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EXCELENTÍSSIMO (a) JUIZ (a) DO TRABALHO DA VARA DA COMARCA

DE LINHARES – ESPIRITO SANTO.

Heitor Agulhas, brasileiro, Estado Civil,portador do RG nº 00000-00, inscrito no CPF/MF


sob o nº 000.000.000-00, residente e domiciliado na Endereço, CEP 00000-000na
cidade de Linhares-ES, por seu procurador que esta subscreve, com endereço
profissional constante no rodapé, respeitosamente vem à presença de V. Ex.a, com
fundamento nos artigos 927, 932, III, 942, 949, 950 do Código Civil, bem como,
supedâneo ainda nos artigos 5º incisos V e X e art. 7º da CF, propor:

Reclamação Trabalhista Com Pedido De Liminar E Tutela Antecipada


Obrigação De Fazer

em desfavor de Porcelanas Orientais Ltda, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ/MF sob o nº 00.XXXXX/0000-00com sede na EndereçoCEP 00000-000,
Linhares/ES, requerendo e expondo os fatos e fundamentos a seguir:

I - DOS FATOS

O reclamante propõe a presente ação, visando a reparação de danos morais e


materiais, advindos do acidente de trabalho ocasionando 50 pontos na cabeça,
resultando em uma grande cicatriz no local.

Heitor Agulhas trabalhava na sociedade empresária Porcelanas Orientais Ltda. desde


26/10/2020, exercendo a função de vendedor na unidade localizada em Linhares/ES e
recebendo, em média, quantia equivalente a 1,5 salário-mínimo por mês, a título de
comissão. Em janeiro de 2022, o dono do estabelecimento resolveu instalar mais duas
prateleiras na loja para poder expor mais produtos e, visando economizar dinheiro, fez
a instalação pessoalmente. As prateleiras foram afixadas logo acima do balcão em que
trabalhavam os vendedores. Ocorre que o dono da empresa tinha pouca habilidade
manual, e, por isso, as prateleiras não foram fixadas adequadamente. No dia seguinte
à instalação malfeita, com o peso dos produtos nelas colocadas, as prateleiras caíram
com todo o material, acertando violentamente a cabeça de Heitor, que estava logo
abaixo fazendo um atendimento. Heitor desmaiou com o impacto, foi socorrido e
conduzido ao hospital público, onde recebeu atendimento e levou 50 pontos na
cabeça, testa e face, resultando em uma grande cicatriz que, segundo Heitor, passou a
despertar a atenção das pessoas, que reagiam negativamente ao vê-lo. Heitor teve o
plano de saúde, que era concedido pela sociedade empresária, cancelado após o dia
do incidente e teve de usar suas reservas financeiras para arcar com R$ 1.350,00 em
medicamentos, para aliviar as dores físicas, além de R$ 2.500,00 em sessões de
terapia, pois ficou fragilizado psicologicamente depois do evento. Heitor ficou afastado
em benefício previdenciário por acidente do trabalho (auxílio por incapacidade
temporária acidentária, antigo auxílio doença acidentário, código B-91), teve alta
médica após 3 meses e retornou à empresa com a capacidade laborativa preservada,
mas foi dispensado, sem justa causa, no mesmo dia.

O reclamante era o arrimo da família o acidente interrompeu os objetivos de dar


melhores condições financeiras, atualmente aufere o auxílio-doença, NB nº 00000-00 ,.

II - DO ACIDENTE DE TRABALHO

O acidente ocorreu durante o expediente de trabalho, sendo fato incontroverso,


incontestável, conforme comunicação de acidente de trabalho CAT, emitida pela
empresa requerida.

O acidente de trabalho está definido nos artigos 19 e 21, da Lei 8.213/91, que dispõe:

Art. 19 - "Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do


trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos
segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho."

Art. 21 - "Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para


efeitos desta Lei:

II - (...);

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro


ou de companheiro de trabalho";

IV - (...);

b) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a


autoridade da empresa";

(...).

A prateleira instalada sem habilidade técnica, colocou em


situação de risco o requerente, subordinado e cumprindo ordens,
que derivou por culpa de terceiro, dano, carecendo a
indenização, conforme dispositivos legais .

A Constituição Federal estabelece como um dos seus fundamentos os valores sociais


do trabalho, sendo alçados a nível fundamental o direito de à redução dos riscos do
trabalho, direito ao seguro para indenizar as perdas de capacidade laborativa em razão
dos infortúnios acidentários e o direito à indenização por acidente de trabalho, em caso
de dolo ou culpa do empregador.

