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DIREITO CIVIL

Responsabilidade Civil Objetiva e


Subjetiva

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil Objetiva e Subjetiva
Dicler Ferreira

Sumário
Responsabilidade Civil Objetiva e Subjetiva....................................................................................................3
1. Conceito de Ato Ilícito e Responsabilidade Civil. .......................................................................................3
2. Excludentes de Ilicitude..........................................................................................................................................8
3. Organograma da Responsabilidade Civil. .....................................................................................................11
3.2. A Responsabilidade no Código Civil...........................................................................................................16
4. Indenização..................................................................................................................................................................27
Resumo.................................................................................................................................................................................31
Questões Comentadas em Aula.. ...........................................................................................................................34
Questões de Concurso................................................................................................................................................38
Gabarito...............................................................................................................................................................................43
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................44

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Responsabilidade Civil Objetiva e Subjetiva
Dicler Ferreira

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA E SUBJETIVA


1. Conceito de Ato Ilícito e Responsabilidade Civil
A responsabilidade civil corresponde a aplicação de medidas que obriguem alguém a repa-
rar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato ilícito do próprio imputado,
de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de
simples imposição legal.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
-lo.

A prática de um ato ilícito pode se dar através da violação de um direito (art. 186 do CC)
ou através de um abuso de direito (art. 187 do CC). Nas duas hipóteses é necessário que o ato
praticado provoque um dano a outrem, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial (moral).

Art. 186 do CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187 do CC - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifes-
tamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Dessa forma, podemos listar três requisitos para haver a responsabilidade civil:
1) Conduta: vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e
objetivamente imputável, do próprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inani-
mada, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado. A conduta
é composta da parte objetiva (ação ou omissão) e da parte subjetiva (dolo ou culpa), entretan-
to, nem sempre a parte subjetiva (dolo ou culpa) será necessária, como ocorre nos casos de
responsabilidade objetiva.
2) Ocorrência de Dano: não haverá dever de reparação quando inexistir prejuízo. As classi-
ficações mais importantes de dano são:

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• Quanto à extensão do dano: o prejuízo compreende o dano emergente (efetiva diminui-


ção do patrimônio da vítima) e o lucro cessante (quantia que a vítima deixou de ganhar).
• Quanto à natureza do bem violado: o dano, de acordo com o art. 5º, V da CF, pode ser
material quando se tratar de prejuízo causado a bem patrimonial, moral, quando recair
sobre bens extrapatrimoniais, e à imagem, quando compromete a aparência da pessoa
lesada. O art. 5º, V, da CF menciona essas três espécies de dano em um mesmo dispo-
sitivo.

Art. 5º, V da CF - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização


por dano material, moral ou à imagem;

Além disso, sobre o dano, podemos reproduzir as seguintes súmulas do STJ:

STJ 37 - São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do
mesmo fato.
STJ 387 - É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral.
STJ 642 - O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do
titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a
ação indenizatória.

001. (VUNESP/CÂMARA MUNICIPAL DE PINDORAMA-SP/PROCURADOR/2020) Uma se-


nhora foi agredida durante uma discussão e ficou com graves sequelas motoras. Sobre seu
possível pedido judicial para uma reparação, é correto afirmar que ela
a) pode pleitear somente a reparação pelo dano material que teve nas despesas com cuida-
dos médicos.
b) pode pleitear somente a reparação pelo dano estético que sofreu.
c) não pode pleitear a reparação pelo dano estético que sofreu.
d) pode cumular os pedidos de reparação pelo dano estético e pelo dano moral.
e) não pode pleitear a reparação pelos danos morais que sofreu.

A questão aborda o conhecimento sobre a Súmula 387 do STJ.


Letra d.

É importante ilustrar que, além das três espécies de danos já mencionadas, uma quarta
espécie vem sendo citada na jurisprudência. Trata-se do dano social. Vejamos:
Dano social não se confunde com dano material, moral ou estético

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O dano social é uma nova espécie de dano reparável, que não se confunde com os danos
materiais, morais e estéticos, e que decorre de comportamentos socialmente reprováveis,
que diminuem o nível social de tranquilidade.

Em uma ação individual, o juiz condenou o réu ao pagamento de danos morais e, de ofí-
cio, determinou que pagasse também danos sociais em favor de uma instituição de caridade.

O STJ entendeu que essa decisão é nula, por ser “extra petita”.

Para que haja condenação por dano social, é indispensável que haja pedido expresso.
Vale ressaltar, no entanto, que, no caso concreto, mesmo que houvesse pedido de conde-
nação em danos sociais na demanda em exame, o pleito não poderia ter sido julgado pro-
cedente, pois esbarraria na ausência de legitimidade para postulá-lo. Isso porque, na visão
do STJ, a condenação por danos sociais somente pode ocorrer em demandas coletivas e,
portanto, apenas os legitimados para a propositura de ações coletivas poderiam pleitear
danos sociais.

Em suma, não é possível discutir danos sociais em ação individual.

STJ. 2ª Seção. Rcl 12.062-GO, Rel. Ministro Raul Araújo, j. em 12/11/2014 (recurso repe-
titivo) (Info 552).

O que é o dano moral in re ipsa (presumido)?

A regra geral na indenização de danos em nosso ordenamento jurídico prevê que quem aju-
íza a ação solicitando indenização ou reparação, deve provar o prejuízo que sofreu. Entretanto,
em algumas situações, o dano moral pode ser presumido, ou “in re ipsa”. Nessas situações,
basta que o autor prove a prática do ato ilícito, que o dano está configurado, não sendo neces-
sário comprovar a violação dos direitos da personalidade, que seria uma lesão à sua imagem,
honra subjetiva ou privacidade.
Exemplos de dano moral in re ipsa:
• inscrição indevida de alguém em cadastro de restrição de crédito; e
• uso não autorizado da imagem, com fins exclusivamente econômicos e publicitários.

002. (FGV/TJ-RJ/JUIZ SUBSTITUTO/2021) Ana teve a sua fotografia estampada em uma re-
vista. A matéria elogiava as suas qualidades físicas e morais, mas não houve autorização por
parte da retratada. Diante dessa situação, Ana pleiteia em juízo compensação pecuniária por
dano moral. O pedido deve ser julgado:

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a) improcedente, pois não houve ofensa à honra da autora;


b) procedente, pois houve ofensa à denominada imagem-atribuição;
c) improcedente, salvo comprovação de que houve prejuízo econômico para a autora;
d) procedente, pois a imagem foi utilizada sem autorização e há finalidade econômica;
e) improcedente, salvo se ficar demonstrado que o réu obteve lucro com a utilização da
fotografia.

Perceba que o enunciado da questão apresenta uma hipótese de dano moral in re ipsa (presu-
mido). Sendo assim, a compensação pecuniária por dano moral é procedente, pois a imagem
foi utilizada sem autorização e há finalidade econômica.
Letra d.

• Quanto às consequências do dano: o dano pode ser direto, aquele suportado pela pró-
pria vítima da ação lesiva, ou indireto, também chamado pela doutrina e pela jurispru-
dência de dano reflexo ou por ricochete, quando se revela decorrência de um dano ante-
rior sofrido pela própria vítima ou por outrem.

Imagine a destruição de vidro de uma vitrina por um desordeiro, com um consequente es-
trago causado pelas chuvas nos artigos expostos, em razão da falta de vidro. A destruição do
vidro é um dano direto, ao passo que o estrago pelas chuvas é um dano indireto.

3) Nexo de Causalidade: relação entre a conduta do agente e o dano sofrido pela vítima.
Caso a existência do dano não esteja relacionada com o comportamento do agente, não have-
rá que se falar em relação de causalidade e, via de consequência, em obrigação de indenizar.
Se for praticada uma conduta, mas isso não ocasionar um dano, não podemos em ato ilí-
cito na esfera civil. Poe exemplo, se alguém avançar um sinal (farol) com seu automóvel, mas
não bater em ninguém ou nada atingir, há infração de trânsito, mas não há ato ilícito.
Ao estudar a classificação das obrigações quanto ao ônus da prova, vemos que elas se
dividem em obrigação de meio e obrigação de resultado.
a) obrigações de meio: o devedor obriga-se a empregar diligências para atingir a meta coli-
mada pelo ato, mas pode não atingi-la. É o caso do advogado que deve buscar todos os meios
para ganhar a ação, porém pode vir a perder a demanda.

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b) obrigações de resultado: são aquelas em que se obriga o devedor a realizar um fato


determinado, como por exemplo no contrato de transporte, onde o transportador tem que con-
duzir o passageiro do ponto de embarque, a salvo, até o ponto de destino.
Como regra, a obrigação de meio gera uma responsabilidade civil subjetiva. Ou seja, o
lesado deve provar a culpa e o nexo causal daquele que praticou a conduta. Por outro lado, a
obrigação de resultado gera uma responsabilidade civil objetiva. Ou seja, o lesado pode pedir
uma indenização, independentemente de haver culpa por parte daquele que praticou a conduta.

003. (CEBRASPE/SEFAZ-CE/AUDITOR FISCAL/2021) A responsabilidade civil do advogado


por inadimplemento da sua obrigação com o cliente depende, além da demonstração do dano
causado ao cliente, de dolo ou culpa e do nexo de causalidade.

A assertiva está em conformidade com a jurisprudência a seguir:

A responsabilidade civil subjetiva do advogado, por inadimplemento de suas obrigações


de meio, depende da demonstração de ato culposo ou doloso, do nexo causal e do dano
causado a seu cliente.
(STJ; REsp 1.758.767; Proc. 2014/0290383-5; SP; Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino; Julg. 09/10/2018; DJE 15/10/2018)

Veja que são citados os três elementos da responsabilidade civil (conduta dolosa ou culposa,
nexo causal e dano), além da obrigação de meio, inerente ao advogado.
Certo.

004. (FCC/DPE-GO/DEFENSOR PÚBLICO/2021) Um ônibus da empresa “A”, que realiza trans-


porte rodoviário de pessoas, em estrada próxima a Aparecida de Goiânia, transportando 30
passageiros, sofreu um acidente por culpa exclusiva do motorista de caminhão que trafegava
na via de mão dupla em posição contrária ao ônibus. No acidente, houve cinco vítimas fatais e
diversos feridos. Nesse caso, a responsabilidade civil da empresa transportadora em relação
aos passageiros é

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a) subjetiva, pois depende de comprovação de dolo ou culpa da transportadora.


b) subjetiva, podendo ser excluída a responsabilidade civil apenas em caso de força maior.
c) objetiva, podendo ser excluída por culpa exclusiva de terceiro.
d) objetiva, não podendo ser excluída por culpa exclusiva de terceiro, cabendo à transportadora
apenas pedido de regresso.
e) objetiva, pois decorre exclusivamente de relação de consumo, podendo ser excluída por
culpa exclusiva de terceiro.

Veja que a obrigação da empresa de transporte rodoviário é uma obrigação de resultado. Sen-
do assim, identificamos no caso narrado a responsabilidade civil objetiva, de modo que a em-
presa “A” responda independentemente de culpa, cabendo ação regressiva contra o causador
do dano que foi o motorista.
Letra d.

2. Excludentes de Ilicitude
Entretanto, mesmo que o agente pratique um ato que acarrete prejuízo a outrem ele pode
não ser obrigado a indenizar em razão de uma das causas excludentes de ilicitude. Algumas
estão listadas no artigo 188 do CC.
São elas:
1) Legítima Defesa;
2) Exercício Regular de Direito; e
3) Estado de Necessidade.

