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1.

Reconhecimento da pessoa e direitos da personalidade

 O Direito só pode ser compreendido como destinatário os seres humanos em


convivência.

Desencadeia um conjunto de relações jurídicas entre as pessoas.

Poderes (direitos) Deveres Jurídicos

 O que é ser pessoa?


R:
Ser pessoa é ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações. Não há
coincidência entre a noção de pessoa (sujeito do direito) e a noção de
ser humano.

Pode não ser pessoa no sentido técnico jurídico (escravatura)

Pessoas jurídicas ou coletivas não são seres humanos

 Personalidade jurídica, o que é?


R:
Personalidade jurídica é um estatuto ligado à própria dignidade do ser humano,
deste modo, é reconhecida a todo o ser humano a partir do seu nascimento
completo e com vida. Art.66 nº1 CC

 Direitos absolutos

São os chamados Direitos de Personalidade Art.70º e segs.

Incidem sobre:
- a sua vida; São IRRENUNCIAVEIS
- a sua saúde física; Art.81º
- a sua integridade;
- a sua honra;
- a sua liberdade física e psicológica;
- o seu nome;
- a sua imagem;
- a sua reserva sobre a intimidade da sua vida privada;

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2. Liberdade Contratual
Art.405

 Os atos jurídicos produzidos por força da manifestação de uma vontade ou


coincidência com o conteúdo da declaração propriamente dita designam-se po
negócios jurídicos.

Manifestação claro do princípio da autonomia da vontade subjacente a todo o


direito privado.

Poder reconhecido às pessoas de autogoverno da sua


esfera jurídica (Auto governamentação dos seus interesses).

 O dever de indemnizar resulta da responsabilidade civil, não se constitui por


força de uma declaração de vontade do autor do dano. No entanto, uma vez
constituída a obrigação de indemnizar surge, de novo, a autonomia da vontade
na medida em que as partes, podem até em alguns casos serem
convencionadas a esse respeito o que julgam apropriado.

 Classificação dos negócios jurídicos enquanto meio de manifestação da


autonomia privada:

a) Negócios Jurídicos Unilaterais

Uma só declaração de vontade (ou mais do que uma), mas no mesmo


sentido (ex.: testamentos e procuração)

b) Negócios Jurídicos Bilaterais ou Contrato

Duas ou mais declarações de vontade contrárias entre si (ex.: compra e


venda, arrendamento, aluguer, trabalho...)

 O princípio da liberdade contratual refere-se aos contratos Art.405

Compreende-se:

a) Liberdade de celebração de contratos- faculdade de realizar, livremente,


contratos ou recusar a sua celebração;

Restrições a esta liberdade:

1) Consagração de um dever jurídico de contratar (ex.: a obrigação de


celebrar um contrato de seguro de responsabilidade civil automóvel que
impende sobre os proprietários dos veículos);

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2) Proibição de celebração de contratos com determinadas pessoas- casos
do Art.877º e art.95º;

3) Sujeição do contrato a autorização de outrem- Arts.1682º;a);b) e c);

b) Liberdade de modelação de conteúdo contratual- faculdade conferida aos


contraentes de fixarem livremente o conteúdo dos contratos previstos no
CC, com ou sem adiamentos ou estipulando contratos de conteúdo diverso
dos que a lei disciplina.

Segundo esta liberdade, as partes podem:

1) Realizar contratos com as características dos previstos e regulados na lei


(contratos típicos);

2) Celebrar contratos típicos, acrescentando-lhes as clausulas que


entenderem (podem ou não, ser parte de outros contratos típicos);

3) Celebrar contratos diferentes dos que estão previstos na lei (contratos


atípicos);

Restrições a esta liberdade:

a) O objeto do contrato tem de se submeter aos requisitos do


art.280º;
b) Os negócios jurídicos usurários são anuláveis, art.282º;
c) A conduta das partes deve pautar-se sempre pelo principio da
boa fé, Art.676º nº2;
d) Sujeição a normas imperativas (ex.: as que estabelecem os
prazos máximos e mínimos);

 A liberdade contratual vigora nos contratos obrigacionais.

Contratos cuja eficácia se situa no domínio das


obrigações em sentido técnico (direitos de crédito)

 Nos domínios dos contratos com eficácia real:

Os contratos são aptos ou


idóneos a construir, transmitir,
modificar ou extinguir direitos reais

A liberdade contratual sofre importantes restrições

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 Nos contratos familiares só encontramos manifestação desta liberdade de
modelação (liberdade contratual) a propósito dos regimes de bens e mesmo aí
com inúmeras restrições.

3. Responsabilidade Civil

Consiste na necessidade imposta por lei a quem causa prejuízos a outrem de


colocar o ofendido na situação em que estaria sem a lesão- Art.483º e 562º

 A reconstituição da situação e que o lesado estaria sem a infração deve ter


lugar, preferencialmente, através da reconstituição natural- Art.566º nº1

 Quando a reconstituição natural não é possível, for insuficiente ou excessiva,


terá lugar a indemnização em dinheiro.

Consiste em:

a) Danos Patrimoniais- estão compreendidos o dano


imergente (prejuízo imediato sofrido pelo lesado e o
lucro cessante), ou seja, as vantagens que deixaram de
entrar no património do lesado em consequência da
lesão- Art.564º nº1;

b) Danos Não Patrimoniais (conhecidos como bem


morais- Art.496º nº1) – resultam da lesão de direitos
de estranhos ao património do lesado (integridade
física, honra, reputação, liberdade, saúde...),. Por não
ser possível atribuir um “preço” a estes danos, fala-se
em compensação em vez de indemnização;

 Pressupostos da responsabilidade civil:

1) Existência de dano;
2) Ligação casual entre o facto gerador da responsabilidade civil e do
dano;
3) Ilicitude do facto- o facto jurídico é violador de direitos subjetivos ou
interesses alheios tutelados pelo direito;
4) Culpa- o facto ou ato praticado é passível de uma censura ético
jurídica;

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Culpa

Intenção de causar dano Omissão dos deveres de


(DOLO) cuidado, diligencia ou
perícia exigíveis para evitar o
dano
(Negligencia ou Mera Culpa)

 Ao lado da responsabilidade civil existe a responsabilidade criminal.

Responsabilidade civil contratual e extracontratual

 Responsabilidade civil contratual- tem origem na violação de um direito de


crédito e o devedor é responsável para com o credor pelo não cumprimento da
obrigação;

 Responsabilidade civil extracontratual (aquiliana ou delitual)- resulta da


violação de um dever geral de abstenção contraposto a um direito absoluto
(direito de personalidade e direito real);

4. Concessão da personalidade jurídica a pessoas coletivas

 Pessoas coletivas- são coletividades de pessoas ou complexos


patrimoniais organizados, com vista de um fim comum ou coletivo, a
que o ordenamento jurídico atribui a qualidade de sujeitos de direitos
e obrigações;

 Pessoas jurídicas- ornam-se centros de uma esfera jurídica própria


autónoma em relação do conjunto de direitos e deveres próprios;
- Possuem património próprio, separado do das pessoas
singulares;
- São titulares de direitos e destinatários de deveres
jurídicos;

Modalidades de pessoas coletivas:

 Associações- são coletividades de pessoas que não têm por fim o


lucro económico dos associados;

 Fundações- são complexos patrimoniais ou massas de bens afetados


por uma liberdade. Entre as sociedades, ganham especial relevo as
sociedades comerciais e, dentro destas, as mais importantes são as
sociedades por quotas e as sociedades anonimas;

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5. A propriedade privada

 A detenção, o uso e a disposição das coisas permite ao homem satisfazer


necessidades fundamentais ou secundárias;

 Encontramos no direito uma variada gama de apropriação, uso e domínio dos


bens pelo homem;

Classificação tripartida do poder

Jus utendi Jus Fruendi Jus Abutendi

Usar Fruir Dispor

Modelo da propriedade individual privada

 O direito de propriedade privada é garantido a todos- Art.62º nº1 CRP;

 O direito de propriedade não está definido no CC mas, segundo o art.1305º :

O proprietário goza de modo pleno e exclusivo dos direitos de uso, fruição


e disposição das coisas que lhe pertencem dentro dos limites da lei e com a
observância das restrições por ela impostas.

