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DELEGADO ALAGOAS

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LEI DE EXECUÇÃO PENAL
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
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Sumário
LEI DE EXECUÇÕES PENAIS (LEI 7.210/84) – PARTE I ....................................................................................................4
1. BREVES CONSIDERAÇÕES .........................................................................................................................................4
2. DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÕES PENAIS ..................................................................................6
2.1 Natureza Jurídica ................................................................................................................................................7
2.2 Competência .......................................................................................................................................................8
3. DO CONDENADO E DO INTERNADO .........................................................................................................................8
3.1 Exame Criminológico ..........................................................................................................................................9
3.2 Identificação do Perfil Genético .......................................................................................................................10
4. DA ASSISTÊNCIA ......................................................................................................................................................14
1.1 Da assistência material .....................................................................................................................................15
1.2 Da assistência à Saúde ......................................................................................................................................15
1.3 Da assistência jurídica .......................................................................................................................................16
1.4 Da assistência educacional ...............................................................................................................................16
1.5 Da assistência social..........................................................................................................................................18
1.6 Da assistência religiosa .....................................................................................................................................18
1.7 Da assistência ao egresso .................................................................................................................................18
5. DO TRABALHO ........................................................................................................................................................19
5.1 Deveres e Direitos.............................................................................................................................................22
5.2 Da disciplina ......................................................................................................................................................23
5.3 Das sanções e das recompensas .......................................................................................................................26
5.4 Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) ............................................................................................................27
5.5 Das recompensas ..............................................................................................................................................28
6. DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR ..........................................................................................................................30
7. DOS ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL.......................................................................................................................30
7.1 Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária ...................................................................................30
7.2 Juízo da Execução .............................................................................................................................................31
7.3 Ministério Público, como órgão da Execução Penal .........................................................................................32
7.4 Conselho Penitenciário .....................................................................................................................................32
7.5 Departamento Penitenciário Local ...................................................................................................................34
8. DA DIREÇÃO E DO PESSOAL ....................................................................................................................................34
9. DO PATRONATO ......................................................................................................................................................35
10. DO CONSELHO DA COMUNIDADE ........................................................................................................................35
11. DA DEFENSORIA PÚBLICA .....................................................................................................................................35
LEI DE EXECUÇÕES PENAIS (LEI 7.210/84) – PARTE II .................................................................................................36
1. DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS...........................................................................................................................36
1.1 Da Penitenciária ................................................................................................................................................39
1.2 Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar.........................................................................................................39
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1.3 Da Casa de Albergado .......................................................................................................................................39


1.4 Do Centro de Observação .................................................................................................................................40
1.5 Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico.........................................................................................40
1.6 Da Cadeia Pública .............................................................................................................................................41
2. DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE ..................................................................................................................42
2.1 Das Penas Privativas de Liberdade ...................................................................................................................42
2.2 Dos Regimes......................................................................................................................................................42
3. AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA .......................................................................................................................................52
3.1 Da Permissão de Saída ......................................................................................................................................52
3.2 Da Saída Temporária.........................................................................................................................................52
4. DA REMIÇÃO ...........................................................................................................................................................55
5. DO LIVRAMENTO CONDICIONAL ............................................................................................................................58
5.1 Imposições ao liberado condicional .................................................................................................................58
5.2 Revogação do livramento condicional ..............................................................................................................59
5.3 Vedação à concessão do livramento condicional .............................................................................................59
6. DA MONITORAÇÃO ELETRÔNICA............................................................................................................................62
7. DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ...................................................................................................................63
7.1 Da Prestação de Serviços à Comunidade..........................................................................................................63
7.2 Da Limitação de Fim de Semana .......................................................................................................................63
7.3 Da Interdição Temporária de Direitos ..............................................................................................................64
8. DA SUSPENSÃO CONDICIONAL ...............................................................................................................................64
8.1 Da Revogação da Suspensão Condicional da Pena ...........................................................................................65
9. DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA ......................................................................................................66
9.1 Da Cessação da Periculosidade.........................................................................................................................67
10. DOS INCIDENTES DE EXECUÇÃO ...........................................................................................................................67
10.1 Das Conversões ...............................................................................................................................................67
10.2 Do Excesso ou Desvio .....................................................................................................................................68
10.3 Da Anistia e do Indulto ...................................................................................................................................69
10.4 Do Procedimento Judicial ...............................................................................................................................71

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LEI DE EXECUÇÕES PENAIS (LEI 7.210/84) – PARTE I

1. BREVES CONSIDERAÇÕES

Antes adentrar no estudo propriamente dito da lei, teceremos algumas considerações acerca dos aspectos
constitucionais acerca da pena.
A Constituição veda penas que atentem contra o princípio da dignidade da pessoa humana.

Art. 5º, CR. (...) XLVII - não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLIX – é assegurado aos presos o respeito a integridade física e moral;

A vedação de tais penas demonstra que o Brasil preza pelo caráter ressocializador da pena,
especificamente, a oportunidade dada pela sociedade ao indivíduo que incorreu em crimes, de poder ressocializar-
se e voltar ao convívio desta.
Cumpre-nos, ainda, rememorar as finalidades da pena, segundo Roxin:

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Vejamos, ainda, um pouco da jurisprudência sobre o tema:

STF determina a realização de audiência pública para discutir os altos níveis de


encarceramento e a resistência de juízes e Tribunais quanto ao cumprimento de
decisões do STF em matéria de execução penal
Diante da permanência de “Estado de Coisas Inconstitucional” (ECI) no âmbito do sistema
penitenciário brasileiro — caracterizado pela manutenção de altos níveis de
encarceramento e da resistência ao cumprimento de decisões do STF —, faz-se necessária
a adoção de medidas tendentes ao efetivo implemento de ordens judiciais, dentre as
quais, a realização de audiências públicas.
STF. 2ª Turma. HC 165704 Extn-trigésima nona/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
13/4/2021 (Info 1013).

A Resolução da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 22/11/2018, que


determina o cômputo da pena em dobro, deve ser aplicada a todo o período cumprido
pelo condenado no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho (IPPSC)
O Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho (IPPSC) é um estabelecimento penal voltado ao
cumprimento de pena privativa de liberdade com o enfoque em pessoas do gênero
masculino. Está localizado no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona
Oeste do Rio de Janeiro.
O IPPSC apresentou elevados índices de mortes de presos decorrentes da superlotação e
das más condições sanitárias do local. Por essa razão, a Corte Interamericana de Direitos
Humanos (Corte IDH) expediu medidas provisórias em face do Brasil, sob o fundamento
de que houve violação à integridade pessoal dos presos, nos termos da Convenção
Americana de Direitos Humanos (CADH).
Em uma dessas Resoluções (de 22/11/2018), a Corte IDH determinou que deveria ser
computado em dobro cada dia de privação de liberdade na unidade prisional IPPSC,
exceto para os acusados ou condenados por: a) crimes contra a vida; b) crimes contra a
integridade física; ou c) crimes sexuais.
O cômputo da pena em dobro deve ser sobre todo o período de pena cumprido pelo
condenado no IPPSC ou deverá ficar limitado ao período posterior ao conhecimento
formal do Brasil acerca da Resolução?
O cômputo em dobro atinge a totalidade da pena cumprida. Logo, não é possível modular
os efeitos do cômputo da pena em dobro, tendo em vista a situação degradante do
estabelecimento prisional, inspecionado e alvo de inúmeras Resoluções da Corte IDH.
Não se mostra possível que a determinação de cômputo em dobro tenha seus efeitos
modulados como se o preso tivesse cumprido parte da pena em condições aceitáveis até
a notificação e, a partir de então, tal estado de fato tivesse se modificado. Em realidade,
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o substrato fático que deu origem ao reconhecimento da situação degradante já


perdurara anteriormente, até para que pudesse ser objeto de reconhecimento, devendo,
por tal razão, incidir sobre todo o período de cumprimento da pena.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 136961-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
15/06/2021, DJe 21/06/2021 (Info 701).

2. DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÕES PENAIS

Em seu art. 1º, a Lei nº 7.210/84 (LEP), apresenta seus dois principais objetivos:

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão
criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do
internado.

O art. 2º, por sua vez, estabelece que a LEP terá aplicação em todo o território Nacional, por meio do
Processo de Execução, acrescentando, ainda, que a LEP será aplicada ao preso provisório e condenado pela Justiça
Eleitoral ou Militar, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à jurisdição ordinária.

Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território
Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código
de Processo Penal.
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela
Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição
ordinária.

Súmula 192 do STJ - Compete ao juízo das execuções penais do estado a execução das
penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos
a estabelecimentos sujeitos a administração estadual.

ESPÉCIES DE SANÇÃO PENAL


Privativa de liberdade:
• reclusão;
• detenção;
PENA • prisão simples.
Restritiva de direitos:
• prestação pecuniária;
• perda de bens e valores;

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• prestação de serviços à comunidade;


• interdição de direitos;
• limitação de fim de semana.
Multa
Prestação de serviços à comunidade por pessoas jurídicas
Há outras, como advertência e medida educativa, estabelecidas pela lei
antidrogas.
Detentiva → internação
MEDIDA DE SEGURANÇA
Restritiva → tratamento ambulatorial

A LEP é aplicável a todas as pessoas sujeitas às sanções penais e ao preso provisório. Todavia, o foco está
nos condenados a penas privativas de liberdade.
Discorrem, ainda, os artigos 3º e 4º, acerca dos direitos não atingidos pela sentença ou pela lei, afirmando
que, mesmo ocorrendo isso, serão assegurados ao condenado e ao internado, não havendo qualquer distinção de
natureza racial, social, religiosa ou política, afirmando, ainda, que o Estado deverá recorrer à cooperação da
comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança, conforme se verifica em seus
dispositivos:

Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos


pela sentença ou pela lei.
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou
política.

Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução


da pena e da medida de segurança.

Portanto, pode-se perceber que a Lei de Execução Penal tem por finalidade, não só aplicação dos
dispositivos sentenciais ou de decisões criminais, mas também garantir condições de recuperação social do
condenado ou internado, de modo a reinseri-lo no convívio social.

2.1 Natureza Jurídica

Pergunta-se: Qual a natureza jurídica da execução penal?


R.: Segundo a doutrina, a execução penal tem natureza predominantemente jurisdicional. Isso porque, seu
objetivo precípuo é efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a
harmônica integração social do condenado ou do internado. Nesse sentido, o art. 194 da LEP dispõe que:

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Art. 194. O procedimento correspondente às situações previstas nesta Lei será judicial,
desenvolvendo-se perante o Juízo da execução.

Contudo, embora uma série de decisões no decorrer da pena dependam de manifestação do juiz – como a
concessão de benefícios de natureza penal, a exemplo da remição da pena e do livramento condicional – a execução
penal tem também caráter administrativo. Há atribuições exclusivas do diretor do estabelecimento prisional, o que
se observa, por exemplo, na aplicação de medidas disciplinares.

2.2 Competência

As leis de organização judiciária de cada Estado determinam como será distribuída a competência para
processar a execução penal, sendo que, onde não houver vara especializada, a competência será exercida pelo juiz
da sentença (art. 65 da LEP).
Pergunta-se: Em caso de crime julgado pela Justiça Federal, pela Justiça Militar ou pela Justiça Eleitoral, de
quem será a competência para a execução penal?
R.: A competência é definida pelo estabelecimento prisional. Logo, estando o condenado em
estabelecimento prisional estadual, a competência será do juízo da execução penal estadual. Como regra, os presos
são recolhidos a estabelecimentos penais estaduais, mesmo quando condenados pela Justiça Federal, Militar ou
Eleitoral.
Há estabelecimentos penais federais, que são destinados exclusivamente aos casos que demandam
segurança máxima, presos pertencentes a organizações criminosas e considerados de alta periculosidade. Logo, a
Justiça Federal só tem competência para realizar a execução penal no âmbito dos estabelecimentos penais federais.
Eis o entendimento sumulado do STJ:

SUM 192 STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a
estabelecimentos sujeitos a Administração Estadual.

3. DO CONDENADO E DO INTERNADO

Este título trata da classificação dada a todos que se encontram amparados por esta norma.
Cumpre ressaltar que tal classificação, antes de mais nada, obedece ao princípio constitucional da
individualização da pena, disposta na Constituição Federal, o qual determina em seu art. 5º:

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes


(...)
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza
do delito, a idade e o sexo do apenado;
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Perceba que a Constituição determina que seja feita uma classificação com o objetivo de orientar a
individualização da pena.
Assim, a Lei de Execução Penal, em seu art. 5º dispôs:

Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade,


para orientar a individualização da execução penal.

A responsável por essa classificação, segundo o art. 6º da LEP será a Comissão Técnica de Classificação, a
qual compete elaborar o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou
preso provisório.
A composição da Comissão Técnica de Classificação, conforme dispõe o art. 7º será a seguinte:

a) Diretor (Presidente)
Comissão Técnica de
b) 02 chefes de serviço
Classificação
c) 01 psiquiatra
CTC
d) 01 psicólogo
e) 01 assistente social

OBS.: Quando se tratar de condenado à pena privativa de


liberdade, será assim composta e existirá em cada
estabelecimento.

O parágrafo único do art. 7º afirma, ainda, que para os demais casos, a Comissão Técnica de Classificação atuará
junto ao Juízo da Execução e será integrada por FISCAIS DO SERVIÇO SOCIAL.

Vale lembrar que a Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade,
observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá (art. 9):
a) entrevistar pessoas;
b) requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do condenado;
c) realizar outras diligências e exames necessários.

3.1 Exame Criminológico

Dispõe o art. 8º, que o condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado,
será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e
com vistas à individualização da execução.
Perceba que o legislador impõe, como dever, a submissão do condenado a este exame criminológico.
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Assim se apresenta as principais jurisprudências:

RECURSO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. ART. 8º, CAPUT, DA LEI DE EXECUÇÃO


PENAL. REGIME FECHADO. EXAME CRIMINOLÓGICO. INDIVIDUALIZAÇÃO EXECUTÓRIA DA
PENA. OBRIGATORIEDADE. SÚMULA 439 DO STJ. NÃO INCIDÊNCIA. DECISÃO MANTIDA. 1.
O art. 8º, caput, da Lei de Execução Penal determina a realização do exame
criminológico para os condenados à pena privativa de liberdade em regime fechado,
com o escopo de assegurar uma adequada classificação e com vistas à individualização
executória da pena. 2. Não incide a súmula 439 do Superior Tribunal de Justiça, segundo
a qual se admite o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada, porque a condicionante da decisão motivada refere-se unicamente à
exigência do exame para fins de progressão de regime. 3. Recurso conhecido e
desprovido. (TJ-DF 20180020005880 - Segredo de Justiça 0000588-11.2018.8.07.0000,
Relator: WALDIR LEÔNCIO LOPES JÚNIOR, Data de Julgamento: 12/04/2018, 3ª TURMA
CRIMINAL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 19/04/2018 . Pág.: 212/220)

Note, que a obrigatoriedade de tal exame se faz pela necessidade de assegurar uma adequada classificação
e com vistas à individualização executória da pena, NÃO incidindo aqui o que preconiza a Súmula 439 do STJ, a qual
afirma que:

Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão


motivada.

O enunciado está diretamente ligado à questão de progressão de regime e isso ocorrerá no decorrer do
cumprimento da pena, o que não ocorre com o art. 8º da LEP, vez que se refere à obrigatoriedade de realizá-lo no
ingresso do condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade, em regime fechado, no estabelecimento
prisional. São exames feitos em momentos distintos e com finalidades distintas.
Já o parágrafo único do art. 8º faculta a realização de tal exame ao condenado ao cumprimento da pena
privativa de liberdade em regime semiaberto. Senão, vejamos:

Art. 8: (...)
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado
ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto.

