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TEORIA DO CRIME

1. CONCEITO DE CRIME .................................................................................................................................................................. 8


1.3.1 TEORIA QUADRIPARTIDA .......................................................................................................................................... 8
1.3.2 TEORIA BIPARTIDA ................................................................................................................................................... 8
1.3.3 TEORIA TRIPARTIDA .................................................................................................................................................. 9
2. TEORIAS DA CONDUTA ............................................................................................................................................................ 11
2.1 TEORIA CLÁSSICA - CAUSALISTA – NATURALÍSTICA – MECANICISTA - CAUSAL .......................................................... 11
2.1.1 A TEORIA CAUSALISTA E SUAS CRÍTICAS .............................................................................................................. 12
2.2 TEORIA CAUSAL-VALORATIVA (TELEOLÓGICA, NEOKANTISMO, BADEN, MEZGER) ...................................................... 12
2.3 TEORIA FINALISTA (WELZEL) .......................................................................................................................................... 13
2.4 TEORIA CIBERNÉTICA ...................................................................................................................................................... 14
2.5 TEORIA SOCIAL ................................................................................................................................................................ 14
2.6 TEORIA JURÍDICO-PENAL ................................................................................................................................................ 15
2.7 TEORIA DA AÇÃO SIGNIFICATIVA ................................................................................................................................... 15
2.8 TEORIA FUNCIONALISTA DA AÇÃO .................................................................................................................................. 15
2.9 TEORIA PESSOAL OU PERSONALISTA DE AÇÃO ............................................................................................................ 15
2.10 TEORIA CONSTITUCIONAL DA AÇÃO (LUIZ FLÁVIO GOMES) ...................................................................................... 15
2.11 TEORIA NEGATIVA DA AÇÃO ....................................................................................................................................... 16
3. AUSÊNCIA DE CONDUTA .......................................................................................................................................................... 17
3.1 ATOS INSTINTIVOS E AUTOMÁTICOS (AÇÃO EM CURTO-CIRCUITO) ............................................................................. 17
4. CRIME DOLOSO ........................................................................................................................................................................ 18
4.1 REFLEXÕES ACERCA DA NATUREZA DO DOLO (PAULO CÉZAR BUSATO) ...................................................................... 18
4.1.1 AS SUPERADAS TEORIAS ONTOLÓGICAS DO DOLO .............................................................................................. 18
4.1.2 AS TEORIAS NORMATIVAS DO DOLO ..................................................................................................................... 19
4.2 ELEMENTOS DO DOLO .................................................................................................................................................... 19
4.2.1 DOLO SEM VONTADE .............................................................................................................................................. 20
4.3 TEORIAS DO DOLO .......................................................................................................................................................... 20
4.3.1 TEORIAS ADOTADAS PELO CÓDIGO PENAL ........................................................................................................... 20
4.4 ESPÉCIES DE DOLO ......................................................................................................................................................... 21
4.4.1 DOLO DIRETO DE PRIMEIRO GRAU ........................................................................................................................ 21
4.4.2 DOLO DIRETO DE SEGUNDO GRAU ........................................................................................................................ 21
4.4.3 DOLO DIRETO DE TERCEIRO GRAU ........................................................................................................................ 22
4.4.4 DOLO INDIRETO - INDETERMINADO ....................................................................................................................... 22
4.5 CRIME PRETERDOLOSO (PRETERINTENCIONAL) ............................................................................................................ 27
4.5.1 CRIME PRETERDOLOSO x AGRAVANTES ................................................................................................................ 29
4.6 DOLO DE ÍMPETO ............................................................................................................................................................ 29
4.7 DOLO DE DANO x DOLO DE PERIGO ............................................................................................................................... 29
4.8 DOLO GENÉRICO x ESPECÍFICO ....................................................................................................................................... 29
4.9 DOLO NORMATIVO x DOLO NATURAL ............................................................................................................................ 29
5. CRIME CULPOSO ...................................................................................................................................................................... 31
5.1 FUNDAMENTO DA PUNIBILIDADE DA CULPA .................................................................................................................. 31

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5.2 PRINCÍPIO DA EXCEPCIONALIDADE ................................................................................................................................ 31
5.3 ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO .................................................................................................................................. 31
5.4 MODALIDADES DE CULPA ............................................................................................................................................... 32
5.4.1 IMPRUDÊNCIA ......................................................................................................................................................... 32
5.4.2 NEGLIGÊNCIA .......................................................................................................................................................... 32
5.4.3 IMPERÍCIA ............................................................................................................................................................... 32
5.5 ESPÉCIES DE CULPA ....................................................................................................................................................... 33
5.5.1 CULPA CONSCIENTE - COM PREVISÃO - EX LASCÍVIA ........................................................................................... 33
5.5.2 CULPA INCONSCIENTE - SEM PREVISÃO - EX IGNORANTIA .................................................................................. 33
5.5.3 CULPA IMPRÓPRIA - CULPA POR EXTENSÃO - POR ASSIMILAÇÃO OU EQUIPARAÇÃO ........................................ 33
5.5.4 CULPA MEDIATA OU INDIRETA ............................................................................................................................... 34
5.5.5 CULPA PRESUMIDA: VEDADA ................................................................................................................................. 34
5.6 COMPENSAÇÃO DE CULPAS: VEDADA ............................................................................................................................ 34
5.7 CONCORRÊNCIA DE CULPAS ........................................................................................................................................... 34
5.8 AGRAVANTES x CRIME CULPOSO ................................................................................................................................... 35
5.9 CAUSAS DE AUMENTO x CRIME CULPOSO ..................................................................................................................... 35
5.10 GRAUS DE CULPA ....................................................................................................................................................... 35
5.11 INSTITUTOS COMPATÍVEIS E INCOMPATÍVEIS COM O CRIME CULPOSO .................................................................. 35
5.11.1 CRIMES OMISSIVOS................................................................................................................................................ 35
5.12 PRINCÍPIO DA CONFIANÇA .......................................................................................................................................... 35
6. CRIMES OMISSIVOS ................................................................................................................................................................. 36
6.1 RECAPITULANDO AS TEORIAS DA AÇÃO......................................................................................................................... 36
6.1.1 TEORIA CLÁSSICA - CAUSALISTA – NATURALÍSTICA – MECANICISTA – CAUSAL (LISZT) .................................... 36
6.1.2 TEORIA CAUSAL-VALORATIVA (TELEOLÓGICA, NEOKANTISMO E BADEN, MEZGER) ............................................ 36
6.1.3 FINALISMO (WELZEL) ............................................................................................................................................. 36
6.1.4 TEORIA NEGATIVA DA AÇÃO ................................................................................................................................... 37
6.2 TEORIAS ACERCA DA OMISSÃO ...................................................................................................................................... 37
6.3 INTERRUPÇÃO DE ESFORÇOS DE SALVAMENTO ............................................................................................................ 37
6.4 RELEVÂNCIA DA OMISSÃO .............................................................................................................................................. 38
6.5 CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS .................................................................................................................................. 39
6.5.1 A FIGURA DO GARANTIDOR .................................................................................................................................... 40
6.5.2 HOMICÍDIOS CULPOSO POR OMISSÃO IMPRÓPRIA ............................................................................................... 42
6.5.3 HOMICÍDIO DOLOSO POR OMISSÃO IMPRÓPRIA ................................................................................................... 42
6.5.4 ERRO DE TIPO SOBRE A POSIÇÃO DE GARANTIDOR ............................................................................................. 42
6.5.5 ATIPICIDADE ........................................................................................................................................................... 42
6.6 CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS ...................................................................................................................................... 43
6.6.1 OMISSÃO DE SOCORRO .......................................................................................................................................... 44
6.6.2 ART. 64 DO DCD ..................................................................................................................................................... 44
6.6.3 OMISSÃO DE CAUTELA – ESTATUTO DO DESARMAMENTO - Lei nº 10.826/2003 ................................................. 44
6.6.4 APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA ............................................................................................................ 44
6.6.5 ART. 68 DA LEI 9.605/98 ......................................................................................................................................... 45
6.6.6 TORTURA MEDIANTE OMISSÃO .............................................................................................................................. 45
6.6.7 CRIME OMISSIVO PRÓPRIO CULPOSO ................................................................................................................... 45
6.7 COAUTORIA EM CRIMES OMISSIVOS .............................................................................................................................. 46
6.8 PARTICIPAÇÃO EM CRIMES OMISSIVOS ......................................................................................................................... 46

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6.9 ERRO MANDAMENTAL ..................................................................................................................................................... 47
6.10 EXEMPLO FINAL SOBRE A POSSIBILIDADE DE DIFERENTES ADEQUAÇÕES TÍPICAS PARA UM MESMO FATO A
DEPENDER DA QUALIDADE DO AGENTE ...................................................................................................................................... 47
7. ITER CRIMINIS .......................................................................................................................................................................... 48
7.1 COGITAÇÃO (INTERNA) .................................................................................................................................................... 48
7.2 PREPARAÇÃO (EXTERNA) ................................................................................................................................................ 48
7.2.1 PREPARAÇÃO PUNÍVEL (CRIMES-OBSTÁCULOS)................................................................................................... 48
7.3 EXECUÇÃO (EXTERNA) .................................................................................................................................................... 49
7.3.1 TEORIA SUBJETIVA ................................................................................................................................................. 49
7.3.2 TEORIA OBJETIVA .................................................................................................................................................. 49
7.4 CONSUMAÇÃO (EXTERNA) .............................................................................................................................................. 49
7.5 EXAURIMENTO ................................................................................................................................................................ 50
7.6 PREPARAÇÃO, EXECUÇÃO E O PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO OU ABSORÇÃO ................................................................. 50
8. TENTATIVA – CONATUS ............................................................................................................................................................ 52
8.1 ELEMENTOS DA TENTATIVA ............................................................................................................................................ 52
8.2 ADEQUAÇÃO TÍPÍCA DA TENTAIVA .................................................................................................................................. 52
8.3 TEORIAS SOBRE A PUNIBILIDADE DA TENTATIVA ......................................................................................................... 53
8.3.1 EXCEÇÃO: TEORIA SUBJETIVA ................................................................................................................................ 54
8.4 PENA DA TENTATIVA ....................................................................................................................................................... 54
8.5 CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA ........................................................................................................................ 55
8.5.1 TENTATIVA: CRIMES UNISSUBSISTENTES E PLURISSUBSISTENTES .................................................................... 56
8.5.2 “TENTATIVA” DE CONTRAVENÇÃO PENAL E FALTA GRAVE (LEP) ......................................................................... 57
8.5.3 “TENTATIVA” DE TRÁFICO DE DROGAS .................................................................................................................. 57
8.5.4 CRIMES DE ATENTADO / CRIMES DE EMPREENDIMENTO ..................................................................................... 58
8.5.5 “TENTATIVA” DE ROUBO OU FURTO – APPREHENSIO / AMOTIO ........................................................................... 58
8.6 CRIMES OMISSIVOS: TENTATIVA? .................................................................................................................................. 59
8.7 CULPA IMPRÓPRIA E TENTATIVA .................................................................................................................................... 59
8.8 LATROCÍNIO E TENTATIVA ............................................................................................................................................... 59
8.9 TENTATIVA BRANCA (INCRUENTA) x VERMELHA (CRUENTA) ........................................................................................ 60
8.10 TENTANTIVA PERFEITA x IMPERFEITA ........................................................................................................................ 60
9. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ....................................................................................................... 62
9.1.1 OBSERVAÇÕES (ANA PAULA VIEIRA) ..................................................................................................................... 63
9.2 TENTATIVA QUALIFICADA ............................................................................................................................................... 64
9.3 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ x LEI DE TERRORISMO ....................................................... 64
10. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ...................................................................................................................................................... 65
10.1 DA VOLUNTARIEDADE DA DESISTÊNCIA .................................................................................................................... 66
11. ARREPENDIMENTO EFICAZ....................................................................................................................................................... 67
12. ARREPENDIMENTO POSTERIOR [PONTE DE PRATA] ............................................................................................................... 69
12.1 REQUISITOS DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR ....................................................................................................... 70
12.2 EXEMPLOS .................................................................................................................................................................. 71
12.3 FUNDAMENTOS ........................................................................................................................................................... 72
12.4 COMUNICABILIDADE DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR NO CONCURSO DE PESSOAS .......................................... 72
12.5 CRITÉRIO PARA REDUÇÃO DA PENA ........................................................................................................................... 72
12.6 RECUSA DO OFENDIDO EM ACEITAR A REPARAÇÃO / RESTITUIÇÃO ......................................................................... 72
12.7 ARREPENDIMENTO POSTERIOR EM CRIMES AMBIENTAIS ........................................................................................ 72

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12.8 PECULATO E A REPARAÇÃO DO DANO ....................................................................................................................... 73
12.9 JECRIM E COMPOSIÇÃO CIVIL DOS DANOS ............................................................................................................... 73
12.10 APROPRIAÇAÕ INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA (art. 168-A) ............................................................................................. 74
12.11 PAGAMENTO DE TRIBUTO APÓS RECEBIMENTO DA DENÚNCIA (REGRA ESPECIAL) ................................................ 74
12.12 SÚMULA 554 STF – CHEQUE “SEM FUNDO”............................................................................................................... 74
13. CRIMES IMPOSSÍVEL ............................................................................................................................................................... 76
13.1 TEORIAS ...................................................................................................................................................................... 77
13.2 ESPÉCIES DE CRIME IMPOSSÍVEL .............................................................................................................................. 77
13.3 MOMENTO ADEQUADO PARA A AFERIÇÃO DA INIDONEIDADE .................................................................................. 78
13.4 ASPECTOS PROCESSUAIS ........................................................................................................................................... 78
13.5 CRIME PUTATIVO x CRIME IMPOSSÍVEL ..................................................................................................................... 78
13.6 ESPÉCIES DE CRIMES PUTATIVOS .............................................................................................................................. 78
13.7 SISTEMA DE VIGILÂNCIA ............................................................................................................................................. 79
14. RESULTADO.............................................................................................................................................................................. 80
14.1 CONCEITO .................................................................................................................................................................... 80
14.2 RESULTADO JURÍDICO x RESULTADO NATURALÍSTICO............................................................................................. 80
14.3 CRIMES FORMAIS, MATERIAIS E DE MERA CONDUTA ............................................................................................... 80
14.3.1 CRIMES MATERIAIS ................................................................................................................................................ 80
14.3.2 CRIMES FORMAIS ................................................................................................................................................... 81
14.3.3 CRIMES DE MERA CONDUTA .................................................................................................................................. 81
15. NEXO DE CAUSALIDADE ........................................................................................................................................................... 82
15.1 TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS - TEORIA DA CONDITIO SINE QUA NON ........................ 82
15.1.1 CRÍTICA ................................................................................................................................................................... 83
15.2 TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA - TEORIA DA CONDIÇÃO QUALIFICADA – TEORIA INDIVIDUALIZADORA ..... 83
15.3 TEORIA DA RELEVÂNCIA CAUSAL ............................................................................................................................... 83
15.4 TEORIA DA CONDIÇÃO MAIS EFICAZ OU ATIVA .......................................................................................................... 84
15.5 TEORIA DA QUALIDADE DO EFEITO OU DA CAUSA EFICIENTE ................................................................................... 84
15.6 TEORIA DO EQUILÍBRIO OU DA PREPONDERÂNCIA .................................................................................................... 84
15.7 TEORIA DA CAUSA PRÓXIMA ...................................................................................................................................... 84
15.8 TEORIA DO ESCOPO DA NORMA JURÍDICA VIOALDA ................................................................................................. 84
15.9 TEORIA DA CAUSA HUMANA ....................................................................................................................................... 85
15.10 TEORIA DA CONDIÇÃO INUS OU TEORIA DA CONDIÇÃO MÍNIMA .............................................................................. 85
15.11 TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA ............................................................................................................................. 85
15.11.1 ROXIN (FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO/MODERADO) ...................................................................................... 87
15.11.1.1 DIMINUIÇÃO DO RISCO.................................................................................................................................. 87
15.11.1.2 CRIAÇÃO DE UM RISCO JURIDICAMENTE RELEVANTE ................................................................................. 88
15.11.1.3 AUMENTO DO RISCO PERMITIDO .................................................................................................................. 88
15.11.1.4 ESFERA DE PROTEÇÃO DA NORMA DE CUIDADO ......................................................................................... 88
15.11.2 JAKÖBS (FUNCIONALISMO SISTÊMICO OU RADICAL) ....................................................................................... 89
15.11.2.1 RISCO PERMITIDO ......................................................................................................................................... 89
15.11.2.2 PRINCÍPIO DA CONFIANÇA............................................................................................................................. 89
15.11.2.3 PROIBIÇÃO DE REGRESSO ............................................................................................................................. 90
15.11.2.4 COMPETÊNCIA OU CAPACIDADE DA VÍTIMA ................................................................................................. 90
16. CONCAUSAS ............................................................................................................................................................................. 91
16.1 CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE ......................................................................................................... 91

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16.1.1 CAUSA PREEXISTENTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE ................................................................................... 91
16.1.2 CAUSA CONCOMITANTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE ................................................................................. 91
16.1.3 CAUSA SUPERVENIENTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE ................................................................................ 92
16.2 CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE ........................................................................................................... 92
16.2.1 CAUSA PREEXISTENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE ..................................................................................... 92
16.2.2 CAUSA CONCOMITANTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE .................................................................................. 92
16.2.3 CAUSA SUPERVENIENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE .................................................................................. 93
16.3 DUPLA CAUSALIDADE ................................................................................................................................................. 95
17. TIPICIDADE ............................................................................................................................................................................... 96
17.1 TIPICIDADE FORMAL ................................................................................................................................................... 96
17.2 TIPICIDADE MATERIAL ................................................................................................................................................ 96
17.2.1 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ............................................................................................................................. 96
17.2.2 INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA ....................................................................................................................... 98
17.2.3 INAPLICABILIDADE DA INSIGNIFICÂNCIA ............................................................................................................... 99
17.2.4 APLICABILIDADE DA INSIGNIFICÂNCIA ................................................................................................................. 101
17.3 TEORIA DA TIPICIDADE CONGLOBANTE (ZAFFARONI) .............................................................................................. 103
17.3.1 CRÍTICA ................................................................................................................................................................. 103
17.4 FORMAS DE ADEQUAÇÃO TÍPICA .............................................................................................................................. 103
17.4.1 DIRETA – IMEDIATA (ADEQUAÇÃO TÍPICA DE SUBORDINAÇÃO IMEDIATA OU DIRETA) ..................................... 103
17.4.2 INDIRETA/MEDIATA - (ADEQUAÇÃO TÍPICA DE SUBORDINAÇÃO MEDIATA OU INDIRETA OU POR DUPLA VIA) 103
18. ILICITUDE................................................................................................................................................................................ 105
18.1 ILICITUDE E ANTIJURICIDADE: SINÔNIMOS? ............................................................................................................ 105
18.2 DA UNICIDADE DA ILICITUDE OU CONCEPÇÃO UNITÁRIA ........................................................................................ 105
18.3 1ª FASE: TEORIA DO TIPO AVALORADO / ACROMÁTICO - FUNÇÃO DESCRITIVA DO TIPO PENAL (BINDING. 1906) 105
18.4 2ª FASE: TEORIA RATIO COGNOSCENDI - MAX ERNST MAYER (1915) - BRASIL ..................................................... 105
18.5 3ª FASE: MEZGER (TEORIA DA RATIO ESSENDI) ...................................................................................................... 106
18.6 TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO ....................................................................................................... 106
19. CAUSAS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE, CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO OU DESCRIMINANTES ................................................. 107
19.1 EFEITOS DAS EXCLUDENTES .................................................................................................................................... 108
19.2 EXCESSO PUNÍVEL .................................................................................................................................................... 108
19.2.1 ERRO ESCUSÁVEL (INVENCÍVEL - INEVITÁVEL) X ERRO VENCÍVEL (INESCUSÁVEL) .......................................... 109
20. ESTADO DE NECESIDADE ....................................................................................................................................................... 110
20.1 ELEMENTOS ............................................................................................................................................................. 111
20.2 NATUREZA JURÍDICA DO ESTADO DE NECESSIDADE ............................................................................................. 112
20.3 TEORIA UNITÁRIA – CÓDIGO PENAL ......................................................................................................................... 112
20.4 TEORIA DIFERENCIADORA – CÓDIGO PENAL MILITAR ............................................................................................. 112
20.5 ESTADO DE NECESSIDADE DEFENSIVO .................................................................................................................... 113
20.5.1 ATAQUE DE CACHORRO: ESTADO DE NECESSIDADE x LEGÍTIMA DEFESA ......................................................... 113
20.6 ESTADO DE NECESSIDADE AGRESSIVO ................................................................................................................... 113
20.7 ESTADO DE NECESSIDADE PUTATIVO ...................................................................................................................... 114
20.8 COEXISTÊNCIA ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA ................................................................. 114
20.9 ESTADO DE DEFESA x LEGÍTIMA DEFESA ................................................................................................................. 114
20.10 ESTADO DE NECESSIDADE RECÍPROCO .................................................................................................................. 114
21. LEGÍTIMA DEFESA .................................................................................................................................................................. 115
21.1 REQUISITOS CUMULATIVOS: .................................................................................................................................... 116

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21.2 ELEMENTOS OBJETIVOS ........................................................................................................................................... 116
21.3 ELEMENTOS SUBJETIVOS – REQUISITOS DA LEGÍTIMA DEFESA ............................................................................. 117
21.4 LEGÍTIMA DEFESA AGRESSIVA OU ATIVA ................................................................................................................. 117
21.5 LEGÍTIMA DEFESA DEFENSIVA OU PASSIVA............................................................................................................. 117
21.6 LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA – IMAGINÁRIA ............................................................................................................ 117
21.6.1 DESCRIMINANTES PUTATIVAS ............................................................................................................................. 118
21.7 LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA ................................................................................................................................. 119
21.7.1 EXCESSO INTENSIVO x EXTENSIVO ...................................................................................................................... 119
21.8 LEGÍTIMA DEFESA RECÍPROCA ................................................................................................................................. 120
21.9 ABERRATIO ICTUS E LEGÍTIMA DEFESA ................................................................................................................... 120
21.10 LEGÍTIMA DEFESA CONTRA PESSOA JURÍDICA ........................................................................................................ 120
21.11 LEGÍTIMA CONTRA A MULTIDÃO .............................................................................................................................. 121
21.12 INCLUSÃO DO PARÁGRAFO ÚNICO (LEI 13.964/2019) ............................................................................................. 121
21.13 LEGÍTIMA DEFESA: COMPATIBILIDADES E INCOMPATIBILIDADES .......................................................................... 121
22. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL .......................................................................................................................... 123
22.1 DEVER LEGAL ............................................................................................................................................................ 123
22.2 DESTINATÁRIO DA EXCLUDENTE .............................................................................................................................. 124
22.3 LIMITES DA EXCLUDENTE ......................................................................................................................................... 124
22.4 ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL E CRIMES CULPOSOS ......................................................................... 124
22.5 COMUNICABILIDADE DA EXCLUDENTE DA ILICITUDE .............................................................................................. 124
23. EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO ......................................................................................................................................... 125
23.1 LESÕES EM ATIVIDADES ESPORTIVAS ..................................................................................................................... 125
23.2 INTERVENÇÕES MÉDICAS OU CIRÚRGICAS .............................................................................................................. 125
23.3 OFENDÍCULOS ........................................................................................................................................................... 125
24. CAUSAS SUPRALEGAIS DE JUSTIFICAÇÃO ............................................................................................................................ 127
24.1 CONSENTIMENTO DO OFENDIDO .............................................................................................................................. 127
25. CULPABILIDADE ..................................................................................................................................................................... 129
25.1 CULPABILIDADE ENQUANTO ELEMENTO DO CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME (JUÍZO DE REPROVABILIDADE) ... 129
25.2 CULPABILIDADE ENQUANTO CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL ......................................................................................... 130
25.3 TEORIAS DA CULPABILIDADE ................................................................................................................................... 130
25.3.1 TEORIA PSICOLÓGICA ........................................................................................................................................... 130
25.3.2 TEORIA PSICOLÓGICO-NORMATIVA – REINHART FRANK ..................................................................................... 131
25.3.3 TEORIA NORMATIVO PURA ................................................................................................................................... 133
25.3.3.1 TEORIA EXTREMADA OU ESTRITA DA CULPABILIDADE .............................................................................. 134
25.3.3.2 TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE (ADOTADA PELO CP) ..................................................................... 134
25.4 IMPUTABILIDADE ...................................................................................................................................................... 135
25.4.1 CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE........................................................................................................................... 135
25.4.2 CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DA IMPUTABILIDADE ...................................................................................... 135
25.4.2.1 LEI DE DROGAS ............................................................................................................................................ 136
25.4.3 EMBRIAGUEZ ........................................................................................................................................................ 137
25.4.3.1 TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA ........................................................................................................... 138
25.4.4 EMOÇÃO OU PAIXÃO ............................................................................................................................................ 138
25.5 POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE .................................................................................................................. 138
25.5.1 ERRO DE PROIBIÇÃO............................................................................................................................................. 138
25.6 EXIGIBILIDADE DE CONDUTA CONFORME O DIREITO .............................................................................................. 139

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26. TEORIA DO TERRO .................................................................................................................................................................. 141
26.1 ERRO DE TIPO x ERRO DE PROBIÇÃO ....................................................................................................................... 141
26.2 ERRO DE TIPO ESSENCIAL ........................................................................................................................................ 141
26.2.1 INVENCÍVEL, INEVITÁVEL ou ESCUSÁVEL ............................................................................................................ 143
26.2.2 VENCÍVEL, EVITÁVEL OU INESCUSÁVEL ............................................................................................................... 143
26.2.3 ERRO DE TIPO E A TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO.................................................................... 144
26.2.4 ERRO DE TIPO PSIQUICAMENTE CONDICIONADO ................................................................................................ 145
26.3 ERRO DE TIPO ACIDENTAL ........................................................................................................................................ 145
26.3.1 ERRO NA EXECUÇÃO – ABERRATIO ICTUS ........................................................................................................... 145
26.3.2 ERRO SOBRE A PESSOA – ERROR IN PERSONAE ................................................................................................. 147
26.3.3 ABERRATIO CRIMINIS - ABERRATIO DELICTI (ART. 74) – RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO ................... 147
26.3.4 ERRO SOBRE O OBJETO ...................................................................................................................................... 148
26.3.5 ERRO SOBRE CURSO CAUSAL – ABERRATIO CAUSAE ........................................................................................ 148
26.4 ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO (ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO) ....................................................................... 149
26.4.1 ERRO MANDAMENTAL .......................................................................................................................................... 151
26.5 ERRO DE PROIBIÇÃO DE INDIRETO – ERRO DE PERMISSÃO .................................................................................... 151
26.5.1 TEORIA EXTREMADA OU ESTRITA DA CULPABILIDADE ....................................................................................... 152
26.5.2 TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE (ADOTADA PELO CP) ............................................................................. 153
26.5.3 ERRO MANDAMENTAL .......................................................................................................................................... 153

elaborado por @fredsmcezar


1. CONCEITO DE CRIME

1.1 CONCEITO MATERIAL/SUBSTANCIAL


De acordo com esse critério, crime é toda ação ou omissão humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos
penalmente tutelados. Essa fórmula leva em conta a relevância do mal produzido aos interesses e valores selecionados pelo
legislador como merecedores da tutela penal. Destina-se a orientar a formulação de políticas criminais, funcionando como vetor ao
legislador, incumbindo-lhe a tipificação como infrações penais exclusivamente das condutas que causarem danos ou ao menos
colocarem em perigo bens jurídicos penalmente relevantes, assim reconhecidos pelo ordenamento jurídico. 1

1.2 CONCEITO FORMAL/LEGAL2


Segundo esse critério, o conceito de crime é o fornecido pelo legislador. Em que pese o Código Penal não conter nenhum
dispositivo estabelecendo o que se entende por crime, tal tarefa ficou a cargo do art. 1.º da Lei de Introdução ao Código Penal:
Art. 1º Considera-se:
CRIME a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
com a pena de multa;
CONTRAVENÇÃO, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou
cumulativamente.
A Lei de Introdução ao Código Penal fornece um conceito genérico de crime, aplicável sempre que não existir disposição especial
em sentido contrário. Além disso, a sua finalidade precípua não é dizer sempre o que se entende por crime, mas diferenciá-lo da
contravenção penal. O art. 1.º da Lei de Introdução ao Código Penal permite, assim, a definição de conceito diverso de crime por
leis extravagantes, reservando-se a sua aplicação para casos omissos.
A distinção entre crime e contravenção penal é de grau, quantitativa (quantidade da pena), e também qualitativa (qualidade da
pena) e não ontológica.
O Direito Penal brasileiro acolheu um sistema dicotômico, ao fracionar o gênero infração penal em duas espécies: crime ou
delito e contravenção penal.

CRIME
INFRAÇÃO PENAL
(gênero)
CONTRAVENÇÃO

Outros países, como Alemanha e França, adotaram um sistema tricotômico: crimes seriam as infrações mais graves, delitos as
intermediárias e por último, as contravenções penais albergariam as de menor gravidade.

1.3 CONCEITO ANALÍTICO/EXTRATIFICADO


O mais importante, nesse contexto, é perceber que a estrutura analítica do crime não se liga necessariamente à adoção da
concepção finalista, causalista, social ou funcional da ação delituosa. 3

1.3.1 TEORIA QUADRIPARTIDA


FATO TÍPICO + ILICITUDE + CULPABILIDADE + PUNIBILIDADE
Basileu Garcia sustentava ser o crime composto por quatro elementos: fato típico, ilicitude, culpabilidade e punibilidade.
Essa posição quadripartida é claramente minoritária e deve ser afastada, pois a punibilidade não é elemento do crime, mas
consequência da sua prática. Não é porque se operou a prescrição de determinado crime, por exemplo, que ele desapareceu do
mundo fático. Portanto, o crime existe independentemente da punibilidade.

1.3.2 TEORIA BIPARTIDA 4


FATO TÍPICO + ILICITUDE
Há autores que entendem o crime como fato típico e ilícito. Constam desse rol René Ariel Dotti, Damásio E. de Jesus e Julio
Fabbrini Mirabete, entre outros. A culpabilidade deve ser excluída da composição do crime, uma vez que se trata de pressuposto
de aplicação da pena.
• Os partidários da teoria tripartida BIPARTIDA do delito consideram a culpabilidade como pressuposto da pena e não elemento do crime. (errada)
VUNESP - 2018 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

1
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 230
2
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 230
3
2020. Manual de Direito Penal - Guilherme de Souza Nucci, p. 221
4
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 236

elaborado por @fredsmcezar


Juarez Tavares: “o isolamento da culpabilidade do conceito de delito representa uma visão puramente pragmática do Direito
Penal, subordinando-o de modo exclusivo à medida penal e não aos pressupostos de sua legitimidade”.5
A teoria bipartida do crime (típico + ilícito) é incompatível coma teoria causalista da conduta. Na teoria causalista, dolo e culpa
estão alocados na culpabilidade. Daí concluir que adota-se, necessariamente, o conceito tripartido do crime (fato típico, ilícito e
culpável).
A teoria bipartida relaciona-se intimamente com a teoria finalista da conduta.6
Claus Roxin privilegia um conceito bipartido do delito, em que se consideram seus elementos fundamentais dois juízos de valor:
o INJUSTO PENAL (fato típico + ilicitude) e a responsabilidade, que inclui a culpabilidade.7
Para a teoria dos elementos negativos do tipo, assim como para a teoria bipartida de fato punível, matar alguém em situação de
legítima defesa constitui fato atípico; (certa) 2011 - MPE-PR
Fábio Roque explica que o menor de 18 anos, segundo a teoria bipartida, cometeria crime, mas não receberia a pena por falta
de imputabilidade. Diferentemente, na teoria tripartida, o menor de 18 anos não comete crime exatamente porque a culpabilidade é
um elemento do crime e a menoridade significa ausência de culpabilidade.

1.3.3 TEORIA TRIPARTIDA


FATO TÍPICO + ILICITUDE + CULPABILIDADE
Nélson Hungria, Aníbal Bruno, E. Magalhães Noronha, Francisco de Assis Toledo, Cezar Roberto Bitencourt e Luiz Regis Prado
adotam a posição tripartida.
• Os partidários da teoria tripartida do delito consideram elementos do crime a tipicidade, a antijuricidade e a punibilidade CULPABILIDADE. (errada)
VUNESP - 2018 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

A distinção entre os perfis clássico e finalista reside, principalmente, na alocação do dolo e da culpa, e não em um sistema
bipartido ou tripartido relativamente à estrutura do delito. 8
• É correto afirmar que a estrutura analítica do crime se liga, necessariamente, à adoção da concepção finalista, causalista ou social da ação
delituosa. (errada) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA

Na estrutura clássica, DOLO E CULPA estão alocados no campo da CULPABILIDADE.


• O dolo, na escola clássica, deixou de ser elemento integrante da culpabilidade, deslocando-se para a conduta, já que ação e intenção são
indissociáveis. (errada) VUNESP - 2018 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

Na estrutura finalista, DOLO E CULPA estão alocados no campo da TIPICIDADE. Nota-se que a teoria finalista da conduta coincide
com TEORIA NORMATIVA PURA que diz respeito à CULPABILIDADE.
A teoria normativa pura, a fim de tipificar uma conduta, desloca a análise do dolo ou da culpa para o fato típico, transformando
a culpabilidade em um juízo de reprovação social incidente sobre o fato típico e antijurídico e sobre seu autor. (certa) FUMARC - 2018 -
PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA

• O dolo pertence à conduta, tendo como seus componentes a intencionalidade (elemento volitivo) e a previsão do resultado (elemento
intelectual). A potencial consciência da ilicitude, que é um dos elementos normativos da culpabilidade, não integra o dolo. (certa) MPE-MG – 2010
• Segundo a teoria normativa pura, a fim de tipificar uma conduta, ingressa-se na análise do dolo ou da culpa, que se encontram, pois, na
tipicidade, e não, na culpabilidade. A culpabilidade, dessa forma, é um juízo de reprovação social, incidente sobre o fato típico e antijurídico
e sobre seu autor. (certa) CESPE - 2010 – DPU
• Conforme a teoria normativa pura, a culpabilidade não se exaure na relação de desconformidade substancial entre ação e ordenamento
jurídico, mas fundamenta a reprovação pessoal contra o autor, no sentido de este não ter omitido a ação antijurídica quando ainda podia.
(certa) CESPE - 2012 - TJ-PI - JUIZ

• A teoria normativa pura manteve no conceito de culpabilidade os elementos normativos da imputabilidade e da a exigibilidade de conduta
diversa, sendo que o elemento psicológico da potencial consciência da ilicitude foi incluído na análise do dolo, que foi deslocado para o
conceito de tipicidade penal. (errada) 2014 - MPE-PR

1.4 CRITÉRIO ADOTADO PELO CÓDIGO PENAL 9


O Código Penal de 1940, em sua redação original, acolhia um conceito tripartido de crime, relacionado com o sistema clássico.
Eram, portanto, elementos do crime o fato típico, a ilicitude e a culpabilidade.
A situação mudou com a edição da Lei 7.209/1984, responsável pela redação da nova Parte Geral do Código Penal. A partir de
então, fica a impressão de ter sido adotado um conceito bipartido de crime, ligado obrigatoriamente à teoria finalista da conduta.

5
1980. Teorias do Delito, Juarez Tavares p. 109).
6
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 236
7
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 149
8
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 236
9
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 237

elaborado por @fredsmcezar


No Título II da Parte Geral o Código Penal trata “Do Crime”, enquanto logo em seguida, no Título III, cuida “Da Imputabilidade
Penal”. Dessa forma, crime é o fato típico e ilícito, independentemente da culpabilidade, que tem a imputabilidade penal como
um dos seus elementos. O crime existe sem a culpabilidade, bastando seja o fato típico e revestido de ilicitude.
Em igual sentido, ao tratar das causas de exclusão da ilicitude, determina o Código Penal em seu art. 23 que “não há crime”.
Ao contrário, ao relacionar-se às causas de exclusão da culpabilidade (arts. 26, caput, e 28, § 1.º, por exemplo), diz que o autor é
“isento de pena”
Assim sendo, é necessário que o fato típico seja ilícito para a existência do crime. Ausente a ilicitude, não há crime.
Por outro lado, subsiste o crime com a ausência da culpabilidade. Sim, o fato é típico e ilícito, mas o agente é isento de pena.
Em suma, há crime, sem a imposição de pena. O crime se refere ao fato (típico e ilícito), enquanto a culpabilidade guarda relação
com o agente (merecedor ou não de pena).
O art. 180, § 4.º, do Código Penal preceitua: “A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime
de que proveio a coisa”.
Conclui-se que, nada obstante a isenção de pena do agente e, portanto, da falta de culpabilidade (isenção da pena = exclusão
da culpabilidade), ainda assim existe o crime do qual proveio a coisa. Em outras palavras, diz o Código Penal tratar-se o crime de
fato típico e ilícito, pois subsiste mesmo com a isenção da pena em relação ao autor do crime anterior.
Em que pesem tais argumentos, há respeitados penalistas que adotam posições contrárias, no sentido de ter o Código Penal
se filiado a um sistema TRIPARTIDO, motivo que justifica o conhecimento de todos os enfoques por parte dos candidatos a
concursos públicos.
O Código Penal (CP) adota a teoria psicológico-normativa da culpabilidade, para a qual a culpabilidade não é requisito do crime,
mas, sim, pressuposto de aplicação da pena. (errada) CESPE - 2009 - PC-PB - DELEGADO DE POLÍCIA

elaborado por @fredsmcezar


2. TEORIAS DA CONDUTA

O Direito Penal moderno é um direito penal da conduta e não do autor. A conduta é o primeiro elemento do fato típico. O
Código Penal brasileiro não conceitua “conduta”. Duas teorias foram “importadas” para o Brasil.
• A respeito do objeto de estudo do direito penal, do direito penal do autor e das teorias da pena, julgue o item seguinte. O direito penal,
mediante a interpretação das leis penais, proporciona aos juízes um sistema orientador de decisões que contém e reduz o poder punitivo,
para impulsionar o progresso do estado constitucional de direito. (certa) CESPE - 2015 - DPE-PE
• A circunstância judicial da personalidade do agente, por ser própria do direito penal do autor, não foi recepcionada pela Constituição de 1988.
(errada) FCC - 2016 - DPE-BA

• O direito penal do autor poderá servir de fundamento para a redução da pena quando existirem circunstâncias pessoais favoráveis ao acusado.
(certa) CESPE - 2018 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

2.1 TEORIA CLÁSSICA - CAUSALISTA – NATURALÍSTICA – MECANICISTA - CAUSAL


FRANZ VON LISZT, BELING, GUSTAV RADBRUCH

Conduta é o comportamento humano voluntário que produz modificação no mundo exterior.10 A ação é mera causação de
evento, provocada por impulso mecânico ou inervação muscular.
É um modelo marcado pelo POSITIVISMO.
• Segundo a teoria finalista CAUSALISTA, ação é a atividade neuromuscular que, produzida por energias de um impulso cerebral, provoca
modificações no mundo exterior; ou seja, para se afirmar que existe uma ação, basta que se tenha a certeza de que o sujeito atuou
voluntariamente. (errada) CESPE - 2012 - MPE-TO
• Quanto à tipicidade penal, causalista, conduta é um comportamento humano voluntário no mundo exterior que consiste em fazer ou não
fazer alguma coisa. (certa) FCC - 2014 - DPE-PB
• Na teoria naturalística, conduta é o comportamento humano voluntário que produz modificação no mundo exterior. (certa) 2021 - PC-PA - DELEGADO
DE POLÍCIA CIVIL

O causalismo busca ver o conceito de conduta despido de qualquer valoração, ou seja, neutro (ação ou omissão voluntária e
consciente que exterioriza movimentos corpóreos). O dolo e a culpa estão situados na culpabilidade. Logicamente, para quem
adota o causalismo, impossível se torna acolher o conceito bipartido de crime (fato típico e antijurídico). 11

SISTEMA CLÁSSICO

1º - DOLO e CULPA alocados no campo da CULPABILIDADE.

2º - Se DOLO e CULPA estavam alocados no campo da CULPABILIDADE, o SISTEMA CLÁSSICO


adota, necessariamente, o conceito TRIPARTIDO de crime.

3º - No campo da CULPABILIDADE vigorava a TEORIA PSICOLÓGICA. DOLO e CULPA eram um


vínculo psicológico

4º - O DOLO era NORMATIVO, COLORIDO. VALORADO. (Estava impregnado com outros elementos
de natureza normativa.)
Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com
os elementos volitivos e cognitivos, considerados psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência
sobre a ilicitude do fato). (certa) CESPE - 2013 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA
No modelo psicológico de culpabilidade, o dolo é normativo. (certa) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
“O dolo era considerado normativo porque tinha como pressuposto a consciência da ilicitude do fato. Logo, o dolo era
consciência e vontade, mas essa consciência não era apenas a consciência sobre o fato, era também a consciência da ilicitude do
fato. Isso viria a mudar no finalismo, visto que dolo/culpa são realocados para a tipicidade e a consciência da ilicitude sai de dentro
do dolo e passa a ser um elemento autônomo da culpabilidade”.12
A culpabilidade é concebida como o vínculo psicológico que une o autor ao fato no sistema penal clássico. (certa) 2013 - PC-GO -
DELEGADO DE POLÍCIA

Deve-se lembrar que no causalismo, dolo e culpa integram a culpabilidade e, assim, necessariamente adota-se o conceito
tripartido de crime.
• Para a teoria causalista, o dolo e a culpa estão situados na culpabilidade. Então, logicamente, para quem adota essa teoria, impossível se
torna acolher o conceito bipartido de crime. (certa) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA

10
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 273
11
2020. Manual de Direito Penal - Guilherme de Souza Nucci, p. 221
12
https://www.youtube.com/watch?v=rrlo6EaMjyQ – (Fábio Roque - Dolo Colorido e Dolo Acromático)

elaborado por @fredsmcezar


• De acordo com a teoria psicológica da culpabilidade, adotada pelo sistema causal-naturalista da ação, as duas modalidades de erro de
permissão que acontecem nas descriminantes putativas são inescusáveis. (certa) 2011 - MPE-MG

Para os adeptos desta teoria, conduta é “comportamento voluntário que produz modificação no mundo exterior.” [...] “Em
síntese, a vontade é a causa da conduta, e a conduta é a causa do resultado independentemente de dolo ou culpa.”
Ex.: “A” trafega cautelosamente com seu carro em via pública com velocidade de 40 km/h. O limite da via é 60 km/h. O veículo
reúne perfeitas condições de uso. De repente, uma criança se solta dos braços da mãe, passa por trás de um ônibus que impedia
a visibilidade de “A” e inesperadamente lança-se na direção do veículo. A criança morre. O agente não tinha dolo nem culpa.
De acordo com a referida teoria, “A” teria praticado conduta penalmente relevante. A ação de dirigir ensejou resultado. Trata-
se de mera relação de causa e efeito. Presentes, assim, conduta e resultado naturalístico, bem como nexo causal, eis que a criança
morre em razão do atropelamento.13
A teoria clássica consagrou a responsabilidade penal objetiva? NÃO. No exemplo citado, não haveria crime por ausência de
culpabilidade. O dolo e culpa eram analisados no campo da culpabilidade. Assim, de acordo com esta teoria, o fato seria típico,
ilícito, mas não seria culpável por ausência de culpa ou dolo.
Mezger criticou a teoria causalista dizendo que a referida teoria se limita a perguntar O QUE FOI CAUSADO pelo agente e não O
QUE O AGENTE QUIS COM A SUA AÇÃO (finalidade).
Sendo assim, conclui-se que os causalistas não se preocupavam com a finalidade. A teoria causalista separa vontade de
finalidade. Bastava a vontade de praticar a conduta, independentemente da sua finalidade.

2.1.1 A TEORIA CAUSALISTA E SUAS CRÍTICAS


• TENTATIVA – Como a finalidade não era analisada, a teoria não explicava o fenômeno da tentativa.
• CRIME OMISSIVO - Só considerava ações comissivas.
• ESPECIAIS FINS DE AGIR - Não era analisada a finalidade da conduta.
• INIMPUTÁVEL (CRITÉRIO BIOLÓGICO) - O inimputável não tem culpabilidade, mas age com dolo. Se o dolo do agente estava na
culpabilidade -conforme sustentado pelos causalistas-, e o agente não tem culpabilidade, então como poderia ter dolo?
Para determinada teoria, criticada por não conseguir explicar a culpa inconsciente, a culpabilidade deve abordar os elementos
subjetivos dolo e culpa, sendo a imputabilidade pressuposto para sua análise. Nessa perspectiva, a culpabilidade retira o seu
fundamento do aspecto psicológico do agente. Nesse sentido, é a relação subjetiva entre o fato e o seu autor que toma relevância,
pois a culpabilidade reside nela. O texto precedente refere-se à teoria causal naturalista ou psicológica. (certa) CESPE - 2022 - MPE-TO

2.2 TEORIA CAUSAL-VALORATIVA (TELEOLÓGICA, NEOKANTISMO, BADEN, MEZGER)


Especificamente no conceito de ação, a par de seu conteúdo causal, faz-se uma aproximação a um conceito mais geral do que
ao referente ao estrito movimento corpóreo. Propõem-se, para isso, inúmeros arranjos, definindo-se a ação simplesmente como
conduta volitiva, realização da vontade, conduta voluntária ou conduta humana. Amplia-se, assim, a esquemática de Liszt-Beling ao
extremo limite que possa suportar ainda um conceito objetivo-causal, a fim de possibilitar dentro do conceito de ação a compreensão
de inúmeras formas da atividade fundamentadora de um fato punível. Isto tem particular importância no tratamento do delito
omissivo, bem como na própria superação da forma causal-objetiva, subsistente nos autores tradicionais. 14
A ação vem a ser causalidade juridicamente relevante, consistente em atuar no sentido de um resultado (socialmente útil ou
danoso), juridicamente relevante.15
Com relação à conduta, a teoria neokantista, que surgiu como reação à concepção positivista de tipo penal, propõe que o tipo
penal não contém apenas elementos de ordem objetiva, não sendo, assim, meramente descritivo, e não podendo o fato típico
depender de mera comparação entre o fato objetivo e a descrição legal. (certa) CESPE - 2011 - DPE-MA
• Sobre a teoria finalista da ação, o tipo constitui um indício de antijuridicidade, característica que remonta à fase anterior ao neokantismo.
(certa) 2012 - MPE-MG

O neokantismo, diferentemente da teoria clássica, conseguiu explicar os crimes omissivos. Se a omissão pode ser negativamente
valorada, ela pode ser considerada uma conduta típica.
Para o Neokantismo, o direito positivo não possui um valor intrínseco, objetivo, que pode ser identificado e descrito, mas as
normas jurídicas aparecem determinadas por valores que lhes são prévios e que contaminam não apenas sua edição, mas os
próprios autores de sua elaboração, pelo que a pretensa verdade jurídica vem influenciada pela cultura.16 (certa) 2019 - MPE-PR
O modelo Neokantista possui o mérito de ter demonstrado que toda realidade traz em seu bojo um valor preestabelecido,
permitindo a constatação de que as normas jurídicas, como um produto cultural, possuem como pressupostos valores prévios, e o

13
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 274
14
1980. Teorias do Delito, Juarez Tavares p. 43.
15
2019. Tratado de Direito Penal Brasileiro, Volume 1, Luiz Regis Prado, p. 723
16
2015. Paulo César Busato, Direito Penal, p. 223.

elaborado por @fredsmcezar


próprio intérprete que, por mais que procure adorar certa neutralidade, não estará imune a maior ou menor influência desses valores.
(certa) 2013 - MPE-MS

O sistema neoclássico significa uma reaproximação dos valores, o pêndulo se reaproxima dos juízos de valores, e esse novo
sistema é fundado na ideia de importância de elementos valorativos dentro da teoria do delito. Inspirado nesse pensamento, Frank
introduz na culpabilidade um elemento novo: exigibilidade de conduta diversa.17
A tipicidade, no conceito neoclássico de delito (neokantismo), foi profundamente afetada pelo descobrimento de elementos
normativos do tipo. Os elementos subjetivos do injusto, por sua vez, somente vieram a integrar a tipicidade com o advento do
finalismo. (errada) FUNDEP - 2019 - MPE-MG
O modelo Neokantista, da teoria teleológica do delito, manteve o dolo natural e a culpa strictu sensu na culpabilidade,
acrescentando a esta, apenas, o elemento exigibilidade de conduta conforme o Direito. (errada) 2021 – MPDFT

2.3 TEORIA FINALISTA (WELZEL)


A teoria finalista entende que, por ser o delito uma conduta humana e voluntária que tem sempre uma finalidade, o dolo e a
culpa são abrangidos pela conduta. (certa) 2015 - MPE-SP
Segundo a teoria finalista da ação, considera-se equivocada a ideia de ser a conduta um mero movimento corporal despido de
finalidade, pois o que caracteriza o ser humano, ontologicamente, é, justamente, a capacidade de poder prever, dentro de certos
limites, as consequências possíveis de sua atividade, e dirigi-la, conforme o planejado, até atingir os seus objetivos. (certa) 2013 - PGR -
PROCURADOR DA REPÚBLICA

Hans Welzel → “A ação humana é o exercício de uma atividade final”. Welzel acabou com a separação entre vontade e finalidade.
Toda ação humana tem conteúdo, tem finalidade graças ao saber causal, o homem pode prever o resultado de suas condutas.
O finalismo, de Hans Welzel, nem sempre considerou o crime como fato típico, antijurídico e culpável. (errada) 2009 - PC-DF - DELEGADO
DE POLÍCIA

SISTEMA FINALISTA

1º - DOLO e CULPA foram alocados no campo da TIPICIDADE.

2º - O sistema finalista é compatível com o conceito BIPARTIDO ou TRIPARTIDO de crime.

3º - No campo da CULPABILIDADE vigorava a teoria NORMATIVA PURA.

4º - O DOLO é NATURAL, ACROMÁTICO. AVALORADO.


A teoria finalista da ação, adotada pelo Código Penal em sua Parte Geral, concebe o crime como um fato típico e antijurídico. A
culpabilidade diz respeito à reprovabilidade da conduta. O dolo, que integrava o juízo de culpabilidade, para esta teoria é elemento
estruturante do fato típico. Essa adoção pretende corrigir contradições na teoria da causalidade normativa. (certa) FCC - 2015 - DPE-MA
• Segundo a teoria finalista, a imputabilidade, a consciência acerca da ilicitude do fato e da exigibilidade de conduta diversa são elementos
normativos da culpabilidade. (certa) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
• O dolo pertence à conduta, tendo como seus componentes a intencionalidade (elemento volitivo) e a previsão do resultado (elemento
intelectual). A potencial consciência da ilicitude, que é um dos elementos normativos da culpabilidade, não integra o dolo. (certa) 2010 - MPE-
MG

• A teoria finalista da ação adota o dolo como um dolo normativo, que é a vontade consciente de praticar a conduta típica, acompanhada da
consciência de praticar um ato ilícito. (errada) 2010 - PGE-RS

• De acordo com a teoria finalista, a ação é o comportamento humano voluntário, dirigido à atividade final lícita ou ilícita . (certa) 2011 - PC-MG -
DELEGADO DE POLÍCIA

• Em Direito Penal, o erro de proibição exclui a consciência da ilicitude, que, desde o advento da teoria finalista, integra o dolo e a culpa. (errada)
FCC - 2012 - DPE-SP

• De acordo com a visão finalista do tipo, a concepção material de ilicitude permite a construção de causas supralegais de justificação. (certa)
CESPE - 2013 - MPE-RO

• No conceito finalista de delito, dolo e culpabilidade têm como característica comum a sua natureza normativa. (errada) 2013 – MPDFT
• Para o finalismo, é erro de tipo PROIBIÇÃO o que incide sobre a consciência da ilicitude, que pode ser meramente potencial. (errada) 2013 – MPDFT

• Quanto à tipicidade penal, finalista, conduta é a atividade humana conscientemente dirigida a uma finalidade. (certa) FCC - 2014 - DPE-PB

• A transformação realizada pelo finalismo na teoria do delito consiste, principalmente, na relevância atribuída à vontade e aos aspectos
subjetivos da culpabilidade. (errada) FCC - 2016 - DPE-BA
• Consoante a doutrina finalista, os conceitos de dolo de culpabilidade são conceitos normativos. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

17
Aula – Ana Paula Vieira (Curso Ênfase)

elaborado por @fredsmcezar


• Doutrinadores nacionais admitem que a reforma de 1984 da Parte Geral do Código Penal, especialmente no que concerne ao “conceito de
crime”, aderiu ao “finalismo”. Hans Welzel é considerado o criador de tal sistema jurídico-penal. (certa) VUNESP - 2017 - DPE-RO
• Sobre a doutrina da ação finalista, tal qual formulada por Hans Welzel, é correto afirmar que a direção final de uma ação se dá em duas fases,
que nas ações simples se entrecruzam, a saber, uma que ocorre na esfera do pensamento, com a antecipação do fim a realizar, a seleção
dos meios necessários à sua realização e a consideração dos efeitos simultâneos decorrentes dos fatores causais eleitos; e a concretização
da ação no mundo real, de acordo com a projeção mental. (certa) 2017 - PC-AC - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
• Nos moldes do finalismo penal, pode a inexigibilidade de conduta diversa ser considerada causa supralegal de exclusão de ilicitude CULPABILIDADE.
(errada) FUMARC - 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO

• Para Welzel, a culpabilidade é a reprovabilidade de decisão da vontade, sendo uma qualidade valorativa negativa da vontade de ação, e não a
vontade em si mesma. O autor aponta a incorreção de doutrinas segundo as quais a culpabilidade tem caráter subjetivo, porquanto um estado
anímico pode ser portador de uma culpabilidade maior ou menor, mas não pode ser uma culpabilidade maior ou menor. Essa definição de
culpabilidade está relacionada à teoria normativa pura, ou finalista. (certa) CESPE - 2019 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
• O dolo, segundo a teoria finalista, constitui elemento normativo SUBJETIVO do tipo. (errada) FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto
• Para o finalismo, o juízo de culpabilidade deve recair sobre o fato AGENTE. (errada) 2021 - MPDFT

Para a teoria finalista, ação é a conduta do homem, comissiva ou omissiva, dirigida a uma finalidade e desenvolvida sob o domínio
da vontade do agente, razão pela qual não reputa criminosa a ação ocorrida em estado de inconsciência, como no caso de quem,
durante o sono, sonhando estar em legítima defesa, esbofeteia e causa lesão corporal na pessoa que dorme ao seu lado. Para esta
mesma teoria, a culpabilidade não é psicológica, nem psicológico-normativa. (certa) 2017 - MPE-RS
No erro de tipo, o erro recai sobre o elemento intelectual do dolo – a consciência –, impedindo que a conduta do autor atinja
corretamente todos os elementos essenciais do tipo. É essa a razão pela qual essa forma de erro sempre exclui o dolo, que, no
finalismo, encontra-se no fato típico e não na culpabilidade. (certa) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
A consciência atual da ilicitude é elemento do dolo, conforme a teoria finalista da ação. (errada) CESPE - 2021 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO
DE POLÍCIA FEDERAL. No finalismo, basta a consciência potencial e esta está alocada no campo da culpabilidade.
O finalismo, de Hans Welzel (que, aliás, sempre considerou o crime fato típico, antijurídico e culpável, em todas as suas obras),
crendo que a conduta deve ser valorada, porque se trata de um juízo de realidade, e não fictício, deslocou o dolo e a culpa da
culpabilidade para o fato típico. Assim, a conduta, sob o prisma finalista, é a ação ou omissão voluntária e consciente, que se volta
a uma finalidade. Ao transferir o dolo para a conduta típica, o finalismo despiu-o da consciência de ilicitude, que continuou fixada
na culpabilidade.18

2.4 TEORIA CIBERNÉTICA


Também conhecida como “ação biociberneticamente antecipada”, leva em conta o controle da vontade, presente tanto nos
crimes dolosos como nos crimes culposos. busca compatibilizar o finalismo penal com os crimes culposos.19
O modelo da conduta biociberneticamente antecipada foi concebido como a última etapa de evolução do neokantismo. Nesse
modelo, o conceito de ação deixa de ser apenas naturalista para ser, também, normativo, redefinido como comportamento humano
voluntário. E, por levar em conta o controle da vontade, presente tanto nos crimes dolosos como nos crimes culposos, a teoria da
ação cibernética serviu de inspiração para a elaboração do sistema finalista. (errada) 2014 - MPE-GO

2.5 TEORIA SOCIAL20


Para essa teoria, os ideais clássico e finalista são insuficientes para disciplinar a conduta, porque desconsiderariam uma nota
essencial do comportamento humano: o seu aspecto social. Nesse contexto, Johannes Wessels, na tentativa de equacionar esse
problema, criou a teoria social da ação. Assim, socialmente relevante seria a conduta capaz de afetar o relacionamento do agente
com o meio social em que se insere. Essa teoria não exclui os conceitos causal e final de ação. Deles se vale, acrescentando-lhes
o caráter da relevância social.
• Segundo a teoria social da ação, considera-se que a conduta pode constituir-se em uma atividade final, pode restringir-se a uma causação
involuntária de consequências relevantes previsíveis ou pode manifestar-se por intermédio da inatividade frente a uma expectativa de ação,
sendo sempre irrelevante a existência de um sentido social. (errada) 2013 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA

Para os seus defensores, a vantagem dessa teoria consiste no fato de o elemento sociológico cumprir a missão de permitir ao
Poder Judiciário a supressão do vácuo criado pelo tempo entre a realidade jurídica e a realidade social.
Um fato não pode ser tipificado pela lei como infração penal e, simultaneamente, ser tolerado pela sociedade, caso em que
estaria ausente um elemento implícito do tipo penal, presente em todo modelo descritivo legal, consistente na repercussão social
da conduta.
• Para a teoria social da ação, um fato considerado normal, correto, justo e adequado pela coletividade, ainda que formalmente enquadrável
em um tipo incriminador, pode ser considerado típico pelo ordenamento jurídico, devendo, no entanto, ser excluída a culpabilidade do
agente. (errada) CESPE - 2009 - MPE-RN

18
2020. Manual de Direito Penal - Guilherme de Souza Nucci, p. 221
19
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 277
20
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 278

elaborado por @fredsmcezar


Por corolário, para que o agente pratique uma infração penal é necessário que, além de realizar todos os elementos previstos
no tipo penal, tenha também a intenção de produzir um resultado socialmente relevante.
A principal crítica que se faz a essa teoria repousa na extensão do conceito de transcendência ou relevância social, que se presta
a tudo, inclusive a fenômenos acidentais e da natureza. A morte de uma pessoa provocada por uma enchente, por exemplo, possui
relevância social, na medida em que enseja o nascimento, modificação e extinção de direitos e obrigações. Com efeito, ao mesmo
tempo em que não se pode negar relevância social ao delito, também se deve recordar que tal qualidade é inerente a todos os fatos
jurídicos, e não apenas aos pertencentes ao Direito Penal.

2.6 TEORIA JURÍDICO-PENAL21


É a teoria sustentada por Francisco de Assis Toledo para superar os entraves travados entre as vertentes clássica, finalista e
social. “Ação é o comportamento humano, dominado ou dominável pela vontade, dirigido para a lesão ou para a exposição a
perigo de um bem jurídico, ou, ainda, para a causação de uma previsível lesão a um bem jurídico”.
A palavra “ação” é empregada por Assis Toledo em sentido amplo, como sinônimo de conduta, englobando, assim, a ação
propriamente dita e a omissão.

2.7 TEORIA DA AÇÃO SIGNIFICATIVA 22


Com base nas lições filosóficas de Ludwig Wittgenstein e Jürgen Habermas, o penalista espanhol Tomás Salvador Vives Antón
desenvolveu a teoria da ação significativa (ou conceito significativo de ação), com substrato normativo, apresentando uma nova
definição de conduta penalmente relevante.
As ações não são meros acontecimentos, têm um sentido (significado) e, por isso, não basta descrevê-las, é necessário entendê-
las, interpretá-las. Diante dos fatos, que podem explicar-se segundo as leis físicas, químicas, biológicas ou matemáticas, as ações
humanas devem ser interpretadas de acordo com as regras ou normas.
Portanto, não existe um conceito universal e ontológico de ação. Não há um modelo matemático ou uma fórmula lógica que
permita oferecer um conceito de ação humana válido para todas as diferentes espécies de ações que o ser humano pode realizar.
Em outras palavras, as ações não existem previamente às regras que as definem. Nesse contexto, fala-se na ação de matar porque
antes existe uma norma (art. 121 do Código Penal) definindo essa conduta.
• Conceito central para a moderna teoria significativa da ação é o papel que cada pessoa tem, em uma vida em sociedade, restringindo-se a
possibilidade de responsabilização penal ao seu conhecimento e aos seus limite. (errada) 2021 - MPDFT

2.8 TEORIA FUNCIONALISTA DA AÇÃO


A teoria funcional da conduta está estruturada em duas vertentes: para a primeira, que tem CLAUS ROXIN GÜNTHER JAKOBS como
principal defensor, a função da norma é a reafirmação da autoridade do direito; a segunda, cujo principal representante é GÜNTHER
JAKOBS CLAUS ROXIN, sustenta que um moderno direito penal deve estar estruturado teleologicamente, isto é, atendendo a finalidades
valorativas. (errada) CESPE - 2009 - MPE-RN

2.9 TEORIA PESSOAL OU PERSONALISTA DE AÇÃO 23


A ação é conceituada como manifestação da personalidade, isto é, “tudo o que pode ser atribuído a uma pessoa como centro
de atos anímico-espirituais”. Compreende a exteriorização da personalidade humana, não havendo dificuldade em excluir da ação
as hipóteses em que são produzidos efeitos unicamente na esfera corporal (somática) do homem; no âmbito material, vital e animal
do ser, sem submissão ao controle anímico-espiritual (do eu). A ação é conceituada como manifestação da personalidade, isto é,
“tudo que pode ser atribuído a uma pessoa como centro de atos anímico-espirituais”.
Compreende a exteriorização da personalidade humana, não havendo dificuldade em excluir da ação as hipóteses em que são
produzidos efeitos unicamente na esfera corporal (somática) do homem; no âmbito material, vital e animal do ser, sem submissão
ao controle anímico-espiritual (do eu).
O modelo da ação significativa PESSOAL define ação como manifestação da personalidade, um conceito capaz de abranger todo
acontecimento atribuível ao centro de ação psíquico-espiritual do homem, permitindo-se a exclusão de todos os fenômenos
somático-corporais insuscetíveis de controle do ego e, portanto, não dominados ou não domináveis pela vontade humana (força
física absoluta, convulsões, movimentos reflexos, etc.). De igual modo, não são abrangidos pelo conceito de ação nesse sistema os
pensamentos e emoções encerrados na esfera psíquico-espiritual do ser humano, porquanto não representam manifestação
significativamente relevante da personalidade. (errada) 2014 - MPE-GO

2.10 TEORIA CONSTITUCIONAL DA AÇÃO (LUIZ FLÁVIO GOMES)


Para a teoria constitucional do direito penal, a verificação da ocorrência do fato típico doloso não se resume ao aspecto formal-
objetivo, dependendo, ainda, da ocorrência de outros elementos de índole material-normativa e subjetiva. (certa) CESPE - 2009 - MPE-RN

21
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 278
22
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 279
23
2019. Tratado de Direito Penal Brasileiro, Volume 1, Luiz Regis Prado, p. 733

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• A teoria constitucionalista do delito, que integra o direito penal à CF, enfoca o delito como ofensa, concreta ou abstrata, a bem jurídico
protegido constitucionalmente, havendo crime com ou sem lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico relevante. (errada) CESPE - 2012 - TJ-AC - JUIZ
SUBSTITUTO

A teoria constitucionalista do delito preconiza que o direito penal somente poderá ser aplicado diante de condutas capazes de
causar lesão (ou perigo de lesão) concreta e intolerável aos bens jurídicos com relevância penal. (certa) VUNESP - 2014 - DPE-MS

2.11 TEORIA NEGATIVA DA AÇÃO


Segundo a teoria negativa da ação, o conceito de conduta deve estar lastreado no princípio da evitabilidade, vale dizer, conduta
é o não evitar o evitável na posição de garantidor, o que incluiria tanto os fatos comissivos como os omissivos. Uma variante dessa
corrente sustenta que a conduta deve ser entendida como a causação do resultado individualmente evitável. (certa) 2013 - PGR - PROCURADOR
DA REPÚBLICA

O modelo negativo de ação define o conceito de ação dentro da categoria do tipo de injusto, rejeitando definições ontológicas
ou pré-jurídicas. Para esse modelo, a ação é a evitável não evitação do resultado na posição de garantidor, compreensível como
omissão da contradireção mandada pelo ordenamento jurídico, em que o autor realiza o que não deve realizar (ação), ou não realiza
o deve realizar (omissão de ação). O ponto de partida do conceito negativo de ação é o exame desta dentro do tipo de injusto, a fim
de se concluir se o autor teria a possibilidade de influenciar o curso causal concreto conducente ao resultado, mediante conduta
dirigida pela vontade. (certa) 2014 - MPE-GO

2.12 ESTRUTURA TRIPARTITE ATUAL

FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE

TEORIA DA RATIO COGNOSCENDI


DOLO/CULPA
INDICIÁRIA
CONDUTA • IMPUTABILIDADE
CAUSAS DE EXCLUSÃO / JUSTIFICAÇÃO
COMISSIVA/OMISSIVA
• LEGÍTIMA DEFESA
RESULTADO • ESTADO DE NECESSIDADE • POTENCIAL CONSCIÊNCIA
NEXO CAUSAL • ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL DA ILICITUDE

• EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO

FORMAL
• EXIGIBLIDADE DA
TIPICIDADE CAUSAS SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE CONDUTA DIVERSA

MATERIAL

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3. AUSÊNCIA DE CONDUTA

a) CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR

b) ATOS OU MOVIMENTOS REFLEXOS

c) COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL (VIS ABSOLUTA)

d) SONAMBULISMO E HIPNOSE

• Exclui a culpabilidade do crime, por inexigibilidade de conduta diversa, a coação física irresistível ou vis absoluta. (errada) CESPE - 2009 - PC-PB
- DELEGADO DE POLÍCIA

• São hipóteses de ausência de conduta o ato reflexo e os estados de hipnose e sonambulismo. (certa) 2012 - AGE-MG
• Coação irresistível quando praticada mediante vis absoluta exclui a culpabilidade. (errada) 2012 - MPE-RJ
• Coação física irresistível é causas de exclusão da culpabilidade. (errada) 2013 - MPDFT

• Os movimentos reflexos são causa de exclusão da tipicidade. (certa) NUCEPE - 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA

• A coação física irresistível configura hipótese jurídico-penal de ausência de conduta, engendrando, assim, a atipicidade do fato. (certa) CESPE -
2015 - DPE-PE

• A força maior, o caso fortuito, a coação física irresistível e os movimentos reflexos são causas de exclusão de conduta. (certa) 2015 - MPE-BA

• A coação física irresistível exclui a tipicidade. (certa) 2016 - MPE-GO

• A coação física irresistível é causa de isenção de pena. (errada) FUNDEP - 2017 - MPE-MG

• Os comportamentos em estado de inconsciência, os movimentos reflexos e os provocados por coação física absoluta (irresistível) não
constituem ação ou omissão (conduta) para o direito penal, portanto não podem constituir crime. (certa) NC-UFPR - 2021 - PC-PR - DELEGADO DE
POLÍCIA

Não se configura legítima defesa em relação à agressão desferida por sonâmbulo, por ausência de conduta por parte do agressor.
(certa) 2010 - TJ-PR – JUIZ

* Lembrar que a legítima defesa é contra uma agressão injusta. Contudo, diante do sonambulismo, não há conduta. Daí concluir
que não é cabível a legítima defesa e, sim, o estado de necessidade.

3.1 ATOS INSTINTIVOS E AUTOMÁTICOS (AÇÃO EM CURTO-CIRCUITO) 24


Os atos instintivos e automáticos (exemplos: ação em curto-circuito; reação impulsiva ou explosiva) são passíveis de controle
pelo querer (atenção) do agente e não excluem a ação;
• Nas ações em curto-circuito e nos atos reflexos inexiste conduta por ausência de voluntariedade. (errada) 2014 - MPE-GO

24
2019. Tratado de Direito Penal Brasileiro, Volume 1, Luiz Regis Prado, p. 790

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4. CRIME DOLOSO
.
SISTEMA FINALISTA SISTEMA CLÁSSICO

1º - DOLO e CULPA foram alocados no campo da 1º - DOLO e CULPA alocados no campo da


TIPICIDADE. CULPABILIDADE.

2º - O sistema finalista é compatível com o conceito 2º - Se DOLO e CULPA estavam alocados no campo da
BIPARTIDO ou TRIPARTIDO de crime. CULPABILIDADE, o SISTEMA CLÁSSICO adota,
necessariamente, o conceito TRIPARTIDO de crime.
3º - No campo da CULPABILIDADE vigorava a teoria
NORMATIVA PURA. 3º - No campo da CULPABILIDADE vigorava a TEORIA
PSICOLÓGICA. DOLO e CULPA eram um vínculo
4º - O DOLO é NATURAL, ACROMÁTICO. AVALORADO. A psicológico
potencial consciência da ilicitude “ficou sozinha” na
CULPABILIDADE. O dolo, para o finalismo, é apenas sobre 4º - O DOLO era NORMATIVO, COLORIDO. VALORADO.
o fato e não sobre a contrariedade ao direito. (F. Roque) (Estava impregnado com outros elementos de natureza
• No conceito finalista de delito, dolo e culpabilidade têm como normativa. O dolo integrava a CULPABILIDADE)
característica comum a sua natureza normativa. (errada) 2013 – MPDFT • Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo
• O dolo pertence à conduta, tendo como seus componentes a normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com os
intencionalidade (elemento volitivo) e a previsão do resultado elementos volitivos e cognitivos, considerados psicológicos,
(elemento intelectual). (certa) 2010 - MPE-MG elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência
sobre a ilicitude do fato). (certa) CESPE - 2013 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO
• Doutrinadores nacionais admitem que a reforma de 1984 da Parte DE POLÍCIA
Geral do Código Penal, especialmente no que concerne ao “conceito
de crime”, aderiu ao “finalismo”. Hans Welzel é considerado o • No modelo psicológico de culpabilidade, o dolo é normativo. (certa)
CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
criador de tal sistema jurídico-penal. (certa) VUNESP - 2017 - DPE-RO
• O dolo, segundo a teoria finalista, constitui elemento normativo • Para a teoria causalista, o dolo e a culpa estão situados na
SUBJETIVO
do tipo. (errada) FCC - 2020 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO culpabilidade. Então, logicamente, para quem adota essa teoria,
impossível se torna acolher o conceito bipartido de crime. (certa) 2009
• O dolo, na escola clássica, deixou de ser elemento integrante da - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
culpabilidade, deslocando-se para a conduta, já que ação e intenção
são indissociáveis. (errada) VUNESP - 2018 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

O dolo, no sistema FINALISTA, integra a conduta, e, consequentemente, o fato típico. Cuida-se do elemento psicológico do tipo
penal, implícito e inerente a todo crime doloso. Dentro de uma concepção CAUSAL, por outro lado, o dolo funciona como elemento
da culpabilidade.25
4.1 REFLEXÕES ACERCA DA NATUREZA DO DOLO (PAULO CÉZAR BUSATO)26
O mais importante ponto a respeito do dolo diz respeito à sua natureza. Afinal, quando se poderá dizer que o indivíduo que
atuou o fez dolosamente, intencionalmente ou conhecendo a possível ou provável provocação do resultado? Como é possível
afirmar esse dolo no juízo de condenação?
O amparo legislativo, dessa feita, é imprestável, afinal, o art. 18 do Código Penal brasileiro define os contornos do dolo como:
“quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”. Nesse caso, resta imprescindível, de qualquer
modo, perquirir os critérios pelos quais se pode afirmar que o sujeito assim agiu.

4.1.1 AS SUPERADAS TEORIAS ONTOLÓGICAS DO DOLO


“Tradicionalmente, as primeiras concepções a respeito do dolo o entenderam como uma instância relacionada à consciência
psíquica do agente. Tanto é assim que para o causal-naturalismo, o dolo era uma forma de culpabilidade que representava o
vínculo de ordem subjetiva entre o autor e o fato delitivo que permitia a imputação do ato.
De forma também ontológica, para o finalismo, o dolo, como elemento subjetivo da própria ação típica, configurava sua nota
distintiva. A ação delitiva era fundamentalmente orientada a um fim, que poderia ser justamente a intenção de realização de um
delito, ou seja, consciência e vontade orientadas à realização de um propósito delitivo.
O entendimento era de que o dolo era um fenômeno real, algo que existe no mundo ontológico e que só se pode descrever. O
dolo, aqui, se situaria na cabeça do autor. Ou seja, o dolo é uma realidade ontológica e existe como dado psicológico que compete
ao jurista identificar. O reconhecimento do dolo sempre dependerá de uma demonstração objetiva da intenção subjetiva. Desse
modo, a ideia do que fundamenta o dolo está completamente conectada com sua demonstração, definitivamente, com sua prova.
Há um problema aqui, muito grave. A afirmação de que o dolo é uma entidade que existe como fenômeno psíquico careceu
sempre de demonstração empírica. Para determinar o dolo a partir dessas considerações, seria necessário acudir, de

25
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 325
26
2015. Paulo César Busato, Direito Penal, p. 400.

elaborado por @fredsmcezar


qualquer maneira, à mente do sujeito, para conhecer sua representação a respeito da situação concreta e conhecer, em essência,
seu plano. A demonstração do dolo como realidade psicológica, porém, revelou-se totalmente impossível. E isso não deriva
unicamente de uma impossibilidade física de acesso à intenção subjetiva, mas também e principalmente, em face de que a
verdade real no processo penal não existe. Mas a impossibilidade deriva não só da falta de instrumentos jurídicos aptos a realizar
tal tarefa, mas, por sua própria característica: os fenômenos psíquicos resultam inacessíveis.
Isso conduz a que a admissão do dolo como realidade psíquica, ainda que amparado por conceitos das ciências naturais, não
possa chegar a mais que deixar aberta a porta para certo grau de insegurança em sua afirmação.”

4.1.2 AS TEORIAS NORMATIVAS DO DOLO


“Os problemas de prova que afetam a concepção ontológica do dolo levaram parte da doutrina a admitir que o dolo não é uma
realidade psicológica, mas o resultado de uma atribuição. Ou seja, o dolo não é algo que existe, que seja constatável, mas sim o
resultado de uma avaliação a respeito dos fatos que faz com que se impute a responsabilidade penal nesses termos. [...] O dolo
será sempre, ao menos em parte, produto de uma valoração.
Porém, as concepções normativas também têm seus problemas. O principal deles é que negar a realidade do dolo implica o
risco de gerar decisões arbitrárias. O problema está em que se admite, assim, a possibilidade de incongruência entre a realidade
psicológica interna da intenção do agente e a atribuição que se lhe faz.
Dentro dessas perspectivas normativas, resulta, pois, essencial, a concreta determinação de critérios seguros para a afirmação
do dolo. Muitas teorias se apresentaram com o objetivo de oferecer tal justificação. Uma das que resulta mais interessantes, sem
dúvida, foi a proposta de Hassemer, com a chamada TEORIA DOS INDICADORES EXTERNOS, que une a dimensão material e a
dimensão processual do dolo.
Em resumo, Hassemer entende que o dolo é uma “decisão a favor do injusto”, mas entende também que o dolo é uma instância
interna não observável, com o que sua atribuição se reduz à investigação de elementos externos que possam servir de indicadores
e justificar sua atribuição. Por isso, esses indicadores só podem ser procurados na mesma ratio do dolo, que se explica em três
sucessivos níveis: a situação perigosa, a representação do perigo e a decisão a favor da ação perigosa. Ao afirmar que o dolo,
embora seja um fenômeno interno ao sujeito, demanda, para sua afirmação, da comprovação de indicadores externos que
justifiquem sua atribuição, Hassemer assume a ideia de que somente diante da expressão externa, compatível com a ratio
incriminadora subjetiva dolosa, é possível afirmar a existência do dolo.
Não resta nenhuma dúvida de que a identificação do dolo não pode vir da descrição de um processo psicológico, mas somente
da identificação do que Hassemer qualifica de “indicadores externos”. O dolo, definitivamente, não “é” um fato, mas uma atribuição,
ou seja, a exata atribuição de uma decisão contrária ao bem jurídico, na qual se expressam simultaneamente conhecimento e
vontade.”

4.2 ELEMENTOS DO DOLO


DOLO é a VONTADE + CONSCIÊNCIA em relação a realização dos elementos do tipo objetivo. Para Welzel, dolo é o conhecimento
e o querer a concretização do tipo.
O aspecto cognitivo do dolo antepõe-se sempre ao volitivo. (certa) FCC - 2017 - DPE-SC

COGNITIVO CONHECIMENTO

VOLITIVO VONTADE

A ausência de tal conhecimento é justamente o que representa o erro. Aliás, a demonstração de que o conhecimento é elemento
necessário do dolo é justamente a consequência reconhecida pela doutrina, quando existe um erro, sobre a compreensão de que
a atuação representa uma atividade em princípio delitiva, qual seja, a exclusão do dolo.27
• O dolo é composto por um elemento intelectual, representado pela consciência das circunstâncias de fato do tipo objetivo de um crime, e
por um elemento volitivo, representado pela vontade de realizar o tipo objetivo de um crime; (certa) 2012 - MPE-PR

Tais elementos se relacionam em três momentos distintos e sucessivos. Em primeiro lugar, opera-se a consciência da conduta
e do resultado. Depois, o sujeito manifesta sua consciência sobre o nexo de causalidade entre a conduta a ser praticada e o resultado
que em decorrência dela será produzido. Por fim, o agente exterioriza a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.Basta,
para a verificação do dolo, que o resultado se produza em conformidade com a vontade esboçada pelo agente no momento da
conduta.
Exemplo: “A” queria matar “B”. Efetua contra ele disparos de arma de fogo. Erra os tiros, mas “B”, durante a fuga, despenca de
um barranco, bate a cabeça ao solo e morre em decorrência de traumatismo craniano. “A” queria matar, e matou. Nessa situação,
“A” responderá pelo resultado. Destarte, no tocante ao nexo causal, não é preciso que o iter criminis transcorra na forma
idealizada pelo agente. Subsiste o dolo se o objetivo almejado for alcançado, ainda que de modo diverso. 28

27
2015. Paulo César Busato, Direito Penal, p. 223.
28
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 326

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O elemento cognitivo/intelectual é a consciência atual sobre a conduta praticada. A consciência deve abranger todos elementos
do TIPO.
• A coação física absoluta é causa de exclusão da culpabilidade TIPICIDADE. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O erro de tipo evitável isenta de pena o agente EXCLUI O DOLO. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

O estudo do tipo subjetivo dos crimes dolosos tem por objeto o dolo, elemento subjetivo geral, excluído nas hipóteses de erro
de tipo, sendo as intenções, tendências ou atitudes pessoais elementos subjetivos especiais existentes em conjunto com o dolo em
determinados delitos. (certa) CESPE - 2011 - TJ-PB - JUIZ
4.2.1 DOLO SEM VONTADE
Também conhecido como “dolo como compromisso cognitivo”.
Para que se possa falar em dolo, tem o autor de agir com conhecimento tal que lhe confira o domínio sobre aquilo que está
realizando. Ou seja, ao menos em parte o dolo acaba se tornando uma questão de tipo objetivo. O autor tem de conscientemente
criar um risco de tal dimensão que a produção do resultado possa ser considerada algo que ele, autor, domina. (certa) 2019 - MPE-GO
A imputação a título de dolo não tem relação com a postura volitiva psíquica do indivíduo, pois dolo não é vontade, dolo é
representação. A essencial diferença entre o dolo e a culpa, portanto, equivale fundamentalmente à distinção entre conhecimento e
desconhecimento do perigo com qualidade dolosa. (certa) 2019 - MPE-GO
Se todo dolo é conhecimento, e a vontade não tem relevância alguma, não há mais qualquer razão para diferenciar dolo direto
(de primeiro ou de segundo grau) e dolo eventual. Afinal, há apenas uma forma de dolo. (certa) 2019 - MPE-GO
4.3 TEORIAS DO DOLO
De acordo com a teoria da representação, também denominada teoria da possibilidade,
integrante do grupo das teorias intelectivas, haverá dolo eventual se o agente admitir,
conscientemente, a possibilidade da ocorrência do resultado. Com base nessa teoria,
portanto, culpa é sempre culpa inconsciente, não existindo culpa consciente. Assim, a
TEORIA DA REPRESENTAÇÃO distinção entre dolo e culpa está associada ao conhecimento ou ao desconhecimento, por
parte do agente, dos elementos do tipo objetivo: o conhecimento configura o dolo; o
desconhecimento caracteriza a culpa. (certa) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
“Em nosso sistema penal tal teoria deve ser afastada, por confundir o dolo com a culpa
consciente”. 29

Por teoria da vontade, entende-se que o dolo seria a vontade livre e consciente de querer
TEORIA DA VONTADE praticar a ação penal, vale dizer, de querer levar a efeito a conduta prevista no tipo penal
incriminador. (certa) 2014 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO

Das várias teorias que buscam justificar o dolo eventual, sobressai a teoria do consentimento
TEORIA DO ASSENTIMENTO (ou da assunção), consoante a qual o dolo exige que o agente consinta em causar o resultado,
além de considerá-lo como possível. (certa) 2016 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
.
• Conforme a teoria da vontade REPRESENTAÇÃO, haverá dolo quando o sujeito realizar sua ação ou omissão prevendo o resultado como certo ou
provável, ainda que não o deseje. Segundo essa teoria, não haveria distinção entre dolo eventual ou culpa consciente. (errada) CESPE - 2012 -
MPE-TO

• Segundo a teoria do consentimento ou da aprovação, pertencente ao grupo das teorias volitivas, para a configuração do dolo eventual, é
necessário que o agente se conforme com a produção do resultado, aceitando-o, mesmo que a posteriori, ou seja, ainda que não o tenha
previsto no momento da prática da conduta típica. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• De acordo com a teoria do consentimento REPRESENTAÇÃO, de base unicamente cognitiva, não existe culpa consciente. Se há a representação do
resultado, invariavelmente existirá dolo eventual. (errada) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

4.3.1 TEORIAS ADOTADAS PELO CÓDIGO PENAL


CP. Art.18 I - DOLOSO, quando o agente quis o resultado OU assumiu o risco de produzi-lo;
• O Código Penal pátrio, no artigo 18, inciso I, adotou somente a teoria da vontade. (errada) 2008 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

• Em relação ao crime doloso, o Código Penal adota a teoria da vontade para o dolo direto e a teoria do assentimento para o dolo eventual.
(certa) CESPE - 2018 - STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO

O dispositivo legal revela que foram duas as teorias adotadas pelo Código Penal: a da VONTADE, ao dizer “quis o resultado”, e a
do ASSENTIMENTO, no tocante à expressão “assumiu o risco de produzi-lo”. Dolo é, sobretudo, vontade de produzir o resultado.
Mas não é só. Também há dolo na conduta de quem, após prever e estar ciente de que pode provocar o resultado, assume o risco
de produzi-lo.30

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2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 325
30
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 325

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4.4 ESPÉCIES DE DOLO

O dolo pode ser direto (ou determinado) ou indireto (ou indeterminado). Nesta última hipótese (dolo indireto), pode ser eventual
(o agente, conscientemente, admite e aceita o risco de produzir o resultado) ou alternativo (a vontade do agente visa a um ou outro
resultado). (certa) 2010 - MPE-SC
Dentre as espécies de dolo, pode-se distinguir o dolo direto e o dolo indireto. (certa) 2014 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO

No dolo direto, o agente quer efetivamente produzir o resultado, ao praticar a conduta típica, e no dolo indireto, o agente não
busca com sua conduta resultado certo e determinado, subdividindo-se em dolo alternativo e eventual. (certa) 2011 - PC-MG - DELEGADO DE
POLÍCIA

4.4.1 DOLO DIRETO DE PRIMEIRO GRAU


O agente representa mentalmente o resultado (é a consciência), deseja o resultado e atinge o resultado.
• No dolo de primeiro grau, o agente busca indiretamente DIRETAMENTE a realização do tipo legal. (errada) 2008 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA
• Chama-se de dolo direto de segundo PRIMEIRO grau aquele que se dirige em relação ao fim proposto e aos meios escolhidos. (errada) CESPE - 2012
- MPE-TO
• Quando o agente pratica a conduta dirigida especificamente a produzir um resultado típico, denomina-se dolo direto de segundo PRIMEIRO grau.
(errada) 2011 - TJ-DFT - JUIZ

4.4.2 DOLO DIRETO DE SEGUNDO GRAU


O dolo direto pode ser classificado como dolo direto de primeiro grau e dolo direto de segundo grau, sendo que o dolo direto
em relação ao fim proposto e aos meios escolhidos é classificado como de primeiro grau, e em relação aos efeitos colaterais,
representados como necessários, é classificado como de segundo grau. (certa) 2014 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
Fragoso utiliza a expressão “DOLO DE CONSEQUÊNCIAS NECESSÁRIAS”.
Ex.: O agente desejando matar “A”, coloca uma bomba em determinado local. A explosão da bomba mata “A” e outras
pessoas que estavam no mesmo local de trabalho. Como o agente conhecia esses fatos e ainda assim fez, praticou dolo de
segundo grau perante os outros que estavam no local.
Assim, conclui-se que o dolo de segundo grau é sempre consequência do primeiro. Não haverá dolo de segundo grau sem
dolo de primeiro grau.
• No dolo direto de segundo grau, o agente representa que o resultado ilícito colateral seguramente ocorrerá, mesmo que o resultado principal,
por ele buscado, não se concretize. (errada) FUNDEP - 2021 - MPE-MG

O criminoso que coloca bomba em avião, a fim de que exploda durante o voo e mate seu desafeto – que se encontra na aeronave
–, atua mediante dolo direto em face do desafeto e mediante dolo DE SEGUNDO GRAU eventual em face das demais pessoas dentro do
avião. (certa) FUNIVERSA - 2015 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
• George Shub, conhecido terrorista, pretendendo matar o Presidente da República de Quiare, planta uma bomba no veículo em que ele sabe
que o político é levado por um motorista e dois seguranças até uma inauguração de uma obra. A bomba é por ele detonada à distância,
durante o trajeto, provocando a morte de todos os ocupantes do veículo. Com relação à morte do motorista, George Shub agiu com: dolo
direto de segundo grau. (certa) 2008 - TJ-PR – JUIZ
• O dolo direto de segundo grau compreende os meios de ação escolhidos para realizar o fim, incluindo os efeitos secundários representados
como certos ou necessários, independentemente de serem esses efeitos ou resultados desejados ou indesejados pelo autor. (certa) 2008 - PC-
GO - DELEGADO DE POLÍCIA

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• No dolo direto de primeiro SEGUNDO grau ou imediato, o resultado típico é uma consequência necessária dos meios eleitos, que devem ser
abrangidos pela vontade tanto quanto o fim colimado, razão pela qual é doutrinariamente reconhecido como dolo de consequências
necessárias. (errada) 2010 - MPE-PB
• Se o autor explode embarcação própria com o fim de receber o valor do seguro, o resultado de morte dos tripulantes, representado como
efeito colateral certo ou necessário pelo autor, é atribuível a este a título de dolo direto de 1º grau SEGUNDO GRAU. (errada) 2012 - MPE-PR
• Há dolo direto de segundo grau quando há vontade consciente do agente em relação aos efeitos colaterais possíveis CERTOS
de sua ação.
(errada) 2018 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

• O nominado dolo de consequências necessárias é uma espécie de dolo indireto DIRETO ou mediato. (errada) FUNDEP - 2019 - MPE-MG

Ex.: Com a finalidade específica de produzir lesões corporais contra B em via pública, A projeta seu veículo contra a motocicleta
pilotada por B, representando, como consequência necessária, a produção de lesões corporais também em C, garupa da motocicleta:
o resultado de lesão corporal em B é atribuído a título de dolo direto de 1º grau ao autor A, e o resultado de lesão corporal em C,
ainda que lamentado por A, é atribuído a este a título de dolo eventual DE SEGUNDO GRAU. (errada) 2021 - MPE-PR

4.4.3 DOLO DIRETO DE TERCEIRO GRAU


João Cruel, com a finalidade de matar seu inimigo José Mala, ministra veneno em coquetel mesmo sabendo que a referida bebida
seria servida a todos os convidados de uma festa, o que de fato ocorreu, vindo, diante disso, a matar o seu inimigo e aos demais
convidados que ingeriram tal bebida; entretanto, uma das convidadas estava grávida, de maneira que da sua morte decorreu
necessariamente o aborto. Conforme ensinamento do Promotor de Justiça Marcelo André de Azevedo, neste caso, tendo João Cruel
consciência do estado de gravidez, estaria configurado também o dolo direto de terceiro grau. (certa) 2014 - MPE-GO
Obs. Fábio Roque e parte da doutrina rechaçam essa classificação (dolo de 3º grau) e ensinam que é tudo dolo de 2º grau.

