Você está na página 1de 19

INTENSIVO I

Flávio Tartuce
Direito Civil
Aula 03

ROTEIRO DE AULA

Pessoa natural (continuação)


1.3. Direitos da personalidade na perspectiva civil-constitucional

I – Conceito: os direitos da personalidade são aqueles inerentes à pessoa humana e à sua dignidade.

Observação n.1: a expressão “inerentes” decorre da adoção da teoria dos direitos inatos ou originários da pessoa humana
(Limongi França, Bittar e Maria Helena Diniz).

Questão n. 1: E a pessoa jurídica? Tem direitos da personalidade por equiparação legal (CC, art. 521). Por isso, a pessoa
jurídica pode sofrer dano moral (S. 227 STJ2).
O dano moral equivale a uma lesão à honra.
A honra é classificada em duas modalidades:

• Honra subjetiva: autoestima (o que o sujeito pensa de si).

• Honra objetiva: reputação (o que os outros pensam da pessoa).

Observação n. 2: a pessoa jurídica só sofre dano moral quanto à honra objetiva, e não quanto à honra subjetiva.

1
CC, art. 52. “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”
2
Súmula 227, STJ. “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.”

1
www.playjuridico.com
II- O Código Civil de 2002 protege os seguintes direitos da personalidade (CC, arts. 11 a 21):
• Vida.
• Integridade físico-psíquica.
• Nome.
• Honra (subjetiva eobjetiva).
• Imagem (imagem-retrato: fisionomia; e imagem-atributo: repercussão social).
• Intimidade, vida privada e segredo.
✓ A pessoa jurídica tem direito ao nome, à honra objetiva, à imagem (retrato e atributo) e ao segredo.
Essa classificação é muito próxima da classificação tripartida do professor Rubens Limongi França:
• Integridade física: vida, corpo vivo, corpo morto, entre outros.
• Integridade moral: nome, honra, imagem, intimidade, vida privada, entre outros.
• Integridade intelectual: criações, invenções, direitos autorais e intelectuais, entre outros.

Questão n. 2: os direitos da personalidade previstos no Código Civil de 2002 estão em rol taxativo (“numerus clausus”)
ou exemplificativo (“numerus apertus”)? Estão em rol exemplificativo, conforme Enunciado n. 274 – IV Jornada de
Direito Civil.

Enunciado 274, IV JDC: “Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são
expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da
dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar
a técnica da ponderação.
✓ Existem direitos de personalidade previstos na CF/88 como direitos fundamentais. Exemplo: art. 5º, CF –
direitos de autor, privacidade, imagem etc.
✓ Existem direitos da personalidade que sequer estão escritos. Exemplo: direito ao esquecimento - nesse sentido,
Enunciado n. 5313– VI Jornada de Direito Civil e STJ .
REsp n. 1.334.097/RJ (“Linha Direta” e Chacina da Candelária):
“EMENTA - RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE IMPRENSA VS. DIREITOS DA
PERSONALIDADE. LITÍGIO DE SOLUÇÃO TRANSVERSAL. COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
DOCUMENTÁRIO EXIBIDO EM REDE NACIONAL. LINHA DIRETA-JUSTIÇA. SEQUÊNCIA DE HOMICÍDIOS CONHECIDA
COMO CHACINA DA CANDELÁRIA. REPORTAGEM QUE REACENDE O TEMA TREZE ANOS DEPOIS DO FATO. VEICULAÇÃO
INCONSENTIDA DE NOME E IMAGEM DE INDICIADO NOS CRIMES. ABSOLVIÇÃO POSTERIOR POR NEGATIVA DE AUTORIA.
DIREITO AO ESQUECIMENTO DOS CONDENADOS QUE CUMPRIRAM PENA E DOS ABSOLVIDOS. ACOLHIMENTO.

3
Enunciado 531, VI JDC. “A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao
esquecimento.”

2
www.playjuridico.com
DECORRÊNCIA DA PROTEÇÃO LEGAL E CONSTITUCIONAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DAS LIMITAÇÕES
POSITIVADAS À ATIVIDADE INFORMATIVA. PRESUNÇÃO LEGAL E CONSTITUCIONAL DE RESSOCIALIZAÇÃO DA PESSOA.
PONDERAÇÃO DE VALORES. PRECEDENTES DE DIREITO COMPARADO.1. Avulta a responsabilidade do Superior
Tribunal de Justiça em demandas cuja solução é transversal, interdisciplinar, e que abrange, necessariamente, uma
controvérsia constitucional oblíqua, antecedente, ou inerente apenas à fundamentação do acolhimento ou rejeição
de ponto situado no âmbito do contencioso infraconstitucional, questões essas que, em princípio, não são
apreciadas pelo Supremo Tribunal Federal. 2. Nos presentes autos, o cerne da controvérsia passa pela ausência de
contemporaneidade da notícia de fatos passados, que reabriu antigas feridas já superadas pelo autor e reacendeu a
desconfiança da sociedade quanto à sua índole. O autor busca a proclamação do seu direito ao esquecimento, um
direito de não ser lembrado contra sua vontade, especificamente no tocante a fatos desabonadores, de natureza
criminal, nos quais se envolveu, mas que, posteriormente, fora inocentado. 3. No caso, o julgamento restringe-se a
analisar a adequação do direito ao esquecimento ao ordenamento jurídico brasileiro, especificamente para o
caso de publicações na mídia televisiva, porquanto o mesmo debate ganha contornos bem diferenciados quando
transposto para internet, que desafia soluções de índole técnica, com atenção, por exemplo, para a possibilidade de
compartilhamento de informações e circulação internacional do conteúdo, o que pode tangenciar temas sensíveis,
como a soberania dos Estados-nações. 4. Um dos danos colaterais da "modernidade líquida" tem sido a progressiva
eliminação da "divisão, antes sacrossanta, entre as esferas do 'privado' e do 'público' no que se refere à vida
humana", de modo que, na atual sociedade da hiperinformação, parecem evidentes os "riscos terminais à
privacidade e à autonomia individual, emanados da ampla abertura da arena pública aos interesses privados [e
também o inverso], e sua gradual mas incessante transformação numa espécie de teatro de variedades dedicado
à diversão ligeira" (BAUMAN, Zygmunt. Danos colaterais: desigualdades sociais numa era global. Tradução de Carlos
Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2013, pp. 111-113). Diante dessas preocupantes constatações, o momento
é de novas e necessárias reflexões, das quais podem mesmo advir novos direitos ou novas perspectivas sobre
velhos direitos revisitados. 5. Há um estreito e indissolúvel vínculo entre a liberdade de imprensa e todo e
qualquer Estado de Direito que pretenda se autoafirmar como Democrático. Uma imprensa livre galvaniza contínua e
diariamente os pilares da democracia, que, em boa verdade, é projeto para sempre inacabado e que nunca
atingirá um ápice de otimização a partir do qual nada se terá a agregar. Esse processo interminável, do qual não se
pode descurar - nem o povo, nem as instituições democráticas -, encontra na imprensa livre um vital combustível
para sua sobrevivência, e bem por isso que a mínima cogitação em torno de alguma limitação da imprensa traz
naturalmente consigo reminiscências de um passado sombrio de descontinuidade democrática. 6. Não obstante o
cenário de perseguição e tolhimento pelo qual passou a imprensa brasileira em décadas pretéritas, e a par de sua
inegável virtude histórica, a mídia do século XXI deve fincar a legitimação de sua liberdade em valores atuais,
próprios e decorrentes diretamente da importância e nobreza da atividade. Os antigos fantasmas da liberdade de
imprensa, embora deles não se possa esquecer jamais, atualmente, não autorizam a atuação informativa
desprendida de regras e princípios a todos impostos. 7. Assim, a liberdade de imprensa há de ser analisada a partir de
dois paradigmas jurídicos bem distantes um do outro. O primeiro, de completo menosprezo tanto da dignidade da
pessoa humana quanto da liberdade de imprensa; e o segundo, o atual, de dupla tutela constitucional de ambos os