3.2 Identificação do Perfil Genético

A identificação criminal é admitida pela Constituição Federal, art. 5º, LVIII, porém, em caráter excepcional
e nas hipóteses previstas em lei. A Lei 12.037/09 veio disciplinar as hipóteses em que será adotado procedimento
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para a identificação criminal, que inclui processo datiloscópico e fotográfico. Além disso, a lei admite a possibilidade
de coleta de material biológico quando necessário para as investigações policiais (art. 5º, parágrafo único), bem
como a sua inclusão em banco de dados sigiloso (art. 5-A e art. 7º-A).
A LEP, no art. 9º-A, alterado pela Lei nº 13.964/19, regulamenta o procedimento de identificação do perfil
genético de presos condenados por qualquer crime doloso com violência ou grave ameaça.

Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa,
bem como por crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou por crime sexual contra
vulnerável, será submetido, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético,
mediante extração de DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica adequada e indolor,
por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional.
§ 1o A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso,
conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.
§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garantias mínimas de proteção de dados
genéticos, observando as melhores práticas da genética forense.
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no
caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil
genético.
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o acesso aos seus dados constantes
nos bancos de perfis genéticos, bem como a todos os documentos da cadeia de custódia
que gerou esse dado, de maneira que possa ser contraditado pela defesa.
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que não tiver sido
submetido à identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no estabelecimento
prisional deverá ser submetido ao procedimento durante o cumprimento da pena.
§ 5º A amostra biológica coletada só poderá ser utilizada para o único e exclusivo fim de
permitir a identificação pelo perfil genético, não estando autorizadas as práticas de
fenotipagem genética ou de busca familiar.
§ 6º Uma vez identificado o perfil genético, a amostra biológica recolhida nos termos do
caput deste artigo deverá ser correta e imediatamente descartada, de maneira a impedir
a sua utilização para qualquer outro fim.
§ 7º A coleta da amostra biológica e a elaboração do respectivo laudo serão realizadas
por perito oficial.
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter-se ao procedimento de
identificação do perfil genético.

Em sua redação original o art. 9-A da Lei de Execução Penal dispunha que todos os condenados aos crimes
praticados dolosamente, ou seja, por vontade do agente, com violência de natureza grave contra pessoa ou por

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qualquer dos crimes previstos no art. 1º da lei dos crimes hediondos, seriam submetidos obrigatoriamente, à
identificação do perfil genético, mediante extração de DNA.
O art. 9-A da LEP, ainda em sua redação original, teve sua constitucionalidade questionada. O STF
reconheceu a repercussão geral da matéria (Tema 905 - Constitucionalidade da inclusão e manutenção de perfil
genético de condenados por crimes violentos ou por crimes hediondos em banco de dados estatal. RE
973.837/MG).
A celeuma discutida junto ao STF gira em torno da inconstitucionalidade quanto à obrigatoriedade de tal
extração material por violar o princípio da não autoincriminação, previsto tanto no art. 5º, LXIII, da Constituição
Federal, bem como no art. 14, §3º, alínea “g”, do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos da ONU, como
também no art. 8º, §2º, alínea “g”, da Convenção Americana de Direitos Humanos / Pacto de San Jose da Costa
Rica.
A matéria ainda está pendente de julgamento perante o STF (atenção ao andamento processual).
No STJ, por sua vez, há entendimento no sentido de que não há violação ao princípio em razão do que
preconiza o art. 9º-A. Vejamos:

A coleta de material genético prevista no art. 9º-A da Lei de Execução Penal não
ofende o princípio da não autoincriminação
É entendimento assente no STJ de que o art. 9º-A da Lei de Execução Penal
expressamente prevê que os condenados por crimes praticados, dolosamente, com
violência de natureza grave contra pessoa serão submetidos, obrigatoriamente, à
identificação do perfil genético, mediante extração do DNA.
No caso dos autos, o paciente cumpre pena por lesão corporal no âmbito doméstico,
cárcere privado e estupro, estando contemplado pelo que reza a lei.
O Tribunal de origem concluiu pela possibilidade da coleta de material biológico para
extração do perfil genético e sua inclusão em banco de dados estatal, não implicando
em ofensa ao princípio da não autoincriminação.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 675.408/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
22/02/2022.

Lembrando que a previsão do art. 9º-A da LEP não se confunde com a previsão da Lei 12.037/09, cabendo,
nesse ponto, uma análise comparativa das legislações e respectivas hipóteses de coleta de material biológico para
obtenção do perfil genético.

1ª Hipótese (Lei 12.037/09) 2ª Hipótese (LEP)


A coleta somente pode ocorrer DURANTE AS
A coleta somente pode ocorrer APÓS A
INVESTIGAÇÕES (antes de ser ajuizada a ação
CONDENAÇÃO do réu.
penal).

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A coleta somente é permitida se o réu foi


condenado:
- por crime doloso praticado com violência de
Qualquer crime. natureza grave contra pessoa;
- crime contra a vida;
- crime contra a liberdade sexual;
- crime sexual contra vulnerável;
Somente ocorre se esta prova for essencial às É obrigatória por força de lei.
investigações policiais. O objetivo é o de armazenar a identificação do perfil
O objetivo é elucidar o crime específico que está genético do condenado em um banco de dados
sendo investigado. sigiloso.
A coleta é determinada por decisão judicial
Não necessita de autorização judicial.
fundamentada, proferida de ofício ou mediante
A coleta é feita como providência automática
representação da autoridade policial, MP ou da
decorrente da condenação.
defesa.
Prevista no parágrafo único, do art. 5º, da Lei nº Prevista no art. 9ª-A, da LEP (redação dada pela Lei
12.037/2009 (inserido pela Lei 12.654/2012). nº 13.964/19).

A Lei 13.964/19 modificou o art. 9-A da LEP, ainda, no que trata da classificação, incluindo a previsão da
necessária regulamentação das informações genéticas dos reeducandos. Além disso, assegurou o acesso a todos
os documentos ligados à cadeia de custódia, alteração feira em harmonia com as novas disposições do Código de
Processo Penal no tocante à cadeia de custódia. A coleta do material genético poderá ser realizada a qualquer
momento durante o cumprimento da pena, sendo a sua recusa hipótese de falta grave, nos termos da legislação
de execução penal.

Art. 50. [...] VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético.

Cumpre recordar, porém, a previsão da Súmula n. 533 do STJ:

Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é


imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado
constituído ou defensor público nomeado.

Apesar do entendimento sumulado, a exigibilidade do PAD não é uma questão pacificada. Neste sentido,
no âmbito do STF, o Tema 941 estabeleceu a seguinte tese:

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A oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência de justificação


realizada na presença do defensor e do Ministério Público, afasta a necessidade de prévio
Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), assim como supre eventual ausência ou
insuficiência de defesa técnica no PAD instaurado para apurar a prática de falta grave
durante o cumprimento da pena.

4. DA ASSISTÊNCIA

Dispõe o art. 10 da LEP que a assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, tendo por objetivo
prevenir o crime e orientar o retorno destes à convivência em sociedade.
Tal assistência deriva do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, um dos elementos
essenciais do Estado Democrático de Direito, para proporcionar àqueles que estão sob à tutela do Estado o mínimo
de garantia e subsistência.
Assim, é uníssona as decisões jurisprudenciais:

REMESSA NECESSÁRIA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA CONSISTENTE EM DETERMINAR O


FORNECIMENTO DE ALIMENTAÇÃO ADEQUADA AOS PRESOS DA COMARCA DE
IPIXUNA/AM. DEVER DO ESTADO. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA. EXEGESE DOS
ART. 12, DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL (LEP). MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. - Estando
previsto no art. 12, da Lei de Execução Penal (LEP) o fornecimento regular de alimentos
aos custodiados, o édito sentencial, ora submetido ao reexame necessário, deve ser
mantido incólume, justamente por resguardar o sagrado princípio da Dignidade
Humana - Aliado à isso, a tutela jurisdicional remetida, reflete, na verdade, um dever e
não uma faculdade do Estado. Logo, não se concebe como razoável a tentativa do Ente
Estatal de se esquivar de suas obrigações. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E
DESPROVIDA. (TJ-AM - Remessa Necessária: 00059605620178040000 AM 0005960-
56.2017.8.04.0000, Relator: Ari Jorge Moutinho da Costa, Data de Julgamento:
28/01/2019, Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: 31/01/2019)

Neste sentido, conforme o art. 11 e seguintes da Lei de Execução Penal, a assistência se dará:

MATERIAL

SAÚDE

JURÍDICA
ASSISTÊNCIA
EDUCACIONAL

SOCIAL
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RELIGIOSA

1.1 Da assistência material

Dispõe o art. 12 da LEP:

Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de


alimentação, vestuário e instalações higiênicas.

Ademais, o art. 13, autoriza ao estabelecimento que disponibilize instalações e serviços que atendam aos
presos nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não
fornecidos pela Administração.

1.2 Da assistência à Saúde

No que tange à assistência à saúde, esta tem caráter preventivo e curativo, compreendendo:
• Atendimento médico:
• Farmacêutico;
• Odontológico.

Tal assistência se encontra disposta no art. 14, o qual preconiza, ainda, que tal assistência poderá ser
prestada em local diverso do estabelecimento penal, caso este não se encontre aparelhado para provê-la
adequadamente, no entanto, necessitará de autorização da direção do estabelecimento.
Por fim, há disposição acerca da assistência médica especificamente para a mulher, principalmente no pré-
natal e no pós-parto, a qual será extensiva ao recém-nascido.

Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo,


compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico.
§ 1º (Vetado).
§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência
médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção
do estabelecimento.
§ 3o Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e
no pós-parto, extensivo ao recém-nascido.
§ 4º Será assegurado tratamento humanitário à mulher grávida durante os atos médico-
hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto,
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bem como à mulher no período de puerpério, cabendo ao poder público promover a


assistência integral à sua saúde e à do recém-nascido. (Incluído pela Lei nº 14.326, de
2022)

A Lei nº 14.326/2022 incluiu o §4º ao art. 14 para prever que será assegurado tratamento humanitário à
mulher grávida durante os atos médico-hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o
trabalho de parto, bem como à mulher no período de puerpério, cabendo ao poder público promover a
assistência integral à sua saúde e à do recém-nascido.

1.3 Da assistência jurídica

O art. 15 traz a assistência jurídica garantida aos presos e aos internados sem recursos financeiros para
constituir advogado. Ressalte-se que essa assistência deverá ser integral e gratuita, prestada pela Defensoria
Pública, dentro e fora dos estabelecimentos prisionais, devendo as Unidades da Federação prestar auxílio
estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública.
Tal assistência é de suma importância para que seja garantida aos menos favorecidos, com pouco ou
nenhum recurso financeiro, a possibilidade de se defender, através de uma defesa técnica, sendo-lhe garantido o
contraditório e a ampla defesa.
Assim se pronunciou o autor Antônio Magalhaes Gomes:

A defesa do condenado no processo de execução penal não se confunde, pois,


simplesmente, com a eventual oposição à pretensão dos órgãos estatais incumbidos de
promover o cumprimento das penas impostas, mas se caracteriza, antes de tudo, como
um conjunto de garantias através das quais o sentenciado tem a possibilidade de influir
positivamente no convencimento do juiz da execução, sempre que se apresente uma
oportunidade de alteração da quantidade ou da forma da sanção punitiva.

Cabe salientar que em todos os estabelecimentos penais haverá um local apropriado destinado ao
atendimento pelo Defensor Público e, mais, fora destes estabelecimentos serão implementados Núcleos
Especializados da Defensoria Pública para a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos réus,
sentenciados em liberdade, egressos e seus familiares, sem recursos financeiros para constituir advogado.

1.4 Da assistência educacional

A assistência Educacional encontra-se disposta no art. 17 e seguintes da Lei 7.210/84, coadunando-se com
o dispositivo constitucional:

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Art. 205, CF. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho” como também preconizado pelo art. 208, § 1º da Carta Magna ao dispor que
“o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

Sobre a assistência educacional é importante saber:


• Compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado;
• O ensino de 1º grau será obrigatório;
• O ensino médio, regular ou supletivo, com formação geral ou educação profissional de nível médio, será
implantado nos presídios, em obediência ao preceito constitucional de sua universalização;
• O ensino ministrado aos presos e presas integrar-se-á ao sistema estadual e municipal de ensino e será
mantido, administrativa e financeiramente, com o apoio da União: com os recursos destinados à educação,
pelo sistema estadual de justiça ou administração penitenciária.
• Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às presas cursos supletivos de educação de jovens e adultos.

É importante destacar também que a Lei Federal nº 12.433/2011 possibilitou ao condenado que cumpre
pena em regime FECHADO OU SEMI-ABERTO a possibilidade de remir parte do tempo de pena pelo ESTUDO, na
proporção de 01 (um) dia de pena para cada 12 (doze) horas de frequência escolar divididas, no mínimo, em 03
(três) dias.
Assim o entendimento jurisprudencial:

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. REMIÇÃO. ESTUDO. CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO.


APROVAÇÃO NO ENEM. CUMULAÇÃO DO TEMPO PARA FINS DE REMIÇÃO DA PENA.
POSSIBILIDADE INSURGENCIA DEFENSIVA. DEFERIMENTO. INCIDÊNCIA DO INCISO IV DO
ARTIGO 1º DA RECOMENDAÇÃO N. 44/2013 DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA.
JURISPRUDENCIA DO STJ. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. POSSIBILIDADE. Nos termos do
art. 126, caput, e § 1, inciso I da LEP, o condenado que cumpre pena no regime fechado
ou semiaberto, poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do seu tempo de
execução da pena. Portanto, as 12 (doze) horas de estudo pelo apenado devem ser
realizadas em no mínimo três dias. Assim, o cálculo dos dias remidos pelo estudo é
reproduzido em horas, diferentemente da remição pelo trabalho que é em dias. A
realização de atividades de educação formal vinculadas ao estabelecimento prisional, no
caso dos autos, de ensino médio, não impede que se obtenha também a remição pela
aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), do que se depreende de
interpretação extensiva da Recomendação n. 44/2013 do CNJ, conforme recente
jurisprudência desta Corte e do Superior Tribunal de Justiça, que permitem a remição em
tais casos, tendo em vista os fins da execução penal. AGRAVO DEFENSIVO PROVIDO.
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(Agravo Nº 70078475118, Terceira... Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator:


Rinez da Trindade, Julgado em 03/10/2018). (TJ-RS - AGV: 70078475118 RS, Relator: Rinez
da Trindade, Data de Julgamento: 03/10/2018, Terceira Câmara Criminal, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 24/10/2018)

1.5 Da assistência social

A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à
liberdade, incumbindo a mesma:
a) conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames;
b) relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo
assistido;
c) acompanhar o resultado das permissões de saídas e das saídas temporárias;
d) promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a recreação;
e) promover a orientação do assistido, na fase final do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a
facilitar o seu retorno à liberdade;
f) providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no
trabalho;
g) orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da vítima.

1.6 Da assistência religiosa

A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos internados, permitindo-lhes
a participação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução
religiosa.
Ressalte-se que no estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos e nenhum preso ou
internado poderá ser obrigado a participar de atividade religiosa.

1.7 Da assistência ao egresso

Primeiramente, se faz necessário explicar o que vem a ser o egresso. Esse, nada mais é, que o liberado
definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento, bem como, o liberado condicional,
durante o período de prova.
Assim, a sua assistência consiste:
a) na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade;
b) na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de
2 (dois) meses.

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Ressalte-se que esse prazo poderá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do
assistente social, o empenho na obtenção de emprego.
Cumpre destacar, ainda, que o serviço de assistência social colaborará com o egresso para a obtenção de
trabalho.

