia um direito à ocupação de cargos públicos efetivos na estrutura administrativa
brasileira, consoante a redação primitiva do art. 37, I, da Lei Maior. Portanto, o art. 243, § 6º, da Lei
8.112/1990 estava em consonância com a Lei Maior e permanece em vigor até que surja o diploma exigido

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pelo novo art. 37, I, da Constituição.[RE 346.180 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 14-6-2011, 2ª T, DJE de
1º-8-2011.]= RE 350.626 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 16-10-2012, 1ª T, DJE de 9-11-2012

Estrangeiro. Acesso ao cargo de professor da rede de ensino do Estado de Roraima. Ausência


de norma regulamentadora. (...) Por não ser a norma regulamentadora de que trata o art. 37,
I, da Constituição do Brasil matéria reservada à competência privativa da União, deve ser de
iniciativa dos Estados-membros.[AI 590.663 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 15-12-2009, 2ª T, DJE
de 12-2-2010.]

Lei orgânica do Distrito Federal que veda limite de idade para ingresso na administração
pública. Caracterizada ofensa aos arts. 37, I, e 61, § 1º, II, c, da CF, iniciativa do chefe do Poder
Executivo em razão da matéria – regime jurídico e provimento de cargos de servidores públicos.
Exercício do poder derivado do Município, Estado ou Distrito Federal. Caracterizado o conflito
entre a lei e a CF, ocorrência de vício formal.[ADI 1.165, rel. min. Nelson Jobim, j. 3-10-2001, P, DJ de 14-6-
2002.]= ADI 2.873, rel. min. Ellen Gracie, j. 20-9-2007, P, DJ de 9-11-2007

Os requisitos do edital para o ingresso em cargo, emprego ou função pública devem ter por
fundamento lei em sentido formal e material. Editais de concurso público não podem
estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de
conteúdo que viole valores constitucionais.[RE 898.450, rel. min. Luiz Fux, j. 17-8-2016, P, DJE
de 31-5-2017, Tema 838.]

3.3. CONCURSO PÚBLICO

Talvez seja a maior expressão do princípio da impessoalidade em todo o ordenamento jurídico, já que,
cumpridos os requisitos bases previstos em lei, qualquer brasileiro pode ser investido em cargo efetivo ou
emprego público, desde que seja aprovado previamente em concurso público de provas ou de provas e
títulos.
Frise-se que é a lei formal e material que deve fixar os requisitos para a investidura no cargo efetivo ou no
emprego público, devendo levar em consideração a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,

#ficadica

A regra para investidura em cargo ou emprego público é o concurso público de provas ou de


provas e títulos, exceto em duas situações:
a) cargo comissionado; e
b) contratação de pessoal por tempo determinado para atender à necessidade temporária de
excepcional interesse público.

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Na doutrina do professor José dos Santos Carvalho Filho, ele assim define concurso público:

Concurso Público é o procedimento administrativo que tem por fim aferir as aptidões
pessoais e selecionar os melhores candidatos ao provimento de cargos e funções
públicas. Na aferição pessoal, o Estado verifica a capacidade intelectual, física e psíquica
de interessados em ocupar funções públicas e no aspecto seletivo são escolhidos
aqueles que ultrapassam as barreiras opostas no procedimento, obedecida sempre a
ordem de classificação.

De acordo com o texto constitucional, o prazo de validade do concurso público é de ATÉ 2 anos.
Ou seja, um determinado concurso pode ser fixado com validade de 6 meses, 1 ano, 1 ano e 6 meses ou até
mesmo 2 anos, mas não pode ultrapassar esse lapso temporal em sua fixação inicial de validade.
Inicial porque este prazo pode ser prorrogado uma única vez por ATÉ igual período.
Isto é, se o edital do concurso fixou a validade do certame em 1 ano, ele poderá ser prorrogado por 3 meses,
por 6 meses ou até mesmo 1 ano, mas nunca além do prazo inicialmente estabelecido. Também não pode
ser prorrogado por mais de uma vez.
Portanto, a validade máxima de um concurso, considerando o período inicial e a prorrogação será de 4 anos
(2 de validade inicial + 2 anos no máximo de prorrogação).
O período de validade ampliado pela prorrogação é denominado pelo texto constitucional como o período
de “prazo improrrogável”. Isso porque, como já externado, a prorrogação só pode ocorrer uma única vez.
Ressalte-se, desta forma, que no período de prazo improrrogável previsto no edital, aquele candidato
aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos tem prioridade sobre novos concursados
para assumir cargo ou emprego na carreira.

#ficadica

A não observância das regras do concurso público, tanto sua realização quanto seu prazo de
validade, implica a nulidade do ato administrativo e a punição da autoridade responsável, nos
termos da lei.

A Emenda Constitucional nº 103/19, muito conhecida como “Reforma da Previdência”, incluiu na


Constituição Federal uma temática que antes era tratada apenas pela legislação ordinária. Trata-se da
readaptação, que no âmbito federal é assim definida pela Lei nº 8.112/90:

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Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e


responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
física ou mental verificada em inspeção médica.
§ 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será aposentado.
§ 2º A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida,
nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago,
o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.
Frise-se que a readaptação é hipótese de provimento de cargo público, nos termos do art. 8º da Lei Federal
nº 8.112/90. Logo, é uma das excepcionalidades ao preceito do concurso público para ingresso em cargos
públicos, ocorrendo em virtude de questões médicas e de saúde do servidor.
A Emenda nº 103 constitucionalizou o assunto, incluindo dispositivos no art. 37 e no art. 40 de nossa Carta
Magna. Vejamos os dispositivos incluídos:
Art. 37 [...]
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para exercício de cargo
cujas atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, desde que possua a
habilitação e o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida a
remuneração do cargo de origem.
Art. 40 [...]
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado:
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, quando
insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações
periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da
aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
Portanto, é importante verificar que a readaptação ocorre por motivos de saúde, em função de alguma
limitação sofrida pelo servidor para exercer seu cargo público anterior. Contudo, a remuneração será a do
cargo de origem. Além disso, o servidor readaptando deve ter habilitação e nível de escolaridade para o cargo
de destino.
Nota-se também que a Emenda nº 103 também passa a prever que a aposentadoria por incapacidade do
servidor público somente pode ocorrer quando não houver possibilidade de readaptação. Ademais, uma vez
aposentado por incapacidade, devem existir inspeções periódicas de saúde a fim de verificar a continuidade
das condições médica que ensejaram o ato de aposentação.

3.3.1. Jurisprudência acerca do Concurso Público

Vejamos algumas jurisprudências sobre concurso público.

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Súmula Vinculante 43:


É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem
prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra
a carreira na qual anteriormente investido.

Súmula 684:
É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público.
Súmula 16:
Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.
Súmula 15:
Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem direito à nomeação, quando o cargo
for preenchido sem observância da classificação.

A tese objetiva assentada em sede desta repercussão geral é a de que o surgimento de novas
vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do
certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos
aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária
e imotivada por parte da administração, caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do poder
público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de
validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, a discricionariedade da
administração quanto à convocação de aprovados em concurso público fica reduzida ao patamar zero
(Ermessensreduzierung auf Null), fazendo exsurgir o direito subjetivo à nomeação, verbi gratia, nas
seguintes hipóteses excepcionais: i) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do
edital (RE 598.099); ii) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de
classificação (Súmula 15 do STF); iii) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a
validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos aprovados fora das vagas de forma
arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.[RE 837.311, rel. min. Luiz Fux, j. 9-12-
2015, P, DJE de 18-4-2016, Tema 784.]Vide RE 598.099, rel. min. Gilmar Mendes, j. 10-8-2011, P, DJE de 3-
10-2011, Tema 161. Vide RMS 31.478, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 9-8-2016, 1ª T, DJE de 21-10-2016.

A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial,
à qual atribuída eficácia retroativa,não gera direito às promoções ou progressões funcionais
que alcançariam houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação.[RE 629.392, rel. min. Marco
Aurélio, j. 8-6-2017, P, DJE de 1º-2-2018, Tema 454.]

Concurso público. Correção de prova. Não compete ao Poder Judiciário, no controle de


legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e
notas a elas atribuídas. (...) Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo de
compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o previsto no edital do
certame.[RE 632.853, rel. min. Gilmar Mendes, j. 23-4-2015, P, DJE de 29-6-2015, Tema 485.]Vide MS

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30.344 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 21-6-2011, 2ª T, DJE de 1º-8-2011Vide STA 106 AgR, rel. min. Gilmar
Mendes, j. 17-9-2009, P, DJE de 9-10-2009

Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a manutenção
no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou
posse em decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial
de natureza precária, supervenientemente revogado ou modificado.[RE 608.482, rel. min.
Teori Zavascki, j. 7-8-2014, P, DJE de 30-10-2014, Tema 476.]

(...) em vista do crescente número de candidatos ao ingresso nas carreiras públicas, é cada vez
mais usual que os editais dos concursos públicos estipulem critérios que restrinjam a
convocação de candidatos de uma fase para outra dos certames. As regras editalícias que
impedem o candidato de prosseguir no certame, denominadas regras restritivas,
subdividem-se em eliminatórias e cláusulas de barreira.As regras eliminatórias preveem, por exemplo, a
exclusão dos candidatos que não acertarem, pelo menos, 50% das questões objetivas de cada matéria.
Outro bom exemplo de regra eliminatória é o exame de aptidão física. Esse tipo de regra editalícia, como
se vê, prevê como resultado de sua aplicação a eliminação do candidato do certame público por
insuficiência em algum aspecto de seu desempenho. Além disso, é comum que se conjugue, ainda, outra
regra que restringe o número de candidatos para a fase seguinte do concurso, determinando-se que, no
universo de candidatos que não foram excluídos pela regra eliminatória, participará da etapa subsequente
apenas número predeterminado de candidatos, contemplando-se somente os mais bem classificados.
Essas são as denominadas "cláusulas de barreira", que não produzem a eliminação por insuficiência de
desempenho nas provas do certame, mas apenas estipulam um corte deliberado no número de candidatos
que poderão participar de fase posterior, comumente as fases dos exames psicotécnicos ou dos cursos de
formação. Assim, pode-se definir a cláusula de barreira como espécie de regra editalícia restritiva que,
embora não elimine o candidato pelo desempenho inferior ao exigido (v.g.: mínimo de acertos, tempo
mínimo de prova), obstaculiza sua participação na etapa seguinte do concurso em razão de não se
encontrar entre os melhores classificados, de acordo com previsão numérica preestabelecida no edital. (...)
(...) as regras restritivas em editais de concurso público, como as regras eliminatórias e as denominadas
cláusulas de barreira, quando estão fundadas (e assim justificadas) em critérios objetivos relacionados ao
desempenho meritório do candidato, concretizam o princípio da igualdade (e também o princípio da
impessoalidade) no âmbito do concurso público. (...) Em outros termos, o denominado "afunilamento" de
candidatos no decorrer das fases do concurso viabiliza a investidura em cargo público com aprovação em
concurso de provas ou de provas e títulos, obedecendo aos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência (art. 37, caput e inciso II, da CF).
[RE 635.739, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 19-2-2014, P, DJE de 3-10-2014, Tema 376.]

Dentro do prazo de validade do concurso, a administração poderá escolher o momento no


qual se realizará a nomeação, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, a qual, de
acordo com o edital, passa a constituir um direito do concursando aprovado e, dessa forma,
um dever imposto ao poder público.Uma vez publicado o edital do concurso com número
específico de vagas, o ato da administração que declara os candidatos aprovados no certame cria um dever
de nomeação para a própria administração e, portanto, um direito à nomeação titularizado pelo candidato
aprovado dentro desse número de vagas. (...) O dever de boa-fé da administração pública exige o respeito
incondicional às regras do edital, inclusive quanto à previsão das vagas do concurso público. Isso
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igualmente decorre de um necessário e incondicional respeito à segurança jurídica como princípio do


Estado de Direito. Tem-se, aqui, o princípio da segurança jurídica como princípio de proteção à confiança.
Quando a administração torna público um edital de concurso, convocando todos os cidadãos a
participarem de seleção para o preenchimento de determinadas vagas no serviço público, ela
impreterivelmente gera uma expectativa quanto ao seu comportamento segundo as regras previstas nesse
edital. Aqueles cidadãos que decidem se inscrever e participar do certame público depositam sua confiança
no Estado administrador, que deve atuar de forma responsável quanto às normas do edital e observar o
princípio da segurança jurídica como guia de comportamento. Isso quer dizer, em outros termos, que o
comportamento da administração pública no decorrer do concurso público deve se pautar pela boa-fé,
tanto no sentido objetivo quanto no aspecto subjetivo de respeito à confiança nela depositada por todos
os cidadãos. (...) Quando se afirma que a administração pública tem a obrigação de nomear os aprovados
dentro do número de vagas previsto no edital, deve-se levar em consideração a possibilidade de
situações excepcionalíssimas que justifiquem soluções diferenciadas, devidamente motivadas de acordo
com o interesse público. Não se pode ignorar que determinadas situações excepcionais podem exigir a
recusa da administração pública de nomear novos servidores. Para justificar o excepcionalíssimo não
cumprimento do dever de nomeação por parte da administração pública, é necessário que a situação
justificadora seja dotada das seguintes características: a) Superveniência: os eventuais fatos ensejadores
de uma situação excepcional devem ser necessariamente posteriores à publicação do edital do certame
público; b) Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por circunstâncias extraordinárias,
imprevisíveis à época da publicação do edital; c) Gravidade: os acontecimentos extraordinários e
imprevisíveis devem ser extremamente graves, implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo
impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital; d) Necessidade: a solução drástica e
excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve ser extremamente necessária, de forma que
a administração somente pode adotar tal medida quando absolutamente não existirem outros meios
menos gravosos para lidar com a situação excepcional e imprevisível. De toda forma, a recusa de nomear
candidato aprovado dentro do número de vagas deve ser devidamente motivada e, dessa forma, passível
de controle pelo Poder Judiciário. (...) Esse entendimento, na medida em que atesta a existência de um
direito subjetivo à nomeação, reconhece e preserva da melhor forma a força normativa do princípio do
concurso público, que vincula diretamente a administração. É preciso reconhecer que a efetividade da
exigência constitucional do concurso público, como uma incomensurável conquista da cidadania no Brasil,
permanece condicionada à observância, pelo poder público, de normas de organização e procedimento e,
principalmente, de garantias fundamentais que possibilitem o seu pleno exercício pelos cidadãos. O
reconhecimento de um direito subjetivo à nomeação deve passar a impor limites à atuação da
administração pública e dela exigir o estrito cumprimento das normas que regem os certames, com especial
observância dos deveres de boa-fé e incondicional respeito à confiança dos cidadãos. O princípio
constitucional do concurso público é fortalecido quando o poder público assegura e observa as garantias
fundamentais que viabilizam a efetividade desse princípio. Ao lado das garantias de publicidade, isonomia,
transparência, impessoalidade, entre outras, o direito à nomeação representa também uma garantia
fundamental da plena efetividade do princípio do concurso público.[RE 598.099, rel. min. Gilmar Mendes,
j. 10-8-2011, P, DJE de 3-10-2011, Tema 161.]Vide RE 837.311, rel. min. Luiz Fux, j. 9-12-2015, P, DJE de 18-
4-2016, Tema 784

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Provimento derivado de cargos. (...) Dispositivos legais impugnados que afrontam o comando
do art. 37, II, da CF, o qual exige a realização de concurso público para provimento de cargos
na administração estatal. Embora sob o rótulo de reestruturação da carreira na Secretaria da
Fazenda, procedeu-se, na realidade, à instituição de cargos públicos, cujo provimento deve
obedecer aos ditames constitucionais.[ADI 3.857, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 18-12-2008, P, DJE de
27-2-2009.]

É inconstitucional a lei que autoriza o sistema de opção ou de aproveitamento de servidores


federais, estaduais e municipais sem que seja cumprida a exigência de concurso público.[ADI
980, rel. min. Menezes Direito, j. 6-3-2008, P, DJE de 1º-8-2008.] = ADI 3.552, rel. min. Roberto
Barroso, j. 17-3-2016, P, DJE de 14-4-2016

O concurso público pressupõe o tratamento igualitário dos candidatos, discrepando da ordem


jurídico-constitucional a previsão de vantagens quanto a certos cidadãos que venham
prestando serviços à administração pública.[ADI 2.949, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio, j. 26-
9-2007, P, DJE de 28-5-2015.]

O STF firmou sólida jurisprudência no sentido de que o art. 37, II, da CF rejeita qualquer burla
à exigência de concurso público. Há diversos precedentes em que a tônica é a absoluta
impossibilidade de se afastar esse critério de seleção dos quadros do serviço público (cf. ADI
2.689, rel. min. Ellen Gracie, Pleno, j. 9-10-2003; ADI 1.350 MC, rel. min. Celso de Mello, Pleno,
j. 27-9-1995; ADI 980 MC, rel. min. Celso de Mello, Pleno, j. 3-2-1994); ADI 951, rel. min. Joaquim Barbosa,
Pleno, j. 18-11-2004), até mesmo restringindo possíveis ampliações indevidas de exceções contidas na
própria Constituição, a exemplo do disposto no art. 19 do ADCT (cf. ADI 1.808 MC, rel. min. Sydney
Sanches, Pleno, j. 1º-2-1999). O rigor na interpretação desse dispositivo constitucional impede inclusive
formas de provimento derivado de cargo público, por ascensão interna.[ADI 3.434 MC, voto do rel. min.
Joaquim Barbosa, j. 23-8-2006, P, DJ de 28-9-2007.]= RE 635.206 AgR-AgR-AgR, rel. min. Roberto Barroso,
j. 17-2-2017, 1ª T, DJE de 17-3-2017.

A tese objetiva assentada em sede desta repercussão geral é a de que o surgimento de novas
vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do
certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados
fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada
por parte da administração, caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do poder público capaz
de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame,
a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, a discricionariedade da administração quanto à
convocação de aprovados em concurso público fica reduzida ao patamar zero (Ermessensreduzierung auf
Null), fazendo exsurgir o direito subjetivo à nomeação, verbi gratia, nas seguintes hipóteses excepcionais:
i) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital (RE 598.099); ii) quando houver
preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação (Súmula 15 do STF); iii) quando
surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a
preterição de candidatos aprovados fora das vagas de forma arbitrária e imotivada por parte da
administração nos termos acima.[RE 837.311, rel. min. Luiz Fux, j. 9-12-2015, P, DJE de 18-4-2016, Tema
784.]

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Vide RE 598.099, rel. min. Gilmar Mendes, j. 10-8-2011, P, DJE de 3-10-2011, Tema 161. Vide RMS 31.478,
rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 9-8-2016, 1ª T, DJE de 21-10-2016.

3.4. ESTABILIDADE

A estabilidade é o desejo de todo concurseiro! Mas fique atento, porque este instituto só se aplica aos cargos
efetivos, ou seja, aqueles titularizados pelos servidores públicos estatutários.
Com base no atual texto da CRFB, estabilidade é alcançada pelo servidor público estatutário que passou a
titularizar um cargo efetivo por aprovação em concurso público e permaneceu em efetivo exercício no cargo
por 3 anos.
A Emenda Constitucional nº 19, de 1998, alterou o art. 41 da CRFB e ampliou o tempo necessário para se
alcançar a estabilidade. No texto originário da CRFB era de 2 anos e, desde a aludida emenda, é de 3 anos.

#ficadica

É condição para a aquisição da estabilidade a obrigatória avaliação especial de desempenho


realizada por comissão instituída para essa finalidade.

Importante ressaltar também neste ponto a previsão do art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, já que, por meio dele, o Constituinte Originário reconheceu a estabilidade dos servidores
públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica
e das fundações públicas, que na data da promulgação da Constituição estavam em exercício há pelo menos
5 anos continuados, mesmo que não tivessem sido admitidos por meio de concurso público.
Cabe esclarecer que essa forma de estabilidade excepcional aplicada pela Constituinte não foi extensiva aos:

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ocupantes de cargos, funções e empregos de confiança ou em comissão

ocupantes de cargos, funções e empregos que a lei declarasse de livre exoneração

professores de nível superior, nos termos da lei

De acordo com o atual texto constitucional, o servidor público estável só perderá o cargo nos seguintes casos:

em virtude de sentença judicial transitada em julgado

mediante processo administrativo em que lhe seja


assegurada ampla defesa

Perda do Cargo pelo


Servidor Estável mediante procedimento de avaliação periódica de
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
ampla defesa

para que se atinja os limites de despesa com pessoal ativo e


inativo fixado em Lei Complementar, desde que seguido o
procedimento previsto no art. 169 da CRFB

Os três primeiros casos citados que autorizam a perda do cargo pelo servidor estável se encontram no art.
41 da CRFB, já o último caso consta no § 4º do art. 169.
Assim dispõe o aludido art. 169:

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Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei
complementar. (...)

§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o
prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências:

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e
funções de confiança;

II - exoneração dos servidores não estáveis.

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo,
o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada
um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa
objeto da redução de pessoal.

Portanto, perceba que há um rito formal a ser seguido.


Não sendo cumprido o percentual máximo de gasto com pessoal, a primeira ação é a redução em 20% dos
gastos com comissionados e com funções de confiança.
Se ainda assim, não for atingido o limite fixado, o segundo passo é exonerar todos os servidores não estáveis.
Por fim, como medida extrema, para que se atinja o nível máximo de gastos com pessoal, o servidor estável
poderá perder seu cargo, mas para isso é necessário que:

seja expedido ato normativo motivado especificando a atividade


funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de
pessoal;

o servidor seja indenizado em montante equivalente a um mês de


remuneração para cada ano de serviço que tenha cumprido;

o cargo desprovido deve ser considerado extinto, sendo vedada a


criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou
assemelhadas pelo prazo de 4 anos.

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Cabe dizer, ainda, que compete à lei federal dispor sobre as normas gerais a serem obedecidas para a
efetivação da perda do cargo pelo servidor estável nos termos do §4º do artigo 169 da CRFB, bem como
estabelecer critérios e garantias especiais para a perda do cargo pelo servidor público estável que, em
decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclusivas de Estado.
Não confunda essa lei federal, que pode ser uma lei ordinária, com a Lei Complementar exigida no “caput”
do art. 169.
Por oportuno, ressalto que é a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (Lei Complementar nº 101, de 2000) que
fixou o imite de gastos com pessoal de que trata o “caput” do art. 169 da CRFB.
Os limites estão no art. 19 a LRF:

2,5% para o Congresso Nacional,


incluíd o TCU

6% para o Judiciário
União: 50% da receita corrente líquida
40,9% para o Executivo

0,6% ara o MPU

3% para o Legislativo, incluído o


TCE

Limite de Gastos
6% para o Judiciário
com Pessoal
Estados: 60% da receita corrente líquida
49% para o Executivo

2% para o MPE

6% para o Legislativo, incluído o


TCM, se o caso
Municípios: 60% da receita corrente
líquida
54% para o Executivo

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Frise-se que, no caso de ser invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, ele deve ser
reintegrado e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao
tempo de serviço.
Além disso, se extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável deve ficar em
disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
outro cargo.

3.4.1. Jurisprudência acerca da Estabilidade

Vejamos algumas jurisprudências sobre a estabilidade.

Defensor público estadual: garantias e prerrogativas. (...) O prazo trienal para aquisição de
estabilidade no cargo, fixado pela EC 19/1998, é aplicável indistintamente a todos os
servidores públicos.[ADI 230, rel. min. Cármen Lúcia, j. 1º-2-2010, P, DJE de 30-10-2014.]

Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Demissão imotivada de seus empregados.


Impossibilidade. Necessidade de motivação da dispensa. (...) Os empregados públicos não
fazem jus à estabilidade prevista no art. 41 da CF, salvo aqueles admitidos em período anterior
ao advento da EC 19/1998. (...) Em atenção, no entanto, aos princípios da impessoalidade e
isonomia, que regem a admissão por concurso público, a dispensa do empregado de empresas públicas e
sociedades de economia mista que prestam serviços públicos deve ser motivada, assegurando-se, assim,
que tais princípios, observados no momento daquela admissão, sejam também respeitados por ocasião da
dispensa. A motivação do ato de dispensa, assim, visa a resguardar o empregado de uma possível quebra
do postulado da impessoalidade por parte do agente estatal investido do poder de demitir. Recurso
extraordinário parcialmente provido para afastar a aplicação, ao caso, do art. 41 da CF, exigindo-se,
entretanto, a motivação para legitimar a rescisão unilateral do contrato de trabalho.[RE 589.998, rel. min.
Ricardo Lewandowski, j. 20-3-2013, P, DJE de 12-9-2013, Tema 131.]

A estabilidade funcional não subsiste no caso de vínculo estabelecido com a Administração


Pública mediante contrato temporário.[RE 1.043.653 AgR, rel. min. Marco Aurélio, j. 5-9-2017,
1ª T, DJE de 9-11-2017.]

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A decisão agravada está em conformidade com entendimento firmado por ambas as Turmas
desta Corte, no sentido de que não se aplica a empregado de sociedade de economia mista,
regido pela CLT, o disposto no art. 41 da CF, o qual somente disciplina a estabilidade dos
servidores públicos civis. Ademais, não há ofensa aos princípios de direito administrativo
previstos no art. 37 da Carta Magna, porquanto a pretendida estabilidade não encontra respaldo na
legislação pertinente, em face do art. 173, § 1º, da Constituição, que estabelece que os empregados de
sociedade de economia mista estão sujeitos ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive
quanto às obrigações trabalhistas.[AI 465.780 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 23-11-2004, 2ª T, DJ de 18-
2-2005.]= AI 660.311 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 9-10-2007, 2ª T, DJ de 23-11-2007

A exigência de concurso público para a investidura em cargo garante o respeito a vários


princípios constitucionais de direito administrativo, entre eles, o da impessoalidade e o da
isonomia. O constituinte, todavia, inseriu no art. 19 do ADCT norma transitória criando uma
estabilidade excepcional para servidores não concursados da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios que, quando da promulgação da Carta Federal, contassem com, no mínimo, cinco
anos ininterruptos de serviço público. A jurisprudência desta Corte tem considerado inconstitucionais
normas estaduais que ampliam a exceção à regra da exigência de concurso para o ingresso no serviço
público já estabelecida no ADCT Federal.Precedentes: ADI 498, rel. min. Carlos Velloso (DJ de 9-8-1996), e
ADI 208, rel. min. Moreira Alves (DJ de 19-12-2002), entre outros.[ADI 100, rel. min. Ellen Gracie, j. 9-9-
2004, Plenário, DJ de 1º-10-2004.]

A estabilidade prevista no art. 19 do ADCT requer tempo de serviço, à época da promulgação


da Carta de 1988, igual a cinco anos. (...) A cessação de relação jurídica regida pela CLT, no
tocante a servidor público que não detenha a estabilidade, prescinde da formalização de
processo administrativo e, portanto, do contraditório.[RE 289.321, rel. min. Marco Aurélio, j.
2-12-2010, 1ª T, DJE de 2-6-2011.]

Servidores públicos detentores da estabilidade excepcional do art. 19 do ADCT. Inclusão no


regime próprio de previdência social. Impossibilidade. (...) Os servidores abrangidos pela
estabilidade excepcional prevista no art. 19 do ADCT não se equiparam aos servidores
efetivos, os quais foram aprovados em concurso público. Aqueles possuem somente o direito
de permanecer no serviço público nos cargos em que foram admitidos, não tendo direito aos benefícios
privativos dos servidores efetivos. Conforme consta do art. 40 da CF, com a redação dada pela EC 42/2003,
pertencem ao regime próprio de previdência social tão somente os servidores titulares de cargos efetivos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações.[ARE
1.069.876 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 27-10-2017, 2ª T, DJE de 13-11-2017.]

Servidor público. Ausência de estabilidade. Cessação do vínculo. Tratando-se de servidor


público arregimentado sem a aprovação em concurso público e que, à época da entrada em
vigor da Carta de 1988, não contava com cinco anos de prestação de serviços, descabe cogitar
de ilegalidade na ruptura do vínculo.[RE 223.380, rel. min. Marco Aurélio, j. 28-11-2000, 2ª T,
DJ de 30-3-2001.]

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Equiparação de vantagens dos servidores públicos estatutários aos então celetistas que
adquiriram estabilidade por força da CF. Ofensa ao art. 37, II, da CF.[ADI 180, rel. min. Nelson
Jobim, j. 3-4-2003, P, DJ de 27-6-2003.

A estabilidade provisória advinda de licença-maternidade decorre de proteção constitucional


às trabalhadoras em geral. O direito amparado pelo art. 7º, XVIII, da CF, nos termos do art.
142, VIII, da CF/1988, alcança as militares.[RE 523.572 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 6-10-2009,
2ª T, DJE de 29-10-2009.]= AI 811.376 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 1º-3-2011, 2ª T, DJE de
23-3-2011

O STF fixou entendimento no sentido de que as servidoras públicas e empregadas gestantes,


inclusive as contratadas a título precário, independentemente do regime jurídico de
trabalho, têm direito à licença-maternidade de 120 dias e à estabilidade provisória desde a
confirmação da gravidez até 5 meses após o parto, nos termos do art. 7º, XVIII, da
Constituição do Brasil e do art. 10, II, b, do ADCT.[RE 600.057 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 29-9-2009, 2ª T,
DJE de 23-10-2009.]= RE 634.093 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 22-11-2011, 2ª T, DJE de 7-12-2011= RE
597.989 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 9-11-2010, 1ª T, DJE de 29-3-2011

O STF assentou entendimento de que o art. 8º, VIII, da CF, ao fazer a distinção, no caput, entre
associação e sindicato, teria conferido a garantia de estabilidade provisória somente ao
último, ou seja, aos dirigentes ou representantes sindicais.[RE 777.227 AgR, rel. min. Roberto
Barroso, j. 25-8-2017, 1ª T, DJE de 9-8-2017.]

3.5. REMUNERAÇÃO

A CRFB estabelece que a fixação dos padrões de vencimento e do sistema remuneratório deve observar:

a natureza, o grau de
responsabilidade e a
os requisitos para a as peculiaridades dos
complexidade dos
investidura cargos
cargos componentes de
cada carreira

Há, basicamente, duas formas de remuneração no serviço público:

1) a formada por parcelas diversas como remuneração básica adicionada de vantagens, gratificações e
demais adicionais com denominações variadas; ou
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2) por subsídio que é aquela formada por parcela única,vedado o acréscimo de qualquer gratificação,
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória.

#ficadica

A remuneração dos servidores públicos e o subsídio somente poderão ser fixados ou alterados
por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral
anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices.

Quanto à primeira forma, a doutrina costuma utilizar, além do termo remuneração, o termo vencimentos no
plural.
Ou seja, vencimentos é a somatória de todas as parcelas que compõem o montante global a ser percebido
pelo servidor.
Quando se utiliza a palavra vencimento no singular, alude-se a uma das parcelas que compõem os
vencimentos.
Portanto, a primeira forma de remuneração do servidor congrega um somatório de parcelas, entre as quais
o vencimento-base ou remuneração-básica, adicionado de gratificações, abonos, prêmios, verbas de
representação ou qualquer outra espécie remuneratória.
Ressalte-se que, por expressa determinação constitucional, os acréscimos pecuniários percebidos pelo
servidor público não podem ser computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores. Ou seja, o direito momentâneo ou transitório a determinado adicional ou acréscimo pecuniário
não pode compor a base para futuros novos acréscimos.

Exemplo: determinado servidor de carreira não remunerada por subsídio, tem seus
vencimentos compostos por um vencimento base de R$ 5.000,00 e uma gratificação de
100% por desempenho, perfazendo, portanto, R$ 10.000,00 de vencimentos ou
remuneração. Suponha agora que nova parcela remuneratória tenha sido criada com
percentual de 20% por representação. O que o dispositivo constitucional remete é que a
nova parcela remuneratória, em regra, deve incidir sobre o vencimento base de R$ 5 mil e não sobre R$ 10
mil que era o total dos vencimentos quando agregada a gratificação de desempenho. Cabe esclarecer,
contudo, que os estatutos eventualmente podem prever a incorporação de determinadas parcelas

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remuneratória e, neste caso, eventual criação de gratificações podem prever a incidência sobre o valor total
da remuneração (vencimentos) e não só sobre o vencimento base. Mas, tudo dependerá de lei.
Contudo, é importante frisar que a Emenda Constitucional nº 103, de 2019 (Reforma da Previdência),
passou a proibir a incorporação, para fins de aposentadoria, de vantagens de caráter temporário ou
vinculadas a exercício de função de confiança ou cargo em comissão (vide o art. 39, § 9º, da CRFB).
Também se aplica esse dispositivo em eventual alteração do Estatuto do Servidor que venha a extinguir a
primeira gratificação existente. Não há direito adquirido do servidor por ter percebido aquela gratificação
durante um período (exceto se havia previsão de incorporação e o tempo necessário já havia transcorrido).

Quanto à segunda forma de remuneração, o denominado subsídio, ele é formado por parcela única, sendo
vedada a adição de qualquer parcela remuneratória, exceto as indenizatórias.

#ficadica

O regime de subsídio é incompatível com outras parcelas remuneratórias de natureza mensal,


o que não é o caso do 13º salário e do terço constitucional de férias, pagos a todos os
trabalhadores e servidores com periodicidade anual.

As parcelas de caráter indenizatório, inclusive, tais como diárias, ajudas de custo, entre outras, não entram
no cômputo para a fixação do teto remuneratório de que trata o inciso XI do art. 37 da CRFB ou o §12º do
aludido artigo, conforme veremos a seguir.
O subsídio foi introduzido no texto constitucional pela Emenda nº 19, de 1998, no §4º do art. 39.

§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os


Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.

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A citação a membro de Poder alude a todos aqueles representantes diretos de um dos Poderes da República,
ou seja: no âmbito do Poder Executivo, o presidente da república, os governadores e os prefeitos; no âmbito
do Poder Judiciário, cada um dos juízes, desembargadores ou ministros; no âmbito do Poder Legislativo, cada
um dos parlamentares (senadores, deputados e vereadores). Dessa forma, a expressão “detentor de
mandato eletivo” acaba sendo um reforço da primeira expressão, hábil a excluir qualquer dúvida que se
tivesse quanto a membro de Poder incorporar todos os citados integrantes do Poder Legislativo.

Mas não só os citados no §4º do art. 39, também devem ser remunerados por subsídio os membros do
Ministério Público (art. 128, §5º, inciso I, alínea “c”), os integrantes da Defensoria Pública e da Advocacia
Pública (art. 135), bem como os servidores das carreiras policiais.
Dessa forma, devem ser remunerados por subsídio:

Procuradores
os membros de membros da integrantes das
Poder Defensoria Pública carreiras da
Advocacia Pública

o detentor de membros do
Policiais.
mandato eletivo Ministério Público

ministros secretários

Além desses, a CRFB previu em seu §8º do art. 39 que a remuneração dos servidores públicos organizados
em carreira PODE ser fixada por subsídio.

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#ficadica

Os servidores públicos organizados em carreira podem ser remunerados por subsídio


enquanto os membros de Poder, o detentor de mandato eletivo, ministros, secretários,
membros do Ministério Público, membros da Defensoria Pública, Procuradores integrantes
das carreiras da Advocacia Pública, Policiais, devem ser remunerados desta forma.

A CRFB ainda fixa que os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário devem publicar anualmente os valores do
subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos, não podendo os vencimentos dos cargos do
Poder Legislativo e do Poder Judiciário serem superiores aos pagos pelo Poder Executivo.
Contudo, como as atribuições dos cargos são fixadas por lei e, em regra, cada uma delas apresenta
características peculiares, torna-se difícil ou até impossível avaliar comparativamente a remuneração dos
cargos entre os Poderes para asseverar o cumprimento do mandamento constitucional de que a
remuneração de cargos no Poder Legislativo e no Poder Judiciário não superam concretamente a dos do
Executivo.
Além disso, o texto constitucional também autoriza que leis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios estabeleçam a relação entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
em qualquer caso, o teto remuneratório.
Ressalte-se, contudo, que é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para
o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. Esse mandamento foi incluído na CRFB pela Emenda
nº 19, de 1998, para extirpar a farra de equiparações e o efeito em cascata que era ocasionado pelo reajuste
de determinada carreira que era base vinculada a muitas outras.
Cabe ressaltar também a previsão constitucional de que o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
cargos e empregos públicos são irredutíveis, exceto para:

 respeitar o teto remuneratório;


 respeitar a vedação de que acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não podem ser
computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores;
 incidência tributária como a do Imposto de Renda (proibida a quebra de isonomia ou privilégios e
garantida a incidência sobre a universalidade e generalidade dos valores percebidos, bem como a
progressividade, na forma da lei).
Por fim, sobre remuneração de agentes públicos, é muito importante rememorar a regra
do art. 39, § 9º, da CRFB, que prevê a impossibilidade de se incorporar determinadas
vantagens remuneratórias aos vencimentos:
Art. 39 [...]

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§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de


função de confiança ou de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo.

3.6. TETO REMUNERATÓRIO

O texto constitucional fixa como limite remuneratório no serviço público, regra geral, o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Ou seja, não se pode remunerar qualquer servidor público com vencimentos ou subsídio acima do quanto
recebe mensalmente o Ministro do STF em espécie, isto é, desconsiderando eventuais benefícios indiretos
(motorista com carro oficial, utilização de salas reservadas, entre outros).
Contudo, o inciso XI do art. 37 da CRFB que fixa este limite, estabelece também subtetos da seguinte forma:

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Municípios subsídio do Prefeito

subsídio do Governador para


o Poder Executivo
Subteto remuneratório

subsídio dos Deputados para


o Legislativo

Estados e Distrito Federal subsídio dos


Desembargadores do
Tribunal de Justiça, para o
Poder Judiciário, para os
membros do Ministério
Público, para os Procuradores
e para os Defensores
Públicos, limitado a 90,25%
do subsídio do Ministro do
STF

Perceba então que o subteto é variável. Para os Municípios, não é o subsídio do ministro do STF e sim o
subsídio do Prefeito. Já para os Estados e o DF a variabilidade é ainda maior, já que:

 para o Poder Executivo Estadual ou Distrital, o subteto é o subsídio do Governador;

 para o Poder Legislativo Estadual ou Distrital, o subteto é o subsídio do Deputado Estadual ou Distrital;

 para o Poder Judiciário Estadual ou Distrital, o subteto é o subsídio do Desembargado do Tribunal de


Justiça, limitado a 90,25% do subsídio do Ministro do STF;

 para os membros do Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia Pública, o subteto também é
subsídio do Desembargador do Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do subsídio do Ministro do STF.

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Ressalte-se que o limite remuneratório se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza.
Além destes, o limite remuneratório também se aplicará às empresas públicas, às sociedades de economia
mista e suas subsidiárias, desde que estas recebam recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
Ou seja, em regra, as Estatais e suas subsidiárias não estão sujeitas ao limite remuneratório (teto ou subteto),
mas desde que não sejam deficitárias e não necessitem de recursos públicos para pagamento de despesas
de seu pessoal ou de custeio geral de suas atividades.
Importante ressaltar ainda que, em 2005, por meio da Emenda Constitucional nº 47, foi incluído o §12º ao
art. 37 de modo que facultou-se aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do
respectivo Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do STF, não se aplicando
este limite único aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
Portanto, os Estados podem alterar suas Constituições (e o DF sua Lei Orgânica) para prever limite único a
todos os servidores do seu território, incluindo-se aí os Municípios desses Estados. Não se inclui apenas os
Deputados e vereadores, já que possuem regramento Constitucional próprio para remuneração.
Desta forma, o subteto remuneratório único para Estados e para o DF que o adotem em suas Constituições
ou Lei Orgânica (DF) passa a ser o subsídio mensal do Desembargado do Tribunal de Justiça, limitado a 90,25%
do subsídio do STF.
Cabe reafirmar que não são computadas as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei para se avaliar
a aplicação do limite remuneratório. Ou seja, como se trata de parcela indenizatória e não de remuneratório,
está fora do teto constitucional.
Neste particular, inclusive, há dúvidas em todos os entes da Federação quanto ao que se qualifica ou não
como indenização. E, em muitos casos, há um abuso nessa caracterização que, ao fim e ao cabo, acaba
competindo ao Poder Judiciário delinear os seus limites.
Frise-se que a Emenda Constitucional nº 41, de 2003, incluiu o art. 17 no ADCT para reduzir imediatamente
proventos e aposentadorias que estivessem sendo pagas em desacordo com o limite remuneratório
constitucionalmente previsto, não se admitindo qualquer invocação de direito adquirido.

