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ESTUDO DIRIGIDO – PRF

PROF. FERNANDO PESSOA

ESTUDO
DIRIGIDO 2.0
PRF

DIA 34
ESTUDO DIRIGIDO – PRF

CALENDÁRIO PROGRAMÁTICO DE ESTUDOS


POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL
DIA 1ª MATÉRIA 2ª MATÉRIA

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO PROCESSUAL PENAL

TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 3. PROVAS – PARTE III


– PARTE IV
34 3. PROVAS – PARTE IV

*** PDF DA MATÉRIA NO ESTUDO *** PDF DA MATÉRIA NO ESTUDO


DIRIGIDO 19 E SE REPETE ABAIXO DIRIGIDO 32 E SE REPETE ABAIXO

Clicando no link acima referente ao assunto a ser


estudado você será direcionado(a) para a aula
correspondente.
DIREITO
CONSTITUCIONAL
Fundamentos Constitucionais
dos Direitos e Deveres
Fundamentais
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 1

SUMÁRIO
1- FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS ......................2
1.1 – Direitos e Deveres Individuais e Coletivos ..............................................................................2
1.2 – Direitos à Vida, à Liberdade, à Igualdade, à Segurança e à Propriedade ...............................7
1.3 – Direitos Sociais, Nacionalidade, Cidadania e Direitos Políticos ............................................10
1.4 – Garantias Constitucionais Individuais ...................................................................................23
1.5 – Garantias dos Direitos Coletivos Sociais e Políticos .............................................................25
1.6 – Remédios Constitucionais.....................................................................................................27
2- QUESTÕES..................................................................................................................................30
3- GABARITO ..................................................................................................................................32
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 2

Direitos Fundamentais são direitos hoje garantidos a todos os seres humanos, enquanto
indivíduos de direito. São garantias formalizadas ao longo do tempo.

Os direitos e garantias fundamentais do cidadão brasileiro se dividem em três grupos: os Direitos


e Deveres Individuais e Coletivos (civis), os Direitos Sociais e os Direitos Políticos.

Os Deveres Fundamentais, de um modo geral, preveem o dever de todos os seres humanos,


dotados de razão e consciência, para com sua comunidade. A participação na vida pública,
obedecendo às normas constitucionais. Alguns desses deveres são:

1 - Escolher os governantes do país;

2 - Cumprir todas as leis e a Constituição;

3 - Proteger o meio ambiente e todo o patrimônio público e social do Brasil;

4 - Respeitar os direitos das outras pessoas;

5 - Fazer as contribuições tributárias e previdenciárias devidas;

6 - Educar e proteger os seus semelhantes; e

7 - Contribuir com as autoridades.

Direitos individuais e coletivos são uma série de direitos básicos, garantidos pela Constituição
Federal e presentes no artigo 5º, em que o indivíduo e alguns grupos sociais têm assegurados e
que podem invocá-los a qualquer momento para a garantia de uma vida digna como ser humano.

Vale mencionar que além da existência de direitos, também existem os deveres


fundamentais que estão implícitos no texto constitucional e que garantem a não violação dessas
garantias, tanto por parte do estado, quanto pelos indivíduos.

Mas quais são esses direitos? Para conhecê-los em sua totalidade, basta fazer uma leitura de
todos os 78 incisos do artigo 5º e entender cada um.

Os considerados mais importantes, estão previstos no caput do mencionado artigo, são eles: o
direito à vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade e é a partir deles que surgem os
demais.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 3

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(Aqui vale ressaltar que mesmo o estrangeiro estando apenas em viagem pelo Brasil, o STF tem
posicionamento claro de que ele será “protegido” pelos direitos fundamentais, na medida do
possível).
Igualdade (Isonomia)

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Princípio da legalidade (na visão do cidadão)

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

(Há uma diferença entre a aplicação do princípio da legalidade para o cidadão e para o
administrador público, enquanto este poderá fazer apenas o que a lei autorize, aquele poderá
fazer tudo aquilo que a lei não proíba).

Desdobramento da dignidade da pessoa humana

III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

Liberdade de expressão (Manifestação de pensamento)

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

(As bancas adoram incluir o anonimato como possibilidade de manifestação, pegadinha!)

Direito de resposta

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano


material, moral ou à imagem;

(Dois aspectos importantes nesse inciso.


1º O direito de resposta, proporcional ao agravo, se aplica tanto às pessoas físicas quanto às
pessoas jurídicas ofendidas, assim como as indenizações por danos, inclusive há entendimento
consolidado que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral (STJ, súmula 227).
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 4

2ºAs indenizações por dano material, moral e à imagem são cumuláveis, a depender do caso
concreto.)

Liberdade religiosa e filosófica

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos


cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

Liberdade de expressão e a censura

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,


independentemente de censura ou licença;

(É vedada toda e qualquer censura, seja ela política, ideológica, artística e etc., porém que como
qualquer outro princípio a liberdade de expressão é um princípio não absoluto (relativo).

Inviolabilidade de honra, imagem e vida privada

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Inviolabilidade domiciliar

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial;

(Poderá ingressar na domicilio do indivíduo: Com consentimento do morador. Sem


consentimento no caso de: flagrante delito, desastre, prestar socorro ou por ordem judicial
durante o dia.)

Obs. Segundo o STF o termo casa deve ser entendido de forma mais ampla, abrange tanto a
residência do indivíduo quanto qualquer compartimento privado não aberto ao público onde ele
exerça profissão ou atividade, tais como escritórios e consultórios profissionais.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 5

Inviolabilidade das correspondências e das comunicações.


XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

ESCUTA TELEFÔNICA: é a captação da conversa telefônica feita por um terceiro com o


conhecimento de um dos interlocutores.

GRAVAÇÃO TELEFÔNICA: STF chama de “GRAVAÇÃO CLANDESTINA” na AP 447: é a captação da


conversa telefônica feita por um dos interlocutores, ou seja, não existe a figura do terceiro
interceptador.

INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL: é a captação da conversa ambiente, feita por um terceiro sem o


conhecimento dos interlocutores.

ESCUTA AMBIENTAL: é o mesmo conceito de escuta, porém aplicado à conversa ambiente. Ou


seja, é a captação da conversa ambiente por um terceiro com o conhecimento de um dos
interlocutores.

GRAVAÇÃO AMBIENTAL ou GRAVAÇÃO CLANDESTINA: é o mesmo conceito de gravação


aplicado à conversa ambiente, ou seja, é a captação da conversa ambiente feita pelo próprio
interlocutor sem o conhecimento do outro.

Macete:
Se tem T (interceptação) tem terceiro na conversa.
Se tem CUT (escuta) - Conhecimento de Um + Terceiro.
Apenas por determinação JUDICIAL.

Direito de reunião

XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Direito de associação

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

Crimes inafiançáveis

XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de


reclusão, nos termos da lei;
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 6

XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da


tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;

XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
Um esquema para não errar esse tipo de questão.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 7

Os direitos fundamentais se referem aos direitos propriamente ditos constantes na


Constituição, são exemplos o direito à vida e à liberdade. Garantias fundamentais se referem a
medidas previstas e visam a proteção desses direitos, como exemplo o Habeas Corpus e o
Habeas Data, além de outros remédios jurídicos.

Os direitos e garantias fundamentais previstos na nossa Constituição estão previstos nos artigos
abaixo:

Direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5º, CF);


Direitos sociais (art. 6º ao art. 11, CF);
Direitos da nacionalidade (art. 12 e art. 13, CF);
Direitos políticos (art. 14 ao art. 16, CF).

Como já vimos, o artigo 5° apresenta uma série de deveres e garantias que são fundamentais a
uma vida digna e dentro dele há 5 direitos que são basilares, de suma importância. São eles:

Direito à Vida
É o principal direito garantido a todas as pessoas, afinal, constitui em pré-requisito à existência e
exercício de todos os demais e se não for assegurado, todos os outros perdem o sentido. Engloba
não apenas o direito de existir, mas de existir de modo digno. É também um direito à saúde, à
alimentação, à educação, e todas as formas que garantam a dignidade da pessoa humana.

Isto implica a vedação a práticas humilhantes e de tortura, por exemplo. Nesse sentido, dispõe o
inciso III do artigo 5º, CF:

“III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; ”

Cabe ressaltar que o Projeto do Novo Código Penal aumenta a punição para os crimes de tortura,
visando a inibição dessa violação ao direito à vida.

No que concerne à existência digna, o artigo 170 da Constituição Federal também dispõe:

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social […]”
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Direito à Liberdade
Todo indivíduo possui o direito de ir e vir, além da liberdade de crença e da liberdade de
expressão.

Acompanhemos o artigo 5º da Constituição Federal:

I – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
X – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente
de censura ou licença;
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

Direito à Igualdade
Este direito trata da vedação à discriminação. Dispõe que todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza.

No tocante à igualdade formal, ou seja, ao acesso indistinto dos indivíduos a direitos e


obrigações, estabelece o inciso I do artigo 5º, CF:

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

De igual modo, dispõem os incisos XLI e XLII do arti 5º, CF:

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei;

Contudo não devemos buscar somente a igualdade formal, mas sim a igualdade substancial,
devendo-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas
desigualdades. Assim, quando o Direito visa a regulação de relações entre desiguais, deverá
observar as desigualdades com vistas à equiparação de oportunidades.

Direito à Segurança
Nossa Constituição dispõe que o direito à segurança é dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, a ser exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do patrimônio.

Mas também diz respeito à proteção dos indivíduos em face do poder de punição do Estado.
Desse modo, prevê, por exemplo, que ninguém poderá ser punido por fato que não seja previsto
em lei. Dessa maneira, por exemplo, prevê o inciso XXXIX do artigo 5º, CF:

XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
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Direito à Propriedade
No Inciso XXII do Artigo 5°, determina que:

“XXII – é garantido o direito de propriedade”

Segundo a jurista Maria Helena Diniz, o direito de propriedade pode ser entendido como “o direito que a
pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo
ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha”.

Direito de uso sobre um bem: diz respeito ao direito de usufruir de um bem ou colocá-lo a disposição do
uso de outro de pessoa, sem que essa possa modificar a substância do bem. Por exemplo, se você é
proprietário de um imóvel, pode optar por usufruir dele, emprestá-lo ou alugá-lo.

Direito de gozo sobre um bem: significa ter direitos sobre os frutos ou rendimentos que esse bem fornece.
Por exemplo, ter o direito sobre os frutos de uma laranjeira que nasce em sua propriedade; ou ter direito
sobre os rendimentos do aluguel de um imóvel que é seu.

Direito de dispor: este é o direito que mais expressa o domínio/posse sobre o bem. Significa que você
pode optar por vendê-lo, doá-lo ou trocá-lo.
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Direitos Sociais
Estão prescritos no Art. 6º da Constituição Federal.

“São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição. ”

Conforme o STF, o rol dos direitos sociais apresentados no artigo sexto é exemplificativo.

Os direitos sociais do artigo sexto são normas de eficácia limitada e aplicabilidade mediata, necessitando
de leis e ações estatais para que sejam aplicáveis.

Um rol exemplificativo, estabelece apenas alguns itens de uma lista, deixando-a em aberto para que
outros casos possam ser inseridos. Em regra, os róis exemplificativos trazem expressões como: “dentre
outros”; “demais hipóteses previstas em lei”; “a lei poderá” etc.

Um rol taxativo, estabelece uma lista de forma que não haja margem para interpretações. Por exemplo,
no Art. 1 da CF, os fundamentos da RFB são apenas os que estão listados explicitamente e mais nenhum
outro.
Apesar da não taxatividade, muitas questões exigem os direitos expressos no artigo, assim
apresentaremos dois bizus para melhor fixação.

Mnemônico EMAP e derivados:

EDUCAÇÃO + TRANSPORTE te leva para o TRABALHO.


MORADIA boa tem que ter LAZER e SEGURANÇA.
ALIMENTAÇÃO te dá SAÚDE.
PREVIDÊNCIA protege a MATERNIDADE, a INFÂNCIA e os DESAMPARADOS.

ASSIS MORA ALI: ASSISTENCIA, MORADIA, ALIMENTAÇÃO.


