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CURSO DE RESPONSABILIDADE

CIVIL

PROFESSOR: Jorge Adriano da Silva Junior


E-MAIL: jorgeadrianojr@gmail.com

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1. DANO
• dano ou prejuízo é a lesão a um interesse jurídico tutelado
— patrimonial ou não —, causado por ação ou omissão do
sujeito infrator (GONÇALVES, 2022). Vejamos como dispõe o
CC:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

• Espécies: dano material (patrimonial) x dano moral


(extrapatrimonial)
1.1. Dano material
• Dano material envolve a efetiva diminuição do patrimônio,
quer se trate de um bem corpóreo ou incorpóreo
(CAVALIERI FILHO, 2021).
• Espécies de dano material:
a) o dano emergente corresponde ao efetivo prejuízo
experimentado pela vítima, ou seja, “o que ela perdeu”;
b) os lucros cessantes correspondem àquilo que a vítima
deixou razoavelmente de lucrar por força do dano, ou seja, “o
que ela não ganhou”. Ex: prejuízo decorrente do período do
taxi na oficina.
1.2. Perda de uma chance
• Caracteriza-se essa perda de uma chance quando, em virtude
da conduta de outrem, desaparece a probabilidade de um
evento que possibilitaria um benefício futuro para a vítima
(CAVALIERI FILHO, 2021).
• a reparação da perda de uma chance repousa em uma
probabilidade e uma certeza que a chance seria realizada e
que a vantagem perdida resultaria em prejuízo (PEREIRA,
1998).
• Exemplo: 1- deixar de recorrer de uma sentença desfavorável
pela falha do advogado; 2- não realizar tratamento adequado
e o paciente perder chance de cura.
• Caso Vanderlei Cordeiro de Lima, nas Olimpíadas de
Atenas em 2004:
1.3. Dano moral

• Dano moral é aquele que lesiona a esfera personalíssima da pessoa


(seus direitos da personalidade), violando, por exemplo, sua
intimidade, vida privada, honra e imagem (GONÇALVES, 2022).
• Dano moral é extrapatrimonial porque consiste na lesão de direitos
cujo conteúdo não é pecuniário.
Assédio moral no trabalho Dano estético
1.3.1. Natureza jurídica da reparação do dano moral
• Natureza compensatória: reparação do dano moral é sancionadora
(como consequência de um ato ilícito), e se materializa por meio
de uma compensação material ao lesado.
• Natureza punitiva: punir o comportamento do ofensor que se
revelar particularmente reprovável, ou quando o agente obtiver
lucro com o ato ilícito ou incorrer em reiteração da conduta ilícita.
• A jurisprudência do STJ menciona até tripla função dos danos
morais:
“(...) indenização por danos morais possui tríplice função: a compensatória, para
mitigar os danos sofridos pela vítima; a punitiva, para condenar o autor da prática
ilícita e lesiva; e a preventiva, para dissuadir o cometimento de novos ilícitos” (STJ,
REsp 1.440.721).
• Não é qualquer aborrecimento que caracteriza o dano moral. Nesse
sentido firmou-se a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

RESPONSABILIDADE CML. AQUlSlÇÃO DE REFRIGERANTE CONTENDO INSETO.


DANO MORAL. AUSÊNCIA.
1. A simples aquisição de refrigerante contendo inseto em seu interior, sem
que seu conteúdo tenha sido ingerido ou, ao menos, que a embalagem tenha
sido aberta, não é fato capaz, por si só, de provocar dano moral.
2. "O mero dissabor não pode ser alçado ao patamar do dano moral, mas
somente aquela agressão que exacerba a naturalidade dos fatos da vida,
causando fundadas aflições ou angústias no espírito de quem ela se dirige"
(AgRgREsp n2 403.919/RO, Quarta Turma, Relator o Ministro Sálvio de
Figueiredo Teixeira, DJ de 23/6/03) (Resp. 747.396, 4ª T., reI. Ministro
Fernando Gonçalves).
1.3.2. Dano moral e pessoa jurídica
• Por muito tempo, o dano moral estava essencialmente ligado à
“dor” sofrida por uma pessoa, o que afastava a ideia de dano
moral da pessoa jurídica.
• O art. 5º, X da Constituição Federal de 1988 positiva que “são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação”. Não há exclusão da pessoa
jurídica.
• O Código Civil estabelece: “Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas,
no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”.
• Ex: direito ao nome, direito à honra objetiva (inscrição no
SPC/SERASA etc.).
1.3.4. DANO MORAL E DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
• O conceito de direitos coletivos está previsto no art. 81, parágrafo
único, incisos I a III do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título
coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.
• Cabe dano moral em todas as espécies de direitos coletivos em
sentido amplo, ou seja, direitos difusos, coletivos em sentido estrito
e individuais homogêneos.
• A Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85) estabelece
expressamente a possibilidade de reparação por danos morais a
direitos difusos:
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação
popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais
causados:
I — ao meio ambiente;
II — ao consumidor;
III — a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
IV — a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;
V — por infração da ordem econômico.

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