Assim sendo, ante os prejuízos trazidos pelo acidente de trabalho, aliado ao fato de
que trará para sua vida os dissabores materiais e emocionais as angustias e tristezas,
que por certo Vossa Excelência pelas razões expostas, condenará a empresa requerida
na reparação de todos os danos causados ao requerente.

III - DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

A palavra responsabilidade é oriunda do latim, respondere, ou seja, responder por algo


que deu causa. Por conseguinte, a responsabilidade civil transmite a concepção de
reparação do dano, do dever de indenizar, quando manifestadamente ocorra a violação
de direitos, causando prejuízos a outrem.

Conforme preleciona o Ilustre Professor JOSÉ AFFONSO DALLEGRAVE


NETO (2009, p. 80):

"A responsabilidade civil, vista como instituto jurídico, não contém


definição legal, contudo, doutrinariamente, pode ser concebida como a
sistematização de regras e princípios que objetivam a reparação do
dano patrimonial e a compreensão do dano extrapatrimonial causados
diretamente por agente, ou por fato de coisas ou pessoas que dele
dependam que agiu de forma ilícita ou assumiu o risco da atividade
causadora da lesão".

Todavia, nos casos em que a atividade profissional produza risco à vida


do empregado, é indiscutível à aplicação da teoria objetiva, pois, a
empresa ao iniciar o empreendimento, tem consciência do perigo
eminente que ela está promovendo aos seus funcionários.

Nos ensinamentos de Cavalieri Filho, citado por Fernando José Cunha


Belfort (2010, p. 23), "risco é perigo, probabilidade de dano,
importando, isso dizer que aquele que exerce atividade perigosa deve-
lhe assumir os riscos e reparar o dano dela decorrente".
A responsabilidade objetiva funda-se no princípio da equidade, existente
desde o direito romano: "aquele que lucra com uma situação deve
responder pelo risco ou pelas desvantagens dela resultantes [...] Essa
reponsabilidade tem como fundamento a atividade exercida pelo agente,
pelo perigo que pode causar dano à vida, à saúde ou outros bens,
criando risco de dano para terceiros". (DINIZ, 2012, p. 68)

Para a configuração do acidente de trabalho, sob a ótica da responsabilidade objetiva,


combinam doutrina e jurisprudência no sentido de ser necessária a presença de
apenas dois requisitos elementares:

1. ocorrência do dano;

2. nexo causal entre o dano e a prestação de serviço;

De tal modo, é de observar de que no presente caso, tais requisitos estão presentes ,
uma vez que o dano inequívoco se originou no exercício do trabalho imposto.

Saliente-se, por oportuno, que o fato do art. 7º, inciso XXVIII, da CF, exigir a presença
de dolo ou culpa do empregador, não afasta a incidência da responsabilidade civil
objetiva, uma vez que, em decorrência do princípio constitucional da proteção do
trabalhador, a norma mais favorável deve sempre prevalecer quando em conflito com
outra, qualquer que seja sua natureza ou grau hierárquico.

Nesse sentido, o entendimento consolidado no Egrégio Tribunal Superior do Trabalho:

"Assim, verifica-se que estão configurados os elementos que ensejam o


dever de reparação, nos termos da teoria da responsabilidade objetiva:
o dano (transtornos psicológicos decorrentes do acidente de trabalho) e
o nexo de causalidade (acidente relacionado com o exercício da
profissão). Inteligência dos arts. 186, 927, parágrafo único, e 950 do
Código Civil. Recurso de Revista conhecido e provido. (TST - RR:
XXXXX20125240007 Data de Julgamento: 29/04/2015, Data de
Publicação: DEJT 04/05/2015).

No Código Civil, artigo 927, parágrafo único, está impresso de que a responsabilidade
independe de culpa e que existe a obrigação de reparar o dano quando a atividade
econômica normalmente desenvolvida implicar, por sua natureza, risco a quem está
envolvido.
Por oportuno, pode-se trazer à colação o seguinte julgado:

DANOS MORAIS, ESTÉTICOS E MATERIAIS - CARACTERIZAÇÃO - CULPA


DE TERCEIRO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA 1. A jurisprudência
desta Corte tem-se posicionado no sentido de admitir a responsabilidade
objetiva do empregador quando demonstrado que a atividade
desempenhada implica risco à integridade física e psíquica do
trabalhador. 2. Tem-se entendido, ainda, que a culpa de terceiro não
exime o empregador da responsabilidade civil objetiva quando o fato
imputado ao terceiro se insere no risco da atividade. Precedentes..
( AIRR - XXXXX-92.2014.5.04.0030, Relatora Ministra: NomeCristina
Irigoyen Peduzzi, 8a Turma, DEJT 02/12/2016).

