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Rodrigo Francisconi Costa Pardal

Direito
Penal
PARTE GERAL

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Sobre o autor

RODRIGO FRANCISCONI COSTA PARDAL


Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC ‑SP.
Especialista em Direito Penal pela Escola Superior do Ministério Público – ESMP e pela
Universidade de Salamanca, Espanha. Mestre e Doutorando pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo – PUC ‑SP. Assistente jurídico em segunda instância do Tribunal de
Justiça de São – TJSP. Professor de Direito Penal. Autor e Palestrante.

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Sumário

Sobre o autor............................................................................................................................. V
Apresentação...........................................................................................................................VII
Capítulo 1 – Conceitos de direito penal...............................................................................1
1.1. Expansão e velocidades do Direito Penal......................................................................................1
1.1.1. Existe a quarta velocidade?..................................................................................................................................4

Capítulo 2 – Sistemas de política criminal......................................................................... 6


2.1. Lei e ordem................................................................................................................................................... 6
2.1.1. Origem...........................................................................................................................................................................6
2.1.2. Experiência em Nova Iorque................................................................................................................................ 7
2.1.3. Análise crítica.............................................................................................................................................................8
2.2. Garantismo penal....................................................................................................................................10
2.2.1. Dez axiomas (desenvolvidos nos capítulos VII a IX da obra de Ferrajoli)....................................... 13
2.2.2. Garantismo penal integral e garantismo hiperbólico monocular...................................................... 13
2.3. Direito Penal mínimo e Direito Penal máximo......................................................................... 14
2.4. Direito Penal do inimigo...................................................................................................................... 15
2.4.1. Críticas (a partir de Manuel Cancio Meliá):..................................................................................................16
2.5. Abolicionismo............................................................................................................................................ 16
2.5.1. Abolicionismo de Nils Christie.......................................................................................................................... 17
2.5.2. Abolicionismo de Thomas Mathiesen............................................................................................................ 17
2.5.3. Abolicionismo de Louk Hulsman.....................................................................................................................18
2.6. Questões...................................................................................................................................................... 19
Capítulo 3 – Princípios.......................................................................................................... 22
3.1. Princípio da legalidade.........................................................................................................................22
3.2. Princípio da intervenção mínima....................................................................................................28
3.2.1. Princípio da subsidiariedade ou ultima ratio.............................................................................................28
3.2.2. Princípio da fragmentariedade.........................................................................................................................29
3.3. Princípio da culpabilidade..................................................................................................................30
3.4. Adequação social....................................................................................................................................30
3.5. Princípio da insignificância/bagatela...........................................................................................32
3.6. Princípio da ofensividade ou lesividade.................................................................................... 40
3.7. Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos................................................................. 41
3.8. Princípio da humanidade das penas............................................................................................42
3.9. Princípio da individualização da pena.........................................................................................44
3.10. Princípio da proporcionalidade.......................................................................................................45
3.11. Princípio da personalidade ou intranscendência...................................................................46
3.12. Princípio da alteridade......................................................................................................................... 47
3.13. Questões......................................................................................................................................................48
Capítulo 4 – Lei Penal no tempo......................................................................................... 52
4.1. Premissa.......................................................................................................................................................52
4.2. Retroatividade da lei penal benéfica............................................................................................52

IX

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Direito Penal – PARTE GERAL Rodrigo Francisconi Costa Pardal

4.3. Irretroatividade da lei posterior prejudicial ou ultra-atividade da lei anterior


benéfica........................................................................................................................................................54
4.4. Crime permanente e conflito de leis no tempo.......................................................................54
4.5. Crime continuado e lei no tempo...................................................................................................54
4.5.1. Sucessão de leis penais.......................................................................................................................................55
4.5.2. Combinação de leis...............................................................................................................................................55
4.5.3. Leis intermitentes (excepcional e temporária) (art. 3º do CP)............................................................55
4.5.4. Norma penal em branco......................................................................................................................................56
4.5.4.1. Classificação................................................................................................................................56
4.5.5. Tempo do crime (art. 4º)..................................................................................................................................... 57
4.6. Questões...................................................................................................................................................... 57
Capítulo 5 – Lei Penal no espaço........................................................................................ 60
5.1. Lugar do crime (art. 6º do CP)......................................................................................................... 60
5.2. Territorialidade da lei penal (art. 5º)........................................................................................... 60
5.3. Tratamento dado a navios e aeronaves (art. 5º, §§ 1º e 2º).............................................. 61
5.4. Extraterritorialidade (art. 7º do CP)................................................................................................ 61
5.4.1. Extraterritorialidade incondicionada (inciso I e § 1º).............................................................................62
5.4.2. Extraterritorialidade condicionada (inciso II, §§ 2º e 3º)......................................................................62
5.4.3. Princípios relacionados.......................................................................................................................................62
5.4.4. Aplicação dos princípios ao CP.........................................................................................................................62
5.5. Pena cumprida no estrangeiro (art. 8º).......................................................................................63
5.6. Art. 9º – eficácia de sentença estrangeira..................................................................................64
5.7. Questões......................................................................................................................................................65
Capítulo 6 – Conflito aparente de normas penais..........................................................67
6.1. Especialidade............................................................................................................................................ 67
6.2. Subsidiariedade....................................................................................................................................... 67
6.3. Absorção ou consunção...................................................................................................................... 68
6.3.1. Post factum impunível.........................................................................................................................................69
6.4. Alternatividade.........................................................................................................................................69
6.5. Questões......................................................................................................................................................70
Capítulo 7 – Infração penal...................................................................................................72
7.1. Crimes (delitos) x contravenções (Dec.-lei nº3.688/1941):.................................................. 72
7.2. Sujeitos relacionados ao crime........................................................................................................ 73
7.2.1. Sujeito ativo.............................................................................................................................................................. 73
7.2.2. Classificação do crime quanto ao sujeito ativo......................................................................................... 73
7.2.3. Sujeito passivo......................................................................................................................................................... 73
7.3. Questões...................................................................................................................................................... 74
Capítulo 8 – Escolas penais..................................................................................................77
8.1. Introdução................................................................................................................................................... 77
8.2. Marques de Beccaria.............................................................................................................................78
8.3. Escola Clássica......................................................................................................................................... 80
8.3.1. Escola Clássica Italiana........................................................................................................................................82
8.3.1.1. Carmignani...................................................................................................................................82
8.3.1.2. Pelegrino Rossi...........................................................................................................................83
8.3.1.3. Romagnosi...................................................................................................................................83
8.3.1.4. Francesco Carrara...................................................................................................................... 84
8.3.2. Escola clássica alemã........................................................................................................................................... 86
8.3.2.1. Feuerbach.................................................................................................................................... 86

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Sumário

8.4. Escola Positiva..........................................................................................................................................87


