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DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil – Parte I
Carlos Elias
Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Responsabilidade Civil – Parte I................................................................................................... 5
1. Definição........................................................................................................................................ 5
2. Princípio da Independência das Instâncias de Responsabilidade (Penal,
Administrativa e Civil etc.). . ........................................................................................................... 6
2.1. Noções Gerais............................................................................................................................ 6
2.2. Exceções ao Princípio: Prescrição e Vinculação das Instâncias Civil e
Administrativa pelo Juízo Penal.. .................................................................................................. 7
2.3. Improbidade Administrativa e o Princípio da Independência das Instâncias........... 10
3. Responsabilidade Pressuposta.............................................................................................. 10
4. Sistemas de Dano Indenizável. . ............................................................................................... 11
5. Dano-Evento vs Dano-Prejuízo...............................................................................................12
6. Responsabilidade Sem Dano. . ..................................................................................................13
7. Teoria do Dano Punitivo............................................................................................................ 14
8. Regra da Irreparabilidade do Dano Evitável. . ...................................................................... 18
9. Transmissibilidade da Responsabilidade Civil.....................................................................19
9.1. Direito à Reparação.................................................................................................................19
9.2. Dever de Reparar.....................................................................................................................19
9.3. Casos Especiais.. ..................................................................................................................... 20
9.4. Responsabilidade do Incapaz.. ............................................................................................ 23
Questões de Concurso.................................................................................................................. 35
Gabarito.............................................................................................................................................51
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Responsabilidade Civil – Parte I
Carlos Elias
Apresentação
Olá, querido(a)!
Não preciso dizer que Responsabilidade Civil despenca em concursos públicos. Você já
sabe disso.
Aprofundarei ao máximo, observando que o nosso foco é fazer você passar no concurso (e
não adquirir um doutorado ou um mestrado).
E resolveremos questões de concurso de modo a estimular em você a habilidade de “en-
frentar questões” e de modo a estudar o conteúdo com dinâmica.
NÃO FAÇA CORPO MOLE. JAMAIS!!! Você irá conquistar seu sonho com base no seu sacri-
fício. Leia os PDFs, faça suas anotações pessoais, acompanhe as questões e siga estudando.
Depois que você alcançar seu sonho poderá relaxar bastante!
Não há conquistas sem sacrifício!
Estamos juntos contigo, amigo(a)!
Resumo
Amigo(a), quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os exercícios.
É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu aprofundar o conte-
údo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com as questões. De
nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros, se não tiver familiaridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir
às questões.
O resumo desta aula é este:
• Responsabilidade civil é o conjunto de regras que disciplina o dever de indenizar. Res-
ponder civilmente é ser condenado a pagar indenização;
• Pelo princípio da independência das instâncias, a decisão em uma instância de respon-
sabilidade não vincula as demais, salvo um único caso: se o juízo penal decidir a autoria
ou a existência do fato (materialidade), essa decisão vinculará todas as demais instân-
cias (civil e administrativa) em razão do maior rigor probatório exigido para a instância
penal (art. 935, CC; art. 126, Lei n. 8.112/90; arts. 66 e 67, III, CPP);
• O conceito de “responsabilidade pressuposta” é utilizado para estimular a doutrina a
ampliar hipóteses de responsabilidade civil objetiva, a criar novas espécies de danos
indenizáveis e a fixar hipóteses de imprescritibilidades (como a de indenização por tor-
turas ocorridas na ditadura, caso em que, segundo o STJ, a grave violação a direito fun-
damental repeliria a prescrição);
• O Brasil adotou o sistema atípico de dano indenizável. Esse sistema não define os inte-
resses que, lesados, ensejam a reparação civil. Deixa, pois o dano indenizável para ser
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Em regra, depende da
Responsabilidade civil
ocorrência de um ilícito civil
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Obrigação de Responsabilidade
Sanção penal
índole penal penal
Obrigação de Dever de
Responsabilidade civil
Direito Civil indenizar
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Um mesmo fato pode caracterizar ilícito penal, administrativo e civil e, portanto, pode de-
sencadear responsabilização nas três instâncias concomitantemente e de modo independen-
te. O indivíduo pode ser absolvido em uma instância e ser condenado em outra, pois, em regra,
as instâncias de responsabilidade são independentes. Trata-se do princípio da independência
das instâncias. Há, porém, exceções, conforme trataremos a seguir.
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O segundo refere-se à vinculação do juízo civil e administrativo ao penal quando este deci-
dir a autoria e a materialidade. De fato, a decisão em uma instância de responsabilidade não
vincula as demais, salvo um único caso: se o juízo penal decidir a autoria ou a existência do
fato (materialidade), essa decisão vinculará todas as demais instâncias em razão do maior
rigor probatório exigido para a instância penal (art. 935, CC; art. 126, Lei n. 8.112/90; arts. 66 e
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67, III, CPP). Assim, se o juízo penal absolver o indivíduo por entender que este não foi o autor,
o juízo civil é obrigado a acolher essa decisão fática. Se o juízo penal reconhecer que houve
legítima defesa (materialidade), esse fato tem de ser levado em conta pelo juízo civil neces-
sariamente.
Decisões penais por insuficiência de provas não vinculam as demais instâncias, pois não
representam um atestado de autoria ou de materialidade. Se o juízo penal absolver o indivíduo
por entender serem insuficientes as provas acerca da sua autoria ou da materialidade, essa
decisão não vincula as demais esferas, pois o juízo penal não decidiu a autoria ou a materiali-
dade, e sim absteve-se de decidir isso por falta de provas.
Decisão penal que absolve por atipicidade (reconhecer que fato não é crime) é irrelevante
para o juízo civil, pois não versa sobre autoria ou materialidade do fato.
As instâncias podem tramitar sem necessidade de suspensão. Todavia, a superveniência
de sentença penal decidindo a autoria ou a materialmente autoriza: (1) o desfazimento de sen-
tença cível contrária por meio de ação rescisória e (2) a desconstituição de ato administrativo
sancionador contrário por meio de ação anulatória no prazo decadencial de 5 anos contados a
partir do trânsito em julgado da sentença criminal. Leia este julgado:
Ao nosso sentir, não importa se esse desfazimento será favorável ou contrário indivíduo, de
modo que seria cabível o desfazimento da sentença civil para desfazer a absolvição do réu na
ação de responsabilidade civil ou o desfazimento do ato administrativo com base no princípio
administrativo da autotutela para desfazer a absolvição do investigado.
