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1
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 4
PARTE GERAL ............................................................................................................................... 5
1. EVOLUÇÃO LEGISLATIVA ..................................................................................................... 5
2. NOÇÕES PRELIMINARES ...................................................................................................... 5
3. COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO ............................................................................... 6
4. CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO ............................................................................. 6
ARMAS DE FOGO DE USO PERMITIDO ........................................................................ 6
ARMAS DE FOGO DE USO RESTRITO .......................................................................... 7
ARMAS DE FOGO DE USO PROIBIDO ........................................................................... 7
5. REGISTRO E PORTE DE ARMA DE FOGO ........................................................................... 7
1ª ETAPA: AQUISIÇÃO DA ARMA DE FOGO .................................................................. 7
2ª ETAPA: REGISTRO ..................................................................................................... 8
3ª ETAPA: AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE................................................................... 8
AUSÊNCIA DO REGISTRO OU DE AUTORIZAÇÃO PARA O PORTE E ADEQUAÇÃO
TÍPICA ...................................................................................................................................... 10
REGISTRO DE ARMA DE FOGO E LEI MARIA DA PENHA .......................................... 12
DOS CRIMES E DAS PENAS....................................................................................................... 13
1. POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO ....................................... 13
PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES INCIAIS ........................................................ 13
OBJETIVIDADE JURÍDICA............................................................................................. 13
SUJEITOS DO DELITO .................................................................................................. 13
1.3.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 13
1.3.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 13
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ...................................................................................... 13
GUARDA DE ARMA DE FOGO COM REGISTRO VENCIDO ........................................ 14
AÇÃO PENAL ................................................................................................................. 15
ABOLITIO CRIMINIS TEMPORÁRIA .............................................................................. 15
PENA .............................................................................................................................. 16
2. OMISSÃO DE CAUTELA ....................................................................................................... 17
PREVISÃO LEGAL ......................................................................................................... 17
OBJETIVIDADE JURÍDICA............................................................................................. 17
SUJEITOS DO DELITO .................................................................................................. 17
2.3.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 17
2.3.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 17
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................... 17
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ...................................................................................... 17
FIGURA EQUIPARADA À OMISSÃO DE CAUTELA ...................................................... 18
2.6.1. Objetividade jurídica ................................................................................................ 18
2.6.2. Sujeitos do delito ..................................................................................................... 18
2.6.3. Observações importantes ........................................................................................ 18
2.6.4. Consumação e tentativa .......................................................................................... 19
3. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO................................................ 19
PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES...................................................................... 19
OBJETIVIDADE JURÍDICA............................................................................................. 19
SUJEITOS DO DELITO .................................................................................................. 19
3.3.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 19
3.3.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 20
Olá!
Dois livros foram utilizados para complementar nosso CS de Legislação Penal Especial: a)
Legislação Criminal para Concursos (Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar),
ano 2017 e b) Legislação Criminal Comentada (Renato Brasileiro), ano 2018, ambos da Editora
Juspodivm.
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você
faça uma boa prova.
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer muitas questões.
É muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas.
1. EVOLUÇÃO LEGISLATIVA
O primeiro diploma legislativo a tratar sobre armas de fogo foi a Lei de Contravenções
Penais, em seu art. 19, o qual foi parcialmente revogado (em relação às armas de fogo), mas
continua válido no que se refere às armas brancas (dotada de ponta ou gume).
Art. 19 - Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta,
sem licença da autoridade:
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos
mil réis a três contos de réis, ou ambas cumulativamente.
Em 1997, editou-se a Lei 9.437 que tratava sobre armas de fogo. Note que o porte ilegal de
arma de fogo, a posse ilegal de arma de fogo, antes meras contravenções, a partir de 1997,
passaram a ser considerados como crime.
Ressalta-se que todos os crimes estavam previstos no art. 10 da Lei (posse, porte, comércio,
disparo etc.), sujeitos a uma mesma pena. Assim, tínhamos condutas de gravidades totalmente
diferentes submetidas a uma mesma pena. Era uma violação ao princípio da proporcionalidade e
da individualização da pena (que também se dirige ao poder legislativo). Vejamos a redação do art.
