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DIREITO CIVIL: RESPONSABILIDADE CIVIL

Professor(a): Antonella Marques Neves


E-mail: anto.neves@hotmail.com | @antonellanevesadvocacia Prova: 8,0
Trabalho: 2,0
Prova: 04/10

Pessoas
1. Noções Históricas da Responsabilidade

Parte geral: Bens


1.1. Código de Hamurabi:
“Olho por olho, dente por dente” - Lei de Talião. As
Teoria geral
Fatos Jurídicos penas ultrapassavam a pessoa que cometia o crime,
Contratos tinham cunho impessoal.
DIREITO CIVIL Obrigações

Coisas
Responsabilidade 1.2. Lei das XII Tábuas (Lei de Talião):
Civil
A punição da Lei do Talião continua a ser aplicada, mas
Parte Especial Empresas não há possibilidade de a lei ser impessoal. A pena não
pode ultrapassar a responsabilização da própria
Famílias
pessoa.
Sucessões
1.3. Direito Romano:
As punições corpóreas ficam parra trás, nas punições
civis passam a ser de cunho patrimonial. Não existia cunho subjetivo da responsabilidade.
1.4. Código Napoleônico:
Posterior as ideias de iluminismo, foi o primeiro a trabalhar responsabilidade civil diretamente; e ele tratava
da responsabilidade subjetiva (CULPA*).
1.5. Brasil
Código de 1916: filiou-se à teoria subjetiva, que exige prova de culpa ou dolo do causador do dano
para que seja obrigado a repará-lo. Responsabilidade civil subjetiva.
Código de Defesa do Consumidor: Mais tarde, em 1990, surge o Código de Defesa do Consumidor,
passando a consagrar a responsabilidade civil sem culpa como regra inerente à defesa dos
consumidores. Responsabilidade civil objetiva. Com base na teoria do risco, dever de indenizar
independente de culpa.
Código de 2002: Abrange a responsabilidade civil subjetiva e objetiva.

2. Responsabilidade Civil Constitucional


Harmoniza as regras do direito civil com a regras da C.F. Nesse sentido, a Constituição Federal determina a
interpretação de todas as normas infraconstitucionais;

Responsabilidade civil deve ser interpretada a luz dos seguintes princípios:


1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
Art. 1º, III da CF, referido princípio tem como objetivo buscar a valoração do ser humano em determinado
patrimônio. E não produzem efeitos legais ou contratuais que contrariem esse princípio. Crimes de tortura
são imprescritíveis, referentes as ações militares.
Ex.: (Resp. 524.889 – PR; Resp. 1374376 – CE)→ Ações Indenizatórias do Regime Militar.

Segurança Pública x Imprescritibilidade


(Art. 206, V, CC) (Violência a dignidade humana)

* Uma pessoa que foi torturada não tem prazo prescricional para pedir a tutela estadual em verba
indenizatória para receber pela tortura sofrida.
Art. 205 e 206 CC→ Prescrição e decadência

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2. Princípio da Solidariedade Social – Art. 3º, I da CF
O princípio tem por objetivo pregar uma sociedade mais justa, humana e solidária.
Ex.: Resp 1.159.242-SP: tese de responsabilidade civil por abandono paterno, a partir desse Resp, tal
prazo reconheceu 5 pontos importantes.

a) Que existe responsabilidade civil no direito de família;


b) Que “cuidado” é um valor jurídico: reconhecer o princípio da solidariedade social está acima de
eventuais questionamentos infraconstitucionais.
c) Que dano moral pode ser presumido, como exceção a regra neste caso.
d) Que afeto gera obrigação de fazer, como não tem como cumprir com a obrigação, então se reverte
em perdas e danos.
e) Que amar é faculdade e cuidar é dever: paternidade responsável.
* Prazo prescricional: 3 anos a partir dos 18 anos. A decisão do Resp ali não se atentou aos casos de ter
reconhecimento de paternidade posterior aos 18 anos, como por ex. reconhecimento aos 50 anos.
3. Princípio da Isonomia
“Tratar todos iguais respeitando suas desigualdades”
O quantum “indenizatório” deverá ser proporcional, respeitando princípio da proporcionalidade e da
razoabilidade.