Abuso de direito- Art.334º

 Características do direito de propriedade em sentido jurídico:

1) O seu titular tem em princípio todos os poderes (não quer mais usar,
fruir e dispor;
2) É elástico- é dotado de uma força expansiva;
3) É de natureza perpetua, o que implica não poder extinguir-se pelo não
uso;

 O direito de propriedade é o direito real pleno

Surgem-nos os chamados direitos reais limitados

Não dispõem das 3


faculdades acima referidas

 Os direitos reais limitados não conferem ao seu titular a plenitude dos poderes
sobre uma coisa, conferem apenas a possibilidade de exercer certos poderes
sobre uma coisa;

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Dentro dos direitos reais limitados há que distinguir:

1) Direitos reais de gozo- conferem um poder de utilização total ou


parcial de uma coisa;
a) Usufruto- Art.1439º;
b) Uso e habitação- Art.1484º;
c) Direito de superfície- Art.1524º;
d) Servidões prediais- Art.1543º;

2) Direitos reais de garantia- conferem ao seu titular um poder pelo


valor de certa coisa ou pelo valor dos rendimentos de certa coisa
obter um credor;
a) Penhor- Art.666º;
b) Hipoteca- Art.686º;
c) Privilégios creditórios- Art.738º e 748º;
d) Direito de retenção- Art.754º;
e) Consignação de rendimentos- Art.656º;

São acessórios dos direitos de crédito. Quer isto dizer que, se


extinguindo o direito de crédito, extingue-se o direito real.

3) Direitos reais de aquisição- conferem ao seu titular a possibilidade de


se apropriar de uma coisa.
O mais relevante direito real de aquisição é o direito real de
preferência- Art.1117º, 1409º e 1555º;

6. A Família

 O direito da família caracteriza-se por um acentuado predomínio de normas


imperativas e pelo princípio da tipicidade das relações jurídicas familiares.

A nossa CRP, contém normas das quais decorrem:


a) Direito à celebração do casamento- Art.36º nº1;
b) Direito à constituição da família- Art.36º nº1;
c) Competência da lei civil para regular os efeitos de celebração e da
dissolução do casamento- Art.36º nº2;
d) Admissibilidade do divórcio- Art.36º nº2;
e) Igualdade dos cônjuges quanto à capacidade civil e educação dos
filhos- Art.36º nº3;
f) Não discriminação dos filhos nascidos no casamento e fora dele-
Art.36ºNº4;
g) Responsabilidade parental- Art.36º nº5;
h) Reconhecimento e proteção da maternidade- Art.68;
i) Proteção da infância- Art.69;
j) Reconhecimento da constituição de família e sua proteção- Art.67

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 O CC dedica o livro 4º ao direito da família;

 Segundo o art.1576º, família é o conjunto das pessoas unidas por vínculos


emergentes do casamento, do parentesco, da afinidade e da adoção;

 A noção de casamento é-nos apresentada no Art.1577º

Desapareceram 2 características:
a) Perpetuidade do casamento;
b) Diferenciação de género/sexo;

 O casamento (civil ou católico) dissolve-se por morte ou por divorcio;

Pode ser:
a) Por mútuo consentimento;
b) Sem consentimento de 1 dos
cônjuges;

Art.1773º

 Sem dissolver o casamento, duas circunstâncias podem determinar uma


modificação do vínculo matrimonial

Simples separação Separação por mútuo


judicial de bens e da OU consentimento de pessoas
separação judicial e bens

O casa com N

A casa com B

L casa com C D E F casa com G

M I H

J P

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 Parentesco- Art.1578º

Vínculo jurídico entre 2 pessoas


- Se uma delas descender da outra- parentesco na linha reta;
- Se ambas procederem de um progenitor comum- parentesco
na linha colateral;

 Afinidade- Art.1584º

Vínculo jurídico que liga cada um dos cônjuges aos parentes do outro;

 Adoção

Vínculo jurídico que se estabelece entre 2 pessoas do qual resulta o parentesco


legal por oposição ao parentesco natural;

GRAUS DE PARENTESCO- ECLUI-SE SEMPRE O PROGENITOR COMUM

7. Fenómeno Sucessório

 A sucessão consiste no chamamento de uma ou mais pessoas à titularidade das


relações patrimoniais de uma pessoa falecida e a consequente devolução dos
bens e direitos que a esta pertenciam;

 Direito à transmissão dos bens por morte- Art.62º nº1 CRP;

 O Art.2024 CC, prevê:

a) Sucessão legitimaria- impõe a devolução de parte dos bens a certas


pessoas caso existam mesmo contra a vontade do autor da sucessão-
Art.2156 e segs;

b) Sucessão legitima- consiste no chamamento dos herdeiros legítimos


pelo facto de o autor da sucessão não ter disposto valida e eficazmente
da sua cota disponível- Art.2131 e segs;

Fazem parte da sucessão legal

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 A par da sucessão legal, a lei prevê ainda duas espécies de sucessão voluntária,
são elas:

a) Sucessão testamentária- consiste no chamamento à sucessão dos


herdeiros ou legatários assim indicados pelo autor da sucessão no
testamento;

b) Sucessão contratual- é admitida com caracter excecional e a


propósito das doações por morte, feitas em convenções
antenupciais;

Só produzem efeito depois da morte do doador

Formas comuns:
-Testamento público- Art.2205º;
- Testamento cerrado- Art.2206º;

Testamento Formas especiais:


- Testamento militar- Art.2210º;
- Testamento a bordo de navio- Art.2214º;
-Testamento a bordo de aeronave- Art.2219º;
- Testamento em caso de calamidade publica- Art.2220º;

 Sucessores testamentários podem ser:

a) Herdeiros testamentários- se sucederem na totalidade ou numa quota


parte indeterminada do património do autor da sucessão;

b) Legatários- se sucederem em bens ou valores determinados;

Teoria geral da Relação Jurídica

 O que é Relação Jurídica?


R:
É a relação da vida social disciplinada pelo direito mediante a atribuição a
uma pessoa de um direito subjetivo e a imposição a outrem do correspondente dever
jurídico ou até a um estado de sujeição.

