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REVISÃO – RESUMOS
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SEMANA 01/09
Sumário
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE III (ILICITUDE – CULPABILIDADE – TEORIA DO ERRO)................. 8
1. ILICITUDE ....................................................................................................................................................... 8
1.1 Relação entre a Tipicidade e a Ilicitude .................................................................................................................... 8
1.2 Causas de Exclusão da Ilicitude ................................................................................................................................ 9
1.2.1 Causas Supralegais de Exclusão da Ilicitude .................................................................................................... 15
1.3 Excesso na Justificante ........................................................................................................................................... 16
1.4 Excludente de Ilicitude e Indenização no Cível – art. 65, CPP. ............................................................................... 16
2. CULPABILIDADE ........................................................................................................................................... 17
2.1. Imputabilidade ............................................................................................................................................ 18
2.2. Potencial Consciência De Ilicitude .............................................................................................................. 19
2.3. Exigibilidade De Conduta Diversa ............................................................................................................... 20
3. TEORIA DO ERRO ......................................................................................................................................... 21
3.1. Erro De Tipo (Art. 20, CP) ...................................................................................................................................... 21
3.2. Erro De Proibição................................................................................................................................................... 24
DIREITO PENAL: CONCURSO DE PESSOAS E DE CRIMES.................................................................................. 27
1. CONCURSO DE PESSOAS .............................................................................................................................. 27
2. Teorias Sobre Concurso De Pessoas .................................................................................................................... 28
3. Autoria ................................................................................................................................................................. 28
5. Concurso de Pessoas em crimes próprios e crimes de mão própria: .................................................................. 32
6. Concurso de pessoas em crimes culposos ........................................................................................................... 32
7. Concurso de pessoas em crimes omissivos ......................................................................................................... 33
8. Cooperação dolosamente distinta ou participação em crime menos grave ou desvio subjetivo: ...................... 33
9. Concurso de pessoas e crimes multitudinários ................................................................................................... 34
2. CONCURSO DE CRIMES ................................................................................................................................ 34
2.1 Concurso Material – art. 69, CP .............................................................................................................................. 35
2.2 Concurso Formal (Ideal) – art. 70, CP ..................................................................................................................... 35
2.3 Crime Continuado – art. 71, CP .............................................................................................................................. 36
DIREITO PROCESSUAL PENAL: AÇÃO PENAL.................................................................................................... 38
1. AÇÃO PENAL ................................................................................................................................................ 38
1.1. Direito de Ação ................................................................................................................................................ 38
1.2. Condições da Ação .......................................................................................................................................... 39
1. Conceito: São requisitos mínimos indispensáveis ao julgamento da causa. ................................................... 39
2. Teoria da Asserção: a análise das condições da ação é realizada com base nos elementos fornecidos na inicial
acusatória, conforme narrado pelo demandante, sem adentrar em aspectos probatórios. ................................... 39
3. A doutrina trabalha com duas espécies de condições da ação: condições genéricas e específicas: .............. 39
4. Condições genéricas ........................................................................................................................................ 39
5. Condições Específicas da Ação: Também chamadas de condições de procedibilidade. ................................. 40
2. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL .................................................................................................................... 41
2.1. Princípios Comuns da Ação Penal Pública e Privada ....................................................................................... 41
2.2. Princípios da Ação Penal Pública ..................................................................................................................... 41
2.3. Princípios da Ação Penal Privada .................................................................................................................... 42
3. AÇÃO PENAL PÚBLICA .............................................................................................................................. 43
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2.6 Tráfico Privilegiado (Art. 33, §4º) – NÃO é crime equiparado a hediondo. .................................................... 77
2.7. Tráfico de Maquinário (Art. 34) ............................................................................................................................ 78
2.8. Associação Para o Tráfico ...................................................................................................................................... 78
2.9 Financiamento ao Tráfico ................................................................................................................................ 79
2.10. Informante Colaborador...................................................................................................................................... 79
2.11 Prescrever ou Ministrar Drogas Culposamente ................................................................................................... 79
2.12 Conduzir Embarcação ou Aeronave após o Consumo de Drogas ................................................................... 79
2.13 Causas de Aumento da Pena ................................................................................................................................ 80
3. DOSIMETRIA DA PENA ................................................................................................................................. 81
4. DA INVESTIGAÇÃO .................................................................................................................................... 81
5. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS ........................................................................................................................ 82
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI HENRY BOREL ............................................................................................ 84
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 84
2. DEFINIÇÕES DE CRIANÇA E ADOLESCENTE .................................................................................................. 84
3. TRATADOS INTERNACIONAIS....................................................................................................................... 85
4. CRIMES PREVISTOS NA LEI HENRY BOREL ................................................................................................... 85
5. DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL ....................................................................................... 86
6. COMPETÊNCIA PARA CONCESSÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS .................................................................... 87
7. MEDIDAS PROTETIVAS NA LEI MARIA DA PENHA X MEDIDAS PROTETIVAS NA LEI HENRY BOREL ............ 87
8. QUAL A NATUREZA JURÍDICA DAS MEDIDAS PROTETIVAS? ........................................................................ 89
9. COMPETÊNCIA PARA JULGAR O CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA PROTETIVA.......................... 89
10. ART. 26 DA LEI 14.344/2022 ...................................................................................................................... 89
DIREITO PROCESSUAL CIVIL: PROCESSO DE CONHECIMENTO ........................................................................ 92
1. PETIÇÃO INICIAL .......................................................................................................................................... 92
2. POSTURAS DO JUIZ DIANTE DA PETIÇÃO INICIAL ..................................................................................................... 94
3. RESPOSTA DO RÉU ....................................................................................................................................... 95
3.1. Contestação ........................................................................................................................................................... 95
a) Defesas Processuais (indiretas): Não dizem respeito propriamente ao direito material alegado pelo autor,
mas à regularidade formal do processo. Podem ser dilatórias (não provocam o fim do processo) e peremptórias
(acolhidas, extinguem o processo sem resolução do mérito). ................................................................................. 95
b) Defesas dilatórias: ........................................................................................................................................... 95
3.2. Princípios que regem a contestação ............................................................................................................... 96
3.3. Reconvenção ................................................................................................................................................... 96
4. REVELIA .................................................................................................................................................... 97
5. PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES CONFORME O ESTADO DO PROCESSO .................................................. 97
6. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO............................................................................................ 98
6.1. Consequências do não comparecimento pessoal/representante (art. 334, §8º, CPC) ............................ 99
6.2. Intervalo entre as audiências (art. 334, §12, CPC) .............................................................................. 99
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6.3. Litisconsórcio, audiência e prazo de contestação (art. 334, §6º e 335, §1º, CPC) .............................. 99
MEDICINA LEGAL: PERÍCIA E PERITO E DOCUMENTOS MÉDICO LEGAIS....................................................... 100
1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ...................................................................................................................... 100
2. SUBDIVISÕES DA MEDICINA LEGAL ........................................................................................................... 101
3. PERÍCIAS E PERITOS ................................................................................................................................... 101
3.1. Perícia .................................................................................................................................................................. 101
3.2. Peritos ................................................................................................................................................................. 104
3.3. Crime de Falsa Perícia.......................................................................................................................................... 107
4. DOCUMENTOS MÉDICO LEGAIS ................................................................................................................ 109
4.1. Relatórios (Laudos e Autos)................................................................................................................................. 110
4.2. Parecer Médico-Legal .......................................................................................................................................... 110
4.3 Atestado ............................................................................................................................................................... 111
5. Classificação quanto ao modo de fazer ou conteúdo, os atestados podem ser: .......................................... 111
6. Atestado de óbito: O médico que fornece o atestado de óbito, devendo observar as normas legais para tanto.
Primeiramente, é preciso fazer uma diferenciação quanto aos tipos de morte: ................................................... 112
Notificação Compulsória: ........................................................................................................................................... 112
1. São comunicações compulsórias feitas pelos médicos às autoridades competentes, por razões sociais ou
sanitárias. Caso o médico (apenas para o médico) deixe de fazer a comunicação, estará enquadrado no crime de
omissão de notificação de doença (art. 269, P). ..................................................................................................... 112
2. Situações que ensejam notificação compulsória: ......................................................................................... 112
4.5. Depoimentos Orais .............................................................................................................................................. 112
4.6 Prontuários ........................................................................................................................................................... 113
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DO GENOCÍDIO ....................................................................................... 114
1. NOÇÕES INICIAIS........................................................................................................................................ 114
2. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL ........................................................................................................ 114
3. BEM JURÍDICO TUTELADO ...................................................................................................................... 114
3.1. Genocídio praticado contra indígenas .......................................................................................................... 115
4. EXTRATERRITORIALIDADE.......................................................................................................................... 115
5. HEDIONDEZ DO CRIME DE GENOCÍDIO .................................................................................................. 115
6. PRISÃO TEMPORÁRIA ............................................................................................................................. 116
7. DIFERENÇA ENTRE HOMICÍDIO EM ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO E GENOCÍDIO ...... 116
8. TERRORISMO E GENOCÍDIO ................................................................................................................... 116
9. GENOCÍDIO NA LEI 2.889/56: ................................................................................................................. 116
9.1. Condutas tipificadas na Lei 2.889/56: ................................................................................................................. 117
9.1.1. “Matar membros do grupo” ..................................................................................................................... 117
9.1.2. – Causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo: ........................................... 117
9.1.3. – Submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição
física total ou parcial ............................................................................................................................................... 118
9.1.4. – Adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo ............................................. 118
9.1.5. – Efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo .............................................. 119
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DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE III (ILICITUDE – CULPABILIDADE – TEORIA DO ERRO)
CP:
⦁ Art. 20 e 21 (importantíssimos!)
⦁ Art. 25, §único (introduzido pelo Pacote Anticrime)
⦁ Art. 26
⦁ Art. 28, II e §1º
⦁ Art. 73 e 74 (importantíssimos!)
1. ILICITUDE
1. É o segundo substrato do conceito analítico de crime, e consiste na relação de contrariedade entre o fato
típico praticado por alguém e o ordenamento jurídico.
2. Este é o conceito conferido segundo a finalismo.
1. Teoria da Absoluta Independência do Tipo / do Tipo Avalorado / Tipo Meramente Descritivo (Von Liszt e
Beling): o fato típico NÃO possui qualquer relação com a ilicitude.
● O tipo é a mera descrição objetiva do fato em lei (tipo penal acromático).
● Acaso a ilicitude deixe de existir, a tipicidade permanece.
● Para André Stefan (Direito Penal. Vol.1), trata-se de elemento valorativamente neutro.
● Sua concepção NÃO admitia o reconhecimento de elementos normativos ou subjetivos do tipo.
2. Teoria Indiciária do Tipo / da Ratio Cognoscendi (Max Ernst Mayer): O fato típico é presumidamente
ilícito, é um indício da ilicitude. Teoria majoritária e adotada pelo CP.
● A tipicidade deixa de ter função meramente descritiva, vindo a representar um indício da antijuridicidade.
● Praticando-se um fato típico, ele se presume ilícito. Essa presunção é relativa, pois admite prova em
contrário, podendo ser afastada por uma excludente de ilicitude.
● A tipicidade NÃO é valorativamente neutra ou descritiva, de modo que se torna cabível o reconhecimento
de elementos normativos e subjetivos do tipo penal.
● Essa teoria acarreta a inversão do ônus da prova no tocante às excludentes da ilicitude. Assim, para a
acusação, basta provar que o fato é típico, cabendo à defesa alegar e provar as excludentes.
3. Teoria da Absoluta Dependência / da Ratio Essendi / da Identidade (Edmundo Mezger): O fato típico e ilícito
seria um só elemento. A tipicidade não é só indício, é a essência da ilicitude, de modo que todo fato típico
NECESSARIAMENTE é ilícito.
● Origina-se, aqui, o “injusto penal”, que é o fato típico + ilícito, analisados em uma única ocasião.
● O tipo possui função constitutiva da ilicitude, de tal forma que se o fato for lícito, será atípico.
● A ilicitude faz parte da tipicidade, ou seja, é a fusão entre os dois substratos.
4. Teoria dos Elementos Negativos do Tipo: O tipo penal é composto por elementos positivos e elementos
negativos. Os positivos são explícitos (tipo penal), enquanto os elementos negativos estão implícitos (causas
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excludentes de ilicitude). Para que o comportamento do agente seja típico, não podem estar configurados os
elementos negativos.
● Face positiva: é chamada de tipicidade provisória (o que nós conhecemos como tipicidade).
● Face negativa: é a ausência dos elementos negativos do tipo (o que nós conhecemos como causas
excludentes da ilicitude).
● Há aqui uma absoluta relação de dependência entre o fato típico e a ilicitude, pois, para que seja típico,
não pode ser lícito, ou seja, deve também ser ilícito. Ex.: “matar alguém” = elemento positivo. No
entanto, matar alguém só será crime se o agente não estiver amparado em uma excludente da ilicitude,
pois, caso estivesse, incidiria um elemento negativo do tipo.
a) Conceito: Se há dois bens em perigo de lesão, o estado permite que seja sacrificado um deles, pois, diante
do caso concreto, a tutela penal não pode salvaguardar a ambos. Nesse caso, há sopesamento de bens diante
de uma situação adversa.
b) Espécies:
● Quanto à titularidade:
. Próprio;
. De terceiro.
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. Agressivo: sacrifica-se direito de pessoa alheia à provocação do perigo. Gera responsabilidade civil,
embora não seja ilícito penal.
c) Requisitos:
(2) PERIGO NÃO CAUSADO VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE: O provocador do perigo NÃO pode beneficiar-
se da excludente, salvo no caso em que tenha gerado involuntariamente. Em outras palavras, aquele que por
sua vontade produz o perigo não poderá agir em estado de necessidade.
(4) INEXISTÊNCIA DE DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO: Se for o garantidor, mesmo que por relação
contratual, NÃO pode alegar estado de necessidade O sacrifício somente será inevitável quando, mesmo
correndo risco pessoal, for impossível a preservação do bem. Em contrapartida, para quem não tem a
obrigação de se arriscar, a inevitabilidade significa que, se houver algum perigo para o agente, já lhe será
possível o commodus discessus.
● Teoria Diferenciadora: Se o bem jurídico sacrificado tiver um valor menor que o bem jurídico protegido,
haverá estado de necessidade com excludente da ilicitude, denominado de estado de necessidade
justificante. Por outro lado, se o bem sacrificado tiver o valor igual ou maior do que o bem protegido, a
doutrina denominará esta situação de estado de necessidade exculpante, ou seja, haveria a exclusão da
culpabilidade. Teoria adotada pelo Código Penal Militar (art. 39 e art. 45, §único).
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● Teoria Unitária: NÃO há estado de necessidade exculpante, mas apenas o estado de necessidade
justificante, que é excludente da ilicitude e incidirá sempre que o bem sacrificado tiver valor igual ou menor
que o bem jurídico protegido. Teoria adotada pelo CP.
Vamos esquematizar?
TEORIA ESTADO DE EXCLUDENTE BEM PROTEGIDO BEM SACRIFICADO
NECESSIDADE
Justificante Exclui a ilicitude Vale Mais Vale Menos
TEORIA
Exculpante Exclui a Vale Igual Vale Igual
DIFERENCIADORA
culpabilidade Vale Menos Vale Mais
TEORIA UNITÁRIA Justificante Exclui a ilicitude Vale Mais Vale Menos
Vale Igual Vale Igual
b) Requisitos: A legítima defesa se desenvolve sob o binômio agressão / reação. Desse modo, pressupõe:
AGRESSÃO REAÇÃO
. Injusta; . Uso dos meios necessários;
. Atual ou iminente; . Uso moderado desses meios.
. Contra direito próprio ou de terceiros.
(1) AGRESSÃO INJUSTA: agressão é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária, que lesa ou expõe
a perigo de lesão um bem ou interesse consagrado pelo ordenamento jurídico.
● Apenas ações humanas (salvo se o animal for utilizado como instrumento de ataques humanos)
● Possui destinatário certo.
● A doutrina majoritária entende ser possível a legítima defesa contra inimputáveis.
● A agressão deve ser injusta: contrária ao direito (não precisa ser necessariamente crime, basta que seja
praticada em desacordo com as normas jurídicas).
● A doutrina admite a legítima defesa contra condutas culposas e até mesmo contra condutas despidas de
culpa, desde que revestidas de injustiça.
(2) AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE: agressão passada ou a agressão futura e remota NÃO autorizam a
incidência da legítima defesa. Em caso de agressão futura, porém certa, configurando legítima defesa
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(4) MEIOS NECESSÁRIOS: são aqueles menos lesivos colocados à disposição do agente e que sejam capazes de
repelir a agressão atual ou iminente.
⮚ OBS.: Inexistência do requisito “commodus discessus”: Na legítima defesa, ainda que o agente possa fugir
da injusta agressão, essa conduta NÃO é exigida dele. Em outras palavras: uma vez constatada a injusta
agressão, o agredido pode rebatê-la, não se lhe exigindo a fuga do local.
COMMODUS DISCESSUS
(5) USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS: O uso dos meios necessários deve ocorrer na estrita
necessidade de repelir a injusta agressão, de modo que qualquer conduta que exceda o necessário para a
defesa poderá ser tratada como excesso (doloso ou culposo)
c) Ataque de animal:
● Espontâneo: Configura perigo atual e estado de necessidade;
● Provocado por terceiro: Há agressão injusta, pois o animal foi usado como instrumento, sendo o revide
legítima defesa.
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e) Considerações importantes:
● Estado de necessidade x estado de necessidade: é possível!
● Erro na execução (art. 73, CP) x Estado de necessidade e legítima defesa: é possível!
● Legítima defesa recíproca: NÃO é possível! Na verdade, NÃO cabe legítima defesa real contra nenhuma
outra causa excludente de ilicitude real (vez que não será agressão injusta).
● Legítima defesa putativa recíproca: é possível!
● Legítima defesa culposa: Há uma agressão injusta decorrente de culpa na apreciação da situação de fato.
Contra esse ataque culposo cabe legítima defesa real.
● Legítima defesa contra quem age amparado por excludente de culpabilidade: É possível a ocorrência
da legítima defesa pois, ainda que não haja culpabilidade, ocorre um fato típico e ilícito.
● Legítima defesa em face de bens coletivos: Em regra, NÃO admitem legitima defesa. É dever do Estado
tutelar, não podendo o particular se sub-rogar no lugar daquele.
● Legítima defesa contra multidão: divergência!
⋅ 1ª posição: É possível. A agressão é injusta, sendo irrelevante se destinada a alguém individualizado ou
não.
⋅ 2ª posição: Não é possível. Configura estado de necessidade, visto que a agressão na legitima defesa
tem que ter destinatário certo.
OBS.1: A defesa contra agressão produzida em caso de um ataque epiléptico NÃO pode ser justificada pela
legítima defesa, mas seria caso de estado de necessidade.
OBS.2: É possível legítima defesa contra pessoa jurídica.
OBS.3: Se alguém desafia outrem e a pessoa aceita, nenhum dos dois estará em legítima defesa.
OBS.4: Os bens jurídicos supraindividuais NÃO são suscetíveis de legítima defesa.
f) Hipóteses de NÃO cabimento de legítima defesa: (nenhuma das hipóteses possui agressão injusta)
● Legítima defesa real contra legítima defesa real;
● Legítima defesa real contra estado de necessidade real;
● Legítima defesa real contra exercício regular de direito;
● Legítima defesa real contra estrito cumprimento do dever legal.
g) Espécies de excesso:
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● Doloso ou consciente: Quando o agente, ao se defender de uma injusta agressão, emprega meio que sabe
ser desnecessário ou, mesmo sabendo da desproporção, atua com imoderação. Se constatado o excesso
doloso, a consequência é a responsabilidade do agente pelo resultado doloso.
● Culposo ou inconsciente: Não houve intensificação intencional, pois o sujeito imaginava-se ainda
sofrendo o ataque, tendo o seu excesso decorrido de uma equivocada apreciação da realidade.
● Exculpante: Não deriva nem de dolo, nem de culpa, mas de um erro plenamente justificado pelas
circunstâncias (legítima defesa subjetiva).
a) Definição: Trata-se de uma causa de exclusão da ilicitude que consiste na prática de um fato típico em razão
de o agente cumprir uma obrigação imposta por lei, de natureza penal ou não. Haveria incoerência caso o
ordenamento jurídico impusesse um dever a alguém e o punisse criminalmente.
b) Considerações importantes:
● O estrito cumprimento do dever legal beneficia os agentes públicos em geral, mas é possível que o
particular também seja amparado pela excludente, desde que esteja cumprindo estritamente um dever
legal. Ex.: advogado que omite informações, recusando-se a depor, em razão do segredo profissional
estabelecido no EOAB.
● Se o agente se exceder, responderá pelo excesso. Caberia, por exemplo, legítima defesa diante desse
excesso.
● NÃO é compatível com os crimes culposos¸ uma vez que a lei não obriga ninguém a ser imprudente,
negligente ou imperito.
● No concurso de pessoas, o estrito cumprimento do dever legal para um dos agentes se comunica aos
demais que concorreram para o fato.
● O agente deve ter consciência que está agindo acobertado por excludente (elemento subjetivo).
c) Excesso no estrito cumprimento do dever legal: Tanto no excesso doloso como no excesso culposo, temos
a ruptura dos limites do dever. Nessas hipóteses, o agente deixa de estar amparado pelo estrito cumprimento
do dever legal porque ele se excede os limites impostos pela norma, motivo pelo qual o excesso exclui a
licitude da conduta (permite, inclusive, o a legítima defesa por parte de quem sofreu o excesso)
a) Definição: São as ações do cidadão comum autorizadas pela existência de direito definido em lei (não
admite costumes) e condicionadas à regularidade do exercício desse direito. Se houver excesso o agente
deve ser responsabilizado. É necessário que o agente tenha consciência que está agindo acobertado por
excludente.
b) Exemplos:
● Lesões em práticas esportivas;
● Prisão em flagrante realizada por particular (flagrante facultativo);
● Intervenções médicas ou cirúrgicas
● Direito de castigo dos pais em relação aos filhos.
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1.7. OFENDÍCULOS
b) Conceito: Os ofendículos são aparatos pré-ordenados para defesa do patrimônio. Ou seja: são meio que as
pessoas utilizam para defender principalmente a propriedade e a inviolabilidade domiciliar (ex.: cacos de
vidros nos muros, cerca elétrica, pontas de lanças no portão etc). Devem ser visíveis, caso contrário, estará
configurado excesso.
Obs.: Na hipótese ofendículo oculto, caso venha a agredir pessoa inocente, estaria configurada a
descriminante putativa da legítima defesa putativa (exclui dolo e permite punição por culpa caso haja previsão
legal).
1. CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
a) Natureza jurídica: É uma causa supralegal de exclusão da ilicitude.
b) Requisitos:
● Único titular / bem próprio;
● Agente capaz de consentir;
● Consentimento moral e que respeita os bons costumes;
● A doutrina tradicional diz que deve ser expresso, mas não precisa ser formal (pode ter qualquer forma). A
doutrina moderna admite também a tácita;
● Prévio ou simultâneo à conduta, não admitindo que seja posterior (caso seja, pode ser causa extintiva da
punibilidade, como por exemplo a renúncia ou o perdão nas ações privadas);
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● Bem disponível;
● O agente que comete o fato típico deve ter ciência desse consentimento (elemento subjetivo).
OBS.1: É cabível em crimes culposos. Ex.: vítima de lesão corporal de trânsito concordou com o excesso de
velocidade.
OBS.2: Se a falta de consentimento da vítima for elemento do fato típico, o consentimento excluirá a própria
tipicidade. Exemplo: art. 213, CP (o consentimento é elementar do tipo)
● Culposo: O sujeito reage à uma agressão injusta, e, ao se defender, extrapola os limites sem que esta fosse
a sua intenção. Falta com seu dever objetivo de cuidado, agindo com imprudência, imperícia ou negligência.
Responderá culposamente pelo crime, caso haja previsão legal da modalidade culposa.
● Acidental: Não decorre de um fato realizado pelo sujeito, e sim de caso fortuito ou força maior, de modo
que, do ponto de vista penal, é irrelevante.
● Exculpante: Decorre de uma perturbação do estado anímico do agente, que lhe retira a capacidade de
atuar racionalmente, geralmente pelo medo ou susto. Como não foi tratado pelo código penal e a
doutrina diverge sobre sua consequência. Parte entende que o agente poderá responder se agiu
culposamente. Outra parte, por sua vez, entende que, embora a conduta não esteja amparada pela
excludente de ilicitude, é possível que sua culpabilidade seja afastada por inexigibilidade de conduta
diversa, tendo em vista que o indivíduo está fora de si.
● Extensivo (Impróprio): é o excesso que ocorre em razão do uso imoderado de meios necessários. Nesse
caso, há o prolongamento da ação por tempo superior ao estritamente necessário (ou seja: a reação
persiste mesmo depois de cessada injusta agressão).
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1. A justificante reconhecida na esfera penal, geralmente, faz coisa julgada no cível, ou seja, afasta o direito
à indenização para quem sofreu conduta típica e lícita.
● Estado de necessidade agressivo (sacrifício de bem pertencente a quem não causou o perigo);
● Erro na execução quando da ação justificante que resulta em ofensa a bem jurídico de terceiro;
● Justificante putativa (casos de erros sobre as causas de justificação: erro de tipo permissivo e erro de
proibição indireto).
2. CULPABILIDADE
4. Elementos da culpabilidade:
● Imputabilidade;
● Exigibilidade de conduta diversa;
● Potencial consciência da ilicitude.
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2.1. Imputabilidade
a) Conceito: É o conjunto de condições pessoais que conferem ao sujeito ativo a capacidade de discernir e
compreender os seus atos. A inimputabilidade exclui a capacidade de entendimento e autodeterminação do
agente, enquanto que a semi-imputabilidade a reduz.
c) Sistemas de imputabilidade:
● Biológico: Considera apenas o desenvolvimento mental ou idade, independente da capacidade de
entendimento e autodeterminação.
● Psicológica: Considera apenas a capacidade de entendimento e autodeterminação do agente no
momento da conduta, independentemente de sua condição mental.
● Biopsicológico: Considera o desenvolvimento mental do agente e sua capacidade de entendimento no
momento da conduta. Para esta teoria, considera-se inimputável aquele que, em razão da sua condição
mental (doente mental, ou desenvolvimento mental incompleto), vai ser ao tempo da conduta
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse
entendimento.
d) Procedimento:
● O inimputável, salvo se for menor de idade (procedimento específico), será denunciado e processado
penalmente, mas não será condenado, e sim absolvido.
● Essa absolvição pode ser própria (sem imposição de sanção), caso faça jus a ela, ou imprópria, quando
todos os demais elementos forem preenchidos, mas o agente for inimputável (exceto pela idade), que
acarretará na aplicação de uma sanção penal, denominada de MEDIDA DE SEGURANÇA, com natureza de
tratamento.
● Já o semi-imputável, será condenado, mas a sua pena será REDUZIDA DE 1/3 A 2/3, podendo ser
substituída, se necessário, por medida de segurança.
● Atenção! Jamais cumprirá as duas. Antes, isso até era possível, vez que o sistema adotado era o Duplo
Binário, em que o semi-imputável cumpria inicialmente a pena diminuída e depois medida de segurança.
Hoje, o Código adota o sistema VICARIANTE/UNITÁRIO, em que o agente deve cumprir ou uma, ou outra.
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e) Excludentes da imputabilidade:
● Em razão de anomalia psíquica (art. 26, CP): Sistema biopsicológico.
● Em razão da idade do agente (art. 27, CP e 228 da CP): Sistema biológico (presunção absoluta de
inimputabilidade)
● Emancipação civil: NÃO altera em nada a inimputabilidade penal do menor de 18 anos.
● Embriaguez completa acidental: Sistema psicológico.
