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a
1 FASE XXIX
PROCESSO CIVIL
Prof. Leonardo Fetter
SUMÁRIO
1
PETIÇÃO INICIAL ..................................................................................................... 33
8.1 Endereçamento ........................................................................................................................... 33
8.2 Da qualificação das partes........................................................................................................... 34
EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL ............................................................................... 36
INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL E IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO ......... 37
10.1 Juízo de admissibilidade: ........................................................................................................... 37
10.2 Indeferimento da petição inicial: .............................................................................................. 38
10.3 Hipóteses de indeferimento (art. 330, CPC): ............................................................................ 40
10.4 Improcedência liminar do pedido: ............................................................................................ 43
10.5 Requisitos para improcedência liminar:.................................................................................... 44
CITAÇÃO .................................................................................................................. 45
11.1 Formas de citação ..................................................................................................................... 46
11.2 Nulidade da citação ................................................................................................................... 48
11.3 Não poderá ser citado: .............................................................................................................. 49
MECANISMOS DE SOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS ................................. 50
12.1 Da conciliação e mediação ........................................................................................................ 51
12.3 Ausência das partes em audiência ............................................................................................ 53
12.4 Prazo para defesa ...................................................................................................................... 53
12.5 Mediação ................................................................................................................................... 54
12.6 Funções do mediador ................................................................................................................ 54
12.7 Conciliação e mediação envolvendo o Poder Público............................................................... 55
12.8 A mediação extrajudicial dos direitos disponíveis e indisponíveis transacionáveis ................. 56
12.9 Audiência de conciliação após o encerramento da fase postulatória ...................................... 57
DO DESINTERESSE DAS PARTES......................................................................... 57
13.1 Prazo para defesa ...................................................................................................................... 59
ARBITRAGEM E A LEI 9.307/96 COM AS MODIFICAÇÕES INTRODUZIDAS PELA
LEI Nº 13.129/15 ....................................................................................................... 60
14.1 A conciliação e a mediação judiciais no CPC e na Lei nº 13.140/15 ......................................... 60
LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS .......................................... 61
CUSTAS PROCESSUAIS ......................................................................................... 64
16.1 Justiça gratuita .......................................................................................................................... 64
16.2 Má-fé na relação processual ..................................................................................................... 66
16.3 Responsabilidade por dano processual..................................................................................... 67
16.4 Dever de colaboração ............................................................................................................... 67
PRECLUSÃO ............................................................................................................ 68
17.1 Preclusão temporal ................................................................................................................... 68
2
17.2 Preclusão lógica ......................................................................................................................... 68
17.3 Preclusão consumativa.............................................................................................................. 69
17.4 Preclusão “pro judicato” ........................................................................................................... 69
CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO ....................................................................... 70
18.1 Formas de resposta: .................................................................................................................. 70
18.2 Princípio da Eventualidade ou da concentração de defesa: ..................................................... 71
18.3 Ônus da impugnação especificada: ........................................................................................... 72
18.4 Prazo para contestação: ............................................................................................................ 72
18.5 Preliminares: ............................................................................................................................. 74
18.6 Defesas que devem ser alegadas fora da contestação ou que podem ser alegadas depois da
contestação: ...................................................................................................................................... 80
18.7 Aditamento ou indeferimento da contestação:........................................................................ 81
18.8 Reconvenção ............................................................................................................................. 82
REVELIA ................................................................................................................... 83
19.1 São efeitos da revelia: ............................................................................................................... 86
19.2 Quando a revelia não produz seus efeitos: ............................................................................... 86
19.3 Observações importantes sobre a revelia:................................................................................ 87
COMPETÊNCIA ........................................................................................................ 87
20.1 Incompetência........................................................................................................................... 89
20.2 Modificação de competência .................................................................................................... 90
SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO ................................................................................ 92
21.1 Arguição de impedimento ou suspeição ................................................................................... 92
21.2 Hipóteses de impedimento ....................................................................................................... 93
21.3 Hipóteses de suspeição ............................................................................................................. 95
RÉPLICA ................................................................................................................... 96
FORMAÇÃO E SUSPENSÃO DO PROCESSO ....................................................... 97
23.1 Suspensão do processo ............................................................................................................. 97
PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES.......................................................................... 100
JULGAMENTO CONFORME ESTADO DO PROCESSO: EXTINÇÃO PARCIAL OU
TOTAL DO PROCESSO ......................................................................................... 101
25.1 Providências preliminares ....................................................................................................... 101
25.2 Julgamento conforme estado do processo ............................................................................. 103
25.4 Julgamento antecipado do mérito .......................................................................................... 104
25.5 Julgamento antecipado parcial do mérito .............................................................................. 105
DESPACHO SANEADOR ....................................................................................... 106
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO ................................................................................. 107
27.1 Dos atos em audiência: ........................................................................................................... 109
3
27.2 Antecipação e adiamento da audiência de instrução e julgamento: ...................................... 109
27.3 Conciliação .............................................................................................................................. 110
27.4 Documentos da audiência ....................................................................................................... 111
27.5 Estrutura da audiência ............................................................................................................ 111
TEORIA GERAL DA PROVA .................................................................................. 112
28.1 Conceito de prova ................................................................................................................... 112
28.2 Características e objeto da prova............................................................................................ 113
28.3 Valoração da prova ................................................................................................................. 114
28.4 A quem cabe o requerimento de produção de provas? ......................................................... 115
28.5 Ônus da prova ......................................................................................................................... 116
28.5.1 Ônus da prova em ações do consumidor ............................................................................. 118
28.6 Provas por presunção.............................................................................................................. 118
28.7 Provas ilícitas ........................................................................................................................... 119
28.8 Instrução por meio de carta precatória ou rogatória ............................................................. 119
28.9 Dever de cooperação: ............................................................................................................. 120
28.10 Prova emprestada ................................................................................................................. 121
28.11 Produção antecipada de provas ............................................................................................ 121
28.11.1Tipos de provas que podem ser antecipadas...................................................................... 123
28.11.2 Competência ...................................................................................................................... 123
28.11.3 Petição e procedimento ..................................................................................................... 124
28.11.4 Medida inaudita altera parte ............................................................................................. 126
28.11.5 Destino dos autos ............................................................................................................... 126
PROVAS EM ESPÉCIE........................................................................................... 126
29.1 Ata notarial .............................................................................................................................. 127
29.2 Depoimento pessoal ............................................................................................................... 129
29.3 Confissão: conceito ................................................................................................................. 131
29.3.1 (In)eficácia da confissão: ...................................................................................................... 132
29.3.2 Classificação da confissão: ................................................................................................... 133
29.3.3 Efeitos da confissão:............................................................................................................. 134
29.3.4 Indivisibilidade da confissão................................................................................................. 135
29.4 Exibição de documento ou coisa:............................................................................................ 135
29.4.1 Procedimento e efeitos da exibição requerida contra a parte ............................................ 135
29.4.2 Quando o documento ou coisa estiver em poder de terceiros: .......................................... 137
29.5 Prova documental: conceito e força probante ....................................................................... 139
4
29.5.1 Documentos públicos ........................................................................................................... 140
29.5.2 Documentos particulares ..................................................................................................... 141
29.5.3 Alguns documentos regulados pelo CPC:............................................................................. 143
A) Telegrama, radiograma ou qualquer outro meio de transmissão: ......................................... 143
B) Cartas e registros domésticos: ................................................................................................ 143
C) Nota escrita: ............................................................................................................................ 144
D) Livros empresariais:................................................................................................................. 144
E) Reproduções mecânicas de coisas ou fatos: ........................................................................... 144
F) Arguição de falsidade de documento ..................................................................................... 145
29.5.4 Procedimento do incidente de falsidade ............................................................................. 146
29.5.5 Produção da prova documental ........................................................................................... 146
29.5.6 Produção de prova que pertencem à administração pública: ............................................. 148
29.5.7 Documentos eletrônicos ...................................................................................................... 149
29.6 Prova testemunhal: conceito e admissibilidade ..................................................................... 150
29.6.1 Direitos e deveres da testemunha: ...................................................................................... 151
29.6.2 Produção da prova testemunhal: ......................................................................................... 154
29.7 Prova pericial ........................................................................................................................... 157
29.8 Inspeção judicial ...................................................................................................................... 160
EXTINÇÃO DO PROCESSO .................................................................................. 160
30.1 Alegações Finais ...................................................................................................................... 160
30.2 Sentença .................................................................................................................................. 161
30.3 Sentença terminativa: extinção do processo SEM resolução do mérito ................................ 162
30.4 Sentença definitiva: extinção do processo COM resolução do mérito ................................... 166
30.5 Estrutura e formalidades da sentença .................................................................................... 167
30.6 Classificação da sentença ........................................................................................................ 169
30.7 Remessa necessária ................................................................................................................ 169
PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO................................................................................. 170
31.1 Princípio da autonomia da execução ...................................................................................... 170
31.2 Princípio do título .................................................................................................................... 171
31.3 Princípio da patrimonialidade / responsabilidade patrimonial .............................................. 171
31.4 Princípio da disponibilidade da execução ............................................................................... 171
31.5 Princípio do exato adimplemento e da utilidade .................................................................... 172
31.6 Princípio da menor onerosidade ............................................................................................. 172
31.7 Princípio do contraditório ....................................................................................................... 172
5
AS PARTES NA RELAÇÃO PROCESSUAL EXECUTIVA ..................................... 172
REQUISITOS DA EXECUÇÃO ............................................................................... 176
33.1 Inadimplemento do devedor .................................................................................................. 176
33.2 Titulo executivo ....................................................................................................................... 177
33.2.1 Requisitos do título executivo .............................................................................................. 178
RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL ................................................................... 178
34.1 Responsabilidade patrimonial de terceiros ............................................................................ 181
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA ................................................................................ 184
35.1 Liquidação provisória .............................................................................................................. 184
35.2 Liquidação de sentença parcialmente ilíquida ........................................................................ 185
35.3 Liquidação por arbitramento x Liquidação pelo procedimento comum ................................ 185
MEIOS DE EXECUÇÃO .......................................................................................... 186
36.1 Execução de título extrajudicial: regras gerais ........................................................................ 186
36.2 Execução por quantia certa..................................................................................................... 188
36.2.1 Processo de execução para entrega de coisa certa ............................................................. 196
36.3 Processo de execução para entrega de coisa incerta ............................................................. 198
36.4 Processo de execução de obrigação de fazer e não fazer....................................................... 198
36.5 Execução contra fazenda pública ............................................................................................ 200
36.6 Execução de alimentos ............................................................................................................ 200
FRAUDE A EXECUÇÃO E FRAUDE CONTRA CREDORES ................................. 200
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ........................................................................... 203
38.1 Cumprimento de sentença: obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa certa ............. 204
38.2 Cumprimento de sentença de quantia certa .......................................................................... 204
38.3 Cumprimento de sentença de quantia certa contra fazenda pública..................................... 205
38.4 Cumprimento de sentença de prestação de alimentos .......................................................... 206
PROTESTO DA DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO E
NEGATIVAÇÃO DO NOME DO DEVEDOR ........................................................... 206
A HIPOTECA JUDICIÁRIA ...................................................................................... 207
SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DAS EXECUÇÕES.................................................... 208
41.1 Suspensão das execuções ....................................................................................................... 208
41.2 Extinção das execuções ........................................................................................................... 209
DEFESA DO EXECUTADO .................................................................................... 210
42.1 Defesa do executado ............................................................................................................... 210
42.2 Embargos à execução .............................................................................................................. 210
42.3 Procedimento dos embargos .................................................................................................. 213
42.4 Impugnação ao cumprimento de sentença ............................................................................ 217
42.4.1 Procedimento da impugnação ao cumprimento de sentença ............................................. 219
6
EXCEÇÕES DE PRÉ-EXECUTIVIDADE ................................................................ 220
DEFESA DO EXECUTADO APÓS A APRESENTAÇÃO DOS EMBARGOS ......... 221
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 223
7
01 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
8
1.1 Princípio do devido processo legal
Art. 5o. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes.
9
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao
juiz zelar pelo efetivo contraditório.
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II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes
ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca
do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do
litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu
cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro
grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das
partes.
§ 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem
necessidade de declarar suas razões.
§ 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta
aceitação do arguido.
11
Exemplo: a partir da lei 9.278/96 (vide art. 9º, da lei) a união estável
deixou de ser julgada pelas Varas Cíveis comuns e passou a ser
julgada pelas Varas de família, essa alteração não viola o princípio da
imparcialidade do juiz ou do juiz natural. Todos os processos que ainda
não haviam sido julgados, quando sobreveio lei nova, foram
encaminhados às Varas de família.
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Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qualquer fase,
recebendo-o no estado em que se encontrar.
ATENÇÃO: Cabe ao Poder Judiciário fazer com que o devido processo legal
e o contraditório sejam respeitados, na forma da parte final do art. 7º do Código de
Processo Civil.
Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao
juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Art. 5º, LV, CF: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes;
AMPLIAÇÃO DO CONTRADITÓRIO:
13
1.5 Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional / princípio do acesso
à justiça
14
ao princípio da dignidade da pessoa humana, pois visa promovê-lo no ordenamento
jurídico, no julgamento da causa. Encontra-se previsto no artigo 5º do CPC.
A parte que agir com má-fé pode ser penalizada com multa. As práticas
consideradas má-fé estão previstas no art. 80 do CPC:
Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como
autor, réu ou interveniente.
§ 3o O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível
mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos
próprios autos.
15
garantam a celeridade de sua tramitação”. Está previsto também nos artigos 4º e 6º
do CPC.
A obediência aos prazos processuais é uma forma de atender ao princípio da
duração razoável do processo. Para as partes, a consequência da não observância
dos prazos processuais é a preclusão, ou seja, a perda do direito de manifestação:
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e estão substanciados por falhas, ilegalidades, provas, através do julgamento de um
órgão superior.
Deste princípio, decorre a necessidade de hierarquia diferente entre dois
juízos distintos, portanto temos os de primeiro grau (juízes singulares) e o de
segundo grau (Tribunais Superiores). Os primeiros são os juízos da causa e o
segundo, os juízos dos recursos (THEODORO JÚNIOR, 2017).
Previsto no artigo 8º, do CPC, e artigo 5º, II, da CF, equivale a limitar o
exercício do Poder Público, o juiz não poderá afastar-se da lei, mas nada impede
que ele tenha que adequá-las às peculiaridades de cada caso. Lembrando que o
direito não é apenas legal, não está somente escrito na lei (fonte formal), há as
fontes formais acessórias ou indiretas: analogia, costumes, princípios gerais do
direito (art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), súmulas do STF
(art. 103-A, e parágrafos, da CF; Lei n. 11.417/2006), decisões de mérito do STF
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(art. 102, §2º, da CF); e as fontes não formais (informais): doutrina e os precedentes
jurisprudenciais (salvo as súmulas vinculantes e as decisões de mérito do STF).
Está previsto nos artigos 5º, LX, 93, X, ambos da CF e artigos 11, caput, e
368 ambos do CPC, impõe que sejam públicos os julgamentos dos órgãos do Poder
Judiciário, justifica-se no fato de haver interesse público maior que somente das
partes, pois visa a garantia da paz e harmonia social. A publicidade é mecanismo de
controle das decisões judiciais. Todavia não se aplica somente as decisões, mas
também a qualquer esfera dos Poderes institucionais, segundo o artigo 37 da CF.
Exceção: processos que correm com segredo de justiça: o segredo de
justiça ocorre, evidentemente, apenas com terceiros, não com as
partes e seus procuradores. Haverá segredo de justiça quando: a) em
que o exigir o interesse público ou social (art. 189, I, CPC); b) que
dizem respeito a casamento, separação de corpos, divórcio,
separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e
adolescentes (art. 189, II); c) em que constem dados protegidos pelo
direito constitucional à intimidade (art. 189, III); d) que versem sobre
arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o
juízo (art. 189, IV) (GONÇALVES; LENZA, 2016).
18
ACESSO DO ADVOGADO AO PROCESSO
VISTA DO PROCESSO: O advogado pode ter vista de qualquer processo judicial
em tramitação, mesmo sem procuração, desde que não estejam sob a proteção do
segredo de justiça, caso em que é necessário procuração.
PROCESSO ARBITRAL: o processo arbitral, por ser uma atividade não estatal, não
é regrado pela publicidade, ou seja, as partes podem definir se o processo tramita
sob a proteção do segredo de justiça ou de forma pública.
02 PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
2.1 Investidura
19
implica óbice intransponível para o exercício da jurisdição, pressuposto processual
da própria existência do processo”. (GONÇALVES, 2016, p. 104).
2.2 Indelegabilidade
A função jurisdicional não poderá ser exercida por outro órgão que não o
Poder Judiciário, sendo, portanto, indelegável. Isso porque afetaria o princípio
constitucional do juiz natural. Fala-se que a exceção ao princípio seria nos casos de
cartas precatórias ou de ordem, na verdade não se trata de delegação voluntária,
mas de cooperação entre órgãos jurisdicionais, pois a responsabilidade de
prosseguimento da ação é do juiz competente.
2.4 Indeclinabilidade
20
2.5 Inércia
03 ATOS PROCESSUAIS
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Quanto a sua forma, os atos são considerados válidos se atingirem a
finalidade para a qual foram propostos. Em regra, não precisam seguir uma forma
determinada, diante do princípio da instrumentalidade das formas, exceto se a lei
expressamente a estipular.
Independentemente de sua forma, em regra, os atos processuais serão
públicos. Há determinados casos, entretanto, que requerem uma proteção maior,
necessitando tramitar em segredo de justiça, sendo eles (artigo 189):
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das partes (petição inicial), instrutórios, que visam provar as respectivas alegações,
ou dispositivos, que são os atos que finalizam o processo.
Regulado pela Lei n. 9.800/1999, a qual não foi revogado pelo Código de
Processo Civil de 2015, considerar-se-á cumprindo o ato sempre que a mensagem
enviada via fax for dentro do prazo legal, incumbindo a parte apresentar os originais
até cinco dias da data de seu término (art. 2º). Ainda que o ato processual não esteja
sujeito a prazo, o agente tem o dever de entregar até cinco dias os originais em
cartório. O prazo é contínuo e não se interrompe pela eventual intercalação de
sábado, domingo ou feriado. Não obstante o CPC/2015 determinar que a contagem
dos prazos ocorre em dias úteis, neste caso estamos tratando de lei específica que
regulamente atos processuais por fac-símile, assim, deverá ser em dias corridos.