4.4.4 DOLO INDIRETO - INDETERMINADO31


Dolo indireto ou indeterminado, por sua vez, é aquele em que o agente não tem a vontade dirigida a um resultado determinado.
Subdivide-se em dolo alternativo e em dolo eventual.
O dolo pode ser direto (ou determinado) ou indireto (ou indeterminado). Nesta última hipótese (dolo indireto), pode ser eventual
(o agente, conscientemente, admite e aceita o risco de produzir o resultado) ou alternativo (a vontade do agente visa a um ou outro
resultado). (certa) 2010 - MPE-SC
O dolo direto INDIRETO classifica-se em alternativo e eventual: o primeiro ocorre quando o aspecto volitivo do agente se encontra
direcionado de maneira alternativa em relação ao resultado ou à vítima; o segundo, quando o agente, embora não querendo praticar
diretamente a infração penal, assume o risco de produzir o resultado que por ele já havia sido previsto e aceito. (errada) CESPE - 2011 -
DPE-MA

4.4.4.1 DOLO ALTERNATIVO32


Dolo alternativo é o que se verifica quando o agente deseja, indistintamente, um ou outro resultado.
• O dolo alternativo consiste na vontade e consentimento do agente a produzir um ou outro resultado. (certa) VUNESP - 2014 - DPE-MS

Sua intenção se destina, com igual intensidade, a produzir um entre vários resultados previstos como possíveis. É o caso do
sujeito que atira contra o seu desafeto, com o propósito de matar ou ferir. Se matar, responderá por homicídio. Mas, e se ferir,
responderá por tentativa de homicídio ou por lesões corporais? Em caso de dolo alternativo, o agente sempre responderá pelo
resultado mais grave. Justifica-se esse raciocínio pelo fato de o Código Penal ter adotado em seu art. 18, I, a teoria da vontade. E,
assim sendo, se teve a vontade de praticar um crime mais grave, por ele deve responder, ainda que na forma tentada.

A alternatividade gira em torno do resultado. A vítima é certa. Maria arremessa uma pedra contra Pedro para
OBJETIVO
matar ou lesionar.

SUBJETIVO O agente quer matar alguém, mas não sabe quem. Pessoa incerta.

.ROGÉRIO GRECO → Dolo alternativo é desnecessário. É possível resolver tudo com o dolo eventual. “A” quer matar “B”, mas
assume o risco de matar “C”. “A” quer lesionar “B”, mas assume o risco de matar.
O dolo alternativo é espécie de dolo indireto e apresenta-se quando o aspecto volitivo do agente se encontra direcionado, de
maneira alternativa, seja em relação ao resultado, seja em relação à pessoa contra a qual é cometido o crime. (certa) FUNDEP - 2019 - MPE-
MG

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2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 328
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2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 328

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4.4.4.2 DOLO EVENTUAL33
Dolo eventual é a modalidade em que o agente não quer o resultado, por ele previsto, mas assume o risco de produzi-lo. É
possível a sua existência em decorrência do acolhimento pelo Código Penal da TEORIA DO ASSENTIMENTO, na expressão “assumiu
o risco de produzi-lo”, contida no art. 18, I, do Código Penal.
• No dolo eventual, o sujeito representa o resultado como de produção provável e, embora não queira produzi-lo, continua agindo e admitindo
a sua eventual produção. (certa) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
• São compatíveis, em princípio, o dolo eventual e as qualificadoras do homicídio. É penalmente aceitável que, por motivo torpe, fútil etc.,
assuma-se o risco de produzir o resultado. (certa) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
• O dolo eventual se caracteriza pela previsão de um resultado penalmente relevante, mas com a expectativa da sua inocorrência. (errada) 2009
– MPDFT

• Em se tratando de homicídio, é incompatível o domínio de violenta emoção com o dolo eventual. (errada) CESPE - 2010 - DPU
• Quando a vontade do agente é dirigida a um resultado determinado, porém vislumbrando a possibilidade de um segundo resultado não
desejado, denomina-se dolo eventual. (certa) 2011 - TJ-DFT – JUIZ
• Nos crimes de omissão de ação, o dolo pode existir sob as modalidades de dolo direto de 1º grau e de 2º grau, não sendo admissível,
entretanto, sob a modalidade de dolo eventual. (certa) 2012 - MPE-PR
• Incidirá majorante no quantum da pena referente à prática de crime contra a dignidade sexual de que resulte gravidez ou transmissão à vítima,
com dolo direto ou eventual, de doença sexualmente transmissível de que o agente saiba ser portador. (certa) CESPE - 2013 - DPE-RR
• Segundo a teoria do consentimento ou da aprovação, pertencente ao grupo das teorias volitivas, para a configuração do dolo eventual, é
necessário que o agente se conforme com a produção do resultado, aceitando-o, mesmo que a posteriori, ou seja, ainda que não o tenha
previsto no momento da prática da conduta típica. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O dolo direto ou eventual é elemento subjetivo do delito de violação de direito autoral, não havendo previsão para a modalidade culposa desse
crime. (certa) CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA
• A conduta de portar grande quantidade de CDs piratas, ainda que o infrator afirme tê-los pegado por engano, imaginando tratar-se de
exemplares originais, admite a modalidade de dolo eventual e a culposa. (errada) CESPE - 2013 - MPE-RO
• Não é possível a coexistência do dolo eventual e do crime preterdoloso. (errada) 2015 - MPE-BA

• A qualificadora do motivo fútil é compatível com o homicídio praticado com o dolo eventual. (certa) 2015 - MPE-MS
• No delito de receptação qualificada, a expressão “coisa que deve saber ser produto de crime” possui interpretação do STF no sentido de que,
abrange igualmente o dolo direto. (certa) FCC - 2015 - TJ-SE - JUIZ SUBSTITUTO
• Sobre crimes contra a saúde pública previstos no Código Penal admitem prática dolosa (dolo direto e eventual) e culposa. (certa) 2017 - MPE-PR
• O dolo eventual se caracteriza pela previsão de um resultado penalmente relevante, todavia com a expectativa da sua inocorrência. (errada)
2018 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

De acordo com a teoria da representação, também denominada teoria da possibilidade, integrante do grupo das teorias intelectivas, haverá
dolo eventual se o agente admitir, conscientemente, a possibilidade da ocorrência do resultado. Com base nessa teoria, portanto, culpa é sempre
culpa inconsciente, não existindo culpa consciente. Assim, a distinção entre dolo e culpa está associada ao conhecimento ou ao desconhecimento,
por parte do agente, dos elementos do tipo objetivo: o conhecimento configura o dolo; o desconhecimento caracteriza a culpa. (certa) CESPE - 2013 -
TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

O delito de lesão corporal seguida de morte tipificado no Código Penal é preterdoloso, não se admitindo o dolo, direto ou eventual, na produção
do resultado qualificador. (certa) 2013 - MPDFT
Ex.: Se da lesão corporal dolosa resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado morte, nem assumiu o risco
de produzi-lo, configura-se lesão corporal seguida de morte. (certa) VUNESP - 2015 - PC-CE - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

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2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 328

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HOMICÍDIO QUALIFICADO PRATICADO COM DOLO EVENTUAL34

QUALIFICADORAS DO O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte (dolo eventual), não exclui a
MOTIVO FÚTIL E/OU TORPE possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto
(ART. 121, § 2º, I E II, DO ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta. STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ,
CP): SIM 13/06/2017.

1ª corrente: SIM - O dolo eventual no crime de homicídio é compatível com as qualificadoras


objetivas previstas no art. 121, § 2º, III e IV, do Código Penal. As referidas qualificadoras serão
devidas quando constatado que o autor delas se utilizou dolosamente como meio ou como modo
específico mais reprovável para agir e alcançar outro resultado, mesmo sendo previsível e tendo
admitido o resultado morte. STJ. 5ª Turma. REsp 1.836.556-PR, 15/06/2021 (Info 701).
2ª corrente: NÃO - O dolo eventual não se compatibiliza com a qualificadora do art. 121, § 2º, IV
(traição, emboscada dissimulação). Para que incida a qualificadora da surpresa é indispensável
que fique provado que o agente teve a vontade de surpreender a vítima, impedindo ou
dificultando que ela se defendesse. Ora, no caso do dolo eventual, o agente não tem essa
intenção, considerando que não quer matar a vítima, mas apenas assume o risco de produzir
esse resultado. Como o agente não deseja a produção do resultado, ele não direcionou sua
QUALIFICADORAS DE MEIO vontade para causar surpresa à vítima. Logo, não pode responder por essa circunstância
(ART. 121, § 2º, III E IV, DO (surpresa). STF. 2ª Turma. HC 111442/RS, 28/8/2012 (Info 677).
CP): POLÊMICA 6ª TURMA: A qualificadora de natureza objetiva prevista no inciso III do § 2º do art. 121 do Código
Penal não se compatibiliza com a figura do dolo eventual, pois enquanto a qualificadora sugere
a ideia de premeditação, em que se exige do agente um empenho pessoal, por meio da utilização
de meio hábil, como forma de garantia do sucesso da execução, tem-se que o agente que age
movido pelo dolo eventual não atua de forma direcionada à obtenção de ofensa ao bem jurídico
tutelado, embora, com a sua conduta, assuma o risco de produzi-la. STJ. 6ª Turma. EDcl no REsp
1848841/MG, 2/2/2021.

5ª TURMA: Inexiste incompatibilidade entre o dolo eventual e o reconhecimento do meio


cruel para a consecução da ação, na medida em que o dolo do agente, direto ou indireto, não
exclui a possibilidade de a prática delitiva envolver o emprego de meio mais reprovável, como
veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel (art. 121, § 2º, inciso III,
do CP). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1573829/SC, 09/04/2019.
.
• Nos termos do entendimento atualmente pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça, o Juiz não pode admitir a qualificadora prevista no art.
121, §2º, inciso II (motivo fútil) na sentença que pronunciar o réu pela prática de homicídio cometido com dolo eventual. (errada) 2012 - TJ-DFT –
JUIZ

• O homicídio praticado com dolo eventual afasta a incidência das circunstâncias qualificadoras, uma vez que o agente não quer diretamente
o resultado, apenas assume o risco de produzi-lo. (errada) 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA
• Segundo a jurisprudência do STJ, são absolutamente incompatíveis o dolo eventual e as qualificadoras do homicídio, não sendo, portanto,
penalmente admissível que, por motivo torpe ou fútil, se assuma o risco de produzir o resultado. (errada) CESPE - 2011 - DPE-MA
• É incompatível o dolo eventual com a qualificadora da crueldade no crime de homicídio (art. 121, § 2º, III, do CP). (errada) 2021 – MPDFT
• No homicídio qualificado, o dolo eventual é incompatível com o meio cruel. (errada) CESPE - 2021 - MPE-SC

DOLO EVENTUAL x TENTATIVA


O dolo eventual é incompatível com a tentativa. (errada) CESPE - 2021 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL
É possível a tentativa nos crimes praticados com dolo eventual. (certa) CESPE - 2021 - MPE-AP

Consoante o entendimento jurisprudencial desta Corte Superior, é compatível com a imputação de homicídio tentado o dolo
eventual atribuído à conduta do acusado, hipótese na qual houve a demonstração do consentimento no resultado por parte do
agente. (AgRg no HC n. 678.195/SC, Quinta Turma, DJe de 20/9/2021)

34
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível haver homicídio qualificado praticado com dolo eventual?. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3d9f8ee1db299aa712a029a0e3a2d6f4>. Acesso em: 23/05/2022

elaborado por @fredsmcezar


4.4.4.3 TEORIAS DO DOLO EVENTUAL35

Para esta teoria ocorre dolo eventual quando o sujeito internamente consente, acorda
ou aceita a produção do resultado; de outro lado, quando realiza a conduta com a
confiança de que o resultado não se produza, verifica-se culpa consciente ou com
previsão. No contexto dessa concepção, a vontade vem a ser o único paradigma
TEORIA DO CONSENTIMENTO válido para a delimitação dolo eventual/culpa consciente.
Em que pesem as críticas, a teoria do consentimento se apresenta como majoritária.
Como se destaca, essa teoria não convence, pois na verdade o sujeito não aceita ou
consente na ocorrência do resultado, mas apenas na possibilidade de sua produção.

A diferença entre o dolo eventual e a culpa consciente radica em certo grau de


desconsideração/indiferença, e considera a presença do dolo eventual quando o sujeito
seja indiferente à realização do resultado típico. O elemento decisivo para a distinção
dolo eventual/culpa com previsão, radica na atitude subjetiva ou disposição de ânimo
TEORIA DO SENTIMENTO OU DA do autor em face da representação do resultado. Se, no momento de realizar a
INDIFERENÇA (ENGISCH) conduta, é indiferente ao sujeito a causação do resultado, há dolo eventual;
Caso contrário – o autor realiza a conduta porque confia na inocorrência do resultado
–, há culpa com representação. Tem como a postura antecedente como paradigma a
vontade.

A diferença entre dolo eventual e culpa consciente tem por base o elemento intelectual
(conhecimento), e não a vontade. A simples representação por parte do autor da
possibilidade de que sua conduta seja adequada para causar o resultado, basta para
TEORIA DA REPRESENTAÇÃO OU
se afirmar o dolo eventual, e a confiança na não produção do resultado é suficiente
POSSIBILIDADE (SCHMDHAUSER)
para excluir o dolo, e firmar a culpa consciente. O dolo é tido como conhecimento dos
elementos do tipo, enquanto que a culpa significa desconhecimento da situação típica.
A culpa consciente é valorada como inexistente.

Seu fundamento reside na representação que o sujeito tenha em relação


à probabilidade de causar o resultado. Por ela, se o autor considera provável a
produção do resultado, há dolo eventual; se considera sua produção meramente
como possível, há culpa consciente. Além de considerar apenas o elemento
TEORIA DA PROBABILIDADE (MAYER) intelectual, o conceito de probabilidade vem a ser de cunho subjetivo, de difícil e
correta apreensão.
Similar a essa doutrina, anota-se a postura de Jakobs, segundo a qual há dolo eventual,
se o autor considera que a realização típica, consequência da conduta, não é
improvável.

O dolo eventual ocorre quando o sujeito se representa a possibilidade da ocorrência


TEORIA DA FALTA DE VONTADE DE
do resultado típico; ao contrário, no caso de a vontade do sujeito se endereçar a evitar
EVITAÇÃO (KAUFMANN)
o resultado, há culpa consciente.

De acordo com a TEORIA INTELECTIVA DO PERIGO A DESCOBERTO, existe dolo eventual quando a sorte ou o acaso decidem a
ocorrência do resultado. (certa) 2010 - MPE-MG
De acordo com a TEORIA VOLITIVA DA ASSUNÇÃO, para a configuração do dolo eventual, basta a previsão ou o conhecimento
do resultado. (errada) 2010 - MPE-MG
Ex.: No dia 15 de março de 2014, três ladrões levaram a cabo um audacioso plano delitivo e efetuaram a subtração da quantia
de R$ 160.000.000,00 (cento e sessenta milhões de reais) do interior do Banco Goiano, localizado em Goiânia-GO. Em seguida, os
autores do furto dirigiram-se a uma concessionária de veículos e, com a quantia de R$ 980.000,00 (novecentos e oitenta mil reais),
em notas de cinquenta reais acondicionadas em sacos de náilon, compraram 11 (onze) veículos de luxo. Dois empresários,
proprietários da concessionária, efeturam diretamente as vendas e aceitaram manter sob suas guardas a quantia de R$ 250.000,00
(duzentos e cinquenta mil reais) para futuras compras. Nesse cenário hipotético, a fim de responsabilizar criminalmente os
empresários, seria possível, em tese, a aplicação da TEORIA DA EVITAÇÃO DA CONSCIÊNCIA, apesar de o art. 1º, § 2º, inciso I, da
Lei nº 9.613/98 não admitir a punição a título de dolo eventual. (certa) 2014 - MPE-GO
• As teorias do consentimento, da indiferença e da vontade de evitação não comprovada adotam, em relação ao dolo eventual, critérios fundados
na representação, sendo o dolo eventual definido na teoria da vontade de evitação não comprovada como a atitude de aprovação do resultado
típico previsto como possível, que deve agradar ao autor. (errada) CESPE - 2011 - TJ-PB – JUIZ

35
2019. Tratado de Direito Penal Brasileiro, Volume 1, Luiz Regis Prado, p. 909.

elaborado por @fredsmcezar


• Conforme a teoria da vontade REPRESENTAÇÃO, haverá dolo quando o sujeito realizar sua ação ou omissão prevendo o resultado como certo ou
provável, ainda que não o deseje. Segundo essa teoria, não haveria distinção entre dolo eventual ou culpa consciente. (errada) CESPE - 2012 -
MPE-TO

• Consoante a teoria do risco, pertencente ao grupo das teorias volitivas INTELECTIVAS, o dolo eventual não tem como objeto o resultado típico,
mas, apenas, a conduta típica, sendo necessário que o agente, primeiro, tenha conhecimento de que sua ação implica risco indevido e,
segundo, assuma o risco da produção do resultado como decorrência provável da conduta tipificada como proibida. (errada) CESPE - 2013 - TRF -
1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• A teoria da não comprovada vontade de evitação do resultado (também conhecida como teoria da objetivação da vontade de evitação do
resultado), desenvolvida por Armin Kaufmann em bases finalistas, coloca o dolo eventual e a imprudência consciente na dependência da
ativação de contra-fatores para evitar o resultado representado como possível. (certa) 2014 - MPE-GO
• De acordo com a teoria do consentimento, de base unicamente cognitiva, não existe culpa consciente. Se há a representação do resultado,
invariavelmente existirá dolo eventual. (errada) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
• Para a teoria da representação, que se situa entre as teorias volitivas COGNITIVAS, há dolo eventual quando o agente admite a possibilidade de
ocorrência do resultado e demonstra alto grau de indiferença quanto à afetação do bem jurídico-penal. (errada) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO
DE POLÍCIA CIVIL

• A teoria do risco, classificada entre as volitivas COGNITIVAS, é aquela adotada pelo Código Penal em seu art. 18, I. Seus adeptos entendem que
só há dolo eventual quando o agente representa o resultado e assume o risco de produzi-lo. (errada) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA
CIVIL

• A teoria da evitabilidade, cognitiva, pressupõe a representação do resultado como possível, o que bastará para a caracterização do dolo
eventual. Contudo, se o agente busca evitar o resultado através da ativação de contrafatores, agindo concretamente, existirá culpa consciente.
(certa) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

• Em tema de Dolo Eventual, para a TEORIA DA POSSIBILIDADE basta que haja o conhecimento sobre a possibilidade de ocorrência do resultado
para estar presente esta figura dolosa. (certa) 2019 - MPE-PR

4.4.4.4 DOLO EVENTUAL x DOLO DIRETO DE SEGUNDO GRAU x CULPA CONSCIENTE

DOLO EVENTUAL O resultado pode ou não acontecer.

DOLO DIRETO DE 2º GRAU O resultado necessariamente acontecerá.

CULPA CONSCIENTE Na culpa inconsciente, o agente prevê o resultado, mas espera que ele não aconteça. (certa) 2010 -
MPE-SC

Há algum ponto de semelhança entre condutas praticadas com culpa consciente e dolo eventual? Sim. Tanto na culpa consciente
quanto no dolo eventual o agente prevê o resultado. (certa) 2011 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA
• Existe algum ponto de semelhança entre as condutas praticadas com culpa consciente e com dolo eventual? Sim, pois, tanto na culpa
consciente quanto no dolo eventual, o agente prevê o resultado. (certa) UFMT - 2016 - DPE-MT

Existe CULPA CONSCIENTE quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que não ocorrerá; configura- se
DOLO EVENTUAL quando a vontade do agente não está dirigida para a obtenção do resultado, pois ele quer algo diverso, mas,
prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo a possibilidade de sua produção. (certa) VUNESP - 2018 - PC-SP - DELEGADO DE
POLÍCIA

Das várias teorias que buscam justificar o dolo eventual, sobressai a teoria do consentimento (ou da assunção), consoante a
qual o dolo exige que o agente consinta em causar o resultado, além de considerá-lo como possível. A questão central diz respeito
à distinção entre dolo eventual e culpa consciente, que, como se sabe, apresentam aspecto comum: a previsão do resultado ilícito.
(certa) 2016 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

No dolo eventual, une-se o assentimento à assunção do risco, a partir da posição do agente que tem consciência de que pode
ocorrer o resultado e assim mesmo age. Na culpa consciente, assoma ao espírito do agente a possibilidade de causação do resultado,
mas confia ele que esse resultado não sucederá. A distinção é relevante, por exemplo, nos casos de homicídio. (certa) 2014 - TRF - 4ª
REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

Ex.: Objetivando produzir danos em veículo de som, estacionado em via pública, A atira bexiga de água de janela do 10º andar,
ciente da possibilidade de atingir o pedestre B, mas com plena confiança em sua exímia habilidade para evitar este último resultado:
se a bexiga atinge B, produzindo-lhe lesões corporais, A não responde por culpa consciente, mas por dolo eventual. (errada) 2017 - MPE-
PR

Ex.: A.A. saiu de uma festa um pouco sonolento, pretendendo ir para casa conduzindo sua motocicleta. Na ocasião, foi advertido
pelo sujeito B.B., que disse: “pilotando neste estado você pode matar alguém”. A.A., porém, afirmou que estava em condições de
evitar qualquer acidente, até porque as ruas estariam quase desertas e o vento no rosto o manteria acordado. Afirmou, ainda, que
não se arriscaria a sofrer um acidente, porque de moto “o para-choque era ele mesmo”. No trajeto para casa, porém, por estar com
os reflexos mais lentos, A.A. não percebeu um pedestre que atravessava a rua e o atropelou, causando-lhe a morte. Embora tenha
ficado bastante ferido, A.A. sobreviveu ao acidente e foi acusado de cometer crime. A partir das noções de dolo e culpa aplicadas
ao caso, é correto afirmar que A.A. agiu com culpa consciente porque levianamente subestimou o risco de causar o resultado e
confiou que ele não ocorreria. (certa) 2021 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA

elaborado por @fredsmcezar


• No dolo eventual, a pessoa vislumbra o resultado que pode advir de sua conduta, acreditando que, com as suas habilidades, será capaz de
evitá-lo. (errada) 2009 - TJ-MG – JUIZ
• No dolo eventual, o sujeito representa o resultado como de produção provável e, embora não queira produzi-lo, continua agindo e admitindo
a sua eventual produção. (certa) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
• Sobre a diferenciação entre dolo eventual e culpa consciente, de acordo com a teoria intelectiva da representação, não existe culpa consciente,
pois a diferença entre dolo e culpa reside no conhecimento do agente quanto aos elementos do tipo objetivo. (certa) 2010 - MPE-MG
• No dolo eventual e na culpa consciente existe a assunção do risco de realização do resultado típico, não havendo diferença conceitual,
apenas distinção na sanção penal em razão do juízo de censura. (errada) 2010 - PGE-RS
• A culpa inconsciente CONSCIENTE diferencia-se do dolo eventual na medida em que o agente, embora represente a possível produção do resultado
típico lesivo, acredita na sua não ocorrência. (errada) 2011 – MPDFT
• O ponto de identidade entre dolo eventual e a culpa inconsciente CONSCIENTE reside na representação da possibilidade de produção do resultado,
consentida, no primeiro caso, e repelida, no último. (errada) 2011 - MPDFT
• No dolo eventual, une-se o assentimento à assunção do risco, a partir da posição do agente que tem consciência de que pode ocorrer o
resultado e assim mesmo age. Na culpa consciente, assoma ao espírito do agente a possibilidade de causação do resultado, mas confia ele
que esse resultado não sucederá. (certa) 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
• No caso em que o sujeito realiza a conduta e prevê a possibilidade de produção do resultado, mas não quer sua ocorrência e conta com a
“sorte” para que ele não se materialize, pois sabe que não tem o controle sobre a situação implementada, se configura um exemplo de “culpa
consciente DOLO EVENTUAL” e não de “dolo eventual CULPA CONSCIENTE”, porque se o sujeito soubesse de antemão que o resultado iria ocorrer,
provavelmente não teria atuado. (errada) 2019 - MPE-SC
• Segundo a doutrina majoritária, no dolo eventual, o agente representa o resultado ilícito como possível e leva a sério a possibilidade de sua
realização, conformando-se com ele. Já na culpa consciente, o agente representa o resultado ilícito como possível, mas confia seriamente
que não ocorrerá, e não se põe de acordo com ele. (certa) FUNDEP - 2021 - MPE-MG

A literatura contemporânea trabalha, no setor dos efeitos secundários (colaterais ou paralelos) típicos representados como
possíveis, com os seguintes conceitos-pares para definir dolo eventual e imprudência consciente:36

DOLO caracteriza-se, no nível intelectual, por levar a sério a possível produção do resultado típico e, no nível da
EVENTUAL atitude emocional, por conformar-se com a eventual produção desse resultado;

caracteriza-se, no nível intelectual, pela representação da possível produção do resultado típico e, no nível da
IMPRUDÊNCIA
atitude emocional, por confiar na ausência ou evitação desse resultado, pela habilidade, atenção ou cuidado
CONSCIENTE
na realização concreta da ação.

Quem confia na evitação ou ausência do resultado típico possível não pode, simultaneamente, conformar-se com (ou aceitar)
sua produção (imprudência consciente).37
“O dolo é a energia psíquica fundamental dos fatos dolosos. O elemento subjetivo geral dos tipos dolosos é o dolo.” (SANTOS, 2004, p. 61-
62). Tendo em conta o pensamento doutrinário que o dolo é composto de um elemento intelectual e um elemento volitivo, analise as
assertivas e identifique com V as verdadeiras e com F as falsas. 2018 - MPE-BA

(V) No nível intelectual, o dolo eventual se caracteriza pela atenção dada à possível produção do resultado, e, no nível emocional, caracteriza-
se por se conformar com a possibilidade de produção desse resultado.

(F) A imprudência consciente se caracteriza, no nível intelectual EMOCIONAL


, por confiar na ausência ou evitação desse resultado por força do
cuidado na realização concreta da ação.

(V) No nível intelectual, a imprudência se caracteriza pela leviandade em relação à eventual produção do resultado típico.

(V) O fato de alguém se conformar com (ou aceitar) o resultado típico possível revela falta de confiança desse indivíduo em relação a sua
evitação ou ausência do dolo eventual.

(F) Quem confia na evitação ou ausência do resultado típico possível pode, simultaneamente, conformar-se com (ou aceitar) sua produção
(imprudência consciente).

4.5 CRIME PRETERDOLOSO (PRETERINTENCIONAL) 38


Preterdolo emana do latim praeter dolum, ou seja, além do dolo. O crime preterdoloso é uma figura híbrida. Há dolo do
antecedente (minus delictum) e culpa no consequente (majus delictum). Em decorrência do misto de dolo e culpa, o preterdolo é
classificado como elemento subjetivonormativo do tipo penal.

36
Direito Penal (Parte Geral), Juarez Cirino dos Santos, p. 134-137
37
Direito Penal (Parte Geral), Juarez Cirino dos Santos, p. 134-137
38
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 328

elaborado por @fredsmcezar


Não se admite a figura da “versari in re illicita”, isto é, quem se envolve com coisa ilícita é responsável também pelo resultado
fortuito.
Ex.: Na hipótese de lesão corporal seguida de morte, não é porque o agente desejou produzir ferimentos na vítima que,
automaticamente, deve responder por sua morte. O resultado mais grave precisa ser derivado de culpa, a ser demonstrada no
caso concreto.
No crime preterdoloso a culpa pode ser reconhecida por presunção? A culpa no crime preterdoloso não pode ser presumida,
deve ser provada. (certa) 2011 - MPE-MS
• O crime previsto no art. 129, § 3o do Código Penal - lesão corporal seguida de morte - preterdoloso, por excelência, insere-se na categoria
dos delitos qualificados pelo resultado e, portanto, não admite a forma tentada. (certa) FCC - 2009 - DPE-PA
• Os crimes preterdolosos não admitem a tentativa. (certa) 2010 - MPE-MG
• O delito preterdoloso ocorre quando o agente quer praticar um crime e, por excesso, produz culposamente um resultado mais grave que o
desejado inicialmente, como ocorre, invariavelmente, no delito de latrocínio. (errada) CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO
• Não se admite tentativa nos crimes preterdolosos. (certa) 2011 - MPE-PB

• O crime preterdoloso é um misto de dolo e culpa, com culpa na conduta NO RESULTADO antecedente e dolo no resultado NA CONDUTA conseqüente.
(errada) 2012 - MPE-SC

• Tratando-se do crime de lesão corporal previsto no artigo 129, § 1°, inciso II, do CPB (perigo de vida), é uma figura típica exclusivamente
preterdolosa. (certa) 2011 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA
• A lesão corporal seguida de morte não se confunde com o homicídio culposo, pois, na primeira situação, chamada de homicídio preterdoloso,
ocorre o dolo. Nesse caso, o autor tem a intenção de provocar a lesão corporal, mas não a morte da vítima. (certa) CESPE - 2012 - PC-AL - DELEGADO
DE POLÍCIA

• Preterdoloso se diz o crime em que a totalidade do resultado representa um excesso de fim (isto é o agente quis um minus e ocorreu
um majus), de modo que há uma conjugação de dolo (no antecedente) e de culpa (no subsequente). (certa) 2012 - MPE-SP
• O delito de lesão corporal seguida de morte, previsto no art. 129, § 3º, do Código Penal, contempla hipótese de crime preterdoloso. (certa)
2012 - MPE-SP

• O crime de lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3º, do CP) é um exemplo do que a doutrina convencionou chamar de crime
preterdoloso. (certa) 2012 - TJ-DFT – JUIZ
• Os crimes preterdolosos não admitem a tentativa. (certa) 2013 - TJ-SC – JUIZ
• Os crimes preterdolosos não admitem a tentativa. (certa) 2013 - MPE-PR
• O delito de lesão corporal seguida de morte tipificado no Código Penal é preterdoloso, não se admitindo o dolo, direto ou eventual, na
produção do resultado qualificador. (certa) 2013 – MPDFT
• Não se admite a tentativa nos delitos preterdolosos. (certa) FUNDEP - 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Conforme doutrina majoritária, a tortura qualificada pelo resultado morte, prevista no artigo 1º, § 3º, da Lei n. 9.455/97, é classificada como
de resultado preterdoloso. Entretanto, se o agressor, em sua ação, deseja ou assume o risco de produzir o resultado morte, não responde
pelo tipo acima, mas por homicídio qualificado. (certa) 2014 - MPE-SC
• Não é possível a coexistência do dolo eventual e do crime preterdoloso. (errada) 2015 - MPE-BA

• O crime de latrocínio não admite forma preterdolosa, considerando a exigência do animus necandi na conduta do agente. (errada) CESPE - 2016
- TJ-AM - JUIZ SUBSTITUTO

• No crime preterdoloso, a totalidade do resultado representa um excesso de fim (isto é, o agente quis um minus e ocorreu um majus), de
modo que há uma conjugação de dolo (no antecedente) e culpa (no subsequente). (certa) 2016 - DPE-MT
• É possível haver esse tipo de associação criminosa para a prática de crimes preterdolosos. (errada) 2017 - MPE-RO

• O feminicídio (CP, art. 121, § 2º , VI) admite a modalidade preterdolosa. (errada) VUNESP - 2018 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O crime de disparo de arma de fogo (art. 15 da Lei n. 10.826/2003) se configura na modalidade preterdolosa se for praticado como meio
para a execução de um homicídio (tipificado no art. 121, “caput”, do CP). (errada) 2019 - MPE-SC
• O crime de roubo do qual resulta lesão corporal grave, nos termos das alterações trazidas pela Lei n° 13.654/2018, só pode se verificar a
título de preterdolo. (errada) 2019 - MPE-SP
• Os crimes preterdolosos não admitem a tentativa. (certa) 2019 - MPE-GO
• Os crimes preterdolosos não admitem a tentativa. (certa) 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
• A tipicidade preterdolosa enseja um crime qualificado pelo resultado em que o tipo-base é doloso e o resultado qualificador é culposo. (certa)
FCC - 2021 - DPE-AM

• Em relação ao delito de incêndio qualificado pela morte da vítima, é possível a aplicação das agravantes genéricas do Art. 61, inciso II, do
Código Penal, pois, em se tratando de crime preterdoloso, em que há uma condução anterior dolosa com o resultado posterior culposo, o
resultado morte configura elementar de maior punibilidade. (certa) FGV - 2022 - MPE-GO
Todo delito qualificado pelo resultado é preterdoloso. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Crime qualificado pelo resultado é sinônimo de crime preterdoloso. (errada) 2015 – MPDFT

elaborado por @fredsmcezar


Além do crime preterdoloso, existem três outras espécies de crimes qualificados pelo resultado, quais sejam: 39
a) Dolo na conduta antecedente e dolo no resultado agravador (dolo no antecedente e dolo no consequente): o crime-base é doloso, bem
como o resultado agravador. Como exemplo pode ser indicado o crime de latrocínio (CP, art. 157, § 3.º, inc. II), em que o roubo é doloso,
e a morte pode sobrevir a título de dolo, mas também culposamente.
b) Culpa na conduta antecedente e culpa no resultado agravador (culpa no antecedente e culpa no consequente): a conduta básica e o
resultado mais gravoso são legalmente previstos na forma culposa. É o caso dos crimes culposos de perigo comum, resultando lesão
corporal grave ou morte (CP, art. 258, in fine).
c) Culpa na conduta antecedente e dolo no resultado agravador (culpa no antecedente e dolo no consequente): o fato original é tipificado
culposamente, ao contrário do resultado agravador, doloso. Veja-se o crime tipificado pelo art. 303, parágrafo único, da Lei 9.503/1997 –
Código de Trânsito Brasileiro –, na hipótese em que o motorista de um veículo automotor em excesso de velocidade atropela um pedestre,
ferindo-o culposamente, e, em seguida, dolosamente deixa de prestar socorro à vítima do acidente, quando era possível fazê-lo sem risco
pessoal.

4.5.1 CRIME PRETERDOLOSO x AGRAVANTES


É possível a aplicação das agravantes genéricas do Art. 61, inciso II, do Código Penal, pois, em se tratando de crime preterdoloso,
em que há uma condução anterior dolosa com o resultado posterior culposo, o resultado morte configura elementar de maior
punibilidade. (certa) FGV - 2022 - MPE-GO

No crime preterdoloso, espécie de delito qualificado pelo resultado, é possível a incidência de agravante genérica prevista no
art. 61 do Código Penal. Precedente. (AgRg no AREsp 499.488/SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 04/04/2017, DJe 17/04/2017.)
É possível a aplicação das agravantes genéricas do art. 61, II, a e c, do Código Penal ao crime de lesão corporal seguida de morte,
descrito no art. 129, § 3º, do CP, pois, em se tratando de crime preterdoloso, em que há uma condução anterior dolosa com o
resultado posterior culposo, é certo que a culpa decorrente do fato consequente não modifica a conduta dolosa de ofender a
integridade corporal ou a saúde de outrem, configuradora do crime de lesão corporal, sendo o resultado morte apenas uma
elementar de maior punibilidade, o que permite a incidência das agravantes genéricas. AgInt no AREsp 1074503 / SP, 6ª Turma, DJe
25/09/2018

4.6 DOLO DE ÍMPETO


No dolo de propósito o sujeito age com vontade e consciência refletida e premeditada, enquanto que no dolo de ímpeto o autor
age de modo repentino, sem intervalo entre a cogitação e a execução do crime. (certa) 2019 - MPE-GO

4.7 DOLO DE DANO x DOLO DE PERIGO40


Dolo de dano ou de lesão é o que se dá quando o agente quer ou assume o risco de lesionar um bem jurídico penalmente
tutelado. É exigido para a prática de um crime de dano. Na lesão corporal, por exemplo, exigem-se a consciência e a vontade de
ofender a saúde ou a integridade corporal de outrem.
Dolo de perigo é o que ocorre quando o agente quer ou assume o risco de expor a perigo de lesão um bem jurídico penalmente
tutelado. No crime tipificado pelo art. 130 do Código Penal, exemplificativamente, o dolo do agente se circunscreve à exposição de
alguém, por meio de relações sexuais ou de ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está
contaminado.

4.8 DOLO GENÉRICO x ESPECÍFICO


Quando o agente pratica a conduta típica, sem qualquer finalidade especial, denomina-se dolo específico GENÉRICO
. (errada) 2011 - TJ-
DFT - JUIZ

Quando o agente pratica a conduta típica, destinada a uma finalidade especial denomina-se dolo genérico ESPECÍFICO. (errada) 2011 - TJ-
DFT – JUIZ

• Para a configuração do concurso formal de delitos (art. 70 do CP), e a aplicação da pena com a causa de aumento correspondente, a conduta
realizada não pode ser praticada na forma de “dolo específico”, sendo portanto admissível somente o “dolo genérico”. (errada) 2019 - MPE-SC

Ex.: Para a configuração do crime disposto no Art. 2º, inciso II, da Lei nº 8.137/1990 (deixar de recolher, no prazo legal, valor de
tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos
cofres públicos), basta que haja dolo genérico, não sendo necessária a comprovação de dolo específico. (errada) FGV - 2022 - TJ-MG - JUIZ
DE DIREITO SUBSTITUTO

4.9 DOLO NORMATIVO x DOLO NATURAL


No SISTEMA CLÁSSICO, o dolo era considerado normativo porque tinha como pressuposto a consciência da ilicitude do fato.
Logo, o dolo era consciência e vontade, mas essa consciência não era apenas a consciência sobre o fato, era também a consciência
da ilicitude do fato. Isso viria a mudar no finalismo, visto que dolo/culpa são realocados para a tipicidade e a consciência da ilicitude
sai de dentro do dolo e passa a ser um elemento autônomo da culpabilidade.41

39
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 328
40
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 328
41
https://www.youtube.com/watch?v=rrlo6EaMjyQ – (Fábio Roque - Dolo Colorido e Dolo Acromático)

elaborado por @fredsmcezar


A distinção entre os perfis clássico e finalista reside, principalmente, na alocação do dolo e da culpa, e não em um sistema
bipartido ou tripartido relativamente à estrutura do delito. 42
• O ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria psicológica do dolo, segundo a qual dolo é a consciência e a vontade de concretizar os
elementos do tipo penal. (certa) 2013 - MPDFT
No âmbito das teorias do dolo, a teoria finalista e a teoria neokantista apresentam posições divergentes.43
Para o finalismo, o dolo é avalorado, também conhecido por acromático ou incolor, ao passo que para os neokantistas, o dolo é
valorado, sendo também conhecido por dolo normativo, híbrido ou colorido.
De acordo com os FINALISTAS, sendo o dolo natural e desprovido de valoração, não se faz necessária a análise da consciência
de ilicitude do agente, pois esta integra a culpabilidade, ao passo que o dolo está no campo da tipicidade. Por outro lado, para os
NEOKANTISTAS, o dolo, formado pela consciência, vontade e discernimento da ilicitude do ato, não integra o tipo, mas sim a
culpabilidade, razão pela qual possui carga valorativa.

42
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 236
43
BAUMFELD, Laura Minc. Coleção Roteiros de Prova Oral: Ministério Público Estadual. Salvador: JusPodivm, 2018, p. 518.

elaborado por @fredsmcezar


5. CRIME CULPOSO
.

Dentro de uma concepção finalista, CULPA é o elemento normativo da conduta, pois a sua aferição depende da valoração do
caso concreto.44
• A culpa, embora seja uma conduta humana violadora de uma norma de cuidado que realiza um tipo penal, não é elemento normativo do tipo.
(errada) 2009 – MPDFT

• Nos termos da concepção finalista, a culpa configura elemento normativo do tipo. (certa) 2012 - MPE-RJ

No tipo dos crimes culposos, o desvalor do resultado é definido pelo resultado de lesão do bem jurídico, como produto específico
da violação do dever de cuidado ou do risco permitido. (certa) 2017 - MPE-PR
Característica básica da postura finalista é tratar o delito culposo segundo a condução da atividade humana estabelecida no tipo
de injusto, quer tendo por base o objeto de um juízo de valor negativo sobre essa atividade, quer o desvio do processo causal ou
defeito de congruência. (certa) FUNDEP - 2019 - MPE-MG
No crime culposo a conduta é dirigida para um fim ilícito LÍCITO
. Ela é sempre bem dirigida para uma finalidade relevante sob o
aspecto penal. (errada) 2013 - MPE-GO
Figuras típicas culposas estão previstas de forma diversificada no ordenamento jurídico-penal brasileiro, tanto no Código Penal
quanto na legislação penal especial, como por exemplo, na Lei 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro), na Lei de Crimes Ambientais
(Lei 9.605/98) e no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90). (certa) 2021 - MPE-PR

5.1 FUNDAMENTO DA PUNIBILIDADE DA CULPA


INOBSERVÂNCIA DO DEVER OJBETIVO DE CUIDADO (MAJORITÁRIA)
A responsabilização por crime culposo se fundamenta na inobservância do dever de asseguramento de tráfego. (certa) 2012 - MPE-RJ
TEORIA DO RISCO PERMITIDO (ROXIN) – O agente só responde por crime culposo se criar ou incrementar um risco proibido.
A relação de causalidade constitui um pressuposto da imputação do resultado. Contudo, não basta a relação de causalidade para
imputar um resultado como criminoso em certos casos. Tomando-se esta premissa como correta, Roxin desenvolveu critérios para
a imputação objetiva de um resultado, e, dentre eles, a criação de um risco proibido ao bem jurídico. (certa) FCC - 2015 - TJ-SE - JUIZ SUBSTITUTO
Segundo a teoria da imputação objetiva, cuja finalidade é limitar a responsabilidade penal, o resultado não pode ser atribuído à
conduta do agente quando o seu agir decorre da prática de um risco permitido ou de uma conduta que diminua o risco proibido.
(certa) CESPE - 2016 - PC-PE - DELEGADO DE POLÍCIA

5.2 PRINCÍPIO DA EXCEPCIONALIDADE


A conduta será culposa quando o agente der causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia e só poderá ser
considerada crime se houver previsão do tipo penal na modalidade culposa. (certa) CESPE - 2016 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas não permite a punição por crime culposo, ainda que previsto
em lei. (errada) VUNESP - 2011 - TJ-SP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Ex.: O erro sobre o elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se
previsto em lei. (certa) VUNESP - 2012 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Pelo princípio da confiança, todo aquele que se conduz com observância ao dever de cuidado objetivo exigido, pode esperar que
os demais co-participantes de idêntica atividade procedam do mesmo modo. (certa) FUNDEP - 2018 - MPE-MG

5.3 ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO

1. CONDUTA VOLUNTÁRIA

2. VIOALAÇÃO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO

3. RESULTADO NATURALÍSTICO INVOLUNTÁRIO

4. NEXO CAUSAL

5. TIPICIDADE

6. PREVISIBILIDADE OBJETIVA (homem médio)

7. AUSÊNCIA DE PREVISÃO
.

44
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 338

elaborado por @fredsmcezar


• São elementos do fato típico culposo: conduta, resultado involuntário, nexo causal, tipicidade, ausência de previsão, quebra do dever de
cuidado objetivo por meio da imprudência, negligência ou imperícia e previsibilidade subjetiva OBJETIVA. (errada) CESPE - 2009 - DPE-AL
• A previsibilidade subjetiva OBJETIVA é um dos elementos da culpa. [adaptada] (errada) CESPE - 2010 - MPE-RO
• A previsibilidade objetiva é elemento integrante do tipo culposo, podendo a previsibilidade subjetiva ser analisada por ocasião da
culpabilidade. (certa) 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA
• O resultado involuntário trata de elemento do fato típico culposo. (certa) VUNESP - 2012 - DPE-MS
• Para caracterização da conduta típica culposa basta a inobservância do dever de cuidado do agente. (errada) VUNESP - 2014 - DPE-MS
• O resultado naturalístico involuntário é elemento constitutivo do crime culposo. (certa) 2016 - DPE-MT
• A imprevisibilidade não é elemento constitutivo do crime culposo. (certa) 2016 - DPE-MT
• Tipicidade é um elemento do tipo culposo de crime. (certa) 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO
• Previsibilidade objetiva é um elemento do tipo culposo de crime. (certa) 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO
• O dever de cuidado deve ser determinado de acordo com a situação jurídica e social de cada homem e se trata de um componente normativo
do tipo objetivo culposo. (certa) 2018 - MPE-BA
• A previsibilidade subjetiva, em que o agente, dadas as suas condições peculiares, tinha o dever de prever o resultado, não é elemento do
fato típico culposo. A ausência de previsibilidade subjetiva no crime culposo exclui a culpabilidade, mas não o fato típico culposo. (certa) 2019
- MPE-GO

• A conduta humana voluntária é irrelevante para a configuração do crime culposo. (errada) CESPE - 2021 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA
FEDERAL

ZAFFARONI → A previsibilidade objetiva condiciona a observância de um cuidado. (Homem médio).

PREVISIBILIDADE OBJETIVA É a previsão do homem médio. (Alojada no TIPO)

PREVISIBILIDADE SUBJETIVA É a capacidade individual de previsão. (Alojada na CULPABILIDADE)

5.4 MODALIDADES DE CULPA


CP. Art. 18. Diz-se o crime: II - CULPOSO, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
A imprudência, a negligência e a imperícia são modalidades da culpa consciente. (errada) 2012 - MPE-SP
Para punição do agente, a título de culpa, segundo a teoria finalista da ação, é suficiente a demonstração de conduta realizada
com imprudência, negligência ou imperícia. (errada) 2013 – MPDFT
Caracteriza-se como imprudência a conduta positiva praticada pelo agente que, por não observar o dever de cuidado, causa o
resultado lesivo que lhe era previsível; como negligência, o ato de deixar de fazer o que a diligência normal impõe; e como imperícia,
a inaptidão permanente, ou seja, não momentânea, do agente para o exercício de arte, profissão ou ofício. (errada) CESPE - 2011 - DPE-MA
Ex.: Suponha que em naufrágio de embarcação de grande porte, tenha havido tombamento das cabines e demais dependências,
antes da evacuação da embarcação e resgate dos passageiros e, em razão desse fato, os sobreviventes tenham sofrido diversos
tipos de lesões corporais e centenas tenham morrido por politraumatismo e afogamento. Com base nessa situação hipotética, julgue
o item seguinte, de acordo com a legislação brasileira. Caso seja comprovada imperícia, negligência ou imprudência da tripulação,
esta poderá responder judicialmente pelo crime de homicídio em relação às mortes ocorridas no naufrágio. (certa) CESPE - 2013 - PC-BA –
DELEGADO DE POLÍCIA

5.4.1 IMPRUDÊNCIA
É a conduta positiva/comissiva (in agendo) praticada pelo agente que, por não observar o seu dever de cuidado, causa o
resultado lesivo que lhe era previsível. Na definição de Aníbal Bruno, “consiste a imprudência na prática de um ato perigoso sem
os cuidados que o caso requer.”
Assim, por exemplo, imprudente é o motorista que imprime velocidade excessiva em seu veículo ou o que desrespeita um
sinal vermelho em um cruzamento etc. A imprudência é, portanto, um fazer alguma coisa.
• Negligente é o agente que pratica um ato perigoso sem os cuidados que o caso requer. (errada) CESPE - 2012 - MPE-TO

5.4.2 NEGLIGÊNCIA
Imprudência NEGLIGÊNCIA é uma omissão, uma ausência de precaução em relação ao ato realizado. (errada) VUNESP - 2012 - DPE-MS - DEFENSOR
PÚBLICO

5.4.3 IMPERÍCIA
Fala-se em imperícia quando ocorre uma inaptidão, momentânea ou não, do agente para o exercício de arte, profissão ou ofício.
Diz-se que a imperícia está ligada, basicamente, à atividade profissional do agente. Por isso, também é chamada de “culpa
profissional”.

elaborado por @fredsmcezar


5.5 ESPÉCIES DE CULPA
A culpa inconsciente distingue-se da consciente no que diz respeito à previsão do resultado: naquela, este, embora previsível,
não é previsto pelo agente; nesta, o resultado é previsto, mas o agente acredita sinceramente que não será responsabilizado, por
confiar em suas habilidades pessoais. (certa) CESPE - 2011 - DPE-MA
Para a caracterização do crime culposo, a culpa consciente se equipara à culpa inconsciente ou comum. (certa) CESPE - 2013 - DPE-DF

5.5.1 CULPA CONSCIENTE - COM PREVISÃO - EX LASCÍVIA


A previsibilidade é um dos elementos que integram o crime culposo. A culpa consciente é aquela em que o agente, embora
prevendo o resultado, não deixa de praticar a conduta acreditando, sinceramente, que este resultado não venha a ocorrer. Isto é,
o resultado, embora previsto, não é assumido ou aceito pelo agente, que confia na sua não ocorrência.
Diferentemente, na hipótese de DOLO EVENTUAL, embora o agente não queira diretamente o resultado, assume o risco de vir a
produzi-lo. O agente não quer diretamente produzir o resultado, mas, se este vier a acontecer, pouco importa.
A.A. saiu de uma festa um pouco sonolento, pretendendo ir para casa conduzindo sua motocicleta. Na ocasião, foi advertido pelo
sujeito B.B., que disse: “pilotando neste estado você pode matar alguém”. A.A., porém, afirmou que estava em condições de evitar
qualquer acidente, até porque as ruas estariam quase desertas e o vento no rosto o manteria acordado. Afirmou, ainda, que não se
arriscaria a sofrer um acidente, porque de moto “o para-choque era ele mesmo”. No trajeto para casa, porém, por estar com os
reflexos mais lentos, A.A. não percebeu um pedestre que atravessava a rua e o atropelou, causando-lhe a morte. Embora tenha
ficado bastante ferido, A.A. sobreviveu ao acidente e foi acusado de cometer crime. É correto afirmar que A.A. agiu com culpa
consciente porque levianamente subestimou o risco de causar o resultado e confiou que ele não ocorreria. (certa) 2021 - PC-PR -
DELEGADO DE POLÍCIA

• Na culpa consciente há uma previsão positiva, pois a culpa representa um agir arriscado, onde o agente não quer diretamente a realização
do tipo objetivo, mas aceita como provável, assumindo o risco da produção do resultado. (errada) FUNDATEC - 2010 - PGE-RS
• A culpa consciente é a culpa com previsão, ocorrendo quando o agente prevê que sua conduta deve levar a um certo resultado lesivo, embora
acredite, firmemente, que tal evento não se realizará, confiando na sua boa fortuna. (certa) FUNDATEC - 2011 - PGE-RS
• Na culpa consciente, o autor representa o resultado de lesão do bem jurídico como possível, mas confia sinceramente na evitação do resultado
pelo modo concreto de conduzir a ação. (certa) 2011 - MPE-PR
• A culpa inconsciente diferencia-se do dolo eventual na medida em que o agente, embora represente a possível produção do resultado típico
lesivo, acredita na sua não ocorrência. (errada) 2011 - MPDFT
• De acordo com a legislação penal vigente, toda conduta de quem prevê o resultado é considerada dolosa. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ
• Na culpa consciente, assoma ao espírito do agente a possibilidade de causação do resultado, mas confia ele que esse resultado não sucederá.
(certa) 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

• A culpa inconsciente ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra. (errada) VUNESP - 2014 - DPE-MS
• Existe culpa consciente quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que não ocorrerá. (certa) VUNESP - 2018 - PC-SP - DELEGADO
DE POLÍCIA

A culpa INCONSCIENTE distingue-se da CONSCIENTE no que diz respeito à previsão do resultado: naquela, este, embora
previsível, não é previsto pelo agente; nesta, o resultado é previsto, mas o agente acredita sinceramente que não será
responsabilizado, por confiar em suas habilidades pessoais. (certa) CESPE - 2011 - DPE-MA

5.5.2 CULPA INCONSCIENTE - SEM PREVISÃO - EX IGNORANTIA


Quando o agente deixa de prever o resultado que lhe era previsível, fala-se em culpa inconsciente ou culpa comum. “O código
penal dispensa igual tratamento à culpa consciente e à culpa inconsciente. A previsão do resultado, por si só, não representa
maior grau de reprovabilidade da conduta”.45
• É possível a punição a título de culpa mesmo se o resultado não tenha sido previsto pelo agente. (certa) CESPE - 2013 - TJ-MA – JUIZ

• Na culpa inconsciente, o autor não prevê resultado previsível de lesão ao bem jurídico; na culpa consciente, o autor prevê resultado previsível
de lesão ao bem jurídico, mas confia poder evitar. (certa) 2012 - MPE-PR
• Na culpa consciente, o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível. (errada) VUNESP - 2012 - DPE-MS

5.5.3 CULPA IMPRÓPRIA - CULPA POR EXTENSÃO - POR ASSIMILAÇÃO OU EQUIPARAÇÃO


Culpa imprópria é aquela em que o agente, por erro evitável, cria certa situação de fato, acreditando estar sob a proteção de uma
excludente da ilicitude, e, por isso, provoca intencionalmente o resultado ilícito; nesse caso, portanto, a ação é dolosa, mas o agente
responde por culpa, em razão de política criminal. (certa) CESPE - 2021 - MPE-SC
O instituto surge no contexto das DESCRIMINANTES PUTATIVAS em que o agente, em virtude de erro evitável pelas
circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo. A CULPA
IMPRÓPRIA ocorre nas hipóteses de descriminantes putativas em que o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias,

45
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 251

elaborado por @fredsmcezar


dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo. (certa) CESPE - 2016 - TCE-SC - AUDITOR
FISCAL

§ 1º É ISENTO de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.

Ex.: Uma garota de 15 anos namora escondido do pai (militar reformado). Ao dormir, o pai tranca todas portas e janelas, deixando
apenas a janela do quarto dos pais abertas. A filha, ao notar que os pais já estavam dormindo, desceu a janela, passou pelo
jardim e encontrou o namorado. Depois do encontro, a filha voltou para casa e entrou pela janela do quarto. O pai ao perceber
um vulto passando pelo corredor no escuro, sacou uma arma e disse para pessoa parar. A filha continuou correndo e o pai
disparou 6 vezes contra ela. Ao acender a luz, o pai reconhece a filha e vê que ela ainda está viva.

De acordo com o exemplo, o agente quando efetuou disparos com arma de fogo por 6 vezes, tinha clara intenção de matar.
tinha dolo direto. Agiu, contudo, com erro inescusável/evitável quanto a ilicitude do fato, pois foi imprudente. Se tivesse tomado
cautela, acendido a luz, poderia ter visto que não se tratava de um intruso. O pai responderá por homicídio culposo com fundamento
no art. 20 § 1º. E mais: na forma tentada ainda que se trate de crime culposo.46
• O crime culposo, seja próprio ou impróprio, não admite a tentativa, que se restringe aos crimes dolosos. (errada) 2009 – MPDFT
• Caracteriza culpa imprópria por assimilação, extensão ou equiparação o fato de o agente responder por crime doloso CULPOSO embora tenha
praticado a ação com culpa consciente DOLO, nos casos de erro vencível, nas descriminantes putativas. (errada) CESPE - 2011 - DPE-MA
• É possível a tentativa na culpa imprópria. (certa) 2011 - MPE-SP
• Nas descriminantes putativas é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se
existisse, tornaria a ação legítima, havendo também isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
(errada) FCC - 2011 - DPE-RS

• O elemento subjetivo derivado por extensão ou assimilação decorrente do erro de tipo evitável nas descriminantes putativas ou do excesso
nas causas de justificação amolda-se ao conceito de CULPA IMPRÓPRIA. (certa) FCC - 2015 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO

5.5.4 CULPA MEDIATA OU INDIRETA


Suponha que um pedestre em trânsito pelo centro de João Pessoa – PB seja abordado por um assaltante e, assustado, corra
em direção à pista e seja morto em consequência de atropelamento. Nesse caso, o assaltante, que agiu com dolo em relação ao
delito contra o patrimônio e culpa imprópria INDIRETA em relação ao homicídio, deverá responder pela morte da vítima. (errada) CESPE -
2011 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO

5.5.5 CULPA PRESUMIDA: VEDADA


A respeito do delito culposo, a culpa pode ser presumida. (errada) VUNESP - 2021 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO

5.6 COMPENSAÇÃO DE CULPAS: VEDADA


• A compensação de culpa deve ser aplicada para efeito de responsabilização do resultado lesivo causado no direito penal pátrio. (errada) VUNESP
- 2014 - DPE-MS

• No direito penal brasileiro, admite-se a compensação de culpas no caso de duas ou mais pessoas concorrerem culposamente para a
produção de um resultado naturalístico, respondendo cada um, nesse caso, na medida de suas culpabilidades. (errada) CESPE - 2015 – DPU
• Nas lesões culposas verificadas entre os mesmos agentes, é possível aplicar a compensação de culpas. (errada) VUNESP - 2015 - TJ-MS - JUIZ
SUBSTITUTO

• O direito penal não admite a compensação de culpas. (certa) FCC - 2017 - DPE-PR

• A respeito do delito culposo, admite a compensação de culpas. (errada) VUNESP - 2021 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO

5.7 CONCORRÊNCIA DE CULPAS


• No tocante ao crime culposo, a culpa concorrente da vítima exclui a do acusado. (errada) 2012 - MPE-SP
• Segundo a doutrina, há concorrência de culpas quando dois indivíduos, um ignorando a participação do outro, concorrem, culposamente,
para a produção de um fato definido como crime. Nesses casos, tem-se um concurso de pessoas, em que os agentes respondem, na
medida de sua culpabilidade, pelo resultado (art. 29 do Código Penal)”. (errada) 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
• “Para que se admita a concorrência de culpas no crime culposo, é necessário que cada agente atue com consciência de que está colaborando
com a conduta culposa de outrem.” (errada) VUNESP - 2016 - PROCURADOR MUNICIPAL
• A respeito do delito culposo, é possível a concorrência de culpas. (certa) VUNESP - 2021 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO
Ex.: Na ocorrência de colisão entre dois veículos, não há que se falar em coautoria dos dois condutores imprudentes, pois um não colabora
com o outro e, assim, ocorre apenas a concorrência de culpas ou causas”. (certa) 2018 - MPE-BA

46
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 348

elaborado por @fredsmcezar


5.8 AGRAVANTES x CRIME CULPOSO
As circunstâncias agravantes genéricas não se aplicam aos crimes culposos, com exceção da reincidência. (certa) FCC - 2019 - MPE-
MT
As circunstâncias agravantes genéricas não se aplicam aos crimes culposos, com exceção da reincidência. STF. 1ª Turma. HC 120165/RS,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2014 (Info 735).

5.9 CAUSAS DE AUMENTO x CRIME CULPOSO


“(...) 3. A imputação da causa de aumento de pena por inobservância de regra técnica de profissão, objeto do disposto no art.
121, §4º, do Código Penal só é admissível quando fundada na descrição de fato diverso daquele que constitui o núcleo da ação
culposa, o que não ocorreu na espécie" (HC n. 143.172/RJ, relator Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe de 5/2/2016). 4.
Hipótese em que a causa de aumento prevista no § 4º do art. 121 do CP - inobservância da regra técnica de profissão - constitui
elementar do delito de homicídio culposo cometido com imperícia médica. 5. Recurso especial provido para reduzir a fração de
aumento pela vetorial da culpabilidade para 1/2 e decotar a majorante do § 4º do art. 121 do Código Penal, readequando a pena
definitiva a 1 ano e 6 meses de detenção, em regime aberto, mantidas as demais disposições. (REsp n. 1.926.591/SP, relator Ministro Antonio
Saldanha Palheiro, relator para acórdão Ministro Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, julgado em 3/5/2022, DJe de 9/6/2022.)

O homicídio culposo na modalidade de imperícia consiste na prática de ação profissional ou técnica, por despreparo ou falta de
conhecimentos, de que resulta a morte da vítima. (certa) 2010 - MPE-SP

5.10 GRAUS DE CULPA


O Direito Penal brasileiro não admite a divisão da culpa em graus.

5.11 INSTITUTOS COMPATÍVEIS E INCOMPATÍVEIS COM O CRIME CULPOSO


O crime culposo não admite participação. (certa) 2009 – MPDFT
• A respeito do delito culposo, é correto afirmar que admite a coautoria e a participação. (errada) VUNESP - 2021 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO
• O crime culposo não admite a participação. (certa) 2011 - MPE-MS
• A doutrina brasileira, à unanimidade, admite a coautoria e a participação em crime culposo. (errada) CESPE - 2012 - MPE-TO

Os crimes culposos não admitem tentativa. (certa) 2013 - MPE-PR


• Não admitem a tentativa os crimes culposos. (certa) 2019 - MPE-GO
• É possível a tentativa nos crimes culposos. (errada) CESPE - 2021 - MPE-AP

5.11.1 CRIMES OMISSIVOS


O ordenamento jurídico brasileiro admite a punibilidade dos crimes omissivos próprios e impróprios praticados com dolo ou
culpa. (certa) 2011 – MPDFT
ATENÇÃO Diferente do entendimento acolhido na prova do MPDFT em 2011, na prova para o MPPR em 2017 foi considerada
correta a assertiva que restringia os crimes omissivos próprios apenas à modalidade dolosa.
Os tipos de omissão de ação podem aparecer sob a forma de omissão imprópria, fundada no dever jurídico especial de agir, que
admite ações dolosas e culposas, e sob a forma de omissão própria, fundada no dever jurídico geral de agir, que admite apenas
ações dolosas. (certa) 2017 - MPE-PR
O erro de tipo evitável sobre a posição de garantidor do bem jurídico admite imputação penal do fato por omissão de ação
imprópria, na modalidade culposa, se prevista em lei. (certa) 2012 - MPE-PR
Ex.: É possível que o agente desconheça sua posição de garante, razão pela qual se admite o erro de tipo nos crimes omissivos
impróprios.47

5.12 PRINCÍPIO DA CONFIANÇA


Sobre o tipo dos crimes culposos, o princípio da confiança funciona como critério para caracterizar a lesão do dever de cuidado
ou do risco permitido, no âmbito do desvalor da ação. (certa) 2011 - MPE-PR
Dois veículos chocaram-se em um cruzamento. Em razão da colisão, um dos motoristas fraturou um braço, o que o impossibilitou
de trabalhar por seis meses. O outro motorista teve uma luxação no joelho direito. O fato foi apurado pela delegacia local, restando
cabalmente provado que os motoristas de ambos os carros concorreram para a colisão, pois um, em face da ausência de
manutenção, estava sem freio, e o outro havia avançado o sinal e estava em velocidade acima da permitida. Assim, conclui-se que
se trata de hipótese de autoria colateral. (certa) FUNCAB - 2013 - PC-ES - DELEGADO DE POLÍCIA
O modelo de homem prudente e o princípio da confiança são exemplos de conceitos utilizados para aferição da lesão do dever
de cuidado ou do risco permitido, nos limites de análise do desvalor da ação. (certa) 2021 - MPE-PR

47
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elaborado por @fredsmcezar


6. CRIMES OMISSIVOS

Os tipos de omissão de ação podem aparecer sob a forma de omissão imprópria, fundada no dever jurídico especial de agir,
que admite ações dolosas e culposas, e sob a forma de omissão própria, fundada no dever jurídico geral de agir, que admite apenas
ações dolosas. (certa) 2017 - MPE-RS
As doutrinariamente denominadas normas preceptivas estão relacionadas aos crimes omissivos, abrangendo tanto as normas
mandamentais, em caso de omissões próprias, quanto as normas proibitivas, na hipótese de omissões impróprias. (certa) 2010 - MPE-
PB

Luiz Flávio Gomes, observa que “a inexigibilidade de conduta diversa, no crime omissivo, como se vê, é deslocada para o âmbito
da tipicidade. Exclui a própria tipicidade (não a culpabilidade)”.
• Sobre crimes omissivos, é correto concluir que a análise da exigibilidade de conduta conforme o Direito é antecipada para o próprio tipo.
(certa) 2021 - MPDFT

6.1 RECAPITULANDO AS TEORIAS DA AÇÃO

6.1.1 TEORIA CLÁSSICA - CAUSALISTA – NATURALÍSTICA – MECANICISTA – CAUSAL (LISZT)


FRANZ VON LISZT, BELING, GUSTAV RADBRUCH

Conduta é o comportamento humano voluntário que produz modificação no mundo exterior. 48


A ação é mera causação de
evento, provocada por impulso mecânico ou inervação muscular.
• Na teoria naturalística, conduta é o comportamento humano voluntário que produz modificação no mundo exterior. (certa) 2021 - PC-PA - DELEGADO
DE POLÍCIA CIVIL

“A omissão não importa em movimento corporal e nem se concilia com um conceito físico-natural de causalidade. A
incompatibilidade da omissão com a causalidade material já é, aliás, intuitivamente notada em von Liszt, quando este se refere,
por exemplo, no conceito de autoria e na culpa, à expressão causação ou não-impedimento do resultado. Essa referência ao não-
impedimento do resultado indica que, na omissão, não se trata de causar, mas de não impedir o juridicamente proibido.
Essa arguta percepção, todavia, não se torna tão clara, a ponto de conduzir a uma transformação sistemática. O sistema
continua a se basear na causalidade material-objetiva, figurando a omissão como uma forma excepcional de conduta, mas que
não desnatura as premissas fundamentais da teoria do delito”.49

6.1.2 TEORIA CAUSAL-VALORATIVA (TELEOLÓGICA, NEOKANTISMO E BADEN, MEZGER)


Especificamente no conceito de ação, a par de seu conteúdo causal, faz-se uma aproximação a um conceito mais geral do que
ao referente ao estrito movimento corpóreo. Propõem-se, para isso, inúmeros arranjos, definindo-se a ação simplesmente como
conduta volitiva, realização da vontade, conduta voluntária ou conduta humana. Amplia-se, assim, a esquemática de Liszt-Beling
ao extremo limite que possa suportar ainda um conceito objetivo-causal, a fim de possibilitar dentro do conceito de ação a
compreensão de inúmeras formas da atividade fundamentadora de um fato punível. Isto tem particular importância no tratamento
do delito omissivo, bem como na própria superação da forma causal-objetiva, subsistente nos autores tradicionais. 50
A ação vem a ser causalidade juridicamente relevante, consistente em atuar no sentido de um resultado (socialmente útil ou
danoso), juridicamente relevante.51
O neokantismo, diferentemente da teoria clássica, conseguiu explicar os crimes omissivos. Se a omissão pode ser
negativamente valorada, ela passa a ser uma conduta típica.

6.1.3 FINALISMO (WELZEL)


O finalismo, de Hans Welzel (que, aliás, sempre considerou o crime fato típico, antijurídico e culpável, em todas as suas obras),
crendo que a conduta deve ser valorada, porque se trata de um juízo de realidade, e não fictício, deslocou o dolo e a culpa da
culpabilidade para o fato típico. Assim, a conduta, sob o prisma finalista, é a ação ou omissão voluntária e consciente, que se volta
a uma finalidade.52
Para a TEORIA FINALISTA, ação é a conduta do homem, comissiva ou omissiva, dirigida a uma finalidade e desenvolvida sob
o domínio da vontade do agente, razão pela qual não reputa criminosa a ação ocorrida em estado de inconsciência, como no caso
de quem, durante o sono, sonhando estar em legítima defesa, esbofeteia e causa lesão corporal na pessoa que dorme ao seu lado.
Para esta mesma teoria, a culpabilidade não é psicológica, nem psicológico-normativa. (certa) 2017 - MPE-RS

48
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 273
49
Teorias do Delito – Juarez Tavares, p. 31.
50
1980. Teorias do Delito, Juarez Tavares p. 43.
51
2019. Tratado de Direito Penal Brasileiro, Volume 1, Luiz Regis Prado, p. 723
52
2020. Manual de Direito Penal - Guilherme de Souza Nucci, p. 221

elaborado por @fredsmcezar


6.1.4 TEORIA NEGATIVA DA AÇÃO
Segundo a teoria negativa da ação, o conceito de conduta deve estar lastreado no princípio da evitabilidade, vale dizer, conduta
é o não evitar o evitável na posição de garantidor, o que incluiria tanto os fatos comissivos como os omissivos. Uma variante
dessa corrente sustenta que a conduta deve ser entendida como a causação do resultado individualmente evitável. (certa) 2013 - PGR -
PROCURADOR DA REPÚBLICA

O modelo negativo de ação define o conceito de ação dentro da categoria do tipo de injusto, rejeitando definições ontológicas
ou pré-jurídicas. Para esse modelo, a ação é a evitável não evitação do resultado na posição de garantidor, compreensível como
omissão da contradireção mandada pelo ordenamento jurídico, em que o autor realiza o que não deve realizar (ação), ou não
realiza o deve realizar (omissão de ação). O ponto de partida do conceito negativo de ação é o exame desta dentro do tipo de
injusto, a fim de se concluir se o autor teria a possibilidade de influenciar o curso causal concreto conducente ao resultado, mediante
conduta dirigida pela vontade. (certa) 2014 - MPE-GO

6.2 TEORIAS ACERCA DA OMISSÃO53

Sustenta ser a omissão um fenômeno causal que pode ser constatado no mundo fático, pois, em vez
NATURALÍSTICA de ser considerada uma inatividade, caracteriza-se como verdadeira espécie de ação. Portanto, quem
se omite efetivamente faz alguma coisa.

A omissão é um indiferente penal, pois o nada não produz efeitos jurídicos. Destarte, o omitente não
responde pelo resultado, pois não o provocou. Essa teoria, contudo, aceita a responsabilização do
NORMATIVA omitente pela produção do resultado, desde que seja a ele atribuído, por uma norma, o dever jurídico
de agir. Essa é a razão de sua denominação (normativa = norma). A omissão é, assim, não fazer o que
a lei determinava que se fizesse. Foi a teoria acolhida pelo Código Penal.

Em verdade, nos crimes omissivos próprios ou puros a norma impõe o dever de agir no próprio tipo penal (preceito preceptivo).
Já nos crimes omissivos impróprios, espúrios ou comissivos por omissão, o tipo penal descreve uma ação (preceito proibitivo),
mas a omissão do agente, que descumpre o dever jurídico de agir, definido pelo art. 13, § 2.º, do Código Penal, acarreta a sua
responsabilidade penal pela produção do resultado naturalístico.
• A teoria naturalística NORMATIVA rege os crimes omissivos impróprios no CP brasileiro. (errada) CESPE - 2009 - DPE-AL
• No que toca à relação de causalidade, é correto afirmar que é normativa nos crimes omissivos impróprios. (certa) FCC - 2015 - TJ-RR - JUIZ
SUBSTITUTO

• Para os crimes omissivos impróprios, o estudo do nexo causal é relevante, porquanto o CP adotou a teoria naturalística NORMATIVA da omissão,
ao equiparar a inação do agente garantidor a uma ação. (errada) CESPE - 2016 - PC-PE - DELEGADO DE POLÍCIA

6.3 INTERRUPÇÃO DE ESFORÇOS DE SALVAMENTO54


Terceiro se acidentou e está sendo salvo por alguém que não causou aquele acidente, mas esse salvamento é interrompido.
Essa interrupção é uma ação ou uma omissão?
Se o agente interrompe esforços de salvamento alheio, isto é, para a doutrina majoritária uma ação e se o sujeito agiu com
dolo e a vítima morre, responderá por dolo, pois não é necessário ser garantidor para matar alguém por ação.
• Não caracteriza homicídio, ainda que sobrevenha o resultado morte, a conduta de quem dolosamente interrompe eficaz ação
de salvamento da vítima por outrem. (errada) 2013 - MPDFT
Caso o esforço de salvamento seja próprio, ou seja, aquele que estava salvando desiste desta conduta, a doutrina aponta que
poderá ser hipótese de crime por ação ou omissão. Será ação se o agente alcançou a vítima e abriu uma possibilidade concreta de
salvamento. Antes desse momento seria crime por omissão.
• “X” cai num poço e grita por socorro. “Y”, que caminhava nas imediações e nenhum vínculo possuía com “X”, ao ouvir seus
gritos, prepara-se para estender uma corda, mas, ao reconhecê-lo neste tempo como um inimigo mortal, recolhe-a antes que
“X” a segurasse, vindo este a morrer devido à falta de socorro, por afogamento. Nessas circunstâncias, “Y” responderá por
homicídio. (errada) 2016 - MPE-RS
Deve-se ter em mente que ao apanhar o objeto em risco é aberta uma possibilidade concreta de salvamento, interrompendo
a linha de risco anterior. Entretanto, se após esse momento o agente interrompe o salvamento, será aberto uma nova linha de risco
e por isso seria um crime por ação.
Exemplo: A está passeando de lancha quando vê B morrendo afogado. A joga a boia e começa a puxar B. Quando B está chegando
próximo ao barco vê que é seu inimigo e desiste de ajudá-lo, o deixando morrer.

53
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 282
54
Ana Paula Vieira – Aula nº 39 - Ênfase

elaborado por @fredsmcezar


6.4 RELEVÂNCIA DA OMISSÃO55
Art. 13 § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente DEVIA e PODIA agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem: 2010 - MPE-GO / VUNESP - 2016 - TJM-SP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2019 - MPE-PR / FCC - 2022 - MPE-PE
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

O dispositivo é aplicável somente aos crimes omissivos impróprios, espúrios ou comissivos por omissão, isto é, aqueles em
que o tipo penal descreve uma ação, mas a inércia do agente, que podia e devia agir para impedir o resultado naturalístico, conduz
à sua produção. São crimes materiais, como é o caso do homicídio, cometido em regra por ação, mas passível também de ser
praticado por inação, desde que o agente ostente o poder e o dever de agir.
• A relevância causal da omissão diz respeito tão somente aos crimes omissivos próprios , em face da relação causal objetiva
IMPRÓPRIOS

preconizada pelo CP. (errada) CESPE - 2013 - DPE-RR


• Para os crimes omissivos impróprios, o estudo do nexo causal é relevante, porquanto o CP adotou a teoria naturalística FORMAL da omissão,
ao equiparar a inação do agente garantidor a uma ação. (errada) CESPE - 2016 - PC-PE - DELEGADO DE POLÍCIA

De fato, os crimes omissivos próprios ou puros não alojam em seu bojo um resultado naturalístico. A omissão é descrita pelo
próprio tipo penal, e o crime se consuma com a simples inércia do agente. Não são, assim, compatíveis com a figura da tentativa.
É o que se dá na omissão de socorro (CP, art. 135): ou o sujeito presta assistência ao necessitado, e não há crime; ou omite-se,
consumando automaticamente o delito.
Por outro lado, nos crimes omissivos próprios, a omissão sempre é penalmente relevante, pois se encontra descrita pelo tipo
penal, tal como nos arts. 135 e 269 do Código Penal.

OMISSÃO PRÓPRIA A omissão é sempre relevante.

A omissão só é relevante se havia dever de agir.


Segundo o Código Penal, a omissão imprópria somente terá relevância penal se, além do dever de
OMISSÃO IMPRÓPRIA impedir o resultado, o omitente tiver possibilidade de evitá-lo. (certa) VUNESP - 2016 - TJM-SP - JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

Para a definição das fontes do especial dever de agir, fundamento da posição de garantidor, adota-se,
no CP, o critério material puro FORMAL. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Ao tratar da omissão, em todas as suas formas, o CP proíbe resultado desvalorado pelo ordenamento jurídico. (errada) CESPE - 2012
- MPE-RR

“A omissão pode ser própria ou imprópria. Na omissão imprópria, exige-se de fato um resultado lesivo, que é atribuído
normativamente ao agente, que devia e podia agir para evitá-lo, por estar na condição de garantidor, nos termos do § 2º do artigo
13 do Código Penal. O resultado, portanto, é desvalorado pelo legislador, diante da omissão daquele que podia e devia agir para
evitá-lo. Os crimes omissivos próprios ou puros se configuram pela simples omissão, independente da ocorrência de qualquer
resultado. Neste caso, portanto, o desvalor está na própria conduta, já que não se exige nenhum resultado para a consumação do
crime.” 56
• A previsão legal de que a omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado, se tinha por lei
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância, é aplicável aos crimes omissivos próprios IMPRÓPRIOS. (errada) FCC - 2015 - TJ-RR - JUIZ SUBSTITUTO

No crime omissivo próprio IMPRÓPRIO o agente responde pelo resultado que deu causa. Já no caso do crime omissivo impróprio
PRÓPRIO
este se aperfeiçoa com a simples omissão. (errada) 2013 - MPE-PR
No crime omissivo próprio o omitente não responde pelo resultado, perfazendo-se o crime com a simples omissão do agente,
podendo ser citado, como exemplo, o crime de omissão de socorro. Já no crime comissivo por omissão ou omissivo impróprio o
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. (certa) 2013 - MPE-PR

55
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 293
56
Q269824 - Maria Cristina Trúlio, Juíza Estadual - TJMG, Mestre em Direito Penal, de Direito Penal

elaborado por @fredsmcezar


6.5 CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS
COMISSIVOS POR OMISSÃO - OMISSIVOS QUALIFICADOS - VIOLAÇÃO DE DEVER DE AGIR ESPECÍFICO – ADMITEM TENTATIVA

São pressupostos fundamentais do crime omissivo impróprio o dever de agir, o poder agir, a evitabilidade do resultado e o dever
de impedir o resultado. (certa) 2011 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA

CP → TEORIA NORMATIVA ADMITEM TENTAIVA

RECLAMAM ANÁLISE DE RESULTADO/NEXO (SÃO MATERIAIS) IMPUTA-SE O CRIME COMISSIVO

ADEQUAÇÃO TÍPICA MEDIATA OU INDIRETA CP → FONTES FORMAIS DE GARANTIDOR

DOLOSOS OU CULPOSOS

Os tipos de omissão imprópria são aqueles em que o autor só pode ser quem se encontra dentro de um determinado círculo,
que faz com que a situação típica seja equivalente à de um tipo ativo. Nessa situação, o autor está em posição de “garantidor”.
(certa) 2019 - MPE-GO

Sobre o crime omissivo impróprio, trata-se de crime próprio, uma vez que o sujeito ativo da conduta deverá possuir qualidade
especial. (certa) 2012 - AGE-MG
Os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão são aqueles em que a relação de causalidade é normativa. (certa)
FCC - 2014 - TJ-CE - JUIZ SUBSTITUTO

A respeito dos crimes omissivos impróprios, ou comissivos por omissão, são de estrutura típica aberta e de adequação típica de
subordinação mediata. Só podem ser praticados por determinadas pessoas, embora qualquer pessoa possa, eventualmente, estar
no papel de garante. Neles, descumpre-se tão somente a norma preceptiva e não a norma proibitiva do tipo legal de crime ao qual
corresponda o resultado não evitado. (certa) 2017 - MPE-RS
• No crime omissivo, o dever jurídico de agir inexiste àquele que apenas criou riscos para a ocorrência do resultado. (errada) 2009 - TJ-MG - JUIZ
• O agente que, na condição de garantidor, omite-se, ensejando a que o resultado lesivo ocorra, pratica crime omissivo impróprio. (certa) 2010 -
MPE-MG

• A simples relação de parentesco, nos termos do art. 13, § 2°, torna o agente garantidor. (errada) 2010 - MPE-BA

• Não há crime comissivo por omissão sem que exista o especial dever jurídico de impedir o dano ou o perigo ao bem jurídico tutelado, sendo,
também, indispensável, nos delitos comissivos por omissão dolosa, a vontade de omitir a ação devida. (certa) CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO
• O delito omissivo próprio IMPRÓPRIO
consuma-se com o resultado previsto pela norma, visto que é elemento do tipo de injusto. (errada) CESPE -
2012 - MPE-RR

• Na omissão própria IMPRÓPRIA, o nexo de causalidade normativo é estabelecido pelo legislador penal a partir da posição de garante. (errada) 2013
- MPDFT

• Aquele que, tendo obrigação de evitar o resultado, não o faz responderá pela prática de crime omissivo próprio. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN -
JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Os crimes comissivos por omissão são aqueles em que o agente deixa de fazer o que estava obrigado e, por isso, acaba produzindo o
resultado. (certa) VUNESP - 2014 - DPE-MS
• No que toca à relação de causalidade, é correto afirmar que é normativa nos crimes omissivos impróprios. (certa) FCC - 2015 - TJ-RR - JUIZ
SUBSTITUTO

• Os crimes omissivos impróprios se perfazem com a mera abstenção da realização de um ato, independentemente de um resultado posterior.
(errada) CESPE - 2018 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

• Os crimes omissivos impróprios dispensam a existência de um resultado e, portanto, não necessitam de verificação do nexo de causalidade.
(errada) VUNESP - 2019 - TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• É normativa a relação de causalidade nos crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão, prescindindo NECESSITANDO
de resultado
naturalístico para a sua consumação. (errada) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO
• É possível autoria por omissão em delito comissivo, desde que o autor tenha o dever jurídico de impedir o resultado. Para que o omitente
responda pelo delito a título de autor, é necessário que o comportamento negativo configure infração do dever jurídico de agir (posição de
“garante”). (certa) 2019 - MPE-GO
• O dever de agir para impedir o resultado está relacionado com a tipicidade dos crimes omissivos próprios. (errada) 2019 - MPE-PR

A posição de garantidor do bem jurídico é elemento específico do tipo objetivo dos crimes de omissão imprópria, mas a
produção do resultado típico de lesão do bem jurídico é elemento comum do tipo objetivo dos crimes de omissão própria e imprópria.
(errada) 2017 - MPE-PR

A omissão do garantidor é equivalente à uma ação. Logo, a imputação será do crime comissivo.
• Aquele que expõe a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento
ou custódia, quer privando-a a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer
abusando de meios de correção ou disciplina responde pelo delito de homicídio na forma omissiva COMISSIVA. (errada) 2011 - TJ-RO - JUIZ SUBSTITUTO

elaborado por @fredsmcezar


A adequação típica da omissão imprópria é por subordinação indireta / mediata dada a necessidade de uma norma de extensão.
Os crimes omissivos impróprios não admitem a tentativa. (errada) 2010 - MPE-MG
• Crimes omissivos impróprios não admitem a tentativa. (errada) 2011 – MPDFT
• Em se tratando de crimes omissivos impróprios, admite-se a tentativa. (certa) CESPE - 2012 - TJ-AC - JUIZ SUBSTITUTO
• Crimes omissivos impróprios admite tentativa. (certa) 2012 - MPE-RJ

Na forma dolosa, os crimes omissivos impróprios não exigem que o garante deseje o resultado típico. (certa) 2017 - MPE-RS
Os crimes de omissão imprópria podem ser tanto dolosos como culposos. São dolosos quando o agente quer ou assume o risco
de que o resultado típico ocorra em função da sua inércia em cumprir seu dever jurídico de evitar a ocorrência do resultado. É
culposo quando a inação é motivada por negligência, imprudência ou imperícia. Com efeito, o crime comissão por omissão pode
ser doloso desde que o agente tenha assumido o risco da ocorrência do resultado, ainda que não o tenha efetivamente desejado.
Ou seja, esse desejo não é exigível. Assim, a assertiva contida neste item está correta. 57

6.5.1 A FIGURA DO GARANTIDOR

A técnica de situar formalmente as fontes da posição de garantidor foi acolhida,


TEORIA DAS FONTES FORMAIS58 integralmente, no Brasil, já no anteprojeto do Código Penal de 1962, de autoria de Nélson
Hungria e está igualmente inserida no art. 13 §2º do Código vigente.