Art. 17. Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os


proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a
Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se
admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a
qualquer título.

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3.6.1. Jurisprudência acerca de Remuneração e Teto Remuneratório

Vejamos algumas jurisprudências sobre esses temas:

Súmula Vinculante 42:


É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou
municipais a índices federais de correção monetária.

Súmula Vinculante 37:


Não cabe ao poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob o fundamento de isonomia.

Súmula 682:
Não ofende a Constituição a correção monetária no pagamento com atraso dos vencimentos
de servidores públicos.
Súmula 679:
A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva.

No que respeita ao subteto dos servidores estaduais, a Constituição estabeleceu a


possibilidade de o Estado optar entre: a definição de um subteto por poder, hipótese em que
o teto dos servidores da Justiça corresponderá ao subsídio dos desembargadores do Tribunal
de Justiça (art. 37, XI, CF, na redação da EC 41/2003); e a definição de um subteto único,
correspondente ao subsídio mensal dos desembargadores do Tribunal de Justiça, para todo e qualquer
servidor de qualquer poder, ficando de fora desse subteto apenas o subsídio dos deputados (art. 37, §
12, CF, conforme redação da EC 47/2005). Inconstitucionalidade da desvinculação entre o subteto dos
servidores da Justiça e o subsídio mensal dos desembargadores do Tribunal de Justiça. Violação ao art. 37,
XI e § 12, CF. Incompatibilidade entre a opção pela definição de um subteto único, nos termos do art. 37, §
12, CF, e definição de "subteto do subteto", em valor diferenciado e menor, para os servidores do Judiciário.
Tratamento injustificadamente mais gravoso para esses servidores. Violação à isonomia.[ADI 4.900, rel. p/
o ac. min. Roberto Barroso, j. 11-2-2015, P, DJE de 20-4-2015.]

Nas situações jurídicas em que a CF autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é


considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que
recebido.[RE 612.975 e RE 602.043, rel. min. Marco Aurélio, j. 27-4-2017, P, DJE de 8-9-2017,
tema 377 e tema 384.]

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A ampliação de jornada de trabalho sem alteração da remuneração do servidor consiste em


violação da regra constitucional da irredutibilidade de vencimentos.[ARE 660.010, rel. min. Dias
Toffoli, j. 30-10-2014, P, DJE de 19-2-2015, Tema 514.]

É possível ao legislador desvincular, para o futuro, a forma de calcular gratificação incorporada


pelo servidor, em razão de ter ocupado função/cargo comissionado, submetendo-a aos índices
gerais de revisão, sem que isso represente violação do Texto Constitucional.[ARE 1.004.555
AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 8-8-2017, P, DJE de 29-8-2017.]

Computam-se para efeito de observância do teto remuneratório do art. 37, XI, da Constituição
da República também os valores percebidos anteriormente à vigência da EC 41/2003 a título
de vantagens pessoais pelo servidor público, dispensada a restituição dos valores recebidos em
excesso de boa-fé até o dia 18 de novembro de 2015. O âmbito de incidência da garantia de
irredutibilidade de vencimentos (art. 37, XV, da Lei Maior) não alcança valores excedentes do limite
definido no art. 37, XI, da Constituição da República. Traduz afronta direta ao art. 37, XI e XV, da
Constituição da República a exclusão, da base de incidência do teto remuneratório, de valores
percebidos, ainda que antes do advento da EC 41/2003, a título de vantagens pessoais.[RE 606.358, rel.
min. Rosa Weber, j. 18-11-2015, P, DJE de 7-4-2016, Tema 257.]

A referência ao termo "procuradores", na parte final do inciso IX do art. 37 da Constituição,


deve ser interpretada de forma a alcançar os procuradores autárquicos, uma vez que estes se
inserem no conceito de advocacia pública trazido pela Carta de 1988. A jurisprudência do STF,
de resto, é firme no sentido de que somente por meio de lei em sentido formal é possível a
estipulação de teto remuneratório.[RE 558.258, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 9-11-2010, 1ª T, DJE de
18-3-2011.]= RE 562.238 AgR, rel. min. Teori Zavascki, j. 2-4-2013, 2ª T, DJE de 17-4-2013

A jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que, após a EC 41/2003, as vantagens pessoais,


de qualquer espécie, devem ser incluídas no redutor do teto remuneratório, previsto no inciso
XI do art. 37 da CF.[RE 464.876 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 16-12-2008, 1ª T, DJE de 20-2-
2009.]= RE 471.070 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 31-3-2009, 2ª T, DJE de 24-4-2009

A acumulação de função comissionada com vencimento de cargo efetivo no âmbito de um


mesmo órgão público deve estar em conformidade com o teto constitucional, consoante
dispõe o art. 37, XI, da Carta Magna. [MS 32.492 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 17-11-2017, 2ª T,
DJE de 1º-12-2017.]

O STF fixou entendimento no sentido de que a estipulação de teto remuneratório, nos termos
fixados pela EC 19/1998, exige a promulgação de lei em sentido formal e material. [AI 740.028
AgR, rel. min. Eros Grau, j. 24-3-2009, 2ª T, DJE de 24-4-2009.]

A base de cálculo sobre a qual incidirão os descontos previdenciários e o imposto de renda é


a remuneração/subsídios/proventos/pensões ou outras espécies remuneratórias dos
servidores públicos (valor bruto) fixada após a definição do valor a ser recebido por força da
observância do teto/subteto constitucional, definidos em lei.[RE 675.978, voto da rel. min.
Cármen Lúcia, j. 15-4-2015, P, DJE de 29-6-2015, Tema 639.]

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Registre-se (...) que a norma prevista no art. 37, XI, da CF, com a redação dada pela EC 41/2003,
é autoaplicável.[RE 372.369 AgR, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 14-2-2012, 2ª T, DJE de 5-
3-2012.]

Não há (...) ofensa ao disposto no art. 37, X e XII, da Constituição do Brasil. Como ponderou o
min. Célio Borja, relator à época (...): "(...) Argui-se (...) violação do inciso XII, do art. 37, da
Constituição (...). Não está aí proclamada isonomia remuneratória prescrita alhures (art. 39, §
1º, CF) para os cargos, aliás, de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder ou dos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O que o inciso XII, art. 37 da Constituição, cria é um limite, não
uma relação de igualdade. Ora, esse limite reclama, para implementar-se, intervenção legislativa uma
vez que, já não havendo paridade, antes do advento da Constituição, nem estando, desse modo, contidos
os vencimentos, somente mediante redução dos que são superiores aos pagos pelo Executivo, seria
alcançável a parificação prescrita".[ADI 603, voto do rel. min. Eros Grau, j. 17-8-2006, P, DJ de 6-10-2006.]

A jurisprudência da Corte é pacífica no que tange ao não cabimento de qualquer espécie de


vinculação da remuneração de servidores públicos, repelindo, assim, a vinculação da
remuneração de servidores do Estado a fatores alheios à sua vontade e ao seu controle; seja
às variações de índices de correção editados pela União; seja aos pisos salariais
profissionais.[ADI 668, rel. min. Dias Toffoli, j. 19-2-2014, P, DJE de 28-3-2014.]

(...) é pacífico o entendimento do STF no sentido de que as normas que alteram o padrão
remuneratório são de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo. Assim, é inafastável a
inconstitucionalidade formal do art. 273 da Constituição do Estado de Alagoas. Ressalta-se que
esta questão já foi enfrentada por este Tribunal, na sistemática da repercussão geral, no
julgamento do RE 745.811, de minha relatoria. (...) Ademais, também é uníssona a jurisprudência desta
Corte quanto à impossibilidade de vinculação de vencimentos de cargos distintos. Dessa forma, ao
vincular a remuneração de servidores de cargo efetivo com subsídios de agentes políticos, isto é, com o
maior cargo em comissão na estrutura de Poder, na espécie, de secretário de Estado, a norma em comento
também é materialmente inconstitucional.[RE 759.518 RG, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 29-5-2014,
P, DJE de 24-11-2014, Tema 737.]= ADI 3.491, rel. min. Ayres Britto, j. 27-9-2006, P, DJ de 23-3-2007

Esta Corte, no julgamento do RE 146.331 EDv, rel. min. Cezar Peluso, Plenário, DJ de 20-4-2007,
firmou o entendimento de não ser absoluta a garantia da coisa julgada e afastou tal incidência
no caso da aplicação do art. 17 do ADCT.[RE 600.658 RG, voto da rel. min. Ellen Gracie, j. 7-4-
2011, P, DJE de 16-6-2011, Tema 380.]

A garantia constitucional da irredutibilidade da remuneração devida aos servidores públicos


em atividade não se reveste de caráter absoluto. Expõe-se, por isso mesmo, às derrogações
instituídas pela própria Constituição da República, que prevê, relativamente ao subsídio e aos
vencimentos "dos ocupantes de cargos e empregos públicos" (CF, art. 37, XV), a incidência de
tributos, legitimando-se, desse modo, quanto aos servidores públicos ativos, a exigibilidade da contribuição
de seguridade social, mesmo porque, em tema de tributação, há que se ter presente o que dispõe o art.
150, II, da Carta Política.[ADC 8 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 13-10-1999, P, DJ de 4-4-2003.]

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O art. 57, § 7º, do Texto Constitucional veda o pagamento de parcela indenizatória aos
parlamentares em razão de convocação extraordinária. Essa norma é de reprodução
obrigatória pelos Estados-membros por força do art. 27, § 2º, da Carta Magna. A Constituição
é expressa, no art. 39, § 4º, ao vedar o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória ao subsídio percebido pelos
parlamentares.[ADI 4.587, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 22-5-2014, P, DJE de 18-6-2014.]

O regime de subsídio é incompatível com outras parcelas remuneratórias de natureza mensal,


o que não é o caso do 13º salário e do terço constitucional de férias, pagos a todos os
trabalhadores e servidores com periodicidade anual. [RE 650.898, rel. p/ o ac. min. Roberto
Barroso, j. 1º-2-2017, P, DJE de 24-8-2017, Tema 484.]

(...) não viola a Constituição o diploma estadual que impede o transporte, para o regime de
subsídios, das vantagens pessoais adquiridas no passado, na medida em que autoriza os
servidores a se manterem no sistema anterior e a optarem, em qualquer tempo, pela
incidência do novo regime. Cabendo a decisão aos próprios servidores, não há redução
forçada da remuneração ou violação ao direito adquirido. Tampouco há violação à isonomia, já que a
desequiparação entre regimes foi estabelecida em benefício dos próprios servidores, que podem optar, a
qualquer tempo, pelo regime mais benéfico.[ADI 4.079, rel. min. Roberto Barroso, j. 26-2-2015, P, DJE de
5-5-2015.]

3.7. ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS OU FUNÇÕES

A CRFB proíbe a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicas, exceto para os casos a
seguir descritos e desde que haja compatibilidade de horário:

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a de dois cargos de professor

a de um cargo de professor com outro técnico ou científico

É vedada a acunulação de cargos,


empregos ou funçõe públicas, exceto:
a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde,
com profissões regulamentadas

a de juiz ou membro do Ministério Público com um de magistério

Importante ressaltar que a vedação de acúmulo se estende às autarquias, fundações, empresas públicas,
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo
poder público.
Além disso, há que se respeitar o teto remuneratório previsto no inciso XI do art. 37 da CRFB.

#ficadica

O teto remuneratório deve ser considerado individualmente em relação à


remuneração de cada um dos cargos, empregos ou funções que a CRFB autoriza
a acumulação e não ao somatório do que recebido.
Portanto, em que pese o somatório das duas remunerações superarem o teto constitucional previsto no
inciso XI do art. 37 da CRFB, se individualmente nenhum deles ultrapassar o teto, não haverá afronta à
constituição, sendo permitido o recebimento total dos valores.

O texto original do inciso XVI do art. 37 da CRFB que elenca os permissivos constitucionais para acumulação
(juntamente com o art. 95, §único, e art 128, §5º, inciso II, alínea “d”), previa inicialmente a possibilidade de
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dois cargos privativos de médico e não de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. Essa
alteração foi promovida em 2001, pela Emenda Constitucional nº 34. Portanto, até a aludida emenda,
exclusivamente os médicos poderiam acumular dois cargos, empregos ou funções na área da saúde. A partir
de 2001, todo profissional de saúde com profissões regulamentadas pode acumular, respeitados os demais
requisitos constitucionais (compatibilidade de horário, respeito ao teto remuneratório e não mais que dois
cargos, empregos ou funções).
Outro ponto a ressaltar é o cuidado que se deve ter com a expressão “profissionais de saúde”. Isto exige que
sejam profissionais que exerçam atividades técnicas ou profissionais diretamente relacionadas aos serviços
de saúde, e não apenas indiretamente.
Portanto, cuidado para não confundir profissionais de saúde com profissionais da área da saúde, o que
poderia passar a falsa percepção de que atividades administrativas indiretamente relacionadas à saúde
pudessem ser abarcadas.
Ainda de acordo com a CRFB, também é vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria com
a remuneração de cargo, emprego ou função pública, exceto:

quanto aos cargos acumuláveis nos termos da Constituição (anteriormente citados);

quanto aos cargos eletivos

quanto aos cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração

3.7.1. Jurisprudência acerca da Acumulação de Cargos, Empregos ou Funções Públicas

Vejamos algumas jurisprudências sobre o tema.

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Nas situações jurídicas em que a CF autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é


considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que
recebido.[RE 612.975 e RE 602.043, rel. min. Marco Aurélio, j. 27-4-2017, P, DJE de 8-9-2017,
tema 377 e tema 384.]

Há remansosa jurisprudência desta Corte nesse sentido, afirmando a impossibilidade da


acumulação tríplice de cargos públicos, ainda que os provimentos nestes tenham ocorrido
antes da vigência da EC 20/1998. (...) o art. 11 da EC 20/1998 possibilita a acumulação, apenas,
de um provento de aposentadoria com a remuneração de um cargo na ativa, no qual se tenha
ingressado por concurso público antes da edição da referida emenda, ainda que inacumuláveis os cargos.
Em qualquer hipótese, é vedada a acumulação tríplice de remunerações, sejam proventos, sejam
vencimentos.[ARE 848.993 RG, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 6-10-2016, P, DJE de 23-3-2017, Tema
921.]
==9e9ee==

O dispositivo impugnado, ao estabelecer indistintamente que os proventos da inatividade não


serão considerados para efeito de acumulação de cargos, afronta o art. 37, XVI, da CF, na
medida em que amplia o rol das exceções à regra da não cumulatividade de proventos e
vencimentos, já expressamente previstas no Texto Constitucional. Impossiblidade de
acumulação de proventos com vencimentos quando envolvidos cargos inacumuláveis na atividade.[ADI
1.328, rel. min. Ellen Gracie, j. 12-5-2004, P, DJ de 18-6-2004.]

É possível a acumulação de um cargo de professor com um emprego (celetista) de professor.


Interpretação harmônica dos incisos XVI e XVII do art. 37 da CF.[RE 169.807, rel. min. Carlos
Velloso, j. 24-6-1996, 2ª T, DJ de 8-11-1996.]

A CF viabiliza a acumulação de dois cargos de saúde, uma vez verificada a compatibilidade de


horário, tendo-se como consequência a possibilidade de dupla aposentadoria.[MS 31.256, rel.
min. Marco Aurélio, j. 24-3-2015, 1ª T, DJE de 20-4-2015.]

A redação original do art. 37, XVI, c, da Constituição autorizava apenas a acumulação de dois
cargos privativos de médico, não abrangendo os cargos privativos de profissionais de saúde
contemplados posteriormente pela EC 34/2001.[RE 570.213 AgR, rel. min. Ricardo
Lewandowski, j. 10-5-2011, 1ª T, DJE de 26-5-2011.]

A CF prevê a possibilidade da acumulação de cargos privativos de profissionais da saúde, em


que se incluem os assistentes sociais.[RE 553.670 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 14-9-2010, 2ª T,
DJE de 1º-10-2010.]= ARE 823.904 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 30-9-2014, 1ª T, DJE de 17-10-2014
= RE 721.077, rel. min. Gilmar Mendes, dec. monocrática, j. 7-12-2012, DJE de 13-12-2012

Para efeitos do disposto no art. 37, XVII, da Constituição, são sociedades de economia mista
aquelas – anônimas ou não – sob o controle da União, dos Estados-membros, do Distrito
Federal ou dos Municípios, independentemente da circunstância de terem sido "criadas por
lei". Configura-se a má-fé do servidor que acumula cargos públicos de forma ilegal quando,
embora devidamente notificado para optar por um dos cargos, não o faz, consubstanciando, sua omissão,

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disposição de persistir na prática do ilícito.[RMS 24.249, rel. min. Eros Grau, j. 14-9-2004, 1ª T, DJ de 3-6-
2005.]

3.8. DIREITO DE GREVE

A CRFB garante ao servidor público o exercício do direito de greve nos termos e nos limites
definidos em lei específica (inciso VII, do art. 37, da CRFB, com redação da Emenda Constitucional
nº 19, de 1998).
Antes da Emenda Constitucional nº 19, o dispositivo originário da Constituição exigia Lei
Complementar para disciplinar os termos e limites para que os servidores exercitassem seu direito
de greve.
Ocorre que, tanto em um caso como no outro, o Congresso Nacional não expediu o instrumento
hábil (lei complementar ou lei específica).
Desta forma, muitas foram as ações judiciais a reclamar a produção legislativa. Houve também
inúmeros debates sobre se a aludida norma constitucional era de eficácia contida ou limitada, isto
é, se exigiria lei prévia para o exercício da greve (norma de eficácia limitada) ou se esta poderia
ser exercida imediatamente e, em eventual produção legislativa, ela seria amoldada aos novos
ditames legais (norma de eficácia contida).
Inicialmente, o STF manteve a posição de que a norma era de eficácia limitada e, dessa forma, só
poderia ser exercida após a produção da lei complementar (ainda ao tempo da vigência do texto
originário, antes da Emenda nº 19, de 1998).

Nessa linha, o Mandado de Injunção 20/DF, julgado em 19 de maio de 1994, sendo o relator o
Ministro Celso de Mello:

EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO - DIREITO DE GREVE DO


SERVIDOR PÚBLICO CIVIL - EVOLUÇÃO DESSE DIREITO NO
CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO - MODELOS NORMATIVOS NO DIREITO
COMPARADO - PRERROGATIVA JURÍDICA ASSEGURADA PELA CONSTITUIÇÃO
(ART. 37, VII) - IMPOSSIBILIDADE DE SEU EXERCÍCIO ANTES DA EDIÇÃO DE LEI

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COMPLEMENTAR - OMISSÃO LEGISLATIVA - HIPÓTESE DE SUA CONFIGURAÇÃO -


RECONHECIMENTO DO ESTADO DE MORA DO CONGRESSO NACIONAL - IMPETRAÇÃO
POR ENTIDADE DE CLASSE - ADMISSIBILIDADE - WRIT CONCEDIDO. DIREITO DE GREVE NO
SERVIÇO PÚBLICO: O preceito constitucional que reconheceu o direito de greve ao servidor
público civil constitui norma de eficácia meramente limitada, desprovida, em conseqüência, de
auto-aplicabilidade, razão pela qual, para atuar plenamente, depende da edição da lei
complementar exigida pelo próprio texto da Constituição. A mera outorga constitucional do
direito de greve ao servidor público civil não basta - ante a ausência de auto- aplicabilidade da
norma constante do art. 37, VII, da Constituição - para justificar o seu imediato exercício. O
exercício do direito público subjetivo de greve outorgado aos servidores civis só se revelará
possível depois da edição da lei complementar reclamada pela Carta Política. A lei complementar
referida - que vai definir os termos e os limites do exercício do direito de greve no serviço público
- constitui requisito de aplicabilidade e de operatividade da norma inscrita no art. 37, VII, do
texto constitucional. Essa situação de lacuna técnica, precisamente por inviabilizar o exercício do
direito de greve, justifica a utilização e o deferimento do mandado de injunção. A inércia estatal
configura-se, objetivamente, quando o excessivo e irrazoável retardamento na efetivação da
prestação legislativa - não obstante a ausência, na Constituição, de prazo pré-fixado para a
edição da necessária norma regulamentadora - vem a comprometer e a nulificar a situação
subjetiva de vantagem criada pelo texto constitucional em favor dos seus beneficiários.

Ocorre que nenhum efeito prático era advindo das concessões dos mandados de injunções
coletivos impetrados já que o Congresso se mantinha inerte.
Mesmo após a Emenda nº 19, de 1998, e a alteração para lei ordinária, ainda que específica, cujo
quórum de aprovação é mais simples do que o de lei complementar, o Congresso não produziu a
lei.
Assim, o STF alterou o seu posicionamento e no julgamento do Mandado de Injunção 708,
ocorrido em 25 de outubro de 2007, o Supremo determinou que se aplicasse aos servidores
públicos a Lei nº 7.783, de 1989, que trata do direito de greve aplicável ao trabalhador da iniciativa
privada, enquanto perdurar a inércia do legislador.
É certo que o Supremo fez algumas ressalvas, até para compatibilizar o regime próprio dos
servidores com um regramento que foi insculpido para a iniciativa privada, mas fato é que houve
uma alteração no entendimento jurisprudencial. Como exemplo, buscou-se aproximar a greve dos
servidores aos serviços essenciais descritos na Lei nº 7.783, de 1989. Veja:

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(...) Direito de greve dos servidores públicos civis (CF, art. 37, VII). Evolução do tema
na jurisprudência do STF. (...) Apesar das modificações implementadas pela EC
19/1998 quanto à modificação da reserva legal de lei complementar para a de lei
ordinária específica (CF, art. 37, VII), observa-se que o direito de greve dos servidores
públicos civis continua sem receber tratamento legislativo minimamente satisfatório para garantir
o exercício dessa prerrogativa em consonância com imperativos constitucionais. Tendo em vista
as imperiosas balizas jurídico-políticas que demandam a concretização do direito de greve a
todos os trabalhadores, o STF não pode se abster de reconhecer que, assim como o controle
judicial deve incidir sobre a atividade do legislador, é possível que a Corte Constitucional atue
também nos casos de inatividade ou omissão do Legislativo. A mora legislativa em questão já
foi, por diversas vezes, declarada na ordem constitucional brasileira. Por esse motivo, a
permanência dessa situação de ausência de regulamentação do direito de greve dos servidores
públicos civis passa a invocar, para si, os riscos de consolidação de uma típica omissão judicial.
(...) Considerada a omissão legislativa alegada na espécie, seria o caso de se acolher a pretensão,
tão somente no sentido de que se aplique a Lei 7.783/1989 enquanto a omissão não for
devidamente regulamentada por lei específica para os servidores públicos civis (CF, art. 37, VII).
Em razão dos imperativos da continuidade dos serviços públicos, contudo, não se pode afastar
que, de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto e mediante solicitação de entidade
ou órgão legítimo, seja facultado ao tribunal competente impor a observância a regime de greve
mais severo em razão de tratar-se de "serviços ou atividades essenciais", nos termos do regime
fixado pelos arts. 9º a 11 da Lei 7.783/1989. Isso ocorre porque não se pode deixar de cogitar
dos riscos decorrentes das possibilidades de que a regulação dos serviços públicos que tenham
características afins a esses "serviços ou atividades essenciais" seja menos severa que a disciplina
dispensada aos serviços privados ditos "essenciais". O sistema de judicialização do direito de
greve dos servidores públicos civis está aberto para que outras atividades sejam submetidas a
idêntico regime. Pela complexidade e variedade dos serviços públicos e atividades estratégicas
típicas do Estado, há outros serviços públicos, cuja essencialidade não está contemplada pelo
rol dos arts. 9º a 11 da Lei 7.783/1989. Para os fins desta decisão, a enunciação do regime fixado
pelos arts. 9º a 11 da Lei 7.783/1989 é apenas exemplificativa (numerus apertus). O
processamento e o julgamento de eventuais dissídios de greve que envolvam servidores públicos
civis devem obedecer ao modelo de competências e atribuições aplicável aos trabalhadores em
geral (celetistas), nos termos da regulamentação da Lei 7.783/1989. A aplicação complementar
da Lei 7.701/1988 visa à judicialização dos conflitos que envolvam os servidores públicos civis no
contexto do atendimento de atividades relacionadas a necessidades inadiáveis da comunidade
que, se não atendidas, coloquem "em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança
da população" (Lei 7.783/1989, parágrafo único, art. 11). Pendência do julgamento de mérito da
ADI 3.395/DF, rel. min. Cezar Peluso, na qual se discute a competência constitucional para a
apreciação das "ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público
externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios" (CF, art. 114, I, na redação conferida pela EC 45/2004). Diante da singularidade
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do debate constitucional do direito de greve dos servidores públicos civis, sob pena de
injustificada e inadmissível negativa de prestação jurisdicional nos âmbitos federal, estadual e
municipal, devem-se fixar também os parâmetros institucionais e constitucionais de definição de
competência, provisória e ampliativa, para a apreciação de dissídios de greve instaurados entre
o poder público e os servidores públicos civis. No plano procedimental, afigura-se recomendável
aplicar ao caso concreto a disciplina da Lei 7.701/1988 (que versa sobre especialização das
turmas dos Tribunais do Trabalho em processos coletivos), no que tange à competência para
apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes à greve de servidores públicos que sejam
suscitados até o momento de colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos
termos do inciso VII do art. 37 da CF. A adequação e a necessidade da definição dessas questões
de organização e procedimento dizem respeito a elementos de fixação de competência
constitucional de modo a assegurar, a um só tempo, a possibilidade e, sobretudo, os limites ao
exercício do direito constitucional de greve dos servidores públicos, e a continuidade na
prestação dos serviços públicos. Ao adotar essa medida, este Tribunal passa a assegurar o direito
de greve constitucionalmente garantido no art. 37, VII, da CF, sem desconsiderar a garantia da
continuidade de prestação de serviços públicos – um elemento fundamental para a preservação
do interesse público em áreas que são extremamente demandadas pela sociedade. Definição
dos parâmetros de competência constitucional para apreciação do tema no âmbito da Justiça
Federal e da Justiça estadual até a edição da legislação específica pertinente, nos termos do art.
37, VII, da CF. (...) Em razão da evolução jurisprudencial sobre o tema da interpretação da
omissão legislativa do direito de greve dos servidores públicos civis e em respeito aos ditames
de segurança jurídica, fixa-se o prazo de sessenta dias para que o Congresso Nacional legisle
sobre a matéria. Mandado de injunção conhecido e, no mérito, deferido para, nos termos acima
especificados, determinar a aplicação das Leis 7.701/1988 e 7.783/1989 aos conflitos e às ações
judiciais que envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos civis.[MI 708,
rel. min. Gilmar Mendes, j. 25-10-2007, P, DJE de 31-10-2008.]= ARE 657.385, rel. min. Luiz Fux,
dec. monocrática, j. 29-2-2012, DJE de 13-3-2012

Lembre-se que para os militares, outra das espécies de agentes públicos, é proibida a realização
de greve. E, com base na jurisprudência do STF (como exemplo, o ARE 654.432 que foi julgado
em 05 de abril de 2017 – informativo 860, que veremos a seguir), às carreiras de segurança pública,
por similitude ao serviço militar, no que tange a imprescindibilidade à garantia da lei e da ordem,
também é vedada a realização de greve.

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3.8.1. Jurisprudência acerca da Greve

Vejamos a jurisprudência sobre o direito de greve para os servidores públicos.

(...) constata-se que o dispositivo impugnado padece de inconstitucionalidade, na


medida em que considera o exercício não abusivo de um direito constitucional –
direito de greve – como falta grave ou fato desabonador da conduta no serviço
público, a ensejar a imediata exoneração do servidor público em estágio probatório,
mediante processo administrativo próprio. (...) Além disso, o dispositivo impugnado explicita
uma diferenciação de efeitos do exercício do direito de greve entre servidores estáveis e não
estáveis, imputando consequência gravosa apenas aos primeiros, consubstanciada no ato de
imediata exoneração. A CF de 1988 não alberga nenhuma diferenciação nesse sentido.[ADI
3.235, voto do rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 4-2-2010, P, DJE de 12-3-2010.]

A simples circunstância de o servidor público estar em estágio probatório não é


justificativa para demissão com fundamento na sua participação em movimento
grevista por período superior a trinta dias. A ausência de regulamentação do direito
de greve não transforma os dias de paralisação em movimento grevista em faltas
injustificadas.[RE 226.966, rel. p/ o ac. min. Cármen Lúcia, j. 11-11-2008, 1ª T, DJE de 21-8-2009.]

O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos


policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de
segurança pública. É obrigatória a participação do poder público em mediação
instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do
art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria. [ARE 654.432, rel. p/ o ac. min.
Alexandre de Moraes, j. 5-4-2017, P, Informativo 860, Tema 541.]

A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação


decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da
suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso
de acordo.O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do poder público.[RE 693.456, rel. min. Dias Toffoli, j. 27-10-2016,
P, DJE de 19-10-2017, Tema 531.]

Súmula Vinculante 23:

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A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em


decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

A Justiça Comum Federal ou Estadual é competente para julgar a abusividade de


greve de servidores públicos celetistas da administração direta, autarquias e
fundações de direito público.[RE 846.854, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j.
1º-8-2017, P, DJE de 7-2-2018, Tema 544.]

Os servidores públicos são, seguramente, titulares do direito de greve. Essa é a regra.


Ocorre, contudo, que entre os serviços públicos há alguns que a coesão social impõe
sejam prestados plenamente, em sua totalidade. Atividades das quais dependam a
manutenção da ordem pública e a segurança pública, a administração da Justiça –
onde as carreiras de Estado, cujos membros exercem atividades indelegáveis, inclusive as de
exação tributária – e a saúde pública não estão inseridos no elenco dos servidores alcançados
por esse direito. Serviços públicos desenvolvidos por grupos armados: as atividades
desenvolvidas pela polícia civil são análogas, para esse efeito, às dos militares, em relação aos
quais a Constituição expressamente proíbe a greve (art. 142, § 3º, IV).[Rcl 6.568, rel. min. Eros
Grau, j. 21-5-2009, P, DJE de 25-9-2009.]

3.9. REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA DO SERVIDOR PÚBLICO

O regime previdenciário do servidor público efetivo, também denominado Regime Próprio de


Previdência Social - RPPS ou regime especial, é fixado principalmente pelo art. 40 da CRFB,
diferenciando-se, portanto, do Regime Geral de Previdência Social – RGPS tratado pelos artigos
201 e 202 da CRFB.
Portanto, desde já, fixe que os empregados públicos, os temporários e os comissionados “puros”
(ocupantes de cargos exclusivamente comissionados, declarado em lei de livre nomeação e
exoneração) devem seguir as regras de aposentadoria do RGPS.
Por meio dele, fixa-se que aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de
previdência com as seguintes características:

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do respectivo ente federativo

de caráter contributivo e
solidário

dos servidores ativos

Previdência do Servidor
mediante contribuição:
Público Estatutário Efetivo

dos aposentados

que preserve o equilíbrio


financeiro e atuarial

dos pensionistas

Além das características apresentadas, a CRFB fixa um complexo regramento para concessão e
cálculo do valor do benefício e que foi sendo alterado algumas vez ao longo dos anos, entre as
quais, por meio das Emendas nº 3/1993,20/1998, 41/2003, 47/2005, 88/2015 e 103/2019.
Importante ressaltar que cada ente da federação deve adotar o seu regime de previdência próprio,
sendo limitado a um único regime, isto é, não podendo ser criado em cada ente mais de um
regime próprio de previdência. Ademais, também deve ser única a unidade gestora do aludido
regime próprio.
Vamos avaliar os principais pontos acerca deste instituto, com foco especial nas disposições do
art. 40 da CRFB, sem adentrarmos em regras de transição ou dispositivos das emendas não
insertos na parte dogmática do texto constitucional.

#ficadica

É vedada a percepção de mais de uma aposentadoria pelo regime de previdência


próprio, exceto quanto às aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis
autorizados pela CRFB. Aplicam-se também outras vedações, regras e condições
para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidos no Regime Geral de
Previdência Social (art. 40, § 6º, da CRFB).

Inicialmente, cabe apresentar os tipos de aposentadoria (passagem para inatividade de forma


remunerada):

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voluntária

Aposentadoria por incapacidade permanente

compulsória

Cada um dos tipos de aposentadoria apresenta requisitos e peculiaridades que merecem


apontamentos individualizados. Vamos a eles:

a) aposentadoria voluntária: em caso de cumprimento dos requisitos constitucionais, o servidor


poderá manifestar a sua vontade de se aposentar. Portanto, neste tipo de aposentadoria há de
haver necessariamente o expresso pedido do servidor e o cumprimento dos requisitos
constitucionais para sua concessão.
Os requisitos de idade constitucionalmente previstos para os servidores federais são os seguintes:
62 anos para mulheres e 65 anos para homens, conforme o art. 40, § 1º, inciso III. No âmbito dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a idade mínima deve ser estabelecida mediante
emenda às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo.

#ficadica

ATENÇÃO às idades mínimas para aposentadoria dos servidores públicos:


HOMENS – 65 anos
MULHERES – 62 anos

É importante destacar que a Emenda nº 103/19 retirou do texto constitucional a exigência de


tempo mínimo de contribuição para a concessão da aposentadoria. Como consequência, tal
assunto deve agora ser tratado pelo legislador infraconstitucional. No mesmo sentido, outros
requisitos a serem observados (tempo no serviço público e tempo no cargo) também foram
desconstitucionalizados. Antes da EC nº 103/19, a CRFB exigia 10 anos de efetivo exercício no
serviço público e 5 anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.

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A título de curiosidade, para os servidores federais permanece valendo os tempos de serviço


público e de exercício no cargo efetivo mencionados anteriormente, uma vez que o art. 10 da
Emenda nº 103/19 mantém esses prazos até a entrada em vigência de lei federal que discipline os
benefícios do RPPS da União. Contudo, trata-se de regra prevista no texto da Emenda nº 103/19,
em seu art. 10, que não foi incluída no art. 40 da CRFB.
Com a Reforma da Previdência recentemente empreendida, os requisitos para aposentadoria, à
exceção das idades mínimas, devem estar previstos em leis complementares de cada ente
federado, conforme a redação atual do art. 40, § 1º, inciso III:
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro
e atuarial.
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado:
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas
Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais
requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo.

Antes de passarmos para o estudo das demais aposentadorias, cabe discorrer sobre o abono de
permanência, que é o valor concedido ao servidor estatuário efetivo que reúne os requisitos para
a aposentadoria voluntária, mas que opta por permanecer em exercício, não se afastando para a
inatividade. Titulares unicamente de cargos em comissão e agentes políticos não fazem jus ao
abono de permanência.
O valor do abono de permanência é, no máximo, equivalente ao desconto previdenciário que
mensalmente é debitado dos vencimentos ou subsídio do servidor. Ou seja, na prática o aludido
servidor recebe de volta, no mesmo holerite, o que pagou a título de contribuição previdenciária.
Ressalte-se que o abono de permanência somente será devido até a aposentadoria compulsória
e deve ser objeto de regulamentação de lei do ente federado ao qual o servidor é filiado ao regime
próprio de previdência social.
O instituto está previsto no art. 40, § 19, da CRFB, cuja redação atualizada pela Emenda nº 103/19
é a seguinte:
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do respectivo ente federativo, o servidor
titular de cargo efetivo que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que
opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de permanência equivalente, no
máximo, ao valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria
compulsória.

Quanto ao cálculo dos proventos de aposentadoria, a Emenda nº 103/19 retirou do art. 40 as


referências que antes existiam a proventos integrais ou proporcionais ao tempo de contribuição.
Agora, as regras para fixação dos proventos devem ser disciplinadas por lei do ente federativo

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respectivo, conforme o art. 40, § 3º, da CRFB. É necessário observar que os proventos de
aposentadoria não poderão ser nem inferiores nem superiores aos valores estabelecidos como
mínimo e máximo para o Regime Geral de Previdência Social (art. 40, § 2º, da CRFB), com exceção
dos valores pagos em virtude da existência de previdência complementar no ente federado,
conforme os §§ 14 e 16 do art. 40.
b) aposentadoria por incapacidade permanente: trata-se de uma situação em que o servidor
público, por algum motivo de saúde, torna-se permanentemente incapaz de prosseguir exercendo
suas atribuições. Repare que a Emenda nº 103/19 trouxe a mudança na nomenclatura desse
fundamento de aposentação, pois não mais se fala em invalidez permanente, mas sim em
incapacidade permanente.

#ficadica

ATENÇÃO para a mudança de nomenclatura:


Antes da EC nº 103/19: invalidez permanente
Após a EC nº 103/19: incapacidade permanente

Além disso, a Emenda nº 103/19 também dispõe que é necessário realizar tentativa de
readaptação do servidor antes da efetivação do ato de aposentadoria. Vejamos o dispositivo
constitucional completo:
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro
e atuarial.
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado:
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, quando
insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas
para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria, na
forma de lei do respectivo ente federativo;

Frise-se também que o dispositivo constitucional impõe a realização de avaliações médicas


periódicas a fim de verificar a continuidade das condições de saúde que ensejaram a concessão
da aposentadoria.

c) aposentadoria compulsória: será aposentado compulsoriamente, isto é, independentemente da


vontade do servidor, e com proventos proporcionais ao tempo de contribuição os servidores que
atingirem 70 anos de idade ou os 75 anos de idade, na forma de lei complementar.
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A idade para aposentadoria compulsória era de 70 anos exclusivamente até o advento da Emenda
Constitucional nº 88, de 2015 (oriunda da alcunhada de “PEC da bengala”).
A partir da aludida Emenda Constitucional, são dois os limites de idade possíveis 70 anos (antiga
regra) ou 75 anos (para os casos fixados em lei complementar).
Cabe dizer que a própria emenda incluiu o art. 100 no ADCT com a seguinte redação:

Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do
art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais
Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos
75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal.

Portanto, mesmo antes da produção da Lei Complementar nº 152, de 3 de dezembro de 2015,


que disciplinou a aposentadoria compulsória por idade com proventos proporcionais no âmbito
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a idade de 75 anos já era aplicada
para os ministros do STF, dos Tribunais Superiores e do TCU.

Em função da Lei Complementar nº 152, de 2015, o art. 100 do ADCT não produz mais efeitos,
porém, cabe aqui consignar que a parte final do dispositivo foi declarada inconstitucional pelo
STF.
Quando o art. 100 do ADCT indica “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” estava se
exigindo nova sabatina para a manutenção do servidor em atividade dos 70 anos aos 75 anos. Ou
seja, a confirmação de que os ministros do STF, dos Tribunais Superiores e do TCU permaneceriam
em condições de realizar suas atribuições.

EC 88/2015. (...) Aposentadoria compulsória aos 75 anos de idade de membros dos


tribunais superiores e do TCU. Necessidade de nova sabatina perante o Senado
Federal (CRFB, art. 52). Violação à separação dos poderes (CRFB, art. 60, § 4º, III).
Ultraje à independência e à imparcialidade do Poder Judiciário. Inconstitucionalidade
da expressão "nas condições do art. 52 da Constituição Federal" do art. 100 do ADCT. Sentido
da expressão "lei complementar" na nova redação do art. 40, § 1º, II, CRFB. Discussão restrita
aos membros do Poder Judiciário. Art. 93, VI, da CRFB. Necessidade de lei complementar
nacional de iniciativa do STF. Invalidade de leis estaduais que disponham sobre aposentadoria
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de magistrados. Existência de regra de aposentadoria específica para membros de tribunal


superior. Princípios da isonomia e da unidade do Poder Judiciário. Alegada violação. Não
ocorrência. Pedido cautelar deferido.[ADI 5.316 MC, rel. min. Luiz Fux, j. 21-5-2015, P, DJE de
6-8-2015.]