No caso de responsabilidade civil, entendemos que o prazo decadencial de 2 anos da ação
rescisória só começa a correr do trânsito em julgado da sentença criminal, pois só aí nasce o
direito do interessado em desfazer a sentença. O fundamento da ação rescisória é a superve-
niência de prova nova (art. 966, VII, CPC), e o termo inicial se baseia no princípio da actio nata
e no art. 935 do CC, os quais afastariam a restrição temporal de 5 anos prevista no art. 975,
§ 2º, do CPC para a descoberta da prova nova. Desconhecemos julgado do STJ nesse tema.
Ademais, a doutrina é omissa. Por essa razão, deixamos a nossa opinião pessoal para você
fixar melhor o conteúdo.
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No caso de responsabilidade administrativa, ainda que a sentença penal não vincule o juízo
administrativo por ter sido fundada em insuficiência de prova, o prazo decadencial de 5 anos
para o desfazimento do ato administrativo sancionador começa a correr do trânsito em julga-
do da sentença criminal, pois só aí se esgotou o exame dos fatos (STJ, REsp 879.734/RS, 6ª
Turma, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, DJe 18/10/2010).
Entendemos que o desfazimento do ato administrativo ou da sentença civil contrária à
superveniente sentença criminal consiste em uma invalidade, pois o ato a ser desconstituído
nasceu com base em uma qualificação fática juridicamente indevida.
3. Responsabilidade Pressuposta
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Brasil
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definido abertamente pela doutrina e pela jurisprudência. Isso permite a identificação de novas
categorias de danos indenizáveis, como o dano estético, o dano existencial, a perda de uma
chance etc.
5. Dano-Evento vs Dano-Prejuízo
2
Sobre os dois conceitos, recomendamos leitura da dissertação de mestrado e do artigo de Flumignan (2009 e 2015).
3
Por isso, esta questão de concurso de Promotor de Justiça foi considerada errada:
“(MPE-MG/Promotor de Justiça/2012) A função preventiva na responsabilidade civil consumerista prescinde o dano-evento e
exige o dano-prejuízo.”
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quanto exporemos mais abaixo sobre “responsabilidade sem dano” e sobre a “teoria do dano
punitivo”.
Responsabilidade
Corrente
civil sem dano
majoritária rejeita
essa hipótese de Dano é inafastável da responsabilidade civil
responsabilida-
de sem dano
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Indenização
fixada como
punição para
desestimular a
reiteração do ilícito Ex.: função PUNITIVA da
Teoria do responsabilidade civil
dano punitivo Não foi adotada
Admite sua
de modo PURO
aplicação mes- Ex.: danos morais
no Brasil, nem se
clada com ou- coletivos
admite sua aplica-
tros elementos
ção irrestrita
Ex..: um dos parâmetros
de arbitramento da
indenização por
dano moral
O gabarito é “errado”. Em concurso público, o CESPE, a seu turno, fiel ao que a doutrina tradicio-
nal e majoritária afirma, não reconhece a adoção da teoria do dano punitivo no Brasil. Foi por
essa razão que a resposta da questão seguinte é “errado”.
Errado.
4
Sobre o tema, recomendamos leitura do artigo de Bruno Leonardo Câmara Carrá (2016), dividido em quatro textos na
Coluna online mantida pela Rede de Direito Civil Contemporâneo, que envolve pesquisadores de várias universidades e que
recebe a coordenação do Prof. Otávio Luiz Rodrigues Junior.
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Todavia, se for afirmado que, de modo parcial, a teoria do dano punitivo é acatada como
um dos critérios para o arbitramento do valor da indenização por dano moral, isso deve ser
aceito em concurso público, pois o STJ caminha nesse sentido, a exemplo deste caso, em que
o STJ, levando em conta a função punitiva da responsabilidade civil (conforme voto do ministro
relator),, aumentou para R$ 500.000,00 a indenização por dano moral devida ao Ex-Presidente
da República Fernando Collor em razão de a Editora Abril ter publicado em março de 2006 uma
reportagem que extrapolou da liberdade de expressão ao insultá-lo com a expressão “corrupto
desvairado”. Confira o julgado:
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2. O critério que vem sendo utilizado por essa Corte Superior na fixação do valor da inde-
nização por danos morais, considera as condições pessoais e econômicas das partes,
devendo o arbitramento operar-se com moderação e razoabilidade, atento à realidade da
vida e às peculiaridades de cada caso, de forma a não haver o enriquecimento indevido
do ofendido, bem como que sirva para desestimular o ofensor a repetir o ato ilícito.
3. A aplicação irrestrita das “punitive damages” encontra óbice regulador no ordena-
mento jurídico pátrio que, anteriormente à entrada do Código Civil de 2002, vedava o
enriquecimento sem causa como princípio informador do direito e após a novel codifica-
ção civilista, passou a prescrevê-la expressamente, mais especificamente, no art. 884
do Código Civil de 2002.
4. Assim, cabe a alteração do quantum indenizatório quando este se revelar como valor
exorbitante ou ínfimo, consoante iterativa jurisprudência desta Corte Superior de Justiça.
5. In casu, o Tribunal a quo condenou às rés em R$ 960.000, 00 (novecentos e sessenta
mil reais), tendo dividido o valor entre as rés, arcando cada uma das litisconsortes passi-
vas com o pagamento de R$ 480.000,00 (quatrocentos e oitenta mil reais) o que, conside-
rando os critérios utilizados por este STJ, se revela extremamente excessivo.
6. Dessa forma, considerando-se as peculiaridades do caso concreto, bem como os cri-
térios adotados por esta Corte Superior na fixação do quantum indenizatório a título de
danos morais, a indenização total deve ser reduzida para R$ 145.250,00 (cento e quarenta
e cinco mil, duzentos e cinquenta reais), devendo ser ele rateado igualmente entre as rés,
o que equivale a R$ 72.625,00 (setenta e dois mil, seiscentos e vinte e cinco reais) por
litisconsorte passiva.
7. Evidencia-se que a parte agravante não apresentou qualquer argumento capaz de infir-
mar a decisão monocrática que pretende ver reformada, razão pela qual entende-se que
ela há de ser mantida íntegra por seus próprios fundamentos.