3
www.playjuridico.com
valores. 8. Nesse passo, a explícita contenção constitucional à liberdade de informação, fundada na inviolabilidade
da vida privada, intimidade, honra, imagem e, de resto, nos valores da pessoa e da família, prevista no art. 220, §
1º, art. 221 e no § 3º do art. 222 da Carta de 1988, parece sinalizar que, no conflito aparente entre esses bens
jurídicos de especialíssima grandeza, há, de regra, uma inclinação ou predileção constitucional para soluções
protetivas da pessoa humana, embora o melhor equacionamento deva sempre observar as particularidades do
caso concreto. Essa constatação se mostra consentânea com o fato de que, a despeito de a informação livre de
censura ter sido inserida no seleto grupo dos direitos fundamentais (art. 5º, inciso IX), a Constituição Federal mostrou
sua vocação antropocêntrica no momento em que gravou, já na porta de entrada (art. 1º, inciso III), a dignidade da
pessoa humana como - mais que um direito - um fundamento da República, uma lente pela qual devem ser
interpretados os demais direitos posteriormente reconhecidos. Exegese dos arts. 11, 20 e 21 do Código Civil de 2002.
Aplicação da filosofia kantiana, base da teoria da dignidade da pessoa humana, segundo a qual o ser humano tem
um valor em si que supera o das "coisas humanas". 9. Não há dúvida de que a história da sociedade é patrimônio
imaterial do povo e nela se inserem os mais variados acontecimentos e personagens capazes de revelar, para o
futuro, os traços políticos, sociais ou culturais de determinada época. Todavia, a historicidade da notícia jornalística,
em se tratando de jornalismo policial, há de ser vista com cautela. Há, de fato, crimes históricos e criminosos
famosos; mas também há crimes e criminosos que se tornaram artificialmente históricos e famosos, obra da
exploração midiática exacerbada e de um populismo penal satisfativo dos prazeres primários das multidões, que
simplifica o fenômeno criminal às estigmatizadas figuras do "bandido" vs. "cidadão de bem". 10. É que a
historicidade de determinados crimes por vezes é edificada à custa de vários desvios de legalidade, por isso não deve
constituir óbice em si intransponível ao reconhecimento de direitos como o vindicado nos presentes autos. Na
verdade, a permissão ampla e irrestrita a que um crime e as pessoas nele envolvidas sejam retratados
indefinidamente no tempo - a pretexto da historicidade do fato - pode significar permissão de um segundo abuso à
dignidade humana, simplesmente porque o primeiro já fora cometido no passado. Por isso, nesses casos, o
reconhecimento do "direito ao esquecimento" pode significar um corretivo - tardio, mas possível - das vicissitudes
do passado, seja de inquéritos policiais ou processos judiciais pirotécnicos e injustos, seja da exploração populista
da mídia. 11. É evidente o legítimo interesse público em que seja dada publicidade da resposta estatal ao
fenômeno criminal. Não obstante, é imperioso também ressaltar que o interesse público - além de ser conceito de
significação fluida - não coincide com o interesse do público, que é guiado, no mais das vezes, por sentimento de
execração pública, praceamento da pessoa humana, condenação sumária e vingança continuada. 12. Assim como é
acolhido no direito estrangeiro, é imperiosa a aplicabilidade do direito ao esquecimento no cenário interno, com base
não só na principiologia decorrente dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana, mas também
diretamente do direito positivo infraconstitucional. A assertiva de que uma notícia lícita não se transforma em ilícita
com o simples passar do tempo não tem nenhuma base jurídica. O ordenamento é repleto de previsões em que a
significação conferida pelo Direito à passagem do tempo é exatamente o esquecimento e a estabilização do passado,
mostrando-se ilícito sim reagitar o que a lei pretende sepultar. Precedentes de direito comparado. 13. Nesse passo,
o Direito estabiliza o passado e confere previsibilidade ao futuro por institutos bem conhecidos de todos:
prescrição, decadência, perdão, anistia, irretroatividade da lei, respeito ao direito adquirido, ato jurídico perfeito,