Com o advento da aludida lei complementar, foi fixado que serão aposentados compulsoriamente
aos 75 anos de idade com proventos proporcionais ao tempo de contribuição:

os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados,


do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e
fundações

os membros do Poder Judiciário

os membros do Ministério Público

os membros das Defensorias Públicas

os membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas

Portanto, ao incluir entre aqueles que se aposentarão aos 75 anos de idade os servidores titulares
de cargos efetivos e os membros do Judiciário, Ministério Público, Defensorias e Tribunais de
Contas, a regra passou a ser a aposentadoria compulsória aos 75 anos de idade.
Além dessas três regras gerais de aposentadoria apresentadas (incapacidade, compulsória ou
voluntária), a CRFB apresenta ainda alguns casos especiais, vedando que sejam adotados
quaisquer outros requisitos ou critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria
diferentes dos que ela própria tenha fixado. Vejamos esses casos especiais apresentados pela
CRFB:

d) professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério
na educação infantil e no ensino fundamental e médio: para esses professores, o requisito da idade
mínima previsto no art. 40, § 1º, inciso III, será reduzido em 5 anos.
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Isto é, para os professores que comprovem exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções
de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio os requisitos para
aposentadoria voluntária são:

Homem idade: 60
Aposentadoria voluntária integral
para professor de educação infantil,
fundamental e médio
Mulher idade: 57

O tempo de efetivo exercício a ser cumprido para essa modalidade de aposentadoria especial
deve estar estabelecido em lei complementar do ente federativo.

#ficadica

O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de


aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade, conforme
o art. 40, § 9º, da CRFB.
Atenção: a lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição
fictício, conforme o art. 40, § 10, da CRFB.

e) nos termos de Lei Complementar, podem ser fixados requisitos e critérios diferenciados, quanto
à idade e ao tempo de contribuição, para aposentadoria de:

 servidores com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada


por equipe multiprofissional e interdisciplinar;

 ocupantes dos cargos de agente penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial; e

 servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos,
físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, ficando vedada a
caracterização por categoria profissional ou ocupação (a classificação deve ser
individualizada, portanto).
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Tais particularidades estão previstas nos §§ 4º, 4º-A, 4º-B e 4º-C do art. 40 da CRFB.

No que tange ao cálculo do valor com provento, cabe dizer que o texto originário da CRFB previa
a aposentadoria integral com provento igual à totalidade de remuneração do servidor na ativa.
Contudo, após alterações posteriores, o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da
sua concessão, é feito a partir das remunerações utilizadas como base para as contribuições do
servidor aos regimes de previdência própria ou geral, na forma da lei.
Ou seja, se o servidor permaneceu no serviço privado durante vinte anos contribuinte para o RGPS
e, após, passou a integrar o serviço público, o cálculo do valor do provento quando da
aposentadoria deverá obrigatoriamente levar em consideração as remunerações que foram base
para as contribuições durante toda a vida laborativa do servidor. Todas elas serão levadas em
consideração para o cálculo dos proventos.
O mesmo ocorre se o servidor contribuiu para o regime próprio com base em um valor menor por
um período em função de integrar uma carreira cujo valor remuneratório é mais baixo e,
posteriormente, passou a contribuir com valores maiores, por ter ingressado em nova carreira de
maior remuneração. Essa situação será levada em consideração para ao cálculo do provento.
Além disso, fixa-se que todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício
devem ser devidamente atualizados, na forma da lei.
De todo modo, a CRFB afirma expressamente que desses cálculos que serão realizados, não se
pode resultar em proventos de aposentadoria inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º
do art. 201 ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40.

No que tange à pensão por morte, o valor a ser concedido ao beneficiário do servidor falecido é
o seguinte:
1) valor igual a totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido
para os benefícios do RGPS, acrescido de 70% da parcela excedente a este limite, caso
aposentado à data do óbito; ou

2) valor igual a totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu o


falecimento, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS, acrescido de 70% da
parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito.

Portanto, o valor da pensão vai depender do fato de o falecimento do servidor ter ocorrido quando
ele já estava aposentado ou se ainda estava na ativa.

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Isso porque o valor da pensão por morte, a partir da Emenda Constitucional nº 41, de 2003, será
composto pelo valor limite pago pelo RGPS mais 70% do valor que exceder a este montante.
Cabe ressaltar que a Emenda nº 103/19 modificou a redação do art. 40, § 7º, fazendo constar que
a pensão por morte deve ser objeto de regulamentação por meio de lei do respectivo ente
federado, que deverá tratar de forma diferenciada a hipótese de morte dos servidores ocupantes
dos cargos de agente penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial, em decorrência de
agressão sofrida no exercício ou em razão da função.

Exemplo 1: Semprônio, servidor público estatutário da ativa, contribuinte do


regime próprio de previdência, veio a óbito recentemente, deixando como
beneficiária de sua pensão por morte a sua esposa com a qual teve 3 filhos.
Sabendo-se que Semprônio percebia vencimentos de R$ 10 mil reais mensais
e supondo que a ele se aplicam isoladamente as disposições da Emenda Constitucional nº 41,
de 2003, insertas no texto constitucional, sem qualquer regra de transição, qual será o valor da
pensão a ser recebido pelo cônjuge supérstite?
Para 2019, o teto do Regime Geral de Previdência Social – RGPS é de R$ 5.839,45.
Assim, nos termos do art. 40, §7º, inciso II, o valor de pensão pela morte de Semprônio será a
totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo, até o limite máximo estabelecido para
os benefícios do RGPS, acrescido de 70% da parcela excedente a este limite.
Ou seja, Valor da Pensão = [R$ 5.839,45 + 70% (R$ 10.000,00 – R$ 5.839,45)] = R$ 8.751,84.
Atenção: de acordo com o § 18 do art. 40 da CRFB, com a redação da Emenda nº 41, de 2003,
incidirá sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime próprio que
superem o limite máximo estabelecido pelo RGPS, com percentual igual ao estabelecido para
os servidores titulares de cargos efetivos. Ou seja, a beneficiária da pensão de Semprônio ainda
terá que contribuir com o RPPS com o mesmo percentual que é descontado para o servidor
ativo.

Exemplo 2: ainda em linha com o exemplo anterior, suponha agora que


Semprônio tenha vindo a óbito após sua aposentadoria e que na inatividade
percebia proventos de R$ 8 mil reais mensais. Qual será o valor da pensão a
ser recebido pelo cônjuge supérstite?
Nos termos do art. 40, §7º, inciso I, o valor de pensão pela morte de Semprônio será a totalidade
dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do
RGPS, acrescido de 70% da parcela excedente a este limite.

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Ou seja, Valor da Pensão = [R$ 5.839,45 + 70% (R$ 8.000,00 – R$ 5.839,45)] = R$ 7.351,84.
Atenção: de acordo com o §18 do art. 40 da CRFB, com a redação da Emenda nº 41, de 2003,
incidirá sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime próprio que
superem o limite máximo estabelecido pelo RGPS, com percentual igual ao estabelecido para
os servidores titulares de cargos efetivos. Ou seja, a beneficiária da pensão de Semprônio ainda
terá que contribuir com o RPPS com o mesmo percentual que é descontado para o servidor
ativo.

Exemplo 3: Conforme chamado atenção nos dois exemplos anteriores, de


acordo com o §18 do art. 40 da CRFB, com a redação da Emenda nº 41, de
2003, incidirá sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas
pelo regime próprio que superem o limite máximo estabelecido pelo RGPS,
com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. Suponha,
contudo, que a cônjuge de Semprônio seja portadora de doença incapacitante, na forma da lei.
Alguma diferença quanto à contribuição para previdência que ela precisa pagar?

No exemplo 1, o valor da pensão calculado foi de R$ 8.751,84. Logo, incidirá a contribuição


para previdência sobre a base R$ 2.912,39 (R$ 8.751,84 - R$ 5.839,45) que é o valor que superou
o limite do RGPS.

No exemplo 2, o valor da pensão calculado foi de R$ 7.351,84. Logo, incidirá a contribuição


para previdência sobre a base R$ 1.512,39 (R$ 7.351,84 - R$ 5.839,45) que é o valor que superou
o limite do RGPS.

Contudo, a situação apresentada neste exemplo 3 dá notícia de que a beneficiária da pensão


de Semprônio é portadora de doença incapacitante, na forma da lei.
Tal fato é tratado pelo §21 do art. 40 da CRFB, nos seguintes termos:

§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de


proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o
art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de
doença incapacitante

Portanto, em função da doença incapacitante, a contribuição para o RPPS só incide sobre o


dobro do valor máximo pago pelo RGPS. Ou seja, 2 x R$ 5.645,80 = R$ 11.291,6.

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Assim, como, tanto no exemplo 1 quanto no exemplo 2, o valor da pensão de Semprônio é


inferior ao dobro do valor máximo pago pelo RGPS, então não incidirá o RPPS em função da
doença incapacitante da beneficiária.

Cabe ressaltar que o § 21 do art. 40, anteriormente mencionado e exemplificado, foi revogado
pela Emenda nº 103/19. Tal revogação já se aplica aos servidores da União. Contudo, para os
regimes próprios de previdência social dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, essa
revogação somente produzirá eficácia após a publicação de lei de iniciativa privativa do respectivo
Poder Executivo que a referende integralmente.

Ressalte-se que a CRFB prevê que seja assegurado o reajuste dos benefícios previdenciários para
que se preserve em caráter permanente o seu valor real, conforme critérios estabelecidos em lei
(art. 40, § 8º).
Além disso, em que pese já termos estudado o teto remuneratório, cabe ressaltar aqui que ele se
aplica à soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulação de
cargos ou empregos públicos, bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para o
regime geral de previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos de
inatividade com remuneração de cargo acumulável autorizado pela CRFB, cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo (art. 40, § 11).

3.10. REGIME COMPLEMENTAR DE PREVIDÊNCIA DO SERVIDOR


PÚBLICO

A Emenda Constitucional nº 20, de 1998, previu que a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderiam fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo
RPPS, o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS, desde que instituam regime de
previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo.

Portanto, se o ente da Federação instituir por lei o regime de previdência complementar para os
servidores efetivos, ele poderá pagar pelo regime próprio o limite de valor que paga o RGPS.

A mesma emenda ainda previu que Lei Complementar disporia sobre as normas gerais do
aludido regime complementar para atender aos seus respectivos servidores titulares de cargo
efetivo.
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Ocorre que, em 2003, a Emenda Constitucional nº 41, alterou este ponto da CRFB (§15 do art. 40)
para fixar que o aludido regime de previdência complementar seria instituído por lei de iniciativa
do respectivo Poder Executivo, por intermédio de entidades fechadas de previdência
complementar, de natureza pública, que ofereceriam aos respectivos participantes planos de
benefícios somente na modalidade de contribuição definida.

A Emenda Constitucional nº 103, por sua vez, introduziu mudanças na redação do § 15 do art. 40,
prevendo agora uma redação mais simplificada do que aquela anteriormente trazida pela Emenda
nº 41:

§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 oferecerá plano de benefícios


somente na modalidade contribuição definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado
por intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou de entidade aberta de
previdência complementar.

Ressalte-se que entidades fechadas de previdência complementar, nas palavras do professor José
dos Santos Carvalho Filho18:

são aquelas cujo acesso é permitido exclusivamente a empregados de uma empresa ou


a servidores públicos de qualquer das pessoas federativas (ou das pessoas da
administração indireta), sendo essas entidades denominadas de patrocinadores, ou a
associados ou membros de entidades profissionais, classistas ou setoriais, denominadas
de instituidores.

Já quanto à modalidade de contribuição definida, o citado professor esclarece que modalidade


de contribuição definida é aquela que em que o valor do benefício é determinado pelo montante
das contribuições de cada participante19.

18
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 745.
19
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 746.
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Cabe ressaltar que, de acordo com a Lei Complementar nº 109, de 2001, que dispõe sobre o
Regime de Previdência Complementar, são 3 as modalidades de planos de benefícios de
entidades de previdência complementar:

benefício definido contribuição definida contribuição variável

A partir dessas alterações, alguns entes da Federação passaram a produzir normas próprias
relativas ao regime de previdência complementar para seus servidores titulares de cargos efetivo.

No governo federal, é a Lei nº 12.618, de 30 de abril de 2012, que:

 instituiu o regime de previdência complementar para os servidores públicos federais titulares


de cargo efetivo, inclusive os membros dos órgãos que menciona;

 fixou o limite máximo para a concessão de aposentadorias e pensões pelo regime de


previdência própria de que trata o art. 40 da Constituição Federal;

 autorizou a criação de 3 entidades fechadas de previdência complementar, denominadas:

• Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder


Executivo - Funpresp-Exe;

• Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder


Legislativo - Funpresp-Leg;

• Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder


Judiciário - Funpresp-Jud.

#ficadica

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O Regime de Previdência Complementar somente é aplicável ao servidor que ingressou no


serviço público até a data da publicação do ato de instituição do correspondente regime se
houver a sua prévia e expressa opção.
Atenção: todos aqueles que ingressarem posteriormente, estão vinculados automaticamente
à nova sistemática, podendo requerer, a qualquer tempo, o cancelamento de sua inscrição,
nos termos do regulamento do plano de benefícios.

3.10.1. Jurisprudência acerca do Regime Próprio de Previdência e do Regime Complementar

Vejamos a jurisprudências sobre a previdência do setor público.

Súmula Vinculante 33:


Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da
previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o art. 40, § 4º, III, da CF,
até a edição de lei complementar específica.
Súmula 680:
O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.
Súmula 567:
A Constituição, ao assegurar, no § 3º do art. 102, a contagem integral do tempo de serviço
público federal, estadual ou municipal para os efeitos de aposentadoria e disponibilidade, não
proíbe à União, aos Estados e aos Municípios mandarem contar, mediante lei, para efeito diverso,
tempo de serviço prestado a outra pessoa de direito público interno.
Súmula 359:
Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se pela lei vigente ao
tempo em que o militar, ou o servidor civil reuniu os requisitos necessários.

Art. 2º e expressão "8º" do art. 10, ambos da EC 41/2003. Aposentadoria. Tempus


regit actum. Regime jurídico. Direito adquirido: não ocorrência. A aposentadoria é
direito constitucional que se adquire e se introduz no patrimônio jurídico do
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interessado no momento de sua formalização pela entidade competente. Em questões


previdenciárias, aplicam-se as normas vigentes ao tempo da reunião dos requisitos de passagem
para a inatividade. Somente os servidores públicos que preenchiam os requisitos estabelecidos
na EC 20/1998, durante a vigência das normas por ela fixadas, poderiam reclamar a aplicação
das normas nela contida, com fundamento no art. 3º da EC 41/2003. Os servidores públicos, que
não tinham completado os requisitos para a aposentadoria quando do advento das novas normas
constitucionais, passaram a ser regidos pelo regime previdenciário estatuído na EC 41/2003,
posteriormente alterada pela EC 47/2005. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
improcedente.[ADI 3.104, rel. min. Cármen Lúcia, j. 26-9-2007, P, DJ de 9-11-2007.]

Não é inconstitucional o art. 4º, caput, da EC 41, de 19-12-2003, que instituiu


contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria e as pensões dos
servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
incluídas suas autarquias e fundações.[ADI 3.105 e ADI 3.128, rel. p/ o ac. min. Cezar
Peluso, j. 18-8-2004, P, DJ de 18-2-2005.]= MS 24.777 AgR, rel. min. Teori Zavascki, j. 19-9-2013,
P, DJE de 16-10-2013

Os proventos de aposentadoria por invalidez decorrente de doença grave ou acidente


de trabalho (art. 40, § 1º, I, da CF) correspondiam à integralidade da remuneração
percebida pelo servidor no momento da aposentação, até o advento da EC 41/2003,
a partir de quando o conceito de proventos integrais deixou de ter correspondência
com a remuneração recebida em atividade e foi definida pela Lei 10.887/2004 como a média
aritmética de 80% da melhores contribuições revertidas pelo servidor ao regime previdenciário.
A EC 70/2012 inovou no tratamento da matéria ao introduzir o art. 6º-A no texto da EC 41/2003.
A regra de transição pela qual os servidores que ingressaram no serviço público até a data de
promulgação da EC 41/2003 terão direito ao cálculo de suas aposentadorias com base na
remuneração do cargo efetivo foi ampliada para alcançar os benefícios de aposentadoria
concedidos a esses servidores com fundamento no art. 40, § 1º, I, CF, hipótese que, até então,
submetia-se ao disposto nos §§ 3º, 8º e 17 do art. 40 da CF. Por expressa disposição do art. 2º
da EC 70/2012, os efeitos financeiros dessa metodologia de cálculo somente devem ocorrer a
partir da data de promulgação dessa Emenda, sob pena, inclusive, de violação ao art. 195, § 5º,
CF, que exige indicação da fonte de custeio para a majoração de benefício previdenciário.
Recurso provido, com afirmação de tese de repercussão geral: “Os efeitos financeiros das
revisões de aposentadoria concedidas com base no art. 6º-A da EC 41/2003, introduzido pela
EC 70/2012, somente se produzirão a partir da data de sua promulgação (30-2-2012)”.[RE
924.456, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 5-4-2017, P, DJE de 8-9-2017, Tema 754.]

O art. 40, § 1º, I, da CF assegura aos servidores públicos abrangidos pelo regime de
previdência nele estabelecido o direito a aposentadoria por invalidez com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição. O benefício será devido com proventos
integrais quando a invalidez for decorrente de acidente em serviço, moléstia
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profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, "na forma da lei". Pertence, portanto, ao
domínio normativo ordinário a definição das doenças e moléstias que ensejam aposentadoria
por invalidez com proventos integrais, cujo rol, segundo a jurisprudência assentada pelo STF,
tem natureza taxativa.[RE 656.860, rel. min. Teori Zavascki, j. 21-8-2014, P, DJE de 18-9-2014,
Tema 524.]

Art. 57, § 1º, II, da Constituição do Estado do Piauí, na redação dada pela EC 32, de
27-10-2011. (...) A modificação da idade para o implemento da aposentadoria
compulsória, efetuada pela EC 88/2015, não tem o condão de operar a convalidação
superveniente da norma impugnada, persistindo sua inconstitucionalidade.As regras
da CF que dispõem sobre aposentadoria dos servidores titulares de cargos efetivos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios são normas gerais de reprodução obrigatória
pelas Constituições dos Estados-membros. A norma impugnada invadiu campo reservado à
União para o estabelecimento de normas gerais sobre previdência social (art. 24, XII e §1º, CF),
bem como extrapolou os limites do exercício do poder constituinte decorrente reformador,
legislando em frontal desacordo com o estabelecido no art. 40, §1º, II, da Constituição da
República.[ADI 4.696, rel. min. Edson Fachin, j. 30-6-2017, P, DJE de 14-9-2017.]

EC 88/2015. (...) Aposentadoria compulsória aos 75 anos de idade de membros dos


tribunais superiores e do TCU. Necessidade de nova sabatina perante o Senado
Federal (CRFB, art. 52). Violação à separação dos poderes (CRFB, art. 60, § 4º, III).
Ultraje à independência e à imparcialidade do Poder Judiciário. Inconstitucionalidade
da expressão "nas condições do art. 52 da Constituição Federal" do art. 100 do ADCT. Sentido
da expressão "lei complementar" na nova redação do art. 40, § 1º, II, CRFB. Discussão restrita
aos membros do Poder Judiciário. Art. 93, VI, da CRFB. Necessidade de lei complementar
nacional de iniciativa do STF. Invalidade de leis estaduais que disponham sobre aposentadoria
de magistrados. Existência de regra de aposentadoria específica para membros de tribunal
superior. Princípios da isonomia e da unidade do Poder Judiciário. Alegada violação. Não
ocorrência. Pedido cautelar deferido.[ADI 5.316 MC, rel. min. Luiz Fux, j. 21-5-2015, P, DJE de
6-8-2015.]

O art. 40, § 1º, II, da Constituição do Brasil, na redação que lhe foi conferida pela EC
20/1998, está restrito aos cargos efetivos da União, dos Estados-membros, do Distrito
Federal e dos Municípios – incluídas as autarquias e fundações. Os serviços de
registros públicos, cartorários e notariais são exercidos em caráter privado por
delegação do poder público – serviço público não privativo. Os notários e os registradores
exercem atividade estatal, entretanto não são titulares de cargo público efetivo, tampouco
ocupam cargo público. Não são servidores públicos, não lhes alcançando a compulsoriedade
imposta pelo mencionado art. 40 da CF/1988 – aposentadoria compulsória aos setenta anos de

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idade. [ADI 2.602, rel. p/ o ac. min. Eros Grau, j. 24-11-2005, P, DJ de 31-3-2006.]= AI 494.237
AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 23-11-2010, 2ª T, DJE de 7-12-2010

Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF aos
titulares de serventias judiciais não estatizadas, desde que não sejam ocupantes de
cargo público efetivo e não recebam remuneração proveniente dos cofres
públicos.[RE 647.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 15-2-2017, P, DJE de 1º-2-2018,
Tema 571.]

Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comissão não se submetem à


regra da aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, a qual atinge
apenas os ocupantes de cargo de provimento efetivo, inexistindo, também, qualquer
idade limite para fins de nomeação a cargo em comissão. (...) Ressalvados
impedimentos de ordem infraconstitucional, inexiste óbice constitucional a que o servidor efetivo
aposentado compulsoriamente permaneça no cargo comissionado que já desempenhava ou a
que seja nomeado para outro cargo de livre nomeação e exoneração, uma vez que não se trata
de continuidade ou criação de vínculo efetivo com a administração.[RE 786.540, rel. min. Dias
Toffoli, j. 15-12-2016, P, DJE de 15-12-2017, Tema 763.]

Pretensão de reversão de aposentadoria compulsória de membro septuagenário do


MPU, aposentado compulsoriamente antes do advento da LC 152/2015. A
singularidade do instituto da reversão, prevista na Seção VIII do Capítulo I do Título II
da Lei 8.112/1990, não se presta para satisfazer a pretensão de retorno à atividade
de servidores já aposentados compulsoriamente. (...) A mudança de parâmetro etário trazida
pela EC 88/2015 não retira a condição de ato jurídico perfeito de aposentação compulsória,
levada a efeito em momento pretérito. (...) Não há falar em afronta ao princípio constitucional da
isonomia pelo art. 100 do ADCT (incluído pela EC 88/2015), visto que o STF já assentou que a
unidade do Poder Judiciário nacional e o princípio da isonomia são compatíveis com a existência
de regra de aposentadoria específica para integrantes do STF e dos tribunais superiores, cujos
cargos apresentam peculiaridades para seu provimento (ADI 5.316/DF).[MS 34.407 AgR, rel. min.
Dias Toffoli, j. 1º-9-2017, 1ª T, DJE de 18-9-2017.]

A competência originária do CNJ para a apuração disciplinar, ao contrário da


revisional, não se sujeita ao parâmetro temporal previsto no art. 103-B, § 4º, V, da
CF. Com base nesse entendimento, a Segunda Turma negou provimento a agravo
regimental em mandado de segurança em que se discutia deliberação do CNJ que
aplicou pena de aposentadoria compulsória a magistrado em processo disciplinar
administrativo.[MS 34.685 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 28-11-2017, 2ª T, Informativo 886.]

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A Primeira Turma (...) negou provimento a agravo regimental em que questionada a


legalidade de ato do CNJ (...) quanto à aplicação da pena de aposentadoria
compulsória a magistrado estadual por prática de infração disciplinar grave. (...)
Primeiramente, a Turma evidenciou entendimento consolidado pela Corte no sentido
da competência originária e concorrente do CNJ conferida pela Constituição, na aplicação de
medidas disciplinares. Em seguida, reafirmou a possibilidade de utilização de dados obtidos por
descoberta fortuita em interceptações telefônicas devidamente autorizadas como prova
emprestada em processo administrativo disciplinar. Ademais, não verificou a ocorrência de atraso
indevido no envio das provas aos órgãos competentes no que se refere a indivíduos detentores
de foro por prerrogativa de função. Destacou, ainda, a incongruência entre dilação probatória e
mandado de segurança. Afastou também a hipótese de incompatibilidade entre a portaria de
instauração do processo e o ato contrariado, visto que a defesa no processo administrativo
disciplinar se dá em relação aos fatos descritos na própria portaria de instauração. Outrossim,
ausente conclusão do juízo criminal pela prova da inexistência do fato ou pela negativa de
autoria, não estão presentes circunstâncias suscetíveis de autorizar excepcional comunicabilidade
das esferas penal e administrativa. Por fim, a Turma concluiu pela ausência de ilegalidade do ato
e entendeu por justificada a pena de aposentadoria compulsória, haja vista demonstração
probatória de infração disciplinar grave.[MS 30.361 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 29-8-2017, 1ª
T, Informativo 875.]

CNJ. Órgão administrativo posicionado na estrutura institucional do Poder Judiciário.


Outorga ao CNJ, em sede constitucional, de jurisdição censória sobre juízes e órgãos
do Poder Judiciário "situados, hierarquicamente, abaixo do STF" (ADI 3.367/DF).
Possibilidade, em tese, de imposição, a eles, de sanções disciplinares, notadamente
daquelas previstas no art. 103-B, § 4º, III, da Constituição, como a aposentadoria compulsória,
com subsídio proporcional ao tempo de serviço.[MS 28.712 MC, rel. min. Celso de Mello, dec.
monocrática, j. 6-5-2010, DJE de 11-5-2010.]

Os servidores que ingressaram no serviço público antes da EC 41/2003, mas que se


aposentaram após a referida emenda, possuem direito à paridade remuneratória e à
integralidade no cálculo de seus proventos, desde que observadas as regras de
transição especificadas nos arts. 2º e 3º da EC 47/2005.[RE 590.260, rel. min. Ricardo
Lewandowski, j. 24-6-2009, P, DJE de 23-10-2009, Tema 139.]

É legítimo o pagamento do abono de permanência previsto no art. 40, § 19, da CF ao


servidor público que opte por permanecer em atividade após o preenchimento dos
requisitos para a concessão da aposentadoria voluntária especial (art. 40, § 4º, da
Carta Magna).[ARE 954.408 RG, rel. min. Teori Zavascki, j. 14-4-2016, P, DJE de 22-4-
2016, Tema 888.]

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4. QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES

4.1. LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS

1. (2019/Instituto Acesso/PC-ES/Delegado de Polícia) Com relação aos agentes públicos em


geral e seu regime jurídico, leia as afirmativas a seguir.
I - Senadores da República não são agentes públicos, mas caracterizam-se como agentes políticos.
II - Agentes públicos podem estar submetidos ao regime jurídico estatutário ou ao regime jurídico
celetista.
III - A atuação como jurado é caracterizada pela ação do particular que colabora com o poder
público.
IV - O servidor público só pode ser demitido após a instauração de processo administrativo
disciplinar, diferentemente do empregado público, para o qual não se aplica a regra celetista de
demissão sem justa causa.
V - Empregado público, por definição, é todo agente público que trabalha em uma Empresa
Estatal.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) II, IV e V.
b) III, IV e V.
c) I, II e III.
d) I, III, V.
e) II, III e IV.

Comentários

Incorreta a assertiva “I”. De fato, considera-se que senadores são agentes políticos. Contudo,
agentes políticos são espécies de agentes públicos, tal qual servidores públicos, empregados
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públicos, contratados temporariamente e os que prestam funções honoríficas. Todos esses são
espécies de agentes públicos.

Correta a assertiva “II”. Como agentes públicos formam um gênero com várias espécies, diversos
são os regimes jurídicos aos quais se submetem cada uma das categorias de agentes públicos.
Servidores efetivos, por exemplo, normalmente sujeitam-se ao regime estatutário, ao passo que
empregados públicos (empregados das empresas estatais, por exemplo) submetem-se ao regime
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Correta a assertiva “III”. Algumas funções episódicas que qualquer cidadão pode exercer faz com
que ele seja também considerado agente público. É o que se conhece por funções honoríficas,
dentre as quais estão os jurados, os mesários das eleições e até mesmo os conscritos (serviço
militar obrigatório).

Correta a assertiva “IV”. O servidor público efetivo, conforme o art. 41, § 1º, da CRFB, pode ser
demitido por processo administrativo que lhe seja assegurada ampla defesa. Contudo, não é a
única maneira de demissão do servidor efetivo, que também pode ser demitido em função de
sentença judicial transitada em julgado e por avaliação periódica de desempenho, nos termos de
lei complementar a ser editada pelo Congresso Nacional. Em relação aos celetistas (empregados
públicos), sua dispensa e demissão é reconhecida pela doutrina como um ato administrativo que
limita direitos, devendo ser devidamente motivado. Vale lembrar que, conforme a Súmula nº 390
do Tribunal Superior do Trabalho, os empregados públicos de empresas públicas ou de
sociedades de economia mista, ainda que admitidos mediante aprovação em concurso público,
não possuem a garantia da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. Logo, podem ser
dispensados mesmo sem justa causa, visto que não possuem a estabilidade constitucional. A
assertiva é passível de questionamento, portanto, apesar de ter sido considerada correta pela
banca.

Incorreta a assertiva “V”. Empregado público é todo aquele que, ao exercer uma função pública,
submete-se ao regime celetista. Há casos de empregados públicos na Administração Direta,
especialmente em municípios menores que não possuem estatuto de servidores, caso em que
esses agentes públicos estarão vinculados ao regime da CLT. Nesses casos, apesar de integrarem
a Administração Direta, utiliza-se a expressão empregados públicos.

Resposta: alternativa “e”.

2. (2019/Instituto Acesso/PC-ES/Delegado de Polícia) Leia as afirmativas a seguir, à luz da


Constituição da República Federativa do Brasil e da legislação infraconstitucional aplicável,
no que se refere à temática do exercício do cargo de servidor no âmbito da Administração
Pública.

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I - Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o servidor estável ocupante deste cargo ficará
em disponibilidade, sendo sustada a remuneração que percebia, restituindo-se a remuneração na
hipótese de reaproveitamento do servidor em outro cargo.
II - A contratação temporária feita por ente da Administração é matéria que depende de
estipulação legal e está condicionada à necessidade e ao interesse público.
III - Servidor estável que passou a ocupar o cargo de outro servidor demitido e que voltou ao
mesmo cargo por força de decisão judicial reintegratória, se estável, deverá ser reconduzido ao
cargo de origem ou posto em disponibilidade.
IV - A avaliação periódica é uma das formas pelas quais o servidor pode perder o cargo, em
conformidade com lei complementar, sendo assegurado, no procedimento de avaliação, o direito
a ampla defesa.
V - Servidor da administração direta, autárquica ou fundacional que for investido no cargo de
Prefeito poderá optar pela sua remuneração.
Marque a alternativa correta:
a) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da IV.
b) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da III.
c) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da I.
d) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da II.
e) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da V.

Comentários

Incorreta a assertiva “I”. A afirmação contraria o art. 41, § 3º da CRFB ao mencionar que a
remuneração do servidor posto em disponibilidade fica sustada. O servidor nessa situação fará jus
a uma remuneração proporcional ao tempo de serviço:

Art. 41, § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará
em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo.

Correta a assertiva “II”. O teor da assertiva vai ao encontro do art. 37, inciso IX, da CRFB, que
dispõe sobre a contratação temporária para atender necessidade temporária de excepcional
interesse público. Trata-se de previsão constitucional de eficácia limitada, pois há que se ter uma
lei para regulamentar o dispositivo da Carta Magna. Eis a previsão da CRFB:

Art. 37, IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
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Correta a assertiva “III”. A assertiva se baseou no disposto no art. 41, § 2º, da CRFB, abaixo
transcrito:

Art. 41, § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele
reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de
origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.

Nota-se uma incorreção na assertiva porque ela afirma que o servidor estável que passou a ocupar
o cargo de outro servidor demitido e que voltou ao mesmo cargo por força de decisão judicial
reintegratória deverá ser reconduzido ao cargo de origem ou posto em disponibilidade. Pela
redação da CRFB, são 3 as opções (recondução ao cargo de origem, aproveitamento em outro
cargo ou posto em disponibilidade) e não 2 opções (recondução ao cargo de origem ou posto em
disponibilidade) como disse a assertiva ao utilizar a expressão “deverá”. A assertiva pode ser
questionada, portanto.

Correta a assertiva “IV”. Trata-se de conteúdo previsto no art. 41, § 1º, inciso III da CRFB:

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.

Correta a assertiva “V”. A assertiva respeita o art. 38, inciso II, da CRFB:

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no


exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
[...]
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função,
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;

Resposta: alternativa “c”.

3. (2018/FUMARC/PC-MG/Delegado de Polícia) João, candidato ao cargo de Delegado de


Polícia do Estado de Minas Gerais, inconformado com sua reprovação no certame, impetrou

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ação mandamental argumentando a existência de ilegalidade decorrente da formulação de


questões com base em legislação não prevista no edital. Sobre o caso, NÃO é correto afirmar:
(A) A adequação das questões da prova ao programa do edital de concurso público constitui tema
de legalidade, suscetível, portanto, de controle pelo Poder Judiciário.
(B) A banca examinadora é que possui legitimidade para figurar como autoridade coatora.
(C) A petição inicial será indeferida, com fundamento no artigo 10 da Lei n. 12.016/2009, caso a
impetração ocorra após 120 dias da ciência do ato impugnado.
(D) É vedado ao Poder Judiciário adentrar aos critérios adotados pela banca examinadora do
concurso.
4. (2019/VUNESP/TJ-RS/ Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento) A respeito
dos agentes públicos, assinale a alternativa correta.
a) A previsão constante exclusivamente no Edital pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação
de candidato a cargo público, desde que compatível com as atribuições do cargo e atendam ao
interesse público.
b) É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época
de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público.
c) O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o
prazo de validade do certame anterior, gera automaticamente o direito à nomeação dos
candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital.
d) A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à
qual atribuída eficácia retroativa, gera direito às promoções ou progressões funcionais que
alcançariam houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação.
e) Os empregados públicos celetistas não gozam de estabilidade e podem ser demitidos por
decisão imotivada.

5. (2019/MP-SP/MP-SP/Promotor de Justiça) Em relação ao regime jurídico dos agentes


públicos, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A não observância do princípio do concurso público inscrito no art. 37, II, da Constituição
Federal implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei.
b) É inconstitucional a vinculação dos subsídios devidos aos agentes políticos locais (Prefeito, Vice-
Prefeito e Vereadores) à remuneração estabelecida em favor dos servidores públicos municipais.
c) É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem
prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a
carreira na qual fora anteriormente investido.

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d) Para que se considere válida a contratação temporária, é preciso que os casos excepcionais
estejam previstos em lei, que o prazo de contratação seja predeterminado, que a necessidade seja
temporária, que o interesse público seja excepcional, e a necessidade de contratação seja
indispensável, admitindo-se nessas hipóteses, a contratação para a prestação dos serviços
ordinários permanentes do Estado.
e) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de funções de direção,
chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas
ou operacionais. Tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade
nomeante e o servidor nomeado.
6. (2019/CEBRASPE/DP-DF/Defensor Público) A remuneração de servidor público que executar
trabalho noturno e também horas extras será paga da seguinte forma: calcula-se o acréscimo
referente às horas extras e, sobre o total obtido, aplica-se o adicional noturno.
( ) Verdadeiro ( ) Falso

7. (2019/CEBRASPE/DP-DF/Defensor Público) Segundo o STF, o surgimento de novas vagas ou


a abertura de novo concurso para o mesmo cargo de certame anterior cujo prazo de validade
ainda não tenha terminado, em regra, não gera automaticamente o direito à nomeação dos
candidatos aprovados no certame anterior fora das vagas previstas no edital.
( ) Verdadeiro ( )Falso

8. (2019/CEBRASPE/DP-DF/Defensor Público) O STF considera constitucional a aplicação de


subteto remuneratório estadual ou distrital, no âmbito do Poder Judiciário, correspondente
ao subsídio dos desembargadores do tribunal de justiça local.
( ) Verdadeiro ( )Falso

9. (2019/CESPE/TCE-RO/Procurador do Ministério Público de Contas) Constitui violação aos


princípios constitucionais da administração pública
a) nomeação de cônjuge de prefeito para o cargo de secretário estadual, mesmo que o nomeado
possua inegável qualificação técnico-profissional e idoneidade moral.
b) limitação de idade, por ato administrativo, para fins de inscrição em concurso público, ainda
que tal medida esteja fundamentada na natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
c) publicação, em sítio eletrônico mantido pela administração pública, de nomes de servidores e
dos valores dos respectivos vencimentos e vantagens pecuniárias.
d) atribuição de nome de governador já falecido, reconhecido pela defesa dos direitos humanos,
a escola pública de rede estadual de educação.

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e) anulação, pela administração pública, de ato administrativo ilegal, independentemente de prazo


e da existência de direito adquirido.
10. (2019/VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto) De acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, é
correto afirmar que o servidor em desvio de função
(A) tem direito ao reenquadramento para o cargo exercido de fato e à remuneração
correspondente a partir daquele ato.
(B) tem direito ao reenquadramento para o cargo exercido de fato, se houver previsão legal, além
da remuneração correspondente a partir daquele ato e indenização correspondente às diferenças
remuneratórias relativas ao período pretérito.
(C) não tem direito às diferenças de vencimentos de um e outro cargo, porque vedado ao
Judiciário conceder equiparação ou aumento de vencimentos com base na isonomia.
(D) tem direito às diferenças de vencimentos de um e outro cargo a título de indenização, mantido,
porém, no cargo efetivo.

11. (2019/MP-GO/MP-GO/Promotor Substituto (prova anulada) Com relação ao concurso


público, aponte a alternativa que não representa a jurisprudência do STF:
a) Com o fim de selecionar os candidatos mais bem classificados para prosseguir no certame, não
viola a Constituição Federal regra que insere no edital de concurso público a denominada cláusula
de barreira.
b) Viola a Constituição Federal a manutenção no cargo, sob o fundamento de fato consumado, de
candidato não aprovado que nele tomou posse em virtude de medida liminar ou outro provimento
judicial de natureza precária, supervenientemente revogado ou modificado.
c) É inconstitucional a previsão expressa no edital que confere ao candidato o direito à prova de
segunda chamada nos testes de aptidão física, uma vez que existiria clara violação ao princípio da
isonomia no acesso aos cargos públicos.
d) O Poder Judiciário não pode agir como instância revisora de banca de concurso público para
reexaminar o conteúdo das questões e os critérios de correção utilizados, a não ser que o juízo
realizado se refira à compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o previsto no
edital do certame.

12. (2019/VUNESP/Prefeitura Ribeirão Preto-SP/Procurador do Município) Assinale a alternativa


que apresenta condição(ões) constitucional(is) indispensável(is) à aquisição de estabilidade em
cargo público efetivo.

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a) Decurso de três anos de efetivo exercício no cargo; transcorrido o prazo mínimo, a estabilidade
independe de manifestação favorável à confirmação do servidor, emitida por comissão instituída
para realizar avaliação especial de desempenho.
b) Decurso de três anos de efetivo exercício e manifestação favorável à confirmação do servidor,
emitida por comissão instituída para realizar avaliação especial de desempenho.
c) Decurso de dois anos de efetivo exercício; transcorrido o prazo, a estabilidade independe de
manifestação favorável à confirmação do servidor, emitida por comissão instituída para realizar
avaliação especial de desempenho.
d) Decurso de dois anos de efetivo exercício e manifestação favorável à confirmação do servidor,
emitida por comissão instituída para realizar avaliação especial de desempenho.
e) Decurso de trinta meses de efetivo exercício e manifestação favorável à confirmação do
servidor, emitida por comissão instituída para realizar avaliação especial de desempenho.

13. (2019/VUNESP/Pref. Francisco Morato/Procurador) Considere o caso hipotético de um


candidato aprovado em concurso público que teve a sua nomeação invalidada antes da posse. A
esse respeito, é correto ao afirmar que
a) o Superior Tribunal de Justiça sumulou o assunto determinando que a nomeação de funcionário
concursado pode ser desfeita antes da posse.
b) o Supremo Tribunal Federal sumulou o assunto determinando que o funcionário nomeado por
concurso não tem direito à posse.
c) o Superior Tribunal de Justiça sumulou o assunto determinando que a nomeação de funcionário
sem concurso pode ser desfeita antes da posse.
d) o Superior Tribunal de Justiça sumulou o assunto determinando que o funcionário nomeado
por concurso não tem direito à posse.
e) o Supremo Tribunal Federal sumulou o assunto determinando que o funcionário nomeado por
concurso tem direito à posse.

