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DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil Objetiva e Subjetiva
Dicler Ferreira
Sumário
Responsabilidade Civil Objetiva e Subjetiva....................................................................................................3
1. Conceito de Ato Ilícito e Responsabilidade Civil. .......................................................................................3
2. Excludentes de Ilicitude..........................................................................................................................................8
3. Organograma da Responsabilidade Civil. .....................................................................................................11
3.2. A Responsabilidade no Código Civil...........................................................................................................16
4. Indenização..................................................................................................................................................................27
Resumo.................................................................................................................................................................................31
Questões Comentadas em Aula.. ...........................................................................................................................34
Questões de Concurso................................................................................................................................................38
Gabarito...............................................................................................................................................................................43
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................44
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Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
-lo.
A prática de um ato ilícito pode se dar através da violação de um direito (art. 186 do CC)
ou através de um abuso de direito (art. 187 do CC). Nas duas hipóteses é necessário que o ato
praticado provoque um dano a outrem, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial (moral).
Art. 186 do CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187 do CC - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifes-
tamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Dessa forma, podemos listar três requisitos para haver a responsabilidade civil:
1) Conduta: vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e
objetivamente imputável, do próprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inani-
mada, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado. A conduta
é composta da parte objetiva (ação ou omissão) e da parte subjetiva (dolo ou culpa), entretan-
to, nem sempre a parte subjetiva (dolo ou culpa) será necessária, como ocorre nos casos de
responsabilidade objetiva.
2) Ocorrência de Dano: não haverá dever de reparação quando inexistir prejuízo. As classi-
ficações mais importantes de dano são:
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STJ 37 - São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do
mesmo fato.
STJ 387 - É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral.
STJ 642 - O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do
titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a
ação indenizatória.
É importante ilustrar que, além das três espécies de danos já mencionadas, uma quarta
espécie vem sendo citada na jurisprudência. Trata-se do dano social. Vejamos:
Dano social não se confunde com dano material, moral ou estético
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O dano social é uma nova espécie de dano reparável, que não se confunde com os danos
materiais, morais e estéticos, e que decorre de comportamentos socialmente reprováveis,
que diminuem o nível social de tranquilidade.
Em uma ação individual, o juiz condenou o réu ao pagamento de danos morais e, de ofí-
cio, determinou que pagasse também danos sociais em favor de uma instituição de caridade.
O STJ entendeu que essa decisão é nula, por ser “extra petita”.
Para que haja condenação por dano social, é indispensável que haja pedido expresso.
Vale ressaltar, no entanto, que, no caso concreto, mesmo que houvesse pedido de conde-
nação em danos sociais na demanda em exame, o pleito não poderia ter sido julgado pro-
cedente, pois esbarraria na ausência de legitimidade para postulá-lo. Isso porque, na visão
do STJ, a condenação por danos sociais somente pode ocorrer em demandas coletivas e,
portanto, apenas os legitimados para a propositura de ações coletivas poderiam pleitear
danos sociais.
STJ. 2ª Seção. Rcl 12.062-GO, Rel. Ministro Raul Araújo, j. em 12/11/2014 (recurso repe-
titivo) (Info 552).
A regra geral na indenização de danos em nosso ordenamento jurídico prevê que quem aju-
íza a ação solicitando indenização ou reparação, deve provar o prejuízo que sofreu. Entretanto,
em algumas situações, o dano moral pode ser presumido, ou “in re ipsa”. Nessas situações,
basta que o autor prove a prática do ato ilícito, que o dano está configurado, não sendo neces-
sário comprovar a violação dos direitos da personalidade, que seria uma lesão à sua imagem,
honra subjetiva ou privacidade.
Exemplos de dano moral in re ipsa:
• inscrição indevida de alguém em cadastro de restrição de crédito; e
• uso não autorizado da imagem, com fins exclusivamente econômicos e publicitários.
002. (FGV/TJ-RJ/JUIZ SUBSTITUTO/2021) Ana teve a sua fotografia estampada em uma re-
vista. A matéria elogiava as suas qualidades físicas e morais, mas não houve autorização por
parte da retratada. Diante dessa situação, Ana pleiteia em juízo compensação pecuniária por
dano moral. O pedido deve ser julgado:
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Perceba que o enunciado da questão apresenta uma hipótese de dano moral in re ipsa (presu-
mido). Sendo assim, a compensação pecuniária por dano moral é procedente, pois a imagem
foi utilizada sem autorização e há finalidade econômica.
Letra d.
• Quanto às consequências do dano: o dano pode ser direto, aquele suportado pela pró-
pria vítima da ação lesiva, ou indireto, também chamado pela doutrina e pela jurispru-
dência de dano reflexo ou por ricochete, quando se revela decorrência de um dano ante-
rior sofrido pela própria vítima ou por outrem.
