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ISBN 978-85-7789-471-0
CDD 347.8105
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concernentes ao conteúdo serão de inteira responsabilidade do autor.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 5
Agradecimentos
Agradeço a Deus e aos meus pais, Valmir e Beth. À minha esposa Patricia
e minhas filhas Lorena e Natália. Patrícia e Paulo Canavarro. Aos amigos e
parceiros Marcel Kléber Mendes, Magda Torquato de Araújo e Marco Aurélio
Sanches. Aos professores, colegas de docência na Universidade Paulista -
UNIP, na pessoa da profa. Cibele Mara Dugaich. À profa. Andrea Wild, minha
coordenadora do curso de direito da UNIP Campus Paraíso. Aos amigos da
Academia Jurídica (www.ajuridica.com.br), nas pessoas de Carlos Gouveia e
Anderson Amorim. Ao pessoal da Editora JHMizuno, na pessoa do Rafael, pelo
excelente trabalho de produção. Um agradecimento especial ao Mauro de Paula
(Maurão), da Livraria Cultura do Direito (www.culturadodireito.com.br).
6 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES
MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 7
Dedicatória
Dedico este livro a todos os meus alunos
e ex-alunos, futuros e presentes advogados.
Para Lorena, como não poderia deixar
de ser, sempre!
Apresentação
Caro leitor,
É com imenso prazer que trago até você o nosso Manual de Prática
Processual Civil. O objetivo, aqui, é tentar tornar a vida do advogado um
pouco mais fácil no dia a dia da advocacia civil, com o uso das ferramentas
que o processo civil nos propicia.
Dentro dessa proposta, selecionamos – a nosso ver – as peças mais
importantes, as mais utilizadas e as que apresentam maiores dificuldades
aos profissionais do direito, e cuidamos de explicá-las, indicando aspectos
de sua utilização e aplicação prática, além de trazer modelos para ajudá-
lo na confecção de suas próprias peças.
São 75 modelos de petições ao longo do livro, dos mais variados
tipos, na medida da sua necessidade.
Sempre me pediram para fazer um livro assim, de prática jurídica
com modelos de peças processuais, mas eu resistia a essa ideia, porque
sempre me senti pouco à vontade com livros de modelo (acho que ainda
não tinha encontrado a fórmula ideal). Mas de um tempo para cá essa
ideia tomou corpo e foi crescendo dentro da minha mente, até que eu me
senti confortável para escrevê-lo, nos moldes que eu imaginei. Coloquei
a ideia no papel e, devo dizer, fiquei muito feliz com o resultado. Espero
que você goste também.
Como sempre faço quando escrevo sobre direito, tentei ser
simples, direto e objetivo. A função, aqui, é ser útil, ou então o livro não
servirá para nada, não tendo sentido de existir.
Optei por dividir a obra em 4 partes: I - processo de conhecimento,
II - execução civil, III - recursos, e IV - outras petições. Em cada uma
delas você vai encontrar diversas subdivisões referentes às peças
10 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES
O autor.
São Paulo, 13 de março de 2019.
MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 11
Sumário
PARTE I
PROCESSO DE CONHECIMENTO
CAPÍTULO 1
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO............................................................................. 23
CAPÍTULO 2
DO PROCEDIMENTO......................................................................................................... 25
CAPÍTULO 3
DO PROCEDIMENTO COMUM.......................................................................................... 27
CAPÍTULO 4
DA PETIÇÃO INICIAL........................................................................................................ 29
4.1 Generalidades........................................................................................................ 29
4.2 Requisitos da petição inicial................................................................................... 29
4.2.1 O juízo a que é dirigida (inciso I).................................................................. 29
4.2.2 A qualificação das partes (inciso II)............................................................... 30
4.2.3 O fato e os fundamentos jurídicos do pedido (inciso III)............................... 31
4.2.4 O pedido, com suas especificações (inciso IV)............................................. 33
4.2.4.1 Características do pedido.................................................................... 34
4.2.4.2 Tipos de pedido................................................................................... 35
4.2.5 O valor da causa (inciso V)........................................................................... 36
4.2.6 As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados (inciso VI)...................................................................................... 37
4.2.7 A opção do autor pela realização ou não da audiência de conciliação
(inciso VII)........................................................................................................ 37
4.2.8 A desnecessidade de requerer a citação do réu........................................... 38
12 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES
CAPÍTULO 5
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS......................................................................................... 47
5.1 Procedimentos especiais de jurisdição contenciosa.............................................. 47
5.2 Ação de consignação em pagamento.................................................................... 47
5.2.1 Generalidades............................................................................................... 47
5.2.2 Requisitos da petição inicial da ação de consignação em pagamento......... 48
MODELO # 4 Modelo de petição inicial de ação de consignação em pagamento................... 49
5.3 Ação de exigir contas............................................................................................. 51
5.3.1 Generalidades............................................................................................... 51
5.3.2 Requisitos da petição inicial da ação de exigir contas.................................. 51
MODELO # 5 Modelo de petição inicial de ação de exigir contas........................................ 52
5.4 Ações possessórias............................................................................................... 54
5.4.1 Generalidades............................................................................................... 54
5.4.2 Requisitos da petição inicial das ações possessórias.................................. 54