14. (2019/CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito) Se os servidores estatutários de uma autarquia


ambiental deflagrarem greve e pararem de trabalhar,
a) a greve será, de pronto, ilegal, visto que ainda não foi editada lei que regulamente a greve no
serviço público.
b) a greve poderá ser considerada legal se o Estado der causa à deflagração, assim como ocorreria
no caso de servidores policiais civis.

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c) a administração pública poderá agir discricionariamente para escolher se desconta da


remuneração dos servidores os dias parados.
d) a greve poderá ser declarada legal, porém a administração pública deverá, em regra, descontar
da remuneração dos servidores os dias parados.
e) a administração pública será obrigada, caso haja requerimento de sindicato ou associação, a
promover uma compensação pelas horas não trabalhadas, evitando o desconto na remuneração
dos servidores.
15. (2019/ FUNDEP/DPE-MG/Defensor Público) Sobre o ingresso dos servidores públicos na
Administração Pública, é correto afirmar:
A) É constitucional a regra inserida no edital de concurso público, denominada cláusula de barreira,
com o intuito de selecionar apenas os candidatos mais bem classificados para prosseguir no
certame.
B) O servidor que tenha tomado posse no cargo em decorrência de medida liminar posteriormente
revogada tem direito a permanecer no cargo com fundamento na “teoria do fato consumado” e
no princípio da proteção da confiança legítima, caso decorridos mais de cinco anos desde a posse.
C) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o candidato aprovado em concurso
público dentro do número de vagas indicado no edital tem direito subjetivo a ser nomeado, ainda
que, após a publicação do edital, aconteça um fato superveniente não previsto pela Administração
Pública.
D) O servidor desligado da Administração Pública em caso de nulidade na contratação temporária
faz jus à percepção da remuneração pelo período efetivamente trabalhado, mas não a verbas de
natureza trabalhista, tais como FGTS, aviso prévio e seguro desemprego.

16. (2019/ FUNDEP/DPE-MG/Defensor Público) Analise as afirmativas a seguir.


I. Segundo entendimento exarado pelo Supremo Tribunal Federal, a Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) não é obrigada a realizar concurso público para admitir seus empregados.
PORQUE
II. A OAB é uma autarquia sui generis vinculada à administração pública indireta.
A respeito dessas afirmativas, assinale a alternativa correta.
A) As afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não justifica a I.
B) As afirmativas I e II são verdadeiras e a II justifica a I.
C) A afirmativa I é verdadeira e a II é falsa.
D) A afirmativa I é falsa e a II é verdadeira.

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17. (2019/IADES/AL-GO/Procurador) Como decorrência do regime jurídico-administrativo que


é próprio aos agentes públicos, várias instâncias de responsabilidade lhes são impostas,
justificando-se, assim, o estudo do tema na doutrina e na jurisprudência. A esse respeito, assinale
a alternativa correta.
a) Na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), foi firmado entendimento de que a
responsabilidade por crimes dos agentes políticos e dos agentes públicos em geral é a mesma,
sob pena de ferimento das garantias penais previstas constitucionalmente.
b) Ao interpretar a previsão constitucional de que a lei estabelecerá os prazos de prescrição para
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que cause prejuízos ao erário, ressalvadas
as respectivas ações de ressarcimento, o STF firmou entendimento de que é prescritível a ação de
reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.
c) Recente alteração na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro fez constar que o agente
público responderá pessoalmente pelas respectivas decisões ou opiniões técnicas somente em
caso de dolo ou fraude.
d) Em julgamento recente, o STF entendeu serem imprescritíveis as ações de ressarcimento ao
erário fundadas na prática de ato doloso ou culposo tipificado na Lei de Improbidade
Administrativa.
e) O rol de todas as sanções administrativo-disciplinares, em face da autonomia político-
administrativa dos entes públicos, é de competência livre da criação estatutário-legislativa de cada
ente.

18. (2019/CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito) Se os servidores estatutários de uma autarquia


ambiental deflagrarem greve e pararem de trabalhar,
a) a greve será, de pronto, ilegal, visto que ainda não foi editada lei que regulamente a greve no
serviço público.
b) a greve poderá ser considerada legal se o Estado der causa à deflagração, assim como ocorreria
no caso de servidores policiais civis.
c) a administração pública poderá agir discricionariamente para escolher se desconta da
remuneração dos servidores os dias parados.
d) a greve poderá ser declarada legal, porém a administração pública deverá, em regra, descontar
da remuneração dos servidores os dias parados.
e) a administração pública será obrigada, caso haja requerimento de sindicato ou associação, a
promover uma compensação pelas horas não trabalhadas, evitando o desconto na remuneração
dos servidores.

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19. (2018/FEPESE/PGE-SC/Procurador do Estado) José ingressou como servidor do Município


“X” em 1980, sem concurso público e pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho. No
prazo adequado, e após a promulgação da Constituição Federal de 1988, foi aprovado o estatuto
dos servidores públicos daquele ente federado, passando ele a ser servidor público estatutário,
até sua exoneração.
Observado isso, é correto afirmar:
a) Como há dois períodos baseados em regimes diversos, prevalece aquele ocorrido por último,
o que determina a competência da Justiça comum.
b) Como se trata de servidor público municipal, mesmo em relação aos pedidos formulados com
base no regime celetista, a competência para julgamento é da justiça comum estadual.
c) A discussão a respeito da competência para conhecer os pedidos, tanto aqueles decorrentes
do regime celetista, como aqueles decorrentes do regime estatutário, envolve competência em
razão da matéria, a qual é relativa e não pode ser conhecida de ofício pelo juiz.
d) Como o servidor público, no caso, foi admitido sem concurso público, não há qualquer
possibilidade de se acolherem pedidos formulados com base no regime estatutário, motivo pelo
qual somente poderá pleitear perante a justiça do trabalho.
e) O pedido referente às verbas trabalhistas, formulado com base na Consolidação das Leis do
Trabalho, é de competência da Justiça do Trabalho. Os pedidos formulados com base na relação
estatutária são de competência da justiça comum estadual.

20. (2018/COMPERVE/TJ-RN/Juiz Leigo) Milena, deputada estadual, deseja nomear a sua


prima Helena para um cargo em comissão na assembleia legislativa. Helena é jurista exemplar,
possui doutorado na área de produção de legislação e atuaria como assessora de produção de
leis da deputada. Ocorre, contudo, que Milena não sabe se pode nomear a prima para tal cargo
ou se isso implica em violar a súmula vinculante n. 13. De acordo com o conteúdo da súmula
mencionada, a nomeação de Helena
a) não configura caso de nepotismo, podendo ela ser nomeada para o cargo, sendo muito positivo
que possua habilidade técnica específica ligada à área.
b) configura caso de nepotismo quando inexistente habilitação técnica específica para o exercício
da função, o que não corre no caso, já que Helena possui doutorado na área.
c) não configura caso de nepotismo, pois ela é parente em terceiro grau de Milena, o que faz
absolutamente legítima a sua nomeação.
d) configura caso claro de nepotismo e é inadmissível, independentemente da capacitação jurídica
especializada que Helena possui.

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21. (2018/CESPE/PGM-JOÃO PESSOA-PB/Procurador Municipal) Considerando o


entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta, no que diz respeito a agentes
públicos.
a) Para o STJ, em processo disciplinar que apure infração administrativa que configura ação penal,
o prazo prescricional será determinado pela pena em abstrato cominada na condenação penal
transitada em julgado.
b) Para o STJ, é vedado a banca examinadora de concurso público exigir em questão da prova
conhecimento de legislação superveniente à publicação do edital.
c) Para o STF, não será devido o abono de permanência ao policial civil que permanecer em
atividade após o preenchimento dos requisitos para a concessão da aposentadoria voluntária
especial.
d) Para o STJ, candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas ofertadas em
edital terá direito subjetivo à nomeação caso comprove o surgimento de vagas durante a validade
do certame.
e) Para o STF, processo administrativo disciplinar é válido mesmo quando a defesa técnica da parte
não é efetivada por advogado, desde que assegurados a ampla defesa e o contraditório.

22. (2018/COSEAC/PREFEITURA DE MARICÁ-RJ/Procurador Municipal) Num concurso público


aberto para admissão de professores, a Administração oferece 2 (duas) vagas. Realizado o
certame, o candidato A é classificado em 1º lugar e é admitido, enquanto B, 2º classificado, não.
A este respeito, significativa parcela de nossa jurisprudência tem entendido que:
a) o candidato B só tem expectativa de direito e, portanto, não faz jus a ser admitido.
b) o candidato B não tem nem direito a ser admitido nem expectativa de direito.
c) o candidato B tem direito a ser admitido porque foi aprovado.
d) o candidato B tem direito a ser admitido porque o edital do concurso, que é a lei do certame,
estabelecia a existência de 2 (duas) vagas, e a Administração fica vinculada ao edital.
e) o candidato B não tem direito a ser admitido porque, conquanto o edital seja a lei do certame,
e malgrado ter previsto 2 (duas) vagas, a Administração não fica vinculada ao edital, podendo
estabelecer juízo de conveniência e oportunidade quanto ao preenchimento de todas as vagas
previstas.

23. (2018/IBFC/TRF-2ª REGIÃO/Juiz Federal) A remuneração do servidor público é a soma dos


vencimentos do cargo e de vantagens pecuniárias. Com relação ao regime remuneratório dos
servidores públicos é correto afirmar que:

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a) a garantia da irredutibilidade dos vencimentos não veda a redução de parcelas que compõem
a remuneração ou mesmo a alteração no modo de cálculo de gratificações e outras vantagens,
desde que preservado o valor da remuneração total.
b) a isonomia remuneratória prevista na Constituição Federal garante paridade entre os cargos de
igual atribuição ou assemelhados no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.
c) em caso de acordo é possível a fixação de vencimento de servidor por meio de Convenção
Coletiva desde que homologado judicialmente.
d) a fixação de subsídios dos Membros do Legislativo, bem como Presidente, Vice-Presidente e
Ministros de Estado ocorre por meio de Lei de competência exclusiva do Congresso, sancionada
pelo Presidente da República.
e) os pensionistas de servidor público falecido já aposentado, terão suas pensões regidas pela Lei
vigente por ocasião da aposentadoria do servidor falecido.

24. (2018/IBFC/TRF-2ª REGIÃO/Juiz Federal) A prova de aptidão física em concursos públicos


pode acarretar situações a serem dirimidas no edital. Nesse sentido, sobre essa modalidade de
prova é correto afirmar que:
a) a proteção constitucional à maternidade e à gestante autoriza o tratamento diferenciado à
candidata gestante, com designação de outra data para a realização do teste de aptidão física,
especialmente se comprovado que a realização da prova na condição em que se encontra pode
prejudicar a saúde do feto.
b) comprovado que o impedimento de realização da prova na data designada deu-se em razão de
mudança na situação de saúde do candidato (ex. fraturas, cirurgia, doenças) é possível a
designação de nova data para a realização da prova de aptidão física.
c) o STF, no julgamento do RE n. 630733, alterou seu entendimento para consignar que não viola
o princípio da isonomia a remarcação de teste de aptidão física em virtude de impedimento de
caráter pessoal relacionado ao candidato.
d) importa em privilégio às candidatas grávidas, em detrimento dos demais e, portanto, viola o
princípio da isonomia nos certames públicos, a designação de nova data para a realização do teste
físico.
e) o edital é a lei do concurso, de forma que se a candidata não comparecer na data da realização
do teste, mesmo por estar na condição de gestante e ter comprovado que a realização do teste
expõe à saúde do feto, estará automaticamente eliminada, conforme previsão expressa nos
editais.

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25. (2018/CONSULPLAN/TJ-MG/Juiz de Direito) Em relação aos agentes públicos, analise as


afirmativas a seguir.
I. À Administração Pública não é possível aplicar aos servidores a pena de demissão em processo
disciplinar, se ainda em curso a ação penal a que responde pelo mesmo fato.
II. O STF firmou a tese de que a contratação por tempo determinado para atendimento de
necessidade temporária de excepcional interesse público em desconformidade com os preceitos
do art. 37, IX, da CF/88, não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos, com exceção do direito à
percepção dos salários referentes ao período trabalhado e ao levantamento dos depósitos
efetuados no FGTS.
III. A estabilidade compreende a garantia constitucional do servidor público estatutário nomeado
em virtude de concurso público, de permanecer no serviço público após o período de 3 (três) anos
de efetivo exercício, enquanto a efetividade representa situação jurídica que qualifica a
titularização de cargos efetivos, para distinguir-se da que é relativa aos ocupantes de cargo em
comissão.
IV. Os notários e os registradores são titulares de cargo público efetivo, exercem atividade estatal
e, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, são considerados servidores
públicos, independentemente do tempo de serviço.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
a) I, II, III e IV.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.

26. (2018/FUNRIO/AL-RR/Procurador) Provimento é o fato administrativo que traduz o


preenchimento de um cargo público. Várias são as formas de provimento, todas dependentes de
um ato administrativo de formalização.
É CORRETO afirmar que recondução é o/a
a) ato administrativo que materializa o provimento originário.
b) forma de provimento pela qual o servidor passa a ocupar cargo diverso do que ocupava, tendo
em vista a necessidade de compatibilizar o exercício da função pública com a limitação sofrida em
sua capacidade física ou psíquica.
c) retorno do servidor que tenha estabilidade ao cargo que ocupava anteriormente, por motivo
de sua inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo.

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d) forma de provimento pela qual o servidor sai de seu cargo e ingressa em outro situado em
classe mais elevada.

27. (2018/IDECAN/IPC-ES/Procurador) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal sobre o regime jurídico dos agentes públicos, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a manutenção no
cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou posse
em decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de
natureza precária, supervenientemente revogado ou modificado.
b) Os empregados públicos das empresas públicas e sociedades de economia mista não fazem jus
à estabilidade prevista para os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude
de concurso público, mas sua dispensa deve ser motivada.
c) A Administração Pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do
exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo
funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será,
contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder
Público.
d) É vedado que o servidor efetivo aposentado compulsoriamente permaneça no cargo
comissionado que já desempenhava.

28. (2018/IDECAN/IPC-ES/Procurador) Acerca do regime constitucional-administrativo da


Advocacia Pública, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Aos Procuradores dos Estados é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício,
mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado
das Corregedorias.
b) Os Procuradores dos Estados são organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de
concurso público de provas e títulos.
c) É facultativa a participação da Ordem dos Advogados do Brasil nas fases de concurso para
preenchimento do cargo de Procurador do Estado.
d) Os Procuradores dos Estados exercerão a representação judicial das respectivas unidades
federadas.

29. (2018/VUNESP/TJ-RJ/Juiz Leigo) O regime constitucional das aposentadorias dos


servidores públicos sofreu alterações consideráveis ao final da década de 1990 e início de 2000,

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visando a alcançar o necessário equilíbrio econômico e atuarial dos regimes públicos de


previdência. A esse respeito, avalie as alternativas a seguir e identifique a afirmação correta.
a) É autorizada de forma geral a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão
de aposentadoria aos abrangidos pelo regime próprio de previdência dos servidores públicos.
b) Ao contrário dos empregados da iniciativa privada, os servidores públicos não possuem idade
máxima para a aposentadoria compulsória, podendo permanecer no serviço público
indefinidamente.
c) As reformas da década de 1990 e 2000 não alteraram o direito à integralidade e à paridade a
que ainda gozam os servidores públicos federais, estaduais e municipais.
d) Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão
exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria
ou que serviu de referência para a concessão da pensão.
e) A lei poderá estabelecer, para fins de aposentadoria, a contagem fictícia de tempo de
contribuição.

30. (2018/VUNESP/TJ-RJ/Juiz Leigo) Acerca da estabilidade no serviço público, é correto


afirmar:
a) o servidor estável poderá perder o cargo em virtude de sentença judicial pendente de recurso.
b) o servidor estável poderá perder o cargo mediante processo administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa.
c) são estáveis após dois anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público.
d) extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em vacância, com
remuneração integral, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.
e) como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a realização de teste de
integridade pelo servidor.

31. (2018/TRF-3ª REGIÃO/TRF-3ª REGIÃO-SP/Juiz Federal) É obrigatória a aprovação prévia


em concurso público para a ocupação de cargos e empregos públicos efetivos. Trata-se da
realização do princípio da igualdade de acesso ao serviço público. Com base nesse enunciado,
indique a afirmação CORRETA:
a) Limites de idade, sexo, altura e capacitação profissional devem ser estabelecidos em
regulamento do concurso e não apenas no edital.

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b) Para que o candidato possa fazer jus às vagas reservadas aos portadores de deficiência, estas
precisam necessariamente causar dificuldades no desempenho das funções do cargo disputado,
em função da aplicação do princípio da congruência.
c) O princípio da igualdade de gênero impede que o edital de concurso público preveja a
participação apenas de concorrentes de determinado sexo.
d) Conflita com o princípio da razoabilidade a eleição, como critério de desempate, do
desempenho profissional anterior, relacionado com a titularidade do serviço para o qual se realiza
o concurso.

32. (2018/VUNESP/FAPESP/Procurador) Diretoria de Recursos Humanos de uma empresa


pública, em procedimento regular de controle de pessoal, constatou que um empregado público,
aprovado em concurso seletivo ocorrido em 2014 e integrante de seu quadro de pessoal desde
aquele ano, a partir de janeiro de 2018 apresenta desempenho insuficiente. Propôs, então, ao
Diretor Presidente da empresa, a dispensa desse empregado. A autoridade máxima da entidade,
em dúvida quanto à providência correta a ser adotada, consultou o procurador jurídico que,
observando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, orientou o consulente a
a) demitir o empregado público, expondo as razões de fato e de direito que fundamentam sua
decisão.
b) determinar a instauração de processo administrativo disciplinar a fim de apurar a prática de
infração disciplinar apenada, nos termos do estatuto da entidade, com demissão, nomeando
comissão processante.
c) determinar apuração da prática de procedimento irregular de natureza grave, o que poderá ser
feito por procedimento simplificado, respeitado o regulamento interno da empresa, porque o
ocupante de emprego público há mais de três anos goza de estabilidade, nos termos do artigo
19, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
d) exonerar o empregado público cuja avaliação de desempenho tenha sido insuficiente, vez que
a exoneração em estágio probatório não constitui sanção disciplinar.
e) determinar, nos termos do artigo 41, § 4°, da Constituição Federal, a instauração de comissão
multidisciplinar para realização de avaliação especial de desempenho, cujo relatório final terá
efeito vinculante para a autoridade máxima da empresa.

33. (2018/VUNESP/FAPESP/Procurador) O servidor ocupante de cargo temporário do quadro


da Administração Pública Direta do Estado de São Paulo vincula-se
a) ao regime jurídico único estatutário de pessoal e ao regime geral de previdência social.
b) ao regime jurídico único celetista de pessoal e ao regime próprio de previdência social.
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c) ao regime jurídico de pessoal estabelecido na lei que autoriza a contratação temporária e ao


regime geral de previdência social.
d) ao regime jurídico de pessoal estabelecido na lei que autoriza a contratação temporária e ao
regime próprio de previdência social.
e) ao regime jurídico-disciplinar celetista e ao regime complementar de previdência social.

34. (2018/VUNESP/FAPESP/Procurador) Os particulares em colaboração com o Poder Público


são as pessoas físicas
a) que concorrem para o direcionamento dos fins da ação do Estado mediante a fixação de metas,
diretrizes ou planos que pressupõem decisões governamentais.
b) contratadas por tempo determinado para atenderem as necessidades temporárias de
excepcional interesse público, exercendo função de regime jurídico especial, fixado em lei por
cada unidade da federação.
c) sujeitas a regime contratual pautado na legislação trabalhista, submetendo-se às normas
constitucionais referentes à investidura e à proibição de acumulação de empregos e vencimentos.
d) que exercem função pública, em seu próprio nome, sem vínculo empregatício, porém sob
fiscalização do Poder Público, podendo receber remuneração paga por terceiros.
e) que ocupam cargos públicos efetivos ou em comissão, sujeitos ao regime estatutário fixado em
lei, podendo adquirir estabilidade, recebendo remuneração paga pela Administração Pública.

35. (2018/IBFC/CÂMARA DE FEIRA DE SANTANA-BA/Procurador) Assinale a alternativa que


apresenta uma hipótese de perda do cargo pelo servidor público estável, como tal prevista na
Constituição Federal:
a) mediante instauração de sindicância administrativa.
b) em virtude da instauração de inquérito policial.
c) em virtude de sentença judicial transitada em julgado.
d) em virtude da instauração de inquérito civil.

36. (2018/VUNESP/PGE-SP/Procurador do Estado) Antônio Joaquim foi aprovado em concurso


público e, nomeado para cargo efetivo, iniciou exercício em 12 de janeiro de 2015. Um ano depois,
sem ter sido exonerado do cargo efetivo, iniciou exercício de cargo em comissão no âmbito do
órgão em que está lotado, situação que se mantém até os dias de hoje. Ultrapassados três anos
desde que iniciou o exercício do cargo efetivo, a Administração ainda não concluiu sua avaliação
de desempenho. Nesse cenário, é possível afirmar:
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a) somente depois de concluída a avaliação de desempenho pela chefia imediata de Antônio


Joaquim, o servidor poderá ser considerado estável.
b) assim que adquirir a estabilidade no cargo, Antônio Joaquim somente poderá perder o cargo
efetivo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou mediante procedimento de
avaliação periódica de desempenho.
c) decorridos três anos de efetivo exercício, Antônio Joaquim tornou-se automaticamente estável.
d) a nomeação de Antônio Joaquim para exercer cargo em comissão é regular.
e) enquanto não concluído o estágio probatório, Antônio Joaquim poderá ser exonerado de ofício,
sem oportunidade de defesa, porque a exoneração não constitui penalidade disciplinar.

37. (2018/VUNESP/PGE-SP/Procurador do Estado) Com a notícia de que determinado servidor


titular de cargo efetivo solicitara vantagem indevida em razão de sua função, a Administração
Pública instaurou apuração preliminar com o fito de colher elementos acerca da autoria e da
materialidade de eventual falta funcional. Antes mesmo de a apuração preliminar ser concluída,
sentença penal que condenou o servidor pelo crime de corrupção passiva, sem declaração de
perda do cargo, alcançou o trânsito em julgado. Diante disso, é possível afirmar que a condenação
na esfera criminal:
a) repercutirá no âmbito disciplinar, mas a aplicação de pena funcional depende da prévia
instauração de procedimento administrativo disciplinar em que seja apurado o ilícito e garantida
ampla defesa ao servidor.
b) não repercutirá na seara administrativa se não houver determinação expressa nesse sentido no
corpo do julgado. No silêncio da decisão judicial, a apuração preliminar deve seguir seu curso
normal e, na hipótese de instauração de processo administrativo disciplinar, a autoridade
administrativa poderá, inclusive, concluir pela não caracterização do ilícito funcional.
c) implica reconhecimento automático da prática de infração disciplinar e, nesse caso, o princípio
da economia processual autoriza que a condenação administrativa se dê no bojo da apuração
preliminar, desde que assegurada ampla defesa.
d) não repercute na esfera administrativa, de modo que a apuração preliminar deve seguir seu
curso normal e, na hipótese de instauração de processo administrativo disciplinar, a autoridade
administrativa poderá, motivadamente, concluir pela não caracterização da falta funcional e
absolver o servidor.
e) repercute imediata e automaticamente no âmbito disciplinar, de forma que a autoridade
administrativa deverá declarar a perda do cargo público e reconhecer a caracterização da falta
funcional.

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38. (2018/FUNDATEC/AL-RS/Procurador) Em relação aos agentes públicos, é correto afirmar


que:
a) O servidor público detentor de cargo em comissão poderá tornar-se estável no serviço público.
b) O servidor público efetivo será estável após o ato de nomeação.
c) O servidor público estável, por força do artigo 19 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, possui as garantias de efetividade.
d) O servidor público efetivo está sujeito às regras de disponibilidade.
e) O artigo 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias abrange os empregados de
empresas públicas e sociedades de economia mista.

39. (2018/VUNESP/TJ-RS/ Juiz de Direito) De acordo com a Constituição Federal, a respeito dos
agentes públicos, é correto afirmar que,

a) é vedada a percepção acumulada de proventos de aposentadoria do regime próprio de


previdência social ou militar com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, inclusive
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
b) somente os empregados públicos previamente aprovados em concurso público podem adquirir
estabilidade após o período de três anos de efetivo exercício.
c) os cargos, empregos e funções públicas não são acessíveis a estrangeiros, exceto cargo de
professor ou pesquisador junto a instituição de ensino
d) é vedada a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções, exceto quando houver
compatibilidade de horários, a de dois empregos em empresa pública, sociedade de economia
mista, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público,
observado, em qualquer caso, o limite máximo de remuneração no setor público.
e) as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo,
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

40. (2018/FCC/PGE-TO/Procurador do Estado) Estevão Artacho, candidato em concurso


público para a carreira policial, foi considerado inapto por exame médico oficial, realizado em 24
de março de 2017, pela constatação de que sofria de sopro no coração, isto é, uma alteração nas
válvulas coronárias. Por essa razão, não pôde tomar posse na data marcada para a investidura dos
candidatos, 11 de abril de 2017. Inconformado, Estevão ajuizou ação ordinária, questionando o
ato administrativo que o considerou inapto e pleiteou, a título de indenização, o valor
correspondente aos vencimentos do cargo, computados desde a data fixada para a posse. Citada
a Fazenda Estadual e contestada a pretensão, determinou-se realização de prova pericial, que
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constatou, por meio de exames mais detalhados, que se tratava de variedade benigna da
anomalia, não impeditiva do exercício da função pública. O juiz prolatou sentença de procedência,
no tocante ao pedido de empossamento no cargo público. No tocante à pretensão relativa à
indenização, a sentença seguiu a jurisprudência dominante do STF, que dispõe que
a) não é devida indenização, salvo em situação de flagrante arbitrariedade do ato que impediu a
posse.
b) a indenização é devida, computada desde a data em que deveria ter ocorrido a posse.
c) tal pretensão deve ser deduzida em ação própria.
d) a indenização é devida, computada desde a data do ajuizamento da ação.
e) a indenização é devida, computada desde a data da citação da Fazenda Pública.

41. (2018/CESPE/PGM-AM/Procurador Municipal) Considerando a jurisprudência do STF a


respeito do direito de greve dos servidores públicos, julgue o item seguinte.
Ao chefe do Poder Executivo cabe o corte do ponto dos servidores grevistas, com o respectivo
desconto nos seus vencimentos, independentemente da motivação do movimento

( ) Certo ( ) Errado

42. (2018/CESPE/PGM-AM/Procurador Municipal) Considerando a jurisprudência do STF a


respeito do direito de greve dos servidores públicos, julgue o item seguinte.
Os servidores públicos, sejam eles civis ou militares, possuem direito a greve.

( ) Certo ( ) Errado

43. (2018/IBFC/ CÂMARA DE FEIRA DE SANTANA-BA/Procurador Jurídico) Ao agente público


integrante da administração direta, no exercício de mandato eletivo, aplica-se, dentre outras, a
seguinte diretriz constitucional:
a) investido no mandato de Prefeito, deverá ser afastado do cargo, emprego ou função, podendo
optar pela sua remuneração.
b) cuidando-se de mandato eletivo estadual, poderá acumular eventual emprego ou função.
c) investido no mandato de Prefeito, sendo compatíveis os horários, o agente político deverá
receber as diárias e gratificações de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo.

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d) nas situações que demandem o afastamento para o exercício de mandato eletivo, o tempo de
serviço deverá ser contado para todos os fins da lei, exceção feita à promoção por antiguidade.

44. (2018/VUNESP/PREFEITURA DE BAURU-SP/Procurador) Um técnico de enfermagem (nível


médio) prestou concurso público e, tendo sido aprovado, tomou posse no cargo de enfermeiro,
passando a integrar o quadro de pessoal da Administração municipal. Somente quatro anos
depois da entrada em exercício do técnico, a área de recursos humanos do Município identificou
que o certificado de conclusão de curso por ele apresentado por ocasião de sua posse não
comprovava o preenchimento de requisito legal essencial para investidura no cargo público de
enfermeiro. Considerando que o edital do concurso público expressamente indicava como
condição para posse a apresentação de certificado de conclusão de Curso Superior em
Enfermagem, a municipalidade deverá

a) cautelarmente afastar o servidor do exercício do cargo e, independentemente de processo


administrativo ou judicial específico, exonerá-lo pela ausência de boa-fé.
b) de ofício, instaurar processo administrativo disciplinar com vistas à demissão do técnico de
enfermagem, por ausência de aptidão técnica específica para desempenho do cargo público.
c) instaurar processo administrativo com vistas à invalidação do ato administrativo de nomeação e
posse do servidor que não comprovou o preenchimento de requisito específico para investidura
naquele cargo público.
d) provocar a Procuradoria Jurídica do Município para representá-la judicialmente em ação
declaratória de inexistência de relação jurídica administrativa entre a municipalidade e o servidor,
que não fará jus a indenização se reconhecida, em juízo, sua má-fé.
e) instaurar processo administrativo com vistas à revisão da avaliação periódica de desempenho
do servidor, ao final do qual, se comprovada ausência de má-fé e desempenho excepcional pelo
servidor, poderá ser fundamentadamente convalidado o ato administrativo de sua nomeação e
posse.

45. (2017/FCC/DPE-PR/Defensor Público) Sobre o tema Agentes Públicos,


a) é aplicável a regra da aposentadoria compulsória por idade também aos servidores públicos
que ocupem exclusivamente cargo em comissão, segundo o Superior Tribunal de Justiça.
b) o desconto em folha de pagamento de servidor público, referente a ressarcimento ao erário,
depende de prévia autorização dele ou de prévio procedimento administrativo que lhe assegure
a ampla defesa e contraditório, segundo o Superior Tribunal de Justiça.

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c) é inconstitucional a “cláusula de barreira” inserida em edital de concurso público, segundo o


Supremo Tribunal Federal.
d) a extinção da punibilidade pela prescrição de determinada infração administrativa será
registrada nos assentamentos funcionais apenas para impedir novamente o mesmo benefício no
prazo de cinco anos, segundo o Superior Tribunal de Justiça.
e) os institutos da estabilidade e do estágio probatório, após alteração promovida pela Emenda
Constitucional n° 19/1998, estão desvinculados, tendo em vista a possibilidade de prorrogação do
estágio probatório.

46. (2017/FCC/DPE-SC/Defensor Público) No tema da remuneração dos servidores públicos, o


Supremo Tribunal Federal, pela via dos RE 602.043 e RE 612.975, decidiu que
a) a acumulação de cargos, desde que estes sejam remunerados, isoladamente, em valor superior
ao teto constitucional, permite ao servidor escolher a remuneração que lhe apetece.
b) nos casos autorizados, constitucionalmente, de acumulação de cargos, empregos e funções, a
incidência do art. 37, inciso XI, da Constituição Federal, pressupõe consideração de cada um dos
vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos
ganhos do agente público.
c) ainda que se trate de vínculos provenientes de diferentes entes federados a incidência do teto
será calculada de maneira única.
d) o teto constitucional é aplicável a todos os servidores públicos, sendo indiferente a acumulação
ou não de cargos, empregos ou funções.
e) somente com autorização judicial é possível a acumulação de vencimentos, hipótese em que
haverá a incidência do teto constitucional de maneira global, ou seja, cada indivíduo está
submetido ao teto.

47. (2017/CESPE/DPU/Defensor Público) Considerando o entendimento do STJ acerca do


procedimento administrativo, da responsabilidade funcional dos servidores públicos e da
improbidade administrativa, julgue o seguinte item.
É possível a instauração de procedimento administrativo disciplinar com base em denúncia
anônima

( ) Certo ( ) Errado

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48. (2017/CESPE/PGE-SE/Procurador do Estado) À luz do entendimento dos tribunais


superiores, assinale a opção correta no que tange à disciplina normativa sobre os direitos e
deveres dos servidores e empregados públicos, inclusive quanto ao regime previdenciário.
a) A contratação temporária de pessoal por tempo determinado é possível, desde que sejam
demonstrados o interesse público profissional e a imprescindibilidade da contratação, ainda que
a excepcionalidade dos casos não esteja prevista em lei.
b) Norma estadual que preveja a redução de vencimentos de servidores públicos afastados de
suas funções enquanto estes responderem a processo criminal não violará a cláusula constitucional
de irredutibilidade de vencimentos.
c) Ocorre, em cinco anos, a prescrição do fundo do direito quanto à pretensão do servidor público
de pleitear a cobrança de remuneração não paga pelo poder público.
d) O candidato aprovado em concurso público cuja classificação entre as vagas oferecidas no edital
se der em razão da desistência de candidatos mais bem classificados no certame não terá direito
subjetivo à nomeação.
e) A percepção do adicional de periculosidade por servidor público não constitui elemento
suficiente para o reconhecimento do direito a aposentadoria especial.

49. (2017/CESPE/PGE-SE/Procurador do Estado) Considerando o entendimento


jurisprudencial e a legislação pertinentes a agentes públicos, assinale a opção correta.
a) Decreto estadual que autorizar a criação de novos cargos públicos para a função de médico
plantonista na rede pública de saúde deverá ser declarado inconstitucional.
b) A nomeação, por governador, de um irmão dele para o cargo de secretário de Estado de
turismo tipificaria caso de nepotismo e violaria a CF.
c) Conforme o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Sergipe, um servidor em
estágio probatório, ocupante de cargo efetivo nesse estado, poderá ser redistribuído para uma
autarquia estadual.
d) Procurador do estado de Sergipe poderá exercer cargo de professor em instituição estadual,
respeitados os requisitos constitucionais tanto de cumulatividade quanto o de teto para a soma
das remunerações percebidas pelo exercício dos dois cargos.
e) Segundo o atual entendimento do STF, a admissão de empregados públicos será considerada
constitucional se for feita por órgão da administração direta.

50. (2017/FMP CONCURSOS/PGE-AC/Procurador do Estado) De acordo com o atual


panorama interpretativo verificado na jurisprudência dos Tribunais Superiores, pode-se afirmar

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sobre o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público fora do número
de vagas disciplinado pelo certame de que participou:
a) O cadastro reserva revela-se por si como medida inidônea para o aproveitamento dos
candidatos aprovados durante a validade do concurso.
b) Os aprovados dentro do cadastro reserva não têm expectativa de direito à nomeação, muito
menos direito subjetivo a serem chamados para o preenchimento da vaga.
c) Incumbe à Administração, no âmbito de seu espaço de discricionariedade exercido de forma
livre, avaliar a conveniência e a oportunidade de novas convocações durante a validade do
certame.
d) O direito subjetivo à nomeação do candidato surge, dentre outras hipóteses, quando, ao
surgirem novas vagas ou ao ser aberto novo concurso durante a validade do certame anterior,
ocorre a preterição de candidatos de forma justificada e motivada por parte da Administração.
e) Demonstrada a existência de vagas e a necessidade de serviço, não pode a Administração deixar
transcorrer o prazo de validade a seu bel prazer para nomear outras pessoas que não aquelas já
aprovadas em concurso válido.

51. (2017/FMP CONCURSOS/PGE-AC/Procurador do Estado) Assinale a alternativa CORRETA


no que se refere à acumulação de cargos públicos.
a) O teto remuneratório é aplicável ao conjunto das remunerações ou ao somatório dos ganhos
percebidos de forma cumulativa.
b) A proibição constitucional de acumular estende-se apenas a empregos e abrange autarquias,
empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações mantidas pelo poder público.
c) Há vedação legal no ordenamento jurídico vigente quanto à acumulação de cargos públicos em
entidades ou órgãos situados em unidades distintas da Federação.
d) A existência de norma jurídica que estipula limitação de jornada semanal dos cargos a serem
acumulados constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação prevista na Constituição.
e) Nos casos de acumulação autorizados pelo texto constitucional, deve-se levar em conta, para a
aplicação do teto remuneratório, separadamente cada um dos vínculos formalizados.

52. (2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE /Procurador Municipal) Em cada um do item


a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a
respeito da organização administrativa e dos atos administrativos.
Em razão de incorporações legais, determinado empregado público recebe uma remuneração que
se aproxima do teto salarial constitucional. Nessa situação, conforme o entendimento do STF, a

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remuneração do servidor poderá ser superior ao teto constitucional se ele receber uma
gratificação por cargo de chefia

( ) Certo ( ) Errado

53. (2017/CESPE/TRF-5ª REGIÃO/Juiz Federal) A respeito de agentes públicos, assinale a


opção correta.
a) Conforme entendimento do STF, para a concessão de licença prêmio na forma de indenização
a servidor público, deverá ser considerada a remuneração bruta do servidor, sem a limitação
constitucional do teto, em razão do seu caráter indenizatório.
b) Caso um ente público com participação em determinada sociedade de economia mista não
aporte, para a sociedade, recursos para despesas de pessoal ou custeio em geral, será legítimo
que os diretores dessa sociedade percebam remuneração além do teto constitucional.
c) Servidor público federal que ingresse no serviço público após a instituição da previdência
complementar no âmbito da União deverá, obrigatoriamente, aderir ao regime de previdência
privada.
d) Situação hipotética: Empregado público ingressou no quadro de servidores de determinada
empresa estatal, sem concurso público, seis anos antes do advento da Constituição Federal de
1988. Assertiva: Nesse caso, ele adquiriu a estabilidade excepcional garantida por artigo do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias, no entanto a efetividade no cargo só será obtida por
concurso público.
e) Servidor público que tenha aderido a plano de previdência complementar administrado por
entidade fechada de previdência complementar e que deseje contribuir com 10% acima do valor
estabelecido pela entidade administradora do plano somente poderá fazê-lo se a contribuição do
ente público ao qual esteja vinculado for também suplementada, a fim de atender ao princípio
constitucional da paridade contributiva.

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4.2. GABARITO SEM COMENTÁRIOS

1. E 19. C 37. A
2. C 20. A 38. D
3. D 21. E 39. E
4. B 22. D 40. A
5. D 23. A 41. ERRADO
6. CERTO 24. A 42. ERRADO
7. CERTO 25. D 43. A
8. ERRADO 26. C 44. C
9. B 27. D 45. B
10. D 28. C 46. B
11. C 29. D 47. CERTO
12. B 30. B 48. E
13. E 31. D 49. A
14. D 32. A 50. E
15. A 33. C 51. E
16. C 34. D 52. ERRADO
17. B 35. C 53. B
18. D 36. D

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4.3. QUESTÕES RESOLVIDAS E COMENTADAS

54. (2019/Instituto Acesso/PC-ES/Delegado de Polícia) Com relação aos agentes públicos em


geral e seu regime jurídico, leia as afirmativas a seguir.
I - Senadores da República não são agentes públicos, mas caracterizam-se como agentes políticos.
II - Agentes públicos podem estar submetidos ao regime jurídico estatutário ou ao regime jurídico
celetista.
III - A atuação como jurado é caracterizada pela ação do particular que colabora com o poder
público.
IV - O servidor público só pode ser demitido após a instauração de processo administrativo
disciplinar, diferentemente do empregado público, para o qual não se aplica a regra celetista de
demissão sem justa causa.
V - Empregado público, por definição, é todo agente público que trabalha em uma Empresa
Estatal.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) II, IV e V.
b) III, IV e V.
c) I, II e III.
d) I, III, V.
e) II, III e IV.

Comentários

Incorreta a assertiva “I”. De fato, considera-se que senadores são agentes políticos. Contudo,
agentes políticos são espécies de agentes públicos, tal qual servidores públicos, empregados
públicos, contratados temporariamente e os que prestam funções honoríficas. Todos esses são
espécies de agentes públicos.

Correta a assertiva “II”. Como agentes públicos formam um gênero com várias espécies, diversos
são os regimes jurídicos aos quais se submetem cada uma das categorias de agentes públicos.
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Servidores efetivos, por exemplo, normalmente sujeitam-se ao regime estatutário, ao passo que
empregados públicos (empregados das empresas estatais, por exemplo) submetem-se ao regime
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Correta a assertiva “III”. Algumas funções episódicas que qualquer cidadão pode exercer faz com
que ele seja também considerado agente público. É o que se conhece por funções honoríficas,
dentre as quais estão os jurados, os mesários das eleições e até mesmo os conscritos (serviço
militar obrigatório).

