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“Visão geral”

+ “Responsabilidade civil contratual ou negocial – nos casos de inadimplemento de uma obrigação, o que
está fundado nos artigos 389, 390 e 391 do atual Código Civil. [...] o art. 389 trata do descumprimento da
obrigação positiva (dar e fazer). O art. 390, do descumprimento da obrigação negativa (não fazer). O art.
391 do atual Código Privado consagra o princípio da responsabilidade patrimonial, prevendo que pelo
inadimplemento de uma obrigação respondem todos os bens do devedor. Repise-se, mais uma vez, que
apesar da literalidade do último comando, deve ser feita a ressalva de que alguns bens estão protegidos
pela impenhorabilidade, caso daqueles descritos no art. 833 do CPC/2015. Cite-se o exemplo
contemporâneo do bem de família, inclusive de pessoa solteira (Súmula 364 do STJ).
+ Responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana – pelo Código Civil de 1916 estava fundada no ato
ilícito (art. 159). No Código Civil de 2002 está baseada no ato ilícito (art. 186) e no abuso de direito (art.
187).” (TARTUCE, 2020. P. 729)
Princípio “neminem laedere”
+ “O princípio que rege a responsabilidade aquiliana é aquele
segundo o qual a ninguém é facultado causar prejuízo a outrem,
denominado princípio do neminem laedere, o qual encontra se
epigrafado no artigo 186, do Código Civil Brasileiro, o qual trata
sobre o ato ilícito, sendo o mesmo a principal fonte da
responsabilidade civil.” (Donnini, 2013).

+ FONTE:
neminem laedere = “a ninguém ofende”
+ “[...] quatro são os elementos essenciais da
responsabilidade civil: ação ou omissão, culpa ou dolo
do agente, relação de causalidade, e o dano
experimentado pela vítima.” (Gonçalves, 2012).
Obs: ressalva que, para alguns doutrinadores civilistas,
os pressupostos em debate limitam-se a três
CULPA [Responsabilidade Civil]:
Em sentido amplo (“lato sensu”), diz-se que o
responsável por um ato ilícito agiu com culpa,
ou tem culpa, independente de seu ato ter sido
doloso ou culposo. Portanto, no sentido
amplo, culpa tem dois significados: dolo,
ou culpa no sentido estrito. (susep, online).
“Conduta humana” (ação ou omissão)
“A responsabilidade civil reclama, antes de tudo, um comportamento humano de sorte a
colidir com o ordenamento jurídico. Essa conduta, assim como disciplinado pela
legislação penal , é composta pela ação ou omissão. “ (SOUZA, 2013)

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um Art. 927. Aquele que, por
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os ato ilícito (arts. 186 e 187),
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, causar dano a outrem, fica
pela boa-fé ou pelos bons costumes obrigado a repará-lo.
Código de 1916 X Código de 2002?

Fonte: TARTUCE (2020, p. 730)


Enunciado n. 539, da VI Jornada de
Direito Civil
“o abuso de direito é uma categoria jurídica autônoma em
relação à responsabilidade civil. Por isso, o exercício abusivo de
posições jurídicas desafia controle independentemente de
dano”

Obs: Não há que se cogitar o elemento culpa na sua


configuração, bastando que a conduta exceda os parâmetros
que constam do art. 187 do CC/02
Segundo CAVALIERI FILHO (2005) a culpa pode
ser caracterizada quando:

a) a conduta voluntária com resultado involuntário;


b) a previsão ou previsibilidade;
c) a falta de cuidado, cautela, diligência e atenção
Quanto à atuação do agente
Quanto à origem