MODELO # 6 Modelo de petição inicial de ação de reintegração de posse........................ 55
MODELO # 7 Modelo de petição inicial de ação de manutenção de posse......................... 57
MODELO # 8 Modelo de petição inicial de ação de interdito proibitório............................. 59
5.5 Embargos de terceiro............................................................................................. 61
5.5.1 Generalidades............................................................................................... 61
5.5.2 Requisitos da petição inicial nos embargos de terceiro................................ 61
MODELO # 9 Modelo de petição inicial de embargos de terceiro........................................ 63
5.6 Ação monitória....................................................................................................... 66
5.6.1 Generalidades............................................................................................... 66
5.6.2 Requisitos da petição inicial na ação monitória............................................ 66
MODELO # 10 Modelo de petição inicial de ação monitória................................................. 68
MODELO # 19 Modelo de petição inicial de despejo por falta de pagamento cumulada com
cobrança de aluguéis.................................................................................................... 93
5.11.3 Ação revisional de aluguel........................................................................... 96
MODELO # 20 Modelo de petição inicial de ação revisional de aluguel.............................. 97
CAPÍTULO 6
TUTELAS PROVISÓRIAS.................................................................................................. 111
6.1 Tutelas de urgência................................................................................................ 111
6.1.1 Tutela antecipada.......................................................................................... 112
MODELO #24 Modelo de petição inicial apenas com pedido de tutela provisória antecipa-
MODELO #25 Modelo de petição de aditamento da inicial formulada apenas com pedido
de tutela provisória antecipada..................................................................................... 116
MODELO #26 Modelo de petição inicial completa com pedido de tutela provisória anteci-
pada em caráter antecedente....................................................................................... 118
6.1.2 Tutela cautelar.............................................................................................. 120
MODELO #27 Modelo de petição inicial apenas com pedido de tutela provisória cautelar
em caráter antecedente................................................................................................ 121
MODELO #28 Modelo de petição formulando pedido principal na ação em que a inicial
apenas contém pedido de tutela provisória cautelar..................................................... 123
MODELO #29 Modelo de petição inicial completa com pedido de tutela provisória cautelar
em caráter antecedente................................................................................................ 125
6.2 Tutelas de evidência.............................................................................................. 127
MODELO # 30 Modelo de petição inicial com pedido de tutela provisória de evidência...... 129
MODELO # 31 Modelo de petição incidental de pedido de tutela provisória de evidência... 131
CAPÍTULO 7
RESPOSTA DO RÉU (CONTESTAÇÃO LATO SENSU)................................................... 133
7.1 Generalidades........................................................................................................ 133
7.2 Contestação........................................................................................................... 133
7.2.1 Princípio da eventualidade ou da concentração da defesa.......................... 134
7.2.2 Ônus da impugnação específica................................................................... 134
7.2.3 Matérias preliminares.................................................................................... 134
MODELO # 32 Modelo de contestação................................................................................ 138
MODELO #33 Modelo de contestação com denunciação da lide....................................... 141
MODELO #34 Modelo de contestação com chamamento ao processo.............................. 144
7.3 Reconvenção......................................................................................................... 147
MODELO # 35 Modelo de reconvenção apresentada com a contestação........................... 148
CAPÍTULO 8
RÉPLICA............................................................................................................................. 151
MODELO # 36 Modelo de réplica......................................................................................... 152
CAPÍTULO 9
RESPOSTA DO RÉU NO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL.................................................... 155
MODELO # 37 Modelo de contestação com pedido contraposto no JEC............................ 156
MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 15
PARTE II
EXECUÇÃO CIVIL
CAPÍTULO 10
PROCESSO DE EXECUÇÃO............................................................................................. 161
10.1 Generalidades...................................................................................................... 161
10.2 Requisitos da petição inicial................................................................................. 162
MODELO # 38 Modelo padrão de petição inicial no processo de execução........................ 164
CAPÍTULO 11
DEFESAS DO EXECUTADO.............................................................................................. 167
11.1 Embargos à execução.......................................................................................... 167
11.1.1 Generalidades............................................................................................. 167
11.1.2 Natureza jurídica dos embargos à execução.............................................. 167
11.1.3 Requisitos da petição inicial........................................................................ 168
MODELO # 39 Modelo de petição inicial de embargos à execução.................................... 171
11.2 Exceção de pré-executividade............................................................................. 173
11.2.1 Generalidades............................................................................................. 173
