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UNIFACC/CÂNDIDO RONDON
UNIFACC/VÁRZEA GRANDE
CURSO DE DIREITO
ATIVIDADE PRÁTICA:
1- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA;
A parte Autora não tem condições de arcar com as despesas do processo, uma
vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as
despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais.
Destarte, formula pleito de gratuidade da justiça, o que faz por declaração de
seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in fine, ambos do CPC, quando
tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório acostado.
2- DOS FATOS;
Após um ano repleto de trabalhos e estudos sem que houvesse um final de
semana de descanso, minha cliente decidiu se presentear com uma viagem
para NOBRES-MATO GROSSO com o intuito de conhecer as belas
cachoeiras que em torno desta cidade existe, ao retornar para o almoço de
um passeio realizado nas piscinas naturais, já no centro da cidade próximo
à praça central algumas pessoas quando a viram vieram ao seu encontro
para tirarem fotos com ela, pois minha cliente é modelo e possui certa
“influencia digital”, e por uma falta de sorte ou ironia do destino um fogão
do restaurante CHAVES GOURMET causa uma enorme explosão, nessa
explosão e Juliette é atingida e gravemente ferida por destroços.
Após o devido atendimento médico no hospital, ainda em estado de choque,
Juliette percebe que teve seu iphone 12 havia sido extraviado e ao ver seu
rosto todo costurado com ferimentos por toda parte do corpo, entra em
desespero porque a mesma trabalha com a sua imagem e agora como iria
vender a sua imagem com várias cicatrizes em seu rosto e corpo, e para
aumentar ainda mais o estado emocional de minha cliente foi notificada que
o valor total de todas as custas hospitalares ficaram em torno de R$45.000,00
(quarenta e cinco mil reais). Fato este que ocorreu no dia 11/11/2021 as
13:13. Após perícia técnica realizada no restaurante constatou-se que houve
diversas irregularidades na operacionalização do fogão e no encanamento de
gás comprovando por estes fatos que a explosão foi devida a má utilização do
fogão e estrutura da canalização do gás.
3- DOS DIREITOS;
DANO MATERIAL:
Em decorrência da negligência e imperícia por parte do Restaurante, o
Requerente foi obrigado a arcar com diversas despesas de cunho material,
dentre elas:
Necessidade de tratamento psicológico pré e pós-operatórios
decorrentes da explosão;
Impossibilidade de exercer seu trabalho de modelo e atriz, durante 9
meses, já que não pode fazer ensaios e peças devido aos constantes
tratamentos, exames, cirurgias, harmonizações faciais...;
Custas com o seu aparelho celular Iphone 12 extraviado.
Sendo estas avaliadas no prejuízo total de R$ 60.600,60 que se não
fosse pela ajuda de familiares, amigos e vaquinha virtual a mesma não
teria conseguido
Com isso cabe indenização por perdas e danos no equivalente ao prejuízo que
a Requerente suportou, em razão do Requerido ter faltado com o devido zelo
e cuidado com a segurança de seu estabelecimento observando todos os
detalhes técnicos que uma cozinha industrial deva ter.
Vejamos...
"A reparação das perdas e danos abrangerá, então, a restauração do que o
credor perdeu e a composição do que deixou razoavelmente de ganhar,
apurado segundo um juízo de probabilidade." (Instituições de Direito Civil, vol.
II, 5ª ed, pág. 238; Caio Mário da Silva Pereira)
É, contudo, cabível a cumulação de danos morais com patrimoniais, como
preceitua a doutrina.
"Um único ato ilícito pode ensejar a um só tempo o aparecimento do dano
moral e do patrimonial. Neste caso a indenização acumulada sempre contou
com o prestígio da jurisprudência e da doutrina". (Ressarcimento de Danos;
Antonio Lindbergh e C. Montenegro, 2ª ed., pág. 135)
Ademais, a reparação por danos está expressamente prevista no artigo 186 e
927 do Código Civil Brasileiro:
"Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
DANO MORAL:
Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
Sobre o dano moral se manifesta o notável magistrado Amílcar de Castro:
"A mais moderna e mais perfeita doutrina estabelece como regra a reparação
do dano moral. Dois são os modos pelos quais é possível obter-se a reparação
civil: a restituição das coisas ao estado anterior e a reparação pecuniária
quando o direito lesado seja de natureza não reintegrável. E a ofensa causada
por um dano moral não é suscetível de reparação no primeiro sentido, mas o
é no de reparação pecuniária. Com esta espécie de reparação não se pretende
refazer o patrimônio, porque este não foi diminuído, mas se tem simplesmente
em vista das à ressoa lesada uma satisfação, que lhe é devida, por uma
sensação dolorosa, que sofreu; e a prestação tem, neste caso, função
meramente satisfatória " (Amílcar de Castro, in Revista Forense, vol.93, p.