Culpa contratual Culpa


Culpa in Culpa in extracontratual
comittendo omittendo ou aquiliana

CULPA
O nexo de causalidade
Caio Mário da Silva Pereira – “Para que se concretize a responsabilidade é indispensável se
estabeleça uma interligação entre a ofensa à norma e o prejuízo sofrido, de tal modo que se
possa afirmar ter havido o dano ‘porque’ o agente procedeu contra o direito”.
Carlos Roberto Gonçalves – “Uma relação necessária entre o fato incriminado e o prejuízo. É
necessário que se torne absolutamente certo que, sem esse fato, o prejuízo não poderia ter
lugar.”
Sérgio Cavalieri Filho – “Trata-se de noção aparentemente fácil, mas que, na prática, enseja
algumas perplexidades (...). O conceito de nexo causal não é jurídico; decorre das leis naturais.
É o vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado
ATENÇÃO!!!!
+ Obs: Na responsabilidade subjetiva o nexo de causalidade é
formado pela culpa genérica ou lato sensu, que inclui o dolo e
a culpa estrita (art. 186 do CC). Na responsabilidade objetiva
o nexo de causalidade é formado pela conduta, cumulada
com a previsão legal de responsabilização sem culpa ou pela
atividade de risco (art. 927, parágrafo único, do CC).
Dano ou prejuízo
“O dever de indenizar também reclama a existência de prejuízo alheio, além do ato ilícito. A
propósito, é o que encontramos da redação do art. 186 do Código Civil (“viola direito e
causar dano a outrem)” (SOUZA, 2013)

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização.
Dos diversos danos...

Danos clássicos ou tradicionais: Danos


materiais e danos morais.

Danos novos ou contemporâneos:


Danos estéticos, danos morais
coletivos, danos sociais e danos
por perda de uma chance.
Atenção!!!!
“a expressão “dano’” no art. 944, abrange não só os danos
individuais, materiais ou imateriais, mas também os danos
sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos, a
serem reclamados pelos legitimados para propor ações
coletivas” (Enunciado n. 456).
“Os danos patrimoniais ou materiais constituem prejuízos ou
perdas que atingem o patrimônio corpóreo de alguém. Pelo
que consta dos arts. 186 e 403 do Código Civil não cabe
reparação de dano hipotético ou eventual, necessitando tais
danos de prova efetiva, em regra” (TARTUCE, 2020)

Danos patrimoniais ou materiais

Danos emergentes ou danos positivos Lucros cessantes ou danos negativos


Dano moral, em sentido próprio

Quanto ao sentido da categoria

Dano moral em
sentido impróprio ou
em sentido amplo –
Dano moral
Dano moral provado ou dano moral subjetivo

Quanto à necessidade ou não de prova

Quanto à pessoa atingida Dano moral direto Dano moral objetivo ou presumido

Dano moral indireto ou dano moral em ricochete


Danos morais x transtornos V Jornada de Direito Civil,
aprovou-se enunciado
III Jornada de Direito Civil, o Enunciado n. doutrinário proposto por
este autor, com seguinte
159 do Conselho da Justiça Federal, pelo sentido: “o descumprimento
qual o dano moral não se confunde com os de um contrato pode gerar
dano moral, quando
meros aborrecimentos decorrentes de envolver valor fundamental
prejuízo material. protegido pela Constituição
Federal de 1988” (Enunciado
n. 411).

O Superior Tribunal de Justiça tem


STJ tem entendido que a negativa
entendido de forma reiterada que a mera
do pagamento de indenização por
quebra de um contrato ou o mero
seguradora gera um dano moral
descumprimento contratual não gera
presumível no caso concreto (STJ,
dano moral (nessa linha: STJ, Ag. Rg.
REsp 811.617/AL, 4.ª Turma, Rel. Min.
303.129/GO, Data da decisão:
Jorge Scartezzini, j. 21.11.2006, DJ
29.03.2001, 3.ª Turma, Rel. Min. Ari
19.03.2007, p. 359)
Pargendler, DJ 28.05.2001, p. 199)
Inexistência do fato

