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A IMPORTÂNCIA PARA A SOCIEDADE DA RESPONSABILIDADE


CIVIL DO EMPREGADOR NOS ACIDENTES DE TRABALHO.

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Kelcyane Bento Oliveira (PG)

1) Pós graduanda em direito e processo do trabalho, Complexo de Ensino Damásio de Jesus.


E-mail: kelcyane.bela@hotmail.com

RESUMO

Este artigo tem por objeto, verificar a aplicação dos direitos adquiridos do trabalhador, como os
tipos de responsabilidades civis, os encargos proporcionais aos danos laborais, e as
reparações aplicáveis pelo empregador da esfera privada em casos de acidentes de trabalho
de seus empregados subordinados. Analisar o acidente de trabalho em si e identificar nas
teorias jurídicas a classificação das atividades laborais. Analisar as normas de prevenção,
segurança e medicina adotados no trabalho de forma geral pelo empregador para a diminuição
de acidentes laborais. Examinar a possibilidade de ações judiciais oriundas dos danos físicos,
morais e materiais acontecidos em razão do labor, como os benefícios previdenciários que o
empregado celetista acidentado recebe em continuação à assistência acidentária.

Palavras-chave: Acidente de trabalho. Responsabilidade civil. Encargos.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por escopo mostrar os direitos dos trabalhadores acidentados,
que laboram na esfera privada em decorrência do labor, e em contrapartida a responsabilidade
civil do empregador. Por se tratar de um direito social, tem o obreiro todo um aparato social e
civil, em caso de ocorrem esses infortúnios laborais.

Assim importante conceituar o que seja acidente de trabalho visto como um infortúnio
laboral disciplinado na legislação previdenciária pela Lei 8.213/1991, como aquele sofrido por
qualquer empregado em razão da atividade de trabalho, ocasionando lesão, incapacidade ou
morte, desencadeando doenças ocupacionais que se dividem em doenças profissionais e
doenças do trabalho, além de doenças equiparadas ao acidente de trabalho (BRASIL, 1991).
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Nesse diapasão, em relação à classificação de acidente de trabalho, explicita Garcia


(2011) basicamente “três tipos de acidente de trabalho, que seriam o acidente de trabalho tipo;
o acidente de trabalho intinere e as situações equiparadas a acidente de trabalho” (GARCIA,
2011, p.17-21).

Entende-se que toda atividade laboral na esfera privada está sujeita a gerar acidente
de trabalho ao empregado, pois este se dá em decorrência do próprio trabalho, seja por fatores
como o contínuo esforço na atividade laboral, da função que sempre desempenha
excessivamente ou sem qualidade, seja ainda por péssimas condições e seguranças no
trabalho, ocasionando danos à saúde do trabalhador, mas sempre é acidente em razão do
labor desempenhado. Corroborando com o entendimento Michel (2008, p.53) explicita:

Toda pessoa está sujeita pelo menos a três modalidades de risco. Em


primeiro lugar, o risco genérico a que se expõem todas as pessoas.
Em seguida, na sua qualidade de trabalhador, está sujeito ao risco
específico do trabalho. Por fim, em determinadas condições de
trabalho – donde um risco genérico é agravado.

Como se disse, no acontecimento do acidente de trabalho é feita uma análise do fato


em três aspectos: da consequência na saúde do trabalhador (se houve lesão ou morte), do
motivo do acidente (se foi causado em decorrência do trabalho, mesmo estando dentro ou fora
do local de trabalho) e da responsabilidade do empregador (mas somente quanto ao salário do
obreiro, pago em quinze dias do acidente pelo empregador).

Assim, com relação às atividades de trabalho perigosas e arriscadas, que ensejam


risco de vida e que acarretam mortes e lesões no trabalho em índices alarmantes, em regra é
feito uma fiscalização por um técnico de segurança no trabalho e pelo Ministério do Trabalho,
por fiscais do trabalho, que tem ambos a incumbência de comunicar como uma das funções
principais no momento da fiscalização ou no conhecimento da morte de qualquer trabalhador, a
comunicação devida imediatamente a autoridade competente, ou no caso de lesão até o
primeiro dia útil do acontecido, para que se tome as providencias cabíveis.
Assim corrobora Garcia (2011):

[...] ocorrido o acidente do trabalho (a que se equiparam a doença do


trabalho e a doença profissional), a empresa deverá comunicá-lo à
Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da
ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade
competente, previsto no art. 22 da Lei 8.213/1991. (GARCIA, 2011,
p.51).