8.4.1. Cesare Lombroso....................................................................................................................................................89
8.4.2. Enrico Ferri................................................................................................................................................................ 91
8.4.3. Rafael Garofalo........................................................................................................................................................93
8.5. As Terceiras Escolas (ecléticas, mistas ou positivismo crítico).........................................95
8.5.1. A Terza Scuola italiana.........................................................................................................................................95
8.5.2. A Escola Moderna Alemã (Liszt)........................................................................................................................96
8.6. Escola Tecnicista......................................................................................................................................98
8.7. Escola Correcionalista...........................................................................................................................99
8.8. A Nova Defesa Social.......................................................................................................................... 100
8.9. Questões.................................................................................................................................................... 101
Capítulo 9 – Evolução dos sistemas penais................................................................... 103
9.1. Causalismo................................................................................................................................................103
9.2. Neokantismo........................................................................................................................................... 106
9.3. Finalismo....................................................................................................................................................111
9.4. Teorias sociais da ação...................................................................................................................... 115
9.5. Funcionalismo teleológico-racional ou moderado...............................................................117
9.6. Funcionalismo sistêmico ou radical............................................................................................122
9.7. Funcionalismo redutor.......................................................................................................................125
9.8. Teoria da ação significativa..............................................................................................................129
9.9. Teoria da ação performática............................................................................................................133
9.10. Questões....................................................................................................................................................136
Capítulo 10 – Conduta......................................................................................................... 138
10.1. Introdução.................................................................................................................................................138
10.2. Causal-naturalismo (Franz Von Liszt e Ernst Beling)...........................................................138
10.3. Neokantismo (Edmund Mezger).....................................................................................................138
10.4. Finalismo (Hans Welzel).....................................................................................................................139
10.5. Funcionalismo teleológico-racional (Claus Roxin)...............................................................139
10.6. Funcionalismo sistêmico (Gunther Jakobs)..............................................................................139
10.7. Ausência de conduta.......................................................................................................................... 140
10.8. Formas de conduta.............................................................................................................................. 140
10.8.1. Ação............................................................................................................................................................................140
10.8.2. Omissão.................................................................................................................................................................... 141
10.8.2.1. Omissivos próprios ou puros............................................................................................... 141
10.8.2.2. Omissivos impróprios, impuros ou espúrios................................................................... 141
10.9. Questões....................................................................................................................................................143
Capítulo 11 – Nexo causal.................................................................................................. 146
11.1. Teorias.........................................................................................................................................................146
11.1.1. Equivalência dos antecedentes ou conditio sine qua non (criada por Julius Glaser e
difundida por Von Buri).....................................................................................................................................146
11.1.2. Causalidade adequada (Von Kries)............................................................................................................... 147
11.1.3. Teoria da relevância jurídica (Mezger)......................................................................................................... 147
11.1.4. Condição INUS ou causalidade mínima...................................................................................................... 147
11.2. Exceção à teoria da equivalência dos antecedentes (art. 13, § 1º)..............................153
11.3. Classificação das causas....................................................................................................................153
11.4. Questões especiais (hipóteses nas quais a teoria da equivalência dos
antecedentes não resolve e se faz necessário adotar outro critério)........................154
11.5. Questões....................................................................................................................................................156

XI

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Direito Penal – PARTE GERAL Rodrigo Francisconi Costa Pardal

Capítulo 12 – Resultado...................................................................................................... 158


12.1. Conceito e espécies..............................................................................................................................158
12.2. Classificação quanto ao resultado naturalístico...................................................................158
12.2.1. Material.....................................................................................................................................................................158
12.2.2. Formal ou de consumação antecipada.......................................................................................................158
12.2.3. Mera conduta ou de simples atividade.......................................................................................................158
12.3. Questões....................................................................................................................................................159
Capítulo 13 – Tipicidade.......................................................................................................161
13.1. Evolução do tipo e da tipicidade................................................................................................... 161
13.2. Bem jurídico: noções........................................................................................................................... 161
13.3. Tipicidade objetiva...............................................................................................................................162
13.3.1. Iter criminis.............................................................................................................................................................162
13.3.2. Tentativa...................................................................................................................................................................164
13.3.2.1. Espécies de tentativa..............................................................................................................166
13.3.2.2. Infrações penais que não admitem tentativa.................................................................166
13.3.3. Desistência voluntária e arrependimento eficaz.................................................................................... 167
13.3.4. Arrependimento posterior................................................................................................................................170
13.3.5. Crime impossível................................................................................................................................................... 172
13.4. Tipicidade subjetiva............................................................................................................................. 174
13.4.1. Dolo............................................................................................................................................................................ 174
13.4.2. Culpa......................................................................................................................................................................... 180
13.4.3. Teoria do erro......................................................................................................................................................... 181
13.4.4. Preterdolo................................................................................................................................................................187
13.4.5. Questões..................................................................................................................................................................188

Capítulo 14 – Imputação objetiva......................................................................................191


14.1. Introdução................................................................................................................................................. 191
14.2. “Primeiras” teorias da imputação objetiva............................................................................... 191
14.2.1. Karl Larenz............................................................................................................................................................... 191
14.2.2. Richard Honig.........................................................................................................................................................192
14.3. As modernas teorias da imputação objetiva..........................................................................192
14.3.1. Fundamento teórico/constitucional.............................................................................................................192
14.3.2. Fundamento prático............................................................................................................................................193
14.3.3. Proposta de Roxin................................................................................................................................................194
14.3.4. Proposta de Jakobs.............................................................................................................................................200
14.3.5. Proposta de Wolfgang Frisch.......................................................................................................................... 204
14.3.6. Proposta de Ingeborg Puppe.......................................................................................................................... 205
14.4. Questões................................................................................................................................................... 206
Capítulo 15 – Ilicitude ou antijuridicidade.....................................................................209
15.1. Aspecto histórico.................................................................................................................................. 209
15.2. Noção......................................................................................................................................................... 209
15.2.1. licitude formal e ilicitude material.............................................................................................................. 209
15.3. Ilicitude penal ou geral......................................................................................................................210
15.4. Fundamento ou fundamentos das excludentes de ilicitude..........................................210
15.5. Relação entre tipicidade e ilicitude.............................................................................................210
15.6. Erro sobre a situação justificante................................................................................................. 212
15.7. Elemento subjetivo nas excludentes:.......................................................................................... 213