11.2.2 Requisitos da petição.................................................................................. 173
MODELO # 40 Modelo de petição de exceção de pré-executividade.................................. 174
11.3 Arguição de impenhorabilidade............................................................................ 176
11.3.1 Generalidades............................................................................................. 176
11.3.2 Arguição de impenhorabilidade de bem de família..................................... 176
MODELO # 41 Modelo de petição de arguição de impenhorabilidade de bem de família.... 177
11.3.3 Arguição de impenhorabilidade de quantia em dinheiro penhorado pelo
sistema “on line”............................................................................................... 179
MODELO # 42 Modelo de petição de arguição de impenhorabilidade de dinheiro penhorado
pelo sistema “on line”.................................................................................................... 180
CAPÍTULO 12
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA....................................................................................... 183
12.1 Generalidades...................................................................................................... 183
12.2 Liquidação de sentença....................................................................................... 186
12.2.1 Formas de liquidação de sentença............................................................. 186
12.2.1.1 Simples cálculo.................................................................................. 186
12.2.1.2 Liquidação por arbitramento.............................................................. 186
16 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES
CAPÍTULO 13
EXECUÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL.................................................................. 199
13.1 Generalidades...................................................................................................... 199
13.2 Execução dos próprios julgados.......................................................................... 199
13.2.1 Execução ou cumprimento de sentença..................................................... 199
13.2.2 Requisitos para o requerimento da execução de sentença no JEC........... 200
MODELO # 46 Modelo de petição de requerimento de execução de sentença no JEC...... 201
cível............................................................................................................................... 207
13.3.3 Embargos à execução................................................................................ 209
MODELO # 49 Modelo de petição de embargos à execução no processo de execução no
PARTE III
RECURSOS
CAPÍTULO 14
TEORIA DOS RECURSOS................................................................................................. 215
14.1 Generalidades...................................................................................................... 215
14.2 Fundamento do recurso....................................................................................... 215
MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 17
CAPÍTULO 15
APELAÇÃO........................................................................................................................ 221
15.1 Generalidades...................................................................................................... 221
15.1.1 Sentença e Coisa Julgada.......................................................................... 221
15.2 Requisitos formais................................................................................................ 222
MODELO # 50 Modelo de petição de recurso de apelação................................................ 224
MODELO # 51 Modelo de petição de contrarrazões de apelação...................................... 227
CAPÍTULO 16
AGRAVO DE INSTRUMENTO............................................................................................ 231
16.1 Generalidades...................................................................................................... 231
16.2 Requisitos formais................................................................................................ 232
MODELO # 52 Modelo de petição de recurso de agravo de instrumento........................... 234
MODELO # 53 Modelo de petição de contraminuta do agravo de instrumento................... 237
CAPÍTULO 17
AGRAVO INTERNO............................................................................................................ 239
17.1 Generalidades...................................................................................................... 239
17.2 Requisitos formais................................................................................................ 239
MODELO # 54 Modelo de petição de recurso de agravo interno........................................ 240
MODELO # 55 Modelo de petição de contraminuta do agravo interno............................... 243
CAPÍTULO 18
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO....................................................................................... 245
18.1 Generalidades...................................................................................................... 245
18.2 Requisitos formais................................................................................................ 246
MODELO # 56 Modelo de petição de embargos de declaração.......................................... 247
CAPÍTULO 19
RECURSO ORDINÁRIO..................................................................................................... 249
19.1 Generalidades...................................................................................................... 249
19.2 Requisitos formais................................................................................................ 250
MODELO # 57 Modelo de petição de recurso ordinário...................................................... 251
18 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES
CAPÍTULO 20
RECURSO ESPECIAL........................................................................................................ 255
20.1 Generalidades...................................................................................................... 255
20.2 Requisitos formais................................................................................................ 257