3. RESPONSABILIDADE CIVIL
Conceito: Segundo Maria Helena Diniz: Segundo Pablo Stolze: “deriva da transgressão de
“Responsabilidade Civil é aplicação de medidas que uma norma jurídica civil preexistente, impondo ao
obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou infrator a consequente obrigação de indenizar o
patrimonial causado a terceiro em razão de ato por dano”
ela mesmo praticado, ou por pessoa por quem A palavra RESPONSABILIDADE vem de responder =
responda, por algo que a pertença ou de simples assumir pagamento. Logo, o pai responde pelo filho
imposição legal”. menor e o direto pela empresa.
3.1. Aspectos do conceito
Dano: não há responsabilidade civil sem dano, pode haver responsabilidade civil sem culpa, mas não sem
dano. Em alguns casos específicos o DANO pode ser lícito, oriundo da própria lei, mas obriga indenizar como
compensação. Art. 1285/ 1313, §3º CC. No dano lícito a lei autoriza exigir indenização.

FATO PRÓPRIO: Em geral quem causa o dano é o agente, e deve indenizar a vítima com seus bens. (Art. 391,
942, 943 CC). No sistema da responsabilidade subjetiva, deve haver nexo de causalidade entre o dano
indenizável e o ato ilícito praticado pelo agente. Só responde pelo dano, em princípio, aquele que lhe der
causa. É a responsabilidade por fato próprio, que deflui do art. 186 do Código Civil. A lei, entretanto,
estabelece alguns casos em que o agente deve suportar as consequências do fato de terceiro.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação
do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.

FATO DE PESSOAS OU COISAS: É a responsabilidade civil transobjetiva, o dano pode ser causado por pessoas
ou coisas que dependam do agente, e o agente será civilmente responsabilizado, embora não tenha
pessoalmente praticado o ato ilícito. De forma ampliar as possibilidades de reparação dos prejuízos sofridos
pela vítima. Art. 932 CC prova
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

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II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo
para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.

Em caso de emancipação do filho, cabe distinguir:


Emancipação voluntária: se a emancipação for voluntária não exonera os pais, porque um ato de
vontade não elimina a responsabilidade que provém da lei, ou seja, responde os pais solidariamente.
Emancipação legal: se é a legal, advinda por exemplo do casamento, os pais estão liberados, isto é,
os pais não respondem.
3.2. Responsabilidade Civil Transubjetiva
Se aproxima da TEORIA DO RISCO, podendo a vítima escolher quem esteja procurar, ou então os dois
solidariamente. Art. 942, §Ú, CC.

3.2.1. Espécies de Responsabilidade Transubjetiva:


1. Culpa in vigilando
Atribuída ao pai que não observa (vigia) o filho. (Art. 932, I e II, CC). Pais, tutores e curadores. A In vigilando
é a que resulta da ausência de fiscalização sobre pessoa que se encontra sob a responsabilidade ou guarda
do agente.
Decisão do Supremo Tribunal Federal referente ao caso de um colégio que funcionava em um edifício e
sofreu ação de indenização movida pelo condomínio, porque alunos estragaram o elevador: “Assim
agindo, faltou o réu com a necessária vigilância, indiferente à indisciplina dos alunos no interior do edifício.
Deve, portanto, responder pelos atos daqueles que, na escola, no seu recinto, estavam sujeitos ao seu
poder disciplinar, ficando-lhe assegurado o direito de ação regressiva contra os responsáveis pelos
menores e contra os alunos maiores que participaram dos fatos determinantes do dano”
2. Culpa in eligendo
Oriunda da má escolha atribuída aos patrões que não selecionam bem seus funcionários. A culpa in elegendo
a que decorre da má escolha do representante ou preposto. (Art. 932, III, CC). Súmula 341 STF.
Súmula 341 STF: É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto.
3. Responsabilidade danos de Hotéis
Se a hospedagem for gratuita não haverá tal responsabilização. Igualmente escolas respondem pelos alunos.
(Art. 932, IV CC)
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo
para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
4. Responsabilidade pelo provimento do crime
Aplica-se o princípio do enriquecimento injusto. Objetos provenientes de crime. (Art. 932, V)
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
5. Culpa in Custodiendo
Culpa no custodiar, no cuidar das coisas ou animais. (Art. 936 e 938 CC). A in custodiendo é a que decorre da
falta de cuidados na guarda de algum animal ou objeto. A responsabilidade civil admite sancionar alguém
que não cometeu o ato (além do sujeito, incluindo aqueles que estão relacionados com o objeto).
Responsabilidade do dono da coisa. Ex.: Dona da planta, dono do shampoo.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima
ou força maior.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele
caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

