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AO JUÍZO DE DIREITO DA _____ VARA CIVEL DA COMARCA DE NITERÓI - RJ.

BRUNA KIDMAM, brasileira, solteira, portadora do RG nº 0.000.000 SSP-


RJ, CPF nº 000.000.000-00, filha de Raposo Soares Albermam e Liberli Almeida Kidmam,
residente e domiciliada na Rua K, nº 2, Nierói, CEP: 10.200-300, Rio de Janeiro. Vem por sua
advogada, infra-assinado, constituída conforme mandato anexo (doc. 01), com endereço na Rua
Gentil de Ouro, nº 20, Edifício Plaza, sala 320, bairro da Orla, CEP: 20.340-560, nesta cidade,
onde receberão intimações, com fundamentação legal no artigo 5º caput, e incisos V e X da
CRFB/88, art. 6º, inciso VIII e arts. 14, 22 e 84 do CDC, propor

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM DANO MORAL, DANO MATERIAL, E


PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em desfavor da CLÍNICA SUPER STAR, com sua sede na Av. Manuel Vitorino, 400, Av. Sete
de Setembro, CEP: 14.123-46, Rio de Janeiro – RJ, inscrita no CNPJ sob nº 00.123.456/0002-00

pelos fatos e motivos de direito que passa a expor

I- DOS FATOS:

A requerente propendendo ficar em forma para um desfile na Marques de Sapucaí,


contratou os serviços da empresa requerida, com o objetivo de ficar mais bronzeada. Para tanto,
adquiriu um pacote estético contendo 20 (vinte) sessões de bronzeamento artificial, 20 (vinte)
sessões de massagem modeladora e 20 (vinte) sessões de crio lipólise, pela monta de R$:
15.000,00 (quinze mil reais) que foram pagos à vista.

Com o transcorrer dos serviços, fora constatado pela requerente que um dos produtos
que lhe foi aplicado, não surtiu o efeito desejado, causando-lhe o desenvolvimento de um quadro
alérgico com desenvoltura de manchas. A requerente de pronto ao notar, chamou a esteticista
responsável da empresa requerida narrando a situação que estava em curso, bem como, o
resultado.
Ocorre Excelência que para a surpresa da requerente, a esteticista em suas palavras,
avisou para que a ela não se preocupasse, que a situação era corriqueira para aquele tipo de
tratamento e que as manchas detectadas desapareceriam com o passar do tempo, “ledo engano! ”.

Sendo assim, a requerente deu seguimento ao tratamento ora pactuado sendo que por
volta da 10ª (décima) sessão, houve evolução, bem como, complicação no quadro da saúde da
requerida, onde o quadro evoluiu para queimaduras, manchas e sequelas de caráter irreversível,
dando por fim ao sonho de sua infância, desfilar pela escola de samba favorita da requerente.

Transtornada e com toda a razão, procurou a Clínica requerida, com a nítida insatisfação
pediu a quantia paga de volta e que a empresa ré, arcasse com o seu tratamento médico que
inicialmente, apresenta o valor de R$: 5.000,00 (cinco mil reais). A ré esquivou-se da sua culpa,
alegando que não concorreu para o quadro apresentado e pasme, disse ainda a requerente que
não contribuiu para o dano apresentado no caso em tela.

II- DO DIREITO:

É notório Excelência que o dano estético se caracteriza pela alteração da forma de


origem da vítima, o enfeiamento do corpo, a diferença entre o seu estado normal para um
estado de inferiorização, o qual, como o dano moral, também causa embaraço, porém de forma
visual, estética. A prova cabal do dano estético é o contato visual com a vítima, pessoalmente
ou através de imagens, a qual demonstre a diferença visual após o acontecimento danoso e
infunde uma sensação extremamente desagradável.