10 da Lei 9.437/97, revogado pela Lei 10.826/03.
Lei 9.437/97 Art. 10. Possuir, deter, portar, fabricar, adquirir, vender, alugar,
expor à venda ou fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda e
ocultar arma de fogo, de uso permitido, sem a autorização e em desacordo
com determinação legal ou regulamentar.
Por fim, em 2003 foi editada a Lei 10.826/03, conhecida como Estatuto do Desarmamento,
fruto de um processo de conscientização da retirada das armas de fogo de circulação, a qual
revogou integralmente a Lei 9.437/97.
O estatuto pune a posse (art. 12), porte (art. 14), posse/porte de uso proibido (art. 16),
disparo (art. 15), comércio (art. 17), tráfico internacional (art. 18). Agora, o Estatuto atende à
proporcionalidade e à individualização da pena.
2. NOÇÕES PRELIMINARES
O art. 2º, parágrafo único é claro ao ressalvar que o Estatuto do Desarmamento não é
aplicado as Forças Armadas, observe:
Art. 2º, Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas
de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as demais que constem
dos seus registros próprios.
Conforme visto, o controle de armas é feito pelo SINARM, órgão federal, entretanto a
competência para julgar crimes relacionados ao Estatuto do Desarmamento, em regra, não é da
Justiça Federal, mas da Justiça Estadual. Nesse sentindo:
O crime atingirá interesse federal, atraindo a competência da Justiça Federal quando, por
exemplo, um oficial da Polícia Federal for flagrado em serviço portando arma raspada; ou quando
se tratar de tráfico internacional de armas, cuja competência originária é da Justiça Federal, por ser
crime à distância, envolver dois países, previsto em tratado ou convenção internacional. Ainda
assim, no último caso, o simples fato de se tratar de arma estrangeira não é capaz de configurar o
crime de tráfico internacional de armas. É preciso comprovar que a pessoa que estiver portando
tenha sido a responsável pela importação da arma (mesmo raciocínio do tráfico transnacional de
drogas).
Salienta-se que o crime praticado por militar poderá ser julgado pela Justiça Militar, tendo
em vista a ampliação do conceito de crime militar do art. 9º do COM, alterado pela Lei 13.491/2017.
O Estatuto separa as armas de fogo em três grandes grupos, a seguir veremos cada um
deles.
A relação das armas de fogo de uso permitido encontra-se no art. 17 do Decreto 3.665/2000
(nova redação do Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados – R. 105).
São aquelas em que há total vedação ao uso. Não foram definidas no decreto.
São necessárias três etapas: compra da arma de fogo (1ª etapa), registro da arma de fogo
(2ª etapa) e autorização para o porte (3ª etapa)
• Integrante dos órgãos definidos no art. 144 da CF (polícia civil, polícia militar, polícia
federal);
• Integrante das guardas municipais das capitais dos Estados (pouco importante a
população) e dos Municípios com mais de 500 mil habitantes;
• Integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, das escoltas de presos
e as guardas portuárias;
• Comprovação de idoneidade
• Ocupação lícita
• Residência
Art. 4º (...)
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após
atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do requerente
e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização.
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre
correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no
regulamento desta Lei.
2ª ETAPA: REGISTRO
Para que a arma de fogo seja levada consigo em via pública ou em local distinto, será
necessária a autorização para o porte, nos termos do art. 6º e seguintes do Estatuto do
Desarmamento.
Contudo, a autorização para o porte poderá ser concedida em algumas hipóteses, seja em
caso de função do sujeito, seja em decorrência da obtenção de autorização junto à Polícia Federal,
após a anuência do SINARM, desde que preenchidos os requisitos legais (art. 10)
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo
o território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será
concedida após autorização do Sinarm.
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia
temporária e territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, e
dependerá de o requerente:
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade
profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física;
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o
seu devido registro no órgão competente.
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá
automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado
em estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou
alucinógenas.