Dessa forma, tratando do conceito de trabalho humano, remetemo-nos a antes do


século XXI e da criação da Constituição Federal de 1988 no Brasil, a uma regressão de fatos
jurídicos e sociais reflexo de lutas e reivindicações da massa trabalhadora objetivando o
cumprimento das obrigações trabalhistas do empregador para com o empregado e uma
reparação justa pelos acidentes de trabalho. Assim emana a Constituição Federal:
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Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
[...]
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
Art 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e a infância, assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social. (BRASIL, 1988).

Levando em consideração nessa época que o empregador somente visava o lucro, nos
infortúnios laborais ocorridos a seus empregados, não era feito posteriormente nenhum acordo
de reparação civil. Dessa forma os empregados passaram a ingressar com ações trabalhistas e
previdenciárias, como forma de receber todo o aparato financeiro e social que faziam direito.

Assim, com o passar do tempo, o entendimento a cerca da responsabilização dos


infortúnios laborais evoluiu, não se da apenas à aplicação da responsabilidade subjetiva, mas a
uma nova etapa de direitos dos trabalhadores, a era de direitos sociais.

Dessa forma, ressalta-se que antes da chegada da constituição federal, com a


implantação dos direitos sociais em relação ao labor e as alternativas de responsabilidade civil,
aplicadas no acidente de trabalho sofrer modificação, o acesso era mais restrito ao trabalhador
reivindicar a responsabilização do patrão na justiça, sendo pouco acessível para a classe
trabalhadora, no ajuizamento de causas trabalhistas e previdenciárias, pela burocracia,
ausência de legislação e dificuldade de provar a culpa no acidente de trabalho, na maioria das
vezes atividades laborais de grande risco.

Assim, é pertinente estabelecer que a responsabilidade civil é um fato jurídico de


entendimento pacífico entre as teorias civilistas quanto ao nascedouro e objetivo. Surge com
uma obrigação originária de um contrato, em que uma das partes pactuadas não vem a cumprir
com o pactuado, gerando então uma segunda obrigação secundária, chamada de
responsabilidade civil, objetivando dever de reparação para a pessoa lesada, que sofreu o
dano.

Nesse diapasão, VENOSA (2008, p.1), afirma que “o termo responsabilidade é utilizado
em qualquer situação na qual alguma pessoa, natural ou jurídica, deva arcar com as
consequências de um ato, fato, ou negócio danoso”.

Contudo, quanto à responsabilidade civil do empregador nos acidentes de trabalho,


existe a teoria do risco criado, dentro da responsabilidade objetiva, sempre advindas de
atividades laborais de risco; do outro, o posicionamento clássico dos teóricos que aderem à
responsabilidade subjetiva, baseados pela Constituição Federal de 1988, exigindo a
comprovação da culpa/dolo do empregador.
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Nesse sentido, traça-se uma síntese doutrinária dessas responsabilidades aplicáveis


ao acidente de trabalho. A responsabilidade objetiva e mais aceita hoje - enquadrada na
reparação de danos, realizada independentemente da culpa do empregador - e a
responsabilidade civil subjetiva – prescinde da análise de culpa ou não do empregador para a
restituição do dano ao obreiro.

Portanto, a indenização ou compensação do dano, é uma forma de ressarcir a vítima


através de um valor econômico que de certa forma equilibrem as partes, empregado e
empregador financeiramente, pois abrange o trabalho e a remuneração advinda desse labor.
Stolze e Pamplona Filho (2012, p.47) em suas concepções sobre responsabilidade civil,
argumentam: “[...] ocorre quando uma das partes descumpre obrigação imposta por norma
contratual. A parte credora, nesse caso, poderá exigir a indenização devida, por meio de uma
ação de resolução cumulada com perdas e danos”.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste projeto de pesquisa foi extraída sob a forma de pesquisa
bibliográfica de livros de direito a cerca do posicionamento dos autores juristas das correntes
teóricas jurídicas comentando sobre acidente de trabalho e responsabilidade civil do
empregador, bem como a legislação trabalhista, previdenciária, casos práticos jurisprudenciais
trabalhistas, a Constituição Federal e o Código Civil.

Abrangendo o maior número de informações atualizadas concernente à Acidente de


Trabalho e as doenças ocupacionais, normas de segurança do trabalho, responsabilidade civil
do empregador, indenização e benefícios previdenciários em geral como forma de instabilidade
e garantia de emprego. Far-se-á a utilização de método de análise e compreensão dos fatos
jurídicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando os objetivos propostos nesse artigo, se fez pertinente à discussão da


celeuma doutrinária das duas correntes teóricas jurídicas do tema acidente de trabalho, que
criaram dúvidas sobre qual a responsabilidade civil mais aplicada se objetiva ou subjetiva, bem
como a quem cabe o ônus de provar o acidente de trabalho.