Art. 188 do CC - Não constituem atos ilícitos:


I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo
iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tor-
narem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do
perigo.

É possível que, quando a ilicitude seja excluída pelo estado de necessidade, o agente, mes-
mo assim, continue obrigado a indenizar se a pessoa que sofrer o dano não corresponder à
pessoa que ocasionou a situação de perigo. Porém, nessa hipótese, o agente terá direito a uma
ação regressiva contra o causador do perigo para reaver o que houver gasto com a indenização
(artigos 188, 929 e 930 do CC).

Art. 929 do CC - Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem
culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.

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Art. 930 do CC - No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra
este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art.
188, inciso I).

Conforme explicações anteriores, se uma pessoa, agindo em estado de necessidade, em


razão de uma ação causar dano a outra, não estará caracterizado um ato ilícito em decorrência
da ilicitude ser excluída pelo estado de necessidade; ou seja, estaremos diante de um ato lícito.
Entretanto, mesmo assim é possível haver indenização ao lesado e ação regressiva contra o
causador do perigo.
Vejamos o exemplo:

“A” → motorista de um carro que, agindo em estado de necessidade, desvia o carro de uma
criança e acaba derrubando o muro de uma casa;
“B” → criança de 5 anos que atravessava a rua sozinha;
“C” → responsável pela criança (CAUSADOR DO PERIGO); e
“D” → dono da casa que teve o muro derrubado (LESADO).
Se o causador do perigo e o lesado forem a mesma pessoa (responsável pela criança e dono
da casa com o muro quebrado forem a mesma pessoa), então não há indenização, pois se
configura o estado de necessidade defensivo; porém, se forem pessoas diferentes, teremos o
estado de necessidade agressivo e caberá uma indenização de “A” para “D”, da mesma forma
que “A” pode propor uma ação regressiva contra “C” para reaver o que pagou a “D”.

A INDENIZAÇÃO NO ESTADO DE NECESSIDADE


ESTADO DE NECESSIDADE DEFENSIVO: não há obrigação de indenizar
RESPONSÁVEL = PESSOA
PELO PERIGO ≠ LESADA
ESTADO DE NECISSADADE AGRESSIVO: há dever de indenizar o lesado +
ação regressiva contra o causador do perigo

005. (FGV/DPE-RJ/DEFENSOR PÚBLICO/2021) Henrique, motorista cauteloso, conduzindo


seu veículo automotor dentro do limite de velocidade e devidamente habilitado, para evitar o
atropelamento de João, que atravessava a rua fora da faixa de pedestres, desvia de João e
colide com Maria. Maria tem danos materiais e estéticos em razão do acidente.
Nesse contexto, é correto afirmar que Henrique:
a) não praticou ato ilícito, considerando ter atuado em estado de necessidade e, portanto, não
deverá indenizar Maria;

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b) responde objetivamente pelos danos a que der causa, ressarcindo integralmente Maria dos
danos estéticos, morais e materiais;
c) cometeu ato ilícito, causando dano material, moral e estético a Maria e, portanto, deve regu-
larmente indenizá-la em razão do princípio da reparação integral;
d) não responde pelos danos a que der causa por ter praticado ato lícito na forma do exercício
regular do direito, estando habilitado e dentro do limite de velocidade permitido na via;
e) não praticou ato ilícito, considerando ter atuado em estado de necessidade, mas, ainda que
não tenha cometido ato ilícito, assistirá direito a Maria de ser indenizada por Henrique.

Na situação apresentada ficou caracterizado um estado de necessidade agressivo. Sendo as-


sim, a ilicitude do ato ficou excluída, porém, Henrique deverá indenizar Maria em razão do aci-
dente e poderá propor ação regressiva contra João que foi o causador da situação de perigo.
Letra e.

Existem ainda outras espécies excludentes de ilicitude que não estão listadas no
CC. São elas:
4) Fato exclusivo da vítima
Se a culpa exclusiva da vítima configurar a causa mais adequada à produção do dano por
ela sofrido, o nexo de causalidade entre o ato e o dano não se formará.
O exemplo clássico é o da é o da pessoa que, de repente, lança--se à rua, na direção de um
carro. Conquanto haja um ato do motorista, de dirigir, e um dano sofrido pelo pedestre, não há
relação causal entre ambos, porquanto a causa mais adequada à produção do dano não foi o
ato de transitar pela rua conduzindo um veículo, mas sim o ato da vítima de subitamente se
lançar à rua.
5) Fato de terceiro
Outra situação que pode caracterizar ou a ausência de nexo causal é o fato de terceiro.
Ou seja, quando uma pessoa diversa das pessoas do agente do ato e da vítima dá causa ao
resultado.
Utilizando novamente o exemplo do atropelamento, imaginemos que, em vez de a vítima se
lançar de súbito na rua, ela é empurrada violentamente por um terceiro e acaba se chocando
com o carro.
O ato do motorista não foi o mais adequado a dar causa ao atropelamento, o qual foi o ato
praticado pelo terceiro, de empurrar a vítima na direção da rua. Logo, entre a conduta do moto-
rista e o dano sofrido pelo atropelado não há relação de causalidade pelo que não se configura
a responsabilidade civil, nem por culpa nem independente de culpa.
6) Caso Fortuito e Força Maior
O caso fortuito é um acontecimento natural, em certa medida imprevisível e inevitável,
como na hipótese do raio, da enchente, do terremoto etc., e que força maior, por sua vez, é um

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fato humano, também em certa medida imprevisível e inevitável, como na hipótese da guerra,
do atentado terrorista, do roubo, do furto, da desapropriação etc.
O caso fortuito ou a força maior impedirão a formação do nexo de causalidade.
Imaginemos que, após o deslizamento de terra, uma pessoa, Maria, ouça pedidos de socor-
ro de Paula e se aproxime dos escombros. Suponhamos que, ao remover uma pedra, na tenta-
tiva de localizar Paula, Maria acabe soltando uma pilha de entulhos que vem a soterrar Paula,
causando-lhe danos que até então não tinha sofrido. Apesar de haver um nexo de causalidade
entre o ato de Maria e o dano sofrido por Paula, e, portanto, de se configurar a responsabilidade
civil de Maria, o Direito a exclui, por considerar mais relevante o caso fortuito, que causou o
deslizamento.
Por fim, podemos enumerar outras hipóteses de excludentes de ilicitudes conforme a es-
quematização abaixo:
Excludentes de Ilicitude
Legítima defesa Repelir agressão injusta atual ou iminente
Acontece, por exemplo, em casos de práticas desporti-
Exercício regular de direito
vas
deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
Estado de necessidade
pessoa, a fim de remover perigo iminente
o nexo de causalidade entre o ato e o dano não se for-
Fato exclusivo da vítima
mará
O nexo de causalidade se formará com a conduta do ter-
Fato de terceiro
ceiro e não do agente
o nexo de causalidade entre o ato e o dano não se for-
Caso Fortuito ou Força Maior
mará

3. Organograma da Responsabilidade Civil


O organograma da página a seguir é um retrato de como o Código Civil trata os casos de
responsabilidade civil delineados em seu texto acrescido de conceitos doutrinários comumen-
te cobrados em provas de concursos.
Como de praxe ao longo deste curso, vamos “dissecar” o respectivo organograma e, ao
final da aula, você verá como o assunto costuma ser cobrado em provas de concursos.
Não se preocupe em decorar esse organograma agora. Após o término da aula, volte a vi-
sualizá-lo e você perceberá que o seu entendimento ficará muito mais facilitado.
Vamos a ele:

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3.1. Classificação da Responsabilidade Civil

Neste tópico vamos dissecar o organograma visto acima.


I – Tendo como fundamento a classificação de acordo com o fato gerador, a responsabili-
dade civil pode ser:
a) Responsabilidade contratual: é aquela que está relacionada com a inexecução de uma
obrigação decorrente de um contrato. O contrato faz lei entra as partes, dessa forma, suas
cláusulas devem ser respeitadas, sob pena de responsabilidade daquele que as descumprir.
A base legal dessa modalidade de responsabilidade se fundamenta nos arts 389 (obrigação
positiva) e 390 (obrigação negativa) do CC.

Art. 389 do CC - Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advo-
gado.
Art. 390 do CC - Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que
executou o ato de que se devia abster.

b) Responsabilidade extracontratual ou aquiliana: é aquela que está relacionada com a


infração a um dever geral imposto por lei (legal).

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Como exemplo, se uma pessoa é atropelada por um ônibus deve ser ressarcida pelo autor
do fato. Temos aqui um caso de responsabilidade extracontratual. Porém, se a pessoa está
dentro do ônibus viajando para algum lugar e ocorrer um acidente na qual ela sofra danos
(materiais e/ou morais), estaremos diante de uma responsabilidade contratual, pois existe um
contrato de transporte.

II – Tendo como base a classificação quanto ao seu fundamento, a responsabilidade civil


pode ser subjetiva ou objetiva.
a) Responsabilidade subjetiva: é aquela baseada na culpa do agente, que deve ser com-
provada para gerar a obrigação indenizatória. É a regra no Código Civil (art. 186 do CC) A
responsabilidade do causador do dano somente se configura se ele agiu com dolo ou culpa.
Trata-se da teoria clássica, também chamada teoria da culpa ou subjetiva, segundo a qual a
prova da culpa lato sensu (abrangendo o dolo) ou stricto sensu se constitui num pressuposto
do dano indenizável.

Art. 186 do CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

b) Responsabilidade objetiva: é aquela imposta por lei, havendo, entretanto, em determi-


nadas situações, a obrigação de reparar o dano é independentemente de culpa. É quando
ocorre a responsabilidade objetiva que adota a teoria do risco, que prescinde (não necessita)
de comprovação da culpa para a ocorrência do dano indenizável. Basta haver o dano e o nexo
de causalidade para justificar a responsabilidade civil do agente. Em alguns casos presume-se
a culpa (responsabilidade objetiva imprópria), em outros a prova da culpa é totalmente prescin-
dível (responsabilidade civil objetiva própria).

Art. 927, Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Veja o esquema gráfico a seguir:

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De acordo com o enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil do CJF, a responsabilidade civil


decorrente do abuso de direito (art. 187 do CC) é fundamentada na teoria objetiva, ou seja,
independe da comprovação de culpa.

Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil: Art. 187: A responsabilidade civil decorrente


do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-fi-
nalístico.

Falando-se em abuso de direito, faz-se necessário comentarmos a respeito dos atos emu-
lativos. São atos praticados no exercício de um direito objetivando prejudicar terceiros e re-
sultando no dever de indenizar o dano. É o que acontece quando um vizinho constrói uma
chaminé falsa em seu telhado apenas para bloquear o sol que incide na piscina do vizinho.
Como a teoria objetiva está fundamentada na teoria do risco, cabe citar que a doutrina res-
salta as seguintes as modalidades de risco:
• Risco proveito ou atividade: está relacionado à máxima “quem colhe os bônus deve su-
portar os ônus”, ou seja, aquela pessoa que tira proveito da atividade perigosa também
deve suportar os danos dela decorrentes;
• Risco profissional: está relacionado às relações de trabalho, a fim de viabilizar a respon-
sabilidade objetiva do empregador pelos danos causados pelo empregado, em decor-
rência da atividade por este desenvolvida;
• Risco excepcional: se refere às atividades que, por sua natureza, representam um eleva-
do grau de perigo, tanto para as pessoas que as desempenham diretamente, como para
os demais membros da coletividade;
• Risco integral: é o grau mais elevado de responsabilidade objetiva, não atingindo ne-
nhum tipo de exclusão, mesmo na ocorrência de caso fortuito ou força maior. Tal moda-
lidade é reservada aos danos decorrentes de atividades nucleares, e
• Risco Administrativo: estudada no Direito Administrativo, assunto Responsabilidade Ci-
vil do Estado.

