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X. DO DANO MORAL.
Postulou o Reclamante seja a Reclamada condenada ao pagamento da multa
prevista junto ao art. 467, do Texto Consolidado 1. Entretanto, cumpre à Reclamada
observar que aludido dispositivo legal estabelece que em caso de rescisão do contrato de
trabalho, o empregador deverá efetuar, na primeira audiência, o pagamento da parte
incontroversa dos salários. Sob pena de ser condenado a pagá-lo com acréscimo de 50%
(cinquenta por cento).
ASSÉDIO MORAL
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Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das
verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça
do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por
cento".
morais tem como fundamentos jurídicos o art. 5º, X, da CF 2, os arts. 1863 1874 e 9275 do
CC e arts. 223-B6 e 223-C7, da CLT.
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação;
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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
4
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
5
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
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Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou
existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação.
7
Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde,
o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física.
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SOBOLL, Lis Andréa Pereira. Assédio moral/Organizacional: Uma Análise da Organização do
Trabalho. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008. P. 32.
incomum, até pela definição do termo “assédio”, traduzirem-se em omissões
induzindo ao desconforto psicológico que ofende, humilha e que apresenta
gravidade significativa. Mas, geralmente, o assédio moral vem acompanhado de
condutas abusivas, intencionais, frequentes e repetidas.
“[...] Como é notório, para que haja pagamento de indenização, além da prova de
culpa ou dolo na conduta é necessário comprovar o dano patrimonial ou
extrapatrimonial suportado por alguém. Em regra, não há responsabilidade civil
sem dano, cabendo o ônus de sua prova ao autor da demanda, aplicação do art.
373, inc. I, do CPC/2015, correspondente ao art. 333, inc. I, do CPC/1973. [...]”
A partir das lições do italiano Chironi, a culpa pode ser conceituada como o
desrespeito a um dever preexistente, não havendo propriamente uma intenção de
violar o dever jurídico. Na doutrina nacional, Sérgio Cavalieri Filho apresenta
três elementos na caracterização da culpa: a) a conduta voluntária com resultado
involuntário; b) a previsão ou previsibilidade; e c) a falta de cuidado, cautela,
diligência e atenção. Conforme os seus ensinamentos, “em suma, enquanto no
dolo o agente quer a conduta e o resultado, a causa e a consequência, na culpa a
vontade não vai além da ação ou omissão. O agente quer a conduta, não, porém, o
resultado; quer a causa, mas não quer o efeito”. Concluindo, deve-se retirar da
culpa o elemento intencional, que está presente no dolo. [...]”11
Ora, a responsabilidade civil, mesmo objetiva, não pode existir sem a relação de
causalidade entre o dano e a conduta do agente. Se houver dano sem que a sua
causa esteja relacionada com o comportamento do suposto ofensor, inexiste a
relação de causalidade, não havendo a obrigação de indenizar. [...]”12
12. É sabido que este Ilmo. Poder Judiciário deve adotar postura
extremamente cuidadosa diante de situações rotuladas como causas desencadeadoras de
dano moral sob pena de banalização de seu reconhecimento, o que em nada prestigia as
11
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: Volume Único – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2020. P. 726.
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TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: Volume Único – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2020. P. 735/736.
reais situações em que tal espécie se verifica eis que compromete a salutar credibilidade
dos direitos imateriais personalíssimos.
“[...] Cumpre esclarecer que não há, no dano moral, uma finalidade de acréscimo
patrimonial para a vítima, mas sim de compensação pelos males suportados. Tal
dedução justifica a não incidência de imposto de renda sobre o valor recebido a
título de indenização por dano moral, o que foi consolidado pela Súmula 498 do
Superior Tribunal de Justiça, do ano de 2012. [...]”
“Desta feita, com fulcro nos artigos 186 e 927 do Código Civil, e no artigo 5º, inciso
X da Constituição Federal, configurado o ato abusivo da reclamada e o prejuízo do
reclamante, é devida a indenização por dano moral, devendo a Reclamada ser
condenada ao pagamento de indenização no valor de até 50 vezes a última
remuneração do autor, conforme a Lei 13.467/17, art. 223-G. considerando que não
seja inferior ao mínimo de até três vezes o salário do autor, no qual lança apenas
estimativa de valor para fins de estabelecer o rito processual e base de cálculo para
eventual sucumbência.” (grifou-se)
VII.C. CONCLUSÃO.
26. Assim, inexistindo dano, não há que se falar em ato ilícito e, via de
consequência, em responsabilidade civil de modo que a Reclamada não deve ser
condenada ao pagamento de qualquer verba a título de dano moral.