Correta a assertiva “IV”. O servidor público efetivo, conforme o art. 41, § 1º, da CRFB, pode ser
demitido por processo administrativo que lhe seja assegurada ampla defesa. Contudo, não é a
única maneira de demissão do servidor efetivo, que também pode ser demitido em função de
sentença judicial transitada em julgado e por avaliação periódica de desempenho, nos termos de
lei complementar a ser editada pelo Congresso Nacional. Em relação aos celetistas (empregados
públicos), sua dispensa e demissão é reconhecida pela doutrina como um ato administrativo que
limita direitos, devendo ser devidamente motivado. Vale lembrar que, conforme a Súmula nº 390
do Tribunal Superior do Trabalho, os empregados públicos de empresas públicas ou de
sociedades de economia mista, ainda que admitidos mediante aprovação em concurso público,
não possuem a garantia da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. Logo, podem ser
dispensados mesmo sem justa causa, visto que não possuem a estabilidade constitucional. A
assertiva é passível de questionamento, portanto, apesar de ter sido considerada correta pela
banca.

Incorreta a assertiva “V”. Empregado público é todo aquele que, ao exercer uma função pública,
submete-se ao regime celetista. Há casos de empregados públicos na Administração Direta,
especialmente em municípios menores que não possuem estatuto de servidores, caso em que
esses agentes públicos estarão vinculados ao regime da CLT. Nesses casos, apesar de integrarem
a Administração Direta, utiliza-se a expressão empregados públicos.

Resposta: alternativa “e”.

55. (2019/Instituto Acesso/PC-ES/Delegado de Polícia) Leia as afirmativas a seguir, à luz da


Constituição da República Federativa do Brasil e da legislação infraconstitucional aplicável,
no que se refere à temática do exercício do cargo de servidor no âmbito da Administração
Pública.
I - Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o servidor estável ocupante deste cargo ficará
em disponibilidade, sendo sustada a remuneração que percebia, restituindo-se a remuneração na
hipótese de reaproveitamento do servidor em outro cargo.
II - A contratação temporária feita por ente da Administração é matéria que depende de
estipulação legal e está condicionada à necessidade e ao interesse público.
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III - Servidor estável que passou a ocupar o cargo de outro servidor demitido e que voltou ao
mesmo cargo por força de decisão judicial reintegratória, se estável, deverá ser reconduzido ao
cargo de origem ou posto em disponibilidade.
IV - A avaliação periódica é uma das formas pelas quais o servidor pode perder o cargo, em
conformidade com lei complementar, sendo assegurado, no procedimento de avaliação, o direito
a ampla defesa.
V - Servidor da administração direta, autárquica ou fundacional que for investido no cargo de
Prefeito poderá optar pela sua remuneração.
Marque a alternativa correta:
a) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da IV.
b) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da III.
c) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da I.
d) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da II.
e) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da V.

Comentários

Incorreta a assertiva “I”. A afirmação contraria o art. 41, § 3º da CRFB ao mencionar que a
remuneração do servidor posto em disponibilidade fica sustada. O servidor nessa situação fará jus
a uma remuneração proporcional ao tempo de serviço:

Art. 41, § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará
em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo.

Correta a assertiva “II”. O teor da assertiva vai ao encontro do art. 37, inciso IX, da CRFB, que
dispõe sobre a contratação temporária para atender necessidade temporária de excepcional
interesse público. Trata-se de previsão constitucional de eficácia limitada, pois há que se ter uma
lei para regulamentar o dispositivo da Carta Magna. Eis a previsão da CRFB:

Art. 37, IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;

Correta a assertiva “III”. A assertiva se baseou no disposto no art. 41, § 2º, da CRFB, abaixo
transcrito:

Art. 41, § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele
reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de
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origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em


disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.

Nota-se uma incorreção na assertiva porque ela afirma que o servidor estável que passou a ocupar
o cargo de outro servidor demitido e que voltou ao mesmo cargo por força de decisão judicial
reintegratória deverá ser reconduzido ao cargo de origem ou posto em disponibilidade. Pela
redação da CRFB, são 3 as opções (recondução ao cargo de origem, aproveitamento em outro
cargo ou posto em disponibilidade) e não 2 opções (recondução ao cargo de origem ou posto em
disponibilidade) como disse a assertiva ao utilizar a expressão “deverá”. A assertiva pode ser
questionada, portanto.

Correta a assertiva “IV”. Trata-se de conteúdo previsto no art. 41, § 1º, inciso III da CRFB:

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.

Correta a assertiva “V”. A assertiva respeita o art. 38, inciso II, da CRFB:

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no


exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
[...]
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função,
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;

Resposta: alternativa “c”.

56. (2018/FUMARC/PC-MG/Delegado de Polícia) João, candidato ao cargo de Delegado de


Polícia do Estado de Minas Gerais, inconformado com sua reprovação no certame, impetrou
ação mandamental argumentando a existência de ilegalidade decorrente da formulação de
questões com base em legislação não prevista no edital. Sobre o caso, NÃO é correto afirmar:
(A) A adequação das questões da prova ao programa do edital de concurso público constitui tema
de legalidade, suscetível, portanto, de controle pelo Poder Judiciário.
(B) A banca examinadora é que possui legitimidade para figurar como autoridade coatora.
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(C) A petição inicial será indeferida, com fundamento no artigo 10 da Lei n. 12.016/2009, caso a
impetração ocorra após 120 dias da ciência do ato impugnado.
(D) É vedado ao Poder Judiciário adentrar aos critérios adotados pela banca examinadora do
concurso.

Comentários

Correta a alternativa “a” já que, de acordo com a jurisprudência do STF (RE 434708), a adequação
das questões da prova ao programa do edital de concurso público constitui tema de legalidade
suscetível de exame pelo Poder Judiciário.

Correta a alternativa “b” já que, conforme jurisprudência do STJ (AgRg no RMS 37924), “a
autoridade coatora, para impetração de mandado de segurança, é aquela que pratica ou ordena,
de forma concreta e específica, o ato ilegal, ou, ainda, aquela que detém competência para corrigir
a suposta ilegalidade, conforme se extrai do art. 6º, § 3º, da Lei 12.016/2009”. Como a autoridade
competente para proceder à reclassificação do impetrante seria a banca examinadora responsável
pelo certame, que é a executora direta do ato impugnado, deve ela figurar como autoridade
coatora.

Correta a alternativa “c” porque, conforme inteligência combinada entre os arts. 10 e 23 da Lei nº
12.016, de 2009, que disciplina o mandado de segurança, a inicial será desde logo indeferida, por
decisão motivada, quando decorrido o prazo legal para a impetração que é de 120 dias, contados
da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Incorreta a alternativa “d” porque, em sede de repercussão geral (RE 632.853), o STF fixou a Tese
485 de que não compete ao Poder Judiciário substituir a banca examinadora para reexaminar o
conteúdo das questões e os critérios de correção utilizados, salvo ocorrência de ilegalidade ou de
inconstitucionalidade.

Gabarito “d”.

4. (2019/VUNESP/TJ-RS/ Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento) A respeito


dos agentes públicos, assinale a alternativa correta.
a) A previsão constante exclusivamente no Edital pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação
de candidato a cargo público, desde que compatível com as atribuições do cargo e atendam ao
interesse público.
b) É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época
de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público.

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c) O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o
prazo de validade do certame anterior, gera automaticamente o direito à nomeação dos
candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital.
d) A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à
qual atribuída eficácia retroativa, gera direito às promoções ou progressões funcionais que
alcançariam houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação.
e) Os empregados públicos celetistas não gozam de estabilidade e podem ser demitidos por
decisão imotivada.

Comentários

Incorreta a alternativa “a”. A previsão não deve ser exclusivamente por edital, mas sim por lei,
nos termos da Súmula Vinculante nº 44: “Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a
habilitação de candidato a cargo público.”

Correta a alternativa “b”. A jurisprudência do STF firmou o seguinte entendimento quanto à


impossibilidade de remarcação de testes físicos em concursos públicos (Tema 335 da Repercussão
Geral, RE 630.733/DF):

Inexiste direito dos candidatos em concurso público à prova de segunda chamada nos
testes de aptidão física, salvo contrária disposição editalícia, em razão de circunstâncias
pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, mantida a validade das
provas de segunda chamada realizadas até 15/5/2013, em nome da segurança jurídica.

Como se vê, em regra não há que se falar em segunda chamada para testes de aptidão física.
Apesar disso, o STF excepcionou o caso das gestantes, conforme se identifica nos julgados abaixo
transcritos:

Ressalto, inaplicável ao caso a orientação firmada no julgamento do RE 630.733, Rel.


Min. Gilmar Mendes, julgado sob a sistemática da repercussão geral, no qual decidiu-
se pela impossibilidade de remarcação de teste físico em razão de problema temporário
de saúde quando presente vedação expressa no edital. Com efeito, a hipótese presente
versa situação fática distinta, conforme consignado pela Corte de origem, porquanto
‘(...) não há previsão no edital no sentido de que a candidata será eliminada em virtude
de gravidez (...)’, tampouco constitui estado de gravidez ‘problema temporário de
saúde’. (ARE 820.065-AgR, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, DJe de 17/12/2015).

Diversamente do que sustenta o Agravante, não afronta o princípio da isonomia entre


os candidatos o que decidido pelo Tribunal de origem assegura-o, pois impedir a
candidata grávida de prosseguir no certame seria tratar de maneira desigual pessoa em
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condições peculiares a necessitar de cuidados especiais. Não há como se ter considerar


contrariado o princípio da isonomia, que, conforme assente na doutrina, consiste
justamente em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de
suas desigualdades. Tampouco houve afronta aos requisitos exigidos para a admissão
em concurso público, por se tratar de situação excepcional, sem previsão nas normas
editalícias.” (ARE 901.116, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 06/08/2015)

Incorreta a alternativa “c”. A jurisprudência do STF firmou entendimento no sentido oposto ao


da alternativa, pois o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo
cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à
nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital. Trata-se da tese fixada na
apreciação do Tema de Repercussão Geral nº 784 (RE 837.311):

O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo,


durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito
à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas
as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração,
caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar
a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do
certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo
à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes
hipóteses: I – Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital;
II – Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de
classificação; III – Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante
a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária
e imotivada por parte da administração nos termos acima.

Incorreta a alternativa “d”. Ao apreciar o Tema 454 da sistemática de Repercussão Geral, sendo
o leading case o RE nº 629.392, o STF fixou a seguinte tese, que vai de encontro ao que foi
afirmado na alternativa:

A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato


judicial, à qual atribuída eficácia retroativa, não gera direito às promoções ou
progressões funcionais que alcançariam houvesse ocorrido, a tempo e modo, a
nomeação.

Incorreta a alternativa “e”. O STF, em entendimento exarado no RE 589.998, reiterou sua posição
no sentido de que os empregados públicos celetistas não fazem jus à estabilidade prevista no art.
41 da CRFB. Por outro lado, fixou-se tese no sentido de que a empresa estatal tem o dever jurídico
de motivar a demissão de seus empregados (Tema 131 da Repercussão Geral):

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A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT tem o dever jurídico de motivar,


em ato formal, a demissão de seus empregados

Resposta: alternativa “b”.

5. (2019/MP-SP/MP-SP/Promotor de Justiça) Em relação ao regime jurídico dos agentes


públicos, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A não observância do princípio do concurso público inscrito no art. 37, II, da Constituição
Federal implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei.
b) É inconstitucional a vinculação dos subsídios devidos aos agentes políticos locais (Prefeito, Vice-
Prefeito e Vereadores) à remuneração estabelecida em favor dos servidores públicos municipais.
c) É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem
prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a
carreira na qual fora anteriormente investido.
d) Para que se considere válida a contratação temporária, é preciso que os casos excepcionais
estejam previstos em lei, que o prazo de contratação seja predeterminado, que a necessidade seja
temporária, que o interesse público seja excepcional, e a necessidade de contratação seja
indispensável, admitindo-se nessas hipóteses, a contratação para a prestação dos serviços
ordinários permanentes do Estado.
e) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de funções de direção,
chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas
ou operacionais. Tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade
nomeante e o servidor nomeado.

Comentários:

Correta a alternativa “a” que está em linha com o §2º do art. 37 da CRFB.

Correta a alternativa “b” que está em linha com o inciso XIII do art. 37 da CRFB.

Correta a alternativa “c” que está em linha com a Súmula Vinculante 43 do STF.

Incorreta a alternativa “d” porque, de acordo com o STF, no julgamento da ADI 2.987 e 3.430, há
inconstitucionalidade se utilizada para admissão de servidores para funções burocráticas ordinárias
e permanentes.

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“Servidor público: contratação temporária excepcional (CF, art. 37, IX):


inconstitucionalidade de sua aplicação para a admissão de servidores para funções
burocráticas ordinárias e permanentes”.

Correta a alternativa “e” que está em linha com o inciso V, do art. 37, da CRFB.

Gabarito: D.

6. (2019/CEBRASPE/DP-DF/Defensor Público) A remuneração de servidor público que executar


trabalho noturno e também horas extras será paga da seguinte forma: calcula-se o acréscimo
referente às horas extras e, sobre o total obtido, aplica-se o adicional noturno.
( ) Verdadeiro ( ) Falso

Comentários:

A banca não fixou no enunciado da assertiva se tratar exclusivamente de servidor público civil na
esfera federal, cujo regime jurídico é disciplinado pela Lei nº 8.112, de 1990.

A expressão “servidor público” não se restringe ao servidor civil federal, mas abrange todos os
servidores públicos de todos os entes da federação que, sob o regime estatutário, são
disciplinados em leis de cada um desses entes federativos, já que se trata de competência comum.

Nessa linha, apenas como exemplo, o STF ao julgar o ARE 1158278/CE (inicialmente em decisão
monocrática da Ministra Cármem Lúcia, em outubro de 2018, e posteriormente, em março de
2019, por unanimidade, em decisão da segunda turma do supremo) decidiu negar provimento ao
recurso extraordinário com agravo que pedia que os cálculos do adicional de hora extra incidissem
sobre o valor da hora noturna majorada, não sobre o valor da hora normal de trabalho.

Ou seja, foi mantida decisão do Tribunal de Justiça do Ceará que privilegiou o teor do art. 114 do
Estatuto do Servidor Público do Município de Fortaleza (Lei nº 6.794/90), cujo teor é:

Art. 114 – O serviço extraordinário será calculado com acréscimo de 50% (cinquenta
por cento) em relação à hora normal de trabalho, incidindo sobre a remuneração do
servidor, excetuando-se a representação de cargo comissionado.

O TJ-CE assim se manifestou:

“O legislador, pois, expressamente fixou como base de cálculo do adicional pelo serviço
extraordinário a hora normal trabalhada (…)
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O percentual de 50% (cinquenta por cento) das horas extras não deve ser aplicado
sobre a hora noturna já majorada em 20% (vinte por cento)”.

Portanto, conclui-se que não necessariamente será aplicada a regra do art. 75, parágrafo único,
da Lei nº 8.112/1990, podendo incidir as regras específicas presentes nos Estatutos dos Servidores
Públicos dos diferentes entes da federação, inclusive de forma diversa do que prevê a Lei nº
8.112/1990.

Gabarito da banca: Certo.

7. (2019/CEBRASPE/DP-DF/Defensor Público) Segundo o STF, o surgimento de novas vagas ou


a abertura de novo concurso para o mesmo cargo de certame anterior cujo prazo de validade
ainda não tenha terminado, em regra, não gera automaticamente o direito à nomeação dos
candidatos aprovados no certame anterior fora das vagas previstas no edital.
( ) Verdadeiro ( )Falso

Comentários:

A assertiva está em linha com a jurisprudência do STF, em especial, RE 837.311, RE 598.099 e RMS
31.478:

“A tese objetiva assentada em sede desta repercussão geral é a de que o surgimento


de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo
de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos
candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de
preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizadas por
comportamento tácito ou expresso do poder público capaz de revelar a inequívoca
necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a
ser demonstrada de forma cabal pelo candidato) [RE 837.311, rel. min. Luiz Fux, j. 9-12-
2015, P, DJE de 18-4-2016, Tema 784.] Vide RE 598.099, rel. min. Gilmar Mendes, j. 10-
8-2011, P, DJE de 3-10-2011, Tema 161 Vide RMS 31.478, rel. p/ o ac. min. Edson
Fachin, j. 9-8-2016, 1ª T, DJE de 21-10-2016″.

Gabarito: Verdadeiro.

8. (2019/CEBRASPE/DP-DF/Defensor Público) O STF considera constitucional a aplicação de


subteto remuneratório estadual ou distrital, no âmbito do Poder Judiciário, correspondente
ao subsídio dos desembargadores do tribunal de justiça local.
( ) Verdadeiro ( )Falso
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Comentários:

A banca justificou o gabarito com a ADI-MC 3.854/DF, de 2007. Ocorre que, no julgamento da
ADI 4.900, em 2015, o STF assentou o posicionamento de que o poder judiciário pode definir um
subteto em âmbito Estadual (extensível ao DF), sendo este subteto o subsídio dos
desembargadores do Tribunal de Justiça.

Veja:

“No que respeita ao subteto dos servidores estaduais, a Constituição estabeleceu a


possibilidade de o Estado optar entre: a definição de um subteto por poder, hipótese
em que o teto dos servidores da Justiça corresponderá ao subsídio dos
desembargadores do Tribunal de Justiça (art. 37, XI, CF, na redação da EC 41/2003); e
a definição de um subteto único, correspondente ao subsídio mensal dos
desembargadores do Tribunal de Justiça, para todo e qualquer servidor de qualquer
poder, ficando de fora desse subteto apenas o subsídio dos deputados (art. 37, § 12,
CF, conforme redação da EC 47/2005). [ADI 4.900, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j.
11-2-2015, P, DJE de 20-4-2015.]”

Portanto, a redação como apresentada é contrária ao posicionamento apresentado na ADI 4.900


pelo STF.

Gabarito da banca: Falso.

9. (2019/CESPE/TCE-RO/Procurador do Ministério Público de Contas) Constitui violação aos


princípios constitucionais da administração pública
a) nomeação de cônjuge de prefeito para o cargo de secretário estadual, mesmo que o nomeado
possua inegável qualificação técnico-profissional e idoneidade moral.
b) limitação de idade, por ato administrativo, para fins de inscrição em concurso público, ainda
que tal medida esteja fundamentada na natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
c) publicação, em sítio eletrônico mantido pela administração pública, de nomes de servidores e
dos valores dos respectivos vencimentos e vantagens pecuniárias.
d) atribuição de nome de governador já falecido, reconhecido pela defesa dos direitos humanos,
a escola pública de rede estadual de educação.
e) anulação, pela administração pública, de ato administrativo ilegal, independentemente de prazo
e da existência de direito adquirido.

Comentários
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Incorreta a alternativa “a”. Segundo o STF, não viola os princípios constitucionais a nomeação de
cônjuge de prefeito para cargo de secretário. Vejamos um exemplo:

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem majoritariamente afastado a


aplicação da Súmula Vinculante 13 aos cargos de natureza política, conceito no qual se
incluem os secretários municipais ou estaduais. [Rcl 29.099, rel. min. Roberto Barroso,
dec. monocrática, j. 4-4-2018, DJE 66 de 9-4-2018].

A jurisprudência do STF preconiza que, ressalvada situação de fraude à lei, a nomeação


de parentes para cargos públicos de natureza política não desrespeita o conteúdo
normativo do enunciado da Súmula Vinculante 13. [RE 825.682 AgR, rel. min. Teori
Zavascki, 2ª T, j. 10-2-2015, DJE 39 de 2-3-2015.]

Nesse sentido, vale reproduzir também o teor da Súmula Vinculante nº 13:

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por


afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.

Correta a alternativa “b”. A alternativa vai ao encontro da jurisprudência do STF, conforme o


enunciado de Súmula nº 683:

O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art.


7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do
cargo a ser preenchido.

Incorreta a alternativa “c”. Em respeito ao princípio da publicidade, o Plenário do Supremo


Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 652.777, decidiu,
por unanimidade, que é legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela
Administração Pública, do nome de servidores e dos valores dos correspondentes vencimentos e
vantagens pecuniárias, dessa forma, não viola os princípios constitucionais.

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Incorreta a alternativa “d”. O princípio da impessoalidade não é violado quando há atribuições de


nomes de pessoas falecidas a obras e repartições públicas. Trata-se de homenagem à memória da
pessoa em questão.

Incorreta a alternativa “e”. De fato, não constitui violação aos princípios constitucionais se a
administração anular um ato administrativo ilegal, pois ele não gera direito adquirido. Contudo, a
fim de resguardar o terceiro de boa-fé e em homenagem ao princípio da proteção à confiança, é
possível que os efeitos do ato administrativo eivado de ilegalidade sejam preservados.

Resposta: alternativa “b”.

10. (2019/VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto) De acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, é


correto afirmar que o servidor em desvio de função
(A) tem direito ao reenquadramento para o cargo exercido de fato e à remuneração
correspondente a partir daquele ato.
(B) tem direito ao reenquadramento para o cargo exercido de fato, se houver previsão legal, além
da remuneração correspondente a partir daquele ato e indenização correspondente às diferenças
remuneratórias relativas ao período pretérito.
(C) não tem direito às diferenças de vencimentos de um e outro cargo, porque vedado ao
Judiciário conceder equiparação ou aumento de vencimentos com base na isonomia.
(D) tem direito às diferenças de vencimentos de um e outro cargo a título de indenização, mantido,
porém, no cargo efetivo.

Comentários

Incorreta a alternativa “a”. O STJ, por meio da Súmula 378, consolidou o seguinte entendimento:
“Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais decorrentes”. Repare
que não se fala em reenquadramento, hipótese em que o servidor mudaria de nível na carreira por
conta de exercer outras atribuições, mas somente em receber a remuneração corresponde. O STF
também já apreciou essa questão, possuindo entendimento semelhante ao exposto
anteriormente: “Firmou-se o entendimento do Supremo Tribunal, no sentido de que o desvio de
função ocorrido em data posterior à Constituição de 1988 não pode dar ensejo ao
reenquadramento. No entanto, tem o servidor direito de receber a diferença das remunerações,
como indenização, sob pena de enriquecimento sem causa do Estado: precedentes” (AI 339.234-
AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ 4.2.2005)”.

Incorreta a alternativa “b”. Conforme exposto anteriormente, não há que se falar em


reenquadramento, ainda que houvesse previsão legal. Poder-se-ia cogitar a constitucionalidade
dessa eventual previsão legal, especialmente em virtude do entendimento consolidade na Súmula

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Vinculante nº 43: “É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor


investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo
que não integra a carreira na qual anteriormente investido”.

Incorreta a alternativa “c”. Não obstante não tenha direito ao reenquadramento, a jurisprudência
evidencia que o servidor de fato possui direito às diferenças remuneratórias pelo período em que
ficou em desvio de função.

Correta a alternativa “d”. A alternativa condiz com a jurisprudência citada nos comentários
anteriores, na qual haverá apenas o direito à percepção das diferenças remuneratórias entre o
cargo efetivo que ocupa e a função desempenhada no caso do desvio mencionado pelo
enunciado. Não há que se falar em reenquadramento, portanto.

Resposta: alternativa “D”.

11. (2019/MP-GO/MP-GO/Promotor Substituto (prova anulada) Com relação ao concurso


público, aponte a alternativa que não representa a jurisprudência do STF:
a) Com o fim de selecionar os candidatos mais bem classificados para prosseguir no certame, não
viola a Constituição Federal regra que insere no edital de concurso público a denominada cláusula
de barreira.
b) Viola a Constituição Federal a manutenção no cargo, sob o fundamento de fato consumado, de
candidato não aprovado que nele tomou posse em virtude de medida liminar ou outro provimento
judicial de natureza precária, supervenientemente revogado ou modificado.
c) É inconstitucional a previsão expressa no edital que confere ao candidato o direito à prova de
segunda chamada nos testes de aptidão física, uma vez que existiria clara violação ao princípio da
isonomia no acesso aos cargos públicos.
d) O Poder Judiciário não pode agir como instância revisora de banca de concurso público para
reexaminar o conteúdo das questões e os critérios de correção utilizados, a não ser que o juízo
realizado se refira à compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o previsto no
edital do certame.

Comentários

Incorreta a alternativa “a”. Ao enfrentar a questão das cláusulas de barreira, o STF firmou
entendimento no sentido da constitucionalidade de tais cláusulas. No julgamento do RE
635.739/AL, fixou-se a seguinte tese: “É constitucional a regra inserida no edital de concurso
público, denominada cláusula de barreira, com o intuito de selecionar apenas os candidatos mais
bem classificados para prosseguir no certame”. Como a questão requer que o candidato assinale
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a alternativa incorreta, tal alternativa, por estar aderente ao entendimento do STF, não deve ser
assinalada.

Incorreta a alternativa “b”. A alternativa praticamente reproduz uma tese de repercussão geral
aprovada pelo STF no âmbito do julgamento do RE 608.482 (Tema 476). A tese é a seguinte: “Não
é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a manutenção no cargo,
sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou posse em
decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de natureza
precária, supervenientemente revogado ou modificado.” Portanto, por estar correta, a alternativa
não deve ser assinalada.

Correta a alternativa “c”. No julgamento do RE 1.058.333/PR, o STF, ao apreciar o tema 973 de


repercussão geral, fixou o seguinte entendimento: “É constitucional a remarcação do teste de
aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua realização, independentemente da
previsão expressa em edital do concurso público”. Portanto, no caso de candidatas gestantes, a
remarcação do teste físico é constitucional, o que inviabiliza o conteúdo da alternativa. Por estar
incorreta, é o gabarito da questão.

Incorreta a alternativa “d”. O conteúdo da alternativa vai ao encontro da tese fixada no âmbito do
tema 485 de repercussão geral RE 632.853/CE: “Não compete ao Poder Judiciário substituir a
banca examinadora para reexaminar o conteúdo das questões e os critérios de correção utilizados,
salvo ocorrência de ilegalidade ou de inconstitucionalidade”. Trata-se de alternativa que, por estar
correta, não deve ser assinalada pelo candidato.

Gabarito: Letra “c”.

12. (2019/VUNESP/Prefeitura Ribeirão Preto-SP/Procurador do Município) Assinale a alternativa


que apresenta condição(ões) constitucional(is) indispensável(is) à aquisição de estabilidade em
cargo público efetivo.
a) Decurso de três anos de efetivo exercício no cargo; transcorrido o prazo mínimo, a estabilidade
independe de manifestação favorável à confirmação do servidor, emitida por comissão instituída
para realizar avaliação especial de desempenho.
b) Decurso de três anos de efetivo exercício e manifestação favorável à confirmação do servidor,
emitida por comissão instituída para realizar avaliação especial de desempenho.
c) Decurso de dois anos de efetivo exercício; transcorrido o prazo, a estabilidade independe de
manifestação favorável à confirmação do servidor, emitida por comissão instituída para realizar
avaliação especial de desempenho.

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d) Decurso de dois anos de efetivo exercício e manifestação favorável à confirmação do servidor,


emitida por comissão instituída para realizar avaliação especial de desempenho.
e) Decurso de trinta meses de efetivo exercício e manifestação favorável à confirmação do
servidor, emitida por comissão instituída para realizar avaliação especial de desempenho.

Comentários

Incorreta a alternativa “a”. De acordo com a CRFB, art. 41, são estáveis após três anos de efetivo
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
público. No § 4º deste mesmo artigo, como condição para a aquisição da estabilidade, é
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.

Correta a alternativa “b”. Assertiva em consonância com o que dispõe a CRFB/88 no art. 41: ”São
estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento
efetivo em virtude de concurso público”. No § 4º deste mesmo artigo, como condição para a
aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
instituída para essa finalidade.

Incorreta a alternativa “c”. Apesar da Lei Federal nº 8.112/90 prever, em seu art. 21, a estabilidade
ao servidor público após completar 2 anos de efetivo exercício, a norma constitucional se sobrepôs
a esse dispositivo com a Emenda Constitucional nº 19/1998, que alterou o art. 41, passando para
3 anos de efetivo exercício para a aquisição da estabilidade.

Incorreta a alternativa “d”. Conforme o art. 41 da CRFB, são estáveis após três anos de efetivo
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
público.

Incorreta a alternativa “e”. De acordo com a CRFB, art. 41, são estáveis após três anos de efetivo
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
público.

Resposta: alternativa “b”.

13. (2019/VUNESP/Pref. Francisco Morato/Procurador) Considere o caso hipotético de um


candidato aprovado em concurso público que teve a sua nomeação invalidada antes da posse.
A esse respeito, é correto ao afirmar que
a) o Superior Tribunal de Justiça sumulou o assunto determinando que a nomeação de funcionário
concursado pode ser desfeita antes da posse.

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b) o Supremo Tribunal Federal sumulou o assunto determinando que o funcionário nomeado por
concurso não tem direito à posse.
c) o Superior Tribunal de Justiça sumulou o assunto determinando que a nomeação de funcionário
sem concurso pode ser desfeita antes da posse.
d) o Superior Tribunal de Justiça sumulou o assunto determinando que o funcionário nomeado
por concurso não tem direito à posse.
e) o Supremo Tribunal Federal sumulou o assunto determinando que o funcionário nomeado por
concurso tem direito à posse.

Comentários

O assunto tratado pela questão está sumulado pelo Supremo Tribunal Federal. Trata-se da Súmula
nº 16 que, embora antiga e pré-constitucional, encontra-se em vigência. O teor da súmula é o
seguinte: “Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse”.

Incorreta a alternativa “a”. O assunto não é objeto de súmula do Superior Tribunal de Justiça.

Incorreta a alternativa “b”. Conforme se identifica na redação da Súmula nº 16 do Supremo


Tribunal Federal, é justamente o oposto daquilo que é afirmado na alternativa, pois o funcionário
nomeado por concurso tem direito à posse.

Incorreta a alternativa “c”. O assunto não foi sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, mas sim
pelo Supremo Tribunal Federal por meio da Súmula nº 17, cuja redação é a seguinte: “A nomeação
de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da posse”.

Incorreta a alternativa “d”. Além de não ter sido sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, tem-
se que o correto é que o funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.

Correta a alternativa “e”. A alternativa praticamente reproduz a Súmula nº 16 do Supremo Tribunal


Federal.

Gabarito: Letra “e”.

14. (2019/CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito) Se os servidores estatutários de uma autarquia


ambiental deflagrarem greve e pararem de trabalhar,
a) a greve será, de pronto, ilegal, visto que ainda não foi editada lei que regulamente a greve no
serviço público.

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b) a greve poderá ser considerada legal se o Estado der causa à deflagração, assim como ocorreria
no caso de servidores policiais civis.
c) a administração pública poderá agir discricionariamente para escolher se desconta da
remuneração dos servidores os dias parados.
d) a greve poderá ser declarada legal, porém a administração pública deverá, em regra, descontar
da remuneração dos servidores os dias parados.
e) a administração pública será obrigada, caso haja requerimento de sindicato ou associação, a
promover uma compensação pelas horas não trabalhadas, evitando o desconto na remuneração
dos servidores.

Comentários

Incorreta a alternativa “a”. De fato, não foi editada a lei a que se refere o art. 37, VII, da CF/88.
Como se trata de uma norma constitucional de eficácia limitada, foram ajuizados mandados de
injunção no STF em virtude da impossibilidade do exercício do direito de greve pelos servidores
públicos, diante da inexistência da lei regulamentadora (vide MIs 670, 708 e 712). Esses julgados
reconheceram a possibilidade de greve de servidores públicos, aplicando-se a Lei Federal nº
7.783/89 (Lei Geral de Greve). Logo, a greve não é ilegal simplesmente pela inexistência da lei.

Incorreta a alternativa “b”. De fato, greve de servidores públicos pode ser considerada legal.
Contudo, o direito de greve não se aplica a servidores da área de segurança pública, conforme o
Tema de Repercussão Geral nº 541 do STF:

“1 - O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos


policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de
segurança pública. 2 - É obrigatória a participação do Poder Público em mediação
instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do
art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria.”

Incorreta a alternativa “c”. No Recurso Extraordinário nº 693.456, ficou decidida a Tese 531 de
Repercussão Geral, nos dizeres a seguir:

“A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação


decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da
suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de
acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público”.

Portanto, a regra geral é que a Administração Pública proceda ao desconto, PODENDO haver
compensação das horas paradas em função de acordo. Por outro lado, se a greve se deu em
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virtude de ilicitude praticada pelo Poder Público, não há que se falar em desconto nas
remunerações.

Correta a alternativa “d”. Conforme afirmado nos comentários da alternativa C, a regra geral é
pelo desconto na remuneração dos servidores. Ademais, as greves de servidores são possíveis e
reconhecidas pelo STF, mesmo diante da inexistência de lei específica apta a regulamentar o
assunto.

Incorreta a alternativa “e”. Também conforme consta nos comentários da alternativa C, não há
obrigatoriedade em existir a compensação das horas paradas a fim de se evitar o desconto nas
remunerações. Isso se dará apenas se houver acordo.

15. (2019/ FUNDEP/DPE-MG/Defensor Público) Sobre o ingresso dos servidores públicos na


Administração Pública, é correto afirmar:
A) É constitucional a regra inserida no edital de concurso público, denominada cláusula de barreira,
com o intuito de selecionar apenas os candidatos mais bem classificados para prosseguir no
certame.
B) O servidor que tenha tomado posse no cargo em decorrência de medida liminar posteriormente
revogada tem direito a permanecer no cargo com fundamento na “teoria do fato consumado” e
no princípio da proteção da confiança legítima, caso decorridos mais de cinco anos desde a posse.
C) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o candidato aprovado em concurso
público dentro do número de vagas indicado no edital tem direito subjetivo a ser nomeado, ainda
que, após a publicação do edital, aconteça um fato superveniente não previsto pela Administração
Pública.
D) O servidor desligado da Administração Pública em caso de nulidade na contratação temporária
faz jus à percepção da remuneração pelo período efetivamente trabalhado, mas não a verbas de
natureza trabalhista, tais como FGTS, aviso prévio e seguro desemprego.

Comentários:

A) CORRETA. Está em linha com a posição do STF no julgamento do RE 635.739, que fixou com
repercussão geral o tema 376. A ementa do aludido julgado é:

Recurso Extraordinário. Repercussão Geral. 2. Concurso Público. Edital. Cláusulas de


Barreira. Alegação de violação aos arts. 5º, caput, e 37, inciso I, da Constituição Federal.
3. Regras restritivas em editais de concurso público, quando fundadas em critérios
objetivos relacionados ao desempenho meritório do candidato, não ferem o princípio
da isonomia. 4. As cláusulas de barreira em concurso público, para seleção dos
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candidatos mais bem classificados, têm amparo constitucional. 5. Recurso


extraordinário provido.

B) INCORRETA. Porque é inaplicável a teoria do fato consumado para manutenção em


cargo público de candidato não aprovado em concurso público, ainda que tenha sido nomeado
para o cargo com amparo em medida judicial precária. Ou seja, não tem direito a permanecer no
cargo se a decisão final for contrária à pretensão do candidato. Nessa linha é o RE 608.482 julgado
pelo STF.

C) INCORRETA. Em que pese ser a regra a fixação do direito subjetivo à nomeação para o
candidato aprovado dentro do número de vagas (STF RE 598.099), há alguns casos excepcionais
que precisam cumprir as seguintes características: a) Superveniência: os eventuais fatos
ensejadores de uma situação excepcional devem ser necessariamente posteriores à publicação do
edital do certame público; b) Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por circunstâncias
extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do edital; c) Gravidade: os acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves, implicando onerosidade
excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital; d)
Necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve
ser extremamente necessária, de forma que a administração somente pode adotar tal medida
quando absolutamente não existirem outros meios menos gravosos para lidar com a situação
excepcional e imprevisível.

D) INCORRETA. De acordo com o julgamento do STF no RE 596.478: “É constitucional o art. 19-


A da Lei 8.036/1990, o qual dispõe ser devido o depósito do FGTS na conta de trabalhador cujo
contrato com a administração pública seja declarado nulo por ausência de prévia aprovação em
concurso público, desde que mantido o seu direito ao salário”. Mesmo quando reconhecida a
nulidade da contratação do empregado público, nos termos do art. 37, § 2º, da CF, subsiste o
direito do trabalhador ao depósito do FGTS quando reconhecido ser devido o salário pelos
serviços prestados.

Gabarito: Alternativa “a”.

16. (2019/ FUNDEP/DPE-MG/Defensor Público) Analise as afirmativas a seguir.


I. Segundo entendimento exarado pelo Supremo Tribunal Federal, a Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) não é obrigada a realizar concurso público para admitir seus empregados.
PORQUE
II. A OAB é uma autarquia sui generis vinculada à administração pública indireta.
A respeito dessas afirmativas, assinale a alternativa correta.
A) As afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não justifica a I.
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B) As afirmativas I e II são verdadeiras e a II justifica a I.


C) A afirmativa I é verdadeira e a II é falsa.
D) A afirmativa I é falsa e a II é verdadeira.

Comentários:

A questão aborda o julgamento da ADI 3026 pelo STF:

1. A Lei n. 8.906, artigo 79, § 1º, possibilitou aos “servidores” da OAB, cujo regime
outrora era estatutário, a opção pelo regime celetista. Compensação pela escolha:
indenização a ser paga à época da aposentadoria. 2. Não procede a alegação de que a
OAB sujeita-se aos ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta. 3. A
OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço
público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas
existentes no direito brasileiro. 4. A OAB não está incluída na categoria na qual se
inserem essas que se tem referido como “autarquias especiais” para pretender-se
afirmar equivocada independência das hoje chamadas “agências”. 5. Por não
consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a
controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-
vinculação é formal e materialmente necessária. 6. A OAB ocupa-se de atividades
atinentes aos advogados, que exercem função constitucionalmente privilegiada, na
medida em que são indispensáveis à administração da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É
entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção de advogados. Não
há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público. 7. A
Ordem dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e independência,
não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A
OAB não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade
institucional. 8. Embora decorra de determinação legal, o regime estatutário imposto
aos empregados da OAB não é compatível com a entidade, que é autônoma e
independente. 9. Improcede o pedido do requerente no sentido de que se dê
interpretação conforme o artigo 37, inciso II, da Constituição do Brasil ao caput do
artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a aplicação do regime trabalhista aos servidores
da OAB. 10. Incabível a exigência de concurso público para admissão dos contratados
sob o regime trabalhista pela OAB. 11. Princípio da moralidade. Ética da legalidade e
moralidade. Confinamento do princípio da moralidade ao âmbito da ética da
legalidade, que não pode ser ultrapassada, sob pena de dissolução do próprio sistema.
Desvio de poder ou de finalidade. 12. Julgo improcedente o pedido.

Gabarito: Alternativa “c”.

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17. (2019/IADES/AL-GO/Procurador) Como decorrência do regime jurídico-administrativo que


é próprio aos agentes públicos, várias instâncias de responsabilidade lhes são impostas,
justificando-se, assim, o estudo do tema na doutrina e na jurisprudência. A esse respeito, assinale
a alternativa correta.
a) Na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), foi firmado entendimento de que a
responsabilidade por crimes dos agentes políticos e dos agentes públicos em geral é a mesma,
sob pena de ferimento das garantias penais previstas constitucionalmente.
b) Ao interpretar a previsão constitucional de que a lei estabelecerá os prazos de prescrição para
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que cause prejuízos ao erário, ressalvadas
as respectivas ações de ressarcimento, o STF firmou entendimento de que é prescritível a ação de
reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.
c) Recente alteração na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro fez constar que o agente
público responderá pessoalmente pelas respectivas decisões ou opiniões técnicas somente em
caso de dolo ou fraude.
d) Em julgamento recente, o STF entendeu serem imprescritíveis as ações de ressarcimento ao
erário fundadas na prática de ato doloso ou culposo tipificado na Lei de Improbidade
Administrativa.
e) O rol de todas as sanções administrativo-disciplinares, em face da autonomia político-
administrativa dos entes públicos, é de competência livre da criação estatutário-legislativa de cada
ente.

Comentários

A) ERRADA. Há dois dispositivos legais que servem como referência para resolver a questão. O
primeiro deles está na Lei 8.666/93, especificamente em seu art. 84:

Art. 84, § 2º: A pena imposta será acrescida da terça parte, quando os autores dos
crimes previstos nesta Lei forem ocupantes de cargo em comissão ou de função de
confiança em órgão da Administração direta, autarquia, empresa pública, sociedade de
economia mista, fundação pública, ou outra entidade controlada direta ou
indiretamente pelo Poder Público.