Imagine a destruição de vidro de uma vitrina por um desordeiro, com um consequente es-
trago causado pelas chuvas nos artigos expostos, em razão da falta de vidro. A destruição do
vidro é um dano direto, ao passo que o estrago pelas chuvas é um dano indireto.
3) Nexo de Causalidade: relação entre a conduta do agente e o dano sofrido pela vítima.
Caso a existência do dano não esteja relacionada com o comportamento do agente, não have-
rá que se falar em relação de causalidade e, via de consequência, em obrigação de indenizar.
Se for praticada uma conduta, mas isso não ocasionar um dano, não podemos em ato ilí-
cito na esfera civil. Poe exemplo, se alguém avançar um sinal (farol) com seu automóvel, mas
não bater em ninguém ou nada atingir, há infração de trânsito, mas não há ato ilícito.
Ao estudar a classificação das obrigações quanto ao ônus da prova, vemos que elas se
dividem em obrigação de meio e obrigação de resultado.
a) obrigações de meio: o devedor obriga-se a empregar diligências para atingir a meta coli-
mada pelo ato, mas pode não atingi-la. É o caso do advogado que deve buscar todos os meios
para ganhar a ação, porém pode vir a perder a demanda.
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Veja que são citados os três elementos da responsabilidade civil (conduta dolosa ou culposa,
nexo causal e dano), além da obrigação de meio, inerente ao advogado.
Certo.
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Veja que a obrigação da empresa de transporte rodoviário é uma obrigação de resultado. Sen-
do assim, identificamos no caso narrado a responsabilidade civil objetiva, de modo que a em-
presa “A” responda independentemente de culpa, cabendo ação regressiva contra o causador
do dano que foi o motorista.
Letra d.
2. Excludentes de Ilicitude
Entretanto, mesmo que o agente pratique um ato que acarrete prejuízo a outrem ele pode
não ser obrigado a indenizar em razão de uma das causas excludentes de ilicitude. Algumas
estão listadas no artigo 188 do CC.
São elas:
1) Legítima Defesa;
2) Exercício Regular de Direito; e
3) Estado de Necessidade.
É possível que, quando a ilicitude seja excluída pelo estado de necessidade, o agente, mes-
mo assim, continue obrigado a indenizar se a pessoa que sofrer o dano não corresponder à
pessoa que ocasionou a situação de perigo. Porém, nessa hipótese, o agente terá direito a uma
ação regressiva contra o causador do perigo para reaver o que houver gasto com a indenização
(artigos 188, 929 e 930 do CC).
Art. 929 do CC - Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem
culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
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Art. 930 do CC - No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra
este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art.
188, inciso I).
“A” → motorista de um carro que, agindo em estado de necessidade, desvia o carro de uma
criança e acaba derrubando o muro de uma casa;
“B” → criança de 5 anos que atravessava a rua sozinha;
“C” → responsável pela criança (CAUSADOR DO PERIGO); e
“D” → dono da casa que teve o muro derrubado (LESADO).
Se o causador do perigo e o lesado forem a mesma pessoa (responsável pela criança e dono
da casa com o muro quebrado forem a mesma pessoa), então não há indenização, pois se
configura o estado de necessidade defensivo; porém, se forem pessoas diferentes, teremos o
estado de necessidade agressivo e caberá uma indenização de “A” para “D”, da mesma forma
que “A” pode propor uma ação regressiva contra “C” para reaver o que pagou a “D”.
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b) responde objetivamente pelos danos a que der causa, ressarcindo integralmente Maria dos
danos estéticos, morais e materiais;
c) cometeu ato ilícito, causando dano material, moral e estético a Maria e, portanto, deve regu-
larmente indenizá-la em razão do princípio da reparação integral;
d) não responde pelos danos a que der causa por ter praticado ato lícito na forma do exercício
regular do direito, estando habilitado e dentro do limite de velocidade permitido na via;
e) não praticou ato ilícito, considerando ter atuado em estado de necessidade, mas, ainda que
não tenha cometido ato ilícito, assistirá direito a Maria de ser indenizada por Henrique.
Existem ainda outras espécies excludentes de ilicitude que não estão listadas no
CC. São elas:
4) Fato exclusivo da vítima
Se a culpa exclusiva da vítima configurar a causa mais adequada à produção do dano por
ela sofrido, o nexo de causalidade entre o ato e o dano não se formará.
O exemplo clássico é o da é o da pessoa que, de repente, lança--se à rua, na direção de um
carro. Conquanto haja um ato do motorista, de dirigir, e um dano sofrido pelo pedestre, não há
relação causal entre ambos, porquanto a causa mais adequada à produção do dano não foi o
ato de transitar pela rua conduzindo um veículo, mas sim o ato da vítima de subitamente se
lançar à rua.