4
www.playjuridico.com
coisa julgada, prazo máximo para que o nome de inadimplentes figure em cadastros restritivos de crédito,
reabilitação penal e o direito ao sigilo quanto à folha de antecedentes daqueles que já cumpriram pena (art. 93 do
Código Penal, art. 748 do Código de Processo Penal e art. 202 da Lei de Execuções Penais). Doutrina e precedentes. 14.
Se os condenados que já cumpriram a pena têm direito ao sigilo da folha de antecedentes, assim também a exclusão
dos registros da condenação no Instituto de Identificação, por maiores e melhores razões aqueles que foram
absolvidos não podem permanecer com esse estigma, conferindo-lhes a lei o mesmo direito de serem esquecidos. 15.
Ao crime, por si só, subjaz um natural interesse público, caso contrário nem seria crime, e eventuais violações de
direito resolver-se-iam nos domínios da responsabilidade civil. E esse interesse público, que é, em alguma
medida, satisfeito pela publicidade do processo penal, finca raízes essencialmente na fiscalização social da
resposta estatal que será dada ao fato. Se é assim, o interesse público que orbita o fenômeno criminal tende a
desaparecer na medida em que também se esgota a resposta penal conferida ao fato criminoso, a qual, certamente,
encontra seu último suspiro, com a extinção da pena ou com a absolvição, ambas consumadas irreversivelmente.
E é nesse interregno temporal que se perfaz também a vida útil da informação criminal, ou seja, enquanto durar a
causa que a legitimava. Após essa vida útil da informação seu uso só pode ambicionar, ou um interesse histórico, ou
uma pretensão subalterna, estigmatizante, tendente a perpetuar no tempo as misérias humanas. 16. Com efeito, o
reconhecimento do direito ao esquecimento dos condenados que cumpriram integralmente a pena e, sobretudo, dos
que foram absolvidos em processo criminal, além de sinalizar uma evolução cultural da sociedade, confere
concretude a um ordenamento jurídico que, entre a memória - que é a conexão do presente com o passado - e a
esperança - que é o vínculo do futuro com o presente -, fez clara opção pela segunda. E é por essa ótica que o direito ao
esquecimento revela sua maior nobreza, pois afirma-se, na verdade, como um direito à esperança, em absoluta
sintonia com a presunção legal e constitucional de regenerabilidade da pessoa humana. 17. Ressalvam-se do direito ao
esquecimento os fatos genuinamente históricos - historicidade essa que deve ser analisada em concreto -, cujo
interesse público e social deve sobreviver à passagem do tempo, desde que a narrativa desvinculada dos envolvidos
se fizer impraticável. 18. No caso concreto, a despeito de a Chacina da Candelária ter se tornado - com muita razão -
um fato histórico, que expôs as chagas do País ao mundo, tornando-se símbolo da precária proteção estatal conferida
aos direitos humanos da criança e do adolescente em situação de risco, o certo é que a fatídica história seria bem
contada e de forma fidedigna sem que para isso a imagem e o nome do autor precisassem ser expostos em rede
nacional. Nem a liberdade de imprensa seria tolhida, nem a honra do autor seria maculada, caso se ocultassem o nome
e a fisionomia do recorrido, ponderação de valores que, no caso, seria a melhor solução ao conflito. 19. Muito embora
tenham as instâncias ordinárias reconhecido que a reportagem se mostrou fidedigna com a realidade, a receptividade
do homem médio brasileiro a noticiários desse jaez é apta a reacender a desconfiança geral acerca da índole do autor,
o qual, certamente, não teve reforçada sua imagem de inocentado, mas sim a de indiciado. No caso, permitir nova
veiculação do fato, com a indicação precisa do nome e imagem do autor, significaria a permissão de uma segunda
ofensa à sua dignidade, só porque a primeira já ocorrera no passado, uma vez que, como bem reconheceu o acórdão
recorrido, além do crime em si, o inquérito policial consubstanciou uma reconhecida "vergonha" nacional à parte.
20. Condenação mantida em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), por não se mostrar exorbitante. 21. Recurso especial

5
www.playjuridico.com
não provido.” (REsp 1334097/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 28/05/2013, DJe
10/09/2013).

III – Em matéria de direitos de personalidade, ganha relevância a técnica da ponderação, conforme previsto no
Enunciado n. 274 da IV Jornada de Direito Civil.
✓ O Enunciado n. 274 prevê que, em caso de colisão entre direitos da personalidade, deve-se adotar a técnica da
ponderação.
✓ A técnica da ponderação foi desenvolvida na Alemanha por Robert Alexy para os casos de colisão entre
direitos fundamentais (Caso Lebach).
✓ No Brasil, a técnica da ponderação foi positivada pelo art. 489, § 2º do CPC. Trata-se da chamada “ponderação
à brasileira” (colisão de normas).
CPC, art. 489, §2º:“ No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação
efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que
fundamentam a conclusão.”

✓ No Brasil, o principal exemplo de ponderação envolve a liberdade de expressão e de pensamento versus o


direito à imagem e à intimidade.
Enunciado 279, IV JDC: “A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente
tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de
colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda,
as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a
divulgação de informações.”
Fórmula da ponderação - Alexy

P1 e P2 = Princípios em colisão.

T1, T2, ... Tn = são os fatores fáticos que influenciam a colisão.

C = Conclusão = Condições de precedência de um princípio sobre o outro.

A conclusão deve ser motivada/fundamentada, de preferência, em critérios objetivos.

➢ Exemplo: direito à imagem e à intimidade (CF, art. 5º, V e X4) x direito à liberdade de imprensa, de pensamento e de
expressão e direito à informação (CF, art. 5º, IV, IX e XIV5). Considerações:

4
CF, art. 5º, V e V: “(...). V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem; (...) X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação".
5
CF, art. 5º, IV, IX e XIV: “IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V - é assegurado o
direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (...) IX - é livre

6
www.playjuridico.com
Há uma tendência no STF de decidir de maneira favorável à liberdade de imprensa (exemplo: caso das biografias – ADIN
4815).

➢ Reação da doutrina à tendência do STF:


Enunciado n. 6136 da VIII Jornada de Direito Civil (Anderson Schreiber): a liberdade de expressão não goza de posição
preferencial em relação aos direitos da personalidade (imagem e intimidade) (técnica da ponderação).
Em suma, o Enunciado 279 prevê o uso da técnica de ponderação e o Enunciado 613 dispõe que a liberdade de
expressão não prevalece sempre, ou seja, não goza de posição preferencial.