EDU TRABALHA LA: EDUCAÇÃO, TRABALHO, LAZER.
SAÚ TRANSPORTA PROTEÇÃO, SEGURANÇA E A PREVIDÊNCIA.
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Direitos dos trabalhadores urbanos e rurais


Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:

Perceba que os direitos dos trabalhadores apresentados no artigo sétimo são exemplificativos (“além de
outros”) e que esses valem tanto para os trabalhadores urbanos quanto para os trabalhadores rurais.

Direito à segurança no emprego (Proteção ao emprego)

I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

A proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa é o único direito dos trabalhadores que
necessita de lei complementar, fique atento com essa pegadinha recorrente.

Seguro-desemprego

II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

Para que se faça jus ao seguro-desemprego é necessário que o desemprego seja involuntário.

Fundo de garantia

III – fundo de garantia do tempo de serviço;

Piso salarial

V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

Irredutibilidade do salário

VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

Veja que a irredutibilidade do salário é a regra, porém excepcionalmente é possível reduzir o salário
devido à convenção coletiva de trabalho (negociação entre sindicatos dos trabalhadores e patronal) ou
acordo coletivo de trabalho (negociação entre sindicato dos trabalhos e a empresa).

Apesar do exposto, o STF sumulou (679) que “a fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode
ser objeto de convenção coletiva”.

Décimo terceiro salário

VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
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Adicional noturno

IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

Participação nos lucros

XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,


participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;

Jornada de trabalho

XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho;

XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva;

Repouso remunerado

XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

Algumas bancas adoram trocar por obrigatoriamente, atenção!

Hora-extra

XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;

Férias remuneradas

XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;

Não há qualquer menção a quantidade de dias de férias.

Licença à gestante

XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;

XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;


Licença Maternidade: 120 dias (CF, Art. 7, XVIII) / Paternidade: 5 dias (CF, ADCT, art. 10, § 1º)
Aviso prévio

XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
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Direito a creches e pré-escolas

XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
creches e pré-escolas;

Atenção, pois a EC 53/06 reduziu a idade de 6 para 5 anos e algumas bancas ainda tentam confundir o
candidato utilizando 6 anos de idade.

Seguro contra acidentes

XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este
está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

O seguro contra acidentes de trabalho é um encargo do empregador, porém este encargo não exclui a
possibilidade de uma indenização caso o empregador haja com dolo ou culpa, no caso de um acidente.

Ação de créditos trabalhistas

XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho;

Idade mínima para se trabalhar

XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;

Idade mínima
Menor de 14 anos: Nenhum trabalho.
De 14 a 16 anos: Como menor aprendiz.
De 16 a 18: Qualquer trabalho, salvo: noturno, perigoso e insalubre.
A partir de 18: Qualquer trabalho.

Associação profissional ou sindical

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no
órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;

II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de


categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
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III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas;

IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será


descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei;

V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;

VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de


direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato,
salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Características Associação Sindical


- NÃO precisa de autorização.
- OBRIGATÓRIO registro em órgão competente.
- UniCIdade sindical (apenas um sindicato por cidade).
- Liberdade de associação.
- Defesa Coletiva e Individual (judiciais e administrativos).
- Obrigatória a participação sindicatos em negociação coletiva.
Sindicatos - Questões JUDICIAIS OU ADMINISTRATIVAS;
Associações - Questões JUDICIAIS OU EXTRAJUDICIAIS (devem estar expressamente autorizadas).

Direito de Greve
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.

§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade.

§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Desse ponto é importante perceber que o direito de greve não é absoluto, sendo uma norma de eficácia
contida para a iniciativa privada (regidos pela CLT).

Militar NÃO faz greve e nem os servidores de segurança pública (PF, PRF, PC, Polícia penal).

Greve dos Servidores Públicos = eficácia limitada.

Greve dos Empregados Públicos = eficácia contida.


FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 15

Nacionalidade

Nacionalidade é o vínculo jurídico político que estabelece uma ligação entre um determinado indivíduo e
um determinado Estado.

Art. 12. São brasileiros:

Nacionalidade originária (brasileiro nato)

I – natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

Regra - ius soli (nascido no solo)


Alínea “a” – Nasceu no Brasil? Se sim, será Brasileiro Nato, exceto no caso de pais estrangeiros (ambos)
em serviço de seu país.

Exceções - ius sanguini (sangue de nacional)

Alínea “b” – Pai e/ou mãe brasileira a serviço do Brasil no estrangeiro, logo o filho será brasileiro nato.
Alínea “c” – Registro em repartição competente; OU vier a residir no Brasil e optar pela nacionalidade
brasileira, após a maioridade.

Nacionalidade derivada (brasileiro naturalizado)

II – naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de


quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Cargos privativos de brasileiros

§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
previstos nesta Constituição.

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:


FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 16

I – de Presidente e Vice-Presidente da República;


II – de Presidente da Câmara dos Deputados;
III – de Presidente do Senado Federal;
IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V – da carreira diplomática;
VI – de oficial das Forças Armadas.
VII – de Ministro de Estado da Defesa

São privativos de brasileiro nato os cargos: MP3.COM


M - Ministro do Supremo Tribunal Federal; (Presidente do TSE e do CNJ);
P3 – Presidentes (senado/câmara/ pres. da República e vice);
C - Carreira diplomática;
O - Oficial das forças armadas;
M - Ministro do Estado de Defesa.

Idioma e símbolos nacionais

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.

§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.

§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.


FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 17

Cidadania

Cidadania é conjunto de direitos decorrentes da Nacionalidade, porquanto é ligada à forma de uma


pessoa atuar em determinado Estado.

Desta maneira, José Afonso da Silva (2004, p. 344-345), faz a diferenciação entre nacionalidade e
cidadania:

Aquela é vínculo ao território estatal por nascimento ou naturalização; esta é um status ligado ao regime
político. Cidadania, já vimos, qualifica os participantes da vida do Estado, é atributo das pessoas
integradas na sociedade estatal, atributo político decorrente do direito de participar no governo e direito
de ser ouvido pela representação política. Cidadão, no direito brasileiro, é o indivíduo que seja titular dos
direitos políticos de votar e ser votado e suas consequências. Nacionalidade é o conceito mais do que
cidadania, e é pressuposto desta, uma vez que só o titular da nacionalidade brasileira pode ser cidadão.

O direito de cidadania, de acordo com José Afonso da Silva (2004, p. 343), “acabara exigindo a formação
de um conjunto de normas legais pertinentes, que recebera a denominação de direitos políticos”.

A questão da cidadania em nossa Constituição Federal está abordada no Capítulo IV, “Dos Direitos
Políticos”, composto pelos artigos 14 a 16, que rezam, in fine:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.

Este capítulo do texto constitucional, de acordo com José Afonso da Silva (2004, p. 343), estabelece
normas que “constituem o desdobramento do princípio democrático inscrito no art. 1º, parágrafo único,
quando diz que o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente”.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 18

Direitos Políticos

Os direitos políticos expressam o poder de uma pessoa participar direta ou indiretamente do


Governo e da formação do Estado do qual é cidadã.
No Brasil adotamos o regime de Democracia semidireta (participativa), pois tanto o povo exerce o poder
diretamente em alguns casos (ex: referendo) como através de seus representantes eleitos.
Os direitos políticos costumam ser classificados em Direitos políticos negativos e positivos.

DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS


São normas relacionados a participação ativa dos cidadãos na política. Ex: Plebiscito.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I – plebiscito;

II – referendo;

III – iniciativa popular.

Sufrágio universal compreende o direito de homens e mulheres naturalizados ou nascidos em um país de


participar das eleições, seja votando ou como candidato.

O voto direto e secreto se refere ao ato do voto em si. Nele, assegura-se o sigilo e o peso do voto, ou seja,
os eleitores não têm seus votos revelados e o poder de voto é igual para todos eles. Atualmente, o voto
é facultativo para menores de 18 anos (a partir dos 16 anos), analfabetos e maiores de 70 anos e
obrigatório para os demais brasileiros natos e naturalizados (estrangeiros não votam).

Plebiscito ocorre em um período anterior à tomada de decisão do legislativo sobre um ato, sendo que a
votação popular pode rejeitá-lo ou ratificá-lo.
Um exemplo de plebiscito ocorreu em 21 de abril de 1993, quando os brasileiros votaram se o país deveria
ter um regime republicano ou monarquista e controlado por um sistema presidencialista ou
parlamentarista. Dos totais de 67.010.409 votos, 66% votaram no sistema presidencialista e 55,4% no
regime republicano. A monarquia ficou com 10,2% e o sistema parlamentarista com 24,6%. Houve um
total de 25,7% de abstenção.

No referendo, o ato legislativo é promulgado pelos legisladores, aprovado pelo Senado e depois é feita a
consulta popular.
Já em 23 de outubro 2005, houve o referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e
munições, que não permitiu que o Artigo 35 do Estatuto do Desarmamento entrasse em vigor. Nele
constava a permissão do comércio de armas de fogo e munição em todo território nacional, porém foi
rejeitado por 63,94% da população, computando um total de 59.109.265 votos.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 19

Iniciativa popular, compreendida no artigo 13 da Lei nº 9.709/98, prescreve que a população pode propor
projetos de lei, mas que estes precisam ter o apoio de, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído
em ao menos 5 Estados e com não menos de 3,33% dos eleitores de cada um destes.

Requisitos para se tornar elegível.


Nacionalidade Brasileira;
Pleno exercício dos direitos políticos;
Alistamento eleitoral (estar com seu título em dia);
Domicílio eleitoral na circunscrição (possuir um local de voto fixo por, no mínimo, 3 meses);
Filiação partidária; e
Idade mínima de 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador, 30 anos para
Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, 25 anos para Deputado Federal, Estadual
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz e 18 anos para Vereador.

DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS


São normas que limitam a participação do indivíduo na vida política. Ex: Inelegibilidades, perda e
suspensão dos direitos políticos.
Legalmente, nossos direitos políticos não podem ser cassados, mas podem sim ser perdidos ou
suspendidos. O artigo 15 apresenta as hipóteses de perda (por prazo indeterminado) e suspensão (prazo
determinado) dos direitos políticos.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
Perda:
Cancelamento da naturalização;

Recusa de cumprir a obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, isso é, quando o indivíduo
deixa de cumprir uma obrigação em razão de uma crença religiosa ou de uma convicção filosófica. Um
caso comum é de algumas crenças religiosas nas quais os religiosos não prestam o serviço militar,
recorrendo, então, à prestação alternativa, cabendo às Forças Armadas determinar qual será.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 20

Suspensão:
Incapacidade civil absoluta, ou seja, quando há proibição legal do exercício de atividade política por
alguma deficiência ou patologia que impeça o cidadão de exprimir coerentemente suas vontades;

Condenação criminal por sentença transitada em julgado, isso é, quando não cabe mais recurso e um
indivíduo precisa cumprir uma pena até o final;
Improbidade administrativa, uma conduta inadequada por parte de agentes públicos que venha a causar
danos à administração pública, como, por exemplo, o enriquecimento ilícito.

Durante a votação no Senado para o impeachment da Ex-Presidente Dilma Rousseff, em agosto de 2016,
por exemplo, houve, também, a votação pela perda de seus direitos políticos. No entanto, Dilma obteve
36 votos a favor da manutenção de seus direitos.

REELEIÇÃO
Os chefes legislativos podem se reeleger sem limitação, os do executivo poderão ser reeleitos uma única
vez, em outras palavras, só poderão cumprir dois mandatos consecutivos.

§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os


houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período
subsequente.

Que fique claro que essa regra não impede que os chefes do executivo cumpram mais de dois mandatos,
desde que não sejam consecutivos. Apenas para exemplificar, Geraldo Alckmin foi governador de São
Paulo por quatro mandatos (2001-2003; 2003-2006; 20011-2015; 2015-2018).

CANDIDATURA EM OUTROS CARGOS


Deve se desvincular do cargo 6 meses antes para concorrer em outros cargos (veja que a regra não vale
para reeleição).

§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito


Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 meses antes do pleito.

Como exemplo, João Dória, hoje governador de São Paulo, teve que sair do cargo de prefeito de São Paulo
para que se candidatar ao cargo de Governador.

INELEGIBILIDADE REFLEXA
Denomina-se reflexa, pois a regra não atinge o chefe do executivo e sim seus parentes ou cônjuge.