5) Fato de terceiro
Outra situação que pode caracterizar ou a ausência de nexo causal é o fato de terceiro.
Ou seja, quando uma pessoa diversa das pessoas do agente do ato e da vítima dá causa ao
resultado.
Utilizando novamente o exemplo do atropelamento, imaginemos que, em vez de a vítima se
lançar de súbito na rua, ela é empurrada violentamente por um terceiro e acaba se chocando
com o carro.
O ato do motorista não foi o mais adequado a dar causa ao atropelamento, o qual foi o ato
praticado pelo terceiro, de empurrar a vítima na direção da rua. Logo, entre a conduta do moto-
rista e o dano sofrido pelo atropelado não há relação de causalidade pelo que não se configura
a responsabilidade civil, nem por culpa nem independente de culpa.
6) Caso Fortuito e Força Maior
O caso fortuito é um acontecimento natural, em certa medida imprevisível e inevitável,
como na hipótese do raio, da enchente, do terremoto etc., e que força maior, por sua vez, é um
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fato humano, também em certa medida imprevisível e inevitável, como na hipótese da guerra,
do atentado terrorista, do roubo, do furto, da desapropriação etc.
O caso fortuito ou a força maior impedirão a formação do nexo de causalidade.
Imaginemos que, após o deslizamento de terra, uma pessoa, Maria, ouça pedidos de socor-
ro de Paula e se aproxime dos escombros. Suponhamos que, ao remover uma pedra, na tenta-
tiva de localizar Paula, Maria acabe soltando uma pilha de entulhos que vem a soterrar Paula,
causando-lhe danos que até então não tinha sofrido. Apesar de haver um nexo de causalidade
entre o ato de Maria e o dano sofrido por Paula, e, portanto, de se configurar a responsabilidade
civil de Maria, o Direito a exclui, por considerar mais relevante o caso fortuito, que causou o
deslizamento.
Por fim, podemos enumerar outras hipóteses de excludentes de ilicitudes conforme a es-
quematização abaixo:
Excludentes de Ilicitude
Legítima defesa Repelir agressão injusta atual ou iminente
Acontece, por exemplo, em casos de práticas desporti-
Exercício regular de direito
vas
deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
Estado de necessidade
pessoa, a fim de remover perigo iminente
o nexo de causalidade entre o ato e o dano não se for-
Fato exclusivo da vítima
mará
O nexo de causalidade se formará com a conduta do ter-
Fato de terceiro
ceiro e não do agente
o nexo de causalidade entre o ato e o dano não se for-
Caso Fortuito ou Força Maior
mará
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Art. 389 do CC - Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advo-
gado.
Art. 390 do CC - Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que
executou o ato de que se devia abster.
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Como exemplo, se uma pessoa é atropelada por um ônibus deve ser ressarcida pelo autor
do fato. Temos aqui um caso de responsabilidade extracontratual. Porém, se a pessoa está
dentro do ônibus viajando para algum lugar e ocorrer um acidente na qual ela sofra danos
(materiais e/ou morais), estaremos diante de uma responsabilidade contratual, pois existe um
contrato de transporte.
Art. 186 do CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927, Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
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Falando-se em abuso de direito, faz-se necessário comentarmos a respeito dos atos emu-
lativos. São atos praticados no exercício de um direito objetivando prejudicar terceiros e re-
sultando no dever de indenizar o dano. É o que acontece quando um vizinho constrói uma
chaminé falsa em seu telhado apenas para bloquear o sol que incide na piscina do vizinho.
Como a teoria objetiva está fundamentada na teoria do risco, cabe citar que a doutrina res-
salta as seguintes as modalidades de risco:
• Risco proveito ou atividade: está relacionado à máxima “quem colhe os bônus deve su-
portar os ônus”, ou seja, aquela pessoa que tira proveito da atividade perigosa também
deve suportar os danos dela decorrentes;
• Risco profissional: está relacionado às relações de trabalho, a fim de viabilizar a respon-
sabilidade objetiva do empregador pelos danos causados pelo empregado, em decor-
rência da atividade por este desenvolvida;
• Risco excepcional: se refere às atividades que, por sua natureza, representam um eleva-
do grau de perigo, tanto para as pessoas que as desempenham diretamente, como para
os demais membros da coletividade;
• Risco integral: é o grau mais elevado de responsabilidade objetiva, não atingindo ne-
nhum tipo de exclusão, mesmo na ocorrência de caso fortuito ou força maior. Tal moda-
lidade é reservada aos danos decorrentes de atividades nucleares, e
• Risco Administrativo: estudada no Direito Administrativo, assunto Responsabilidade Ci-
vil do Estado.
III – Tendo como referência a classificação quanto ao agente a responsabilidade civil pode
ser direta ou indireta.
