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Autor:
Wagner Damazio
Aula 05
9 de Março de 2020
649710
Sumário
Introdução ......................................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO
Vigência do MROSC;
Regime Jurídico do MROSC;
Celebração de Parcerias: Acordo de Cooperação, Termo de Colaboração e de Fomento;
OSC Impedidas de Celebrar Parceria;
Procedimento de Manifestação de Interesse Social;
Chamamento Público;
Formalização da Parceria;
Parceria em Rede;
Governança quanto à Execução das Parcerias;
Penalidades; e
Jurisprudência.
Hoje, nós iniciaremos os estudos dos Agentes Públicos. Tema importantíssimo e bastante
explorado em provas, sobretudo a jurisprudência.
Assim, esclareço que na aula de hoje haverá muita jurisprudência do STF, já que os grandes temas
acerca dos Agentes Públicos decorrem diretamente do texto constitucional. Tenha certeza que
isso é necessário e pode garantir a sua aprovação.
Havendo dificuldade na compreensão da teoria ou na resolução dos exercícios expostos nesta aula ou em
qualquer outra, não deixe de entrar em contato comigo pelo fórum de dúvidas!
Repito que estou sempre atento ao fórum de dúvidas para, de forma célere, buscar uma maneira de
reescrever o conteúdo ou aclarar a explicação anteriormente oferecida para que você alcance a sua
meta de aprendizagem.
Frise-se que o nosso objetivo precípuo é a sua aprovação e para isso me dedicarei ao máximo para atendê-
lo e auxiliá-lo nessa caminhada.
Além disso, para ficar por dentro das notícias do mundo dos concursos públicos, recomendo que você siga
o perfil do Estratégia Carreira Jurídica e do Estratégia Concursos nas mídias sociais! Você também poderá
seguir meu perfil no Instagram. Por meio dele eu busco não só transmitir notícias de eventos do Estratégia
e de fatos relativos aos concursos em geral, mas também compartilhar questões comentadas de
concursos específicos que o ajudará em sua preparação!
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2) Aplica-se a teoria do fato consumado a casos nos quais se pleiteia a permanência em cargo
público, cuja posse tenha ocorrido de forma precária, em razão de decisão judicial não
definitiva?
6) O foro por prerrogativa de função previsto na Constituição para infrações penais comuns é
extensível às ações de improbidade?
10) Cabe habeas corpus para punições disciplinares? Militar pode se sindicalizar e realizar
greve? Pode se filiar a partido político na reserva?
11) Em tempo de guerra, mulheres e eclesiásticos podem ter que cumprir o serviço militar?
14) Para efeitos de greve, as atividades desenvolvidas pela polícia civil são análogas às dos
militares?
17) Qual o regime jurídico único aplicável entre a data da constituição de 1988 e a emenda
constitucional 19, de 1998? E entre esta e a concessão da medida cautelar na ADI 2.135? E
atualmente?
29) O teto remuneratório é considerado em relação a cada uma das remunerações acumuladas
segunda autorização constitucional ou pela soma do valor recebido? Quais são os cargos
acumuláveis?
31) A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do
exercício do direito de greve pelos servidores públicos?
33) Ao professor de ensino infantil, fundamental, médio e superior se aplica a redução de 5 anos
aos requisitos para aposentadoria?
35) Em que situação a contribuição para previdência própria incidirá apenas sobre as parcelas
de proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social?
Se você não tem certeza de uma ou algumas das respostas a esses questionamentos, fique atento
que elas estarão ao longo da aula de hoje!
2. AGENTES PÚBLICOS
Agente público é o gênero citado em alguns dispositivos do ordenamento jurídico e adotado pela
doutrina e pela jurisprudência para se referir a todo e qualquer sujeito que execute alguma função
pública para a Administração Pública Direta ou Indireta.
É por meio dos agentes públicos que o Estado manifesta a sua vontade. Ou seja, sem os agentes
públicos o Estado seria meramente uma “alma sem corpo”, um verdadeiro fantasma existente
apenas no plano jurídico.
Nas aulas precedentes, nós estudamos os órgãos e entes da Administração Pública Direta e
Indireta, bem como vimos com profundidade as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, que trabalham em colaboração com o Estado (Terceiro Setor).
É preciso focar agora na figura daqueles que, em três dimensões, materializam as ações estatais,
ou seja, são aqueles que atuam no plano fático na dimensão estratégica, na dimensão tática e na
dimensão operacional.
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello1discorre que:
Esta expressão - agentes públicos - é a mais ampla que se pode conceber para designar
genérica e indistintamente os sujeitos que servem ao Poder Público como instrumentos
expressivos de sua vontade ou ação, ainda quando o façam apenas ocasional ou
episodicamente.
Ainda segundo o ilustre autor, a caracterização de agente público exige dois requisitos, quais
sejam: a natureza da atividade desempenhada (critério objetivo) e a investidura nela (critério
subjetivo).
1
Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, pp 219 e ss.
Antes de apresentar a sua classificação de agentes públicos, o professor Celso Antônio discorre
sobre a figura do “agente público de fato” (ou agente público putativo2). Isto é, aquele cuja
investidura foi irregular, mas a situação aparentava regularidade e legalidade. Em suas palavras:
Essa conclusão, inclusive, está em linha com a Teoria do Fato Consumado que estudamos em
nossa primeira aula do curso (aula demonstrativa).
#ficadica
2
A expressão agente público putativo é utilizada pelo professor José dos Santos Carvalho Filho em seu Manual
de Direito Administrativo, 31ª edição, p. 633.
10
servidores públicos
Servidores Estatais
Agentes servidores das pessoas governamentais
Públicos de Direito Privado
requisitados
concessionários, permissionários e
delegatários de serviços públicos
11
Como você bem sabe, a taxonomia (classificação) adotada por cada doutrinador é muito pessoal e apresenta
peculiaridades. Então são variadas as classificações apresentadas nos diversos manuais de Direito
Administrativo.
De todo modo, como as bancas podem explorar um ou outro doutrinador específico, eu também apresento,
antes de detalharmos este tópico, a definição e a classificação de agentes públicos apresentadas nas obras
da professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro e dos professores José dos Santos Carvalho Filho, Hely Lopes
Meirelles e Marçal Justen Filho.
Você vai reparar que há classificações mais sintéticas, como a do professor Celso Antônio, já apresentada, e
outras extremamente analíticas, como a do professor Marçal Justen Filho.
Creio que adotando a classificação da professora Maria Sylvia como fio condutor para o nosso estudo,
conseguiremos abordar, senão a totalidade, mas a grande maioria da teoria necessária para que você
compreenda qualquer outra classificação que possa ser apresentada.
Esclareço que também incluirei alguns apontamentos pertinentes da teoria desses doutrinadores e que
podem ser explorados em sua prova.
Então vamos a eles!
A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro3 define agente público como toda pessoa física que presta
serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta, subdividindo-o em quatro categorias:
Agentes Políticos
delegação
gestor de negócio
3
Direito Administrativo, 30ª edição, p 678.
12
Nessa linha, o professor José dos Santos Carvalho Filho4 discorre acerca da figura do agente público
apresentando a definição e a classificação a seguir:
A expressão agentes públicos tem sentido amplo. Significa o conjunto de pessoas que,
a qualquer título, exercem uma função pública como prepostos do Estado. Essa função,
é mister que se diga, pode ser remunerada ou gratuita, definitiva ou transitória, política
ou jurídica.
Agentes Políticos
Civis e Militares
Agente
Público de Servidores Públicos Comuns e Especiais
Direito
Estatutários, Trabalhistas e
Temporários
Agentes Particulares Colaboradores
Necessários
Agente de
Fato
Putativos
Por seu turno, a classificação de agentes públicos de acordo com a obra do professor Hely Lopes Meirelles5, para o qual
agentes públicos são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício de alguma
função estatal, é a seguir apresentada:
4
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 629 e ss.
5
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, pp 79 a 86.
13
Agentes
Públicos servidores temporários
(art. 37, IX, da CRFB)
Por fim, incluo aqui também a classificação de agentes público do professor Marçal Justen Filho6, para quem agente
público é, necessariamente, uma pessoa física, que atua como órgão estatal, produzindo ou manifestando a vontade
do Estado.
6
Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, pp 689 e ss.
14
Poder Executivo
Poder Legislativo
Poder Judiciário
com vínculo
vínculo de direito trabalhista
Ministério Público
privado sem vínculo
trabalhista
Tribunal de Contas
Administração
Indireta
mandato
eletivo
executivo
cargo em
Agente político
comissão
Estatal com legislativo
Vínculo
Jurídico
Lei 8.666/1993
Fomal
Lei 8.987/1995
não
Lei 9.637/1998
servidor
Lei 9.790/1999
vínculo de Executivo (e
autarquias) Lei
direito 11079/2004
público
servidor
estatutário
servidor
temporário
servidor
estatutário
Legislativo
servidor
temporário
não
magistrado
servidor
civil Judiciário
não servidor estatutário
político
militar
procuradores
temporário
Agente Estatal e promotores
sem Vínculo funcionário de fato
Ministério
Jurídico Fomal estatutário
Público
temporário
ministros e
conselheiros
Tribunal de
estatutários
Contas
temporários
15
Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – CRFB, a expressão “agentes públicos” é utilizada
apenas nos arts. 151, inciso II, e 216-A, inciso IV, sendo a primeira citação oriunda do Poder Constituinte
Originário e a segunda o Poder Constituinte Derivado, já que proveniente da Emenda Constitucional nº 71,
de 2012.
Por outro lado, a palavra agente com a conotação que a doutrina utiliza, bem como suas variações, aparece
em inúmeros artigos da Constituição, aos quais colaciono a seguir, chamando atenção para o art. 37, inciso
XI, que cita agente político, e o seu §5º, que cita agentes, servidores ou não, já indicando ser a semântica de
agente um gênero do qual servidor é espécie.
Art. 5º (...)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade
7
A professora Maria Sylvia, faz uma ressalva em função do julgamento no STF do RE 228.977/SP, conforme veremos
a seguir.
16
Art. 37 (...)
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus
efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores
ou agentes. (...)
§10 (...)
17
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes
públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
(...)
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as
diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente
comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos
termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.
Portanto, não há na CRFB a definição de agente público nem a sua utilização é técnica e ordenadamente
utilizada. Da leitura dos excertos extraídos, inclusive, é possível identificar a aludida expressão fazendo
referências a pessoas físicas e/ou a pessoas jurídicas.
18
Ainda no direito positivo, contudo, cabe dizer que a Lei de Improbidade Administrativa, Lei nº 8.429, de
1992, assim define agente público:
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do
patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
Perceba a amplitude da semântica de agente público, que inclui inclusive aqueles que integram os quadros
das entidades que recebam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público.
E, dessa definição positivada, depreende-se a generalização e amplitude dada pela doutrina à semântica de
“agente público”.
Fundamenta-se, inclusive, a grande variabilidade que cada autor adota.
19
Como já alertamos anteriormente, não é pacífico na doutrina quais são os agentes incluídos na espécie
agente político.
Reitero o dito anteriormente no sentido de que na obra do professor Hely Lopes Meirelles, os membros da
magistratura, do ministério público e dos tribunais de contas são incluídos na espécie de agentes políticos,
enquanto Celso Antônio, Maria Sylvia, José dos Santos Carvalho Filho e Marçal Justen Filho não fazem essa
inclusão.
Importante alertar que a professora Maria Sylvia8, citando o julgamento do RE 228.977 pelo STF, em 2002
(vide o teor desta e de outras jurisprudências sobre agentes políticos a seguir), indica que seria necessário
reconhecer que há uma tendência de se considerar os membros da Magistratura e do Ministério Público
entre os agentes políticos.
De todo modo, para a professora Maria Sylvia, a ideia de agente político está intimamente ligada à de governo
(aspecto subjetivo) e à de função política (aspecto objetivo).
Ou seja, integra a acepção de agente político aqueles que realizam atividades de governo como os Chefes
dos Poderes Executivos, seus vices e assessores imediatos (Ministros e Secretários), bem como os Senadores,
Deputados Federais, Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores.
Portanto, fique atento com relação à pergunta em sua prova! Se o fundamento buscado pela banca for a
doutrina, não é pacífico o entendimento de que magistrados, membro do Ministério Público e dos Tribunais
de Contas integram os agentes políticos. Se o fundamento for a jurisprudência do STF há um julgado (RE
228.977) de 2002 em que se afirma ser o magistrado integrante do chamado agente político e houve outro
julgado (RE 518.278) em 2009 em que apenas foi citado o RE 228.977.
8
Direito Administrativo, 30ª edição, pp 679 e 680.
20
#ficadica
1) o foro por prerrogativa de função previsto na Constituição para infrações penais comuns não é
extensível às ações de improbidade administrativa que tem natureza civil. Assim, compete à primeira
instância processar e julgar ações de improbidade administrativa, ainda que praticados por Agentes
Políticos; e
A autoridade judiciária não tem responsabilidade civil pelos atos jurisdicionais praticados. Os
magistrados enquadram-se na espécie agente político, investidos para o exercício de
atribuições constitucionais, sendo dotados de plena liberdade funcional no desempenho de
suas funções, com prerrogativas próprias e legislação específica. Ação que deveria ter sido
ajuizada contra a Fazenda estadual – responsável eventual pelos alegados danos causados pela autoridade
judicial, ao exercer suas atribuições –, a qual, posteriormente, terá assegurado o direito de regresso contra
o magistrado responsável, nas hipóteses de dolo ou culpa. Legitimidade passiva reservada ao Estado.
Ausência de responsabilidade concorrente em face dos eventuais prejuízos causados a terceiros pela
autoridade julgadora no exercício de suas funções, a teor do art. 37, § 6º, da CF/1988.[RE 228.977, rel. min.
Néri da Silveira, j. 5-3-2002, 2ª T, DJ de 12-4-2002.]= RE 518.278 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 31-3-2009, 2ª
T, DJE de 24-4-2009
Súmula Vinculante 13
A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha reta, colateral ou por afinidade,
até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão
ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta, em qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas, viola a CF.
21
À incidência da regra do art. 15, III, da Constituição, sobre os condenados na sua vigência, não
cabe opor a circunstância de ser o fato criminoso anterior à promulgação dela a fim de invocar
a garantia da irretroatividade da lei penal mais severa: cuidando-se de norma originária da
Constituição, obviamente não lhe são oponíveis as limitações materiais que nela se impuseram
ao poder de reforma constitucional. Da suspensão de direitos políticos – efeito da condenação criminal
transitada em julgado, ressalvada a hipótese excepcional do art. 55, § 2º, da Constituição, resulta por si
mesma a perda do mandato eletivo ou do cargo do agente político.[RE 418.876, rel. min. Sepúlveda
Pertence, j. 30-3-2004, 1ª T, DJ de 4-6-2004.]
22
2.3. MILITAR
O texto originário da CRFB denominava a sua seção II (artigos 39, 40 e 41) e a sua seção III (artigo 42) do
Capítulo VII (Da Administração Pública) do Título III (Da Organização do Estado), respectivamente, como “Dos
Servidores Públicos Civis” e “Dos Servidores Públicos Militares”.
Contudo, a Emenda Constitucional nº 19, de 1998, alterou as denominações dessas seções para,
respectivamente, “Dos Servidores Públicos” e “Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios”.
Portanto, no texto atual da CRFB, o tema militar é tratado especialmente:
pelo art. 42: cujo objeto são os membros das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares dos Estados,
DF e Territórios;
pelos arts. 142 e 143: cujo objeto são os membros das Forças Armadas, constituídas pela Marinha,
Exército e Aeronáutica; e
pelo art. 144: cujo objeto é a segurança pública.
Fato é que os militares, espécie do gênero agentes públicos possuem regramento constitucional e legal
próprios, já que organizados com base na hierarquia e na disciplina e indispensáveis à segurança pública no
plano interno e nas relações internacionais.
Aos militares das Forças Armadas, que atuam sob a autoridade suprema do Presidente da República, é
destinada a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer dos poderes
do Estado, a garantia da lei e da ordem.
defesa da pátria
23
A Lei nº 6.880, de 1980, dispõe acerca do Estatuto dos Militares e disciplina as obrigações, deveres, direitos
e prerrogativas dos membros das Forças Armadas.
Como o Estatuto dos Militares é anterior à CRFB, é preciso que se fique atento quanto à compatibilidade e a
recepção ou não frente ao texto da atual carta da República.
Ainda no plano constitucional, fixa-se que as Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares são
instituições organizadas com base na hierarquia e na disciplina constituindo os militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios.
Cabe à lei específica dos Estados dispor sobre as carreiras de seus militares.
Importante ressaltar, contudo, que para o Distrito Federal, a Constituição fixou que Lei Federal deve dispor
sobre a utilização das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar por este ente (art. 32, §4º).
Frise-se também que na estrutura do Poder Judiciário há uma Justiça Militar própria, formada pelo Superior
Tribunal Militar e pelos Tribunais e juízes militares instituídos por lei.
A seguir, consolido as principais disposições constitucionais específicas acerca dos militares, além das já
citadas até aqui, esclarecendo que, após a Emenda Constitucional nº 19, de 1998, houve uma segregação
clara entre os servidores públicos em geral e os militares, de modo que é importante que você saiba que há
direito aos servidores públicos que não se aplicam aos militares, bem como há restrições específicas a serem
observadas por estes fixadas no texto constitucional.
é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva (inciso VII, do art. 5º)
é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar (inciso XVII, do art. 5º)
Atenção: a expressão paramilitar é adotada para associações civis que de forma irregular e não autorizada
se reúnem em grupos, armadas, e se utilizam de táticas e técnicas próprias de militares para, com base na
força e intimidação, obterem seus objetivos que podem ser, entre outros, ideológicos, políticos, partidários
ou religiosos.
constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático (inciso XLIV, do art. 5º)
ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos
em lei(inciso LXI, do art. 5º)
24
não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os
conscritos9 (§2º do art. 14)
Atenção: a expressão conscrito é utilizada para designar aquele jovem que foi recrutado para o serviço
militar obrigatório.
b) se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade (§8º do art. 14).
é vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar (§4º do art. 17)
compete à União organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços
públicos, por meio de fundo próprio (art. 21, inciso XIV)
compete privativamente à União legislar sobre requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e
em tempo de guerra (art. 22, III) e normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias,
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares (art. 22, XXI)
aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado
em lei, as disposições do art. 14, § 8º (trata das condições de elegibilidade do militar); do art. 40, § 9º
(trata da contagem de tempo de contribuição para aposentadoria e do tempo de serviço para
disponibilidade); e do art. 142, §§ 2º (não cabe habeas corpus para punições disciplinares militares) e 3º
(fixa direitos e obrigações dos militares), cabendo à lei estadual específica dispor sobre as matérias do
art. 142, § 3º, inciso X (trata das condições para ingresso, direitos, deveres, remuneração e
prerrogativas), sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores (§1º do art. 42)
aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado
em lei específica do respectivo ente estatal (§2º do art. 42)
a incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo
de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva (§7º do art. 53)
9
No link a seguir há um curto texto da revista jurídica Consulex analisa o porquê, à luz da Assembléia Nacional
Constituinte, de os conscritos não poderem votar: http://www.tre-rs.jus.br/arquivos/Santos_Afinal_conscritos.PDF
25
são de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre militares das Forças
Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
transferência para a reserva (art. 61, §1º, inciso II, alínea “f”)
a lei estadual pode criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída,
em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio
Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a
20 mil integrantes(§3º do art. 125)
compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri
quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente
dos oficiais e da graduação das praças (§4º do art. 125)
NÃO caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares (§2 do art. 142)
as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da
República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes
privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das
Forças Armadas (inciso I, do §3º, do art. 142)
o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a
hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c" (profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas), será transferido para a reserva, nos termos da lei (inciso II, do §3º, do art. 142)
o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil
temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37,
inciso XVI, alínea "c" (profissionais de saúde, com profissões regulamentadas), ficará agregado ao
respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por
antiguidade, contando o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva,
sendo depois de 2 anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei
(inciso III, do §3º, do art. 142)
ao militar são proibidas a sindicalização e a greve (inciso IV, do §3º, do art. 142)
26
o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos (inciso V, do §3º, do art.
142)
aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI,
XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI,
alínea "c"(inciso VIII, do §3º, do art. 142)
Atenção 1:as mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de paz,
sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir
Atenção2: compete às Forças Armadas, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo
de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência
Cabe uma atenção especial aos órgãos integrantes da Segurança Pública. De acordo com o texto
constitucional, a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, devendo ser
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
Dentre os órgãos integrantes da Segurança Pública, conforme diagramado a seguir, apenas os agentes
públicos das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares são considerados militares na acepção da
palavra, embora todos estejam imbuídos da manutenção da ordem pública e social.
Ressalte-se inclusive, que a jurisprudência do STF já se posicionou no sentido de que os serviços públicos
desenvolvidos por grupos armados, como da Polícia Civil, são análogos, no que tange ao instituto da greve,
aos dos militares. Ou seja, é proibida a realização de greve por esses agentes tal qual ocorre com os militares.
Dessa forma, apresento, de acordo com a Constituição, os órgãos que compõem a Segurança Pública interna
e em seguida um rol de jurisprudência sobre o tema:
27
executam as atividades de
Corpos de
defesa civil, sem prejuízo
Bombeiros
quanto às atribuições
Militares
definidas em lei
constituídas pelos
Guarda Municípios para proteção
Municipal de seus bens, serviços e
instalações, conforme lei
28
#ficadica
Jurisprudência acerca dos agentes públicos militares e integrantes dos órgãos do sistema de
segurança pública.
Súmula Vinculante 6:
Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as
praças prestadoras de serviço militar inicial.
Serviço militar obrigatório. Soldo. Valor inferior ao salário mínimo. Violação aos arts. 1º, III, 5º,
caput, e 7º, IV, da CF. Inocorrência. (...) A CF não estendeu aos militares a garantia de
remuneração não inferior ao salário mínimo, como o fez para outras categorias de
trabalhadores.O regime a que submetem os militares não se confunde com aquele aplicável
aos servidores civis, visto que têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos próprios. Os cidadãos
que prestam serviço militar obrigatório exercem um múnus público relacionado com a defesa da
soberania da pátria. A obrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições
materiais para a adequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas.[RE 570.177, rel.
min. Ricardo Lewandowski, j. 30-4-2008, P, DJE de 27-6-2008, Tema 15.]
preceito de que "não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares" (§ 2º do art. 142).