Atento às novas tendências doutrinárias a respeito da responsabilidade civil do


empregador, e, recepcionando a teoria do risco como pressuposto da obrigação de
indenizar, conforme julgados mencionados, resta claro o dever de indenizar por tudo
demonstrado.

IV- DOS DANOS MORAIS

A Magna Carta em seu art. 5º consagra a tutela do direito à indenização por dano
material ou moral decorrente da violação de direitos fundamentais, tais como a
intimidade, a vida privada e a honra das pessoas:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização


por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
Outrossim, o art. 186 e o art. 927, do Código Civil de 2002, assim estabelecem:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.”

Os danos morais suportados pelo autor tornam-se evidentes diante dos fatos que
deram origem a presente ação. Eles decorrem da injustificada ausência de prestação
dos serviços de saúde contratados pela Reclamada a qual o Reclamante aderiu ao
plano de saúde no momento em que esta necessitou do atendimento.

Tal falha na prestação dos serviços é causa de danos morais porque abala diretamente
o estado psicológico causando grande aflição e angústia à requerente.

Dai temos que a suspensão do contrato de trabalho nos termos do art. 476 da CLT: “
Em caso de seguro-doença ou auxílio-enfermidade, o empregado é considerado em
licença não remunerada, durante o prazo desse benefício” não pode ensejar o
cancelamento do plano de saúde pelo empregador, cabendo a condenação em
indenização por danos morais pelo cometimento de tal falta grave.

Corroborando com este entendimento temos os seguintes julgado do Tribunal Regional


do Trabalho da 1ª Região:

“RECURSO ORDINÁRIO. DANO IN RE IPSA. EXCLUSÃO DO PLANO DE SAÚDE PELA


EMPRESA. O dano moral se configura in re ipsa, com o fato em si, da prática abusiva e
irregular de impor ao Autor a suspensão do plano de saúde, enquanto o mesmo se
encontrava afastado em gozo de auxílio-doença. Tal modalidade de lesão independe
de qualquer prova, sendo decorrente da própria violação ao direito subjetivo do
trabalhador.”(2)(Processo: XXXXX.23-2014.5.01.0008; 6ª Turma; Publicação:
28.01.2016; Relator: Jorge Orlando Sereno Gomes).
“RECURSO ORDINÁRIO. CANCELAMENTO DO PLANO DE SAÚDE. DANO MORAL.
CONFIGURAÇÃO. Restou comprovado nos autos o cancelamento do plano de saúde do
autor enquanto o mesmo estava em gozo de benefício previdenciário, sendo certo que,
de acordo com depoimento da única testemunha ouvida nos autos e com a cláusula
2.2 do Termo de Adesão de ID31ac044, caberia ao reclamante efetuar o pagamento
integral da mensalidade do plano de saúde, caso pretendesse usufruir dos seus
benefícios enquanto afastado do trabalho. Todavia, o plano de saúde do autor
depende do contrato de trabalho e não da prestação de serviços do empregado, pelo
que o citado benefício deve ser concedido, nos mesmos moldes em que fornecido
anteriormente, durante a permanência da suspensão do pacto laboral em decorrência
de aposentadoria por invalidez, eis que o reclamante continua sendo empregado da ré.
Com efeito, a reprovável conduta da ré de cancelar o plano de saúde, na espécie,
indubitavelmente, caracteriza abuso, porque configura exercício de direito contra sua
normal finalidade, não admitido no nosso ordenamento jurídico nem mesmo para
direito potestativo, constituindo-se em ato ilícito, violando os direitos do empregado,
provocando evidente constrangimento, humilhação, dor e sofrimento, por subjugar o
mais fraco e hipossuficiente, pela força econômica e pela força.”(3)(Processo:
XXXXX.32-2013.5.01.0204; 6ª Turma; Publicação: 22.07.2015; Relator : Paulo Marcelo
de Miranda Serrano.)

V - DANO MATERIAL

O Reclamante teve prejuízos ao ter que pagar do seu bolso por consultas médicas,
exames, e está prestes a fazer uma cirurgia a qual ficou impossibilitado devido o corte
do seu plano de saúde.