MODELO # 58 Modelo de petição de recurso especial....................................................... 259
CAPÍTULO 21
RECURSO EXTRAORDINÁRIO......................................................................................... 263
21.1 Generalidades...................................................................................................... 263
21.2 Requisitos formais................................................................................................ 264
MODELO # 59 Modelo de petição de recurso extraordinário.............................................. 266
CAPÍTULO 22
RECURSO NO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL..................................................................... 269
22.1 Generalidades...................................................................................................... 269
22.2 Requisitos formais................................................................................................ 270
MODELO # 60 Modelo de petição de recurso inominado no JEC....................................... 271
PARTE IV
OUTRAS PETIÇÕES
CAPÍTULO 23
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA.............................................................................................. 275
23.1 Generalidades...................................................................................................... 275
23.2 Ação de notificação judicial.................................................................................. 276
MODELO # 61 Modelo de petição inicial de notificação....................................................... 277
23.3 Ação de separação/divórcio consensual.............................................................. 278
MODELO # 62 Modelo de petição inicial de separação consensual................................... 279
23.4 Ação de abertura e cumprimento de testamento................................................. 281
MODELO # 63 Modelo de petição inicial de abertura e cumprimento de testamento......... 282
23.5 Ação de interdição................................................................................................ 283
MODELO # 64 Modelo de petição inicial de ação de interdição.......................................... 284
CAPÍTULO 24
PROCESSO NOS TRIBUNAIS........................................................................................... 287
24.1 Generalidades...................................................................................................... 287
MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 19
repetitivas...................................................................................................................... 309
24.7 Incidente de assunção de competência............................................................... 311
24.7.1 Generalidades............................................................................................. 311
24.7.2 Requisitos formais...................................................................................... 311
MODELO # 70 Modelo de petição de instauração de incidente de assunção de competência. 312
CAPÍTULO 25
PETIÇÕES DIVERSAS....................................................................................................... 315
25.1 Pedido de assistência.......................................................................................... 315
MODELO # 71 Modelo de petição de assistência................................................................ 316
25.2 Incidente de desconsideração da personalidade jurídica.................................... 318
MODELO # 72 Modelo de petição intermediária de incidente de desconsideração da
personalidade jurídica................................................................................................... 320
MODELO # 73 Modelo de petição inicial com pedido de desconsideração da personalida-
de jurídica...................................................................................................................... 322
25.3 Arguição de impedimento ou suspeição do juiz................................................... 324
25.3.1 Generalidades............................................................................................. 324
25.3.2 Impedimento............................................................................................... 324
25.3.3 Suspeição................................................................................................... 325
20 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES
PARTE I
PROCESSO DE CONHECIMENTO
22 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES
MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 23
CAPÍTULO 1
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO
1
Denomina-se processo de conhecimento o tipo de processo no
qual o autor busca uma tutela jurisdicional do Estado que ampare uma
pretensão sua, afirmando-a um direito seu.
É processo de conhecimento, porque nesse tipo de processo leva-se
o fato ao conhecimento do Estado-juiz que, analisando as provas que
lhes são apresentadas, aplicará a lei ao caso concreto, dizendo, assim, o
direito.
A tutela jurisdicional vem em forma de uma sentença, na qual o
juiz analisará as questões de fato e de direito que lhes foram submetidas,
julgando o caso.
Pode-se dizer, então, que, no processo de conhecimento, o autor
deduz sua pretensão em juízo em face do réu, em busca de uma sentença
que reconheça a procedência de sua ação e, consequentemente, o seu
direito.
24 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES
MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 25
CAPÍTULO 2
DO PROCEDIMENTO
2
Sabemos que o processo pode ser conceituado como uma sucessão
de atos concatenados e ordenados de maneira lógica. O modo como
esses atos são ordenados é chamado de procedimento.
Assim, podemos dizer que procedimento é o modo como o processo
se desenvolve; é o caminho por ele percorrido do início até o seu final.
O processo de conhecimento contempla o procedimento comum
e os procedimentos especiais, e estes, divididos em procedimentos
especiais de jurisdição contenciosa e de jurisdição voluntária.
Procedimento
Comum Especiais
Jurisdição Jurisdição
contenciosa voluntária
26 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES
MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 27
CAPÍTULO 3
DO PROCEDIMENTO COMUM
3
O procedimento comum, no processo de conhecimento, é o pro-
cedimento a ser adotado em todas as causas, salvo disposições contrárias
do próprio Código de Processo Civil ou da legislação especial (os proce-
dimentos especiais).