Isso sem contar que são proibidas a sindicalização e a greve por parte do militar em serviço ativo, bem
como a filiação partidária (incisos IV e V do § 3º do art. 142). De se ver que esse tratamento particularizado
decorre do fato de que as Forças Armadas são instituições nacionais regulares e permanentes,
organizadas com base na hierarquia e disciplina, destinadas à defesa da Pátria, garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (cabeça do art. 142). Regramento
singular, esse, que toma em linha de conta as "peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas
cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra"(inciso X do art. 142). É de se entender,
desse modo, contrária ao texto constitucional a exigência do cumprimento de pena privativa de liberdade
sob regime integralmente fechado em estabelecimento militar, seja pelo invocado fundamento da falta de
previsão legal na lei especial, seja pela necessidade do resguardo da segurança ou do respeito à hierarquia
e à disciplina no âmbito castrense. Ordem parcialmente concedida para determinar ao juízo da execução
penal que promova a avaliação das condições objetivas e subjetivas para progressão de regime prisional,
na concreta situação do paciente, e que aplique, para tanto, o CP e a Lei 7.210/1984 naquilo que for omissa
a lei castrense.[HC 104.174, rel. min. Ayres Britto, j. 29-3-2011, 2ª T, DJE de 18-5-2011.]
O Ação direta de inconstitucionalidade. Parte final do art. 117 da Lei 6.880/1980 (Estatuto dos
Militares da União), na redação dada pela Lei 9.297/1996. Dever do oficial militar com menos
de cinco anos de corporação de indenizar os custos decorrentes de sua formação, no caso de
assunção de cargo ou emprego civil. (...) Ação que se julga improcedente. O desembolso pelo
erário de custos adicionais, destinados a preparação e a manutenção de seus servidores, em especial dos
militares, com a finalidade de aprimoramento do Corpo das Forças Armadas, não poder ser negligenciado,
em razão da própria configuração constitucional da supremacia do interesse público e da integridade do
erário. A norma questionada é similar a outras previstas na legislação do servidor civil, que preveem a
necessidade de devolução pelo servidor dos valores gastos pela União com sua formação profissional.
Ausente ainda ofensa ao princípio da proporcionalidade, na medida em que a norma é adequada para o
fim que se destina, sem agressão ou nulificação do direito de liberdade profissional.[ADI 1.626, rel. min.
Dias Toffoli, j. 15-12-2016, P, DJE de 3-3-2017.]
O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis
e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. É
obrigatória a participação do poder público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das
carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses
da categoria. [ARE 654.432, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 5-4-2017, P, Informativo 860, Tema
541.]
De acordo com o art. 42 da CF, cabe à lei própria fixar o regime jurídico de aposentadoria dos
servidores militares, de modo que, existindo norma específica (LC 51/1985 ou DL estadual
260/1970), não há que se falar em aplicação da regra prevista aos trabalhadores em geral (Lei
8.213/1991).[ARE 818.547 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 30-9-2014, 1ª T, DJE de 15-10-
2014.]= ARE 870.509 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 12-5-2015, 2ª T, DJE de 22-5-2015
Cabe à lei estadual, nos termos da norma constitucional do art. 142, § 3º, X, regular as
disposições do art. 42, § 1º, da CF e estabelecer as condições de transferência do militar para
a inatividade. [RE 495.341 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 14-9-2010, 2ª T, DJE de 1º-10-2010.]
Seguindo a linha mestra de classificação dos agentes públicos exteriorizada pela professora Maria Sylvia,
vamos agora analisar aqueles que, sem sombra de dúvidas, correspondem à maioria dos agentes públicos.
Os servidores públicos podem ser subdivididos em:
31
servidores estatutários
servidores temporários
#ficadica
Atenção: as leis esparsas, em geral anteriores à CRFB, que utilizam a expressão “Funcionário Público”,
exceto se incompatível materialmente com o texto constitucional, continuam a vigorar normalmente com
base no instituto da recepção. Cabe ao interprete realizar as adequações dogmáticas necessárias às
nomenclaturas e disciplinas constitucionais atuais.
Focando na expressão servidor público no atual texto constitucional, constata-se que ele é explicitamente
citado nos seguintes artigos:
Art. 37 (...)
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados
nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (...)
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
32
Contudo, as disposições acerca dos servidores públicos vão muito além dos citados artigos.
Vejamos cada uma das espécies de servidores públicos.
33
Essa categoria de servidores públicos é assim denominada porque a sua relação jurídica com o ente da
Administração Pública está estabelecida em lei que disciplina o Estatuto Jurídico dos Servidores Públicos.
Exemplos: a) Lei Federal nº 8.112, de 1990: dispõe sobre o regime jurídico dos servidores
públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais;
b) Lei do Estado de São Paulo nº 10.261, de 1968: dispõe sobre o Estatuto dos
Funcionários Públicos Civis do Estado;
c) Lei do Município de São Paulo nº 8.989, de 1979: dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos do
Município de São Paulo.
Cabe ressaltar que o Estatuto é alterável unilateralmente pelo ente da Federação, desde que, nos termos
do art. 5º, inciso XXXVI, respeite o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Portanto, não há um congelamento da relação jurídica do servidor estatutário e o ente da Federação pode,
ao longo do tempo, alterar as disposições legais incluindo ou retirando direitos, deveres e obrigações.
Os empregados públicos são a espécie do gênero servidor público contratados sob o regime das leis
trabalhistas, cabe dizer a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (Decreto-Lei nº 5.452, de 1943).
Até por esse motivo, é coloquial a utilização da expressão “servidores celetistas” para ser referir a este grupo.
Importante ressaltar, contudo, que se impõem eventuais disposições Constitucionais aplicáveis aos
Empregados Públicos, ainda que de forma diversa à aplicação das leis trabalhistas aos empregados da
iniciativa privada atuantes no mercado.
Dessa forma, em que pese estarem sujeitos à CLT, aos empregados públicos se aplicam as normas
constitucionais relativas a concurso público, acumulação de cargos, vencimentos, entre outros, tratados na
disciplina da Administração Pública pela CRFB.
Ou seja, aos empregados públicos, em que pese a relação contratual ser predominantemente disciplina por
regime privado, em muitos pontos ela é derrogada e submetida ao regime jurídico público.
Cabe ressaltar também que, em função de ser competência privativa da União legislar sobre Direito do
Trabalho, nos termos do inciso I, do art. 22, da CRFB, não podem os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
legislar para alterar disposições trabalhistas com seus eventuais empregados públicos.
34
No âmbito federal, foi publicada a Lei nº 9.962, de 2000, para disciplinar o regime de emprego público do
pessoal da Administração federal direta, autárquica e fundacional.
A Lei nº 9.962, de 2000, previu que o pessoal admitido como empregado público na Administração federal
direta, autárquica e fundacional deve ter sua relação de trabalho regida pela CLT e legislação trabalhista
correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário.
Previu também a Lei nº 9.962, de 2000, que leis específicas devem dispor sobre a criação dos empregos
públicos na Administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo, bem como sobre as
transformações de cargos em empregos públicos.
Cabe ressaltar que estão excluídos do regime da Lei nº 9.962, de 2000, os servidores públicos estatutários e
os cargos de provimento em comissão que são de livre nomeação e exoneração (ad nutum).
#ficadica
Além disso, previu o legislador federal que o contrato de trabalho por prazo indeterminado somente será
rescindido com base em ato unilateral da Administração pública nas hipóteses a seguir indicadas, exceto para
as contratações que tenham ocorrido em função da autonomia de gestão de que trata o §8º do art. 37 da
CRFB:
35
Lembre-se que o §8º do art. 37 é o fundamento constitucional, inclusive, para as Agências Executivas,
conforme estudamos em aula anterior. Rememore:
36
De acordo com a professora Maria Sylvia10, este contrato de gestão celebrado pela Administração deve
conter:
O professor José dos Santos Carvalho Filho cita o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia), a ABIN11 (Agência Brasileira de Inteligência), a SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento
da Amazônia) e a SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) como exemplos de Agências
Executiva12.
Portanto, para essas e todas as demais contratações de pessoal decorrentes da autonomia de gestão pode
haver a rescisão unilateral do contrato de trabalho sem que presente uma das hipóteses incluídas no último
diagrama.
Essa espécie de servidor público congrega todos aqueles contratados para o exercício temporário de função
pública, que deve se submeter a regime especial do ente da Federação.
Nesses termos e o teor do inciso IX do art. 37 da CRFB:
10
Direito Administrativo, 30ª edição, p. 388.
11
O professor, na página 520 do seu Manual de Direito Administrativo, cita a ABIN. No entanto, trata-se de um
equívoco porque, segundo sua Lei de instituição, a Lei 9.883, de 1999, a ABIN é um órgão da presidência da república.
Não é, portanto, autarquia ou agência executiva.
12
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 520.
37
Exemplos: a) Lei Federal nº 8.745, de 1993: dispõe sobre a contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público,
nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal;
b) Lei Complementar do Estado de São Paulo nº 1.093, de 2009: dispõe sobre a contratação por tempo
determinado de que trata o inciso X do artigo 115 da Constituição Estadual;
c) Lei do Município de São Paulo nº 10.793, de 1989: dispõe sobre contratação por tempo determinado,
nos termos do artigo 37, inciso IX, da constituição federal.
São inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF, a autorização legislativa genérica para
contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de contratações
temporárias. (...) o Tribunal, por maioria, modulou os efeitos da declaração de
inconstitucionalidade para autorizar a manutenção dos atuais contratos de trabalho pelo prazo
máximo de um ano, a contar da data da publicação da ata deste julgamento.[ADI 3.662, rel. min. Marco
Aurélio, j. 23-3-2017, P, Informativo 858.]
A regra é a admissão de servidor público mediante concurso público: CF, art. 37, II. As duas
exceções à regra são para os cargos em comissão referidos no inciso II do art. 37, e a
contratação de pessoal por tempo determinado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público.CF, art. 37, IX. Nessa hipótese, deverão ser atendidas as
seguintes condições: a) previsão em lei dos cargos; b) tempo determinado; c) necessidade temporária de
38
interesse público; d) interesse público excepcional.[ADI 2.229, rel. min. Carlos Velloso, j. 9-6-2004, P, DJ
de 25-6-2004.]= ADI 3.430, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 12-8-2009, P, DJE de 23-10-2009
Como última classe dos agentes públicos, temos os particulares em colaboração com o Estado, sem vínculo
empregatício com o Poder Público, remunerado ou não. Este grupo, conforme classificação da professora
Maria Sylvia13, pode ser subdividido em:
13
Direito Administrativo, 30ª edição, p 688.
39
gestores de negócio
Na subespécie dos agentes públicos enquadrados por delegação do Poder Público estariam todos aqueles:
empregados de empresas
concessionárias e os que exercem serviços leiloeiros, tradutores e
permissionárias de serviços notarias e de registro intérpretes públicos
públicos
Assim, essa subespécie representa aquelas pessoas físicas sem vínculo empregatício com o Poder Público,
mas que podem ser remuneradas pelos usuários dos serviços por eles desenvolvidos.
Já a subespécie dos agentes públicos particulares em colaboração com o Poder Público em função de
requisição, nomeação ou designação é aquela que, sem vínculo empregatício, com ou sem remuneração,
exercem atividades públicas de relevância, como ocorre com os jurados do tribunal do júri, os mesários nas
eleições, os convocados para prestação do serviço militar, entre outros.
Por fim, a subespécie dos agentes públicos particulares em colaboração com o Poder Público na condição de
gestor de negócio é aquela que, espontaneamente assumem determinada função pública em momento de
emergência, calamidade, epidemia, incêndio, entre outros14.
Superada a classificação dos agentes públicos e suas espécies, vamos estudar alguns institutos de grande
incidência nos concursos relativos aos agentes públicos.
14
Direito Administrativo, 30ª edição, p 688.
40
Vamos estudar neste título alguns dos principais institutos constitucionais cobrados nos concursos acerca dos
Agentes Públicos.
Ou seja, os entes políticos da Federação deveriam instituir em sua esfera competencial um Regime Jurídico
Único para os servidores da Administração Pública direta, das autarquias e das fundações públicas.
Ocorre que, da leitura seca do aludido dispositivo, houve interpretações divergentes por parte da doutrina
quanto à sua finalidade.
Duas principais correntes de interpretação surgiram:
1º) que a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir para sua Administração
Direta, bem como para suas autarquias e fundações, o Regime Estatutário para todos os servidores;
2º) que a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deveriam escolher entre o Regime Estatutário
e o Regime Celetista aquele que exclusivamente ia ser adotado para toda sua Administração Direta,
autarquias e fundações.
Nessa senda, a doutrina noticia entes da Federação que adotam o regime jurídico estatutário para todos os
servidores, enquanto outros adotaram exclusivamente o celetista.
41
Veja o que escreve sobre o tema o professor José dos Santos Carvalho Filho15:
Ademais disso, por meio da Emenda Constitucional nº 19, de 1998, o aludido artigo foi alterado e passou a
ter a seguinte redação:
Com essa nova redação, houve e ainda há inúmeros debates acerca de sua correta interpretação. Uma das
possibilidades interpretativas aponta para que o Poder Constituinte derivado buscou interromper a obrigação
de um regime jurídico único, autorizando que os entes da Federação adotassem o regime que melhor lhe
aprouvesse.
Além disso, foi impetrada a ADI 2.135 no STF por alguns partidos políticos sob a alegação de que o processo
legislativo da aludida emenda constitucional não seguira o rito previsto no §2º do art. 60 da CRFB.
Fato é que, em 02 de agosto de 2007, o STF, em medida cautelar, deferiu parcialmente o pedido, suspendendo
a eficácia do “caput” do art. 39 da CRFB, com efeitos ex nunc. Ou seja, manteve-se a validade dos atos
15
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 649.
42
praticados com base nas legislações editadas durante a vigência do aludido dispositivo até o eventual
julgamento definitivo da ADI (que até hoje não ocorreu).
Portanto, até que se ultime a decisão no mérito pelo STD na ADI 2.135, continua produzindo efeitos a redação
originária do “caput” do art. 39 da Constituição.
Importante ressaltar que no julgamento da Cautelar da aludida ADI, inclusive na ementa, consta que se
mantém vigente a redação originária do art. 39 da CRFB que trata do regime jurídico único “incompatível
com a figura do emprego público”.
Ademais, no julgamento da ADI 2.310, o STF também se inclinou à posição de que a redação originária do
“caput” do art. 39 da CRFB e que voltou a produzir efeitos, após a medida cautelar na ADI 2.135, obriga o
regime jurídico único estatutário para a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios, bem como suas
autarquias e fundações.
Isto é, para as pessoas jurídicas de direito público, o posicionamento indicado é no sentido de que se aplica
o regime estatutário.
A professora Maria Sylvia, inclusive, assim discorre sobre este tópico:
Embora tenhamos entendido, em edições anteriores, que esse regime pode ser o
estatutário ou celetista, reformulamos agora tal entendimento, para defender a tese de
que o regime estatutário é o que deve ser adotado, tendo em vista que as carreiras
típicas de Estado não podem submeter-se a regime celetista, conforme entendeu o
Supremo Tribunal Federal ao julga a ADI 2.310 (pertinente ao pessoal das agências
reguladoras). Ainda que para atividades-meio o regime celetista fosse aceitável, o
43
Mas, como não houve análise do mérito na integralidade da ADI 2.135, nada se definiu quanto àqueles entes
que eventualmente adotaram a CLT.
De todo modo, em regra, nós temos as pessoas jurídicas com personalidade jurídica de direito público
(Administração direta, autarquias e fundações) adotando o regime estatutário e as pessoas jurídicas com
personalidade jurídica de direito privado adotando o regime celetista.
A matéria votada em destaque na Câmara dos Deputados no DVS 9 não foi aprovada
em primeiro turno, pois obteve apenas 298 votos e não os 308 necessários. Manteve-
se, assim, o então vigente caput do art. 39, que tratava do regime jurídico único,
incompatível com a figura do emprego público. O deslocamento do texto do § 2º do
art. 39, nos termos do substitutivo aprovado, para o caput desse mesmo dispositivo representou,
assim, uma tentativa de superar a não aprovação do DVS [Destaque para Votação em Separado]
9 e evitar a permanência do regime jurídico único previsto na redação original suprimida,
circunstância que permitiu a implementação do contrato de emprego público ainda que à revelia
da regra constitucional que exige o quorum de três quintos para aprovação de qualquer mudança
constitucional. Pedido de medida cautelar deferido, dessa forma, quanto ao caput do art. 39 da
CF, ressalvando-se, em decorrência dos efeitos ex nunc da decisão, a subsistência, até o
julgamento definitivo da ação, da validade dos atos anteriormente praticados com base em
legislações eventualmente editadas durante a vigência do dispositivo ora suspenso. (...) Vícios
formais e materiais dos demais dispositivos constitucionais impugnados, todos oriundos da EC
19/1998, aparentemente inexistentes ante a constatação de que as mudanças de redação
promovidas no curso do processo legislativo não alteraram substancialmente o sentido das
proposições ao final aprovadas e de que não há direito adquirido à manutenção de regime
jurídico anterior.[ADI 2.135 MC, rel. p/ o ac. min. Ellen Gracie, j. 2-8-2007, P, DJE de 7-3-2008.]
44
O art. 37 da CRFB faz alusão às figuras dos cargos públicos, empregos públicos e funções públicas.
Assim, é preciso distingui-los.
Nas palavras do professor Celso Antônio Bandeira de Mello:16
Ou seja, fazendo um paralelo com a Teoria do Órgão de Otto Mayer, os cargos seriam as células que, unidas,
compõem os órgãos e estes, por sua vez, corporificam o ente.
O titular do cargo é um servidor público estatutário.
Por seu turno, o professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que
Dessas duas definições decorre a célebre frase de Hely Lopes Meirelles17 no sentido de que todo cargo tem
função, mas pode haver função sem cargo.
Por fim, a expressão “emprego público” remete à identificação das funções exercidas pelo agente com
vínculo celetista, o empregado público.
16
Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, pp 226 e 227.
17
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 524.
45
Reitere-se que o empregado público não titulariza um cargo, mas exerce uma função, no sentido de exercer
uma atividade com vínculo celetista.
Portanto, quando a CRFB em seu inciso I do art. 37 afirma que os cargos, empregos e funções públicas são
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
forma da lei, você já pode identificar que:
cargos são células dos órgãos públicos titularizados por servidores estatutários
Importante, por oportuno, diferenciar função de confiança de cargo em comissão, bem como servidor
ocupante exclusivamente de cargo em comissão daquele servidor que é titular de cargo efetivo e, ao mesmo
tempo, também titulariza cargo comissionado ou função comissionada.
Nessa linha, veja o teor dos incisos V do art. 37 da CRFB:
Portanto, só quem pode exercer função de confiança são os servidores públicos estatutários, titulares de
cargos efetivos.
A função de confiança, no dia a dia também denominada função gratificada, representa um conjunto de
atribuições para as quais aquele que vier a exercer fará jus a uma gratificação. Ou seja, o titular do cargo
efetivo, além das atribuições ordinárias de seu cargo efetivo, caso assuma a função de confiança, deverá
exercer também aquele plexo de tarefas e para isto fará jus a um incremento remuneratório.
Por outro lado, cargo comissionado pode ser exercido tanto por servidor público efetivo quanto por aquele
que não tenha qualquer vínculo com a Administração Pública.
46
O denominado “comissionado puro” é aquele servidor que não titulariza cargo efetivo, mas apenas o cargo
comissionado que, respeitadas as condições previstas em lei, são de livre nomeação e exoneração – ad
nutum.
Frise-se que, de acordo com o inciso V do art. 37 da CRFB, lei deve fixar os casos, condições e percentuais
mínimos dos cargos comissionados que serão titularizados por servidores públicos estatutários (de carreira).
Ressalte-se, ainda, que tanto os cargos comissionados quanto as funções de confiança devem ser alocados
apenas para atribuições de direção, chefia e assessoramento.
Resumindo, tem-se que:
Ainda no art. 37 da CRFB, importante ressaltar dois mandamentos constitucionais a serem disciplinados por
lei:
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão; (...)
Por fim, importante chamar atenção para o fato de que a Lei nº 8.112, de 1990, define cargo como:
47
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por
lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para
provimento em caráter efetivo ou em comissão.
Ocorre que essa definição é criticada pela doutrina, em especial, pelo professor José dos Santos Carvalho
Filho. Veja:
O conceito da lei não é perfeito: cargo não é um conjunto de atribuições; cargo é uma
célula, um lugar dentro da organização; além do mais, as atribuições são, isto sim,
cometidas ao titular do cargo.
Súmula 683:
O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX,
da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido.
Cargo público efetivo. Provimento por estrangeiro. (...) Até o advento das Emendas 11/1996
e 19/1998, o núcleo essencial dos direitos atribuídos aos estrangeiros, embora certamente
compreendesse as prerrogativas necessárias ao resguardo da dignidade humana, não
abrangia um direito à ocupação de cargos públicos efetivos na estrutura administrativa
brasileira, consoante a redação primitiva do art. 37, I, da Lei Maior. Portanto, o art. 243, § 6º, da Lei
8.112/1990 estava em consonância com a Lei Maior e permanece em vigor até que surja o diploma exigido
48
pelo novo art. 37, I, da Constituição.[RE 346.180 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 14-6-2011, 2ª T, DJE de
1º-8-2011.]= RE 350.626 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 16-10-2012, 1ª T, DJE de 9-11-2012
Lei orgânica do Distrito Federal que veda limite de idade para ingresso na administração
pública. Caracterizada ofensa aos arts. 37, I, e 61, § 1º, II, c, da CF, iniciativa do chefe do Poder
Executivo em razão da matéria – regime jurídico e provimento de cargos de servidores públicos.
Exercício do poder derivado do Município, Estado ou Distrito Federal. Caracterizado o conflito
entre a lei e a CF, ocorrência de vício formal.[ADI 1.165, rel. min. Nelson Jobim, j. 3-10-2001, P, DJ de 14-6-
2002.]= ADI 2.873, rel. min. Ellen Gracie, j. 20-9-2007, P, DJ de 9-11-2007
Os requisitos do edital para o ingresso em cargo, emprego ou função pública devem ter por
fundamento lei em sentido formal e material. Editais de concurso público não podem
estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de
conteúdo que viole valores constitucionais.[RE 898.450, rel. min. Luiz Fux, j. 17-8-2016, P, DJE
de 31-5-2017, Tema 838.]
Talvez seja a maior expressão do princípio da impessoalidade em todo o ordenamento jurídico, já que,
cumpridos os requisitos bases previstos em lei, qualquer brasileiro pode ser investido em cargo efetivo ou
emprego público, desde que seja aprovado previamente em concurso público de provas ou de provas e
títulos.
Frise-se que é a lei formal e material que deve fixar os requisitos para a investidura no cargo efetivo ou no
emprego público, devendo levar em consideração a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
#ficadica
49
Na doutrina do professor José dos Santos Carvalho Filho, ele assim define concurso público:
Concurso Público é o procedimento administrativo que tem por fim aferir as aptidões
pessoais e selecionar os melhores candidatos ao provimento de cargos e funções
públicas. Na aferição pessoal, o Estado verifica a capacidade intelectual, física e psíquica
de interessados em ocupar funções públicas e no aspecto seletivo são escolhidos
aqueles que ultrapassam as barreiras opostas no procedimento, obedecida sempre a
ordem de classificação.
De acordo com o texto constitucional, o prazo de validade do concurso público é de ATÉ 2 anos.