“[...] Como é notório, para que haja pagamento de indenização, além da prova de
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação;
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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
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Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
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Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
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Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou
existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação.
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Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde,
o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física.
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TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: Volume Único – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2020. P. 747.
culpa ou dolo na conduta é necessário comprovar o dano patrimonial ou
extrapatrimonial suportado por alguém. Em regra, não há responsabilidade civil
sem dano, cabendo o ônus de sua prova ao autor da demanda, aplicação do art.
373, inc. I, do CPC/2015, correspondente ao art. 333, inc. I, do CPC/1973. [...]”
A partir das lições do italiano Chironi, a culpa pode ser conceituada como o
desrespeito a um dever preexistente, não havendo propriamente uma intenção de
violar o dever jurídico. Na doutrina nacional, Sérgio Cavalieri Filho apresenta
três elementos na caracterização da culpa: a) a conduta voluntária com resultado
involuntário; b) a previsão ou previsibilidade; e c) a falta de cuidado, cautela,
diligência e atenção. Conforme os seus ensinamentos, “em suma, enquanto no
dolo o agente quer a conduta e o resultado, a causa e a consequência, na culpa a
vontade não vai além da ação ou omissão. O agente quer a conduta, não, porém, o
resultado; quer a causa, mas não quer o efeito”. Concluindo, deve-se retirar da
culpa o elemento intencional, que está presente no dolo. [...]”28
Ora, a responsabilidade civil, mesmo objetiva, não pode existir sem a relação de
causalidade entre o dano e a conduta do agente. Se houver dano sem que a sua
causa esteja relacionada com o comportamento do suposto ofensor, inexiste a
relação de causalidade, não havendo a obrigação de indenizar. [...]”29
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TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: Volume Único – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2020. P. 726.
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TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: Volume Único – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2020. P. 735/736.
36. Ocorre que, na presente demanda, os fundamentos fáticos trazidos
pelo Reclamante não demonstram qualquer ofensa moral. Tanto o labor em atividade
insalubre quanto o acúmulo de funções, se reconhecidos – o que não se espera;
constituiriam ofensas de natureza patrimonial, ou seja, material.
38. É sabido que este Ilmo. Poder Judiciário deve adotar postura
extremamente cuidadosa diante de situações rotuladas como causas desencadeadoras de
dano moral sob pena de banalização de seu reconhecimento, o que em nada prestigia as
reais situações em que tal espécie se verifica eis que compromete a salutar credibilidade
dos direitos imateriais personalíssimos.
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Art. 223-A. Aplicam-se à reparação de danos de natureza extrapatrimonial decorrentes da relação de
trabalho apenas os dispositivos deste Título.
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Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: I - a natureza do bem jurídico tutelado; II - a
intensidade do sofrimento ou da humilhação; III - a possibilidade de superação física ou psicológica; IV -
os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão; V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa; VI
- as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral; VII - o grau de dolo ou culpa; VIII - a
ocorrência de retratação espontânea; IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa; X - o perdão, tácito
ou expresso; XI - a situação social e econômica das partes envolvidas; XII - o grau de publicidade da
ofensa.
razoável, conforme art. 223-G, §§ 1º32 e 2º33, da CLT.
“[...] Cumpre esclarecer que não há, no dano moral, uma finalidade de acréscimo
patrimonial para a vítima, mas sim de compensação pelos males suportados. Tal
dedução justifica a não incidência de imposto de renda sobre o valor recebido a
título de indenização por dano moral, o que foi consolidado pela Súmula 498 do
Superior Tribunal de Justiça, do ano de 2012. [...]”
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§ 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos,
em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: I - ofensa de natureza leve, até três vezes o
último salário contratual do ofendido; II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário
contratual do ofendido; III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do
ofendido; IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido.
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§ 2o Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será fixada com observância dos mesmos
parâmetros estabelecidos no § 1o deste artigo, mas em relação ao salário contratual do ofensor.
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Responsabilidade Civil de Acordo com a Constituição Federal de 1988, Forense, 1990, 2ª Ed., p. 339
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TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: Volume Único – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2020. P. 753.
centavos).
VI.C. CONCLUSÃO.
48. Assim, inexistindo dano, não há que se falar em ato ilícito e, via de
consequência, em responsabilidade civil de modo que a Reclamada não deve ser
condenada ao pagamento de qualquer verba a título de dano moral.
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Art. 818. O ônus da prova incumbe: I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
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Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;