5. DO TRABALHO

Como se sabe, o trabalho dignifica o homem e, como tal, não poderia o mesmo deixar de se fazer presente
no sistema prisional brasileiro, que tem como princípios a dignidade da pessoa humana, a ressocialização, o respeito
às diversidades étnico-raciais, religiosas, em razão de gênero e orientação sexual, origem, opinião política, para
com as pessoas com deficiência, entre outras e a humanização da pena.
Assim sendo, o art. 28 e seguintes da Lei 7.210/84 dispõe sobre o trabalho do condenado, este como dever
social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.
Acerca do Trabalho no sistema prisional, importante destacar:
• NÃO está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho.
• Será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário
mínimo.
• NÃO se confunde com a prestação de serviços à comunidade que, por sua vez, NÃO é remunerada.
Ressalte-se que o produto da remuneração pelo trabalho deverá atender:
a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados judicialmente e não reparados por
outros meios;
b) à assistência à família;
c) a pequenas despesas pessoais;
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado, em proporção a ser
fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores.
Importante saber que, ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte restante para
constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entregue ao condenado quando posto em liberdade.
No entanto, a título de conhecimento, há recentes julgados concedendo a antecipação do pecúlio quando
comprovada a extrema necessidade para condenados que ainda estejam em cumprimento de pena, o que não
ocorrerá com aqueles em regime semi-aberto e ausente a adequada comprovação de extrema necessidade.
Neste sentido:

EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. LEVANTAMENTO DO VALOR REFERENTE AO


PECÚLIO. IMPOSSIBILIDADE. REEDUCANDO QUE CUMPRE PENA EM REGIME
SEMIABERTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 29, § 2º DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DE EXTREMA NECESSIDADE. RECURSO DESPROVIDO. - O pecúlio,
constituído pelo remanescente da remuneração do reeducando, pelo trabalho, após o
adimplemento das condições do art. 29, § 1º da LEP, em regra, só poderá ser entregue ao
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reeducando quando este é colocado em liberdade em razão do cumprimento integral da


pena ou do livramento condicional. Entretanto, se comprovada a extrema necessidade,
é cabível o adiantamento do valor para condenados que ainda estejam em
cumprimento de pena - Se tratando de reeducando que cumpre pena em regime
semiaberto, e ausente a adequada comprovação de extrema necessidade, não há que
se falar em levantamento do valor referente ao pecúlio, por inteligência do art. 29, § 2º
da LEP. (TJ-MG - AGEPN: 10287070312593004 MG, Relator: Glauco Fernandes (JD
Convocado), Data de Julgamento: 18/07/2019, Data de Publicação: 26/07/2019)

Ressalte-se que, de acordo com o art. 31, o condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao
trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. No entanto, para o preso provisório, o trabalho não é
obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento.
Logo, temos que:
• PRESO CONDENADO: está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade.
• PRESO PROVISÓRIO: o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do
estabelecimento.

Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta:


a) a habilitação;
b) a condição pessoal;
c) as necessidades futuras do preso;
d) as oportunidades oferecidas pelo mercado.

Cumpre ressaltar que deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem expressão econômica,
salvo nas regiões de turismo.
Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupação adequada à sua idade, já os doentes ou
deficientes físicos somente exercerão atividades apropriadas ao seu estado.
A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos
domingos e feriados, ressaltando que poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos designados para
os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal.
O art. 34 dispõe que o trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou empresa pública, com autonomia
administrativa, e terá por objetivo a formação profissional do condenado, incumbindo, nessa hipótese, à entidade
gerenciadora promover e supervisionar a produção, com critérios e métodos empresariais, encarregar-se de sua
comercialização, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de remuneração adequada.
Os governos federal, estadual e municipal poderão celebrar convênio com a iniciativa privada, para
implantação de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios.
Os órgãos da Administração Direta ou Indireta da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos
Municípios adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os bens ou produtos do trabalho prisional, sempre
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que não for possível ou recomendável realizar-se a venda a particulares e todas as importâncias arrecadadas com
as vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública ou, na sua falta, do estabelecimento penal.
No que diz respeito ao trabalho externo, este será admissível para os presos em regime fechado somente
em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas,
desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.
O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de empregados na obra,
cabendo ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a remuneração desse trabalho.
A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso do preso.
A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de aptidão,
disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.
Cumpre destacar que será revogada a autorização de trabalho externo ao preso que:
a) vier a praticar fato definido como crime,
b) for punido por falta grave, ou
c) tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo.

Jurisprudência sobre trabalho do preso:

É possível autorização para trabalho externo em empresa da família


O fato de o irmão do apenado ser um dos sócios da empresa empregadora não constitui
óbice à concessão do benefício do trabalho externo, ainda que se argumente sobre o risco
de ineficácia da realização do trabalho externo devido à fragilidade na fiscalização. Ex:
João, que cumpria pena em regime fechado, teve direito à progressão, passando ao
regime semiaberto. O reeducando requereu, então, ao juízo da execução penal o direito
de, todos os dias úteis, sair para trabalhar, retornando ao final do expediente (trabalho
externo). Para fazer esse requerimento, o preso deverá comprovar que recebeu possui
uma proposta de trabalho. A fim de cumprir essa exigência, João apresentou uma
proposta de trabalho da empresa "XXX" que declarava que iria contratá-lo. Ocorre que o
Ministério Público opôs ao deferimento do pedido sob o argumento de que a empresa
"XXX" pertence ao irmão de João. Logo, na visão do MP, não haveria nenhuma garantia
de que o preso iria realmente trabalhar no local, podendo ele ser acobertado em suas
faltas em razão do parentesco. A tese do MP não foi aceita. O simples fato de a empresa
contratante pertencer ao irmão do preso não impede que ele tenha direito ao trabalho
externo. STJ. 5ª Turma. HC 310515-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 17/9/2015 (Info
569).

Recusa injustificada do apenado ao trabalho constitui falta grave


A Lei de Execuções Penais (Lei nº 7.210/84) prevê que o condenado à pena privativa de
liberdade é obrigado a trabalhar (art. 31 e art. 39, V). Caso o preso se recuse,
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injustificadamente, a realizar o trabalho obrigatório, ele comete falta grave (art. 50, VI),
podendo ser punido. Obs: o dever de trabalho imposto pela LEP ao apenado não é
considerado como pena de trabalho forçado, não sendo incompatível com o art. 5º, XLVII,
"c", da CF/88. STJ. 6ª Turma. HC 264989-SP, Rel. Min. Ericson Maranho, julgado em
4/8/2015 (Info 567).

Exigência de cumprimento de 1/6 da pena para trabalho externo aplica-se apenas ao


fechado
A exigência de que o condenado cumpra 1/6 da pena para ter direito ao trabalho externo
aplica-se para os regimes fechado, semiaberto e aberto? Em outras palavras, o art. 37,
caput, da LEP é regra válida para as três espécies de regime? NÃO. A exigência objetiva do
art. 37 de que o condenado tenha cumprido no mínimo 1/6 da pena, para fins de trabalho
externo, aplica-se apenas aos condenados que se encontrem em regime fechado. Assim,
o trabalho externo é admissível aos apenados que estejam no regime semiaberto ou
aberto mesmo que ainda não tenham cumprido 1/6 da pena. Em tese, o condenado ao
regime semiaberto ou aberto poderia ter direito ao trabalho externo já no primeiro dia
de cumprimento da pena. O art. 37 da LEP (que exige o cumprimento mínimo de 1/6 da
pena) somente se aplica aos condenados que se encontrem em regime inicial fechado.
STF. Plenário. EP 2 TrabExt-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/6/2014
(Info 752).

5.1 Deveres e Direitos

Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de
execução da pena.
Neste sentido, constituem deveres do condenado (art. 39):

I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença;


II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;
III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à
ordem ou à disciplina;
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
VII - indenização à vítima ou aos seus sucessores;
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua
manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho;
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
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DELEGADO ALAGOAS

X - conservação dos objetos de uso pessoal.

Ressalte-se que se aplica ao preso provisório, no que couber, todos os deveres aqui elencados.
No que diz respeito aos direitos, impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral
dos condenados e dos presos provisórios, constituindo-se direitos do preso (art. 41):

I - alimentação suficiente e vestuário;


II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Previdência Social;
IV - constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores,
desde que compatíveis com a execução da pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena;
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de
outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da
autoridade judiciária competente.

Ressalte-se que os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante
ato motivado do diretor do estabelecimento.
Assim como os deveres, os direitos serão aplicados ao preso provisório e ao submetido à medida de
segurança, no que couber.
É garantida a liberdade de contratar médico de confiança pessoal do internado ou do submetido a
tratamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento, sendo
que as divergências entre o médico oficial e o particular serão resolvidas pelo Juiz da execução.

5.2 Da disciplina

A disciplina consiste:
a) na colaboração com a ordem;
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DELEGADO ALAGOAS

b) na obediência às determinações das autoridades e seus agentes;


c) no desempenho do trabalho.

Estão sujeitos à disciplina o condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso
provisório.
Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar, sendo que
as sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado (art. 45).
Ressalte-se que é vedado o emprego de cela escura, bem como as sanções coletivas.
As normas disciplinares serão informadas ao condenado ou denunciado, no início da execução da pena ou
da prisão.

As faltas disciplinares classificam-se em:


a) leves
b) médias e
c) graves.

A definição das condutas que constituirão faltas leves e médias deve ser feita pela legislação local, assim
como as respectivas sanções.
Atente-se que se pune a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada (art. 49, parágrafo
único).
Comete falta grave, o condenado à pena privativa de liberdade que:
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;
II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;
IV - provocar acidente de trabalho;
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

Lembrando que tais faltas se aplicam, no que couber, ao preso provisório.


O rol do art. 50 é taxativo e, sobre a aplicação dos incisos, cabe destaque para os entendimentos da
jurisprudência:
O reconhecimento de falta grave prevista no art. 50, III, da Lei n. 7.210/1984 dispensa a
realização de perícia no objeto apreendido para verificação da potencialidade lesiva, por

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DELEGADO ALAGOAS

falta de previsão legal. (AgRg no HC 475585/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª T., j. em
7/11/2019, DJe 22/11/2019)

(...) II – Ao violar a zona de inclusão de monitoramento eletrônico, a paciente desrespeitou


as condições impostas à concessão da benesse, o que configura a falta grave do art. 50,
VI, c.c. o art. 39, V, ambos da Lei de Execução Penal. Precedentes. (AgRg no HC 537620/SP,
Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo, 5ª T., j. em 5/12/2019, DJe 13/12/2019)
1. A teor dos precedentes desta Corte, a utilização de tornozeleira eletrônica sem bateria
suficiente configura falta grave, nos termos dos arts. 50, VI, e 39, V, ambos da LEP, pois o
apenado, com sua conduta, descumpre as ordens do servidor responsável pela
monitoração e impede a fiscalização da execução da pena. 2. Além do mais, o reeducando
violou a zona de monitoramento dezoito vezes, o que também autoriza sanção disciplinar
de regressão de regime, a teor do art. 146-C, parágrafo único, I, da LEP. (AgRg no REsp
1766006/TO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª T., j. em 6/12/2018, DJe 19/12/2018)

É prescindível a perícia de aparelho celular apreendido para a configuração da falta


disciplinar de natureza grave do art. 50, VII, da Lei n. 7.210/1984. (AgRg no HC 506102/SP,
Rel. Min. Laurita Vaz, 6ª T., j. em 5/12/2019, DJe 17/12/2019)
A posse de fones de ouvido no interior do presídio é conduta formal e materialmente
típica, configurando falta de natureza grave, uma vez que viabiliza a comunicação intra e
extramuros. (AgRg no HC 522425/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, 6ª T., j. em 10/9/2019, DJe
30/9/2019)

A posse de drogas no curso da execução penal, ainda que para uso próprio, constitui falta
grave. (AgRg no HC 547354/DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T., j. em
6/2/2020, DJe 13/2/2020)
É imprescindível a confecção do laudo toxicológico para comprovar a materialidade da
infração disciplinar e a natureza da substância encontrada com o apenado no interior de
estabelecimento prisional. (AgRg no HC 547354/DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
5ª T., j. em 6/2/2020, DJe 13/2/2020)

Cometerá falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:


I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, da LEP, ou seja, não
prestar obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-
se, bem como não executar o trabalho, as tarefas e as ordens recebidas.

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As consequências da prática de falta grave são:


• Regressão de regime (art. 118, I e II), admitindo, inclusive, a regressão per saltum;
• Interrupção do prazo para obtenção da progressão de regime, que tem como base para reinício da
contagem a pena remanescente (art. 122, §6º);
• Revogação da benesse da saída temporária (art. 125),
• Revogação de até 1/3 (um terço) do tempo remido (art. 127);
• Conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do art. 45
e seus incisos do Código Penal;
• Conversão da pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não
comparecer ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a
atividade determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a", "d" e "e" do
parágrafo anterior., do §1º do art. 181 da LEP.
Por sua vez, a prática de falta grave NÃO interrompe a contagem do prazo para fins de concessão do
livramento condicional, indulto e comutação da pena (SUM 441 e SUM 535 do STJ).

5.3 Das sanções e das recompensas

Constituem sanções disciplinares:


I - advertência verbal;
II - repreensão;
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único);
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam
alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta Lei.
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.

As sanções dos incisos I a IV do art. 53, serão aplicadas pelo diretor do estabelecimento, em procedimento
disciplinar para apurar a prática da falta e assegurar o direito de defesa (art. 59) e decidir por ato motivado (art. 54,
caput).
Já a sanção referente à inclusão no regime disciplinar diferenciado (RDD), será aplicada por prévio e
fundamentado despacho do juiz competente, sendo que essa autorização para a inclusão do preso em regime
disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra
autoridade administrativa.
A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar será precedida de manifestação do
Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de 15 dias.
Cabe destacar que, no exercício do direito ao contraditório e ampla defesa em procedimento disciplinar
ara apuração de falta, é imprescindível a presença de advogado, conforme jurisprudência sumulada do STJ:
SUM 533: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução
penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
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estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado


constituído ou defensor público nomeado.

É possível que a autoridade administrativa determine o isolamento preventivo pelo prazo de 10 dias (art.
60). Também é admitida a inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado como medida cautelar, no
interesse da disciplina e da averiguação do fato, o que dependerá de despacho do juiz da execução (art. 60).
O reconhecimento de falta grave que caracteriza crime doloso, independe do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória no processo instaurado para apurar o fato (SUM 526). Contudo, a decisão que
desconhece a falta grave será desconstituída nas hipóteses de arquivamento de inquérito policial ou de posterior
absolvição na esfera penal, por inexistência do fato ou negativa de autoria, tendo em vista a atipicidade da conduta
(HC 524396/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T., j. em 15/10/2019, DJe 22/10/2019).

