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1. CONCEPÇÃO CLÁSSICA :
• Patrimônio é o reflexo econômico da personalidade.
• O dano tradicionalmente foi tido simplesmente como o impacto negativo
causado no patrimônio do lesado.
Este impacto poderia se dar tanto pela diminuição efetiva do patrimônio
alheio, quando haveria especificamente danos emergentes, quanto pela
frustração do crescimento patrimonial alheio, quando haveria
especificamente lucros cessantes.
• Assim, segundo a concepção clássica, o conceito de dano alberga não só o
que o lesado efetivamente perdeu, mas também o que poderia auferir e não
auferiu graças à lesão por ele sofrida.
Essa noção era, portanto, eminentemente econômica.
EVOLUÇÃO: DA CONCEPÇÃO CLÁSSICA À CONTEMPORÂNEA
Concepção Moderna:
• Com o tempo, o direito passou a reconhecer a existência de outra ordem de danos não estritamente
relacionados ao patrimônio, ou seja, danos que não diriam respeito ao aspecto econômico da vida.
• Tais danos vêm sendo denominados não-patrimoniais ou simplesmente morais.
• Embora injustamente causados a outrem, tais danos não afetam DIRETAMENTE o patrimônio do lesado.
ASSIM, DADA A EVOLUÇÃO DO CONCEITO, A MELHOR DEFINIÇÃO DE DANO TEM ALBERGADO
TODA E QUALQUER DIMINUIÇÃO OU SUBTRAÇÃO DE UM BEM OU INTERESSE JURÍDICO.
Há amplo reconhecimento da existência dos danos morais, seja na esfera doutrinária quanto na
legislativa (art. 5ª, X, CF/88; art. 6º, VI, CDC, art. 186, CC):
Art. 6º, CDC. “São direitos básicos do consumidor: (…) VI - a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”
Art. 186, CC. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
NO MAIS...
PARA QUE O DANO, PATRIMONIAL OU NÃO, SEJA RESSARCÍVEL, ELE
DEVE GOZAR DE CERTOS REQUISITOS, COMO CERTEZA, ATUALIDADE E
SUBSISTÊNCIA.
- Esfera pessoal: abrange as relações com o meio social, embora não haja
interesse na divulgação.
- Dano à honra:
HONRA:
- indivíduo constrói com o tempo;
- advém da identidade pessoal da pessoa (relacionada à conduta proba).
- Dano biológico:
- à saúde
- dano corporal (integridade psicofísica da pessoa: dano ao corpo ou dano estético).
- saúde mental (dano psíquico).
- Danos existenciais:
É a lesão ao complexo de relações que auxiliam no desenvolvimento normal da
personalidade do sujeito, abrangendo a ordem pessoal ou a ordem social. É uma afetação
negativa, total ou parcial, permanente ou temporária, seja a uma atividade, seja a um
conjunto de atividades que a vítima do dano, normalmente tinha incorporado ao seu
cotidiano e que, em razão do efeito lesivo precisou modificar em sua forma de realização, ou
mesmo suprimir sua rotina. Um “ter que agir de outra forma” ou um “não poder fazer mais
como antes”.
Enunciado n. 159 do Conselho da Justiça Federal na III Jornada de Direito Civil, pelo qual o dano moral
não se confunde com os meros aborrecimentos decorrentes de prejuízo material. (O dano moral, assim
compreendido todo dano extrapatrimonial, não se caracteriza quando há mero aborrecimento inerente a
prejuízo material.)
DANO MORAL - Responsabilidade civil - Compra e venda - Entrega de faqueiro acondicionado em caixa
de papelão em vez de estojo de madeira, em desacordo com o que fora adquirido - Posterior entrega
desse produto como presente de casamento - Inocorrência de dano moral - Caracterização como
aborrecimento do dia-a-dia que não dá ensejo à referida indenização, pois se insere nos transtornos que
normalmente ocorrem na vida de qualquer pessoa, insuficientes para acarretar ofensa a bens
personalíssimos - Indenizatória improcedente - Recurso improviso”. (Primeiro Tribunal de Alçada Civil de
São Paulo, PROCESSO: 1114302-1, RECURSO: Apelação, ORIGEM: São José dos Campos,
JULGADOR: 5ª Câmara, JULGAMENTO: 02/10/2002, RELATOR: Álvaro Torres Júnior, DECISÃO:
Negaram Provimento, VU)
Ex: Google deve pagar R$ 250 mil a Daniella Cicarelli por vídeo íntimo.
