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Talvez as formas de reparar o dano não foram sempre as mesmas, nem tão
pouco os fundamentos da responsabilização, mas hoje existe uma ideia clara
sobre estes pressupostos. Neste contexto tivemos a oportunidade de escolher o
tema no sentido de apresentar de forma síntese até que ponto se pode falar em
responsabilidade civil objectiva.
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IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
OBJECTIVOS DO ESTUDO
Objectivo geral
Objectivos específicos
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
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DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS
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CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO/CIENTÍFICA
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que esperar que outra pessoa viesse resolver os nossos problemas. Foi pois com
este espirito que a vingança colectiva ou privada teve o seu início. Como ainda o
homem não tinha uma civilização exacta, foram os costumes locais, que
dominaram os métodos de reparação.
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de reparação, visto que não havia qualquer obstáculo que pudesse criar-lhe dal
dano. Isto se considerar o dano na vertente humana.
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prevalecendo a tipicidade das condutas, sem menção ao elemento culpa, o
qual era irrelevante para a caracterização da responsabilidade.
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época os costumes regiam as regras de convivência social, levando os
ofendidos a reagir de forma directa e violenta contra o causador do dano.
Essa acção lesiva do ofendido era exercida mediante a vingança coletiva,
caracterizada pela reacção conjunta do grupo contra o agressor pela ofensa
a um de seus componentes.
(Diniz, Op. Cit., p. 11).
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(…), O famoso princípio da lei de talião, de retribuição do mal pelo mal,
na verdade, é princípio da natureza humana, qual seja reagir a qualquer
mal injusto, perpetrado contra a pessoa, a família ou o grupo social. A
sociedade primitiva reagia com violência. O homem de todas as épocas
também o faria se não fosse reprimido pelo ordenamento jurídico.
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Era a reparação do mal pelo mal, no que se estava falando em pura
vingança da vítima contra o ofensor pelo prejuízo ocasionado, sem que se
cogitasse de qualquer noção sobre culpa ou ressarcimento, no golpe pelo
golpe, como primeiro estágio ou a primeira forma de desagravo no seio
dos homens primitivos.
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(Lima, 1999, P. 19).
Este autor aponta uma realidade bastante convicta, uma vez que o ser
humano, tem uma capacidade de resposta imediata, a qualquer agressão do meio.
Quando se fala em vingança obviamente que está-se diante de uma verdade,
tendencialmente humana. É da génese do homem reagir a qualquer mal, sofrido,
pelo que a vingança privada ainda hoje se pratica, mesmo nas sociedades
consideradas civilizadas. Assim tudo indica que todos os povos tenham praticado
essa forma de reacção contra o mal sofrido.
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legislativo sobre a responsabilidade civil como penal. O facto de o ofendido ter
que causar o mesmo mal, que terá sofrido, fez com que a lei do talião fosse
considerada como lei da vingança colectiva.
Para coibir abusos o poder público intervinha apenas para declarar quando
e como a vítima poderia ter o direito de retaliação, produzindo na pessoa
do lesante dano idêntico ao que experimentou. Na Lei das XII Tábuas
aparece significativa expressão desse critério na Tábua VII, lei 11ª Si
membrum rupsit, ni cume o pacit, tálio esto (se alguém fere a outrem, que
sofra a pena do Talião, salvo se existiu acordo). A responsabilidade era
objectiva, não dependia de culpa, apresentando-se apenas como uma
reacção do lesado contra a causa aparente de dano.
Por volta do final do séc. III, a.c., um tribuno da plebe de nome Aquilius,
dirigiu uma proposta de lei aos conselhos da plebe, com vista a
regulamentar a responsabilidade por actos intrinsecamente ilícitos. Foi
votada a proposta, tornando-se conhecida pelo nome de Lex Aquilia. A
Lex Aquilia era na verdade plebiscito, por ter origem nos conselhos da
plebe. É lei de circunstâncias provocada pelos plebeus que desse modo se
protegiam contra os prejuízos que lhes causavam os patrícios, nos limites
de suas terras.