§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins,


até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,
salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 21

Temos aqui uma inelegibilidade relativa, pois essa regra vale apenas no território de jurisdição do chefe
do executivo, assim a esposa de um prefeito poderia se candidatar a vaga de deputada federal
tranquilamente, por exemplo, mas não poderia como vereadora na cidade do mandato do marido. A regra
tem por objetivo impedir que se utilize a máquina pública para candidaturas pessoais.

Caso a esposa já fosse vereadora e posteriormente o marido venha a vencer a eleição como prefeito, ela
poderá continuar a se reeleger normalmente, conforme a exceção do parágrafo “salvo se já titular de
mandato eletivo e candidato à reeleição. ”

- Inelegibilidade reflexa: (só atinge o Executivo = Presidente, Governador, Prefeito + quem os tenha
substituído nos últimos 6 meses) ***
- Se o prefeito já se reelegeu para o segundo mandato consecutivo, não pode, em seguida, se candidatar
para o cargo de vice-prefeito, independentemente de ter renunciado até seis meses antes da eleição.
- É inelegível para o cargo de prefeito de Município resultante de desmembramento territorial o irmão
do atual chefe do Poder Executivo do município-mãe.
- A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade
prevista.
- Falecimento de um dos cônjuges durante o período do mandato > afasta a inelegibilidade.

ELEIÇÃO DE MILITAR
Os militares alistáveis são elegíveis
Menos de 10 anos de serviço, será afastado definitivamente da corporação.
Mais de 10 anos, irá para inatividade caso eleito.

§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:


I – se contar menos de 10 anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II – se contar mais de 10 anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

O militar da ativa, que se candidata a cargo eletivo, não se filia a partido político. Basta a ele que seu
pedido de registro, como candidato, apresentado pelo partido, seja aprovado pelo Tribunal Eleitoral, para
que possa disputar a eleição.

Aos militares da reserva remunerada e ao reformado aplica-se a regra da exigência de filiação partidária,
para que possa concorrer a cargo eletivo.

A atual constituição impôs, portanto, uma distinção entre militares da ativa: obtido o registro da
candidatura, se o militar candidato contar menos de dez anos de serviço será excluído do serviço ativo.
Cabe ao Comandante da OM iniciar o processo de demissão ou licenciamento do militar, assim que for
comunicado do registro da candidatura, conforme a Port 043 – DGP, de 16 Ago 00.

Noutra vertente, se o militar candidato contar mais de dez anos de serviço, será agregado, com direito à
remuneração, até o seu regresso ao Exército, se não tiver sido eleito, podendo permanecer na condição
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 22

de agregado até o ato da diplomação, se eleito, oportunidade em que passará para a reserva remunerada,
percebendo proventos proporcionais ao tempo de serviço.

Outros casos de inelegibilidade serão tratados por Lei Complementar.

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa
do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 23

Lemos e ouvimos bastante sobre direitos e garantias fundamentais, mas é necessário nos atentarmos
para o fato de que direitos não se confundem com garantias. Então de nada adianta os direitos se não
houver uma garantia de que serão respeitados.

Nas palavras de Alfredo Buzaid, “conferir garantias constitucionais significa prover os direitos de remédios
que correspondem à sua grandeza, à sua dignidade e à sua importância” (BUZAID, 2009 p. 193).

Garantias são ações constitucionais que visam sanar ou impedir lesão ou coação que atinjam os direitos
individuais ou coletivos, a depender da situação, denominadas pelo Direito com remédios constitucionais,
no qual o impetrante é denominado como paciente.

As garantias estão a serviço dos direitos, são instrumentos de que se vale o impetrante para assegurar
esses direitos. Uma coisa é o direito constitucional de locomoção (art. 5º, XV), outra é a garantia que o
tutela: o habeas corpus (art. 5º, LXVIII). Ambos não se confundem. Semelhantemente, o direito à
obtenção de uma informação pessoal (art. 5º, XXXIII) é assegurado pela garantia correlata do habeas data
(art. 5º, LXXII).

Portanto, apesar de haver uma conexão entre eles, os direitos se distinguem das garantias.

Alguns exemplos de garantias constitucionais:

- O procedimento de habeas corpus afirma que uma pessoa detida pode comparecer perante um juiz
quando considera que sua detenção é ilegal ou irregular. Assim, o juiz decide se a prisão está de acordo
com a lei.

- Todo cidadão tem o direito de coletar e atualizar toda informação que lhe possa afetar em um processo
judicial; esta garantia é conhecida como habeas data.

- É reconhecido o direito de ser julgado por um juiz imparcial e competente. Para garantir tal direito a
possibilidade de recusar um juiz também é reconhecida.

- Diante de qualquer violação de direito ou liberdade se reconhece o direito de amparo.

- Todos os cidadãos, independentemente de suas crenças ou ideias políticas, são iguais perante a lei.
Portanto, existe um princípio de igualdade.

- O direito à jurisdição consiste em reconhecer o direito de todo indivíduo a ser julgado por um tribunal.

- Existe também o direito de não testemunhar contra si mesmo e o direito de permanecer em silêncio.

- Quando um ato criminoso é atribuído a uma pessoa, a mesma tem o direito à presunção de inocência
até que se prove o contrário.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 24

- Ninguém pode ser privado de sua liberdade, exceto por ordem de uma autoridade competente.

O conceito garantias constitucionais tem uma finalidade geral: velar pelos direitos e liberdade dos
indivíduos.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 25

Os direitos sociais buscam a qualidade de vida dos indivíduos assim como os direitos individuais,
mas para compreendê-los é importante os diferenciar.

Os direitos individuais reconhecem a todos os brasileiros, de acordo com a lei, o respeito: ao seu
nome; sua intimidade; suas relações, sua privacidade; sua liberdade; seu domicílio; sua
correspondência e acima de tudo, o direito à vida e à qualidade igualitária de se viver.

Os direitos sociais buscam melhores as condições de vida e de trabalho para todos. São cedidos
a todos, pelo Estado e dependem de sua atualização e regulamentação. O núcleo central dos
direitos sociais é constituído pelo direito do trabalho e pelo direito de seguridade social.

Com o auxílio de outras leis, alcançam diferentes áreas de amparo aos indivíduos como: o direito
à saúde (art. 196), o direito de previdência social (art. 201), o de assistência social (art. 203), o
direito à educação (art. 205) e o direito ao meio ambiente sadio (art. 225). Para isso são previstos
meios de tornar eficazes esses direitos, com previsão de fonte de recursos (arts. 194, 195 e 212).

Essas garantias constam em nossa Constituição a partir do artigo 6° e se estendem por todo o
Capítulo II do Título II.

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.

A Saúde: direito social de todo indivíduo, qual seja sua condição social ou econômica, crença
religiosa ou política. Sua busca equilíbrio entre influências ambientais, modos de vida e vários
outros componentes para resguardar o bem-estar físico, mental e consequentemente social, já
que uma pessoa saudável é mais participativa na sociedade.

O direito à previdência social: valoriza a vida de pessoas que atingiram determinada idade ou
que, por algum motivo, tornaram-se incapazes de trabalhar ou de sustentar sua família. Estão
previstas em dois tipos:
• Adições: pagamentos em dinheiro para aposentadoria por problemas de saúde, por idade
e por tempo de colaboração, nos auxílios doenças, funeral, reclusão e maternidade, no
seguro-desemprego e na renda por morte;
• Benefícios: prestações continuadas como benefícios médicos, farmacêuticos,
odontológicos, hospitalares, sociais;
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 26

A assistência social: ligada ao princípio da solidariedade e, ao mesmo tempo, às garantias


constantes em toda a Constituição Federal, fazendo com que mesmo aqueles que não estão em
condições de sustentar-se de forma plena tenham condições dignas de viver em sociedade.

A Educação: essencial e indispensável para o exercício da cidadania, assim como a Segurança que
é uma das garantias do exercício pleno dos outros direitos sociais.

No direito ao trabalho: normas que amparam e humanizam os trabalhos como:


13° Salário, FGTS, seguro-desemprego, vale transporte, abono salarial, aviso prévio, adicional
noturno.

O Lazer: foi reconhecido como direito social logo após as revoluções industriais e por isso hoje
em lei está assegurado um dia remunerado destinado ao descanso e lazer que seja
preferencialmente aos domingos e férias remuneradas após um período de 12 meses
trabalhados, com direito de até 30 dias de férias.

A proteção da maternidade: veio para prevenir contra um tratamento desigual por parte do
empregador para com as mães em razão desse papel. Hoje, de acordo com a lei, as mulheres têm
direito:
• À assistência médica e sanitária;
• Salário maternidade e licença a maternidade durante 120 dias.

Quando um direito coletivo não é respeitado, muitas pessoas são prejudicadas e o Ministério
Público tem o dever de agir em defesa desse direito, ainda que o violador seja o próprio Poder
Público.

Os direitos políticos são garantidos com o livre exercício da cidadania. São eles o sigilo do voto, a
igualdade do voto (art. 14) e a determinação de que sejam gratuitos, “na forma da lei, os atos
necessários ao exercício da cidadania” (art. 5º, LXXVII)

A garantia das garantias consiste na eficácia e na aplicabilidade imediata das normas


constitucionais. A regra síntese determina que “as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata” (art. 5º, § 1º). Não só a garantia dos direitos políticos, mas
de todos os direitos fundamentais: individuais, coletivos, sociais, de nacionalidade e políticos.

Sua existência estabelece uma ordem aos aplicadores da Constituição, no sentido de que o
princípio é o da eficácia plena e a aplicabilidade imediata dessas normas.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 27

Os remédios constitucionais são instrumentos à disposição dos cidadãos para provocar a intervenção de
autoridades a fim de impedir ilegalidades ou abuso de poder que prejudiquem direitos e interesses
individuais. São eles: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, ação popular e mandado de
injunção.

Habeas Corpus
O habeas corpus é o remédio constitucional por excelência. Seu objetivo é proteger um dos direitos mais
fundamentais para qualquer nação civilizada: a liberdade de locomoção.

No rol dos remédios constitucionais, o habeas corpus está inserido no art. 5º, inciso LXVIII, da Constituição
e disciplinado no art. 647 e seguintes do Código de Processo Penal.

Concede-se o habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade. Em outras palavras, o habeas corpus proíbe a
prisão abusiva.

Bem por isso, trata-se do instrumento enérgico para a garantia da democracia e do Estado de Direito. No
passado, o Ato Institucional nº 5, que institucionalizou a ditatura militar no Brasil, teve como uma das
consequências a suspensão do habeas corpus por crimes de motivação política, franqueando o abuso do
poder estatal, a tortura e o desaparecimento forçado.

Habeas Data
Tal como o habeas corpus, o habeas data tem íntima relação com o histórico brasileiro de ditadura.
Devemos lembrar que a Constituição de 1988 foi promulgada exatamente para marcar a
redemocratização do Brasil, razão pela qual há uma notória carga valorativa em oposição aos atos de
abuso de autoridade e para garantia dos direitos fundamentais. Isso não pode ser negado.

Considerando os milhares de desaparecimentos forçados, prisões ilegais e execuções ocorridos entre


1964 e 1985, o art. 5º, inciso LXXII, da Constituição garantiu que houvesse o remédio constitucional
habeas data para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, assim como para a
retificação de dados. O procedimento está todo disciplinado na Lei 9.507/1997.

Cuida-se do instrumento para garantir mais um princípio fulcral em toda democracia: a transparência. Os
atos exercidos pelas autoridades – quando não forem fundamentais para defesa nacional – devem ser
transparentes e de livre acesso para seu portador.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 28

Mandado de Segurança
Nos termos do art. 5º, inciso LXIX, da Constituição, ao mandado de segurança cumpre a proteção de
direito documentalmente comprovado, desde que o responsável pela ilegalidade ou abuso do poder seja
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Trata-se de um remédio constitucional subsidiário, emergindo quando não for possível se valer de habeas
corpus ou habeas data.

Entretanto, há limitações processuais no tocante ao interesse de agir. Ele não será concedido quando for
cabível recurso administrativo com efeito suspensivo, tampouco contra decisão judicial da qual caiba
recurso com igual efeito. Por fim, é imprescindível que seja respeitada a coisa julgada de decisões.

As restrições estão previstas no art. 5º da lei do mandado de segurança. Como se vê, quando for possível
obter o mesmo efeito através de procedimento ordinário, não há possibilidade de socorro pelo remédio
constitucional.

Ação Popular
O artigo 5º, inciso LXXXIII, da Constituição Federal, faculta a qualquer cidadão a propositura de ação
popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente
e ao patrimônio histórico e cultural.