No caso concreto, acarretou prejuízos ou perdas que atingem o patrimônio corpóreo


de Reclamante.

Nos termos do artigo 402 do Código Civil, os danos materiais podem ser
subclassificados em danos emergentes (o que efetivamente se perdeu) ou lucros
cessantes (o que razoavelmente se deixou de lucrar).

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem;
... X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação;

Ressalta-se ainda que os danos suportados pelo reclamante não estão adstritos apenas
ao aspecto emocional e psíquico, mas também e principalmente ao aspecto
patrimonial.

Cabe informar que o perigo deve resultar da atividade e não de comportamento do


agente.

"A responsabilidade por culpa é substituída pela do risco, não mais importando a
culpabilidade do lesante, bastando a relação causal entre o desenvolvimento da
atividade e o prejuízo por ela provocado. Com isso o lesado não terá de comprovar a
culpa do lesante". (DINIZ, 2012, p. 75)

VI - DO DANO ESTÉTICO

Ao adentrar neste tópico, importante se faz destacar o entendimento dos tribunais,


quanto à matéria:

EMENTA: ... 2. COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL E ESTÉTICO. CUMULAÇÃO.


POSSIBILIDADE. PROVIMENTO. O entendimento deste colendo Tribunal Superior é no
sentido de que há possibilidade de cumulação do dano moral com o dano estético,
uma vez que, embora oriundos do mesmo fato, os bens jurídicos tutelados são
distintos. Precedentes. O Tribunal Regional, portanto, ao concluir pela impossibilidade
de cumulação do dano moral com o dano estético em decorrência do acidente de
trabalho sofrido pelo autor, proferiu decisão em dissonância com a iterativa, notória e
atual jurisprudência desta Corte Superior (Proc. n TST- ARR-XXXXX-
03.2012.5.08.0126; CAPUTO BASTOS, Ministro Relator).

"Indenização - Responsabilidade civil - Dano estético e moral - Cumulação - Cabimento


- Sentença confirmada -O sofrimento, a dor moral, leva a uma cobertura patrimonial
concernente. O dano estético sobre a ofensa ao natural, na imagem pessoal que
acompanha a vítima"(TJSP - 7.a C. Férias F - Ap. - Rel. Benini Cabral - j. 21.10.93 -
JTJ-LEX 152/88).

" Indenização - Dano estético - Fixação - Não se confunde com lucros cessantes nem
com o resultante da incapacidade laborativa ". (RJTJSP, 26:78).

O acidente ocasionou ao reclamante, conforme narrado, 50 pontos na cabeça, testa e


face, resultando em uma grande cicatriz que, segundo Heitor, passou a despertar a
atenção das pessoas, que reagiam negativamente ao vê-lo, o que lhe traz
desequilíbrios, dor, além da impossibilidade de dobrá-lo, causando-lhe limitações que
irão repercutir em sua capacidade laborativa, vida cotidiana e outros aspectos.

O reclamante encontra-se acometido por deformidades, com evidente dano estético,


portanto a partir do acidente de trabalho ficou com aparência desagradável e isso tem
lhe trazido e trará muitos dissabores, até porque, os olhares indiscretos causam-lhe
dor, angustia e inferiorização. O dano estético é qualquer modificação no estado físico
de uma pessoa, bastando para a responsabilidade civil, a pessoa ter sofrido uma
transformação, não tendo mais aquela aparência que tinha anteriormente, e no caso
que ora se discute certamente jamais o requerente voltará a ser como era antes do
acidente.

Como se vê, através dos entendimentos dos doutrinadores, no presente caso o dano
estético deve indiscutivelmente ser indenizado. Diante do exposto, comprovado lesão
sofrido, é de pleno direito seu recebimento de indenização pelo dano estético, cujo
valor sugere-se a Vossa Excelência o valor de 50 vezes o salário do reclamante R$
00.000,00, ou, outro que compense as sequelas causadas.

VII- DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

Diante dos fatos narrados, bem caracterizada a urgência da realização do ato cirúrgico
requisitado pelo médico do Requerente, credenciado junto ao Plano de Saúde,
especialmente tendo em vista se tratar de paciente com risco em face do exame
negado. Por esse norte, não resta outra alternativa senão requerer à antecipação
provisória da tutela preconizada em lei.

