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SEMANA 04
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS
DELEGADO DE POLÍCIA
SEMANA 04/30
Sumário
META 1 .............................................................................................................................................................. 8
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE I (CONCEITOS GERAIS – CLASSIFICAÇÕES – INÍCIO DOS
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME) ............................................................................................................. 8
1. CONCEITO DE CRIME ..................................................................................................................................... 8
1.1. Crime X Contravenção Penal ................................................................................................................................... 9
1.2. Classificações dos Crimes ...................................................................................................................................... 11
1.2.1 Quanto à Qualidade do Sujeito Ativo .............................................................................................................. 11
1.2.2 Quanto à Estrutura do Tipo Penal ................................................................................................................... 12
1.2.3 Quanto à Relação entre a Conduta e o Resultado Naturalístico ..................................................................... 12
1.2.4 Quanto ao Momento de Consumação............................................................................................................. 14
1.2.5 Quanto ao Número de Agentes ....................................................................................................................... 15
1.2.6 Quanto ao Número de Vítimas ........................................................................................................................ 16
1.2.7 Quanto ao Grau de Intensidade do Resultado ................................................................................................ 16
1.2.8 Quanto ao Número de Atos Executórios ......................................................................................................... 19
1.2.9 Quanto à Forma pela qual a Conduta é Praticada ........................................................................................... 19
1.2.10 Quanto ao Modo de Execução Admitido ....................................................................................................... 20
1.2.11 Quanto aos Bens Jurídicos Atingidos ............................................................................................................. 20
1.2.12 Quanto À Existência Autônoma Do Crime: .................................................................................................... 20
1.2.13 Quanto À Necessidade De Corpo De Delito Para A Prova Da Existência ....................................................... 20
1.2.14 Quanto ao Local de Produção do Resultado .................................................................................................. 20
1.2.15 Quanto ao Vínculo com outros Crimes .......................................................................................................... 21
1.2.16 Quanto à Liberdade ou não para o Início da Persecução Penal .................................................................... 21
1.2.17 Quanto à Violação de Valores Universais ...................................................................................................... 21
1.2.18 Quanto ao Potencial Ofensivo ....................................................................................................................... 22
1.2.19 Quanto ao iter criminis .................................................................................................................................. 22
1.2.20 Crimes de Impressão ..................................................................................................................................... 23
1.2.21 Crimes de Colarinho Branco e Crimes de Colarinho Azul .............................................................................. 23
1.2.22 Outras Classificações ..................................................................................................................................... 23
2. SUJEITOS DO CRIME .................................................................................................................................... 25
3. OBJETO DO CRIME ....................................................................................................................................... 26
4. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME ........................................................................................................ 26
4.1 Fato Típico .............................................................................................................................................................. 26
4.1.1 Conduta ........................................................................................................................................................... 27
META 2 ............................................................................................................................................................ 41
MEDICINA LEGAL: PERÍCIA E PERITO E DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS ........................................................ 41
1. CONCEITO DE MEDICINA LEGAL .................................................................................................................. 41
2. SUBDIVISÕES DA MEDICINA LEGAL ............................................................................................................. 43
3. PERÍCIAS E PERITOS ..................................................................................................................................... 44
3.1. Perícia .................................................................................................................................................................... 44
3.2. Peritos ................................................................................................................................................................... 52
3.3. Crime de Falsa Perícia............................................................................................................................................ 57
4. DOCUMENTOS MÉDICO LEGAIS .................................................................................................................. 58
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6.1 Reflexos da nova decisão do STF acerca da investigação criminal ....................................................................... 130
6.2 Crimes Dolosos Contra Vida X Foro por Prerrogativa de Função ......................................................................... 133
6.3 Concurso de Agentes e Foro por Prerrogativa ..................................................................................................... 133
META 4 .......................................................................................................................................................... 135
DIREITO PROCESSUAL PENAL: JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA (PARTE II)....................................................... 135
7. COMPETÊNCIA TERRITORIAL ..................................................................................................................... 135
7.1 Regras de competência específicas para algumas espécies de crimes: ............................................................... 135
7.2 Competência territorial com base no domicílio do acusado: ............................................................................... 145
7.3 Competência em Razão da Matéria ou Natureza da Infração.............................................................................. 146
7.4 Competência por Distribuição .............................................................................................................................. 151
7.5 Competência por Conexão ou Continência .......................................................................................................... 151
7.6 Regras na determinação da competência ............................................................................................................ 153
DIREITOS HUMANOS: FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES CONTRA OS DIREITOS HUMANOS E OUTROS
INSTRUMENTOS D EPROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, POLÍTICA NACIONAL
DE DIREITOS HUMANOS E OS PROGRAMAS NACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS ...................................... 160
1. FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES GRAVES CONTRA OS DIREITOS HUMANOS – INCIDENTE DE DESLOCAMENTO
DE COMPETÊNCIA (IDC) ................................................................................................................................. 160
2. OUTROS INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 .................................................................................................................. 165
2.1 Habeas Corpus ...................................................................................................................................................... 165
2.2 Habeas Data ......................................................................................................................................................... 168
2.3 Mandado de Injunção .......................................................................................................................................... 169
2.4 Mandado de Segurança ........................................................................................................................................ 170
2.5 Ação Popular ........................................................................................................................................................ 170
3. A POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS E OS PROGRAMAS NACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS
....................................................................................................................................................................... 171
META 5 .......................................................................................................................................................... 176
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DE CRIMES HEDIONDOS.......................................................................... 176
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 177
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA............................................................................................................................... 177
3. CRITÉRIOS PARA A DEFINIÇÃO DE HEDIONDEZ ......................................................................................... 178
4. ANÁLISE DO ROL DE CRIMES HEDIONDOS ................................................................................................ 180
5. CRIMES HEDIONDOS PREVISTOS NO ART. 1º, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 8.072/90 ......................... 200
5.1 Crimes Equiparados a Hediondos ......................................................................................................................... 208
5.1.1 Tráfico de Drogas ........................................................................................................................................... 209
5.1.2 Tortura ........................................................................................................................................................... 209
5.1.3 Terrorismo ..................................................................................................................................................... 210
6. ESPECIFICIDADES DOS CRIMES HEDIONDOS ............................................................................................. 210
6.1 Insuscetibilidade de Graça, Anistia e Indulto ....................................................................................................... 210
6.2 Insuscetibilidade de Fiança................................................................................................................................... 211
6.3 Regime Inicial Fechado para o Cumprimento da Pena Privativa de Liberdade .................................................... 211
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ATENÇÃO
Equipe DD
Prezado(a) aluno(a),
Caso possua alguma dúvida jurídica sobre o conteúdo disponibilizado no curso, pedimos que utilize a sua
área do aluno. Há um campo específico para enviar dúvidas.
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META 1
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE I (CONCEITOS GERAIS – CLASSIFICAÇÕES – INÍCIO DOS
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME)
TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13, §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
⦁ Arts. 1º a 10 da Lei de Contravenções Penais (DL 3688/41)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
⦁ Art. 1º, CP
⦁ Art. 13, §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
1. CONCEITO DE CRIME
A depender do critério adotado para a definição de crime, este conceito será diferente. Temos os
seguintes critérios:
I – Critério material/substancial: considera crime toda ação ou omissão humana (ou da pessoa jurídica nos
crimes ambientais) que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados;
II – Critério legal: é o conceito dado pelo legislador. É o que a lei definiu. De acordo com o art. 1º da Lei de
Introdução ao Código Penal, “considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa”;
III – Critério analítico/formal: define crime de acordo com os elementos que compõe sua estrutura. Pode ter
como base uma posição quadripartida (crime é fato típico, ilícito, culpável e punível), tripartida (crime é fato
típico, ilícito e culpável) ou bipartida (crime é fato típico e ilícito). Será aprofundado mais à frente.
CONCEITO DE CRIME
CRITÉRIO MATERIAL Ação ou omissão humana (ou de PJ nos crimes ambientais) que
lesa ou expõe a perigo de lesão, bem jurídico protegido.
CRITÉRIO LEGAL O que a lei define como tal. (Art. 1º CP)
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No mais, infração penal é gênero, podendo ser dividida em crime (ou delito) e contravenção penal.
Vamos ver as diferenças:
CRIME CONTRAVENÇÃO
Quanto à pena privativa de Infração penal que a lei comina Infração penal a que a lei comina,
liberdade pena de reclusão ou de isoladamente, pena de prisão simples
detenção, quer isoladamente, (cumprida sem rigor penitenciário,
quer alternativamente ou nos termos do art. 6º da LCP) ou de
cumulativamente com a pena de multa, ou ambas, alternativa ou
multa. cumulativamente.
Quanto à espécie de ação Pode ser ação penal pública Ação penal pública incondicionada,
penal condicionada/incondicionada nos termos do art. 17 da LCP.
ou privada.
Quanto à admissibilidade da A tentativa é punível (em regra). Não é punível a tentativa, nos termos
tentativa (punibilidade) do art. 4º da LCP.
Quanto à extraterritorialidade Admite-se extraterritorialidade Não se admite extraterritorialidade,
da lei penal brasileira (art. 7º do CP). nos termos do art. 2º da LCP.
Quanto à competência para Pode ser competência da justiça Somente competência da justiça
processar e julgar estadual ou federal. estadual.
* Exceção: foro por prerrogativa de
função.
Quanto ao limite das penas Limite da pena privativa de A duração da pena de prisão simples
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DICA DD! A pena máxima de 40 anos foi atualizada pelo Pacote Anticrime. Trata-se de uma mudança que
piora a situação do réu (novatio legis in pejus), motivo pelo qual só se aplica aos fatos ocorridos após sua
entrada em vigor (23/01/2020).
De acordo com Cleber Masson, os fundamentos para essa mudança legislativa são basicamente
dois:
1) O aumento da expectativa de vida: A média de vida do brasileiro em 1940, quando o Código Penal
foi elaborado, era de 45 anos. Hoje a expectativa de vida é de 70 anos.
2) Gravidade e número de crimes: Em 1940 quase não havia o crime de organização criminosa. Os
crimes em mais evidência, à época, eram crimes de furto, crimes de bar, etc. Atualmente, a atuação
criminosa se tornou cada vez mais complexa devido ao surgimento de organizações criminosas. Não
pode o sujeito que pratica 30 crimes de tráfico com soma de 300 anos ter o mesmo tratamento do
sujeito que praticou 1 crime de tráfico apenas.
Diante dessa mudança, como fica a Súmula 715 do STF? Continua valendo? Sim. O limite de 40 anos
é para fins de cumprimento máximo da pena, entretanto para os benefícios penais, considera-se o total da
condenação.
✓ Súmula 715 do STF - A pena unificada para atender ao limite de trinta anos
(40 anos!) de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não
é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento
condicional ou regime mais favorável de execução.
● O Brasil adotou o sistema dualista ou binário: divide a infração penal (que é gênero) em crime
(sinônimo de delito) e contravenção penal (crime anão/delito liliputiano/crime vagabundo).
● As contravenções penais foram expressamente excluídas da competência da Justiça Federal (art. 109,
IV, CF). O único caso em que a Justiça Federal terá competência para julgar as contravenções penais
é quando o contraventor detém foro de prerrogativa de função federal, o qual será julgado pelo TRF
respectivo.
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● E o artigo 28 da Lei de Drogas, que não tem nenhuma dessas penas, é o que? Há entendimento
doutrinário de que não seria nem crime nem contravenção, e sim uma infração penal sui generis.
Para o STF, no entanto, o artigo 28 é crime. De acordo com julgado da Suprema Corte, não houve
descriminalização da conduta pela nova lei de drogas, ocorrendo apenas a despenalização no tocante
à pena privativa de liberdade (para mais detalhes consulte o material específico da Lei de Drogas).
Obs.: Há também os crimes bicomuns, que podem ser cometidos por qualquer pessoa e contra qualquer
pessoa.
Sujeito ativo comum e sujeito passivo comum – Crime bicomum. Ex.: homicídio.
II- Crimes próprios/especiais: o tipo penal exige uma condição (fática ou jurídica) especial do sujeito ativo.
Admitem coautoria e participação. Exemplo: peculato (somente pode ser praticado por funcionário público);
Obs.: Os crimes próprios podem ser puros e impuros. Nos crimes puros, a ausência da condição especial do
sujeito ativo leva à atipicidade do fato. Por sua vez, nos crimes impuros, a ausência dessa condição especial
acarreta a desclassificação para outro delito.
Obs. 2: Há também os crimes bipróprios, que exigem uma condição peculiar do sujeito passivo e do sujeito
ativo, como no caso do infanticídio.
III- Crimes de mão própria ou de conduta infungível: crimes que somente podem ser praticados por pessoa
expressamente indicada no tipo penal, como no caso de falso testemunho. O agente deve agir pessoalmente.
Segundo a doutrina majoritária, não admitem coautoria, mas somente participação (ex.: se houve o
envolvimento do advogado – há decisão do STF nesse sentido).
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a) Crime complexo em sentido estrito: resulta da união de dois ou mais tipos penais, como o crime
de roubo, que deriva da fusão entre furto + ameaça ou furto + lesão corporal.
Obs.: São crimes famulativos aqueles que compõem a estrutura unitária do crime complexo.
c) Crime ultracomplexo: resta caracterizado quando crime complexo é acrescido de outro, que serve
como qualificadora ou majorante daquele. Ex.: roubo majorado pelo emprego de arma de fogo = roubo
(crime complexo) + porte ilegal de arma de fogo (que vai servir como causa de aumento).
II – Crimes formais/de consumação antecipada o tipo penal contém uma conduta e um resultado
naturalístico, mas esse resultado é desnecessário para a consumação.
III- Crimes de mera conduta/de simples atividade: o tipo penal se limita a descrever uma conduta, sem que
haja um resultado naturalístico, como no caso de ato obsceno (art. 233 do CP).
https://youtu.be/TeS4nd_aadA
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CLASSIFICAÇÕES PERTINENTES:
- Delitos de tendência interna transcendente ou de intenção: requerem um agir com ânimo, finalidade ou
intenção adicional de obter um resultado ulterior, distinto da realização do tipo penal.
“Transcendente, além do dolo, transcende o dolo”. Ex.: art. 288, o dolo é associar-se. O que vai além do
dolo? Cometer crimes – o que é indiferente para a consumação ou não do delito”.
São crimes formais! Se consumam com a prática da conduta, independentemente da realização do resultado
naturalístico.
Ex.: No furto há a intenção de ter a coisa para si ou para outrem (essa intenção transcende o dolo).
Ex.: No crime de extorsão mediante sequestro temos a expressão “com o fim de”.
Ex.: No crime de receptação temos “em proveito próprio ou alheio”.
Diferenciam-se de:
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- Delitos de tendência intensificada ou de atitude pessoal: que são diferentes dos explicados acima, pois
não transcendem a vontade do agente. Temos um “algo a mais” além do dolo de praticar a conduta, ou seja,
além da vontade e da consciência, mas que não transcende. É uma tendência interna que intensifica,
REFORÇA o dolo (Welzel).
Welzel já dizia: “Elementos especiais, pessoais, subjetivos que colorem o conteúdo ético-social da conduta”.
Essa tendência intensificada colore, dá novas cores ao enfoque subjetivo, ao conteúdo ético-social. Ex:
animus injuriandi – configuração crime de injúria.
Na prova de Delegado do Rio Grande do Sul, em 2018, foi considerada correta a seguinte assertiva: Os
crimes formais também podem ser definidos como crimes de resultado cortado.
Esse tema foi objeto recente de questão no concurso de Delegado da Polícia Civil de Pernambuco, na fase
dissertativa, onde trazia um caso onde o médico ginecologista, mediante fraude, enganava a paciente para
que pudesse realizar procedimento nela e com isso satisfazer a sua lascívia, respondendo o médico por
violação sexual mediante fraude. Se fosse simplesmente examinar, não seria crime. Como foi para satisfazer
lascívia, era. Seria crime de tendência intensificada.
b) eventualmente permanentes: são crimes instantâneos, mas nos quais, no caso concreto, a
situação de ilicitude pode ser prolongada, como no caso de furto de energia elétrica.
Na prova de Delegado do Rio Grande do Sul, em 2018, foi considerada correta a seguinte assertiva: O crime
de furto é classificado como crime instantâneo, porém há a possibilidade de um crime de furto ser
considerado, eventualmente, crime permanente.
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IV – Crimes instantâneos de continuidade habitual - Se consumam por meio de uma única conduta que
causa um resultado instantâneo, mas que exigem, em seguida, para a configuração do tipo, a reiteração da
conduta de forma habitual. – Ex.: Art. 228 do CP: Favorecimento à Prostituição. Deve haver a constatação
da prostituição com habitualidade, que é elemento intrínseco da atividade. Exige prova concreta da reiterada
conduta da vítima, uma vez que prostituição implica em habitualidade.
V – Crimes instantâneos de habitualidade preexistente – Se concretiza com uma única conduta, com
resultado instantâneo, embora exija, para tanto, o desenvolvimento habitual de outro comportamento
preexistente. – Ex.: Art. 334, § 1º, "c" do CP - Venda de mercadoria estrangeira, introduzida clandestinamente
no país, no exercício de atividade comercial - se não existir anteriormente a prática habitual da atividade
empresarial, não se configura o delito.
IV – Crimes a prazo: a consumação exige a fluência de determinado período de tempo. Ex.: apropriação de
coisa achada.
Na prova de Delegado do Rio Grande do Sul, em 2018, foi considerada correta a seguinte assertiva: O crime
de lesão corporal grave em decorrência da incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias é
classificado, em relação ao momento consumativo, como um crime a prazo. Nesse sentido, dispõe o CPP:
Art. 168, CP. (...) §2º: Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código
Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
I – Crimes unissubjetivos/unilaterais/de concurso eventual: podem ser praticados por um único agente,
mas nada impede que sejam em concurso de pessoas;
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https://youtu.be/KKg_BSuzMFc
I – Crimes de dano/de lesão: a consumação somente ocorre com a efetiva lesão do bem jurídico.
II – Crimes de perigo: a consumação ocorre com a mera exposição do bem jurídico a uma situação de perigo,
podendo ser subdivididos em:
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g) Crimes de perigo futuro: a situação de perigo derivada da conduta se projeta para o futuro.
Caiu na Prova Delegado PA (2016) Crime de potencial perigo: “Hefendehl apresenta nova modalidade de
delito de perigo abstrato destacando que a relevância de sua construção está no fato de limitar a incidência
do tipo penal objetivo pela ideia de criação de um risco proibido nos moldes da teoria da imputação objetiva.
Portanto, a anormal condução do veículo em razão da influência do álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa e, portanto, contrária às normas de segurança no trânsito - em uma perspectiva ex ante - é que
deverá ser considerada criação de risco proibido para os bens jurídicos individuais que são tutelados
penalmente pelo art. 306 da Lei de Trânsito, porquanto assim haverá potencialidade lesiva na conduta
praticada pelo motorista, legitimando o tipo penal. [...] Assim, para não punir pela simples desobediência ao
comando normativo requer-se, primeiramente, que o agente crie um risco proibido (superando o risco-base
relacionado à norma de cuidado no trânsito, isto é, dirigindo sob a influência de álcool ou drogas) e, depois,
que haja bens jurídicos contra os quais as condutas arriscadas (condução em zigue-zague, por exemplo)
possam estar direcionadas”. (SCHMITT DE BEM; MARTINELLI. Lições Fundamentais de Direito Penal. p. 143-
144).
ATENÇÃO:
Constitucionalidade do crime de perigo abstrato:
1ª Corrente: LFG, Bittencourt, Damásio: O crime de perigo abstrato viola o princípio da lesividade ou
ofensividade.
2ª Corrente: O crime de perigo abstrato revela maior zelo do Estado em proteger adequadamente
certos interesses. Essa corrente volta a ganhar força no STF.
Os crimes de perigo abstrato de perigosidade real também são denominados de “crimes de perigo abstrato-
concreto”, de caráter híbrido, de perigo hipotético, de aptidão abstrata. São crimes em que não basta a mera
realização da conduta, sendo necessária a criação de um perigo em potencial.
De acordo com essa nova espécie de infração penal, teríamos não apenas dois tipos de crime de perigo
(abstrato e concreto), mas sim três! No crime de perigo abstrato (ou puro), o risco advindo da conduta é
absolutamente presumido por lei, bastando a violação da norma. Já no crime de perigo concreto, o risco deve
ser comprovado. A acusação tem o dever de demonstrar que da conduta houve perigo real para vítima certa
e determinada. No crime de perigo abstrato de perigosidade real, o risco ao bem jurídico tutelado deve ser
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Ainda no tocante ao crime de embriaguez ao volante, importante, ressaltar o entendimento defendido por
SCHMITT DE BEM e MARTINELLI, na obra “Lições Fundamentais de Direito Penal” (p. 143-144). Para referidos
autores, em uma perspectiva teleológica, portanto, deve-se interpretar o dispositivo sempre verificando a
existência de um potencial perigo ao bem jurídico. Trata-se de “um critério material-individual, segundo o
qual haverá que determinar se certo nível de ingestão de álcool ou de drogas influenciou realmente a
condução do sujeito no caso concreto que se examina”. Ressalta-se que a presente tese foi objeto de
questionamento na prova para Delegado da PCPA, em 2016 (vide item 5, questão 9).
Art. 306, CTB. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada
em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
No mesmo sentido é o crime de entregar a direção de veículo automotor à pessoa não habilitada:
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De acordo com o STJ (6ª Turma. HC 473.334/RJ – 2019), os delitos de posse e de porte de arma de
fogo são crimes de perigo abstrato, de forma que, em regra, é irrelevante a quantidade de munição
apreendida.
De acordo com o STJ (Info. 613/2017), o crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é de
perigo abstrato, sendo dispensável a produção de prova pericial para atestar a nocividade ou a
periculosidade dos produtos transportados, bastando que estes estejam elencados na Resolução nº
420/2004 da ANTT. Portanto para o STJ, apesar do crime ser concreto, ele tem aptidão abstrata (Crime de
Perigo Abstrato-Concreto), ou seja, não precisa de perícia ou prova para comprovar a situação de perigo,
a conduta per si teria aptidão para gerar um perigo concreto.
I – Crimes unissubsistentes: o crime depende de apenas um ato de execução, capaz, por si só, de produzir a
consumação. Não admitem tentativa.
II – Crimes plurissubsistentes: a conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, que devem ser
somados para produzir a consumação. Admitem tentativa.
II – Crimes omissivos: são praticados por meio de uma conduta negativa, uma inação, podendo ser:
a) Omissivos próprios/puros: a omissão está contida no tipo penal, de modo que a descrição da
conduta já prevê a realização do crime por meio de uma conduta negativa;
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III – Crimes de conduta mista: o tipo penal é composto de duas fases distintas: uma inicial e positiva; outra
final e omissiva. Exemplo: crime de apropriação de coisa achada, no qual o agente encontra uma coisa
perdida e dela se apropria, deixando de restitui-la ou entregá-la à autoridade competente no prazo de 15
dias.
II – Crimes de forma vinculada: somente podem ser executados pelos meios indicados no tipo penal.
II – Crimes não transeuntes: deixam vestígios materiais. Nesses crimes, a ausência do exame de corpo de
delito leva à nulidade da ação penal, salvo quando impossível a sua realização.
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III – Crimes em trânsito: somente parte da conduta ocorre em um país, sem causar lesão ou expor a situação
de perigo bens jurídicos de pessoas que nele vivem, tendo país diverso como foco de produção do resultado.
II – Crimes conexos: são crimes que estão interligados. Essa ligação pode ser penal ou processual penal. A
conexão penal pode ser:
I – Crimes condicionados: a persecução penal depende de uma condição objetiva de procedibilidade. Essa
condição deve estar prevista expressamente na norma penal.
II – Crimes incondicionados: a persecução penal pode ocorrer livremente, sem necessidade de autorização.
II – Crimes plásticos: não ofendem valores universais, apesar de previstos em leis penais.
III – Crimes vazios: são delitos plásticos que não protegem qualquer bem jurídico. Nem toda a doutrina
concorda com a existência dessa espécie.
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II – Crimes de menor potencial ofensivo: a pena privativa de liberdade em abstrato não ultrapassa dois anos,
cumulada ou não com multa – segue o rito do Jecrim (Lei 9.099/95).
III – Crimes de médio potencial ofensivo: a pena mínima não ultrapassa um ano, independentemente do
máximo da pena privativa de liberdade cominada. São os que cabem a suspensão condicional do processo.
IV – Crimes de elevado potencial ofensivo: apresentam pena mínima superior a um ano, não sendo cabível
a suspensão condicional do processo. Aplica-se na totalidade os institutos do Código Penal.
V – Crimes de máximo potencial ofensivo: recebem tratamento diferenciado pela Constituição Federal. São
os crimes hediondos, o tráfico de drogas, a tortura, o terrorismo, o racismo e a ação de grupos armados
contra a ordem constitucional.
Por iter criminis entende-se o itinerário, o caminho do crime, isto é, todas as etapas da infração penal,
desde o momento em que ela é uma ideia na mente do agente até sua consumação.
Diz-se consumado o crime quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal (CP,
art. 14, I). O crime consumado também é chamado de crime perfeito. Diz-se tentado quando, iniciada a
execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente (CP, art. 14, II). Também é
chamado de crime imperfeito.
Crime falho: é sinônimo de tentativa perfeita, tentativa acabada. O sujeito praticou todos os atos da
execução, mas não conseguiu consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.
Quase-crime: não há crime, o que há é um crime impossível, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto. (CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR!)
Crime exaurido: é uma expressão utilizada sempre que, depois da consumação, o bem jurídico sofre
novo ataque ou findam-se as suas consequências. Assim, no crime de extorsão mediante sequestro (art. 159,
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CP), a privação da liberdade da vítima por tempo juridicamente relevante é suficiente para a consumação do
crime. Se os sequestradores receberem a vantagem indevida, exigida como condição ou preço do resgate,
diz-se que o crime está exaurido.
O exaurimento não influencia na tipicidade, mas poderá servir como circunstância judicial
desfavorável (art. 59, caput, CP), atuar como qualificadora (art. 329, §1º, CP) ou caracterizar causa de
aumento de diminuição de pena. Eventualmente, poderá configurar crime autônomo (Ex.: Após
consumação do crime de sequestro, o agente decide estuprar a vítima).
São aqueles que provocam determinado estado de ânimo, de impressão na vítima. Subdividem-se
em:
I – Crimes de colarinho branco: são os crimes cometidos na órbita econômica, como a lavagem de dinheiro,
praticado por quem, normalmente, teria condições de viver adequadamente sem o cometimento de crimes,
que gozam da elevada condição financeira e do poder dela decorrente. Geram as chamadas “cifras douradas”
da criminalidade, vez que raramente são apurados e punidos.
II – Crime de rua ou crime de colarinho azul: de modo oposto aos crimes de colarinho branco, são aqueles
praticados por pessoas economicamente menos favorecidas, em situações de vulnerabilidade. O nome se dá
pelo fato de que essa é uma alusão aos operários norte-americanos no final do século XX, denominado e
“blue collars”. Quando não integram o conhecimento do Poder Público, constituem as “cifras negras” da
criminalidade – ponto a ser melhor estudado em criminologia.
● Crime gratuito: é o crime praticado sem motivo conhecido. Não se confunde com motivo fútil, pois
neste há motivação, porém, desproporcional ao crime praticado.
● Crime de ímpeto: é o cometido sem premeditação, decorrente de reação emocional repentina.
● Crime de circulação: é o praticado em veículo automotor, a título de dolo ou culpa.
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● Crime de atentado ou empreendimento: É aquele em que a lei pune de forma idêntica o crime
consumado e a forma tentada. Ou seja: não há diminuição da pena em face da tentativa. Ex.: crime
de Evasão mediante violência contra a pessoa.
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Todavia, se diversas pessoas começarem a pescar por lá, haverá um desequilíbrio ambiental
significativo da região. Com isso, o delito de acumulação traz ao intérprete a necessidade de analisar
o fato sob esse aspecto, impedindo a aplicação do princípio da insignificância, via de regra.
● Crimes parcelares: são os crimes da mesma espécie que compõem a série da continuidade delitiva,
desde que preenchidos os requisitos exigidos pelo art. 71, caput, do Código Penal. Adota-se no Brasil
a teoria da ficção jurídica – na qual os delitos parcelares são considerados, para fins de aplicação da
pena, como um único crime.
● Crime de catálogo (LEMBRAR DE LISTA TELEFÔNICA) diz respeito aos delitos compatíveis com a
interceptação telefônica, disciplinada pela Lei 9.296/1996, como meio de investigação ou de
produção de provas durante a instrução em juízo.
2. SUJEITOS DO CRIME
a) Sujeito ativo: é a pessoa que pratica a infração penal. Qualquer pessoa física e capaz e com 18
anos completos pode ser sujeito ativo de crime.
Conclusão: Tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica praticam crimes ambientais, podendo ser
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente.
Nesse sentido, é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais
independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A
jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação”.
STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, julgado em 6/8/2015 (Info 566).
STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, julgado em 6/8/2013 (Info 714).
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b) Sujeito passivo: É pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal. Pode figurar no
sujeito passivo qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado, a exemplo da coletividade
e da família.
3. OBJETO DO CRIME
b) objeto material: é a pessoa ou a coisa que foi atingida pela conduta criminosa. Exemplos:
homicídio – a pessoa; furto – coisa subtraída. É possível que haja crime sem objeto material (ex.: falso
testemunho).
Vimos o conceito analítico de crime, que pode variar de acordo com o sistema adotado. Aqui, no
entanto, vamos destrinchar esse conceito, abordando cada um dos elementos que podem compor o delito.
E lembre-se: atenção máxima, sem deixar dúvidas para trás, pois é o tema mais cobrado em provas!
- Conceito: “o fato humano (ou também o fato praticado por pessoa jurídica, em relação aos crimes
ambientais) que se enquadra com perfeição aos elementos descritos no tipo penal” (Masson, 2017, p. 243).
- Elementos (via de regra, são 4): Conduta, Resultado, Nexo causal e Tipicidade.
Conduta
Nexo
causal
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4.1.1 Conduta
Como tudo no Direito, há aqui uma diversificação de sistemas/teorias, sendo que, para cada um
deles, há um conceito diferente de conduta, bem como há diversificações acerca da localização de
determinados elementos na composição da estrutura do crime.