Ou seja, um determinado concurso pode ser fixado com validade de 6 meses, 1 ano, 1 ano e 6 meses ou até
mesmo 2 anos, mas não pode ultrapassar esse lapso temporal em sua fixação inicial de validade.
Inicial porque este prazo pode ser prorrogado uma única vez por ATÉ igual período.
Isto é, se o edital do concurso fixou a validade do certame em 1 ano, ele poderá ser prorrogado por 3 meses,
por 6 meses ou até mesmo 1 ano, mas nunca além do prazo inicialmente estabelecido. Também não pode
ser prorrogado por mais de uma vez.
Portanto, a validade máxima de um concurso, considerando o período inicial e a prorrogação será de 4 anos
(2 de validade inicial + 2 anos no máximo de prorrogação).
O período de validade ampliado pela prorrogação é denominado pelo texto constitucional como o período
de “prazo improrrogável”. Isso porque, como já externado, a prorrogação só pode ocorrer uma única vez.
Ressalte-se, desta forma, que no período de prazo improrrogável previsto no edital, aquele candidato
aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos tem prioridade sobre novos concursados
para assumir cargo ou emprego na carreira.
#ficadica
A não observância das regras do concurso público, tanto sua realização quanto seu prazo de
validade, implica a nulidade do ato administrativo e a punição da autoridade responsável, nos
termos da lei.
50
51
Súmula 684:
É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público.
Súmula 16:
Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.
Súmula 15:
Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem direito à nomeação, quando o cargo
for preenchido sem observância da classificação.
A tese objetiva assentada em sede desta repercussão geral é a de que o surgimento de novas
vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do
certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos
aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária
e imotivada por parte da administração, caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do poder
público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de
validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, a discricionariedade da
administração quanto à convocação de aprovados em concurso público fica reduzida ao patamar zero
(Ermessensreduzierung auf Null), fazendo exsurgir o direito subjetivo à nomeação, verbi gratia, nas
seguintes hipóteses excepcionais: i) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do
edital (RE 598.099); ii) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de
classificação (Súmula 15 do STF); iii) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a
validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos aprovados fora das vagas de forma
arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.[RE 837.311, rel. min. Luiz Fux, j. 9-12-
2015, P, DJE de 18-4-2016, Tema 784.]Vide RE 598.099, rel. min. Gilmar Mendes, j. 10-8-2011, P, DJE de 3-
10-2011, Tema 161. Vide RMS 31.478, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 9-8-2016, 1ª T, DJE de 21-10-2016.
A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial,
à qual atribuída eficácia retroativa,não gera direito às promoções ou progressões funcionais
que alcançariam houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação.[RE 629.392, rel. min. Marco
Aurélio, j. 8-6-2017, P, DJE de 1º-2-2018, Tema 454.]
52
30.344 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 21-6-2011, 2ª T, DJE de 1º-8-2011Vide STA 106 AgR, rel. min. Gilmar
Mendes, j. 17-9-2009, P, DJE de 9-10-2009
Não é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a manutenção
no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou
posse em decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial
de natureza precária, supervenientemente revogado ou modificado.[RE 608.482, rel. min.
Teori Zavascki, j. 7-8-2014, P, DJE de 30-10-2014, Tema 476.]
(...) em vista do crescente número de candidatos ao ingresso nas carreiras públicas, é cada vez
mais usual que os editais dos concursos públicos estipulem critérios que restrinjam a
convocação de candidatos de uma fase para outra dos certames. As regras editalícias que
impedem o candidato de prosseguir no certame, denominadas regras restritivas,
subdividem-se em eliminatórias e cláusulas de barreira.As regras eliminatórias preveem, por exemplo, a
exclusão dos candidatos que não acertarem, pelo menos, 50% das questões objetivas de cada matéria.
Outro bom exemplo de regra eliminatória é o exame de aptidão física. Esse tipo de regra editalícia, como
se vê, prevê como resultado de sua aplicação a eliminação do candidato do certame público por
insuficiência em algum aspecto de seu desempenho. Além disso, é comum que se conjugue, ainda, outra
regra que restringe o número de candidatos para a fase seguinte do concurso, determinando-se que, no
universo de candidatos que não foram excluídos pela regra eliminatória, participará da etapa subsequente
apenas número predeterminado de candidatos, contemplando-se somente os mais bem classificados.
Essas são as denominadas "cláusulas de barreira", que não produzem a eliminação por insuficiência de
desempenho nas provas do certame, mas apenas estipulam um corte deliberado no número de candidatos
que poderão participar de fase posterior, comumente as fases dos exames psicotécnicos ou dos cursos de
formação. Assim, pode-se definir a cláusula de barreira como espécie de regra editalícia restritiva que,
embora não elimine o candidato pelo desempenho inferior ao exigido (v.g.: mínimo de acertos, tempo
mínimo de prova), obstaculiza sua participação na etapa seguinte do concurso em razão de não se
encontrar entre os melhores classificados, de acordo com previsão numérica preestabelecida no edital. (...)
(...) as regras restritivas em editais de concurso público, como as regras eliminatórias e as denominadas
cláusulas de barreira, quando estão fundadas (e assim justificadas) em critérios objetivos relacionados ao
desempenho meritório do candidato, concretizam o princípio da igualdade (e também o princípio da
impessoalidade) no âmbito do concurso público. (...) Em outros termos, o denominado "afunilamento" de
candidatos no decorrer das fases do concurso viabiliza a investidura em cargo público com aprovação em
concurso de provas ou de provas e títulos, obedecendo aos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência (art. 37, caput e inciso II, da CF).
[RE 635.739, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 19-2-2014, P, DJE de 3-10-2014, Tema 376.]
54
Provimento derivado de cargos. (...) Dispositivos legais impugnados que afrontam o comando
do art. 37, II, da CF, o qual exige a realização de concurso público para provimento de cargos
na administração estatal. Embora sob o rótulo de reestruturação da carreira na Secretaria da
Fazenda, procedeu-se, na realidade, à instituição de cargos públicos, cujo provimento deve
obedecer aos ditames constitucionais.[ADI 3.857, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 18-12-2008, P, DJE de
27-2-2009.]
O STF firmou sólida jurisprudência no sentido de que o art. 37, II, da CF rejeita qualquer burla
à exigência de concurso público. Há diversos precedentes em que a tônica é a absoluta
impossibilidade de se afastar esse critério de seleção dos quadros do serviço público (cf. ADI
2.689, rel. min. Ellen Gracie, Pleno, j. 9-10-2003; ADI 1.350 MC, rel. min. Celso de Mello, Pleno,
j. 27-9-1995; ADI 980 MC, rel. min. Celso de Mello, Pleno, j. 3-2-1994); ADI 951, rel. min. Joaquim Barbosa,
Pleno, j. 18-11-2004), até mesmo restringindo possíveis ampliações indevidas de exceções contidas na
própria Constituição, a exemplo do disposto no art. 19 do ADCT (cf. ADI 1.808 MC, rel. min. Sydney
Sanches, Pleno, j. 1º-2-1999). O rigor na interpretação desse dispositivo constitucional impede inclusive
formas de provimento derivado de cargo público, por ascensão interna.[ADI 3.434 MC, voto do rel. min.
Joaquim Barbosa, j. 23-8-2006, P, DJ de 28-9-2007.]= RE 635.206 AgR-AgR-AgR, rel. min. Roberto Barroso,
j. 17-2-2017, 1ª T, DJE de 17-3-2017.
A tese objetiva assentada em sede desta repercussão geral é a de que o surgimento de novas
vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do
certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados
fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada
por parte da administração, caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do poder público capaz
de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame,
a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, a discricionariedade da administração quanto à
convocação de aprovados em concurso público fica reduzida ao patamar zero (Ermessensreduzierung auf
Null), fazendo exsurgir o direito subjetivo à nomeação, verbi gratia, nas seguintes hipóteses excepcionais:
i) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital (RE 598.099); ii) quando houver
preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação (Súmula 15 do STF); iii) quando
surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a
preterição de candidatos aprovados fora das vagas de forma arbitrária e imotivada por parte da
administração nos termos acima.[RE 837.311, rel. min. Luiz Fux, j. 9-12-2015, P, DJE de 18-4-2016, Tema
784.]
55
Vide RE 598.099, rel. min. Gilmar Mendes, j. 10-8-2011, P, DJE de 3-10-2011, Tema 161. Vide RMS 31.478,
rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 9-8-2016, 1ª T, DJE de 21-10-2016.
3.4. ESTABILIDADE
A estabilidade é o desejo de todo concurseiro! Mas fique atento, porque este instituto só se aplica aos cargos
efetivos, ou seja, aqueles titularizados pelos servidores públicos estatutários.
Com base no atual texto da CRFB, estabilidade é alcançada pelo servidor público estatutário que passou a
titularizar um cargo efetivo por aprovação em concurso público e permaneceu em efetivo exercício no cargo
por 3 anos.
A Emenda Constitucional nº 19, de 1998, alterou o art. 41 da CRFB e ampliou o tempo necessário para se
alcançar a estabilidade. No texto originário da CRFB era de 2 anos e, desde a aludida emenda, é de 3 anos.
#ficadica
Importante ressaltar também neste ponto a previsão do art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, já que, por meio dele, o Constituinte Originário reconheceu a estabilidade dos servidores
públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica
e das fundações públicas, que na data da promulgação da Constituição estavam em exercício há pelo menos
5 anos continuados, mesmo que não tivessem sido admitidos por meio de concurso público.
Cabe esclarecer que essa forma de estabilidade excepcional aplicada pela Constituinte não foi extensiva aos:
56
De acordo com o atual texto constitucional, o servidor público estável só perderá o cargo nos seguintes casos:
Os três primeiros casos citados que autorizam a perda do cargo pelo servidor estável se encontram no art.
41 da CRFB, já o último caso consta no § 4º do art. 169.
Assim dispõe o aludido art. 169:
57
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei
complementar. (...)
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o
prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências:
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e
funções de confiança;
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo,
o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada
um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa
objeto da redução de pessoal.
58
Cabe dizer, ainda, que compete à lei federal dispor sobre as normas gerais a serem obedecidas para a
efetivação da perda do cargo pelo servidor estável nos termos do §4º do artigo 169 da CRFB, bem como
estabelecer critérios e garantias especiais para a perda do cargo pelo servidor público estável que, em
decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclusivas de Estado.
Não confunda essa lei federal, que pode ser uma lei ordinária, com a Lei Complementar exigida no “caput”
do art. 169.
Por oportuno, ressalto que é a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (Lei Complementar nº 101, de 2000) que
fixou o imite de gastos com pessoal de que trata o “caput” do art. 169 da CRFB.
Os limites estão no art. 19 a LRF:
6% para o Judiciário
União: 50% da receita corrente líquida
40,9% para o Executivo
Limite de Gastos
6% para o Judiciário
com Pessoal
Estados: 60% da receita corrente líquida
49% para o Executivo
2% para o MPE
59
Frise-se que, no caso de ser invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, ele deve ser
reintegrado e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao
tempo de serviço.
Além disso, se extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável deve ficar em
disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
outro cargo.
Defensor público estadual: garantias e prerrogativas. (...) O prazo trienal para aquisição de
estabilidade no cargo, fixado pela EC 19/1998, é aplicável indistintamente a todos os
servidores públicos.[ADI 230, rel. min. Cármen Lúcia, j. 1º-2-2010, P, DJE de 30-10-2014.]
60
A decisão agravada está em conformidade com entendimento firmado por ambas as Turmas
desta Corte, no sentido de que não se aplica a empregado de sociedade de economia mista,
regido pela CLT, o disposto no art. 41 da CF, o qual somente disciplina a estabilidade dos
servidores públicos civis. Ademais, não há ofensa aos princípios de direito administrativo
previstos no art. 37 da Carta Magna, porquanto a pretendida estabilidade não encontra respaldo na
legislação pertinente, em face do art. 173, § 1º, da Constituição, que estabelece que os empregados de
sociedade de economia mista estão sujeitos ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive
quanto às obrigações trabalhistas.[AI 465.780 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 23-11-2004, 2ª T, DJ de 18-
2-2005.]= AI 660.311 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 9-10-2007, 2ª T, DJ de 23-11-2007
61
Equiparação de vantagens dos servidores públicos estatutários aos então celetistas que
adquiriram estabilidade por força da CF. Ofensa ao art. 37, II, da CF.[ADI 180, rel. min. Nelson
Jobim, j. 3-4-2003, P, DJ de 27-6-2003.
O STF assentou entendimento de que o art. 8º, VIII, da CF, ao fazer a distinção, no caput, entre
associação e sindicato, teria conferido a garantia de estabilidade provisória somente ao
último, ou seja, aos dirigentes ou representantes sindicais.[RE 777.227 AgR, rel. min. Roberto
Barroso, j. 25-8-2017, 1ª T, DJE de 9-8-2017.]
3.5. REMUNERAÇÃO
A CRFB estabelece que a fixação dos padrões de vencimento e do sistema remuneratório deve observar:
a natureza, o grau de
responsabilidade e a
os requisitos para a as peculiaridades dos
complexidade dos
investidura cargos
cargos componentes de
cada carreira
1) a formada por parcelas diversas como remuneração básica adicionada de vantagens, gratificações e
demais adicionais com denominações variadas; ou
62
2) por subsídio que é aquela formada por parcela única,vedado o acréscimo de qualquer gratificação,
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória.
#ficadica
A remuneração dos servidores públicos e o subsídio somente poderão ser fixados ou alterados
por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral
anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices.
Quanto à primeira forma, a doutrina costuma utilizar, além do termo remuneração, o termo vencimentos no
plural.
Ou seja, vencimentos é a somatória de todas as parcelas que compõem o montante global a ser percebido
pelo servidor.
Quando se utiliza a palavra vencimento no singular, alude-se a uma das parcelas que compõem os
vencimentos.
Portanto, a primeira forma de remuneração do servidor congrega um somatório de parcelas, entre as quais
o vencimento-base ou remuneração-básica, adicionado de gratificações, abonos, prêmios, verbas de
representação ou qualquer outra espécie remuneratória.
Ressalte-se que, por expressa determinação constitucional, os acréscimos pecuniários percebidos pelo
servidor público não podem ser computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores. Ou seja, o direito momentâneo ou transitório a determinado adicional ou acréscimo pecuniário
não pode compor a base para futuros novos acréscimos.
Exemplo: determinado servidor de carreira não remunerada por subsídio, tem seus
vencimentos compostos por um vencimento base de R$ 5.000,00 e uma gratificação de
100% por desempenho, perfazendo, portanto, R$ 10.000,00 de vencimentos ou
remuneração. Suponha agora que nova parcela remuneratória tenha sido criada com
percentual de 20% por representação. O que o dispositivo constitucional remete é que a
nova parcela remuneratória, em regra, deve incidir sobre o vencimento base de R$ 5 mil e não sobre R$ 10
mil que era o total dos vencimentos quando agregada a gratificação de desempenho. Cabe esclarecer,
contudo, que os estatutos eventualmente podem prever a incorporação de determinadas parcelas
63
remuneratória e, neste caso, eventual criação de gratificações podem prever a incidência sobre o valor total
da remuneração (vencimentos) e não só sobre o vencimento base. Mas, tudo dependerá de lei.
Contudo, é importante frisar que a Emenda Constitucional nº 103, de 2019 (Reforma da Previdência),
passou a proibir a incorporação, para fins de aposentadoria, de vantagens de caráter temporário ou
vinculadas a exercício de função de confiança ou cargo em comissão (vide o art. 39, § 9º, da CRFB).
Também se aplica esse dispositivo em eventual alteração do Estatuto do Servidor que venha a extinguir a
primeira gratificação existente. Não há direito adquirido do servidor por ter percebido aquela gratificação
durante um período (exceto se havia previsão de incorporação e o tempo necessário já havia transcorrido).
Quanto à segunda forma de remuneração, o denominado subsídio, ele é formado por parcela única, sendo
vedada a adição de qualquer parcela remuneratória, exceto as indenizatórias.
#ficadica
As parcelas de caráter indenizatório, inclusive, tais como diárias, ajudas de custo, entre outras, não entram
no cômputo para a fixação do teto remuneratório de que trata o inciso XI do art. 37 da CRFB ou o §12º do
aludido artigo, conforme veremos a seguir.
O subsídio foi introduzido no texto constitucional pela Emenda nº 19, de 1998, no §4º do art. 39.
64
A citação a membro de Poder alude a todos aqueles representantes diretos de um dos Poderes da República,
ou seja: no âmbito do Poder Executivo, o presidente da república, os governadores e os prefeitos; no âmbito
do Poder Judiciário, cada um dos juízes, desembargadores ou ministros; no âmbito do Poder Legislativo, cada
um dos parlamentares (senadores, deputados e vereadores). Dessa forma, a expressão “detentor de
mandato eletivo” acaba sendo um reforço da primeira expressão, hábil a excluir qualquer dúvida que se
tivesse quanto a membro de Poder incorporar todos os citados integrantes do Poder Legislativo.
Mas não só os citados no §4º do art. 39, também devem ser remunerados por subsídio os membros do
Ministério Público (art. 128, §5º, inciso I, alínea “c”), os integrantes da Defensoria Pública e da Advocacia
Pública (art. 135), bem como os servidores das carreiras policiais.
Dessa forma, devem ser remunerados por subsídio:
Procuradores
os membros de membros da integrantes das
Poder Defensoria Pública carreiras da
Advocacia Pública
o detentor de membros do
Policiais.
mandato eletivo Ministério Público
ministros secretários
Além desses, a CRFB previu em seu §8º do art. 39 que a remuneração dos servidores públicos organizados
em carreira PODE ser fixada por subsídio.
65
#ficadica
A CRFB ainda fixa que os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário devem publicar anualmente os valores do
subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos, não podendo os vencimentos dos cargos do
Poder Legislativo e do Poder Judiciário serem superiores aos pagos pelo Poder Executivo.
Contudo, como as atribuições dos cargos são fixadas por lei e, em regra, cada uma delas apresenta
características peculiares, torna-se difícil ou até impossível avaliar comparativamente a remuneração dos
cargos entre os Poderes para asseverar o cumprimento do mandamento constitucional de que a
remuneração de cargos no Poder Legislativo e no Poder Judiciário não superam concretamente a dos do
Executivo.
Além disso, o texto constitucional também autoriza que leis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios estabeleçam a relação entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
em qualquer caso, o teto remuneratório.
Ressalte-se, contudo, que é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para
o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. Esse mandamento foi incluído na CRFB pela Emenda
nº 19, de 1998, para extirpar a farra de equiparações e o efeito em cascata que era ocasionado pelo reajuste
de determinada carreira que era base vinculada a muitas outras.
Cabe ressaltar também a previsão constitucional de que o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
cargos e empregos públicos são irredutíveis, exceto para:
66
O texto constitucional fixa como limite remuneratório no serviço público, regra geral, o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Ou seja, não se pode remunerar qualquer servidor público com vencimentos ou subsídio acima do quanto
recebe mensalmente o Ministro do STF em espécie, isto é, desconsiderando eventuais benefícios indiretos
(motorista com carro oficial, utilização de salas reservadas, entre outros).
Contudo, o inciso XI do art. 37 da CRFB que fixa este limite, estabelece também subtetos da seguinte forma:
67
Perceba então que o subteto é variável. Para os Municípios, não é o subsídio do ministro do STF e sim o
subsídio do Prefeito. Já para os Estados e o DF a variabilidade é ainda maior, já que:
para o Poder Legislativo Estadual ou Distrital, o subteto é o subsídio do Deputado Estadual ou Distrital;
para os membros do Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia Pública, o subteto também é
subsídio do Desembargador do Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do subsídio do Ministro do STF.
68
Ressalte-se que o limite remuneratório se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza.
Além destes, o limite remuneratório também se aplicará às empresas públicas, às sociedades de economia
mista e suas subsidiárias, desde que estas recebam recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
Ou seja, em regra, as Estatais e suas subsidiárias não estão sujeitas ao limite remuneratório (teto ou subteto),
mas desde que não sejam deficitárias e não necessitem de recursos públicos para pagamento de despesas
de seu pessoal ou de custeio geral de suas atividades.
Importante ressaltar ainda que, em 2005, por meio da Emenda Constitucional nº 47, foi incluído o §12º ao
art. 37 de modo que facultou-se aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do
respectivo Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do STF, não se aplicando
este limite único aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
Portanto, os Estados podem alterar suas Constituições (e o DF sua Lei Orgânica) para prever limite único a
todos os servidores do seu território, incluindo-se aí os Municípios desses Estados. Não se inclui apenas os
Deputados e vereadores, já que possuem regramento Constitucional próprio para remuneração.
Desta forma, o subteto remuneratório único para Estados e para o DF que o adotem em suas Constituições
ou Lei Orgânica (DF) passa a ser o subsídio mensal do Desembargado do Tribunal de Justiça, limitado a 90,25%
do subsídio do STF.
Cabe reafirmar que não são computadas as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei para se avaliar
a aplicação do limite remuneratório. Ou seja, como se trata de parcela indenizatória e não de remuneratório,
está fora do teto constitucional.
Neste particular, inclusive, há dúvidas em todos os entes da Federação quanto ao que se qualifica ou não
como indenização. E, em muitos casos, há um abuso nessa caracterização que, ao fim e ao cabo, acaba
competindo ao Poder Judiciário delinear os seus limites.
Frise-se que a Emenda Constitucional nº 41, de 2003, incluiu o art. 17 no ADCT para reduzir imediatamente
proventos e aposentadorias que estivessem sendo pagas em desacordo com o limite remuneratório
constitucionalmente previsto, não se admitindo qualquer invocação de direito adquirido.
69
Súmula 682:
Não ofende a Constituição a correção monetária no pagamento com atraso dos vencimentos
de servidores públicos.
Súmula 679:
A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva.
70
Computam-se para efeito de observância do teto remuneratório do art. 37, XI, da Constituição
da República também os valores percebidos anteriormente à vigência da EC 41/2003 a título
de vantagens pessoais pelo servidor público, dispensada a restituição dos valores recebidos em
excesso de boa-fé até o dia 18 de novembro de 2015. O âmbito de incidência da garantia de
irredutibilidade de vencimentos (art. 37, XV, da Lei Maior) não alcança valores excedentes do limite
definido no art. 37, XI, da Constituição da República. Traduz afronta direta ao art. 37, XI e XV, da
Constituição da República a exclusão, da base de incidência do teto remuneratório, de valores
percebidos, ainda que antes do advento da EC 41/2003, a título de vantagens pessoais.[RE 606.358, rel.
min. Rosa Weber, j. 18-11-2015, P, DJE de 7-4-2016, Tema 257.]
O STF fixou entendimento no sentido de que a estipulação de teto remuneratório, nos termos
fixados pela EC 19/1998, exige a promulgação de lei em sentido formal e material. [AI 740.028
AgR, rel. min. Eros Grau, j. 24-3-2009, 2ª T, DJE de 24-4-2009.]
71
Registre-se (...) que a norma prevista no art. 37, XI, da CF, com a redação dada pela EC 41/2003,
é autoaplicável.[RE 372.369 AgR, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 14-2-2012, 2ª T, DJE de 5-
3-2012.]