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do STJ, que se harmoniza com o do STF, é no sentido de distinguirem-se
duas situações: (i) se o ato praticado está sujeito a prazo predeterminado,
contar-se-á o quinquídio legal a partir do dia seguinte ao término do prazo
do recurso ou ato, pouco importando se a petição foi transmitida antes de
findo o prazo de lei; (ii) se o ato não estiver sujeito a prazo legal, a entrega
dos originais terá de correr em cinco dias contados a partir da recepção do
fax pelo órgão judiciário de destino. É, aliás, o que decorre da literalidade do
art. 2º e parágrafo único da Lei 9.800/1999 (THEODORO JR, 2017, p. 491).
24
mediante controle em cadastro do Poder Judiciário (art. 8º, parágrafo único da lei
11.419/06). Implantado o Diário da Justiça Eletrônica (antigo Diário oficial), que
agora já não é mais impresso.
O Poder Judiciário deverá manter de forma gratuita, em suas unidades, à
disposição dos interessados, equipamentos necessários à prática de atos
processuais, consulta e acesso ao sistema, bem como documentos constantes no
processo. No caso de a unidade não possuir os referidos equipamentos será
admitida a prática de atos por meio não eletrônico.
Ainda, de acordo com o artigo 199 do CPC, as unidades do Poder Judiciário
assegurarão às pessoas com deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede
mundial de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à
comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrônica.
Há regras específicas para citações e intimações, precatórias, rogatórias e de
ordem.
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§ 4o Em caráter informativo, poderá ser efetivada remessa de
correspondência eletrônica, comunicando o envio da intimação e a abertura
automática do prazo processual nos termos do § 3o deste artigo, aos que
manifestarem interesse por esse serviço.
§ 5o Nos casos urgentes em que a intimação feita na forma deste artigo
possa causar prejuízo a quaisquer das partes ou nos casos em que for
evidenciada qualquer tentativa de burla ao sistema, o ato processual deverá
ser realizado por outro meio que atinja a sua finalidade, conforme
determinado pelo juiz.
§ 6o As intimações feitas na forma deste artigo, inclusive da Fazenda
Pública, serão consideradas pessoais para todos os efeitos legais.
Art. 6o Observadas as formas e as cautelas do art. 5o desta Lei, as citações,
inclusive da Fazenda Pública, excetuadas as dos Direitos Processuais
Criminal e Infracional, poderão ser feitas por meio eletrônico, desde que a
íntegra dos autos seja acessível ao citando.
Art. 7o As cartas precatórias, rogatórias, de ordem e, de um modo geral,
todas as comunicações oficiais que transitem entre órgãos do Poder
Judiciário, bem como entre os deste e os dos demais Poderes, serão feitas
preferentemente por meio eletrônico.
Cabe ressaltar que os atos eletrônicos são considerados desde o dia e hora
de seu envio ao Sistema, ocasião em que é gerado o protocolo eletrônico. Quando a
petição eletrônica for enviada para atender prazo processual, serão consideradas
tempestivas as transmitidas até as 24 (vinte e quatro) horas do seu último dia (art. 3º
e parágrafo único).
O processo eletrônico por meio de autos totalmente digitais está regulado
nos artigos 8º a 13 da Lei 11.419, permitindo que desde a petição inicial até o
julgamento da ação, em última instância, seja de forma informatizada. As provas e
documentos digitalizados valerão com o mesmo efeito dos documentos originais,
segundo o artigo 11.
Os originais dos documentos digitalizados, deverão ser preservados pelo seu
detentor até o trânsito em julgado da sentença ou, quando admitida, até o final do
prazo para interposição de ação rescisória. Os documentos cuja digitalização seja
tecnicamente inviável devido ao grande volume ou por motivo de ilegibilidade
deverão ser apresentados ao cartório ou secretaria no prazo de 10 (dez) dias
contados do envio de petição eletrônica comunicando o fato, os quais serão
devolvidos à parte após o trânsito em julgado.
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3.4 Nulidades
A nulidade absoluta poderá ser decretada de ofício ou por qualquer uma das
partes (exceto em alguns casos), já a relativa só poderá ser alegada pela parte
interessada/prejudicada.
De acordo com o artigo 277 do CPC, o ato será considerado válido pelo juiz,
desde que tenha alcançado a finalidade para o qual foi previsto, mesmo que tenha
sido realizado de forma contrária a lei. Isso porque adota-se o princípio da
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instrumentalidade das formas, que diz que a forma é necessária apenas para que o
ato alcance o seu objetivo, sendo que se atingir o objetivo por outro meio não
existirá o vício. Exemplo: o réu é citado de forma incorreta, mas comparece à
audiência e se defende. O ato que inicialmente era nulo se tornará válido.
3.5 Ineficácia
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No período das férias forenses, feriados ou dias úteis fora do horário
mencionado anteriormente os atos processuais não serão praticados, exceto no
caso das citações, intimações, penhoras e tutelas de urgência, independentemente
de autorização judicial.
Ainda, durante as férias forenses também serão praticados outros atos
processuais, conforme o artigo 215 do CPC.
29
O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente
serão modificados em casos excepcionais, devidamente justificados (§1º, art. 191,
CPC).
Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a
realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário (§2º, art.
191, CPC).
04 ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO
30
levando-se em conta alguns limites definidos nos tratados internacionais, e diante do
interesse de manterem uma boa relação entre si.
A competência brasileira para o julgamento das demandas está prevista no
artigo 21 do CPC, que disciplina que:
06 TUTELAS PROVISÓRIAS
31
temos a tutela de conhecimento, se já a vantagem pretendida já se encontra
juridicamente comprovada, temos a tutela de execução. Todavia, há situações em
que a demora do processo judicial pode comprometer a efetividade da tutela.
07 PROCESSO DE CONHECIMENTO
32
a) Comuns: segue sempre o mesmo padrão, são aqueles que a lei não definir o
procedimento especial. É encontrado no Livro I, Título I, da Parte Especial do
CPC.
b) Especiais: possuí procedimento específico, dispostos em leis esparsas.
08 PETIÇÃO INICIAL
O juiz não age por ofício nos processos, isto é, faz-se necessário a iniciativa
da parte (ou do Ministério Público, arts. 177 e 720) a partir da formulação do pedido,
a petição inicial é a peça exordial para a inauguração do processo civil,
independente do rito. Será a responsável pela instauração da demanda e da tutela
pública ou privada.
Portanto, Petição Inicial “é o ato que dá início ao processo, e define os
contornos subjetivo e objetivo da lide, dos quais o juiz não poderá desbordar”
(GONÇALVES; LENZA, 2016). É por meio dela que serão identificadas as partes, o
pedido e a causa do pedir do novo processo.
Em regra, deve ser escrita, datada e assinada, contudo admite-se postulação
oral, como por exemplo, nos Juizados Especiais Cíveis (art. 14, §3º, lei n. 9099/95),
pedido de concessão de medidas protetivas de urgência em favor da mulher vítima
de violência doméstica ou familiar (art. 12, lei n. 11340/06) e no procedimento
especial da ação de alimentos (art. 3º, §1º, da lei n. 5478/68), ainda assim, a
postulação oral é sempre reduzida a termo escrito (DIDIER JR, 2016).
Conforme artigos 319 e 320 do CPC, a petição inicial deverá conter alguns
requisitos:
8.1 Endereçamento
33
na Constituição Federal, Constituições Estaduais e nas leis de organização
judiciária), bem como, de competência territorial (estabelecidas nos arts. 46 a 53 do
CPC).
O autor deve indicar o juízo a quem dirige a sua pretensão (singular ou
colegiado), observando as regras de competência 1. Um eventual erro não enseja no
indeferimento da inicial (GONÇALVES; LENZA, 2016), mas a remessa da inicial ao
correto destinatário. O endereço é feito no cabeçalho da petição inicial e deve ser
observada as designações corretas, por exemplo, “Comarca” é a unidade territorial
da Justiça Estadual, já da Justiça Federal chama-se “Seção Judiciária”, juiz federal é
o juiz da Justiça Federal, já o juiz de direito, é o juiz da Justiça Estadual.
1Que pode ser: a) funcional (em razão da hierarquia); b) territorial; c) Objetiva (em razão da matéria,
valor da causa ou pessoa da parte).
34
deverá juntar a procuração contendo nome do advogado, OAB, endereço completo
(art. 105, §2º). A não juntada será admitida somente, para evitar preclusão,
decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente (art. 287, I c/c
art. 104).
Assim, a indicação e a qualificação completa das partes deverá conter:
os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
35
situação de hipossuficiência). O legislador, atento a essas circunstâncias, trouxe em
sua redação (DIDIER JR, 2016):
Art. 319, § 1°, CPC: Caso não disponha das informações previstas no inciso
11, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências
necessárias à sua obtenção.
§ 2° A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de
informações a que se refere o inciso 11, for possível a citação do réu.
§ 3° A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto
no inciso 11 deste artigo se a obtenção de tais informações tornar
impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça".
36
15 dias. O juiz deverá informas com precisão o que deve ser corrigido ou
completado, artigo 321, do CPC. Se o autor não cumprir a diligência ordenada, a
petição inicial será indeferida (art. 321, parágrafo único, do CPC).
A emenda poderá ocorrer mesmo após a contestação, desde que não
modifique pedido ou causa de pedir sem consentimento do réu, pois senão tratar-se-
ia de aditamento da petição (art. 329, II, do CPC). Se não for possível emendar,
impõem-se a extinção do processo sem resolução do mérito (DIDIER JR., 2016).
O prazo para emendar a inicial não é preclusivo: “se o autor a emendar
depois dos quinze dias, o juiz receberá a emenda, salvo se tiver proferido a
sentença de indeferimento. Se necessário, poderá determinar outra emenda, até que
todos os esclarecimentos sejam prestados” (GONÇALVES; LENZA, 2016). Ainda, é
o entendimento da jurisprudência, de acordo com REsp n. 812.323/MG, do Relator
Ministro Luiz Fux, que “ofende o artigo. 284 do CPC o acórdão que declara extinto o
processo, por deficiência da petição inicial, sem dar ao autor oportunidade para
suprir a falha” (BRASIL, STJ, 2008).
37
com a citação do réu para audiência de conciliação ou mediação, ou, não sendo o
caso, para apresentar contestação, o juiz, então, terá 3 opções:
38
o autor ao pagamento de honorários advocatícios em favor do réu ainda não citado
(DIDIER JR, 2016).
Não se admite indeferimento indiscriminado, lembre-se que deverá ser dado
oportunidade de correção do vício da inicial, contudo, se houve oportunidade para o
autor emendar a inicial e não o fez ou, então, não atendeu satisfatoriamente a
determinação, neste caso será indeferida a petição inicial, com base no artigo 330,
inciso IV combinado com o artigo 485, inciso I, ambos do CPC.
O indeferimento poderá ser total ou parcial, contra a decisão que indeferir
parcialmente a petição inicial caberá agravo de instrumento, de acordo com o artigo
354, parágrafo único, do CPC. Exemplo de indeferimento parcial é quando o juiz é
incompetente para julgar um dos pedidos, neste caso ele indeferirá a cumulação,
mas irá julgar o pedido de sua competência (art. 45, §§1º e 2º, do CPC) (DIDIER
JR., 2016). Nesse sentido a súmula 170 do STJ: “compete ao juízo onde primeiro for
intentada a ação envolvendo acumulação de pedidos, trabalhistas e estatuário,
decidi-la nos limites da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova causa,
com o pedido remanescente, no juízo próprio”.
ATENÇÃO!
“O indeferimento da petição inicial pode ocorrer tanto em juízo
singular (o mais corriqueiro) como em tribunal. Na segunda hipótese, o
indeferimento tanto pode ser decisão do relator (...) como pode ser um
acórdão” (DIDIER JR., 2016)
Nem toda decisão que indefere a petição inicial é uma sentença e, portanto,
recorrível através da apelação. Segundo Fredie Didier Jr. (2016), quando o
indeferimento é parcial chamaremos de:
a) Decisão interlocutória: se ocorreu em juízo singular;
b) Decisão unipessoal: se proferida por relator, em tribunal;
c) Decisão colegiada: se por um acórdão.
39
Com base nisso, podemos estabelecer que:
a) Da decisão interlocutória, de indeferimento parcial por juiz singular, caberá
agravo de instrumento.
b) Da decisão definitiva, de indeferimento total por juiz singular, caberá
apelação.
c) Do indeferimento parcial ou total, de relator em sede de Tribunal, dessa
decisão unipessoal caberá agravo interno.
d) Da decisão colegiada, de indeferimento total ou parcial por acórdão, no
Tribunal, caberá, dependendo do caso, Recurso Ordinário Constitucional, ou
Recurso Especial, ou Recurso Extraordinário.
40
(como vou me defender do que não compreendo?). “A parte não pode
expor as suas razões de modo genérico; não pode valer-se de meras
paráfrases da lei (art. 489, §1°, I, CPC); não pode alegar a incidência
de conceito jurídico indeterminado, sem demonstrar as razões de sua
aplicação ao caso (art. 489, §1°, 11, CPC) etc.” (DIDIER JR., 2016).
II- Pedido indeterminado: ressalvada as hipóteses que permitem
pedido genérico, o pedido deve ser sempre determinado, fora dessas
hipóteses excepcionais do artigo 324, do CPC, (já estudadas no
problema anterior) será inépcia a inicial com pedido indeterminado.
III- Se a narração dos fatos não decorrer logicamente a
conclusão: a petição precisa ser coerente, por exemplo, João pede a
invalidação do negócio jurídico em razão do inadimplemento, contudo
inadimplemento não é motivo para pedir invalidade do negócio
jurídico, pois ele é válido, o que se deve requerer é a resolução do
negócio (DIDIER JR., 2016.
IV- Cumulação de pedidos incompatíveis: também estudado no
problema anterior, quais as hipóteses que se pode cumular pedidos.
Neste caso, o juiz determinará que o autor emende a inicial indicando
um dos pedidos ou trocando um deles por outro, deixando-os
compatíveis.
Também são hipóteses de inépcia da inicial, aquelas elencadas nos §§2º e 3º,
do artigo 330, do CPC. Nas ações que tenham objeto a revisão de obrigação
decorrente de empréstimo, financiamento ou alienação de bens, o autor deverá
discriminar, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter,
além de quantificar o valor incontroverso do débito, assim, cabe ao autor identificar,
precisamente, qual o valor que pretende controverter e qual a parcela incontroversa,
isto é, não basta pedir revisão da dívida, é preciso especificar o que se discute.
Segundo o §3º, estes valores incontroversos deverão continuar a serem
pagos no tempo e modo contratados, pois inadimplida a parcela incontroversa, há
mora, pois a simples discussão dessa dívida, não gera efeito suspensivo a eficácia
desse negócio.
41
b) A parte for manifestamente ilegítima, art. 330, II, do CPC:
Trata-se logicamente da capacidade, capacidade de ser parte, capacidade
processual (para estar em juízo) e capacidade postulatória. É a aptidão de participar
da relação processual, em nome próprio ou alheio “Em regra geral, a capacidade
que se exige da parte para o processo é a mesma que se reclama para os atos da
vida civil, isto é, para a prática dos atos jurídicos de direito material (Código Civil de
2002, arts. 5º e 40) (THEODOR JR., 2015). Isto é, “toda pessoa que se encontre no
exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo” (art. 70, do CPC).
42
§ 1º Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que
se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a
citação do réu, sob pena de indeferimento da petição.
§ 2º Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas
válidas as intimações enviadas por carta registrada ou meio eletrônico ao
endereço constante dos autos.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos
dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15
(quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve
ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a
petição inicial.
O autor terá prazo de quinze dias para interpor apelação contra decisão
proferida, caso não seja interposta, o réu será intimado do trânsito em julgado da
sentença, nos termos do artigo 241. Caso haja interposição do recurso, o juiz poderá
retratar-se, não havendo retratação, o réu será intimado para apresentar
contrarrazões de apelação no prazo de quinze dias (ainda que não tenha sido citado
para apresentar contestação). Ex.: João entra com uma ação, o juiz julgou de forma
liminar a improcedência da ação, o autor apela, e o réu que nem sabia da existência
dessa ação será chamado para apresentar contrarrazões.
No caso de sentença reformada: “Sendo a sentença reformada pelo tribunal,
o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos,
observados o disposto no artigo 334 do CPC” (MOTA et al, 2016, p.684).
43
improcedência, sentença com resolução do mérito. Para que não viole o princípio da
ampla defesa e do contraditório, o juiz deverá ouvir o autor. Por que não é
necessária a oitiva do réu? Porque as causas de improcedência liminar não
prejudicam o réu, apenas ao autor, ademais, essa decisão liminar ocorre antes da
citação do réu.
44
III- Entendimento firmado em incidente de resolução de
demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV- Enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o
pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de
prescrição.
11 CITAÇÃO
45
11.1 Formas de citação
46
Art. 246. A citação será feita:
I - pelo correio;
II - por oficial de justiça;
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em
cartório;
IV - por edital;
V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
§ 1o Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte,
as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos
sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de
citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse
meio.
§ 2o O disposto no § 1o aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal,
aos Municípios e às entidades da administração indireta.
§ 3o Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados
pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autônoma de prédio
em condomínio, caso em que tal citação é dispensada.
Segundo o artigo 247, a citação não poderá ser por correio quando:
A chamada citação por hora certa, nada mais é do que após duas tentativas
de citação pelo oficial de justiça, poderá o réu ser citado por hora certa, desde que
seja suspeito de ocultação.
No caso da citação por hora certa, o oficial poderá avisar um vizinho, por
exemplo, que em tal dia e tal hora estará no local novamente para realizar a citação.
Se o réu não se encontrar no dia e hora marcados o oficial fará a citação ficta, na
presença de um conhecido do réu.
Cuidado: o oficial que vai duas vezes na casa do réu e ele não se encontra
porque está trabalhando, não dá motivos para fazer a citação por hora certa.
A citação por edital antes, no antigo CPC, ocorria no diário oficial e no jornal
local, agora ela ocorrerá em duas plataformas digitais, no site do Tribunal de
Justiça (se em âmbito estadual) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), sendo
FACULTATIVA a publicação em jornal local.
47
“Despacho que ordena a citação interrompe a prescrição, ainda que
ordenado por juízo incompetente. Ao proferi-lo, o juiz, implicitamente, está
recebendo a petição inicial, o que pressupõe que ela esteja em ordem”
(GONÇALVES, 2016, p. 397). Os efeitos da citação estão elencados no artigo 240
do CPC:
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente,
induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o
devedor, ressalvado o disposto nos
§ 1o A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a
citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de
propositura da ação.