➢ Outro exemplo de ponderação: REsp 1.195.995/SP - direito de “não saber” x “direito à saúde” (individual e
coletiva):
EMENTA: “ RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES DA
REALIZAÇÃO DE EXAME DE HIV NÃO SOLICITADO, POR MEIO DO QUAL O PACIENTE OBTEVE A INFORMAÇÃO DE SER
SOROPOSITIVO - VIOLAÇÃO AO DIREITO À INTIMIDADE - NÃO OCORRÊNCIA - INFORMAÇÃO CORRETA E SIGILOSA SOBRE
SEU ESTADO DE SAÚDE - FATO QUE PROPORCIONA AO PACIENTE A PROTEÇÃO A UM DIREITO MAIOR, SOB O ENFOQUE
INDIVIDUAL E PÚBLICO - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. I - O direito à intimidade, não é absoluto, aliás, como todo e
qualquer direito individual. Na verdade, é de se admitir, excepcionalmente, a tangibilidade ao direito à intimidade, em
hipóteses em que esta se revele necessária à preservação de um direito maior, seja sob o prisma individual, seja sob o
enfoque do interesse público. Tal exame, é certo, não prescinde, em hipótese alguma, da adoção do princípio
da dignidade da pessoa humana, como princípio basilar e norteador do Estado Democrático de Direito, e da
razoabilidade, como critério axiológico; II - Sob o prisma individual, o direito de o indivíduo não saber que é portador do
vírus HIV (caso se entenda que este seja um direito seu, decorrente da sua intimidade), sucumbe, é suplantado por um
direito maior, qual seja, o direito à vida, o direito à vida com mais saúde, o direito à vida mais longeva e saudável; III -
Mesmo que o indivíduo não tenha interesse ou não queira ter conhecimento sobre a enfermidade que lhe acomete
(seja qual for a razão), a informação correta e sigilosa sobre seu estado de saúde dada pelo Hospital ou Laboratório,
ainda que de forma involuntária, tal como ocorrera na hipótese dos autos, não tem o condão de afrontar sua
intimidade, na medida em que lhe proporciona a proteção a um direito maior; IV - Não se afigura permitido, tão-
pouco razoável que o indivíduo, com o desiderato inequívoco de resguardar sua saúde, após recorrer ao seu médico,
que lhe determinou a realização de uma série de exames, vir à juízo aduzir justamente que tinha o direito de não saber
que é portador de determinada doença, ainda que o conhecimento desta tenha se dado de forma involuntária. Tal

a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;


(...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação; (...) XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”
6
Enunciado 613, VIII JDC. “art. 12: A liberdade de expressão não goza de posição preferencial em relação aos direitos
da personalidade no ordenamento jurídico brasileiro.”

7
www.playjuridico.com
proceder aproxima-se, em muito, da defesa em juízo da própria torpeza, não merecendo, por isso, guarida do
Poder Judiciário; V - No caso dos autos, o exame efetuado pelo Hospital não contém equívoco, o que permite concluir
que o abalo psíquico suportado pelo ora recorrente não decorre da conduta do Hospital, mas sim do fato de o
recorrente ser portador do vírus HIV, no que o Hospital-recorrido, é certo, não possui qualquer responsabilidade; VI -
Sob o enfoque do interesse público, assinala-se que a opção de o paciente se submeter ou não a um tratamento de
combate ao vírus HIV, que, ressalte-se, somente se tornou possível e, certamente, mais eficaz graças ao conhecimento
da doença, dado por ato involuntário do Hospital, é de seu exclusivo arbítrio. Entretanto, o comportamento destinado a
omitir-se sobre o conhecimento da doença, que, em última análise, gera condutas igualmente omissivas quanto à
prevenção e disseminação do vírus HIV, vai de encontro aos anseios sociais; VII - Num momento em que o Poder
Público, por meio de exaustivas campanhas de saúde, incentiva a feitura do exame anti HIV como uma das principais
formas de prevenção e controle da disseminação do vírus HIV, tem-se que o comando emanado desta augusta Corte,
de repercussão e abrangência nacional, no sentido de que o cidadão teria o direito subjetivo de não saber que é
soropositivo, configuraria indevida sobreposição de um direito individual (que, em si não se sustenta, tal como
demonstrado) sobre o interesse público, o que, data maxima venia, não se afigura escorreito; VII - Recurso Especial
improvido.” (REsp nº 1.195.995/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Ministro MASSAMI UYEDA, Terceira
Turma, Julgado em 22/03/11, DJe 06/04/2011).

Análise dos artigos do Código Civil de 2002 que tratam dos direitos da personalidade:

Artigo 11 do Código Civil

• CC, art. 11: características dos direitos da personalidade.

CC, art. 11: “Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis,
não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.”
Em regra, os direitos da personalidade são intransmissíveis, irrenunciáveis e indisponíveis.
Na realidade, existe uma “parcela” desses direitos que é:
• Transmissível;
• Renunciável; e
• Disponível.
Essa parcela é relacionada a aspectos patrimoniais (exploração econômica).

8
www.playjuridico.com
Representação gráfica:

Exemplo 1: uso de imagem para fins econômicos (transmissível, renunciável e disponível).

Exemplo 2: direitos morais do autor estão na parte intransmissível, irrenunciável e indisponível.

Os direitos patrimoniais do autor, por outro lado, estão na parte transmissível, renunciável e disponível.
➢ Ver Lei 9.610/1998.

O Enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil prevê que o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação
voluntária, desde que não seja permanente nem geral. (Ex. Contrato de uso perpétuo de imagem é nulo – art. 166, II,
CC7).

➢ Um julgado importante sobre o tema é o REsp 1.630.851/SP, o qual se refere ao direito de uso da voz.

Ementa: “RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. DIREITOS AUTORAIS E DIREITOS DA PERSONALIDADE. GRAVAÇÃO DE
VOZ. COMERCIALIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO PELA RÉ. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC/73. NÃO OCORRÊNCIA. DIREITOS
AUTORAIS. GRAVAÇÃO DE MENSAGEM TELEFÔNICA QUE NÃO CONFIGURA DIREITO CONEXO AO DE AUTOR, NÃO
ESTANDO PROTEGIDA PELA LEI DE DIREITOS AUTORAIS. PROTEÇÃO À VOZ COMO DIREITO DA PERSONALIDADE.

