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DIREITO CIVIL:

RESPONSABILIDADE CIVIL

Prof. João Henrique Gonçalves Domingos


BIBLIOGRAFIA:

• TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito das Obrigações e


Responsabilidade Civil. 17ª Ed. São Paulo. Ed. Forense, 2022.
• CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil,
11ª ed., São Paulo, Atlas, 2014.
• DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade Civil, 12ª ed., 2ª tiragem,
Lumen Juris, 2012.
• TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena; MORAIS, Maria
Celina Bodin de. Código Civil Interpretado conforme a
Constituição da República, Renovar, 2006.

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CONCEITOS BÁSICOS

• Segundo Pablo Stolze:


Responsabilidade, para o Direito, nada mais é, portanto,
que uma obrigação derivada — um dever jurídico
sucessivo — de assumir as consequências jurídicas de um
fato, consequências essas que podem variar (reparação dos
danos e/ou punição pessoal do agente lesionante) de acordo
com os interesses lesados

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CONCEITOS BÁSICOS

Responsabilidade jurídica (gênero)

Responsabilidade Civil Responsabilidade Penal Responsabilidade


• Ilícito civil • Ilícito criminal Administrativa
• Visa punir com • Visa a punição com penas • Ilícito administrativo
indenização ou reparação restritivas de liberdade, • Visa a punição
• Pagamento em razão de penas restritivas de administrativa
eventual dano moral, direitos, etc. • Sanções menos severas
material ou estético
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CONCEITOS BÁSICOS

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo


questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor,
quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal
Ilícito criminal x Ilícito Civil
Nem todo ilícito cível também é considerado um ilícito criminal
Esferas independentes geram punições diferentes
•Abolitio criminis: quando um fato deixa de ser considerado crime, cessam todos
os efeitos penais da sentença condenatória, contudo, permanecem os efeitos
civis.
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CONCEITOS BÁSICOS

• Responsabilidade civil subdivide em duas espécies:


1. Responsabilidade civil contratual (arts. 389 – 420 do CC):
• Decorre da inadimplência contratual ou do cumprimento inadequado de
uma obrigação
• Prazo prescricional: 10 anos (art. 205, CC)
• Necessidade de relação contratual preexistente

Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
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CONCEITOS BÁSICOS

• Responsabilidade civil subdivide em duas espécies:


2. Responsabilidade civil extracontratual:
• Também conhecida como Aquiliana, que advém da Lex Aquilia, do Direito
Romano - consiste na inobservância do dever comum de cuidado, gerando
a culpa aquiliana
• Não se configura em face de relação contratual preexistente
• Surge da violação do dever negativo de não prejudicar outrem

Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
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CONCEITOS BÁSICOS

• Ato ilícito:
• Ato praticado em desacordo com a ordem jurídica violando
direitos e causando prejuízos a outrem (Pontes de Miranda)

Ato ilícito (art. 186, CC) = Lesão de direitos + Dano

O dano é elemento obrigatório para configuração de ato ilícito


 Se não houver dano, também não há o dever de reparação 8
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CONCEITOS BÁSICOS

• Abuso de direito:
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
• No abuso de direito, há a pratica de ato Lícito no conteúdo, mas
ilícitos nas consequências
• Para Rubens Limongi, o abuso de direito é “um ato jurídico de
objeto lícito, mas cujo exercício, levado a efeito sem a devida
regularidade, acarreta um resultado que se considera ilícito
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CONCEITOS BÁSICOS

• Abuso de direito:
Exemplos interdisciplinares:
• No Direito do Consumidor: publicidade abusiva e práticas abusivas
• No Direito do Trabalho: abuso no direito de greve e dispensa de
empregado doente
• No Direito Processual: lide temerária e assédio processual
• No Direito Civil: abuso no direito da propriedade ou ato emulativo
• No Direito Eletrônico: spam
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CONCEITOS BÁSICOS

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
• O art. 186 trata da Responsabilidade Subjetiva, no qual analisa-se
a culpa
• Enquanto o art. 187 trata da Responsabilidade Objetiva, em que
há responsabilização independentemente de culpa 11
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

a.Conduta humana
b.Nexo causal
c.Dano
d.Culpa

• A culpa deve ser analisada somente na responsabilidade subjetiva, uma


vez que a responsabilização objetiva independe de culpa
• Ocorre a responsabilidade objetiva nos casos previstos em lei ou quando
a atividade desempenhada pelo causador do dano for atividade de risco
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

a. Conduta humana:
1. Ação
Conduta positiva
Fazer/prestar

2. Omissão
Descumprimento do dever de agir
A ação evitaria o dano
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

b. Nexo de causalidade
• Consiste no vínculo/ligação da conduta ao resultado
danoso
• Somente haverá responsabilização se provada a existência
do nexo causal, seja a responsabilidade objetiva ou
subjetiva