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Distinção entre relação jurídica abstrata e relação jurídica concreta:

a) Relação jurídica abstrata- quando nos referimos a um modelo contido na


lei;
Ex: dever que o inquilino tem de pagar a renda ao senhorio

b) Relação jurídica concreta- quando nos referimos a uma relação jurídica


existente na realidade entre pessoas determinadas e sobre um concreto
objeto;
Ex: o senhorio A, pode exigir ao inquilino B, a renda de 500€ pelo
arrendamento do prédio X

 Direito Subjetivo

 O titular é o sujeito ativo da relação jurídica;

 Pode definir-se como o poder jurídico de livremente exigir ou pretender de


outrem um comportamento positivo ou negativo; ou de, por um ato livre
vontade só por si ou integrado por um ato de autoridade pública, produzir
determinados efeitos que se impõem ao sujeito passivo desta relação jurídica;

 Direitos potestativos

Poder jurídico de, por um ato livre de vontade ou integrado por uma decisão
judicial, produzir efeitos jurídicos que inelutavelmente se impõem ao sujeito passivo
dessa relação jurídica.
É por causa deste diferente tratamento que se diz que o sujeito passivo não
tem apenas um dever jurídico, mas, mais do que isso, está num estado de sujeição:
a) Servidão de passagem- Art.1550º;
b) Comunhão forçada a favor do proprietário confinante com muro alheio-
art.370º;
c) Direito de preferência- Art.1409º;
d) Revogação do mandato- Art.1170º;

 Ao direito subjetivo, contrapõem-se o dever jurídico

Consiste na necessidade de adotar um


comportamento por ação ou por omissão a que tem
direito esse titular ativo da relação jurídica

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 Qualquer relação jurídica relativa ao direito civil tem 4 elementos, são eles:
a) Sujeitos;
b) Objetos;
c) Facto jurídico;
d) Garantia;

 Sujeitos da relação jurídica

São as pessoas singulares ou coletivas entre as quais se estabelece o


vínculo jurídico respetivo

 Objeto da relação jurídica

É aquilo (coisa ou direito), sobre que incidem os poderes do titular ativo da


relação jurídica

 Facto jurídico

1) É todo o ato humano ou evento natural produtivo de efeitos jurídicos;


2) Condição da existência da própria relação jurídica;
3) Elemento de maior importância da relação jurídica;

 Garantia

Conjunto de providências coercitivas colocadas à disposição do titular ativo da


relação jurídica com o propósito

 Está excluído por exigência de defesa da paz social, o recurso à força própria
para obter a satisfação dos direitos;

 Para a efetiva tutela de um direito, o seu titular deve requerer juntos dos
tribunais a providencia adequada intentando o que é comum designar-se por
ação judicial;

 A autodefesa dos direitos pode ser ilícita como são os casos da:
a) Ação direta- Art.366º;
b) Legitima defesa- Art.337º;

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Teoria Geral dos Sujeitos da Relação Jurídica

 O que são sujeitos de direito ou titulares de relações jurídicas?


R:
São pessoas singulares ou coletivas, suscetíveis de serem titulares de direitos e
obrigações.

 O que é preciso para ser sujeito de direitos e obrigações?


R:
Tem de se ter adquirido personalidade jurídica, quer se trate de pessoa singular
(ou física), ou pessoa coletiva (ou jurídica).

Encontramos a capacidade de exercício que:


a) É a idoneidade para atuar juridicamente
exercendo direitos;
b) Assumindo obrigações por ato próprio e
exclusivo;
c) Mediante representante voluntario;

 A capacidade de exercício é reconhecida aos indivíduos que atinjam:


a) A maioridade- Art.123º;
b) Se emancipam- Art.130º;

 O art.67º, apresenta-nos um outro tipo de capacidade conhecida como


capacidade de gozo de direitos

Está associada à legalidade

Pessoas singulares

 Para além do que decorre no art.66º nº1 (norma que nos indica o modo de
surgimento da personalidade jurídica), a lei permite que se celebrem alguns
negócios jurídicos com nascituros ou até com concepturos;

 Nascituros- são aqueles que já foram concebidos, não importa como, mas
ainda não nasceu;

 Concepturos- são sujeitos que ainda nem concebidos foram;

O nº2 do art.66º, estabelece que os direitos reconhecidos por lei aos nascituros e
aos concepturos, dependem do seu nascimento. Até lá falamos de direitos s/sujeitos

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Nasce- Art.66º nº1;
Personalidade Jurídica
Finda- Art.68º

A personalidade jurídica sessa no momento da morte e


aí perde os direitos e deveres da sua esfera jurídica,
extinguindo-se os de natureza pessoal e transmitindo-se
os de natureza patrimonial aos seus sucessores

Presunção de Comoriência

 O nº2 do art.68º, consagra a chamada presunção da comoriência

Presunção de mortes simultâneas

É ilidível como são, genericamente, as


presunções legais

 Exemplo:
Um casal tem 2 filhos, A e B. Num acidente de viação morre o casal
e o filho A. se considerarmos as mortes simultâneas do casal e do filho A, na totalidade
da herança dos pais sucede o filho B. Se se considerar apenas simultâneas as mortes
dos pais provando-se que o filho A morreu algumas horas depois dos pais, a herança é
dividida pelos filhos A e B, passando, entretanto, a quota de A para o seu avô ainda
vivo.

A simultaneidade do óbito só pode resultar duma manifesta e pouco vulgar


coincidência, mas atestada pela respetiva autoridade ou resultar na impossibilidade de
demonstrar que essa simultaneidade não ocorreu.

 Desaparecimento da pessoa- pode por termo à personalidade jurídica

Quando disser respeito ao que se prevê no nº3 do art.68, estaremos


a falar em presunção de morte

Desaparecimento de uma pessoa nas circunstâncias a que se refere aquele


normativo por não se encontrar ou não ser possível identificar o cadáver

Carece de decisão judicial para o efeito

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 A propósito das pessoas singulares, é ainda razoável falar-se nos
chamados direitos de personalidade- art.70º e segs

a) Direitos reais- na medida em que todos os têm;

b) Extrapatrimoniais- não dizem respeito a coisa ou


coisas, embora sejam suscetíveis de avaliação
pecuniária em caso de violação e são direitos
também tidos por absolutos enquanto se impõem a
todos;

 Violação de alguns desses direitos

Constitui um ilícito de natureza civil ou até criminal

 Responsabilidade civil do infrator- art.70º nº2

 Direito à reserva sobre a intimidade da vida privada- Art.80º;

 Direito ao nome- Art.72º;

 Direito ao pseudónimo- Art.74º;

 Incapacidade geral de exercício de direitos

A lei prevê o mecanismo da representação legal; encontramos no


CC menções feitas por exemplo, ao tutor ou aos progenitores quando em causa
estejam menores ou ao representante legal que for designado pelo tribunal quando
em causa esteja um maior que careça de acompanhamento (regime do maior
acompanhado)

Veio substituir os regimes da


Interdição e da inabilitação

 Como manifestações de incapacidade de exercÍcio, encontramos no


CC:
a) Menoridade; Mais amplas e transversais
b) Maior acompanhado;

c) Incapacidades conjugais;
d) Incapacidade acidental; Muito circunstanciais

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 O art.123º aborda a questão da incapacidade geral do exercício dos
menores

Enquanto não completar 18 anos ou não contrair matrimonio, o


menor não tem capacidade de exercício e os negócios jurídicos por
si celebrados, sem ter para tal capacidade de exercício, são
anuláveis nos termos do art.125º

 Exceções a esta incapacidade:

a) O art.127º prevê que um menor de 16 anos possa celebrar


negócios jurídicos utilizando, para tal, dinheiro por si
adquirido no exercício dessa profissão;

b) Podem praticar atos de administração ou disposição dos


bens que tenham adquirido pelo seu trabalho- Art.127º a);

c) Realizar os negócios jurídicos- Art.127 b) e c);

d) Contrair casamento desde que tenham já completado 16


anos de idade;

e) Perfilhar desde que também tenham, pelo menos, 16 anos;

