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Aula 15

TJ-CE (Analista Judiciário - Área


Judiciária) Direito Civil - 2022 (Pós-Edital)

Autor:
Paulo H M Sousa

23 de Abril de 2022

98103954268 - Leandro Costa Medeiros


Paulo H M Sousa
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Sumário

Livro V – Direito das Sucessões ........................................................................................................................... 3

1 – Considerações iniciais ............................................................................................................................... 3

Título I – Sucessão em geral ............................................................................................................................ 4

Capítulo I – Disposições gerais ................................................................................................................... 4

Capítulo II – Herança e administração........................................................................................................ 5

Capítulo III – Vocação hereditária .............................................................................................................. 7

Capítulo IV – Aceitação e renúncia da herança ......................................................................................... 9

Capítulo V – Exclusão da sucessão ........................................................................................................... 11

Capítulo VI – Herança jacente .................................................................................................................. 15

Capítulo VII – Petição de herança ............................................................................................................ 17

Título II – Sucessão legítima .......................................................................................................................... 18

Capítulo I – Ordem da vocação hereditária ............................................................................................ 18

Capítulo II – Herdeiros necessários ........................................................................................................... 34

Capítulo III – Direito de representação ..................................................................................................... 35

Título III – Sucessão testamentária................................................................................................................. 35

Capítulo I – Testamento em geral ............................................................................................................. 35

Capítulo II – Capacidade para testar ...................................................................................................... 36

Capítulo III – Formas ordinárias de testamento......................................................................................... 37

Capítulo IV – Codicilos .............................................................................................................................. 40

Capítulo V – Testamentos especiais .......................................................................................................... 40

Capítulo VI – Disposições especiais ........................................................................................................... 41

Capítulo VII – Legados.............................................................................................................................. 43

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Capítulo VIII – Direito de acrescer entre herdeiros e legatários .............................................................. 49

Capítulo IX – Substituições ........................................................................................................................ 50

Capítulo X – Deserdação .......................................................................................................................... 52

Capítulo XI – Redução das disposições testamentárias............................................................................. 52

Capítulo XII – Revogação do testamento .................................................................................................. 53

Capítulo XIII – Rompimento do testamento................................................................................................ 53

Capítulo XIV – Testamenteiro .................................................................................................................... 54

Título IV – Inventário e partilha..................................................................................................................... 55

Capítulo I – Inventário ............................................................................................................................... 55

Capítulo II – Sonegados ............................................................................................................................ 61

Capítulo III – Pagamento das dívidas ....................................................................................................... 62

Capítulo IV – Colação ............................................................................................................................... 63

Capítulo V – Partilha................................................................................................................................. 65

Capítulo VI – Garantia dos quinhões hereditários .................................................................................... 66

Capítulo VII – Anulação da partilha ......................................................................................................... 67

2 – Considerações finais ............................................................................................................................... 68

Questões Comentadas ...................................................................................................................................... 69

Lista de Questões ............................................................................................................................................ 131

Gabarito ......................................................................................................................................................... 149

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LIVRO V – DIREITO DAS SUCESSÕES

1 – Considerações iniciais

Inicialmente, lembro que sempre estou disponível, para você, aluno Estratégia, no Fórum de Dúvidas do
Portal do Aluno e, alternativamente, também, nas minhas redes sociais:

prof.phms@estrategiaconcursos.com.br

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Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

Na aula de hoje, você verá o tema Direito das Sucessões. Se o Direito Civil é, como eu costumo dizer, o Direito
da Vida, o Direito das Sucessões é o The End dessa história. Sim, porque toda história tem fim, e não há como
ser diferente. O curioso das sucessões é precisamente esse: o fim da história de alguém significa o começo
de outra história para outros, os herdeiros.

Bem ou mal, feliz ou infelizmente, o patrimônio dos mortos passa aos vivos e, assim, nasce um novo
patrimônio. O ciclo da vida continua; vida que segue. Mas, atenção ao Direito das Sucessões. Ele, em si, não
é difícil, mas exige que você saiba – muito – bem os demais ramos do Direito Civil; vital você compreender
tudo o que vem antes disso, portanto.

No mais, segue a aula pra gente bater um papo! =)

Ah, e o que, do seu Edital, você vai ver aqui?

Direito das sucessões. Sucessão em geral. Sucessão legítima. Sucessão testamentária.


Inventário e partilha.

Boa aula!

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Título I – Sucessão em geral

Capítulo I – Disposições gerais

Primeiro, é necessário que você lembre que a sucessão pode ser inter vivos ou mortis causa. Suceder nada
mais é do que se transmitir algo a alguém, em termos bem gerais. Por isso, o adquirente sucede o alienante
quando compra uma casa. Igualmente, o possuidor sucede o possuidor anterior, podendo somar as posses
para fins de usucapião. E mesmo uma sociedade empresarial pode suceder a outra, numa incorporação
empresarial.

O direito das sucessões, porém, se preocupa com a segunda hipótese. Trata-se da sucessão que
se inicia com um evento muito específico, futuro, certo quanto à ocorrência, mas incerto
quanto ao momento (termo certus an incertus): a morte.

Nesse sentido é que se pode falar em herança e herdeiros. A herança nada mais é do que a
massa patrimonial, que compreende direitos e obrigações do defunto e se transmite aos seus
sucessores, numa universalidade de direito; indivisível, portanto.

De acordo com o art. 80, inc. II, a herança é considerada bem imóvel, ainda que todos os bens componentes
do acervo hereditário sejam móveis. De acordo com o art. 1.791, ela é considerada bem indivisível. Imóvel e
indivisível, portanto, é a herança.

A herança é, desse modo, a parte transmissível do patrimônio, dado que determinados elementos do
patrimônio desaparecem com a morte, como, por exemplo, os alimentos que o morto eventualmente
recebia. De outra banda, a qualidade de herdeiro é intransmissível.

O de cujus, como se convenciona chamar o morto, é, assim, o autor da herança, pois transmite direitos e
obrigações aos que a ele sobrevivem. A transmissão da herança é automática, por força do princípio da
saisine, a todos os herdeiros, consoante dispõe o art. 1.784 do CC/2002.

A morte depende de comprovação, que se dá, em regra, com o atestado de óbito, regulado pelos arts. 77
e ss. da Lei 6.015/1973 (Lei de Registros Públicos – LRP), ou, excepcionalmente, com a presunção de morte
ou a ausência, institutos que já tratamos anteriormente. Somente é possível se falar em algum efeito sobre
a herança, portanto, após a morte do de cujus.

Com a morte, a herança se transmite automaticamente. A abertura da sucessão, pela


regra da saisine, se dá com a morte. Ou seja, “abertura da sucessão” é um sinônimo
de morte; morreu, abriu a sucessão.

Além disso, não deixe de se atentar para a aplicação dessa regra em se tratando de
presunção de morte com prévia decretação de ausência (art. 6º) e presunção de
morte sem prévia decretação se ausência (art. 7º). No caso de ausência, a saisine se aplica apenas quando

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houver a abertura da sucessão definitiva, momento no qual se presume a morte do ausente. Já no caso da
presunção de morte direta, a saisine se aplica no momento no qual faz a presunção, judicialmente.

O foro competente para os procedimentos que envolvem a transmissão patrimonial é, então, o do último
domicílio do falecido (art. 1.785) do CC/2002. Se o falecido não tinha domicílio certo, determina o parágrafo
único do art. 48 do CPC/2015 que será o inventário aberto no foro de situação dos bens imóveis (e se
existirem bens em mais de um, em quaisquer deles), ou, inexistentes imóveis, o foro de quaisquer dos bens
do espólio.

Igualmente, sendo sucessão legal ou voluntária, a lei vigente ao tempo de sua abertura (qual
seja, a morte) é a que regulará a sucessão e a legitimação para suceder, segundo o art. 1.787
do CC/2002. Assim, se uma pessoa faleceu em 2001, regerá a sucessão o CC/1916, ainda que o
inventário seja aberto hoje.

O STF (RE 162.350), além disso, estabelece que a norma que regula a capacidade para herdar é,
igualmente, a norma da data da abertura da sucessão (a data da morte).

O inventário é o procedimento pelo qual se transmite a herança. Ele deve ser iniciado em 2 meses, contados
da abertura da sucessão (ou seja, da morte do de cujus), perante o juízo competente no lugar da sucessão,
segundo o art. 611 do CPC/2015 (contra os 30 dias do art. 1.796 do CC/2002).

Capítulo II – Herança e administração

A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade (art. 1.786). Ou seja, a herança será dividida
conforme estabelece a lei, excetuando as disposições do falecido em testamento, por exemplo. Aquilo que
fica de fora do testamento, ou se for caduco ou nulo o testamento, é regido pela lei (art. 1.788). Mas, se
morre a pessoa sem testamento, transmite-se a herança aos herdeiros legítimos (art. 1.788).

Porém, há uma regra no direito brasileiro que estabelece que a herança não pode ser
livremente regulada pelo falecido por ato de vontade, sob o argumento de proteger os
herdeiros necessários. O art. 1.789 estabelece que se houver herdeiros necessários – forçados
ou reservatórios –, o testador só poderá dispor da metade da herança. Essa metade, que
pertence aos herdeiros necessários, constitui a chamada legítima (art. 1.846).

Veja, ainda, que consoante regra do art. 1.849, o herdeiro necessário que receber do testador parte
disponível da herança, ou algum legado (em síntese, uma coisa determinada do monte), não perde o
direito à legítima. Ou seja, se o pai morre, com patrimônio de 100, e deixa dois filhos, 50 podem ser deixados
livremente a quem ele quiser e os outros 50 pertencem aos filhos, necessariamente. Assim, cada filho
receberá, com certeza, 25. O pai pode deixar os 50 livres para um dos filhos, que herdará, então, 75, e o
outro fica com os 25 restantes.

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Mas, como se calcula o valor da herança disponível e o valor indisponível? Para resolver esse
problema, o art. 1.847 coloca que se calcula a legítima sobre o valor dos bens existentes na
abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em
seguida, o valor dos bens sujeitos a colação.

Mas, se meu pai falece deixando patrimônio de 100 e dívidas de 500, eu tenho que pagar 400
aos credores? Não! Herdam-se dívidas até os limites do patrimônio recebido na herança (intra vires
hereditatis) . Ou seja, se o morto tinha 100 e patrimônio e 50 de dívida, recebo apenas 50; se tinha 100 de
dívida, recebo 0; se tinha 200 de dívida, recebo 0, mas pago 0.

Essa é a regra do art. 1.792, que coloca que o herdeiro não responde por encargos superiores
às forças da herança. Porém, cuidado, pois se o inventário estiver aberto é fácil. Mas, se não,
incumbe ao herdeiro provar o excesso, demostrando o valor dos bens herdados.

Em havendo herança a ser transmitida aos sucessores, como é ela administrada até sua partilha
(lembrando que, como universalidade de direito, a herança é indivisível)?

Como universalidade (art. 1.791), a herança defere-se como um todo unitário, pelo que o
direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível. Lembra qual
era o termo apropriado para tratar da situação de multipropriedade? Condomínio.

Por isso, a herança, quanto à propriedade e posse, regula-se pelas normas relativas ao
condomínio (parágrafo único). No caso, a situação retrata um condomínio eventual pro indiviso.

Como no condomínio, em que o condômino pode negociar sua quota-parte, o herdeiro pode
negociar sua herança, ainda não finalizado o inventário. Cuidado, porém, pois não pode ser
negociada a herança de pessoa viva (art. 426), em qualquer aspecto (vendido bens, aceitado
negócio, renunciado a quinhão etc.).

No condomínio, podia o condômino transferir sua copropriedade a qualquer um,


de qualquer jeito? Não, ele tinha que oferecer primeiro aos coproprietários! O que vai acontecer
aqui na herança? A mesma coisa... Ou seja, aplica-se a preempção, preferência ou prelação aos
coerdeiros. O art. 1.794 estabelece que o coerdeiro pode ceder a sua quota a pessoa estranha
à sucessão, desde que os outros coerdeiros não queiram.

E se ele não oferecer primeiramente ao coerdeiro? Acontece a mesma coisa que no condomínio: o
coerdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota
cedida a estranho, se o requerer até 180 dias após a transmissão (art. 1.795). Trata-se da adjudicação
compulsória do bem.

Diferentemente do condomínio, porém, se forem vários os coerdeiros a exercer a


preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas
hereditárias (parágrafo único).

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Como a herança é um todo indivisível, é ineficaz a cessão de direito hereditário sobre qualquer bem da
herança considerado singularmente (art. 1.793, §2º). Deve-se sempre requisitar ao juiz para que
determinado bem componente do acervo hereditário seja negociado (§3º), antes de ultimado o inventário.

Pelo princípio da saisine, a herança se transmite automaticamente aos herdeiros, mas, como ela
é indivisível, quem a administra? O art. 1.797 estabelece que, até o compromisso do
inventariante, a administração da herança caberá, em ordem, sucessivamente (administrador
ah hoc provisório):

I - ao cônjuge ou companheiro

II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um


nessas condições, ao mais velho

III - ao testamenteiro

IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou
quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz

Ou seja, em resumo, buscam-se primeiro os herdeiros necessários, com prevalência do


cônjuge/companheiro. Ademais, veja que o rol previsto é aberto, exemplificativo (numerus apertus) e não
fechado, taxativo (numerus clausus), pelo que o magistrado pode nomear outro parente, não apontado.

Capítulo III – Vocação hereditária

Quem pode, legitimamente, suceder outrem? Evidentemente, algumas pistas já apareceram.


Há os herdeiros necessários (descendentes, ascendentes, cônjuge e companheiro) e os
herdeiros facultativos (colaterais até o quatro grau).

Mas somente eles são considerados sucessíveis? Não. É possível estabelecer a sucessão a
outras pessoas, que não as contempladas acima. O CC/2002, passa, então, a regular quem
pode suceder. São sucessores, também:

1. Art. 1.798

• As pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão

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Ou seja, o nascituro, à época do falecimento do ascendente, por exemplo, é considerado


herdeiro. Se, decorridos 2 anos após a abertura da sucessão, não for concebido o
herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador,
caberão aos herdeiros legítimos (art. 1.800, §4º).

Nesse caso, nascido, segundo o art. 1.800, os bens da herança serão confiados, após a
liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz. De regra, salvo disposição testamentária em contrário,
a curatela caberá à pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro (§1º), e, sucessivamente, às
pessoas indicadas no art. 1.775 (em ordem: cônjuge ou companheiro, pai ou mãe, descendente mais próximo
e mais apto). Aplica-se, então, o regramento referente à curatela dos incapazes (art. 1.800, §2º).

Ademais, aplica-se a teoria da personalidade condicionada, segundo o §3º, pois, se for natimorto, nada
herda, por aplicação do art. 2º do CC/2002.

2. Art. 1.799, inc. I

• Os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas
estas ao abrir-se a sucessão

Essa situação é diferente da anterior, pois mesmo que ainda sequer concebida a pessoa –
prole eventual –, à época do testamento, ela herdará, se seus pais estiverem vivos à época
da abertura da sucessão (morte do testador). Assim, por exemplo, você, com 20 anos de idade,
solteiro e sem filhos, pode fazer um testamento deixando toda a sua parte disponível para o
primeiro filho do seu melhor amigo, de 20 anos de idade, solteiro e sem filhos. Você falece 60
anos depois, aos 80 anos de idade.

3. Art. 1.799, inc. II

• As pessoas jurídicas

4. Art. 1.799, inc. III


• As pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de
fundação

Há pessoas que não podem ser nomeadas herdeiras nem legatárias. Se, mesmo com a
proibição, forem nomeadas, são nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas
não legitimadas a suceder (art. 1.802).

Mesmo que simuladas como contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa, elas são
nulas. O parágrafo único ainda presume que os ascendentes, os descendentes, os irmãos e
o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder são pessoas interpostas. São ilegítimos a suceder
(art. 1.801):

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I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus
ascendentes e irmãos

II - as testemunhas do testamento

III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do
cônjuge há mais de cinco anos

IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o
que fizer ou aprovar o testamento

Cuidado com o inc. III, pois o concubino do testador casado é ilegítimo a suceder, mas se o
testador estiver em união estável com ele, ao tempo de sua morte, sucederá, mesmo que a
união tenha se iniciado ainda na constância do casamento. Isso porque a norma não se aplica
à união estável, independentemente do período de separação de fato (Enunciado 269 da III
Jornada de Direito Civil). Fique atento, também, pois é lícita a deixa ao filho do concubino,
quando também o for do testador (art. 1.803).

Capítulo IV – Aceitação e renúncia da herança

Abre-se a sucessão e os herdeiros, então, têm duas escolhas: aceitar ou renunciar à herança. Se aceitar,
torna-se definitiva a transmissão da herança ao herdeiro, desde a abertura da sucessão (art. 1.804 do
CC/2002). Se renunciar, a transmissão tem-se por não verificada (parágrafo único). A aceitação é necessária,
como ocorre com a doação, por força do brocardo invito non datur beneficium (a quem não quer, não se dá
benefício).

Tanto a aceitação quanto a renúncia da herança são atos irrevogáveis (art. 1.812). Se o herdeiro
falecer, renunciando à herança, seus descendentes não terão direito à herança do avô, mesmo
que a quisessem à época do falecimento do avô e mesmo tendo protestado com o pai, já que a
renúncia é ato personalíssimo.

Como se faz a aceitação? Será (1) expressa a aceitação quando feita por declaração escrita (art.
1.805). Pode o documento ser público ou particular, não importa. Será ela (2) tácita quando resultar de atos
próprios da qualidade de herdeiro. No entanto, determinados atos oficiosos (como o funeral do finado, os
meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória, segundo o art. 1.805, §1º) não
exprimem aceitação de herança. Igualmente, a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais
coerdeiros (§2º), não exprimem aceitação.

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Segundo o art. 1.807 posso pedir ao juiz para que faça a interpelação do herdeiro silente. O
juiz, então, dá prazo de no máximo 30 dias para que o herdeiro se manifeste; se não se
manifestar, presume-se que aceitou. Trata-se de aceitação (3) presumida, portanto.

A renúncia da herança, por sua vez, deve constar expressamente de instrumento


público ou termo judicial, não podendo ser feita por instrumento particular ou
verbalmente (art. 1.806).

Pode ser ela pura e simples, a chamada renúncia abdicativa, quando o sucessor renuncia em
favor dos coerdeiros, genericamente. Será translativa a renúncia quando houver um
favorecido específico (renúncia in favorem). Em ambos os casos há incidência de ITCMD; mas, apesar de no
primeiro caso não incidir o ITBI – Imposto de Transmissão de Bens Inter Vivos –, no segundo caso, sim, dado
o caráter de “aceitação-doação” do ato.

Há uma situação excepcional em que não se admite renúncia, sendo ela ineficaz. Isso ocorrerá quando a
renúncia prejudicar os credores do herdeiro. Nesse caso, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la
em nome do renunciante (art. 1.813), desde que habilitados no prazo de 30 dias ao conhecimento da
renúncia (§1º). Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será
devolvido aos demais herdeiros (§2º).

Tanto a aceitação quanto a renúncia devem ser integrais (in totum), não se as aceitando parcialmente
(sucessão fracionada, sob condição ou a termo (sucessão condicional ou a termo), prevê o art. 1.808. Assim,
não posso aceitar apenas o carro quitado do meu falecido pai, deixando de aceitar aquele que está sendo
executado pelo parcelamento em atraso; ou se aceita tudo, em bloco, ou não se aceita nada.

Pode-se, porém, aceitar um legado (bem individualizado estabelecido por testamento) e


renunciar à herança ou vice-versa (art. 1.808, §1º). Isso configura uma exceção à regra?
Tecnicamente, não. A aceitação in totum se justifica porque a herança é indivisível, pelo que se
pode aceitar uma parte e não outra de uma “coisa só” (universalidade de direito).

Se o herdeiro morre antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa aos
herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda
não verificada (art. 1.809). Nesse caso, os herdeiros do herdeiro têm duas heranças para
aceitar ou renunciar, a primeira, do ascendente em primeiro grau, e a segunda, do
ascendente em segundo grau (os netos têm direito à herança do avô falecido e do pai, que
faleceu antes de aceitar). Segundo o parágrafo único, os chamados à sucessão do herdeiro
falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou
renunciar à primeira.

Assim, se seu avô morre, o poder de aceitar ou renunciar a herança é de seu pai. Se seu pai morre,
posteriormente, sem indicar se aceita ou renuncia à herança de seu avô, o poder de aceitar ou renunciar
passa a você.

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No entanto, o inverso não se verifica. Se você renuncia à herança de seu pai, você não pode
aceitar a herança de seu avô. Tecnicamente falando, se você não é herdeiro de seu pai (porque
renunciou) não existe mais direito de representação quanto à herança do avô. É simples, mas
a redação do dispositivo legal é sofrível de tão truncada, e causa confusão.

Aceitando, transmite-se a herança. Renunciando, a parte do renunciante acresce à dos outros


herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente (art. 1.810). Aqui, é
necessário compreender o sentido de classes.

Se seu pai morre e você renuncia à herança, vai ela aos seus irmãos. Se você não tem irmãos (herdeiro “único
desta” classe, portanto), passa-se à próxima classe. Qual é a próxima classe? Os ascendentes. Falecido seu
pai, e renunciando você à herança, seus avós herdariam. E se você tem filhos?

Quando há um único herdeiro numa classe e ele renunciar ou se todos os outros da mesma
classe renunciarem à herança, podem os filhos deles vir à sucessão, por direito próprio, e por
cabeça (art. 1.811). Assim, se você é filho único e renuncia à herança, seus dois filhos herdam,
por cabeça, metade cada um.

Capítulo V – Exclusão da sucessão

Temos duas formas de excluir um sucessor da transmissão mortis causa. De um lado,


há a exclusão da herança por declaração de indignidade de herdeiros e legatários,
que sempre depende de decisão judicial. De outro, existe a deserdação, aplicável
somente aos herdeiros necessários, a partir do testamento.

Não confunda a ilegitimidade sucessória com a exclusão da herança, nem com


capacidade sucessória. Determinada pessoa pode ter capacidade sucessória (você, maior, não submetido a
curatela), mas ser ilegítimo a receber direitos hereditários por força de situação específica, como por ser o
concubino do falecido casado ou por ser o tabelião que aprovou o testamento cerrado.

A pena de exclusão da herança corresponde a uma reprimenda de fundo moral, de cunho subjetivo, ao
passo que a ilegitimidade tem cunho objetivo. 1

1
Veja, portanto, que a deserdação não é gênero e a indignidade uma espécie. O gênero é a exclusão da herança, cujas espécies
são a deserdação e a declaração de indignidade. Dentre as causas de deserdação, porém, está a declaração de indignidade. Ainda
que a indignidade seja autônoma, pode ela ser causa de deserdação.
Parece complicado, mas não é. O Código tentou simplificar (e pra quem conhece a fundo o Direito das Sucessões, de fato, é mais
simples), acabou complicando pra quem estuda o tema pela primeira vez. Ao distinguir as espécies de exclusão – deserdação e
indignidade – o Código pegou a indignidade e listou as causas; quando chegou na deserdação, ele listou as causas. Como algumas
das causas de deserdação eram iguais às de indignidade, iria ele repetir? Não.

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1 – Indignidade

Quem pode receber algo pela morte de outrem? Duas categorias de pessoas, os herdeiros
(que sucedem a título universal) e os legatários (que sucedem a título singular.) Por isso,
podem ser excluídos da sucessão tanto os herdeiros quanto os legatários.

Haverá a exclusão, por indignidade, do herdeiro ou legatário nos casos previstos em lei. A
indignidade, porém, dependerá sempre de decisão judicial declaratória. Quanto isso
ocorrerá? Nas hipóteses do art. 1.814, serão excluídos por indignidade os herdeiros ou legatários que:

I - houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa, contra a


pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente

II - houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime


contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro

III - por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor
livremente de seus bens por ato de última vontade

Segundo o §1º do art. 1.815, o direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em 4
anos. Esse prazo é contado da abertura da sucessão (da morte).

De qualquer, os efeitos da exclusão são pessoais (art. 1.816), preservando os direitos dos
herdeiros do herdeiro excluído. Assim, os descendentes do herdeiro excluído sucedem,
como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.

Ou seja, o filho tentou matar o pai, que sobrevive, mas dias depois morre num acidente de
carro. Ele é excluído pelos irmãos da sucessão, reconhecida a exclusão por decisão judicial. A parte dele
passa aos filhos, netos do primeiro falecido, como se o próprio pai deles estivesse morto.

O excluído da sucessão ainda sofre outra punição. Ele não terá direito ao usufruto ou à administração dos
bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens, segundo regra do
parágrafo único.

No entanto, as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração


legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão são válidas (art. 1.817). Os demais
herdeiros prejudicados, porém, têm direito de demandar do excluído da sucessão pelas perdas e danos,
inclusive tendo ele de restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido (parágrafo
único).

Excepcionalmente, o excluído ou que se pretende excluir da sucessão pode suceder, se o ofendido o tiver
expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico (art. 1.818). Nesse caso, ele adquire
plenamente a capacidade sucessória, sem qualquer outro efeito. Se não houver reabilitação expressa do

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indigno, mas o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade e mesmo assim o contempla no
testamento, o indigno pode suceder no limite da disposição testamentária (parágrafo único).

2 – Deserdação

A deserdação e a declaração de indignidade podem ser feitas do ascendente em relação ao descendente,


ou seja, o pai deserdando o filho, o avô deserdando o neto; ou podem ser feitas de descendente em relação
a ascendentes, ou seja, o filho deserdando o pai, o neto deserdando o avô.

Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que
podem ser excluídos da sucessão, segundo dispõe o art. 1.961. Mas, só nessas situações eu aplico a
deserdação? Não. Autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes:

1. Art. 1.962, inc. I: ofensa física 2. Art. 1.962, inc. II: injúria grave

4. Art. 1.962, inc. IV: desamparo do


3. Art. 1.962, inc. III: relações ilícitas
ascendente em alienação mental ou
com a madrasta ou com o padrasto
grave enfermidade

5. Art. 1.814, inc. I: homicídio doloso, 6. Art. 1.814, inc. II: acusação caluniosa
consumado ou tentado, contra o em juízo contra o falecido ou se
ascendente, seu cônjuge/companheiro, cometer crime contra a honra do
ascendente ou descendente morto ou de seu cônjuge/companheiro

7. Art. 1.814, inc. III: impedimento ao


autor da herança de dispor livremente
de seus bens por testamento, mediante
violência ou meios fraudulentos

Por outro lado, autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes:

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1. Art. 1.963, inc. I: ofensa física 2. Art. 1.963, inc. II: injúria grave

3. Art. 1.963, inc. III: relações ilícitas 4. Art. 1.963, inc. IV: desamparo do
com a cônjuge/companheiro(a) do filho/neto com deficiência mental ou
filho/neto grave enfermidade

5. Art. 1.814, inc. I: homicídio 6. Art. 1.814, inc. II: acusação


doloso, consumado ou tentado, caluniosa em juízo contra o falecido
contra o descendente, seu ou se cometer crime contra a honra
cônjuge/companheiro, ascendente do morto ou de seu
ou descendente cônjuge/companheiro
7. Art. 1.814, inc. III: impedimento
ao autor da herança de dispor
livremente de seus bens por
testamento, mediante violência ou
meios fraudulentos

Não apenas os descendentes podem ser deserdados, mas também os ascendentes, o cônjuge e o
companheiro, na esteira da decisão do STF que reconheceu a inconstitucionalidade do art. 1.790.
Evidentemente que a deserdação de cônjuges e companheiros se restringe às hipóteses de indignidade, já
que as demais causas de deserdação são compatíveis apenas às relações descendente-ascendente.

A deserdação pode ocorrer previamente ou posteriormente à morte, diferentemente da indignidade pura


e simples, que só ocorre por sentença. Previamente, poderá a deserdação ser feita por testamento; nesse
caso, o art. 1.964 estabelece que somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser
ordenada em testamento.

Posteriormente, não resta alternativa que não a ação declaratória de indignidade, movida pelo herdeiro a
quem aproveita a deserdação. A deserdação posterior, portanto, depende de decisão judicial.

Num ou noutro causo, incumbe ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação, provar
a veracidade da causa alegada pelo testador (art. 1.965). O direito de provar a causa da deserdação
extingue-se no prazo decadencial de 4 anos, a contar da data da abertura do testamento (parágrafo único).

Veja, portanto, que a deserdação não é gênero e a indignidade uma espécie. O gênero é a exclusão da
herança, cujas espécies são a deserdação e a declaração de indignidade. Dentre as causas de deserdação,
porém, está a declaração de indignidade. Ainda que a indignidade seja autônoma, pode ela ser causa de
deserdação.

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Capítulo VI – Herança jacente

O que acontece se a pessoa morre sem deixar testamento e sem deixar herdeiros legítimos ou notórios
(art. 1.819)? Ou se, tendo herdeiros, eles renunciam à herança (art. 1.823 do CC/2002)? Essa é a chamada
herança jacente, a herança sem dono (lembra dos filmes, quando aparece aquela lápide com aqui jaz fulano
de tal?).

Assim, visualiza-se a jacência hereditária nas seguintes hipóteses:

1. Sucessão sem testamento


• Se não possui herdeiros sucessíveis notoriamente conhecidos (cônjuge, companheiro,
descendente, ascendente nem colateral até o quarto grau)
• Se possui herdeiros necessários, mas eles renunciam à herança e o falecido não possui
outros parentes sucessíveis (colaterais até o quarto grau)

2. Sucessão com testamento


• Se o falecido não tiver herdeiros necessários (cônjuge, descendente e ascendente) ou
companheiro
• Se o herdeiro nomeado não existir ou não aceitar a herança, inexistindo herdeiros
sucessíveis notoriamente conhecidos
• Se o herdeiro nomeado é nascituro já concebido, mantendo-se a jacência até o
nascimento com vida
• Se o herdeiro é pessoa jurídica ainda não constituída, mantendo-se a jacência até sua
regular constituição
• Se o herdeiro o é sob condição suspensiva, mantendo-se a jacência até que a suspensão
cesse
3. Sucessão independente de testamento (com ou sem)
• Se ausente, nenhum herdeiro comparecer à sucessão provisória, depois de 30 dias do
trânsito em julgado da sentença de sua abertura
• Se pendente ação de estado que atribui a alguém o status de herdeiro (investigação de
paternidade, p.ex.), até o trânsito em julgado favorável

Preste atenção, já que pela literalidade do art. 1.845 o companheiro não é classificado como
herdeiro necessário. No entanto, como o art. 1.844 estabelece textualmente que só se
estabelecerá a vacância dos bens “não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente
algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança”, o cônjuge é herdeiro. Ou seja,
companheiro é herdeiro sucessível, mas não herdeiro necessário!

Os bens da herança, depois de arrecadados (art. 738 do CPC/2015), ficarão sob a guarda e administração de
um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância (art.
1.819 do CC/2002).

O curador administrará os bens (art. 739, §1º, incisos, do CPC/2015), arrolando-os em autos de arrolamento
(art. 740, caput), juntamente com o juiz, ou, na falta dele, a autoridade policial (§1º). Questionam-se as
pessoas próximas do morto sobre eventuais sucessores (§3º) e, se aparecer alguém, suspende-se a

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arrecadação (art. 740, §6º), convertendo-se a arrecadação em inventário, depois de provada sua condição
(art. 741, §3º).

Para buscar eventuais herdeiros, mesmo depois da arrecadação e da finalização do inventário, são expedidos
editais (art. 741, caput) e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado,
será a herança declarada vacante (art. 1.820 do CC/2002 e art. 743 do CPC), ou seja, vazia.

Vagos os bens, são eles arrecadados pelo Município ou pelo Distrito Federal. Se situados em Território
federal, pertencem à União, situação essa irrelevante atualmente. Os Estados, apesar de arrecadarem o
ITCMD, não recebem bens vacantes. Em qualquer caso, o Estado lato sensu é sucessor irregular.

Assim, herança vacante não se confunde com herança jacente. Jacente é a herança sem
dono; vacante é a herança jacente cuja sucessão hereditária não foi possível, e os
bens, vagos, vão ao domínio do Estado. 2 A herança vacante tem de ter sido, em regra,
anteriormente jacente, mas a herança jacente pode não se transformar em vacante.

Jacente será a herança quando o filho do falecido desconhece que o pai morreu. Tempos depois,
descobre o óbito e reclama a herança. O art. 1.823 do Código Civil estabelece que quando todos
os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante. Nesse caso, a
jacência e a vacância ocorrem no mesmo momento, no mesmo ato.

Pode-se dizer que a herança jacente é um processo, ao passo que a vacância é um ato, pelo qual se ultima
a jacência, numa leitura do art. 1.820. A exceção fica por conta do art. 1.823, que estabelece que quando
todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante. Nesse caso,
a jacência e a vacância ocorrem no mesmo momento, no mesmo ato.

Obviamente, se o morto possuía dívidas, os credores têm o direito de pedir o pagamento das
dívidas reconhecidas, nos limites das forças da herança (art. 1.821 do CC/2002), seja mediante
ação de cobrança, seja habilitando-se no inventário (art. 741, §4º, do CPC). Lembre-se de que
os herdeiros (sejam necessários, sejam colaterais), ou o Estado (na herança jacente),
respondem sempre pelas dívidas do morto, ou seja, herdam-se dívidas!

Aqui há uma interessante mágica em relação aos bens vacantes. Isso porque o bem é particular
e continua sendo, a despeito de sua jacência. Posteriormente, porém, quando se declara a
vacância da massa patrimonial, esses bens vão para o Estado. E o que isso significa? Significa
que se tornam bens públicos. OK, e daí? A partir de então os bens particulares se tornam
públicos, o que os torna insuscetíveis de usucapião, penhora etc.

2
Cuidado! Estado aqui tem sentido popular de governo, não um sentido de ente federativo intermédio entre a União e os
Municípios, como o Estado de São Paulo ou o Estado do Amazonas. É o sentido político. Já vi mais de uma prova falando “a herança
vai para o Estado” e a assertiva está incorreta, porque, como mostrarei à frente, há destinação específica a certos entes
federativos. Atenção!

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Sem herdeiros habilitados – necessários ou colaterais (art. 1.822, parágrafo único) – e decretada a vacância,
decorridos 5 anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município (art.
1.822).

No entanto, atente, pois mesmo depois da vacância os herdeiros necessários podem, nesse
prazo de 5 anos, ainda requerer a herança, via petição de herança, mas não os colaterais. Ou
seja, os parentes colaterais, herdeiros facultativos, declarada a vacância, perdem o direito
hereditário, segundo o parágrafo único do art. 1.822.

Capítulo VII – Petição de herança

Eventualmente, o sucessor não sabe que sucessor é (desconhece a paternidade), não sabe que sucedeu
(desconhece que o falecido, bem, faleceu), ou foi ignorado pelos demais sucessores, de má-fé. Em realidade,
ele sucedeu, segundo o princípio da saisine, mas não sabe disso. Por isso, tem de pedir seu quinhão
hereditário, tem de “pedir a herança” Eis aí o lugar da petição de herança (petitio hereditatis).

Aquele que se julgar preterido pode demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a
restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a
possua (art. 1.824). Trata-se de ação de natureza real, dado que a herança é considerada bem imóvel por
força de lei (art. 80, inc. II).

De acordo com o art. 1.825, a ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros,
poderá compreender todos os bens hereditários. Explica-se o dispositivo porque a herança é uma
universalidade de direito, ou seja, um bem indivisível (art. 1.791), pelo que não poderia haver demanda sobre
parte dela apenas.

O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo que recebeu,
estabelece o art. 1.826. Avalia-se a responsabilidade dos sucessores de acordo com a
presença de boa ou má-fé. Pelo princípio da saisine, a propriedade da herança se transmitiu
automaticamente com a morte do ascendente ao sucessor ignorado. Os demais sucessores
são, portanto, possuidores, e como tal respondem.

Como se avaliará a indenização, portanto? A partir dos dispositivos do CC/2002 que disciplinam a posse
de boa-fé ou de má-fé, quais sejam os arts. 1.214 a 1.222. Aqui, necessário que você saiba, evidentemente,
tais regras.

Além disso, a partir da citação na petição de herança, a responsabilidade do possuidor vai ser aferida pelas
regras concernentes à posse de má-fé e à mora, evidencia o parágrafo único do art. 1.826.

Contraprova de que a petição de herança é de natureza real é o art. 1.827. Segundo ele, o herdeiro pode
demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do
possuidor originário pelo valor dos bens alienados.

Questão tormentosa é o prazo para propositura da petição de herança e a data a partir da qual ele começa
a fluir. Quanto ao prazo propriamente dito, a Súmula 149 do STF já definia que a petição de herança não
seria imprescritível. Ao não estabelecer prazo, utilizava-se o prazo geral do CC/1916, qual seja de 20 anos,

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de acordo com o art. 177 do defunto diploma. Atualizando-se o entendimento sumulado, de acordo com o
art. 205 do CC/2002, o prazo para a propositura da ação de petição de herança é de 10 anos.

Quanto ao termo inicial, o STF (RE 74.100) já entendia desde 1972 que o dies a quo era a abertura da
sucessão, ou seja, conta-se o prazo a partir da morte daquele a quem se sucede. No entanto, em se tratando
de petição de herança cumulada com investigação de paternidade, entende o STJ (REsp 1.475.759) que a
fluência do prazo prescricional se daria com o trânsito em julgado da investigação de paternidade.

Título II – Sucessão legítima

Passadas as regras gerais da sucessão, necessário analisar a sucessão estabelecida por lei, quando o falecido
não deixara testamento. Trata-se da chamada sucessão ab intestatio, na qual se presume a vontade do de
cujus.

Você viu que segundo o art. 1.845, são herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
Quanto ao companheiro, deve ser considerado também herdeiro necessário por força da decisão de
inconstitucionalidade do art. 1.790. Por outro lado, os colaterais não são herdeiros necessários, mas apenas
facultativos, segundo o art. 1.850. Mas, como funciona a sucessão predeterminada pela lei?

Capítulo I – Ordem da vocação hereditária

1 – Disposições gerais

Inicialmente, o Código Civil estabelece, no art. 1.829, a ordem da sucessão legítima, que se
aplica no caso de morte sem testamento, quando o testamento é anulado ou em outras
situações peculiares. Eu vou, didaticamente, dividir a ordem da vocação hereditária em três
momentos.

Com isso, eu evito que você confunda as coisas. O grande erro em matéria sucessória é a ansiedade, a ânsia,
a pressa. Geralmente, as pessoas tentam resolver os problemas sucessórios na ordem errada, do final ao
começo. Parece bobo, mas a análise cartesiana da sucessão torna as coisas muito mais fáceis.

Habitualmente, a dificuldade na compreensão da ordem da vocação hereditária – e a resposta às duas


grandes questões, quem herda e quanto herda – advém precisamente dessa pressa. Se você estabelecer a
resolução dos problemas em ordem, pacientemente, a chance de insucesso se reduz drasticamente. Eis a
ordem:

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I - aos descendentes

II - aos ascendentes

III - ao cônjuge sobrevivente

IV - aos colaterais

A ordem do art. 1.829 do Código Civil é excludente em relação às demais classes. Assim, se houver
descendentes, todos os ascendentes são excluídos. Não havendo descendentes, chamam-se os
ascendentes, excluindo-se os colaterais. Não havendo descendentes nem ascendentes, chama-
se o cônjuge ou companheiro, isoladamente, excluindo-se os colaterais. Apenas se não houver
descendentes, ascendentes, cônjuge ou companheiro é que os colaterais são chamados.

Esse é o primeiro momento. O Código Civil, porém, elevou o cônjuge, que passou não só a
preceder os colaterais, mas também passou ele a concorrer com os descendentes e com os ascendentes.

Agora eu posso passar ao segundo momento. No segundo momento é necessário compreender como
ocorre a concorrência do cônjuge ou companheiro com os ascendentes e os descendentes. Assim, ainda de
maneira rudimentar, posso refazer o quadro acima, dessa forma:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge, a depender do


regime de bens adotado

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge

III - ao cônjuge sobrevivente

IV - aos colaterais

Veja que em relação ao inc. I do art. 1.829 do Código Civil a questão ainda não se encerra. O dispositivo
prevê a concorrência do cônjuge ou companheiro com os demais descendentes, mas submete essa
concorrência à análise do regime de bens. E é aí que começam os erros.

Explico. Direito de Família, de um lado; Direito das Sucessões do outro. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é
outra coisa. A questão da meação releva ao Direito de Família. Se o cônjuge ou companheiro têm direito à

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meação depende da análise dos dispositivos do Direito de Família; o Direito das Sucessões é irrelevante nesse
aspecto. Explico.

Um casal, casado sob o regime da comunhão universal de bens, tem um patrimônio de 100. Ele morre.
Quanto herda a mulher? 50. Errado! Ela não herda nada. Como assim!? Precisamente, ela tem MEAÇÃO de
50, não direito hereditário. A discussão sucessória reside nos 50 que são do falecido. Os outros 50 não são
tecnicamente dele, mas da mulher. A mulher tem a meação de 50, ou seja, ela já tem 50. O Direito das
Sucessões objetiva responder o fazer com os outros 50, que pertenciam ao falecido.

Sempre que eu analiso as regras sucessórias e as aplico ao falecido que convivia


maritalmente com alguém, cônjuge ou companheiro, eu primeiro preciso estabelecer se
ele tem meação ou não. Excluída a meação é que o Direito das Sucessões começa a incidir.

Como assim, professor? Explico. Um casal, casado sob o regime da comunhão universal
de bens, tem um patrimônio de 100. Ele morre. Quanto herda a mulher? 50, claro.

ERRADO!

ELA NÃO HERDA NADA!

Como assim!? Precisamente, ela tem MEAÇÃO de 50, não direito hereditário.