POSSIBILIDADE DE DISPOSIÇÃO VOLUNTÁRIA, DESDE QUE NÃO PERMANENTE NEM GERAL. AUTORIZAÇÃO PARA A
UTILIZAÇÃO DA GRAVAÇÃO DA VOZ QUE PODE SER PRESUMIDA NO PRESENTE CASO. GRAVAÇÃO REALIZADA
ESPECIFICAMENTE PARA AS NECESSIDADES DE QUEM A UTILIZA. UTILIZAÇÃO CORRESPONDENTE AO FIM COM QUE
REALIZADA A GRAVAÇÃO. INDENIZAÇÃO NÃO DEVIDA. 1. Pretensão da autora de condenação da empresa
requerida ao pagamento de indenização pela utilização de gravação de sua voz sem sua autorização, com fins
alegadamente comerciais, por ser ela objeto de proteção tanto da legislação relativa aos direitos autorais, como
aos direitos da personalidade. 2. Ausência de violação do art. 535 do CPC/73, tendo o Tribunal de origem apresentado

7
CC, art. 166, II: “É nulo o negócio jurídico quando:
(...) II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;”

9
www.playjuridico.com
fundamentação suficiente para o desprovimento do recurso de apelação da autora. 3. Os direitos do artista executante
ou intérprete são conexos aos direitos de autor e, apesar de sua autonomia, estão intrinsecamente ligados, em sua
origem, a uma obra autoral, e a ela devem sua existência. 4. Nos termos da Lei de Direitos Autorais (Lei n. 9.610/98),
apenas há direitos conexos quando há execução de obra artística ou literária, ou de expressão do folclore. 5.
Gravação de mensagem de voz para central telefônica que não pode ser enquadrada como direito conexo ao de autor,
por não representar execução de obra literária ou artística ou de expressão do folclore. Inaplicabilidade da Lei n.
9.610/98 ao caso em comento. 6. A voz humana encontra proteção nos direitos da personalidade, seja como direito
autônomo ou como parte integrante do direito à imagem ou do direito à identidade pessoal. 7. Os direitos da
personalidade podem ser objeto de disposição voluntária, desde que não permanente nem geral, estando seu
exercício condicionado à prévia autorização do titular e devendo sua utilização estar de acordo com o contrato.
Enunciado n. 4 da I Jornada de Direito Civil. 8. Caso concreto em que a autorização da autora deve ser presumida, pois
realizou gravação de voz a ser precisamente veiculada na central telefônica da ré, atendendo especificamente às
suas necessidades. 9. Gravação que vem sendo utilizada pela ré exatamente para esses fins, em sua central telefônica,
não havendo exploração comercial da voz da autora. 10. Eventual inadimplemento contratual decorrente do
contrato firmado pela autora com a terceira intermediária que deve ser pleiteado em relação a ela, e não
perante a empresa requerida. 11. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.” (REsp 1.630.851/SP, Rel. Ministro PAULO DE
TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/04/2017,DJe 22/06/2017).

O Enunciado n. 139 da III Jornada de Direito Civil8 afirma que os direitos da personalidade podem sofrer limitação
voluntária além dos casos previstos em lei, não podendo o seu exercício gerar abuso de direito (CC, art. 1879).

Artigo 12 do Código Civil


• CC, art. 12: tutela geral da personalidade.
CC, art. 12: “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.”
➢ O art. 12 do CC traz dois princípios:
Princípio da prevenção: cabem medidas de tutela específica. Exemplo: fixação de multa diária ou “astreintes”.

8
Enunciado 139, III JDC. “Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente
previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos
bons costumes.”
9
CC, art. 187. “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”

10
www.playjuridico.com
O art. 497, parágrafo único do CPC10 prevê que, para essas medidas, são irrelevantes o dolo, a culpa e o dano.
Princípio da reparação integral dos danos: todos os danos suportados pela vítima devem ser indenizados.
• Súmula 37 do STJ11: danos materiais + danos morais.
• Súmula 387 do STJ12: danos materiais + danos morais + danos estéticos.
✓ Em alguns casos, o dano é presumido (in re ipsa).
Ex: Súmula 403 do STJ - uso indevido de imagem com fins econômicos ou comerciais. Súmula 403, STJ: “Independe de
prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou
comerciais.”

• CC, art.12, parágrafo único13: reconhece os direitos da personalidade do morto.


O art. 12, § único do CC reconhece legitimidade aos “lesados indiretos”, que sofrem um dano indireto ou “em
ricochete”:
o Cônjuge.
o Ascendentes.
o Descendentes.
o Colaterais até o 4º grau.

O Enunciado n. 275 da IV Jornada de Direito Civil incluiu o companheiro no rol dos legitimados do art. 12, parágrafo
único, CC.
Enunciado n. 275 da IV Jornada de Direito Civil: “O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20,
parágrafo único, do Código Civil também compreende o companheiro”.
✓ Os direitos dos legitimados (lesados indiretos) são autônomos.

O REsp n. 1.209.474/SP (2013) afirma que o artigo 12, § único do Código Civil é exceção à regra de que a personalidade
termina com a morte (CC, art. 6º14) – Eficácia “post mortem” dos direitos da personalidade.

10
CPC, art. 497, §único. “Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração
ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência
de culpa ou dolo.”
11
Súmula 37, STJ. “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.”
12
Súmula 387, STJ. “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.”
13
CC, art. 12, § único: “Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.”
14
CC, art. 6º: “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a
lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”.

11
www.playjuridico.com
“RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO CELEBRADO APÓS A
MORTE DO USUÁRIO. INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. EFICÁCIA POST MORTEM DOS
DIREITOS DA PERSONALIDADE. LEGITIMIDADE ATIVA DA VIÚVA PARA POSTULAR A REPARAÇÃO DOS PREJUÍZOS
CAUSADOS À IMAGEM DO FALECIDO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 12, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL. 1.
Contratação de cartão de crédito após a morte do usuário, ensejando a inscrição do seu nome nos cadastros de
devedores inadimplentes. 2. Propositura de ação declaratória de inexistência de contrato de cartão de crédito,
cumulada com pedido de indenização por danos morais, pelo espólio e pela viúva. 3. Legitimidade ativa da viúva tanto
para o pedido declaratório como para o pedido de indenização pelos prejuízos decorrentes da ofensa à imagem do
falecido marido, conforme previsto no art. 12, parágrafo único, do Código Civil. 4. Ausência de legitimidade ativa do
espólio para o pedido indenizatório, pois a personalidade do "de cujus" se encerrara com seu óbito, tendo sido o
contrato celebrado posteriormente. 5. Doutrina e jurisprudência acerca do tema. 6. Restabelecimento dos comandos da
sentença acerca da indenização por dano moral. 7. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO” (REsp 1209474/SP,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 23/09/2013).

Atenção: Segundo o art. 20, parágrafo único, CC15, são legitimados:


o Cônjuge.
o Ascendentes.
o Descendentes.
* No art. 20, parágrafo único, CC, não há menção expressa aos colaterais até o 4º grau.