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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

• Causas excludentes da responsabilidade civil:


1. Estado de necessidade
Art. 188, CC. Não constituem atos ilícitos:
2. Legítima defesa I - os praticados em legítima defesa ou no exercício
regular de um direito reconhecido;
3. Exercício regular do direito II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a
lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
4. Estrito cumprimento do dever legal Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será
legítimo somente quando as circunstâncias o
5. Culpa exclusiva da vítima tornarem absolutamente necessário, não excedendo
os limites do indispensável para a remoção do perigo.
6. Fato de terceiro
7. Caso fortuito ou força maior
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

c. Dano
“o dano como sendo a subtração ou diminuição de um bem jurídico,
qualquer que seja a sua natureza, quer se trate de um bem patrimonial,
quer se trate de um bem integrante da própria personalidade da vítima,
como a sua honra, a imagem, a liberdade etc. Em suma, o dano é lesão
de um bem jurídico, tanto patrimonial como moral” (Sérgio Cavalieri
Filho)

O dano consiste em prejuízo à vítima, podendo ser de ordem: material,


moral, estético ou novos danos.
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

c. Dano
• Nem todo dano é indenizável:
A indenização decorre de três aspectos:
a. Violação de um interesse
b. Subsistência do dano
c. Certeza do dano
A fixação do dano tem caráter indenizatório e pedagógico
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

c. Dano
• É necessário provar o dano
• Pode haver, excepcionalmente, a inversão do ônus da prova
(art. 373, CPC)
a. Relações consumeristas
b. Dificuldade de produção de prova em relação ao autor
c. Prova diabólica
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

• c. Dano
• Princípio da reparação integral:
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização.
• Deve haver equilíbrio entre a culpa e o dano
• Busca a recomposição do status quo ante
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

c. 1. Dano material (patrimonial):


• Lesão ao patrimônio da pessoa, que acarreta na perda de
bens ou coisas com valor econômico
• Real + Efetivo
• Pode ser positivo ou negativo:
a. Dano emergente (positivo) – efetivamente perdeu
b. Lucro cessante (negativo) – deixou de ganhar/lucrar
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

• Dano emergente: prejuízo imediato, capaz de ser


quantificado em primeiro momento
• Lucros cessantes: ocorre pela interrupção, seja ela de
caráter temporário ou permanente, do exercício da atividade
econômica da pessoa. Trata-se de valores que a vítima
deixou de receber em razão da lesão sofrida

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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

c. 2. Dano moral:
• Lesão da honra, imagem, psicológico, intimidade da pessoa, bem
como dos direitos da personalidade
• Enunciado n. 445 JDC: O dano moral indenizável não pressupõe
necessariamente a verificação de sentimentos humanos
desagradáveis como dor ou sofrimento.
• SÚMULA N. 227 STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano
moral.
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

c. 2. Dano moral:
a. Dano moral em sentido próprio (baseado na dor, tristeza,
humilhação) ou impróprio (lesão aos direitos da personalidade
b. Dano moral subjetivo/provado (regra) ou presumido (independe de
prova – súmula 403/STJ)
c. Dano moral direto (pela própria pessoa) ou indireto (por ricochete)

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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

Código Civil, Capítulo III – Das perdas e danos


• Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e
danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu,
o que razoavelmente deixou de lucrar.
• Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e
danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito
dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.

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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

• Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não


possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
pensão correspondente à importância do trabalho para que se
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

c. 3. Dano estético:
• Lesão à saúde ou integridade física da pessoa
• Deixa marcas visíveis que prejudicam a autoestima e que podem
acarretar em danos na saúde ou integridade física da pessoa

Súmula nº 387, STJ – É lícita a cumulação das indenizações de


dano estético e dano moral.
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

d. Culpa genérica ou latu sensu


d.1. Dolo:
• Ação ou omissão voluntária
• Vontade livre e consciente que enseja a produção de um ato antijurídico,
seja a conduta intencional ou que o agente assuma o risco do resultado

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

d. 2. Culpa stricto sensu:


• Decorre de atos praticados com imprudência, negligência ou
imperícia.
• Pressuposto para configuração da responsabilidade subjetiva

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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso
de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade
profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a
morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-
lo para o trabalho.
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
CIVIL

• Havendo contribuição causal da vítima (CC, art. 945), a


indenização deve ser reduzida. Ou seja, se houver:
• Culpa concorrente.
• Fato concorrente.
• Risco concorrente.