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A lex aquilia, foi uma homenagem, ao estudioso romano Aquilius, que foi
o protagonista da lei aquilia. Foi um projecto de lei que tendo como foco, a
protecção das propriedades da plebe, previa que quando um patrício causasse
danos a propriedade de um plebeu, fosse responsabilizado, na medida do dano
causado, mas sacrificando em contrapartida os seus bens. Dai surgiu a ideia
básica de que a responsabilidade civil, devia recair essencialmente sobre o
património. A proposta foi acolhida pela classe plebiscita, que depois de aprovar
enviou para a classe dos patrícios, que também acolheram a ideia e a
estabeleceram como lei. Foi uma conquista civilizacional, que pode ser
considerada como o momento mais importante de todo processo de evolução da
responsabilidade civil na antiguidade.
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Passaram-se muitos anos em que a responsabilidade civil, quase que foi
esquecido, vindo a retomar a sua importância com o iluminismo. O iluminismo é
uma corrente filosófica, que tendo como fundamento um movimento intelectual
novo, que surgiu durante o século XVIII na Europa, que defendia o uso da razão
contra o antigo regime e pregava maior liberdade económica e política. As ideias
dos iluministas influenciou todo contexto social e com ela os fundamentos da
responsabilidade civil, foi então possível se esclarecermos quando é que a
responsabilidade civil era aplicada ou a responsabilidade penal. Foi um momento
determinante para se separar a responsabilidade civil fundada na culpa e no dano.
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Como podemos notar o século XVIII, foi determinante, para se efectivar e
estabelecer os conceitos. Como se pode constatar, foi o período das luzes, em que
houve desenvolvimento em todos sectores da vida social. Como se não bastasse
também o direito seguiu essa dinâmica. No campo da responsabilidade civil este
enquadramento foi bastante ajuda a ponto de eliminar toda e qualquer
especulação relativamente a responsabilização que tivesse em conta o talião.
Podemos verificar que um dos fundamentos desta revolução no campo jurídico
foi a revolução francesa, que trazendo conceito bastante refinados sobre a
protecção da dignidade da pessoa humana, representou o fundamento, para que a
responsabilidade civil tivesse a estrutura que hoje tem.
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Segundo Stoco (2007, p. 111), “tanto pode ser sinônima de diligência e
cuidado, no plano vulgar, como pode revelar a obrigação de todos pelos actos
que praticam, no plano jurídico”.
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A responsabilidade é a mesma coisa que indemnização. Assim a
responsabilidade surge a partir do momento em que uma pessoa em virtude de
sua acção ou omissão, cause danos fica imediatamente obrigado a reparar esse
dano. Neste sentido a responsabilidade civil é uma obrigação, que geralmente
sucede a não observância de um dever. Se nas relações contratuais, as partes tem
o dever de observar os trâmites do contrato, quando uma destas partes não
cumpre, obviamente que fica-lhe atribuído um dever de segunda ordem, que é o
dever de reparar o dano caso esse se tenha produzido.
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É evidente que a responsabilidade civil, diz respeito a toda e qualquer
situação social, que possa provocar uma redução na esfera jurídica de outrem.
Não importa se essa redução resulte de uma norma moral ou jurídica, mas
interesse o prejuízo causado e a pessoa que o causou. A responsabilidade civil
pode ser resultado da violação tanto de normas morais, como de normas
jurídicas. Neste contexto a responsabilidade civil é consequência directa da
violação de uma norma, mas é necessário que essa violação provoque danos.
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indemnize. E é devedor o agente que se encontra na posição passiva, que assume
a posição de indemnizador. Para muitos autores que nós corroboramos não existe
obrigação de reparar se não houver dano.