Observação n. 4: é importante destacar que, apesar de o art. 12, § único, e o art. 20, § único, não terem listado o
companheiro no rol de legitimados, ele deve ser incluído. Sobre o tema, há o Enunciado 275, IV JDC16, que indica tal
inclusão.
Sobre o tema, há o julgado do STJ que versa sobre o livro “Estrela solitária – um brasileiro chamado Garrincha” – REsp
521.697/RJ.
EMENTA: “CIVIL. DANOS MORAIS E MATERIAIS. DIREITO À IMAGEM E À HONRA DE PAI FALECIDO. Os direitos da
personalidade, de que o direito à imagem é um deles, guardam como principal característica a sua intransmissibilidade.
Nem por isso, contudo, deixa de merecer proteção a imagem e a honra de quem falece, como se fossem coisas de
ninguém, porque elas permanecem perenemente lembradas nas memórias, como bens imortais que se prolongam para
muito além da vida, estando até acima desta, como sentenciou Ariosto. Daí porque não se pode subtrair dos filhos o
direito de defender a imagem e a honra de seu falecido pai, pois eles, em linha de normalidade, são os que mais se
desvanecem com a exaltação feita à sua memória, como são os que mais se abatem e se deprimem por qualquer

15
CC, art. 20, § único: “Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o
cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.”
16
Enunciado 275, IV JDC. “O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do
Código Civil também compreende o companheiro.”

12
www.playjuridico.com
agressão que lhe possa trazer mácula. Ademais, a imagem de pessoa famosa projeta efeitos econômicos para além de
sua morte, pelo que os seus sucessores passam a ter, por direito próprio, legitimidade para postularem indenização em
juízo, seja por dano moral, seja por dano material. Primeiro recurso especial das autoras parcialmente conhecido e,
nessa parte, parcialmente provido. Segundo recurso especial das autoras não conhecido. Recurso da ré conhecido pelo
dissídio, mas improvido.” (REsp nº 521.697/ RJ – Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, Julgado em
16/02/2006, DJ 20/03/2006).

Artigo 13 do Código Civil


• CC, art. 13: tutela da integridade físico-psíquica (direito ao corpo vivo e disposições do corpo em vida).
CC, art. 13: “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei
especial.”
São vedadas as disposições do corpo que geram perda permanente da integridade física ou que contrariam os bons
costumes, salvo por exigência médica.
Exemplo: pessoa trans/transexual ou transgênero.

✓ Antes, o STJ entendia que era possível a alteração do sexo e do nome no registro civil após a cirurgia de
mudança de sexo, desde que existisse laudo médico. Este entendimento consta nos Informativos 409 e 411 do
STJ.

✓ Tendência à “despatologização” (substituição do termo “transexualismo” por “transexualidade”). Em 2017, o


STJ concluiu que é possível a alteração do nome e do sexo no registro civil mesmo sem cirurgia (“direito ao
gênero”).

EMENTA: “RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO DE NASCIMENTO PARA A TROCA DE PRENOME E
DO SEXO (GÊNERO) MASCULINO PARA O FEMININO. PESSOA TRANSEXUAL. DESNECESSIDADE DE CIRURGIA DE
TRANSGENITALIZAÇÃO. 1. À luz do disposto nos artigos 55, 57 e 58 da Lei 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), infere-se
que o princípio da imutabilidade do nome, conquanto de ordem pública, pode ser mitigado quando sobressair o
interesse individual ou o benefício social da alteração, o que reclama, em todo caso, autorização judicial, devidamente
motivada, após audiência do Ministério Público. 2. Nessa perspectiva, observada a necessidade de intervenção do Poder
Judiciário, admite-se a mudança do nome ensejador de situação vexatória ou degradação social ao indivíduo, como
ocorre com aqueles cujos prenomes são notoriamente enquadrados como pertencentes ao gênero masculino ou ao
gênero feminino, mas que possuem aparência física e fenótipo comportamental em total desconformidade com o
disposto no ato registral. 3. Contudo, em se tratando de pessoas transexuais, a mera alteração do prenome não alcança
o escopo protetivo encartado na norma jurídica infralegal, além de descurar da imperiosa exigência de concretização do
princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, que traduz a máxima antiutilitarista segundo a qual cada ser
humano deve ser compreendido como um fim em si mesmo e não como um meio para a realização de finalidades

13
www.playjuridico.com
alheias ou de metas coletivas. 4. Isso porque, se a mudança do prenome configura alteração de gênero (masculino para
feminino ou vice-versa), a manutenção do sexo constante no registro civil preservará a incongruência entre os dados
assentados e a identidade de gênero da pessoa, a qual continuará suscetível a toda sorte de constrangimentos na vida
civil, configurando-se flagrante atentado a direito existencial inerente à personalidade. 5. Assim, a segurança jurídica
pretendida com a individualização da pessoa perante a família e a sociedade - ratio essendi do registro público,
norteado pelos princípios da publicidade e da veracidade registral - deve ser compatibilizada com o princípio
fundamental da dignidade da pessoa humana, que constitui vetor interpretativo de toda a ordem jurídico-
constitucional. 6. Nessa compreensão, o STJ, ao apreciar casos de transexuais submetidos a cirurgias de
transgenitalização, já vinha permitindo a alteração do nome e do sexo/gênero no registro civil (REsp 1.008.398/SP, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 15.10.2009, DJe 18.11.2009; e REsp 737.993/MG, Rel. Ministro
João Otávio de Noronha, Quarta Turma, julgado em 10.11.2009, DJe 18.12.2009). 7. A citada jurisprudência deve evoluir
para alcançar também os transexuais não operados, conferindo-se, assim, a máxima efetividade ao princípio
constitucional da promoção da dignidade da pessoa humana, cláusula geral de tutela dos direitos existenciais inerentes
à personalidade, a qual, hodiernamente, é concebida como valor fundamental do ordenamento jurídico, o que implica o
dever inarredável de respeito às diferenças. 8. Tal valor (e princípio normativo) supremo envolve um complexo de
direitos e deveres fundamentais de todas as dimensões que protegem o indivíduo de qualquer tratamento degradante
ou desumano, garantindo-lhe condições existenciais mínimas para uma vida digna e preservando-lhe a individualidade e
a autonomia contra qualquer tipo de interferência estatal ou de terceiros (eficácias vertical e horizontal dos direitos
fundamentais). 9. Sob essa ótica, devem ser resguardados os direitos fundamentais das pessoas transexuais não
operadas à identidade (tratamento social de acordo com sua identidade de gênero), à liberdade de desenvolvimento e
de expressão da personalidade humana (sem indevida intromissão estatal), ao reconhecimento perante a lei
(independentemente da realização de procedimentos médicos), à intimidade e à privacidade (proteção das escolhas de
vida), à igualdade e à não discriminação (eliminação de desigualdades fáticas que venham a colocá-los em situação de
inferioridade), à saúde (garantia do bem-estar biopsicofísico) e à felicidade (bem-estar geral). 10. Consequentemente, à
luz dos direitos fundamentais corolários do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, infere-se que o
direito dos transexuais à retificação do sexo no registro civil não pode ficar condicionado à exigência de realização da
cirurgia de transgenitalização, para muitos inatingível do ponto de vista financeiro (como parece ser o caso em exame)
ou mesmo inviável do ponto de vista médico. 11. Ademais, o chamado sexo jurídico (aquele constante no registro civil
de nascimento, atribuído, na primeira infância, com base no aspecto morfológico, gonádico ou cromossômico) não pode
olvidar o aspecto psicossocial defluente da identidade de gênero autodefinido por cada indivíduo, o qual, tendo em
vista a ratio essendi dos registros públicos, é o critério que deve, na hipótese, reger as relações do indivíduo perante a
sociedade. 12. Exegese contrária revela-se incoerente diante da consagração jurisprudencial do direito de retificação do
sexo registral conferido aos transexuais operados, que, nada obstante, continuam vinculados ao sexo
biológico/cromossômico repudiado. Ou seja, independentemente da realidade biológica, o registro civil deve retratar a
identidade de gênero psicossocial da pessoa transexual, de quem não se pode exigir a cirurgia de transgenitalização
para o gozo de um direito. 13. Recurso especial provido a fim de julgar integralmente procedente a pretensão deduzida
na inicial, autorizando a retificação do registro civil da autora, no qual deve ser averbado, além do prenome indicado, o