 Esta incapacidade geral de exercício de direitos por parte de


menores, termina quando:
a) Quando se completa 18 anos de idade;
b) Quando for emancipado por via do casamento;

 O casamento para maiores de 16, determina o fim da incapacidade


de exercício da menoridade. É preciso ter em conta o disposto no
art.1649- para os casos em que o casamento tenha ocorrido sem
autorização ou suprimento da falta de autorização para casar;

 Apesar das diferenças técnicas e da nomenclatura serem de variada


ordem, a questão em apreço para a nossa matéria é em tudo
semelhante;
Quer isto dizer que,

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Estaremos perante alguém que, apesar de maior de idade,
foi qualificado por um tribunal como carecendo de outrem para a gestão da sua pessoa
e dos seus bens

 Encontramos 2 expressões para quererem dizer o mesmo:


- Incapacidades conjugais;
- Ilegalidades conjugais;

Não se trata de alguém que não possa por si só gerir a sua pessoa
e o seu património, mas sim falamos de restrições à livre atuação jurídica derivadas do
casamento e que têm o objetivo de proteger os interesses do outro cônjuge e da
família;

 Regras para a administração dos bens do casal:


a) Cada um deles administra os seus bens próprios- Art.1678ºnº1;
b) A administração dos bens comuns pretende a ambos- Art.1678ºnº3
2ª parte;

 No Art.1678º

Encontramos um conjunto de exceções, quer à exigência da administração


conjunta, quer ao facto de o outro cônjuge possa praticar administração ordinária ou
extraordinária em relação aos bens próprios do outro.

- nº2;
- 1ªparte do nº3;

 Para além da administração do património do casal, existe ainda manifestações


de incapacidade conjugal ou ilegitimidade conjugal, a propósito dos art.1682º e
1682º a)

A lei impõe a necessidade do consentimento conjugal quanto à alienação,


oneração e a constituição de direitos pessoais de gozo sobre imoveis próprios ou
comuns

Exceção- quando vigore o regime de separação de bens e mesmo nesses casos o


consentimento é igualmente exigível se o imóvel em causa for a casa de
morada de família

 Dispõe o art.1684

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Esse consentimento deve ser especial para cada ato e está sujeito à
forma exigida para a procuração e pode ser judicialmente suprido quando essa falta de
consentimento for injustamente recusada por parte do outro cônjuge

 Os negócios jurídicos celebrados sem o consentimento do outro cônjuge, são,


em regra anuláveis- Art.1687º- mas pode dar-se o caso da aplicação adaptada
no art.892º quando em causa, se qualificar como venda de coisa alheia;

 A propósito da incapacidade de exercício, é necessário abordar a matéria


tratada no art.257º

É conhecida como incapacidade acidental ou incapacidade transitória

Abrange todos os casos em que a declaração


negocial é feita por quem, devido a qualquer causa (embriagues, estado hipnótico,
intoxicação, delírio, ira...), estiver transitoriamente incapacitado de representar o
sentido da declaração negocial ou não tiver o livre exercício da sua vontade

 O art.287º é aplicável no caso e, como tal, os negócios jurídicos celebrados por


quem esteja acidentalmente incapaz são anuláveis desde que se verifiquem os
pressupostos indicados no art.257º;

 Ainda que encontremos algumas semelhanças e um aspeto comum com a


presunção de morte e a com a morte declarada, a morte presumida prevista no
art.114º tem aspetos bem distintos da presunção de morte

É necessário que alguém não


de notícias à um determinado tempo
(em regra 10 anos) e dele não se conheça paradeiro.
- Quer isto dizer que certeza do óbito não há nem pode haver mas, para permitir que
se possam continuar as relações jurídicas por parte do outro cônjuge e da família do
desaparecido, pode ser relevante que um tribunal venha a declarar alguém como
morto;

Pessoas Coletivas

 São organizações constituídas por uma coletividade de pessoas ou por uma


massa de bens dirigidos para a realização de interesses comuns ou coletivos às
quais a ordem jurídica atribui personalidade jurídica;

 São 2 os elementos constitutivos das pessoas coletivas:

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a) Substrato;
b) Reconhecimento;

a) Substrato
- Elemento de facto;
- Conjunto de dados anteriores à existência da personalidade
jurídica;
- Conhecido como elemento material;

b) Reconhecimento
- Elemento de direito transformador de uma organização ao
ente num ente ou pessoa jurídica;
- Conhecido como elemento formal;

 O Substrato subdivide-se em vários elementos:

a) Elemento pessoal ou patrimonial- conjunto dos associados


quando nos referimos ao elemento pessoal e ao complexo de
bens quando nos referimos ao elemento patrimonial;

b) Elemento teológico- fim ou causa determinante da formação da


coletividade social;

c) Elemento intencional- intenção de conseguir fazer “nascer” uma


nova pessoa jurídica distinta da pessoa dos associados;

d) Elemento organizatório- conjunto de preceitos ou regras


disciplinadoras das características e do funcionamento da pessoa
coletiva;

Tem na sua origem um negócio jurídico conhecido como


sendo ato da constituição:
- Associações- Art.167º;
- Contrato de sociedades nas sociedades- Art980º;
- Ato de instituição nas fundações- Art.186º;

 Reconhecimento normativo pode ser:

a) Incondicionado- se a ordem jurídica atribuir personalidade


jurídica sem exigências (este sistema não existe entre nós);

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b) Condicionado- quando a lei formula em geral a exigência de
determinados pressupostos ou requisitos que verificados
sejam.

- a lei automaticamente confere a personalidade jurídica

 Classificações doutrinais das pessoas coletivas:

1) Corporações- coletividades de pessoas que visam um fim próximo


dos associados e são governadas pela vontade deles;
- São auto-organizações para um interesse próprio;

2) Fundações- massas de bens instituídas por um ato unilateral do


fundador de afetação dessa massa de bens a um dado fim de
interesse social;

 Fundador- estabelece as normas disciplinadoras da vida e destino de


fundações;
 Fundações- visam um interesse diferente do das pessoas que dela fazem
parte sendo que os seus administradores devem adequar o seu
comportamento à vontade do fundador e ao fim por ele indicado;

3) Pessoas coletivas de direito publico- desfrutam em maior ou


menor extensão do chamado ius imperium, correspondendo-lhe
manifestações de poder publico

Decorre a possibilidade de, por via normativa


ou através de determinações concretas, imitir comandos
vinculativos executáveis, se necessário for, pela força

4) Pessoas coletivas de direito privado que são excluídas por


exclusão- todas aquelas que não têm nenhuma manifestação de
ius imperium

 Classificações legais para as pessoas coletivas:


a) Associações;
b) Fundações;
c) Sociedades;

Tipos legais de sociedades:

a) Sociedades em nome coletivo- caracterizam-se pela


responsabilidade pessoal, solidaria e ilimitada dos sócios

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perante os credores sociais depois de esgotado o património
social;

b) Sociedades anonimas- os sócios estão isentos de


responsabilidade pessoal pelas dividas da sociedade e os
credores sociais só podem fazer-se pagar pelos bens da
sociedade;

c) Sociedades em comandita- combinação entre a) e b) , na


medida em que nelas intervêm sócios que assumem
responsabilidade ilimitada e sócios que só arriscam o valor das
suas entradas no capital social;

Está dividido em frações, a cada uma das partes corresponde uma ação

d) Sociedades por quotas- os sócios também não respondem


(como nas anonimas) pelas dividas da sociedade;

e) Sociedades em nome individual- são adaptadamente aplicadas


as normas relativas às sociedades por quotas;

Teoria geral do objeto da relação jurídica

 O que é o objeto das relações jurídicas?