Não há (...) ofensa ao disposto no art. 37, X e XII, da Constituição do Brasil. Como ponderou o
min. Célio Borja, relator à época (...): "(...) Argui-se (...) violação do inciso XII, do art. 37, da
Constituição (...). Não está aí proclamada isonomia remuneratória prescrita alhures (art. 39, §
1º, CF) para os cargos, aliás, de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder ou dos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O que o inciso XII, art. 37 da Constituição, cria é um limite, não
uma relação de igualdade. Ora, esse limite reclama, para implementar-se, intervenção legislativa uma
vez que, já não havendo paridade, antes do advento da Constituição, nem estando, desse modo, contidos
os vencimentos, somente mediante redução dos que são superiores aos pagos pelo Executivo, seria
alcançável a parificação prescrita".[ADI 603, voto do rel. min. Eros Grau, j. 17-8-2006, P, DJ de 6-10-2006.]
(...) é pacífico o entendimento do STF no sentido de que as normas que alteram o padrão
remuneratório são de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo. Assim, é inafastável a
inconstitucionalidade formal do art. 273 da Constituição do Estado de Alagoas. Ressalta-se que
esta questão já foi enfrentada por este Tribunal, na sistemática da repercussão geral, no
julgamento do RE 745.811, de minha relatoria. (...) Ademais, também é uníssona a jurisprudência desta
Corte quanto à impossibilidade de vinculação de vencimentos de cargos distintos. Dessa forma, ao
vincular a remuneração de servidores de cargo efetivo com subsídios de agentes políticos, isto é, com o
maior cargo em comissão na estrutura de Poder, na espécie, de secretário de Estado, a norma em comento
também é materialmente inconstitucional.[RE 759.518 RG, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 29-5-2014,
P, DJE de 24-11-2014, Tema 737.]= ADI 3.491, rel. min. Ayres Britto, j. 27-9-2006, P, DJ de 23-3-2007
Esta Corte, no julgamento do RE 146.331 EDv, rel. min. Cezar Peluso, Plenário, DJ de 20-4-2007,
firmou o entendimento de não ser absoluta a garantia da coisa julgada e afastou tal incidência
no caso da aplicação do art. 17 do ADCT.[RE 600.658 RG, voto da rel. min. Ellen Gracie, j. 7-4-
2011, P, DJE de 16-6-2011, Tema 380.]
72
O art. 57, § 7º, do Texto Constitucional veda o pagamento de parcela indenizatória aos
parlamentares em razão de convocação extraordinária. Essa norma é de reprodução
obrigatória pelos Estados-membros por força do art. 27, § 2º, da Carta Magna. A Constituição
é expressa, no art. 39, § 4º, ao vedar o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória ao subsídio percebido pelos
parlamentares.[ADI 4.587, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 22-5-2014, P, DJE de 18-6-2014.]
(...) não viola a Constituição o diploma estadual que impede o transporte, para o regime de
subsídios, das vantagens pessoais adquiridas no passado, na medida em que autoriza os
servidores a se manterem no sistema anterior e a optarem, em qualquer tempo, pela
incidência do novo regime. Cabendo a decisão aos próprios servidores, não há redução
forçada da remuneração ou violação ao direito adquirido. Tampouco há violação à isonomia, já que a
desequiparação entre regimes foi estabelecida em benefício dos próprios servidores, que podem optar, a
qualquer tempo, pelo regime mais benéfico.[ADI 4.079, rel. min. Roberto Barroso, j. 26-2-2015, P, DJE de
5-5-2015.]
A CRFB proíbe a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicas, exceto para os casos a
seguir descritos e desde que haja compatibilidade de horário:
73
Importante ressaltar que a vedação de acúmulo se estende às autarquias, fundações, empresas públicas,
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo
poder público.
Além disso, há que se respeitar o teto remuneratório previsto no inciso XI do art. 37 da CRFB.
#ficadica
O texto original do inciso XVI do art. 37 da CRFB que elenca os permissivos constitucionais para acumulação
(juntamente com o art. 95, §único, e art 128, §5º, inciso II, alínea “d”), previa inicialmente a possibilidade de
74
dois cargos privativos de médico e não de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. Essa
alteração foi promovida em 2001, pela Emenda Constitucional nº 34. Portanto, até a aludida emenda,
exclusivamente os médicos poderiam acumular dois cargos, empregos ou funções na área da saúde. A partir
de 2001, todo profissional de saúde com profissões regulamentadas pode acumular, respeitados os demais
requisitos constitucionais (compatibilidade de horário, respeito ao teto remuneratório e não mais que dois
cargos, empregos ou funções).
Outro ponto a ressaltar é o cuidado que se deve ter com a expressão “profissionais de saúde”. Isto exige que
sejam profissionais que exerçam atividades técnicas ou profissionais diretamente relacionadas aos serviços
de saúde, e não apenas indiretamente.
Portanto, cuidado para não confundir profissionais de saúde com profissionais da área da saúde, o que
poderia passar a falsa percepção de que atividades administrativas indiretamente relacionadas à saúde
pudessem ser abarcadas.
Ainda de acordo com a CRFB, também é vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria com
a remuneração de cargo, emprego ou função pública, exceto:
75
A redação original do art. 37, XVI, c, da Constituição autorizava apenas a acumulação de dois
cargos privativos de médico, não abrangendo os cargos privativos de profissionais de saúde
contemplados posteriormente pela EC 34/2001.[RE 570.213 AgR, rel. min. Ricardo
Lewandowski, j. 10-5-2011, 1ª T, DJE de 26-5-2011.]
Para efeitos do disposto no art. 37, XVII, da Constituição, são sociedades de economia mista
aquelas – anônimas ou não – sob o controle da União, dos Estados-membros, do Distrito
Federal ou dos Municípios, independentemente da circunstância de terem sido "criadas por
lei". Configura-se a má-fé do servidor que acumula cargos públicos de forma ilegal quando,
embora devidamente notificado para optar por um dos cargos, não o faz, consubstanciando, sua omissão,
76
disposição de persistir na prática do ilícito.[RMS 24.249, rel. min. Eros Grau, j. 14-9-2004, 1ª T, DJ de 3-6-
2005.]
A CRFB garante ao servidor público o exercício do direito de greve nos termos e nos limites
definidos em lei específica (inciso VII, do art. 37, da CRFB, com redação da Emenda Constitucional
nº 19, de 1998).
Antes da Emenda Constitucional nº 19, o dispositivo originário da Constituição exigia Lei
Complementar para disciplinar os termos e limites para que os servidores exercitassem seu direito
de greve.
Ocorre que, tanto em um caso como no outro, o Congresso Nacional não expediu o instrumento
hábil (lei complementar ou lei específica).
Desta forma, muitas foram as ações judiciais a reclamar a produção legislativa. Houve também
inúmeros debates sobre se a aludida norma constitucional era de eficácia contida ou limitada, isto
é, se exigiria lei prévia para o exercício da greve (norma de eficácia limitada) ou se esta poderia
ser exercida imediatamente e, em eventual produção legislativa, ela seria amoldada aos novos
ditames legais (norma de eficácia contida).
Inicialmente, o STF manteve a posição de que a norma era de eficácia limitada e, dessa forma, só
poderia ser exercida após a produção da lei complementar (ainda ao tempo da vigência do texto
originário, antes da Emenda nº 19, de 1998).
Nessa linha, o Mandado de Injunção 20/DF, julgado em 19 de maio de 1994, sendo o relator o
Ministro Celso de Mello:
77
Ocorre que nenhum efeito prático era advindo das concessões dos mandados de injunções
coletivos impetrados já que o Congresso se mantinha inerte.
Mesmo após a Emenda nº 19, de 1998, e a alteração para lei ordinária, ainda que específica, cujo
quórum de aprovação é mais simples do que o de lei complementar, o Congresso não produziu a
lei.
Assim, o STF alterou o seu posicionamento e no julgamento do Mandado de Injunção 708,
ocorrido em 25 de outubro de 2007, o Supremo determinou que se aplicasse aos servidores
públicos a Lei nº 7.783, de 1989, que trata do direito de greve aplicável ao trabalhador da iniciativa
privada, enquanto perdurar a inércia do legislador.
É certo que o Supremo fez algumas ressalvas, até para compatibilizar o regime próprio dos
servidores com um regramento que foi insculpido para a iniciativa privada, mas fato é que houve
uma alteração no entendimento jurisprudencial. Como exemplo, buscou-se aproximar a greve dos
servidores aos serviços essenciais descritos na Lei nº 7.783, de 1989. Veja:
78
(...) Direito de greve dos servidores públicos civis (CF, art. 37, VII). Evolução do tema
na jurisprudência do STF. (...) Apesar das modificações implementadas pela EC
19/1998 quanto à modificação da reserva legal de lei complementar para a de lei
ordinária específica (CF, art. 37, VII), observa-se que o direito de greve dos servidores
públicos civis continua sem receber tratamento legislativo minimamente satisfatório para garantir
o exercício dessa prerrogativa em consonância com imperativos constitucionais. Tendo em vista
as imperiosas balizas jurídico-políticas que demandam a concretização do direito de greve a
todos os trabalhadores, o STF não pode se abster de reconhecer que, assim como o controle
judicial deve incidir sobre a atividade do legislador, é possível que a Corte Constitucional atue
também nos casos de inatividade ou omissão do Legislativo. A mora legislativa em questão já
foi, por diversas vezes, declarada na ordem constitucional brasileira. Por esse motivo, a
permanência dessa situação de ausência de regulamentação do direito de greve dos servidores
públicos civis passa a invocar, para si, os riscos de consolidação de uma típica omissão judicial.
(...) Considerada a omissão legislativa alegada na espécie, seria o caso de se acolher a pretensão,
tão somente no sentido de que se aplique a Lei 7.783/1989 enquanto a omissão não for
devidamente regulamentada por lei específica para os servidores públicos civis (CF, art. 37, VII).
Em razão dos imperativos da continuidade dos serviços públicos, contudo, não se pode afastar
que, de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto e mediante solicitação de entidade
ou órgão legítimo, seja facultado ao tribunal competente impor a observância a regime de greve
mais severo em razão de tratar-se de "serviços ou atividades essenciais", nos termos do regime
fixado pelos arts. 9º a 11 da Lei 7.783/1989. Isso ocorre porque não se pode deixar de cogitar
dos riscos decorrentes das possibilidades de que a regulação dos serviços públicos que tenham
características afins a esses "serviços ou atividades essenciais" seja menos severa que a disciplina
dispensada aos serviços privados ditos "essenciais". O sistema de judicialização do direito de
greve dos servidores públicos civis está aberto para que outras atividades sejam submetidas a
idêntico regime. Pela complexidade e variedade dos serviços públicos e atividades estratégicas
típicas do Estado, há outros serviços públicos, cuja essencialidade não está contemplada pelo
rol dos arts. 9º a 11 da Lei 7.783/1989. Para os fins desta decisão, a enunciação do regime fixado
pelos arts. 9º a 11 da Lei 7.783/1989 é apenas exemplificativa (numerus apertus). O
processamento e o julgamento de eventuais dissídios de greve que envolvam servidores públicos
civis devem obedecer ao modelo de competências e atribuições aplicável aos trabalhadores em
geral (celetistas), nos termos da regulamentação da Lei 7.783/1989. A aplicação complementar
da Lei 7.701/1988 visa à judicialização dos conflitos que envolvam os servidores públicos civis no
contexto do atendimento de atividades relacionadas a necessidades inadiáveis da comunidade
que, se não atendidas, coloquem "em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança
da população" (Lei 7.783/1989, parágrafo único, art. 11). Pendência do julgamento de mérito da
ADI 3.395/DF, rel. min. Cezar Peluso, na qual se discute a competência constitucional para a
apreciação das "ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público
externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios" (CF, art. 114, I, na redação conferida pela EC 45/2004). Diante da singularidade
79
do debate constitucional do direito de greve dos servidores públicos civis, sob pena de
injustificada e inadmissível negativa de prestação jurisdicional nos âmbitos federal, estadual e
municipal, devem-se fixar também os parâmetros institucionais e constitucionais de definição de
competência, provisória e ampliativa, para a apreciação de dissídios de greve instaurados entre
o poder público e os servidores públicos civis. No plano procedimental, afigura-se recomendável
aplicar ao caso concreto a disciplina da Lei 7.701/1988 (que versa sobre especialização das
turmas dos Tribunais do Trabalho em processos coletivos), no que tange à competência para
apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes à greve de servidores públicos que sejam
suscitados até o momento de colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos
termos do inciso VII do art. 37 da CF. A adequação e a necessidade da definição dessas questões
de organização e procedimento dizem respeito a elementos de fixação de competência
constitucional de modo a assegurar, a um só tempo, a possibilidade e, sobretudo, os limites ao
exercício do direito constitucional de greve dos servidores públicos, e a continuidade na
prestação dos serviços públicos. Ao adotar essa medida, este Tribunal passa a assegurar o direito
de greve constitucionalmente garantido no art. 37, VII, da CF, sem desconsiderar a garantia da
continuidade de prestação de serviços públicos – um elemento fundamental para a preservação
do interesse público em áreas que são extremamente demandadas pela sociedade. Definição
dos parâmetros de competência constitucional para apreciação do tema no âmbito da Justiça
Federal e da Justiça estadual até a edição da legislação específica pertinente, nos termos do art.
37, VII, da CF. (...) Em razão da evolução jurisprudencial sobre o tema da interpretação da
omissão legislativa do direito de greve dos servidores públicos civis e em respeito aos ditames
de segurança jurídica, fixa-se o prazo de sessenta dias para que o Congresso Nacional legisle
sobre a matéria. Mandado de injunção conhecido e, no mérito, deferido para, nos termos acima
especificados, determinar a aplicação das Leis 7.701/1988 e 7.783/1989 aos conflitos e às ações
judiciais que envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos civis.[MI 708,
rel. min. Gilmar Mendes, j. 25-10-2007, P, DJE de 31-10-2008.]= ARE 657.385, rel. min. Luiz Fux,
dec. monocrática, j. 29-2-2012, DJE de 13-3-2012
Lembre-se que para os militares, outra das espécies de agentes públicos, é proibida a realização
de greve. E, com base na jurisprudência do STF (como exemplo, o ARE 654.432 que foi julgado
em 05 de abril de 2017 – informativo 860, que veremos a seguir), às carreiras de segurança pública,
por similitude ao serviço militar, no que tange a imprescindibilidade à garantia da lei e da ordem,
também é vedada a realização de greve.
80
81
82
de caráter contributivo e
solidário
Previdência do Servidor
mediante contribuição:
Público Estatutário Efetivo
dos aposentados
dos pensionistas
Além das características apresentadas, a CRFB fixa um complexo regramento para concessão e
cálculo do valor do benefício e que foi sendo alterado algumas vez ao longo dos anos, entre as
quais, por meio das Emendas nº 3/1993,20/1998, 41/2003, 47/2005, 88/2015 e 103/2019.
Importante ressaltar que cada ente da federação deve adotar o seu regime de previdência próprio,
sendo limitado a um único regime, isto é, não podendo ser criado em cada ente mais de um
regime próprio de previdência. Ademais, também deve ser única a unidade gestora do aludido
regime próprio.
Vamos avaliar os principais pontos acerca deste instituto, com foco especial nas disposições do
art. 40 da CRFB, sem adentrarmos em regras de transição ou dispositivos das emendas não
insertos na parte dogmática do texto constitucional.
#ficadica
83
voluntária
compulsória
#ficadica
84
Antes de passarmos para o estudo das demais aposentadorias, cabe discorrer sobre o abono de
permanência, que é o valor concedido ao servidor estatuário efetivo que reúne os requisitos para
a aposentadoria voluntária, mas que opta por permanecer em exercício, não se afastando para a
inatividade. Titulares unicamente de cargos em comissão e agentes políticos não fazem jus ao
abono de permanência.
O valor do abono de permanência é, no máximo, equivalente ao desconto previdenciário que
mensalmente é debitado dos vencimentos ou subsídio do servidor. Ou seja, na prática o aludido
servidor recebe de volta, no mesmo holerite, o que pagou a título de contribuição previdenciária.
Ressalte-se que o abono de permanência somente será devido até a aposentadoria compulsória
e deve ser objeto de regulamentação de lei do ente federado ao qual o servidor é filiado ao regime
próprio de previdência social.
O instituto está previsto no art. 40, § 19, da CRFB, cuja redação atualizada pela Emenda nº 103/19
é a seguinte:
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do respectivo ente federativo, o servidor
titular de cargo efetivo que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que
opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de permanência equivalente, no
máximo, ao valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria
compulsória.
85
respectivo, conforme o art. 40, § 3º, da CRFB. É necessário observar que os proventos de
aposentadoria não poderão ser nem inferiores nem superiores aos valores estabelecidos como
mínimo e máximo para o Regime Geral de Previdência Social (art. 40, § 2º, da CRFB), com exceção
dos valores pagos em virtude da existência de previdência complementar no ente federado,
conforme os §§ 14 e 16 do art. 40.
b) aposentadoria por incapacidade permanente: trata-se de uma situação em que o servidor
público, por algum motivo de saúde, torna-se permanentemente incapaz de prosseguir exercendo
suas atribuições. Repare que a Emenda nº 103/19 trouxe a mudança na nomenclatura desse
fundamento de aposentação, pois não mais se fala em invalidez permanente, mas sim em
incapacidade permanente.
#ficadica
Além disso, a Emenda nº 103/19 também dispõe que é necessário realizar tentativa de
readaptação do servidor antes da efetivação do ato de aposentadoria. Vejamos o dispositivo
constitucional completo:
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro
e atuarial.
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado:
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, quando
insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas
para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria, na
forma de lei do respectivo ente federativo;
A idade para aposentadoria compulsória era de 70 anos exclusivamente até o advento da Emenda
Constitucional nº 88, de 2015 (oriunda da alcunhada de “PEC da bengala”).
A partir da aludida Emenda Constitucional, são dois os limites de idade possíveis 70 anos (antiga
regra) ou 75 anos (para os casos fixados em lei complementar).
Cabe dizer que a própria emenda incluiu o art. 100 no ADCT com a seguinte redação:
Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do
art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais
Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos
75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal.
Em função da Lei Complementar nº 152, de 2015, o art. 100 do ADCT não produz mais efeitos,
porém, cabe aqui consignar que a parte final do dispositivo foi declarada inconstitucional pelo
STF.
Quando o art. 100 do ADCT indica “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” estava se
exigindo nova sabatina para a manutenção do servidor em atividade dos 70 anos aos 75 anos. Ou
seja, a confirmação de que os ministros do STF, dos Tribunais Superiores e do TCU permaneceriam
em condições de realizar suas atribuições.
Com o advento da aludida lei complementar, foi fixado que serão aposentados compulsoriamente
aos 75 anos de idade com proventos proporcionais ao tempo de contribuição:
Portanto, ao incluir entre aqueles que se aposentarão aos 75 anos de idade os servidores titulares
de cargos efetivos e os membros do Judiciário, Ministério Público, Defensorias e Tribunais de
Contas, a regra passou a ser a aposentadoria compulsória aos 75 anos de idade.
Além dessas três regras gerais de aposentadoria apresentadas (incapacidade, compulsória ou
voluntária), a CRFB apresenta ainda alguns casos especiais, vedando que sejam adotados
quaisquer outros requisitos ou critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria
diferentes dos que ela própria tenha fixado. Vejamos esses casos especiais apresentados pela
CRFB:
d) professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério
na educação infantil e no ensino fundamental e médio: para esses professores, o requisito da idade
mínima previsto no art. 40, § 1º, inciso III, será reduzido em 5 anos.
88
Isto é, para os professores que comprovem exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções
de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio os requisitos para
aposentadoria voluntária são:
Homem idade: 60
Aposentadoria voluntária integral
para professor de educação infantil,
fundamental e médio
Mulher idade: 57
O tempo de efetivo exercício a ser cumprido para essa modalidade de aposentadoria especial
deve estar estabelecido em lei complementar do ente federativo.
#ficadica
e) nos termos de Lei Complementar, podem ser fixados requisitos e critérios diferenciados, quanto
à idade e ao tempo de contribuição, para aposentadoria de:
servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos,
físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, ficando vedada a
caracterização por categoria profissional ou ocupação (a classificação deve ser
individualizada, portanto).
89
Tais particularidades estão previstas nos §§ 4º, 4º-A, 4º-B e 4º-C do art. 40 da CRFB.
No que tange ao cálculo do valor com provento, cabe dizer que o texto originário da CRFB previa
a aposentadoria integral com provento igual à totalidade de remuneração do servidor na ativa.
Contudo, após alterações posteriores, o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da
sua concessão, é feito a partir das remunerações utilizadas como base para as contribuições do
servidor aos regimes de previdência própria ou geral, na forma da lei.
Ou seja, se o servidor permaneceu no serviço privado durante vinte anos contribuinte para o RGPS
e, após, passou a integrar o serviço público, o cálculo do valor do provento quando da
aposentadoria deverá obrigatoriamente levar em consideração as remunerações que foram base
para as contribuições durante toda a vida laborativa do servidor. Todas elas serão levadas em
consideração para o cálculo dos proventos.
O mesmo ocorre se o servidor contribuiu para o regime próprio com base em um valor menor por
um período em função de integrar uma carreira cujo valor remuneratório é mais baixo e,
posteriormente, passou a contribuir com valores maiores, por ter ingressado em nova carreira de
maior remuneração. Essa situação será levada em consideração para ao cálculo do provento.
Além disso, fixa-se que todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício
devem ser devidamente atualizados, na forma da lei.
De todo modo, a CRFB afirma expressamente que desses cálculos que serão realizados, não se
pode resultar em proventos de aposentadoria inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º
do art. 201 ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40.
No que tange à pensão por morte, o valor a ser concedido ao beneficiário do servidor falecido é
o seguinte:
1) valor igual a totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido
para os benefícios do RGPS, acrescido de 70% da parcela excedente a este limite, caso
aposentado à data do óbito; ou
Portanto, o valor da pensão vai depender do fato de o falecimento do servidor ter ocorrido quando
ele já estava aposentado ou se ainda estava na ativa.
90
Isso porque o valor da pensão por morte, a partir da Emenda Constitucional nº 41, de 2003, será
composto pelo valor limite pago pelo RGPS mais 70% do valor que exceder a este montante.
Cabe ressaltar que a Emenda nº 103/19 modificou a redação do art. 40, § 7º, fazendo constar que
a pensão por morte deve ser objeto de regulamentação por meio de lei do respectivo ente
federado, que deverá tratar de forma diferenciada a hipótese de morte dos servidores ocupantes
dos cargos de agente penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial, em decorrência de
agressão sofrida no exercício ou em razão da função.
91
Ou seja, Valor da Pensão = [R$ 5.839,45 + 70% (R$ 8.000,00 – R$ 5.839,45)] = R$ 7.351,84.