XII

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Sumário

15.8. Excludentes:.............................................................................................................................................214
15.8.1. Natureza do rol......................................................................................................................................................214
15.8.2. Excesso......................................................................................................................................................................214
15.8.3. Excludentes em espécie.................................................................................................................................... 215
15.8.3.1. Estado de necessidade..........................................................................................................215
15.8.3.2. Legítima defesa........................................................................................................................216
15.8.3.3. Estrito cumprimento do dever legal...................................................................................219
15.8.3.4. Exercício regular do direito...................................................................................................219
15.8.3.5. Consentimento do ofendido.................................................................................................219
15.8.3.6. O que são ofendículos?..........................................................................................................219
15.9. Questões................................................................................................................................................... 220
Capítulo 16 – Culpabilidade............................................................................................... 222
16.1. Noção..........................................................................................................................................................222
16.2. Elementos..................................................................................................................................................222
16.2.1. Imputabilidade......................................................................................................................................................222
16.2.1.1. Menoridade (art. 27 do CP e art. 228 da CF/1988)...........................................................222
16.2.1.2. Doença mental ou desenvolvimento mental incompleta ou retardado e
incapacidade de discernimento (art. 26 do CP)..............................................................222
16.2.1.3. Embriaguez completa e involuntária (acidental) art. 28, § 1º, CP..............................223
16.2.2. Potencial consciência da ilicitude.................................................................................................................224
16.2.2.1. Erro de proibição (art. 21 do CP)..........................................................................................224
16.2.3. Exigibilidade de conduta diversa...................................................................................................................224
16.2.3.1. Coação moral irresistível.......................................................................................................224
16.2.3.2. Obediência hierárquica..........................................................................................................225
16.2.3.3. Fato de consciência.................................................................................................................225
16.2.3.4. Provocação da situação de legítima defesa....................................................................225
16.2.3.5. Desobediência civil.................................................................................................................226
16.2.3.6. Conflito de deveres.................................................................................................................226
16.3. Questões................................................................................................................................................... 226
Capítulo 17 – Concurso de pessoas.................................................................................. 230
17.1. Natureza jurídica................................................................................................................................... 230
17.2. Classificação dos delitos quanto à pluralidade de sujeitos:.......................................... 230
17.3. Teorias sobre o concurso de pessoas........................................................................................ 230
17.4. Exceções à teoria monista:.............................................................................................................. 230
17.5. Requisitos para o concurso de pessoas................................................................................... 230
17.6. Classificação entre autoria e participação............................................................................... 231
17.7. Autoria........................................................................................................................................................ 231
17.7.1. Conceitos extensivo e restritivo de autor...................................................................................................232
17.7.2. Teoria objetivo-formal........................................................................................................................................233
17.7.3. Teoria do domínio do fato (objetivo-material ou objetivo-subjetiva)...........................................233
17.7.3.1. Justificativa e objetivo da teoria.........................................................................................234
17.7.3.2. A teoria se pauta em três critérios:....................................................................................235
17.7.4. Domínio do fato e AP 470 (Mensalão)..........................................................................................................239
17.8. Coautoria sucessiva............................................................................................................................. 240
17.9. Autoria indireta ou mediata............................................................................................................. 241
17.10. Participação.............................................................................................................................................. 241
17.11. Comunicabilidade dos dados típicos – art. 30 do CP.......................................................... 241
17.12. Concurso de pessoas e crime culposo.......................................................................................242

XIII

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Direito Penal – PARTE GERAL Rodrigo Francisconi Costa Pardal

17.13. Crimes multitudinários.......................................................................................................................242


17.14. Questões....................................................................................................................................................243
Capítulo 18 – Penas.............................................................................................................. 246
18.1. Fundamentos da pena nos povos primitivos, na Antiguidade, na Idade
Média e na Idade Moderna (referência principal – Oswaldo Henrique
Duek Marques)....................................................................................................................................... 246
18.2. Finalidades das penas........................................................................................................................249
18.2.1. Teorias absolutas – retributivas.................................................................................................................... 250
18.2.1.1. Pena como vingança.............................................................................................................. 250
18.2.1.2. Teoria da expiação.................................................................................................................. 251
18.2.1.3. Retributivismo kantiano (moral)......................................................................................... 251
18.2.1.4. Retributivismo hegeliano......................................................................................................252
18.2.2. Teorias relativas – preventivas........................................................................................................................253
18.2.2.1. Prevenção geral....................................................................................................................... 254
18.2.2.2. Prevenção especial................................................................................................................. 258
18.2.3. Teorias Mistas ou unificadoras...................................................................................................................... 260
18.2.3.1. Unificadoras aditivas..............................................................................................................261
18.2.3.2. Unificadoras dialéticas...........................................................................................................261
18.2.4. Teoria agnóstica ou negativa (Zaffaroni)....................................................................................................263
18.2.5. Teoria do justo merecimento (just deserts) ou neorretributivisimo (Hirsch)............................ 264
18.2.6. Neorretributivismo romano-germânico (Zaczyk)....................................................................................265
18.2.7. Neopreventivismo gerencialista, new penology (política criminal atuarial)...............................265
18.3. Espécies de penas no CP (art. 32).................................................................................................267
18.3.1. Pena privativa de liberdade.............................................................................................................................267
18.3.1.1. Sistemas penitenciários........................................................................................................267
18.3.1.2. Tratamento jurídico da pena privativa de liberdade no Código Penal....................272
18.3.1.3. Regimes......................................................................................................................................272
18.3.1.4. Fixação do regime....................................................................................................................273
18.3.2. Penas restritivas de direitos............................................................................................................................274
18.3.2.1. Requisitos para a substituição:...........................................................................................274
18.3.2.2. Espécies de penas restritivas de direitos (rol do art. 43 do CP):................................275
18.3.3. Pena de multa........................................................................................................................................................278
18.4. Questões................................................................................................................................................... 280
Capítulo 19 – Aplicação da pena....................................................................................... 282
19.1. Considerações iniciais....................................................................................................................... 282
19.2. 1ª operação: eleição da pena......................................................................................................... 282
19.3. 2ª operação: dosimetria da pena................................................................................................. 283
19.3.1. 1ª fase da dosimetria. Pena-base................................................................................................................. 284
19.3.2. 2ª fase da dosimetria (pena provisória).....................................................................................................287
19.3.3. 3ª fase da dosimetria (pena definitiva)......................................................................................................292
19.3.4. Pena de multa........................................................................................................................................................293
19.4. 3ª operação: fixação do regime......................................................................................................293
19.5. 4ª operação: aplicação de eventuais substitutivos penais............................................ 294
19.6. Questões................................................................................................................................................... 294
Capítulo 20 – Concurso de crimes.................................................................................... 296
20.1. Sistemas relativos ao concurso de crimes.............................................................................. 296
20.2. Concurso material................................................................................................................................ 296

XIV

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Sumário

20.3. Concurso formal ou ideal de crimes.......................................................................................... 296