Conforme detalhado no art. 2º da Lei 4.717/65, o conceito de ato lesivo ao patrimônio público é todo
aquele emanado:

Por autoridade incompetente;


Com vício de forma;
Ilegalidade do objeto;
Motivos inexistentes;
Desvio de finalidade.

Nesse sentido, considera-se desvio de finalidade quando o agente pratica ato visando consequência
diversa daquela prevista, usualmente para obtenção de vantagens pessoais. Por isso, assegurou-se este
remédio constitucional também para a proteção da moralidade administrativa.

O princípio da moralidade administrativa, positivado no caput do art. 37 CRFB, consiste na exigência de


compatibilidade da atividade administrativa com os valores ético-jurídicos genericamente considerados.

De um ponto de vista negativo, o princípio da moralidade administrativa proíbe a obtenção de interesses


não respaldados pela boa-fé, ao passo que nega legitimidade a condutas fundadas em subterfúgios. Na
faceta econômica, não é válido desenvolver atividades administrativas de modo a propiciar vantagens
excessivas para quem as emana.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 29

Do ponto de vista positivo, o princípio da moralidade exige que a atividade administrativa seja
desenvolvida de modo leal, assegurando a toda a comunidade a obtenção de vantagens justas e não
exclusivas.

Enquanto os demais remédios constitucionais podem ser exercidos por qualquer sujeito, nacional ou
estrangeiro, que tenha direito violado, a ação popular somente pode ser manejada por cidadão.

Isso significa que o autor da ação deverá estar no livre gozo de seus direitos políticos ativos (direito de
votar). A prova dessa condição se dá com a juntada do título de eleitor no ato da propositura da ação.

Mandado de Injunção
O mandado de injunção é o remédio constitucional cabível para conferir efetividade a direito fundamental
subjetivo cujo exercício foi obstado em razão da ausência de norma regulamentadora.

A importância do mandado de injunção se dá em face do parágrafo primeiro do artigo 5º da Constituição,


que estabelece a aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais.

Sucede que determinados direitos fundamentais apenas podem ser exercidos se regulamentados, pois
detém uma baixa densidade normativa. Exemplo disso é o direito ao salário mínimo. Nessa hipótese, os
Poderes Legislativo e Executivo devem suprir a lacuna, editando uma norma regulamentadora suficiente
para o exercício do direito. No exemplo do salário mínimo, espera-se o piso mínimo nacional.

Contudo, a inércia e a omissão estatal são cenários comuns.

Se a Constituição Federal impõe a aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais, mas esses não
podem ser exercidos por força de omissão legislativa ou administrativa, então o Poder Judiciário deve ser
provocado para declarar o direito, apresentando as condições materiais de gozo da prerrogativa, até que
a norma suficiente seja editada. A isso se presta o mandado de injunção.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 30

QUESTÃO 1
O grupo “Amigos da Diversidade” decidiu realizar manifestação pacífica na praça mais importante da
Cidade Alfa, no último domingo do próximo mês. Após a tomada de decisão, surgiu uma dúvida, no âmbito
da liderança, a respeito dos procedimentos a serem adotados.
João, integrante do grupo e profundo conhecedor da ordem constitucional, explicou, corretamente, que
a manifestação:

A - É projeção do princípio democrático, não carecendo de prévio aviso a qualquer autoridade pública ou
mesmo de autorização;
B - Pode ser realizada na praça, desde que o requerimento seja apresentado e deferido pela autoridade
competente até trinta dias antes;
C - Pode ser livremente realizada, mas em local privado, não na praça, isso sob pena de privar o restante
da coletividade da fruição desse espaço;
D - Não depende de autorização de qualquer órgão público, sendo exigida apenas a realização de prévio
aviso à autoridade competente;
E - Pode ser realizada na praça, desde que o uso seja autorizado pela autoridade competente, com o
correlato pagamento da taxa de uso exclusivo, fixada em valores módicos.

_____________________________________________________________________________________

QUESTÃO 2
A Constituição Federal de 1988 dispõe que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Nesse sentido, analise as afirmativas
relacionadas a Constituição Federal. Registre V, para verdadeiras, e F, para falsas:

(__). Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
(__). É livre a manifestação do pensamento, sendo facultativo o anonimato.
(__). É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, exceto pelos servidores públicos municipais.
(__). Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei.

Após análise, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA dos itens acima, de cima para
baixo:

A - V, V, V, V.
B - F, F, V, V.
C - V, V, F, V.
D - V, F, F, V.

_____________________________________________________________________________________
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 31

QUESTÃO 3
De acordo com a Constituição Federal, são considerados brasileiros naturalizados:

A - Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço de seu País.

B - Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer um deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil.

C - Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

D - Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigida aos originários de Países de língua
portuguesa apenas residência por quinze anos ininterruptos.

E - Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de


quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

_____________________________________________________________________________________

QUESTÃO 4
A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de 1988 (CF),
julgue o item a seguir.
São inafiançáveis e imprescritíveis os crimes de racismo e terrorismo, bem como a ação de grupos
armados contra a ordem constitucional e o Estado democrático.

( ) Certo
( ) Errado
_____________________________________________________________________________________

QUESTÃO 5
Julgue o item no que diz respeito aos princípios fundamentais na Constituição Federal de 1988.

A forma republicana de governo é princípio fundamental e cláusula pétrea expressa da Constituição de


1988.

( ) Certo
( ) Errado
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 32

QUESTÃO 1
Gabarito: D.
➥ De acordo com a CF/88:
Art. 5º, XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
➥ Logo:
d) João, integrante do grupo e profundo conhecedor da ordem constitucional, explicou, corretamente,
que a manifestação não depende de autorização de qualquer órgão público, sendo exigida apenas a
realização de prévio aviso à autoridade competente;
_____________________________________________________________________________________

QUESTÃO 2
Gabarito: D.
A questão exige conhecimento acerca dos direitos e garantias fundamentais e pede ao candidato que
julgue os itens que seguem. Vejamos:

( V ) Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

Verdadeiro. Inteligência do art. 5º, II, CF: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;

( F ) É livre a manifestação do pensamento, sendo facultativo o anonimato.

Falso. A Constituição veda, de maneira expressa, o anonimato, nos termos do art. 5º, IV, CF: Art.
5º, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

( F ) É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, exceto pelos servidores públicos municipais.

Falso. É possível a violação das comunicações telefônicas por ordem judicial para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal. Aplicação do art. 5º, XII, CF: Art. 5º, XII - é
inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer
para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

( V ) Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção


filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

Verdadeiro. Inteligência do art. 5º, VIII, CF: Art. 5º, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Portanto, a sequência correta é V - F - F - V.


FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 33

QUESTÃO 3
Gabarito: E.
A) INCORRETA Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço de seu país;

B) INCORRETA Art. 12. São brasileiros:


I - natos:
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil;

C) INCORRETA Art. 12. São brasileiros:


I - natos:
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

D) INCORRETA Art. 12. São brasileiros:


II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

E) CORRETA Art. 12. São brasileiros:


II - naturalizados:
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de


brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
____________________________________________________________________________________

QUESTÃO 4
Gabarito: Errado.
Inafiançável e imprescritível:
Racismo
Ação de Grupos Armados.
(Dica: Ração).

Inafiançável e Insuscetível de Graça e Anistia:


Hediondos
Tortura
Terrorismo (usado na questão)
Tráfico
(Dica: H3T)
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS 34

Fundamentação: Art. 5º da CF/88, vide incisos:


XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático;
____________________________________________________________________________________

QUESTÃO 5
Gabarito: Errado.
As cláusulas pétreas inseridas na Constituição do Brasil de 1988 estão dispostas em seu artigo 60, § 4º.
São elas:
A forma federativa de Estado;
O voto direto, secreto, universal e periódico;
A separação dos Poderes; e
Os direitos e garantias individuais.

____________________________________________________________________________________
DIREITO
PROCESSUAL
PENAL

PROVAS
PROVAS 1

SUMÁRIO

1 – PROVAS ................................................................................................................................................... 2
1.1 EXAME DO CORPO DE DELITO E PERÍCIAS EM GERAL ............................................................................ 8
1.2 INTERROGATÓRIO DO ACUSADO .......................................................................................................... 11
1.3 CONFISSÃO ............................................................................................................................................ 12
1.4 QUALIFICAÇÃO E OITIVA DO OFENDIDO............................................................................................... 13
1.5 TESTEMUNHAS...................................................................................................................................... 17
1.6 RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS ........................................................................................... 23
1.7 ACAREAÇÃO .......................................................................................................................................... 24
1.8 DOCUMENTOS DE PROVA ..................................................................................................................... 24
1.9 INDÍCIOS ................................................................................................................................................ 26
1.10 BUSCA E APREENSÃO .......................................................................................................................... 27
2 – QUESTÕES ............................................................................................................................................. 30
PROVAS 2

Através das provas no processo, é possível comprovar a existência da verdade de um fato, que influencia
diretamente no convencimento do julgador.
O processo penal e a prova integram os modos de construção do convencimento do julgador que
influenciará na sua convicção e legitimará a sentença.

A prova geralmente é produzida na fase judicial, pois permite a manifestação da outra parte, respeitando
assim o princípio do contraditório e da ampla defesa, direito de ser julgado de acordo com as provas
produzidas, em contraditório e diante de um juiz competente, com todas as garantias.

O art. 155, do Código de Processo Penal, preceitua no mesmo sentido, informando que o juiz formará sua
convicção pelas provas produzidas em contraditório judicial, não podendo fundamentar exclusivamente
nos elementos da investigação, isso porque as provas produzidas nessa fase, não possibilitou o
contraditório da outra parte, assim, poderão ser utilizadas aquelas provas cautelares, as que não são
repetíveis e as antecipadas.

Os atos de investigação são realizados na investigação preliminar, no qual, se refere a uma hipótese, para
formação de um juízo de probabilidade e não de convicção, como são designadas as provas.

CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS


As provas podem ser classificadas com diversos critérios:
1- Quanto ao objeto:
a) Direta: demonstra o fato de forma imediata. P.ex. flagrante, confissão, corpo de delito;
b) Indireta: afirma um fato do qual se infira, por dedução ou indução, a existência do fato que busque
provar. P. ex. indícios, presunções e suspeitas

2- Quanto ao sujeito ou causa:


a) Real: se surgir coisa ou objeto. P. ex. algo extraído dos vestígios deixados pelo crime;
b) Pessoal: quando emanar da manifestação consciente do ser humano. P. ex. a testemunha narra os
fatos que assistiu; dois peritos assinam o laudo
PROVAS 3

3- Quanto às formas: testemunhal, documental, material.


I- A prova testemunhal é feita por afirmação pessoal, podendo ser prestado por depoimento pelo sujeito
estranho ao processo sobre fatos de seu conhecimento pertinentes ao litígio;
II- A prova documental é feita por prova escrita ou gravada;
III- A prova material reveste-se de elemento para o convencimento do juiz sobre o fato, obtida por meio
químico, físico ou biológico. P.ex. exame de vistorias, corpo de delito etc.