Ressalta-se que o porte funcional, conforme entendimento do STJ (Info 554), não se estende
aos aposentados, eis que não exercem mais a função pública
Salienta-se que a autorização para o porte pode ser concedida com eficácia temporária e
territorial, e perderá sua eficácia se o portador for detido ou abordado em estado de embriaguez ou
sob o efeito de substâncias químicas ou alucinógenas.
Outrossim, a autorização para o porte não permite o porte ostensivo da arma de fogo, ou de
entrar ou com ela permanecer em locais públicos ou com aglomeração de pessoas, conforme
dispõe o art. 26 do Decreto 5.123/2004. Quando se viola tal regra, haverá a cassação da autorização
e apreensão da arma de fogo.
Decreto 5.123/2004 Art. 26. O titular de porte de arma de fogo para defesa
pessoal concedido nos termos do art. 10 da Lei no 10.826, de 2003, não
poderá conduzi-la ostensivamente ou com ela adentrar ou permanecer em
Por fim, o porte na categoria “caçador de subsistência” poderá ser concedido pela Policia
Federal aos residentes em áreas rurais que comprovem depender do emprego de arma de fogo
para prover a subsistência alimentar familiar, desde que se trate de arma portátil, de uso permitido,
de tiro simples, com um ou dois canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16.
Para melhor compreensão, reproduzimos o quadro elaborado pelo Prof. Cleber Masson,
observe:
Arma permitida – ausência de registro Posse ilegal de arma de fogo (art. 12)
Arma permitida – ausência de autorização Porte ilegal de arma de fogo (art. 14)
para o porte
Atenção para o Info 597 do STJ, observe a explicação do Prof. Márcio Cavalcante (Dizer o
Direito):
João é Delegado de Polícia. Durante uma busca e apreensão realizada em sua residência
para apurar crimes contra a administração pública, foi encontrada uma arma de fogo de uso
permitido. A arma encontrada estava registrada em nome de outra pessoa (que não João) na
"Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos do Rio de Janeiro". Vale ressaltar, no entanto, que
a arma não possuía registro na Polícia Federal nem cadastro no SINARM, conforme exige o Decreto
nº 5.123/2004, que regulamenta o Estatuto do Desarmamento.
Diante disso, o Ministério Público denunciou João pela prática de posse irregular de arma
de fogo, conduta prevista no art. 12 da Lei nº 10.826/2003.
A defesa alegou que João, por ser Delegado de Polícia, possui porte de arma e que a falta
de registro na Polícia Federal e cadastro no SINARM seria mera irregularidade administrativa.
Argumentou-se também que poderia ser aplicado ao caso o princípio da adequação social. Por fim,
afirmou-se que não existiu crime porque não houve ofensa ao princípio da lesividade.
É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado a portar ou possuir
arma de fogo, não observa as imposições legais previstas no Estatuto do Desarmamento, que
impõem registro das armas no órgão competente.
Quanto ao legislador, esse princípio serve como norte para que as leis a serem editadas não
punam como crime condutas que estão de acordo com os valores atuais da sociedade.
Quanto ao intérprete, esse princípio tem a função de restringir a interpretação do tipo penal
para excluir condutas consideradas socialmente adequadas. Com isso, impede-se que a
interpretação literal de determinados tipos penais conduza a punições de situações que a sociedade
não mais recrimina.
Assim, de acordo com este princípio, não se pode reputar como criminosa uma ação ou
omissão aceita ou tolerada pela sociedade, ainda que formalmente subsumida a um tipo legal
incriminador.
Por fim, analisando o fato sob a ótica do princípio da lesividade, tem-se que houve sim perigo
à incolumidade pública, considerando que o objetivo do Estatuto do Desarmamento foi o de ter
absoluto controle sobre as armas de fogo existentes no país.