5.4 Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)

A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem
ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao REGIME
DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD), com as seguintes características (conforme reformulação a partir da Lei
13.964/19):
a) Duração máxima de até 2 anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave da mesma
natureza;
b) Recolhimento em cela individual;
c) Visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas para impedir
o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente,
com duração de 2 (duas) horas.
d) Direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro)
presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso.
e) Entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para
impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário;
f) Fiscalização do conteúdo da correspondência;
g) Participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a
participação do defensor no mesmo ambiente do preso.
O regime disciplinar diferenciado (RDD) também poderá abrigar presos provisórios ou condenados,
nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da
sociedade.
Neste sentido, é a recente jurisprudência:

ESTADO DE SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADO DE SANTA CATARINA


TRIBUNAL DE JUSTIÇA Agravo de Execução Penal n. 0002501-57.2019.8.24.0020, de
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Criciúma Agravo de Execução Penal n. 0002501-57.2019.8.24.0020, de CriciúmaRelator:


Des. Carlos Alberto Civinski EXECUÇÃO PENAL. RECURSO DE AGRAVO (LEP, ART. 197).
INSURGÊNCIA DA DEFESA. DECISÃO QUE DETERMINOU A INCLUSÃO DO APENADO NO
REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD) PELO PRAZO DE 360 DIAS. DECISÃO QUE
VIOLOU O CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. DESNECESSIDADE DE
OITIVA DO APENADO. PRONUNCIAMENTO JUDICIAL APÓS MANIFESTAÇÃO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO E DA DEFESA, NOS TERMOS DA LEI. REGIME QUE CONFIGURA
TRATAMENTO CRUEL E DEGRADANTE. MEDIDA JUSTIFICADA PELA PERICULOSIDADE DO
APENADO, QUE REPRESENTA ALTO RISCO PARA A ORDEM A SEGURANÇA DO
ESTABELECIMENTO. ADEMAIS, DIREITOS BÁSICOS MANTIDOS PELO JUÍZO, CONSOANTE
ART. 52, II, III E IV DA LEP. DECISÃO MANTIDA - O art. 54 da LEP prevê o procedimento
exigido para inclusão do apenado no Regime Disciplinar Diferenciado, consistente no (i)
requerimento do diretor do estabelecimento prisional, (ii) manifestação do Ministério
Público e da Defesa e (iii) decisão do Juízo competente, não sendo exigida a oitiva prévia
do reeducando - O apenado que apresenta alto risco para a ordem e segurança do
estabelecimento prisional e da sociedade, sobre o qual pairam fundados indícios de
integrar facção criminosa, e que foi relacionado como partícipe de crime de homicídio
de outro recluso - capaz de subverter a massa carcerária -, justifica sua inclusão no
Regime Disciplinar Diferenciado - A imposição de condições mais severas para o
cumprimento de pena não é suficiente para considerar o regime especial como
tratamento cruel ou degradante, mormente pois mantidos diversos direitos do
reeducando - Parecer da PGJ pelo conhecimento e desprovimento do recurso - Recurso
conhecido e desprovido. V (TJ-SC - EP: 00025015720198240020 Criciúma 0002501-
57.2019.8.24.0020, Relator: Carlos Alberto Civinski, Data de Julgamento: 11/07/2019,
Primeira Câmara Criminal)

Havendo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação criminosa ou milícia
privada ou que tenha atuação criminosa em 2 ou mais Estados da Federação, o RDD será obrigatoriamente cumprido
em estabelecimento penal federal (art. 52, § 3º). Nessa hipótese, o regime disciplinar diferenciado deverá contar
com alta segurança interna e externa, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar contato do
preso com membros de sua organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais (art.
52, § 5º).

5.5 Das recompensas

As recompensas têm em vista o bom comportamento reconhecido em favor do condenado, de sua


colaboração com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho, sendo consideradas recompensas:
• o elogio;
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• a concessão de regalias.

No que tange à aplicação das sanções disciplinares, se levará em conta a natureza, os motivos, as
circunstâncias e as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão.
Importante destacar que o isolamento, a suspensão e a restrição de direitos não poderão exceder a trinta
(30) dias, ressalvada a hipótese do regime disciplinar diferenciado, sendo que o isolamento será sempre
comunicado ao Juiz da execução.

Por fim, sobre o tema do trabalho na execução penal, cabe destacar divergência no que tange ao tema no
âmbito da pandemia do Covid-19:
Pergunta-se: Durante a pandemia da Covid-19, os apenados que tiveram suspenso o exercício do trabalho
externo, possuem direito à prisão domiciliar? R.: O STJ está dividido sobre o tema:
5ª Turma do STJ: como regra, NÃO.
A suspensão temporária do trabalho externo no regime semiaberto em razão da
pandemia atende à Resolução nº 62 do CNJ, cuja recomendação não implica automática
substituição da prisão decorrente da sentença condenatória pela domiciliar. STJ. 5ª Turma.
AgRg no HC 580495-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2020
(Info 673).

6ª Turma do STJ: como regra, SIM


Os reeducandos que cumprem pena em regime semiaberto e aberto e que tiveram
suspenso o exercício do trabalho externo como medida preventiva de combate à Covid-
19, possuem direito ao regime domiciliar, desde que não ostentem procedimento de
apuração de falta grave. STJ. 6ª Turma. HC 575495/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 02/06/2020 (Info 673).

Há, ainda, a seguinte jurisprudência da Corte Superior sobre tema correlato:


É possível a concessão de remição ficta, com extensão do alcance da norma prevista no
art. 126, §4º, da LEP, aos apenados que estavam impossibilitados de trabalhar ou
estudar em razão da pandemia da Covid-19
Nada obstante a interpretação restritiva que deve ser conferida ao art. 126, §4º, da LEP,
os princípios da individualização da pena, da dignidade da pessoa humana, da isonomia e
da fraternidade, ao lado da teoria da derrotabilidade da norma e da situação
excepcionalíssima da pandemia de Covid-19, impõem o cômputo do período de restrições
sanitárias como de efetivo estudo ou trabalho em favor dos presos que já estavam
trabalhando ou estudando e se viram impossibilitados de continuar seus afazeres
unicamente em razão do estado pandêmico.

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STJ. 3ª Seção. REsp 1.953.607-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 14/09/2022
(Recurso Repetitivo – Tema 1120) (Info 749).

6. DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR

Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o procedimento para sua apuração, conforme
regulamento, assegurado o direito de defesa, sendo que a decisão será motivada.
A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez
(10) dias. E, como já dito anteriormente, a inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, no interesse da
disciplina e da averiguação do fato, dependerá de despacho do juiz competente.
Ressaltando-se que o tempo de isolamento ou inclusão preventiva no regime disciplinar diferenciado será
computado no período de cumprimento da sanção disciplinar.

7. DOS ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL

Constituem-se órgãos da execução penal:

1) o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária;


2) o Juízo da Execução;
3) o Ministério Público;
4) o Conselho Penitenciário;
5) os Departamentos Penitenciários;
6) o Patronato;
7) o Conselho da Comunidade.
8) a Defensoria Pública.

7.1 Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária

É importante destacar:
• Tem sede na Capital da República, é subordinado ao Ministério da Justiça.
• Será integrado por 13 (treze) membros designados através de ato do Ministério da Justiça, dentre
professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas,
bem como por representantes da comunidade e dos Ministérios da área social.
• O mandato dos membros do Conselho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um terço) em cada ano.

Ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito federal
ou estadual, incumbe:

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I - propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção do delito, administração da


Justiça Criminal e execução das penas e das medidas de segurança;
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de desenvolvimento, sugerindo as metas
e prioridades da política criminal e penitenciária;
III - promover a avaliação periódica do sistema criminal para a sua adequação às
necessidades do País;
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica;
V - elaborar programa nacional penitenciário de formação e aperfeiçoamento do servidor;
VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção de estabelecimentos penais e
casas de albergados;
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da estatística criminal;
VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, bem assim informar-se, mediante
relatórios do Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios, acerca do
desenvolvimento da execução penal nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo
às autoridades dela incumbida as medidas necessárias ao seu aprimoramento;
IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de
sindicância ou procedimento administrativo, em caso de violação das normas referentes
à execução penal;
X - representar à autoridade competente para a interdição, no todo ou em parte, de
estabelecimento penal.

7.2 Juízo da Execução

A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local de organização judiciária e, na sua ausência, ao da
sentença.
Compete ao Juiz da execução:
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;
II - declarar extinta a punibilidade;
III - decidir sobre:
a) soma ou unificação de penas;
b) progressão ou regressão nos regimes;
c) detração e remição da pena;
d) suspensão condicional da pena;
e) livramento condicional;
f) incidentes da execução.
IV - autorizar saídas temporárias;
V - determinar:
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fiscalizar sua execução;
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b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade;


c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos;
d) a aplicação da medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de
segurança;
e) a revogação da medida de segurança;
f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca;
h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do artigo 86, desta Lei.
VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança;
VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando providências para
o adequado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de
responsabilidade;
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionando em
condições inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.

7.3 Ministério Público, como órgão da Execução Penal

Ao Ministério Público cabe:


1) Fiscalizar a execução da pena e da medida de segurança, oficiando no processo executivo e nos incidentes
da execução.
2) Fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e de internamento.
3) Requerer:
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo;
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução;
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de segurança;
d) a revogação da medida de segurança;
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão nos regimes e a revogação da suspensão condicional da
pena e do livramento condicional;
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior.
4) Interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária, durante a execução.

Ressalte-se que o órgão do Ministério Público visitará mensalmente os estabelecimentos penais, registrando
a sua presença em livro próprio.

7.4 Conselho Penitenciário

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É o órgão consultivo e fiscalizador da execução da pena. Será integrado por membros nomeados pelo
Governador do Estado, do Distrito Federal e dos Territórios, dentre professores e profissionais da área do Direito
Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como por representantes da comunidade. A
legislação federal e estadual regulará o seu funcionamento. O mandato dos membros do Conselho Penitenciário
terá a duração de 4 (quatro) anos.
Incumbe ao Conselho Penitenciário:
a) emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no
estado de saúde do preso;
b) inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
c) apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano, ao Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária, relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior;
d) supervisionar os patronatos, bem como a assistência aos egressos.

1.1. Dos Departamentos Penitenciários

São considerados departamentos penitenciários:


1) Departamento Penitenciário Nacional;
2) Departamento Penitenciário Local;

Acerca do Departamento Penitenciário Nacional é importante destacar:


• É subordinado ao Ministério da Justiça.
• É órgão executivo da Política Penitenciária Nacional e de apoio administrativo e financeiro do Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
• Tem como atribuições:
a) acompanhar a fiel aplicação das normas de execução penal em todo o Território
Nacional;
b) inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabelecimentos e serviços penais;
c) assistir tecnicamente as Unidades Federativas na implementação dos princípios e regras
estabelecidos nesta Lei;
d) colaborar com as Unidades Federativas mediante convênios, na implantação de
estabelecimentos e serviços penais;
e) colaborar com as Unidades Federativas para a realização de cursos de formação de
pessoal penitenciário e de ensino profissionalizante do condenado e do internado.
f) estabelecer, mediante convênios com as unidades federativas, o cadastro nacional das
vagas existentes em estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento de penas
privativas de liberdades aplicadas pela justiça de outra unidade federativa, em especial
para presos sujeitos a regime disciplinar.

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g) acompanhar a execução da pena das mulheres beneficiadas pela progressão especial


de que trata o § 3º do art. 112 desta Lei, monitorando sua integração social e a ocorrência
de reincidência, específica ou não, mediante a realização de avaliações periódicas e de
estatísticas criminais.
h) Incumbem também ao Departamento a coordenação e supervisão dos
estabelecimentos penais e de internamento federais.

7.5 Departamento Penitenciário Local

O Departamento Penitenciário local, ou órgão similar, tem por finalidade supervisionar e coordenar os
estabelecimentos penais da Unidade da Federação a que pertencer.
Realizarão o acompanhamento de que trata o inciso VII do caput do art. 72 da LEP, qual seja, acompanhar
a execução da pena das mulheres beneficiadas pela progressão especial de que trata o § 3º do art. 112 desta Lei,
monitorando sua integração social e a ocorrência de reincidência, específica ou não, mediante a realização de
avaliações periódicas e de estatísticas criminais e encaminharão ao Departamento Penitenciário Nacional os
resultados obtidos.

8. DA DIREÇÃO E DO PESSOAL

Para ocupar o de cargo de diretor de ESTABELECIMENTO deverão ser preenchidos os seguintes requisitos:
1) Ser portador de diploma de nível superior de:
a) Direito, ou
b) Psicologia, ou
c) Ciências Sociais, ou
d) Pedagogia, ou
e) Serviços Sociais;
2) Possuir experiência administrativa na área;
3) Ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o desempenho da função.

O diretor deverá residir no estabelecimento, ou nas proximidades, e dedicará tempo integral à sua função.
O Quadro do Pessoal Penitenciário será organizado em diferentes categorias funcionais, segundo as
necessidades do serviço, com especificação de atribuições relativas às funções de direção, chefia e assessoramento
do estabelecimento e às demais funções.
A escolha do pessoal administrativo, especializado, de instrução técnica e de vigilância atenderá a vocação,
preparação profissional e antecedentes pessoais do candidato.
O ingresso do pessoal penitenciário, bem como a progressão ou a ascensão funcional dependerão de cursos
específicos de formação, procedendo-se à reciclagem periódica dos servidores em exercício.

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No estabelecimento para mulheres somente se permitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo
quando se tratar de pessoal técnico especializado.

9. DO PATRONATO

O Patronato público ou particular destina-se a prestar assistência aos albergados e aos egressos,
incumbindo-lhe:
• Orientar os condenados à pena restritiva de direitos;
• Fiscalizar o cumprimento das penas de prestação de serviço à comunidade e de limitação de fim de semana;
• Colaborar na fiscalização do cumprimento das condições da suspensão e do livramento condicional.

10. DO CONSELHO DA COMUNIDADE

Haverá, em cada comarca, um Conselho da Comunidade composto, no mínimo, por:


• 01 (um) representante de associação comercial ou industrial;
• 01 (um) advogado indicado pela Seção da Ordem dos Advogados do Brasil;
• 01 (um) Defensor Público indicado pelo Defensor Público Geral e
• 01 (um) assistente social escolhido pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional de Assistentes
Sociais.

Na falta da representação prevista neste artigo, ficará a critério do Juiz da execução a escolha dos
integrantes do Conselho.
Incumbe ao Conselho da Comunidade:
a) visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimentos penais existentes na comarca;
b) entrevistar presos;
c) apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução e ao Conselho Penitenciário;
d) diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos para melhor assistência ao
preso ou internado, em harmonia com a direção do estabelecimento.

11. DA DEFENSORIA PÚBLICA

A Defensoria Pública velará pela regular execução da pena e da medida de segurança, oficiando, no processo
executivo e nos incidentes da execução, para a defesa dos necessitados em todos os graus e instâncias, de forma
individual e coletiva, cabendo, ainda, à esta:
a) Requerer:
• Todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo;
• A aplicação aos casos julgados de lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;

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• A declaração de extinção da punibilidade


• A unificação de penas;
• A detração e remição da pena;
• A instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução;
• A aplicação de medida de segurança e sua revogação, bem como a substituição da pena por medida de
segurança;
• A conversão de penas, a progressão nos regimes, a suspensão condicional da pena, o livramento
condicional, a comutação de pena e o indulto
• A autorização de saídas temporárias;
• A internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior
• O cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca
• A remoção do condenado na hipótese prevista no § 1o do art. 86 desta Lei;

b) Requerer a emissão anual do atestado de pena a cumprir;


c) Interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária ou administrativa durante a execução;
d) Representar ao Juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de sindicância ou
procedimento administrativo em caso de violação das normas referentes à execução penal
e) Visitar os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento, e requerer,
quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
f) Requerer à autoridade competente a interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.

O órgão da Defensoria Pública visitará periodicamente os estabelecimentos penais, registrando a sua


presença em livro próprio.

Art. 6º da Resolução 113 do CNJ: “O juízo da execução deverá dentre as ações voltadas à
integração social do condenado e do internado, e para que tenham acesso aos serviços
sociais disponíveis, diligenciar para que sejam expedidos seus documentos pessoais,
dentre os quais o CPF, que pode ser expedido de ofício, com base no artigo 11, V, da
Instrução Normativa RFB n° 864, de 25 de julho de 2008.

LEI DE EXECUÇÕES PENAIS (LEI 7.210/84) – PARTE II

1. DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS

Os estabelecimentos penais destinam-se:


a) ao condenado,
b) ao submetido à medida de segurança,

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c) ao preso provisório e ao egresso.

Atenção:
• A mulher e o maior de 60 (sessenta) anos, separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio
e adequado à sua condição pessoal.
• O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que
devidamente isolados.

