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UNIÃO DAS FACULDADES CATÓLICAS DE MATO GROSSO

UNIFACC/CÂNDIDO RONDON
UNIFACC/VÁRZEA GRANDE
CURSO DE DIREITO

ATIVIDADE PRÁTICA:

Após consagrar-se vitoriosa em um Reality Show, Juliette, residente em Campina Grande/PB,


resolve passar férias nas belas cachoeiras de Nobres/MT, e, assediada pelos fãs é convidada por
alguns para tirarem fotos próximo a um restaurante famoso da região chamado CHAVES
GOURMET, neste momento Juliette é atingida por destroços de um fogão industrial da marca
BRASTEMP que explodiu no interior do restaurante. Juliette, após atendimento médico, muito
abalada, porque trabalhava com a imagem e estava com várias cicatrizes no rosto e corpo,
procura você para, na condição de advogado, propor a medida judicial cabível à reparação dos
danos, pois, por não possuir plano de saúde com cobertura nacional, teve despesas médicas de
aproximadamente R$45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), além de que no incidente seu
Iphone 12 foi extraviado.

DATA DE ENTREGA: 25/11/2022

Acadêmico: Pedro Rodrigues da Silva Neto


EXCELENTISSIMO SENHOR JUÍZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA
DE NOBRES- MATO GROSSO

JULIETTE FULANA FULANINHA DA SILVA, brasileira, solteira, modelo e atriz,


inscrita no CPF SOB Nº 011.010.111-22, portadora do RG Nº 22212 SSP/MT,
endereço eletrônico: julietteagata@gmail.com, residente e domiciliada a Rua
Paraíba, número 13, casa 13. Por intermédio de seu advogado subscrito,
(procuração em anexo) com endereço profissional na cidade de Várzea Grande,
Rua dos Vitoriosos, nº 777, situado no endereço eletrônico:
doutorzãopedroadv@gmail.com ambos identificados para receber as intimações
e notificações de praxe, vem, com o devido respeito à presença de Vossa
Excelência, para ajuizar a presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS, sob


o rito Ordinário com fulcro no art. 274, do Código de Processo Civil,

Em face da pessoa jurídica RESTAURANTE CHAVES GOURMET, CNPJ Nº


252525244-33, situado na cidade de NOBRES-MT, pelos fatos e fundamentos
a seguir delineados.

1- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA;
A parte Autora não tem condições de arcar com as despesas do processo, uma
vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as
despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais.
Destarte, formula pleito de gratuidade da justiça, o que faz por declaração de
seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in fine, ambos do CPC, quando
tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório acostado.

2- DOS FATOS;
Após um ano repleto de trabalhos e estudos sem que houvesse um final de
semana de descanso, minha cliente decidiu se presentear com uma viagem
para NOBRES-MATO GROSSO com o intuito de conhecer as belas
cachoeiras que em torno desta cidade existe, ao retornar para o almoço de
um passeio realizado nas piscinas naturais, já no centro da cidade próximo
à praça central algumas pessoas quando a viram vieram ao seu encontro
para tirarem fotos com ela, pois minha cliente é modelo e possui certa
“influencia digital”, e por uma falta de sorte ou ironia do destino um fogão
do restaurante CHAVES GOURMET causa uma enorme explosão, nessa
explosão e Juliette é atingida e gravemente ferida por destroços.
Após o devido atendimento médico no hospital, ainda em estado de choque,
Juliette percebe que teve seu iphone 12 havia sido extraviado e ao ver seu
rosto todo costurado com ferimentos por toda parte do corpo, entra em
desespero porque a mesma trabalha com a sua imagem e agora como iria
vender a sua imagem com várias cicatrizes em seu rosto e corpo, e para
aumentar ainda mais o estado emocional de minha cliente foi notificada que
o valor total de todas as custas hospitalares ficaram em torno de R$45.000,00
(quarenta e cinco mil reais). Fato este que ocorreu no dia 11/11/2021 as
13:13. Após perícia técnica realizada no restaurante constatou-se que houve
diversas irregularidades na operacionalização do fogão e no encanamento de
gás comprovando por estes fatos que a explosão foi devida a má utilização do
fogão e estrutura da canalização do gás.