Segundo a denúncia, Pedro, mesmo sendo equiparado a magistrado, não poderia possuir
uma pistola calibre 9mm. Isso porque, de acordo com a Portaria ComEx n. 209 de 14.3.2014 (do
Comando do Exército), os magistrados somente poderão adquirir, para uso particular, armas de uso
restrito limitadas aos calibres ponto 357 Magnum e ponto 40. Logo, a pistola calibre 9mm está fora
da autorização concedida pela Portaria.
A questão foi julgada pelo STJ. Para o Tribunal, houve crime? NÃO.
O Conselheiro do Tribunal de Contas Estadual que mantém sob sua guarda arma ou
munição de uso restrito não comete o crime do art. 16 da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do
Desarmamento). STJ. Corte Especial. APn 657-PB, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
21/10/2015 (Info 572).
Ressalta-se que o Estatuto do Desarmamento prevê tipos penais preventivos, que criam
uma espécie de obstáculos, o legislador antecipa a tutela penal. Assim, o legislador incrimina de
forma autônoma um ato preparatório de determinado crime. Por exemplo, o porte ilegal de arma de
fogo, isoladamente considerado, é um ato preparatório para o roubo ou para o homicídio.
Caso continue com a arma, estará praticando o crime de posse ilegal de arma de fogo.
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda
no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
OBJETIVIDADE JURÍDICA
SUJEITOS DO DELITO
Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo, inclusive o proprietário da arma (pagou, mas não
possui registro).
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Obs.: Por conta da permanência, devemos lembrar que: a) será possível a prisão em flagrante,
enquanto não cessada a permanência; b) o curso do prazo prescricional somente se inicia com a
cessação da permanência; c) sobrevindo lei penal mais gravosa enquanto não cessada a
permanência, poderá ser aplicada ao caso.
Não é ilegal a prisão realizada por agentes públicos que não tenham
competência para a realização do ato quando o preso foi encontrado em
estado de flagrância. Os tipos penais previstos nos arts. 12 e 16 da
Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) são crimes
permanentes e, de acordo com o art. 303 do CPP, o estado de
flagrância nesse tipo de crime persiste enquanto não cessada a
permanência. Segundo o art. 301 do CPP, qualquer do povo pode prender
quem quer que seja encontrado em situação de flagrante, razão pela qual a
alegação de ilegalidade da prisão - pois realizada por agentes que não tinham
competência para tanto - não se sustenta. HC 244.016-ES, Rel. Min. Jorge
Mussi, julgado em 16/10/2012.
Além disso, é um crime de mera conduta ou de simples atividade, eis que o tipo penal
se limita a descrever uma conduta, não há resultado naturalístico. O crime se consuma com a mera
posse irregular, não importa a finalidade.
A cada três anos, o titular da arma de fogo deve renovar o seu registro, nos termos do art.
5º, § 2º do Estatuto do Desarmamento, in verbis:
Nos casos em que o agente mantém a arma de fogo, sem renovar o registro, o STJ entende
que não há o crime do art. 12, mas mera infração administrativa. Vejamos, a sempre excelente,
explicação do Prof. Márcio Cavalcante (Dizer o Direito) sobre o tema, no Info 572 do STJ:
AÇÃO PENAL
O Estatuto do Desarmamento estabeleceu, em seu art. 30, um prazo de 180 dias para que
os possuidores e proprietários de armas de fogo de uso permitido fizessem a solicitação de registro.
Após sucessivas prorrogações, o prazo limite foi estipulado em 31 de dezembro de 2009, nos
termos do art. 20 da Lei 11.922/20.
Com base neste dispositivo, passou-se a entender que houve uma abolitio criminis
temporária para o crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido. De fato, se o cidadão
Em suma:
d) o porte ilegal de qualquer arma sempre configurou crime, desde a entrada em vigor do
Estatuto do Desarmamento.
PENA
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a
um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
Salienta-se que, como a pena não ultrapassa quatro anos, o próprio delegado poderá arbitrar
a fiança.
2. OMISSÃO DE CAUTELA
PREVISÃO LEGAL
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor
de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere
de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
OBJETIVIDADE JURÍDICA
SUJEITOS DO DELITO
• A coletividade
• O menor de 18 anos
ELEMENTO SUBJETIVO
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
O parágrafo único traz um crime diferente em que é aplicado a mesma pena do art. 13,
vejamos:
Art. 13, Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor
responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem
de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto,
roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição
que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de
ocorrido o fato.