§ 2o Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências
necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto
no § 1o.
§ 3o A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao
serviço judiciário.
§ 4o O efeito retroativo a que se refere o § 1o aplica-se à decadência e aos
demais prazos extintivos previstos em lei.
Posso, nos pedidos, requerer a forma de citação, por exemplo, sei que o
correio não chega até o local onde o réu mora, posso pedir para que seja por oficial,
justificando.
Em se tratando de pessoa jurídica a citação poderá ser do gerente ou até
mesmo do empregado responsável pelo recebimento de correspondência, de acordo
com o §2º, do artigo 248 da CPC.
48
§ 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou
a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação
de contestação ou de embargos à execução.
§ 2o Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de:
I - conhecimento, o réu será considerado revel;
II - execução, o feito terá seguimento.
49
§ 3o Dispensa-se a nomeação de que trata o § 2o se pessoa da família
apresentar declaração do médico do citando que ateste a incapacidade
deste.
§ 4o Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando,
observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida em lei e
restringindo a nomeação à causa.
§ 5o A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa
dos interesses do citando.
50
c) Arbitragem: regido pela Lei n. 9.307/1996, importa na renúncia da via
judicial, as partes confiam a resolução do seu litígio às pessoas que não
pertencem aos quadros do Poder Judiciário. A sentença do juiz árbitro
produz os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder
Judiciário.
51
Os Tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos
(composição e organização definida pelo CNJ), locais onde se realizarão sessões e
audiências de conciliação e mediação, conforme o que estabelece o artigo 165, do
CPC.
Essa audiência não será realizada pelo juiz, na sala de audiências, mas pelos
conciliadores ou mediadores, nos centros judiciários de solução consensual de
conflitos, que serão criados pelos tribunais. A redação do art. 165, caput, não deixa
dúvida quanto à obrigatoriedade imposta aos tribunais de que criem tais centros.
Sem eles, não haverá como realizar adequadamente a audiência inicial do
procedimento comum. Onde houver mais de uma vara, caberá ao Centro, que
deverá ocupar espaço próprio, realizar todas as audiências do art. 334, para todos
os juízos (GONÇALVES, 2016, p. 40).
Segundo o artigo 165, §§ 2º e 3º, do CPC, o conciliador atuará
preferencialmente nos casos em que NÃO houver vinculo anterior entre as partes,
podendo sugerir soluções ao litigio, já o mediador atuará preferencialmente nos
casos em que houver vinculo anterior entre as partes litigantes, auxiliando-os a
entender as questões em conflitos, apenas auxiliando para que as próprias partes
encontrem uma solução consensual.
Os mediadores e conciliadores, formados por cursos do CNJ, é que
comandarão tais audiências, não os juízes, esses apenas homologarão os acordos,
quando houver. Os mediadores e conciliadores serão escolhidos pelas partes em
comum acordo (art. 168), não havendo acordo, haverá distribuição entre aqueles
cadastrados no registro do tribunal.
52
12.3 Ausência das partes em audiência
53
12.5 Mediação
54
normas, devendo ser observados os artigos 144 e 145 do CPC. Assim, o mediador
tem a obrigação de revelar, antes de assumir o posto, qualquer circunstância que
comprometa a sua imparcialidade, dando a oportunidade para que as partes se
manifestem sobre a sua aceitação ou não.
Depois de mediar algum processo, o mediador fica impedido, pelo período de
um ano, de figurar nas demandas que envolvam as partes que mediou. Fica
impedido, ainda, de ser arbitro ou testemunha nos processos em que tenha atuado.
Para os efeitos penais, o mediador e os que o auxiliaram são igualados a um
servidor público.
A audiência de mediação será marcada pelo juiz, após serem observados os
requisitos da petição inicial e não sendo caso de indeferimento preliminar. A partir da
primeira sessão o procedimento tem 60 dias para ser finalizado, exceto no caso de
ambas as partes concordarem pela prorrogação.
Havendo êxito e sendo feito acordo entre as partes, o processo será
arquivado pelo juiz, ou, em caso de pedido das partes, o juiz, antes do
arquivamento, homologará o acordo através da uma sentença.
Caso não tenha ocorrido a citação do réu no momento da solução do conflito,
não serão cobradas custas judiciais finais.
55
Também encontra amparo legal nos artigos 32 e seguintes da Lei nº
13.140/15.
A criação dessas câmaras não obriga que todos os conflitos do Poder Público
sejam apreciados por elas, visto que são facultativos, e com a ressalva de que
estejam previstos no regulamento do ente federado. Ainda, exclui-se os conflitos que
apenas podem ser decididos pelo Poder Legislativo.
Poderá haver mediação coletiva de casos referentes a prestação de serviços
públicos.
Quando instaurados os procedimentos de mediação e arbitragem na
administração pública ocorre a suspensão da prescrição.
Também poderão ser criadas câmeras para resolver os conflitos entre
particulares nas questões que se referem a atividades supervisionadas ou reguladas
pelo Poder Público.
56
Se a parte convidada não comparecer à primeira reunião de mediação e não
houver cláusula punitiva regulando essa possibilidade, ficará obrigada ao pagamento
de cinquenta por cento das custas e honorários sucumbenciais caso venha a ser
vencedora em procedimento arbitral ou judicial posterior, que envolva o escopo da
mediação para a qual foi convidada (artigo art. 22, § 2º, IV, da Lei).
De acordo com o artigo 334 do CPC, o juiz ao receber a petição e não for
caso de improcedência liminar ou indeferimento, deverá designar a audiência de
conciliação ou mediação com antecedência mínima de 30 dias, sendo que o réu terá
que ser citado, pelo menos 20 dias antes da audiência, “Na carta (art. 248, §3°,
CPC) ou no mandado de citação (art. 250, IV, CPC), o réu será intimado para
comparecer, acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de
conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do lugar do
57
comparecimento” (DIDIER JR., 2016). Sua manifestação de desinteresse deverá ser
apresentada até 10 dias antes (§5º) da audiência, por simples petição. Em caso de
litisconsórcio, todos deverão manifestar o desinteresse (§6º). Lembrando que, para
não ocorrer a audiência ambas as partes deverão demonstrar desinteresse.
Já no início da fase postulatória o Juiz marcará audiência de mediação ou
conciliação, atendendo o que prevê o artigo 3º, §2º e 3º do CPC:
58
Ainda, o artigo 166 do CPC, diz que a conciliação e a mediação serão informadas
pelos princípios da independência, imparcialidade, autonomia da vontade,
confidencialidade, oralidade, informalidade e da decisão informada.
59
ARBITRAGEM E A LEI 9.307/96 COM AS MODIFICAÇÕES
14 INTRODUZIDAS PELA LEI Nº 13.129/15
60
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio
de conciliação, no âmbito da administração pública;
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de
conduta.
61
O litisconsórcio pode ser obrigatório ou não. No caso de ser obrigatório, tem-
se o litisconsórcio necessário ou obrigatório, acarretando, no caso de sua não
observância, a extinção do processo (artigo 115, parágrafo único, do CPC). E não
existindo essa obrigatoriedade, tem-se o litisconsórcio facultativo.
O litisconsórcio necessário ou obrigatório decorre de expressa previsão legal,
como no caso do artigo 73 do CPC, que exige que ambos os cônjuges ou
companheiros figurem conjuntamente em ações que versem sobre direito real
imobiliário ou, ainda, devido à natureza da relação entre as partes. Já o litisconsórcio
facultativo deriva apenas da vontade da parte autora, que pode optar por propor uma
única ação contra todos os réus que tenham ligação na demanda.
Ainda, o litisconsórcio poderá ser simples, quando a sentença não tiver que
ser igual para todos os litisconsortes, ou unitário, quando necessariamente precisar
ser igual para todos.
Em relação a intervenção de terceiros, em regra, a decisão atinge apenas as
partes que integram a lide, ou seja, autor e réu. Porém existem casos em que a
sentença acaba atingindo também pessoas estranhas ao processo, violando ou
ameaçando algum direito seu. Nestes casos, o terceiro interessado pode vir a
integrar a demanda, seja voluntariamente ou diante da provocação de uma das
partes.
A intervenção de terceiros pode se dar através das seguintes formas:
62
somente será julgado pelo juiz se o denunciante perder a ação principal. Está
previsto no artigo 125 do CPC.
63
16 CUSTAS PROCESSUAIS
64
IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá
do empregador salário integral, como se em serviço estivesse;
V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de
outros exames considerados essenciais;
VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete
ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de
documento redigido em língua estrangeira;
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para
instauração da execução;
VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para
propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes
ao exercício da ampla defesa e do contraditório;
IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da
prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à
efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual
o benefício tenha sido concedido.
65
No caso da pessoa natural, basta a alegação de ser hipossuficiente, não
podendo o juiz indeferir o benefício sem que esteja evidenciado no processo o
contrário. Nesse caso, ainda, antes do indeferimento, a parte tem a oportunidade de
provar o contrário.
Diferentemente é a situação da pessoa jurídica, que para fazer jus à justiça
gratuita deve provar ser financeiramente hipossuficiente.
Em regra, o benefício da gratuidade é apenas para a pessoa que a postulou,
não se expandido para o litisconsorte ou sucessor do beneficiário, por exemplo,
exceto no caso de o juiz expressamente ter-lhe conferido esse direito, após o
respectivo pedido.
No caso de a parte não ter mais direito ao benefício, ela terá de pagar as
despesas do processo ainda não quitadas, e em havendo má-fé, ficará obrigada ao
pagamento de uma multa consistente em até o décuplo do valor devido.
Diante da decisão de indeferimento ou de acolhimento do pedido de
revogação da justiça gratuita, caberá agravo de instrumento, exceto quando a
decisão for dada em sentença, hipótese em que caberá apelação.
Diante disso, as partes não podem agir processualmente com má-fé, sob
pena das responsabilidades civis cabíveis.
66
16.3 Responsabilidade por dano processual
67
Assim, não cabe apenas ao juiz o encargo de tutelar o processo a fim de
torna-lo célere e efetivo, mas também às partes, que devem ter uma participação
ativa e conjunta.
17 PRECLUSÃO
Ocorre a preclusão temporal quando algum prazo previsto em lei deixa de ser
observado, acarretando a perda do direito de agir ou de ingressar com o respectivo
ato processual, como por exemplo, a não observância do prazo de uma apelação.
Passado o prazo de 15 dias a parte interessada não poderá mais apelar. A perda do
prazo para alegar a incompetência relativa em preliminar de contestação ocasiona a
prorrogação, isto é, o juízo que não era competente, torna-se competente, de acordo
com o artigo 65 do CPC.
Nesse caso a parte deixa de ter a possibilidade de praticar algum ato, diante
de já ter realizado ato anterior incompatível com o mesmo. Exemplo:
impossibilidade de recorrer de uma decisão depois de já ter cumprido o determinado
68
por ela, isto é, pago o valor da condenação e recorro mediante apelação ao mesmo
tempo. Está previsto no artigo 1.000 do CPC.
69
- aquelas que examinam matéria de ordem pública, como falta de condições
da ação e pressupostos processuais, requisitos de admissibilidade dos
recursos;
- aquelas em que há indeferimento de provas, porque, por força do art. 370
do CPC, o juiz pode, a qualquer tempo, de ofício, determinar as provas
necessárias ao seu convencimento. (GONÇALVES, 2016, p. 321)
18 CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o
responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze)
dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as
despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão
fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este
irrisório, nos termos do art. 85, § 8o (BRASIL, 2015).
Neste momento, o réu irá ser citado, de acordo com o artigo 238, do CPC,
para integrar a relação processual, e apresentar dois tipos de resposta: contestação
e a reconvenção (GONÇALVES; LENZA, 2016).
a) CONTESTAÇÃO: em regra.
b) RECONVENÇÃO: pela qual poderá contra-atacar, apresentada na
contestação, na qual poderá dirigir pretensões contra o autor da ação.
70
É conveniente atacar só a defesa indireta? Não, pois se não foi acolhida pelo
juiz, o juiz passará a analisar o mérito da questão.
71
18.3 Ônus da impugnação especificada:
Assim, se não for uma das exceções dos incisos I ao III, do artigo 341, do
CPC, a consequência para a não impugnação específica dos fatos é a presunção de
veracidade dos fatos, autorizando o magistrado a julgar antecipadamente o
processo.
ATENÇÃO!!!
De acordo com o parágrafo único do artigo 341, do CPC,
o ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao
defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.
72
ATENÇÃO!!!
Observar que contam apenas os dias úteis (art. 219, CPC) e
nos procedimentos especiais o prazo da contestação poderá
ser outro e ter outro marco inicial.
73
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por
ato do escrivão ou do chefe de secretaria;
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação
ou a intimação for por edital;
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao
término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a
intimação for eletrônica;
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não
havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente
cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de
carta;
VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça
impresso ou eletrônico;
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos
autos, em carga, do cartório ou da secretaria.
§ 1o Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para
contestar corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a
VI do caput.
§ 2o Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado
individualmente.
§ 3o Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por
quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de
representante judicial, o dia do começo do prazo para cumprimento da
determinação judicial corresponderá à data em que se der a comunicação.
§ 4o Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa.
18.5 Preliminares:
Trata-se da defesa indireta, que deverá ser discutida antes do mérito (defesa
direta). As preliminares podem ser divididas em PEREMPTÓRIAS (que dão fim ao
processo) ou em DILATÓRIAS (suspendem ou dilatam o curso do processo, não
extinguem, portanto, são vícios sanáveis).
As preliminares estão no artigo 337, do CPC:
74
“As preliminares, à exceção da incompetência relativa e do compromisso
arbitral, devem ser conhecidas pelo juiz de ofício. Por isso, não precluem, ainda que
não alegadas na contestação” (GONÇALVES; LENZA, 2016). Trataremos a seguir
de cada uma das preliminares:
75
Cuidado: se haver data designada para audiência de conciliação ou
mediação, em foro incompetente, o réu deverá apresentar a contestação
no juízo competente, se ele acolher a alegação, será o juízo competente
para julgar a causa. Neste caso, a audiência de conciliação e mediação
que estava designada, será suspensa (§3º, do artigo 340, CPC) e, após, o
juiz competente designará nova data para a audiência de conciliação ou
mediação (§4º, do artigo 340, CPC).
d) Inépcia da petição inicial, artigo 337, inciso IV: poderá precluir se não
for alegada em preliminar de contestação. O §1º, do artigo 330, do CPC, é
que traz a definição de inépcia, conforme estudado no problema 03.
76
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
g) Coisa julgada, artigo 337, inciso VII, do CPC: ocorre quando a parte
autora ingressa com ação idêntica a uma outra que já teve julgamento com
sentença transitada em julgado. Ressalta-se que para que haja coisa
julgada não se torna possível a interposição de qualquer recurso no
77
primeiro processo. Isso porque, se ainda for possível a interposição de
recurso, se refere à litispendência e não coisa julgada, pois o referido
processo ainda não teria transitado em julgado. Tal preliminar trará como
consequência a extinção do processo sem julgamento de mérito, sendo,
portanto, peremptória.
h) Conexão, artigo 337, inciso VIII, do CPC: de acordo com o artigo 55, do
CPC, são conexas duas ou mais ações que tiverem como comum o pedido
ou a causa de pedir, nessas ações deverá haver a conexão/reunião dos
processos para evitar julgamento contraditório, uniformizando as
sentenças que serão prolatadas. Não acarreta na extinção do processo,
apenas na reunião das ações para serem julgadas por um só juízo.
78
questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de
arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória".
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m) Indevida concessão do benefício da gratuidade de justiça, artigo 337,
inciso XIII, do CPC: poderá impugnar conforme o artigo 100, do CPC:
18.6 Defesas que devem ser alegadas fora da contestação ou que podem ser
alegadas depois da contestação:
São defesas que a lei exige peça distinta, como, por exemplo, arguição de
impedimento ou suspeição do juiz, membro do Ministério Público ou auxiliar da
justiça (que será vista com detalhes em problemas a seguir).
Também há defesas que podem ser alegadas posteriormente a apresentação
da contestação, como (art. 342, CPC):
a) Relativas a direito ou fato superveniente: refere-se a fato ou situação
jurídica que surgiu após a apresentação da defesa e que é relevante para
a decisão do juiz, este direito está reafirmado no artigo 493, do CPC, ou,
então, que a parte só teve conhecimento depois; Exemplo: réu, no
decorrer do processo, consegue comprovar
80
337, como exceção da incompetência relativa e do compromisso arbitral).
Não se sujeitam à preclusão, se não alegadas na primeira oportunidade.
Mas há também defesas substanciais, que podem ser conhecidas de
ofício” (GONÇALVES; LENZA, 2016). Exemplo: decadência (art. 210, CC),
prescrição (art. 193, CC).
81
O aditamento da contestação poderá ocorrer nos casos que é permitido
acrescentar defesa, aquelas que podem ser alegadas após o prazo de resposta do
réu e que estão previstas no artigo 342, do CPC.
18.8 Reconvenção
ATENÇÃO!
O autor é intimado para apresentar resposta (contestação) da
reconvenção, não será intimado para uma audiência preliminar de
conciliação ou mediação. Assim, o prazo para apresentação da
contestação à reconvenção conta-se dessa intimação, e não nos
termos do artigo 335, do CPC.
82
A reconvenção poderá ser proposta contra o autor e terceiros (CUIDADO:
autor e terceiros, não somente contra terceiros), ainda, poderá ser formado
litisconsórcio entre o réu e terceiros (§§3º e 4º, art. 343).
19 REVELIA
83
A revelia do réu acarreta na presunção de veracidade dos fatos narrados na
petição inicial (art. 344 do CPC) e a desnecessidade de sua intimação para os
demais atos do processo caso não tenha constituído procurador nos autos, já que os
prazos fluirão da data de publicação do ato decisório no órgão oficial (art. 346)
(GONÇALVES, 2016, p.449).
84
poderá ocorrer o julgamento antecipado do mérito, conforme termos do art. 355, II,
do CPC.
Os casos previstos nos incisos do art. 341 e no art. 345 são hipóteses que
afastam a aplicação da revelia.
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei
considere indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou
estiverem em contradição com prova constante dos autos.