8. Agravo regimental a que se nega provimento.
(STJ, AgRg no Ag 850.273/BA, 4ª Turma, Rel. Min. Honildo Amaral de Mello Castro –
Desembargador Convocado, DJe 24/08/2010)
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Não pode ser indenizado o dano ou o agravamento de um dano que a vítima, se estivesse
de boa-fé, poderia ter evitado. Trata-se da regra da irreparabilidade do dano evitável (ride), que
decorre do duty to mitigate the loss.
O duty to mitigate the loss – que é o dever de o credor atenuar os prejuízos por força da boa-
-fé objetiva – justifica também a “regra de irreparabilidade do dano evitável”, segunda a qual a
vítima não terá direito a uma indenização por um dano ou por um agravamento de um dano se
ela, se agisse de boa-fé, poderia tê-lo evitado. Afinal de contas, é seu dever comportar-se para
impedir o aumento da dívida5. No mesmo sentido, é o enunciado n. 629/JDC: “A indenização
não inclui os prejuízos agravados, nem os que poderiam ser evitados ou reduzidos mediante
esforço razoável da vítima. Os custos da mitigação devem ser considerados no cálculo da
indenização”. Os fundamentos jurídicos são a vedação ao abuso de direito (art. 187, CC), a
boa-fé objetiva (arts. 113 e 422, CC) e o dever de indenizar (art. 403, CC).
Quem, por exemplo, sofre um corte profundo na pele por culpa de outrem pode pedir inde-
nização por dano moral e material levando em conta esse fato. Se, todavia, a vítima não vai ao
hospital para tratar o corte e, em razão disso, contrai uma infecção grave que a leva à morte,
a indenização não poderá levar em conta esse agravamento do dano, pois a morte poderia ter
sido evitada se a vítima tivesse ido ao hospital. Logo, o valor da indenização por dano moral
será bem mais suave do que seria arbitrado para o caso de morte, e, na indenização por dano
material, não se poderão considerar as despesas médicas com as complicações provocadas
pela infecção. No máximo, o dano material poderia abranger o valor que teria sido gasto com
o tratamento apenas do corte profundo em nome da vedação do enriquecimento sem causa.
O TJRS analisou este caso: empresa que adquire máquina quebrada não pode pleitear indeni-
zação por lucros cessantes pelo período de indisponibilidade dessa máquina, se não comprovar
que adotou medidas razoáveis e de boa-fé no sentido de evitar esse dano, seja adquirindo outra
5
Reportamo-nos a notável estudo de Daniel Pires Novais Dias (2018).
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máquina, seja contratando o serviço de um terceiro (TJRS, Apelação Cível n. 70025609579, Quin-
ta Câmara Cível, Rel. Des. Umberto Guaspari Sudbrack, Julgado em 20/05/2009).
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O dever de reparar um dano moral é uma dívida e, como tal, pode ser transmitida para ter-
ceiros por ato entre vivos na forma da assunção de dívida (arts. 299 e ss, CC) ou por sucessão
causa mortis (art. 943, CC). Os herdeiros, portanto, podem ser obrigados a pagar a indenização
por dano moral ou material causada pelo de cujus, assim como eles podem ser obrigados por
qualquer outra dívida dele, mas se deve respeitar as regras de direito sucessório, como a do be-
nefício de inventário: os herdeiros não respondem além dos limites da herança (art. 1.782, CC).
Suprir a
Indenização por
perda de uma
lucros cessantes
remuneração
É obrigação que
Alimentos
pode ser pleiteada
indenizativos
dos herdeiros
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Quanto ao direito de exigir os alimentos indenizativos, não pode haver transmissão causa
mortis pelo fato de a morte da vítima ser hipótese de extinção do direito. Morta a vítima, ex-
tingue-se o direito aos alimentos indenizativos (STJ, REsp 1320214/DF, 2ª Turma, Rel. Ministro
Castro Meira, DJe 29/08/2012).
Todavia, entendemos que, até a data da morte, o direito de crédito aos alimentos indeniza-
tivos que não foram cobrados pode ser transmitido aos herdeiros da vítima, respeitado o prazo
de prescrição. Se, por exemplo, João foi atropelado por negligência de Artur e, por ter ficado
tetraplégico, ficou incapaz para o trabalho que exercia e que lhe rendia R$ 4.000,00 por mês, ele
passa a ter direito de pleitear alimentos indenizativos nesse valor mensal. Se ele vem a falecer
dois anos depois sem ter cobrado a indenização, entendemos que os seus herdeiros poderão
pleitear o pagamento da pensão alimentícia indenizativa durante esses dois anos, pois o prazo
prescricional de 3 anos não se esvaiu (art. 206, § 3º, V, CC) (STJ, REsp 1326808/RS, 3ª Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, DJe 01/06/2015)
O raciocínio aqui tratado não se estende aos alimentos familiares (também batizados de
legítimos), que é devido entre parentes com base no Direito de Família. Nos alimentos fami-
liares, o direito de crédito só nasce depois de os alimentos serem cobrados judicialmente me-
diante prova dos requisitos legais (como o binômio necessidade-possibilidade)6. Se o parente
não cobrou, os seus herdeiros não poderão cobrar. Se, todavia, os alimentos familiares já ha-
viam sido fixados, mas estavam em atraso no momento da morte do alimentado, esse direito
de crédito, que nasceu com o vencimento, será transmissível causa mortis, como sucede com
os direitos de crédito em geral.
6
Os alimentos familiares cobrados judicialmente são devidos desde a citação da ação de alimentos (art. 13, § 2º, da Lei de
Alimentos – Lei n. 5.478/1968).
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9.3.2. Legitimidade Ativa dos Pais como Únicos Herdeiros da Vítima para a
Ação de Indenização por Dano Moral do Filho Falecido
Pais, como únicos herdeiros, podem ajuizar ação de indenização pelos danos morais que
o filho sofreu em vida (art. 943, CC). Na verdade, a titularidade é do espólio, mas, se os pais
forem os únicos herdeiros, o STJ já aceitou diante da falta de prejuízo. Não importa se o filho
havia ou não ajuizado a ação de indenização por dano moral, pois o espólio pode ajuizar ou
suceder processualmente falecido no caso de ação de indenização por dano moral (STJ, AgRg
no AREsp 326.485/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Sidnei Beneti, DJe 01/08/2013; REsp 705.870/MA,
4ª Turma, Rel. Ministro Raul Araújo, DJe 23/04/2013; REsp 343.654/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro
Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 01/07/2002; REsp 978.651/SP, 1ª Turma, Rel. Ministra De-
nise Arruda, DJe 26/03/2009).