4- Quanto o valor ou efeito:


a) Plena, perfeita ou completa: quando é capaz de conduzir o convencimento do magistrado pela sua
veracidade. P. ex. quando a prova não se mostrar inverossímil, prevalecerá o in dubio pro reo;
b) Não plena, imperfeita ou incompleta: quando há insuficiência para existência do fato, no qual, traz
consigo um juízo de mera probabilidade, vigorando nas fases processuais em que não se exige um juízo
de certeza, como no caso de sentença de pronúncia, no qual vigora o princípio do in dubio pro societate.
P. ex. Prova para o decreto de prisão preventiva.
PROVAS 4

FATOS QUE INDEPENDEM DE PROVA


a) Fatos notórios:
São os que não precisam ser provados, ou seja, aqueles que fazem parte da nossa cultura, de
conhecimento comum do homem médio de determinada sociedade, daí a expressão “ notória non
egent probatione”. É a situação da verdade sabida, por exemplo, não necessita provar que no dia 7
de setembro comemora-se a Independência do Brasil, que o Carnaval é uma festa popular e que o
Brasil é pentacampeão de futebol. Porém, não deveremos confundir notoriedade do fato com o
conhecimento do mesmo fato pelo juiz, uma vez que este pode conhecer o fato que não seja notório,
ou mesmo não deveremos confundir notoriedade com a opinião de um número indeterminado de
pessoas, que pode estar baseada em boatos, rumores infunda dos frutos da crendice populares ou
verdadeiros, pois não pode ser aumentado ou corrompido.

b) Presunções absolutas ou legais:


Decorrem de conclusões da própria lei, pois assumem a veracidade de determinados fatos, não
admitindo fato em sentido contrário. Por ex. a acusação não poderá provar que o menor de 18
anos tinha plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato, pois a legislação presume
sua incapacidade (inimputabilidade) de modo absoluto, sem seque admitir prova em contrário.

c) Fatos inúteis ou irrelevantes:


São tidos os fatos verídicos ou não, que nada influenciam na solução da causa, portanto, não
necessitam ser levantados. P.ex. O juiz quis saber quais eram os pratos servidos no jantar; qual era
a raça do cão que passava pela rua no momento do crime;

d) Fatos axiomáticos ou intuitivos:


São aqueles evidentes por si mesmo, em que o grau de certeza que se tem do conhecimento ou sobre
algo, portanto, não carecem de prova, pois se o fato é evidente, a convicção já se encontra formada.
P. ex. Se o homem respira, move e fala, não será necessário provar que este esteja vivo, ou, se alguém
encontra um corpo humano putrefato, nem mesmo um filósofo poderia indagar se este é um cadáver.
PROVAS 5

FATOS EM QUE DEPENDAM DE PROVA


a) Admissível:
É aquela conhecida como prova genética, admitida pelo direito (lei ou costumes judiciários).

b) Pertinente ou fundada:
Aquela que tenha relação com o processo, contrapondo -se à prova inútil;

c) Concludente:
Visa esclarecer uma questão controvertida;

d) Que seja possível de se realizar;

Prova do direito
Em regra, não carece de prova, na medida que o magistrado é obrigado a conhece -lo.

Prova emprestada:
Decorre quando, a prova é produzida em um processo, e depois é translada a outro, com o fim de nele
comprovar determinado fato. Pode ser qualquer meio de prova, como um depoimento, uma testemunha,
um laudo de exame de corpo de delito, um documento, confissão do acusado, portanto, quaisquer meios
(desde que lícitos, claro). Sua natureza, formalmente é prova documental, conservando o seu caráter
jurídico original. P. ex. testemunho trazido a outro processo por meio de reprodução gráfica que será
apresentada como prova testemunhal. Por outro lado, há alguns autores que dizem que a prova
emprestada não tem força probante alguma que teve no processo do qual é originária, assim, para ter
eficácia plena, deverá obedecer a alguns requisitos apontados pela doutrina, como:
Colheita em processo que contemple as mesmas partes;
O mesmo fato probando;
Observância, no processo precedente, das mesmas formalidades legais quando da produção
probatória;
Observância do princípio do contraditório em relação ao processo em que a prova foi
originariamente produzida. Assim, é evidente a inadmissibilidade de prova emprestada de
inquérito policial, uma vez que se trata de procedimento não contraditório.
PROVAS 6

ÔNUS DA PROVA
É a responsabilidade de provar aquilo que alega (art. 156, CPP). Cabe ressaltar que, a principal distinção
de ônus para obrigação, é que o primeiro, há apenas uma facultatividade, ao passo que o seu
descumprindo, não significa que seja contrário ao direito, mas é um encargo que tem os litigantes de
provar, por meios admissíveis, a verdade dos fatos; já o segundo, a parte tem o dever de praticar o ato,
sob pena de violar a lei. Há que se observar também que a parte arcará com o prejuízo decorrente de
deixar de obter vantagem que advirá de sua atuação.

PROCEDIMENTO PROBATÓRIO
a) Proposição:
É o momento ou instante do processo previsto para a produção da prova. Deverá ser proposta
em peça acusatória e com a defesa (art.306-A e 406, §3º, do CPP). Posterior a Lei nº 11,689/2008,
foi abolido o libelo acusatório, assim, de acordo com a nova redação do art. 422 do CPP, ao
receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério
Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor para, no prazo de cinco dias,
apresentar o rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de cinco,
oportunidade em que irão apresentar documentos e requerer diligências. Mas, a única prova
passível de ser requerida ex oficio pelo juiz ou pelas partes, em qualquer fase do processo e, até
mesmo em grau de recurso, diz respeito ao incidente de insanidade mental do acusado.

b) Admissão:
É ato processual específico e personalíssimo do magistrado, que deverá examinar as provas
propostas pelas partes e seu objeto, defere ou não sua produção. De acordo com a recente
reforma processual penal, trata que as provas serão produzidas numa só audiência, podendo o
juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

c) Produção:
É o conjunto de atos processuais que devem trazer a juízo os diferentes elementos de convicção
oferecidos pelas partes;

d) Valoração:
Trata -se de juízo valorativo em que seja avaliado pelo magistrado perante as provas produzidas,
conforme sua convicção.
PROVAS 7

ÁLIBI
É a prova ou argumento de inocência do réu estar presente em outro lugar quando certo crime ocorreu.
Assim, o acusado alega, faticamente, demonstrando sua impossibilidade matéria de ter participado do
crime.

SISTEMA DE APRECIAÇÃO DE PROVA


a) Sistema da prova legal, da certeza moral do legislador, da verdade legal, da verdade formal ou
tarifado:
A norma estabelece que o magistrado deve ater -se aos seus ditames preestabelecidos,
incorrendo, portanto, qualquer margem a discricionariedade.

b) Sistema da certeza moral do juiz ou da íntima convicção:


Distintamente do descrito acima, a norma dá toda liberdade de decidir como queira, não fixando
quaisquer regras de valoração das provas, portanto, sua convicção intima é capaz, não
importando quais os critérios que este se pautou para o julgamento. Assim, é usualmente entre
nós este sistema, porém, como exceção, pois, tratando-se de Tribunal do Júri, o jurado profere
seu voto, não necessitando de fundamenta -lo.

c) Sistema da livre (e não íntima) convicção, da verdade real, do livre convencimento ou da


persuasão racional:
Trata -se de uma mescla de ambos mencionados acima , pois o magistrado é livre para formar
sua convicção, não estando preso a qualquer critério legal de prefixação de valores probatórios,
mas, é de forma relativa, porque deverá ser necessária sua fundamentação, para tanto, o juiz
decide conforme sua liberdade, contudo deverá explicitar de modo motivado suas razões em
que optou, obedecendo as normas. É adotado pelo CPP, em que o art. 155, caput.
PROVAS 8

“Perícia é o exame realizado por pessoa que tem determinados conhecimentos


técnicos, científicos, artísticos ou precários acerca dos atos, circunstâncias objetivas
ou condições pessoais inerentes ao fato punível, a fim de comprová-los”
(Tourinho Filho)

VINCULAÇÃO
O juiz não ficará adstrito ao laudo pericial, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo no todo ou em parte (CPP, art. 182).

Tal fato decorre do princípio do livre convencimento do juiz, ou seja, o juiz é o perito dos peritos.

REALIZAÇÃO DA PERÍCIA
É determinada pela autoridade policial (art. 6º, VII, CPP), durante o inquérito policial, ou pelo juiz durante
a instrução criminal, a requerimento das partes (denúncia ou resposta à acusação), ou ainda, no final da
instrução.

CORPO DE DELITO
Oportuno estabelecer a diferença entre exame de corpo de delito e corpo de delito.
O primeiro é a inspeção ou a observação rigorosa feita pelos peritos que analisam os vestígios deixados
pela infração.
O segundo é o que se objetiva alcançar com o exame, isto é, a materialidade delitiva.
Em decorrência lógica do exposto pode-se afirmar que se o corpo de delito é a materialidade delitiva,
todos os crimes possuem corpo de delito. No entanto, nem todos os crimes precisam do exame de corpo
de delito para serem comprovados, apenas os que deixam vestígios materiais.

O primeiro artigo sobre o tema, trazido pelo Código de Processo Penal (CPP), impõe uma prova tarifada
ao operador do direito, devendo ser observada. Não há discricionariedade, tampouco possibilidade de
suprimento por outro meio de prova se possível a realização do exame.
Assim, o artigo 158 dispõe: “Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”.
PROVAS 9

“Vestígio”, vocábulo trazido pelo dispositivo supracitado, possui como significado: “rastro, pista ou indício
que deixam sinais aparentes da sua prática; o que sobrou; resquício”. Cita-se, como exemplo, no caso de
homicídio, o cadáver.

Os vestígios podem ser materiais ou imateriais. Os primeiros são aqueles que os sentidos acusam.
Partindo do mesmo exemplo mencionado, o corpo é visível, perceptível a partir dos sentidos. Já os
imateriais são os que se perdem tão logo a conduta criminosa termine. Caso da injúria verbal, por
exemplo.

Convém ressaltar que o legislador, ao elaborar as disposições legais deste capítulo, preocupou-se
especificamente com os crimes que deixam vestígios materiais, uma vez que estes permanecem no
mundo físico, permitindo a extração de dados relevantes que auxiliarão na resolução do caso.

Resumindo, CORPO DE DELITO é a prova da materialidade, ou seja, da existência do crime.


Não se refere apenas ao corpo humano e sim a qualquer objeto a ser examinado pelo perito: o cadáver,
o documento falso, o corpo humano no crime de lesão ou de estupro. EXAME DE CORPO DE DELITO é o
meio ou o instrumento de verificação do corpo de delito. É a verificação do corpo de delito feita pelo
perito.

REALIZAÇÃO DO EXAME DE CORPO DE DELITO


➢ Deve ser realizado por perito oficial – art. 159, CPP.
➢ O perito deve ter diploma de curso superior.
Na impossibilidade deve ser realizado por duas pessoas idôneas com curso superior que devem prestar
compromisso (art. 159, § 1º e 2º, CPP).
Peritos oficiais não prestam compromisso.
Ausência de compromisso é mera irregularidade.
O analfabeto não pode servir como perito (art. 279, CPP).

ASSISTENTE TÉCNICO
Art. 159, § 3º, CPP.
Função – realizar crítica ao trabalho do perito do juiz.
Poderá oferecer o seu lado.
Poderá ser ouvido em audiência.
Não há ocorrência de suspeição já que gozam da confiança das partes.
PROVAS 10

IMPORTÂNCIA DO EXAME DE CORPO DE DELITO


Sua falta acarreta nulidade (art. 564, III, b, CPP).
Pode-se recorrer à prova testemunhal quando os vestígios tiverem desaparecido (art. 167, CPP)
Ex.: cadáver jogado no mar.

LESÃO CORPORAL
No crime de lesão corporal grave por incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 dias, o exame
de corpo de delito deve ser realizado em tempo hábil, normalmente, logo após o trigésimo dia. Se for
feito muito tempo depois, torna-se imprestável, não valendo como prova a simples palavra da vítima.

AUTÓPSIA
Conhecido também como necrópsia, pode ser feito através de uma inspeção externa ou interna. Deve ser
realizada pelo menos seis horas depois do óbito (art. 162 do CPP). O cadáver deve ser fotografado na
posição em que for encontrado e, desde que seja possível, devem ser fotografadas todas as lesões
externas e vestígios do local do crime (art. 164, CPP).

EXUMAÇÃO DO CADÁVER
Significa desenterrar o cadáver. Em razão de respeito (havendo crime de sentimento aos mortos), deve-
se proceder à exumação somente em caso de extrema necessidade, como é o caso de dúvida sobre a
causa mortis.

EXAME CORPO DE DELITO INDIRETO


É o suprimento por informações paralelas, como a ficha médica ou a prova testemunhal ante o
desaparecimento dos vestígios.
Cabe também o exame de corpo de delito indireto para comprovação da gravidez no caso de
desaparecimento de vestígios. Portanto não há necessidade da comprovação da materialidade via exame
e corpo de delito direto.
PROVAS 11

Interrogatório é ato processual, no qual o juiz ouve o acusado, perguntando acerca dos fatos que lhe são
imputados e dando a ele oportunidade para que, se quiser, deles defenda, pois, optando por se manter
em silêncio, o réu estará assegurado constitucionalmente, não sendo tomado como prova.