Quando haverá meação? Depende do regime de bens. Em resumo, o cônjuge ou


companheiro sobrevivo terá direito à meação no regime da comunhão universal de bens,
comunhão parcial de bens e no regime da participação final nos aquestos; não terá direito
a meação no regime da separação voluntária de bens e no regime da separação legal ou
obrigatória de bens.

Dessa forma, um casal com 100, no regime da comunhão universal de bens, 50 é meação e 50 é direito
sucessório (são esses 50 que me importam); no regime da separação obrigatória de bens, 0 é meação e 100
é direito sucessório (são esses 100 que me importam); e etc.

Feitas essas considerações e chamada sua atenção sobre esses detalhes, é hora de detalhar o segundo e o
terceiro momentos. Vou tratar da sucessão na ordem do art. 1.829 do Código Civil, tratando de cada classe.

2 – Sucessão do companheiro e do cônjuge

A) Em concorrência com os descendentes

Havia grande discussão em relação às diferenças na sucessão do cônjuge (casado) e do companheiro (união
estável). O STF, no entanto, colocou pá de cal nessas discussões, de maneira acertada, ao declarar
inconstitucional o art. 1.790 do CC/2002, no RE 878.694 e no RE 646.721, julgados em conjunto.

O STF fixou, no RE 878.694 e no RE 646.721, a seguinte tese, que acaba com a distinção:

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É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros


prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento
quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002.

Assim, a partir desse julgado, as regras de sucessão para cônjuges e companheiros tornaram-se idênticas,
a despeito de o artigo non grato continuar estampado no CC/2002.

A Corte modulou os efeitos dessa decisão de modo a evitar mais transtornos: a decisão “deve ser aplicada
apenas aos processos judiciais em que ainda não tenha havido o trânsito em julgado da sentença de partilha,
assim como às partilhas extrajudiciais em que ainda não tenha sido lavrada escritura pública”. Com isso, a
Corte evitou a violação à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito, respectivamente.

Vale lembrar que as regras sucessórias, tanto do cônjuge, quanto do companheiro, dependem do regime
de bens do casamento e da união estável, respectivamente. De novo, não se esqueça de que a meação nada
tem a ver com a herança. O cônjuge ou o companheiro sobrevivente têm direito à meação na forma das
regras de Direito de Família.

Primeiro, somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge ou companheiro


sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam eles separados de fato há
mais de dois anos. A exceção fica por conta da prova de que essa convivência se tornara
impossível sem culpa do sobrevivente (art. 1.830).

Superado o ponto, vou iniciar a sucessão do convivente. A partir daqui, usarei o termo
“convivente”, em substituição à expressão “cônjuge ou companheiro”, para facilitar. Além disso, também
passarei a usar o termo “união”, em substituição à expressão “casamento ou união estável”, para facilitar.

Leia o dispositivo que rege a sucessão do convivente em concorrência com os descendentes:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:


I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime
da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime
da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares.

Pois bem, pela previsão do art. 1.829, inc. I, os descendentes e o convivente compõem a primeira classe de
herdeiros. Quanto aos descendentes, sempre serão herdeiros de primeira classe, mas o convivente será
herdeiro de primeira classe a depender do regime de bens. Quando ele será e quando não será?

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Cônjuge ou companheiro NÃO


Cônjuge ou companheiro herda em
herda em concorrência no regime
concorrência no regime da
da

Comunhão parcial de bens, Comunhão parcial de bens,


havendo SIM bens NÃO havendo bens
particulares do falecido particulares do falecido

Separação convencional de Separação obrigatória de


bens bens

Participação final nos Comunhão universal de


aquestos bens

Para facilitar, vou estabelecer de maneira didática o quadro abaixo que detalha as situações nas quais o
convivente é ou não meeiro e quando ele é ou não herdeiro, em concorrência com os descendentes
(ignoro, novamente a Súmula 377 do STF):

REGIME DE BENS É MEEIRO? É HERDEIRO?


Comunhão universal de bens SIM NÃO
Comunhão parcial de bens, havendo SIM bens particulares do
SIM SIM
falecido
Comunhão parcial de bens, NÃO havendo bens particulares do
SIM NÃO
falecido
Separação obrigatória de bens NÃO NÃO
Separação voluntária de bens NÃO SIM
Participação final nos aquestos SIM SIM

Veja que no regime da comunhão parcial de bens (havendo bens particulares do falecido) e no
regime da participação final nos aquestos, o convivente é meeiro e herdeiro, ao mesmo tempo.
No regime da separação obrigatória de bens, o convivente não é meeiro e também não herda.
Já no regime da comunhão universal de bens e no regime da comunhão parcial de bens (não
havendo bens particulares do falecido), o convivente é meeiro, mas não é herdeiro. Por fim, no
no regime da separação voluntária de bens, o convivente é herdeiro, mas não meeiro. Ou seja,
não há como responder a priori se há ou não sobreposição entre meação e herança nos diferentes regimes
de bens.

Vou, agora, analisar em detalhe essas situações. Vou deixar o principal regime para o final, porque ele é o
mais complexo, o regime da comunhão parcial de bens. Inicio com o regime da comunhão universal de bens.

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Se há comunhão universal de bens, comunicam-se todos os bens e o sobrevivente tem direito


à meação de todos os bens (salvo as exceções legais), independentemente de serem bens
adquiridos antes da união (bens particulares) ou depois (bens comuns). Isso porque, nesse
regime, não há distinção entre patrimônio particular e patrimônio comum; há apenas um
patrimônio. Por isso, o sobrevivente nada herda, já que não há como herdar um bem que é
seu mesmo, apenas tem direito à meação.

Agora, quanto ao regime da separação de bens. Primeiro, necessário distinguir a separação obrigatória de
bens da separação convencional de bens, porque os regimes trazem soluções diversas.

Segundo a Súmula 377 do STF, no regime de separação LEGAL de bens, os bens adquiridos na constância
da união se comunicam. O entendimento que se firmou é que essa comunicação ocorre apenas se houver
esforço comum. Assim, apesar de o regime ser de separação, há bens que se comunicam.

Além disso, a Súmula e o entendimento do STJ afiançam que a comunicação ocorre apenas no regime da
separação obrigatória de bens, pelo que no regime da separação convencional de bens não há comunicação
alguma. De qualquer forma, não se fala em meação propriamente dita, tecnicamente falando.

Dessa forma, no regime da separação obrigatória de bens e no regime da separação


convencional de bens não há meação. No regime da separação obrigatória de bens, além de
não haver meação não há também herança, mas no regime da separação convencional de
bens, apesar de não haver meação, há herança.

Por fim, quanto ao regime da comunhão parcial de bens, se apresentaram variadas correntes
doutrinárias a apontar soluções diferentes nas diferentes possibilidades. Cada um diz uma coisa.

Eu vou sintetizar cada uma das correntes e mostrar como elas funcionariam a partir do seguinte caso: o
falecido deixou 200 de patrimônio partilhável, 100 de meação dos bens comuns (os outros 100 são da
meação do sobrevivente) e mais 100 de bens particulares. Vamos lá!

Primeira Corrente

• Enunciado 270 da III Jornada de Direito Civil: "O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge
sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes do autor da herança
quando casados no regime da separação convencional de bens ou, se casados nos
regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestos, o falecido possuísse
bens particulares, hipóteses em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os
bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes"

Segundo essa corrente, os 100 da meação do falecido seriam destinados exclusivamente aos descendentes.
Já os 100 dos bens particulares seriam divididos, por direito hereditário, entre o cônjuge e os descendentes.

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Essa era a corrente majoritária no STJ até a chegada da Quarta Corrente. Ela perdeu espaço,
mas, numa reviravolta, se tornou a corrente majoritária novamente. Atualmente, essa é a
corrente que você deve considerar: “no regime da comunhão parcial de bens, havendo bens
particulares do falecido, o sobrevivo herda, em concorrência com os descendentes, uma
parcela desses bens, mas não herda dos bens comuns, partilhados exclusivamente entre os
descendentes”.

Segunda Corrente

• Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os
herdeiros. Como a herança é um todo indivisível, ao se deferir as cotas aos herdeiros,
divide-se igualmente, não havendo que se falar em bens particulares ou bens comuns.
Assim, o sobrevivente herdará, em concorrência com os descendentes, igualmente,
tantos os bens particulares quanto os bens comuns, dado o todo patrimonial verificado
com a morte

Essa é uma corrente que pretende maximizar a posição do cônjuge como herdeiro, na esteira do raciocínio
de uma pretensa mens legis. Assim, no exemplo que estou utilizando, o cônjuge herda uma parcela da
meação de 100 e uma parcela dos bens particulares, também de 100.

Terceira Corrente

• Art. 1.829, inc. I: A sucessão legítima defere-se aos descendentes, em concorrência com
o cônjuge sobrevivente, se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não
houver deixado bens particulares

A terceira corrente inverte os raciocínios anteriores. Segundo ela, o “ponto e vírgula” que está no art.
1.829, inc. I, deveria gerar leitura diversa do dispositivo. O cônjuge herda, em regra, e o inciso coloca as
exceções na sequência (“salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da
separação obrigatória de bens”). Depois, o inciso volta à regra geral. O cônjuge herda, “se, no regime da
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares”. Ou seja, se o falecido não
deixou bens particulares, mas apenas bens comuns, o cônjuge herda.

Quarta Corrente

• Equiparação prática entre a união estável e o casamento (ambos vistos pelo regime da
comunhão parcial de bens)
• Leitura sistemática e conjunta do art. 1.829, inc. I, e do art. 1.790 (reputado
inconstitucional pelo STF)

A quarta corrente se fixou no julgamento REsp 1.117.563/SP, julgado no fim de 2009, no voto da Min.
Nancy Andrighi. O objetivo dessa corrente foi de manter, o quanto possível, a vontade matrimonial do

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falecido na sucessão. Em outras palavras, o que se quer é que o regime de bens estabelecido no matrimônio
seja respeitado na morte, e não simplesmente ignorado pelas regras sucessórias.

Esse era a corrente em voga no STJ, e que parecia ser a que venceria, pois passou a
pautar as decisões subsequentes àquela decisão citada. No entanto, o STJ (REsp
1.368.123) deu novo giro e passou a adotar novamente a Primeira Corrente! É a Primeira
Corrente, estampada no Enunciado 270 do CJF, que você deve levar em conta: “no
regime da comunhão parcial de bens, havendo bens particulares do falecido, o
sobrevivo herda, em concorrência com os descendentes, uma parcela desses bens, mas
não herda dos bens comuns, partilhados exclusivamente entre os descendentes”.

Pois bem. Superado o ponto, o convivente sobrevivo herda, seja no regime da comunhão parcial de bens,
havendo bens particulares do falecido, seja no regime da separação voluntária de bens, seja no regime da
participação final nos aquestos. Ele concorre com os descendentes. Como?

Essa concorrência é em igualdade (art. 1.832), ou seja, é como se o cônjuge fosse também um descendente.
Volto ao exemplo dado. Imagine que os conviventes possuíam bens particulares antes de se unirem, cada
um deles com 100. Eles adquiriram onerosamente, durante a constância da união, um patrimônio de 200.
Ao final, têm patrimônio de 400, sendo 200 de bens comuns e 200 de bens particulares de cada um.

Assim, o sobrevivo tem 100 de patrimônio particular e 100 de meação. Os 100 da meação pertencem apenas
aos descendentes, sendo que o sobrevivo participa da herança dos 100 de patrimônio particular do falecido.

Se o falecido tinha um filho, o filho recebe os 100 da meação e mais 50 dos bens particulares do pai. O
cônjuge fica com os outros 50 dos bens particulares (“como se o cônjuge fosse também um descendente”).
O sobrevivo, ao final, fica com 250 (100 de bens particulares, 100 da meação e 50 da herança sobre os bens
particulares do falecido).

Se o falecido tinha dois filhos, os filhos recebem os 100 da meação e mais 66 dos bens particulares do pai.
Os dois filhos dividirão os 166, ou seja, 83 para cada um. Por sua vez, o cônjuge fica com os outros 33 dos
bens particulares (“como se o cônjuge fosse também um descendente”). O sobrevivo, ao final, fica com 233
(100 de bens particulares, 100 da meação e 33 da herança sobre os bens particulares do falecido).

Até aqui, é irrelevante se os filhos são comuns ou não, ou seja, se os descendentes do falecido são também
descendentes do sobrevivo ou se são descendentes de outrem. A partir da existência de um quarto filho,
isso passa a fazer diferença (sim, a quantidade de regras é ridiculamente grande).

Imagine que o falecido tinha quatro filhos. Esses quatro filhos são filhos também do convivente sobrevivo
(filhos do pai morto e da mãe sobreviva). No caso de o convivente ser também ascendente desses
descendentes, faz jus a quinhão igual ao deles, mas sua quota não pode ser inferior à quarta parte da
herança, segundo o art. 1.832.

Assim, os quatro filhos recebem os 100 da meação e mais 75 dos bens particulares do pai. Os quatro filhos
dividirão os 175, ou seja, 43,75 para cada um. Por sua vez, o cônjuge fica com os outros 25 dos bens
particulares (“como se o cônjuge fosse também um descendente”, respeita a quarta parte da herança

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minimamente). O sobrevivo, ao final, fica com 225 (100 de bens particulares, 100 da meação e 25 da herança
sobre os bens particulares do falecido).

Agora, imagine que o falecido tinha quatro filhos, mas esses quatro filhos NÃO são filhos também do
convivente sobrevivo (filhos do pai morto, mas de outra mãe). Assim, os quatro filhos recebem os 100 da
meação e mais 80 dos bens particulares do pai. Os quatro filhos dividirão os 180, ou seja, 45 para cada um.
Por sua vez, o cônjuge fica com os outros 20 dos bens particulares (“como se o cônjuge fosse também um
descendente”, sem respeitar a quarta parte da herança). O sobrevivo, ao final, fica com 220 (100 de bens
particulares, 100 da meação e 20 da herança sobre os bens particulares do falecido).

Sim, eu sei no que você está pensando. “E se o convivente for ascendente de alguns dos descendentes do
falecido, mas não de todos, como faz?” A sucessão híbrida encontra controvérsia doutrinária. Segundo o
Enunciado 527 da V Jornada de Direito Civil, na concorrência entre o convivente e os herdeiros do falecido,
não será reservada a quarta parte da herança para o sobrevivente no caso de filiação híbrida.

B) Em concorrência com os ascendentes

Em falta de descendentes, são chamados à herança os ascendentes. Os ascendentes compõem a segunda


classe hereditária. Aqui, convivente e ascendentes são considerados herdeiros de segunda classe.

A concorrência do convivente com os ascendentes é, felizmente, muito mais simples do que a concorrência
com os descendentes. Em quais regimes de bens o convivente é herdeiro e em quais não? Veja o art. 1.829,
inc. II:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:


II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

Reparou? Em quais regimes ele herda? Em todos! Como assim, em todos? Em qual regime
de bens o convivente NÃO herda? NENHUM; ele é herdeiro SEMPRE! O quadro hereditário
que resume a meação e a herança do convivente sobrevivente tem de ser revisto, portanto,
quando se trata de concorrência com os ascendentes. Ele pode ser assim estabelecido:

Regime de bens É meeiro? É herdeiro?


Comunhão universal de bens SIM SIM
Comunhão parcial de bens, havendo SIM bens
SIM SIM
particulares do falecido
Comunhão parcial de bens, NÃO havendo bens
SIM SIM
particulares do falecido
Separação obrigatória de bens NÃO SIM
Separação voluntária de bens NÃO SIM
Participação final nos aquestos SIM SIM

Assim, no regime da comunhão universal de bens, no regime da comunhão parcial de bens, havendo bens
particulares do falecido, no regime da comunhão parcial de bens, não havendo bens particulares do
falecido e no regime da participação final nos aquestos, o sobrevivo tem direito à meação e à herança. No

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regime da separação obrigatória de bens e no regime da separação voluntária de bens, apesar de não ter
direito à meação, o sobrevivo tem direito à herança.

Mas, como será dividida essa herança? Depende de quem são os ascendentes.

Se forem os pais, ascendentes em primeiro grau, ao convivente tocará 33% da herança. Assim,
se o convívio era sob o regime de comunhão lato sensu de bens, o sobrevivo tem 50 de
meação, mais 16 de herança (66, no total). O pai receberá 16 e a mãe outros 16 da herança
do filho falecido. Se o convívio era sob o regime da separação lato sensu de bens, o sobrevivo
não tem meação, mas recebe 33 de herança. O pai receberá 33 e a mãe outros 33 da herança do filho
falecido.

Se ambos os pais estiverem mortos, havendo ascendente de grau maior (os pais do falecido já tinham
morrido, mas ainda havia os avôs maternos), cabe ao convivente 50% da herança (art. 1.837).

Aqui, de novo, a imaginação vai longe. Posso dar milhares de exemplos, mas possivelmente eles mais vão de
confundir do que ajudar, porque, na prática, isso aqui pode ficar realmente complexo. Vou abrir uma nota
de rodapé com um caso comum, apenas para que você veja até onde as coisas podem ir. Antecipo, de
antemão, que as provas não costumam trazer casos concretos complexos, porque a questão seria grande
demais. 3

C) Isoladamente, sem concorrência

Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao convivente sobrevivente,
conforme regra do art. 1.838. Aqui, fala-se na terceira classe hereditária. Novamente, há alguma restrição a
depender do regime de bens adotado? Não.

Assim, no regime da comunhão universal de bens, no regime da comunhão parcial de bens, havendo bens
particulares do falecido, no regime da comunhão parcial de bens, não havendo bens particulares do
falecido, no regime da participação final nos aquestos, no regime da separação obrigatória de bens e no
regime da separação voluntária de bens, apesar de não ter direito à meação, o sobrevivo tem direito à
herança na integralidade.

Na prática, o sobrevivo ficará com 100% do patrimônio, pelo que não faz diferença alguma se a origem da
transmissão é de Direito de Família ou de Direito das Sucessões. No entanto, isso é relevante em outros

3
Se o falecido tinha 100 de patrimônio, no regime da separação obrigatória de bens e no regime da separação voluntária de bens,
o sobrevivo tem direito a herdar esses 100, em concorrência com os ascendentes. Já nos demais regimes, se o falecido tinha 100
de patrimônio, o sobrevivo tem 50 de sua meação, mais o direito a herdar parte dos outros 50, em concorrência com os
ascendentes.
Reparou como em concorrência com os ascendentes o sobrevivo tem uma vantagem enorme? Mas, como será dividida essa
herança? Depende de quem são os ascendentes.
Se forem os pais, ascendentes em primeiro grau, ao convivente tocará 33% da herança. Assim, no exemplo acima, se o convívio
era sob o regime de comunhão lato sensu de bens, o sobrevivo tem 50 de meação, mais 16 de herança (66, no total). O pai receberá
16 e a mãe outros 16 da herança do filho falecido. Se o convívio era sob o regime da separação lato sensu de bens, o sobrevivo
não tem meação, mas recebe 33 de herança. O pai receberá 33 e a mãe outros 33 da herança do filho falecido.

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aspectos, e volto à teoria do fato jurídico, já que a morte é suporte fático não para algumas normas, mas o
é para outras.

Assim, o sobrevivo casado no regime da separação lato sensu de bens, se for considerado indigno por decisão
judicial, perderá todo o patrimônio do falecido. Se o sobrevivo for casado no regime da comunhão lato sensu
de bens, e for considerado indigno por decisão judicial, perderá os direitos hereditários, mas continua ter
sua meação. Faz muita diferença.

De qualquer forma, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado ao sobrevivente o direito real de
habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela
natureza a inventariar, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, segundo o art. 1.831. De
acordo com o STJ (REsp 1.329.993), apesar de a norma tratar apenas do cônjuge, o direito é também
extensível ao companheiro.

Veja-se que o dispositivo legal não menciona qualquer outro requisito para que o direito real de habitação
seja deferido ao cônjuge sobrevivente. Por isso, mesmo que o sobrevivo contraia novas núpcias ou
mantenha relação estável (ou mesmo concubinatos plurais), o direito real não é passível de ineficácia.

3 – Sucessão dos descendentes

Superada a complexa sucessão do convivente, em concorrência ou isoladamente, está na hora de retornar à


ordem da vocação hereditária mais tradicional. A partir daqui, é irrelevante se o falecido tinha ou não
convivente. A sucessão deste já foi outrora solucionada. Agora é hora de saber como os descendentes
herdarão.

Dentro de cada classe, se houver um herdeiro mais próximo ele exclui os mais
remotos, prevê o art. 1.833 do Código Civil. Assim, se seu avô falece, sem convivente,
deixando dois filhos – um deles seu pai –, você e seus primos, netos do falecido, ficam
excluídos da sucessão. Apenas se seu pai e seu tio estivessem já mortos, herdam os
netos.

Os netos, você e seus primos, por sua vez, excluiriam os bisnetos. Ou seja, em cada classe, a herança
permanecerá na mesma linha (filhos, netos, bisnetos etc.). Os herdeiros da mesma classe herdam por direito
próprio e por cabeça.

O que isso significa? Significa que os filhos do falecido herdam precisamente porque são filhos (herança
por direito próprio). Significa que se são cinco filhos, divide-se a herança em cinco, contando-se cada
cabeça (herança por cabeça).

Porém, no exemplo acima, imagine que seu pai já faleceu, antes de ter morrido seu avô. Seu tio continua
vivo, mas não seu pai, pré-morto. Nesse caso, você e seu irmão, netos do falecido avô,
descendentes do descendente falecido, são chamados à sucessão. Nesse caso, os netos do
falecido, você e seu irmão, têm os mesmos direitos à sucessão de seu pai (art. 1.834 do Código
Civil).

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A isso se dá o chamado direito de representação, que nada mais é do que a situação em que a lei chama
certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse (art. 1.851
do Código Civil).

Assim, no exemplo acima, se seu avô falece e deixa 100, seu tio herdará 50 e você e seu irmão os outros 50,
pelo que cada um receberá 25. É a regra do art. 1.854 do Código Civil, que estabelece que os representantes
só podem herdar, como tais, o que herdaria o representado, se fosse vivo, repartindo-se o quinhão do
representado por igual entre os representantes (art. 1.855 do Código Civil).

Daí o nome representação. É como se os netos fossem representantes no pai na sucessão do avô. Se
representam o pai, herdam como se fossem o pai. Por isso, os netos, que estão na linha descendente, mas
em grau diferente em relação ao filho do falecido (tio deles), herdam por representação
e por estirpe (art. 1.835 do Código Civil).

Veja que, diferentemente do seu tio, filho do falecido avô, que herda por direito próprio
(porque é filho do morto), você não herda por direito próprio. Você não herda porque
você é você, mas porque você é filho de seu pai. A herança, então, é por representação.

Igualmente, você não herda por cabeça, porque só se herda por cabeça quando todos os herdeiros estão na
mesma linha. Você está na mesma linha de seu tio? Não, quem estava na mesma linha era seu pai, pré-
morto. Por isso, você e seu irmão herdam não por cabeça, mas por estirpe.

Superado o ponto, hora de seguir adiante no tema. Na renúncia à herança, os sucessores do renunciante
não podem exigir qualquer direito hereditário. Se seu pai renunciasse à herança, você e seu irmão nada
herdariam, porque vocês nunca teriam tido direito sucessório (viventes non datur representatio).

No entanto, o renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra (art. 1.856).
Exemplifico. Seu pai morre, rico. Seu avô morre, igualmente rico, depois. Você tem duas heranças a aceitar,
a de seu pai, por direito próprio, e a de seu avô, por direito de representação.

Veja-se que se você renuncia à herança de seu pai, ela volta ao monte-mor e é partilhada entre os demais
herdeiros daquela classe. Se seu pai era casado e o convivente herda, a parte que você renunciou é dividida
entre o convivente e seu irmão. Veja que aqui você herda por direito próprio.

Agora, se você renuncia à herança de seu avô, o montante que você renuncia não vai para o monte-mor,
mas permanece na estirpe. Como são apenas você e seu irmão a herdar a herança de seu avô, em
representação, quando você renuncia seu irmão fica com o dinheiro todo. Veja que aqui você herda por
representação e, ao renunciar, o montante volta ao representando. Como o representado está morto,
buscam-se os demais herdeiros da classe.

Sim, eu sei no que você está pensando. Eu não disse antes, quando tratei da renúncia à herança, que “se
você renuncia à herança de seu pai, você não pode aceitar a herança de seu avô”. Como é que agora venho
eu dizendo que pode renunciar à herança do pai e aceitar a do avô?

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Você estaria certo se não tivesse perdido um detalhe. O momento em que as pessoas morrem é que dita o
direito sucessório e a ordem das coisas se altera profundamente. No caso do art. 1.809, parágrafo único (“Os
chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda
herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira”), primeiro seu avô morreu e depois seu pai morreu. Como
seu pai morreu sem dizer se aceitava ou não a herança de seu avô (mas poderia ter dito), a solução é esta:
você só pode aceitar a herança de seu avô se aceitar a de seu pai; renunciando à herança de seu pai, renuncia
automaticamente a de seu avô (porque o poder de aceitar a herança de seu avô estava contido na herança
de seu pai, que você renunciou).

No caso do art. 1.856 (“O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na
sucessão de outra.”), primeiro seu pai morreu e depois seu avô morreu. Como seu pai morreu
sem dizer se aceitava ou não a herança de seu avô (e não poderia ter dito, porque estava
morto), a solução é esta: você pode aceitar a herança, aceitando ou renunciando a de seu pai
(porque o poder de aceitar a herança de seu avô NÃO estava contido na herança de sei pai,
quando ele morreu, já que o avô ainda estava vivo).

No caso do art. 1.809, parágrafo único, você herda por direito de transmissão, ao passo que no caso do art.
1.856 você herda por direito de representação. Orlando Gomes distingue o direito de transmissão – quando
se substitui o herdeiro pertencente à classe chamada à sucessão depois de sua abertura – do direito de
representação – quando se toma o lugar do herdeiro pertencente à classe chamada à sucessão no
momento de sua abertura – de maneira bastante simples, facilitando a compreensão.

A deserdação ou declaração de indignidade de seu pai não se equipara com a renúncia,


lembre-se. Em caso de deserdação ou declaração de indignidade considera-se que seu pai é
pré-morto, pelo que você e seu irmão herdam. Os herdeiros do herdeiro indigno herdam,
por estirpe e representação, determina o art. 1.816 (exceção à regra viventes non datur
representatio).

Se você atentar, o art. 1.835 prevê que na linha descendente, os outros descendentes herdam, por cabeça
ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

Eu falei da herança por estirpe, em caso de representação. É o caso seu e de seu irmão que recebem os 50
de seu pai pré-morto, sendo 25 para cada um.

Agora, quando você e seu irmão herdariam por cabeça a herança de seu avô? Quando todos os herdeiros de
seu avô estivessem no mesmo grau. Quando isso aconteceria? Posso mostrar dois exemplos.

Primeiro, seu tio e seu pai são pré-mortos. Como vocês são os únicos herdeiros, e são todos do mesmo grau
(não há ascendentes vivos), ao invés de herdarem por estirpe, passam a herdar por cabeça. Por isso, nesse
caso, cada um dos cinco netos herdará 20, não havendo distinção.

O segundo exemplo é bem semelhante. Seu pai é pré-morto. Você e seu irmão herdam 25 cada um, e seu
tio os outros 50. No entanto, se seu tio renuncia à herança. Seus primos representam ele? Não, porque não
existe representação de renunciante. O montante dele volta ao monte-mor. E, como todos são netos do
falecido, no mesmo grau, passam a herdar, cada um 20.

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Ou seja, a renúncia de seu tio faz você perder, automaticamente, 5. Imagine que você é filho único (e herda,
consequentemente, 50, representando seu pai). Agora, seu tio, que tem nove filhos, renuncia à herança de
seu avô. Você e seus nove primos passam a ser os únicos herdeiros de seu avô. Como estão todos no mesmo
grau, divide-se a herança igualmente, e você passa a herdar apenas 10.

Ademais, lembre-se que, de acordo com o art. 1.832 do Código Civil, se os descendentes concorrerem com
o convivente, deve-se respeitar a quarta parte da herança a ele, caso seja herdeiro, e caso seja ascendente
dos herdeiros com que concorrer. Dou um exemplo, para mostrar como a situação não é das mais simples.

Seu avô, casado no regime da separação convencional de bens, falece, deixando 100. Sua avó tem direito à
meação? Não. Portanto, a herança é 100. Ela tem direito à herança? Sim. De acordo com o art. 1.832, ela
tem direito a quinhão igual, preservando-se a quarta parte.

Como é ela é mãe de seu pai e de seus quatro tios, fica ela com 25 e os filhos com os outros 75. Serão 15
para seu pai e 15 para cada um dos tios. Sendo seu pai pré-morto, ficam 7,5 para você e seu irmão. Se seu
irmão renunciar à herança, os 7,5 dele são ficam com você, que herda 15. Se seu tio renunciar à herança, os
15 dele voltam para o monte-mor e são divididos entre os quatro irmãos (seu pai e os outros três tios).

Entra aqui, ainda, a polêmica da sucessão no caso de multiparentalidade. Imagine que você tenha três pais,
seja porque um deles é genitor socioafetivo, seja porque se registrou sua filiação tripla em razão de
convivência de um trisal que adotou você. Você será chamado a herdar três quinhões diferentes?

Aparentemente, sim. Não há qualquer restrição a isso, a meu ver. No mesmo sentido vai o Enunciado 632 da
VIII Jornada de Direito Civil ao asseverar que nos casos de reconhecimento de multiparentalidade paterna
ou materna, o filho terá direito à participação na herança de todos os ascendentes reconhecidos. O STJ (REsp
1.618.230), por sua vez, também reconhece que há repercussão patrimonial da multiparentalidade na
sucessão, ainda que não tenha definido maiores contornos a respeito.

4 – Sucessão dos ascendentes

Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes (art. 1.836). Porém, de


acordo com o §1º, não existe direito de representação entre os ascendentes, pelo que o
ascendente de grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas.

Se você morre, sem descendentes, toda a herança vai a seus pais. Se seu pai já faleceu, sua mãe
herda 100. Seus avós paternos recebem 0. Herdam os ascendentes por direito próprio sempre,
não havendo representação.

Se ambos os pais morreram, seus avós recebem, dividindo-se a herança em duas linhas, uma materna e outra
paterna (§2º). Se sua avó materna morreu, seu avô materno recebe 50, sua avó paterna recebe 25 e seu avô
paterno outros 25. Porém, se tanto sua avó materna quanto seu avô materno já morreram, seus avós
paternos recebem 100, sendo 50 para cada.

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Lembre que, em concorrência com os ascendentes, o convivente herda sempre, sendo


irrelevante o regime de bens. Como se dividirá essa herança? Depende de quem são os
ascendentes.

Se forem os pais, ascendentes em primeiro grau, ao convivente tocará 33 da herança da


herança de 100, sendo que 33 ficam com o pai e os outros 33 com a mãe. Sendo apenas um
dos pais vivo, um ascendente de primeiro grau vivo (o pai do falecido já estava morto, por exemplo), ao
convivente tocará 50 da herança e à mãe os outros 50 (os avós paternos nada recebem, porque inexiste
direito de representação na linha ascendente).

Se ambos os pais estiverem mortos, havendo ascendente de grau maior (os pais do falecido já tinham
morrido, mas ainda havia avôs), cabe ao convivente 50 da herança. Os outros 50 se dividem entre os avôs,
conforme o caso.

Se os quatro avôs estão vivos, cada um recebe 12,5. Se a avó paterna faleceu, o avô paterno recebe 25, a
avó materna 12,5, o avô paterno 12,5 e o convivente 50. Se o avô materno faleceu, o avô paterno recebe 25,
o avô paterno 25 e o convivente 50.

5 – Sucessão dos colaterais

Apenas se não houver descendente ou ascendente em linha reta ou convivente sobrevivo,


serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau (art. 1.839). Chamam-se, assim, os
irmãos (colaterais em segundo grau), tios (colaterais em terceiro grau), primos (colaterais em
quarto grau) e tios-avôs (colaterais em quarto grau) e sobrinhos-netos (colaterais em quarto
grau).

Tal qual anteriormente, na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o
direito de representação concedido aos sobrinhos (art. 1.840).

Assim, você morre, sem ascendentes (pais, avós), descendentes (filhos, netos) ou convivente
(cônjuge/companheiro), meu irmão único herda a integralidade dos meus bens, 100. Se você tem dois
irmãos, cada um deles herda 50.

Se tem dois irmãos, mas um deles morrera antes de você (pré-morto), seu irmão vivo herda 50 e os seus dois
sobrinhos herdam 25 cada, por estirpe e representação (art. 1.843). Agora, se você morre, seus dois irmãos
estavam já mortos (pré-mortos), e você tem dois sobrinhos, filhos de um irmão, e mais um sobrinho, filho
de outro irmão, eles herdam por cabeça recebem por cabeça, e não por estirpe (art. 1.843, §1º).

Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, os irmãos


unilaterais herdarão metade do que cada bilateral herdar (art. 1.841). Irmãos bilaterais são
filhos do mesmo pai e mãe (irmãos germanos), ao passo que os irmãos unilaterais são filhos
apenas do mesmo pai (irmãos consanguíneos) ou apenas da mesma mãe (irmãos uterinos),
os chamados “meios-irmãos”.

A rigor, a conta é simples. Se você tem um irmão bilateral e um irmão unilateral, este fica com 33 e aquele
com 66, quando de sua morte. Se você tem dois irmãos bilaterais e um irmão unilateral, os bilaterais ficam

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com 40 cada e o unilateral com 20. Se tem dois irmãos bilaterais e dois irmãos unilaterais, os bilaterais 33,3
cada e os unilaterais 16,6 cada.

Se todos os seus irmãos forem unilaterais, ou seja, não há irmão bilateral, herdarão os irmãos unilaterais em
partes iguais (art. 1.842). A regra é óbvia, claro. A mesma regra vale para sobrinhos de irmãos pré-mortos.
Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade
do que herdar cada um daqueles (art. 1.843, §2º).

Por consequência, se todos forem filhos de irmãos bilaterais, herdarão por igual; se todos forem filhos de
irmãos unilaterais, herdarão por igual (§3º). Assim, se você tem um irmão bilateral e um “meio-irmão”, ao
morrer, o irmão bilateral herda 66 e o “meio-irmão”, 33.

Se ambos já estavam mortos, e o irmão tinha um filho e o “meio-irmão” dois filhos, o meu sobrinho, filho do
irmão bilateral, receberá 50 (correspondente ao dobro do que cada sobrinho unilateral receberá) e os outros
dois sobrinhos, filhos do “meio-irmão”, receberão 25 cada um (metade do que cada sobrinho unilateral
receberá).

Cuidado porque a conta não é simplesmente pegar a “parte” de cada irmão e dividir entre os filhos (nessa
conta, o sobrinho bilateral ficaria com 66 e os sobrinhos unilaterais ficariam com 16,5, representando o pai,
meu irmão unilateral). Lembre-se que os sobrinhos herdam, quando são os únicos herdeiros daquele grau,
por representação e por cabeça (art. 1.843, §1º), e não por estirpe.

Se você não tem irmãos, mas tem sobrinhos e tios, há uma igualdade de graus, já que os sobrinhos e os
tios são ambos colaterais de terceiro grau. Nesse caso, a preferência é dos sobrinhos, em detrimento dos
tios (art. 1.843).

Se não houver irmãos ou sobrinhos, mas dois tios, herdam eles 50 cada. Se não houver irmãos, sobrinhos ou
tios, passa-se ao quarto grau da colateralidade (os tios-avôs, os sobrinhos-netos e os primos).

Lembre-se que o direito de representação somente se dá em favor dos filhos de irmãos do falecido, na linha
transversal (art. 1.853). Assim, vivos sobrinhos e tios, sobrinhos ficam com 100 e tios com 0. Se há dois
sobrinhos, sendo um pré-morto, o vivo fica com 100 e os sobrinhos-netos com 0. Se há dois tios, sendo um
pré-morto, o vivo fica com 100 e os primos ficam com 0.

Se há três primos, sendo um pré-morto, os vivos ficam com 100 e os filhos desse primo ficam com 0. Se todos
os primos são pré-mortos, os filhos deles ficam com 0. Surpreso? Lembre que filhos de primos são “parentes”
de quinto grau, pelo que parentes não são. Haverá aí vacância de bens, que serão destinados ao Município,
ao Distrito Federal ou à União, conforme o caso (art. 1.844).

Mas, e se houver um primo e um tio-avô vivo? Ou um sobrinho-neto e um primo? São


todos eles parentes em quarto grau. O CC/2002 não trouxe regra alguma a respeito da
sucessão dos colaterais para além do terceiro grau. A doutrina, evidentemente, se divide.
A maioria, porém, de maneira bastante sóbria, estabelece que os colaterais de quarto
grau herdam sempre por direito próprio e por cabeça, de maneira igualitária.

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Capítulo II – Herdeiros necessários

A metade do patrimônio do falecido é indisponível. Ela pertence aos herdeiros necessários, e, assim,
constitui a chamada legítima (art. 1.846 do Código Civil). Ou seja, se Enzo tiver 100 de patrimônio, pode ele
apenas dispor com liberdade de 50, os outros 50 devem ser divididos, obrigatoriamente, conforme
estabelece a lei.

Professor, uma dúvida, se meu pai falece deixando patrimônio de 100 e dívidas de 500, eu tenho que pagar
400 aos credores? Não! Herdam-se dívidas até os limites do patrimônio recebido na herança.

Você deve estar se perguntando, certo professor, mas quem são os herdeiros
necessários? Segundo o art. 1.845 do Código Civil, são herdeiros necessários os
descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Para saber quem são eles, portanto, você
tem que se lembrar do parentesco: avós, bisavós, tataravós, netos, bisnetos,
tataranetos e o cônjuge.

Certo, entendi, mas e o companheiro? Com a declaração de inconstitucionalidade do


art. 1.790, o companheiro passou a gozar do mesmo status hereditário que o cônjuge (art. 1.829). A Corte
não se manifestou expressamente a respeito do assunto, mas me parece incontroverso que o companheiro
foi elevado à condição de herdeiro necessário, ou haveria uma contradição sistêmica sem precedentes.
Como alguém que goza de precedência sobre os colaterais não é herdeiro necessário? A resposta jamais
pode pressupor negação, obviamente, creio.

Por outro lado, os colaterais não são herdeiros necessários. São herdeiros, mas apenas facultativos. Lembra
quem são os colaterais? Irmãos, primos, tios, sobrinhos, sobrinhos-netos e tios-avôs.

Nesses casos, para excluir da sucessão os herdeiros colaterais basta que o testador disponha de seu
patrimônio sem os contemplar, segundo o art. 1.850. Faço um testamento deixando todos os meus bens a
meu cunhado, irmão de minha falecida esposa; quanto meu irmão herda? Nada.

Deixado o patrimônio aos herdeiros, sejam os necessários, sejam os testamentários, posso eu limitar o
patrimônio de algum jeito? Em regra, não. Porém, se houver justa causa, declarada no testamento, pode o
testador estabelecer cláusula de inalienabilidade (não pode transmitir, onerosa ou gratuitamente),
impenhorabilidade (insuscetível de penhora, como nos casos de impenhorabilidade presentes no CPC/2015)
e de incomunicabilidade (não entra na comunhão de bens do sucessor, independentemente do regime do
casamento) sobre os bens da legítima, na forma do art. 1.848.

Se o falecido insere cláusula de inalienabilidade, ela implica impenhorabilidade e


incomunicabilidade, automaticamente (art. 1.911). O inverso, contudo, não se verifica, pois,
se há apenas incomunicabilidade, o bem pode ser penhorado e alienado.

No entanto, mesmo com essas cláusulas, mediante autorização judicial e havendo justa causa,
podem ser alienados os bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que
ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros (art. 1.848, §2º, e art. 1.911, §2º). Mesmo assim, o testador não
pode estabelecer a conversão dos bens da legítima em outros de espécie diversa (art. 1.848, §1º).

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Capítulo III – Direito de representação

Tratei do direito de representação quando da ordem da vocação hereditária. Em resumo, prevê o art. 1.851
do Código Civil, se vê o direito de representação quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder
em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse (art. 1.851).

Segundo o art. 1.852 do Código Civil, o direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca
na ascendente. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos sobrinhos do
falecido, quando com irmãos deste concorrerem (art. 1.853 do Código Civil).

Título III – Sucessão testamentária

Capítulo I – Testamento em geral

Segundo Pontes de Miranda, o testamento é:

O ato pelo qual a vontade de um morto cria, transmite ou extingue direitos. Porque
“vontade de um morto cria” e não “vontade de um vivo, para depois da morte”? Quando
o testador quis, vivia. Os efeitos, sim, como serem dependentes da morte, somente
começam a partir dali. Tanto é certo que se trata de querer do vivo, que direitos há
(excepcionalíssimos, é certo), que podem partir do ato testamentário e serem realizados
desde esse momento. Digamos, pois, que o testamento é o ato pelo qual a vontade de
alguém se declara para o caso de morte, com eficácia de reconhecer, criar, transmitir ou
extinguir direitos.

Dentro da teoria do fato jurídico, o testamento é negócio jurídico unilateral, mortis causa, personalíssimo
e benéfico. Ou seja, a eficácia do testamento depende da aceitação da contraparte (por isso um negócio
jurídico), mas já é capaz de produzir efeitos na esfera jurídica de outrem desde já, pela regra da saisine (por
isso unilateral). Personalíssimo porque se proíbe qualquer tipo de representação no testamento. Benéfico
porque não há contraprestação ao morto.

O testador pode dispor, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua
morte (art. 1.857), desde que respeitada a legítima dos herdeiros necessários (§1º). Sem
herdeiros necessários, basta testar a totalidade patrimonial sem contemplar os herdeiros
facultativos (colaterais de segundo a quatro grau) para que sua exclusão seja visualizada.

É possível inserir, igualmente, disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda


que o testador somente a elas se tenha limitado (§2º). Ainda que o mais comum sejam as disposições
patrimoniais, o defunto pode regular como quer o funeral, reconhecer situações jurídicas,
confessar fatos, instituir bem de família (art. 1.711), estabelecer a destinação dos perfis de suas
redes sociais etc. Há quem defenda a possibilidade dos testamentos genéticos (permissão para
uso de material genético para reprodução post mortem).