Essa orientação do STJ é pragmática e facilita o exercício do direito dos herdeiros, mas é
atécnico do ponto de vista formal e é potencialmente lesivo aos credores do de cujus, que, ao
buscarem os bens do de cujus no espaço legalmente dedicado à sucessão causa mortis (o
procedimento de inventário e partilha), não encontrarão informações acerca desse direito de
crédito do falecido, o qual poderia ser utilizado para pagamento da dívida no bojo do inventário.
Temos, pois, ressalvas à orientação do STJ.
Todos os herdeiros
Devem ser declarados no Dívida de respondem por ela até o
inventário como bens ou responsabilidade limite do seu quinhão
dívidas a serem partilhados civil hereditário
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Subjetiva
Responde civilmente
Limitada (condicional)
em regime + brando
Responsabilidade civil
do incapaz
Responsabilidade
Equitativa
civil
Subsidiária
Veja a questão.
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O gabarito é falso, pois pais não tem direito de regresso contra os filhos menores (art. 934, CC).
Errado.
O gabarito é letra “d”, porque a responsabilidade do incapaz por ato do pai é condicional (o
valor da indenização é condicionado a não comprometer sobrevivência do incapaz), mitigada
(a responsabilidade civil não pode subtrair o mínimo necessários à sobrevivência digna do
incapaz), subsidiária (só responde se pai não tiver recursos ou não for obrigado) e equitativa
(valor da indenização baseia-se na equidade).
Letra d.
O gabarito é “errado”, pois o patrimônio do incapaz também pode responder de modo subsidi-
ário e com base na equidade.
Errado.
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Responsabilidade Civil – Parte I
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9.4.2. Subjetiva
Depende da
Subjetiva
demonstração de culpa
Responsabilidade civil
do incapaz
Excepcionalmente
pode responder de Pela teoria do risco
forma OBJETIVA
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9.4.4. Subsidiária
Não há litisconsórcio
necessário entre o incapaz
e o representante legal
Incapaz só responde se o
Principal representante não tiver meios
ou obrigação
Integral
Proporcional à manutenção
de uma vida digna
7
Rectius, não ter meios para pagar a indenização.
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Representante do incapaz abrange não apenas os legais (pais no poder familiar, tutores
e curadores), mas também terceiros que, faticamente, assumiram essa condição, como na
hipótese de uma babá, de um amigo ou de estabelecimento de ensino que assume o cuidado
de uma criança.
Em regra, conforme arts. 928, 932, I e II, 933 do CC, os representantes legais respondem
pelos atos dos incapazes de forma principal, objetiva e integral: principal, pelo fato de que os
incapazes só respondem se os representantes não tiverem meios ou dever jurídico; objetiva,
porque não se investigará culpa do representante (como culpa in vigilando), embora obviamen-
te se pressuponha a culpa do incapaz para essa responsabilização do representante; integral,
porque o valor da indenização seguirá a regra geral da restitutio in integrum e corresponderá à
extensão do dano causado pelo incapaz (art. 944, CC). A propósito dessa indenização integral,
há controvérsia doutrinária. Preferimos a incidência da restitutio in integrum, pois, além de ine-
xistir disposição legal diversa, não é justo prestigiar os representantes em detrimento da víti-
ma, que muitas vezes depende da indenização para ter uma vida digna. Nossa corrente, porém,
é minoritária. Há o enunciado n. 39/JDC8 a estender o limite humanitário do parágrafo único
do art. 928 do CC para os representantes legais do incapaz, de modo que eles não poderão ser
privados do necessário para sua sobrevivência com a indenização.
Em dois casos, o incapaz poderá ser responsabilizado pessoalmente: (1) falta de recursos
do representante ou (2) falta de dever legal do representante. Uma terceira hipótese a autorizar
a responsabilização civil pessoal do incapaz pode ser mencionada: a do incapaz sem nenhum
representante legal existente, como um órfão sem tutor nomeado.
A primeira hipótese é constatada pela ausência de bens penhoráveis ou por qualquer outro
meio de prova do representante. Nada impede que a vítima ajuíze a ação diretamente contra o
incapaz, desde que comprove a pobreza dos representantes.
A segunda, porém, merece maiores reflexões, pois a legislação não é textual em prever a
isenção de responsabilidade do representante legal. Esses casos devem ser obtidos por infe-
rência, o que convém dividir os representantes em dois grupos: os pais e os demais.
Quanto ao pais, se não tiverem o poder familiar, eles não são representantes legais do fi-
lhos nem possuem dever de cuidado sobre eles (art. 1.634, CC), de modo que, por estarem fora
do texto do art. 932, I, do CC, não podem ser responsabilizados.
Quanto aos demais representantes legais, a sua responsabilidade está no inciso II do art.
932 do CC e refere-se aos tutores e curadores. Entendemos que só os tutores e curadores com
dever de cuidado sobre o incapaz podem ser responsabilizados, pois isso lhes assegura o po-
der de, com razoabilidade, disciplinar o incapaz. Não se pode, porém, responsabilizar o curador
ou o tutor que só tem dever de gestão patrimonial, pois o comportamento não patrimonial do
incapaz não está sob seu controle.
8
Enunciado n. 39/JDC: A impossibilidade de privação do necessário à pessoa, prevista no art. 928, traduz um dever de inde-
nização equitativa, informado pelo princípio constitucional da proteção à dignidade da pessoa humana. Como consequên-
cia, também os pais, tutores e curadores serão beneficiados pelo limite humanitário do dever de indenizar, de modo que a
passagem ao patrimônio do incapaz se dará não quando esgotados todos os recursos do responsável, mas se reduzidos
estes ao montante necessário à manutenção de sua dignidade.
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Em regra, a tutela e a curatela abrangem esse dever de cuidado, de modo que não há ne-
cessidade de previsão expressa na sentença. Há duas exceções. Em primeiro lugar, quando
se tratar de pródigo, a curatela se restringe a questões patrimoniais por força do art. 1.782 do
CC9, de maneira que só por ordem judicial expressa se poderá excepcionar essa regra e impor
também o dever de cuidado. Em segundo lugar, em se tratando de pessoa com deficiência que
apresente limitações de discernimento, a curatela também se restringe a questões patrimo-
niais e negociais à luz do art. 85 do EPD10, de modo que o dever de cuidado também dependerá
de sentença expressa afastando essa regra legal.