85
19.1 São efeitos da revelia:
De acordo com o artigo 345, do CPC, são hipóteses que a revelia não irá
produzir seus efeitos:
a) Quando houver pluralidade de réus e algum deles contestar a ação, assim,
não haverá presunção de veracidade quanto aos fatos que forem comuns
aos litisconsortes (revel e aquele que contestou), observe que o efeito só é
afastado para aquilo que for comum entre os sujeitos passivos (DIDIER
JR, 2016).
b) Se o litigio versar sobre direitos indisponíveis (são aqueles direitos dos
quais não podemos abrir mão, como direitos à vida, liberdade, dignidade,
etc.).
c) Se a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei
considere indispensável à prova do fato;
d) As alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou
estiverem em contradição com as provas constantes nos autos: se a
petição não vier com o mínimo de provas que a comprove ou se não
houver verossimilhança entre a postulação do autor (DIDIER JR, 2016).
86
e) “Quando a citação houver sido ficta (por edital ou com hora certa) ou o réu
revel estiver preso, pois o curador especial, nesses casos, haverá de
promover a defesa do réu revel: art. 72, 11, c/c art. 341, par. ún.” (DIDIER
JR, 2016).
f) Quando terceiro houver ingressado no processo como assistente do revel,
hipótese em que será considerado seu substituto processual (art. 121,
parágrafo único, CPC) (DIDIER JR, 2016).
20 COMPETÊNCIA
87
O artigo 42 do CPC dispõe que “as causas cíveis serão processadas e
decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de
instituir juízo arbitral, na forma da lei”.
De acordo com o artigo 43 do CPC, a competência é definida no instante em
que ocorre a propositura da ação.
88
20.1 Incompetência
89
20.2 Modificação de competência
90
b) Derrogação: Estabelece que as partes podem modificar a competência em
razão do valor e do território, elegendo, a partir de um acordo entre elas, o foro
competente para o julgamento de futuras demandas, em relação ao contrato por
elas celebrado. Essa eleição de foro só é possível nas ações oriundas de direitos e
obrigações, conforme disciplina o artigo 63 do CPC, e só produzirá efeito se constar
de instrumento escrito e mencionar expressamente o negócio jurídico determinado
(artigo 63, §1º, CPC).
91
21 SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO
92
No prazo de 15 dias, a contar do conhecimento do fato, a parte deverá alegar
o impedimento ou suspeição, em petição específica, dirigida ao juiz do processo, na
qual deverá ser indicada o fundamento da recusa, podendo instruí-la com
documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas (art. 146, CPC).
Se reconhecer o impedimento ou a suspeição, o juiz ordenará imediatamente
remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, se não receber a petição,
determinará a autuação em apartado e no prazo de 15 dias deverá apresentar suas
razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver,
ordenando remessa ao tribunal para que julgue o incidente (§1º, art. 146, CPC).
No tribunal, distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos,
sendo que, se o incidente for recebido:
a) Sem efeito suspensivo: o processo voltará a correr em primeira instância.
b) Com efeito suspensivo: o processo permanecerá suspenso até o
julgamento do incidente de impedimento ou suspeição (§2º, art. 146 e 313,
III, CPC).
Atenção!
A alegação de impedimento ou suspeição de membro do Ministério
Público, auxiliares da justiça e demais sujeitos do processo, não
suspende o processo, de acordo com o §2º do art. 148, do CPC.
93
legal absoluta de que o magistrado não tem condições subjetivas para atuar de
forma imparcial. É vício que pode ser alegado a qualquer tempo ou grau de
jurisdição, pode ser reconhecido ex officio pelo próprio magistrado impedido. É tão
grave, que admite até ação rescisória posteriormente, segundo artigo 966, inciso II,
do CPC, pois compete toda condução processual (DIDIER JR, 2016, p. 682).
94
até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro
escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
O juiz poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem
necessidade de declarar suas razões (§1º, art. 145, CPC), protegendo a sua
intimidade.
Cuidado: será ilegítima a alegação de suspeição se houver sido provocada
por quem alegada ou, então, a parte que alega houver praticado ato que significa
manifesta aceitação do arguido (§2º, art. 145, CPC).
95
22 RÉPLICA
A petição que o autor poderá expor seus argumentos contra essas novas
alegações chama-se RÉPLICA, tal denominação não consta no Código de Processo
Civil, trata-se de uma construção doutrinária e jurisprudencial.
A réplica deve ser apresentada no prazo de 15 dias, contado da intimação do
autor para sua apresentação.
O conteúdo da petição, denominada réplica deve ser apenas de refutação
contra as alegações do réu, não podendo trazer novos fatos ou novos pedidos. Não
há requisitos formais para sua elaboração.
Nem sempre se dará oportunidade ao autor de apresentar réplica, pois se o
réu não trouxe fatos novos na contestação, apenas refutou a inicial de forma
específica, não haveriam motivos para haver réplica.
Atenção!
“Não há previsão legal de tréplica. Depois da réplica, o juiz não dará
nova oportunidade de manifestação ao réu, porque o autor não pode nela
inovar, formulando novos pedidos ou causas de pedir. Mas,
excepcionalmente, poderá mandar ouvir o réu, ainda uma vez, se, na
réplica, o autor juntar documentos novos ou suscitar questões processuais
96
23 FORMAÇÃO E SUSPENSÃO DO PROCESSO
97
Art. 313. Suspende-se o processo:
I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das
partes, de seu representante legal ou de seu procurador;
II - pela convenção das partes;
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;
IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;
V - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência
ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de
outro processo pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou
a produção de certa prova, requisitada a outro juízo;
VI - por motivo de força maior;
VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da
navegação de competência do Tribunal Marítimo;
VIII - nos demais casos que este Código regula.
(...)
98
d) Pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas: a
suspensão ocorre quando há diversos processos que contenham controvérsias
sobre a mesma questão jurídica, seja a nível local, estadual ou nacional (art. 976 e
ss. do CPC). Nestes casos, qualquer interessado poderá solicitar ao STF ou STJ a
suspensão de todos os processos (individuais ou coletivos), conforme artigo 982.
99
i) Nos demais casos que este Código regula: como, por exemplo, a
existência de processo crime versando sobre o fato discutido na esfera cível (sendo
facultado ao juiz suspender, de acordo com o art. 315 do CPC). Se houver dúvida
quanto a sanidade mental do réu (art. 245, do CPC). Se houver instauração do
incidente de desconsideração da personalidade jurídica (art. 134, § 3o, do CPC).
24 PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
100
Cumpridas as providências preliminares ou não havendo necessidade delas, o juiz
proferirá julgamento de acordo com o estado do processo.
101
b) Se há defeitos processuais que possam ser corrigidos, inclusive aqueles
relacionados aos requisitos de admissibilidade do procedimento, deve o juiz
providenciar a sua correção, fixando, para tanto, prazo não superior a trinta
dias (art. 352, CPC) (DIDIER JR, 2016, p. 696).
102
i) Se houver alegação de incompetência, o juiz decidirá sobre a sua
competência. Se reconhecer a sua incompetência, determinará a remessa
dos autos ao juízo competente (DIDIER JR, 2016, p. 697).
a) Extinção sem resolução do mérito (artigo 485 c/c art. 354, CPC). Podendo
essa decisão ser parcial ou total.
b) Extinção com resolução do mérito, em razão da autocomposição total (art.
487, III c/c o art. 354 do CPC). Podendo essa decisão ser parcial ou total.
103
c) Extinção com resolução do mérito pela verificação da ocorrência da
decadência ou prescrição (art. 487, II c/c o art. 354, do CPC). Podendo
essa decisão ser parcial ou total.
d) Julgamento antecipado do mérito da causa (art. 355 c/c art. 487, I, do
CPC). Podendo essa decisão ser parcial ou total.
e) Profere decisão de saneamento ou organização do processo, com ou sem
audiência para produzi-la em cooperação com as partes (art. 357, CPC).
104
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência
ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na
reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e
a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes
oportunidade de manifestar-se.
105
exige provas testemunhal e pericial. Nesse caso, o juiz julga o mérito parcialmente
quanto ao dano moral (pela procedência) e prossegue com a instrução quanto ao
dano material (TARTUCE; DELLORE, 2016, p. 221).
A parte poderá liquidar e executar desde logo a decisão que julgar
parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra
essa interposto. Havendo trânsito em julgado, a execução será definitiva, segundo
os §§2º e 3º do artigo 356, do Código de Processo Civil.
Da decisão de julgamento antecipado parcial do mérito cabe agravo de
instrumento, como instrumento correto para impugnação, segundo o §5º, do artigo
356, do Código de Processo Civil.
26 DESPACHO SANEADOR
106
comparecer com o rol de testemunhas que desejam ouvir na audiência de instrução
e julgamento, caso seja necessária sua designação. (GONÇALVES, 2016, p.464).
O art. 357, §1º, do CPC prevê a possibilidade de as partes pedir
esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo de cinco dias, findo o qual a decisão
se torna estável. Contra o despacho saneador caberá agravo de instrumento quando
decidir matérias elencadas no rol do art. 1.015 do CPC.
As partes poderão apresentar ao juiz, para homologação, a delimitação
consensual das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV do
art. 357, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz (art. 357, §2º, do CPC).
Havendo necessidade de produção de prova testemunhal, o juiz fixará o
prazo não superior a quinze dias para que as partes apresentem o rol de
testemunhas - até dez, sendo no máximo três para cada fato, conforme art. 357, §6º,
do CPC – podendo o juiz delimitar o número de testemunhas levando em conta a
complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados.
27 AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
107
Atenção!
Tratando-se de audiência UNA, significa dizer que, se essa
audiência for fracionada em mais audiências, mesmo assim não perderá
sua característica de unidade, logo, se houver motivos de nulidade de
algumas das sessões, todas as demais estarão afetadas, pois o vício
atingirá a audiência como um todo.
108
Em síntese, as características da audiência de instrução e julgamento são: a
publicidade, a solenidade, a essencialidade, a presidência do juiz, a finalidade
(complexa e concentrada, discussão e decisão da causa), a unidade e continuidade.
109
Art. 362. A audiência poderá ser adiada:
I - Por convenção das partes;
II - Se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que
dela deva necessariamente participar;
III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta)
minutos do horário marcado.
27.3 Conciliação
110
27.4 Documentos da audiência
111
Observe que o artigo dispõe do termo “preferencialmente”, significa dizer que
ao juiz é facultado inverter a sequência mencionada no artigo 361, escutando as
provas orais em uma sequência diferente da sugerida.
Durante a oitiva do perito, assistentes técnicos, partes e testemunhas, os
advogados e Ministério Público, não poderão intervir ou interromper, sem a licença
do juiz (parágrafo único, art. 361, CPC).
Finda a instrução, o juiz passará a palavra para o advogado do autor, logo
depois, ao advogado do réu, bem como, ao membro do Ministério Público, se for o
caso de sua intervenção. Cada um terá o prazo de vinte minutos, prazo que poderá
ser prorrogado por mais dez minutos, se o juiz achar necessário (art. 364, CPC).
Se um dos polos for composto por litisconsórcio, o prazo acima mencionado
será dividido entre eles, caso não convencionem de modo diverso (§1º, 364, CPC).
Quando a causa apresentar complexidade em fatos ou de direito, o debate
oral poderá ser substituído por razões finais escritas (memoriais), que serão
apresentados pelo autor e pelo réu, bem como, pelo Ministério Público se for o caso
de intervenção, em prazos sucessivos de 15 dias para cada, sendo assegurada vista
aos autos (§2º, 364, CPC).
Encerrados os debates orais ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá
sentença em audiência, ou no prazo de 30 dias (art. 366, CPC).
112
O acesso à justiça, mediante um processo justo, é garantido por direito
inserido entre os fundamentais pela Constituição. Entre os requisitos desse
processo, figuram o contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, CF), que
envolvem, sem dúvida, o direito inafastável à prova necessária à solução justa do
litígio (THEODORO JUNIOR, 2015, p.1104).
A prova passa por três estágios no procedimento probatório:
a) A proposição: através da petição ou da resposta do réu, quando as
partes se manifestam sobre as provas que pretendem produzir;
b) O deferimento: que se dá na hora do saneamento do processo, momento
em que o Juiz, com ou sem a participação das partes, definirá quais
provas deverão ser produzidas e apreciadas.
c) A produção: consiste na diligência das partes, do juiz ou de seus
auxiliares, para que a prova efetivamente incorpore aos autos.
d) Os meios legais de prova são os previstos nos arts. 369 a 484 do CPC;
mas, além deles, permite o Código outros não especificados, desde
que “moralmente legítimos” (art. 369). (THEODORO JUNIOR, 2015,
p.1105).
113
Com relação aos fatos, a prova pode ser direta ou indireta. Direta é a que
demonstra a existência do próprio fato narrado nos autos. Indireta, a que evidencia
um outro fato, do qual, por raciocínio lógico, se chega a uma conclusão a respeito
dos fatos dos autos. É o que se denomina também prova indiciária ou por presunção
(THEODORO JUNIOR, 2015, p.1106).
Só os fatos relevantes devem ser provados, não os fatos impertinentes ou
aqueles que não dependem de prova, de acordo com o artigo 374:
a) Notórios: de conhecimento geral, como datas históricas, fatos heroicos,
situações geográficas, de tempo. Por exemplo: o autor alega que estava
chovendo no dia do acidente, não será necessário comprovar que de fato
choveu.
b) Afirmados por uma parte e confessados pela outra parte: quando a
parte confirma as alegações da parte contrária.
c) Admitidos no processo como incontroversos: é o fato incontroverso,
sobre o qual não há dúvidas, não há pontos controvertidos, não há pontos
divergentes entre as partes que precisam ser provados ou, então, não
houve impugnação sobre eles.
d) Em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade:
as presunções legais são regras jurídicas que impõe que se leve em
consideração a ocorrência de determinado fato. Presunções legais são
normas jurídicas, podem ser absolutas ou relativas. Presunção absoluta,
por exemplo: presunção legal de ciência da decisão proferida no processo,
no caso de retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga (art.
272, §6º, CPC). Presunção relativa: a presunção de necessidade de
gratuidade da justiça em decorrência do pedido da parte (art. 99, §3º,
CPC) (DIDIER JR.; BRAGA; OLIVEIRA; 2015).
114
que lhe levaram a tal convencimento, era o chamado “sistema da persuasão
racional” ou do “livre convencimento motivado”. Essa livre liberdade na apreciação
das provas poderia ensejar inconvenientes, como o fato do juiz isolar uma prova, dar
força para outra, utilizando-a para formar seu convencimento, com total ou parcial
eliminação dos outros elementos probatórios produzidos no processo (THEODORO
JUNIOR, 2015, p.1113).
Adotado o Novo Código de Processo Civil, passou a vigorar o “princípio
democrático da participação efetiva das partes na preparação e formação do
provimento que haverá de ser editado pelo juiz para se chegar à justa composição
do litígio” (THEODORO JUNIOR, 2015, p.1113). Supriu a menção do “livre
convencimento do juiz” e deu ao artigo 371 a seguinte redação: “O juiz apreciará a
prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e
indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento”. Assim, deverá
apreciar todo o conjunto probatório, não apenas aquele que considerar suficiente
para tomar e fundamentar sua decisão.
Ademais, cabe ao juiz apreciar a prova constante nos autos,
independentemente de quem a tiver promovido e indicará na decisão as razões da
formação de seu convencimento (art. 371, CPC).
115
Em tese as provas não possuem hierarquia, cabendo ao juiz determinar o
peso de cada uma, conforme o seu livre convencimento. Após a juntada aos
autos, as provas passam a ser do processo, não mais das partes, possibilitando
assim que o juiz analise todas sem diferenciar as partes que as produziram,
inclusive dando interpretação diferente daquele que a produziu, desde que o
magistrado demonstre as razões de sua convicção, utilizando-se de sua
experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente
acontece (art. 375, CPC), chama-se sistema da persuasão racional.
116
b) Tornar excessivamente difícil a outra parte o exercício do direito (art.
373, §§, CPC).
Chama-se ônus dinâmico da prova, que se afasta das concepções de
distribuição estática do ônus da prova.
Sendo assim, a inversão do ônus da prova poderá ser por vontade das
partes, determinação legal ou judicial. Da redistribuição do ônus da prova caberá
agravo de instrumento, por se tratar de decisão interlocutória (art. 1015, XI).
117
28.5.1 Ônus da prova em ações do consumidor
Segundo o artigo 6º, inciso VIII, do CDC, são direitos básico do consumidor,
entre outros, a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências. Todavia não quer dizer que o consumidor esteja totalmente liberado do
ônus da prova, pois o próprio artigo traz requisitos que deverão ser aferidos pelo juiz
para que conceda a inversão do ônus da prova, quais sejam:
a) Verossimilhança das alegações;
b) Hipossuficiência do consumidor;
c) Suporte probatório mínimo;
a obtenção do equilíbrio processual entre as partes, não tendo por fim causar
indevida vantagem, a ponto de se conduzir o consumidor ao enriquecimento sem
causa, vedado pelo art. 884 do Código Civil” (THEODORO JUNIOR, 2015).
118
vida, segundo o que comumente acontece (presunções comuns ou simples) e, por
isso, se dizem presunções do homem” (THEODORO JUNIOR, 2015).
Por exemplo: o proprietário de um veículo, prova que na hora do acidente
estava em outra cidade, não podendo, portanto, ser apontado como responsável
pelo acidente discutido na ação.
Em matéria de negócio jurídico é possível, também, usar-se a presunção
como meio de prova. Mas não se pode empregá-la indiscriminadamente, porque há
regras especiais que interferem na forma e nos meios de prova de certos negócios,
tornando-os solenes ou, pelo menos, sujeitos a certas exigências probatórias. Há
negócios que só valem se praticados por escritura pública e outros que exigem a
forma escrita para valer, não podendo ser presumidos (THEODORO JUNIOR, 2015).
A prova obtida por meios ilícitos ou as provas que dela derivem não são
admitidas em processo, exceto quando se tratar de legitima defesa própria ou de
terceiros. É a chamada teoria dos frutos da árvore contaminada.
Quando a prova a ser produzida por de outra comarca (cidade), o juiz terá
que requisitar a cooperação do juiz competente do local da prova a ser produzida.
Isso será feito por meio da carta precatória (outra cidade, dentro do mesmo país), ou
carta rogatória (para outro país).
119
De acordo com o artigo 377, do CPC, a carta precatória, a carta rogatória e o
auxílio direto suspenderão o julgamento da causa:
120
III - praticar o ato que lhe for determinado.
Ademais, incumbe aos terceiros também, o dever de cooperação no
processo, sob pena determinar, além da imposição de multa, outras medidas
indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias, em caso de
descumprimento, quando o juiz determinar que: informe os fatos e as circunstâncias
de que tenha conhecimento; que exiba coisa ou documento que esteja em seu poder
(art. 380, CPC).