3- DOS DIREITOS;
DANO MATERIAL:
Em decorrência da negligência e imperícia por parte do Restaurante, o
Requerente foi obrigado a arcar com diversas despesas de cunho material,
dentre elas:
 Necessidade de tratamento psicológico pré e pós-operatórios
decorrentes da explosão;
 Impossibilidade de exercer seu trabalho de modelo e atriz, durante 9
meses, já que não pode fazer ensaios e peças devido aos constantes
tratamentos, exames, cirurgias, harmonizações faciais...;
 Custas com o seu aparelho celular Iphone 12 extraviado.
Sendo estas avaliadas no prejuízo total de R$ 60.600,60 que se não
fosse pela ajuda de familiares, amigos e vaquinha virtual a mesma não
teria conseguido

Com isso cabe indenização por perdas e danos no equivalente ao prejuízo que
a Requerente suportou, em razão do Requerido ter faltado com o devido zelo
e cuidado com a segurança de seu estabelecimento observando todos os
detalhes técnicos que uma cozinha industrial deva ter.
Vejamos...
"A reparação das perdas e danos abrangerá, então, a restauração do que o
credor perdeu e a composição do que deixou razoavelmente de ganhar,
apurado segundo um juízo de probabilidade." (Instituições de Direito Civil, vol.
II, 5ª ed, pág. 238; Caio Mário da Silva Pereira)
É, contudo, cabível a cumulação de danos morais com patrimoniais, como
preceitua a doutrina.
"Um único ato ilícito pode ensejar a um só tempo o aparecimento do dano
moral e do patrimonial. Neste caso a indenização acumulada sempre contou
com o prestígio da jurisprudência e da doutrina". (Ressarcimento de Danos;
Antonio Lindbergh e C. Montenegro, 2ª ed., pág. 135)
Ademais, a reparação por danos está expressamente prevista no artigo 186 e
927 do Código Civil Brasileiro:
"Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se pelo


disposto neste Código, arts. 927 a 954."
"Na indenização de danos materiais decorrentes de ato ilícito cabe a
atualização de seu valor, utilizando-se, para esse fim, dentre outros critérios,
os índices de correção monetária" (Súmula 562 do STF)
"O Supremo Tribunal Federal já adotou o entendimento de que a correção
monetária pode ser adotada em ação de indenização por ato ilícito, quer se
trate de danos pessoais, quer se trate de danos materiais, pois ambos são
dívidas de valor" (RT, 507:201).