Por fim, foi criada a Tomada de Decisão Apoiada (TDA) no art. 1.783-A do CC, mas como
esse instituto de amparo à pessoa com deficiência não importa em dever de cuidado, mas se
restringe a questões patrimoniais e negociais, o apoiador não pode ser responsabilizado civil-
mente por ato da pessoa apoiada.
Responsabilidade civil presume o mínimo poder de controle do responsável. Se o curador,
tutor ou apoiador não têm poder de disciplinar o comportamento do incapaz (ex.: vedar-lhe
andar por lugares perigosos ou portar objetos perigosos), não se lhes pode responsabilizar
civilmente por atos da pessoa vulnerável (que não necessariamente é incapaz, conforme EPD).
Portanto, os pais só respondem por atos dos filhos menores e incapazes se tiverem o
poder familiar, ao passo que tutores e curadores só respondem por atos dos vulneráveis se
tiverem dever de cuidado sobre o incapaz além de questões meramente patrimoniais. Esse
dever de cuidado, no caso de pródigo ou de pessoas com pessoa deficiência, tem de estar pre-
visto textualmente na sentença para afastar as regras do art. 1.782 do CC e do art. 85 do EPD.
Apoiadores, a seu turno, nunca respondem por atos da pessoa com deficiência beneficiária da
TDA, pois não possuem dever de cuidado da pessoa do apoiado. Nesses casos em que o repre-
sentante legal do incapaz não tem dever legal de responder, o incapaz responderá civilmente
de modo direto na forma do art. 928, CC.
Proporcional à manutenção de
uma vida digna
9
O EPD tencionou estender essa restrição da curatela a questões patrimoniais para todos os casos de incapazes por meio
da inserção de uma nova redação ao art. 1.772 do CC, mas, por desencontros de processos legislativos, o CPC entrou em
vigor poucos meses depois do EPD e revogou esse preceito. O professor Flávio Tartuce batizou esse fenômeno de “atrope-
lamento legislativo” (Tartuce, 2015).
10
EPD: Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015).
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Quando o representante legal (pai ou mãe, tutor ou curador) é ascendente do incapaz (pai,
avô etc.), não cabe direito de regresso contra o incapaz por previsão expressa do art. 934 do CC.
Se, todavia, não há esse parentesco de ascendência, há duas correntes possíveis.
A primeira é no sentido de que o incapaz não é obrigado a ressarcir seu representante legal
que não seja ascendente e que tenha suportado a indenização sozinho: o representante não
tem direito de regresso contra o incapaz (art. 934, CC). Embora o art. 934 do CC só se refira
aos pais para afastar-lhe o direito de regresso contra seus descendentes incapazes, o melhor
entendimento é o de estender esse dispositivo para qualquer representante legal que tenham
dever de cuidado, pois o controle dos atos dos incapazes está sob o seu comando e, portanto,
o risco de esses incapazes causarem danos a terceiros é desses representantes. Preferimos
esse entendimento.
A segunda corrente é no sentido do cabimento do direito de regresso contra o incapaz se
o representante não for ascendente, pois o texto do art. 934 do CC não faz nenhuma ressalva.
Bruno Miragem, por exemplo, entende assim (Miragem, 2015, p. 313).
Art. 928 O incapaz responde pelos prejuízos que causar de maneira subsidiária ou excepcionalmen-
te, como devedor principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos adolescentes que praticarem
atos infracionais, nos termos do art. 116 do Estatuto da Criança e do Adolescente, no âmbito das
medidas socioeducativas.
Nesse caso, os pais responderiam solidariamente pelo ato do menor por força dos arts.
932, I, e 942, parágrafo único, do CC. O ressarcimento aí é uma medida socioeducativa.
Em princípio, esse entendimento doutrinário só se aplica aos casos em que o ressarci-
mento do dano é imposto como uma medida socioeducativa no âmbito da Vara de Infância
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e Juventude e, portanto, não poderia ser aplicado em um processo civil comum envolvendo
pedido de indenização contra um incapaz por um dano que viesse a configurar ato infracional
à luz do ECA.
Leve para a prova o entendimento acima, porque é o majoritário. Todavia, ousamos divergir.
Mesmo no âmbito de um processo de medida socioeducativa, o art. 116 do ECA precisa ser
lido em conjunto com o art. 928 do CC em respeito à condição de vulnerabilidade de discerni-
mento do menor. Por exemplo, entendemos que o juiz não poderia determinar o ressarcimento
do dano de modo a comprometer a sobrevivência do infante infrator. O texto do art. 116 do ECA
não afastou o art. 928 do CC, de modo que valer-se de interpretação extensiva para restringir
direitos do menor violaria regras tradicionais de hermenêutica.
Menor Emancipado
Responsabilidade civil do
Indenização integral
emancipado
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Se, porém, a emancipação for judicial ou legal (art. 5º, parágrafo único, CC), quem retirou o
manto da incapacidade do menor foi o juiz ou o legislador, e não os pais, razão por que os pais
não mais responderão por nenhum ato praticado pelo filho menor. A emancipação judicial ou
legal extingue a responsabilidade dos pais pelos filhos menores.
Há duas correntes sobre a natureza da responsabilidade do genitor sem a guarda por atos
do filho menor, tudo envolvendo a melhor interpretação dos arts. 932, I, e 933 do CC.
De um lado, sustenta-se que genitor sem a guarda só responde se tiver agido com culpa.
Essa culpa, porém, é presumida, mas admite prova em contrário. A mera separação dos pais
ou a falta da guarda do filho não é suficiente para afastar a presunção de culpa. Na prática,
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a responsabilidade do pai sem a guarda não seria objetiva, e sim subjetiva baseada na cul-
pa presumida. Essa leitura decorre do fato de o inciso I do art. 932 do CC em conjunto com
o art. 933 do CC responsabilizar objetivamente o pai ou a mãe por atos dos filhos menores
“que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”. Esse entendimento vigora à época
do CC/1916 e seguiu em vigor no atual. Essa corrente é que prevalece no STJ. A propósito, o
STJ aplicou esse entendimento em um caso em que uma mãe havia comprado irregularmente
uma arma para a sua casa, mas, poucos dias depois, o filho adolescente que estava sob sua
guarda unilateral usou a arma para assassinar um desafeto. Nesse caso, o pai, que não tinha
a guarda, não foi condenado a indenizar os danos causados pelo filho por ter comprovado que
não incorreu em nenhum tipo de culpa (como culpa in vigilando). Só a mãe foi condenada (STJ,
REsp 777.327/RS, 3ª Turma, Rel. Min. Massami Uyeda, DJe 01/12/2009). Outros precedentes
do STJ seguem o mesmo sentido: STJ, AgInt no AREsp 1253724/PR, 3ª Turma, Rel. Ministro
Marco Aurélio Bellizze, DJe 15/06/2018; REsp 1146665/PR, 4ª Turma, Rel. Min. Massami Uye-
da, DJe 12/12/2011; AgRg no AREsp 220930/MG, 3ª Turma, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe
29/10/2012.