121
convicção necessários à instrução da causa pendente ou por ajuizar” (THEODORO
JUNIOR, 2015). A prova antecipada é permitida em qualquer que seja a natureza da
demanda, seja ela contenciosa, ou jurisdição voluntária, pode ser manejada por
quem quer agir (autor) ou por quem quer defender-se (réu), ou até mesmo porque
queira apenas certificar-se sobre a ocorrência de determinado fato, documentando-o
judicialmente (THEODORO JUNIOR, 2015).
A prova antecipada pode ser “para viabilizar a autocomposição ou outro meio
adequado de solução do conflito, ou para permitir ao interessado que tenha prévio
conhecimento dos fatos, que possa justificar ou evitar o ajuizamento da ação”
(GONÇALVES, 2016, p. 479).
122
Assim, aquele que pretender justificar a existência de um fato ou relação
jurídica para simples documento e sem caráter contencioso, deverá expor em
petição circunstanciada, a sua intenção (Art. 381, §5º, CPC).
A antecipação de prova poderá sempre ser questionada pela outra parte, que
poderá alegar medida desnecessária e onerosa.
A antecipação de prova pode dar-se antes do ajuizamento da ação principal,
ou no curso desta. Se ocorrer antes da ação principal, não ensejara na prevenção
da competência do juízo para o processo futuro, se vier ser proposta a ação
principal (§3º. Art. 381, CPC). Portanto, ela pode ser de natureza preparatória ou
incidental.
28.11.2 Competência
123
O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova
requerida em face da União, entidade autárquica ou empresa pública federal se, na
localidade, não houver vara federal (art. 381, §4º, CPC).
Se for ajuizado como ação autônoma, isto é, antes mesmo da ação principal,
em caráter não contencioso, deverá ser provocada por petição inicial, satisfazendo
os requisitos do artigo 319, do CPC. Contudo, se o pedido ocorrer durante a ação
principal, apenas para adiantar a produção de determinada prova, ela deverá ser
requerida em por simples petição, naquela deverá ser demonstrada a necessidade
de tal medida.
Assim, importante ressaltar que o pedido sempre deverá apresentar as razões
que justificam a necessidade de se produzir antecipadamente.
O requerente deve apresentar as razões que justificam a necessidade de
antecipação da prova, mencionando com precisão os fatos sobre os quais a prova
deve recair (Art. 382, CPC).
Recebida a petição, o juiz determinará, de ofício ou a requerimento da
parte, a citação de interessados na produção da prova ou no fato a ser provado,
salvo quando não houver caráter contencioso entre as partes (Art. 382, §1º, CPC).
O juiz, na antecipação de tutela, não pode se pronunciar sobre a ocorrência
ou inocorrência do fato discutido em tela, nem sobre as respectivas consequências
jurídicas, sob pena de violar o devido processo legal e o princípio da ampla defesa
e do contraditório. “Apesar da vedação de defesa, o réu poderá arguir a
incompetência do juízo, ou o impedimento e a suspeição do juiz, já que isso
repercutirá sobre a própria validade das provas colhidas” (GONÇALVES, 2016, p.
482).
Em se tratando de prova oral, o juiz, ao despachar a petição, simplesmente
designará audiência para inquirição da testemunha ou interrogatório da parte. A
testemunha será intimada e a parte contrária citada. Se a prova a antecipar for
pericial, o procedimento terá de adaptar-se ao disposto nos arts. 464 a 480. O
124
promovente deverá formular seus quesitos e indicar seu assistente técnico na
própria petição, bem como pedir a citação da parte contrária para acompanhar a
perícia. Ao despachá-la, o juiz, de plano, nomeará o perito (art. 465) e fixará de
imediato o prazo para a entrega do laudo. A parte, em quinze dias, deverá arguir
impedimento ou suspeição do perito, indicar seu assistente técnico e apresentar
quesitos (THEODORO JUNIOR, 2015).
Se os assistentes não subscreverem o laudo do perito do juízo, terão o prazo
comum de quinze dias para oferecerem seus pareceres, a contar do momento em
que as partes forem intimadas da apresentação do laudo (art. 477, § 1º). As partes
poderão, após o laudo, ou laudos, pedir esclarecimentos sobre as respostas dadas
(art. 474, § 3º). Aplicam-se às perícias antecipadas as regras sobre substituição,
escusa, impedimento ou suspeição do perito. O assistente, por assumir a posição de
auxiliar de confiança da parte, não se sujeita a impedimentos e suspeição
(THEODORO JUNIOR, 2015).
Neste procedimento não se admite defesa ou recurso, salvo contra decisão
que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada, ocasião em que caberá
recurso de apelação (art. 382, §4º, CPC). Se a prova for indeferida parcialmente,
NÃO caberá agravo de instrumento, já que não é uma hipótese abrangida pelo
artigo 1015 do novo Código de Processo Civil. Claro que não se pode também
violar o direito de defesa, negando ao requerido o direito de contraditório. O que
não haverá é a instauração de controvérsia sobre o fato em si, ou seja, não irá se
entrar no mérito, pois isso é discutido na ação principal, mas o requerido pode
alegar nulidade da prova.
O procedimento é de natureza administrativa, não estando restrito ao pedido
inicialmente manifestado. Podem os interessados, por isso, requerer a produção de
qualquer outra prova no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo
fato. Contudo, isso não será admitido se a produção conjunta acarretar excessiva
demora (art. 382, § 3º).
O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem
sobre as respectivas consequências jurídicas (Art. 382, §2º, CPC), assim, a
125
sentença proferida na antecipação de prova é apenas homologatória, não faz coisa
julgada material.
29 PROVAS EM ESPÉCIE
126
prova documental, a espécie é o meio de prova, já o documento em si, que
comprova o negócio jurídico discutido entre as partes, que será apreciado pelo
juízo e terá relevante valor para o processo, essa é uma fonte de prova.
O rol anteriormente descrito, de espécies de prova, não é taxativo, tendo
em vista o caráter genérico do artigo 369 do NPCP, no qual diz que outros meios
de prova também serão aceitos, desde que não violem a lei ou a moral.
Para que o tabelião, que goza de fé pública, possa atestar algum fato, ele
precisa ter conhecimento, por isso é necessário que ele acompanhe ou presencie
pessoalmente. Ao fazer a ata o escrivão deverá descrever o fato apresentando, as
circunstâncias e o modo como ocorreram os fatos, informações necessárias para
127
que o acontecimento seja esclarecido.
Diferente das escrituras públicas (que são declarações de vontade das
partes), a ata notarial é a atestação de um “fato cuja existência ou forma de existir
é apreensível pelos sentidos (pela visão, pela audição, pelo tato etc.)”.
(GONÇALVES, 2016, p. 494).
De acordo com o artigo 427, parágrafo único, inciso I, a ata notarial não se
constitui prova legal absoluta, a presunção é juris tantum, isto é, admite-se prova
ao contrário, podendo ser alegada falsidade da mesma, provando que o
documento não é verdadeiro, ou que há alteração no documento verdadeiro, por
exemplo.
São exemplos de fatos registrados por ata notarial, segundo a jurisprudência:
a) Informações veiculadas pela internet: o tabelião atesta consultando tal
material através de determinado endereço eletrônico.
b) Diligências de constatação: tabelião vai até o local registra e informa ao
juiz o que foi verificado.
c) Declaração de testemunhas: importante ressaltar que a ata não pode
servir de instrumento de coleta de depoimentos testemunhais, que devem
ser tomados seguindo o rito do Código de Processo Civil. Contudo, nada
impede que as partes, de comum acordo, solicitem a um tabelião que
registre a oitiva da testemunha em ata, para posterior juntada em juízo,
como simples peça informativa (THEODORO JUNIOR, 2015).
d) Reuniões assemblares: é comum que os sócios ou acionistas requeiram
a um tabelião que compareça à assembleia para registrar os fatos
ocorridos durante sua realização, tais como número de presentes,
discussões, deliberações etc. (THEODORO JUNIOR, 2015).
128
29.2 Depoimento pessoal
129
fatos contrários ao interesse da parte faltosa e favoráveis ao adversário
(THEODORO JUNIOR, 2015).
O ônus da parte não é apenas o de depor, mas o de responder a todas as
perguntas formuladas pelo juiz, com clareza e lealdade. Dessa forma, quando a
parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe for perguntado, ou
empregar respostas evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e
elementos de prova, declarará, na sentença, que houve recusa de depor
(THEODORO JUNIOR, 2015), é o que trata o artigo 386, do CPC: “Art. 386. Quando
a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe for perguntado ou
empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e os elementos de
prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor”.
Em caso de pessoa jurídica, o depoimento poderá ser prestado por seus
representantes legais ou prepostos indicados pelo contrato social, desde que
tenham poderes para isso e, obviamente, tenham conhecimento dos fatos.
As partes serão ouvidas em separado, sendo vedado quem ainda não
depôs, assistir ao interrogatório da outra parte (Art. 385, §2º, CPC). “Se a parte for
absolutamente incapaz, o depoimento será prestado por seu representante legal;
se relativamente incapaz, por ele mesmo” (GONÇALVES, 2016, p. 494).
Somente não será obrigada a prestar depoimento pessoal nas hipóteses
elencadas no artigo 388, do CPC:
130
29.3 Confissão: conceito
131
b) A objetividade: o próprio fato litigioso reconhecido em detrimento do
confitente (THEODORO JR, 2017, p. 957).
Atenção!
Ninguém está obrigado a confessar e a fazer prova em favor dos
adversários e contra si. Contudo, todo litigante tem o dever da veracidade e
lealdade no comportamento processual (art. 5º e 77, I, CPC), assim, se a
parte é intimada a depor, não poderá se recusar nem mesmo deixar de
responder as indagações do magistrado. Se a parte se recusar, tem como
sanção a quebra do ônus da prova, pois aquele que requereu o depoimento,
ficará exonerado de provar o fato, pois presume-se verdadeira a versão
fática apresentada pelo adversário (art. 385, §1º), resultando numa
confissão ficta ou presumida (THEODORO JR, 2017, p. 957/958).
132
declaração a eficácia da confissão. Um exemplo de confissão ineficaz é a do
cônjuge, em relação aos direitos reais imobiliários, que somente poderão
produzir efeito com o consentimento do outro, salvo regime de casamento
com separação total de bens (art. 391, parágrafo único, do CPC) (DIDIER Jr;
BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p.170).
O legislador deixa claro que a confissão feita por procurador sem poder
especial é ineficaz como confissão (art. 116 c/c o art. 213 do Código Civil e
§2º do art. 392 do CPC), mas pode ser levada em consideração pelo
magistrado, bem como pode ser ratificada posteriormente (DIDIER Jr;
BRAGA; OLIVEIRA, 2015, p.170).
133
a) Espontânea: a que resulta da iniciativa do próprio confitente, o qual dirige a
petição nesse sentido ao juiz, manifestando sua vontade de confessar.
Deverá ser reduzida a temo nos autos (art. 390). Poderá ser prestada por
mandatário com poderes especiais.
b) Provocada: que resulta de depoimento pessoal, requerido pela parte
contrária, ou determinado, ex officio. Esta não poderá ser prestada por
mandatário e constará do termo do depoimento pessoal (art. 390 §2º).
134
andamento processual, poderá ser substituído pelos seus herdeiros, os
quais darão prosseguimento a ação (art. 393, parágrafo único)
(THEODORO JR, 2017, p. 960).
135
II - A finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o
documento ou com a coisa;
136
O Novo Código de Processo Civil trouxe, através do parágrafo único do artigo
400, a possibilidade do juiz adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou
sub-rogatórias para que o documento seja exibido.
Atenção!
O julgamento do incidente de exibição contraparte, seja de procedência ou
improcedência, é sempre conteúdo de decisão interlocutória, que poderá ser
objeto de agravo de instrumento, conforme artigo 1015, inciso VI, do Código de
Processo Civil.
137
Quando o terceiro poderá escusar-se da obrigação de exibir documento ou
coisa?
O artigo 404, traz as hipóteses em que o terceiro poderá escusar-se de exibir,
em juízo, o documento ou a coisa:
I - Concernente a negócios da própria vida da família;
II - Sua apresentação puder violar dever de honra;
III - sua publicidade redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a
seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau, ou lhes representar
perigo de ação penal;
IV - Sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo respeito, por estado
ou profissão, devam guardar segredo: por exemplo, o sigilo profissional
previsto no Código de ética médica, contudo, esse sigilo não é absoluto,
consoante a Suprema Corte, “a obrigatoriedade do sigilo profissional do
médico não tem caráter absoluto. A matéria, pela sua delicadeza, reclama
diversidade de tratamento diante das peculiaridades de cada caso”
(THEODORO JR, 2017, p. 966).
V - Subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do
juiz, justifiquem a recusa da exibição;
VI - Houver disposição legal que justifique a recusa da exibição.
138
Atenção!
O pedido de exibição, quando formulado contra quem não é parte no
processo principal, provoca a instauração de um novo processo, em que são
partes o pretendente à exibição e o possuidor do documento ou coisa.
Estabelece-se, pois, uma relação processual paralela, com partes diferentes,
tendo também por objeto uma lide diferente, girando em torno da existência do
documento ou coisa procurada e do dever de exibir.
Esse feito incidental, para evitar tumulto no andamento da ação, deverá
ser processado em autos próprios, em apenso aos principais, e será julgado por
decisão interlocutória, como dispõe o artigo 402, in fine, da qual caberá agravo de
instrumento. (Art. 1.015, VI).
139
como da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode
suprir-lhe a falta”.
De acordo com o artigo 192, do Código de Processo Civil, “O documento
redigido em língua estrangeira somente poderá ser juntado aos autos quando
acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática ou
pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado”.
140
IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial
declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal, se
não lhes for impugnada a autenticidade;
V - os extratos digitais de bancos de dados públicos e privados, desde que
atestado pelo seu emitente, sob as penas da lei, que as informações
conferem com o que consta na origem;
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento público ou
particular, quando juntadas aos autos pelos órgãos da justiça e seus
auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pela Defensoria Pública
e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas em geral e
por advogados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de
adulteração.
Atenção!
O documento feito por oficial público incompetente ou sem a observância
das formalidades legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mesma eficácia
probatória do documento particular (Art. 407).
141
Segundo o artigo 411, do CPC, os documentos particulares serão
considerados autênticos quando:
De acordo com os artigos 427 e 428, do Código de Processo Civil, poderá ser
declarada cessada a fé do documento público ou particular sendo-lhe declarada
judicialmente a falsidade quando: for impugnada sua autenticidade e enquanto não
se comprovar sua veracidade; assinado em branco, for impugnado seu conteúdo,
por preenchimento abusivo.
A falsidade será declarada quando for formado documento não verdadeiro ou
se alterar o conteúdo do documento verdadeiro. Ainda, é entendido como
preenchimento abusivo quando aquele que recebeu documento assinado com texto
não escrito no todo ou em parte formá-lo ou completá-lo por si ou por meio de
outrem, violando o pacto feito com o signatário. Ainda, o juiz apreciará
fundamentadamente a fé que deva merecer o documento, quando em ponto
substancial e sem ressalva contiver entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento
(art. 426, CPC).
142
“Pode, outrossim, surgir controvérsia não sobre o teor das declarações de
vontade contidas no documento particular, mas apenas quanto à época em que
foram manifestadas” (THEODORO JR, 2017, p. 977). Essa questão resolve-se por
meio do artigo 409, que traz a seguinte redação: “A data do documento particular,
quando a seu respeito surgir dúvida ou impugnação entre os litigantes, provar-se-á
por todos os meios de direito”.
Em relação a terceiros, considera-se datado o documento particular (art. 409,
parágrafo único, CPC):
143
II - contêm anotação que visa a suprir a falta de título em favor de quem é
apontado como credor;
III - expressam conhecimento de fatos para os quais não se exija
determinada prova.
C) Nota escrita:
A nota escrita também vale como prova, independentemente de assinatura, a
nota escrita pelo credor, aplica-se essa regra tanto para o documento que o credor
conservar em seu poder quanto para aquele que se achar em poder do devedor ou
de terceiros (art. 416, parágrafo único, CPC). “Apenas as anotações favoráveis ao
devedor é que têm esse efeito, como as quitações parciais, prorrogações de
vencimento etc.” (THEODORO JR, 2017, p. 979).
D) Livros empresariais:
Segundo o artigo 418, do CPC, os livros empresariais que preenchem os
requisitos exigidos por lei provam a favor de seu autor no litígio entre empresários,
contudo, também podem provar contra seu autor, mas, neste caso, será lícito ao
empresário, demonstrar que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos
(art. 417, CPC).
A apreciação dos livros mercantis se dará de forma indivisível, assim,
segundo o artigo 419, do CPC, se alguns lançamentos forem favoráveis ao interesse
de seu autor e outros serem contrários, ambos serão analisados conjuntamente,
como uma unidade.
A exibição dos livros pode ser integral ou apenas parcial, extraindo-se deles
somente o que interessar ao litígio (art. 421, CPC). O requerimento da exibição
poderá ser de ofício, pelo juiz, pela parte, quando (Art. 420, CPC):
I - na liquidação de sociedade;
II - na sucessão por morte de sócio;
III - quando e como determinar a lei.
144
coisas representadas, se a sua conformidade com o documento original não for
impugnada por aquele contra quem foi produzida (Art. 422, CPC).
As fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de computadores fazem
prova das imagens que reproduzem, devendo, se impugnadas, ser apresentada a
respectiva autenticação eletrônica ou, não sendo possível, realizada perícia (art.
422, §1º). O mesmo ocorre com à forma impressa de mensagens eletrônicas (art.
422, §3º).
Se se tratar de fotografia publicada em jornal ou revista, será exigido um
exemplar original do periódico, caso impugnada a veracidade pela outra parte (art.
422, §2º).
As reproduções dos documentos particulares, fotográficas ou obtidas por
outros processos de repetição, como, por exemplo, a cópia (xerox), valem como
certidões sempre que o escrivão ou o chefe de secretaria certificar sua conformidade
com o original (art. 423, CPC). Esta cópia tem o mesmo valor probante que o
original, basta apenas que o escrivão ou chefe de secretária certificar sua
conformidade com o original (art. 424, CPC).
145
“Se foi produzido com a inicial, o réu deverá suscitar o incidente na
contestação. Se em qualquer outro momento processual, a parte interessada terá
quinze dias, a contar da intimação da juntada, para propor o incidente” (THEODORO
JR, 2017, p. 989).