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a) Responsabilidade civil direta: ocorre quando o autor do dano é o responsável pelo seu
pagamento. Como exemplo temos o fato de A jogar uma pedra no carro de B causando-lhe
danos. Na situação apresentada é o próprio autor do dano que deve ressarcir o lesado (B).
b) Responsabilidade civil indireta: também chamada de responsabilidade civil complexa
ou por fato de outrem (arts. 932 a 934 do CC), ocorre quando uma pessoa é civilmente res-
ponsável, perante terceiros, por ações e omissões perpetradas por outra pessoa. Mais adiante
teceremos maiores detalhes.
Por ocasião da responsabilidade civil subjetiva a culpa, elemento necessário, pode ser
classificada das seguintes formas:
I – Sob o critério da gravidade, a culpa pode ser grave (quando o agente atua com falha
grosseira ao dever de cuidado), leve (quando ocorre falta a um dever de cuidado ordinário, co-
mum a qualquer pessoa) ou levíssima (se caracteriza por um mero descuido ou ausência de
habilidade).
II – Sob o critério do conteúdo da conduta culposa, recorro às palavras do renomado dou-
trinador César Fiúza: “a culpa, dependendo das circunstâncias em que ocorra, pode se classifi-
car em culpa in committendo, in omittendo, in vigilando, in custodiendo e in eligendo.
In committendo é a culpa que ocorre em virtude de ação, atuação positiva (comissão).
Como exemplo, podemos citar o ato de avançar sinal luminoso. Já se a culpa se der por omis-
são, por conduta negativa, teremos culpa in omittendo. Exemplo seria a enfermeira se esque-
cer de dar remédio ao paciente.
Será in vigilando a culpa, se for fruto de falha no dever de vigiar. Tal é a culpa dos pais pelos
atos dos filhos em sua guarda. O dever, nesse caso, refere-se a vigiar pessoas. Se referir-se a
vigiar coisas, como animais, por exemplo, a culpa será in custodiendo, configurando-se por fa-
lha no dever de guardar, custodiar. Essa é a culpa do detentor do animal, pelos danos que este
venha a provocar.
A culpa in eligendo é aquela que resulta da má escolha. Quando se escolhe mal uma pes-
soa para desempenhar certa tarefa, resultando danos, a responsabilidade é daquele que esco-
lheu mal. É o caso do patrão, que responde pelos danos causados por seus empregados em
serviço; do procurador que responde pelos atos daquele a quem substabelecer.”
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III – Sob o critério do modo de apreciação, a culpa pode ser in concreto (ocorre quando,
no caso concreto, se limita ao exame da imprudência ou negligência do agente) ou in abstrato
(quando se faz uma análise comparativa da conduta do agente com a do homem médio ou da
pessoa normal).
IV – Com base no critério da natureza do dever violado, a culpa pode ser contratual (quan-
do o dever se funda em um contrato – ex: se o locatário de um imóvel não cumpre com a obri-
gação constante do contrato de locação) ou extracontratual/aquiliana (quando a obrigação
de indenizar se origina da violação de um preceito geral de direito – ex: quando uma pessoa
empresta o carro para um sobrinho menor que vem a colidir com outro automóvel).
Art. 931 do CC - Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e
as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos pos-
tos em circulação.
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Art. 928 do CC - O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis
não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
JURISPRUDÊNCIA SO STJ
Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão responsabilidade sub-
sidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC.
A responsabilidade dos pais dos filhos menores será substitutiva, exclusiva e não solidária.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.436.401-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/2/2017 (Info 599)
No próximo tópico, estudaremos a responsabilidade civil dos pais, pelos filhos menores
que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia. Mas, conforme jurisprudência do STJ,
já podemos inerir o seguinte.
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A questão descreve uma hipótese de responsabilidade civil do incapaz. Tendo em vista que
Renato possui meios suficientes para ressarcir o dano que ele provocou, então ele deverá ser
responsabilizado nos termos do art. 928 do CC.
Letra a.
Trata-se de uma hipótese que em que uma pessoa responde por um dano provocado por
outra pessoa. Vejamos o art. 932 do CC:
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Art. 932 do CC - São também responsáveis pela reparação civil:
I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do traba-
lho que lhes competir, ou em razão dele;
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933 do CC - As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja
culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Dessa forma, não é necessária a culpa dos responsáveis (pais, tutores, curadores, empre-
gadores, comitentes e donos de hotéis) para haver responsabilidade civil, entretanto, é neces-
sário que a vítima comprove a culpa do incapaz, do empregado, dos hóspedes e educandos.
Configurada essa culpa, há uma presunção absoluta (juris et de jure), aquela que não admite
prova em contrário, de que tais pessoas são também responsáveis.
Para a vítima obter indenização, deve provar apenas duas coisas:
• a relação de subordinação entre o causador do dano e a pessoa mencionada no art. 932
do CC; e
• a culpa do causador do dano.