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*Se o incapaz que comete ato ilícito tiver mais bens do que seu responsável, o patrimônio desse incapaz
deve satisfazer a vítima, não pode é o dano ficar sem repartição (Art. 928 CC)
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

INDENIZAÇÃO é o gênero que comporta duas espécies:


I. Ressarcimento: Dano material/econômico
II. Reparação: Dano moral/estético.

Responsabilidade civil: recolocar a vítima na situação anterior, se não for possível, compensa com bens do
patrimônio.

4. ATO ILÍCITO – Art. 186 CC


O ato ilício é injurídico e impõe ao seu responsável o dever de
Culpa em sentido
indenizar contra sua vontade. O ato ilícito é a terceira grande amplo
Ativa (comissiva)

fonte das obrigações, junto com os contratos e atos Conduta


Passiva
unilaterais de vontade. Atos ilícitos produzem efeito jurídicos (conjuntiva)
contrário a lei (art. 186).
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Quem comete ato ilícito fica obrigado a reparar o dano causado a outrem (art. 927).
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
prova

Não é todo ato ilícito passível de indenização.


Seja dano: Moral ou Material

O ato ilícito possui cinco elementos:


I. AÇÃO OU OMISSÃO de alguém, mesmo que incapaz. Art. 928
A conduta humana pode ser causada por uma ação (conduta positiva) ou omissão (conduta negativa)
voluntária ou por negligência, imprudência ou imperícia, modelos jurídicos que caracterizam o dolo e a culpa,
respectivamente. Pela presença do elemento volitivo, trata-se de um fato jurígeno.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

II. CULPA “lato sensu”: inobservância do agente que devia conhecer e observar. Culpa no
sentido amplo (dolo/culpa) em sentido estrito:
O dolo constitui uma violação intencional do dever jurídico com o objetivo de prejudicar outrem. Trata-se
da ação ou omissão voluntária mencionada no art. 186 do CC. A culpa pode ser conceituada como sendo o
desrespeito a um dever preexistente, não havendo propriamente uma intenção de violar o dever jurídico,
que acaba sendo violado por outro tipo de conduta. * O grau maior ou menor de culpa influencia no
valor da indenização. (Art. 944, §ú)
Negligência Imprudência Imperícia Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do
dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva
O agente demonstra
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano,
Deixa de fazer o que é
certo.
O agente faz errado. inabilidade para seu poderá o juiz reduzir, equitativamente, a
ofício.
indenização. P. Proporcionalidade e Razoabilidade.

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III. VIOLAÇÃO DO DIREITO PRIVADO: o ato ilícito viola o direito privado, fica a cargo da vítima
requerer reparação.

IV. DANO: Há necessidade de gerar dano, prejuízo a vítima.


Sem a prova do dano, ninguém pode ser responsabilizado civilmente. O dano pode ser material ou
simplesmente moral, ou seja, sem repercussão na órbita financeira do ofendido. O Código Civil consigna um
capítulo sobre a liquidação do dano, ou seja, sobre o modo de se apurarem os prejuízos e a indenização
cabível. A inexistência de dano é óbice à pretensão de uma reparação, aliás, sem objeto.