20.3.1. Concurso formal próprio ou perfeito:..........................................................................................................297
20.3.2. Concurso formal impróprio ou imperfeito.................................................................................................297
20.4. Concurso material benéfico (art. 70, par. ún. e 71, par. ún.)............................................. 298
20.5. Crime continuado................................................................................................................................. 298
20.6. Questões...................................................................................................................................................300
Capítulo 21 – Suspensão condicional da pena.............................................................. 303
21.1. Origem histórica e fundamentos.................................................................................................. 303
21.2. Sursis x suspensão condicional do processo......................................................................... 303
21.3. Requisitos (art. 77 do CP):................................................................................................................. 304
21.4. Espécies..................................................................................................................................................... 305
21.5. Condições (arts. 78 a 80)................................................................................................................... 305
21.6. Revogação obrigatória (art. 81, caput)....................................................................................... 305
21.7. Revogação facultativa (art. 81, § 1º)............................................................................................ 305
21.8. Prorrogação do período de prova (art. 81, §§ 2º e 3º)....................................................... 306
21.9. Extinção da pena (art. 82)................................................................................................................ 306
21.10. Questões................................................................................................................................................... 306
Capítulo 22 – Livramento condicional.............................................................................309
22.1. Questões.................................................................................................................................................... 311
Capítulo 23 – Efeitos da condenação................................................................................313
23.1. Efeitos penais.......................................................................................................................................... 313
23.1.1. Efeito penal direto (primário).......................................................................................................................... 313
23.1.2. Efeitos penais indiretos (secundários ou acessórios).......................................................................... 313
23.2. Efeitos extrapenais genéricos (art. 91)........................................................................................314
23.3. Confisco alargado ou perda alargada (art. 91-A)...................................................................318
23.4. Efeitos extrapenais específicos (art. 92).....................................................................................319
23.5. Questões....................................................................................................................................................322
Capítulo 24 – Reabilitação.................................................................................................. 325
24.1. Pressupostos............................................................................................................................................325
24.2. Requisitos..................................................................................................................................................325
24.3. Questões................................................................................................................................................... 326
Capítulo 25 – Medidas de segurança............................................................................... 328
25.1. Histórico.................................................................................................................................................... 328
25.2. Âmbito nacional.....................................................................................................................................329
25.3. Configuração atual: pressupostos................................................................................................ 330
25.4. Procedimento.......................................................................................................................................... 331
25.5. Natureza da sentença......................................................................................................................... 331
25.6. Tem natureza de sanção?.................................................................................................................. 331
25.7. Sistemas.....................................................................................................................................................332
25.8. Espécies......................................................................................................................................................332
25.9. Critério para escolha (art. 97, caput)............................................................................................332
25.10. Lei antimanicomial – Lei nº 10.216/2001....................................................................................333
25.11. Duração......................................................................................................................................................333
25.12. Liberação condicional e restauração da medida (97, §§ 3º e 4º)................................ 334
25.13. Medida de segurança decorrente de superveniência de doença mental
durante o curso da pena.................................................................................................................. 334

XV

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Direito Penal – PARTE GERAL Rodrigo Francisconi Costa Pardal

25.14. Destino do sentenciado após escoado o prazo máximo da medida de


segurança..................................................................................................................................................335
25.15. Falta de vagas para internação.......................................................................................................335
25.16. Para reflexão. Afinal de contas, quem é louco?......................................................................335
25.17. Questões....................................................................................................................................................337
Capítulo 26 – Extinção da punibilidade.......................................................................... 339
26.1. Conceito. Noção geral. Substrato material.............................................................................. 339
26.2. Localização na dogmática................................................................................................................ 340
26.3. Comunicabilidade.................................................................................................................................341
26.4. Escusas absolutórias...........................................................................................................................342
26.5. Condições objetivas de punibilidade..........................................................................................342
26.6. Condições de procedibilidade........................................................................................................342
26.7. Efeitos..........................................................................................................................................................342
26.8. Causas extintivas da punibilidade................................................................................................343
26.9. Causas em espécie...............................................................................................................................343
26.9.1. Morte do agente....................................................................................................................................................343
26.9.2. Anistia, graça e indulto..................................................................................................................................... 344
26.9.3. Abolitio criminis................................................................................................................................................... 346
26.9.4. Prescrição................................................................................................................................................................ 346
26.9.5. Decadência............................................................................................................................................................. 346
26.9.6. Perempção...............................................................................................................................................................347
26.9.7. Renúncia...................................................................................................................................................................347
26.9.8. Perdão aceito..........................................................................................................................................................347
26.9.9. Retratação, quando prevista em lei..............................................................................................................347
26.9.10. Perdão judicial, quando previsto em lei.................................................................................................... 348
26.9.11. Outras causas fora do art. 107 do CP........................................................................................................... 348
26.10. Questões................................................................................................................................................... 349
Capítulo 27 – Prescrição...................................................................................................... 352
27.1. Conceito......................................................................................................................................................352
27.2. Pressupostos............................................................................................................................................352
27.3. Prescritibilidade e infrações imprescritíveis...........................................................................352
27.4. Diferenças entre prescrição e decadência...............................................................................355
27.5. Espécies......................................................................................................................................................355
27.6. Prescrição da pretensão punitiva.................................................................................................355
27.6.1. P.P.P. em abstrato...................................................................................................................................................355
27.6.2. Tabela: Art. 109 do CP......................................................................................................................................... 356
27.6.3. Idade do agente (art. 115)................................................................................................................................. 356
27.6.4. Termos iniciais – art. 111....................................................................................................................................357
27.6.5. Causas interruptivas da PPP – art. 117........................................................................................................ 358
27.6.6. Extensão dos efeitos interruptivos..............................................................................................................360
27.6.7. Causas suspensivas............................................................................................................................................360
27.6.8. Outras situações...................................................................................................................................................362
27.7. Prescrição da pretensão punitiva em concreto.................................................................... 363
27.8. Prescrição da pretensão executória............................................................................................ 364
27.8.1. Termos iniciais da PPE – art. 112.................................................................................................................... 366
27.8.2. Causas interruptivas – art. 117, V e VI.......................................................................................................... 366
27.8.3. Causa suspensiva.................................................................................................................................................367
27.9. Questões....................................................................................................................................................367

XVI

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CAPÍTULO 1
CONCEITOS DE DIREITO PENAL

O que é crime? A questão pode ser encarada sob várias óticas. Há um conceito formal,
um material e um analítico.
Conceito formal: tem enfoque extrínseco. Define o crime a partir de suas consequências.
Assim, crime é o fato ilícito punido com sanções penais. O conceito formal é importante
para identificação de ilícitos penais.
• Conceito material: Busca a essência. É o comportamento que lesa ou expõe a perigo bens
jurídicos fundamentais para a paz e o convívio social. É elaborado para limitar, estabelecer
parâmetros para a atividade do legislador penal, crime não pode ser simplesmente o
que a lei diz.
• Conceito analítico: Preocupa-se com a sistematização dos elementos do crime. Busca
conferir racionalidade e um enfoque sistêmico, uniforme para a aplicação da lei penal. No
Brasil, ainda há quem sustente que a culpabilidade seria mero pressuposto de aplicação
da pena (Welzel jamais defendeu que a culpabilidade não seria elemento do crime), no
entanto, prevalece a concepção tripartida, pela qual o crime é fato típico, antijurídico e
culpável, são esses os elementos da infração penal.