EMBRIAGUEZ
ORIGEM GRAU
Acidental: . Completa: Exclui a imputabilidade.
. Caso fortuito: agente ignora o efeito. . Incompleta: Diminui pena.
. Força maior: agente é obrigado a ingerir
substância de que conhece o efeito.
Não acidental: . Completa
. Voluntária: agente quer se embriagar (mas . Incompleta
não quer cometer o crime). NENHUMA exclui a imputabilidade!
. Culposa: negligente (não queria nem se
embriagar e nem cometer o crime).
Patológica: doentia. Pode se enquadrar no art. 26, sendo analisada
com base nele.
Preordenada: agente se embriaga para . Completa
cometer crime. . Incompleta
Teoria da actio libera in causa. NÃO exclui a imputabilidade e é agravante de
pena.
f) TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA (teoria da ação livre da causa): Serve para justificar a punição de ato
transitório revestido de inconsciência, decorrente de ato antecedente que foi livre na vontade,
transferindo-se para este momento anterior a constatação da imputabilidade. A teoria busca analisar a
vontade no momento em que o agente ainda estava sóbrio, vez que “bebeu porque quis”. E até aqui tudo
bem.
Porém, o CP também a utiliza para a embriaguez voluntária ou culposa, em que o agente não tinha a
intenção prévia de cometer crime e, sobre isso, temos três correntes:
● 1ª Corrente: É responsabilidade penal objetiva, sendo inaceitável;
● 2ª Corrente: É responsabilidade penal objetiva, mas necessária para proteger o interesse público;
● 3ª Corrente: Não se trata de responsabilidade penal objetiva e seria até desnecessária sua utilização,
vez que na embriaguez existe uma vontade residual, que fundamenta a responsabilidade penal.
a) Conceito: Aferição se o sujeito possui condições de compreender que a sua conduta é reprovável. É feito
com base na “valoração da esfera do profano”. Enquanto na análise do fato típico ou da ilicitude se utiliza
da figura do “homem médio”, para aferir culpabilidade se avalia a partir das condições do próprio agente.
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b) O que vai excluir a potencial consciência da ilicitude e, por ela, a culpabilidade, é o erro de proibição, se
inevitável. Quando for evitável, haverá diminuição de pena.
AUSÊNCIA
Consciência da Ilicitude Potencial Consciência da Ilicitude
ATENUANTE ERRO DE PROIBIÇÃO INEVITÁVEL
(art. 65 do CP – desconhecimento da
ilicitude da conduta)
a) Conceito: trata-se de situação em que o delito foi cometido em circunstâncias normais, em que o agente
poderia se comportar em conformidade com o Direito, mas optou por transgredir a lei penal. Decorre da
teoria desenvolvida por Reinhart Frank: Teoria da Normalidade das Circunstâncias Concomitantes.
OBS.: O temor reverencial consiste no receio de decepcionar pessoa a quem se deve elevado respeito.
NÃO se equipara à coação moral. NÃO há ameaça, apenas receio.
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● Estado de necessidade exculpante: Situações razoáveis de sacrifício de bem de maior valor para proteger
bem jurídico de menor valor. (Lembrando que o CP adotou a teoria unitária)
● Excesso intensivo exculpante: Em eventual excludente de ilicitude que decorre de medo, susto,
perturbação do ânimo.
● Legítima defesa preordenada: Como regra, não é admitida a legítima defesa futura, visto que a agressão
deve ser atual. Todavia, a doutrina aponta a possibilidade do reconhecimento de inexigibilidade de
conduta diversa.
● Cláusula de consciência: Situação em que alguém, por motivo de consciência ou de crença, pratica fato
criminoso, não violando direitos fundamentais individuais. Fica isento de pena.
● Desobediência civil: Ato de insubordinação, fundado na proteção de direitos fundamentais, desde que o
dano causado não seja relevante. Ex.: invasões do MST
● Conflito de deveres: Tem como fundamento a escolha do mal menor. Ex.: empresário que, visando a
manter o funcionamento da empresa, deixa de recolher as contribuições previdenciárias em virtude da
precária situação financeira → somente haverá a exclusão da culpabilidade se preenchidos dois requisitos
(1) Graves dificuldades econômico-financeiras da empresa;
(2) Extremo esforço de salvação da empresa por parte dos controladores, inclusive com sacrifício de
bens e direitos particulares.
3. TEORIA DO ERRO
1. Conceito: Erro consiste na ausência de consciência acerca de um objeto juridicamente relevante. Ou seja:
está em erro quem desconhece “algo” que é relevante para o Direito. Essa ausência de consciência pode
aparecer em dois momentos distintos: fato típico e culpabilidade.
● Fato típico: consciência enquanto elemento cognitivo do dolo (lembrando que o dolo é formado pelo
elemento cognitivo “saber” e elemento volitivo “querer”) → incide no ERRO DE TIPO.
● Culpabilidade: exige a potencial consciência da ilicitude → incide NO ERRO DE PROIBIÇÃO.
1. Definição: O ERRO DE TIPO recai sobre os elementos constitutivos do tipo, podendo recair sobre as
elementares, circunstâncias, justificantes ou qualquer dado agregado a determinada figura típica. Em regra,
no erro de tipo, há a falsa percepção da realidade.
2.1. ERRO DE TIPO ESSENCIAL: Trata-se de falsa percepção da realidade que recai sobre dados principais do tipo,
ou seja, sobre elemento fático ou normativo que corresponda a elementar do tipo.
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a) O erro de tipo essencial subdivide-se em erro de tipo incriminador e erro de tipo permissivo.
● Erro de tipo incriminador: a falsa percepção da realidade incide sobre situação fática prevista como
elementar ou circunstância de tipo penal incriminador
● Erro de tipo permissivo: o erro recai sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação, isto é,
situação de fato descrita como requisito objetivo de uma excludente de ilicitude (tipo penal permissivo).
Exclui o dolo – o agente não tem consciência do que faz (a Exclui o dolo – o agente continua não tendo consciência.
consciência é um dos elementos do dolo; sem consciência
não há dolo). Pune a culpa, se prevista em lei - o resultado era
previsível, caso em que se pode punir a culpa.
Exclui Culpa – o resultado é imprevisível (a previsibilidade é
elemento da culpa).
c) Erro de tipo em relação aos crimes omissivos impróprios: é aquele em que dever de agir é um elemento
constitutivo do tipo penal. Portanto, quando a falsa percepção da realidade recair sobre a existência do
dever de agir para evitar o resultado, haverá erro de tipo. Ex.: o salva vidas avista banhista se afogando em
águas rasas de uma praia e acredita que este está brincando.
d) Delito putativo por erro de tipo: No delito putativo por erro de tipo, a pessoa sabe que a conduta é
criminosa e quer praticar o crime, mas, por erro nas circunstâncias fáticas, pratica um fato penalmente
irrelevante. Ex.: Jovem acredita verdadeiramente que está grávida pois sua menstruação atrasou e, por ser
uma gravidez indesejada, decide comprar remédios abortivos para praticar o autoaborto (art. 124, CP).
Ocorre que, posteriormente, descobre que não havia gravidez alguma.
2.2. ERRO DE TIPO ACIDENTAL: Recai sobre dados periféricos/secundários do tipo. São desvios causais previsíveis
que não afastam a responsabilidade penal, pois, diferentemente do erro essencial, são irrelevantes para a
configuração do dolo. O erro acidental pode recair:
a) Quanto à coisa / sobre o objeto: O agente representa equivocadamente a coisa visada. O alvo era um objeto
específico e, por erro, acaba atingindo outro objeto.
● NÃO exclui dolo e culpa;
● NÃO isenta o agente de pena;
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b) Quanto à pessoa / error in personae (art. 20 §3º do CP): O agente representa equivocadamente a pessoa
visada. Constitui um erro de identidade. NÃO há erro na execução, não há falha operacional, mas sim falha
na representação da vítima.
● NÃO exclui dolo e culpa;
● NÃO isenta o agente de pena;
● Adota a teoria da equivalência dos bens jurídicos;
● Agente responde pelas qualidades da vítima pretendida (vítima virtual), e não da vítima real.
c) Na execução / aberratio ictus (art. 73 do CP): O agente representa corretamente a vítima, mas atinge pessoa
diversa da pretendida por ACIDENTE ou ERRO no uso dos meios de execução.
● NÃO exclui dolo e culpa;
● NÃO isenta o agente de pena;
● Adota-se a teoria da equivalência da equivalência dos bens jurídicos (responde com base na vítima
virtual)
● Pode possuir:
(1) Resultado único / unidade simples: atinge só a pessoa diversa, razão pela qual o agente responde
pelas qualidades da vítima pretendida (vítima virtual).
(2) Resultado duplo / unidade complexa: o agente atinge a pessoa desejada e também pessoa diversa
por culpa no segundo, razão pela qual responde pelos dois crimes (doloso e culposo) em concurso
formal próprio.
ATENÇÃO: Embora, para fins penais, seja considerada a vítima pretendida, denominada vítima virtual, ela é
irrelevante para fins processuais penais, que levará em consideração a vítima efetiva ou seja a vítima real.
d) Resultado diverso do pretendido / aberratio criminis (art. 74 do CP): O agente, por acidente ou erro na
execução, provoca lesão em bem jurídico diverso do pretendido.
● NÃO exclui dolo e culpa
● NÃO isenta o agente de pena;
● Pode possuir:
(1) Resultado único / unidade simples: Responde pelo crime efetivamente ocorrido a título de culpa, se
houver previsão legal da modalidade culposa.
(2) Resultado duplo / unidade complexa: o agente atinge lesiona os dois bens jurídicos, razão pela qual
responde pelos dois crimes em concurso formal.
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Aqui, há relação pessoa x pessoa. Aqui, há relação coisa pretendida x pessoa atingida.
e) Sobre o nexo causal / dolo geral / erro sucessivo / aberratio causae: O agente provoca o resultado
pretendido, com nexo causal diverso (há desvio no curso causal). Ex: A jogou B da ponte, pensando que este
morreria afogado, mas morreu de traumatismo craniano por bater a cabeça em uma pedra.
● NÃO se pode confundir o dolo geral com o erro sobre o nexo causal (aberratio causae): No erro sobre o
nexo causal realiza-se UMA só conduta pretendendo o resultado, o qual é alcançado em virtude de um
processo causal diverso daquele imaginado. No dolo geral, todavia, o sujeito realiza DUAS condutas.
● NÃO exclui dolo e culpa;
● NÃO isenta o agente de pena;
● Responsabilização do agente se o resultado provocado pelo nexo real incidir qualificadora:
⋅ 1ª Corrente: O agente responde pelo nexo pretendido, sob pena de caracterizar responsabilidade
objetiva do agente. No exemplo acima, responderia por homicídio simples.
⋅ 2ª Corrente: O agente responde pelo nexo efetivamente produzido (aquele que produziu o
resultado). No exemplo acima, responderia pelo homicídio qualificado pela asfixia.
b) Evitável x Inevitável:
● Inevitável: O erro era imprevisível. Analisa-se o perfil subjetivo do agente no caso concreto (diferente do
erro de tipo que é “homem médio”. Isenta o agente de pena, desaparecendo com a potencial consciência
da ilicitude e, consequentemente, a culpabilidade.
● Evitável: O erro do agente decorre de culpa, pois lhe era previsível. NÃO isenta de pena, mas pode servir
como causa de diminuição. Permanece a potencial consciência de ilicitude. O quantum da diminuição é
medido pelo grau de reprovabilidade.
ERRO DE TIPO (art. 20, caput) ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO (art. 21)
O agente possui falsa percepção da realidade/dos O agente sabe o que faz, mas acredita ser lícito o
fatos. Não sabe o que faz. seu comportamento, enquanto, na verdade, é
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proibido.
Ex.: Alguém em uma reunião atrasado para outro Ex.: Holandês que faz uso de maconha no Brasil e
compromisso, desatento, pega o celular de outra imagina ser permitido aqui, como lá é.
pessoa que era igual ao seu e leva consigo. Em tese,
subtraiu para si, coisa alheia móvel, mas tinha falsa
percepção sobre o elemento “coisa alheia”, pois
pensava que era sua.
Se o erro é INEVITÁVEL- Exclui dolo e culpa. Não há Se o erro é INEVITÁVEL - Exclui potencial
fato típico. Exclui o CRIME. consciência da ilicitude. Afasta a culpabilidade.
Exclui a PENA.
Se o erro é EVITÁVEL - Exclui dolo e permite a
punição por culpa quando previsto em lei. Se o erro é EVITÁVEL- Diminui a pena (quantum
com base na reprovabilidade).
3. Descriminantes Putativas (erro de proibição indireto é uma espécie das descriminantes putativas
a) Conceito: As descriminantes putativas são excludentes de ilicitude imaginárias. Ou seja, ocorre quando a
causa de exclusão da ilicitude existe apenas na MENTE do autor de um fato típico, NÃO existindo
concretamente.
b) Previsão legal: art. 20, §1º (traz a aplicação de culpa imprópria, por extensão ou equiparação)
● Erro relativo aos pressupostos de fato / à situação fática de uma causa de exclusão de ilicitude: O
agente avalia mal a situação fática e acredita estar diante de um acontecimento que, se existisse,
admitiria uma causa excludente de ilicitude (tornando sua ação legítima).
● Erro relativo à existência de causa de exclusão de ilicitude: O agente acredita que existe uma
excludente de ilicitude quando, na realidade, não existe. Assim, aqui, ao contrário do erro quanto aos
pressupostos fáticos, o indivíduo não avalia mal a realidade, mas acredita estar diante de uma situação
que autorizaria a excludente de ilicitude.
● Erro relativo aos limites de uma causa de exclusão da ilicitude: Ex.: indivíduo acredita que pode atirar
10 vezes em legítima defesa, quando apenas 1 tiro era, na situação, suficiente para repelir a injusta
agressão. Essa discriminante é considerada um erro de proibição indireto e leva as mesmas
consequências do erro de proibição.
d) Natureza jurídica: Depende da teoria da culpabilidade adotada. O Código Penal é finalista, sendo que o
finalismo adota a teoria normativa pura da culpabilidade. Esta, é dividida por outras duas: teoria extremada
ou limitada da culpabilidade. Estruturalmente, para elas, a culpabilidade possui os mesmos elementos. A
única diferença está no tratamento das descriminantes.
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● Para a teoria extremada (ou estrita) da culpabilidade: O erro quanto às descriminantes putativas
deverão sempre receber a mesma consequência jurídica do erro de proibição. É o que a doutrina chama
de erro de proibição indireto (o agente sabe que a conduta é proibida, mas acredita estar acobertado
por causa excludente de ilicitude).
● Para a teoria limitada da culpabilidade (adotada pelo CP): O erro quanto às descriminantes putativas
poderão receber o tratamento de erro de tipo, chamado pela doutrina de erro de tipo permissivo
(excluindo o fato típico) ou erro de proibição (excluindo a culpabilidade), a depender da “espécie”:
⋅ Se o erro é sobre a situação fática: erro de tipo permissivo;
⋅ Se o erro é sobre a existência ou limites de uma justificante: erro de proibição indireto.
a) Erro de subsunção: O agente conhece a ilicitude do fato, ou, nas circunstâncias podia conhecê-la, porém,
supõe que seu fato se amolda a um tipo diverso. Recai sobre valorações jurídicas equivocadas. O agente
interpreta equivocadamente o sentido jurídico do seu comportamento.
● NÃO exclui dolo e culpa;
● NÃO isenta o agente de pena;
● Agente responde pelo crime, podendo o erro servir como atenuante.
b) Erro provocado por terceiro (art. 20, §2º, CP): No erro de tipo, o agente erra por conta própria. No erro
determinado por terceiro, há terceira pessoa que induz o agente em erro. Consequência:
● Quem determina o erro dolosamente responde por crime doloso; quem determina culposamente, crime
culposo;
● Se foi previsto ou previsível, o agente será responsabilizado por culpa.
c) Erro de tipo psiquicamente condicionado (Zaffaroni): Sujeito que, embora capaz, pratica fato típico sem a
capacidade psíquica necessária para conhecer os elementos exigidos pelo tipo objetivo no momento da
conduta, por estar em um estado de erro de tipo psiquicamente condicionado, em razão de fenômenos
psicopatológicos (como alucinações ou ilusões).
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1. CONCURSO DE PESSOAS
1. Conceito: O concurso de pessoas consiste na reunião de mais de um agente, em que todos concorrem com
unidade de propósitos e de modo relevante para a prática da conduta típica. (art. 29, CP).
● Crimes unissubjetivos ou de concurso eventual: São os delitos que podem ser praticados apenas por um
sujeito ou por vários. O concurso de pessoas é eventual, ou seja, pode ou não ocorrer.
● Crimes plurissubjetivos ou de concurso necessário: São delitos nos quais o concurso de pessoas é
elementar do tipo: o tipo penal exige a pluralidade de agentes (plurissubjetivos). Excepcionalmente,
admite-se participação em delitos plurissubjetivos.
● Crimes acidentalmente coletivos (ou eventualmente plurissubjetivos): podem ser praticados por 1 só
pessoa, mas, quando praticados em pluralidade de agentes, geram modalidade mais grave do delito.
2. Requisitos:
2.1. PLURALIDADE DE AGENTES CULPÁVEIS: Parte da doutrina entende que, para o concurso de pessoas
disciplinado nos arts. 29/31, todos devem ser culpáveis, pois, caso contrário, faltando culpabilidade, não
será caracterizado concurso de pessoas, mas sim autoria mediata.
2.2. RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS PARA A PRODUÇÃO DO RESULTADO: A conduta deve, efetivamente,
contribuir para a execução do crime. Caso contrário, não haverá concurso de agentes. Haveria o que a
doutrina chama de participação inócua!
⮚ Em regra, a contribuição para o crime deve ocorrer ANTES ou DURANTE a consumação. Se praticada
depois, poderá configurar crime autônomo. Excepcionalmente, a contribuição pode ser prestada depois
da consumação do crime, desde que tenha havido ajuste prévio.
2.3. VÍNCULO SUBJETIVO ENTRE OS AGENTES (LIAME PSICOLÓGICO): É o nexo psicológico entre os agentes no
sentido de que todos colaboram para o mesmo resultado. Aqui surge o chamado princípio da convergência
ou homogeneidade de elementos subjetivos.
⮚ Obs.1: E é justamente por isso que se entende que não é possível haver participação culposa em crime
doloso, e nem participação dolosa em crime culposo!
⮚ Obs.2: A ausência do liame subjetivo afasta o reconhecimento do concurso de pessoas, podendo ensejar,
a depender do caso concreto, uma autoria colateral.
⮚ Obs.3: Não se exige liame subjetivo bilateral para caracterização do concurso de agentes.
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2.4. UNIDADE DE INFRAÇÃO PENAL: Todos que concorrem para um determinado crime responderão por ele,
vez que, em regra, foi adotada a teoria monista mitigada, que admite exceções pluralistas. No entanto,
embora haja unidade de crimes, não há unidade de penas.
2.5. EXISTÊNCIA DE FATO PUNÍVEL: O concurso de pessoas depende da punibilidade de um crime, a qual requer,
em seu limite mínimo, o início da execução. Trata-se do princípio da exterioridade. (art. 31, CP)
2. Teorias Sobre Concurso De Pessoas
Excepcionalmente, o Código Penal abre espaço para a teoria pluralista. Exemplo: Aborto provocado por terceiro
com o consentimento da gestante (ao terceiro executor imputa-se o crime do art. 126).
3. Autoria
b) Extensiva: Todos os que dão causa ao resultado são autores, ou seja, não distingue autor de partícipe, mas a
lei distingue os graus de responsabilidade.
c) Teorias Objetiva ou Dualista (conceito restritivo de autor): Fazem diferenciação de autor e partícipe. Parte
da premissa de que nem todo aquele que causa o resultado é autor do delito, pode ser subdividida em:
c.2. Teoria objetivo-material: Autor é quem contribui de forma mais relevante para a ocorrência do
resultado, logo, a diferença entre autor e partícipe reside na contribuição para o resultado criminoso.
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d) Teoria do domínio do fato: Trata-se uma teoria objetiva subjetiva. Para Roxin, o conceito de autor não deve
se restringir somente àqueles que praticam o verbo núcleo do tipo penal, uma vez que, muitas vezes, o
indivíduo que não pratica o verbo núcleo tem mais culpabilidade do que aqueles que realizam, sobretudo em
casos de autoria mediata. E, muitas vezes, o crime é praticado por indivíduos que dividem as tarefas que são
tão essenciais para a realização do tipo que, se um deles decidisse não colaborar, o crime não se realizaria.
Assim, para a Teoria do Domínio do fato, autor é aquele que possui poder de decisão sobre a realização do
tipo, o que pode ocorrer em 3 contextos:
(1) Domínio da ação (AUTOR IMEDIATO): É aquele que possui domínio sobre a própria ação. O autor realiza
pessoalmente os elementos do tipo. Ex: É o assassino que, de forma livre e consciente, está com a arma
de fogo e dispara contra seu inimigo, matando-o.
(2) Domínio da vontade (AUTOR MEDIATO): É autor aquele que domina a vontade de um 3º, utilizado como
instrumento. O domínio da vontade se dá por erro, coação ou aparatos organizados de poder.
(3) Domínio funcional do fato (AUTOR FUNCIONAL/COAUTOR): O termo funcional refere-se à divisão de
funções entre coautores. Em havendo divisão de tarefas, autor é aquele que prepara/pratica ato relevante
na execução. Temos, aqui, a hipótese de coautoria.
● É PARTÍCIPE: Quem concorre para o crime sem ter o domínio do fato. Ex.: instigação e auxílio.
3. Autoria imediata: O próprio agente executa o fato, ou seja, realiza pessoalmente os elementos do tipo penal,
sem a necessidade de se servir de outra pessoa para a execução.
4. Autoria mediata: É aquele que utiliza uma pessoa, que atua sem dolo ou de forma não culpável, como
instrumento para a execução do fato. NÃO há concurso de pessoas, pois falta o vínculo subjetivo.
● O autor mediato domina a vontade alheia para cometer o delito.
● Só cabe em crimes dolosos! A autoria mediata é incompatível com crimes culposos!
● A doutrina admite coautoria ou participação na autoria mediata.
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b) Autoria mediata e crime próprio: doutrina majoritária entende ser possível, desde que o autor mediato
preencha as qualidades do tipo.
c) Autoria mediata e crime de mão própria: doutrina majoritária entende que é incompatível, pelo fato de a
conduta ser infungível. No entanto, o STF já admitiu no falso testemunho, em relação à conduta do
advogado que instrui a testemunha a mentir.
5. Autoria de escritório ou aparatos organizados de poder: Ocorre quando, dentro de uma “máquina de
poder”, o agente ordena que outrem execute determinada conduta. Em razão da fungibilidade dos membros,
o executor pode ser substituído a qualquer momento por outro integrante da organização.
6. Autoria por convicção: Ocorre quando o agente tem conhecimento da norma penal, mas decide transgredi-
la por questões de consciência política, religiosa, filosófica, ou de qualquer outra natureza.
7. Autoria colateral ou parelha: Ocorre na hipótese em que duas ou mais pessoas, desconhecendo a intenção
da outra, praticam determinada conduta visando ao mesmo resultado.
● NÃO há um concurso de pessoa pela ausência do vínculo subjetivo.
● Cada um responde por sua conduta: CRIMES AUTÔNOMOS.
8. Autoria incerta - Surge no campo da autoria colateral, quando não se sabe qual dos autores causou o
resultado. Obs.: Ainda no bojo da autoria incerta, caso um dos agentes pratique crime impossível, ambos
devem se beneficiar pela atipicidade da conduta!
9. Autoria Complementar - Quando duas pessoas concorrem para o mesmo fato sem ter ciência disso, e o
resultado é efeito da soma das duas condutas.
10. Autoria Ignorada: Quando se desconhece o autor do crime. Instituto de direito processual penal.
Consequência: arquivamento do inquérito policial.
11. Autoria intelectual: É aquele que planeja a ação delituosa para ser executada por outras pessoas. Prevalece
na doutrina que o autor intelectual somente poderá ser responsabilizado se tiver o domínio do acontecer
típico.
12. Coautoria: ocorre quando dois ou mais indivíduos, com liame subjetivo, praticam a conduta típica. Ou seja:
cada coautor realiza uma parte essencial do plano. A coautoria exige 2 requisitos:
● Requisito objetivo – divisão de tarefas
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a) Espécies de coautoria:
● Parcial ou funcional: os autores praticam atos diversos que, somados, levam à produção do resultado.
● Direta ou material: os autores praticam atos idênticos que, somados, levam à produção do resultado.
b) Coautoria sucessiva: o coautor ingressa na atividade delitiva quando ela já está em andamento, passando
a deter parte essencial do plano. Para haver coautoria sucessiva, é necessário que já tenha se iniciado o iter
criminis, mas ainda não tenha se consumado.
4. Participação:
1. Conceito: Consiste em atribuir na conduta criminosa do autor ou coautores, praticando atos que não se
amoldam diretamente à figura típica e que não tenham o domínio final do fato. Assim, o partícipe não
realiza diretamente a figura típica, mas concorre induzindo, instigando ou auxiliando o autor.
2. Requisitos:
● O propósito de colaborar para a conduta do agente principal (autor)
● A colaboração efetiva, por meio de um comportamento acessório que concorra para a conduta principal.
Obs.: A participação só adquire relevância para o Direito Penal a partir do momento em que o autor pratica
um crime, pelo menos tentado. (art. 31, CP)
☞ É chamado pela doutrina de participação impunível – já que não se pune a participação se o crime
sequer chega a ser tentado.
☞ Adota-se, nesse caso, o princípio da executoriedade da participação.
4. Modalidades de participação:
a) Participação moral
● Induzimento: é fazer surgir na mente do autor a vontade criminosa (só pode haver induzimento durante
os atos preparatórios).
● Instigação: é reforçar na mente do autor a vontade criminosa pré-existente. (Pode haver instigação
tanto nos atos preparatórios quanto durante os atos executórios. Ex.: Pessoa instiga o agente de modo
a impedir a desistência voluntária).
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b) Participação material - Auxílio: é concorrer materialmente para o crime, sem executá-lo. O auxílio
prestado após a consumação do delito configurará participação, caso haja prévio ajuste entre os
indivíduos. Caso esse auxílio não seja antecipadamente ajustado, poderá configurar o crime autônomo de
favorecimento pessoal (art. 348, CP).
5. Participação em cadeia: Ocorre quando alguém induz outrem a induzir, instigar ou auxiliar terceira pessoa
a praticar um crime. Exemplo: “A” convence “B” a convencer “C” a matar “D”. Nesse ínterim, “A” e “B”
participação em cadeia; “C” é o autor imediato do crime.
6. Participação sucessiva? O mesmo agente é instigado, induzido ou auxiliado por duas ou mais pessoas, sem
que estas conheçam a participação uma da outra.
8. Participação de menor importância, a pena pode ser reduzida de 1/6 a 1/3 para o partícipe.
● O critério a ser adotado para saber se a participação é ou não de menor importância reside na
fungibilidade da contribuição. Ou seja: se for uma contribuição que “qualquer pessoa” possa fazer, será
participação de menor importância.
9. Conivência ou participação negativa: Ocorre quando o sujeito, sem ter o dever jurídico de agir, omite-se
durante a execução do crime, quando tinha condições de impedi-lo. A conivência não se insere no nexo
causal, como forma de participação, não sendo punida, salvo se constituir crime autônomo.
1. É possível haver coautoria em crimes culposos? Sim! A doutrina majoritária entende que cabe coautoria
em crimes culposos, quando a situação de perigo tenha criada em conjunto, pois o resultado é obra comum
imputado a todos os concorrentes.