Direta Negativa de autoria

“Defesas” Legitima defesa


Estado de necessidade
Estrito cumprimento do dever legal
Exercício regular de direito
Culpa exclusiva da vítima
indireta Fato de terceiro
Caso fortuito/força maior
Cláusula de não indenizar
Estado de necessidade de terceiro
“paradoxo do Herói”
(Evangelista, 2013)
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da
coisa, no caso do inciso II do art. 188, não
forem culpados do perigo, assistir-lhes-á
direito à indenização do prejuízo que
sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188,
se o perigo ocorrer por culpa de terceiro,
contra este terá o autor do dano ação
regressiva para haver a importância que
tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá
contra aquele em defesa de quem se
causou o dano (art. 188, inciso I).
FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX -
Primeira Fase

Márcia transitava pela via pública, tarde da noite, utilizando uma bicicleta que lhe fora emprestada
por sua amiga Lúcia. Em certo momento, Márcia ouviu gritos oriundos de uma rua transversal e, ao
se aproximar, verificou que um casal discutia violentamente. Ricardo, em estado de fúria e munido
de uma faca, desferia uma série de ofensas à sua esposa Janaína e a ameaçava de agressão física.
De modo a impedir a violência iminente, Márcia colidiu com a bicicleta contra Ricardo, o que foi
suficiente para derrubá-lo e impedir a agressão, sem que ninguém saísse gravemente ferido. A
bicicleta, porém, sofreu uma avaria significativa, de tal modo que o reparo seria mais caro do que
adquirir uma nova, de modelo semelhante.
De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta.

A) Lúcia não poderá ser indenizada pelo dano material causado à bicicleta.
B) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta, mas não
terá qualquer direito de regresso.
C) Apenas Ricardo poderá ser obrigado a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta.
D) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta e terá
direito de regresso em face de Janaína.
+ Gabarito: “d”
Considerando a teoria mencionada e o caso descrito, INEP - 2015 - ENADE -
assinale a opção correta.
Direito

a) A Teoria da Perda de Uma Chance é um instituto anômalo


criado pela doutrina civilista estrangeira, para o qual não há
respaldo legal no ordenamento jurídico brasileiro.
b) A doutrina civilista admite, em casos como o relatado, a
condenação por danos emergentes e lucros cessantes, mas
exclui o dano moral, por tratar-se de responsabilidade
subjetiva.
c) A aplicação da responsabilidade subjetiva, segundo a
Teoria da Perda de Uma Chance, é pacífica, o que torna a
comprovação da culpa do agente do ato ilícito requisito
fundamental e afasta, consequentemente, a
responsabilidade objetiva.
d) A Teoria da Perda de Uma Chance prevê a comprovação
de evento certo e futuro para obtenção do ganho da causa,
mediante a juntada de documento probatório e demais
meios de provas que determinem a culpa do terceiro ou o
agente causador do ato ilícito.
e) A perda de uma chance se caracteriza quando, em virtude
da conduta de outrem, desaparece a probabilidade de um
evento que possibilitaria um benefício futuro para a vítima,
como deixar de recorrer de sentença desfavorável por falha
do advogado.
+ Gabarito: “e”
Referências
EVANGELISTA, Marcos. Direito Civil sem estresse. ArkiUltra; 3ª edição. 2013
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 59.
DONNINI, Rogério. Não existe no Brasil uma indústria das indenizações. Revista Consultor Jurídico (online), 2013.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 14ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2012;
Souza, Alberto Bezerra de. A Teoria na Prática: Responsabilidade Civil. / Alberto Bezerra de Souza. –
Fortaleza: Judicia Cursos Profissionais, 2013.
SUSEP. Culpa [Responsabilidade Civil] [online], disponível em:
http://www.susep.gov.br/macro_lista_glossario?letra=%2A&b_start:int=144#:~:text=CULPA%20%5BRespo
nsabilidade%20Civil%5D%3A&text=Em%20sentido%20amplo%20(%E2%80%9Clato%20sensu,ou%20culp
a%20no%20sentido%20estrito.
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020

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