R:
É a coisa ou o direito sobre que incidem os poderes do titular ativo ou do
sujeito ativo

 É comum distinguir-se entre:


a) Objeto imediato;
b) Objeto mediato;

a) Objeto imediato- é o comportamento do devedor, isto é, o ato da entrega


da coisa;
b) Objeto mediato- é a própria coisa que deve ser entregue ao devedor;

 São possíveis os seguintes objetos mediatos das relações jurídicas:

1) As coisas a que se referem os art.202 e segs;

21
2) As pessoas;

3) Prestações nos direitos de crédito;

4) Coisas incorpóreas ou bens imateriais;

5) Direitos subjetivos;

 São as coisas as que mais vezes constituem o objeto das relações jurídicas,
importa apurar o sentido da noção de património;

Art.2030º nº1

Define herdeiro como aquele que sucede na


totalidade ou numa quota parte do património do
falecido.

 Fazem parte do património dos sujeitos, todas as relações jurídicas suscetíveis


de avaliação pecuniário;

 Na esfera jurídica de uma pessoa, existe normalmente um só património


porém, para além do seu próprio património pode haver o que se chama de
património autónomo ou separado;

É a herança que assegura o pagamento aos credores dela com os bens que
compõem o seu acervo

 Património coletivo- é o caso dos bens integrados na comunhão conjugal. O


património coletivo aqui pertence em bloco ou globalmente ao conjunto das
pessoas que dele fazem parte. Nenhuma dessas pessoas pode alienar uma
quota parte desse património ou requerer a sua divisão enquanto não terminar
a causa que justifica a existência desse património coletivo;

Por exemplo:
- Nenhum dos cônjuges pode exigir do outro, a divisão de bens comuns nem
tão pouco pode alienar a sua quota parte enquanto o casamento não se dissolver ou
for invalidado ou ainda enquanto não se verificar a simples separação judicial de bens
ou a separação judicial ou por mutuo consentimento de pessoas e bens.

 Ainda a propósito da noção de património

Podemos falar de compropriedade na qual existe uma comunhão por


quotas ideias, cada comproprietário é titular de uma quota ideal sobre todo e aqui, já
pode dispor dessa sua quota parte ou até mesmo exigir a sua divisão, arts.1408º e
1412º;

22
Teoria geral do Facto Jurídico

 O que é facto jurídico?


R:
Facto jurídico é todo o facto humano ou acontecimento natural
juridicamente relevante apto à produção de efeitos jurídicos

 Factos voluntários ou atos jurídicos são os que resultam da vontade dos


sujeitos, podendo ser:

a) Lícitos- se forem conformes à ordem jurídica ou por ela consentidos;


b) Ilícitos- se forem contrários à ordem jurídica e por ela reprovados
sendo que, a lei prevê uma sanção para o seu autor;

Atos jurídicos

Negócios jurídicos Simples atos jurídicos

Quando há uma ou mais Factos voluntários cujos efeitos


declarações de vontade a se produzem, mesmo que não
que o ordenamento jurídico tenham sido previstos pelos
atribui efeitos concordantes seus autores.
com o conteúdo da vontade
das partes; p.e: gestão de negócios
Art.484º e segs

 Factos jurídicos

23
Desencadeiam determinados efeitos quais sejam a aquisição, modificação ou
extinção de relações jurídicas.
Quer isto dizer:
Um direito é adquirido por um sujeito quando ele se tornar titular dele, isto é,
quando passar a fazer parte da sua esfera jurídica

Aquisição de direitos

a) Originária b) Derivada A + comum

c) Translativa d) Constitutiva e) Restritiva

a) Aquisição originária- o direito adquirido não depende da existência de um


direito anterior pois nele não se funda ou baseia;
Exemplo:
- Ocupação de coisas moveis- art.1318º e segs;
- Usucapião- art.1287º e segs;

b) Aquisição derivada- o direito adquirido tem como causa a existência de um


direito na titularidade de outra pessoa; deriva do facto de existir um direito na
esfera jurídica de outrem;

c) Aquisição derivada translativa- o direito adquirido é o mesmo que já se


encontrava na esfera jurídica da outra pessoa;

d) Aquisição derivada constitutiva- o direito adquirido baseia-se num direito mais


amplo do anterior titular;

 O princípio da aquisição derivada, segundo o qual, o direito adquirido depende


ou deriva do direito do outro sujeito, tem exceções:

a) Se A vendeu um prédio a B e depois o vendeu a C, ade


prevalecer em princípio o direito de C se o registar primeiro do
que B. É uma exceção porque, em bom rigor, o direito
adquirido por C, deriva do direito que B já tinha depois de A ter
vendido a coisa a si;

24
b) Os negócios simulados são nulos e, como tal, não produzem
quaisquer efeitos. Se alguém simuladamente adquire um
direito sobre uma coisa e a seguir a vender verdadeiramente a
outrem, o terceiro adquire dele o direito em causa apesar de
não estar na titularidade ou na esfera jurídica de quem lho
transmitiu;

c) No art.291º, estabelece-se um regime de inoponibilidade a


terceiros de boa fé adquirentes onerosamente de direitos nulos
ou anuláveis respeitantes a imoveis ou moveis sujeitos a
registo;
Exemplo:
- Se A transmitiu a B, por negocio nulo ou anulável um
determinado prédio e este o transmitiu sem invalidades a C, se for declarado nulo ou
anulado o primeiro negocio, o segundo também o será, mas apenas se a ação que
declarou a nulidade tiver sido proposta dentro dos 3 anos posteriores à conclusão do
negocio;

 Quanto à modificação de direitos:

Tem lugar quando for alterado algum elemento do conteúdo do


direito ainda que, permaneça a identidade desse direito, isto é, se mantenha a
característica essencial definidora desse direito;

Modificação

Subjetiva Objetiva

Quando há substituição Quando se altera o conteúdo


do respetivo titular ou o objeto do direito ainda
Exemplos: que permaneça a sua traça
- Sessão da posição contratual; definidora;
- Sessão de créditos;
- Sub-rogação de créditos;

 Extinção de direitos:

25
- Tem lugar quando um direito deixa de existir na esfera jurídica de
alguém;
- É subjetiva- se o direito sobreviver apenas mudando a pessoa do seu
titular;
- É objetiva- se o direito desaparecer da esfera jurídica do seu titular
quer para qualquer outra pessoa como acontece com os atos de destruição das coisas
ou do seu consumo;
 Formas particulares de extinção de direitos:
- Prescrição;
Se o titular de um direito, o não exercer durante um
- Caducidade; determinado periodo de tempo fixado na lei, extingue-se
Esse direito;

 De acordo com o art.298º nº2

Quando um direito deva ser exercido durante certo prazo,


aplicam-se as regras da caducidade salvo se a lei tratar a questão expressamente à luz
da prescrição;