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2. É possível haver participação em crimes culposos? Não! A doutrina majoritária entende que não cabe
participação dolosa em crime culposo. Isso porque, além de não haver liame subjetivo, tendo em vista que
não é possível participar de um crime cujo resultado é produzido de forma involuntária, os crimes culposos
são tipos penais abertos, de modo que toda conduta que colaborar para o crime culposo, configurará
violação do dever objetivo de cuidado. Ou seja: todos serão coautores!
Conclusão: Nos crimes culposos, cabe coautoria, mas não cabe participação!
7. Concurso de pessoas em crimes omissivos
2. É possível haver participação em crimes omissivos? Sim! Apesar de também haver divergência doutrinária,
prevalece que cabe participação “por ação” em crimes omissivos, através da participação moral (instigação
ou induzimento). Vale lembrar que a participação por omissão só será possível caso o agente tenha o dever
e a possibilidade de agir (seja garantidor na forma do art. 13, §2º, CP).
2. Previsão legal: art. 29, §2º, CP - Se algum dos concorrentes (coautor e partícipe) quis participar de crime
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter
sido previsível o resultado mais grave.
3. Observações importantes:
● Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste (não
previsível e nem aceito);
● Se o crime ocorrido (leia-se diverso do combinado) era previsível (diferente do previsto, mas não aceito),
a pena do crime combinado é aumentada até metade (1/2).
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1. Conceito: Crimes multitudinários são aqueles praticados por multidões. Como por exemplo: violência
praticada por torcida organizada, rixa, rebeliões em presídios etc.
● Quem provoca esses crimes – tem a penha agravada (art. 62, I, CP)
● Quem pratica o crime sob a influência da multidão – tem a pena atenuada (art. 65, III, “e”).
2. CONCURSO DE CRIMES
1. Conceito: Há concurso de crimes quando o agente pratica uma pluralidade de crimes, mediante uma ou
várias condutas. Pode ocorrer entre crimes de qualquer espécie.
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● Sistema da responsabilidade única e da pena progressiva única: não há cumulação de penas, mas deve-
se aumentar a responsabilidade do agente à medida que aumenta o número de infrações.
2. Adota-se o sistema da cumulação ou cúmulo material: as penas dos crimes praticados são somadas
3. Espécies
● Homogêneo: crimes idênticos;
● Heterogêneo: crimes distintos.
4. Prescrição: Não se considera o concurso de crimes para efeitos da prescrição. Assim, para verificar a
prescrição, deve-se analisar a pena de cada crime (isoladamente). A extinção da punibilidade recai sobre
cada um isoladamente.
Art. 70, do CP - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se
iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o
disposto no artigo anterior.
1. Conceito: O concurso formal ou ideal ocorre quando o agente pratica, mediante uma só conduta, dois ou
mais crimes, idênticos ou não. Unidade de conduta, pluralidade de crimes.
2. Requisitos:
● Conduta única
● Pluralidade de crimes - idênticos ou não
3. Espécies:
● Homogêneo: crimes idênticos.
● Heterogêneo: crimes distintos.
● Perfeito ou próprio: não há desígnios autônomos.
● Imperfeito ou impróprio: há desígnios autônomos quanto a cada um dos crimes. Intenção por parte do
agente de cometer, de fato, os dois delitos.
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1. Conceito: O agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie
e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes
ser havidos como continuação do primeiro (chamados de crimes parcelares).
2. Teorias acerca do crime continuado: Adota-se a Teoria da Ficção Jurídica, segundo a qual serão
considerados um só delito apenas para a fixação da pena, por questões de política criminal
3. Requisitos:
● Pluralidade de condutas
● Pluralidade de crimes da mesma espécie (mesmo tipo penal);
● Conexão temporal
● Conexão espacial
● Conexão modal
● O CP dá ao juiz a liberdade de exigir outras condições além das acima descritas.
4. O crime continuado exige unidade de desígnio?
● TEORIA OBJETIVA PURA: o crime continuado não depende da unidade de desígnios. Devem ser
observados apenas os requisitos do art. 71, caput. Adotada pela exposição de motivos do CP.
● TEORIA OBJETIVA SUBJETIVA (MAJORITÁRIA): embora não esteja expressamente previsto, o
reconhecimento da continuidade delitiva depende da verificação de requisito subjetivo, qual seja: a
unidade de desígnios (deve ser possível verificar no caso concreto uma ligação entre as condutas, que
indique que o agente tinha, de fato, a intenção de cometer os delitos de forma subsequente). STF e STJ.
5. Espécies:
● Simples: crimes parcelares possuem penas idênticas. Critério para aplicação da pena: o juiz escolhe
qualquer das penas e aumenta de 1/6 a 2/3
● Qualificado: crimes parcelares possuem penas diversas (exemplo: furto simples consumado e furto
tentado; furto simples + furto qualificado – prevalece ser possível). Critério para aplicação da pena: o juiz
escolhe a pena mais grave e aumenta de 1/6 a 2/3
● Específico: Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à
pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade
do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, até o triplo. Critério para aplicação da pena: o juiz aplica uma só pena, se
idênticas, ou a maior, quando não idênticas, aumentada de 1/6 até o triplo.
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CPP:
⦁ Art. 3º-B, IV
⦁ Art. 24 e 25
⦁ Art. 28
⦁ Art. 28-A (importantíssimo!!!)
⦁ Art. 29
⦁ Art. 38, 41, 42, 46, 48, 49 e 51
⦁ Art. 60 (alto índice de cobrança em prova objetiva!)
⦁ Art. 65, 66 e 67 (alto índice de cobrança em prova objetiva!)
⦁ Art. 396
1. AÇÃO PENAL
1. Conceito: O direito de ação é o direito público subjetivo consagrado na CF/88, de se exigir do Estado-Juiz a
aplicação do direito objetivo ao caso concreto, para a solução da demanda penal.
2. Fundamento Constitucional: art. 5º, XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito” - princípio da inafastabilidade de jurisdição.
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2. Teoria da Asserção: a análise das condições da ação é realizada com base nos elementos fornecidos na
inicial acusatória, conforme narrado pelo demandante, sem adentrar em aspectos probatórios.
3. A doutrina trabalha com duas espécies de condições da ação: condições genéricas e específicas:
● Condições Genéricas: São aquelas condições que deve estar presente em toda e qualquer ação penal,
independentemente da natureza do crime, da pessoa ou procedimento:
⋅ Legitimidade para agir;
⋅ Interesse de agir;
⋅ Possibilidade jurídica do pedido + Justa Causa (lastro probatório mínimo para início da ação penal).
● Condições Específicas: São necessárias apenas em relação à determinadas infrações penais, ou alguns
procedimentos específicos.Ex.: representação nos crimes de ação penal pública condicionada.
4. Condições genéricas
● Legitimidade ativa:
⋅ Na ação penal pública: A legitimidade ativa é, em regra, do Ministério Público.
⋅ Na ação penal privada: A legitimidade ativa é do ofendido ou de seu representante legal.
● Legitimidade passiva: A ação penal pode ser proposta em face apenas do suposto autor do fato delituoso,
com 18 anos completos ou mais.
Considerações importantes:
(1) Legitimidade ad causam ativa e passiva da Pessoa Jurídica: A pessoa jurídica é dotada de legitimidade ativa
(pode oferecer ação penal pública, se restar caracterizada a inércia do MP, ou privada). Também é admitida a
legitimidade passiva (pode ser o provável autor do delito), porém adstrita aos crimes ambientais.
(2) Teoria da Dupla Imputação: Não é mais adotada! É possível dizer que a pessoa jurídica figurar como polo
passivo da ação penal, independentemente da responsabilização concomitante das pessoas físicas.
(3) Legitimidade ad causam ativa de Ente Sem Personalidade Jurídica: O CDC possibilita que certas entidades e
órgãos da administração pública, direta e indireta, ainda que sem personalidade jurídica, atuem como assistentes
do Ministério Público e, também ajuízem a queixa-crime em caso de inércia do órgão ministerial. Trata-se da
denominada ação penal privada subsidiária da pública.
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● Adequação: É preciso pleitear-se uma medida adequada para buscar seus interesses. Tem relevância nas
ações penais não condenatórias, por exemplo, Habeas Corpus.
● Utilidade: Consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer a tutela do direito do autor.
c) JUSTA CAUSA: Consiste no lastro probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo penal.
● Justa causa duplicada: Em se tratando de crime de lavagem de capitais, não basta demonstrar a presença
de lastro probatório quanto à ocultação de bens, direitos ou valores, sendo indispensável que a denúncia
também seja instruída com suporte probatório acerca da infração penal anterior.
● Justa causa triplicada: Ocorre quando a infração penal antecedente à lavagem de capitais também possui
uma infração penal antecedente para a sua configuração. É o exemplo do crime de lavagem que tem como
infração penal antecedente o crime de receptação, o qual, por sua vez, tem como infração penal
antecedente o crime de roubo. Assim, quando do oferecimento da denúncia, cabe ao Parquet revelar o
suporte probatório mínimo em relação a estes três delitos, daí porque a justa causa se apresenta, de fato,
triplicada.
ATENÇÃO (Súmula aprovada em 2021) Súmula 648-STJ: A superveniência da sentença condenatória prejudica o
pedido de trancamento da ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.
(2) Alteração da natureza da ação em relação ao crime de estelionato: Antes, o crime de estelionato era sempre
de ação penal pública incondicionada. Com a vigência da lei, o crime passou a ser de ação penal pública
condicionada à representação, salvo algumas hipóteses expressamente previstas. Logo, temos que:
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Trata-se de alteração de ordem penal ou de ordem processual? R.: A referida norma possui caráter híbrido, penal
e processual, prevalecendo a sua vertente penal. E como se posiciona a jurisprudência?
▪ STJ (entendimento pacífico) + 1ª T. STF: Deve ser observada a retroatividade, respeitando-se a
limitação do ato jurídico perfeito e acabado materializado com o oferecimento da denúncia.
▪ STF (2ª T): admite a extensão da retroatividade para todas as ações penais em curso que ainda não
tenham transitado em julgado.
1. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE OU LEGALIDADE (art. 24, CPP): O MP, titular da ação penal pública, está
OBRIGADO a oferecê-la, sempre que constatar a presença de prova da materialidade e indícios de autoria.
Exceções:
● Transação Penal (art. 76 da Lei 9.099/95):
● Acordo de Não Persecução Penal (art. 28-A, CPP)
● Acordo de colaboração premiada na Lei de Organizações Criminosas (Lei 12.850/13)
● Acordo de Leniência nos crimes contra a ordem econômica: O parcelamento do crédito tributário,
quando feito antes do recebimento da denúncia, fica suspensa a pretensão punitiva.
● Termo de ajustamento de conduta em crimes ambientais: Divergência!
▪ Parte da doutrina - entende que o termo de ajustamento de conduta (TAC) em crimes ambientais
é uma exceção ao princípio da obrigatoriedade.
▪ STJ entende que o TAC produz reflexos no âmbito administrativo, mas não representa óbice a
persecução penal.
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2. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE: o MP NÃO pode desistir da ação penal após o oferecimento da denúncia.
Exceções: Suspensão condicional do processo e Transação penal.
Observações importantes:
(1) Tanto a decadência como a renúncia ocorrem antes de iniciada a ação penal com o oferecimento da
queixa crime.
(2) O prazo decadencial para a queixa-crime é improrrogável e NÃO se sujeita a nenhuma forma de suspensão
ou interrupção.
(3) O princípio se aplica também à ação penal pública condicionada, no que tange à representação ou à
requisição.
2. PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE: : Após iniciada a queixa crime, o querelante pode dispor do seu direito
de dar continuidade à queixa-crime através de 2 institutos:
● Perdão: Ato de liberalidade, e requer a aceitação pelo réu (ato bilateral). Trata-se de causa extintiva de
punibilidade e só é admissível até o trânsito em julgado;
● Perempção: É sanção processual pela desídia do querelante na ação privada (art. 60, CPP)
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OBS. A perempção é uma sanção processual pela desídia do querelante na ação privada (art. 60, CPP). Assim,
conforme entendimento da jurisprudência, descabe o seu reconhecimento em sede de ação penal privada
subsidiária da pública, uma vez que, originariamente, trata-se de hipótese de ação penal pública.
b) PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE: Proposta ação penal privada, o querelante deve promovê-la contra TODOS
os que contribuíram para o delito, NÃO podendo deixar de processar os que sabidamente concorreram para
a prática do crime. (art. 48, CPP)
● Em razão do princípio da indivisibilidade, a renúncia e o perdão concedidos a um dos coautores
estendem-se ao demais (no perdão, caso um dos coautores não aceite, continuará correndo contra ele
o processo) – art. 49 e 51, CPP.
● Princípio da indivisibilidade da ação penal privada: omissão voluntária e involuntária.
⋅ Se a omissão foi VOLUNTÁRIA (DELIBERADA): O juiz deverá rejeitar a queixa e declarar a extinção da
punibilidade para todos (arts. 104 e 107, V, do CP).
⋅ Se a omissão foi INVOLUNTÁRIA: o MP deverá requerer a intimação do querelante para que ele faça
o aditamento da queixa-crime e inclua os demais coautores ou partícipes que ficaram de fora.
1. A ação penal pública incondicionada é a regra, de modo que, no silêncio da lei, o crime será de ação penal
pública incondicionada.
2. Titular: Ministério Público, cuja atribuição é privativa, conforme a CF (art. 129, I, CF).
3. Peça inicial: A denúncia é a peça privativa do Ministério Público que dá início à ação penal pública
4. Prazos para oferecimento da denúncia:
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1. A ação penal pública condicionada é aquela que depende da manifestação de vontade do legítimo
interessado para que a persecução penal possa se iniciar. A ação penal pública pode ser condicionada à:
b) Representação do ofendido;
c) Requisição do Ministro da Justiça.
4. Forma da representação: De acordo com o STJ/STF, ela tem forma livre, podendo ser oral ou por escrito. Ou
seja: NÃO precisa ser através de peça formal.
5. Prazo para a representação: 6 meses contados do conhecimento da autoria. Não interessa a data do fato. O
prazo tem natureza decadencial, não se admite suspensão, prorrogação ou interrupção.
Obs.: Na sucessão processual, o prazo é uno para todos os sucessores e não é renovado, de modo que são
possíveis 2 situações:
● Se o sucessor toma conhecimento da autoria no mesmo momento que a vítima, tem direito ao prazo
restante;
● Se o sucessor não tinha conhecimento da autoria, o prazo restante será contado no momento em que
atingir esse conhecimento.
6. Retratação da representação:
● Regra: a retratação da representação é possível até antes do oferecimento da denúncia. (art. 25, CPP)
● Exceção: Na Lei Maria da Penha, a retratação é possível até o recebimento da denúncia, em audiência
perante o juiz designada especialmente para esse fim. (Art. 16, Lei nº 11.340/06)
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7. Eficácia objetiva da representação: A representação é feita para cada crime e abrange todos os possíveis
coautores e participes. Ou seja: se oferecida a representação contra um dos partícipes ou coautores do crime,
o MP deve oferecer a denúncia contra todos aqueles que praticaram o delito. Porém a representação só é
válida para aquele delito.
1. Prazo: A lei é omissa. Logo, pode ocorrer a qualquer tempo, enquanto não for extinta a punibilidade.
2. Destinatário: MP (PGJ).
● Há discricionariedade do Ministro da Justiça
● A requisição NÃO vincula o MP. Ou seja: o MP não está obrigado a oferecer denúncia.
3. Hipóteses:
● Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil;
● Crimes contra a honra praticados contra o Presidente ou Chefe de Governo Estrangeiro.
1. Definição: Ocorre quando há a atuação de um órgão do MP diante da inércia de outro órgão do MP. Alguns
exemplos dessa espécie “sui generis” de ação penal pública subsidiária da pública podem ser apresentados:
● Nos Crimes de Responsabilidade de Prefeitos, em caso de inércia do PGJ
● Nos casos de deslocamento de competência como aqueles que ocorrem quando há “grave violação
dos direitos humanos” e inércia dos órgãos estaduais, podendo então o caso, mediante representação
do PGR perante o STJ, ser deslocado para a Justiça Federal.
1. Definição: Ocorre quando o Estado legitima o ofendido ou seu representante legal a ingressar com ação
penal, pleiteando a condenação do agressor, em hipóteses excepcionais.
2. Titularidade: Ofendido ou representante legal. A queixa pode ser proposta por procurador, desde que seja
mediante procuração com poderes especiais (art. 44, CPP). Deve constar da procuração o nome do
querelante e a menção ao fato criminoso. No entanto, os Tribunais Superiores divergem quanto ao
significado de “menção ao fato criminoso”:
● Para o STF: na procuração, deverá ser individualizado o evento delituoso, não bastando apenas a
menção do nomen iuris do crime.
● Para o STJ: basta mencionar o tipo penal ou nomen iuris, sendo desnecessário pormenorizar a
descrição da conduta.
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4. Prazo para interpor a queixa crime: 6 meses, contados a partir do conhecimento da autoria. Lembre-se que
se trata de prazo decadencial! (art. 38, CPP)
5. Espécies:
● Ação penal privada personalíssima;
● Ação penal privada propriamente dita ou exclusiva;
● Ação penal privada subsidiária da pública.
4.1. AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA: Somente o ofendido pode ingressar em juízo, ou seja, o direito
NÃO é transmitido ao representante legal e nem haverá sucessão processual. Nesse caso, a morte da vítima
extingue a punibilidade do autor do delito. Ex.: art. 236, CP;
4.2. AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVA OU PROPRIAMENTE DITA: É aquela que pode ser proposta pelo ofendido
ou seu representante legal. Na hipótese de ser proposta pelo representante legal, há substituição processual
para o CADI (art. 31, CPP). Ex.: crimes contra a honra
4.3. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA OU ACIDENTALMENTE PRIVADA OU SUPLETIVA: Será
admitida quando estiver caracterizada a inércia do MP.
1. Pressupostos/Requisitos:
● Só é cabível em face da inércia do MP. Pedido de arquivamento ou diligências não configuram inércia!
● O crime deve possuir um ofendido individualizado. Assim, em crimes de perigo, não cabe ação
subsidiária.
2. Exceção: Há 2 hipóteses em que, mesmo que a coletividade seja o sujeito passivo, será possível interpor
ação penal privada subsidiária da pública:
● Crimes contra as relações de consumo (art. 80 e 82, CDC): nessa hipótese, os legitimados para propor
a queixa substitutiva serão as associações de defesa do consumidor e os Procon’s.
● Crimes falimentares (art. 184, Lei 11.101/05): nessa hipótese, os legitimados para propor a queixa
substitutiva serão o administrador judicial ou qualquer credor habilitado.
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⮚ OBS.: o MP NÃO pode recorrer da decisão absolutória proferida em ação penal privada!
⮚ OBS.: Ação penal indireta - Quando o querelante for negligente, o MP reassume o polo ativo da ação penal
1. AÇÃO PENAL ADESIVA: trata-se do litisconsórcio ativo entre o MP (no crime de ação penal pública) e o
querelante (nas hipóteses de ação penal privada).
2. AÇÃO PENAL SECUNDÁRIA: Ocorre quando as circunstâncias do caso concreto modificam a modalidade
de ação penal a ser ajuizada. Ex.: Crimes contra a honra, em regra, são de ação penal privada, contudo, há
algumas exceções. Vejamos:
● Injúria real mediante lesão corporal GRAVE ou GRAVÍSSIMA: ação penal pública incondicionada.
● Injúria real mediante lesão corporal LEVE: ação penal pública condicionada à representação
● Injúria qualificada / “injúria-preconceito” / “racismo impróprio” (art. 140, §3º, CP após a Lei
12.033/09): antes da nova lei, a ação era privada e, com a alteração, passou a ser de ação penal pública
condicionada à representação.
3. AÇÃO DE PREVENÇÃO PENAL: Ação a ser proposta contra o inimputável do art. 26, caput, pois é uma
denúncia que NÃO pede condenação, mas medida de segurança, a chamada absolvição imprópria.
1. Conceito
● Denúncia: É a peça privativa do Ministério Público que dá início à ação penal pública.
● Queixa-crime: É a peça privativa do ofendido, de seu representante legal, seu sucessor ou ainda seu
curador que dá início à ação penal privada.
⮚ OBS.: É possível o litisconsórcio ativo entre o MP e o querelante, na hipótese de conexão entre crime
de ação penal pública e outro de ação penal privada. Nesse contexto, uma única ação penal contará
com uma denúncia e uma queixa.
● Exposição do fato criminoso e suas circunstâncias: Quando se tratar de crime culposo, é imprescindível
que o titular da ação penal descreva em que consistiu a imprudência, negligência ou imperícia. A
inobservância deste requisito acarreta a inépcia da peça acusatória, devendo ser rejeitada pelo juiz.
Observações relevantes:
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(2) O que é “CRIPTOIMPUTAÇÃO”? É a imputação contaminada por grave deficiência na narrativa do fato
delituoso. Espécie de denúncia criptografada, em códigos. Quando NÃO contém os elementos mínimos de
sua identificação como crime, sendo “gravemente inepta”.
(2) O que é “DENÚNCIA GENÉRICA”? Tem sido aceita? É a denúncia que não individualiza a conduta do
agente, imputa fato a agente sem descrever a conduta ou diversos fatos a agentes indistintamente. A
denúncia genérica é inepta, devendo ser rejeitada por ofensa ao contraditório e da ampla defesa.
● Nome e assinatura da parte acusadora: Sob pena de que a peça seja tida como inexistente.
3. Não preenchimento dos requisitos formais: Se implicar em prejuízo à ampla defesa (vício insanável),
deverá ocorrer a rejeição da inicial acusatória (art. 395, I, CPP), bem como se faltar alguma condição da
ação ou pressuposto processual ou se faltar justa causa à ação penal.
4. Prazos para oferecer a peça: Trata-se de prazo impróprio, ou seja, caso não seja observado, não enseja a
perda do direito de oferecer a denúncia!
● Prazo para oferecer a queixa crime: 6 (seis) meses, contados a partir do conhecimento da autoria
● Prazo para oferecer a denúncia: depende:
5. Aditamento da denúncia: Ocorre quando, no curso da instrução, são descobertos novos fatos, pessoas ou
elementos de prova, de modo que o MP deverá complementar a peça acusatória.
● O aditamento se justifica no princípio da correlação entre denúncia e sentença.
● Poderá ser feito até o momento imediatamente anterior à sentença.
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1. Conceito: Trata-se de instituto de natureza mista que possibilita uma solução negociada no processo penal.
Ao final, caso cumprido o acordo, há a extinção da punibilidade.
2. Sobre a natureza mista do acordo de não persecução penal: Segundo o STF, o acordo de não persecução
penal aplica-se a fatos ocorridos ANTES DA LEI 13.964/2019, desde que NÃO RECEBIDA A DENÚNCIA”.
3. O acordo de persecução penal é um direito subjetivo do investigado OU uma faculdade para o Ministério
Público?
● Para a doutrina: SIM. Trata-se de um direito subjetivo do investigado.
● Para o STJ: NÃO. Trata-se de uma faculdade do Ministério Público
4. REQUISITOS: Poderá o Ministério Público propor ao investigado o acordo de não persecução penal
obedecidos os seguintes requisitos:
● Infração penal com a pena mínima inferior a 4 anos (inclui as causas de aumento e diminuição de pena)
● Confissão formal e circunstancial do investigado;
● Infração penal sem violência ou grave ameaça;
● Acordo necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
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● Ter sido o agente beneficiado nos 5 anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não
persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo;
● Nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher
por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
1. Introdução: O Ordenamento Jurídico Brasileiro adota o sistema da independência acerca da relação entre
ação penal e a ação civil decorrente de uma infração penal. Isso significa que ambas as ações podem ser
propostas de maneira independente, pois versam sofre direitos diferentes.
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● Ofendido;
● Representante legal;
● Herdeiro;
● Defensoria Pública - No caso de vítimas hipossuficientes:
● Ministério Público (art. 68) – No caso de vítimas hipossuficientes onde não houver Defensoria
4. Indenização na sentença condenatória: Há um certo grau de mitigação no Sistema da Independência, pois
o próprio juiz pode fixar, na sentença condenatória, uma indenização mínima para a reparação pelos danos
causados (art. 387, IV, CPP). Essa indenização abrange qualquer tipo de dano sofrido pelo crime:
● Danos materiais;
● Lucros cessantes;
● Danos morais;
● Danos estéticos.
A) DECISÃO QUE FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL: NÃO pode mais propor ação penal no cível quando:
● Reconhecido categoricamente a inexistência material do fato (leitura a contrario sensu do art. 66, CPP).
● Absolvição com base na negativa de autoria (art. 935, CPP).
● Se provada a existência de causa excludente de ilicitude penal (art. 65).
B) DECISÃO QUE NÃO FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL: É possível propor a ação penal no cível, ainda que seja
absolvido na seara criminal.
● Se não reconhecida a inexistência material do fato (art. 66).
● Decisão que julgar extinta a punibilidade (art. 67, II)
● Atipicidade material ou formal do fato (decisão de que o fato não constitui crime (art. 67, III).
● Despacho de arquivamento do inquérito policial ou peças de informação (art. 67, I).
● Causa excludente da culpabilidade.
● Se NÃO houver provas suficientes para a condenação.
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Observações pertinentes:
(1) Sentença absolutória imprópria: Embora haja a imposição de internação ou de tratamento ambulatorial,
como tal sentença não tem natureza condenatória, é INCAPAZ de gerar o dever de reparação do dano, além
de não funcionar como título executivo. Isso, todavia, não impede o ajuizamento de ação civil contra a pessoa
a quem competia a guarda do inimputável.
(2) Sentença absolutória proferida pelo Tribunal do Júri: diante do sigilo das votações e da adoção do sistema
da íntima convicção inerente ao Tribunal do Júri, resta impossível precisar o motivo que deu ensejo à decisão
dos jurados. Logo, é de se concluir que eventual sentença absolutória NÃO deve fazer coisa julgada no cível.
(3) Transação penal: esta decisão NÃO repercute no âmbito cível, vez que o art. 76, § 6º, da Lei nº 9.099/95,
dispõe expressamente que a imposição imediata de pena restritiva de direitos ou de multa não terá efeitos
civis, cabendo ao interessado propor a ação cabível no juízo cível;
(4) Anistia: tem o condão de extinguir todos os efeitos penais decorrentes da prática do crime, sejam eles
principais, sejam eles secundários, mas não acarreta qualquer repercussão em relação aos efeitos
extrapenais. Logo, se concedida após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, nada impede
que o título obtido pelo ofendido seja executado perante o juízo cível.
(5) Graça e indulto: Especificamente em relação aos reflexos cíveis, prevalece o entendimento de que
repercutem apenas em relação ao cumprimento da pena, subsistindo todos os efeitos penais secundários e
extrapenais, como a obrigação de reparar o dano. Logo, nada impede a execução da sentença condenatória
irrecorrível no âmbito cível.
(6) Perdão judicial: Embora haja certa controvérsia quanto à natureza jurídica da decisão concessiva do perdão
judicial, prevalece que se trata de uma decisão declaratória que NÃO produz qualquer efeito, penal ou
extrapenal. (S. 18, STJ)
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1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
1. Conceito de Constituição: É a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes: à
estruturação do Estado; à formação dos poderes públicos; forma de governo e aquisição do poder de
governar; distribuição de competências e; direitos, garantias e deveres do cidadão”.
a) Concepção SocioLógica (Ferdinand Lassale): Constituição é a somatória dos fatores reais do poder dentro de
uma sociedade.
b) Concepção PolíTica (Carl SchimiTt): A Constituição é a decisão política fundamental, emanada do titular do
poder constituinte. Faz a distinção entre Constituição (decisão política fundamental) e lei constitucional (lei
formalmente Constitucional).
c) Concepção Jurídica (Hans Kelsen): A Constituição é norma pura, dever-ser, dissociada de qualquer
fundamento sociológico, político ou filosófico. Kelsen dá dois sentidos à palavra Constituição:
SENTIDO LÓGICO-JURÍDICO – a Constituição é a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, responsável por dar
sustentação ao sistema posto, e é o fundamento de validade de todas as outras leis.