A culpabilidade, terceiro elemento do crime, também varia bastante de acordo com as teorias a
seguir, de modo intimamente ligado à definição de conduta, razão pela qual optamos por explicá-las
integralmente aqui. Quando chegarmos em culpabilidade, faremos apenas um resumo do essencial falado
neste ponto, ok? Então atenção!
A) TEORIAS
● Conduta: movimento humano voluntário que produz alteração no mundo exterior; (conduta sem
finalidade).
É considerado um MODELO AVALORADO, só permite elementos objetivos e subjetivos, de modo que
não permite elementos normativos (que exigem juízo de valor pelo intérprete).
Ademais, teve influência no método científico/positivismo.
Teoria do tipo avalorado ou acromático: Não há qualquer relação prévia entre o fato típico e
antijuridicidade. A teoria do tipo avalorado, expõe em relação entre a tipicidade e a antijuridicidade, nas
lições de Zaffaroni: “Quanto à relação entre tipicidade e antijuridicidade. A teoria conhecida como teoria do
tipo avalorado ou neutro ou acromático, afirma que a tipicidade nada indica em relação à antijuridicidade.
A finalidade do tipo penal é apenas descrever uma conduta criminosa de forma mais objetiva possível,
ignorando outros elementos como a ilicitude e culpabilidade. Nas palavras de Cezar Roberto Bittencourt:
“O tipo na concepção de Beling, esgota-se na descrição da imagem externa de uma ação determinada”.
CUIDADO: Não confunda com DOLO acromático, pois aqui se refere a relação entre fato típico a
antijuridicidade. O dolo acromático é do finalismo.
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ATENÇÃO! Para a teoria causalista, a ação seria o mero processo causal que a vontade desencadeia no mundo
exterior. Nessa concepção, a ação humana não possui conteúdo de vontade ou finalidade. A conduta é
analisada por si só, sem elemento subjetivo. Desse modo, se alguém atropela um pedestre e lhe causa lesões
que o levam à morte, praticou a conduta prevista no art. 121 CP, ou seja, praticou o fato típico de homicídio.
A questão da intenção ou não de matar, por exemplo, só é analisada na culpabilidade. O fato típico possui
uma análise estritamente objetiva, descritiva.
● Nesse sistema clássico o dolo é normativo (vontade + consciência + consciência atual da ilicitude).
Não basta o agente querer ou aceitar o resultado / ele reclama o conhecimento que o
comportamento é contrário ao direito. (o dolo está na culpabilidade)
Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo, pelo fato de existir
no dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos, considerados psicológicos, um elemento de
natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato).
Caiu na prova Delegado Federal – CESPE! Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo
normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos, considerados
psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato). (item
correto).
DOLO NORMATIVO: é aquele que traz em seu interior a consciência atual/real da ilicitude, ou seja, o agente
pratica um comportamento sabendo que aquilo é contrário ao Direito.
A IMPUTABILIDADE, por sua vez, consiste na capacidade do ser humano de entender o caráter ilícito
da conduta e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
IMPORTANTE: a imputabilidade era um PRESSUPOSTO para a culpabilidade. (não era um elemento, pois
estava fora da culpabilidade).
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● Dolo e culpa aqui são espécies de culpabilidade, pois permitem avaliar o vínculo psicológico entre o
autor e a conduta – ou seja, não são analisados de pronto, na verificação do fato típico (dentro de
“conduta”), mas tão somente no terceiro substrato do crime – a culpabilidade.
● Problemas:
a) não explica os crimes omissivos (há necessidade de “movimento”, ou seja, ação), tampouco
os crimes formais e de mera conduta (vez que dependia de produção de resultado naturalístico);
b) só faz a análise da finalidade do agente na culpabilidade, terceiro elemento do crime,
inviabilizando que esta seja analisada desde logo (assim, para esse sistema, caso alguém
pratique atos criminosos durante um episódio de sonambulismo, por exemplo, estes seriam
considerados fatos típicos);
c) é equivocado separar a conduta da relação psíquica do agente, não analisando sua vontade.
● Quem é clássico, é obrigatoriamente “tripartida” (falado anteriormente). Não pode ser “bipartida”,
já que dolo e culpa aqui só são analisados na culpabilidade, de modo que esta deverá então ser
considerada elemento do crime, sob pena de haver responsabilidade penal objetiva.
● Foi abandonada com o tempo.
O sistema neoclássico surgiu na Alemanha, no ano de 1907, pelos estudos de Reinhart Frank, que
desenvolveu a teoria da normalidade das circunstâncias concomitantes (teoria da “evitabilidade”). Por essa
teoria, só existe culpabilidade quando o agente imputável pratica o fato típico e ilícito em uma situação de
normalidade, ou seja, quando lhe era exigível uma conduta diversa.
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● Dolo e culpa: Permanecem na culpabilidade, mas deixam de ser ESPÉCIES e se tornam ELEMENTOS
DA CULPABILIDADE.
● O dolo continua sendo normativo (híbrido/colorido), pois traz em seu interior a consciência
atual/real da ilicitude.
● Como o modelo neoclássico é um modelo claramente valorativo, pois começa a fazer um juízo de
valor nos elementos do crime, começam a surgir teorias que passam a reconhecer uma relação entre
o fato típico e a antijuridicidade (a absoluta autonomia entre elas cai por terra – teoria do tipo
avalorado). Nesse sentido, a antijuridicidade também ganha um aspecto normativo, que é a
danosidade social do fato (o fato, além de ser ilícito, precisa ser danoso).
Surgem duas teorias principais para explicar a relação do fato típico com a ilicitude: o principal ponto
em comum dessas teorias é: juntar/unir os substratos do fato típico e ilicitude em um único substrato (para
que haja só um momento de análise).
Conclusão: Para essa teoria, os elementos negativos do tipo não podem estar no tipo penal, uma vez
que a presença deles excluiria a própria tipicidade, pois compõem a face negativa do próprio tipo.
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● ENTENDA: Como não há mais qualquer vedação para o ingresso do valor na teoria do crime, a
culpabilidade passa a sofrer um influxo. Assim, a IMPUTABILIDADE (elemento normativo), que antes
era um pressuposto na culpabilidade, se torna elemento da culpabilidade.
● Por ser “comportamento” aqui e não mais movimento, engloba crimes omissivos.
● Continua não explicando formais e de mera conduta, pela exigência da produção de modificação no
mundo exterior.
III – Teoria Finalista (prevalece): (Hans Wetzel – 1930, livro “O novo sistema jurídico penal”). A conduta
também está no fato típico.
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“potencial consciência da ilicitude” (ou seja, a consciência da ilicitude deixou de ser atual para se
tornar potencial. Permanece em sua análise apenas a vontade (elemento volitivo) e a consciência
(elemento cognitivo).
Obs.: Dolo natural também pode ser chamado de neutro, sem cor, acromático.
● O potencial conhecimento da ilicitude não integra o dolo, mas sim a culpabilidade.
A “retirada” do dolo da culpabilidade fez com que esta passasse a ser restrita a elementos
exclusivamente normativos: a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude (retirada do dolo,
que se torna natural e não mais híbrido) e a exigibilidade de conduta diversa – eis a teoria normativa
pura da culpabilidade.
● No exemplo do sonambulismo, aqui não haveria fato típico, vez que o comportamento não foi
psiquicamente dirigido a esta finalidade, vez que não houve dolo ou culpa, agora analisados na
conduta.
● Finalistas podem ser bipartites ou tripartites porque aqui o dolo e a culpa estão na conduta e não na
culpabilidade. Então, a culpabilidade pode ser tanto elemento do crime, como pressuposto de
aplicação da pena.
● Explica crimes omissivos (comportamento), bem como os formais e de mera conduta (não há mais
a necessidade de modificação no mundo exterior, mas que o comportamento seja psiquicamente
dirigido a um fim).
● Falha: a) não explica crimes culposos; b) centralizou-se no desvalor da conduta, ignorando o desvalor
do resultado.
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● A doutrina entende que foi a adotada pelo CP, vez que, tendo em vista que no artigo 20, a ausência
de dolo vai acarretar a exclusão do fato típico, é porque o dolo está na conduta.
TEORIA CIBERNÉTICA: Wetzel criou esta teoria para compatibilizar o finalismo com os crimes culposos.
Ele dizia aqui que a conduta seria a ação biociberneticamente antecipada, preocupando-se com o controle
da vontade do agente, existente tanto nos crimes dolosos quanto culposos.
Para ele, tanto alguém que mata no intuito de efetivamente matar, quanto alguém que mata por uma atitude
imprudente, possuiriam o controle da vontade em relação a ação que estariam praticando. (essa concepção
dá enfoque a conduta sobre qual o ser humano possui o domínio).
V – TEORIA SOCIAL DA AÇÃO: É tripartite, estando a conduta no fato típico. A conduta seria comportamento
humano voluntário dirigido a um fim socialmente relevante.
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Ou seja: Essa teoria explicava a ação, não com base na finalidade e nem em relações de causa e efeito
(explicações física-naturalística), mas com base na RELEVÂNCIA SOCIAL DA CONDUTA.
Crítica: não há definição clara do que seria “socialmente relevante”.
https://youtu.be/Rywml23Mn0o
B) CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA
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Não há crime sem conduta (o ordenamento jurídico brasileiro não admite os crimes de mera
suspeita).
Consequência prática: Foi decidido pelo Plenário do STF (RE 583.523), que o art. 25 da Lei das
Contravenções Penais não foi recepcionado pela Constituição.
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou
roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio
ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados
usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima
Apenas o ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes (salvo pessoas jurídicas em
crimes ambientais.
Apenas a conduta voluntária interessa ao Direito Penal (vontade é elemento do dolo, que é elemento
da conduta no finalismo).
Apenas os atos exteriorizados no mundo ingressam no conceito de conduta (a mera cogitação não é
punível). Segundo Nelson Hungria, o direito penal só pode agir quando a intenção criminosa sai do claustro
psíquico do agente e se projeta no mundo.
I. Crime comissivo (ação): É movimento corporal exterior, postura positiva. O agente infringe um tipo
proibitivo, realizando a conduta vedada.
II. Crime omissivo: Conduta de não fazer o que poderia ser feito, postura negativa. O agente deixa de agir de
acordo com o determinado por lei.
Obs.: Temos ainda os Crimes de conduta mista, que vimos nas classificações, que é aquele que
possui uma parte inicial praticada por ação e uma parte final praticada por omissão (ex.: apropriação de
coisa achada, art. 169, parágrafo único, II, CP).
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Crimes de "olvido" (ou de esquecimento) é o nome dado aos crimes omissivos impróprios culposos, ou seja,
nos casos em que a omissão do garantidor ocorrer por culpa. Aproveitando o exemplo do afogamento, o
salva-vidas não impediu aqui por estar beijando a namorada, por exemplo.
Durante a pandemia, Tadeu descumpriu levianamente regras determinadas pelas autoridades sanitárias,
tendo frequentado festas e deixado de usar equipamentos de proteção individual em diversos momentos.
Depois de apresentar sintomas de covid-19, buscou atendimento hospitalar. Ao ser avaliado pelo médico,
Geraldo, verificou-se a necessidade de internação de Tadeu, com o uso de respirador artificial. Havia apenas
um respirador na região, o qual foi disponibilizado a Tadeu. De acordo com o prognóstico médico, caso não
fizesse uso do aparelho, Tadeu provavelmente morreria, mas com o tratamento adequado poderia obter
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plena recuperação em algumas semanas. Nesse mesmo dia, deu entrada no hospital, também vítima de
covid-19, o paciente Jeferson, que havia adotado todas as precauções necessárias para evitar a
contaminação, mas ainda assim contraíra o vírus. Seu quadro clínico é idêntico ao de Tadeu e o prognóstico
é o mesmo. No entanto, não havia outro respirador artificial no hospital nem em unidades de saúde
próximas, não existindo possibilidade de transferi-lo. A única solução seria retirar Tadeu do aparelho e
submeter Jeferson ao tratamento, o que Geraldo se negou a fazer, oferecendo outros cuidados a Jeferson.
Não obstante os esforços de Geraldo, Jeferson morreu em algumas horas, o que poderia ser evitado pelo uso
do respirador. Nessa situação hipotética, Geraldo:
A-responderá pelo resultado morte, pois a ponderabilidade da vida deve levar em consideração o contexto
em que ocorreu a contaminação.
B-não responderá pelo resultado morte, pois o dever de omissão prepondera sobre o dever de ação.
C-não responderá pelo resultado morte, pois agiu sem potencial consciência da ilicitude de seu
comportamento.
D-não será punido pelo resultado morte, pois há uma hipótese de escusa absolutória determinada pela
inevitabilidade do resultado em relação a um dos pacientes.
E-responderá pelo resultado morte, pois a pessoa salva realizou a autocolocação em risco, devendo ter sido
priorizado o atendimento ao outro paciente.
COMENTÁRIO
Questão complexa e de banca própria conforme é tradição nos concursos do Rio de Janeiro.
Ao garantidor cabe agir quando é impelido pelo ordenamento jurídico, nos termos do § 2º, do artigo 13, do
Código Penal, mas a sua atuação só pode-lhe ser exigida quando, no caso concreto, tiver meios para agir.
No caso narrado, Geraldo não podia agir, na medida em que não havia recursos médicos disponíveis, não
cabendo-lhe levar em consideração os motivos, causas e o contexto da contaminação do paciente que já
estava sob os seus cuidados médicos.
Alheia à discussão sobre a natureza jurídica da COLISÃO DE DEVERES (causa supralegal de inexigibilidade de
conduta diversa, estado de necessidade especial ou causa supralegal de excludente de ilicitude), o médico
não responderá. Isso porque, independente da natureza jurídica adotada na colisão de deveres, é correto
que o dever de omissão prepondera sobre o de ação. Ou seja, o médico não pode retirar o respirador de um
paciente e colocá-lo no outro (deve se omitir), quando os dois bens jurídicos vida colidem.
(...) Cabe, finalmente, consignar a colisão entre um dever de atuar e um dever de omitir-se, no caso de bens
de mesma hierarquia. Nesta hipótese, goza de preferência o dever de omissão. Utilizando exemplo de
Jescheck, um médico, encontrando conectada a uma única máquina de coração e pulmão de um hospital a
um paciente sem esperança, poderia abster-se de retirá-la deste paciente para conectá-la a um ferido grave,
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recém-chegado, que tivesse boas expectativas de sobreviver. Para o autor, não se trata de nenhuma
justificativa quanto ao dever de atuar infringido, mas sim de considerar os deveres como equivalentes. (...)
(BIERRENBACH, Sheila de Albuquerque. Crimes omissivos impróprios. Belo Horizonte: Del Rey, 1996)
GABARITO: B
● Caso fortuito (ação humana) e força maior (natureza) são acontecimentos imprevisíveis e
inevitáveis, que escapam ao controle da vontade. Sem vontade não há conduta. Obs.: A depender
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da corrente adotada, esses conceitos podem ser encontrados invertidos – caso fortuito como ação
da natureza etc.
● Movimentos reflexos: Reações corporais automáticas, as quais independem da vontade do ser
humano. São reações fisiológicas, que decorrem da provocação dos sentidos. Não se confundem
com:
∘ Ações em curto circuito, que derivam de uma explosão emocional repentina (há conduta e
crime).
∘ Atos habituais: realizados pela pessoa repetidamente, mesmo que contrários ao
ordenamento jurídico – há vontade. Lembrando que hábito e costume são diferentes, vez
que o hábito (dirigir falando ao celular) se faz por repetição por vontade do agente e o
costume, embora também haja repetição, é porque se acredita na obrigatoriedade.
● Coação física irresistível (vis absoluta) – O agente é fisicamente controlado pelo coator, de modo
que não há vontade. Exclui o dolo e, por conseguinte, a tipicidade. Ex.: Thiago aperta o dedo de Ana
contra o gatilho para matar alguém. Mas atenção: aqui a coação deve ser física. Se for moral
irresistível (vis compulsiva) a situação é de inexigibilidade de conduta diversa. Há vontade, vez que o
agente decide se obedece ou não, mas é uma vontade viciada. Exclui a culpabilidade.
● Sonambulismo e hipnose: os atos são praticados em estado de inconsciência, de modo que se não
há consciência, não há dolo e, consequentemente, não há conduta.
● Embriaguez letárgica
∘ Santiago Mir Puir e Grande parte da doutrina - hipótese de ausência da conduta.
∘ Bittencourt - é um transtorno mental transitório que, como tal, deveria ser tratado. Dessa
forma, deveria ser analisado como uma hipótese de exclusão da imputabilidade, e não como
ausência de conduta.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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META 2
O conceito de medicina legal é tratado de maneira geral, como ciência e como arte. Na visão de
Delton Croce, a Medicina Legal é ciência e arte extrajurídica auxiliar alicerçada conjuntamente com
conhecimentos médicos, paramédicos e biológicos com a finalidade de defender os direitos e os interesses
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dos homens e da sociedade. Tais conhecimentos médicos, especificamente relacionados com a Patologia,
Fisiologia, Traumatologia, Psiquiatria, Microbiologia e Parasitologia, Radiologia, Tocoginecologia, Anatomia,
patológica entre outras, com bem como o Direito; por isso, diz Medicina Legal.
A medicina legal é uma disciplina eminentemente jurídica, pois, por mais que traga seus conceitos da
medicina e outros ramos das ciências biológicas, seus conhecimentos são destinados para a utilização no
ramo do Direito. Essa é a razão pela qual se afirma que a Medicina Legal é a mais importante e significativa
das ciências subsidiárias do Direito (Wilson Palermo).
Caiu na prova Delegado Paraná 2021! Entre os conceitos a seguir, assinale a alternativa que apresenta uma
definição de medicina legal: C) Arte de fazer relatórios em juízo.
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No Brasil a medicina legal sofreu influência da Alemanha, França e Itália (cuidado: Portugal não
influenciou a medicina legal no BR – já foi questionado em prova).
● Segundo Oscar Freire, pode ser dividida em 3 fases:
1. Estrangeira (período colonial até 1877).
2. De transição (início de 1877).
3. De Nacionalização (a partir de 1985).
Principais nomes:
● Agostinho J.S. Lima (RJ, 1922): tanatologia.
● Raymundo Nina Rodrigues (BA, 1930): pesquisa científica, tornando a medicina legal uma
ciência acadêmica no BR.
● Oscar Freire de Carvalho (SP, 1930).
(B) TOXICOLOGIA FORENSE - que tem por objeto de estudo as substâncias tóxicas, seus efeitos sobre o
ser humano, seu mecanismo de ação, seu modo de detecção em casos concretos e o esclarecimento
de aspectos de repercussão jurídica.
(C) ANTROPOLOGIA FORENSE - estuda os restos mortais com objetivo de esclarecer sua identidade,
causa de morte e ascendência.
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(D) SEXOLOGIA FORENSE - abrange aspectos relacionados com o diagnóstico de virgindade, violência
sexual, gravidez, puerpério, aborto e problemas médicos legais relativos ao casamento.
(E) PSIQUIATRIA FORENSE - tem por finalidade a avaliação da responsabilidade penal e a capacidade
civil, que podem estar alteradas em função de distúrbios mentais. Nela são abordados os aspectos
médico-legais a embriaguez e as toxicomanias.
3. PERÍCIAS E PERITOS
3.1. Perícia
O objeto da Medicina Legal é a PERÍCIA MÉDICA – consistindo essa em todo ato médico com o
propósito de contribuir com as autoridades administrativas, policiais ou judiciárias com conhecimentos
específicos da área médica.
Genival Veloso de França (pg. 13) conceitua a perícia como:
"Define-se perícia médico-legal como um conjunto de procedimentos médicos e
técnicos que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da
justiça. A perícia, segundo seu modo de realizar-se, pode ser sobre o fato a analisar
(peritia percipiendi) ou sobre uma perícia já realizada (pericia deducendi), o que
para alguns constitui-se em um Parecer".
A perícia pode ser definida como todo exame realizado por profissional não-médico com o fim de ser
usado como meio de prova em juízo.
A perícia médico-legal, por sua vez, compreende todos os exames realizados por profissionais da
medicina, tanto na fase administrativa policial, quanto em juízo.
* Não se esqueça que a prova pericial é um dos meios de provas admitidos em direito para formar o livre
convencimento do juiz.
▪ Exame direto → é aquele realizado sobre o corpo de delito, que corresponde a qualquer evidência
da prática do crime (materialidade delitiva direta). Todavia, não é sempre que o corpo de delito está
disponível, o que enseja o exame indireto por meio de evidências, testemunhas e vestígios.
▪ Exame indireto → é aquele realizado sobre evidências, testemunhas, vestígios etc.
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A perícia possui:
● Parte Objetiva: Relacionada às alterações visíveis encontradas nas lesões e, nos laudos, serão
destacadas na descrição.
● Parte Subjetiva: Valoração da parte objetiva. Aqui podem surgir divergências que serão destacadas
na parte de discussão dos laudos.
Caiu na prova Delegado PCRO 2022! Acerca das perícias e dos peritos, é correto afirmar que os aspectos
objetivos de uma perícia, relacionados às alterações visíveis verificadas por quem procede ao exame, serão
destacados nos respectivos laudos na parte da descrição. (item correto) Como explicado acima, a perícia
possui uma parte objetiva (relacionada às alterações visíveis encontradas nas lesões e, nos laudos, serão
destacadas na "descrição"); e uma parte subjetiva (valoração da parte objetiva. Aqui podem surgir
divergências que serão destacadas na parte de "discussão" dos laudos).
a) Finalidades da perícia
Podemos elencar 3 (três) finalidades da perícia:
(1) Retratação: narrativa (percipiendi), na qual o perito analisa a situação e narra em palavras suas
percepções. A descrição dos fatos é feita de forma simples para que leigos entendam a observação
técnico-científica pericial.
(2) Interpretativa: viés científico (deducendi), é a mais comum, em que o perito fornece o retrato da
cena e suas deduções técnicas. O fato é analisado e interpretado cientificamente pelo perito.
(3) Opinativa: o perito, além de narrar a cena e apresentar suas deduções, expõe de forma conclusiva
sua opinião científica. Vale dizer que o perito não julga, mas apenas apresenta sua opinião.
b) Momento da perícia
Em relação ao momento da perícia, esta pode ser:
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Atenção!!! Cuidado para não confundir corpo da vítima com corpo de delito. Exemplo: em uma cena de
homicídio mediante arma de fogo, a arma utilizada também compõe o corpo de delito.
Obs.2: Cuidado para não confundir conceito de corpo de delito com a definição de corpus criminis, corpus
instrumentorium e corpus probatorium. Vejamos:
● CORPUS CRIMINIS - Toda coisa ou pessoa sob a qual recai a conduta delitiva.
● CORPUS INSTRUMENTORIUM - É o instrumento, objetos, meios utilizados pelo agressor para
cometer a prática delitiva.
● CORPUS PROBATORIUM – vestígios.
Wilson Palermo (sinopse medicina legal) dispõe de algumas considerações importantes sobre a perícia na
literatura médico-legal:
- Pode envolver qualquer aspecto do ser humano
-Pode ser sobre o fato a analisar (perícia percipiendi), ou seja, aquela procedida sobre fatos cuja avaliação é
feita baseada em alterações ou perturbações produzidas por diversas maneiras, seja pelas energias
causadoras de danos, seja por doenças. É vista sob uma ótica qualitativa e quantitativa.
- Pode ser sobre uma perícia já analisada (perícia deducendi). É feita sobre fatos pretéritos com relação aos
quais possa existir discordância das partes ou do julgador.
- A finalidade da perícia é produzir a prova, que nada mais é do que a materialização do fato.
- No Processo Penal, como regra, o laudo médico-legal não é documento sigiloso. Porém, a depender do caso
concreto, pode ter decretação de segredo de justiça.
- Pode ser realizada em vivos, cadáveres, esqueletos, animais e nos objetos. Sobre a importância de cada um:
O art. 158 do CPP exige exame pericial nos corpos que deixam vestígios, não podendo supri-lo a
confissão do acusado.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
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Caiu na Prova Delegado BA (aplicação 11/09/22) Sobre o corpo de delito, perícia e peritos, analise a
afirmativa: O exame de corpo de delito é obrigatório para a tipificação das infrações que deixam vestígios.
(item correto).
ATENÇÃO! O CPP foi alterado pelo Pacote Anticrime e passou a prever o procedimento acerca da cadeia de
custódia. Apesar de não seja tema afeto à medicina legal, a leitura dos artigos é imprescindível pois o objeto
da cadeia de custódia é precisamente as evidências angariadas no exame pericial.
A partir do momento em que uma prova é coletada ou uma evidência é apreendida, ela deve ser
custodiada (guardada) e todo esse caminho deve ser documentado exatamente para que não haja nenhuma
dúvida quanto à lisura e legalidade da prova.
Nessa esteira, podemos definir a Cadeia de Custódia como o procedimento de documentar a
história cronológica da evidência. Esse procedimento visa a garantir o rastreamento das evidências utilizadas
em processos judiciais, registrar quem teve acesso ou realizou o manuseio desta evidência.
Portanto, vale a leitura dos seguintes artigos:
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ESQUEMATIZANDO
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Segundo Wilson Palermo, embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se se ater a critérios lógicos,
entendendo que é possível que as etapas de reconhecimento e isolamento podem ser invertidas. O
Professor ainda ressalta que embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se se ater a critérios
lógicos; ele entende que são possíveis pequenas inversões, desde que não comprometa a integridade e
não se perca a história do vestígio, obedecendo o princípio da eficiência.
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo
quando for necessária a realização de exames complementares.
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser
tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de
natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu cumprimento.
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer
vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável,
sendo tipificada como fraude processual a sua realização.
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Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a
seleção, a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro
e apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do
vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser
protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a
eles se relacionam.
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a
destinação, a data e horário da ação.
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central
de custódia, devendo nela permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de
armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária
determinar as condições de depósito do referido material em local diverso,
mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza
criminal.
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O art. 161, do CPP estabelece que o exame de corpo de delito possui lugar e hora, devendo ser
realizado o quanto antes. A exceção fica a cargo da necropsia que deve ser realizada após 6 (seis) horas da
morte no caso de ser fundamental para apurar os sinais de morte (art. 162, CPP).
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a
qualquer hora.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes
daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo
do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões
externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de
exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
Não confundir:
- 06 horas após a morte com 06 horas após encontrar o corpo;
- 06 horas após a morte com 06 horas após identificação do cadáver;
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O exame pode, ainda, ser complementado por nova perícia após 30 (trinta) dias para verificar a
existência de sequelas, nos termos do art. 168, CPP. Isso se revela de suma importância, pois a ausência de
eventual perícia complementar serve tanto para desclassificar a lesão, quanto resultar na absolvição por
falta de materialidade delitiva (art. 386, II, CPP)
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da
autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público,
do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito,
a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I,
do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da
data do crime.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
3.2. Peritos
De acordo com o artigo 159 do Código de Processo Penal, dada pela lei n. 11.689/2008, para ser
perito é necessário que o profissional tenha nível superior, sendo que o curso superior não o vincula
necessariamente à área de atuação.
Depois de designado pela autoridade competente ele presta seus serviços de conhecimento à justiça
ou à polícia sobre fatos, pessoas ou coisas.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito
oficial, portador de diploma de curso superior.
a) Oficial:
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Para a conceituação duas leis merecem destaque: a Lei 11.690/08 (que reformou o CPP) e a Lei
12.030/09 (que dispõe sobre as perícias de natureza criminal). Essa lei traz autonomia técnica, científica e
funcional no exercício da carreira de Perito Oficial.
Art. 1o - Esta Lei estabelece normas gerais para as perícias oficiais de natureza
criminal.
Art. 2o - No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é
assegurado autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso público,
com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo de perito oficial.
Art. 3o - Em razão do exercício das atividades de perícia oficial de natureza criminal,
os peritos de natureza criminal estão sujeitos a regime especial de trabalho,
observada a legislação específica de cada ente a que se encontrem vinculados.
Art. 5o - Observado o disposto na legislação específica de cada ente a que o perito
se encontra vinculado, são peritos de natureza criminal os peritos criminais,
peritos médico-legistas e peritos odontolegistas com formação superior
específica detalhada em regulamento, de acordo com a necessidade de cada órgão
e por área de atuação profissional.
O Perito Oficial compõe os quadros do Estado, seu ingresso se dá mediante concurso público, são
investidos, portanto, por lei e podem ser perito criminal com formação de curso superior em qualquer
espécie; perito médico legista com formação em medicina; perito odonto-legista com formação em
odontologia.
Obs.1: em alguns Estados o Perito Criminal é Policial Civil, como, por exemplo, em Minas Gerais e Rio
de Janeiro. Em outros, a Superintendência da Perícia está vinculada diretamente a Secretária de Estado de
Segurança, como, por exemplo, a Perícia Cientifica do Paraná.
Obs.2: as Superintendências de Perícia Técnica Científica, estejam ou não vinculadas à Polícia Civil,
se subdividem em três institutos: médico legal, de criminalística e de identificação.
Embora não seja tema atinente à medicina legal, para provas de Delegado de Polícia, é importante
ficar atento ao recente julgado proferido pelo STF:
O exame de corpo de delito deve ser realizado por perito oficial (art. 159 do CPP). Do
ponto de vista estritamente formal, o perito papiloscopista não se encontra previsto
no art. 5º da Lei nº 12.030/2009, que lista os peritos oficiais de natureza criminal.
Apesar disso, a perícia realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada
prova ilícita nem deve ser excluída do processo. Os peritos papiloscopistas são
integrantes de órgão público oficial do Estado com diversas atribuições legais, sendo
considerados órgão auxiliar da Justiça. Não deve ser mantida decisão que determinava
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que, quando o réu fosse levado ao Plenário do Júri, o juiz-presidente deveria esclarecer
aos jurados que os papiloscopistas – que realizaram o laudo pericial – não são peritos
oficiais. Esse esclarecimento retiraria a neutralidade do conselho de sentença. Isso
porque, para o jurado leigo, a afirmação, pelo juiz, no sentido de que o laudo não é
oficial equivale a tachar de ilícita a prova nele contida. Assim, cabe às partes, respeitado
o contraditório e a ampla defesa, durante o julgamento pelo tribunal do júri, defender
a validade do documento ou impugná-lo. STF. 1ª Turma. HC 174400 AgR/DF, rel. orig.
Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 24/9/2019
(Info 953).