 Diferenças entre prescrição (art.300º a 327º) e caducidade (art.328º a 333º):

a) Admitem-se estipulações convencionais sobre a caducidade


(art.333º). O mesmo já não acontece no regime da prescrição uma
vez que é inderrogável (art.300º);

b) Caducidade- é apreciada oficiosamente pelo tribunal (art.333º). A


prescrição tem de ser invocada (art.303º);

c) Caducidade- não compreende causas de suspensão nem de


interrupção (art.328º). Prescrição- suspende e interrompe nos
casos previstos na lei (art.318º e segs; art.323º e segs);

d) Caducidade- só é impedida pela prática do ato correspondente


(art.331º). Prescrição- é interrompida pela citação dando a
conhecer qualquer ato que a exprima direta ou indiretamente a
intenção de exercer o direito (art.323º);

- Estas diferenças resultam do facto de a prescrição se dirigir


fundamentalmente à realização de objetivos de convivência ou de oportunidade
enquanto que, na caducidade, a preocupação única é a da certeza e segurança
jurídicas.
- Prazo ordinário da prescrição
- 20 anos – art.309º;

26
- Prazos especiais
- art.310º;

Negócios Jurídicos

 Classificação doutrinária dos negócios jurídicos:

1) Negócios Jurídicos unilaterais e bilaterais ou contratos;


2) Negócios jurídicos vivos e negócios mortiscausa;
3) Negócios consensuais ou não solenes e negócios formais ou solenes;
4) Negócios reais;
5) Negócios obrigacionais, reais, familiares e sucessórios;
6) Negócios patrimoniais e negócios pessoais;
7) Negócios onerosos e negócios gratuitos;
8) Negócios comutativos e negócios aleatórios;
9) Negócios de mera administração e negócios de disposição;

1) Negócios jurídicos unilaterais e bilaterais ou contratos:

 Unilaterais- existe uma só declaração de vontade ou várias declarações, mas


paralelas formando um só grupo;
- exemplo:
- Testamento e procuração

 Bilaterais ou contratos- há duas ou mais declarações de vontade de conteúdo


oposto;

2) Negócios jurídicos vivos e negócios mortiscausa:

 Negócios Jurídicos vivos- destinam-se a produzir os seus efeitos em vida das


partes; pertencem a esta categoria quase todos os negócios jurídicos;

 Negócios jurídicos mortiscausa- destinam-se a produzir os seus efeitos depois


da morte do respetivo contraente ou contraentes;
-exemplo:

27
- Testamento e doação mortiscausa

3) Negócios consensuais ou não solenes e negócios formais ou solenes:

 Negócios consensuais ou não solenes- podem ser celebrados por quaisquer


meios declarativos aptos a exteriorizar a vontade negocial, uma vez que a lei
não impõe nenhuma forma;
- Princípio da liberdade de forma ou da consensualidade- art.219º

 Negócios formais ou solenes- a lei exige a observância de determinada forma,


o acatamento de determinado formalismo ou de determinadas solenidades;

4) Negócios reais:

 São aqueles em que se exige, além das declarações de vontade das partes, a
prática anterior ou simultânea de certo ato material ou simbólico;
- Exemplos:
- Depósito- art.1185º;
- Comodato- art.1129º;
- Mútuo- art.1142º;

5) Negócios obrigacionais, reais, familiares e sucessórios:

 Sucessórios- o princípio da liberdade contratual sofre importantes restrições


resultantes de normas imperativas como são as que se referem à sucessão
legitimaria;
- Exemplos:
- Testamento;
- Repudio à herança;

 Familiares- a liberdade contratual está praticamente afastada podendo apenas


os interessados celebrar ou deixar de celebrar o negócio;
- Exemplos:
- Casamento;
- Perfilhação;
- Adoção;

Exceção à inexistência de manifestação do princípio da liberdade contratual,


falamos da liberdade de estipulação em convenções antenupciais- art.1698º;

28
 Reais- a liberdade contratual também sofre de inúmeras restrições por força do
princípio da tipicidade-art.1306º;

6) Negócios patrimoniais e negócios pessoais:

 Patrimoniais- por exigência da confiança do declaratório e do comercio jurídico,


a vontade manifestada ou declarada prevalece sobre a vontade real;

 Pessoais- as questões da sua interpretação e da falta de vícios da vontade, ao


contrário dos patrimoniais, não tem que atender às espectativas dos
declaratórios, mas tão só à vontade real do declarante;

7) Negócios onerosos e negócios gratuitos:

 Onerosos- pressupõem atribuições patrimoniais de ambas as partes de tal sorte


que cada uma delas obtém para si uma determinada vantagem, mas também
implica o correspondente sacrifício patrimonial;

 Gratuitos- caracterizam-se pela existência de um espirito de liberalidade já que,


uma das partes, tem a intenção de efetuar uma atribuição patrimonial a favor
de outra sem contrapartida;

8) Negócios comutativos e negócios aleatórios:

 Aleatórios- as partes submetem-se a uma possibilidade de “ganhar ou perder”


(jogos de fortuna ou azar);

 Comutativos- as atribuições patrimoniais deles resultantes são certas por


nenhuma delas estar sujeita a qualquer álea (sorte ou azar);

9) Negócios de mera administração e negócios de disposição:

 Mera administração- correspondem a atos de gestão comedida e limitada pelo


que aqui não se incluem os negócios suscetíveis de causar elevado risco;

 Disposição- os que dizendo respeito à gestão patrimonial afetam a sua


substância, alteram a sua forma ou a sua própria composição;

29
Ato Jurídico Simples

Ato Jurídico Unilateral


Voluntário
Negócio
Jurídico
Bilateral ou Unilateral
Contrato
Sinalagmático
Bilateral
Não sinalagmático

 Pressupostos gerais da validade dos negócios jurídicos:

a) Capacidade;

b) Legitimidade;

a) Capacidade- tem a ver com a suscetibilidade de por si só ou através de


representante voluntário exceder os seus direitos e cumprir as suas
obrigações;

b) Legitimidade- afere-se da existência duma especial relação entre o sujeito e o


conteúdo do ato em si;
- Exemplo:
- Qualquer um de nós tem capacidade para comprar e vender
(porque já somos maiores de idade) mas já não temos legitimidade
para vender coisa que não é nossa, mas julgada como própria

30
Referimo-nos à legitimidade e não à incapacidade

Elementos essenciais dos negócios jurídicos

A declaração negocial
Art.217º e segs

 A declaração negocial também conhecida como declaração de vontade


negocial:
- É o comportamento que, exteriormente observado, cria aparência de
exteriorização de um certo conteúdo da vontade negocial;

Intenção de realizar determinados negócios jurídicos e através


deles obter os efeitos deles decorrentes

 Elementos estruturantes da declaração negocial:

a) Elemento externo ou declaração negocial- consiste no


comportamento declarativo;

b) Elemento interno ou vontade- consiste na intenção ou “querer”;

 Falta a vontade de agir quando:

a) Alguém distraidamente faz um gesto que é interpretado como uma


declaração negocial;

b) Casos de coação física ou violência absoluta;

 Falta a vontade de declaração negocial quando:

a) Alguém subscreve um negócio jurídico julgando estar a assinar uma


carta;

31
b) Alguém entra num leilão, faz um gesto de saudação a um amigo e
esse gesto é interpretado como licitação;

 Existe um desvio de vontade negocial quando:

a) O declarante atribui à sua declaração um sentido diverso daquele


que é exteriormente captado;

 As declarações negociais podem ser:

a) Expressas- quando resultarem de palavras escritas, ou não, ou de


quaisquer outros meios diretos e imediatos de expressão da
vontade;

b) Tácitas- quando o seu conteúdo direto se infere de um outro;

 Silêncio declarativo ou silêncio como meio declarativo- não é, em regra,


admitido a não ser nos casos em que a lei, convenção ou uso assim o diga-
art.218º ;

Interpretação e integração dos negócios jurídicos

 O que é a interpretação dos negócios jurídicos?