Decidir como questão incidente que dizer apreciar a falsidade no plano dos
motivos da sentença, e não questão de mérito. Logo, não fará coisa julgada
matéria o reconhecimento ou a rejeição da arguição. Incidirá a regra do art.
504, I segundo a qual “não fazem coisa julgada, os motivos, ainda que
importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença
(THEODORO JR, 2017, p. 990).
146
quinze dias, podendo esse prazo ser dilatado, levando-se em consideração a
complexidade da documentação (Art. 437, CPC).
147
29.5.6 Produção de prova que pertencem à administração pública:
“Com relação aos documentos pertencentes à administração pública, prevê o
art. 438, I, o poder conferido ao juiz de requisitar, em qualquer tempo ou grau de
jurisdição, ‘as certidões necessárias à prova das alegações das partes”
(THEODORO JR, 2017, p. 994).
Segundo o artigo 5º, XXXIII, da Constituição Federal, é direito fundamental de
todos de “receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
da sociedade e do Estado”.
A lei n. 12.527/2011, que regula o acesso a informação previsto no inciso
visto anteriormente, traz no seu artigo 5º o “dever do Estado garantir o direito de
acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e
ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão”.
Nesse sentido, o juiz deverá requisitar às repartições públicas, em qualquer
tempo ou grau de jurisdição:
I- As certidões necessárias à prova das alegações das partes;
II - Os procedimentos administrativos nas causas em que forem interessados
a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios ou entidades da
administração indireta.
As repartições públicas poderão fornecer todos os documentos em meio
eletrônico, conforme disposto em lei, certificando, pelo mesmo meio, que se trata de
extrato fiel do que consta em seu banco de dados ou no documento digitalizado (art.
438, §2º, CPC).
A requisição que trata o artigo 438 tem efeito temporário apenas, visto que:
recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo e improrrogável de 1
(um) mês, certidões ou reproduções fotográficas das peças que indicar e das que
forem indicadas pelas partes, e, em seguida, devolverá os autos à repartição de
origem (art. 438, §1º, CPC).
148
29.5.7 Documentos eletrônicos
“O documento eletrônico é aquele que resulta do armazenamento de dados
em arquivo digital” (THEODORO JR, 2017, p. 997), podem ser considerados
documentos eletrônicos, os desenhos, mapas, fotografias, sons, imagens gravadas
em fitas, filmes, discos, vídeos, etc., não, portanto, apenas os papéis escritos.
O problema legal do uso do documento eletrônico no processo judicial, está
ligado a sua autenticidade e integridade, uma vez que ele não é assinado pelo autor,
na forma gráfica tradicional, além disso, é suscetível de alterações na sua
composição originária, problemática que se torna ainda maior quando não é possível
comprovar a data de sua criação (THEODORO JR, 2017, p. 998).
149
Ademais, cabe ressaltar que serão admitidos documentos eletrônicos
produzidos e conservados com a observância da legislação específica, qual seja, a
Lei n. 11.419/2006, segundo artigos 11 e 12.
De acordo com o artigo 371, do CPC, a prova testemunhal não nem mais,
nem menos importante que as demais, a não ser em naqueles casos que a “lei exija
a forma solene para reconhecer eficácia ao ato jurídico” (THEODORO JR, 2017, p.
1002), como, por exemplo, registro de imóveis.
150
A verossimilhança e a improbabilidade do relato, a honorabilidade ou má
fama da testemunha, a coerência entre os vários depoimentos são, sem
dúvida, elementos valiosos a serem computados pelo juiz na aferição do
valor de convencimento da prova testemunhal.
São, outrossim, quase inevitáveis as contradições e abusos nessa prova.
Mas, à luz do bom senso e do critério do juiz, poderão ser superados os
conflitos que ordinariamente ocorrem entre os depoimentos das várias
testemunhas ouvidas no mesmo processo (THEODORO JR, 2017, p. 1003)
Nesta linha, o artigo 466, do CPC, vai trazer que é lícito à parte provar com
testemunhas:
I - Nos contratos simulados, a divergência entre a vontade real e a vontade
declarada;
II - Nos contratos em geral, os vícios de consentimento.
151
Qualquer pessoa poderá depor como testemunhas, exceto as incapazes,
impedidas ou suspeitas. Quando necessário a oitiva de testemunhas impedidas,
menores ou suspeitas (§4º, 447, CPC), os depoimentos destes serão prestados
independentemente de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor que possam
merecer (§5º, 447, CPC). De acordo com o artigo 447:
a) SÃO INCAPAZES:
I - O interdito por enfermidade ou deficiência mental;
II - O que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao tempo em
que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao tempo em que deve
depor, não está habilitado a transmitir as percepções;
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
IV - o cego E o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que
lhes faltam.
152
II - O que tiver interesse no litígio.
A testemunha não será obrigada a depor sobre fatos que lhe acarretem
grave dano ou ao seu cônjuge, companheiro, parentes consanguíneos ou afins, em
linha reta ou colateral, até terceiro grau; ou ainda, se pela profissão ou estado deva
guardar sigilo (art. 448, CPC). Inclusive, violação de segredo profissional é crime,
de acordo com o art. 154, do Código Penal. “E ninguém deve ser obrigado a depor
sobre fatos que importem desonra própria ou dos que lhe são próximos
(THEODORO JR, 2017, p. 1008).
Atenção!!!
A desobediência ao dever da verdade, sobre o qual a testemunha é
advertida expressamente antes de depor (Art. 458), acarreta-lhe pena
criminal de dois a quatro anos de reclusão (Art. 352 do Código Penal). O
crime de falso testemunho ocorre tanto quando se faz afirmação falsa,
como quando se nega ou oculta a verdade (Art. 458, par]agrafo único,
CPC) (THEODORO JR, 2017, p. 1008).
153
c) A testemunha pode requerer ao juiz o pagamento da despesa que efetuou
para comparecimento à audiência, devendo a parte pagá-la logo que
arbitrada ou depositá-la em cartório dentro de 3 (três) dias (Art. 462, CPC).
d) O depoimento prestado em juízo é considerado serviço público. Desta forma,
a testemunha, quando sujeita ao regime da legislação trabalhista, não sofre,
por comparecer à audiência, perda de salário nem desconto no tempo de
serviço (Art. 463, CPC).
154
Depois de apresentado o rol de testemunhas, a parte só pode substituir a
testemunha quando:
I - Que falecer;
II - Que, por enfermidade, não estiver em condições de depor;
III - que, tendo mudado de residência ou de local de trabalho, não for
encontrada.
Atenção!!!
Os incisos do artigo 454, do Código de Processo Civil, trazem o rol de
testemunhas que poderão ser inquiridas na sua residência ou onde
exercem sua função.
155
quando:
I - For frustrada a intimação prevista no § 1o deste artigo;
II - Sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte ao juiz;
III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar, hipótese em que
o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em que
servir;
IV - A testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público ou pela
Defensoria Pública;
V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454.
156
O depoimento das partes poderá ser documentado por meio de gravação,
digitado, registrado por meio de taquigrafia, estenotipia ou outro meio idôneo de
documentação, devendo ser assinado pelo juiz, pelo depoente e pelos
procuradores das partes (Art. 460, CPC).
Quanto a acareação, poderá ser ordenada de ofício ou a requerimento das
partes, quando houverem declarações divergentes. Os acareados serão
reperguntados para que expliquem os pontos de divergência. Essa acareação
poderá ser por meio de videoconferência (Art. 461, CPC).
Atenção!
Existem pericias extrajudiciais, promovidas por iniciativa das partes,
por meio de técnicos particulares ou agentes administrativos,
contudo sua força de convencimento não tem a mesma da perícia
judicial, tais laudos são simples pareceres (THEODORO JR, 2017,
p. 1017).
157
provocado pelo réu. Já a vistoria consiste na análise de bens, como por exemplo,
quando se quer constatar que avarias ocorridas no veículo. A avaliação refere-se a
atribuição de valor pecuniário a determinada coisa, por exemplo a um bem
sucessório.
De acordo com o §1º, do artigo 464, o juiz não determinará a inspeção pericial
somente quando:
I- proposta de honorários;
I - currículo, com comprovação de especialização;
II - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde
serão dirigidas as intimações pessoais.
158
partes executar o perito, na forma do artigo 513 e seguintes.
Atenção!
Se o perito, por motivo justificado, não puder entregar o laudo no
prazo determinado, poderá ser prorrogado pela metade o prazo
originalmente estabelecido (Art. 476).
159
conhecimentos em engenharia, outro em medicina.
O juiz deverá analisar a prova pericial conforme o que estabelece o artigo 371
“juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a
tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento”, isto é, deverá indicar na sentença os motivos que o levaram a
considerar as conclusões do laudo.
30 EXTINÇÃO DO PROCESSO
160
No encerramento da audiência de instrução e julgamento as partes vão para
debates orais, onde o juiz passa a palavra para ao advogado do autor e do réu, bem
como, ao membro do Ministério Público, se for o caso, cada parte terá o prazo de 20
minutos, podendo ser prorrogado por mais 10 minutos.
Todavia, quando a causa é complexa, há muitas testemunhas ou outro motivo
que justifique a troca de debates orais por memoriais escritos, que nada mais é que
a forma escrita das alegações finais, conforme o artigo 364, §2º, do CPC, o prazo é
sucessivo de 15 dias para cada parte apresentar suas alegações de forma escrita,
após a juntada dos memoriais de ambas as partes o processo segue concluso para
sentença.
Quando houver litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, que formará
com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não
convencionarem de modo diverso.
A peça não exige nenhum requisito técnico, porém o advogado deve ser
atentar a finalidade: a manifestação das partes, recapitulando os pontos principais
da prova coletada em juízo, demonstrando como elas confirmam suas alegações ou
infirmam as alegações da parte adversária.
30.2 Sentença
161
a) Sentença terminativa: que põe fim ao processo, sem resolver o mérito,
conforme o artigo 485, do CPC, o direito a ação permanece, mesmo após
proferida a sentença. O juiz põe fim no processo, sem dar uma resposta
definitiva (nem positiva, nem negativa).
Ocorre quando o juiz extingue a relação processual sem dar uma reposta ao
pedido do autor. Essa negativa de prestação jurisdicional pode se dar nas seguintes
fases do processo (THEODORO JR, 2017, p. 1040):
162
relação processual, ser-lhe-á lícito decretar a extinção do processo”
(THEODORO JR, 2017, p. 1041);
2) Abandono da causa: é a inércia das partes, o processo fica parado por mais
um ano, por negligência das partes (Art. 485, II) ou, então, se o autor não
promover os atos e diligências que lhe incumbir, se o autor abandonar a
causa por mais de trinta dias (art. 485, III), equivale ao desaparecimento do
interesse das partes em prosseguir com a ação. Esta extinção poderá ocorrer
por provocação da outra parte, do Ministério Público ou de ofício pelo juiz,
salvo se a inércia for do autor, pois depois de apresentada a contestação,
deve ser respeitado o interesse do réu de provar sua inocência ou da simples
resolução do mérito, assim, só poderá ocorrer a extinção por abandono da
causa, se houver requerimento do réu (art. 485, §6º). Mas a extinção não
ocorre de imediato, nestes casos, o juiz terá que mandar intimar a parte,
pessoalmente, para suprir a falta (dar andamento ao feito), no prazo de cinco
dias (art. 485, §1º), só depois dessa diligência é que poderá dar a sentença
de extinção do processo sem resolução do mérito, ordenando o arquivamento
dos autos. Quanto as despesas e honorários de advogado, importante as
partes pagarão proporcionalmente as custas, quando ocorrer a hipótese do
inciso II, mas em se tratando de abandono por parte do autor, conforme inciso
III, o autor será condenado ao pagamento de despesas e honorários
advocatícios (art. 485, §2º) (THEODORO JR, 2017, p. 1041-1043);
163
4) Perempção, litispendência ou coisa julgada: Perempção é quando o autor
da causa à extinção do processo sem resolução do mérito, por mais de três
vezes (art. 486, §3º e 485, V), na quarta tentativa o autor perderá o direito de
renovar a propositura da ação. Litispendência é quando a mesma lide está
sendo objeto de mais de um processo simultaneamente, para isso, as duas
ações deverão ter identidade de partes, objeto e pedido. Nestes casos, o
segundo processo deverá ser extinto com base no artigo 485, inciso V.
Semelhante a litispendência é a coisa julgada, a diferença neste caso é que
um dos processos já foi decidido, já há uma sentença para ele. A decretação
da extinção ocorre pode ofício ou a requerimento das partes (THEODORO
JR, 2017, p. 1044-1045);
164
processo, impede a abertura, se for é superveniente, provoca imediata
extinção (THEODORO JR, 2017, p. 1048);
10) Confusão entre autor e réu: quando as partes se confundem, ocorre, por
exemplo, entre descendentes e ascendentes, em que por morte de um dos
litigantes o outro se torne o único sucessor com direito no bem que estava
sendo discutido (THEODORO JR, 2017, p. 1050);
A sentença sem resolução do mérito não produz coisa julgada, o seu efeito é
apenas de coisa julgada formal, pois não impede que a parte renove sua
propositura processual (art. 486). Contudo importante observar que a nova proposta
de ação só poderá ocorrer se houve o pagamento das custas e honorários referente
a ação anterior (art. 92 e 486, §2º).
Atenção!!!
Antes de extinguir o mérito o juiz deverá conceder à parte oportunidade de
corrigir o vício (art. 317, CPC).
165
30.4 Sentença definitiva: extinção do processo COM resolução do mérito
166
forma somente. Ademais, importante saber, que a renúncia poderá ocorrer em
qualquer grau, inclusive em fase recursal.
A sentença definitiva exaure a instância ou o primeiro grau de jurisdição, pois
dá a solução do litígio, portanto, de acordo com o artigo 488, o juiz, sempre que
possível, deverá julgar o mérito, em vez de extinguir o feito sem resolução do mérito.
167
importância de X ao autor, ou então, pode ser indireto, quando o juiz apenas se
reporta ao pedido para julgá-lo procedente ou improcedente.
A sentença precisa ter clareza, caso não tenha, é cabível embargos de
declaração, segundo o artigo 1022, deve ser precisa também, isto é, deve ser certa,
desta forma, é vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem
como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi
demandado (art. 492, CPC).
Está sentença será proferida na audiência de instrução e julgamento, 30 dias
após a audiência, em documento escrito ou, então, 30 dias após à conclusão,
quando o julgamento se dá independente de audiência.
Após a publicação da sentença é possível retratar-se em duas hipóteses (Art.
494, CPC):
168
A sentença infra ou citra petita é quando o juiz deixa de apreciar algum pedido
da parte, quando houver cumulação de pedidos. Cumpre a juiz apreciar todas as
pretensões formuladas pelo autor na inicial e pelo réu em reconvenção ou na própria
contestação. Neste caso, caberá embargos de declaração por omissão do juízo,
solicitando ao juiz para se pronunciar sobre a pretensão.
169
Nestes casos, se não for interposta apelação no prazo legal, o juiz ordenará a
remessa dos autos ao tribunal e se não fizer, deverá o presidente do respectivo
tribunal avocá-los.
Não se aplicará a remessa necessária quando a condenação for de mil
salários-mínimos para a União e respectivas autarquias e fundações de direito
público; de 500 salários-mínimos para os Estados, DF e respectivas autarquias e
fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados e;
100 salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e
fundações de direito público.
Também não se aplicará o reexame necessário em casos em que a sentença
estiver fundada em:
TEORIA DA EXECUÇÃO
31 PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO
170
31.2 Princípio do título
Tal princípio pode ser extraído do art. 789 do CPC, que dispõe:
“Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros
para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas
em lei.”
Significa afirmar que a execução não recaí sobre a pessoa do devedor, mas
sobre seus bens. Atualmente, o devedor responde por suas obrigações através de
seu patrimônio. A única hipótese de prisão civil possível no nosso ordenamento
jurídico é a prisão do devedor de alimentos. O STF editou a súmula vinculante nº
25, que dispõe: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade de depósito”.
171
31.5 Princípio do exato adimplemento e da utilidade
172
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere
título executivo.
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão
ao exequente originário:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por
morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for
transferido por ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2o A sucessão prevista no § 1o independe de consentimento do
executado.
No que tange aos legitimados presentes no art. 778, II, são os denominados
sucessores “causa mortis”, isto porque com o falecimento do credor, o direito de
receber o crédito passou a seus sucessores. As pessoas elencadas neste inciso
podem propor a ação de execução se ao tempo do falecimento ainda não havia sido
proposta, ou ainda, seguir na execução quando o falecimento ocorrer durante a
tramitação processual mediante prévia habilitação. Importante referir que enquanto
não houver homologação da partilha de bens a legitimidade será do espólio (através
do inventariante) e após a homologação da partilha o credor será o herdeiro a quem
detenha o direito do crédito. Frisa-se que os herdeiros podem requerer a execução
individualmente ou em litisconsórcio, antes de homologada a partilha, caso o
inventariante se mantiver inerte a execução. (GONÇALVES, 2016, 718-719).
Também está no rol de legitimados o cessionário do título executivo, quando
este lhe for transferido por ato entre vivos. Quando a cessão do título ocorrer antes
do ajuizamento da execução, deverá o cessionário promover a execução juntando o
título executivo e a comprovação da cessão; sendo a cessão posterior à execução, o
cessionário deverá comprovar a cessão e requerer a substituição do polo ativo da
demanda na posição de exequente, sem necessidade de consentimento do credor,
conforme disposto no art. 778, §2º e 286 do Código Civil:
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a
natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula
proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não
constar do instrumento da obrigação.
173
assim, o direito de cobra-la perante o devedor. Importante realçar o caso da sub-
rogação na fiança, pois quando o fiador paga a dívida pelo afiançado está autorizado
a executa-lo nos autos do mesmo processo. É o que dispõe os arts. 831 do CC e
794 §2º do CPC:
Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos
direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores
pela respectiva quota.
Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros.
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro
sejam executados os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e
desembargados, indicando-os pormenorizadamente à penhora.
§ 2o O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos
do mesmo processo.
174
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.
Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir,
até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do
devedor.
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere
este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres
e desembargados, quantos bastem para solver o débito.
175
Além dos legitimados no art. 779 do CPC, temos ainda a figura do avalista,
que é o indivíduo que presta garantia de adimplemento do título caso o devedor
principal não efetue o pagamento. No caso do avalista, a execução pode ser dirigida
diretamente contra a sua pessoa, ficando a critério do credor a inclusão ou não do
avalizado. Em caso de adimplemento do débito pelo avalista, a este sub-roga-se o
direito de seguir na execução, inclusive nos próprios autos, contra o avalizado.