Nos casos em que ocorre a perda, furto, roubo ou outra forma de extravio de arma de fogo,
a empresa de segurança tem a obrigação de comunicar à autoridade competente em 24h, sob pena
de responder pelo delito do art. 13, parágrafo único.
a) Sujeito ativo
Trata-se de crime próprio ou especial, uma vez que somente pode ser praticado pelo
proprietário da empresa ou pelo diretor responsável.
b) Sujeito passivo
• O registro e autorização para o porte, expedido pela Polícia Federal, deverão ser
elaborados no nome da empresa.
Obs. Caso o funcionário da empresa seja surpreendido com a arma de fogo, fora do horário de
trabalho, responderá por porte ilegal de arma de fogo.
Assim, a consumação ocorrerá após o transcurso das 24h sem que haja a comunicação.
O delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido está previsto no art. 14 do Estatuto
do Desarmamento, vejamos:
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob
guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a
arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
Ressalta-se que o STF, na ADI 3.112/1, considerou o parágrafo único inconstitucional, pois,
atualmente, apenas a CF pode dizer, de forma genérica e abstrata, que um crime é inafiançável.
OBJETIVIDADE JURÍDICA
SUJEITOS DO DELITO
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é
aumentada da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e
empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei.
ELEMENTO NORMATIVO
O tipo penal do art. 14 contém um elemento normativo, qual seja: “sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
Desta forma, conclui-se que é possível portar legalmente uma arma de fogo.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
É possível a tentativa quando, por exemplo, o agente inicia os atos de execução, mas não
logra êxito em adquirir a arma de fogo de uso permitido.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Significa que a lei presume, de forma absoluta, que a arma de fogo representa um perigo à
segurança pública.
O STJ, no Info 570, entendeu que é atípica a conduta de portar arma de fogo ineficaz.
Vejamos a ótima explicação do Prof. Márcio Cavalcante (Dizer o Direito):
Prevalece o entendimento que o agente responde apenas por um crime, sendo que a
pluralidade de armas influi na dosimetria da pena.
Igualmente, prevalece o entendimento que irá responder por um único crime (o mais grave),
a pluralidade de armas influirá na dosimetria da pena.
O mero porte de arma de brinquedo não é considerado crime, não houve a incriminação pelo
Estatuto do Desarmamento, proíbe a fabricação, a importação, a exportação de réplicas de arma
de fogo, nos termos do art. 26.
Info 699 STF: Asseverou-se que o tipo penal do art. 14 da Lei 10.826/2003
comtemplaria crime de mera conduta, sendo suficiente a ação de portar
ilegalmente a arma, ainda que desmuniciada.
A posse ou o porte apenas da munição (ou seja, desacompanhada da arma) configura crime.
Isso porque tal conduta consiste em crime de perigo abstrato, para cuja caracterização não importa
o resultado concreto da ação. O objetivo do legislador foi o de antecipar a punição de fatos que
apresentam potencial lesivo à população, prevenindo a prática de crimes. STF. 2ª Turma.HC
119154, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/11/2013. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
1442152/MG, Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 07/08/2014.
Obs.: O STJ possui julgado, de 2012, considerando atípico o porte de apenas um projetil, analisou
o caso concreto.
O STF considerou atípica a conduta do agente que portava uma munição como pingente,
sem possuir arma de fogo.
Importante destacar a expressão “desde que essa conduta não tenha como finalidade a
prática de outro crime”, a qual configura um crime expressamente subsidiário. Trata-se do princípio
da subsidiariedade expressa na solução do conflito aparente de normas.
• Agente dispara arma de fogo sem nenhum intuito, responderá pelo art. 15 do Estatuto
do Desarmamento;
• Agente dispara arma de fogo para matar outra pessoa, responderá por homicídio (art.
121 do CP). O disparo será absorvido pelo homicídio.