Assim já se pronunciaram os mais egrégios Tribunais:

AGRAVO EM EXECUÇÃO. APENADO DO REGIME SEMIABERTO. PLEITO DE REMOÇÃO AO


ALBERGUE DA COMARCA, OU CONCESSÃO DE PRISÃO DOMICILIAR, SOB A ALEGAÇÃO DE
INEXISTENCIA DE CASA PRISIONAL COMPATÍVEL COM O REGIME SEMIABERTO.
INDEFERIMENTO MANTIDO. Não há constrangimento ilegal se o apenado cumpre pena
em regime semiaberto em ala de penitenciária destinada exclusivamente aos apenados
nesse regime, pois, à luz do disposto no § 2º do artigo 82 da LEP, o mesmo conjunto
arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que
devidamente isolados. Nesse diapasão, não se cogita da concessão da prisão domiciliar
quando o apenado do regime semiaberto se encontra cumprindo pena em ala destinada
exclusivamente aos apenados deste regime. Outrossim, a decisão do juiz da execução - o
qual se encontra mais próximo da realidade carcerária da Comarca e por isso é quem
detém competência para avaliar situações como a dos autos - representa medida de
organização carcerária, própria de seu mister, nos termos dos incisos VI, VII e VIII do artigo
66 da LEP. AGRAVO DEFENSIVO DESPROVIDO. (Agravo Nº 70053305884, Quinta Câmara
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Francesco Conti, Julgado em 24/04/2013) (TJ-
RS - AGV: 70053305884 RS, Relator: Francesco Conti, Data de Julgamento: 24/04/2013,
Quinta Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 02/05/2013)

O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar em suas dependências com:
a) Áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva;
b) Instalação destinada a estágio de estudantes universitários.
c) Berçário, nos estabelecimentos penais destinados a mulheres, onde as condenadas possam cuidar de seus
filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade, onde deverão possuir,
exclusivamente, agentes do sexo feminino na segurança de suas dependências internas;
d) Salas de aulas destinadas a cursos do ensino básico e profissionalizante;
e) Instalação destinada à Defensoria Pública.

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DELEGADO ALAGOAS

São indelegáveis as funções de direção, chefia e coordenação no âmbito do sistema penal, bem como todas
as atividades que exijam o exercício do poder de polícia, e notadamente:
• classificação de condenados;
• aplicação de sanções disciplinares;
• controle de rebeliões;
• transporte de presos para órgãos do Poder Judiciário, hospitais e outros locais externos aos
estabelecimentos penais.

O preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em julgado, de acordo com os
seguintes critérios:
a) acusados pela prática de crimes hediondos ou equiparados;
b) acusados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa.
c) acusados pela prática de outros crimes ou contravenções diversos dos apontados acima.

Atenção:
O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal ficará em dependência
separada.

Já os presos condenados ficarão separados de acordo com os seguintes critérios:


a) condenados pela prática de crimes hediondos ou equiparados;
b) reincidentes condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
c) primários condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
d) demais condenados pela prática de outros crimes ou contravenções em situação diversa das previstas nas
alíneas a, b e c.

A Lei de Execução Penal dispõe, ainda, que o preso que tiver sua integridade física, moral ou psicológica
ameaçada pela convivência com os demais presos ficará segregado em local próprio.
O estabelecimento penal deverá ter lotação compatível com a sua estrutura e finalidade, sendo que o
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária determinará o limite máximo de capacidade do
estabelecimento, atendendo a sua natureza e peculiaridades.
As penas privativas de liberdade, aplicadas pela Justiça de uma Unidade Federativa podem ser executadas
em outra unidade, em estabelecimento local ou da União.
A União Federal poderá construir estabelecimento penal em local distante da condenação para recolher os
condenados, quando a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio condenado.
Conforme a natureza do estabelecimento, nele poderão trabalhar os liberados ou egressos que se
dediquem a obras públicas ou ao aproveitamento de terras ociosas.

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DELEGADO ALAGOAS

Caberá ao juiz competente, a requerimento da autoridade administrativa definir o estabelecimento


prisional adequado para abrigar o preso provisório ou condenado, em atenção ao regime e aos requisitos
estabelecidos.

1.1 Da Penitenciária

A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado. A União Federal, os


Estados, o Distrito Federal e os Territórios poderão construir Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos
provisórios e condenados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos
do art. 52 da LEP.
O condenado será alojado em cela individual que conterá: dormitório, aparelho sanitário e lavatório.
São requisitos básicos da unidade celular:
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico
adequado à existência humana;
b) área mínima de 6m2 (seis metros quadrados).

Atente-se ao fato de que a penitenciária destinada a mulheres:


• Será dotada de seção para gestante e parturiente;
• De creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade
de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa, e deverá atender aos SEGUINTES
REQUISITOS: a) atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as diretrizes adotadas pela
legislação educacional e em unidades autônomas; b) horário de funcionamento que garanta a melhor
assistência à criança e à sua responsável.

Por fim, a penitenciária de homens será construída, em local afastado do centro urbano, à distância que
não restrinja a visitação.

1.2 Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar

Destina-se ao cumprimento da pena em regime semiaberto e o condenado poderá ser alojado em


compartimento coletivo, observados os requisitos:
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento
térmico adequado à existência humana
b) seleção adequada dos presos;
c) limite de capacidade máxima que atenda os objetivos de individualização da pena.

1.3 Da Casa de Albergado

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Destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de limitação de


fim de semana.
Seu prédio deverá situar-se em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se
pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga.
Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos
para acomodar os presos, local adequado para cursos e palestras.
Ressalte-se que o estabelecimento terá instalações para os serviços de fiscalização e orientação dos
condenados.

1.4 Do Centro de Observação

É o local onde se realiza os exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão encaminhados à
Comissão Técnica de Classificação, podendo poderão ser realizadas pesquisas criminológicas.
Será instalado em unidade autônoma ou em anexo a estabelecimento penal.
Os exames poderão ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação, na falta do Centro de
Observação.

1.5 Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico

Destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no art. 26 c/c §único do CP.


E o que seriam esses inimputáveis e semi-imputáveis referidos na lei? Nas palavras do doutrinador Damásio
de Jesus, inimputabilidade:

"é a incapacidade para apreciar o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com
essa apreciação. Se a imputabilidade consiste na capacidade de entender e de querer,
pode estar ausente porque o indivíduo, por questão de idade, não alcançou determinado
grau desenvolvimento físico ou psíquico, ou porque existe em concreto uma circunstância
que a exclui. Fala-se, então, em inimputabilidade." (Damásio, 1998, p. 467)

Para tanto, o Código Penal traz em seus art. 26, caput e art. 28, §1º as causas que excluem a
imputabilidade, quais sejam:
a) doença mental;
b) desenvolvimento mental incompleto;
c) desenvolvimento mental retardado;
d) embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior.

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Uma vez reconhecida uma excludente de imputabilidade o juiz, a depender do caso concreto, poderá
determinar, em sentença absolutória imprópria, a aplicação de medida de segurança, qual seja, a internação em
hospital de custódia. Vejamos exemplo na jurisprudência:

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A LIBERDADE SEXUAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL.


RÉU INIMPUTÁVEL. Materialidade e autoria comprovadas pela palavra da vítima e demais
elementos do conjunto probatório, não revelando a prova dos autos qualquer motivo
para a imputação injusta do delito. PALAVRA DA VÍTIMA. Nos delitos contra a liberdade
sexual, de regra, cometidos sem a presença de testemunhas e sem deixar vestígios físicos
ou visíveis, a palavra da vítima é merecedora de especial valor pelo magistrado, que,
obviamente, deverá estar atento à existência de motivos para falsa imputação, cotejando
depoimentos e analisando cada caso. Na hipótese dos autos, os relatos da vítima são
coerentes e harmônicos desde a fase policial, bem como foram roborados pela prova
testemunhal e laudos periciais. INIMPUTABILIDADE. Embora comprovadas a
materialidade e a autoria do delito, foi comprovada, também, a inimputabilidade do
réu, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Sendo indicada a medida
de internação em hospital de custódia, mostra-se pertinente a sentença absolutória
imprópria do acusado, com a imposição de internação em hospital de custódia pelo
prazo mínimo de 03 anos, diante da gravidade dos crimes e do quadro clínico do réu.
APELO DESPROVIDO. (Apelação Crime Nº... 70079686390, Sétima Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Alberto Etcheverry, Julgado em 13/12/2018).
(TJ-RS - ACR: 70079686390 RS, Relator: Carlos Alberto Etcheverry, Data de Julgamento:
13/12/2018, Sétima Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
31/01/2019)

Ressalte-se que se aplica ao hospital, no que couber, o disposto no parágrafo único, do artigo 88, da LEP,
qual seja, a necessidade de observância dos requisitos básicos de salubridade do ambiente pela concorrência dos
fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana, bem como área mínima
de 6,00m2 (seis metros quadrados).

1.6 Da Cadeia Pública

A cadeia pública destina-se ao recolhimento de presos provisórios.


Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia pública a fim de resguardar o interesse da Administração
da Justiça Criminal e a permanência do preso em local próximo ao seu meio social e familiar.
Será instalado próximo de centro urbano, observando-se na construção as exigências mínimas referidas no
artigo 88 e seu parágrafo único, ou seja, salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração,
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insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana, bem como área mínima de 6,00m2 (seis
metros quadrados).

2. DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE

2.1 Das Penas Privativas de Liberdade

Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser
preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução.
Tal guia de recolhimento, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a assinará com o Juiz,
será remetida à autoridade administrativa incumbida da execução e conterá:
a) o nome do condenado;
b) a sua qualificação civil e o número do registro geral no órgão oficial de identificação;
c) o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória, bem como certidão do trânsito em julgado;
d) a informação sobre os antecedentes e o grau de instrução;
e) a data da terminação da pena;
f) outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento penitenciário.

Ninguém será recolhido, para cumprimento de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela
autoridade judiciária.
A autoridade administrativa incumbida da execução passará recibo da guia de recolhimento para juntá-la
aos autos do processo, e dará ciência dos seus termos ao condenado.
As guias de recolhimento serão registradas em livro especial, segundo a ordem cronológica do recebimento,
e anexadas ao prontuário do condenado, aditando-se, no curso da execução, o cálculo das remições e de outras
retificações posteriores
Ao Ministério Público se dará ciência da guia de recolhimento.
A guia de recolhimento será retificada sempre que sobrevier modificação quanto ao início da execução ou
ao tempo de duração da pena.
Se o condenado, ao tempo do fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na guia,
menção dessa circunstância para fins de aplicação no disposto no art. 84, §2º da LEP (dependência separada).
O condenado a quem sobrevier doença mental será internado em Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico.
Cumprida ou extinta a pena, o condenado será posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por outro
motivo não estiver preso.

2.2 Dos Regimes

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O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa
de liberdade.
Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a
determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada,
quando for o caso, a detração ou remição.
Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida,
para determinação do regime.
A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos dezesseis por cento (16%) da pena
no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento,
respeitadas as normas que vedam a progressão.
A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor.
Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de
penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.
No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os
requisitos para progressão de regime são, cumulativamente:
i. não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
ii. não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
iii. ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
iv. ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento;
v. não ter integrado organização criminosa.

O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício (progressão
especial da mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência).
O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para
a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito
objetivo terá como base a pena remanescente.
O ingresso do condenado em regime aberto supõe a aceitação de seu programa e das condições impostas
pelo Juiz.

2.2.1 Da Execução Provisória Da Pena


Trata-se da execução penal relativa a réus que possuem contra si uma condenação que ainda não transitou
em julgado, ou seja, ainda pendente de recurso nas instâncias superiores. O tema merece especial atenção em
razão das alterações na jurisprudência dos últimos anos.
Em 2016 o STF firmou o entendimento no sentido de que é constitucional a execução provisória da pena,
ou seja, o início do cumprimento da pena depois da condenação em grau de apelação. Vejamos a tese firmada:

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Tese 925: A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau


recursal, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o
princípio constitucional da presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal. (ARE 964246 RG/SP – REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO, Rel. Min. Teori Zavascki, j. em 10/11/2016, Tribunal
Pleno)

E diante da possibilidade de e início de cumprimento da pena antes do trânsito em julgado da condenação,


a jurisprudência firmou posicionamento no sentido de admitir também a progressão de regime para quem estivesse
cumprindo pena provisoriamente, conforme entendimento sumulado:

SUM 716 STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação


imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da
sentença condenatória.

Ocorre que, em 2019, o entendimento acima foi revisto pela STF em sede de controle concentrado de
constitucionalidade, de modo que a jurisprudência atual, com efeito erga omnes, vedou a execução da pena antes
do trânsito em julgado é inconstitucional, por ofensa ao princípio da presunção da inocência. Vejamos:

O Tribunal, por maioria, nos termos e limites dos votos proferidos, julgou procedente a
ação para assentar a constitucionalidade do art. 283 do Código de Processo Penal, na
redação dada pela Lei n. 12.403, de 4 de maio de 2011, vencidos o Ministro Edson Fachin,
que julgava improcedente a ação, e os Ministros Alexandre de Moraes, Roberto Barroso,
Luiz Fux e Cármen Lúcia, que a julgavam parcialmente procedente para dar interpretação
conforme. Presidência do Ministro Dias Toffoli. Plenário, 7/11/2019. (ADC 43, Rel. Min.
Marco Aurélio, Plenário, j. em 7/11/2019, DJe 11/11/2019, apensados: ADC 44, ADC 54)
(...)
4. A execução da pena antes do trânsito em julgado da decisão condenatória é
incompatível com o artigo 283 do Código de Processo Penal, resguardada a competência
de as instâncias ordinárias reconhecerem a necessidade de constrição cautelar da
liberdade do condenado e determinar a prisão provisória, nos termos do artigo 312 do
Código de Processo Penal. Precedente: ADC 43, Tribunal Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio,
j. em 7/11/2019. (HC 174335 AgR-ED/RS, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª T., j. em 6/3/2020, DJe
13/4/2020).

Cabe destacar, ainda, que a questão não está completamente pacificada, uma vez que ainda está em
julgamento recursos com repercussão geral reconhecida quanto à execução provisória da pena no Tribunal do Júri
(Tema 1068). Nesse caso, a tese defendida pela acusação é de que no Júri, em razão da soberania dos veredictos,
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que também é garantia constitucional (CF, art. 5º, XXXVIII, c), deve-se admitir a imediata execução da pena imposta
pelo Conselho de Sentença. Porém, a tese oposta sustenta que não há fundamento legal para se admitir o início da
execução antes do trânsito em julgado, não havendo fundamento para se excepcionar a presunção da inocência do
art. 5º, VII, da CF no âmbito do Júri.
Vejamos mais da jurisprudência sobre o tema:

Se o Tribunal de 2ª instância não analisou a necessidade da prisão preventiva ou outras


medidas cautelares em razão de ter aplicado o antigo entendimento do STF sobre a
execução provisória, antes de ser decretada a liberdade, deve o Tribunal fazer essa
análise
Juiz condenou o réu, concedeu a ele o direito de recorrer em liberdade. Em apelação, o
Tribunal de Justiça manteve a condenação. Contra esse acórdão, o réu interpôs,
simultaneamente, recurso especial e extraordinário. A decisão do TJ foi proferida na
época em que o entendimento do STF era no sentido de ser cabível a execução provisória
da pena. Diante disso, o TJ, logo depois de receber os recursos especial e extraordinário,
determinou que o condenado iniciasse imediatamente o cumprimento da pena. Ocorre
que logo depois, o STF alterou a sua posição e passou a proibir a execução provisória da
pena (ADC 43/DF, julgada em 7/11/2019). A defesa do réu impetrou habeas corpus
pedindo a liberdade imediata do condenado. O STF concedeu a ordem, mas não para a
liberdade imediata do condenado, e sim para que o Tribunal de Justiça analise eventual
necessidade de prisão preventiva ou a aplicação de medidas cautelares diversas. STF. 1ª
Turma. HC 175405/PR e HC 176841/SC, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgados em 17/12/2019 (Info 964).