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Além disso, o testamento é revogável a qualquer tempo (art. 1.858). Cuide, porém, porque apesar de as
disposições de cunho patrimonial serem plenamente revogáveis, algumas disposições que não possuem
natureza puramente patrimonial podem não o ser. Exemplo é o reconhecimento de filho, que inadmite
revogação, como esclarece Venosa.

Decai em 5 anos o direito de impugnar a validade do testamento e de suas cláusulas, contado


o prazo da data do seu registro (art. 1.859), seja qual for o argumento para a invalidação.
Cuidado, porém, porque o registro referido pelo art. 1.859 não é o registro notarial (ou
administrativo, junto à Central de Testamentos, como ocorre em certos Estados), como se exige
no testamento público ou cerrado. Até porque, em se tratando de testamento particular
registro notarial não há. O referido registro é o judicial, processual, ocorrido quando da
abertura em Juízo do testamento.

Assim, mesmo o testamento inválido se convalida após 5 anos de seu registro (judicial, friso), contrariando
a regra geral do art. 169, que determina a incaducabilidade do ato nulo e a impossibilidade de sua
convalidação com o mero decurso do tempo. Porém, se o testamento for inexistente, não se aplica esse
prazo, podendo-se declarar a inexistência do testamento a qualquer tempo. Isso ocorre, por exemplo, na
situação de inexistência de vontade, como num caso em que a assinatura do testador é falsificada.

Ademais, por expressa – e perplexa – previsão legal, nos casos de erro, dolo ou coação, que são vícios que
tornam o ato anulável (art. 1.909), o prazo para anular a disposição específica ou o testamento todo será
de 4 anos, contados da ciência do vício (art. 1.909, parágrafo único). Boa parte da doutrina entende que
esse prazo deveria ser contado igualmente da data do registro, já que praticamente impossível saber quando
a pessoa tomaria conhecimento do vício; não obstante, a literalidade do artigo estabelece a contagem do
prazo dessa estranha forma.

A doutrina majoritária entende que o art. 1.859, ao falar que validade, fala de nulidade e anulabilidade,
ao passo que o art. 1.909 trata apenas de situações específicas de anulabilidade (erro, dolo ou coação). Ao
que me parece, porém, de modo a dar tratamento sistemático às normas, o art. 1.859 deveria abranger
apenas as anulabilidades, exceto as anulabilidades do art. 1.909. Quanto às nulidades, deveria ser mantida
a sistemática do CC/2002 de que elas são incaducáveis, não se submetendo ao prazo quinquenal de
convalidação.

Por fim, a ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não teriam
sido determinadas pelo testador, consoante regra expressa do art. 1.910. A ineficácia de uma disposição
contamina as demais que dela derivam, em exceção ao princípio da conservação (utile per inutile non
vitiatur).

Capítulo II – Capacidade para testar

Exige-se que o testador tenha, no mínimo, 16 anos (art. 1.860, parágrafo único) e livre
discernimento, no ato de testar (art. 1.860, caput). Assim, menores púberes podem
testar, sem assistência.

A incapacitação posterior do testador não invalida o testamento, nem o testamento do


incapaz se valida com a superveniência da capacidade (art. 1.861).

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Além disso, nos casos de erro, dolo ou coação, que são vícios que tornam o ato anulável o prazo para anular
a disposição específica ou o testamento todo será de 4 anos, contados da ciência do vício (art. 1.909,
parágrafo único, do Código Civil).

Capítulo III – Formas ordinárias de testamento

Seção I – Disposições gerais

Por se tratar de ato personalíssimo, são proibidos os chamados testamentos conjuntivos, segundo o art.
1.863. O que são os testamentos conjuntivos? São aqueles nos quais a vontade do testador não é de todo
isenta. Os testamentos conjuntivos podem ser:

Simultâneo
• No qual há mais de um testador no mesmo instrumento
Recíproco
• No qual testa um testador testa em favor um do outro
Correspectivo
• No qual os testadores testam em condições mútuas, proporcionalmente, no mesmo
instrumento

O testamento, como ato solene, admite determinadas formas. São três os testamentos ordinários previstos
pelo art. 1.862. Mostro a você cada um deles, com suas respetivas peculiaridades.

Seção II – Testamento público

É requisito do testamento público ser (art. 1.864):

Escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as
declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos

Lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas testemunhas, a um só tempo; ou pelo
testador, se o quiser, na presença destas e do oficial, depois de lavrado o instrumento

Assinado o instrumento, em seguida à leitura, pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião

Pode o testamento público ser escrito manualmente ou mecanicamente, desde que rubricadas todas as
páginas pelo testador, se mais de uma (art. 1.864, parágrafo único). Ou seja, nada impede que você digite
seu testamento agora, no computador, ou mesmo no celular.

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Como ato solene, que exige forma escrita e leitura do que foi escrito, o testamento tem peculiaridades em
se tratando de determinadas pessoas. No caso de analfabetos, surdos, cegos e estrangeiros, há normas
específicas.

Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará,
assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas. O indivíduo inteiramente surdo,
sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as
testemunhas (art. 1.866).

Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes,
uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas,
designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento (art.
1.867). ==5c773==

O testamento público não pode ser escrito em língua estrangeira. Somente o testamento
cerrado pode ser redigido em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio testador, ou por outrem, a seu
rogo (art. 1.871).

Seção III – Testamento cerrado

O testamento cerrado, chamado de místico, é aquele escrito pelo testador, ou por outra
pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado.

Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do testador, poderá, não obstante, aprová-lo,
prevê o art. 1.870. Ele será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas
as seguintes formalidades (art. 1.868):

O testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas

O testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado

O tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em
seguida, ao testador e testemunhas

O auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador

Tal qual o testamento público, o testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu
subscritor numere e autentique, com a sua assinatura, todas as páginas, segundo o parágrafo único.

O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da última palavra do


testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presença
das testemunhas. Na sequência, o tabelião vai fechar e costurar o instrumento aprovado (art.
1.869).

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Contrariamente ao testamento público, não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não
saiba ou não possa ler (art. 1.872). Ao contrário, pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto
que o escreva todo, e o assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas,
escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede
(art. 1.873).

Segundo o art. 1.874, depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião
lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue. Falecido
o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará registrar, ordenando seja cumprido.

O juiz, então, se não achar vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade, o abrirá e mandará
que o escrivão o leia em presença do apresentante (art. 735 do CPC/2015). Depois, deve-se ouvir o MP (art.
735, §2º). A oitiva do MP parece desnecessária, já que o testamento, ao menos a priori, envolve direitos
exclusivamente patrimoniais de caráter privado. Não havendo interesse de incapaz, a intervenção parece
desnecessária para a generalidade dos casos, mas o CPC/2015 o exige.

Não havendo dúvidas a ser esclarecidas, o juiz manda registrar, arquivar e cumprir o testamento. Com o
registro (§3º), intima-se o testamenteiro para assinar o termo da testamentária, ou, em sua ausência –
inexistência de testamenteiro nomeado no documento, estando ele ausente ou não aceitando o encargo
– o juiz nomeará testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal.

Seção IV – Testamento particular

O testamento particular, também chamado de hológrafo, pode ser escrito de próprio punho ou
mediante processo mecânico (art. 1.876), não havendo necessidade de qualquer intervenção
registral ou judicial. Ele pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas
a compreendam (art. 1.880).

Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por
quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever (§1º). Se elaborado
por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendo ser assinado pelo
testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três testemunhas, que o subscreverão (§2º).

Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou, ao menos, sobre a sua leitura perante
elas, e se reconhecerem as próprias assinaturas, assim como a do testador, o testamento será confirmado
(art. 1.878). O parágrafo único, porém, indica que se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se
pelo menos uma delas o reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houver
prova suficiente de sua veracidade.

Excepcionalmente, em circunstâncias declaradas na cédula, o testamento particular de próprio punho e


assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado. O testamento hológrafo simplificado,
ou testamento de emergência, pode ser confirmado a critério do juiz, na regra do art. 1.879.

Consoante o art. 1.877, morto o testador, publica-se em juízo o testamento, com citação dos herdeiros
legítimos. Essa publicação significa a execução do testamento, sendo a decisão uma confirmação judicial de
sua validade.

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A publicação do testamento particular pode ser requerida, depois da morte do testador, pelos herdeiros,
legatários, testamenteiro ou terceiro detentor do testamento, impossibilitado-se de entregá-lo a algum dos
outros legitimados para requerê-la (art. 737 do CPC/2015). Na sequência, intimam-se os demais herdeiros
(§1º) e se dá continuidade regular ao procedimento.

Talqualmente o testamento público e o testamento cerrado, a jurisprudência mitiga a nulidade do


testamento em vista de inobservância estrita das normas legais. O STJ (REsp 701.917) não invalida o ato se
a solenidade não observada não contamina o ato. A ausência de assinatura, por sua vez, não é critério
passível de relativização, porque é essência do ato (REsp 1.444.867).

Capítulo IV – Codicilos

O codicilo, ou pequeno escrito, nada mais é, segundo disposição do art. 1.881, do que um “mini testamento”,
a despeito de outro testamento deixado pelo falecido (art. 1.882). Ele dispõe, mediante escrito particular,
datado e assinado, sobre disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas
e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis,
roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal. O sentido de “pequeno valor” depende do caso
concreto.

Segundo o art. 1.818, a reabilitação de herdeiro excluído da sucessão por perdão expresso do testador pode
ser feita em codicilo. Ademais, prevê o art. 1.998, disposições a respeito de sufrágios por alma do falecido
também podem ser feitas por codicilo.

Pelo codicilo, pode-se nomear ou substituir testamenteiros (art. 1.883). O codicilo pode ser
revogado por codicilos posteriores ou por testamento posterior, de qualquer natureza (art.
1.884), mas não pode codicilo revogar testamento. Ou seja, o maior (testamento) pode
revogar o menor (codicilo), mas não o inverso.

Por fim, aplicam-se ao codicilo as regras processuais dos testamentos, no que couber, inclusive
quanto à confirmação (art. 737, §3º, do CPC/2015).

Capítulo V – Testamentos especiais

Seção I – Disposições gerais

Ao contrário dos testamentos ordinários, previstos em rol exemplificativo (numerus apertus), o rol dos
testamentos especiais é taxativo (numerus clausus), como evidencia o art. 1.887, ao determinar que não se
admitem outros testamentos especiais além dos contemplados no CC/2002.

São três os testamentos especiais previstos pelo art. 1.886. Nas raras vezes em que se fala sobre os
testamentos especiais cinge-se a questionar quais são espécies de testamentos especiais (dica para
lembrar: Forças Armadas!):

Marítimo Aeronáutico Militar

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Seção II – Testamento marítimo e aeronáutico

O tratamento dado ao testamento marítimo e aeronáutico é assemelhado. De acordo com o art. 1.888 do
Código Civil, quem estiver em viagem, a bordo de navio nacional, de guerra ou mercante, pode testar
perante o comandante, em presença de duas testemunhas, por forma que corresponda ao testamento
público ou ao cerrado. O registro do testamento se faz no diário de bordo, prevê o parágrafo único.

Por sua vez, quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, pode testar perante
pessoa designada pelo comandante, prevê o art. 1.889 do Código Civil. O ato deve ser celebrado em
presença de duas testemunhas, por forma que corresponda ao testamento público ou ao cerrado.

No caso do testamento aeronáutico, não é o comandante quem celebra o ato porque ele...
bem... precisa pilotar a aeronave. Como os navios navegam em velocidade bem mais baixa
e o comandante pode visualizar a rota milhas adiante, ele mesmo o celebra. Daí a distinção
entre as normas.

Ambos os testamentos ficam sob a guarda do comandante, que deve entregá-lo às autoridades
administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional, contra recibo averbado no diário de bordo (art.
1.890).

Seção III – Testamento militar

De outra banda, o art. 1.893 prevê que o testamento dos militares e demais pessoas a serviço das Forças
Armadas quando está o testador em campanha, dentro do país ou fora dele, assim como em praça sitiada,
ou que esteja de comunicações interrompidas. Nesse caso, não havendo tabelião ou substituto legal, o
testamento é lavrado perante duas testemunhas.

Se o testador não puder, ou não souber assinar, serão exigidas três testemunhas, sendo que, nesse caso,
uma delas assinará a rogo. Como a hierarquia é muito cara aos militares, seria “estranho” que oficial menos
graduado redigisse documento para um oficial mais graduado, pelo que, em regra, o fará oficial de patente
mais alta.

Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento será escrito pelo respectivo
comandante, ainda que de graduação ou posto inferior (§1º). Caso o testador esteja em tratamento em
hospital, o testamento será escrito pelo respectivo oficial de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento (§2º).
E se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele que o substituir (§3º).

Capítulo VI – Disposições especiais

Pela regra do art. 1.899, quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes,
prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador.

De maneira geral, pode-se testar livremente. Nesse sentido, a nomeação de herdeiro ou legatário pode
fazer-se pura e simplesmente, sob condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo (art. 1.897).

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Assim, o ato pode ser puro e simples, condicional (evento futuro e incerto) ou submetido a encargo (modo
ou ônus).

Inversamente, porém, a designação do tempo em que deve começar ou cessar o direito do herdeiro tem-se
por não escrita (art. 1.898), ou seja, não pode o ato ser a termo (evento futuro e certo). Isso porque o ato
configuraria uma tentativa de contornar a ordem sucessória. A exceção fica por conta das substituições
fideicomissórias.

O art. 1.900, por sua vez, fixa uma série de disposições que se consideram nulas. Vejamos:

I. Institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha, também por
testamento, em benefício do testador, ou de terceiros

II. Se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar

Anula-se a disposição caso o testador erre (erro acidental) na designação da pessoa do


herdeiro, do legatário, ou da coisa legada. A exceção fica por conta da situação na qual, pelo
contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos inequívocos, se puder
identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria se referir (art. 1.903).

III. Favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro

Proíbe-se tal disposição porque, como é evidente, retira o caráter personalíssimo da disposição
testamentária. No entanto, segundo o art. 1.901, inc. I, vale a disposição em favor de pessoa incerta que
deva ser determinada por terceiro, dentre duas ou mais pessoas mencionadas pelo testador, ou
pertencentes a uma família, ou a um corpo coletivo, ou a um estabelecimento por ele designado
(indeterminação subjetiva relativa).

Uma segunda exceção está presente no art. 1.902, que determina que a disposição geral em favor dos
pobres, dos estabelecimentos particulares de caridade, ou dos de assistência pública, entender-se-á
relativa aos pobres do lugar do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos estabelecimentos aí
sitos, salvo se manifestamente constar que tinha em mente beneficiar os de outra localidade. De regra,
consoante o parágrafo único, as instituições particulares preferirão sempre às públicas.

IV. Deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado

Porém, segundo o art. 1.901, inc. II, valerá a disposição em remuneração de serviços prestados ao testador,
por ocasião da moléstia de que faleceu, ainda que fique ao arbítrio do herdeiro ou de outrem determinar
o valor do legado.

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V. Favoreça as pessoas que não podem ser nomeadas como herdeiras ou legatárias e as interpostas
pessoas (arts. 1.801 e 1.802)

Ademais, se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de cada um, partilha-se
por igual, entre todos, a porção disponível do testador (art. 1.904). Trata-se da máxima concursu partes
fiunt, comum nas obrigações conjuntas e solidárias.

Igualmente, se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente, a herança será
dividida em tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos designados (art. 1.905).

Por outro lado, dispondo o testador que não cabe ao herdeiro instituído certo e determinado objeto,
dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos (art. 1.908). Igualmente, se forem determinadas
as quotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros
legítimos, segundo a ordem da vocação hereditária (art. 1.906).

Se forem determinados os quinhões a uns herdeiros e não os quinhões de outros, deve-se distribuir por igual
a estes últimos o que restar, depois de completas as porções hereditárias dos primeiros (art. 1.907).

Capítulo VII – Legados

Seção I – Disposições gerais

A distinção entre herança e legado é simples. Primeiro, a herança pode ser


testamentária ou legal; ao contrário, o legado é sempre determinado por
testamento. Isso porque, ao contrário da herança, que pode ser indicada
genericamente, o legado é uma determinação dentro do acervo transmitido
pelo falecido, especificamente. Assim, por exemplo, “deixo o terreno situado na
capital”, “ficará para meu primo o meu carro antigo”, “para minha filha, todas as
joias da família”, são legados.

O legatário, por isso, é sucessor a título singular, ao contrário do herdeiro, que é sucessor a título universal.
Ou seja, o legatário não é herdeiro, mas meramente sucessor. O legado é, assim, muito semelhante à
doação, cuja diferença reside apenas no título de ingresso (inter vivos ou mortis causa). Tal qual ela, o
legado deve ser sempre gratuito, ainda que traga consigo encargo, que não o torna oneroso.

Posso legar algo que ainda não me pertence, mas que pretendo adquirir e, desde já, tenho em mente um
sucessor “ideal” para esse objeto? Sim, trata-se de caso de legado de coisa alheia, mas, nesse caso, será
ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momento da abertura da sucessão,
esclarece o art. 1.912.

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Posso também ordenar ao herdeiro ou ao legatário que entregue coisa de sua propriedade
para terceiros, para receber a herança ou legado? Sim. Trata-se do sublegado com encargo. Caso
o herdeiro ou legatário não a entregue, entende-se que ele renunciou à herança ou ao legado,
prevê o art. 1.913. Livra-se do ônus (encargo legatário), mas perde o bônus (o legado em si).

O art. 1.935 prevê, por sua vez, que só ao herdeiro ou legatário incumbe cumpri-lo, com regresso
contra os coerdeiros, pela quota de cada um, salvo se o contrário expressamente dispôs o testador. Nos
casos de legados com encargo, aplicam-se ao legatário as regras das doações de igual natureza (art. 1.938).

Agora, minudenciando aquilo que falei, os legados e as doações são praticamente idênticos em sua gênese,
só se distinguindo quanto à fonte (inter vivos ou mortis causa). Consequentemente, as regras a respeito da
revogação da doação, suas causas e impedimentos, aplicam-se também ao legado.

Estabelece o art. 1.914 que se tão-somente em parte a coisa legada pertencer ao testador, no primeiro caso,
ou ao herdeiro ou ao legatário, no segundo caso, só quanto a essa parte valerá o legado.

Lembra o que ocorria na obrigação de dar coisa incerta, antes da escolha do credor da coisa, em caso de
perecimento? O devedor, a despeito do perecimento, era obrigado a providenciar coisa do mesmo gênero e
na mesma quantidade (art. 246). A mesma lógica ocorre no legado de coisa incerta: “deixo 20 garrafas de
vinho tinto a meu amigo André”. Morro sem ter 20 garrafas de vinho; André nada receberá? Usando aquela
lógica, o art. 1.915 determina que se o legado for de coisa que se determine pelo gênero, será o mesmo
cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados pelo testador.

E quem vai escolher as tais 20 garrafas? Segundo o art. 1.929, o herdeiro encarregado de levar a cabo os
legados, nomeado em testamento (ou, se não nomeado, o testamenteiro) deve escolhê-las, atendo-se ao
termo médio, talqualmente na coisa incerta (legado optionis).

Posso prever que um terceiro escolherá as 20 garrafas entre a minha vasta coleção de vinhos?
Sim, mas o terceiro também está limitado ao termo médio, ou seja, não pode escolher nem as
melhores nem as piores. E se o terceiro não quiser ou não puder fazer a escolha? Aí, sobra para
o juiz, que também deve observar a regra do termo médio (art. 1.930). Porém, se a escolha
competir ao legatário (legado electionis), ele pode escolher a melhor.

Aqui é possível distinguir as duas formas de legado. O que diferencia o legado optionis do legado
electionis? A quem compete a escolha. No primeiro caso, quem escolhe os bens (e as semelhanças com as
obrigações de dar coisa incerta não são mera coincidência) é o herdeiro do falecido, ao passo que no segundo
é o próprio legatário. Ou seja, em ambos os casos, tanto no legado optionis quanto no electionis há uma
opção, uma escolha. O que os distingue, portanto, não é que o legatário tem ou não escolha, mas a quem
ela compete.

Se eu não tiver garrafa de vinho alguma, ou seja, se não houver a coisa incerta indicada, mesmo sendo a
escolha do legatário, fará a escolha o herdeiro, em seu lugar, devendo ele levar em consideração, mais
uma vez, o termo médio, na escolha das coisas congêneres (art. 1.931).

Pode-se ainda deixar legado alternativo (correspondente a uma obrigação alternativa). Nesse caso,
presume-se, na esteira do art. 1.932, que a escolha compete ao herdeiro.

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No caso de legado alternativo, se uma ou algumas delas perecerem, subsistirá quanto às restantes;
perecendo parte de uma, valerá, quanto ao seu remanescente, o legado, rege o art. 1.940 (usando-se a
mesma lógica das obrigações alternativas). Se o herdeiro ou legatário a quem couber a opção falecer antes
de a exercer, passará este poder aos seus herdeiros (art. 1.933).

Ao contrário, tratando-se de coisa certa (correspondente a uma obrigação de dar coisa certa),
só terá eficácia o legado se, ao tempo do seu falecimento, ela se achava entre os bens da
herança; se a coisa legada existir entre os bens do testador, mas em quantidade inferior à do
legado, este será eficaz apenas quanto à existente, admite o art. 1.916.

E por que a distinção entre legado de coisa certa e incerta é relevante (para além da já relevante
situação na qual a coisa não está no acervo do falecido)? Porque, segundo o art. 1.923, a coisa certa,
existente no acervo, pertence ao legatário desde a abertura da sucessão. A exceção fica por conta de o
legado estar sob condição suspensiva, situação na qual, obviamente, não se transfere ainda a coisa ao
legatário, como no caso de eu deixar “minha coleção de relógios a Antônio se ele passar no Concurso da
PGR”.

Ao contrário, o legado de coisa incerta só passará ao domínio do legatário quando se fizer a concentração,
nos mesmos moldes da coisa incerta do Direito das Obrigações (art. 245). É o mesmo sentido do legado
condicional, que mencionei acima.

Em qualquer situação, deixa claro o §1º que não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o
legatário entrar por autoridade própria. Deve a posse ser transferida por ato judicial, para se evitar conflitos
entre os sucessores, já que pode o próprio legado estar sob litígio pela invalidação do testamento (art. 1.924).

Mesmo assim, o §2º esclarece que o legado de coisa certa existente na herança transfere
também ao legatário os frutos que produzir, desde a morte do testador, mesmo que a posse
ainda não seja por ele exercida (rendas e pensões, previstas no art. 1.926; prestações
periódicas certas, previstas no art. 1.927; alimentos, mencionadas pelo parágrafo único do art.
1.928, igualmente entram nessa hipótese). A exceção, obviamente, cabe no caso de legado sob
condição suspensiva ou de termo inicial, ainda não verificada a condição ou escoado o prazo,
respectivamente.

A regra da saisine, portanto, tem de ser vista com cum granu salis em se tratando de legado. A propriedade
da herança e do legado se transmite automaticamente ao herdeiro e legatário (arts. 1.784 e 1.923). A
exceção fica por conta do legado de coisa incerta, no qual a propriedade só se transmite com a escolha do
bem. No entanto, a posse da herança se transmite automaticamente ao herdeiro (art. 1.791, parágrafo
único), mas a posse do legado NÃO se transmite automaticamente aos legatários (art. 1.923, §1º).

Posso eu legar uma coisa sem a caracterizar muito bem, mas a localizando, algo como “deixo a meu neto
Pedro a cômoda vitoriana que está em meu depósito na Zona Leste”? Sim, desde que a coisa seja achada;
trata-se do chamado legado de coisa incerta em lugar certo.

A exceção fica por conta do art. 1.917, que estabelece que o legado continuará eficaz, caso não seja
encontrada a coisa que se encontra em determinado lugar, desde que ela tenha sido removida a título

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transitório. Assim, a cômoda seguirá a Pedro caso esteja ela, temporariamente, sendo restaurada, em outro
lugar.

Excepcionando a regra do art. 368, o art. 1.919 estabelece que se o falecido deixou legado a um credor, esse
legado não se compensa com a dívida; vale dizer, o legatário, credor do falecido, pode continuar a perseguir
seu crédito, independentemente da aceitação ou recusa do legado. Pode, porém o morto estabelecer
expressamente que o legado importa em compensação, sendo que o valor excedente da coisa legada em
relação á dívida não retorna ao monte-mor, por se tratar de legado; trata-se do chamado legado
compensatório.

Em se tratando de legados de alimentos, o art. 1.920 esclarece que ele abrange o sustento, a cura, o vestuário
e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor. No caso de legado de usufruto,
sem fixação de tempo, entende-se legado usufruto vitalício, rege o art. 1.921.

Ao deixar em legado um imóvel, os acréscimos respondem a regras mais complexas. Compreendem-se


incluídas no legado as benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no prédio legado, estabelece o
parágrafo único do art. 1.922.

No entanto, o caput desse dispositivo esclarece que novas aquisições, ainda que
contíguas, não se compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário do
testador. Assim, se você lega uma fazenda, em 1970, planta um pomar, adquire novas
terras, ampliando a fazenda, e constrói uma sede, durante os anos seguintes, seu
legatário, quando de sua morte, em 2010, não receberá esses acréscimos.

Você nem deve ter notado, mas eu tratei, ao longo do texto acima, das espécies de legado, a saber,
didaticamente:

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Legado de coisa alheia


• Art. 1.912: coisa que não pertence ao testador no momento da liberalidade

Legado de coisa comum


• Art. 1.914: coisa que pertence apenas em parte ao testador

Legado de coisa incerta


• Art. 1.915: coisa que corresponde à obrigação de dar coisa incerta

Legado de coisa certa


• Art. 1.916: coisa que corresponde à obrigação de dar coisa certa

Legado de coisa incerta em lugar certo


• Art. 1.917: "legado de coisa localizada"

Legado compensatório
• Art. 1.918: de crédito e quitação de dívida

Legado de alimentos
• Art. 1.920: funciona como uma constituição de renda (art. 803)

Legado de usufruto
• Art. 1.921: estabelece usufruto vitalício ou a termo

Legado em dinheiro
• Art. 1.925: os juros só vencem quando se constituir em mora a pessoa obrigada a prestá-
lo

Seção II – Efeitos do legado e pagamento

Se o legado consiste em coisa determinada pelo gênero, o art. 1.929 do Código Civil estabelece que o
herdeiro irá escolher, no meio-termo entre as congêneres da melhor e pior qualidade. E por que a distinção
entre legado de coisa certa e incerta é relevante (para além da já relevante situação na qual a coisa não está
no acervo do falecido)? Porque, segundo o art. 1.923 do Código Civil, a coisa certa, existente no acervo,
pertence ao legatário desde a abertura da sucessão. A exceção fica por conta de o legado estar sob
condição suspensiva, situação na qual, obviamente, não se transfere ainda a coisa ao legatário, como no
caso de eu deixar minha coleção de relógios a Antônio se ele passar no Concurso da RFB.

Ao contrário, o legado de coisa incerta só passará ao domínio do legatário quando se fizer a concentração,
nos mesmos moldes da coisa incerta do Direito das Obrigações (art. 245 do Código Civil). Em qualquer
situação, deixa claro o §1º que não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar
por autoridade própria.

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A propriedade da herança e do legado se transmitem automaticamente ao herdeiro e


legatário (arts. 1.784 e 1.923 do Código Civil). A exceção fica por conta do legado de coisa
incerta, no qual a propriedade só se transmite com a escolha do bem. No entanto, a posse da
herança se transmite automaticamente ao herdeiro (art. 1.791, parágrafo único, do Código
Civil), mas a posse do legado NÃO se transmite automaticamente aos legatários (art. 1.923,
§1º, do Código Civil).

Posso eu legar uma coisa sem a caracterizar muito bem, mas a localizando, algo como deixo a meu neto
Pedro a cômoda vitoriana que está em meu depósito na Zona Leste? Sim, desde que a coisa seja achada;
trata-se do chamado legado de coisa incerta em lugar certo.

A quem compete cumprir os legados deixados no testamento? A quem o testador determinar. E se


ele não o fizer? De acordo com o art. 1.934, no silêncio do testamento, o cumprimento dos legados
incumbe aos herdeiros e, não os havendo, aos legatários, na proporção do que herdaram. Se, estabelece
o parágrafo único, for indicado mais de um executor, os onerados dividirão entre si o ônus, na proporção do
que recebam da herança.

As despesas e os riscos da entrega do legado correm à conta do legatário, se não dispuser diversamente o
testador (art. 1.936). A coisa legada será entregue, com seus acessórios, no lugar e estado em que se achava
ao falecer o testador, passando ao legatário com todos os encargos que a onerarem, esclarece o art. 1.937.

Seção III – Caducidade dos legados

Dispõe o art. 1.939 do Código Civil a respeito das situações nas quais o legado caduca, ou seja, torna-se
ineficaz, ainda que válido. O legado caduca em quais situações?

Depois do testamento, o testador modificar a coisa legada, ao ponto de já não ter a forma
nem lhe caber a denominação que possuía

O testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a coisa legada; nesse caso,
caducará até onde ela deixou de pertencer ao testador

A coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do herdeiro ou legatário
incumbido do seu cumprimento

O legatário for excluído da sucessão, nos termos do art. 1.815

O legatário falecer antes do testador

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Capítulo VIII – Direito de acrescer entre herdeiros e legatários

Sobre os legados, um último item que merece atenção é o direito de acrescer entre herdeiros e legatários.
Como o nome diz, trata-se da situação na qual um herdeiro ou legatário será chamado a receber um
acréscimo àquilo que estava previsto previamente, por força do testamento.

No caso de conjunção real (conjunção res tantum), a mesma coisa é legada a pessoas desiguais, em
momentos diversos, ou seja, cláusulas distintas ou frases diferentes. Por exemplo, você estabelece assim:
“deixo a casa de praia a Simone e o rebanho a Sandro. Deixo as joias da família a Bruna. Deixo a casa de praia
a Lucas”.

A mesma casa foi deixada tanto a Lucas quanto a Simone. Se Simone renunciar à casa, Lucas tem para si o
legado todo. Ordinariamente, ele retornaria aos demais herdeiros, já que não há direito de representação
nem há substituição testamentária prevista.

No caso de conjunção verbal (conjunção verbis tantum), a mesma coisa é legada, numa mesma disposição,
pessoas desiguais. Por exemplo, você estabelece assim: “deixo uma parte da casa de praia a Simone e a
outra parte a Sandro e Bruna”. Se Sandro renunciar à sua parte na casa, Bruna tem para si aquela parte do
legado integralmente. Ordinariamente, a parte dele retornaria aos demais herdeiros, já que não há direito
de representação nem há substituição testamentária prevista. Nesse caso, porém, a parte de Sandro é
acrescida à de Bruna.

No caso de conjunção mista (conjunção res et verbis), uma parcela do patrimônio é legada, numa mesma
disposição, a mais de uma pessoa. Por exemplo, você estabelece assim: “deixo 10% de minha herança a
Simone, a Sandro e a Bruna”. Se Sandro renunciar à sua parte na deixa, Bruna e Simone têm para si o legado
todo. Ordinariamente, a parte dele retornaria aos demais herdeiros, já que não há direito de representação
nem há substituição testamentária prevista. Nesse caso, porém, a parte de Sandro é acrescida à de Bruna e
Simone.

Quando vários herdeiros, pela mesma disposição testamentária, forem conjuntamente chamados à herança
em quinhões não determinados, e qualquer deles não puder ou não quiser aceitá-la, a sua parte acrescerá à
dos coerdeiros (art. 1.941). A exceção fica por conta do direito do substituto, como nos casos de sobrinhos
de irmãos pré-mortos.

Esse direito de acrescer competirá aos colegatários, quando nomeados conjuntamente a


respeito de uma só coisa, determinada e certa, ou quando o objeto do legado não puder ser
dividido sem risco de desvalorização (art. 1.942). Porém, se um dos coerdeiros ou
colegatários morrer antes do testador, se renunciar ou for excluído da herança ou legado, ou
se a condição sob a qual foi instituído não se verificar, acrescerá o seu quinhão, salvo o direito
do substituto, à parte dos coerdeiros ou colegatários conjuntos (art. 1.943).

Por outro lado, quando não se efetua o direito de acrescer, transmite-se aos herdeiros legítimos a quota
vaga do nomeado, por força do art. 1.944. Mas o beneficiário do acréscimo não pode repudiá-lo
separadamente da herança ou legado que lhe caiba, salvo se o acréscimo comportar encargos especiais
impostos pelo testador (art. 1.945).

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Por fim, se o legado for o usufruto conjunto a mais de uma pessoa, a parte da que faltar acresce aos
colegatários, arremata o art. 1.946.

Capítulo IX – Substituições

Eventualmente, o testador deixa um bem (legado) a alguém ou deixa parte de sua herança a ele e, por uma
série de razões, o receptor do legado ou da herança não pode ou não quer receber. Nesse caso, a disposição
testamentária perderia o efeito. Para impedir que a deixa testamentária perca seus efeitos, criam-se as
substituições.

Assim, o testador quebra a ordem da vocação hereditária no próprio testamento, criando uma ordem
sucessória por ato de vontade. Friso que se houver condição ou encargo imposto ao substituído, o substituto
também se sujeita a ele, quando não for diversa a intenção manifestada pelo testador, ou não resultar outra
coisa da natureza da condição ou do encargo (art. 1.949).

Além das substituições previstas no CC/2002, vou mencionar ainda duas formas extraordinárias de
substituição, uma própria e uma imprópria.

A substituição extraordinária própria, chamada de substituição compendiosa, é uma fusão da substituição


fideicomissária com a substituição vulgar. O testador (fideicomitente), prevê deixa a prole eventual
(fideicomissário), com a propriedade resolúvel a outrem (fiduciário original); e, caso essa pessoa não aceite
a deixa, substitui-se ele por terceiro (fiduciário substituinte): “Deixo minha casa a Simone, que a transmitirá
ao filho de Fernanda, e caso Simone não receba esta deixa, fica a casa com Ricardo, que fará a transmissão”.

A segunda é a substituição extraordinária imprópria, que chamo de substituição fundacional. Lembra-se


que uma fundação poderia ser instituída por ato inter vivos ou por testamento? Agora, imagine que eu
instituí uma fundação, mas os bens que deixei são insuficientes para criá-la, o que acontece? Para preservar
a intenção do testador, o art. 63 estabelece que quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a
ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que
se proponha a fim igual ou semelhante.

Seção I – Substituição vulgar e recíproca

O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro ou ao legatário nomeado, para o caso de não querer
(renúncia) ou não poder (incapacidade ou ilegitimidade) aceitar a disposição, presumindo-se que a
substituição foi determinada para as duas alternativas, ainda que o testador só a uma se refira (art. 1.947).

Trata-se da substituição ordinária ou vulgar, que nada mais é do que uma simples substituição: se o
primeiro não pode, entre o segundo em seu lugar. “Deixo minha casa a João e, se esse não quiser ou puder,
fica ela a Claudio”.

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Já a substituição recíproca ocorre quando, ausente um herdeiro ou legatário, os


outros o substituem, na parte faltante. É a regra do art. 1.948, que estipula que
também é lícito ao testador substituir muitas pessoas por uma só, ou vice-versa, e
ainda substituir com reciprocidade ou sem ela.

Se, entre muitos coerdeiros ou legatários de partes desiguais, for estabelecida


substituição recíproca, a proporção dos quinhões fixada na primeira disposição entende-se mantida na
segunda (substituição). Se, com as outras anteriormente nomeadas, for incluída mais alguma pessoa na
substituição, o quinhão vago pertence em partes iguais aos substitutos (art. 1.950).

Seção II – Substituição fideicomissária

Por outro lado, há a figura da substituição fideicomissária, que é uma das figuras jurídicas mais complexas
do Direito brasileiro. Primeiro, para entender essa figura é necessário que você tenha conhecimento sólido
sobre a propriedade resolúvel e propriedade fiduciária. Caso essas noções estejam um pouco vagas, eu
recomendo fortemente que você reveja esses dois tópicos.

No fideicomisso, o testador falecido é o fideicomitente; aquele que receberá a propriedade resolúvel é o


fiduciário; e aquele que é o titular do direito eventual é o fideicomissário. Assim, segundo o art. 1.951,
pode o testador instituir herdeiros ou legatários, estabelecendo que, por ocasião de sua morte, a herança
ou o legado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se o direito deste, por sua morte, a certo tempo ou sob
certa condição, em favor de outrem, que se qualifica de fideicomissário. Evidentemente, o fideicomisso
(fideicomissium) somente pode ser instituído por testamento, como afiança o Enunciado 529 da V Jornada
de Direito Civil.

Testador Herdeiro substituído Herdeiro substituinte


(Fideicomitente) (Fiduciário) (Fideicomissário)

Ou seja, o fideicomitente (testador) pretende beneficiar o fideicomissário (herdeiro futuramente


substituinte), mas não o faz diretamente. Ele transfere a propriedade, por testamento, ao fiduciário
(herdeiro futuramente substituído). Só que este tem apenas a propriedade resolúvel e, ocorrendo o termo
ou condição, a propriedade se transfere, de maneira plena, ao fideicomissário (herdeiro futuramente
substituinte).

Mas, qual é o objetivo do fideicomisso? É precisamente beneficiar prole eventual (futura), que, a rigor, não
pode receber herança ou legado, como visto. Assim, o art. 1.952 permite a substituição fideicomissária
somente em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador.

Curiosamente, se, ao tempo da morte do testador, já houver nascido o fideicomissário, ele adquirirá a
propriedade dos bens fideicometidos, convertendo-se em usufruto o direito do fiduciário (parágrafo
único). Por isso, o fiduciário tem a propriedade da herança ou legado, mas restrita e resolúvel (art. 1.953),
além do usufruto, caso a resolução ocorra antes da morte do fideicomitente.

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Como o fideicomisso se aplica a quaisquer bens, móveis ou imóveis, por vezes é difícil controlar se o fiduciário
irá transmitir a propriedade ao fideicomissário, como queria o testador. Por isso, o parágrafo único do art.
1.953 estabelece que o fiduciário é obrigado a proceder ao inventário dos bens gravados, e a prestar caução
de restituí-los se o exigir o fideicomissário.

Para se evitar maiores problemas, os fideicomissos não podem passar do segundo grau, sob pena de
nulidade (art. 1.959). Ou seja, o fideicomisso só pode chegar até o fideicomissário, impedindo-se substituição
do próprio fideicomissário. A nulidade da substituição ilegal não prejudica a instituição, que vale sem o
encargo resolutório (art. 1.960).

Porém, se o fiduciário (o proprietário eventual) renunciar à herança ou ao legado, defere-se ao


fideicomissário o poder de aceitar (art. 1.954). Ao contrário, se o fideicomissário renunciar à herança ou ao
legado, a propriedade do fiduciário deixa de ser resolúvel, adquirindo-a por inteiro (art. 1.955).

No entanto, se o fideicomissário morrer antes do fiduciário (premoriência), ou antes de


realizar-se a condição resolutória do direito deste último, a propriedade consolida-se nas
mãos do fiduciário (art. 1.958).

Com a morte do fiduciário, passam, automaticamente, os bens ao fideicomissário. O


fiduciário, porém, não tem direito algum sobre os acréscimos à coisa (art. 1.956), mas o
fideicomissário responde pelos encargos da herança que ainda restarem (art. 1.957).

Capítulo X – Deserdação

Já falei da deserdação quando tratei da exclusão da herança. Para evitar repetições, indico a leitura do tópico.

Capítulo XI – Redução das disposições testamentárias

Primeiro quando o testador só em parte dispuser da quota hereditária disponível, o remanescente


pertencerá aos herdeiros legítimos (art. 1.966). Assim, se você testa, de seu patrimônio de 100, 20, os outros
30 disponíveis seguirão a ordem da vocação hereditária prevista em lei, além dos 50 já reservados à legítima.

Ao contrário, as disposições que excederem a parte disponível serão reduzidas aos limites dela (art. 1.967),
mesmo nos casos de partilha feita em vida (art. 2.018).

Se forem simples as reduções a serem feitas, será a redução feita nos próprios autos do
inventário, se já aberto. Se complexas, é necessário intentar ação própria de redução.

O mais habitual é que o testador não tenha tanta clarividência. Nesses casos, segundo o §1º,
em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção disponível, serão
proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde
bastem, e, não bastando, também os legados, na proporção do seu valor.

Se o excesso não for de mais de um quarto, aos herdeiros fará tornar em dinheiro o legatário, que ficará com
o prédio (§1º). Por fim, estabelece o §2º, se o legatário for ao mesmo tempo herdeiro necessário, pode

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inteirar sua legítima no mesmo imóvel, de preferência aos outros, sempre que ela e a parte subsistente do
legado lhe absorverem o valor.

Capítulo XII – Revogação do testamento

A revogação inexistencia o negócio que antes existia. Juridicamente falando, não há qualquer problema em
algo existir e depois deixar de existir. A decadência é exemplo. Por isso, a revogação do testamento não
invalida (torna nulo ou anulável) nem ineficaciza o testamento, mas o inexistencia.

O testamento pode ser revogado por outro testamento, consoante regra explícita do art. 1.969,
independentemente de qual seja ele, já que não há hierarquia entre os testamentos. Por isso,
o codicilo pode ser revogado por testamento, mas o codicilo não pode revogar testamento (o
mais pode o menos, mas não o inverso).

Essa revogação pode ser total ou parcial (art. 1.970). Quando parcial ou se o testamento
posterior não contiver cláusula revogatória expressa, o anterior subsiste em tudo que não for contrário ao
posterior (parágrafo único).

Essa revogação produz efeitos ainda quando o testamento, que a encerra, vier a caducar por exclusão,
incapacidade ou renúncia do herdeiro nele nomeado. Não vale, porém, se o testamento revogatório for
anulado por omissão ou infração de solenidades essenciais ou por vícios intrínsecos (art. 1.971).