Em decisão exarada pelo Plenário do STF no bojo da ADI 2.575/PR, julgada em 24.06.2020, entendeu-
se que a Polícia Científica, embora possua estrutura própria e incumbência de realizar as perícias de
criminalística e médico-legais, não pode ter caráter de órgão de segurança pública. Por esse motivo, os
ministros julgaram inconstitucional dispositivo da Constituição do Paraná que colocava a Polícia Científica
como órgão de segurança pública estadual ao lado das polícias civil e militar.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica,
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do
exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
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Além disso, essa figura foi introduzida com a reforma de 2008. É exigido curso superior e sua atuação tem
por objetivo confrontar o laudo pericial confeccionado pelo Perito Oficial.
A indicação é facultada as partes: Ministério Público, ofendido, querelante, acusado e assistente de
acusação (art. 159, §3° do CPP). Contudo, a admissão só pode ser em fase judicial e, após, a elaboração dos
laudos do perito oficial. Essa admissão é sujeita ao crivo do Magistrado e é irrecorrível (art. 273 do CPP).
Esse assistente técnico se manifesta de duas formas, a saber, através de parecer ou depoimento.
Além disso, o assistente técnico pode ter acesso ao material probatório, desde que requerido pelas partes,
sendo o exame realizado nas dependências do órgão oficial e na presença de um perito oficial.
Não é funcionário público, não exerce múnus público Perito oficial é funcionário público
Perito ad hoc exerce múnus público.
Sem imparcialidade Com imparcialidade.
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES:
Questão – Qual o número de peritos necessário para realizar a perícia técnica e confeccionar um laudo? Se
Perito Oficial basta um a partir da reforma promovida pela Lei 11690/08, pois antes eram exigidos dois Peritos
Oficiais. Se Perito Não Oficial: são exigidos dois (art. 159, §1° do CPP).
* EXCEÇÃO! Na lei de drogas, o laudo provisório pode ser firmado por apenas 1 perito oficial.
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará,
imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e
quatro) horas.
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e
quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa
idônea.
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§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará
impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.
Obs.: O juiz NÃO FICARÁ ADSTRITO AO LAUDO, podendo ACEITÁ-LO ou REJEITÁ-LO, NO TODO ou EM PARTE.
(art. 182, CPP)
DICA DE PROVA – É comum o examinador inserir nas alternativas que os peritos nomeados não podem
divergir no exame, devendo estes concordar com os achados periciais e assim emitir laudo único.
ERRADO. É sim possível a divergência entre peritos nomeados, porque a perícia é um ato médico, portanto,
é ato de autonomia do perito.
Questão – E o perito que não tinha curso superior antes das alterações legislativas? Continuam a atuar nas
suas respectivas áreas, salvo os peritos médicos legistas que estão impedidos de atuar, exigindo o curso
superior de medicina.
Questão – As partes podem e intervir na nomeação do perito? As partes não intervirão na nomeação do
perito (art. 276 do CPP).
Questão – O perito nomeado pode se recusar? O perito nomeado é obrigado a aceitar, salvo motivo
justificado (art. 277 do CPP), estando, inclusive sujeito a multa nas seguintes situações: não atendimento a
intimação ou ao chamado; não comparecimento no dia e hora designados; não entregar o laudo.
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob
pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
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Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada
imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos
estabelecidos.
Questão – Impedimento e suspeição: os impedimentos do art. 279 do CPP são específicos para o perito
nomeado.
1ª hipótese é se tiver sob a interdição temporária de direitos (art. 47, I e II do CP).
2ª hipótese é se já tiver prestado depoimento ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia.
3ª hipótese é no caso de analfabeto e menores de vinte e um ano.
Além disso, é possível ser alegada a suspeição do perito (art. 280 do CPP).
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre
suspeição dos juízes.
O perito presta o depoimento oral. Ao prestar seu depoimento, ele o faz sob pena de falsa perícia,
inclusive se silenciar sobre algo que deveria declarar, conforme o supracitado art. 342, CP.
Ele deve ser intimado a comparecer com 5 (cinco) dias de antecedência da data de realização da
audiência e sua ausência importa em condução coercitiva
Cumpre destacar que, para fins penais no exercício da função, os peritos privados nomeados são
considerados funcionários públicos, conforme o art. 327, CP.
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§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu
o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.
Documento médico-legal é a anotação que tem por objetivo reproduzir e representar uma
manifestação do pensamento, baseada em critérios médico-legais. São instrumentos através dos quais o
médico fornece esclarecimentos à justiça. Constam todas as informações, de conteúdo médico ou não, que
tenham interesse judicial.
São documentos médico-legais os relatórios, os pareceres, os atestados, as notificações compulsórias
e os depoimentos orais.
Conceitos e peculiaridades:
1) Relatório médico-legal;
⋅ Auto - ditado diretamente ao escrivão;
⋅ Laudo - redigido pelos peritos.
2) Parecer
3) Atestado
4) Notificação compulsória
5) Depoimento oral
Caiu na Prova Delegado ES (aplicação 11/09/22) Chama-se de auto o relatório que é ditado diretamente ao
escrivão e diante de testemunhas. (item correto)
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1. PREÂMBULO - Essa parte contém a hora, data, local onde está sendo realizado o exame, autoridade que
o requereu e determinou a perícia.
É um tipo de introdução da qual constam:
✔ A qualificação da autoridade solicitante;
✔ A qualificação do perito;
✔ A qualificação do examinado;
✔ O local onde é feito o exame;
✔ A data e a hora;
✔ O tipo de perícia a ser feita.
2. QUESITOS - De acordo com Hygino Hercules, esta parte é constituída de perguntas que têm por
finalidade a caracterização de fatos relevantes.
Perguntas nas quais cuja finalidade é a caracterização de fatos relevantes que deram origem ao
processo.
3. HISTÓRICO/COMEMORATIVO – Contém o registro dos fatos mais importantes que deram origem á
requisição.
Hygino Hercules assevera que tais informações são obtidas através da anamnese do próprio
examinando.
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Em se tratando de autopsia, é preciso não esquecer que os dados da guia de remoção cadavérica
devem ser transcritos, não endossados. A parte do histórico é de extrema importância para orientar o perito
na realização do exame, pois pode fornecer dados relevantes á respeito da dinâmica do evento.
Caiu prova Delegado-BA 2022 (prova anulada) Num relatório médico-legal, o breve relato dos fatos
ocorridos por informação da vítima ou do indiciado, quando também alvo da perícia ou dos dados transcritos
da guia de remoção do cadáver e das suspeitas que pairam sobre o caso, é denominado____________.
Gab DD: Comemorativo (histórico).
4. DESCRIÇÃO - É a parte mais importante do relatório médico-legal, porque é nele que o perito coloca em
pratica o “visum et repertum”, (ver e reportar). Os peritos deverão expor todas as particularidades que a
lesão apresenta, devendo ser claro e objetivo. Ex.: A evolução das lesões pelo processo inflamatório faz com
que os aspectos se modifiquem. Nas lesões em cadáveres, os processos de decomposição modificam seu
aspecto. Logo, o melhor momento para a boa descrição é o primeiro exame.
7. RESPOSTA AOS QUESITOS – encerrado o relatório, os peritos devem responder aos quesitos de forma
objetiva e concisa.
Em caso de dúvida, os peritos devem responder que não têm dados para esclarecê-la.
Terminado o relatório, o perito deve assiná-lo. A data do exame pode constar do preâmbulo, estar
no início da descrição, ou ser colocada antes das assinaturas finais.
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Vamos esquematizar?
QUESITOS São as perguntas que os técnicos irão responder, de forma afirmativa ou negativa.
HISTÓRICO OU
Relato dos fatos ocorridos, por informações colhidas do interessado ou de terceiros.
COMEMORATIVO
É a parte mais importante do relatório (já caiu em prova), pois descreve o perito
DESCRIÇÃO (VISUM
descreve minuciosamente o que encontrou no exame
ET REPERTUM)
(EXAMES MÉDICOS, CLÍNICOS...).
As lesões encontradas são analisadas cientificamente e comparadas com os dados
DISCUSSÃO
históricos, gerando a formulação de hipóteses
Caiu na Prova Delegado ES (aplicação 11/09/22) A perícia se diferencia da prova testemunhal, porque o
perito não se limita à descrição minuciosa dos fatos, mas também emite um juízo de valor. (item correto)
Consiste em respostas técnicas dadas às consultas médico-legais. Devem ter as mesmas partes do
relatório médico-legais com exceção a descrição. Quando uma consulta médico-legal envolve divergências
importantes quanto à interpretação dos achados de uma perícia, de modo a impedir uma orientação correta
dos julgadores, estes, ou qualquer das partes interessadas, podem solicitar esclarecimentos a uma instituição
ou a um perito. O documento gerado por esse tipo de consulta recebe o nome de PARECER.
Assim, o parecer médico legal consiste no documento utilizado para dirimir divergências na
interpretação de uma perícia, sendo solicitado a uma pessoa de renome. Geralmente, é um documento
particular solicitado pela parte. Possui valor de prova técnica, a ser estimada de maneira relativa pelo juiz.
É usado:
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● Quando há divergências importantes quanto à interpretação dos achados de uma perícia, de modo a
impedir uma orientação correta dos julgadores, ou
● Quando estes querem solicitar esclarecimentos mais aprofundados a uma instituição cujo corpo
técnico tem competência inquestionável, ou a um perito ou professor cuja autoridade na matéria seja
reconhecida.
DICA DE PROVA: é muito comum tentarem confundir as partes do relatório com as partes do parecer!
Tomem cuidado, ok?
***IMPORTANTE: NO PARECER NÃO HÁ DESCRIÇÃO!
Cuidado:
PARECER RELATÓRIO
Produzido em momento posterior ao Produzido no momento do exame de corpo de
exame de corpo de delito (exame indireto). delito (exame direto).
Possui 6 elementos (ou 4 a depender da Possui 7 elementos - há descrição.
doutrina) – não há descrição.
Elementos mais importantes: discussão e Elemento mais importante: descrição.
conclusão.
4.3 Atestado
O Atestado é uma afirmação pura e simples, por escrito, de um fato médico e suas consequências,
ou de um estado de sanidade. O documento não exige o compromisso legal, mas não significa que o médico
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não esteja obrigado a relatar a verdade. A sua falsidade enseja o crime do art. 302 do CP: Falsidade de
Atestado Médico.
Trata-se de documento particular e dotado de fé pública.
a) Oficiosos — são os atestados solicitados por quaisquer pessoas a cujo interesse atendam. Visam
exclusivamente ao interesse privado. São por exemplo, os atestados de saúde para admissão, etc.
c) Judiciários – são os atestados requisitados por juiz. O exemplo comum são aqueles com que os
jurados justificam suas faltas ao tribunal do júri. Só os atestados que interessam à justiça constituem
documentos médico-legais.
Vamos esquematizar?
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🕮 Prova!
Na prova de investigador de polícia da Bahia, em 2013, foi considerada INCORRETA a seguinte afirmação:
Quando solicitado por autoridade competente, o relatório do médico legista acerca de exame feito em
vestígio relacionado a ato delituoso recebe a denominação de atestado médico.
* Relatórios e atestados possuem o mesmo valor probante, diferenciando-se por tratarem de assuntos
diferentes.
🕮 Prova!
Para agente de polícia de Alagoas, em 2012, considerou-se CORRETO: O atestado médico é a afirmação do
profissional acerca do fato examinado, já o laudo é o relatório emitido pelo perito, que pode ser o perito
médico legista. Nesse caso, trata-se do laudo pericial médico-legal.
O médico que fornece o atestado de óbito, devendo observar as normas legais para tanto.
Primeiramente, é preciso fazer uma diferenciação quanto aos tipos de morte:
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Comentários:
A) ERRADO. O relatório é o documento que relata a perícia. Em regra, a perícia médico-legal é elaborada por
um perito oficial, que é médico legista. Contudo, na falta deste, a perícia poderá ser realizada por 2 peritos
não-oficiais, o que significa dizer que o relatório pode ser elaborado por quem não é médico legista. Art. 159,
§ 1º, CPP Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de
diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica
relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
B) ERRADO. Os relatórios se dividem em autos e laudos. Delton Croce aduz que: “Se o relatório é ditado
diretamente ao escrivão, na presença de testemunhas, chamar-se-á auto, e, se redigido posteriormente
pelos peritos, ou seja, após suas investigações e consultas ou não a tratados especializados, recebe o nome
de laudo”.
C) CORRETO. É permitido que 2 pessoas, que tiverem presenciado ou verificado o óbito, atestem o óbito, se
não houver médico na localidade do óbito. Delton Croce esclarece que "será permitido o sepultamento do
cadáver sem o atestado de óbito, por inexistência de médico no lugar, o qual, conforme o art. 77 da Lei n.
6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos), é suprido pelo testemunho de duas pessoas
qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte. E o art. 83 estabelece que, “Quando o assento
for posterior ao enterro, faltando atestado de médico ou de duas pessoas qualificadas, assinarão, com a que
fizer a declaração, duas testemunhas que tiverem assistido ao falecimento ou ao funeral e puderem atestar,
por conhecimento próprio ou por informação que tiverem colhido, a identidade do cadáver”".
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D) ERRADO. Notificação é uma comunicação de um fato por necessidade social ou sanitária. Ex: doenças
infecto-contagiosas
São comunicações compulsórias feitas pelos médicos às autoridades competentes, por razões sociais
ou sanitárias.
Caso o médico (apenas para o médico) deixe de fazer a comunicação, estará enquadrado no crime
de omissão de notificação de doença (art.269, CP):
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* Lembrando que agora todos os crimes contra a dignidade sexual são crimes de ação penal pública
incondicionada, de modo que o médico deverá notificar a autoridade responsável para apurar o caso.
Questão de Prova – Notificações são aqueles documentos obrigatoriamente emitidos pelos médicos em
situações específicas nas práticas médicas, incluindo o uso de drogas ilícitas e embriaguez.
ERRADO. O uso de drogas ilícitas e embriaguez já foram uma condição de notificação compulsória,
atualmente, não mais. Sendo assim qualquer uso de droga ilícita ou embriaguez, não configuram fatos
médicos ou condições de notificação compulsória, não obrigando ou gerando responsabilidade ao
profissional de saúde que não as comunicar.
São os esclarecimentos dados pelo perito, acerca do relatório apresentado, perante o júri ou em
audiência de instrução e julgamento.
O depoimento oral deriva da oitiva do perito em juízo, com valor probatório de prova técnica, e não
testemunhal. Dessa forma, quando o perito é chamado a falar em juízo sobre alguma divergência, ele atua
na condição de perito, e não de testemunha.
É de suma importância deixar claro, desde já, que a atuação do perito se limita à análise dos vestígios
do crime, enquanto a atuação da autoridade policial deve conduzir a sua atuação para alcançar indícios do
crime. O vestígio é material; enquanto o indício é subjetivo.
O perito não afirmará que houve um estupro, ele relatará que há indícios de conjunção carnal. Porém,
como sabemos, o estupro exige o dissenso da vítima. Nesse caso, cabe ao Delegado de Polícia buscar
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elementos que o possibilitem afirmar que houve não só a conjunção carnal, mas também o constrangimento.
Ou seja, a autoridade deverá colher indícios de que a atuação do agente foi criminosa, forçada, contra a
vontade da vítima.
Em caso de fatos obscuros ou conflitantes em um relatório de uma perícia, o magistrado pode adotar
3 medidas:
1. Nomear um parecerista – produção de um parecer.
2. Intimar o perito para responder a quesitos suplementares – produção de um laudo suplementar.
3. Intimar o perito para prestar esclarecimentos em audiência – depoimento oral.
4.6 Prontuários
Parecer CFM 315/2015: o prontuário possui informações protegidas de forma absoluta por reserva de
jurisdição, não sendo cabível a sua disponibilização mediante requisição do delegado, não obstante o
disposto no art. 2, §2º, da Lei 12.830/13, isso porque, o sigilo profissional é uma garantia constitucional e,
portanto, de reserva absoluta de jurisdição.
En. 13, II Encontro Nacional de Delegados de Polícia (2015): o poder requisitório do delegado abarca o
prontuário médico que interesse à investigação policial, não estando albergado por cláusula de reserva de
jurisdição, sendo dever do médico ou gestor de saúde atender à ordem no prazo fixado, sob pena de
responsabilização criminal por crime de desobediência, visto que a Resolução é norma infralegal, enquanto
o poder requisitório tem fundamento em lei federal.
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CRFB/88:
⦁ Art. 1º ao 4º.
⦁ Art. 5º .
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CRFB/88:
⦁ Art. 1º, III.
⦁ Art. 3º, II
⦁ Art. 4º.
⦁ Art. 5º, §2º e §3º.
Todas as normas em vigor no Estado, sejam internas ou internacionais, devem ser interpretadas
conforme os direitos humanos, sem qualquer exceção. Assim, v.g., quer seja a Constituição do Estado (norma
interna) ou um tratado internacional de comércio (norma internacional) em vigor nesse mesmo Estado,
ambas as normas devem ser interpretadas “conforme” as diretrizes dos direitos humanos contemporâneos
previstas em tratados ou em costumes internacionais, a fim de encontrar a melhor solução para o direito da
pessoa em um dado caso concreto. (Mazzuoli, 2018)
Nesse sentido, a INTERPRETAÇÃO CONFORME OS DIREITOS HUMANOS, consiste na escolha, pelo
intérprete, quando a norma impugnada admite várias interpretações possíveis, de uma que a compatibilize
com os direitos humanos. Com base nessa interpretação, os direitos humanos influem em todo o Direito e
nos atos dos agentes públicos e privados, concretizando seu efeito irradiante, que os transformam no centro
dos valores de um ordenamento.
A interpretação, conforme os direitos humanos, é fruto da interdependência e indivisibilidade dos
direitos humanos, já que a compreensão e aplicação de uma norma de direitos humanos são feitas levando-
se em consideração os demais direitos atingidos. Por isso, os direitos humanos são direitos prima facie, isto
é, asseguram em um primeiro momento posições jurídicas que, posteriormente, podem sofrer restrições
pela incidência de direitos titularizados por outros indivíduos. (Ramos, 2017)
As regras tradicionais de interpretação são insuficientes no campo dos direitos humanos, já que as
normas nesta matéria são redigidas de forma aberta, repletas de conceitos indeterminados e
interdependentes e com riscos de colisão. Consequentemente, a interpretação é indispensável para que se
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possa precisar e delimitar os direitos humanos. As razões para a importância da interpretação dos direitos
humanos são as seguintes:
● Superioridade normativa, pois não há outras normas superiores às quais pode o intérprete
buscar auxílio;
● Força expansiva, que acarreta a jusfundamentalização do Direito, fazendo com que todas as
facetas da vida social sejam atingidas pelos direitos humanos.
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O critério da máxima efetividade exige que a interpretação de determinado direito conduza ao maior
proveito do seu titular, com o menor sacrifício imposto aos titulares dos demais direitos em colisão. Implica
a aplicabilidade direta, pela qual os direitos humanos previstos na Constituição e nos tratados podem incidir
diretamente aos casos concretos, bem como conduz à aplicabilidade imediata, que prevê que os direitos
humanos incidem nos casos concretos, sem qualquer lapso temporal.
CAIU EM PROVA:
- O princípio da máxima efetividade no Direito Internacional dos Direitos Humanos consiste em conferir
conceitos e termos inseridos nos tratados de direitos humanos, sentidos próprios, distintos dos sentidos a
eles atribuídos
pelo direito interno, para dotar de maior efetividade os textos internacionais de direitos humanos.
Resposta: Incorreto. O princípio da máxima efetividade exige que a interpretação de determinado direito
conduza ao maior proveito do seu titular, com o menor sacrifício imposto aos titulares dos demais direitos
em colisão.
- Na hipótese de dúvida na interpretação de qual norma deve reger determinado caso, impõe-se que seja
utilizada a norma de origem internacional, haja vista que, após o reconhecimento do indivíduo como sujeito
de direito
internacional, o aspecto protetivo desse ordenamento se sobrepõe ao direito interno.
Resposta: Incorreto. Na hipótese de dúvida na interpretação de qual norma deve reger determinado caso,
impõe-se a interpretação conforme os direitos humanos, a partir dos critérios da máxima efetividade, pro
homine e da primazia da norma mais favorável.
A interpretação pro homine exige que, diante de um conflito entre normas ou entre interpretações
da norma, a interpretação dos direitos humanos seja sempre aquela mais favorável ao indivíduo. Implica
em reconhecer a superioridade das normas de direitos humanos, exigindo, no caso concreto, a aplicação da
norma que dê posição mais favorável ao indivíduo.
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CAIU EM PROVA:
A exegese do Direito Internacional dos Direitos Humanos, consagrada pela jurisprudência internacional, tem
como epicentro o princípio da interpretação pro homine, que impõe a necessidade de que a interpretação
normativa seja
feita sempre em prol da proteção dada aos indivíduos.
Resposta: Correto.
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ser humano (HC 91.361, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-9-2008,
Segunda Turma, DJE de 6-2- 2009).
A doutrina aponta, ainda, a existência do critério da interpretação autônoma, que preconiza que as
expressões, os termos que existem dentro dos tratados internacionais de direitos humanos, devem ser
compreendidos à luz das peculiaridades próprias do direito internacional, sem as idiossincrasias do
ordenamento jurídico interno. Os Estados, ao interpretarem tratados internacionais de direitos humanos,
não podem fazê-lo com base nos seus conceitos internos de norma. Deve analisar, no plano internacional, o
que aquilo significa.
CAIU EM PROVA:
Resposta: Incorreto. O princípio da interpretação autônoma preconiza que na interpretação dos tratados
internacionais devem ser consideradas as peculiaridades próprias do direito internacional, e não os conceitos
jurídicos do ordenamento interno.
A força expansiva dos direitos humanos consiste no fenômeno pelo qual os direitos humanos
contaminam as mais diversas facetas do ordenamento jurídico. Essa verdadeira jusfundamentalização do
direito, inclusive atingindo relações entre particulares (eficácia horizontal de direitos humanos), gera conflito
aparente entre direitos de titulares diversos, exigindo do intérprete sólida argumentação jurídica sobre os
motivos da prevalência de um direito em detrimento de outro, em determinada situação.
Os direitos humanos encontram seus limites tanto na sua redação original quanto na interação com
os demais direitos. Não existem direitos absolutos, porque os direitos humanos convivem com os demais
direitos previstos na Constituição e nos tratados internacionais.
Podemos classificar a colisão de direitos em dois tipos diversos:
(1) Colisão de direitos (ou colisão de direitos em sentido estrito): é constatada quando o exercício
de um determinado direito prejudica o exercício de outro direito do mesmo titular ou de titular
diverso.
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(2) Colisão de direitos em sentido amplo: consiste no exercício de um direito que conflita ou
interfere no cumprimento de um dever de proteção de um direito qualquer por parte do Estado.
As teorias interna e externa buscam solucionar a colisão de direitos.
Os conflitos são superados pela determinação do verdadeiro conteúdo dos direitos envolvidos. Trata-
se de fórmula de superação dos conflitos aparentes entre direitos humanos, mediante o uso da
interpretação sistemática e finalística, que determinaria o verdadeiro conteúdo dos direitos envolvidos e a
adequação desse conteúdo à situação fática analisada.
Para a teoria interna, há limites internos a todo direito, quer estejam traçados expressamente no
texto da norma (direito fundamental traz, em seu texto, a própria ressalva que o exclui da aplicação no caso
concreto), quer sejam imanentes ou inerentes a determinado direito, o que faz com que não seja possível
um direito colidir com outro (trata-se do poder do intérprete de reconhecer qual é a estrutura e finalidades
do uso de determinado direito, delimitando-o). Desse modo, a teoria interna nega os conflitos entre direitos
humanos: “o direito cessa onde o abuso começa”.
Resultado do uso da teoria interna: ou a situação fática é albergada no âmbito de incidência de um
direito humano ou não o é e, consequentemente, não há direito algum a ser invocado.
Crítica à teoria interna: dificuldade do intérprete em delimitar, racionalmente, o conteúdo dos
direitos em análise, tornando-se um critério arbitrário.
No STF, há precedentes nos quais está clara a ideia de combate às pseudocolisões ou falsas colisões
de direitos, como se vê no HC 82.424, Rel. p/ o ac. Min. Presidente Maurício Corrêa, julgamento em 17-9-
2003, Plenário, DJ de 19-3-2004).
Adota a separação entre o conteúdo do direito e os limites que lhes são impostos do exterior,
oriundos de outros direitos. Visa à superação dos conflitos entre direitos, dividindo o processo de
interpretação em dois momentos:
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Originalmente, a proporcionalidade foi utilizada para combater os excessos das restrições a direitos,
isto é, como instrumento de fiscalização da ação excessivamente limitadora dos atos estatais, sendo
considerado o “limite dos limites” ou proibição de excesso (Übermassverbot).
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Contudo, atualmente, a proporcionalidade ganha a faceta de promoção de direitos, pela qual são
fiscalizados os atos estatais excessivamente insuficientes para promover um direito (exemplo: direitos
sociais), gerando a proibição de proteção suficiente (Untermassberbot).
A proporcionalidade também ganha a faceta da ponderação em conflito de direitos, pela qual é
utilizada pelo intérprete para fazer prevalecer um direito, restringindo outro.
Como realçado pelo Min. Gilmar Mendes, em seu voto no Caso Ellwanger: “(...) o
princípio da proporcionalidade alcança as denominadas colisões de bens, valores
ou princípios constitucionais. Nesse contexto, as exigências do princípio da
proporcionalidade representam um método geral para a solução de conflito”
(Voto do Min. Gilmar Mendes, HC 82.424, Rel. p/ o ac. Min. Presidente Maurício
Corrêa, julgamento em 17-9-2003, Plenário, DJ de 19-3-2004).
Segundo (Ramos, 2017) é plenamente admissível a ponderação de 2º grau, uma vez que o Poder
Constituinte não consegue esgotar a regência expressa de todas as hipóteses de colisão entre os direitos
fundamentais. Apesar de, neste caso, a regra de colisão já ter sido previamente estabelecida na Constituição
(e o Constituinte ter ponderado a limitação dos direitos em colisão), submete-se essa regra a uma nova
ponderação.
a. Adequação: das medidas estatais à realização dos fins propostos, em que se examina se a decisão
normativa restritiva de um determinado direito fundamental resulta, em abstrato, na realização
do objetivo perseguido;
b. Necessidade: das medidas, em que se busca detectar se a decisão normativa é indispensável ou
se existe outra decisão passível de ser tomada que resulte na mesma finalidade almejada, mas
que seja menos maléfica ao direito em análise;
c. Proporcionalidade em sentido estrito: ponderação (ou equilíbrio) entre a finalidade perseguida
e os meios adotados para sua consecução, mediante avaliação da relação custo-benefício da
decisão normativa avaliada.
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Segundo as lições de (Ramos, 2017), o princípio da razoabilidade no campo dos direitos humanos
consiste na exigência de verificação da legitimidade dos fins perseguidos por uma lei ou ato administrativo
que regulamente ou restrinja o exercício desses direitos, além da compatibilidade entre o meio empregado
pela norma e os fins visados. A origem desse instituto é norte-americana, sendo extraído da cláusula do
devido processo legal.
Conforme lição de Luís Roberto Barroso, o princípio do devido processo legal, nos Estados Unidos,
extrapolou o caráter estritamente processual (procedural due process), gerando uma segunda faceta, de
cunho substantivo (substantive due process), que se tornou fundamento do princípio da razoabilidade das
leis e atos administrativos. O princípio da razoabilidade estabelece o controle do arbítrio dos Poderes
Legislativo e Executivo e é “por seu intermédio que se procede ao exame de razoabilidade (reasonableness)
e de racionalidade (rationality) das normas jurídicas e dos atos do Poder Público em geral”.
Em resumo, para Barroso, o “princípio da razoabilidade é um parâmetro de valoração dos atos do
Poder Público para aferir se eles estão informados pelo valor superior inerente a todo ordenamento
jurídico: a justiça”. (Barroso, 2001)
Conforme já estudado:
● Direitos Humanos são aqueles direitos indispensáveis à uma vida digna, previstos em normas
internacionais de proteção dos direitos humanos; e
● Direitos Fundamentais materializam a dignidade humana no plano interno. Ou seja, são aqueles
positivados nas Constituições dos Estados.
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Dessa forma, conclui-se que os direitos humanos previstos na Constituição da República de 1988
correspondem aos chamados direitos fundamentais, como aqueles previstos em seu art. 5°.
A Carta Magna de 1988 é um marco na história constitucional brasileira, pois a sua abertura aos
direitos foi baseada também nos tratados internacionais celebrados pelo Brasil. Dessa forma, ela introduziu
o mais extenso rol de direitos de diversas espécies, incluindo direitos civis, políticos, econômicos, sociais e
culturais, além de prever várias garantias constitucionais.
Ademais, o art. 5°, §2°, da CRFB/88 prevê o princípio da não exaustividade dos direitos
fundamentais, ou seja, que o rol desses direitos não é taxativo, ao afirmar que os direitos e garantias
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes: i) do regime e dos princípios por ela adotados
e ii) dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
De acordo com o art. 1º da Constituição de 1988, a República Federativa do Brasil é formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituindo-se em um Estado Democrático
de Direito, que tem como fundamentos: (Ramos, 2017)
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa;
V – o pluralismo político.
Seu parágrafo único reitera a vocação democrática do Estado, ao dispor que “todo o poder emana
do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Os fundamentos da República convergem para a proteção dos direitos humanos:
A soberania (art. 1º, I) possui duas esferas, quais sejam, a externa e a interna. Na esfera externa, a
soberania consiste no poder político independente na esfera internacional. Na sua esfera interna, a soberania
consiste no poder político titularizado pelo povo, redundando na soberania popular.
A cidadania (art. 1º, II) consiste em um conjunto de direitos e obrigações referentes à participação
do indivíduo na formação da vontade do poder estatal e, em geral, está associada à nacionalidade.
A dignidade da pessoa humana (art. 1º, III) consiste na qualidade intrínseca e distintiva de cada ser
humano, que o protege contra todo tratamento degradante e discriminação odiosa, bem como assegura
condições materiais mínimas de sobrevivência. Trata-se de atributo que todo indivíduo possui, inerente à
sua condição humana, não importando nacionalidade, opção política, orientação sexual, credo, entre outros
fatores de distinção. Novamente, esse fundamento da República converge para a proteção de direitos
humanos, que é indispensável para o Estado Democrático de Direito brasileiro.
Por fim, há os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (art. 1º, IV) e o pluralismo político (art.