Dano Dano Perda da Perda de


Dano moral Afeto
material estético chance Tempo

Lucro cessante Perda de (prova,


Psicológico (deixou de ganhar) Cirurgias concurso, vaga de Valor jurídico Valor jurídico
e emergente emprego, voos)

Pedir julgamento do médico para o CRM (julgado pelos colegas) para a contestação.
* Responsabilidade por terceiros: Administradores do grupo de WhatsApp
V. NEXO DE CAUSALIDADE:
É a relação/liame entre a ação do agente o dano. Algumas situações excluem a responsabilidade civil por
interromper o nexo causal, vejamos:
Se o motorista está dirigindo corretamente e a vítima, querendo suicidar-se, atira-se sob as rodas do
veículo, não se pode afirmar ter ele “causado” o acidente, pois na verdade foi um mero instrumento da
vontade da vítima, esta sim responsável exclusiva pelo evento.
i. Culpa exclusiva da vítima
Se a culpa é concorrente, aplica-se p art. 945, mas se a culpa for exclusiva da vítima não há o dever de
indenizar.
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
ii. Caso fortuito e força maior
São expressões sinônimas definidas no art. 393 §.ú (não há responsabilidade por ausência do nexo causal.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram
possíveis evitar ou impedir.
iii. Legítima Defesa
Tem mesmo conceito do Direito Penal. Art. 948 CC. Por sua vez, o art. 188 do Código Civil, em harmonia com
o referido art. 65, proclama não constituírem atos ilícitos os praticados em legítima defesa, estado de
necessidade ou no exercício regular de um direito.
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração
provável da vida da vítima.
iv. Estado de necessidade (Art. 188, II, CC)
O indivíduo na iminência de ver atingido o seu direito, agride direito do próximo. Porém, apesar de
reconhecer a licitude do ato praticado em estado de necessidade, a lei civil não exonera o seu autor da
responsabilidade pelo ressarcimento do dano, como expressamente dispõe nos arts. 929 e 930.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o
autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
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v. Estrito cumprimento do dever legal
Um ilícito perde esse caráter quando praticado em obediência a um dever legal.
vi. Exercício regular de Direito
Mesmo que cause lesão a alguém, o exercício regular de um direito exclui a ilicitude confirme o art. 188, I
do CC. Quem exerce seus direitos não responde por eventuais prejuízos causados a terceiro.

* Abuso de Direito: É um ato praticado no exercício irregular de direito, sem vantagem para o praticante e
com intenção de levar outrem. O juiz deve analisar a irregularidade, fixar uma indenização e desfazer o ato
abusivo. Art. 197 CC.
Ex.: Abuso de direito – Art. 413, 939, 940, 1.277, 1312.
Art. 197. Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

5. TEORIA DO RISCO – Art. 927, §ú CC


Responsabilidade civil independente de culpa baseada no risco, buscando reparar o dano independente da
culpa. Teoria do risco: compreende que se alguém exerce uma atividade criadora de perigos especiais, deve
responder pelos danos que causar a outrem. Somente analisa a ação e o resultado.
→Adotada pela CF no art. 37, §6º e no CDC.

Será adotada a teoria do risco quando presentes 2 aspectos:

1. Casos especificados em lei;


2. Atividade a implicar danos a outrem
5.1. Modalidades de teoria do risco
I. Risco Proveito III. Risco Excepcional
Responsabilidade civil daquele que tira proveito de Reparação é devida sempre que o dano for
atividade danosa CDC. Se tirar lucro, e se causar consequência de um risco excepcional, que atinge
dano, é obrigado a indenizar. atividade comum da vítima.
II. Risco Profissional IV. Risco Criado
Onde o dever de indenizar decorre da atividade ou Aquele que em razão e sua atividade profissional cria
profissão do lesado. Porque o empregador é um perigo, estando assim a reparar o dano que
responsável pelo empregado de forma objetiva. causar, salvo prova de haver obedecido a todas as
Súmula 229 STF. Também, funda-se no pressuposto medias idôneas a lutá-lo.
de que o banco, ao exercer a sua atividade com fins V. Risco Integral
de lucro, assume o risco dos danos que vier a causar. Dever de indenizar surge tão somente em face do
A responsabilidade deve recair sobre aquele que ato. Modalidade estremada da teoria do risco, o
aufere os cômodos (lucros) da atividade, segundo o agente se obriga indenizar até quando inexiste nexo
basilar princípio da teoria objetiva. causal, ainda que oriundo de culpa exclusiva da
Súmula 229: A indenização acidentária não exclui vítima. Caso fortuito ou força maior, terá que
a do direito comum, em caso de dolo ou culpa reparar.
grave do empregador. Hipóteses de Risco Integral: I) Dano ambiental. Lei
6.938/81; II) DPVAT- seguro obrigatório. Lei 8.441,
art. 5º; III) Dano nuclear. Art. 21, VVIII, “d” CF; Lei
6.453/77, art. 8º.
➔ Ato iícito: 186 CC
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
➔ Responsabilidade Civil Objetiva (Teoria do Risco)