1.1. Expansão e velocidades do Direito Penal


Em que pese a preocupação acadêmica e doutrinária com a redução do Direito Penal,
há criação de novos tipos penais, novos bens jurídicos, flexibilização das regras de impu‑
tação, relativização dos princípios político-criminais, fenômenos relacionados à expansão
do Direito Penal.
A expansão do Direito Penal nada mais é que um produto de uma espécie de per‑
versidade estatal, que busca na legislação penal uma solução fácil de cunho nitidamente
simbólico. O Estado age pressionado por pretensões irracionais e cede a esta demanda de
maior punição.
O tema é desenvolvido na obra A expansão do Direito Penal, de Jesús María Silva
Sánchez e nela são expostas as chamadas velocidades do Direito Penal.
Segundo Silva Sánchez, quais elementos fomentam a expansão do Direito Penal? O
capítulo I da obra trata do assunto1:
1. Novos interesses, novos bens jurídicos – a sociedade de risco; meio ambiente, delitos econô‑
micos, delitos financeiros, delitos relacionados à engenharia genética, cyber criminalidade.

1 SILVA SÁNCHEZ. Jesús-Maria. A expansão do Direito Penal. 3. ed. Editora RT, 2013. p. 33.

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Capítulo 9 Evolução dos sistemas penais

2. Desordem e relativismo valorativo: o neokantiano chega até a se referire a valores (método


referido a valores), mas não opta entre eles, por julgar uma tal opção cientificamente
impossível. E é aqui, na substituição de valorações difusas e não hierarquizadas do neo‑
kantismo por valorações político-criminais referidas à teoria dos fins que possuem a pena
e o direito penal dentro de um Estado material de direito, que assenta o funcionalismo.

9.3. Finalismo
As origens do finalismo, como forma de ser no mundo, sem prejuízo de outras cons‑
truções teóricas, remontam, segundo Platão, a Anaxágoras, que foi o primeiro a afirmar que a
causalidade é obra da inteligência humana. Não obstante isso, há uma remota menção a esta
ideia em Aristóteles, reproduzida por São Tomás de Aquino em Tavares20: “tudo que existe na
natureza, existe para um fim, que é a substância ou a forma, ou a razão de ser de cada coisa”.
Conforme Tavares, a filosofia de Hartmann trata fundamentalmente das chamadas
categorias do ser: a causalidade dos mortos e a finalidade dos vivos. A ação humana apenas
pode ser compreendida como algo final, algo que necessariamente persegue, desde sua
aparição, um determinado objetivo, estranho à própria conduta. O desdobramento dessa
atividade se dá em três fases: inicialmente, o homem antecipa seus objetivos; imediatamente,
atua e põe em movimento os meios adequados para obtê-los e alcançá-los; finalmente,
como terceiro momento, realiza o que almejou.
Na teoria jurídico-penal, Tavares recorda que, inicialmente, Von Weber e Graf zu Dohna
distinguiram em alguns delitos ações causais e finais, destacando que elas são, desde sua
aparição, reciprocamente independentes, tal como ocorre com os delitos dolosos e culposos.
Conforme o referido autor, Von Weber mostra que, na realização de algumas ações previstas
no tipo, se descreve não apenas um processo causal, mas condutas dirigidas de acordo com
um sentido subjetivo. Isso determina que se inclua no tipo o próprio dolo. Assim, ao lado do
tipo objetivo, surge um tipo subjetivo, que se constrói basicamente sobre o dolo.
A teoria finalista da ação aparece como clara reação ao normativismo projetado
pela linha neokantiana de pensamento, que elaborou sobre uma base idealista a mantença
do sistema clássico objetivo-subjetivo, denominado sistema neoclássico. Assim, a teoria
finalista da conduta é parte de uma pretensão maior, qual seja, desafiar o paradigma
neokantiano e desalojá-lo da condição de eixo do Direito Penal. Enquanto o neokantismo
havia determinado um absoluto divórcio entre os universos do ser e do dever-ser, propondo
que este resolvesse as questões atinentes ao Direito Penal, dando, assim, plena liberdade
ao legislador, Welzel buscou limitar a atividade legiferante a partir de dados anteriores,
pertencentes ao “ser”21.

20 TAVARES, Juarez. Teorias do delito. Editora RT. 1980. p. 54.


21 GUARAGNI, Fábio André. As teorias da conduta em Direito Penal. 2. ed. Editora RT, 2009. p. 125.

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Direito Penal – PARTE GERAL Rodrigo Francisconi Costa Pardal

Conforme Guaragni, Welzel parte de um princípio oriundo do jusnaturalismo segundo


o qual o direito é pressuposto da existência humana, a qual, dotada de sentido, dependeria
também de estruturas diversas igualmente dotadas de sentido e limites. Esses seriam traçados
a partir da própria consciência do dever-ser e também das estruturas ônticas a interpretar.
Tais estruturas são preliminares a toda interpretação de seu sentido, que se acha a elas
vinculada. Há casos de verdadeira limitação de dever imposto pela norma por questões de
impossibilidade física. Assim, por exemplo, uma norma, moral ou tampouco jurídica, nunca
poderá preceituar às mulheres que deem à luz filhos viáveis aos seis meses, em lugar de nove22.
Baseia-se Welzel na teoria realista do conhecimento (oposta à teoria idealista do
conhecimento), segundo a qual o objeto, enquanto matéria do mundo, existe fora de nós
e antes de nosso conhecimento. O homem, desta forma, não determina a realidade, mas
encontra-se em uma ordem objetiva da realidade que lhe é anterior, composta de estrutu‑
ras lógico-objetivas prévias a toda regulação jurídica, às quais necessariamente hão de se
vincular o legislador. De maneira sumária, dentro de um modelo realista de conhecimento,
os objetos preexistem às ideias, ao contrário das teorias idealistas do conhecimento. No
idealismo, há uma inversão da ordem de existência, implicando ideias que existem antes
dos objetos e os criam, a exemplo do conceito de ação como comportamento humano, vazio
de conteúdo, artificialmente criado pela dogmática jurídico-penal neokantiana para justi‑
ficar a preservação do sistema objetivo-subjetivo de análise do crime. Se após uma ideia
ser lançada em relação a um objeto qualquer este se modificar, ocorre um ato de vontade.
Se, ao revés, o objeto mantiver-se em sua forma real, prévia à ideia, tratar-se-á de um ato
de conhecimento. Os atos de conhecimento podem limitar-se a descrever os objetos ou, de
outro lado, julgá-los, atribuindo-lhes valores positivos ou negativos (desvalorar é o verbo
comum na terminologia jurídico-penal para designar esta situação).
Dessa forma, o ato de conhecimento é aquele que se limita a prover de dados o
observador, sem alterar o objeto como matéria do mundo. Assim, partindo-se dessa premissa
a ser levada para o Direito Penal, tem-se a conduta humana como a primeira das estruturas
lógico-objetivas a ser considerada pelo legislador. A conduta humana pertence ao grupo das
estruturas ônticas que funcionam como preliminares a toda interpretação de seu sentido.
Diante disso, todas as normas morais e jurídicas apenas podem referir-se a atos, os quais são
algo distinto de meros processos naturais causais, distinguindo-se destes pelo momento da
finalidade. A estrutura da ação humana é o pressuposto de possibilidade para valorações, as
quais, se hão de ter sentido, só podem ser valorações de uma ação, tais como, por exemplo,
a ilicitude e a culpa.
Fincou-se o entendimento de que o legislador está vinculado a estruturas ônticas
que delimitam sua atividade, denominadas por Welzel estruturas lógico-objetivas, conforme
relata Guaragni23. A conduta humana, como pedra de toque do conceito analítico de crime, é