NATUREZA JURÍDICA
Há três posições, quanto a natureza:
➢ O interrogatório é meio de prova: fornece ao juiz elementos de convicção;

➢ O interrogatório constitui meio de defesa: o acusado expõe a sua versão dos fatos, contestando
a acusação, podendo constituir como fonte de prova;

➢ O interrogatório é meio de prova e de defesa: Assim, tem natureza mista, pois fornece ao juiz
elementos de convicção e também expõe sua versão dos fatos, de modo a contestá-lo em juízo.
➢ O interrogatório será constituído por duas partes (art.187, CPP):
o (1ª) Versará sobre a pessoa do acusado (interrogatório de classificação).
o (2ª) Trará questões sobre os fatos apurados (interrogatório de mérito).

Exceções
Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente (art.191,CPP).

➢ Se o interrogando for surdo, as perguntas serão apresentadas por escrito e respondidas


oralmente (art. 192, I, CPP).

➢ Se interrogando for mudo, as perguntas serão feitas oralmente e respondidas por escrito
(art.192,II, CPP).

➢ Mas, se o interrogando for surdo-mudo, as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo
modo serão dadas as respostas (art. 192, III, CPP).

Nestas hipóteses, se o interrogando não souber ler, muito menos escrever, intervirá no ato, como
intérprete, pessoa habilitada a entendê-lo (art. 192, parágrafo único, CPP). Do mesmo modo, se quando
o interrogando não falar o idioma oficial de nosso País, caberá um intérprete ser capaz de entendê-lo.
(art. 193, CPP)
PROVAS 12

Se o interrogando não souber escrever, não puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no termo
(art. 195, CPP).
Em quaisquer das exceções expostas acima, o não acatamento ferirá o princípio da ampla defesa, direito
constitucional assegurado.

Art. 197 a 200.


É a aceitação pelo réu da acusação que lhe é dirigida em um processo penal, ou seja, admissão por parte
do acusado da veracidade da imputação que lhe foi feita pelo acusador, total ou parcialmente.

Espécies de confissão:
a) Simples: quando o confitente reconhece pura e simplesmente a prática criminosa, limitando-se a
atribuir a si a prática da infração penal;

b) Qualificada: Confirma o fato que lhe foi atribuído, porém, o réu opõe-se devido a um fato impeditivo
ou modificativo, procurando uma excludente de antijuridicidade, culpabilidade ou eximentes de pena.
Exemplo: O réu confessa ter emitido cheque sem provisão de fundos, porém alegou que a vítima já sabia
e que iria descontá-lo posteriormente;

c) Complexa: Quando o acusado reconhece, de forma simples diversas imputações;

d) Judicial: é a prestada pelo próprio processo, perante o magistrado competente, em que se busca
refutar de pleno a confissão efetivada nos autos;

e) Extrajudicial: São aquelas produzidas no inquérito policial ou fora dos autos da ação penal, portanto,
não são judiciais;

f) Explicita: quando o confitente reconhece, espontaneamente e expressamente, ser o autor da infração.

g) Implícita: Ocorre quando o autor da infração procura ressarcir o ofendido dos prejuízos causados pela
infração.
PROVAS 13

Não há confissão ficta ou presumida. O silêncio não gera o efeito de confissão.

Delação ou chamamento de co-réu: é a atribuição da pratica do crime por terceiro, feita pelo acusado,
em seu interrogatório e pressupõe que o delator também confesse a sua participação.

Momento para ouvir o ofendido


No processo comum, o ofendido é ouvido na audiência de instrução e julgamento. Segue com a inquirição
das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nessa ordem, bem como com os esclarecimentos
dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o
acusado (artigo 400). No Plenário do Júri, prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução
plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do acusado
tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas
arroladas pela acusação (artigo 473).

Inquirição do ofendido na fase do inquérito


Dispõe o artigo 60, inciso IV, do CPP, que o ofendido deve ser ouvido também na fase do inquérito: Logo
que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: (…) IV – ouvir o
ofendido.

Sobre quem formula as perguntas


No processo comum, quem faz as perguntas ao ofendido é o juiz. Acusação e defesa não fazem perguntas
diretamente. Podem propô-las ao juiz, o qual, caso indeferir a formulação da pergunta, deverá
fundamentar na ata. Chega-se a essa conclusão tendo em vista que, no processo comum, somente em
relação às testemunhas há previsão expressa de que as partes façam perguntas diretamente (artigo 212).
É analogia que se faz com o interrogatório, em que as perguntas das partes são propostas ao juiz (artigo
188), quem as formula, e também porque esse dispositivo de número 201 não faz qualquer previsão sobre
indagações das partes. Já no Plenário do Júri, as partes fazem as perguntas diretamente ao ofendido
(artigo 473).
PROVAS 14

ESGOTANDO OS MEIOS PARA OUVIR O OFENDIDO

Enfermidade ou doença
As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor serão inquiridas
onde estiverem (artigo 220).

Oitiva sempre que possível


Diz o artigo 201 que, “sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as
circunstâncias da infração”. Tendo em vista o disposto no artigo 3º-A, se o ofendido não for arrolado por
qualquer das partes para ser ouvido, o juiz não poderá determinar sua inquirição de ofício. Uma vez que
seu depoimento seja requerido, devem ser esgotados os meios para sua localização e intimação. A falta
de comparecimento à audiência não justifica que não seja ouvido, uma vez que pode e deve, nesse caso,
ser conduzido coercitivamente. No caso de doença ou velhice, se não puder comparecer, deve ser
inquirido onde estiver. Se não for encontrado em seu endereço, devem ser realizadas diligências para
localizá-lo. Se estiver em outra comarca, deve ser ouvido por precatória. A negativa imotivada de
diligência requerida pelas partes, objetivando a oitiva do ofendido, pode gerar nulidade em face de
cerceamento de direito da parte.

A condução coercitiva não pode ser determinada de ofício


É preciso que haja requerimento da parte. O artigo 3º-A, introduzido no sistema pela Lei n. 13.964/2019,
veda ao juiz substituir atuação probatória do órgão de acusação.

Oitiva por precatória


Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação da data da
audiência no juízo deprecado (Súmula 273 do STJ).

VALOR PROBANTE DO DEPOIMENTO DO OFENDIDO

Meio de prova e valor probante


A oitiva da vítima constitui meio de prova. No entanto, o valor a ser dado a esse depoimento deve
necessariamente ser examinado com restrições, visto que a vítima tem interesse na condenação do
acusado, não apenas em razão de que pode buscar indenização pelo dano, mas principalmente por
motivos de ordem psíquica. Seu desejo de vingança, ou seu anseio de justiça, pode fazer com que ela se
equivoque, apontando pessoa incerta como a certa que praticou o delito, ou mesmo distorcendo o fato e
PROVAS 15

suas circunstâncias. Por esse motivo, nos delitos em que não há testemunhas, mas apenas a palavra da
vítima (o que é comum ocorrer nos crimes contra a liberdade sexual), a oitiva da vítima deve ser realizada
com a maior atenção possível, demorando todo o tempo que for necessário. O valor desse tipo de prova
deve ser analisado sempre em conjunto com as demais provas no processo. As provas devem estar em
harmonia, coerência e conexão lógica com o depoimento da vítima.

OBRIGAÇÃO DE DIZER A VERDADE E O OFENDIDO


O ofendido não tem a obrigação de dizer a verdade. Pode, inclusive, ficar calado. É que só podem praticar
o delito de falso testemunho, segundo o artigo 342 do CP, a testemunha, perito, contador, tradutor ou
intérprete. É da redação dessa norma incriminadora: “fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade
como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
inquérito policial, ou em juízo arbitral (…) ”. Tanto é assim que o ofendido não presta o compromisso de
dizer a verdade, previsto no artigo 203 do CPP: “A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de
dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado (…) ”. Por outro lado, não dizendo a verdade, o
ofendido pode incidir nas penas do artigo 339 do CP: “Dar causa à instauração de investigação policial, de
processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: pena – reclusão, de dois a
oito anos, e multa. ”

Proteção do ofendido
O inciso VI desse artigo 201, ao proteger a intimidade do ofendido, determinando ao juiz que tome as
providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido,
podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras
informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação,
deve ser examinado em conjunto com o inciso LX, artigo 5º da CF, que prescreve que a lei só poderá
restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem. Portanto, não é sempre que deve ser determinado o segredo de justiça em relação a dados e
outras informações do ofendido. Somente quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.
Estando presente a necessidade de defesa da intimidade do ofendido, seus dados deverão ser arquivados
em autos apartados, sob segredo de justiça. Registre-se, porém, que o segredo de justiça não vale em
relação ao defensor do acusado.
PROVAS 16

O abandono da vítima pelo sistema de repressão criminal


Vladimir Passos de Freitas, desembargador aposentado e jurista, lembra, no artigo intitulado A vítima do
crime é abandonada pelo sistema de Justiça, publicado na CONJUR, daquele que poucos lembram: a
vítima. Escreve que “quem já foi vítima, sabe que o incômodo pode começar ao ter que dirigir-se à Polícia
para lavrar o boletim de ocorrências. Não é raro ter que esperar longo tempo. Pior ainda se o fato envolver
furto de veículo, quando terá que sujeitar-se à liberação. Muitos desistem, o que prejudica as estatísticas
e planos de combate à criminalidade. Se a vítima for mulher, nem sempre encontrará uma delegacia da
mulher disponível e terá que sujeitar-se a narrar fatos, às vezes constrangedores, a um policial do sexo
masculino. (…) Na Polícia raramente a vítima intervém nesta fase. E, se o fizer, será informalmente,
passando informações ao investigador ou algo semelhante. Não formalmente, porque cada vez mais as
vítimas são ameaçadas e temem vingança. A Lei 9.807/99, para a sua proteção, não atende as mínimas
necessidades. (…). Há, é verdade, pela reforma do código em 2008, a possibilidade de o juiz fixar o valor
mínimo para a reparação dos danos quando profere a sentença. A redação ambígua dada ao artigo 387,
inciso IV do CPP, acabou fazendo com que esta inovação seja mais uma frustração para a vítima. (…)
Vítimas devem ser bem tratadas. Neste sentido, nas delegacias de polícia, isto deve ser meta expressa e
difundida aos que fazem o atendimento, inclusive dando-lhes capacitação. (…). As vítimas, muitas vezes,
desconhecem onde devem registrar o BO, principalmente nas cidades maiores. Informações na internet,
através de site específico, ou no Facebook, acompanhadas de mapa correspondente, podem resolver este
problema com facilidade. (…) A fiança poderia ser concedida com mais frequência, principalmente na
Justiça Estadual. Como lembra Fernando Palazzo, ´ela assume um papel extremamente relevante, pois
empregada como uma alternativa à prisão preventiva desempenhará relevantes funções processuais,
assim como poderá ser utilizada para indenizar as vítimas, nos termos previstos no artigo 336 do Código
de Processo Penal`. (…) A vítima tem direito a um ressarcimento célere. (…) A estas sugestões, outras
tantas podem ser acrescidas. Mas o principal é ter em mente que a vítima deve sair do estado de desprezo
silencioso a que está atualmente submetida, assumindo o reconhecimento do sistema de Justiça e da
sociedade. ”
PROVAS 17

Toda prova é uma testemunha, pois atesta a existência do fato. Porém, em sentido estrito, testemunha é
todo estranho, equidistante das partes, chamado ao processo para falar sobre os fatos perceptíveis a seus
sentidos relativos ao objeto do litígio. É convocada pelo juiz, por iniciativa própria ou a pedido das partes,
para depor em juízo sobre os fatos sabidos e concernentes à causa.

CARACTERÍSTICAS
a) Judicialidade: só é prova testemunhal aquela produzida em juízo.

b) Oralidade: deve ser colhida por meio de uma narrativa verbal prestada em contato direto com o
magistrado e as partes e seus representantes.

c) Objetividade: a testemunha deve depor sobre os fatos sem externar opiniões ou emitir juízo de valor.

d) Retrospectividade: a testemunha deverá falar sobre os fatos em que assistiu.

e) Imediação: a testemunha deverá dizer em juízo aquilo que captou imediatamente por meio de seus
sentidos.
f) Individualidade: cada qual prestará seu depoimento isoladamente da outra.

CARACTERÍSTICAS DAS TESTEMUNHAS:


Normalmente, são pessoas desinteressadas que narram os fatos que ocorreram no processo
a) Somente será ser humano;
b) Deverá ser equidistante do processo, pois caso contrário caracterizará como impedida ou suspeita;
c) Deverá ter capacidade jurídica e mental para depor;
d) Não deverá emitir opiniões, apenas relatar o ocorrido;
e) Deverá ser convocada pelo juiz;
f) Somente irá falar sobre os fatos no processo, não se manifestando sobre ocorrências inúteis para a
solução do litígio.