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➔ Ato ilícito – Art. 187 CC: Quando excede direito e acaba gerando dano a outrem.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

6. IMPUTABILIDADE
O artigo 186 do CC pressupõe o elemento da imputabilidade, ou seja, a existência, no agente, de livre
determinação de vontade. TEORIA DA IRRESPONSABILIDADE ABSOLUTA DO INCAPAZ.
Para que alguém pratique ato ilícito e seja obrigado a reparar o lesado, é necessário capacidade de
discernimento.
Para teoria clássica, o incapaz, sendo inimputável, não é responsável civilmente art. 932 e 933 CC.
➔ Caso fortuito: vítima iressarcida à teoria da irresponsabilidade absoluta do incapaz.

O código de 2002 substitui a teoria da irresponsabilidade absoluta do incapaz pela teoria da


responsabilidade mitigada e subsidiária. Art. 928 CC.

 Se o responsável civil pelo incapaz não tiver condições de pagar/ressarcir o incapaz poderá responder com
seus bens.
 Por essa teoria, se a vítima não consegue receber a indenização dos responsáveis civilmente, o juiz poderá
condenar o incapaz de pagar, caso tenha bens;
 A lei 13.146/15 (Estatuto da pessoa com deficiência) modificar o art. 3º do Código Civil. Então não se fala
mais em incapacidade relativa.

7. ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE
7.1. Responsabilidade Civil X Responsabilidade Penal
Quando ocorre uma colisão de veículos, por exemplo, o fato pode acarretar a responsabilidade civil do
culpado, que será obrigado a pagar as despesas com o conserto do outro veículo e todos os danos causados.
Mas poderá acarretar, também, a sua responsabilidade penal, se causou ferimentos em alguém e se se
configurou o crime do art. 129, § 6º, ou o do art. 121, § 3º, do Código Penal. Isto significa que uma ação, ou
uma omissão, pode acarretar a responsabilidade civil do agente, ou apenas a responsabilidade penal, ou
ambas as responsabilidades.
➔ A ilicitude poderá ser civil, penal e ambas.
Responsabilidade Penal Responsabilidade Civil
I. O agente infringe norma de Direito I. O interesse do lesado é privado; “Ação
Público, o lesado é a sociedade; indenizatória”
II. A responsabilidade é pessoal, responde o II. A responsabilidade é patrimonial, o
réu à privação de sua liberdade; patrimônio do devedor responde por
III. A responsabilidade e intrasferível; suas obrigações;
IV. A tipicidade é requisito do crime; III. Há várias hipóteses de responsabilidade
V. A culpabilidade é restrita, nem toda culpa de terceiros;
acarreta em condenação; IV. Qualquer ação ou omissão pode gerar
VI. Os menores de 18 anos estão sujeitos responsabilidade;
apenas as medias de proteção V. A culpa, ainda que levíssima, obriga a
socioeducativa. indenizar;
VI. O art. 928 CC autoriza a cobrança de
menores de 18 anos;
O ato ilícito pode interessar ao Direito Civil e ao Direito Penal. De regra a ação civil independe da penal, pois
são independentes (art. 935 CC), essa independência não é absoluta, e sim relativa, pois em alguns casos a
justiça penal pode influenciar a civil (nunca a decisão civil influencia a penal).
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo
criminal.
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7.2. Responsabilidade Objetiva X Responsabilidade Subjetiva
Responsabilidade Subjetiva
A culpa é o fundamento de responsabilidade (TEORIA DA CULPA). Não havendo culpa, não há
responsabilidade. A prova da culpa do agente é pressuposto necessário do dano indenizável. Regra do CC: é
a regra geral pela qual o agente só é responsável pelo dano se agiu com culpa. Podendo haver compensação
na esfera cível quando ambas as partes têm culpa pelo acidente.
Responsabilidade Objetiva
Independe de culpa, se satisfaz apenas com o dano e o nexo de causalidade. A responsabilidade objetiva
precisa estar: prescrita em lei; pela atividade desenvolvida.
Artigos e leis específicos da responsabilidade objetiva:
• Art. 936 CC
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima
ou força maior.
• Art. 937 CC
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
• Art. 938 CC
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele
caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
• Art. 939/940 CC
Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o
permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros
correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias
recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro
do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. R.O.
• Lei acidente de trabalho CDC
O empregador é responsável pelos acidentes do trabalhador em labor. Sendo assim, é responsabilidade
objetiva.
* Art. 12/14/18 CDC
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua utilização e riscos. Prova
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Prova R.O.
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se
destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações
decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. Prova
Erro na embalagem, erro na manipulação, erro na bula, erro na rotulação→ R.O.
7.3. Responsabilidade Contratual X Responsabilidade Extracontratual
Ambos os tipos de responsabilidade estão consubstanciados pela violação de um dever jurídico. Na
responsabilidade extracontratual existe violação de um dever jurídico genérico, já na responsabilidade
contratual há violação de um dever jurídico específico.
Responsabilidade contratual – art. 389 CC
Há infringência de um dever jurídico específico, previsto em cláusula contratual; ocorre violação de um dever
relativo, que é estabelecido por uma prestação. A responsabilidade nasce de um contrato e é baseada no
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incumprimento de um dever obrigacional. Pressupõe inadimplemento de uma obrigação assinada.
Pressupõe o inadimplemento de uma obrigação assumida.
Uma pessoa pode causar prejuízo a outrem por descumprir uma obrigação contratual. Por exemplo: quem
toma um ônibus tacitamente celebra um contrato, chamado contrato de adesão, com a empresa de
transporte. Esta, implicitamente, assume a obrigação de conduzir o passageiro ao seu destino, são e salvo.
Se, no trajeto, ocorre um acidente e o passageiro fica ferido, dá-se o inadimplemento contratual, que
acarreta a responsabilidade de indenizar as perdas e danos, nos termos do art. 389 do Código Civil.

O incumprimento de um dever obrigacional pode ser por:


1. Inadimplemento absoluto: quando nada do contrato é Dar; Fazer ou
cumprido. Não fazer;
2. Mora (tempo, lugar, forma): quando se erra o tempo de
cumprimento, o lugar do cumprimento ou quanto a forma de
cumprimento. A mora é um descumprimento relativo e não Prestação
absoluto.
3. Violação positiva de contrato: o contrato é cumprido de forma Credor Devedor
diferente do que foi combinado.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.

Responsabilidade extracontratual
Existe violação de um dever genérico. Não há vinculo preexistente entre as partes, o vínculo se cria a partir
do ato, da conduta, do momento do ato. A responsabilidade provem de uma infração a lei ou a princípio
geral do direito. Por exemplo, um atropelamento, o autor da ação é que fica com o ônus de provar que o
fato se deu por culpa do agente (motorista). A vítima tem maiores probabilidades de obter a condenação do
agente ao pagamento da indenização quando a sua responsabilidade deriva do descumprimento do
contrato, ou seja, quando a responsabilidade é contratual, porque não precisa provar a culpa. Basta provar
que o contrato não foi cumprido e, em consequência, houve o dano.

CONTRATUAL EXTRACONTRATUAL
1. Violação de dever jurídico 1. Violação de dever jurídico
específico. genérico.
2. Vínculo jurídico preexistente. Está 2. Inexistência de vínculo prévio.
ligado a contrato/obrigação que já
existia.
3. Infração ou não cumprimento de 3. Infração ou não cumprimento a lei
prestação assumida. ou princípio geral do direito.
4. Inadimplemento contratual, 4. Ato ilícito – imputação delitual.
imputação obrigacional.
5. Culpa presumida, inversão do 5. A culpa do dever tem que ser
ônus da prova (Art. 393 CC). privada pelo credor. Culpa deve
ser comprovada.