SENTIDO JURÍDICO-POSITIVO - é a Constituição positiva, conjunto de normas que regulam a criação de outras
normas, da qual todas as outras normas infraconstitucionais extraem seu fundamento de validade.
d) Concepção Culturalista (Meirelles Teixeira e José Afonso da Silva): A Constituição é produto de um FATO
CULTURAL, produzido pela sociedade e que sobre ela pode influir.
a) Constituição Jusnaturalista: Constituição concebida à luz dos princípios do direito natural, principalmente no
que concerne aos direitos humanos fundamentais.
b) Constituição Positivista: Constituição é o conjunto de normas emanadas do poder do Estado. Para os seus
defensores, basta recorrer ao Direito Constitucional posto pela ação do homem para sabermos o conceito de
constituição. Assim, para a compreensão da constituição, não seriam necessários critérios metanormativos
(fatores sociais, políticos, econômicos, culturais, religiosos.
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d) Constituição Compromissória: É a constituição que reflete a pluralidade das forças políticas e sociais. O
procedimento constituinte de elaboração das constituições compromissórias é tumultuado pelas correntes
convergentes e divergentes de pensamento, mas que ao fim encontram o consenso (compromisso constitucional).
Obs.: A Constituição brasileira de 1988 e a portuguesa de 1976 são constituições compromissórias.
e) Constituição Suave: É aquela que não contém exageros. Ao exprimir o pluralismo social, político e econômico
da sociedade, não consagra preceitos impossíveis de realização prática. A constituição suave não faz promessas
baseadas na demagogia política. Obs.: A Carta dos Estados Unidos de 1787 é exemplo de constituição suave.
f) Constituição em Branco: É a constituição que não consagra limitações explícitas ao poder de reforma
constitucional. O processo de sua mudança subordina-se à discricionariedade dos órgãos revisores, que, por si
próprios, ficam encarregados de estabelecer as regras para a propositura de emendas ou revisões constitucionais.
g) Constituição Plástica (Raul Machado Horta): É aquela que apresenta uma mobilidade, projetando a sua força
normativa na realidade social, política, econômica e cultural do Estado. O que caracteriza a plasticidade é a
adaptação das normas constitucionais às oscilações da opinião pública. Normalmente, as constituições plásticas
consagram preceitos de eficácia limitada, porque deixam a cargo do legislador ordinário a complexa tarefa de
preenchimento das normas constitucionais. As constituições plásticas pretendem fazer coincidir o “dever ser”
de seus preceitos com a realidade social. Nesse particular, interligam-se ao fenômeno da mutação
constitucional.
Obs.: A Constituição brasileira de 1988 é rígida e plástica. Já a Carta da Inglaterra é flexível e também plástica.
a) Constituição Dirigente (J. J. Gomes Canotilho): Constituição que pretende dirigir a ação governamental do
Estado. Propõe que se adote um programa de conformação da sociedade, no sentido de estabelecer uma direção
política permanente. OBS.: A constituição brasileira de 1988 e a portuguesa de 1976 são exemplos de
constituições dirigentes.
b) Constituição como instrumento de realização da atividade estatal: O texto maior é uma ordenação global do
Estado e da sociedade, ao mesmo tempo que é um projeto de determinação de sua identidade. As constituições
são ordens fundamentais que contêm, no âmbito da historicidade que as subjaz, programas de ação que as
identificam com ordenamentos político-sociais tendentes a um processo de realização concreto.
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d) Constituição como documento regulador do sistema político (Niklas Luhmann): Não basta perquirir o vínculo
de conformidade ou desconformidade das leis e atos normativos com a constituição, sendo imperioso que se
busque a lógica do sistema político. As constituições não servem somente para emitir juízo de
(in)constitucionalidade. Constituem algo maior, pois inseridas no campo da contingência de autofixação do
sistema político.
e) Constituição como processo público (Peter Haberle): Compreende o texto constitucional como documento de
uma sociedade pluralista e aberta, como obra de vários partícipes, como uma ordem jurídica fundamental do
Estado e da sociedade. Para essa corrente, as constituições não são atos voluntarísticos do poder constituinte,
mas sim o reflexo de um processo interpretativo aberto e conduzido à luz da força normativa da publicidade.
f) Constituição como meio de resolução de conflitos: É uma constituição processual. Essa constituição não é um
meio de resolver problemas, e sim um simples instrumento pelo qual podemos eliminar conflitos.
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b) Quanto à forma:
● Escritas ou instrumental: É a Constituição sistematizada por procedimento formal;
● Não escritas ou consuetudinária: Resultante das práticas costumeiras.
c) Quanto à mutabilidade/alterabilidade/estabilidade/consistência:
● Rígidas: O processo de alteração da Constituição é mais difícil e solene do que o de formação das leis.
● Flexíveis ou Plásticas: A Constituição é alterada pelo mesmo processo utilizado para as leis ou até mais
simples.
● Semirrígida: É a Constituição que exige que apenas uma parte do seu texto seja alterado por processo
legislativo diferenciado e mais dificultoso. Quanto ao restante do texto, é possível a alteração pelo
procedimento ordinário.
● Super-rígidas (Maria Helena Diniz): O processo de alteração da Constituição é mais dificultoso e solene
do que o processo de formação das leis, possuindo pontos imutáveis;
● Imutáveis, permanentes, graníticas ou intocáveis: A Constituição não admite alteração do seu texto;
● Fixa: Somente o Poder Constituinte Originário pode alterar o texto constitucional.
d) Quanto ao conteúdo:
● Formais: Constituição é tudo aquilo que está inserido no texto elaborado pelo Poder Constituinte. Assim,
como não importa o conteúdo da norma, será constitucional tudo que constar do texto da Constituição,
mesmo que não se trate de assunto relevante para o Estado e a sociedade;
● Materiais: leva em consideração o conteúdo da norma para defini-la como constitucional, que será toda
aquela que defina e trate das regras estruturais da sociedade e de seus alicerces fundamentais. Assim,
podem existir normas constitucionais em textos esparsos, fora da Constituição.
f) Quanto à ideologia:
● Ortodoxas: Elaboradas em uma única linha ideológica;
● Ecléticas: Elaboradas com várias linhas ideológicas, a exemplo da CF/88.
g) Quanto à eficácia (Karl Lowenstein) – Classificação ontológica, pois analisa o MODO DE SER das Constituições,
conforme adequação à realidade social e política:
● Normativas (máxima eficácia, regulando todos os aspectos da vida social): O texto se alinha com a
realidade política;
● Nominalistas: Não corresponde à realidade, já que, apesar de pretender regular o processo político,
NÃO consegue fazê-lo. Estão em descompasso com a realidade política;
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● Semânticas (existe só no papel, não sendo adequada à realidade social): A Constituição serve de
manutenção do poder pela classe dominante, mas NÃO objetiva alterar coisa alguma. Não tem por fim
regular a vida política do Estado, busca somente formalizar e manter o poder político vigente.
h) Quanto à extensão:
● Constituição Sintética: É Constituição reduzida, sucinta, a exemplo da norte americana;
● Constituição Analítica: É uma Constituição extensa e prolixa, a exemplo da CF/88.
CLASSIFICAÇÃO DA CF
Origem Promulgada (Popular)
Forma Escrita
Extensão Analítica (Prolixa)
Conteúdo Formal
Modo de elaboração Dogmática (Codificada)
Alterabilidade Rígida*(para alguns autores ela é super-
rígida, em razão do art. 60, § 4°, da CR/88)
Sistemática Reduzida (unitária)
Dogmática Eclética
j) Outras terminologias:
● Constituição moldura: “é utilizada metaforicamente para designar a constituição que serve apenas como
limite à atuação legislativa. A lei fundamental atua como uma espécie de moldura dentro da qual o
legislador pode atuar, preenchendo-a conforme a oportunidade política.”
● Constituição fixa: é aquela que não estabelece, expressamente, o procedimento para sua reforma. Logo,
somente podem ser alteradas por um poder de competência igual àquele que as criou, isto é, poder
constituinte originário.
● Constituição dúctil ou maleável, suave: “para exprimir a necessidade de a Constituição acompanhar a
perda do centro ordenador do estado e refletir o pluralismo social, político e econômico. Neste sentido,
a uma Constituição caberá a tarefa básica de assegurar apenas as condições possibilitadoras de uma vida
em comum, mas já não lhe pertence realizar diretamente um projeto predeterminado dessa vida
comunitária. As Constituições concebem-se, pois, como plataformas de partida para a realização de
políticas constitucionais diferenciadas que utilizem em termos inventivos os ‘vários materiais de
construção’ semeados nos textos constitucionais” (LENZA, Pedro).
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3.1. Constitucionalismo
2. Fases do constitucionalismo:
a) CONSTITUCIONALISMO ANTIGO: É o da Antiguidade Clássica, com a ideia de garantir direitos para limitar o
poder, evitar o arbítrio.
● Idade Média: Carta Magna de 1215 – estabelece a proteção a direito individuais.
c) CONSTITUCIONALISMO MODERNO (SOCIAL): após fim da 1ª Guerra Mundial até o início da segunda.
● Exigem atuação positiva do Estado (Estado Social, intervencionista, prestador de serviço público).
● Crise do liberalismo diante das demandas sociais que abalaram o século XIX.
● Consagração dos direitos fundamentais de 2ª dimensão: gravitam em torno do valor IGUALDADE, mas não
meramente formal e sim a IGUALDADE MATERIAL (direitos sociais, econômicos e culturais).
● Possuem um caráter positivo: exigem uma prestação do Estado. Surgem garantias institucionais.
● Adoção do Estado Social: o Estado transforma-se em prestador de serviços, intervindo no âmbito social,
econômico e laboral.
3.2. Neoconstitucionalismo
1. A doutrina passa a desenvolver, a partir do pós-2ª Guerra Mundial, uma nova perspectiva em relação ao
constitucionalismo, denominada neoconstitucionalismo, ou, segundo alguns, constitucionalismo pós-
moderno, ou, ainda, pós-positivismo.
2. Busca-se, dentro dessa nova realidade, não mais apenas atrelar o constitucionalismo à ideia de limitação do
poder político, mas, buscar a eficácia da Constituição.
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4. Características do neoconstitucionalismo:
● Busca eficácia da CF e concretização dos direitos fundamentais;
● Pós-positivismo: o direito deve ter um conteúdo moral e vai além da legalidade estrita.
● Normatividade da Constituição: Com o neoconstitucionalismo, a CF passa a ser documento jurídico,
com força vinculante.
● Força normativa da Constituição: as normas constitucionais têm aplicabilidade direta e os direitos
irradiam da CF.
● Centralidade da Constituição: A CF é o epicentro do ordenamento jurídico. Tem supremacia formal e
material. Consequências:
o Constitucionalização do direito: normas de outros ramos do direito estão na Constituição Federal e
há releitura dos institutos previstos na legislação infraconstitucional à luz da Constituição.
o Filtragem constitucional: há interpretação da lei à luz da Constituição Federal.
● Rematerialização das Constituições: Surgem Constituições prolixas, com extenso rol de direitos
fundamentais.
● Maior abertura na interpretação: Os princípios deixam de ser meras diretrizes e passam a ser espécies
de norma.
● Fortalecimento do judiciário: O Judiciário irá garantir a supremacia da Constituição Federal. É o ativismo
judicial, postura mais ativa do Judiciário na implementação dos direitos.
1. Para a teoria procedimentalista (Jürgen Habermas): A Constituição deve se limitar à regulação formal do
processo democrático, sem estabelecer de antemão quais as metas ou valores substantivos a serem
perseguidos por aquela sociedade. Para esta concepção, uma vez assegurado um procedimento democrático,
caberá à própria sociedade compreender seus problemas e encontrar soluções, por meio de processos
comunicacionais.
2. Para a teoria substancialista: a Constituição deve consagrar metas e valores a serem perseguidos por aquela
sociedade, traduzindo-se em uma Constituição dirigente, na expressão de Canotilho. Tal vertente critica,
ainda, a concepção liberal do Estado de Direito pregada pelo constitucionalismo clássico, que defendia que
a Constituição deveria se restringir à previsão de normas limitadoras do poder político. Tais normas
correspondem aos chamados “direitos fundamentais de primeira geração ou dimensão”, tais como os
direitos civis e políticos, que tinham como fundamento impor ao Estado um dever negativo, de abstenção e
não intervenção na esfera particular. O mencionado viés liberal guarda estreita relação com a filosofia
juspositivista.
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Obs.: A análise da validade de uma norma não passaria, portanto, pela aferição de sua justiça ou aderência
social, mas pela constatação da legitimidade de seu processo criador e da sua conformidade com as normas
hierarquicamente superiores. Isto porque o ordenamento seguiria um escalonamento na forma de uma
pirâmide, no topo da qual estariam as normas constitucionais e, acima delas, uma norma fundamental
hipotética, pressuposta.
3. O fracasso do juspositivismo, tal como concebido originalmente, suscitou reflexões sobre a necessidade de
trazer as discussões sobre ética, moral e justiça para o interior da ciência jurídica. A este ideário difuso se
convencionou chamar de pós-positivismo. Os seus reflexos no campo constitucional formam o assim
denominado neoconstitucionalismo. Para esta concepção, a Constituição, longe de apenas limitar o poder
político, deve ter como foco a concretização de direitos fundamentais (efeito expansivo dos direitos
fundamentais). Não basta prevê-los, como meras aspirações. Deve-se ultrapassar a retórica, pois a
Constituição tem força normativa e deve ser implementada.
4. Portanto, para esta concepção, as normas se dividem entre regras e princípios, pois estes não são meras
aspirações sem caráter vinculativo.
5. Cabe ao juiz promover uma interpretação prospectiva da norma, que olhe para o futuro, e dela extrair seu
potencial transformador. Dessa forma, o Judiciário atenderá à sua missão constitucional de concretização
de seus vetores axiológicos e exercerá papel ativo na construção de uma sociedade.
6. Nesse contexto, em que o Poder Judiciário passa a ser coparticipante do processo constitucional,
questiona-se acerca da legitimidade do chamado “ativismo judicial” na consecução de políticas públicas,
já que os membros do Poder Judiciário não são eleitos pela vontade da maioria.
7. Para ser legítimo, o ativismo judicial deve ser excepcional (observar a separação de poderes) e
condicionado (observar o dever de argumentação). A partir dos requisitos para legitimidade do ativismo
judicial, é possível que o advogado público erija tese em sentido contrário, defendendo que a atuação judicial,
na espécie, é ilegítima, por:
1) violar o postulado da Separação dos Poderes;
2) não se sustentar em norma constitucional ou legal;
3) ser casuística; ou
4) descambar em problema ainda maior do que o veiculado na lide.
a) Normas Constitucionais de eficácia Plena: são as que não necessitam de complementação para que possam
produzir efeitos, tais normas possuem aplicabilidade imediata e integral
b) Normas Constitucionais de eficácia contida (ou prospectiva): são as que também possuem aplicabilidade
imediata e integral, por não necessitarem de complementação, no entanto podem ter sua abrangência
reduzida por norma infraconstitucional. Exemplos: os artigos: 5º, inciso VIII (escusa de consciência),
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c) Normas Constitucionais de eficácia limitada: são as que necessitam de integração por norma
infraconstitucional para que possam produzir efeitos jurídicos. São normas que têm aplicabilidade apenas
indireta ou mediata, pois dependem de complementação infraconstitucional para possuírem aplicabilidade
direta. No entanto, mesmo sem sua regulamentação, tais normas produzem, mesmo que de forma mínima,
efeitos jurídicos, como o de vincular o legislador. Há dois tipos de normas limitadas:
● Normas de princípio institutivo ou organizativo: contém o início ou esquema de determinado órgão,
entidade ou instituição, deixando a efetiva criação e estruturação a cargo de lei ordinária ou
complementar. Exemplos: art. 18, §2º da CF e art. 25, §3º da CF.
● Normas de princípio programático: normas através das quais o constituinte, ao invés de regular direta
e imediatamente determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os princípios a serem cumpridos
pelos seus órgãos. – Tais normas NÃO dispõem de aplicabilidade imediata, mas possuem carga
eficacional, ante o princípio da força normativa da Constituição. Exemplos: artigos 196; 205; 217; 218
todos da CF/88.
2. Classificação de Maria Helena Diniz: a Autora incluiu mais uma espécie na classificação acima apontada,
afirmando a existência de normas constitucionais de eficácia absoluta ou supereficazes, que são as cláusulas
pétreas, ou seja, aquelas normas que não podem ser retiradas nem mesmo por emenda constitucional.
a) Método jurídico ou hermenêutico cláSsico [SAVIGNY]: Parte da consideração de que a Constituição é uma lei,
de modo que a interpretação da Constituição não deixa de ser uma interpretação da lei. -> TESE DA
IDENTIDADE DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL E INTERPRETAÇÃO LEGAL. Com isso, para a interpretação
da Constituição, deve o intérprete utilizar os elementos tradicionais ou clássicos da hermenêutica, que
remontam à Escola Histórica do Direito de Savigny:
● Elemento gramatical, literal ou semântico: a análise se realiza de modo textual e literal;
● Elemento histórico: análise do projeto de lei, sua justificativa, exposição de motivos, pareceres, discussões,
as condições culturais e psicológicas que resultaram na elaboração da norma;
● Elemento sistemático ou lógico: busca a análise do todo;
● Elemento teleológico ou racional: busca a finalidade da norma;
● Elementos genético: busca investigar as origens dos conceitos utilizados pelo legislador.
Obs.: A doutrina NÃO repele a interpretação de tal método jurídico, mas é insuficiente diante das situações
complexas de interpretação constitucional.
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● Preferência pela discussão do problema em razão da abertura das normas constitucionais que não
permitem qualquer subsunção a partir delas próprias.
DICA: É possível, igualmente, relacionar as iniciais para não esquecer: Hesse – Hermenêutico.
e) Método normativo-estruturante [FRIEDERICH MULLER]: Parte da premissa de que existe uma relação
necessária entre o texto e a realidade. Foi idealizado por Friederich Müller, que afirma que o texto é apenas
a ponta do iceberg, não compreendendo a norma apenas o texto, mas também um pedaço da realidade social.
É um método também concretista, diferenciando-se dele, porém, na medida em que a norma a ser
concretizada não está inteiramente no texto, sendo o resultado entre este e a realidade.
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REGRAS PRINCÍPIOS
Grau de abstração reduzido Grau de abstração elevado
Suscetíveis de aplicação direta Carecem de mediações concretizadoras
Podem ser normas vinculativas com conteúdo São standards juridicamente vinculantes radicados nas
meramente funcional exigências de justiça ou na ideia de direito
Relatos descritivos de condutas a partir dos quais, A previsão dos relatos dá-se de maneira mais abstrata,
mediante subsunção, chega-se à conclusão. sem se determinar a conduta correta, já que cada caso
concreto deverá ser analisado para que o intérprete dê
o exato peso entre os princípios em choque
São mandamentos ou mandados de definição: são São mandados de otimização (Alexy): devem ser
sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas (tudo ou realizados na maior medida do possível. Podem ser
nada) satisfeitos em graus variados, a depender das
possibilidades jurídicas.
Uma das regras em conflito OU será afastada pelo A colisão resolve-se pela ponderação ou
princípio da especialidade, OU será declarada balanceamento de princípios.
inválida.
4. Postulados normativos ou metanormas: são normas sobre a aplicação de normas. Com o reconhecimento da
força normativa da Constituição, a expansão da jurisdição constitucional e o pós positivismo, houve o
deslocamento da Constituição para todos os demais ramos do direito, dando origem a uma FILTRAGEM
CONSTITUCIONAL. Os postulados são denominados pela maioria da doutrina, como princípios, mas não têm a
mesma função dos princípios. São normas de segundo grau utilizadas para se interpretar os princípios e regras
constitucionais (normas de primeiro grau).
a) UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A Constituição é una e indivisível. Por isso, deve ser interpretada como um
todo, de modo a evitar conflitos, contradições e antagonismos entre suas normas. Em decorrência, não há
hierarquia entre normas constitucionais e não há normas constitucionais originárias inconstitucionais. É
usado no conflito ABSTRATO de normas constitucionais.
c) EFEITO INTEGRADOR: O intérprete deve preferir a interpretação que gera mais paz social, reforço da unidade
política, integração da sociedade.
d) MÁXIMA EFETIVIDADE: Deve preferir a interpretação que dê mais eficácia aos direitos fundamentais.
e) FORÇA NORMATIVA: Na aplicação da Constituição, deve ser dada preferência às soluções concretizadoras
de suas normas que as torne mais eficazes e permanentes. A principal função desse princípio tem sido para
afastar interpretações divergentes.
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OBS: o da Força Normativa serve para todas as normas constitucionais; já o da Máxima Efetividade, serve
especificamente para os direitos fundamentais.
f) JUSTEZA OU CONFORMIDADE FUNCIONAL: Tem por finalidade impedir que os órgãos encarregados da
interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-
funcional estabelecido pela Constituição. É um princípio de competência constitucional.
g) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE OU CONVENIÊNCIA DAS LIBERDADES PÚBLICAS: Não existem direitos absolutos,
pois todos encontram limites em outros direitos ou em interesses coletivos também consagrados na
Constituição. De acordo com Bobbio, teriam caráter absoluto o direito a não ser torturado e o direito a não ser
escravizado.
b) Declaração de inconstitucionalidade com apelo ao legislador: A técnica possui relevância no caso da ação de
inconstitucionalidade por omissão, em que o Tribunal limita-se a constatar a inconstitucionalidade da omissão,
exortando o legislador a abandonar o seu estado de inércia, possuindo a decisão um cunho mandamental.
c) Interpretação conforme a Constituição: O Órgão jurisdicional declara qual das possíveis interpretações se
mostra compatível com a Lei Maior. É princípio que se situa no âmbito do controle de constitucionalidade, e não
simples regra de interpretação.
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6. PODER CONSTITUINTE
1. Conceito: Segundo Canotilho, o Poder Constituinte se revela como uma questão de “poder”, “força” ou
“autoridade” política que, em uma situação concreta, pode criar, garantir ou eliminar uma Constituição
entendida como lei fundamental da comunidade política.
1. Conceito: O Poder Constituinte Originário pode ser definido como um poder político, supremo e originário,
responsável por estabelecer a constituição de um Estado. Instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por
completo com a ordem jurídica precedente
2. Características:
● Inicial: Inaugura toda a normatividade jurídica;
● Autônomo: NÃO convive com nenhum outro poder que tenha a mesma hierarquia;
● Incondicionado (juridicamente): Não se sujeita a nenhuma outra norma jurídica;
● Ilimitado;
● Latente: É atemporal, contínuo, pois está pronto para ser acionado a qualquer momento.
3. Espécies:
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(1) Limites Transcendentes: são aqueles que, advindos de imperativos do direito natural, de valores éticos ou
de uma consciência jurídica coletiva, impõem-se à vontade do Estado, demarcando sua esfera de
intervenção. Ex.: princípio da proibição de retrocesso, dos direitos fundamentais objeto de consensos sociais
profundos ou diretamente ligados à dignidade da pessoa humana.
(2) Limites Imanentes: estão relacionados à configuração do Estado à luz do Poder Constituinte material ou à
própria identidade do Estado de que cada constituição representa apenas um momento da marcha histórica.
Referem-se a aspectos como a soberania ou a forma de Estado.
(3) Limites Heterônomos: são provenientes da conjugação com outros ordenamentos jurídicos como, por
exemplo, as obrigações impostas ao Estado por normas de direito internacional. A globalização e a crescente
preocupação com os direitos humanos são fenômenos que têm contribuído para relativizar a soberania do
Poder Constituinte. Sob essa perspectiva, seria vedado às futuras constituições brasileiras consagrar a pena
de morte para além dos casos de guerra externa, ante o disposto na Convenção Americana sobre Direitos
Humanos.
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● Doutrina majoritária: a titularidade do poder constituinte reside sempre na soberania do povo. Essa
posição deve ser defendida nas provas.
● Joseph Sieyès (obra: o que é o Terceiro Estado?): sustentava que o Terceiro Estado seria a nação, titular do
poder constituinte.
1. Tem o poder ou competência para modificar a Constituição por meio de um procedimento específico,
estabelecido pelo Poder Constituinte Originário.
2. O Poder Constituinte Derivado Reformador tem natureza jurídica, pois deve obedecer às limitações impostas
pelo Originário.
3. Em princípio, o Poder Constituinte de Reforma NÃO pode criar cláusulas pétreas: somente o Poder
Constituinte Originário pode fazê-las. No entanto, pode ampliar o catálogo dos direitos fundamentais criados
pelo Poder Constituinte Originário.
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d) Formais:
● Subjetivos: Iniciativa para a propositura de emenda constitucional (art. 60, I, II e III, CF):
▪ De um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
▪ do Presidente da República;
▪ de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
● Objetivos:
▪ Art. 60, §2º - procedimento de deliberação e quórum de votação
▪ Art. 60, §3º - promulgação pelas Mesas
▪ Art. 60, §5º - irrepetibilidade absoluta do projeto de emenda rejeitado
ATENÇÃO: O DIREITO ADQUIRIDO é oponível à Constituição quando o preceito constitucional for fruto do Poder
Constituinte derivado reformador, já que o direito adquirido é cláusula pétrea, insuscetível de qualquer
proposta de emenda para aboli-lo. Quanto ao poder constituinte originário, NÃO se pode invocar direito
adquirido.
Obs.: É admitido o controle concentrado ou difuso de constitucionalidade de normas produzidas pelo poder
constituinte originário? R.: Em virtude do princípio da unidade normativa e do caráter rígido da Constituição
brasileira, admite-se no Brasil o controle de constitucionalidade apenas das normas constitucionais que foram
inseridas na Constituição pela via das emendas constitucionais.
4. A doutrina aponta que os princípios que devem ser seguidos pelos Estados-membros são:
a) Princípios sensíveis: Essência da organização constitucional da Federação brasileira - art. 34, VII, da CF - se
violados ensejam intervenção federal;
● Forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
● direitos da pessoa humana;
● autonomia municipal;
● prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
● aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente
de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
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b) Princípios constitucionais estabelecidos: regras previstas para outros entes que, por consequência, veda a
atuação do Estado naquela matéria e;
c) Princípios constitucionais extensíveis: Normas organizatórias da União aplicadas aos estados pelo princípio
da simetria, e podem ser expressos ou implícitos. Ex: Sistema eleitoral, imunidades e impedimentos dos
Deputados.
1. Consiste na revisão da Constituição, que ocorreu 5 anos após sua promulgação, por determinação do art. 3º,
ADCT.
2. Também é condicionado e limitado às regras do originário.
1. É um poder de fato manifestado por mutação constitucional. Trata-se de mais um mecanismo de mudança
da Constituição.
2. Se por um lado a modificação introduzida pelo Poder Constituinte Derivado Reformador é formal, por
intermédio de emenda constitucional, a modificação realizada pelo Poder Constituinte Difuso se
instrumentaliza de modo informal e espontâneo, como verdadeiro poder de fato, que modifica a
Constituição sem alterar o seu texto. Pelo Poder Constituinte Difuso, a interpretação do texto constitucional
é alterada.
Apelidada “Constituição Cidadã”, em virtude da participação popular notória durante a sua elaboração,
foi promulgada em 5 de outubro de 1988.
Características relevantes:
Constituição rígida
Ampliação do pluripartidarismo.
Erradicação da censura à imprensa.
Consolidação do sindicalismo e grandes centrais (CUT e CGT). Além disso, houve ampliação dos
direitos dos trabalhadores.
Manutenção da república constitucional e do sistema presidencialista de governo (via plebiscito
do art. 2º ADCT).