No que concerne à tutela, especialmente para que a Reclamada seja compelida


Reestabeler o plano de saúde para que o Reclamante possa realizar seu procedimento
cirúrgico e demais exames tendo em sua pretensão pelo princípio da necessidade.

O Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de urgência quando


“probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo”:

Art. 300 – A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano
ou o risco ao resultado útil do processo.

No presente caso, estão presentes os requisitos e pressupostos para a concessão da


tutela requerida, existindo verossimilhança das alegações, além de fundado receio de
dano irreparável ou de difícil reparação, mormente no tocante à necessidade de o
requerente ter o amparo do plano de saúde contratado.
O fumus boni júris se caracteriza pela própria requisição do exame prescrito efetuada
por médico cadastrado junto à Requerida. Referido evidência o caráter indispensável
do exame, sua necessidade e urgência para possibilitar o diagnóstico da doença que
acomete a Requerente.

Evidenciado igualmente se encontra o periculum in mora, eis que a demora na


consecução do exame necessário, objeto da lide, certamente acarretará um
agravamento da doença ainda não diagnosticada. Obviamente isso põe em risco a
própria vida da Requerente, levando-se em conta a sua idade, e que o diagnóstico
tardio de uma moléstia pode obviamente causar dano irreparável, ante à natureza do
bem jurídico que se pretende preservar — a saúde –, e, em última análise, a vida.

A reversibilidade da medida também é evidente, uma vez que a requerida, se


vencedora na lide, poderá se ressarcir dos gastos que efetuou, mediante ação de
cobrança própria.

Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os elementos indicativos de


ilegalidades contido na prova ora imersa traz à tona circunstâncias de que o direito
muito provavelmente existe.

Acerca do tema do tema em espécie, é do magistério de José Miguel Garcia Medina as


seguintes linhas:

“... Sob outro ponto de vista, contudo, essa probabilidade é vista como requisito, no
sentido de que a parte deve demonstrar, no mínimo, que o direito afirmado é provável
(e mais se exigirá, no sentido de se demonstrar que tal direito muito provavelmente
existe, quanto menor for o grau de periculum. “ (MEDINA, José Miguel Garcia. Novo
código de processo civilcomentado … – São Paulo: RT, 2015, p. 472).

Com esse mesmo enfoque, sustenta Nélson Nery Júnior, delimitando comparações
acerca da “probabilidade de direito” e o “fumus boni iuris”, esse professa, in verbis:

“. Requisitos para a concessão da tutela de urgência: fumus boni iuris: Também é


preciso que a parte comprove a existência da plausibilidade do direito por ela afirmado
(fumus boni iuris). Assim, a tutela de urgência visa assegurar a eficácia do processo de
conhecimento ou do processo de execução…” (NERY JÚNIOR, Nélson. Comentários ao
código de processo civil. – São Paulo: RT, 2015, p. 857-858)
Em face dessas circunstâncias jurídicas, faz-se necessária a concessão da tutela de
urgência antecipatória, o que também sustentamos à luz dos ensinamentos de Tereza
Arruda Alvim Wambier:

“O juízo de plausibilidade ou de probabilidade – que envolvem dose significativa de


subjetividade – ficam, ao nosso ver, num segundo plano, dependendo do periculum
evidenciado. Mesmo em situações que o magistrado não vislumbre uma maior
probabilidade do direito invocado, dependendo do bem em jogo e da urgência
demonstrada (princípio da proporcionalidade), deverá ser deferida a tutela de
urgência, mesmo que satisfativa. “ (Wambier, Teresa Arruda Alvim … [et tal]. – São
Paulo: RT, 2015, p. 499)

Diante disso, a Reclamante vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte contrária ( CPC,
art. 9º, parágrafo único, inc. I, art. 300, § 2º c/c CDC, art. 84, § 3º), independente de
caução ( CPC, art. 300, § 1º), tutela de urgência antecipatória no sentido de:

A) Seja deferida tutela provisória inibitória positiva de obrigação de fazer ( CPC, art.
497 c/c art. 537), no sentido de que a Reclamada, de imediato, autorize e/ou custeie a
cirurgia, sob pena de imposição de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais),
determinando-se, igualmente, que o meirinho cumpra o presente mandado em caráter
de urgência;

B) Ainda com o propósito de viabilizar o cumprimento urgência da tutela em liça, a


Autora pede que Vossa Excelência inste a parte adversa, no mesmo sentido acima,
dessa feita por intermédio de comunicação eletrônica e/ou fax ou, ainda, por meio de
ligação telefônica e certificada pelo senhor Diretor de Secretaria desta Vara ( CPC, art.
297,).caput.