No caso do testamento cerrado, se o testador abrir ou dilacerar, ou for aberto ou dilacerado com seu
consentimento, presume-se revogado (art. 1.972). Nesse caso, o juiz não aprecia o testamento (art. 735 do
CPC).

Porém, pode o herdeiro ou legatário afastar a presunção, provando que o rompimento ou não foi feito
pelo testador, ou feito sem seu consentimento. Por exemplo, ao descobrir que receberia bem menos
patrimônio do que esperava, um dos herdeiros dilacera o testamento cerrado, de modo a evitar sua
aplicação. Se provar essa conduta, o testamento não se considera dilacerado e, consequentemente, continua
existente, válido e eficaz.

Capítulo XIII – Rompimento do testamento

"Romper tem o sentido de “ignorar, revogar, tomar como não existente”. O rompimento do testamento
equivale a uma revogação ficta, ainda que revogação não seja. Talqualmente a revogação, o rompimento
ataca o plano da existência do negócio jurídico, tornando inexistente a disposição testamentária.

Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhecia quando
testou, rompe-se o testamento em todas as suas disposições, se esse descendente sobreviver
ao testador (art. 1.973). Isso ocorre, por exemplo, quando você testa todo seu patrimônio – não
tendo herdeiros necessários - a um sobrinho e, depois de sua morte, descobre-se que você tinha
um filho havido na juventude.

Igualmente, rompe-se o testamento feito na ignorância de existirem outros herdeiros necessários (art.
1.974).

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Cuidado! Essas hipóteses, porém, só se aplicam caso o testador tivesse testado todo o seu patrimônio. Ao
contrário, não se rompe o testamento, se o testador dispuser da sua metade, não contemplando os
herdeiros necessários de cuja existência saiba, ou quando os exclua dessa parte (art. 1.975).

Por fim, o Enunciado 643 da VIII Jornada de Direito Civil esclarece que o rompimento do testamento se refere
exclusivamente às disposições de caráter patrimonial. Assim, são válidas e eficazes as disposições de caráter
extrapatrimonial, como o reconhecimento de filho e o perdão ao indigno.

Capítulo XIV – Testamenteiro

O testamenteiro é quem executa a vontade do falecido, exposta no testamento, sendo considerada munus
privado, no interesse dos herdeiros. Pelo art. 1.976, pode o testador nomear um ou mais testamenteiros,
conjuntos ou separados, para lhe darem cumprimento às disposições de última vontade.

Ou seja, pode, mas não necessariamente. Se não o fizer, o art. 1.984 determina que na falta de testamenteiro
nomeado pelo testador, a execução testamentária compete a um dos conviventes (cônjuge ou
companheiro), e, em falta destes, ao herdeiro nomeado pelo juiz, o testamenteiro dativo.

Nomeado o testamenteiro, o testador pode conceder a ele a posse e a administração da


herança, ou de parte dela, não havendo cônjuge ou herdeiros necessários (art. 1.977). Segundo
o parágrafo único, qualquer herdeiro pode requerer partilha imediata, ou devolução da herança,
habilitando o testamenteiro com os meios necessários para o cumprimento dos legados, ou
dando caução de prestá-los. Ao lado da testamentaria universal, prevista no art. 1.977, há a
testamentaria particular, voltada à mera fiscalização da execução testamentária.

Quando o testamenteiro tiver a posse e a administração dos bens, incumbe-lhe requerer inventário e cumprir
o testamento (art. 1.978), levando o testamento a registro (art. 1.979). O testamenteiro é obrigado a cumprir
as disposições testamentárias, no prazo marcado pelo testador, e a dar contas do que recebeu e despendeu,
subsistindo sua responsabilidade enquanto durar a execução do testamento (art. 1.980). A responsabilidade
civil, diante do silêncio da norma, é subjetiva.

Não concedendo o testador prazo maior, cumprirá o testamenteiro o testamento e prestará contas em
180 dias, contados da aceitação da testamentaria (art. 1.983). Segundo o parágrafo único, pode esse prazo
ser prorrogado se houver motivo suficiente.

O testamenteiro deve defender a validade do testamento (art. 1.981), cumprindo todas as disposições
testamentárias. Além dessas atribuições, prevê o art. 1.982 que o testamenteiro ainda tem as incumbências
que lhe conferir o testador, nos limites da lei. Ele deve, ainda, prestar contas, obrigatoriamente (art. 735,
§5º, do CPC).

O testamenteiro tem direito a retribuição. Se o testador não o houver fixado, o juiz arbitrará, levando em
conta o valor da herança e o trabalho de execução do testamento. Essa retribuição, chamada de vintena,
não pode exceder 5% sobre a herança líquida e deduzido somente da metade disponível quando houver
herdeiros necessários, e de todo o acervo líquido nos demais casos (art. 1.987).

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Curiosamente, se o testamenteiro for casado no regime de comunhão de bens com herdeiro


ou legatário do testador, não terá direito ao prêmio. Porém, pode ele preferir o prêmio à
herança ou legado (art. 1.988).

O testamenteiro será removido e perderá a retribuição quando não cumprir as disposições


testamentárias. Nesse caso, segundo o art. 1.989, reverterá à herança a retribuição que o
testamenteiro perder, por ser removido ou por não ter cumprido o testamento.

Havendo simultaneamente mais de um testamenteiro (testamentaria plural), que tenha aceitado o cargo,
poderá cada qual exercê-lo, em falta dos outros. Porém, todos ficam solidariamente obrigados a dar conta
dos bens que lhes forem confiados, salvo se cada um tiver, pelo testamento, funções distintas, e a elas se
limitar (art. 1.986).

Título IV – Inventário e partilha

Capítulo I – Inventário

Pelo princípio da saisine, os bens se transmitem automaticamente aos herdeiros,


após a sucessão. Como os bens, porém, permanecem num estado de indivisão
(universalidade de direito), é necessário, em geral, procedimento próprio para
dividir os bens entre os herdeiros.

Surge, então, o inventário, que tem por finalidade localizar todos os bens do morto, catalogá-
los, encontrar os herdeiros, verificar as eventuais disposições de vontade e encontrar ativos e passivos. Ao
final, realiza-se a distribuição dos bens, direitos e obrigações; trata-se da partilha.

No entanto, estatui o art. 2.018, que é válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos (partilha
em vida) ou de última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários.

A partilha em vida pode ser feita de suas formas, a partilha-doação e a partilha-testamento. Na partilha-
doação há, em realidade, doações em adiantamento da legítima, com efeitos imediatos. Já na partilha-
testamento, a prevista no art. 2.018, o testador “faz todo o trabalho” e já minudencia a divisão dos bens,
mas os efeitos são mortis causa apenas.

O procedimento de inventário e partilha deve ser aberto dentro de dois meses a contar da abertura da
sucessão, ultimando-se nos doze meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a
requerimento de parte (art. 611). A penalidade pelo descumprimento é variável.

Como já mencionei, o foro competente para o inventário é do último domicílio do falecido


(art. 1.785 do CC/2002). O inventariante será nomeado pela ordem do art. 1.797, como
também já mostrei a você. Mas, qualquer herdeiro pode requerer a partilha, ainda que o
testador o proíba, cabendo igual faculdade aos seus cessionários e credores (art. 2.013).

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Mas, sempre é necessário recorrer ao procedimento de inventário para que sejam transferidos os bens? Não.
Em resumo, com o falecimento, a transferência dos bens do falecido pode se dar:

Inventário judicial

Inventário extrajudicial

Arrolamento
• Comum
• Sumário

Dispensas legais

Vou começar pelo fim. Ou seja, vou tratar dos casos que envolvem as dispensas legais, passar pelo
arrolamento e, por fim, chegar ao inventário, iniciando pelo extrajudicial até o procedimento judicial.

1 – Dispensas legais

Em determinadas situações, dispensa-se qualquer procedimento de inventário,


ainda que sob a forma de arrolamento. Isso porque desnecessário é fazer tantos
procedimentos em vista do parco patrimônio a partilhar.

Assim, segundo o art. 666 do CPC/2015, independentemente de inventário ou


arrolamento, realiza-se mediante alvará judicial o pagamento dos valores previstos
na Lei 6.858/1980:

Art. 1º. Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das contas individuais do FGTS
e do PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos
dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma da legislação específica dos servidores civis e
militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, independentemente
de inventário ou arrolamento.

2 – Arrolamentos

Por vezes, permite-se que sejam os procedimentos atinentes à sucessão simplificados. O arrolamento nada
mais é um inventário mais simplificado. São duas as hipóteses de arrolamento, o arrolamento sumário e o
arrolamento comum.

O arrolamento sumário pode versar sobre herança de qualquer valor (art. 659 do CPC/2015). Ou seja,
nesse caso, é irrelevante o tamanho do monte a partilhar. Quando se permite arrolamento sumário? Nas
seguintes hipóteses:

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Partilha amigável, feita por


herdeiros que forem capazes, por
Adjudicação dos bens do falecido,
escritura pública, termo nos autos
em havendo apenas um herdeiro
do inventário, ou escrito
particular, homologado pelo juiz

Na petição do arrolamento sumário, os herdeiros requererão ao juiz a nomeação do


inventariante que designarem, declararão os títulos dos herdeiros e os bens do espólio
e atribuirão o valor dos bens do espólio, para fins de partilha (art. 660, incisos).

Salvo para pagamento de credores (art. 663), não se procederá a avaliação dos bens do
espólio para qualquer finalidade (art. 661), agilizando seu deslinde. Por isso, no
arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas questões relativas ao lançamento, ao
pagamento ou à quitação de taxas judiciárias e de tributos incidentes sobre a transmissão da propriedade
dos bens do espólio (art. 662).

Já o arrolamento comum serve para bens de “pequeno valor”. Ele se aplica quando o valor dos bens do
espólio for igual ou inferior a 1.000 salários mínimos. Nesse caso, cabe ao inventariante nomeado,
independentemente da assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas declarações, a
atribuição do valor dos bens do espólio e o plano da partilha (art. 664).

Se quaisquer das partes ou o MP impugnar a estimativa, o juiz nomeará um avaliador que oferecerá laudo
em 10 dias (§1º). Apresentado o laudo, o juiz deliberará sobre a partilha, decidindo de plano todas as
reclamações e mandando pagar as dívidas não impugnadas (§2º).

Lavra-se de tudo um só termo, assinado pelo juiz, pelo inventariante e pelas partes presentes ou por seus
advogados (§3º). Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, o juiz julga
a partilha (§5º).

3 – Inventário extrajudicial

O Enunciado 600 da VII Jornada de Direito Civil prevê que após registrado judicialmente o testamento e
sendo todos os interessados capazes e concordes com os seus termos, não havendo conflito de interesses,
é possível que se faça o inventário extrajudicial.

Assim, como o divórcio, o inventário também pode ser judicial ou extrajudicial. O art. 610, §1º,
do CPC/2015 estabelece que se todos os herdeiros forem capazes e concordes, poderá fazer-
se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro
imobiliário. Ou seja, exigem-se quatro requisitos para o inventário extrajudicial:

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1. Todos os herdeiros têm de ser maiores e capazes


• Art. 2.016 do CC/2002

2. Todos devem concordar com a partilha


• Art. 2.016 do CC/2002

3. Todos os interessados estão representados por advogado comum ou individual


• Art. 610, §2º, do CPC/2015

4. Não pode existir testamento


• Art. 610, caput, do CPC/2015

Em que pesem as dúvidas, evidente que o inventário e a partilha extrajudiciais não necessitam de
homologação judicial. Esse entendimento pode ser extraído do art. 610, §§, do CPC/2015.

4 – Inventário judicial

Se não for possível fazer o inventário extrajudicialmente – ou mesmo se não se quiser, ainda que possível –,
resta a via judicial. Segundo o art. 1.991, desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha,
a administração da herança será exercida pelo inventariante.

Assim, o inventariante é o presentante legal do espólio, que é um ente despersonalizado. O inventariante


tem legitimidade processual pelo mandato legal a ele conferido, de acordo com o art. 75, inc. VII, do
CPC/2015.

O primeiro passo no procedimento judicial de inventário é a nomeação do inventariante. O art. 616 do


CPC/2015 fixa quem pode requerer a abertura do inventário, num rol exemplificativo (numerus apertus) e
não taxativo (numerus clausus). Têm legitimidade concorrente para requerer a abertura de inventário:

O cônjuge ou companheiro supérstite


O herdeiro
O legatário
O testamenteiro
O cessionário do herdeiro ou do legatário
O credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança
O Ministério Público, havendo herdeiros incapazes
A Fazenda Pública, quando tiver interesse
O administrador judicial
• Da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou
companheiro supérstite

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Na sequência, o juiz nomeará o inventariante. A nomeação do inventariante segue a seguinte ordem:

O cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao


tempo da morte deste
O herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou
companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados
Qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio

O herdeiro menor, por seu representante legal


O testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança
estiver distribuída em legados
O cessionário do herdeiro ou do legatário

O inventariante judicial, se houver

O art. 617 do CPC/2015 fixa a ordem legal, mas a doutrina se divide a respeito de essa ordem ser obrigatória
ou facultativa ao juiz. Parece que o STJ se inclina pela facultatividade (REsp 520), especialmente em vista da
possiblidade de nomeação de inventariante dativo (pessoa estranha idônea).

O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 dias, o compromisso de desempenhar o


cargo (parágrafo único do art. 617). Até que o compromisso seja prestado, o administrador provisório,
nomeado ad hoc pelo juiz, continua responsável. Incumbe ao inventariante, então (art. 618):

Representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele

Administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência como se seus fossem
Prestar as primeiras e últimas declarações pessoalmente ou por procurador com
poderes especiais
Exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos relativos
ao espólio
Juntar aos autos certidão do testamento, se houver

Trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído

Prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar

Requerer a declaração de insolvência

Incumbe ainda ao inventariante, com autorização do juiz (art. 619 do CPC/2015):

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Alienar bens de qualquer espécie

Transigir em juízo ou fora dele

Pagar dívidas do espólio


Fazer as despesas necessárias com a conservação e o
melhoramento dos bens do espólio

Depois de prestar compromisso, em 20 dias, o inventariante fará as primeiras declarações, das quais se
lavrará termo.

O inventariante pode ser removido de ofício ou a requerimento do interessado, em determinadas


hipóteses. Prevê o art. 622 do CPC/2015 que ele será removido se:

I. Não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas declarações

II. Não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvidas infundadas


ou se praticar atos meramente protelatórios

III. Por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem, forem dilapidados ou


sofrerem dano
IV. Não defender o espólio nas ações em que for citado, se deixar de cobrar
dívidas ativas ou se não promover as medidas necessárias para evitar o
perecimento de direitos

V. Não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas

VI. Sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio

De acordo com o art. 623 do CPC/2015, requerida a remoção, o inventariante será intimado para defender-
se e produzir provas no prazo de 15 dias. De modo a evitar a procrastinação do feito, o parágrafo único
determina que a remoção seja resolvida por incidente, em apenso autos do inventário.

O inventariante removido deve imediatamente entregar ao substituto os bens do espólio. Caso não o faça,
será compelido mediante mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de
bem móvel ou imóvel, sem prejuízo da multa a ser fixada pelo juiz em montante não superior a 3% do valor
dos bens inventariados, arremata o art. 625 do CPC/2015. Do contrário, continua ele na inventariança,
regularmente.

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Posteriormente à nomeação do inventariante e às primeiras declarações por eles exaradas, o juiz manda
citar o convivente, os herdeiros e os legatários e intimar a Fazenda Pública, o Ministério Público, se houver
herdeiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se houver testamento (art. 626 do CPC/2015). Eles, no prazo
de 15 dias podem (art. 627 do CPC/2015):

I - arguir erros e omissões;


II - reclamar contra a nomeação do inventariante;
III - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro.

Ouvidas as partes no prazo de 15 dias, o juiz decide, estabelece o art. 628, §1º, do CPC/2015. Julgando
procedente a impugnação referida no inc. I, o juiz mandará retificar as primeiras declarações. Se acolher o
pedido, de que trata o inc. II, nomeará outro inventariante, observada a preferência legal.

Findo o prazo, sem impugnação ou decidida a que houver sido oposta, o juiz nomeará um
perito para avaliar os bens do espólio (art. 630 do CPC/2015). Passa-se, então, à avaliação
dos bens.

A avaliação é feita por perito judicial (art. 630 do CPC/2015), mas se todos os sucessores forem
capazes, a avaliação pode ser dispensada se a Fazenda Pública, intimada pessoalmente, concordar de
forma expressa com o valor atribuído (art. 633 do CPC/2015).

Na sequência, segundo o art. 635 do CPC/2015, entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará que sobre ele
se manifestem as partes no prazo de 15 dias. Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu
respeito lavra-se em seguida o termo de últimas declarações, no qual o inventariante poderá emendar,
aditar ou completar as primeiras (art. 636 do CPC/2015).

Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no prazo comum de 15 dias, procede-se ao cálculo do imposto
(art. 637 do CPC/2015). Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes no prazo comum de 5 dias e,
em seguida, a Fazenda Pública (art. 638 do CPC/2015).

Essa é a ordenação processual. E o que ocorre no meio desse procedimento? Quais são os elementos
materiais? Vejamos adiante.

Capítulo II – Sonegados

Só se pode arguir a sonegação bens relativamente ao inventariante depois de encerrada a


descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar,
segundo o art. 1.996. Se a pessoa não for o inventariante, a sonegação ocorrerá depois de
declarar-se no inventário que não os possui.

Nesse caso, o herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventário
quando estejam em seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação,
a que os deva levar, ou que deixar de restituí-los, perderá o direito que sobre eles lhe cabia (art. 1.992).
Igualmente, como mostrarei mais adiante, a sonegação é causa de remoção do herdeiro da inventariança,
caso seja ele inventariante, em se provando a sonegação, ou negando ele a existência dos bens, quando
indicados (art. 1.993).

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Entende a doutrina majoritária e a jurisprudência do STJ (REsp 163.195) que a pena de sonegação só atinge
o sonegador se esse agir com dolo.

A sonegação será arguida na própria ação de inventário. No entanto, como a prova a respeito da sonegação
exigirá dilação probatória ampla, em caso de recusa de sonegação, não resta alternativa que não a
propositura de ação de sonegados.

Para a imposição dessa pena, porém, só podem mover ação os herdeiros ou os credores da herança (art.
1.994). A sentença que se proferir na ação de sonegados, movida por qualquer dos herdeiros ou credores,
aproveita aos demais interessados (parágrafo único).

E em qual prazo cabe a ação de sonegados? Como o CC/2002 silencia a respeito, como fazia o CC/1916, a
jurisprudência aplica o prazo geral decenal. Assim, a partir da prática do ato irregular (declaração do
inventariante de que todos os bens foram arrolados ou declaração do herdeiro de que não possui o bem),
deve-se contar o prazo prescricional de 10 anos para a propositura da ação de sonegados, estabelece o STJ
(REsp 279.177).

Com o reconhecimento da sonegação, os bens sonegados voltam ao monte-mor para sobrepartilha. Porém,
se não se restituírem os bens sonegados, por já não os ter o sonegador em seu poder, pagará ele a
importância dos valores que ocultou, mais as perdas e danos, na forma do art. 1.995.

Capítulo III – Pagamento das dívidas

Captadas as eventuais sonegações, removido o inventariante, se for o caso, feitas as primeiras


e últimas declarações, passa-se ao pagamento das dívidas do espólio. Segundo o art. 1.997 do
CC/2002, a herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido, até o limite (ultra vires
hereditatis); mas, feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da
parte que na herança lhe coube.

Assim, antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inventário o pagamento das
dívidas vencidas e exigíveis (art. 642 do CPC/2015). A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será
distribuída por dependência e autuada em apenso aos autos do processo de inventário (§1º).

Na dicção do §2º, concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor, mandará que
se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens suficientes para o seu pagamento. Ao contrário,
não havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de pagamento feito pelo credor, será ele
remetido para os meios ordinários (art. 643). O juiz mandará, porém, reservar em poder do inventariante
bens suficientes para pagar o credor, quando a dívida constar de documento que comprove suficientemente
a obrigação e a impugnação não se fundar em quitação, de acordo com o parágrafo único.

Já no caso de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode o credor requerer habilitação no inventário.
Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao julgar habilitado o crédito, mandará que se faça separação
de bens para o futuro pagamento (art. 644, parágrafo único do CPC). Se não concordarem, o credor deve
buscar as vias ordinárias, após o vencimento, como ocorre nas dívidas em geral.

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Em qualquer caso, havendo reserva de bens, segundo o art. 1.997, §2º, do CC/2002, o credor será obrigado
a iniciar a ação de cobrança no prazo de 30 dias, sob pena de se tornar de nenhum efeito a providência
indicada. Caso o volume de dívidas seja superior ao valor que o espólio pode suportar, cabe ao
inventariante requerer a instauração da insolvência, nos termos do art. 618, inc. VIII, do CPC/2015.

Veja-se, ainda, que as dívidas póstumas, derivadas do espólio e dos gastos com o passamento do falecido,
têm prioridade no recebimento. As despesas funerárias, haja ou não herdeiros legítimos, sairão do monte
da herança; mas as despesas de cunho religioso, dos sobreviventes ou do falecido, só obrigarão a herança
quando ordenadas em testamento ou codicilo (art. 1.998). Trata-se, por exemplo, de uma missa requerida
pelo defunto.

Prevê o art. 1.999 que sempre que houver ação regressiva de uns contra outros herdeiros, a parte do
coerdeiro insolvente será dividida em proporção entre os demais. Isso acontece, por exemplo, quando
você, herdeiro custeia alguma coisa necessária ao funeral e quer ser reembolsado dos demais herdeiros. A
regra é muito semelhante àquela prevista na solidariedade obrigacional.

Por fim, se o herdeiro for devedor ao espólio, sua dívida será partilhada igualmente entre todos, salvo se a
maioria consentir que o débito seja imputado inteiramente no quinhão do devedor (art. 2.001). Há, aqui,
compensação de dívidas, em alguma medida.

Capítulo IV – Colação

A colação (collatio) nada mais é do que a equalização dos valores recebidos pelos sucessores do falecido,
tanto em vida, como na morte. Ou seja, eventualmente o falecido, ainda em vida, fez liberalidades em prol
dos herdeiros. Essas liberalidades precisam ser equiparadas, ao fim e ao cabo. Lembra que art. 544
estabelece que a doação ao descendente importa em adiantamento do que lhe cabe por herança.

Por isso, prevê o art. 2.002, os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são
obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena
de sonegação. Para se fazer o cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será computado na parte
indisponível, sem aumentar a disponível (parágrafo único).

A colação obriga também os donatários que, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem os bens
doados, evidencia o art. 2.003.

Se, computados os valores das doações feitas em adiantamento de legítima, não houver no acervo bens
suficientes para igualar as legítimas dos descendentes e do cônjuge, os bens assim doados serão conferidos
em espécie (colação em espécie). Se o donatário não mais estiver com o bem, computa-se-o pelo valor ao
tempo da liberalidade (colação ideal).

Veja que, pela literalidade do art. 2.002, somente os descendentes estão obrigados a trazer os
bens recebidos em vida por doação à colação, sob pena de sonegação. Ascendentes e
colaterais, portanto, estão dispensados de trazer tais bens à colação.

No entanto, pela redação do art. 2.003, o cônjuge também deve ser chamado à colação, porque
foi elevado à categoria dos herdeiros necessários. Com a declaração de inconstitucionalidade do art. 1.790,

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o companheiro também passou a ter sua sucessão regida pelo art. 1.829, pelo que também é obrigado a
colacionar os bens recebidos em vida do falecido, sob pena de sonegação. Se a doação foi feita por ambos
os conviventes, exige-se colação pela metade no inventário de cada um (art. 2.012).

O valor de colação dos bens doados será aquele que lhes atribuir o ato de liberalidade, determina o art.
2.004 do CC/2002. Se do ato de doação não constar valor, nem houver estimação feita naquela época, os
bens serão conferidos na partilha pelo que então se calcular valessem ao tempo da liberalidade (§1º). As
benfeitorias acrescidas, os rendimentos, lucros, bem como os danos e perdas que eles sofrerem pertencerão
ao herdeiro donatário, não entram no valor da colação (§2).

O bem doado, em adiantamento de legítima, será colacionado de acordo com seu valor atual na data da
abertura da sucessão, se ainda integrar o patrimônio do donatário. Se o donatário já não possuir o bem
doado, este será colacionado pelo valor do tempo de sua alienação, atualizado monetariamente.

Cuidado, porque são dispensadas da colação as doações que o doador determinar que saiam
da parte disponível, contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da doação
(art. 2.005). Essa dispensa pode ser outorgada pelo doador em testamento, ou no próprio título
de liberalidade (art. 2.006), como na escritura pública de doação.

Igualmente, não entram na colação os gastos ordinários do ascendente com o descendente,


enquanto menor, assim como as despesas de casamento. Também não entram as despesas feitas no
interesse de sua defesa em processo-crime (art. 2.010), nem as doações remuneratórias de serviços feitos
ao ascendente (art. 2.011).

Pois bem. Para além das colações, necessário analisar se haverá alguma redução a ser feita. Se os bens
doados pelo falecido, em vida, superarem o valor da legítima, depois de feitas as colações, é preciso que
sejam as doações inoficiosas (art. 549) ser reduzidas.

Ultrapassando a parte disponível, estão sujeitas à redução as doações (art. 2.007), calculado
o excesso com base no valor que os bens doados tinham, no momento da liberalidade (§1º),
que retornará ao monte partilhável (2º). Nesses casos, é lícito ao donatário escolher, dos bens
doados, tantos quantos bastem para perfazer a legítima e a metade disponível, entrando na
partilha o excedente para ser dividido entre os demais herdeiros (art. 640, §1º, do CPC/2015).

Sujeita-se à redução também a parte da doação feita a herdeiros necessários que exceder a legítima e mais
a quota disponível (§3º do art. 2.007). Caso sejam várias as doações realizadas em favor dos herdeiros
necessários, feitas em diferentes datas, serão elas reduzidas a partir da última, até a eliminação do excesso
(§4º).

O herdeiro que renunciou à herança ou o que dela foi excluído não se exime, pelo fato
da renúncia ou da exclusão, de conferir, para o efeito de repor a parte que extrapolava
a legítima, as liberalidades que recebeu do doador (art. 2.008). Mesmo os netos,
representando os seus pais, que sucederem aos avós, serão obrigados a trazer à colação,
ainda que não o hajam herdado, o que os pais teriam de conferir (art. 2.009).

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Capítulo V – Partilha

Inicialmente, a partilha tem efeito meramente declaratório. Isso porque, pelo princípio da saisine, a
propriedade dos bens impartilhados já pertence aos sucessores, mas é preciso um ato judicial para que isso
“declarado” juridicamente.

Pois bem, pagas as dívidas, segundo o art. 647 do CPC/2015, o juiz facultará às partes que, no prazo comum
de 15 dias, formulem o pedido de quinhão. Em seguida proferirá o despacho de deliberação da partilha,
resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que devam constituir quinhão de cada herdeiro e
legatário.

No entanto, pode o próprio testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhões hereditários,
deliberando ele próprio a partilha. Esse esboço de partilha feito por testamento sempre prevalece, salvo se
o valor dos bens não corresponder às quotas estabelecidas, (art. 2.014 do CC/2002).

Assim, o partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão, observando nos pagamentos a
seguinte ordem (art. 651 do CPC/2015):

I - dívidas atendidas;
II - meação do cônjuge;
III - meação disponível;
IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho.

Feito o esboço, dirão sobre ele as partes no prazo comum de 15 dias (art. 652).

Pago o ITCMD, e juntada aos autos certidão ou informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública,
o juiz julgará por sentença a partilha (art. 654). Passada em julgado a sentença, receberá o herdeiro os bens
que lhe tocarem e um formal de partilha.

A partilha, ainda depois de passar em julgado a sentença, pode ser emendada nos mesmos autos do
inventário, convindo todas as partes, quando tenha havido erro de fato na descrição dos bens. O juiz, de
ofício ou a requerimento da parte, poderá, a qualquer tempo, corrigir-lhe as inexatidões materiais, por força
do art. 656.

Durante a partilha, os bens insuscetíveis de divisão cômoda, que não couberem na meação do convivente
ou no quinhão de um só herdeiro, devem ser vendidos judicialmente. Então, partilha-se o valor apurado, a
não ser que haja acordo para serem adjudicados a todos, exige o art. 2.019.

No entanto, não se faz a venda judicial se o convivente ou um ou mais herdeiros requererem lhes seja
adjudicado o bem, repondo aos outros, em dinheiro, a diferença, após avaliação atualizada (§1º). Ademais,
se a adjudicação for requerida por mais de um herdeiro, observa-se o processo da licitação (§2º).

Determina o art. 2.020 que quem esteja em posse dos bens da herança é obrigado a trazer ao acervo os
frutos que perceber, desde a abertura da sucessão. Os possuidores têm direito ao reembolso das despesas
necessárias e úteis que fizeram, e respondem pelo dano a que, por dolo ou culpa, deram causa.

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Eventualmente, bens do falecido restam impartilhados. Nesses casos, cabe a sobrepartilha. De


regra, vale à sobrepartilha o mesmo procedimento da partilha (art. 670).

Inclusive, a sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da herança (parágrafo único).
São as hipóteses de sobrepartilha:

1. Os bens sonegados
• Art. 2.022 do CC/2002

2. Os bens da herança que se descobrirem depois da partilha


• Art. 2.022 do CC/2002

3. Os bens litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa


• Art. 2.021 do CC/2002

4. Os bens situados em lugar remoto do juízo onde se processa o inventário


• Art. 2.021 do CC/2002

Capítulo VI – Garantia dos quinhões hereditários

Julgada a partilha, fica o direito de cada um dos herdeiros circunscrito aos bens do
seu quinhão (art. 2.023). Assim, acaba a indivisão dos bens do monte partilhável e não
se consideram mais seus bens, de maneira global, como um imóvel.

Prevê o art. 2.024 que os coerdeiros são reciprocamente obrigados a indenizar-se no


caso de evicção dos bens aquinhoados. Havendo convenção em contrário, dando-se a
evicção por culpa do evicto, ou por fato posterior à partilha, a garantia contra a
evicção não mais subsiste (art. 2.025). Eis aqui exemplo peculiar de fato ilícito em sentido estrito. Lembra?
São as situações em que há imputabilidade de uma conduta a alguém, independentemente de culpa.

Como se dá a indenização? O evicto será indenizado pelos coerdeiros na proporção de suas quotas
hereditárias, em regra. Se algum deles se achar insolvente, respondem os demais na mesma proporção, pela
parte desse, menos a quota que corresponderia ao indenizado, determina o art. 2.026.

Quando isso ocorrerá? Imagine que sua mãe faleça e deixe duas casas. Você fica com uma e sua irmã com
outra. Mas, por causa de uma ação de evicção, anterior à partilha, sem culpa sua, você perde a casa. Nesse
caso, sua irmã será chamada a indenizar você pela evicção.

Veja que sua irmã será chamada a indenizar você ainda que seja absolutamente inocente e que sequer saiba
da causa da evicção. Não importa.

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Capítulo VII – Anulação da partilha

A partilha é anulável pelos vícios e defeitos que invalidam, em geral, os negócios jurídicos,
extinguindo-se, em um ano, o direito de anular a partilha (art. 2.027, parágrafo único). O
Código Civil, portanto, não restringe a anulação da partilha a qualquer tipo de vício específico.
Por isso, a única conclusão possível é de que todos os vícios do negócio jurídico permitem a
anulação da partilha.

Prevê o parágrafo único que a anulação se extingue no prazo decadencial de um ano.

A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo nos autos do inventário ou
constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada, por dolo, coação, erro essencial
ou intervenção de incapaz (art. 657 do CPC/2015). Nesses casos, segundo o parágrafo único, decai o direito
de propor ação anulatória de partilha amigável em um ano, contado este prazo, quanto a:

Coação
• Do dia em que ela cessou
Erro ou dolo
• Do dia em que se realizou o ato
Incapaz
• Do dia em que cessar a incapacidade

Segundo o art. 658 do CPC/2015, se já julgada por sentença, a partilha é rescindível (no prazo de dois anos,
por aplicação do art. 975 do CPC/2015), do trânsito em julgado da decisão:

Nos casos mencionados de anulação da partilha

Se feita com preterição de formalidades legais

Se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja

Veja que esses são casos de anulação da partilha. Segundo a doutrina majoritária e a
jurisprudência do STJ (AgRG no Ag 719.924), caso a partilha seja nula, o prazo prescricional é
de 10 anos (art. 205 do CC/2002).

Por fim, caso determinado herdeiro não tenha participado do inventário e da partilha, pode
recorrer à ação de petição de herança, de caráter reivindicatório e com prazo prescricional de
10 anos (art. 205 do CC/2002), conforme entendimento jurisprudencial consolidado.

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2 – Considerações finais

Chego ao final de mais uma aula, e, com isso, chegamos ao final do nosso Curso! Esta é uma aula que abrange
todos os pontos do seu Edital que tratam sobre o Direito das Sucessões. Assim, é possível estudar tudo a
respeito do tema numa aula única. =)

Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entre em contato comigo. Estou disponível no Fórum de Dúvidas
do Curso, e-mail e mesmo redes sociais, para assuntos menos sérios.

Paulo H M Sousa

prof.phms@estrategiaconcursos.com.br

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Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

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QUESTÕES COMENTADAS

FCC

Direito das sucessões (arts. 1.784 a 2.027)

Sucessão em geral (1.784 a 1.828)

1. (FCC / SEAD-AP – 2018) Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, inexistindo
outros herdeiros, será esta desde logo declarada
a) jacente.
b) vacante.
c) jacente e vacante, nesta ordem.
d) vacante e jacente, nesta ordem.
e) vacante e jacente, nesta ordem, o que implicará a ineficácia do último ato de renúncia.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois a herança será declarada vacante.

A herança jacente é aquela que ocorre quando o de cujus não deixou testamento, não havendo também
cônjuge sobrevivente e nem parente conhecido para sucedê-lo.

A alternativa B está correta, pois quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, inexistindo
outros herdeiros, será esta declarada vacante.

Como herança vacante define-se aquela que não foi disputada com êxito por qualquer herdeiro, sendo esta
judicialmente proclamada como sendo “de ninguém”. Ou seja, a herança vacante pressupõe, de forma
definitiva, que não há herdeiros, podendo ser este legítimos ou testamentários. Para maior entendimento
acerca do artigo, tem-se o Art. 1823, que dispõe:

Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada
vacante.

De acordo com o dispositivo, temos um posicionamento do código que indica que todos os herdeiros
necessários (descontentes, ascendentes e cônjuges) foram chamados, seguindo a preferência de classes, e

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renunciando aos direitos quais seriam possíveis, determinando que sejam chamados os colaterais (podendo
ser até o quarto grau), mas que igualmente não querem receber a sua parcela. Sendo assim, sendo
constatada a inexistência de herdeiros necessários e legítimos, se diz que a herança é vacante, permitindo
que o Poder Público se habilite e arrecade-a. A norma explanada é remota, dado que os titulares dos direitos
patrimoniais, não tendo sucessores necessários ou legítimos, distribuam os bens em testamento para
herdeiros instituídos ou legatários.

A alternativa C está incorreta, pois a herança será declarada apenas vacante.

Seus conceitos não se confundem, pois, a herança jacente é aquela que ocorre quando alguém falece e não
deixa um testamento, nem um cônjuge ou sobrevivente e nem parente conhecido para que seja o sucessor,
já a herança vacante é aquela que ocorre quando todos os herdeiros possíveis à sucessão renunciaram seus
direitos, sendo esta arrecadada pelo Poder Público.

A alternativa D está incorreta, pois a herança será caracterizada como vacante.

Como melhor explanado na alternativa C, os conceitos das duas formas de heranças não se confundem, dado
que a jacente ocorre quando um falecido não deixa um testamento, nem um cônjuge ou parente para que
seja dada a sucessão dos bens, já a herança vacante ocorre quando todos os herdeiros necessários e
legítimos abdicaram do seu direito de herança e, sendo assim, pode o Poder Público se utilizar desta.

A alternativa E está incorreta, pois a herança será vacante e não irá implicar a ineficácia do ato de renúncia.

2. (FCC / SEFAZ-SC – 2018) Olavo, divorciado, faleceu deixando dois filhos, Alessandro e Breno, cada
qual deles contando com um filho. Durante o processo de inventário, Alessandro e Breno renunciaram à
herança. Nesse caso,
a) a herança deve se destinar aos herdeiros de segunda classe, por direito próprio.
b) a herança deve ser destinada aos descendentes de segundo grau, por direito próprio.
c) a herança deve ser destinada aos descendentes de segundo grau, por representação.
d) deve ser declarada jacente, abrindo-se procedimento para a vacância.
e) a herança deve ser destinada aos herdeiros de segunda classe, por representação.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois o destino da herança não serão os herdeiros de “segunda classe” e sim
de segundo grau.

A alternativa B está correta, a herança será encaminhada aos herdeiros de segundo grau, conforme
amparado pelo Art. 1811 do Código Civil:

1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da
sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão,
por direito próprio, e por cabeça.

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O mais evidente efeito da renúncia é que ele não é transmitido para os descendentes. O dispositivo em
questão permite interpretar de forma que o renunciante nunca tivesse existido. Não tendo existido, não
pode gerar e não tem sucessores. No entanto, há uma exceção: quando os demais herdeiros da mesma classe
são pré-mortos ou renunciarem, os filhos então irão recolher a herança.

A alternativa C está incorreta, pois a herança deverá ser encaminhada para os herdeiros de segundo grau,
mas sendo estes por direito próprio.

De acordo com o Código Civil:

1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da
sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão,
por direito próprio, e por cabeça.

Pode-se concluir com a leitura do artigo acima apresentado que a renúncia não possui um efeito que se
transmite para os descendentes, mas há para tal afirmativa uma exceção disposta por lei, ocorrendo quando
os herdeiros da mesma classe são pré-mortos ou renunciarem, e desta forma quem irá recolher a herança
são os filhos.

A alternativa D está incorreta, pois a herança deverá ser encaminhada aos descendentes de segundo grau,
sem haver abertura para período de vacância. Apoia-se no Art. 1811 do Código Civil, que dispõe:

1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da
sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão,
por direito próprio, e por cabeça.

A herança jacente citada na alternativa é aquela que ocorre quando alguém falece e não deixa um
testamento, nem um cônjuge ou sobrevivente e nem parente conhecido para que este seja seu sucessor.

A alternativa E está incorreta, pois a herança deve ser encaminhada aos herdeiros de segundo grau, por
direito próprio, de acordo com o Art. 1811 do Código Civil:

1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da
sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão,
por direito próprio, e por cabeça.

3. (FCC / MPE-PB – 2018) A sucessão por morte ou ausência obedece à lei


a) brasileira, quanto aos bens situados no Brasil, se aqui abrir-se a sucessão, independentemente do
domicílio ou nacionalidade do defunto ou desaparecido.
b) da nacionalidade do defunto ou desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens, mas a
sucessão de bens de estrangeiros, situados no Brasil, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge
ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do
de cujus.

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c) do país em que se abriu a sucessão, mas a capacidade para suceder se regula pela lei do domicílio do
herdeiro, salvo se brasileiro, quanto aos bens situados no Brasil, se a lei brasileira lhe for mais favorável,
sendo então esta a aplicável.
d) do país em que se abrir a sucessão, mas a capacidade para suceder se regula pela lei da nacionalidade do
herdeiro.
e) do país em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação
dos bens, mas a sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil será regulada pela lei brasileira, em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais
favorável a lei pessoal do de cujus.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois a sucessão por morte ou ausência obedece à lei do pais em que estiver
domiciliado o defunto ou desaparecido, sendo a sucessão de bens situados no Brasil regulados pela lei
brasileira em benefício do cônjuge e dos filhos brasileiros, ou de seus representantes, sempre que não seja
mais favorável a estes sucessores a lei pessoal do de cujus, com base no Art. 10 do CC:

Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

A alternativa B está incorreta, dado que a sucessão por morte ou ausência será regulada conforme a lei do
pais em que estiver domiciliado o defunto ou desaparecido, e não conforme a nacionalidade do
defunto/desaparecido, conforme disposto pelo Art. 10:

Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

A alternativa C está incorreta, pois a sucessão por morte ou ausência será regulada conforme a lei do país
em que estiver domiciliado o desaparecido ou defunto, e não conforme a lei do país em que se abriu a
sucessão.

Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

A alternativa D está incorreta, dado que a sucessão será regulada conforme as leis do país em que estiver
domiciliado o defunto/desaparecido, a sucessão dos bens estrangeiros que estiverem situados no Brasil será
regulada pela lei nacional, conforme o Art. 10 e seu parágrafo primeiro:

Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

§ 1º. A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, de 1995).

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A alternativa E está correta, pois a sucessão será disposta conforme as leis do país em que era domiciliado
o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens, sendo a sucessão de bens
de estrangeiros situados no Brasil regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, conforme disposto pelo Art. 10 e seu parágrafo primeiro:

Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

§ 1º. A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, de 1995).