De outro lado, há a segunda corrente. Como o pai ou mãe sem guarda ainda tem o poder
familiar, eles continuam com deveres de cuidado sobre o filho. Por isso, ambos os pais res-
pondem objetiva e solidariamente pelos danos causados por seus filhos, ainda que qualquer
deles não tenha a guarda. A ideia subjacente está na teoria do risco: os pais devem assumir
os riscos de os filhos menores causarem danos a terceiros. A expressão “sob sua autoridade
e em sua companhia” do inciso I do art. 932 do CC é interpretado de modo amplíssimo. Nesse
sentido, está no enunciado n. 450/JDC (“Considerando que a responsabilidade dos pais pelos
atos danosos praticados pelos filhos menores é objetiva, e não por culpa presumida, ambos os
genitores, no exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais
atos, ainda que estejam separados, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclu-
siva de um dos genitores”).
O tema é complexo pelo laconismo da legislação. Concordamos com a primeira corrente,
mas por outros fundamentos. Argumentar que a responsabilidade do pai sem guarda é sub-
jetiva com base na culpa presumida é ir contra texto expresso de lei (arts. 932, I, e 933, CC).
Nem se poderia aplicar o art. 927, caput, do CC para respaldar a responsabilidade subjetiva,
pois esse dispositivo só se aplica à responsabilidade por ato próprio, e não por ato de terceiro.
Entendemos que o fundamento correto da primeira corrente é a interpretação da expressão
“sob sua autoridade e em sua companhia” do inciso I do art. 932 do CC não abrange casos de
genitores que, além de não ter a guarda do filho menor, não tinha – no caso concreto – poder
de influência efetiva no comportamento do menor, seja por meio de instruções verbais, seja
por controle das condutas do filho menor. Assim, por exemplo, se a mãe guardiã compra uma
arma e deixa ao alcance do filho menor, não haveria como o pai – sem a guarda – ter qualquer
poder de influência sobre o comportamento do filho de usar essa arma para matar terceiros.
Igualmente, se a mãe guardiã deixa o filho menor jogar futebol na rua com os amigos e o filho
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menor danifica um carro com uma “bolada”, o pai não guardião poderia ser responsabilizado
solidariamente com a mãe, se ele, ao menos, tinha contatos verbais com o filho, pois esse
comportamento do filho menor decorre mais das instruções recebidas do que do ato da mãe
de permitir algo natural: autorizar o filho jogar futebol. É preciso analisar cada caso concreto
para verificar se o genitor sem a guarda teve ou não poder de influência sobre o filho menor.
O ônus de prova é do próprio genitor não guardião, pois é de se admitir presunção relativa de
existência de poder de influência que, à luz das máximas da experiência.
Esse nosso entendimento encontra amparo neste julgado do STJ, no qual a mãe não guar-
diã que morava em outra cidade foi livre de responder pelo dano causado por seu filho de 17
anos, que, vivendo sob a guarda do pai, tomou um veículo sem autorização paterna e atrope-
lou acidentalmente duas pessoas. Nesse caso, apenas o pai foi responsabilizado, pois só ele
preenchia os requisitos de “autoridade e companhia” de que trata o inciso I do art. 932 do CC.
Nas palavras do Ministro João Otávio de Noronha, “os pais, ou responsável, que não exercem
autoridade de fato sobre o filho, embora ainda detenham o poder familiar, não respondem
por ele, nos termos do inciso I do art. 932 do Código Civil” (STJ, REsp 1232011/SC, 3ª Turma,
Rel. Ministro João Otávio de Noronha, DJe 04/02/2016)11. O mero fato de ser pai ou mãe com
poder familiar não é suficiente para a responsabilização objetiva do inciso I do art. 932 do CC,
pois é preciso haver os requisitos de “autoridade e companhia” de que trata esse dispositivo.
Quanto à segunda corrente, ela não nos parece técnica, por desprezar totalmente a expres-
são “sob sua autoridade e em sua companhia” do inciso I do art. 932 do CC e responsabilizar
indiscriminadamente o pai.
Seja como for, independentemente da corrente adotada, caberá ao genitor que pagou a in-
denização pleitear do outro genitor o reembolso do que pagou, seja de modo integral no caso
de a culpa ter sido exclusiva desse outro genitor, seja pela metade se não tiver havido culpa do
outro genitor (art. 283, CC).
Para concurso público, eventual questão objetiva sobre esse assunto deveria ser anulada
em razão da alta controvérsia. Entretanto, como você precisa marcar algo, eu recomendaria
que você seguisse tanto a primeira corrente (responsabilidade subjetiva) quanto o nosso en-
tendimento pessoal (responsabilidade objetiva que exige que o pai sem a guarda tenha poder
de influência sobre o filho), marcando, como verdadeira, assertivas que se alinhassem a uma
dessas duas correntes. É que, ao mesmo tempo que a primeira corrente tenha amparo em
vários julgados do STJ, o nosso entendimento pessoal se escora em julgado do STJ também
(STJ, REsp 1232011/SC, 3ª Turma, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, DJe 04/02/2016).
11
Em concurso público, o CESPE cobrou este entendimento, apontando como verdadeira esta assertiva:
(CESPE/Auditor Fiscal – TCE-SC/2016) De acordo com o entendimento do STJ, os pais que não exercem autoridade de fato
sobre o filho menor, ainda que detenham o poder familiar, não respondem por ato ilícito praticado pelo filho.
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QUESTÕES DE CONCURSO
007. (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) O incapaz poderá ser demandado
pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-
-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
Certo.
É o contrário: o incapaz responde nas hipóteses citadas na questão (art. 928, CC).
Errado.