Atenção: de acordo com o §18 do art. 40 da CRFB, com a redação da Emenda nº 41, de 2003,
incidirá sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime próprio que
superem o limite máximo estabelecido pelo RGPS, com percentual igual ao estabelecido para
os servidores titulares de cargos efetivos. Ou seja, a beneficiária da pensão de Semprônio ainda
terá que contribuir com o RPPS com o mesmo percentual que é descontado para o servidor
ativo.
92
Cabe ressaltar que o § 21 do art. 40, anteriormente mencionado e exemplificado, foi revogado
pela Emenda nº 103/19. Tal revogação já se aplica aos servidores da União. Contudo, para os
regimes próprios de previdência social dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, essa
revogação somente produzirá eficácia após a publicação de lei de iniciativa privativa do respectivo
Poder Executivo que a referende integralmente.
Ressalte-se que a CRFB prevê que seja assegurado o reajuste dos benefícios previdenciários para
que se preserve em caráter permanente o seu valor real, conforme critérios estabelecidos em lei
(art. 40, § 8º).
Além disso, em que pese já termos estudado o teto remuneratório, cabe ressaltar aqui que ele se
aplica à soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulação de
cargos ou empregos públicos, bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para o
regime geral de previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos de
inatividade com remuneração de cargo acumulável autorizado pela CRFB, cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo (art. 40, § 11).
A Emenda Constitucional nº 20, de 1998, previu que a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderiam fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo
RPPS, o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS, desde que instituam regime de
previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo.
Portanto, se o ente da Federação instituir por lei o regime de previdência complementar para os
servidores efetivos, ele poderá pagar pelo regime próprio o limite de valor que paga o RGPS.
A mesma emenda ainda previu que Lei Complementar disporia sobre as normas gerais do
aludido regime complementar para atender aos seus respectivos servidores titulares de cargo
efetivo.
93
Ocorre que, em 2003, a Emenda Constitucional nº 41, alterou este ponto da CRFB (§15 do art. 40)
para fixar que o aludido regime de previdência complementar seria instituído por lei de iniciativa
do respectivo Poder Executivo, por intermédio de entidades fechadas de previdência
complementar, de natureza pública, que ofereceriam aos respectivos participantes planos de
benefícios somente na modalidade de contribuição definida.
A Emenda Constitucional nº 103, por sua vez, introduziu mudanças na redação do § 15 do art. 40,
prevendo agora uma redação mais simplificada do que aquela anteriormente trazida pela Emenda
nº 41:
Ressalte-se que entidades fechadas de previdência complementar, nas palavras do professor José
dos Santos Carvalho Filho18:
18
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 745.
19
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 746.
94
Cabe ressaltar que, de acordo com a Lei Complementar nº 109, de 2001, que dispõe sobre o
Regime de Previdência Complementar, são 3 as modalidades de planos de benefícios de
entidades de previdência complementar:
A partir dessas alterações, alguns entes da Federação passaram a produzir normas próprias
relativas ao regime de previdência complementar para seus servidores titulares de cargos efetivo.
#ficadica
95
O art. 40, § 1º, I, da CF assegura aos servidores públicos abrangidos pelo regime de
previdência nele estabelecido o direito a aposentadoria por invalidez com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição. O benefício será devido com proventos
integrais quando a invalidez for decorrente de acidente em serviço, moléstia
97
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, "na forma da lei". Pertence, portanto, ao
domínio normativo ordinário a definição das doenças e moléstias que ensejam aposentadoria
por invalidez com proventos integrais, cujo rol, segundo a jurisprudência assentada pelo STF,
tem natureza taxativa.[RE 656.860, rel. min. Teori Zavascki, j. 21-8-2014, P, DJE de 18-9-2014,
Tema 524.]
Art. 57, § 1º, II, da Constituição do Estado do Piauí, na redação dada pela EC 32, de
27-10-2011. (...) A modificação da idade para o implemento da aposentadoria
compulsória, efetuada pela EC 88/2015, não tem o condão de operar a convalidação
superveniente da norma impugnada, persistindo sua inconstitucionalidade.As regras
da CF que dispõem sobre aposentadoria dos servidores titulares de cargos efetivos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios são normas gerais de reprodução obrigatória
pelas Constituições dos Estados-membros. A norma impugnada invadiu campo reservado à
União para o estabelecimento de normas gerais sobre previdência social (art. 24, XII e §1º, CF),
bem como extrapolou os limites do exercício do poder constituinte decorrente reformador,
legislando em frontal desacordo com o estabelecido no art. 40, §1º, II, da Constituição da
República.[ADI 4.696, rel. min. Edson Fachin, j. 30-6-2017, P, DJE de 14-9-2017.]
O art. 40, § 1º, II, da Constituição do Brasil, na redação que lhe foi conferida pela EC
20/1998, está restrito aos cargos efetivos da União, dos Estados-membros, do Distrito
Federal e dos Municípios – incluídas as autarquias e fundações. Os serviços de
registros públicos, cartorários e notariais são exercidos em caráter privado por
delegação do poder público – serviço público não privativo. Os notários e os registradores
exercem atividade estatal, entretanto não são titulares de cargo público efetivo, tampouco
ocupam cargo público. Não são servidores públicos, não lhes alcançando a compulsoriedade
imposta pelo mencionado art. 40 da CF/1988 – aposentadoria compulsória aos setenta anos de
98
idade. [ADI 2.602, rel. p/ o ac. min. Eros Grau, j. 24-11-2005, P, DJ de 31-3-2006.]= AI 494.237
AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 23-11-2010, 2ª T, DJE de 7-12-2010
Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF aos
titulares de serventias judiciais não estatizadas, desde que não sejam ocupantes de
cargo público efetivo e não recebam remuneração proveniente dos cofres
públicos.[RE 647.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 15-2-2017, P, DJE de 1º-2-2018,
Tema 571.]
99
100
101
Comentários
Incorreta a assertiva “I”. De fato, considera-se que senadores são agentes políticos. Contudo,
agentes políticos são espécies de agentes públicos, tal qual servidores públicos, empregados
102
públicos, contratados temporariamente e os que prestam funções honoríficas. Todos esses são
espécies de agentes públicos.
Correta a assertiva “II”. Como agentes públicos formam um gênero com várias espécies, diversos
são os regimes jurídicos aos quais se submetem cada uma das categorias de agentes públicos.
Servidores efetivos, por exemplo, normalmente sujeitam-se ao regime estatutário, ao passo que
empregados públicos (empregados das empresas estatais, por exemplo) submetem-se ao regime
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Correta a assertiva “III”. Algumas funções episódicas que qualquer cidadão pode exercer faz com
que ele seja também considerado agente público. É o que se conhece por funções honoríficas,
dentre as quais estão os jurados, os mesários das eleições e até mesmo os conscritos (serviço
militar obrigatório).
Correta a assertiva “IV”. O servidor público efetivo, conforme o art. 41, § 1º, da CRFB, pode ser
demitido por processo administrativo que lhe seja assegurada ampla defesa. Contudo, não é a
única maneira de demissão do servidor efetivo, que também pode ser demitido em função de
sentença judicial transitada em julgado e por avaliação periódica de desempenho, nos termos de
lei complementar a ser editada pelo Congresso Nacional. Em relação aos celetistas (empregados
públicos), sua dispensa e demissão é reconhecida pela doutrina como um ato administrativo que
limita direitos, devendo ser devidamente motivado. Vale lembrar que, conforme a Súmula nº 390
do Tribunal Superior do Trabalho, os empregados públicos de empresas públicas ou de
sociedades de economia mista, ainda que admitidos mediante aprovação em concurso público,
não possuem a garantia da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. Logo, podem ser
dispensados mesmo sem justa causa, visto que não possuem a estabilidade constitucional. A
assertiva é passível de questionamento, portanto, apesar de ter sido considerada correta pela
banca.
Incorreta a assertiva “V”. Empregado público é todo aquele que, ao exercer uma função pública,
submete-se ao regime celetista. Há casos de empregados públicos na Administração Direta,
especialmente em municípios menores que não possuem estatuto de servidores, caso em que
esses agentes públicos estarão vinculados ao regime da CLT. Nesses casos, apesar de integrarem
a Administração Direta, utiliza-se a expressão empregados públicos.
103
I - Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o servidor estável ocupante deste cargo ficará
em disponibilidade, sendo sustada a remuneração que percebia, restituindo-se a remuneração na
hipótese de reaproveitamento do servidor em outro cargo.
II - A contratação temporária feita por ente da Administração é matéria que depende de
estipulação legal e está condicionada à necessidade e ao interesse público.
III - Servidor estável que passou a ocupar o cargo de outro servidor demitido e que voltou ao
mesmo cargo por força de decisão judicial reintegratória, se estável, deverá ser reconduzido ao
cargo de origem ou posto em disponibilidade.
IV - A avaliação periódica é uma das formas pelas quais o servidor pode perder o cargo, em
conformidade com lei complementar, sendo assegurado, no procedimento de avaliação, o direito
a ampla defesa.
V - Servidor da administração direta, autárquica ou fundacional que for investido no cargo de
Prefeito poderá optar pela sua remuneração.
Marque a alternativa correta:
a) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da IV.
b) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da III.
c) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da I.
d) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da II.
e) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da V.
Comentários
Incorreta a assertiva “I”. A afirmação contraria o art. 41, § 3º da CRFB ao mencionar que a
remuneração do servidor posto em disponibilidade fica sustada. O servidor nessa situação fará jus
a uma remuneração proporcional ao tempo de serviço:
Art. 41, § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará
em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo.
Correta a assertiva “II”. O teor da assertiva vai ao encontro do art. 37, inciso IX, da CRFB, que
dispõe sobre a contratação temporária para atender necessidade temporária de excepcional
interesse público. Trata-se de previsão constitucional de eficácia limitada, pois há que se ter uma
lei para regulamentar o dispositivo da Carta Magna. Eis a previsão da CRFB:
Art. 37, IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
104
Correta a assertiva “III”. A assertiva se baseou no disposto no art. 41, § 2º, da CRFB, abaixo
transcrito:
Art. 41, § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele
reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de
origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
Nota-se uma incorreção na assertiva porque ela afirma que o servidor estável que passou a ocupar
o cargo de outro servidor demitido e que voltou ao mesmo cargo por força de decisão judicial
reintegratória deverá ser reconduzido ao cargo de origem ou posto em disponibilidade. Pela
redação da CRFB, são 3 as opções (recondução ao cargo de origem, aproveitamento em outro
cargo ou posto em disponibilidade) e não 2 opções (recondução ao cargo de origem ou posto em
disponibilidade) como disse a assertiva ao utilizar a expressão “deverá”. A assertiva pode ser
questionada, portanto.
Correta a assertiva “IV”. Trata-se de conteúdo previsto no art. 41, § 1º, inciso III da CRFB:
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.
Correta a assertiva “V”. A assertiva respeita o art. 38, inciso II, da CRFB:
105
106
d) Para que se considere válida a contratação temporária, é preciso que os casos excepcionais
estejam previstos em lei, que o prazo de contratação seja predeterminado, que a necessidade seja
temporária, que o interesse público seja excepcional, e a necessidade de contratação seja
indispensável, admitindo-se nessas hipóteses, a contratação para a prestação dos serviços
ordinários permanentes do Estado.
e) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de funções de direção,
chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas
ou operacionais. Tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade
nomeante e o servidor nomeado.
6. (2019/CEBRASPE/DP-DF/Defensor Público) A remuneração de servidor público que executar
trabalho noturno e também horas extras será paga da seguinte forma: calcula-se o acréscimo
referente às horas extras e, sobre o total obtido, aplica-se o adicional noturno.
( ) Verdadeiro ( ) Falso
107
108
a) Decurso de três anos de efetivo exercício no cargo; transcorrido o prazo mínimo, a estabilidade
independe de manifestação favorável à confirmação do servidor, emitida por comissão instituída
para realizar avaliação especial de desempenho.
b) Decurso de três anos de efetivo exercício e manifestação favorável à confirmação do servidor,
emitida por comissão instituída para realizar avaliação especial de desempenho.
c) Decurso de dois anos de efetivo exercício; transcorrido o prazo, a estabilidade independe de
manifestação favorável à confirmação do servidor, emitida por comissão instituída para realizar
avaliação especial de desempenho.
d) Decurso de dois anos de efetivo exercício e manifestação favorável à confirmação do servidor,
emitida por comissão instituída para realizar avaliação especial de desempenho.
e) Decurso de trinta meses de efetivo exercício e manifestação favorável à confirmação do
servidor, emitida por comissão instituída para realizar avaliação especial de desempenho.
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110
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112
113
a) a garantia da irredutibilidade dos vencimentos não veda a redução de parcelas que compõem
a remuneração ou mesmo a alteração no modo de cálculo de gratificações e outras vantagens,
desde que preservado o valor da remuneração total.
b) a isonomia remuneratória prevista na Constituição Federal garante paridade entre os cargos de
igual atribuição ou assemelhados no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.
c) em caso de acordo é possível a fixação de vencimento de servidor por meio de Convenção
Coletiva desde que homologado judicialmente.
d) a fixação de subsídios dos Membros do Legislativo, bem como Presidente, Vice-Presidente e
Ministros de Estado ocorre por meio de Lei de competência exclusiva do Congresso, sancionada
pelo Presidente da República.
e) os pensionistas de servidor público falecido já aposentado, terão suas pensões regidas pela Lei
vigente por ocasião da aposentadoria do servidor falecido.
114
115
d) forma de provimento pela qual o servidor sai de seu cargo e ingressa em outro situado em
classe mais elevada.
116
117
b) Para que o candidato possa fazer jus às vagas reservadas aos portadores de deficiência, estas
precisam necessariamente causar dificuldades no desempenho das funções do cargo disputado,
em função da aplicação do princípio da congruência.
c) O princípio da igualdade de gênero impede que o edital de concurso público preveja a
participação apenas de concorrentes de determinado sexo.
d) Conflita com o princípio da razoabilidade a eleição, como critério de desempate, do
desempenho profissional anterior, relacionado com a titularidade do serviço para o qual se realiza
o concurso.
120
39. (2018/VUNESP/TJ-RS/ Juiz de Direito) De acordo com a Constituição Federal, a respeito dos
agentes públicos, é correto afirmar que,
constatou, por meio de exames mais detalhados, que se tratava de variedade benigna da
anomalia, não impeditiva do exercício da função pública. O juiz prolatou sentença de procedência,
no tocante ao pedido de empossamento no cargo público. No tocante à pretensão relativa à
indenização, a sentença seguiu a jurisprudência dominante do STF, que dispõe que
a) não é devida indenização, salvo em situação de flagrante arbitrariedade do ato que impediu a
posse.
b) a indenização é devida, computada desde a data em que deveria ter ocorrido a posse.
c) tal pretensão deve ser deduzida em ação própria.
d) a indenização é devida, computada desde a data do ajuizamento da ação.
e) a indenização é devida, computada desde a data da citação da Fazenda Pública.
( ) Certo ( ) Errado
( ) Certo ( ) Errado
122
d) nas situações que demandem o afastamento para o exercício de mandato eletivo, o tempo de
serviço deverá ser contado para todos os fins da lei, exceção feita à promoção por antiguidade.
123
( ) Certo ( ) Errado
124
125
sobre o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público fora do número
de vagas disciplinado pelo certame de que participou:
a) O cadastro reserva revela-se por si como medida inidônea para o aproveitamento dos
candidatos aprovados durante a validade do concurso.
b) Os aprovados dentro do cadastro reserva não têm expectativa de direito à nomeação, muito
menos direito subjetivo a serem chamados para o preenchimento da vaga.
c) Incumbe à Administração, no âmbito de seu espaço de discricionariedade exercido de forma
livre, avaliar a conveniência e a oportunidade de novas convocações durante a validade do
certame.
d) O direito subjetivo à nomeação do candidato surge, dentre outras hipóteses, quando, ao
surgirem novas vagas ou ao ser aberto novo concurso durante a validade do certame anterior,
ocorre a preterição de candidatos de forma justificada e motivada por parte da Administração.
e) Demonstrada a existência de vagas e a necessidade de serviço, não pode a Administração deixar
transcorrer o prazo de validade a seu bel prazer para nomear outras pessoas que não aquelas já
aprovadas em concurso válido.
126
remuneração do servidor poderá ser superior ao teto constitucional se ele receber uma
gratificação por cargo de chefia
( ) Certo ( ) Errado
127
1. E 19. C 37. A
2. C 20. A 38. D
3. D 21. E 39. E
4. B 22. D 40. A
5. D 23. A 41. ERRADO
6. CERTO 24. A 42. ERRADO
7. CERTO 25. D 43. A
8. ERRADO 26. C 44. C
9. B 27. D 45. B
10. D 28. C 46. B
11. C 29. D 47. CERTO
12. B 30. B 48. E
13. E 31. D 49. A
14. D 32. A 50. E
15. A 33. C 51. E
16. C 34. D 52. ERRADO
17. B 35. C 53. B
18. D 36. D
128
Comentários
Incorreta a assertiva “I”. De fato, considera-se que senadores são agentes políticos. Contudo,
agentes políticos são espécies de agentes públicos, tal qual servidores públicos, empregados
públicos, contratados temporariamente e os que prestam funções honoríficas. Todos esses são
espécies de agentes públicos.
Correta a assertiva “II”. Como agentes públicos formam um gênero com várias espécies, diversos
são os regimes jurídicos aos quais se submetem cada uma das categorias de agentes públicos.
129
Servidores efetivos, por exemplo, normalmente sujeitam-se ao regime estatutário, ao passo que
empregados públicos (empregados das empresas estatais, por exemplo) submetem-se ao regime
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Correta a assertiva “III”. Algumas funções episódicas que qualquer cidadão pode exercer faz com
que ele seja também considerado agente público. É o que se conhece por funções honoríficas,
dentre as quais estão os jurados, os mesários das eleições e até mesmo os conscritos (serviço
militar obrigatório).
Correta a assertiva “IV”. O servidor público efetivo, conforme o art. 41, § 1º, da CRFB, pode ser
demitido por processo administrativo que lhe seja assegurada ampla defesa. Contudo, não é a
única maneira de demissão do servidor efetivo, que também pode ser demitido em função de
sentença judicial transitada em julgado e por avaliação periódica de desempenho, nos termos de
lei complementar a ser editada pelo Congresso Nacional. Em relação aos celetistas (empregados
públicos), sua dispensa e demissão é reconhecida pela doutrina como um ato administrativo que
limita direitos, devendo ser devidamente motivado. Vale lembrar que, conforme a Súmula nº 390
do Tribunal Superior do Trabalho, os empregados públicos de empresas públicas ou de
sociedades de economia mista, ainda que admitidos mediante aprovação em concurso público,
não possuem a garantia da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. Logo, podem ser
dispensados mesmo sem justa causa, visto que não possuem a estabilidade constitucional. A
assertiva é passível de questionamento, portanto, apesar de ter sido considerada correta pela
banca.
Incorreta a assertiva “V”. Empregado público é todo aquele que, ao exercer uma função pública,
submete-se ao regime celetista. Há casos de empregados públicos na Administração Direta,
especialmente em municípios menores que não possuem estatuto de servidores, caso em que
esses agentes públicos estarão vinculados ao regime da CLT. Nesses casos, apesar de integrarem
a Administração Direta, utiliza-se a expressão empregados públicos.
III - Servidor estável que passou a ocupar o cargo de outro servidor demitido e que voltou ao
mesmo cargo por força de decisão judicial reintegratória, se estável, deverá ser reconduzido ao
cargo de origem ou posto em disponibilidade.
IV - A avaliação periódica é uma das formas pelas quais o servidor pode perder o cargo, em
conformidade com lei complementar, sendo assegurado, no procedimento de avaliação, o direito
a ampla defesa.
V - Servidor da administração direta, autárquica ou fundacional que for investido no cargo de
Prefeito poderá optar pela sua remuneração.
Marque a alternativa correta:
a) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da IV.
b) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da III.
c) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da I.
d) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da II.
e) Todas as afirmativas estão corretas, à exceção da V.
Comentários
Incorreta a assertiva “I”. A afirmação contraria o art. 41, § 3º da CRFB ao mencionar que a
remuneração do servidor posto em disponibilidade fica sustada. O servidor nessa situação fará jus
a uma remuneração proporcional ao tempo de serviço:
Art. 41, § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará
em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo.
Correta a assertiva “II”. O teor da assertiva vai ao encontro do art. 37, inciso IX, da CRFB, que
dispõe sobre a contratação temporária para atender necessidade temporária de excepcional
interesse público. Trata-se de previsão constitucional de eficácia limitada, pois há que se ter uma
lei para regulamentar o dispositivo da Carta Magna. Eis a previsão da CRFB:
Art. 37, IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
Correta a assertiva “III”. A assertiva se baseou no disposto no art. 41, § 2º, da CRFB, abaixo
transcrito:
Art. 41, § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele
reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de
131
Nota-se uma incorreção na assertiva porque ela afirma que o servidor estável que passou a ocupar
o cargo de outro servidor demitido e que voltou ao mesmo cargo por força de decisão judicial
reintegratória deverá ser reconduzido ao cargo de origem ou posto em disponibilidade. Pela
redação da CRFB, são 3 as opções (recondução ao cargo de origem, aproveitamento em outro
cargo ou posto em disponibilidade) e não 2 opções (recondução ao cargo de origem ou posto em
disponibilidade) como disse a assertiva ao utilizar a expressão “deverá”. A assertiva pode ser
questionada, portanto.
Correta a assertiva “IV”. Trata-se de conteúdo previsto no art. 41, § 1º, inciso III da CRFB:
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.
Correta a assertiva “V”. A assertiva respeita o art. 38, inciso II, da CRFB:
(C) A petição inicial será indeferida, com fundamento no artigo 10 da Lei n. 12.016/2009, caso a
impetração ocorra após 120 dias da ciência do ato impugnado.
(D) É vedado ao Poder Judiciário adentrar aos critérios adotados pela banca examinadora do
concurso.
Comentários
Correta a alternativa “a” já que, de acordo com a jurisprudência do STF (RE 434708), a adequação
das questões da prova ao programa do edital de concurso público constitui tema de legalidade
suscetível de exame pelo Poder Judiciário.
Correta a alternativa “b” já que, conforme jurisprudência do STJ (AgRg no RMS 37924), “a
autoridade coatora, para impetração de mandado de segurança, é aquela que pratica ou ordena,
de forma concreta e específica, o ato ilegal, ou, ainda, aquela que detém competência para corrigir
a suposta ilegalidade, conforme se extrai do art. 6º, § 3º, da Lei 12.016/2009”. Como a autoridade
competente para proceder à reclassificação do impetrante seria a banca examinadora responsável
pelo certame, que é a executora direta do ato impugnado, deve ela figurar como autoridade
coatora.
Correta a alternativa “c” porque, conforme inteligência combinada entre os arts. 10 e 23 da Lei nº
12.016, de 2009, que disciplina o mandado de segurança, a inicial será desde logo indeferida, por
decisão motivada, quando decorrido o prazo legal para a impetração que é de 120 dias, contados
da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
Incorreta a alternativa “d” porque, em sede de repercussão geral (RE 632.853), o STF fixou a Tese
485 de que não compete ao Poder Judiciário substituir a banca examinadora para reexaminar o
conteúdo das questões e os critérios de correção utilizados, salvo ocorrência de ilegalidade ou de
inconstitucionalidade.