III – Tendo como referência a classificação quanto ao agente a responsabilidade civil pode
ser direta ou indireta.

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a) Responsabilidade civil direta: ocorre quando o autor do dano é o responsável pelo seu
pagamento. Como exemplo temos o fato de A jogar uma pedra no carro de B causando-lhe
danos. Na situação apresentada é o próprio autor do dano que deve ressarcir o lesado (B).
b) Responsabilidade civil indireta: também chamada de responsabilidade civil complexa
ou por fato de outrem (arts. 932 a 934 do CC), ocorre quando uma pessoa é civilmente res-
ponsável, perante terceiros, por ações e omissões perpetradas por outra pessoa. Mais adiante
teceremos maiores detalhes.
Por ocasião da responsabilidade civil subjetiva a culpa, elemento necessário, pode ser
classificada das seguintes formas:
I – Sob o critério da gravidade, a culpa pode ser grave (quando o agente atua com falha
grosseira ao dever de cuidado), leve (quando ocorre falta a um dever de cuidado ordinário, co-
mum a qualquer pessoa) ou levíssima (se caracteriza por um mero descuido ou ausência de
habilidade).
II – Sob o critério do conteúdo da conduta culposa, recorro às palavras do renomado dou-
trinador César Fiúza: “a culpa, dependendo das circunstâncias em que ocorra, pode se classifi-
car em culpa in committendo, in omittendo, in vigilando, in custodiendo e in eligendo.
In committendo é a culpa que ocorre em virtude de ação, atuação positiva (comissão).
Como exemplo, podemos citar o ato de avançar sinal luminoso. Já se a culpa se der por omis-
são, por conduta negativa, teremos culpa in omittendo. Exemplo seria a enfermeira se esque-
cer de dar remédio ao paciente.
Será in vigilando a culpa, se for fruto de falha no dever de vigiar. Tal é a culpa dos pais pelos
atos dos filhos em sua guarda. O dever, nesse caso, refere-se a vigiar pessoas. Se referir-se a
vigiar coisas, como animais, por exemplo, a culpa será in custodiendo, configurando-se por fa-
lha no dever de guardar, custodiar. Essa é a culpa do detentor do animal, pelos danos que este
venha a provocar.
A culpa in eligendo é aquela que resulta da má escolha. Quando se escolhe mal uma pes-
soa para desempenhar certa tarefa, resultando danos, a responsabilidade é daquele que esco-
lheu mal. É o caso do patrão, que responde pelos danos causados por seus empregados em
serviço; do procurador que responde pelos atos daquele a quem substabelecer.”

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III – Sob o critério do modo de apreciação, a culpa pode ser in concreto (ocorre quando,
no caso concreto, se limita ao exame da imprudência ou negligência do agente) ou in abstrato
(quando se faz uma análise comparativa da conduta do agente com a do homem médio ou da
pessoa normal).
IV – Com base no critério da natureza do dever violado, a culpa pode ser contratual (quan-
do o dever se funda em um contrato – ex: se o locatário de um imóvel não cumpre com a obri-
gação constante do contrato de locação) ou extracontratual/aquiliana (quando a obrigação
de indenizar se origina da violação de um preceito geral de direito – ex: quando uma pessoa
empresta o carro para um sobrinho menor que vem a colidir com outro automóvel).

3.2. A Responsabilidade no Código Civil


O universo dos casos de responsabilidade civil é enorme, ultrapassa em muito os exemplos
do Código Civil, entretanto vamos abordar os casos do Código Civil, pois são os que costumam
aparecer nas provas de concursos:
1) Responsabilidade dos empresários e empresas por vícios de produtos (art. 931 do CC).

Art. 931 do CC - Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e
as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos pos-
tos em circulação.

Trata-se de responsabilidade civil objetiva que independe de culpa, isto é, as


empresas e até mesmo os empresários individuais que exercem exploração in-
dustrial responderão, na relação de consumo, pelos danos físico-psíquicos provo-
cados pelos seus produtos postos em circulação.

2) Responsabilidade do incapaz (art. 928 do CC).

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Art. 928 do CC - O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis
não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

Se uma pessoa incapaz tiver recursos econômicos e lesar outrem, en-


tão deverá, equitativamente, indenizar os prejuízos que causou, caso o seu
responsável não tenha a obrigação de arcar com tal ressarcimento ou não
tenha meios suficientes para tanto.
Segundo a jurisprudência do STJ, a responsabilidade civil do incapaz
pela reparação dos danos é subsidiária, condicional, mitigada e equitativa.

JURISPRUDÊNCIA SO STJ

Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão responsabilidade sub-
sidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC.

A responsabilidade dos pais dos filhos menores será substitutiva, exclusiva e não solidária.

STJ. 4ª Turma. REsp 1.436.401-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/2/2017 (Info 599)

Cuidado para não confundir a responsabilidade civil do incapaz com a responsabilidade


civil dos pais dos filhos menores.

No próximo tópico, estudaremos a responsabilidade civil dos pais, pelos filhos menores
que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia. Mas, conforme jurisprudência do STJ,
já podemos inerir o seguinte.

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006. (FGV/SEFAZ-ES/AUDITOR FISCAL/2021) Renato, estudante de quinze anos, foi contem-


plado com vasto legado deixado por seu tio avô, o que lhe permitia oferecer à Luiza, sua mãe,
conforto material. Luiza era viúva e os únicos bens que lhe pertenciam eram os que integravam
o enxoval de uma das casas que Renato recebeu, onde com ele residia. Certo dia, Renato, re-
presentado por sua mãe, adquire uma bicicleta e, ao sair da loja, desequilibra-se e cai na pista
de rolamento da rua em frente ao estabelecimento. No momento da queda, Joaquim, que con-
duzia seu carro, desvia-se de Renato, que nada sofre, mas colide com a lateral do automóvel
de Carla, estacionado do outro lado da rua. A colisão ocasionou danos em ambos os veículos
automotores, mas, como trafegava em baixa velocidade, Joaquim saiu fisicamente ileso. Dian-
te destes fatos, assinale a afirmativa correta.
a) Carla faz jus a indenização pelos danos ocasionados ao seu carro por Joaquim, que poderão
ser por ele ressarcidos.
b) A incapacidade civil de Renato, impede Joaquim de o responsabilizar patrimonialmente pe-
los danos sofridos.
c) Joaquim deverá provar a negligência de Luiza no exercício da autoridade parental para haver
indenização.
d) O fortuito ocorrido não permite que Joaquim pleiteie indenização de Luiza.
e) Joaquim nada deverá pagar a Carla, pois agiu em estado de necessidade.

A questão descreve uma hipótese de responsabilidade civil do incapaz. Tendo em vista que
Renato possui meios suficientes para ressarcir o dano que ele provocou, então ele deverá ser
responsabilizado nos termos do art. 928 do CC.
Letra a.

3) Responsabilidade por fato de terceiros (arts 932 a 934 do CC).


No que tange à responsabilidade por fato de terceiro, o CC consagrou, através do art. 933,
a responsabilidade civil objetiva (independente de culpa).
Vide Enunciado 450 da V Jornada de Direito Civil do CJF:

Enunciado 450: A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade


objetiva ou independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida.

Trata-se de uma hipótese que em que uma pessoa responde por um dano provocado por
outra pessoa. Vejamos o art. 932 do CC:

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Art. 932 do CC - São também responsáveis pela reparação civil:
I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do traba-
lho que lhes competir, ou em razão dele;
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933 do CC - As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja
culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

Dessa forma, não é necessária a culpa dos responsáveis (pais, tutores, curadores, empre-
gadores, comitentes e donos de hotéis) para haver responsabilidade civil, entretanto, é neces-
sário que a vítima comprove a culpa do incapaz, do empregado, dos hóspedes e educandos.
Configurada essa culpa, há uma presunção absoluta (juris et de jure), aquela que não admite
prova em contrário, de que tais pessoas são também responsáveis.
Para a vítima obter indenização, deve provar apenas duas coisas:
• a relação de subordinação entre o causador do dano e a pessoa mencionada no art. 932
do CC; e
• a culpa do causador do dano.

Os pais apenas serão obrigados a indenizar os atos ilícitos dos filhos menores se estes es-
tiverem sob sua autoridade e em sua companhia. Dessa forma, a guarda é essencial para fazer
surgir a responsabilidade civil dos pais pelos filhos menores que é objetiva.

Como se configura a responsabilidade civil dos pais que estão separados judicialmente,
pelos filhos menores?

Segundo a jurisprudência do STJ (REsp 1074937/MA), a mera separação dos pais não
isenta o cônjuge, com o qual os filhos não residem, da responsabilidade em relação aos atos
praticados pelos menores, pois permanece o dever de criação e orientação, especialmente se
o poder familiar é exercido conjuntamente.
Cabe ainda citarmos o Enunciado 449 da V Jornada de Direito Civil:

Enunciado 449: Considerando que a responsabilidade dos pais pelos atos danosos pra-
ticados pelos filhos menores é objetiva, e não por culpa presumida, ambos os genitores,
no exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais atos,
ainda que estejam separados, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclu-
siva de um dos genitores.

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E no caso de emancipação, como fica a responsabilidade dos pais?

No caso de emancipação, sendo esta legal, exclui-se a responsabilidade dos pais; entretan-
to, tal responsabilidade subsiste se a emancipação for voluntária.
Finalizando a análise da responsabilidade civil dos pais em razão dos atos praticados pe-
los seus filhos menores, vale a pena sabermos outra jurisprudência do STJ.
Não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato de que ele não
estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta.
O art. 932 do CC prevê que os pais são responsáveis pela reparação civil em relação aos atos praticados por
seus filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
O art. 932, I do CC, ao se referir à autoridade e companhia dos pais em relação aos filhos, quis explicitar o
poder familiar (a autoridade parental não se esgota na guarda), compreendendo um plexo de deveres, como
proteção, cuidado, educação, informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa
e diária, sendo irrelevante a proximidade física no momento em que os menores venham a causar danos.
Em outras palavras, não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato
de que ele não estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.436.401-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/2/2017 (Info 599).

A responsabilidade civil dos tutores e curadores sobre os respectivos tutelados e cura-


telados é idêntica a dos pais, ou seja, é objetiva e também depende da relação de guarda e
companhia.
A responsabilidade do empregador ou comitente pelos danos causados pelos seus em-
pregados, serviçais e prepostos, depende de três requisitos:
relação de subordinação, não sendo necessários a remuneração e a habitualidade de pres-
tação de serviços por parte do preposto;
• culpa do empregado ou comitente; e
• que o ato danoso tenha sido praticado no exercício do emprego ou por ocasião dele.