1º, V), que refletem o desejo do Constituinte de agregar, como fundamento da República, valores
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aparentemente antagônicos (capital e trabalho), bem como valores políticos dos mais diversos quilates,
redundando em uma sociedade diversificada e plural. Para que se tenha essa sociedade pautada na
pluralidade e respeito aos diferentes valores é essencial que exista a proteção de direitos humanos, para que
todos tenham assegurada uma vida digna.
Os objetivos fundamentais (art. 3°) da República Federativa do Brasil também se relacionam com a
proteção de direitos humanos, quais sejam: i) construir uma sociedade livre, justa e solidária (inciso I); ii)
garantir o desenvolvimento nacional (inciso II); iii) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais (inciso III) ; iv) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (inciso IV).
Assim, o Estado brasileiro deve guiar suas condutas para obter uma sociedade livre, justa e solidária,
atacando a pobreza e desigualdades odiosas.
Confira a dica do Professor Rafael de Lazari:
https://youtu.be/s8Px2235r2E
A superioridade das normas constitucionais exige que todas as demais normas do ordenamento
jurídico sejam interpretadas conforme os valores da Constituição e sejam com ela compatíveis, o que consiste
na necessidade de se fazer uma filtragem constitucional.
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1ª) Fase de Assinatura: Inicia-se com as negociações preliminares entre os Estados interessados, e
posteriormente, passa-se ao momento da assinatura, sendo atribuição do Chefe de Estado, em
decorrência implícita do disposto no art. 84, VIII, da CRFB/88. A assinatura, em virtude do princípio da
boa-fé (princípio geral de direito internacional), implica em que os signatários não podem atuar de modo
a comprometer o objeto do tratado, ainda que não vincule à ratificação, tratando-se, porém, de um
aceite precário, pois necessária a aprovação das demais fases.
2ª) Fase Congressual: Consiste no referendo congressual (art. 49, I, CF), de competência exclusiva do
Congresso Nacional, sendo a votação separada, iniciada na Câmara dos Deputados e, posteriormente,
no Senado Federal.
Nesta fase, cabe ao Congresso Nacional aprovar ou rejeitar o projeto, não tendo prazo
preestabelecido, dependendo da conveniência política. Se o Congresso Nacional rejeitar a aprovação do
tratado internacional, finda-se aqui o processo, não havendo prosseguimento às demais fases.
Entretanto, caso o Congresso Nacional aprove o tratado internacional, sob a forma de Decreto
Legislativo, passa-se à próxima fase.
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Tal competência pode ser delegada por meio da Carta de Plenos Poderes, assinada pelo Chefe do Poder Executivo e referendada
pelo Ministro das Relações Exteriores, sendo o seu titular o Representante Plenipotenciário.
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No que tange aos tratados internacionais de direitos humanos, para que tenha status de emenda
constitucional, devem, nessa fase, serem aprovados sob o rito do art. 5º, §3º, da CRFB/88, qual seja, a
aprovação, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros.
Insta salientar que existe uma corrente doutrinária minoritária a qual afirma que, para que um
tratado internacional de direitos humanos tenha status de emenda constitucional, a sua aprovação sob
o rito do art. 5º, §3º, da CRFB/88 deve ocorrer após a aprovação das quatro fases de formação e
incorporação, devendo haver uma nova votação no Congresso Nacional com tal quórum qualificado.
MONISMO DUALISMO
Assinatura do tratado. Assinatura do tratado.
Aprovação legislativa Aprovação legislativa
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Ratificação e depósito - aqui o tratado passa existir Ratificação e depósito - o tratado só obriga o Estado na
juridicamente e pode ser aplicado tanto no plano ordem internacional, pois ainda não pertence ao direito
internacional como no plano interno. A ordem interno. Existência de duas ordens distintas.
jurídica é uma só.
Não existe. Promulgação na ordem interna - o tratado é
transformado em norma de direito interno.
Doutrina minoritária, porém contemporânea, (Flavia Piovesan e Cançado Trindade) entende que os
tratados de direitos humanos adota o sistema da recepção automática, uma vez que estes tratados seriam
auto-executórios, ou seja, que se incorporam ao direito brasileiro tão logo ratificados. Para Piovesan, o Brasil
adota a concepção dualista para a vigência interna dos tratados em geral, porém para os tratados de direitos
humanos, a concepção seria monista, pois prescinde de promulgação, em virtude da eficácia imediata que o
art. 5º, §§1º e 2º, da CRFB/88, lhes outorga.
2.4 Hierarquia dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos Ratificados pelo Brasil
A hierarquia dos tratados no plano interno sempre suscitou diversas discussões. Até 1977, todos os
tratados revestiam-se de caráter supralegal. Após 1977, entendia-se que os tratados incorporados ao
ordenamento jurídico brasileiro tinham a mesma força hierárquica que uma lei federal sendo, portanto,
submetidos aos critérios cronológico e da especialidade, não importando o tema que veiculavam (RE
80.004/SE).
Atualmente temos quatro posições em relação à hierarquia dos Tratados Internacionais de Direitos
Humanos incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro:
1ª. Supranacionalidade: Defendida por Celso Duvivier de Albuquerque Mello, as normas definidas
em tratados internacionais de direitos humanos possuem hierarquia supranacional, de modo
que estão acima da lei maior de um Estado, qual seja, a Constituição Federal.
2ª. Constitucionalidade: Defendida por Antônio Cançado Trindade e Flavia Piovesan, calcados no
art. 5°, §2º, da CRFB/88, tais normas são equivalentes às normas constitucionais, formando,
junto com ela, um bloco de constitucionalidade.
3ª. Supralegalidade: Adotado na Constituição Alemã, a qual reconhece que os tratados
internacionais de direitos humanos têm hierarquia inferior à Constituição, porém acima da
legislação ordinária.
4ª. Legislação Ordinária: Essa corrente afirma que tais tratados são equivalentes às leis ordinárias.
O entendimento majoritário a ser adotado deve ser aquele preconizado pelo Supremo Tribunal
Federal no RE 466343, no qual decidiu sobre a prisão civil do depositário infiel. No referido Recurso
Extraordinário, o STF adotou a corrente da SUPRALEGALIDADE acerca da hierarquia dos tratados
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internacionais de direitos humanos. Assim, os tratados internacionais de direitos humanos estariam acima
da legislação ordinária e abaixo da Constituição Federal, como regra.
Não podemos olvidar que, excepcionalmente, os tratados internacionais de direitos humanos terão
status de Emenda Constitucional se forem aprovados conforme o rito do art. 5º, §3º, da CRFB/88, com a
alteração da EC 45/2004:
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por 3/5 dos votos
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Nesse contexto, com base na tese do Min. Gilmar Mendes, o STF passou a entender que, mesmo
antes da EC 45/04, os tratados internacionais de direitos humanos incorporados ao ordenamento pátrio
teriam o status de norma supralegal. Assim, há hoje o DUPLO ESTATUTO DOS TRATADOS DE DIREITOS
HUMANOS:
● Terão status supralegal os anteriores à EC 45/2004 e os posteriores a esta, se aprovados por
maioria simples e único turno pelo Congresso.
● Serão equivalentes à Emenda Constitucional os posteriores à EC 45/2004 e aprovados na forma
do art. 5°, §3º, da CRFB/88.
CAIU EM PROVA:
→ (VUNESP/2019) A “Teoria do Duplo Estatuto” dos tratados de Direitos Humanos, adotada pelo Supremo
Tribunal Federal e por parte da doutrina, consiste em conferir natureza constitucional aos tratados e
convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, e natureza supralegal a todos
os demais, anteriores ou posteriores à emenda constitucional que estabeleceu o rito do art. 5° , § 3° , e que
tenham sido aprovados pelo rito comum.
Resposta: Certo.
OBS.: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45, incluiu-se o parágrafo 5º no artigo 109 da CRFB/88
que trata do “incidente de deslocamento de competência”. Esse tema será estudado no tópico referente à
Federalização de crimes graves contra os direitos humanos.
A eficácia pode ser entendida como a qualidade ou a capacidade de a norma fundamental produzir
efeitos. A efetivação é a concretização da norma no meio social.
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A eficácia dos direitos humanos, assim como dos direitos fundamentais, pode ser classificada,
majoritariamente, em duas espécies: vertical e horizontal.
A eficácia vertical indica que as normas fundamentais são destinadas ao Estado. Geram uma relação
jurídico-constitucional entre a pessoa física ou jurídica (sujeito de direito) e os Poderes Legislativo, Executivo
e Judiciário, os quais estão vinculados ao respeito às normas constitucionais, independentemente de
regulamentação por norma infraconstitucional (é uma relação imperativa - dever de obedecer).
A eficácia horizontal refere-se à aplicabilidade direta dos direitos fundamentais nas relações
privadas, ou seja, nas relações entre particulares as normas fundamentais também podem ser utilizadas para
a solução das lides. No caso concreto, deve-se realizar a ponderação de princípios fundamentais para a
concessão do direito, por exemplo, intimidade versus dano moral, entre outros.
A doutrina moderna apresenta, ainda, a existência de uma eficácia diagonal, que consistiria na
invocação de direitos nas relações entre os particulares nas quais uma das partes ostenta vulnerabilidade,
fazendo nascer uma prevalência de determinado direito de um particular sobre o outro, por exemplo, nas
relações envolvendo crianças, pessoas com deficiência, trabalhadores, consumidores etc. A eficácia diagonal
é um subtipo da eficácia horizontal, acrescida do peso maior dado a um dos direitos em conflito.
A aplicação dos direitos fundamentais A aplicação dos direitos Há hipossuficiência de uma das
às relações entre Estado e particulares, fundamentais às relações partes. É uma relação entre
a relação de subordinação que o entre os próprios particulares. particulares onde não há uma
particular tem com o Estado. igualdade fática.
Bibliografia
Almeida, G. A. (2009). Direitos Humanos. São Paulo : Atlas.
Barroso, L. R. (2001). Princípios da razoabilidade e proporcionalidade. São Paulo: LTr.
Castilho, R. (2011). Direitos Humanos (coleção sinopses jurídicas). São Paulo : Saraiva.
Comparato, F. K. (2017). A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva.
Mazzuoli, V. d. (2018). Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Método.
Piovesan, F. (2019). Direitos Humanos e Justiça Internacional. São Paulo : Saraiva.
Ramos, A. d. (2017). Curso de Direitos Humanos. São Paulo : Saraiva.
Silva, V. A. (2002). O proporcional e o razoável. São Paulo: Revista dos Tribunais.
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META 3
CF/88
⦁ Art. 5º, XXXVII
⦁ Art. 5º, XXXVIII
⦁ Art. 5º, LIII
⦁ Art. 102, I
⦁ Art. 105, I, “a”
⦁ Art. 109, inc. IV a XI
⦁ Art. 124 e 125, §§1º, 4º e 5º
⦁ Art. 144, §1º
CPP:
⦁ Art. 1º a 3º
⦁ Art. 3º-A a 3º-F
⦁ Art. 70 a 91
⦁ Art. 95, II e 108
⦁ Art. 113
⦁ Art. 383, §2
⦁ Art. 394, §3º
⦁ Art. 399, §2º
⦁ Art. 567
CP:
⦁ Art. 5º
⦁ Art. 6º, CP
⦁ Art. 149-A, §1º, IV, do CP
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Súmula 107-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado
mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente
lesão à autarquia federal.
Súmula 498-STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos
crimes contra a economia popular.
Súmula vinculante 36-STF: Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos
crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de
Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela
Marinha do Brasil.
Súmula 122-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de
competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a do Código de Processo Penal.
Súmula 147-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário
público federal, quando relacionados com o exercício da função.
Súmula 200-STJ: O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de
passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.
Súmula 165-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no
processo trabalhista.
Súmula vinculante 45-STF: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.
Súmula 721-STF: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa
de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.
Súmula 451-STF: A competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime cometido
após a cessação definitiva do exercício funcional.
Súmula 704-STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a
atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos
denunciados.
Súmula 702-STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de
competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo
tribunal de segundo grau.
Súmula 555-STF: É competente o Tribunal de Justiça para julgar conflito de jurisdição entre juiz de direito
do estado e a justiça militar local.
a) Autotutela;
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b) Autocomposição;
c) Jurisdição.
1.1 Autotutela
CP, art. 345: Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora
legítima, salvo quando a lei o permite.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente
à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante
queixa.
Pergunta-se: Há permissão legal ao exercício da autotutela? R.: SIM. No Direito Penal podemos citar
a previsão da legítima defesa e o estado de necessidade. Já no Direito Processual Penal, temos a prisão em
flagrante.
1.2 Autocomposição
1.3 Jurisdição
A jurisdição é uma das funções do Estado, exercida prioritariamente pelo Poder Judiciário, mediante
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a qual o juiz se substitui aos titulares dos interesses em conflito, para aplicar o direito objetivo ao caso
concreto. Em outras palavras: é a tutela imediata de interesses através da aplicação do direito objetivo ao
caso concreto. Trata-se do poder-dever estatal de resolver conflitos, em substituição à vontade das partes.
Nos dizeres de Fernando Capez (2018, p. 252):
OBS.: Não é exercida exclusivamente pelo Poder Judiciário. Em determinadas situações excepcionais outros
poderes irão exercer, a exemplo do crime de responsabilidade praticado pelo Presidente da República, o qual
compete ao Senado Federal apurar e julgar (art. 52, I, CF).
a) Características:
b) Princípios:
● Investidura: o exercício da jurisdição exige um juiz regularmente investido no cargo, o que ocorre,
em regra, mediante concurso público de provas e títulos (art. 93, I, CF).
● Inevitabilidade: a jurisdição não se submete à vontade das partes, ou seja, as partes não podem
escolher se irão ou não se submeter à jurisdição, pois ela se impõe.
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Pergunta-se: Diante do princípio do Juiz Natural, como fica a mudança de competência promovida por
lei posterior?
R.: Lei posterior que modifica a competência tem aplicação imediata aos processos em andamento na
primeira instância (art.2º CPP). No entanto, caso já haja sentença de mérito, a causa prosseguirá na jurisdição
em que foi prolatada, salvo se suprimido o Tribunal que deveria julgar o recurso. (STF – HC 76.510).
Pergunta-se: Convocação de juízes de 1ª instancia para atuar nos Tribunais viola o princípio do juiz
natural?
R.: De acordo com o entendimento dos Tribunais Superiores, a convocação de juízes de 1º grau para
substituir desembargadores não viola o princípio do juiz natural, desde que a convocação seja feita na forma
da lei, haja critérios objetivos pré-determinados para a escolha do juiz, e o órgão competente para o
julgamento do recurso seja composto em sua maioria por desembargadores efetivos.
2. COMPETÊNCIA
É o poder conferido pela Constituição ou pela lei a cada juiz para conhecer e julgar determinados
litígios. São regras que vão fixar os limites dentro do quais a jurisdição será validamente exercida. É a medida
da jurisdição, visto que todo juiz possui jurisdição, mas nem todo juiz possui competência.
Nesse sentido, Renato Brasileiro:
(...) é a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá
aplicar o direito objeto ao caso concreto. (LIMA, 2017, p. 329).
Percebe-se, portanto, que o juiz deve ser natural e imparcial, observando a definição nas leis e
regras de organização judiciária.
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● Competência ratione materiae: fixada em virtude da natureza da infração penal. Ex.: crimes militares
e crimes eleitorais.
● Competência ratione personae: fixada em virtude do sujeito ativo do crime, em virtude do cargo que
exerce ou função que desempenha.
● Competência territorial ou ratione loci: fixada em virtude do local da consumação do delito.
● Competência funcional: fixada em virtude com a função do órgão jurisdicional.
OBS.: Recentemente, o Pacote Anticrime introduziu no CPP (arts. 3º-A a 3º-F) uma nova espécie de
competência funcional por fase do processo, qual seja, a divisão funcional entre o juiz das garantias, cuja
competência tem início com a deflagração da investigação criminal e se estende até o recebimento da peça
acusatória, e o juiz da instrução e julgamento, cuja competência tem início tão logo recebida a denúncia (ou
queixa) e se estende, pelo menos em tese, até o trânsito em julgado de eventual sentença condenatória ou
absolutória.
(b) Competência funcional por objeto do juízo: É aquela em que cada órgão jurisdicional exerce
a competência sobre determinadas questões a serem decididas no processo. Ex.: no Tribunal
do Júri os jurados no conselho de sentença decidem sobre autoria e materialidade; já o juiz
presidente, em regra, é responsável pelas questões de direito, dosimetria da pena,
nulidades, etc.
(c) Competência funcional por grau de jurisdição: É aquela que divide a competência entre
órgãos jurisdicionais superiores e inferiores. Alguns autores classificam:
⮚ Competência funcional HORIZONTAL: Os órgãos jurisdicionais estão no mesmo
plano hierárquico. Ex.: Tribunal do Júri.
⮚ Competência funcional VERTICAL: Os órgãos jurisdicionais estão em planos
hierárquicos distintos. Ex.: julgamento de apelação e recursos em geral.
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sentença.
Induzem incompetência absoluta: Induzem incompetência relativa:
● Ratione materiae ● Ratione Loci
● Ratione personae (funcionae) ● Por distribuição
● Funcional (é fixada de acordo com a ● Por prevenção (Súmula 706 STF)
função que cada um dos órgãos ● Conexão/continência
jurisdicionais exerce no processo)
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Embora a competência da Justiça Militar da União não seja objeto de nosso estudo, alguns pontos
são relevantes abordarmos alguns aspectos, pois houve uma mudança significativa em 2017 e tem efeitos
práticos.
A competência da Justiça Militar deve ser estudada com cautela, principalmente pela intervenção
das Forças Armadas e pelas alterações feitas pela Lei 13.491/17.
Inicialmente, observe o art. 124 da CF, que trata da JMU, e o art. 125, §4º da CF, que trata da JME:
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos
em lei.
Art. 125, § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos
Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos
disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos
oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente,
os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de
direito, processar e julgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004).
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Cuidado: Esse entendimento se aplica apenas para a Justiça Militar dos Estados. Isso porque, em tese, a
Justiça Militar da União pode julgar tanto militares quanto civis, posto que a Constituição Federal não fez
nenhuma ressalva.
Súmula 90 STJ: Compete a justiça estadual militar processar e julgar o policial militar
pela pratica do crime militar, e a comum pela pratica do crime comum simultâneo
aquele
Vamos esquematizar?
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A lei que define quais são os crimes militares é o Código Penal Militar (Decreto-Lei 1.001/1969).
⦁ No art. 9º do CPM são conceituados os crimes militares em tempo de paz.
⦁ No art. 10 do CPM são definidos os crimes militares em tempo de guerra.
Assim, para verificar se o fato pode ser considerado crime militar, sendo, portanto, de competência
da Justiça Militar, é preciso que ele se amolde em uma das hipóteses previstas nos art. 9º e art. 10 do CPM.
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III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra
as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no
inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem
administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade
ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar,
no exercício de função inerente ao seu cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância,
observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função
de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e
preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente
requisitado para aquêle fim, ou em obediência a determinação legal superior.
§ 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos
por militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. (Redação
dada pela Lei nº 13.491, de 2017)
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos
por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça
Militar da União, se praticados no contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de
2017)
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da
República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído pela Lei nº 13.491, de
2017)
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar,
mesmo que não beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da
ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no
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IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste
Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em
território estrangeiro, militarmente ocupado
Obs.: crimes dolosos contra vida contra civil, cometidos por militares do ESTADO serão de competência
do Tribunal do Júri (art. 9, §1º).
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O art. 9º, inciso II prevê que serão considerados crimes militares os crimes previstos no Código Penal
Militar e os previstos na legislação penal, quando praticados em determinadas situações.
Primeiramente, cabe estabelecer quais são os crimes previstos no Código Penal Militar e previstos
na legislação penal.
Em segundo lugar, note que, em diversas hipóteses, o CPM utiliza a expressão “em situação de
atividade ou assemelhado”. Essa expressão traduz um elemento subjetivo, qual seja, a condição de militar.
Ou seja: o inciso II do art. 9º do CPM fornece definição de crime militar que traz consigo um elemento
subjetivo, qual seja a condição de militar.
No entanto, o que significa “militar em situação de atividade”? O Código Penal Militar traz um norte
para a definição. Em interpretação autêntica, ele diz:
Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer
pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas,
para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar.
Art. 142. (...) § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares,
aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes
disposições:
Militar da ativa é o mesmo que militar em serviço? Em outras palavras: Para os fins do art. 9º, II,
do CPM, quando se fala em “militar em situação de atividade” exige-se que ele esteja em exercício efetivo?
Exige-se que o militar esteja trabalhando no momento dos fatos?
O tema é polêmico.
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1ª C: NÃO.
∘ Militar em serviço: Exige-se que, no momento da conduta, o agente esteja no exercício efetivo
de atividade militar. Ex.: art. 202 do CPM - Embriaguez em serviço.
∘ Militar em situação de atividade (militar da ativa): São os militares que estão em atividade, ou
seja, aqueles que não estão na reserva. Não importa para esse conceito saber se o militar estava
ou não de folga.
Não há incompetência da Justiça Militar, uma vez que tanto o recorrente quanto
as vítimas eram policiais militares da ativa, embora o acusado estivesse de folga
durante a prática delitiva. STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC 91.473/RJ, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 15/03/2018.
2ª C: SIM.
∘ Para que seja considerado crime militar e, portanto, de competência da Justiça Militar, exige-se
que, além da qualidade de militar da ativa, a prática da conduta tenha ocorrido durante o
exercício efetivo do serviço militar. Assim, compete à Justiça Militar julgar crime cujo autor e
vítima sejam militares, desde que ambos estejam em serviço e em local sujeito à administração
militar.
O mero fato de a vítima e de o agressor serem militares não faz com que a
competência seja obrigatoriamente da Justiça Militar. O cometimento de delito por
militar contra vítima militar somente será de competência da Justiça Castrense nos
casos em que houver vínculo direto com o desempenho da atividade militar. STF.
1ª Turma. HC 135019/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 20/09/2016 (Info 840).
O crime imputado foi praticado por militar contra militares, porém fora de situação
de atividade e de local sujeito à administração militar, o que atrai a competência
da Justiça comum. STF. 2ª Turma. HC 131076, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
01/12/2015
3ª C: INTERMEDIÁRIA
∘ Para a definição da competência da justiça militar, faz-se necessária a observância do critério
subjetivo (delito praticado por militar em atividade, em serviço ou não), aliado ao critério
objetivo (vulneração de bem jurídico caro ao serviço e ao meio militar, a ser analisada no caso
concreto). STJ. 5ª Turma. HC 550.998-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/06/2020 (Info
675)
Ex.: João, policial militar, estava em sua casa, de folga. Ele e a esposa começaram a discutir por
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ciúmes e João, embriagado, ameaçou matar a esposa. Com medo, a mulher se trancou no
banheiro e ligou para a polícia. Rapidamente foi deslocada uma viatura com dois policiais
militares para atender a ocorrência. Quando os policiais chegaram ao local, o agressor fugiu,
mas antes atirou contra eles e contra a viatura. Um dos policiais foi, inclusive, atingido pelos
disparos. João foi acusado de tentativa de homicídio. Quem será competente para julgar essa
tentativa de homicídio? R.: Justiça Militar.
∘ A fuga e a resistência do policial militar, contextualizada com disparos de arma de fogo contra
colegas e contra viatura da corporação, são suficientes para configurar a vulneração da
regularidade da Polícia Militar, cujo primado se pauta pela hierarquia e disciplina.
ATENÇÃO AO JULGADO:
Compete à Justiça comum (Tribunal do Júri) o julgamento de homicídio praticado por militar contra outro
quando ambos estejam fora do serviço ou da função no momento do crime Compete à Justiça comum
(Tribunal do Júri) o julgamento de homicídio praticado por militar contra outro quando ambos estejam fora
do serviço ou da função no momento do crime. Caso concreto: Francisco era soldado da Polícia Militar do
Estado do Maranhão. Samuel era cabo da Polícia Militar do Estado do Piauí. Determinado dia, Francisco, que
se encontrava de férias, passeava em Teresina (PI). Samuel percebeu que Francisco estava armado e, mesmo
estando de folga, abordou o soldado indagando sobre a arma. Iniciou-se uma discussão e Francisco atirou
três vezes contra Samuel, que faleceu em razão dos disparos. A vítima e o réu - ambos policiais militares à
época dos fatos - estavam fora de serviço quando iniciaram a discussão. Logo, não se pode falar que houve
crime militar, devendo, portanto, o réu ser julgado pela Justiça Comum estadual (Tribunal do Júri). STJ. 3ª
Seção. CC 170201-PI, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/03/2020 (Info 667).
ATENÇÃO:
Com as mudanças produzidas pela Lei 13.491/2017 algumas súmulas foram superadas ou perderam a razão
de ser:
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Súmula 172 STJ – Compete à justiça comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade,
ainda que praticado em serviço. [Agora o abuso de autoridade será julgado pela JM].
Súmula 6 STJ – Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de
trânsito envolvendo viatura de Polícia Militar, salvo se autor e vítima forem policiais militares em situação de
atividade. [Se o militar da PM estiver em serviço, resultando do acidente lesão ou morte culposa de um civil,
trata-se de crime militar].
Súmula 75 do STJ - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por crime de
promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal. [Poderá ser julgado pela JME].
Súmula 90 do STJ – Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do
crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele. [Fala-se que a súmula está
superada pois, após a Lei 13.491/2017, todos os crimes praticados por militar no exercício da função, estejam
eles no Código Penal Militar ou no Código Penal, serão considerados crimes militares a serem julgados pela
Justiça Militar].
Súmula 47 do STJ – Compete à Justiça Militar processar e julgar crime cometido por militar contra civil, com
emprego de arma pertencente à corporação, mesmo não estando em serviço. [Com a Lei 9.299/96 revogando
a alínea “f” do art. 9, esta súmula restou superada].
Importante consignar que as contravenções penais, ainda que praticadas por militar em serviço, não
serão julgadas pela JM.
A Justiça Federal é considerada uma justiça comum, mas seu status é constitucional, já que as
hipóteses estão previstas no art. 109 da CF.
Ressalta-se que se trata de ROL TAXATIVO.
Aqui, analisaremos:
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OBS.1: Cuidado para não confundir competência da Justiça Federal com atribuições investigatórias
da Polícia Federal. As atribuições da Polícia Federal são mais amplas, conforme o §1º do art. 144 da CF. Ex.:
tráfico interestadual e roubo de cargas podem ser investigados pela PF e julgados pela JE.
CF Art. 144, §1º. A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: I - apurar
infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens,
serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas
públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual
ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
CAIU EM PROVA:
(Delegado do Estado do Espírito Santo 2022): Havendo repercussão interestadual que exija repressão
uniforme, o delegado da Polícia Federal poderá apurar crimes cuja apuração seja de competência da justiça
estadual, não havendo mácula apta a invalidar a produção de prova- item considerado correto.
OBS.2: A Justiça do Distrito Federal é a competente para julgar o crime de falso testemunho
praticado em processos sob sua jurisdição
O TJDFT faz parte do Poder Judiciário da União. Mesmo assim, se for praticado falso
testemunho em processo que ali tramita, a competência será da Justiça do Distrito
Federal (e não da Justiça Federal comum). Isso porque a Justiça do Distrito Federal
possui competência para julgar crimes, não havendo interesse direto e específico
da União a atrair o art. 109, IV, da CF/88. STJ. 3ª Seção. CC 166732-DF, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 14/10/2020 (Info 681).
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⇨ O art. 30 da Lei nº 7.170/83 afirma que os crimes contra a Segurança Nacional são de competência
da Justiça Militar. Este dispositivo não foi recepcionado pelo art. 109, IV, da CF/88, ou seja, a regra
ali exposta não é mais válida. Assim, com a CF/88, os crimes previstos na Lei de Segurança Nacional
passaram a ser de competência da Justiça Federal Comum (Juiz Federal de 1ª instância).
⇨ A Lei nº 7.170/83 foi revogada pela Lei 14.197/21.
Além disso, o Tribunal entendeu que se tratava de crime impossível, considerando que essa alteração
da posição da chave não tinha condão de provocar qualquer embaraço ao funcionamento da Usina. STF. 1ª
Turma. RC 1473/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2017 (Info 885).
Para que se configure crime político, além de a conduta estar enquadrada em um dos tipos previstos
no Título XII do Código Penal (após a Lei 14.197/21), exige-se também que fique comprovada a motivação
política do agente. Assim, para que seja crime político, exige-se um especial fim de agir do réu (“dolo
específico”), que é a motivação política do agente.
Cabe destacar, ainda, o disposto no art. 359-T, que configura uma causa de atipicidade da conduta,
quando o ato for praticado em manifestação crítica, atividade jornalística ou qualquer manifestação política
com propósitos sociais.
Art. 359-T. Não constitui crime previsto neste Título a manifestação crítica aos
poderes constitucionais nem a atividade jornalística ou a reivindicação de direitos
e garantias constitucionais por meio de passeatas, de reuniões, de greves, de
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4.2 Infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesses da união ou de suas
entidades autárquicas ou empresa pública
Salienta-se que a lesão deve ser direta e imediata. Assim, tratando-se de uma lesão indireta/reflexa,
a competência será da Justiça Comum Estadual. Nesse sentido a Súmula 107 do STJ.
Súmula 107 STJ - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de
estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das
contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal.
Algumas hipóteses:
1) Por vislumbrar malferimento a bens, serviços e interesses da União e da ANEEL, compete à Justiça
Federal julgar crime relacionado ao apagão ocorrido no Estado do Amapá (STJ. CC 177.048, 3ª
Seção, julgado em 12.03.2021).
2) Fraude eletrônica em detrimento de correntista da Caixa Econômica Federal, cuja agência está
localizada em São Paulo e os saques fraudulentos são realizados em Curitiba: Competência da
Justiça Federal
Vamos analisar o caso em detalhes!
Inicialmente, cabe destacar que o emprego de fraude eletrônica para obtenção de valores de conta
de terceiro pode caracterizar um furto qualificado pelo emprego de fraude (art. 155, §4º, II do CP) ou um
estelionato (art. 171 do CP). No estelionato, a vítima é enganada e ela mesma entrega a vantagem para o
agente. No furto mediante fraude, geralmente através de um vírus, o agente consegue captar a senha da
vítima e passa a movimentar a conta.
No caso acima, trata-se um furto qualificado mediante fraude. Para a jurisprudência, como a fraude
foi usada para burlar o sistema de vigilância do banco, quem suportará o prejuízo financeiro é a instituição
bancária.