4. (FCC / PGE-AP – 2018) A sucessão hereditária abre-se


a) na comarca em que se realizar o inventário, deferindo-se a herança como um todo unitário, ainda que
vários sejam os herdeiros, por isso, cada um deles é legitimado isoladamente para reclamar a restituição de
bens da herança que se encontrem na posse de terceiros.
b) no lugar em que ocorrer o óbito, deferindo-se a herança como um todo unitário, ainda que vários sejam
os herdeiros, e, nesse caso, a ação de petição de herança pode ser intentada por um só deles.
c) no lugar em que ocorrer o óbito, deferindo-se a herança como bem divisível em tantos quantos forem os
herdeiros, cada qual sendo legitimado para intentar ação de petição de herança de sua cota parte.
d) no lugar do último domicílio do falecido, deferindo-se a herança como um todo unitário, ainda que vários
sejam os herdeiros, e, nesse caso, a ação de petição de herança pode ser intentada por um só deles.
e) na comarca em que se realizar o inventário, deferindo-se a herança como um todo unitário, ainda que
vários sejam os herdeiros, mas, nesse caso, a ação de petição de herança só pode ser intentada por todos
em conjunto.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois a sucessão hereditária abre-se no lugar do último domicílio do falecido,
e não na comarca em que se realizar o inventário, conforme disposto pelo Art. 1785:

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

A alternativa B está incorreta, pois a sucessão hereditária irá se abrir no local onde for o último domicílio do
falecido, e não no lugar em que ocorrer o óbito, sendo de fato deferida como um todo unitário e podendo a
petição de herança, mesmo que exercida por um só dos herdeiros, abranger todos os bens hereditários,
conforme os Arts. 1785, 1791 e 1825 do CC:

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.

Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender
todos os bens hereditários.

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A alternativa C está incorreta, pois a sucessão não se dará no local em que ocorrer o óbito, e sim no local
onde for o ultimo domicílio do falecido, sendo também a herança deferida como um todo unitário,
independentemente do número de herdeiros, havendo possibilidade da petição ser exercida apenas por um
destes herdeiros, de acordo com o disposto pelos arts. 1785, 1791 e 1825:

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.

Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender
todos os bens hereditários.

A alternativa D está correta, pois está concernente com os arts. 1785, 1791 e 1825, onde se compreende
que a sucessão hereditária se abre na comarca em que o inventário for realizado, deferindo-se a herança
como um todo unitário, mesmo havendo mais de um herdeiro, podendo a petição intentada por apenas um
deles, conforme o Código Civil:

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.

Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender
todos os bens hereditários.

A alternativa E está incorreta, pois a sucessão hereditária se abrirá no local em que foi o último domicílio do
falecido, podendo também a petição ser intentada apenas por um dos herdeiros, mesmo que sejam mais de
um, conforme disposto pelos arts. 1785, 1791 e 1825:

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.

Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender
todos os bens hereditários.

5. (FCC / DPE-AM – 2018) Em relação ao direito sucessório,


a) a sucessão abre-se no lugar do falecimento do autor da herança.
b) havendo herdeiros, de qualquer natureza, o testador só poderá dispor de metade da herança.
c) o herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do
excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
d) aberta a sucessão, a herança transmite-se com a propositura do pedido de arrolamento ou de inventário,
tanto dos herdeiros legítimos como dos testamentários.
e) legitimam-se a suceder somente as pessoas já nascidas no momento da abertura da sucessão, pela
inexistência de direito adquirido às que tenham sido apenas concebidas na ocasião.

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Comentários

A alternativa A está incorreta, pois a sucessão não é aberta no local de falecimento do autor da herança,
mas sim no local do último domicílio do falecido, conforme disposto pelo Art. 1785 do Código Civil:

Art. 1.785. A sucessão abe-se no lugar do último domicílio do falecido.

A alternativa B está incorreta, pois não são herdeiros de qualquer natureza que ocasionam que o testador
só possa dispor de metade da herança. Para que isso ocorra, devem haver herdeiros necessários, e sendo
assim, o testador só poderá dispor da metade da herança, conforme disposto pelo Art. 1789:

Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.

A alternativa C está correta, dado que o herdeiro não irá responder por encargos que forem superiores às
forças da herança, no entanto a ele fica incumbido a prova do excesso, a não ser que haja inventário que o
escuse por meio de demonstração do valor dos bens herdados, conforme disposto pelo Art. 1792:

Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a
prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.

A alternativa D está incorreta, pois a herança não irá se transmitir com a propositura do pedido de
arrolamento ou de inventário, e sim, será transmitida aos herdeiros que forem legítimos e constarem no
testamento, de acordo com o Art. 1784 do Código Civil:

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

A alternativa E está incorreta, pois não serão apenas as pessoas já nascidas no momento da abertura da
sucessão, podendo ser consideradas também os sucessores não nascidos, porém já concebidos, de acordo
com o Art. 1798 do Código Civil:

Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da


sucessão.

6. (FCC / PGE-TO – 2018) Joaquim, casado com Antonia, mantinha relacionamento extraconjugal há
mais de dois anos com a viúva Lucrécia. Certo dia, Joaquim, na condução de seu automóvel, levando como
passageiros sua esposa Antonia e seu sogro Ricardo, realizou uma imprudente ultrapassagem, em local
proibido, e acabou por colidi-lo frontalmente contra o carro guiado por Pedro, que trafegava regularmente
em sua mão de direção. Do acidente resultou a destruição de ambos os veículos e as mortes de todos os
ocupantes do automóvel de seu causador. Joaquim e Antonia, quando da chegada do resgate, já estavam
sem vida, não se tendo conseguido estabelecer o pré-morto. Ricardo ainda foi socorrido, mas faleceu a
caminho do hospital, deixando vivo o filho José. Já Antonia e Joaquim não tinham descendentes; Joaquim,
não possuía ascendentes nem descendentes, tendo como único parente conhecido Romeu, filho de um
primo. Nenhum dos falecidos deixou testamento, mas possuíam bens e Joaquim celebrara contrato de
seguro de vida em que indicara Romeu como beneficiário. Neste caso, os bens de

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a) Joaquim serão herdados por Lucrécia e por Romeu, que também receberá a indenização de seguro; Pedro,
no entanto, terá direito de pedir o pagamento de sua indenização antes que os bens de Joaquim sejam
partilhados entre aqueles herdeiros. Os bens de Antonia serão herdados por Ricardo, que os transmitirá a
José.
b) Joaquim serão herdados por Lucrécia; Pedro, entretanto, terá direito de pedir o pagamento de
indenização, que será suportada pela herança de Joaquim. Romeu receberá a indenização do seguro. Os bens
de Antonia serão herdados por Ricardo, que os transmitirá a José.
c) Joaquim serão arrecadados e sua herança será considerada jacente; Pedro, porém, terá direito de pedir o
pagamento de indenização, que será suportada pela herança de Joaquim; a final a herança de Joaquim será
declarada vacante, mas Romeu receberá a indenização do seguro. Os bens de Antonia serão herdados por
Ricardo, que os transmitirá a José.
d) Antonia serão herdados por José. Os bens de Joaquim serão arrecadados e sua herança será considerada
jacente; Pedro, contudo, terá direito de pedir o pagamento de indenização, que será suportada pela herança
de Joaquim; a final a herança de Joaquim será declarada vacante, mas Romeu receberá a indenização do
seguro.
e) Joaquim serão arrecadados, sua herança considerada jacente e, a final, declarada vacante. Pedro terá
direito de receber sua indenização, retirada do seguro de vida deixado por Joaquim, e Romeu apenas
receberá o que sobrar dessa indenização securitária. Os bens de Antonia serão herdados por José.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que Lucrécia é concubina de Joaquim e, sendo assim, esta não tem
direito a herança, de acordo com o Art. 1727, que dispõe:

Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem
concubinato. (Apenas na união estável se herda - companheiro a), o concubino a) não é herdeiro).

O concubinato é tido no direito como o conceito de relações não eventuais entre pessoas que são impedidas
de casar, salvo se este impedimento se formar por conta de um casamento no qual tenha ocorrido uma
separação judicial ou separação de fato. Tal caracterização impede, em regra, a produção dos efeitos típicos
da união estável.

A alternativa B está incorreta, pois Lucrécia não é herdeira dos bens de Joaquim, devida a relação
extraconjugal, caracterizada como concubinato que era tida pelos dois, de acordo com o Art. 1727 do CC:

Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem
concubinato. (Apenas na união estável se herda - companheiro a), o concubino a) não é herdeiro).

A alternativa C está correta, já que Pedro tem o direito de pedir a indenização, sendo esta suportada pela
herança de Joaquim já que este foi o causador do acidente e dos prejuízos, quais são geradores de
indenização, conforme disposto pelo Art. 1821:

Art. 1.821. É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos limites
das forças da herança.

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Desta forma, a herança de Joaquim será declarada como vacante, e Romeu irá receber a indenização do
seguro, sendo assim pois a indenização securitária de vida não é considerada herança, de acordo com o Art.
794:

Art. 794. No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o capital estipulado não está
sujeito às dívidas do segurado, nem se considera herança para todos os efeitos de direito.

Já os bens de Antonia serão herdados por Ricardo, sendo estes transmitidos a José, tendo o Ricardo, pai de
Antonia, morrido depois dela, os bens serão herdados por Ricardo e posteriormente por José, o filho.

A alternativa D está incorreta, pois os bens de Antonia não são herdados por José, sendo desta forma
ocasionada por comoriência, quando as pessoas forem reciprocamente herdeiras uma da outra, e vierem a
falecer na mesma ocasião, sem ser possível afirmar quem morreu primeiro, um não irá participar da ordem
de vocação da outra, não havendo a transmissão de bens entre eles de acordo com o Art. 8º:

Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

A alternativa E está incorreta, dado que os bens de Antonia não serão herdados por José por conta da
comoriência, que ocorre quando duas pessoas são reciprocamente herdeiras uma da outra e faleçam na
mesma ocasião, não sendo possível determinar qual dos dois faleceu primeiro, e sendo assim um não
participa na ordem de vocação da outra e não há a transmissão de bens entre eles, de acordo com o Art. 8º:

Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

7. (FCC / DPE-RS – 2018) Sobre o direito das sucessões, analise as assertivas abaixo.

I. A sucessão se abre no local do óbito do falecido.

II. A sucessão regula-se pela lei vigente na época de abertura do inventário.

III. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros testamentários.

Está correto o que consta de:


a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

Comentários

A assertiva I está incorreta, dado que a sucessão não se abre no local do óbito, e sim no local de último
domicílio do falecido, conforme disposto pelo Art. 1785:

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Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

O disposto pelo artigo considera não tão importante o local do falecimento, dado que este pode ocorrer em
local distinto ao local onde a pessoa falecida provavelmente exercia seus atos diários e negócios, sendo este
o que interessa perante a abertura do processo de inventário.

A assertiva II está incorreta, pois a lei deve ser analisada em sua vigência no período de abertura da sucessão,
e não com relação ao inventário, conforme disposto pelo Art. 1787 do CC:

Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.

A assertiva III está correta, pois é fato que, uma vez que for aberta a sucessão, a herança irá se transmitir,
desde então, aos herdeiros legítimos e os testamentários, conforme disposto pelo Art. 1784 do CC:

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

A alternativa B está correta, pois apenas a assertiva III está correta.

As alternativa A, C, D e E estão incorretas, consequentemente.

8. (FCC / DPE-RS – 2017) Paula é companheira de Renato, que tem três filhos de outro relacionamento.
Renato falece em um acidente automobilístico. Neste caso, de acordo com o Código Civil, na sucessão do
companheiro falecido, quanto aos múltiplos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável,
Paula terá direito a
a) metade da herança total.
b) uma quota equivalente à que por lei for atribuída aos filhos.
c) metade do que couber a cada um dos filhos do falecido.
d) um terço da herança total.
e) dois terços da herança total.

Comentários

Questão problemática porque para haver uma alternativa correta deve-se considerar que a expressão
“quanto aos múltiplos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável” sugere que o falecido
possuía bens particulares. Isso porque para que a questão tenha uma alternativa correta a assinalar, não
pode o de cujus ter falecido sem bens particulares.

A alternativa A está incorreta, já que a questão é clara ao questionar acerca da “sucessão do companheiro
falecido”, ou seja, do direito hereditário, que não se confunde com a meação que Paula possui.

A alternativa B está correta. Primeiro, vale lembrar que o STF, nos Recursos Extraordinários 646.721 e
878.694, estabeleceu que o art. 1.790, que tratava da sucessão do companheiro, é inconstitucional, pelo que
aplicáveis as normas sucessórias do cônjuge a ele também. Segundo, conforme estabelece o art. 1.725, “Na

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união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que
couber, o regime da comunhão parcial de bens”. Ou seja, aplicável o regime da comunhão parcial de bens
ao caso narrado no exercício.

Por fim, necessário consider que Renato deixou bens particulares com a expressão “quanto aos múltiplos
bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável”. Isso porque o art. 1.829, inc. I (“A sucessão
legítima defere-se na ordem seguinte: aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente,
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de
bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver
deixado bens particulares”) defere direito sucessório ao cônjuge sobrevivente, caso o falecido tenha deixado
bens particulares no regime da comunhão parcial de bens; se não deixar, o sobrevivo não tem direito
hereditário, mas apenas direito à meação.

Daí aplicável, consequentemente, o art. 1.832: “Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I)
caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à
quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer”.

Do contrário, se a questão não denota a existência de bens particulares do falecido, não haveria resposta
correta.

A alternativa C está incorreta, e estaria correta na literalidade do art. 1.790, inc. II (“A companheira ou o
companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da
união estável, nas condições seguintes: se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á
a metade do que couber a cada um daqueles”), mas como o STF julgou esse artigo inconstitucional,
inaplicável ao caso.

A alternativa D está incorreta, pelas mesmas razões apresentadas na assertiva B, cabe a ele quinhão igual
aos demais sucessores.

A alternativa E está incorreta, mais uma vez, dadas as mesmas razões apresentadas na alternativa B, cabe a
ele quinhão igual aos demais sucessores.

9. (FCC - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal- 2018) Mariana
e Marcio são irmãos e únicos herdeiros de um apartamento situado no bairro do Brooklin, na cidade de
São Paulo, deixado pelos seus pais Maria e José, ambos falecidos. O imóvel está vazio desde a desocupação
do anterior locatário no mês de Novembro de 2017. Os irmãos, que não mantêm uma boa relação,
divergem sobre a destinação do imóvel. Mariana quer vendê-lo, enquanto Marcio não pretende se
desfazer do bem, desejando locá-lo novamente. Mariana, então, sem dar conhecimento ao irmão, Marcio,
vende a sua quota parte do imóvel para Ricardo, seu amigo e estranho à relação entre os consortes, pela
quantia de R$ 500.000,00. Nesse caso, Marcio, ao tomar conhecimento da venda, se quiser a quota parte
de Mariana poderá haver para si a parte vendida a Ricardo depositando
a) 70% do preço estabelecido pela venda se o requerer no prazo de 1 ano, sob pena de decadência.
b) 70% do preço estabelecido pela venda, se o requerer no prazo de 180 dias, sob pena de decadência.

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c) o preço estabelecido pela venda, se o requerer no prazo de 1 ano, sob pena de decadência.
d) o preço estabelecido pela venda, se o requerer no prazo de 180 dias, sob pena de decadência.
e) o preço estabelecido pela venda, se o requerer no prazo de 90 dias, sob pena de decadência.

Comentários:

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O prazo é de 180 dias após a transmissão para o co-
herdeiro requerer a quota cedida, sob pena de decadência (art. 504 CC), como podemos ver no art. 1.795 do
Código Civil: ”O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver
para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão.”.

10. (FCC / DPE-BA – 2016) No direito das sucessões, o droit de saisine


a) Não foi incorporado ao direito brasileiro, uma vez que é necessária a aceitação da herança para que seja
transferida a propriedade e a posse dos bens herdados.
b) Se aplica ao Município quando ele é sucessor em razão da vacância da herança, conforme entendimento
do Superior Tribunal de Justiça.
c) Determina que a herança será transmitida, desde logo, tanto aos herdeiros legítimos como aos
testamentários, no exato momento da morte, independentemente de quaisquer outros atos.
d) Permite que o herdeiro ceda qualquer bem da herança considerado singularmente antes da ultimação da
partilha.
e) Estabelece que os herdeiros legítimos adquirem a posse da herança no exato momento em que tomam
ciência do falecimento do autor da herança.

Comentários

O princípio de SAISINE está positivado no art. 1.784 do CC/2002, que dispõe:

Art. 1784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

A alternativa A está incorreta, dado que a transmissão da herança é automática, independe de aceitação,
estando de acordo com o Código Civil:

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Considera-se, neste dispositivo, que o momento da morte da pessoa é o marco inicial para a transmissão dos
bens aos herdeiros, sendo automática. Uma vez que for excluída a meação do cônjuge supérstite, se houver,
os herdeiros passam a ser os titulares da universalidade de bens, de forma unitária, até o momento da
partilha.

A alternativa B está incorreta, dado que o Estado não é sucessor, e este coloca os bens em estado de
vacância. Conforme disposto pelo Art. 1819 do CC:

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Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os
bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua
entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.

É tido como regra geral que todas as pessoas fazem parte de uma família, sendo o núcleo representativo da
sociedade. No entanto, pode ocorrer de um imigrante vir ao país estando sozinho. Decorridos muitos anos,
sem voltar à sua cidade ou país, torna-se isolado, até que constituía uma nova família no Brasil. Infelizmente,
já foi verificado que algumas pessoas falecem sem deixar herdeiros, não havendo também testamento por
viver isolado. Quando inexistem os herdeiros, a herança é considerada vacante, podendo o Poder Público
tomar posse sob esta.

A alternativa C está correta, dado que é fato que o droit de saisine determina que a herança será transmitida,
desde logo tanto aos herdeiros quanto aos testamentários desde o momento exato da morte, de acordo
com o Art. 1784 do CC:

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

É definido como marco inicial para a transmissão dos bens herdeiros o momento da morte da pessoa. A
transferência é automática, e assim que excluída a meação do cônjuge supérstite, se houver, os herdeiros
passam a ser os titulares da universalidade de bens, de forma unitária, até que se dê a partilha dos bens.

A alternativa D está incorreta, dado que o droit não permite que o herdeiro ceda qualquer bem da herança
considerado singularmente antes da ultimação da partilha, sendo esta tentativa de cessão ineficaz, de acordo
com o Código Civil:

Art. 1.793. § 2º. É ineficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança
considerado singularmente.

A cessão do direito pode ser alienada pelo herdeiro a outrem, uma vez que são obedecidas as regras para
tal. Primeiramente, somente pode ser feita por escritura pública, tendo preferência os demais coerdeiros. A
cessão é genérica, e não pode o cessionário determinar qual será o bem alienado, porque todos são titulares
da universalidade, até que a partilha seja ultimada e homologada por sentença.

A alternativa E está incorreta, visto que não há necessidade de conhecimento pelos herdeiros, sendo a
herança já transmitida do momento em que a sucessão for aberta, de acordo com o disposto pelo art. 1.784
do CC:

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

11. (FCC / SEGEP-MA – 2016) Sérgio, domiciliado durante toda a vida em São Luís, faleceu, em um
acidente de trânsito em Bacabal, em 20 de outubro de 2014. Seu inventário foi aberto em 19 de dezembro
de 2014 e a partilha de seus bens foi homologada em 15 de março de 2015. De acordo com o Código Civil,
a herança de Sérgio foi transmitida a seus herdeiros no momento da
a) Sua morte, em 20 de outubro de 2014, e sua sucessão será aberta no local do falecimento, Bacabal.

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b) Homologação da partilha, em 15 de março de março de 2014, e sua sucessão será aberta no local do
falecimento, Bacabal.
c) Sua morte, em 20 de outubro de 2014, e sua sucessão será aberta no local de seu último domicílio, São
Luís.
d) Abertura do inventário, em 19 de dezembro de 2014, e sua sucessão será aberta no local do falecimento,
Bacabal.
e) Homologação da partilha, em 15 de março de 2014, e sua sucessão será aberta no local de seu último
domicílio, São Luís.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que a abertura da sucessão será dada no local de seu último domicílio,
e não no local de falecimento, conforme disposto pelo Art. 1785:

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

A alternativa B está incorreta, pois a herança é transmitida no momento de sua morte, e não da
homologação da partilha, bem como a sucessão não se dá abertura no local de falecimento, e sim no local
de seu último domicílio, conforme disposto pelos arts. 1784 e 1785 do CC:

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

A alternativa C está correta, dado que de fato a herança se transmite já no momento da morte, sendo, no
caso, o dia 20 de outubro de 2014, e a sucessão é aberta no local de último domicílio do falecido, como
disposto pelo Código Civil:

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

A alternativa D está incorreta, dado que a transmissão da herança não se dá na abertura do inventario, e
sim desde o momento do falecimento do de cujus, bem como a sucessão não terá abertura no local de
falecimento, e sim no local onde foi seu último domicílio, de acordo com os arts. 1784 e 1785:

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

A alternativa E está incorreta, dado que a transmissão de herança ocorre a partir do momento de
falecimento, e não a partir da homologação da partilha, sendo a data correta dia 20 de outubro de 2014, e
de fato sendo em São Luís, local de último domicílio, conforme os arts. 1784 e 1785:

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

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Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

12. (FCC / SEFAZ-PI – 2015) No que se refere a sucessões, considere:

I. O herdeiro responde por encargos até as forças da herança, cabendo ao credor a prova de que inexiste
excesso.

II. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da partilha.

III. O direito à sucessão aberta pode ser objeto de cessão por escritura pública.

IV. Tem-se como não verificada a transmissão quando o herdeiro renuncia à herança.

Está correto o que se afirma em


a) I e IV, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I, II, III e IV.
d) III e IV, apenas.
e) I e II, apenas.

Comentários

A afirmativa I está incorreta, dado que cabe ao próprio herdeiro que prove o excesso dos encargos que
ocasionalmente forem excessivos a prova do excesso, conforme disposto pelo Código Civil:

Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a
prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.

Nesse dispositivo o ordenamento brasileiro consagra que os herdeiros são os responsáveis pelas dívidas do
falecido até os limites do montante que tenham recebido. Tal ação é denominada de força da herança, no
qual se equaciona o crédito menos o débito. Se houver resultado positivo existe herança, mas se as dívidas
forem superiores os credores não irão poder acionar o herdeiro, pois ninguém responde por dívida superior
à força da herança.

A afirmativa II está incorreta, dado que é regulada a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao
tempo da abertura daquela, e não ao tempo da partilha, conforme disposto pelo Art. 1787:

Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.

É importante lembrar que a lei que está em vigor na data de óbito é o que definirá quem é herdeiro, quais
serão as classes chamadas e qual a imposição da sucessão legítima.

A afirmativa III está correta, dado que realmente pode ser objeto de cessão por escritura pública, conforme
disposto pelo Código Civil:

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Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o coerdeiro, pode ser objeto
de cessão por escritura pública.

A cessão do direito pode ser alienada pelo herdeiro a outrem, obedecidas as regras para tal. Primeiramente,
somente pode ser feita por escritura pública com a preferência sendo dada aos demais coerdeiros. Se
ocorreu a abertura de inventário é necessária também a autorização prévia do juiz do feito.

A cessão nesse caso é genérica e não pode o concessionário determinar o bem que será alienado, pois todos
são titulares da universalidade, até que a partilha seja ultimada e homologada por uma sentença.

A afirmativa IV está correta, dado que quando o herdeiro renuncia ao seu direito de herança a transmissão
desta é definida como não verificada, conforme disposto pelo Art. 1804 do CC:

Art. 1.804. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança.

A alternativa D está correta.

As alternativa A, B, C e E estão incorretas, consequentemente.

13. (FCC / MANAUSPREV – 2015) Considere que determinada pessoa venha a falecer sem deixar
testamento ou herdeiros notoriamente conhecidos. De acordo com a legislação civil,
a) Deverá ser instituída tutela, recaindo sobre pessoa idônea, para arrecadação dos bens da herança e
realização do inventário.
b) Após ultimado o inventário e decorrido um ano da primeira publicação dos editais, na forma da lei
processual, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, a herança será declarada vacante.
c) Caberá procedimento sumário de arrolamento de bens e subsequente declaração de herança jacente,
destinada à União.
d) Caberá a instituição de tutela, até a constatação da vacância da sucessão e consequente declaração de
herança jacente.
e) Aqueles que se habilitarem como credores do falecido poderão proceder à arrecadação dos bens da
herança, independentemente de inventário.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que a herança será mediada por meio de editais para que se busque
herdeiros, na forma da lei processual, de acordo com o dispositivo do Código Civil:

Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os
bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua
entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.

É considerado regra geral que todas as pessoas fazem parte de uma família, que é o núcleo representativo
da sociedade, podendo vir a suceder que uma pessoa imigre de outro país, vido sozinho, e que este não volte
à sua cidade ou país, tornando-se isolado até que constitua uma nova família no Brasil. Quando inexiste

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herdeiros que sejam sucessíveis a ausência de testamento, ou este é declarado nulo, tendo em vista as
solenidades essenciais que não foram obedecidas, a herança será considerada jacente, sendo esta ocorrida
quando alguém falece sem deixar testamento, cônjuge ou sobrevivente nem parente conhecido.

A alternativa B está correta, após ultimado o inventário e tiver passado um período de um ano da primeira
publicação dos editais, na forma da lei processual, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda uma
habilitação, a herança será declarada vacante, como disposto pelo Código Civil:

Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os
bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua
entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.

Quando o de cujus não deixou testamento, nem herdeiro notoriamente conhecido, a herança não terá quem
a administre, ficando o patrimônio do de cujus sem qualquer proteção, sujeito, deste modo, a deteriorações
ou apropriação de terceiros.

Nestes casos, de acordo com o artigo 1.819, os bens serão arrecadados e ficarão sob a guarda e
administração provisória de um curador até a entrega destes bens aos herdeiros que se habilitarem ou,
então, até a declaração de sua vacância (situação que decorre do não aparecimento de herdeiros).

Praticadas as diligências de arrecadação dos bens e terminado o inventário, que consistirá na arrecadação e
identificação do patrimônio do autor da herança, passa-se a outra fase, caracterizada pela busca de
herdeiros. Isso de acordo com o art. 1.820:

Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma
da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou
penda habilitação, será a herança declarada vacante.

No período que antecede a vacância a herança ainda é denominada jacente, sendo assegurado aos credores
o direito de reivindicar o pagamento de dívidas reconhecidas (art. 1.821). Assim, admite-se a habilitação de
dívidas vencidas e exigíveis, caso em que, com a concordância das partes (curador da herança jacente e
Ministério Público) o juiz mandará que se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens suficientes
para o pagamento.

A alternativa C está incorreta, dado que não caberá um procedimento sumário de arrolamento de bens e
subsequente declaração de herança jacente, pois a herança será declarada vacante.

Os dois conceitos não se confundem, pois, a herança jacente é aquela que se caracteriza quando alguém
falece e não deixa testamento, nem cônjuge sobrevivente e parente conhecido para sucedê-lo. Por sua vez,
a herança vacante é aquela que foi declarada “de ninguém”, não havendo nenhum herdeiro se declarando
para reclamação de seus direitos, sendo a herança entregue ao poder público. Conforme disposto pelo art.
1820:

Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma
da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou
penda habilitação, será a herança declarada vacante.

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A alternativa D está incorreta, pois não cabe no caso a instituição de tutela, pois deverá ocorrer a ultimação
do inventário e decorrer uma ano da publicação de editais, de acordo com o disposto na lei processual,
conforme disposto pelo Art. 1820:

Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma
da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou
penda habilitação, será a herança declarada vacante.

A alternativa E está incorreta, dado que não podem proceder à arrecadação aqueles que se declararem como
credores do falecido sem que haja a consolidação do inventário.

14. (FCC / TJ-RR – 2015) Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente
conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados,
a) Passarão imediatamente ao patrimônio do Município em que se encontrarem, que os manterá sob a
condição resolutiva do aparecimento de herdeiros, pelo prazo de dez anos.
b) Ficarão sob a guarda do Município onde se encontrarem, que os administrará, até que seja declarada a
vacância e incorporados definitivamente ao seu patrimônio.
c) Serão declarados vacantes, tendo os possíveis herdeiros de se habilitar no prazo de cinco anos, a partir da
abertura da sucessão, findo o qual passarão ao patrimônio do Município em que se encontrarem.
d) Consideram-se de herança jacente, da qual são excluídos os herdeiros colaterais e os necessários que não
se habilitarem no prazo de um ano, a partir da abertura da sucessão, findo o qual a herança se considerará
vacante e incorporada ao patrimônio do Município em que os bens se encontrarem.
e) Ficarão sob a guarda e administração de um curador até sua entrega ao sucessor, devidamente habilitado,
ou à declaração de sua vacância.

Comentários

A alternativa E está correta, de acordo com o Código Civil:

Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os
bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua
entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.

As alternativas A, B, C e D estão incorretas, consequentemente.

15. (FCC / PREFEITURA DE CUIABÁ-MT – 2014) Quando faleceu, Arlindo possuía um irmão, Armando,
e dois sobrinhos, João e Josué. À época do falecimento, a lei estipulava que o irmão precedia os sobrinhos
na sucessão. No entanto, antes da partilha, sobreveio lei alterando a ordem de vocação hereditária,
colocando os sobrinhos à frente do irmão. A lei não previu regras de transição. Os bens de Arlindo
passaram a ser de
a) Armando, que adquiriu tal direito por ocasião do falecimento de Arlindo.
b) João e Josué, porque a lei de ordem pública possui efeito retroativo.

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c) João e Josué, porque, até a partilha, Armando possuía mera expectativa de direito
d) João e Josué, porque a lei nova não previu regras de transição
e) Armando, porque a lei equipara os direitos sob condição suspensiva ao direito adquirido.

Comentários

A alternativa A está correta, de acordo com o Código Civil:

Art. 1.787. Regula ¹a sucessão e ²a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

As alternativas B, C, D e E estão incorretas, consequentemente.

16. (FCC / AL-PB – 2014) Em relação à sucessão legítima e à herança vacante, analise as seguintes
afirmações:

I. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da
herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega
ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.

II. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da
participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à
residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.

III. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação
concedido aos filhos de irmãos.

Está correto o que se afirma em


a) I e II, apenas.
b) I, II e III.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) III, apenas.

Comentários

A sucessão legítima é aquela que, na precariedade de testamento, será indicado para herdar a herança os
herdeiros necessários e facultativos, de acordo com a lei, art. 1.788 do Código Civil.

Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo
ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o
testamento caducar, ou for julgado nulo.

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A herança vacante refere-se à quando o bem, que não houve herdeiros dispostos a recebê-lo na jacência,
onde há conhecimento de herdeiro certo e determinado, é devolvido à fazendo pública. Previsto no art.
1.820 do Código Civil.

Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma
da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou
penda habilitação, será a herança declarada vacante.

A afirmativa I está correta, uma vez que, reputa ao art. 1.819 do Código Civil, exatamente a sua literalidade.

Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os
bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua
entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.

A afirmativa II está correta, pois, trata-se do direito real de habitação do cônjuge sobrevivente, assim se
confirma integralmente no art. 1.831 do Código Civil.

Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da
participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à
residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.

A afirmativa III está correta, visto que, tratando-se de colaterais, é respeitado o grau, aonde o grau mais
próximo do autor da herança exclui o mais distante, consequentemente. Na sua totalidade, o item repete o
art. 1.840 do Código Civil.

Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de
representação concedido aos filhos de irmãos.

A alternativa B está correta.

As alternativas A, C, D e E estão incorretas, consequentemente.

17. (FCC / SEFAZ-SP – 2013) Em relação à sucessão:

I. Aberta a sucessão, o que se dará no lugar do último domicílio do falecido, a herança transmite-se, desde
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

II. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos, o mesmo ocorrendo
quanto aos bens não compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento
caducar, ou for julgado nulo.

III. Se concorrer com parentes sucessíveis, que não sejam herdeiros necessários, o companheiro ou a
companheira terão direito a dois terços da herança.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I e II.

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b) I.
c) I e III.
d) II.
e) III.

Comentários

A afirmativa I está correta, uma vez que, a afirmativa refere-se a dois artigos do Código Civil, que mesclados
formam a assertiva. De acordo com o Código Civil:

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

A afirmativa II está correta, pois, está previsto em lei, nos exatos termos do art. 1.788 do Código Civil, que
aquela pessoa que vier a falecer desprovida de testamento, sua herança será transmitida aos herdeiros
legítimos, que são aqueles estabelecidos em ordem pelo art. 1.829 do Código Civil, caso o testamento
caduque ou seja julgado nulo, há ainda a sucessão legitima, que decorre da transmissão causa mortis àquelas
pessoas apontadas em lei, que respeito o art. 1.829 ou que seja indicado um sucessor definido pelo art.
1.790, e que o grau mais próximo do autor da herança exclua o mais distante.

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

III - ao cônjuge sobrevivente;

IV - aos colaterais.

Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo
ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o
testamento caducar, ou for julgado nulo.

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos
onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:

I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;

II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um
daqueles;

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III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;

IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

A afirmativa III está incorreta, pois, o/a companheiro/a que estabelecida união estável, concorra com
parentes sucessíveis, que não sejam necessários (ascendentes, descendentes e cônjuge), terá direito a um
terço da herança vigente. De acordo com o Código Civil:

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos
onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:

III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;

A alternativa A está correta.

As alternativas B, C, D e E estão incorretas, consequentemente.

18. (FCC / TCM-BA – 2011) Para a cessão de quinhão hereditário a terceiro que não seja herdeiro
a) É necessária escritura pública, ainda que a herança se constitua apenas de bens móveis.
b) Não é necessária escritura pública, ainda que a herança seja constituída de bens móveis e imóveis.
c) É necessária escritura pública apenas se a herança se constituir de bens imóveis.
d) É necessária escritura pública no tocante aos bens imóveis, podendo a parte correspondente aos bens
móveis ceder-se por instrumento particular.
e) É necessário termo nos autos, para ratificar a escritura pública ou o instrumento particular pelo qual o
negócio foi realizado.

Comentários

A alternativa A está correta, de acordo com o Código Civil:

Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto
de cessão por escritura pública.

As alternativas B, C, D e E estão incorretas, consequentemente.

Sucessão legítima (1.829 a 1.856)

19. (FCC - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ciências Jurídicas- 2019) Rogério e Matilde foram
casados no regime da comunhão parcial de bens e tiveram dois filhos, que são menores. Durante o
casamento, adquiriram onerosamente uma única casa, que serve de moradia para a família. Matilde
faleceu sem deixar outros bens ou disposição testamentária e, além do marido e filhos, também deixou
os pais, idosos, vivos. Diante desses fatos,

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a) como os filhos são comuns do casal, o imóvel deve ser destinado exclusivamente ao cônjuge supérstite,
em razão da meação e da sucessão, pois os filhos receberão a herança de seu genitor oportunamente.
b) o imóvel deve ser partilhado por cabeça, em porções iguais entre Rogério, os dois filhos do casal e os
ascendentes da autora da herança.
c) Rogério é proprietário de metade do imóvel, em razão da meação, e a outra metade deve ser dividida em
porções iguais entre os pais e os filhos da autora da herança.
d) o imóvel deve ser dividido somente entre os filhos da autora da herança, uma vez que são menores,
cabendo a Rogério somente o direito real de habitação, não havendo direitos sucessórios aos ascendentes
nesse caso.
e) Rogério é proprietário de metade do imóvel, em razão da meação, e tem direito real de habitação, ao
passo que a outra metade deve ser dividida entre os dois filhos, excluídos os ascendentes.

Comentários:

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Primeiramente é importante destacar a diferenciação


que se faz entre a meação e a herança, a meação trata-se da parte referente ao regime de bens que o cônjuge
tem direito, neste caso por trata-se de regime de comunhão parcial de bens, ou seja, da divisão dos bens
adquiridos na constância do casamento, será Rogério titular da metade do valor total dos bens dessa
natureza. (vide art. 1.829, Inc. I, do Código Civil, sobre esta questão). Enquanto ao título da herança, será
dividido entre os herdeiros necessários legítimos da ordem sucessória também presente no rol art. 1.829 em
seus incisos, nesse caso dividido em quotas iguais entre os dois filhos, excluindo os ascendentes, ou seja, os
pais de Matilde.

20. (FCC / DPE-AP – 2018) Ricardo viveu em união estável com Viviane, com quem teve quatro filhos,
Bruno, Cleber, Daiane e Flávia. Durante a união, que perdurou por 35 anos, até a morte de Ricardo, Viviane
se dedicava aos cuidados da casa e dos filhos, enquanto Ricardo trabalhava como motorista. Antes da
união estável, Ricardo havia adquirido um pequeno terreno em área rural. Na constância do
relacionamento, adquiriram a casa em que a família morava e um automóvel. Com a morte de Ricardo, foi
aberto inventário e a família procura a Defensoria Pública para obter orientação quanto à forma correta a
ser realizada a partilha. Ricardo faleceu ab intestatio e não tinha pacto de convivência com Viviane. Diante
desta situação e, em conformidade com o entendimento dos Tribunais Superiores, o Defensor deverá
apresentar orientação esclarecendo que, em relação aos bens adquiridos na constância da união estável
(casa e veículo), Viviane
a) tem direito à meação em relação a todos os bens a serem inventariados, mas não concorrerá com os
descendentes em relação à herança, de modo que metade dos bens deixados por Ricardo serão destinados
a Viviane, e a outra metade, aos descendentes, em partes iguais.
b) não tem direito à meação por não ter contribuído financeiramente para a aquisição dos bens, mas
concorrerá com os filhos em relação a todos os bens da herança de Ricardo, sendo-lhe reservado o quinhão
mínimo de um quarto da herança, enquanto que os outros três quartos serão divididos pelos descendentes
em partes iguais.

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c) tem direito à meação, mesmo não tendo contribuído financeiramente para a sua aquisição, ao passo que
a outra metade será dividida exclusivamente pelos filhos (um quarto para cada); já quanto ao terreno
adquirido antes da união estável, haverá concorrência de Viviane com os descendentes do autor da herança,
sendo reservado a Viviane um quarto, enquanto os outros três quartos serão divididos pelos descendentes
em partes iguais.
d) tem direito à meação, mesmo não tendo contribuído financeiramente para a sua aquisição, ao passo que
a outra metade será dividida exclusivamente pelos filhos (um quarto para cada); já quanto ao terreno
adquirido antes da união estável, haverá concorrência de Viviane com os descendentes do autor da herança,
sendo a divisão por cabeça e em partes iguais.
e) tem direito à meação em relação a todos os bens a serem inventariados e ainda concorrerá com os
descendentes em relação à outra metade (herança), de modo que Viviane terá direito à metade de todos os
bens deixados por Ricardo, ao passo que a outra metade deve ser dividida na seguinte proporção: um quarto
para Viviane, e os outros três quartos serão divididos pelos descendentes, em partes iguais.

Comentários

Atente para a explicação do seguinte artigo:

O art. 1.829, I do CC/2002 trata da sucessão, trata da ordem em que a herança será deferida. Vou lhe explicar,
mas você não precisa se aprofundar no assunto porque não foi pedido em seu edital.

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se:

casado este com o falecido no regime da comunhão universal,

ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único );

ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

Em regra, quando o cônjuge é meeiro, ele não será herdeiro. Exceção é encontrada justamente no inciso I
do art. 1.829, ela ocorre se o regime da comunhão for parcial e quando o autor da herança houver deixado
bens particulares (aqui o cônjuge concorrerá na herança no que diz respeito a estes bens ).

Agora vamos à análise do dispositivo em questão!

REGRA: Ocorre a concorrência. A sucessão legítima defere-se aos descendentes, em concorrência com o
cônjuge sobrevivente.

EXCEÇÃO: A regra não acontecerá nas três hipóteses elencadas no próprio inciso I. Deste modo, não haverá
concorrência se o regime de bens for:

A) O de comunhão universal, uma vez que o cônjuge sobrevivente já será titular da meação de todos os bens,
não havendo razão para que dispute a outra metade com os descendentes.

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B) O da separação obrigatória de bens (art. 1.641), que é imposta para os casos de casamento realizado com
inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento – art. 1.523, ou para às pessoas maiores
de 70 anos e também para todos que dependerem de suprimento judicial para casar.

Não há meação, pois não há patrimônio comum do casal, além disso, o cônjuge também não concorre com
os descendentes.

C) O da comunhão parcial de bens e se não houver bens particulares. Neste caso o cônjuge sobrevivente não
participa da sucessão hereditária, pois possui direito a meação.

Em havendo bens particulares (embora o tema não seja pacífico) a posição majoritária é de que o cônjuge
concorre apenas no que diz respeito a estes bens particulares.

Ainda sobre o assunto em questão temos o Enunciado nº 270 da III Jornada de Direito Civil: “O art. 1.829,
inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes do autor da
herança quando ¹casados no regime da separação convencional de bens ²ou, se casados nos regimes da
comunhão parcial ou participação final dos aquestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em
que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados
exclusivamente entre os descendentes”. (grifos nossos).

Deste modo: o regime de bens aplicado na união estável, será o da comunhão parcial de bens; sabemos que
o STF considerou inconstitucional a diferenciação de regime sucessório entre cônjuges e companheiros,
devendo ser aplicado em ambos os casos o regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil; com relação
os bens adquiridos na constância do casamento, Viviane será meeira, e não vai concorrer com os filhos; o
terreno adquirido antes da união estável, é considerado bem particular de Ricardo, assim, Viviane terá direito
a herança e concorrerá com os filhos.

A alternativa C está correta.

As alternativas A, B, D e E estão incorretas, consequentemente.

21. (FCC / DPE-AM – 2018) Cirilo e Maria Joaquina viveram em regime de união estável desde 1987.
Morto Cirilo, Maria Joaquina pede que seja considerada a única herdeira de seu companheiro, o que é
contestado por dois primos-irmãos dele, únicos parentes seus, colaterais em quarto grau, que pleiteiam
dois terços da herança. Nessas circunstâncias, o pedido
a) de Maria Joaquina deverá ser deferido, uma vez que, no sistema constitucional vigente, decidiu-se ser
inconstitucional a diferenciação de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser
aplicado em ambos os casos o regime jurídico estabelecido para os cônjuges.
b) dos primos-irmãos de Cirilo deve ser deferido, cabendo-lhes dois terços da herança e um terço a Maria
Joaquina, sem prejuízo de sua eventual meação, pois os regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros
são diversos e considerados constitucionais no atual sistema jurídico.
c) dos primos-irmãos de Cirilo deve ser deferido porque, no caso, temporalmente não se aplica a igualdade
jurídica entre cônjuges e companheiros, uma vez que a união estável do casal teve início em 1987,
anteriormente à atual Constituição Federal.