R:
É a atividade destinada a fixar o sentido e o alcance dos negócios jurídicos
alicerçados nas respetivas declarações negociais. Trata-se de procurar encontrar o
verdadeiro alcance ou sentido da declaração negocial- art.236º e segs;

 Integração dos negócios jurídicos- serve para regulamentar as questões não


previstas pelas partes aquando da celebração dos negócios jurídicos e o critério
para a sua análise- art.239º;

Divergência entre a vontade e a declaração ou vicio na formulação da vontade:

- Esta divergência entre o elemento interno (vontade) e externo


(declaração) isto é, entre o querido e o declarado, pode ser desejada ou intencional ou
pode não ser desejada e, portanto, não intencional;

32
Quando o declarante
imite consciente e livremente
uma declaração negocial
distinta da sua vontade

Divergência intencional

 A divergência intencional é manifestada:

a) Simulação- art-240º e segs;


b) Reserva mental- art.244º;
c) Declarações não serias- art.245º;

a) Simulação- art.240º e segs;

O declarante imite uma declaração negocial intencionalmente, não


coincide com a sua vontade, por acordo ou com o loio com o
declaratario e com a intenção de prejudicar ou enganar terceiros;
Exemplo:
- A e B, sem vontade para tal, celebram por acordo um contrato de compra
e venda de um imóvel com o objetivo único de prejudicar os interesses legítimos do
credor e do vendedor;

 Para que haja simulação é imprescindível que se verifiquem os pressupostos do


art.240º nº1:
a) Intencionalidade da divergência entre a vontade e a
declaração;
b) Acordo ou conluio entre o declarante e o declaratario;
c) Intenção de enganar ou prejudicar terceiros;

 Simulação pode ainda ser:


1) Absoluta;
2) Relativa;

1) Absoluta- as partes fingem celebrar um negócio jurídico e, na


realidade, não querem que se celebre nenhum;

2) Relativa- as partes fingem celebrar um negócio jurídico


pretendendo, na realidade, celebrar um outro, mas de tipo ou

33
conteúdo diverso. Para além do negócio simulado, existe um
outro propositadamente ocultado e que a lei o qualifica como
dissimulado.

Em ambos os casos, o negócio simulado é nulo- art.240ºnº2, 242º, 282º e 249º.


Enquanto que na simulação absoluta o negócio jurídico é único e a sua nulidade não
levanta questões, na simulação relativa surge o problema de saber que tratamento
legal deve ser dado ao negócio dissimulado- aquele que as partes pretendiam celebrar
mas não o fizeram;
 No que toca à simulação relativa, existem 2 negócios jurídicos

Simulado Dissimulado ou real

Objeto do tratamento
Jurídico que lhe caberia
se tivesse sido realizado
sem dissimulação

 Negócio dissimulado- pode ser nulo- art.251º nº2

Esta norma diz-nos que se o negócio dissimulado for de


natureza formal, só é valido se tiver sido observada a forma exigida por lei

 Nulidade do negócio simulado- pode ser invocada por qualquer interessado e


é de conhecimento oficioso do tribunal- art.286º. Para que dúvidas não
houvesse quanto à qualificação dos próprios simuladores como interessados, a
sua legitimidade para invocar a nulidade- art.242º nº1;

b) Reserva mental- art.244º

O declarante imite uma declaração negocial não coincidente com a


sua vontade real, mas sem qualquer conluio ou acordo com o
declaratario tendo, por isso, o objetivo único de enganar ou prejudicar
o próprio declaratario;

 Há reserva mental sempre que é imitida uma declaração negocial contrária à


vontade real com o intuito de enganar o declaratario- art.244º nº1

34
 A reserva mental só determina a nulidade do negócio realizado quando a
reserva mental for conhecida do declaratario.

O negócio jurídico celebrado com reserva mental só é inválido nos


casos em que o declaratario celebra o negócio, mas conhece da reserva mental do
declarante;

 Declarações não sérias- o declarante imite declaração intencionalmente, não


coincidente com a sua vontade real, mas sem o intuito de enganar ou
prejudicar o declaratario ou um qualquer terceiro;

 Embora haja divergência entre a vontade e a declaração, não se visa enganar


ou prejudicar alguém, uma vez que se atua na espectativa de que a falta de
seriedade (divergência intencional entre a vontade e declaração), não passa
despercebida pelo declaratario- art.245º;

Divergência não intencional

 Divergência não intencional- existe quando a falta de coincidência não é


voluntaria na medida em que o declarante não se apercebe dessa divergência
porque é forçado irresistivelmente em imitir uma declaração divergente do seu
real propósito;

 Três situações distintas:


a) Erro obstáculo ou erro na declaração;
b) Falta de consciência da declaração;
c) Coação física ou violência absoluta;

a) Erro obstáculo ou erro na declaração- o declarante imite uma declaração


negocial divergente da sua vontade, mas sem ter consciência dessa
mesma divergência. Trata-se de um erro lapso ou equívoco;
Exemplos:
- A quer comprar a coisa X, mas por erro diz ou escreve a coisa Y ou ainda
quer oferecer o preço de 10€ e por erro diz 100€;

Para que o negocio jurídico assim celebrado seja anulado, é imprescindível que o
declaratario conhecer-se ou não devesse ignorar a essencialidade para o declarante do
elemento sobre o qual incidiu o erro- art.247º

35
b) Falta de consciência da declaração- o declarante imite a declaração
negocial sem ter vontade de fazer qualquer declaração negocial;

Uma pessoa entra num leilão e levanta o braço para cumprimentar um amigo seu que
nele participa. O sujeito quer o comportamento (levantar o braço) mas não pretende
que a esse seja atribuído qualquer sentido de declaração negocial- art.246º, o negocio
assim celebrado não produz efeito.
c) Coação física ou violência absoluta- o declarante é “transformado” como
que num autómato sendo forçado a dizer ou a escrever o que não quer,
mas não através de uma qualquer ameaça, mas sim pela utilização de
força física irresistível que instrumentaliza o declarante e que o leva a
adotar um comportamento;
Exemplo:
- Alguém agarrando a mão de outrem faz com que assine um determinado
documento;

Art.246º

Vícios na formação da vontade

 O ordenamento jurídico exige que a vontade negocial se tenha formado de um


modo imperturbado e são ou seja, a vontade negocial deve ser livre,
esclarecida e ponderada;

 Vícios na formação da vontade- são perturbações do processo formativo da


vontade negocial que interferem de tal modo, que a vontade embora tenha
posteriormente uma declaração negocial coincidente é determinada por
motivos anómalos;

 4 situações distintas de vícios na formação da vontade:

a) Erro vício- art.252º;


b) Dolo- art.254º;
c) Coação moral- art.255º e 256º;
d) Incapacidade acidental- art.257º;