Fortemente influenciada pela Constituição portuguesa de 1976.
Forma de Estado: Federação, com ampliação da autonomia administrativa e financeira dos entes.
Brasil é um país laico, em que pese a expressão “Deus” no preâmbulo.
Adoção da teoria tripartida de Montesquieu e da técnica dos freios e contrapesos (diminuindo a
supremacia do Poder Executivo).
Bicameralismo no Poder Legislativo – CD (representantes do povo) + SF (representantes dos
Estados-Membros e do DF).
Executivo é exercido pelo PR e Vice, com auxílio dos Ministros de Estado.
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São órgãos do Poder Judiciário: o Supremo Tribunal Federal; o Conselho Nacional de Justiça; o
Superior Tribunal de Justiça; o Tribunal Superior do Trabalho; os Tribunais Regionais Federais e
Juízes Federais; os Tribunais e Juízes do Trabalho; os Tribunais e Juízes Eleitorais; os Tribunais e
Juízes Militares; os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
Obs.: a CF/88 criou o STJ com o fim de uniformizar e interpretar lei federal em todo o país,
consistindo em órgão de convergência da Justiça comum.
Tornou o racismo e tortura como crimes inafiançáveis.
Controle das omissões legislativas pela primeira vez: MI no controle difuso e ADI por omissão no
controle concentrado.
Introduziu-se a ADPF.
Previsão, pela primeira vez, do mandado de segurança coletivo e do “habeas data”.
Previsão, pela primeira vez, de um capítulo sobre “meio ambiente”.
Separação (desvinculação) da Ordem Econômica e da Ordem Social.
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4. Sujeito Passivo: a Coletividade. Trata-se do que a doutrina chama de “crime vago”, uma vez que o sujeito
passivo é indeterminado.
5. Elemento Subjetivo
● Regra: Dolo.
● Exceção: art. 38 “Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou
fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
6. Em regra, a prática da conduta prevista em lei não está vinculada à demonstração de existência de perigo
concreto, pois há presunção absoluta de perigo ao bem jurídico.
● Regra: crimes de perigo abstrato
● Exceção: Art. 39 é considerado crime de perigo concreto, tendo em vista que não basta conduzir a
embarcação ou aeronave após o consumo da droga, devendo demonstrar que efetivamente houve a
exposição do bem jurídico tutelado a perigo concreto de dano.
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7. Expropriação (art. 243, CF/88): O art. 243 da CR/88 prevê a expropriação de propriedades rurais e urbanas
onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas, assim como o confisco de todo e qualquer
bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
● A medida de expropriação atingirá toda a propriedade, ainda que o cultivo seja realizado apenas em parte
da propriedade (STF, RE 543.974/MG).
● Não exige habitualidade e nem reiteração do uso para tal finalidade (Info 855, STF)
8. Princípio da insignificância: O STJ e a doutrina majoritária entendem que não é possível aplicar o princípio
da insignificância nem mesmo ao crime de porte de drogas para uso pessoal, utilizando 3 argumentos
principais:
(1) A pequena quantidade de droga já é elementar do crime, não podendo ser valorada para fins da
insignificância.
(2) O objeto jurídico é a saúde pública, e não a incolumidade do próprio usuário de drogas, sobretudo
porque o Direito Penal não pune a autolesão (princípio da alteridade)
(3) Trata-se de crime de perigo abstrato cujo perigo está absolutamente presumido em lei.
Ressalta-se, contudo, que o STF possui um precedente no sentido de que é atípica a conduta de importar pequena
quantidade de sementes de maconha. (Info 683, STJ e Info 915, STF).
Há, ainda, a figura equiparada prevista no §1º, a qual a lei conferiu o mesmo tratamento, mas com objeto material
diferente. Em vez de se referir a drogas, refere-se à PLANTAS DESTINADAS À PREPARAÇÃO DE PEQUENA
QUANTIDADE DE DROGA.
● Semear
● Cultivar
● Colher
b) Elementos do Tipo:
● Elemento normativo do tipo – “sem autorização ou em desacordo com a autorização legal”. Se houver
autorização, o fato será atípico.
● Elemento Subjetivo especial (ou dolo específico) – tanto no caput como no §1º exige-se o dolo
específico, qual seja: PARA CONSUMO PESSOAL (caput) e PARA PREPARAR PEQUENA QUANTIDADE
DE DROGA (§1º).
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⮚ Obs.: À luz do art. 28, §2º, para o juiz determinar se a quantidade de droga é para consumo pessoal,
deverá atentar-se para:
● Natureza e à quantidade da substância apreendida
● Ao local e às condições em que se desenvolveu a ação
● Às circunstâncias sociais e pessoais do agente
● Conduta e aos antecedentes do agente.
⮚ Obs.: A quantidade de drogas, por si só, não é fator determinante para concluir se era para consumo
pessoal. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1740201/AM, julgado em 17/11/2020.
d) Flagrante delito:
1. Não será imposta ao acusado prisão em flagrante. Isso significa apenas que não poderá ser lavrado auto
de prisão em flagrante, o qual funciona como um título prisional. No entanto, é possível que o indivíduo
seja capturado e conduzido à delegacia para que seja feito um registro de ocorrência.
2. O flagrante de porte de drogas para uso será lavrado pela autoridade policial somente na ausência de juiz.
Nesse sentido, o Plenário do STF decidiu que “a autoridade policial pode lavrar termo circunstanciado
de ocorrência e requisitar exames e perícias em caso de flagrante de uso ou posse de entorpecentes
para consumo próprio, desde que ausente a autoridade judicial.”.
● Obs.1: A prestação de serviços à comunidade e a medida educativa têm o prazo máximo de 5 meses (art. 28,
§3º). No caso de reincidência específica, o prazo máximo será de 10 meses (art. 28, §4º)
● Obs.2: Caso o apenado deixe de cumprir as medidas impostas, poderá o juiz submetê-lo ainda à admoestação
verbal e multa, nessa ordem.
f) Prazo prescricional: em regra será de 2 anos, sendo observada as regras gerais de interrupção e suspensão
da prescrição, bem como a sua contagem pela metade do prazo na hipótese de o agente ser menor de 21
anos na data do fato ou maior de 70 anos na data da sentença.
g) Rito processual: O art. 28 da Lei de Drogas é infração de menor potencial ofensivo. Seu processo e
julgamento seguem o rito sumaríssimo (arts. 60 e seguintes da Lei 9.099/95).
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IMPORTANTE! Em 2018 houve uma mudança jurisprudencial no sentido de entender que a condenação do
agente por crime do artigo 28 NÃO É APTA A GERAR REINCIDÊNCIA.
a) Considerações Iniciais:
● Objeto jurídico: A saúde pública e o equilíbrio sanitário da coletividade
● Sujeito ativo: Trata-se de crime comum
● Trata-se de crime de perigo abstrato, para sua configuração basta a prática de conduta pelo agente,
não necessitando que nenhum bem jurídico seja colocado em perigo.
● Tipo penal misto alternativo, uma vez que o núcleo é composto por vários verbos e a realização de mais
de um deles não enseja concurso de crimes.
● Elemento normativo - “Sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. O
tráfico só restará configurado se a conduta for praticado sem autorização legal.
● Norma penal em branco heterogênea, tendo como complemento a portaria 344/1998 da ANVISA.
● Competência: Em regra, o crime é da justiça estadual. Somente atrairá a competência da justiça federal
quando restar demonstrada a internacionalidade do delito.
⮚ Obs.: Em regra, compete à Justiça Estadual julgar habeas corpus preventivo destinado a permitir
o cultivo e o porte de maconha para fins medicinais (Info 673, STJ)
b) Condutas Típicas:
● ADQUIRIR - a jurisprudência entende que, por se tratar de crime de perigo abstrato, o crime se consuma
independentemente da tradição da coisa. Assim, o mero fato de a droga ter sido negociada por telefone
enseja a aplicação da reprimenda penal.
● IMPORTAR - consiste em fazer entrar o entorpecente no País, por via aérea, marítima ou por terra. O
crime pode ser praticado até pelo correio. O delito consuma-se no momento em que a droga entra no
território nacional.
● PREPARAR - consiste em combinar substâncias não entorpecentes
● TRANSPORTAR - significa conduzir de um local para outro em um meio de transporte e, assim, difere
da conduta “remeter” porque, nesta, não há utilização de meio de transporte viário.
● PRESCREVER - sinônimo de receitar. Por essa razão, a doutrina costuma mencionar que se trata de crime
próprio, pois só médicos e dentistas podem receitar medicamentos. O crime consuma-se no momento
em que a receita é entregue ao destinatário. A prescrição culposa de entorpecente (em dose maior que
a necessária ou em hipótese em que não é recomendável o seu emprego) caracteriza crime específico,
previsto no art. 38 da Lei de Drogas.
● MINISTRAR - é aplicar, inocular, introduzir a substância entorpecente no organismo da vítima — quer
via oral, quer injetável.
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4. TRÁFICO DE DROGAS e AGENTE POLICIAL DISFARÇADO : Foi incluído o dispositivo previsto no inciso IV, §1º
do Artigo 33, Lei 11.343/06. Trata-se de regulamentação das hipóteses que poderiam ser tratadas como
crime impossível por se configurarem como flagrante provocado. Ocorre que o próprio legislador nos diz
que, nessas hipóteses, seria possível a prática da infração penal quando houver elementos razoáveis de
infração penal preexistente. Ex.: Policial disfarçado aborda potencial traficante de drogas e tenta adquirir
determinada quantidade de droga. O vendedor entrega as drogas ao policial, momento que lhe é dado voz
de prisão.
2.4 Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Uso de Drogas (art. 33, §2º) - não é crime equiparado a
hediondo
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● Sujeito passivo - ao lado da coletividade, tem-se a pessoa instigada, induzida ou auxiliada. O induzimento,
o auxílio ou a instigação devem ser dirigidos a pessoa determinada ou a pessoas determinadas;
● Consumação: Prevalece que o crime se aperfeiçoa quando a pessoa incentivada faz efetivo uso da droga.
1. Considerações iniciais:
● Não é equiparado a crime hediondo;
● Infração de menor potencial ofensivo
● Competência do Juizado Especial Criminal.
2. Requisitos (cumulativos)
● Oferta eventual da droga;
● Oferta gratuita (inexistência de objetivo de lucro)
● O destinatário seja do relacionamento de quem oferece a droga;
● É necessária a prática da conduta mediante o dolo “específico” (para juntos consumirem).
3. Consumação: Esse crime se consuma com o oferecimento da droga, dispensando-se o efetivo uso (uso
conjunto é um especial fim de agir).
2.6 Tráfico Privilegiado (Art. 33, §4º) – NÃO é crime equiparado a hediondo.
2. Jurisprudência pertinente:
▪ Súmula Vinculante 59: É impositiva a fixação do regime aberto e a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos quando reconhecida a figura do tráfico privilegiado (art. 33, § 4º, da
Lei 11.343/06) e ausentes vetores negativos na primeira fase da dosimetria (art. 59 do CP), observados
os requisitos do art. 33, § 2º, alínea c, e do art. 44, ambos do Código Penal.
▪ Para fins do art. 33, § 4º, da Lei de Drogas, milita em favor do réu a presunção de que ele é primário,
possui bons antecedentes e não se dedica a atividades criminosas nem integra organização criminosa; o
ônus de provar o contrário é do Ministério Público. (Info 965, STF)
▪ Não cabe afastar a causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 com base em
condenações não alcançadas pela preclusão maior (coisa julgada). (Info 973, STF)
▪ A prática anterior de atos infracionais pode ser utilizada para afastar a causa de diminuição do art. 33, §
4º, da Lei de Drogas? R.: Atualmente, temos uma divergência no STF.
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Para a 1ª Turma do STF: SIM. É possível a utilização da prática de atos infracionais para
afastar a causa de diminuição, quando se pretendeu a aplicação do redutor de pena do
do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006.
Para a 2ª Turma do STF: NÃO. A prática anterior de atos infracionais pelo paciente não
configura fundamentação idônea a afastar a minorante do § 4º do art. 33 da Lei
11.343/2006.
1. Objeto material: Maquinários/ Instrumentos/ Qualquer outro objeto destinado à fabricação da droga
3. Algumas condutas configuram crime permanente: Transportar/ Possuir/ Guardar
4. A doutrina entende que há necessidade de exame pericial para atestar que o aparelho é apto/capaz de
produzir a droga.
5. Não é possível que o agente responda pela prática do crime do art. 34 da Lei 11.343/2006 quando a posse
dos instrumentos configura ato preparatório destinado ao consumo pessoal de entorpecente. (Info 709,
STJ)
1. Considerações iniciais:
● O crime de associação para o tráfico NÃO É considerado tráfico de drogas
● Não é crime equiparado a hediondo
● Delito autônomo
3. Especial fim de agir: A associação deve ser destinada a praticar crimes de tráfico de drogas, ou seja, os
crimes definidos nos: Art. 33, caput, Art. 33, § 1º e Art. 34 (tráfico de maquinário)
4. Não é necessário que os crimes sejam efetivamente praticados, uma vez que se trata de delito autônomo
e formal.
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2. Autofinanciamento: O sujeito passivo não pode participar do tráfico de drogas. Se o fizer, responderá
pelo crime do art. 33 com a pena majorada pelo art. 40, VII da mesma Lei.
1. Sujeito ativo: crime comum – pode ser praticado por qualquer pessoa;. Se esse colaborador for
funcionário público, irá responder pelo art. 37 com causa de aumento do art. 40, II da Lei de Drogas.
2. Subsidiariedade em relação aos crimes do art. 33 e 35 da Lei de Drogas: Defende a doutrina majoritária
e a jurisprudência que a colaboração prevista no art. 37 tem que ser necessariamente eventual. Se for
permanente e estável: ele integrará a associação ou organização criminosa de modo que a tarefa de
informante passa a integrar a estrutura da associação e a conduta se amoldará ao crime de associação
para o tráfico.
● Colaboração eventual - art. 37, LD.
● Colaboração com estabilidade e permanência - art. 35, caput da LD.
2. Sujeito ativo: crime próprio: Os núcleos prescrever ou ministrar exigem que apenas quem tenha
capacidade para prescrever ou ministrar possam praticar o delito. Exige-se a qualidade especial do agente,
devendo ser médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem.
3. Crime culposo:
● Esse é o único crime culposo na lei de drogas.
● A prescrição ou ministrar com dolo é conduta que se enquadra no art. 33, caput da LD.
● Por ser um crime culposo, é inadmissível a tentativa
2.12 Conduzir Embarcação ou Aeronave após o Consumo de Drogas
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1. Conduta punível: É a conduta de conduzir embarcação ou aeronave após consumo de drogas, expondo
outrem a dano.
2. Trata-se de CRIME DE PERIGO CONCRETO, de modo que não basta a condução anormal, é necessário que
a condução anormal se dê gerando perigo de dano à incolumidade de outrem.
1. TRANSNACIONALIDADE DO DELITO
● Não é necessária a efetiva transposição da fronteira nacional. Basta o intuito de transferir a droga para
outro país com a concretização de todos os atos executórios necessários para tanto (Súmula 607/STJ)
● Dupla imputação: para ser tráfico internacional, a droga apreendida tem que ser ilícita nos 2 países
envolvido.
● Competência tráfico internacional de drogas: Na hipótese de importação da droga via correio cumulada
com o conhecimento do destinatário por meio do endereço aposto na correspondência, deve-se fixar a
competência no Juízo do local de destino da droga, em favor da facilitação da fase investigativa, da
busca da verdade e da duração razoável do processo. (Info 698, STJ)
Atente-se à jurisprudência:
▪ Não incide a causa de aumento de pena prevista no inciso III do art. 40 da Lei nº 11.343/2006 em caso
de tráfico de drogas cometido nas dependências ou nas imediações de igreja – (Info 671, STJ)
▪ Não é necessário que a droga passe por dentro do presídio para que incida a majorante prevista no art.
40, III, da Lei 11.343/2006 - (Info 659, STJ).
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● Tráfico nacional - INTERESTADUAL: Doméstico, interno - porém, interestadual. É exercido entre Estados
da federação ou entre estes e o DF.
● Competência
▪ Para julgamento - Justiça Estadua
▪ Para investigação - atribuição da Polícia Federal;
6. SUA PRÁTICA ENVOLVER OU VISAR A ATINGIR CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU A QUEM TENHA, POR
QUALQUER MOTIVO, DIMINUÍDA OU SUPRIMIDA A CAPACIDADE DE ENTENDIMENTO E DETERMINAÇÃO
7. O AGENTE FINANCIAR OU CUSTEAR A PRÁTICA DO CRIME: A jurisprudência tem aplicado o inciso VII nos
casos de autofinanciamento para o tráfico: art. 33, caput c/c art. 40, VII;
3. DOSIMETRIA DA PENA
O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do CP:
● Natureza da substância
● Quantidade da substância ou do produto
● Personalidade e a conduta social do agente.
4. DA INVESTIGAÇÃO
1. A condenação por tráfico pode ocorrer mesmo que não tenha havido a apreensão da droga
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5. Infiltração de agentes.
● É a autoridade policial quem deve requerer a infiltração
● Somente o agente de polícia judiciária pode ser infiltrado
6. Ação controlada. Também chamado de Flagrante Postergado. Consiste no permissivo legal para que a
autoridade policial deixe de efetuar a intervenção no momento em que o agente está em flagrante, para
intervir em momento posterior considerado mais eficaz do ponto de vista probatório.
7. Colaboração premiada. Consiste em uma causa especial de diminuição de pena para o agente que
colaborar voluntariamente com a persecução penal
● Diminuição de 1/3 a 2/3 da pena
● Depende da ocorrência de um dos seguintes resultados:
✔ Identificação dos demais coautores e participes
✔ Recuperação total ou parcial do produto do crime
● De acordo com o STJ, os requisitos legais previstos no art. 41 da Lei n. 11.343/2006, que trata da causa de
diminuição da pena por colaboração premiada, são alternativos e não cumulativos (Info 789).
5. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
1. Conceito: Medidas assecuratórias (em sentido estrito) são medidas cautelares de natureza patrimonial que
têm como objetivo garantir que o acusado não se desfaça de seu patrimônio e, assim, se for
definitivamente condenado, possa arcar com os efeitos secundários extrapenais genéricos da condenação,
previstos no art. 91 do CP.
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● Juiz deverá ser imediatamente comunicado: Em caso de apreensão de qualquer desses bens, o Delegado
de Polícia deverá, imediatamente, comunicar o fato ao juízo competente.
● Alienação antecipada: O juiz, no prazo de 30 dias contado da comunicação feita pelo Delegado,
determinará a alienação dos bens apreendidos.
As armas que forem apreendidas não serão alienadas, mas sim recolhidas na forma da legislação
específica (estatuto do desarmamento).
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1. INTRODUÇÃO
1. A Lei nº 14.344/2022 tem como sua principal finalidade a criação de medidas de assistência e proteção para
crianças e adolescentes. Esta legislação está em total conformidade com os princípios estabelecidos na
Constituição Federal do Brasil.
3. A necessidade de proporcionar uma proteção integral a crianças e adolescentes decorre do fato de estarem
em um estágio peculiar de desenvolvimento físico, psicológico e moral. A Lei n° 13.431/2017 estabelece uma
série de direitos e garantias para crianças e adolescentes, incluindo:
• a prioridade absoluta
• o direito à informações apropriadas
• a possibilidade de expressar desejos e opiniões de forma confidencial
• assistência jurídica e psicossocial
• o direito de ser ouvido em horários adequados
• a garantia de segurança.
4. Além de abordar direitos e garantias, a Lei n° 13.431/2017 também cria mecanismos para prevenir e
combater a violência, bem como estabelece procedimentos especiais para ouvir crianças e adolescentes
vítimas ou testemunhas de violência, como a escuta especializada e o depoimento especial.
1. De acordo com a definição objetiva estabelecida pelo artigo 2º do ECA, considera-se criança a pessoa com
idade até 12 anos incompletos, enquanto adolescente é aquele que tem entre 12 e 18 anos de idade.
Entretanto, é importante observar que a Lei n. 14.344/2022, em seu artigo inicial, menciona explicitamente que
sua finalidade é criar "mecanismos para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra
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a criança e o adolescente." Isso indica que os destinatários primários desta lei são as pessoas com menos de 18
anos de idade. No entanto, isso não impede que um juiz, no exercício de seu poder geral de cautela, possa aplicar
as medidas protetivas estabelecidas por esta lei em casos envolvendo jovens vítimas ou testemunhas de violência
doméstica e familiar. Isso é especialmente relevante porque as principais medidas protetivas, como a proibição
de se aproximar de determinados lugares ou pessoas, também estão previstas no artigo 319, incisos II e III, do
CPP.
3. TRATADOS INTERNACIONAIS
1. O Brasil é signatário de diversos tratados e convenções internacionais voltados para a proteção dos direitos
humanos, incluindo os direitos das crianças e adolescentes. Desde a Declaração dos Direitos da Criança de
Genebra em 1924 até a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança de 1989, o reconhecimento da
necessidade de proteção especial para crianças e adolescentes tem sido uma constante.
2. A Convenção de 1989 introduziu a teoria da proteção integral, que foi incorporada no ECA. Esse tratado
estabelece uma ampla gama de medidas para garantir o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes,
abrangendo áreas como alimentação, educação e proteção contra o tráfico de menores, entre outras.
4. CRIMES PREVISTOS NA LEI HENRY BOREL
1. A Lei 14.344/2022, em seu sistema de combate à violência doméstica e familiar contra crianças e
adolescentes, estabelece diversas medidas protetivas de urgência. De acordo com o art. 25 dessa lei,
descumprir uma decisão judicial que conceda tais medidas protetivas resulta em uma punição que varia
de detenção de três meses a dois anos.
Art. 25. Descumprir decisão judicial que defere medida protetiva de urgência prevista
nesta Lei:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que
deferiu a medida.
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder
fiança.
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.
3. Se o descumprimento se relacionar à medida que não foi decretada judicialmente (ex.: afastamento do lado
aplicada pela autoridade policial), não há o crime em questão, pois este pressupõe uma decisão judicial. Após
a decisão judicial que mantém a medida, o crime pode ser configurado.
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4. O artigo 11, §único da lei estabelece que a autoridade policial deve agir imediatamente, o que inclui o crime
de descumprimento das medidas protetivas de urgência. Isso indica que esse crime também é considerado
um crime contra o sistema de infância e juventude, sujeito a todas as disposições da Lei 14.344/2022.
5. Além disso, a lei prevê a possibilidade de prisão preventiva, conforme o art. 17, com o objetivo de evitar a
repetição de atos violentos.
5. DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
1. A autoridade policial deve tomar providências legais imediatas quando tomar conhecimento de ação ou
omissão relacionada à violência doméstica e familiar contra crianças e adolescentes. Isso também se aplica
ao descumprimento de medidas protetivas de urgência.
3. Se houver ameaça ou prática de violência doméstica e familiar com risco atual ou iminente à vida ou
integridade física da criança, do adolescente ou de seus familiares, o agressor será imediatamente afastado
do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima pelas seguintes autoridades:
✓ Pela autoridade judicial.
✓ Pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca.
✓ Pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento
da denúncia.
4. Nas hipóteses de afastamento do lar pelo delegado ou pelo policial, o juiz deve ser informado dentro de 24
horas e tomará uma decisão sobre a manutenção ou revogação da medida aplicada em igual prazo, ao
mesmo tempo em que notificará o Ministério Público.
5. No caso de prisão em flagrante por descumprimento das medidas protetivas, somente a autoridade judicial
está autorizada a conceder fiança.
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No entanto, uma situação diferente é prevista no artigo 14, parágrafo 3º, da Lei Henry Borel, que permite à
autoridade policial não conceder liberdade provisória ao preso quando houver risco para a integridade física da
vítima ou para a efetividade da medida protetiva de urgência. Nesse caso, a autoridade policial pode optar por
não arbitrar a fiança e representar pela decretação da prisão preventiva. Essa avaliação discricionária pela
autoridade policial quanto à não concessão de liberdade provisória se aplica a todos os demais crimes de
violência doméstica e familiar contra crianças e adolescentes, exceto para o crime previsto no artigo 25, onde a
lei estabeleceu que a primeira análise sobre a liberação deve ser feita pelo juiz.
6. O parágrafo 3º do artigo 25 da Lei Henry Borel estabelece que a caracterização do crime de desobediência
não impede a aplicação de outras sanções cabíveis em decorrência do descumprimento das medidas
protetivas, inclusive sanções previstas em outras áreas do direito, como as sanções civis ou medidas
cautelares criminais.
7. O Conselho Tutelar pode representar às autoridades mencionadas para solicitar o afastamento do agressor
do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima.
8. Se houver risco à integridade física da vítima ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será
concedida liberdade provisória ao preso.
1. As medidas protetivas de natureza civil que podem ser decretadas por um juiz de competência civil, como a
prestação de alimentos provisórios. No entanto, mesmo essas medidas de natureza civil podem ser
concedidas por um juiz criminal, uma vez que o objetivo das medidas protetivas de urgência é garantir a
proteção imediata e abrangente à vítima após a comunicação de uma infração penal.
2. O crime do art. 25 se configura independentemente da natureza do juiz que concedeu as medidas protetivas.
7. MEDIDAS PROTETIVAS NA LEI MARIA DA PENHA X MEDIDAS PROTETIVAS NA LEI HENRY BOREL
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1. A Lei Maria da Penha e a chamada "Lei Henry Borel" (Lei nº 14.344/2022) têm semelhanças em sua
abordagem de proteção às vítimas de violência, mas são direcionadas a públicos diferentes e tratam de
diferentes tipos de violência.
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• Tipo de violência: A Lei Maria da Penha lida com a violência de gênero, incluindo a violência contra
mulheres no âmbito doméstico e familiar. A Lei Henry Borel foi promulgada em resposta a um caso
específico de violência doméstica contra uma criança (Henry Borel) e visa a proteção de crianças e
adolescentes vítimas de violência no contexto familiar.
8. QUAL A NATUREZA JURÍDICA DAS MEDIDAS PROTETIVAS?
1. Antigamente o STJ entendia que as medidas protetivas da lei Maria da penha tinham natureza de cautelares
penais. No entanto, O ENTENDIMENTO MAIS RECENTE DA SEXTA TURMA DO STJ passou a afirmar que a
natureza jurídica das medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha é de tutela inibitória
e não cautelar.
2. Nesse sentido, inexiste prazo geral para que ocorra a reavalição de tais medidas, sendo necessário que, para
sua eventual revogação ou modificação, o Juízo se certifique, mediante contraditório, de que houve
alteração do contexto fático e jurídico
▪ (STJ. REsp 2.036.072-MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma,
julgado em 22/8/2023, DJe 30/8/2023, Info 789).
3. Assim, ausente na Lei qualquer menção expressa de que as medidas protetivas de urgência possuem natureza
cautelar, não é exigido que estejam atreladas a um processo principal ou inquérito policial.
CONCLUSÃO: O STJ que as medidas protetivas de urgência previstas na LMP possuem natureza de tutela
inibitória, visto que tem por escopo proteger a vítima, independentemente da existência de inquérito policial
ou ação penal, não sendo necessária a realização do dano, mas, apenas, a probabilidade do ato ilícito.
Obs.: Considerando que ambas as leis compartilham semelhanças e têm como objetivo primordial a proteção das
vítimas, é razoável estender esse entendimento à Lei Henry Borel, com o intuito de garantir a proteção integral
das crianças e adolescentes.
1. Se a comarca tiver apenas um juiz, ele, que concedeu as medidas protetivas que foram desrespeitadas,
também julgará o processo criminal.
2. Se a comarca tiver vários juízes, em teoria, o processo poderia ser livremente distribuído. No entanto, é
altamente recomendável que o descumprimento de uma medida protetiva anterior seja comunicado ao juiz
que a decretou, inclusive para considerar a possibilidade de prisão preventiva.