33 REQUISITOS DA EXECUÇÃO
Caso a obrigação seja a termo, a mora resta configurada assim que vencido o
prazo estipulado no título, contudo, caso não haja prazo específico para o
cumprimento, o devedor deverá ser notificado para que seja constituído em mora.
O lugar de cumprimento das obrigações é aquele que foi convencionado
pelas partes e inexistindo convenção à respeito observa-se o art. 327 do Código
Civil.
176
Importante discorrer sobre os contratos bilaterais de prestações simultâneas,
pois nestes casos não será possível a nenhum dos contraentes ajuizar execução a
fim de exigir do outro obrigação não cumprida, caso também não tenha cumprida a
sua, conforme preceituado no art. 798, I “d” do CPC.
177
Outro aspecto relevante sobre os títulos executivos é a necessidade de
juntada nos autos do processo do documento original, não se admitindo cópia,
exceto em ocasiões extremas de impossibilidade de juntada da via original por
questões alheias à vontade do credor. Gonçalves exemplifica duas situações em
que são admitidas a cópia do título: quando a via original não está na posse do
credor por ter sido juntada nos autos de outro processo, devendo nesse caso a
cópia ser acompanhada de uma certidão atestando a situação, ou ainda, quando for
o caso de execução provisória de um título juntado nos autos do processo de
conhecimento pendente de julgamento de recurso no órgão ad quem.
(GONÇALVES, 2016, p.729).
O art. 783 e 786 do CPC dispõe que “A execução para cobrança de crédito
fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível”. Para Gonçalves,
os requisitos de certeza, liquidez e exigibilidade não são dos títulos propriamente
ditos, mas das obrigações que eles representam (GONÇALVES, 2016, p. 729).
34 RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
178
O rol dos bens impenhoráveis encontra-se no art. 833 do CPC.
ATENÇÃO:
POUPANÇA: art. 833, X, do CPC: A impenhorabilidade dos bens
depositados na caderneta de poupança é limitada a 40 salários mínimos.
DIVERSAS CADERNETAS DE POUPANÇA: Caso o devedor possua
diversas cadernetas de poupança, o limite de impenhorabilidade deve considerar a
soma de todas elas. Havendo saldo excedente, é passível de penhora
(GONÇALVES, 2016, p. 742).
DÍVIDA RELATIVA AO PRÓPRIO BEM: Lembre-se que a
impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem,
inclusive àquela contraída para sua aquisição, na forma do art. 833, §1º.
BOX DE ESTACIONAMENTO: Caso o box do estacionamento tenha
matrícula individualizada poderá ser objeto de penhora (ver súmula 449 do STJ).
179
O art. 833, §2º é categórico ao afirmar que a impenhorabilidade prevista nos
incisos IV e X não se aplica aos casos de penhora para pagamento de prestação
alimentícia. A segunda parte do inciso 2º do art. 833 refere-se à possibilidade de
penhora dos ganhos excedentes a 50 salários mínimos mensais, seja qual for a
origem da obrigação.
IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA: Previsão na Lei 8.009/90. O
imóvel residencial familiar é impenhorável por dívidas de qualquer natureza.
EXCEÇÃO: Pode haver penhora do bem de família nos casos previstos no art. 3º da
Lei 8.009/90.
180
Quanto à penhora dos bens móveis, deve-se observar a regra contida no art.
833, II, ou seja, somente não serão penhoráveis aqueles indispensáveis para uma
moradia digna.
Tratando-se de imóvel locado deve-se aplicar o disposto no art. 2º, parágrafo
único da lei 8.009/90: "No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos
bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do
locatário, observado o disposto neste artigo".
Por fim, cabe destacar que não permanece a impenhorabilidade do bem
quando o devedor oferece-o para penhora, entendendo-se como renúncia ao
benefício da impenhorabilidade.
181
A responsabilidade do sucessor a título singular, prevista no art. 790, I, ocorre
quando no curso do processo de execução, o devedor aliena o bem litigioso a
terceiro. Conforme Gonçalves:
O art. 790, II, do CPC remete aos bens do sócio, que somente serão atingidos
quando esses têm responsabilidade patrimonial ou em caso de desconsideração da
personalidade jurídica.
ATENÇÃO: O sócio réu, quando responsável pelo pagamento de dívida da
sociedade, tem o direito de exigir que primeiro sejam penhorados os bens da
sociedade, na forma do art. 795, §1º do CPC. Além disso, o sócio que adimplir a
dívida poderá cobrar da sociedade nos mesmos autos da execução, na forma do art.
795, §3º do CPC. Os bens da empresa solvente devem responder pelas obrigações
contraídas por essas.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: É autorizada a
desconsideração da personalidade jurídica quando resta evidenciado que os sócios
usam da empresa para contrair dívidas sem que haja sua responsabilização
pessoal. Nesses casos, o magistrado estenderá a responsabilidade patrimonial da
empresa aos sócios, que responderão pelos débitos com o seu patrimônio pessoal.
A desconsideração da pessoa jurídica tem previsão no art. 50 do CC, que dispõe:
182
Em regra, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica
suspenderá o processo de execução, na forma do art. 134, §3º, do CPC. Somente
não haverá a suspensão do processo quando a desconsideração da personalidade
jurídica for requerida na própria petição inicial da ação de execução, oportunidade
em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica, na forma do art. 134, §2º e §3º do
CPC. Cabe destacar, ainda, que o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica será resolvido por decisão interlocutória (art. 136, CPC) da qual caberá
agravo de instrumento (art. 1.015, IV, CPC).
Tratando-se de relação de consumo, o art. 28 do CDC, prevê a possibilidade
da desconsideração da pessoa jurídica:
183
devedor, já que a responsabilidade do adquirente limita-se ao bem adquirido.
(Gonçalves, 2016, p. 146).
Os bens cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em
razão de reconhecimento em ação autônoma, de fraude contra credores, também
são passiveis de serem executados.
35 LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
184
ser possível sua execução, a parte poderá, por sua conta e risco, promover a
liquidação a fim de ganhar tempo caso a sentença se confirme, momento em que
estará apta para executá-la. Como a liquidação, neste caso, ocorre por conta e risco
do requerente, em caso de não confirmação da sentença (reforma do julgamento) o
valor desembolsado para custear a liquidação será perdido. (GONÇALVES, 2016,
p.755).
A liquidação por arbitramento está prevista no art. 509, I do CPC. Neste caso,
o juiz intimará as partes para apresentação de pareceres ou documentos no prazo
que fixar, e se ainda assim não tiver elementos suficientes para decidir de plano,
nomeará perito, observado o procedimento pericial. Na liquidação por
arbitramento, não se fala em demonstração de fatos novos, pois limita-se a
apuração do quantum.
O art. 509, I, do CPC define as hipóteses em que a liquidação por
arbitramento poderá ser utilizada: a) quando determinado pela sentença; b)
convencionado pelas partes; c) exigido pela natureza do objeto da liquidação.
Por sua vez, a liquidação pelo procedimento comum (art. 509, II, CPC) é
utilizada quando há necessidade de alegar e provar fato novo. Entende-se por
fato novo a matéria que não foi apreciada pelo magistrado quando proferiu a
sentença e que tenha relação ao quantum.
Na liquidação por procedimento comum, o autor deverá apresentar os fatos
novos, o réu será intimado para apresentar defesa e serão admitidos todos os meios
de prova, podendo o juiz, inclusive, designar audiência de instrução e julgamento.
185
36 MEIOS DE EXECUÇÃO
186
ATENÇÃO: O CPC elenca um rol de documentos indispensáveis para
propositura da ação de execução, como por exemplo o título executivo extrajudicial –
contudo, não esqueça de analisar o enunciado para evitar a identificação de peça.
Importante destacar que o exequente deverá promover a execução sempre
pelo meio menos gravoso ao executado, por força do art. 805 do CPC.
Ausente algum dos requisitos ou documentos indispensáveis, o juiz
determinará a intimação do exequente para que no prazo de quinze dias providencie
a emenda da petição inicial, sob pena de indeferimento. Caso a inicial esteja de
acordo com os requisitos legais, o juiz determinará a citação do executado.
No processo de execução são admitidas todas as formas de citação previstas
no CPC (art. 246), inclusive citação por edital e por hora certa, observado o teor da
súmula 196 do STJ: “Ao executado que, citado por edital ou por hora certa,
permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para
apresentação de embargos”. A citação válida produz os mesmos efeitos que no
processo de conhecimento, previstos no art. 240 do CPC (induz litispendência,
interrupção da prescrição, constituição do devedor em mora). (Gonçalves, 2016,
p.767). Não ocorrendo a citação válida do executado, a execução será nula (art.
803, II, CPC).
A competência para julgar a execução está prevista no art. 781 do CPC,
podendo o juiz requisitar o uso da força policial, caso seja necessário, conforme
previsão do artigo 782, §2º, do CPC.
No processo de execução, o juiz poderá, de oficio ou a requerimento,
determinar as medidas necessárias ao cumprimento da ordem de entrega de
documentos e dados (art. 773 do CPC).
O executado cometerá ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA
quando através de conduta comissiva ou omissiva: a) fraudar a execução; b) se opor
maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; c) dificultar ou
embaraçar a realização da penhora; d) resistir injustificadamente às ordens judiciais;
e) intimado, não indicar ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e
os respectivos valores, nem exiba prova de sua propriedade e, se for o caso,
certidão negativa de ônus (art. 774 do CPC).
187
36.2 Execução por quantia certa
188
O art. 830 do CPC dispõe que: “Se o oficial de justiça não encontrar o
executado, arrastar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução”.
Trata-se da hipótese de arresto, que ocorre antes de realizada a citação do devedor
a fim de evitar o desaparecimento dos bens. Com a citação do devedor, o arresto
converte-se em penhora.
Destaca-se que a penhora nada mais é do que a individualização dos bens
que serão afetados pelo pagamento da obrigação. Conforme já mencionado, é
facultado ao credor indicar na petição inicial os bens do devedor em que deseja que
recaía a penhora, observada a ordem do art. 835, do CPC:
Não havendo indicação dos bens a serem penhorados na petição inicial e não
localizando o oficial de justiça bens em diligência, o juiz poderá (a pedido ou de
oficio) determinar a intimação do devedor para que indique bens passiveis de
penhora. O devedor cometerá ato atentatório à dignidade da justiça caso tenha
bens para indicar a penhora, mas não os informe.
O art. 845 § 1º do CPC prevê o procedimento da penhora quando recair
sobre bens imóveis ou veículos automotores.
189
A penhora sobre veículos automotores ou imóveis poderá ocorrer através da
juntada nos autos da matrícula do imóvel ou da certidão do veículo comprovando
sua existência e propriedade – para atribuir efeito erga omnes à penhora é
necessária a averbação junto ao registro competente no caso dos bens registráveis.
Sobre a penhora no rosto dos autos, regulada pelo art. 860 do CPC,
Gonçalves explica:
O art. 854, do CPC, regula a PENHORA ON-LINE, que ocorre quando o juiz
determina o bloqueio de valores diretamente da conta do devedor, através da
emissão de comandos às unidades supervisoras das instituições financeiras.
190
§ 4o Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3o, o juiz
determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade irregular ou
excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira em 24 (vinte e quatro)
horas.
§ 5o Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-
se-á a indisponibilidade em penhora, sem necessidade de lavratura de
termo, devendo o juiz da execução determinar à instituição financeira
depositária que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, transfira o montante
indisponível para conta vinculada ao juízo da execução.
§ 6o Realizado o pagamento da dívida por outro meio, o juiz determinará,
imediatamente, por sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do
sistema financeiro nacional, a notificação da instituição financeira para que,
em até 24 (vinte e quatro) horas, cancele a indisponibilidade.
§ 7o As transmissões das ordens de indisponibilidade, de seu cancelamento
e de determinação de penhora previstas neste artigo far-se-ão por meio de
sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro
nacional.
§ 8o A instituição financeira será responsável pelos prejuízos causados ao
executado em decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em
valor superior ao indicado na execução ou pelo juiz, bem como na hipótese
de não cancelamento da indisponibilidade no prazo de 24 (vinte e quatro)
horas, quando assim determinar o juiz.
§ 9o Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a
requerimento do exequente, determinará às instituições financeiras, por
meio de sistema eletrônico gerido por autoridade supervisora do sistema
bancário, que tornem indisponíveis ativos financeiros somente em nome do
órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que tenha dado
causa à violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a
responsabilidade pelos atos praticados, na forma da lei.
191
IV - havendo bens livres, ela tiver recaído sobre bens já penhorados ou
objeto de gravame;
V - ela incidir sobre bens de baixa liquidez;
VI - fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou
VII - o executado não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das
indicações previstas em lei.
Parágrafo único. A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou por
seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da
inicial, acrescido de trinta por cento.
192
O art. 842, do CPC, determina a intimação do cônjuge do executado quando a
penhora recair sobre bem imóvel ou direito real sobre bem imóvel, exceto se forem
casados no regime de separação absoluta de bens. Importante ressaltar que a
intimação será necessária inclusive se o bem penhorado pertencer a apenas um dos
cônjuges.
Após a penhora dos bens e não havendo adimplemento da obrigação, segue-
se para a fase de expropriação dos bens.
A EXPROPRIAÇÃO DOS BENS é o meio pelo qual o credor alcançará a
satisfação de seu crédito na execução por quantia certa e consiste na adjudicação,
alienação ou apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou estabelecimento e
de outros bens.
A ADJUDICAÇÃO ocorre quando o bem móvel ou imóvel penhorado é
transferido para o credor a fim de satisfazer seu crédito e nunca poderá ocorrer por
valor inferior ao da avaliação. Caso o valor do crédito seja inferior ao valor da
avaliação, o credor deve depositar a diferença em juízo, na forma do art. 876, §4º, I,
do CPC). Caso o valor do crédito seja superior ao valor da avaliação do bem, após a
adjudicação do bem, o credor poderá seguir com a execução a fim de efetuar a
cobrança, na forma do art. 876, §4º, II do CPC.
Destaca-se que a qualquer tempo, após a avaliação do bem, enquanto não
for realizada a alienação particular ou o leilão judicial, os legitimados poderão
requerer a adjudicação.
Podem requerer a adjudicação do bem: a) exequente; b) as pessoas
enumeradas no art. 889, incisos II a VIII; c) credores que hajam penhorado o mesmo
bem; d) cônjuge / companheiro, ascendente e descendente do executado
(GONÇALVES, 2016, p.783). ATENÇÃO: pessoas alheias a execução devem
depositar o valor da avaliação para poder fazer a adjudicação do bem.
Havendo mais de um legitimado interessado na adjudicação do bem será
efetuado licitação entre eles, sendo deferida a preferência pela adjudicação àquele
que oferecer maior valor pelo bem, podendo a adjudicação ocorrer por valor superior
a avaliação, mas nunca inferior. No caso de empate na licitação, a preferência será
do cônjuge, companheiro, descendente e ascendentes do devedor.
193
No caso da adjudicação, quando o débito for inferior ao bem adjudicado, o
exequente deverá depositar a diferença do valor entre o débito e a avaliação. Sendo
o bem adjudicado pelos demais interessados, estes deverão depositar integralmente
o valor do preço em juízo.
194
§ 2o Ressalvados os casos de alienação a cargo de corretores de bolsa de
valores, todos os demais bens serão alienados em leilão público.
195
hipótese em que não estará obrigado a exibir o preço, exceto se superior ao valor de
seu crédito, devendo, neste caso, depositar a diferença em juízo, no prazo de três
dias, sob pena de tornar sem efeito a arrematação e, realizar-se novo leilão à sua
custa. (art. 892 §1º, CPC).
A legislação prevê a possibilidade da aquisição do bem penhorado através de
pagamento parcelado, devendo seguir o rito do art. 895, do CPC, mas, a proposta
de pagamento à vista sempre prevalecerá sobre a proposta de pagamento
parcelado.
Efetivada a arrematação será lavrado auto devidamente assinado pelo
leiloeiro, arrematante e juiz, passando a fluir o prazo de dez dias para que se postule
a invalidade, ineficácia ou resolução da arrematação nos casos previstos no art.903,
§1º, do CPC. Não havendo impugnação no prazo de dez dias, a carta de
arrematação será expedida e conforme o caso, a ordem de entrega ou mandado de
imissão na posse.
Após a expedição da carta de arrematação, a invalidação somente poderá ser
postulada em ação própria, na qual o arrematante figurará como litisconsorte
necessário (GONÇALVES, 2016, p.787).
Por fim, as situações que permitem a desistência da arrematação pelo
arrematante estão previstas no art. 903, §5º, do CPC.
A apropriação de frutos e rendimentos de bens móveis ou imóveis também é
meio expropriatório de bens e vem regulado nos arts. 867 a 869, do CPC. Neste
caso, após o deferimento da penhora, o juiz nomeará administrador/depositário, que
será investido de todos os poderes que concernem à administração do bem e a
fruição de seus frutos e utilidades, perdendo o executado o direito de gozo do bem
até que o exequente seja pago do principal, custas, honorários e juros.
196
Gonçalves conceitua a coisa certa: “A "coisa certa" a que alude a lei é a
individualizada, determinada, no momento da propositura da execução; distingue-se
da "coisa incerta", que não está determinada, mas é determinável pelo gênero e pela
quantidade” (GONÇALVES, 2016, p.768).
Todas as regras gerais da execução previstas nos arts. 771 a 805 do
CPC são aplicáveis à execução para entrega de coisa certa. Verificar arts. 233
a 242 do CC que podem ser usados para fundamentar a ação.
A petição inicial de uma ação de execução para entrega de coisa certa deverá
ser fundamentada no inadimplemento de um título executivo extrajudicial que
representa uma obrigação líquida, certa e exigível. Da mesma forma que as demais
ações de execuções mencionadas, o título executivo deve instruir a petição inicial
para atender ao previsto no art. 798, I, “a”, do CPC. Verificar, ainda, se o problema
constante no enunciado não exige o cumprimento de mais algum dos requisitos
previstos no art. 798 e 799 do Código de Processo Civil. Atentar ao art. 498 do
Código de Processo Civil.