36
a) Erro vício

 Consiste no desconhecimento ou na falsa representação da realidade que foi


determinada na decisão de imitir declarações negociais. Trata-se de ignorância
de uma qualquer circunstância de facto ou de direito que se tivesse sido
esclarecida não teria levado à formação de determinada vontade negocial e
consequentemente, teria evitado que se proferisse a correspondente
declaração negocial;
Exemplo:
- A compra um quadro por pensar que é de um autor celebre sendo
apenas uma cópia;
- A, compra determinado objeto por 500€ por supor, erradamente, que
era de ouro, embora na verdade fosse de prata dourada;

 Existe erro vício quando a representação mental está em desacordo com um


elemento da realidade existente no momento da formação do negócio jurídico
e tem de respeitar a uma realidade passada ou presente em relação ao
momento da declaração;

 Modalidades do erro vício:

a) Erro sobre a pessoa do declaratario;


b) Erro sobre o objeto do negócio;
c) Erro sobre os motivos;
d) Erro sobre a base do negócio;

a) Erro sobre a pessoa do declaratario- está previsto no art.251º, que


manda aplicar adaptadamente o art.247º. Para que um negócio
celebrado com este erro sobre a pessoa do declaratario seja
anulável, é necessário conhecer-se o declaratario e conhecer-se a
importância para o declarante do elemento sobre o qual está em
erro;

37
b) Erro sobre o objeto do negócio- está em causa a identidade ou as
qualidades objetivas do objeto do negócio. Aplicam-se também as
regras dos art.251º e 247º;
Exemplo:
- A compra a B uma mobília, supondo que é de cerejeira quando,
afinal, é de pinho;

 Requisitos da relevância do erro sobre a pessoa do declaratario ou sobre o


objeto para que o negocio seja anulável:

a) Requisito Geral- Essencialidade

O erro é essencial para o declarante quando o levou


a concluir o negócio em si mesmo pelo que, se não tivesse em erro, não o teria
celebrado ou celebraria de modo diferente;

b) Requisitos especiais:

1) O declaratario tem de conhecer a essencialidade para o


declarante do motivo sobre que recaiu o erro;

2) Se não conhecer, é igualmente relevante se não pudesse


deixar de conhecer;

 Neste tipo de erro vicio inserem-se os casos em que o erro não se refere à
pessoa do declaratario nem ao objeto do negócio. É um erro que abrange a
causa do negócio- art.252º;

Art.251º nº1- permite a anulação do negócio desde que,


tacita ou expressamente, se tenha reconhecido por acordo a essencialidade para o
declarante do erro e da conclusão do negócio;
Exemplo:
- um funcionário publico arrenda uma casa numa determinada cidade por
julgar, erradamente, ter sido colocado nessa cidade como funcionário;

c) Erro sobre o objeto do negócio- art.252º nº2- é um erro que incide


sobre as circunstâncias que constituem a base do negócio;

É constituída pelas
circunstâncias que, conhecidas por ambas as partes, foram tomadas em consideração

38
por elas na celebração do negócio jurídico e determinaram os termos concretos do seu
conteúdo. No entanto, são circunstâncias que ambas as partes dão como verificadas,
mas que não existem ou são diferentes da que eles tomaram como certas;
- Exemplo:
- A, dono de uma empresa de espetáculos, e B, agente musica, celebraram um
contrato para que B, numa determinada sala, providencia-se por um espetáculo
mediante um determinado preço calculado com base na receita da bilheteira. Ambos
estavam convencidos que C, celebre cantor, estaria disponível para atuar nesse
espetáculo. No entanto, logo no momento em que o contrato entre A e B é realizado,
C já estaria impedido por ter tido um acidente;
 O art.252º nº2, remete-nos para os art.437º a 439

Significa que o erro sobre a base do negócio é relevante nos


termos em que seria à luz da alteração das circunstâncias a que alude o art.437º;

 Desta remissão resulta o erro sobre a base do negócio, só é relevante desde


que:
a) Incida sobre circunstâncias fundamentais em que as partes fundaram
a decisão de contratar;

b) Essas circunstâncias sejam comuns a ambas as partes;

c) A manutenção do negócio, tal qual foi celebrado, seja contraria aos


princípios da boa fé;

Dolo
Art.253º nº1

 Só existirá dolo quando se verificar a utilização de qualquer sugestão ou


artificio com a intenção ou consciência de induzir ou manter em erro o autor da
declaração (dolo positivo) ou quando tenha lugar a dissimulação pelo
declaratario do erro do declarante (dolo negativo);

Principal efeito é a anulabilidade do negócio

Art.254º nº1

Coação Moral

 Consiste numa ameaça ilícita de um determinado mal destinada a levar


outrem, determinado pelo medo da consumação da ameaça, a concluir

39
determinado negócio jurídico. O vicio na formação da vontade aqui, já não é o
erro, mas sim o medo;

Causado por uma ameaça destinada a provocá-lo;

O coagido prefere celebrar o negócio, que de outro modo não


quereria, a correr o risco da concretização do mal ameaçado;

 Elementos essenciais da coação:

1) Ameaça de um mal, dirigida à pessoa do coagido do seu património-


art255º nº2;

2) Ilicitude da ameaça- art.255º nº1 e 3º;

3) Intencionalidade da ameaça, isto é, o coator tem em vista obter do


coagido a declaração negocial- art.255º nº1 parte final;

4) Dupla causalidade, tem de exigir um nexo causal entre a ameaça e a


declaração negocial proferida pelo coagido. É necessário que o medo
resulte da ameaça do mal e que seja a causa da declaração negocial no
sentido de determinar no coagido a formação de uma vontade que não
teria existido se não fosse a previsão da concretização da ameaça;

 A declaração negocial obtida por coação é anulável- art.256º;

 Incapacidade acidental- art.257º


- Aparece tratada nos vícios de vontade e não na secção das incapacidades
de exercício na medida em que não se trata de uma situação permanente ou
tendencialmente permanente, mas sim de um desvio no processo formativo de
vontade;

 Estamos perante uma situação de incapacidade acidental quando o declarante,


ao imitir a declaração, se encontra, por anomalia psíquica ou por qualquer
outra causa, em condições que não lhe permitem entender o sentido e alcance
dos seus atos ou o livre exercício da sua vontade;

40
 O art.257º prevê a anulabilidade do negócio celebrado desde que se verifique
um requisito para além da própria incapacidade acidental, ou seja, o
conhecimento da perturbação;

Representação nos negócios jurídicos


Art.258º e segs

 Traduz-se na prática de um ou mais atos jurídicos, em nome de outrem para


que na esfera jurídica deste se repercutam os respetivos efeitos;

 Agir em nome de outrem- procurador ou representação voluntaria;

 A representação pode ser:

a) Legal- quando o representante e os poderes representativos


resultam da lei ou de uma decisão judicial tomada como base na lei;

b) Voluntária- quando os poderes do representante e o próprio


representante provém do representado manifestada na procuração-
art.262º;

 Pressupostos da representação:

1) Representante atua em nome do representado- realiza o negócio


jurídico em nome do representado para que a contraparte saiba
com quem está a celebrar o negócio;

2) Representante atua por conta do representado- prossegue os


interesses do representado e não os seus próprios interesses;

3) É necessário que ao representante sejam atribuídos poderes


representativos;

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 Procuração- é invariavelmente um negócio jurídico unilateral mesmo que nos
casos que dela façam parte várias declarações negociais pois todas terão
sentido unívoco;
Exemplo:
- se A e B decidirem no mesmo negócio jurídico constituir procurador C, apesar
do negócio jurídico (procuração) conter 2 declarações negociais, continua a ser um
negócio jurídico unilateral;

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