Logo, o sujeito passivo do crime é a instituição bancária, pois ela que teve o sistema de segurança
violado e, por isso, a competência é da Justiça Federal.
Pergunta-se: Nesse caso, qual foro competente? R.: O delito de furto consuma-se no local em que a
coisa é retirada da esfera de disponibilidade da vítima, ou seja, a competência territorial será determinada
em virtude do local onde mantida a conta corrente. (Art. 70 CPP). Portanto, no exemplo, será julgado em São
Paulo.
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OBS.: O mero FINANCIAMENTO da Caixa Econômica Federal NÃO atrai a competência para a Justiça Federal.
Diferente seria se a CEF atuasse como EXECUTORA ou FISCALIZADORA das obras, hipótese em que atrairia a
competência para a Justiça Federal.
Não compete à JF julgar crime ambiental ocorrido em programa Minha Casa Minha
Vida pelo simples fato de a CEF ter atuado como agente financiador da obra
Compete à Justiça estadual o julgamento de crime ambiental decorrente de
construção de moradias de programa habitacional popular, nas hipóteses em que
a Caixa Econômica Federal atue, tão somente, na qualidade de agente financiador
da obra. O fato de a CEF atuar como financiadora da obra não tem o condão de
atrair, por si só, a competência da Justiça Federal. Isto porque para sua
responsabilização não basta que a entidade figure como financeira. É necessário
que ela tenha atuado na elaboração do projeto ou na fiscalização da segurança e
da higidez da obra. STJ. 3ª Seção.CC 139197-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado
em 25/10/2017 (Info 615).
3) Roubo contra Casa Lotérica: Competência da Justiça Estadual, pois se trata de uma pessoa jurídica
de direito privado. Trata-se de uma permissionária de serviço público.
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5) Crime cometido em detrimento da FUNASA: Competência da Justiça Federal, uma vez que a
FUNASA é uma Fundação Pública Federal que, de acordo com o STF, é uma espécie de autarquia
federal.
6) Crime cometido em detrimento da OAB: Competência da Justiça Federal, uma vez que o STF
entende que a OAB possui natureza jurídica sui generis.
7) Crime contra o Banco do Brasil: Competência da Justiça Estadual, tendo em vista que o Banco do
Brasil é uma sociedade de economia mista.
Nesse sentindo, a Súmula 42 do STJ:
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCMG 2021) Num crime de estelionato praticado em Belo Horizonte contra uma agência
bancária do Banco do Brasil S.A, no qual o agente obteve vantagem financeira, é CORRETO afirmar que a
competência para a ação penal é da Justiça Estadual (item considerado correto).
8) Crimes contra bens tombados: Deve-se analisar o responsável pelo tombamento do bem.
Quando o bem tiver sido tombado pela União a competência será da Justiça Federal. Por outro lado,
a competência será da Justiça Estadual quando o bem tiver sido tombado pelo Município, pelo Estado ou
pelo DF.
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Se as verbas federais ainda estiverem sujeitas à prestação de contas, a competência será da Justiça
Federal.
Súmula 208 do STJ - Compete à Justiça Federal processar e julgar Prefeito Municipal
por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal (TRF).
Por outro lado, quando não há mais prestação de contas, estando a verba incorporada, a
competência será da Justiça Estadual.
Súmula 209/STJ - Compete à Justiça Estadual processar e julgar Prefeito por desvio
de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
11) Falsificação de moeda estrangeira: Competência da Justiça Federal, tendo em vista que atinge o
Banco Central do Brasil (autarquia federal) a quem incumbe fiscalizar a circulação de moeda
estrangeira no Brasil.
Cuidado com a jurisprudência do STJ:
Atente-se que é indispensável o nexo funcional entre o crime e as funções exercidas pelo funcionário
público. Inclusive, o STJ tem jurisprudência nesse sentido:
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13) Crime contra o meio ambiente: Em regra, são crimes de competência da Justiça Estadual.
OBS.: Por muitos anos, vigorou a Súmula 90 do STJ, cujo teor era: “Compete a Justiça Federal
processar e julgar os crimes praticados contra a fauna”. Contudo, a Súmula foi cancelada, pois com a CF/88
e Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais), firmou-se o entendimento de que a preservação do meio ambiente
é de interesse de toda a coletividade e não apenas da União.
Em 2021, o STJ firmou a competência da JF no caso, ao argumento foi o de que haveria ofensa a bem
e interesse direto e específico de órgão regulador federal e da União pelas seguintes razões: 1) as Declarações
de Estabilidade da Barragem, apresentadas ao antigo DNPM (autarquia federal), seriam ideologicamente
falsas; 2) os acusados teriam omitido informações essenciais à fiscalização da segurança da barragem, ao não
fazê-las constar do SIGBM, sistema de dados acessado pela Agência Nacional de Mineração - ANM; e 3) com
o rompimento da barragem, houve supostamente danos a sítios arqueológicos, que são classificados como
bens da União (art. 20, X, da CF/88). STJ. 6ª Turma. RHC 151405-MG, Rel. Min. Olindo Menezes
(Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em 19/10/2021 (Info 714).
Cuidado: O Ministro Edson Fachin, em decisão monocrática, reformou o acórdão do STJ e decidiu
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que cabe à Justiça ESTADUAL de Minas Gerais processar e julgar a ação penal.
O Ministro Fachin citou jurisprudência do STF no sentido de que, para que ocorra a competência da
Justiça Federal, é necessário que reste demonstrado o interesse direto e específico, não bastando o interesse
genérico de coletividade. Do mesmo modo, o STF entende que a competência da Justiça Federal para julgar
o crime de falsificação de documentos somente se dá quando for comprovada a intenção do agente em
causar lesão a bens, interesse ou patrimônio da União. No caso de Brumadinho, o ministro ressaltou que a
emissão de declarações falsas sobre as condições de estabilidade foi apenas uma conduta para amparar as
decisões corporativas que, deliberadamente, desconsideravam o risco qualificado. Para ele, as condutas
atribuídas aos denunciados (diversos homicídios e crimes ambientais ocasionados pelo rompimento da
barragem) não tinham por objetivo final atingir interesse direto e específico da União, cujo prejuízo foi
apenas indireto. STF. Decisão monocrática. RE 1378054-MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 06/06/2022.
Fonte: Dizer O Direito.
c) Crime praticado no Rio Real, na divisa de Sergipe e Bahia. Rio que faz divisa ou fronteira é bem da
União.
d) Extração ilegal de recursos minerais, ainda que realizada em propriedade particular. Recursos
minerais são bens da União.
e) Cativeiro de animais da fauna exótica. Segundo o STF e STF, atenta contra um serviço de fiscalização
do IBAMA, que configura uma autarquia federal.
Para ser crime da competência da JC Federal (STF, Plenário. RE/RG 835558-SP – 2017):
● Tem que envolver animais silvestres, ameaçados de extinção, espécies exóticas, ou
protegidos por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
● Tem que ter caráter transnacional.
f) Crimes ambientais relacionados com organismos geneticamente modificados. Ex.: Cultivo de soja
transgênica em desacordo com a legislação vigente. STJ CC 41301.
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109, IV, da Constituição Federal. STJ. 3ª Seção. CC 142.016/SP, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 26/08/2015. Por outro lado, não haverá
competência da Justiça Federal se o crime foi praticado dentro de área de proteção
ambiental criada por decreto federal, mas cuja fiscalização e administração foi
delegada para outro ente federativo: No caso, embora o local do dano ambiental
esteja inserido na Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São Bartolomeu,
criada pelo Decreto Federal n. 88.940/1993, não há falar em interesse da União no
crime ambiental sob apuração, já que lei federal subsequente delegou a fiscalização
e administração da APA para o Distrito Federal (art. 1º da Lei n. 9.262/1996). 3.
Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da Vara Criminal
e Tribunal do Júri de São Sebastião/DF, o suscitado. STJ. 3ª Seção. CC 158.747/DF,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/06/2018.
OBS.: Floresta Amazônica, Serra do Mar, Pantanal Mato-grossense, Zona Costeira e Mata Atlântica fazem
parte do Patrimônio Nacional, o que NÃO se confunde com o patrimônio da União. Por isso, os crimes
praticados nos locais citados serão julgados e processados pela Justiça Estadual.
14) Crimes de Contrabando e Descaminho: Competência da Justiça Federal, pois atraem o interesse
direto da União, motivo pelo qual são julgados pela justiça Federal.
Fique atento à jurisprudência:
15) Crimes contra a fé pública: Há algumas regras específicas para determinar a competência nos crimes
contra a fé pública. A seguir veremos cada uma delas.
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DOCUMENTO.
● USO DE DOCUMENTO FALSO: competência será determinada com base na PESSOA PREJUDICADA
PELO USO, pouco importando o órgão emissor do documento.
Imagine, por exemplo, que João, em uma blitz do órgão municipal de trânsito, apresentou sua
Carteira de Habilitação falsificada. O agente de trânsito, percebendo a falsificação, chamou um PM e João foi
preso em flagrante por uso de documento falso (art. 304 do CP). Trata-se de competência da Justiça Estadual.
Isso porque o uso do documento falso foi utilizado para iludir o serviço de segurança viária realizado pelo
Município. Logo, não há nenhum interesse federal no crime praticado, não sendo competência da Justiça
Federal por não se enquadrar em nenhuma das hipóteses do art. 109 da CF/88. Diferentemente seria se João
apresentasse documento falso numa blitz realizada pela Polícia Rodoviária Federal, hipótese em que atrairia
a competência da Justiça Federal.
● FALSIFICAÇÃO OU USO DE DOCUMENTO FALSO COMO CRIME MEIO PARA A PRÁTICA DE UM CRIME
FIM: também se aplica o Princípio da Consunção, tendo em vista que que o crime de falso é apenas
um meio para a prática de outro crime posterior (crime fim). Nesse sentido, a competência será
determinada de acordo com o SUJEITO PASSIVO DO CRIME FIM.
ATENÇÃO:
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1) Contravenções Penais:
Pergunta-se: Quem processa e julga as contravenções praticadas contra a União, Autarquia e
Empresa Pública Federal? R.: Serão julgadas pela Justiça Estadual em todas as hipóteses, mesmo que
conexas com crime de competência da federal, conforme art. 109, IV da CF.
Exceção: Contravenção praticada por agente com foro por prerrogativa de função. A contravenção
então poderá ser julgada na justiça federal → só há julgamento de contravenção penal pela JF em 2ª
instância.
Súmula 192, STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das
penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando
recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual.
4.3 Crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no país, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente
Requisitos cumulativos:
1. Crimes com previsão em Tratados ou Convenções Internacionais;
2. Crime à distância (iter criminis com origem ou destino no Brasil);
3. Internacionalidade do resultado.
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Há dispensa da efetiva transposição de fronteira: basta o intuito de transferência da droga para outro
país. Exige a dupla imputação: a droga tem que ser ilícita nos 2 países envolvidos.
Ex.: flagrante no embarque de aeroporto internacional com bilhete de voo para outro país (crime
internacional).
b) Tráfico internacional de arma de fogo (art. 18 da Lei nº 10.826/2003);
c) Tráfico internacional de pessoas (art. 149-A, §1º, IV, do CP);
d) Envio ilegal de criança ou adolescente para o exterior (art. 239 do ECA).
OBS.: Pornografia infantil praticada por meio da internet (art. 241-A e art. 241-B, do ECA)
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou
outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Segundo entendimento pacífico da jurisprudência, o fato de o delito ter sido cometido pela rede
mundial de computadores NÃO atrai, por si só, a competência da Justiça Federal. Para que o delito
cometido por meio da internet seja julgado pela Justiça Federal, é necessário que se amolde em umas das
hipóteses elencadas no art. 109, IV e V, da CF/88. Logo, é preciso analisar se houve internacionalidade da
conduta, possibilidade de transposição de fronteiras.
Ex.1: Justiça Estadual - troca de e-mails entre dois brasileiros, no Brasil.
Ex.2: Justiça Federal - colocar fotos em site aberto.
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O STJ, interpretando a decisão do STF, afirmou que, quando se fala em “praticados por meio da rede
mundial de computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem de conteúdo pedófilo-
pornográfico deve ter sido feita em um ambiente virtual propício ao livre acesso. Por outro lado, se a troca
de material pedófilo ocorreu entre destinatários certos no Brasil, em ambiente privado, não há relação de
internacionalidade e, portanto, a competência é da Justiça Estadual. Ex.: conversas via Whatsapp ou por
meio de chat na rede social Facebook (comunicação se dá entre destinatários escolhidos pelo emissor da
mensagem). STJ. 3ª Seção. CC 150.564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/4/2017.
Com base no mesmo raciocínio, a 3ª Seção do STJ decidiu (em 13.05.2020), que o crime de racismo
contra o povo judeu, praticado através rede social de grande alcance (Facebook), deve ser julgado pela
Justiça Federal (C.C. 163.420). Isso porque, considerando que as mensagens de cunho discriminatório
veiculadas em rede social são perfeitamente acessíveis no exterior, tem-se configurada a potencial
transnacionalidade do crime, ainda que o conteúdo NÃO tenha sido efetivamente visualizado fora do
território nacional. Além disso, também compete à Justiça Federal conceder medida protetiva em favor de
mulher ameaçada por ex-namorado que mora nos EUA e faz as ameaças por meio do Facebook. STJ. 3ª
Seção.CC 150712-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/10/2018 (Info 636).
Requisitos:
1. Crime com grave violação a DH (com dimensão metaindividual);
2. Negligência do Estado-membro em promover a persecução penal;
3. Risco concreto de imposição de sanção internacional pelo descumprimento dos compromissos
assumidos.
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Crimes com dimensão meta individual, que possui uma multiplicidade de vítimas.
Tem que haver violação aos direitos dos trabalhadores coletivamente considerados.
OBS.: Crime de redução a condição análoga de escravo (art. 149, CP) para o STJ e STF a competência é da
Justiça Federal.
Tese com repercussão geral – Inf. 809, STF (2015): Compete à justiça federal
processar e julgar o crime de redução à condição análoga à de escravo (art. 149
do CP). O tipo previsto no art. 149 do CP caracteriza-se como crime contra a
organização do trabalho e, portanto, atrai a competência da justiça federal (art.
109, VI, da CF/88).
Pergunta-se: O Título IV do Código Penal, que engloba os art. 197 a art. 207, possui a seguinte
rubrica: “Dos crimes contra a organização do trabalho”. Diante disso, os crimes contra a organização do
trabalho previstos neste Título IV do CP serão sempre julgados pela Justiça Federal?
R.: NÃO (STJ). Os crimes previstos nos art. 197 a art. 207 do CP somente serão de competência da
Justiça Federal quando ficar demonstrado, no caso concreto, que o delito provocou lesão a: i) direito dos
trabalhadores coletivamente considerados; ou ii) organização geral do trabalho.
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Para que esse crime seja da competência federal, a lei deve assim dizer. Se a lei
não dispuser, não há o que falar nesses crimes na JF. Leis:
Primeiro ponto que se deve ter atenção é que, os crimes praticados contra o Sistema Financeiro e
Ordem Econômico Financeira somente serão de competência da Justiça Federal se houver previsão legal.
Portanto, a regra é a competência da Justiça Estadual e, excepcionalmente, nos casos expressamente
previstos em lei, será de competência da Justiça Federal.
4) Lei 8.176/91 (Adulteração de Combustíveis): A lei silencia, então é da Justiça Estadual. Pouco
importa o fato de a ANP fazer a fiscalização.
5) Lei 9.613/98 (Lavagem de Capitais): Em regra, é da Justiça Estadual.
Exceções:
a) Quando o crime for praticado em detrimento de bens, serviços ou interesses da União,
suas autarquias ou EP.
b) Quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal.
Lei n. 9.613/98 - art. 2º: “O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:
III – são da competência da Justiça Federal:
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● “Navio”: embarcação de grande porte, de modo que, se o delito for cometido a bordo de um pequeno
barco (lancha, veleiro etc.), a competência será da Justiça Estadual.
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se entender que ele está em situação de potencial deslocamento internacional, sendo este
delito de competência da Justiça Federal.
· Ex2: se o navio estiver no estaleiro, para conserto, sem previsão de nova viagem, não se pode
dizer que está em potencial deslocamento, sendo de competência da Justiça Estadual o
julgamento de eventual delito ali cometido.
● “Aeronave voando ou parada”: a competência será da Justiça Federal mesmo que o crime seja
cometido a bordo de uma aeronave pousada e mesmo que se trate de aeronave de pequeno porte.
Assim, não é necessário que a aeronave esteja em movimento para a competência ser da Justiça
Federal.
Em regra, crime praticado por e contra índio será julgado e processado pela Justiça Estadual.
A competência será da Justiça Federal quando os direitos indígenas forem violados.
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É residual, ou seja, tudo que não se encaixar no que vimos acima, será de competência da Justiça
Estadual.
Vamos ver algumas hipóteses que já foram decididas pelos Tribunais Superiores:
1. Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar, para fins
medicinais, o cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como porte em
outra unidade da federação, quando não demonstrada a internacionalidade da conduta. (Info 673).
2. Compete à Justiça Estadual a execução de medida de segurança imposta a militar licenciado (Info
626).
3. Compete à Justiça Estadual apurar suposto crime de estelionato, em que foi obtida vantagem ilícita
em prejuízo de vítimas particulares mantidas em erro mediante a criação de falso Tribunal
Internacional de Justiça e Conciliação para solução de controvérsias. STJ. 3ª Seção. CC 146726-SP,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/12/2016 (Info 597).
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4. Declarações de particular que ofendem a honra de outro particular deverão ser julgadas na Justiça
Estadual, mesmo que feitas perante órgão federal (Info 593)
5. Compete à Justiça Estadual processar e julgar ação penal na qual se apurem infrações penais
decorrentes da tentativa de abertura de conta corrente mediante a apresentação de documento
falso em agência do Banco do Brasil (BB) localizada nas dependências de agência da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) que funcione como Banco Postal. STJ. 3ª Seção. CC 129804-
PB, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/10/2015 (Info 572).
6. Compete à Justiça Estadual o processamento e julgamento de ação penal que apura supostas fraudes
praticadas por administrador na gestão de operadora de plano de saúde não caracterizada como
seguradora. STJ. 3ª Seção. CC 148110-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Rel. para acórdão
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 23/11/2016 (Info 595).
Trata-se de uma prerrogativa prevista pela Constituição segundo a qual as pessoas ocupantes de
alguns cargos ou funções, somente serão processadas e julgadas criminalmente (não engloba processos
cíveis) por determinados Tribunais (TJ, TRF, STJ, STF).
Salienta-se que, tecnicamente, NÃO deve ser utilizada a expressão “foro privilegiado”,
principalmente, em provas discursivas e orais. Isso porque a competência por prerrogativa de função foi
criada para proteger o exercício funcional, de modo que NÃO constitui um privilégio ao indivíduo.
Além disso, a terminologia ratione personae também NÃO é adequada, pois ele não visa proteger
a pessoa, mas sim a função ocupada. Desta forma, o correto é usar a expressão ratione funcionae.
DICA: Aqui, é importante a leitura da CF, pois, algumas provas, cobram sua literalidade.
Previsão legal:
● Regra: somente a Constituição Federal pode prever casos de foro por prerrogativa de função. Ex.:
art. 102, I, “b” e “c”; art. 105, I, “a”.
● Exceção: o art. 125, caput e § 1º, da CF/88 autorizam que as Constituições Estaduais prevejam
hipóteses de foro por prerrogativa de função nos Tribunais de Justiça, ou seja, situações nas quais
determinadas autoridades serão julgadas originalmente pelo TJ:
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Vale ressaltar, no entanto, que a previsão da Constituição Estadual somente será válida se respeitar
o princípio da simetria com a Constituição Federal. Isso significa que a autoridade estadual a qual for
conferido o foro por prerrogativa na Constituição Estadual deve ser equivalente a uma autoridade federal
que tenha foro por prerrogativa de função na Constituição Federal.
· Ex.1: A Constituição Estadual poderá prever que o Vice-Governador será julgado pelo TJ. Isso porque
a autoridade “equivalente” em âmbito federal (Vice-Presidente da República) possui foro por
prerrogativa de função no STF (art. 102, I, “b”, da CF/88). Logo, foi respeitado o princípio da simetria.
Cuidado: Lado outro, a Constituição Estadual NÃO pode prever foro por prerrogativa de função para
os Vereadores e Vice-Prefeitos.
A CF/88 não previu foro por prerrogativa de função aos Vereadores e aos Vice-
prefeitos. O foro por prerrogativa de função foi previsto apenas para os prefeitos
(art. 29, X, da CF/88). Diante disso, é inconstitucional norma de Constituição
Estadual que crie foro por prerrogativa de função para Vereadores ou Vice-
Prefeitos. A CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as
autoridades federais, estaduais e municipais. Assim, não se pode permitir que os
Estados possam, livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de
função. STF. Plenário. ADI 558/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/04/2021.
· Ex.2: A Constituição Estadual NÃO pode prever foro por prerrogativa de função para os Delegados
de Polícia considerando que não há previsão semelhante para os Delegados Federais na Constituição
Federal (STF ADI 2587).
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Se a Constituição estadual não trouxer nenhuma regra, tais autoridades serão julgadas em 1ª
instância.
Foro privativo no STF e ausência de duplo grau de jurisdição: as autoridades com foro por
prerrogativa de função no STF ficam sujeitas a julgamento por uma única instância, de forma que não gozam
de duplo grau de jurisdição.
Esse modelo vai de encontro com tratados internacionais sobre direitos humanos de que o Brasil é
signatário. Tanto a Convenção Americana de Direitos Humanos, quanto o Pacto Internacional de Direitos
Civis e Políticos asseguram o “direito de recorrer da sentença para juiz ou Tribunal Superior”. Isso não ocorre
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com quem tem foro privilegiado no STF. Após o julgamento pela Corte, não há recurso para outro Tribunal.
DICA: Não significa que ele não possa recorrer (pode opor embargos e alguns recursos), o que não pode é
revisão de toda matéria de fato, sobre o julgamento.
O direito ao foro por prerrogativa de função se inicia com a diplomação do Deputado Federal ou
Senador e somente se encerra com o término do mandato. Assim, pelo entendimento que era
tradicionalmente adotado pelo STF, se determinado indivíduo estivesse respondendo a uma ação penal em
1ª instância, caso ele fosse eleito Deputado Federal, no mesmo dia da sua diplomação, cessaria a
competência do juízo de 1ª instância e o processo criminal deveria ser remetido ao STF para ali ser julgado.
A diplomação é o ato pelo qual a Justiça Eleitoral atesta quem são os candidatos eleitos e os respectivos
suplentes.
No entanto, o STF entendeu que as normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses
de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes
que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele.
Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado
Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando
o cargo de parlamentar federal.
Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não
apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado.
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O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante
o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.
Pergunta-se: Se o parlamentar federal está respondendo a uma ação penal no STF e, antes de ser
julgado, ele deixar de ocupar o cargo (ex.: renunciou ou não se reelegeu), cessa o foro por prerrogativa de
função e o processo deverá ser remetido para julgamento em 1ª instância?
R.: O STF decidiu estabelecer uma regra para situações como essa:
● Se o réu deixou de ocupar o cargo antes de a instrução terminar: cessa a competência do STF e o
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Assim, o STF estabeleceu um marco temporal, fim da instrução, a partir do qual a competência para
processar e julgar ações penais – seja do STF ou de qualquer outro órgão jurisdicional – não será mais afetada
em razão de o agente deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo (ex.: renúncia, não reeleição,
eleição para cargo diverso). Ou seja: trata-se de um marco temporal para a perpetuação da jurisdição.
Assim, se o Deputado Federal ou Senador estiver respondendo um processo criminal no STF e chegar
ao fim o seu mandato, cessa a competência do STF para julgar esta ação penal, salvo se a instrução
processual já estiver concluída, hipótese na qual haverá a perpetuação da competência e o STF deverá
julgar o réu mesmo ele não sendo mais um parlamentar federal.
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Pergunta-se: Como fica no caso de agente político que perdeu o foro em razão do fim do mandato,
mas foi reeleito?
R.: Nessa hipótese, temos que analisar se houve intervalo entre os mandatos. Isso porque, segundo
o STF, o intervalo entre dois mandatos afasta foro por prerrogativa de função em relação à fato praticado
no período anterior, de modo que só é possível que o foro por prerrogativa de função seja mantido se a
reeleição para o 2º mandato seja consecutiva e imediata.
Vejamos decisão relativa ao tema:
OBS.: Se o crime for cometido durante a campanha para a reeleição, e o agente for efetivamente
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STF é competente para julgar crime eleitoral praticado por Deputado Federal
durante a sua campanha à reeleição caso ele tenha sido reeleito. Pedro, Deputado
Federal, recebeu doação ilegal de uma empresa com o objetivo de financiar a sua
campanha para reeleição. Esta doação não foi contabilizada na prestação de
contas, configurando o chamado “caixa 2” (art. 350 do Código Eleitoral). Pedro foi
reeleito para um novo mandato de 2019 até 2022. O STF será competente para
julgar este crime eleitoral? SIM. O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas
aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções
desempenhadas. O STF entende que o recebimento de doação ilegal destinado à
campanha de reeleição ao cargo de Deputado Federal é um crime relacionado com
o mandato parlamentar. Logo, a competência é do STF. Além disso, mostra-se
desimportante a circunstância de este delito ter sido praticado durante o mandato
anterior, bastando que a atual diplomação decorra de sucessiva e ininterrupta
reeleição. STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 13 e 14/3/2019 (Info 933).
Pergunta-se: O entendimento que reduz o alcance do foro por prerrogativa de função vale para
outras hipóteses de foro privilegiado ou apenas para os Deputados Federais e Senadores?
R.: Vale para outros casos de foro por prerrogativa de função. Foi o que decidiu o próprio STF no
julgamento do Inq 4703 QO/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/06/2018 no qual afirmou que o
entendimento vale também para Ministros de Estado.
Além disso, o STJ também decidiu que a restrição do foro deve alcançar Governadores e Conselheiros
dos Tribunais de Contas Estaduais (art. 105, I, “a”, da CF/88). E, a Corte Especial do STJ, seguindo o mesmo
raciocínio do STF, limitou a amplitude do art. 105, I, “a”, da CF/88 e decidiu que:
Pergunta-se: O art. 105, I, “a”, da CF/88 prevê que os Desembargadores dos Tribunais de Justiça
sejam julgados criminalmente pelo STJ. O entendimento acima exposto (que restringiu o foro para crimes
relacionados com o cargo) é aplicado também para os Desembargadores dos Tribunais de Justiça? Se um
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Desembargador praticar crime que não esteja relacionado com o exercício de suas funções (ex.: lesão
corporal contra a esposa), ele será julgado pelo juízo de 1ª instância?
R.: NÃO. Os Desembargadores dos Tribunais de Justiça continuam sendo julgados pelo STJ mesmo
que o crime não esteja relacionado com as suas funções. STJ. APn 878/DF QO, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 30/05/2016.
É uma espécie de “exceção” ao entendimento do STJ que restringe o foro por prerrogativa de função.
Isso porque, o STJ entendeu que haveria um risco à imparcialidade caso o juiz de 1º instância julgasse um
Desembargador (autoridade que, sob o aspecto administrativo, está em uma posição hierarquicamente
superior ao juiz).
Veja as palavras do Min. Relator Benedito Gonçalves:
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STJ. 3ª Seção. CC 177.100-CE, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 08/09/2021
(Info 708).
Antes, diante da interpretação literal do foro, o STF entendia que toda a investigação de autoridade
com foro no STF deveria ser supervisionada pelo Ministro-relator, exigindo desde a autorização prévia para
a instaurar e autorização para promover o indiciamento.
Agora, diante da redução teleológica, só subsistirá a supervisão judicial do Ministro se o crime for
depois da diplomação e com nexo funcional. Tratando-se de infração penal praticada antes da diplomação,
ou durante o mandato, mas despida de nexo funcional, o STF não intervirá, sendo livre a condução das
investigações pela Polícia Civil ou Federal, sem necessidade de autorização para instauração, autorização
para indiciar ou praticar quaisquer outros atos no âmbito das investigações.
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Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada.
Existem duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser
indiciadas: a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do
Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/93 e art. 41, parágrafo único,
da Lei nº 8.625/93).
Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de
autoridades com foro por prerrogativa de função. No entanto, para isso, é
indispensável que a autoridade policial obtenha uma autorização do Tribunal
competente para julgar esta autoridade. Ex.: em um inquérito criminal que tramita
no STJ para apurar crime praticado por Governador de Estado, o Delegado de
Polícia constata que já existem elementos suficientes para realizar o indiciamento
do investigado. Diante disso, a autoridade policial deverá requerer ao Ministro
Relator do inquérito no STJ autorização para realizar o indiciamento do referido
Governador. Chamo atenção para o fato de que não é o Ministro Relator quem irá
fazer o indiciamento. Este ato é privativo da autoridade policial. O Ministro Relator
irá apenas autorizar que o Delegado realize o indiciamento.
STF. Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
18/04/2016 (Info 825).
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Por fim, cabe destacar que normas estaduais não podem impor restrições a investigação, conforme
estabelecido pelo STF:
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Tratando-se de crime doloso contra a vida, a própria Constituição Federal afirma que a competência
será do Tribunal do Júri. Contudo, a CF, igualmente, outorga a competência de determinados tribunais para
o julgamento de algumas pessoas.
Assim, pelo princípio da especialidade, a competência dos tribunais, prevista na Constituição
Federal, irá prevalecer sobre a competência do tribunal do júri. Lado outro, se a competência estiver
prevista na Constituição Estadual, irá prevalecer a competência constitucional do júri.
Ou seja:
● Competência prevista na Constituição Federal: prevalece o foro da CF em detrimento ao Tribunal
do Júri.
● Competência prevista na Constituição Estadual: prevalece o Tribunal do Júri (que tem assento
constitucional), em detrimento ao disposto na Constituição Estadual.
Exemplos:
· Governador que mata dolosamente uma pessoa será julgado pelo STJ;
· Promotor do RJ será julgado pelo TJ/RJ;
· Delegado Geral de Polícia de MG será julgado pelo Tribunal do Júri;
· Deputado estadual será julgado pelo TJ, conforme entendimento do STJ.
Imagine, por exemplo, que João pratica um crime em concurso com um Deputado Federal. Diante
disso, pergunta-se:
1) O julgamento ocorrerá no STF ou haverá a cisão dos processos? R.: Havendo conexão ou continência os
processos poderão ser reunidos e julgados perante o STF, de modo que não há violação ao juiz natural, nem
a ampla defesa e nem ao devido processo legal.