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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA

1. Responsabilidade Civil Subjetiva


- Regra geral no CC/2002.
- Aplicação da teoria da culpa.
- Com culpa lato sensu. Obs.: na culpa lato sensu, o autor da ação
tem o ônus de provar a culpa ou dolo do réu.

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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA

2. Responsabilidade Civil Objetiva


- Exceção no CC/2002 – Art. 927, §único, do CC.
- Aplicação da teoria do risco.
- Sem culpa – independentemente de culpa.
- O autor da ação não tem o ônus de provar a culpa/o dolo do réu.

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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de
reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”

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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA
- Conforme o art. 927, §único, CC, a responsabilidade objetiva por ter duas
origens:
1ª Lei:
Ex1.: CDC.
Ex2.: Danos ambientais (art. 14, §1º, da Lei 6938/1981).
2ª Atividade de risco:
• Atividade: soma de atos coordenados com finalidade específica
• Risco: acima da situação de normalidade e abaixo do perigo.
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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA
Enunciado n. 448 – V Jornada de Direito Civil: “A regra do art. 927, parágrafo
único, segunda parte, do CC aplica-se sempre que a atividade normalmente
desenvolvida, mesmo sem defeito e não essencialmente perigosa, induza, por sua
natureza, risco especial e diferenciado aos direitos de outrem. São critérios de
avaliação desse risco, entre outros, a estatística, a prova técnica e as máximas de
experiência”
Principais aplicações dessa cláusula geral:
Acidentes de trabalho (TST e STJ).
Observações: ✓ CF, art. 7º, XXVIII: responsabilidade subjetiva do empregador, em
regra. Exceção: atividade de risco (responsabilidade objetiva – CC, art. 927,
parágrafo único). Exemplos: “motoboy”, segurança, motorista, caldeireiro, 35
trabalhador da construção civil e cobrador de ônibus.
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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA

3ª Principais hipóteses para aplicação da responsabilidade objetiva:


a) Abuso de direito (CC, art. 187) Enunciado n. 37 – I Jornada de Direito
Civil: “A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de
culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico”.

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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA
b) Responsabilidade objetiva indireta ou por atos de outrem (CC, arts. 932 e 933)
Os pais respondem pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
• Tutores e curadores respondem pelos tutelados e curatelados que estiverem sob sua autoridade
e em sua companhia.
• Empregadores ou comitentes respondem pelos seus empregados ou prepostos em função de
um trabalho.
• Donos de hotéis (e afins) e educadores respondem por seus hóspedes, moradores e educandos.
• Respondem todos aqueles que, mesmo gratuitamente, contribuírem para produto de crime.

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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA

CC, art. 932, III: relação de pressuposição (baseada em confiança)


Na relação de pressuposição, não há necessidade obrigatória da existência de relação de
emprego.
Exemplos:
• Ex. 1: Súmula n. 492 STF4 : as empresas locadoras de veículos respondem pelos danos
causados no uso do carro locado.
• Ex. 2: Os hospitais privados respondem pelos danos causados pelos médicos integrantes do
seu corpo clínico – Enunciado n. 191 – III Jornada de Direito Civil5 e REsp n. 1.145.728/MG.

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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA

c) Responsabilidade objetiva por fato ou guarda do animal (CC, art. 9369 )


- Responde o dono ou o detentor do animal.
- Excludentes expressas:
• Culpa/fato exclusivo da vítima.
• Força maior (Segundo a doutrina, inclui-se também o caso fortuito e a culpa ou fato exclusivo
de terceiro (Enunciado n. 452 – V Jornada de Direito Civil10).

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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA

c) Responsabilidade objetiva por fato ou guarda do animal (CC, art. 9369 )


- Responde o dono ou o detentor do animal.
- Excludentes expressas:
• Culpa/fato exclusivo da vítima.
• Força maior (Segundo a doutrina, inclui-se também o caso fortuito e a culpa ou fato exclusivo
de terceiro (Enunciado n. 452 – V Jornada de Direito Civil10).