(...) a partir de 1959, com a obra de Armin Kaufmann, na qual desenvolve os


fundamentos da chamada TEORIA DAS FUNÇÕES. Por essa teoria, diferenciava Armin
KAUFMANN, quanto à posição de garantidor, os campos de relações nos quais era gerado
o dever de impedir o resultado juridicamente proibido. Assim, ao contrário do que
propunha a teoria anterior, que indicava com rigor a fontes dos quais esse dever provinha
(lei, contrato e ingerência), entendia Armin Kaufmann que este dever estaria assentado
em especiais relações de proteção, assumidas pelas respetivas pessoas, frente a perigos
que se desencadeavam contra os afetados. Estas relações seriam reunidas em dois
grupos de funções.
TEORIA DAS FUNÇÕES 59
O primeiro incluiria todas aquelas relações pelas quais o garantidor se
(Armin Kaufmann) comprometesse a defender os afetados frente a todos os perigos que se desenvolveram
dentro do seu âmbito de proteção. Nesse primeiro grupo de casos, incluem-se as
relações de proteção entre pais e filhos, entre cônjuges entre pessoas encarregadas de
supervisão da atividade de outras.
O segundo incluiria aquelas relações que derivam de fontes de perigo, para as quais
o garantidor fosse responsável. No segundo grupo, inserem-se os deveres derivados da
responsabilidade por fontes de geração de perigos, assim como os vinculados à
propriedade, aos filhos menores, aos animais domésticos e, ainda, por ações realizadas
pelo próprio sujeito (ingerência).

Segundo a lição de Juarez Tavares: “Diz-se, na verdade, que os crimes omissivos impróprios são crimes de omissão qualificada
porque os sujeitos devem possuir uma qualidade específica, que não é inerente e nem existe nas pessoas em geral. O sujeito deve
ter com a vítima uma vinculação de tal ordem, para a proteção de seus bens jurídicos, que o situe na qualidade de garantidor desses
bens jurídicos.”
O dever de agir, no crime omissivo, também incumbe a quem não tem obrigação legal, mas, por outro motivo, assumiu a
responsabilidade de evitar o resultado. (certa) CESPE - 2022 - PC-PB - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
CP art. 13 § 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

57
Q795668 – Comentário do professor - Gílson Campos (Juiz Federal)
58
TAVARES, Juarez. Teoria dos crimes omissivos. São Paulo: Marcial Pons, 2018, p.303.
59
TAVARES, Juarez. Teoria dos crimes omissivos. São Paulo: Marcial Pons, 2018, p.137.

elaborado por @fredsmcezar


ATENÇÃO60: A doutrina majoritária entende que o agente somente responderá como garantidor pela alínea “c” do art. 13, §2º
do CP se houve a má administração da fonte de perigo, seja ela dolosa ou culposa. Exemplo: João possui cão bravio em sua
residência, mas toma todas as cautelas necessárias. A criança pula o muro da casa de João para pegar a bola e acaba sendo
atacada pelo animal. João não socorre e a criança vem a óbito.
João pode ser considerado garantidor? Não, porque não houve uma má administração dolosa ou culposa dessa fonte de perigo.
Dessa forma, João responderá apenas por omissão de socorro e não homicídio.
QUESTÕES
Nos crimes comissivos por omissão, o agente, que possui o especial dever de agir, abstém-se dessa atuação. (certa) 2010 - MPE-SP
Ex.: Mãe que intencionalmente deixa de amamentar o filho, causando-lhe a morte por inanição, pratica crime comissivo por
omissão. (certa) 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• O crime da mãe que deixa de amamentar o filho, o que leva à sua morte por inanição, é omissivo próprio. (errada) 2015 - MPDFT

Ex.: Mélvio é instrutor de escaladas, membro da Associação Capixaba de Escaladas (ACE). Sua especialidade é escalar picos
com alto grau de dificuldade. Em comemoração aos seus 10 (dez) anos como instrutor, resolveu promover uma escalada em Afonso
Claudio, cidade do Espírito Santo, na Pedra de Lajinha, que está entre os cinco picos mais altos do Brasil. Montou um grupo nas
redes sociais e convocou amigos e escaladores. No dia marcado para a subida, havia previsão de chuva e ventos, que poderiam
ocorrer na metade do trajeto. No pé do pico, lugar de início da subida, foi colocada uma placa indicando que não era seguro escalar
em função das condições climáticas. Como a escalada era muito longa, ele foi orientado por colegas instrutores que não
promovesse a escalada. Três amigos de Mélvio, que não tinham experiência nessa prática esportiva, foram fazer a escalada para
prestigiar Mélvio. Um deles, ao ouvir a fala dos demais instrutores, resolveu não subir, mas os outros dois cederam à insistência
de Mélvio, que considerava a subida fácil, apesar de longa. Feliz, Mélvio disse que, apesar da chuva e do vento previstos, nada
iria derrubá-los na escalada e que tudo estava sob controle, afirmando que muitas vezes tais previsões estavam erradas. Mesmo
sabendo que não era 100% seguro fazer a escalada, principalmente para os iniciantes, Mélvio se colocou como responsável por
seus amigos, garantindo-se em seus 10 anos de experiência. Não obstante, a previsão se confirmou. Com a chegada do vento e da
tempestade, Mélvio não conseguiu dar o suporte prometido para seus amigos, que acabaram sendo arremessados, pelo vento e
chuva, para baixo. Com a queda os dois amigos vieram a falecer. Sabendo-se que:
restou comprovado que o material de escalada de Mélvio era compatível com os níveis de segurança exigidos para escaladas nas
condições acima expostas;
o instrutor possuía autonomia e registro para a promover escaladas, com experiência no tipo de subida proposto e reconhecido
pela ACE;
o percentual de acertos de tais previsões do tempo, para as próximas horas, era de 95% em relação ao local da escalada, como
estava exposto na placa;
os amigos de Mélvio que caíram, somente subiram com a garantia de segurança do instrutor;

É correto afirmar que Mélvio deve responder por homicídio culposo, devido a sua condição de agente garantidor. (certa) 2019 - PC-
ES - DELEGADO DE POLÍCIA

Ex.: Artur, após subtrair aparelho celular no interior de um mercado, foi detido por populares que o amarraram em um poste de
iluminação. Acabou agredido violentamente por Valdemar, vítima da subtração, que se valeu de uma barra de ferro encontrada na
rua. Alice tentou intervir, porém foi ameaçada por Valdemar. Ato contínuo, Alice, verificando a grave situação, correu até um posto
da Polícia Militar e relatou o fato ao soldado Pereira, que se recusou a ir até o local no qual estava o periclitante, alegando que a
situação deveria ser resolvida unicamente pelos envolvidos. Francisco, segurança particular do mercado, gravou a agressão e postou
as imagens em rede social com a seguinte legenda: "Aí mano, em primeira mão: outro pra vala". Artur morreu em decorrência de
trauma craniano. Pereira poderá ser indiciado pela prática de crime omissivo impróprio. (certa) 2017 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
MA, preocupada com o desempenho escolar insatisfatório de sua filha AL, de 13 (treze) anos de idade, pediu ao vizinho V, de
19 (dezenove) anos de idade, universitário, para ministrar aulas particulares para AL. Ao fazer o pedido, MA mencionou para V a
idade de AL e as dificuldades que ela enfrentava com a disciplina de matemática. Na data combinada, V foi à residência de AL e foi
por esta recebido e conduzido até seu quarto. MA, estava na sala de TV, que fica ao lado do quarto de AL, de modo que pôde ouvir
com clareza o inteiro teor da conversa travada entre V e AL. Depois de alguma conversa entre eles, AL convidou V para “ficarem”.
V ficou indeciso inicialmente, mas AL insistiu e afirmou que não haveria problema algum, porque sua mãe MA estava na sala entretida
com a novela e não os interromperia. Depois da insistência por parte de AL, V concordou com a proposta e acabaram mantendo
relação sexual. MA, que ouviu toda a conversa, achou melhor não interferir e continuou a assistir à novela. Diante dessa situação
hipotética, assinale a alternativa que contém a solução jurídica correta para o caso. V e MA respondem pelo crime de estupro de
vulnerável, V na modalidade comissiva e MA na modalidade omissiva. (certa) 2018 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

60
Ana Paula Vieira – Aula nº 39 - Ênfase

elaborado por @fredsmcezar


6.5.2 HOMICÍDIOS CULPOSO POR OMISSÃO IMPRÓPRIA
• A autoria de um homicídio praticado na forma omissiva é determinada pela relação normativa da obrigação de evitar o resultado existente
entre o autor e a vítima, não existindo qualquer vínculo causal entre a omissão e o resultado. (errada) 2009 - MPDFT

Ex. 1: Imagine o salva-vidas que dorme no posto e não salva a criança.


Ex. 2: Uma mulher procurou o salva-vidas de uma praia que estava em vias de prestar socorro a um rapaz que se debatia na
água. Ela disse ao salva-vidas que conhecia o suposto afogado, afirmando com veemência que ele estava brincando, já que era um
excelente nadador. Diante das informações prestadas pela mulher, negligenciando sua função, o salva-vidas deixou de prestar o
socorro que poderia ter acarretado o salvamento. O afogado, assim, morreu. Na verdade, a mulher conhecia o afogado, seu desafeto,
e pretendia vê-lo morto. Diante da situação narrada, é CORRETO afirmar que o salva-vidas foi autor de homicídio culposo através
de omissão imprópria e a mulher foi autora mediata de homicídio doloso. (certa) FUNDEP - 2014 - DPE-MG
O professor A, responsável por conduzir alunos de escola infantil a visita programada em usina hidrelétrica, omite ação mandada
para proteção dos estudantes no local, por lesão do dever de cuidado ou do risco permitido, com resultado de dispersão e
afogamento fatal de uma das crianças em represa interna. A responde por prática de homicídio, por omissão de ação culposa. (certa)
2021 - MPE-PR

6.5.3 HOMICÍDIO DOLOSO POR OMISSÃO IMPRÓPRIA


Ex.: Imagine que o salva-vidas, em horário de trabalho, viu um inimigo se afogando e deliberadamente não o salvou, contudo,
uma terceira pessoa salva a vítima com vida. O salva-vidas planejou a morte do desafeto e iniciou a execução abstendo-se de salvar,
mas a execução foi interrompida por uma circunstância alheia a vontade dele. Por isso, é correto dizer que o garantidor responde
pelo resultado. Neste exemplo, trata-se de uma tentativa de homicídio doloso por omissão imprópria.
Ex.: JOÃO e JOSÉ estão na praia e resolveram entrar no mar. Em determinado momento eles começam a se afogar. Havia
naquele local um salva-vidas que, ao avistar apenas JOÃO, notou que ele era seu desafeto e se recusou a salvá-lo; próximo a eles
havia também um surfista, este avistou apenas JOSÉ pedindo socorro, mas, por ser seu inimigo, não atendeu aos pedidos dele,
resolvendo sair do local. As duas pessoas acabam se afogando e morrendo. Neste caso, o salva vidas responderá por homicídio
doloso por omissão e o surfista por omissão de socorro. [adaptada] (certa) NUCEPE - 2018 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
A, nadador experimentado, convence seu amigo B a nadarem juntos em mar bravio, sabendo que este é mau nadador: se A,
com consciência da situação de perigo e podendo concretamente agir, não impede o afogamento fatal de B, abandonando-o à própria
sorte, responde pelo crime de HOMICÍDIO omissão de socorro, majorado pelo resultado de morte (CP, art. 135, § único); (errada) 2012 -
MPE-PR

6.5.4 ERRO DE TIPO SOBRE A POSIÇÃO DE GARANTIDOR


O erro de tipo pode ocorrer mesmo em crimes omissivos impróprios. (certa) 2009 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

O erro de tipo evitável sobre a posição de garantidor do bem jurídico admite imputação penal do fato por omissão de ação
imprópria, na modalidade culposa, se prevista em lei. (certa) 2012 - MPE-PR
Ex.: É possível que o agente desconheça sua posição de garante, razão pela qual se admite o erro de tipo nos crimes omissivos
impróprios.61
O erro de tipo evitável sobre elementos objetivos do tipo de homicídio cometido por omissão imprópria exclui o dolo, permitindo
punição a título de culpa. (certa) 2017 - MPE-RS
O erro inevitável sobre a posição de garantidor do bem jurídico, que fundamenta o dever jurídico especial de agir na omissão de
ação imprópria, pode permitir a imputação do fato fundada no dever jurídico geral de agir, peculiar à omissão de ação própria. (certa)
2021 - MPE-PR

6.5.5 ATIPICIDADE
É preciso partir da premissa que a adequação típica na omissão imprópria é indireta e depende da norma de extensão prevista
no § 2º do art. 13. Assim, se o agente não podia agir a conduta já não é mais típica.
Nos crimes comissivos por omissão, a falta do poder de agir gera atipicidade da conduta. (certa) FCC - 2018 - DPE-AP
Se o garante, apesar de não haver conseguido impedir o resultado, seriamente esforçou-se para evitá-lo, não haverá fato típico,
doloso e culposo. Nos omissivos impróprios, a relação de causalidade é normativa. (certa) 2017 - MPE-RS
Em relação aos crimes omissivos impróprios, é correto afirmar que se o titular do bem jurídico, com todas as informações
disponíveis, conscientemente decide pela autolesão ao bem jurídico, não há obrigação legal de ação do garante para evitar o
resultado. (certa) FGV - 2021 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
Mesmo diante de diversos avisos e letreiros de proibição e dos alertas verbais de agente de segurança pública presente no local,
Jack ingressou no Lago do Amor, em Campo Grande/MS, nadando rapidamente até o meio do lago. Quando retornava à margem,
foi atacado por um jacaré, vindo a perder um braço. Após a alta médica, Jack dirigiu-se a uma unidade da Polícia Judiciária, realizando

61
https://www.emagis.com.br/area-gratuita/revisao/erro-de-tipo-pontos-importantes/

elaborado por @fredsmcezar


registro de ocorrência em desfavor do agente público, afirmando que ele tinha o dever de impedir seu ingresso no lago e que era o
responsável pela lesão que sofrera. Diante desse cenário, é correto afirmar que o agente público: não é responsável pelo resultado,
em razão da autocolocação em perigo dolosa. (certa) FGV - 2022 - DPE-MS

6.6 CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS


(VIOLAÇÃO DE DEVER DE AGIR GENÉRICO), PUROS OU SIMPLES
Mirabete: “São os que objetivamente são descritos com uma conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo
a omissão na transgressão da norma jurídica e não sendo necessário qualquer resultado naturalístico”.
Um dos critérios apontados pela doutrina para diferenciar a omissão própria da omissão imprópria é o tipológico, segundo o
qual, havendo norma expressa criminalizando a omissão, estar-se-ia diante de uma omissão imprópria PRÓPRIA. (errada) VUNESP - 2016 - TJM-
SP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Os crimes omissivos próprios são os cujo tipo descreve a conduta omissiva de forma direta, e por isso não é necessária a
incidência do art. 13, § 2º, do CP. (certa) 2019 - MPE-SC
São omissões próprias ou tipos de omissão própria aqueles em que o autor pode ser qualquer pessoa que se encontre na
situação típica. Os tipos de omissão própria caracterizam-se por não ter um tipo ativo equivalente. Ex. artigo 135, do Código Penal
- Omissão de socorro. (certa) 2019 - MPE-GO
• Crimes omissivos impróprios PRÓPRIOS, comissivos por omissão ou omissivos qualificados são os que objetivamente são descritos como uma
conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica sem que haja necessidade de
qualquer resultado naturalístico. Para a existência do crime, basta que o autor se omita quando deva agir. (errada) CESPE - 2012 - MPE-TO
• No crime omissivo impróprio, o tipo penal descreve uma conduta omissiva e sua consumação dispensa qualquer resultado naturalístico.
(errada) 2013 - MPE-GO

• Os crimes omissivos impróprios são aqueles praticados mediante o “não fazer” o que a lei manda, sem dependência de qualquer resultado
naturalístico. (errada) FCC - 2014 - TJ-CE - JUIZ SUBSTITUTO
• Em se tratando de crime omissivo próprio, a legislação penal não estabelece qualquer qualidade ou condição específica para o sujeito ativo
da omissão. (errada) CESPE - 2014 - TJ-DFT - JUIZ SUBSTITUTO
• Em relação aos crimes omissivos puros, exige-se a ocorrência de resultado naturalístico, uma vez que a simples omissão contida na norma
não basta para que eles se aperfeiçoem. (errada) FUNDEP - 2018 - MPE-MG
• Os crimes omissivos próprios dependem de resultado naturalístico para a sua consumação. (errada) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO
• Nos crimes omissivos próprios, a conduta omissiva se esgota em si mesma, independentemente do resultado decorrente do não fazer do
agente. (certa) CESPE - 2022 - DPE-RS

Ex.: Se o motorista A, podendo concretamente agir e consciente da situação de perigo, deixa de socorrer o desconhecido B,
ferido na rodovia em razão de atropelamento, pode ser responsabilizado por omissão de ação própria, exceto se B for socorrido na
sequência por terceiro, sobrevivendo ao atropelamento sem sequelas, hipótese em que A não será responsabilizado criminalmente.
(errada) 2012 - MPE-PR

• Os crimes omissivos próprios não admitem a figura da tentativa. (certa) VUNESP - 2009 - TJ-MT - JUIZ SUBSTITUTO
• Os crimes omissivos próprios não admitem tentativa. (certa) 2009 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Configura-se a tentativa nos crimes omissivos próprios. (errada) 2010 - TJ-SC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Os crimes omissivos próprios não admitem a tentativa. (certa) 2013 - TJ-SC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Os denominados crimes omissivos próprios admitem tentativa. (errada) 2013 - MPE-PR
• Crimes omissivos próprios não admitem a forma tentada. (certa) 2013 - MPE-MS
• Nos crimes omissivos próprios não se admite a tentativa. (certa) FUNDEP - 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Os crimes omissivos próprios não admitem a tentativa. (certa) 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

A adequação típica é por subordinação direta ou imediata, uma vez que existe um tipo penal e assim não necessita de uma
norma de extensão.

OMISSIVOS PRÓPRIOS Não se exige a ocorrência de resultado naturalístico.


OMISSIVOS IMPRÓPRIOS É exigida a ocorrência de resultado naturalístico.

Crime omissivo próprio é aquele cujo agente produz um resultado por meio da omissão. (errada) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ SUBSTITUTO

elaborado por @fredsmcezar


6.6.1 OMISSÃO DE SOCORRO
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta
a morte.
Ex.: A percebe o afogamento de B em lago, e, ciente da real possibilidade de morte da vítima, deixa de lhe prestar socorro,
podendo fazê-lo concretamente sem risco pessoal: se B morre afogado justamente em razão da omissão, então A responde pelo
crime de omissão de socorro, majorado pelo resultado de morte (CP, art. 135, parágrafo único), praticado por omissão própria. (certa)
2017 - MPE-RS

6.6.2 ART. 64 DO DCD


Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou periculosidade de produtos cujo
conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado.
O tipo descrito é crime omissivo próprio. (certa) 2009 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA
• Aquele que deixa de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que
sabe ou deveria saber ser inexata, comete crime omissivo previsto no Código de Defesa do Consumidor, admitindo-se tanto o dolo direto
quanto o dolo eventual. (certa) 2010 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A omissão de informações sobre riscos conhecidos posteriormente à introdução do produto no mercado caracteriza-se como crime omissivo
puro, não se admitindo a modalidade culposa, e unissubsistente. (certa) CESPE - 2013 - MPE-RO

6.6.3 OMISSÃO DE CAUTELA – ESTATUTO DO DESARMAMENTO - Lei nº 10.826/2003


Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência
mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de
valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de
extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de
ocorrido o fato.

Ex.: Zé Carabina possuía em sua casa um revólver calibre 38 registrado, embora não tivesse autorização para portar arma de
fogo. Certo dia, após efetuar a manutenção (limpeza etc.) da arma e municiá-la com (05) cinco cartuchos, deixou-a sobre a mesa
da sala, local onde passaram a brincar seus filhos e alguns colegas, todos menores, com idade média de 08 (oito) anos. O filho mais
velho, de 09 (nove) anos de idade, apoderou-se da arma e passou a apontá-la na direção dos amigos, dizendo que era da polícia.
Nesse momento, Zé Carabina ingressou na sala, tomando a arma do filho e evitando o que poderia ser uma tragédia. Considerando
a hipótese narrada, é correto afirmar que Zé Carabina praticou um crime omissivo próprio. (certa) FUNDEP - 2011 - MPE-MG
O crime de omissão de cautela, previsto no Estatuto do Desarmamento, é delito omissivo, sendo a culpa na modalidade
negligência o elemento subjetivo do tipo. (certa) CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO

6.6.4 APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA


Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou
convencional: (Lei nº 9.983/2000)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Lei nº 9.983/2000)

O dolo exigido é o genérico, de modo que a omissão, por si, é apta a configurar o delito, que prescinde da fraude material e
do animus rem sibi habendi para a sua caracterização. (certa) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
A jurisprudência do STJ é no sentido de que “o dolo do crime de apropriação indébita previdenciária é a vontade de não
repassar à previdência as contribuições recolhidas, dentro do prazo e da forma legais, não se exigindo o animus rem sibi
habendi, sendo, portanto, descabida a exigência de se demonstrar o dolo específico de fraudar a Previdência Social como
elemento essencial do tipo penal. (AgRg no AREsp n. 1.291.995/SC, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 13/11/2018, DJe de
22/11/2018.)

Nos termos do entendimento jurisprudencial estabelecido nos tribunais superiores, o crime de apropriação indébita previdenciária
é considerado delito omissivo próprio, em todas as suas modalidades, e consuma-se no momento em que o agente deixa de recolher
as contribuições, depois de ultrapassado o prazo estabelecido na norma de regência, sendo, portanto, desnecessário o animus rem
sibi habendi. (certa) CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

elaborado por @fredsmcezar


• O delito de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do Código Penal) constitui crime omissivo próprio e se perfaz com a mera omissão
de recolhimento da contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas legais, requerendo o dolo específico de querer incorporar a
verba ao patrimônio do agente. (errada) 2017 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
• Para a consumação desse crime, exige-se a omissão de repasse das contribuições recolhidas à previdência social acrescida do ânimo de
assenhorar-se daquelas contribuições, sendo o tipo penal apropriação indébita previdenciária uma modalidade de apropriação indébita. (errada)
CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

6.6.5 ART. 68 DA LEI 9.605/98


Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa.

O crime de deixar de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental, previsto no rol dos crimes contra a administração
pública ambiental, é crime omissivo próprio, punido apenas na forma dolosa, e se caracteriza quando o agente público deixa de
praticar o ato, contrariando o dever legal de fazê-lo para evitar o resultado lesivo ao meio ambiente, consoante entendimento do
STJ. (errada) CESPE - 2013 - DPE-TO

6.6.6 TORTURA MEDIANTE OMISSÃO62


Art. 1º Constitui crime de tortura:

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
de um a quatro anos.
• Comete o crime de tortura aquele que, tendo o dever de evitar a conduta, se mantém omisso ao tomar ciência ou presenciar pessoa presa
ser submetida a sofrimento físico ou mental, por meio da prática de ato não previsto legalmente. (certa) CESPE - 2018 - DPE-PE
• A Lei nº 9.455/1997 tipifica o crime de tortura e aponta as suas diversas espécies. Sobre o delito em questão, analise as afirmativas a seguir.
Pode ser praticado por conduta comissiva ou omissiva. (certa) FGV - 2021 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO

Omitir é deixar de fazer algo a que estava obrigado. Nessa modalidade de tortura, o agente deve evitar ou apurar a prática dos
delitos descritos anteriormente, e não o faz.
Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, que somente pode ser praticado por quem tiver o dever de evitar ou de apurar a
ocorrência da prática de qualquer modalidade de tortura descrita na lei.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa.
Dever de evitar: Consiste no dever de impedir a ocorrência da prática de qualquer modalidade de tortura descrita na lei. Nessa
modalidade, o agente deve ter um vínculo legal com a vítima da tortura, sendo, portanto, agente garantidor, como ocorre com os
agentes de segurança pública que têm o dever de evitar a prática de infrações penais ou então os pais, que têm o dever de evitar a
prática da tortura em relação aos filhos.
Ex.: Caio, Delegado de Polícia, percebe que, na sala ao lado, Antônio, agente policial lotado em sua Delegacia, submete Tício,
preso em flagrante, a sofrimento físico mediante violência, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal. Caio nada fez para impedir
tal conduta. Pode-se afirmar que Caio e Antônio cometeram as seguintes condutas, respectivamente Caio será punido por sua
omissão na forma da Lei nº 9.455/1997 e Antônio responderá pelo crime de tortura. (certa) 2009 - PC-RO - DELEGADO DE POLÍCIA
Ex.: Frederico encontrava-se custodiado pelo Estado em medida de segurança legalmente imposta. Permaneceu por vários dias
solicitando atendimento de um médico porque apresentava febre, dores de cabeça, falta de ar e tosse. Foi atendido apenas por
auxiliares de enfermagem que se limitaram a recomendar a interrupção do cigarro. Ao final do décimo dia teve um desmaio e foi
hospitalizado. O médico deste nosocômio prescreveu-lhe antibióticos em razão de um processo infeccioso avançado nos
pulmões. Tal medicação, entregue pelo médico que a prescreveu, jamais foi administrada pelos funcionários do Hospital de
Custódia e Tratamento Psiquiátrico, onde cumpria a medida de segurança. Frederico acabou morrendo em decorrência de um
abcesso causado por pneumonia. As condutas dos funcionários amoldam-se ao seguinte tipo penal: crime de tortura por
submeterem pessoa sujeita a medida de segurança a sofrimento físico e mental, omitindo-se, quando tinham o dever de evitá-
lo. (certa) FCC - 2009 - DPE-MA

6.6.7 CRIME OMISSIVO PRÓPRIO CULPOSO63


Os delitos omissivos próprios culposos, que decorrem de uma previsão legal expressa, são constituídos, no respectivo tipo de
injusto, de dois comandos: uma DETERMINAÇÃO DE CUIDADO e uma DETERMINAÇÃO DE CONDUTA. A característica básica desses
delitos, em contraste com os delitos culposos comissivos, reside na subordinação da norma de cuidado à norma mandamental.

62
Leis Penais Especiais, vol. único. Gabriel Habib 11ª ed. (2019)
63
Juarez Tavares – Teoria dos crimes omissivos

elaborado por @fredsmcezar


Ainda que a norma de cuidado se assente em normas regulamentares de profissão, arte ou ofício, ou em regras gerais de
precaução, conforme a experiência geral da vida, que assinalam a delimitação do risco autorizado, está sempre em função da
determinação de conduta, porquanto só com a perfeita identificação do que é imposto ao sujeito é que se pode legitimar o comando
legal. Assim, por exemplo, no art. 63 do Código do Consumidor, a omissão culposa diz respeito à não inserção nas embalagens,
invólucros, recipientes ou publicidade de produtos destinados ao consumo, de dizeres ou sinais ostensivos sobre a periculosidade
desses produtos.
CDC. Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros,
recipientes ou publicidade:

§ 2° Se o crime é CULPOSO:
A condição de que a não inserção (omissão) desses dizeres ou sinais dá lugar a um processo de imputação de
responsabilidade do sujeito demonstra que a norma de cuidado só tem eficácia quando acoplada à norma mandamental contida
no tipo. Esta relação entre norma mandamental e norma de cuidado faz dos delitos omissivos próprios culposos uma categoria
complexa, que não se resume a uma simples conjugação de omissão e negligência.
O ordenamento jurídico brasileiro admite a punibilidade dos crimes omissivos próprios e impróprios praticados com dolo ou
culpa. (certa) 2011 – MPDFT
ATENÇÃO Diferente do entendimento acolhido na prova do MPDFT em 2011, na prova para o MP do Paraná em 2017 foi considerada
correta a assertiva que restringia os crimes omissivos próprios apenas à modalidade dolosa.
Os tipos de omissão de ação podem aparecer sob a forma de omissão imprópria, fundada no dever jurídico especial de agir, que
admite ações dolosas e culposas, e sob a forma de omissão própria, fundada no dever jurídico geral de agir, que admite apenas
ações dolosas. (certa) 2017 - MPE-PR

6.7 COAUTORIA EM CRIMES OMISSIVOS 64

1ª POSIÇÃO: É possível a coautoria em crimes omissivos, sejam eles próprios (ou puros), ou ainda impróprios (espúrios ou
comissivos por omissão).

Para o aperfeiçoamento da coautoria basta que dois ou mais agentes, vinculados pela unidade de propósitos, prestem
contribuições relevantes para a produção do resultado, realizando atos de execução previstos na lei penal. Filiam-se a essa
corrente, dentre outros, Cezar Roberto Bitencourt e Guilherme de Souza Nucci, que exemplifica: Duas pessoas podem,
caminhando pela rua, deparar-se com outra, ferida, em busca de ajuda. Associadas, uma conhecendo a conduta da outra e até
havendo incentivo recíproco, resolvem ir embora. São coautoras do crime de omissão de socorro (art. 135, CP).

A coautoria é possível nos crimes omissivos, quando o coautor também tem o dever jurídico de não se omitir e, em vez de agir,
ele adere ao dolo do agente e, igualmente, se omite. (certa) 2018 - MPE-BA
É admissível a coautoria nos crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão. (certa) FCC - 2020 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO

2ª POSIÇÃO: Não se admite a coautoria em crimes omissivos, qualquer que seja a sua natureza.

De acordo com essa posição, a coautoria não é possível nos crimes omissivos, porque cada um dos sujeitos detém o seu dever
de agir – imposto pela lei a todos, nos próprios, ou pertencente a pessoas determinadas (CP, art. 13, § 2.º), nos impróprios ou
comissivos por omissão –, de modo individual, indivisível e indelegável.
Nilo Batista defende com veemência esse entendimento: O dever de atuar a que está adstrito o autor do delito omissivo é
indecomponível. Por outro lado, como diz Bacigalupo, a falta de ação priva de sentido o pressuposto fundamental da coautoria,
que é a divisão do trabalho; assim, no es concebible que alguien omita una parte mientras otros omiten el resto.
Quando dois médicos omitem – ainda que de comum acordo – denunciar moléstia de notificação compulsória de que tiveram
ciência (art. 269, CP), temos dois autores diretos individualmente consideráveis. A inexistência do acordo (que, de resto, não
possui qualquer relevância típica) deslocaria para uma autoria colateral, sem alteração substancial na hipótese.
No famoso exemplo de Kaufmann, dos cinquenta nadadores que assistem passivamente ao afogamento do menino, temos
cinquenta autores diretos da omissão de socorro. A solução não se altera se se transferem os casos para a omissão imprópria:
pai e mãe que deixam o pequeno filho morrer à míngua de alimentação são autores diretos do homicídio; a omissão de um não
‘completa’ a omissão do outro; o dever de assistência não é violado em 50% por cada qual.

6.8 PARTICIPAÇÃO EM CRIMES OMISSIVOS


Na omissão é possível caracterizar-se a participação em qualquer de suas formas, a saber, a determinação, a instigação e o
auxílio. (errada) 2011 – MPDFT

64
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 550

elaborado por @fredsmcezar


“A participação em delitos omissivos, na verdade, deve ser reconhecida como uma dissuasão, ou seja, o partícipe dirige a sua
conduta no sentido de fazer com que o autor não pratique a conduta a que estava obrigado.
No crime de omissão de socorro, por exemplo, imaginemos que A, paraplégico, induza B, surfista, a não levar a efeito o
socorro de C, que estava se afogando, uma vez que ambos já estavam atrasados para um compromisso anteriormente
marcado. A não podia ser considerado autor do delito de omissão de socorro, haja vista que, pelo fato de ser paraplégico, não
tinha condições de entrar no mar a fim de efetuar o socorro, porque se assim agisse correria risco pessoal, tampouco tinha, no
caso concreto, como pedir o socorro da autoridade pública. B, por outro lado, surfista profissional, poderia ter realizado o socorro
sem qualquer risco. Embora surfista, tal qualidade não o transformava em agente garantidor, razão pela qual a sua omissão cairia
na vala comum do crime de omissão de socorro. Assim, a inação de B o levaria a ser responsabilizado pelo delito previsto no art.
135 do Código Penal.
E, com relação à conduta de A, ficaria ele impune tendo induzido B a não prestar o socorro, ou poderia ele ser punido a título de
participação? Se ambos pudessem socorrer a vítima, sem qualquer risco pessoal, mas, unidos pelo vínculo psicológico, resolvessem
não fazê-lo, na esteira de Cezar Bitencourt, seriam responsabilizados como coautores do delito de omissão de socorro. Contudo,
somente um deles pode realizar o salvamento, uma vez que o outro, se tentar fazê-lo, correrá risco pessoal. Entendemos que, no
caso em tela, A será partícipe de um crime de omissão de socorro praticado por B.
Cezar Bitencourt também se posiciona favoravelmente à tese que possibilita o reconhecimento da participação nos crimes
omissivos impróprios, sustentando 'A participação também pode ocorrer no chamados crimes omissivos impróprios (comissivos
por omissão), mesmo que o partícipe não tenha o dever jurídico de não se omitir. Claro, se o partícipe tivesse tal dever seria
igualmente autor, ou coautor se houvesse a resolução conjunta de se omitir. É perfeitamente possível que um terceiro, que não está
obrigado ao comando da norma, instigue ao garante a não impedir o resultado'.
Tomando de empréstimo o exemplo citado anteriormente, vamos substituir a figura do surfista por um salva-vidas. Agora, A,
paraplégico, induz B, salva-vidas, a não prestar o socorro à vítima que se afogava, quando devia e podia fazê-lo, uma vez que esta
última era sua maior inimiga. B, nutrindo um violento ódio pela vítima, é convencido por A a deixá-la morrer afogada. Pelo fato de
ser garantidor, nos termos da alínea a do § 2º do art. 13 do Código Penal, se a vítima vier a afogar-se, B será responsabilizado pelo
delito de homicídio doloso. A, que o induziu a não prestar o socorro devido, para que viesse a ocorrer o resultado morte, será
punido pela sua participação, respondendo, outrossim, pela mesma infração penal imputada a B.” 65
A lei brasileira não admite a participação por omissão e a participação em crime omissivo, uma vez que, para se distinguir o
coautor do partícipe, a conduta principal e a acessória devem ocorrer de forma ativa, o que é incompatível com uma inação. (errada)
CESPE - 2012 - TJ-PI – JUIZ

O crime omissivo admite a participação por meio de comissão. (certa) CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO

6.9 ERRO MANDAMENTAL


Na omissão, o erro de mandamento se caracteriza quando o omitente se abstém da ação ordenada pelo direito, na justificável
crença de inexistir o dever de agir. (certa) 2013 – MPDFT
Caso alguém, consciente da ausência de risco pessoal, da situação de perigo e da necessidade de prestar socorro a outrem,
deixe de prestá-lo, por acreditar não estar obrigado a fazê-lo por não possuir qualquer vínculo com a vítima e por não ter concorrido
para o perigo, fica caracterizado o erro mandamental em relação ao crime de omissão de socorro. (certa) CESPE - 2009 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ
FEDERAL

ERRO DE PROIBIÇÃO DEVER DE ABSTENÇÃO AO AGIR VIOLA-SE A NORMA

ERRO MANDAMENTAL DEVER DE AGIR AO NÃO AGIR VIOLA-SE A NORMA

Nos crimes omissivos, o erro que recai sobre os elementos objetivos do tipo é considerado erro de tipo, mas o erro incidente
sobre o mandamento terá repercussão em sede de culpabilidade. (certa) FUNDEP - 2019 - MPE-MG
O denominado erro de proibição mandamental ou erro de mandato ocorre nos delitos omissivos, incidindo sobre a norma que
obriga o agente a atuar para a evitação do resultado, seja como garante (art.13, §2°, do CP), seja em face do dever geral de socorro
(art. 135 do CP). Se invencível, o erro de mandato exclui a culpabilidade. (certa) FUNDEP - 2021 - MPE-MG

6.10 EXEMPLO FINAL SOBRE A POSSIBILIDADE DE DIFERENTES ADEQUAÇÕES TÍPICAS PARA UM MESMO FATO A DEPENDER DA
QUALIDADE DO AGENTE66
Exemplo: Uma criança está morrendo afogada na piscina. A mãe assiste a criança morrer afogada juntamente com uma amiga
e ambas não prestam socorro. O professor de natação presente no momento não vê a criança se afogando, pois estava distraído
conversando.

65
Rogério Sanches - Curso de Direito Penal, Parte Geral, Capítulo 34, p. 462
66
Ana Paula Vieira – Aula nº 41 - Ênfase

elaborado por @fredsmcezar


A conduta da mãe é omissiva, através do critério da causalidade verifica-se que ela não realizou qualquer antecedente causal
material, e, portanto, ela se omitiu. Ademais, ela é garantidora, conforme art. 13, § 2º, alínea “a” do CP. Logo, é possível enquadrar
a mãe em um crime que descreve uma ação (homicídio) e ela agiu com dolo, dessa forma teremos um homicídio doloso consumado.
Já a amiga da mãe também teve uma conduta omissiva devido as mesmas razões, ou seja, pelo critério da causalidade apura-
se que ela não efetivou qualquer antecedente causal material, e, portanto, ela se omitiu. Todavia, ela não é garantidora e por isso
somente poderá adequá-la na parte especial em crimes omissivos, nesse caso o adequado será a omissão de socorro.
Por fim, o professor de natação responderá por crime omissivo, pois não empreendeu um processo causal físico ou material
que levou ao resultado morte. Todavia, o professor é garantidor, nos termos do art. 13, § 2º, alínea “b” do CP. Assim, devido ao
fato dele ser garantidor, responderá por homicídio, mas na modalidade culposa, porque não desejava a morte.

7. ITER CRIMINIS

Toda ação criminosa, advinda de conduta dolosa, é antecedida por uma ideação e resolução criminosa. O sujeito percorre um
caminho que vai da concepção da ideia até a consumação. A esse caminho dá-se o nome de iter criminis, o qual é composto por
fase interna (cogitação) e fases externas ao agente (atos preparatórios, executórios e consumação). (certa) 2017 - PC-MS - DELEGADO DE
POLÍCIA

ITER CRIMINIS
EXAURIMENTO
FASE INTERNA FASE EXTERNA
Não é fase do iter criminis
COGITAÇÃO PREPARAÇÃO EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO

Para que se verifique o exaurimento do crime, é necessário que, depois de sua consumação, o delito atinja suas últimas
consequências. (certa) CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO
• No que diz respeito às fases do iter criminis, o auxílio à prática de crime, salvo determinação expressa em contrário, não é punível se o crime
não chegar a ser, ao menos, tentado. (certa) FUNIVERSA - 2015 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
• Em determinadas infrações penais o exaurimento constitui etapa do iter criminis. (errada) 2016 - MPE-GO
• O iter criminis corresponde ao desenvolvimento da conduta criminosa e pode ser dividido nas seguintes etapas: cogitação, preparação,
execução, consumação e exaurimento, sendo que a cogitação e os atos preparatórios em regra não são puníveis, salvo quando manifestem
claramente a intenção de cometer o crime. (errada) 2021 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA

7.1 COGITAÇÃO (INTERNA)


A cogitação repousa na mente do agente. O propósito ilícito se encontra preso em um claustro psíquico. É sempre interna. Por
se tratar de mera ideia, sem qualquer ofensa aos bens jurídicos, não pode ser alcançada pelo Direito Penal. Não é punível. Os atos
de cogitação materialmente não concretizados são impuníveis em quaisquer hipóteses. (certa) CESPE - 2010 - TRE-BA – ANALISTA
A missão do Direito Penal é a proteção de bens jurídicos, o que justifica a antecipação da intervenção penal aos atos que
antecedem o início da prática dos atos executivos. (errada) FCC - 2012 - DPE-SP

7.2 PREPARAÇÃO (EXTERNA)


Ato preparatório é, em verdade, a forma de atuar que cria as condições prévias adequadas para a realização de um delito
planejado. Precisa ir além do simples projeto interno (mínimo), sem que se deva, contudo, iniciar a imediata realização tipicamente
relevante da vontade delitiva (máximo).67
• Quatro ladrões chegaram de carro em frente a uma residência para a prática de crime de furto. Porém, antes de descerem do veículo, foram
obstados pela polícia, que os observava, e levados para a Delegacia onde lavrou-se o auto de prisão em flagrante. Nesse caso, os agentes
tinham finalidade de praticar o crime de furto qualificado por concurso de agentes, mas não passaram da fase de meros atos
preparatórios, impunível. (certa) FCC - 2012 - DPE-PR

7.2.1 PREPARAÇÃO PUNÍVEL (CRIMES-OBSTÁCULOS)


Em casos excepcionais, é possível a punição de atos preparatórios nas hipóteses em que a lei optou por incriminá-los de forma
autônoma. São os chamados crimes-obstáculo.68
• O ato preparatório, por constituir uma antecipação da tutela penal, não admite tipificação própria no Código Penal. (errada) FCC - 2021 - DPE-GO

“O direito penal brasileiro não admite a punição de atos meramente preparatórios anteriores à fase executória de um crime, uma
vez que a criminalização de atos anteriores à execução de delito é uma violação ao princípio da lesividade”. (errada) CESPE - 2015 – AGU
“A Lei Antiterrorismo (Lei n° 13.260/2016) prevê a punição de atos preparatórios de terrorismo quando realizado com o
propósito inequívoco de consumar o delito”. (certa) FCC - 2017 - DPE-SC

67
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 373
68
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 373

elaborado por @fredsmcezar


• A criminalização de atos preparatórios como crimes de perigo abstrato autônomos não é admita pela jurisprudência do STF, por violação
do princípio da lesividade. (errada) FCC - 2015 - DPE-SP

7.3 EXECUÇÃO (EXTERNA)


A fase da execução, ou dos atos executórios, é aquela em que se inicia a agressão ao bem jurídico, por meio da realização do
núcleo do tipo penal. O agente começa a realizar o verbo (núcleo do tipo) constante da definição legal, tornando o fato punível. É o
caso da conduta de efetuar disparos de arma de fogo contra uma pessoa. O ato de execução deve ser idôneo (capacidade lesiva) e
inequívoco (se direciona ao ataque do bem jurídico).69
Os atos executórios precisam ser idôneos e inequívocos, não se exigindo, porém, sua simultaneidade. (errada) 2016 - MPE-GO

7.3.1 TEORIA SUBJETIVA


Não há transição dos atos preparatórios para os atos executórios. O que interessa é o plano interno do autor, a vontade
criminosa, existente em quaisquer dos atos que compõem o iter criminis. Logo, tanto a fase da preparação como a fase da execução
importam a punição do agente.70

7.3.2 TEORIA OBJETIVA 71


Os atos executórios dependem do início de realização do tipo penal. O agente não pode ser punido pelo seu mero “querer
interno”. É imprescindível a exteriorização de atos idôneos e inequívocos para a produção do resultado lesivo.

DA HOSTILIDADE AO BEM Atos executórios são aqueles que atacam o bem jurídico, enquanto os atos preparatórios não
JURÍDICO caracterizam afronta ao bem jurídico, mantendo inalterado o “estado de paz”.

Ato executório é aquele em que se inicia a realização do verbo contido na conduta criminosa.
OBJETIVO-FORMAL OU
Exige tenha o autor concretizado efetivamente uma parte da conduta típica, penetrando no núcleo
LÓGICO-FORMAL
do tipo. É a preferida pela doutrina pátria.

Atos executórios são aqueles em que se começa a prática do núcleo do tipo, e também os
OBJETIVO-MATERIAL imediatamente anteriores ao início da conduta típica, de acordo com a visão de terceira pessoa,
alheia aos fatos.

Atos executórios são os relacionados ao início da conduta típica, e também os que lhe são
OBJETIVO-INDIVIDUAL
imediatamente anteriores, em conformidade com o plano concreto do autor.

Para definir o início de execução da ação típica, a teoria objetiva material e a teoria objetiva formal não trabalham com elementos
subjetivos; (certa) 2012 - MPE-PR
A teoria material objetiva distingue os atos preparatórios do início da execução pelo início do ataque ao bem jurídico: tão logo
se inicie uma situação de risco para o bem jurídico, a execução começa e a conduta passa a ser punível. (certa) 2021 - PC-PR - DELEGADO DE
POLÍCIA

• O Código Penal brasileiro adota a teoria subjetiva pura na aferição do início do ato de execução . (errada) FCC - 2017 - DPE-SC

A TEORIA OBJETIVO-FORMAL propõe que atos de EXECUÇÃO são aqueles que demonstram o início da realização dos
elementos do tipo penal, ou seja, para se poder falar em início de atos executórios, o agente teria que começar a realizar a ação
descrita no verbo núcleo do tipo penal. (certa) 2019 - MPE-PR

7.4 CONSUMAÇÃO (EXTERNA) 72


Art. 14 I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
• O crime somente se consuma quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. (certa) 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
SUBSTITUTO

Nos crimes materiais ou causais aperfeiçoa-se a consumação com a superveniência do resultado naturalístico.
• Nos crimes materiais, o tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico exigido. (certa) 2012 - MPE-SP
• Nos denominados crimes materiais, o tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico exigido. (certa) 2016 - DPE-MT

• No que toca à classificação doutrinária dos crimes, é imprescindível a ocorrência de resultado naturalístico para a consumação dos delitos
materiais e formais. (errada) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO

69
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 374
70
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 375
71
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 375
72
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 376

elaborado por @fredsmcezar


• A consumação do crime formal MATERIAL requer o resultado naturalístico, pois dele depende a efetiva violação do bem jurídico. (errada) FCC - 2021
- DPE-GO

Nos crimes formais, de resultado cortado ou de consumação antecipada, e nos crimes de mera conduta ou de simples
atividade, a consumação ocorre com a mera prática da conduta.
• A consumação dos crimes materiais ocorre com o evento natural, enquanto nos formais o resultado naturalístico é dispensável. (certa) 2012 -
MPE-SC

• Para a configuração do crime de desobediência, não é necessário o resultado naturalístico. (certa) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ

• Os crimes comissivos são aqueles que requerem comportamento positivo, independendo de resultado naturalístico para a sua consumação,
se formais. (certa) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO

Nos crimes qualificados pelo resultado, incluindo os preterdolosos, a consumação se verifica com a produção do resultado
agravador, doloso ou culposo. (Ex. Art. 129 §3º - Lesão corporal seguida de morte).
Os crimes de perigo concreto se consumam com a efetiva exposição do bem jurídico a uma probabilidade de dano. Ex.: o
crime de direção de veículo automotor sem habilitação se aperfeiçoa com a exposição a dano potencial da incolumidade de outrem.
Já os crimes de perigo abstrato ou presumido se consumam com a mera prática da conduta definida pela lei como perigosa.
Ex.: o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido se consuma com o simples ato de portar arma de fogo de uso permitido sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, independentemente da efetiva comprovação da situação de
perigo.
Em relação aos crimes permanentes, a consumação se arrasta no tempo, com a manutenção da situação contrária ao Direito,
autorizando a prisão em flagrante a qualquer momento, enquanto não encerrada a permanência.
Por outro lado, nos crimes habituais a consumação se dá com a reiteração de atos que revelam o estilo de vida do agente, pois
cada um deles, isoladamente considerado, representa um indiferente penal.

7.5 EXAURIMENTO 73
Também chamado de crime exaurido ou crime esgotado, é o delito em que, posteriormente à consumação, subsistem efeitos
lesivos derivados da conduta do autor. É o caso do recebimento do resgate no crime de extorsão mediante sequestro, desnecessário
para fins de tipicidade, eis que se consuma com a privação da liberdade destinada a ser trocada por indevida vantagem econômica.
No terreno da tipicidade, o exaurimento não compõe o iter criminis, que se encerra com a consumação.
Influi, contudo, na dosimetria da pena, notadamente na aplicação da pena-base, pois o art. 59, caput, do Código Penal erigiu as
consequências do crime à condição de circunstância judicial.
• Para que se verifique o exaurimento do crime, é necessário que, depois de sua consumação, o delito atinja suas últimas consequências. (certa)
CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO

• Em determinadas infrações penais o exaurimento constitui etapa do iter criminis. (errada) 2016 - MPE-GO

• O recebimento de vantagem indevida não configura condição necessária para a consumação do delito de corrupção passiva, sendo
considerado mero exaurimento do crime. (certa) CESPE - 2020 - MPE-CE
• O exaurimento, por se dar após a consumação da pena, não pode interferir na aplicação da pena, pois é incapaz de modificar o desvalor da
ação. (errada) FCC - 2021 - DPE-GO

Em alguns casos, o exaurimento pode funcionar como qualificadora, como se dá na resistência (CP, art. 329, § 1.º), ou como
causa de aumento da pena, tal como na corrupção passiva (CP, art. 317, § 1.º)
Ex.: Larissa sofreu grave acidente ao cair de sua bicicleta, ocorrendo traumatismo de mandíbula com fraturas múltiplas e avulsão
dentária. Foi levada ao pronto-socorro onde foi atendida pelo Dr. José das Couves, médico credenciado junto ao SUS, na
especialidade de traumatologia. Em- bora ciente de que o SUS arcaria com as despesas, o médico condicionou o tratamento mediante
o pagamento da quantia de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais), por fora, da mãe da acidentada, alegando que seria para pagar
o anestesista e o protético, este último porque confeccionaria o aparelho ortodôntico. A mãe de Larissa pagou a quantia cobrada,
face a premente necessidade de socorro da filha. Nestas circunstâncias, José praticou conduta típica de concussão e a mãe de
Larissa ao pagar a quantia cobrada apenas exauriu o crime praticado pelo médico. (certa) FCC - 2012 - DPE-PR

7.6 PREPARAÇÃO, EXECUÇÃO E O PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO OU ABSORÇÃO


O princípio da consunção é uma forma de solução do conflito aparente de normas a ser aplicado quando um fato definido por
uma norma incriminadora constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime. (certa) 2012 - MPE-SC
“Pela regra da consunção, a norma incriminadora de fato que constitui meio necessário para a prática de outro crime fica excluída
pela que tipifica a conduta final”. (certa) FCC - 2009 - TJ-GO – JUIZ

73
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 376

elaborado por @fredsmcezar


O princípio da consunção pode ser aplicado exemplificativamente para hipóteses de crime progressivo, progressão criminosa,
antefato impunível e pós-fato impunível. (certa) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
• O crime de furto, com arrombamento em casa habitada, absorve os delitos de dano e invasão de domicílio. Nesse caso, o conflito aparente
de normas foi solucionado pelo princípio da consunção. (certa) FCC - 2009 - DPE-MT
• Havendo conexão entre os crimes de sonegação tributária e falsidade ideológica, ainda que esta não tenha sido perpetrada em documento
exclusivamente destinado à prática do primeiro crime, aplica-se o princípio da consunção, devendo o agente responder unicamente pelo
crime contra a ordem tributária. (errada) CESPE - 2009 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• A absorção do crime-meio pelo crime-fim configura aplicação do princípio da consunção. (certa) FCC - 2010 - DPE-SP

• O Superior Tribunal de Justiça (STJ) possui orientação no sentido de que os crimes de receptação e porte ilegal de arma de fogo são
autônomos e possuem momentos consumativos diversos, não havendo que falar, portanto, em consunção. (certa) 2012 - TJ-RS - JUIZ
• Considere que Adolfo, querendo apoderar-se de bens existentes no interior de uma casa habitada, tenha adentrado o local e subtraído telas
de LCD e forno micro-ondas. Nessa situação, aplicando-se o princípio da consunção, Adolfo não responderá pelo crime de violação de
domicílio, mas somente pelo crime de furto. (certa) CESPE - 2013 - DEPEN
• Em relação ao concurso ou conflito aparente de normas, pode-se falar em princípio da consunção, quando um crime é meio necessário ou
normal fase de preparação ou de execução de outro crime, bem como nos casos de antefato e pós-fato impuníveis. (certa) 2014 - TJ-PR - JUIZ
SUBSTITUTO

• Opera-se o fenômeno da consunção entre o ato de possuir arma de fogo sem autorização legal e o ato dispará-la com ânimo de matar, uma
vez que o crime mais grave sempre absorve o menos grave. (errada) CESPE - 2016 - TJ-AM - JUIZ SUBSTITUTO
• Crime de injúria racial cometido contra oficial de justiça no exercício de suas funções ou em razão delas é absorvido pelo crime de desacato,
em razão do princípio da consunção. (errada) CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO – ANALISTA
• Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da consunção, ou absorção. De acordo com esse
princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais
abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do crime de falsificação de documento para a prática do crime de estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, este absorve aquele. (certa) CESPE - 2012 - POLÍCIA FEDERAL
.
SÚMULA 17 - STJ - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.

.Na consideração de que o crime de falso se exaure no estelionato, responsabilizando-se o agente apenas por este crime, o
princípio aplicado para o aparente conflito de normas é o da consunção. (certa) FCC - 2009 - DPE-MA
Conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não há que se falar em aplicação do princípio da consunção para os
crimes de falsidade ideológica e de uso de documento falso quando cometidos com desígnio autônomos. (certa) FCC - 2017 - TJ-SC - JUIZ
SUBSTITUTO

Sobre a aplicação do princípio da consunção, esta Corte entende que ele "incide quando for um dos crimes meio necessário ou
usual para a preparação, execução ou mero exaurimento do delito final visado pelo agente, desde que não ofendidos bens
jurídicos distintos. AgRg no HC 682984 / SC, 6ª Turma, DJe 22/10/2021
O Superior Tribunal de Justiça entende que o princípio da consunção incide quando for um dos crimes meio necessário ou usual
para a preparação, execução ou mero exaurimento do delito final visado pelo agente, desde que não ofendidos bens jurídicos
distintos. (certa) FGV - 2022 - MPE-GO

elaborado por @fredsmcezar


8. TENTATIVA – CONATUS
.

Art. 14. II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
No Código Penal Brasileiro, a tentativa do crime é marcada pelo início da realização do tipo, tomando-se em consideração
sobretudo a expressão que emprega a lei para designar a conduta proibida. (certa) 2009 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
Para punir a conduta tentada, deve-se promover uma adequação típica mediata (norma de extensão), com base no art. 14, II
CP. Isto é, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de 1/3 a 2/3. Há aqui uma incongruência
entre o elemento objetivo e o elemento subjetivo. Ex.: Art. 121, CP – subjetivamente, o indivíduo quer matar e mata, mas
objetivamente, o indivíduo não consegue matar.
• Na tentativa o agente não consegue ultimar a execução do crime, porque o dolo que informa a sua conduta não abrange todos os elementos
do tipo. (errada) 2009 - MPDFT
• Na tentativa o sujeito dá início aos atos executórios da conduta, os quais deixa voluntariamente de praticar em virtude de circunstâncias
alheias a sua vontade, recebendo, como consequência, diminuição na pena final aplicada. (errada) 2017 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
• No transcorrer da realização de atos executivos do crime de furto em residência, o autor A percebe a chegada da polícia e, ao considerar a
possibilidade de ser preso em flagrante, abandona o local sem consumar o furto, o que caracteriza a desistência voluntária TENTATIVA. (errada)
2017 - MPE-PR

Paulo, diante de séria discussão com Pedro, dirigiu-se até a sua residência e, visando causar mal injusto contra este, apanhou
uma arma de fogo e, de dentro de seu quintal mas em direção à via pública, efetuou vários disparos contra a pessoa de Pedro. Vale
ressaltar que Paulo tinha registro de sua arma de fogo e que Pedro foi socorrido por terceiros e não veio a óbito. Diante do caso
exposto, Paulo responderá pelo crime de tentativa de homicídio, não respondendo pelo crime de disparo de arma de fogo, haja vista
que este é crime subsidiário. (certa) 2013 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA
João decide agredir fisicamente Pedro, seu desafeto, provocando-lhe vários ferimentos. Porém, durante a luta corporal, João
resolve matar Pedro, realizando um disparo de arma de fogo contra a vítima, sem contudo, conseguir atingi-lo. A polícia é acionada,
separando os contendores. Diante do caso hipotético, João responderá apenas por tentativa de homicídio. (certa) FCC - 2017 - PC-AP -
DELEGADO DE POLÍCIA

“A” ingressa à noite no interior de escritório contábil para subtrair computadores, mas percebendo a existência de modernas
câmeras de identificação internas, abandona o imóvel sem a subtração planejada: a desistência voluntária de A afasta sua
responsabilidade penal por tentativa de furto. (errada) 2021 - MPE-PR

8.1 ELEMENTOS DA TENTATIVA


1) início da execução do crime;
2) ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente;
3) dolo de consumação.
• O dolo no crime tentado é o mesmo do crime consumado; (certa) 2013 - MPE-PR

• A resolução do agente, no que diz respeito ao dolo, não são coincidentes na tentativa e na consumação. (errada) 2016 - MPE-GO

• O dolo eventual é incompatível com a tentativa. (errada) CESPE - 2021 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL

8.2 ADEQUAÇÃO TÍPÍCA DA TENTAIVA


A tentativa é uma norma de extensão de adequação típica (ampliação da conduta). A adequação do crime tentado é mediata ou
indireta.
• A tentativa e o crime omissivo impróprio são exemplos de tipicidade mediata. (certa) CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO

• Em direito penal, entende-se a tentativa como uma forma de adequação típica de subordinação imediata ou direta. (errada) CESPE - 2013 - TRF -
5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• O parágrafo único do art. 14 do Código Penal pune a tentativa, caracterizando-se como norma de extensão da tipicidade. (certa) FCC - 2013
• A punição da tentativa se dá por meio de uma norma de extensão, a qual amplia a figura típica, de modo a abranger situações não previstas
expressamente pelo tipo penal. [adaptada] (certa) 2019 - MPE-GO

elaborado por @fredsmcezar


8.3 TEORIAS SOBRE A PUNIBILIDADE DA TENTATIVA 74
“No delito doloso não se pune apenas a conduta que chega a realizar-se totalmente ou que produz o resultado típico, pois a lei
prevê a punição da conduta que não chega a preencher todos os elementos típicos, por permanecer numa etapa anterior de
realização”. (Eugenio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli in Manual de Direito Penal Brasileiro, volume 1: parte geral. 7ª ed. rev. e atual. 2ª tiragem – São Paulo: RT, 2008, p.
598).

Discorra de forma sucinta sobre as teorias fundamentadoras da punição da tentativa, indicando, pelo menos, quatro correntes
doutrinárias e as principais críticas que recaem sobre cada uma delas. [TJ/DFT - XL CONCURSO PARA JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO -
2013]

SUBJETIVA, Ocupa-se exclusivamente da vontade criminosa, que pode se revelar tanto na fase dos atos preparatórios
VOLUNTARÍSTICA como também durante a execução. O sujeito é punido por sua intenção, pois o que importa é o desvalor da
OU MONISTA ação, sendo irrelevante o desvalor do resultado.

Idealizada pela Escola Positiva de Ferri, Lombroso e Garofalo, sustenta a punição em razão da periculosidade
subjetiva, isto é, do perigo revelado pelo agente. Possibilita a punição de atos preparatórios, pois a mera
SINTOMÁTICA
manifestação de periculosidade já pode ser enquadrada como tentativa, em consonância com a finalidade
preventiva da pena.

OBJETIVA, A tentativa é punida em face do perigo proporcionado ao bem jurídico tutelado pela lei penal. Sopesam-se
REALÍSTICA OU o desvalor da ação e o desvalor do resultado: a tentativa deve receber punição inferior à do crime consumado,
DUALISTA pois o bem jurídico não foi atingido integralmente.

IMPRESSÃO OU Representa um limite à teoria subjetiva, evitando o alcance desordenado dos atos preparatórios. A
OBJETIVO-
punibilidade da tentativa só é admissível quando a atuação da vontade ilícita do agente seja adequada para
SUBJETIVA
OBJETIVO- comover a confiança na vigência do ordenamento normativo e o sentimento de segurança jurídica dos que
INDIVIDUAL tenham conhecimento da conduta criminosa.

Nosso Código Penal adotou a teoria objetiva como fundamento para a punição do crime tentado conforme se observa no art.
14, parágrafo único: “pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”. (certa)
VUNESP - 2009 - TJ-MT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Com relação à tentativa, o Código Penal adota, como regra, a TEORIA OBJETIVA e aplica ao agente a pena correspondente ao
crime consumado, reduzida de um a dois terços, conforme maior ou menor tenha sido a proximidade do resultado almejado. (certa)
FUMARC - 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO

• Quanto à punição do delito na modalidade tentada, o CP adotou a teoria subjetiva. (errada) CESPE - 2009 - DPE-AL
• Relativamente à tentativa, o Código Penal brasileiro adotou a teoria subjetiva. (errada) 2010 - MPE-SP

• De acordo com a teoria objetiva-formal, há tentativa, quando o agente, de modo inequívoco, exterioriza sua conduta no sentido de praticar a
infração penal. (errada) 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA
• A teoria objetivo-formal justifica a punibilidade da tentativa tendo por base a exteriorização da vontade do autor, contrária ao direito. (errada)
2011 - MPDFT

• Quanto à punição na modalidade tentada de crime, adota-se no CP a teoria subjetiva, segundo a qual a tentativa, por produzir mal menor,
deve ser punida de forma mais branda que o crime consumado, reduzindo-se de um a dois terços a pena prevista. (errada) CESPE - 2011 - TRF -
5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• Segundo a teoria sintomática, examina-se, no que se refere à punibilidade da tentativa inidônea, se a realização da conduta do agente é a
revelação de sua periculosidade. (certa) CESPE - 2013 - MPE-RO
• A pena imposta ao conatus, de acordo com a teoria subjetiva é motivada pelo perigo a que é exposto o bem jurídico. (errada) CESPE - 2013 - MPE-
RO

• Em relação à tentativa, adota-se, no Código Penal, a teoria subjetiva, salvo na hipótese de crime de evasão mediante violência contra a
pessoa. (errada) CESPE - 2015 – DPU
• Em tema de tentativa, a frase: “o fundamento de punibilidade do delito tentado reside na periculosidade objetiva da ação capaz de produzir
um resultado delitivo” refere-se à teoria antiga do perigo. (certa) 2016 - MPE-PR
• A Teoria objetivo-individual propõe que a tentativa se iniciaria quando o autor, segundo o seu plano concreto, segundo seu plano delitivo,
atua para a concretização do tipo penal pretendido. (certa) 2019 - MPE-PR

Ex.: Austregésilo, verbalizando seu animus necandi, aponta uma arma de fogo municiada para Aristóteles. Este, todavia, consegue
entrar em luta corporal com Austregésilo, apossando-se da arma de fogo antes do acionamento do gatilho. Considerando o caso
proposto, é correto afirmar que:
pela teoria subjetiva, só haverá tentativa de homicídio se a ação foi representada pelo autor como executiva. (certa) 2017 - PC-
AC - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

74
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 381

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pela teoria objetivo-subjetiva, a conduta não saiu da esfera dos atos preparatórios, já que o não acionamento do gatilho faz
com que se pressuponha a inexistência de vontade de realização do tipo. (errada) 2017 - PC-AC - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

8.3.1 EXCEÇÃO: TEORIA SUBJETIVA


Excepcionalmente, entretanto, é aceita a teoria subjetiva, voluntarística ou monista, consagrada pela expressão “salvo disposição
em contrário”. Adota-se a teoria subjetiva/monista para os crimes de atentado ou empreendimento.
• Nos chamados crimes de atentado, a tentativa é equiparada ao crime consumado, havendo a aplicação da teoria subjetiva. (certa) FUNDEP -
2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

8.4 PENA DA TENTATIVA


Parágrafo único – Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída
de um a dois terços. CESPE - 2009 - PC-PB - DELEGADO DE POLÍCIA /
A punibilidade da tentativa é disciplinada pelo art. 14, parágrafo único. E, nesse campo, o Código Penal acolheu como regra a
teoria objetiva, realística ou dualista. A tentativa constitui uma causa geral de diminuição da pena. (certa) FCC - 2012 - MPE-AL
Nos termos do Código Penal, pune-se o crime tentado com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a
dois terços. Para o Supremo Tribunal Federal, a pena será diminuída na proporção inversa do iter criminis percorrido pelo
agente. (certa) FCC - 2018 - MPE-PB
• O percentual de diminuição de pena a ser considerado levará em conta o inter criminis percorrido pelo agente. (certa) FCC - 2009 - DPE-MT

• No que concerne ao cálculo da prescrição da pretensão punitiva, é correto afirmar que não se deve computar a diminuição da pena pela
tentativa. (errada) FCC - 2009 - TJ-GO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

“No tocante à tentativa, acertado afirmar que o cálculo da prescrição em abstrato é regulado pelo máximo da pena cominada ao
delito imputado, menos dois terços”. (errada) FCC – 2020 – TJ-MS – JUIZ SUBSTITUTO.
Obs.: Isso porque a prescrição em abstrato leva em conta a pena máxima cominada para o delito em sua forma consumada.
Logo, deve-se diminuir o mínimo possível, 1/3 no caso da tentativa.
No tocante à tentativa, acertado afirmar que não incide o respectivo redutor na fixação da quantidade de dias-multa”. (errada) FCC
– 2020 – TJ-MS – JUIZ SUBSTITUTO
Obs.: A redução da pena do crime tentado é uma imposição do legislador e incide sobre todas as penas estabelecidas para o
crime consumado, de forma que também alcança a pena de multa, que é estabelecida em dias-multa.
É aplicável o redutor mínimo de um terço para efeito de verificação de cabimento da suspensão condicional do processo”. (errada)
FCC – 2020 – TJ-MS – JUIZ SUBSTITUTO
Obs.: Há de se aplicar a fração máxima da causa de diminuição de pena (2/3).

elaborado por @fredsmcezar


8.5 CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA

O resultado naturalístico é involuntário, sendo assim seria contraditório falar em tentativa.


CULPOSOS
Exceção: A tentativa é compatível com a culpa imprópria.

PRETERDOLOSOS O resultado agravador é culposo, não desejado pelo agente.

A conduta é exteriorizada através de um único ato suficiente para a consumação. Não é


UNISSUBSISTENTES
possível a divisão do iter criminis.

O crime omissivo próprio é unissubsistente. Em uma omissão de socorro (art. 135), o


OMISSIVOS PRÓPRIOS
sujeito tem duas opções: prestar assistência (não há crime) ou deixar de prestá-la (crime).

O crime de perigo também é unissubsistente. No porte ilegal de arma de fogo, ou o agente


PERIGO ABSTRATO
porta a arma em situação irregular e o crime está consumado ou não.
CONTRAVENÇÕES PENAIS Não é possível conforme art. 4º Lei das Contravenções Penais. É juridicamente irrelevante.

Aqueles crimes cuja punibilidade está sujeita a produção de um resultado legalmente exigido,
CONDICIONADOS tal qual a participação em suicídio (art. 122). Só há punição se resultar morte ou lesão
corporal grave. Os crimes condicionados não admitem tentativa. (certa) 2010 - MPE-PB
SUBORDINADOS A CONDIÇÃO Tal como ocorre em relação aos crimes falimentares, pois se o próprio delito completo não
OBJETIVA DE PUNIBILIDADE é punível se não houver aquela condição, muito menos será a tentativa.
ATENTADO OU DE
Não há tentativa, visto que a figura tentada recebe igual pena destinada ao crime tentado.
EMPREENDIMENTO

São aqueles compostos pela reiteração de atos que demonstram um estilo de vida do agente.
HABITUAIS
Cada ato, isoladamente, representa um indiferente penal. Ex. Curandeirismo.

COMPOSTO POR CONDUTAS No caso concreto é impossível dissociar tentativa da consumação. O uso da expressão “de
qualquer modo”, na prática inviabiliza a tentativa, pois qualquer que seja a conduta do agente,
AMPLAMENTE ABRANGENTES
implicará em consumação.

São os que retratam atos preparatórios tipificados de forma autônoma. Ex. A preparação é
CRIMES-OBSTÁCULOS
punível, logo não será possível em dizer tentativa de preparação.
.
• Os crimes unissubsistentes, os crimes omissivos próprios e as contravenções penais, entre outros, não admitem a figura da tentativa. (certa)
VUNESP - 2009 - TJ-MT - JUIZ

• Não admitem tentativa os crimes habituais e de atentado, os omissivos próprios, os unissubsistentes, os culposos e os preterintencionais,
não incluídos aqueles tecnicamente qualificados pelo resultado. (certa) 2009 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Em relação aos crimes de “lavagem” ou ocultação de bens não admitem tentativa. (errada) 2011 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA
• Em se tratando de crimes omissivos impróprios, admite-se a tentativa. (certa) CESPE - 2012 - TJ-AC - JUIZ SUBSTITUTO
• Os crimes habituais, os preterdolosos, os culposos, os unissubisistentes e os omissivos próprios não admitem a tentativa. (certa) 2013 - TJ-SC
- JUIZ

• Admite-se a forma tentada no crime impropriamente culposo. (certa) FUNIVERSA - 2015 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
• O crime de cárcere privado é permanente e formal, não admitindo a tentativa. (errada) FCC - 2015 - TJ-PI - JUIZ SUBSTITUTO

• O crime de exercício ilegal da medicina, previsto no CP, por ser crime plurissubsistente, admite tentativa, desde que, iniciados os atos
executórios, o agente não consiga consumá-lo por circunstâncias alheias a sua vontade. (errada) CESPE - 2016 - PC-PE - DELEGADO DE POLÍCIA
• Crime culposo não admite tentativa. (certa) CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO – ANALISTA

• A punição da tentativa de crime culposo depende de expressa previsão legal. (errada) FCC - 2017 - DPE-SC

• Não é punível a tentativa de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores. (errada) FCC - 2019 - MPE-MT

• Não admitem a tentativa as contravenções penais, os crimes culposos, os delitos omissivos próprios, os crimes preterdolosos, os crimes de
atentado, dentre outros. (certa) 2019 - MPE-GO
• Em se tratando de crime de extorsão, não se admite tentativa. (errada) CESPE - 2021 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL

• São exemplos de crimes que não admitem a tentativa: os preterdolosos, os unissubsistentes, os omissivos próprios e os de perigo concreto.
(errada) 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

• O crime de perseguição (art. 147-A do CP) não admite tentativa. (certa) 2021 – MPDFT
• É possível a tentativa nos crimes culposos. (errada) CESPE - 2021 - MPE-AP

elaborado por @fredsmcezar


• É possível a tentativa nos crimes unissubsistentes. (errada) CESPE - 2021 - MPE-AP

• É possível a tentativa nos crimes habituais. (errada) CESPE - 2021 - MPE-AP

• É possível a tentativa nos crimes praticados com dolo eventual. (certa) CESPE - 2021 - MPE-AP

8.5.1 TENTATIVA: CRIMES UNISSUBSISTENTES E PLURISSUBSISTENTES

Os crimes unissubsistentes não admitem tentativa, haja vista não ser possível o fracionamento da
UNISSUBSISTENTES
conduta em atos. (certa) CESPE - 2019 - TJ-DFT - SERVIÇO NOTARIAL

PLURISSUBSISTENTES Admitem tentativa.


.
• O crime de uso de documento falso admite tentativa, pois não se trata de crime instantâneo. (errada) FCC - 2009 - MPE-CE

• Não se admite tentativa nos crimes preterdolosos. (certa) 2011 - MPE-PB

• Não se admite tentativa nas contravenções penais. (certa) 2011 - MPE-PB

• Nos crimes plurissubsistentes, havendo iter criminis com sucessivas condutas durante a sua execução, é admissível tanto a tentativa
perfeita, como a imperfeita. (certa) FCC - 2011 - TCE-SP – PROCURADOR
• Nos crimes unissubsistentes o processo executivo coincide temporalmente com a consumação, não se admitindo a tentativa. (certa) ESAF -
2012 – CGU

• Nos crimes unissubsistentes, o processo executivo da ação ou a omissão prevista no verbo núcleo do tipo consiste num só ato, coincidindo
este, temporalmente com a consumação. (certa) 2012 - MPE-SP
• É admissível a tentativa tanto nos crimes plurissubsistentes quanto nos crimes unissubsistentes. (errada) CESPE - 2013 - TJ-BA
• Crime unissubsistente é aquele que se consuma com a prática de um único ato, como, por exemplo, a injúria verbal; (certa) 2013 - MPE-PR

• Não se admite a tentativa, em regra, nos delitos culposos, preterdolosos, unissubsistentes, omissivos próprios, habituais próprios e nas
contravenções penais. (certa) FUNDEP - 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Em relação às fases de execução do crime, pode-se assegurar que não se admite tentativa de crime culposo. (certa) FCC - 2015 - TJ-RR - JUIZ
SUBSTITUTO

• Os crimes unissubsistentes são aqueles em que há iter criminis e o comportamento criminoso pode ser cindido. (errada) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ
SUBSTITUTO

• No tocante à tentativa, acertado afirmar que é possível nos crimes formais, se plurissubsistentes. (certa) FCC - 2020 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO

“Os crimes materiais admitem a figura da tentativa; entretanto, a tentativa é incompatível com os delitos formais, em que se
dispensa o resultado naturalístico para a consumação do delito”. (errada) CESPE - 2013 - TJ-BA
Explicação: Como regra geral, a tentativa é compatível com os crimes dolosos, sejam eles materiais, formais ou de mera conduta.
O principal aspecto a ser avaliado é se o crime é unissubsistente, isto é de ação fracionada ou não. Ex.: O crime de extorsão
mediante sequestro é um crime formal. Se o agente não consegue sequestrar a vítima e nem obtém a vantagem. Tem-se o crime
tentado.
Ex.: Everton Frühauf, ao adquirir mercadorias no Supermercado Preço Bom, pagou as compras com um cheque subtraído de
seu colega de trabalho, Renato Klein. No caixa, apresentou-se como titular da conta-corrente. Preencheu a cártula e falsificou a
assinatura de Renato. O atendente, seguindo o procedimento de rotina, chamou o supervisor para liberar a cártula, quando foram
surpreendidos com a conduta de Everton, que deixou o estabelecimento em desabalada corrida, sem levar as mercadorias, por
presumir que sua ação teria sido descoberta. No estacionamento, o segurança do estabelecimento deteve Everton e conduziu-o à
autoridade policial. Esse caso configura tentativa de estelionato. (certa) MPE-RS – 2014
“Walter, motoboy de uma farmácia, após receber de um cliente um cheque de R$ 20,00, entrega ao estabelecimento a quantia
em espécie, mantendo-se na posse do título. Em seguida, o adultera, modificando o valor original para R$ 2.000,00. De posse do
documento adulterado, vai até o banco para descontá-lo, mas o gerente, percebendo a fraude, liga para a Delegacia da área, alertando
sobre o fato. Ao perceber a chegada da viatura, Walter deixa apressadamente a instituição financeira, abandonando, no local, o título
falsificado. Nesse contexto, é correto afirmar que a conduta de Walter configura crime de estelionato, na forma tentada, pois o
delito foi interrompido por circunstâncias alheias à sua vontade”. (certa) FUNCAB - 2012 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA

elaborado por @fredsmcezar


8.5.2 “TENTATIVA” DE CONTRAVENÇÃO PENAL E FALTA GRAVE (LEP)
Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/41)
Art. 4º. Não é punível a tentativa de contravenção.
• É punível a tentativa de contravenção penal, consoante dispõe o art. 4º do Decreto-Lei n.º 3.688/41. (errada) 2009 - TJ-SC – JUIZ
• Aquele que pratica tentativa de contravenção penal deve ser punido. (errada) CESPE - 2009 - DPE-PI
• A tentativa de contravenção, mesmo que factível, não é punida. (certa) CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA
• Nos termos da Lei das Contravenções Penais, é punível a tentativa de contravenção. (errada) 2015 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA

• A tentativa de contravenção é punida na forma prevista pelo Código Penal. (errada) 2018 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA
• A Lei de Contravenções Penais infringe a proporcionalidade ao prever punição da tentativa da mesma forma que a consumação. (errada) FCC
- 2018 - DPE-MA

• É possível a tentativa nas contravenções penais. (errada) CESPE - 2021 - MPE-AP

Ex.: Em cumprimento a mandado de busca e apreensão em galpão mantido por João, Geraldo e Cleodomir − que inclusive se
encontravam em reunião no local quando da ação policial −, foram apreendidos diversos cadernos em que os três preparavam a
abertura e a contabilidade de uma central de jogos de azar, bem como panfletos de propaganda das atividades que ali se iniciariam
em uma semana, além de mais de 20 máquinas caça-níqueis. Nesse caso, a conduta dos agentes não é penalmente relevante.
(certa) FCC - 2018 - DPE-RS

LEP. Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves.


Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada. VUNESP - 2011 - TJ-SP - JUIZ
• Em se tratando de falta disciplinar, pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada. (certa) 2009 - TJ-SC – JUIZ

• A tentativa de falta disciplinar é punida com a sanção da falta consumada. (certa) 2010 - MPE-MG

• Nas faltas disciplinares (leves, médias e graves), pune-se a tentativa com a mesma sanção aplicada às faltas consumadas. (certa) 2013 - MPE-PR
• Por razões de política criminal, o ordenamento jurídico brasileiro tornou as tentativas de contravenção e falta disciplinar na execução penal
impuníveis. (errada) FCC - 2015 - DPE-SP
• Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta disciplinar consumada. (certa) VUNESP - 2017 - DPE-RO

• Sobre a disciplina na execução penal, a tentativa é impunível em razão de escolha legislativa de minoração dos efeitos criminógenos do
cárcere. (errada) FCC - 2018 - DPE-AM
• No tocante à tentativa, acertado afirmar que é impunível nos casos de contravenção penal e de falta grave no curso da execução penal.
(errada) FCC - 2020 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO

Ex.: “Héracles", cumprindo pena, na Penitenciária do Distrito Federal, pela prática de crime cometido há três anos, já com
sentença transitada em julgado, tentou se evadir, agredindo, na ocasião, um agente penitenciário com um soco, causando-lhe lesões
corporais graves, mas sendo contido e levado de volta à cela quando estava em cima do muro, prestes a pular para o lado de fora.
Héracles responde por falta disciplinar de natureza grave, ainda que a fuga não tenha sido consumada. (certa) 2015 - MPDFT

8.5.3 “TENTATIVA” DE TRÁFICO DE DROGAS


Ex.: Com o intuito de vender maconha em bairro nobre da cidade onde mora, Mário utilizou o transporte público para transportar
3 kg dessa droga. Antes de chegar ao destino, Mário foi abordado por policiais militares, que o prenderam em
flagrante. Assertiva: Nessa situação, Mário responderá por tentativa de tráfico, já que não chegou a comercializar a droga. (errada)
CESPE - 2017 - DPU

“Segundo o STJ, configura crime consumado de tráfico de drogas a conduta consistente em negociar, por telefone, a aquisição
de entorpecente e disponibilizar veículo para o seu transporte, ainda que o agente não receba a mercadoria, em decorrência de
apreensão do material pela polícia, com o auxílio de interceptação telefônica”. (certa) CESPE - 2016 - PC-PE - DELEGADO DE POLÍCIA
• O agente que, em ensejo único, prepara e mantém em depósito para vender, algumas porções de cocaína, sem autorização legal ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, mas é preso em flagrante antes da prática do ato de comércio, comete crime de tráfico
consumado. (certa) VUNESP - 2008 - TJ-SP - JUIZ
• O agente que prepara e mantém em depósito substância entorpecente com o objetivo de vendê-la responderá por tentativa de tráfico, crime
de ação múltipla se for preso em flagrante, ainda que antes da venda da mercadoria. (errada) CESPE - 2012 - TJ-AC - JUIZ SUBSTITUTO

elaborado por @fredsmcezar


8.5.4 CRIMES DE ATENTADO / CRIMES DE EMPREENDIMENTO
O art. 14, II, Parágrafo único, do Código Penal, estabelece que “salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”. Excepcionalmente, contudo, a lei penal pátria descreve
condutas cujo tipo prevê a punição da tentativa com a mesma pena abstratamente aplicável ao crime consumado. É o que
sucede, v.g., com o crime tipificado no art. 352, do Código Penal: “Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido
a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa”. Tal espécie delitiva é classificada pela doutrina como:
crime de empreendimento. (certa) FUNDEP - 2018 - MPE-MG
Nos chamados crimes de atentado, a tentativa é equiparada ao crime consumado, havendo a aplicação da teoria subjetiva. (certa)
FUNDEP - 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Não admitem tentativa os crimes de atentado ou de empreendimento. (certa) VUNESP - 2018 - PC-BA – ESCRIVÃO.
• O crime de evasão mediante violência contra a pessoa traduz hipótese de crime de empreendimento. (certa) 2010 - MPE-PB

• Pode acontecer de um crime tentado ser punido com a mesma pena do consumado. (certa) 2010 - TJ-PR - JUIZ
• São crimes de atentado aqueles em que o tipo penal incriminador não prevê a figura tentada em seu enunciado, razão pela qual, no
processamento desses crimes, se faz uso da norma de extensão referente à tentativa, disposta na parte geral do Código Penal. (errada) CESPE
- 2013 - TJ-BA - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS

• Diz-se crime de atentado aquele em que a pena da tentativa é a mesma do crime consumado. (certa) 2013 - TJ-SC - JUIZ

8.5.5 “TENTATIVA” DE ROUBO OU FURTO – APPREHENSIO / AMOTIO


SÚMULA 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave
ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

• Adota-se, em relação à consumação do crime de roubo, a teoria da apprehensio, também denominada amotio, segundo a qual é considerado
consumado o delito no momento em que o agente obtém a posse da res furtiva, ainda que não seja de forma mansa e pacífica. (certa) CESPE -
2011 - TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO

• Configura-se desistência voluntária, e não tentativa de roubo, o fato de, após descoberta a inexistência de fundos no caixa de casa comercial
alvo de ação delituosa e verificada a existência de outros objetos no estabelecimento, o agente nada levar deste ou de seus consumidores.
(errada) CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO

• No que diz respeito ao momento da consumação do crime de furto, o Supremo Tribunal Federal adota a corrente da amotio, segundo a qual
o furto se mostra consumado quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que em curto lapso temporal,
independentemente de deslocamento ou posse mansa e pacífica. (certa) 2015 - MPE-BA
• Severino, maior e capaz, subtraiu, mediante o emprego de arma de fogo, elevada quantia de dinheiro de uma senhora, quando ela saía de
uma agência bancária. Um policial que presenciou o ocorrido deu voz de prisão a Severino, que, embora tenha tentado fugir, foi preso pelo
policial após breve perseguição. Nessa situação, Severino responderá por tentativa de roubo, pois não teve a posse mansa e pacífica do
valor roubado. (errada) CESPE - 2018 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL
• A inversão da posse do bem mediante o emprego de violência não configura o crime de roubo, mas sua tentativa, se a coisa roubada for
recuperada brevemente após perseguição imediata ao agente. (errada) CESPE - 2018 - DPE-PE

Ex.1: Magrillo, contumaz praticante de crimes contra o patrimônio, decide subtrair uma quantia em dinheiro que supostamente
X traria para casa. Para tanto, convida Cabelo de Anjo, seu velho conhecido de empreitadas criminosas. Ao chegar em casa do
trabalho, X é ameaçado e, posteriormente, amarrado pelos agentes, que exigem a entrega do dinheiro, mas ao perceberem que não
havia nenhum dinheiro com a vítima, a abandonam amarrada aos pés da mesa da cozinha. Nessa hipótese, Magrillo e Cabelo de
Anjo praticaram roubo na forma tentada. (certa) UEG - 2013 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA
Ex.2: Ratão e Cara Riscada, foragidos do sistema prisional gaúcho, dirigiram-se a uma pacata cidade no interior do Estado. Lá
chegando, por volta das 11 horas, invadiram uma residência, aleatoriamente, e anunciaram o assalto à Mindinha, faxineira, que
estava sozinha na casa. Amarraram a vítima, trancando-a em um dos quartos do imóvel. Os dois permaneceram por
aproximadamente 45 minutos no local, buscando objetos e valores. Quando já estavam saindo, carregando um cofre, ouviram um
barulho, que identificaram como sendo uma sirene de viatura policial. Temendo serem presos, empreenderam fuga, sem nada levar.
Assim que percebeu o silêncio na casa, Mindinha tentou se desamarrar, porém, acabou se lesionando gravemente, ao tentar fazer
uso de uma faca, para soltar a corda que a prendia. Socorrida a vítima e acionada a Polícia Civil, restou esclarecido que a sirene
supostamente ouvida pelos assaltantes era a sineta de encerramento de aula de uma escola situada ao lado da residência. Os autores
do crime foram descobertos em seguida, já que não conheciam a cidade e acabaram chamando a atenção dos moradores. roubo
tentado majorado por concurso de agentes e restrição da liberdade da vítima. (certa) FUNDATEC - 2018 - PC-RS - DELEGADO DE POLÍCIA
Ex. 3: Se o indiciado por crime de furto entrou na residência da vítima, separou objetos numa mochila e foi preso em flagrante
por policiais, após ser encontrado dormindo escondido no porão da casa, abraçado com a res furtiva, é caso de FURTO
CONSUMADO. (certa) 2014 - MPE-MA

elaborado por @fredsmcezar


8.6 CRIMES OMISSIVOS: TENTATIVA?

OMISSIVOS Não se exige a ocorrência de resultado Há um tipificação de uma conduta omissiva (não-fazer). Ex. Omissão
PRÓPRIOS naturalístico. de socorro. Não admite tentativa.