O Código Penal, no art. 327, tem previsão semelhante a essa da Lei 8.666/93:

Art. 327, § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de
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direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia


mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.

Logo, agentes públicos que ocupam cargos em comissão ou funções de confiança terão a
majorante de um terço da pena. Ambas as leis silenciam quanto a agentes políticos.

Contudo, ao apreciar a temática de crimes cometidos por agentes políticos, o STF reconheceu a
incidência da majorante de um terço da pena do art. 327, § 2º, do Código Penal. Portanto, em
sede de matéria penal, aplica-se essa majorante também para agentes políticos. Veja o julgado
abaixo, com os trechos relevantes em destaque:

“É entendimento reiterado desta Corte que a causa de aumento de pena prevista no §


2º do art. 327 do Código Penal se aplica aos agentes detentores de mandato eletivo
que exercem, cumulativamente, as funções política e administrativa (ROHC 110.513/RJ,
Rel. Min. Joaquim Barbosa – Data de publicação: 18/06/2012).”

Portanto, na visão do STF, a possibilidade de haver maior responsabilização sobre agentes


políticos não viola garantias penais previstas constitucionalmente.

DICA - CUIDADO PARA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:

De acordo com o STF, o Presidente da República é o ÚNICO AGENTE POLÍTICO que não está
sujeito ao Duplo Regime Sancionatório, por força do art. 86, § 4º da CF/88:

Art. 86, § 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

Os demais agentes políticos podem responder normalmente por crimes praticados (caso em que
poderá haver foro por prerrogativa de função, caso o crime tenha sido cometido durante o
mandato e em função dele) e por atos de improbidade administrativa (NÃO HÁ foro por
prerrogativa de função).

B) CORRETA. No entendimento do STF, a imprescritibilidade das ações de ressarcimento prevista


no art. 37, § 5º, da CF/88 não se aplica para os casos de indenizações decorrentes de ilícito civil,
mas somente aos casos de improbidade administrativa. Veja a ementa do julgado paradigma:

CONSTITUCIONAL E CIVIL. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. IMPRESCRITIBILIDADE.


SENTIDO E ALCANCE DO ART. 37, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. 1. É prescritível a ação
de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. 2. Recurso
extraordinário a que se nega provimento (RE 669.069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki).

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Portanto, a pretensão do Estado de cobrar danos causados à Fazenda Pública que tenham
decorrido de ilícitos civis está sujeita à prescrição. Somente o ressarcimento por ato DOLOSO de
improbidade é imprescritível (sobre o assunto, veja o comentário da alternativa D).

E qual é o prazo de prescrição aplicável?

Há duas correntes:

- O STF já decidiu com base no art. 206, § 3º, V, do Código Civil, em que a pretensão de reparação
civil prescreve em 3 (três) anos;

- O STJ já decidiu com base no prazo geral do Decreto 20.910/32, que prevê o prazo prescricional
de 5 (cinco) anos para as dívidas passivas dos entes federados (prescrição quinquenal).

Esse assunto ainda não está pacificado, mas é bom estar ciente sobre a posição de cada uma das
Cortes para poder responder às questões.

C) ERRADA. O artigo 28 da LINDB (Decreto-Lei nº 4.657/42) é bem claro quanto a isso:

Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.

Portanto, o dispositivo legal fala em erro grosseiro, e não fraude.

D) ERRADA. No julgamento do RE 852.475/SP, o STF fixou a seguinte tese: “São imprescritíveis


as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de
Improbidade Administrativa”.

Trata-se de um julgado importantíssimo para fins de provas!! No entendimento do STF, em


julgamento apertado (foram 6 votos contra 5), apenas as ações de ressarcimento de atos
DOLOSOS de improbidade é que são imprescritíveis. Portanto, para atos CULPOSOS de
improbidade (condutas discriminadas no art. 10 da Lei nº 8.429/92), há a incidência de prazo
prescricional para a ação de ressarcimento.

Portanto, para atos de improbidade praticados com culpa, a Administração possui o prazo do art.
23 da Lei 8.429/92 para proceder ao ajuizamento das ações de ressarcimento (cinco anos).

E) ERRADA. Embora os entes federados tenham autonomia para elaborar os estatutos dos seus
servidores, os Estados-membros, Distrito Federal e Municípios não podem inovar em todas as
sanções administrativo-disciplinares.

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A União, por ser a detentora da competência legislativa para legislar sobre direito penal e direito
processual (art. 22, inciso I, da CF/88), fornece todos os contornos possíveis de serem admitidos
sobre questões sancionatórias e de aplicação de penalidades.

É competência privativa da União legislar, por exemplo, sobre crimes de responsabilidade


(infrações político-administrativas), conforme a Súmula Vinculante nº 46: “A definição dos crimes
de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são
de competência legislativa privativa da União”. Logo, no que diz respeito a crimes de
responsabilidade (que não são crimes propriamente, mas sim infrações político-administrativas),
não há livre criação para os entes federados, como a alternativa deixa a entender.

18. (2019/CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito) Se os servidores estatutários de uma autarquia


ambiental deflagrarem greve e pararem de trabalhar,
a) a greve será, de pronto, ilegal, visto que ainda não foi editada lei que regulamente a greve no
serviço público.
b) a greve poderá ser considerada legal se o Estado der causa à deflagração, assim como ocorreria
no caso de servidores policiais civis.
c) a administração pública poderá agir discricionariamente para escolher se desconta da
remuneração dos servidores os dias parados.
d) a greve poderá ser declarada legal, porém a administração pública deverá, em regra, descontar
da remuneração dos servidores os dias parados.
e) a administração pública será obrigada, caso haja requerimento de sindicato ou associação, a
promover uma compensação pelas horas não trabalhadas, evitando o desconto na remuneração
dos servidores.

Comentários

A) ERRADA. De fato, não foi editada a lei a que se refere o art. 37, VII, da CF/88. Como se trata
de uma norma constitucional de eficácia limitada, foram ajuizados mandados de injunção no STF
em virtude da impossibilidade do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, diante
da inexistência da lei regulamentadora (vide MIs 670, 708 e 712). Esses julgados reconheceram a
possibilidade de greve de servidores públicos, aplicando-se a Lei Federal nº 7.783/89 (Lei Geral
de Greve). Logo, a greve não é ilegal simplesmente pela inexistência da lei.

B) ERRADA. De fato, greve de servidores públicos pode ser considerada legal. Contudo, o direito
de greve não se aplica a servidores da área de segurança pública, conforme o Tema de
Repercussão Geral nº 541 do STF:

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“1 - O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos


policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de
segurança pública. 2 - É obrigatória a participação do Poder Público em mediação
instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do
art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria.”

C) ERRADA. No Recurso Extraordinário nº 693.456, ficou decidida a Tese 531 de Repercussão


Geral, nos dizeres a seguir:

“A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação


decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da
suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de
acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público”.

Portanto, a regra geral é que a Administração Pública proceda ao desconto, PODENDO haver
compensação das horas paradas em função de acordo. Por outro lado, se a greve se deu em
virtude de ilicitude praticada pelo Poder Público, não há que se falar em desconto nas
remunerações.

D) CORRETA. Conforme afirmado nos comentários da alternativa C, a regra geral é pelo desconto
na remuneração dos servidores. Ademais, as greves de servidores são possíveis e reconhecidas
pelo STF, mesmo diante da inexistência de lei específica apta a regulamentar o assunto.

E) ERRADA. Também conforme consta nos comentários da alternativa C, não há obrigatoriedade


em existir a compensação das horas paradas a fim de se evitar o desconto nas remunerações. Isso
se dará apenas se houver acordo.

19. (2018/FEPESE/PGE-SC/Procurador do Estado) José ingressou como servidor do Município


“X” em 1980, sem concurso público e pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho. No
prazo adequado, e após a promulgação da Constituição Federal de 1988, foi aprovado o estatuto
dos servidores públicos daquele ente federado, passando ele a ser servidor público estatutário,
até sua exoneração.
Observado isso, é correto afirmar:
a) Como há dois períodos baseados em regimes diversos, prevalece aquele ocorrido por último,
o que determina a competência da Justiça comum.
b) Como se trata de servidor público municipal, mesmo em relação aos pedidos formulados com
base no regime celetista, a competência para julgamento é da justiça comum estadual.
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c) A discussão a respeito da competência para conhecer os pedidos, tanto aqueles decorrentes


do regime celetista, como aqueles decorrentes do regime estatutário, envolve competência em
razão da matéria, a qual é relativa e não pode ser conhecida de ofício pelo juiz.
d) Como o servidor público, no caso, foi admitido sem concurso público, não há qualquer
possibilidade de se acolherem pedidos formulados com base no regime estatutário, motivo pelo
qual somente poderá pleitear perante a justiça do trabalho.
e) O pedido referente às verbas trabalhistas, formulado com base na Consolidação das Leis do
Trabalho, é de competência da Justiça do Trabalho. Os pedidos formulados com base na relação
estatutária são de competência da justiça comum estadual.

Comentários

A banca indicou a alternativa E como sendo a correta em seu gabarito definitivo. Contudo,
entendemos que a banca FEPESE não foi feliz na elaboração dessa questão. Trata-se de uma
temática para a qual não há uma jurisprudência pacificada, pois o STF tem oscilado em seu
entendimento acerca do tema. Por esse ponto de vista, entendemos que outras alternativas
poderiam também estar corretas.

Citaremos os julgados nos comentários de cada alternativa:

A) CORRETA. Há um entendimento do STF que justificaria essa alternativa como certa. Veja o
trecho do Informativo 840 do STF, que reproduz o entendimento firmado no julgamento do
Agravo Regimental da Rcl 8.909/MG, ocorrido em 22/09/2016:

“Para o STF, é a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder


Público, vigente ao tempo da propositura da ação, que define a competência
jurisdicional para a solução da controvérsia, independentemente de o direito pleiteado
ter se originado no período celetista.”

Portanto, por esse entendimento do Supremo, pode-se cogitar do acerto da alternativa, já que a
competência para julgar as controvérsias referentes ao período celetista da servidora seria da
Justiça Comum, que é o seu vínculo atual (estatutário).

B) ERRADA. A competência para julgar as ações não se relaciona à qual esfera de governo o
servidor pertence (se federal, estadual, distrital ou municipal). O relevante é apurar se se trata de
um servidor estatutário ou celetista. Sendo servidor estatutário, a Justiça comum deteria a
competência para julgar.

C) ERRADA. É relevante conhecer o art. 62 do CPC:

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“Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é


inderrogável por convenção das partes.”

Isso faz com que a competência em razão da matéria seja ABSOLUTA, e não relativa, como a
alternativa propõe. Sendo o caso de competência ou incompetência absoluta, deve ser
reconhecida de ofício pelo juiz.

D) ERRADA. Sabe-se que, pelo art. 19 dos ADCT, foi reconhecida a estabilidade àqueles que se
encontravam em exercício há pelo menos cinco anos na Administração Pública Direta.

No Informativo 839 do STF, há um entendimento que poderia induzir o aluno a marcar o acerto
desta alternativa. Vejamos:

“Compete à justiça trabalhista processar e julgar causa relativa a depósito do Fundo de


Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público
antes da Constituição de 1988 sem prestar concurso. [...]

Desse modo, em relação jurídica de natureza celetista na qual se pretendam parcelas


trabalhistas, a análise do tema cabe à justiça do trabalho, e não à justiça comum. Àquela
incumbiria até mesmo o exame de possível carência da ação.”

Contudo, a alternativa faz menção aos pedidos relacionados na vigência do regime estatutário,
sendo que o julgado mencionado pelo informativo (CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 14/09/2016) faz alusão a parcelas trabalhistas. Em relação a controvérsias referentes ao
período estatutário, a competência seria da Justiça Comum.

E) CORRETA. O fundamento para assinalar esta alternativa como correta é aquele que foi citado
na alternativa D, em que se segrega a competência de modo bem delineado: o que for matéria
trabalhista, seria de competência da Justiça do Trabalho, ao passo que as matérias estatutárias
ficariam a cargo da Justiça Comum.

Em nosso entendimento, tanto a alternativa A quanto a alternativa E estariam corretas, pois ambas
reproduzem entendimentos do STF tomados em julgamentos distintos.

20. (2018/COMPERVE/TJ-RN/Juiz Leigo) Milena, deputada estadual, deseja nomear a sua


prima Helena para um cargo em comissão na assembleia legislativa. Helena é jurista exemplar,
possui doutorado na área de produção de legislação e atuaria como assessora de produção de
leis da deputada. Ocorre, contudo, que Milena não sabe se pode nomear a prima para tal cargo

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ou se isso implica em violar a súmula vinculante n. 13. De acordo com o conteúdo da súmula
mencionada, a nomeação de Helena
a) não configura caso de nepotismo, podendo ela ser nomeada para o cargo, sendo muito positivo
que possua habilidade técnica específica ligada à área.
b) configura caso de nepotismo quando inexistente habilitação técnica específica para o exercício
da função, o que não corre no caso, já que Helena possui doutorado na área.
c) não configura caso de nepotismo, pois ela é parente em terceiro grau de Milena, o que faz
absolutamente legítima a sua nomeação.
d) configura caso claro de nepotismo e é inadmissível, independentemente da capacitação jurídica
especializada que Helena possui.

Comentários

A questão cobra do aluno um detalhe da Súmula Vinculante nº 13 que, muitas vezes, passa
despercebido. Vale a pena reproduzir o enunciado aqui:

“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por


afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.”

Note que a súmula fala em parentesco de até terceiro grau. Primos são parentes de quarto grau!

Para o caso da questão, seria nepotismo se a deputada nomeasse os seus pais (parentes de
primeiro grau), seus irmãos e avós (parentes de segundo grau) e seus tios (parentes de 3º grau).
Primos são de quarto grau, logo não estão abrangidos pela súmula.

A) CORRETA. Trata-se de uma nomeação para cargo em comissão, sendo que eventual vínculo de
parentesco entre as pessoas envolvidas (autoridade nomeante e nomeado), se for até o terceiro
grau, inviabiliza a nomeação. Contudo, como a relação de parentesco é de quarto grau, há sim
possibilidade de efetivar a nomeação.

B) ERRADA. Não há nepotismo no caso, por ser parentesco de quarto grau. Ademais, quando se
fala em nepotismo, não há qualquer relação com a qualificação para o exercício do cargo.
Nepotismo faz alusão ao favorecimento de familiares, independentemente da habilitação técnica
para a função.

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C) ERRADA. A alternativa é correta na primeira parte, uma vez que o caso descrito não é de
nepotismo. Ocorre que primos são parentes de quarto grau, e não de terceiro grau, como
mencionado na segunda parte da alternativa.

D) ERRADA. Como já visto, o caso não é de nepotismo por envolver uma relação de parentesco
de quarto grau.

21. (2018/CESPE/PGM-JOÃO PESSOA-PB/Procurador Municipal) Considerando o


entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta, no que diz respeito a agentes
públicos.
a) Para o STJ, em processo disciplinar que apure infração administrativa que configura ação penal,
o prazo prescricional será determinado pela pena em abstrato cominada na condenação penal
transitada em julgado.
b) Para o STJ, é vedado a banca examinadora de concurso público exigir em questão da prova
conhecimento de legislação superveniente à publicação do edital.
c) Para o STF, não será devido o abono de permanência ao policial civil que permanecer em
atividade após o preenchimento dos requisitos para a concessão da aposentadoria voluntária
especial.
d) Para o STJ, candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas ofertadas em
edital terá direito subjetivo à nomeação caso comprove o surgimento de vagas durante a validade
do certame.
e) Para o STF, processo administrativo disciplinar é válido mesmo quando a defesa técnica da parte
não é efetivada por advogado, desde que assegurados a ampla defesa e o contraditório.

Comentários

Questão que aborda vários assuntos e cobra do aluno o conhecimento de jurisprudência das cortes
superiores em Direito Administrativo.

A) ERRADA. Na realidade, a alternativa está quase correta, não fosse pela expressão “em
abstrato”. Para o STJ, o prazo de prescrição no âmbito disciplinar, no caso de sentença penal
condenatória, deve ser computado pela pena em concreto aplicada na esfera penal. Abaixo, segue
trecho de um julgado com esse entendimento:

“5. Considerando a existência de sentença penal condenatória ainda pendente de


transito em julgado, aplica-se o prazo prescricional com base na pena em concreto
fixada pelo juízo criminal, nos moldes daquele entendimento firmado pela 5ª Turma do

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STJ no RMS 21.214/PR, rel. Min. Félix Fischer, Dj 29/10/2007, de modo que o prazo
prescricional da pretensão punitiva disciplinar no presente caso é de 12 (doze) anos, na
forma do inciso III do artigo 109 do Código Penal, findando-se apenas em 26 de outubro
de 2017, de modo que a sanção foi aplicada em 04/05/2011, ou seja, antes de findo o
prazo prescricional.” (MS 17.536, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
20/04/2016).

Na Lei 8.112/90, o dispositivo relevante é o art. 142, § 2º:

Art. 142, § 2º. Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações
disciplinares capituladas também como crime.

B) ERRADA. O STJ já se posicionou no sentido de que, havendo previsão no edital, é possível que
a banca examinadora cobre dos candidatos o conhecimento de legislação publicada após a
divulgação do edital do concurso. O STJ, na edição nº 9 da sua Jurisprudência em Teses, possui o
seguinte enunciado: “A banca examinadora pode exigir conhecimento sobre legislação
superveniente à publicação do edital, desde que vinculada às matérias nele previstas.”

C) ERRADA. Nos termos do art. 40, § 19, da CF/88, o abono de permanência é devido ao servidor
que, já reunindo os requisitos para se aposentar voluntariamente, opte por permanecer em
atividade.

A alternativa aborda se esse dispositivo constitucional seria aplicável àqueles profissionais que
exercem atividades de risco. Estes, conforme o art. 40, § 4º, fazem jus às chamadas aposentadorias
especiais, cujas regras devem ser estipuladas em leis complementares e, via de regra, reduzem o
tempo de contribuição daqueles profissionais.

Ao enfrentar a questão, o STF se posicionou no sentido de que a hipótese de aposentadoria


especial é compatível com a percepção de abono de permanência. Veja trecho de um acórdão
que contém o entendimento da Suprema Corte (Ag. Reg. RE 923.565/RS, julgado em 24/11/2015):

“A Corte já se pronunciou no sentido de que a Constituição não veda a extensão do


direito ao abono de permanência para servidores públicos que se aposentam com
fundamento no art. 40, § 4º, da CF.”

Portanto, o fato de o servidor fazer jus a uma aposentadoria especial (art. 40, § 4º) não é
incompatível com a percepção do abono de permanência (art. 40, § 19).

D) ERRADA. Há muitas decisões do STJ sobre a temática de concursos públicos e das nomeações
dos aprovados para o exercício dos cargos.

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Na Jurisprudência em Teses (edição nº 11), é possível encontrar enunciados que vão ao encontro
do que diz a alternativa. Por exemplo: “O candidato aprovado fora do número de vagas previsto
no edital possui mera expectativa de direito à nomeação, que se convola em direito subjetivo caso
haja preterição em virtude de contratações precárias e comprovação da existência de cargos
vagos.”

Contudo, em um julgado mais recente, a Corte passou a fazer menção à questão orçamentária e
também à inequívoca necessidade de se contar com mais servidores:

“O candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas tem direito


subjetivo à nomeação caso surjam novas vagas durante o prazo de validade do certame,
haja manifestação inequívoca da administração sobre a necessidade de seu provimento
e não tenha restrição orçamentária” (MS 22.813/DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 13/06/2018).

Portanto, não basta mais a mera existência de vagas para que um aprovado fora do número de
vagas tenha direito à nomeação.

E) CORRETA. Trata-se de entendimento consolidado por meio da Súmula Vinculante nº 5, do STF,


muito famosa e muito cobrada em concursos:

“A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não


ofende a constituição.”

Aquele que é parte em um processo administrativo não necessita constituir advogado. O próprio
interessado tem capacidade postulatória no âmbito administrativo. Por outro lado, não é vedado
constituir advogado, sendo uma faculdade da parte fazê-lo ou não.

Ainda sobre processo administrativo, é também de suma importância conhecer a Súmula


Vinculante nº 21:

“É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens


para admissibilidade de recurso administrativo.”

22. (2018/COSEAC/PREFEITURA DE MARICÁ-RJ/Procurador Municipal) Num concurso público


aberto para admissão de professores, a Administração oferece 2 (duas) vagas. Realizado o
certame, o candidato A é classificado em 1º lugar e é admitido, enquanto B, 2º classificado, não.
A este respeito, significativa parcela de nossa jurisprudência tem entendido que:
a) o candidato B só tem expectativa de direito e, portanto, não faz jus a ser admitido.
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b) o candidato B não tem nem direito a ser admitido nem expectativa de direito.
c) o candidato B tem direito a ser admitido porque foi aprovado.
d) o candidato B tem direito a ser admitido porque o edital do concurso, que é a lei do certame,
estabelecia a existência de 2 (duas) vagas, e a Administração fica vinculada ao edital.
e) o candidato B não tem direito a ser admitido porque, conquanto o edital seja a lei do certame,
e malgrado ter previsto 2 (duas) vagas, a Administração não fica vinculada ao edital, podendo
estabelecer juízo de conveniência e oportunidade quanto ao preenchimento de todas as vagas
previstas.

Comentários

Tanto o STF quanto o STJ já firmaram o entendimento de que o candidato aprovado em concurso
público dentro do número de vagas estabelecido em edital possui direito subjetivo à nomeação.

No âmbito do STJ, há um enunciado na Jurisprudência em Teses (edição nº 11) sobre o assunto:

“O candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital tem direito


subjetivo a ser nomeado no prazo de validade do concurso.”

No âmbito do STF, fixou-se uma tese de Repercussão Geral (Tema 784) no julgamento do RE
837.311 que merece ser transcrita:

“O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo,


durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito
à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas
as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração,
caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar
a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do
certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo
à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes
hipóteses: 1 – Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do
edital; 2 – Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de
classificação; 3 – Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a
validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária
e imotivada por parte da administração nos termos acima.”

Portanto, o conhecimento da jurisprudência é fundamental para a resolução desta questão.

A) ERRADA. O candidato B é o segundo colocado de um concurso com duas vagas. Portanto, ele
tem direito subjetivo à nomeação, conforme o entendimento das cortes superiores.
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B) ERRADA. Conforme já se viu, ele tem direito subjetivo à nomeação.

C) ERRADA. O candidato B tem direito de ser nomeado não somente pelo simples fato de ser
aprovado. Conforme se viu na jurisprudência do STF, há hipóteses definidas para consolidar o
direito subjetivo à nomeação.

D) CORRETA. É o que se extrai dos entendimentos das cortes superiores mencionados


anteriormente. Os aprovados dentro do número de vagas do edital têm direito subjetivo à
nomeação.

Sobre a expressão “o edital é a lei do certame”, ela consta na Jurisprudência em Teses do STJ
(edição nº 9):

“6) O edital é a lei do concurso e suas regras vinculam tanto a Administração Pública
quanto os candidatos.”

E) ERRADA. A nomeação daqueles aprovados dentro do número de vagas do certame não é


medida de conveniência e oportunidade da Administração. Ela deve proceder à nomeação dentro
do prazo de validade do concurso.

23. (2018/IBFC/TRF-2ª REGIÃO/Juiz Federal) A remuneração do servidor público é a soma dos


vencimentos do cargo e de vantagens pecuniárias. Com relação ao regime remuneratório dos
servidores públicos é correto afirmar que:
a) a garantia da irredutibilidade dos vencimentos não veda a redução de parcelas que compõem
a remuneração ou mesmo a alteração no modo de cálculo de gratificações e outras vantagens,
desde que preservado o valor da remuneração total.
b) a isonomia remuneratória prevista na Constituição Federal garante paridade entre os cargos de
igual atribuição ou assemelhados no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.
c) em caso de acordo é possível a fixação de vencimento de servidor por meio de Convenção
Coletiva desde que homologado judicialmente.
d) a fixação de subsídios dos Membros do Legislativo, bem como Presidente, Vice-Presidente e
Ministros de Estado ocorre por meio de Lei de competência exclusiva do Congresso, sancionada
pelo Presidente da República.
e) os pensionistas de servidor público falecido já aposentado, terão suas pensões regidas pela Lei
vigente por ocasião da aposentadoria do servidor falecido.

Comentários

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A) CORRETA. O ponto de partida para resolver a questão está no conhecimento do art. 37, XV,
da CF/88:

“XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são


irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º,
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I”.

Nota-se que a regra geral é pela irredutibilidade dos vencimentos e subsídio, exceção feita à
redução até o teto constitucional (para aqueles que recebem acima do teto na remuneração bruta)
e em virtude das incidências tributárias no holerite dos servidores.

Uma jurisprudência interessante que pode ser citada a fim de justificar a alternativa como certa é
a seguinte:

“Não há direito adquirido do servidor público a regime jurídico pertinente à


composição dos vencimentos, desde que a eventual modificação introduzida por ato
legislativo superveniente preserve o montante global da remuneração e, em
consequência, não provoque decesso de caráter pecuniário” (Ag. Reg. RE 772.833, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 11/02/2014).

Portanto, eventuais mudanças na estruturação remuneratória em uma carreira são admissíveis,


contanto que não se reduza o valor nominal dos vencimentos dos servidores. Se houver, por
exemplo, a redução em uma determinada rubrica de pagamento à qual o servidor faça jus, isso
pode ser compensado pela majoração de outra verba percebida. O importante é haver a
preservação da remuneração real.

B) ERRADA. Alguns dispositivos constitucionais do art. 37 da CF/88 justificam o equívoco da


alternativa:

“Art. 37, XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não
poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo;

Art. 37, XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies


remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;"

Logo, a CF/88 não permite que Legislativo e Judiciário paguem vencimentos superiores
aos pagos pelo Poder Executivo, bem como veda vinculação ou equiparações para
efeito de remuneração de pessoal do serviço público. Esses aspectos inviabilizam a
paridade citada pela alternativa.

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C) ERRADA. Os vencimentos dos servidores públicos são fixados, em regra, por LEI. Veja o art. 61,
da CF/88, o qual estabelece a iniciativa privativa do Presidente da República para deflagrar o
processo legislativo para aumentar remuneração de servidores:

Art. 61, § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

II - disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e


autárquica ou aumento de sua remuneração;

Mas, CUIDADO: os subsídios do Presidente da República, do Vice-Presidente da República, dos


Ministros de Estado, dos deputados federais e dos senadores são fixados por meio de decreto
legislativo (vide os arts. 49, VII e VIII da CF/88). Já a remuneração dos servidores da Câmara e do
Senado são fixados ou por meio de resolução das respectivas Casas (vide os arts. 51, IV e 52, XIII).

Para complementar, é importante notar também a Súmula 679 do STF, cujo enunciado assim diz:

“A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção
coletiva.”

Lembre-se que nem todos os direitos sociais dos trabalhadores (art. 7º, da CF/88) são aplicáveis
aos servidores públicos, conforme o art. 39, § 3º, da CF/88. O reconhecimento das convenções e
acordos coletivos de trabalho, citado no inciso XXVI do art. 7º, é um dos direitos NÃO
RECONHECIDOS aos servidores públicos pelo art. 39.

D) ERRADA. O primeiro erro da alternativa é afirmar que a fixação de subsídios se fará por meio
de lei. Na verdade, a espécie normativa é o decreto legislativo que, assim como as leis, são normas
primárias contidas no inciso VI do art. 59 da CF/88. Porém, o segundo erro da alternativa é dizer
que depende de sanção do Presidente. Os decretos legislativos se distinguem de lei porque
prescindem de sanção ou veto do Presidente da República, sendo de competência exclusiva do
Congresso Nacional (art. 49 da CF/88).

E) ERRADA. O direito à pensão por morte dos dependentes de um servidor público está previsto
no art. 40, § 7º, da CF/88:

“§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual:

I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo


estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o

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art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso
aposentado à data do óbito; ou

II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu


o falecimento, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela
excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito.”

A Lei 8.112/90 regulamenta, na órbita federal, esse dispositivo constitucional.

O STJ, ao apreciar a questão sobre a lei aplicável aos casos de pensão por morte, sumulou
enunciado em que adota como parâmetro a data do óbito do servidor, sendo a lei vigente ao
tempo do óbito aquela que deve reger a concessão da pensão:

Súmula 340 - A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela
vigente na data do óbito do segurado.

Embora a súmula tenha sido formulada com base em julgados sobre o Regime Geral de
Previdência Social, é possível, por analogia, aplicá-la aos casos de servidores públicos estatutários,
cujo regime previdenciário é regido pelo art. 40 da CF/88.

24. (2018/IBFC/TRF-2ª REGIÃO/Juiz Federal) A prova de aptidão física em concursos públicos


pode acarretar situações a serem dirimidas no edital. Nesse sentido, sobre essa modalidade de
prova é correto afirmar que:
a) a proteção constitucional à maternidade e à gestante autoriza o tratamento diferenciado à
candidata gestante, com designação de outra data para a realização do teste de aptidão física,
especialmente se comprovado que a realização da prova na condição em que se encontra pode
prejudicar a saúde do feto.
b) comprovado que o impedimento de realização da prova na data designada deu-se em razão de
mudança na situação de saúde do candidato (ex. fraturas, cirurgia, doenças) é possível a
designação de nova data para a realização da prova de aptidão física.
c) o STF, no julgamento do RE n. 630733, alterou seu entendimento para consignar que não viola
o princípio da isonomia a remarcação de teste de aptidão física em virtude de impedimento de
caráter pessoal relacionado ao candidato.
d) importa em privilégio às candidatas grávidas, em detrimento dos demais e, portanto, viola o
princípio da isonomia nos certames públicos, a designação de nova data para a realização do teste
físico.

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e) o edital é a lei do concurso, de forma que se a candidata não comparecer na data da realização
do teste, mesmo por estar na condição de gestante e ter comprovado que a realização do teste
expõe à saúde do feto, estará automaticamente eliminada, conforme previsão expressa nos
editais.

Comentários

A questão envolve uma jurisprudência bem recente do STF.

A) CORRETA. No julgamento do RE 1.058.333/PR, o STF fixou o Tema 973 de Repercussão Geral,


cujo enunciado é o seguinte:

“É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja


grávida à época de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital
do concurso público.”

Essa tese foi fixada em 21/11/2018, modificando em parte o entendimento da Suprema Corte no
julgado que será comentado na alternativa B.

Portanto, na visão do STF, é possível a remarcação do teste para a candidata gestante.

B) ERRADA. Em um julgado ocorrido em 2013, o STF diz ser constitucional a previsão editalícia
que não admite uma segunda chamada, ou uma segunda oportunidade, para a realização de teste
físico, ainda que em decorrência de problema de saúde temporário (cirurgia, fratura, doença). Veja
a ementa do julgado:

“Recurso extraordinário. 2. Remarcação de teste de aptidão física em concurso público


em razão de problema temporário de saúde. 3. Vedação expressa em edital.
Constitucionalidade. 4. Violação ao princípio da isonomia. Não ocorrência. Postulado
do qual não decorre, de plano, a possibilidade de realização de segunda chamada em
etapa de concurso público em virtude de situações pessoais do candidato. Cláusula
editalícia que confere eficácia ao princípio da isonomia à luz dos postulados da
impessoalidade e da supremacia do interesse público. 5. Inexistência de direito
constitucional à remarcação de provas em razão de circunstâncias pessoais dos
candidatos. 6. Segurança jurídica. Validade das provas de segunda chamada realizadas
até a data da conclusão do julgamento. 7. Recurso extraordinário a que se nega
provimento” (RE 630.733/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/05/2013).

Logo, nota-se que a regra geral é pela impossibilidade de remarcação do teste de aptidão física.
Porém, lembre-se da alternativa A: para as gestantes, é sim possível remarcar o teste físico.

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C) ERRADA. É justamente o oposto do que diz a alternativa: o STF afirmou que é constitucional o
edital que prevê a impossibilidade de reagendar o teste físico em função de problemas
temporários de saúde.

D) ERRADA. Não há que se falar em privilégio às candidatas grávidas, na esteira do entendimento


recente do STF.

E) ERRADA. Alternativa que também colide com o entendimento atual do STF.

25. (2018/CONSULPLAN/TJ-MG/Juiz de Direito) Em relação aos agentes públicos, analise as


afirmativas a seguir.
I. À Administração Pública não é possível aplicar aos servidores a pena de demissão em processo
disciplinar, se ainda em curso a ação penal a que responde pelo mesmo fato.
II. O STF firmou a tese de que a contratação por tempo determinado para atendimento de
necessidade temporária de excepcional interesse público em desconformidade com os preceitos
do art. 37, IX, da CF/88, não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos, com exceção do direito à
percepção dos salários referentes ao período trabalhado e ao levantamento dos depósitos
efetuados no FGTS.
III. A estabilidade compreende a garantia constitucional do servidor público estatutário nomeado
em virtude de concurso público, de permanecer no serviço público após o período de 3 (três) anos
de efetivo exercício, enquanto a efetividade representa situação jurídica que qualifica a
titularização de cargos efetivos, para distinguir-se da que é relativa aos ocupantes de cargo em
comissão.
IV. Os notários e os registradores são titulares de cargo público efetivo, exercem atividade estatal
e, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, são considerados servidores
públicos, independentemente do tempo de serviço.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
a) I, II, III e IV.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.

Comentários

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Vamos comentar as quatro assertivas propostas pela banca:

I. ERRADA. Conforme informa a Lei 8.112/90, há independência entre as apurações em curso nas
esferas administrativa, cível e criminal. Veja o art. 125 da lei:

“Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo


independentes entre si.”

Com esse raciocínio, os processos correm cada um a seu tempo e com os ritos característicos de
cada esfera processual.

Contudo, há que se atentar para a esfera criminal. Não obstante exista a independência entre as
esferas, algumas decisões tomadas pelo juízo criminal podem repercutir nos processos
administrativo e cível. Veja, por exemplo, o art. 92 do Código Penal:

“Art. 92 - São também efeitos da condenação:

I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano,
nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública;

b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos
nos demais casos.”

Portanto, a condenação no juízo criminal pode ter como consequência a perda do cargo público,
independentemente da decisão do processo administrativo.

Além disso, é fundamental conhecer o art. 126 da Lei nº 8.112/90. Quando na esfera criminal ficar
caracterizada a inexistência do fato até então considerado ilícito e a negativa da autoria do delito,
ficará afastada a responsabilização administrativa:

“Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de


absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.”

Nota-se que as esferas são independentes, mas em alguns casos a decisão do juízo criminal traz
repercussões no processo administrativo.

II. CORRETA. O STF tem jurisprudência firme quanto ao preenchimento irregular de cargos e
funções públicas, afirmando que se trata de atos nulos e de nenhum efeito. Porém, faz ressalva

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com relação às remunerações percebidas pelos agentes públicos de boa-fé no período que
desempenharam as funções públicas.

Quanto aos agentes públicos temporários, o STF possui o Tema 916 de Repercussão Geral, cujo
teor foi praticamente reproduzido pela banca. Veja o enunciado desse tema:

“A contratação por tempo determinado para atendimento de necessidade temporária


de excepcional interesse público realizada em desconformidade com os preceitos do
art. 37, IX, da Constituição Federal não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em
relação aos servidores contratados, com exceção do direito à percepção dos salários
referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/1990, ao
levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
FGTS.”

III. CORRETA. É importante que você conheça a diferença entre ser efetivo e ser estável. Diz-se
que o servidor é efetivo quando ele ocupa um cargo de provimento efetivo, ou seja, que necessita
de aprovação em concurso público para ser ocupado. Portanto, assim que o servidor nomeado
em virtude de aprovação em concurso público toma posse ele já um servidor efetivo.

Sobre isso, vale a pena conferir o art. 10 da Lei. 8112/90:

“Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo
depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos,
obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.”

Já a estabilidade ocorre após três anos de exercício no cargo efetivo, conforme o art. 41 da CF/88:

“Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.”

Disso, podemos concluir que não há que se falar em estabilidade para ocupantes de cargos em
comissão, mas somente para cargos efetivos.

IV. ERRADA. Os titulares de serventias extrajudiciais são privados que prestam um serviço público
por delegação do Estado. Ademais, apesar de desempenharem uma função pública, não ocupam
cargos públicos. Logo, não são servidores públicos. Veja o art. 236 da CF/88:

“Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por
delegação do Poder Público.

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§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos


notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus
atos pelo Poder Judiciário.

§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos
atos praticados pelos serviços notariais e de registro.

§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de


provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de
concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.”

Sobre o assunto, destaca-se o seguinte julgado do STF:

“Os notários e os registradores exercem atividade estatal, entretanto não são titulares
de cargo público efetivo, tampouco ocupam cargo público. Não são servidores
públicos, não lhes alcançando a compulsoriedade imposta pelo mencionado art. 40 da
CF/1988 – aposentadoria compulsória aos setenta anos de idade” (ADI 2.602/DF, Rel.
Min. Eros Grau, julgado em 31/03/2006).

Portanto, é equivocado dizer que os notários e registradores são servidores públicos. Estes são
aqueles que ocupam cargos públicos, algo que não ocorre com os titulares das serventias
extrajudiciais.

26. (2018/FUNRIO/AL-RR/Procurador) Provimento é o fato administrativo que traduz o


preenchimento de um cargo público. Várias são as formas de provimento, todas dependentes de
um ato administrativo de formalização.
É CORRETO afirmar que recondução é o/a
a) ato administrativo que materializa o provimento originário.
b) forma de provimento pela qual o servidor passa a ocupar cargo diverso do que ocupava, tendo
em vista a necessidade de compatibilizar o exercício da função pública com a limitação sofrida em
sua capacidade física ou psíquica.
c) retorno do servidor que tenha estabilidade ao cargo que ocupava anteriormente, por motivo
de sua inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo.
d) forma de provimento pela qual o servidor sai de seu cargo e ingressa em outro situado em
classe mais elevada.

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Comentários

A questão exige conhecimento das formas de provimento do cargo público, previstas no art. 8º
da Lei 8.112/90:

“Art. 8º São formas de provimento de cargo público:

I - nomeação;

II - promoção;

V - readaptação;

VI - reversão;

VII - aproveitamento;

VIII - reintegração;

IX - recondução.”

A) ERRADA. A nomeação é a única forma de provimento originário, por ser ela aquela que
inaugura um vínculo específico entre o servidor e a Administração Pública. Todas as demais formas
de provimento (promoção, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução)
pressupõem a existência de um vínculo anterior com a Administração, e por isso são conhecidas
como formas de provimento derivadas.

B) ERRADA. A alternativa cita a hipótese da readaptação, que está prevista no art. 24 da Lei
8.112/90:

“Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e


responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
física ou mental verificada em inspeção médica.”

C) CORRETA. A recondução, conforme os incisos do art. 29 da Lei 8.112/90, ocorre de duas


maneiras, sendo uma delas aquela que está descrita na alternativa. Veja o dispositivo da lei:

“Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado


e decorrerá de:

I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;

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II - reintegração do anterior ocupante.

Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será


aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30.”

Portanto, a inabilitação em estágio probatório de outro cargo enseja o retorno do servidor ao


cargo anteriormente ocupado por meio da recondução.

D) ERRADA. A alternativa narra a hipótese de promoção, que se dá quando um servidor ascende


verticalmente dentro da carreira que ocupa, deixando um cargo de menor responsabilidade e
ocupando um cargo de maior responsabilidade. Tanto é assim que a promoção é, ao mesmo
tempo, hipótese de provimento (art. 8º da Lei 8.112/90) e de vacância (art. 33 da Lei 8.112/90):

“Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:

I - exoneração;

II - demissão;

III - promoção;

VI - readaptação;

VII - aposentadoria;

VIII - posse em outro cargo inacumulável;

IX - falecimento.”

27. (2018/IDECAN/IPC-ES/Procurador) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal sobre o regime jurídico dos agentes públicos, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a manutenção no
cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou posse
em decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de
natureza precária, supervenientemente revogado ou modificado.
b) Os empregados públicos das empresas públicas e sociedades de economia mista não fazem jus
à estabilidade prevista para os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude
de concurso público, mas sua dispensa deve ser motivada.

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c) A Administração Pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do


exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo
funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será,
contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder
Público.
d) É vedado que o servidor efetivo aposentado compulsoriamente permaneça no cargo
comissionado que já desempenhava.