Estando presentes tais requisitos, presume-se a responsabilidade objetiva do patrão (in-


dependente de culpa). Este, para se eximir da responsabilidade deve provar que o dano não
foi causado pelo seu empregado ou preposto ou que o dano não foi causado no exercício do
trabalho ou razão dele.
Percebe-se então que, ao selecionar seus auxiliares, compete ao empregador ou preposto
proceder criteriosamente, com a finalidade de admitir pessoas responsáveis e moralmente
bem formadas. Entretanto, a falha em tal procedimento de escolha pode levá-lo a responder,
objetivamente, por danos causados a terceiros no período de seu trabalho. Essa responsabili-
dade indireta ou secundária do comitente ou empregador independe da comprovação de sua
culpa in eligendo e in vigilando. Mas ressalta-se a necessidade de que o ato tenha sido pratica-
do de forma intencional ou de forma culposa.

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Responsabilidade Civil Objetiva e Subjetiva
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A responsabilidade civil dos donos de hotéis, casas de hospedagem e educadores tam-


bém é objetiva. Nos dois primeiros casos o hóspede lesado apenas deverá provar o contrato
de hospedagem e o dano dele resultante. No terceiro caso (educadores), a responsabilidade
civil depende de três requisitos:
que o dano tenha sido causado no momento em que o aluno estava em sua vigilância e
autoridade, pois, fora desse momento, a escola só pode responder subjetivamente, isto é, me-
diante demonstração de culpa;
• que o aluno seja menor, pois o aluno maior não se submete a vigilância; e
• que o ensino seja remunerado, isto é, com a finalidade lucrativa.

Ressalta-se que no caso dos donos de hotéis e casas de hospedagem, a responsabilida-


de pode ser excluída se houver caso fortuito, força maior ou culpa exclusiva da vítima ou de
terceiros.
Entretanto, é possível que os responsáveis por fato de terceiros consigam reaver o que
houver pagado através do exercício do direito de regresso (art. 934 do CC).

Art. 934 do CC - Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago
daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativa-
mente incapaz.

Percebe-se, porém, que tal direito não assiste aos pais tutores e curadores, pois a sua res-
ponsabilidade emana de atos praticados por pessoas incapazes (filho menor, pupilo ou maior
interditado).

Os pais que indenizam um dano provocado por seu filho menor não podem, por meio de ação regressiva,
reaver aquilo que houver pagado na indenização, pois o causador do dano é seu descendente.

Para encerrar o comentário dos incisos do art. 932 do CC, temos a responsabilidade civil
dos beneficiários em produtos de crime. É desnecessário dizer que tal responsabilidade é
objetiva, exigindo-se a obrigação de devolver a coisa à vítima com base no enriquecimento
injusto, mesmo que tenha recebido o produto do crime de forma gratuita e inocente.
Para exemplificar essa última hipótese, imagine um ladrão de bancos que roubou R$
500.000,00 de uma agência bancária e presenteou sua namorada, que não participou do assal-
to, com R$ 60.000,00. A namorada do assaltante responderá civilmente por uma indenização
de R$ 60.000,00, pois esse é o valor do proveito que ela teve com o fato.
4) Responsabilidade por fato de animal (art. 936 do CC).

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Art. 936 do CC - O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar
culpa da vítima ou força maior.

O art. 936 do CC prevê que o dono do animal ou o seu detentor será responsá-
vel objetivamente pelos danos causados por ele, a não ser que prove o seguinte:
• que guardava e vigiava o animal com o cuidado necessário; ou
• que o animal foi provocado; ou
• que houve imprudência do ofendido; ou
• que o fato resultou de caso fortuito ou força maior.

Recentemente foi elaborado o Enunciado 452 da V Jornada de Direito Civil do CJF tratando
do assunto:

Enunciado 452: A responsabilidade civil do dono ou detentor de animal é objetiva, admi-


tindo-se a excludente do fato exclusivo de terceiro.

007. (INSTITUTO AOCP/PC-PA/DELEGADO/2021) José e Pedro são vizinhos e José é dono


de um cachorro de porte grande. Por esse motivo, José instalou grades ao redor de sua casa,
fechadura no portão e colocou uma placa de “cão bravo” de frente para a calçada. Certo dia,
enquanto o filho de Pedro brincava no quintal, a bola caiu na propriedade de José. Acreditan-
do que o cachorro o reconheceria por serem vizinhos de longa data, Pedro entrou no quintal
de José para pegar a bola enquanto este não estava em casa e acabou sendo atacado pelo
animal, causando-lhe ferimentos graves. Pedro ajuizou uma ação buscando indenização pelos
danos. Levando em consideração a situação hipotética descrita, assinale a alternativa correta.
a) Considerando que o comportamento do cachorro foi inesperado, já que Pedro e José eram
vizinhos de longa data, José deverá indenizar Pedro apenas pelos danos morais causados
pelo animal.
b) Não há responsabilidade civil, tendo em vista que a culpa foi exclusiva da vítima.
c) A responsabilidade do dono do animal é objetiva, existindo, portanto, a responsabilidade civil.
d) O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, sendo afastada a respon-
sabilidade somente nos casos de força maior.
e) Há responsabilidade civil, tendo em vista que José deveria ter mais cautela ao deixar o ani-
mal em casa sem sua supervisão.

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A responsabilidade civil dono ou detentor do animal, segundo o art. 936 do CC é objetiva, mas,
de acordo com o Enunciado 452 da V Jornada de Direito Civil do CJF, ela pode ser afastada se
ficar provada a culpa exclusiva da vítima.
Letra b.

5) Responsabilidade pelo fato de coisa inanimada (arts. 937 e 938 do CC).

Art. 937 do CC - O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruí-
na, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Art. 938 do CC - Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas
que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

A teoria da guarda atribui ao dono da coisa a responsabilidade de reparar o dano causado


a terceiro. Dessa forma, nas duas situações elencadas acima, a responsabilidade é objetiva.
Como exemplo de situação amparada pelo art. 937 do CC, temos a mar-
quise de um edifício que desaba sobre uma pessoa. Nesse caso a responsa-
bilidade civil do dono do prédio é objetiva, cabendo, entretanto, ação regressi-
va contra o culpado.
Para o art. 938 do CC, cabe como exemplo o vaso de planta que, em decorrente de forte
ventania, cai da janela onde estava colocado. Tal responsabilidade também será objetiva e
deverá recair sobre o habitante do prédio, mesmo que o proprietário seja outro (ex: aluguel).

008. (CEBRASPE/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2021) Caso um transeunte sofra lesão


por objeto caído de um apartamento, poderá o locatário se eximir da responsabilidade pela
indenização devida caso possa provar quem foi o autor do fato.

Segundo o art. 938 do CC, aquele que habitar prédio, ou parte dele (ex: locatário), responde
pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Errado.

009. (UNESC/PGM CRICIÚMA-SC/PROCURADOR/2021) Carlos transitava pela Av. Rui Bar-


bosa, na cidade de Criciúma, quando, repentinamente, foi atingido por um vaso arremessado
do apartamento de Luísa, localizado no Ed. Boa Vista, ocasionando ferimentos em sua cabeça,
sendo necessário permanecer hospitalizado por dois dias, além de gastos com medicamen-
tos. Desta forma, Carlos:

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a) Poderá pleitear a reparação de todos os danos sofridos, demandando Luísa para que res-
ponda pelos mesmos.
b) Poderá pleitear a reparação de todos os danos sofridos, demandando Luísa e o condomínio
do Ed. Boa Vista para que respondam pelos mesmos, de forma solidária.
c) Poderá pleitear a reparação de todos os danos sofridos, demandando o condomínio do Ed.
Boa Vista para que responda pelos mesmos.
d) Poderá pleitear a reparação de todos os danos sofridos, demandando Luísa e de forma sub-
sidiária o condomínio do Ed. Boa Vista para que respondam pelos mesmos.
e) Não poderá pleitear reparação, haja vista Luísa não possuir dolo no seu agir, ou seja, não
pretendia atingir Carlos.

Segundo o art. 938 do CC, aquele que habitar prédio, ou parte dele (ex: Luisa), responde pelo
dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Letra a.

6) Responsabilidade Civil x Responsabilidade Criminal


Aquele que pratica um ato ilícito pode sofrer até 3 processos (na esfera administrativa, na
esfera civil e na esfera penal). A regra é que as decisões tomadas em um processo não vincu-
lam os outros. Porém, esta não é uma regra absoluta. Como quase tudo no Direito, esta regra
possui exceções (art. 935 do CC):

Art. 935 do CC - A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar


mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.

Embora a regra seja a independência das esferas, não se pode mais questionar no juízo
cível algumas questões, quando elas já se encontrarem decididas no juízo criminal. São elas:
• a existência do fato, isto é, a ocorrência do crime e suas consequências (engloba-se
aqui eventual excludente de criminalidade, como veremos);
• ou de quem seja o seu autor, ou seja, a autoria do delito.

Sentença criminal baseada em negativa de autoria ou sobre inexistência do crime repercute nas esferas cível
e administrativa.

7) Responsabilidade Civil por dívidas

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No art. 939 do CC o legislador tratou da responsabilidade civil daquele que demandar por
dívida não vencida.

Art. 939 do CC - O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que
a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros
correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.

Sobre a responsabilidade do demandante por débito já solvido ou por quantia indevida,


vejamos o art. 940 do CC:

Art. 940 do CC - Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as
quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro
caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se hou-
ver prescrição.

Temos no dispositivo legal acima duas situações:


1) cobrança de dívida já paga: neste caso aquele que efetuar a cobrança judicialmente,
mediante prova de má-fé, de dívida que já foi paga ficará obrigado a pagar o dobro do que
foi cobrado;
2) cobrança de quantia indevida: neste caso o credor deverá pagar ao devedor uma quan-
tia equivalente à exigida indevidamente.
A seguir, temos uma jurisprudência do STJ estipulando que a sanção do art. 940 do Código
Civil pode ser aplicada também para casos envolvendo consumidor.
JURISPRUDÊNCIA (STJ)
Em caso de cobrança judicial indevida, é possível aplicar a sanção prevista no art. 940 do Código Civil mesmo
sendo uma relação de consumo.
O art. 940 do CC e o art. 42 do CDC incidem em hipóteses diferentes, tutelando, cada um deles, uma situação
específica envolvendo a cobrança de dívidas pelos credores. Mesmo diante de uma relação de consumo, se
inexistentes os pressupostos de aplicação do art. 42, parágrafo único, do CDC, deve ser aplicado o sistema
geral do Código Civil, no que couber.
O art. 940 do CC é norma complementar ao art. 42, parágrafo único, do CDC e, no caso, sua aplicação está
alinhada ao cumprimento do mandamento constitucional de proteção do consumidor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.645.589-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 04/02/2020 (Info 664).

Art. 941 do CC - As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da
ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que
prove ter sofrido.

Como regra, se o autor desistir da ação por ocasião da cobrança antecipada, cobrança de
dívida já paga e da cobrança de quantia indevida, caracteriza-se um reconhecimento de seu
erro e, com isso, não serão cabíveis as indenizações dos dois artigos anteriores.

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Art. 942 do CC - Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos
à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidaria-
mente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas de-
signadas no art. 932.

O art. 942 do CC dispõe que os bens do patrimônio do responsável pelo dano ficarão sujei-
tos à reparação do ato ilícito praticado. Caso a ofensa tenha mais de um autor, haverá solida-
riedade na obrigação de indenizar.
8) Responsabilidade Civil na sucessão

Art. 943 do CC - O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a heran-
ça.