Os pais apenas serão obrigados a indenizar os atos ilícitos dos filhos menores se estes es-
tiverem sob sua autoridade e em sua companhia. Dessa forma, a guarda é essencial para fazer
surgir a responsabilidade civil dos pais pelos filhos menores que é objetiva.
Como se configura a responsabilidade civil dos pais que estão separados judicialmente,
pelos filhos menores?
Segundo a jurisprudência do STJ (REsp 1074937/MA), a mera separação dos pais não
isenta o cônjuge, com o qual os filhos não residem, da responsabilidade em relação aos atos
praticados pelos menores, pois permanece o dever de criação e orientação, especialmente se
o poder familiar é exercido conjuntamente.
Cabe ainda citarmos o Enunciado 449 da V Jornada de Direito Civil:
Enunciado 449: Considerando que a responsabilidade dos pais pelos atos danosos pra-
ticados pelos filhos menores é objetiva, e não por culpa presumida, ambos os genitores,
no exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais atos,
ainda que estejam separados, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclu-
siva de um dos genitores.
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No caso de emancipação, sendo esta legal, exclui-se a responsabilidade dos pais; entretan-
to, tal responsabilidade subsiste se a emancipação for voluntária.
Finalizando a análise da responsabilidade civil dos pais em razão dos atos praticados pe-
los seus filhos menores, vale a pena sabermos outra jurisprudência do STJ.
Não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato de que ele não
estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta.
O art. 932 do CC prevê que os pais são responsáveis pela reparação civil em relação aos atos praticados por
seus filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
O art. 932, I do CC, ao se referir à autoridade e companhia dos pais em relação aos filhos, quis explicitar o
poder familiar (a autoridade parental não se esgota na guarda), compreendendo um plexo de deveres, como
proteção, cuidado, educação, informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa
e diária, sendo irrelevante a proximidade física no momento em que os menores venham a causar danos.
Em outras palavras, não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato
de que ele não estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.436.401-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/2/2017 (Info 599).
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Art. 934 do CC - Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago
daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativa-
mente incapaz.
Percebe-se, porém, que tal direito não assiste aos pais tutores e curadores, pois a sua res-
ponsabilidade emana de atos praticados por pessoas incapazes (filho menor, pupilo ou maior
interditado).
Os pais que indenizam um dano provocado por seu filho menor não podem, por meio de ação regressiva,
reaver aquilo que houver pagado na indenização, pois o causador do dano é seu descendente.
Para encerrar o comentário dos incisos do art. 932 do CC, temos a responsabilidade civil
dos beneficiários em produtos de crime. É desnecessário dizer que tal responsabilidade é
objetiva, exigindo-se a obrigação de devolver a coisa à vítima com base no enriquecimento
injusto, mesmo que tenha recebido o produto do crime de forma gratuita e inocente.
Para exemplificar essa última hipótese, imagine um ladrão de bancos que roubou R$
500.000,00 de uma agência bancária e presenteou sua namorada, que não participou do assal-
to, com R$ 60.000,00. A namorada do assaltante responderá civilmente por uma indenização
de R$ 60.000,00, pois esse é o valor do proveito que ela teve com o fato.
4) Responsabilidade por fato de animal (art. 936 do CC).
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Art. 936 do CC - O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar
culpa da vítima ou força maior.
O art. 936 do CC prevê que o dono do animal ou o seu detentor será responsá-
vel objetivamente pelos danos causados por ele, a não ser que prove o seguinte:
• que guardava e vigiava o animal com o cuidado necessário; ou
• que o animal foi provocado; ou
• que houve imprudência do ofendido; ou
• que o fato resultou de caso fortuito ou força maior.
Recentemente foi elaborado o Enunciado 452 da V Jornada de Direito Civil do CJF tratando
do assunto:
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A responsabilidade civil dono ou detentor do animal, segundo o art. 936 do CC é objetiva, mas,
de acordo com o Enunciado 452 da V Jornada de Direito Civil do CJF, ela pode ser afastada se
ficar provada a culpa exclusiva da vítima.
Letra b.
Art. 937 do CC - O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruí-
na, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Art. 938 do CC - Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas
que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Segundo o art. 938 do CC, aquele que habitar prédio, ou parte dele (ex: locatário), responde
pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Errado.
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a) Poderá pleitear a reparação de todos os danos sofridos, demandando Luísa para que res-
ponda pelos mesmos.
b) Poderá pleitear a reparação de todos os danos sofridos, demandando Luísa e o condomínio
do Ed. Boa Vista para que respondam pelos mesmos, de forma solidária.
c) Poderá pleitear a reparação de todos os danos sofridos, demandando o condomínio do Ed.