14
www.playjuridico.com
sexo/gênero feminino, assinalada a existência de determinação judicial, sem menção à razão ou ao conteúdo das
alterações procedidas, resguardando-se a publicidade dos registros e a intimidade da autora” (REsp 1626739/RS, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 09/05/2017, DJe 01/08/2017).

✓ 2018: STF (publicada no Informativo n. 892 – ADI n. 4.275/DF – confirma o direito ao gênero e o direito à
despatologização). Segundo o STF, cabe a alteração do nome no registro civil independentemente de:

• Ação judicial.
• Laudo médico.
• Cirurgia.

EMENTA: "DIREITO CIVIL - PESSOAS NATURAIS. Transgêneros e direito a alteração no registro civil. O direito à igualdade
sem discriminações abrange a identidade ou a expressão de gênero. A identidade de gênero é manifestação da própria
personalidade da pessoa humana e, como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la. A
pessoa não deve provar o que é, e o Estado não deve condicionar a expressão da identidade a qualquer tipo de modelo,
ainda que meramente procedimental. Com base nessas assertivas, o Plenário, por maioria, julgou procedente pedido
formulado em ação direta de inconstitucionalidade para dar interpretação conforme a Constituição e o Pacto de São
José da Costa Rica ao art. 58 da Lei 6.015/1973. Reconheceu aos transgêneros, independentemente da cirurgia de
transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, o direito à alteração de prenome e
gênero diretamente no registro civil. O Colegiado assentou seu entendimento nos princípios da dignidade da pessoa
humana, da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem, bem como no Pacto de São José da
Costa Rica. Considerou desnecessário qualquer requisito atinente à maioridade, ou outros que limitem a adequada e
integral proteção da identidade de gênero autopercebida. Além disso, independentemente da natureza dos
procedimentos para a mudança de nome, asseverou que a exigência da via jurisdicional constitui limitante incompatível
com essa proteção. Ressaltou que os pedidos podem estar baseados unicamente no consentimento livre e informado
pelo solicitante, sem a obrigatoriedade de comprovar requisitos tais como certificações médicas ou psicológicas, ou
outros que possam resultar irrazoáveis ou patologizantes. Pontuou que os pedidos devem ser confidenciais, e os
documentos não podem fazer remissão a eventuais alterações. Os procedimentos devem ser céleres e, na medida do
possível, gratuitos. Por fim, concluiu pela inexigibilidade da realização de qualquer tipo de operação ou intervenção
cirúrgica ou hormonal. Vencidos, em parte os ministros Marco Aurélio (relator), Alexandre de Moraes, Ricardo
Lewandowski e Gilmar Mendes. O relator assentou a possibilidade de mudança de prenome e gênero no registro civil,
mediante averbação no registro original, condicionando-se a modificação, no caso de cidadão não submetido à cirurgia
de transgenitalização, aos seguintes requisitos: a) idade mínima de 21 anos; e b) diagnóstico médico de transexualismo,
presentes os critérios do art. 3º da Resolução 1.955/2010, do Conselho Federal de Medicina, por equipe multidisciplinar
constituída por médico psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogo e assistente social, após, no mínimo, dois anos
de acompanhamento conjunto. Considerou inconstitucional interpretação que encerre a necessidade de cirurgia para
ter-se a alteração do registro quer em relação ao nome, quer no tocante ao sexo. Os ministros Alexandre de Moraes,

15
www.playjuridico.com
Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes condicionaram a alteração no registro civil a ordem judicial e a averbação no
registro civil de nascimento, resguardado sigilo no tocante à modificação" (STF, ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgamento em 28.2 e 1º.3.2018. (ADI-4275).

✓ OMS (junho de 2018): CID -11: a transexualidade deixou de ser doença mental e passou a ser uma
incongruência de gênero.

Artigo 14 do Código Civil


• CC, art. 14: disposições “post mortem” de partes do corpo (direito ao corpo morto).
CC, art. 14: “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte,
para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.”
As disposições “post mortem” somente são possíveis para fins científicos ou de transplantes, sendo vedada a venda de
órgãos (Lei n. 9.434/97 – Lei de Transplantes).
Em matéria de transplantes, há o princípio do consenso afirmativo: para o transplante, há necessidade de um “sim”
(documento).

Questão n. 3: qual a vontade que prevalece? A do doador ou a dos familiares?


✓ Doador: Enunciado n. 277 – IV Jornada de Direito Civil. A vontade dos familiares somente será levada em conta
no silêncio do doador.
✓ Familiares: art. 4º da Lei 9.434/9717 e Decreto n. 9.175/17.