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d) de Maria Joaquina deve ser deferido, uma vez que parentes colaterais em quarto grau, caso dos primos-
irmãos de Cirilo, não são sucessíveis, motivo pelo qual, inexistentes outros herdeiros, deve ela ser
considerada herdeira única de seu companheiro falecido.
e) dos primos-irmãos de Cirilo deve ser parcialmente deferido, cabendo-lhes metade da herança deixada,
com a outra metade sendo destinada a Maria Joaquina, sem prejuízo de sua eventual meação, pois a união
estável do casal teve início anteriormente ao atual Código Civil e respectivo regime sucessório dos
companheiros.

Comentários

No caso apresentado na questão, os primos-irmãos, que na verdade são parentes de 4º grau, não
concorrerão com a companheira.

STF - RECURSO EXTRAORDINÁRIO 878.694 e RECURSO EXTRAORDINÁRIO 646.721: “É inconstitucional a


distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo
ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do
CC/2002”.

STF: "No sistema constitucional vigente é inconstitucional a diferenciação de regime sucessório entre
cônjuges e companheiros devendo ser aplicado em ambos os casos o regime estabelecido no artigo 1829 do
Código Civil."

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

III - ao cônjuge sobrevivente;

IV - aos colaterais.

Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados
a suceder os colaterais até o quarto grau.

A alternativa A está correta.

As alternativas B, C, D e E estão incorretas.

22. (FCC / PGE-TO – 2018) Josué foi casado sob o regime da comunhão parcial de bens com Roberta e
desse consórcio nasceu o filho Gerônimo. Roberta faleceu 5 anos após o casamento, período em que o
casal adotou vida sibarítica, nada amealhando nem possuindo bens. Um ano após a morte de Roberta, seu
pai − Roberval − faleceu, sem testamento, mas com vultoso patrimônio, no estado civil de viúvo, deixando

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os netos Gerônimo (filho de Josué e de Roberta), Leopoldo e Alexandra (filhos menores de sua filha
Anastácia, que já houvera falecido no estado civil de solteira e cujos filhos eram de pais ignorados).
Anastácia, por testamento e dispensando-o de prestação de contas, nomeara Josué tutor de seus filhos,
os quais juntamente com Gerônimo herdaram todos os bens de Roberval. Sendo ainda menores
absolutamente incapazes o filho e os tutelados de Josué, este contraiu segundas núpcias com Antonieta,
advindo dessa união os filhos João e Maria. Neste caso, os netos de Roberval herdaram seus bens por
a) cabeça, e Josué terá a administração e usufruto dos bens pertencentes a Gerônimo, mas não poderá
aplicar mais do que 50% de suas rendas na educação de João e Maria, porque os outros 50% terão de ser
aplicados exclusivamente no custeio de Gerônimo; mediante prestação de contas, terá a administração, mas
não o usufruto, dos bens pertencentes a Leopoldo e Alexandra, e, finda a tutela, a quitação dos menores não
produzirá efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo, inteira, até então, a responsabilidade
do tutor.
b) cabeça, que serão administrados por Josué, mediante prestação de contas, até que obtenha a quitação
dos menores, quando se tornarem capazes; não terá o usufruto dos bens do filho nem dos tutelados, mas
poderá usar as rendas também para custeio de João e Maria fundado na solidariedade familiar.
c) estirpe, os quais serão administrados por Josué, que terá o usufruto dos bens de todos eles, livre de
prestação de contas, mas não poderá usar as rendas para o custeio de João e Maria.
d) cabeça, os quais serão administrados por Josué, que terá o usufruto dos bens de Gerônimo, enquanto
este for menor, podendo utilizar as rendas também na educação de João e Maria, independentemente de
prestação de contas, mas não terá o usufruto dos bens pertencentes a Leopoldo e Alexandra, ficando, quanto
a estes, sujeito a prestação de contas, a despeito da dispensa feita por Anastácia.
e) estirpe, os quais serão administrados por Josué, que, terá o usufruto dos bens de Gerônimo, enquanto
este for menor, podendo utilizar as rendas também na educação de João e Maria, independentemente de
prestação de contas, mas não terá o usufruto dos bens pertencentes a Leopoldo e Alexandra, ficando, quanto
a estes, sujeito a prestação de contas, a despeito da dispensa feita por Anastácia.

Comentários

Os netos de Roberval herdaram seus bens por cabeça, conforme art. 1.835 do CC:

Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou
por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

Josué terá o usufruto dos bens de Gerônimo (art. 1.689), poderá usar estes valores para a educação de João
e Maria (art. 1.691), independentemente de prestação de contas, tendo em vista que o CC/2002 não
estabeleceu esta exigência para o usufruto legal.

Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar:

I - são usufrutuários dos bens dos filhos;

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Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome
deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou evidente
interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz.

Quanto aos bens dos sobrinhos, Leopoldo e Alexandra, Josué terá apenas a administração dos bens, em
proveito dos tutelados (art. 1.741), devendo prestar contas de sua administração, independentemente da
disposição da mãe das crianças (art. 1.755):

Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, administrar os bens do tutelado, em proveito deste,
cumprindo seus deveres com zelo e boa-fé.

Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais dos tutelados, são obrigados a prestar
contas da sua administração.

A alternativa D está correta.

As alternativas A, B, C e E estão incorretas, consequentemente.

23. (FCC / TJ-SC – 2017) Na sucessão legítima, aplicam-se as seguintes regras:

I. Havendo renúncia à herança, a parte do renunciante devolver-se-á sempre aos herdeiros da classe
subsequente.

II. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização
do juiz, aceitá-la em nome do renunciante, mas, pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia
quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros da mesma classe, salvo se for o único,
caso em que se devolve aos herdeiros da classe subsequente.

III. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação
concedido aos filhos de irmãos.

IV. Na falta de irmãos herdarão igualmente os tios e sobrinhos, que são colaterais de terceiro grau.

V. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes por cabeça ou por
estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I, IV e V.
b) I, II e III.
c) III, IV e V.
d) I, II e IV.
e) II, III e V.

Comentários

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A afirmativa I está incorreta, dado que na renúncia à herança, a parte do renunciante não será devolvida aos
herdeiros de classe subsequente, e sim será acrescida às partes dos herdeiros da mesma classe, conforme
disposto pelo Art. 1810:

Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e,
sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente.

Quando ocorre a sucessão legítima, os herdeiros são chamados para que recolham a herança de acordo com
sua classe. Desta forma, a primeira é a classe dos filhos e todos compartilham de um direito igualitário, e se
estes não forem existentes, se seguirão os netos, os parentes em segundo grau, e formando outra classe e
assim sucessivamente. Caso o falecido tenha deixado um único filho, serão chamados os outros
descendentes ou outra classe, quando ocorrer o falecimento deste. Não havendo nenhuma das classes, o
cônjuge sobrevivente receberá a herança em sua integridade, independentemente do regime de bens.

A afirmativa II está correta, pois é fato que quando o herdeiro cometer atos que prejudiquem seus credores,
renunciando à herança, poderão, com a autorização do juiz, aceita-la em nome do renunciante, desde que
sejam pagas as dívidas do renunciante, prevalecendo a renúncia quanto ao remanescente, que será
devolvido aos demais herdeiros da mesma classe, salvo se este for único, sendo este um caso em que se
devolve aos herdeiros da classe subsequente, conforme disposto pelo Art. 1813 do CC:

Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com
autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.

§ 1º. A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato.

§ 2º. Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos
demais herdeiros.

De acordo com o dispositivo, é prevalente o princípio da boa-fé. Caso o herdeiro não queira pagar a obrigação
contraída, deixando de aceitar a herança ou a renunciando, pode este credor intervir no processo e aceitar
até a satisfação do seu crédito. Quando adimplida a obrigação, permanece o remanescente como
anteriormente, tendo a opção de aceitar ou renunciar. Este dispositivo protege o credor de boa-fé, não
podendo ser lesado por uma ação de má fé do devedor herdeiro.

A afirmativa III está correta, dado que de fato, nas classes dos colaterais, os mais próximos irão excluir os
remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos, de acordo com o Art. 1840 do CC:

Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de
representação concedido aos filhos de irmãos.

A afirmativa IV está incorreta, dado que os tios e sobrinhos somente irão entrar como herdeiros no caso de
ocorrer a ausência de irmãos, de acordo com o disposto pelo Art. 1843 do CC:

Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.

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No dispositivo os sobrinhos e tios são posicionados no mesmo grau, no entanto, quando ocorre o caso
concreto, os sobrinhos excluem os tios, dado o princípio de preferência que é dos descendentes e, em
seguida, dos ascendentes.

A afirmativa V está correta, dado que na linha dos herdeiros descendentes os filhos irão suceder por cabeça,
e os outros descendentes por cabeça ou estirpe, de acordo com o Art. 1835 do CC:

Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou
por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

Para maior entendimento acerca do dispositivo, temos que entre os descendentes são chamados
primeiramente os filhos, já que são os parentes mais próximos, ou seja, de primeiro grau com o de cujus. Na
falta dos filhos, são chamados os netos, depois os bisnetos, etc, ad infinitum, enquanto houver um dos
descendentes vivos.

Quando se trata da descendência, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sendo os filhos sucedidos por
cabeça enquanto os outros são sucedidos por cabeça ou estirpe.

A alternativa E está correta.

As alternativa A, B, C e D estão incorretas, consequentemente.

24. (FCC / DPE-PR – 2017) Sobre o direito de família e o direito das sucessões, é correto afirmar:
a) Mesmo que utilizados para a aquisição do imóvel do casal durante a relação conjugal, em caso de divórcio
de cônjuges que viviam sob o regime parcial de bens, os valores percebidos por um antes do casamento em
conta vinculada ao FGTS não integram o direito de meação do outro.
b) É admitida a filiação decorrente de gestação em útero alheio (gestação de substituição), cuja autorização
decorre da Resolução n° 1.957/2010, do Conselho Federal de Medicina – CFM. Contudo, não se admite a
reprodução assistida post mortem.
c) Não é considerado como bem de família o único imóvel comercial do devedor que esteja alugado quando
o valor do aluguel é destinado unicamente ao pagamento de locação residencial por sua entidade familiar.
d) Para o exercício da guarda compartilhada, mostra-se imprescindível que os genitores cheguem a um
consenso em relação às suas atribuições, aos períodos de convivência e à cidade considerada base de
moradia do filho.
e) Na sucessão ab intestato, desde que haja justa causa, o testador pode estabelecer cláusula de
inalienabilidade, de impenhorabilidade e de incomunicabilidade sobre os bens da legítima.

Comentários

A alternativa A está correta, dado que mesmo que utilizados para a aquisição do imóvel do casal durante a
relação conjugal, em caso de divórcio de cônjuges que viviam sob o regime parcial de bens, os valores
percebidos por um antes do casamento em conta vinculada ao FGTS não integram o direito de meação do
outro, de acordo com o Informativo 581 do STJ: “Diante do divórcio de cônjuges que viviam sob o regime da
comunhão parcial de bens, não deve ser reconhecido o direito à meação dos valores que foram depositados

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em conta vinculada ao FGTS em datas anteriores à constância do casamento e que tenham sido utilizados
para aquisição de imóvel pelo casal durante a vigência da relação conjugal. Ao contrário, deve ser
reconhecido o direito à meação dos valores do FGTS auferidos durante a constância do casamento, ainda
que o saque daqueles valores não seja realizado imediatamente à separação do casal. Os proventos do
trabalho recebidos, por um ou outro cônjuge, na vigência do casamento, compõem o patrimônio comum do
casal, a ser partilhado na separação, tendo em vista a formação de sociedade de fato, configurada pelo
esforço comum dos cônjuges, independentemente de ser financeira a contribuição de um dos consortes e
do outro não. A incomunicabilidade prevista no inciso VI do art. 1.659 do CC somente ocorre quando os
valores são percebidos em momento anterior ou posterior ao casamento. STJ. 2ª Seção. REsp 1.399.199-RS,
Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/3/2016”.

A alternativa B está incorreta, dado que de acordo com a RESOLUÇÃO CFM nº 1.957/2010, é permitido tanto
a filiação decorrente de gestação em útero alheio (gestação de substituição), como é admitida a reprodução
assistida post mortem.

A alternativa C está incorreta, pois de acordo com a Súmula 486 do STJ: "é impenhorável o único imóvel
residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida
para a subsistência ou a moradia da sua família".

A alternativa D está incorreta, dado que não será uma decisão tomada por meio de um consenso entre os
pais a respeito de suas atribuições, pois estas serão estabelecidas pelo juiz, tomando como base o Art. 1584
do CC, que dispõe:

Art. 1.584. § 3º. Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda
compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação
técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai
e com a mãe.

Quando a guarda compartilhada é regulada, a lei permite ao juiz que fixe aos pais as obrigações distintas de
modo que mantenha um equilíbrio entre as atribuições do pai com a mãe.

A alternativa E está incorreta, visto que a sucessão ab intestato é aquela feita sem testamento, quando o
falecido não deixa testamento, como rege o Art. 1848 do CC:

Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula
de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.

São rígidas as normas sobre a legítima, que o titular do patrimônio ainda vivo não pode causar uma obstrução
do filho na titularidade de sua legítima, causando sua oneração com a inalienabilidade, impenhorabilidade e
incomunicabilidade todo seu patrimônio, salvo se houver uma justa causa. O ônus é permitido se houver
causa e deve ser mencionada em testamento para que ocorra o livre julgamento do juiz competente.

25. (FCC / FUNAPE – 2017) João, irmão de Pedro, faleceu no dia 01/07/2017. Lucas, irmão de João e
Pedro, morreu no dia 05/10/2012. Márcio, filho de Lucas, faleceu em 01/01/2008. Thiago, filho de Márcio,

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contava 19 anos de idade à época da abertura da sucessão. Considerando-se que não existem outros
herdeiros, a herança de João foi transmitida a
a) Pedro e Thiago, na proporção de 1/2 para cada qual.
b) Pedro e Thiago, na proporção de 2/3 para o primeiro e 1/3 para o segundo.
c) Thiago, apenas, por direito próprio.
d) Thiago, apenas, por direito de representação.
e) Pedro, apenas.

Comentários

A alternativa A está incorreta, visto que Thiago não pode representar seu avô, visto que a herança por
representação é passada do morto para os filhos do irmão, conforme art. 1.840.

Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de
representação.

Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de
representação concedido aos filhos de irmãos.

A alternativa B está incorreta, dado que Thiago não tem aptidão para receber a herança em representação
do avô, sendo o patrimônio de Lucas destinado somente a Pedro, de acordo com o Art. 1840: “Na classe dos
colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito da representação concedido aos filhos
de irmãos”. Como explícito no artigo, o direito de representação não poderia ser concedido aos netos de
irmãos.

A alternativa C está incorreta, pois Thiago não recebe nenhuma parte da herança em questão, já que o
direito de representação não pode ser passado aos filhos de irmãos, de acordo com o Art. 1840:

"Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de
representação concedido aos FILHOS de irmãos".

Os colaterais são parentes de linha de sangue do de cujus, estando na linha transversal, e neste conceito o
grau mais próximo exclui os mais remotos, sem haver distinção de sexo nem idade, salvo o direito de
representação concedido aos filhos de irmãos.

A alternativa D está incorreta, dado que Thiago, não sendo filho de Lucas, não tem direito à concessão do
direito de representação, não obtendo nenhuma parte da herança, conforme disposto pelo Art. 1840:

"Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de
representação concedido aos FILHOS de irmãos".

A alternativa E está correta, pois apenas Pedro tem direito à herança, sendo o colateral mais próximo do de
cujus.

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Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de
representação.

Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de
representação concedido aos filhos de irmãos.

26. (FCC / DPE-SC – 2017) Roberto viveu em união estável com Paula durante 10 (dez) anos, quando
angariaram um patrimônio comum de 80 mil reais e tiveram quatro filhos. Não realizaram pacto de
convivência, porque entendiam desnecessário, na medida que não tinham bens adquiridos antes do início
da convivência. Roberto faleceu no dia 25 de junho de 2017 e a companheira supérstite procura a
defensoria pública para saber qual o quinhão que lhe cabe. Para que responda corretamente e em
consonância com o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal a respeito da sucessão do
companheiro, o defensor público deverá informá-la que ela tem direito
a) a 16 mil reais a título de herança em concurso com os filhos comuns, mas não tem direito à meação.
b) a 20 mil reais a título de herança em concurso com os filhos comuns, mas não tem direito à meação.
c) a 40 mil reais a título de meação, além de 10 mil de herança em concurso com os filhos comuns.
d) a 40 mil reais a título de meação, além de 8 mil de herança em concurso com os filhos comuns.
e) a 40 mil reais a título de meação, mas não tem direito à herança em concurso com os filhos comuns.

Comentários

O STF deixou evidente a diferença entre cônjuge e companheiro para fins sucessórios. Desta forma, e levando
em consideração o art. 1.829, I do CC, Paula será meeira, herdando 40 mil, e, como o enunciado não indica
que Roberto tenha deixado bens pessoais, Paula não será herdeira. Só seria considerada herdeira, junto com
os filhos, se Roberto tivesse bens particulares.

Art. 1829.

A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Veja Recurso Extraordinario nº 646.721 e nº 878.694)

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

III - ao cônjuge sobrevivente;

IV - aos colaterais.

A alternativa A está incorreta, dado que cabe à Paula o direito de meação, não sendo considerada herdeira,
e irá receber o total de 40mil, e não 16mil.

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A alternativa B está incorreta, pois Paula não é herdeira que concorre em concurso com filhos comuns, e sim
meeira, recebendo pela meação o valor de 40mil.

A alternativa C está incorreta, dado que Paula realmente irá receber 40mil por seu papel de meeira, mas não
irá receber nenhum valor com relação à herança.

A alternativa D está incorreta, pois Paula exerce apenas o papel de meeira, recebendo de fato os 40 mil, mas
não recebe nenhum valor relacionado à herança em concurso com os filhos comuns.

A alternativa E está correta, dado que Paula recebe 40 mil reais acerca do seu direito de meação, não tendo
direito à herança em concurso público com os filhos comuns.

QUESTÃO ANULADA

27. (FCC / DPE-BA – 2016) Haroldo foi casado com Rita. Juntos, tiveram dois filhos. Entretanto, estavam
separados de fato há dois anos, por mútuo consenso, quando Haroldo passou a conviver com Lúcia como
se casados fossem. Haroldo e Rita nunca chegaram a se divorciar. Depois de coabitar com Lúcia por pouco
mais de um ano, veio a falecer. De acordo com o Código Civil, na hipótese:
a) Rita não terá qualquer direito em relação à herança de Haroldo, pois não apresentava condição de
herdeira no momento da abertura da sucessão, e Lúcia tem apenas direito à meação dos bens adquiridos
onerosamente na constância da união estável, mas não concorre com os filhos do autor da herança.
b) A herança deverá ser dividida em partes iguais somente entre os filhos do autor da herança; Rita não terá
qualquer direito em relação à herança de Haroldo, pois não apresentava condição de herdeira no momento
da abertura da sucessão, e Lúcia, por ser herdeira facultativa, não concorre com os descendentes do autor
da herança.
c) Lúcia não terá qualquer direito em relação à meação dos bens adquiridos durante o relacionamento e
também quanto à herança de Haroldo, pois o relacionamento havido entre eles não pode ser considerado
união estável, levando-se em consideração que Haroldo ainda era casado; mas Rita, que apresentava
condição de herdeira no momento da abertura da sucessão pois ainda era casada, poderá concorrer com os
filhos do autor da herança.
d) Rita e Lúcia deverão concorrer, em igualde de condições, com os filhos do autor da herança, uma vez que
ambas ostentavam a condição de herdeiras no momento da abertura da herança, diante da existência de
relações paralelas de casamento e união estável.
e) Rita não terá qualquer direito em relação à herança de Haroldo, pois não apresentava condição de
herdeira no momento da abertura da sucessão, mas Lúcia, além da meação quanto aos bens adquiridos
onerosamente na constância da união estável, ainda concorrerá com os filhos do autor da herança em
relação a tais bens.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que o companheiro concorre com os herdeiros, não sendo limitada
apenas à meação.

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A alternativa B está incorreta, pois a ação do companheiro, neste caso, não fica limitada apenas à meação,
sendo este um concorrente com os demais descendentes na partilha dos bens.

A alternativa C está incorreta, dado que é errôneo afirmar Rita tem direitos sucessórios, pois não estava na
condição de herdeira no momento da abertura da sucessão, porém Lúcia, além da meação, poderá concorrer
com os filhos do autor a partilha dos bens da herança. Como disposto pelo Art. 1830: “Somente é
reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam
separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa
convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente”.

De acordo com o dispositivo, cada classe se insere em um inciso, e o chamamento de uma das classes
acarreta na exclusão das demais.

A alternativa D está incorreta, pois Rita não é considerada herdeira, ou seja, não dispõe de nenhum direito
sucessório, pois não se encontrava na condição de herdeira no momento de abertura da sucessão dos bens.

A alternativa E está correta, considerando-se a Quarta Corrente fixada no STJ, que dispõe: Preserva-se o
regime da comunhão parcial de bens, de acordo com o postulado da autodeterminação, ao comtemplar o
cônjuge sobrevivente com o direito à meação, além da concorrência hereditária sobre os bens comuns,
mesmo que haja bens particulares, os quais, em qualquer que seja a hipótese, são partilhados apenas entre
os descendentes.

De acordo com o Código Civil:

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do
outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste
caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos
onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:

I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;

Enunciado nº 270 da III Jornada de Direito Civil temos: “O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge
sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes do autor da herança quando forem casados no
regime da separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação
final dos aquestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência se restringe a
tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes”.

Desta forma, os descendentes e o cônjuge são herdeiros de primeira classe, em um sistema de concorrência,
presente ou não de acordo com o regime de bens adotado no casamento com o falecimento. Quando o
regime de bens adotado pelo casal é o da comunhão universal, recolhe ele, não havendo descendentes e
ascendentes, nem testamento, a metade do acervo, ou seja, toda a herança, na condição de herdeiro, porque
a outra metade já lhe pertence, constituindo a meação. No regime da comunhão parcial a meação incide
sobre o patrimônio comum.

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28. (FCC / PGE-MT – 2016) O cônjuge sobrevivente sucede,


a) Em concorrência com os descendentes, independentemente do regime em que era casado.
b) Ainda que separado de fato do falecido, há mais de dois anos, desde que haja prova de que a convivência
se tornou impossível sem culpa do sobrevivente.
c) Por inteiro, na falta de descendentes, ainda que haja ascendentes.
d) Em concorrência com os descendentes, no regime da comunhão parcial, sejam os bens comuns ou
particulares.
e) Em concorrência com os ascendentes em primeiro grau, ainda que haja descendentes.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois o cônjuge não concorre com os descendentes se for casado com falecido
em regime de comunhão universal ou de separação obrigatória, de acordo com o disposto pelo Código Civil:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

A alternativa B está correta, pois é fato que o cônjuge sobrevivente, mesmo que seja separado do falecido
há mais de dois anos, torna-se sucessor caso haja prova de que a convivência entre os separados foi
ocasionada sem culpa do sobrevivente, como disposto pelo Art. 1830 do CC:

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do
outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste
caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

A alternativa C está incorreta, dado que o cônjuge sobrevivente irá concorrer com os ascendentes, no caso
de ocorrer a falta de descendentes para a partilha dos bens, de acordo com o disposto pelo Código Civil:

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o
cônjuge sobrevivente.

De acordo com o dispositivo, considera-se que na falta de descendentes são chamados à sucessão os
ascendentes, estando estes em concorrência com o cônjuge sobrevivente, excluindo-se o grau mais remoto
em face do grau, sendo assim ad infinitum, até que sejam extinguidas as possibilidades de herdeiros
descendentes e ascendentes.

Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge
sobrevivente.

A alternativa D está incorreta, de acordo com o Código Civil:

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Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

A alternativa E está incorreta, dado que havendo descendentes o cônjuge sobrevivente não entra em
concorrência com os ascendentes em primeiro grau, conforme disposto pelo Código Civil:

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o
cônjuge sobrevivente.

No caso expresso no dispositivo, o grau mais próximo exclui o mais remoto, não havendo a distinção de
linhas, porém se existirem herdeiros do mesmo grau, mas em diversidade de linha, a herança irá se partir
entre as duas linhas, de forma igualitária (meio a meio).

29. (FCC / PREFEITURA DE SÃO LUIZ-MA – 2016) Quanto à sucessão dos ascendentes:
a) Não havendo descendentes, por consequência, são chamados a suceder os ascendentes em concorrência
com o cônjuge ou companheiro sobrevivente, exceto se casado este com o falecido no regime da comunhão
parcial de bens, ou da separação obrigatória, desde que haja bens particulares.
b) Em todos os casos, concorrendo os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos,
independentemente de haver ou não direito de representação.
c) Havendo concorrência com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge consequentemente tocará a metade
da herança, mas caber-lhe-á, de outro lado, um quarto desta se houver um só ascendente ou se maior for
aquele grau.
d) Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade,
cabendo a outra aos da linha materna.
e) Não havendo descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes em concorrência com o cônjuge
sobrevivente, exceto se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, participação final nos
aquestos, ou da separação obrigatória de bens se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança
houver deixado bens particulares.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que o cônjuge sobrevivente continua sendo apto à concorrência da
herança quando casado com o falecido na comunhão parcial de bens, sendo as exceções a comunhão
universal ou a separação obrigatória, vide Art. 1829, que dispõe: “...salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou na separação obrigatória de bens...”

De acordo com o Código Civil:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

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I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o
cônjuge sobrevivente.

A alternativa B está incorreta, pois não são em todos os casos que o grau mais próximo excluirá os mais
remotos, havendo a exceção do direito de representação, conforme disposto pelo Art. 1833:

Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de
representação.

Para melhor entender o dispositivo, temos que são chamados primeiramente os filhos, depois os netos,
bisnetos, etc. Estando estes juntos, mesmo quando exercendo o direito de representação, a divisão se dará
por cabeça e os representantes irão dividir entre si o que os representados têm como direito. Não havendo
filhos, os netos são chamados, recebendo por cabeça, e assim sucessivamente entre as classes. Obviamente
o direito de representação emprega uma alteração na primeira divisão, mas o representado se faz presente
pela fugira dos representantes, qualquer que seja o seu número, com o direito primitivo.

A alternativa C está incorreta, dado que o cônjuge sobrevivente não toca metade da herança, e sim um terço,
cabendo-lhe a metade desta herança apenas no caso de haver apenas um ascendente ou se o grau for maior
que o seu, conforme disposto pelo Código Civil:

Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-
lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.

A alternativa D está correta, pois de fato quando houver igualdade em grau e diversidade em linha, os
ascendentes da linha paterna herdam a metade, e cabe a outra metade aos ascendentes da linha materna,
conforme disposto pelo Código Civil:

Art. 1.836. § 2º. Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam
a metade, cabendo a outra aos da linha materna.

A alternativa E está incorreta, dado que a participação final nos aquestos não é disposta como uma exceção
à regra de participação do cônjuge sobrevivente na partilha de bens, conforme disposto pelo Código Civil:

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o
cônjuge sobrevivente.

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

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30. (FCC / MANAUSPREV – 2015) O instituto do direito sucessório denominado “legítima” corresponde
a) Ao direito dos ascendentes, quando vivos, de reivindicarem a integralidade da herança dos filhos que não
possuam descendentes, ainda que existente testamento válido.
b) Ao direito de o Estado arrecadar parcela da herança para quitar dívidas trabalhistas e previdenciárias
deixadas pelo de cujus.
c) À metade dos bens de herança que pertence aos herdeiros necessários.
d) Ao direito, atribuível apenas aos filhos, de reivindicar metade da herança.
e) Exclusivamente à parcela da herança devida ao cônjuge ou companheiro em união estável, de acordo com
o regime de bens aplicável.

Comentários

A alternativa A está incorreta, visto que o direito legítimo pertence aos herdeiros necessários de pleno
direito, e não dos ascendentes, conforme disposto pelo Art. 1840 do CC:

Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo
a legítima.

A alternativa B está incorreta, uma vez que, a legítima destina-se herdeiros necessários de pleno direito.

O dispositivo rege acerca de uma regra que repete o conteúdo do Art. 1789, ou seja, metade do patrimônio
que entra na partilha é chamado de porção indisponível e cabe aos herdeiros necessários ou legitimados, de
forma exclusiva. O quinhão de cada herdeiro necessário se denomina como legítima e é um direito exclusivo
destes. A porção disponível pode ser destinada pelo titular do patrimônio a quem lhe apetecer, desde que
não ultrapasse seu direito, não ocasionando prejuízos na divisão de sua legítima.

A alternativa C está correta, dado a legítima corresponde à metade dos bens de herança que são destinados
aos herdeiros necessários. Conforme disposto pelo Art. 1846 do CC:

Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo
a legítima.

O artigo dispõe uma regra que repete o conteúdo do Art. 1789, ou seja, metade do patrimônio que entra na
partilha é chamado de porção indisponível e cabe aos herdeiros necessários ou legitimados, de forma
exclusiva. O quinhão de cada herdeiro necessário se denomina como legítima e é um direito exclusivo destes.
A porção disponível pode ser destinada pelo titular do patrimônio a quem lhe apetecer, desde que não
ultrapasse seu direito, não ocasionando prejuízos na divisão de sua legítima.

A alternativa D está incorreta, dado que a legítima corresponde à metade dos bens da herança que
pertencem aos herdeiros necessários, e não ao direito atribuído aos filhos de reivindicar a metade da herança
conforme disposto pelo Art. 1846:

Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo
a legítima.

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A alternativa E está incorreta, pois a legítima não corresponde exclusivamente à parcela devida ao cônjuge
ou companheiro em união estável, e sim à metade dos bens da herança que pertencem aos herdeiros
necessários, conforme disposto pelo Art. 1846:

Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo
a legítima.

31. (FCC / MANAUSPREV – 2015) Gilmar faleceu sem deixar testamento. Ao tempo da sucessão, havia
deixado apenas um primo vivo, José, e outro morto, João. João possuía três filhos, dois vivos e um morto.
Este, por sua vez, possuía um filho, neto de João. A sucessão será deferida
a) Na proporção de 1/3 para José, 1/3 aos dois filhos e 1/3 ao neto de João.
b) Na proporção de 1/2 para José e 1/2 a serem divididos entre os dois filhos e o neto de João.
c) Ao Município, pois os primos não herdam.
d) Na proporção de 1/2 para José e 1/2 para os dois filhos de João, excluído seu neto.
e) Por inteiro em favor de José.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que José será o único a receber, dado que a regra é que na linha
transversal os parentes mais próximos excluem os mais distantes, salvo o direito de representação conferido
aos filhos de irmãos (que são de 3º grau). Na linha transversal, apenas são constituídos herdeiros até o 4º
grau, sem haver distinção entre vários herdeiros na mesma classe.

A alternativa B está incorreta, pois o único a receber parte na herança será José, pois sua posição na linha
transversal excluem os parentes mais distantes, apenas havendo exceção quando se trata do direito de
representação que pode ser conferido aos filhos de irmãos.

A alternativa C está incorreta, dado que a sucessão não será deferida ao município, sendo sucedida de
acordo com a linha transversal do de cujus, portanto, José terá o direito integral da herança.

A alternativa D está incorreta, pois serão excluídos os dois filhos de João, tal como seu neto, tendo José a
sucessão deferida toda em seu favor.

A alternativa E está correta, dado que se trata do direito de representação. Para meio de fundamentação, a
questão se encontra disposta nos seguintes arts. do CC:

Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em
todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.

No entanto, este direito não será aplicado no caso da questão, uma vez que José e João são primos do
falecido.

Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente.

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Sendo assim, ocorrerá em favor dos filhos do irmão do de cujus (linha colateral).

Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos de irmãos do
falecido, quando com irmãos deste concorrerem.

Desta forma, a sucessão será deferida por inteiro em favor de José.

32. (FCC / TJ-SE – 2015) Joaquim faleceu em 20/9/2010, deixando os filhos Pedro, Antonio e João. João
renunciou à herança de seu pai, que não era muito significativa. Em 15/10/2014, faleceu Manoel, pai de
Joaquim, pré-morto, de Augusto e de Romeu, sendo, então, seus herdeiros Augusto, Romeu, Pedro,
Antonio e João. Todos aceitaram a herança que era polpuda. Nesse caso, herdarão de Manoel:
a) Augusto e Romeu por estirpe; Pedro e Antonio, por cabeça e João nada herdará, sendo ineficaz sua
aceitação da herança, porque já renunciara à herança de Joaquim, a quem representaria.
b) Augusto e Romeu por estirpe; Pedro, Antonio e João, por cabeça.
c) Augusto e Romeu por cabeça; Pedro e Antonio, por estirpe e João nada herdará, sendo ineficaz sua
aceitação da herança, porque já renunciara à herança de Joaquim, a quem representaria na sucessão de
Manoel.
d) Augusto e Romeu, por cabeça; Pedro, Antonio e João, por estirpe.
e) Somente Augusto e Romeu, porque os herdeiros mais próximos afastam os mais remotos, não sendo eficaz
a aceitação da herança pelos netos.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que Augusto e Romeu irão receber por cabeça, enquanto Pedro, Antônio
e João irão receber por estirpe.

Para melhor entendimento, há duas formas de partilhas, sendo estas: por cabeça, que se dá em partes iguais
entre herdeiros da mesma classe, ex: João morre e seus três filhos vão herdar por direito próprio e por cabeça
33% do patrimônio de João, por serem seus parentes mais próximos. E por estirpe, na qual herda-se por
estirpe para os que sucedem em graus diversos por direito de representação, ex: João morre e tem um filho
pré-morto que deixou dois netos, então seus dois filhos vivos vão herdar por direito próprio e por cabeça
33% do patrimônio de João, enquanto cada um de seus netos vai herdar por direito de representação e por
estirpe 16,5% desse patrimônio (art. 1.835). Aqueles que descendem por estirpe estão representando
alguém.

A alternativa B está incorreta, dado que Augusto e Romeu irão receber por cabeça, ou seja, em partes iguais,
sendo estes herdeiros de uma mesma classe, e não por estirpe, sendo os receptores por estirpe Antônio,
João e Pedro, sendo estes herdeiros de graus diversos que são receptores por direito de representação.

A alternativa C está incorreta, pois Pedro é um dos herdeiros por estirpe, sendo errônea a afirmativa de que
ele não herdará nenhuma parte da herança por ter renunciado à herança de Joaquim.

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Sendo herdeiro por estirpe, considera-se que este é um sucessor em grau diverso atuando por meio do
direito de representação.

A alternativa D está correta, dado que é certa a afirmativa de que Augusto e Romeu receberão por cabeça,
e Pedro, Antônio e João receberão por estirpe.

De acordo com o disposto pelos arts. 1833, 1856 e 1835 do Código Civil:

Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de
representação.

Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra.

Art. 1835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou por
estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

De acordo com o art. 1.833, o legislador deixa clara a prioridade dos herdeiros mais próximos sobre os mais
remotos. Desde modo, se o falecido deixou filhos, netos e bisnetos somente os primeiros serão chamados à
sucessão.

Os filhos terão os mesmos direitos à quota sucessória, independentemente de serem ou não do casamento
ou de serem adotados (art. 1.834). Serão esses sucessores do de cujus por cabeça, ou seja, a herança será
dividida entre eles em partes iguais.

Os demais descendentes podem suceder por cabeça ou por estirpe.

A sucessão por estirpe se dá quando concorrem descendentes de graus diferentes, como por exemplo, no
direito de representação, em que o filho “A” que vier a falecer antes de seu pai “B”, será representado pelos
netos do autor da herança “B”. Neste caso, os outros filhos de “B” herdarão por cabeça e os seus netos (filhos
de “A”) por estirpe – a quota do representado será dividida entre eles.

Se todos os filhos do falecido já estivessem mortos os netos estariam todos no mesmo grau de parentesco
em relação ao de cujus, e desta forma, sucederiam por cabeça e não por estirpe.

A alternativa E está incorreta, dado que não se enquadra o conceito de que os herdeiros mais próximos
excluem os mais remotos, dado que os netos podem fazer parte da sucessão por meio do direito de
representação, sendo Augusto e Romeu receptores por cabeça e Pedro, Antônio e João receptores por
estirpe.

33. (FCC / TJ-GO – 2015) Anita morreu deixando dois filhos e um irmão. Era casada no regime da
comunhão parcial de bens, mas, ao tempo do falecimento, estava separada de fato há mais de 2 anos, por
culpa do cônjuge sobrevivente. A sucessão legítima deverá ser deferida em favor dos filhos
a) Apenas.
b) Em concorrência com o irmão e com o cônjuge sobrevivente, salvo se não tiver deixado bens particulares.

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c) Em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se não tiver deixado bens particulares.
d) Em concorrência com o cônjuge sobrevivente, ainda que não tenha deixado bens particulares.
e) Em concorrência com o irmão.

Comentários

A alternativa A está correta, pois a sucessão legítima deverá ser deferida apenas em favor dos filhos,
conforme disposto pelos arts. 1838, 1839 e 1830 do Código Civil:

Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge
sobrevivente.

A lei não determina um regime específico de bens, podendo o cônjuge vir a receber a herança em sua
totalidade.

Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados
a suceder os colaterais até o quarto grau.

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do
outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste
caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

A alternativa B está incorreta, dado que os filhos do herdeiro não irão concorrer com o irmão deste, nem
com o cônjuge sobrevivente, pois a sucessão legítima deverá ser deferida unicamente em favor dos filhos,
de acordo com o art. 1830, pois é evidente na alternativa que a separação foi dada mediante culpa do
cônjuge sobrevivente. Conforme o código civil:

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do
outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste
caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

A alternativa C está incorreta, visto que a sucessão legítima não será deferida aos filhos em concorrência
com o cônjuge sobrevivente, dado que a questão expressa que a separação ocorreu mediante culpa de tal
cônjuge sobrevivente, entrando em contradição com o art. 1830 do CC:

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do
outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste
caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

A alternativa D está incorreta, pois não haverá concorrência dos filhos para com o cônjuge sobrevivente,
dado o fato de que a questão indica que houve culpa do cônjuge para a ocorrência da separação, o que
contraria a redação do art. 1830 do CC, que dispõe:

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do
outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste
caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

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A alternativa E está incorreta, pois o irmão não irá fazer parte dos sucessores legítimos, pois há descentes
legítimos para serem os sucessores principais, conforme disposto pelo Art. 1838:

Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge
sobrevivente.

Ou seja, não é o caso da questão, pois mesmo que não houvessem os filhos, o irmão só seria considerado
sucessor caso o cônjuge também não existisse, conforme o Art. 1.839, que dispõe: “Se não houver cônjuge
sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto
grau.”

34. (FCC / TJ-AL – 2015) Morrendo alguém, sem deixar testamento, e possuindo como únicos parentes
vivos o filho e a neta, ambos de um primo irmão, os bens do falecido serão destinados
a) Ao filho do primo irmão e à neta do primo irmão, que herdarão por estirpe e por cabeça respectivamente.
b) Ao filho do primo irmão e à neta do primo irmão, que herdarão por cabeça e por estirpe, respectivamente.
c) Ao filho do primo irmão.
d) Ao filho e à neta do primo irmão, em partes iguais.
e) Ao Município em que se encontrarem.

Comentários

A alternativa A está incorreta, dado que, no caso disposto pela questão, os bens do falecido serão destinados
ao município em que se encontrarem, por se tratar de uma herança vacante.

A herança vacante é aquela que ocorre quando é declarada de ninguém, e sendo assim, não tendo nenhum
herdeiro comparecido para reclamar seus direitos, será a herança entregue ao poder público.

A alternativa B está incorreta, dado que o filho do primo irmão e a neta do primo irmão excedem os limites
da contagem de graus, sendo somente considerados sucessores aqueles parentes que forem colaterais até
o máximo de quatro graus, conforme o art. 1839 do CC:

Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados
a suceder os colaterais até o quarto grau.

A alternativa C está incorreta, pois o filho do primo irmão não é considerado sucessor, pois excede o quarto
grau, qual é o limite para a consideração da sucessão, conforme disposto pelo Art. 1839 do CC:

Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados
a suceder os colaterais até o quarto grau.

A alternativa D está incorreta, dado que o filho e a neta do primo irmão não serão considerados no direito
de sucessão, dado que excedem a estipulação de grau de parentesco colateral que é estipulado para se
considerar o direito à sucessão, de acordo com o Art. 1839:

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Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados
a suceder os colaterais até o quarto grau.

A alternativa E está correta, para a contagem dos graus entre os parentes em linha colateral, o primeiro
passo é marcar o indivíduo, o segundo passo será subir em linha reta até o parente que este tem em comum
com o parente procurado, e por último descer até encontrá-lo.

Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados
a suceder os colaterais até o quarto grau.

Assim, no caso apresentado na questão, somente seria chamado a suceder o próprio primo irmão.

Como não teremos sucessores os bens serão destinados ao município, conforme art. 1.844 do CC:

Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles
renunciado a herança, está se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas
circunscrições, ou à União, quando situada em território federal.

35. (FCC / TJ-RR – 2015) Na sucessão de colateral, não existindo outros parentes que prefiram na ordem
da vocação hereditária, mas havendo do de cujus
a) Sobrinho neto e primo-irmão, a herança será atribuída somente ao primo-irmão.
b) Sobrinho-neto, tio-avô e primo-irmão, a herança será partilhada entre eles, por estirpe.
c) Tio e sobrinho, a herança será dividida entre eles.
d) Tio e sobrinho, a herança será atribuída apenas ao tio.
e) Sobrinho-neto, tio-avô e primo-irmão, a herança será partilhada entre eles, por cabeça.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois, sobrinho neto, neto do irmão, e primo-irmão, filho do tio, pertencem ao
4º grau de parentesco. Portanto, sucederão por cabeça. De acordo com o Código Civil:

Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou
por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

A alternativa B está incorreta, uma vez que, sobrinho neto, neto do irmão, primo-irmão, filho do tio, e tio-
avô, irmão do avô, pertencem ao 4º grau de parentesco. Sendo assim, sucederão por cabeça. De acordo com
o Código Civil:

Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou
por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

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A alternativa C está incorreta, a lei determina, no seu art. 1.843 do Código Civil, que prevaleçam os sobrinhos
num cenário de sobrinhos e tios, mesmo que ainda ambos pertençam ao 3º grau.

Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.

A alternativa D está incorreta, visto que, prevalecem os sobrinhos, esses herdarão integralmente neste
cenário. De acordo com o Código Civil:

Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.

A alternativa E está correta, conforme explicado na alternativa B, todos os envolvidos pertencem ao mesmo
grau de parentesco, portanto, sucederão por cabeça, sendo dividida a herança igualmente. De acordo com
o Código Civil:

Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou
por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

36. (FCC / TJ-AP – 2014) Romeu e Clara, há dez anos, vivem em união estável, desde que contavam 18
anos de idade e nada dispuseram a respeito do regime de bens. Norberto, pai de Clara, faleceu, e sem
qualquer motivação impôs cláusula de inalienabilidade vitalícia a todos os bens que deixou para sua filha.
É correto afirmar que, sem motivação,
a) Com a imposição de cláusula de inalienabilidade, para que Romeu participe da herança de Clara, bastará
que mova ação declaratória de inexistência de justa causa que autorize excluir os bens herdados da
comunhão.
b) O testador pode clausular todos os bens dos herdeiros necessários, mas como não foi inserida a cláusula
de incomunicabilidade, Romeu participará de todos os bens recebidos por Clara em razão da morte do pai
dela.
c) A cláusula de inalienabilidade só poderia incidir sobre o disponível, mas como ela importa, também, a
incomunicabilidade, Romeu só participará dos bens de Clara até o limite da legítima.
d) A cláusula de inalienabilidade só poderia ser imposta sobre o disponível, mas não sobre a legítima,
entretanto, Romeu em nada participará da herança recebida por Clara.
e) O testador não poderá impor as cláusulas de inalienabilidade quer sobre a legítima quer sobre o disponível,
mas a despeito da nulidade dessa disposição testamentária, Romeu não participará da herança de Clara.

Comentários

A alternativa D está correta, para respondermos a esta questão vamos usar uma combinação de artigos:

Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula
de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.

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Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais,
no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância
do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por
doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;

E, ainda, temos a súmula nº 49 do STF que diz: “A CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE INCLUI A


INCOMUNICABILIDADE DOS BENS”.

As alternativas A, B, C e D estão incorretas, consequentemente.

37. (FCC / TJ-PE – 2011) Na sucessão legítima


a) Os filhos sucedem por cabeça e os outros descendentes apenas por estirpe.
b) Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente,
apenas se casado sob o regime da comunhão universal ou parcial de bens.
c) Sendo chamados a suceder os colaterais, na falta de irmãos sucederão os tios e não os havendo os filhos
dos irmãos.
d) Em falta de descendente e ascendente, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente,
mesmo que casado tiver sido sob o regime da separação obrigatória de bens.
e) Na classe dos ascendentes não há exclusão por grau, todos sendo aquinhoados em igualdade.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois, para responder a alternativa é necessário que tenhamos o conhecimento
de sucessão por cabeça e sucessão por estirpe.

A sucessão por cabeça é aquela que procede quando os herdeiros vigentes são de mesmo grau. Cada qual,
que seja do mesmo grau, irá representar uma parte igual da herança, essa dividida entre todos os herdeiros
vigentes.

A sucessão por estirpe refere-se àqueles descendentes que tenham graus de parentesco diferentes com o
autor da herança ou quando a divisão da herança se fizer entre determinados grupos de descendentes, esses
compostos por descendentes do herdeiro do grau de parentesco mais próximo. Esse tipo de sucessão ocorre
na linha reta descendente, ou, em casos excepcionais, na linha transversal.

O artigo do Código Civil que regula essa questão é o art. 1.835.

Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou
por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

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A alternativa B está incorreta, visto que, nesse caso, a sucessão será deferida por inteiro ao cônjuge
sobrevivente, independentemente da comunhão de bens que esteja prevista no casamento em questão,
necessitando apenas cumprir as obrigações impostas pelo art. 1.830 do Código Civil, assim reputa-se o art.
1.838 para a questão.

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do
outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste
caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge
sobrevivente.

A alternativa C está incorreta, visto que, a ordem que regula é diferente, pois, na falta de irmãos do autor
herança, herdarão os filhos destes, e na falta deles, sim, os tios. Previsto no art. 1.843 do CC.

Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.

A alternativa D está correta, uma vez que, independentemente da comunhão de bens, esse herdará do autor
a sua herança, desde que cumpra com a literalidade do art. 1.830, e assim, cumprirá o art. 1.838 que se
refere à questão.

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do
outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste
caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge
sobrevivente.

A alternativa E está incorreta, já que a literalidade do art. 1.836 do Código Civil esclarece que devemos
atentar para o grau, sendo que o mais próximo exclui o mais remoto.

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o
cônjuge sobrevivente.

§ 1º Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas.

§ 2º Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade,
cabendo a outra aos da linha materna.

38. (FCC / TJ-AP – 2011) Na linha descendente os


a) Filhos sucedem por estirpe, e os outros descendentes por cabeça, conforme se achem ou não no mesmo
grau.
b) Filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou
não no mesmo grau.

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c) Netos sucedem por estirpe, assim como todos os descendentes do de cujus, conforme se achem ou não
no mesmo grau.
d) Netos e demais descendentes sempre sucedem por estirpe, ainda que se achem no mesmo grau.
e) Netos sucedem por cabeça e os outros descendentes por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo
grau.

Comentários

Para responder a questão é necessário que tenhamos o conhecimento de sucessão por cabeça e sucessão
por estirpe.

A sucessão por cabeça é aquela que procede quando os herdeiros vigentes são de mesmo grau. Cada qual,
que seja do mesmo grau, irá representar uma parte igual da herança, essa dividida entre todos os herdeiros
vigentes.

A sucessão por estirpe refere-se àqueles descendentes que tenham graus de parentesco diferentes com o
autor da herança ou quando a divisão da herança se fizer entre determinados grupos de descendentes, esses
compostos por descendentes do herdeiro do grau de parentesco mais próximo. Esse tipo de sucessão ocorre
na linha reta descendente, ou, em casos excepcionais, na linha transversal.

O artigo do Código Civil que regula essa questão é o art. 1.835.

Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou
por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

A alternativa A está incorreta, pois, os filhos são do mesmo grau de parentesco, portanto, sucedem por
cabeça, e os outros descendentes por estirpe.

A alternativa B está correta, visto que reputa ao art. 1.835 do Código Civil vigente.

A alternativa C está incorreta, netos, entre si, sucedem por cabeça, visto que estes encontram-se no mesmo
grau de parentesco diante do autor da herança.

A alternativa D está incorreta, qualquer grupo de descendentes que se encontrem no mesmo grau diante
do de cujus, ocorrerá sucessão por cabeça, entre si.

A alternativa E está incorreta, em regra, filhos sucedem por cabeça e outros descendentes por cabeça ou
estirpe.

39. (FCC / TJ-AP – 2011) São herdeiros necessários


a) Apenas o cônjuge sobrevivente, se o casamento houver sido realizado sob o regime da comunhão
universal de bens, ou o convivente se houver impedimento para se realizar o casamento, os descendentes e
os ascendentes.
b) Apenas os descendentes e os ascendentes.

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c) Os ascendentes, os descendentes e os colaterais até o quarto grau.


d) O cônjuge sobrevivente, exclusivamente se o casamento tiver sido realizado sob o regime da comunhão
universal ou parcial de bens, e os descendentes.
e) O cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens do casamento, e os descendentes.

Comentários

A alternativa A está incorreta, pois, independentemente do regime que foi estabelecido no casamento, o
cônjuge é um herdeiro necessário, mas, uma vez que, se concorra com os descendentes, o regime de
comunhão universal de bens será excluído da herança. Assim, informa o art. 1.829 do Código Civil inciso I.

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

A alternativa B está incorreta, já que a lei estabelece claramente que os herdeiros necessários são os
descendentes, os ascendentes e o cônjuge em seu art. 1.845 do Código Civil.

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

A alternativa C está incorreta, os herdeiros colaterais são aqueles: irmãos, tios, sobrinhos, primos. Estes são
considerados herdeiros legítimos facultativos, portanto, não sendo considerados herdeiros necessários,
assim, não possuem o direto à legitima.

A alternativa D está incorreta, o cônjuge é herdeiro necessário independente do regime de comunhão de


bens. Nos casos de cônjuge estar casado com falecido em comunhão universal e no regime parcial, não haja
bens particulares deixados pelo autor da herança, os descendentes não concorreram com o cônjuge
sobrevivente. Assim, define o art. 1.829 inciso I do Código Civil.

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

A alternativa E está correta, pois, apenas de incompleta, a alternativa não aponta erros para sua
desqualificação. Os herdeiros necessários são aqueles: descendentes, ascendentes e cônjuge. Conforme
prevê art. 1.845 do Código Civil.

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

Sucessão testamentária (1.857 a 1.990)


40. (FCC / MPE-PB – 2018) Deixando o testador legado

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a) de alimentos, abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da
educação, se ele for menor.
b) de alimentos, abrangerá apenas o indispensável para a subsistência do legatário e sua educação, se for
menor, salvo disposição em contrário acrescentando outras vantagens.
c) de coisa incerta, só será cumprido se ela existir entre os bens deixados pelo testador.
d) de bem que não mais lhe pertencer por ocasião da abertura da sucessão, receberá o legatário seu
equivalente em dinheiro, inclusive mediante alienação de algum bem, para satisfazer a deixa testamentária.
e) de coisa certa, que não pertença ao testador no momento de abertura da sucessão, rompe-se o
testamento nesta parte.

Comentários

A alternativa A está correta, pois deixando o testador um legado de alimentos, abrange o sustento, a cura,
o vestuário e a casa durante o período em que o legatário viver, provendo-se também a educação se este
for menor, conforme disposto pelo Art. 1920:

Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver,
além da educação, se ele for menor.

É evidente que os alimentos que são deixados pelo testador devem ser condizentes com a capacidade da
herança. Deve-se destacar no dispositivo que garante que o legatário receba não somente o alimento
natural, mas também o provimento civil, estando enquadrada neste conceito a garantia da educação até a
maioridade do legatário.

De vez em quando, tendo falecido o titular do patrimônio, portando dívidas alimentares, e neste caso a
obrigação é transmitida aos herdeiros, abrangendo de forma exclusiva as vencidas, quais serão deduzidas no
início do processo de apuração. Já as demais dívidas deverão ser ajuizadas pelo alimentante em uma nova
ação contra os herdeiros.

A alternativa B está incorreta, dado que o legado de alimentos não abrange somente o necessário para a
subsistência, e sim o sustento, a cura, o vestuário e a casa, podendo vir a abranger inclusive a educação.
Conforme disposto pelo Art. 1920:

Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver,
além da educação, se ele for menor.

O dispositivo deixa evidente o essencial para o legatário, que é caracterizado não apenas como os alimentos
naturais, mas também devem ser dispostos os alimentos civis. A educação é inclusa no conceito de
“alimento”, pois é essencial para a vida em sociedade, bem como a comida, a casa para habitar, a roupa para
vestir e a medicação, assistência médica, etc.

A alternativa C está incorreta, pois o legado de coisa incerta irá ser cumprido mesmo que tal coisa não exista
entre os bens deixados pelo testador.

Conforme disposto pelo Art. 1915 do Código Civil:

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Art. 1.915. Se o legado for de coisa que se determine pelo gênero, será o mesmo cumprido, ainda que tal
coisa não exista entre os bens deixados pelo testador.

Ocorre, certas vezes, de o testador deixar para um legatário a herança em uma forma bem específica, como,
por exemplo, um automóvel 0KM, da marca Volkswagen, modelo Tiguan, mesmo que este objeto não esteja
em seus bens. No entanto, o testador deixa o dinheiro, e com tal dinheiro o veículo será adquirido e entregue
ao legatário, como disposto pelo artigo, sendo esta a definição de “coisa que se determine pelo gênero”
citada no dispositivo.

A alternativa D está incorreta, considerando-se que quando o bem que não pertence ao testador é deixado
como legado, este é ineficaz a partir do momento de abertura da sucessão. Ampara-se nos arts. 1912 e 1916
do código civil:

Art. 1.912. É ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momento da abertura da
sucessão.

O legado citado no dispositivo é a sucessão a título singular, sendo esta a vontade do testador de dar somente
uma coisa a alguém, ao invés de uma parte do todo. Cada parcela que o testador determina diminui a porção
a ser entregue ao herdeiro instituído, até o limite da porção disponível, qual o testador pode dispor
livremente. Da mesma forma, enquanto o legando ou o instituindo herdeiro, dentro da porção disponível,
estará o testador diminuindo as parcelas destinadas aos herdeiros da sucessão legítima.

Art. 1.916. Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só terá eficácia o legado se, ao tempo do seu
falecimento, ela se achava entre os bens da herança; se a coisa legada existir entre os bens do testador, mas
em quantidade inferior à do legado, este será eficaz apenas quanto à existente.

De acordo com o dispositivo, o testamento pode ser feito em qualquer hora, embora seus efeitos só sejam
produzidos após a morte do testador. Pode ocorrer, por exemplo, de o testador deixar para um sucessor
certo dinheiro na conta de um banco Bradesco, porém retirou tal dinheiro e gastou. Nesse caso, o legatário
não terá direito ao legado. Pode ocorrer também de o dinheiro ser apenas transferido em sua quantia total
para outro banco, devendo se manifestar acerca do ocorrido, pois a mera mudança de banco já é
caracterizada como uma alteração na vontade.

A alternativa E está incorreta, pois o legado da coisa certa que não pertença ao testador não rompe o
testamento, apenas é ineficaz o legado da tal coisa não mais pertencente ao testador, conforme disposto
pelo art. 1912:

Art. 1.912. É ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momento da abertura da
sucessão.

O legado citado no dispositivo é a sucessão a título singular, sendo esta a vontade do testador de dar somente
uma coisa a alguém, ao invés de uma parte do todo. Cada parcela que o testador determina diminui a porção
a ser entregue ao herdeiro instituído, até o limite da porção disponível, qual o testador pode dispor
livremente. Da mesma forma, enquanto o legando ou o instituindo herdeiro, dentro da porção disponível,
estará o testador diminuindo as parcelas destinadas aos herdeiros da sucessão legítima.

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41. (FCC / TJ-PE – 2013) Em relação ao testamento é correto afirmar que


a) A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.
b) É defeso o testamento conjuntivo, permitido porém o recíproco ou correspectivo.
c) As disposições testamentárias de caráter não patrimonial são válidas, a não ser que o testador tenha se
limitado a elas.
d) Embora ato personalíssimo, a revogação do testamento exige fundamentação idônea quanto às razões
que a determinaram.
e) São modalidades de testamento especial o marítimo, o militar e o cerrado.

Comentários

A alternativa A está correta, pois, confirma-se a literalidade do art. 1.857 do Código Civil que afirma. De
acordo com o Código Civil:

Art. 1.857. § 1º. A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.

A alternativa B está incorreta, visto que, realmente, é vedado o testamento conjuntivo, porém, seja ele de
qualquer tipo, simultâneo, recíproco ou correspecivo. De acordo com o Código Civil:

Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo.

A alternativa C está incorreta, a lei não proíbe que qualquer pessoa capaz disponha por testamento, mesmo
que de caráter não patrimonial, como também não proíbe se o testador tenha se limitado à elas. Conforme
art. 1.857 §2º do Código Civil.

Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles,
para depois de sua morte.

§ 2º. São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a
elas se tenha limitado.

A alternativa D está incorreta, o ato personalíssimo é aquele intransmissível e irrenunciável. El lei o


testamento pode ser mudado a qualquer momento, desde que por seu titular, o que consistem em ato
personalíssimo. De acordo com o Código Civil:

Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.

A alternativa E está incorreta, apenas corresponde à testamentos especiais o marítimo, o aeronáutico e o


militar, conforme art. 1.886 do Código Civil. Testamento cerrado, também conhecido por testamento
secreto, é aquele que, igualmente ao particular, será escrito pelo testador ou alguém apontado por ele, em
caráter sigiloso, devendo ser aprovado pelo tabelião que deverá cerrá-lo (costurá-lo) e lacrá-lo (com cera
quente), assim devolvendo ao testador.

Art. 1.886. São testamentos especiais:

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I - o marítimo;

II - o aeronáutico;

III - o militar.

42. (FCC / TJ-PE – 2013) Em relação ao testamento e à capacidade para testar, analise as afirmações
abaixo.

I. Toda pessoa capaz, bem como os maiores de dezesseis anos, podem dispor, por testamento, da
totalidade de seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.

II. Extingue-se no prazo decadencial de quatro anos o direito de impugnar a validade do testamento,
contado o prazo da data de seu registro.

III. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz é
validado com a superveniência da capacidade.

Está correto o que se afirma em


a) I, II e III.
b) II e III, apenas.
c) II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I e II, apenas.

Comentários

A afirmativa I está correta, pois, na literalidade dos artigos que se referem à afirmativa (art. 1.857 e 1.860
do Código Civil), temos que qualquer pessoa capaz poderá dispor, por testamento, dos seus bens, para
depois que vier à óbito, inclusive os maiores de dezesseis anos.

Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles,
para depois de sua morte.

Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento.

Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.

A afirmativa II está incorreta, visto que, o direito de impugnar a validade do testamento está sujeita ao prazo
de cinco anos, contando o prazo da data de seu registro, o art. 1.859 do Código Civil traz em verdade essa
informação.

Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado o prazo da
data do seu registro.

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A afirmativa III está correta, ao passo que a literalidade do art. 1.861 reputa à essa informação. De acordo
com o Código Civil:

Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do
incapaz se valida com a superveniência da capacidade.

A alternativa D está correta.

As alternativas A, B, C e E estão incorretas, consequentemente.

Inventário e partilha (1.991 a 2.027)

43. (FCC / TJ-SC – 2015) A sucessão mortis causa pode dar-se


a) A título universal e a título singular, caracterizando-se a primeira pela transmissão do patrimônio ou cota
parte do patrimônio do defunto e a segunda, pela transferência de algum ou alguns bens determinados.
b) Se legítima, apenas a título universal e se testamentária, apenas a título singular.
c) Apenas a título universal.
d) Apenas a título singular, porque a lei exige a partilha de bens entre os herdeiros.
e) A título singular e a título universal, caracterizando-se a primeira pela transmissão de cota parte do
patrimônio do defunto e a segunda, pela transmissão de certa generalidade de coisa ou cota parte concreta
de bens.

Comentários

A alternativa A está correta, dado que a sucessão mortis causa pode dar-se a título universal e a título
singular. E por sua vez a sucessão a título universal se dá quando o herdeiro é chamado a suceder na
totalidade da herança, fração ou parte dela. Já a sucessão a título singular o testador deixa ao beneficiário
um bem certo e determinado, denominado legado.

A alternativa B está incorreta, dado que a sucessão a causa mortis pode se dar a título universal e a título
singular, e não a título universal se for legítima e a título singular se for testamentária, como disposto pela
alternativa.

A palavra sucessão indica, sob o ponto de vista jurídico, transferência de propriedade ou titularidade de
direitos, inclusive obrigações. Pode ocorrer por ato entre vivos, como nos casos de alienação, seja de forma
gratuita ou onerosa, assim como ocorrer em razão da morte. Pode ser, ainda, universal ou singular, caso a
transmissão ocorra em relação ao todo ou apenas a um bem individualizado.

A alternativa C está incorreta, visto que a sucessão causa mortis pode ser dada a título universal e singular,
não apenas a título universal, como disposto pela alternativa.

A alternativa D está incorreta, pois a sucessão pode ocorrer a título também universal, não apenas a título
singular.

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A alternativa E está incorreta, dado que a sucessão de fato pode ser singular e universal, porém a sucessão
universal é a que é caracterizada como a transmissão de patrimônio ou cota por parte do patrimônio do
defunto.

44. (FCC / SEFAZ-RJ – 2014) Joaquim era pai de Pedro, casado com Maria sob o regime da comunhão
universal de bens; de Benedito, casado com Antonia, sob o regime da comunhão parcial de bens e de José,
casado com Joana, sob o regime da separação de bens. Joaquim doou, com dispensa de colação, para José
e sua mulher, Joana, um imóvel. José faleceu, em 30/6/2013, deixando dois filhos. Joaquim, por
testamento público lavrado em 10/07/2013, deixou seu disponível para os filhos Pedro e Benedito, com
cláusula vitalícia de inalienabilidade, tendo o testador falecido em 15/10/2013. É correto afirmar que, com
a morte de
a) José, o imóvel que recebera por doação juntamente com sua mulher, passará integralmente a ela e não
aos filhos do casal; a parte que Pedro receber na herança de seu pai se comunicará a Maria apenas no que
compreender a legítima; Benedito receberá sua parte na herança, nada se comunicando a sua mulher,
Antonia, e os filhos de José herdarão, por direito de representação, parte da herança de Joaquim tirada da
legítima e calculada por estirpe.
b) Joaquim, seus bens serão divididos entre seus filhos Pedro e Benedito, que herdarão por estirpe e nada
se comunicará a seus respectivos cônjuges e os netos de Joaquim receberão parte da herança do avô, por
representação, calculada por cabeça; quanto ao bem doado a José e a sua mulher, com a morte deste, será
partilhado somente entre seus dois filhos.
c) José, do imóvel que lhe fora doado por Joaquim, o cônjuge sobrevivente haverá a metade e a outra metade
passará a seus filhos, os quais, também, concorrerão na herança de Joaquim, por estirpe; com a morte de
Joaquim os filhos sobreviventes receberão a legítima e o disponível com cláusula de inalienabilidade,
comunicando-se a herança a Maria, mas não a Antonia.
d) Joaquim, a legítima será partilhada entre os filhos sobreviventes, comunicando-se o que receber Pedro do
disponível a sua esposa, mas não se comunicando o que receber Benedito; quanto à legítima, que receberão
Pedro e Benedito, nada se comunicará aos respectivos cônjuges; os filhos de José herdarão da legítima a cota
parte do que receberia seu pai se vivo fosse, calculando-se, entretanto, por estirpe, mas não tendo de trazer
à colação o imóvel doado, que ficou pertencente na razão de 50% (cinquenta por cento) a Joana e 25% (vinte
e cinco por cento) a cada um dos filhos do casal.
e) José, o imóvel que recebera por doação juntamente com sua mulher, ficará pertencendo em metade para
ela e metade em condomínio para os dois filhos do casal; os netos de Joaquim participarão da herança do
avô, por direito de representação, calculada a legítima deles por cabeça; Benedito e Pedro receberão suas
partes na herança de Joaquim, que não se comunicarão às respectivas esposas.

Comentários

Joaquim, pai de três filhos, sendo eles Pedro, Benedito e José.

Pedro, casado com Maria, no regime de comunhão universal de bens. Benedito, casado com Antonia, no
regime de comunhão parcial de bens. José, casado com Joana, no regime da separação de bens.

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A herança de Joaquim possui a legítima, que é a quota indisponível para que seja distribuído entre os
herdeiros necessários, essa quota equivale à 50% da herança do testador.

Joaquim doou, em vida, um imóvel para José e sua mulher, com dispensa de colação.

A colação é o instituto que tem por finalidade igualar a legítima entre os herdeiros necessários, sabendo que
os bens doados em vida, como forma de adiantamento da legítima, também serão trazidos para este
instituto.

O autor de uma herança pode, em vida, determinar que alguma parte dos bens seja retirado da colação. Está
regulado no art. 2.005 do Código Civil.

Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que o doador determinar saiam da parte disponível,
contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da doação.

Sendo assim, o bem doado para José deixou de fazer parte da parte disponível para herança.

José, casado com Joana, faleceu em 30/06/2013, deixando 2 filhos. Tendo em vista que José estava sob o
regime de separação de bens, considera-se a súmula 377 do STF: “No regime da separação legal de bens,
comunicam-se os adquiridos na constância do casamento”.

Portanto, tendo José falecido, o imóvel passará ao cônjuge, Joana. Os dois filhos de José herdarão avô,
substituindo seu pai, essa se dará por estirpe (sucessão por estirpe: ocorre quando descendentes de graus
diferentes concorrem à herança). Para tanto, temos o art. 1.835 que regula.

Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou
por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

Joaquim, em 10/07/2013, deixou lavrado por testamento público todo o seu disponível para os seus 2 filhos
vivos, Benedito e Pedro, impondo cláusula vitalícia de inalienabilidade, e por seguinte o testador vem a
falecer em 15/10/2013.

Apesar de Pedro estar sob o regime de comunhão universal de bens, onde os bens adquiridos na constância
do casamento pertencem a um todo único, a cláusula vitalícia de inalienabilidade exclui o bem da comunhão,
assim regulado pelo art. 1.668 do Código Civil.

Art. 1.668. São excluídos da comunhão:

I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;

Benedito, por natureza do regime que está submetido, comunhão parcial de bens, está regulado pelo art.
1.659 do Código Civil, que irá dizer que o bem doado ou sucedido, mesmo depois da constância do
casamento, não se comunicará com Antonia.

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

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I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por
doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;

A alternativa A está correta, visto que, a súmula 377 do STF determina que os bens conquistados, na
constância do casamento, se comunicam entre os cônjuges, então, com a morte de José, o bem doado por
seu pai, passará à Joana. A parte que corresponder à legítima se comunicará à Maria, sabendo que a parte
deixada por testamento possui cláusula de inalienabilidade não poderá ser compartilhada. Benedito herdará
sua parte, sem comunicar com Antonia, e, por fim, os filhos de José terão, por direito de representação,
direito a parte da herança de Joaquim tirada da legítima por estirpe.

A alternativa B está incorreta, pois, com a morte de Joaquim, os bens serão divididos entre Pedro e Benedito,
que herdarão por cabeça, no caso de Pedro, se comunicará com Maria, e os netos de Joaquim, filho de José,
receberão parte da herança do avô, por representação e por estirpe, de acordo com o art. 1.835 do Código
Civil.

A alternativa C está incorreta, uma vez que, o bem doado à José, possuirá integralmente a Joana. Os filhos
de José concorrerão a herança, a parte que corresponder à legítima. A herança comunica-se a Maria, apenas
a parte correspondente a legítima.

A alternativa D está incorreta, pois, a parte do disponível possui cláusula de inalienabilidade, então não se
comunicará com ninguém além de Pedro e Benedito. A parte da legítima, se comunicará com Maria e os
filhos de José, que terão direito a herança de Joaquim, por representação, se fará por estirpe. O imóvel doado
à José não terá que vir a colação e será de posso integral de Joana.

A alternativa E está incorreta, já que o imóvel recebido por doação de Joaquim, pertencerá integralmente à
sua mulher Joana; os netos de Joaquim terão participação na sua herança, por representação, será calculada
a legítima por estirpe; a parte que Pedro receber da herança, que fizer jus à legítima, será comunicada com
Maria.

45. (FCC / DPE-PB – 2014) Francisco faleceu deixando R$ 10.000,00 em dívidas no Banco Bom Pagador
e R$ 8.000,00 em bens. A partilha foi feita, em partes iguais, a seus 4 filhos. Realizada a partilha, o Banco
Bom Pagador ajuizou ação de cobrança contra os filhos de Francisco, que
a) Respondem, solidariamente, até R$ 8.000,00.
b) Não respondem pelas dívidas deixadas pelo pai, cuja personalidade se extinguiu com o falecimento.
c) Respondem, individualmente, até o montante de R$ 2.500,00 cada.
d) Respondem, solidariamente, até R$ 10.000,00.
e) Respondem, individualmente, até o montante de R$ 2.000,00 cada.

Comentários

Responder em solidariedade, significaria que, não importando quem pagasse, a dívida deveria ser quitada a
todo custo.

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Responder individualmente, refere-se que a dívida deve ser paga por cada um, a parte que lhe couber.

Neste caso, temos a partilha em 4 irmãos, ou seja, a partilha foi feita em 4 partes iguais. Entende-se que a
herança reputa pelo pagamento das dívidas do autor da herança, portanto, a dívida deverá ser dividida
igualmente entre os herdeiros. Apenas o montante da herança cabe à quitação das dívidas do falecido, então,
nesse caso, a quantia a ser paga deve se aproximar ao montante da dívida, porém não cabe aos herdeiros
integrar o valor que falta. Portanto, cada irmão deverá, individualmente, responder até o montante de 2 mil
reais.

Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só respondem
os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube.

A alternativa E está correta.

As alternativas A, B, C e D estão incorretas, consequentemente.

46. (FCC / MPE-AL – 2012) No que concerne à partilha, nos termos preconizados pelo Código Civil
brasileiro, é correto afirmar:
a) Quando parte da herança consistir em bens de liquidação morosa ou difícil, poderá proceder-se, no prazo
legal, à partilha dos outros, reservando-se aqueles para uma ou mais sobrepartilhas, sob a guarda e a
administração do mesmo ou diverso inventariante, e consentimento da maioria dos herdeiros.
b) O herdeiro pode sempre requerer a partilha, desde que não tenha sido proibido pelo testador, cabendo
igual faculdade aos seus cessionários e credores.
c) Havendo herdeiros capazes e incapazes a partilha amigável poderá ser feita por escritura pública, termo
nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz.
d) Pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhões hereditários, deliberando ele
próprio a partilha, que prevalecerá, ainda que o valor dos bens não corresponda às quotas estabelecidas.
e) Os herdeiros em posse dos bens da herança são obrigados a trazer ao acervo os frutos que perceberam,
desde a data do início da posse, ainda que anterior à abertura da sucessão.

Comentários

A alternativa A está correta, pois, a literalidade do art. 2.021 do Código Civil, explicita que casos em que seja
difícil a liquidação dos bens poderá provir da partilha dos outros, assim, reservado esse para sobrepartilhas.

Art. 2.021. Quando parte da herança consistir em bens remotos do lugar do inventário, litigiosos, ou de
liquidação morosa ou difícil, poderá proceder-se, no prazo legal, à partilha dos outros, reservando-se aqueles
para uma ou mais sobrepartilhas, sob a guarda e a administração do mesmo ou diverso inventariante, e
consentimento da maioria dos herdeiros.

A alternativa B está incorreta, já que, independentemente da proibição ou não do testador, o herdeiro


sempre poderá requerer a partilha, conforme o art. 2.013 do Código Civil define.

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Art. 2.013. O herdeiro pode sempre requerer a partilha, ainda que o testador o proíba, cabendo igual
faculdade aos seus cessionários e credores.

A alternativa C está incorreta, em regra, a partilha amigável, nessas condições, é permitida entre capazes
que não divergirem, para isso temos o art. 2.015 do CC. Em caso de partilha que contenha incapazes, será
sempre judicial. Conforme o art. 2.016.

Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo nos
autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz.

Art. 2.016. Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim como se algum deles for incapaz.

A alternativa D está incorreta, poderá o próprio testador deliberar ele próprio a partilha, desde que o valor
dos bens corresponda às quotas estabelecidas.

De acordo com o Código Civil:

Art. 2.014. Pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhões hereditários,
deliberando ele próprio a partilha, que prevalecerá, salvo se o valor dos bens não corresponder às quotas
estabelecidas.

A alternativa E está incorreta, pois, os pontos observados na questão são consistentes, porém, esses devem
obedecer a abertura da sucessão, sendo que somente serão obrigados a trazer ao acervo os frutos que
perceberam a partir do momento em que ocorra a abertura da sucessão. De acordo com o Código Civil:

Art. 2.020. Os herdeiros em posse dos bens da herança, o cônjuge sobrevivente e o inventariante são
obrigados a trazer ao acervo os frutos que perceberam, desde a abertura da sucessão; têm direito ao
reembolso das despesas necessárias e úteis que fizeram, e respondem pelo dano a que, por dolo ou culpa,
deram causa.

47. (FCC / PGE-MT – 2011) Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher
sempre podem livremente
a) Praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão.
b) Administrar os bens próprios do outro cônjuge.
c) Desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados com o seu consentimento.
d) Reivindicar os bens imóveis comuns, doados pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os
bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco
anos.
e) Demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro
cônjuge, ainda que com o seu consentimento.

Comentários

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A alternativa A está incorreta, visto que está incompleta, a alternativa estaria correta caso não faltasse com
“as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647”, conforme o art. 1.642 do Código Civil traz na redação
do seu inciso I.

A alternativa B está incorreta, uma vez que, o inciso II do art 1.642 do CC, esclarece que cada um na relação
conjugal pode livremente “administrar os bens próprios”.

A alternativa C está incorreta, pois, para aqueles imóveis que porventura tenham sido gravados ou alienados
sem o seu consentimento ou sem suprimento judicial ficam desobrigados ou reivindicáveis. Conforme inciso
III do art. 1.642 do CC.

A alternativa D está correta, contido no regime de bens, é de competência dos noivos escolher antes que
seja celebrado o casamento, no instante que for feito a habitação para o casamento, como os bens do casal
irão ser partilhados ou não, durante o casamento. Independentemente qual seja o regime de bens, o art.
1.642 do Código Civil, em seus incisos, traz o que ambos os cônjuges podem, livremente, fazer ao que
compete à administração dos bens. A alternativa encontra-se correta pois está idêntica ao inciso V do art.
1.642.

A alternativa E está incorreta, já que para que um dos cônjuges possa “demandar a rescisão dos contratos
de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge(...)”, é necessário que haja a “falta
de autorização do outro”, assim como prevê o inciso IV do art. 1.642 do Código Civil.

Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:

I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com
as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647;

II - administrar os bens próprios;

III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento
ou sem suprimento judicial;

IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro
cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;

V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino,
desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado
de fato por mais de cinco anos;

VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.

48. (FCC / TJ-PE – 2011) Sendo o casamento realizado sob o regime da comunhão parcial de bens,
entram na comunhão aqueles adquiridos na constância da sociedade conjugal,
a) Apenas a título oneroso por ambos os cônjuges.
b) Considerados instrumentos de profissão pertencentes a cada um dos cônjuges.

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c) Pela herança recebida por qualquer dos cônjuges, salvo cláusula testamentária impondo
incomunicabilidade.
d) Por doação a qualquer dos cônjuges.
e) Por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior.

Comentários

A alternativa A está incorreta, uma vez que, não são só aqueles bens que sejam adquiridos na constância da
sociedade conjugal por título oneroso, como também, ainda que esse título seja em nome de apenas um dos
cônjuges. Vide art. 1.660 inc. 1º do Código Civil.

A alternativa B está incorreta, pois, aqueles livros e instrumentos de profissão que forem de uso pessoal
estarão excluídos da comunhão. Vide art. 1.659 do Código Civil.

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

A alternativa C está incorreta, já que, a herança somente entrará em comunhão quando esta for em favor
de ambos os cônjuges. Ainda, a cláusula de incomunicabilidade é aquela imposta pelo doador impedindo
que quem receba a doação, herança ou legado entre em comunhão, até mesmo que se trate de comunhão
universal de bens, do qual o art. 1.657 do Código Civil trata. Vide art. 1.660 inc. 3º do CC.

A alternativa D está incorreta, visto que, aqueles bens que forem adquiridos por doação, importa que estes
sejam direcionados à ambos os cônjuges, e não a qualquer um deles. Vide art. 1.660 inc. 3º do Código Civil.

A alternativa E está correta, pois, o inc. 2º do art. 1.660 do Código Civil traz exatamente essa questão aonde
“os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior” entram em
comunhão.

Art. 1.660. Entram na comunhão:

I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos
cônjuges;

II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;

III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;

IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;

V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento,
ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.

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LISTA DE QUESTÕES
FCC

Direito das sucessões (arts. 1.784 a 2.027)

Sucessão em geral (1.784 a 1.828)

1. (FCC / SEAD-AP – 2018) Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, inexistindo
outros herdeiros, será esta desde logo declarada
a) jacente.
b) vacante.
c) jacente e vacante, nesta ordem.
d) vacante e jacente, nesta ordem.
e) vacante e jacente, nesta ordem, o que implicará a ineficácia do último ato de renúncia.

2. (FCC / SEFAZ-SC – 2018) Olavo, divorciado, faleceu deixando dois filhos, Alessandro e Breno, cada
qual deles contando com um filho. Durante o processo de inventário, Alessandro e Breno renunciaram à
herança. Nesse caso,
a) a herança deve se destinar aos herdeiros de segunda classe, por direito próprio.
b) a herança deve ser destinada aos descendentes de segundo grau, por direito próprio.
c) a herança deve ser destinada aos descendentes de segundo grau, por representação.
d) deve ser declarada jacente, abrindo-se procedimento para a vacância.
e) a herança deve ser destinada aos herdeiros de segunda classe, por representação.

3. (FCC / MPE-PB – 2018) A sucessão por morte ou ausência obedece à lei


a) brasileira, quanto aos bens situados no Brasil, se aqui abrir-se a sucessão, independentemente do
domicílio ou nacionalidade do defunto ou desaparecido.
b) da nacionalidade do defunto ou desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens, mas a
sucessão de bens de estrangeiros, situados no Brasil, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge
ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do
de cujus.
c) do país em que se abriu a sucessão, mas a capacidade para suceder se regula pela lei do domicílio do
herdeiro, salvo se brasileiro, quanto aos bens situados no Brasil, se a lei brasileira lhe for mais favorável,
sendo então esta a aplicável.
d) do país em que se abrir a sucessão, mas a capacidade para suceder se regula pela lei da nacionalidade do
herdeiro.
e) do país em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação
dos bens, mas a sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil será regulada pela lei brasileira, em

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benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais
favorável a lei pessoal do de cujus.

4. (FCC / PGE-AP – 2018) A sucessão hereditária abre-se


a) na comarca em que se realizar o inventário, deferindo-se a herança como um todo unitário, ainda que
vários sejam os herdeiros, por isso, cada um deles é legitimado isoladamente para reclamar a restituição de
bens da herança que se encontrem na posse de terceiros.
b) no lugar em que ocorrer o óbito, deferindo-se a herança como um todo unitário, ainda que vários sejam
os herdeiros, e, nesse caso, a ação de petição de herança pode ser intentada por um só deles.
c) no lugar em que ocorrer o óbito, deferindo-se a herança como bem divisível em tantos quantos forem os
herdeiros, cada qual sendo legitimado para intentar ação de petição de herança de sua cota parte.
d) no lugar do último domicílio do falecido, deferindo-se a herança como um todo unitário, ainda que vários
sejam os herdeiros, e, nesse caso, a ação de petição de herança pode ser intentada por um só deles.
e) na comarca em que se realizar o inventário, deferindo-se a herança como um todo unitário, ainda que
vários sejam os herdeiros, mas, nesse caso, a ação de petição de herança só pode ser intentada por todos
em conjunto.

5. (FCC / DPE-AM – 2018) Em relação ao direito sucessório,


a) a sucessão abre-se no lugar do falecimento do autor da herança.
b) havendo herdeiros, de qualquer natureza, o testador só poderá dispor de metade da herança.
c) o herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do
excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
d) aberta a sucessão, a herança transmite-se com a propositura do pedido de arrolamento ou de inventário,
tanto dos herdeiros legítimos como dos testamentários.
e) legitimam-se a suceder somente as pessoas já nascidas no momento da abertura da sucessão, pela
inexistência de direito adquirido às que tenham sido apenas concebidas na ocasião.

6. (FCC / PGE-TO – 2018) Joaquim, casado com Antonia, mantinha relacionamento extraconjugal há
mais de dois anos com a viúva Lucrécia. Certo dia, Joaquim, na condução de seu automóvel, levando como
passageiros sua esposa Antonia e seu sogro Ricardo, realizou uma imprudente ultrapassagem, em local
proibido, e acabou por colidi-lo frontalmente contra o carro guiado por Pedro, que trafegava regularmente
em sua mão de direção. Do acidente resultou a destruição de ambos os veículos e as mortes de todos os
ocupantes do automóvel de seu causador. Joaquim e Antonia, quando da chegada do resgate, já estavam
sem vida, não se tendo conseguido estabelecer o pré-morto. Ricardo ainda foi socorrido, mas faleceu a
caminho do hospital, deixando vivo o filho José. Já Antonia e Joaquim não tinham descendentes; Joaquim,
não possuía ascendentes nem descendentes, tendo como único parente conhecido Romeu, filho de um
primo. Nenhum dos falecidos deixou testamento, mas possuíam bens e Joaquim celebrara contrato de
seguro de vida em que indicara Romeu como beneficiário. Neste caso, os bens de
a) Joaquim serão herdados por Lucrécia e por Romeu, que também receberá a indenização de seguro; Pedro,
no entanto, terá direito de pedir o pagamento de sua indenização antes que os bens de Joaquim sejam

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partilhados entre aqueles herdeiros. Os bens de Antonia serão herdados por Ricardo, que os transmitirá a
José.
b) Joaquim serão herdados por Lucrécia; Pedro, entretanto, terá direito de pedir o pagamento de
indenização, que será suportada pela herança de Joaquim. Romeu receberá a indenização do seguro. Os bens
de Antonia serão herdados por Ricardo, que os transmitirá a José.
c) Joaquim serão arrecadados e sua herança será considerada jacente; Pedro, porém, terá direito de pedir o
pagamento de indenização, que será suportada pela herança de Joaquim; a final a herança de Joaquim será
declarada vacante, mas Romeu receberá a indenização do seguro. Os bens de Antonia serão herdados por
Ricardo, que os transmitirá a José.
d) Antonia serão herdados por José. Os bens de Joaquim serão arrecadados e sua herança será considerada
jacente; Pedro, contudo, terá direito de pedir o pagamento de indenização, que será suportada pela herança
de Joaquim; a final a herança de Joaquim será declarada vacante, mas Romeu receberá a indenização do
seguro.
e) Joaquim serão arrecadados, sua herança considerada jacente e, a final, declarada vacante. Pedro terá
direito de receber sua indenização, retirada do seguro de vida deixado por Joaquim, e Romeu apenas
receberá o que sobrar dessa indenização securitária. Os bens de Antonia serão herdados por José.