OBJETIVIDADE JURÍDICA
SUJEITOS DO DELITO
É crime comum ou geral, tendo em vista que pode ser praticado por qualquer pessoa.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
É crime de mera conduta. Assim, será consumado com o disparo da arma de fogo ou com
o acionamento da munição.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
O agente irá responder apenas pelo crime mais grave. O disparo fica absorvido.
Para determinar os crimes que o agente irá responder, é necessário analisar o contexto
fático, a fim de determinar se há ou não ligação entre as condutas. Observe a seguir as seguintes
hipóteses:
1ª HIPÓTESE – João está em sua residência, assistindo ao jogo de seu time de futebol.
Após o gol, dirige-se até a rua e efetua um disparo para o alto. Em seguida, retorna para sua casa.
Perceba que João portou ilegalmente a arma de fogo apenas com a finalidade de efetuar o disparo.
Assim, o disparo irá absorver o porte ilegal.
2ª HIPÓTESE – João saiu de sua residência, com a arma de fogo, atravessou a cidade
inteira para chegar ao estádio de futebol, após o jogo, novamente, atravessou a cidade para voltar
para casa. Ocasião em que efetuou um disparo para o alto. Nesta hipótese, temos dois contextos
distintos, por isso João irá responder pelos dois delitos (porte e disparo) em concurso material de
crimes.
PENA
A pena é de dois a quatro anos. Portanto, trata-se de um crime de elevado potencial ofensivo.
• Não é possível a transação penal, pois a pena máxima supera os dois anos;
• Não é possível a suspensão condicional do processo, pois a pena mínima prevista para
o crime ultrapassa um ano;
• É muito provável que a pena seja convertida em restritiva de direitos, desde que
cumpridos os requisitos legais;
• Tendo em vista que a pena máxima não ultrapassa o patamar de quatro anos, o próprio
delegado poderá arbitrar a fiança.
Obs.: o parágrafo único foi declarado inconstitucional pelo STF. Cabe sim fiança.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar,
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso
proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação
de arma de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar
ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de
qualquer forma, munição ou explosivo.
Quando a arma de fogo é de uso restrito, o crime será o mesmo tanto para a posse ilegal
quanto para o porte ilegal. De outra banda, quando se trata de arma de fogo de uso permitido, os
crimes serão distintos: posse ilegal (art. 12) e porte ilegal (art. 14)
OBJETIVIDADE JURÍDICA
Assim, como nos demais crimes do Estatuto protege-se a incolumidade pública, mais
especificamente a segurança pública.
SUJEITOS DO DELITO
Qualquer pessoa poderá praticar o delito do art. 16, pois se trata de crime comum ou geral.
Aqui, novamente, aplica-se a regra do art. 20 do Estatuto, segundo a qual a pena será
aumentada quando o crime for praticado por integrantes dos órgãos e empresas referidas nos arts.
6º, 7º e 8º.
O tipo penal contém um elemento normativo, qual seja: sem autorização e em desacordo
com determinação legal ou regulamentar. Conclui-se, assim, que são possíveis o porte legal e a
posse legal de arma de fogo de uso restrito quando o agente possuir autorização para tanto (porte)
ou registrar (posse).
A aquisição de arma de fogo de uso restrito deve ser concedida pelo Comando do Exército,
e seu registro também será feito nesse órgão.
Obs.: O porte funcional é válido para qualquer arma de fogo. Assim, é perfeitamente possível que
porte uma arma de fogo de uso restrito.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
É crime de perigo abstrato, a lei presume o perigo com a prática de qualquer uma das
condutas descritas no art. 16.
Igualmente, é um crime de mera conduta. Ou seja, basta a prática da conduta para que se
presuma o perigo.
FIGURAS EQUIPARADAS
Tratam-se de crimes autônomos com condutas e objetos materiais próprios, para os quais
se aproveitou a pena do art. 16, caput.
Obs.: As condutas não precisam ser relacionadas a arma de fogo de uso restrito ou proibido.
