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Caso 1
Proposta de resolução:
B afirma que:
i) A não é engenheiro;
ii) A declarava 500,00€ por mês;
iii) A mulher com quem A vivia era casada.
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Obrigação de reparar os danos sofridos por outrem.
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Prejuízos que, sendo insuscetíveis de avaliação em dinheiro, porque atingem bens que não
integram o património do lesado (honra, imagem), apenas podem ser compensados com uma
indemnização em dinheiro imposta ao agente, sendo mais uma satisfação que uma indemnização.
Pode haver também lugar a indemnização por danos patrimoniais
indiretos3 – não obstante o bem jurídico lesado ser não patrimonial, dessa
lesão decorre um dano patrimonial (indemnização reconstitutiva).
ii) Providências adequadas4: O lesado tem o direito a requerer as
providências adequadas a minorar os efeitos da ofensa já consumada
(atenuantes), ou prevenir a violação do direito (preventivas), segundo as
circunstâncias do caso. (70/2)
É fácil distinguir os direitos que brotam da integridade física uma vez que há aí
uma tutela estática do indivíduo. Para aferir os que cabem na integridade moral é
necessária uma aproximação ao conceito de pessoa para o direito.
Neste caso, haverá uma tutela do bom nome e da honra na vertente objetiva
(perspetiva social do sujeito; forma como a sociedade vê o sujeito) e não na subjetiva
(forma como o sujeito se vê a si próprio).
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Por ex: se alguém, por via da ofensa à integridade moral, coloca outrem numa situação de
depressão, os danos patrimoniais indiretos correspondem às depesas médicas, aos medicamentos que
comprou, etc.
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Em adequação a cada caso concreto, o tribunal decretará tudo aquilo que for necessário para
que a ofensa seja minorada ou extinta. Por ex: se há um ruído muito forte que impede um sujeito de
dormir, uma providência adequada será uma ação que faça extinguir o barulho. Há aqui o princípio da não
tipicidade: não estão tipificadas na lei aquelas que se aplicam, pelo que será tudo o que for necessário e
decidido pelo tribunal.
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Desenvolvido na pág. 202 e seguintes do Tratado IV do Professor Menezes Cordeiro.
Cordeiro entende que uma afirmação totalmente verdadeira pode atentar
contra a honra de uma pessoa, pelo que a exceptio veritatis não é, só por
si, justificativa (doutrina maioritária). Em sentido contrário, o Prof.
Pessoa Jorge considera que apenas informações falsas constituem um
ilícito.
ii) Interesse público da informação: sendo o critério mais relevante, o
interesse público da informação distingue-se do interesse do público uma
vez que não releva o facto de o público ter interesse em saber uma
determinada notícia, mas sim a avaliação objetiva que se faz sobre a
utilidade que aquela informação terá para a comunidade.
No caso sub judice, questiona-se se por A ser presidente da Junta, havia interesse
público nas informações reveladas por B. A resposta será positiva pois isto implica que
se ponha em causa as competências e idoneidade do sujeito – indispensáveis a um cargo
público onde se tomam decisões no interesse dos cidadãos.
Por esta razão, não houve violação do direito ao bom nome/honra de António,
pelo que não se desencadeará responsabilidade civil.
O legislador tipificou este direito, dedicando-lhe o art. 80.º. Em bom rigor, não
seria necessário por ser englobado na integridade moral a que se refere o art. 70.º (a
razão de vários direitos surgirem tipificados terá que ver com a frequência dos litígios
sobre a matéria e da necessidade de estabelecer um regime mais pormenorizado).
O n.º 1 refere que “Todos devem guardar reserva quanto à intimidade sobre a
vida privada.” Se o não fizerem irão incorrer nas sanções aplicáveis por violação de um
direito de personalidade (mencionadas supra). O n.º 2 esclarece que “a extensão da
reversa é definida conforme a natureza do caso e a condição das pessoas”. Admite-se
portanto uma exceção ao princípio geral uma vez que a condição das pessoas ou a
natureza do caso poderá tornar lícita a divulgação de certas informações sobre a vida
privada.
A natureza do caso terá que ver com ponderação de valores em concreto
(critérios objetivos) enquanto que a condição das pessoas terá que ver com aquelas
exceções previstas no art. 79/2 aplicáveis mutatis mutandis ao direito à reserva sobre a
intimidade da vida privada: notoriedade da pessoa, cargo que desempenha, exigências
de polícia ou justiça, interesse público.
No caso em questão, não havia interess público na informação iii), sendo que a
condição subjetiva da pessoa (notoriedade, cargo) não justificava a divulgação da
informação. Ainda que houvesse, muito dificilmente alguma das exceções do art. 80/2
justificaria a intrusão na esfera íntima.
Caso 2
Sónia e Tomás estão de lua-de-mel em Roma. Depois de vários dias sem dar
notícias, os recém-casados mandaram um email aos seus amigos mais próximos,
agradecendo-lhes a ajuda nos preparativos do casamento e enviando algumas fotografias
dos seus dias romanos!
Um dos amigos dos noivos, teve a feliz ideia de enviar uma das fotografias para
uma conhecida revista do jet set. Longe de ficarem contentes, Sónia e Tomás cortaram
relações com tal amigo… Este não compreende: a fotografia circulou na internet, estava
no facebook, porque razão não podia ser utilizada numa revista?
Quid juris?
Proposta de Resolução:
O art. 79.º estabelece que ninguém pode ver o seu retrato exposto, reproduzido
ou lançado no comércio a menos que consinta. Este consentimento será uma declaração
negocial7 (podendo ser expressa8 ou tácita9). Refira-se que a imagem, neste contexto,
pode também incluir qualquer representação simbólica da pessoa (incluindo registos de
voz. O princípio geral enunciado no n.º 1 sofre, no entanto, exceções nos n.º 2 e 3:
prescinde-se desse consentimento quando:
O n.º 3 é uma exceção à exceção do n.º 2 uma vez que não permite que estes
factos justifiquem a publicação se da publicação resultar a violação de outro bem de
personalidade – honra/bom nome.
Neste caso, haveria que ponderar se o facto de o casal ter publicado a imagem do
facebook seria um consentimento para a divulgação do seu retrato. A resposta será
negativa uma vez que a publicação num meio de informação não funciona como um
consentimento para a divulgação do retrato em qualquer lugar (ainda que o perfil fosse
público).
7
Exteriorização de uma vontade que produz efeitos jurídicos.
8
Feita por palavras, escrito ou outro meio de comunicação direto (art. 217º).
9
Mediante factos que com toda a probabilidade revelem essa vontade.