Gabarito “d”.
133
c) O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o
prazo de validade do certame anterior, gera automaticamente o direito à nomeação dos
candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital.
d) A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à
qual atribuída eficácia retroativa, gera direito às promoções ou progressões funcionais que
alcançariam houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação.
e) Os empregados públicos celetistas não gozam de estabilidade e podem ser demitidos por
decisão imotivada.
Comentários
Incorreta a alternativa “a”. A previsão não deve ser exclusivamente por edital, mas sim por lei,
nos termos da Súmula Vinculante nº 44: “Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a
habilitação de candidato a cargo público.”
Inexiste direito dos candidatos em concurso público à prova de segunda chamada nos
testes de aptidão física, salvo contrária disposição editalícia, em razão de circunstâncias
pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, mantida a validade das
provas de segunda chamada realizadas até 15/5/2013, em nome da segurança jurídica.
Como se vê, em regra não há que se falar em segunda chamada para testes de aptidão física.
Apesar disso, o STF excepcionou o caso das gestantes, conforme se identifica nos julgados abaixo
transcritos:
Incorreta a alternativa “d”. Ao apreciar o Tema 454 da sistemática de Repercussão Geral, sendo
o leading case o RE nº 629.392, o STF fixou a seguinte tese, que vai de encontro ao que foi
afirmado na alternativa:
Incorreta a alternativa “e”. O STF, em entendimento exarado no RE 589.998, reiterou sua posição
no sentido de que os empregados públicos celetistas não fazem jus à estabilidade prevista no art.
41 da CRFB. Por outro lado, fixou-se tese no sentido de que a empresa estatal tem o dever jurídico
de motivar a demissão de seus empregados (Tema 131 da Repercussão Geral):
135
Comentários:
Correta a alternativa “a” que está em linha com o §2º do art. 37 da CRFB.
Correta a alternativa “b” que está em linha com o inciso XIII do art. 37 da CRFB.
Correta a alternativa “c” que está em linha com a Súmula Vinculante 43 do STF.
Incorreta a alternativa “d” porque, de acordo com o STF, no julgamento da ADI 2.987 e 3.430, há
inconstitucionalidade se utilizada para admissão de servidores para funções burocráticas ordinárias
e permanentes.
136
Correta a alternativa “e” que está em linha com o inciso V, do art. 37, da CRFB.
Gabarito: D.
Comentários:
A banca não fixou no enunciado da assertiva se tratar exclusivamente de servidor público civil na
esfera federal, cujo regime jurídico é disciplinado pela Lei nº 8.112, de 1990.
A expressão “servidor público” não se restringe ao servidor civil federal, mas abrange todos os
servidores públicos de todos os entes da federação que, sob o regime estatutário, são
disciplinados em leis de cada um desses entes federativos, já que se trata de competência comum.
Nessa linha, apenas como exemplo, o STF ao julgar o ARE 1158278/CE (inicialmente em decisão
monocrática da Ministra Cármem Lúcia, em outubro de 2018, e posteriormente, em março de
2019, por unanimidade, em decisão da segunda turma do supremo) decidiu negar provimento ao
recurso extraordinário com agravo que pedia que os cálculos do adicional de hora extra incidissem
sobre o valor da hora noturna majorada, não sobre o valor da hora normal de trabalho.
Ou seja, foi mantida decisão do Tribunal de Justiça do Ceará que privilegiou o teor do art. 114 do
Estatuto do Servidor Público do Município de Fortaleza (Lei nº 6.794/90), cujo teor é:
Art. 114 – O serviço extraordinário será calculado com acréscimo de 50% (cinquenta
por cento) em relação à hora normal de trabalho, incidindo sobre a remuneração do
servidor, excetuando-se a representação de cargo comissionado.
“O legislador, pois, expressamente fixou como base de cálculo do adicional pelo serviço
extraordinário a hora normal trabalhada (…)
137
O percentual de 50% (cinquenta por cento) das horas extras não deve ser aplicado
sobre a hora noturna já majorada em 20% (vinte por cento)”.
Portanto, conclui-se que não necessariamente será aplicada a regra do art. 75, parágrafo único,
da Lei nº 8.112/1990, podendo incidir as regras específicas presentes nos Estatutos dos Servidores
Públicos dos diferentes entes da federação, inclusive de forma diversa do que prevê a Lei nº
8.112/1990.
Comentários:
A assertiva está em linha com a jurisprudência do STF, em especial, RE 837.311, RE 598.099 e RMS
31.478:
Gabarito: Verdadeiro.
Comentários:
A banca justificou o gabarito com a ADI-MC 3.854/DF, de 2007. Ocorre que, no julgamento da
ADI 4.900, em 2015, o STF assentou o posicionamento de que o poder judiciário pode definir um
subteto em âmbito Estadual (extensível ao DF), sendo este subteto o subsídio dos
desembargadores do Tribunal de Justiça.
Veja:
Comentários
139
Incorreta a alternativa “a”. Segundo o STF, não viola os princípios constitucionais a nomeação de
cônjuge de prefeito para cargo de secretário. Vejamos um exemplo:
140
Incorreta a alternativa “e”. De fato, não constitui violação aos princípios constitucionais se a
administração anular um ato administrativo ilegal, pois ele não gera direito adquirido. Contudo, a
fim de resguardar o terceiro de boa-fé e em homenagem ao princípio da proteção à confiança, é
possível que os efeitos do ato administrativo eivado de ilegalidade sejam preservados.
Comentários
Incorreta a alternativa “a”. O STJ, por meio da Súmula 378, consolidou o seguinte entendimento:
“Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais decorrentes”. Repare
que não se fala em reenquadramento, hipótese em que o servidor mudaria de nível na carreira por
conta de exercer outras atribuições, mas somente em receber a remuneração corresponde. O STF
também já apreciou essa questão, possuindo entendimento semelhante ao exposto
anteriormente: “Firmou-se o entendimento do Supremo Tribunal, no sentido de que o desvio de
função ocorrido em data posterior à Constituição de 1988 não pode dar ensejo ao
reenquadramento. No entanto, tem o servidor direito de receber a diferença das remunerações,
como indenização, sob pena de enriquecimento sem causa do Estado: precedentes” (AI 339.234-
AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ 4.2.2005)”.
141
Incorreta a alternativa “c”. Não obstante não tenha direito ao reenquadramento, a jurisprudência
evidencia que o servidor de fato possui direito às diferenças remuneratórias pelo período em que
ficou em desvio de função.
Correta a alternativa “d”. A alternativa condiz com a jurisprudência citada nos comentários
anteriores, na qual haverá apenas o direito à percepção das diferenças remuneratórias entre o
cargo efetivo que ocupa e a função desempenhada no caso do desvio mencionado pelo
enunciado. Não há que se falar em reenquadramento, portanto.
Comentários
Incorreta a alternativa “a”. Ao enfrentar a questão das cláusulas de barreira, o STF firmou
entendimento no sentido da constitucionalidade de tais cláusulas. No julgamento do RE
635.739/AL, fixou-se a seguinte tese: “É constitucional a regra inserida no edital de concurso
público, denominada cláusula de barreira, com o intuito de selecionar apenas os candidatos mais
bem classificados para prosseguir no certame”. Como a questão requer que o candidato assinale
142
a alternativa incorreta, tal alternativa, por estar aderente ao entendimento do STF, não deve ser
assinalada.
Incorreta a alternativa “b”. A alternativa praticamente reproduz uma tese de repercussão geral
aprovada pelo STF no âmbito do julgamento do RE 608.482 (Tema 476). A tese é a seguinte: “Não
é compatível com o regime constitucional de acesso aos cargos públicos a manutenção no cargo,
sob fundamento de fato consumado, de candidato não aprovado que nele tomou posse em
decorrência de execução provisória de medida liminar ou outro provimento judicial de natureza
precária, supervenientemente revogado ou modificado.” Portanto, por estar correta, a alternativa
não deve ser assinalada.
Incorreta a alternativa “d”. O conteúdo da alternativa vai ao encontro da tese fixada no âmbito do
tema 485 de repercussão geral RE 632.853/CE: “Não compete ao Poder Judiciário substituir a
banca examinadora para reexaminar o conteúdo das questões e os critérios de correção utilizados,
salvo ocorrência de ilegalidade ou de inconstitucionalidade”. Trata-se de alternativa que, por estar
correta, não deve ser assinalada pelo candidato.
143
Comentários
Incorreta a alternativa “a”. De acordo com a CRFB, art. 41, são estáveis após três anos de efetivo
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
público. No § 4º deste mesmo artigo, como condição para a aquisição da estabilidade, é
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.
Correta a alternativa “b”. Assertiva em consonância com o que dispõe a CRFB/88 no art. 41: ”São
estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento
efetivo em virtude de concurso público”. No § 4º deste mesmo artigo, como condição para a
aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
instituída para essa finalidade.
Incorreta a alternativa “c”. Apesar da Lei Federal nº 8.112/90 prever, em seu art. 21, a estabilidade
ao servidor público após completar 2 anos de efetivo exercício, a norma constitucional se sobrepôs
a esse dispositivo com a Emenda Constitucional nº 19/1998, que alterou o art. 41, passando para
3 anos de efetivo exercício para a aquisição da estabilidade.
Incorreta a alternativa “d”. Conforme o art. 41 da CRFB, são estáveis após três anos de efetivo
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
público.
Incorreta a alternativa “e”. De acordo com a CRFB, art. 41, são estáveis após três anos de efetivo
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
público.
144
b) o Supremo Tribunal Federal sumulou o assunto determinando que o funcionário nomeado por
concurso não tem direito à posse.
c) o Superior Tribunal de Justiça sumulou o assunto determinando que a nomeação de funcionário
sem concurso pode ser desfeita antes da posse.
d) o Superior Tribunal de Justiça sumulou o assunto determinando que o funcionário nomeado
por concurso não tem direito à posse.
e) o Supremo Tribunal Federal sumulou o assunto determinando que o funcionário nomeado por
concurso tem direito à posse.
Comentários
O assunto tratado pela questão está sumulado pelo Supremo Tribunal Federal. Trata-se da Súmula
nº 16 que, embora antiga e pré-constitucional, encontra-se em vigência. O teor da súmula é o
seguinte: “Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse”.
Incorreta a alternativa “a”. O assunto não é objeto de súmula do Superior Tribunal de Justiça.
Incorreta a alternativa “c”. O assunto não foi sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, mas sim
pelo Supremo Tribunal Federal por meio da Súmula nº 17, cuja redação é a seguinte: “A nomeação
de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da posse”.
Incorreta a alternativa “d”. Além de não ter sido sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, tem-
se que o correto é que o funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.
145
b) a greve poderá ser considerada legal se o Estado der causa à deflagração, assim como ocorreria
no caso de servidores policiais civis.
c) a administração pública poderá agir discricionariamente para escolher se desconta da
remuneração dos servidores os dias parados.
d) a greve poderá ser declarada legal, porém a administração pública deverá, em regra, descontar
da remuneração dos servidores os dias parados.
e) a administração pública será obrigada, caso haja requerimento de sindicato ou associação, a
promover uma compensação pelas horas não trabalhadas, evitando o desconto na remuneração
dos servidores.
Comentários
Incorreta a alternativa “a”. De fato, não foi editada a lei a que se refere o art. 37, VII, da CF/88.
Como se trata de uma norma constitucional de eficácia limitada, foram ajuizados mandados de
injunção no STF em virtude da impossibilidade do exercício do direito de greve pelos servidores
públicos, diante da inexistência da lei regulamentadora (vide MIs 670, 708 e 712). Esses julgados
reconheceram a possibilidade de greve de servidores públicos, aplicando-se a Lei Federal nº
7.783/89 (Lei Geral de Greve). Logo, a greve não é ilegal simplesmente pela inexistência da lei.
Incorreta a alternativa “b”. De fato, greve de servidores públicos pode ser considerada legal.
Contudo, o direito de greve não se aplica a servidores da área de segurança pública, conforme o
Tema de Repercussão Geral nº 541 do STF:
Incorreta a alternativa “c”. No Recurso Extraordinário nº 693.456, ficou decidida a Tese 531 de
Repercussão Geral, nos dizeres a seguir:
Portanto, a regra geral é que a Administração Pública proceda ao desconto, PODENDO haver
compensação das horas paradas em função de acordo. Por outro lado, se a greve se deu em
146
virtude de ilicitude praticada pelo Poder Público, não há que se falar em desconto nas
remunerações.
Correta a alternativa “d”. Conforme afirmado nos comentários da alternativa C, a regra geral é
pelo desconto na remuneração dos servidores. Ademais, as greves de servidores são possíveis e
reconhecidas pelo STF, mesmo diante da inexistência de lei específica apta a regulamentar o
assunto.
Incorreta a alternativa “e”. Também conforme consta nos comentários da alternativa C, não há
obrigatoriedade em existir a compensação das horas paradas a fim de se evitar o desconto nas
remunerações. Isso se dará apenas se houver acordo.
Comentários:
A) CORRETA. Está em linha com a posição do STF no julgamento do RE 635.739, que fixou com
repercussão geral o tema 376. A ementa do aludido julgado é:
C) INCORRETA. Em que pese ser a regra a fixação do direito subjetivo à nomeação para o
candidato aprovado dentro do número de vagas (STF RE 598.099), há alguns casos excepcionais
que precisam cumprir as seguintes características: a) Superveniência: os eventuais fatos
ensejadores de uma situação excepcional devem ser necessariamente posteriores à publicação do
edital do certame público; b) Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por circunstâncias
extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do edital; c) Gravidade: os acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves, implicando onerosidade
excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital; d)
Necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve
ser extremamente necessária, de forma que a administração somente pode adotar tal medida
quando absolutamente não existirem outros meios menos gravosos para lidar com a situação
excepcional e imprevisível.
Comentários:
1. A Lei n. 8.906, artigo 79, § 1º, possibilitou aos “servidores” da OAB, cujo regime
outrora era estatutário, a opção pelo regime celetista. Compensação pela escolha:
indenização a ser paga à época da aposentadoria. 2. Não procede a alegação de que a
OAB sujeita-se aos ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta. 3. A
OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço
público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas
existentes no direito brasileiro. 4. A OAB não está incluída na categoria na qual se
inserem essas que se tem referido como “autarquias especiais” para pretender-se
afirmar equivocada independência das hoje chamadas “agências”. 5. Por não
consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a
controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-
vinculação é formal e materialmente necessária. 6. A OAB ocupa-se de atividades
atinentes aos advogados, que exercem função constitucionalmente privilegiada, na
medida em que são indispensáveis à administração da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É
entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção de advogados. Não
há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público. 7. A
Ordem dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e independência,
não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A
OAB não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade
institucional. 8. Embora decorra de determinação legal, o regime estatutário imposto
aos empregados da OAB não é compatível com a entidade, que é autônoma e
independente. 9. Improcede o pedido do requerente no sentido de que se dê
interpretação conforme o artigo 37, inciso II, da Constituição do Brasil ao caput do
artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a aplicação do regime trabalhista aos servidores
da OAB. 10. Incabível a exigência de concurso público para admissão dos contratados
sob o regime trabalhista pela OAB. 11. Princípio da moralidade. Ética da legalidade e
moralidade. Confinamento do princípio da moralidade ao âmbito da ética da
legalidade, que não pode ser ultrapassada, sob pena de dissolução do próprio sistema.
Desvio de poder ou de finalidade. 12. Julgo improcedente o pedido.
149
Comentários
A) ERRADA. Há dois dispositivos legais que servem como referência para resolver a questão. O
primeiro deles está na Lei 8.666/93, especificamente em seu art. 84:
Art. 84, § 2º: A pena imposta será acrescida da terça parte, quando os autores dos
crimes previstos nesta Lei forem ocupantes de cargo em comissão ou de função de
confiança em órgão da Administração direta, autarquia, empresa pública, sociedade de
economia mista, fundação pública, ou outra entidade controlada direta ou
indiretamente pelo Poder Público.
O Código Penal, no art. 327, tem previsão semelhante a essa da Lei 8.666/93:
Art. 327, § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de
150
Logo, agentes públicos que ocupam cargos em comissão ou funções de confiança terão a
majorante de um terço da pena. Ambas as leis silenciam quanto a agentes políticos.
Contudo, ao apreciar a temática de crimes cometidos por agentes políticos, o STF reconheceu a
incidência da majorante de um terço da pena do art. 327, § 2º, do Código Penal. Portanto, em
sede de matéria penal, aplica-se essa majorante também para agentes políticos. Veja o julgado
abaixo, com os trechos relevantes em destaque:
De acordo com o STF, o Presidente da República é o ÚNICO AGENTE POLÍTICO que não está
sujeito ao Duplo Regime Sancionatório, por força do art. 86, § 4º da CF/88:
Art. 86, § 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
Os demais agentes políticos podem responder normalmente por crimes praticados (caso em que
poderá haver foro por prerrogativa de função, caso o crime tenha sido cometido durante o
mandato e em função dele) e por atos de improbidade administrativa (NÃO HÁ foro por
prerrogativa de função).
151
Portanto, a pretensão do Estado de cobrar danos causados à Fazenda Pública que tenham
decorrido de ilícitos civis está sujeita à prescrição. Somente o ressarcimento por ato DOLOSO de
improbidade é imprescritível (sobre o assunto, veja o comentário da alternativa D).
Há duas correntes:
- O STF já decidiu com base no art. 206, § 3º, V, do Código Civil, em que a pretensão de reparação
civil prescreve em 3 (três) anos;
- O STJ já decidiu com base no prazo geral do Decreto 20.910/32, que prevê o prazo prescricional
de 5 (cinco) anos para as dívidas passivas dos entes federados (prescrição quinquenal).
Esse assunto ainda não está pacificado, mas é bom estar ciente sobre a posição de cada uma das
Cortes para poder responder às questões.
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.
Portanto, para atos de improbidade praticados com culpa, a Administração possui o prazo do art.
23 da Lei 8.429/92 para proceder ao ajuizamento das ações de ressarcimento (cinco anos).
E) ERRADA. Embora os entes federados tenham autonomia para elaborar os estatutos dos seus
servidores, os Estados-membros, Distrito Federal e Municípios não podem inovar em todas as
sanções administrativo-disciplinares.
152
A União, por ser a detentora da competência legislativa para legislar sobre direito penal e direito
processual (art. 22, inciso I, da CF/88), fornece todos os contornos possíveis de serem admitidos
sobre questões sancionatórias e de aplicação de penalidades.
Comentários
A) ERRADA. De fato, não foi editada a lei a que se refere o art. 37, VII, da CF/88. Como se trata
de uma norma constitucional de eficácia limitada, foram ajuizados mandados de injunção no STF
em virtude da impossibilidade do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, diante
da inexistência da lei regulamentadora (vide MIs 670, 708 e 712). Esses julgados reconheceram a
possibilidade de greve de servidores públicos, aplicando-se a Lei Federal nº 7.783/89 (Lei Geral
de Greve). Logo, a greve não é ilegal simplesmente pela inexistência da lei.
B) ERRADA. De fato, greve de servidores públicos pode ser considerada legal. Contudo, o direito
de greve não se aplica a servidores da área de segurança pública, conforme o Tema de
Repercussão Geral nº 541 do STF:
153
Portanto, a regra geral é que a Administração Pública proceda ao desconto, PODENDO haver
compensação das horas paradas em função de acordo. Por outro lado, se a greve se deu em
virtude de ilicitude praticada pelo Poder Público, não há que se falar em desconto nas
remunerações.
D) CORRETA. Conforme afirmado nos comentários da alternativa C, a regra geral é pelo desconto
na remuneração dos servidores. Ademais, as greves de servidores são possíveis e reconhecidas
pelo STF, mesmo diante da inexistência de lei específica apta a regulamentar o assunto.
Comentários
A banca indicou a alternativa E como sendo a correta em seu gabarito definitivo. Contudo,
entendemos que a banca FEPESE não foi feliz na elaboração dessa questão. Trata-se de uma
temática para a qual não há uma jurisprudência pacificada, pois o STF tem oscilado em seu
entendimento acerca do tema. Por esse ponto de vista, entendemos que outras alternativas
poderiam também estar corretas.
A) CORRETA. Há um entendimento do STF que justificaria essa alternativa como certa. Veja o
trecho do Informativo 840 do STF, que reproduz o entendimento firmado no julgamento do
Agravo Regimental da Rcl 8.909/MG, ocorrido em 22/09/2016:
Portanto, por esse entendimento do Supremo, pode-se cogitar do acerto da alternativa, já que a
competência para julgar as controvérsias referentes ao período celetista da servidora seria da
Justiça Comum, que é o seu vínculo atual (estatutário).
B) ERRADA. A competência para julgar as ações não se relaciona à qual esfera de governo o
servidor pertence (se federal, estadual, distrital ou municipal). O relevante é apurar se se trata de
um servidor estatutário ou celetista. Sendo servidor estatutário, a Justiça comum deteria a
competência para julgar.
155
Isso faz com que a competência em razão da matéria seja ABSOLUTA, e não relativa, como a
alternativa propõe. Sendo o caso de competência ou incompetência absoluta, deve ser
reconhecida de ofício pelo juiz.
D) ERRADA. Sabe-se que, pelo art. 19 dos ADCT, foi reconhecida a estabilidade àqueles que se
encontravam em exercício há pelo menos cinco anos na Administração Pública Direta.
No Informativo 839 do STF, há um entendimento que poderia induzir o aluno a marcar o acerto
desta alternativa. Vejamos:
Contudo, a alternativa faz menção aos pedidos relacionados na vigência do regime estatutário,
sendo que o julgado mencionado pelo informativo (CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 14/09/2016) faz alusão a parcelas trabalhistas. Em relação a controvérsias referentes ao
período estatutário, a competência seria da Justiça Comum.
E) CORRETA. O fundamento para assinalar esta alternativa como correta é aquele que foi citado
na alternativa D, em que se segrega a competência de modo bem delineado: o que for matéria
trabalhista, seria de competência da Justiça do Trabalho, ao passo que as matérias estatutárias
ficariam a cargo da Justiça Comum.
Em nosso entendimento, tanto a alternativa A quanto a alternativa E estariam corretas, pois ambas
reproduzem entendimentos do STF tomados em julgamentos distintos.
156
ou se isso implica em violar a súmula vinculante n. 13. De acordo com o conteúdo da súmula
mencionada, a nomeação de Helena
a) não configura caso de nepotismo, podendo ela ser nomeada para o cargo, sendo muito positivo
que possua habilidade técnica específica ligada à área.
b) configura caso de nepotismo quando inexistente habilitação técnica específica para o exercício
da função, o que não corre no caso, já que Helena possui doutorado na área.
c) não configura caso de nepotismo, pois ela é parente em terceiro grau de Milena, o que faz
absolutamente legítima a sua nomeação.
d) configura caso claro de nepotismo e é inadmissível, independentemente da capacitação jurídica
especializada que Helena possui.