3. Além disso, dado que se trata de um crime envolvendo as mesmas partes e é um desdobramento da violência
anterior, há clara conexão probatória entre o crime anterior e o subsequente.
4. A abordagem protetiva de evitar a revitimização indica que os vários processos de violência doméstica
envolvendo as mesmas partes devem ser reunidos perante o mesmo juiz, levando em consideração a
conexão probatória, permitindo que ele tenha uma visão completa do conjunto de violências.
10. ART. 26 DA LEI 14.344/2022
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1. O artigo 23 da lei estabelece que qualquer indivíduo que tenha conhecimento ou testemunhe ação ou
omissão, ocorrida em local público ou privado, que constitua violência doméstica e familiar contra crianças e
adolescentes, tem o dever de comunicar imediatamente o fato às autoridades competentes.
2. O tipo penal descrito no artigo 26 da lei representa, em resumo, uma norma de solidariedade humana
estabelecida por imperativo legal. Não se trata apenas de um dever moral, mas de uma obrigação legal. É
uma ordem expressa da lei. Este é um dever geral que se aplica a todos, com o objetivo de garantir a proteção
integral das crianças e dos adolescentes.
3. O crime previsto no artigo 26 da Lei 14.344/2022 não revogou o crime de omissão de socorro, conforme
estabelecido no artigo 135 do Código Penal.
• No caso em que um agente deixa de prestar assistência imediata ou mediata a uma vítima em perigo,
configura-se o crime previsto no artigo 135 do CP. Nesse contexto, o omisso está presente no local e no
momento em que a pessoa em perigo necessita de socorro.
• O delito estipulado no artigo 26 da Lei n° 14.344/2022 aborda uma omissão no dever de comunicação
de uma situação de violência que ocorreu no passado e não pode ser impedida imediatamente. Aqui, o
omisso não está presente no local e nem no momento em que a vítima precisa de socorro, mas ele
está ciente de que ocorreu alguma forma de violência contra a criança ou o adolescente e deixa de
comunicar tal fato às autoridades competentes para que as medidas cabíveis sejam tomadas.
4. Trata-se de crime omissivo próprio, de mera conduta e unissubsistente. A omissão consiste na não
realização de uma ação exigida por dever legal, resultando em inércia, em não fazer algo que deveria ser
feito.
6. A majorante do §2º não se aplica àqueles que tinham o poder de agir para evitar o resultado, mas somente
àqueles que tinham a capacidade de comunicar o fato e não o fizeram.
Obs.: O art. 18-B do Estatuto da Criança e do Adolescente, alterado pela Lei n° 14.344/2022, anuncia que os pais,
os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas
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ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que
utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou
qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que
serão aplicadas pelo Conselho Tutelar de acordo com a gravidade do caso:
• I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
• II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
• III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
• IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;
• V - advertência.
• VI - garantia de tratamento de saúde especializado à vítima. (Incluído pela Lei nº 14.344/22)
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1. PETIÇÃO INICIAL
1. Conceito: Conforme disposto pelo autor Marcus Vinícius, a petição inicial “é o ato que dá início ao processo,
e define os contornos subjetivos e objetivo da lide, dos quais o juiz não poderá desbordar. Através da petição
inicial que é possível identificar os elementos da ação: partes, pedido, causa de pedir.
Considerações importantes:
• Assim que a petição inicial é recebida pelo juiz, deve ser realizada a verificação dos seus requisitos,
realizando um juízo de admissibilidade antes de determinar a citação do réu.
• O magistrado pode determinar que seja feita a emenda da petição inicial e retificações,
independentemente de consentimento do réu, desde que ele não tenha sido ainda citado. Caso o réu já
tenha sido citado, o consentimento passa a ser necessário.
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• A petição inicial é um ato processual solene, tendo em vista que a falta de observância de formalidades
pode provocar nulidade sanável ou insanável.
• Sendo o vício sanável, deve ser observado o que estabelece o art. 321 do CPC (determinará que o autor, no
prazo de 15 dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado)
e, na hipótese de vício insanável, a petição inicial poderá ser liminarmente indeferida.
1. Princípio da congruência ou da adstrição De acordo com este princípio, o juiz está limitado ao pedido das
partes. Caso ele exceda os limites do pedido, pode ocorrer vício da sentença extra petita (fora do pedido),
ultra petita (além do pedido) ou citra petita (não aprecia pedidos). – art. 141 e 492
2. Conforme disposto no art. 322 do CPC, o pedido deve ser certo, ou seja, deve indicar a quem é dirigido e
qual o objeto do pedido. Contudo, existem algumas exceções ao pedido certo, a saber:
• pedidos implícitos: a parte não faz afirmação expressa do pedido, no entanto, o juiz conclui que ela
também deseja outra coisa (pedido implícito);
• cumulação legal de pedidos;
• prestações periódicas: aquelas vencidas no curso do processo;
• juros e correção monetária: ainda que a parte não peça, o juiz pode acrescentar na condenação;
• sucumbência: não precisa ser pedida, pois decorre da própria condenação.
3. O pedido deve ser também determinado, conforme estabelece o art. 324 do CPC. É lícito, porém, formular
pedido genérico:
• nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;
• quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;
• quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado
pelo réu.
4. Ampliação/alteração do pedido e limites (329 CPC): Durante a tramitação do processo, pode ser necessário
alterar o pedido ou a causa de pedir.
• Até a citação: autor pode aditar o pedido e causa de pedir sem consentimento do réu.
• Depois da citação e até o saneamento: só possível alterar o pedido e a causa de pedir com o
consentimento do réu.
5. Cumulação de pedidos: O CPC permite que em uma mesma ação a parte requeira mais de um pedido, sem
necessidade de que sejam conexos.
5.1. Espécies:
a) Cumulação de pedido própria
• Simples: pedidos são independentes/autônomos.
• Sucessiva: o pedido posterior depende do acolhimento do pedido anterior.
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a) Emenda da petição inicial: Segundo o STJ, a emenda consiste em um direito do autor, não podendo o juiz
indeferir a petição inicial antes de oportunizar tal faculdade ao autor, se for possível ao caso concreto.
• Segundo o art. 321 do NCPC, o juiz concederá o prazo de 15 dias ao autor para que emende ou complete
a inicial, podendo o juiz ampliá-lo, quando entender que o prazo é exíguo para cumprimento.
• Obs.1: doutrina e jurisprudência entendem pela possibilidade de emendas sucessivas, sendo o limite
apreciado no caso concreto.
• Obs.2: se o juiz determinar a emenda e a parte autora ficar inerte, resta o indeferimento da inicial.
b) Indeferimento da petição inicial: Ocorre nas hipóteses em que o juiz se depara com vícios insanáveis na
petição inicial, se o autor não tiver conseguido sanar eventuais irregularidades. Hipóteses de indeferimento
• inépcia da inicial
• falta de pedido ou causa de pedir;
• pedido indeterminado, salvo as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
• da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
• contiver pedidos incompatíveis entre si;
• ilegitimidade da parte;
• falta de interesse de agir;
• ausência de emenda da petição inicial.
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Obs.: O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência
de decadência ou de prescrição.
3. RESPOSTA DO RÉU
3.1. Contestação
a) Defesas Processuais (indiretas): Não dizem respeito propriamente ao direito material alegado pelo autor,
mas à regularidade formal do processo. Podem ser dilatórias (não provocam o fim do processo) e
peremptórias (acolhidas, extinguem o processo sem resolução do mérito).
b) Defesas dilatórias:
• inexistência ou nulidade de citação
• incompetência do juízo
• conexão e continência - O efeito principal, acaso reconhecida, será a reunião de processos com ações não
conexas, perante o juízo prevento.
c) Defesas peremptórias:
• inépcia da petição inicial
• perempção
• litispendência
• coisa julgada
• convenção de arbitragem
• carência da ação por falta de interesse de agir e ilegitimidade
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• Impugnação específica dos fatos: segundo o art. 341 do NCPC, serão presumidos verdadeiros os fatos
que não sejam impugnados especificamente pelo réu em sua contestação. É o ônus do réu em rebater
pontualmente os fatos narrados pelo autor com os quais discorda, sob pena de preclusão.
• Eventualidade: O réu deve expor todas as matérias de defesa de forma cumulada e alternativa na
contestação. No entanto, há algumas matérias que podem ser alegadas após a contestação (art. 342_
matérias relativas a direito ou fato superveniente;
matérias que o juiz pode reconhecer de ofício;
matérias que por expressa previsão legal podem ser alegadas a qualquer momento e grau de
jurisdição.
3.3. Reconvenção
1. É o exercício do direito de ação do réu dentro do processo em que primitivamente o autor originário tenha
exercido o seu direito de ação. Com a reconvenção, há a ampliação objetiva ulterior do processo, que passa
a contar com duas ações: a originária e a reconvencional. Não se trata da pluralidade de processos, pois o
processo continua sendo um só, mas com o pedido feito pelo réu, passa o processo a contar com mais uma
ação, de natureza reconvencional.
2. Natureza: como a reconvenção tem natureza de ação, devem estar presentes as condições da ação.
3. Diminuição subjetiva na reconvenção: a doutrina admite a diminuição subjetiva na reconvenção. Logo,
existindo litisconsórcio na ação originária, o mesmo litisconsórcio não será necessariamente formado na
reconvenção, admitindo-se que somente um dos autores da ação originária figure como réu na
reconvenção, por exemplo.
4. Pressupostos processuais específicos da reconvenção:
⋅ litispendência: é imprescindível que exista demanda originária para haver a reconvenção;
⋅ competência: o juízo da ação originária é absolutamente competente para a ação reconvencional;
⋅ conexão com a ação originária ou com os fundamentos da defesa.
5. Procedimento: de acordo com o NCPC, a reconvenção deve ser apresentada na própria contestação.
Segundo o Enunciado 45, do FPPC, não há necessidade de utilizar o nome “reconvenção”, mas o réu deve
manifestar, inequivocamente, o pedido de tutela jurisdicional qualitativa ou quantitativamente maior do
que a simples improcedência da demanda inicial.
• Obs.: se o réu não contestar, pode apresentar reconvenção de forma autônoma.
• Apresentada a reconvenção, a mesma passa a ser autônoma em relação à ação originária, e se a ação
originária for extinta sem resolução de mérito, tal extinção NÃO afetará a reconvenção, que prosseguirá
normalmente. De igual forma, se a reconvenção for extinta, a ação ordinária também prossegue
normalmente.
• Não sendo o caso de indeferimento liminar da reconvenção, o autor/reconvindo será intimado, na
pessoa do seu advogado, para responder ao processo em 15 (quinze) dias.
• É cabível reconvenção à reconvenção (reconvenção sucessiva), conforme entende a terceira turma do
STJ (REsp 1690216). Para tanto, é necessário que seu exercício tenha se tornado viável a partir de
questão suscitada na contestação ou na primeira reconvenção.
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• A reconvenção promovida em litisconsórcio com terceiro não acarreta a inclusão deste no polo passivo
da ação principal. (Info 775, STJ).
4. REVELIA
1. Conceito: É estado de fato gerado pela ausência jurídica de contestação. A ausência deve ser
necessariamente jurídica porque ocorre revelia mesmo nos casos em que o réu apresenta contestação, em
algumas hipóteses, a exemplo do protocolo de contestação intempestiva: a contestação existirá, mas
juridicamente não produzirá efeitos.
• O réu revel pode intervir no processo em qualquer fase, recebendo o processo no estado em que se
encontrar.
• O réu revel poderá produzir provas, contrapostas às alegações do autor, desde que se faça representar
nos autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a essa produção.
2. Efeitos
a) Os fatos alegados pelo autor são reputados verdadeiros: essa presunção é relativa, pois pode ser afastada
no caso concreto, nas hipóteses do art. 345 do NCPC:
• havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
• o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
• a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do
ato;
• as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova
constante dos autos.
Obs.: Desnecessidade de intimação do réu revel: para que não seja necessária a intimação do réu revel, é
indispensável que este não esteja representado por patrono nos autos. Assim, se eventualmente foi
protocolada a contestação intempestiva, o patrono deve ser intimado.
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• Extinção do processo com resolução do mérito, fundada no art. 487, II e III, do NCPC.
• Julgamento antecipado do mérito: é a possibilidade de julgamento do processo, quando for
desnecessária a produção de provas ou quando o réu for revel e não houver requerimento para a
produção de provas (art. 355, NCPC).
• Julgamento antecipado parcial do mérito: quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
mostrar-se incontroverso;
estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.
3. Saneamento e organização do processo: Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo,
deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo:
• resolver as questões processuais pendentes, se houver;
• delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de
prova admitidos;
• definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373;
• delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito;
• designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento.
Obs..: O número de testemunhas arroladas NÃO pode ser superior a 10 (dez), sendo 03 (três), no máximo, para a
prova de cada fato.
1. É ato processual complexo, no qual várias atividades são praticadas pelo juiz, serventuários, partes, membros
do Ministério Público, etc. São realizadas atividades preparatórias, conciliadoras, saneadoras, instrutórias, de
discussão da causa e decisórias.
2. Tratando-se o processo do procedimento comum, não sendo o caso de emenda da inicial ou indeferimento
liminar do pedido, o juiz designará a realização de audiência de conciliação, que deverá ser feita no prazo de
até 30 dias.
3. Referente ao rito especial, essa audiência só será necessária se houver previsão legal.
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5. Segundo o art. 365 do NCPC, a audiência é una e contínua, mas pode ser cindida de forma excepcional, desde
que haja ausência do perito ou de testemunha, ou que haja concordância das partes. Outrossim, a audiência
pode ser adiada pela vontade das partes.
6. O art. 334, §§1º e 2º do CPC, dispõe que o ato será realizado preferencialmente por mediadores ou
conciliadores.
1. É considerado ato atentatório à dignidade da justiça o não comparecimento injustificado do autor ou do réu
à audiência de conciliação e será sancionado com multa de até 2% da vantagem econômica pretendida ou
do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.
1. Deve observar o intervalo mínimo de 20 minutos entre o início de uma audiência e o início da seguinte.
6.3. Litisconsórcio, audiência e prazo de contestação (art. 334, §6º e 335, §1º, CPC)
1. Em caso de litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os
litisconsortes.
2. Se o réu não tiver interesse na audiência de conciliação e mediação, o termo inicial para contestação será
a data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência. Nesse caso, os prazos
serão independentes para cada réu.
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1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
2. Aspectos históricos
● O pai da medicina legal é Ambroise Paré (França).
● No Brasil a medicina legal sofreu influência da Alemanha, França e Itália (cuidado: Portugal não influenciou
a medicina legal no Brasil – já foi questionado em prova).
● Segundo Oscar Freire, pode ser dividida em 3 fases:
(1) Estrangeira (período colonial até 1877).
(2) De transição (início de 1877).
(3) De Nacionalização (a partir de 1985).
● Principais nomes:
⋅ Agostinho J.S. Lima (RJ, 1922): tanatologia.
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⋅ Raymundo Nina Rodrigues (BA, 1930): pesquisa científica, tornando a medicina legal uma ciência
acadêmica no BR.
⋅ Oscar Freire de Carvalho (SP, 1930).
2. SUBDIVISÕES DA MEDICINA LEGAL
3. PERÍCIAS E PERITOS
3.1. Perícia
1. Conceito: Trata-se de conjunto de procedimentos médicos e técnicos que tem como finalidade o
esclarecimento de um fato de interesse da justiça. A perícia possui duas partes:
● Parte Objetiva: Relacionada às alterações visíveis encontradas nas lesões e, nos laudos, serão destacadas
na descrição.
● Parte Subjetiva: Valoração da parte objetiva. Aqui podem surgir divergências que serão destacadas na
parte de discussão dos laudos.
4. Finalidades da perícia:
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a) Retratação: narrativa (percipiendi). O perito analisa a situação e narra em palavras suas percepções. A
descrição dos fatos é feita de forma simples para que leigos entendam a observação técnico-científica
pericial.
b) Interpretativa: viés científico (deducendi). É a mais comum. O perito fornece o retrato da cena e suas
deduções técnicas. O fato é analisado e interpretado cientificamente pelo perito.
c) Opinativa: O perito, além de narrar a cena e apresentar suas deduções, expõe de forma conclusiva sua
opinião científica. Vale dizer que o perito não julga, mas apenas apresenta sua opinião.
5. Momento da perícia:
a) Retrospectiva: depois da ocorrência do fato. (regra)
b) Prospectiva: dizendo o que pode vir a acontecer.
● O exame de corpo de delito poderá, em determinadas situações, ser dispensado para a configuração
de lesão corporal ocorrida em âmbito doméstico, na hipótese de subsistirem outras provas idôneas da
materialidade do crime. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2.078.054-DF, Rel. Min. Messod Azulay Neto,
julgado em 23/5/2023 (Info 777).
Obs.: O art. 158 do CPP exige exame pericial nos corpos que deixam vestígios, não podendo supri-lo a confissão
do acusado.
Obs.: Haverá prioridade no exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: (art. 158, CPP)
● Violência doméstica e familiar contra mulher;
● Violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
Não confunda o conceito de corpo de delito com a definição de corpus criminis, corpus instrumentorium e corpus
probatorium. Vejamos:
- Corpus Criminis - Toda coisa ou pessoa sob a qual recai a conduta delitiva.
- Corpus Instrumentorium – São os instrumentos, objetos e meios utilizados pelo agressor para cometer a prática
delitiva.
- Corpus Probatorium – São os vestígios.
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● Pode ser sobre o fato a analisar (perícia percipiendi), ou seja, aquela procedida sobre fatos cuja avaliação
é feita baseada em alterações ou perturbações produzidas por diversas maneiras, seja pelas energias
causadoras de danos, seja por doenças. É vista sob uma ótica qualitativa e quantitativa.
● Pode ser sobre uma perícia já analisada (perícia deducendi). É feita sobre fatos pretéritos com relação aos
quais possa existir discordância das partes ou do julgador.
● A finalidade da perícia é produzir a prova, que nada mais é do que a materialização do fato.
● No Processo Penal, como regra, o laudo médico-legal não é documento sigiloso. Porém, a depender do caso
concreto, pode ser decreto segredo de justiça
● Pode ser realizada em vivos, cadáveres, esqueletos, animais e nos objetos. Sobre a importância de cada um:
⋅ Nos vivos: diagnóstico de lesões, determinação de idade e sexo.
⋅ Nos mortos: diagnóstico da causa de morte, causa jurídica da morte, tempo da morte, identificação de
cadáver.
⋅ Nos esqueletos: identificação do sexo e tempo de morte.
⋅ Nos objetos: exames de armas, projéteis, procura por sangue, fluídos, impressões digitais, etc.
1. Conceito: Pode-se definir a CADEIA DE CUSTÓDIA como o conjunto de todos os procedimentos utilizados para
manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. VESTÍGIO, por sua vez, é todo
objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal.
2. Início da cadeia de custódia: ocorre com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais ou
periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
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7 - RECEBIMENTO: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, no
mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local
de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio,
protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu;
9 - ARMAZENAMENTO: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser
processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número
do laudo correspondente;
10 – DESCARTE: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando
pertinente, mediante autorização judicial.
5. Momento do exame de corpo delito: Em regra, o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer
dia e a qualquer hora. No entanto, quando for fundamental apurar os sinais da morte, a necrópsia deve
esperar o prazo de 6h para ser realizada. (art. 162, CPP). Esse período de espera é chamado de Período de
Incerteza de Tourdes.
● EXCEÇÕES - Não será necessário aguardar o período de 6 horas quando se tratar de:
⋅ Morte violenta - É a morte causada por problemas externos, ou seja, tem origem por ação externa
(“vindas de fora”) nas quais se incluem o homicídio, o suicídio e o acidente
⋅ Lesões externas que permitirem precisar a causa da morte - Quando o cadáver apresentar sinais
inconfundíveis, como decapitação, espostejamento ferroviário, etc.
● Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração
penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver
necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
● O exame pode ainda ser complementado por nova perícia após 30 dias para verificar a existência de
sequelas, nos termos do art. 168, CPP. Isso se revela de suma importância, pois a ausência de eventual
perícia complementar serve tanto para desclassificar a lesão, quanto resultar na absolvição por falta de
materialidade delitiva (art. 386, II, CPP)
3.2. Peritos
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1. Para ser perito é necessário que o profissional tenha nível superior (portador de diploma), sendo que o curso
superior não o vincula necessariamente à área de atuação.
2. Depois de designado pela autoridade competente ele presta seus serviços de conhecimento à justiça ou à
polícia sobre fatos, pessoas ou coisas.
3. Perito Oficial:
● O Perito Oficial compõe os quadros do Estado, seu ingresso se dá mediante concurso público, são
investidos, portanto, por lei e podem ser:
⋅ Perito criminal com formação de curso superior em qualquer espécie;
⋅ Perito médico legista com formação em medicina;
⋅ Perito odontolegista com formação em odontologia.
● Possui autonomia técnica, científica e funciona
● Em alguns Estados o Perito Criminal é Policial Civil, como, por exemplo, em Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Em outros, a Superintendência da Perícia está vinculada diretamente à Secretária de Estado de Segurança,
como, por exemplo, a Perícia Científica do Paraná.
● As Superintendências de Perícia Técnico-Científica, estejam ou não vinculadas à Polícia Civil, se subdividem
em três institutos: médico legal, de criminalística e de identificação.
● STF - Do ponto de vista estritamente formal, o perito papiloscopista não se encontra previsto no art. 5º
da Lei n.o 12.030/2009, que lista os peritos oficiais de natureza criminal. Apesar disso, a perícia realizada
por perito papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita nem deve ser excluída do processo. (Info
953).
● STF - Entendeu que a Polícia Científica, embora possua estrutura própria e incumbência de realizar as
perícias de criminalística e médico-legais, não pode ter caráter de órgão de segurança pública. Por esse
motivo, os ministros julgaram inconstitucional dispositivo da Constituição do Paraná que colocava a Polícia
Científica como órgão de segurança pública estadual ao lado das polícias civil e militar.
6. Assistente Técnico é o perito de confiança contratado pela parte para atuação no processo. Por isso, não há
que se falar em imparcialidade do assistente técnico em razão da relação de confiança com a parte.
● É exigido curso superior e sua atuação tem por objetivo confrontar o laudo pericial confeccionado pelo
Perito Oficial.
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Não é funcionário público, não exerce múnus público. Perito oficial é funcionário público
Perito ad hoc exerce múnus público.
Sem imparcialidade. Com imparcialidade.
7. Qual o número de peritos necessário para realizar a perícia técnica e confeccionar um laudo?
● Se for perito oficial: apenas 1
● Se for perito não oficial: são exigidos 2
● EXCEÇÃO: Na lei de drogas, o laudo provisório pode ser firmado por apenas 1 perito oficial ou, na falta
deste, por pessoa idônea. (art. 50, Lei nº 11.340/06)
● E se houver divergência entre os peritos? (art. 180, CPP) R.: Em regra, para cada área é nomeado um perito.
Porém, há a possibilidade de perícia complexa a depender do caso concreto que envolva mais de uma área
e, consequentemente, uma pluralidade de peritos. Ocorrendo divergência entre eles, no auto do exame
serão constatadas as respostas em separado ou cada um redigirá seu laudo, cabendo ao juiz nomear um
terceiro perito. Se este divergir de ambos, a autoridade poderá determinar a realização de novo exame com
outros peritos
ATENÇÃO: O juiz NÃO FICARÁ ADSTRITO AO LAUDO, podendo ACEITÁ-LO ou REJEITÁ-LO, NO TODO ou EM PARTE
(art. 182, CPP).
8. As partes podem intervir na nomeação do perito? R.: As partes não intervirão na nomeação do perito (art.
276 do CPP).
9. O perito nomeado pode se recusar? R.: O perito nomeado é obrigado a aceitar, salvo motivo justificado,
estando, inclusive, sujeito a multa nas seguintes situações: não atendimento a intimação ou ao chamado;
não comparecimento no dia e hora designados; não entregar o laudo.
10. É possível a condução coercitiva do perito? R.: Sim, é possível, conforme o art. 278 do CPP.
11. Impedimento e suspeição: os impedimentos do art. 279 do CPP são específicos para o perito nomeado.
Não poderão ser peritos:
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● Os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do Código Penal
(leia-se art. 47, I e II, do CP);
● Os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia
● Os analfabetos e os menores de 21 anos.
Obs.: Além disso, é possível ser alegada a suspeição do perito (art. 280 do CPP).
1. O perito presta o depoimento oral. Ao prestar seu depoimento, ele o faz sob pena de falsa perícia, inclusive
se silenciar sobre algo que deveria declarar, conforme o supracitado art. 342, CP.
2. Ele deve ser intimado a comparecer com 5 (cinco) dias de antecedência da data de realização da audiência e
sua ausência importa em condução coercitiva.
3. Para fins penais no exercício da função, os peritos privados nomeados são considerados funcionários
públicos, conforme o art. 327, CP.
4.0. Infortunística
● É o ramo da Medicina legal que cuida dos infortúnios do trabalho, estuda os acidentes do trabalho, as
doenças profissionais e as doenças do trabalho.
• Acidente do trabalho (Lei 8213, art. 19) Ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de
empregador doméstico, ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 da
Lei 8213, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Considera-se também acidente do trabalho
a doença profissional e a doença do trabalho (Lei 8213, art. 20, inc. I e II).
● Doença profissional (ou tecnopatia) - é a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar
a determinada atividade, constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social. Resulta em sequelas permanentes com redução da capacidade de trabalho.
Ex: saturnismo – intoxicação pelo chumbo (Pb) que ocorre em trabalhadores da mineração, da indústria
automobilística e naval, assim como em pessoas que podem intoxicar por fragmentos de chumbo de
projéteis alojados no corpo; silicose – doença pulmonar pela sílica em trabalhadores da mineração.
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● Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, valendo para esse
efeito o que ocorrer primeiro:• a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade
habitual; ou o dia da segregação compulsória; ou o dia em que for realizado o diagnóstico.
● Avaliação médico-legal - Não raras vezes as pessoas simulam quadros de doença de trabalho para
conseguir benefícios trabalhistas. São casos de fraude:
- Simulação – o paciente alega situações inexistentes, geralmente sinais e sintomas falsos, subjetivos,
como dores, paralisias, surdez, anestesias, ou fenômenos objetivos como hérnias, tumores, afecções
cutâneas, sem nexo de causa e efeito, ou até ferimentos atribuídos a acidentes, mas produzidos por
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- Sinal de Levi - Solicita ao paciente que olhe à distância e se faz compressão no local referido como
doloroso. Quando a dor existe, verificam-se contrações e dilatações das pupilas.
- Sinal de Imbert - É usado na simulação dolorosa dos membros. Coloca-se o paciente em repouso e
contam-se as pulsações. Em seguida, manda-se que ele fique apoiado na perna ou que segure um peso
com o braço apontados como dolorosos. Quando a dor alegada é real, há um aumento das pulsações.
Para não se afirmar aquilo que inexiste ou negar uma existência real de dano, pode-se utilizar a imagem
térmica infravermelha de alta resolução (termografia, teletermografia ou termometria), capaz de
contribuir de maneira objetiva no diagnóstico da dor. É o único meio conhecido de registrar objetivamente
a fisiologia por imagem da alteração ou lesão de nervos e de tecidos moles, pois possibilita registro de
irritação ou lesão de nervos indicando que algo está anormal. Note-se que imagem infravermelha não
identifica o fenômeno dor nem mostra sua intensidade, mas apenas permite demonstrar uma
perturbação fisiológica capaz de explicá-la.
• DICA DD: Contudo, como não se pode assegurar com certeza que alguém sente ou não dor, pela diferença
entre as pessoas, a imagem infravermelha deve ser utilizada complementando outros exames.