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DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil – Parte I
Carlos Elias
Os pais só respondem se os filhos estiverem sob sua autoridade e sua companhia, ao contrário
do dito na questão. É o art. 932, I, do CC.
Errado.
A responsabilidade do incapaz é:
a) subsidiária: o incapaz só responde se pais não tiverem “dinheiro” ou não tiverem obrigação jurídi-
ca – art. 928, CC);
b) condicional ou limitada: o valor da indenização é condicionado a não comprometer sobrevivência
do incapaz (art. 928, parágrafo único, CC);
c) mitigada: a responsabilidade civil não pode subtrair o mínimo necessários à sobrevivência digna
do incapaz (art. 928, parágrafo único, CC);
d) equitativa: o valor da indenização baseia-se na equidade (art. 928, parágrafo único, CC).
Letra a.
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DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL POR FATO DE OUTREM - PAIS PELOS ATOS
PRATICADOS PELOS FILHOS MENORES. ATO ILÍCITO COMETIDO POR MENOR. RESPON-
SABILIDADE CIVIL MITIGADA E SUBSIDIÁRIA DO INCAPAZ PELOS SEUS ATOS (CC, ART.
928). LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO.
INOCORRÊNCIA.
1. A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é subsidiária e mitigada
(CC, art. 928).
2. É subsidiária porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios
para ressarcir a vítima; é condicional e mitigada porque não poderá ultrapassar o limite
humanitário do patrimônio mínimo do infante (CC, art. 928, par. único e En. 39/CJF); e
deve ser equitativa, tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a priva-
ção do mínimo necessário para a sobrevivência digna do incapaz (CC, art. 928, par. único
e En. 449/CJF).
3. Não há litisconsórcio passivo necessário, pois não há obrigação - nem legal, nem por
força da relação jurídica (unitária) - da vítima lesada em litigar contra o responsável e
o incapaz. É possível, no entanto, que o autor, por sua opção e liberalidade, tendo em
conta que os direitos ou obrigações derivem do mesmo fundamento de fato ou de direito
12
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(CPC,73, art. 46, II) intente ação contra ambos - pai e filho -, formando-se um litisconsór-
cio facultativo e simples.
4. O art. 932, I do CC ao se referir a autoridade e companhia dos pais em relação aos
filhos, quis explicitar o poder familiar (a autoridade parental não se esgota na guarda),
compreendendo um plexo de deveres como, proteção, cuidado, educação, informação,
afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa e diária, sendo irre-
levante a proximidade física no momento em que os menores venham a causar danos.
5. Recurso especial não provido.
(STJ, REsp 1436401/MG, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 16/03/2017).
Errado.
Ao contrário do dito na questão, o menor tem responsabilidade civil, embora esta seja subsidi-
ária, condicional (ou limitada), mitigada e equitativa (arts. 928 e 932, I, do CC).
Errado.
No caso de emancipação voluntária, o pai responde solidariamente com o filho menor por
força de interpretação extensiva do art. 942, parágrafo único, do CC (que fixa solidariedade
entre os coautores de um dano): os pais se consideram coautores dos atos do filho menor
que eles voluntariamente emanciparam. Trata-se do enunciado n. 41/JDC (“a única hipótese
em que poderá haver responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter sido
emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do novo Código Civil”). Alerte-se que,
se a emancipação tivesse sido judicial ou legal, aí sim o pais não mais responderiam pelos
atos desse filho menor: afinal de contas, foi o legislador ou o juiz que emancipou o menor, e
não os pais.
Errado.
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A responsabilidade dos pais por atos filhos menores sob sua autoridade e companhia é prin-
cipal: eles respondem em primeiro lugar, de modo que os filhos só respondem se seus pais
não puderem ou não tiverem de indenizar na forma do art. 928 do CC. É o contrário do exposto
na questão.
Errado.
Mesmo sem ter a guarda, o pai pode responder por danos causados pelo filho menor, pois a
jurisprudência dá interpretação extensiva ao inciso I do art. 932 do CC, que responsabiliza os
pais por ato dos filhos menores “sob sua autoridade e companhia”. É verdade que ainda há
certa controvérsia jurisprudencial para definir o alcance dessa expressão, mas, para efeito da
resolução da questão, é certo que há certa pacificidade da jurisprudência no sentido de que
a mera falta de guarda do pai sobre o filho menor não é suficiente, por si só, para o eximir da
responsabilidade civil. Portanto, o item está errado.
Acerca da responsabilidade do pai sem guarda do filho menor, há três correntes em conflito na
jurisprudência:
Responsabilidade civil subjetiva com base na culpa presumida do genitor sem guarda,
admitida a produção de prova para afastar essa presunção a depender do caso concreto
(STJ, REsp 777.327/RS, 3ª Turma, Rel. Min. Massami Uyeda, DJe 01/12/2009; AgInt no
AREsp 1253724/PR, 3ª Turma, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, DJe 15/06/2018;
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REsp 1146665/PR, 4ª Turma, Rel. Min. Massami Uyeda, DJe 12/12/2011; AgRg no AREsp
220930/MG, 3ª Turma, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 29/10/2012);
Responsabilidade objetiva com base a teoria do risco. (Enunciado n. 450/JDC: “Conside-
rando que a responsabilidade dos pais pelos atos danosos praticados pelos filhos meno-
res é objetiva, e não por culpa presumida, ambos os genitores, no exercício do poder
familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais atos, ainda que estejam
separados, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclusiva de um dos geni-
tores”).
Responsabilidade objetiva do genitor sem guarda desde que haja, no caso concreto, ele
exerça autoridade de fato sobre o filho menor (STJ, REsp 1232011/SC, 3ª Turma, Rel.
Ministro João Otávio de Noronha, DJe 04/02/2016).
A propósito, com base nessa última corrente, o CESPE considerou correta a seguinte
questão de concurso: “(CESPE/Auditor Fiscal – TCE-SC/2016) De acordo com o entendi-
mento do STJ, os pais que não exercem autoridade de fato sobre o filho menor, ainda que
detenham o poder familiar, não respondem por ato ilícito praticado pelo filho.
Errado.
Dano moral é uma lesão a um direito da personalidade. Como pessoas jurídicas também tem
direitos da personalidade no que couber (art. 52 do CC), elas também podem sofrer dano mo-
ral. Veja, nesse sentido, o art. 52 do CC e a Súmula n. 227/STJ:
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Certo.