Comentários
A questão cobra do aluno um detalhe da Súmula Vinculante nº 13 que, muitas vezes, passa
despercebido. Vale a pena reproduzir o enunciado aqui:
Note que a súmula fala em parentesco de até terceiro grau. Primos são parentes de quarto grau!
Para o caso da questão, seria nepotismo se a deputada nomeasse os seus pais (parentes de
primeiro grau), seus irmãos e avós (parentes de segundo grau) e seus tios (parentes de 3º grau).
Primos são de quarto grau, logo não estão abrangidos pela súmula.
A) CORRETA. Trata-se de uma nomeação para cargo em comissão, sendo que eventual vínculo de
parentesco entre as pessoas envolvidas (autoridade nomeante e nomeado), se for até o terceiro
grau, inviabiliza a nomeação. Contudo, como a relação de parentesco é de quarto grau, há sim
possibilidade de efetivar a nomeação.
B) ERRADA. Não há nepotismo no caso, por ser parentesco de quarto grau. Ademais, quando se
fala em nepotismo, não há qualquer relação com a qualificação para o exercício do cargo.
Nepotismo faz alusão ao favorecimento de familiares, independentemente da habilitação técnica
para a função.
157
C) ERRADA. A alternativa é correta na primeira parte, uma vez que o caso descrito não é de
nepotismo. Ocorre que primos são parentes de quarto grau, e não de terceiro grau, como
mencionado na segunda parte da alternativa.
D) ERRADA. Como já visto, o caso não é de nepotismo por envolver uma relação de parentesco
de quarto grau.
Comentários
Questão que aborda vários assuntos e cobra do aluno o conhecimento de jurisprudência das cortes
superiores em Direito Administrativo.
A) ERRADA. Na realidade, a alternativa está quase correta, não fosse pela expressão “em
abstrato”. Para o STJ, o prazo de prescrição no âmbito disciplinar, no caso de sentença penal
condenatória, deve ser computado pela pena em concreto aplicada na esfera penal. Abaixo, segue
trecho de um julgado com esse entendimento:
158
STJ no RMS 21.214/PR, rel. Min. Félix Fischer, Dj 29/10/2007, de modo que o prazo
prescricional da pretensão punitiva disciplinar no presente caso é de 12 (doze) anos, na
forma do inciso III do artigo 109 do Código Penal, findando-se apenas em 26 de outubro
de 2017, de modo que a sanção foi aplicada em 04/05/2011, ou seja, antes de findo o
prazo prescricional.” (MS 17.536, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
20/04/2016).
Art. 142, § 2º. Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações
disciplinares capituladas também como crime.
B) ERRADA. O STJ já se posicionou no sentido de que, havendo previsão no edital, é possível que
a banca examinadora cobre dos candidatos o conhecimento de legislação publicada após a
divulgação do edital do concurso. O STJ, na edição nº 9 da sua Jurisprudência em Teses, possui o
seguinte enunciado: “A banca examinadora pode exigir conhecimento sobre legislação
superveniente à publicação do edital, desde que vinculada às matérias nele previstas.”
C) ERRADA. Nos termos do art. 40, § 19, da CF/88, o abono de permanência é devido ao servidor
que, já reunindo os requisitos para se aposentar voluntariamente, opte por permanecer em
atividade.
A alternativa aborda se esse dispositivo constitucional seria aplicável àqueles profissionais que
exercem atividades de risco. Estes, conforme o art. 40, § 4º, fazem jus às chamadas aposentadorias
especiais, cujas regras devem ser estipuladas em leis complementares e, via de regra, reduzem o
tempo de contribuição daqueles profissionais.
Portanto, o fato de o servidor fazer jus a uma aposentadoria especial (art. 40, § 4º) não é
incompatível com a percepção do abono de permanência (art. 40, § 19).
D) ERRADA. Há muitas decisões do STJ sobre a temática de concursos públicos e das nomeações
dos aprovados para o exercício dos cargos.
159
Na Jurisprudência em Teses (edição nº 11), é possível encontrar enunciados que vão ao encontro
do que diz a alternativa. Por exemplo: “O candidato aprovado fora do número de vagas previsto
no edital possui mera expectativa de direito à nomeação, que se convola em direito subjetivo caso
haja preterição em virtude de contratações precárias e comprovação da existência de cargos
vagos.”
Contudo, em um julgado mais recente, a Corte passou a fazer menção à questão orçamentária e
também à inequívoca necessidade de se contar com mais servidores:
Portanto, não basta mais a mera existência de vagas para que um aprovado fora do número de
vagas tenha direito à nomeação.
Aquele que é parte em um processo administrativo não necessita constituir advogado. O próprio
interessado tem capacidade postulatória no âmbito administrativo. Por outro lado, não é vedado
constituir advogado, sendo uma faculdade da parte fazê-lo ou não.
b) o candidato B não tem nem direito a ser admitido nem expectativa de direito.
c) o candidato B tem direito a ser admitido porque foi aprovado.
d) o candidato B tem direito a ser admitido porque o edital do concurso, que é a lei do certame,
estabelecia a existência de 2 (duas) vagas, e a Administração fica vinculada ao edital.
e) o candidato B não tem direito a ser admitido porque, conquanto o edital seja a lei do certame,
e malgrado ter previsto 2 (duas) vagas, a Administração não fica vinculada ao edital, podendo
estabelecer juízo de conveniência e oportunidade quanto ao preenchimento de todas as vagas
previstas.
Comentários
Tanto o STF quanto o STJ já firmaram o entendimento de que o candidato aprovado em concurso
público dentro do número de vagas estabelecido em edital possui direito subjetivo à nomeação.
No âmbito do STF, fixou-se uma tese de Repercussão Geral (Tema 784) no julgamento do RE
837.311 que merece ser transcrita:
A) ERRADA. O candidato B é o segundo colocado de um concurso com duas vagas. Portanto, ele
tem direito subjetivo à nomeação, conforme o entendimento das cortes superiores.
161
C) ERRADA. O candidato B tem direito de ser nomeado não somente pelo simples fato de ser
aprovado. Conforme se viu na jurisprudência do STF, há hipóteses definidas para consolidar o
direito subjetivo à nomeação.
Sobre a expressão “o edital é a lei do certame”, ela consta na Jurisprudência em Teses do STJ
(edição nº 9):
“6) O edital é a lei do concurso e suas regras vinculam tanto a Administração Pública
quanto os candidatos.”
Comentários
162
A) CORRETA. O ponto de partida para resolver a questão está no conhecimento do art. 37, XV,
da CF/88:
Nota-se que a regra geral é pela irredutibilidade dos vencimentos e subsídio, exceção feita à
redução até o teto constitucional (para aqueles que recebem acima do teto na remuneração bruta)
e em virtude das incidências tributárias no holerite dos servidores.
Uma jurisprudência interessante que pode ser citada a fim de justificar a alternativa como certa é
a seguinte:
“Art. 37, XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não
poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
Logo, a CF/88 não permite que Legislativo e Judiciário paguem vencimentos superiores
aos pagos pelo Poder Executivo, bem como veda vinculação ou equiparações para
efeito de remuneração de pessoal do serviço público. Esses aspectos inviabilizam a
paridade citada pela alternativa.
163
C) ERRADA. Os vencimentos dos servidores públicos são fixados, em regra, por LEI. Veja o art. 61,
da CF/88, o qual estabelece a iniciativa privativa do Presidente da República para deflagrar o
processo legislativo para aumentar remuneração de servidores:
II - disponham sobre:
Para complementar, é importante notar também a Súmula 679 do STF, cujo enunciado assim diz:
“A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção
coletiva.”
Lembre-se que nem todos os direitos sociais dos trabalhadores (art. 7º, da CF/88) são aplicáveis
aos servidores públicos, conforme o art. 39, § 3º, da CF/88. O reconhecimento das convenções e
acordos coletivos de trabalho, citado no inciso XXVI do art. 7º, é um dos direitos NÃO
RECONHECIDOS aos servidores públicos pelo art. 39.
D) ERRADA. O primeiro erro da alternativa é afirmar que a fixação de subsídios se fará por meio
de lei. Na verdade, a espécie normativa é o decreto legislativo que, assim como as leis, são normas
primárias contidas no inciso VI do art. 59 da CF/88. Porém, o segundo erro da alternativa é dizer
que depende de sanção do Presidente. Os decretos legislativos se distinguem de lei porque
prescindem de sanção ou veto do Presidente da República, sendo de competência exclusiva do
Congresso Nacional (art. 49 da CF/88).
E) ERRADA. O direito à pensão por morte dos dependentes de um servidor público está previsto
no art. 40, § 7º, da CF/88:
“§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual:
164
art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso
aposentado à data do óbito; ou
O STJ, ao apreciar a questão sobre a lei aplicável aos casos de pensão por morte, sumulou
enunciado em que adota como parâmetro a data do óbito do servidor, sendo a lei vigente ao
tempo do óbito aquela que deve reger a concessão da pensão:
Súmula 340 - A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela
vigente na data do óbito do segurado.
Embora a súmula tenha sido formulada com base em julgados sobre o Regime Geral de
Previdência Social, é possível, por analogia, aplicá-la aos casos de servidores públicos estatutários,
cujo regime previdenciário é regido pelo art. 40 da CF/88.
165
e) o edital é a lei do concurso, de forma que se a candidata não comparecer na data da realização
do teste, mesmo por estar na condição de gestante e ter comprovado que a realização do teste
expõe à saúde do feto, estará automaticamente eliminada, conforme previsão expressa nos
editais.
Comentários
Essa tese foi fixada em 21/11/2018, modificando em parte o entendimento da Suprema Corte no
julgado que será comentado na alternativa B.
B) ERRADA. Em um julgado ocorrido em 2013, o STF diz ser constitucional a previsão editalícia
que não admite uma segunda chamada, ou uma segunda oportunidade, para a realização de teste
físico, ainda que em decorrência de problema de saúde temporário (cirurgia, fratura, doença). Veja
a ementa do julgado:
Logo, nota-se que a regra geral é pela impossibilidade de remarcação do teste de aptidão física.
Porém, lembre-se da alternativa A: para as gestantes, é sim possível remarcar o teste físico.
166
C) ERRADA. É justamente o oposto do que diz a alternativa: o STF afirmou que é constitucional o
edital que prevê a impossibilidade de reagendar o teste físico em função de problemas
temporários de saúde.
Comentários
167
I. ERRADA. Conforme informa a Lei 8.112/90, há independência entre as apurações em curso nas
esferas administrativa, cível e criminal. Veja o art. 125 da lei:
Com esse raciocínio, os processos correm cada um a seu tempo e com os ritos característicos de
cada esfera processual.
Contudo, há que se atentar para a esfera criminal. Não obstante exista a independência entre as
esferas, algumas decisões tomadas pelo juízo criminal podem repercutir nos processos
administrativo e cível. Veja, por exemplo, o art. 92 do Código Penal:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano,
nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos
nos demais casos.”
Portanto, a condenação no juízo criminal pode ter como consequência a perda do cargo público,
independentemente da decisão do processo administrativo.
Além disso, é fundamental conhecer o art. 126 da Lei nº 8.112/90. Quando na esfera criminal ficar
caracterizada a inexistência do fato até então considerado ilícito e a negativa da autoria do delito,
ficará afastada a responsabilização administrativa:
Nota-se que as esferas são independentes, mas em alguns casos a decisão do juízo criminal traz
repercussões no processo administrativo.
II. CORRETA. O STF tem jurisprudência firme quanto ao preenchimento irregular de cargos e
funções públicas, afirmando que se trata de atos nulos e de nenhum efeito. Porém, faz ressalva
168
com relação às remunerações percebidas pelos agentes públicos de boa-fé no período que
desempenharam as funções públicas.
Quanto aos agentes públicos temporários, o STF possui o Tema 916 de Repercussão Geral, cujo
teor foi praticamente reproduzido pela banca. Veja o enunciado desse tema:
III. CORRETA. É importante que você conheça a diferença entre ser efetivo e ser estável. Diz-se
que o servidor é efetivo quando ele ocupa um cargo de provimento efetivo, ou seja, que necessita
de aprovação em concurso público para ser ocupado. Portanto, assim que o servidor nomeado
em virtude de aprovação em concurso público toma posse ele já um servidor efetivo.
“Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo
depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos,
obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.”
Já a estabilidade ocorre após três anos de exercício no cargo efetivo, conforme o art. 41 da CF/88:
“Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.”
Disso, podemos concluir que não há que se falar em estabilidade para ocupantes de cargos em
comissão, mas somente para cargos efetivos.
IV. ERRADA. Os titulares de serventias extrajudiciais são privados que prestam um serviço público
por delegação do Estado. Ademais, apesar de desempenharem uma função pública, não ocupam
cargos públicos. Logo, não são servidores públicos. Veja o art. 236 da CF/88:
“Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por
delegação do Poder Público.
169
§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos
atos praticados pelos serviços notariais e de registro.
“Os notários e os registradores exercem atividade estatal, entretanto não são titulares
de cargo público efetivo, tampouco ocupam cargo público. Não são servidores
públicos, não lhes alcançando a compulsoriedade imposta pelo mencionado art. 40 da
CF/1988 – aposentadoria compulsória aos setenta anos de idade” (ADI 2.602/DF, Rel.
Min. Eros Grau, julgado em 31/03/2006).
Portanto, é equivocado dizer que os notários e registradores são servidores públicos. Estes são
aqueles que ocupam cargos públicos, algo que não ocorre com os titulares das serventias
extrajudiciais.
170
Comentários
A questão exige conhecimento das formas de provimento do cargo público, previstas no art. 8º
da Lei 8.112/90:
I - nomeação;
II - promoção;
V - readaptação;
VI - reversão;
VII - aproveitamento;
VIII - reintegração;
IX - recondução.”
A) ERRADA. A nomeação é a única forma de provimento originário, por ser ela aquela que
inaugura um vínculo específico entre o servidor e a Administração Pública. Todas as demais formas
de provimento (promoção, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução)
pressupõem a existência de um vínculo anterior com a Administração, e por isso são conhecidas
como formas de provimento derivadas.
B) ERRADA. A alternativa cita a hipótese da readaptação, que está prevista no art. 24 da Lei
8.112/90:
171
I - exoneração;
II - demissão;
III - promoção;
VI - readaptação;
VII - aposentadoria;
IX - falecimento.”
172
Comentários
Embora o julgamento se refira especificamente aos Correios, que é uma empresa pública, restou
compreendido que isso deve ser aplicado no âmbito das demais estatais.
Contudo, é pacífico que os ocupantes desses empregos públicos NÃO SÃO alcançados pela
estabilidade do art. 41 da CRFB. Acerca disso, vale destacar a existência Súmula 390 do TST:
173
Nota-se que a alternativa praticamente reproduz a tese de repercussão geral fixada pelo STF, o
que a torna correta.
D) INCORRETA, devendo ser, portanto, assinalada. A resposta para esta questão pode ser obtida
no próprio texto constitucional (art. 37, § 10):
Portanto, o servidor aposentado pelo regime próprio de previdência pode exercer um cargo em
comissão na Administração Pública, independentemente se ser ou não a função que já
desempenhava à época de sua aposentadoria. Permite-se também a cumulação dos proventos
com a remuneração do cargo que ocupa.
comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para outro cargo de livre
nomeação e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de
vínculo efetivo com a Administração.”
Comentários
Veja que a CF realmente menciona relatório das corregedorias como condição para a aquisição
da estabilidade por parte daqueles servidores, o que torna a alternativa correta e, portanto, não
deve ser assinalada.
B) CORRETA. O fundamento para esta alternativa está no caput do art. 132, já reproduzido na
alternativa A. Alternativa correta.
175
D) CORRETA. Uma vez mais, a resposta encontra-se no caput do art. 132, pois cabe aos
procuradores dos Estados e DF exercerem a representação judicial e a consultoria jurídica das
unidades federadas.
Comentários
A) INCORRETA. O art. 40, § 4º, da CF/88, estabelece os critérios para a concessão das chamadas
aposentadorias especiais. Trata-se de hipóteses bem pontuais (portadores de deficiência,
profissionais que exercem atividades de risco e cujas atividades sejam exercida sob condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física) e que estão sujeitas a regulamentação
por meio de lei complementar. Não são, portanto, a regra geral, como a alternativa dá a entender:
176
I portadores de deficiência;
III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde
ou a integridade física.”
B) INCORRETA. O art. 40, § 1º, estabelece as três espécies de aposentadoria, a saber: por
invalidez, voluntária e compulsória. Este último caso ocorre quando o servidor atinge a idade de
75 anos, conforme regulamentado pela Lei Complementar nº 152/2015).
Vale ressaltar que, para ambos os casos, há regras de transição e há distinções entre os servidores
que já estavam no serviço público por ocasião da publicação das emendas constitucionais e para
aqueles que ingressaram após as referidas emendas.
E) INCORRETA. A Constituição, no art. 40, § 10, diz exatamente o oposto, sendo proibida a
contagem de tempo de contribuição fictício:
“Art. 40, § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo
de contribuição fictício.”
177
Comentários
A) INCORRETA. As hipóteses de perda de cargo por servidor estável estão previstas no art. 41, §
1º, da CF/88:
“Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
No que, quanto à sentença judicial, esta precisa ter transitado em julgado para poder desencadear
a perda do cargo pelo servidor público.
IMPORTANTE: há outra hipótese de perda de cargo para servidores estáveis e não estáveis no
art. 169 da CF/88. Trata-se de casos em que a despesa com pessoal das entidades públicas tenha
superado os limites previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/00). Veja o art. 169, §§
3º e 4º:
178
“§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o
prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências:
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e
funções de confiança;
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo,
o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada
um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa
objeto da redução de pessoal.”
B) CORRETA. A perda de cargo por servidor estável por meio de processo administrativo é
possível, contanto que tenha sido assegurada a observância do princípio da ampla defesa.
DICA: os agentes públicos vitalícios (magistrados e membros do Ministério Público, via de regra)
NÃO perdem os cargos por processo administrativo nem por questões orçamentárias. Perdem
apenas em virtude de sentença judicial transitada em julgado.
C) INCORRETA. A regra de dois anos para aquisição de vitaliciedade é válida apenas para aqueles
que ingressam na magistratura e como membros do Ministério Público pela via do concurso
público (vide arts. 95, I, e art. 128, §5º, I, da CRFB). Para os outros agentes públicos, a regra geral
é a do art. 41 da CFRB, em que se fala em três anos para aquisição da estabilidade.
D) INCORRETA. Quando o cargo ocupado por um servidor estável é extinto, o servidor fica em
DISPONIBILIDADE, e não em vacância. Vide o art. 41, § 3º, da CF/88:
E) INCORRETA. Como se viu, a redação do caput do art. 41 não condiciona a realização de teste
de integridade para a aquisição de estabilidade. O § 4º do artigo prevê, ao contrário, a avaliação
de desempenho do servidor por uma comissão específica:
179
Comentários
No mesmo sentido, há julgados no STF quanto a outros requisitos, tais como idade, sexo, altura e
capacitação profissional. Vide, por exemplo, o RE 595.893/SE:
“§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII,
VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.”
181
d) exonerar o empregado público cuja avaliação de desempenho tenha sido insuficiente, vez que
a exoneração em estágio probatório não constitui sanção disciplinar.
e) determinar, nos termos do artigo 41, § 4°, da Constituição Federal, a instauração de comissão
multidisciplinar para realização de avaliação especial de desempenho, cujo relatório final terá
efeito vinculante para a autoridade máxima da empresa.
Comentários
Além disso, nunca é demais lembrar que os empregados das estatais NÃO POSSUEM a
estabilidade no serviço público prevista no art. 41 da CFRB. O assunto está sumulado no âmbito
do TST (Súmula nº 390).
B) INCORRETA. Não há que se falar em estatuto da entidade a fim de regrar a relação jurídica
entre o empregado e a empresa. O vínculo que se forma entre o empregado e a empresa estatal
se faz por meio da CLT. O estatuto dos servidores públicos aplica-se apenas entre os ocupantes
de cargos públicos e as pessoas jurídicas de direito público interno (entes federados, autarquias e
fundações autárquicas, via de regra).
“Art. 19, ADCT. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em
exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos
continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da
Constituição, são considerados estáveis no serviço público.”
182
de provimento efetivo, nos termos do art. 41, § 4º. Ademais, na contratação via CLT, não há que
se falar em estágio probatório de três anos, mas sim no período de experiência de 90 (noventa)
dias, em regra (art. 445, parágrafo único, da CLT).
Comentários
Quanto ao regime previdenciário, há incidência das normas do RGPS, tendo em vista que,
conforme o caput do art. 40 da CF/88, o regime próprio de previdência aplica-se somente a
servidores ocupantes de cargos efetivos. Ademais, vale observar o art. 40, § 13:
183
B) INCORRETA. Como se viu, trata-se de uma vinculação especial entre o agente público e o
Estado, que não é nem CLT nem estatutária.
C) CORRETA. No âmbito federal, as contratações temporárias são regidas pela Lei nº 8.745/93.
E) INCORRETA. Não se trata de regime celetista, mas sim, especial. Ademais, o regime
complementar tem previsão para servidores efetivos, conforme o art. 40, §§ 14 e 15 da CF/88:
Art. 40, § 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído
por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e
seus parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência
complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes
planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida.”
Comentários
184
Comentários
Como já visto em comentários anteriores, a perda do cargo público por servidor estável tem
previsão no art. 41, § 1º, da CF/88:
185
“Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
A) INCORRETA. A mera instauração de sindicância não implica na perda de cargo pelo servidor.
B) INCORRETA. Da mesma maneira, a instauração de inquérito policial, que tem como objetivo
apurar a ocorrência ou não de um crime, assemelha-se a uma sindicância administrativa. Dessa
maneira, não tem o condão de efetivar a perda do cargo por um servidor estável.
D) INCORRETA. Inquérito civil, via de regra instaurado pelo Ministério Público, também é
instrumento investigatório, que não tem o condão de culminar com a perda do cargo de um
agente público estável.
186
e) enquanto não concluído o estágio probatório, Antônio Joaquim poderá ser exonerado de ofício,
sem oportunidade de defesa, porque a exoneração não constitui penalidade disciplinar.
Comentários
A) INCORRETA. Conforme se extrai do art. 41, § 4º, da CRFB, a avaliação de desempenho não é
feita pela chefia imediata, mas sim por uma comissão instituída especificamente para realizar a
citada avaliação:
B) INCORRETA. A palavra “somente” torna a alternativa errada. Nos termos do art. 41, § 1º, inciso
II, também é possível a perda do cargo por meio de processo administrativo em que seja
assegurada ampla defesa.
D) CORRETA. Não há óbice constitucional ou legal para que servidor ainda não estável exerça
cargo em comissão. Nesse sentido, vide o art. 20, § 3º, da Lei nº 8.112/90:
Antes de findar o prazo de três anos, não há que se falar em exoneração por iniciativa do Poder
Público.