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Súmula 704 do STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do
devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu
ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.
2) A reunião dos processos no STF é obrigatória ou facultativa? R.: Em que pese a separação dos processos
seja a regra geral, compete ao STF decidir pelo desmembramento ou não dos processos, configurando uma
faculdade da Suprema Corte.
3) A reunião dos processos no STF sempre poderá ocorrer independentemente da natureza do delito? R.:
Tratando-se de crime doloso contra vida NÃO será possível a reunião dos processos, uma vez que a conexão
e a continência são regras infraconstitucionais de mudança de competência. Assim, não podem se sobrepor
à competência constitucional do Tribunal do Júri para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
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META 4
7. COMPETÊNCIA TERRITORIAL
Regra de Fixação: Em regra, será determinada pelo local da consumação (Teoria do Resultado). Na tentativa,
será determinada pelo local do último ato de execução.
CPP Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se
consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o
último ato de execução.
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele,
a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil,
o último ato de execução.
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado FORA do território nacional,
será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha
produzido ou devia produzir seu resultado.
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCBA 2022): Adotado o critério territorial, real ou por extensão, com determinadas exceções
e particularidades, como manifestação da soberania nacional, aplica-se o Código de Processo Penal em todo
o território brasileiro, o que envolve o espaço aéreo, as águas interiores, o mar territorial e a plataforma
continental (item considerado correto).
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ATENÇÃO: Nesse tópico é necessário conhecimentos acerca dos crimes em espécie, matéria de
Direito Penal, pois é preciso saber o momento consumativo dos delitos.
a) Crimes Formais (de consumação antecipada): é aquele onde o resultado é mero exaurimento do delito,
que se consuma com a prática da conduta descrita no tipo.
Ex.: A vítima, que está no Curitiba, recebe uma ligação do presídio de São José dos Pinhais e é
constrangida a entregar o dinheiro em Araucária. Qual será o foro competente? Curitiba, São José dos Pinhais
ou Araucária?
O crime de extorsão consuma-se no local em que a vítima é constrangida, pouco importando o local
em que o pagamento foi feito. A competência será do juízo de Curitiba.
b) Crimes Plurilocais de Homicídio (Teoria Do Esboço Do Resultado): é aquele em que a conduta ocorre
em um local e o resultado em outra comarca.
Ex.: Tiros são desferidos em Campinas, mas a vítima morre em hospital de São Paulo. Pela regra do
art. 70, seria São Paulo o local da consumação e, consequentemente, do foro competente. No entanto, para
a jurisprudência, nesse caso, não aplica a regra do art. 70 (teoria do resultado), prevalecendo que o foro
competente será o do local da conduta (teoria da atividade), por dois motivos:
● Questões probatórias: no Tribunal do Júri a prova se concentra na audiência de julgamento, portanto
não conseguiria ouvir as testemunhas de outra comarca no dia do julgamento.
● Questões de política criminal: o julgamento deve ser feito no lugar em que ocorreu a conduta, que é
onde o crime teve repercussão.
A doutrina (Fernando de Almeida Pedroso) chama de Princípio do Esboço do Resultado, uma vez que o
resultado do delito é esboçado no local da conduta.
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Crime à distância ou de
Crime plurilocal
Espaço máximo
Outra exceção à regra geral do art. 70, caput, do CPP quanto ao lugar do crime
ocorre nas hipóteses dos chamados crimes a distância, como tal considerados
aqueles que têm a sua execução iniciada em um determinado país e a sua
consumação em outro. Nesses casos, de acordo com o que dispõem o art. 70, §§
1.º e 2.º, do Código de Processo Penal e o art. 6.º do Código Penal, deve-se aplicar
a teoria da ubiquidade, que realiza a conjugação das teorias anteriores (teoria do
resultado e teoria da atividade), considerando como local do crime tanto o lugar
em que se processou a ação ou omissão (art. 70, § 1.º) como aquele em que ocorreu
ou deveria ter ocorrido o resultado (art. 70, § 2.º). Note-se que a previsão
incorporada ao art. 6.º do Código Penal já foi objeto de discussões na doutrina. Para
alguns, inclusive, o art. 6.º do CP, por ser lei mais nova, teria revogado, tacitamente,
o art. 70 do CPP, o qual traz em seu bojo a teoria do resultado. Contudo, a parcela
majoritária entende o art. 6.º como uma norma de aplicação da lei penal no espaço,
utilizável apenas quando se trata de crime que atinge mais de um país, e não
quando se trata de delito praticado integralmente no território brasileiro, pois
neste último caso continua sendo aplicável o art. 70 do CPP. Pois bem,
relativamente aos crimes a distância, é necessário distinguir
a) Atos executórios iniciados no Brasil e consumados no exterior: Tratando dessa
hipótese, dispõe o art. 70, § 1.º, do CPP que, se iniciada a execução do ato em
território nacional, e a infração se consumar fora dele, a competência será
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de
execução. Esse dispositivo harmoniza-se com o art. 6.º, 1.ª parte, do Código Penal,
estabelecendo que “considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação
ou omissão, no todo ou em parte”. Ilustra essa hipótese com o seguinte exemplo:
Joaquim, farmacêutico residente em Pelotas, no Rio Grande do Sul, pretendendo
matar a própria sogra, em tratamento em Buenos Aires, remete-lhe, de Pelotas,
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Art. 70. (...) § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito,
mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de
pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Vamos analisar três casos envolvendo estelionato para identificarmos as mudanças operadas pela
novidade legislativa.
1) Estelionato praticado por meio de cheque falso (art. 171, caput, do CP)
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Imagine a seguinte situação hipotética: João, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), achou um cheque
em branco. Ele foi, então, até Juiz de Fora (MG) e lá comprou inúmeras roupas de marca em uma loja da
cidade. As mercadorias foram pagas com o cheque que ele encontrou, tendo João falsificado a assinatura.
Trata-se do crime de estelionato, na figura do caput do art. 171 do CP.
A competência territorial para julgamento do delito será o juízo da comarca de Juiz de Fora (MG),
local da obtenção da vantagem indevida. Existe até uma súmula tratando sobre o tema:
Nessa hipótese NÃO se aplica o §4º, visto que ele não trata da hipótese de estelionato praticado por
meio de cheque falso. Logo, esse dispositivo não incide no presente caso. A regra a ser aplicada, portanto, é
a do caput do art. 70:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato
de execução.
O estelionato se consumou no momento em que João comprou as mercadorias da loja, pagando com
o cheque falsificado. Nesse instante houve a obtenção da vantagem ilícita e o dano patrimonial à loja. Logo,
nesta primeira hipótese, nenhuma mudança operada pela Lei nº 14.155/2021. Vale ressaltar que a Súmula
48 do STJ manteve-se válida com a novidade legislativa.
2) Estelionato praticado por meio de cheque sem fundo (art. 171, § 2º, VI)
Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), foi passar o fim de
semana em Juiz de Fora (MG). Aproveitando que estava ali, ele foi até uma loja da cidade e comprou inúmeras
roupas de marca, que totalizaram R$ 4 mil. As mercadorias foram pagas com um cheque de titularidade de
Pedro. Vale ressaltar, no entanto, que Pedro sabia que em sua bancária havia apenas R$ 200,00, ou seja, que
não havia fundos suficientes disponíveis. Ele agiu assim porque supôs que não teriam como responsabilizá-
lo já que não morava ali.
Constata-se que Pedro praticou o crime de estelionato, no entanto, na figura equiparada do art. 171,
§ 2º, VI, do CP:
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:
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Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos
de réis.
O cheque emitido por Pedro estava vinculado a uma agência bancária que se situa no Rio de Janeiro
(RJ). Tendo isso em consideração, verifica-se uma situação e alteração da competência com a Lei nº
14.155/2021:
● Antes da Lei: a competência para julgar seria do juízo do Rio de Janeiro (RJ), local onde se situa a
agência bancária que recusou o pagamento. Na teoria, o “dinheiro” que iria pagar a loja sairia da
agência bancária na qual Pedro tinha conta, ou seja, no Rio de Janeiro. Quando a loja foi tentar sacar
o cheque, lá em Juiz de Fora (MG), na teoria, a agência bancária localizada no RJ recusou o pagamento
porque informou que ali não havia saldo suficiente. Nessas situações, a jurisprudência afirmava que
a competência territorial era do local onde se situava a agência que recusou o pagamento:
● Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, do juízo de Juiz
de Fora (MG). É o que prevê o novo § 4º do art. 70:
Art. 70. § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do (...) Código Penal, quando
praticados (...) mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em
poder do sacado (...) a competência será definida pelo local do domicílio da vítima
(...)
💣 Isso significa que a Súmula 244 do STJ e a Súmula 521 do STF estão superadas!
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R.: Ocorre quando o agente que emitiu o cheque tinha fundos disponíveis, no entanto, depois de
emitir o cheque, ele saca o dinheiro que tinha no banco ou, então, simplesmente emite uma contraordem à
instituição financeira afirmando que não é para ela pagar aquele cheque.
Em nosso exemplo, imagine que, depois de emitir a cártula em favor da loja, Pedro entra em contato
com a instituição financeira e susta o cheque. No que tange à competência, a regra é a mesma do cheque
sem fundos.
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato
de execução.
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Resumindo: Estelionato que ocorre quando a vítima, induzida em erro, se dispõe a fazer depósitos
ou transferências bancárias para a conta de terceiro (estelionatário) tinha a competência firmada no local
onde o estelionatário possuía a conta bancária.
● Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, em nosso
exemplo, do juízo de Goiânia (GO). É o que prevê o novo § 4º do art. 70:
Art. 70. § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do (...) Código Penal, quando
praticados mediante depósito (...) ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima (...)
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois
ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a
este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts.
70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c).
Art. 70. (...)§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito,
mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de
pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Pergunta-se: Esse novo § 4º do art. 70 do CPP aplica-se aos processos penais que estavam em curso
quando entrou em vigor a Lei nº 14.155/2021? O juízo que estava processando o crime deverá remeter o
feito para o juízo do domicílio da vítima?
R.: NÃO. Vigora aqui o princípio da perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da jurisdição), previsto
no art. 43 do CPC/2015 e que pode ser aplicado ao processo penal por força do art. 3º do CPP.
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Segundo esse princípio, uma vez iniciado o processo penal perante determinado juízo, nele deve
prosseguir até seu julgamento. Assim, depois que o processo se iniciou perante um juízo, as modificações
que ocorrerem serão consideradas, em regra, irrelevantes para fins de competência.
Exceções: Existem duas mudanças que irão influenciar na competência, ou seja, duas situações em
que o juízo que começou a ação penal deixará de ser competente para continuar o processo por força de
fatos supervenientes. Veja:
1) Supressão do Órgão Judiciário: a lei (ou a CF) extingue o órgão judiciário (juízo) que era competente
para aquele processo. Ex.: a EC 45/2004 extinguiu os Tribunais de Alçada e todos os recursos ali
existentes foram redistribuídos.
2) Alteração da competência absoluta: pode acontecer de determinadas modificações do estado de
fato ou de direito alterarem as regras de competência absoluta para julgar aquele crime.
Ex1: imaginemos que viesse uma EC retirando da Justiça Federal a competência para julgar delitos
contra servidores públicos federais no exercício de suas funções;
Ex2: o crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil, ainda que cometido em serviço,
deixou de ser considerado crime militar e passou a ser crime comum por força da Lei nº 9.299/96, que alterou
o art. 9º, parágrafo único, do CPM (atual § 1º, por força da Lei nº 13.491/2017).
OBS.: A regra e as exceções estão previstas no art. 43 do CPC/2015 que, como vimos, aplica-se ao
processo penal em virtude do art. 3º do CPP:
OBS.: O novo § 4º do art. 70 do CPP, que trata sobre a competência para julgar o crime de estelionato,
não se aplica aos processos penais que estavam em curso, mas se aplica imediatamente aos inquéritos
policiais que estavam em curso quando entrou em vigor a Lei nº 14.155/2021. STJ. 3ª Seção. CC 180832-RJ,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/08/2021 (Info 706).
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCRJ 2022 - Adaptada): Passando-se por funcionária de certa instituição financeira, Helena
usou um aplicativo de mensagens para fazer contato com a idosa Abigail, informando-lhe falsamente que o
cartão bancário desta fora clonado e pediu que a idosa fornecesse seus dados qualificativos e senha do cartão
para cancelamento. Abigail, confiando na suposta funcionária, repassou os dados. Em seguida, Helena disse
para Abigail cortar seu cartão ao meio e entregar ambas as partes a outra funcionária, que iria até sua casa
para buscá-las. A própria Helena, então, usando camiseta da instituição financeira e um crachá falso, foi até
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a casa de Abigail, em Niterói, e pegou as duas partes do cartão. Como o chip se encontrava preservado,
Helena o utilizou para a confecção de um novo cartão, com o qual transferiu dinheiro da conta de Abigail,
sediada em uma agência de São Gonçalo, para conta diversa, com agência em Rio Bonito. Além disso, Helena
fez compras em uma loja virtual, tendo recebido as mercadorias adquiridas em sua casa, em Maricá.
Considerando essa situação hipotética, o local em que se consumaram os crimes patrimoniais decorrentes
da transferência bancária e da aquisição de mercadorias, respectivamente, foi São Gonçalo e Maricá (item
considerado correto).
g) Crime de tráfico de drogas por meio de remessa do exterior pela via postal:
A competência territorial era do local em que a droga foi apreendida à luz do entendimento
sumulado do STJ. Contudo, a Súmula foi cancelada, sendo fixada a competência do local de destino da droga.
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Foi logo após o julgado da 3ª Seção, que o STJ cancelou o enunciado da Súmula 528, que tratava da
competência do juízo federal para julgar crime cometido por pessoa que importou a droga por via postal.
Assim, de acordo com o novo entendimento, com o conhecimento do endereço designado para a
entrega (por via postal, a competência para processamento e julgamento deve ser fixada no juízo do local
de destino, e não onde foi apreendida a droga enviada.
O domicílio do acusado, também chamado de foro subsidiário ou foro supletivo, será levado em
consideração para fixação de competência territorial quando:
a) Quando não se sabe o local da consumação do crime: foro do domicílio ou residência do réu.
Se o réu tiver mais de um domicílio ou residência: competência estabelecida pela prevenção (art. 72,
§1º, do CPP)
Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro: competência do juiz que primeiro
tomar conhecimento do fato (art. 72, §2º, do CPP).
b) Ação penal exclusivamente privada: O querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do
réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. (art.73 CPP)
OBS.: A doutrina chama essa hipótese de foro de eleição, pois o querelante pode escolher onde quer propor
a ação.
CAIU EM PROVA:
(Delegado do Estado de Goiás 2022): Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o
foro de domicílio ou residência do réu, mesmo que conheça o lugar da infração - item considerado correto.
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Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de
organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121,
§§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal,
consumados ou tentados
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II. Competência da Justiça Eleitoral: A justiça eleitoral possui competência para o julgamento de crimes
eleitorais e aqueles que lhes são conexos ou continentes.
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atos decisórios praticados e sem prejuízo da sua ratificação pelo juízo competente.
(HC 612.636-RS, Quinta Turma, por maioria, julgado em 05/10/2021)
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A EC 45/2004, chamada de Reforma do Poder Judiciário, alterou o art. 114 da CF/88, inserindo novas
competências para a Justiça do Trabalho.
Destaco aqui os incisos I e IV:
2
Explicação retirada do Dizer o Direito.
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Alguns autores passaram a defender a ideia de que, com a EC 45/2004, a Justiça do Trabalho passou
a ter competência para julgar crimes relacionados com a organização do trabalho. No entanto, essa tese não
foi acolhida pelo STF.
Em 2007, o STF, ao julgar medida cautelar em ADI proposta contra a EC 45/2004, decidiu que “o
disposto no art. 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos pela Emenda Constitucional nº
45, não atribui à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar ações penais.” (STF. Plenário. ADI
3684 MC, Rel. Cezar Peluso, julgado em 01/02/2007).
Em 2020, o STF julgou em definitivo esta ADI e confirmou a decisão anterior reafirmando que:
A Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar ações penais.
STF. Plenário. ADI 3684, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 11/05/2020.
CAIU EM PROVA:
(Delegado do Estado de Goiás 2022): Quando houver mais de um juiz igualmente competente na mesma
circunscrição judiciária, a precedência da distribuição fixará a competência. A distribuição realizada
anteriormente à denúncia, para concessão de fiança, não tornará prevento o juízo para a ação penal
correspondente - item considerado correto.
I. Conexão: É a interligação entre duas ou mais infrações, e devem ser julgadas em um só processo.
Modalidades:
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1) Intersubjetiva: exige, além da ocorrência de duas ou mais infrações, que estas tenham sido
praticadas por duas ou mais pessoas.
▪ Por simultaneidade: vínculo entre as infrações pela similitude de tempo e espaço, permitindo
a oferta de denúncia única, imputando cada crime ao respectivo responsável.
▪ Concursal: agentes em concurso, abarcando todos os delitos praticados.
▪ Por reciprocidade: dois ou mais delitos, praticados por duas ou mais pessoas, que investem
uma contra as outras.
3) Probatória ou instrumental: influência direta que a prova de uma infração exerce na demonstração
de outro delito. Ex.: Comprovação de tráfico de drogas para demonstrar lavagem de dinheiro.
OBS.: não há exigência de relação de tempo e espaço entre os 2 crimes, sendo suficiente que a prova
de um crime influencie na de outro.
II. Continência: É a reunião no mesmo processo de duas ou mais pessoas que concorreram para a realização
de delito único, ou quando duas ou mais infrações são praticadas através de uma só conduta.
Modalidades:
● Cumulação subjetiva: há um só delito, praticado por duas ou mais pessoas, a serem julgadas em
conjunto.
● Cumulação objetiva: existe uma só conduta, que provoca dois ou mais resultados lesivos,
configurando concurso formal de delitos, que serão reunidos em um só processo.
A continência por cumulação objetiva ocorre nas hipóteses de concurso formal de crimes (art. 70
CP), aberratio ictus (art. 73, CP) e aberratio criminis (art. 74 CP).
· Concurso formal: com uma conduta o agente pratica mais de um crime;
· Aberratio ictus: ocorre a continência por erro na execução, quando, por exemplo, o
agente mira na pessoa desejada e mata outra, além da desejada.
· Aberratio criminis: quando o agente atinge bem jurídico diverso do pretendido, além do
pretendido.
Cuidado: Os casos de aberractio ictus NÃO afetam a competência para julgamento no aspecto processual,
importando a pessoa efetivamente atingida. Ex.: Se um militar, desejando matar outro militar, erra o alvo e
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acerta um civil, na fixação da pena serão consideradas as características de quem pretendia atingir (vítima
virtual, isto é, o outro militar). No aspecto processual, importa a pessoa efetivamente atingida, isto é, o
civil, indo o militar a Júri
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Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem
sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo
excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por
outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Súmula 208, STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal
por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209, STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio
de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
Súmula 122, STJ: Compete à justiça federal o processo e julgamento unificado dos
crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art.
78, II, “a”, do Código de Processo Penal.
Súmula 704, STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido
processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro
por prerrogativa de função de um dos denunciados.
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A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar crime comum conexo com
crime eleitoral, ainda que haja o reconhecimento da prescrição da pretensão
punitiva do delito eleitoral. STF. 2ª Turma. RHC 177243/MG, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 29/6/2021 (Info 1024).
Senador que pratica corrupção passiva que não está relacionada com seu cargo e
que não ofende bens, serviços ou interesse da União, deverá ser julgado em 1ª
instância pela Justiça comum estadual. O crime de corrupção passiva praticado por
Senador da República, se não estiver relacionado com as suas funções, deve ser
julgado em 1ª instância (e não pelo STF). Não há foro por prerrogativa de função
neste caso. O fato de o agente ocupar cargo público não gera, por si só, a
competência da Justiça Federal de 1ª instância. Esta é definida pela prática delitiva.
Assim, se o crime não foi praticado em detrimento de bens, serviços ou interesse
da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas (inciso IV do art.
109 da CF/88) e não estava presente nenhuma outra hipótese do art. 109, a
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competência para julgar o delito será da Justiça comum estadual. STF. 1ª Turma.
Inq 4624 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/10/2019 (Info 955).
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12) Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba
transferida e incorporada ao patrimônio municipal. (Súmula n. 209/STJ)
14) Compete a Justiça comum estadual processar e julgar crime em que o índio
figure como autor ou vítima, desde que não haja ofensa a direitos e a cultura
indígenas, o que atrai a competência da Justiça Federal.
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17) Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando
recolhidos a estabelecimentos sujeitos a Administração Estadual. (Súmula n.
192/STJ)
18) A mudança de domicílio pelo condenado que cumpre pena restritiva de direitos
ou que seja beneficiário de livramento condicional não tem o condão de modificar
a competência da execução penal, que permanece com o juízo da condenação,
sendo deprecada ao juízo onde fixa nova residência somente a supervisão e o
acompanhamento do cumprimento da medida imposta.
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CRFB/88
⦁ Art. 109, inciso V-A e § 5.º (importantíssimo!!!).
⦁ Art. 5°, inciso LXVIII, da CRFB/88.
⦁ Art. 5°, inciso LXXII, da CRFB/88.
⦁ Art. 5°, inciso LXXI, da CRFB/88.
⦁ Art. 5°, inciso LXIX, da CRFB/88.
⦁ Art. 5°, inciso LXXIII, da CRFB/88.
A federalização dos crimes graves contra os direitos humanos repercute em incluir na competência
da Justiça Federal o processo e o julgamento de condutas violadoras de Direitos Humanos mantidas impunes
no âmbito das agências penais dos estados-membros. É conhecido tecnicamente como Incidente de
Deslocamento de Competência (IDC), introduzido no ordenamento jurídico brasileiro pela EC 45/2004 e
previsto no art. 109, inciso V-A e § 5°, da CRFB/88.
De acordo com André de Carvalho Ramos, a motivação para a criação do IDC foi o Direito
Internacional, que não admite que o Estado justifique o descumprimento de determinada obrigação em
nome do respeito a “competências internas de entes federados”. O Estado Federal é uno para o Direito
Internacional e passível de responsabilização, mesmo quando o fato internacionalmente ilícito seja de
atribuição interna de um Estado-membro da Federação.3
Aponta-se como importante a leitura do art. 109, inciso V-A e § 5°, da CRFB/88 para se extrair os seus
principais elementos:
3
(RAMOS, André de Carvalho, 2018)
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➔ IDC 01
O primeiro Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) requerido pelo Procurador-Geral da
República ao Superior Tribunal de Justiça refere-se à apuração do assassinato da Irmã Dorothy Stang,
missionária de Notredame, que ocorreu no dia 12 de fevereiro de 2005, no município de Anapu, Estado do
Pará, tendo em vista que a mesma defendia reforma agrária justa e soluções para os conflitos de posse e
exploração de terra na região Amazônica.
No citado caso, o Superior Tribunal de Justiça indeferiu o pedido de deslocamento de competência,
uma vez que, apesar de reconhecer a grave violação de direito humano e a necessidade de assegurar o
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais, rejeitou o risco de descumprimento,
pois considerou demonstrado o empenho das autoridades estaduais, com o auxílio da Polícia Federal e do
Exército, em dar resposta eficiente à violação, conforme se verifica:
Constitucional - Penal e processual penal - Homicídio doloso qualificado (vítima
Irmã Dorothy Stang) - Crime praticado com grave violação aos direitos humanos -
Incidente de deslocamento de competência - IDC - Inépcia da peça inaugural -
Norma constitucional de eficácia contida - Preliminares rejeitadas - Violação ao
princípio do juiz natural e à autonomia da unidade da Federação - Aplicação do
princípio da proporcionalidade - Risco de descumprimento de tratado internacional
firmado pelo Brasil sobre a matéria não configurado na hipótese – Indeferimento
do pedido. 1. Todo homicídio doloso, independentemente da condição pessoal da
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Apesar de o IDC 01 ter sido indeferido pelo Superior Tribunal de Justiça, ele foi importante em
diversos aspectos para o referido instituto jurídico. Primeiramente, o STJ conheceu a sua
constitucionalidade, ao reconhecer o pedido e fundamentar no sentido de que todo homicídio doloso
representa grave violação ao maior e mais importante de todos os direitos humanos, que é o direito à vida,
previsto no art. 4.1 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário.
Em segundo lugar, foi nesse caso que o STJ fixou 3 requisitos cumulativos para o deferimento do
IDC:
1) A existência de grave violação a direitos humanos;
2) A necessidade de cumprimento, pelo Brasil, de obrigações decorrentes de tratados internacionais,
sob pena de responsabilização internacional;
3) Evidência de conduta das autoridades estaduais reveladora de falha proposital ou por negligência,
imperícia ou imprudência na condução de seus atos, que vulnerem o direito a ser protegido, ou ainda
revele demora injustificada na investigação ou prestação jurisdicional.
➔ IDC 02
Em 27 de outubro de 2010, houve a primeira decisão favorável à federalização de um caso. Trata-
se do caso "Manoel Mattos" (IDC 2 -DF - 2009/0121262-6), o segundo Incidente de Deslocamento de
Competência suscitado ao STJ (IDC-2).
O defensor de direitos humanos Manoel Mattos foi assassinado em 24.01.2009, no Município de
Pitimbu/PB, após ter incessantemente noticiado a atuação de grupos de extermínio na fronteira de
Pernambuco e Paraíba.
Ficou consignado na decisão que o risco de responsabilização internacional pelo descumprimento
de obrigações derivadas de tratados internacionais aos quais o Brasil anuiu (dentre eles, vale destacar, a
Convenção Americana de Direitos Humanos) é bastante considerável, mormente pelo fato de já ter havido
pronunciamentos da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com expressa recomendação ao Brasil
para adoção de medidas cautelares de proteção a pessoas ameaçadas pelo tão propalado grupo de
extermínio atuante na divisa dos Estados da Paraíba e Pernambuco, as quais, no entanto, ou deixaram de ser
cumpridas ou não foram efetivas.
Observa-se que os dois primeiros casos de IDC decorreram de crimes dolosos contra a vida. Uma vez
que somente o Caso Manoel Mattos foi deferido pelo STJ, a competência do Tribunal do Júri Estadual foi
deslocada para o Tribunal do Júri Federal.
Foram propostos outros incidentes de deslocamento de competência, como o IDC 03, em que se
tratava da atuação de grupos de extermínio e violência em Goiás, que foi julgado parcialmente procedente;
o DC 04, que foi suscitado devido à publicidade que o Tribunal de Contas de Pernambuco deu a dados da
aposentadoria da suposta vítima de violação de direitos humanos, pois lhe teria causado agressões físicas e
morais. Porém, tal IDC foi julgado improcedente, por ausência de condição de procedibilidade; e o IDC 05,
que se trata do caso do Promotor de Justiça Thiago Faria Soares, que foi julgado procedente. Entretanto,
para a Carreira de Delegado de Polícia Civil, é importante o conhecimento mais a fundo apenas do IDC 01
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– Caso Irmã Dorothy e do IDC 02 – Caso Manoel Mattos, pois foram precursores e balizaram diversos
aspectos do instituto.
Frisa-se que o STJ, Terceira Seção, deferiu o incidente de deslocamento de competência para a Justiça
Federal em razão da incapacidade dos agentes públicos na condução de investigações, de identificar os
autores dos homicídios/execuções cometidos nos casos conhecidos como "Maio Sangrento" e "Chacina do
Parque Bristol". Veja:
Os requisitos do incidente de deslocamento de competência são: a) grave violação
de direitos humanos; b) necessidade de assegurar o cumprimento, pelo Brasil, de
obrigações decorrentes de tratados internacionais; c) incapacidade - oriunda de
inércia, omissão, ineficácia, negligência, falta de vontade política, de condições
pessoais e/ou materiais, etc. - de o Estado-Membro, por suas instituições e
autoridades, levar a cabo, em toda a sua extensão, a persecução penal (IDC n. 1/PA,
Terceira Seção do STJ). STJ. IDC 9-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Terceira
Seção, por unanimidade, julgado em 10/08/2022. (Info 744)
Apesar de aceito pelo Superior Tribunal de Justiça, o IDC não escapa às críticas feitas pela doutrina,
tendo em vista que a federalização das graves violações de direitos humanos geraria o amesquinhamento
do pacto federativo em detrimento ao Poder Judiciário Estadual e ainda violaria o princípio do juiz natural e
do devido processo legal.
https://youtu.be/EC63LYh3Z9w
4
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Caso-Marielle-investigacao-sobre-mandantes-
do-crime-fica-na-Justica-do-Rio.aspx
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O Habeas Corpus é um remédio constitucional que se encontra previsto no art. 5°, inciso LXVIII, da
CRFB/88:
LXVIII - Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder.
Insta apresentar, portanto, alguns tratados internacionais que tutelam o direito de ir e vir:
➢ Art. 3° da Declaração Universal dos Direitos Humanos:
Art. 3°
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
➢ Art. 9° do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos determina:
Art. 9°
1. Toda pessoa tem à liberdade e à segurança pessoal. Ninguém poderá ser preso
ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de sua liberdade,
salvo pelos motivos previstos em lei e em conformidade com os procedimentos.
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2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razões da prisão e
notificada, sem demora, das acusações formuladas contra ela.
3. Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de infração penal deverá ser
conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por
lei a exercer funções e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser
posta em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam julgamento não
deverá constituir a regra geral, mas a soltura poderá estar condicionada a garantias
que assegurem o comparecimento da pessoa em questão à audiência e a todos os
atos do processo, se necessário for, para a execução da sentença.
4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por prisão ou
encarceramento, terá o direito de recorrer a um tribunal para que este decida sobre
a legalidade de seu encarceramento e ordene a soltura, caso a prisão tenha sido
ilegal.
5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ilegal terá direito à
reparação.
➢ Art. 7° da Convenção Americana de Direitos Humanos:
Art. 7°. Direito à Liberdade Pessoal
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoal.
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas
condições previamente fixadas pelas Constituições políticas dos Estados-partes ou
pelas leis de acordo com elas promulgadas.
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramento arbitrários.
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da detenção e
notificada, sem demora, da acusação ou das acusações formuladas contra ela.
5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença
de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem
direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem
prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a
garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal
competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão
ou detenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos
Estados-partes cujas leis preveem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser
privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a
fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser
restringido nem abolido. O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por
outra pessoa.
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7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de
autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de
obrigação alimentar.