22 Ibidem, p. 126.
23 Ibidem, p. 132.

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Capítulo 9 Evolução dos sistemas penais

a mais importante dessas estruturas, de maneira que o modo de pensar realista demandou
sua reelaboração conceitual. Estruturas como a conduta humana são analisadas pelo Direito
Penal por meio de valores negativos (desvalores), atribuindo-os a todas aquelas condutas
que refogem a sua proposta de como deveriam ser. Esse fenômeno ocorre na hipótese de a
conduta ser considerada criminosa.
Assim, segundo o finalismo, quando há a prática de um crime, não se está alterando
a conduta, mas apenas lhe atribuindo valores negativos, permanecendo a conduta idên‑
tica ao que era antes de o Direito Penal operar a tríplice valoração (fato típico, ilicitude e
culpabilidade). Na ótica finalista, o Direito Penal, em relação a seu objeto, que é a conduta,
realiza, em sentido figurado, um ato de conhecimento valorativo negativo, porquanto não
altera o objeto conduta humana, porém fornece dados ao intérprete para compreendê-la
como criminosa. Por essa razão é que se costuma dizer que o conceito finalista de conduta
humana é o apreendido ontologicamente, uma vez que ela permanece, para o Direito Penal,
tal qual é na realidade. Não há, neste diapasão, um conceito jurídico-penal de conduta. Esta
preexiste ao Direito Penal e este apenas a valora negativamente, porém não a modifica.
Assim, diz-se no finalismo que a conduta humana é o exercício da atividade final. A
ação é, portanto, um acontecer final, e não puramente causal. A finalidade, o caráter final da
ação, baseia-se no fato de que o homem, graças a seu saber causal, pode prever, em certos
limites, as possíveis consequências de sua conduta, designar-lhe fins diversos e dirigir sua
vontade, conforme um plano, à consecução desses fins. Graças ao seu saber causal prévio,
pode dirigir seus diversos atos de modo que oriente o suceder causal externo a um fim e
o domine finalisticamente. A atividade final é uma atividade dirigida conscientemente em
razão de um fim, enquanto o acontecer causal não está dirigido em razão de um fim, mas é
a resultante causal da constelação de causas existentes em cada momento. A finalidade é,
por isso, vidente, enquanto a causalidade é cega24. O ponto básico do finalismo é o de que
o conteúdo da vontade integra o conceito de ação.
Essa finalidade baseia-se na capacidade da vontade de prever, em certos limites, as
consequências de sua intervenção no curso causal e de dirigi-lo, por conseguinte, conforme
um plano, à consecução de um fim; a espinha dorsal da ação finalista é a vontade, consciente
do fim, reitora do acontecer causal. Ela é o fator de direção que configura o suceder causal
externo e o converte, portanto, em uma ação dirigida finalisticamente.
Dessa forma, inspirado em Hartmann, Welzel, citado por Guaragni, divide a ação em
algumas fases. A primeira transcorre completamente na esfera do pensamento e se inicia
com a antecipação do fim que o autor quer realizar, a seleção dos meios necessários para
sua realização a partir do saber causal do autor, a consideração dos efeitos concomitantes
que se encontram unidos aos fatores causais escolhidos e, por fim, o autor leva a cabo sua
ação no mundo real25. A partir dessa construção, é inegável que Welzel teria, por uma questão
de coerência teórica, de admitir os elementos subjetivos no próprio injusto.

24 WELZEL, Hans. O novo sistema jurídico penal. Uma introdução à doutrina da ação finalista. Editora RT, 2001. p. 27.
25 GUARAGNI, Fábio André. As teorias da conduta em Direito Penal. 2. ed. Editora RT, 2009. p. 147.

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Direito Penal – PARTE GERAL Rodrigo Francisconi Costa Pardal

Não obstante essa construção, é importante asseverar que, especificamente em rela‑


ção aos elementos subjetivos, sua descoberta no próprio injusto deu-se no neokantismo
e produziu profunda ruptura na rígida separação imposta pelo modelo objetivo-subjetivo,
externo-interno. Observou-se que em muitos tipos o injusto não pode ser concebido de um
modo puramente objetivo. Com essa descoberta, abriu-se uma brecha profunda no sistema
anterior. Contudo, isso não ensejou a reavaliação da doutrina dominante à época acerca do
lugar do dolo. Verificou-se que na tentativa o elemento subjetivo estaria no injusto, vez que,
nesses casos, sob um aspecto meramente objetivo, ou seja, sem analisar a vontade do autor,
não é possível saber que tipo é realizado.
Dito isso, se alguém efetua um disparo que passa próximo a outrem, esse processo
causal externo pode ser uma tentativa de homicídio, uma tentativa de lesões corporais ou
um disparo em local proibido. Como poderia depender de que o disparo acerte ou não o alvo
o fato de o dolo ser um elemento do injusto ou da culpabilidade? Em verdade, em todos os
casos o dolo é um elemento constitutivo do tipo.
Assim, verifica-se desde já que ao menos dois fatores ensejaram a inserção do ele‑
mento subjetivo no injusto. Inicialmente, a premissa finalista, amparada em dados ônticos, e a
análise do comportamento humano como algo necessariamente orientado a uma finalidade
tornam imperiosa tal necessidade. Assim, por questão de coerência com as premissas do
modelo finalista, impõe-se a alteração.
Outro fator foi a necessidade de se admitir em certos tipos elementos subjetivos. Tal
situação, de certa forma, quebrou parte das premissas e construções do modelo clássico
e mesmo do modelo neokantista. Além disso, gerou uma situação não sistêmica, pois ora
o elemento subjetivo estaria no tipo, ora na culpabilidade. A única forma de sistematizar
novamente o aspecto topográfico do elemento subjetivo na estrutura analítica do crime
seria recolocá-lo em apenas um estrato, o que, conforme Guaragni, fez Welzel.
Com isso, o sistema da concepção puramente objetiva do injusto ficou abandonado;
em todos os delitos dolosos o dolo é um elemento essencial do injusto. Daí se deduz que
somente o conceito de ação finalista, e não o conceito de ação causal, pode sustentar a
base ôntica da doutrina do injusto. O dolo, cujo caráter de elemento configurador objetivo
da ação tinha sido destacado pela doutrina da ação finalista, é um elemento essencial do
conceito de injusto26.
Dessa forma, conforme Guaragni o injusto (conduta humana típica e antijurídica),
que nos sistemas clássico e neokantiano era o lado objetivo do crime, passou a ser também
composto por elementos subjetivos ou pessoais. Fundava-se a teoria do injusto pessoal, em
que ele é composto por elementos de ordem objetiva e subjetiva. O dolo foi transportado da
culpabilidade para ser analisado no tipo somente com suas cargas psicológicas – elementos
cognitivo e volitivo. O transporte do dolo da culpabilidade para o tipo resolveu o problema