Apresentadora havia conseguido parecer favorável no Tribunal de Justiça. STJ
julgou que multa diária de R$ 250 mil atingiu 'patamares estratosféricos'.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 2015, determinou que o Google deve
pagar multa de R$ 250 mil reais à apresentadora e modelo Daniella Cicarelli por
não impedir que um vídeo íntimo dela fosse publicado no YouTube. O mesmo
valor deve ser pago ao empresário Tato Malzoni, que aparece com ela em uma
praia na Espanha.
Ex: Processo movido por Luana Piovani e Dado Dolabella contra o Programa
Pânico na TV (RedeTV).
O motivo do processo foi a perseguição sofrida pelos atores, em um famoso
quadro do programa, em que os humoristas pretendiam fazer com que a atriz
calçasse as “sandálias da humildade”, destinadas às celebridades mais
antipáticas.
O juiz da causa, convencido de que os humoristas violaram a honra, a privacidade
e a intimidade dos artistas, condenou a RedeTV a pagar uma indenização de R$
250.000,00 para a atriz e de R$ 50.000,00 para o ator
Ex: Atriz Carolina Dieckman já havia sido “homenageada” e convidada a calçar
as “sandálias da humildade”.
No intuito de chamar a atenção da atriz, os humoristas foram ao condomínio
onde ela mora com guindaste e megafone, chamando-a pelo nome. O filho da
atriz, que também estava no apartamento, sentiu-se igualmente constrangido
com a “brincadeira”.
A atriz moveu ação judicial contra o programa, vencendo tanto na primeira
quanto na segunda instância. A indenização fixada na decisão foi de R$
35.000,00. O programa Pânico na TV também foi proibido a usar a imagem da
autora ou a fazer referência a seu nome.
DANO ESTÉTICO
Alteração morfológica, pode gerar afeamento (alterar/tornar “mais” feio/ “não agradável “para
vítima) em alguma parte do corpo humano.
*** Autônomo ou espécie de dano moral?
OBS: Maria Helena Diniz diz que é espécie de dano moral; contudo, maior parte da doutrina
entende autônomo, p/ex: Cristiano Farias e Stolze.
Súmula 37 STJ – São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do
mesmo fato
Súmula 387 STJ – É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
Ementa: ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLISÃO ENTRE AUTOMÓVEL E MOTOCICLETA. RÉU
QUE NÃO OBSERVA A CAUTELA NECESSÁRIA AO CONVERGIR À ESQUERDA. LESÕES
FÍSICAS. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM ARBITRADO MANTIDO. DANO ESTÉTICO
AFASTADO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 387 DO STJ. Caso em que resta incontroversa a culpa do
condutor do veículo do réu no sinistro, porquanto pretendendo conversão à esquerda, deveria
atentar ao fluxo de veículos que transitavam na via, buscando assegurar-se da inexistência de
tráfego a impedir a manobra pretendida. Em razão da colisão, verifica-se que o autor sofreu fratura
no primeiro metacarpo esquerdo e fratura proximal na fíbula direita, necessitando de tratamento
médico e intervenção cirúrgica, razão pela qual correta a fixação de indenização extrapatrimonial no
valor de R$ 4.000,00. Todavia, no que tange ao alegado dano estético, embora possibilitada a
cumulação dos pedidos de indenização por dano moral e estético, quando autonomamente
identificados, nos moldes da Súmula 387 do STJ, na hipótese dos autos, não se verifica lesão
estética, já que a cicatriz apresentada (fotografia da fl. 37) não se afigura sequer aparente,
mostrando-se incapaz de macular a autoestima do requerente ou causar sentimento de vergonha.
Demais disso, não há comprovação de que após a recuperação do demandante, tenha
ele permanecido com cicatriz ou deformidade física permanente, seja total ou parcial. Sentença
parcialmente reformada. RECURSO PROVIDO EM PARTE. (Recurso Cível Nº 71005284526,
Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Marta Borges Ortiz, Julgado em
24/03/2015)
PERDA DE UMA CHANCE
PERDA DE UMA CHANCE: DANO CERTO?
- Hipótese autônoma. Não se enquadra no lucro cessante.
- Advém da teoria francesa.
- Recente: menos de 10 anos.