OMISSIVOS É exigida a ocorrência de resultado Depende de uma norma de extensão. São crimes próprios que
IMPRÓPRIOS naturalístico. reclamam uma qualidade especial do agente. “Garante”.

Todo crime omissivo próprio é unissubsistente, esgota-se em um ato. Não admite tentativa.
• Configura-se a tentativa nos crimes omissivos próprios. (errada) 2010 - TJ-SC – JUIZ

• O crime de omissão de socorro (art. 135, do Código Penal) admite a tentativa. (errada) VUNESP - 2011 - TJ-RJ – JUIZ
• O crime de omissão de socorro não admite tentativa, porquanto estando a omissão tipificada na lei como tal e tratando-se de crime
unissubsistente, se o agente, sem justa causa, se omite, o crime já se consuma. (certa) CESPE - 2012 - PC-AL - DELEGADO DE POLÍCIA
• Os denominados crimes omissivos próprios admitem tentativa. (errada) 2013 - MPE-PR

Em se tratando de crimes omissivos impróprios, admite-se a tentativa. (certa) CESPE - 2012 - TJ-AC - JUIZ SUBSTITUTO
• Os crimes omissivos impróprios admitem a tentativa. (certa) 2010 - MPE-MG

• Crimes omissivos impróprios não admitem a tentativa. (errada) 2011 – MPDFT


• Crimes omissivos impróprios admitem a tentativa. (certa) 2012 - MPE-RJ

8.7 CULPA IMPRÓPRIA E TENTATIVA


A culpa é incompatível com o conatus e, por isso, não há classe de crimes culposos a que a nossa legislação penal confira
punibilidade à tentativa. (errada) 2021 - MPDFT
• O crime culposo, seja próprio ou impróprio não admite a tentativa, que se restringe aos crimes dolosos. (errada) 2009 - MPDFT

• Em relação ao crime culposo, é correto afirmar que é possível a tentativa na culpa imprópria. (certa) 2011 - MPE-SP

• Admite-se a forma tentada no crime impropriamente culposo. (certa) 2015 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
• O crime culposo, seja ele próprio ou impróprio, não admite tentativa. (errada) 2018 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

8.8 LATROCÍNIO E TENTATIVA


SÚMULA 610-STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de
bens da vítima.
.
• Para o supremo tribunal federal, é possível falar em tentativa de latrocínio quando a vítima morre, e o sujeito ativo não consegue subtrair os
seus bens. (errada) 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• Se o agente não realiza a subtração de bens, não haverá latrocínio consumado, ainda que mate a vítima. (errada) FCC - 2012 - TJ-GO - JUIZ

• No crime de latrocínio em que ocorre a morte da vítima, deve ser reconhecida a tentativa quando não efetivada a subtração patrimonial por
circunstâncias alheias à vontade do agente. (errada) 2013 - TJ-SC - JUIZ
• A jurisprudência do STF, sobre a consumação do roubo seguido de morte sem subtração da coisa, ultrapassa os limites do conceito de
consumação do Código Penal. (certa) FCC - 2015 - DPE-SP
• Responde por tentativa de latrocínio tentado o agente que não consegue subtrair a coisa alheia móvel, mas elimina a vida da vítima. (errada)
FAPEC - 2015 - MPE-MS

• Diz-se tentado CONSUMADO o latrocínio quando não se realiza plenamente a subtração da coisa, mas ocorre a morte da vítima. (errada) CESPE - 2016
- TJ-AM - JUIZ SUBSTITUTO

• Há latrocínio tentado CONSUMADO quando o homicídio se consuma, mas o agente não realiza a subtração de bens da vítima. [adaptada] (errada) FCC
- 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO

Ex.1: Após terem subtraído significativa quantia de dinheiro de um estabelecimento comercial, mediante grave ameaça,
objetivando a detenção da res furtiva e a impunidade do crime, os agentes efetuaram disparos de arma de fogo contra policiais
militares que os aguardavam na porta do estabelecimento. Embora não tenham conseguido fugir da ação policial e nem atingir
nenhum dos milicianos, os agentes atuaram com evidente animus necandi em relação aos policiais militares. Conforme o atual
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, nesse caso, ocorreu latrocínio tentado. (certa) FUNDEP - 2014 - DPE-MG
Ex.2: João invade um museu público disposto a furtar um quadro. Durante a ação, quando já estava tirando o quadro da parede,
depara-se com um vigilante. Diante da ordem imperativa para largar o quadro, e temendo ser alvejado, vulnera o vigilante com um
projétil de arma de fogo. O vigilante vem a óbito; e João, impressionado pelos acontecimentos, deixa a cena do crime sem carregar
o quadro. De acordo com o entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal Federal, praticou-se latrocínio consumado. (certa) VUNESP
- 2019 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO

elaborado por @fredsmcezar


Ex.3: Caio, desejando matar Túlio, dispara projéteis de arma de fogo contra seu desafeto. Túlio, alvejado, cai e permanece inerte
no chão enquanto Caio retira-se do local. Observando a cena, Lívio aproxima-se com intenção de despojar a vítima de seus bens e,
ao retirar o relógio, nota que Túlio esboça reação quando, então, Lívio utiliza uma pedra para acertar-lhe a cabeça. Túlio vem a óbito
e no exame cadavérico o legista atesta que a morte ocorreu por concussão cerebral. No caso, responderão Caio e Lívio,
respectivamente, por homicídio tentado e latrocínio. (certa) UEG - 2013 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA
Ex. 4: A e B, agindo em concurso e com unidade de desígnios entre si, mediante grave ameaça, exercida com o emprego de
arma de fogo, abordaram C, que reagiu após o anúncio de assalto. Ante a reação, B efetuou um disparo contra C, mas por erro na
execução, o projétil atingiu o comparsa, causando-lhe a morte. Em seguida, B pôs-se em fuga, sem realizar a subtração patrimonial
visada. Esse fato configura latrocínio consumado. (certa) VUNESP - 2013 - TJ-SP – JUIZ
Ex. 5: “A e B, imputáveis, resolvem cometer um roubo em um estabelecimento comercial na companhia do menor M, mediante
emprego de um revólver eficaz e completamente municiado. Na ocasião programada, A conduz os demais comparsas e estaciona
em local estratégico próximo ao estabelecimento comercial para facilitar a fuga e dificultar que testemunhas anotem a placa do
veículo. B e M descem do veículo, entram no estabelecimento comercial perto do horário do encerramento e anunciam o assalto. A
vítima V reage e entra em luta corporal com os agentes. Para pôr fim à briga, M efetua três disparos de arma de fogo e foge, em
seguida, na companhia de B sem nada subtrair do estabelecimento comercial. V morre em função dos disparos de arma de fogo
que lhe atingiram. B e M entram rapidamente no veículo conduzido por A, que empreende rápida fuga do local.” A responde por
latrocínio consumado em concurso formal com corrupção de menor, sem incidência da causa de diminuição de pena da
participação de menor importância. (certa) CONSULPLAN - 2018 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

8.9 TENTATIVA BRANCA (INCRUENTA) x VERMELHA (CRUENTA)

BRANCA - INCRUENTA VERMELHA - CRUENTA

O objeto material não é atingido pela conduta criminosa. O objeto material é atingido pela conduta criminosa.
Ex.: “A” efetua disparos mas não atinge a vítima. Ex.: “A”, com intenção de matar, atinge a vítima com disparos.
.
• A tentativa incruenta não é punível, pois considera-se que o agente não iniciou a fase executória do iter criminis. (errada) CESPE - 2009 - DPE-ES

• Na tentativa branca ou incruenta o agente não atinge o objeto material do delito. (certa) 2011 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA

• O STJ tem firmado entendimento de que, na tentativa incruenta de homicídio qualificado, deve-se reduzir a pena eventualmente aplicada ao
autor do fato em dois terços. (certa) CESPE - 2015 - DPE-PE
• Em se tratando de tentativa branca ou incruenta, a vítima não é atingida e não sofre ferimentos; se tratar-se de tentativa cruenta, a vítima é
atingida e é lesionada. (certa) CESPE - 2018 - DPE-PE

8.10 TENTANTIVA PERFEITA x IMPERFEITA


Uma vez reconhecido o arrependimento eficaz ou a desistência voluntária, o agente até poderá responder criminalmente pelos
atos já praticados, mas não poderá ser responsabilizado pela tentativa do resultado que visava a alcançar antes de abandonar seu
dolo inicial. (certa) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
TENTATIVA PERFEITA TENTATIVA IMPERFEITA
ACABADA OU CRIME FALHO INACABADA OU TENTATIVA PROPRIAMENTE DITA

O agente inicia a execução sem, contudo, utilizar todos os


O agente esgota todos os meios executórios que estavam à
meios que tinha a seu alcance.
sua disposição, e o crime não se consuma por circunstâncias
alheias à sua vontade. Pode ser cruente ou incruenta. Ex.: “A”, com intenção de matar “B”, sai à sua procura, portando
uma arma municiada com 6 munições. Ao encontra-lo, efetua
Ex.: “A”, com intenção de matar, dispara contra “B” todos os
três disparos, atingindo-o. Quando, contudo, iria efetuar outros
seis cartuchos do tambor do seu revólver. A vítima “A” é
disparos, é surpreendido pela Polícia e foge. A vítima é
socorrida por “B” e sobrevive.
socorrida e sobrevive.

COMPATÍVEL COM ARREPENDIMENTO EFICAZ COMPATÍVEL COM DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA

Ex. João desfere, com necandi animo, disparos de arma de fogo contra Pedro, atingindo-o no abdômen, e acredita que o
resultado morte almejado ocorrerá, por força das lesões provocadas. João deixa, por tal razão, de desferir disparos adicionais,
embora pudesse fazê-lo, mas o resultado morte não ocorre, em virtude do socorro médico recebido pela vítima. Configura-se, neste
caso, uma tentativa perfeita ou acabada. (certa) FUNDEP - 2021 - MPE-MG
• O arrependimento eficaz pode ocorrer em hipóteses de tentativa acabada, estando excluído em hipóteses de tentativa inacabada; (certa) 2012
- MPE-PR

• Segundo a sistemática do Código Penal, a desistência voluntária é compatível com a tentativa perfeita ou crime falho; (errada) 2013 - MPE-PR

elaborado por @fredsmcezar


• A desistência voluntária é compatível com a tentativa acabada INACABADA
e o arrependimento eficaz é compatível com a tentativa inacabada
ACABADA
. (errada) MPE-PR - 2017
• A desistência voluntária pode se materializar tanto em hipóteses de tentativa perfeita quanto em casos de tentativa imperfeita. (errada) FUNDEP
- 2019 - DPE-MG

• A desistência voluntária e o arrependimento eficaz podem ocorrer tanto nas hipóteses de crime falho quanto nos casos de tentativa imperfeita.
(errada) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
.
• Dá-se a ocorrência de crime falho quando o agente, por interferência externa, não consegue praticar todos os atos executórios necessários
à consumação. (errada) 2010 - MPE-SP
• Ocorre crime falho quando o agente é interrompido durante a prática dos atos de execução, sem que tenha esgotado tudo aquilo que
entendia necessário à consumação do crime. (errada) 2010 - MPE-PB
• Chama-se de crime falho a tentativa perfeita. (certa) 2011 - MPE-PB
• Diz-se “tentativa imperfeita” ou “propriamente dita”, quando o processo executório do crime é interrompido por circunstâncias alheias à
vontade do agente; (certa) 2013 - MPE-PR
• No dito “crime falho” ou “tentativa perfeita”, apesar do agente realizar toda a fase de execução do crime, o resultado não ocorre por
circunstâncias independentes de sua vontade; (certa) 2013 - MPE-PR
• Tentativa imperfeita, ou iter criminis interrompido ocorre quando, apesar de ter o agente realizado toda a fase de execução, o resultado não
é alcançado por circunstâncias alheias à sua vontade. (errada) FUNDEP - 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Após iniciada a execução de um crime e ocorrida a interrupção dessa execução por circunstâncias alheias à vontade do agente, tem-se a
chamada tentativa perfeita. (errada) VUNESP - 2014 - DPE-MS
• Crime falho é o nome dado à tentativa imperfeita. (errada) FUNCAB - 2014 - PC-RO - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
• Fala-se em tentativa imperfeita quando o agente esgota, segundo o seu entendimento, todos os meios que tinha a seu alcance, para a chegar
à consumação da infração penal, que somente não se consumou por circunstâncias alheias a sua vontade. (errada) 2014 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
• Entende-se por tentativa perfeita aquela em que o agente é interrompido durante a prática dos atos de execução, não chegando, assim, a
fazer tudo aquilo que intencionava, visando consumar o delito. (errada) 2014 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
• O crime falho, também chamado de tentativa imperfeita, ocorre quando o agente voluntariamente desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza. (errada) CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO
• Há tentativa imperfeita quando, apesar de ter o agente realizado toda a fase de execução, o resultado não ocorre por circunstâncias alheias
à sua vontade. (errada) FCC - 2015 - TJ-RR - JUIZ SUBSTITUTO
• Se o sujeito fizer tudo o que está ao seu alcance para a consumação do crime, mas o resultado não ocorrer por circunstâncias alheias a sua
vontade, configura-se crime falho. (certa) CESPE - 2018 - DPE-PE
• No crime falho ou na tentativa imperfeita, o processo de execução é integralmente realizado pelo agente e o resultado é atingido. (errada)
FUMARC - 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO

• Na tentativa perfeita (ou crime falho) o agente esgota todos os meios executórios que estavam à sua disposição, e mesmo assim não
sobrevém a consumação por circunstâncias alheias à sua vontade. (certa) 2019 - MPE-GO
• A realiza disparo de arma de fogo em região letal do corpo de B, mas sensibilizado ao vê-lo agonizando, transporta rapidamente B ao hospital,
onde este sobrevive em razão de decisiva cirurgia de emergência: A responde pelas lesões corporais então produzidas em B, porque se trata
de hipótese de tentativa inacabada. (errada) 2021 - MPE-PR

elaborado por @fredsmcezar


9. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
.

Desistência voluntária e arrependimento eficaz são formas de tentativa abandonada, assim rotulados porque a consumação do
crime não ocorre em razão da vontade do agente, que não chega ao resultado inicialmente desejado por interromper o processo
executório do delito ou, esgotada a execução, emprega diligências eficazes para impedir o resultado.
O fundamento político-criminal é o estímulo ao agente para evitar a produção do resultado de um crime cuja execução já se
iniciou, em relação ao qual lhe é perfeitamente possível alcançar a consumação.
Por esse motivo, Franz von Liszt a eles se referia como a “ponte de ouro” do Direito Penal, isto é, a forma capaz de se valer o
agente para retornar à seara da licitude. De fato, os institutos têm origem no direito premial, pelo qual o Estado concede ao
criminoso um tratamento penal mais favorável em face da voluntária não produção do resultado.75
Art. 15 - O agente que, voluntariamente,
DESISTE de prosseguir na execução [...]
OU
IMPEDE que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. VUNESP - 2012 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
A diferença entre a tentativa e a tentativa abandonada é que, no primeiro SEGUNDO caso, o agente diz “eu consigo, mas não quero”
e, no segundo PRIMEIRO, o agente diz “eu quero, mas não consigo”. (errada) CESPE - 2018 - DPE-PE
• A desistência voluntária e a tentativa abandonada ARREPENDIMENTO EFICAZ são espécies de arrependimento eficaz .
TENTATIVA ABANDONADA
(errada) CESPE -
2018 - DPE-PE

Na desistência voluntária o que ocorre é a desistência no prosseguimento dos atos executórios do crime, feita de modo
voluntário, respondendo o agente somente pelo que praticou. No arrependimento eficaz a desistência ocorre entre o término dos
atos executórios e a consumação. O agente, neste caso, já fez tudo o que podia para atingir o resultado, mas resolve interferir para
evitar a sua concretização”. (certa) 2011 - MPE-MS
A desistência voluntária consiste na interrupção da execução de um crime após o agente tê-la iniciado, enquanto que o
arrependimento eficaz consiste na ação do agente para impedir que o resultado do crime ocorra depois de estar bem mais próximo
de todo o processo executório da infração ou tê-lo percorrido integralmente. (certa) VUNESP - 2014 - DPE-MS
• A desistência voluntária e o arrependimento eficaz, espécies de tentativa abandonada ou qualificada, não exigem a espontaneidade do agente
para que possam ser reconhecidos, bastando a voluntariedade. (certa) 2009 - TJ-SC - JUIZ
• Na desistência voluntária, o agente interrompe o processo de execução do crime antes da sua consumação, e a mesma se configura apenas
quando voluntária e espontânea. (errada) 2009 – MPDFT
• O agente responderá tão-somente por tentativa de crime se ocorrer a desistência voluntária ou o arrependimento eficaz. (errada) 2010 - MPE-
MG

• Nos casos de desistência voluntária e de arrependimento posterior, o agente só responde pelos atos já praticados. (errada) 2010 - TJ-SC - JUIZ
• Para que surtam os efeitos previstos no art. 15 do CP, tanto a desistência voluntária quanto o arrependimento eficaz devem ser voluntários
e espontâneos. (errada) 2010 - MPE-SC
• Na desistência voluntária e no arrependimento eficaz não existe abandono do dolo, pois os elementos intelectual e volitivo surgem no início
do iter criminis. (errada) FUNDATEC - 2010 - PGE-RS
• O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza só responde pelos atos já praticados,
ocorrendo assim a hipótese de arrependimento posterior. (errada) 2010 - TJ-PR - JUIZ
• Quando o agente, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução do crime ou impede que o resultado se produza, ficará isento de pena.
(errada) 2011 - TJ-PR – JUIZ

• Entre a desistência voluntária e o arrependimento eficaz, em verdade, não há nenhuma diferença, porquanto em ambas as situações o que
se busca é impedir o resultado. (errada) 2011 - MPE-MS
• Quando o agente, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução do crime ou impede que o resultado se produza, ficará isento de pena.
(errada) 2011 - TJ-PR – JUIZ

• Quando o agente, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução do crime ou impede que o resultado se produza, somente responderá
pelos atos já praticados. (certa) 2011 - TJ-PR – JUIZ
• Nos casos de desistência voluntária e arrependimento eficaz, o agente não responde pela tentativa, porque o resultado deixa de ocorrer em
virtude da sua vontade. (certa) OFFICIUM - 2012 - TJ-RS - JUIZ
• Diferentemente do que ocorre no arrependimento eficaz, na desistência voluntária o agente responderá tão somente pelos atos já praticados.
(errada) 2012 - MPE-SC

• Os efeitos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz ficam condicionados à presença dos requisitos objetivos e subjetivos, aliados
à espontaneidade VOLUNTARIEDADE do comportamento do agente, evitando-se a consumação do delito. (errada) CESPE - 2012 - DPE-ES
• O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelo crime tentado.
(errada) VUNESP - 2012 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

75
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 391

elaborado por @fredsmcezar


• No que se refere à desistência voluntária e ao arrependimento eficaz, na esteira do artigo 15 do Código Penal, tem-se que na desistência
voluntária, o processo de execução do crime ainda está em curso; já no arrependimento eficaz, a execução já foi encerrada. (certa) 2014 - TJ-PR
- JUIZ SUBSTITUTO

• A desistência voluntária consiste na interrupção da execução de um crime após o agente tê-la iniciado, enquanto que o arrependimento eficaz
consiste na ação do agente para impedir que o resultado do crime ocorra depois de estar bem mais próximo de todo o processo executório
da infração ou tê-lo percorrido integralmente. (certa) VUNESP - 2014 - DPE-MS
• A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes culposos, sendo, contudo, admitidos na culpa imprópria.
(certa) FUNDEP - 2018 - MPE-MG

• No arrependimento eficaz DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, o agente interrompe a execução do crime; na desistência voluntária ARREPENDIMENTO EFICAZ
, o
resultado é impedido após o agente ter praticado todos os atos. (errada) CESPE - 2018 - DPE-PE
• A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes culposos, sendo, contudo, admitidos na culpa imprópria.
(certa) FUNDEP - 2018 - MPE-MG

• A desistência voluntária pode se materializar tanto em hipóteses de tentativa perfeita quanto em casos de tentativa imperfeita. (errada) FUNDEP
- 2019 - DPE-MG

• O arrependimento eficaz e a desistência voluntária somente são aplicáveis a delito que não tenha sido consumado. (certa) FGV - 2022 - TJ-AP - JUIZ
DE DIREITO SUBSTITUTO

9.1 NATUREZA JURÍDICA 76

CAUSA PESSOAL DE
EXTINÇÃO DE “DV” e “AE” retiram o ius puniendi estatal no tocante ao crime inicialmente desejado pelo agente. (NELSON
HUNGRIA, ANÍBAL BRUNO E ZAFFARONI)
PUNIBILIDADE

CAUSA DE EXCLUSÃO Se o agente não produziu, voluntariamente, o resultado inicialmente desejado, afasta-se a este o juízo de
DA CULPABILIDADE reprovabilidade. Responde pelo crime mais brando. (HANZ WELZEL, CLAUS ROXIN)

CAUSA DE EXCLUSÃO
DA TIPICIDADE Afasta-se a tipicidade do crime inicialmente desejado pelo agente, subsistindo apenas a tipicidade dos
(majoritária na atos já praticados. (JOSÉ FREDERICO MARQUES, FRAGOSO, DAMÁSIO DE JESUS)
Jurisprudência)

9.1.1 OBSERVAÇÕES (ANA PAULA VIEIRA)


Essa discussão tem reflexos importantes. Por exemplo, se Ana emprestar uma arma para Bia matar alguém, e Bia deixar essa
arma na gaveta e não atirar em alguém, a participação de Ana é impunível, já que depende da conduta do autor. 77
Essa conduta do autor deve ser típica e ilícita para que haja a punição do partícipe, não precisando ser culpável nem punível.
Assim, tudo o que afastar a tipicidade ou a ilicitude da conduta do autor será comunicável ao partícipe, mas o que afastar a
punibilidade não se comunica ao partícipe.
Essa é a chamada teoria da acessoriedade limitada, ou seja, a participação é acessória, mas só de uma parte da conduta do
autor. Dessa forma, para aqueles que entendem que a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são causas de atipicidade,
quando o autor desiste, essa desistência é comunicável ao partícipe, mesmo que ele não tenha desistido ou se arrependido.
Já para os que entendem que a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são causas de exclusão da punibilidade para
o autor, só o autor será beneficiado, o partícipe vai continuar respondendo por participação em tentativa de homicídio. O partícipe
para desistir precisaria desistir por ele mesmo, além disso, ao desistir precisa impedir a consumação.
• O instituto da desistência voluntária comunica-se entre autores e partícipes, de forma que, se apenas um deles desistir voluntariamente de
prosseguir na prática delituosa, todos são beneficiados da causa geral de redução de pena. (errada) CESPE - 2009 - DPE-PI
• Não se admite desistência voluntária em relação à prática de delito unissubsistente, admitindo-se arrependimento eficaz apenas com relação
à prática de crimes materiais. Para beneficiar-se dessas espécies de tentativa qualificada, que, por si sós, não beneficiam os partícipes,
o agente deve agir de forma voluntária, mas não necessariamente de forma espontânea. (certa) CESPE - 2011 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Tanto para quem considera a desistência voluntária e o arrependimento eficaz (art. 15 do CP) como causa de exclusão de
tipicidade, quanto para quem os refuta causa de exclusão de punibilidade, a chamada tentativa abandonada não se comunica ao
coautor ou partícipe que nada fez para evitar o resultado. (errada) 2021 – MPDFT

EXCLUSÃO DE TIPICIDADE COMUNICABILIDADE EXCLUSÃO DE CULPABILIDADE INCOMUNICABILIDADE

76
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 391
77
Ana Paula Vieira, Aula 05, Bloco 04, CPIuris

elaborado por @fredsmcezar


9.2 TENTATIVA QUALIFICADA 78
2014 - MPE-GO / 2015 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA / 2018 - PC-RS - DELEGADO DE POLÍCIA

A tentativa é chamada de qualificada quando contém, em seu bojo, outro delito, de menor gravidade já consumado. Diante da
desistência voluntária ou arrependimento eficaz, opera-se a exclusão da tipicidade do crime inicialmente desejado. Resta, contudo,
a responsabilidade penal pelos atos já praticados, os quais configuram um crime autônomo e já consumado.
Ex.: Fábio, homem ciumento, depois de três anos juntos, vê rompido seu namoro com Aline. Aline, mulher bela e atraente, após
o ocorrido começa a namorar Juliano. Certo dia, Fábio, ao avistar Aline e Juliano andando em uma praça, investe contra este
desferindo - lhe uma facada com a intenção de matar a vítima, mas atinge - a apenas no braço, causando - lhe uma lesão corporal.
Fábio, tendo a possibilidade de prosseguir golpeando a vítima, desiste de fazê-lo ante a súplica de Aline. Fábio responde por lesão
corporal, incorrendo no que, em doutrina, denomina-se “tentativa qualificada”. (certa) 2012 - MPE-MT
• Não se admite desistência voluntária em relação à prática de delito unissubsistente, admitindo-se arrependimento eficaz apenas com relação
à prática de crimes materiais. Para beneficiar-se dessas espécies de tentativa qualificada, que, por si sós, não beneficiam os partícipes, o
agente deve agir de forma voluntária, mas não necessariamente de forma espontânea. (certa) CESPE - 2011 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Ocorre tentativa qualificada na desistência voluntária, no arrependimento eficaz e no arrependimento posterior. (errada) CESPE - 2013 - MPE-
RO

9.3 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ x LEI DE TERRORISMO 79

Na sistemática do Código Penal, é necessário o ingresso na fase execução para reconhecer a desistência voluntária e
arrependimento eficaz. De fato, o agente deve interromper o processo executório do crime.
No caso da Lei de Terrorismo, haverá a possibilidade do agente interromper o processo preparatório. É preciso recordar que a
Lei 13.260/2016 pune os atos preparativos de forma independente. Logo, é preciso adaptar a desistência voluntária e o
arrependimento eficaz à fase de preparação, inclusive com a finalidade de seduzir o terrorista a evitar seu propósito.

78
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 395
79
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 395

elaborado por @fredsmcezar


10. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
(COMPATÍVEL COM TENTATIVA INACABADA/PROPRIAMENTE DITA)
Conforme a clássica fórmula de Frank, a desistência voluntária se caracteriza quando o responsável pela conduta diz a si próprio:
“posso prosseguir, mas não quero”.
Nos crimes omissivos impróprios, todavia, a desistência voluntária reclama uma atuação positiva, um fazer, pelo qual o autor
de um delito impede a produção do resultado. Exemplo: a mãe, desejando eliminar o pequeno filho, deixa de alimentá-lo por alguns
dias. Quando o infante está à beira da morte, a genitora muda de ideia e passa a nutri-lo, recuperando a sua saúde.80
A desistência do autor de prosseguir na execução do crime, estimulada por prévia conscientização de testemunha presencial, é
suficiente para configurar a desistência voluntária. (certa) 2012 - MPE-PR
• “De modo geral, a doutrina indica a aplicação da fórmula de Frank quando o objetivo for estabelecer a distinção entre desistência voluntária
e tentativa”. (certa) CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO – ANALISTA
• Parte da doutrina entende que a desistência voluntária deve ser também autônoma (determinada por decisão do próprio agente), pois se um
fator externo levasse o agente a desistir da execução, a situação descrita no art. 15 do Código Penal não se caracterizaria. (certa) 2021 - PC-PR -
DELEGADO DE POLÍCIA

• O reconhecimento da desistência voluntária dispensa o exame do iter criminis. (errada) FGV - 2022 - TJ-AP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Ex.: Caio, decidido a matar Denise, para a casa dela se dirigiu portando seu revólver devidamente municiado com seis projéteis.
Chegando ao local, tocou a campainha e, assim que Denise abriu a porta, contra ela disparou um tiro, que a atingiu no ombro
esquerdo. Ao ver Denise caída, Caio optou por não fazer mais disparos, guardou seu revólver e se retirou do local. Denise foi
socorrida por terceiros e sobreviveu, ficando, porém, com pouca mobilidade em seu braço esquerdo. Diante do exposto, é correto
afirmar que Caio responderá criminalmente por lesão corporal de natureza grave (houve desistência voluntária). (certa) VUNESP - 2013 -
TJ-RJ - JUIZ

A desistência voluntária não é admitida nos crimes unissubsistentes, pois, se a conduta não pode fracionada, é impossível
desistir da sua execução, que já se aperfeiçoou com a atuação do agente.
• Na desistência voluntária, o agente poderá responder pelos atos já praticados, pelo resultado ocorrido até o momento da desistência ou pela
tentativa do crime inicialmente pretendido. (errada) CESPE - 2010 - MPE-RO
• Na desistência voluntária o agente que praticou o ato responde por tentativa. (errada) 2010 - TJ-PR – JUIZ
• O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução do crime, não responde pelos atos praticados, desde que tais atos não
configurem, isoladamente, crime ou contravenção penal, sendo o caso de desistência voluntária. (certa) 2011 - DPE-AM
• Conforme o CP, a desistência voluntária é compatível com a tentativa acabada e incompatível com a tentativa inacabada ou imperfeita. (errada)
CESPE - 2012 - TJ-AC - JUIZ SUBSTITUTO

• Caracteriza situação de arrependimento eficaz DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA o caso do agente que, durante a ação, diz para si “posso prosseguir, mas
não quero” e encerra sua empreitada criminosa. (errada) CESPE - 2012 - MPE-TO
• Entende-se que o arrependimento eficaz DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA se configura quando o agente, no curso do iter criminis, podendo continuar com
os atos de execução, deixa de fazê-lo por desistir de praticar o crime. (errada) CESPE - 2013 – AGU
• Segundo a sistemática do Código Penal, a desistência voluntária é compatível com a tentativa perfeita ou crime falho; (errada) 2013 - MPE-PR

• Dá-se o arrependimento eficaz quando o agente dá início à execução de um delito e desiste de prosseguir em virtude da
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA

reação oposta pela vítima. (errada) NUCEPE - 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• Na desistência voluntária, o agente desiste de prosseguir nos atos de execução. Neste caso, tem-se a chamada ponte de ouro, que estimula
o agente a retroceder, e ele será apenas punido pela tentativa. (errada) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• A desistência voluntária permite a interrupção do nexo causal sem a consideração da vontade. (errada) FCC - 2017 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO
• Não existe desistência voluntária no caso de agente que desiste de prosseguir com os atos de execução por conselho de seu advogado, já
que ausente a voluntariedade. (errada) FUMARC - 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO

Ex.: Caio tem um desafeto a quem sempre faz ameaças de morte. O último encontro foi num bar. Caio observou que havia um
revólver com seis munições sobre uma mesa e aproveitou para concretizar o desejo de matar seu oponente. Anunciou que iria matar
seu desafeto PEDRO, efetuando um disparo na sua perna. Neste momento PEDRO suplica por sua vida. Caio, sensível ao apelo da
vítima, desiste de continuar disparando, afirma que não iria mais matar o rival e deixa a arma em cima da mesa. Em seguida, se
retira do local. Caio deve responder por lesão corporal. (certa) 2018 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
Ex.: João, com a intenção de matar, desferiu golpes de faca em seu irmão José. Antes de desferir o golpe fatal, atendendo aos
apelos de sua mãe que implorava para que poupasse a vida de José, João parou de agredir o irmão. Por insistência de sua mãe,
João socorreu José, que sobreviveu com lesões corporais que, embora tenham causado risco de vida, se regeneraram em vinte
dias. Sobre a situação hipotética, João responderá por lesões corporais graves em razão da desistência voluntária. (certa) VUNESP -
2018 - TJ-MT - JUIZ SUBSTITUTO

80
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 392

elaborado por @fredsmcezar


Ex.: Decididamente disposto a matar Tício, por erro de pontaria o astuto Caio acerta-lhe de leve raspão um disparo no braço.
Porém, assustado com o estrondo do estampido, e temendo acordar a vizinhança que o poderia prender, ao invés de descarregar
a munição restante, Caio estrategicamente decide socorrer o cândido Tício que, levado ao hospital pelo próprio algoz, acaba logo
liberado com curativo mínimo. Caio primeiramente diz, em sua autodefesa, que o tiro ocorrera por acidente, chegando ardilosamente
a indenizar de pronto todos os prejuízos materiais e morais de Tício com o fato, mas sua trama acaba definitivamente desvendada
pela límpida investigação policial que se segue. Com esses dados já indiscutíveis, mais precisamente pode-se classificar os fatos
como desistência voluntária. (certa) FCC - 2014 - DPE-PB
Ex.: Fulano de tal, decidido a matar Cicrano, carrega o seu revólver e parte em seu encalço. Localiza-o em lugar deserto e, em
perseguição, atira e o acerta apenas de raspão. Fulano consegue alcançá-lo, chega ao seu lado e, com o revólver dispondo ainda de
6 (seis) tiros, decide não disparar a arma, deixando de consumar o seu intento inicial. Fulano responderá por lesões corporais. (certa)
EJEF - 2009 - TJ-MG - JUIZ

Ex.: No crime de falsa identidade (art. 307 do CP), cujo tipo prevê uma hipótese de “dolo específico”, é possível a desistência
voluntária (art. 15 do CP) quando, apesar da realização da conduta, não se implementou a especial finalidade à qual estava orientada
a conduta. (errada) 2019 - MPE-SC
Explicação: O crime do art. 307 é formal (de consumação antecipada). Consuma-se o crime com a atribuição efetiva da falsa
identidade, independentemente de atingir o especial fim de agir. Por esta razão, impossível iniciar a execução e desistir
voluntariamente da dela.

10.1 DA VOLUNTARIEDADE DA DESISTÊNCIA


• Configura-se a desistência voluntária ainda que não tenha partido espontaneamente do agente a ideia de abandonar o propósito criminoso,
com o resultado de deixar de prosseguir na execução do crime. (certa) CESPE - 2015 – DPU
• A desistência do autor de prosseguir na execução do crime, estimulada por prévia conscientização de testemunha presencial, é suficiente
para configurar a desistência voluntária; (certa) 2012 - MPE-PR
• Se o agente desiste de continuar a prática de um delito por conselho de terceira pessoa, resta descaracterizada a desistência voluntária.
(errada) CESPE - 2009 - DPE-PI

elaborado por @fredsmcezar


11. ARREPENDIMENTO EFICAZ
(COMPATÍVEL COM TENTATIVA ACABADA, PERFEITA OU CRIME FALHO)
No arrependimento eficaz, ou resipiscência, depois de já praticados todos os atos executórios suficientes à consumação do
crime, o agente adota providências aptas a impedir a produção do resultado.
O art. 15 do Código Penal revela ser o arrependimento eficaz possível somente no tocante aos crimes materiais, pela análise da
expressão “impede que o resultado se produza”. 81
No arrependimento eficaz, é irrelevante que o agente proceda virtutis amore ou formidine poence , ou por motivos subalternos,
egoísticos, desde que não tenha sido obstado por causas exteriores independentes de sua vontade. (certa) CESPE - 2013 - POLÍCIA FEDERAL -
DELEGADO DE POLÍCIA

• O agente que impede a produção dos efeitos de sua ação faz, agindo assim, com que, o crime não se consume. Ocorre, desse modo, o
arrependimento eficaz. (certa) 2010 - TJ-PR - JUIZ
• O arrependimento eficaz pode ocorrer em hipóteses de tentativa acabada, estando excluído em hipóteses de tentativa inacabada; (certa) 2012
- MPE-PR

• O arrependimento eficaz é instituto a ser aplicado na terceira fase de aplicação da pena, não podendo ser utilizado como fundamento para a
rejeição da denúncia, por ausência de justa causa, pois não conduz à atipicidade da conduta por ausência de dolo. (certa) CESPE - 2012 - TJ-PA –
JUIZ

• Verificada a ocorrência do instituto do arrependimento posterior, a pena imposta ao agente deve ser reduzida de um a dois terços,
independentemente de o fato ter sido praticado mediante violência ou grave ameaça a pessoa. (errada) CESPE - 2012 - TJ-PA – JUIZ
• O arrependimento eficaz é incompatível com crimes formais ou de mera conduta. (certa) 2016 - MPE-GO
• O arrependimento eficaz, quando pleno, exclui a pena, e quando parcial permite a redução de um a dois terços. (errada) FCC - 2017 - TJ-SC - JUIZ
SUBSTITUTO

• É admissível a incidência do arrependimento eficaz nos crimes perpetrados com violência ou grave ameaça. (certa) CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO
– ANALISTA

• O arrependimento eficaz é causa de diminuição de pena. (errada) FCC - 2017 - DPE-PR - DEFENSOR PÚBLICO

• A desistência voluntária caracteriza verdadeira ponte de ouro ao infrator que impede a consumação do crime após o
ARREPENDIMENTO EFICAZ

término dos atos executórios, isentando-o de qualquer responsabilidade pelos danos causados. (errada) 2017 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
• O arrependimento eficaz somente se configura (é necessário) em relação à tentativa perfeita. (certa) CONSULPLAN - 2019 - MPE-SC

O arrependimento eficaz se caracteriza quando o agente com eficiência impede o resultado inicialmente almejado, não
respondendo, então, pelo crime que pretendia praticar, mas pelos atos já praticados (se por si constituírem crime). (certa) 2021 - PC-PR -
DELEGADO DE POLÍCIA

O arrependimento eficaz dá-se após a execução, mas antes da consumação do crime. (certa) FCC - 2018 - MPE-PB
Ex.: Miro, em mera discussão com Geraldo a respeito de um terreno disputado por ambos, com a intenção de matá-lo, efetuou
três golpes de martelo que atingiram seu desafeto. Imediatamente após o ocorrido, no entanto, quando encerrados os atos
executórios do delito, Miro, ao ver Geraldo desmaiado e perdendo sangue, com remorso, passou a socorrer o agredido, levando-o
ao hospital, sendo que sua postura foi fundamental para que a morte do ofendido fosse evitada, pois foi providenciada a devida
transfusão de sangue. Geraldo sofreu lesões graves, uma vez que correu perigo de vida, segundo auto de exame de corpo de
delito. Incidirá a figura do arrependimento eficaz e Miro responderá por lesões corporais graves. (certa) FCC - 2011 - DPE-RS
Ex. de Estelionato c/ arrependimento eficaz. Com a intenção de praticar um golpe, Luiz pagou diversos produtos comprados
em determinada loja com um cheque clonado pré-datado. Antes da data do vencimento do cheque, Luiz, arrependido, retornou à
loja e trocou o cheque por dinheiro em espécie, tendo quitado o débito integralmente. Houve arrependimento eficaz. (certa) CESPE -
2018 - PGE-PE

Explicação: Trata-se do crime de estelionato (art. 171), como não houve prejuízo alheio, não chegou à consumação. Sendo certo
que houve arrependimento eficaz.
Ex.: “Maria, 22 anos, aos 7 meses de gestação decide praticar um aborto em si mesma. Para tanto, pede e obtém auxílio de sua
irmã Ana, 24 anos, que adquire medicamento abortivo. Sem muita coragem, mas mantendo seu propósito inicial, Maria pede a Ana
que lhe administre a substância, de forma endovenosa, o que é feito. Quando se inicia a expulsão do feto, ambas arrependem-se da
prática, e procuram um serviço médico em busca de auxílio. O feto é expulso no hospital, mas em virtude do seu já adiantado estado
de desenvolvimento, sobrevive sem sequelas. Maria, em razão da ação do medicamento abortivo, sofre uma histerectomia. Diante
desse quadro, Maria não será punida, em virtude do arrependimento eficaz, e Ana será punida por lesão corporal gravíssima
(perda de função reprodutiva).” (certa) VUNESP - 2014 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO
Ex.: Caio é professor de educação física do Estado e dá aula de natação em um clube estadual. Ao nadar em uma das piscinas
do clube, Caio notou um defeito no ralo. Decidido a se livrar da colega de profissão, recentemente contratada para substituí-lo em
algumas aulas, ele não informa a administração do clube sobre o defeito detectado, além de alterar a potência da exaustão do ralo.
No dia seguinte, quando já finalizadas todas as aulas, ele propõe à colega a brincadeira da caça ao tesouro, que consiste em localizar

81
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 393

elaborado por @fredsmcezar


e pegar objetos no chão da piscina. Caio diz à colega que vence quem pegar maior quantidade de pedras e as despeja na piscina,
em local próximo ao ralo. Antes que a colega pudesse colocar a touca na cabeça, Caio pula na piscina. Com receio de perder a
brincadeira, ela imediatamente pula atrás. Caio vê a colega aproximar o corpo rente ao chão. Passados alguns segundos, ele percebe
que a colega mexe o corpo freneticamente. Ao mergulhar, Caio confirma que os cabelos de sua colega estão presos ao ralo,
impedindo-a de emergir. Caio, por minutos, assiste ao desespero da colega, sem nada fazer. Depois, arrependido, decide agir,
tentando, a todo custo, soltá-la do ralo. A colega, contudo, veio a óbito. Caio praticou o crime de homicídio qualificado, por motivo
torpe, não incidindo o instituto do arrependimento eficaz. (certa) VUNESP - 2019 - TJ-RO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Quando o partícipe instiga outrem a praticar um crime de homicídio, mas durante a execução do ataque tenta impedir que o
resultado se produza, mas não consegue, pode-se dizer que, consequentemente é reconhecível a participação de menor importância.
(certa) IBEG - 2016 - PROCURADOR MUNICIPAL
A realiza disparo de arma de fogo em região letal do corpo de B, mas sensibilizado ao vê-lo agonizando, transporta rapidamente
B ao hospital, onde este sobrevive em razão de decisiva cirurgia de emergência: A responde pelas lesões corporais então produzidas
em B, porque se trata de hipótese de tentativa inacabada ACABADA. (errada) 2021 - MPE-PR

elaborado por @fredsmcezar


12. ARREPENDIMENTO POSTERIOR [PONTE DE PRATA]
.

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços). 2011 - TJ-PR – JUIZ /
2011 - MPE-SP / 2014 - PC-SC - DELEGADO DE POLÍCIA

Arrependimento posterior é a causa obrigatória de diminuição da pena que ocorre quando o responsável pelo crime praticado
sem violência à pessoa ou grave ameaça, voluntariamente e até o recebimento da denúncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o
dano provocado por sua conduta.
“O arrependimento posterior tem natureza jurídica de causa de exclusão da tipicidade, desde que restituída a coisa ou reparado
o dano nos crimes praticados sem violência ou grave ameaça até o recebimento da denúncia ou queixa”. (errada) FUMARC - 2018 - PC-MG -
DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO

• O arrependimento posterior previsto no art. 16 do Código Penal constitui causa geral de diminuição da pena, incidindo na terceira etapa do
cálculo. (certa) FCC - 2009 - TJ-AP – JUIZ
• Como decorrência do reconhecimento do arrependimento posterior, ocorrerá a desclassificação da infração penal para outra menos grave.
(errada) 2009 – MPDFT

• A natureza jurídica do arrependimento posterior é causa de extinção da punibilidade. (errada) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ SUBSTITUTO
• O arrependimento posterior constitui causa geral de diminuição da pena. (certa) FCC - 2012 - MPE-AL
• O arrependimento posterior não influi no cálculo da prescrição penal. (errada) FCC - 2013 - TJ-PE – JUIZ

• O arrependimento posterior pode reduzir a pena abaixo do mínimo previsto para o crime. (certa) FCC - 2013 - TJ-PE – JUIZ
• O chamado arrependimento posterior, nos moldes previstos no Código Penal, é causa de redução de pena. (certa) 2013 - MPE-PR

O arrependimento posterior alcança qualquer crime que com ele seja compatível, e não apenas os delitos contra o patrimônio.
• O arrependimento posterior, previsto no art. 16 do Código Penal, somente tem aplicação aos delitos patrimoniais dolosos. (errada) UEG - 2008 -
PC-GO

• Não se admite a aplicação do arrependimento posterior no crime de furto qualificado pela destruição ou rompimento de obstáculo, em razão
da violência empregada pelo agente na subtração. (errada) 2010 - MPE-PB
• Não se admite a aplicação do arrependimento posterior (art. 16, CP) no crime de furto qualificado pela destruição ou rompimento de obstáculo,
em razão da violência empregada pelo agente na subtração. (errada) 2012 - MPE-SP
• Aplica-se a causa de diminuição de pena prevista no art.16 do Código Penal – arrependimento posterior – em todos os crimes patrimoniais.
(errada) NUCEPE - 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA

• O arrependimento posterior implica causa de diminuição da pena do agente, e apenas é aplicável aos crimes praticados sem violência ou
grave ameaça à pessoa. (certa) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O arrependimento posterior incide exclusivamente nos crimes contra o patrimônio e impõe a restituição espontânea e integral da coisa até
o recebimento da denúncia ou da queixa. (errada) CESPE - 2017 - DPE-AC
• O arrependimento posterior, como causa de diminuição de pena entre determinados limites, tem como pressuposto para seu reconhecimento
que o crime seja patrimonial, para atender ao requisito da reparação do dano ou da restituição da coisa. (errada) 2019 - MPE-SP
• O arrependimento posterior somente pode incidir nos crimes contra o patrimônio. (errada) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA

É o caso, por exemplo, do crime de peculato doloso, em suas diversas modalidades. Cuida-se de crime contra a Administração
Pública que admite o arrependimento posterior.
• Assim como nos demais crimes não patrimoniais em geral, os delitos contra a fé pública são incompatíveis com o instituto do arrependimento
posterior, dada a impossibilidade material de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída. (errada) FCC - 2019 - MPE-MT

Ex.: João, empregado de uma empresa terceirizada que presta serviço de vigilância a órgão da administração pública direta,
subtraiu aparelho celular de propriedade de José, servidor público que trabalha nesse órgão. Se devolver voluntariamente o celular
antes do recebimento de eventual denúncia pelo crime, João poderá ser beneficiado com redução de pena justificada por
arrependimento posterior. (certa) CESPE - 2015 - AGU

elaborado por @fredsmcezar


12.1 REQUISITOS DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR
O autor da infração, ao arrepender-se, deverá, para que sua pena seja reduzida, reparar voluntariamente danos ou restituir a
coisa subtraída, até o recebimento da queixa ou da denúncia. (certa) CESPE - 2017 - DPE-AC

• Sem violência ou grave ameaça à pessoa.


• Violência contra à coisa não exclui o benefício.
Não se admite a aplicação do arrependimento posterior (art. 16, CP) no crime de furto qualificado pela
destruição ou rompimento de obstáculo, em razão da violência empregada pelo agente na subtração. (errada)
2012 - MPE-SP
NATUREZA
• Em caso de violência culposa, é cabível, uma vez que a violência ocorreu no resultado e não na conduta.
• Violência imprópria:
Possibilidade: O CP não afastou a possibilidade expressamente.
Impossibilidade: Violência imprópria é dolosa.

• Voluntária – Deve ser feita sem coação física ou moral. Contudo, não é exigida a espontaneidade.
• Pessoal – Não pode advir de terceiros ou da atividade policial. O autor que deve proceder à restituição ou
reparação. Excepcionalmente, se o agente estiver impossibilitado (ex. hospitalizado) será possível a
REPARAÇÃO realização por terceiro representando-o.
RESTITUIÇÃO Intervenção de terceiros na reparação do dano ou na restituição da coisa, desde que ocorra antes do
julgamento, não afastará o reconhecimento de arrependimento posterior. (errada) CESPE - 2017 - DPE-AC

• Integral – A reparação/restituição parcial não se encaixa no conceito do art. 16. A análise da completude
deve caber a vítima no caso concreto.
LIMITE
• Independentemente do momento do oferecimento da denúncia, ATÉ O RECEBIMENTO é possível.
TEMPORAL
.
Haroldo convence Bruna a aplicarem um golpe no casal de noivos Marcos e Fátima, apresentando-se como organizadores de
casamento. Após receberem do casal vultosa quantia para a organização das bodas, Haroldo e Bruna mudaram de cidade e trocaram
de telefone. Percebendo que haviam sido vítimas de um golpe, Marcos e Fátima registraram os fatos na delegacia, demonstrando
interesse em ver os autores responsabilizados pelo crime de estelionato. Após o registro da ocorrência, Bruna, arrependida, por
conta própria, efetuou a devolução ao casal de parte do dinheiro que havia recebido. Considerando que houve reparação parcial do
dano Haroldo e Bruna responderão por estelionato, sem a causa de diminuição da pena pelo arrependimento posterior. (certa) FGV -
2021 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO

“Tendo a decisão impetrada consignado que a res furtiva foi apreendida por policial no momento da prisão do paciente, ante a
ausência de um dos requisitos necessários à incidência da benesse - espontaneidade na devolução - , é inadmissível minorar-
se a reprimenda ao fundamento de que houve posterior arrependimento por parte do agente”. (HC 96.140/MS, Rel. Ministro JORGE MUSSI,
QUINTA TURMA, DJe 02/02/2009)

Apesar do julgado ser antigo e terem utilizado “espontaneidade” no lugar de voluntariedade, esse julgado foi citado pela sexta
turma do STJ no julgamento do HC 438562/RR (DJe 30/05/2019) para reforçar a incompatibilidade do arrependimento posterior
c/ a prisão e flagrante.

É possível o reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do Código Penal (arrependimento posterior)
para o caso em que o agente fez o ressarcimento da dívida principal (efetuou a reparação da parte principal do dano) antes do
recebimento da denúncia, mas somente pagou os valores referentes aos juros e correção monetária durante a tramitação da
ação penal.
Nas exatas palavras do STF: “É suficiente que ocorra arrependimento, uma vez reparada parte principal do dano, até o recebimento
da inicial acusatória, sendo inviável potencializar a amplitude da restituição.” STF. 1ª Turma. HC 165312, 14/04/2020 (Info 973)

• É admissível o arrependimento posterior no crime de extorsão. (errada) FCC - 2009 - MPE-CE

• O arrependimento posterior, causa obrigatória de diminuição de pena, ocorre nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
em que o agente, voluntariamente, repara o dano ou restitui a coisa até o oferecimento RECEBIMENTO da denúncia ou queixa. (errada) 2009 - TJ-SC -
JUIZ

• É cabível o arrependimento posterior no crime de roubo. (errada) 2010 - TJ-PR – JUIZ

• No crime de roubo qualificado pelo emprego de arma de fogo, reparado o dano ou restituída a coisa até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços nos termos do art. 16 do CP - arrependimento posterior.
(errada) 2010 - MPE-SC

elaborado por @fredsmcezar


• Para que se reconheça a incidência do chamado arrependimento posterior, previsto em nossa lei penal, é indispensável que a reparação do
dano ou a restituição da coisa seja feita até o recebimento da denúncia ou da queixa. (certa) 2011 - MPE-SP
• Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (certa) 2011 - TJ-PR - JUIZ
• Tanto o arrependimento eficaz quanto o arrependimento posterior constituem causa de diminuição de pena. (errada) CESPE - 2012 - TJ-AC - JUIZ
SUBSTITUTO

• A jurisprudência admite o arrependimento posterior no delito de roubo, ainda que o réu devolva à vítima apenas parte da quantia subtraída.
(errada) CESPE - 2012 - TJ-PI – JUIZ

• Para a aplicação do arrependimento posterior, não se exige do agente espontaneidade na devolução da coisa subtraída. (certa) CESPE - 2012 -
TJ-PI - JUIZ

• Mesmo depois de encerrado o inquérito policial, com a consequente remessa à justiça, pode o agente, ainda, valer-se do arrependimento
posterior, desde que restitua a coisa ou repare o dano por ele causado à vítima até o oferecimento RECEBIMENTO da denúncia; (errada) 2012 - MPE-
GO

• O arrependimento posterior deve ocorrer até o oferecimento RECEBIMENTO da denúncia ou da queixa. (errada) FCC - 2013 - TJ-PE – JUIZ
• O CP permite a aplicação de causa de diminuição de pena quando o arrependimento posterior for voluntário, não exigindo que haja
espontaneidade no arrependimento. (certa) CESPE - 2013 – AGU
• Para a configuração do arrependimento posterior, o agente deve agir espontaneamente, e a reparação do dano ou a restituição do bem
devem ser integrais. (errada) CESPE - 2013 - MPE-RO
• O arrependimento posterior implica causa de diminuição da pena do agente, e apenas é aplicável aos crimes praticados sem violência ou
grave ameaça à pessoa. (certa) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Há arrependimento eficaz POSTERIOR quando o agente, por ato voluntário, nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
repara o dano ou restitui a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa. (errada) FCC - 2015 - TJ-RR - JUIZ SUBSTITUTO
• No arrependimento posterior, o agente busca atenuar os efeitos da sua conduta, sendo, portanto, causa geral de diminuição de pena. Deve
operar-se até o recebimento da denúncia ou queixa. (certa) VUNESP - 2015 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO
• Nos crimes previstos no Código Penal que tenham sido cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
coisa, até o oferecimento RECEBIMENTO da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços,
presente a hipótese do arrependimento posterior. (errada) FUNDATEC - 2015 - PGE-RS
• O arrependimento posterior é causa obrigatória de diminuição de pena, admitindo-se a reparação do dano ou a restituição da coisa até o
RECEBIMENTO
trânsito em julgado da ação penal. (errada) CESPE - 2017 - DPE-AC
• O arrependimento posterior ocorre após o término dos atos executórios, porém antes da consumação. Nesse caso, o sujeito responderá
pelo crime, mas sua pena será reduzida se reparados os danos causados. (errada) 2017 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
• O arrependimento posterior pode ser aplicado aos crimes cometidos com violência ou grave ameaça. (errada) CESPE - 2018 - DPE-PE

• Quando o agente, em crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa, repara voluntariamente o dano até o recebimento da denúncia,
ocorre arrependimento posterior. (certa) UEG - 2018 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA
• Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o oferecimento RECEBIMENTO da
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços). (errada) VUNESP - 2018 - TJ-SP - JUIZ
SUBSTITUTO

12.2 EXEMPLOS
Antônio, durante a madrugada, subtrai, com o emprego de chave falsa, o automóvel de Pedro. Depois de oferecida a denúncia
pela prática de crime de furto qualificado, mas antes do seu recebimento, por ato voluntário de Antônio, o automóvel furtado é
devolvido à vítima. Nesse caso, pode-se afirmar a ocorrência de arrependimento posterior. (certa) VUNESP - 2011 - TJ-SP – JUIZ
Cristiano, maior e capaz, roubou, mediante emprego de arma de fogo, a bicicleta de um adolescente, tendo-o ameaçado
gravemente. Perseguido, Cristiano foi preso, confessou o crime e voluntariamente restituiu a coisa roubada. Nessa situação, a
restituição do bem não assegura a Cristiano a redução de um a dois terços da pena, pois o crime foi cometido com grave ameaça
à pessoa. (certa) CESPE - 2018 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL
Joaquim, com o intuito de fornecer energia elétrica a seu pequeno ponto comercial situado em via pública, efetuou uma ligação
clandestina no poste de energia elétrica próximo a seu estabelecimento. Durante dois anos, ele utilizou a energia elétrica dessa
fonte, sem qualquer registro ou pagamento do real consumo. Em fiscalização, foi constatada a prática de crime, e, antes do
recebimento da denúncia, Joaquim quitou o valor da dívida apurado pela companhia de energia elétrica. Consoante a jurisprudência
do STJ, nessa situação hipotética, Joaquim praticou o crime de furto mediante fraude, cuja punibilidade não foi extinta com o
pagamento do débito, apesar de essa circunstância poder caracterizar arrependimento posterior. (certa) CESPE - 2020 - MPE-CE
Joana é funcionária pública municipal e responsável por administrar os recursos financeiros da repartição em que trabalha. Com
a ajuda de seu marido, que não é funcionário público e tem ciência de toda a empreitada, falsifica notas fiscais simulando a realização
de despesas que não foram realmente efetivadas e, a cada 15 dias, insere cerca de 3 notas fiscais “frias” na prestação de contas,
desviando em proveito próprio cerca de R$ 5 mil a cada quinzena. A ação é reiterada e prolonga-se por cerca de 12 meses. Então,
surge na repartição a notícia de que uma rigorosa comissão de auditoria financeira visitará todos os órgãos públicos, a fim de

elaborado por @fredsmcezar


identificar possíveis desvios. Joana e seu marido, temendo que suas condutas fossem descobertas, devolvem integralmente o
dinheiro ao caixa público, inclusive considerando a correção monetária, e retificam toda a contabilidade. A auditoria, entretanto,
consegue comprovar a ocorrência dos ilícitos. No que concerne à hipótese narrada, a pena aplicada a ambos quando da condenação
será calculada levando-se em conta a ocorrência de crime continuado e arrependimento posterior. (certa) VUNESP - 2014 - PGM – SP
Durante evento na loja de uma operadora de telefonia móvel, Tereza, aproveitando-se da distração dos funcionários, subtraiu
para si um aparelho celular. Ao chegar em casa, sua mãe descobriu o fato e a convenceu a comparecer à delegacia para devolver o
aparelho subtraído, o que foi por ela feito no dia seguinte. Diante dos fatos narrados, a conduta de Tereza configura: furto na forma
consumada, com a causa de diminuição pelo arrependimento posterior. (certa) FGV - 2021 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO

12.3 FUNDAMENTOS
O arrependimento posterior tem raízes em questões de política criminal, fundadas em um duplo aspecto:
1) proteção da vítima
2) fomento do arrependimento por parte do agente.
O arrependimento posterior foi criado para estimular a voluntária reparação do dano ou a restituição da coisa nos crimes não
violentos, desde que efetivada até o oferecimento RECEBIMENTO da denúncia ou da queixa. (errada) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA

12.4 COMUNICABILIDADE DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR NO CONCURSO DE PESSOAS


A reparação/restituição tem natureza objetiva. Consequentemente, comunica-se aos demais coautores e partícipes, na forma
do art. 30 CP.
• O arrependimento posterior, por ser uma circunstância subjetiva OBJETIVA, não se estende aos demais corréus, uma vez reparado o dano
integralmente por um dos autores do delito até o recebimento da denúncia. (errada) CESPE - 2015 - DPE-RN

De acordo com a doutrina, prevalece o entendimento de que em um crime praticado em concurso de agentes, a aplicação da
denominada “ponte de prata”, prevista no artigo 16 do Código Penal, quando reconhecida para um, estende-se aos seus
comparsas. (certa) FUNDATEC - 2018 - PC-RS - DELEGADO DE POLÍCIA
O arrependimento posterior (art. 16 do CP), por possuir natureza objetiva, deve ser estendido aos corréus.82 REsp 1187976/SP, DJe
26/11/2013

12.5 CRITÉRIO PARA REDUÇÃO DA PENA


A causa de diminuição do Art. 16 do Código Penal, referente ao arrependimento posterior, somente tem aplicação se houver a
integral reparação do dano ou a restituição da coisa antes do recebimento da denúncia, variando o índice de redução da pena em
função da maior ou menor celeridade no ressarcimento do prejuízo à vítima. (certa) FGV - 2022 - MPE-GO
No cálculo da pena, o juiz deverá considerar o arrependimento posterior na terceira fase da dosimetria da pena. (certa) FCC - 2015 -
TJ-PE - JUIZ SUBSTITUTO

• O arrependimento posterior devem ser considerados na 2ª fase. (errada) 2017 - MPE-PR


• No cálculo da pena, o arrependimento posterior como circunstância atenuante CAUSA DE DIMINUIÇÃO incide na segunda TERCEIRA
fase do cálculo,
mas não pode conduzir a pena abaixo do mínimo legal. (errada) FCC - 2021 - TJ-GO - JUIZ SUBSTITUTO

O Código Penal prevê de forma expressa que o quantum de diminuição do arrependimento posterior irá variar de acordo com o
momento em que o agente realizar o ressarcimento. Assim, caso o ressarcimento ocorra nas primeiras 24 horas após o crime, o
agente fará jus a uma diminuição de 2/3 da pena. (errada) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
A redução das penas dentro dos parâmetros legais deve ser calculada com base na celeridade e voluntariedade da
reparação/restituição. Quanto mais rápida e mais verdadeira, maior será a diminuição da pena, por exemplo.

12.6 RECUSA DO OFENDIDO EM ACEITAR A REPARAÇÃO / RESTITUIÇÃO


Se a vítima se recusar a receber a reparação e restituição, o agente não pode ser privado da diminuição da pena se preencher
os requisitos.

12.7 ARREPENDIMENTO POSTERIOR EM CRIMES AMBIENTAIS


Tratando-se de crimes ambientais, previstos na Lei n.º 9.605/98, o arrependimento posterior do infrator, manifestado pela
espontânea reparação do dano, constitui causa extintiva da punibilidade, pois o objetivo fundamental daquela lei é preservar o meio
ambiente. (errada) 2009 - TJ-SC – JUIZ
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano,
ou limitação significativa da degradação ambiental causada;

82
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O arrependimento posterior (art. 16 do CP), por possuir natureza objetiva, deve ser estendido aos corréus. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/e6d8545daa42d5ced125a4bf747b3688>. Acesso em: 14/02/2022

elaborado por @fredsmcezar


12.8 PECULATO E A REPARAÇÃO DO DANO
As regras do peculato culposo são especiais e afastam as regras gerais do art. 16 do CP.

ANTES DA SENTENÇA
Extingue a punibilidade (art. 312, §3º, 1ª parte)
IRRECORRÍVEL
CULPOSO
APÓS A SENTENÇA
REPARAÇÃO Causa de diminuição da pena (art. 312, §3º, 2ª parte)
IRRECORRÍVEL
DO DANO NO
CRIME DE
ANTES DO RECEB. DA
PECULATO Diminuição da pena de 1/3 a 2/3
DENÚNCIA
DOLOSO
APÓS O RECEB. DA
Atenuante genérica (art. 65, III, b)
DENÚNCIA

.
• Na hipótese de peculato culposo, a reparação do dano, se precedente à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade. (certa) CESPE - 2009 - DPE-
AL

• No crime de peculato culposo, a reparação do dano antes do trânsito em julgado da sentença, deve ser considerada como causa de extinção
de punibilidade. (certa) FUMARC - 2009 - DPE-MG
• A reparação do dano, antes da sentença irrecorrível, extingue a punibilidade do crime de peculato culposo. (certa) 2010 - MPE-SC

• Em todas as modalidades de peculato doloso, o sujeito ativo pode ser beneficiado com o instituto do arrependimento posterior, se,
voluntariamente, reparar o dano até o oferecimento da denúncia, hipótese em que terá sua pena reduzida no patamar de um a dois terços.
(errada) 2011 - MPE-PB

• Sobre o crime de peculato culposo tipificado no Código Penal, a reparação do dano sempre extingue a punibilidade. (errada) 2012 - MPE-MT

• Sobre o crime de peculato culposo tipificado no Código Penal, a reparação do dano somente extingue a punibilidade se precede à sentença
irrecorrível. (certa) 2012 - MPE-MT
• Assinale a hipótese que configura arrependimento posterior (CP, art. 16): Autor de peculato doloso que no momento de sua prisão em
flagrante devolve, voluntariamente, os bens móveis de que se havia apropriado. (certa) VUNESP - 2012 - TJ-RJ - JUIZ
• O crime de peculato admite a modalidade culposa (art. 312, parágrafo 2º do Código Penal). Na modalidade culposa do peculato, a reparação
do dano, caso preceda à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz-se pela metade a pena imposta. (certa) FUNDEP
- 2014 - PROCURADOR MUNICIPAL

• Caso o denunciado por peculato culposo opte, antes do pronunciamento da sentença, por reparar o dano a que deu causa, sua punibilidade
será extinta. (certa) CESPE - 2014 - PGE-BA
• O crime de peculato, disposto no Código Penal Brasileiro, possui apenas modalidades dolosas. Não há em nenhuma das modalidades
previsão para extinção da punibilidade em caso de ocorrer a reparação do dano pelo funcionário público antes do recebimento da denúncia,
entretanto, cabe-lhe, em tendo reparado o prejuízo de forma voluntária, o direito ao instituto do arrependimento posterior. (errada) 2014 - MPE-
SC

• No peculato culposo a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, reduz de metade a pena imposta. (errada) VUNESP - 2016 -
PROCURADOR DO MUNICÍPIO

• No peculato doloso CULPOSO a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade. (errada) VUNESP - 2016 - PROCURADOR
DO MUNICÍPIO

• O funcionário público que concorre culposamente para o crime de peculato cometido por outrem, reparando o dano após a sentença
condenatória de primeiro grau, porém durante o trâmite da apelação, tem direito à extinção da punibilidade. (certa) 2018 - MPE-MS
• No crime de peculato culposo, previsto no artigo 312, parágrafo 3º do Código Penal, o arrependimento posterior não pode dar causa à
extinção da punibilidade do agente. (errada) 2018 - PC-RS - DELEGADO DE POLÍCIA

12.9 JECRIM E COMPOSIÇÃO CIVIL DOS DANOS


A composição civil dos danos civis entre o autor do fato e o ofendido, em se tratando de crimes de ação penal privada ou ação
penal pública condicionada à representação, acarreta a renúncia ao direito de queixa ou de representação, com a consequente
extinção da punibilidade.
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia
de título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo
homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.

elaborado por @fredsmcezar


12.10 APROPRIAÇAÕ INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA (art. 168-A)
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou
convencional:
§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições,
importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do
início da ação fiscal.
Ex.: Tarcísio, presidente de uma organização não governamental, deixou de repassar à previdência social as contribuições
recolhidas dos empregados dessa associação no prazo e na forma legal e convencional. Nessa situação, caso tenha agido com dolo
específico, ou seja, com intuito deliberado de fraudar a previdência social, Tarcísio terá cometido delito de apropriação indébita
previdenciária. (errada) CESPE - 2015 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
• Nos crimes de apropriação indébita previdenciária, assegura a lei, de forma expressa, a incidência da causa extintiva da punibilidade se o
agente, espontaneamente, declarar e confessar [pagar] as contribuições, importâncias ou valores e prestar as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O dolo exigido é o genérico, de modo que a omissão, por si, é apta a configurar o delito, que prescinde da fraude material e do animus rem
sibi habendi para a sua caracterização. (certa) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Para a consumação desse crime, exige-se a omissão de repasse das contribuições recolhidas à previdência social acrescida do ânimo de
assenhorar-se daquelas contribuições, sendo o tipo penal apropriação indébita previdenciária uma modalidade de apropriação indébita. (errada)
CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

• Em relação a esse crime, a legislação penal prevê causa especial de extinção da punibilidade, subordinada ao cumprimento de alguns
requisitos pelo agente de forma espontânea, mesmo que já tenha sido iniciada a ação fiscal. (errada) CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
SUBSTITUTO

• No crime de estelionato contra a previdência social, a devolução da vantagem indevida antes do recebimento da denúncia, somente pode
ser considerado como arrependimento posterior. (certa) FCC - 2017 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO
• Admite-se a aplicação do perdão judicial (Código Penal, art. 107, IX), de acordo com os demais requisitos legais descritos no respectivo tipo
penal, no caso do cometimento do crime de apropriação indébita previdenciária (Código Penal, art. 168-A). (certa) VUNESP - 2018 - PROCURADOR
DO MUNICÍPIO

12.11 PAGAMENTO DE TRIBUTO APÓS RECEBIMENTO DA DENÚNCIA (REGRA ESPECIAL)


Quando o acusado de suprimir o pagamento de tributo devido (em conduta típica descrita no art. 1º da Lei no 8.137/90) realiza,
posteriormente ao recebimento da denúncia, o pagamento integral das exações respectivas, ocorre a extinção da punibilidade.
(certa) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

12.12 SÚMULA 554 STF – CHEQUE “SEM FUNDO”


SÚMULA 554-STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, NÃO OBSTA ao
prosseguimento da ação penal.
VUNESP - 2012 - TJ-RJ – JUIZ / FCC - 2014 - MPE-PA / 2015 - DPE-PA
.
• O pagamento do cheque antes do recebimento da denúncia, nos termos da súmula 554 do STF, tem força para obstruir a ação penal. (certa)
2012 - MPE-GO

• O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, antes do recebimento da denúncia, não obsta a propositura da ação penal. (errada)
VUNESP - 2018 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO

12.13 JURISPRUDÊNCIA SOBRE ARREPENDIMENTO POSTERIOR


• Assim, uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito, a causa de diminuição de pena do arrependimento posterior,
prevista no art. 16 do CP, estende-se aos demais coautores. STJ. 6ª Turma. REsp 1.187.976-SP, 7/11/2013 (Info 531).

• Inaplicabilidade do arrependimento posterior ao crime de moeda falsa. STJ. 6ª Turma. REsp 1242294-PR, 18/11/2014 (Info 554).

• Inaplicabilidade do arrependimento posterior ao crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor. STJ. 6ª Turma. AgRg-HC 510.052-
RJ, 17/12/2019, DJE 04/02/2020.

O crime de moeda falsa é incompatível com o instituto do arrependimento posterior. (certa) CESPE - 2021 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE
POLÍCIA FEDERAL

Apesar de parcela da doutrina entender que o reconhecimento do arrependimento posterior exige a integral reparação dos
prejuízos causados pelo crime, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou, em decisão sobre o tema, que para a incidência do
instituto basta que o agente realize o ressarcimento do valor principal até o recebimento da denúncia, ainda que o pagamento dos
juros e da correção monetária do prejuízo causado pelo crime se dê em momento posterior. (certa) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA

É possível o reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do Código Penal (arrependimento posterior)
para o caso em que o agente fez o ressarcimento da dívida principal (efetuou a reparação da parte principal do dano) antes do

elaborado por @fredsmcezar


recebimento da denúncia, mas somente pagou os valores referentes aos juros e correção monetária durante a tramitação da
ação penal. STF. 1ª Turma. HC 165312, 14/04/2020 (Info 973)

elaborado por @fredsmcezar


13. CRIMES IMPOSSÍVEL
.

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio OU por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o crime.
O crime impossível tem natureza de exclusão da tipicidade. Trata-se de fato atípico. Também conhecido como “tentativa
inadequada”, tentativa inidônea, impossível, irreal, supersticiosa ou “crime oco”.
• A denominada “tentativa inidônea”, ocorre quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o crime. (certa) 2013 - MPE-PR
• Conforme a redação do Código Penal, o crime impossível é tentativa impunível. (certa) FCC - 2017 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO

• O que a doutrina denomina crime oco, nada mais é do que o crime impossível, também conhecido como quase crime, reconhecido pelo
artigo 17 do Código Penal. (certa) FUNDATEC - 2018 - PC-RS - DELEGADO DE POLÍCIA

Ex.: Considere que Pedro, penalmente imputável, pretendendo matar Rafael, seu desafeto, aponta em sua direção uma arma de
fogo e aperta o gatilho por diversas vezes, não ocorrendo nenhum disparo em razão de defeito estrutural da arma que, de forma
absoluta, impede o seu funcionamento. Nessa situação, Pedro será punido pela tentativa delituosa, porquanto agiu com manifesta
vontade de matar José. (errada) CESPE - 2012 - PC-AL - DELEGADO DE POLÍCIA
Ex.: A inequívoca e categórica inaptidão do meio empregado pelo agente para a obtenção do resultado chama à aplicação a
forma tentada do delito. (errada) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O crime impossível é causa de isenção de pena ATIPICIDADE. (errada) 2009 - TJ-SC - JUIZ
• O uso de documento falso que é perceptível à primeira vista porque se trata de uma falsificação grosseira constitui crime impossível. (certa)
FGV - 2009 - TJ-PA – JUIZ

• A conduta da gestante que, no intuito de provocar aborto, ingere substância que acredita ser abortiva, mas que não tem esse efeito, caracteriza
crime impossível por absoluta impropriedade do objeto MEIO. (errada) CESPE - 2010 - MPE-RO
• O crime impossível é causa legal de exclusão da ilicitude TIPICIDADE, ocorrendo quando o agente, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, não consegue consumar o crime. (errada) FCC - 2011 - DPE-RS
• Para configuração do crime impossível exige-se a impropriedade absoluta do objeto e OU também a ineficácia absoluta do meio. (errada) 2012 -
MPE-SC

• O fundamento para a isenção de pena na tentativa inidônea é a ausência de perigo objetivo de lesão ao bem jurídico protegido no tipo. (certa)
2012 - MPE-PR

• Caso a consumação do crime seja impedida por impropriedade relativa do objeto, a tentativa será impunível. (errada) CESPE - 2012 - TJ-AC - JUIZ
SUBSTITUTO

• A denominada “tentativa inidônea”, ocorre quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o crime. (certa) 2013 - MPE-PR
• A caracterização de crime impossível impede a aplicação da pena, mas autoriza a imposição de medida de segurança se o agente se encontrava
sob influência de transtorno mental que lhe suprimiu a culpabilidade. (errada) 2013 - MPDFT
• Configura-se crime impossível, que enseja a exclusão da ilicitude TIPICIDADE, a conduta de tomar remédios para abortar, se, posteriormente,
ficar comprovado que a autora nunca esteve grávida. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ
• O crime impossível extingue a punibilidade TIPICIDADE. (errada) FCC - 2013 - DPE-AM
• O crime impossível constitui causa de exclusão da tipicidade. (certa) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• A figura do crime impossível prevista no art. 17 do Código Penal retrata hipótese de ATIPICIDADE fato típico, mas inculpável. (errada) FCC - 2014 -
DPE-RS

• A ineficácia absoluta do meio empregado e a impropriedade absoluta do objeto material ensejam a caracterização do crime impossível, que
é causa de exclusão da ilicitude TIPICIDADE. (errada) 2015 – MPDFT
• A tentativa inidônea é impunível, por ineficácia absoluta do meio ou impropriedade absoluta do objeto, mas o denominado delito de alucinação,
que contempla situações de erro de proibição ao contrário, admite hipóteses de punição. (errada) 2017 - MPE-PR
• O crime impossível demanda o início dos atos executórios do crime pelo agente, eximindo-o de responsabilidade penal pelo crime almejado,
respondendo, todavia, pelos atos anteriores que forem considerados ilícitos. (certa) FAPEMS - 2017 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
• Não se pune a tentativa quando, por ineficácia relativa do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
(errada) 2018 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

• Demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de fogo para o disparo, é atípica a conduta de portar ou de possuir arma de fogo, diante
da ausência de afetação do bem jurídico incolumidade pública, tratando-se de crime impossível pela ineficácia absoluta do meio. (certa) FUNDEP
- 2019 - DPE-MG

• Constitui crime impossível a prática de conduta delituosa induzida por terceiro que assegure a impossibilidade fática da consumação do delito.
(certa) CESPE - 2019 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO

• Em relação à tipicidade penal, correto afirmar que é afastada nas hipóteses de crime impossível e arrependimento posterior. (errada) FCC - 2020
- TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO

elaborado por @fredsmcezar


13.1 TEORIAS
O artigo 17 do CP versa sobre crime impossível, que, no direito penal brasileiro, é tratado sob o amparo da teoria objetiva
temperada, exigindo a ineficácia absoluta dos meios ou impropriedade absoluta do objeto. (certa) 2010 - MPE-BA
Em relação à punição do fato que caracteriza crime impossível, o CP adotou a teoria subjetiva OBJETIVA TEMPERADA. (errada) CESPE - 2009 -
DPE-PI

Em que pese as discussões doutrinárias, pode-se dizer em relação ao crime impossível, artigo 17 do Código Penal, que o
legislador brasileiro adotou a teoria objetiva temperada, na qual somente são puníveis os atos praticados pelo agente, quando os
meios e os objetos são relativamente ABSOLUTAMENTE eficazes ou impróprios, isto é, quando há alguma possibilidade de o agente
alcançar o resultado pretendido. (errada) PUC-PR - 2014 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO

O Direito Penal somente pode proibir condutas lesivas a bens jurídicos, devendo-se
preocupar apenas os resultados produzidos no mundo fenomênico. Por tanto, se a
PURA
conduta é incapaz, por qualquer razão, de provocar a lesão, o fato há de permanecer
OBJETIVA impune.
TEMPERADA
Para a configuração do crime impossível, os meios empregados e o objeto do crime
INTERERMEDIÁRIA
devem ser absolutamente inidôneos a produzir o resultado. (adotada pelo CP)
*(ADOTADA CP)
Leva em conta a intenção do agente, manifestada por sua conduta, pouco importando os meios por ele
SUBJETIVA empregados ou o objeto. Assim, a inidoneidade pode ser absoluta ou relativa, havendo tentativa, pois o que
vale é a intenção do agente.

Preocupa-se com a periculosidade do autor, e não com o fato praticado. A tentativa e o crime impossível
SINTOMÁTICA
são manifestações exteriores de uma personalidade temerária do agente.
.
• Em relação à punição do fato que caracteriza crime impossível, o CP adotou a teoria subjetiva. (errada) CESPE - 2009 - DPE-PI
• Em relação à punibilidade do chamado crime impossível, adota-se no CP a teoria sintomática, segundo a qual só haverá crime impossível
quando a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto jurídico forem absolutas; sendo elas relativas, fica caracterizada a tentativa. (errada)
CESPE - 2011 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• O artigo 17 do CP versa sobre crime impossível, que, no direito penal brasileiro, é tratado sob o amparo da teoria objetiva temperada,
exigindo a ineficácia absoluta dos meios ou impropriedade absoluta do objeto. (certa) 2010 - MPE-BA
• Segundo a teoria sintomática, examina-se, no que se refere à punibilidade da tentativa inidônea, se a realização da conduta do agente é a
revelação de sua periculosidade. (certa) CESPE - 2013 - MPE-RO
• No quase crime, segundo a teoria objetiva temperada, absoluta ou relativa, inexiste objeto jurídico em perigo de lesão, não havendo conduta
punível. (errada) CESPE - 2013 - MPE-RO

Ex.: Jonas descobriu, na mesma semana, que era portador de doença venérea grave e que sua esposa, Priscila, planejava pedir
o divórcio. Inconformado com a intenção da companheira, Jonas manteve relações sexuais com ela, com o objetivo de lhe transmitir
a doença. Ao descobrir o propósito de Jonas, Priscila foi à delegacia e relatou o ocorrido. No curso da apuração preliminar, constatou-
se que ela já estava contaminada da mesma moléstia desde antes da conduta de Jonas, fato que ela desconhecia. Nessa situação
hipotética, considerando-se as normas relativas a crimes contra a pessoa, a conduta perpetrada por Jonas constitui crime
impossível, em razão do contágio anterior. (certa) CESPE - 2017 - DPE-AL

13.2 ESPÉCIES DE CRIME IMPOSSÍVEL

CRIME IMPOSSÍVEL A palavra “meio” se refere ao meio de execução do crime. Isto é, o meio utilizado pelo agente é
POR INEFICÁCIA essencialmente ou de natureza incapaz de produzir o resultado, por mais que seja reiterado o seu
ABSOLUTA DO MEIO emprego. Ex.: Chá c/ açúcar no lugar do veneno.

Objeto, para o CP, é objeto material, compreendido como a pessoa ou a coisa. Objeto material
CRIME IMPOSSÍVEL
absolutamente impróprio é aquele inexistente antes do início da prática da conduta ou ainda quando,
POR IMPROPRIEDADE
nas circunstâncias em que se encontram torna impossível a sua consumação. Ex. Tentativa de matar
ABSOLUTA DO OBJETO
uma pessoa que já está morta, ou se procurar abortar o feto de mulher que não está grávida.

A conduta da gestante que, no intuito de provocar aborto, ingere substância que acredita ser abortiva, mas que não tem esse
efeito, caracteriza crime impossível por absoluta impropriedade do objeto MEIO. (errada) CESPE - 2010 - MPE-RO
Ex.: Há absoluta ineficácia do meio na situação de Ticio que ao tentar matar Caio errou ao substituir o veneno que utilizaria por
açúcar. (certa) 2018 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

elaborado por @fredsmcezar


Ex.: Há absoluta impropriedade do objeto no caso de Ticio atirar em Caio que já estava morto. (certa) 2018 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
CIVIL

Ex.: Há absoluta impropriedade do meio OBJETO no caso de MARIA, imaginando estar grávida, usa substância abortiva, mas
constata-se que MARIA não estava grávida. (errada) 2018 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
Ex.: O crime impossível pela impossibilidade absoluta do meio OBJETO ocorre quando o objeto não pode sofrer a ação típica, como
no caso de alguém que atira da janela uma pessoa que já estava morta. (errada) FCC - 2021 - DPE-GO
Ex.: O autor A ministra analgésicos a B, mulher grávida, na tentativa de causar-lhe aborto: trata-se de hipótese de crime
impossível, na modalidade de absoluta impropriedade do objeto MEIO. (errada) 2021 - MPE-PR

13.3 MOMENTO ADEQUADO PARA A AFERIÇÃO DA INIDONEIDADE


A ineficácia do meio e a impropriedade absoluta do objeto devem ser analisadas depois da prática da conduta. A regra não pode
ser estabelecida em abstrato. Deve-se privilegiar a aferição ex post.

13.4 ASPECTOS PROCESSUAIS


A comprovação do crime impossível acarreta na ausência de tipicidade do fato. Sendo assim, deve o MP requerer o arquivamento
do inquérito policial. Se não o fizer, oferecendo a denúncia, esta deverá ser rejeitada com fulcro no art. 395, III do CPP, visto que
o fato evidentemente não constitui crime, faltando condição para o exercício da ação penal.
CPP. Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

13.5 CRIME PUTATIVO x CRIME IMPOSSÍVEL

CRIME PUTATIVO Realiza um indiferente penal.

CRIME IMPOSSÍVEL Não consegue fazê-lo por absoluta ineficácia do meio ou impropriedade do objeto.

No crime putativo, a atipicidade é objetiva e subjetiva. No crime impossível, há atipicidade objetiva e tipicidade subjetiva. (certa)
2017 - MPE-RS

No delito putativo, o agente crê haver efetuado uma ação delituosa que existe somente em sua imaginação, ou seja, ele julga
punível um fato que não merece castigo. No delito impossível, o agente crê atuar de modo a ocasionar um resultado que, pelo
contrário, não pode ocorrer, ou porque falta o objeto, ou porque a conduta não foi de todo idônea. (certa) CESPE - 2012 - MPE-TO
Na hipótese de tentativa irreal ou supersticiosa, o agente não responde pelo crime pretendido porque sua intenção não basta
para ofender o bem jurídico visado, sendo a tentativa impunível e, conforme o caso, o crime impossível ou o delito putativo. (certa)
CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• No crime putativo imagina o agente proibida uma conduta que em verdade lhe é permitida, não cabendo punição. (certa) 2009 - TRF - 4ª REGIÃO -
JUIZ FEDERAL

• O crime impossível caracteriza-se pela ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, não ocorrendo a consumação
do crime; nesse delito, considerado putativo pela doutrina, o agente acredita estar agindo ilicitamente, quando, na verdade, não está. (errada)
CESPE - 2012 - DPE-ES [não são expressões sinônimas]

Se um agente público exigir vantagem econômica indevida de um cidadão, a fim de não lavrar auto de infração de trânsito e as
autoridades policiais, previamente alertadas, efetuarem a prisão em flagrante do agente antes da entrega programada da quantia
acertada, configurar-se-á crime impossível por ineficácia absoluta do meio empregado. (errada) CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO

13.6 ESPÉCIES DE CRIMES PUTATIVOS

O autor acredita ofender uma lei penal incriminadora que efetivamente existe,
CRIME PUTATIVO POR ERRO DE TIPO
mas à sua conduta falta elementos da conduta típica.