Boa Vista para que responda pelos mesmos.
d) Poderá pleitear a reparação de todos os danos sofridos, demandando Luísa e de forma sub-
sidiária o condomínio do Ed. Boa Vista para que respondam pelos mesmos.
e) Não poderá pleitear reparação, haja vista Luísa não possuir dolo no seu agir, ou seja, não
pretendia atingir Carlos.
Segundo o art. 938 do CC, aquele que habitar prédio, ou parte dele (ex: Luisa), responde pelo
dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Letra a.
Embora a regra seja a independência das esferas, não se pode mais questionar no juízo
cível algumas questões, quando elas já se encontrarem decididas no juízo criminal. São elas:
• a existência do fato, isto é, a ocorrência do crime e suas consequências (engloba-se
aqui eventual excludente de criminalidade, como veremos);
• ou de quem seja o seu autor, ou seja, a autoria do delito.
Sentença criminal baseada em negativa de autoria ou sobre inexistência do crime repercute nas esferas cível
e administrativa.
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No art. 939 do CC o legislador tratou da responsabilidade civil daquele que demandar por
dívida não vencida.
Art. 939 do CC - O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que
a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros
correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.
Art. 940 do CC - Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as
quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro
caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se hou-
ver prescrição.
Art. 941 do CC - As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da
ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que
prove ter sofrido.
Como regra, se o autor desistir da ação por ocasião da cobrança antecipada, cobrança de
dívida já paga e da cobrança de quantia indevida, caracteriza-se um reconhecimento de seu
erro e, com isso, não serão cabíveis as indenizações dos dois artigos anteriores.
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Art. 942 do CC - Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos
à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidaria-
mente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas de-
signadas no art. 932.
O art. 942 do CC dispõe que os bens do patrimônio do responsável pelo dano ficarão sujei-
tos à reparação do ato ilícito praticado. Caso a ofensa tenha mais de um autor, haverá solida-
riedade na obrigação de indenizar.
8) Responsabilidade Civil na sucessão
Art. 943 do CC - O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a heran-
ça.
STJ 642 - O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do
titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a
ação indenizatória.
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4. Indenização
Já estudamos a origem da responsabilidade civil que é o ato ilícito. Estudamos também
as espécies de responsabilidade civil (subjetiva e objetiva). Porém, está faltando tratarmos da
consequência gerada pelo ato danoso a outrem que é a indenização. Vejamos o gráfico esque-
mático a seguir:
A indenização deve ser proporcional ao dano provocado. Dessa forma, comparando dois
acidentes com automóveis, imagine um primeiro onde ocorreu apenas um arranhão na pintura
e um segundo onde houve perda total do carro. No primeiro acidente a indenização deverá ser
menor que a indenização do segundo.
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será
fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Art. 946 do CC - Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição
fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma
que a lei processual determinar.
Líquida é a obrigação certa quanto a sua existência e determinada quanto a seu objeto, de
modo que, se tiver valor indeterminado, deverá ser apurada na conformidade da lei processual
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(arts. 603 a 611 do CPC), que fixa as formas de liquidação da sentença ou da convenção entre
as partes.
Art. 947 do CC - Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á
pelo seu valor, em moeda corrente.
Como regra, a obrigação de reparar o dano provocado deve ocorrer através de uma recons-
tituição natural. Ou seja, se um objeto foi destruído, outro igual deve ser entregue. Entretanto,
não podendo ser entregue um igual, a obrigação de indenizar é extinta através do pagamento
de um valor em moeda corrente igual ao do objeto destruído.
Art. 948 do CC - No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração
provável da vida da vítima.
A morte de um membro da família pode acarretar dano moral a outro membro dessa mes-
ma família em decorrência da dor sentimental pela morte do ente querido, bem como ao côn-
juge que sofre a perda de seu consorte, ou ao convivente cujo companheiro é morto, ou ao pai
ou mãe que sofre a perda do filho. Se a morte ocorre pela prática de um ato ilícito, então caberá
a aplicação dos princípios da responsabilidade civil por dano moral, com o estabelecimento da
devida indenização.
A indenização por dano moral no caso do homicídio não exclui os danos materiais citados
nos incisos I e II.
Art. 949 do CC - No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das
despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
O art. 949 do CC tem em vista a reparação dos danos materiais (despesas de tratamento e
lucros cessantes) e dos danos morais resultantes de ofensa à integridade física, que é direito
da personalidade, pelo qual se tutela a incolumidade do corpo e da mente.
Art. 950 do CC - Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício
ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à im-
portância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de
uma só vez.
Este dispositivo trata de ofensa à integridade física que acarreta defeito que impossibilite
ou diminua a capacidade de trabalho da vítima, estabelecendo indenização pelos danos mate-
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riais: despesas de tratamento, lucros cessantes até o fim da convalescença e pensão corres-
pondente à importância do trabalho para que se inabilitou ou da depreciação sofrida.