5.6.1. (I) Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de indicação de arma de
fogo ou artefato
Na prática, é quase impossível identificar quem fez a supressão, por isso o legislador criou
o inciso IV.
Pune-se apenas o responsável pela modificação, qualquer outra pessoa que a porte ou
possua irá responder pelo caput do art. 16.
Aqui, tem-se um crime formal. Não incide o art. 347 do CP, que pune o crime de fraude
processual.
5.6.3. (III) Possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar
Em relação aos artefatos explosivos, este dispositivo prevalece sobre o art. 253 do CP.
Não será considerado explosivo o artefato que, embora ativado por explosivo, não projete
nem disperse fragmentos perigosos, como metal, vidro ou plástico quebradiço, não possuindo,
portanto, considerável potencial de destruição.
Assim, para ser considerado artefato explosivo, é necessário que ele seja capaz de gerar
alguma destruição. Conforme vimos acima, as duas granadas, quando acionadas, liberam apenas
densa fumaça e gás de pimenta, ou, quando muito, alguns fragmentos de borracha.
Dessa forma, a explosão decorrente da sua decomposição não é capaz de gerar destruição
resultante da liberação de energia, apenas o incômodo gerado pelo gás tóxico.
Quem porta, possui, adquiri, transporta ou fornece responde pelo inciso IV.
Ressalta-se que pode ser qualquer tipo de arma de fogo, isto é, de uso restrito ou permitido.
Não há vinculação ao caput.
Info 558 STF – Para a caracterização do crime previsto no art. 16, parágrafo
único, IV, da Lei 10.826/2003, é irrelevante se a arma de fogo é de uso
permitido ou restrito, bastando que o identificador esteja suprimido.
5.6.5. (V) Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório,
munição ou explosivo a criança ou adolescente
Pode ser qualquer arma, de uso restrito ou permitido, acessório, munição ou explosivo.
Se o apoderamento por parte de menor de idade ou doente mental for culposo, incide o
crime do art. 13 (estudado acima).
5.6.6. (VI) Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer
forma, munição ou explosivo
A referida Lei já entrou em vigor, de forma que, se a pessoa praticar o crime do art. 16 da
Lei nº 10.826/2003 de hoje em diante, estará submetido às consequências penais e processuais
inerentes aos crimes hediondos, sendo a mais gravosa delas a existência de requisitos objetivos
diferenciados para progressão de regime (art. 2º, § 2º).
A Lei nº 13.497/2017 é mais gravosa e, por isso, não tem efeitos retroativos, de forma que,
quem cometeu o delito até o dia de ontem (26/10/2017), não é abrangido pelo tratamento
dispensado aos crimes hediondos.
PENA
A pena será de três a seis anos e multa. Novamente, trata-se de crime de elevado potencial
ofensivo (aplica-se tudo o que foi dito acima)
O dispositivo deixa claro que a atividade não precisa ser formal, mas deve ser habitual.
OBJETIVIDADE JURÍDICA
Tutela-se, mais uma vez, a segurança pública. Visando evitar que armas de fogo, acessórios
ou munições circulem livremente na sociedade.
SUJEITOS DO DELITO
É crime próprio, ou seja, exige-se qualidade especial do agente, que deve exercer atividade
comercial ou industrial, ainda que de forma irregular ou em residência.
OBJETO MATERIAL
O tipo penal do art. 17 não faz distinção entre arma de fogo de uso permitido e arma de fogo
de uso restrito. Assim, o crime será o mesmo.
Cuidado, contudo, com o disposto no art. 19 da Lei, o qual configura uma causa de aumento
quando for de uso restrito ou proibido.
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da
metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou
restrito.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Então, podemos concluir, que se consuma com a prática de qualquer uma das condutas
previstas em lei, presumindo-se, de forma absoluta, o perigo ao bem jurídico.
É possível a tentativa.
PENA
A pena é de reclusão de quatro a oito anos, e multa. Por isso, não é possível aplicação dos
institutos despenalizadores, como a transação penal e a suspensão condicional do processo.