Comentários

Lembre-se de que buscamos a alternativa INCORRETA, ok?

A) CORRETA. O conteúdo da alternativa está correto. A jurisprudência do STF é firme no sentido


de vedar a permanência no serviço público, em cargos de provimento efetivo, para aqueles que
não ingressaram pela via do concurso público. Isso inclui o caso citado na assertiva, quando o
ocupante do cargo obteve o direito de exercer o cargo por liminar. Esta pode ser posteriormente
revogada, e não há que se alegar direito adquirido ou a teoria do fato consumado,
independentemente do tempo de serviço público prestado pelo beneficiário de medida liminar.
O tema já foi apreciado em sede de repercussão geral (tema 476), quando da apreciação do RE
608.482/RN:

“Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a


manutenção no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado
que nele tomou posse em decorrência de execução provisória de medida liminar ou
outro provimento judicial de natureza precária, supervenientemente revogado ou
modificado.”

B) CORRETA. A dispensa de empregados das empresas estatais (sociedades de economia mista e


empresas públicas) é um ato administrativo que restringe direitos. Sendo assim, é imprescindível
que aconteça de maneira motivada. O STF apreciou a questão no julgamento do RE 589.998/PI,
que gerou a seguinte tese:

“A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT tem o dever jurídico de motivar,


em ato formal, a demissão de seus empregados.”

Embora o julgamento se refira especificamente aos Correios, que é uma empresa pública, restou
compreendido que isso deve ser aplicado no âmbito das demais estatais.

Contudo, é pacífico que os ocupantes desses empregos públicos NÃO SÃO alcançados pela
estabilidade do art. 41 da CRFB. Acerca disso, vale destacar a existência Súmula 390 do TST:

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“ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF/1988. CELETISTA. ADMINISTRAÇÃO DIRETA,


AUTÁRQUICA OU FUNDACIONAL. APLICABILIDADE. EMPREGADO DE EMPRESA
PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. INAPLICÁVEL

I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é


beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988.

II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que


admitido mediante aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade
prevista no art. 41 da CF/1988.”

C) CORRETA. No Recurso Extraordinário nº 693.456, ficou decidida a Tese 531 de Repercussão


Geral, nos dizeres a seguir:

“A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação


decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da
suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de
acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público”.

Nota-se que a alternativa praticamente reproduz a tese de repercussão geral fixada pelo STF, o
que a torna correta.

D) INCORRETA, devendo ser, portanto, assinalada. A resposta para esta questão pode ser obtida
no próprio texto constitucional (art. 37, § 10):

“Art. 37, § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria


decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou
função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os
cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e
exoneração.”

Portanto, o servidor aposentado pelo regime próprio de previdência pode exercer um cargo em
comissão na Administração Pública, independentemente se ser ou não a função que já
desempenhava à época de sua aposentadoria. Permite-se também a cumulação dos proventos
com a remuneração do cargo que ocupa.

O STF já apreciou a questão no RE 786.540/DF:

“Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, inexiste óbice constitucional


a que o servidor efetivo aposentado compulsoriamente permaneça no cargo
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comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para outro cargo de livre
nomeação e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de
vínculo efetivo com a Administração.”

28. (2018/IDECAN/IPC-ES/Procurador) Acerca do regime constitucional-administrativo da


Advocacia Pública, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Aos Procuradores dos Estados é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício,
mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado
das Corregedorias.
b) Os Procuradores dos Estados são organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de
concurso público de provas e títulos.
c) É facultativa a participação da Ordem dos Advogados do Brasil nas fases de concurso para
preenchimento do cargo de Procurador do Estado.
d) Os Procuradores dos Estados exercerão a representação judicial das respectivas unidades
federadas.

Comentários

Uma vez mais, buscamos a alternativa INCORRETA!

A) CORRETA. A alternativa praticamente reproduz o art. 132, parágrafo único, da CF/88:

“Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira,


na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a
representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.

Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade


após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os
órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.”

Veja que a CF realmente menciona relatório das corregedorias como condição para a aquisição
da estabilidade por parte daqueles servidores, o que torna a alternativa correta e, portanto, não
deve ser assinalada.

B) CORRETA. O fundamento para esta alternativa está no caput do art. 132, já reproduzido na
alternativa A. Alternativa correta.

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C) INCORRETA e GABARITO DA QUESTÃO. A participação da OAB nos certames é condição


obrigatória, conforme se depreende do caput do art. 132. Não há margem de opção sobre se a
entidade participa ou não do concurso. Ela participará.

D) CORRETA. Uma vez mais, a resposta encontra-se no caput do art. 132, pois cabe aos
procuradores dos Estados e DF exercerem a representação judicial e a consultoria jurídica das
unidades federadas.

29. (2018/VUNESP/TJ-RJ/Juiz Leigo) O regime constitucional das aposentadorias dos


servidores públicos sofreu alterações consideráveis ao final da década de 1990 e início de 2000,
visando a alcançar o necessário equilíbrio econômico e atuarial dos regimes públicos de
previdência. A esse respeito, avalie as alternativas a seguir e identifique a afirmação correta.
a) É autorizada de forma geral a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão
de aposentadoria aos abrangidos pelo regime próprio de previdência dos servidores públicos.
b) Ao contrário dos empregados da iniciativa privada, os servidores públicos não possuem idade
máxima para a aposentadoria compulsória, podendo permanecer no serviço público
indefinidamente.
c) As reformas da década de 1990 e 2000 não alteraram o direito à integralidade e à paridade a
que ainda gozam os servidores públicos federais, estaduais e municipais.
d) Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão
exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria
ou que serviu de referência para a concessão da pensão.
e) A lei poderá estabelecer, para fins de aposentadoria, a contagem fictícia de tempo de
contribuição.

Comentários

A) INCORRETA. O art. 40, § 4º, da CF/88, estabelece os critérios para a concessão das chamadas
aposentadorias especiais. Trata-se de hipóteses bem pontuais (portadores de deficiência,
profissionais que exercem atividades de risco e cujas atividades sejam exercida sob condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física) e que estão sujeitas a regulamentação
por meio de lei complementar. Não são, portanto, a regra geral, como a alternativa dá a entender:

“Art. 40, § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão


de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos
termos definidos em leis complementares, os casos de servidores:

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I portadores de deficiência;

II que exerçam atividades de risco;

III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde
ou a integridade física.”

B) INCORRETA. O art. 40, § 1º, estabelece as três espécies de aposentadoria, a saber: por
invalidez, voluntária e compulsória. Este último caso ocorre quando o servidor atinge a idade de
75 anos, conforme regulamentado pela Lei Complementar nº 152/2015).

Ao contrário do que a alternativa diz, não há aposentadoria compulsória no Regime Geral de


Previdência Social. A idade máxima é um traço característico do Regime Próprio.

C) INCORRETA. A EC nº 20/1998 e a EC nº 41/2003 extinguiram a integralidade dos vencimentos


quando da passagem para a inatividade. O cálculo dos proventos de aposentadoria se faz, agora,
por um cálculo que leva em consideração o tempo de contribuição e os valores das remunerações
da vida funcional do servidor. Ademais, também foi extinta a chamada paridade entre ativos ou
inativos. Na paridade, um aumento ou melhoria de carreira feita aos ativos aplica-se
automaticamente aos inativos. A EC 41 acabou com essa possibilidade para aqueles que
ingressaram após a promulgação da emenda (dezembro de 2003).

Vale ressaltar que, para ambos os casos, há regras de transição e há distinções entre os servidores
que já estavam no serviço público por ocasião da publicação das emendas constitucionais e para
aqueles que ingressaram após as referidas emendas.

D) CORRETA. A alternativa está em consonância com o art. 40, § 2º, da CRFB.

“Art. 40, § 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua


concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo
efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão
da pensão.”

E) INCORRETA. A Constituição, no art. 40, § 10, diz exatamente o oposto, sendo proibida a
contagem de tempo de contribuição fictício:

“Art. 40, § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo
de contribuição fictício.”

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30. (2018/VUNESP/TJ-RJ/Juiz Leigo) Acerca da estabilidade no serviço público, é correto


afirmar:
a) o servidor estável poderá perder o cargo em virtude de sentença judicial pendente de recurso.
b) o servidor estável poderá perder o cargo mediante processo administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa.
c) são estáveis após dois anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público.
d) extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em vacância, com
remuneração integral, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.
e) como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a realização de teste de
integridade pelo servidor.

Comentários

A) INCORRETA. As hipóteses de perda de cargo por servidor estável estão previstas no art. 41, §
1º, da CF/88:

“Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:

I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;

II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;

III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei


complementar, assegurada ampla defesa.”

No que, quanto à sentença judicial, esta precisa ter transitado em julgado para poder desencadear
a perda do cargo pelo servidor público.

IMPORTANTE: há outra hipótese de perda de cargo para servidores estáveis e não estáveis no
art. 169 da CF/88. Trata-se de casos em que a despesa com pessoal das entidades públicas tenha
superado os limites previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/00). Veja o art. 169, §§
3º e 4º:

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“§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o
prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências:

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e
funções de confiança;

II - exoneração dos servidores não estáveis.

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo,
o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada
um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa
objeto da redução de pessoal.”

B) CORRETA. A perda de cargo por servidor estável por meio de processo administrativo é
possível, contanto que tenha sido assegurada a observância do princípio da ampla defesa.

DICA: os agentes públicos vitalícios (magistrados e membros do Ministério Público, via de regra)
NÃO perdem os cargos por processo administrativo nem por questões orçamentárias. Perdem
apenas em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

C) INCORRETA. A regra de dois anos para aquisição de vitaliciedade é válida apenas para aqueles
que ingressam na magistratura e como membros do Ministério Público pela via do concurso
público (vide arts. 95, I, e art. 128, §5º, I, da CRFB). Para os outros agentes públicos, a regra geral
é a do art. 41 da CFRB, em que se fala em três anos para aquisição da estabilidade.

D) INCORRETA. Quando o cargo ocupado por um servidor estável é extinto, o servidor fica em
DISPONIBILIDADE, e não em vacância. Vide o art. 41, § 3º, da CF/88:

“Art. 41, § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável


ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo.”

E) INCORRETA. Como se viu, a redação do caput do art. 41 não condiciona a realização de teste
de integridade para a aquisição de estabilidade. O § 4º do artigo prevê, ao contrário, a avaliação
de desempenho do servidor por uma comissão específica:

“Art. 41, § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação


especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.”

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31. (2018/TRF-3ª REGIÃO/TRF-3ª REGIÃO-SP/Juiz Federal) É obrigatória a aprovação prévia


em concurso público para a ocupação de cargos e empregos públicos efetivos. Trata-se da
realização do princípio da igualdade de acesso ao serviço público. Com base nesse enunciado,
indique a afirmação CORRETA:
a) Limites de idade, sexo, altura e capacitação profissional devem ser estabelecidos em
regulamento do concurso e não apenas no edital.
b) Para que o candidato possa fazer jus às vagas reservadas aos portadores de deficiência, estas
precisam necessariamente causar dificuldades no desempenho das funções do cargo disputado,
em função da aplicação do princípio da congruência.
c) O princípio da igualdade de gênero impede que o edital de concurso público preveja a
participação apenas de concorrentes de determinado sexo.
d) Conflita com o princípio da razoabilidade a eleição, como critério de desempate, do
desempenho profissional anterior, relacionado com a titularidade do serviço para o qual se realiza
o concurso.

Comentários

A) INCORRETA. A jurisprudência do STF já se posicionou no sentido de que exigências relativas


ao provimento de cargos públicos devem estar previstas em lei. Acerca disso, vide a Súmula
Vinculante nº 44:

“Súmula Vinculante 44 - Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação


de candidato a cargo público.”

No mesmo sentido, há julgados no STF quanto a outros requisitos, tais como idade, sexo, altura e
capacitação profissional. Vide, por exemplo, o RE 595.893/SE:

“1. O Supremo Tribunal Federal possui a orientação pacífica de que é legítima a


limitação de idade máxima para a inscrição em concurso público, desde que instituída
por lei e justificada pela natureza do cargo a ser provido.

2. Segundo o firme entendimento desta Corte, os requisitos para a inscrição em


concurso público devem ser aferidos com base na legislação vigente à época de
realização do certame.”

B) INCORRETA. É firme a jurisprudência do STF quanto à constitucionalidade das diversas ações


afirmativas existentes. Ademais, a legislação de proteção às pessoas com deficiência
(notadamente a Lei nº 13.146/15 e o Decreto nº 5.296/04), em nenhum momento, faz a correlação
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mencionada na alternativa, de que a deficiência deve necessariamente causar dificuldades no


desempenho das funções.

C) INCORRETA. No mesmo sentido do exposto no comentário da alternativa A, é possível que a


lei limite o acesso de apenas um sexo a certo cargo público, a depender da natureza do cargo.
Vale reproduzir o art. 39, § 3º, da CF/88, especialmente quanto ao seu final:

“§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII,
VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.”

D) CORRETA. Já houve julgamentos do STF no sentido de que afronta a razoabilidade e a isonomia


a utilização de desempenho profissional anterior como critério de desempate em concurso
público. A título ilustrativo, convém reproduzir trecho da ementa da ADIn nº 3522/RS:

“CONCURSO PÚBLICO. CRITÉRIOS DE DESEMPATE. ATUAÇÃO ANTERIOR NA


ATIVIDADE. AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE. Mostra-se conflitante com o princípio da
razoabilidade eleger como critério de desempate tempo anterior na titularidade do
serviço para o qual se realiza o concurso público”.

32. (2018/VUNESP/FAPESP/Procurador) Diretoria de Recursos Humanos de uma empresa


pública, em procedimento regular de controle de pessoal, constatou que um empregado público,
aprovado em concurso seletivo ocorrido em 2014 e integrante de seu quadro de pessoal desde
aquele ano, a partir de janeiro de 2018 apresenta desempenho insuficiente. Propôs, então, ao
Diretor Presidente da empresa, a dispensa desse empregado. A autoridade máxima da entidade,
em dúvida quanto à providência correta a ser adotada, consultou o procurador jurídico que,
observando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, orientou o consulente a
a) demitir o empregado público, expondo as razões de fato e de direito que fundamentam sua
decisão.
b) determinar a instauração de processo administrativo disciplinar a fim de apurar a prática de
infração disciplinar apenada, nos termos do estatuto da entidade, com demissão, nomeando
comissão processante.
c) determinar apuração da prática de procedimento irregular de natureza grave, o que poderá ser
feito por procedimento simplificado, respeitado o regulamento interno da empresa, porque o
ocupante de emprego público há mais de três anos goza de estabilidade, nos termos do artigo
19, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

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d) exonerar o empregado público cuja avaliação de desempenho tenha sido insuficiente, vez que
a exoneração em estágio probatório não constitui sanção disciplinar.
e) determinar, nos termos do artigo 41, § 4°, da Constituição Federal, a instauração de comissão
multidisciplinar para realização de avaliação especial de desempenho, cujo relatório final terá
efeito vinculante para a autoridade máxima da empresa.

Comentários

A) CORRETA. Conforme já comentado em questão anterior, a dispensa de empregados das


empresas estatais (sociedades de economia mista e empresas públicas) é um ato administrativo
que restringe direitos. É imprescindível que aconteça de maneira motivada. O STF apreciou a
questão no julgamento do RE 589.998/PI, que gerou a seguinte tese:

“A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT tem o dever jurídico de motivar,


em ato formal, a demissão de seus empregados.”

Além disso, nunca é demais lembrar que os empregados das estatais NÃO POSSUEM a
estabilidade no serviço público prevista no art. 41 da CFRB. O assunto está sumulado no âmbito
do TST (Súmula nº 390).

B) INCORRETA. Não há que se falar em estatuto da entidade a fim de regrar a relação jurídica
entre o empregado e a empresa. O vínculo que se forma entre o empregado e a empresa estatal
se faz por meio da CLT. O estatuto dos servidores públicos aplica-se apenas entre os ocupantes
de cargos públicos e as pessoas jurídicas de direito público interno (entes federados, autarquias e
fundações autárquicas, via de regra).

C) INCORRETA. O comentário da alternativa B se aplica a parte do que esta alternativa descreve.


Ademais, outro equívoco é a menção ao art. 19 do ADCT. Este dispositivo concedeu estabilidade
àqueles que tinham vínculo com a Administração Pública há pelo menos cinco anos antes da
promulgação da CF/88, não extensível às empresas estatais. Vide o dispositivo abaixo, que não
faz menção a empresas públicas ou sociedades de economia mista:

“Art. 19, ADCT. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em
exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos
continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da
Constituição, são considerados estáveis no serviço público.”

D) INCORRETA. Não há que se falar em avaliação de desempenho para empregados públicos


contratados na via da CLT. A CF/88 prevê a referida avaliação para servidores ocupantes de cargos

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de provimento efetivo, nos termos do art. 41, § 4º. Ademais, na contratação via CLT, não há que
se falar em estágio probatório de três anos, mas sim no período de experiência de 90 (noventa)
dias, em regra (art. 445, parágrafo único, da CLT).

Observa-se que, de fato, a exoneração em estágio probatório, por insuficiência no desempenho


funcional do ocupante de cargo público, de fato não é uma sanção disciplinar. Mas, como já
exposto, isso não se aplica a empregados públicos.

E) INCORRETA. Conforme já explanado anteriormente, não há que se falar em avaliação especial


de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. Isso se aplica apenas para servidores
ocupantes de cargo efetivo.

33. (2018/VUNESP/FAPESP/Procurador) O servidor ocupante de cargo temporário do quadro


da Administração Pública Direta do Estado de São Paulo vincula-se
a) ao regime jurídico único estatutário de pessoal e ao regime geral de previdência social.
b) ao regime jurídico único celetista de pessoal e ao regime próprio de previdência social.
c) ao regime jurídico de pessoal estabelecido na lei que autoriza a contratação temporária e ao
regime geral de previdência social.
d) ao regime jurídico de pessoal estabelecido na lei que autoriza a contratação temporária e ao
regime próprio de previdência social.
e) ao regime jurídico-disciplinar celetista e ao regime complementar de previdência social.

Comentários

A) INCORRETA. A contratação temporária de excepcional interesse público, prevista no art. 37,


inciso IX, da CRFB, é um regime diferenciado e específico, que não é nem estatutário nem CLT.
Cada ente federado deve possuir uma lei para regulamentar essa espécie de contratação que,
reforça-se mais uma vez, é temporária e de excepcional interesse público.

Quanto ao regime previdenciário, há incidência das normas do RGPS, tendo em vista que,
conforme o caput do art. 40 da CF/88, o regime próprio de previdência aplica-se somente a
servidores ocupantes de cargos efetivos. Ademais, vale observar o art. 40, § 13:

“Art. 40, § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado


em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de
emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social”.

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B) INCORRETA. Como se viu, trata-se de uma vinculação especial entre o agente público e o
Estado, que não é nem CLT nem estatutária.

C) CORRETA. No âmbito federal, as contratações temporárias são regidas pela Lei nº 8.745/93.

D) INCORRETA. O equívoco da alternativa está em mencionar o regime próprio de previdência


social. Como já visto, os servidores temporários se vinculam ao RGPS.

E) INCORRETA. Não se trata de regime celetista, mas sim, especial. Ademais, o regime
complementar tem previsão para servidores efetivos, conforme o art. 40, §§ 14 e 15 da CF/88:

“Art. 40, § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que


instituam regime de previdência complementar para os seus respectivos servidores
titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a
serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido
para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201.

Art. 40, § 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído
por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e
seus parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência
complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes
planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida.”

34. (2018/VUNESP/FAPESP/Procurador) Os particulares em colaboração com o Poder Público


são as pessoas físicas
a) que concorrem para o direcionamento dos fins da ação do Estado mediante a fixação de metas,
diretrizes ou planos que pressupõem decisões governamentais.
b) contratadas por tempo determinado para atenderem as necessidades temporárias de
excepcional interesse público, exercendo função de regime jurídico especial, fixado em lei por
cada unidade da federação.
c) sujeitas a regime contratual pautado na legislação trabalhista, submetendo-se às normas
constitucionais referentes à investidura e à proibição de acumulação de empregos e vencimentos.
d) que exercem função pública, em seu próprio nome, sem vínculo empregatício, porém sob
fiscalização do Poder Público, podendo receber remuneração paga por terceiros.
e) que ocupam cargos públicos efetivos ou em comissão, sujeitos ao regime estatutário fixado em
lei, podendo adquirir estabilidade, recebendo remuneração paga pela Administração Pública.

Comentários
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Dentre as diversas espécies de agentes públicos, a questão enfoca os particulares em colaboração


com o Poder Público. Trata-se de uma categoria de agentes públicos em que não há formação de
vínculo entre o particular e a Administração Pública, mas há interesse público na atividade a ser
desempenhada por eles.

A) INCORRETA. Como se viu, a doutrina reconhece os particulares em colaboração com o Poder


Público como pessoas que exercem atividades materiais de interesse público. O que a alternativa
expõe, por exemplo, melhor se refere às pessoas que participam de audiências públicas e
influenciam no estabelecimento de políticas públicas. Trata-se de participação popular no
exercício da cidadania, não se referindo a alguma atividade especificamente prestada por elas e
que tenham interesse público.

B) INCORRETA. Conforme o comentário da questão anterior, agentes públicos temporários têm


uma vinculação especial com o Estado, que é temporária e de excepcional interesse público. Os
particulares em colaboração não possuem vínculo formal com o Estado.

C) INCORRETA. Não há vinculação formal entre os particulares em colaboração e o Poder Público.


Logo, não há incidência da CLT nessa relação.

D) CORRETA. Conforme visto anteriormente, não há vinculação entre os particulares e o Poder


Público. O que há é um interesse público nas atividades que desempenham. Como não há
vinculação, nada obsta que os particulares percebam remuneração paga por terceiros, conforme
exposto na alternativa.

E) INCORRETA. Já se viu que não há vinculação entre esses particulares e o Estado.

35. (2018/IBFC/CÂMARA DE FEIRA DE SANTANA-BA/Procurador) Assinale a alternativa que


apresenta uma hipótese de perda do cargo pelo servidor público estável, como tal prevista na
Constituição Federal:
a) mediante instauração de sindicância administrativa.
b) em virtude da instauração de inquérito policial.
c) em virtude de sentença judicial transitada em julgado.
d) em virtude da instauração de inquérito civil.

Comentários

Como já visto em comentários anteriores, a perda do cargo público por servidor estável tem
previsão no art. 41, § 1º, da CF/88:

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“Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:

I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;

II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;

III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei


complementar, assegurada ampla defesa.”

A) INCORRETA. A mera instauração de sindicância não implica na perda de cargo pelo servidor.

B) INCORRETA. Da mesma maneira, a instauração de inquérito policial, que tem como objetivo
apurar a ocorrência ou não de um crime, assemelha-se a uma sindicância administrativa. Dessa
maneira, não tem o condão de efetivar a perda do cargo por um servidor estável.

C) CORRETA. Trata-se de hipótese prevista no art. 41, § 1º, I.

D) INCORRETA. Inquérito civil, via de regra instaurado pelo Ministério Público, também é
instrumento investigatório, que não tem o condão de culminar com a perda do cargo de um
agente público estável.

36. (2018/VUNESP/PGE-SP/Procurador do Estado) Antônio Joaquim foi aprovado em concurso


público e, nomeado para cargo efetivo, iniciou exercício em 12 de janeiro de 2015. Um ano depois,
sem ter sido exonerado do cargo efetivo, iniciou exercício de cargo em comissão no âmbito do
órgão em que está lotado, situação que se mantém até os dias de hoje. Ultrapassados três anos
desde que iniciou o exercício do cargo efetivo, a Administração ainda não concluiu sua avaliação
de desempenho. Nesse cenário, é possível afirmar:
a) somente depois de concluída a avaliação de desempenho pela chefia imediata de Antônio
Joaquim, o servidor poderá ser considerado estável.
b) assim que adquirir a estabilidade no cargo, Antônio Joaquim somente poderá perder o cargo
efetivo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou mediante procedimento de
avaliação periódica de desempenho.
c) decorridos três anos de efetivo exercício, Antônio Joaquim tornou-se automaticamente estável.
d) a nomeação de Antônio Joaquim para exercer cargo em comissão é regular.

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e) enquanto não concluído o estágio probatório, Antônio Joaquim poderá ser exonerado de ofício,
sem oportunidade de defesa, porque a exoneração não constitui penalidade disciplinar.

Comentários

A) INCORRETA. Conforme se extrai do art. 41, § 4º, da CRFB, a avaliação de desempenho não é
feita pela chefia imediata, mas sim por uma comissão instituída especificamente para realizar a
citada avaliação:

“Art. 41, § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação


especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.”

B) INCORRETA. A palavra “somente” torna a alternativa errada. Nos termos do art. 41, § 1º, inciso
II, também é possível a perda do cargo por meio de processo administrativo em que seja
assegurada ampla defesa.

C) INCORRETA. Conforme o art. 41, § 4º, já reproduzido no comentário da alternativa A, é


necessária a avaliação especial de desempenho como condição de aquisição da estabilidade.

D) CORRETA. Não há óbice constitucional ou legal para que servidor ainda não estável exerça
cargo em comissão. Nesse sentido, vide o art. 20, § 3º, da Lei nº 8.112/90:

“Art. 20, § 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer cargos de


provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou
entidade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para
ocupar cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo-
Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.”

E) INCORRETA. A exoneração somente será um ato declaratório por ocasião do término do


estágio probatório, caso o servidor tenha tido desempenho considerado insuficiente pela
comissão de avaliação. Nesse sentido, veja trecho do julgamento do RE 805.491/SP:

“A jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que o ato de exoneração do servidor


é meramente declaratório, podendo ocorrer após o prazo de 3 anos fixados para o
estágio probatório, desde que as avaliações de desempenho sejam efetuadas dentro
do prazo constitucional”.

Antes de findar o prazo de três anos, não há que se falar em exoneração por iniciativa do Poder
Público.

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37. (2018/VUNESP/PGE-SP/Procurador do Estado) Com a notícia de que determinado servidor


titular de cargo efetivo solicitara vantagem indevida em razão de sua função, a Administração
Pública instaurou apuração preliminar com o fito de colher elementos acerca da autoria e da
materialidade de eventual falta funcional. Antes mesmo de a apuração preliminar ser concluída,
sentença penal que condenou o servidor pelo crime de corrupção passiva, sem declaração de
perda do cargo, alcançou o trânsito em julgado. Diante disso, é possível afirmar que a condenação
na esfera criminal:
a) repercutirá no âmbito disciplinar, mas a aplicação de pena funcional depende da prévia
instauração de procedimento administrativo disciplinar em que seja apurado o ilícito e garantida
ampla defesa ao servidor.
b) não repercutirá na seara administrativa se não houver determinação expressa nesse sentido no
corpo do julgado. No silêncio da decisão judicial, a apuração preliminar deve seguir seu curso
normal e, na hipótese de instauração de processo administrativo disciplinar, a autoridade
administrativa poderá, inclusive, concluir pela não caracterização do ilícito funcional.
c) implica reconhecimento automático da prática de infração disciplinar e, nesse caso, o princípio
da economia processual autoriza que a condenação administrativa se dê no bojo da apuração
preliminar, desde que assegurada ampla defesa.
d) não repercute na esfera administrativa, de modo que a apuração preliminar deve seguir seu
curso normal e, na hipótese de instauração de processo administrativo disciplinar, a autoridade
administrativa poderá, motivadamente, concluir pela não caracterização da falta funcional e
absolver o servidor.
e) repercute imediata e automaticamente no âmbito disciplinar, de forma que a autoridade
administrativa deverá declarar a perda do cargo público e reconhecer a caracterização da falta
funcional.

Comentários

A) CORRETA. Embora exista a regra geral de independência entre as esferas cível, administrativa
e penal, há alguns aspectos do Direito Penal que repercutem no âmbito civil e administrativo. Vide,
por exemplo, o art. 935 do Código Civil:

“Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo


questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando
estas questões se acharem decididas no juízo criminal.”

No mesmo sentido, vale notar o art. 126 da Lei nº 8.112/90:

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“Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de


absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.”

Portanto, o Direito Penal, por suas características de fragmentariedade e de ser a ultima ratio, tem
aptidão para influenciar nas demais esferas de apuração, em maior ou menor grau.

Vale ressaltar que a conduta do servidor público é um crime contra a Administração Pública. Pelo
art. 132 da Lei nº 8.112/90, caberá demissão quando o servidor cometer crime contra a
Administração Pública:

“Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:

I - crime contra a administração pública;”

Portanto, a autoridade competente para definitivamente dizer que foi cometido um crime contra
a Administração Pública é o juízo criminal. Como o servidor foi condenado em sentença transitada
em julgado, a autoridade administrativa deve instaurar processo administrativo disciplinar a fim de
aplicar a previsão do art. 132 da Lei nº 8.112/90.

Nota-se que o enunciado deixou claro que não houve a perda do cargo. Logo, para que isso
ocorra, há que se ter a abertura de processo administrativo disciplinar. Pela garantia constitucional
do devido processo legal, é necessário que se oportunize ampla defesa ao servidor.

B) INCORRETA. A decisão do juízo criminal, transitada em julgado, deve ser levada em


consideração pela autoridade administrativa, que tem de instaurar o processo administrativo a fim
de provocar a responsabilidade funcional do servidor e aplicar-lhe a penalidade prevista em
estatuto (demissão).

C) INCORRETA. Não existe “verdade sabida” no âmbito da Administração Pública brasileira,


sendo impositiva a necessidade de instauração de processo administrativo para apurar o ilícito
funcional. É errado afirmar, portanto, que haverá reconhecimento automático da infração. Além
disso, como se está diante de um caso que enseja a aplicação da penalidade de demissão, não há
que se falar em apuração preliminar, mas sim em processo disciplinar (inquérito administrativo,
conforme o ar. 153 da Lei 8.112/90).

D) INCORRETA. Como já visto, há repercussão no âmbito administrativo, pois o juízo competente


para dizer se houve ou não cometimento de crime já se pronunciou definitivamente. Diante disso,
a autoridade administrativa deve proceder à apuração no âmbito administrativo a fim de aplicar a
demissão (penalidade prevista em estatuto).

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E) INCORRETA. Não houve a declaração da perda da função pública pelo juízo criminal. Vale
lembrar que o juiz poderia tê-lo feito, conforme o art. 92 do Código Penal. Porém, já que o juiz
criminal não declarou a perda da função, cabe à autoridade administrativa atuar para apurar a
responsabilização administrativa do servidor. Não é algo automático, como a alternativa dá a
entender.

38. (2018/FUNDATEC/AL-RS/Procurador) Em relação aos agentes públicos, é correto afirmar


que:
a) O servidor público detentor de cargo em comissão poderá tornar-se estável no serviço público.
b) O servidor público efetivo será estável após o ato de nomeação.
c) O servidor público estável, por força do artigo 19 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, possui as garantias de efetividade.
d) O servidor público efetivo está sujeito às regras de disponibilidade.
e) O artigo 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias abrange os empregados de
empresas públicas e sociedades de economia mista.

Comentários

A) INCORRETA. A estabilidade no serviço público somente se aplica para servidores ocupantes


de cargos efetivos. Aquele que unicamente ocupa um cargo em comissão não faz jus à estabilidade
do art. 41 da CRFB:

“Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.”

B) INCORRETA. O servidor efetivo somente será estável após três anos de efetivo exercício do
cargo público.

C) INCORRETA. O art. 19 do ADCT contempla que os servidores por ele abrangidos têm
assegurados apenas a estabilidade. Não são efetivos nem integram qualquer carreira do serviço
público.

“Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício
na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que
não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são
considerados estáveis no serviço público.”

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D) CORRETA. A disponibilidade ocorre com servidores efetivos quando da extinção do cargo


público. Nos dizeres do art. 41, § 3º:

“Art. 41, § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável


ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo.”

E) INCORRETA. O art. 19 do ADCT não alcança os empregados das empresas estatais. Aplica-se
apenas aos servidores da Administração Direta, autárquica e fundacional:

“Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício
na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que
não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são
considerados estáveis no serviço público.”

39. (2018/VUNESP/TJ-RS/ Juiz de Direito) De acordo com a Constituição Federal, a respeito dos
agentes públicos, é correto afirmar que,

a) é vedada a percepção acumulada de proventos de aposentadoria do regime próprio de


previdência social ou militar com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, inclusive
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
b) somente os empregados públicos previamente aprovados em concurso público podem adquirir
estabilidade após o período de três anos de efetivo exercício.
c) os cargos, empregos e funções públicas não são acessíveis a estrangeiros, exceto cargo de
professor ou pesquisador junto a instituição de ensino
d) é vedada a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções, exceto quando houver
compatibilidade de horários, a de dois empregos em empresa pública, sociedade de economia
mista, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público,
observado, em qualquer caso, o limite máximo de remuneração no setor público.
e) as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo,
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

Comentários

A) INCORRETA. Porque, de acordo com o §10 do art. 37 da CRFB, é vedada a percepção


simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 (que trata do regime próprio
para os servidores civis) ou dos arts. 42 e 142 (que trata dos militares das forças armadas e dos
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estados, DF e Territórios) com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados


os cargos acumuláveis na forma da Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão
declarados em lei de livre nomeação e exoneração. Portanto, a regra é a vedação à acumulação,
exceto para cargos acumuláveis (inciso XVI, do art. 37, por exemplo), os cargos eletivos (nos
termos do art. 38 da CRFB) e os cargos em comissão (ad nutum).

B) INCORRETA. Porque, conforme posição consolidada no STF, os empregados públicos não


fazem jus à estabilidade prevista no art. 41 da CF, salvo aqueles admitidos em período anterior ao
advento da EC 19/1998 (RE 589.998). Na mesma linha, veja outra jurisprudência do STF: Não se
aplica a empregado de sociedade de economia mista, regido pela CLT, o disposto no art. 41 da
CF, o qual somente disciplina a estabilidade dos servidores públicos civis. Ademais, não há ofensa
aos princípios de direito administrativo previstos no art. 37 da Carta Magna, porquanto a
pretendida estabilidade não encontra respaldo na legislação pertinente, em face do art. 173, § 1º,
da Constituição, que estabelece que os empregados de sociedade de economia mista estão
sujeitos ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações
trabalhistas.(AI 465.780 AgR e AI 660.311 AgR). Portanto, após a emenda nº 19, de 1998, ainda
que admitidos via concurso público, os empregados públicos não gozam de estabilidade.

C) INCORRETA. Porque, de acordo com o art. 37, inciso I, da CRFB, os cargos, empregos e funções
públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
como aos estrangeiros, na forma da lei.

D) INCORRETA. Porque, de acordo com inciso XVI do art. 37 da CRFB, é vedada a acumulação
remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado
em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de
professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.

E) CORRETA. Está em linha com o inciso V do art. 37 da CRFB que prevê: as funções de confiança,
exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a
serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

40. (2018/FCC/PGE-TO/Procurador do Estado) Estevão Artacho, candidato em concurso


público para a carreira policial, foi considerado inapto por exame médico oficial, realizado em 24
de março de 2017, pela constatação de que sofria de sopro no coração, isto é, uma alteração nas
válvulas coronárias. Por essa razão, não pôde tomar posse na data marcada para a investidura dos
candidatos, 11 de abril de 2017. Inconformado, Estevão ajuizou ação ordinária, questionando o
ato administrativo que o considerou inapto e pleiteou, a título de indenização, o valor

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correspondente aos vencimentos do cargo, computados desde a data fixada para a posse. Citada
a Fazenda Estadual e contestada a pretensão, determinou-se realização de prova pericial, que
constatou, por meio de exames mais detalhados, que se tratava de variedade benigna da
anomalia, não impeditiva do exercício da função pública. O juiz prolatou sentença de procedência,
no tocante ao pedido de empossamento no cargo público. No tocante à pretensão relativa à
indenização, a sentença seguiu a jurisprudência dominante do STF, que dispõe que
a) não é devida indenização, salvo em situação de flagrante arbitrariedade do ato que impediu a
posse.
b) a indenização é devida, computada desde a data em que deveria ter ocorrido a posse.
c) tal pretensão deve ser deduzida em ação própria.
d) a indenização é devida, computada desde a data do ajuizamento da ação.
e) a indenização é devida, computada desde a data da citação da Fazenda Pública.

Comentários

Resposta: alternativa “a”. De acordo com a jurisprudência do STF, fixada com repercussão geral,
no RE 724.347 (Tema 671): Responsabilidade civil do Estado. Investidura em cargo público por
força de decisão judicial. Tese afirmada em repercussão geral: na hipótese de posse em cargo
público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus a indenização, sob fundamento de
que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.

41. (2018/CESPE/PGM-AM/Procurador Municipal) Considerando a jurisprudência do STF a


respeito do direito de greve dos servidores públicos, julgue o item seguinte.
Ao chefe do Poder Executivo cabe o corte do ponto dos servidores grevistas, com o respectivo
desconto nos seus vencimentos, independentemente da motivação do movimento

( ) Certo ( ) Errado

Comentários

Resposta: errado. De acordo com a jurisprudência do STF no RE 693.456, com repercussão geral
(Tema 531), a Administração Pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação
decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão
do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto
será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do
poder público.

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42. (2018/CESPE/PGM-AM/Procurador Municipal) Considerando a jurisprudência do STF a


respeito do direito de greve dos servidores públicos, julgue o item seguinte.
Os servidores públicos, sejam eles civis ou militares, possuem direito a greve.
( ) Certo ( ) Errado

Comentários

Resposta: errado. De acordo com a jurisprudência do STF fixada no julgamento da ARE 654.432,
com repercussão geral (Tema 541), o exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou
modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente
na área de segurança pública.

43. (2018/IBFC/ CÂMARA DE FEIRA DE SANTANA-BA/Procurador Jurídico) Ao agente público


integrante da administração direta, no exercício de mandato eletivo, aplica-se, dentre outras, a
seguinte diretriz constitucional:
a) investido no mandato de Prefeito, deverá ser afastado do cargo, emprego ou função, podendo
optar pela sua remuneração.
b) cuidando-se de mandato eletivo estadual, poderá acumular eventual emprego ou função.
c) investido no mandato de Prefeito, sendo compatíveis os horários, o agente político deverá
receber as diárias e gratificações de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo.
d) nas situações que demandem o afastamento para o exercício de mandato eletivo, o tempo de
serviço deverá ser contado para todos os fins da lei, exceção feita à promoção por antiguidade.

Comentários

A) CORRETA. Apresenta o teor do art. 38, inciso II, da CRFB.

B) INCORRETA. Porque, de acordo com o inciso I do aludido art. 38, tratando-se de mandato
eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função.

C) INCORRETA. Porque, de acordo com o inciso III do aludido art. 38, investido no mandato de
Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será
afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.

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D) INCORRETA. Porque, de acordo com o inciso IV do aludido art. 38, em qualquer caso que exija
o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento. Lembre-se também que, para efeito
de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como se no
exercício estivesse.

44. (2018/VUNESP/PREFEITURA DE BAURU-SP/Procurador) Um técnico de enfermagem (nível


médio) prestou concurso público e, tendo sido aprovado, tomou posse no cargo de enfermeiro,
passando a integrar o quadro de pessoal da Administração municipal. Somente quatro anos
depois da entrada em exercício do técnico, a área de recursos humanos do Município identificou
que o certificado de conclusão de curso por ele apresentado por ocasião de sua posse não
comprovava o preenchimento de requisito legal essencial para investidura no cargo público de
enfermeiro. Considerando que o edital do concurso público expressamente indicava como
condição para posse a apresentação de certificado de conclusão de Curso Superior em
Enfermagem, a municipalidade deverá

a) cautelarmente afastar o servidor do exercício do cargo e, independentemente de processo


administrativo ou judicial específico, exonerá-lo pela ausência de boa-fé.
b) de ofício, instaurar processo administrativo disciplinar com vistas à demissão do técnico de
enfermagem, por ausência de aptidão técnica específica para desempenho do cargo público.
c) instaurar processo administrativo com vistas à invalidação do ato administrativo de nomeação e
posse do servidor que não comprovou o preenchimento de requisito específico para investidura
naquele cargo público.
d) provocar a Procuradoria Jurídica do Município para representá-la judicialmente em ação
declaratória de inexistência de relação jurídica administrativa entre a municipalidade e o servidor,
que não fará jus a indenização se reconhecida, em juízo, sua má-fé.
e) instaurar processo administrativo com vistas à revisão da avaliação periódica de desempenho
do servidor, ao final do qual, se comprovada ausência de má-fé e desempenho excepcional pelo
servidor, poderá ser fundamentadamente convalidado o ato administrativo de sua nomeação e
posse.