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Portanto a responsabilidade civil, como meio de encontrar um equilíbrio
entre o causador do dano e o agente que tenha sofrido este dano, coloca-se no
mais alto nível de harmonização dos agentes sociais. Podemos no entanto
observar que a responsabilidade civil, é a única responsabilidade que incide sobre
o património do agressor, porque tem uma função reparadora, isto indica que
com a responsabilidade civil não se busca qualquer outra coisa, senão trazer o
status quo antes, que a vítima tenha sofrido. Se a princípio a responsabilidade era
entendida como a reparação do mal pelo mal, hodiernamente a responsabilidade é
entendida como o meio-termo de resolver os conflitos, onde geralmente uma das
partes tenha sofrido um prejuízo em função da conduta de outra. Assim a
responsabilidade civil, representa o próprio mecanismo indemnizatório em
concreto do dano causado.
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Quando se procura enquadrar a responsabilidade civil, em contratual e
extracontratual, tem-se em atenção a essência do agente agressor. Na responsabilidade
contratual, existe uma pré-relação entre as partes. Isto quer dizer que nas relações de
contrato, viola-se uma obrigação contratual, que é do conhecido imediato das partes,
visto que são as mesmas que traçam e estipulam essas regras, que decorrem do princípio
da autonomia da vontade, onde as partes são livres em traçarem a lei que vai reger o
contrato. Quando um contraente não observa aquilo que ele próprio se propôs a cumprir,
obviamente que comete um ilícito contratual, como tal a responsabilidade também é
contratual. Todo homem encontra-se vinculado a um dever geral de abstenção, isto é de
não violar direitos de outrem, este dever geral de abstenção implica necessariamente
que entre as partes não há qualquer contacto anterior a conduta danosa, a falta deste
contacto anterior, dá o nome a responsabilidade como sendo extracontratual.
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existência de actividade perigosas em si mesmas e foi alargada aos
acidentes de trabalho e acidentes de viação terrestre.
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noção de culpa para a ideia de risco, ora encarada como “risco-proveito”,
que se funda no princípio segundo o qual é reparável o dano causado a
outrem em consequência de uma actividade realizada em benefício do
responsável (ubi emolumentum, ibi ónus); ora mais genericamente como
“risco criado”, a que se subordina todo aquele que, sem indagação de culpa,
expuser alguém a suportá-lo.
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dicotomia responsabilidade civil contratual e extracontratual se afigura mais
consentâneo por ser as duas formas que se verificam no relacionamento entre as
pessoas.
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Segundo Ulpiano apud Rizzardo, (2006, p. 5), “est pactio duorum
pluriumve in idem placitum consensus”, isto é o mútuo consenso de duas ou mais
pessoas sobre o mesmo objecto”.
Como podemos ver nas palavras de Ulpiano, que é uma ideia muito antiga,
o contrato sempre foi tratado como um mútuo consenso. Se existiu um mútuo
consenso, entre duas pessoas, necessariamente cada uma destas partes tem
deveres e obrigações, o que efectivemente representa que o cumprimento deve
ser efectivado em tempo útil. Quando não se cumpri a obrigação, obviamente que
pode acarretar danos, sendo portanto eminente que seja reparado este dano.
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responsabilidade, bastando que haja inadimplemento, ou mora no cumprimento
da obrigação. Todo atraso que se possa verificar no cumprimento de qualquer
contrato, traz um prejuízo a contraparte, sendo este prejuízo o fundamento da
indemnização.
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dos contraentes, por isso decorre de relações obrigacionais preexistentes e
pressupõe capacidade para contratar.
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de um acto ilícito, sem que haja nenhum vínculo contratual entre lesado e
lesante”.
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Segundo, Soares, (1996, p.36), “a responsabilidade civil subjectiva se
baseia na capacidade de entendimento ético-jurídico e determinação volitiva,
adequada, que constitui pressuposto necessário para aplicação de determinação
sanção”.
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Segundo, Diniz, (Op. Cit., p. 48), “a responsabilidade objectiva funda-se
num princípio de equidade, existente desde o direito romano: aquele que lucra
com uma situação deve responder pelo risco ou pelas desvantagens dela
resultante ubi emolumentum, ibi onus; ubi commoda, ibi incommoda”.