DANO MORAL:
Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
Sobre o dano moral se manifesta o notável magistrado Amílcar de Castro:
"A mais moderna e mais perfeita doutrina estabelece como regra a reparação
do dano moral. Dois são os modos pelos quais é possível obter-se a reparação
civil: a restituição das coisas ao estado anterior e a reparação pecuniária
quando o direito lesado seja de natureza não reintegrável. E a ofensa causada
por um dano moral não é suscetível de reparação no primeiro sentido, mas o
é no de reparação pecuniária. Com esta espécie de reparação não se pretende
refazer o patrimônio, porque este não foi diminuído, mas se tem simplesmente
em vista das à ressoa lesada uma satisfação, que lhe é devida, por uma
sensação dolorosa, que sofreu; e a prestação tem, neste caso, função
meramente satisfatória " (Amílcar de Castro, in Revista Forense, vol.93, p.
528)
De Plácido e Silva também acolhe a doutrina da reparação do dano moral
argumentando o que segue: "É que, na concepção do patrimônio, onde se
encontram todos os bens que devam ser juridicamente protegidos, não se
computam somente aqueles de ordem material. Patrimônio não significa
riqueza, bem diz Marcel Planiol. E nele se computa, pois, todos os bens de
ordem material e moral, entre estes o direito à vida, à liberdade, à honra e à
boa fama." (De Plácido e Silva, Comentários, vol. I, n.º 6, p. 23)
DANO ESTÉTICO:
Em decorrência dos fatos acima narrados a requerente diversos danos físicos
e estéticos, dentre eles:
 Perda parcial da audição;
 Mutilação da orelha esquerda, dos lábios e sobrancelhas;
 Perda total dos movimentos dos dedos da mão esquerda em decorrência
da laceração dos nervos;
 Riscos de afetação no globo ocular direito, que está sob cuidados e
tratamento preventivo para evitar a cegueira total;
A indenização por dano estético tem procedência, uma vez que está amparada
no Código Civil por estes artigos:
"Art. 949 - No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o
ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessastes até ao fim da
convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver
sofrido." "Art. 950 - Se dá ofensa resultar defeito, pelo qual o ofendido não
possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacitada de
trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes
até ao fim da convalescença, incluirá uma pensão correspondente à
importância do trabalho, para que se inabilitou, ou da depreciação que ele
sofreu." Segundo a doutrina atual, o dano estético é tratado da seguinte
maneira; “..., o dano estético acarreta um dano moral. Toda essa situação terá
de causar na vítima humilhações, tristezas, desgostos, constrangimentos, isto
é, a pessoa deverá sentir-se diferente do que era – menos feliz. Há, então,
um sofrimento moral tendo como causa uma ofensa à integridade física e este
é o ponto principal do conceito de dano estético.
... o dano estético é a lesão a um direito da personalidade – o direito à
integridade física, especialmente na sua aparência externa. Como todo direito
da personalidade, qualquer dano que o seu titular possa sofrer vai ter
consequências materiais, mas principalmente, morais e, portanto, não
podemos conceber prejuízo estético que não seja também prejuízo moral, ...
Em nosso sistema legislativo a responsabilidade é basicamente fundada na
culpa e, para que haja indenização, é preciso que haja dano, mas que esse
dano tenha vindo de uma ação ou omissão voluntária (dolo) ou de negligência,
imprudência ou imperícia (culpa em sentido estrito) e que seja provado o nexo
de causalidade entre a culpa e o dano.” (O Dano Estético – Responsabilidade
Civil; Teresa Ancona Lopez de Magalhães; págs. 23, 28 e 112) quanto à
avaliação da culpa, entende-se que a medida da indenização é a extensão do
dano mesmo que a culpa seja levíssima, bastando apenas que esta seja certa.

DOS PEDIDOS:
Assim exposto e aduzido e o mais que será, certamente, suprido pelo notório
saber jurídico de V. Exa., tanto assim, na instrução da lide, requer,
respeitosamente e com supedâneo nos dispositivos legais retro anotados:
A) seja recebida, autuada e processada a presente medida, citando-se pela
via postal e no endereço já anotado, o Requerido, para, querendo, venha
responder à ação, sob pena de revelia e suas processuais consequências;
B) seja no final, julgado procedente o pedido, condenando o réu a pagar
indenização por danos materiais, morais e estéticos, apurados em execução
de sentença e acrescidos de correção monetária e juros moratórios;
C) e como consequência da procedência da demanda, seja o Requerido
condenado nos ônus da sucumbência, impondo-se a ele reembolsar o
Requerente naquilo que dispendeu a título de custas judiciais, suportando o
réu também a cota honorária em favor do patrono do autor, ao percentual de
20% daquilo que for apurado como resultado da causa;
D) requer provar todo o alegado através dos meios de prova, sem exceção,
quais sejam: documentos, perícia e testemunhas.
Dá-se à causa o valor de R$ 80.800,88
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
Várzea Grande-MT
25/11/2022

Pedro Rodrigues da Silva Neto


OAB/MT nº 007

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