Enunciado 277, IV JDC: “O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com
objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos
em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à
hipótese de silêncio do potencial doador.”

Artigo 15 do Código Civil


• CC, art. 15: direitos do paciente médico.
CC, art. 15:“Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção
cirúrgica.”

17
Lei 9.434/97, art. 4º: “A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra
finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória,
reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à
verificação da morte.”

16
www.playjuridico.com
Observação n. 5: sobre o caso de transfusão de sangue em testemunhas de Jeová, veja a notícia neste link.
O art. 15 do CC consagra dois princípios:
o Princípio da beneficência.
o Princípio da não maleficência.
O profissional da área da saúde deve fazer o bem e não pode fazer o mal. Exemplo: médicos.
✓ Responsabilidade civil – art. 951 do CC18 – subjetiva.

Artigos 16 a 19 do Código Civil


• CC, arts. 16 a 19: tutela do nome.
Nome: sinal representativo da pessoa.
Todos os elementos do nome estão protegidos:
• Prenome (1º nome): simples ou composto.
• Sobrenome ou patronímico (nome de família): simples ou composto.
• Partícula: da, dos, de...
• Agnome: Júnior, Filho, Neto, Sobrinho, II.
• Pseudônimo (art. 19, CC/200219): é o nome atrás do qual se esconde o autor de obra intelectual ou cultural.
Essa previsão já estava no art. 24, II da Lei 9.610/98.20
✓ Nome artístico – TJSP, AI 4.021.314/300.
“Medida cautelar. Cautela inominada. Utilização de nome artístico do autor em nova dupla sertaneja. Impedimento.
Requisitos legais. Presença. Pseudônimo adotado para atividades lícitas que goza da mesma proteção dada ao nome.
Artigo 19, do Código Civil. Recurso improvido” (TJSP, Agravo de Instrumento 4.021.314/3-00, São Paulo, 9.ª Câmara de
Direito Privado, Rel. Des. Osni de Souza, j. 13.12.2005).

MATERIAL COMPLEMENTAR PARA ESTUDO - FERRAMENTA JURISPRUDÊNCIA EM TESES - Edição 137


1) O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem
geral. (Enunciado n. 4 da I Jornada de Direito Civil do CJF).
2) A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade é imprescritível.

18
CC, art. 951: “O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no
exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o
mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.”
19
CC, art. 19. “O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.”
20
Lei n. 9.610/98, art. 24, II: “São direitos morais do autor: (...). II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional
indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra; (...)”.

17
www.playjuridico.com
3) A ampla liberdade de informação, opinião e crítica jornalística reconhecida constitucionalmente à imprensa não é um
direito absoluto, encontrando limitações, tais como a preservação dos direitos da personalidade.
4) No tocante às pessoas públicas, apesar de o grau de resguardo e de tutela da imagem não ter a mesma extensão
daquela conferida aos particulares, já que comprometidos com a publicidade, restará configurado o abuso do direito de
uso da imagem quando se constatar a vulneração da intimidade ou da vida privada.
5) Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins
econômicos ou comerciais. (Súmula n. 403/STJ)
6) A divulgação de fotografia em periódico (impresso ou digital) para ilustrar matéria acerca de manifestação popular de
cunho político-ideológico ocorrida em local público não tem intuito econômico ou comercial, mas tão-somente
informativo, ainda que se trate de sociedade empresária, não sendo o caso de aplicação da Súmula n. 403/STJ.
7) A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar
seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade. (Enunciado n. 278 da IV
Jornada de Direito Civil do CJF)
8) O uso e a divulgação, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física fotografada isoladamente em local
público, em meio a cenário destacado, sem nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa, configura dano moral
decorrente de violação do direito à imagem por ausência de autorização do titular.
9) O uso não autorizado da imagem de menores de idade gera dano moral in re ipsa.
10) A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento, ou seja, o
direito de não ser lembrado contra sua vontade, especificamente no tocante a fatos desabonadores à honra. (Vide
Enunciado n. 531 da IV Jornada de Direito Civil do CJF)
11) Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o afastamento de sua análise
desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento.

Edição 138
1) O dano moral extrapatrimonial atinge direitos de personalidade do grupo ou da coletividade como realidade
massificada, não sendo necessária a demonstração de da dor, da repulsa, da indignação, tal qual fosse um indivíduo
isolado.
2) A imunidade conferida ao advogado para o pleno exercício de suas funções não possui caráter absoluto, devendo
observar os parâmetros da legalidade e da razoabilidade, não abarcando violações de direitos da personalidade,
notadamente da honra e da imagem de outras partes ou de profissionais que atuem no processo.
3) A voz humana encontra proteção nos direitos da personalidade, seja como direito autônomo ou como parte
integrante do direito à imagem ou do direito à identidade pessoal.
4) O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, assentado no princípio
da dignidade da pessoa humana.
5) A regra no ordenamento jurídico é a imutabilidade do prenome, um direito da personalidade que designa o indivíduo
e o identifica perante a sociedade, cuja modificação revela-se possível, no entanto, nas hipóteses previstas em lei, bem
como em determinados casos admitidos pela jurisprudência.

18
www.playjuridico.com
6) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no
registro civil, exigindo-se, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, em respeito aos princípios da
identidade e da dignidade da pessoa humana, inerentes à personalidade.
7) É possível a modificação do nome civil em decorrência do direito à dupla cidadania, de forma a unificar os registros à
luz dos princípios da verdade real e da simetria.
8) A continuidade do uso do sobrenome do ex-cônjuge, à exceção dos impedimentos elencados pela legislação civil,
afirma-se como direito inerente à personalidade, integrando-se à identidade civil da pessoa e identificando-a em seu
entorno social e familiar.
9) O direito ao nome, enquanto atributo dos direitos da personalidade, torna possível o restabelecimento do nome de
solteiro após a dissolução do vínculo conjugal em decorrência da morte.
10) Em caso de uso indevido do nome da pessoa com intuito comercial, o dano moral é in re ipsa.
11) Não se exige a prova inequívoca da má-fé da publicação (actual malice), para ensejar a indenização pela ofensa ao
nome ou à imagem de alguém.
12) Os pedidos de remoção de conteúdo de natureza ofensiva a direitos da personalidade das páginas de internet, seja
por meio de notificação do particular ou de ordem judicial, dependem da localização inequívoca da publicação
(Universal Resource Locator - URL), correspondente ao material que se pretende remover.

19
www.playjuridico.com

Você também pode gostar