Se o Tribunal de 2ª instância determinou a execução provisória da pena, mas o juiz já


havia negado o direito do condenado de recorrer em liberdade, não cabe a soltura do
réu com base no novo entendimento do STF de que é proibida a execução provisória da
pena
Juiz condenou o réu e negou a ele o direito de recorrer em liberdade por estarem
presentes os requisitos da prisão preventiva. Em apelação, o Tribunal de Justiça manteve
a condenação. Contra esse acórdão, o réu interpôs, simultaneamente, recurso especial e
extraordinário. A decisão do TJ foi proferida na época em que o entendimento do STF era
no sentido de ser cabível a execução provisória da pena. Diante disso, o TJ, logo depois de
receber os recursos especial e extraordinário, determinou que o condenado iniciasse
imediatamente o cumprimento da pena. Ocorre que logo depois, o STF alterou a sua
posição e passou a proibir a execução provisória da pena (ADC 43/DF, julgada em
7/11/2019). A defesa do réu impetrou habeas corpus pedindo a liberdade imediata do
condenado. A 1ª Turma do STF afirmou o seguinte: realmente, atualmente, não cabe
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DELEGADO ALAGOAS

execução provisória da pena. No entanto, no caso concreto, o juiz de 1ª instância decretou


a prisão preventiva do acusado e, depois, vedou-lhe o direito de recorrer em liberdade.
Além disso, o Tribunal de Justiça, apesar de ordenar a execução provisória, repetiu a
necessidade de garantia da ordem pública. Logo, a manutenção da prisão não foi apenas
por conta da execução provisória da pena. Desse modo, não se pode dizer que a decisão
do Tribunal de Justiça tenha sido teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou
manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF poderia
conceder de ofício o habeas corpus. STF. 1ª Turma. HC 176723/MG, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/12/2019 (Info 964).

Não se conhece de habeas corpus impetrado contra decisão monocrática de Ministro


do STJ que nega liminar mantendo decisão do TJ que determinou a execução provisória
da pena em caso de condenação pelo Tribunal do Júri
Tribunal do Júri condenou o réu. Juiz-Presidente concedeu a ele o direito de recorrer em
liberdade. Em apelação, o Tribunal de Justiça manteve a condenação. Contra esse
acórdão, o réu interpôs, simultaneamente, recurso especial e extraordinário. A decisão
do TJ foi proferida na época em que o entendimento do STF era no sentido de ser cabível
a execução provisória da pena. Diante disso, o TJ, logo depois de receber os recursos
especial e extraordinário, determinou que o condenado iniciasse imediatamente o
cumprimento da pena. Ocorre que logo depois, o STF alterou a sua posição e passou a
proibir a execução provisória da pena (ADC 43/DF, julgada em 7/11/2019). A defesa do
réu impetrou habeas corpus no STJ pedindo a liberdade imediata do condenado. O
Ministro Relator do STJ, monocraticamente, negou o pedido de liminar. A defesa
impetrou, então habeas corpus para o STF contra essa decisão do Ministro do STJ. Cabe
habeas corpus neste caso? Não. Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra
decisão monocrática do Ministro do STJ. Aplica-se o raciocínio da súmula 691 do STF.
Exceções: a regra acima exposta pode ser afastada em casos excepcionais, quando a
decisão atacada se mostrar teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou
manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF poderia
conceder de ofício o habeas corpus. No caso concreto, o STF entendeu que havia alguma
situação excepcional que poderia justificar a concessão do habeas corpus de ofício? Não.
A 1ª Turma do STF afirmou o seguinte: realmente, atualmente, não cabe execução
provisória da pena. Isso foi decidido na ADC 43/DF, julgada em 7/11/2019). No entanto,
o caso concreto envolve uma condenação pelo Tribunal do Júri. Existem alguns Ministros
do STF que entendem que seria possível a execução provisória da pena nas condenações
do Tribunal do Júri. Isso porque, em razão da soberania dos vereditos, o Tribunal não pode
reexaminar os fatos decididos pelos jurados. A discussão sobre a possibilidade ou não de
execução provisória das condenações do Tribunal do Júri será definida pelo STF no
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DELEGADO ALAGOAS

Recurso Extraordinário 1235340, cujo relator é o Ministro Luís Roberto Barroso e que está
previsto para ser julgado ainda no ano de 2020. Logo, como existe essa possibilidade de
o STF adotar a execução provisória nas condenações envolvendo o Júri, não se pode dizer
que a decisão do Tribunal de Justiça tenha sido teratológica, flagrantemente ilegal,
abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF
poderia conceder de ofício o habeas corpus. STF. 1ª Turma. HC 175808/SP, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/12/2019 (Info 964).

Se o Tribunal de 2ª instância não analisou a necessidade da prisão preventiva em razão


de ter aplicado o antigo entendimento do STF sobre a execução provisória, antes de ser
decretada a liberdade, deve o Tribunal fazer essa análise
Juiz condenou o réu, concedeu a ele o direito de recorrer em liberdade, mas lhe aplicou
uma série de medidas cautelares diversas da prisão previstas no art. 319 do CPP. Em
apelação, o Tribunal de Justiça manteve a condenação. Contra esse acórdão, o réu
interpôs, simultaneamente, recurso especial e extraordinário. A decisão do TJ foi
proferida na época em que o entendimento do STF era no sentido de ser cabível a
execução provisória da pena. Diante disso, o TJ, logo depois de receber os recursos
especial e extraordinário, determinou que o condenado iniciasse imediatamente o
cumprimento da pena. Ocorre que logo depois, o STF alterou a sua posição e passou a
proibir a execução provisória da pena (ADC 43/DF, julgada em 7/11/2019). A defesa do
réu impetrou habeas corpus pedindo a liberdade imediata do condenado. O STF concedeu
a ordem, mas não para a liberdade imediata do condenado, e sim para que o Tribunal de
Justiça analise eventual necessidade de prisão preventiva ou a aplicação de medidas
cautelares diversas. STF. 1ª Turma. HC 174875/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/
o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/12/2019 (Info 962).

Não é possível a execução provisória de penas restritivas de direito


Não é possível a execução da pena restritiva de direitos antes do trânsito em julgado da
condenação. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.619.087-SC, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi,
julgado em 14/6/2017 (Info 609). O cumprimento da pena somente pode ter início com o
esgotamento de todos os recursos. É proibida a chamada execução provisória da pena.
STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF, ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em
07/11/2019.

2.2.2 Do Regime Aberto

Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que:


a) estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente;
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b) apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, fundados indícios
de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime.

O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das
seguintes condições gerais e obrigatórias:
a) permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de folga;
b) sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados;
c) não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial;
d) comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas atividades, quando for determinado.

O Juiz poderá modificar as condições estabelecidas, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da


autoridade administrativa ou do condenado, desde que as circunstâncias assim o recomendem.

Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular – prisão


domiciliar - quando se tratar de:
i. condenado maior de 70 (setenta) anos;
ii. condenado acometido de doença grave;
iii. condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
iv. condenada gestante.
Atenção! NÃO confundir com as hipóteses de prisão domiciliar previstas no CPP, relativas à substituição da
prisão preventiva (art. 318 e art. 318-A).
Sobre o tema, contudo, a jurisprudência faz uma ressalva em relação a domiciliar relativa à condenada
gestante ou que seja mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência.
Pergunta-se: É possível aplicar a decisão do STF no HC 143641/SP ou o art. 318-A do CPP para os casos de
cumprimento definitivo da pena em que a acusada foi condenada aos regimes fechado ou semiaberto?
R.: A jurisprudência está dividida:
STF: NÃO. Não é possível a concessão de prisão domiciliar para condenada gestante ou que seja mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência se já houver sentença condenatória transitada em julgado e
ela não preencher os requisitos do art. 117 da LEP. Em caso de execução definitiva da pena, a prisão domiciliar deve
observar o que dispõe o art. 117 da LEP. Não se aplica o que o STF decidiu no HC 143.641/SP nem tampouco o art.
318-A do CPP, que se referem exclusivamente a prisão cautelar.
STF. 1ª Turma. HC 177164/PA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info 967).
STF. 1ª Turma. HC 185404 AgR, Rel. Rosa Weber, julgado em 23/11/2020.
STJ: SIM, EM CASOS EXCEPCIONAIS. Excepcionalmente, admite-se a concessão da prisão domiciliar às
presas dos regimes fechado ou semiaberto quando verificado pelo juízo da execução penal, no caso concreto, a
proporcionalidade, adequação e necessidade da medida, e que a presença da mãe seja imprescindível para os
cuidados da criança ou pessoa com deficiência, não sendo caso de crimes praticados por ela mediante violência ou
grave ameaça contra seus descendentes.
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STJ. 3ª Seção. RHC 145931-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 09/03/2022 (Info 728).

2.2.3 Regressão de Regime

A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para
qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
a) praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
b) sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne
incabível o regime (artigo 111).
c) se frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.

2.2.4 Da Progressão de Regime

É preciso atenção ao tema, visto que a Lei 13.964/19 alterou substancialmente a regulamentação da
progressão de regime.
A doutrina classifica os requisitos para a progressão de regime em objetivos – relativos ao tempo de
cumprimento de pena exigido – e subjetivos – tratando do bom comportamento. Vejamos a previsão na LEP:

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso
tiver cumprido ao menos [REQUISITO OBJETIVO]:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido
cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido
cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime
hediondo ou equiparado, se for primário;
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for
primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa
estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;

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VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime
hediondo ou equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo
ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa
conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas
que vedam a progressão [REQUISITO SUBJETIVO].
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e
precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que
também será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de
penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.
.............................................................................................
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico
de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade
interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena,
caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena
remanescente.
§ 7º (VETADO).” (NR)

Os requisitos objetivos para concessão da progressão de regime passaram a ser escalonados, considerando
a gravidade do delito e a primariedade ou reincidência do apenado:

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Cuidando-se de norma processual penal com reflexos penais, em sua parte prejudicial, exceto nos casos
elencados os itens I e III, os novos lapsos temporais exigidos para concessão da progressão de regime apenas serão
aplicados aos apenados cujos delitos tenham ocorrido a partir da vigência da Lei n. 13.964/2019 (23.01.2020).
Com a previsão § 6° do art. 112, o entendimento jurisprudencial majoritário do Superior Tribunal de Justiça,
que deu origem a Súmula 534, passa a ser incorporado em dispositivo da Lei de Execução Penal, reafirmando-se,
assim, que o cometimento de falta grave interrompe o prazo para progressão de regime.

Ao reincidente não específico em crime hediondo, aplica-se, inclusive retroativamente,


o inciso V do art. 112 da LEP para fins de progressão de regime
Tendo em vista a legalidade e a taxatividade da norma penal (art. 5º, XXXIX, CF), a
alteração promovida pela Lei 13.964/2019 no art. 112 da LEP não autoriza a incidência do
percentual de 60% (inc. VII) aos condenados reincidentes não específicos para o fim de
progressão de regime. Diante da omissão legislativa, impõe-se a analogia in bonam
partem, para aplicação, inclusive retroativa, do inciso V do artigo 112 da LEP (lapso
temporal de 40%) ao condenado por crime hediondo ou equiparado sem resultado morte
reincidente não específico.
STF. Plenário. ARE 1327963/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/09/2021
(Repercussão Geral – Tema 1169) (Info 1032).

A competência para decidir sobre a progressão é do juiz da execução, por decisão fundamentada, precedida
de manifestação do Ministério Público (art. 112, §2º).
A prática de falta grave interrompe o prazo para a progressão (art. 112, §6º). Contudo, a jurisprudência
admite a reabilitação do agente:

Esta Corte Superior tem se manifestado no sentido de que faltas graves antigas e já
reabilitadas não configuram fundamento idôneo para indeferir o pedido de progressão
de regime. Por aplicação da mesma ratio decidendi, também não devem ser consideradas
como motivo bastante para o indeferimento do livramento condicional (HC 508.784/SP,
Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, DJe 22/8/2019)

Atenção! NÃO se admite a progressão per saltum.

Não havendo na sentença condenatória transitada em julgado determinação expressa


de reparação do dano ou de devolução do produto do ilícito, não pode o juízo das
execuções inserir referida condição para fins de progressão de regime
Para que a reparação do dano ou a devolução do produto do ilícito faça parte da própria
execução penal, condicionando a progressão de regime, é necessário que essa
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determinação de reparação ou ressarcimento conste expressamente da sentença


condenatória, de forma individualizada e em observância aos princípios da ampla defesa
e do contraditório, observando-se, assim, o devido processo legal.
STJ. 5ª Turma. HC 686334-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
14/09/2021 (Info 709).

Caiu na prova Delegado AM 2022 (Adaptada): A longa pena a ser cumprida, por si só, é inapta para se aferir o
mérito do executado em relação à concessão de benefícios de execução penal. (item correto)

3. AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA

3.1 Da Permissão de Saída

Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto e os presos provisórios poderão
obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
a) falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão;
b) necessidade de tratamento médico.
Concessão: A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o
preso. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da saída.

3.2 Da Saída Temporária

Os condenados que cumprem pena em regime semiaberto poderão obter autorização para saída
temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos:
a) visita à família;
b) frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na
Comarca do Juízo da Execução;
c) participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.

Atenção:
• A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo
condenado, quando assim determinar o juiz da execução.
• Não terá direito à saída temporária o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com
resultado morte.

Concessão: A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público
e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos:

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i. comportamento adequado;
ii. cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se
reincidente;
iii. compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.

A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4
(quatro) vezes durante o ano.
Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que
entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado:
a) fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante
o gozo do benefício;
b) recolhimento à residência visitada, no período noturno;
c) proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.

Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o


tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes.
Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45
(quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.
O benefício será automaticamente revogado quando o condenado praticar fato definido como crime
doloso, for punido por falta grave, desatender as condições impostas na autorização ou revelar baixo grau de
aproveitamento do curso.
A recuperação do direito à saída temporária dependerá da absolvição no processo penal, do cancelamento
da punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do condenado.
Vejamos a jurisprudência sobre o tema:

Condenado que se encontra cumprindo pena em prisão domiciliar por falta de vagas no
regime semiaberto tem direito à saída temporária como se estivesse efetivamente no
regime semiaberto
Há compatibilidade entre o benefício da saída temporária e prisão domiciliar por falta de
estabelecimento adequado para o cumprimento de pena de reeducando que se encontre
no regime semiaberto. STJ. 6ª Turma. HC 489106-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
13/08/2019 (Info 655).

Possibilidade de concessão de mais de cinco saídas temporárias por ano


Possibilidade de concessão de mais de cinco saídas temporárias por ano Respeitado o
limite anual de 35 dias, estabelecido pelo art. 124 da LEP, é cabível a concessão de maior
número de autorizações de curta duração. STJ. 3ª Seção. REsp 1544036-RJ, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 590).
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Prazo mínimo entre saídas temporárias


As autorizações de saída temporária para visita à família e para participação em atividades
que concorram para o retorno ao convívio social, se limitadas a cinco vezes durante o ano,
deverão observar o prazo mínimo de 45 dias de intervalo entre uma e outra. Na hipótese
de maior número de saídas temporárias de curta duração, já intercaladas durante os doze
meses do ano e muitas vezes sem pernoite, não se exige o intervalo previsto no art. 124,
§ 3º, da LEP. STJ. 3ª Seção. REsp 1544036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 590).

Possibilidade de fixação de calendário anual de saídas temporárias por ato judicial único
É recomendável que cada autorização de saída temporária do preso seja precedida de
decisão judicial motivada. Entretanto, se a apreciação individual do pedido estiver, por
deficiência exclusiva do aparato estatal, a interferir no direito subjetivo do apenado e no
escopo ressocializador da pena, deve ser reconhecida, excepcionalmente, a possibilidade
de fixação de calendário anual de saídas temporárias por ato judicial único, observadas as
hipóteses de revogação automática do art. 125 da LEP. STJ. 3ª Seção. REsp 1544036-RJ,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 590).