Ressalta-se também que a obrigação de exigir a reparação civil e de prestá-la transmite-se


através da sucessão causa mortis, mas é uma transmissão limitada, quanto à responsabilida-
de do sucessor, aos limites da herança.

Ademais, sobre o tema é importante relembrarmos a Súmula 642 do STJ já reproduzida no


início da aula.

STJ 642 - O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do
titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a
ação indenizatória.

010. (CEBRASPE/TCDF/PROCURADOR/2021) O falecimento do titular de direito à indeniza-


ção por danos morais não enseja a sua transmissão a terceiros, de modo que os herdeiros não
são legitimados para prosseguir com a ação de reparação.

A assertiva está em desacordo com a Súmula 642 do STJ.


Errado.

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4. Indenização
Já estudamos a origem da responsabilidade civil que é o ato ilícito. Estudamos também
as espécies de responsabilidade civil (subjetiva e objetiva). Porém, está faltando tratarmos da
consequência gerada pelo ato danoso a outrem que é a indenização. Vejamos o gráfico esque-
mático a seguir:

Os arts. 944 a 954 do CC tratam da indenização. Vamos a eles:

Art. 944 do CC - A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o
juiz reduzir, equitativamente, a indenização.

A indenização deve ser proporcional ao dano provocado. Dessa forma, comparando dois
acidentes com automóveis, imagine um primeiro onde ocorreu apenas um arranhão na pintura
e um segundo onde houve perda total do carro. No primeiro acidente a indenização deverá ser
menor que a indenização do segundo.

Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será
fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

O art. 945 do CC trata da concorrência de culpas do agente causador do dano e da vítima.


Dessa forma, se a vítima não age com a cautela necessária para atravessar a rua em local
apropriado, vindo a ser atropelada, será justificável a redução proporcional do valor indenizató-
rio em razão da culpa concorrente.

Art. 946 do CC - Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição
fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma
que a lei processual determinar.

Líquida é a obrigação certa quanto a sua existência e determinada quanto a seu objeto, de
modo que, se tiver valor indeterminado, deverá ser apurada na conformidade da lei processual

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(arts. 603 a 611 do CPC), que fixa as formas de liquidação da sentença ou da convenção entre
as partes.

Art. 947 do CC - Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á
pelo seu valor, em moeda corrente.

Como regra, a obrigação de reparar o dano provocado deve ocorrer através de uma recons-
tituição natural. Ou seja, se um objeto foi destruído, outro igual deve ser entregue. Entretanto,
não podendo ser entregue um igual, a obrigação de indenizar é extinta através do pagamento
de um valor em moeda corrente igual ao do objeto destruído.

Art. 948 do CC - No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração
provável da vida da vítima.

A morte de um membro da família pode acarretar dano moral a outro membro dessa mes-
ma família em decorrência da dor sentimental pela morte do ente querido, bem como ao côn-
juge que sofre a perda de seu consorte, ou ao convivente cujo companheiro é morto, ou ao pai
ou mãe que sofre a perda do filho. Se a morte ocorre pela prática de um ato ilícito, então caberá
a aplicação dos princípios da responsabilidade civil por dano moral, com o estabelecimento da
devida indenização.
A indenização por dano moral no caso do homicídio não exclui os danos materiais citados
nos incisos I e II.

Art. 949 do CC - No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das
despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

O art. 949 do CC tem em vista a reparação dos danos materiais (despesas de tratamento e
lucros cessantes) e dos danos morais resultantes de ofensa à integridade física, que é direito
da personalidade, pelo qual se tutela a incolumidade do corpo e da mente.

Art. 950 do CC - Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício
ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à im-
portância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de
uma só vez.

Este dispositivo trata de ofensa à integridade física que acarreta defeito que impossibilite
ou diminua a capacidade de trabalho da vítima, estabelecendo indenização pelos danos mate-
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riais: despesas de tratamento, lucros cessantes até o fim da convalescença e pensão corres-
pondente à importância do trabalho para que se inabilitou ou da depreciação sofrida.

Art. 951 do CC - O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida
por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia,
causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.

O art. 951 do CC consagra a responsabilidade civil subjetiva de médico, cirurgião, farma-


cêutico, parteira e dentista por erro profissional. As pessoas que atuam profissionalmente na
área da saúde assumem obrigações, via de regra, de meio. Desse modo, a responsabilidade
é subjetiva, porque, se a obrigação é de meio e não de resultado, deve a vítima ou lesado pro-
var que o profissional não se utilizou de todos os meios a seu alcance para obter o direito à
indenização.

Art. 952 do CC - Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indeni-
zação consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes;
faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado.
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela
pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele.

Se o lesante usurpar, apoderando-se ilegal, violenta ou fraudulentamente de coisa, ou es-


bulhar o alheio, tomando ilicitamente a posse do titular do bem, privando-o de seu exercício,
a indenização consistirá na devolução do bem (in natura), acrescida de pagamento de per-
das e danos.

Art. 953 do CC - A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que
delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, equitativa-
mente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.

Este dispositivo estabelece a reparação dos danos por violação à honra que é um direito da
personalidade composto de dois aspectos: objetivo ou externo (relacionado com a considera-
ção social) e subjetivo ou interno (relacionado com a autoestima). Nestes dois aspectos está
contido o caráter múltiplo da honra: individual, civil, política, profissional, científica, artística etc.

Art. 954 do CC - A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas
e danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto
no parágrafo único do artigo antecedente.
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal:
I – o cárcere privado;
II – a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
III – a prisão ilegal.

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Finalizando o nosso estudo teórico, temos o art. 954 do CC que trata da reparação do dano
por ofensa à liberdade pessoal.

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RESUMO
Conceito de Ato Ilícito

A responsabilidade civil corresponde a aplicação de medidas que obriguem alguém a repa-


rar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato ilícito do próprio imputado,
de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de
simples imposição legal.

A prática de um ato ilícito pode se dar através da violação de um direito ou através de um


abuso de direito. Nas duas hipóteses é necessário que o ato praticado provoque um dano a
outrem, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial (moral).

Podemos listar três requisitos para haver a responsabilidade civil:

Mesmo que o agente pratique um ato que acarrete prejuízo a outrem ele pode não ser obri-
gado a indenizar em razão de uma das causas excludentes de ilicitude.
Excludentes de Ilicitude

Legítima defesa Repelir agressão injusta atual ou iminente


Acontece, por exemplo, em casos de práticas desporti-
Exercício regular de direito
vas
deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
Estado de necessidade
pessoa, a fim de remover perigo iminente
o nexo de causalidade entre o ato e o dano não se for-
Fato exclusivo da vítima
mará
O nexo de causalidade se formará com a conduta do ter-
Fato de terceiro
ceiro e não do agente

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o nexo de causalidade entre o ato e o dano não se for-


Caso Fortuito ou Força Maior
mará

Organograma da Responsabilidade Civil

Responsabilidade no Código Civil


1) Responsabilidade dos empresários e empresas por vícios de produtos
Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as em-
presas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos
em circulação.
2) Responsabilidade do incapaz
O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não ti-
verem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. A indenização deverá ser
equitativa e não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Trata-se de uma forma de responsabilidade subsidiária e mitigada em que primeiro res-
ponderá o representante do incapaz com seus bens e, posteriormente, o próprio incapaz.
3) Responsabilidade por fato de terceiros
São também responsáveis pela reparação civil:
I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

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III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício


do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorren-
te quantia.
4) Responsabilidade por fato de animal
O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da
vítima ou força maior. A responsabilidade civil do dono ou detentor de animal é objetiva, admi-
tindo-se a excludente do fato exclusivo de terceiro.
5) Responsabilidade pelo fato de coisa inanimada
O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se
esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que
dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
6) Responsabilidade Civil x Responsabilidade Criminal
A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais so-
bre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.
Indenização
A indenização deve ser proporcional ao dano provocado.

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QUESTÕES COMENTADAS EM AULA


001. (VUNESP/CÂMARA MUNICIPAL DE PINDORAMA-SP/PROCURADOR/2020) Uma se-
nhora foi agredida durante uma discussão e ficou com graves sequelas motoras. Sobre seu
possível pedido judicial para uma reparação, é correto afirmar que ela
a) pode pleitear somente a reparação pelo dano material que teve nas despesas com cuida-
dos médicos.
b) pode pleitear somente a reparação pelo dano estético que sofreu.
c) não pode pleitear a reparação pelo dano estético que sofreu.
d) pode cumular os pedidos de reparação pelo dano estético e pelo dano moral.
e) não pode pleitear a reparação pelos danos morais que sofreu.

002. (FGV/TJ-RJ/JUIZ SUBSTITUTO/2021) Ana teve a sua fotografia estampada em uma re-
vista. A matéria elogiava as suas qualidades físicas e morais, mas não houve autorização por
parte da retratada. Diante dessa situação, Ana pleiteia em juízo compensação pecuniária por
dano moral. O pedido deve ser julgado:
a) improcedente, pois não houve ofensa à honra da autora;
b) procedente, pois houve ofensa à denominada imagem-atribuição;
c) improcedente, salvo comprovação de que houve prejuízo econômico para a autora;
d) procedente, pois a imagem foi utilizada sem autorização e há finalidade econômica;
e) improcedente, salvo se ficar demonstrado que o réu obteve lucro com a utilização da
fotografia.

003. (CEBRASPE/SEFAZ-CE/AUDITOR FISCAL/2021) A responsabilidade civil do advogado


por inadimplemento da sua obrigação com o cliente depende, além da demonstração do dano
causado ao cliente, de dolo ou culpa e do nexo de causalidade.

004. (FCC/DPE-GO/DEFENSOR PÚBLICO/2021) Um ônibus da empresa “A”, que realiza trans-


porte rodoviário de pessoas, em estrada próxima a Aparecida de Goiânia, transportando 30
passageiros, sofreu um acidente por culpa exclusiva do motorista de caminhão que trafegava
na via de mão dupla em posição contrária ao ônibus. No acidente, houve cinco vítimas fatais e
diversos feridos. Nesse caso, a responsabilidade civil da empresa transportadora em relação
aos passageiros é
a) subjetiva, pois depende de comprovação de dolo ou culpa da transportadora.
b) subjetiva, podendo ser excluída a responsabilidade civil apenas em caso de força maior.
c) objetiva, podendo ser excluída por culpa exclusiva de terceiro.
d) objetiva, não podendo ser excluída por culpa exclusiva de terceiro, cabendo à transportadora
apenas pedido de regresso.

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e) objetiva, pois decorre exclusivamente de relação de consumo, podendo ser excluída por
culpa exclusiva de terceiro.