CRIME PUTATIVO POR ERRO DE PROIBIÇÃO


O agente supõe violar uma lei penal que não existe.
(ALUCINAÇÃO/LOUCURA)

CRIME PUTATIVO POR OBRA DO AGENTE Alguém, insidiosamente, induz outra pessoa ao cometimento de uma conduta
PROVOCADOR / FLAGRANTE PROVOCADO criminosa e, simultaneamente, adota medidas para impedir a consumação.

Ex.: Ocorre delito putativo por erro de proibição quando o agente supõe estar infringindo uma norma penal que na realidade não
existe. Já no delito putativo por erro de tipo o agente se equivoca quanto a existência das elementares do tipo. Um exemplo do
primeiro SEGUNDO poderia ser o da mulher que supondo estar grávida (quando não está na verdade) ingere substância abortiva; (errada)
2014 - MPE-MA

elaborado por @fredsmcezar


• Crime putativo por erro de tipo PROIBIÇÃO pressupõe a suposição errônea do agente sobre a existência da norma penal. (errada) 2010 - MPE-SP

• O delito putativo por erro de tipo é espécie de crime impossível, dada a impropriedade absoluta do objeto, e ocorre quando o agente não
sabe, devido a um erro de apreciação da realidade, que está cometendo um delito. (errada) CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO
• o delito de alucinação IMPOSSÍVEL, também conhecido como delito putativo, pode ser definido como um erro de tipo ao contrário: o sujeito
supõe a existência de elementar típica, que inexiste na situação concreta; o delito impossível DE ALUCINAÇÃO, por sua vez, pode ser definido como
um erro de proibição ao contrário: o sujeito supõe a proibição de uma conduta, que na realidade é um indiferente penal; (errada) 2011 - MPE-PR

13.7 SISTEMA DE VIGILÂNCIA


De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o monitoramento por câmeras de vigilância e por sistema de
alarmes ou mesmo a existência de seguranças no estabelecimento tornam impossível a consumação do furto, incidindo, assim, a
regra do art. 17 do Código Penal. (errada) 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
SÚMULA 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de
estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.
CESPE - 2009 - DPE-PI / CESPE - 2010 – DPU / CESPE - 2011 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / CESPE - 2012 - DPE-RO / FAPEMS - 2017 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA / 2017 - MPE-RS / CESPE - 2017 -
TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO / CESPE - 2018 - TJ-CE - JUIZ SUBSTITUTO / 2018 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA / CESPE - 2018 - DPE-PE / 2018 - MPE-MS / FCC - 2019 - MPE-MT / CESPE - 2019 - TJ-BA - JUIZ
DE DIREITO SUBSTITUTO / FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO / CESPE - 2021 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL

Ex.: Sílvio, maior e capaz, entrou em uma loja que vende aparelhos celulares, com o propósito de furtar algum aparelho. A loja possui sistema
de vigilância eletrônica que monitora as ações das pessoas, além de diversos agentes de segurança. Sílvio colocou um aparelho no bolso e, ao
tentar sair do local, um dos seguranças o deteve e chamou a polícia. Nessa situação, está configurado o crime impossível por ineficácia absoluta
do meio, uma vez que não havia qualquer chance de Sílvio furtar o objeto sem que fosse notado. (errada) CESPE - 2018 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE
POLÍCIA FEDERAL

Ex.: No interior de um estabelecimento comercial, João colocou em sua mochila diversos equipamentos eletrônicos, com a intenção de subtraí-
los para si. Após conseguir sair do estabelecimento sem pagar pelos produtos, João foi detido, ainda nas proximidades do local, por agentes de
segurança que visualizaram trechos de sua ação pelo sistema de câmeras de vigilância. Os produtos em poder de João foram recuperados e
avaliados em R$ 1.200. Nessa situação hipotética, caracterizou-se a prática de crime de furto. (certa) CESPE - 2018 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
O crime impossível pode ocorrer em caso de furto em estabelecimento comercial se a vigilância concretamente tornar impossível a
consumação do delito. (certa) FCC - 2021 - DPE-GO
Explicação: Constata-se que não há contradição entre o conteúdo da súmula e a proposição apresentada, dado que, se num caso concreto,
tal como afirmado, verificar-se ser impossível a consumação do delito, em função de sistema de vigilância, a conduta seria atípica em
função da configuração do crime impossível. Contudo, se, mesmo existindo um sistema de vigilância, num caso concreto, observar-se que
haveria a possibilidade de consumação do delito de furto, não seria possível afirmar-se tratar-se de crime impossível. Assim sendo, no
caso de existir um sistema de vigilância em estabelecimento comercial, há possibilidade de configuração do crime impossível, não se
podendo afirmar que sempre que existir um sistema de vigilância se configuraria um crime impossível. Maria Cristina Trúlio, Juíza
Estadual (Comentário da professora - Q1813810)

elaborado por @fredsmcezar


14. RESULTADO
.

14.1 CONCEITO
Trata-se de uma consequência causada por conduta imputada a um agente.
Em relação ao tempo do crime, nosso Código Penal adotou a TEORIA DA ATIVIDADE, considerando-o praticado no momento da
ação ou omissão. (certa) 2009 - PC-DF – DELEGADO DE POLÍCIA / CESPE - 2012 - TJ-PI – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2013 - MPE-PR / FUNDEP - 2014 - TJ-MG - JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO / 2015 - MPE-SP

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
• Para nosso Código Penal, considera-se praticado o crime quando o agente atinge o resultado. (errada) 2013 - MPE-PR

• Para nosso Código Penal, considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, mesmo que ainda seja outro o momento do
resultado, vez que adotada a teoria da atividade. (certa) 2013 - MPE-PR
• Considera-se praticado o crime no momento do seu resultado, ainda que diverso tenha sido o tempo da ação ou omissão que lhe deu causa.
(errada) 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Sobre as relações que se estabelecem entre os conceitos de desvalor da ação e desvalor do resultado, é correto afirmar que no
sistema legal positivo brasileiro expressado pelo Código Penal vigente há preponderância do desvalor do resultado, embora haja
relevância do desvalor da ação, como se vê no caso de cominação da pena para o crime tentado em relação ao crime consumado.
(certa) FCC - 2015 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO

• Sobre as relações que se estabelecem entre os conceitos de desvalor da ação e desvalor do resultado, é correto afirmar que no sistema legal
positivo brasileiro expressado pelo Código Penal vigente na ofensa ao bem jurídico reside o desvalor da ação DO RESULTADO, enquanto que na
forma ou modalidade de concretizar-se a ofensa situa-se o desvalor do resultado DA AÇÃO. (errada) FCC - 2015 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO
• O conceito de desvalor da ação acha-se limitado aos crimes de mera conduta e crimes formais enquanto o desvalor do resultado guarda
relação apenas com os crimes materiais. (errada) FCC - 2015 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO

14.2 RESULTADO JURÍDICO x RESULTADO NATURALÍSTICO83

JURÍDICO é a lesão ou exposição a perigo de lesão do bem jurídico protegido pela lei penal. É, simplesmente, a
(NORMATIVO) violação da lei penal, mediante a agressão do valor ou interesse por ela tutelado.

NATURALÍSTICO
é a modificação do mundo exterior provocada pela conduta do agente.
(MATERIAL)

14.3 CRIMES FORMAIS, MATERIAIS E DE MERA CONDUTA84

CRIMES MATERIAIS/CAUSAIS O tipo penal aloja uma conduta e um resultado naturalístico.

CRIMES FORMAIS O resultado será exaurimento. Lembrar do crime de corrupção passiva. O recebimento da
RESULTADO ANTECIPADO propina é o exaurimento do crime.

CRIMES DE MERA CONDUTA


O tipo penal apenas descreve uma conduta. Não tem resultado naturalístico.
OU MERA ATIVIDADE

Embora nem todos os crimes produzam um resultado naturalístico, todos, entretanto, produzem um resultado
jurídico/normativo (lesão ou perigo de lesão ao bem juridicamente tutelado).
Todo crime tem resultado jurídico, porque sempre agride um bem tutelado pela norma. (certa) CESPE - 2009 - DPE-AL

14.3.1 CRIMES MATERIAIS


Nos crimes materiais, o tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico exigido . (certa) 2012 - MPE-SP / 2016 - DPE-MT
A consumação dos crimes materiais ocorre com o evento natural, enquanto nos formais o resultado naturalístico é dispensável.
Os crimes culposos são sempre materiais, apenas havendo consumação com o resultado lesivo típico, sendo, portanto inadmissível
a tentativa. (certa) 2012 - MPE-SC
A relação de causalidade tem relevância nos crimes materiais ou de resultado e nos formais ou de mera conduta. (errada) VUNESP -
2014 - TJ-SP – JUIZ

• No que toca à classificação doutrinária dos crimes, é imprescindível a ocorrência de resultado naturalístico para a consumação dos delitos
materiais e formais. (errada) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO

83
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 284
84
Aula Fábio Roque (Gran)

elaborado por @fredsmcezar


• A consumação do crime formal MATERIAL requer o resultado naturalístico, pois dele depende a efetiva violação do bem jurídico. (errada) FCC - 2021
- DPE-GO

14.3.2 CRIMES FORMAIS


A consumação do crime formal requer DISPENSA
o resultado naturalístico, pois dele depende a efetiva violação do bem jurídico.
(errada) FCC - 2021 - DPE-GO

Os crimes formais também podem ser definidos como crimes de resultado cortado. (certa) FUNDATEC - 2018 - PC-RS - DELEGADO DE POLÍCIA
• Os crimes comissivos são aqueles que requerem comportamento positivo, independendo de resultado naturalístico para a sua consumação,
se formais. (certa) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO
• Nos crimes materiais, há distinção típica lógica e cronológica entre a conduta e o resultado, mas o mesmo não ocorre nos crimes formais,
em que essa mesma distinção é somente lógica. (certa) 2017 - MPE-RS

Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, os crimes de extorsão e de corrupção de menores são de
natureza formal. (certa) FCC - 2015 - TJ-GO - JUIZ SUBSTITUTO

14.3.3 CRIMES DE MERA CONDUTA

Crimes de mera conduta são de consumação antecipada. (errada) 2016 - DPE-MT / 2012 - MPE-SP

O estudo do nexo causal nos crimes de mera conduta é relevante, uma vez que se observa o elo entre a conduta humana
propulsora do crime e o resultado naturalístico. (errada) CESPE - 2016 - PC-PE - DELEGADO DE POLÍCIA

Ex.: Para a configuração do crime de desobediência, não é necessário o resultado naturalístico. (certa) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ

elaborado por @fredsmcezar


15. NEXO DE CAUSALIDADE

O nexo causal consiste em mera constatação acerca da existência de relação entre conduta e resultado, tendendo a sua
verificação apenas às leis da física, mais especificamente, da causa e do efeito, razão pela qual a sua aferição independe de qualquer
apreciação jurídica, como a verificação da existência de dolo ou culpa por parte do agente. (certa) CESPE - 2011 - TJ-PB – JUIZ
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, a relação de causalidade entre a conduta humana e o resultado é uma relação valorada
que deve ser aferida conjuntamente com o vínculo subjetivo do agente limitada ao dolo ou culpa. (certa) VUNESP - 2019 - TJ-AC - JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

• A relação de causalidade tem relevância nos crimes materiais ou de resultado e nos formais ou de mera conduta. (errada) VUNESP - 2014 - TJ-SP
– JUIZ

• O estudo do nexo causal nos crimes de mera conduta é relevante, uma vez que se observa o elo entre a conduta humana propulsora do
crime e o resultado naturalístico. (errada) CESPE - 2016 - PC-PE - DELEGADO DE POLÍCIA
• Exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado, imputando-se os fatos anteriores a quem os praticou. (certa) FCC - 2009 - DPE-PA

15.1 TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS - TEORIA DA CONDITIO SINE QUA NON
MAXIMILIAM VON BURI, JULIUS GLASER, STUART MILL E CRISTOPH CARL STÜBEL

A teoria da equivalência remonta ao pensamento do austríaco Julius Glaser. Já em 1858, (...), Glaser concebeu o chamado
procedimento hipotético de eliminação como forma de constatação da relação de causalidade no Direito Penal. [...] Se há
controvérsia quanto ao criador da teoria em análise, reina o consenso quanto ao responsável pela sua enorme difusão. Maximilian
von Buri, influente magistrado alemão do século XIX, foi seu grande defensor e responsável pela sua adoção no âmbito do
Reichsgericht (Tribunal imperial alemão).85
“(...) o processo hipotético (mental) de eliminação de causas não é obra do Thyrèn. A teoria e o processo hipotético foram
criados por Julius Glaser. Dito de outra forma, “a teoria da equivalência foi desenvolvida segundo o modelo de Glaser por v. Buri” 86
“Condição é todo antecedente que não pode ser eliminado mentalmente sem que venha a ausentar-se o efeito [...]. Basta que
se realize uma só condição, indispensável à produção do resultado, para que se possa imputá-la objetivamente ao autor”.87
Para a teoria da equivalência das condições, causa é a condição sem a qual o resultado não teria ocorrido. (certa) 2019 - MPE-PR
• Segundo a teoria da equivalência dos antecedentes, todos os fatores que concorrem fisicamente para a produção de um resultado criminoso
naturalístico são considerados sua causa. (certa) FCC - 2014 - DPE-PB

O Código Penal adota a Teoria da equivalência dos antecedentes causais. (certa) 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA

CP. art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
CESPE - 2011 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / VUNESP - 2014 - DPE-MS / CESPE - 2015 - DPE-RN / 2017 - PC-AC - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL /

A teoria da equivalência das condições define causa como uma condição sem a qual o resultado não teria ocorrido, sendo um
antecedente invariável e incondicionado de algum fenômeno, sem distinção entre causa e condição. (certa) CESPE - 2019 - MPE-PI
No sistema penal brasileiro, é adotada a teoria da equivalência das condições, ou da conditio sine qua non, sendo considerada
causa a condição sem a qual o resultado não teria ocorrido, o que limita a amplitude do conceito de causa com a superveniência de
causa independente. (certa) CESPE - 2012 - MPE-RR
• O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa, sendo esta considerada como a ação ou
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (certa) 2011 - TJ-RO - JUIZ SUBSTITUTO
• Como a relação de causalidade constitui elemento do tipo penal no direito brasileiro, foi adotada como regra, no CP, a teoria da causalidade
adequada, também conhecida como teoria da equivalência dos antecedentes causais. (errada) CESPE - 2015 - AGU
• Na teoria da imputação objetiva TEORIA DA CONDITIO SINE QUA NON, o resultado será objetivamente imputável ao autor se, uma vez hipoteticamente
eliminada a sua conduta, o resultado não se concretizar. (errada) 2015 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
• O CP adota, como regra, a teoria da causalidade adequada TEORIA DA CONDITIO SINE QUA NON, dada a afirmação nele constante de que “o resultado, de
que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa; causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido”. (errada) CESPE - 2016 - PC-PE - DELEGADO DE POLÍCIA
• A “Teoria da Equivalência dos Antecedentes”, também chamada de “Teoria da conditio sine qua non”, sendo uma das espécies das chamadas
“Teorias Diferenciadoras”, preconiza que causa é tudo aquilo que contribui de alguma forma para o resultado. (errada) 2016 - MPE-PR
• A “teoria da conditio sine qua non” não faz distinção entre causa e condição. (certa) FUNDEP - 2021 - MPE-MG

85
(ROCHA, 2017, p.85).
86
(JAKOBS, 2009, p. 271).
87
(COSTA JUNIOR, 2003, p.86)

elaborado por @fredsmcezar


• Para a denominada “teoria da equivalência”, é causal, no sentido jurídico-penal, toda e qualquer condição que não possa ser suprimida
mentalmente, em um juízo hipotético de eliminação, sem que o resultado seja excluído. (certa) FUNDEP - 2021 - MPE-MG
• Segundo a teoria da equivalência das condições, compatível com o Código Penal brasileiro e utilizada como método para determinar relações
causais, causa é a condição sem a qual o resultado não poderia ter ocorrido. (certa) 2021 - MPE-PR
• A teoria da conditio sine qua non, reformulada por Maximiliam Von Buri, por exigir a investigação da cadeia causal antecedente ao resultado,
mas apta para a sua ocorrência, incluindo-se a análise da causa juridicamente relevante. (errada) CESPE - 2022 - DPE-PI

15.1.1 CRÍTICA
A identificação do dolo ou da culpa na conduta do agente é uma maneira de limitar o alcance da Teoria da Equivalência dos
Antecedentes Causais (“conditio sine qua non”). (certa) 2012 - MPE-SC
“Dizia Binding, ironicamente, que a teoria da equivalência, a coberto de limites, levaria a punir-se como participe de adultério
o carpinteiro que fabricou o leito em que se deita o par amoroso” (HUNGRIA, Nélson. Comentários ao Código Penal. Vol. I, Tomo
11, 53 ed., Rio de Janeiro: Forense, 1978, p. 66). Com o escopo de obstar esse regressus ad infinitum, deve-se interromper a
cadeia causal no instante em que não houver dolo ou culpa por parte daquelas pessoas que tiveram alguma importância na
produção do resultado. (certa) 2013 - MPE-GO
A relação de causalidade relevante para o Direito Penal é a que é previsível ao agente. A cadeia causal, aparentemente infinita
sob a ótica naturalística, é limitada pelo dolo ou pela culpa do agente. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-SP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Um motorista de táxi conduz um passageiro até o seu destino. Durante o trajeto o passageiro fala ao telefone celular com uma
terceira pessoa e diz estar indo de táxi até o local determinado para matar a esposa. O taxista ouve a conversa e, mesmo assim,
leva o passageiro até o local. Posteriormente, o taxista tomou conhecimento pelos jornais de que o tal passageiro de fato matara a
esposa. Trata-se de um exemplo do princípio da proibição do regresso, que, segundo os seus fundamentos, afastará a
responsabilidade do taxista por seu ato. (certa) 2012 - TJ-MS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

15.2 TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA - TEORIA DA CONDIÇÃO QUALIFICADA – TEORIA INDIVIDUALIZADORA


PARA VON KRIES E VON BAR

Para a Teoria da Causalidade Adequada, causa é a condição mais adequada para produzir o resultado, fundando-se em um juízo
de possibilidade ou de probabilidade à relação causal. (certa) 2019 - MPE-PR
Segundo Paulo José da Costa Júnior: “Considera-se a conduta adequada quando é idônea a gerar o efeito. A idoneidade baseia-
se na regularidade estatística. Donde se conclui que a conduta adequada (humana e concreta) funda-se no quod plerumque accidit,
excluindo acontecimentos extraordinários, fortuitos, excepcionais, anormais. Não são levadas em conta todas as circunstâncias
necessárias, mas somente aquelas que, além de indispensáveis, sejam idôneas à causação do evento.”
• Em regra, o CP adotou a teoria da causalidade adequada para identificar o nexo causal entre a conduta e o resultado. (errada) CESPE - 2009 - MPE-
RN

• Por aplicação direta da teoria da causalidade adequada, adotada como regra pelo Código Penal brasileiro, “Télamon", operário da mina de
extração de ferro, agindo sem dolo ou culpa, não pode ser responsabilizado pelo homicídio praticado com a arma de fogo produzida com
aquele minério. (errada) 2015 – MPDFT
• A “Teoria da Causalidade Adequada”, uma das espécies das chamadas “Teorias Igualitárias”, afirma que ficam excluídas como causa de um
resultado as ocorrências extraordinárias, referentes ao caso fortuito e força maior. (errada) 2016 - MPE-PR

Nas causas supervenientes relativamente independentes que produzem por si sós o resultado, adotou-se a teoria da
causalidade adequada. Sendo assim, rompe-se o nexo causal em relação ao resultado e o agente só responde pelos atos até então
praticados. (certa) 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
CP. art.13. § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado;
os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
• A teoria da causalidade adequada, de Johannes Von Kries, ao adotar o conceito de causalidade natural, distinta da causalidade jurídica,
dispensa as causas imprevisíveis ou anômalas. (errada) [adaptada] CESPE - 2022 - DPE-PI

15.3 TEORIA DA RELEVÂNCIA CAUSAL


MEZGER

Para a teoria da relevância causal, causa da produção de um resultado depende, dentre outros critérios, da relevância jurídica
da conexão causal do ato de vontade com o resultado. (certa) 2019 - MPE-PR
A corrente causal não é o simples atuar do agente, mas deve ajustar-se às figuras penais, produzindo o resultado previsto na
lei, sob o enfoque da finalidade protetiva da norma.88

88
CAUSALIDADE E DIREITO PENAL, DANIELLE SOUZA DE ANDRADE E SILVA (Juíza Federal Substituta); disponível em:
https://www.jfpe.jus.br/images/stories/docs_pdf/biblioteca/artigos_periodicos/DanielleSouzadeAndrade/CausalidadeedireitopenalRevIdiaNovan12003.pdf

elaborado por @fredsmcezar


Ex.: “Aquele que joga um balde d’água em uma represa completamente cheia, fazendo com que se rompa o dique, não pode
ser responsabilizado pela inundação, pois sua conduta não pode ser considerada relevante a ponto de ser-lhe imputada a infração
penal tipificada no art. 254 do Código Penal”89.

15.4 TEORIA DA CONDIÇÃO MAIS EFICAZ OU ATIVA


BIRKMEYER

Causa é a força que produz um fato. Entre as condições do resultado, aquela que contribuiu mais eficazmente para a produção
do resultado. Assemelha-se à Teoria da Causalidade Adequada.
“Na Alemanha, desenvolveu-se a Teoria da Causa eficiente também denominada teoria da condição mais eficaz ou mais ativa,
segundo a qual não mais interessa o acontecimento que precedeu imediatamente o dano, senão aquele que estabeleceu a relação
causal de maior grau de eficiência no resultado. Dessa teoria inúmeras vertentes doutrinárias surgiram. A escola liderada por Karl
von Birkmeyer acolhia o critério quantitativo para determinar a condição mais ativa, isto é, aquela que em maior medida contribui
para a produção do resultado”.90

15.5 TEORIA DA QUALIDADE DO EFEITO OU DA CAUSA EFICIENTE


KÖHLER

Para a teoria da qualidade do efeito, causa é a condição da qual depende a qualidade do resultado, havendo diferenciação
entre condições estáticas e dinâmicas, sendo que somente estas últimas seriam causa decisiva ou eficiente para o efeito. (certa)
2019 - MPE-PR

• Segundo a teoria da causa eficiente, causa é a condição da qual depende a qualidade do resultado. Essa teoria diferencia condições estáticas
e dinâmicas, sendo certo que somente estas últimas seriam causa eficiente para o efeito. (certa) CESPE - 2009 - DPE-PI

15.6 TEORIA DO EQUILÍBRIO OU DA PREPONDERÂNCIA


BINDING

“Karl Binding e Ortman defenderam a Teoria do Equilíbrio, que nada mais é do que outra variação da Teoria da Causa
Preponderante. No entendimento de Binding, muitos são os fatores que contribuem para a produção do dano; nem por isso se
deve chamar de causa todos eles, mas tão-só as condições positivas que preponderarem na sua produção, rompendo o equilíbrio
existente entre as condições. De acordo com esta teoria, toda mutação que se produz no mundo fenomênico realiza-se por meio de
uma luta de forças contraditórias. O evento danoso, de certa forma, representa a vitória das forças que intentavam modificar a
situação preexistente sobre aquelas que se destinavam a conservá-la. (...) Deve-se reputar causa apenas aquela condição que
rompe o equilíbrio entre os fatores favoráveis e adversos à produção do dano.”91

15.7 TEORIA DA CAUSA PRÓXIMA


“De acordo com essa teoria, bastaria considerar a causa imediata (“proximate cause”), analisando as ações segundo esta última
e sem necessidade de se remontar à causa de grau superior mais distante (“too remate”). Revive-se o velho aforismo baconiano:
in iure non remota sed proxima causa spectatur. Assim é que, no complexo dos antecedentes do dano, importaria tão-só aquela
condição que aparecesse em último lugar na série, vale dizer, a causa derradeira”. (...) Não obstante sua aparente coerência, a
Teoria da Causa Próxima também sofreu críticas da doutrina. É que muitas vezes a carga de nocividade efetiva não está no último
fator atuante, senão em outro que o precede”.92

15.8 TEORIA DO ESCOPO DA NORMA JURÍDICA VIOALDA


MAGGIORE

A causalidade jurídica é de ordem prática e é identificada por meio de um juízo de valor do intérprete. É o intérprete que escolhe
a causa responsável daquele resultado ilícito. 93
Propõe-se, então, que o julgador se volte para a função da norma violada, para verificar se o evento danoso recai em seu
âmbito de proteção. Por outras palavras, quando o ilícito consiste na violação de regra imposta com o escopo de evitar a criação
de um risco irrazoável, a responsabilidade estende-se somente aos eventos danosos que sejam resultado do risco em consideração
do qual a conduta é vedada. 94

89
(Curso de Direito Penal, 5a. Ed., Rio de Janeiro, Impetus, pp. 241/242)- Luís Greco
90
Cruz, Gisela Sampaio da. O problema do nexo causal na responsabilidade civil (2005), p. 58.
91
Cruz, Gisela Sampaio da. O problema do nexo causal na responsabilidade civil (2005), p. 60.
92
Cruz, Gisela Sampaio da. O problema do nexo causal na responsabilidade civil (2005), p. 52.
93
Anotações de aula – Prof. Gabriel Habib – Curso Fórum.
94
Cruz, Gisela Sampaio da. Título. O problema do nexo causal na responsabilidade civil (2005), p. 87.

elaborado por @fredsmcezar


15.9 TEORIA DA CAUSA HUMANA
ANTOLISEI

A Teoria da Causa Humana Exclusiva95, enunciada por Antolisei, enxerga a causalidade sob o ângulo da consciência humana,
através da qual o homem apreende e prevê as circunstâncias que interferem no encadeamento causal, devendo sua ação ter
influência decisiva na produção do resultado.

ELEMENTO POSITIVO uma ação humana que tenha dado uma condição ao evento antecedente do resultado.
ELEMENTO NEGATIVO o resultado não deve ser consequência de fatores excepcionais.

15.10 TEORIA DA CONDIÇÃO INUS OU TEORIA DA CONDIÇÃO MÍNIMA


JOHN LESLIE MACKIE; INGEBORGE PUPPE

Para John Leslie Mackie a causalidade é uma questão ontológica, ligada a própria natureza das coisas, por isso também cabe
à filosofia pensar a causalidade penal. Assim ele busca encontrar a natureza da causa no seu aspecto fenomênico.

CAUSA96

SUFICIENTE é aquela que garante que o efeito ocorrerá.

NECESSÁRIA é aquela indispensável para que o efeito ocorra.

“Especialistas concordam que um incêndio que destruiu parcialmente uma casa foi causado por um curto-circuito. Este não
era isoladamente suficiente nem necessário para o incêndio. Não foi necessário porque o fogo poderia ter se iniciado de uma
forma diferente, como em um curto-circuito em outro lugar ou através de um incêndio doloso etc. Não foi suficiente posto que na
ausência de oxigênio ou na presença de um sprinkler (borrifador automático anti-incêndio) eficiente não aconteceria o incêndio.
Portanto o curto-circuito (que chamaremos aqui de A) foi uma condição necessária para o conjunto ABc, onde B representa
fatores positivos como adequada presença de oxigênio e c representa fatores negativos como a presença de um sprinkler, por
exemplo. Assim, quando a condição A for uma condição necessária para o conjunto minimamente suficiente (ABc) então A é uma
condição INUS”. (Mackie, 1980, 1999)97
Ex.: Dirigentes de uma sociedade precisavam da maioria de votos para tomada de uma decisão X. A decisão foi unânime. Assim,
se eliminarmos hipoteticamente o voto de um ou outro dirigente, o resultado não se alteraria. Pela equivalência, excluída a conduta
de um dirigente, o resultado não seria alterado e assim, consequentemente, não seria possível imputar essa conduta ao agente.
Utilizando a teoria INUS, no entanto, o voto de cada dirigente é um componente NECESSÁRIO de uma condição SUFICIENTE (maioria
dos votos).
• Segundo a teoria da condição INUS, de John L. Mackie, é prescindível a procura de outras causas e do resultado para a ligação da tipicidade
e autoria. [adaptada] (errada) CESPE - 2022 - DPE-PI

15.11 TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA98


KARL LARENZ (1927), RICHARD HONIG (1930), CLAUS ROXIN (1970) - NÃO VIGORA NO BRASIL

Em uma perspectiva clássica, o tipo penal apresentava apenas aspectos objetivos, representados na relação de causalidade.
Considerava-se realizado o tipo toda vez que alguém causava o resultado nele previsto, de acordo com a teoria da equivalência dos
antecedentes. A causalidade gerava, assim, o problema do regressus ad infinitum, cuja restrição só podia ser efetuada no âmbito
da ilicitude, ou, na maior parte das vezes, da culpabilidade, que englobava o dolo e a culpa.
Para resolver esse problema, o sistema finalista conferiu ao tipo penal também uma feição subjetiva, com a inclusão na
conduta do dolo e da culpa. Exemplo: Se “A”, fabricante de armas de fogo, produz aquela que posteriormente foi adquirida por “B”
para matar “C”, não poderá ser penalmente responsabilizado. Para a teoria clássica, por ausência de culpabilidade; para a teoria
finalista, porque o fato é atípico (uma vez ausente o dolo ou a culpa).
"...atribuir a alguém a realização de uma conduta criadora de um risco relevante e juridicamente proibido e a produção de um
resultado jurídico. Trata-se de um dos mais antigos problemas do Direito Penal, qual seja, a determinação de quando a lesão de
um interesse jurídico pode ser considerada 'obra' de uma pessoa..." "...Quem dirige um automóvel, de acordo com as normas legais,
oferece a si próprio e a terceiros um risco tolerado, permitido. Se, contudo, desobedecendo as regras, faz manobra irregular,
realizando o que a doutrina denomina 'infração de dever objetivo de cuidado', como uma ultrapassagem perigosa, emprego de
velocidade incompatível nas proximidades de uma escola, desrespeito a sinal vermelho de cruzamento, 'racha', direção em estado
de embriaguez etc., produz um risco proibido (desvalor da ação). Esse perigo desaprovado conduz, em linha de princípio, à
tipicidade da conduta, seja a hipótese, em tese, de crime doloso ou culposo. Significa que não há um risco proibido para os crimes

95
CAUSALIDADE E DIREITO PENAL, DANIELLE SOUZA DE ANDRADE E SILVA (Juíza Federal Substituta); disponível em:
https://www.jfpe.jus.br/images/stories/docs_pdf/biblioteca/artigos_periodicos/DanielleSouzadeAndrade/CausalidadeedireitopenalRevIdiaNovan12003.pdf
96
Aula - Rodrigo Pardal (Grancursos) – disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=pILVc5Mo2Oo&t=2152
97
http://www.eduardorgoncalves.com.br/2021/05/teoria-da-condicao-inus-ou-teoria-da.html
98
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 299

elaborado por @fredsmcezar


dolosos e outro para os culposos. O perigo é o mesmo para todas as espécies de infrações penais." (Damásio E. de Jesus - Direito
Penal, volume 1, Saraiva). O autor refere-se a imputação objetiva. (certa) 2010 - MPE-GO
Segundo a teoria da imputação objetiva, cuja finalidade é limitar a responsabilidade penal, o resultado não pode ser atribuído
à conduta do agente quando o seu agir decorre da prática de um risco permitido ou de uma conduta que diminua o risco proibido.
(certa) CESPE - 2016 - PC-PE - DELEGADO DE POLÍCIA

• Sobre a moderna teoria da imputação objetiva, a tipicidade e as demais categorias jurídicas do crime são analisadas de acordo com as tarefas
político-criminais do sistema. (certa) 2010 - MPE-MG
• A teoria da imputação objetiva surgiu com a finalidade de limitar o alcance da teoria da equivalência dos antecedentes causais. [adaptada] (certa)
2012 - MPE-GO

• O comportamento e o resultado normativo só podem ser atribuídos ao sujeito quando a conduta criou ao bem (jurídico) um risco juridicamente
desaprovado e relevante. (certa) 2012 - MPE-GO
• Pela teoria da imputação objetiva, o resultado deve ser imputado ao agente de maneira objetiva, isto é, ainda que não tenha ele agido com
dolo ou culpa. (errada) FCC - 2012 - DPE-SP
• Sucintamente, pode-se definir imputação objetiva como um conjunto de pressupostos jurídicos que condicionam a relação de imputação de
um resultado jurídico a um determinado comportamento penalmente relevante. (certa) CESPE - 2012 - MPE-TO
• Sobre o consentimento do ofendido, de acordo com a teoria da imputação objetiva, mesmo quando na redação do tipo penal não contiver o
dissenso da vítima, como elementar, o consentimento desta é encarado como forma de exclusão da tipicidade. (certa) 2013 - MPE-GO
• De acordo com a teoria da imputação objetiva, a criação de um risco proibido é suficiente para se atribuir ao agente o tipo incriminador,
ainda que o resultado não decorra diretamente desse risco. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ
• Segundo a teoria da imputação objetiva, conduta é a atividade que cria ou incrementa um risco que, permitido ou não, produza resultado
lesivo ou expositivo ao bem jurídico tutelado. (errada) FCC - 2014 - DPE-PB
• Segundo Claus Roxin é perfeitamente possível a conciliação entre a teoria da imputação objetiva e a teoria conditio sine qua non, exercendo
aquela uma moderação na relação de causalidade material NORMATIVA. (errada) 2014 - MPE-GO
• Para a teoria da imputação objetiva, o ato de imputar significa atribuir a alguém a realização de uma conduta criadora de um risco relevante
e juridicamente proibido e a produção de um resultado jurídico. Pressupõe um perigo criado pelo agente e não coberto por um risco permitido
dentro do alcance do tipo. O risco permitido conduz à atipicidade, e o risco proibido, quando relevante, à tipicidade. A imputação objetiva
constitui elemento normativo implícito do tipo penal. (certa) 2017 - MPE-RS
• Nos delitos imprudentes (ou culposos), a aferição da concreção do risco na implementação do evento típico (ou resultado) é um dos critérios
da “teoria da imputação objetiva”. (certa) 2019 - MPE-SC
• A teoria da imputação objetiva do resultado estabelece os seguintes requisitos: a criação de um risco jurídico-penal relevante não coberto
pelo risco permitido, a realização desse risco no resultado e a independência do resultado produzido entre o âmbito de proteção da norma
penal. (errada) VUNESP - 2019 - TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A chamada “teoria da imputação objetiva” reúne um conjunto de critérios pelos quais se restringe o âmbito da relevância penal dos fatos
abrangidos pela relação de causalidade, e que seriam imputáveis ao sujeito caso não fossem empregados esses critérios. (certa) 2019 - MPE-SC
• Sobre os pressupostos da imputação objetiva, um resultado causado pelo agente apenas pode ser imputado ao tipo objetivo se sua conduta
criou um perigo para o bem jurídico coberto por um risco permitido. (errada) FGV - 2021 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
• Sobre os pressupostos da imputação objetiva, é possível a imputação ao tipo objetivo nas situações cotidianas de atividades, sobretudo as
mais arriscadas, que excepcionalmente geram acidentes, quando os mínimos riscos são socialmente adequados. (errada) FGV - 2021 - TJ-PR - JUIZ
SUBSTITUTO

• Sobre os pressupostos da imputação objetiva, não é possível excluir a imputação quando, ainda que o autor haja criado um risco para o bem
jurídico tutelado, o resultado não for consequência desse perigo. (errada) FGV - 2021 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
• A teoria da imputação objetiva é estruturada na criação de um perigo não permitido, que se realiza no resultado típico, dentro do alcance final
de proteção da norma. (certa) CESPE - 2022 - DPE-RS

A tipicidade é analisada em três níveis de imputação, cujos requisitos podem ser reunidos na criação de um risco juridicamente
desaprovado, na realização do risco no resultado e no alcance do tipo. (certa) 2010 - MPE-MG
A teoria da imputação objetiva, em sua forma mais simplificada, aduz que um resultado causado pelo agente só deve ser imputado
como sua obra e preenche o tipo objetivo unicamente quando o comportamento do autor cria um risco não permitido para o objeto
da ação, quando o risco se realiza no resultado concreto e este resultado se encontra dentro do alcance do tipo. (certa) 2019 - MPE-GO
Imagine a seguinte a hipótese: dois ciclistas passeiam um atrás do outro, no escuro, sem estarem com as bicicletas iluminadas,
por mera falta de atenção e descuido. Em virtude da inexistência de iluminação, o ciclista que vai à frente colide com outro ciclista,
que vinha na direção oposta, sofrendo este lesões corporais. O resultado teria sido evitado, se o ciclista que vinha atrás tivesse
ligado a iluminação de sua bicicleta. Diante dessa situação, pode-se afirmar que o ciclista que vinha à frente deve responder por
lesões corporais culposas, pois criou um risco não o permitido ao dirigir sem iluminação, que acabou resultando na colisão. O ciclista
que vinha atrás, todavia, não responder pelas lesões corporais culposas, já que este resultado não está abrangido pelo fim de
proteção de norma de cuidado, afinal, a finalidade do dever de iluminação é evitar colisões próprias, não de terceiros (colisões
alheias). (certa) 2019 - MPE-GO

elaborado por @fredsmcezar


De acordo com a teoria geral da imputação objetiva, não se pode imputar ao agente o resultado decorrente da prática de um
risco permitido, ao contrário do que ocorre em face BEM COMO de ação que vise à redução de risco não permitido. (errada) CESPE - 2011 -
DPE-MA

Considere o seguinte caso: Uma pessoa A, totalmente inexperiente no manejo de arma de fogo, dispara com intenção de matar
B, mas a uma distância a partir da qual nenhum observador acreditaria ser possível acertar o alvo, mesmo para o mais experiente
atirador. Não obstante, o disparo de A alcança e mata B. Tomando em conta a teoria da imputação objetiva, como formulada por
Claus Roxin e Günter Jakobs, pode-se afirmar que inexiste nexo de causalidade, pois, em uma análise ex ante, não havia
previsibilidade do resultado, vez que a conduta de A, analisada por um observador isento, não seria idônea para criar um risco
proibido ao bem jurídico. (certa) 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA

15.11.1 ROXIN (FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO/MODERADO)


Com o surgimento da teoria da imputação objetiva, a preocupação não é, inicialmente, saber se o agente atuou com dolo ou
culpa no caso concreto. O problema se coloca antes dessa aferição, ou seja, se o resultado previsto na parte objetiva do tipo pode
ou não ser imputado ao agente. O estudo da imputação objetiva acontece antes mesmo da análise dos seus elementos subjetivos
(dolo e culpa), pois, segundo Roxin, “a tarefa primária da imputação ao tipo objetivo é fornecer as circunstâncias que fazem de uma
causação uma ação típica, ou seja, que transformam, por exemplo, a causação de uma morte em um homicídio; se uma tal ação de
matar também deve ser imputada ao tipo subjetivo, considerando-se dolosa.”99
• Para fins de responsabilização do agente, a análise do estado anímico (dolo) precede à análise da imputação objetiva do resultado; (errada)
2012 - MPE-GO

No que se refere à imputação objetiva, para fugir dos dogmas causais, pode-se dizer que Claus Roxin, fundamentando-se no
chamado princípio do risco, cria uma teoria geral da imputação, para os crimes de resultado, com quatro vertentes que impedirão
sua imputação objetiva, quais sejam, a diminuição do risco; a criação de um risco juridicamente relevante; aumento do risco
permitido; esfera de imputação da norma como critério de imputação”. (certa) 2014 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO

A DIMINUIÇÃO DO RISCO;

CRIAÇÃO DE UM RISCO JURIDICAMENTE RELEVANTE;

AUMENTO DO RISCO PERMITIDO;

ESFERA DE PROTEÇÃO DA NORMA COMO CRITÉRIO DE IMPUTAÇÃO.

A relação de causalidade constitui um pressuposto da imputação do resultado. Contudo, não basta a relação de causalidade para
imputar um resultado como criminoso em certos casos. Tomando-se esta premissa como correta, Roxin desenvolveu critérios para
a imputação objetiva de um resultado, e, dentre eles, NÃO se pode incluir, o domínio do fato pelo domínio da vontade. (certa) FCC -
2015 - TJ-SE - JUIZ SUBSTITUTO

• Claus Roxin, idealizador da teoria da imputabilidade IMPUTAÇÃO objetiva na década de 1960 1970, defende um funcionalismo de política criminal
ou dualista, em que o direito deve estar estruturado teleologicamente e com função primordial de proteção dos bens jurídicos da sociedade
moderna. (errada) 2012 - TJ-MS - JUIZ
• Segundo Roxin, a imputação objetiva se chama objetiva não porque circunstâncias subjetivas lhe sejam irrelevantes, mas porque a ação típica
constituída pela imputação é algo objetivo, ao qual só posteriormente, se for o caso, se acrescenta o dolo, no tipo subjetivo. Em outros
termos, para o citado autor, a imputação objetiva também é influenciada por critérios subjetivos. (certa) 2016 - MPE-GO
• O caminho correto só pode ser deixar as decisões valorativas político-criminais introduzirem-se no sistema de direito penal. A referida
passagem remete ao funcionalismo teleológico racional de Claus Roxin. [adaptada] (certa) 2019 - MPE-GO

15.11.1.1 DIMINUIÇÃO DO RISCO


“Ações que diminuam risco não são imputáveis ao tipo objetivo, apesar de serem causa do resultado em sua forma concreta e
de estarem abrangidas pela consciência do sujeito. Assim, quem convence o ladrão a furtar não mil reais, mas somente cem reais,
não é punível por participação no furto, pois sua conduta não elevou, mas diminuiu o risco da lesão”. (certa) 2019 - MPE-GO
• Na cena de um crime, Gregor Samsa convence o ladrão a furtar da vítima Frieda a quantia de cem reais, em vez dos mil reais que o autor
inicialmente tencionava surrupiar. Nesse caso, de acordo com a concepção de Roxin acerca da diminuição do risco em relação ao bem
protegido, o resultado delituoso não poderá ser – nem mesmo a título de participação – objetivamente imputado a Gregor Samsa. (certa) 2016
- MPE-GO

• Sobre os pressupostos da imputação objetiva, se o agente modifica um curso causal de tal maneira que diminui o perigo já existente à vítima
e melhora a situação do objeto da ação, exclui a imputação. (certa) FGV - 2021 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO

Luciana é funcionária do mercado “Preço Bom”, em Campo Grande – MS, onde trabalha como caixa. Em certa manhã, Luciana
foi surpreendida quando Tobias adentrou no estabelecimento e, munido de um revólver, anunciou um assalto, determinando a

99
2022. Volume 1, Rogério Greco, Curso Direito Penal, p. 674.

elaborado por @fredsmcezar


Luciana que lhe entregasse todo o dinheiro que havia no caixa. Luciana, trêmula, suplicou a Tobias para que ele não roubasse o
estabelecimento, porque o mercado estava passando por uma severa crise financeira e, com mais aquele prejuízo, haveria o risco
de o mercado fechar e Luciana ficar sem o emprego. Percebendo que Tobias mantinha-se irredutível quanto ao assalto, Luciana fez
a última tentativa e convenceu Tobias a roubar apenas metade do valor do caixa, cerca de R$5.000,00 (cinco mil reais), pois assim
sobraria dinheiro suficiente para quitar o aluguel do estabelecimento e o salário de Luciana. Assim, atendendo à súplica de Luciana,
Tobias subtraiu metade do valor do caixa e evadiu-se do local, tomando rumo ignorado. Diante do caso hipotético narrado e
considerando a concepção de Claus Roxin acerca da teoria da imputação objetiva, assinale a alternativa correta. Luciana não poderá
ser responsabilizada pelo crime de roubo, pois, ao convencer Tobias a subtrair apenas a metade do valor disponível no caixa do
mercado, a sua conduta não elevou, mas, pelo contrário, diminuiu o risco de lesão ao bem jurídico patrimônio. (certa) 2021 - PC-MS -
DELEGADO DE POLÍCIA

15.11.1.2 CRIAÇÃO DE UM RISCO JURIDICAMENTE RELEVANTE


Se a conduta do agente não é capaz de criar um risco juridicamente relevante, ou seja, se o resultado por ele pretendido não
depender exclusivamente de sua vontade, caso este aconteça deverá ser atribuído ao acaso.
• a Teoria da imputação objetiva estabelece que somente pode ser objetivamente imputável um resultado causado por uma ação humana
quando a mesma criou, para o seu objeto protegido, uma situação de perigo juridicamente relevante, ainda que permitido, e o perigo se
materializou no resultado típico. (errada) FCC - 2015 - TJ-RR - JUIZ SUBSTITUTO

Podemos citar o exemplo daquele que, almejando a morte de seu tio, com a finalidade de herdar-lhe todo o patrimônio,
compra-lhe uma passagem aérea na esperança de que a aeronave sofra um acidente e venha a cair.
Por acaso, o acidente acontece e a aeronave cai, matando o seu tio, bem como os demais passageiros. Embora fosse esse o
desejo do agente, tal resultado jamais lhe poderá ser imputado, uma vez que com sua conduta, isto é, o fato de comprar as
passagens desejando a queda do avião, não houve a criação de um risco juridicamente relevante. Como se percebe, em casos como
tais, não há domínio do resultado através da vontade humana.
Ex.: “Considere o seguinte exemplo : “A” deseja provocar a morte de “B” e, para isso, “A” o aconselha a fazer uma viagem a
Flórida, pois leu que lá, ultimamente, vários turistas têm sido assassinados. “A” planeja que também “B” tenha esse destino. “B”,
que nada ouviu sobre os casos de assassinato na Flórida, faz a viagem de férias e de fato é vítima de um delito e homicídio. “A”
deve responder pelo homicídio, pois sua conduta acabou incentivando “B” a fazer a viagem, criando, assim, um risco não permitido
(no caso, criou um perigo de morte juridicamente relevante)”. (errada) 2019 - MPE-GO

15.11.1.3 AUMENTO DO RISCO PERMITIDO


Raciocinemos com o conhecido exemplo do caso dos pelos de cabra. Um fabricante havia feito a importação de pelos de cabra
para a confecção de pincéis. Mesmo tendo sido orientado pelo exportador de que os pelos deveriam ser desinfectados antes do
fabrico dos pincéis, o importador, deixando de observar o seu necessário dever de cuidado, os coloca em contato com os seus
operários, sem antes esterilizá-los, conforme determinações do exportador. Em virtude do contato com os pelos não esterilizados,
quatro trabalhadores contraem uma infecção, por causa de bacilos de carbúnculo e morrem. Verificou-se posteriormente que,
mesmo que o importador fabricante de pincéis tivesse tomado todas as precauções necessárias à esterilização dos pelos com
os produtos indicados pelo exportador, ainda assim os operários teriam contraído a infecção fatal, pois os bacilos de carbúnculo
já estavam resistentes. Em suma, mesmo que o fabricante tivesse observado o seu dever de cuidado, o resultado ainda assim
poderia ter ocorrido, razão pela qual este não lhe poderá ser imputado, uma vez que a sua conduta negligente não incrementou o
risco da sua ocorrência.100
De acordo com a denominada “teoria do aumento ou incremento do risco”, ainda que haja certeza - em um juízo ex post -, sobre
a ineficácia do comportamento lícito alternativo, a imputação do resultado não deve ser excluída. (errada) FUNDEP - 2021 - MPE-MG
• De acordo com a teoria geral da imputação objetiva, não se pode imputar ao agente o resultado decorrente da prática de um risco permitido,
ao contrário do que O MESMO ocorre em face de ação que vise à redução de risco não permitido. (errada) CESPE - 2011 - DPE-MA
• Segundo uma das teorias mais conhecidas de imputação objetiva, para atribuição do tipo objetivo ao agente, a criação ou o incremento de
um risco proibido é insuficiente quando o resultado não provenha diretamente desse risco. (certa) CESPE - 2011 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Para a Teoria da imputação objetiva, não há diferenças entre níveis de admissibilidade de riscos permitidos, posto que o nível de proteção
que cada tipo penal guarda é axiologicamente o mesmo. (errada) 2019 - MPE-PR
• Sobre os pressupostos da imputação objetiva, é possível a imputação ao tipo objetivo ainda que a conduta do autor não eleve de modo
juridicamente considerável o risco ao bem jurídico. (errada) FGV - 2021 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO

15.11.1.4 ESFERA DE PROTEÇÃO DA NORMA DE CUIDADO


Fernando Galvão: “a relevância jurídica que autoriza a imputação objetiva ainda deve ser apurada pelo sentido protetivo de cada
tipo incriminador; ou seja, somente haverá responsabilidade quando a conduta afrontar a finalidade protetiva da norma.”
A heterocolocação em perigo é a situação na qual a vítima, por exemplo, pede ao agente, que está em sua companhia, que
pratique uma conduta arriscada, acreditando, firmemente, que não ocorrerá qualquer resultado danoso.

100
2022. Volume 1, Rogério Greco, Curso Direito Penal, p. 678.

elaborado por @fredsmcezar


Ex.: Afim de fazer uso de certa droga injetável, Eliel pede a Sinval uma seringa emprestada, pois não tem dinheiro para adquirir
a sua em uma farmácia. Com a cessão da seringa por Sinval, Eliel ministra a droga no próprio corpo, vindo a falecerem virtude de
overdose. Saliente-se que Sinval desejava a morte de Eliel e intimamente torcia para o desfecho trágico. Considerando apenas as
informações constantes do enunciado, de acordo com a teoria da imputação objetiva a imputação do resultado morte a Sinval pode
ser afastada em virtude da autocolocação da vítima em perigo. (certa) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
Um Delegado de Polícia, sem embargo alertado pelo escrivão e pelo investigador sobre a precariedade dos freios da viatura,
exigiu ser transportado até a circunscrição vizinha. Antes de chegar à rodovia, o escrivão novamente o advertiu sobre os problemas
de freio do veículo oficial, mas a autoridade impôs que a sua vontade fosse devidamente cumprida. Durante o trajeto viário, o
escrivão perdeu o controle do veículo em curva acentuada por falha no sistema de freios e, desgovernado, atravessou a pista
contrária e caiu em um barranco de quinze metros. O Delegado de Polícia morreu no acidente e a perícia técnica comprovou que
nenhum fator adicional corroborou para o sinistro. A imputação do crime de trânsito ao escrivão deverá ser afastada, pois se trata
de caso de heterocolocação em perigo consentido. (certa) 2017 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA

15.11.2 JAKÖBS (FUNCIONALISMO SISTÊMICO OU RADICAL)


No contrato social cada pessoa exerce um papel na sociedade. O papel é exercido de acordo com os padrões daquela sociedade.
Quem exerce o seu papel de forma deficiente responde juridicamente pelo resultado daí advindo. Se todos se comportam de acordo
com os seus papéis, qualquer resultado só pode ser atribuído a um acidente ou a uma fatalidade.
• Claus Roxin JAKÖBS, na formulação da sua teoria da imputação objetiva, entende que a finalidade do direito penal é a de garantir a segurança
das expectativas em relação ao cumprimento dos papéis atribuídos a cada um, e não a de impedir todos os danos possíveis, paralisando a
vida social. Por essa razão, não devem ser imputados aos indivíduos os resultados danosos provenientes de condutas socialmente adequadas.
(errada) CESPE - 2014 - TJ-DFT - JUIZ

Claus Roxin JAKÖBS aborda a Teoria da Imputação Objetiva sob a concepção de um funcionalismo radical, entendendo que o
Direito Penal tem como função essencial a reafirmação da norma, visando fortalecer as expectativas de quem a obedece. (errada) 2013
- MPE-MS

No que se refere à imputação objetiva, pode-se dizer que Günther Jakobs, com fundamento no argumento segundo o qual o
comportamento social do homem é vinculado a papéis, traça quatro instituições jurídico-penais sobre as quais desenvolve a referida
teoria, quais sejam, risco permitido; princípio da confiança; proibição de regresso; competência ou capacidade da vítima. (certa)
2014 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO

RISCO PERMITIDO

PRINCÍPIO DA CONFIANÇA

PROIBIÇÃO DE REGRESSO

COMPETÊNCIA OU CAPACIDADE DA VÍTIMA

15.11.2.1 RISCO PERMITIDO


Não é possível uma sociedade sem riscos. O risco inerente à configuração da sociedade deve ser tido como risco permitido. Se
a pessoa realiza esse risco, mas atendendo ao seu papel na sociedade, não pode ser responder por nenhuma consequência advindo
da sua conduta.

15.11.2.2 PRINCÍPIO DA CONFIANÇA


Pelo princípio da confiança, todo aquele que se conduz com observância ao dever de cuidado objetivo exigido, pode esperar que
os demais co-participantes de idêntica atividade procedam do mesmo modo. (certa) FUNDEP - 2018 - MPE-MG
Do ponto de vista de imputação objetiva, o princípio da confiança não exclui a responsabilidade pela omissão, mesmo que as
circunstâncias concretas permitam confirmar na execução da função atribuída ao garantidor impróprio. (errada) FGV - 2021 - TJ-PR - JUIZ
SUBSTITUTO

Ex.: Michel, após embriagar-se, dirigiu seu veículo na via pública de uma zona rural, por cerca de 300 metros, no percurso entre
o bar e sua casa. No meio do caminho, a Polícia Militar o parou e constatou que ele dirigia o veículo sob o efeito de álcool. Michel
apresentou a CNH aos policiais e foi preso em flagrante delito de embriaguez ao volante. O trecho percorrido era esmo e, por isso,
não houve perigo a nenhum bem jurídico. É correto afirmar que, segundo a teoria da imputação objetiva do resultado, na acepção
funcional-sistêmica, Michael deve ser penalmente responsabilizado, pois sua conduta violou as expectativas sociais para a
causação do resultado jurídico, sendo desnecessário o resultado naturalístico. (certa) CESPE - 2022 - DPE-PI

elaborado por @fredsmcezar


15.11.2.3 PROIBIÇÃO DE REGRESSO
A teoria da conditio sine qua non tem como consequência o regresso ad infinitum na análise dos antecedentes causais, o que
pode ser evitado, entre outras análises, pela imputação objetiva. (certa) 2017 - PC-AC - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
“Conforme Jakobs, o padeiro que vende uma peça de pão ao autor, ciente de que este utilizará o alimento para envenenar terceira
pessoa, incrementa o risco da situação de fato por agir em desconformidade com o seu papel social, podendo, dessa forma, o
resultado lhe ser imputado objetivamente como partícipe.” (errada) 2016 - MPE-GO
“De igual modo, ainda para o citado autor, o taxista pode responder criminalmente pelo homicídio que cometa seu cliente uma
vez chegado ao ponto de destino, se, durante o trajeto, o plano delitivo tiver sido devidamente explicitado ao taxista”. (errada) 2016 -
MPE-GO

15.11.2.4 COMPETÊNCIA OU CAPACIDADE DA VÍTIMA


“[...] com seu próprio comportamento, dá razão para que a conseqüência lesiva lhe seja imputada; hipóteses, em que, portanto,
a modalidade de explicação não é a fatalidade, mas a lesão de um dever de autoproteção ou inclusive a própria vontade; as infrações
dos deveres de autoproteção e a vontade se agrupam aqui sob o rótulo de ação a próprio risco” 101

101
JAKOBS, Günther. A imputação objetiva no Direito Penal, tradução de André Luís Callegari, São Paulo: RT, 2007., p.32)

elaborado por @fredsmcezar


16. CONCAUSAS

As concausas, relativas ou absolutas, podem variar no tempo, sendo anteriores, concomitantes ou supervenientes quando
comparadas coma conduta do agente. O marco é conduta do agente.
As causas ou concausas absolutamente independentes e as causas relativamente independentes constituem limitações ao
alcance da teoria da equivalência das condições. (certa) CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

16.1 CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE


São aquelas que não se originam da conduta do agente, isto é, são absolutamente desvinculadas da sua ação ou omissão
ilícita. E, por serem independentes, produzem por si sós o resultado naturalístico. Constituem a chamada “causalidade
antecipadora”, pois rompem o nexo causal.102
As concausas absolutamente independentes excluem a causalidade da conduta. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-SP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

O agente RESPONDERÁ na MODALIDADE TENTADA. Nota-se que a concausa absoluta rompe o nexo causal do agente e revela-
se como uma circunstância alheia à vontade dele, restando caracterizada a tentativa.
• As causas absolutamente independentes - preexistentes, concomitantes e supervenientes - não se originam da conduta do agente e, por
isso, são aptas ao rompimento do nexo causal. (certa) 2013 - MPE-GO
• A exclusão do nexo de causalidade ocorre nas concausas absolutamente independentes quando estas forem supervenientes, mas não ocorre
quando estas forem preexistentes ou concomitantes. (errada) CESPE - 2013 - DPE-RR

16.1.1 CAUSA PREEXISTENTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE


RESPONDE POR TENTATIVA

Ex103.: Alfredo, querendo a morte de Paulo, contra este desfere um tiro, acertando-o na região do tórax. Embora atingido numa
região letal, Paulo veio a falecer não em virtude do disparo recebido, mas porque, com intenção suicida, tinha ingerido veneno
momentos antes da agressão sofrida. Paulo morreu envenenado e não em razão do disparo.
1ª PERGUNTA: Essa causa (ingestão do veneno) é anterior, concomitante ou posterior à conduta do agente? Sabemos que
Paulo ingeriu veneno antes de ser alvejado. Logo, a concausa deve ser considerada preexistente.
2ª PERGUNTA: Se Alfredo não tivesse atirado em Paulo, este, ainda assim, teria falecido? Sim, porque havia ingerido veneno e
esta foi a causa de sua morte.
Ex.: “A” efetua disparos de arma e fogo conta “B”, atingindo-o em regiões vitais. O exame necroscópico, no entanto, conclui que
a morte de " B " foi causada pelo envenenamento anterior efetuado por “C” , que era seu desafeto. “A” deve responder pelo crime
de homicídio consumado. (errada) 2019 - MPE-GO
“Pátroclo”, com o intuito de matar “Eneas", dispara contra ele com arma de fogo, ferindo-o, sobrevindo a morte de “Eneas”,
exclusivamente por intoxicação causada por envenenamento provocado no dia anterior por “Ulisses", devendo “Pátroclo”, nessa
situação, responder por homicídio tentado, porque o envenenamento é considerado causa absolutamente independente preexistente.
(certa) 2015 - MPDFT

• Suponha que Jean, pretendendo matar seu desafeto Rui, tenha-lhe desferido dois tiros, que, apesar de atingirem a vítima, não tenham sido
a causa da morte de Rui, que faleceu em decorrência do fato de ter ingerido veneno, de forma voluntária, dez minutos antes dos disparos.
Nesse caso, Jean não responderá por nenhuma conduta típica. (errada) CESPE - 2011 - TJ-PB - JUIZ
• Quando preexistentes, as causas absolutamente independentes, de acordo com o que dispõe o CP, não excluem o nexo causal, visto que
sua existência é anterior ao resultado e que elas são deflagradas por ação ou omissão do agente. (errada) CESPE - 2012 - MPE-RR
• João, com a intenção de matar José, seu desafeto, efetuou disparos de arma de fogo contra ele. José foi atingido pelos projéteis e faleceu.
Apesar dos disparos sofridos pela vítima, a causa determinante da sua morte foi intoxicação devido ao fato de ela ter ingerido veneno
minutos antes de ter sido alvejada. Nessa situação hipotética, João responderá pela morte consumada de seu desafeto. [adaptada] (errada) CESPE
- 2019 - TJ-BA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

16.1.2 CAUSA CONCOMITANTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE


RESPONDE POR TENTATIVA

É aquela que ocorre numa relação de simultaneidade com a conduta do agente.


As causas concomitantes absolutamente independentes não excluem o nexo causal, ocorrendo este apenas nas causas
supervenientes. (errada) CESPE - 2012 - MPE-RR
Exemplo: Maria atira contra João no momento em que o teto da casa deste último desaba sobre sua cabeça.

102
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 289
103
Anotações de aula – Prof. Gabriel Habib – Curso Fórum.

elaborado por @fredsmcezar


16.1.3 CAUSA SUPERVENIENTE ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE
RESPONDE POR TENTATIVA

Ex.: Augusto e Bento discutem no interior de uma loja, oportunidade em que Augusto saca o revólver que trazia consigo e atira
contra Bento, causando-lhe um ferimento grave, que certamente o levará à morte. Contudo, logo após ter efetuado o disparo, o
prédio no qual ambos se encontravam desaba e, posteriormente, comprova-se que Bento não morreu em virtude do disparo
recebido, mas, por ter sido soterrado.
Havendo supressão mental da conduta de Augusto (atirado contra Bento) ainda assim o resultado morte teria ocorrido como
ocorreu? Sim. Então, podemos concluir que a conduta de Augusto não causou o resultado, razão pela qual deverá responder
somente pelo conatus (tentativa de homicídio).
Ex.: "A" subministra dose letal de veneno a "B", mas antes que produzisse o efeito desejado, surge, "C", antigo desafeto de "B"
, que contra ele efetua vários disparos de arma de fogo, matando, assim, "B". “A” não responderá por tentativa de homicídio e nem
pelo homicídio consumado, já que sua conduta em nada contribuiu com o resultado morte. (errada) 2019 - MPE-GO
• Suponha que Mara, com intenção homicida, desfira dois tiros em Fábio e que, por má pontaria, acerte apenas o braço da vítima, a qual,
conduzida ao hospital, faleça em consequência de um desabamento. Nesse caso, Mara deverá responder por homicídio doloso consumado.
(errada) CESPE - 2011 - TJ-PB – JUIZ

• A causa superveniente absolutamente independente exclui o nexo causal nos termos do artigo 13, caput, do CP e não conforme o parágrafo
1º do mesmo artigo. (certa) 2010 - MPE-GO

Alberto, pretendendo matar Bruno, desferiu contra este um disparo de arma de fogo, atingindo-o em região letal. Bruno foi
imediatamente socorrido e levado ao hospital. No segundo dia de internação, Bruno morreu queimado em decorrência de um
incêndio que assolou o nosocômio. Nessa situação, ocorreu uma causa relativamente ABSOLUTAMENTE independente, de forma que
Alberto deve responder somente pelos atos praticados antes do desastre ocorrido, ou seja, lesão corporal POR TENTATIVA DE HOMICÍDIO.
(errada) CESPE - 2009 - DPE-ES

16.2 CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE


É aquela que ocorre e só tem a possibilidade de produzir o resultado se for conjugada com a conduta do agente. Só a conduta
ou só a concausa não é possível produzir o resultado. É necessária a soma. O nexo de causalidade do agente continua íntegro, não
é rompido como na concausa absoluta.
Para o Código Penal, causas preexistentes e concomitantes relativamente independentes, adentrando a esfera de consciência
do agente, não excluem a imputação do resultado. (certa) 2013 - MPDFT

16.2.1 CAUSA PREEXISTENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE


As denominadas concausas preexistentes relativamente independentes não afastam a imputação do resultado. (certa) FUNDEP - 2021
- MPE-MG

Ex.: João, querendo causar a morte de Paulo que saber ser hemofílico, contra ele desfere um golpe de faca. O golpe, embora
recebido numa região não letal, conjugado com a particular condição fisiológica da vítima, faz com que ela morra.
ALGUMAS SITUAÇÕES PODEM OCORRER:
- Se o agente queria a morte da vítima, atuando com animus necandi, responderá pelo resultado morte a título de homicídio doloso;
(sabendo ou não da condição de hemofilia).
- Se, embora sabendo da condição de hemofílico, o agente só almejava causar lesões na vítima responderá por lesão corporal
seguida de morte (§ 3º do art. 129 do CP), aplicando-se, aqui, a regra contida no art. 19 do Código Penal, uma vez que o resultado
morte encontrava-se no seu campo de previsibilidade, embora por ele não tenha sido querido ou assumido.
- Contudo, se o agente desconhecia a hemofilia da vítima e não tinha intenção de matá-la, não poderá ser responsabilizado pelo
resultado morte.
“Aquiles", sabendo que “Heitor" é hemofílico, fere-o, com intuito homicida, ocorrendo efetivamente a morte, em virtude de
hemorragia derivada da doença da qual “Heitor" era portador, situação essa que leva à punição de “Aquiles" por homicídio tentado,
sendo a hemofilia, nesse caso, considerada concausa. (errada) 2015 – MPDFT

16.2.2 CAUSA CONCOMITANTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE


Ex.: “A” desfecha um tiro contra “B”, no exato instante em que “B” está sofrendo um colapso cardíaco. Posteriormente é
comprovado que a lesão contribuiu para a eclosão do êxito letal.
Ex.: Considere que a residência de Sara, idosa com setenta e cinco anos de idade, seja invadida por um assaltante, e Sara,
assustada, sofra um ataque cardíaco e morra em seguida. Nesse caso, considerando-se o fato de a vítima ser idosa e o de que o
agente tivesse conhecimento dessa condição, o ataque cardíaco será uma causa concomitante e relativamente independente à
ação do agente, devendo este responder por tentativa de homicídio. (errada) CESPE - 2011 - TJ-PB - JUIZ

elaborado por @fredsmcezar


Ex.: Y, policial rodoviário federal em serviço, no curso de uma diligência na rodovia pres. Dutra, altura do município de Porto
Real/RJ, invadiu imprudentemente o acostamento, precipitando-se sobre dois pedestres que lá caminhavam. Um deles, M, conseguiu
se esquivar da viatura. Contudo, o segundo, P, faleceu vítima do atropelamento. Imediatamente após o ocorrido, M, espantado, saiu
correndo para avisar Q, a mãe de P, que se encontrava nas imediações. Esta sofreu um infarto fulminante ao saber da trágica notícia.
Diante disso, não se faz Y imputável pela morte de Q, porque seu falecimento, decorrente da notícia trágica, cuidou-se de causa
superveniente absolutamente RELATIVAMENTE independente do atropelamento de P. (errada) 2013 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA

16.2.3 CAUSA SUPERVENIENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE


Podemos conceituar a causa superveniente relativamente independente como aquela ocorrida posteriormente à conduta do
agente e que com ela tenha ligação.
Na hipótese do sujeito, na condução de um ônibus pela via pública, colidir com um poste que sustenta fios elétricos, um dos
quais, caindo ao chão, atinge um passageiro ileso e já fora do veículo, provocando a sua morte em decorrência da forte descarga
elétrica recebida, corresponde a causa superveniente relativamente independente. (certa) 2013 - MPE-SC
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os
fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA / 2015 - PGE-RS / CESPE - 2016 - PC-PE - DELEGADO DE POLÍCIA /
VUNESP - 2018 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / VUNESP - 2018 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO

• A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, tenha produzido o resultado; os fatos anteriores,
entretanto, imputam-se a quem os tenha praticado. (certa) CESPE - 2009 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Para formação do nexo de causalidade, no sistema legal brasileiro, a superveniência de causa relativamente independente
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado, imputando-se os fatos anteriores a quem os praticou. (certa) FCC - 2009 - DPE-PA
• A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; no entanto, os fatos
anteriormente praticados são desconsiderados pela legislação penal. (errada) 2011 - TJ-RO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A superveniência de causa relativamente independente excluirá a imputação quando, por si só, essa causa produzir o resultado. Os fatos
anteriores, entretanto, imputar-se-ão a quem os praticar. (certa) CESPE - 2012 - MPE-TO
• É exemplo de causa superveniente absolutamente RELATIVAMENTE independente a situação do passageiro de ônibus colidido com poste de
eletricidade, o qual, ileso e no exterior do veículo, morre atingido por fio energizado. (errada) 2013 - MPDFT
• A superveniência de causa relativamente independente, que, por si só, produz o resultado, exclui a imputação original, mas os fatos anteriores
são imputados a quem os praticou. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-SP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado, não se podendo imputar
os fatos anteriores a quem os praticou. (errada) FCC - 2015 - TJ-RR - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A superveniência de causa relativamente independente não exclui a imputação, quando, por si só, produziu o resultado, mas os fatos
anteriores são imputados a quem os praticou. (errada) CESPE - 2016 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O Código Penal, ao tratar da relação de causalidade, consignou que a superveniência de causa relativamente independente somente afasta a
imputação quando, por si só, produziu o resultado, excluindo outras considerações quanto aos fatos anteriores ocorridos. (errada) 2016 - MPE-
SC

• A superveniência de causa relativamente independente da conduta do agente excluirá a imputação do resultado nos casos em que, por si só,
ela tiver produzido o resultado. (certa) CESPE - 2019 - DPE-DF
• O Código Penal em vigor admite a concausa como condição concorrente para a produção do resultado com preponderância sobre a conduta
do sujeito. (errada) VUNESP - 2019 - TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Nas causas supervenientes relativamente independentes que produzem por si sós o resultado, adotou-se a teoria da causalidade adequada.
Sendo assim, rompe-se o nexo causal em relação ao resultado e o agente só responde pelos atos até então praticados. (certa) 2021 - PC-PA -
DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

“A” é esfaqueada por “B”, sofrendo lesões corporais leves. Socorrida e medicada, “A” é orientada quanto aos cuidados a tomar,
mas não obedece à prescrição médica e em virtude dessa falta de cuidado, o ferimento infecciona, gangrena, e ela morre. “B”
responde pelo ato de lesão anteriormente praticado, visto se tratar de causa superveniente relativamente independente, que por si
só produziu o resultado. (certa) 2015 - DPE-PA
Ex.: Y, policial rodoviário federal em serviço, no curso de uma diligência na rodovia pres. Dutra, altura do município de Porto
Real/RJ, invadiu imprudentemente o acostamento, precipitando-se sobre dois pedestres que lá caminhavam. Um deles, M, conseguiu
se esquivar da viatura. Contudo, o segundo, P, faleceu vítima do atropelamento. Imediatamente após o ocorrido, M, espantado, saiu
correndo para avisar Q, a mãe de P, que se encontrava nas imediações. Esta sofreu um infarto fulminante ao saber da trágica notícia.
Diante disso, não se faz Y imputável pela morte de Q, porque seu falecimento, decorrente da notícia trágica, cuidou-se de causa
superveniente absolutamente RELATIVAMENTE independente do atropelamento de P. (errada) 2013 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA
“EXCLUIR A IMPUTAÇÃO” é excluir a imputação do resultado consumado. Isto é, o agente não responde pela consumação,
mas sim de acordo com o seu dolo.
A expressão “por si só” não torna a concausa relativamente independente em absolutamente independente. O que significa
“por si só” ? Significa perguntar: esse resultado é uma consequência natural da conduta do agente?

elaborado por @fredsmcezar


Se o resultado é consequência natural, a concausa não foi por si só que gerou o resultado. Não exclui a imputação e o
SIM
agente responde pela consumação.

É porque a concausa por si só produziu o resultado. Excluir a imputação pelo resultado consumado e responde o agente
NÃO
por tentativa.

Em se tratando de nexo causal, o resultado, nas causas supervenientes relativamente independentes, somente poderá ser
imputado ao agente se estiver na mesma linha de desdobramento natural da ação. (certa) 2013 - TJ-SC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Ex.: Abel, com intenção de matar, disparou um tiro de revólver contra Bruno, que foi socorrido e, dias depois, faleceu em
decorrência do desabamento do prédio do hospital onde convalescia dos ferimentos causados pelo disparo. Abel deve responder
por homicídio, pois, se não houvesse disparado o tiro contra Bruno, este não teria sido internado no hospital e, portanto, não teria
morrido em decorrência do desabamento do prédio. (errada) CESPE - 2013 - TJ-MA – JUIZ
Mediante um disparo com arma de fogo, o agente produziu na vítima um ferimento. Por considerar que o disparo fosse suficiente
para causar a morte da vítima, o agente cessou sua ação. Recolhida a um hospital, a vítima morreu pela ingestão de uma substância
tóxica, que ao invés do medicamento prescrito, lhe ministrou inadvertidamente uma enfermeira. As lesões sofridas pela vítima
inicialmente não lhe causariam morte, sendo esta causada exclusivamente pela ingestão da substância tóxica. O agente da agressão
responderá por homicídio doloso tentado e a enfermeira, por homicídio culposo. (certa) FUNDEP - 2014 - DPE-MG
A é esfaqueada por B, sofrendo lesões corporais leves. Socorrida e medicada, A é orientada quanto aos cuidados a tomar, mas
não obedece à prescrição médica e em virtude dessa falta de cuidado, o ferimento infecciona, gangrena, e ela morre. B responde
pelo ato de lesão anteriormente praticado, visto se tratar de causa superveniente relativamente independente, que por si só produziu
o resultado. (certa) 2015 - DPE-PA
“ACIDENTE COM A AMBULÂNCIA”
• “Páris", com ânimo de matar, fere “Nestor", o qual, vindo a ser transportado em ambulância, morre em decorrência de lesões experimentadas
em acidente automobilístico a caminho do hospital, sendo o acidente, no caso, causa superveniente e relativamente independente,
respondendo “Páris" por homicídio consumado. (errada) 2015 – MPDFT
• “A”, com a intenção de matar, efetua disparos de arma de fogo contra “B”, sendo este colocado em uma ambulância para ser levado ao
hospital para intervenção cirúrgica. Ocorre que no trajeto o veículo se envolve em uma colisão fatal, tendo “B” falecido em razão do acidente.
“A” deve responder pelo crime e homicídio consumado. (errada) 2019 - MPE-GO
• Em uma festividade natalina que ocorria em determinado restaurante, o garçom, ao estourar um champanhe, afastou-se do dever de cuidado
objetivo a todos imposto e lesionou levemente o olho de uma cliente, embora não tivesse a intenção de machucála. Levada ao hospital para
tratar a lesão, a moça sofreu um acidente automobilístico no trajeto, vindo a falecer em consequência exclusiva dos ferimentos provocados
pelo infortúnio de trânsito. O garçom poderá responder apenas pelo delito de lesão corporal culposa. (certa) CESPE - 2009 - MPE-RN

“AGRAVAMENTO DE LESÕES OU INFECCÇÃO HOSPITALAR”


Ex.: Considere que Márcia, com intenção homicida, apunhale as costas de Sueli, a qual, conduzida imediatamente ao hospital,
faleça em consequência de infecção hospitalar, durante o tratamento dos ferimentos provocados com o punhal. Nesse caso, Márcia
responderá por tentativa de homicídio. (errada) CESPE - 2011 - TJ-PB – JUIZ
Ex.: “A”, com a intenção de matar, efetua disparos de arma de fogo contra “B”, sendo este levado ao hospital para intervenção
cirúrgica. Ocorre que em razão a anestesia (ou mesmo por causa de uma infecção hospitalar) “B” vem a falecer. “A” deve responder
pelo crime de homicídio consumado. (certa) 2019 - MPE-GO
João, com a intenção de matar José, seu desafeto, efetuou disparos de arma de fogo contra ele. José foi atingido pelos projéteis
e faleceu. Considere que, depois de feitos os exames necessários, se tenha constatado a morte decorreu de uma infecção hospitalar
que acometeu a vítima quando do tratamento dos ferimentos causados pelos tiros. Nessa situação hipotética, conforme a teoria dos
antecedentes causais adotada pelo CP, João responderá pela morte de seu desafeto. (certa) CESPE - 2019 - TJ-BA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Ex.: Carlos foi esfaqueado por Daniel, que pretendia matá-lo, e, embora tenha resistido às feridas, morreu dias depois, em
decorrência de septicemia originada por infecção bacteriana contraída em razão dos ferimentos, apesar do rigoroso tratamento
médico a que fora submetido. Daniel deve responder por tentativa de homicídio, pois a septicemia não foi, no caso em questão,
decorrência natural dos ferimentos produzidos em Carlos. (errada) CESPE - 2013 - TJ-MA - JUIZ
STJ decidiu: “O fato de a vítima ter falecido no hospital em decorrência das lesões sofridas, ainda que se alegue eventual omissão
no atendimento médico, encontra-se inserido no desdobramento físico do ato de atentar contra a vida da vítima, não caracterizando
constrangimento ilegal a responsabilização criminal por homicídio consumado, em respeito à teoria da equivalência dos antecedentes
causais adotada no Código Penal e diante da comprovação do animus necandi do agente” (STJ, HC 42559/PE, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5ª
T., DJ 24/4/2006, p. 420).

elaborado por @fredsmcezar


16.3 DUPLA CAUSALIDADE
“A dupla causalidade é de difícil ocorrência na prática, o que não impede a sua formulação no plano teórico. Cuida-se da situação
em que duas ou mais pessoas, independentes entre si e praticadas por pessoas diversas, que não se encontram subjetivamente
ligadas, produzem simultaneamente o resultado naturalístico por elas desejado” 104
Ex.: Armando e Frederico, médicos, ministraram, cada um, em Bruno, paciente que convalescia no leito hospitalar, uma dose de
veneno, fazendo-a passar pelo medicamento adequado, o que resultou na morte de Bruno. Caso Armando e Frederico tenham
ministrado as doses de veneno no mesmo instante, sem combinação prévia e sem conhecimento da intenção um do outro, e tenha
sido comprovado que cada uma das doses produziu seu efeito de forma instantânea, e que cada uma delas, isoladamente, era
suficiente para matar, o fato configuraria dupla causalidade alternativa, mostrando-se inadequada a aplicação pura e simples da
fórmula da eliminação hipotética, cuja correção, nesta situação, pode ser feita pela fórmula da eliminação global. (certa) CESPE - 2013 - TRF
- 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

“O Código Penal acolheu, como regra, a teoria da conditio sine que non, que se vale do critério da eliminação hipotética. No
entanto, existem situações que não são adequadamente solucionadas pelo emprego da mencionada teoria, sendo o que ocorre, por
exemplo, com a dupla causalidade.” (certa) 2013 - MPE-GO

104
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 212

elaborado por @fredsmcezar


17. TIPICIDADE

O tipo é a fórmula legal que permite averiguar a tipicidade da conduta, ou seja, não se deve confundir o tipo com a tipicidade.
(certa) 2018 - MPE-BA

é o juízo de subsunção entre a conduta praticada pelo agente no mundo real e o modelo descrito
TIPICIDADE FORMAL105
pelo tipo penal (“adequação ao catálogo”).

é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente tutelado em razão da prática da conduta
TIPICIDADE MATERIAL106
legalmente descrita.

17.1 TIPICIDADE FORMAL


A tipicidade formal é a adequação da conduta ao fato descrito na lei como infração penal. (certa) 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
Pode-se afirmar que a denominada “tipicidade formal” usualmente referida pela doutrina traz os elementos que servem para
informar, de forma descritiva, o intérprete da lei a respeito da relevância ou irrelevância da conduta para o direito. Ou seja, a
correspondência entre a previsão legal e a ação constatada no caso concreto recebe usualmente a denominação de “tipicidade
formal” pela doutrina. (certa) 2016 - MPE-PR
A tipicidade, elemento do crime, na concepção material FORMAL, esgota-se na subsunção da conduta ao tipo penal. (errada) VUNESP -
2018 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

• Quando a descrição legal do tipo penal contém o dissenso, expresso ou implícito, como elemento específico, o consentimento do ofendido
funciona como causa de exclusão da tipicidade. (certa) VUNESP - 2013 - TJ-SP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O consentimento do ofendido pode conduzir à exclusão da tipicidade. (certa) FCC - 2015 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO
• Em relação à tipicidade penal, correto afirmar que o consentimento do ofendido, às vezes, pode afastar a própria tipicidade da conduta e, em
outras, constituir causa supralegal de exclusão da ilicitude, segundo entendimento doutrinário. (certa) FCC - 2020 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
• A tipicidade material é a adequação da conduta à norma incriminadora configurando um mecanismo de subsunção. (errada) FCC - 2021 - DPE-AM

17.2 TIPICIDADE MATERIAL


A tipicidade material surgiu para limitar a larga abrangência formal dos tipos penais, impondo que, além da adequação formal, a
conduta do agente gere também relevante lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico tutelado. (certa) 2009 - TJ-MG – JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

A exigência de um conteúdo material do crime não se satisfaz com a simples subsunção formal das condutas humanas. (certa)
2010 - MPE-SP

Os princípios da adequação social e da insignificância, sugeridos pela doutrina, servem de instrumentos de interpretação restritiva
do tipo penal, que afetam a tipicidade formal do fato. (errada) 2017 - MPE-RS
• A tipicidade material do fato depende, dentre outros requisitos, da existência de resultado jurídico relevante e da imputação objetiva da
conduta. (certa) 2010 - MPE-GO
• A necessidade de associação das categorias do delito a um fundamento material de ofensa ao bem jurídico é uma das bases do funcionalismo
de Claus Roxin. (certa) FCC - 2016 - DPE-BA
• A tipicidade penal como elemento essencial do delito não se satisfaz com a tipicidade legal, ou seja, a simples adequação da conduta a uma
norma incriminadora. (certa) 2018 - MPE-BA

17.2.1 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA


O princípio da insignificância não conta com reconhecimento normativo explícito da nossa legislação penal, seja comum ou
especial. (certa) 2012 - MPE-GO
O Min. Celso de Mello (HC 84.412-0/SP) idealizou quatro requisitos objetivos para a aplicação do princípio da insignificância,
sendo eles adotados pela jurisprudência do STF e do STJ.107 (MARI)

MÍNIMA OFENSIVIDADE

AUSÊNCIA DE PERICULOSIDADE SOCIA DA AÇÃO

REDUZIDO GRAU DE REPROVABILIDADE DO COMPORTAMENTO

INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO JURÍDICA

105
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 306
106
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 306
107
https://www.buscadordizerodireito.com.br/dodpedia/detalhes/13f9896df61279c928f19721878fac41?categoria=11&subcategoria=95&criterio-pesquisa=e

elaborado por @fredsmcezar


“O princípio da insignificância – que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção
mínima do Estado em matéria penal – tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva
de seu caráter material.” (Min. Celso de Mello). 108
São princípios limitadores ao poder punitivo do Estado o da insignificância, o da fragmentariedade e o da proporcionalidade.
(certa) VUNESP - 2019 - TJ-RO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

O princípio da insignificância, calcado em política criminal, funciona como causa de exclusão da tipicidade, desempenhando
uma interpretação restritiva do tipo penal. (certa) 2012 - MPE-RS
A reincidência do acusado não é motivo suficiente para afastar a aplicação do princípio da insignificância. (certa) CESPE - 2018 - TJ-CE -
JUIZ SUBSTITUTO

A aplicação do princípio da insignificância, que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da
intervenção mínima do Estado, objetiva excluir ou afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material.
(certa) CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO

Assinale a alternativa que apresenta o princípio que deve ser atribuído a Claus Roxin, defensor da tese de que a tipicidade
penal exige uma ofensa de gravidade aos bens jurídicos protegidos: INSIGNIFICÂNCIA. (certa) VUNESP - 2014 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA
A insignificância, enquanto princípio, se revela, conforme a visão de Roxin, importante instrumento que objetiva, ao fim e ao
cabo, restringir a aplicação literal do tipo formal, exigindo-se, além da contrariedade normativa, a ocorrência efetiva de ofensa
relevante ao bem jurídico tutelado. (certa) 2016 - DPE-MT
• Se aceita a adoção do princípio da insignificância em caso de furto de bagatela, a hipótese será de absolvição por atipicidade material da
conduta. (certa) FCC - 2009 - TJ-AP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O princípio da insignificância exclui a ilicitude. (errada) 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• Para se aferir a insignificância de uma conduta, em tese delituosa, a análise do fato limita-se ao aspecto patrimonial, sendo vedado ao
aplicador do direito a consideração de outros elementos. (errada) CESPE - 2009 - DPE-PI
• O princípio da insignificância revela uma hipótese de atipicidade material da conduta. (certa) 2009 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA

• Nos denominados “crimes de bagatela”, ocorre exclusão da antijuridicidade material. (certa) FCC - 2010 - DPE-SP
• É pacífico, na doutrina e na jurisprudência, que o agente que furta objetos de valor irrisório deve ser absolvido com base no princípio da
insignificância, uma vez que, nessas circunstâncias, está excluída a tipicidade material. (certa) 2010 - DPE-GO
• O princípio da insignificância incide diretamente sobre a punibilidade do agente. (errada) 2010 - MPE-SP
• O princípio da insignificância está diretamente relacionado ao princípio da lesividade e sua aplicação exclui a própria culpabilidade. (errada)
2011 - MPE-PR

• No crime de roubo praticado com grave ameaça à pessoa (sem violência real), sendo ínfimo o valor da coisa e primário o agente, admite-
se a exclusão da tipicidade pela incidência do princípio da insignificância. (errada) FUNDEP - 2011 - MPE-MG
• O princípio da insignificância, decorrência do caráter fragmentário do Direito Penal, tem base em uma orientação utilitarista, tem origem
controversa, encontrando, na atual jurisprudência do STF, os seguintes requisitos de configuração: a mínima ofensividade da conduta do
agente; nenhuma periculosidade social da ação; o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e a inexpressividade da lesão
jurídica provocada. (certa) FUNCAB - 2012 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA
• Nos termos do entendimento atualmente pacificado pelos Tribunais Superiores, o princípio da insignificância deve ter como parâmetro apenas
o valor da res furtiva, sendo prescindível a análise das circunstâncias do fato e o reflexo da conduta do agente no âmbito da sociedade para
decidir sobre seu efetivo enquadramento na hipótese de crime de bagatela. (errada) 2012 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A antijuridicidade formal MATERIAL da conduta típica demanda avaliação concreta do grau de lesão ao bem jurídico. (errada) 2013 – MPDFT
• Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de objeto de pequeno valor, considerando-se a lesividade a bem jurídico tutelado. (errada)
CESPE - 2013 - MPE-RO

• Os princípios da insignificância penal e da adequação social se identificam, ambos caracterizados pela ausência de preenchimento formal do
tipo penal. (errada) 2013 – MPDFT
• O princípio da insignificância pode ser aplicado no plano abstrato. (errada) 2013 - MPE-MS
• Conforme o entendimento da doutrina majoritária, o princípio da insignificância afeta a tipicidade formal. (errada) CESPE - 2014 - MPE-AC
• De acordo com o chamado princípio da insignificância o Direito Penal não deve se ocupar com assuntos irrelevantes. A aplicação de tal
princípio exclui a tipicidade material da conduta. (certa) FUNDEP - 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• No que concerne ao princípio da insignificância, seu reconhecimento exclui a tipicidade material da conduta. (certa) 2014 - MPE-MT
• Conforme entendimento jurisprudencial, é suficiente para fundamentar a aplicação do princípio da insignificância a presença de um dos
seguintes elementos: mínima ofensividade da conduta do agente, ínfima periculosidade da ação, ausência total de reprovabilidade do
comportamento e mínima expressividade da lesão jurídica. (errada) VUNESP - 2014 - DPE-MS

108
https://www.buscadordizerodireito.com.br/dodpedia/detalhes/13f9896df61279c928f19721878fac41?categoria=11&subcategoria=95&criterio-pesquisa=e

elaborado por @fredsmcezar


• O chamado princípio da insignificância exclui a tipicidade formal da conduta. (errada) FCC - 2015 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO
• Depreende-se da aplicação do princípio da insignificância a determinado caso que a conduta em questão é formal e materialmente atípica.
(errada) CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO

• O princípio da insignificância ou da bagatela exclui a tipicidade material. (certa) 2016 - DPE-MT


• Os princípios da adequação social e da insignificância, sugeridos pela doutrina, servem de instrumentos de interpretação restritiva do tipo
penal, que afetam a tipicidade formal do fato. (errada) 2017 - MPE-RS
• No direito penal, o princípio da insignificância, segundo o entendimento do STF, pressupõe apenas três requisitos para a sua configuração:
mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social e reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento. (errada)
CESPE - 2017 - MPE-RR

• De acordo com o entendimento do STF, a aplicação do princípio da insignificância pressupõe a constatação de certos vetores para se
caracterizar a atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento. (certa) CESPE -
2017 - PC-MT - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO

• O afastamento da tipicidade, quando verificada lesão penalmente irrelevante decorrente de conduta formalmente incriminada, dá-se por
princípio da insignificância. (certa) FCC - 2018 - DPE-RS
• O princípio da insignificância funciona como causa de exclusão da culpabilidade. (errada) FUMARC - 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO
• Em relação à tipicidade penal, correto afirmar que é excluída pelos chamados princípios da insignificância e adequação social, ausentes
tipicidade formal e material, respectivamente. (errada) FCC - 2020 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
• É possível aplicar o princípio da insignificância ao furto qualificado pelo abuso de confiança (art. 155, §4º, II, do CP), se o agente for primário
e a coisa, de ínfimo valor. (errada) 2021 – MPDFT
• A aplicação do princípio da insignificância, pela jurisprudência dos tribunais superiores, prescinde de qualquer valoração pessoal do agente,
bastando a inexpressividade da lesividade da conduta. (errada) VUNESP - 2022 - PC-RR - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

Obs.: Como regra geral a jurisprudência afasta a insignificância/atipicidade da conduta, mas em determinados casos concretos,
a irrelevância é utilizada para a substituição de pena ou fixação do regime inicial.109
Sobre o regime de cumprimento de pena, é correto afirmar que é possível a fixação de regime aberto a réus reincidentes nos
casos que caracterizem insignificância. (certa) FCC - 2021 - DPE-RR

Em razão da reincidência, o STF entendeu que não era o caso de absolver o condenado, mas, em compensação, determinou
que a pena privativa de liberdade fosse substituída por restritiva de direitos. STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2018 (Info 913).