Competência do juiz da execução para fixação do calendário prévio de saídas


temporárias
O calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado, obrigatoriamente, pelo
Juízo das Execuções, não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional a escolha das
datas específicas nas quais o apenado irá usufruir os benefícios. STJ. 3ª Seção. REsp
1544036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/9/2016 (recurso repetitivo)
(Info 590).

A contagem da saída temporária é feita em dias e não em horas


O apenado pedia que o prazo para a saída temporária fosse computado em horas.
Segundo alegou, ele só é liberado do presídio às 12 horas do primeiro dia do benefício, o
que lhe é prejudicial, já que assim ele perde algumas horas e, na prática, usufrui de apenas
6 dias e meio. A 2ª Turma do STF entendeu que, na esfera penal, a contagem do prazo é
feita em dias (art. 10 do CP), não sendo possível fazê-la em horas. CP/Art. 10. O dia do
começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum. STF. 2ª Turma. HC 130883/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
31/5/2016 (Info 828).

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4. DA REMIÇÃO

O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir parte do tempo de
execução da pena, por trabalho ou por estudo.
A contagem de tempo para a remição da pena será feita à razão de:
a) 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental,
médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no
mínimo, em 3 (três) dias;
b) 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.
Ressalte que as atividades de estudo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia
de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos
frequentados.
Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de
forma a se compatibilizarem.
O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se
com a remição.
O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do
ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão
competente do sistema de educação.
O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional
poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução
da pena ou do período de prova.
A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa.
Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto
no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.
O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.
A autoridade administrativa encaminhará mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de todos os
condenados que estejam trabalhando ou estudando, com informação dos dias de trabalho ou das horas de
frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um deles.
O condenado autorizado a estudar fora do estabelecimento penal deverá comprovar mensalmente, por
meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento escolar.
Constitui o crime do artigo 299 do Código Penal (Crime de Falsidade Ideológica) declarar ou atestar
falsamente prestação de serviço para fim de instruir pedido de remição.

Pergunta-se: É possível a remição ficta da pena? Em outras palavras: é possível que a pessoa que cumpre
pena, quando o estabelecimento prisional não ofereça condições para exercício de atividade laboral e/ou para
estudo possa, ainda assim, usufruir do benefício da remissão, em razão da falha do Estado?

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R.: EM REGRA, NÃO É POSSÍVEL A REMIÇÃO FICTA DA PENA. Embora o Estado tenha o dever de prover
trabalho aos internos que desejem laborar, reconhecer a remição ficta da pena, nesse caso, faria com que todas as
pessoas do sistema prisional obtivessem o benefício, fato que causaria substancial mudança na política pública do
sistema carcerário, além de invadir a esfera do Poder Executivo.

O instituto da remição exige, necessariamente, a prática de atividade laboral ou


educacional. Trata-se de reconhecimento pelo Estado do direito à diminuição da pena em
virtude de trabalho efetuado pelo detento. Não sendo realizado trabalho, estudo ou
leitura, não há que se falar em direito à remição.
STF. 1ª Turma. HC 124520/RO, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Roberto Barroso,
julgado em 29/5/2018 (Info 904).
STJ. 5ª Turma. HC 421425/MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 27/02/2018.
STJ. 6ª Turma. HC 425155/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018.

O art. 126 da LEP não admite a remição de pena ficta ou virtual, devendo-se demonstrar
o efetivo exercício de atividades laborais pelo reeducando.
STF. 1ª Turma. AgRg no HC 202.710, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/08/2021.

EXCEÇÃO QUANTO À POSSIBILIDADE DE REMIÇÃO FICTA:

Tese (Tema 1.120): Nada obstante a interpretação restritiva que deve ser conferida ao
art. 126, §4º, da LEP, os princípios da individualização da pena, da dignidade da pessoa
humana, da isonomia e da fraternidade, ao lado da teoria da derrotabilidade da norma e
da situação excepcionalíssima da pandemia de covid-19, impõem o cômputo do período
de restrições sanitárias como de efetivo estudo ou trabalho em favor dos presos que já
estavam trabalhando ou estudando e se viram impossibilitados de continuar seus afazeres
unicamente em razão do estado pandêmico.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.953.607/SC (recurso repetitivo- Tema 1.120), Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 14/09/2022.

Vejamos, ainda, a jurisprudência sobre o tema da remição:

Nos termos do art. 126, § 2º, da LEP, a remição de pena pelo estudo somente é possível
quando o curso for oferecido por instituição devidamente autorizada ou conveniada
com o Poder Público para esse fim
A remição de pena em virtude de curso profissionalizante, realizado pelo apenado na
modalidade à distância (EaD), exige a apresentação de certificado emitido por entidade
educacional devidamente credenciada perante o Ministério da Educação (MEC).
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STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 722388-SP, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador


convocado do TRF 1ª Região), julgado em 09/08/2022 (Info 748).

O tempo de ensino a distância (EAD) deve ser computado para a remição de pena,
bastando, como comprovante, a certificação fornecida pela entidade
Se o sistema penitenciário não oferece fiscalização e acompanhamento, o sentenciado
não pode ser prejudicado.
Constando do atestado emitido pelo Sistema de Informações Penitenciárias que o
sentenciado concluiu o aprendizado das disciplinas, a inércia estatal em acompanhar e
fiscalizar o estudo a distância não deve ser a ele imputada, sob pena de prejudicá-lo pelo
descumprimento de uma obrigação que não é sua.
A ineficiência do Estado em fiscalizar as horas de estudo realizadas a distância pelo
condenado não pode obstaculizar o seu direito de remição da pena, sendo suficiente para
comprová-las a certificação fornecida pela entidade educacional.
Em razão das condições diferenciadas em relação aos demais cidadãos, os presos devem
ser tratados de forma diferente, em respeito ao princípio da dignidade humana. Como as
pessoas que cumprem pena já então em situação precária, é necessário sobrevalorizar a
remição da pena, para que elas acreditem na superação do erro e na possibilidade de vida
diferente a partir da educação.
STF. 1ª Turma. RHC 203546/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/6/2022 (Info
1061).

As 1.200h ou 1.600h, dispostas na Recomendação nº 44/2013 do CNJ, já equivalem aos


50 por cento da carga horária definida legalmente para cada nível de ensino, com base
nas quais serão calculados os dias a serem remidos
A Resolução CNJ nº 44/2013 menciona a carga horária de 1.600 horas para o ensino
fundamental, e 1.200 horas para o ensino médio, que se refere ao percentual de 50 por
cento da carga horária definida legalmente para cada nível de ensino.
Considerando como base de cálculo 50 por cento da carga horária definida legalmente
para o ensino médio, ou seja, 1.200 horas, deve-se dividir esse total por 12, encontrando-
se o resultado de 100 dias de remição em caso de aprovação em todos os campos de
conhecimento do ENEM.
Se a aprovação foi no ENCCEJA (ensino fundamental), deve-se dividir as 1.600 horas por
12, encontrando-se o resultado de 133 dias, desprezando-se a fração. Se o apenado
obteve aprovação em todas as cinco áreas de conhecimento, faz jus ao total de 133 dias
de remição, acrescidos de bônus de 1/3, nos termos do art. 126, § 5º, da Lei de Execução
Penal, perfazendo o total de 177 dias remidos por estudo.

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STJ. 3ª Seção. HC 602.425/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em


10/03/2021 (Info 689).

5. DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

O livramento condicional poderá ser concedido pelo Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e
Conselho Penitenciário, e presentes os requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, quais
sejam:
a) Cumprimento de mais de um terço (1/3) da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e
tiver bons antecedentes;
b) Cumprimento de mais da metade (1/2) da pena se o condenado for reincidente em crime doloso;
c) Cumprimento de mais de dois terços (2/3) da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática
de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não
for reincidente específico em crimes dessa natureza;
d) Reparação, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
e) Comprovação de:
i. bom comportamento durante a execução da pena,
ii. não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses,
iii. bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído, e
iv. aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto,

5.1 Imposições ao liberado condicional

5.1.1 Imposições OBRIGATÓRIAS ao liberado condicional:


a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.

5.1.2 Imposições que poderão (FACULTATIVAS) ser impostas ao liberado condicional:


a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de
proteção;
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não frequentar determinados lugares.

Se for permitido ao liberado residir fora da comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da sentença
do livramento ao Juízo do lugar para onde ele se houver transferido e à autoridade incumbida da observação
cautelar e de proteção.

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Sendo concedido o benefício será expedida a carta de livramento com a cópia integral da sentença em 2
(duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da execução e outra ao Conselho
Penitenciário.

5.2 Revogação do livramento condicional

5.2.1 Revogação OBRIGATÓRIA (art. 86 do CP):


Se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível por crime
cometido durante a vigência do benefício; por crime anterior, observado o disposto no art. 84 do CP.

5.2.1 Revogação FACULTATIVA (art. 87 do CP):


O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações
constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja
privativa de liberdade.

A revogação será decretada a requerimento do Ministério Público, mediante representação do Conselho


Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado.
O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público ou mediante representação do
Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramento sem
revogação.

5.3 Vedação à concessão do livramento condicional

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso
tiver cumprido ao menos:
[...]
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for
primário, vedado o livramento condicional;
[...]
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo
ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.

A Lei 13.964/19 criou algumas vedações ex lege para a concessão do livramento condicional. Ao analisarmos
a jurisprudência do STF, quando tratou da progressão de regime, a vedação acima nos parece inconstitucional, por
violar o princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI da CF, Arts. 5º, 8º, 41, XII e 92, parágrafo único, II, da LEP

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e Art. 34 do CP). De toda forma, como ainda não foi declarado inconstitucional pelo STF, continuaremos estudando
normalmente.
Ademais, com a alteração operada pela Lei nº 13.964/2019, a falta grave impede a concessão do livramento
condicional durante o prazo de 12 meses, o que não significa que o entendimento da súmula 441 do STJ esteja
superado.

Súmula 441-STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento
condicional.

Essa é a lição de Rogério Sanches:


“A falta grave interrompe o prazo para o livramento? Não. Embora o cometimento de
falta grave interrompa o prazo para a progressão de regime (Súmula 534 STJ), não o faz
para fins de concessão de livramento condicional, pois não há previsão legal a esse
respeito. Nesse sentido é a súmula nº 441 do STJ, cujo conteúdo não é incompatível com
a regra imposta pela Lei 13.964/19. Embora o condenado não possa obter o livramento
se houver cometido falta grave nos doze meses anteriores à sua pretensão, o prazo do
benefício não volta a correr do começo quando cometida a infração. Praticada a falta
grave, nos 12 meses seguintes o reeducando não pode ser beneficiado com a liberdade
antecipada, mesmo que cumpra seu requisito temporal. O prazo de 12 meses, aliás,
coincide com o prazo da reabilitação da falta grave, hoje previsto na maioria dos
regimentos internos das unidades prisionais dos vários estados brasileiros.” (Pacote
anticrime. Lei 13.964/2019. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 32).

Na jurisprudência:

A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do


período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena
(Súmula 617-STJ)
Súmula 617-STJ: A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes
do término do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral
cumprimento da pena.

Influência da reincidência no cálculo do livramento condicional


João praticou o crime de furto e foi condenado a 2 anos (delito 1). Antes da condenação
pelo furto transitar em julgado, ele praticou um estelionato (delito 2). Logo, quando ele
cometeu o delito 2 ele ainda não era reincidente. Depois de transitar em julgado as
condenações pelos delitos 1 e 2, João praticou um roubo (delito 3). Desse modo, na
condenação do delito 3, o juiz já reconheceu o réu como reincidente. O juiz das execuções
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penais unificou as três condenações impostas contra João e ele iniciou o cumprimento da
pena. A dúvida que surge agora é a seguinte: no momento da concessão do livramento
condicional, o juiz das execuções penais, quando for calcular o requisito objetivo, deverá
separar cada um dos crimes (ex: exigir 1/3 do cumprimento da pena para os delitos 1 e 2,
por ser ele primário na época) e depois exigir o cumprimento de 1/2 da pena para o delito
3 (quando ele era reincidente)? NÃO. O juiz das execuções penais deverá somar todas as
penas e exigir o cumprimento de 1/2 do somatório (livramento condicional qualificado)
por ser o réu reincidente. Segundo decidiu o STJ, na definição do requisito objetivo para
a concessão de livramento condicional, a condição de reincidente em crime doloso deve
incidir sobre a somatória das penas impostas ao condenado, ainda que a agravante da
reincidência não tenha sido reconhecida pelo juízo sentenciante em algumas das
condenações. Isso porque a reincidência é circunstância pessoal que interfere na
execução como um todo, e não somente nas penas em que ela foi reconhecida. A
condição de reincidente, uma vez adquirida pelo sentenciado, estende-se sobre a
totalidade das penas somadas, não se justificando a consideração isolada de cada
condenação e tampouco a aplicação de percentuais diferentes para cada uma das
reprimendas. STJ. 5ª Turma. HC 307180-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/4/2015
(Info 561).

Falta grave e crime cometido durante o livramento condicional


A prática de crime no curso do livramento condicional não pode ser considerada como
falta grave e não gera, por isso, a perda de 1/3 dos dias remidos (art. 127 da LEP). O
cometimento de novo delito durante a vigência do livramento condicional já traz graves
consequências que são previstas no art. 88 do Código Penal. Esse dispositivo não
menciona a perda dos dias remidos. Desse modo, não há a possibilidade de imposição de
faltas disciplinares ao beneficiado com o livramento condicional. STJ. 6ª Turma. HC
271907-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/3/2014 (Info 539).

Análise dos requisitos subjetivos não pode ficar restrita aos últimos 6 meses
Para a concessão de livramento condicional, a avaliação da satisfatoriedade do
comportamento do executado (requisito subjetivo do livramento) não pode ser limitada
a um período absoluto e curto de tempo (ex.: análise apenas dos últimos 6 meses do
comportamento do preso). STJ. 6ª Turma. REsp 1325182-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgamento em 20/2/2014 (Info 535).

O histórico prisional conturbado do apenado, somado ao crime praticado com violência


ou grave ameaça (uma condição legal do art. 83, parágrafo único, do CP), afasta a

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constatação inequívoca do requisito subjetivo para a concessão do livramento


condicional
Para a concessão do benefício do livramento condicional, deve o reeducando preencher
os requisitos de natureza objetiva e subjetiva, nos termos do art. 83 do CP c/c o art. 131
da LEP.
Para que o magistrado negue os benefícios de execução penal sob o argumento da
ausência de requisito subjetivo, é necessário que isso seja feito com base em elementos
concretos extraídos da execução.
O histórico prisional conturbado do apenado, somado ao crime praticado (uma condição
legal do atual art. 83, parágrafo único, do Código Penal), afasta a constatação inequívoca
do requisito subjetivo para a concessão do livramento condicional.
STJ. 5ª Turma. HC 734064-SP, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do
TJDFT), julgado em 03/05/2022 (Info 735).

6. DA MONITORAÇÃO ELETRÔNICA

O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando:


a) autorizar a saída temporária no regime semiaberto;
b) determinar a prisão domiciliar.

O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o equipamento eletrônico e dos
seguintes deveres:
a) receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e
cumprir suas orientações;
b) abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de
monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça.

A violação comprovada dos deveres acima previstos poderá acarretar, a critério do juiz da execução,
ouvidos o Ministério Público e a defesa:
1) A regressão do regime;
2) A revogação da autorização de saída temporária;
3) A revogação da prisão domiciliar;
4) Advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz da execução decida não aplicar alguma das
medidas previstas anteriormente.

A monitoração eletrônica poderá ser revogada:


a) Quando se tornar desnecessária ou inadequada;

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b) Se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer
falta grave.

7. DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou
a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, quando necessário,
a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares.
Em qualquer fase da execução, poderá o Juiz, motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das penas
de prestação de serviços à comunidade e de limitação de fim de semana, ajustando-as às condições pessoais do
condenado e às características do estabelecimento, da entidade ou do programa comunitário ou estatal.

7.1 Da Prestação de Serviços à Comunidade

Caberá ao Juiz da execução designar a entidade ou programa comunitário ou estatal, devidamente


credenciado ou convencionado, junto ao qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente, de acordo com as suas
aptidões, bem como determinar a intimação do condenado, cientificando-o da entidade, dias e horário em que
deverá cumprir a pena.
O juiz poderá, ainda, alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às modificações ocorridas na jornada
de trabalho.
O trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais e será realizado aos sábados, domingos e feriados, ou
em dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho, nos horários estabelecidos pelo Juiz.
A execução terá início a partir da data do primeiro comparecimento.
A entidade beneficiada com a prestação de serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução,
relatório circunstanciado das atividades do condenado, bem como, a qualquer tempo, comunicação sobre ausência
ou falta disciplinar.

7.2 Da Limitação de Fim de Semana

Caberá ao Juiz da execução determinar a intimação do condenado, cientificando-o do local, dias e horário
em que deverá cumprir a pena, sendo que a execução terá início a partir da data do primeiro comparecimento.
Poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou atribuídas
atividades educativas.
Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório
do agressor a programas de recuperação e reeducação.
O estabelecimento designado encaminhará, mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem assim
comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar do condenado.

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7.3 Da Interdição Temporária de Direitos

São consideradas penas de interdição temporária de direitos, nos moldes do art. 47 do Código Penal:
1) Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
2) Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença
ou autorização do poder público;
3) Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
4) Proibição de frequentar determinados lugares.
5) Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.

Caberá ao Juiz da execução comunicar à autoridade competente a pena aplicada, determinada a intimação
do condenado.

Atenção:
a) Na hipótese de proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo, a
autoridade deverá, em 24 (vinte e quatro) horas, contadas do recebimento do ofício, baixar ato, a partir do qual a
execução terá seu início.
b) Na hipótese de proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial,
de licença ou autorização do poder público, o Juízo da execução determinará a apreensão dos documentos, que
autorizam o exercício do direito interditado.
c) Na hipótese de suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo, o Juízo da execução determinará
a apreensão dos documentos, que autorizam o exercício do direito interditado.

A autoridade deverá comunicar imediatamente ao Juiz da execução o descumprimento da pena, sendo que
esta comunicação poderá ser feita por qualquer prejudicado.

8. DA SUSPENSÃO CONDICIONAL

O Juiz poderá suspender, pelo período de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa de
liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma prevista nos artigos 77 a 82 do Código Penal. Ou seja, caso:
a) O condenado não seja reincidente em crime doloso;
b) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos
e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
c) Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 do CP, que versa acerca da substituição
da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos.

O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena privativa de liberdade, na situação determinada
anteriormente, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão condicional.
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Concedida a suspensão, o Juiz especificará as condições a que fica sujeito o condenado, pelo prazo fixado,
começando este a correr da audiência prevista no artigo 160 desta Lei de Execução Penal.
Ressalte-se que as condições serão adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado, devendo ser
incluída entre as mesmas a de prestar serviços à comunidade, ou limitação de fim de semana, salvo hipótese
do artigo 78, § 2º, do Código Penal.
O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante proposta do
Conselho Penitenciário, modificar as condições e regras estabelecidas na sentença, ouvido o condenado.
A fiscalização do cumprimento das condições, reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal por
normas supletivas, será atribuída a serviço social penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou instituição
beneficiada com a prestação de serviços, inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério Público, ou
ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por ato, a falta das normas supletivas.
O beneficiário, ao comparecer periodicamente à entidade fiscalizadora, para comprovar a observância das
condições a que está sujeito, comunicará, também, a sua ocupação e os salários ou proventos de que vive.
A entidade fiscalizadora deverá comunicar imediatamente ao órgão de inspeção, para os fins legais,
qualquer fato capaz de acarretar a revogação do benefício, a prorrogação do prazo ou a modificação das condições.
Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora do local
da nova residência, aos quais o primeiro deverá apresentar-se imediatamente.
No caso de suspensão condicional por Tribunal a este caberá estabelecer as condições do benefício e, ao
conceder a suspensão condicional da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da execução a incumbência de
estabelecer as condições do benefício, e, em qualquer caso, a de realizar a audiência admonitória.
Transitada em julgado a sentença condenatória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, advertindo-o
das consequências de nova infração penal e do descumprimento das condições impostas.
Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer
injustificadamente à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será executada imediatamente a pena.

8.1 Da Revogação da Suspensão Condicional da Pena

A revogação da suspensão condicional da pena e a prorrogação do período de prova dar-se-ão na forma


do artigo 81 e respectivos parágrafos do Código Penal. Onde se encontram as revogações obrigatórias e
facultativas:
a) REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA: ocorrerá quando o beneficiário é condenado, em sentença irrecorrível, por
crime doloso, bem como venha a frustrar, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem
motivo justificado, a reparação do dano ou, ainda, descumpre a condição do § 1º do art. 78 do Código Penal.
b) REVOGAÇÃO FACULTATIVA: se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é
irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva
de direitos.

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9. DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

Transitada em julgado a sentença que aplicar medida de segurança, será ordenada a expedição de guia para
a execução.
Ressalte-se que ninguém será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido
a tratamento ambulatorial, para cumprimento de medida de segurança, sem a guia expedida pela autoridade
judiciária.
Na Guia de Internamento ou de Tratamento Ambulatorial, conterá:
a) A qualificação do agente e o número do registro geral do órgão oficial de identificação;
b) O inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver aplicado a medida de segurança, bem como a
certidão do trânsito em julgado;
c) A data em que terminará o prazo mínimo de internação, ou do tratamento ambulatorial;
d) Outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento ou internamento.

Ao Ministério Público será dada ciência da guia de recolhimento e de sujeição a tratamento. Essa guia será
retificada sempre que sobrevier modificações quanto ao prazo de execução.
Na jurisprudência:

Pessoa que havia recebido medida de segurança, mas que, no recurso, teve extinta a
punibilidade por prescrição não pode permanecer internada no hospital de custódia
É inconstitucional a manutenção em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico –
estabelecimento penal – de pessoa com diagnóstico de doença psíquica que teve extinta
a punibilidade. Essa situação configura uma privação de liberdade sem pena. STF. 2ª
Turma. HC 151523/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/11/2018 (Info 925).

Medida de segurança imposta por conta de um fato não obriga que se converta também
a pena privativa de liberdade imposta por outro crime
Se o réu estava cumprindo pena privativa de liberdade pelo crime 1 e, em outra ação
penal, recebeu medida de segurança de internação pela prática do crime 2, isso não
significa que a pena privativa de liberdade que estava sendo executada deva ser
convertida em medida de segurança. Neste caso, após terminar de cumprir a medida de
internação, não há óbice que seja determinado o cumprimento da pena privativa da
liberdade remanescente. Isso não viola o sistema vicariante, considerando que este
somente proíbe a imposição cumulativa ou sucessiva de pena e medida de segurança
referente a um mesmo fato. No caso concreto, eram dois fatos distintos. STJ. 6ª Turma.
HC 275635-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 8/3/2016 (Info 579).

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9.1 Da Cessação da Periculosidade

A cessação da periculosidade será averiguada no fim do prazo mínimo de duração da medida de segurança,
pelo exame das condições pessoais do agente, observando-se o seguinte:
a) a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de expirar o prazo de duração mínima da medida,
remeterá ao Juiz minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a revogação ou permanência da medida;
b) o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;
c) juntado aos autos o relatório ou realizadas as diligências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério
Público e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) dias para cada um;
d) o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente que não o tiver;
e) o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, poderá determinar novas diligências, ainda
que expirado o prazo de duração mínima da medida de segurança;
f) ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua
decisão, no prazo de 5 (cinco) dias.

Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo mínimo de duração da medida de segurança, poderá o Juiz
da execução, diante de requerimento fundamentado do Ministério Público ou do interessado, seu procurador ou
defensor, ordenar o exame para que se verifique a cessação da periculosidade, procedendo-se nos termos do artigo
anterior.

10. DOS INCIDENTES DE EXECUÇÃO

10.1 Das Conversões

1) A pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de
direitos, desde que:
a) o condenado a esteja cumprindo em regime aberto;
b) tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto) da pena;
c) os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão recomendável.

2) A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do artigo
45 e seus incisos do Código Penal, assim determinado:

A pena de prestação de serviços à comunidade será convertida quando o condenado:


I - não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação
por edital;
II - não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar
serviço;
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III - recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto;


IV - praticar falta grave;
V - sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não
tenha sido suspensa.

2º A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não


comparecer ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a
exercer a atividade determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras
"a", "d" e "e" do parágrafo anterior.

A pena de interdição temporária de direitos será convertida quando o condenado


exercer, injustificadamente, o direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses
das letras "a" e "e", do § 1º, deste artigo.

Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação
da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade
administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança, sendo que o tratamento
ambulatorial poderá ser convertido em internação se o agente revelar incompatibilidade com a medida. Ressalte-
se que, nesta hipótese, o prazo mínimo de internação será de 1 (um) ano.
Atenção a jurisprudência:

O que acontece se o indivíduo que está cumprindo pena restritiva de direitos for
novamente condenado agora a pena privativa de liberdade?
Sobrevindo condenação por pena privativa de liberdade no curso da execução de pena
restritiva de direitos, as penas serão objeto de unificação, com a reconversão da pena
alternativa em privativa de liberdade, ressalvada a possibilidade de cumprimento
simultâneo aos apenados em regime aberto e vedada a unificação automática nos casos
em que a condenação substituída por pena alternativa é superveniente.
STJ. 3ª Seção.REsp 1918287-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Laurita
Vaz, julgado em 27/04/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1106) (Info 736).

10.2 Do Excesso ou Desvio

Haverá excesso ou desvio de execução sempre que algum ato for praticado além dos limites fixados na
sentença, em normas legais ou regulamentares.
Podem suscitar o incidente de excesso ou desvio de execução:
a) o Ministério Público;
b) o Conselho Penitenciário;
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c) o sentenciado;
d) qualquer dos demais órgãos da execução penal.

10.3 Da Anistia e do Indulto

Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a requerimento do interessado ou do Ministério Público, por proposta
da autoridade administrativa ou do Conselho Penitenciário, declarará extinta a punibilidade.

O indulto individual poderá ser provocado:


a) por petição do condenado;
b) por iniciativa do Ministério Público, do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa.
A petição do indulto, acompanhada dos documentos que a instruírem, será entregue ao Conselho
Penitenciário, para a elaboração de parecer e posterior encaminhamento ao Ministério da Justiça.
O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do processo e do prontuário, promoverá as diligências que
entender necessárias e fará, em relatório, a narração do ilícito penal e dos fundamentos da sentença condenatória,
a exposição dos antecedentes do condenado e do procedimento deste depois da prisão, emitindo seu parecer sobre
o mérito do pedido e esclarecendo qualquer formalidade ou circunstâncias omitidas na petição.
Processada no Ministério da Justiça com documentos e o relatório do Conselho Penitenciário, a petição
será submetida a despacho do Presidente da República, a quem serão presentes os autos do processo ou a certidão
de qualquer de suas peças, se ele o determinar.
Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou ajustará a
execução aos termos do decreto, no caso de comutação.
Se o sentenciado for beneficiado por indulto coletivo, o Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do
Ministério Público, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa, providenciará de
acordo com o disposto no artigo anterior.
Na jurisprudência:

O indulto é instituto da execução penal, não se estendendo os benefícios da norma


instituidora aos presos cautelarmente com direito à detração penal
O período ao qual o Decreto Presidencial 9.246/2017 se refere para fins de indulto é
aquele corresponde à prisão pena, não se alinhando para o preenchimento do requisito
objetivo aquele alusivo ao da detração penal, no qual se está diante de constrição por
medida cautelar.
STJ. 6ª Turma.AgRg no AREsp 1887116-GO, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador
convocado do TRF 1ª Região), julgado em 03/05/2022 (Info 736).

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DELEGADO ALAGOAS

É possível a comutação da pena prevista no Decreto 9.246/2017 aos condenados que


estejam no regime fechado, semiaberto ou aberto, não havendo restrição quanto ao
regime de cumprimento de pena
O Decreto nº 9.246/2017 não traz nenhuma ressalva ao regime de cumprimento de pena
quando dispõe sobre a comutação aos condenados que cumprem pena privativa de
liberdade. STJ. 6ª Turma. REsp 1828409-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
01/10/2019 (Info 659).

Súmula 631-STJ
Súmula 631-STJ: O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão
executória), mas não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais. Aprovada em
24/04/2019.

O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de multa se o condenado


parcelou este valor para ter direito à progressão de regime
O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de multa que tenha sido
objeto de parcelamento espontaneamente assumido pelo sentenciado. O acordo de
pagamento parcelado da sanção pecuniária deve ser rigorosamente cumprido sob pena
de descumprimento de decisão judicial, violação ao princípio da isonomia e da boa-fé
objetiva. STF. Plenário. EP 11 IndCom-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
8/11/2017 (Info 884).

Possibilidade de concessão de indulto para pessoas submetidas a medida de segurança


Indulto é um ato do Presidente da República (art. 84, XII, da CF/88), materializado por
meio de um Decreto, por meio do qual é extinto o efeito executório da condenação
imposta a alguém. Em outras palavras, mesmo havendo ainda pena a ser cumprida, o
Estado renuncia ao seu direito de punir, sendo uma causa de extinção da punibilidade
(art. 107, II, CP). Tradicionalmente, o indulto é concedido a pessoas que receberam uma
pena por terem sido condenadas pela prática de infração penal. No entanto, é possível
que o indulto seja concedido a pessoas que receberam medida de segurança. Sobre o
tema, o STF definiu a seguinte tese: "Reveste-se de legitimidade jurídica a concessão, pelo
Presidente da República, do benefício constitucional do indulto (CF, art. 84, XII), que
traduz expressão do poder de graça do Estado, mesmo se se tratar de indulgência
destinada a favorecer pessoa que, em razão de sua inimputabilidade ou semi-
imputabilidade, sofre medida de segurança, ainda que de caráter pessoal e detentivo."
STF. Plenário. RE 628658/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4 e 5/11/2015 (Info
806).

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DELEGADO ALAGOAS

10.4 Do Procedimento Judicial

O procedimento correspondente às situações previstas na Lei de Execução Penal será judicial,


desenvolvendo-se perante o Juízo da execução.
O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício, a requerimento:
a) do Ministério Público,
b) do interessado,
c) de quem o represente, de seu cônjuge, parente ou descendente, mediante proposta do Conselho
Penitenciário, ou, ainda, da autoridade administrativa.
A portaria ou petição será autuada ouvindo-se, em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério Público, quando
não figurem como requerentes da medida. Sendo desnecessária a produção de prova, o Juiz decidirá de plano, em
igual prazo. Caso entenda indispensável a realização de prova pericial ou oral, este a ordenará, decidindo após a
produção daquela ou na audiência designada.
Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RIBEIRO, Isac Baliza Rocha. Ressocialização de presos no Brasil: Uma crítica ao modelo de punição versus
ressocialização. 2013. Disponível em: <
http://www.pensamientopenal.com.ar/system/files/2014/07/doctrina39368.pdf> Acesso em: 14 de junho de
2019.

EXECUÇÃO PENAL. Lei de. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm

MIRABETE, Júlio Fabbrini. Execução Penal. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

GOMES FILHO, Antônio Magalhães. A defesa do condenado na execução penal. In: GRINOVER, Ada Pellegrini. (Org.)
Execução Penal. São Paulo: Max Limonad, 1985.

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