Dessa forma, surgiu à necessidade de analisar com maior profundidade os aspectos de


cada atividade como sendo de risco e sem risco, bem como as circunstâncias da ocorrência do
acidente.
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Dessa forma essa breve exposição obteve como resultado, o posicionamento de que
por se tratar de um direito social, tem o obreiro todo um aparato social e civil, em caso de
ocorrem esses infortúnios por ter direito adquirido concernentes à dignidade da pessoa
humana.

Deve ser reparado por todas as esferas de responsabilização do empregado pelo


empregador nos infortúnios laborais, e todas as possíveis consequências, para que o
trabalhador seja respeitado e considerado pelas atividades que desempenha, assim como a
OIT (organização do trabalho considera). Além do mais por se tratar de tema de considerável
relevância social, pois possibilita esclarecer o trabalhador de seu direito de ser reparado caso
sofra um acidente, mesmo diante da supremacia econômica do empregador.

É importante para a sociedade, a responsabilização civil nos casos de acidente de


trabalho de inicio por concretizar os direitos de trabalhador e por fim por proporcionar limites as
atividades perigosas desempenhadas, por atividades que não envolvam fiscalização, estrutura
de segurança, de defesa, por razão de lucro do empregador, gerando responsabilização mais
severa e indenizações mais altas pelos danos causados com o intuito de reparar.

Assim fez-se uma analise contextual enfatizando as leis no ordenamento jurídico


brasileiro trabalhistas no acidente de trabalho, para firmar que o direito ao processo é tutelado
a todos, estes norteados por princípios, pela constituição federal, incumbido ao Estado, pondo
em consideração a evolução do processo civil chegando para dirimir aos desfavorecidos,
propiciando um acesso pratico e menos burocrático, dando alternativas de peso para o cidadão
brasileiro, a reinvidicar seus direitos por meio do processo incumbindo ao estado tutelá-los
tornando-se mais flexível e a tom da classe desfavorecida.

Ora, se considerarmos o poder da reparação civil do empregador pelos casos de


acidentes laborais, como meio pelo qual o estado exerce sua função jurisdicional, e o poder de
sua eficácia, estaremos ponderando suas vertentes dogmáticas dirimindo a marginalização de
um modo social.

CONCLUSÃO

O objetivo fundamental dessa breve exposição é demonstrar a devida responsabilidade


civil do empregador nos acidentes de trabalho, fazendo uma análise contextual enfatizando as
espécies de responsabilidade civil e as leis no ordenamento jurídico brasileiro, com as ações
trabalhistas acerca dos acidentes de trabalho e aplicando ao tipo de atividade laboral que
ensejou o acidente. Se atividade de risco será abrangida pela responsabilidade civil objetiva,
sem a devida necessidade de comprovação de culpa do empregador e se oriunda de
atividades sem risco aparente, será esta contemplada pela responsabilidade civil subjetiva,
com a comprovação de culpa ou dolo do empregador, para que seja reparado.
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Importante, sobretudo, para firmar que o direito de reparação e indenização é conferido


a todos os trabalhadores, norteados pela constituição federal, pela lei previdenciária, trabalhista
e civil.

Ora, se considerarmos a responsabilidade civil do empregador nos acidentes de


trabalho como meio pelo qual o empregado exerce seu direito de trabalhador, e o poder de sua
eficácia, estaremos dirimindo as desigualdades com relação a supremacia econômica entre o
empregado e empregador.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

_______. Constituição Federal. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

_______. Lei 8.213, de 24 de julho de 1991. Vade Mecum, 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de responsabilidade


civil. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. III v.

GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Acidentes do trabalho, doenças ocupacionais e nexo


técnico epidemiológico. 4. ed. São Paulo: Método, 2011.

MARINA, Marconi Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho Científico. 7.


ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MICHEL, Oswaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 3. ed. São Paulo: LTr,
2008.

VENOSA, Sílvio de Salvo. Responsabilidade civil. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008. IV v.

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Complexo de Ensino Damásio de Jesus, entidade pela qual sou


integrante, por me proporcionar evolução profissional. Ao colega Antônio Luís, pelo vasto
material acadêmico, a amiga Marcileni Ibiapina pelo apoio e ajuda acadêmica na construção do
artigo, a minha família e amigos mais próximos.

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