- Primeiro caso Show do Milhão. STJ. 15 de junho de 2000.
- Requisitos:
* CHANCES SÉRIAS E REAIS.
* Análise da álea (possibilidade de vantagem/probabilidade de uma perda) contida
na chance perdida: Haverá indenização proporcional a perda da vantagem.
Ementa: RECURSO INOMINADO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS
EM DECORRÊNCIA DA PERDA DE UMA CHANCE. RESPONSABILIDADE CIVIL
SUBJETIVA. RÉU QUE, NA CONDIÇÃO DE PROCURADOR CONSTITUÍDO DO
AUTOR, DEIXOU DE APRESENTAR DEFESA EM PROCESSO DE BUSCA E
APREENSÃO DE VEÍCULO PARA O QUAL FOI CONTRATADO. CONSIDERANDO AS
REAIS POSSIBILIDADES DE ÊXITO, O VALOR DA INDENIZAÇÃO DEVERÁ SER
MINORADO PARA R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS). DANO MORAIS CONFIGURADOS E
QUE DEVEM SER MANTIDOS EM R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS). PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO
RECURSO. (Recurso Cível Nº 71005336771, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas
Recursais, Relator: Gisele Anne Vieira de Azambuja, Julgado em 22/09/2015).
Ementa: RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. CONSUMIDOR.
CONCURSO ENEM. ERRO DO FUNCIONARIO DO BANCO RÉU NO
MOMENTO DE DIGITAR O NÚMERO DO CÓDIGO DE BARRAS.
INSCRIÇÃO NÃO REALIZADA. PERDA DE UMA CHANCE. INDENIZAÇÃO
DEVIDA. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO DE
R$ 1.000,00 (MIL REAIS) QUE NÃO COMPORTA MAJORAÇÃO.
SENTENÇA CONFIRMADA. RECURSO NÃO PROVIDO. (Recurso Cível Nº
71005467337, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator:
Gisele Anne Vieira de Azambuja, Julgado em 22/09/2015)
NOVOS DANOS? DANO MORAL COLETIVO E DANO MORAL SOCIAL?
- DANOS COLETIVOS LATO SENSU (DIFUSOS, COLETIVOS STRICTU SENSU E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS).
Base legal Art. 81, parágrafo único, I, CDC Art. 81, parágrafo único, II, CDC Art. 81, parágrafo único, III, CDC
Instrumento de Defesa Ação Civil e Ação Popular ACP e Mandado de Segurança Ação Civil Coletiva
Coletivo
EX: “TOTO BOLA. Sistema de loterias de chances múltiplas. Fraude que
retirava do consumidor a chance de vencer. Ação de reparação de danos
materiais e morais. Danos materiais limitados ao valor das cartelas
comprovadamente adquiridas. danos morais puros não caracterizados.
Possibilidade, porém, de excepcional aplicação da função punitiva da
responsabilidade civil. Na presença de danos mais propriamente sociais do
que individuais, recomenda-se o recolhimento dos valores da condenação ao
fundo de defesa de interesses difusos. Recurso parcialmente provido. TJ/RS,
no Recurso Cível 71001281054, DJ 18/07/2007)
DANO MORAL COLETIVO: “Civil e processo civil. Recurso especial. Ação civil
pública proposta pelo PROCON e pelo Estado de São Paulo. Anticoncepcional
Microvlar. Acontecimentos que se notabilizaram como o 'caso das pílulas de farinha'.
Cartelas de comprimidos sem princípio ativo, utilizadas para teste de maquinário,
que acabaram atingindo consumidoras e não impediram a gravidez indesejada.
Pedido de condenação genérica, permitindo futura liquidação individual por parte das
consumidoras lesadas. Discussão vinculada à necessidade de respeito à segurança
do consumidor, ao direito de informação e à compensação pelos danos morais
sofridos. [...] A mulher que toma tal medicamento tem a intenção de utilizá-lo como
meio a possibilitar sua escolha quanto ao momento de ter filhos, e a falha do
remédio, ao frustrar a opção da mulher, dá ensejo à obrigação de compensação
pelos danos morais, em liquidação posterior. Recurso especial não conhecido.” (STJ,
REsp. 866.636/SP, DJ 06/12/2007, a 3ª Turma)
DICAS SOBRE INDENIZAÇÃO
FUNDAMENTOS LEGAIS: