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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 3

Capítulo 1: A RESPONSABILIDAE E SUAS MODALIDADES ..............................................4

1-1-Resumo histórico..........................................................................................................................4

1.2-Definição de responsabilidade civil..............................................................................................6

1.3-Responsabilidade moral e jurídica................................................................................................7

1.4-Diferenças entre responsabilidade civil e penal...........................................................................8

1.5-Teoria objetiva e subjetiva............................................................................................................9

1.6-Responsabilidade civil contratual e extracontratual...................................................................13

Capítulo 2: TIPO DE OBRIGAÇÃO E DE CONTRATO.........................................................15

2.1-Tipo de obrigação pelo serviço prestado....................................................................................15

2.2- O Contrato do advogado............................................................................................................16


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Capítulo 3: AS LEIS E OS DANOS CAUSADOS PELO ADVOGADO..................................19

3.1- Constituição Federal de 1988 e o papel social do advogado.....................................................19

3.2- Código de Ética e Disciplina da OAB.......................................................................................20

3.3- A Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor)............................................................22

3.4- A Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB)........................................................................................23

CONCLUSÃO.................................................................................................................................24

ANEXO............................................................................................................................................27

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................41
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Introdução:

O tópico estudado sobre a matéria referente de responsabilidade, foi a que mais nos chamou

atenção, isto porque este módulo resume praticamente o nascimento histórico do direito; pois no início

quando os homens passaram a viver em grupos, formando uma comunidade, sentiram eles a necessidade

de disciplinar a sua própria conduta, traçando normas de respeito aos direitos de cada um, ensejando assim

a responsabilidade de obedecer a esse ordenamento para que se continuasse a existência do grupo.

O instituto da responsabilidade é tão especial, que até hoje em dia, ela é utilizada para a

consecução da pacificação social, pois é essa matéria que garante ao indivíduo o direito de ressarcimento

do prejuízo causado por outrem, assim extinguindo os conflitos internos da sociedade.

Durante o curso jurídico, observamos com nitidez os detalhes referentes à culpa, risco, dolo, e

outros fatos que podem ensejar a responsabilidade jurídica. E neste trabalho falaremos importância da

matéria na função do causídico.

No cotidiano, escutamos muitas pessoas reclamarem sobre os serviços prestados pelo advogado,

sendo que tais queixas são vindas com dúvidas, pois os clientes não são sabem ao certo verificar quando o

causídico realmente teve culpa pela perda da causa.

Desta a forma o presente estudo, tem o papel de demonstrar os principais atos em que o advogado

deverá responder por danos causados a seus clientes, assim se responsabilizando civilmente.
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Capitulo 1: A Responsabilidade e suas Modalidades

1.1- Resumo Histórico

No passado quando a sociedade não era suficientemente estruturada, todo acontecimento que

gerava uma lesão para o cidadão, dava o surgimento de vingança contra aquele que praticou tal prejuízo,

essa satisfação de direito com as próprias mãos foi conhecido como autotutela. Este pensamento ocorria,

porque nesta época o Estado não era poderoso para superar os ímpetos individualistas das pessoas em

sociedade.

Com passar dos anos, num período mais avançado do Estado, a sociedade passou a ter o seu

fortalecimento sobre a população que nela habitavam, superando todas manifestações individuais,

prescrevendo o seu direito acima das vontades de todos os particulares, conseguindo desta forma extinguir

o uso da autotutela (salvo em alguns casos em lei), ou seja, o Estado retirou da vítima a possibilidade de

fazer justiça com as próprias mãos, tomando para si este direito, tendo desta maneira uma função

pacificadora.

Durante um momento evolutivo da sociedade, o Estado consagrou um meio legal para o controle

social, sendo esta forma também não muito eficaz para a reparação do dano, a sua função era punir aquele
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que tenha causado o prejuízo. Tal regime foi conhecido como Talião, este tipo de sanção era uma pena

antiga usada em quase todas as legislações antigas. Esta norma trazia para aquele que houvesse causado

um mal ao seu semelhante, sofresse idêntico mal, em forma de castigo, traduzida na conhecida expressão:

“olho por olho, dente por dente, vida por vida, etc”.

A utilização deste regime constituía uma finalidade extremamente maléfica, visto que ensejava um

novo dano ou lesão ao agente causador do prejuízo, isto porque a sua condenação ficava a critério do

prejudicado.

Visto que a utilização do regime Talião, não eliminava o mal, e sim formava um novo dano, surgiu

então uma sanção menos gravosa para restituição do prejuízo causado.Essa nova pena é considerada como

uma transação entre a vítima e o agressor, sendo conhecida como “indenização pecuniária”.

Esta modalidade tem como principal objetivo uma reparação do prejuízo causado através de uma

pecúnia ou pela entrega de bens a vítima, com o intuito satisfazê-la totalmente, ou de pelo menos

amenizar o sofrimento ocasionado por causa do dano; assim conseguindo a pacificação social através de

uma maneira mais justa e mais humana para o agressor, sem a ocorrência de nenhum exagero.
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1.2- Definição de Responsabilidade Civil

A responsabilidade visa para aquele que causou o dano injusto a outrem, a reparação do prejuízo;

deste ponto de vista, a doutrina é unânime em afirmar, que não há responsabilidade sem prejuízo.

Segundo a professora Maria Helena Diniz, conceito de responsabilidade civil, é:

“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar o dano

moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ele mesmo praticado, por que ela responde,

por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal”.1

Enquanto para o autor Aguiar Dias, ela é: “Toda manifestação da atividade humana em si, traz o

problema da responsabilidade”; isto porque é um resultado de uma ação humana pela qual o individuo

expressa o seu comportamento, em face desse dever; ou seja, a definição mais próxima de

responsabilidade, é a idéia de obrigação.2

Enfim, embora existem várias definições para tal matéria, a idéia de dano ou prejuízo é

imprescindível para caracterizar a responsabilidade de alguém, quando pratica fato ilícito, tanto que este

fato é verdadeiro, que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo já pronunciou a respeito:
1
DINIZ, Maria Helena.Curso de Direito Civil Brasileiro/Responsabilidade Civil, vol VII, 9ª edição, editora Saraiva, São Paulo,
1993, pág 20.

2
AGUIAR DIAS,José de.Da Responsabilidade Civil, vol I, 10ª edição, editora Forense, Rio de Janeiro, 1997, pág 13.
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“Somente danos diretos e efetivos, por efeito imediato do ato culposo, encontram no Código Civil

suporte de ressarcimento. Se o dano não houver, falta matéria para a indenização. Incerto e eventual é o

dano quando resultaria de hipotético agravamento da lesão” (TJSP-1ª C-Ap. - Rel. Octávio Stucchi -

j.20.8.85 – RT612/44)“.

1.3- Responsabilidade Moral e Jurídica

O conceito de responsabilidade varia de acordo com os diferentes planos em que se atua a

atividade humana. Devido a este motivo a responsabilidade pode ser vista sob dois aspectos distintos: pelo

jurídico, e pelo moral.

Embora exista distinção entre essas duas espécies, tais fundamentos apenas servem para fins de

estudo. Vale lembrar que esta definição de identidade dos aspectos, não significa dizer necessariamente

que ocorrerá a exclusão do âmbito do outro, pois existem casos em que a responsabilidade pode resultar

da violação, ao mesmo tempo de normas jurídicas e de normas morais, ficando em nesta ocorrência a

impossibilidade em fazer a distinção entre os dois aspectos.

O aspecto jurídico da responsabilidade é a manutenção da harmonia em sociedade, e que esta só é

atingida quando a violação se traduz em um prejuízo a alguém.


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Já não podemos dizer o mesmo sobre o aspecto moral, isto porque este campo alcança uma

dimensão bem mais ampla do que o outro aspecto, devido à noção de que um simples pensamento pode

dar ensejo a um mal independentemente da existência de um prejuízo. Ou seja, a moral diz respeito à

forma de cada indivíduo pensa em relação a determinado acontecimento, desta maneira, o que pode ser

mal para um, talvez para outra pessoa não seja tão maléfica, isto acontece devido à inexistência de

uniformidade de pensamento entre as pessoas.

1.4- Diferença Entre a Responsabilidade Civil e Penal

Todo ato que fere o ordenamento, violando direitos, causando dano a uma norma jurídica, é

chamado de ilícito.

A pratica de um ato em desacordo com a norma jurídica, pode ensejar tanto o ilícito civil, quanto o

ilícito penal.

Toda violação de um preceito indispensável para existência da sociedade, da oportunidade ao

surgimento de um delito penal, isto porque tal comportamento fere dispositivo de alguma lei penal. Assim

fica este ato conhecido como ilícito penal. Graças a tal acontecimento surge a responsabilidade penal, que

tem o dever de punir o agente, com a intenção de restaurá-lo para que este possa viver em harmonia na

sociedade.
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Já todo dano que fere apenas a esfera individual, sem alcançar as normas que protegem uma

sociedade, atingindo apenas um direito subjetivo privado, é denominado de ilícito civil, tendo a sua

inclusão na responsabilidade civil, que tem o intuito da restauração patrimonial da vítima do dano.

Existem atos ilícitos que tem a oportunidade de ofender concomitante, a sociedade e o particular,

assim surgindo à dupla responsabilidade. Podemos citar, por exemplo: um motorista bêbado em que

atropela e mata alguma pessoa na estrada. Neste caso além de sofrer a sanção penal pelo crime de

homicídio, ele ainda será obrigado a reparar o dano aos parentes da vítima.

1.5- Teoria Objetiva e Subjetiva

A responsabilidade civil pode ser classificada em duas teorias: Em teoria subjetiva (também

conhecida como teoria da culpa), ou na teoria objetiva (ou teoria do risco).

1º- Teoria Subjetiva: É aquela que se funda na culpa em sentido amplo, pois abrange também o

dolo.

O agente causador do dano deverá ter agido com dolo ou culpa para a caracterização desta

modalidade de responsabilidade, no qual sem este requisito inexistirá a obrigação do ressarcimento do

prejuízo ocorrido.

O nosso Código Civil adotou a doutrina da culpa como princípio da responsabilidade civil em seu

Livro III, Título II, Artigo 159, onde diz que:


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Artigo 159. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar

direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano.

A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se pelo disposto neste Código,

arts. 1.518 a 1.532 e 1.537 a 1553.

De acordo com este dispositivo legal, deve-se observa quatro requisitos necessários para a devida

apuração da responsabilidade civil subjetiva:

a) A ação ou omissão;

b) Culpa ou dolo do agente;

c) O nexo causal;

d) O dano sofrido pela vítima.

Verificaremos com mais detalhes cada um dos requisitos essenciais citados acima.

Quando se fala em ação ou omissão, refere-se a qualquer pessoa, ou seja, que por ato próprio ou

ato de terceiro que esteja em sua guarda, bem como os danos causados por animais ou coisas que lhe

pertençam.

A culpa é a ocorrência de uma ação ou omissão que concretizou um ato prejudicial a alguém sem a

intenção do agente causador, ou seja, é a violação ou inobservância de uma regra de conduta que produz

lesão do direito alheio. Sendo que esta pode se apresentar sob três formas, que são a “negligência,

imperícia e a imprudência”.

O dolo é um vício de consentimento caracterizado na intenção de prejudicar ou fraudar outrem, ou

seja, é toda ação ou omissão voluntária do agente que causou o dano.


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O nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a ação ou omissão do agente e o dano

sofrido pela vítima, pois sem ela não já que se falar em obrigação de indenizar.

E por fim o dano, este deve ser demonstrado, seja ele materialmente ou moralmente, pois sem sua

prova o agente não pode ser responsabilizado civilmente.

2º- Teoria Objetiva: É a que se efetiva pelo o risco causado, pelo agente que ensejou o dano a

outrem. Essa modalidade é decorrente do exercício de atividades perigosas.

Em certos acontecimentos a responsabilidade civil subjetiva não oferece solução satisfatória,

devido à de falta de sintonia com o desenvolvimento da sociedade, ficando desta forma inadequada à

utilização da teoria da culpa para todas as situações de reparação. Portanto, com a exigência da prova do

erro de conduta do agente imposta à vítima, deixava-a sem a devida reparação em inúmeros casos.

Essa impossibilidade de utilização da teoria da culpa ocorre com mais freqüência em atividades de

risco onde fica difícil a comprovação de que o tal dano tenha nascido através de dolo ou culpa. Diante

dessa situação, ensejou assim o nascimento da teoria objetiva ou teoria do risco, no qual não se exige

prova de culpa para que o agente seja obrigado a reparar o dano, pois tal responsabilidade é presumida por

lei, ficando neste caso prescindida a culpa.

Nesta modalidade é necessária apenas a prova do dano ocorrido e do nexo de causalidade que liga

o agente ao respectivo dano.

A definição de risco para Caio Mário da Silva Pereira, é transcrita da seguinte forma:

“É o que se fixa no fato de que, se alguém põe em funcionamento uma qualquer atividade,

responde pelos eventos danosos que esta atividade gera para os indivíduos independente de determinar se
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em cada caso, isoladamente, o dano é devido à imprudência, à negligência, a um erro de conduta, e assim

se configura a teoria do risco criado”.3

O autor Josserand em uma de suas obras um grande ataque à clássica teoria subjetiva, e

procurando fundamentar a responsabilidade objetiva com a teoria do risco, assim ele mencionou: “A

responsabilidade moderna comporta dois pólos: O pólo objetivo, onde reina o risco criado, e o pólo

subjetivo, onde triunfa a culpa, e é em torno desses dois pólos que gira a vasta teoria da responsabilidade”.

A Teoria do Risco, também é conhecida como a Teoria do Commodum, e isto quer dizer, o

princípio firmado em que a responsabilidade por dano à terceiro resulta diretamente da relação do

obrigado com a causa imediata do fato danoso, em razão do conceito social que exige de cada um ressarcir

o prejuízo causado pelos instrumentos dos quais se beneficia (Chironi).

Embora esta teoria é usada com freqüência, existe várias divergência em relação a ela, mas

podemos afirmar com livre convicção de que ela não revogou a teoria subjetiva.

Para os defensores da teoria objetivista, prescindem em qualquer caso saber se tal ocorrência é

fruto de uma responsabilidade contratual ou não; ou seja, para estas pessoas é dispensável a existência ou

não de um contrato.

1.6- Responsabilidade Civil Contratual e Extracontratual

3
PEREIRA,Caio Mario. Responsabilidade Civil, vol II, 8ª edição, editora Forense,1988, pág 268.
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A responsabilidade civil é consagrada sobre apenas dois aspectos, pois ela pode ser: contratual ou

extracontratual.

1º- responsabilidade civil contratual: É aquela que teve o seu surgimento através de um

descumprimento ou inadimplemento de um contrato, a qual este ato deu um prejuízo a um dos

contratantes.

Assim sendo existe na culpa a violação de um dever preexistente, que devido à inobservância em

algum aspecto já convencionado entre as partes, feriu alguma cláusula, assim gerando o efeito de

ressarcimento do dano causado à outra parte da obrigação (CC, art.1525).

De acordo com o tipo de contrato assumido, a responsabilidade civil contratual vai ser

diversificada, pois nos contratos unilaterais, responde por simples culpa o contraente a quem o contrato

aproveite, e só por dolo aquele a quem não favoreça. Já nos contratos bilaterais, irá responder cada uma

das partes por culpa (CC, art.1057).

Graças ao princípio da obrigatoriedade, celebrado o contrato, as partes estão vinculadas, pois à

vontade de se obrigar foi de livre vontade, assim gerando os devidos efeitos jurídicos para ambos os

contraentes.

Um dos pressupostos indispensáveis da responsabilidade civil contratual é a existência de um

contrato válido entre os contraentes, pois caso contrário, não há de se falar em seus efeitos.

Outro fator importante para que também se tenha a responsabilidade civil contratual, além do

contrato válido, é a inexecução do contrato no todo ou em parte, para que assim surge a ocorrência do

ilícito contratual, no qual este nasce através da inadimplência ou da mora.

Para o autor Silvo Rodrigues, a diferença entre inadimplemento e mora é:


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“Embora ambas as espécies vem do gênero de inexecução, na mora a prestação não foi cumprida,

mas poderá sê-lo, proveitosamente, para o credor; já no inadimplemento absoluto a obrigação não foi

cumprida, nem poderá sê-lo, proveitosamente, para o credor”.4

2º- responsabilidade civil extracontratual (também conhecida como aquiliana, ou

responsabilidade delitual): É aquela em que o agente que ensejou o dano não está ligado à vítima através

de um contrato, mas sim através de uma violação de um dever oriundo do preceito geral de direito, que

resguarde a pessoa e os bens alheios.

O causador de tal dano está obrigado a se responsabilizar, graças a uma previsão em norma legal.

É importante analisar que inexiste qualquer tipo de vínculo jurídico entre as partes antes do fato gerador

da responsabilidade civil, ou seja, na responsabilidade civil extracontratual o que se infringe é o dever

geral de não lesar a outrem (neminem laedere), conforme escrito no texto legal do artigo 159 do Código

Civil, que diz em seu caput:

“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou

causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”.

Na responsabilidade extracontratual, a função do agente que praticou tal dano pode ser direta ou

indireta. A Responsabilidade Direta é aquela em que o ato causador da lesão tenha sido praticado pela

própria pessoa, ou seja, o feito pelo o próprio agente causador do dano. Enquanto que a Responsabilidade

Indireta, o resultado da lesão foi realizado por terceiro, com o qual o agente tem vínculo legal, neste caso

podemos citar como exemplo, alguém que esta sob a guarda do agente; ou algum animal do agente que

tenha realizado um tipo de lesão a outrem.

4
RODRIGUES, Silvo. Direito Civil: Parte Geral das Obrigações,vol II, 26ª edição, editora Saraiva,1998, pág 263.
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Capítulo 2: Tipo de Obrigação e de Contrato na Profissão do Advogado

2.1- Tipo de obrigação no trabalho realizado pelo advogado

Antes de entrar na definição de contrato de mandato, teremos que observar a distinção entre as

obrigações de meio das obrigações de resultado.

Existem negócios em que o devedor apenas promete realizar todos os esforços necessários para a

obtenção de um resultado, sem se vincular a obtê-lo.Essa modalidade de obrigação é conhecida como

“obrigação de meio”. Temos como um bom exemplo o caso do médico em que se propõe a tratar de um

doente, sem poder garantir que o curará.

Por outro lado, existe um tipo de ajuste em que o devedor promete um resultado, e se não o

apresentar é considerado inadimplente.Neste tipo de caso podemos citar como exemplo, o serviço

prestado por uma autorizada de eletrodoméstico de uma determinada marca, que se obrigou a entregar tal

aparelho defeituoso em uma data, já reparado. Em tal situação apenas tentativa de conserto não o libera da

obrigação convencionada. A este tipo de obrigação, é denominada como “obrigação de resultado”.


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Desta forma, podemos classificar o serviço prestado pelo advogado como uma obrigação de meio,

isto porque muito embora ele realize todos os esforços possíveis, ele não pode garantir um resultado

esperado para a parte que a contrata.

2.2- Contrato de Mandato:

O mandato é um contrato pelo qual alguém se obriga a praticar atos jurídicos ou administrativos de

interesses, por conta de outra pessoa; ou seja, a sua finalidade é que o individuo recebe poderes para agir

em nome de outrem, dando assim a idéia de representação mais do que qualquer outra coisa, devido a esse

motivo ele se distingue das outras modalidades de contrato.

O mandato é de origem romana, e este tipo de contrato está regulado em nosso Código Civil, no

Livro III, Título V, Capítulo VII, do artigo 1.288 ao artigo 1.330.

Toda pessoa que recebe poderes estabelecidos no mandato é o “mandatário” ou “procurador”, já o

individuo que delega tais poderes é denominado “mandante”.

Diz o artigo 1.228 Do Código Civil: Opera-se o mandato, quando alguém recebe de outrem

poderes, para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses.

O contrato de mandato tem como escopo a realização de um ato jurídico, aqui o mandatário tem

como função agir em nome e no lugar do mandante.Para Orlando Gomes, o mandato é o contrato pelo

qual alguém se obriga a pratica atos jurídicos ou administrar interesses por conta de outra pessoa.

Quanto a sua natureza jurídica, o mandato é um contrato consensual, não solene, intuitu personae,

em regra gratuito e unilateral.


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É contrato, porque implica a conjunção de duas vontades: a do mandante que outorga a procuração

e a do mandatário que a aceita. Tal aceitação não precisa ser expressa, pois ela pode ser tácita, desta

maneira existindo a possibilidade de ser dispensável a procuração, no qual esta é o instrumento do

mandato.

O mandato é contrato consensual, porque se aperfeiçoa pelo mero consenso das partes em

oposição aos contratos reais que reclamam a tradição do objeto para sua ultimação.

É contrato não-solene, porque, embora determine a lei ser a procuração o instrumento do mandato

(Código Civil, artigo 1.288), a admite tanto o mandato tácito, como o mandato verbal (Código Civil,

artigo 1.290).

O contrato de mandato em princípio unilateral, pois implica obrigações para uma só das partes, ou

seja, para o mandatário, a quem cumpre se desincumbir da tarefa que lhe foi confiada. A lei, porém admite

a hipótese de surgirem obrigações por parte do mandante, tais como as de reparar as perdas sofridas pelo

mandatário na execução do mandato, ou de lhe reembolsar as despesas feitas, ou mesmo os juros, em caso

de atraso no pagamento daqueles. Neste caso se diz que o contrato é bilateral imperfeito, pó poder da

margem, excepcionalmente, à prestação também de parte do mandante.

O mandato é intuitu personae, é baseado na confiança que decerto o mandatário inspira ao

mandante. Por isso é revogável, desde que a confiança se extinga.

Da idéia de representação decorrem algumas conseqüências fundamentais:

a) Os atos do mandatário vinculam o mandante, se dentro dos poderes constantes

da procuração, ainda que contravenham suas instruções;

b) Se o mandatário obrar em seu próprio nome, não vincula o mandante;


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c) Os atos praticados além dos poderes conferidos no mandato não vinculam o

mandante, se por ele não forem ratificados;

d) Os atos do mandatário, praticados após a extinção do mandato, são incapazes de

vincular o mandante.

Depois de feito as distinções acima sobre a responsabilidade civil subjetiva e a responsabilidade

civil objetiva, nós podemos afirmar que a responsabilidade do mandatário judicial (Advogado) é subjetiva,

verificado a atuação da culpa, conforme diz o Código Civil pátrio:

Art.1.300. O mandatário é obrigado a aplicar toda a sua diligência habitual na execução do

mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem

autorização, poderes que devia exercer pessoalmente.

Capítulo 3: As Leis e os Danos Causados pelo Advogado

3.1- A Constituição Federal de 1988 e o papel do advogado


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O advogado tem um papel essencial na sociedade, isto porque esse profissional é indispensável

para a administração da justiça.

Esta importante função é caracterizada pelo princípio fundamental da jurisdição da inércia. A

inércia jurisdicional ocorre porque graças a experiências anteriores, quando o juiz toma a iniciativa do

processo ele se liga psicologicamente de tal maneira à idéia contida no ato de iniciativa, que dificilmente

teria condições para julgar imparcialmente. Devido a este caso, fica geralmente a critério do próprio

interessado a provocação do Estado-juiz.

Diante do que foi dito acima, podemos afirmar com plena convicção que o advogado é importante

para a sociedade, isto porque sem os seus serviços seria impossível a pacificação social, pois o juiz é

inerte para oferecer a prestação jurisdicional, sendo subordinado pela provocação da parte. Desta maneira

o advogado é profissional tem um papel privilegiado na administração da justiça, porque ele é habilitado

para representar a parte que acionou o Estado-juiz, para que este tome conhecimento do litígio em questão

e após uma prévia analise sobre tal questão, de o seu pronunciamento sobre o processo.

O advogado tem um papel tão importante, que o art. 133 da Constituição Federal de 1988, diz

expressamente sobre a sua função na administração da justiça:

Art. 133- O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e

manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.


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Assim, a responsabilidade do advogado diante da sociedade, revela que este profissional deve ter

uma boa preparação acadêmica e uma exemplar competência profissional, para que a sociedade não fique

desamparada, garantindo ao seu cliente o suporte técnico-juridico necessário.

3.2- O Código de Ética e Disciplina da OAB

No dia 13 de fevereiro de 1995, foi aprovado e editado o Código de Ética e Disciplina da OAB,

pelo Presidente da Ordem, Dr. Roberto Batochio.

No Código de Ética estão encontrados os deveres do advogado, como por exemplo, o sigilo

profissional, honorários, honestidade, publicidade, e outros.

No art.1º deste código, estão contidos os princípios orientadores da maneira de se comportar do

advogado, transcrito logo abaixo:

Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste

Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princípios

da moral individual, social e profissional.


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Os deveres do advogado estão capitulados no Código de Ética e Disciplina da Ordem dos

Advogados do Brasil, em seu Art. 2. º, parágrafo único, estabelecendo o seguinte:

Art. 2º - O advogado é indispensável à administração da administração da Justiça, é

defensor do estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça

e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função

pública que exerce.

Parágrafo único: São deveres do advogado:

I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo

seu caráter de essencialidade e indispensabilidade;

II – atuar com destemor, independência honestidade, decoro, veracidade, lealdade,

dignidade e boa-fé;

III – velar por sua reputação pessoal e profissional;

IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional;

V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis;

VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a

instauração de litígios;

VII – aconselhar o cliente à não ingressar em aventura judicial;

VIII – abster-se de:

a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;

b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em que também

atue;
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c) vincular seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso;

d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a

dignidade da pessoa humana;

e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o

assentimento deste.

IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus direitos

individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade.

3.3- Lei nº 8.078 (Código de Defesa do Consumidor)

O art.3º da Lei nº 8078 de 11 de setembro de 1990, também conhecido como o Código de Defesa

do Consumidor, se refere a prestador de prestador de serviço, conforme escrito abaixo:

Art. 3º - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou

estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de

produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,

distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

§ 1º - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.


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§ 2º - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante

remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo

as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

O artigo acima citado se refere a todo trabalho autônomo, como os casos dos profissionais

liberais, no qual estão inclusos os advogados. Em seu art.14, parágrafo 4º, diz que a

responsabilidade do profissional liberal será feita mediante a comprovação de culpa,

tendo desta forma a ocorrência da teoria subjetiva da responsabilidade civil. Assim sendo,

demonstrado a culpa do advogado pelo descumprimento de alguma cláusula ou feito

inobservância aos seus deveres ditados pelo Código de Ética, e pelo Estatuto da OAB,

bem como a feitura de erros grosseiros, o advogado será responsabilizado pelo dano feito

ao seu cliente.Devemos lembrar, que o art.51 da Lei nº 8078, diz claramente que são nulas

as cláusulas de isenção de responsabilidade por atos próprios.

3.4- Lei nº 8.906 (Estatuto da OAB)

A lei nº 8906, de junho de 1994, também conhecida como Estatuto da Advocacia, dispõe sobre os

regulamentos inerentes a atividade advocatícia, sendo estão inclusos direitos e deveres de tal profissional.

A Ordem dos Advogados do Brasil tem como essencial função, a apuração de atos ilícitos

disciplinares causados por advogados. Tais atos ilícitos geram danos às pessoas, ensejando assim a

responsabilidade civil; neste momento inicia-se o papel da OAB, pois ela restringe-se a verificação das

infrações e a aplicação de sanções disciplinares correspondentes.


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No art. 34 da lei nº 8906/94 e incisos, encontra-se a constituição das infrações disciplinares

realizada por advogados no exercício de sua função, enquanto que no art. 35 da mesma lei, são

estabelecidas as sanções para tais atos.

São quatro tipos de sanções disciplinares, que são: Censura, suspensão, exclusão, e por fim a

multa. Cada uma delas contém a hipótese da sua aplicação entre os arts. 36 a 39 do Estatuto da Advocacia.

Conclusão:

A responsabilidade civil tem como objetivo o restabelecimento da harmonia social, feita através da

reparação do dano. Devido a este fato, podemos dizer que a responsabilidade civil é o núcleo de todo

exercício jurídico.

Como base em nossa pesquisa, vimos que a responsabilização do advogado está inseparavelmente

ligado à liberdade que o ofício lhe fornece. Essa livre conduta na função abre uma grande porta para que

diversos profissionais do ramo produzem danos a seus clientes. Tais danos podem ser realizados com

desígnio, ou ser efetivados sem a intenção de ocasionar o mal, pois muitos não possuem o conteúdo

mínimo para exercer o seu ofício, isso por causa da grande carência doutrinária durante a freqüência de

todo curso jurídico.

De acordo com o nosso trabalho, o tipo de obrigação existente na profissão do advogado, é

“obrigação de meio”, e não de fim, isto porque o indivíduo fica comprometido a realizar o serviço da
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melhor maneira para a satisfação do cliente, sem se vincular a obtê-lo, pois ele não pode garantir um

resultado esperado para a parte que a contrata, desta forma não podendo imputar nenhuma

responsabilidade pelo insucesso. Em outras palavras, suas obrigações, devem ser desempenhadas de forma

diligente, salvaguardando os interesses que lhes foram confiadas.

A responsabilidade civil do advogado isenta-se a regra relativa da contratual, tangente à dispensa

da configuração da culpa. Isto é, torna-se indispensável à efetiva culpa do patrono, sendo esta informação

comprovada através de previsões legais no art 14 da Lei nº 8078 de 11 de setembro de 1990 (Código de

Defesa do Consumidor), bem como no art.32 da Lei nº 8906 de 4 de julho de 1994 (Estatuto da

Advocacia); assim tornando-se uma “conditio sine qua non” da responsabilidade, pois o cliente é obrigado

a comprová-la.

O advogado só pode ser responsável pelos seus atos, quando no exercício profissional, ele vier a

praticar o dano através de dolo ou culpa. Anteriormente estudado, o dolo é a plena intenção de praticar o

mal; enquanto que a culpa em sentido amplo, diz respeito à responsabilidade civil do advogado em relação

ao erro de fato, e ao erro de direito grave, caracterizados pela inescusabilidade ou irrecusabilidade, ou

seja, só caberá indenização para erros presumíveis e não aceito, frutos da ignorância do advogado, devido

a sua atuação contrária ao que é exigido pela deontologia.

Assim, em relação aos erros de direito, só existirá a hipótese de ressarcimento, apenas em relação

aos gravíssimos, por exemplo: perder prazos que conduzam ao insucesso da causa; desconhecimento de

lei que tenha a sua a atuação freqüente; ir ao contrário de jurisprudência corrente; etc. Enquanto que os

erros de fato, o advogado será responsável por todos que estejam em seu mandato, por exemplo, não levar

testumunhas não intimadas para tanto; quanto se comprometeu; prejudicar a audiência por causa de sua

ausência.
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Outra forma de responsabilidade do advogado é a desobediência das instruções do constituinte,

seja excedendo os poderes ou utilizando-o para fins prejudiciais.

Um obstáculo fundamental para a falta de processo disciplinar vem da própria responsabilidade

civil do advogado que é subjetiva contratual, ficando o cliente que se sentir prejudicado, obrigado a provar

a existência do dano, da culpa do advogado e o nexo de causalidade entre o dano e prejuízo sofrido.

Graças às exigências escritas acima, a grande parte das pessoas prejudicadas, não promove a ação,

devido ao desinteresse que surge por causa desses requisitos exigidos.

Por esse motivo, não é habitual responsabilizar os advogados por prejuízos causados aos seus

clientes, pois são raras as decisões a respeito sobre processo de apuração de infração disciplinar, isto

graças ao desinteresse em produzir as exigências obrigatórias para apuração de dolo ou culpa do

causídico, esta contida pela falta de informação da população, e a grande dificuldade ao acesso a justiça, e

entre outras dificuldades.

Devemos lembrar que mesmo existindo o exame da OAB, que é um teste de avaliação aos

bacharéis graduados nas universidades para saber se eles tenham o conhecimento necessário para o

exercício da profissão, tais atos que produzem esses prejuízos aos clientes sempre existirão, enquanto a

população permanecer omissa.

Toda pessoa que se encontra insatisfeita com os serviços prestados por este profissional deve

denunciar os seus abusos, para que o mesmo não venha mais a praticá-lo novamente, assim evitando

futuros prejuízos à sociedade, ensejados por péssimos profissionais que sujam o nome desta profissão tão

nobre.
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Anexo I

Código Civil:

Artigos relacionados ao contrato de Mandato

Art. 1.288 - Opera-se o mandato, quando alguém recebe de outrem poderes, para, em seu nome,

praticar atos, ou administrar interesses.

A procuração é o instrumento do mandato.

Art. 1.289 - Todas as pessoas maiores ou emancipadas, no gozo dos direitos civis, são aptas para

dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.

§ 1º - O instrumento particular deve conter designação do Estado, da cidade ou circunscrição

civil em que for passado, a data, o nome do outorgante, a individuação de quem seja o outorgado e

bem assim o objetivo da outorga, a natureza, a designação e extensão dos poderes conferidos.

§ 2º - Para o ato que não exigir instrumento público, o mandato, ainda quando por instrumento

público seja outorgado, pode substabelecer-se mediante instrumento particular.


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§ 3º - O reconhecimento da firma no instrumento particular é condição essencial à sua

validade, em relação a terceiros.

Art. 1.290 - O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.

Parágrafo único - Presume-se gratuito, quando se não estipulou retribuição, exceto se o objeto

do mandato for daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa.

Art. 1.291 - Para os atos que exigem instrumento público ou particular, não se admite mandato

verbal.

Art. 1.292 - A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo da execução.

Art. 1.293 - O mandato presume-se aceito entre ausentes, quando o negócio para que foi dado é da

profissão do mandatário, diz respeito à sua qualidade oficial, ou foi oferecido mediante publicidade, e o

mandatário não fez constar imediatamente a sua recusa.

Art. 1.294 - O mandato pode ser especial a um ou mais negócios determinadamente, ou geral a

todos os do mandante.

Art. 1.295 - O mandato em termos gerais só confere poderes de administração.

§ 1º - Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos, que exorbitem da

administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos.

§ 2º - O poder de transigir (arts. 1.025 a 1.036) não importa o de firmar compromisso (arts.

1.037 a 1048).

Art. 1.296 - Pode o mandante ratificar ou impugnar os atos praticados em seu nome sem

poderes suficientes.
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Parágrafo único - A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e retroagirá à

data do ato.

Art. 1.297 - O mandatário, que exceder os poderes do mandato, ou proceder contra eles reputar-se-

á mero gestor de negócios, enquanto o mandante lhe não ratificar os atos.

Art. 1.298 - O maior de 16 (dezesseis) e menor de 21 (vinte e um) anos, não emancipado (art. 9º,

I), pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras

gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores.

Art. 1.299 - A mulher casada não pode aceitar mandato sem autorização do marido.

Art. 1.300 - O mandatário é obrigado a aplicar toda a sua diligência habitual na execução do

mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem

autorização, poderes que devia exercer pessoalmente.

§ 1º - Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do

mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do substituto,

embora provenientes de caso fortuito, salvo provando que o caso teria sobrevindo, ainda que não

tivesse havido substabelecimento.

§ 2º - Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danos

causados pelo substabelecido, se for notoriamente incapaz, ou insolvente.

Art. 1.301 - O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-lhe as

vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja.


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Art. 1.302 - O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos,

que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte.

Art. 1.303 - Pelas somas que devia entregar ao mandante, ou recebeu para despesas, mas empregou

em proveito seu, pagará, o mandatário, juros, desde o momento em que abusou.

Art. 1.304 - Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo instrumento entender-se-á

que são sucessivos, se não forem expressamente declarados conjuntos, ou solidários, nem

especificadamente designados para atos diferentes.

Art. 1.305 - O mandatário é obrigado a apresentar o instrumento do mandato às pessoas, com

quem tratar em nome do mandante, sob pena de responder a elas por qualquer ato, que lhe exceda os

poderes.

Art. 1.306 - O terceiro que, depois de conhecer os poderes do mandatário, fizer com ele contrato

exorbitante do mandato, não tem ação nem contra o mandatário, salvo se este lhe prometeu ratificação do

mandante, ou se responsabilizou pessoalmente pelo contrato, nem contra o mandante, senão quando este

houver ratificado o excesso do procurador.

Art. 1.307 - Se o mandatário obrar em seu próprio nome, não terá o mandante ação contra os que

com ele contrataram, nem estes contra o mandante.

Em tal caso, o mandatário ficará diretamente obrigado, como se seu fora o negócio, para com a

pessoa, com quem contratou.

Art. 1.308 - Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante, deve o

mandatário concluir o negócio já começado, se houver perigo na demora.


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Art. 1.309 - O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas pelo mandatário, na

conformidade do mandato conferido, e adiantar a importância das despesas necessárias à execução dele,

quando o mandatário lho pedir.

Art. 1.310 - É obrigado o mandante a pagar ao mandatário a remuneração ajustada e as despesas de

execução do mandato, ainda que o negócio não surta o esperado efeito, salvo tendo o mandatário culpa.

Art. 1.311 - As somas adiantadas pelo mandatário, para a execução do mandato, vencem juros,

desde a data do desembolso.

Art. 1.312 - É igualmente obrigado o mandante a ressarcir ao mandatário as perdas que sofrer com

a execução do mandato, sempre que não resultem de culpa sua, ou excesso de poderes.

Art. 1.313 - Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não excedeu os

limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles, com quem o seu procurador contratou;

mas terá contra este ação pelas perdas e danos, resultantes da inobservância das instruções.

Art. 1.314 - Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negócio comum, cada

uma ficará solidariamente responsável ao mandatário por todos os compromissos e efeitos do mandato,

salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros mandantes.

Art. 1.315 - O mandatário tem sobre o objeto do mandato direitos de retenção, até se reembolsar

do que no desempenho do encargo despendeu.

Art. 1.316 - Cessa o mandato:

I - pela revogação, ou pela renúncia;


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II - pela morte, ou interdição de uma das partes;

III - pela mudança de estado, que inabilite o mandante para conferir os poderes, ou o

mandatário, para os exercer;

IV - pela terminação do prazo, ou pela conclusão do negócio.

Art. 1.317 - É irrevogável o mandato:

I - quando se tiver convencionado que o mandante não possa revogá-lo, ou for em causa

própria à procuração dada;

II - nos casos, em geral, em que for condição de um contrato bilateral, ou meio de cumprir

uma obrigação contratada, como é, nas letras e ordens, o mandato de pagá-las;

III - quando conferido ao sócio, como administrador ou liquidante da sociedade, por

disposição do contrato social, salvo se diversamente se dispuser nos estatutos, ou em texto

especial de lei.

Art. 1.318 - A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se pode opor aos

terceiros, que, ignorando-a, de boa-fé com ele tratara; mas ficam salvas ao constituinte as ações, que no

caso lhe possam caber, contra o procurador.

Art. 1.319 - Tanto que for comunicada ao mandatário a nomeação do outro, para o mesmo

negócio, considerar-se-á revogado o mandato anterior.


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Art. 1.320 - A renúncia do mandato será comunicada ao mandante, que, se for prejudicado pela sua

inoportunidade, ou pela falta de tempo, a fim de prover à substituição do procurador, será indenizado pelo

mandatário, salvo se este provar que não podia continuar no mandato sem prejuízo considerável.

Art. 1.321 - São válidos, a respeito dos contraentes de boa-fé, os atos com estes ajustados em nome

do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele, ou a extinção, por qualquer outra

causa, do mandato (art. 1.316).

Art. 1.322 - Se falecer o mandatário, pendente o negócio a ele cometido, os herdeiros, tendo

ciência do mandato, avisarão o mandante, e providenciarão a bem dele, como as circunstâncias exigirem.

Art. 1.323 - Os herdeiros, no caso do artigo antecedente, devêm limitar-se às medidas

conservatórias, ou continuar os negócios pendentes, que se não possam demorar sem perigo, regulando-se

os seus serviços, dentro desse limite pelas mesmas normas, a que os do mandatário estão sujeitos.

Art. 1.324 - O mandato judicial pode ser conferido por instrumento público ou particular,

devidamente autenticado, a pessoa que possa procurar em juízo.

Art. 1.325 - Podem ser procuradores em juízo todos os legalmente habilitados, que não forem:

I - menores de 21 (vinte e um) anos, não emancipados ou não declarados maiores;

II - juízes em exercício;

III - escrivães ou outros funcionários judiciais, correndo o pleito nos juízos onde servirem,

e não procurando eles em causa própria;

IV - inibidos por sentença de procurar em juízo, ou de exercer ofício público;

V - ascendentes, descendentes, ou irmão do juiz da causa;


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VI - ascendentes, ou descendentes da parte adversa, exceto em causa própria.

Art. 1.326 - A procuração para o foro em geral não confere os poderes para atos, que os exijam

especiais.

Art. 1.327 - Constituídos, para a mesma causa e pela mesma pessoa, dois ou mais procuradores,

consideram-se nomeados para funcionar na falta um do outro, e pela ordem de nomeação, se não forem

solidários. Mas a nomeação conjunta pode conter a cláusula de que um nada pratique sem os outros.

Art. 1.328 - O substabelecimento, sem reserva de poderes, não sendo notificado ao constituinte,

não isenta o procurador de responder pelas obrigações do mandato.

Art. 1.329 - Sob pena de responder pelo dano resultante, o advogado, ou procurador, que aceitar a

procuratura, não se poderá escusar sem motivo justo e, se o tiver, avisará em tempo o constituinte, a fim

de que lhe nomeie sucessor.

Art. 1.330 - As obrigações do advogado e do procurador serão determinadas, assim pelos termos

da procuração, como, e principalmente pelo contrato, escrito ou verbal, em que se lhes houverem ajustado

os serviços.
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Anexo II

Código Civil:

Artigos utilizados na apuração da responsabilidade civil

Art. 159 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito,

ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano.

A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se pelo disposto neste Código,

arts. 1.518 a 1.532 e 1.537 a 1.553.

Art. 160 - Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, a fim de remover perigo iminente (arts.

1.519 e 1.520).
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Parágrafo único - Neste último caso, o ato será legítimo, somente quando as circunstâncias o

tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do

perigo.(...).

Art. 1.056 - Não cumprindo a obrigação, ou deixando de cumpri-la pelo modo e no tempo devidos,

responde o devedor por perdas e danos.

Art. 1.057 - Nos contratos unilaterais, responde por simples culpa o contraente, a quem o contrato

aproveite, e só por dolo, aquele a quem não favoreça.

Nos contratos bilaterais, responde cada uma das partes por culpa.

Art. 1.058 - O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito, ou força maior, se

expressamente não se houver por eles responsabilizado, exceto nos casos dos arts. 955 956 e 957.

Parágrafo único - O caso fortuito, ou de força maior, verifica-se no fato necessário, cujos

efeitos não era possível evitar, ou impedir.

Art. 1.059 - Salvo as exceções previstas neste Código, de modo expresso, as perdas e danos

devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

Parágrafo único - O devedor, porém, que não pagou no tempo e forma devidos, só responde

pelos lucros, que foram ou podiam ser previstos na data da obrigação.


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Art. 1.060 - Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os

prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato.

Art. 1.061 - As perdas e danos nas obrigações de pagamento em dinheiro consistem nos juros da

mora e custas, sem prejuízo da pena convencional.(...).

Art. 1.518 - Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à

reparação do dano causado; e, se tiver mais de um autor à ofensa, todos responderão solidariamente pela

reparação.

Parágrafo único - São solidariamente responsáveis com os autores, os cúmplices e as pessoas

designadas no art. 1.521.

Art. 1.519 - Se o dono da coisa, no caso do art. 160, II, não for culpado do perigo, assistir-lhe-á

direito à indenização do prejuízo, que sofreu.

Art. 1.520 - Se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este ficará com ação regressiva, no

caso do art. 160, II, o autor do dano, para haver a importância, que tiver ressarcido ao dono da coisa.

Parágrafo único - A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se danificou a

coisa (art. 160, I).

Art. 1.521 - São também responsáveis pela reparação civil:


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I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob seu poder e em sua companhia;

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas

condições;

III - o patrão, amo ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício

do trabalho que lhes competir, ou por ocasião dele (art. 1.522);

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos, onde se albergue por

dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até à concorrente

quantia.

Art. 1.522 - A responsabilidade estabelecida no artigo antecedente, n° III abrange as pessoas

jurídicas, que exercerem exploração industrial.

Art. 1.523 - Excetuadas as do art. 1.521, V, só serão responsáveis às pessoas enumeradas nesse e

no art. 1.522, provando-se que elas concorreram para o dano por culpa, ou negligência de sua parte.

Art. 1.524 - O que ressarcir o dano causado por outrem, se este não for descendente seu, pode

reaver, daquele por quem pagou, o que houver pago.

Art. 1.525 - A responsabilidade civil é independente da criminal; não se poderá, porém, questionar

mais sobre a existência do fato, ou quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no

crime.
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Art. 1.526 - O direito de exigir reparação, e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança,

exceto nos casos que este Código excluir.

Art. 1.527 - O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar:

I - que o guardava e vigiava com cuidado preciso;

II - que o animal foi provocado por outro;

III - que houve imprudência do ofendido;

IV - que o fato resultou de caso fortuito, ou força maior.

Art. 1.528 - O dono do edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se

esta provier da falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

Art. 1.529 - Aquele que habitar uma casa, ou parte dela, responde pelo dano proveniente das coisas

que dela caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

Art. 1.530 - O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a

lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros

correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.

Art. 1.531 - Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as

quantias recebidas, ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso,

o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se, por lhe estar

prescrito o direito, decair da ação.


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Art. 1.532 - Não se aplicarão às penas dos arts. 1.530 e 1.531, quando o autor desistir da ação antes

de contestada a lide.

(...)Art. 1.547 - A indenização por injúria ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas

resulte ao ofendido.

Parágrafo único - Se este não puder provar prejuízo material, pagar-lhe-á o ofensor o dobro da

multa no grau máximo da pena criminal respectiva (art. 1.550).

Art. 1.548 - A mulher agravada em sua honra tem direito a exigir do ofensor, se este não puder ou

não quiser reparar o mal pelo casamento, um dote correspondente à sua própria condição e estado:

I - se, virgem e menor, for deflorada.

II - se, mulher honesta, for violentada, ou aterrada por ameaças.

III - se for seduzida com promessas de casamento.

IV - se for raptada.

Art. 1.549 - Nos demais crimes de violência sexual, ou ultraje ao pudor, arbitrar-se-á judicialmente

a indenização.

Art. 1.550 - A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e

danos que sobrevierem ao ofendido, e no de uma soma calculada nos termos do parágrafo único do art.

1.547.
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Referências Bibliográficas

1. DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade Civil, vols. I e II, 10ª edição, Ed. Forense,

Rio de Janeiro, 1997.

2. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Responsabilidade Civil. 7ª

edição, Ed. Saraiva, São Paulo, 1999.

3. GOMES, Orlando. Obrigações, 11ª edição, Ed. Forense, Rio de Janeiro, 1997.

4. PEREIRA Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil, 8ª edição, Ed. Forense, 1998.

5. RODRIGUES, Silvio. Direito Civil vol. II, 26ª edição, Ed. Saraiva, São Paulo, 1998.

6. THEODORO JR. Humberto.Curso de Direito Processual Civil.Vol.I, 30ª edição, Ed.

Forense, 1999.
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