528)
De Plácido e Silva também acolhe a doutrina da reparação do dano moral
argumentando o que segue: "É que, na concepção do patrimônio, onde se
encontram todos os bens que devam ser juridicamente protegidos, não se
computam somente aqueles de ordem material. Patrimônio não significa
riqueza, bem diz Marcel Planiol. E nele se computa, pois, todos os bens de
ordem material e moral, entre estes o direito à vida, à liberdade, à honra e à
boa fama." (De Plácido e Silva, Comentários, vol. I, n.º 6, p. 23)
DANO ESTÉTICO:
Em decorrência dos fatos acima narrados a requerente diversos danos físicos
e estéticos, dentre eles:
Perda parcial da audição;
Mutilação da orelha esquerda, dos lábios e sobrancelhas;
Perda total dos movimentos dos dedos da mão esquerda em decorrência
da laceração dos nervos;
Riscos de afetação no globo ocular direito, que está sob cuidados e
tratamento preventivo para evitar a cegueira total;
A indenização por dano estético tem procedência, uma vez que está amparada
no Código Civil por estes artigos:
"Art. 949 - No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o
ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessastes até ao fim da
convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver
sofrido." "Art. 950 - Se dá ofensa resultar defeito, pelo qual o ofendido não
possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacitada de
trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes
até ao fim da convalescença, incluirá uma pensão correspondente à
importância do trabalho, para que se inabilitou, ou da depreciação que ele
sofreu." Segundo a doutrina atual, o dano estético é tratado da seguinte
maneira; “..., o dano estético acarreta um dano moral. Toda essa situação terá
de causar na vítima humilhações, tristezas, desgostos, constrangimentos, isto
é, a pessoa deverá sentir-se diferente do que era – menos feliz. Há, então,
um sofrimento moral tendo como causa uma ofensa à integridade física e este
é o ponto principal do conceito de dano estético.
... o dano estético é a lesão a um direito da personalidade – o direito à
integridade física, especialmente na sua aparência externa. Como todo direito
da personalidade, qualquer dano que o seu titular possa sofrer vai ter
consequências materiais, mas principalmente, morais e, portanto, não
podemos conceber prejuízo estético que não seja também prejuízo moral, ...
Em nosso sistema legislativo a responsabilidade é basicamente fundada na
culpa e, para que haja indenização, é preciso que haja dano, mas que esse
dano tenha vindo de uma ação ou omissão voluntária (dolo) ou de negligência,
imprudência ou imperícia (culpa em sentido estrito) e que seja provado o nexo
de causalidade entre a culpa e o dano.” (O Dano Estético – Responsabilidade
Civil; Teresa Ancona Lopez de Magalhães; págs. 23, 28 e 112) quanto à
avaliação da culpa, entende-se que a medida da indenização é a extensão do
dano mesmo que a culpa seja levíssima, bastando apenas que esta seja certa.
DOS PEDIDOS:
Assim exposto e aduzido e o mais que será, certamente, suprido pelo notório
saber jurídico de V. Exa., tanto assim, na instrução da lide, requer,
respeitosamente e com supedâneo nos dispositivos legais retro anotados:
A) seja recebida, autuada e processada a presente medida, citando-se pela
via postal e no endereço já anotado, o Requerido, para, querendo, venha
responder à ação, sob pena de revelia e suas processuais consequências;
B) seja no final, julgado procedente o pedido, condenando o réu a pagar
indenização por danos materiais, morais e estéticos, apurados em execução
de sentença e acrescidos de correção monetária e juros moratórios;
C) e como consequência da procedência da demanda, seja o Requerido
condenado nos ônus da sucumbência, impondo-se a ele reembolsar o
Requerente naquilo que dispendeu a título de custas judiciais, suportando o
réu também a cota honorária em favor do patrono do autor, ao percentual de
20% daquilo que for apurado como resultado da causa;
D) requer provar todo o alegado através dos meios de prova, sem exceção,
quais sejam: documentos, perícia e testemunhas.
Dá-se à causa o valor de R$ 80.800,88
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
Várzea Grande-MT
25/11/2022