Comentários

Resposta: alternativa “c”. De acordo com a súmula 473 do STF, a administração pode anular seus
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Assim, se o documento
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apresentado, ainda que percebido após 4 anos, não comprovava o preenchimento de requisito
legal essencial para investidura no cargo público de enfermeiro, deve a Administração Pública, em
seu dever de autotutela, instaurar procedimento administrativo em que se garanta ampla defesa
e o contraditório, para, ao final, se confirmado que o então candidato não possuía ao tempo da
investidura os requisitos para tal, invalidar o ato de nomeação e posse. Frise-se que, pela Teoria
do Fato Consumado, todos os atos praticados pelo então servidor público, em tese, se manterão
hígidos, exceto se houver algum vício comprovado. Além disso, não precisará o então servidor
devolver ao erário as remunerações recebidas, já que contraprestação do esforço laboral
desprendido ao tempo de seu exercício público e para que a Administração Pública não incorre
em enriquecimento sem causa em função do trabalho gratuito.

45. (2017/FCC/DPE-PR/Defensor Público) Sobre o tema Agentes Públicos,


a) é aplicável a regra da aposentadoria compulsória por idade também aos servidores públicos
que ocupem exclusivamente cargo em comissão, segundo o Superior Tribunal de Justiça.
b) o desconto em folha de pagamento de servidor público, referente a ressarcimento ao erário,
depende de prévia autorização dele ou de prévio procedimento administrativo que lhe assegure
a ampla defesa e contraditório, segundo o Superior Tribunal de Justiça.
c) é inconstitucional a “cláusula de barreira” inserida em edital de concurso público, segundo o
Supremo Tribunal Federal.
d) a extinção da punibilidade pela prescrição de determinada infração administrativa será
registrada nos assentamentos funcionais apenas para impedir novamente o mesmo benefício no
prazo de cinco anos, segundo o Superior Tribunal de Justiça.
e) os institutos da estabilidade e do estágio probatório, após alteração promovida pela Emenda
Constitucional n° 19/1998, estão desvinculados, tendo em vista a possibilidade de prorrogação do
estágio probatório.

Comentários

A) INCORRETA. Porque, de acordo tanto com o STF quanto o STJ, a aposentadoria compulsória,
prevista no art. 40, §1º, II, e §13 da CRFB, não se aplica ao servidor ocupante exclusivamente de
cargo em comissão, mas apenas aos servidores efetivos (STJ RMS 36950; STF RE 786.540). Não
existe qualquer idade limite para nomeação em cargo em comissão.

B) CORRETA. Porque, de acordo com o STJ, conforme AgRg no REsp 1.116.855 (também REsp
651081 e RMS 23892), o desconto em folha de pagamento de servidor público referente a
ressarcimento ao erário depende de prévia autorização dele ou de procedimento administrativo
que lhe assegure a ampla defesa e o contraditório.

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C) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF, RE 635.739, com repercussão geral reconhecida
(Tema 376), a ”cláusula de barreira” (regra editalícia restritiva que, embora não elimine o candidato
pelo desempenho inferior ao exigido, obstaculiza sua participação na etapa seguinte do concurso
em razão de não se encontrar entre os melhores classificados, de acordo com previsão numérica
preestabelecida no edital) é constitucional.

D) INCORRETA. Porque o STF declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do art. 170 da Lei


nº 8.112/90 (MS 23262) e o STJ fixou o entendimento de que nesse contexto, não se deve utilizar
norma legal declarada inconstitucional pelo STF (mesmo em controle difuso, mas por meio de
posição sufragada por sua composição Plenária) como fundamento para anotação de atos
desabonadores nos assentamentos funcionais individuais de servidor, por se tratar de conduta que
fere, em última análise, a própria CF (MS 21598).

E) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF (RE 805491), a EC 19/1998, que alterou o art. 41
da CF, elevou para três anos o prazo para a aquisição da estabilidade no serviço público e, por
interpretação lógica, o prazo do estágio probatório.

46. (2017/FCC/DPE-SC/Defensor Público) No tema da remuneração dos servidores públicos, o


Supremo Tribunal Federal, pela via dos RE 602.043 e RE 612.975, decidiu que
a) a acumulação de cargos, desde que estes sejam remunerados, isoladamente, em valor superior
ao teto constitucional, permite ao servidor escolher a remuneração que lhe apetece.
b) nos casos autorizados, constitucionalmente, de acumulação de cargos, empregos e funções, a
incidência do art. 37, inciso XI, da Constituição Federal, pressupõe consideração de cada um dos
vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos
ganhos do agente público.
c) ainda que se trate de vínculos provenientes de diferentes entes federados a incidência do teto
será calculada de maneira única.
d) o teto constitucional é aplicável a todos os servidores públicos, sendo indiferente a acumulação
ou não de cargos, empregos ou funções.
e) somente com autorização judicial é possível a acumulação de vencimentos, hipótese em que
haverá a incidência do teto constitucional de maneira global, ou seja, cada indivíduo está
submetido ao teto.

Comentários

Resposta: alternativa “b”. De acordo com os REs 612.975 e 602.043, o STF fixou o entendimento,
com repercussão geral reconhecida, de que nas situações jurídicas em que a CF autoriza a

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acumulação de cargos, o teto remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada


um deles, e não ao somatório do que recebido.

47. (2017/CESPE/DPU/Defensor Público) Considerando o entendimento do STJ acerca do


procedimento administrativo, da responsabilidade funcional dos servidores públicos e da
improbidade administrativa, julgue o seguinte item.
É possível a instauração de procedimento administrativo disciplinar com base em denúncia
anônima

( ) Certo ( ) Errado

Comentários

Resposta: certo. De acordo com a súmula 611 do STJ, desde que devidamente motivada e com
amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo
disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à
Administração.

48. (2017/CESPE/PGE-SE/Procurador do Estado) À luz do entendimento dos tribunais


superiores, assinale a opção correta no que tange à disciplina normativa sobre os direitos e
deveres dos servidores e empregados públicos, inclusive quanto ao regime previdenciário .
a) A contratação temporária de pessoal por tempo determinado é possível, desde que sejam
demonstrados o interesse público profissional e a imprescindibilidade da contratação, ainda que
a excepcionalidade dos casos não esteja prevista em lei.
b) Norma estadual que preveja a redução de vencimentos de servidores públicos afastados de
suas funções enquanto estes responderem a processo criminal não violará a cláusula constitucional
de irredutibilidade de vencimentos.
c) Ocorre, em cinco anos, a prescrição do fundo do direito quanto à pretensão do servidor público
de pleitear a cobrança de remuneração não paga pelo poder público.
d) O candidato aprovado em concurso público cuja classificação entre as vagas oferecidas no edital
se der em razão da desistência de candidatos mais bem classificados no certame não terá direito
subjetivo à nomeação.
e) A percepção do adicional de periculosidade por servidor público não constitui elemento
suficiente para o reconhecimento do direito a aposentadoria especial.

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Comentários

A) INCORRETA. Porque, conforme posição do STF na ADI 2229, a contratação de pessoal por
tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público está
condicionada: a) previsão em lei dos cargos; b) tempo determinado; c) necessidade temporária de
interesse público; d) interesse público excepcional.

B) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF, RE 482.006, é inconstitucional norma estadual que
preveja a redução de vencimentos de servidores públicos afastados de suas funções enquanto
estes responderem a processo criminal.

C) INCORRETA. Porque é preciso diferenciar prescrição de fundo de direito de prescrição de trato


sucessivo. Na prescrição de trato sucessivo, o exaurimento do seu lapso temporal só atinge parte
das parcelas que superaram o período prescricional e não todo o direito. Já na prescrição de fundo
de direito, seu exaurimento faz com que se perca todas as prestações relativas ao direito
pleiteado, antes ou depois do exaurimento do prazo. Nessa linha, a súmula 85 do STJ fixa que:
Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando
não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações
vencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação.

D) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF (ARE 956521), possui direito subjetivo à nomeação
o candidato aprovado dentro do número de vagas previstas no edital de concurso público e esse
direito à nomeação também se estende ao candidato aprovado fora do número de vagas previstas
no edital, mas que passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência de candidatos
classificados em colocação superior.

E) CORRETA. de acordo com o STF (MI 833, MI 844 e MI 1757), a percepção de gratificações ou
adicionais de periculosidade, assim como o porte de arma de fogo, não são, por si sós, suficientes
para reconhecer o direito à aposentadoria especial, em razão da autonomia entre o vínculo
funcional e o previdenciário.

49. (2017/CESPE/PGE-SE/Procurador do Estado) Considerando o entendimento


jurisprudencial e a legislação pertinentes a agentes públicos, assinale a opção correta.
a) Decreto estadual que autorizar a criação de novos cargos públicos para a função de médico
plantonista na rede pública de saúde deverá ser declarado inconstitucional.
b) A nomeação, por governador, de um irmão dele para o cargo de secretário de Estado de
turismo tipificaria caso de nepotismo e violaria a CF.

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c) Conforme o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Sergipe, um servidor em


estágio probatório, ocupante de cargo efetivo nesse estado, poderá ser redistribuído para uma
autarquia estadual.
d) Procurador do estado de Sergipe poderá exercer cargo de professor em instituição estadual,
respeitados os requisitos constitucionais tanto de cumulatividade quanto o de teto para a soma
das remunerações percebidas pelo exercício dos dois cargos.
e) Segundo o atual entendimento do STF, a admissão de empregados públicos será considerada
constitucional se for feita por órgão da administração direta.

Comentários

Resposta: alternativa “a”.

A) CORRETA. De acordo com o art. 84, inciso VI, da CRFB, compete privativamente ao Presidente
da República dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamento da administração
federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos e
sobre a extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. Assim, ainda que por simetria
previsto na Constituição Estadual, o Governador do Estado somente pode lançar mão da figura
do Decreto Autônomo nas previsões constitucionais, não podendo criar novos cargos públicos, o
que acarreta aumento de despesa, sem lei formal. De acordo com o STF (ADI 3.232) ainda que
houvesse lei estadual delegando ao chefe do Poder Executivo dispor, mediante decreto, sobre
criação de cargos públicos remunerados, estes seriam inconstitucionais.

B) INCORRETA. Assim é a jurisprudência do STF (Rcl 6.650; RE 825.682; RE 579.951): Nomeação


de irmão de governador de Estado. Cargo de secretário de Estado. Nepotismo. Súmula Vinculante
13. Inaplicabilidade ao caso. Cargo de natureza política. Agente político. (...) Impossibilidade de
submissão do reclamante, secretário estadual de transporte, agente político, às hipóteses
expressamente elencadas na Súmula Vinculante 13, por se tratar de cargo de natureza política .
Mas atenção! O Ministro Marco Aurélio, em 2017, em tutela antecipada, deferiu liminar na Rcl
26.303 para suspender a eficácia de Decreto expedido pelo Prefeito do Rio de Janeiro ao nomear
o próprio filho como Secretário Chefe da Casa Civil, mesmo tratando-se de cargo político, com
base na súmula vinculante 13. Assim, é preciso avaliar os próximos julgados do STF sobre o tema.

C) INCORRETA. Porque, de acordo com o art. 69 do Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado
de Sergipe, a redistribuição somente poderia ocorrer após o estágio probatório.

D) INCORRETA. Porque, conforme posição do STF fixada com repercussão geral (RE 612.975 –
temas 377 e 384), situações jurídicas em que a CF autoriza a acumulação de cargos, o teto
remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do
que recebido.
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E) INCORRETA. já que, em função da cautelar concedida na ADI 2.135, que suspendeu a eficácia
do “caput” do art. 39 com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998, permanece
produzindo efeitos a orientação originária do aludido artigo, qual seja, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único
e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das
fundações públicas. Ademais, na própria ementa o STF previu que se mantém vigente o texto
originário do “caput” do art. 39, que tratava do regime jurídico único, incompatível com a figura
do emprego público. Portanto, para o STF é inconstitucional a contratação de empregado público
pela Administração Direta.

50. (2017/FMP CONCURSOS/PGE-AC/Procurador do Estado) De acordo com o atual


panorama interpretativo verificado na jurisprudência dos Tribunais Superiores, pode-se afirmar
sobre o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público fora do número
de vagas disciplinado pelo certame de que participou:
a) O cadastro reserva revela-se por si como medida inidônea para o aproveitamento dos
candidatos aprovados durante a validade do concurso.
b) Os aprovados dentro do cadastro reserva não têm expectativa de direito à nomeação, muito
menos direito subjetivo a serem chamados para o preenchimento da vaga.
c) Incumbe à Administração, no âmbito de seu espaço de discricionariedade exercido de forma
livre, avaliar a conveniência e a oportunidade de novas convocações durante a validade do
certame.
d) O direito subjetivo à nomeação do candidato surge, dentre outras hipóteses, quando, ao
surgirem novas vagas ou ao ser aberto novo concurso durante a validade do certame anterior,
ocorre a preterição de candidatos de forma justificada e motivada por parte da Administração.
e) Demonstrada a existência de vagas e a necessidade de serviço, não pode a Administração deixar
transcorrer o prazo de validade a seu bel prazer para nomear outras pessoas que não aquelas já
aprovadas em concurso válido.

Comentários

A) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF (RE 837311), o cadastro de reserva se trata de
legítimo instrumento de planejamento da Administração que atende o melhor interesse público e
que privilegia, sobretudo, a gestão eficiente, afastando, a priori, a denominada proteção da
confiança legitima.

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B) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF (RE 837.311), o candidato classificado no cadastro
de reserva possui expectativa de direito e, a depender da situação concreta demonstrar arbítrio
ou preterição, a expectativa pode ser convolada em direito subjetivo.

C) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF (RE 837.311), “o Estado Democrático de Direito
republicano impõe à Administração Pública que exerça sua discricionariedade entrincheirada não,
apenas, pela sua avaliação unilateral a respeito da conveniência e oportunidade de um ato, mas,
sobretudo, pelos direitos fundamentais e demais normas constitucionais em um ambiente de
perene diálogo com a sociedade”. Portanto, a discricionariedade não é livre (nas palavras do STF
ela é reduzida a zero).

D) INCORRETA. Porque para o surgimento do direito subjetivo à nomeação deve ocorrer, dentre
outras hipóteses, o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso durante a validade
do certame anterior, com a preterição de candidatos de forma injustificada e imotivada por parte
da Administração. A publicação de novo edital de concurso público ou o surgimento de novas
vagas durante a validade de outro anteriormente realizado não caracteriza, por si só, a necessidade
de provimento imediato dos cargos. Em resumo: “a discricionariedade da Administração quanto
à convocação de aprovados em concurso público fica reduzida ao patamar zero
(ErmessensreduzierungaufNull), fazendo exsurgir o direito subjetivo à nomeação, verbi gratia, nas
seguintes hipóteses excepcionais: i) Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas
dentro do edital (RE 598.099); ii) Quando houver preterição na nomeação por não observância da
ordem de classificação (Súmula 15 do STF); iii) Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo
concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos aprovados
fora das vagas de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.”

E) CORRETA. Se demonstrada a existência de vagas e a necessidade de serviço, de fato a


Administração não pode deixar transcorrer o prazo de validade de forma discricionário e até
arbitrária para nomear outras pessoas que não aquelas já aprovadas em concurso válido (STF RE
837311).

51. (2017/FMP CONCURSOS/PGE-AC/Procurador do Estado) Assinale a alternativa CORRETA


no que se refere à acumulação de cargos públicos.
a) O teto remuneratório é aplicável ao conjunto das remunerações ou ao somatório dos ganhos
percebidos de forma cumulativa.
b) A proibição constitucional de acumular estende-se apenas a empregos e abrange autarquias,
empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações mantidas pelo poder público.
c) Há vedação legal no ordenamento jurídico vigente quanto à acumulação de cargos públicos em
entidades ou órgãos situados em unidades distintas da Federação.
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d) A existência de norma jurídica que estipula limitação de jornada semanal dos cargos a serem
acumulados constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação prevista na Constituição.
e) Nos casos de acumulação autorizados pelo texto constitucional, deve-se levar em conta, para a
aplicação do teto remuneratório, separadamente cada um dos vínculos formalizados.

Comentários

A) INCORRETA. Nas situações jurídicas em que a CF autoriza a acumulação de cargos, o teto


remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do
que recebido.

B) INCORRETA. De acordo com o inciso XVII do art. 37 da CRFB, a proibição de acumular estende-
se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
público.

C) INCORRETA. Porque não há no ordenamento jurídico esta vedação. Pode haver acumulação,
inclusive de cargo de professor em universidade federal e estadual, por exemplo. Nessa linha,
inclusive há o Parecer da AGU nº 75-3.20/2011/JPA/CONJUR/MP, no qual se afirma a inexistência
de óbice constitucional ou legal para acumulação de cargos públicos em unidades distintas da
federação.

D) INCORRETA. O STF já fixou entendimento de que a existência de norma infraconstitucional que


estipula limitação de jornada semanal não constitui óbice ao reconhecimento do direito à
acumulação prevista no art. 37, inciso XVI, alínea c (RE 633.298, RE 1023290, ARE 859484). Fique
atento porque é um posicionamento diverso daquele do STJ que em 2014 mudou seu
entendimento para reconhecer a adequação de Parecer da AGU 145/1998 limitando em 60 horas
semanais de jornada de trabalho para permitir a acumulação. Baseia-se no princípio da eficiência
que deve disciplinar a prestação do serviço público, bem a proteção à saúde do trabalhador
(AREsp 736635).

E) CORRETA. Em linha com posição do STF fixada com repercussão geral (RE 612.975 – temas 377
e 384), nas situações jurídicas em que a CF autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório
é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido.

52. (2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE /Procurador Municipal) Em cada um do item


a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a
respeito da organização administrativa e dos atos administrativos.

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Em razão de incorporações legais, determinado empregado público recebe uma remuneração que
se aproxima do teto salarial constitucional. Nessa situação, conforme o entendimento do STF, a
remuneração do servidor poderá ser superior ao teto constitucional se ele receber uma
gratificação por cargo de chefia

( ) Certo ( ) Errado

Comentários

Resposta: errado. De acordo com o inciso XI do art. 37 da CRFB, a remuneração e o subsídio dos
ocupantes de cargos, funções e empregos e os proventos, pensões ou outra espécie
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal. Inclui-se, portanto, no teto remuneratório eventuais gratificações por
cargo de chefia. Por outro lado, exclui-se do teto remuneratório as verbas indenizatórias (§11 do
art. 37), os direitos gratificados com base anual (férias e décimo terceiro - §3º do art. 39), bem
como remunerações oriundas de cargos acumuláveis nos termos da CRFB (não se avalia o teto
pelo somatório e sim isoladamente –Repercussão Geral RE 612.975 – temas 377 e 384).

53. (2017/CESPE/TRF-5ª REGIÃO/Juiz Federal) A respeito de agentes públicos, assinale a


opção correta.
a) Conforme entendimento do STF, para a concessão de licença prêmio na forma de indenização
a servidor público, deverá ser considerada a remuneração bruta do servidor, sem a limitação
constitucional do teto, em razão do seu caráter indenizatório.
b) Caso um ente público com participação em determinada sociedade de economia mista não
aporte, para a sociedade, recursos para despesas de pessoal ou custeio em geral, será legítimo
que os diretores dessa sociedade percebam remuneração além do teto constitucional.
c) Servidor público federal que ingresse no serviço público após a instituição da previdência
complementar no âmbito da União deverá, obrigatoriamente, aderir ao regime de previdência
privada.
d) Situação hipotética: Empregado público ingressou no quadro de servidores de determinada
empresa estatal, sem concurso público, seis anos antes do advento da Constituição Federal de
1988. Assertiva: Nesse caso, ele adquiriu a estabilidade excepcional garantida por artigo do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias, no entanto a efetividade no cargo só será obtida por
concurso público.

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e) Servidor público que tenha aderido a plano de previdência complementar administrado por
entidade fechada de previdência complementar e que deseje contribuir com 10% acima do valor
estabelecido pela entidade administradora do plano somente poderá fazê-lo se a contribuição do
ente público ao qual esteja vinculado for também suplementada, a fim de atender ao princípio
constitucional da paridade contributiva.

Comentários

A) INCORRETA. De acordo com o STF (SS 5011 AgR), incide o teto remuneratório (art. 37, XI) na
base de cálculo de verba indenizatória e não no valor bruto.

B) CORRETA. De acordo com o §9º do art. 37 da CRFB, o disposto no inciso XI aplica-se às


empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de
despesas de pessoal ou de custeio em geral.

C) INCORRETA. Nos termos da Lei nº 12.618, de 2012, fica assegurado ao participante o direito
de requerer, a qualquer tempo, o cancelamento de sua inscrição, nos termos do regulamento do
plano de benefícios.

D) INCORRETA. A estabilidade excepcional prevista no art. 19 do ADCT (os servidores públicos


civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta,
autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há
pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art.
37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço público), não se aplica à empresa estatal
(Sociedade de Economia Mista e Empresa Pública). Nessa linha, STF ADI 1.808. A parte final alusiva
à estabilidade e efetividade estaria correta se fosse aplicada a estabilidade excepcional. Lembre-
se que estabilidade é o direito garantido ao servidor público de permanecer no serviço público
após o efetivo exercício de 3 anos. Já a efetividade é a qualidade do cargo efetivo para diferenciá-
lo de cargo comissionado (cargo em comissão). Assim, o empregado aludido na situação
hipotética, ao ingressar no quadro da empresa estatal não possuía nem estabilidade nem
efetividade, já que não titularizava cargo efetivo nem era estável. Pode haver as quatro
combinações possíveis entre estabilidade e efetividade (estabilidade sem efetividade – Ex.: o
estabilizado excepcionalmente pelo art. 19 do ADCT; estabilidade com efetividade – Ex.: o
estabilizado excepcionalmente pelo art. 19 do ADCT que veio a ser aprovado em concurso público
e passou a titularizar cargo efetivo ou qualquer servidor aprovado em concurso público para cargo
efetivo e depois de 3 anos se tornar estável; sem estabilidade e com efetividade – Ex.: o aprovado
em concurso público para cargo efetivo antes de se tornar estável; sem estabilidade e sem
efetividade – Ex.: é o caso da situação hipotética da questão, ou seja, o admitido sem concurso
público antes da Constituição de 1988 e que não foi estabilizado pela norma excepcional do art.
19 do ADCT, isto é, permanece no serviço público, sem estar em cargo efetivo e sem estabilidade).
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E) INCORRETA. Nos termos do §4º do art. 16 da Lei nº 12.618, de 2012, além da contribuição
normal, o participante poderá contribuir facultativamente, sem contrapartida do patrocinador, na
forma do regulamento do plano.

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5. RESUMO

1) Agente Público: se refere a todo e qualquer sujeito que execute alguma função pública para a
Administração Pública (Direta ou Indireta). Ele é o meio pelo qual o Estado manifesta sua vontade.

✓ atuam no plano fático na dimensão estratégica, na dimensão tática e na dimensão operacional


✓ para Celso Antônio Bandeira de Mello, a caracterização de agente público exige dois requisitos:
a natureza da atividade desempenhada (critério objetivo) e a investidura nela (critério subjetivo).
✓ Em nosso curso, adotamos a classificação feita pela professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a
fim de abordar, senão a totalidade, a grande maioria da teoria necessária para que você
compreenda qualquer outra classificação que possa ser apresentada em seus certames.
✓ A professora define “agente público” como “como toda pessoa física que presta serviços ao
Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta” e os classifica da seguinte maneira:

Agentes Políticos

Militares Servidores Estatutários

Servidores Públicos Empregados Públicos


Agente
Público
Servidores Temporários

delegação
Particulares em colaboração com o requisição, nomeação
Poder Público ou designação
gestor de negócio

✓ Existem, claro, outros autores que propuseram classificações não só diferentes desta, mas
conflituosas entre si, como os professores Celso Antônio, José dos Santos Carvalho Filho, Hely Lopes
Meirelles e Marçal Justen Filho. Observe:

o Para Hely Lopes Meirelles, os membros da magistratura, do ministério público e dos tribunais
de contas são incluídos na espécie de agentes políticos, enquanto os demais autores citados
não adotam essa inclusão.

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o Para este professor e para Celso Antônio Bandeira de Mello, incluem-se entre os agentes
públicos as concessionárias e permissionárias pessoas jurídicas, fato que não é acolhido pela
professora Maria Sylvia (nem por Marçal Justen Filho e nem por José dos Santos Carvalho
Filho, que só aceitam pessoas físicas na qualidade de agentes públicos.)
✓ Não há na CRFB a definição de agente público nem a sua utilização é técnica e ordenadamente
utilizada. Por sua vez, a Lei de Improbidade Administrativa, Lei nº 8.429, de 1992, define agente
público com grande amplitude semântica: “Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego
ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.”

2) Agente Político: A ideia de Agente Político, para a professora Maria Sylvia está ligada à de governo
(aspecto subjetivo) e à de função política (aspecto objetivo).
✓ Para ela, existiria uma tendência de se considerar os membros da Magistratura e do Ministério Público
entre os agentes políticos.
✓ Agentes Políticos seriam aqueles que realizam atividades de governo como os Chefes dos Poderes
Executivos, seus vices e assessores imediatos (Ministros e Secretários), bem como os Senadores,
Deputados Federais, Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores.

3) Militares: são uma espécie do gênero “agentes públicos” que possui regramento constitucional e legal
próprio, já que têm base em hierarquia e disciplina próprias. Aqui estão as principais funções dos
Militares das Forças Armadas:

As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela


Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares sob
a autoridade suprema do Presidente da República, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, e destinadas a:

defesa da pátria

garantia dos Poderes Constitucionais

garantia da Lei e da Ordem, por iniciativa de qualquer dos


Poderes da República

✓ Na estrutura do Poder Judiciário há uma Justiça Militar própria, formada pelo Superior Tribunal Militar
e pelos Tribunais e juízes militares instituídos por lei.

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✓ Após a Emenda Constitucional nº 19, de 1998, houve uma segregação clara entre os servidores
públicos em geral e os militares, de modo que há direito aos servidores públicos que não se aplicam
aos militares, como o direito a sindicalização e greve.
✓ Apenas os agentes públicos das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, dentre os
órgãos integrantes da Segurança Pública, são considerados militares na acepção da palavra.

4) Servidores Públicos: correspondem à maioria dos Agentes Públicos.


✓ A expressão “Funcionário Público” parou de ser utilizada pela CRFB em 1988, que adotou “servidor
público”, que é mais ampla. Antes, na Constituição de 1967, a expressão Funcionário Público era a
empregada para designar o atual servidor público estatutário.
✓ É feita a seguinte classificação:

servidores estatutários

Servidores Públicos empregados públicos

servidores temporários

✓ Servidores Estatutários: são os cuja relação jurídica com a Administração Pública está estabelecida
em lei que disciplina o Estatuto Jurídico dos Servidores Públicos.
✓ Empregados Públicos ou celetistas: são os contratados sob o regime das leis trabalhistas, a
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

• Mesmo sujeitos à CLT, aos empregados públicos se aplicam as normas constitucionais relativas
a concurso público, acumulação de cargos, vencimentos, entre outros, tratados na disciplina
da Administração Pública pela CRFB.
• A legislação prevê que este tipo de contrato somente será rescindido com base em ato
unilateral da Administração pública nas hipóteses a seguir indicadas (exceto para as
contratações que tenham ocorrido em função da autonomia de gestão de que trata o §8º do
art. 37 da CRFB):

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prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da


Consolidação das Leis do Trabalho – CLT

acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas

necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso de


despesa, nos termos da lei complementar a que se refere o art.
169 da Constituição Federal

insuficiência de desempenho, apurada em procedimento no qual


se assegurem pelo menos um recurso hierárquico dotado de
efeito suspensivo, que será apreciado em 30 dias, e o prévio
conhecimento dos padrões mínimos exigidos para continuidade
da relação de emprego, obrigatoriamente estabelecidos de
acordo com as peculiaridades das atividades exercidas

• Já para todas as Agências Executivas e as outras contratações de pessoal decorrentes da


autonomia de gestão pode haver a rescisão unilateral do contrato de trabalho sem que
presente uma das hipóteses incluídas no último diagrama, mas havendo quebra de contrato
no que diz respeito à forma como a autonomia será exercida, metas a serem cumpridas no
prazo estabelecido no contrato, e controle de resultado para verificação do cumprimento ou
não das metas estabelecidas.
✓ Servidores Temporários: são os contratados para o exercício temporário de função pública, que
devem se submeter a regime especial do ente da Federação.

5) Os particulares em colaboração com o Estado: são os agentes que não tem vínculo empregatício com o
Poder Público, remunerado ou não.

delegação do Poder Público

Particulares em Colaboração com o


requisição, desginação ou nomeação
Poder Público

gestores de negócio

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✓ Na delegação do Poder Público estão todos aqueles empregados de empresas concessionárias e


permissionárias de serviços públicos, os que exercem serviços notarias e de registro ou ainda os
leiloeiros, tradutores e intérpretes públicos.
✓ Aqueles com função de requisição, nomeação ou designação são os que, sem vínculo empregatício,
com ou sem remuneração, exercem atividades públicas de relevância, como os jurados do tribunal do
júri, os mesários nas eleições, os convocados para prestação do serviço militar, etc;
✓ Os gestores de negócio são aqueles que, espontaneamente, assumem determinada função pública
em momento de emergência, calamidade, epidemia, incêndio, entre outros.

6) Regime Jurídico Único: Interpretações divergentes do Regime Jurídico Único, devido à ambiguidade da
redação:

1º) que a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir para sua Administração
Direta, bem como para suas autarquias e fundações, o Regime Estatutário para todos os servidores;

2º) que a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deveriam escolher entre o Regime Estatutário
e o Regime Celetista aquele que exclusivamente ia ser adotado para toda sua Administração Direta,
autarquias e fundações.

✓ O desenrolar do conflito:

• Texto originário do "caput" do art. 39 da CRFB


prevê o Regime Jurídico Único
05/10/1988
• Há entes que adotaram o estatutário e há entes que
adotaram o celetista, exclusivamente

• Emenda Constitucional nº 19 altera o "caput" do art.


39 e afasta a obrigatoriedade de Regime Jurídico
04/06/1998 Único
• Os entes puderam adotar, concomitantemente, um
ou outro regime (União: Lei nº 9.962/2000)

• O STF concedeu medida cautelar para suspender


a eficácia da nova redação do "caput" do art. 39
02/08/2007 dado pela EC nº 19/98
• Retorna o Regime Jurídico Único, com efeitos ex
nunc (preservam-se as legislações em vigor)

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✓ Até que se ultime a decisão no mérito pelo STD na ADI 2.135, continua produzindo efeitos a redação
originária do “caput” do art. 39 da Constituição. Deve-se acompanhar os posicionamentos futuros da
justiça.
✓ De todo modo, em regra, nós temos as pessoas jurídicas com personalidade jurídica de direito público
adotando o regime estatutário e as pessoas jurídicas com personalidade jurídica de direito privado
adotando o regime celetista;

7)Cargos são células dos órgãos públicos titularizados por servidores estatutários;

8)Empregos remetem às funções exercidas pelos empregados públicos, portanto, sob o regime celetista;

9)Funções públicas são as atividades em si.

Função Gratificada Cargo Comissionado


Cargo Efetivo
(Função de Confiança) (Cargo de Confiança)

Livre nomeação e exoneração


Titularizado por servidor
Exercidas exclusivamente por (ad nutum), respeitado o
investido após aprovação em
servidores ocupantes de preenchimento mínimo por
concurso público de provas
cargo efetivo servidores de carreira
ou de provas e títulos
previstos em lei

Destinação ampla, não só Pode ser titularizado tanto


Destina-se à Direção, Chefia
para Direção, Chefia ou pelo "comissionado puro"
ou Assessoramento
Assessoramento quanto por servidor efeitvo

Destina-se à Direção, Chefia


ou Assessoramento

10) “Concurso Público é o procedimento administrativo que tem por fim aferir as aptidões pessoais e
selecionar os melhores candidatos ao provimento de cargos e funções públicas.”, segundo José dos Santos
Carvalho Filho.

✓ Cumpridos os requisitos bases previstos em lei, qualquer brasileiro pode ser investido em cargo
efetivo ou emprego público, desde que seja aprovado previamente em concurso público de provas
ou de provas e títulos.

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✓ A validade máxima de um concurso, considerando o período inicial e a prorrogação será de 4 anos (2


de validade inicial + 2 anos no máximo de prorrogação).
✓ O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
✓ O processo é válido tanto para brasileiros quanto para estrangeiros.

11) Com base no atual texto da CRFB, a Estabilidade é alcançada pelo servidor público estatutário que passou
a titularizar um cargo efetivo por aprovação em concurso público e permaneceu em efetivo exercício no
cargo por 3 anos. É condição para a aquisição da estabilidade, a obrigatória avaliação especial de
desempenho realizada por comissão instituída para essa finalidade.

✓ O servidor público estável só perderá o cargo nos seguintes casos:

em virtude de sentença judicial transitada em


julgado

mediante processo administrativo em que lhe seja


assegurada ampla defesa
Perda do Cargo pelo
Servidor Estável mediante procedimento de avaliação periódica de
desempenho, na forma de lei complementar,
assegurada ampla defesa

para que se atinja os limites de despesa com


pessoal ativo e inativo fixado em Lei
Complementar, desde que seguido o
procedimento previsto no art. 169 da CRFB

✓ No caso de ser invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, ele deve ser
reintegrado e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito
a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração
proporcional ao tempo de serviço. Além disso, se extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
o servidor estável deve ficar em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço,
até seu adequado aproveitamento em outro cargo.

12) Há, basicamente, duas formas de Remuneração no serviço público: a formada por parcelas diversas como
remuneração básica adicionada de vantagens, gratificações e demais adicionais com denominações variadas;
e a por subsídio que é aquela formada por parcela única,vedado o acréscimo de qualquer gratificação,
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória.
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✓ “Vencimentos” a é somatória de todas as parcelas que compõem o montante global a ser percebido
pelo servidor. “Vencimento” alude a uma das parcelas que compõem os vencimentos.
✓ O direito momentâneo ou transitório a determinado adicional ou acréscimo pecuniário não pode
compor a base para futuros novos acréscimos.
✓ Remuneração de cargos no Poder Legislativo e no Poder Judiciário não deve superar concretamente
a dos do Executivo.

13) O Teto Remuneratório, ou limite remuneratório no serviço público, regra geral, não deve exceder o
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.

✓ Estatais e suas subsidiárias não estão sujeitas ao limite remuneratório (teto ou subteto) desde que
não sejam deficitárias e não necessitem de recursos públicos para pagamento de despesas de seu
pessoal ou de custeio geral de suas atividades.
✓ O subteto remuneratório único para Estados e para o DF que o adotem em suas Constituições ou Lei
Orgânica (DF) é o subsídio mensal do Desembargado do Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do
subsídio do STF.

Municípios subsídio do Prefeito

subsídio do Governador
para o Poder Executivo
Subteto remuneratório

subsídio dos Deputados


para o Legislativo

Estados e Distrito Federal subsídio dos


Desembargadores do Tribunal
de Justiça, para o Poder
Judiciário, para os membros
do Ministério Público, para os
Procuradores e para os
Defensores Públicos, limitado
a 90,25% do subsídio do
Ministro do STF

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14)

a de dois cargos de professor

a de um cargo de professor com outro técnico ou


científico
É vedada a acumulação de cargos,
empregos ou funçõe públicas,
exceto:
a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais
de saúde, com profissões regulamentadas

a de juiz ou membro do Ministério Público com um de


magistério

15) A CRFB garante ao servidor público o exercício do direito de greve nos termos e nos limites definidos em
lei específica (inciso VII, do art. 37, da CRFB, com redação da Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

✓ “A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício
do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela
decorre, permitida a compensação em caso de acordo.”

16) Pelo Regime Próprio de Previdência do Servidor Público, servidores titulares de cargos efetivos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, têm
assegurado regime de previdência com as seguintes características:

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do respectivo ente público

de caráter contributivo e
solidário

dos servidores ativos

Previdência do Servidor
mediante contribuição:
Público Estatutário Efetivo

dos servidores inativos

que preserve o equilíbrio


financeiro e atuarial

dos pensionistas

✓ Os tipos previstos de aposentadoria são: voluntária, por invalidez permanente e compulsória.


✓ Os tipos previstos de aposentadoria são: voluntária, por incapacidade permanente e compulsória.
✓ Na aposentadoria voluntária, a Emenda Constitucional nº 103/19 retirou do texto constitucional
requisitos de tempo mínimo de contribuição, tempo no serviço público e tempo no cargo efetivo. Tais
requisitos devem estar previstos em leis complementares do ente federativo respectivo. Restaram
constitucionalizadas as idades mínimas para aposentadoria, a saber:

Homem idade: 65

Aposentadoria Voluntária

Mulher idade: 62

✓ As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente
federativo. Com a Reforma da Emenda nº 103, a CRFB deixou de fazer menção a cálculo dos
proventos para as aposentadorias voluntária e por incapacidade permanente, mencionando tal
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proporcionalidade expressamente apenas à aposentadoria compulsória. A aposentadoria


compulsória é independentemente da vontade do servidor, e com proventos proporcionais ao tempo
de contribuição dos servidores que atingirem 70 anos de idade ou os 75 anos de idade, na forma de
lei complementar.
✓ Casos especiais: para professores que comprovem exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, a idade para
aposentadoria diminui em 5 anos; para servidores com deficiência, ocupantes dos cargos de agente
penitenciário, de agente socioeducativo ou policial e profissionais cujas atividades sejam exercidas
com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, as condições de
aposentadorias também são diferenciadas e devem estar previstas em lei complementar.
✓ Os proventos da aposentadoria não poderão ser inferiores ao valor mínimo nem superiores ao
limite máximo previstos para o RGPS, observadas as disposições relacionadas ao regime de
previdência complementar.
✓ Na pensão por morte, o valor a ser concedido ao beneficiário do servidor falecido é o seguinte:
1) valor igual a totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido para
os benefícios do RGPS, acrescido de 70% da parcela excedente a este limite, caso aposentado à data
do óbito; ou
2) valor igual a totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento,
até o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS, acrescido de 70% da parcela excedente
a este limite, caso em atividade na data do óbito.

17) O Regime Complementar de Previdência do Servidor Público é regulamentado pela Emenda


Constitucional nº 20, de 1998, que previu que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderiam fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo RPPS, o limite máximo
estabelecido para os benefícios do RGPS, desde que instituam regime de previdência complementar para os
seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo.
✓ são 3 as modalidades de planos de benefícios de entidades de previdência complementar: benefício
definido, contribuição definida e contribuição variável.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caríssimo(a), finalizamos aqui essa nossa aula de hoje.


Sei que é um tema denso e que apresenta muitos detalhes a serem explorados pelo examinador,
por isso não podemos negligenciar o seu estudo.
Ademais, por ser um tema novo, as bancas sempre gostam e estão começando a explorar.
Ou seja, tenha atenção no estudo desta aula porque você pode garantir alguns pontos que farão
a diferença em sua aprovação.

Na próxima aula iniciaremos um novo tema: poderes administrativos!


Qualquer dúvida, seja na teoria ou na resolução dos exercícios, entre em contato comigo por
meio do Fórum de Dúvidas.
Estou à sua disposição para aclarar ou aprofundar qualquer tema.
Deixe lá também suas sugestões, críticas e comentários.
Conte comigo como um parceiro em sua caminhada.
Além disso, para ficar por dentro das notícias do mundo dos concursos públicos, recomendo que
você siga o perfil do Estratégia Carreira Jurídica e do Estratégia Concursos nas mídias sociais!
Você também poderá seguir meu perfil no Instagram. Por meio dele eu busco não só transmitir
notícias de eventos do Estratégia e de fatos relativos aos concursos em geral, mas também
compartilhar questões comentadas de concursos específicos que o ajudará em sua preparação!

Que DEUS o ilumine enormemente para que você consiga focar nos estudos e, em breve,
alcançar a sua vaga!!!!!

Cordial abraço

Wagner Damazio

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