A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do
caso concreto. No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base nesse princípio é
penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem furtado
ser insignificante para fins de fixar o regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância
para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no princípio da proporcionalidade. STF. 1ª
Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 938).

17.2.2 INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA


Na infração bagatelar imprópria a tipicidade formal e a tipicidade material se fazem presentes, contudo, em momento posterior
à prática do fato típico, constata-se que a aplicação concreta da pena se torna desnecessária. (certa) 2014 - MPE-GO
A infração bagatelar própria está ligada ao desvalor do resultado e(ou) da conduta e é causa de exclusão da tipicidade material
do fato; já a imprópria exige o desvalor ínfimo da culpabilidade em concurso necessário com requisitos post factum que levam à
desnecessidade da pena no caso concreto. (certa) CESPE - 2015 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
O princípio da bagatela imprópria implica a atipicidade material de condutas causadoras de danos ou de perigos ínfimos. (errada)
CESPE - 2019 - TJ-BA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

O princípio da bagatela imprópria permite que o julgador deixe de aplicar a pena em razão desta ter se tornado desnecessária.
(certa) FCC - 2021 - DPE-RR

Apesar de serem conceituadas de maneira diferente, a bagatela própria e a imprópria, sob o ponto de vista pragmático, geram a
mesma consequência. (errada) [adaptada] 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA

BAGATELA PRÓPRIA EXCLUSÃO DA TIPICIDADE

BAGATELA IMPRÓPRIA EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE

109
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Possibilidade de aplicar o regime inicial aberto ao condenado por furto, mesmo ele sendo reincidente, desde que seja insignificante o bem subtraído. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8a36dfc67ebfbbea9bd01cd8a4c8ad32>. Acesso em: 29/10/2022 e CAVALCANTE, Márcio André Lopes. STF reconheceu que o
valor econômico do bem furtado era muito pequeno, mas, como o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo aplicando o princípio da insignificância, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a pena
restritiva de direitos. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/631e9c01c190fc1515b9fe3865abbb15>. Acesso em: 29/10/2022

elaborado por @fredsmcezar


17.2.3 INAPLICABILIDADE DA INSIGNIFICÂNCIA

▪ CRIMES DE RESPONSABILIDADE DO PREFEITO


O princípio da bagatela aplica-se aos crimes de responsabilidade praticados por prefeitos no exercício do mandato. (errada) CESPE
- 2017 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO

É pacificado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que o bem jurídico protegido pelo Direito Penal nos crimes
previstos no Decreto-Lei nº 201/67 não é só o patrimônio público, mas também a probidade administrativa, razão pela qual não se
pode invocar o Princípio da Insignificância no caso de desvio de bens públicos em proveito próprio ou alheio, levado a cabo pelo
próprio Prefeito Municipal, que, no exercício de suas atividades funcionais, deve obediência aos mandamentos legais, inclusive ao
princípio da moralidade pública, essencial à legitimidade de seus atos. (certa) 2015 - PGE-RS

▪ DELITOS DE ACUMULAÇÃO
Nos delitos de acumulação, não é possível a aplicação da teoria da bagatela em cada conduta individualmente considerada, mas
apenas como resultado da análise da somatória de condutas. (certa) 2018 - MPE-MS

▪ MOEDA FALSA
Ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal já consolidaram o entendimento de que é inaplicável o princípio da insignificância
aos crimes de moeda falsa, em que objeto de tutela da norma a fé pública e a credibilidade do sistema financeiro, não sendo
determinante para a tipicidade o valor posto em circulação. (certa) 2015 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA
A infração bagatelar pode ser reconhecida para o crime de moeda falsa. (errada) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
• A jurisprudência do STJ é firme no sentido da aplicabilidade do princípio da insignificância ao delito de moeda falsa, caso o valor das cédulas
falsificadas não ultrapasse a quantia correspondente a um salário mínimo. (errada) CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO
• Consoante a jurisprudência do STF, é aplicável o princípio da insignificância ao crime de moeda falsa, desde que seja de pequena monta o
valor posto em circulação. (errada) 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
• A infração bagatelar pode ser reconhecida para o crime de moeda falsa. (errada) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA

“Não se cogita a aplicação do princípio da insignificância aos crimes de moeda falsa, pois o bem jurídico protegido de forma
principal é a fé pública, ou seja, a segurança da sociedade, sendo irrelevante o número de notas, o seu valor ou o número de
lesados” (AgRg no REsp n. 1.969.774/SP, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 15/3/2022, DJe de 18/3/2022.)

▪ ROUBO
No crime de roubo é admissível a aplicação do princípio da insignificância para esse tipo de infração penal. (errada) VUNESP - 2014 -
DPE-MS

• Em crime de roubo, se o valor do bem subtraído por irrisório, pode ser aplicado o princípio da insignificância. (errada) 2021 - PC-MS - DELEGADO
DE POLÍCIA

▪ CONTRABANDO
Esta Corte possui entendimento firmado no sentido de que a importação não autorizada de cigarros constitui crime
de contrabando insuscetível de aplicação do princípio da insignificância, não importando a quantidade de maços apreendidos,
considerando que o bem jurídico tutelado não se restringe à arrecadação tributária. (AgRg no AgRg no AREsp n. 1.850.734/RN, relator Ministro JOEL
ILAN PACIORNIK, Quinta Turma, DJe de 6/5/2022.

Em hipóteses EXCEPCIONAIS, permite-se o reconhecimento do princípio bagatelar se a quantidade apreendida é pequena e


destinada ao consumo próprio. Na presente hipótese, no entanto, o real destino da mercadoria não encontra espaço de
conhecimento na via estreita do habeas corpus, devendo ser alvo de apreciação no momento da instrução criminal. (AgRg nos EDcl no
RHC n. 164.524/RS, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 16/8/2022, DJe de 22/8/2022.)

É inadmissível a aplicação do princípio da insignificância para o crime de contrabando, uma vez que o bem jurídico tutelado não
possui caráter exclusivamente patrimonial, mas envolve a vontade estatal de controlar a entrada de determinado produto em prol da
segurança e da saúde públicas. (certa) CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
Ficar de olho: TEMA REPETITIVO 1143 - Delimitação da CONTROVÉRSIA: “O princípio da insignificância não se aplica aos
crimes de contrabando de cigarros, por menor que possa ter sido o resultado da lesão patrimonial, pois a conduta atinge outros
bens jurídicos, como a saúde, a segurança e a moralidade pública.” – AINDA NÃO HÁ TESE FIXADA.

▪ VENDA DE COMBUSTÍVEL EM DESACORDO COM AS DETERMINAÇÕES LEGAIS


O princípio da insignificância deixou de ser reconhecido pela Corte de origem em razão do entendimento de que a conduta da
agravante se revestiu de potencialidade lesiva para afetar a saúde pública, o meio ambiente e os veículos automotores, o que
afastaria a insignificância penal. Por certo, não se pode considerar como insignificante a conduta que ofende a ordem econômica
e pode causar danos à saúde pública e ao meio ambiente. (AgRg no HC n. 704.601/RJ, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 17/10/2022,
DJe de 20/10/2022.)

elaborado por @fredsmcezar


▪ MUNIÇÃO DESACOMPANHADA DE ARMA DE FOGO 110 [DEPENDE DO CONTEXTO FÁTICO]
O atual entendimento do STJ é no sentido de que a apreensão de pequena quantidade de munição, desacompanhada da arma
de fogo, permite a aplicação do princípio da insignificância ou bagatela. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 517.099/MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado
em 06/08/2019.

O STJ, alinhando-se ao STF, tem entendido pela incidência do princípio da insignificância aos crimes previstos na Lei nº
10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), afastando a tipicidade material da conduta quando evidenciada flagrante
desproporcionalidade da resposta penal. A aplicação do princípio da insignificância deve, contudo, ficar restrita a hipóteses
excepcionais que demonstrem a inexpressividade da lesão, de forma que a incidência do mencionado princípio não pode levar ao
esvaziamento do conteúdo jurídico do tipo penal em apreço - porte de arma, incorrendo em proteção deficiente ao bem jurídico
tutelado. STJ. 6ª Turma. HC 473.334/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 21/05/2019.
A Quinta Turma e a Sexta Turma, em algumas oportunidades, tem entendido que o simples fato de os cartuchos apreendidos
estarem desacompanhados da respectiva arma de fogo não implica, por si só, a atipicidade da conduta, de maneira que as
peculiaridades do caso concreto devem ser analisadas a fim de se aferir: a) a mínima ofensividade da conduta do agente; b) a
ausência de periculosidade social da ação; c) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e d) a inexpressividade da
lesão jurídica provocada. Na hipótese dos autos, embora com o embargado tenha sido apreendida apenas uma munição de uso
restrito, desacompanhada de arma de fogo, ele foi também condenado pela prática dos crimes descritos nos arts. 33, caput, e 35,
da Lei n. 11.343/06 (tráfico de drogas e associação para o tráfico), o que afasta o reconhecimento da atipicidade da conduta, por
não estarem demonstradas a mínima ofensividade da ação e a ausência de periculosidade social exigidas para tal finalidade.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.856.980, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22/09/2021 (Info 710)

• A apreensão de ínfima quantidade de munição, desacompanhada de arma de fogo implica, por si só, a atipicidade da conduta. (errada) FGV -
2022 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Aplica-se o princípio da insignificância e se reconhece a atipicidade material do crime de posse de ínfima quantidade de munição de uso
permitido, ainda que SALVO SE a moldura fática do caso revele a apreensão de arma de fogo e drogas com o agente. (errada) FGV - 2021 - DPE-RJ
- DEFENSOR PÚBLICO

• O porte de pequena quantidade de munição desacompanhada da arma de fogo pode afastar excepcionalmente a configuração típica em razão
da ausência de potencial lesivo (princípio da insignificância). (certa) FAURGS - 2022 - TJ-RS - JUIZ SUBSTITUTO
• Não se admite a incidência do princípio da insignificância aos crimes previstos na referida lei, ainda que seja apreensão de pouca munição
desacompanhada de arma de fogo, por se tratar de infrações penais de perigo abstrato. (errada) CESPE - 2022 - PC-PB - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

O acórdão estadual está em conformidade com a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça, pois, embora a quantidade de
munição apreendida seja reduzida, a apreensão dos artefatos na posse de agentes que praticavam os delitos de tráfico de drogas
e associação para o tráfico demonstra a periculosidade social da conduta e impede a aplicação do princípio da insignificância.
(AgRg no REsp n. 1.952.163/SC, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 18/10/2022, DJe de 24/10/2022.)

É materialmente atípica, pela aplicação do princípio da insignificância, a conduta de portar ou possuir ínfima quantidade de
munição, aliada à ausência do artefato capaz de disparar o projétil, que denote a incapacidade de gerar perigo à incolumidade
pública. (certa) FUNDEP - 2019 - DPE-MG

▪ TRÁFICO DE DROGAS E PORTE PARA CONSUMO


Prevalece no STJ o entendimento segundo o qual não se aplica o princípio da insignificância aos delitos de tráfico de drogas,
por se tratar de crime de perigo abstrato ou presumido, sendo irrelevante para esse específico fim a quantidade de droga
apreendida. (AgRg no RHC n. 166.682/RS, relator Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 25/10/2022, DJe de 28/10/2022.)
• O entendimento prevalecente no STJ é pela não aplicação do princípio da insignificância ao delito de tráfico ilícito de drogas
por se tratar de crime de perigo presumido ou abstrato, sendo irrelevante a quantidade de droga apreendida em poder do
agente. (certa) 2014 - MPE-GO
• No que se refere ao processamento do crime de tráfico de drogas, conforme as circunstâncias, a aplicação do princípio da
insignificância é cabível. (errada) CESPE - 2018 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
• O delito de porte de drogas para uso pessoal será materialmente atípico nos casos em que for reconhecido o princípio da
insignificância. (certa) FCC - 2021 - DPE-SC
• A pouca quantidade de droga não justifica a aplicação do princípio da insignificância tanto no tráfico quanto para consumo próprio por serem
crimes de perigo abstrato. (errada) CESPE - 2022 - DPE-TO
• O princípio da insignificância se aplica ao tráfico de drogas, pois trata-se de crime de perigo concreto e, portanto, deve ser verificada
concretamente a violação do bem jurídico tutelado pela normal penal. (errada) FCC - 2022 - DPE-PB

Não existe nenhum precedente, nem do STJ, nem do STF, aplicando o princípio da insignificância ao crime de porte de drogas
para consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06), visto tratar-se de delito de perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade
de droga faz parte da própria essência do delito em questão. (errada) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA

110
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Posse ou porte de munição (desacompanhada) de arma de fogo e atipicidade da conduta. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d91d1b4d82419de8a614abce9cc0e6d4>. Acesso em: 29/10/2022

elaborado por @fredsmcezar


STF: Paciente que portava 1,8g de maconha. Violação aos princípios da ofensividade, proporcionalidade e insignificância. 3.
Precedentes: HC 110475, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 15.3.2012; HC 127573, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe 25.11.2019. 4. Ordem
concedida para trancar o processo penal diante da insignificância da conduta imputada. A G .REG. NO HABEAS CORPUS 202.883 SP 15/09/2021

▪ PORTE DE PEQUENA QUANTIDADE DE DROGA PARA CONSUMO


STJ: não é possível aplicar o princípio da insignificância. A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de
que o crime de posse de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06) é de perigo presumido ou abstrato e a pequena
quantidade de droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o princípio da insignificância
STJ. 6ª Turma. RHC 35920 -DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014. Info 541. STJ. 5ª Turma. HC 377.737, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/03/2017. STJ. 6ª
Turma. AgRg-RHC 147.158, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/5/2021.

STF: Há um precedente da 1ª Turma, aplicando o princípio STF. 1ª Turma. HC 110475 , Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
14/02/2012. Recentemente, houve empate na votação (2x2) e houve a consequente concessão do Habeas Corpus: STF. 2ª Turma. HC
202883 AgR, Relator(a) p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/09/2021.

▪ PESCA EM PERÍODO DEFESO E USO DE PETRECHOS PROIBIDOS


(...) Todavia, no caso dos autos, a decisão agravada está fundamentada em jurisprudência desta Corte no
sentido da impossibilidade de aplicação do princípio bagatelar nas hipóteses de pesca em período de defeso e com a utilização de
petrechos proibidos (rede de arrasto com tração motorizada), independentemente da quantidade de espécimes efetivamente
apreendidas. 3. Ademais, restou consignado pela Corte de origem que o paciente é contumaz na atividade ilícita, já tendo sido
flagrado em atividade pesqueira ilegal e autuado pelos órgãos ambientais em muitas outras ocasiões. (AgRg no HC n. 733.585/SC, relator
Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado em 14/6/2022, DJe de 17/6/2022.)

No caso, a conduta atribuída refere-se à prática de atividade pesqueira utilizando equipamentos proibidos pela Portaria SUDEPE
nº 466 de 8/11/1972, a saber, “uma rede de arrasto confeccionada em nylon e medindo cerca de 50 (cinquenta) metros de
comprimento por 1, 5 (um e meio) metro de altura e com malha de 35 (trinta e cinco) mm” (fl. 4), não se podendo negar,
diante das dimensões e características do petrecho, o risco que a conduta representa ao ecossistema aquático,
independentemente da quantidade de peixes que tenham sido pescados ou apreendidos. 3. Agravo regimental improvido. (AgRg
no AREsp n. 1.982.923/RJ, relator Ministro Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, julgado em 3/5/2022, DJe de 6/5/2022.)

▪ TRANSMISSÃO CLANDESTINA DE SINAL


SÚMULA 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via
radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.

▪ CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


SÚMULA 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública.
CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / FAURGS - 2016 - TJ-
RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FCC - 2017 - DPE-PR / CESPE - 2018 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL / CESPE - 2018 - PGE-PE / FUNDATEC - 2018 - PC-RS - DELEGADO DE POLÍCIA / 2018 - TRF - 3ª
REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO / 2018 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA / VUNESP - 2019 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO / 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA /

• Segundo a jurisprudência do STJ, é aplicável o princípio da insignificância ao peculato, desde que o prejuízo causado ao erário não ultrapasse
um salário mínimo e o agente seja primário. (errada) CESPE - 2012 - TJ-PI – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Exceção: No crime de descaminho, não se admite a incidência do princípio da insignificância, sob pena de isso facilitar a
sonegação fiscal. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
Segundo o STJ, nenhum dos crimes contra a administração pública admite a incidência do princípio da insignificância. (errada) 2019
- PC-ES - DELEGADO DE POLÍCIA

▪ DELITOS NO ÂMBITO DA LEI MARIA DA PENHA


SÚMULA 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no
âmbito das relações domésticas.
CESPE - 2018 - DPE-PE / FCC - 2018 - PGE-TO / CESPE - 2018 - PGE-PE / FUNDEP - 2019 - DPE-MG / FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO / VUNESP - 2019 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO / FCC - 2020 - TJ-MS - JUIZ
SUBSTITUTO / 2022 - DPE-PR / FCC - 2022 - DPE-AP /

• Não é possível a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria nos delitos praticados com violência ou grave ameaça no
âmbito das relações domésticas e familiares. (certa) FUNDEP - 2019 - DPE-MG

▪ EXPOSIÇÃO DE CDS E DVDS PIRATAS P/ VENDA


SÚMULA 502-STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no artigo 184, parágrafo 2º,
do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. CESPE - 2015 - DPE-RN / CESPE - 2018 - TJ-CE – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO /

17.2.4 APLICABILIDADE DA INSIGNIFICÂNCIA


É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$ 29,15, mesmo que o a subtração
tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente seja reincidente. STF. 2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973).

elaborado por @fredsmcezar


Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor insignificante, ainda que presentes antecedentes
penais do agente, se não denotarem estes tratar-se de alguém que se dedica, com habitualidade, a cometer crimes patrimoniais.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.986.729-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 28/06/2022 (Info 744).

É possível a aplicação do princípio da insignificância para o agente que praticou o furto de um carrinho de mão avaliado em R$
20,00 (3% do salário-mínimo), mesmo ele possuindo antecedentes criminais por crimes patrimoniais. STF. 1ª Turma. RHC 174784/MS, rel.
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/2/2020 (Info 966).

A despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista, impedir o reconhecimento da atipicidade
material da conduta, a análise conjunta das circunstâncias pode demonstrar a ausência de lesividade do fato imputado,
recomendando a aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. HC 553872-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/02/2020 (Info
665).

▪ CRIMES TRIBUTÁRIOS
Tema 157 - TESE: Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário
verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as
atualizações efetivadas pelas Portarias 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda.
O princípio da insignificância é admitido na doutrina e na jurisprudência em relação ao delito de descaminho. (certa) FGV - 2022 - PC-
AM - DELEGADO DE POLÍCIA

20 mil reais (tanto para o STF como para o STJ). É a posição majoritária*: Incide o princípio da insignificância aos crimes
tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério
da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1688878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo).
STF. 2ª Turma. HC 155347/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli, julgado em 17/4/2018 (Info 898).
* A 1ª Turma do STF tem decidido em sentido contrário: Não é possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes
tributários de acordo com o montante definido em parâmetro estabelecido para a propositura judicial de execução fiscal. STF. 1ª
Turma. HC-AgR 144.193-SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/04/2020.111
• Independentemente do valor do tributo sonegado em decorrência de crime de descaminho, é possível a aplicação do princípio da
insignificância. (errada) CESPE - 2014 - MPE-AC
• Segundo o STJ, nenhum dos crimes contra a administração pública admite a incidência do princípio da insignificância. (errada) 2019 - PC-ES -
DELEGADO DE POLÍCIA

• É possível a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho (art. 334 do CP), se o valor estiver aquém do estipulado no art.
20 da Lei nº 10.522/2002, mesmo em caso de reiteração delitiva. (errada) 2021 – MPDFT
• Com base em entendimento consolidado nos tribunais superiores, por incidência do princípio da insignificância, é formalmente atípica a
conduta de quem, por meio de declaração falsa, suprime tributo no valor de R$ 30.000,00. (errada) 2021 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA
• (...) O princípio da insignificância é aplicável aos tributos de todos os entes federativos, desde que haja norma estadual ou municipal
estabelecendo os parâmetros de aferição, desconsiderados os juros e a multa. (certa) CESPE - 2022 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

▪ CRIMES AMBIENTAIS
Esta Corte tem entendimento pacificado no sentido de que é possível a aplicação do denominado princípio da insignificância aos
delitos ambientais, quando demonstrada a ÍNFIMA OFENSIVIDADE ao bem ambiental tutelado. (AgRg no AREsp 1051541/ES, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 28/11/2017, DJe 4/12/2017).

▪ ESTELIONATO
É inadmissível a aplicabilidade do princípio da insignificância ao estelionato, pois, diferentemente do que ocorre no delito de
furto, ao qual se aplica tal princípio quando se evidencia que o bem jurídico tutelado sofre mínima lesão e a conduta do agente
expressa pequena reprovabilidade e irrelevante periculosidade social, a culpabilidade no crime de estelionato sempre será mais
reprovável. (errada) CESPE - 2012 - TJ-CE - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de estelionato, ainda que cometido em detrimento de entidade de direito
público. (errada) CESPE - 2012 - TJ-PA – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

ESTELIONATO ‘COMUM’ APLICA

ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO NÃO APLICA

111
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Crimes tributários e o limite de 20 mil reais. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0b33f2e8843e8b440dd8caf7086995b0>. Acesso em: 29/10/2022

elaborado por @fredsmcezar


▪ ATOS INFRACIONAIS
O princípio da insignificância pode ser aplicado para atos infracionais. (certa) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA

17.3 TEORIA DA TIPICIDADE CONGLOBANTE (ZAFFARONI)


Segundo a teoria da tipicidade conglobante, o ordenamento jurídico deve ser considerado como um bloco monolítico, de forma
que, quando algum ramo do direito permitir a prática de uma conduta formalmente típica, o fato será considerado atípico. (certa) CESPE
- 2009 - DPE-AL

Tipicidade conglobante (antinormatividade) é a comprovação de que a conduta legalmente típica está também proibida pela
norma, o que se obtém desentranhando o alcance dessa norma proibitiva conglobada com as demais disposições do ordenamento
jurídico. (certa) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
A tipicidade penal exige a adequação da conduta a uma norma incriminadora, bem assim, a violação de um imperativo de
comando ou de proibição. Esse contexto resulta na denominada tipicidade conglobante. (certa) 2018 - MPE-BA
Segundo a teoria da tipicidade conglobante proposta por Eugenio Raúl Zaffaroni, quando um médico, em virtude de intervenção
cirúrgica cardíaca por absoluta necessidade corta com bisturi a região torácica do paciente, é CORRETO afirmar que não responde
por nenhum crime, carecendo o fato de tipicidade, já que não podem ser consideradas típicas aquelas condutas toleradas ou mesmo
incentivadas pelo ordenamento jurídico. (certa) NUCEPE - 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• Um médico realiza cirurgia terapêutica em paciente com o consentimento desse paciente.” segundo entendimento da doutrina moderna em
direito penal, são exemplos de ausência de tipicidade conglobante. (certa) 2012 - TJ-MS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A assertiva: “a conduta expressa e previamente consagrada como um direito ou um dever será sempre atípica, pouco importando a subsunção
formal ao tipo”, está relacionada com A tipicidade conglobante. (certa) 2014 - MPE-MA
• Assinale a alternativa com o nome e a nacionalidade do principal defensor da teoria da tipicidade conglobante: Eugenio Raúl Zaffaroni,
argentino. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-PA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A tipicidade conglobante é um corretivo da tipicidade legal, posto que pode excluir do âmbito do típico aquelas condutas que apenas
aparentemente estão proibidas. (certa) VUNESP - 2015 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
• As cirurgias médicas com fins terapêuticos, fomentadas juridicamente que são pelo Estado, permitem a consideração conglobada da norma
deduzida do tipo legal, qualquer que seja seu resultado sobre a saúde ou a vida do paciente, desde que o médico proceda segundo a lex
artis. (certa) FUNDEP - 2018 - MPE-MG

“Para a teoria da tipicidade conglobante, a tipicidade penal pressupõe a existência de normas proibitivas e a inexistência de
preceitos permissivos da conduta em uma mesma ordem jurídica”. (certa) FCC - 2014 - DPE-RS

Segundo a teoria da tipicidade conglobante, o fato não é típico por falta de lesividade: 2014 - DPE-PR

QUANDO SE CUMPRE UM DEVER JURÍDICO. CERTA

QUANDO SE PRATICA UMA AÇÃO FOMENTADA PELO DIREITO. CERTA

QUANDO HÁ O CONSENTIMENTO DO TITULAR DO BEM JURÍDICO. CERTA

17.3.1 CRÍTICA112
“O problema da teoria de Zaffaroni é que ela esvazia totalmente o estrito cumprimento de um dever legal. Porque aquilo que
seria estrito cumprimento de um dever legal passa, então, a ser a ideia de normatividade. Então, é como se Zaffaroni retirasse o
estrito cumprimento de um dever legal, lá da ilicitude e jogasse dentro da tipicidade com outro nome, e por isso essa teoria é tão
criticada. Ele esvazia totalmente o estrito cumprimento do dever legal. E além de esvaziar totalmente o estrito cumprimento do dever
legal, ele ainda esvaziaria parcialmente o exercício regular direito porque é uma conduta fomentada, ou seja, uma conduta incentivada
por outro ramo do ordenamento jurídico é uma conduta que não é obrigatória. Então não seria estrito cumprimento de um dever
legal, mas seria exercício regular de direito”.

17.4 FORMAS DE ADEQUAÇÃO TÍPICA

17.4.1 DIRETA – IMEDIATA (ADEQUAÇÃO TÍPICA DE SUBORDINAÇÃO IMEDIATA OU DIRETA)


Ocorre a chamada adequação típica mediata quando o fato se amolda ao tipo legal sem a necessidade de qualquer outra norma.
(errada) 2010 - MPE-SP

17.4.2 INDIRETA/MEDIATA - (ADEQUAÇÃO TÍPICA DE SUBORDINAÇÃO MEDIATA OU INDIRETA OU POR DUPLA VIA)
A participação, no concurso de pessoas, é considerada hipótese de tipicidade mediata ou indireta. (certa) CESPE - 2009 - PC-PB - DELEGADO
DE POLÍCIA

112
Prof. Fábio Roque na aula do Curso Ênfase na aula Ilicitude - Parte 1

elaborado por @fredsmcezar


Gilson, com animus necandi, efetuou quatro tiros em direção a Genilson. No entanto, acertou apenas um deles. Logo em seguida,
um policial que passava pelo local levou Genilson ao hospital, salvando-o da morte. Nessa situação, o crime praticado por Gilson foi
tentado, sendo correto afirmar que houve adequação típica mediata. (certa) 2009 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA
No crime tentado, aplica-se norma de extensão do tipo penal, ampliando-se temporalmente a figura típica (adequação típica de
subordinação mediata). (certa) 2010 - MPE-GO
Em direito penal, entende-se a tentativa como uma forma de adequação típica de subordinação imediata ou direta. (errada) CESPE
- 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

A respeito dos crimes omissivos impróprios, ou comissivos por omissão. São de estrutura típica aberta e de adequação típica
de subordinação mediata. Só podem ser praticados por determinadas pessoas, embora qualquer pessoa possa, eventualmente,
estar no papel de garante. Neles, descumpre-se tão somente a norma preceptiva e não a norma proibitiva do tipo legal de crime ao
qual corresponda o resultado não evitado. (certa) 2017 - MPE-RS
Em matéria de crimes MONOSSUBJETIVOS, quando cometidos por mais de um agente, é correto afirmar que para a adequação
típica da coautoria, é dispensável o art. 29 do código penal. (errada) 2021 - MPDFT
Ao crime PLURISSUBJETIVO aplica-se a norma de extensão do art. 29 do Código Penal, que dispõe sobre o concurso de
pessoas, sendo esta exemplo de norma de adequação típica mediata. (errada) CESPE - 2010 - AGU

elaborado por @fredsmcezar


18. ILICITUDE

A ILICITUDE é o segundo elemento do conceito analítico de crime. É majoritariamente utilizada como sinônimo de antijuricidade.
Trata-se da relação de contrariedade entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico penal.

FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE

DOLO/CULPA TEORIA DA RATIO COGNOSCENDI • IMPUTABILIDADE


CONDUTA
CAUSAS DE EXCLUSÃO
COMISSIVA/OMISSIVA
• LEGÍTIMA DEFESA
RESULTADO • POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA
• ESTADO DE NECESSIDADE ILICITUDE
NEXO CAUSAL
• ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
• EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO
FORMAL
• EXIGIBLIDADE DA CONDUTA
TIPICIDADE
DIVERSA
CAUSAS SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DA
MATERIAL
ILICITUDE

18.1 ILICITUDE E ANTIJURICIDADE: SINÔNIMOS?


Boa parte da doutrina, incluindo Regis Prado, entende que são expressões sinônimas.
Diferentemente, Cléber Masson e Fábio Roque, baseados no art. 23 do CP que utiliza a expressão “ilicitude”, ensinam que a
expressão antijuricidade não seria correta. Confira-se:
“Com efeito, no universo da teoria geral do direito, a infração penal (crime e contravenção penal) constitui-se em um fato
jurídico, já que a sua ocorrência provoca efeitos no campo jurídico. Logo, é incoerente imaginar que um crime (fato jurídico)
seja revestido de antijuridicidade. A contradição é óbvia: um fato jurídico seria, ao mesmo tempo, antijurídico”113.

18.2 DA UNICIDADE DA ILICITUDE OU CONCEPÇÃO UNITÁRIA


Franz Von Liszt estabeleceu distinção entre ilicitude formal e material, asseverando que é formalmente antijurídico todo
comportamento humano que viola a norma penal, ao passo que é substancialmente antijurídico o comportamento humano que
fere o interesse social tutelado pela própria norma. (certa) CESPE - 2009 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

ILICITUDE FORMAL Violação à norma.

ILICITUDE MATERIAL Lesão ou perigo de lesão do bem jurídico.

Gabriel Habib: “A ilicitude no aspecto material era a danosidade social provocada com a conduta. Contudo, desde que se
desenvolveu a ideia da tipicidade material, aquilo que era ilicitude material ficou sem sentido. Porque o que é ilicitude material hoje
é analisado na tipicidade material. É por isso que hoje a gente não fala mais nesse desdobramento da ilicitude, a gente fala na
unicidade da ilicitude.

18.3 1ª FASE: TEORIA DO TIPO AVALORADO / ACROMÁTICO - FUNÇÃO DESCRITIVA DO TIPO PENAL (BINDING. 1906)
O tipo não tem qualquer conteúdo valorativo, sendo meramente objetivo e descritivo, representando o lado exterior do delito,
sem qualquer referência à antijuridicidade e à culpabilidade.
Para a teoria do “tipo avalorado” (também chamado de “neutro”, “acromático”), a tipicidade não indica coisa alguma acerca da
antijuridicidade. (certa) FCC - 2012 - DPE-PR
• Adotando-se a teoria do tipo avalorado ou acromático, no caso de atropelamento com morte, a comprovação de que a vítima se jogou na
frente do veículo para cometer suicídio seria relevante para a verificação da existência do fato típico. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

18.4 2ª FASE: TEORIA RATIO COGNOSCENDI - MAX ERNST MAYER (1915) - BRASIL
Trata-se da função indiciária do tipo penal - A tipicidade opera como um indício de antijuridicidade, um desvalor provisório,
que deve ser avaliado mediante a comprovação de causas de justificação. 114

113
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 416
114
Notas de aula – Gabriel Habib – Curso Fórum

elaborado por @fredsmcezar


A tipicidade autoriza a presunção relativa de ilicitude, a qual cede diante de prova em sentido contrário, com a comprovação da
ocorrência de alguma eximente. Nascia a fase da tipicidade como indício da ilicitude.115
• Para a teoria indiciária (ratio congnoscendi), a tipicidade é um indício ou presunção iuris et iuris da normatividade da licitude. (errada) FCC - 2012
- DPE-PR

• De acordo com a teoria do tipo indiciário, a tipicidade leva à presunção absoluta de ilicitude da conduta. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ
• Algumas teorias procuram definir a relação entre a tipicidade e ilicitude. Uma delas poderia ser resumida na frase: “A tipicidade é a ratio
cognoscendi da ilicitude”. Assinale a alternativa que corresponde à teoria que melhor se adequa à frase anteriormente destacada: Teoria
indiciária ou da indiciariedade; (certa) 2014 - MPE-MA
• Tipicidade, para a teoria indiciária, é uma presunção iuris et iuris da normatividade da licitude. (errada) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

18.5 3ª FASE: MEZGER (TEORIA DA RATIO ESSENDI)


Segundo Mezger, o “tipo é o próprio portador da desvaloração jurídico-penal que o injusto supõe”, e, portanto, “é fundamento
real e de validade (ratio essendi) da antijuridicidade”. 116
Na terceira fase o tipo passou a ser a própria razão de ser da ilicitude, a sua ratio essendi. Não há fato típico se a conduta
praticada pelo agente for permitida pelo ordenamento jurídico. É como se houvesse uma fusão entre o fato típico e a
antijuridicidade, de modo que, se afastássemos a ilicitude, estaríamos eliminando o próprio fato típico. 117
• Para a teoria da identidade, a tipicidade é a ratio essendi da antijuridicidade, onde afirmada a tipicidade resultará também afirmada
antijuridicidade. (certa) FCC - 2012 - DPE-PR

Por teoria da ratio essendi entende-se fusão entre dois substratos do conceito analítico de crime, a saber, a tipicidade e a
antijuridicidade, sendo aquela reconhecida como a razão de ser desta; assim, o crime é composto pelo fato antijurídico (injusto)
e pela culpabilidade. (certa) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLICIA CIVIL
Ex.: O art. 121 do Código Penal, para os adeptos da teoria, estaria assim redigido:
“ART. 121. MATAR ALGUÉM ILICITAMENTE.”
O fato, para essa teoria, ou é, desde a origem, típico e antijurídico desde a sua origem OU é atípico e lícito desde o início.
• Segundo a Teoria da ratio essendi, a prática de uma conduta típica indicia sempre a sua própria ilicitude, de modo que se resultar provado
que o agente agiu em legítima defesa, teremos o caso de uma conduta típica ATÍPÍCA, mas com a exclusão de sua antijuridicidade. (errada) 2018
- TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

18.6 TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO


Preconizada pelo alemão Hellmuth von Weber, propõe o tipo total de injusto, por meio do qual os pressupostos das causas de
exclusão da ilicitude compõem o tipo penal como seus elementos negativos. Tipicidade e ilicitude integram o tipo penal (tipo total).
Consequentemente, se presente a tipicidade, automaticamente também estará delineada a ilicitude. Ao reverso, ausente a
ilicitude, o fato será atípico. Não há distinção entre os juízos da tipicidade e da ilicitude. Crime, assim, não é o fato típico e ilícito, e
sim um tipo total de injusto, em uma única análise. Opera-se um sistema bipartido, com duas fases para aferição do crime: tipo
total (tipicidade + ilicitude) e culpabilidade.
Para a teoria dos elementos negativos do tipo, assim como para a teoria bipartida de fato punível, matar alguém em situação
de legítima defesa constitui fato atípico. (certa) 2011 - MPE-PR
Ex.: Segundo a teoria dos elementos negativos do tipo, as causas de exclusão de culpabilidade ILICITUDE devem ser agregadas ao
tipo como requisitos negativos deste, resultando no conceito denominado pela doutrina de tipo total de injusto. (errada) CESPE - 2009 -
DPE-AL

Ex.: Em situação de legítima defesa própria, “A” desfere golpe mortal no agressor “B”, utilizando-se moderadamente dos meios
necessários: para a teoria bipartida do conceito de fato punível, a ação de “A” é atípica, mas para a teoria dos elementos negativos
do tipo, a ação de “A” é típica, mas justificada ATÍPICA. (errada) 2021 - MPE-PR
• Para os adeptos da teoria dos elementos negativos do tipo, se o agente agir em estado de necessidade, deixará de existir o próprio fato
típico. (certa) 2010 - MPE-PB
• Conforme a teoria dos elementos negativos do tipo ou do tipo total de injusto, a legítima defesa configura causa excludente da tipicidade.
(certa) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTIVO

• Segundo os adeptos da teoria dos elementos negativos do tipo, deve o mesmo ser apreendido de maneira total, inserindo-se, pois, as causas
de justificação. (certa) 2013 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA
• Para a teoria dos elementos negativos do tipo, os erros incidentes sobre causas de justificação são considerados erros de tipo. (certa) 2019 -
MPE-PR

115
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 307
116
MEZGER, Edmund. Tratado de Derecho Penal... cit., t. I, p. 365 e p. 376.
117
Notas de aula – Gabriel Habib – Curso Fórum

elaborado por @fredsmcezar


19. CAUSAS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE, CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO OU DESCRIMINANTES

Em face do acolhimento da teoria da tipicidade como indício da ilicitude, uma vez praticado o fato típico, isto é, o comportamento
humano previsto em lei como crime ou contravenção penal, presume-se o seu caráter ilícito. A tipicidade não constitui a ilicitude,
apenas a revela indiciariamente. Essa presunção é relativa, iuris tantum, pois um fato típico pode ser lícito, desde que o seu autor
demonstre ter agido acobertado por uma causa de exclusão da ilicitude. 118
• De acordo com a teoria do tipo indiciário, a tipicidade leva à presunção absoluta de ilicitude da conduta. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ

Segundo a teoria da ratio essendi COGNOSCENDI, a prática de uma conduta típica indicia sempre a sua própria ilicitude, de modo
que se resultar provado que o agente agiu em legítima defesa, teremos o caso de uma conduta típica, mas com a exclusão de sua
antijuridicidade. (errada) 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

Ainda a respeito da disciplina da ilicitude, é possível constatar que o nosso Código Penal relaciona quatro causas de exclusão
da ilicitude, mas apenas explicitou conceitualmente duas delas em sua Parte Geral. (certa) 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
Art. 23 - NÃO HÁ CRIME quando o agente pratica o fato:

I - em ESTADO DE NECESSIDADE;

II - em LEGÍTIMA DEFESA;

III - em ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL ou NO EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO.

• O estrito cumprimento do dever legal e a obediência hierárquica são excludentes da ilicitude. (errada) 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA

• A coação irresistível e a obediência hierárquica são causas de exclusão da ilicitude. (errada) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA

• O estrito cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito são excludentes de culpabilidade e não de ilicitude. (errada) 2009 - PC-PA -
DELEGADO DE POLÍCIA

• Não há excludentes de ilicitude previstas na Parte Especial do Código Penal. (errada) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA

• Estado de necessidade é causa legal excludente de ilicitude e coação moral irresistível é causa excludente de culpabilidade. (certa) 2010 - TRF -
4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• Não há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no
exercício regular de direito. (certa) 2011 - TJ-PR – JUIZ
• As causas de exclusão de ilicitude são taxativas e estão previstas na parte geral do CP, tendo o legislador pátrio fornecido o conceito preciso
de cada uma delas, de modo a evitar interpretações não previstas na norma, em benefício do autor da conduta. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 1ª
REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• As causas legais de exclusão da ilicitude, previstas na parte geral do Código Penal, são estado de necessidade, legítima defesa, estrito
cumprimento de dever legal, exercício regular de direito e consentimento do ofendido. (errada) CESPE - 2013 - TJ-ES - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS
E DE REGISTROS

• As causas excludentes de ilicitude são exaustivamente elencadas no Código Penal. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ

• Nos termos do art. 23 do Código Penal, há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade, em legítima defesa e em estrito
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. (errada) 2012 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA
• As causas excludentes da ilicitude restringem-se àquelas previstas na Parte Geral do Código Penal. (errada) FCC - 2014 - DPE-RS - DEFENSOR PÚBLICO
• O rol completo das hipóteses de excludentes de ilicitudes elencadas no art. 23 do Código Penal são: a legítima defesa, o estado de
necessidade e o estrito cumprimento do dever legal. (errada - incompleta) VUNESP - 2015 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
• De acordo com o CP, constituem hipóteses de exclusão da antijuridicidade o estrito cumprimento do dever legal e o estado de necessidade.
(certa) CESPE - 2016 - TJ-DFT – JUIZ

• As causas de exclusão de antijuridicidade previstas no CP são taxativas. (errada) CESPE - 2017 - DPE-AL
• O consentimento do ofendido é causa de exclusão de ilicitude expressa no CP. (errada) CESPE - 2017 - DPE-AL
• Obediência hierárquica, estado de necessidade e coação irresistível são excludentes de ilicitude. (errada) 2021 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA

• Estrito cumprimento do dever legal, legítima defesa e estado de necessidade são excludentes de ilicitude. (certa) 2021 - PC-PR - DELEGADO DE
POLÍCIA

• São excludentes de ilicitude, o estrito cumprimento do dever legal e o aborto terapêutico. (certa) VUNESP - 2021 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO

• Se uma conduta típica ocorre em estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular de direito ou estrito cumprimento do dever legal
ela é justificada, razão pela qual não é contrária ao ordenamento jurídico como um todo. (certa) 2021 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA

118
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 419

elaborado por @fredsmcezar


Para o reconhecimento da causa de exclusão de ilicitude, há necessidade da presença dos pressupostos objetivos e da
consciência do agente de agir acobertado por uma excludente, de modo a evitar o dano pessoal ou de terceiro, admitindo-se as
causas supralegais de justificação. (certa) CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
O STJ já decidiu que a situação justificadora (no caso, o estrito cumprimento do dever legal) se estende aos demais agentes
que dela tiveram conhecimento (APN 200900102158 do STJ).
.
• Se a excludente do estrito cumprimento do dever legal for reconhecida em relação a um agente, necessariamente será reconhecida em
relação aos demais coautores, ou partícipes do fato, que tenham conhecimento da situação justificadora. (certa) CESPE - 2012 - TJ-PI – JUIZ
• A causa de exclusão da ilicitude decorrente da prática da conduta em estrito cumprimento do dever legal pode estender- se ao coautor se
for de seu conhecimento a situação justificadora. (certa) CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ

O abate de animal para proteger lavouras, ou pomares e rebanhos, da ação predatória, desde que autorizado pela autoridade
competente, caracteriza excludente de ilicitude. (certa) FCC - 2016 - PROCURADOR MUNICIPAL

Lei 9.605/98. Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente
autorizado pela autoridade competente;

19.1 EFEITOS DAS EXCLUDENTES


CPP, art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
• O fato praticado sob alguma excludente de ilicitude não enseja reparação civil, exceto na hipótese de estado de necessidade agressivo e de
legítima defesa, no caso de ser atingido, por erro na execução, terceiro inocente. (certa) CESPE - 2012 - TJ-PI - JUIZ

• Faz coisa julgada no cível a sentença que absolve o réu com fundamento de haver o fato sido praticado em estado de necessidade defensivo.
(certa) VUNESP - 2013 - TJ-SP – JUIZ

• Os efeitos das causas excludentes de antijuridicidade se estendem à esfera extrapenal. (certa) CESPE - 2017 - DPE-AL

• A decisão do juízo penal sobre as excludentes de ilicitude previstas no art. 23 do Código Penal é soberana, não podendo o tema ser revisto
na instância cível e administrativa. (certa) 2021 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA

19.2 EXCESSO PUNÍVEL


Art. 23. Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
• O agente, no caso de estrito cumprimento do dever legal, responderá somente pelo excesso doloso, de acordo com o Código Penal. (errada)
2009 - TJ-SC – JUIZ

• O agente, na hipótese de estado de necessidade, responderá pelo excesso doloso ou culposo. (certa) 2009 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA

• A responsabilidade penal do agente nos casos de excesso doloso ou culposo aplica-se às hipóteses de estado de necessidade e legítima
defesa, mas o legislador, expressamente, exclui tal responsabilidade em casos de excesso decorrente do estrito cumprimento de dever legal
ou do exercício regular de direito. (certa) CESPE - 2010 – DPU
• Na situação de legítima defesa, se o agente incorrer em excesso culposo, estará plenamente amparado por uma excludente de ilicitude e
não responderá pelo excesso. (errada) 2010 - TJ-PR – JUIZ
• Na hipótese de excesso de legítima defesa involuntária, com erro inevitável, o agente responderá pelo resultado a título de culpa. (errada)
2010 - MPE-SP

• O agente, em qualquer das hipóteses do artigo 23 do Código Penal (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever
legal e exercício regular de direito), responderá pelo excesso doloso ou culposo. (certa) 2011 - TJ-PR – JUIZ
• O agente, quando praticar os atos em legítima defesa, não responderá pelo excesso punível na modalidade dolosa ou culposa. (errada) 2011 -
TJ-PR – JUIZ

• O agente responderá pelo excesso doloso ou culposo, aplicando-se a mesma regra prevista para o excesso na legítima defesa. (certa) 2012 -
MPE-MG

• No caso de excesso culposo da legítima defesa, embora o agente somente possa resultar punido com a pena do crime culposo, quando
prevista em lei esta estrutura típica, a vontade deste é dirigida ao resultado, de modo que age, na realidade, dolosamente, mas, por erro
vencível ou evitável, não sabe que transpôs os limites legais da causa de justificação e exercita defesa desnecessária. (certa) FCC - 2014 - DPE-
RS

• Nas hipóteses de estado de necessidade, o Código Penal prevê que o excesso doloso disposto no parágrafo único do art. 23 do Código Penal
torna ilícita conduta originalmente permitida, o que não ocorre com o excesso culposo, que mantém a ação excessiva impunível. (errada) FCC -
2014 - DPE-RS

• Quanto às excludentes de ilicitude, o excesso doloso ou culposo punível aplica-se à legítima defesa e ao estado de necessidade, enquanto
ao estrito cumprimento do dever legal e ao exercício regular de direito, somente o doloso. (errada) VUNESP - 2018 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO

elaborado por @fredsmcezar


• Quanto às excludentes de ilicitude, o excesso doloso ou culposo punível aplica-se à legítima defesa e ao estado de necessidade, enquanto
ao estrito cumprimento do dever legal e ao exercício regular de direito, somente o doloso. (errada) VUNESP - 2018 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO
• O excesso culposo nas causas de justificação deriva de erro do agente quanto aos seus limites ou quanto às circunstâncias objetivas do fato
concreto. (certa) FUNDEP - 2019 - DPE-MG
• No excesso de legítima defesa involuntário, derivado de erro de tipo escusável, o agente responde pelo fato criminoso. (errada) VUNESP - 2019
- TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• O excesso culposo decorrente de erro sobre os limites da causa de justificação não é punível a título de dolo ou culpa. (errada) VUNESP - 2019
- TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• No excesso de legítima defesa involuntário, derivado de erro de tipo escusável [invencível], o agente responde pelo fato criminoso. (errada)
VUNESP - 2019 - TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Na legítima defesa, assim como no estado de necessidade, somente é admitido o excesso culposo. (errada) 2019 - PC-ES - DELEGADO DE POLÍCIA

19.2.1 ERRO ESCUSÁVEL (INVENCÍVEL - INEVITÁVEL) X ERRO VENCÍVEL (INESCUSÁVEL)

ERRO ESCUSÁVEL (INEVITÁVEL) NÃO RESPONDE

ERRO VENCÍVEL (INESCUSÁVEL) RESPONDE

No excesso de legítima defesa involuntário, derivado de erro de tipo escusável [invencível], o agente responde pelo fato
criminoso. (errada) VUNESP - 2019 - TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Na hipótese de excesso de legítima defesa involuntária, com erro inevitável, o agente responderá pelo resultado a título de
culpa. (errada) 2010 - MPE-SP
Na situação de legítima defesa, se o agente incorrer em excesso culposo, estará plenamente amparado por uma excludente de
ilicitude e não responderá pelo excesso. (errada) 2010 - TJ-PR – JUIZ

elaborado por @fredsmcezar


20. ESTADO DE NECESIDADE
“SE PUDER FUGIR, FUJA”
• A possibilidade de fuga não impede o agente de praticar conduta amparada pelo estado de necessidade justificante. (errada) 2013 - MPDFT

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade,
nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
2011 - TJ-PR – JUIZ / 2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA / VUNESP - 2015 - PC-CE

Deve obedecer a dois outros requisitos: inevitabilidade do perigo por outro modo e proporcionalidade.
Ex.: Se A, sem habilitação para dirigir, transporta em veículo o acidentado grave B ao hospital, em alta velocidade, gerando
perigo de dano em via pública, A não pode ser responsabilizado por prática do crime de dirigir veículo em via pública, sem habilitação
(Código de Trânsito Brasileiro, art. 309), por estar amparado pelo estado de necessidade. (certa) 2017 - MPE-PR
É exemplo de excludente de ilicitude o abate de animal protegido pela lei ambiental quando realizado para saciar a fome do
agente ou de sua família. (certa) 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Embora o código fale apenas em perigo atual, admite-se, doutrinariamente (princípio da razoabilidade da exigência de sacrifício), estado de
necessidade justificante em face de perigo iminente, não provocado pela vontade do agente, ainda que possível, de outro modo, evitá-lo.
(errada) 2012 - MPE-MG

• No estado de necessidade a conduta pode ser dirigida contra um terceiro desinteressado, enquanto na legítima defesa a conduta recai
somente sobre o agressor. (certa) 2013 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA
• Age em legítima defesa ESTADO DE NECESSIDADE aquele que, para combater o fogo que repentinamente tomou conta de seu automóvel, invade carro
de terceiro estacionado nas proximidades e dele retira um extintor, sem autorização do proprietário. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ
• Atua em legítima defesa ESTADO DE NECESSIDADE a pessoa que, para escapar de ataque de animal feroz ordenado por seu desafeto, invade
propriedade de terceiro sem autorização do morador. (errada) 2013 – MPDFT
• Estado de necessidade configura causas de exclusão de antijuridicidade. (certa) 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA

• Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de
outro modo evitar, direito próprio ou alheio, ainda que nas circunstâncias seja exigível sacrifício. (errada) VUNESP - 2015 - PC-CE - DELEGADO DE
POLÍCIA CIVIL

• Constitui requisito para a configuração do estado de necessidade a prática de ato que o agente não tenha provocado por vontade própria,
nem poderia de outro modo tê-lo evitado, para salvar de perigo atual direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se. (certa) CESPE - 2017 - MPE-RR
• Para a caracterização do estado de necessidade, entre outros requisitos, é indiferente que a situação de perigo tenha sido causada por
conduta humana ou decorra de fato natural, sendo suficiente que o exercício da ação de salvaguarda não se caracterize como uma reação
contra o agressor. (certa) FUNDEP - 2019 - DPE-MG

O dispositivo legal que prevê o estado de necessidade é uma norma penal não incriminadora permissiva justificante porque
tem por finalidade afastar a ilicitude da conduta do agente. (certa) CESPE - 2010 - MPE-RO
Ex.: Gertrudes, para ir brincar o carnaval, deixou dormindo em seu apartamento seus filhos Lúcio, de cinco anos de idade, e
Lígia, de sete anos de idade. As crianças acordaram e, por se sentirem sós, começaram a chorar. Os vizinhos, ouvindo os choros e
chamamentos das crianças pela janela do apartamento, que ficava no terceiro andar do prédio, arrombaram a porta, recolheram as
crianças e entregaram-nas ao Conselho Tutelar. Logo, pode-se afirmar que Gertrudes deve responder pelo crime de abandono de
incapaz e os vizinhos não praticaram crime, pois estavam agindo em estado de necessidade de terceiros. (certa) FUNCAB - 2013 - PC-ES -
DELEGADO DE POLÍCIA

• A atuação em estado de necessidade só é possível se ocorrer na defesa de direito próprio, não se admitindo tamanha excludente se a atuação
destinar-se a proteger direito alheio. (errada) CESPE - 2009 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA
• O terceiro que defende o provocador doloso do perigo não pode alegar estado de necessidade. (errada) 2021 - MPDFT

Obs.: Para os adeptos da teoria dos elementos negativos do tipo, se o agente agir em estado de necessidade, deixará de existir
o próprio fato típico. (certa) 2010 - MPE-PB

§ 1º - NÃO pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
2014 - MPE-PR

• Em relação ao agente que tinha o dever legal de enfrentar o perigo, poderá haver a aplicação do estado de necessidade justificante, se o
bem que sacrificou era de menor valor do que o protegido. (errada) CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (errada) 2009 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA

• Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (certa) 2010 - TJ-SC – JUIZ

• A lei permite que qualquer pessoa alegue o estado de necessidade justificante como causa legal de exclusão da ilicitude, ainda que tenha o
dever legal de enfrentar o perigo. (errada) 2011 - PGE-RS

elaborado por @fredsmcezar


• Não pode alegar, em sua defesa, estado de necessidade o indivíduo que tem o dever legal ou contratual de enfrentar o perigo. (errada) CESPE
- 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• O dever de enfrentar o perigo é norma que impede a exclusão da ilicitude por estado de necessidade. (certa) 2014 - MPE-PR
• O dever de enfrentar o perigo não impede a exclusão da ilicitude por estado de necessidade. (errada) 2019 - MPE-PR

• Um bombeiro pode alegar estado de necessidade como forma de se eximir de enfrentar um incêndio. (errada) 2019 - MPE-PR

§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 1/3 (um) a 2/3 (dois terços).
FCC - 2019 - MPE-MT

• Nos casos em que seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, embora a ação não se justifique pelo estado de necessidade, o
agente condenado terá sua pena reduzida na terceira fase de sua aplicação. (certa) 2012 - MPE-MG
• No CP brasileiro, a situação correspondente ao estado de necessidade somente exclui a ilicitude do fato, e por isso não afeta a culpabilidade
da conduta. (errada) 2019 - MPE-SC
• Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado nos casos de estado de necessidade, a pena poderá ser reduzida de um a
dois terços. (certa) FCC - 2019 - MPE-MT
• Na análise da cláusula de razoabilidade do estado de necessidade, prevista no Código Penal brasileiro, se na situação concreta era razoável
exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, deve ser reconhecida circunstância atenuante, na segunda TERCEIRA fase de aplicação da pena. (errada)
2021 - MPE-PR

A proteção contra lesões corporais produzidas em situação de ataque epiléptico não pode ser justificada pela legítima defesa,
mas pode ser justificada pelo estado de necessidade. (certa) 2012 - MPE-PR

20.1 ELEMENTOS 119


ELEMENTOS OBJETIVOS ELEMENTOS SUBJETIVOS

1. PERIGO ATUAL* (HUMANO OU NATURAL) 1. CONSCIÊNCIA DA EXISTÊNCIA DO ESTADO DE


NECESSIDADE.
2. NÃO PROVOCOU POR SUA VONTADE
3. NÃO PODIA EVITAR DE OUTRO MODO
4. DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO
5. CUJO SACRIFÍCIO, NAS CIRCUNSTÂNCIAS, NÃO ERA
RAZOÁVEL EXIGIR-SE.

* E se o perigo for iminente?

O termo atual abrange o perigo iminente por analogia do art. 25 – Cezar Bittencourt e Rogério Greco. Contudo
1ª CORRENTE
analogia pressupõe lacuna na lei. Contudo, o estado de necessidade não é lacunoso.

NÃO ABRANGE. Há interpretação literal. Se o legislador quisesse assim teria o feito. Corrente que deve ser
2ª CORRENTE:
adotada para prova. (Majoritária)

CONSCIÊNCIA
O agente deve saber que está agindo em estado de necessidade. Deve ter consciência sobre todos os elementos objetivos.

Ex.: O art. 128 do código penal trata do aborto necessário. Imagine que uma mãe queira abortar o feto porque há risco de
morte para gestante. Contudo, ela ao procurar o médico, só informa que quer realizar o aborto sem deixar claro que existia um risco.
Se o médico realiza o procedimento desconhecendo o risco que existia para gestante, ele não poderá alegar estado de necessidade,
uma vez que não tinha conhecimento de todos elementos objetivos. Em apertada síntese, o médico não abortou para salvar a mãe,
abortou por abortar a pedido da gestante, daí a razão de restar configurado o crime de aborto.
• O aborto praticado pelo médico para salvar a vida da gestante caracteriza hipótese de legítima defesa de terceiro ESTADO DE NECESSIDADE. (errada)
2013 – MPDFT

• Para caracterizar o estado de necessidade, é suficiente o conhecimento objetivo da situação de perigo, a exemplo do que ocorre com as
demais causas justificantes. É desnecessário que o agente aja com o objetivo de salvar um bem próprio ou alheio do perigo. (errada) FUNDEP -
2019 - DPE-MG

Ex.: Alfredo e Ricardo disputam o único salva-vidas durante o naufrágio de um barco, provocado dolosamente por Alfredo.
Ricardo, desconhecendo que Alfredo foi o causador do naufrágio, para alcançar a posse exclusiva do salva-vidas, termina por matá-
lo. Neste caso, Ricardo teria atuado justificadamente, em estado de necessidade defensivo. E, se houvesse uma terceira pessoa na

119
Gabriel Habib (Aula – Curso Fórum)

elaborado por @fredsmcezar


embarcação, também inocente na provocação do naufrágio, que com ele disputasse o mesmo salva-vidas, se a matasse para salvar
a própria vida, Ricardo teria feito em estado de necessidade agressivo, excludente da ilicitude. (errada) 2017 - MPE-RS

20.2 NATUREZA JURÍDICA DO ESTADO DE NECESSIDADE 120


CEZAR BITTENCOURT → Trata-se de uma faculdade. Não é um direito, uma vez que para todo direito existe um
1ª CORRENTE
dever. Ora, se é um direito de sacrificar, haveria para o outro um dever de sujeitar-se ao sacrifício.

MAJORITÁRIA - DAMÁSIO DE JESUS → É um direito em face do Estado porque o Estado teria o dever de
2ª CORRENTE
reconhecer essa justificante.

20.3 TEORIA UNITÁRIA – CÓDIGO PENAL


O Código Penal Brasileiro adotou a teoria unitária do estado de necessidade. (certa) VUNESP - 2019 - TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Se o bem sacrificado for de menor ou igual valor em relação ao bem a ser salvo, tem-se um estado de necessidade justificante.
Isso quer dizer que isso exclui a ilicitude. É unitária porque só se exclui a ilicitude.
No que se refere ao instituto do estado de necessidade, para que se possa diferenciar o estado de necessidade justificante e
exculpante, pode-se destacar as denominadas teorias unitária e diferenciadora, sendo que para a unitária, todo estado de
necessidade é justificante, ou seja, tem a finalidade de eliminar a ilicitude do fato típico praticado pelo agente. (certa) 2014 - TJ-PR - JUIZ
SUBSTITUTO

• Quanto ao estado de necessidade, o CP brasileiro adotou a teoria da diferenciação UNITÁRIA, que só admite a incidência da referida excludente
de ilicitude quando o bem sacrificado for de menor [ou igual] valor que o protegido. [adaptada] (errada) CESPE - 2009 - DPE-AL
• O estado de necessidade, segundo o Código Penal brasileiro, pode ser classificado como causa de exclusão de ilicitude ou de culpabilidade.
(errada) CESPE - 2009

• O CP adotou a teoria unitária, pela qual todo estado de necessidade é exculpante JUSTIFICANTE, ou seja, tem por finalidade eliminar a ilicitude do
fato típico praticado pelo agente. (errada) CESPE - 2010 - MPE-RO
• No CP, adota-se a teoria unitária ou monista objetiva em relação ao estado de necessidade, situação na qual se encontra pessoa que não
pode razoavelmente salvar um bem, interesse ou direito senão pela prática de ato que, em circunstâncias outras, seria delituoso (certa) CESPE
- 2011 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• Em sede de estado de necessidade, a teoria diferenciadora acolhida no Código Penal brasileiro admite a exculpação do homicídio, quando
postas em confronto as vidas de duas distintas pessoas em situação de perigo. (errada) 2011 – MPDFT
• Em relação ao estado de necessidade, adota-se no CP a teoria diferenciadora, segundo a qual a excludente de ilicitude poderá ser reconhecida
como justificativa para a prática do fato típico, quando o bem jurídico sacrificado for de valor menor ou igual ao do bem ameaçado. (errada)
CESPE - 2012 - TJ-PI - JUIZ

• Segundo a teoria diferenciadora UNITÁRIA, o estado de necessidade é causa de exclusão de ilicitude em face da razoabilidade da situação fática.
(errada) CESPE - 2013 - MPE-RO

• De acordo com a teoria adotada pelo Código Penal, o estado de necessidade pode funcionar como causa de exclusão da ilicitude ou da
culpabilidade, conforme os valores dos bens em conflito. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ
• O direito penal brasileiro adota a teoria unitária do estado de necessidade, reconhecendo-o unicamente como causa de exculpação JUSTIFICAÇÃO;
(errada) 2014 - MPE-PR – PROMOTOR

• O direito penal brasileiro adota a teoria unitária do estado de necessidade, reconhecendo-o unicamente como causa de justificação; (certa) 2014
- MPE-PR – PROMOTOR

• O Código Penal brasileiro, em razão da adoção da teoria unitária, prevê o estado de necessidade justificante, mas não prevê o estado de
necessidade exculpante, que assim pode assumir natureza de causa supralegal de exclusão da culpabilidade, por inexigibilidade de
comportamento diverso. (certa) 2017 - MPE-PR
• No que concerne ao instituto do estado de necessidade adotado pelo legislador pátrio, é possível afirmar que age em estado de necessidade
exculpante, a equipe policial que ingressa no interior de uma residência para prender quem se encontra em flagrante delito. (errada) 2018 - TRF
- 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

• Segundo a doutrina majoritária, o Código Penal brasileiro adota a teoria diferenciadora do estado de necessidade, que se contrapõe à teoria
unitária. (errada) FUNDEP - 2019 - DPE-MG

20.4 TEORIA DIFERENCIADORA – CÓDIGO PENAL MILITAR


Se o bem sacrificado for de menor valor, o estado de necessidade é justificante. Isso quer dizer que isso exclui a ILICITUDE. Se
o bem sacrificado for igual ou de maior valor, estado de necessidade EXCULPANTE. Isso exclui a CULPABILIDADE.
Assim, para teoria diferenciadora, pode ser excluída a ilicitude (justificante) ou culpabilidade (exculpante).
O Código Penal brasileiro, de acordo com o entendimento majoritário na doutrina, consagra o estado de necessidade somente
como excludente da antijuridicidade, ou seja, justificante, enquanto o Código Penal Militar consagra o estado de necessidade
exculpante. (certa) FUNDEP - 2019 - DPE-MG

120
Gabriel Habib (Aula – Curso Fórum)

elaborado por @fredsmcezar


Para a teoria diferenciadora alemã, a qual chegou a ser prevista no CP de 1969, que não chegou a entrar em vigor, há
necessidade de ponderação entre os bens e deveres em conflito e somente o bem reputado de menor valor pode ser licitamente
sacrificado para proteção do de maior valor. (certa) CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
Ex.: Possidônio, orgulhoso do novo automóvel que acaba de comprar, dirige-se até o Bar Amizade para mostrar sua nova
aquisição aos seus amigos. Ocorre que no local se encontrava, um tanto quanto embriagado, a pessoa de Típico. Este, tomado de
intensa inveja de Possidônio, passa a desferir chutes em seu automóvel. Possidônio, a fim de fazer parar a ação de Típico, agarra
uma das cadeiras de metal do bar e desfere um violento golpe contra as costas de Típico, fazendo com que este caia desmaiado no
solo, com a clavícula quebrada. Neste caso é correto afirmar que Possidônio agiu em: Estado de necessidade exculpante, segundo
a teoria diferenciadora, excluindo a culpabilidade. (certa) 2019 - MPE-PR
• O Código Penal Militar adotou a teoria diferenciadora, aproximando-se do Código Penal Comum de 1969, que sequer entrou em vigor. (certa)
FUMARC - 2013 - TJM-MG - TÉCNICO JUDICIÁRIO

• Segundo a teoria diferenciadora, o estado de necessidade é causa de exclusão de ilicitude em face da razoabilidade da situação fática. (errada)
CESPE - 2013 - MPE-RO

• Com relação à natureza jurídica do estado de necessidade, a doutrina destaca que para a teoria unitária DIFERENCIADORA, ou é o estado de
necessidade justificante, funcionando como causa de exclusão da ilicitude da conduta do agente ou exculpante, excludente da culpabilidade.
(errada) FUMARC - 2021 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO

20.5 ESTADO DE NECESSIDADE DEFENSIVO


Aqui, sacrifica-se a própria fonte do perigo. Ex.: matar um cachorro (fonte do perigo).
• Ocorre o estado de necessidade defensivo quando a conduta do agente atinge um interesse de quem causou a situação de perigo. (certa) 2010
- MPE-MG

• Diz-se agressivo DEFENSIVO o estado de necessidade quando a conduta do agente dirige-se diretamente ao produtor da situação de perigo, a
fim de eliminá-la. (errada) CESPE - 2012 - MPE-TO

• O estado de necessidade defensivo ocorre quando a conduta do agente atinge um bem jurídico de terceiro inocente. (errada) VUNESP - 2019 - TJ-
AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

20.5.1 ATAQUE DE CACHORRO: ESTADO DE NECESSIDADE x LEGÍTIMA DEFESA


Quem rechaça ataque de cão bravio, instigado o animal por desafeto, está ao abrigo do estado de necessidade LEGÍTIMA DEFESA
.
(errada) 2012 - TJ-RS – JUIZ

Para repelir a arremetida de um cão feroz, o agente usa uma arma de fogo matando o animal. O animal tinha sido instado ao
ataque pelo seu dono, o que era do conhecimento do agente. O agente praticou o fato em legítima defesa. (certa) FUNDEP - 2014 - DPE-
MG

Age em estado de necessidade agressivo DEFENSIVO o indivíduo que, ao caminhar em via pública, mata um cachorro que o ataca
ao se soltar da coleira de seu dono. (errada) CESPE - 2013 - MPE-RO
Quando uma pessoa reage a um ataque espontâneo de uma cão pit bull, para não ser gravemente lesionada, está reagindo em
estado de necessidade. (certa) 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
“A” caminha pela rua, em direção ao ponto de ônibus, momento em que é atacado por um cachorro de grande porte. Caso “A”
efetue um disparo de arma de fogo, sacrificando o animal, sua conduta estará amparada pela legítima defesa ESTADO DE NECESSIDADE. Da
mesma forma, caso o cachorro seja utilizado por uma pessoa como um instrumento para atacar outra pessoa, funcionando como
verdadeira arma para a agressão, o ofendido poder· matar o animal em legítima defesa. (errada) 2019 - MPE-GO
Por descuido, o turista A cai no interior de área reservada a gorila em zoológico e é violentamente dominado por este, em clara
situação de perigo atual: a ação do policial aposentado B que, em passeio turístico ao local, percebe o incidente e realiza disparo
certeiro e letal de arma do fogo no gorila, é justificada pela legítima defesa de terceiro ESTADO DE NECESSIDADE. (errada) 2021 - MPE-PR

20.6 ESTADO DE NECESSIDADE AGRESSIVO


Sacrifício de um bem que não é a fonte do perigo.
• O estado de necessidade agressivo ocorre quando o ato necessário se dirige contra a coisa que promana o perigo para o bem jurídico
defendido. (errada) FCC - 2014 - DPE-RS
• O estado de necessidade agressivo é aquele em que o agente, para preservar bem jurídico próprio ou de terceira pessoa, pratica o ato
necessitado contra bem jurídico pertencente a terceiro inocente. (certa) PUC-PR - 2017 - TJ-MS – ANALISTA
• O estado de necessidade defensivo AGRESSIVO ocorre quando a conduta do agente atinge um bem jurídico de terceiro inocente. (errada) VUNESP -
2019 - TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Ex.: Roalda vinha dirigindo seu carro quando, em uma descida, percebeu que vinha em sua direção, na traseira de seu veículo,
um enorme caminhão desgovernado, em face de ter perdido a capacidade de frenagem. Para salvar a sua vida, Roalda jogou o seu
automóvel para o acostamento, colidindo com uma condução escolar, que estava estacionada aguardando uma criança. Logo, a
conduta de Roalda frente à colisão com o veículo estacionado constituiu estado de necessidade agressivo. (certa) FUNCAB - 2014 - PJC-MT
– INVESTIGADOR

elaborado por @fredsmcezar


20.7 ESTADO DE NECESSIDADE PUTATIVO
O estado de necessidade putativo ocorre quando o agente, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe encontrar-se em
estado de necessidade ou quando, conhecendo a situação de fato, supõe por erro quanto à ilicitude, agir acobertado pela excludente. (certa)
VUNESP - 2015 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO

• O estado de necessidade constitui causa de exclusão da ilicitude, se o perigo para o bem salvo pelo agente for putativo. (errada) 2015 – MPDFT

• Não é admissível no direito brasileiro o estado de necessidade putativo. (errada) FCC - 2019 - MPE-MT

Ex.: Ao passar próximo ao estoque de uma loja de roupas, um dos vendedores viu que havia ali um incêndio de grandes
proporções. Naquela situação, correu em direção à porta do estabelecimento que, por ser estreita, estava totalmente obstruída por
um cliente que entrava no local. Desconhecendo o incêndio e achando que estava sofrendo uma agressão, o cliente reagiu
empurrando o vendedor, que lhe desferiu um soco. Os empurrões do cliente, assim como a agressão do vendedor produziram
recíprocas lesões corporais de natureza leve. O vendedor agiu em estado de necessidade e o cliente, em legítima defesa putativa.
(certa) FUNDEP - 2014 - DPE-MG

Segundo a teoria limitada da culpabilidade, o estado de necessidade putativo constitui modalidade de erro de tipo permissivo,
que incide sobre os pressupostos fáticos da causa de justificação e recebe tratamento jurídico equiparado ao erro de tipo: se
inevitável, exclui o dolo e o próprio crime, e se evitável, admite punição a título de culpa, se prevista em lei. (certa) 2017 - MPE-PR

20.8 COEXISTÊNCIA ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA


É possível que uma mesma pessoa atue simultaneamente acobertada pela legítima defesa e pelo estado de necessidade, quando,
para repelir uma agressão injusta, praticar um fato típico visando afastar uma situação de perigo contra bem jurídico próprio ou
alheio. Ex.: “A”, para defender-se de “B”, que injustamente desejava matá-lo, subtrai uma arma de fogo pertencente a “C” (estado
de necessidade), utilizando-a para matar o seu agressor (legítima defesa).
Ex.: Roberto, para defender-se legitimamente de ataque feito por Saulo, usou arma de propriedade de Joaquim, sem a autorização
nem conhecimento deste. Nessa situação, coexistem o estado de necessidade e a legítima defesa. (certa) CESPE - 2014 - TJ-DFT - JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO

20.9 ESTADO DE DEFESA x LEGÍTIMA DEFESA


• Em se tratando de legítima defesa, a agressão é injusta e a repulsa materializa-se em uma ação predominantemente defensiva, com
aspectos agressivos, ao passo que, tratando-se de estado de necessidade, inexiste a agressão injusta, sendo a ação predominantemente
agressiva, com aspectos defensivos. (certa) CESPE - 2013 - TJ-ES - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS
• Tanto a legítima defesa como o estado de necessidade possuem o caráter de agressão autorizada a bens jurídicos, com diferença, entretanto,
de que no estado de necessidadeLEGÍTIMA DEFESA ocorre uma ação predominantemente defensiva com aspectos agressivos, ao passo que na
legítima defesaESTADO DE NECESSIDADE se dá uma ação predominantemente agressiva com aspectos defensivos. (errada) FCC - 2014 - DPE-RS

20.10 ESTADO DE NECESSIDADE RECÍPROCO 121


É perfeitamente admissível que duas ou mais pessoas estejam, simultaneamente, em estado de necessidade, umas contra as
outras. É o que se convencionou chamar de estado de necessidade recíproco, hipótese em que deve ser afastada a ilicitude do fato,
sem a interferência do Estado que, ausente, permanece neutro nesse conflito.
A literatura é farta ao indicar acontecimentos em que, fática ou hipoteticamente, se concretizou essa espécie de estado de
necessidade, destacando-se a famosa obra “O caso dos exploradores de cavernas”. Confira-se, ainda, o clássico exemplo de Basileu
Garcia (tábua de salvação):
Dois náufragos disputam uma tábua, que só servirá a um homem. É preciso que um deles pereça. Apresenta-se, mais tarde, ao
tribunal o sobrevivente, invocando a justificativa do estado de necessidade. Não será punido. O Estado não teria razão para tomar
partido em favor de um ou de outro indivíduo, cujos interesses, igualmente legítimos, se acharam em antagonismo. Está-se diante
de um fato consumado e irremediável, não cabendo castigar o que ofendeu o direito alheio em favor do próprio direito, desde que
tenham ocorrido os requisitos legais.

121
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 441

elaborado por @fredsmcezar


21. LEGÍTIMA DEFESA

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando MODERADAMENTE dos MEIOS NECESSÁRIOS, repele INJUSTA AGRESSÃO,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. VUNESP - 2014 - DPE-MS
• Entende-se em legítima defesa quem, usando dos meios necessários, repele agressão, apenas atual, a direito seu; não existindo legítima
defesa de terceiros. (errada) 2009 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA
• Nos termos expressos no art. 25 do Código Penal age em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
agressão a direito seu ou de outrem. É, em termos gerais, no crime de homicídio, o “matar para não morrer”. (certa) 2010 - MPE-SC
• Não se configura legítima defesa em relação à agressão desferida por sonâmbulo, por ausência de conduta por parte do agressor. (certa) 2010
- TJ-PR – JUIZ

• A legítima defesa pode ser utilizada para repelir injusta agressão, atual ou iminente, a bem jurídico próprio ou de terceiro, derivada de ações
dolosas ou culposas. (certa) 2011 - MPE-PR
• A legítima defesa pode ser utilizada para repelir agressão injusta, atual ou iminente, a bem jurídico, realizada por alguém em situação de
coação moral irresistível ou de obediência hierárquica, excludentes da culpabilidade. (certa) 2012 - MPE-PR
• Para caracterização da legítima defesa é imperioso que a agressão seja injusta, atual ou iminente e decorra de uma conduta dolosa. (errada)
2012 - MPE-SC

• A legítima defesa se configura, somente, quando o agente, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta e atual [*ou
iminente] agressão a direito seu ou de outrem. [*incompleta] (errada) 2012 - PGE-SC
• Um fato praticado sob legítima defesa não é crime porque lhe falta antijuridicidade, porém ele continua sendo culpável. (errada) 2013 - PC-PA -
DELEGADO DE POLÍCIA

• Se admite legítima defesa real contra agressão culposa. (certa) VUNESP - 2013 - MPE-ES

• É cabível a legítima defesa real contra a legítima defesa real decorrente de excesso por erro de tipo escusável. (errada) CESPE - 2013 - MPE-RO

• De acordo com o art. 25, do Código Penal, os requisitos da legítima defesa são: a agressão atual ou iminente e a utilização dos meios
necessários para repelir esta agressão [*injusta]. [*incompleta] (errada) VUNESP - 2015 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
• A legítima defesa é causa de exclusão da ilicitude da conduta, mas não é aplicável caso o agente tenha tido a possibilidade de fugir da
agressão injusta e tenha optado livremente pelo seu enfrentamento. (errada) CESPE - 2015 – AGU
• É incabível a legítima defesa contra legítima defesa real, estado de necessidade real, exercício regular de direito ou estrito cumprimento de
dever legal. (certa) 2015 – MPDFT
• É condição para o reconhecimento da legítima defesa que ao agente não seja possível furtar-se à agressão ao seu direito. (errada) FUNDEP -
2017 - MPE-MG

• A utilização da legítima defesa por B contra agressão injusta e atual realizada por A, bêbado evidente, com capacidade psicomotora
comprometida pelo consumo do álcool, está condicionada a limitações ético-sociais, que definem a permissibilidade de defesa. (certa) 2017 -
MPE-PR

• A reação defensiva na legítima defesa não exige que o fato seja previsto como crime, mas deve ser no mínimo um ato ilícito em sentido
amplo. (certa) 2018 - MPE-BA
• A legítima defesa é meio de exclusão da ilicitude em face de qualquer injusta agressão, desde que os bens jurídicos atacados sejam o
patrimônio, a vida ou a integridade corporal. (errada) FCC - 2018 - DPE-MA
• A legítima defesa exclui a antijuridicidade da conduta quando repele agressão injusta que esteja ocorrendo ou em vias de ocorrer, desde que
a ação defensiva seja moderada e utilize os meios necessários. (certa) FCC - 2018 - DPE-MA
• A legitima defesa é uma garantia que permite a defesa de interesse legítimo por parte de quem sofre a agressão injusta a um bem jurídico.
Não obstante os interesses em conflito no caso de estado de necessidade, todos os interesses são considerados legítimos ao se tratar de
oposição de bens jurídicos de mesmo valor. (certa) 2019 - PC-ES - DELEGADO DE POLÍCIA
• Como regra geral, considera-se que na legítima defesa não é exigível a fuga do agredido, pois o direito não deve ceder ao ilícito. (certa) FUNDEP
- 2021 - MPE-MG

• As denominadas restrições ético-sociais da legítima defesa relacionam-se, em termos de proporcionalidade, à necessidade dos meios
empregados, não se vinculando à ponderação entre os bens jurídicos do agressor e do agredido. (errada) FUNDEP - 2021 - MPE-MG
• A legítima defesa da honra é vedada quando a ação defensiva é uma retorsão imediata em crimes contra a honra. (errada) FCC - 2021 - DPE-BA
• A agressão que autoriza essa excludente de antijuridicidade deve ser iminente, atual ou cessada. (errada) FCC - 2021 - DPE-BA
• A necessidade do meio utilizado depende das circunstâncias concretas e dos meios disponíveis no momento pelo agente. (certa) FCC - 2021 -
DPE-BA

• A agressão injusta que autoriza essa excludente de ilicitude deve ser dolosa. (errada) FCC - 2021 - DPE-BA
• Segundo o Supremo Tribunal Federal, a legítima defesa da honra nos crimes contra a vida está excluída do âmbito do instituto da legítima
defesa, havendo óbice para sua utilização de forma direta ou indireta. (certa) FCC - 2021 - DPE-SC
• A legítima defesa putativa, o erro sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação e o erro de tipo permissivo constituem definições
diferenciadas de situações concretas equivalentes, sujeitando-se à mesma consequência jurídica, de acordo com o Código Penal brasileiro.
(certa) 2021 - MPE-PR

elaborado por @fredsmcezar


• Não se admite legítima defesa para repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, derivada de culpa inconsciente do
agressor. (errada) 2021 - MPE-PR
• Não é admissível juridicamente o exercício da legítima defesa por parte de inimputável por doença mental contra agressões injustas, atuais
ou iminentes, de terceiros, mas a legítima defesa exercida por outrem, contra agressão injusta, atual ou iminente, de inimputável por doença
mental, sujeita-se a limitações ético-sociais, que definem a permissibilidade de defesa. (errada) 2021 - MPE-PR

A legítima defesa é causa excludente da culpabilidade ILICITUDE. (errada) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA

REAL Preenchidos os requisitos do art. 25.

PUTATIVA/IMAGINÁRIA O agente, por erro, acredita existir uma situação que autorize sua atuação.

SUBJETIVA/EXCESSIVA É aquela em que o agente, por erro de tipo escusável, excede os limites da legítima defesa.

Constitui-se na espécie de legítima defesa em que alguém reage contra o excesso de legítima
SUCESIVA
defesa.

Ex.: Durante uma partida de futebol, Rogério agrediu Jonas com um soco, que lhe causou um leve ferimento no olho direito. No
dia seguinte, Jonas vai tirar satisfação com Rogério e, no meio da discussão, saca uma arma de fogo e parte na direção de Rogério,
que, então, retira de sua mochila um revólver que carregava legalmente e dispara contra Jonas, causando sua morte. Considerando
a situação apresentada, com relação à morte de Jonas, Rogério não responderá por homicídio, pois agiu em legítima defesa, o que
afasta a ilicitude de sua conduta. (certa) FGV - 2021 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO

21.1 REQUISITOS CUMULATIVOS:


1) AGRESSÃO INJUSTA;
2) ATUAL OU IMINENTE;
3) CONTRA DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO;
4) REAÇÃO COM OS MEIOS NECESSÁRIOS; E
5) USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS.

21.2 ELEMENTOS OBJETIVOS

• Não existe agressão de ações do meio ambiente ou eventos naturais.


AGRESSÃO INJUSTA E HUMANA • Não autorizada pelo ordenamento jurídico. Prestar atenção no momento em
que a agressão é cessada. Uma vez cessada a agressão, se esgota a
legítima defesa.

• ATUAL → É aquela que está acontecendo.


• IMINENTE → Não existe conceito doutrinário ou jurisprudencial. Prestes a
acontecer é vago. Não há critério pré-determinado.
• Não existe legítima defesa de agressão pretérita e nem de futuro remoto.
Trata-se de legítima defesa e não vingança.
ATUAL OU IMINENTE
Ex.: Antônio, depois de provocado por ato injusto de Pedro, retira-se e vai
para sua casa, mas, decorridos cerca de trinta minutos, ainda influenciado
por violenta emoção, resolve armar-se e voltar ao local do fato, onde
reencontra Pedro, no qual desfere um tiro, provocando-lhe a morte. Nesta
hipótese, Antônio pode invocar em seu favor a excludente da legítima defesa
real. (errada) VUNESP - 2011 - TJ-SP - JUIZ

DIREITOSEU OU DE OUTREM • É cabível legítima defesa própria e de outrem (terceiros)

• NECESSÁRIOS → Ligados a qualidade da defesa. Com o que eu posso me


defender? Não há critério em doutrina pré-determinado.
MODERADAMENTE E DOS MEIOS NECESSÁRIO
• MODERADOS → Quantidade de defesa. Quantos golpes para cessar a
agressão?

Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, na frente de amigos.
Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à
corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência

elaborado por @fredsmcezar


de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo
de ser socorrida. Carlos agiu sob o pálio da excludente de legítima defesa justificante. (errada) CESPE - 2018 - PC-SE - DELEGADO DE POLÍCIA
• No caso de legítima defesa de direito de terceiro, é necessária a prévia autorização deste para que a conduta do agente não seja ilícita.
(errada) CESPE - 2009 - PC-PB - DELEGADO DE POLÍCIA

• Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, pretérita, atual ou iminente,
a direito seu ou de outrem. (errada) 2011 - TJ-PR – JUIZ
• A proteção contra lesões corporais produzidas em situação de ataque epiléptico não pode ser justificada pela legítima defesa, mas pode ser
justificada pelo estado de necessidade. (certa) 2012 - MPE-PR

No estado de necessidade e na legítima defesa, em caso de excesso culposo, o agente responderá por tal conduta, ainda que
ausente a previsão culposa do delito praticado em decorrência do excesso praticado. (errada) 2015 - MPE-BA
Diante da conclusão de incidente de insanidade mental, o qual reconheceu que o acusado era inimputável por doença mental, o
magistrado, que presidia o processo criminal, além de reconhecer a prática do fato típico penal – punível com pena de reclusão -,
reconheceu que o acusado agiu em legítima defesa. Segundo o direito penal brasileiro, nesse caso o magistrado deverá absolver o
acusado. (certa) FUNDEP - 2014 - DPE-MG
A prática do crime de homicídio por inimputável por doença mental pode contar com sentença de absolvição sumária por
reconhecimento judicial da causa de justificação da legítima defesa, hipótese em que não haverá aplicação de pena ou de medida
de segurança. (certa) 2017 - MPE-PR

21.3 ELEMENTOS SUBJETIVOS – REQUISITOS DA LEGÍTIMA DEFESA


O elemento subjetivo é a consciência. O AGENTE deve saber que está agindo em legítima defesa, deve ter a consciência sobre
todos os elementos objetivos acima estudados.
Ex.: Considere que Paulo, ao se dirigir à residência de José para matá-lo, atire no exato instante em que José iria desferir facada
mortal em Lúcia. Nessa hipótese, caracteriza-se legítima defesa de terceiro, sendo irrelevante o conhecimento de Paulo acerca da
intenção de José de matar Lúcia. (errada) CESPE - 2010 - MPE-RO
Imagine que João e Pedro, ambos enfermeiros, são desafetos de longa data. Em determinado dia em que João estava
concentrado, aplicando uma injeção em um paciente de nome José, Pedro aproxima-se sorrateiramente e desfere facada contra
João, com o fim de provocar lesão. Posteriormente, descobre-se que João, no momento em que recebeu o golpe desferido por
Pedro, estava inoculando em José poderoso veneno, intencionalmente, a fim de matá-lo – posto que fora “contratado” por familiares
de José para tirar-lhe a vida. A ação criminosa de João foi interrompida pelo golpe de Pedro. Em suma: sem saber que José estava
a sofrer atentado contra a vida, Pedro acabou salvando-o e, ao mesmo tempo, executou seu plano de ofender a integridade física
de João, que sofreu lesão leve.
Diante dessa hipótese, é correto afirmar que à luz estritamente do quanto determina o texto do CP, não se exige prévia ciência
da situação de risco do direito para que se considere a ação de Pedro praticada em legítima defesa, com o que ficaria afastada a
ilicitude de sua conduta. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO

21.4 LEGÍTIMA DEFESA AGRESSIVA OU ATIVA


É aquela em que a reação contra a agressão injusta configura um fato previsto em lei como infração penal.
Ex.: Provocar lesões corporais no agressor.

21.5 LEGÍTIMA DEFESA DEFENSIVA OU PASSIVA


É aquela em que aquele que reage limita-se a impedir os atos agressivos, sem praticar um fato típico.

21.6 LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA – IMAGINÁRIA


É aquela em que o agente imagina estar em legítima defesa, mas essa não existe, ou seja, trata-se de uma agressão injusta.
Assim, a legítima defesa putativa é uma agressão injusta, e assim sendo, poderá ser repelida.
Ex.: Na madrugada de um sábado, Jorge, cabo da Polícia Militar, retornava para casa, em um bairro bastante violento da capital.
Policial experiente, que já havia sido ameaçado por algumas lideranças do tráfico na região, ciente das constantes disputas entre
grupos rivais que ocorriam na comunidade, Jorge era cuidadoso e sempre caminhava pelo bairro em trajes civis. A cerca de 5
metros da esquina de sua casa, Jorge assustou-se com dois homens que dobraram a esquina correndo, os quais, ao vê-lo,
apontaram-lhe as armas que portavam. Diante da situação sinistra em que se via, Jorge não titubeou e agiu conforme seus
treinamentos: sacou seu revólver com extrema rapidez e habilidade e, com disparos certeiros, atingiu letalmente os dois homens
que lhe apontavam as armas. Jorge, então, acionou a Polícia Militar e o serviço de socorro médico de emergência, que
compareceram ao local, tendo os agentes militares constatado que os homens atingidos eram dois policiais civis que participavam
de uma operação contra o tráfico no bairro e se preparavam para prender alguns suspeitos em flagrante. Apesar de sua conduta
típica e ilícita, a Jorge não deve ser aplicada qualquer pena, sendo-lhe inexigível conduta diversa diante das circunstâncias que
compunham o contexto em que se viu envolvido, que o levaram a supor situação de fato que, se existisse, tornaria sua ação
legítima. (certa) FCC - 2018 - DPE-RS
• A legítima defesa putativa exclui a culpabilidade. (errada) CESPE - 2009 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA

elaborado por @fredsmcezar


• Admite-se legítima defesa real em oposição a um estado de necessidade putativo. (certa) 2009 – MPDFT
• Não se admite, por incompatibilidade teórica, a legítima defesa como justificativa da ação que repele agressão praticada em legítima defesa
putativa. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Age em legítima defesa subjetiva PUTATIVA o cidadão que, em seu percurso de volta para casa avista dois desconhecidos, e, pensando serem
policiais na busca de sua captura, por crime que anteriormente praticou, os abate a tiros; (errada) 2011 - TJ-DFT – JUIZ
• Não se admite, por incompatibilidade teórica, a legítima defesa como justificativa da ação que repele agressão praticada em legítima defesa
putativa. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Na legítima defesa putativa, o agente supõe, por erro, situação de fato que se existisse tornaria a sua ação legítima. (certa) 2012 - MPE-SP

• Cabe legítima defesa real contra legítima defesa putativa; (certa) 2013 - MPE-PR
• É inadmissível legítima defesa contra legítima defesa putativa. (errada) CESPE - 2013 - TJ-MA – JUIZ
• Não se admite legítima defesa contra legítima defesa putativa. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• A legítima defesa putativa é incompatível com a tentativa, tendo em vista a errônea suposição de uma agressão por parte do defendente.
(errada) 2013 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

• No âmbito da dogmática jurídico-penal, não se admite legítima defesa contra legítima defesa putativa. (errada) CESPE - 2014 - TJ-DFT – JUIZ
• Há possibilidade de legítima defesa real de legítima defesa putativa; (certa) 2014 - MPE-PR
• A legítima defesa putativa ocorre quando o sujeito supõe, por um erro plenamente justificado pelas circunstâncias, a existência de uma
agressão injusta, atual ou iminente, contra bem jurídico (direito) próprio ou de terceiro. (certa) 2021 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA
• Não cabe legítima defesa sucessiva contra legítima defesa putativa. (errada) 2021 - MPDFT

A legítima defesa putativa própria caracteriza-se por uma intepretação equivocada do agente em relação às circunstâncias reais
de uma determinada situação fática, fazendo-o acreditar que está sofrendo (ou na iminência de sofrer) uma agressão injusta, e seu
reconhecimento tem como consequência legal o afastamento da ilicitude da conduta, ainda que tal equívoco interpretativo decorra
de culpa do próprio agente. (errada) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Em síntese, aquele que está em estado de necessidade putativo ou legítima defesa putativa provoca agressão injusta. Logo,
se a agressão é injusta, será cabível a legítima defesa real contra estado de necessidade putativo ou legítima defesa putativa. “Não
é possível falar em legítima defesa real contra legítima defesa real, mas é admissível legítima defesa real contra legítima defesa
putativa e legítima defesa real contra excesso de legítima defesa, real ou putativa”; (certa) 2012 - MPE-PR

Ex.: João e Paulo são amigos e colegas de faculdade. João avista Paulo na via pública e, movido por animus jocandi, encosta o
dedo indicador nas costas de Paulo, falseia a voz e anuncia um “assalto”. João determina a Paulo que não olhe para trás, e
prosseguem assim, andando juntos, o dedo indicador de João sob a sua camisa e ao mesmo tempo encostado nas costas de Paulo,
simulando o cano de uma arma de fogo. Pedro, amigo de Paulo, mas que não conhece João, visualiza a cena e interpreta que Paulo
está prestes a ser morto por João. Nesse momento, Paulo ameaça reagir, e João, em voz alta, diz que irá atirar. Todas as pessoas
que tiveram a atenção atraída para a cena intuíram que Paulo seria morto e com Pedro não foi diferente. Pedro, então, saca arma
de fogo e efetua um disparo contra João. O tiro foi mal executado e acaba por atingir e matar Paulo. A partir de tal caso hipotético,
é de se considerar que Pedro agiu em legítima defesa putativa de terceiro e cometeu erro na execução, motivo pelo qual não se
vislumbra crime algum. (certa) VUNESP - 2012 - TJ-RJ – JUIZ
Ex.: Tício veio a se desentender com determinado indivíduo, conhecido como suposto traficante na cidade de Belo Horizonte,
que o ameaçou de morte na discussão. Sabendo que a referida pessoa tem fama de sempre cumprir as ameaças que faz, dias após
o entrevero, Tício o encontra em local ermo e com baixa iluminação, momento em que percebe que o indivíduo levou a mão à
cintura, como se fosse sacar algum objeto. Sem hesitar, ele empunha e dispara seu revólver, vindo a matar o sujeito. Descobre
depois que, na realidade, o traficante iria lhe dar de presente uma Bíblia, pois sua intenção era tranquilizá-lo e dizer que fora
convertido à religião, não se envolvendo com qualquer prática ilícita.” Sobre a situação hipotética em apreço, é correto afirmar que
amolda‐se ao conceito de legítima defesa de espécie putativa (imaginária), posto que Tício, por erro, acreditava que seria
agredido injustamente. (certa) CONSULPLAN - 2015

21.6.1 DESCRIMINANTES PUTATIVAS


Segundo corrente majoritária, adotando o CP a teoria limitada da culpabilidade, a descriminante putativa sobre pressupostos
da situação fática tem a mesma natureza do erro de tipo (art. 20, CP).
EXTREMADA → As descriminantes putativas terão natureza de erro de proibição.
LIMITADA → As descriminantes putativas terão natureza de erro de proibição ou de tipo.

elaborado por @fredsmcezar


• De acordo com a teoria extremada LIMITADA da culpabilidade, é preciso distinguir, em relação a causa de justificação, entre erro de proibição
indireto e erro de tipo permissivo. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• De acordo com a teoria extremada LIMITADA da culpabilidade, o erro sobre os pressupostos fáticos das causas descriminantes consiste em erro
de tipo permissivo. (errada) CESPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de Polícia
• A legítima defesa putativa, seja para a teoria limitada ou extremada da culpabilidade, será sempre excludente de ilicitude ou antijuridicidade.
(errada) PUC-PR - 2013 - TCE-MS

Ex.: Augustus, agride e provoca lesão corporal em Cassius, pois este segurava o pescoço de Maximus. Imaginava Augustus
estar protegendo Maximus mas, por erro decorrente de sua imprudência, não percebeu que tudo se tratava de uma brincadeira.
Neste caso, na responsabilização penal pelo crime de lesão corporal, Augustus deverá ter sua pena diminuída de um sexto a um
terço. [deverá responder por lesão corporal culposa] (errada) VUNESP - 2016 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO

INEVITÁVEL Exclui o dolo e a culpa.

Exclui o dolo, mas não isenta o agente de pena, subsistindo o crime culposo quando previsto em lei (culpa
EVITÁVEL
imprópria).

Culpa imprópria é aquela em que o agente, por ERRO EVITÁVEL, cria certa situação de fato, acreditando estar sob a proteção
de uma excludente da ilicitude, e, por isso, provoca intencionalmente o resultado ilícito; nesse caso, portanto, a ação é dolosa, mas
o agente responde por culpa, em razão de política criminal. (certa) CESPE - 2021 - MPE-SC
A legítima defesa putativa constitui exemplo de erro sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação e, se evitável,
reduz a culpabilidade RESPONDE POR CRIME CULPOSO (SE HOUVER), conforme a teoria limitada da culpabilidade; (errada) 2012 - MPE-PR
CP, art. 20 § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se
existisse, tornaria a ação legítima.

Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Para o Código Penal (art. 20, § 1.º), quando a descriminante putativa disser respeito aos pressupostos fáticos da excludente,
estamos diante de erro de tipo. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-SP – JUIZ
A legítima defesa putativa própria caracteriza-se por uma intepretação equivocada do agente em relação às circunstâncias
reais de uma determinada situação fática, fazendo-o acreditar que está sofrendo (ou na iminência de sofrer) uma agressão injusta,
e seu reconhecimento tem como consequência legal o afastamento da ilicitude da conduta, ainda que tal equívoco interpretativo
decorra de culpa do próprio agente. (errada) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Segundo a teoria limitada da culpabilidade, o erro de proibição indireto (ou erro de permissão), se evitável, não isenta de pena,
mas pode reduzir a culpabilidade do agente. (certa) 2017 - MPE-PR

21.7 LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA


A legítima defesa sucessiva é aquela contra o excesso daquele que estava, inicialmente, em legítima defesa. A legítima defesa
se torna uma agressão injusta no momento que se excede.
É admissível a legítima defesa sucessiva por parte do agressor original contra o excesso doloso do defendente. (certa) FUNDEP - 2021
- MPE-MG

Ex.: O excesso doloso ou culposo, na utilização da legítima defesa putativa por A contra o agressor putativo B, não pode ser
repelido mediante utilização da legítima defesa real, por B contra A. (errada) 2017 - MPE-PR
• Ocorre legítima defesa sucessiva, na hipótese de legítima defesa real contra legítima defesa putativa .
SUBJETIVA
(errada) CESPE - 2013 - POLÍCIA
FEDERAL – DELEGADO

• Cabe legítima defesa real contra quem age com excesso derivado de legítima defesa real. (certa) 2013 - MPE-PR

• Legítima defesa subjetiva SUCESSIVA é a repulsa contra o excesso. (errada) VUNESP - 2015 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO

• A legítima defesa subjetiva pode ser apenas uma legítima defesa putativa, em sede de excesso. (certa) 2021 - MPDFT

21.7.1 EXCESSO INTENSIVO x EXTENSIVO


O excesso de legítima defesa real pode ser determinado por erro de representação sobre a intensidade da agressão (excesso
intensivo) ou sobre a atualidade de agressão (excesso extensivo). (certa) 2017 - MPE-PR
O excesso culposo na legítima defesa tanto pode verificar-se na escolha dos meios, quanto na moderação de seu uso. (certa) 2012
- MPE-SP

EXCESSO INTENSIVO EXCESSO EXTENSIVO

MEIO (objeto) desproporcional – “INTENSIDADE” DURAÇÃO desproporcional - PROLONGAMENTO NO TEMPO

elaborado por @fredsmcezar


No excesso intensivo, o agente repele uma agressão existente, mas ultrapassa os limites do necessário para a defesa. (certa)
FUNDEP - 2021 - MPE-MG

Ex.: Em situação de legítima defesa real contra agressão injusta e atual de B, A pratica excesso por utilização de meio
desnecessário, o que, entretanto, não autoriza utilização subsequente de legítima defesa real por B. (errada) 2021 - MPE-PR
Na legítima defesa real, o excesso intensivo por erro de representação está diretamente relacionado ao uso imoderado de meio
necessário e o excesso extensivo por erro de representação está diretamente relacionado ao uso de meio desnecessário. (errada) 2021
- MPE-PR

Considere que João, maior e capaz, após ser agredido fisicamente por um desconhecido, também maior e capaz, comece a
bater, moderadamente, na cabeça do agressor com um guarda - chuva e continue desferindo nele vários golpes, mesmo estando o
desconhecido desacordado. Nessa situação hipotética, João incorre em excesso intensivo EXTENSIVO. (errada) CESPE - 2013 - POLÍCIA FEDERAL -
DELEGADO DE POLÍCIA

Ex.: Lúcia estava furtando em um supermercado quando foi flagrada pelo segurança do estabelecimento. Na tentativa de segurá-
la até a chegada da polícia, o referido segurança agrediu Lúcia, que, imediatamente, revidou com socos e pontapés. Nessa situação
hipotética, é perfeitamente possível o entendimento de que houve legítima defesa sucessiva. (certa) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA

21.8 LEGÍTIMA DEFESA RECÍPROCA


• Inexiste legítima defesa real de legítima defesa real. (certa) 2014 - MPE-PR
• O direito penal reconhece a legítima defesa sucessiva e também a recíproca. (errada) FUNDEP - 2017 - MPE-MG

• “Espécie” de legítima defesa que a doutrina afirma ser inexistente, pois a situação fática não é reconhecida como legítima defesa e não
exclui a ilicitude de ação: legítima defesa recíproca. (certa) VUNESP - 2019 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO

21.9 ABERRATIO ICTUS E LEGÍTIMA DEFESA


No homicídio cometido em legítima defesa com duplo resultado em razão de aberratio ictus, a excludente de ilicitude se estende
à pessoa não visada, mas, também, atingida. (certa) FCC - 2009 - DPE-SP
Ex.: Raul, agredido por Davi, desferiu, para se defender, tiros na direção de seu agressor e, por erro, atingiu Fernando, que
passava pelo local. Nessa situação, a existência de erro na execução inviabiliza eventual alegação de legítima defesa por Raul. (certa)
CESPE - 2014 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Considerando que A, para defender-se de injusta agressão armada de B, desfira tiros em relação ao agressor, mas, por erro,
atinja letalmente C, terceiro inocente, nessa situação, a legítima defesa desnaturar-se-á, devendo A responder pelo delito de
homicídio culposo pela morte de C. (errada) CESPE - 2009 - MPE-RN
O agente que, em legítima defesa, disparar contra seu agressor, mas, por erro, alvejar um terceiro inocente, não responderá
por qualquer consequência penal ou civil. (errada) CESPE - 2009 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA
Considere que Júlio, agindo em legítima defesa contra Celso, atinja, por erro na execução - aberratio ictus -, Fátima, que esteja
passando pelo local no momento e que não tenha relação com os contendores, causando-lhe lesões graves. Nessa situação
hipotética, ainda que Júlio seja absolvido penalmente, haverá o dever de reparar os danos materiais e morais causados a Fátima,
com o direito de regresso em face de Celso. (certa) CESPE - 2012 - DPE-ES
Se o agente, repelindo uma agressão injusta, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, vem a atingir pessoa inocente, por
erro no emprego dos meios de execução (aberratio ictus), não estará ele amparado pela legitima defesa . Exemplo: “A” se defende
de tiros “B”, revidando disparos de arma de fogo em sua direção. Acerta, todavia, “C”, que nada tinha a ver com o incidente ,
matando-o. “A” deve responder pela morte de “C”. (errada) 2019 - MPE-GO
Fernando estava sentado no banco de uma praça, jogando dominó quando visualizou uma pessoa com capacete e viseira escura
fechada e que gesticulava, dando mostras de irritação. De repente, essa pessoa correu em sua direção e Fernando, acreditando que
seria atacado, precipitadamente, pegou uma pedra e arremessou contra o desconhecido. Devido a sua má pontaria, Fernando errou
o homem e acertou uma criança, que passava pelo local. A criança faleceu em decorrência da pedrada. Nesse momento, o homem
tirou o capacete e Fernando o reconheceu. Era Roberto, seu primo. Como não se viam há muito tempo, Roberto queria apenas lhe
dar um abraço acalorado quando correu em sua direção. Fernando, em aberratio ictus, poderá ser responsabilizado pelo homicídio
culposo, diante do erro de tipo permissivo vencível, que exclui o dolo, mas não a culpa, em atenção à teoria limitada da
culpabilidade. (certa) CESPE - 2022 - DPE-PI

21.10 LEGÍTIMA DEFESA CONTRA PESSOA JURÍDICA


É possível a legítima defesa contra pessoa jurídica, uma vez que esta exterioriza a sua vontade por meio da conduta de seres
humanos, permitindo a prática de agressões injustas. Assim, o funcionário de uma empresa que escuta, pelo sistema de som,
ofensas à sua honra, pode destruir o alto-falante que transmite as palavras inadequadas, a fim impedir a reiteração da conduta.
(certa) 2019 - MPE-GO

elaborado por @fredsmcezar


21.11 LEGÍTIMA CONTRA A MULTIDÃO122
Prevalece o entendimento pela sua admissibilidade, pois o instituto da legítima defesa reclama tão somente uma agressão injusta,
atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, emanada de seres humanos, pouco importando sejam eles individualizados ou não.
Em sentido contrário a opinião de Vincenzo La Medica, para quem o comportamento de defesa contra a multidão configura
estado de necessidade.

21.12 INCLUSÃO DO PARÁGRAFO ÚNICO (LEI 13.964/2019)


Art. 25 Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o
agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. (Lei
nº 13.964/2019)

21.13 LEGÍTIMA DEFESA: COMPATIBILIDADES E INCOMPATIBILIDADES


• Não é possível a legítima defesa contra estado de necessidade . (certa) CESPE - 2009 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA

• Não é possível legítima defesa real contra quem está em legítima defesa putativa. (errada) CESPE - 2009 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA

• Segundo o CP, o agente que repele injusta agressão de um menor ou de um louco não age em legítima defesa, pois essa excludente de
antijuridicidade só está presente se a agressão for, além de injusta, ilícita. (errada) CESPE - 2009 - DPE-PI
• Admite- se legítima defesa real em oposição a um estado de necessidade putativo. (certa) 2009 - MPDFT
• O excesso da legitima defesa pode ser derivado de erro de proibição. (certa) 2009 – MPDFT
• Admite- se legítima defesa putativa em oposição a um ato de legítima defesa real. (certa) 2009 – MPDFT
• A agressão injusta, atual ou iminente, a bem jurídico, praticada por inimputável portador de doença mental, não autoriza a legítima defesa,
mas pode autorizar o estado de necessidade. (errada) 2011 - MPE-PR
• A proteção contra lesões corporais produzidas em situação de ataque epiléptico não pode ser justificada pela legítima defesa. [adaptada] (errada)
2012 - MPE-PR

• É cabível a legítima defesa real contra a legítima defesa real decorrente de excesso por erro de tipo escusável. (errada) CESPE - 2013 - MPE-RO
• Se admite legítima defesa real de estado de necessidade real. (errada) VUNESP - 2013 - MPE-ES

• Na legítima defesa real, o excesso, mesmo doloso, não descaracteriza a excludente. (errada) VUNESP - 2013 - MPE-ES
• Se admite legítima defesa real contra agressão culposa. (certa) VUNESP - 2013 - MPE-ES

• Cabe legítima defesa real contra estado de necessidade real; (errada) 2013 - MPE-PR

• Cabe legítima defesa real contra agente inimputável; (certa) 2013 - MPE-PR
• Há possibilidade de duas legítimas defesas putativas concomitantes. (certa) 2014 - MPE-PR

• Há possibilidade de legítima defesa real de legítima defesa putativa. (certa) 2014 - MPE-PR

• Inexiste legítima defesa real de legítima defesa real. (certa) 2014 - MPE-PR

• Inexiste legítima defesa real de legítima defesa real. (certa) 2014 - MPE-PR

• A legítima defesa real é incabível contra quem age sob a excludente do estado de necessidade ou da própria legítima defesa real. (certa) 2015
- MPE-BA

• A agressão injusta, atual ou iminente, a bem jurídico próprio ou de terceiro, derivada de ataques de animais, de doentes mentais, de estados
de inconsciência ou de convulsões epilépticas, não admite a legítima defesa, podendo, eventualmente, autorizar causa de justificação diversa.
(errada) 2017 - MPE-PR

• A utilização da legítima defesa por B contra agressão injusta e atual realizada por A, bêbado evidente, com capacidade psicomotora
comprometida pelo consumo do álcool, está condicionada a limitações ético-sociais, que definem a permissibilidade de defesa. (certa) 2017 -
MPE-PR

• É admissível a legítima defesa contra quem age em estado de necessidade. (errada) FCC - 2019 - MPE-MT

Ex.: O policial militar Efigênio estava efetuando uma ronda, quando se deparou com dois elementos que se agrediam, um deles
já bastante ferido. Solicitou que parassem de brigar, mas eles não o atenderam. Apesar do PM portar um bastão, que seria
suficiente para contê-los, efetuou um disparo com sua arma de fogo para o ar, haja vista o local não ser habitado. Entretanto, o
agressor que estava em vantagem não se intimidou e partiu em sua direção para agredi-lo, ocasião em que Efigênio efetuou um
disparo contra o agressor, causando-lhe lesões, que o levaram a permanecer durante trinta e cinco dias em coma. Pode-se, então,
afirmar que o policial militar Efigênio não praticou crime, pois obrou nos estritos limites da legítima defesa. (certa) FUNCAB - 2013 - PC-ES -
DELEGADO DE POLÍCIA

João flagrou sua esposa, Maria, com um amante chamado José, na frente da casa em que moravam, em um condomínio fechado
do Distrito Federal. Diante desse fato, reagiu dando tiros em José, que veio a falecer em decorrência disso. Nessa situação hipotética,
não se admite a legítima defesa da honra, pois o Código Penal faz distinção expressa entre os direitos passíveis de proteção pelo

122
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 454

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instituto da legítima defesa. (errada) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA - Obs. A ação de João foi desproporcional e, assim, afasta-se a
legítima defesa.

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22. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL123

O Código Penal não apresentou o conceito de estrito cumprimento de dever legal, nem seus elementos característicos. Pode-
se defini-lo, contudo, como a causa de exclusão da ilicitude que consiste na prática de um fato típico, em razão de cumprir o
agente uma obrigação imposta por lei, de natureza penal ou não.
Há, em verdade, o dever legal de agir.
• Entre outros aspectos, diferenciam-se o exercício regular de direito e o estrito cumprimento do dever legal pelo fato de que, enquanto no
primeiro é facultativo o exercício do direito assegurado, neste o agente deve cumprir o comando legal. (certa) 2013 - MPDFT

É o caso, por exemplo, do cumprimento de mandado de busca domiciliar em que o morador ou quem o represente desobedeça
à ordem de ingresso na residência, autorizando o arrombamento da porta e a entrada forçada (CPP, art. 245, § 2.º). Em decorrência
do estrito cumprimento do dever legal, o funcionário público responsável pelo cumprimento da ordem judicial não responde pelo
crime de dano, e sequer pela violação de domicílio.
Um oficial de justiça cumpre mandado judicial de apreensão de bem móvel de terceiro inadimplente para a doutrina clássica em
direito penal, constitui um exemplo de estrito cumprimento de um dever legal. (certa) 2012 - TJ-MS – JUIZ
Age no exercício regular de direito o oficial de justiça que, em cumprimento a decisão proferida nos autos do procedimento de
medidas protetivas de urgência, adentra no imóvel da ofendida para afastar do lar, coercitivamente, o ofensor. (errada) CESPE - 2013 - TJ-
RN - JUIZ

• O estrito cumprimento do dever legal e a obediência hierárquica são excludentes da ilicitude. (errada) 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA

• O estrito cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito são excludentes de culpabilidade e não de ilicitude. (errada) 2009 - PC-PA -
DELEGADO DE POLÍCIA

• A culpabilidade encerra juízo de valor sobre a ação ou omissão relevantes, razão pela qual não se pune a conduta daquele que mata outrem
no estrito cumprimento do dever legal, pois atua sem consciência potencial da ilicitude. (errada) 2010 - MPE-MG
• Estrito cumprimento do dever legal é causa legal de exclusão da ilicitude. (certa) 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• A ação do guarda penitenciário que mata, com certeiro disparo de arma de fogo, um preso que fugia em direção à mata, após tra nspor o
muro externo da unidade prisional, não é justificável pelo estrito cumprimento do dever legal. (certa) 2011 - MPE-PR
• Não há crime quando o agente pratica o fato em estrito cumprimento de dever legal. (certa) 2011 - TJ-PR – JUIZ

• O estrito cumprimento do dever legal é causa de inexigibilidade de conduta diversa. (errada) 2011 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA
• Considere que Jonas, policial militar, no exercício de sua função, tenha determinado que um indivíduo em fuga parasse e que este tenha
sacado uma arma e disparado tiros contra Jonas, que, revidando os disparos, tenha alvejado o indivíduo e o tenha matado. Nessa situação,
Jonas agiu no estrito cumprimento de dever legal. (errada) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ SUBSTITUTO
• Há crime quando o agente pratica o fato em estrito cumprimento de dever legal. (errada) 2012 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA
• O estrito cumprimento do dever legal exclui a imputabilidade ILICITUDE. (errada) FCC - 2013 - DPE-AM - DEFENSOR PÚBLICO
• Age no estrito cumprimento de dever legal o motorista de ambulância que, para salvar a vida de paciente conduzido ao hospital, ultrapassa
a velocidade permitida na via e colide o veículo, causando lesão a bem jurídico de terceiro. (errada) CESPE - 2013 - MPE-RO
• O estrito cumprimento do dever legal constitui hipótese de exclusão da antijuridicidade. (certa) CESPE - 2016 - TJ-DFT – JUIZ

• Em relação ao estrito cumprimento do dever legal, para seu cumprimento, é indispensável o cumprimento do dever ético; (errada) 2019 - PC-ES
- DELEGADO DE POLÍCIA

22.1 DEVER LEGAL


O dever legal engloba qualquer obrigação direta ou indiretamente resultante de lei, em sentido genérico, isto é, preceito
obrigatório e derivado da autoridade pública competente para emiti-lo. Compreende, assim, decretos, regulamentos, e, também,
decisões judiciais, as quais se limitam a aplicar a letra da lei ao caso concreto submetido ao exame do Poder Judiciário.
• Para que haja estrito cumprimento do dever legal, a obrigação deve decorrer diretamente de lei stricto sensu, não se reconhecendo essa
excludente de ilicitude quando a obrigação estiver prevista em decreto, regulamento ou qualquer ato administrativo infralegal. (errada) CESPE -
2009 - MPE-RN

• A causa de exclusão da ilicitude decorrente da prática da conduta em estrito cumprimento do dever legal pode estender- se ao coautor se for
de seu conhecimento a situação justificadora. (certa) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ
• Em relação ao estrito cumprimento do dever legal, para seu cumprimento, é indispensável o cumprimento do dever legal. (certa) 2019 - PC-ES -
DELEGADO DE POLÍCIA

• Se uma conduta típica ocorre em estrito cumprimento do dever legal ela é justificada, razão pela qual não é contrária ao ordenamento jurídico
como um todo. (certa) 2021 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA
• Estrito cumprimento do dever legal é causas de exclusão de antijuridicidade. (certa) 2021 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA
• O estrito cumprimento do dever legal é excludente de ilicitude. (certa) VUNESP - 2021 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO

123
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 462

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22.2 DESTINATÁRIO DA EXCLUDENTE
Para Julio Fabbrini Mirabete, a excludente pressupõe no executor um funcionário público ou agente público que age por ordem
da lei, não se excluindo o particular que exerça função pública (jurado, perito, mesário da Justiça Eleitoral etc.).
Prevalece, contudo, o entendimento de que o estrito cumprimento de dever legal como causa de exclusão da ilicitude também
se estende ao particular, quando atua no cumprimento de um dever imposto por lei.
Nesse sentido, não há crime de falso testemunho na conduta do advogado que se recusa a depor sobre fatos que tomou
conhecimento no exercício da sua função, acobertados pelo sigilo profissional (Lei 8.906/1994 – Estatuto da OAB, arts. 2.º, § 3.º, e
7.º, XIX)

22.3 LIMITES DA EXCLUDENTE


O cumprimento deve ser estritamente dentro da lei, ou seja, deve obedecer à risca os limites a que está subordinado. De fato,
todo direito apresenta duas características fundamentais: é limitado e disciplinado em sua execução.
Fora dos limites traçados pela lei, surge o excesso ou o abuso de autoridade. O fato torna-se ilícito, e, além de livrar do
cumprimento aquele a quem se dirigia a ordem, abre-lhe ainda espaço para a utilização da legítima defesa.
Ex.: Não constitui crime de abuso de autoridade a conduta, consumada ou tentada, de violação de domicílio, fora das hipóteses
constitucionais e legais de ingresso em casa alheia, quando praticada por delegado de polícia, uma vez que este está amparado pelo
estrito cumprimento do dever legal, como causa legal de exclusão de ilicitude da conduta típica. (errada) CESPE - 2016 - PC-PE - DELEGADO DE
POLÍCIA

• O agente, no caso de estrito cumprimento do dever legal, responderá somente pelo excesso doloso, de acordo com o Código Penal. (errada)
2009 - TJ-SC – JUIZ

• A responsabilidade penal do agente nos casos de excesso doloso ou culposo aplica-se às hipóteses de estado de necessidade e legítima
defesa, mas o legislador, expressamente, exclui tal responsabilidade em casos de excesso decorrente do estrito cumprimento de dever
legal ou do exercício regular de direito. (errada) CESPE - 2010 – DPU
• O policial militar do Distrito Federal que, em serviço, agindo de forma abusiva, executa medida privativa de liberdade não autorizada por lei e
ainda lesiona o cidadão. Deverá ser inocentado por agir em estrito cumprimento de dever legal. (errada) 2011 – MPDFT
• Em relação ao estrito cumprimento do dever legal, a prática da conduta deve ser promovida nos exatos termos da lei. (certa) 2019 - PC-ES -
DELEGADO DE POLÍCIA

• Em relação ao estrito cumprimento do dever legal, a boa-fé permite a extrapolação da lei para o cumprimento do dever. (errada) 2019 - PC-ES -
DELEGADO DE POLÍCIA

• Somente é possível a responsabilização por excesso doloso de quem age em estrito cumprimento do dever legal, nunca por excesso culposo.
(errada) FCC - 2019 - MPE-MT

Segundo a teoria limitada da culpabilidade, o erro evitável de policial sobre os limites do estrito cumprimento do dever legal,
que produz lesão corporal grave em cidadão, permite atribuição de responsabilidade penal ao policial, a título de culpa DIMINUI A PENA.
(errada) 2017 - MPE-PR

22.4 ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL E CRIMES CULPOSOS


A excludente é incompatível com os crimes culposos, pois a lei não obriga ninguém, funcionário público ou não, a agir com
imprudência, negligência ou imperícia.
A situação, geralmente, é resolvida pelo estado de necessidade. Exemplo: o bombeiro que dirige a viatura em excesso de
velocidade para salvar uma pessoa queimada em incêndio, e em razão disso atropela alguém, matando-o, não responde pelo
homicídio culposo na direção de veículo automotor, em face da exclusão do crime pelo estado de necessidade de terceiro

22.5 COMUNICABILIDADE DA EXCLUDENTE DA ILICITUDE


Em caso de concurso de pessoas, o estrito cumprimento de dever legal configurado em relação a um dos agentes estende-se
aos demais envolvidos no fato típico, sejam eles coautores ou partícipes. É evidente que um fato típico não pode ser lícito para um
dos agentes, e simultaneamente ilícito para os demais. Exemplo: o policial militar, auxiliado por um particular, arromba a porta de
uma residência durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão. Inexistem crimes de dano e de violação de domicílio
para ambos os sujeitos (policial militar e particular).
• Se a excludente do estrito cumprimento do dever legal for reconhecida em relação a um agente, necessariamente será reconhecida em
relação aos demais coautores, ou partícipes do fato, que tenham conhecimento da situação justificadora. (certa) CESPE - 2012 - TJ-PI - JUIZ

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23. EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO

Trata-se de causa de exclusão da ilicitude. O direito é um só e a sua repartição em diversos ramos tem fins essencialmente
didáticos. Dessa forma, um ato lícito para qualquer área do direito não pode ser ilícito perante o Direito Penal, e vice-versa,
evitando-se a contradição e a falta de unidade sistemática do ordenamento jurídico. 124
• Não há crime quando o agente pratica o fato no exercício regular de direito. (certa) 2011 - TJ-PR – Juiz

• Entre outros aspectos, diferenciam-se o exercício regular de direito e o estrito cumprimento do dever legal pelo fato de que, enquanto no
primeiro é facultativo o exercício do direito assegurado, neste o agente deve cumprir o comando legal. (certa) 2013 - MPDFT
• O exercício regular de direito é causa de exclusão da antijuridicidade. (certa) CESPE - 2016 - TJ-DFT - JUIZ

Considere a seguinte situação hipotética. Célio chegou inconsciente e gravemente ferido à emergência de um hospital particular,
tendo o chefe da equipe médica determinado o imediato encaminhamento do paciente para se submeter a procedimento cirúrgico,
pois o risco de morte era iminente. Luiz, irmão de Célio, expressamente desautorizou a intervenção cirúrgica, uma vez que seria
necessária a realização de transfusão de sangue, fato que ia de encontro ao credo religioso dos irmãos. Nessa situação, o
consentimento de Luiz com relação à intervenção cirúrgica seria irrelevante, pois os profissionais médicos estariam agindo no
exercício regular de direito. (certa) CESPE - 2009 - DPE-AL
Maria foi obrigada pelo seu marido a manter com ele conjunção carnal. Nessa situação hipotética, é correto entender que o
marido de Maria não cometeu nenhum crime, posto que há a configuração do exercício regular de direito. (errada) 2009 - PC-DF - DELEGADO
DE POLÍCIA

Segundo a teoria da tipicidade conglobante proposta por Eugenio Raúl Zaffaroni, quando um médico, em virtude de intervenção
cirúrgica cardíaca por absoluta necessidade corta com bisturi a região torácica do paciente, não responde por nenhum crime,
carecendo o fato de tipicidade, já que não podem ser consideradas típicas aquelas condutas toleradas ou mesmo incentivadas pelo
ordenamento jurídico. (certa) NUCEPE - 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA

23.1 LESÕES EM ATIVIDADES ESPORTIVAS


Segundo a teoria do funcionalismo moderado, caso um lutador de boxe mate o adversário no ringue, o fato deverá ser
considerado atípico, uma vez que o agente somente comete fato materialmente típico se criar riscos proibidos pelo direito; tal
posicionamento contraria a doutrina tradicional, que caracteriza o fato como exercício regular de direito. (certa) CESPE - 2010 - MPE-RO

23.2 INTERVENÇÕES MÉDICAS OU CIRÚRGICAS


Durante uma cirurgia eletiva em que a paciente, Laura, estava sob anestesia geral, José, médico-cirurgião, constatou uma
malformação que, possivelmente, não acarretaria sérios problemas à saúde da paciente e, embora sem ter solicitado autorização
dos familiares de Laura, submeteu-a a um segundo procedimento cirúrgico. Nessa situação, José agiu no exercício regular de
direito. (errada) CESPE - 2014 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Para caracterização da excludente, é indispensável o consentimento do paciente, ou, quando incapaz ou impossibilitado de fazê-
lo, de quem tenha qualidade para representá-lo, pois em caso contrário estará delineado o crime de constrangimento ilegal (CP, art.
146). No tocante às pessoas que se filiam à religião “testemunhas de Jeová”, e analisando a questão sob o prisma estritamente
jurídico, é legítima a atuação do médico que, independentemente de autorização judicial, efetua a transfusão de sangue para
salvar a vida do paciente, ainda que sem a sua autorização (se consciente e plenamente capaz) ou contra a vontade de seus familiares
(se inconsciente ou incapaz). Com efeito, o direito à vida deve sobrepor-se às posições religiosas.125

23.3 OFENDÍCULOS
Segundo a classificação doutrinária dominante, os ofendículos, desde que instalados com moderação, caracterizam situação de
exclusão de antijuridicidade. (certa) CESPE - 2021 - TC-DF
Ex.: Astrogildo colocou cacos de vidro, visíveis, em cima do muro de sua casa, para evitar a ação de ladrões. Certo dia, uma
criança neles se lesionou ao pular o muro da casa de Astrogildo para pegar uma bola que ali havia caído. Nessa situação, ainda que
se tratando da defesa de um perigo incerto e ou remoto, a conduta de Astrogildo restaria acobertada por excludente da ilicitude.
(certa) FUMARC - 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA

Caso sejam escondidos ou ocultos podem ser caracterizados como ex excesso punível (doloso ou culposo).
Ex.: Pedro cercou sua casa de fios elétricos sem nenhuma indicação visível. Antônio, tarde da noite, tentou entrar na casa de
Pedro e acabou falecendo em virtude da descarga elétrica sofrida. Nessa situação hipotética, por constituir o referido ofendículo
uma situação de legítima defesa, Pedro não poderá sofrer nenhuma reprimenda por parte do Direito Penal. (errada) 2009 - PC-DF - DELEGADO
DE POLÍCIA

Ex.: Fulano de Tal, guarda portuário e encarregado de almoxarifado federal situado em área de marinha de grande incidência de
crimes, no intuito de proteger o acervo público, já por seguidas vezes vitimado por furtos noturnos, resolveu, mediante ação
concertada com seus colegas de trabalho, eletrificar os altos muros que circundam o depósito e, na parte interna, na área gramada
do entorno da edificação, sem risco para esta ou para os bens nela armazenados, distribuir, em pontos estratégicos, dispositivos

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2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 466
125
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 466

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que ele próprio fabricou e que são ativados por ele apenas à noite, consistentes em artefatos explosivos de emprego dissimulado
para serem acionados pela presença, pelo contato ou pela proximidade de uma pessoa, capazes de ferir, incapacitar ou até matar
o eventual invasor que cause a detonação de tais aparatos. Fulano de Tal, independentemente de tê-los instalado, pelo simples
fato de fabricar os artefatos descritos, cometeu crime especial previsto na Lei nº 10.300/2001 (Lei de Minas Terrestres
Antipessoal). (certa) 2012 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
Lei nº 13.477/2017 - (INSTALAÇÃO DE CERCA ELETRIFICADA OU ENERGIZADA EM ZONAS URBANA E RURAL)
Art. 2º As instalações de que trata o art. 1º deverão observar as seguintes exigências:
II – em áreas urbanas, deverá ser observada uma altura mínima, a partir do solo, que minimize o risco de choque acidental em
moradores e em usuários das vias públicas;
III – o equipamento instalado para energizar a cerca deverá prover choque pulsativo em corrente contínua, com amperagem que
não seja mortal, em conformidade com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT);
IV – deverão ser fixadas, em lugar visível, em ambos os lados da cerca eletrificada, placas de aviso que alertem sobre o perigo
iminente de choque e que contenham símbolos que possibilitem a sua compreensão por pessoas analfabetas;

• Considere que, para proteger sua propriedade, Abel tenha instalado uma cerca elétrica oculta no muro de sua residência e que duas crianças
tenham sido eletrocutadas ao tentar pulá-la. Nesse caso, caracteriza-se exercício regular do direito de forma excessiva, devendo Abel
responder por homicídio culposo. (errada) CESPE - 2012 - TJ-PI - JUIZ

A doutrina é pacífica no sentido de que os ofendículos - meios defensivos para a proteção da propriedade e de outros bens
jurídicos, como, por exemplo, arame farpado, cerca elétrica e cacos de vidro sobre muros - têm natureza jurídica de legítima defesa
preordenada. (errada) 2019 - MPE-GO
• Os ofendículos são causa de exclusão da ilicitude, tratados pela doutrina como forma de exercício regular de direito ou de legítima defesa
preordenada. (certa) OFFICIUM - 2012 - TJ-RS – JUIZ

Há duas posições em doutrina acerca da espécie de excludente configurada pelas ofendículas 126
:
1) Sebastián Soler, Vicenzo Manzini, Giuseppe Bettiol e Aníbal Bruno se filiam à tese que sustenta tratar-se de EXERCÍCIO REGULAR
DE DIREITO.
Nesse sentido, é importante destacar o art. 1.210, § 1.º, do Código Civil: O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-
se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou
restituição da posse.
2) José Frederico Marques, Magalhães Noronha e Costa e Silva situam o assunto como LEGÍTIMA DEFESA PREORDENADA, alegando
o último que, se o aparelho está disposto de modo que só funcione no momento necessário e com a proporcionalidade a que o
proprietário era pessoalmente obrigado, nada impede a aplicação da legítima defesa.

126
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 468

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24. CAUSAS SUPRALEGAIS DE JUSTIFICAÇÃO

De acordo com a visão finalista do tipo, a concepção material de ilicitude permite a construção de causas supralegais de
justificação. (certa) CESPE - 2013 - MPE-RO

24.1 CONSENTIMENTO DO OFENDIDO


O consentimento do ofendido, às vezes, pode afastar a própria tipicidade da conduta e, em outras, constituir causa supralegal
de exclusão da ilicitude, segundo entendimento doutrinário. (certa) FCC - 2020 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
REQUISITOS

BENS DISPONÍVEIS

CONSENTIMENTO VÁLIDO (ausência de fraude, coação etc.)

CAPACIDADE PARA CONSENTIR

CONSETIMENTO ANTES OU DURANTE. Depois não é consentimento e sim conformismo.

Na doutrina nacional, prospera o entendimento de que o consentimento do ofendido pode excluir a tipicidade do fato ou a
ilicitude. (certa) 2013 - MPE-GO
Geraldino permitiu seu encarceramento pelo patologista André, para se submeter a uma experiência científica. Ao terminar o
período da experiência, Geraldino procurou a delegacia de polícia da circunscrição de sua residência, alegando que fora vítima de
crime, em face do seu encarceramento. Do relato apresentado, conclui-se não há crime, pois o consentimento do ofendido excluiu
a ilicitude. (certa) FUNCAB - 2013 - PC-ES - DELEGADO DE POLÍCIA
• Se o bem jurídico tutelado pela norma penal for disponível, independentemente da capacidade da vítima, o consentimento do ofendido
constitui causa supralegal de exclusão da ilicitude. (errada) CESPE - 2009 - PC-PB - DELEGADO DE POLÍCIA
• O consentimento, em seu sentido amplo, é, na sistemática brasileira, uma causa supralegal de exclusão da tipicidade ILICITUDE
e da ilicitude
TIPICIDADE
, conforme o caso. (errada) 2010 - MPE-BA
• O consentimento do ofendido em relação à conduta ofensiva do agente é causa de exclusão de antijuridicidade legalmente prevista para os
crimes praticados sem violência ou ameaça. (errada) CESPE - 2010 - MPE-RO
• A doutrina brasileira, em matéria de consentimento do ofendido, sinaliza para a existência de dois enfoques possíveis, no que concerne à
função dogmática desempenhada pelo mencionado instituto, reportando-se ao cognominado “acordo” ou aquiescência em alguns casos, e
simplesmente, ao consentimento em outras situações. Nessa linha de princípio, poderíamos afirmar que o acordo ou aquiescência ocorre
quando o “consentimento” exclui a tipicidade, enquanto as demais situações são designadas apenas por consentimento do ofendido e excluem
a ilicitude da conduta. (certa) 2010 - MPE-BA
• O consentimento do ofendido ou do titular do bem jurídico é causa supralegal de exclusão da culpabilidade ILICITUDE
do agente. (errada) 2011 -
PGE-RS

• A definição do consentimento do ofendido como hipótese de atipicidade ou de justificação da conduta é dependente do tipo penal de que se
trata no caso concreto. (certa) 2011 - MPDFT
• Para que o consentimento do ofendido possa funcionar como causa supralegal de exclusão de ilicitude bastam que o bem jurídico seja
disponível e que o consentimento esteja livre de vícios. (errada) 2013 - MPE-GO
• Para que se possa reconhecer o instituto consentimento do ofendido, doutrina enumera alguns requisitos que deverão ser preenchidos pelo
agente, dentre eles que o ofendido seja capaz de consentir; que o bem sobre o qual recaia a conduta do agente seja indisponível, que o
consentimento tenha sido dado posteriormente à conduta do agente. (errada) 2014 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
• Segundo entendimento doutrinário, o consentimento do ofendido (quando não integra a própria descrição típica) constitui causa supralegal
de exclusão da ilicitude. (certa) FCC - 2014 - DPE-CE
• Conforme a doutrina majoritária, o consentimento do ofendido configura causa supralegal de exclusão da culpabilidade ILICITUDE. (errada) 2015 -
PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA

• O consentimento do ofendido só é admitido em caso de bem jurídico disponível e capacidade do ofendido para consentir. (certa) 2015 - MPE-BA
• O consentimento do ofendido pode conduzir à exclusão da tipicidade. (certa) FCC - 2015 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO

• Ainda que se trate de crimes contra as relações de consumo, o consentimento do ofendido pode ser considerado excludente da tipicidade.
(certa) CESPE - 2016 - TJ-AM - JUIZ SUBSTITUTO

• O consentimento do ofendido é causa de exclusão de ilicitude expressa no CP. (errada) CESPE - 2017 - DPE-AL
• O consentimento presumido do titular do bem jurídico lesionado tem natureza de causa supralegal de justificação da ação típica. (certa) 2017 -
MPE-PR

• De acordo com a doutrina de Claus Roxin, o consentimento do ofendido exclui a antijuridicidade da conduta praticada, jamais recaindo sobre
a esfera da tipicidade. (errada) 2017 - PC-AC - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

elaborado por @fredsmcezar


• A doutrina clássica de forma majoritária admite o consentimento da vítima como causa supralegal de exclusão da ilicitude. Entre outras
condições, devem estar presentes a permissão do ordenamento jurídico para disposição pessoal do interesse, a capacidade pessoal do
consenciente (capacidade natural de compreensão e discernimento) e ausência do vício da vontade. (certa) 2019 - MPE-GO

O consentimento do ofendido é causa de extinção da tipicidade, sempre que apreça expressa ou tacitamente no tipo de injusto,
como condição que deve estar necessariamente presente para funcionar como excludente. (certa) 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
SUBSTITUTO

Quando o tipo penal descreve, expressa ou implicitamente, o dissenso da vítima como elementar, o consentimento do ofendido,
na hipótese, funciona como causa de exclusão da tipicidade. (certa) FUNDEP - 2018 - MPE-MG
São funções que a doutrina atribui ao consentimento do ofendido na área penal, EXCETO: FUNDEP - 2022 - MPE-MG

ELEMENTO ESSENCIAL DO TIPO. CERTA

CAUSA DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE. CERTA

CAUSA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. ERRADA

CAUSA DE EXCLUSÃO DA TIPICIDADE. CERTA

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25. CULPABILIDADE

De acordo com doutrina majoritária no mundo, o conceito analítico de crime o define como um fato típico, antijurídico e culpável,
sendo que, ao analisarmos um fato supostamente criminoso, devemos investigar seus requisitos nessa sequência. Por causa disso,
é correto afirmar que um fato praticado sob coação moral irresistível não é crime porque lhe falta culpabilidade, porém ele
continua sendo antijurídico. (certa) 2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA
De acordo com a teoria constitucionalista do delito, crime é fato típico, antijurídico e punível. A culpabilidade, fundamento para a
aplicação da pena, não é requisito do crime. (errada) CESPE - 2010 - MPE-RO

FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE

DOLO/CULPA TEORIA DA RATIO COGNOSCENDI • IMPUTABILIDADE


CONDUTA CAUSAS DE EXCLUSÃO
COMISSIVA/OMISSIVA
• LEGÍTIMA DEFESA
RESULTADO • POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA
• ESTADO DE NECESSIDADE
ILICITUDE
NEXO CAUSAL • ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER
LEGAL
FORMAL • EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO • EXIGIBLIDADE DA CONDUTA
TIPICIDADE DIVERSA
MATERIAL CAUSAS SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO
DA ILICITUDE

A culpabilidade deve ser analisada sob três perspectivas, quais sejam, da responsabilidade pessoal, da responsabilidade subjetiva
e da função de limitação e garantia do cidadão ao poder punitivo estatal. (certa) 2012 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

25.1 CULPABILIDADE ENQUANTO ELEMENTO DO CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME (JUÍZO DE REPROVABILIDADE)


De início, o professor Fábio Roque127 explica que, adotado o conceito tripartite de crime, a avaliação da tipicidade e da ilicitude
recaem sobre o fato. O juízo de culpabilidade diz respeito ao agente. Logo, apesar de o “CRIME” ser genericamente referido como
fato típico, ilícito e culpável, QUEM É CULPÁVEL É O AGENTE E NÃO O FATO.
Em relação à estrutura analítica do crime, o juízo da culpabilidade avalia a reprovabilidade da conduta. (certa) CESPE - 2019 - MPE-PI
“Em um Estado Democrático de Direito deve imperar um direito penal do fato, e jamais um direito penal do autor.
Assim sendo, o juízo de culpabilidade recai sobre o autor para analisar se ele deve ou não suportar uma pena em razão
do fato cometido, isto é, como decorrência da prática de uma infração penal. O agente é punido em razão do comportamento que
realizou ou deixou de realizar, e não pela condição de ser quem ele é”128.
A culpabilidade como juízo de reprovação exige que se tenha a possibilidade de saber que a ação praticada é proibida. (certa) FCC
- 2022 - DPE-MT

25.1.1 FUNDAMENTO DA CULPABILIDADE


Os agentes devem ser punidos quando, sendo possível obedecer o ordenamento jurídico, optam pela violação. Tanto é que,
em sentido contrário, quando não é possível exigir do agente o comportamento conforme o direito, ele estará isento de pena tal
como acontece na coação moral irresistível.
CP. Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível (...) só é punível o autor da coação ou da ordem.
Esse dispositivo legal, nada obstante mencione somente “coação irresistível”, refere-se exclusivamente à coação moral
irresistível. Com efeito, estabelece em sua parte final ser punível só o autor da coação. Em outras palavras, diz que o coagido está
isento de pena, expressão que se coaduna com as dirimentes, ou seja, causas de exclusão da culpabilidade. 129
Na coação moral irresistível, há exclusão da culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa. (certa) FCC - 2014 - TJ-CE - JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO

• Ocorrendo coação moral resistível, não se afasta a culpabilidade, havendo simplesmente reconhecimento de atenuante genérica. (errada) CESPE
- 2009 - PC-PB - DELEGADO DE POLÍCIA

• Há exclusão da culpabilidade em função de não se poder exigir conduta diversa do agente no caso de coação moral irresistível. (certa) FCC -
2009 - TJ-GO – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

127
Aula nº64 – Grancursos.
128
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 479.
129
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 530.

elaborado por @fredsmcezar


• A coação moral irresistível e a obediência hierárquica afastam a ilicitude da conduta. (errada) 2009 – MPDFT
• A coação moral FÍSICA irresistível exclui a ação, por inexistência de vontade. (errada) 2011 - MPE-PB

25.2 CULPABILIDADE ENQUANTO CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL


Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime:
A culpabilidade prevista como circunstância judicial (Código Penal, art. 59), mensurável na fixação da pena-base, deve ser
entendida como pressuposto da pena. (errada) 2015 - MPE-MS
Obs.: A culpabilidade enquanto elemento do conceito analítico de crime é pressuposto de aplicação da pena. No entanto, a
culpabilidade enquanto circunstância judicial é critério para fixação da pena base.

25.3 TEORIAS DA CULPABILIDADE130


a) Intimamente relacionada ao desenvolvimento da teoria clássica da conduta (causalismo).
b) A culpabilidade, que tem como pressuposto a imputabilidade, é definida como o vínculo
TEORIA PSICOLÓGICA psicológico entre o SUJEITO e o FATO TÍPICO E ILÍCITO por ele praticado.
FRANZ VON LISZT E ERNST c) Esse vínculo pode ser representado tanto pelo dolo como pela culpa.
VON BELING
d) Dolo e culpa são espécies da culpabilidade, pois são as formas concretas pelas quais pode se
revelar o vínculo psicológico entre o autor e a conduta praticada.

TEORIA NORMATIVA OU a) Deixa de ser um fenômeno puramente de cunho psicológico.


PSICOLÓGICO- b) Atribui um novo elemento, estritamente normativo, inicialmente chamado de normalidade
NORMATIVA das circunstâncias concomitantes, e, posteriormente, de motivação normal, atualmente definido
REINHART FRANK, MEZGER E como exigibilidade de conduta diversa.
GOLDSCHMIT c) A culpabilidade assume um perfil complexo. Elementos naturalísticos (dolo/culpa) e normativos
(exigibilidade de conduta diversa).
a) Essa teoria surge nos idos de 1930, com o finalismo penal de Hans Welzel, e dele é inseparável.
TEORIA NORMATIVA
b) O dolo passa a ser natural, isto é, sem a consciência da ilicitude.
PURA
c) A consciência da ilicitude passa a ser potencial.

25.3.1 TEORIA PSICOLÓGICA


Segundo a teoria psicológica idealizada por Von Liszt e Beling, a IMPUTABILIDADE é PRESSUPOSTO da CULPABILIDADE, fazendo
o dolo e a culpa parte de sua análise. (certa) 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO
A CULPABILIDADE é concebida como o VÍNCULO PSICOLÓGICO que une o autor ao fato no sistema penal clássico. (certa) 2013 -
PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

SISTEMA CLÁSSICO ESTRUTURA DO TIPO PENAL

FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE


1º - DOLO e CULPA alocados no campo da CULPABILIDADE.
Eram, na verdade, espécies da própria culpabilidade. • CONDUTA
• RESULTADO
2º - Se DOLO e CULPA estavam alocados no campo da TEORIA PSICOLÓGICA
• NEXO
CULPABILIDADE, o SISTEMA CLÁSSICO adota,
• TIPICIDADE
necessariamente, o conceito TRIPARTIDO de crime.
IMPUTABILIDADE COMO
PRESSUPOSTO
3º - No campo da CULPABILIDADE vigorava a TEORIA CAUSALISMO
PSICOLÓGICA. DOLO e CULPA eram um VÍNCULO
PSICOLÓGICO.

4º - O DOLO era NORMATIVO, COLORIDO. VALORADO. (Estava


impregnado com outros elementos de natureza normativa.)

Obs.: Na teoria PSICOLÓGICA a IMPUTABILIDADE é PRESSUPOSTO da CULBABILIDADE. Posteriormente, a imputabilidade


passa a ser elemento da culpabilidade com a teoria psicológico-normativa.

130
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 480.

elaborado por @fredsmcezar


• Segundo a Teoria PSICOLÓGICA da CULPABILIDADE, o dolo e a culpa fazem parte da análise da culpabilidade, e a IMPUTABILIDADE penal é
PRESSUPOSTO desta. (certa) CESPE - 2010 – DPU
• O sistema clássico conceitua a culpabilidade como o vínculo psicológico que une o autor ao fato. (certa) 2014 - MPE-MT

*No SISTEMA CLÁSSICO, o dolo era considerado normativo porque tinha como pressuposto a consciência da ilicitude do fato.
Logo, o dolo era CONSCIÊNCIA e VONTADE, mas essa consciência não era apenas a consciência sobre o fato, era também a
consciência da ilicitude do fato. Isso viria a mudar no finalismo, visto que dolo/culpa são realocados para a tipicidade e a consciência
da ilicitude “sai de dentro do dolo” e passa a ser um elemento autônomo da culpabilidade.131
Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com
os elementos volitivos e cognitivos, considerados psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência
sobre a ilicitude do fato). (certa) CESPE - 2013 - POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO
• No modelo PSICOLÓGICO de culpabilidade, o DOLO É NORMATIVO. (certa) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Para o conceito psicológico da culpabilidade, o dolo está fundamentalmente vinculado à questão da vontade, sendo que o
elemento cognitivo, apesar de existente, seria apenas pressuposto de direcionamento da vontade, desprezando-se totalmente a
discussão sobre a consciência da ilicitude. (certa) 2019 - MPE-PR CONFERIR
• Para a teoria causalista, o dolo e a culpa estão situados na culpabilidade. Então, logicamente, para quem adota essa teoria, impossível se
torna acolher o conceito bipartido de crime. (certa) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
• De acordo com a teoria psicológica da culpabilidade, adotada pelo sistema causal-naturalista da ação, as duas modalidades de erro de
permissão que acontecem nas descriminantes putativas são inescusáveis. (certa) 2011 - MPE-MG
• Consoante a teoria psicológica da culpabilidade, o dolo e a culpa pertencem à conduta CULPABILIDADE. (errada) CESPE - 2011 - TJ-PB – JUIZ DE DIREITO
• O conceito psicológico-normativo da culpabilidade é caracterizado pela aposição do dolo e da culpa no tipo penal. (errada) 2011 – MPDFT

• Culpabilidade, segundo a teoria psicológico-normativa, é o mero vínculo psicológico entre o autor e o fato, por meio do dolo e da culpa.
(errada) CESPE - 2012 - MPE-TO

• A teoria psicológica da culpabilidade pauta-se pela ideia de que a culpabilidade não passa de um mero vínculo de caráter psicológico, que
une o autor ao fato por ele praticado, sendo que o dolo e a culpa são espécies dessa relação psicológica que tem, por pressuposto, a
imputabilidade do agente. (certa) 2013 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA
• De acordo com a concepção original da teoria psicológica, a culpabilidade de um agente é afastada quando ele age com “erro", o que elimina
o elemento intelectual do crime, ou quando ele é coagido a cometer o crime, o que suprime o elemento volitivo do dolo. (certa) CESPE - 2015 -
TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Para determinada teoria, criticada por não conseguir explicar a culpa inconsciente, a culpabilidade deve abordar os elementos
subjetivos dolo e culpa, sendo a imputabilidade pressuposto para sua análise. Nessa perspectiva, a culpabilidade retira o seu
fundamento do aspecto psicológico do agente. Nesse sentido, é a relação subjetiva entre o fato e o seu autor que toma relevância,
pois a culpabilidade reside nela. O texto precedente refere-se à teoria causal naturalista ou psicológica. (certa) CESPE - 2022 - MPE-TO

25.3.2 TEORIA PSICOLÓGICO-NORMATIVA – REINHART FRANK


“Surge em 1907, com a proposta de Reinhart Frank, a teoria normativa, relacionando a culpabilidade com a exigibilidade
de conduta diversa. A culpabilidade deixa de ser um fenômeno puramente natural, de cunho psicológico, pois a ela se atribui um
NOVO ELEMENTO, estritamente normativo, inicialmente chamado de normalidade das circunstâncias concomitantes, e,
posteriormente, de motivação normal, atualmente definido como EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. Essa teoria não eliminou
da culpabilidade o vínculo psicológico (dolo ou culpa) que une o autor imputável ao fato por ele praticado. Mas a reforçou com a
exigibilidade de conduta diversa. A imputabilidade DEIXA de ser PRESSUPOSTO da culpabilidade, para FUNCIONAR como seu
ELEMENTO.” 132
Conforme a teoria psicológico-normativa ou normativa, a reprovação contra o agente do fato, além de consistir na
desconformidade entre a ação e a ordem jurídica, também se fundamenta no fato de o agente ter a possibilidade de não realizar a
ação contrária às normas jurídicas. (certa) CESPE - 2015 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• De acordo com a teoria psicológico-normativa, a culpabilidade tem como pressuposto ELEMENTO
a imputabilidade, sendo composta pelo dolo
ou culpa e exigibilidade de conduta diversa. (errada) 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA

Paulo César Busato133 ensina que:


“O impulso definitivo para uma alteração do conceito de culpabilidade para inclusão de caracteres normativos foi dado por
Reinhard Frank, em 1907, ainda que mais tarde o aperfeiçoamento desse conceito tenha ficado a cargo principalmente de Edmund
Mezger e James Goldschmidt, o que leva parte da doutrina a considerar Frank o verdadeiro fundador da teoria psicológico-normativa
da culpabilidade.

131
https://www.youtube.com/watch?v=rrlo6EaMjyQ – (Fábio Roque - Dolo Colorido e Dolo Acromático)
132
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 481.
133
2015. Paulo César Busato, Direito Penal, p. 580.

elaborado por @fredsmcezar


Para Frank, os aspectos psicológicos não esgotam a culpabilidade, já que existem situações em que independentemente do
dolo ou da imprudência, um fato se considera mais culpável que outro, como na comparação entre a mãe solteira que, durante o
parto, mata seu filho recém-nascido e o assassino comum. A própria legislação reconhece diferenças. Partindo disso, Frank afirma
que há elementos valorativos da culpabilidade que servem não só para graduá-la, como também para afirmá-la ou infirmá-la.
(...)
Sustentava Goldschmidt que “somente se poderá falar de uma ‘legalidade conforme o dever’, se houve atuação conforme o
direito pela consciência do dever”. Assim, a atitude dolosa conteria, em seu bojo, uma manifestação de vontade contrária ao
dever.
O dolo que inclui a consciência da ilicitude não é apenas uma expressão do que se passa na cabeça do sujeito, mas uma
valoração atual a respeito da orientação de sua atuação. No dizer de Maurach, “o DOLO, ao compreender necessariamente a
consciência da antijuridicidade, resulta implicitamente valorado, normativamente contemplado”.
A consciência da ilicitude que se exigiu foi uma consciência presente, ou seja, a afirmação da culpabilidade passou a depender
não só da presença de dolo ou imprudência, mas também de que o autor soubesse o que estava fazendo, soubesse que estava
atuando contra o direito.

Como consequência, aquele que desconhecia a antijuridicidade de sua conduta não agia com dolo. Portanto, dolo e culpa
aqui deixavam de ser considerados formas de culpabilidade, para passarem à condição de elementos da culpabilidade, ao lado
da imputabilidade, já aqui tratada como elemento e não pressuposto da culpabilidade, e do poder agir de outro modo, ou
exigibilidade de conduta conforme o direito”.

A consciência atual da ilicitude atual deveria estar efetivamente presente no caso concreto 134.
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE

• IMPUTABILIDADE
• CONDUTA
• DOLO (NORMATIVO – C/ CONHECIMENTO DA ILICITUDE) OU CULPA
• RESULTADO
(ELEMENTOS PSICOLÓGICOS)
• NEXO
• TIPICIDADE • EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA (NOVIDADE!!!) (ELEMENTO NORMATIVO)

TEORIA PSICOLÓGICO-NORMATIVA

Isto é, o dolo continua normativo durante teoria psicológico-normativa. Isso só vai a mudar no finalismo, já que dolo/culpa são
realocados para a tipicidade e a consciência da ilicitude sai de dentro do dolo e passa a ser um elemento autônomo da
culpabilidade.135
Obs.: Se o dolo e a culpa continuaram a integrar a culpabilidade na teoria psicológico-normativa, significa que ainda vigorava
o causalismo no conceito de conduta.
• O conceito psicológico-normativo da culpabilidade é caracterizado pela aposição do dolo e da culpa no tipo penal. (errada) 2011 – MPDFT
• A teoria psicológico-normativa da culpabilidade tem como fundamental característica a retirada do dolo e da culpa do conceito de
culpabilidade. (errada) 2019 - MPE-PR

Tanto na teoria psicológica da culpabilidade como na teoria psicológico-normativa da culpabilidade, exige-se atual, real e
efetiva consciência da ilicitude. (certa) 2015 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
Explicação: Isto é, enquanto o dolo ficou alocado no campo da culpabilidade era um dolo normativo, seja durante a teoria
psicológica ou durante a psicológico-normativa, já que estava atrelado à consciência da ilicitude do fato. Conforme explicado por
Busato, “aquele que desconhecia a antijuridicidade de sua conduta não agia com dolo”.
A consciência da ilicitude só será POTENCIAL no FINALISMO quando o DOLO deixará de ser normativo e se transformará em
um dolo NATURAL. Por que NATURAL? Natural porque o DOLO é transportado para o FATO TÍPICO despido da consciência de
ilicitude que passa a ser elemento autônomo dentro da culpabilidade.
• A consciência atual da ilicitude é elemento do dolo, conforme a teoria finalista da ação. (errada) CESPE - 2021 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA
FEDERAL

Com lastro na teoria finalista da ação, o dolo pertence à conduta, tendo como seus componentes a intencionalidade (elemento
volitivo) e a previsão do resultado (elemento intelectual). A potencial consciência da ilicitude, que é um dos elementos normativos
da culpabilidade, não integra o dolo. (certa) 2010 - MPE-MG

134
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 482.
135
https://www.youtube.com/watch?v=rrlo6EaMjyQ – (Fábio Roque - Dolo Colorido e Dolo Acromático)

elaborado por @fredsmcezar


25.3.3 TEORIA NORMATIVO PURA136
“Essa teoria surge nos idos de 1930, com o finalismo penal de Hans Welzel, e dele é inseparável. Em outras palavras, a adoção
da teoria normativa pura da culpabilidade somente é possível em um sistema finalista. É chamada de normativa pura porque os
elementos psicológicos (dolo e culpa) que existiam nas teorias psicológica e psicológico-normativa da culpabilidade, foram
transferidos pelo finalismo penal para o fato típico, alojando-se no interior da conduta. Dessa forma, a culpabilidade se transforma
em um simples juízo de reprovabilidade que incide sobre o responsável pela prática de um fato típico e ilícito. O dolo passa a ser
natural, isto é, sem a consciência da ilicitude. Com efeito, o dolo é levado para a conduta, deixando a consciência da ilicitude na
culpabilidade. Aquele vai para o fato típico, esta permanece no local em que estava.
Além disso, a consciência da ilicitude, que no sistema clássico era atual, isto é, deveria estar efetivamente presente no caso
concreto, passa a ser potencial, ou seja, bastava tivesse o agente, na situação real, a possibilidade de conhecer o caráter ilícito do
fato praticado, com base em um juízo comum.”
A teoria normativa pura, a fim de tipificar uma conduta, desloca a análise do dolo ou da culpa para o fato típico, transformando
a culpabilidade em um juízo de reprovação social incidente sobre o fato típico e antijurídico e sobre seu autor. (certa) FUMARC - 2018 -
PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA

• Com lastro na teoria finalista da ação, o dolo pertence à conduta, tendo como seus componentes a intencionalidade (elemento volitivo) e a
previsão do resultado (elemento intelectual). A potencial consciência da ilicitude, que é um dos elementos normativos da culpabilidade, não
integra o dolo. (certa) 2010 - MPE-MG
• Segundo a teoria normativa pura, a fim de tipificar uma conduta, ingressa-se na análise do dolo ou da culpa, que se encontram, pois, na
tipicidade, e não, na culpabilidade. A culpabilidade, dessa forma, é um juízo de reprovação social, incidente sobre o fato típico e antijurídico
e sobre seu autor. (certa) CESPE - 2010 – DPU
• Conforme a teoria normativa pura, a culpabilidade não se exaure na relação de desconformidade substancial entre ação e ordenamento
jurídico, mas fundamenta a reprovação pessoal contra o autor, no sentido de este não ter omitido a ação antijurídica quando ainda podia.
(certa) CESPE - 2012 - TJ-PI – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• O dolo, conforme a teoria normativa pura, é elemento da culpabilidade e contém a potencial consciência da ilicitude. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN
- JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Na hipótese de impossibilidade de conhecimento da ilicitude do fato pelos subordinados que cumpriram a ordem manifestamente ilegal,
ficaria afastado o dolo da conduta A CULPABILIDADE, consoante a teoria normativa pura da culpabilidade. (errada) CESPE - 2014 - MPE-AC
• Segundo a teoria normativa pura, o dolo é constituído de três elementos: o intencional (a voluntariedade ou volitividade), o intencional
(previsão ou consciência; previsão do fato) e o normativo (consciência atual da ilicitude). (errada) CESPE - 2015 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Para a teoria finalista, ação é a conduta do homem, comissiva ou omissiva, dirigida a uma finalidade e desenvolvida sob o domínio da vontade
do agente, razão pela qual não reputa criminosa a ação ocorrida em estado de inconsciência, como no caso de quem, durante o sono,
sonhando estar em legítima defesa, esbofeteia e causa lesão corporal na pessoa que dorme ao seu lado. Para esta mesma teoria, a
culpabilidade não é psicológica, nem psicológico-normativa. (certa) 2017 - MPE-RS
• O conceito normativo de culpabilidade deslocou os componentes psicológicos para o tipo de injusto, permanecendo a culpabilidade com os
componentes normativos do juízo de reprovação e do juízo de exculpação. (certa) 2017 - MPE-PR
• Para Welzel, a culpabilidade é a reprovabilidade de decisão da vontade, sendo uma qualidade valorativa negativa da vontade de ação, e não a
vontade em si mesma. O autor aponta a incorreção de doutrinas segundo as quais a culpabilidade tem caráter subjetivo, porquanto um estado
anímico pode ser portador de uma culpabilidade maior ou menor, mas não pode ser uma culpabilidade maior ou menor. Essa definição de
culpabilidade está relacionada à teoria normativa pura, ou finalista. (certa) CESPE - 2019 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
.
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE

• CONDUTA (DOLO OU CULPA) • IMPUTABILIDADE

• RESULTADO NATURALÍSTICO • POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE

• RELAÇÃO DE CAUSALIDADE • EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

• TIPICIDADE

“A teoria normativa pura da culpabilidade subdivide-se em outras duas, a saber: (a) extremada, extrema ou estrita; e (b) limitada.
Em ambas as vertentes, a estrutura da culpabilidade é idêntica, ou seja, seus elementos são a imputabilidade, a potencial consciência
da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
A distinção entre elas repousa unicamente no tratamento dispensado às descriminantes putativas”.

136
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 482.

elaborado por @fredsmcezar


25.3.3.1 TEORIA EXTREMADA OU ESTRITA DA CULPABILIDADE
De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, todo e qualquer erro que recaia sobre uma causa de justificação é erro
sobre a ilicitude do fato. (certa) FUMARC - 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA
Para a teoria extrema da culpabilidade todo erro sobre a antijuridicidade é considerado como erro de proibição. (certa) 2013 - MPE-
PR

• Para a teoria estrita da culpabilidade o erro sobre a ilicitude do fato é sempre erro de proibição. (certa) 2009 - MPDFT

• Consoante a teoria extremada ou estrita da culpabilidade, o erro ou a ignorância que vicia o aspecto cognitivo do dolo exclui a culpabilidade
do agente. (certa) 2013 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA
• Para a teoria estrita da culpabilidade, o erro sobre a ilicitude do fato é sempre tido como erro de tipo PROIBIÇÃO. (errada) 2019 - MPE-PR

Assustado pelo atual contexto da criminalidade, um pequeno empresário, no dia do pagamento do salário aos funcionários,
estando em mãos com vinte mil reais, constata o ingresso de dois rapazes no escritório e supõe tratar-se de um iminente assalto,
reagindo com três letais tiros de revólver em cada um deles. Comprova-se, depois, que os rapazes tinham ido ao escritório em
busca de emprego e não para assaltar. Para a teoria EXTREMADA da culpabilidade, mesmo que o empresário tivesse errado a mira
e atingido mortalmente um dos rapazes e um funcionário, o tratamento penal adequado seria o do erro de proibição. Assim, os
dois homicídios seriam fatos típicos e antijurídicos. (certa) 2016 - MPE-RS

25.3.3.2 TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE (ADOTADA PELO CP)137


Apesar da crítica doutrinária, o CÓDIGO PENAL, com a reforma da Parte Geral promovida pela Lei nº 7.209/1984, acerca das
DISCRIMINANTES PUTATIVAS, ADOTOU A TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE, acarretando exclusão do dolo se o erro incidir
sobre pressupostos fáticos da causa de justificação e podendo excluir a consciência potencial da ilicitude quando incidir sobre a
existência ou limites da causa de justificação. (certa) FUNDEP - 2014 - DPE-MG

ERRO INVENCÍVEL: ATIPICIDADE


ERRO VENCÍVEL: EXCLUI-SE O DOLO, MAS RESPONDE POR CULPA
(SE PREVISTO).
ERRO RELATIVO PRESSUPOSTOS ERRO DE TIPO O erro, quanto aos pressupostos fáticos, se vencível, permite o tratamento
FÁTICOS PERMISSIVO do crime como culposo. (certa) FUNDEP - 2017 - MPE-MG
CP, art. 20 § 1º
A teoria limitada da culpabilidade situa o dolo como elemento do fato típico
e a potencial consciência da ilicitude como elemento da culpabilidade; adota
o erro de tipo como excludente do dolo e admite, quando for o caso, a
responsabilização por crime culposo. (certa) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA

ERRO INVENCÍVEL: ISENTA DE PENA


1. ERRO RELATIVO À EXISTÊNCIA
DE UMA CAUSA DE EXCLUSÃO DA ERRO DE ERRO VENCÍVEL: DIMINUIÇÃO DA PENA DE 1/6 A 1/3
ILICITUDE; PROIBIÇÃO O erro sobre a ilicitude do fato pode, conforme o caso, isentar o agente de
INDIRETO pena ou levar à aplicação de causa de diminuição de pena. (certa) 2015 – MPDFT
2. ERRO RELATIVO AOS LIMITES DE
UMA CAUSA DE EXCLUSÃO DA CP, art. 21 O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se
evitável INEVITÁVEL, isenta de pena; se inevitável EVITÁVEL, poderá diminuí-la de
ILICITUDE
um sexto a um terço. (errada) FCC - 2017 - PC-AP - DELEGADO DE POLÍCIA

A compreensão do erro das discriminantes putativas — com previsão em dispositivo do Código Penal — sobre os pressupostos
fáticos da causa de justificação como erro de tipo decorre da TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE. (certa) CESPE - 2022 - DPE-PA
Quando o erro do agente recai sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação é erro de tipo, ao passo que, se
incidir sobre os limites autorizadores, há erro de proibição. (certa) 2012 - TJ-MS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
As descriminantes putativas, seja as que incidam sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação, seja as que
recaiam sobre os limites autorizadores de uma excludente de ilicitude, são tratadas como erro de proibição TIPO PERMISSIVO. (errada) 2012 -
TJ-MS – JUIZ

Para o Código Penal (art. 20, § 1.º), quando a descriminante putativa disser respeito aos pressupostos fáticos da excludente,
estamos diante de erro de tipo. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-SP – JUIZ
• De acordo com a teoria da culpabilidade adotada pelo Código Penal, todo erro que recai sobre uma causa de justificação configura erro de
proibição. (errada) CESPE - 2019 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO

137
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS 17. É, todavia, no tratamento do erro que o princípio nullum crimen sene culpa vai aflorar com todo o vigor no direito legislativo brasileiro. Com efeito, acolhe
o Projeto, nos artigos 20 e 21, as duas formas básicas de erro construídas pela dogmática alemã: erro sobre elementos do tipo (Tatbestandsirrtum) e erro sobre a ilicitude do fato
(Verbotsirrtum). Definiu-se a evitabilidade do erro em função da consciência potencial da ilicitude (parágrafo único do artigo 21), mantendo-se no tocante às descriminantes putativas a
tradição brasileira, que admite a forma culposa, EM SINTONIA COM A DENOMINADA "TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE" (Culpabilidade e a Problemática do Erro Jurídico Penal, de
Francisco de Assis Toledo, in Rev. Trib. 517/251).

elaborado por @fredsmcezar


• A legítima defesa putativa, o erro sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação e o erro de tipo permissivo constituem definições
diferenciadas de situações concretas equivalentes, sujeitando-se à mesma consequência jurídica, de acordo com o Código Penal brasileiro.
(certa) 2021 - MPE-PR

Ex.: “X”, policial militar, reside com sua família em local extremamente violento. De madrugada, é acordado por alguém tentando
arrombar a porta de sua casa. Assustado, pede para sua mulher, igualmente em pânico, que não saia do quarto, e caminha para a
entrada da casa onde grita insistentemente para que o suposto ladrão vá embora, avisando-o de que, caso contrário, irá atirar. A
advertência é em vão, e a porta se abre aos olhos de “X” que, após efetuar o primeiro disparo, percebe que acertou “Z”, seu filho,
que, embriagado, arrombou a porta. Na hipótese apresentada, vindo “Z” a falecer em razão dos disparos, “X”. será isento de pena,
pois agiu em erro de tipo invencível. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-PA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

25.4 IMPUTABILIDADE
O Código Penal apenas descreve que são os INIMPUTÁVEIS. Logo, os IMPUTÁVEIS são os maiores de 18 anos e os mentalmente
sãos.
CP. Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
A capacidade de entender que uma conduta é ilícita e de se adequar conforme tal conduta é denominada imputabilidade. (certa)
2018 - PGE-SC

25.4.1 CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE

MENORIDADE (art. 27);

DOENÇA MENTAL (art. 26, caput);

DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO (arts. 26, caput, e 27);

DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO (art. 26, caput); e

EMBRIAGUEZ COMPLETA PROVENIENTE DE CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR (art. 28, § 1.º).

25.4.2 CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DA IMPUTABILIDADE138

Basta, para a inimputabilidade, a presença de um problema mental, representado por uma doença
mental, ou então por desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Esse sistema atribui
BIOLÓGICO
demasiado valor ao laudo pericial, pois se o auxiliar da Justiça apontasse um problema mental, o
magistrado nada poderia fazer. Seria presumida a inimputabilidade, de forma absoluta.

Para esse sistema pouco importa se o indivíduo apresenta ou não alguma deficiência mental.
Será inimputável ao se mostrar incapacitado de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
PSICOLÓGICO
se de acordo com esse entendimento. Seu inconveniente é abrir espaço para o desmedido arbítrio
do julgador, pois competiria exclusivamente ao magistrado decidir sobre a imputabilidade do réu.

Resulta da fusão dos dois anteriores: é inimputável quem, ao tempo da conduta, apresenta um
problema mental, e, em razão disso, não possui capacidade para entender o caráter ilícito do
fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento.
Esse sistema conjuga as atuações do magistrado e do perito. Este (perito) trata da questão
BIOPSICOLÓGICO biológica, aquele (juiz) da psicológica. A presunção de imputabilidade é relativa (iuris Tantum).
Após os 18 anos, todos são imputáveis, salvo prova pericial em sentido contrário revelando a presença
de causa mental deficiente, bem como o reconhecimento de que, por tal motivo, o agente não tinha ao
tempo da conduta capacidade para entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.

O Código Penal, em seu art. 26, caput, acolheu como regra o sistema biopsicológico, ao estabelecer que:
CP. Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

138
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 491.

elaborado por @fredsmcezar


• De acordo com o art. 26 do Código Penal, é isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente capaz INCAPAZ de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento. (errada) 2012 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA
• A inimputabilidade por doença mental que retira do agente toda a capacidade de entendimento do caráter ilícito do fato é causa de diminuição
da pena. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A doença mental ou o desenvolvimento mental incompleto ou retardado isentam de pena, se ao tempo da ação ou da omissão, ou entre a
denúncia e a sentença, o agente era ou se toma inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. (errada) 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ
FEDERAL SUBSTITUTO

• É isento de pena o agente que, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (errada) 2022 - PC-BA - DELEGADO
DE POLÍCIA

Excepcionalmente, entretanto, foi adotado:

BIOLÓGICO Menores de 18 anos (CF, art. 228, e CP, art. 27)

PSICOLÓGICO Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior (CP, art. 28, § 1.º).

O Código Penal Brasileiro adotou o critério biológico em relação à inimputabilidade em razão da idade e o critério biopsicológico
em relação à inimputabilidade em razão de doença mental. (certa) 2015 - MPE-BA
Com relação à imputabilidade penal, o Código Penal brasileiro adotou o sistema biopsicológico ou misto para justificar a
inimputabilidade penal nos casos de doença mental e de embriaguez involuntária e o sistema psicológico BIOLÓGICO no caso dos
menores de 18 anos. (errada) 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
(certa) 2022 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

• A condição de silvícola e a surdo-mudez completa são consideradas causas de exclusão da imputabilidade absoluta, por presunção legal
expressa, com fulcro no critério biopsicológico, de as pessoas nessas condições demonstrarem incapacidade de entender o que seja ilicitude
e de se autodeterminar de acordo com esse entendimento. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Em matéria de culpabilidade foi adotado, quanto à imputabilidade, o critério biológico como regra. (errada) 2012 - MPE-RJ
• De acordo o sistema biopsicológico adotado pelo Código Penal, a imputabilidade deve ser aferida antes da prática do delito. (errada) 2018 - MPE-
BA

25.4.2.1 LEI DE DROGAS


Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de
droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
2014 - MPE-RS / FCC - 2015 - TJ-RR - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FCC - 2015 - TJ-SC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / VUNESP - 2017 - TJ-SP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2022 - PC-GO - DELEGADO DE
POLÍCIA /

Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste
artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento
médico adequado.
• É isento de pena o agente que, em razão da dependência de drogas era, ao tempo da ação, apenas no que se refere ao comércio ilícito de
entorpecentes, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (errada) FCC -
2012 - MPE-AP

• De acordo com a lei antidrogas, é isento de pena, em relação exclusivamente aos crimes nela previstos, o agente que, em razão de
dependência, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento. (errada) FCC - 2012 - MPE-AL
• É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao
tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (certa) VUNESP - 2012 - DPE-MS
• O agente que comprove ser dependente químico de drogas ilícitas, independentemente de seu estado à época da ação ou omissão, é isento
de pena. (errada) FGV - 2022 - PC-AM - DELEGADO DE POLÍCIA

elaborado por @fredsmcezar


25.4.3 EMBRIAGUEZ

VOLUNTÁRIA
NÃO ACIDENTAL Completa ou Incompleta: não exclui a imputabilidade.
CULPOSA

ESPÉCIES DE COMPLETA Exclui a imputabilidade.