Dispensas
Estão dispensados o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, e os afins em linha reta do acusado
PROVAS 18

Proibidos
Pessoa que deve guardar sigilo em razão de função, ministério, oficia ou profissão.

Número de testemunhas varia de acordo com o tipo de procedimento:


a) Procedimento ordinário: cada uma das partes poderá arrolar no máximo até oito testemunhas;
b) Procedimento sumário: admite-se no máximo cinco testemunhas;
c) Procedimento sumaríssimo: máximo de três testemunhas;
d) Procedimento do Tribunal do Júri: máximo de cinco testemunhas (em plenário);

CLASSIFICAÇÃO DAS TESTEMUNHAS:


a) Numerarias: são aquelas arroladas pelas partes de acordo com o número máximo previsto em lei.
b) Extranumerárias: ouvidas por iniciativa do magistrado.
c) Informantes: não prestam compromisso algum, portanto, haverá irregularidade se prestar algum
compromisso.
d) Referidas: ouvidas pelo juiz, quando por outras partes já dispuseram.
e) Próprias: dispõem sobre o fato objeto do litígio.
f) Impróprias: prestam depoimento sobre um ato do processo, como a instrumentária do interrogatório,
do flagrante.
g) Diretas: são aquelas que falam sobre um fato que presenciaram.
h) Indiretas: são aquelas que depõem sobre conhecimentos adquiridos por terceiros.
i) Antecedentes: são aquelas que depõem a respeito das informações relevantes por ocasião da aplicação
e dosagem da pena (CP, Art. 59).

SÃO DEVERES DA TESTEMUNHA


a) O comparecimento ao local determinado, no dia e hora designado, pois, o não acatamento a este,
deverá caber a condução coercitiva.
b) Identificar-se: tem por obrigação de, ao início de seu depoimento, apresentando-se, com nome, idade,
profissão, estado civil, residência, local onde exerce sua atividade profissional, etc.
c) Prestar depoimento: ficar em silêncio poderá até configurar em crime de falso testemunho
d) Dizer a verdade sobre os fatos: tem o dever de relatar aquilo que sabe ou tomou conhecimento

Depoimento menor (Vide art. 208)


PROVAS 19

Quem pode ser testemunha?


“O princípio genérico adotado no Processo Penal é o de que toda pessoa poderá ser testemunha.
Assim, qualquer pessoa física, independentemente de idade, sexo ou nacionalidade, pode ser
testemunha”

Quem está proibido de depor?


Art. 207, CPP. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
“Trata-se de norma ditada por razões de conveniência ou de moralidade. A proteção ao segredo
profissional, segundo Tornaghi, decorre do interesse de todos, da necessidade que cada um tem de
confiar e de estar seguro de que seu segredo não será revelado, e sua revelação poderá até constituir
crime, nos termos do art. 154 do CP”.

“Função é o encargo que cabe a uma pessoa por força de lei, decisão judicial ou convenção (tutor, curador,
diretor de banco ...);

Ministério o encargo que pressupõe um estado ou condição individual de fato (padre, irmão de caridade
...);

Ofício a ocupação habitual consistente em prestação de serviços manuais (mecânico, eletricista, digitador
...);

Profissão é toda e qualquer forma de atividade habitual com fim de lucro (advogado, médico, engenheiro
...) ”.

Os deputados e senadores podem se recusar a depor?


Estão proibidos somente no que se refere ao exercício de sua função (art.207)
“Os deputados federais, senadores, deputados estaduais, por disposição constitucional (CF, art. 53,
§ 6º), não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício
do mandato, nem acerca de pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações”.

O que é contradita?
“Contradita é impugnação, contestação. Ora, se a contradita ocorre antes da tomada do depoimento da
testemunha (RT, 744/518), isto é, antes de o Juiz indagar-lhe sobre o que sabe a respeito dos fatos, é
PROVAS 20

evidente que deve versar sobre o que foi por ela declarado até então. Isto é, a testemunha forneceu a sua
identidade, disse não ter parentesco nem com o réu nem com a vítima e prestou o compromisso. Logo, a
contradita deve referir-se a esses dados. Poder-se-á alegar sua falsa identidade, seu parentesco ou relação
de amizade com qualquer das partes, ou, então, a impossibilidade de depor, por se tratar de pessoa cujo
depoimento é proibido, nos termos do art. 207”.

Em qual momento deve a testemunha ser contraditada?


Antes da tomada de seu depoimento.

O que é compromisso?
“Compromisso é um meio de que se vale o legislador par pressionar a testemunha a dizer verdade.
Quanto mais solene for a tomada do compromisso, maior importância terá o depoimento.

Quando a testemunha será ouvida sem prestar compromisso?


Quando for menor de 14 anos, doente ou deficiente mental e aquelas enumeradas no art. 206,
CPP. (art. 208, CPP)

Na hipótese do art. 206 em que a testemunha não presta compromisso, se faltar com a verdade
cometem falso testemunho?
Sim, já que o art. 342 do CP não inclui o compromisso entre as elementares do tipo.

Quando o réu olha de forma ameaçadora para a testemunha, fala constantemente com seu advogado,
inquieta-se na cadeira pode ser interpretado pelo juiz como constrangimento ou intimidação. Art. 217.

Que atitude deve o juiz adotar quando a presença do réu pode influenciar o depoimento da
testemunha?
Fará a inquirição por videoconferência. Caso não seja possível determinará a retirada do réu,
prosseguindo na inquirição, com a presença do defensor. Art. 217

Qual o procedimento quando o réu atua em causa própria?


Art. Art. 217 (entendimento, nomear defensor e o réu se retira).
PROVAS 21

O que acontece se a testemunha intimada não comparecer para prestar depoimento?


Art. 218 e 219. A intimação deve ser pessoal. O funcionário público, além da intimação pessoal deve ser
requisitado ao seu superior (art. 221, parágrafo 3, CPP). Os militares deverão ser requisitados diretamente
ao superior. (O oficial de justiça não pode entrar no quartel).
“A testemunha, uma vez regularmente intimada, tem o dever de depor. Esse dever, por seu turno
apresenta dois subdeveres: o comparecimento e o de prestar juramento. Diante do não comparecimento
injustificado da testemunha pode o juiz oficiar à Polícia requisitando sua apresentação em dia e hora
designados no ofício, ou, simplesmente, ordenar ao Oficial de Justiça que a conduza ao Fórum, solicitando
este o auxílio da Polícia Militar, se necessário, a fim de ajudá-lo se a testemunha recalcitrar. É o que se
denomina condução coercitiva, ou condução debaixo de Vara, porquanto a Vara era o símbolo da função
jurisdicional”.

O que ocorre se o militar não comparecer sem motivo justificado?


O militar torna a ser requisitado. Pode o juiz determinar a intimação do superior pessoalmente que faça
a apresentação, sob pena de desobediência.

Admite-se condução coercitiva de testemunha não intimada?


Não. A testemunha só pode sofrer sanções se regularmente intimada.

Se a testemunha estiver impossibilitada de comparecer em razão de doença ou velhice, será ouvida onde
estiver: em sua residência, no hospital, no próprio presídio.
Para o ato deverão ser intimados acusação e defesa, pois a ausência dos mesmos prejudicaria o
contraditório e a ampla defesa. Por esse motivo devem ser intimados, pena de nulidade. Não haverá
nulidade se acusação e defesa se recusarem a comparecer. Deverá o juiz certificar.

Os diplomatas são proibidos de testemunhar?


Aos diplomatas e agentes consulares não se aplicam as regras do CPP (art.1º, I, CPP) e sim a Convenção
de Viena sobre Relações Diplomáticas (aprovada pelo Decreto 56.435/65). Contudo esses agentes
(Diplomatas) não estão obrigados a depor por força do art. 31, item 2 do referido Decreto. ISTO NÃO
SIGNIFICA QUE ESTEJA PROIBIDO de depor. A proibição atinge só o que se refere à sua função (art. 207).
Se testemunhar um homicídio na via pública, pode prestar seu depoimento contribuindo para realizar
justiça no Estado acreditado onde exerce suas atividades representativas.
PROVAS 22

O mesmo se aplica aos agentes consulares?


A Convenção de Viena acerca das Relações Consulares (promulgada pelo Decreto 61.078/67) no
art. 44, I, estabelece que poderão ser chamados a depor. Se não comparecerem nenhuma sanção pode
ser aplicada. Se quiserem depor o depoimento será colhido no lugar em que se encontra ou pode fazer
suas declarações por escrito. Não devem depor sobre fatos relacionados ao exercício de suas funções.
(art. 207, CPP)

Qual providência deve ser adotada se a testemunha não conhecer o idioma nacional?
Será nomeado intérprete (art.223). Na hipótese de o juiz conhecer o idioma estrangeiro da testemunha
pode servir como intérprete? Não. É vedada a sua autonomeação.

A vítima pode ser considerada testemunha?


Não. Art. 201. Capitulo próprio, não presta compromisso, tem interesse na condenação porque assim
pode requerer reparação civil.

Qual o valor probatório da palavra do ofendido?


“O valor probatório tanto das declarações do ofendido como do interrogatório do réu, está adstrito às
demais provas colhidas. É certo, também, que aquele que foi sujeito passivo do crime, que sofreu a ação
violatória da norma, levado pela paixão, pelo ódio, pelo ressentimento e até mesmo pela emoção, procura
narrar os fatos como lhe pareçam convenientes. Desse modo a sua palavra deve ser aceita com reservas,
devendo o juiz confrontá-la com os demais elementos de convicção por se tratar de parte interessada no
desfecho da questão”.

Como fica a palavra da vítima nos crimes contra os costumes?


“nos crimes contra os costumes, que se cometem longe dos olhares curiosos, a palavra do ofendido
constitui o vértice de todo o acervo probatório, desde que fiquem demonstrados seus precedentes bons
costumes e sua honestidade.

O ofendido presta compromisso?


“O ofendido chamado a fazer declarações não presta compromisso nem está obrigado a dizer a verdade.
A regra prevista no art. 203, na parte atinente ao compromisso, só é aplicável às testemunhas, e, por
outro lado, não pode o ofendido ser sujeito ativo previsto no art. 342 do CP”.
PROVAS 23

Quanto à vítima
a) Vítima não comete falso testemunho.
b) Vítima se recusa a fazer exame de corpo de delito. Pode ser processada por crime de desobediência e
conduzida coercitivamente.
c) Vítima deve tomar ciência quando o réu entra ou sai da prisão. Proteção (crimes violentos) ou incentivo
para contratar assistente de acusação (discute-se se pode na fase recursal).

(Art. 226 a 228, CPP).

Reconhecimento de pessoas e coisas é o meio de prova pelo qual alguém é chamado para confirmar a
identidade de outra pessoa ou de outra coisa com outra que viu no passado.

NATUREZA JURÍDICA
O Código de Processo Penal o considera como meio de prova.

REGRAS
O reconhecimento é ato formal que exige os pressupostos do art. 226 do CPP, ou seja, abrange não só o
réu, mas também o ofendido e a testemunha. Trata-se de importante meio de prova principalmente nos
crimes contra o patrimônio e contra os costumes.

VALOR DO RECONHECIMENTO
Em juízo – desmoraliza a negativa dos réus.
Feito na fase extrajudicial – tem valor reduzido e não absoluto.

RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO
Considerado elemento precário.
Considerado como prova inominada.
Pode ser fortalecido pela confissão extrajudicial.
Necessidade de corroboração por outros firmes elementos contidos nos autos.
PROVAS 24

RETRATO FALADO
É o desenho da face do criminoso. Devido as precariedades não é tido como meio de prova, mas apenas
como instrumento auxiliar das investigações.

CLICHÊ FÔNICO
É o reconhecimento pela voz. Como prova, é um reconhecimento de caráter precário.

Trata-se de ato processual que, consiste em colocar face a face de duas ou mais pessoas que fizeram
declarações substancialmente diferentes acerca de um mesmo fato. Poderá ser requerida por qualquer
das partes ou de oficio pelo juiz ou autoridade policial.

Em que consiste a acareação?


Acareação (art.229) é ato processual, presidido pelo juiz, que coloca frente a frente declarantes,
confrontando e comparando manifestações contraditórias ou divergentes, no processo, visando a busca
da verdade real. Pode ser realizada na fase policial também (art. 6º, VI).