7. (FCC / DPE-RS – 2018) Sobre o direito das sucessões, analise as assertivas abaixo.

I. A sucessão se abre no local do óbito do falecido.

II. A sucessão regula-se pela lei vigente na época de abertura do inventário.

III. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros testamentários.

Está correto o que consta de:


a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

8. (FCC / DPE-RS – 2017) Paula é companheira de Renato, que tem três filhos de outro relacionamento.
Renato falece em um acidente automobilístico. Neste caso, de acordo com o Código Civil, na sucessão do
companheiro falecido, quanto aos múltiplos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável,
Paula terá direito a
a) metade da herança total.
b) uma quota equivalente à que por lei for atribuída aos filhos.
c) metade do que couber a cada um dos filhos do falecido.
d) um terço da herança total.
e) dois terços da herança total.

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9. (FCC - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal- 2018) Mariana
e Marcio são irmãos e únicos herdeiros de um apartamento situado no bairro do Brooklin, na cidade de
São Paulo, deixado pelos seus pais Maria e José, ambos falecidos. O imóvel está vazio desde a desocupação
do anterior locatário no mês de Novembro de 2017. Os irmãos, que não mantêm uma boa relação,
divergem sobre a destinação do imóvel. Mariana quer vendê-lo, enquanto Marcio não pretende se
desfazer do bem, desejando locá-lo novamente. Mariana, então, sem dar conhecimento ao irmão, Marcio,
vende a sua quota parte do imóvel para Ricardo, seu amigo e estranho à relação entre os consortes, pela
quantia de R$ 500.000,00. Nesse caso, Marcio, ao tomar conhecimento da venda, se quiser a quota parte
de Mariana poderá haver para si a parte vendida a Ricardo depositando
a) 70% do preço estabelecido pela venda se o requerer no prazo de 1 ano, sob pena de decadência.
b) 70% do preço estabelecido pela venda, se o requerer no prazo de 180 dias, sob pena de decadência.
c) o preço estabelecido pela venda, se o requerer no prazo de 1 ano, sob pena de decadência.
d) o preço estabelecido pela venda, se o requerer no prazo de 180 dias, sob pena de decadência.
e) o preço estabelecido pela venda, se o requerer no prazo de 90 dias, sob pena de decadência.

10. (FCC / DPE-BA – 2016) No direito das sucessões, o droit de saisine


a) Não foi incorporado ao direito brasileiro, uma vez que é necessária a aceitação da herança para que seja
transferida a propriedade e a posse dos bens herdados.
b) Se aplica ao Município quando ele é sucessor em razão da vacância da herança, conforme entendimento
do Superior Tribunal de Justiça.
c) Determina que a herança será transmitida, desde logo, tanto aos herdeiros legítimos como aos
testamentários, no exato momento da morte, independentemente de quaisquer outros atos.
d) Permite que o herdeiro ceda qualquer bem da herança considerado singularmente antes da ultimação da
partilha.
e) Estabelece que os herdeiros legítimos adquirem a posse da herança no exato momento em que tomam
ciência do falecimento do autor da herança.

11. (FCC / SEGEP-MA – 2016) Sérgio, domiciliado durante toda a vida em São Luís, faleceu, em um
acidente de trânsito em Bacabal, em 20 de outubro de 2014. Seu inventário foi aberto em 19 de dezembro
de 2014 e a partilha de seus bens foi homologada em 15 de março de 2015. De acordo com o Código Civil,
a herança de Sérgio foi transmitida a seus herdeiros no momento da
a) Sua morte, em 20 de outubro de 2014, e sua sucessão será aberta no local do falecimento, Bacabal.
b) Homologação da partilha, em 15 de março de março de 2014, e sua sucessão será aberta no local do
falecimento, Bacabal.
c) Sua morte, em 20 de outubro de 2014, e sua sucessão será aberta no local de seu último domicílio, São
Luís.
d) Abertura do inventário, em 19 de dezembro de 2014, e sua sucessão será aberta no local do falecimento,
Bacabal.

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e) Homologação da partilha, em 15 de março de 2014, e sua sucessão será aberta no local de seu último
domicílio, São Luís.

12. (FCC / SEFAZ-PI – 2015) No que se refere a sucessões, considere:

I. O herdeiro responde por encargos até as forças da herança, cabendo ao credor a prova de que inexiste
excesso.

II. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da partilha.

III. O direito à sucessão aberta pode ser objeto de cessão por escritura pública.

IV. Tem-se como não verificada a transmissão quando o herdeiro renuncia à herança.

Está correto o que se afirma em


a) I e IV, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I, II, III e IV.
d) III e IV, apenas.
e) I e II, apenas.

13. (FCC / MANAUSPREV – 2015) Considere que determinada pessoa venha a falecer sem deixar
testamento ou herdeiros notoriamente conhecidos. De acordo com a legislação civil,
a) Deverá ser instituída tutela, recaindo sobre pessoa idônea, para arrecadação dos bens da herança e
realização do inventário.
b) Após ultimado o inventário e decorrido um ano da primeira publicação dos editais, na forma da lei
processual, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, a herança será declarada vacante.
c) Caberá procedimento sumário de arrolamento de bens e subsequente declaração de herança jacente,
destinada à União.
d) Caberá a instituição de tutela, até a constatação da vacância da sucessão e consequente declaração de
herança jacente.
e) Aqueles que se habilitarem como credores do falecido poderão proceder à arrecadação dos bens da
herança, independentemente de inventário.

14. (FCC / TJ-RR – 2015) Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente
conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados,
a) Passarão imediatamente ao patrimônio do Município em que se encontrarem, que os manterá sob a
condição resolutiva do aparecimento de herdeiros, pelo prazo de dez anos.
b) Ficarão sob a guarda do Município onde se encontrarem, que os administrará, até que seja declarada a
vacância e incorporados definitivamente ao seu patrimônio.
c) Serão declarados vacantes, tendo os possíveis herdeiros de se habilitar no prazo de cinco anos, a partir da
abertura da sucessão, findo o qual passarão ao patrimônio do Município em que se encontrarem.

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d) Consideram-se de herança jacente, da qual são excluídos os herdeiros colaterais e os necessários que não
se habilitarem no prazo de um ano, a partir da abertura da sucessão, findo o qual a herança se considerará
vacante e incorporada ao patrimônio do Município em que os bens se encontrarem.
e) Ficarão sob a guarda e administração de um curador até sua entrega ao sucessor, devidamente habilitado,
ou à declaração de sua vacância.

15. (FCC / PREFEITURA DE CUIABÁ-MT – 2014) Quando faleceu, Arlindo possuía um irmão, Armando, e
dois sobrinhos, João e Josué. À época do falecimento, a lei estipulava que o irmão precedia os sobrinhos
na sucessão. No entanto, antes da partilha, sobreveio lei alterando a ordem de vocação hereditária,
colocando os sobrinhos à frente do irmão. A lei não previu regras de transição. Os bens de Arlindo
passaram a ser de
a) Armando, que adquiriu tal direito por ocasião do falecimento de Arlindo.
b) João e Josué, porque a lei de ordem pública possui efeito retroativo.
c) João e Josué, porque, até a partilha, Armando possuía mera expectativa de direito
d) João e Josué, porque a lei nova não previu regras de transição
e) Armando, porque a lei equipara os direitos sob condição suspensiva ao direito adquirido.

16. (FCC / AL-PB – 2014) Em relação à sucessão legítima e à herança vacante, analise as seguintes
afirmações:

I. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da
herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega
ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.

II. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da
participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à
residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.

III. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação
concedido aos filhos de irmãos.

Está correto o que se afirma em


a) I e II, apenas.
b) I, II e III.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) III, apenas.

17. (FCC / SEFAZ-SP – 2013) Em relação à sucessão:


I. Aberta a sucessão, o que se dará no lugar do último domicílio do falecido, a herança transmite-se, desde
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

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II. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos, o mesmo ocorrendo
quanto aos bens não compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento
caducar, ou for julgado nulo.

III. Se concorrer com parentes sucessíveis, que não sejam herdeiros necessários, o companheiro ou a
companheira terão direito a dois terços da herança.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I e II.
b) I.
c) I e III.
d) II.
e) III.
18. (FCC / TCM-BA – 2011) Para a cessão de quinhão hereditário a terceiro que não seja herdeiro
a) É necessária escritura pública, ainda que a herança se constitua apenas de bens móveis.
b) Não é necessária escritura pública, ainda que a herança seja constituída de bens móveis e imóveis.
c) É necessária escritura pública apenas se a herança se constituir de bens imóveis.
d) É necessária escritura pública no tocante aos bens imóveis, podendo a parte correspondente aos bens
móveis ceder-se por instrumento particular.
e) É necessário termo nos autos, para ratificar a escritura pública ou o instrumento particular pelo qual o
negócio foi realizado.

Sucessão legítima (1.829 a 1.856)

19. (FCC - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ciências Jurídicas- 2019) Rogério e Matilde foram
casados no regime da comunhão parcial de bens e tiveram dois filhos, que são menores. Durante o
casamento, adquiriram onerosamente uma única casa, que serve de moradia para a família. Matilde
faleceu sem deixar outros bens ou disposição testamentária e, além do marido e filhos, também deixou
os pais, idosos, vivos. Diante desses fatos,
a) como os filhos são comuns do casal, o imóvel deve ser destinado exclusivamente ao cônjuge supérstite,
em razão da meação e da sucessão, pois os filhos receberão a herança de seu genitor oportunamente.
b) o imóvel deve ser partilhado por cabeça, em porções iguais entre Rogério, os dois filhos do casal e os
ascendentes da autora da herança.
c) Rogério é proprietário de metade do imóvel, em razão da meação, e a outra metade deve ser dividida em
porções iguais entre os pais e os filhos da autora da herança.
d) o imóvel deve ser dividido somente entre os filhos da autora da herança, uma vez que são menores,
cabendo a Rogério somente o direito real de habitação, não havendo direitos sucessórios aos ascendentes
nesse caso.

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e) Rogério é proprietário de metade do imóvel, em razão da meação, e tem direito real de habitação, ao
passo que a outra metade deve ser dividida entre os dois filhos, excluídos os ascendentes.

20. (FCC / DPE-AP – 2018) Ricardo viveu em união estável com Viviane, com quem teve quatro filhos,
Bruno, Cleber, Daiane e Flávia. Durante a união, que perdurou por 35 anos, até a morte de Ricardo, Viviane
se dedicava aos cuidados da casa e dos filhos, enquanto Ricardo trabalhava como motorista. Antes da
união estável, Ricardo havia adquirido um pequeno terreno em área rural. Na constância do
relacionamento, adquiriram a casa em que a família morava e um automóvel. Com a morte de Ricardo, foi
aberto inventário e a família procura a Defensoria Pública para obter orientação quanto à forma correta a
ser realizada a partilha. Ricardo faleceu ab intestatio e não tinha pacto de convivência com Viviane. Diante
desta situação e, em conformidade com o entendimento dos Tribunais Superiores, o Defensor deverá
apresentar orientação esclarecendo que, em relação aos bens adquiridos na constância da união estável
(casa e veículo), Viviane
a) tem direito à meação em relação a todos os bens a serem inventariados, mas não concorrerá com os
descendentes em relação à herança, de modo que metade dos bens deixados por Ricardo serão destinados
a Viviane, e a outra metade, aos descendentes, em partes iguais.
b) não tem direito à meação por não ter contribuído financeiramente para a aquisição dos bens, mas
concorrerá com os filhos em relação a todos os bens da herança de Ricardo, sendo-lhe reservado o quinhão
mínimo de um quarto da herança, enquanto que os outros três quartos serão divididos pelos descendentes
em partes iguais.
c) tem direito à meação, mesmo não tendo contribuído financeiramente para a sua aquisição, ao passo que
a outra metade será dividida exclusivamente pelos filhos (um quarto para cada); já quanto ao terreno
adquirido antes da união estável, haverá concorrência de Viviane com os descendentes do autor da herança,
sendo reservado a Viviane um quarto, enquanto os outros três quartos serão divididos pelos descendentes
em partes iguais.
d) tem direito à meação, mesmo não tendo contribuído financeiramente para a sua aquisição, ao passo que
a outra metade será dividida exclusivamente pelos filhos (um quarto para cada); já quanto ao terreno
adquirido antes da união estável, haverá concorrência de Viviane com os descendentes do autor da herança,
sendo a divisão por cabeça e em partes iguais.
e) tem direito à meação em relação a todos os bens a serem inventariados e ainda concorrerá com os
descendentes em relação à outra metade (herança), de modo que Viviane terá direito à metade de todos os
bens deixados por Ricardo, ao passo que a outra metade deve ser dividida na seguinte proporção: um quarto
para Viviane, e os outros três quartos serão divididos pelos descendentes, em partes iguais.

21. (FCC / DPE-AM – 2018) Cirilo e Maria Joaquina viveram em regime de união estável desde 1987.
Morto Cirilo, Maria Joaquina pede que seja considerada a única herdeira de seu companheiro, o que é
contestado por dois primos-irmãos dele, únicos parentes seus, colaterais em quarto grau, que pleiteiam
dois terços da herança. Nessas circunstâncias, o pedido
a) de Maria Joaquina deverá ser deferido, uma vez que, no sistema constitucional vigente, decidiu-se ser
inconstitucional a diferenciação de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser
aplicado em ambos os casos o regime jurídico estabelecido para os cônjuges.

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b) dos primos-irmãos de Cirilo deve ser deferido, cabendo-lhes dois terços da herança e um terço a Maria
Joaquina, sem prejuízo de sua eventual meação, pois os regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros
são diversos e considerados constitucionais no atual sistema jurídico.
c) dos primos-irmãos de Cirilo deve ser deferido porque, no caso, temporalmente não se aplica a igualdade
jurídica entre cônjuges e companheiros, uma vez que a união estável do casal teve início em 1987,
anteriormente à atual Constituição Federal.
d) de Maria Joaquina deve ser deferido, uma vez que parentes colaterais em quarto grau, caso dos primos-
irmãos de Cirilo, não são sucessíveis, motivo pelo qual, inexistentes outros herdeiros, deve ela ser
considerada herdeira única de seu companheiro falecido.
e) dos primos-irmãos de Cirilo deve ser parcialmente deferido, cabendo-lhes metade da herança deixada,
com a outra metade sendo destinada a Maria Joaquina, sem prejuízo de sua eventual meação, pois a união
estável do casal teve início anteriormente ao atual Código Civil e respectivo regime sucessório dos
companheiros.

22. (FCC / PGE-TO – 2018) Josué foi casado sob o regime da comunhão parcial de bens com Roberta e
desse consórcio nasceu o filho Gerônimo. Roberta faleceu 5 anos após o casamento, período em que o
casal adotou vida sibarítica, nada amealhando nem possuindo bens. Um ano após a morte de Roberta, seu
pai − Roberval − faleceu, sem testamento, mas com vultoso patrimônio, no estado civil de viúvo, deixando
os netos Gerônimo (filho de Josué e de Roberta), Leopoldo e Alexandra (filhos menores de sua filha
Anastácia, que já houvera falecido no estado civil de solteira e cujos filhos eram de pais ignorados).
Anastácia, por testamento e dispensando-o de prestação de contas, nomeara Josué tutor de seus filhos,
os quais juntamente com Gerônimo herdaram todos os bens de Roberval. Sendo ainda menores
absolutamente incapazes o filho e os tutelados de Josué, este contraiu segundas núpcias com Antonieta,
advindo dessa união os filhos João e Maria. Neste caso, os netos de Roberval herdaram seus bens por
a) cabeça, e Josué terá a administração e usufruto dos bens pertencentes a Gerônimo, mas não poderá
aplicar mais do que 50% de suas rendas na educação de João e Maria, porque os outros 50% terão de ser
aplicados exclusivamente no custeio de Gerônimo; mediante prestação de contas, terá a administração, mas
não o usufruto, dos bens pertencentes a Leopoldo e Alexandra, e, finda a tutela, a quitação dos menores não
produzirá efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo, inteira, até então, a responsabilidade
do tutor.
b) cabeça, que serão administrados por Josué, mediante prestação de contas, até que obtenha a quitação
dos menores, quando se tornarem capazes; não terá o usufruto dos bens do filho nem dos tutelados, mas
poderá usar as rendas também para custeio de João e Maria fundado na solidariedade familiar.
c) estirpe, os quais serão administrados por Josué, que terá o usufruto dos bens de todos eles, livre de
prestação de contas, mas não poderá usar as rendas para o custeio de João e Maria.
d) cabeça, os quais serão administrados por Josué, que terá o usufruto dos bens de Gerônimo, enquanto
este for menor, podendo utilizar as rendas também na educação de João e Maria, independentemente de
prestação de contas, mas não terá o usufruto dos bens pertencentes a Leopoldo e Alexandra, ficando, quanto
a estes, sujeito a prestação de contas, a despeito da dispensa feita por Anastácia.
e) estirpe, os quais serão administrados por Josué, que, terá o usufruto dos bens de Gerônimo, enquanto
este for menor, podendo utilizar as rendas também na educação de João e Maria, independentemente de

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prestação de contas, mas não terá o usufruto dos bens pertencentes a Leopoldo e Alexandra, ficando, quanto
a estes, sujeito a prestação de contas, a despeito da dispensa feita por Anastácia.

23. (FCC / TJ-SC – 2017) Na sucessão legítima, aplicam-se as seguintes regras:

I. Havendo renúncia à herança, a parte do renunciante devolver-se-á sempre aos herdeiros da classe
subsequente.

II. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização
do juiz, aceitá-la em nome do renunciante, mas, pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia
quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros da mesma classe, salvo se for o único,
caso em que se devolve aos herdeiros da classe subsequente.

III. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação
concedido aos filhos de irmãos.

IV. Na falta de irmãos herdarão igualmente os tios e sobrinhos, que são colaterais de terceiro grau.

V. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes por cabeça ou por
estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I, IV e V.
b) I, II e III.
c) III, IV e V.
d) I, II e IV.
e) II, III e V.

24. (FCC / DPE-PR – 2017) Sobre o direito de família e o direito das sucessões, é correto afirmar:
a) Mesmo que utilizados para a aquisição do imóvel do casal durante a relação conjugal, em caso de divórcio
de cônjuges que viviam sob o regime parcial de bens, os valores percebidos por um antes do casamento em
conta vinculada ao FGTS não integram o direito de meação do outro.
b) É admitida a filiação decorrente de gestação em útero alheio (gestação de substituição), cuja autorização
decorre da Resolução n° 1.957/2010, do Conselho Federal de Medicina – CFM. Contudo, não se admite a
reprodução assistida post mortem.
c) Não é considerado como bem de família o único imóvel comercial do devedor que esteja alugado quando
o valor do aluguel é destinado unicamente ao pagamento de locação residencial por sua entidade familiar.
d) Para o exercício da guarda compartilhada, mostra-se imprescindível que os genitores cheguem a um
consenso em relação às suas atribuições, aos períodos de convivência e à cidade considerada base de
moradia do filho.
e) Na sucessão ab intestato, desde que haja justa causa, o testador pode estabelecer cláusula de
inalienabilidade, de impenhorabilidade e de incomunicabilidade sobre os bens da legítima.

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25. (FCC / FUNAPE – 2017) João, irmão de Pedro, faleceu no dia 01/07/2017. Lucas, irmão de João e
Pedro, morreu no dia 05/10/2012. Márcio, filho de Lucas, faleceu em 01/01/2008. Thiago, filho de Márcio,
contava 19 anos de idade à época da abertura da sucessão. Considerando-se que não existem outros
herdeiros, a herança de João foi transmitida a
a) Pedro e Thiago, na proporção de 1/2 para cada qual.
b) Pedro e Thiago, na proporção de 2/3 para o primeiro e 1/3 para o segundo.
c) Thiago, apenas, por direito próprio.
d) Thiago, apenas, por direito de representação.
e) Pedro, apenas.

26. (FCC / DPE-SC – 2017) Roberto viveu em união estável com Paula durante 10 (dez) anos, quando
angariaram um patrimônio comum de 80 mil reais e tiveram quatro filhos. Não realizaram pacto de
convivência, porque entendiam desnecessário, na medida que não tinham bens adquiridos antes do início
da convivência. Roberto faleceu no dia 25 de junho de 2017 e a companheira supérstite procura a
defensoria pública para saber qual o quinhão que lhe cabe. Para que responda corretamente e em
consonância com o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal a respeito da sucessão do
companheiro, o defensor público deverá informá-la que ela tem direito
a) a 16 mil reais a título de herança em concurso com os filhos comuns, mas não tem direito à meação.
b) a 20 mil reais a título de herança em concurso com os filhos comuns, mas não tem direito à meação.
c) a 40 mil reais a título de meação, além de 10 mil de herança em concurso com os filhos comuns.
d) a 40 mil reais a título de meação, além de 8 mil de herança em concurso com os filhos comuns.
e) a 40 mil reais a título de meação, mas não tem direito à herança em concurso com os filhos comuns.
27. (FCC / DPE-BA – 2016) Haroldo foi casado com Rita. Juntos, tiveram dois filhos. Entretanto, estavam
separados de fato há dois anos, por mútuo consenso, quando Haroldo passou a conviver com Lúcia como
se casados fossem. Haroldo e Rita nunca chegaram a se divorciar. Depois de coabitar com Lúcia por pouco
mais de um ano, veio a falecer. De acordo com o Código Civil, na hipótese:
a) Rita não terá qualquer direito em relação à herança de Haroldo, pois não apresentava condição de
herdeira no momento da abertura da sucessão, e Lúcia tem apenas direito à meação dos bens adquiridos
onerosamente na constância da união estável, mas não concorre com os filhos do autor da herança.
b) A herança deverá ser dividida em partes iguais somente entre os filhos do autor da herança; Rita não terá
qualquer direito em relação à herança de Haroldo, pois não apresentava condição de herdeira no momento
da abertura da sucessão, e Lúcia, por ser herdeira facultativa, não concorre com os descendentes do autor
da herança.
c) Lúcia não terá qualquer direito em relação à meação dos bens adquiridos durante o relacionamento e
também quanto à herança de Haroldo, pois o relacionamento havido entre eles não pode ser considerado
união estável, levando-se em consideração que Haroldo ainda era casado; mas Rita, que apresentava

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condição de herdeira no momento da abertura da sucessão pois ainda era casada, poderá concorrer com os
filhos do autor da herança.
d) Rita e Lúcia deverão concorrer, em igualde de condições, com os filhos do autor da herança, uma vez que
ambas ostentavam a condição de herdeiras no momento da abertura da herança, diante da existência de
relações paralelas de casamento e união estável.
e) Rita não terá qualquer direito em relação à herança de Haroldo, pois não apresentava condição de
herdeira no momento da abertura da sucessão, mas Lúcia, além da meação quanto aos bens adquiridos
onerosamente na constância da união estável, ainda concorrerá com os filhos do autor da herança em
relação a tais bens.

28. (FCC / PGE-MT – 2016) O cônjuge sobrevivente sucede,


a) Em concorrência com os descendentes, independentemente do regime em que era casado.
b) Ainda que separado de fato do falecido, há mais de dois anos, desde que haja prova de que a convivência
se tornou impossível sem culpa do sobrevivente.
c) Por inteiro, na falta de descendentes, ainda que haja ascendentes.
d) Em concorrência com os descendentes, no regime da comunhão parcial, sejam os bens comuns ou
particulares.
e) Em concorrência com os ascendentes em primeiro grau, ainda que haja descendentes.

29. (FCC / PREFEITURA DE SÃO LUIZ-MA – 2016) Quanto à sucessão dos ascendentes:
a) Não havendo descendentes, por consequência, são chamados a suceder os ascendentes em concorrência
com o cônjuge ou companheiro sobrevivente, exceto se casado este com o falecido no regime da comunhão
parcial de bens, ou da separação obrigatória, desde que haja bens particulares.
b) Em todos os casos, concorrendo os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos,
independentemente de haver ou não direito de representação.
c) Havendo concorrência com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge consequentemente tocará a metade
da herança, mas caber-lhe-á, de outro lado, um quarto desta se houver um só ascendente ou se maior for
aquele grau.
d) Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade,
cabendo a outra aos da linha materna.
e) Não havendo descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes em concorrência com o cônjuge
sobrevivente, exceto se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, participação final nos
aquestos, ou da separação obrigatória de bens se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança
houver deixado bens particulares.

30. (FCC / MANAUSPREV – 2015) O instituto do direito sucessório denominado “legítima” corresponde
a) Ao direito dos ascendentes, quando vivos, de reivindicarem a integralidade da herança dos filhos que não
possuam descendentes, ainda que existente testamento válido.
b) Ao direito de o Estado arrecadar parcela da herança para quitar dívidas trabalhistas e previdenciárias
deixadas pelo de cujus.
c) À metade dos bens de herança que pertence aos herdeiros necessários.

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d) Ao direito, atribuível apenas aos filhos, de reivindicar metade da herança.


e) Exclusivamente à parcela da herança devida ao cônjuge ou companheiro em união estável, de acordo com
o regime de bens aplicável.

31. (FCC / MANAUSPREV – 2015) Gilmar faleceu sem deixar testamento. Ao tempo da sucessão, havia
deixado apenas um primo vivo, José, e outro morto, João. João possuía três filhos, dois vivos e um morto.
Este, por sua vez, possuía um filho, neto de João. A sucessão será deferida
a) Na proporção de 1/3 para José, 1/3 aos dois filhos e 1/3 ao neto de João.
b) Na proporção de 1/2 para José e 1/2 a serem divididos entre os dois filhos e o neto de João.
c) Ao Município, pois os primos não herdam.
d) Na proporção de 1/2 para José e 1/2 para os dois filhos de João, excluído seu neto.
e) Por inteiro em favor de José.

32. (FCC / TJ-SE – 2015) Joaquim faleceu em 20/9/2010, deixando os filhos Pedro, Antonio e João. João
renunciou à herança de seu pai, que não era muito significativa. Em 15/10/2014, faleceu Manoel, pai de
Joaquim, pré-morto, de Augusto e de Romeu, sendo, então, seus herdeiros Augusto, Romeu, Pedro,
Antonio e João. Todos aceitaram a herança que era polpuda. Nesse caso, herdarão de Manoel:
a) Augusto e Romeu por estirpe; Pedro e Antonio, por cabeça e João nada herdará, sendo ineficaz sua
aceitação da herança, porque já renunciara à herança de Joaquim, a quem representaria.
b) Augusto e Romeu por estirpe; Pedro, Antonio e João, por cabeça.
c) Augusto e Romeu por cabeça; Pedro e Antonio, por estirpe e João nada herdará, sendo ineficaz sua
aceitação da herança, porque já renunciara à herança de Joaquim, a quem representaria na sucessão de
Manoel.
d) Augusto e Romeu, por cabeça; Pedro, Antonio e João, por estirpe.
e) Somente Augusto e Romeu, porque os herdeiros mais próximos afastam os mais remotos, não sendo eficaz
a aceitação da herança pelos netos.

33. (FCC / TJ-GO – 2015) Anita morreu deixando dois filhos e um irmão. Era casada no regime da
comunhão parcial de bens, mas, ao tempo do falecimento, estava separada de fato há mais de 2 anos, por
culpa do cônjuge sobrevivente. A sucessão legítima deverá ser deferida em favor dos filhos
a) Apenas.
b) Em concorrência com o irmão e com o cônjuge sobrevivente, salvo se não tiver deixado bens particulares.
c) Em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se não tiver deixado bens particulares.
d) Em concorrência com o cônjuge sobrevivente, ainda que não tenha deixado bens particulares.
e) Em concorrência com o irmão.

34. (FCC / TJ-AL – 2015) Morrendo alguém, sem deixar testamento, e possuindo como únicos parentes
vivos o filho e a neta, ambos de um primo irmão, os bens do falecido serão destinados

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a) Ao filho do primo irmão e à neta do primo irmão, que herdarão por estirpe e por cabeça respectivamente.
b) Ao filho do primo irmão e à neta do primo irmão, que herdarão por cabeça e por estirpe, respectivamente.
c) Ao filho do primo irmão.
d) Ao filho e à neta do primo irmão, em partes iguais.
e) Ao Município em que se encontrarem.

35. (FCC / TJ-RR – 2015) Na sucessão de colateral, não existindo outros parentes que prefiram na ordem
da vocação hereditária, mas havendo do de cujus
a) Sobrinho neto e primo-irmão, a herança será atribuída somente ao primo-irmão.
b) Sobrinho-neto, tio-avô e primo-irmão, a herança será partilhada entre eles, por estirpe.
c) Tio e sobrinho, a herança será dividida entre eles.
d) Tio e sobrinho, a herança será atribuída apenas ao tio.
e) Sobrinho-neto, tio-avô e primo-irmão, a herança será partilhada entre eles, por cabeça.

36. (FCC / TJ-AP – 2014) Romeu e Clara, há dez anos, vivem em união estável, desde que contavam 18
anos de idade e nada dispuseram a respeito do regime de bens. Norberto, pai de Clara, faleceu, e sem
qualquer motivação impôs cláusula de inalienabilidade vitalícia a todos os bens que deixou para sua filha.
É correto afirmar que, sem motivação,
a) Com a imposição de cláusula de inalienabilidade, para que Romeu participe da herança de Clara, bastará
que mova ação declaratória de inexistência de justa causa que autorize excluir os bens herdados da
comunhão.
b) O testador pode clausular todos os bens dos herdeiros necessários, mas como não foi inserida a cláusula
de incomunicabilidade, Romeu participará de todos os bens recebidos por Clara em razão da morte do pai
dela.
c) A cláusula de inalienabilidade só poderia incidir sobre o disponível, mas como ela importa, também, a
incomunicabilidade, Romeu só participará dos bens de Clara até o limite da legítima.
d) A cláusula de inalienabilidade só poderia ser imposta sobre o disponível, mas não sobre a legítima,
entretanto, Romeu em nada participará da herança recebida por Clara.
e) O testador não poderá impor as cláusulas de inalienabilidade quer sobre a legítima quer sobre o disponível,
mas a despeito da nulidade dessa disposição testamentária, Romeu não participará da herança de Clara.

37. (FCC / TJ-PE – 2011) Na sucessão legítima


a) Os filhos sucedem por cabeça e os outros descendentes apenas por estirpe.
b) Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente,
apenas se casado sob o regime da comunhão universal ou parcial de bens.
c) Sendo chamados a suceder os colaterais, na falta de irmãos sucederão os tios e não os havendo os filhos
dos irmãos.
d) Em falta de descendente e ascendente, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente,
mesmo que casado tiver sido sob o regime da separação obrigatória de bens.

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e) Na classe dos ascendentes não há exclusão por grau, todos sendo aquinhoados em igualdade.

38. (FCC / TJ-AP – 2011) Na linha descendente os


a) Filhos sucedem por estirpe, e os outros descendentes por cabeça, conforme se achem ou não no mesmo
grau.
b) Filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou
não no mesmo grau.
c) Netos sucedem por estirpe, assim como todos os descendentes do de cujus, conforme se achem ou não
no mesmo grau.
d) Netos e demais descendentes sempre sucedem por estirpe, ainda que se achem no mesmo grau.
e) Netos sucedem por cabeça e os outros descendentes por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo
grau.

39. (FCC / TJ-AP – 2011) São herdeiros necessários


a) Apenas o cônjuge sobrevivente, se o casamento houver sido realizado sob o regime da comunhão
universal de bens, ou o convivente se houver impedimento para se realizar o casamento, os descendentes e
os ascendentes.
b) Apenas os descendentes e os ascendentes.
c) Os ascendentes, os descendentes e os colaterais até o quarto grau.
d) O cônjuge sobrevivente, exclusivamente se o casamento tiver sido realizado sob o regime da comunhão
universal ou parcial de bens, e os descendentes.
e) O cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens do casamento, e os descendentes.

Sucessão testamentária (1.857 a 1.990)

40. (FCC / MPE-PB – 2018) Deixando o testador legado


a) de alimentos, abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da
educação, se ele for menor.
b) de alimentos, abrangerá apenas o indispensável para a subsistência do legatário e sua educação, se for
menor, salvo disposição em contrário acrescentando outras vantagens.
c) de coisa incerta, só será cumprido se ela existir entre os bens deixados pelo testador.
d) de bem que não mais lhe pertencer por ocasião da abertura da sucessão, receberá o legatário seu
equivalente em dinheiro, inclusive mediante alienação de algum bem, para satisfazer a deixa testamentária.
e) de coisa certa, que não pertença ao testador no momento de abertura da sucessão, rompe-se o
testamento nesta parte.

41. (FCC / TJ-PE – 2013) Em relação ao testamento é correto afirmar que


a) A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.

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b) É defeso o testamento conjuntivo, permitido porém o recíproco ou correspectivo.


c) As disposições testamentárias de caráter não patrimonial são válidas, a não ser que o testador tenha se
limitado a elas.
d) Embora ato personalíssimo, a revogação do testamento exige fundamentação idônea quanto às razões
que a determinaram.
e) São modalidades de testamento especial o marítimo, o militar e o cerrado.

42. (FCC / TJ-PE – 2013) Em relação ao testamento e à capacidade para testar, analise as afirmações
abaixo.

I. Toda pessoa capaz, bem como os maiores de dezesseis anos, podem dispor, por testamento, da
totalidade de seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.

II. Extingue-se no prazo decadencial de quatro anos o direito de impugnar a validade do testamento,
contado o prazo da data de seu registro.

III. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz é
validado com a superveniência da capacidade.

Está correto o que se afirma em


a) I, II e III.
b) II e III, apenas.
c) II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I e II, apenas.

Inventário e partilha (1.991 a 2.027)

43. (FCC / TJ-SC – 2015) A sucessão mortis causa pode dar-se


a) A título universal e a título singular, caracterizando-se a primeira pela transmissão do patrimônio ou cota
parte do patrimônio do defunto e a segunda, pela transferência de algum ou alguns bens determinados.
b) Se legítima, apenas a título universal e se testamentária, apenas a título singular.
c) Apenas a título universal.
d) Apenas a título singular, porque a lei exige a partilha de bens entre os herdeiros.
e) A título singular e a título universal, caracterizando-se a primeira pela transmissão de cota parte do
patrimônio do defunto e a segunda, pela transmissão de certa generalidade de coisa ou cota parte concreta
de bens.

44. (FCC / SEFAZ-RJ – 2014) Joaquim era pai de Pedro, casado com Maria sob o regime da comunhão
universal de bens; de Benedito, casado com Antonia, sob o regime da comunhão parcial de bens e de José,
casado com Joana, sob o regime da separação de bens. Joaquim doou, com dispensa de colação, para José

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e sua mulher, Joana, um imóvel. José faleceu, em 30/6/2013, deixando dois filhos. Joaquim, por
testamento público lavrado em 10/07/2013, deixou seu disponível para os filhos Pedro e Benedito, com
cláusula vitalícia de inalienabilidade, tendo o testador falecido em 15/10/2013. É correto afirmar que, com
a morte de
a) José, o imóvel que recebera por doação juntamente com sua mulher, passará integralmente a ela e não
aos filhos do casal; a parte que Pedro receber na herança de seu pai se comunicará a Maria apenas no que
compreender a legítima; Benedito receberá sua parte na herança, nada se comunicando a sua mulher,
Antonia, e os filhos de José herdarão, por direito de representação, parte da herança de Joaquim tirada da
legítima e calculada por estirpe.
b) Joaquim, seus bens serão divididos entre seus filhos Pedro e Benedito, que herdarão por estirpe e nada
se comunicará a seus respectivos cônjuges e os netos de Joaquim receberão parte da herança do avô, por
representação, calculada por cabeça; quanto ao bem doado a José e a sua mulher, com a morte deste, será
partilhado somente entre seus dois filhos.
c) José, do imóvel que lhe fora doado por Joaquim, o cônjuge sobrevivente haverá a metade e a outra metade
passará a seus filhos, os quais, também, concorrerão na herança de Joaquim, por estirpe; com a morte de
Joaquim os filhos sobreviventes receberão a legítima e o disponível com cláusula de inalienabilidade,
comunicando-se a herança a Maria, mas não a Antonia.
d) Joaquim, a legítima será partilhada entre os filhos sobreviventes, comunicando-se o que receber Pedro do
disponível a sua esposa, mas não se comunicando o que receber Benedito; quanto à legítima, que receberão
Pedro e Benedito, nada se comunicará aos respectivos cônjuges; os filhos de José herdarão da legítima a cota
parte do que receberia seu pai se vivo fosse, calculando-se, entretanto, por estirpe, mas não tendo de trazer
à colação o imóvel doado, que ficou pertencente na razão de 50% (cinquenta por cento) a Joana e 25% (vinte
e cinco por cento) a cada um dos filhos do casal.
e) José, o imóvel que recebera por doação juntamente com sua mulher, ficará pertencendo em metade para
ela e metade em condomínio para os dois filhos do casal; os netos de Joaquim participarão da herança do
avô, por direito de representação, calculada a legítima deles por cabeça; Benedito e Pedro receberão suas
partes na herança de Joaquim, que não se comunicarão às respectivas esposas.

45. (FCC / DPE-PB – 2014) Francisco faleceu deixando R$ 10.000,00 em dívidas no Banco Bom Pagador
e R$ 8.000,00 em bens. A partilha foi feita, em partes iguais, a seus 4 filhos. Realizada a partilha, o Banco
Bom Pagador ajuizou ação de cobrança contra os filhos de Francisco, que
a) Respondem, solidariamente, até R$ 8.000,00.
b) Não respondem pelas dívidas deixadas pelo pai, cuja personalidade se extinguiu com o falecimento.
c) Respondem, individualmente, até o montante de R$ 2.500,00 cada.
d) Respondem, solidariamente, até R$ 10.000,00.
e) Respondem, individualmente, até o montante de R$ 2.000,00 cada.

46. (FCC / MPE-AL – 2012) No que concerne à partilha, nos termos preconizados pelo Código Civil
brasileiro, é correto afirmar:

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a) Quando parte da herança consistir em bens de liquidação morosa ou difícil, poderá proceder-se, no prazo
legal, à partilha dos outros, reservando-se aqueles para uma ou mais sobrepartilhas, sob a guarda e a
administração do mesmo ou diverso inventariante, e consentimento da maioria dos herdeiros.
b) O herdeiro pode sempre requerer a partilha, desde que não tenha sido proibido pelo testador, cabendo
igual faculdade aos seus cessionários e credores.
c) Havendo herdeiros capazes e incapazes a partilha amigável poderá ser feita por escritura pública, termo
nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz.
d) Pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhões hereditários, deliberando ele
próprio a partilha, que prevalecerá, ainda que o valor dos bens não corresponda às quotas estabelecidas.
e) Os herdeiros em posse dos bens da herança são obrigados a trazer ao acervo os frutos que perceberam,
desde a data do início da posse, ainda que anterior à abertura da sucessão.

47. (FCC / PGE-MT – 2011) Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher
sempre podem livremente
a) Praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão.
b) Administrar os bens próprios do outro cônjuge.
c) Desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados com o seu consentimento.
d) Reivindicar os bens imóveis comuns, doados pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os
bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco
anos.
e) Demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro
cônjuge, ainda que com o seu consentimento.

48. (FCC / TJ-PE – 2011) Sendo o casamento realizado sob o regime da comunhão parcial de bens,
entram na comunhão aqueles adquiridos na constância da sociedade conjugal,
a) Apenas a título oneroso por ambos os cônjuges.
b) Considerados instrumentos de profissão pertencentes a cada um dos cônjuges.
c) Pela herança recebida por qualquer dos cônjuges, salvo cláusula testamentária impondo
incomunicabilidade.
d) Por doação a qualquer dos cônjuges.
e) Por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior.

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GABARITO

FCC

1. FCC / SEAD-AP – 2018 B


2. FCC / SEFAZ-SC – 2018 B
3. FCC / MPE-PB – 2018 E
4. FCC / PGE-AP – 2018 D
5. FCC / DPE-AM – 2018 C
6. FCC / PGE-TO – 2018 C
7. FCC / DPE-RS – 2018 B
8. FCC / DPE-RS – 2017 B
9. FCC - TRT - 2ª REGIÃO (SP) – 2018 D
10. FCC / DPE-BA – 2016 C
11. FCC / SEGEP-MA – 2016 C
12. FCC / SEFAZ-PI – 2015 D
13. FCC / MANAUSPREV – 2015 B
14. FCC / TJ-RR – 2015 E
15. FCC / PREF. DE CUIABÁ-MT – 2014 A
16. FCC / AL-PB – 2014 B
17. FCC / SEFAZ-SP – 2013 A
18. FCC / TCM-BA – 2011 A
19. FCC - DPE-AM - 2019 E
20. FCC / DPE-AP – 2018 C
21. FCC / DPE-AM – 2018 A
22. FCC / PGE-TO – 2018 D
23. FCC / TJ-SC – 2017 E
24. FCC / DPE-PR – 2017 A
25. FCC / FUNAPE – 2017 E
26. FCC / DPE-SC – 2017 E
27. FCC / DPE-BA – 2016 E
28. FCC / PGE-MT – 2016 B
29. FCC / PREF. DE SÃO LUIZ-MA – 2016 D

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30. FCC / MANAUSPREV – 2015 C


31. FCC / MANAUSPREV – 2015 E
32. FCC / TJ-SE – 2015 D
33. FCC / TJ-GO – 2015 A
34. FCC / TJ-AL – 2015 E
35. FCC / TJ-RR – 2015 E
36. FCC / TJ-AP – 2014 D
37. FCC / TJ-PE – 2011 D
38. FCC / TJ-AP – 2011 B
39. FCC / TJ-AP – 2011 E
40. FCC / MPE-PB – 2018 A
41. FCC / TJ-PE – 2013 A
42. FCC / TJ-PE – 2013 D
43. FCC / TJ-SC – 2015 A
44. FCC / SEFAZ-RJ – 2014 A
45. FCC / DPE-PB – 2014 E
46. FCC / MPE-AL – 2012 A
47. FCC / PGE-MT – 2011 D
48. FCC / TJ-PE – 2011 E

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