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Responsabilidade Civil – Parte I
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Apesar de, em regra, as pessoas jurídicas poderem sofrer dano moral relativamente a lesões à
sua honra e à sua imagem, as pessoas jurídicas de direito público são exceções, pois elas não
dependem de sua honra ou de sua imagem para subsistir, e sim apenas da lei. Admitir o con-
trário seria uma subversão ao ordenamento jurídico. A questão está, pois, errada. Veja estes
julgados do STJ:
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(REsp 1258389/PB, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
17/12/2013, DJe 15/04/2014)
(...) AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL. IBAMA VERSUS PARTICULAR.
IMPOSSIBILIDADE. DIREITOS FUNDAMENTAIS. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO.
(...)
(...)
4. O acórdão recorrido está em sintonia com o atual entendimento do STJ, consoante
o qual é impossível à pessoa jurídica de Direito Público (Administração Pública direta,
autarquias, fundações públicas), de índole não comercial ou lucrativa, ser vítima de dano
moral por ofensa de particular, já que constituiria subversão da ordem natural dos direitos
fundamentais. Precedentes.
(...)
(REsp 1505923/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
21/05/2015, DJe 19/04/2017)
(...)AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VEICULAÇÃO DE PRODUTO COMERCIAL COM USO INDEVIDO
DO LOGOTIPO DO IBAMA. (...)
(...)
2. O acórdão recorrido está em consonância com a jurisprudência desta Corte no sentido
de que não cabe reparação por danos morais a pessoa jurídica de direito público, como
é o caso do IBAMA.
3. Agravo interno não provido.
(AgInt no REsp 1653783/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 24/10/2017, DJe 30/10/2017).
Errado.
Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as em-
presas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em
circulação.
Errado.
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A responsabilidade civil é, na verdade, uma dívida que o causador do dano tem. E, como qual-
quer outra dívida, a responsabilidade civil é transmissível, ao contrário do exposto na questão.
O art. 943 do CC foi explícito nesse sentido, in litteris:
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Errado.
Segundo a Tese da Culpa contra Legalidade, há presunção de culpa em desfavor daquele que,
após violar texto expresso de lei ou de regulamento, causa dano a outrem. É o caso, por exem-
plo, de quem dirige bêbado ou de quem ultrapassa o sinal vermelho; presume-se que ele seja
o culpado por acidentes de trânsito que venha a ocorrer. Essa presunção é relativa: admite-se
prova em sentido contrário. No caso da questão, como João dirigia bêbado, há presunção rela-
tiva de culpa dele pelo acidente; todavia, ele poderá repelir essa presunção se provar culpa ex-
clusiva da Matilda, que havia ultrapassado o sinal vermelho. A discussão de culpa é relevante,
pois a responsabilidade civil aí é subjetiva. Nesse sentido, veja este julgado:
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Letra b.
As instâncias são independentes; logo, o juízo cível não precisa aguardar o término do proces-
so penal. Essa é a regra geral. Entretanto, há as seguintes principais interrelações: (1) juízo
criminal vincula o cível quanto à autoria e à materialidade (art. 935 do CC), o que também en-
volve decisão acerca da existência de excludentes de ilicitude, nomeadamente do estado de
necessidade, da legítima defesa, do estrito cumprimento do dever legal e do exercício regular
de direito (art. 65, CPP); e (2) o prazo prescricional da ação de indenização decorrente de fato
criminoso (= ação ex delictoI) fica paralisado enquanto não sobrevier trânsito em julgado do
processo penal, conforme art. 200 do CC; e (3) o juízo cível pode suspender a tramitação do
processo cível até o fim do processo penal, se este já estiver em curso, consoante art. 64, pa-
rágrafo único, do CPP. Veja os dispositivos:
Art. 200, CC. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá
a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Art. 935, CC. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem de-
cididas no juízo criminal.
Art. 64, CPP. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá
ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o
julgamento definitivo daquela.
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Art. 65, CPP. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em
estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.
Errado.
O início do prazo prescricional da ação ex delicto dá-se com o trânsito em julgado da sentença
penal, e não com a data do acidente. É o entendimento do STJ em conjunto com o art. 200 do
CC. Veja este julgado:
Errado.
As instâncias penal e civil são independentes na forma dos arts. 935 do CC e 64 do CPP.
Errado.
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As instâncias civis e penais são independentes, de modo que, como a responsabilidade civil se
satisfaz com a presença de culpa (ainda que leve), é irrelevante, para esse efeito, se o fato se
caracteriza como infração penal dolosa.
Errado.
Juízo cível não pode contrariar decisão do juízo criminal acerca da autoria ou da existência do
fato (= materialidade do delito), ao contrário do exposto na questão. É o art. 935 do CC.
Errado.
Em regra, qualquer culpa, mesmo a levíssima, pode ensejar a responsabilidade civil: o art. 186
e 927 do CC não fazem distinção alguma entre o grau de culpa:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos espe-
cificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.
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A exceção ocorre apenas quando houver lei em sentido contrário. Por exemplo, o STJ, interpre-
tando o art. 392 do CC (que só admite responsabilidade civil do generoso por dolo), equipara
o conceito de dolo ao de “culpa grave” nos casos de “carona”, tudo conforme a Súmula n. 145/
STJ. Veja:
Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato
aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das
partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
Errado.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Errado.
O conceito de abuso de direito previsto no art. 187 do CC exige a verificação do respeito aos
fins sociais e econômicos, à boa-fé e aos bons costumes (critério finalístico). Como não há
necessidade de perquirir culpa ou dolo, esse critério finalístico é objetivo, e não subjetivo. Daí
o enunciado n. 37 das JDC estabelece: “A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito
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Responsabilidade Civil – Parte I
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É o enunciado n. 37/JDC.
Certo.
O abuso de direito é um ato ilícito e, como tal, pode atrair várias reações (remédios) do ordena-
mento, como a responsabilidade civil, a invalidade (ex.: nulidade de cláusulas abusivas), as tute-
las inibitórias (obrigações de não fazer) etc. Veja este enunciado das Jornadas de Direito Civil:
Certo.
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GABARITO
7. C 18. E 29. E
8. E 19. C 30. C
9. E 20. E 31. E
10. C 21. E 32. E
11. E 22. E 33. E
12. a 23. E 34. E
13. C 24. E 35. C
14. E 25. b 36. C
15. E 26. E 37. C
16. E 27. E 38. E
17. E 28. E 39. E
Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no
concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado
da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito
pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB
de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.
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