Qual a natureza jurídica da acareação?


Natureza. Meio de prova. Elimina depoimentos divergentes. O juiz procede à reinquirição ponto por
ponto. Acareação por videoconferência permitida pelo art. 185, §, 8º, CPP.

Art. 231 a 238

Documento é aquilo que representa um fato (Carnelluti). É a coisa que representa um fato, destinada a
fixá-lo de modo permanente e idôneo, reproduzindo-o em juízo. (vide art. 232, CPP)

São quaisquer escritos, instrumentos ou papeis públicos ou particulares. É coisa que representa um fato,
destinada a fixá-lo de modo permanente e idôneo, reproduzindo em juízo.
PROVAS 25

ESPÉCIES

INSTRUMENTO – são confeccionados para provar determinados fatos. Ex.: pacto antenupcial,
testamento, escritura pública.

PAPÉIS – são documentos escritos sem a finalidade precípua de provar um fato, mas podem
eventualmente servir como prova. Ex.: carta da namorada ao namorado mencionando que o mesmo não
poderia ter cometido aquele crime.

DOCUMENTOS PÚBLICOS

São expedidos na forma prescrita em lei pelo funcionário público no exercício de suas funções (escrivão,
tabelião ou funcionário). Possuem fé pública, ou seja, fazem prova não só da forma, mas também do
conteúdo (analogia ao art. 364 do CPC). Ex.: guia de recolhimento do IPVA serve como prova no caso de
falsificação de documento público.

Possuem presunção de veracidade, o que não ocorre com o documento particular devendo ser realizada
perícia nestes se contestada a sua autenticidade.

Podem ser objeto de incidente de falsidade (art. 145 a 148 do CPP), no caso de dúvida sobre a letra e
firma (assinatura).

DOCUMENTOS PARTICULARES

São elaborados por pessoa que não é funcionário público. São aceitas as fotografias dos documentos
devidamente autenticados (cópia reprográfica).

Função do documento
a) Dispositivo: quando é necessário e indispensável para a existência do ato jurídico;
b) Constitutivo: quando elemento essencial para a formação e validade do ato, considerado como
integrante deste;
c) Probatório: função de natureza processual.

Produção
a) Espontânea: com a exibição, juntada ou leitura pela parte;
PROVAS 26

b) Provocada ou coacta: que se faz na forma do art. 234;


c) Podem ser apresentados em qualquer fase do processo, exceto as hipóteses legais previstas no art.
231 do CPP. (vide art. 479, CPP)

Contrafação – reprodução não autorizada.


Na falsificação de guia do IPVA, por exemplo, o banco pode constatar que a autenticação não coincide
com a do banco. O perito dificilmente teria condições de concluir a contrafação.

(Art. 239, CPP)


É toda circunstância conhecida e provada, a partir da qual, mediante um raciocínio lógico, através do
método indutivo, obtém-se a conclusão sobre outro fato. Tal conceito é extraído diretamente da regra do
art. 239 do CPP. A indução parte do particular e chega ao geral, ou trata-se de raciocínio em que, a partir
de dados particulares, suficientemente enumerados, chegamos a uma conclusão geral. Os seres vivos A,
B, C são compostos de células; essa enumeração é suficiente para representar todos os seres vivos,
concluindo que todo ser vivo é composto de célula.

REQUISITO
O indício deve ser um fato certo, conhecido e provado.

PROVA INDIRETA
É aquela baseada em presunções e indícios.

Disposição legal
Premissa menor: o fato indiciário é uma circunstância conhecida e provada. Ex.: João foi encontrado junto
ao cadáver com a arma do crime e os objetos da vítima;
Premissa maior: é um princípio de razão ou de experiência (quem é encontrado com a arma do crime
junto ao cadáver e os objetos da vítima é provavelmente o autor do delito); conclusão: a comparação
entre a premissa maior e a menor é de que João é provavelmente o autor do crime.

VALOR PROBATÓRIO DOS INDÍCIOS


Quando fortemente ligado ao fato, pode ter valor probatório.
Considerando o princípio da livre convicção tem o mesmo valor probatório das provas diretas.
PROVAS 27

Múltiplos indícios, concatenados e impregnados de elementos positivos de credibilidade, são suficientes


para dar base a uma decisão condenatória.
Deve ser invalidado quando existirem contra indícios ou qualquer outra prova.
Podem ser considerados não suficientes quando são isolados, de forma a permitirem uma explicação
diferente, ou seja, o acusado não poderia ter cometido o crime.

PRESUNÇÃO
É o procedimento de ter como verdadeiro um fato, sem a necessidade de prová-lo. Existe a presunção
absoluta (juris et de juris), quando não se admite prova em contrário, e presunção relativa (juris tantum),
que admite prova em contrário.

A busca e apreensão é a diligência que determina a procura de bens e pessoas, bem como sua posterior
apreensão por aqueles que possuam competência para o ato. Em geral, é uma medida bastante comum.
No Direito Civil, é bastante comum a expedição de mandado de busca e apreensão em execuções. Já no
Direito Penal, o mandado de busca e apreensão está relacionado, em geral, às investigações criminais.
Em primeiro lugar, note que estamos falando de uma espécie de prova cautelar, que busca colocar nas
mãos da justiça alguma prova que ainda não está a seu alcance (e que pode vir a se perder se não for
praticada).

Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.

BUSCA DOMICILIAR – Realizada em um domicílio e suas dependências. Pode abranger automóveis ou


outros locais mais específicos se estes forem utilizados como residência (é o caso de uma boleia de
caminhão na qual resida o caminhoneiro, por exemplo).

§ 1º. Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:


Prender criminosos;
Apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
Apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
Apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso;
Descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
PROVAS 28

Apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que
o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
Apreender pessoas vítimas de crimes;
Colher qualquer elemento de convicção.

Independentemente de realizar a busca e apreensão pessoalmente ou não, o delegado de polícia


necessitará de representar pelo mandado de busca e apreensão e só poderá cumprir tal medida com
autorização judicial.
Em segundo lugar, é pacífico na doutrina que a efetivação de busca e apreensão diretamente pela
autoridade judiciária viola o sistema acusatório (não cabe ao juiz participar ativamente em uma atividade
como essa, sob pela de que venha a ferir seu dever de imparcialidade).

Autorização Judicial
O Mandado de Busca e Apreensão (MBA) deve ser precedido de autorização judicial FUNDAMENTADA E
ESCRITA. Por força dessa premissa, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e o próprio Ministério
Público não poderão efetivar o cumprimento de tal medida sem a prévia autorização de um magistrado.

Requisitos do MBA
O cumprimento do Mandado de Busca e Apreensão depende de uma série de requisitos, arrolados no art.
243 do CPP.
Art. 243. O mandado de busca deverá:
I – indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo
proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a
identifiquem;
II – mencionar o motivo e os fins da diligência;
III – ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
§ 1º Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca
§ 2º Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir
elemento do corpo de delito.

Observações sobre o MBA


• A regra é que a busca seja realizada de dia (entre 6h e 18h no horário do local do cumprimento do MBA);
• Se a busca se iniciar antes das 18h, havendo necessidade, pode ser estendida para além desse horário
(dentro de um limite razoável);
PROVAS 29

• A regra é que o mandado seja lido ao morador, que deve ser intimado a abrir a porta da residência. Se
este não obedecer é que a porta poderá ser arrombada e a entrada poderá ser realizada forçadamente;
• Segundo o STF, em decisão de sua 2ª turma (11/10/2016), um mesmo mandado de busca pode ser
utilizado em duas oportunidades diferentes – desde que dentro de um lapso temporal razoável (lapso de
horas, e não de dias).

Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.

BUSCA PESSOAL – Realizada na pessoa, em suas vestes. Popularmente chamada de revista pessoal.

§ 2º. Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma
proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
A busca pessoal, embora também possa ser autorizada pelo juiz, independe de autorização judicial, desde
que haja fundada suspeita que a justifique, ou quando for determinada no curso de busca domiciliar
autorizada judicialmente.

Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita
de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito,
ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.

Uma observação importante sobre a busca pessoal que comumente causa confusão entre os candidatos
(e entre cidadãos em geral) é sobre a busca realizada em mulheres.

Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da
diligência.
Veja que a regra é que uma mulher faça a busca pessoal em outra mulher. Entretanto, se não houver a
disponibilidade de um agente público do sexo feminino e esperar sua chegada importar em retardamento
ou prejuízo da diligência, a busca poderá ser realizada por um homem, ato em que tal procedimento não
importará em nenhuma irregularidade.
PROVAS 30

QUESTÃO 1

Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão
da Polícia Federal
A respeito da prova no processo penal, julgue o item subsequente.

A consequência processual da declaração de ilegalidade de determinada prova obtida com violação às


normas constitucionais ou legais é a nulidade do processo com a absolvição do réu.
( ) Certo
( ) Errado

Art. 157 CPP. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

§ 3° Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será


inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
Gabarito: Errado.

QUESTÃO 2

Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Perito
Criminal Federal - Cargo 1
Com relação às condutas típicas previstas no Código Penal brasileiro e em leis específicas, e ainda, no que
se refere às disposições gerais sobre a prova (CPP, Cap. I, Tít. VII), julgue os itens seguintes.

Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a ausência do corpo da vítima em suposto crime
de homicídio impede o ajuizamento da ação penal, haja vista a impossibilidade da realização de exame
de corpo de delito, não sendo admitidos, nessa situação, outros meios de provas.

( ) Certo.
( ) Errado.

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

Gabarito: Errado.
PROVAS 31

QUESTÃO 3

Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DEPEN Prova: CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário
Texto associado
No momento do interrogatório do réu, o juiz o informará do inteiro teor da acusação, bem como do direito
de permanecer calado, advertindo-o, porém, que o silêncio poderá ser interpretado em prejuízo de sua
defesa.

( ) Certo
( ) Errado

A 1ª parte está correta (no momento do interrogatório do réu, o juiz o informará do inteiro teor da
acusação, bem como do direito de permanecer calado) todavia a 2ª parte está errada (advertindo-o,
porém, que o silêncio poderá ser interpretado em prejuízo de sua defesa.)

Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será
informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não
responder perguntas que lhe forem formuladas.

Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em
prejuízo da defesa.

Gabarito: Errado.

QUESTÃO 4

Ano: 2021 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia
Federal - Delegado de Polícia Federal
Quanto à prova criminal, julgue o item que se segue.
A confissão do acusado não dispensa a realização do exame de corpo de delito nos casos de crimes não
transeuntes.
( ) Certo
( ) Errado

Delitos não transeuntes são os que deixam vestígios.

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Não transeuntes: deixa vestígio.

Transeuntes: não deixa vestígios.

Gabarito: Certo.
PROVAS 32

QUESTÃO 5

Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: PC-RN Prova: FGV - 2021 - PC-RN - Delegado de Polícia Civil Substituto
Após a expedição de mandado de busca e apreensão em determinado endereço, policiais compareceram
à residência de Antônio para apreender documentos referentes à investigação da prática do crime de
lavagem de dinheiro. Os policiais nada encontraram na diligência, mas acharam uma conta de luz de outro
endereço em nome do investigado. Os policiais, então, se dirigiram imediatamente ao novo endereço, e,
após tocarem a campainha e não serem atendidos, arrombaram a porta do apartamento, na presença de
um vizinho. No local, foram encontrados diversos documentos que demonstravam a prática do crime
objeto da investigação. Considerando a legislação vigente, a prova obtida será:
A - Válida, por tratar-se de encontro fortuito de provas;
B - Nula, pois a busca e apreensão sempre exige a presença física do morador;
C - Nula, pois, diante da ausência do morador, era indispensável para a validade a presença de duas
testemunhas para o arrombamento do local;
D - Nula, pois foi realizada em local distinto daquele constante do mandado de busca e apreensão;
E - Válida, pois obtida em outro domicílio que comprovadamente também seria do investigado contra o
qual deferida a medida original.

Por importar violação de domicílio, o mandado de busca deve ser preciso e determinado, indicando o
mais precisamente possível a casa a ser diligenciada, o nome do proprietário (ou morador), não
sendo admissível o mandado genérico, sob pena de tornar inviável o controle sobre os atos do Estado
contra o direito individual.
O segundo local não estava amparado pelo mandado de busca e apreensão.

Gabarito: D.

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