Art. 951 do CC - O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida
por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia,
causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
Art. 952 do CC - Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indeni-
zação consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes;
faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado.
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela
pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele.
Art. 953 do CC - A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que
delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, equitativa-
mente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
Este dispositivo estabelece a reparação dos danos por violação à honra que é um direito da
personalidade composto de dois aspectos: objetivo ou externo (relacionado com a considera-
ção social) e subjetivo ou interno (relacionado com a autoestima). Nestes dois aspectos está
contido o caráter múltiplo da honra: individual, civil, política, profissional, científica, artística etc.
Art. 954 do CC - A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas
e danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto
no parágrafo único do artigo antecedente.
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal:
I – o cárcere privado;
II – a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
III – a prisão ilegal.
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Finalizando o nosso estudo teórico, temos o art. 954 do CC que trata da reparação do dano
por ofensa à liberdade pessoal.
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RESUMO
Conceito de Ato Ilícito
Mesmo que o agente pratique um ato que acarrete prejuízo a outrem ele pode não ser obri-
gado a indenizar em razão de uma das causas excludentes de ilicitude.
Excludentes de Ilicitude
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002. (FGV/TJ-RJ/JUIZ SUBSTITUTO/2021) Ana teve a sua fotografia estampada em uma re-
vista. A matéria elogiava as suas qualidades físicas e morais, mas não houve autorização por
parte da retratada. Diante dessa situação, Ana pleiteia em juízo compensação pecuniária por
dano moral. O pedido deve ser julgado:
a) improcedente, pois não houve ofensa à honra da autora;
b) procedente, pois houve ofensa à denominada imagem-atribuição;
c) improcedente, salvo comprovação de que houve prejuízo econômico para a autora;
d) procedente, pois a imagem foi utilizada sem autorização e há finalidade econômica;
e) improcedente, salvo se ficar demonstrado que o réu obteve lucro com a utilização da
fotografia.
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e) objetiva, pois decorre exclusivamente de relação de consumo, podendo ser excluída por
culpa exclusiva de terceiro.
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QUESTÕES DE CONCURSO
011. (FGV/ISS-CUIABA/AUDITOR-FISCAL/2014) João, devidamente habilitado para dirigir,
conduzia veículo de sua propriedade com cautela e diligência, quando foi surpreendido por ôni-
bus em alta velocidade na contramão. Em rápida manobra, João conseguiu evitar uma colisão
frontal, desviando seu automóvel para cima da calçada, onde atropelou Lucas, causando-lhe
graves lesões físicas.
Sobre os fatos descritos, assinale a afirmativa correta.
a) João, por ter agido em estado de necessidade, não será obrigado a indenizar o dano causa-
do a Lucas, cuja indenização será devida pela empresa de ônibus.
b) João, por não ter agido no estrito cumprimento de dever legal, será obrigado a indenizar o
dano causado a Lucas.
c) João, embora agindo em estado de necessidade, será obrigado a indenizar o dano causado
a Lucas, mas terá ação de regresso contra a empresa de ônibus.
d) João, por ter agido em decorrência de fato de terceiro, não será obrigado a indenizar o dano
causado a Lucas, cuja indenização será devida pela empresa de ônibus.
e) João, ao desviar deliberadamente o carro, será obrigado a indenizar o dano causado, e não
terá ação de regresso contra a empresa de ônibus.
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pai, pegou um paralelepípedo e quebrou o vidro do para-brisa dianteiro de um veículo AUDI ano
2016, que se encontrava estacionado em frente a sua residência. Considerando que Gisele re-
side com seu pai, que é separado judicialmente de sua mãe, e que nenhum dos dois genitores
dispõe de meios para ressarcir os danos causados, é correto afirmar que:
a) Gisele deverá ser responsabilizada civilmente pelos danos causados;
b) a responsabilidade civil será exclusivamente do pai de Gisele;
c) a responsabilidade civil será exclusivamente da mãe de Gisele;
d) a responsabilidade civil será dos pais de Gisele;
e) não há responsabilidade civil, já que Gisele é menor de idade, sendo civilmente incapaz.
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d) A vítima pode demandar pedido indenizatório integral em face de ambos com fundamento
na teoria do risco criado.
e) Antônio e Bento concorreram culposamente para o evento danoso, logo a indenização inte-
gral deve ser fixada tendo-se em conta a gravidade da culpa de cada um dos causadores.