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ou pela presente Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas
que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais.
O Habeas Data é um remédio constitucional que se encontra preceituado no art. 5°, inciso LXXII, da
CRFB/88:
LXXII - Conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público;
b) para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo.
Portanto, uma das formas para garantir o direito à proteção contra informação abusiva, inexata ou
prejudicial as pessoas é o acesso a bancos de dados tanto públicos como privados com a finalidade de
atualizar, retificar, anular ou manter em reserva, no caso em que seja necessário, a informação do particular
interessado. Esta ação conhecida como Habeas Data foi instituída como uma modalidade do processo de
amparo para proteger a intimidade das pessoas. Mediante este procedimento, se garante a toda pessoa a
aceder a informação sobre si mesma ou seus bens contida na base de dados de registros públicos ou privados
e, se necessário, atualizar, retificar, anular ou manter reserva a informação com a finalidade de proteger
certos direitos fundamentais5, como o direito à privacidade, à honra e à reputação, previstos no art. 5°,
incisos X, da CRFB/88:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
No plano internacional, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos prevê tais direitos em seu
art. 11:
Art. 11. Proteção da Honra e da Dignidade
1. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua
dignidade.
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida
privada, na de sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de
ofensas ilegais à sua honra ou reputação.
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais ofensas.
5
https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm
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6
https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=414010
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O Mandado de Segurança está previsto no art. 5°, inciso LXIX, da CRFB/88, que assim preceitua:
LXIX - Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público.
Portanto, cabe Mandado de Segurança, de acordo com a Lei n° 12.016/09, para proteger direito
líquido e certo, que consiste em todo direito cujos fatos que embasam podem ser provados de plano sem
instrução probatória, com o fim de combater condutas ilegais ou fruto de abuso de poder imputadas à
autoridade pública ou agente privado no exercício de atribuições do Poder Público.
Observação: O Mandado de Segurança é um instituto tipicamente brasileiro, inserido pela primeira vez
pela Constituição de 1934.
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LXXIII - Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência.
Verifica-se, portanto, que a Ação Popular visa tutelar a moralidade administrativa, o meio ambiente
e o patrimônio histórico e cultural. Alguns tratados internacionais garantem tais objetos, como, por exemplo,
a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estabelece a proteção da cultura em seu art. 27:
Art. 27
1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus
benefícios.
2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes
de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
Um importante tratado internacional que tutela o meio ambiente é o Acordo de Paris, que é um
tratado global, adotado em dezembro de 2015 pelos países signatários da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima, durante a 21ª Conferência das Partes (COP21). Esse acordo rege medidas
de redução de emissão de dióxido de carbono a partir de 2020, e tem por objetivos fortalecer a resposta à
ameaça da mudança do clima e reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos gerados por essa
mudança. Por meio deste acordo, os governos se comprometeram em agir para manter o aumento da
temperatura média mundial “bem abaixo” dos 2 °C em relação aos níveis pré-industriais e em envidar
esforços para limitar o aumento a 1,5 °C. Para tanto, os países apresentaram planos de ação nacionais
abrangentes para reduzirem as suas emissões por meio da formulação de sua Contribuição Nacionalmente
Determinada.7
7
https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/sirene/publicacoes/acordo-de-paris-e-
ndc/arquivos/pdf/acordo_paris.pdf
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➔ PNDH-1
Em 1996, durante o governo do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, foi editado o
Decreto n° 1.094/96, que criou o Primeiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-1). Teve como
missão dar visibilidade aos problemas referentes aos direitos humanos no Brasil e, simultaneamente,
estipular e coordenar os esforços para a superação das dificuldades e implementação de direitos. Voltou-se
à garantia de proteção dos direitos civis e políticos (direitos de 1ª dimensão), sendo considerado importante
para a consolidação do regime democrático no Brasil (devido ao contexto histórico pós ditadura militar).
Entretanto, por não traçar planos específicos de ação, dotou-se de pouca efetividade.
➔ PNDH-2
Em 2002, durante o governo do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, foi editado o
Decreto n° 4.229/02, que criou o Segundo Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-2) e revogou o
PNDH-1. Sua implementação, entretanto, foi realizada durante o governo do Presidente da República Luiz
Inácio Lula da Silva (2003-2010).
Observação: Perceba que o PNDH-2 revogou o PNDH-1. Os PNDHs não coexistem. Como se verá a seguir,
o PNDH-3 também revogou o PNDH-2.
O PNDH-2 amplia as diretrizes abordadas pelo PNDH-1, pois além de abarcar direitos civis e políticos,
abordou de forma inédita ações específicas referentes a direitos econômicos, sociais e culturais (direitos de
2ª dimensão). Por existir planos de ação, quais sejam, os Planos de Ação Anuais, é dotado de maior
efetividade em relação ao primeiro.
➔ PNDH-3
Em 2009, durante o governo do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, foi editado o
Decreto n° 7.037/09, que criou o Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) e revogou o
PNDH-2, estando ainda em vigor. Ele é composto de:
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- 6 Eixos Orientadores;
- 25 Diretrizes;
- 82 Objetivos Estratégicos;
- 521 Linhas de Ações.
Portanto, ao adotar eixos orientadores e diretrizes, detalhou as diversas dimensões dos direitos
humanos, abarcando um maior rol de direitos (1ª, 2ª e 3ª dimensões), conforme se vê no art. 2° do Decreto
n° 7.037/09 (é muito importante a leitura atenta da lei seca):
Art. 2o O PNDH-3 será implementado de acordo com os seguintes eixos orientadores e suas respectivas
diretrizes:
I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil:
a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de fortalecimento da
democracia participativa;
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das políticas públicas e de
interação democrática; e
c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em Direitos Humanos e construção de
mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação;
II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos:
a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica,
ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso, participativo
e não discriminatório;
b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento;
c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos, incluindo as gerações
futuras como sujeitos de direitos;
III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades:
a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, assegurando
a cidadania plena;
b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento integral, de
forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação;
c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e
d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade;
IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência:
a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de segurança pública;
b) Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança pública e justiça criminal;
c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e profissionalização da investigação de atos
criminosos;
d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução da
letalidade policial e carcerária;
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e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas;
f) Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medidas
alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; e
g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia
e a defesa de direitos;
V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos:
a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação em Direitos
Humanos para fortalecer uma cultura de direitos;
b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de
educação básica, nas instituições de ensino superior e nas instituições formadoras;
c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como espaço de defesa e promoção dos Direitos
Humanos;
d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no serviço público; e
e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para consolidação
de uma cultura em Direitos Humanos; e
VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade:
a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como Direito Humano da cidadania e dever do
Estado;
b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção pública da verdade; e
c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com promoção do direito à memória e à verdade,
fortalecendo a democracia.
O PNDH-3 traz pontos bem estabelecidos para cumprir a Política Nacional de Direitos Humanos. Cada
ação estratégica incumbe a um ou mais órgãos governamentais do dever de realização da conduta, ou a
diversos poderes estatais, caracterizando-se o aspecto da transversalidade das políticas públicas. Ainda,
decorre de uma interação democrática entre Estado e sociedade civil, como instrumento de fortalecimento
da democracia participativa.
Ademais, é o Programa com maior efetividade de todos, uma vez que traz planos de ação mais
exigentes, quais sejam, os Planos de Ação de Direitos Humanos bianuais (não bienais), sendo, portanto,
apresentados uma vez a cada 2 anos.
Por fim, salienta-se que a redação original do Decreto n° 7.037/09 instituiu como técnica de
monitoramento o Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do PNDH3, de acordo com o art. 4°.
Entretanto, ele foi revogado pelo Decreto n° 10.087/2019.
Bibliografia
Almeida, G. A. (2009). Direitos Humanos. São Paulo : Atlas.
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META 5
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
⦁ Art. 5º, XLIII, CF/88
⦁ Art. 142 e 144, CF/88
CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 121, §2º e 2º-A
⦁ Art. 129, §2º e §3º
⦁ art. 155, § 4º-A (Cuidado para não confundir com o art. 155, §7º)
⦁ Art. 157, §2º, V
⦁ Art. 157, §2º-A, I
⦁ Art. 157, §2º-B e §3º
⦁ Art. 158, §3º (art. 158, §2º não é mais considerado hediondo)
⦁ Art. 159, §§1º, 2º e 3º
⦁ Art. 213, caput, §§1º e 2º
⦁ art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o
⦁ art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º
⦁ art. 267, § 1o (caput não é hediondo)
⦁ art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B
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⦁ Art. 157, CP
⦁ Art. 158, §3º, CP
⦁ Art. 16, §2º Estatuto do Desarmamento
1. INTRODUÇÃO
A definição semântica do termo hediondo está ligada a tudo aquilo que apresenta deformidade, que
causa horror, repulsa ou aversão, sendo, portanto, os crimes dessa natureza aqueles que, por algum critério
específico, são considerados de alto potencial de causar dano à sociedade.
Tal orientação encontra guarida na Constituição, uma vez que o artigo 5º, em seu inciso XLIII orienta
a criação de uma forma de tratamento mais enérgica do estado para com os agentes ativos dos crimes desta
natureza.
Art. 5º, CF. (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça
ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
A nossa Constituição Federal é de 1988 e a Lei de Crimes Hediondos é de 1990, e há uma razão
histórica para isso.
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As décadas de 80 e 90 no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, foram marcadas por uma onda
de criminalidades absurdamente violentas. No final da década de 80, houve uma onda de extorsões mediante
sequestro, instalando uma enorme criminalidade. (Curiosidade: dois fatos marcaram a história da
criminalidade no Rio de Janeiro nesse interregno temporal: o sequestro de Roberto Medina juntamente com
o sequestro do empresário Abílio Diniz.)
Foi dentro desse contexto histórico que a Constituição trouxe os crimes etiquetados de hediondos e
equiparou três crimes aos crimes hediondos: tráfico, tortura e terrorismo. E, apenas dois anos depois, surgiu
a Lei de Crimes Hediondos, que nada mais é do que resultado de manifestações de movimentos penais no
mundo inteiro, mais especificamente nos Estados Unidos.
O primeiro movimento foi capitaneado por Ralf Dahrendorf chamado de “Movimento de Lei e
Ordem” que surgiu como consequência do movimento do Direito Penal Máximo buscando reprimir o
aumento dos índices de criminalidade. O Direito Penal Máximo apresenta fundamento oposto ao do Direito
Penal Mínimo, pois entende ser o Direito Penal a solução para todos os problemas da sociedade, ocasionando
o aumento excessivo da tutela penal. Assim, é possível dizer que tal movimento baseia-se na ideia de
repressão e castigo, e de que somente leis endurecidas, que imponham longas penas privativas de liberdade
ou até mesmo a pena de morte, possuem aptidão para controlar e inibir a prática de crimes.
Soma-se a isso estudo feito em 1982 realizado por dois cientistas chamados James Wilson e George
Kelling que criaram a “The broken Windows theory” (Teoria das Janelas Quebradas), a qual estabelecia uma
relação entre desordem e criminalidade.
Foi nesse clima de Direito Penal do Terror que surgiu a Lei de Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90),
trazendo preceitos severos, tanto de natureza penal quanto de natureza processual penal.
Em regra, a doutrina e a análise do direito comparado indicam a existência de três critérios possíveis
para definir um crime como hediondo:
● Critério legal – Somente o legislador pode definir os delitos considerados hediondos, que devem estar
previstos em um rol exaustivo e com previsão legal.
● Critério judicial – Cabe ao juiz definir os delitos classificados como hediondos, a luz das circunstâncias
em concreto.
● Critério misto – Estabelece ao legislador a atribuição de um rol exemplificativo de delitos de natureza
hedionda, podendo o juiz analogicamente atribuir hediondez a outros delitos, de acordo com as
circunstâncias em concreto.
Vamos esquematizar?
SISTEMA LEGAL SISTEMA JUDICIAL SISTEMA MISTO
Compete ao legislador, em um O juiz quem, na apreciação do caso No primeiro momento, o legislador
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rol taxativo, enumerar quais os concreto, decide se a infração é apresenta um rol exemplificativo de
delitos considerados hediondos. hedionda ou não. O juiz analisando o crime hediondos, permitindo ao juiz,
Será hediondo aquilo que o caso concreto ele irá determinar se o na análise do caso concreto
legislador disse em um rol caso é hediondo ou não. Apreciação encontrar outros fatos
taxativo. Sistema adotado pelo do caso concreto. assemelhados. Trabalha com a
Brasil. interpretação analógica.
Em respeito ao princípio da legalidade, o direito brasileiro utiliza o Critério ou Sistema legal. Ora,
não se pode admitir que a definição de um crime fique a cargo do magistrado e de seu livre convencimento,
de modo que só a lei pode decidir quais condutas são consideradas criminosas, bem como definir quais
crimes são hediondos. É o que se extrai do art.5º XLIII, CF.
Art. 5º, CF. (...) XLIII - a LEI considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça
ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
Nesse sentido, a lei 8.072 estabeleceu, em seu art. 1°, um ROL TAXATIVO de crimes como hediondos,
que terão essa característica ainda que na modalidade tentada (pegadinha de prova!).
Obs.1: A natureza tentada de um crime rotulado pela lei não exclui a sua hediondez. A tentativa não
altera a classificação do crime como hediondo, funcionando como uma mera causa de redução de pena (1/3
a 2/3). Dessa forma, temos que, para fins de reconhecimento da natureza hedionda, pouco importa que o
delito seja consumado ou tentado. Isso, inclusive, está expresso no art. 1º, caput da Lei 8.072/90.
Art. 1º, Lei nº 8.072/90. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
consumados ou tentados:
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Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: À luz do que dispõe o direito brasileiro
sobre os crimes hediondos, somente recebem essa classificação os crimes consumados em razão do princípio
da reserva legal.
Obs.2: Crimes militares: o CPM traz o latrocínio. É crime hediondo? Não. Os crimes correspondentes
no CPM não são considerados hediondos por falta de previsão legal.
ATENÇÃO! O rol de crimes hediondos é frequentemente cobrado nas provas. Tem que decorar e saber
na ponta da língua!
ATENÇÃO! O rol de Crimes Hediondos foi substancialmente alterado pelo Pacote Anticrime! Portanto,
tenha atenção redobrada, pois certamente será objeto de questionamento nas próximas provas!
Art. 1º, Lei nº 8.072/90. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
consumados ou tentados:
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal
seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
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VII-A – (VETADO)
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Inciso I: HOMICÍDIO (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente, e HOMICÍDIO QUALIFICADO (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX);
(Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022)
Considerações importantes:
● Para ser hediondo, não precisa que o homicídio seja praticado por grupo de extermínio. Basta que seja
praticado em atividade típica de grupo de extermínio (ideia de limpeza social), o que permite a prática
por uma única pessoa (não exigindo o concurso de pessoas).
Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: É considerado crime hediondo o
homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, exceto se cometido por um só
agente.
● Não abrange milícia privada, sob pena de configurar analogia “in malam partem”!!!
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Relembrando...
É importante lembrar que só há “homicídio qualificado privilegiado” quando umas das causas
especiais de diminuição de pena coexiste com uma qualificadora objetiva (não é possível
coexistir com qualificadora de ordem subjetiva).
Obs.: O Pacote Anticrime conferiu nova redação ao inciso I do art. 1º da Lei nº 8.072/90 para também
rotular como hediondo o crime de homicídio qualificado previsto no inciso "VIII - com emprego de arma de
fogo de uso restrito ou proibido" (art. 121, §2º, CP). O Presidente da República vetou essa alteração, contudo
o veto foi derrubado pelo Congresso Nacional. Portanto, o crime de homicídio cometido com o emprego de
arma de fogo de uso restrito ou proibido é considerado hediondo.
Esquematizando:
HOMICÍDIO SIMPLES. Regra - NÃO É hediondo.
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Inciso I-A: LESÃO CORPORAL DOLOSA DE NATUREZA GRAVÍSSIMA (art. 129, § 2º) e LESÃO CORPORAL
SEGUIDA DE MORTE (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
A referida hipótese legal fora acrescentada com o advento da Lei 13.142/2015, que alterou o Código
Penal e a Lei de Crimes Hediondos.
A lesão corporal, em regra, não é crime hediondo. Atualmente, apenas em duas hipóteses é que a
lesão corporal será considerada crime hediondo:
1) Lesão corporal gravíssima
2) Lesão corporal seguida de morte
Obs.: Na eventualidade de um crime de lesão corporal gravíssima ou seguida de morte ser cometido
contra autoridades ou agentes não elencados no inciso I-A do art. 1º da Lei n. 8.072/90, como, por exemplo,
Promotores de Justiça ou membros do Poder Judiciário, não nos parece possível o etiquetamento como crime
hediondo, sob pena de indevida analogia “in malam partem”.
Esquematizando:
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Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: o crime de lesão corporal dolosa, em
nenhuma de suas modalidades, é, para efeito da lei brasileira, hediondo.
Art. 157, CP - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
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De acordo com o disposto no art. 157, §2°, inciso V, do Código Penal, aumenta-se a pena do crime
de roubo de 1/3 (um terço) até metade se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua
liberdade.
Ressalta-se que a restrição da liberdade da vítima deve perdurar por tempo juridicamente
relevante, ou seja, o autor do delito deve permanecer com a vítima em seu poder por tempo superior àquele
estritamente necessário para a execução do roubo, quer para assegurar o produto do crime, quer para não
ser localizado pela Polícia.
De se notar que o roubo circunstanciado pela restrição da liberdade da vítima foi a única figura
delituosa constante do §2° do art. 157 do CP alçada à natureza hedionda.
De acordo com o art. 157, §2º-A, inciso I, do CP, a pena do crime de roubo aumenta-se de 2/3 (dois
terços) se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo.
Atenção, a lei foi taxativa em dizer “arma de fogo”, logo, o emprego de violência ou grave ameaça
para subtração de coisa alheia com arma branca, não será considerado hediondo.
Vale salientar que a Lei 13.964/2019 reestabeleceu a majorante da pena, se a violência ou grave ameaça é
exercida com emprego de “arma branca”, nesse caso, porém, o delito não será considerado hediondo e
majorante será de 1/3 a ½.
Se a violência ou grave ameaça for exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput do art. 157. Essa causa de aumento de pena funciona
como verdadeira norma penal em branco heterogênea, pois a definição do que seja arma de fogo de uso
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restrito ou proibido está inserida em ato administrativo, notadamente no Anexo I do Decreto nº 10.030/19,
que aprova o “Regulamento de Produtos Controlados”.
Conclusão: A utilização de QUALQUER ARMA DE FOGO (de uso permitido, restrito ou proibido) torna
o roubo hediondo. Mas não se esqueça: o roubo com arma branca não é crime hediondo!
Vamos esquematizar?
A violência ou grave ameaça do crime de roubo é exercida com emprego de arma de É crime hediondo
fogo.
A violência ou grave ameaça do crime de roubo é exercida com emprego de arma de É crime hediondo
fogo uso restrito ou proibido.
A violência ou grave ameaça do crime de roubo é exercida com emprego de arma NÃO É crime hediondo
branca.
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De acordo com a doutrina, a expressão "lesão corporal grave" abrange não apenas a lesão corporal
grave propriamente dita, mas também a lesão corporal gravíssima (CP, art. 129, §§1° e 2°, respectivamente).
O resultado agravador pode ter sido suportado pela vítima da subtração ou por terceiro.
DICA DD: O crime de roubo somente será qualificado se o resultado agravador, “lesão corporal grave”,
resultar do emprego de violência. Logo, se a lesão corporal grave for fruto do emprego de grave ameaça, o
crime de roubo não será qualificado e, por conseguinte, também não será crime hediondo!
Ocorre quando, da violência empregada no roubo, ocorre a morte da vítima, podendo ser a título de
dolo ou de culpa.
Em relação ao latrocínio, é importante lembrar que:
● Para que haja latrocínio é necessário que a morte decorra da violência empregada durante e em
razão do roubo (fator tempo e o fator nexo).
● À luz do entendimento dos Tribunais Superiores, o crime se consuma com a morte da vítima, ainda
que o agente não subtraia o bem:
● Por se tratar de um crime contra o patrimônio, a competência é do juiz singular, e não do Tribunal
do Júri:
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R.: SIM. No crime hediondo (Lei nº 8.072/90, art. 1 º, VII) de epidemia com resultado morte (CP, art.
267, § 1°), no qual a morte é provocada a título de culpa. Outro exemplo, é a hipótese do coautor que, de
maneira consciente, participa de um crime de roubo armado, responde pelo crime hediondo de latrocínio,
mesmo que o disparo fatal tenha sido efetuado por seus comparsas. Afinal, se tinha consciência de que o
crime de roubo seria executado com o emprego de arma de fogo, era no mínimo previsível a superveniência
do resultado morte.
Inciso III: EXTORSÃO QUALIFICADA PELA RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA, OCORRÊNCIA DE LESÃO
CORPORAL GRAVE OU MORTE (ART. 158, § 3º);
Art. 158, CP. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. (...)
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.
● Antes das alterações promovidas pelo PAC: a Lei de Crimes hediondos previa apenas a extorsão
qualificada pela morte (art. 158, §2º do CP) como crime hediondo.
● Após a Lei 13.964/2019: o legislador alterou o inciso III da Lei nº 8.072/90, passando a prever que será
hediondo a “extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou
morte (art. 158, § 3º)”.
Antes do Pacote Anticrime discutia-se se o crime de extorsão com restrição da liberdade, qualificado pelo
resultado lesão grave ou morte, era ou não hediondo, já que o art. 1º, III, da Lei 8.072/90 fazia remissão
expressa ao art. 158, §2º, sendo silente acerca do §3º.
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1ª posição - Majoritária: “Defendendo uma interpretação restritiva da lei, como forma de preservar a
garantia da legalidade penal e evitar a analogia, muitos juristas afastavam o caráter hediondo do “sequestro-
relâmpago” com resultado morte”. Argumentavam que o Brasil adotou o sistema legal, elencando um rol
exaustivo de crimes etiquetados como tal, de modo que não seria possível considerar o sequestro relâmpago
com resultado morte como hediondo em apreço ao Princípio da Legalidade Penal.
2ª posição - LFG e Sanches: Defendiam tratar-se de hediondo, com base nos seguintes argumentos:
- O art. 158, §3º é desdobramento formal e apenas exemplificativo de uma das possíveis formas de se praticar
o crime de extorsão que podem culminar no evento morte (art. 158, §2º). Não é crime autônomo. A
qualificadora “com resultado morte” já está presente no art. 158, §2º. O §3º apenas disciplina um meio de
execução específico. A interpretação literal tem que ser acompanhada da interpretação teleológica, racional,
da norma. Assim, as regras aplicadas ao delito geral (art. 158, §2º) devem ser igualmente aplicadas ao crime
específico (art. 158, §3º) permanecendo hediondo quando ocorre o evento morte.
- Para a admissão do sequestro relâmpago com resultado morte (art. 158, §3º) como hediondo basta utilizar
a interpretação extensiva, que não é vedada pelo Direito Penal, ainda que utilizada contra o réu, desde que
seja essa a inequívoca vontade do legislador.
- Posição em sentido diverso contraria o princípio da proporcionalidade: é aceitar que a extorsão simples
com resultado morte configura crime hediondo, ao passo que a extorsão qualificada pelo meio executório
empregado (restrição da liberdade) com resultado morte – que sinaliza o maior reprovabilidade do
comportamento – não é etiquetada como hediondo.
Essa discussão foi sepultada com a Lei nº 13.964/19. De acordo com a doutrina majoritária, com o advento
do Pacote Anticrime, passaram a ser consideradas hediondas todas as formas de extorsão mediante a
restrição da liberdade da vítima, independentemente de haver resultado qualificador ou não. Ou seja, são
hediondos:
Mas e o crime de extorsão qualificada previsto no art. 158, §2°, do Código Penal? Continua sendo
hediondo diante das mudanças produzidas pelo Pacote Anticrime?
R.: NÃO! E é aí que entra a crítica doutrinária acerca da mudança trazida pelo Pacote Anticrime. O
art. 158, §2º, trata da extorsão praticada mediante violência com resultado lesão corporal grave ou morte.
Observe que no art. 158, §2º, do CP não há restrição da liberdade da vítima, mas há lesão corporal grave ou
morte, decorrentes do emprego de violência.
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A extorsão com restrição da liberdade da vítima sem resultados especialmente agravadores (ou seja,
sem que produza morte ou lesão corporal grave) tem pena de 6 a 12 anos de reclusão (§ 3º) é considerado
crime hediondo, ao passo que a extorsão mediante emprego de violência, qualificada pelo resultado (lesão
grave ou morte), prevista no § 2º, que possui penas maiores (quando há lesão grave, a pena é de 7 a 18 anos
e quando há morte, reclusão, de 20 a 30 anos) não é etiquetada como hediondo.
Em outras palavras: no § 3º, temos crime hediondo (pena de 6 a 12); no § 2º, não, apesar de as
sanções penais serem mais severas (pena de 7 a 8 ou 20 a 30 anos). Ou seja, há uma clara violação ao princípio
da proporcionalidade!
“De fato, ao promover a alteração do inciso III do art. 1 ° da Lei n. 8.072/90 para
incluir a extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de
lesão corporal ou morte, citando entre parênteses o art. 158, §3°, do CP, o
legislador, deliberadamente (ou não) - pensamos que foi um erro grosseiro mesmo
- excluiu do rol dos crimes hediondos a extorsão qualificada pela morte, tipificada
no art. 158, §2°, do Código Penal. Por mais absurdo e desproporcional que possa
parecer - tome-se como exemplo o fato de o roubo qualificado pelo resultado
morte ser hediondo -, a extorsão - e não a extorsão qualificada pela restrição da
liberdade da vítima -, que sempre recebeu igual tratamento dispensado ao roubo,
inclusive no tocante à sua gravidade, não é delito hediondo, nem mesmo se
qualificado pela morte.”
Resumindo:
● Extorsão qualificada pela morte (§2º) – DEIXOU DE SER HEDIONDO com o PAC.
● Extorsão qualificada pela LC grave (§2º) – continua NÃO SENDO HEDIONDO
● Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima – PASSOU A SER HEDIONDO.
● Extorsão mediante restrição da liberdade qualificada pela LC grave – PASSOU A SER HEDIONDO
● Extorsão mediante restrição da liberdade qualificada pela morte – PASSOU A SER HEDIONDO
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● Extorsão simples com resultado morte (art. 158, ● Extorsão qualificada pela restrição da
§2º) era crime hediondo. liberdade da vítima com ocorrência de lesão
corporal;
● Extorsão qualificada pela restrição da
liberdade da vítima com morte.
INCISO IV: EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E NA FORMA QUALIFICADA (ART. 159, CAPUT, E §§ 1º, 2º E
3º);
O delito de extorsão mediante sequestro é etiquetado como hediondo, seja na modalidade simples
ou na modalidade qualificada, na forma tentada ou consumada.
Art. 159, CP. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é
menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
Art. 213, CP. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor
de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
INCISO VI: ESTUPRO DE VULNERÁVEL (ART. 217-A, CAPUT E §§ 1O, 2O, 3O E 4O);
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Art. 217-A, CP. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência.
§ 2o (VETADO)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
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Art. 273, CP. Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em
depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o
produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos,
as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de
uso em diagnóstico.
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º
em relação a produtos em qualquer das seguintes condições:
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente
[DISPENSA PERÍCIA, BASTA A AUSÊNCIA DE REGISTRO NA ANVISA]
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior;
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua
comercialização;
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade;
V - de procedência ignorada (não há dados quanto a origem do produto, o que
dificulta a fiscalização);
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5ª Turma – pela possibilidade; AgRg no REsp 1810273/SP. 6ª Turma: Pela impossibilidade - AgRg no REsp 1740663/PR.
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O STF julgou inconstitucional a pena cominada à conduta de importar medicamento sem registro na
ANVISA (art. 273, § 1º-B, inciso I, do CP) e decidiu repristinar, a pena (de 1 a 3 anos, multa) cominada ao art.
273, antes da Lei nº 9.677/93:
STF (RE 979.962 - tese com repercussão geral): “É inconstitucional a aplicação do
preceito secundário do artigo 273, do Código Penal, com a redação dada pela Lei
9.677/98 (reclusão de 10 a 15 anos), na hipótese prevista no seu parágrafo 1º-B,
inciso I, que versa sobre importação de medicamento sem registro no órgão de
vigilância sanitária. Para essa situação específica, fica repristinado o preceito
secundário do artigo 273, na redação originária (reclusão de 1 a 3 anos, multa)”.
Com o advento da Lei nº 12.978, que entrou em vigor no dia 22 de maio de 2014, para além da
mudança do nome jurídico do art. 218-B do Código Penal, também foi acrescentado ao art. 1º da Lei nº
8.072/90 o inciso VIII para rotular tal crime como hediondo.
Nas modalidades submeter, induzir, atrair e facilitar, consuma-se o delito no momento em que a
vítima passa a se dedicar à prostituição, colocando-se, de forma constante, à disposição dos clientes, ainda
que não tenha atendido nenhum. Trata-se, portanto, de um crime instantâneo, ainda que de efeitos
permanentes.
Já na modalidade de impedir ou dificultar o abandono da prostituição, o crime consuma-se no
momento em que a vítima delibera por deixar a atividade e o agente obsta esse intento, protraindo a
consumação durante todo o período de embaraço (crime permanente). Ou seja, aqui, temos um crime
permanente. Assim, considerando a natureza permanente do crime, quem antes da lei, dificultou o
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abandono, persistindo o embaraço na vigência da nova lei, vai ser alcançado pela mudança legislativa,
conforme o entendimento da Súmula 711, STF
Súmula 711, STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
Obs.: Vamos relembrar alguns entendimentos recentes do STJ sobre esse crime?
● Nos termos do art. 218-B do Código Penal, são punidos tanto aquele que capta a vítima, inserindo-a na
prostituição ou outra forma de exploração sexual (caput), como também o cliente do menor prostituído ou
sexualmente explorado (§ 1º). STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019
(Info 645).
● A vulnerabilidade no caso do art. 218-B do CP é relativa. No art. 218-B do Código Penal não basta aferir a
idade da vítima, devendo-se averiguar se o menor de 18 (dezoito) anos ou a pessoa enferma ou doente
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou por outra causa não pode oferecer
resistência. STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645).
● O tipo penal não exige habitualidade. Basta um único contato consciente com a adolescente submetida
à prostituição para que se configure o crime. Trata-se de crime instantâneo. (STJ, Informativo 754).