ACIDENTAL
EMBRIAGUEZ INCOMPLETA Não exclui a imputabilidade, mas diminui a pena (1/3 a 2/3)
PATOLÓGICA Equipara-se a doença mental e pode ser considerado inimputável ou semi.
PREORDENADA Não exclui a imputabilidade e ainda agrava a pena.
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
CESPE - 2012 - MPE-PI / CESPE - 2012 - MPE-TO / FCC - 2012 - MPE-AL / 2012 - MPE-RJ / 2012 - PGE-SC / CESPE - 2013 - DPE-TO / 2013 - MPE-PR / CESPE - 2013 - MPE-RO / 2014 - MPE-MA / FCC - 2014 - MPE-PA
/ 2014 - MPE-RS / FCC - 2014 - DPE-CE / CESPE - 2014 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / CESPE - 2016 - TJ-AM - JUIZ SUBSTITUTO / FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLICIA CIVIL / FCC - 2017 -
DPE-PR / CESPE - 2018 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL / CESPE - 2018 - PGE-PE / CESPE - 2018 - TJ-CE - JUIZ SUBSTITUTO / VUNESP - 2018 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA / CESPE - 2022 - DPE-PI /
CESPE - 2022 - DPE-TO / 2022 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. (Lei nº 7.209/1984)

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação
ou da omissão, INTEIRAMENTE incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. (Lei nº 7.209/1984)

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior,
não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento. (Lei nº 7.209/1984)
.
Ex.: Tarso, embriagado, colidiu o veículo que dirigia, vindo a lesionar gravemente uma pessoa. Nessa situação hipotética:
Caso a embriaguez de Tarso tenha sido preordenada, ele responderá pelo crime, mas de forma atenuada AGRAVADA. (errada) CESPE - 2009 -
PGE-PE

Se Tarso estava completamente embriagado por ter sido obrigado a ingerir uma garrafa inteira de uísque por um desafeto seu, que
lhe apontava uma arma e intencionava humilhá-lo, então, nesse caso, Tarso será isento de pena. (certa) CESPE - 2009 - PGE-PE
• A embriaguez voluntária exclui a imputabilidade. (errada) 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• A embriaguez completa, se acidental, exclui a imputabilidade. (certa) 2009 – MPDFT
• A embriaguez completa não exclui a ilicitude do fato. (certa) 2010 - MPE-MG
• A embriaguez voluntária completa isenta o agente de pena quando este, ao tempo da ação, é inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se conforme esse entendimento. (errada) 2011 – MPDFT
• Em qualquer caso, a embriaguez acidental afasta a imputabilidade penal. (errada) 2011 - MPE-PB

• A embriaguez patológica não constitui eventual causa de exclusão da imputabilidade. (errada) FCC - 2012 - TJ-GO – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A embriaguez culposa constitui causa de diminuição da pena, se o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (errada) FCC - 2012 - TJ-GO – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A embriaguez não configura circunstância agravante, ainda que preordenada. (errada) FCC - 2012 - TJ-GO – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A embriaguez voluntária ou culposa completa exclui a imputabilidade penal pela conturbação psíquica provocada pelo estado de ebriez.
(errada) 2013 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA

• A embriaguez preordenada, além de não excluir a pena do réu, gera o agravamento da mesma. (certa) 2013 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA

• A embriaguez patológica, por exercer um trabalho progressivo de destruição dos poderes psíquicos do agente, poderá isentá-lo de pena ou
diminuí-la de um a dois terços. (certa) 2013 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA
• A embriaguez acidental proveniente de caso fortuito ou força maior, quando completa, isenta o réu de pena e, se incompleta, gera diminuição
de pena. (certa) 2013 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA
• É suficiente à exculpação pela embriaguez completa a demonstração da total incapacidade do agente de compreender o caráter ilícito do fato
e/ou determinar-se conforme esse entendimento. (errada) 2013 – MPDFT
• Ao contrário da embriaguez preordenada, na embriaguez voluntária a conduta de ingerir a bebida alcoólica não configura ato inicial do
comportamento típico. (certa) 2014 - MPE-MA
• O sujeito que no momento da prática do crime não era capaz de se determinar, completamente, de acordo com o entendimento do caráter
ilícito do fato em razão de embriaguez culposa, poderá ter a pena reduzida de um a dois terços. (errada) 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
SUBSTITUTO

• Consoante expressa previsão legal, a embriaguez culposa é circunstância atenuante apta a reduzir a reprimenda nessa fase. (errada) 2021 - PC-
MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO

• A embriaguez culposa decorrente do uso do álcool autoriza a redução de um a dois terços da pena do agente. (errada) 2022 - MPE-SP

elaborado por @fredsmcezar


• A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, não exclui a imputabilidade penal. (certa) 2022 - PC-BA -
DELEGADO DE POLÍCIA

• De acordo com o CP (Código Penal), a embriaguez completa e fortuita é causa de isenção de pena. (certa) CESPE - 2022 - PC-RO - DELEGADO DE
POLÍCIA

• A embriaguez voluntária sempre aumenta a pena. (errada) FUNDEP - 2022 - MPE-MG

João e Maria são casados. Maria conta a João que o traiu e que mantém, há cerca de 6 meses, relação extraconjugal com um
amigo do casal. João imediatamente sai de casa e senta-se sozinho, em um bar, para refletir sobre o que fazer. Resolve vingar-se,
mas, sem coragem, toma quatro doses de bebida. Com o espírito encorajado pelo álcool, João volta à casa comum. Maria está
dormindo. João, então, acorda Maria e dá a ela a chance de sair de casa, ou avisa que a matará. Maria não cede e João a mata.
Perícia conclui que, em razão da embriaguez, ao tempo do fato, João não possuía a plena capacidade de entender seu caráter ilícito.
É correto afirmar que o fato praticado por João será agravado por conta da embriaguez. (certa) 2022 - MPE-RJ

25.4.3.1 TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA


Essa teoria foi desenvolvida para a embriaguez preordenada, e, para ela, se encaixa perfeitamente. O agente embriaga-
se com a intenção de cometer um crime em estado de inconsciência, e assim o faz. O dolo estava presente quando arquitetou
o crime, e por esse elemento subjetivo deve ser punido. Posteriormente, entretanto, a aplicabilidade da teoria da actio libera
in causa estendeu-se à embriaguez voluntária e à embriaguez culposa, bem como aos demais estados de inconsciência139.
A actio libera in causa se caracteriza quando o agente comete o crime em estado de embriaguez não proveniente de caso fortuito
ou força maior. (certa) 2015 - MPE-SP
• O Código Penal Brasileiro adotou a teoria da actio libera in causa. (certa) 2012 - MPE-SP
• A não exclusão da responsabilidade criminal em alguns estados de embriaguez decorre da adoção da teoria da actio libera in causa. (certa)
2012 - AGE-MG

• Tendo sido adotada a teoria da actio libera in causa pelo Código Penal, é permitida a exclusão da imputabilidade do agente se a embriaguez
não acidental for completa e culposa. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Segundo a teoria do tipo, que exige coincidência entre capacidade de culpabilidade e realização dolosa ou culposa do tipo de injusto, em
situações de actio libera in causa, o dolo ou culpa do agente devem ser aferidos na ação anterior de autocolocação em estado de incapacidade
temporária de culpabilidade. (certa) 2017 - MPE-PR

25.4.4 EMOÇÃO OU PAIXÃO


Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão; (Lei nº 7.209/1984)
2010 - PGE-RS / FCC - 2012 - MPE-AL / VUNESP - 2012 - DPE-MS / 2013 - MPE-PR /

A emoção, descrita como estado agudo de excitação psíquica, apesar de não ser excludente de pena, é circunstância atenuante
caso o agente cometa crime sob influência de violenta emoção. (certa) FGV - 2022 - PC-AM - DELEGADO DE POLÍCIA
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (...)
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de
violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;

25.5 POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE


“A aplicação da pena ao autor de uma infração penal somente é justa e legítima quando ele, no momento da conduta, era dotado
ao menos da possibilidade de compreender o caráter ilícito do fato praticado. Exige-se, pois, tivesse o autor o conhecimento,
ou, no mínimo, a potencialidade de entender o aspecto criminoso do seu comportamento, isto é, os aspectos relativos ao tipo
penal e à ilicitude”140.
A potencial consciência da ilicitude é afastada pelo erro de proibição escusável ou inevitável (CP, art. 21, caput).

25.5.1 ERRO DE PROIBIÇÃO


Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena;
////////////////////////////////// se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe
era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

INEVITÁVEL ISENTA DE PENA EVITÁVEL DIMINUIÇÃO DA PENA DE 1/6 A 1/3.


.

139
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 513.
140
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 518.

elaborado por @fredsmcezar


• No erro de proibição, examina-se a culpabilidade abstrata da ignorância à representação da ilicitude do comportamento. (errada) 2009 - TRF - 4ª
REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• O erro de proibição escusável, como excludente da potencial consciência da ilicitude, leva à absolvição por exclusão da culpabilidade. (certa)
2009 - TJ-MG – JUIZ

• O erro de proibição, quando inevitável, isenta o agente de pena; se evitável, pode o juiz diminuí-la de um sexto a um terço. (certa) 2009 - TJ-RS
– JUIZ

• O erro de proibição, escusável ou inescusável, exclui a culpabilidade do agente, isentando-o de pena. (errada) CESPE - 2009 - DPE-PI
• Nos termos do CP, o desconhecimento da lei, embora inescusável, é circunstância que atenua a pena. (certa) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ SUBSTITUTO
• O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena e, se evitável poderá diminuí-la, de um sexto a um terço. Tal modalidade de erro
é classificada como erro de tipo PROIBIÇÃO e pode, em circunstâncias excepcionais, excluir a culpabilidade pela prática da conduta. (errada) FUNDEP
- 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• O erro inevitável sobre a ilicitude do fato exclui a culpabilidade. (certa) FCC - 2014 - MPE-PE
• Constitui atenuante genérica o erro sobre a ilicitude do fato, embora o desconhecimento da lei seja inescusável. (errada) CESPE - 2017 - DPE-AL

• O desconhecimento da lei penal é inescusável, não atenuando a pena do condenado. (errada) 2018 - MPE-MS
• O erro sobre a ilicitude do fato isenta o agente de pena quando evitável. (errada) FCC - 2018 - DPE-AM

• O erro de proibição evitável não diminui a reprovabilidade da conduta. (errada) 2018 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

• No Direito Penal, o erro inevitável sobre a ilicitude do fato exclui a culpabilidade, de modo a impedir a responsabilidade penal do agente. (certa)
FCC - 2021 - DPE-BA

• A tipicidade é excluída toda vez que se verificar o erro de proibição inevitável. (errada) FCC - 2021 - DPE-AM

• O erro de proibição em crime culposo só é admissível nos crimes praticados com culpa consciente, pois deriva da valoração equivocada da
ação negligente quando o agente, em razão de circunstâncias especiais, acredita ser lícita a sua ação descuidada. (certa) CESPE - 2022 - DPE-RS

Ex.: O cidadão holandês que, em sua primeira visita ao Brasil, desembarca com pequena quantidade de droga ilícita para consumo
pessoal, imaginando que tal fosse permitido entre nós, como em seu país de origem, incide em erro de proibição. (certa) 2009 - PC-RJ -
DELEGADO DE POLÍCIA

Ex.: O sitiante A acredita seriamente ser lícita sua ação de guardar grande quantidade de lenha em seu imóvel rural, sem licença
outorgada pela autoridade competente, o que é tipificado como crime ambiental no art. 46, parágrafo único, da Lei 9.605/98: trata-
se de hipótese de erro de proibição direto, que recai sobre a existência da lei penal e, se inevitável, isenta de pena. (certa) 2021 - MPE-
RS

25.6 EXIGIBILIDADE DE CONDUTA CONFORME O DIREITO


A exigibilidade de conduta diversa é o elemento da culpabilidade consistente na expectativa da sociedade acerca da prática de
uma conduta diversa daquela que foi deliberadamente adotada pelo autor de um fato típico e ilícito. Em síntese, é necessário
tenha o crime sido cometido em circunstâncias normais, isto é, o agente podia comportar-se em conformidade com o
Direito, mas preferiu violar a lei penal. 141
Inexigibilidade de conduta diversa é excludente supralegal de culpabilidade por definição doutrinária predominante que a
considera implícita no ordenamento jurídico. (certa) 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
Ainda que não encontre tipificação em excludente prevista em lei, a doutrina tem aceito a inexigibilidade de conduta diversa como
causa supralegal de exclusão da culpabilidade. (certa) FCC - 2009 - MPE-CE
Ex.: O pai que, tendo o filho sequestrado e ameaçado de morte, é coagido por sequestradores armados e forçado a dirigir-se a
certa agência bancária para efetuar um roubo a fim de obter a quantia necessária para o pagamento do resgate e livrar o filho do
cárcere privado em que se encontra pode, em tese, lograr a absolvição com base na alegação de inexigibilidade de conduta diversa.
(certa) VUNESP - 2009 - TJ-SP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Há exclusão da culpabilidade em função de não se poder exigir conduta diversa do agente no caso de coação moral irresistível. (certa) FCC -
2009 - TJ-GO – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Ainda que não encontre tipificação em excludente prevista em lei, a doutrina tem aceito a inexigibilidade de conduta diversa como causa
supralegal de exclusão da culpabilidade. (certa) FCC - 2009 - MPE-CE
• Segundo a teoria finalista, a imputabilidade, a consciência acerca da ilicitude do fato e da exigibilidade de conduta diversa são elementos
normativos da culpabilidade. (certa) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
• São pressupostos da culpabilidade a possibilidade de conhecer a ilicitude do fato e a exigibilidade de conduta diversa.
• A imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e a potencial consciência da ilicitude são elementos da culpabilidade. (certa) CESPE - 2012 -
PC-AL

• No que se refere aos elementos do crime, é correto afirmar que a exigibilidade de conduta diversa é pressuposto da culpabilidade. (certa) FCC
- 2013 - DPE-AM

• Na coação moral irresistível, há exclusão da culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa. (certa) FCC - 2014 - TJ-CE - JUIZ SUBSTITUTO

141
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 518.

elaborado por @fredsmcezar


• São causas de inexigibilidade de conduta diversa: a coação moral irresistível e a obediência hierárquica. (certa) 2014 - MPE-MT
• A tese supralegal de inexigibilidade de conduta diversa, se acolhida judicialmente, importa em exclusão de culpabilidade. (certa) VUNESP - 2014 -
PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA

• A inexigibilidade de conduta diversa constitui causa supralegal de exclusão da culpabilidade. (certa) FCC - 2014 - DPE-CE
• A inexigibilidade de conduta diversa constitui causa supralegal de exclusão da ilicitude CULPABILIDADE. (errada) FCC - 2015 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO

• A exclusão da culpabilidade pela obediência hierárquica exige ordem não manifestamente ilegal. (certa) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLICIA
CIVIL

• A exigibilidade de conduta diversa é um elemento que integra o conceito de culpabilidade aplicado ao direito brasileiro. (certa) CESPE - 2017 - PGE-
SE

A prática de fato típico em razão de obediência à ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico é hipótese de
inexigibilidade de conduta diversa e pode excluir a culpabilidade do agente. (certa) 2021 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA
A obediência hierárquica derivada de uma relação de direito público leva à inexigibilidade de conduta diversa, que é causa de
exclusão da culpabilidade, desde que a ordem não seja manifestamente ilegal. (certa) 2015 - MPDFT
Só é possível a ocorrência da excludente de culpabilidade denominada obediência hierárquica nas estruturas de direito público,
pois o tipo não se refere à subordinação existente nas relações privadas entre patrão e empregado. (certa) CESPE - 2009 - DPE-PI

elaborado por @fredsmcezar


26. TEORIA DO TERRO

ERROR IN OBJETO

ERROR IN PERSONA

INCRIMINADOR ABERRATIO ICTUS

ERRO DE TIPO ABERRATIO CRIMINIS

TEORIA DO ERRO ABERRATIO CAUSAE

PERMISSIVO ASPECTO DA SITUAÇÃO FÁTICA NAS


(TEORIA LIMITADA DA DESCRIMINANTES PUTATIVAS
CULPABILIDADE)

DIRETO “Não sabia que era proibido”


ERRO DE PROIBIÇÃO
INDIRETO DESCRIMINANTES PUTATIVAS

26.1 ERRO DE TIPO x ERRO DE PROBIÇÃO

A diferença entre erro sobre elementos do tipo e erro sobre a ilicitude do fato reside na circunstância de que o erro de tipo exclui
o dolo, o de fato a culpabilidade. (certa) FCC - 2015 - TCE-CE - PROCURADOR DE CONTAS

Ocorre erro de tipo PROIBIÇÃO quando o equívoco do agente recai sobre o conteúdo proibitivo de uma norma penal. (errada) 2013 - TJ-
SC – JUIZ

Tanto a conduta do agente que age imprudentemente, por desconhecimento invencível de algum elemento do tipo quanto a
conduta do agente que age acreditando estar autorizado a fazê-lo ensejam como consequência a exclusão do dolo e, por
conseguinte, a do próprio crime. (errada) CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

26.2 ERRO DE TIPO ESSENCIAL


Erro de tipo é a falsa percepção sobre os elementos constitutivos do tipo penal.

INVENCÍVEL ATIPICIDADE

VENCÍVEL RESPONDE POR CULPA SE HOUVER PREVISÃO. (art. 20)

Obs.: E se o agente assumir o risco? Assumir o risco atrai a figura do DOLO EVENTUAL, afastando a ideia de erro porque existe
consciência.
No erro de tipo essencial, o sujeito não age dolosamente. (certa) 2010 - MPE-MG / FCC - 2017 - DPE-PR
Segundo a interpretação doutrinária dominante do CP, o ERRO DE TIPO, vencível ou invencível, pode recair sobre qualquer
elemento constitutivo do tipo objetivo e impede a configuração do tipo subjetivo doloso. (certa) CESPE - 2011 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
Em matéria de erro jurídico-penal, é correto dizer que o erro de tipo essencial sempre exclui o dolo. (certa) 2014 - TJ-MT – JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

• No ERRO DE TIPO está viciada a previsibilidade, impedindo que o dolo atinja corretamente todos os elementos essenciais do tipo, o que
não impede a configuração do crime culposo. (certa) 2009 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O ERRO DE TIPO tem como consequência jurídica a exclusão do dolo e, portanto, a exclusão da tipicidade dolosa da conduta, podendo, no
caso penal concreto, ser vencível ou invencível. (certa) FCC - 2011 - DPE-RS
• O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime, se for inevitável, isenta de pena, mas, se for evitável, poderá diminuí-la de um
sexto a um terço. (errada) 2012 - PGE-SC
• O erro sobre elemento constitutivo do tipo penal exclui a culpabilidade. (errada) FCC - 2015 - TJ-PE - JUIZ SUBSTITUTO
• O erro de tipo exclui o dolo, tendo em vista que o autor da conduta desconhece ou se engana em relação a um dos componentes da descrição
legal do crime, seja ele descritivo ou normativo. (certa) 2015 - MPE-SP
• O ERRO DE TIPO significa defeito de CONHECIMENTO DO TIPO LEGAL e, assim, exclui o dolo, porque uma representação ausente ou
incompleta não pode informar qualquer dolo de tipo. Assim, se o erro é inevitável EVITÁVEL, exclui o dolo, enquanto o erro evitável INEVITÁVEL
exclui o dolo e a punição por crime culposo, se previsto em lei. (errada) 2019 - MPE-GO

elaborado por @fredsmcezar


• No erro de tipo, o erro recai sobre o elemento intelectual do dolo – a consciência –, impedindo que a conduta do autor atinja corretamente
todos os elementos essenciais do tipo. É essa a razão pela qual essa forma de erro sempre exclui o dolo, que, no finalismo, encontra-se no
fato típico e não na culpabilidade. (certa) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA

O erro de tipo pode ocorrer mesmo em crimes omissivos impróprios. (certa) 2009 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

O erro de tipo evitável sobre elementos objetivos do tipo de homicídio cometido por omissão imprópria exclui o dolo, permitindo
punição a título de culpa. (certa) 2017 - MPE-PR
Já no erro de tipo, há tipicidade objetiva e atipicidade subjetiva. (certa) 2017 - MPE-RS

O erro de tipo é admissível tanto na omissão de ação própria como na omissão de ação imprópria, e, na área do conhecimento
do injusto, é admissível o erro sobre o dever jurídico geral ou especial de agir, que constitui erro de mandado. (certa) 2012 - MPE-PR
Ex.: Maria é amiga e “cunhada” de Paula, pois namora Carlos, o irmão desta. Maria descobre que está sendo traída por Carlos
e conta a Paula. Esta sugere que Maria simule o suicídio para dar uma lição em Carlos. Realizada a encenação, Carlos encontra Maria
caída em sua cama, aparentando estar com os pulsos cortados e morta, tendo uma faca ao seu lado. Certo da morte de sua amada,
pois a cena fora perfeitamente simulada, com aptidão para enganar qualquer pessoa, Carlos, desesperado, pega a faca
supostamente utilizada por Maria e começa a golpear o corpo da namorada, gritando que ela não poderia ter feito aquilo com ele,
haja vista amá-la demais e que, portanto, sua vida teria perdido o sentido. Maria, mesmo esfaqueada, não esboça qualquer reação,
pois, para dar uma aura de veracidade à farsa, havia ingerido medicamentos que a fizeram dormir profundamente. Em razão dos
golpes desferidos por Carlos, Maria acaba efetivamente morrendo. Assim, pode-se afirmar que Carlos: não pode responder por
crime algum, pois não há responsabilidade penal objetiva no direito penal brasileiro. (certa) FUNCAB - 2012 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA
Ex.: O indivíduo que ofende a outrem, desconhecendo-lhe a condição de funcionário público, não responde pelo crime de
desacato, já que afastado o dolo quanto à elementar do tipo, mas subsiste o delito de injúria, pois a honra do particular também é
tutelada pela lei penal. Tem-se, na hipótese, um erro de tipo, que, ainda que escusável, não exclui a criminalidade do fato. (certa)
FUNDEP - 2019 - MPE-MG

Ex.: Augusto levou sua filha, Ana, de treze anos de idade, a uma boate cuja entrada era permitida apenas para pessoas maiores
de dezoito anos de idade, para que a menina se encontrasse com amigas que comemoravam o aniversário de uma delas. O
segurança da boate não pediu documento de identificação à menina, que aparentava ser maior de idade. Após consumir algumas
doses de tequila, Ana começou a flertar com Otávio, de vinte e oito anos de idade, e disse ao rapaz que tinha dezesseis anos de
idade. Após breve conversa, Otávio convidou a adolescente a ir com ele a um motel. Lisonjeada, porém indecisa, Ana perguntou a
opinião de suas amigas, que foram unânimes em incentivá-la a aceitar o convite, pois conheciam muito bem Otávio. Na manhã
seguinte, após ter relações sexuais consentidas com Otávio, com quem perdera a virgindade, Ana retornou, sozinha, para casa.
Desconfiado do que a filha poderia ter feito na noite anterior, Augusto começou a interrogá-la, e ela, por medo, afirmou ter sido
obrigada a manter relações sexuais com Otávio. Ato contínuo, Augusto levou a filha até a delegacia de polícia, onde registrou
ocorrência policial contra Otávio. O crime de estupro de vulnerável impõe, em caráter absoluto, um dever geral de abstenção da
conduta de manter conjunção carnal ou qualquer ato libidinoso com pessoa menor de quatorze anos de idade, podendo, entretanto,
ser reconhecido o erro de tipo da parte de Otávio, o que engendraria a atipicidade de sua conduta. (certa) CESPE - 2013 - DPE-TO
Ex.: Agdo há muito tempo era desafeto de Avalon, principalmente em razão da rivalidade que tinham em relação aos times de
futebol que cada um era torcedor. No domingo passado, Avalon parou o carro em frente à casa de Agdo e tocou o hino do clube
que havia derrotado o time de Agdo na partida final da Copa do Brasil. Assim, na manhã de segunda-feira, tomado pela raiva, Agdo
decide matar Avalon e se dirige armado até a residência deste. Entretanto, ao chegar ao local, depara-se com uma situação
inesperada: o velório de Avalon, que morrerá na noite anterior em meio à comemoração da vitória de seu time. Embora
desconcertado, mas ainda com muita raiva, Agdo pensa: “já que estou aqui, não me custa dar dois tiros no defunto!”. Agdo saca a
arma e atira. Para surpresa de todos no velório, Avalon ao ser alvejado dá um grito, senta-se no caixão e cai novamente. Na necropsia
constata- se que Avalon não estava realmente morto, mas se encontrava em estado de catalepsia(1), que não fora detectado pelo
médico que firmou o atestado de óbito. Ocorre que, com os tiros recebidos, Avalon saiu do estado cataléptico que se encontrava,
mas morreu em seguida devido às lesões causadas pelos projéteis de arma de fogo. (1) Obs.: Catalepsia: paralisia geral de todos
os músculos, ficando a pessoa impossibilitada de se mover ou mesmo falar, embora continue consciente e com os seus sentidos
ativos e as funções vitais funcionantes, embora desaceleradas. Assim, com relação aos fatos, é correto afirmar que Agdo não
responderá por homicídio, pois agiu em erro de tipo; nem por vilipêndio a cadáver, em razão da atipicidade desta conduta. (certa) 2014
- MPE-MA

Ex.: Caio, agente da polícia, durante suas férias, resolve manter a forma e treinar tiros. Vai até um terreno baldio e ali alveja uma
caçamba de lixo. O agente imaginava-se sozinho e, sem querer, acerta um mendigo que ali dormia, dentro da caçamba. Em tese,
ocorreu Erro de tipo. (certa) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
Ex.: Wesley havia alugado um apartamento parcialmente mobiliado e, após o encerramento do contrato de locação, chamou
Sidney, seu amigo, que nunca havia estado no imóvel, para ajudá-lo com a retirada de seus pertences. Durante a mudança, Wesley
garantiu a Sidney que a televisão que se encontrava na sala era de sua propriedade e deveria ser retirada, embora Wesley tivesse
ciência de que o aparelho pertencia ao proprietário do imóvel. Ao perceber a situação, o proprietário do imóvel registrou boletim de
ocorrência contra Wesley e Sidney. Analisando os fatos acima narrados, a conduta dos agentes pode ser assim classificada: apenas
Wesley responderá por furto, pois Sidney agiu em erro de tipo provocado por terceiro, sendo atípica sua conduta; (certa) FGV - 2021 - PC-
RN - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO

elaborado por @fredsmcezar


Ex.: Se o agente oferece propina a um empregado de uma sociedade de economia mista, supondo ser funcionário de empresa
privada com interesse exclusivamente particular, incide em erro de tipo. (certa) FCC - 2015 - DPE-MA - DEFENSOR PÚBLICO
Considere a seguinte hipótese: Petrônio e Cesarino são estudantes e colegas de faculdade. Em um almoço em que os dois e
outros colegas estão sentados à mesma mesa, Petrônio, com intenção de causar prejuízo econômico a Cesarino, derrama água de
uma jarra inteira sobre o computador pessoal que ele pensa ser de Cesarino. A ação é motivada por uma discussão sobre futebol.
Ocorre que Petrônio, já obnubilado pela bebida alcoólica que havia ingerido, acaba se confundindo e derrama água somente sobre
o próprio computador pessoal – o que efetivamente o danifica. Em face do exposto, é correto afirmar que o fato é atípico. (certa)
VUNESP - 2022 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA

26.2.1 INVENCÍVEL, INEVITÁVEL ou ESCUSÁVEL


É a modalidade de erro que não deriva de culpa do agente, ou seja, mesmo que ele tivesse agido com a cautela e a prudência
de um homem médio, ainda assim não poderia evitar a falsa percepção da realidade sobre os elementos constitutivos do tipo
penal.142
O erro invencível gera a atipicidade da conduta, uma vez que o erro essencial invencível exclui o dolo e a culpa.

Não há previsão no Código Penal do ERRO INVENCÍVEL.


Obs.: Por isso afirmar que o art. 20 trata do erro essencial vencível, uma vez que consta a possiblidade de responder por crime
culposo se houver previsão legal.
• O erro de tipo, se escusável, exclui o dolo e a culpa. (certa) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA

• Quanto ao erro sobre elementos do tipo, e possível afirmar que, se inevitável, exclui o dolo e a culpa. (certa) FCC - 2009 - TJ-AP – JUIZ
• Em Direito Penal, o erro de tipo, se for invencível, exclui a tipicidade dolosa e a culposa. (certa) FCC - 2012 - DPE-SP

• O erro de tipo inevitável exclui o dolo e a culpa. (certa) CESPE - 2013 - TJ-MA – JUIZ

• Sendo inevitável o erro de tipo, exclui-se a culpabilidade. (errada) CESPE - 2013 - TJ-MA – JUIZ
• O erro de tipo inevitável exclui a tipicidade. (certa) 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• O erro sobre elemento constitutivo do tipo penal exclui o dolo, se inevitável, ou diminui a pena de um sexto a um terço, se evitável. (errada)
CESPE - 2019 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO

26.2.2 VENCÍVEL, EVITÁVEL OU INESCUSÁVEL


Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se
previsto em lei.
É a espécie de erro que provém da culpa do agente, é dizer, se ele empregasse a cautela e a prudência do homem médio poderia
evitá-lo, uma vez que seria capaz de compreender o caráter criminoso do fato. A natureza do erro (escusável ou inescusável) deve
ser aferida na análise do caso concreto, levando-se em consideração as condições em que o fato foi praticado. 143
Nesse sentido, o erro essencial vencível exclui o dolo, mas permite a punição por culpa (se previsto em lei). O dolo vencível é
exatamente o que está descrito no caput do art. 20 CP. O agente só responderá culposamente se houver previsão legal. Se não
houver a modalidade culposa gerará a atipicidade da conduta.
• O erro de tipo, se inescusável, apesar de excluir o dolo, permite, em qualquer hipótese, a punição a título culposo. (errada) 2009 - TJ-MG – JUIZ

• No erro de tipo está viciada a previsibilidade, impedindo que o dolo atinja corretamente todos os elementos essenciais do tipo, o que não
impede a configuração do crime culposo. (certa) 2009 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Erro de tipo consiste na ausência ou na falsa representação da realidade, razão pela qual o agente responderá por crime culposo, se culpa
existir (erro evitável) e desde que o tipo penal de que se trate preveja a forma culposa. (certa) 2009 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA
• Quanto ao erro sobre elementos do tipo, e possível afirmar que, se evitável, exclui o dolo, mas não a culpa, ainda que o tipo não preveja a
forma culposa. (errada) FCC - 2009 - TJ-AP – JUIZ
• O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas não permite a punição por crime culposo, ainda que previsto em
lei. (errada) VUNESP - 2011 - TJ-SP - JUIZ
• O erro sobre elemento essencial do tipo, escusável ou inescusável, exclui o dolo, mas permite a punição a título de culpa. (errada) CESPE - 2011
- TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO

• O erro de tipo, incidente sobre elementares e circunstâncias, exclui a culpa DOLO, mas não o dolo CULPA, quando vencível. (errada) 2012 - MPE-SC
• O erro sobre o elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (certa)
VUNESP - 2012 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• O erro de tipo, se vencível, afasta o dolo e a culpa, estando diretamente ligado à tipicidade da conduta do agente. (errada) CESPE - 2012 - PC-AL -
DELEGADO DE POLÍCIA

142
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 359
143
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 360

elaborado por @fredsmcezar


• O erro de tipo essencial, desde que inescusável, exclui dolo e culpa. (errada) 2012 - MPE-RJ
• É possível punir o crime doloso com a pena do crime culposo quando o agente incorre em erro de tipo inescusável. (certa) 2012 - AGE-MG

• Se o erro de tipo for evitável, isenta-se de pena o agente. (errada) CESPE - 2013 - TJ-MA – JUIZ
• O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (certa)
2013 - MPE-PR

• Para a doutrina, o erro invencível VENCÍVEL é aquele inescusável, na medida em que pode ser superado por pessoa dotada de diligência ordinária,
ou seja, pelo “juízo profano”. (errada) 2013 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA
• O erro de tipo evitável isenta de pena o agente. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• O erro sobre elementos do tipo exclui dolo. (certa) FCC - 2014 - MPE-PE

• O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo e não permite a punição por crime culposo. (errada) 2014 - PC-SC -
DELEGADO DE POLÍCIA

• O erro de tipo essencial invencível VENCÍVEL exclui o dolo, mas permite a punição de crime culposo, se previsto em lei. (certa) FCC - 2014 - DPE-RS

• O erro sobre o elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo e também não permite a punição por crime culposo, mesmo que
previsto em lei. (errada) 2015 - PGE-RS
• O erro sobre elemento constitutivo do tipo penal não exclui a possibilidade de punição por crime culposo. (certa) FCC - 2015 - TJ-PE - JUIZ SUBSTITUTO
• O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui a culpa O DOLO, mas permite a punição por crime doloso CULPOSO, caso previsto
em lei. (errada) CESPE - 2016 - TJ-DFT - JUIZ
• O erro de tipo exclui a ilicitude O DOLO, mas permite a punição culposa do fato, quando vencível. (errada) 2017 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
SUBSTITUTO

• No Direito Penal brasileiro, o erro sobre os elementos do tipo impede a punição do agente, pois exclui a tipicidade subjetiva em todas as
suas formas. (errada) FCC - 2018 - DPE-AM
• O erro de tipo superável torna, necessariamente, o fato atípico. (errada) 2018 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

• A hipótese de erro de tipo inescusável permite a punição a título de culpa. (certa) 2018 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

• O erro sobre elementos do tipo, previsto no artigo 20 do Código Penal, exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto
em lei. (certa) FCC - 2018 - MPE-PB
• O erro de tipo vencível (ou inescusável) afasta o dolo e a culpa. (errada) 2019 - MPE-GO

• O erro de tipo, quando evitável, conduz à redução da pena de um sexto a um terço. (errada) FCC - 2021 - DPE-BA

• O erro de tipo, quando evitável, exclui a culpa como elemento subjetivo do tipo. (errada) FCC - 2021 - DPE-GO

• O erro de tipo tem como consequência jurídica a exclusão do dolo enquanto elemento subjetivo, sendo vedada, nesse caso, a
responsabilização penal do agente por crime culposo. (errada) CESPE - 2022 - DPE-RS

O erro de tipo inevitável sobre elementos objetivos do tipo de homicídio (CP, art. 121, caput) e o erro de tipo evitável sobre
elementos objetivos do tipo de aborto simples provocado pela gestante (CP, art. 124) não resultam em qualquer responsabilidade
penal ao seu autor. (certa) 2011 - MPE-PR
Obs. Não há aborto culposo.
O erro de tipo evitável sobre elementos objetivos dos crimes de violação de domicílio (CP, art. 150, caput), apropriação indébita
(CP, art. 168, caput) e furto simples (CPP, art. 155, caput), exclui qualquer responsabilidade penal do autor. (certa) 2012 - MPE-PR
Obs. Fatos atípicos. Não existe figuras culposas dos delitos mencionados.
Motorista que, em estacionamento, se apodera de veículo pertencente a terceiro supondo-o seu, em decorrência de absoluta
semelhança entre os automóveis, incide em erro de tipo. (certa) 2012 - MPE-SP
É isento de pena o agente que, por erro evitável, subtrai o veículo de desconhecido, acreditando tratar-se do carro de seu irmão.
(errada) 2011 - MPDFT
Obs. Fato atípico. Não há furto culposo.
O erro de tipo evitável sobre os elementos constitutivos do tipo objetivo do crime de omissão de socorro (CP, art. 135), exclui o
dolo do agente, podendo, entretanto, gerar responsabilidade penal a título de culpa. (errada) 2021 - MPE-PR
Obs. A omissão própria é incompatível com a culpa.
De acordo com a teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo Código Penal brasileiro, o erro de tipo permissivo, inevitável ou
evitável, na realização de ação típica de violação de domicílio, exclui qualquer responsabilização penal. (certa) 2021 - MPE-PR
Obs. Fato atípico. Não há violação de domicílio culposa.

26.2.3 ERRO DE TIPO E A TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO


Para a Teoria dos elementos negativos do tipo, os erros incidentes sobre causas de justificação são considerados erros de tipo.
(certa) 2019 - MPE-PR

elaborado por @fredsmcezar


26.2.4 ERRO DE TIPO PSIQUICAMENTE CONDICIONADO
“Vimos que a capacidade psíquica para delinquir é um conceito que comporta graus distintos e, por consequência, também são
reconhecidos pela incapacidade psíquica para o delito. Já nos ocupamos da incapacidade psíquica que elimina o delito, porque o
priva de seu caráter genérico – a conduta – e a chamamos “involuntariedade”.
Pois bem, o sujeito, que é capaz de conduta e que realiza uma conduta que preenche os requisitos de um tipo objetivo, pode,
sem embargo, carecer de capacidade psíquica para conhecer os elementos exigidos pelo tipo objetivo, isto é, não ter capacidade
psíquica de dolo, ou, o que é o mesmo, encontra-se num estado de erro de tipo psiquicamente condicionado.
É bem conhecido que, em certos males psíquicos, são produzidos os fenômenos psicopatológicos conhecidos como alucinações
(quando há uma percepção sensorial sem objeto exterior) ou ilusões (quando há uma percepção sensorial que distorce o objeto
exterior). Supondo que um lenhador sofra uma ilusão ótica que lhe faça perceber uma árvore em lugar de um homem, e que decida
cortá-la, causará lesões ou morte, isto é, realizará uma conduta objetivamente típica de lesões corporais ou de homicídio, mas não
se poderá falar de dolo de lesões e nem de homicídio, já que não se trata de uma conduta final de lesionar ou matar, e sim de cortar
uma árvore. Neste caso estaremos diante de uma incapacidade de conhecer os elementos requeridos pelo tipo objetivo, proveniente
de uma casa psicopatológica, que não deve ser confundida com a incapacidade de culpabilidade”144.
Ex.: Mévio, lenhador, está trabalhando já há mais de 12 horas cortando árvores com seu afiado machado. Quando passa para a
árvore seguinte, sofrendo uma ilusão de ótica pelo seu cansaço, confunde as pernas de seu amigo Lupércio com o tronco de uma
árvore, desferindo contra ele vigoroso golpe de machado, lesionando-o. Neste caso, pode-se dizer que Mévio agiu Em estado de
erro de tipo psiquicamente condicionado. (certa) 2016 - MPE-PR

26.3 ERRO DE TIPO ACIDENTAL

ERROR IN OBJETO

ERROR IN PERSONA

ABERRATIO ICTUS

ABERRATIO CRIMINIS

ABERRATIO CAUSAE

O erro do tipo incriminador acidental está subdividido em error in objeto, error in persona, aberratio ictus, aberratio criminis e
aberratio causae. (certa) 2012 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA
O erro sobre elementos constitutivos do tipo penal, essencial ou acidental, em todas as suas formas, exclui o dolo, mas permite
a punição por crime culposo, se previsto em lei. (errada) 2016 - MPE-SC

26.3.1 ERRO NA EXECUÇÃO – ABERRATIO ICTUS


Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do
art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70
(concurso formal) deste Código.
2013 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA / VUNESP - 2014 - TJ-SP – JUIZ /

• Na aberratio ictus o agente erra no uso dos meios de execução. (certa) 2011 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA

• Nos termos da legislação penal brasileira, a aberratio ictus com resultado duplo conduz à aplicação da regra da continuidade delitiva. (errada)
2013 – MPDFT

• Na hipótese da aberratio ictus com unidade complexa, aplica-se a regra do concurso material, pois é este sempre mais benéfico. (errada) 2014
- MPE-MT

• No chamado aberratio ictus, quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, em vez de vitimar a pessoa que pretendia ofender,
o agente atingir pessoa diversa, consideram-se as condições e qualidades não da vítima, mas da pessoa que o agente pretendia atingir. (certa)
CESPE - 2019 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO

• Quando, por erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, considerando-se as qualidades da vítima que almejava. No caso de ser também
atingida a pessoa que o agente pretendia ofender , aplica-se a regra do concurso formal: estamos diante da figura conhecida como aberratio
criminis ICTUS. (errada) FUMARC - 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO

Quanto ao erro de execução, o ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria da equivalência, e não a teoria da concretização.
(certa) 2015 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA

144
Manual de Direito Penal, vol. 1; Eugênio Zaffaroni e José Henrique Pierangelli, 8ª ed., p. 429.

elaborado por @fredsmcezar


Considere a seguinte situação: A, que acabara de ter um filho, que morre logo a seguir, sob a influência do estado puerperal, vai
ao berçário e, por erro, já que acreditava tratar-se de seu próprio filho que não sabia estar morto, mata criança diversa. Dispõe o
artigo 20, § 3º, do Código Penal, que, em tal caso, não se consideram as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa
contra quem o agente queria praticar o crime. A questão é, então, no ordenamento pátrio, resolvida: pela aplicação da teoria da
equivalência. (certa) 2013 - MPE-MG
O erro na execução é o erro ocorrido por inabilidade ou por acidente. O agente quer atingir A, mas acerta B. Neste caso, o agente
responde como se tivesse acertado a pessoa visada. No caso de também ser atingida a pessoa que o agente queria ofender, aplica-
se a regra do concurso material. (errada) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Na aberratio ictus com unidade complexa, de acordo com o disposto no CP e o entendimento dos tribunais superiores, o agente, agindo com
dolo eventual em relação a terceiros, deve responder por concurso formal próprio. (errada) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ SUBSTITUTO

O agente responderá pelo crime como se tivesse atingido àquela pessoa que desejava atingir (vítima virtual), conforme o §3º
do art. 20 CP.
Art. 20 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
• Nos termos do CP, no erro de execução, não se consideram, para aplicação da pena, as condições ou qualidades da pessoa contra a qual o
agente queria praticar o crime, mas as condições ou qualidades da pessoa contra a qual o crime foi praticado. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 3ª
REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Ex.: Júlio foi denunciado em razão de haver disparado tiros de revólver, dentro da própria casa, contra Laura, sua companheira,
porque ela escondera a arma, adquirida dois meses atrás. Ele não tinha licença expedida por autoridade competente para possuir
tal arma, e a mulher tratou de escondê-la porque viu Júlio discutindo asperamente com um vizinho e temia que ele pudesse usá-la
contra esse desafeto. Raivoso, Júlio adentrou a casa, procurou em vão o revólver e, não o achando, ameaçou Laura, constrangendo-
a a devolver-lhe a arma. Uma vez na sua posse, ele disparou vários tiros contra Laura, ferindo-a gravemente e também atingindo o
filho comum, com nove anos de idade, por erro de pontaria, matando-o instantaneamente. Laura só sobreviveu em razão de pronto
e eficaz atendimento médico de urgência. A hipótese configura aberractio ictus, devendo Júlio responder por duplo homicídio doloso,
um consumado e outro tentado, com as penas aplicadas em concurso formal de crimes, sem se levar em conta as condições
pessoais da vítima atingida acidentalmente. (certa) CESPE - 2016 - TJ-AM - JUIZ SUBSTITUTO

Ex.: A ação se amolda ao que a lei prevê como concurso formal (art. 70 do CP) e João estará sujeito às penas previstas para o
homicídio qualificado como se praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (art. 121, § 2° , VI, c/c art. 121,
§ 2° -A, I, do CP), aumentada de um sexto até metade, nos termos do art. 70 c/c art. 73 do CP. (certa) FCC - 2018 - DPE-RS

Ex.: Vitalina quer matar o marido Aderbal, envenenado. Coloca veneno no café com leite que acabou de preparar para ele.
Enquanto aguardava o marido chegar na cozinha, para tomar a bebida, distraiu-se e não percebeu que a filha Ritinha entrou no local
e tomou a bebida, preparada para o pai. Ritinha, socorrida pela mãe, morre a caminho do hospital. Nessa hipótese, considerando o
Código Penal e a doutrina, assinale a alternativa correta. Vitalina deverá responder por homicídio doloso, restando configurada
situação denominada de aberratio ictus por acidente. (certa) FUNDATEC - 2018 - PC-RS - DELEGADO DE POLÍCIA

Ex.: Ocorre crime de latrocínio se, logo após a subtração da coisa pretendida, por aberractio ictus, o agente atinge seu comparsa,
querendo matar a vítima. (certa) CESPE - 2009 - PC-PB - DELEGADO DE POLÍCIA

Ex.: Abel pretendia tirar a vida do seu desafeto Bruno, que se encontrava caminhando em um parque ao lado da namorada.
Mesmo ciente de que também poderia acertar a garota, Abel continuou sua empreitada criminosa, efetuou um único disparo e
acertou letalmente Bruno, ferindo levemente sua namorada. Abel deve responder pelos delitos de homicídio e lesão corporal leve
em concurso formal imperfeito. (certa) CESPE - 2009 - MPE-RN

Na aberratio ictus com unidade complexa, de acordo com o disposto no CP e o entendimento dos tribunais superiores, o agente,
agindo com dolo eventual em relação a terceiros, deve responder por concurso formal próprio MATERIAL. (errada) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ
SUBSTITUTO

Na hipótese de aberratio ictus com unidade complexa, deve ser utilizado, na aplicação da sanção penal, o mesmo tratamento do
concurso formal impróprio MATERIAL. (errada) FUNDEP - 2019 - DPE-MG

Se o terceiro, utilizado como instrumento pelo autor mediato, por defeito de pontaria acerta pessoa diversa da pretendida, então
as consequências jurídicas da aberratio ictus são aplicáveis ao autor mediato. (certa) 2012 - MPE-PR

Ex.: Mauro e seu pai, Dario, são inimigos capitais. Em uma determinada noite, Mauro percebeu Dario desatento no interior de
um bar e decidiu tirar-lhe a vida. Para tanto, contra ele disparou duas vezes sua pistola. Os dois disparos passaram próximo a Dario,
sem atingi-lo, e acabaram por se alojar na cabeça de Marta, que faleceu imediatamente. É correto afirmar que Mauro responderá
criminalmente por homicídio doloso consumado com agravante (ocorreu aberratio ictus). (certa) VUNESP - 2013 - TJ-RJ – JUIZ

Ex.: Mara, pretendendo tirar a vida de Ana, ao avistá-la na companhia da irmã, Sandra, em um restaurante, ainda que consciente
da possibilidade de alvejar Sandra, efetuou um disparo, que alvejou letalmente Ana e feriu gravemente Sandra. Em concurso formal
imperfeito, Mara responderá pelo homicídio de Ana e pela lesão corporal de Sandra. (certa) CESPE - 2019 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO

elaborado por @fredsmcezar


Ex.: José e João trabalhavam juntos. José, o rei da brincadeira. João, o rei da confusão. Certo dia, discutiram acirradamente.
Diversos colegas viram a discussão e ouviram as ameaças de morte feitas por João a José. Ninguém soube o motivo da discussão.
José não se importou com o fato e levou na brincadeira. Alguns dias depois, em um evento comemorativo na empresa, João bradou
“eu te mato José” e efetuou disparo de arma de fogo contra José. Contudo o projétil não atingiu José e sim Juliana, matando a
criança que chegara à festa naquele momento, correndo pelo salão. Nesse caso, é correto afirmar que, presente a figura aberratio
ictus, artigo 73 do Código Penal, João deve responder por homicídio doloso sem a agravante de crime cometido contra criança.
(certa) 2019 - MPE-SP

Ex.: Fernando estava sentado no banco de uma praça, jogando dominó quando visualizou uma pessoa com capacete e viseira
escura fechada e que gesticulava, dando mostras de irritação. De repente, essa pessoa correu em sua direção e Fernando,
acreditando que seria atacado, precipitadamente, pegou uma pedra e arremessou contra o desconhecido. Devido a sua má pontaria,
Fernando errou o homem e acertou uma criança, que passava pelo local. A criança faleceu em decorrência da pedrada. Nesse
momento, o homem tirou o capacete e Fernando o reconheceu. Era Roberto, seu primo. Como não se viam há muito tempo, Roberto
queria apenas lhe dar um abraço acalorado quando correu em sua direção. Fernando, em aberratio ictus, poderá ser
responsabilizado pelo homicídio culposo, diante do erro de tipo permissivo vencível, que exclui o dolo, mas não a culpa, em
atenção à teoria limitada da culpabilidade. (certa) CESPE - 2022 - DPE-PI

26.3.2 ERRO SOBRE A PESSOA – ERROR IN PERSONAE

Art. 20 § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
• O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena o agente. No entanto, se consideram, nesse caso, as condições
ou qualidades da vítima e não as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (errada) CESPE - 2012 - MPE-TO
• O erro quanto à pessoa não isenta de pena, considerando-se ainda as condições e qualidades da vítima. (errada) FCC - 2012 - MPE-AP
• O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena, considerando-se as condições ou qualidades da vítima, e não
as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (errada) FCC - 2015 - TJ-PE - JUIZ SUBSTITUTO
• O erro quanto à pessoa e o erro na execução do crime fazem com que o agente responda pelos resultados típicos alcançados, não sendo
levadas em consideração as condições e características das vítimas PESSOAS que efetivamente pretendia atingir. (errada) 2016 - TJ-RS - JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO

• No Direito Penal, o erro sobre a pessoa sobre a pessoa consideram-se as condições e qualidades da vítima, em razão da proibição de
responsabilidade penal objetiva. (errada) FCC - 2021 - DPE-BA

A execução é perfeita, não há erro de execução, há erro contra a pessoa da vítima.


• Configura erro sobre a pessoa, a hipótese em que o agente, por erro de pontaria, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge
pessoa diversa. (errada) 2012 - MPE-SP

Ex.: Henrique, desejando matar seu pai, equivocou-se e matou seu irmão. Nessa situação hipotética, é correto afirmar que
Henrique responderá por fratricídio. (errada) 2009 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
Há representação equivocada da realidade, pois o agente acredita tratar-se a vítima de outra pessoa. Trata-se de vício de elemento
psicológico da ação. Não isenta de pena e se consideram as condições ou qualidades da pessoa contra quem o agente queria praticar
o crime. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-SP – JUIZ
Ex.: Com uma velha espingarda, o exímio atirador Caio matou seu próprio e amado pai Mélvio. Confundiu-o de longe ao vê-lo
sair sozinho da casa de seu odiado desafeto Tício, a quem Caio realmente queria matar. Ao morrer, Mélvio vestia o peculiar blusão
escarlate que, de inopino, tomara emprestado de Tício, naquela tão gélida quanto límpida manhã de inverno. O instituto normativo
mais precisamente aplicável ao caso é, doutrinariamente, conhecido como ERROR IN PERSONAN (Código Penal, art. 20, par. 3º).
(certa) FCC - 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO

Ex.: Se o atirador, imaginando tratar-se do delator a ser eliminado, atirar e matar pessoa diversa, responderá por homicídio
doloso. Nesse caso, não se consideram as condições ou qualidades da própria vítima, senão as da pessoa contra quem o agente
queria praticar o crime. (certa) 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

26.3.3 ABERRATIO CRIMINIS - ABERRATIO DELICTI (ART. 74) – RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO

Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do
pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido,
aplica-se a regra do art. 70 (concurso formal) deste Código.

Ocorre aberratio criminis quando o agente, objetivando um determinado resultado, termina alcançando resultado diverso. Nesta
hipótese, o agente responde apenas por culpa, se houver previsão legal nesta modalidade. (certa) FUNDEP - 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

A doutrina entende por aberratio delicti uma das hipóteses de resultado diverso do pretendido, no qual o agente por inabilidade
ou acidente atinge bem jurídico diverso do pretendido. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-PA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

elaborado por @fredsmcezar


Trata-se de desvio do crime, ou seja, do objeto jurídico do delito. O agente, objetivando um determinado resultado, termina
atingindo resultado diverso do pretendido. O agente responde pelo resultado diverso do pretendido somente por culpa, se for
previsto como delito culposo. Quando o agente alcançar o resultado almejado e também resultado diverso do pretendido, responderá
pela regra do concurso formal. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-SP - JUIZ

Obs.: O agente, desejando matar, atira, erra na execução e atinge o carro de alguém (produz resultado diferente do pretendido).
O agente tinha dolo de matar e errou a execução, danificando um carro.
Contudo, não há crime de dano culposo. Neste caso de acordo com a regra disposta no art. 74 o agente não poderia responder
por nenhum crime. É preciso notar que o agente tinha o DOLO de MATAR. Nesta situação específica, a solução é não aplicar a
regra e o agente responderá por TENTATIVA DE HOMICÍDIO.
• A queria matar B. Quando este passou próximo ao local em que se postara, disparou um tiro de revólver, errando o alvo e atingindo C,
ferindo-o levemente no braço. Deverá responder por Homicídio tentado contra B. (certa) 2014 - MPE-MG
• Se o atirador, iludido pelo reflexo de uma pessoa que passava do outro lado da rua, atirar e atingir apenas a porta de vidro, responderá por
dano culposo, porém qualificado por se tratar de patrimônio da União. (errada) 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

26.3.4 ERRO SOBRE O OBJETO 145


Nessa espécie de erro de tipo acidental, o sujeito crê que a sua conduta recai sobre um determinado objeto, mas na verdade
incide sobre coisa diversa. Exemplo: “A” acredita que subtrai um relógio Rolex, avaliado em R$ 30.000,00, quando realmente furta
uma réplica de tal bem, a qual custa R$ 500,00.
Esse erro é irrelevante, de natureza acidental, e não interfere na tipicidade penal. O art. 155, caput, do Código Penal tipifica a
conduta de “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”, e, no exemplo, houve a subtração do patrimônio alheio, pouco
importando o seu efetivo valor. A coisa alheia móvel saiu da esfera de vigilância da vítima para ingressar no patrimônio do ladrão.
A análise do caso concreto, entretanto, pode autorizar a incidência do princípio da insignificância, excluindo a tipicidade do fato,
quando todos os seus requisitos objetivos e subjetivos estiverem presentes. É o que se dá, a título ilustrativo, na hipótese em que
o agente, primário e sem antecedentes criminais, subtrai de uma grande joalheira uma imitação de um relógio de alto valor, porém
avaliada em somente R$ 10,00.
• Erro sobre o objeto é hipótese de erro acidental. (certa) 2011 - MPE-PB

Ex.: Responderá pelo delito aquele que furtar bijuteria, acreditando ser um diamante, uma vez que não haverá o reconhecimento
do princípio da insignificância. Tal erro não exclui o crime porque a simples troca de objetos não impede a tipificação do delito e
configuração do dolo. No erro de tipo acidental sobre o objeto, o réu não poderá ser beneficiado, pois, de qualquer forma o agente
praticou ato ilícito. No exemplo mencionado, responderá perante a justiça, pelo crime descrito no art. 155, caput, CP. O sujeito
imagina que sua conduta recairá sobre uma determinada coisa, enquanto, na verdade, recai sobre outra, mas sua vontade de furtar
prevalece. (certa) 2012 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA
Ex.: Braz pretendia furtar um colar extremamente valioso e, para tanto, dirigiu-se a uma joalheria e executou sua ação com
sucesso. Em seguida, ao tentar vender o objeto, ele se certificou de haver furtado bijuteria de valor irrisório. Nessa situação, Braz
deverá responder pelo delito de furto e, caso seja primário, fará jus à causa especial de diminuição de pena relativa ao furto
privilegiado. (errada) CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO – [ATIPICIDADE MATERIAL]

26.3.5 ERRO SOBRE CURSO CAUSAL – ABERRATIO CAUSAE 146


É o engano relacionado à causa do crime: o resultado buscado pelo agente ocorreu em razão de um acontecimento diverso
daquele que ele inicialmente idealizou. Não há erro quanto às elementares do tipo, bem como no tocante à ilicitude do fato. Com
efeito, esse erro é penalmente irrelevante, de natureza acidental, pois o sujeito queria um resultado naturalístico e o alcançou. O
dolo abrange todo o desenrolar da ação típica, do início da execução até a consumação.
Erro sobre o curso causal, quando o autor, ao tentar matar a vítima por afogamento e ao arremessar a vítima de uma ponte, esta
bate na estrutura falecendo de traumatismo. (certa) 2018 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
O agente deve responder pelo delito, em sua modalidade consumada. Ele queria a morte de “B”, e efetivamente a produziu. Há
perfeita congruência entre a sua vontade e o resultado naturalístico produzido. No âmbito da qualificadora, há duas posições: (a)
deve ser considerado o meio de execução que o agente desejava empregar para a consumação (asfixia), e não aquele que,
acidentalmente, permitiu a eclosão do resultado naturalístico; e (b) é preciso levar em conta o meio de execução que efetivamente
provocou o resultado, e não aquele idealizado pelo agente.
Por fim, surge uma indagação. Qual é a diferença entre o erro sobre o nexo causal (“aberratio causae”) e o dolo geral (ou por
erro sucessivo)? A resposta é simples. Naquele há um único ato (no exemplo acima, empurrar a vítima do alto da ponte); neste, por
sua vez, há dois atos distintos (exemplo: “A” atira em “B”, que cai ao solo. Como ele acredita na morte da vítima, lança o corpo ao

145
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 366
146
2019. Direito Penal. Vol. 1 Parte Geral. Cleber Masson, p. 367

elaborado por @fredsmcezar


mar, para ocultar o cadáver, mas posteriormente se constata que a morte foi produzida pelo afogamento, e não pelo disparo de
arma de fogo).
• No erro que recai sobre o curso causal e no erro sucessivo não há exclusão do dolo. (certa) 2010 - MPE-MG

26.4 ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO (ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO)


Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena;
////////////////////////////////// se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe
era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

INEVITÁVEL isenta de pena

EVITÁVEL diminuição da pena de 1/6 a 1/3


.
• O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, não constitui causa de
diminuição da reprimenda, podendo ser valorado como circunstância judicial, quando da aplicação da pena, na primeira fase da dosimetria.
(errada) CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• No erro de proibição, examina-se a culpabilidade abstrata da ignorância à representação da ilicitude do comportamento. (errada) 2009 - TRF - 4ª
REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• O erro de proibição escusável, como excludente da potencial consciência da ilicitude, leva à absolvição por exclusão da culpabilidade. (certa)
2009 - TJ-MG – JUIZ

• O erro de proibição, quando inevitável, isenta o agente de pena; se evitável, pode o juiz diminuí-la de um sexto a um terço. (certa) 2009 - TJ-RS
– JUIZ

• O erro de proibição, escusável ou inescusável, exclui a culpabilidade do agente, isentando-o de pena. (errada) CESPE - 2009 - DPE-PI
• O erro de proibição ocorre pelo inevitável desconhecimento da lei penal, que exclui a culpabilidade do agente e impede sua punição por crime
doloso, permitindo, porém, o apenamento na forma culposa ou preterdolosa. (errada) 2009 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• No que diz respeito ao erro de proibição indireto DIRETO, ou erro de permissão, o agente atua com a convicção de que a ação que pratica não
está proibida pela ordem normativa, seja por desconhecer a norma penal, seja por interpretá-la mal, supondo ser permitida a conduta. (errada)
CESPE - 2010 - DPE-BA

• O desconhecimento da lei é inescusável, mas o erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, poderá diminuir a pena de um sexto a um terço.
(errada) VUNESP - 2011 - TJ-SP - JUIZ

• O desconhecimento da lei é considerado circunstância atenuante. (certa) VUNESP - 2011 - TJ-SP – JUIZ
• O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; e, se evitável, poderá diminuí-la, de um sexto a um terço. Tal modalidade de
erro, segundo a doutrina penal brasileira, pode ser classificada adequadamente como erro de tipo PROIBIÇÃO e pode, em circunstâncias
excepcionais, excluir a culpabilidade pela prática da conduta. (errada) CESPE - 2011 - PC-ES - DELEGADO DE POLÍCIA
• A ausência da potencial consciência da ilicitude dá lugar ao erro de proibição (art. 21, CP), que, quando inescusável ESCUSÁVEL, é causa
excludente de culpabilidade. (errada) 2011 - MPE-PB
• Em Direito Penal, o erro de proibição é irrelevante para o Direito Penal, pois, nos termos do caput do art. 21 do Código Penal, “o
desconhecimento da lei é inescusável”. (errada) FCC - 2012 - DPE-SP
• Nos termos do CP, o desconhecimento da lei, embora inescusável, é circunstância que atenua a pena. (certa) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ SUBSTITUTO
• O erro sobre a ilicitude do fato, se evitável INEVITÁVEL, isenta o agente de pena. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem
a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (errada) CESPE - 2012 - MPE-TO
• Nos termos do art. 21, do Código Penal, o desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se evitável, pode diminuir
a pena de um sexto a um terço. (certa) 2012 - MPE-SP
• O instituto do erro de proibição é uma exceção à norma de que ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. (errada)
2012 - TJ-RS – JUIZ

• O erro de proibição, ainda que invencível, não exclui o dolo, mas sim a potencial consciência da ilicitude. (certa) 2012 - MPE-RJ

• No erro de proibição inescusável, o agente poderá ter a pena atenuada. (certa) 2012 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA
• No erro de proibição o erro recai sobre a ilicitude do fato, imaginando o agente ser lícito o que é ilícito, podendo atenuar a culpabilidade,
nunca, porém, a excluindo. (errada) FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA
• Um fato praticado sob erro de proibição invencível não é crime porque lhe faltam antijuridicidade e culpabilidade, porém ele continua sendo
típico. (errada) 2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA
• O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena. (certa) 2013 - MPE-PR
• O erro sobre a ilicitude do fato se evitável, diminui a pena em um sexto. (errada) 2013 - MPE-PR

elaborado por @fredsmcezar


• Para o finalismo, é erro de tipo PROIBIÇÃO o que incide sobre a consciência da ilicitude, que pode ser meramente potencial. (errada) 2013 - MPDFT

• O erro de proibição invencível por parte de um dos coautores do delito impede a aplicação de pena aos demais concorrentes. (errada) 2013 –
MPDFT

• O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena e, se evitável poderá diminuí-la, de um sexto a um terço. Tal modalidade de erro
é classificada como erro de tipo PROIBIÇÃO e pode, em circunstâncias excepcionais, excluir a culpabilidade pela prática da conduta. (errada) FUNDEP
- 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• O erro inevitável sobre a ilicitude do fato exclui a culpabilidade. (certa) FCC - 2014 - MPE-PE
• O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena e, se evitável poderá diminuí-la, de um sexto a um terço. Tal modalidade de erro
é classificada como erro de tipo PROIBIÇÃO e pode, em circunstâncias excepcionais, excluir a culpabilidade pela prática da conduta. (errada) FUNDEP
- 2014 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Em matéria de erro, correto afirmar que o erro sobre a ilicitude do fato, se evitável INEVITÁVEL
, isenta de pena. (errada) FCC - 2015 - TJ-PE - JUIZ
SUBSTITUTO

• O erro inescusável sobre a ilicitude do fato constitui causa de diminuição da pena. (certa) FCC - 2015 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO

• O erro sobre a ilicitude do fato pode, conforme o caso, isentar o agente de pena ou levar à aplicação de causa de diminuição de pena. (certa)
2015 – MPDFT

• O erro inescusável sobre a ilicitude do fato exclui a antijuridicidade da conduta. (errada) FCC - 2015 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO

• O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se evitável , isenta de pena; se inevitável
INEVITÁVEL
, poderá
EVITÁVEL

diminuí-la de um sexto a um terço. (errada) FCC - 2017 - PC-AP - DELEGADO DE POLÍCIA


• Constitui atenuante genérica o erro sobre a ilicitude do fato, embora o desconhecimento da lei seja inescusável. (errada) CESPE - 2017 - DPE-AL

• O desconhecimento da lei penal é inescusável, não atenuando a pena do condenado. (errada) 2018 - MPE-MS
• O erro sobre a ilicitude do fato isenta o agente de pena quando evitável. (errada) FCC - 2018 - DPE-AM

• O erro de proibição evitável não diminui a reprovabilidade da conduta. (errada) 2018 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

• No Direito Penal, o erro inevitável sobre a ilicitude do fato exclui a culpabilidade, de modo a impedir a responsabilidade penal do agente. (certa)
FCC - 2021 - DPE-BA

• A tipicidade é excluída toda vez que se verificar o erro de proibição inevitável. (errada) FCC - 2021 - DPE-AM

• O erro de proibição em crime culposo só é admissível nos crimes praticados com culpa consciente, pois deriva da valoração equivocada da
ação negligente quando o agente, em razão de circunstâncias especiais, acredita ser lícita a sua ação descuidada. (certa) CESPE - 2022 - DPE-RS

Ex.: Juan, 19 anos, argentino residente em Córdoba/Argentina, recebeu um convite de seu amigo Pedro, brasileiro, residente
em Teresina, para passar as férias no Delta do Parnaíba. Juan, entusiasmado com a possibilidade de conhecer o Brasil, aceitou o
convite. Porém, Pedro, quando convidou o amigo, solicitou que trouxesse consigo 10 vidros de lançaperfume (cloreto de etila), e
Juan, tendo total desconhecimento de que esta substância fosse proibida no Brasil, pois na Argentina tal substância circula
livremente, prontamente atendeu ao pedido. Sendo Juan, em tese, apreendido com tal mercadoria, que excludente é possível alegar
ao seu favor? A excludente é o erro de proibição, que afasta o potencial conhecimento da ilicitude do fato. (certa) 2009 - PC-PI - DELEGADO
DE POLÍCIA

Ex.: O cidadão holandês que, em sua primeira visita ao Brasil, desembarca com pequena quantidade de droga ilícita para consumo
pessoal, imaginando que tal fosse permitido entre nós, como em seu país de origem, incide em erro de proibição. (certa) 2009 - PC-RJ -
DELEGADO DE POLÍCIA

Ex.: Z.Z. é um simplório dono de uma pequena e antiga padaria no bairro onde vive. De longa data, Z.Z. faz bolos enfeitados
com escudos de times de futebol a pedido de alguns clientes mais conhecidos dele. Em certa ocasião, o departamento jurídico de
um desses clubes propôs uma queixa-crime contra Z.Z., acusando-o de cometer crime contra registro de marca, conforme art. 189,
inc. I, da Lei 9.279/1996 (Comete crime contra registro de marca quem: I - reproduz, sem autorização do titular, no todo ou em
parte, marca registrada, ou imita-a de modo que possa induzir confusão), pois o escudo do time em questão era marca registrada.
Como argumento de defesa adequado segundo a teoria do delito, Z.Z. poderia alegar que não cometeu crime porque sua conduta
não seria culpável pelo erro sobre a ilicitude do fato. (certa) 2021 - PC-PR - DELEGADO DE POLÍCIA
Ex.: Sebastião, contratado por Horácio, arrancou mudas de árvores nativas que haviam sido plantadas por servidores do
Município em logradouro público próximo à residência do segundo. Flagrados por policiais militares e conduzidos à Delegacia de
Polícia, foi lavrado termo circunstanciado da ocorrência. Posteriormente, não aceitas as propostas de aplicação de medidas de justiça
consensual pelos agentes, ambos foram denunciados pelo Ministério Público por infração ao artigo 49, caput, da Lei nº 9.605/1998
(Art. 49 - Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou
em propriedade privada alheia: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente). Durante
a instrução processual, porém, restou comprovado que Sebastião, pessoa simples e analfabeta, desconhecia que sua conduta fosse
contrária à ordem jurídica, tendo inclusive afirmado, em seu interrogatório, que, se soubesse, jamais teria destruído as plantas. Em
sendo assim, Sebastião incorreu em erro de proibição direto. (certa) 2021 - MPE-RS
Ex.: O sitiante A acredita seriamente ser lícita sua ação de guardar grande quantidade de lenha em seu imóvel rural, sem licença
outorgada pela autoridade competente, o que é tipificado como crime ambiental no art. 46, parágrafo único, da Lei 9.605/98: trata-
se de hipótese de erro de proibição direto, que recai sobre a existência da lei penal e, se inevitável, isenta de pena. (certa) 2021 - MPE-
RS

elaborado por @fredsmcezar


26.4.1 ERRO MANDAMENTAL
Na omissão, o erro de mandamento se caracteriza quando o omitente se abstém da ação ordenada pelo direito, na justificável
crença de inexistir o dever de agir. (certa) 2013 – MPDFT

ERRO DE PROIBIÇÃO DEVER DE ABSTENÇÃO

ERRO MANDAMENTAL DEVER DE AGIR

Nos crimes omissivos, o erro que recai sobre os elementos objetivos do tipo é considerado erro de tipo, mas o erro incidente
sobre o mandamento terá repercussão em sede de culpabilidade. (certa) FUNDEP - 2019 - MPE-MG
O denominado erro de proibição mandamental ou erro de mandato ocorre nos delitos omissivos, incidindo sobre a norma que obriga o agente
a atuar para a evitação do resultado, seja como garante (art.13, §2°, do CP), seja em face do dever geral de socorro (art. 135 do CP). Se invencível,
o erro de mandato exclui a culpabilidade. (certa) FUNDEP - 2021 - MPE-MG

26.5 ERRO DE PROIBIÇÃO DE INDIRETO – ERRO DE PERMISSÃO


O erro de proibição indireto vai incidir sobre uma norma não incriminadora, uma norma permissiva. As causas de exclusão da
ilicitude são normas não incriminadoras/permissivas. O erro de proibição indireto também é chamado de erro de permissão.
O erro de proibição indireto incide sobre causas de justificação. (certa) CONSULPLAN - 2019 - TJ-MG
Conforme a “teoria da acessoriedade limitada”, o erro de proibição indireto ou permissivo, por parte do autor, não exclui a
responsabilidade penal do partícipe. (certa) FUNDEP - 2021 - MPE-MG
• Incorre em erro de proibição quem, fundada e concretamente, julga atuar conforme o direito, por supor juridicamente permitida sua atuação.
(certa) 2009 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA

• O excesso da legitima defesa pode ser derivado de erro de proibição. (certa) 2009 – MPDFT
• O erro de permissão, uma das modalidades de erro de proibição indireto, caracteriza-se pela falsa crença do agente acerca da existência de
uma suposta causa de justificação, em realidade não admitida no ordenamento jurídico. (certa) 2011 – MPDFT
• O cidadão comum que, ao realizar prisão em flagrante delito, acredita que está autorizado legalmente a praticar lesões corporais no preso,
encontra-se em situação de erro de proibição direto INDIRETO, incidente sobre a existência da lei penal. (errada) 2012 - MPE-PR
• É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima;
(certa) 2013 - MPE-PR

• O elemento subjetivo derivado por extensão ou assimilação decorrente do erro de tipo evitável nas descriminantes putativas ou do excesso
nas causas de justificação amolda-se ao conceito de culpa imprópria. (certa) FCC - 2015 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO
• O erro sobre os limites jurídicos de uma causa de justificação existente constitui erro de proibição indireto e o erro sobre a existência de uma
causa de justificação inexistente constitui erro de proibição direto, embora ambas as modalidades de erro estejam sujeitas ao mesmo
tratamento jurídico no Código Penal brasileiro. (errada) 2021 - MPE-RS

No erro de proibição indireto, o agente tem perfeita noção da realidade, mas avalia de forma equivocada os limites da norma
autorizadora. Tal erro, se escusável, isenta-o de pena; se inescusável, concede-lhe o direito a redução da pena de um sexto a um
terço. (certa) CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
Ex.: Depois de haver saído do restaurante onde havia almoçado, Tício, homem de pouco cultivo, percebeu que lá havia esquecido
sua carteira e voltou para recuperá-la, mas não mais a encontrou. Acreditando ter o direito de fazer justiça pelas próprias mãos,
tomou para si objeto pertencente ao dono do referido restaurante, supostamente de valor igual ao seu prejuízo. Esse fato pode
configurar erro de proibição. (certa) VUNESP - 2009 - TJ-SP – JUIZ
Ex.: Magnus, policial, adultera, sem autorização legal, sinal identificador de um veículo automotor a fim de que seja utilizado em
investigação criminal, pois imagina, por erro evitável, que nesta hipótese sua conduta seria lícita. Na responsabilização penal pelo
crime de “adulteração de sinal identificador de veículo automotor", Magnus deverá ter sua pena diminuída de um sexto a um terço.
(certa) VUNESP - 2016 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO

Ex.: Inspetor de quarterão que supondo injusta agressão de multidão que fugindo da polícia corria em sua direção, saca revólver
e atira para o alto projetil que vem acertar menor que se encontrava postado na sacada de apartamento, provocando a sua morte”.
A hipótese ventilada merece ser equacionada no âmbito da figura: das descriminantes putativas fáticas. (certa) 2010 - MPE-BA
Ex.: A ação do pai que, para reprimir simples desrespeito familiar, produz lesões corporais no filho menor, supondo existir
justificação legal para o fato, constitui erro de proibição direto INDIRETO, incidente sobre a existência da lei penal. (errada) 2011 - MPE-PR
Ex.: Ao subtrair frutas de chácara alheia, a criança A sofre lesões corporais graves por disparo certeiro de arma de fogo realizado
por B, proprietário da chácara, que supõe plenamente justificada a sua ação: trata-se de modalidade de erro de proibição direto
INDIRETO
, incidente sobre a existência da lei penal que, se evitável, reduz a culpabilidade do agente. (errada) 2017 - MPE-PR
Ex.: Um cidadão americano residente no Estado da Califórnia, onde o uso medicinal de Cannabis é permitido, vem ao Brasil para
um período de férias em Santa Catarina e traz em sua bagagem uma certa quantidade da substância, conforme sua receita médica.

elaborado por @fredsmcezar


Ao ser revistado no aeroporto é preso pelo delito de tráfico internacional de drogas. Neste caso, considerando-se que seja possível
a não imputação do crime, seria possível alegar erro de proibição indireto. (certa) FCC - 2017 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO
Ex.: Fazendeiro que, para defender sua propriedade, mata posseiro que a invade, pensando estar nos limites de seu direito,
atua em erro de proibição indireto. (certa) FUMARC - 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO
Ex.: A, cidadão americano, vem para o Brasil em férias, trazendo alguns cigarros de maconha. Está ciente que mesmo em seu
país o consumo da substância não é amplamente permitido, mas, como possui câncer em fase avançada, possui receita médica
emitida por especialista americano para utilizar substâncias que possuam THC. Ao passar pelo controle policial do aeroporto, é detido
pelo crime de tráfico de drogas. Nesta situação, é possível alegar que A encontrava-se em situação de erro de proibição indireto.
(certa) FCC - 2015 - TJ-SE - JUIZ SUBSTITUTO

Ex.: Daniel, com 18 anos de idade, conhece Rebeca, com 13 anos de idade, em uma festa e a convida para sair. Os dois começam
a namorar e, cerca de 6 meses depois, Rebeca decide perder a virgindade com Daniel. O rapaz, mesmo sabendo da idade da jovem
e da proibição legal de praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso com menor de 14 anos, ainda que com seu consentimento,
mantém relação sexual com Rebeca, acreditando que o fato de namorarem seria uma causa de justificação que tornaria a sua
conduta permitida, causa essa que, na verdade, não existe. Ocorre que os pais de Rebeca, ao descobrirem sobre o relacionamento
de sua filha com Daniel, comunicaram os fatos à polícia. Daniel é denunciado pelo delito de estupro de vulnerável e a defesa alega
que ele agiu em erro. De acordo com a teoria limitada da culpabilidade, Daniel incorreu em erro de proibição indireto. (certa) FCC - 2019
- DPE-SP

Ex.: O sujeito que crê que, se alguém lhe entrega o carro para conserto e não o retira dentro do prazo, pode vendê-lo por sua
própria conta, para se ressarcir do valor do serviço, incide em erro de proibição direto INDIRETO, que, nos termos do artigo 21 do
Código Penal, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. (errada) FUNDEP - 2019 - MPE-MG
Ex.: Mário, comerciante, emprestou determinada quantia para Eliseu. Um dia após a data ajustada para o pagamento, após ser
informado por telefone de que Eliseu não teria o montante para quitar o empréstimo, Mário se dirige à casa do devedor e,
clandestinamente, subtrai um notebook no valor da dívida, acreditando estar amparado por uma causa de justificação que tornaria
a sua conduta lícita, qual seja, a dívida vencida. Considerando os fatos hipotéticos narrados, pode-se afirmar que Mário incorreu em
erro de proibição indireto que, se escusável, exclui a culpabilidade do agente. (certa) 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
Ex.: Com finalidade de correção, A priva a liberdade das crianças B e C, seus filhos, mediante cárcere privado ininterrupto por
um mês, no interior de cubículo da residência comum, supondo ser jurídica a ação, no exercício do poder familiar: trata-se de erro
de proibição indireto que, se inevitável, exclui a culpabilidade, e se evitável, reduz a culpabilidade. (certa) 2021 - MPE-RS

26.5.1 TEORIA EXTREMADA OU ESTRITA DA CULPABILIDADE


De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, todo e qualquer erro que recaia sobre uma causa de justificação é erro
sobre a ilicitude do fato. (certa) FUMARC - 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA
Para a teoria extrema da culpabilidade todo erro sobre a antijuridicidade é considerado como erro de proibição. (certa) 2013 - MPE-PR
• Para a teoria estrita da culpabilidade o erro sobre a ilicitude do fato é sempre erro de proibição. (certa) 2009 - MPDFT

• O Código Penal adotou a teoria estrita da culpabilidade acerca do erro incidente sobre as causas de justificação. (errada) FUNCAB - 2012 - PC-RJ -
DELEGADO DE POLÍCIA

• Consoante a teoria extremada ou estrita da culpabilidade, o erro ou a ignorância que vicia o aspecto cognitivo do dolo exclui a culpabilidade
do agente. (certa) 2013 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA
• A teoria extremada da culpabilidade – atualmente predominante – distingue, em relação à causa de justificação, erro de proibição indireto e
erro de tipo permissivo. (errada) 2018 - MPE-MS
• A teoria extrema da culpabilidade trata o erro sobre os pressupostos fáticos da causa de justificação como erro de tipo PROIBIÇÃO. (errada) 2018 -
PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA

• Para a teoria estrita da culpabilidade, o erro sobre a ilicitude do fato é sempre tido como erro de tipo PROIBIÇÃO. (errada) 2019 - MPE-PR

• Para a teoria estrita da culpabilidade a descriminante putativa é considerada erro de proibição e exclui a culpabilidade se o erro for
inexcusável. (errada) 2019 - MPE-PR

Assustado pelo atual contexto da criminalidade, um pequeno empresário, no dia do pagamento do salário aos funcionários,
estando em mãos com vinte mil reais, constata o ingresso de dois rapazes no escritório e supõe tratar-se de um iminente assalto,
reagindo com três letais tiros de revólver em cada um deles. Comprova-se, depois, que os rapazes tinham ido ao escritório em
busca de emprego e não para assaltar. Para a teoria extremada da culpabilidade, mesmo que o empresário tivesse errado a mira
e atingido mortalmente um dos rapazes e um funcionário, o tratamento penal adequado seria o do erro de proibição. Assim, os
dois homicídios seriam fatos típicos e antijurídicos. (certa) 2016 - MPE-RS

elaborado por @fredsmcezar


26.5.2 TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE (ADOTADA PELO CP)147
Apesar da crítica doutrinária, o CÓDIGO PENAL, com a reforma da Parte Geral promovida pela Lei nº 7.209/1984, acerca das
DISCRIMINANTES PUTATIVAS, ADOTOU A TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE, acarretando exclusão do dolo se o erro incidir
sobre pressupostos fáticos da causa de justificação e podendo excluir a consciência potencial da ilicitude quando incidir sobre a
existência ou limites da causa de justificação. (certa) FUNDEP - 2014 - DPE-MG

ERRO INVENCÍVEL: ATIPICIDADE


ERRO VENCÍVEL: EXCLUI-SE O DOLO, MAS RESPONDE POR CULPA
(SE PREVISTO).
1. ERRO RELATIVO ERRO DE TIPO O erro, quanto aos pressupostos fáticos, se vencível, permite o tratamento
PRESSUPOSTOS FÁTICOS PERMISSIVO do crime como culposo. (certa) FUNDEP - 2017 - MPE-MG
CP, art. 20 § 1º
A teoria limitada da culpabilidade situa o dolo como elemento do fato típico
e a potencial consciência da ilicitude como elemento da culpabilidade; adota
o erro de tipo como excludente do dolo e admite, quando for o caso, a
responsabilização por crime culposo. (certa) 2021 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA

2. ERRO RELATIVO À EXISTÊNCIA ERRO INVENCÍVEL: ISENTA DE PENA


DE UMA CAUSA DE EXCLUSÃO
ERRO DE ERRO VENCÍVEL: DIMINUIÇÃO DA PENA DE 1/6 A 1/3
DA ILICITUDE;
PROIBIÇÃO O erro sobre a ilicitude do fato pode, conforme o caso, isentar o agente de
3. ERRO RELATIVO AOS LIMITES INDIRETO pena ou levar à aplicação de causa de diminuição de pena. (certa) 2015 – MPDFT
DE UMA CAUSA DE EXCLUSÃO
DA ILICITUDE CP, art. 21 O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se
evitável INEVITÁVEL, isenta de pena; se inevitável EVITÁVEL, poderá diminuí-la de
um sexto a um terço. (errada) FCC - 2017 - PC-AP - DELEGADO DE POLÍCIA

A compreensão do erro das discriminantes putativas — com previsão em dispositivo do Código Penal — sobre os pressupostos
fáticos da causa de justificação como erro de tipo decorre da TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE. (certa) CESPE - 2022 - DPE-PA
Quando o erro do agente recai sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação é erro de tipo, ao passo que, se
incidir sobre os limites autorizadores, há erro de proibição. (certa) 2012 - TJ-MS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
As descriminantes putativas, seja as que incidam sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação, seja as que
recaiam sobre os limites autorizadores de uma excludente de ilicitude, são tratadas como erro de proibição TIPO PERMISSIVO. (errada) 2012 -
TJ-MS – JUIZ

Para o Código Penal (art. 20, § 1.º), quando a descriminante putativa disser respeito aos pressupostos fáticos da excludente,
estamos diante de erro de tipo. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-SP – JUIZ
• De acordo com a teoria da culpabilidade adotada pelo Código Penal, todo erro que recai sobre uma causa de justificação configura erro de
proibição. (errada) CESPE - 2019 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO
• A legítima defesa putativa, o erro sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação e o erro de tipo permissivo constituem definições
diferenciadas de situações concretas equivalentes, sujeitando-se à mesma consequência jurídica, de acordo com o Código Penal brasileiro.
(certa) 2021 - MPE-PR

Ex.: “X”, policial militar, reside com sua família em local extremamente violento. De madrugada, é acordado por alguém tentando
arrombar a porta de sua casa. Assustado, pede para sua mulher, igualmente em pânico, que não saia do quarto, e caminha para a
entrada da casa onde grita insistentemente para que o suposto ladrão vá embora, avisando-o de que, caso contrário, irá atirar. A
advertência é em vão, e a porta se abre aos olhos de “X” que, após efetuar o primeiro disparo, percebe que acertou “Z”, seu filho,
que, embriagado, arrombou a porta. Na hipótese apresentada, vindo “Z” a falecer em razão dos disparos, “X”. será isento de pena,
pois agiu em erro de tipo invencível. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-PA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

26.5.3 ERRO MANDAMENTAL


O denominado erro de proibição mandamental ou erro de mandato ocorre nos delitos omissivos, incidindo sobre a norma que
obriga o agente a atuar para a evitação do resultado, seja como garante (art.13, §2°, do CP), seja em face do dever geral de socorro
(art. 135 do CP). Se invencível, o erro de mandato exclui a culpabilidade. (certa) FUNDEP - 2021- MPE-MG
O erro de proibição mandamental é aquele que recai sobre uma norma impositiva e, se inevitável, isenta o agente de pena. (certa)
2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA

147
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS 17. É, todavia, no tratamento do erro que o princípio nullum crimen sene culpa vai aflorar com todo o vigor no direito legislativo brasileiro. Com efeito, acolhe
o Projeto, nos artigos 20 e 21, as duas formas básicas de erro construídas pela dogmática alemã: erro sobre elementos do tipo (Tatbestandsirrtum) e erro sobre a ilicitude do fato
(Verbotsirrtum). Definiu-se a evitabilidade do erro em função da consciência potencial da ilicitude (parágrafo único do artigo 21), mantendo-se no tocante às descriminantes putativas a
tradição brasileira, que admite a forma culposa, EM SINTONIA COM A DENOMINADA "TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE" (Culpabilidade e a Problemática do Erro Jurídico Penal, de
Francisco de Assis Toledo, in Rev. Trib. 517/251).

elaborado por @fredsmcezar


O erro de tipo é admissível tanto na omissão de ação própria como na omissão de ação imprópria, e, na área do conhecimento
do injusto, é admissível o erro sobre o dever jurídico geral ou especial de agir, que constitui erro de mandado. (certa) 2012 - MPE-PR
O erro de proibição pode recair sobre o cuidado objetivo exigido. (certa) 2021 - MPE-RS

elaborado por @fredsmcezar

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