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7.4. Pressupostos da Responsabilidade Extracontratual
1. CONDUTA:
Ato voluntário | comportamento humano. A conduta é ato ou fato capaz de gerar o dever de indenizar.
Conduta pode ser exteriorizada por ação ou omissão. A omissão somente pode produz efeitos jurídicos se
existir obrigação de agir A caracterização da conduta como responsabilidade civil se dá com a análise do
resultado produzido pela conduta, ou seja, se a conduta gerou resultado danoso. A conduta não precisa ser
intencional; o agente não precisa ter capacidade de exercício do direito (art. 934).

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por
quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.

→Em regra, a imputação recai em razão de sua própria conduta (lato próprio).

A obrigação de indenizar em virtude de conduta, ocorre em 4 situações


I. Resp. por ato próprio;
II. Resp. por ato de terceiro;
III. Resp. de danos causados por quem esteja com a guarda do agente;
IV. Resp. de danos causados por animal que esteja sobre a guarda do agente.

2. CULPA
Juízo de censura sobre o comportamento do agente.
A aferição de culpa se faz comparando o comportamento do agente e a do homem médio.
Lato Sensu Dolo
2.1. A culpa pode ser:
* “In cometendo”: resulta ação do agente; CULPA Negligência
* “In omitindo”: resulta omissão do agente;
* “In vigilando”: falta de vigilância sobre alguém; Strictu Sensu Imprudência
* “In eligendo”: culpa na escolha de alguém;
Imperícia
* “In custodiando”: falta de cuidado em guardar coisas ou animais.

Caracterização da culpa: PREVISIBILIDADE e EVITABILIDADE


Previsibilidade possível de ser constatada mediante utilização de grau de diligência;
Evitabilidade possível de não se realizar em sendo adotado comportamento diligente no caso concreto.

2.2. Para a caracterização da culpa strictu sensu, extrai-se os seguintes elementos:


I. Conduta voluntária com resultado involuntário: Na culpa não existe intenção de resultado.
II. Previsão ou Previsibilidade: embora voluntário, o resultado deve ser previsto, mentalmente
antevisto, pelo menos possível de previsão.
III. Falta de cuidado, cautela ou diligência: violação ou dever objetivo de cuidado por parte do
agente.

2.3. Divisões de culpa – Graus de culpa


I. Culpa Lata ou grave: é decorrente da imprudência ou negligência grosseira, aproxima-se do dolo.
Quando qualquer pessoa, ainda que abaixo da média, teria comportamento diferente. Ex.:
atravessar sinal vermelho.
II. Culpa leve: aquela na qual o homem médio teria comportamento diferente. Ex.: Atravessar sinal
amarelo.
III. Culpa levíssima: Aquela no qual só um homem de extrema cautela teria evitado, seria alguém de
extremo cuidado.
Doutrina preocupa-se em diferentes graus de culpa. Art. 944, §ú.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
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Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz
reduzir, equitativamente, a indenização. Prova

No âmbito da responsabilidade civil extracontratual, ainda que a culpa seja levíssima, há obrigação de
indenizar integralmente o dano.
Assim, o valor da indenização, em regra, é o mesmo seja o dano causado por dolo ou culpa.

* A culpa concorrente atenua a responsabilidade civil do agente.


CULPA CONCORRENTE – art. 945 CC: Ocorre culpa concorrente quando o agente e vítima, concomitamente,
colaboram para o resultado lesivo, implicando na redução proporcional do “quantum” indenizatório. Na
jurisprudência a redução costuma ser feita na metade do valor, nos casos que seja possível avaliar grau de
culpa de cada agente. Se a culpa for exclusiva da vítima não indeniza.

Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Prova

3. NEXO CAUSAL:
Relação causa e feito entre a conduta ilícita do agente e dano reportado pela vítima.

4. DANO (lesão ao bem jurídico tutelado):


Ilicitude: violação as regras do ordenamento jurídico.

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➔ Teoria do dano p. 449 tartuce | Concausa
7.5. Classificação

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