1. Conceito: Documento médico-legal é a anotação que tem por objetivo reproduzir e representar uma
manifestação do pensamento, baseada em critérios médico-legais. São instrumentos através dos quais o
médico fornece esclarecimentos à justiça. Constam todas as informações, de conteúdo médico ou não, que
tenham interesse judicial.
2. São documentos médico-legais os relatórios, os pareceres, os atestados, as notificações compulsórias e os
depoimentos orais.
3. Conceitos e peculiaridades:
1) Relatório médico-legal: Subdivide-se em
(i) auto - ditado diretamente ao escrivão;
(ii) laudo - redigido pelos peritos.
2) Parecer;
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3) Atestado;
4) Notificação compulsória;
5) Depoimento oral.
1. O relatório médico-legal é o documento mais minucioso. A narração escrita de todas as operações de uma
perícia médica determinada por autoridade policial ou judiciária.
● Quando ditado a um escrivão durante o exame, chama-se AUTO;
● Se redigido depois de terminada a perícia, deve ser chamado de LAUDO.
OBS.1: Consulta médico-legal - é um documento que exprime a dúvida e no qual a autoridade, ou mesmo um
outro perito, solicita esclarecimento sobre pontos controvertidos do relatório, em geral formulando quesitos
complementares.
1. Conceito: Consiste em respostas técnicas dadas às consultas médico-legais. Devem ter as mesmas partes do
relatório médico-legais com exceção a descrição.
2. O parecer médico legal consiste no documento utilizado para dirimir divergências na interpretação de uma
perícia, sendo solicitado a uma pessoa de renome. Geralmente, é um documento particular solicitado pela
parte. Possui valor de prova técnica, a ser estimada de maneira relativa pelo juiz.
3. É usado:
● Quando há divergências importantes quanto à interpretação dos achados de uma perícia, de modo a
impedir uma orientação correta dos julgadores, ou
● Quando estes querem solicitar esclarecimentos mais aprofundados a uma instituição cujo corpo técnico
tem competência inquestionável, ou a um perito ou professor cuja autoridade na matéria seja reconhecida.
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● Exposição;
● Discussão;
● Conclusão.
PARECER RELATÓRIO
Produzido em momento posterior ao Produzido no momento do exame de corpo de
exame de corpo de delito (exame indireto). delito (exame direto).
Possui 6 elementos (ou 4 a depender da doutrina) – Possui 7 elementos - há descrição.
não há descrição.
Elementos mais importantes: discussão e Elemento mais importante: descrição.
conclusão.
4.3 Atestado
1. Conceito: O Atestado é uma afirmação pura e simples, por escrito, de um fato médico e suas consequências,
ou de um estado de sanidade. O documento não exige o compromisso legal, mas não significa que o médico
não esteja obrigado a relatar a verdade. A sua falsidade enseja o crime do art. 302 do CP: Falsidade de Atestado
Médico.
2. Trata-se de documento particular e dotado de fé pública.
3. Não é emitido apenas por peritos oficiais
4. Tipos de Atestados: Os atestados podem ser
a) Oficiosos: são os atestados solicitados por quaisquer pessoas a cujo interesse atendam. Visam exclusivamente
ao interesse privado. São por exemplo, os atestados de saúde para admissão, etc
b) Administrativos: são os determinados pelas autoridades administrativas. São dessa categoria os que os
empregados/servidores públicos são obrigados a apresentar quando solicitam licença ou requerem a
aposentadoria, atestados de vacinação ou atestados de sanidade física e mental para admissão em escolas e
repartição pública.
c) Judiciários: são os atestados requisitados por juiz. O exemplo comum são aqueles com que os jurados
justificam suas faltas ao tribunal do júri. Só os atestados que interessam à justiça constituem documentos
médico-legais.
ATENÇÃO: Relatórios e atestados possuem o mesmo valor probante, diferenciando-se por tratarem de assuntos
diferentes.
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6. Atestado de óbito: O médico que fornece o atestado de óbito, devendo observar as normas legais para tanto.
Primeiramente, é preciso fazer uma diferenciação quanto aos tipos de morte:
OBS.2: É possível revelar o diagnóstico do atestado? O diagnóstico só poderá ser revelado em um atestado se
tiver a autorização do paciente, ainda que esse diagnóstico seja dado na forma do CID (Classificação Internacional
de Doenças).
Notificação Compulsória:
1. São comunicações compulsórias feitas pelos médicos às autoridades competentes, por razões sociais ou
sanitárias. Caso o médico (apenas para o médico) deixe de fazer a comunicação, estará enquadrado no crime
de omissão de notificação de doença (art. 269, CP).
2. Situações que ensejam notificação compulsória:
● Doenças ou agravos, que constam da Portaria 104 do Ministério da Saúde;
● Ação penal pública incondicionada cujo conhecimento deu-se em função do exercício da medicina;
● Lesão ou morte causada por atuação de não médico;
● Esterilizações cirúrgicas;
● Diagnóstico de morte encefálica;
● Tortura;
● Violência contra a mulher e maus-tratos contra criança, adolescente ou idoso.
● Atenção: Jurisprudência: Médico não pode acionar a polícia para investigar paciente que procurou
atendimento médico-hospitalar por ter praticado manobras abortivas, uma vez que se mostra como
confidente necessário, estando proibido de revelar segredo do qual tem conhecimento, bem como de
depor a respeito do fato como testemunha. STJ. 6ª Turma. HC 783927/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 14/3/2023 (Info 767).
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1. São os esclarecimentos dados pelo perito, acerca do relatório apresentado, perante o júri ou em audiência
de instrução e julgamento.
2. O depoimento oral deriva da oitiva do perito em juízo, com valor probatório de prova técnica, e não
testemunhal. Dessa forma, quando o perito é chamado a falar em juízo sobre alguma divergência, ele atua
na condição de perito, e não de testemunha.
Obs.: Em caso de fatos obscuros ou conflitantes em um relatório de uma perícia, o magistrado pode adotar 3
medidas:
● Nomear um parecerista – produção de um parecer.
● Intimar o perito para responder a quesitos suplementares – produção de um laudo suplementar.
● Intimar o perito para prestar esclarecimentos em audiência – depoimento oral.
4.6 Prontuários
1. Conceito: É conjunto de documentos padronizados e ordenados, onde são registrados todos os cuidados
profissionais prestados ao paciente em instituições de saúde ou consultórios.
2. Trata-se de um documento histórico que não se resume apenas ao registro da anamnese do paciente.
3. É criado por interesses médicos, mas pode produzir relevantes efeitos jurídicos. Pertence ao paciente,
cabendo ao médico e à instituição à qual ele se vincula apenas o dever de guarda.
Parecer CFM 315/2015: o prontuário possui informações protegidas de forma absoluta por reserva de jurisdição,
não sendo cabível a sua disponibilização mediante requisição do delegado, não obstante o disposto no art. 2°, §2°,
da Lei n.° 12.830/13, isso porque, o sigilo profissional é uma garantia constitucional e, portanto, de reserva
absoluta de jurisdição.
Enunciado nº 13, do II Encontro Nacional de Delegados de Polícia (2015): o poder requisitório do delegado abarca
o prontuário médico que interesse à investigação policial, não estando albergado por cláusula de reserva de
jurisdição, sendo dever do médico ou gestor de saúde atender à ordem no prazo fixado, sob pena de
responsabilização criminal por crime de desobediência, visto que a Resolução é norma infralegal, enquanto o
poder requisitório tem fundamento em lei federal.
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1. NOÇÕES INICIAIS
1. A preocupação com o tratamento jurídico surgiu com a aprovação da Convenção para a Prevenção e Castigo
do Crime de Genocídio, que expede um mandado de criminalização aos Estados signatários. Assim,
atendendo ao mandado de criminalização, o Estado Brasileiro editou a Lei nº 2.889/56, que define o crime
de genocídio na ordem interna.
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico,
racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-
lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;
2. Trata-se de norma penal em branco às avessas, ao revés ou invertida, cujo preceito secundário da norma
precisa ser completado.
3. O delito de genocídio consta como de competência do Tribunal Penal Internacional.
1. O Brasil aderiu ao Estatuto de Roma, que possui competência para julgar pessoas (e não Estados) que
cometam os seguintes crimes:
• Crime de genocídio;
• Crimes contra a humanidade;
• Crimes de guerra;
• Crime de agressão.
2. Importante salientar que a competência do TPI é subsidiária de forma que somente será chamado a julgar
as infrações penais acima descritas no caso de omissão ou incapacidade por parte do Estado Nacional.
3. E, ao contrário do que é aplicado na ordem jurídica interna, que possui como regra a prescritibilidade do
crime de genocídio, a prática de crimes contra a humanidade, no contexto do TPI, é considerada
imprescritível (art. 29 do Estatuto de Roma).
1. Por ser considerado um crime contra a humanidade, o bem jurídico tutelado pela Lei que define e pune o
crime de genocídio é de natureza supraindividual.
2. Em que pese o crime de genocídio, na prática, ser capaz de atingir diversos bens jurídicos (vida, integridade
física, dentre outros), os Tribunais Superiores já reconheceram que o bem jurídico primário defendido pelos
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crimes de genocídio é a existência do grupo racial, étnico ou religioso (bens jurídicos supraindividuais,
coletivos ou transindividuais).
1. Para efeito de fixação da competência da Justiça Federal, o conceito de direitos indígenas é aquele referente
às matérias que envolvam a organização social dos índios, seus costumes, línguas, crenças e tradições, bem
como os direitos sobre as terras que tradicionalmente ocupam.
2. Dessa forma, o genocídio, quando praticado contra indígenas atrai a competência de um juiz federal singular,
já que envolve direitos indígenas (art. 109, XI da CF/88).
3. No entanto, quando praticado mediante a morte dos membros do grupo, o agente deverá responder pelo
genocídio em concurso formal impróprio com os delitos de homicídio, não sendo possível o princípio da
consunção, pois os tipos penais protegem bens jurídicos diversos. Nessa hipótese, os homicídios serão
julgados por um Tribunal do Júri Federal, que exercerá força atrativa em relação ao crime conexo de
genocídio.
4. É importante ressaltar que, no caso, é possível suscitar o Incidente de Deslocamento de Competência (IDC),
previsto no art. 5º §3º c/c art. 109, V-A, ambos da CF/88.
4. EXTRATERRITORIALIDADE
1. Considerando que a Lei dos Crimes Hediondos faz remissão aos artigos 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889/1956 (Lei
de Genocídio), podemos concluir que será considerado hediondo:
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6. PRISÃO TEMPORÁRIA
1. É importante salientar que foi adotado o critério legal para cabimento da decretação da prisão temporária,
de forma que somente o agente que cometeu algum dos crimes previstos na Lei 7.960/89 poderá ter a
reprimenda decretada em seu desfavor.
2. Por se tratar de um crime hediondo, o prazo da prisão temporária será de 30 dias prorrogáveis por mais
30, conforme art. 2º, §4º da Lei 7.960/89.
1. O crime de homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio é crime doloso contra a vida,
que tutela bem jurídico individual.
2. No crime de genocídio, o agente tem a intenção de colocar fim em grupo nacional, étnico, racial ou
religioso, seja por morte, prática de lesão grave à integridade física ou mental, da submissão a condições
e existência capazes de ocasionar-lhes a destruição física ou parcial, da adoção de medidas para impedir
o nascimento de novos integrantes, bem como a transferência forçada de crianças do grupo para outro.
3. No homicídio mediante a prática de atividade típica de grupo de extermínio, o crime se consuma,
necessariamente, com a prática de “matar alguém”; no genocídio, a conduta “matar alguém” é apenas
uma das formas de sua prática.
ATENÇÃO! Vê-se, portanto, que o bem jurídico tutelado por ambos crimes é diferente, de forma que não se
confundem. O dolo do agente também não é o mesmo.
8. TERRORISMO E GENOCÍDIO
1. Segundo o art. 2º da Lei Antiterrorismo, o terrorismo consiste na prática, por um ou mais indivíduos de
determinados atos, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião,
quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo a pessoa,
patrimônio, paz pública ou incolumidade pública.
2. Vê-se, portanto, que os elementos subjetivos específicos dos tipos penais são diferentes.
1. O dolo do agente deve, necessariamente, se perfectibilizar na intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo
nacional, étnico, racial ou religioso.
2. O genocídio pode ser doutrinariamente classificado em 03 espécies, quais sejam:
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3. Trata-se de crime que somente pode ser cometido na modalidade dolosa, tendo em vista a excepcionalidade
do crime culposo, que não foi contemplado na lei de Genocídio.
4. Ainda, a lei exige o elemento subjetivo específico, ou especial fim de agir, qual seja, a intenção de destruir, no
todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
b) Sujeitos do crime:
• Sujeito ativo: crime comum
• Sujeito passivo: crime próprio - exige característica especial da vítima, qual seja, pertencer ou ser
membro de grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
c) Consumação e tentativa: Trata-se de crime material, ou seja, é necessário o resultado naturalístico morte
(ou a tentativa), consistente na morte de algum membro do grupo. Por admitir tentativa, trata-se de crime
plurissubsistente.
d) Concurso formal impróprio entre o homicídio e o genocídio: não é possível aplicar o princípio da consunção,
já que os bens jurídicos tutelados pelas normas são diversos.
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a) Conduta: A conduta do agente se amoldará ao tipo penal caso ele pratique lesão corporal grave ou
gravíssima com o dolo de eliminação de grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
b) Sujeitos do crime:
• Sujeito ativo: crime comum
• Sujeito passivo: crime próprio - exige característica especial da vítima, qual seja, pertencer ou ser
membro de grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
c) Consumação e tentativa: Trata-se de crime material. Admitir tentativa por se tratar de crime
plurissubsistente.
a) Conduta: Nesse caso, a conduta do agente se perfectibiliza ao tipo penal caso ele submeta, intencionalmente
o grupo, à condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial.
• Essa conduta pode ser praticada por intermédio de internação em campos de concentração, redução à
condição análoga à escravidão, cessação no fornecimento de medicamentos e remédios, dentre outras.
• Neste caso, prevê-se, na essência, um crime de perigo concreto, idôneo a gerar o dano, que é a destruição
dos integrantes do grupo em virtude da nacionalidade, etnia, raça ou religião.
• É razoável considerar atitude genocida a inserção de pessoas em condições sub-humanas de subsistência,
com o intuito de atingir, em breve tempo, o dano, isto é, a eliminação do grupo.
b) Sujeitos do crime:
• Sujeito ativo: crime comum
• Sujeito passivo: crime próprio - exige característica especial da vítima, qual seja, pertencer ou ser
membro de grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
c) Consumação e tentativa: Trata-se de crime permanente, cuja consumação se protrai no tempo. Não se
admite a tentativa.
b) Sujeitos do crime:
• Sujeito ativo: crime comum
• Sujeito passivo: crime próprio - exige característica especial da vítima, qual seja, pertencer ou ser
membro de grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
c) Consumação e tentativa: Trata-se de crime formal. É permitida a tentativa, pois trata-se de um crime
plurissubsistente.
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b) Sujeitos do crime:
• Sujeito ativo: crime comum
• Sujeito passivo: crime próprio, já que se exige característica especial da vítima, qual seja, ser criança (até
12 anos incompletos) e pertencer ou ser membro de grupo nacional, étnico, racial ou religioso.
c) Consumação e tentativa: Trata-se de crime formal, ou seja, não é necessária a efetiva privação da liberdade
ou a destruição total ou parcial do grupo. Admite-se a tentativa, por se tratar de crime plurissubsistente.
1. Trata-se de um crime especial ao previsto no art. 288 do CP (associação criminosa). O bem jurídico tutelado
é a paz pública.
2. Trata-se de um delito de concurso necessário em que mais de 03 pessoas se unem com a finalidade em
comum de praticar quaisquer das modalidades de genocídio trazidas pela lei.
4. Sujeitos do crime
• Sujeito ativo: crime comum
• Sujeito passivo: crime contra a humanidade.
5. Consumação e tentativa: Trata-se de crime permanente, cuja consumação se protrai no tempo, não
admitindo assim, a tentativa.
1. O delito em comento trata de tipificar a prática de estimular, incentivar, encorajar alguém a agir de forma
pública, destinada a prática de qualquer dos crimes previstos no art. 1º.
2. Ainda, o art. 3º descreve que a conduta deve ser destinada a incitar “alguém”, ou seja, pessoa certa e
determinada. Caso seja direcionada a pessoas indeterminadas, se amoldará a conduta ao crime previsto no
art. 286 do CP (Incitação ao crime).
3. Sujeitos do crime
• Sujeito ativo: crime comum
• Sujeito passivo: crime contra a humanidade.
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4. Consumação e tentativa: Trata-se de crime formal, ou seja, se consuma ainda que não haja a prática de
quaisquer dos crimes previstos no art. 1º. Pode se dar de forma verbal (unissubsistente), não admitindo a
tentativa ou escrita (crime plurissubsistente), admitindo-se a tentativa.
6. Caso ainda seja cometida a incitação por meio da imprensa, haverá uma causa de aumento de 1/3.
1. Quaisquer dos delitos previstos na lei de genocídio (art. 1º, 2º ou 3º), caso sejam praticados por governante
ou funcionário público, a pena será aumentada de 1/3.
2. Será punida com 2/3 (dois terços) das respectivas penas a tentativa dos crimes definidos nesta lei. Não se
aplica o Código Penal.
1. O art. 5º LII da CF/88 prevê que não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de
opinião.
2. O art. 6ֻº da Lei de Genocídio orienta que os crimes previstos nela não serão considerados políticos para fins
de extradição. Portanto, será possível a extradição do autor de crime de genocídio, não podendo se alegar,
em seu benefício, que se trata de crime político.
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CÓDIGO CIVIL:
⦁ Arts. 1º a 4º
⦁ Art. 7, 11, 13 e 16
⦁ Arts. 22, 23 e 25
⦁ Arts. 26 a 28
⦁ Arts. 37 a 39
⦁ Art. 43 a 45
⦁ Arts. 50 a 52
⦁ Arts. 53 e 57
⦁ Arts. 70 a 76.
CF/88
⦁ Art. 5º, XXX, CF/88
1. PESSOAS NATURAIS
1. Conceito: Pessoa é o ser humano ou entidade dotado de personalidade, isto é, que tem aptidão para a
titularidade de direitos e deveres na ordem jurídica. Nesse sentido, é necessário distinguir:
2. Incapacidade: A teoria das incapacidades está diretamente ligada à ausência da capacidade de fato (e não
da capacidade de direito). A incapacidade civil pode ser desdobrada em: absoluta e relativa.
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* Os atos praticados pelos absolutamente incapazes são NULOS (art. 166, I, do CC), não podendo ser ratificados,
pois tal vício não convalesce (art. 169), podendo o juiz assim declará-los de ofício. Protege-se, entretanto, a boa-
fé de terceiros. Os atos civis de seu interesse deverão ser exercidos por seus representantes – pais, tutores ou
curadores.
* A vontade dos relativamente capazes tem relevância jurídica, o que possibilita sua atuação direta nos atos civis,
desde que acompanhados de ASSISTENTE, com algumas exceções (ser mandatário, testemunha). É causa de
anulabilidade dos atos jurídicos (art. 171, I, do CC).
1.1. Personalidade:
1. Definição: Está atrelada à tutela e à promoção da dignidade da pessoa humana, pela qual se deve reconhecer
ao ser humano um conjunto mínimo de atributos, direitos e garantias, sem o qual não será possível a vida com
dignidade.
● Aquisição de personalidade, nos termos do art. 2º do cc, ocorre com o nascimento com vida, quando há
a separação do ventre materno e o ar entra nos pulmões.
● Extinção da personalidade ocorre com a morte, conforme art. 6º do CC.
2. Pessoa Jurídica: tem direitos da personalidade por equiparação, conforme prevê o art. 52 do CC. Os danos
morais são lesões a direitos da personalidade (danos imateriais). – S. 227, STJ
Obs.: STJ - Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação
da honra ou da imagem, quando a credibilidade institucional for fortemente agredida e o dano reflexo sobre os
demais jurisdicionados em geral for evidente. (Info 684).
São oponíveis erga omnes, o que NÃO significa que são ilimitados.
ABSOLUTOS Nesse aspecto, são relativos, devendo ser ponderados em caso de
colisão.
GERAIS Outorgados a todas as pessoas.
EXTRAPATRIMONIAIS Ausência de conteúdo patrimonial direto, aferível objetivamente, a
exemplo dos danos morais.
O titular não pode deles dispor de forma total e permanente. ATENÇÃO:
A indisponibilidade é relativa, pois o Código Civil admite restrição
INDISPONÍVEIS voluntária, desde que não seja permanente, genérica e não viole a
dignidade do titular.
IMPENHORÁVEIS O direito da personalidade não pode ser penhorado, mas o crédito dele
decorrente sim.
VITALÍCIOS Os direitos da personalidade perduram durante toda a vida da pessoa e
alguns, inclusive, têm projeção após a morte
IMPRESCRITÍVEIS Não existe prazo para seu exercício, não se extinguindo pelo não uso.
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a) Consenso afirmativo: direito da pessoa dispor gratuitamente do seu corpo, no todo ou em parte, para depois
de sua morte, com objetivo científico ou terapêutico (art. 14 do CC). Nessa temática, ganha relevo a figura
do testamento vital ou living will, em que o paciente, de forma prévia, especifica os tratamentos,
procedimentos e cuidados a que deseja ou não se submeter quando não puder se expressar de forma
autônoma. No Brasil não há lei específica sobre o instituto, cuja validade tem sido defendida com base na
dignidade da pessoa humana, na liberdade e na autodeterminação dela decorrentes, na privacidade e na
impossibilidade de submissão do paciente a tratamento sem seu consentimento – Info 645, STJ
b) Consentimento Informado: o CC, em seu art. 13, prevê que só pode haver a diminuição permanente da
integridade física se houver exigência médica, que pode ser por motivo de saúde física ou psíquica, o que
abrange as cirurgias plásticas e cirurgias de transgenitalização. Inclusive, especificamente no tocante à
submissão a tratamento médico, exige-se o consentimento informado, ou seja, o paciente tem direito de
saber qual é o tratamento ou a cirurgia e quais as suas consequências. Conclui-se, portanto, que a
responsabilidade do médico é TÉCNICA + DEVER DE INFORMAÇÃO.
● Não se admite o chamado “blanket consent”, isto é, o consentimento genérico, em que não há
individualização das informações prestadas ao paciente, dificultando, assim, o exercício de seu direito
fundamental à autodeterminação. (Info 733)
c) Direito ao esquecimento: é o direito que uma pessoa possui de não permitir que, em razão da passagem
do tempo, um fato, ainda que verídico, ocorrido em determinado momento de sua vida, seja exposto ao
público em geral, causando-lhe sofrimento ou transtornos.
● STJ - reconheceu o direito ao esquecimento em dois julgados principais: O caso “Aída Curi” (REsp
1.335.153-RJ) e a situação da “chacina da Candelária”, hipótese em que entendeu que o direito à
informação deveria ser exercido de forma compatível com a intimidade e a honra das pessoas. Ressalta-
se, contudo, que o deferimento ou não do direito ao esquecimento sempre dependeu da análise do caso
concreto e da ponderação dos interesses envolvidos. No entanto, o tema passou por uma evolução
jurisprudencial. Isso porque o STJ passou a relativizar o direito ao esquecimento, afirmando que este
não possui caráter absoluto (Info 670, STJ)
● STF passou a entender pela sua incompatibilidade com a Constituição Federal: É incompatível com a
Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em razão
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● Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de
atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar.
● Súmula 642-STJ: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do titular,
possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória.
● Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da
imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
e) Direito ao nome: Art. 16 a 19, CC: É o direito à individualização da pessoa. Subdivide-se em:
● Prenome: Identifica a pessoa e pode ser simples ou composto. Ex: José ou José Maria
● Sobrenome (ou patronímico): identifica a origem ancestral, familiar. Ex: Silva.
● Agnome: Partícula diferenciadora que serve para distinguir pessoas pertencentes à mesma família e com
o mesmo nome. Ex: Júnior, Filho, Neto, Sobrinho;
● Hipocorístico: É um apelido, uma alcunha que designa alguém pessoal e profissionalmente. Ex: Xuxa.
Não é elemento do nome, embora mereça proteção.
● Pseudônimo: É o nome que identifica alguém tão somente em sua esfera profissional. Ex: Bruna
Marquezine, embora seu nome verdadeiro seja Bruna Reis Maia. Pelo art. 19 do CC, o pseudônimo
adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. Não é elemento do nome, embora
mereça proteção.
● A existência de um homônimo que responde a processo criminal, ainda que em outro estado da
federação, pode ensejar um constrangimento capaz de configurar o justo motivo para fundamentar a
inclusão de patronímico. (Info 748).
● É admissível a exclusão de prenome da criança na hipótese em que o pai informou, perante o cartório de
registro civil, nome diferente daquele que havia sido consensualmente escolhido pelos genitores (Info
695).
NOVIDADE LEGISLATIVA. Ressalta-se que a ordem jurídica considerava o prenome, em regra, imutável, até o fim
de junho de 2022, quando foi publicada a Lei 14.382/2022, que dispõe sobre o Sistema Eletrônico dos Registros
Públicos. Houve a alteração dos artigos 55 a 57 da Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/1973), com o afastamento
da regra geral de imutabilidade do nome da pessoa humana, o que, inclusive, já era defendido pela doutrina que
entendia que deveria se resguardar um espaço de autonomia relativamente ao prenome.
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f) Transexuais: A transexualidade diz respeito justamente à condição do indivíduo que possui uma identidade
de gênero diferente da que lhe foi designada no nascimento com base no sexo biológico, o que faz surgir o
desejo de viver e ser aceito como sendo do sexo oposto.
1.1 Nascituro
É o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno. Algumas teorias tentam explicar a
proteção jurídica do nascituro:
* Qual teoria prevalece? R.: O CC/02 não deixou claro a teoria adotada, pois o art. 2º menciona tanto o termo
“nascimento”, quanto “concepção”. Todavia, é a teoria concepcionista que guarda maior compatibilidade, a partir
de uma interpretação sistemática do ordenamento e que vem sendo adotada pela jurisprudência, a exemplo da
lei de alimentos gravídicos e de decisões do STJ que admitiram o dano moral ao nascituro e até mesmo pagamento
de DPVAT pela morte de nascituro (STJ, Info 547).
1.2 Emancipação
1. Conceito: É uma antecipação da capacidade de fato (e NÃO da maioridade), por meio da qual um
relativamente incapaz se torna plenamente capaz. Pode ser:
a) Voluntária: Decorre de ato unilateral dos pais, ou de um deles na falta do outro, sendo irrevogável. Nessa
hipótese, os pais continuam respondendo pelos atos ilícitos dos filhos.
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b) Judicial: Concedida pelo juiz, ouvido o tutor, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos completos
c) Legal: Decorre de previsão legal:
● Casamento (Obs.: Divórcio, morte do cônjuge ou anulação do casamento para o cônjuge de boa-fé não
fazem retornar a incapacidade)
● Exercício de cargo ou emprego público efetivo; Cuidado! Não é nomeação e nem posse e sim exercício
● Colação de grau em curso de ensino superior;
● Estabelecimento civil ou comercial ou existência de relação de emprego do maior de 16 anos que gerem
economia própria.
a) Com declaração de ausência: nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva (art. 6º);
ATENÇÃO! COMORIÊNCIA. Quando não for possível precisar a ordem cronológica das mortes de pessoas que
morreram na mesma ocasião, chamadas comorientes, a lei prevê a presunção de haverem falecido no mesmo
instante. Se forem parentes, a consequência é que tais pessoas NÃO sucederão reciprocamente, abrindo-se
cadeias sucessórias distintas (art. 8º, CC).