Por fim, o último crime previsto no Estatuto do Desarmamento está previsto no art. 18 e trata-
se do tráfico internacional de arma de fogo, observe o dispositivo legal:
Destaca-se que o tipo penal prevê o tráfico internacional de arma de fogo. Não existe, aqui,
o tráfico interestadual, que entrará em outra conduta.
OBJETIVIDADE JURÍDICA
OBJETO MATERIAL
Pode ser qualquer arma de fogo, acessório ou munição, tanto de uso restrito ou permitido.
Quando for de uso restrito, incide o art. 19, aumentando-se a pena de metade.
É a coletividade.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
A lei presume de forma absoluta o perigo à segurança pública com a entrada de uma arma
clandestina.
8. JURISPRUDÊNCIA EM TESE
1) O crime de posse irregular de arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido (art.
12 da Lei n. 10.826/2003) é de perigo abstrato, prescindindo de demonstração de efetiva
situação de perigo, porquanto o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física e sim
a segurança pública e a paz social.
2) O crime de porte ilegal de arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido (art. 14
da Lei n. 10.826/2003) é de perigo abstrato e de mera conduta, bastando para sua
caracterização a prática de um dos núcleos do tipo penal, sendo desnecessária a
realização de perícia.
5) O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito
(art. 16, caput, da Lei n. 10.826/2003) é crime de perigo abstrato, que presume a
ocorrência de dano à segurança pública e prescinde, para sua caracterização, de
resultado naturalístico à incolumidade física de outrem.
9) A forma qualificada do art. 10, § 3º, IV, da Lei n. 9.437/1997, que foi suprimida do
ordenamento jurídico com o advento da Lei n. 10.826/03, não tem o condão de tornar
atípica a conduta, mas apenas de desclassificar o delito para a forma simples, prevista
no caput do dispositivo legal mencionado.
10) Não se aplica o princípio da consunção quando os delitos de posse ilegal de arma de
fogo e disparo de arma em via pública são praticados em momentos diversos e em
contextos distintos.
13) O simples fato de possuir ou portar munição caracteriza os delitos previstos nos arts. 12,
14 e 16 da Lei n. 10.826/2003, por se tratar de crime de perigo abstrato e de mera
conduta, sendo prescindível a demonstração de lesão ou de perigo concreto ao bem
jurídico tutelado, que é a incolumidade pública.
15) Demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de fogo para o disparo, é atípica a
conduta de portar ou de possuir arma de fogo, diante da ausência de afetação do bem
jurídico incolumidade pública, tratando-se de crime impossível pela ineficácia absoluta
do meio.
16) A conduta de possuir, portar, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo, seja de uso
permitido, restrito ou proibido, com numeração, marca ou qualquer outro sinal de
identificação raspado, suprimido ou adulterado, implica a condenação pelo crime
estabelecido no art. 16, parágrafo único, IV, do Estatuto do Desarmamento.
17) O crime de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição (art. 17 da Lei n.
10.826/2003) é delito de tipo misto alternativo e de perigo abstrato, bastando para sua
caracterização a prática de um dos núcleos do tipo penal, sendo prescindível a
demonstração de lesão ou de perigo concreto ao bem jurídico tutelado, que é a
incolumidade pública.
18) O delito de comércio ilegal de arma de fogo, acessório ou munição, tipificado no art. 17,
caput e parágrafo único, da Lei de Armas, nunca foi abrangido pela abolitio criminis
temporária prevista nos arts. 5º, § 3º, e 30 da Lei de Armas ou nos diplomas legais que
prorrogaram os prazos previstos nos referidos dispositivos.
20) O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, tipificado no art.
18 da Lei n. 10.826/03, é de perigo abstrato ou de mera conduta e visa a proteger a
segurança pública e a paz social.
22) É típica a conduta de importar arma de fogo, acessório ou munição sem autorização da
autoridade competente, nos termos do art. 18 da Lei n. 10.826/2003, mesmo que o réu
detenha o porte legal da arma, em razão do alto grau de reprovabilidade da conduta.