26 Ibidem, p. 159.

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Capítulo 9 Evolução dos sistemas penais

da tentativa, não solucionado no pensamento neokantiano. Ademais, o dolo passou a ser


visto como conhecimento e vontade, abandonando-se a consciência da ilicitude. Muda-se
do dolo normativo (dolus malus) para o dolo natural e a consciência da ilicitude se trans‑
muda em potencial consciência da ilicitude reforçando o caráter valorativo, de reprovação
da culpabilidade.
Ainda em matéria de erro, a dicotomia passa a operar-se entre erro de tipo, calcado
na inexistência do elemento cognitivo do dolo (já que todo querer pressupõe um conhecer),
e erro de proibição, que implica impossibilidade de o agente compreender a ilicitude da
conduta. O tipo subjetivo é composto pelo dolo, como elemento subjetivo geral e das inten‑
ções ou tendências, que são os elementos subjetivos especiais, presentes em determinados
delitos (por exemplo, o furto).

Crítica
Mas há um calcanhar de Aquiles da teoria finalista. Ao menos no primeiro momento
de sua obra, Welzel27 trata a conduta culposa como causal. Ainda que depois altere o
entendimento e passe a sustentar que nesta também há finalidade, a culpa não se encaixa
perfeitamente com o modelo finalista, ao menos a priori.

9.4. Teorias sociais da ação


Há em verdade diversas teorias sociais da ação. Contudo, como observa Guarani
todas tem um ponto em comum, fazer o conceito de conduta humana depender de sua
relevância social.
Há em verdade dois momentos das teorias sociais da ação. Em um primeiro momento
foi uma tentativa de ajustar o causalismo ao sistema jurídico, notadamente à omissão. Já,
em um segundo momento (Jescheck e Wessels) ela se dá após o finalismo e como crítica
tanto a ele quanto ao causalismo.
O conceito pioneiro desta linha se deu com Eberhard Schmidt para quem a ação é a
conduta voluntária dirigida ao mundo externo social (ano de 1932).
Para exemplificar sua teoria e a diferença para com a vontade fala acerca da irmã
menor que ainda sem dominar completamente uma lingua, obedece às ordens maliciosas
do irmão mais velho e repete uma frase injuriosa para a professora, pensando tratar-se de
uma frase elogiosa. Neste caso haveria um sentido objetivo que costuma ser compreendido
como manifestação de insulto e, então, independeria da vontade do interlocutor. O efeito
da frase e o sentido social teriam existência independentemente da vontade do agente28.
Trata-se em verdade de uma retomada do fundamento filosófico neokantiano. Ao
entender Schmidt que a conduta deveria ser vista como fenômeno social ela necessaria‑
mente é valorada.

27 WELZEL, Hans. Derecho Penal. Parte General. Roque Depalma Editor, 1956. p. 135.
28 GOMES, Renato. Teorias da conduta. Antecedentes, tendências e impasses. Editora Revan, 2016. p. 102.

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Capítulo 12 Resultado

Exemplos: crimes omissivos próprios, invasão de domicílio (art. 150 do CP).


Observação final: qualquer destes crimes admite tentativa, cuidado!

Capítulo 11. Resultado


– Conceito e espécies: Jurídico e naturalístico.
– Classificação: Material, formal (resultado cortado e mutilado de dois atos) e de mera conduta

12.3. Questões
1. (CONSULPLAN – Juiz de Direito Substituto – TJ-MG – 2018) Fulano, querendo matar Beltrano,
efetua um disparo de revólver contra este, mas) erra o alvo, vindo a atingir Sicrano, ferindo
este último levemente no braço. Nessa situação hipotética, conforme legislação aplicável ao
caso, Fulano deverá responder por
A) homicídio tentado contra Sicrano.
B ) homicídio tentado contra Beltrano
C ) lesões corporais leves contra Sicrano.
D) lesões corporais culposas contra Sicrano.
Gabarito: B

2. (FGV – Delegado de Polícia Civil Substituto – PC-RN – 2021) Lidiane, exímia nadadora, convida
sua amiga Karen para realizarem a travessia a nado de um rio, afirmando que poderia socorrê-
-la caso tivesse qualquer dificuldade. Durante a travessia, Karen e Lidiane foram pegas por
um forte redemoinho que as puxou para o fundo do rio. Lidiane conseguiu escapar, mas, em
razão da forte correnteza, não conseguiu salvar Karen, que veio a falecer por afogamento.
Considerando o fato acima narrado, Lidiane:
A) será responsabilizada pelo homicídio de Karen por omissão imprópria, visto que criou a
situação de perigo e assumiu a posição de garantidora;
B ) assumiu a função de garantidora, devendo responder pela omissão de socorro com resultado
morte;
C ) assumiu a função de garantidora, mas não responderá pela morte de Karen, pois estava
impossibilitada de agir;
D) não será responsabilizada pela morte de Karen, visto que não possuía o dever de agir;
E ) não assumiu a função de garantidora, devendo, contudo, responder pelo crime de omissão
de socorro com resultado morte.
Gabarito: C

3. (CIEE – Estagiário de Direito – CIEE – 2019) No que concerne aos elementos do crime, é correto
afirmar que:
A) não há crime sem ação.
B ) os animais irracionais podem ser sujeitos ativos de crimes.
C ) o sujeito passivo material de um delito é o titular do bem jurídico diretamente lesado pela)
conduta do agente.
D) não há crime sem resultado.
Gabarito: C

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CAPÍTULO 13
TIPICIDADE

13.1. Evolução do tipo e da tipicidade


De início não se confunde tipo e tipicidade. Tipo é o modelo de descrição da conduta
proibida enquanto a tipicidade é a relação de adequação entre a conduta e o tipo penal.
De todo modo, historicamente não é possível separar as construções, vez que alterações na
teoria do tipo têm repercussão no estudo da tipicidade e ambas caminham juntas, motivo
pelo qual estudaremos a evolução das duas noções de forma entrelaçada.
Havia um conceito denominado Tatbestand que foi utilizado por Feuerbach e era
entendido como o próprio crime. O conjunto de características de uma ação concreta contida
em um conceito legal de uma conduta ilícita era chamada de “tipo de delito” (Tatbestand).
Portanto, inicialmente tal concepção de Tatbestand se confundia com a própria noção de
crime (Cláudio Brandão). À época crime era uma ação antijurídica e culpável tão somente.
Posteriormente Beling criticou esta construção e em 1906 reduziu o âmbito de abran-
gência do Tatbestand e deu-lhe uma função. Passou a tratar tal termo como a tipicidade,
como uma descrição da conduta proibida. Assim, não cabe à tipicidade estabelecer juízos
envolvendo causas de justificação, dolo ou culpa, mas tão somente realizar uma descrição.
Também para Beling a ação era estudada fora da tipicidade. Nota-se então que o primeiro
elemento do conceito analítico de crime foi o último a ser criado.