VIII - DA REPARAÇÃO DE DANOS

A Reclamada, de outro contexto, deve ser condenada a reparar os danos sofridos pelo
Reclamante. A mesma fora tomada de angustia ao saber que a sua cirurgia não seria
realizada, em face da absurda negativa cancelamento do plano de saúde. Como se
observa do laudo fornecido pelo médico, a paciente (ora Autor) se encontra com
reclamação de dores insuportáveis no ombro. Isso vem tornando a Promovente
extremamente nervosa com sua situação de grave risco de vida, tudo por conta da
absurda e negligente recusa.
Art. 187 – Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.

IX - DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

O artigo 300 da Lei Adjetiva Civil, enseja os requisitos para a concessão da tutela
antecipada, a prova inequívoca e a verossimilhança das alegações.

Excelência, no caso em tela, a prova demonstra-se inequívoca, no momento em que a


Lei proíbe expressamente a negatória para o tratamento das doenças dispostas na
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a
Saúde, da Organização Mundial da Saúde.

O requerente, esta com uma inclinação inferiorlateral do acrômio no plano coronal,


constituindo fator predispotente a impacto necessitando de efetuar uma cirurgia para
corrigir tal problema o que seria custeado pelo plano de saúde do Reclamante a qual a
empresa reclamada efetuou o cancelamento, conforme o laudo médico juntado aos
autos.

X - DA JUSTIÇA GRATUITA

Requer os benefícios da justiça gratuita, por ser pobre na forma da lei, conforme
dispositivos insertos no artigo 5º, XXXIV, LXXIV, da Constituição Federal e Lei nº
1.060/50, com alteração pela Lei nº 7.510/86, artigo 99, CPC, artigo 790,3º, CLT,
atestado pela declaração anexa, e ainda, de não ser declarante de IRRF, estar
desempregado, não possuir bens imóveis.

XI - DOS PEDIDOS

A) A parte Promovente opta pela realização de audiência conciliatória ( CPC, art. 319,
inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida, por carta ( CPC, art. 247,) para
comparecer à audiência designada para essa finalidade ( CPC, art. 334, c/c § 5º),
antes, porém, avaliando-se o pleito de tutela de urgência almejada; caput;
B) Requer que sejam JULGADOS PROCEDENTES todos os pedidos formulados nesta
demanda, declarando nulas todas as cláusulas contratuais que tem por intermédio de
cancelar o Plano de saúde do Reclamante em caso de Recebimento de auxílio doença;

C) Pleiteia a condenação da Ré a pagar, a título de reparação de danos morais, o valor


de R$ 10.000,00 (dez mil reais);

D) Pleiteia que seja definida, por sentença, a extensão da obrigação condenatória, o


índice de correção monetária e seu termo inicial, os juros moratórios e seu prazo inicial
(CPC, art. 491, caput);

E) Requer que Vossa Excelência venha condenar a empresa Reclamada por Danos
Materiais a qual obrigaram o Reclamante a experimentar, capaz de gerar os
sentimentos de angústia, desamparo e indignação ante a dificuldade de ter acesso à
saúde pública e o alto custo de se buscar assistência em consultórios particulares
exames entre outros;

F) Por fim, seja a Ré condenada em custas e honorários advocatícios, esses arbitrados


em 20%(vinte por cento) sobre o valor da condenação ( CPC, art. 82, § 2º, art. 85 c/c
art. 322, § 1º), além de outras eventuais despesas no processo ( CPC, art. 84);

G) O deferimento do presente feito com a antecipação da tutela inaudita alter pars,


devendo ser realizada a intervenção cirúrgica, tendo em vista o quadro clínico que
apresenta o (a) requerente.

XII - DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, especialmente com
o depoimento pessoal da Ré, na pessoa do seu representante legal, oitiva das
testemunhas, juntada e/ou requisição de novos documentos, perícias (segurança e
medicina do trabalho) que se fizerem necessárias, sem nenhuma exclusão de outras
provas, ficando tudo desde já requerido.

XIII - VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 00.000,00(cento e trinta e dois mil noventa e um reais e


dezessete centavos).
Termos em que,

Pede deferimento.

Linhares/ES, 03 de setembro de 2023

Amanda Braga

OAB/MG 00.0000

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