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formas de actuação, no sentido de que um indivíduo seja chamado a responder.
Os pressupostos da responsabilidade civil devem estar cumulativamente, numa
situação de facto concreto, para que seja obviamente viável se aferir a
responsabilização.
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O elemento primário de todo ilícito é uma conduta humana e voluntária.
Ou seja a lesão a bem jurídico cuja existência se verificará no plano
normativo da culpa está condicionada à existência, no plano naturalístico
da conduta, de uma acção ou omissão que constitui a base do resultado
lesivo.
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sempre uma perda irreparável, mas que com certas adaptações se pode converter
em valor pecuniário.
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dano moral, a que se ter em consideração, todos estes elementos, no sentido de se
equiparar estes valores espirituais, em pecúnia. Assim o dano moral, pensamos
nós que representam em parte uma perda, que pode mesmo estar acima do dano
patrimonial.
Não basta, portanto, que o agente tenha praticado uma conduta ilícita;
tampouco que a vítima tenha sofrido um dano. É preciso que esse dano
tenha sido causado pela conduta ilícita do agente, que exista entre ambos
uma necessária relação de causa e efeito. Em síntese, é necessário que o
acto ilícito seja a causa do dano, que o prejuízo sofrido pela vítima seja
resultado desse acto, sem o qual a responsabilidade não correrá a cargo do
autor material do facto.
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sendo no entanto, esse resultado ser atribuído, não ao indivíduo, que inicialmente
praticou a acção, mas sim a uma força estranha a volitividade humana.
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pressupostos rompe de imediato a responsabilização, a não ser nos casos
especificados por lei. Como se a responsabilidade civil objectiva, aquela que se
efectiva simplesmente pela observação do dano.
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2. A RESPONSABILIDADE OBJECTIVA À LUZ DO
ORDENAMENTO JURÍDICO ANGOLANO
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A teoria do risco não esteve desde então nas discussões dos factores ou
elementos que estariam a concretização da responsabilidade civil. Esta teoria
apareceu efectivamente com o direito Francês, que sistematizou e unificou o
direito Romano, dando moldura a determinados pontos que necessitavam de
alinhamento. É o caso da responsabilidade civil, que na altura estava elencado
aos elementos tradicionais, da responsabilidade aquiliana. Com a teoria do risco,
deixou-se claro que toda pessoa tem o direito de exercer qualquer actividade de
natureza diversa, por mais que seja uma actividade lícita, se provocar dano a
terceiro, o agente tem obrigação de reparar este dano. Neste sentido sucede em
concreto a responsabilidade atribuída a todas pessoas colectivas, bem como as
pessoas singulares que tiram proveito de uma determinada actividade. (Vide
arts.500º a 504º do CC).
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comportamento do lesante, fixando-se no elemento objectivo, isto é, na
relação de causalidade entre o dano e a conduta do causador.
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Segundo, Josserand, (1950, p. 444), “a evolução da responsabilidade
objectiva demonstra que o risco situa-se frequentemente e eficazmente a base da
responsabilidade aberta, e vence o conceito subjectivo da culpa, sem muitos
esforços e subterfúgios”.
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cuidado na sua aplicação, dando maior realce na averiguação do comportamento
e dando primazia de responsabilizar o agente pelo dano nos casos específicos.
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CAPÍTULO II
2.2. Hipótese
2.3. Variável
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2.6. Processamento e tratamento da informação
O processamento de dados foi não paramétrico, visto que a análise foi
baseada na pesquisa científica e doutrinal.
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CONCLUSÃO
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os contraentes a lei, nos termos do art.280º do CC. Assim, é compreensível
aceitar que na responsabilidade contratual, não existe surpresa, pelo facto de que
o faltoso, é parte anterior a responsabilização.
RECOMENDAÇÕES:
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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