187
Comentários
A) CORRETA. Embora exista a regra geral de independência entre as esferas cível, administrativa
e penal, há alguns aspectos do Direito Penal que repercutem no âmbito civil e administrativo. Vide,
por exemplo, o art. 935 do Código Civil:
188
Portanto, o Direito Penal, por suas características de fragmentariedade e de ser a ultima ratio, tem
aptidão para influenciar nas demais esferas de apuração, em maior ou menor grau.
Vale ressaltar que a conduta do servidor público é um crime contra a Administração Pública. Pelo
art. 132 da Lei nº 8.112/90, caberá demissão quando o servidor cometer crime contra a
Administração Pública:
Portanto, a autoridade competente para definitivamente dizer que foi cometido um crime contra
a Administração Pública é o juízo criminal. Como o servidor foi condenado em sentença transitada
em julgado, a autoridade administrativa deve instaurar processo administrativo disciplinar a fim de
aplicar a previsão do art. 132 da Lei nº 8.112/90.
Nota-se que o enunciado deixou claro que não houve a perda do cargo. Logo, para que isso
ocorra, há que se ter a abertura de processo administrativo disciplinar. Pela garantia constitucional
do devido processo legal, é necessário que se oportunize ampla defesa ao servidor.
189
E) INCORRETA. Não houve a declaração da perda da função pública pelo juízo criminal. Vale
lembrar que o juiz poderia tê-lo feito, conforme o art. 92 do Código Penal. Porém, já que o juiz
criminal não declarou a perda da função, cabe à autoridade administrativa atuar para apurar a
responsabilização administrativa do servidor. Não é algo automático, como a alternativa dá a
entender.
Comentários
“Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.”
B) INCORRETA. O servidor efetivo somente será estável após três anos de efetivo exercício do
cargo público.
C) INCORRETA. O art. 19 do ADCT contempla que os servidores por ele abrangidos têm
assegurados apenas a estabilidade. Não são efetivos nem integram qualquer carreira do serviço
público.
“Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício
na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que
não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são
considerados estáveis no serviço público.”
190
E) INCORRETA. O art. 19 do ADCT não alcança os empregados das empresas estatais. Aplica-se
apenas aos servidores da Administração Direta, autárquica e fundacional:
“Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício
na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que
não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são
considerados estáveis no serviço público.”
39. (2018/VUNESP/TJ-RS/ Juiz de Direito) De acordo com a Constituição Federal, a respeito dos
agentes públicos, é correto afirmar que,
Comentários
C) INCORRETA. Porque, de acordo com o art. 37, inciso I, da CRFB, os cargos, empregos e funções
públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
como aos estrangeiros, na forma da lei.
D) INCORRETA. Porque, de acordo com inciso XVI do art. 37 da CRFB, é vedada a acumulação
remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado
em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de
professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
E) CORRETA. Está em linha com o inciso V do art. 37 da CRFB que prevê: as funções de confiança,
exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a
serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
192
correspondente aos vencimentos do cargo, computados desde a data fixada para a posse. Citada
a Fazenda Estadual e contestada a pretensão, determinou-se realização de prova pericial, que
constatou, por meio de exames mais detalhados, que se tratava de variedade benigna da
anomalia, não impeditiva do exercício da função pública. O juiz prolatou sentença de procedência,
no tocante ao pedido de empossamento no cargo público. No tocante à pretensão relativa à
indenização, a sentença seguiu a jurisprudência dominante do STF, que dispõe que
a) não é devida indenização, salvo em situação de flagrante arbitrariedade do ato que impediu a
posse.
b) a indenização é devida, computada desde a data em que deveria ter ocorrido a posse.
c) tal pretensão deve ser deduzida em ação própria.
d) a indenização é devida, computada desde a data do ajuizamento da ação.
e) a indenização é devida, computada desde a data da citação da Fazenda Pública.
Comentários
Resposta: alternativa “a”. De acordo com a jurisprudência do STF, fixada com repercussão geral,
no RE 724.347 (Tema 671): Responsabilidade civil do Estado. Investidura em cargo público por
força de decisão judicial. Tese afirmada em repercussão geral: na hipótese de posse em cargo
público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus a indenização, sob fundamento de
que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Resposta: errado. De acordo com a jurisprudência do STF no RE 693.456, com repercussão geral
(Tema 531), a Administração Pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação
decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão
do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto
será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do
poder público.
193
Comentários
Resposta: errado. De acordo com a jurisprudência do STF fixada no julgamento da ARE 654.432,
com repercussão geral (Tema 541), o exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou
modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente
na área de segurança pública.
Comentários
B) INCORRETA. Porque, de acordo com o inciso I do aludido art. 38, tratando-se de mandato
eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função.
C) INCORRETA. Porque, de acordo com o inciso III do aludido art. 38, investido no mandato de
Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será
afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.
194
D) INCORRETA. Porque, de acordo com o inciso IV do aludido art. 38, em qualquer caso que exija
o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento. Lembre-se também que, para efeito
de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como se no
exercício estivesse.
Comentários
Resposta: alternativa “c”. De acordo com a súmula 473 do STF, a administração pode anular seus
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Assim, se o documento
195
apresentado, ainda que percebido após 4 anos, não comprovava o preenchimento de requisito
legal essencial para investidura no cargo público de enfermeiro, deve a Administração Pública, em
seu dever de autotutela, instaurar procedimento administrativo em que se garanta ampla defesa
e o contraditório, para, ao final, se confirmado que o então candidato não possuía ao tempo da
investidura os requisitos para tal, invalidar o ato de nomeação e posse. Frise-se que, pela Teoria
do Fato Consumado, todos os atos praticados pelo então servidor público, em tese, se manterão
hígidos, exceto se houver algum vício comprovado. Além disso, não precisará o então servidor
devolver ao erário as remunerações recebidas, já que contraprestação do esforço laboral
desprendido ao tempo de seu exercício público e para que a Administração Pública não incorre
em enriquecimento sem causa em função do trabalho gratuito.
Comentários
A) INCORRETA. Porque, de acordo tanto com o STF quanto o STJ, a aposentadoria compulsória,
prevista no art. 40, §1º, II, e §13 da CRFB, não se aplica ao servidor ocupante exclusivamente de
cargo em comissão, mas apenas aos servidores efetivos (STJ RMS 36950; STF RE 786.540). Não
existe qualquer idade limite para nomeação em cargo em comissão.
B) CORRETA. Porque, de acordo com o STJ, conforme AgRg no REsp 1.116.855 (também REsp
651081 e RMS 23892), o desconto em folha de pagamento de servidor público referente a
ressarcimento ao erário depende de prévia autorização dele ou de procedimento administrativo
que lhe assegure a ampla defesa e o contraditório.
196
C) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF, RE 635.739, com repercussão geral reconhecida
(Tema 376), a ”cláusula de barreira” (regra editalícia restritiva que, embora não elimine o candidato
pelo desempenho inferior ao exigido, obstaculiza sua participação na etapa seguinte do concurso
em razão de não se encontrar entre os melhores classificados, de acordo com previsão numérica
preestabelecida no edital) é constitucional.
E) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF (RE 805491), a EC 19/1998, que alterou o art. 41
da CF, elevou para três anos o prazo para a aquisição da estabilidade no serviço público e, por
interpretação lógica, o prazo do estágio probatório.
Comentários
Resposta: alternativa “b”. De acordo com os REs 612.975 e 602.043, o STF fixou o entendimento,
com repercussão geral reconhecida, de que nas situações jurídicas em que a CF autoriza a
197
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Resposta: certo. De acordo com a súmula 611 do STJ, desde que devidamente motivada e com
amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo
disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à
Administração.
198
Comentários
A) INCORRETA. Porque, conforme posição do STF na ADI 2229, a contratação de pessoal por
tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público está
condicionada: a) previsão em lei dos cargos; b) tempo determinado; c) necessidade temporária de
interesse público; d) interesse público excepcional.
B) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF, RE 482.006, é inconstitucional norma estadual que
preveja a redução de vencimentos de servidores públicos afastados de suas funções enquanto
estes responderem a processo criminal.
D) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF (ARE 956521), possui direito subjetivo à nomeação
o candidato aprovado dentro do número de vagas previstas no edital de concurso público e esse
direito à nomeação também se estende ao candidato aprovado fora do número de vagas previstas
no edital, mas que passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência de candidatos
classificados em colocação superior.
E) CORRETA. de acordo com o STF (MI 833, MI 844 e MI 1757), a percepção de gratificações ou
adicionais de periculosidade, assim como o porte de arma de fogo, não são, por si sós, suficientes
para reconhecer o direito à aposentadoria especial, em razão da autonomia entre o vínculo
funcional e o previdenciário.
199
Comentários
A) CORRETA. De acordo com o art. 84, inciso VI, da CRFB, compete privativamente ao Presidente
da República dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamento da administração
federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos e
sobre a extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. Assim, ainda que por simetria
previsto na Constituição Estadual, o Governador do Estado somente pode lançar mão da figura
do Decreto Autônomo nas previsões constitucionais, não podendo criar novos cargos públicos, o
que acarreta aumento de despesa, sem lei formal. De acordo com o STF (ADI 3.232) ainda que
houvesse lei estadual delegando ao chefe do Poder Executivo dispor, mediante decreto, sobre
criação de cargos públicos remunerados, estes seriam inconstitucionais.
C) INCORRETA. Porque, de acordo com o art. 69 do Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado
de Sergipe, a redistribuição somente poderia ocorrer após o estágio probatório.
D) INCORRETA. Porque, conforme posição do STF fixada com repercussão geral (RE 612.975 –
temas 377 e 384), situações jurídicas em que a CF autoriza a acumulação de cargos, o teto
remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do
que recebido.
200
E) INCORRETA. já que, em função da cautelar concedida na ADI 2.135, que suspendeu a eficácia
do “caput” do art. 39 com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998, permanece
produzindo efeitos a orientação originária do aludido artigo, qual seja, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único
e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das
fundações públicas. Ademais, na própria ementa o STF previu que se mantém vigente o texto
originário do “caput” do art. 39, que tratava do regime jurídico único, incompatível com a figura
do emprego público. Portanto, para o STF é inconstitucional a contratação de empregado público
pela Administração Direta.
Comentários
A) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF (RE 837311), o cadastro de reserva se trata de
legítimo instrumento de planejamento da Administração que atende o melhor interesse público e
que privilegia, sobretudo, a gestão eficiente, afastando, a priori, a denominada proteção da
confiança legitima.
201
B) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF (RE 837.311), o candidato classificado no cadastro
de reserva possui expectativa de direito e, a depender da situação concreta demonstrar arbítrio
ou preterição, a expectativa pode ser convolada em direito subjetivo.
C) INCORRETA. Porque, de acordo com o STF (RE 837.311), “o Estado Democrático de Direito
republicano impõe à Administração Pública que exerça sua discricionariedade entrincheirada não,
apenas, pela sua avaliação unilateral a respeito da conveniência e oportunidade de um ato, mas,
sobretudo, pelos direitos fundamentais e demais normas constitucionais em um ambiente de
perene diálogo com a sociedade”. Portanto, a discricionariedade não é livre (nas palavras do STF
ela é reduzida a zero).
D) INCORRETA. Porque para o surgimento do direito subjetivo à nomeação deve ocorrer, dentre
outras hipóteses, o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso durante a validade
do certame anterior, com a preterição de candidatos de forma injustificada e imotivada por parte
da Administração. A publicação de novo edital de concurso público ou o surgimento de novas
vagas durante a validade de outro anteriormente realizado não caracteriza, por si só, a necessidade
de provimento imediato dos cargos. Em resumo: “a discricionariedade da Administração quanto
à convocação de aprovados em concurso público fica reduzida ao patamar zero
(ErmessensreduzierungaufNull), fazendo exsurgir o direito subjetivo à nomeação, verbi gratia, nas
seguintes hipóteses excepcionais: i) Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas
dentro do edital (RE 598.099); ii) Quando houver preterição na nomeação por não observância da
ordem de classificação (Súmula 15 do STF); iii) Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo
concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos aprovados
fora das vagas de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.”
d) A existência de norma jurídica que estipula limitação de jornada semanal dos cargos a serem
acumulados constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação prevista na Constituição.
e) Nos casos de acumulação autorizados pelo texto constitucional, deve-se levar em conta, para a
aplicação do teto remuneratório, separadamente cada um dos vínculos formalizados.
Comentários
B) INCORRETA. De acordo com o inciso XVII do art. 37 da CRFB, a proibição de acumular estende-
se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
público.
C) INCORRETA. Porque não há no ordenamento jurídico esta vedação. Pode haver acumulação,
inclusive de cargo de professor em universidade federal e estadual, por exemplo. Nessa linha,
inclusive há o Parecer da AGU nº 75-3.20/2011/JPA/CONJUR/MP, no qual se afirma a inexistência
de óbice constitucional ou legal para acumulação de cargos públicos em unidades distintas da
federação.
E) CORRETA. Em linha com posição do STF fixada com repercussão geral (RE 612.975 – temas 377
e 384), nas situações jurídicas em que a CF autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório
é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido.
203
Em razão de incorporações legais, determinado empregado público recebe uma remuneração que
se aproxima do teto salarial constitucional. Nessa situação, conforme o entendimento do STF, a
remuneração do servidor poderá ser superior ao teto constitucional se ele receber uma
gratificação por cargo de chefia
( ) Certo ( ) Errado
Comentários
Resposta: errado. De acordo com o inciso XI do art. 37 da CRFB, a remuneração e o subsídio dos
ocupantes de cargos, funções e empregos e os proventos, pensões ou outra espécie
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal. Inclui-se, portanto, no teto remuneratório eventuais gratificações por
cargo de chefia. Por outro lado, exclui-se do teto remuneratório as verbas indenizatórias (§11 do
art. 37), os direitos gratificados com base anual (férias e décimo terceiro - §3º do art. 39), bem
como remunerações oriundas de cargos acumuláveis nos termos da CRFB (não se avalia o teto
pelo somatório e sim isoladamente –Repercussão Geral RE 612.975 – temas 377 e 384).
204
e) Servidor público que tenha aderido a plano de previdência complementar administrado por
entidade fechada de previdência complementar e que deseje contribuir com 10% acima do valor
estabelecido pela entidade administradora do plano somente poderá fazê-lo se a contribuição do
ente público ao qual esteja vinculado for também suplementada, a fim de atender ao princípio
constitucional da paridade contributiva.
Comentários
A) INCORRETA. De acordo com o STF (SS 5011 AgR), incide o teto remuneratório (art. 37, XI) na
base de cálculo de verba indenizatória e não no valor bruto.
C) INCORRETA. Nos termos da Lei nº 12.618, de 2012, fica assegurado ao participante o direito
de requerer, a qualquer tempo, o cancelamento de sua inscrição, nos termos do regulamento do
plano de benefícios.
E) INCORRETA. Nos termos do §4º do art. 16 da Lei nº 12.618, de 2012, além da contribuição
normal, o participante poderá contribuir facultativamente, sem contrapartida do patrocinador, na
forma do regulamento do plano.
206
5. RESUMO
1) Agente Público: se refere a todo e qualquer sujeito que execute alguma função pública para a
Administração Pública (Direta ou Indireta). Ele é o meio pelo qual o Estado manifesta sua vontade.
Agentes Políticos
delegação
Particulares em colaboração com o requisição, nomeação
Poder Público ou designação
gestor de negócio
✓ Existem, claro, outros autores que propuseram classificações não só diferentes desta, mas
conflituosas entre si, como os professores Celso Antônio, José dos Santos Carvalho Filho, Hely Lopes
Meirelles e Marçal Justen Filho. Observe:
o Para Hely Lopes Meirelles, os membros da magistratura, do ministério público e dos tribunais
de contas são incluídos na espécie de agentes políticos, enquanto os demais autores citados
não adotam essa inclusão.
207
o Para este professor e para Celso Antônio Bandeira de Mello, incluem-se entre os agentes
públicos as concessionárias e permissionárias pessoas jurídicas, fato que não é acolhido pela
professora Maria Sylvia (nem por Marçal Justen Filho e nem por José dos Santos Carvalho
Filho, que só aceitam pessoas físicas na qualidade de agentes públicos.)
✓ Não há na CRFB a definição de agente público nem a sua utilização é técnica e ordenadamente
utilizada. Por sua vez, a Lei de Improbidade Administrativa, Lei nº 8.429, de 1992, define agente
público com grande amplitude semântica: “Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego
ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.”
2) Agente Político: A ideia de Agente Político, para a professora Maria Sylvia está ligada à de governo
(aspecto subjetivo) e à de função política (aspecto objetivo).
✓ Para ela, existiria uma tendência de se considerar os membros da Magistratura e do Ministério Público
entre os agentes políticos.
✓ Agentes Políticos seriam aqueles que realizam atividades de governo como os Chefes dos Poderes
Executivos, seus vices e assessores imediatos (Ministros e Secretários), bem como os Senadores,
Deputados Federais, Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores.
3) Militares: são uma espécie do gênero “agentes públicos” que possui regramento constitucional e legal
próprio, já que têm base em hierarquia e disciplina próprias. Aqui estão as principais funções dos
Militares das Forças Armadas:
defesa da pátria
✓ Na estrutura do Poder Judiciário há uma Justiça Militar própria, formada pelo Superior Tribunal Militar
e pelos Tribunais e juízes militares instituídos por lei.
208
✓ Após a Emenda Constitucional nº 19, de 1998, houve uma segregação clara entre os servidores
públicos em geral e os militares, de modo que há direito aos servidores públicos que não se aplicam
aos militares, como o direito a sindicalização e greve.
✓ Apenas os agentes públicos das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, dentre os
órgãos integrantes da Segurança Pública, são considerados militares na acepção da palavra.
servidores estatutários
servidores temporários
✓ Servidores Estatutários: são os cuja relação jurídica com a Administração Pública está estabelecida
em lei que disciplina o Estatuto Jurídico dos Servidores Públicos.
✓ Empregados Públicos ou celetistas: são os contratados sob o regime das leis trabalhistas, a
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
• Mesmo sujeitos à CLT, aos empregados públicos se aplicam as normas constitucionais relativas
a concurso público, acumulação de cargos, vencimentos, entre outros, tratados na disciplina
da Administração Pública pela CRFB.
• A legislação prevê que este tipo de contrato somente será rescindido com base em ato
unilateral da Administração pública nas hipóteses a seguir indicadas (exceto para as
contratações que tenham ocorrido em função da autonomia de gestão de que trata o §8º do
art. 37 da CRFB):
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5) Os particulares em colaboração com o Estado: são os agentes que não tem vínculo empregatício com o
Poder Público, remunerado ou não.
gestores de negócio
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6) Regime Jurídico Único: Interpretações divergentes do Regime Jurídico Único, devido à ambiguidade da
redação:
1º) que a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir para sua Administração
Direta, bem como para suas autarquias e fundações, o Regime Estatutário para todos os servidores;
2º) que a União, os Estados o Distrito Federal e os Municípios deveriam escolher entre o Regime Estatutário
e o Regime Celetista aquele que exclusivamente ia ser adotado para toda sua Administração Direta,
autarquias e fundações.
✓ O desenrolar do conflito:
211
✓ Até que se ultime a decisão no mérito pelo STD na ADI 2.135, continua produzindo efeitos a redação
originária do “caput” do art. 39 da Constituição. Deve-se acompanhar os posicionamentos futuros da
justiça.
✓ De todo modo, em regra, nós temos as pessoas jurídicas com personalidade jurídica de direito público
adotando o regime estatutário e as pessoas jurídicas com personalidade jurídica de direito privado
adotando o regime celetista;
7)Cargos são células dos órgãos públicos titularizados por servidores estatutários;
8)Empregos remetem às funções exercidas pelos empregados públicos, portanto, sob o regime celetista;
10) “Concurso Público é o procedimento administrativo que tem por fim aferir as aptidões pessoais e
selecionar os melhores candidatos ao provimento de cargos e funções públicas.”, segundo José dos Santos
Carvalho Filho.
✓ Cumpridos os requisitos bases previstos em lei, qualquer brasileiro pode ser investido em cargo
efetivo ou emprego público, desde que seja aprovado previamente em concurso público de provas
ou de provas e títulos.
212
11) Com base no atual texto da CRFB, a Estabilidade é alcançada pelo servidor público estatutário que passou
a titularizar um cargo efetivo por aprovação em concurso público e permaneceu em efetivo exercício no
cargo por 3 anos. É condição para a aquisição da estabilidade, a obrigatória avaliação especial de
desempenho realizada por comissão instituída para essa finalidade.
✓ No caso de ser invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, ele deve ser
reintegrado e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito
a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração
proporcional ao tempo de serviço. Além disso, se extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
o servidor estável deve ficar em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço,
até seu adequado aproveitamento em outro cargo.
12) Há, basicamente, duas formas de Remuneração no serviço público: a formada por parcelas diversas como
remuneração básica adicionada de vantagens, gratificações e demais adicionais com denominações variadas;
e a por subsídio que é aquela formada por parcela única,vedado o acréscimo de qualquer gratificação,
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória.
213
✓ “Vencimentos” a é somatória de todas as parcelas que compõem o montante global a ser percebido
pelo servidor. “Vencimento” alude a uma das parcelas que compõem os vencimentos.
✓ O direito momentâneo ou transitório a determinado adicional ou acréscimo pecuniário não pode
compor a base para futuros novos acréscimos.
✓ Remuneração de cargos no Poder Legislativo e no Poder Judiciário não deve superar concretamente
a dos do Executivo.
13) O Teto Remuneratório, ou limite remuneratório no serviço público, regra geral, não deve exceder o
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
✓ Estatais e suas subsidiárias não estão sujeitas ao limite remuneratório (teto ou subteto) desde que
não sejam deficitárias e não necessitem de recursos públicos para pagamento de despesas de seu
pessoal ou de custeio geral de suas atividades.
✓ O subteto remuneratório único para Estados e para o DF que o adotem em suas Constituições ou Lei
Orgânica (DF) é o subsídio mensal do Desembargado do Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do
subsídio do STF.
subsídio do Governador
para o Poder Executivo
Subteto remuneratório
214
14)
15) A CRFB garante ao servidor público o exercício do direito de greve nos termos e nos limites definidos em
lei específica (inciso VII, do art. 37, da CRFB, com redação da Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
✓ “A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício
do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela
decorre, permitida a compensação em caso de acordo.”
16) Pelo Regime Próprio de Previdência do Servidor Público, servidores titulares de cargos efetivos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, têm
assegurado regime de previdência com as seguintes características:
215
de caráter contributivo e
solidário
Previdência do Servidor
mediante contribuição:
Público Estatutário Efetivo
dos pensionistas
Homem idade: 65
Aposentadoria Voluntária
Mulher idade: 62
✓ As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente
federativo. Com a Reforma da Emenda nº 103, a CRFB deixou de fazer menção a cálculo dos
proventos para as aposentadorias voluntária e por incapacidade permanente, mencionando tal
216
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Que DEUS o ilumine enormemente para que você consiga focar nos estudos e, em breve,
alcançar a sua vaga!!!!!
Cordial abraço
Wagner Damazio
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