2. Ausência: é o desaparecimento de uma pessoa de seu domicílio, sem dar notícias de onde se encontra, sem
deixar procurador para administrar seus bens. Necessita de declaração judicial. Quanto à tutela dos bens,
possui três fases:
a) 1ª FASE - CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE: inicia-se com a petição inicial de qualquer interessado ou do
MP. O juiz deverá arrecadar os bens abandonados e nomear curador.
● O curador será, em primeiro lugar, o cônjuge do ausente, desde que não separado judicialmente ou de
fato, por mais dois anos. Subsidiariamente, serão nomeados os ascendentes e, em seguida, os
descendentes.
● Se não houver nenhuma dessas pessoas, o juiz escolherá um curador, responsável pela administração e
conservação do patrimônio do ausente.
b) 2ª FASE - SUCESSÃO PROVISÓRIA: Ocorre após decorrido 1 ano da arrecadação ou, caso o ausente tenha
deixado procurador, passados 3 anos. Consiste em uma administração para preservar os bens do ausente.
● Depende de pedido dos interessados.
● Se não houver interessados, o MP pode requerer a sucessão provisória.
● A sentença que a determina produz efeitos depois de 180 dias de sua publicação, mas, tão logo transite
em julgado, ocorre a abertura do testamento e do inventário, como se o ausente fosse falecido.
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● Se o herdeiro ou interessado não pleitear a abertura do inventário, após 30 dias do trânsito em julgado,
a massa de bens do ausente será considerada como herança jacente.
● Os herdeiros que se imitirem na posse dos bens devem prestar garantia pignoratícia ou hipotecária, com
exceção do cônjuge, dos ascendentes e dos descendentes.
● Durante esse período, não se poderá alienar os imóveis do ausente.
● Reaparecendo o ausente e provando os sucessores que a ausência foi injustificada e voluntária, ele
perderá os frutos em favor daqueles.
c) 3ª FASE - SUCESSÃO DEFINITIVA: Ocorre após 10 anos do trânsito em julgado da sentença que concedeu a
abertura da sucessão provisória. Na mesma oportunidade, levantam-se as garantias prestadas.
● Pode ocorrer em menor prazo, se o ausente tinha 80 anos e o seu desaparecimento tenha ocorrido há
pelo menos 5 anos.
● Após o trânsito em julgado da sentença que concede a sucessão definitiva dos bens, declara-se a morte
presumida.
● Retornando o desaparecido ou algum de seus descendentes ou ascendentes, nos 10 anos seguintes à
abertura da sucessão definitiva, receberá os bens no estado em que se encontrarem, os sub-rogados
em seu lugar ou o preço que os herdeiros houverem recebido.
1.4 Domicílio
1. Conceito: É o lugar onde a pessoa se fixa com ânimo definitivo, transformando-o em centro de sua vida
jurídica e social. O que diferencia domicílio de residência é o ânimo de permanência, a definitividade.
2. Espécies de domicílio:
a) Convencional: é aquele que se fixa por ato de vontade própria, ou seja, a pessoa fixa por ato de vontade,
ao se mudar.
2. PESSOAS JURÍDICAS
1. Conceito: É o grupo humano criado na forma da lei, e dotado de personalidade jurídica própria, para a
realização de fins comuns.
2. Características
● Personalidade própria, distinta dos seus membros;
● Patrimônio próprio e independente;
● Possuem estrutura organizacional própria;
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Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados,
instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
Obs.: Prazo decadencial de 3 anos para anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito
do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
b) Fundação (reunião de bens): as fundações têm objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor. Nas
fundações, o patrimônio é elemento essencial.
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⋅ Sindicatos;
⋅ Fundações particulares.
ATENÇÃO! O inciso vi que incluía a EIRELI (empresas individuais de responsabilidade limitada) como pessoa
jurídica de direito privado foi revogado pela MP nº 1.085/2021, já convertida na lei nº 14.382/2022.
ATENÇÃO! As empresas públicas e as sociedades de economia mista, embora façam parte da administração
indireta, são dotadas de personalidade jurídica de direito privado (DL 200/67), sujeitando-se ao regime próprio
das empresas privadas (CF, art. 173, § 1º).
● Os atos dos administradores obrigam a pessoa jurídica quando exercidos nos limites de seus poderes
definidos no ato constitutivo.
● Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões serão tomadas pela maioria de votos dos
presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
● O direito de anular as decisões referidas decai em 3 anos, quando violarem a lei ou o estatuto, ou forem
eivados de erro, dolo, simulação ou fraude.
● Atenção à inclusão do art. 48-A no Código Civil, promovida pela Medida Provisória nº 1.045/2021, já
convertida na Lei nº 14.382/2022:
b) Previsão legal: O art. 50 do CC é, atualmente, a regra matriz da disregard doctrine no direito brasileiro, sendo
de aplicação obrigatória a todos os casos de desconsideração, SALVO OS REGULADOS POR LEI ESPECIAL:
● Relações de consumo (art. 28 do CDC);
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● Teoria Maior: NÃO basta que a Pessoa Jurídica esteja insolvente e, portanto, impossibilitada
financeiramente de cumprir com suas obrigações perante seus credores. Ao lado da demonstração da
insolvência da Pessoa Jurídica, deverá figurar adicionalmente ou o elemento subjetivo (desvio de
finalidade) ou o elemento objetivo (confusão patrimonial). Adotada no art. 50 do CC;
● Teoria Menor: Adotada no Direito Ambiental e Direito do Consumidor, a personalidade jurídica será
desconsiderada sempre que for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos
consumidores. Logo, deve provar apenas a insolvência.
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foi requerida. Isso significa que haverá uma suspensão temporária dos efeitos da personalização num
determinado caso específico, não estendendo os seus efeitos para as demais relações jurídicas das quais a
pessoa jurídica faça parte.
ATENÇÃO: A aplicação da teoria da desconsideração NÃO significa a possibilidade de execução de todos os sócios
e/ou administradores da sociedade, indistintamente. Somente serão atingidos aqueles sócios que se
beneficiaram, direta ou indiretamente, do uso abusivo da pessoa jurídica.
● Sócio devedor tem legitimidade e interesse para impugnar desconsideração inversa da personalidade
jurídica. (Info 744, STJ)
● STJ - A instauração de incidente de desconsideração da personalidade jurídica não exige prova de
inexistência de bens do devedor
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1. CONCEITO
Bens são todas as coisas com interesse econômico e/ou jurídico. É tudo aquilo que tenha existência fora do ser
humano, materializado ou não, economicamente apreciável ou não, sobre o qual incide o poder de seu titular.
2. CLASSIFICAÇÃO
1. Bens corpóreos e incorpóreos: Os primeiros têm existência física, concreta. Os últimos não são percebidos
pelos sentidos.
a) Móveis: São os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração de
sua substância ou da destinação econômico-social. Os bens podem ser móveis por:
● Pela própria natureza: São aqueles suscetíveis de movimento próprio (ex.: semoventes), e aqueles
passíveis de deslocamento sem alteração da sua substância ou da destinação econômico social (ex.:
computador).
● Por antecipação: “atualmente” são imóveis, mas possuem finalidade última como móveis, de modo que
se antecipa sua mobilidade (ex: plantações para corte).
● Por determinação legal: São considerados bens móveis para efeitos legais (artigo 83):
⋅ Energias que tenham valor econômico (ex.: energia elétrica).
⋅ Direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes (segue o raciocínio de que a natureza
do bem atrai a qualidade do direito real e a ação).
⋅ Direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Ex.: direito autoral.
OBS.: natureza jurídica dos animais. Para o Código Civil, os animais são coisas (bens móveis). Para o STJ, os animais
possuem natureza especial, são seres sencientes, pois são dotados de sensibilidade (sentem as mesmas dores e
necessidades biopsicológicas dos animais racionais), razão pela qual o seu bem-estar deve ser considerado (STJ,
REsp 1.713.167 – SP).
b) Imóveis: são os que não podem ser mobilizados, transportados ou removidos sem a sua destruição. No que
tange à extensão dos bens imóveis, o direito brasileiro adota o CRITÉRIO DA UTILIDADE. Ou seja: o bem
imóvel abrange o espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade que sejam úteis ao seu
exercício. No entanto, NÃO ABRANGE: jazidas, minas e demais recursos minerais. Os bens imóveis podem
ser:
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● Bens imóveis por natureza (art. 79): não podem ser movimentados sem ruptura. Ex.: são o solo e tudo
que lhe agregue naturalmente. ATENÇÃO: Os navios e aeronaves, embora sejam móveis pela natureza ou
essência, são tratados pela lei como imóveis, pois estão sujeitos a matrícula e registro.
● Bens imóveis por acessão física: plantações e construções, que se prendam ao solo. Obs.: Não perdem
também o caráter de imóveis:
⋅ As edificações que, separadas do solo, forem removidas para outro local, desde que tenham
conservado sua unidade.
⋅ Os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
● Bens imóveis por acessão intelectual: são coisas móveis que são imobilizadas, por exemplo, o maquinário
na fazenda agrícola.
● Bens imóveis por determinação/equiparação legal: os bens são imóveis por mera opção legislativa,
sendo irrelevante seu aspecto naturalístico.
⋅ Os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram
⋅ O direito à sucessão aberta
3. Bens fungíveis e infungíveis: Estão ligados à possibilidade de substituição por outro igual.
a) Fungíveis: podem ser substituídos por outros de mesma qualidade, quantidade e espécies (artigo 85). Ex.:
soja, café, dinheiro.
b) Infungíveis: NÃO podem ser substituídos, seja por ato de vontade do titular ou em função do valor histórico
do bem. Todos os bens imóveis são infungíveis, assim como os bens móveis insubstituíveis. Ex.: obra de
arte, livro autografado.
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5. Bens divisíveis e indivisíveis (arts. 87 e 88): Relacionados à possibilidade ou não de fracionamento do bem
sem a perda do seu valor econômico ou de sua finalidade. A indivisibilidade pode ser:
a) Física: Não poderão ser fracionados em várias partes;
b) Legal: Bens podem ser materialmente divisíveis, mas, em virtude de lei não podem ser divididos;
c) Convencional: Divisibilidade por acordo entre as partes;
7. Bens principais e acessórios (bens reciprocamente considerados): O art. 92 diferencia os bens principais e
acessórios.
a) Principais – são aqueles que existem sobre si e não dependem de nenhum outro. Ex.: imóvel.
b) Acessórios – é o bem cuja existência pressupõe a existência de um bem principal. Ou seja: o bem acessório
existe em função do principal. Os bens acessórios podem ser classificados em:
● Produtos: São os bens acessórios que saem da coisa principal, diminuindo a sua quantidade e substância,
por serem bens não renováveis (esgotáveis). Ex: Diamante extraído de uma mina.
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● Pertenças: São bens destinados a servir um outro bem principal, por vontade ou trabalho intelectual do
proprietário. São bens que se acrescem, como acessórios à coisa principal, mas não a integram (é o que
as diferencia das partes integrantes). Ex: Armários em uma cozinha.
● Partes integrantes: São bens acessórios unidos ao bem principal, formando com este último um todo
independente. Por serem desprovidos de existência material própria, se as partes integrantes forem
separadas do bem principal, este não servirá mais ao seu uso normal.
Vamos ver a relação dos frutos e das benfeitorias com o possuidor de boa-fé e má fé?
Frutos Frutos
✔ Tem direito aos frutos percebidos enquanto durar ✔ Responde pelos frutos colhidos e percebidos.
a boa-fé
✔ Restituição dos frutos pendentes ao tempo em que ✔ Responde pelos frutos que deixou de perceber por
cessou a boa-fé, deduzidos os custos. sua culpa.
✔ Restituição dos frutos colhidos por antecipação ao ✔ Tem direito às despesas de produção e custeio.
tempo que cessou a boa-fé.
Indenização de benfeitorias
Indenização de benfeitorias ✔ Necessárias – direito à indenização e sem direito à
✔ Necessárias – direito à indenização e direito de retenção.
retenção. ✔ Úteis – sem direito à indenização
✔ Úteis - direito à indenização e direito de retenção. ✔ Voluptuárias – sem direito à indenização e sem
✔ Voluptuárias – direito à indenização e direito de direito à levantamento.
levantá-las, quando puder fazê-lo sem detrimento
da coisa.
1. O Código Civil tratou a temática de forma superficial, pois é matéria reservada principalmente ao Direito
Administrativo (art. 98 a 103, CC)
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Obs.: O art. 103 prevê que o uso comum de bens públicos pode ser comum ou oneroso, a depender de
previsão normativa. Dessa forma, em tese, admite-se a remuneração por uso de bem público.
c) Dominicais: são os bens desafetados. Por não estarem afetados, os bens dominicais são alienáveis,
obedecidas as formalidades legais (arts. 100 e 101, CC). Ou seja: a desafetação justifica a alienabilidade.
3. Efeitos práticos dos bens públicos por afetação: impenhorabilidade, impossibilidade de usucapião, etc (art.
100 e 102, CC)
Obs.: O art. 99, parágrafo único, CC, fez uma confusão: trouxe uma nova modalidade de bens dominicais. Ou seja,
além dos desafetados, passamos também a ter também outros bens dominicais. Trata-se de dispositivo muito
criticado por alguns administrativistas, pois a definição dada por esse artigo não está associada à desafetação (em
nenhum momento o artigo fala em desafetação). Ou seja, poderíamos ter bens de conselhos profissionais e
fundações públicas afetados, classificados como dominicais e consequentemente alienáveis. Ou seja, seria
possível a alienação de bens afetados, o que vai contra a tradição secular do direito administrativo.
DICA → no direito civil, sempre cai a literalidade do art. 99, parágrafo único, CC (em prova de múltipla escolha).
Se o examinador for além, vai cobrar o enunciado 141, CJF.
1. TEORIA DO ESTATUTO JURÍDICO DO PATRIMÔNIO MÍNIMO preconiza que o ordenamento jurídico deve
sempre procurar garantir um mínimo de patrimônio (mínimo existencial) ao indivíduo como forma de garantir-
lhe a sua dignidade. Como exemplos da aplicação dessa teoria podemos citar a impenhorabilidade do bem de
família.
a) Voluntário: é aquele instituído por ato de vontade do casal, da entidade familiar ou até mesmo de terceiro.
● Não pode ultrapassar o limite de 1/3 do patrimônio líquido dos seus instituidores.
● Deve ser feito através de: Registro no Cartório de Imóveis, escritura pública ou testamento.
● A instituição do bem de família voluntário acarreta 2 efeitos fundamentais: Impenhorabilidade e
Inalienabilidade. No entanto, essas características não são absolutas, podendo ser afastadas em casos
excepcionais ou se eventualmente extinto o bem de família.
b) Bem de família legal: é aquele instituído pela Lei 8.009/90, que concretiza o direito constitucional à moradia
e a noção de patrimônio mínimo, decorrente do valor superior da dignidade da pessoa humana. Anote-se
que, em razão de tal caráter protetivo, a Lei 8.009/90 aplica-se a penhora realizada antes de sua vigência,
nos termos da súmula 205 do STJ.
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● Obs.: O STJ entendeu que a impenhorabilidade do bem de família no qual reside o sócio devedor não é
afastada pelo fato de o imóvel pertencer à sociedade empresária.
● Se houver 2 imóveis residenciais em que a família alternadamente viva, nos termos do art. 5º da Lei
8009/90, a proteção legal recai no de menor valor, salvo se o imóvel mais valioso houver sido inscrito como
bem de família voluntário.
● Com relação aos bens MÓVEIS, o art. 2º da Lei 8009 exclui de sua proteção veículos de transporte, obras
de arte e adorno suntuosos. Ademais, o locatário tem a proteção dos bens móveis quitados que
guarnecem a residência, desde que não sejam suntuosos.
● Exceções à impenhorabilidade do bem de família legal (art. 3º): A impenhorabilidade é oponível em
qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, SALVO se
movido:
⋅ Pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel,
no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
⋅ pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que,
com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos
responderão pela dívida;
⋅ Para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel
familiar
⋅ Para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade
familiar;
⋅ Por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a
ressarcimento, indenização ou perdimento de bens
⋅ por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. (Incluído pela Lei nº 8.245,
de 1991) -> STF já se manifestou entendendo que esse dispositivo é constitucional.
● É constitucional a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação, seja residencial,
seja comercial. (STF, Tema 1127, Info 1046).
● É impenhorável o bem de família oferecido como caução em contrato de locação comercial (STJ, Info. 732).
● As hipóteses permissivas da penhora do bem de família devem receber interpretação restritiva, não
havendo possibilidade de incidência da exceção à impenhorabilidade do bem de família do fiador ao
devedor solidário (STJ, Info 763).
● STF entendeu que a pensão alimentícia pode decorrer tanto de relações familiares, quanto de obrigação
de reparar danos. Assim, a impenhorabilidade do bem de família não pode ser oposta ao credor de
pensão alimentícia decorrente de indenização por ato ilícito (REsp 1.186.225).
● STF já assentou o entendimento no sentido de que TAXA DE CONDOMÍNIO também excepciona a proteção
do bem de família (RE 439003-SP).
● Proprietário que aceita que seu bem de família sirva como garantia de um contrato de alienação fiduciária
em garantia não pode, posteriormente, alegar que esse ato de disposição foi ilegal (Info 664/STJ – 2019).
● Súmula 549/STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.
● Súmula 486/STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde
que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou moradia de sua família.
● Constitui bem de família o único imóvel residencial do devedor em que resida seu familiar, ainda que o
proprietário nele não habite. (Info 543/STJ)
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● O terreno cuja unidade habitacional está em fase de construção, para fins de residência, está protegido
pela impenhorabilidade por dívidas, por se considerar antecipadamente bem de família. (Info 753/STJ)
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CF/88
⦁ Art. 22, XVIII, XXVI
⦁ Art. 225
1. CONCEITO
Define Edis Milaré que o Direito Ambiental é o “complexo de princípios e normas reguladores das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global,
visando a sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações".
Embora não conste do rol do artigo 5º da CF, o meio ambiente é considerado um direito fundamental de
terceira geração, entendido como uma extensão do direito à vida e necessário à pessoa humana. Nesse sentido:
Art. 225, da CF/88: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
Segundo Anderson Furlan, o meio ambiente é direito fundamental e tem dupla natureza jurídica:
● Direito Subjetivo da personalidade: Todos os indivíduos podem pleitear o direito de defesa contra atos
lesivos ao meio ambiente;
● Elemento fundamental de ordem objetiva: decorre do art. 225, da CF/88, a obrigação de que os poderes
constituídos realizem a proteção e promoção do meio ambiente.
a) Princípio da Prevenção: Enfatiza a prioridade que deve ser dada às medidas que previnam a degradação
ambiental, com a finalidade de que o dano possa chegar a produzir-se. Tal princípio se apoia na certeza científica
do impacto ambiental, sendo o nexo causal cientificamente comprovado. Ex: Exigência do EIA ANTES de iniciada
uma atividade potencialmente degradadora do meio ambiente.
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b) Princípio da precaução: É a garantia contra riscos potenciais que ainda não podem ser identificados, dado o
estágio atual de conhecimento. A ausência de certeza científica absoluta não deve servir de pretexto para
postergar a adoção de medidas efetivas para evitar a degradação ambiental, mas é requerida CAUTELA na
utilização das medidas, a exemplo do uso dos transgênicos.
* ATENÇÃO: Paulo Affonso Leme Machado defende que, em certos casos, a relação de causalidade é presumida
com o objetivo de evitar a ocorrência do dano. Pela aplicação do princípio da precaução, vigora no Brasil o in dubio
pro natura, de modo que, na dúvida, deve prevalecer a interpretação que melhor proteja o meio ambiente. Assim,
a aplicação do princípio da precaução INVERTE o ônus normal da prova e impõe ao autor potencial provar,
antecipadamente, que sua atividade NÃO causará danos ao meio ambiente, conforme já decidiu o STJ.
c) Princípio do Poluidor-Pagador: É instrumento econômico que exige do poluidor, uma vez identificado, suportar
as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais, de tal sorte que o causador da poluição
deverá arcar com os custos necessários à diminuição, eliminação ou neutralização do dano ambiental. O princípio
NÃO se reduz à finalidade de somente compensar o dano ao meio ambiente, mas deve englobar os custos
necessários para a precaução e prevenção dos danos, assim como a adequada repressão. Previsão: Art. 225, §3º
CF e PNMA.
d) Princípio do Usuário – Pagador: Funda-se na premissa de que os recursos ambientais são escassos. Assim,
estabelece que o usuário dos recursos naturais deve pagar por sua utilização, e não necessariamente pelos danos
causados ao meio ambiente, de tal sorte que NÃO seria uma punição.
e) Princípio do protetor-recebedor: Encontra previsão legal na Política Nacional de resíduos sólidos, e consiste na
possibilidade de compensação financeira aos agentes públicos ou privados que protegem o meio ambiente em
favor da comunidade como forma de incentivo ao comportamento protecionista prestado (sanção premial).
f) Princípio da natureza pública da proteção ambiental: Conhecido como princípio da obrigatoriedade de atuação
ou intervenção estatal obrigatória na defesa do meio ambiente, foi previsto no item 17 da Declaração de
Estocolmo de 1992, e prevê que o Estado deve providenciar, seja no âmbito administrativo, legislativo e
jurisdicional, a adequada proteção do meio ambiente, adotando as políticas públicas e programas de ação
necessários. Frise-se que a atuação estatal é obrigatória, mas não é exclusiva, sendo papel de toda a coletividade.
g) Princípio da participação comunitária (= princípio democrático): Conforme princípio 10 da Rio 92, é dever da
comunidade proteger e preservar o meio ambiente, bem como possui o direito a opinar sobre políticas públicas e
ter acesso aos mecanismos de controle políticos e administrativos.
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i) Princípio da ubiquidade: Também conhecido como princípio da variável ambiental no processo decisório das
políticas públicas. Determina que a preservação do meio ambiente deve ser levada em consideração em toda
decisão política que seja tomada.
j) Princípio da correção da fonte: Canotilho defende que a poluição deve ser corrigida no local em que foi
produzida, para que se evite o turismo de poluição, que ocorre quando as consequências da poluição gerada em
determinada área são sentidas por outro espaço geográfico, até então livre daquelas mazelas.
k) Princípio da função socioambiental da sociedade: Previsto no art. 186, da CF/88, a função social da propriedade
é atendida quando há aproveitamento racional e adequado, utilização adequada dos recursos naturais disponíveis
e preservação do meio ambiente; observação das disposições que regulam as relações de trabalho; exploração
que favoreça o bem-estar dos proprietários e trabalhadores. É o princípio que justifica serem as obrigações
ambientais propter rem.
l) Princípio da vedação ao retrocesso: o efeito cliquet em matéria ambiental seria um retrocesso nas leis e normas
que protejam o meio ambiente, de tal forma que as garantias de proteção ao meio ambiente NÃO podem
retroagir.
4. COMPETÊNCIAS AMBIENTAIS
A regra é que todos os entes políticos têm competência para legislar concorrentemente sobre o meio
ambiente, cabendo à União editar normas gerais, a serem especificadas pelos Estados, Distrito Federal e
Municípios, de acordo com a amplitude do interesse, se regional ou local.
Em princípio, não há conflito quando as normas estaduais, distritais ou municipais são mais restritivas que
as federais, ou seja, instituam regras mais protetivas ao meio ambiente, desde que a lei federal o permita.
O STF declarou a inconstitucionalidade de normas estaduais e municipais mais protetivas em face a
usurpação/ou contrariedade com a lei federal, embora exista doutrina que defenda sempre a prevalência das leis
mais protetivas ao meio ambiente, em caso de conflito.
a) União: Possui COMPETÊNCIA PRIVATIVA e CONCORRENTE para legislar sobre o meio ambiente.
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No entanto, o fato de ser da União o poder legiferante não significa, em princípio, que só a ela caiba a
fiscalização, pois Estados e Municípios podem e devem zelar pela proteção do meio ambiente e combater a
poluição em qualquer de suas formas (competência material comum).
Outrossim, compete à União, no âmbito das ATRIBUIÇÕES CONCORRENTES, estabelecer normas gerais
sobre as matérias discriminadas no art. 24 da CF/88:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
b) Estados e Distrito Federal: Legislam concorrentemente sobre as matérias consignadas no já transcrito art. 24
da CF. Não possuem competência enumerada, sendo identificada por exclusão, quando não for privativa na União
e dos Municípios, ou por se tratar de competência concorrente.
c) Municípios: Predomina na doutrina o entendimento de que os municípios também detêm competência no que
se refere à matéria ambiental, com fulcro no art. 30, I e II, da Carta Magna:
O art. 23, da CF/88 prevê ser competência comum dos entes federativos, não importa quem detenha o
domínio do bem ou o ente que legislou a respeito. Logo, todos podem atuar na preservação ambiental, de forma
ampla, nas matérias do art. 23:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros
bens de valor histórico, artístico e cultural;
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
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a) Lei complementar ou ordinária pode retirar da Floresta Amazônica a condição de bioma relevante para o
patrimônio Nacional?
Como a CF entendeu ser a Floresta Amazônica patrimônio nacional, nos termos do art. 225, em tese,
apenas Emenda Constitucional poderia retirar essa condição. No entanto, a doutrina entende que, por sua
relevância, seria direito fundamental, insuprimível, por configurar cláusula pétrea, de modo que eventual
tentativa de supressão esbarraria no princípio da vedação ao retrocesso.
c) (TJMA – JUIZ 2013) - O governo de determinado estado da Federação proibiu totalmente, por meio de lei, o
cultivo, a manipulação e a industrialização de organismos geneticamente modificados no âmbito estadual. Na
exposição de motivo que justificava a proposta, mencionou-se o objetivo de se evitarem riscos possíveis ao
meio ambiente, devido à incerteza científica quanto a repercussões decorrentes da inserção ambiental de tais
organismos. Após a publicação da lei, foi ajuizada, perante o STF, ADI contra a norma, sob o argumento de que
a lei federal que dispõe sobre biossegurança permite, com ressalvas, atividades com organismos geneticamente
modificados. Seria correto afirmar que o STF deve julgar procedente a ADI, porque a lei estadual contraria o que
dispõe a lei federal sobre biossegurança?
Em se tratando de meio ambiente, a competência é concorrente, conforme art. 24 CF. E No âmbito da
competência concorrente, a União limita-se a estabelecer normas gerais e os Estados a suplementar (CF, art. 24,
§§1º e º2).
Contudo, o Estado ao exercer esta competência suplementar NÃO pode contrariar as normas gerais, sob
pena de incidir em inconstitucionalidade. A afronta é justamente à norma do art. 24, §§1º 2º, da CF. Como a União
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exerceu sua competência ao estabelecer normas gerais acerca de organismos geneticamente modificados,
permitindo o cultivo (vide art. 35 da Lei 11.105 da Lei de biossegurança), o Estado não poderia simplesmente
impedir a comercialização, a pretexto de exercer sua competência suplementar. No máximo o Estado poderia criar
novos condicionantes para o exercício da atividade, contanto que não contrariassem o que está disposto na lei
federal:
d) A repartição de competências comuns, instituída pela LC 140/2011, mediante atribuição prévia e estática das
competências administrativas de fiscalização ambiental aos entes federados, atende às exigências do princípio
da subsidiariedade e do perfil cooperativo do modelo de Federação, cuja finalidade é conferir efetividade nos
encargos constitucionais de proteção dos valores e direitos fundamentais (ADI 4575/DF).
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
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a) Titularidade: Com o art. 225, da CF/88, o cidadão deixa de ser mero titular passivo do direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado e passa também a ter a titularidade de um dever de defesa e preservação. Outrossim,
os titulares do bem jurídico “meio ambiente” não são apenas os cidadãos do país – as presentes gerações, mas
também gerações futuras.
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Referências Bibliográficas:
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