Sendo assim, para que o dano estético seja comprovado é necessário que haja,
necessariamente, todas as seguintes características:

1. Existência do dano à integridade física da pessoa: Ou seja: lesão que


promova “afeamento” à imagem externa da pessoa atingida, sendo que tal
alteração deve ser para pior. Mais sucintamente, tal piora deve ocorrer em
relação ao que a pessoa era antes da ocorrência da mesma relativamente aos
seus traços naturais (de nascimento), não em comparação com determinado
exemplo de beleza.
2. A lesão promovida deve ter um resultado duradouro ou permanente:
Caso contrário, não há dano estético propriamente dito, mas sim atentado
reparável à integridade física ou lesão estética passageira. Fica evidente que a
característica que se busca neste tópico identificar consiste na
irreparabilidade do prejuízo causado à aparência externa da pessoa sofredora
da lesão.
3. Não há necessidade de a lesão ser aparente: Ou seja, não existe
necessidade que a mesma seja facilmente vista por terceiros. Basta somente
que a mesma exista no corpo, mesmo que resida em partes nem sempre em
evidência. Logo, há de se ater à possibilidade da lesão ser vista sob qualquer
circunstância.
4. Por fim, em se tratando do ponto mais importante a ser evidenciado quando
se promove a conceituação de dano estético, há de ser ressaltado que  o dano
estético necessariamente enseja dano moral. Ou seja: persiste a
necessidade da lesão à imagem externa da pessoa proporcionar à mesma um
“mal-estar”, ou melhor, humilhação, tristeza, constrangimento, enfim, menos
feliz em virtude do sofrido.
Nesta senda, o dano estético é integrado por elementos do dano moral e do dano
patrimonial.

O dano estético pode gerar prejuízos na atividade laboral exercida, configurando um


dano patrimonial. Se a aparência for condição indispensável para a profissão exercida, o déficit
resultante força uma compensação indenizatória. São dois os dispositivos do  Código Civil que
amparam a vítima neste sentido:

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o


ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da
convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver
sofrido.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer
o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a
indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da
convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para
que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização
seja arbitrada e paga de uma só vez.

A indenização por dano estético será concedida caso tornar-se irreversível a


deformidade. Se a recuperação for possível mediante cirurgia plástica, o responsável pelo dano
suportará as despesas exigidas para a correção. Caso a vítima desista da operação, perderá o
direito a qualquer indenização.

É possível a cumulação do dano moral e do dano estético, quando possuem ambos


fundamentos distintos, ainda que originados do mesmo fato. Por exemplo, quando forem
passíveis de apuração em separado, com causas inconfundíveis. Hipótese em que de um
acidente decorreram sequelas psíquicas por si bastantes para reconhecer-se existente o dano
moral. E a deformação sofrida em razão de um membro amputado, quando do acidente, ainda
que posteriormente reimplantado, é causa bastante para reconhecimento do dano estético.

Note Excelência que o próprio STJ consagra a dupla indenização entabulada na


Súmula nº 387, que aduz:

“É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral”.

III- DOS PEDIDOS:

Diante do todo exposto reque que Vossa Excelência se digne a determinar:

a). A citação da requerida para que responda à presente ação no prazo legal, na
pessoa de seu representante, sob pena de revelia;

b). A produção de todos os meios de prova em direitos admitidos, em especial


o depoimento da representante da requerida com a devida apresentação de seu
registro em audiência oportuna;

c). Sejam julgados procedentes os pedidos para que a empresa ré pague os


danos materiais e morais, cabendo a responsabilidade do dano estético com
reparação estética;
d). A condenação da empresa ré a pagarem a indenização de R$: 30.000,00
(trinta mil reais), a título de indenização por danos morais em face aos
transtornos versados;

e). A Condenação da Clínica Super Star, a pagar a requerente o valor de R$:


40.000,00 (quarenta mil reais), a título de danos físicos em caráter perpétuo e
que durante sua vida, necessitar da mesma para seu convívio social plena,
estará diante de uma sequela física permanente, abalando sua autoestima, sendo
esse valor irrisório e somente em caráter punitivo, bem como, de caráter
preventivo-pedagógico;

f). A inversão do ônus da prova, que outrossim, percebe-se, que a requerente


deve ser beneficiada de acordo com o art. 6º, VIII do CDC, in verbis:
Art. 6º. São direitos do consumidor:
(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias
de experiências.

Requer provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, bem como da
juntada posterior de documentos e extratos.

E por fim, requer ainda que prossiga a ação até seus ulteriores termos, bem como a
condenação da autora nas custas processuais e nos honorários de sucumbência.

Dá-se a causa o valor de R$: 75.000,00 (setenta e cinco mil reais)

Na iminência da abrangência jurisdicional em que Vossa Excelência se esmera, no sentido de se


promover a mais lídima justiça, é que nestes aludidos termos pede e aguarda o deferimento.

Anápolis-GO; 2 de setembro de 2021.

VITOR GABRIEL

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