005. (FGV/DPE-RJ/DEFENSOR PÚBLICO/2021) Henrique, motorista cauteloso, conduzindo


seu veículo automotor dentro do limite de velocidade e devidamente habilitado, para evitar o
atropelamento de João, que atravessava a rua fora da faixa de pedestres, desvia de João e
colide com Maria. Maria tem danos materiais e estéticos em razão do acidente.
Nesse contexto, é correto afirmar que Henrique:
a) não praticou ato ilícito, considerando ter atuado em estado de necessidade e, portanto, não
deverá indenizar Maria;
b) responde objetivamente pelos danos a que der causa, ressarcindo integralmente Maria dos
danos estéticos, morais e materiais;
c) cometeu ato ilícito, causando dano material, moral e estético a Maria e, portanto, deve regu-
larmente indenizá-la em razão do princípio da reparação integral;
d) não responde pelos danos a que der causa por ter praticado ato lícito na forma do exercício
regular do direito, estando habilitado e dentro do limite de velocidade permitido na via;
e) não praticou ato ilícito, considerando ter atuado em estado de necessidade, mas, ainda que
não tenha cometido ato ilícito, assistirá direito a Maria de ser indenizada por Henrique.

006. (FGV/SEFAZ-ES/AUDITOR FISCAL/2021) Renato, estudante de quinze anos, foi contem-


plado com vasto legado deixado por seu tio avô, o que lhe permitia oferecer à Luiza, sua mãe,
conforto material. Luiza era viúva e os únicos bens que lhe pertenciam eram os que integravam
o enxoval de uma das casas que Renato recebeu, onde com ele residia. Certo dia, Renato, re-
presentado por sua mãe, adquire uma bicicleta e, ao sair da loja, desequilibra-se e cai na pista
de rolamento da rua em frente ao estabelecimento. No momento da queda, Joaquim, que con-
duzia seu carro, desvia-se de Renato, que nada sofre, mas colide com a lateral do automóvel
de Carla, estacionado do outro lado da rua. A colisão ocasionou danos em ambos os veículos
automotores, mas, como trafegava em baixa velocidade, Joaquim saiu fisicamente ileso. Dian-
te destes fatos, assinale a afirmativa correta.
a) Carla faz jus a indenização pelos danos ocasionados ao seu carro por Joaquim, que poderão
ser por ele ressarcidos.
b) A incapacidade civil de Renato, impede Joaquim de o responsabilizar patrimonialmente pe-
los danos sofridos.
c) Joaquim deverá provar a negligência de Luiza no exercício da autoridade parental para haver
indenização.
d) O fortuito ocorrido não permite que Joaquim pleiteie indenização de Luiza.
e) Joaquim nada deverá pagar a Carla, pois agiu em estado de necessidade.

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007. (INSTITUTO AOCP/PC-PA/DELEGADO/2021) José e Pedro são vizinhos e José é dono


de um cachorro de porte grande. Por esse motivo, José instalou grades ao redor de sua casa,
fechadura no portão e colocou uma placa de “cão bravo” de frente para a calçada. Certo dia,
enquanto o filho de Pedro brincava no quintal, a bola caiu na propriedade de José. Acreditan-
do que o cachorro o reconheceria por serem vizinhos de longa data, Pedro entrou no quintal
de José para pegar a bola enquanto este não estava em casa e acabou sendo atacado pelo
animal, causando-lhe ferimentos graves. Pedro ajuizou uma ação buscando indenização pelos
danos. Levando em consideração a situação hipotética descrita, assinale a alternativa correta.
a) Considerando que o comportamento do cachorro foi inesperado, já que Pedro e José eram
vizinhos de longa data, José deverá indenizar Pedro apenas pelos danos morais causados
pelo animal.
b) Não há responsabilidade civil, tendo em vista que a culpa foi exclusiva da vítima.
c) A responsabilidade do dono do animal é objetiva, existindo, portanto, a responsabilidade civil.
d) O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, sendo afastada a respon-
sabilidade somente nos casos de força maior.
e) Há responsabilidade civil, tendo em vista que José deveria ter mais cautela ao deixar o ani-
mal em casa sem sua supervisão.

008. (CEBRASPE/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2021) Caso um transeunte sofra lesão


por objeto caído de um apartamento, poderá o locatário se eximir da responsabilidade pela
indenização devida caso possa provar quem foi o autor do fato.

009. (UNESC/PGM CRICIÚMA-SC/PROCURADOR/2021) Carlos transitava pela Av. Rui Bar-


bosa, na cidade de Criciúma, quando, repentinamente, foi atingido por um vaso arremessado
do apartamento de Luísa, localizado no Ed. Boa Vista, ocasionando ferimentos em sua cabeça,
sendo necessário permanecer hospitalizado por dois dias, além de gastos com medicamen-
tos. Desta forma, Carlos:
a) Poderá pleitear a reparação de todos os danos sofridos, demandando Luísa para que res-
ponda pelos mesmos.
b) Poderá pleitear a reparação de todos os danos sofridos, demandando Luísa e o condomínio
do Ed. Boa Vista para que respondam pelos mesmos, de forma solidária.
c) Poderá pleitear a reparação de todos os danos sofridos, demandando o condomínio do Ed.
Boa Vista para que responda pelos mesmos.
d) Poderá pleitear a reparação de todos os danos sofridos, demandando Luísa e de forma sub-
sidiária o condomínio do Ed. Boa Vista para que respondam pelos mesmos.
e) Não poderá pleitear reparação, haja vista Luísa não possuir dolo no seu agir, ou seja, não
pretendia atingir Carlos.

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010. (CEBRASPE/TCDF/PROCURADOR/2021) O falecimento do titular de direito à indeniza-


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QUESTÕES DE CONCURSO
011. (FGV/ISS-CUIABA/AUDITOR-FISCAL/2014) João, devidamente habilitado para dirigir,
conduzia veículo de sua propriedade com cautela e diligência, quando foi surpreendido por ôni-
bus em alta velocidade na contramão. Em rápida manobra, João conseguiu evitar uma colisão
frontal, desviando seu automóvel para cima da calçada, onde atropelou Lucas, causando-lhe
graves lesões físicas.
Sobre os fatos descritos, assinale a afirmativa correta.
a) João, por ter agido em estado de necessidade, não será obrigado a indenizar o dano causa-
do a Lucas, cuja indenização será devida pela empresa de ônibus.
b) João, por não ter agido no estrito cumprimento de dever legal, será obrigado a indenizar o
dano causado a Lucas.
c) João, embora agindo em estado de necessidade, será obrigado a indenizar o dano causado
a Lucas, mas terá ação de regresso contra a empresa de ônibus.
d) João, por ter agido em decorrência de fato de terceiro, não será obrigado a indenizar o dano
causado a Lucas, cuja indenização será devida pela empresa de ônibus.
e) João, ao desviar deliberadamente o carro, será obrigado a indenizar o dano causado, e não
terá ação de regresso contra a empresa de ônibus.

012. (FGV/ISS-CUIABA/AUDITOR-FISCAL/2014) Sobre a responsabilidade civil disciplinada


no Código Civil de 2002, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.

 (  ) Os empresários individuais e as empresas são responsáveis, independentemente de


culpa, pelos danos que, em qualquer circunstância, causarem a terceiro, no exercício de
suas atividades empresariais.
 (  ) O incapaz responderá integralmente pelos danos que causar se as pessoas por ele res-
ponsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
(  ) Ainda que não haja culpa de sua parte, os pais responderão pelos atos praticados pelos
filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.

As afirmativas são, respectivamente,


a) V, F e V.
b) F, V e F.
c) F, F e V.
d) V, V e F.
e) F, V e V.

013. (FGV/MPE-RJ/ANALISTA PROCESSUAL/2016) Gisele, quinze anos de idade, modelo


e atriz de sucesso, com ótima condição econômica, após se aborrecer com o vizinho de seu

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pai, pegou um paralelepípedo e quebrou o vidro do para-brisa dianteiro de um veículo AUDI ano
2016, que se encontrava estacionado em frente a sua residência. Considerando que Gisele re-
side com seu pai, que é separado judicialmente de sua mãe, e que nenhum dos dois genitores
dispõe de meios para ressarcir os danos causados, é correto afirmar que:
a) Gisele deverá ser responsabilizada civilmente pelos danos causados;
b) a responsabilidade civil será exclusivamente do pai de Gisele;
c) a responsabilidade civil será exclusivamente da mãe de Gisele;
d) a responsabilidade civil será dos pais de Gisele;
e) não há responsabilidade civil, já que Gisele é menor de idade, sendo civilmente incapaz.

014. (FGV/ISS-CUIABÁ-MT/AUDITOR-FISCAL/2016) Ronaldo freou seu veículo pouco antes


da faixa de pedestres, em respeito ao sinal de trânsito vermelho. Rafaela, que vinha logo atrás
de Ronaldo, também parou, guardando razoável distância entre os carros. Entretanto, Tatiana,
que trafegava na mesma faixa de rolamento, mais atrás, distraiu-se ao redigir mensagem no
celular enquanto conduzia seu veículo, vindo a colidir com o veículo de Rafaela, o qual, em se-
guida, atingiu o carro de Ronaldo.
Diante disso, à luz das normas que disciplinam a responsabilidade civil, assinale a afirmati-
va correta.
a) Cada um arcará com seu próprio prejuízo, visto que a responsabilidade pelos danos causa-
dos deve ser repartida entre todos os envolvidos.
b) Tatiana deverá indenizar os prejuízos causados ao veículo de Rafaela, e esta deverá indeni-
zar os prejuízos causados ao veículo de Ronaldo.
c) Tatiana deverá indenizar os prejuízos causados aos veículos de Ronaldo e Rafaela.
d) Tatiana e Rafaela têm o dever de indenizar Ronaldo, na medida de sua culpa.
e) Tatiana e Rafaela têm o dever de indenizar Ronaldo, sendo que o dano será reparado de ma-
neira equitativa e não integralmente.

015. (FGV/AL-RO/ADVOGADO/2018) Antônio, ao transitar com seu veículo automotor na cor-


reta faixa de direção do meio, entre três pistas, sofre uma fechada de Bento, o que o obriga a
invadir a pista ao lado. Em razão disso, o carro de Antônio colide com o veículo dirigido por
Carlos, que trafegava tranquilamente na pista de direção invadida, causando-lhe danos mate-
riais, morais e estéticos.
Diante da dinâmica do evento apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) A vítima Carlos somente poderá demandar do causador mediato Bento, pois a dinâmica do
evento deixa claro que Antônio agiu em estado de necessidade.
b) A questão envolve responsabilidade civil subjetiva na qual há que se buscar no caso concre-
to quem efetivamente agiu culposamente, sendo este o único a responder pelo dano.
c) Independentemente da prova de culpa, a vítima pode pedir indenização por danos materiais
cumulado com moral e estético de Antônio, sendo legítimo a este regredir em face de Bento.

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d) A vítima pode demandar pedido indenizatório integral em face de ambos com fundamento
na teoria do risco criado.
e) Antônio e Bento concorreram culposamente para o evento danoso, logo a indenização inte-
gral deve ser fixada tendo-se em conta a gravidade da culpa de cada um dos causadores.

016. (FGV/AL-RO/CONSULTOR LEGISLATIVO/2018) Veridiana, modelo fotográfica, passava


pela Rua Sete de Setembro quando, repentinamente, foi atingida por um cinzeiro em sua testa,
que caiu de uma das janelas do Condomínio do Edifício Palmeiras, o qual possui apenas um
apartamento em cada um de seus andares. O golpe terminou por deixar uma cicatriz irreversí-
vel no rosto de Veridiana, que deixou de cumprir contratos profissionais. Sobre a responsabili-
dade civil no caso concreto é correto afirmar que:
a) por ser responsabilidade subjetiva, não imputa culpa ao Condomínio pelos danos causados
por unidade autônoma.
b) impossível a cumulação, no caso concreto, de danos morais e danos estéticos.
c) não poderá o condomínio ser responsabilizado, pois o nexo causal é afastado por fato
de terceiro.
d) ante a impossibilidade de identificar o autor do ato, o condomínio deverá responder pelo
dano causado.
e) ainda que se identifique, posteriormente, a unidade autônoma que produziu o dano, inexiste
direito de regresso.