Após receber a petição inicial, o juiz ordenará a citação do executado para
que no prazo de quinze dias (contagem conforme art. 231 CPC) efetue a entrega da
coisa, fixando os honorários advocatícios devidos caso o devedor efetive o
cumprimento da obrigação. Apesar da citação ter como objetivo a entrega da coisa,
o devedor tem a possibilidade de apresentar Embargos à execução no prazo de 15
dias, na forma dos art. 914 e 915 do CPC. Nos embargos, o embargante poderá
alegar qualquer matéria de defesa, como por exemplo realização de benfeitorias
úteis e necessárias no bem (que lhe confere o direito de retenção, conforme art. 917,
IV).
Em caso de inadimplemento na entrega da coisa será expedido mandado de
imissão na posse ou de busca e apreensão de bens em favor do exequente.
Destaca-se que poderá haver requerimento de fixação de multa astreinte, conforme
previsão do art. 806, §1º, CPC.
Com a citação, o executado poderá: a) entregar a coisa e satisfazer a
execução, conforme previsão do art. 807 do CPC: “Se o executado entregar a coisa,
será lavrado o termo respectivo e considerada satisfeita a obrigação, prosseguindo-
197
se a execução para o pagamento de frutos ou o ressarcimento de prejuízos, se
houver”; b) não entregar a coisa, hipótese em que a ordem de imissão na posse
(imóvel) ou de busca e apreensão (móvel) será cumprida. Se impossível a entrega
da coisa certa poderá haver conversão em perdas e danos (art. 809), e se
alienada a coisa, o mandado será dirigido contra o terceiro (art. 808), passando
a fluir o prazo para oposição de embargos. (GONÇALVES, 2016, p.768).
Nos embargos de execução para entrega de coisa certa, o embargante
poderá alegar qualquer matéria de defesa, como por exemplo realização de
benfeitorias úteis e necessárias no bem (que lhe confere o direito de retenção,
conforme art. 917, IV).
O art. 243 do Código Civil define o conceito de coisa incerta: “A coisa incerta
será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade”.
A execução para entrega de coisa incerta tem previsão nos arts. 811 a 813 do
CPC, aplicando-se também as regras gerais da execução (arts. 771 a 805) e no que
couber, as regras da execução para entrega de coisa certa.
O executado será citado para entregar a coisa individualizada, se couber a ele
a escolha, nos termos do art. 811 do CPC. Cabendo individualização da coisa ao
exequente, este deverá indica-la na petição inicial.
Art. 811. Quando a execução recair sobre coisa determinada pelo gênero e pela
quantidade, o executado será citado para entregá-la individualizada, se lhe couber
a escolha.
Parágrafo único. Se a escolha couber ao exequente, esse deverá indicá-la na
petição inicial.
Art. 812. Qualquer das partes poderá, no prazo de 15 (quinze) dias, impugnar a
escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo
perito de sua nomeação.
Art. 813. Aplicar-se-ão à execução para entrega de coisa incerta, no que couber,
as disposições da Seção I deste Capítulo.
198
As obrigações de fazer e não fazer vêm reguladas nos arts. 814 ao 823 do
CPC e também podem ser fundamentadas nos arts. 247 a 251 do CC. São aquelas
em que o devedor se compromete na realização de determinada prestação.
A petição inicial de uma ação de execução de uma obrigação de fazer ou não
fazer é fundamentada no inadimplemento de um título executivo extrajudicial que
representa uma obrigação líquida, certa e exigível. Da mesma forma que as demais
ações de execuções mencionadas, o título executivo deve instruir a petição inicial
para atender ao previsto no art. 798, I, “a”, do CPC. Verificar, ainda, se o problema
constante no enunciado não exige o cumprimento de mais algum dos requisitos
previstos no art. 798 e 799 do Código de Processo Civil.
No caso da obrigação de fazer, o executado será citado para satisfazer a
obrigação no prazo determinado pelo magistrado, se outro não estiver determinado
no título executivo, na forma do art. 815 do CPC. No tocante a obrigação de não
fazer, o pedido de citação será no sentido de que o executado desfaça o ato cuja
abstenção estava obrigado, na forma do art. 822 do CPC.
Citado, se o executado deixar de cumprir a obrigação, será necessário
analisar se trata-se de uma obrigação fungível ou infungível.
As obrigações de fazer fungíveis são aquelas que podem ser prestadas por
pessoas diversas do devedor (não são personalíssimas) correndo os custos às
expensas do executado, conforme previsão dos arts. 816 e 817 do CPC.
As obrigações de fazer infungíveis são aquelas que, em razão das qualidades
pessoais do devedor, somente podem ser prestadas por ele (são personalíssimas).
Sendo infungível a obrigação, não poderá ser prestada por terceiros e em caso de
impossibilidade de adimplemento deverá ser convertida em perdas e danos.
Já nas obrigações de não fazer, o juiz determinará a citação do devedor para
que se abstenha de fazer determinada conduta, sob pena de multa. Se o exequente
requerer e for cabível, o juiz deferirá o desfazimento da coisa por terceiro (a
expensas do devedor). Não sendo possível o adimplemento da obrigação de não
fazer, poderá ser convertida em perdas e danos.
Utilizar, ainda, na fundamentação da peça, o art. 497 do CPC.
199
36.5 Execução contra fazenda pública
Tanto a fraude contra execução quanto a fraude contra credores visam atacar
o desfazimento do patrimônio pelo devedor, contudo, o que as diferencia é o
momento em que ocorre a alienação dos bens.
A FRAUDE CONTRA CREDORES é um defeito do negócio jurídico previsto
no art. 158 a 165 do Código Civil. Ocorre fraude contra credores quando o devedor
200
se desfaz do seu patrimônio antes de iniciado o processo judicial (que não precisa
ser necessariamente uma ação de execução) ficando totalmente insolvente para
adimplir as obrigações assumidas. Para atacar a fraude contra credores é possível
valer-se da AÇÃO PAULIANA ou AÇÃO REVOCATÓRIA com o objetivo de anular
o negócio jurídico viciado pela fraude. Deve-se provar na ação o consilium fraudis,
ou seja, que o devedor e o terceiro adquirente de seus bens tinham o objetivo de
fraudar o adimplemento do débito. Observa-se, ainda, que a ação deve conter o
pedido de nulidade da transferência dos bens.
Por sua vez, a FRAUDE CONTRA EXECUÇÃO atenta contra o credor e
contra o Poder Judiciário, já que a alienação dos bens ocorre somente após a
ciência da ação de execução. O pedido de reconhecimento de fraude contra a
execução poderá ser feito através de PETIÇÃO e seu reconhecimento poderá
ocorrer nos próprios autos da ação de execução. ATENÇÃO: Antes de declarar a
fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser poderá
opor EMBARGOS DE TERCEIRO, no prazo de 15 dias, conforme art. 792, §4º, do
CPC.
As hipóteses de fraude à execução estão previstas no art. 792 do CPC, que
dispõe:
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à
execução:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com
pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido
averbada no respectivo registro público, se houver;
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do
processo de execução, na forma do art. 828;
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou
outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a
fraude;
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o
devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
V - nos demais casos expressos em lei.
§ 1o A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro
adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a
aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no
domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à
execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se
pretende desconsiderar.
§ 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro
adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de
15 (quinze) dias.
201
O art. 828 do CPC foi editado diante da possibilidade do devedor se desfazer
de seus bens no período entre o protocolo da inicial e a citação do devedor.
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida
pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de
averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a
penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1o No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá
comunicar ao juízo as averbações efetivadas.
§ 2o Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da
dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o
cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados.
§ 3o O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a
requerimento, caso o exequente não o faça no prazo.
§ 4o Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens
efetuada após a averbação.
§ 5o O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não
cancelar as averbações nos termos do § 2o indenizará a parte contrária,
processando-se o incidente em autos apartados.
202
Por fim, o art. 828 § 5º observou que aquele que promover a averbação
manifestamente indevida ou não cancelar as averbações no prazo previsto no §2º
(dez dias), indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos
apartados.
Ainda, no que tange a fraude contra execução, fica caracterizada a má-fé do
terceiro adquirente somente após o registro da penhora, que, no entanto, poderá
retroagir à data em que foi averbada a certidão prevista no art. 828, conforme
previsão da súmula 375 do STJ: “O reconhecimento da fraude à execução depende
do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro
adquirente”. (Gonçalves, 2015, p. 748).
O art. 792 §4º do CPC determina a intimação do terceiro adquirente antes da
declaração de fraude à execução, para, querendo, opor embargos de terceiro, no
prazo de quinze dias. Em sua defesa o terceiro deverá demonstrar que a aquisição
do bem não foi fraudulenta.
No caso da fraude contra credores, o art. 178, II do CC prevê o prazo
decadencial de 4 anos para anulação do negócio jurídico.
38 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
203
carta com aviso de recebimento, encaminhada no endereço constante nos autos,
observado o art. 274, parágrafo único e o art. 513, §3, §4 do CPC.
Nos casos em que a relação jurídica esteja sujeita a condição ou termo, o
cumprimento da sentença ficará condicionado à demonstração de que se realizou a
condição ou de que ocorreu o termo (art. 514 do CPC).
O art. 523 §1º dispõe que: “Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo
do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de
honorários de advogado de dez por cento.” Em caso de pagamento parcial do
débito, devemos aplicar o §2º, que dispõe: “Efetuado o pagamento parcial no prazo
previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre o
restante”.
Para que o cumprimento de sentença seja iniciado é necessária a
manifestação do credor, através de petição nos mesmos autos, requerendo a
intimação do devedor para que efetue o pagamento do débito no prazo de quinze
204
dias. Juntamente com o requerimento deverá ser apresentado a memória de cálculo
atualizado do débito (conforme os requisitos do art. 524) e a indicação dos bens
passiveis de penhora (conforme enunciado).
205
considerado como tal a obrigação até 30 salários mínimos no caso da Fazenda
Municipal e de até 40 salários mínimos no caso das Fazendas Estaduais e Federais
(GONÇALVES, 2016, p.816).
Na obrigação limitada aos valores do RPV, haverá intimação da Fazenda
Pública para, no prazo de 30 dias, opor impugnação, não opondo o juiz emitirá a
requisição de pagamento, que deverá ser cumprida pela Fazenda Pública no prazo
de dois meses, sob pena de sequestro de bens (Lei n. 10.259/2001, art. 17).
206
O procedimento para efetivar o protesto é simples: o exequente deve
apresentar certidão com o teor da decisão judicial, comprovar o trânsito em julgado e
o transcurso do prazo de pagamento voluntário (art. 523 CPC).
A certidão deverá conter o nome do exequente e do executado e a
qualificação de ambos, o número do processo judicial, valor da dívida e o decurso do
prazo do pagamento voluntário. Caso o executado efetue o adimplemento da
obrigação de modo integral, poderá requerer ao juiz que, no prazo de três dias,
expeça oficio ao tabelionato, ordenando o cancelamento do protesto, ou ainda, caso
ingresse com ação rescisória da decisão, poderá requerer tal anotação à margem do
título protestado (GONÇALVES, 2016, p. 800).
Além do protesto, o CPC prevê a possibilidade da negativação do nome do
executado no cadastro dos inadimplentes até que efetive o pagamento do valor
devido, garanta o cumprimento de sentença ou até que o processo seja extinto por
outro motivo, conforme art. 782, §3º, do CPC. (BARROSO; LETTIÈRE, 2016, p.169).
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos
executivos, e o oficial de justiça os cumprirá.
§ 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do
nome do executado em cadastros de inadimplentes.
40 A HIPOTECA JUDICIÁRIA
207
Em síntese, a hipoteca judiciária é um direito real de garantia em que o bem
do devedor fica vinculado ao cumprimento de determinada obrigação em caso de
inadimplemento, a fim de assegurar o crédito do credor.
208
EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS: No caso de concessão de efeito
suspensivo aos embargos à execução ou a impugnação, a execução ficará
suspensa, no todo ou em parte, até o julgamento dos embargos/impugnação ou
revogação do efeito concedido.
INEXISTÊNCA DE BENS DO DEVEDOR: A hipótese mais frequente de
suspensão da execução é a inexistência de bens do devedor. Neste caso, a
execução ficará suspensa pelo prazo de um ano, consoante art. 921 §1º. Decorrido
o prazo de um ano sem localização de bens passiveis de penhora, o juiz
determinará o arquivamento dos autos (§2º), nada impedindo seu posterior
desarquivamento se a qualquer tempo forem encontrados bens penhoráveis (§3º).
PARCELAMENTO DO DÉBITO: Com o parcelamento do débito (previsto no
art. 916 CPC) a execução também deve ser suspensa até o adimplemento das
parcelas.
O art. 923 do CPC dispõe que não serão praticados atos processuais
enquanto estiver suspensa a execução, podendo o juiz, entretanto, ordenar
providências urgentes, salvo nos caso de arguição de impedimento ou suspeição.
209
42 DEFESA DO EXECUTADO
210
unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação dos bens
efetuados no juízo deprecado.
Importante destacar que o caput do art. 914 previu a possibilidade da
interposição dos embargos independentemente de penhora, depósito ou caução.
Nesse caso, prazo de embargos fluirá a partir do momento da citação, observado as
regras pertinentes constantes no art. 231 do CPC.
O PRAZO para apresentação dos embargos é de quinze dias, conforme
preceitua o art. 915 do CPC e observado o art. 231 do CPC que fixa as regras para
a contagem do prazo.
Deve-se destacar que o comparecimento espontâneo do executado supre a
falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação
dos embargos à execução, conforme art. 239, §1º, do CPC.
“Não se aplica ao prazo dos embargos o art. 229 do CPC. Ele não se
modifica se houver litisconsortes com advogados diferentes, de escritórios
distintos, porque os embargos são nova ação, e não incidente da execução.
Também não se aplica o art. 231, § 1°, do CPC: havendo mais de um
executado, o prazo correrá para cada qual independentemente,
conforme forem sendo citados e o comprovante da citação for sendo
juntado aos autos. Para que o prazo tenha início, não é necessário que
todos os executados já tenham sido citados. O prazo para cada um será
autônomo. Há, no entanto, uma exceção a essa regra: se os executados
litisconsortes forem cônjuges ou companheiros, o prazo de embargos
contar-se-á da juntada aos autos do último comprovante de citação
(art. 915, § 1°, do CPC)”. (GONÇALVES, 2016, p. 789/790).
211
honorários), poderá requerer o PARCELAMENTO do restante em até 6 parcelas
mensais, acrescidas de correção monetária e juros de um por cento por mês (art.
916 CPC). Com o deferimento do pedido de parcelamento, a execução ficará
suspensa até a quitação integral do débito.
212
processo com o imediato reinicio dos atos executivos, além de multa de 10% sobre o
valor das prestações não pagas.
Quando o fundamento dos embargos for o excesso da execução (art. 917, III,
CPC), o embargante deverá, OBRIGATORIAMENTE, informar o valor que entende
devido e acostar aos autos cálculo discriminado, conforme art. 917, §3º, do CPC,
sob pena de rejeição liminar (art. 917, §4ª, I, CPC).
213
Ainda, deverão ser juntados aos embargos as cópias das peças processuais
relevantes do processo de execução, que poderão ser autenticadas pelo próprio
advogado, além do instrumento de procuração. Poderão ser juntados documentos
complementares comprobatórios das alegações apresentadas (atenção para o
enunciado a fim de evitar identificação de peças).
214
Contudo, como exceção, o juiz poderá atribuir o efeito suspensivo, a requerimento
do embargante, quando verificados os requisitos para concessão da tutela provisória
e desde que a execução esteja garantida por penhora, depósito ou caução
suficiente. A decisão que determinar o efeito suspensivo dos embargos poderá ser
modificada ou revogada a qualquer tempo, desde que haja requerimento da parte,
circunstâncias que determinem a modificação dos efeitos e decisão fundamentada.
Conforme art. 1.015, X, do CPC, da decisão que defere ou indefere o efeito
suspensivo, cabe agravo de instrumento. Caso os embargos sejam parciais e o
juiz conceda o efeito suspensivo, a execução poderá prosseguir no tocante a parte
incontroversa. Sendo vários devedores, o efeito suspensivo concedido aos
embargos oferecidos por um dos executados não se aproveita aos demais quando o
fundamento versar exclusivamente ao embargante, mas tratando-se de fundamento
que seja comum, o efeito suspensivo poderá ser estendido.
Por fim, cabe destacar que o efeito suspensivo não obstará a efetivação dos
atos de substituição, reforço ou redução da penhora e avaliação dos bens (919, §5º).
215
§ 5o A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos
de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos
bens.
216
Apresentada a impugnação, o rito será da ação de conhecimento. Em caso de
julgamento improcedente dos embargos, a execução terá seguimento, tendo em
vista que o recurso de apelação, em regra, não tem efeito suspensivo. Já o
julgamento procedente dos embargos poderá acarretar na extinção da execução,
modificação do valor executado ou desconstituição de algum ato processual.
(Gonçalves, 2016, p. 795).
217
GARANTIA DO JUÍZO: O cumprimento de sentença não necessita de prévia
garantia do juízo, na forma do art. 525 do Código de Processo Civil.
EFEITO: Como regra, a impugnação do cumprimento de sentença não tem
efeito suspensivo, contudo, o juiz poderá concedê-lo conforme os mesmos requisitos
dos embargos (requerimento do impugnante; garantia do juízo; fundamentação
relevante; possibilidade de dano grave de difícil ou incerta reparação).
MATÉRIAS DE DEFESA: Na impugnação ao cumprimento de sentença
existem limitações quanto as matérias de defesa, que estão previstas no art. 525,
§1º, do CPC:
218
42.4.1 Procedimento da impugnação ao cumprimento de sentença
219
42.5 Desistência da ação de execução X Defesa
43 EXCEÇÕES DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
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EFEITOS: A doutrina majoritária entende que a exceção e objeção de pré-
executividade não têm efeito suspensivo (Gonçalves, 2016, p. 811).
Em regra, a exceção e objeção de pré-executividade são julgadas por decisão
interlocutória, contudo, quando o acolhimento da petição acarretar em extinção da
execução, esta deverá ser declarada por sentença.
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Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 2o Aplica-se o disposto no caput:
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao
mesmo ato jurídico;
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REFERÊNCIAS
DIDIER Jr, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual
civil, parte geral, processo de conhecimento. 18. ed. Salvador: Jus Podivm, 2016.
DIDIER Jr, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
direito processual civil: teoria da prova, direito provatório, decisão, precedente, coisa
julgada e tutela provisória. 10. ed. Salvador: Jus Podivm, 2015.
TARTUCE, Fernanda; DELLORE, Luiz. Manual de prática civil. 12. ed. São Paulo:
Editora Forense, 2016.
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