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021. (FGV/TJ-AM/JUIZ SUBSTITUTO/2022) Jurema, ao conduzir o seu veículo por uma es-
trada de mão dupla, é surpreendida com um carro na contramão e em alta velocidade dirigido
por Maurício. Para se esquivar de uma possível colisão, Jurema realiza manobra vindo a atro-
pelar Bento, que estava na calçada e sofreu um corte no rosto, o que o impediu de realizar um
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GABARITO
1. d
2. d
3. C
4. d
5. e
6. a
7. b
8. E
9. a
10. e
11. a
12. c
13. d
14. a
15. b
16. e
17. e
18. d
19. b
20. a
21. c
22. b
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GABARITO COMENTADO
023. (FGV/ISS-CUIABÁ/AUDITOR-FISCAL/2014) João, devidamente habilitado para dirigir,
conduzia veículo de sua propriedade com cautela e diligência, quando foi surpreendido por ôni-
bus em alta velocidade na contramão. Em rápida manobra, João conseguiu evitar uma colisão
frontal, desviando seu automóvel para cima da calçada, onde atropelou Lucas, causando-lhe
graves lesões físicas.
Sobre os fatos descritos, assinale a afirmativa correta.
a) João, por ter agido em estado de necessidade, não será obrigado a indenizar o dano causa-
do a Lucas, cuja indenização será devida pela empresa de ônibus.
b) João, por não ter agido no estrito cumprimento de dever legal, será obrigado a indenizar o
dano causado a Lucas.
c) João, embora agindo em estado de necessidade, será obrigado a indenizar o dano causado
a Lucas, mas terá ação de regresso contra a empresa de ônibus.
d) João, por ter agido em decorrência de fato de terceiro, não será obrigado a indenizar o dano
causado a Lucas, cuja indenização será devida pela empresa de ônibus.
e) João, ao desviar deliberadamente o carro, será obrigado a indenizar o dano causado, e não
terá ação de regresso contra a empresa de ônibus.
A conduta de João foi praticada em Estado de necessidade, nos moldes do art. 188, II do CC:
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpa-
dos do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o
autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Letra c.
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Art. 931 - Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as em-
presas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em
circulação.
II – FALSA. Em desacordo com o art. 928 do CC.
Art. 928 - O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
III – VERDADEIRA. Vide art. 932, I do CC.
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Apesar de Gisele ser incapaz, ela deverá ser responsabilizada com fundamento no art.
928 do CC.
Art. 928 - O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Letra a.
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Letra c.
Ao sofrer a fechada de Bento e colidir com o veículo de Carlos, Antônio agiu em estada de ne-
cessidade, caracterizando-se uma excludente de ilicitude.
Entretanto, como Carlos não foi o causador do perigo, a obrigação de Antônio indenizar perma-
nece (estado de necessidade agressivo).
STJ 37 - São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do
mesmo fato.
STJ 387 - É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral.
Letra c.
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Enunciado 557 - Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condo-
mínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá o condomínio,
assegurado o direito de regresso.
Letra d.
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c) I e II, somente.
d) I e III, somente.
e) I, II e III.
Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o
praticou.
Súmula 54 do STJ: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de res-
ponsabilidade extracontratual.
Letra b.
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Enunciado 557 - Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condo-
mínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá o condomínio,
assegurado o direito de regresso.
Letra e.
033. (FGV/TJ-AM/JUIZ SUBSTITUTO/2022) Jurema, ao conduzir o seu veículo por uma es-
trada de mão dupla, é surpreendida com um carro na contramão e em alta velocidade dirigido
por Maurício. Para se esquivar de uma possível colisão, Jurema realiza manobra vindo a atro-
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pelar Bento, que estava na calçada e sofreu um corte no rosto, o que o impediu de realizar um
ensaio fotográfico como modelo profissional. Considerando a situação hipotética, é correto
afirmar que Jurema:
a) praticou ato ilícito e deverá indenizar Bento;
b) agiu em estado de necessidade e não deverá indenizar Bento, pois o ato é lícito;
c) agiu em estado de necessidade e deverá indenizar Bento, apesar do ato ser lícito;
d) e Maurício devem indenizar Bento, pois praticaram atos ilícitos;
e) praticou ato ilícito e deve indenizar Bento, mas não poderá ingressar com ação de regresso
em face de Maurício.
Ao ser surpreendida por um carro na contramão e realizar a manobra, Jurema agiu em estada
de necessidade, caracterizando-se uma excludente de ilicitude.
Entretanto, como Bento não foi o causador do perigo, a obrigação de Jurema indenizar perma-
nece (estado de necessidade agressivo).
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Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais so-
bre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem deci-
didas no juízo criminal.
Letra b.
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Ex-Auditor-Fiscal do Estado da Paraíba, Ex-Auditor-Fiscal de Tributos do Município de São Paulo e atual
Conselheiro Substituto do TCM-RJ (aprovado em 2º lugar). Também foi aprovado nos concursos de
Auditor-Fiscal do Estado do Rio Grande do Sul e Conselheiro Substituto do TCE-AM. Ministra aulas das
disciplinas Direito Civil, Direito Penal e Legislação Tributária Municipal.
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