017. (FGV/AL-RO/ADVOGADO/2018) Com relação ao estudo do direito dos danos, analise as


afirmativas a seguir.
I – O dano imaterial decorrente da prática de bullying, também chamado de assédio esco-
lar, pode acarretar a responsabilidade civil dos genitores da criança que o pratica, assim
como do estabelecimento de ensino.
II – Uma pessoa privada completamente de discernimento não pode sofrer dano moral por
ofensa ao direito à imagem.
III – Se um objeto cai de uma janela de um apartamento edifício e não é possível identificar a
unidade de onde o mesmo foi lançado, a vítima do dano pode demandar do condomínio,
aplicando-se no caso a teoria da causalidade alternativa.

Está correto o que se afirma em


a) II, somente.
b) III, somente.
c) I e II, somente.
d) I e III, somente.
e) I, II e III.

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018. (FGV/TJ-AL/AJAJ/2018) Em 31 de janeiro de 2018, Renato, avisado por amigos, acessou


sua rede social e verificou que Felipe, seu desafeto, dirigiu-lhe palavras de baixo calão, deson-
rando-o, mediante postagem pública ocorrida em 22 de janeiro de 2018. Em 05 de fevereiro do
mesmo ano, Felipe recebe notificação de Renato, solicitando que fosse apagada a mensagem
desonrosa. Ante a inércia de Felipe, Renato ajuíza, em 09 de março de 2018, ação pleiteando a
retirada da mensagem, bem como a condenação de Felipe ao pagamento de indenização pelos
danos morais sofridos.
A mora da obrigação de indenizar é verificada:
a) em 31 de janeiro de 2018;
b) em 22 de janeiro de 2018;
c) quando do trânsito em julgado da sentença;
d) em 05 de fevereiro de 2018;
e) em 09 de março de 2018.

019. (FGV/TJ-AL/AJAJ/2018) Alessandra, ao passar ao lado do prédio em que se encontra


estabelecido o Condomínio do Edifício Praia Bonita, é atingida por um carrinho de brinquedo,
proveniente do alto da edificação. Ao olhar para cima, vê crianças saindo da janela do apar-
tamento 502, mas não pode afirmar ao certo de onde veio o objeto. Nessas circunstâncias,
responde pelos danos sofridos por Alessandra:
a) o síndico do condomínio;
b) o morador do apartamento 502;
c) o responsável pelas crianças do apartamento 502;
d) ninguém, pois inimputáveis os prováveis autores do dano;
e) o condomínio.

020. (FGV/PREFEITURA DE CUIABÁ/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/2015) Nos casos de


responsabilidade civil baseada em atividades de risco, são considerados como causas ade-
quadas para excluir o dever de indenizar, dentre outras,
a) o fortuito externo e o fato exclusivo de terceiro.
b) o fortuito interno e o exercício regular de um direito.
c) o estado de necessidade e a culpa concorrente da vítima.
d) a culpa concorrente da vítima e o fato exclusivo da vítima.
e) a inexistência de culpa e a culpa exclusiva da vítima.

021. (FGV/TJ-AM/JUIZ SUBSTITUTO/2022) Jurema, ao conduzir o seu veículo por uma es-
trada de mão dupla, é surpreendida com um carro na contramão e em alta velocidade dirigido
por Maurício. Para se esquivar de uma possível colisão, Jurema realiza manobra vindo a atro-
pelar Bento, que estava na calçada e sofreu um corte no rosto, o que o impediu de realizar um

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ensaio fotográfico como modelo profissional. Considerando a situação hipotética, é correto


afirmar que Jurema:
a) praticou ato ilícito e deverá indenizar Bento;
b) agiu em estado de necessidade e não deverá indenizar Bento, pois o ato é lícito;
c) agiu em estado de necessidade e deverá indenizar Bento, apesar do ato ser lícito;
d) e Maurício devem indenizar Bento, pois praticaram atos ilícitos;
e) praticou ato ilícito e deve indenizar Bento, mas não poderá ingressar com ação de regresso
em face de Maurício.

022. (FGV/TJ-AM/JUIZ SUBSTITUTO/2022) Adalberto está sendo acusado de, ao conduzir


seu veículo embriagado, ter atropelado e causado danos a Lucélia. Ele está sendo acionado na
esfera criminal por conta das lesões que teria causado a ela.
Sobre sua obrigação de indenizá-la na esfera cível pelos danos sofridos, é correto afirmar que:
a) ainda que condenado na esfera criminal, a quantificação do dever de indenizar depende de
procedimento cível, tendo em vista a diversidade de requisitos entre o ilícito penal e o civil;
b) a absolvição no âmbito penal impede que ele seja condenado no âmbito cível, se a sentença
for fundada na inexistência do fato ou da autoria;
c) a sentença penal absolutória fundada em excludente de ilicitude vincula o juízo cível, invia-
bilizando qualquer pretensão da vítima à indenização em face dele;
d) absolvido na seara criminal por falta de provas do fato, da culpa ou da autoria, fica Adalberto
liberado de responsabilidade civil;
e) a sentença penal absolutória fundada em atipicidade do fato afasta a obrigação de indenizar
na esfera cível, inviabilizando a investigação sobre ato ilícito nessa seara.

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GABARITO
1. d
2. d
3. C
4. d
5. e
6. a
7. b
8. E
9. a
10. e
11. a
12. c
13. d
14. a
15. b
16. e
17. e
18. d
19. b
20. a
21. c
22. b

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GABARITO COMENTADO
023. (FGV/ISS-CUIABÁ/AUDITOR-FISCAL/2014) João, devidamente habilitado para dirigir,
conduzia veículo de sua propriedade com cautela e diligência, quando foi surpreendido por ôni-
bus em alta velocidade na contramão. Em rápida manobra, João conseguiu evitar uma colisão
frontal, desviando seu automóvel para cima da calçada, onde atropelou Lucas, causando-lhe
graves lesões físicas.
Sobre os fatos descritos, assinale a afirmativa correta.
a) João, por ter agido em estado de necessidade, não será obrigado a indenizar o dano causa-
do a Lucas, cuja indenização será devida pela empresa de ônibus.
b) João, por não ter agido no estrito cumprimento de dever legal, será obrigado a indenizar o
dano causado a Lucas.
c) João, embora agindo em estado de necessidade, será obrigado a indenizar o dano causado
a Lucas, mas terá ação de regresso contra a empresa de ônibus.
d) João, por ter agido em decorrência de fato de terceiro, não será obrigado a indenizar o dano
causado a Lucas, cuja indenização será devida pela empresa de ônibus.
e) João, ao desviar deliberadamente o carro, será obrigado a indenizar o dano causado, e não
terá ação de regresso contra a empresa de ônibus.

A conduta de João foi praticada em Estado de necessidade, nos moldes do art. 188, II do CC:

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo imi-
nente.
Dessa forma, a ilicitude foi excluída.
Entretanto, como a vítima Lucas não foi a pessoa que deu causa á situação, a obrigação de
João indenizar o dano causado permanece, cabendo ação regressiva contra a empresa de ôni-
bus para reaver o valor da indenização.

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpa-
dos do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o
autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Letra c.

024. (FGV/ISS-CUIABA/AUDITOR-FISCAL/2014) Sobre a responsabilidade civil disciplinada


no Código Civil de 2002, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.

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 (  ) Os empresários individuais e as empresas são responsáveis, independentemente de


culpa, pelos danos que, em qualquer circunstância, causarem a terceiro, no exercício de
suas atividades empresariais.
(  ) O incapaz responderá integralmente pelos danos que causar se as pessoas por ele res-
ponsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
(  ) Ainda que não haja culpa de sua parte, os pais responderão pelos atos praticados pelos
filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.

As afirmativas são, respectivamente,


a) V, F e V.
b) F, V e F.
c) F, F e V.
d) V, V e F.
e) F, V e V.

Análise das afirmativas:


I – VERDADEIRA. Vide art. 931 do CC.

Art. 931 - Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as em-
presas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em
circulação.
II – FALSA. Em desacordo com o art. 928 do CC.

Art. 928 - O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
III – VERDADEIRA. Vide art. 932, I do CC.

Art. 932 - São também responsáveis pela reparação civil:


I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
Letra a.

025. (FGV/MPE-RJ/ANALISTA PROCESSUAL/2016) Gisele, quinze anos de idade, modelo


e atriz de sucesso, com ótima condição econômica, após se aborrecer com o vizinho de seu
pai, pegou um paralelepípedo e quebrou o vidro do para-brisa dianteiro de um veículo AUDI ano
2016, que se encontrava estacionado em frente a sua residência. Considerando que Gisele re-
side com seu pai, que é separado judicialmente de sua mãe, e que nenhum dos dois genitores
dispõe de meios para ressarcir os danos causados, é correto afirmar que:
a) Gisele deverá ser responsabilizada civilmente pelos danos causados;
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b) a responsabilidade civil será exclusivamente do pai de Gisele;


c) a responsabilidade civil será exclusivamente da mãe de Gisele;
d) a responsabilidade civil será dos pais de Gisele;
e) não há responsabilidade civil, já que Gisele é menor de idade, sendo civilmente incapaz.

Apesar de Gisele ser incapaz, ela deverá ser responsabilizada com fundamento no art.
928 do CC.

Art. 928 - O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Letra a.

026. (FGV/ISS-CUIABÁ-MT/AUDITOR-FISCAL/2016) Ronaldo freou seu veículo pouco antes


da faixa de pedestres, em respeito ao sinal de trânsito vermelho. Rafaela, que vinha logo atrás
de Ronaldo, também parou, guardando razoável distância entre os carros. Entretanto, Tatiana,
que trafegava na mesma faixa de rolamento, mais atrás, distraiu-se ao redigir mensagem no
celular enquanto conduzia seu veículo, vindo a colidir com o veículo de Rafaela, o qual, em se-
guida, atingiu o carro de Ronaldo.
Diante disso, à luz das normas que disciplinam a responsabilidade civil, assinale a afirmati-
va correta.
a) Cada um arcará com seu próprio prejuízo, visto que a responsabilidade pelos danos causa-
dos deve ser repartida entre todos os envolvidos.
b) Tatiana deverá indenizar os prejuízos causados ao veículo de Rafaela, e esta deverá indeni-
zar os prejuízos causados ao veículo de Ronaldo.
c) Tatiana deverá indenizar os prejuízos causados aos veículos de Ronaldo e Rafaela.
d) Tatiana e Rafaela têm o dever de indenizar Ronaldo, na medida de sua culpa.
e) Tatiana e Rafaela têm o dever de indenizar Ronaldo, sendo que o dano será reparado de ma-
neira equitativa e não integralmente.

A situação apresentada possui os seguintes personagens:


- Ronaldo: agiu de forma correta freando seu veículo adequadamente;
- Rafaela: também agiu de forma correta freando seu veículo adequadamente;
- Tatiana: não freou seu veículo adequadamente e causou dano direto em Rafaela e dano por
ricochete em Ronaldo.
Dessa forma, Tatiana deverá os danos causados nos veículos em decorrência de sua condu-
ta culposa.

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Letra c.

027. (FGV/AL-RO/ADVOGADO/2018) Antônio, ao transitar com seu veículo automotor na cor-


reta faixa de direção do meio, entre três pistas, sofre uma fechada de Bento, o que o obriga a
invadir a pista ao lado. Em razão disso, o carro de Antônio colide com o veículo dirigido por
Carlos, que trafegava tranquilamente na pista de direção invadida, causando-lhe danos mate-
riais, morais e estéticos.
Diante da dinâmica do evento apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) A vítima Carlos somente poderá demandar do causador mediato Bento, pois a dinâmica do
evento deixa claro que Antônio agiu em estado de necessidade.
b) A questão envolve responsabilidade civil subjetiva na qual há que se buscar no caso concre-
to quem efetivamente agiu culposamente, sendo este o único a responder pelo dano.
c) Independentemente da prova de culpa, a vítima pode pedir indenização por danos materiais
cumulado com moral e estético de Antônio, sendo legítimo a este regredir em face de Bento.
d) A vítima pode demandar pedido indenizatório integral em face de ambos com fundamento
na teoria do risco criado.
e) Antônio e Bento concorreram culposamente para o evento danoso, logo a indenização inte-
gral deve ser fixada tendo-se em conta a gravidade da culpa de cada um dos causadores.

Ao sofrer a fechada de Bento e colidir com o veículo de Carlos, Antônio agiu em estada de ne-
cessidade, caracterizando-se uma excludente de ilicitude.
Entretanto, como Carlos não foi o causador do perigo, a obrigação de Antônio indenizar perma-
nece (estado de necessidade agressivo).

A INDENIZAÇÃO NO ESTADO DE NECESSIDADE


ESTADO DE NECESSIDADE DEFENSIVO: não há obrigação de indenizar
RESPONSÁVEL = PESSOA
PELO PERIGO ≠ LESADA
ESTADO DE NECESSIDADE AGRESSIVO: há dever de indenizar o lesado + ação
regressiva contra o causador do perigo
Resta a Antônio, nos moldes do art. 930 do CC, usar o direito de regresso contra Bento.
Além disso, é necessário invocarmos a jurisprudência do STJ:

STJ 37 - São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do
mesmo fato.
STJ 387 - É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral.

Letra c.

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028. (FGV/AL-RO/CONSULTOR LEGISLATIVO/2018) Veridiana, modelo fotográfica, passava


pela Rua Sete de Setembro quando, repentinamente, foi atingida por um cinzeiro em sua testa,
que caiu de uma das janelas do Condomínio do Edifício Palmeiras, o qual possui apenas um
apartamento em cada um de seus andares. O golpe terminou por deixar uma cicatriz irreversí-
vel no rosto de Veridiana, que deixou de cumprir contratos profissionais. Sobre a responsabili-
dade civil no caso concreto é correto afirmar que:
a) por ser responsabilidade subjetiva, não imputa culpa ao Condomínio pelos danos causados
por unidade autônoma.
b) impossível a cumulação, no caso concreto, de danos morais e danos estéticos.
c) não poderá o condomínio ser responsabilizado, pois o nexo causal é afastado por fato
de terceiro.
d) ante a impossibilidade de identificar o autor do ato, o condomínio deverá responder pelo
dano causado.
e) ainda que se identifique, posteriormente, a unidade autônoma que produziu o dano, inexiste
direito de regresso.

Questão com fundamento no Enunciado 557 das Jornadas de Direito Civil:

Enunciado 557 - Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condo-
mínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá o condomínio,
assegurado o direito de regresso.

Letra d.

029. (FGV/AL-RO/ADVOGADO/2018) Com relação ao estudo do direito dos danos, analise as


afirmativas a seguir.
I – O dano imaterial decorrente da prática de bullying, também chamado de assédio esco-
lar, pode acarretar a responsabilidade civil dos genitores da criança que o pratica, assim
como do estabelecimento de ensino.
II – Uma pessoa privada completamente de discernimento não pode sofrer dano moral por
ofensa ao direito à imagem.
III – Se um objeto cai de uma janela de um apartamento edifício e não é possível identificar a
unidade de onde o mesmo foi lançado, a vítima do dano pode demandar do condomínio,
aplicando-se no caso a teoria da causalidade alternativa.

Está correto o que se afirma em


a) II, somente.
b) III, somente.

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c) I e II, somente.
d) I e III, somente.
e) I, II e III.

Análise das afirmativas:


I – CERTA. Questão com fundamento no art. 932 do CC.
II – ERRADA. A jurisprudência do STJ é no sentido de que “em situações nas quais a vítima não
é passível de detrimento anímico, como ocorre com doentes mentais, a configuração do dano
moral é absoluta e perfeitamente possível, tendo em vista que, como ser humano, aquelas pes-
soas são igualmente detentoras de um conjunto de bens integrantes da personalidade.” (REsp:
1245550 MG 2011/0039145-4, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO)
III – CERTA. Em conformidade com o Enunciado 557 das Jornadas de Direito Civil do CJF.
Letra d.

030. (FGV/TJ-AL/AJAJ/2018) Em 31 de janeiro de 2018, Renato, avisado por amigos, acessou


sua rede social e verificou que Felipe, seu desafeto, dirigiu-lhe palavras de baixo calão, deson-
rando-o, mediante postagem pública ocorrida em 22 de janeiro de 2018. Em 05 de fevereiro do
mesmo ano, Felipe recebe notificação de Renato, solicitando que fosse apagada a mensagem
desonrosa. Ante a inércia de Felipe, Renato ajuíza, em 09 de março de 2018, ação pleiteando a
retirada da mensagem, bem como a condenação de Felipe ao pagamento de indenização pelos
danos morais sofridos.
A mora da obrigação de indenizar é verificada:
a) em 31 de janeiro de 2018;
b) em 22 de janeiro de 2018;
c) quando do trânsito em julgado da sentença;
d) em 05 de fevereiro de 2018;
e) em 09 de março de 2018.

Questão com fundamento no art. 398 do CC e na Súmula 54 do STJ:

Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o
praticou.

Súmula 54 do STJ: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de res-
ponsabilidade extracontratual.

Letra b.

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031. (FGV/TJ-AL/AJAJ/2018) Alessandra, ao passar ao lado do prédio em que se encontra


estabelecido o Condomínio do Edifício Praia Bonita, é atingida por um carrinho de brinquedo,
proveniente do alto da edificação. Ao olhar para cima, vê crianças saindo da janela do apar-
tamento 502, mas não pode afirmar ao certo de onde veio o objeto. Nessas circunstâncias,
responde pelos danos sofridos por Alessandra:
a) o síndico do condomínio;
b) o morador do apartamento 502;
c) o responsável pelas crianças do apartamento 502;
d) ninguém, pois inimputáveis os prováveis autores do dano;
e) o condomínio.

Questão com fundamento no Enunciado 557 das Jornadas de Direito Civil:

Enunciado 557 - Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condo-
mínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá o condomínio,
assegurado o direito de regresso.

Letra e.

032. (FGV/PREFEITURA DE CUIABÁ/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/2015) Nos casos de


responsabilidade civil baseada em atividades de risco, são considerados como causas ade-
quadas para excluir o dever de indenizar, dentre outras,
a) o fortuito externo e o fato exclusivo de terceiro.
b) o fortuito interno e o exercício regular de um direito.
c) o estado de necessidade e a culpa concorrente da vítima.
d) a culpa concorrente da vítima e o fato exclusivo da vítima.
e) a inexistência de culpa e a culpa exclusiva da vítima.

São casos de rompimento do nexo causal aptos a desconfigurar a responsabilidade ci-


vil objetiva:
• Culpa ou dolo exclusivo da vítima ou de terceiro
• Caso fortuito ou Fortuito externo
• Força maior
Letra a.

033. (FGV/TJ-AM/JUIZ SUBSTITUTO/2022) Jurema, ao conduzir o seu veículo por uma es-
trada de mão dupla, é surpreendida com um carro na contramão e em alta velocidade dirigido
por Maurício. Para se esquivar de uma possível colisão, Jurema realiza manobra vindo a atro-

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pelar Bento, que estava na calçada e sofreu um corte no rosto, o que o impediu de realizar um
ensaio fotográfico como modelo profissional. Considerando a situação hipotética, é correto
afirmar que Jurema:
a) praticou ato ilícito e deverá indenizar Bento;
b) agiu em estado de necessidade e não deverá indenizar Bento, pois o ato é lícito;
c) agiu em estado de necessidade e deverá indenizar Bento, apesar do ato ser lícito;
d) e Maurício devem indenizar Bento, pois praticaram atos ilícitos;
e) praticou ato ilícito e deve indenizar Bento, mas não poderá ingressar com ação de regresso
em face de Maurício.

Ao ser surpreendida por um carro na contramão e realizar a manobra, Jurema agiu em estada
de necessidade, caracterizando-se uma excludente de ilicitude.
Entretanto, como Bento não foi o causador do perigo, a obrigação de Jurema indenizar perma-
nece (estado de necessidade agressivo).

A INDENIZAÇÃO NO ESTADO DE NECESSIDADE


ESTADO DE NECESSIDADE DEFENSIVO: não há obrigação de indenizar
RESPONSÁVEL = PESSOA
PELO PERIGO ≠ LESADA
ESTADO DE NECISSADADE AGRESSIVO: há dever de indenizar o lesado + ação
regressiva contra o causador do perigo
Resta a Jurema, nos moldes do art. 930 do CC, usar o direito de regresso contra Mauricio.
Letra c.

034. (FGV/TJ-AM/JUIZ SUBSTITUTO/2022) Adalberto está sendo acusado de, ao conduzir


seu veículo embriagado, ter atropelado e causado danos a Lucélia. Ele está sendo acionado na
esfera criminal por conta das lesões que teria causado a ela.
Sobre sua obrigação de indenizá-la na esfera cível pelos danos sofridos, é correto afirmar que:
a) ainda que condenado na esfera criminal, a quantificação do dever de indenizar depende de
procedimento cível, tendo em vista a diversidade de requisitos entre o ilícito penal e o civil;
b) a absolvição no âmbito penal impede que ele seja condenado no âmbito cível, se a sentença
for fundada na inexistência do fato ou da autoria;
c) a sentença penal absolutória fundada em excludente de ilicitude vincula o juízo cível, invia-
bilizando qualquer pretensão da vítima à indenização em face dele;
d) absolvido na seara criminal por falta de provas do fato, da culpa ou da autoria, fica Adalberto
liberado de responsabilidade civil;
e) a sentença penal absolutória fundada em atipicidade do fato afasta a obrigação de indenizar
na esfera cível, inviabilizando a investigação sobre ato ilícito nessa seara.

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Questão com fundamento no art. 935 do CC:

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais so-
bre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem deci-
didas no juízo criminal.
Letra b.

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Ex-Auditor-Fiscal do Estado da Paraíba, Ex-Auditor-Fiscal de Tributos do Município de São Paulo e atual
Conselheiro Substituto do TCM-RJ (aprovado em 2º lugar). Também foi aprovado nos concursos de
Auditor-Fiscal do Estado do Rio Grande do Sul e Conselheiro Substituto do TCE-AM. Ministra aulas das
disciplinas Direito Civil, Direito Penal e Legislação Tributária Municipal.

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