13.2. Bem jurídico: noções


Conforme pontua Cláudio Brandão, o bem jurídico, enquanto instituição penal voltada a
justificar ou legitimar a intervenção penal, tem forte base no método kantiano, impulsionado
pela escola sudociental alemã no início do século XX. A bipartição metodológica, própria
do modelo kantiano e que refuta epistemologicamente o positivismo científico, ensejou
ao lado e de modo separado do método das ciências naturais, cujo ato gnosiológico era a
explicação, o método das ciências culturais com o seu correspondente ato gnosiológico da
compreensão, possibilitou a penetração no direito da filosofia dos valores. Com este modelo
se desenvolveu sobremaneira na ciência penal o bem jurídico, no mesmo passo em que
também se desenvolveu o conceito tripartido de crime1.
O antecedente da ideia de bem jurídico se deve a Anselm Von Feuerbach que em seu
tratado em 1801 partindo da função do Direito Penal como a de proteger direitos subjetivos,
estes entendidos como o conjunto dos direitos privados ou individuais atribuídos às pessoas

1 BRANDÃO, Cláudio. Bem jurídico e norma penal: A função da antinormatividade na teoria do crime. p. 02.

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CAPÍTULO 15
ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE

Assis Toledo, em Princípios básicos de Direito Penal (p. 159) inspirado em Carnelutti
Teoria Generale del reato (p. 18) critica a expressão antijuridicidade, vez que não faz sentido
que um ato que é regido pelo direito, jurídico, portanto, seja antijurídico. Em verdade mesmo
o ato ilícito, dentre eles o ilícito penal, é um ato jurídico.

15.1. Aspecto histórico


A formulação da antijuridicidade como conceito autônomo surgiu com Ihering em
1867. Nessa época Ihering notou que a situação do possuidor viciado de boa-fé era diferente
da do ladrão. O primeiro não poderia ser censurado, enquanto o segundo sofria tal censura.
Apesar disso, não se pode considerar a situação do possuidor de boa-fé como con‑
forme ao Direito. Em síntese, a postura do possuidor era antijurídica, mas não era culpável.
Enquanto a do ladrão era antijurídica e culpável.
Assim, distinguia o aspecto objetivo relacionado à antijuridicidade do aspecto sub‑
jetivo relacionado à culpabilidade, o que foi adotado por Liszt.

15.2. Noção
15.2.1. licitude formal e ilicitude material
Segundo Roxin (p. 558), uma ação é formalmente ilícita na medida em que contradiz
uma proibição ou mandamento legal. Já, é materialmente jurídica na medida em que se
carrega consigo uma lesão ou risco de lesão a bens jurídicos e é nociva socialmente. O
primeiro autor a realizar essa distinção foi Liszt.
Segundo Jescheck e Roxin, há uma tripla importância na ilicitude material:
1. Permite realizar graduações do injusto e aproveitá-las dogmaticamente;
2. Permite meios para auxiliar nas teorias do tipo e do erro;
3. Permite estabelecer princípios nos quais se baseiam as classes de exclusão do injusto
e, assim, determinar seu alcance.

De outra banda Assis Toledo, Hirsch, dentre outros sustentam que a distinção não faz
sentido, vez que se as normas têm função de proteger bens jurídicos, é evidente que toda
oposição à norma penal implique lesão ou perigo de lesão a bem jurídico.
Ilicitude e injusto: não há que se confundir os termos. Injusto nada mais é que o fato
típico acrescido da ilicitude, portanto, quando se usa a expressão injusto penal estamos nos
referindo ao fato típico e ilícito.

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CAPÍTULO 19
APLICAÇÃO DA PENA

19.1. Considerações iniciais


Não há dúvidas que uma das áreas prioritárias da dogmática penal sempre foi a teoria
do delito. No entanto, a questão não parece ser tão simples. Isto porque grande parte dos sis‑
temas de direito penal são estruturados a partir das teorias da pena (Luís Greco ao atualizar o
Manual de Roxin passou a começar pela Teoria da Pena). Tais teorias irradiam instrumentos de
legitimação da intervenção punitiva e estabelecem os pressupostos da própria teoria do delito.
Da mesma forma, nota-se uma ausência de transparência na existência de critérios
de determinação da pena. O aparente nível elevado de clareza da dogmática do delito tem
relação com seu caráter universalista, o que não pode ser imputado a dogmática da pena.
Enquanto as estruturas dogmáticas da teoria do crime têm caráter transnacional (a
dogmática alemã, por exemplo, influencia fortemente nosso sistema), a estrutura da teoria da
pena carece desse potencial colonizador, de modo que normalmente decorre de tradições locais.
Justamente em razão deste problema o legislador brasileiro tratou minuciosamente
da aplicação da pena, dividindo-a em diversas etapas, de maneira metódica, o que não sig‑
nifica necessariamente que tal se deu de forma sistematizada. A divisão feita pela lei penal
é um tanto confusa e pouco didática.
O art. 59 do CP estabelece em linhas gerais como se calcula a pena, de modo que
aqui já se nota uma assistematicidade da nossa legislação. O art. 59, caput, trata de uma
das fases da dosimetria, enquanto o inciso II trata da fixação da pena de maneira genérica.
Não se respeitou a regra segundo o qual o caput traz o geral e incisos, parágrafos e alíneas
tratam de pontos específicos, pelo contrário, tal foi invertido.
Portanto, feita essa ressalva verifica-se que a aplicação da pena em nosso direito
tem quatro etapas:
1. eleição da pena cabível entre as cominadas (pena privativa de liberdade, multa etc.)
2. Determinação da pena para o caso – é efetivamente a dosimetria
3. Fixação do regime
4. Aplicação de eventuais substitutivos penais.

19.2. 1ª operação: eleição da pena


Impõe ao julgador o dever de verificar quais as penas previstas no preceito secundário
do tipo penal pelo qual o sujeito foi condenado e, após, definir a sanção adequada.
Alguns preceitos secundários estabelecem hipóteses punitivas, cumuladas ou alternadas,
motivo pelo qual, neste segundo caso, o juiz deve eleger a que entender adequada, justificando.

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