Devemos lembrar que o Código de Processo Civil atual não mais
subdivide o procedimento comum em ordinário e sumário, de sorte que,
independentemente do valor ou da natureza da causa, o procedimento a
ser utilizado é apenas o comum.
Além disso, o procedimento comum será utilizado de maneira subsidi-
ária e supletiva aos procedimentos especiais e ao processo de execução.
28 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES
MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 29
CAPÍTULO 4
DA PETIÇÃO INICIAL
4.1 Generalidades.
A petição inicial é a peça que dá início ao processo, tendo como
objetivo a provocação da jurisdição, já que esta é inerte (princípio dispo-
sitivo).
Podemos dizer que é a peça mais importante do processo, porque
ela identifica quem são as partes (aspectos subjetivos) e impõe os limites
da lide (aspectos objetivos), vinculando o juiz aos fatos e pedidos nela
formulados (princípio da adstrição). Por isso mesmo que a lei estabelece
os requisitos que ela deve conter (CPC, art. 319).
Assim, ao redigir sua petição inicial, você deverá prestar muita
atenção para verificar se está atendendo a todos os requisitos, pois a
ausência de qualquer um deles poderá concorrer para o indeferimento
da petição inicial.
Note que a petição não deve ser endereçada ao juiz (como era na
vigência do CPC/1973), mas ao juízo. Este é impessoal: é o órgão do Po-
der Judiciário competente para conhecer e julgar uma determinada ação.
Trocamos, então, o “excelentíssimo senhor doutor juiz de direito” que
usamos por tantos e tantos anos, por um pronome de tratamento que se
refira ao juízo.
Ex.:
sintética, sem ser prolixo. No processo, hoje, o menos é mais: não tem
cabimento fazer uma petição com 30 laudas se é possível passar o recado
em apenas 10, ok?
O método de dedução utilizado no processo judicial é o silogismo,
pelo qual, por meio do confronto de duas premissas (uma maior e outra
menor), chega-se a uma conclusão lógica.
Um bom e simples exemplo de silogismo:
(a) Fato
+
(b) Fundamento jurídico/legal
=
(c) Direito
Onde:
a) O fato é a premissa maior;
b) O fundamento jurídico/legal é a premissa menor;
c) O direito é a conclusão.
MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 33
Ex.:
Essa fórmula deverá ser repetida sempre que na ação houver mais
de um pedido com causa de pedir diferente.
b) Determinação:
O pedido deve ser determinado (CPC, art. 324). O autor deverá, ao
formular seu pedido, limitar as especificações de quantidade e qualidade,
não se admitindo, em regra, pedidos genéricos. Assim, por exemplo, ao
pleitear uma indenização por dano moral, o autor deverá estabelecer e
quantificar o valor pretendido.
As exceções ficam por conta das hipóteses previstas no § 1º do
art. 324:
1 STF, súmula 254: Incluem-se os juros de mora da liquidação, embora omisso o pedido inicial
ou a condenação.
MANUAL DE PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL 35
Face ao exposto, requer seja a ação julgada procedente para que o réu seja
condenado a entregar o bem ou o seu equivalente em dinheiro...
b) Subsidiário:
No pedido subsidiário, o autor formula dois ou mais pedidos, sendo
um principal e os demais secundários.
O principal é o que o autor realmente quer, mas não sendo possível
acolhê-lo, ele se contenta com o pedido secundário:
Face ao exposto, requer seja a ação julgada procedente para que declare a
nulidade do contrato celebrado entre as partes ou, caso não seja esse o entendimento
do juízo, que se declare a revisão do contrato para reduzir as taxas de juros ao patamar
de 1% ao mês.
d) Cumulativos:
Cumulação de pedidos é a formulação de vários pedidos na mesma
ação. O autor pode cumular pedidos numa mesma ação desde que se
observem os seguintes requisitos:
36 FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES
Face ao exposto, requer seja a ação julgada procedente, para o fim de condenar
o réu:
a) no pagamento de uma indenização pelos danos materiais, referente aos danos emergen-
tes, no valor de R$ 10.000,00.
b) no pagamento de uma indenização pelos danos materiais, referente aos lucros cessan-
tes, no valor de R$ 30.000,00.
c) no pagamento de uma indenização pelos danos morais, no valor de R$ 50.000,00.
d) na obrigação de fazer publicar uma retratação em jornal de grande circulação, no pra-
zo de 15 dias, sob pena do pagamento de uma multa de R$ 500,00 por dia de atraso.
e) no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.