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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA
d) Responsabilidade objetiva do dono do prédio ou construção por sua ruína (CC, art.
93711)
- A ruína pode ser total ou parcial.
- A responsabilidade é objetiva pela aplicação do CDC e pelo risco criado.
- A “necessidade de reparados manifesta” é irrelevante, conforme entendimento de Cavalieri,
Venosa, Tartuce e Carlos R. Gonçalves.
- Enunciado n. 556 – VI Jornada de Direito Civil: “A responsabilidade civil do dono do prédio
ou construção por sua ruína, tratada pelo art. 937 do CC, é objetiva”.

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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA
e) Responsabilidade objetiva do habitante do prédio pelas coisas que dele caírem ou forem
lançadas em local indevido (CC, art. 938).
- Denominações: responsabilidade por defenestramento ou por “effusis et dejectis”.
- A responsabilidade civil é objetiva diante de um risco criado.
- Se a coisa cair de um condomínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade,
responderá todo o condomínio, assegurado o direito de regresso contra o culpado (Enunciado
n. 557 – VI Jornada de Direito Civil e REsp n. 64.682/RJ).

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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA
f) Responsabilidade civil do transportador:
pessoas (CC, art. 734) e coisas (CC, art. 750)
- É considerada responsabilidade objetiva por três razões:
• Aplicação histórica do Dec.-Lei n. 2.681/1912 (estradas de ferro).
• Obrigação de resultado (cláusula de incolumidade).
CC, art. 734, caput: confirma a responsabilidade objetiva. Prevê que a cláusula de não indenizar
é considerada nula no transporte de pessoas.
E no transporte de coisas? Súmula. 161 STF: “Em contrato de transporte, é inoperante a
cláusula de não indenizar”.
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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA

- CC, art. 735: no transporte de pessoas, não se admite a excludente da culpa


exclusiva de terceiro.
Gera a responsabilidade objetiva agravada.
Exemplo: acidente da “Gol”: a empresa responde.

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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA
- CC, art. 736: transporte por amizade ou cortesia (“carona”).
- Súmula. 145 STJ: “No transporte desinteressado, de simples cortesia, o
transportador só será civilmente responsável por danos causados ao
transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave”. Portanto, a
responsabilidade é subjetiva na carona.
- Exemplos:
• Pagamento de combustível, pedágio ou alimentação.
• Programa de milhagem ou pontos em companhia aérea (Enunciado n. 559 –
VI Jornada de Direito Civil17).
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CLASSIFICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À
CULPA

- CC, art. 735: no transporte de pessoas, não se admite a excludente da culpa exclusiva de
terceiro.
Gera a responsabilidade objetiva agravada.
Exemplo: acidente da “Gol”: a empresa responde.
- CC, art. 736: transporte por amizade ou cortesia (“carona”).
- Súmula. 145 STJ: “No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será
civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa
grave”. Portanto, a responsabilidade é subjetiva na carona.
- Exemplos:
- • Pagamento de combustível, pedágio ou alimentação. • Programa de milhagem ou 46pontos em
companhia aérea (Enunciado n. 559 – VI Jornada de Direito Civil17).
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EXERCÍCIO

• TÍCIO pretende ajuizar ação em face de MÉVIO, narrando que é motorista profissional,
sendo um condutor prudente e defensivo, no entanto, na data de 01/02/2023 foi vítima de
grave acidente, na Rodovia XYZ, Bairro ABC, por volta de 17h15mim. Relatou que trafegava
com seu veículo Volkswagem Gol pela Rodovia XYZ, quando foi abalroado de frente pelo
veículo Chevrolet Vectra de propriedade do Requerido.
• Explicou que o demandado ingressou na via contrária e colidiu frontalmente com seu veículo.
MÉVIO, portanto, aduziu que teve que invadir a pista contrária para evitar colidir com o
veículo de FULANO, que freou bruscamente, de forma imotivada, no meio da rodovia.
• MÉVIO possui filmagens do acidente e consegue comprovar documentalmente que o acidente
ocorreu por culpa de FULANO.
• TÍCIO pretende ajuizar ação para discorrer acerca do dever de indenizar, da
responsabilidade civil do condutor requerido e dos danos sofridos.
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