INCISO IX: FURTO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE EXPLOSIVO OU DE ARTEFATO ANÁLOGO QUE CAUSE
PERIGO COMUM (ART. 155, § 4º-A).
O ingresso do parágrafo 4º do art. 5º do Código Penal no art. 1º da Lei nº 8.072 é uma novidade
oriunda do “pacote anticrime” Lei nº 13.964/2019.
Furto
Art. 155, CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Furto qualificado
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
Até a entrada em vigor do Pacote Anticrime, nenhuma modalidade de furto era rotulada como
hedionda, justamente por não envolver violência e grave ameaça contra a pessoa e por tutelar única e
exclusivamente o patrimônio da vítima (bem jurídico considerado disponível).
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No entanto, com base no critério de maior reprovabilidade da conduta do agente que utiliza
instrumentos que possam resultar em perigo comum, a Lei nº 13.964/19 conferiu caráter hediondo ao crime
de furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
Crítica doutrinária: O crime de furto mediante a utilização de explosivos ou artefato análogo é crime
hediondo, ao passo que o roubo mediante o emprego de explosivos não foi considerado hediondo, mesmo
sendo claramente mais grave que o furto, indicando uma evidente violação ao princípio da
proporcionalidade. Nas palavras de Renato Brasileiro (2020):
Interessante notar que o Pacote Anticrime rotulou como hediondo o crime de furto
qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum - CP, art. 155, §4°-A, incluído pela Lei n. 13.654/18 -, porém,
inexplicavelmente, olvidou-se de fazer o mesmo com o crime de roubo
circunstanciado pela destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego
de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum - CP, art. 157, §2°-A,
inciso II, também incluído pela Lei n. 13.654/18 -, delito este inegavelmente muito
mais grave do que o furto em questão. Sem embargo do evidente equívoco do
legislador, como se adota o sistema legal como critério para determinação dos
crimes hediondos, ao magistrado não se defere a possibilidade de considerá-lo
hediondo sob o argumento de que as circunstâncias fáticas dos crimes são
semelhantes - e até mais gravosas -, sob pena de evidente violação ao princípio da
legalidade.
DICA DD: Somente será crime hediondo quando o agente empregar explosivo ou artefato análogo que cause
perigo comum como instrumento do crime de furto. Quando o agente furtar substâncias explosivas
(enquanto objeto material do crime de furto), incidindo no art. 155, §7º, não será crime hediondo!
Adentraremos agora, na maior alteração ocorrida na lei, introduzida pelo “pacote anticrime” Lei nº
13.964/2019, qual seja, o parágrafo único do art. 1º. Particularmente, acreditamos que as alterações feitas
no parágrafo único organizaram e facilitaram o entendimento sobre o tema, sendo bastante preciso e
taxativo naquilo que pretendeu o legislador.
Art. 1º, Lei nº 8.072/90. (...) Parágrafo único. Consideram-se também hediondos,
tentados ou consumados: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
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O inciso I do parágrafo único da Lei 8.072/90 estabelece o crime de genocídio, nas modalidades
constantes dos art. 1º, 2º e 3º, da Lei 2.889/56, como crime hediondo, sendo consumados ou tentados.
Vejamos:
Art. 1º, Lei nº 2.889/56. Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte,
grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
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Art. 2º, Lei nº 2.889/56. Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos
crimes mencionados no artigo anterior.
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
Art. 2º, Lei nº 2.889/56. Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer
dos crimes de que trata o art. 1º:
Pena: Metade das penas ali cominadas.
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime incitado, se este se
consumar.
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a incitação for cometida
pela imprensa.
Perceba que as condutas que caracterizam o crime de genocídio como crime hediondo vão além do
crime propriamente dito, pois será considerada também como hedionda a conduta de quem associa-se para
praticá-lo, assim como quem promove a sua incitação.
Ressalta-se que o art. 8º da Lei 8.072/90 prevê uma pena de 3 (três) a 6 (seis) anos para o crime de
associação criminosa quando se tratar de crimes hediondos. Ora, considerando-se que, por força do art. 1º,
parágrafo único, da Lei nº 8.072/90, o crime de associação para a prática de genocídio previsto no art. 2°
da Lei nº 2.889/56 também é considerado crime hediondo, a ele deve ser aplicada a pena cominada no art.
8° da Lei nº 8.072/90, que prevê a pena de três a seis anos de reclusão para toda forma de associação para
a prática de crime hediondo.
Fato que merece nossa atenção é a distinção do crime de genocídio para o crime de homicídio
praticado por grupo de extermínio. Há características próprias entre os mesmos que os diferem de forma
clara.
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Vale relembrar!
Cumpre recordarmos que o genocídio é um típico exemplo de norma penal em branco “ao avesso”, isto é,
temos as condutas criminosas, mas faltam as respectivas penas, o preceito secundário está incompleto.
A norma penal em branco ao avesso é aquela em que o preceito primário é completo, mas o preceito
secundário carece de complemento normativo, sendo certo que este complemento deve derivar da lei, sob
pena de lesão ao princípio da reserva legal.
Trata-se da posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso PROIBIDO, prevista no art. 16 da Lei no
10.826, de 22 de dezembro de 2003.
Ocorre que o Pacote Anticrime também promoveu alterações no Estatuto do Desarmamento,
ocasião em que o legislador passou a diferenciar as condutas que envolvem arma de fogo de uso restrito e
proibido, colocando essa última como qualificadora do delito em questão, no §2º. Veja:
Art. 16, Lei nº 10.826/03. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição
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§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma
de fogo ou artefato;
II – Modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a
arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado;
V – Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de
qualquer forma, munição ou explosivo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem ARMA DE
FOGO DE USO PROIBIDO, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze)
anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Nesse tipo penal, não há a necessidade de diferenciar a posse do porte de arma de uso proibido, vez
que ambas as condutas se encontram tipificadas no mesmo §2º.
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Assim, antes do Pacote Anticrime, considerava-se hediondo o crime "de posse ou porte ilegal de
arma de fogo de uso restrito previsto no art. 16 da Lei n. 10.826/03”, suscitando, inclusive, controvérsias
sobre a abrangência ou não dos incisos I a VI do referido artigo.
No entanto, com o advento do Pacote Anticrime e as alterações promovidas no próprio Estatuto do
Desarmamento, que deslocou todas as condutas referentes ao “uso proibido” do caput para o §2º, passou-
se a considerar hediondo apenas o PORTE OU POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO.
Ressalta-se que a Lei de crimes hediondos fala somente em ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO, não
mencionando os demais objetos materiais previstos no art. 16, quais sejam, acessório ou munição. Por este
motivo, a doutrina majoritária entende que O PORTE/POSSE ILEGAL DE ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO DE USO
PROIBIDO NÃO É CONSIDERADO CRIME HEDIONDO, sob pena de caracterizar analogia “in malam partem”
e consequente violação ao princípio da legalidade. Explica o professor Renato Brasileiro:
“Fosse a intenção do legislador de tratar como hedionda toda e qualquer conduta
relativa a artefatos de uso proibido, o inciso II ora sob comento deveria ter sido
redigido nos seguintes termos: "O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo,
acessório ou munição de uso proibido ". In casu, não se pode querer aplicar o
mesmo raciocínio anteriormente desenvolvido (itens 1 e 2 acima) quanto ao antigo
crime hediondo de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (redação
do parágrafo único do art. 1 º da Lei n. 8.072/90 dada pela Lei n. 13.497/17), de
modo a se concluir que toda e qualquer conduta atinente a artefatos de uso
proibido seria hedionda por uma razão muito simples: posse ou porte ilegal de arma
de fogo de uso proibido não é o nomen iuris do delito, mas sim uma mera
qualificadora do crime do art. 16, doravante inserida no §2°, que, portanto, há de
ser interpretada restritivamente, sob pena de odiosa violação ao princípio da
legalidade.
Obs.: pensamos que a referida norma possuiu natureza dúplice. Isso porque:
✔ A norma será benéfica em relação àqueles praticaram a conduta de posse ou porte ilegal de arma de
fogo de uso restrito, pois essa modalidade não é mais considerada hedionda (“novatio legis in mellius”
e caráter retroativo).
✔ A norma será maléfica em relação àqueles que cometerem o porte de arma de fogo de uso proibido,
considerando que, além de ser tratada como hediondo, tornou-se qualificadora do delito previsto no
artigo 16 do Estatuto do Desarmamento, com pena maior de 4 a 12 anos de reclusão.
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Art. 17, Lei nº 10.826/03. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar,
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda,
ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo,
qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou
clandestino, inclusive o exercido em residência. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
Trata-se de atualização introduzida pela Lei nº 13.964/19, incluindo, no rol taxativo dos crimes
hediondos, o comércio ilegal de arma de fogo previsto no art. 17 do Estatuto do Desarmamento.
Assim, todas as modalidades deste delito, incluindo as previstas no §2º, passam a ser consideradas
como hediondas.
Explica Renato Brasileiro (2020):
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Com a Lei nº 13.964/19, o crime de tráfico internacional de armas de fogo, acessórios e munições
passou a ser rotulado como crime hediondo.
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Art. 1º, Lei nº 12.850/13. Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a
investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas
e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
A Lei 13.964/19 acrescentou o inciso V ao parágrafo único do art. 1º da lei ora em comento,
etiquetando como hediondo o crime de organização criminosa, quando esta tiver por finalidade a prática de
crime hediondo ou equiparado.
Veja bem, a Lei 13.964/19 não tornou o crime de organização criminosa, em si, um delito hediondo,
mas tão somente quando se destinar à pratica de crime hediondo ou equiparado.
Lembre-se que o crime de organização criminosa independe da prática efetiva de crimes, bastando
que haja a reunião estável, permanente e hierárquica das pessoas para a prática de crimes. E se ela for para
a prática de crime hediondo ou equiparado, aí sim, será hediondo.
Ressalta-se outras formas de associação, como, por exemplo, a associação criminosa (CP, art. 288) e
a constituição de milícia privada (CP, art. 288-A, incluído pela Lei n. 12.720/12), não devem ser rotuladas
como hediondas, ainda que direcionadas à prática de crime hediondo ou equiparado, sob pena de evidente
violação ao princípio da legalidade. (Não esqueça da exceção comentada acima acerca da associação para a
prática de genocídio!)
TRÁFICO
3T TORTURA
TERRORISMO
Frente à expressa determinação da Constituição Federal, são equiparados aos crimes hediondos os
delitos de tráfico de droga, tortura e terrorismo.
Tal conceituação é exaustivamente cobrada em provas objetivas, uma vez que, mesmo ensejando o
procedimento de recrudescimento idêntico aos dos crimes hediondos, eles são considerados equiparados, e
não propriamente hediondos pela doutrina, fique atento!
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Encontra-se tipificado pela Lei 11.343/03, mas são todos os tipos penais ali elencados que
caracterizam tráfico de drogas. Segundo doutrina majoritária e jurisprudência do STF e STJ:
De acordo com o STF, o tráfico privilegiado de drogas não tem natureza de crime hediondo, por
conseguinte não são exigíveis requisitos mais severos para o livramento condicional e para a progressão de
regime. (HC 118533, STF, Pleno).
Ademais, as alterações providas pelo Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019) apenas afastaram o
caráter hediondo ou equiparado do tráfico privilegiado, previsto no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006, nada
dispondo sobre os demais dispositivos da Lei de Drogas. AgRg no HC 748.033-SC, Rel. Min. Jorge Mussi,
Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe 30/09/2022. (Info 754)
5.1.2 Tortura
Encontra-se previsto ao teor da Lei nº 9.455/97.
De acordo com a doutrina majoritária, o crime de tortura por omissão NÃO é considerado crime
equiparado a hediondo!
Art. 1º, Lei 9.455/97. Constitui crime de tortura: (...)
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-
las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
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5.1.3 Terrorismo
O crime de terrorismo é definido pelo art. 2°, caput, da Lei nº 13.260/16
O art. 2º da Lei 8.072/90 elenca um rol de consequências legais – de natureza penal e processual
penal – mais gravosas que são aplicáveis os crimes rotulados como hediondos e os crimes equiparados a
hediondos.
Inicialmente, cumpre destacarmos que as consequências/vedações também são aplicadas aos crimes
“equiparados” a hediondos, quais sejam, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tortura e terrorismo.
Nos termos do art. 2º, inciso I, da Lei nº 8.072/90, os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia,
graça e indulto. Nesse sentido, também dispõe a Constituição Federal, senão vejamos.
Art. 2º, Lei nº 8072/90. Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça
e indulto;
Art. 5º, CF. (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça
ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Repare que, enquanto a Lei de Crimes Hediondos proíbe a concessão de anistia, graça e indulto, a
CF/88 proíbe apenas anistia e a graça, sem fazer menção expressa ao indulto. Essa vedação do indulto
prevista na lei 8.072/90 (e que não está na CF) é constitucional?
1º corrente: Inconstitucional – A lei extrapolou a vedação constitucional. Considerando que a CF/88 traz
proibições máximas, não pode o legislador ordinário suplantá-las. A concessão do indulto é atribuição do
chefe do Poder Executivo (Presidente da República), não podendo o legislador ordinário limitá-lo.
2º corrente – STF/ Majoritária - Constitucional. A CF traz vedações mínimas ("a lei considerará"), quem irá
trabalhar é o legislador, a CF/88 dá um PATAMAR MÍNIMO DE PROIBIÇÃO. A vedação da graça abrange
indulto, que nada mais é do que uma graça coletiva.
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Obs.: Chama-se indulto humanitário aquele concedido por razões de grave deficiência física ou em
virtude de debilitado estado de saúde do executado. Temos decisões admitindo o indulto humanitário, com
fundamento no princípio da humanidade das penas, até mesmo para condenados por crimes hediondos e
equiparados (STJ). O STF, no HC 118/213 SP, não permitiu indulto humanitário para tráfico de drogas.
Art. 2º, Lei nº 8.072/90. Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
II - fiança.
Cumpre destacar que, na redação original da Lei dos Crimes Hediondos, também era vedada a
liberdade provisória sem fiança. Essa proibição, contudo, foi abolida pela Lei 11.464/2007.
A doutrina majoritária entende ser possível a concessão de liberdade provisória sem fiança, a
depender do convencimento do juiz, quanto à ausência dos requisitos para a decretação da prisão
preventiva.
Em sua redação original, a Lei dos Crimes Hediondos previa que o regime deveria ser integralmente
fechado, ou seja, iniciaria e terminaria o cumprimento da pena em regime fechado, sem direito à progressão
de regime.
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No entanto, no HC 82959, o STF decidiu pela inconstitucionalidade desse regime, haja vista a clara
violação aos princípios da individualização da pena, da proporcionalidade e também da dignidade da pessoa
humana. Nessa esteira, passou-se a admitir a progressão de regime nos termos da LEP.
Ressalta-se que a obrigatoriedade do regime inicial fechado continua no texto da lei, mas a
jurisprudência e doutrina já se manifestaram pela inconstitucionalidade da previsão por entenderem que
viola o princípio da individualização da pena, devendo o juiz analisar o caso concreto para fundamentar sua
decisão (STF, Pleno, HC 111.840, Info 672).
O legislador não pode obrigar o juiz a aplicar um determinado regime prisional. A fixação de regime
inicial mais severo não deve basear-se na gravidade em abstrato do delito, exigindo, do magistrado,
motivação idônea.
Súmula 718 do STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime
não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o
permitido segundo a pena aplicada.
CESPE/2019 - Júnia, de quatorze anos de idade, acusa Pierre, de dezoito anos de idade, de ter praticado crime
de natureza sexual consistente em conjunção carnal forçada no dia do último aniversário da jovem. Pierre,
contudo, alega que o ato sexual foi consentido. Se Pierre for condenado por estupro, o regime de
cumprimento de pena será integralmente fechado, por se tratar de crime hediondo. Item incorreto.
O § 7º dispõe que o condenado por crime previsto na Lei de Tortura, salvo a hipótese do § 2º (omissão
perante a tortura), iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
O STF já decidiu que a imposição de regime inicial fechado para os crimes hediondos e equiparados
é inconstitucional por violar o princípio constitucional da individualização da pena (STF, HC 111.840/ES).
Para a doutrina majoritária, é evidente que essa interpretação também deve ser aplicada aos crimes
equiparados a hediondo, a exemplo da tortura. A posição do STJ é nesse mesmo sentido:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE TORTURA. REGIME INICIAL
FECHADO FIXADO EXCLUSIVAMENTE COM BASE NO ART. 1º, § 7º, DA LEI 9.455/97.
INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA. RECONHECIMENTO DA ILEGALIDADE PELO
TRIBUNAL DE ORIGEM. ALTERAÇÃO DO REGIME PARA O SEMIABERTO, COM
FULCRO NO ART. 33 E PARÁGRAFOS DO CÓDIGO PENAL. REFORMATIO IN PEJUS.
AUSÊNCIA. REPRIMENDA FINAL INFERIOR A 4 ANOS DE RECLUSÃO. REGIME INICIAL
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Em 2015, o Info. 789 do STF, noticia julgamento em que, o Min. Marco Aurélio manifesta posição
pessoal de que o art. 1º, § 7º, da Lei nº 9.455/97 seria constitucional, ou seja, seria legítima a regra que
impõe o regime inicial fechado para o crime de tortura. Todavia, é uma posição minoritária e isolada do Min.
Marco Aurélio. Os demais Ministros acompanharam o Relator mais por uma questão de praticidade em razão
do que de
tese jurídica, pois eles não aderiram expressamente à tese do Relator.
CUIDADO COM INF. 789, STF (2015): CRIME DE TORTURA E REGIME INICIAL DE
CUMPRIMENTO DA PENA. O condenado por crime de tortura iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado, nos termos do disposto no § 7º do art.
1º da Lei 9.455/1997 - Lei de Tortura. Com base nessa orientação, a Primeira Turma
denegou pedido formulado em “habeas corpus”, no qual se pretendia o
reconhecimento de constrangimento ilegal consubstanciado na fixação, em
sentença penal transitada em julgado, do cumprimento das penas impostas aos
pacientes em regime inicialmente fechado. (...) O Ministro Marco Aurélio (relator)
denegou a ordem. Considerou que, no caso, a dosimetria e o regime inicial de
cumprimento das penas fixadas atenderiam aos ditames legais. Asseverou não
caber articular com a Lei de Crimes Hediondos, pois a regência específica (Lei
9.455/1997) prevê expressamente que o condenado por crime de tortura iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado, o que não se confundiria com a
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É possível o livramento para os crimes hediondos e assemelhados (3T – tráfico, tortura e terrorismo),
depois de ter havido o cumprimento de 2/3 da pena e não ser reincidente específico (hediondo ou
assemelhado), independentemente de ser o mesmo delito ou não.
Atente-se que a vedação ao reincidente específico é apenas para a concessão do livramento
condicional, e não para a concessão dos demais benefícios.
LIVRAMENTO CONDICIONAL
Regra geral – art. 83, CP Hediondos – art. 83, V, CP Tráfico de drogas - art. 44, Lei
11.343/06
+ de 1/3 do cumprimento de pena + de 2/3 do cumprimento de pena 2/3 do cumprimento de pena (art.
se não reincidente em crime doloso se não reincidente específico. 44, p.ú., Lei nº 11.343/06 –
e tiver bons antecedentes; VEDADO O LIVRAMENTO princípio da especialidade).
+ de 1/2 do cumprimento de pena CONDICIONAL EM CASO DE
se reincidente em crime doloso. REINCIDENTE ESPECÍFICO!
Em sua redação originária, a Lei nº 8.072/90 vedava a progressão de regime para os crimes
hediondos, já que era previsto o regime integral fechado de cumprimento da pena (art. 1º, §1º). O STF
declarou a inconstitucionalidade do art. 1º, §1º, da Lei nº 8.072/90. Com isso, a progressão de regime foi
autorizada e seguia o disposto na LEP, ou seja, o condenado progredia com o tempo comum - 1/6 da pena.
Posteriormente, a Lei nº 11.464 inseriu o §2º ao art.2º da Lei 8.072/90, trazendo parâmetros distintos para
a progressão de regime para condenados por crimes hediondos e equiparados:
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Art. 2º, Lei nº 8.072/90. (...) § 2o A progressão de regime, no caso dos condenados
aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois
quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se
reincidente.
Por se tratar de uma inovação legislativa mais prejudicial ao réu, foram editadas as seguintes
súmulas:
Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados
cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art.
112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime
prisional.
Ocorre que, com o advento da Lei 13.964/19, o “pacote anticrime”, tal dispositivo foi revogado!! A
partir de agora, a progressão de regime voltará a ser guiada pelo art. 112 da Lei de Execução Penal (LEP), que
também sofreu alterações pela referida Lei, estabelecendo novos prazos a serem cumpridos, conforme
esquema abaixo:
ESQUEMATIZANDO:
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Obs.: O art. 112 da LEP não previu percentual de progressão para o condenado por crime hediondo ou
equiparado que for reincidente comum (reincidente não específico). Diante da ausência de previsão legal, o
julgador deve integrar a norma aplicando a analogia “in bonam partem”, ou seja, aplica-se a mesma fração
do condenado primário, 40% ou 50%, conforme o caso (STJ, HC 581.315/PR, julgado em 10/06/2020 –
Disponível no Informativo 681).
Art. 2º, Lei nº 8.072/90. (...) §3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
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Interpretação conforme a CF: Réu processado preso, recorre preso, salvo se desaparecerem os
fundamentos que determinaram a decretação da prisão preventiva. Por outro lado, réu processado solto,
via de regra, recorre solto, salvo se presentes os fundamentos da prisão preventiva, eis a interpretação
conforme a Constituição.
Ante o exposto, contemplamos que está vedado a imposição da condição de recolhimento ao cárcere
para recorrer, devendo a sua decretação quando necessária ser fundamentada, em observância ao art. 93,
IX, da CF.
Súmula 192 do STJ - Compete ao juízo das execuções penais do estado a execução
das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando
recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração estadual.
Em atendimento ao Código de Processo Penal, haverá prioridade de tramitação dos processos que
versarem sobre crimes hediondos.
Art. 394-A, CPP. Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão
prioridade de tramitação em todas as instâncias.
Conforme DoD:
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Na prática, o que muda: nada. Não existe um controle sobre essas prioridades e não
há qualquer sanção para o caso de a ordem ser descumprida. Isso sem falar que a
causa da demora na tramitação dos processos é muito mais profunda e o acréscimo
desse dispositivo não contribui em nada.
Trata-se de mais um exemplo de legislação simbólica.
Por fim, e com alto índice de cobrança nas provas objetivas, bem como relevância para a confecção
de representações rotineiramente presentes em provas de segunda fase, há a previsão de prazo excepcional
para a prisão temporária nos crimes hediondos.
A prisão temporária é uma modalidade de prisão provisória, decretada antes do trânsito em julgado
da condenação, e tem natureza cautelar. No Brasil a prisão temporária é possível apenas na fase
investigatória, por esse motivo ela não pode ser decretada de ofício pelo juiz, dependendo de requerimento
do MP ou representação da autoridade policial.
Art. 2º, Lei nº 8.072/90. (...) § 4º A PRISÃO TEMPORÁRIA, sobre a qual dispõe a Lei
nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o
PRAZO de 30 DIAS, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade.
5 dias, prorrogáveis por igual período. 30 dias, prorrogáveis por igual período
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Existem crimes hediondos que não estão previstos no rol de crimes que admitem temporária (art.
1º, III da Lei. 7960/89). Esses crimes admitem essa modalidade de prisão cautelar? Ex.: crimes de estupro de
vulnerável (art.217 CP), falsificação de remédios (art.273 CP) e tortura.
R.: Para a doutrina majoritária, a Lei 7.960 é lei ordinária, assim como a lei 8.072. Nesse sentido, a lei
8.072 poderá aumentar o prazo da prisão temporária (de 5+5 para 30 +30), bem como aumentar o rol de
crimes hediondos.
O §4º do art.2º da lei 8.072/1990 ampliou, não apenas, o prazo da prisão temporária, mas também
o rol dos delitos passíveis de prisão temporária.
Essa causa de aumento prevista no art. 9º da Lei de Crimes Hediondos ainda está em vigor?
NÃO. O entendimento do STJ e do STF é o de que o art. 9º da Lei de Crimes Hediondos foi
revogado tacitamente pela Lei nº 12.015/2009, considerando que esta Lei revogou o art. 224 do CP, que era
mencionado pelo art. 9º.
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Logo, como não mais existe o art. 224 no CP, conclui-se que o art. 9º da Lei de Crimes Hediondos
perdeu a eficácia (expressão utilizada em um voto do Min. Dias Toffoli).
O art. 9º da Lei de Crimes Hediondos ficou carente de complemento normativo em vigor, razão pela
qual foi revogada a causa de aumento nele consignada.
Imagine que uma pessoa foi condenada, antes da Lei nº 12.015/2009, pela prática de estupro
contra menor de 14 anos com a incidência da causa de aumento do art. 9º da Lei de Crimes Hediondos.
Como ocorreu a revogação tácita do art. 9º, essa pessoa poderá alegar que houve “novatio legis in
mellius” e pedir para retirar de sua condenação a causa de aumento do art. 9º?
SIM. Essa causa de aumento deve ser extirpada da reprimenda já imposta, por força do princípio
da novatio legis in mellius (art. 2º, parágrafo único, do CP):
Art. 2º, CP. (...) Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.
Com a revogação expressa do art. 224 do Código Penal pela Lei nº 12.015/2009, há de ser
redimensionada a pena aplicada ao condenado, subtraindo-lhe o acréscimo sofrido em razão do aumento da
pena previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90, considerando-se o princípio da novatio legis in mellius, previsto
no art. 2º, parágrafo único, do CP. STJ. 5ª Turma. HC 428.251/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
17/04/2018.
Em suma:
A causa de aumento prevista no art. 9º da Lei de Crimes Hediondos foi tacitamente
revogada pela Lei nº 12.015/2009, considerando que esta Lei revogou o art. 224 do
CP, que era mencionado pelo referido art. 9º.
Se um indivíduo foi condenado, antes da Lei nº 12.015/2009, pela prática de
estupro contra menor de 14 anos com a incidência da causa de aumento do art. 9º
da Lei de Crimes Hediondos, esta majorante deverá ser retirada de sua condenação
por força da novatio legis in mellius (art. 2º, parágrafo único, do CP).
Diante da revogação do art. 224 do CP pela Lei nº 12.015/2009, ainda que o fato
delituoso seja anterior a esta alteração, é o caso de se decotar da pena do
condenado o acréscimo baseado no art. 9º da Lei nº 8.072/90. STF. Plenário. HC
100181/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 15/8/2019 (Info 947).
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Direito Penal: Teoria Do Crime – Parte I (Conceitos Gerais – Classificações – Início Dos Elementos Estruturais
Do Crime)
TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13, §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
⦁ Arts. 1º a 10 da Lei de Contravenções Penais (DL 3688/41)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
⦁ Art. 1º, CP
⦁ Art. 13, §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
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CRFB/88:
⦁ Art. 1º ao 4º.
⦁ Art. 5º .
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CRFB/88:
⦁ Art. 1º, III.
⦁ Art. 3º, II
⦁ Art. 4º.
⦁ Art. 5º, §2º e §3º.
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CF/88
⦁ Art. 5º, XXXVII
⦁ Art. 5º, XXXVIII
⦁ Art. 5º, LIII
⦁ Art. 102, I
⦁ Art. 105, I, “a”
⦁ Art. 109, inc. IV a XI
⦁ Art. 124 e 125, §§1º, 4º e 5º
⦁ Art. 144, §1º
CPP:
⦁ Art. 1º a 3º
⦁ Art. 3º-A a 3º-F
⦁ Art. 70 a 91
⦁ Art. 95, II e 108
⦁ Art. 113
⦁ Art. 383, §2
⦁ Art. 394, §3º
⦁ Art. 399, §2º
⦁ Art. 567
CP:
⦁ Art. 5º
⦁ Art. 6º, CP
⦁ Art. 149-A, §1º, IV, do CP
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Súmula 498-STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos
crimes contra a economia popular.
Súmula vinculante 36-STF: Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos
crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de
Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela
Marinha do Brasil.
Súmula 122-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de
competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a do Código de Processo Penal.
Súmula 147-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário
público federal, quando relacionados com o exercício da função.
Súmula 200-STJ: O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de
passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.
Súmula 165-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no
processo trabalhista.
Súmula vinculante 45-STF: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.
Súmula 721-STF: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa
de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.
Súmula 451-STF: A competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime cometido
após a cessação definitiva do exercício funcional.
Súmula 704-STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a
atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos
denunciados.
Súmula 702-STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aos crimes de
competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo
tribunal de segundo grau.
Súmula 555-STF: É competente o Tribunal de Justiça para julgar conflito de jurisdição entre juiz de direito
do estado e a justiça militar local.
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Direitos Humanos: Federalização Dos Crimes Contra Os Direitos Humanos E Outros Instrumentos D
Eproteção Dos Direitos Humanos Na Constituição Federal, Política Nacional De Direitos Humanos E Os
Programas Nacionais De Direitos Humanos
CRFB/88
⦁ Art. 109, inciso V-A e § 5.º (importantíssimo!!!).
⦁ Art. 5°, inciso LXVIII, da CRFB/88.
⦁ Art. 5°, inciso LXXII, da CRFB/88.
⦁ Art. 5°, inciso LXXI, da CRFB/88.
⦁ Art. 5°, inciso LXIX, da CRFB/88.
⦁ Art. 5°, inciso LXXIII, da CRFB/88.
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL
⦁ Art. 5º, XLIII, CF/88
⦁ Art. 142 e 144, CF/88
CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 121, §2º e 2º-A
⦁ Art. 129, §2º e §3º
⦁ art. 155, § 4º-A (Cuidado para não confundir com o art. 155, §7º)
⦁ Art. 157, §2º, V
⦁ Art. 157, §2º-A, I
⦁ Art. 157, §2º-B e §3º
⦁ Art. 158, §3º (art. 158, §2º não é mais considerado hediondo)
⦁ Art. 159, §§1º, 2º e 3º
⦁ Art. 213, caput, §§1º e 2º
⦁ art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o
⦁ art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º
⦁ art. 267, § 1o (caput não é hediondo)
⦁ art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B
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ESTOQUE FLEURIZA 70043503209 ESTOQUE FLEURIZA 70043503209 ESTOQUE FLEURIZA 70043503209 ESTOQUE
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS
DELEGADO DE POLÍCIA
SEMANA 04/30
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