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Aula 09

PC-RJ (Delegado) Reta Final - 2021


(Pós-Edital) Em PDF

Autor:
Isabella Pires

22 de Setembro de 2021

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Isabella Pires
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Sumário
Considerações Iniciais ......................................................................................................................... 3

Direito Constitucional ......................................................................................................................... 3

1 - Pílulas Estratégicas de Doutrina ......................................................................................................... 4

1. Vida ............................................................................................................................................................................... 4

2. Igualdade ...................................................................................................................................................................... 6

3. Direito de Expressão e de Manifestação de Pensamento ............................................................................................ 8

4. Inviolabilidade da Casa ................................................................................................................................................. 9

5. Sigilo de dados e de comunicação telefônica ............................................................................................................. 10

6. Liberdade de Reunião ................................................................................................................................................. 11

4. Liberdade de Associação ............................................................................................................................................ 12

5. Direito de Petição ....................................................................................................................................................... 12

2 - Vade-Mécum Estratégico ................................................................................................................... 13

3 – Questões Comentadas............................................................................................................................ 29

Legislação Penal Especial ................................................................................................................... 32

1 - Pílulas Estratégicas de Doutrina ............................................................................................................. 33

1. Delito de Organização Criminosa................................................................................................................................ 33

2. Demais Crimes da Lei .................................................................................................................................................. 39

3. Aspectos Processuais .................................................................................................................................................. 41

3.1. Interceptação ambiental (Art. 3º, II, da Lei 12.850/13 – Captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos) ........................................................................................................................................................................ 42

3.2. Colaboração Premiada............................................................................................................................................. 44

3.3. Ação Controlada ...................................................................................................................................................... 48

3.4. Infiltração de Agentes.............................................................................................................................................. 49

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4. Disposições Finais ....................................................................................................................................................... 50

2 - Vade-Mécum Estratégico ........................................................................................................................ 50

3 – Questões Comentadas............................................................................................................................ 68

Considerações Finais ......................................................................................................................... 72

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá, queridas alunas e queridos alunos! Como estão os estudos por aí?

Continuaremos nossa caminhada rumo à sua aprovação!!

Hoje, nosso PDF abordará as seguintes matérias:

MATÉRIA ASSUNTO MOTIVAÇÃO

Direito Direitos e deveres individuais e coletivos - Incidência alta.


Constitucional I.
-bom custo-benefício.
Direito Civil Legislação Penal e Processual Penal - Incidência alta.
Especial - Lei de Combate às
Organizações Criminosas

Vamos lá?

DIREITO CONSTITUCIONAL
Nosso foco de estudo, de hoje será o seguinte ponto do edital:

PONTO 4: 4 Direitos e deveres individuais e coletivos.

Sobre esse tema, iremos trazer apenas alguns conceitos doutrinários, mas o estudo do tópico será
eminentemente legislativo e jurisprudencial, com a ajuda do nosso Vade-Mécum Estratégico.
Direitos e deveres individuais e coletivos e Remédios Constitucionais, segundo o Estudo
Estratégico, é o segundo tema mais cobrado em provas de Delegado, sendo requisitado em mais
de 130 questões nos últimos 5 anos!!

Estudaremos do art. 1º ao art. 5º, inciso XXXIV da Constituição da República, abarcando os


princípios, direitos e garantias fundamentais do ordenamento brasileiro. Os aspectos mais

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processuais do art. 5º (inciso XXXV e seguintes) e os Remédios Constitucionais serão tratados


mais à frente no estudo de Direito Constitucional.

Nosso ponto de hoje abrangerá: Pílulas Estratégicas de Doutrina, Vade-mécum Estratégico e


Questões objetivas, não havendo a necessidade de tópico destacado para a jurisprudência,
porque o nosso Vade-mécum e as Pílulas Estratégicas de Doutrina já contempla de forma
satisfatória.

1 - PÍLULAS ESTRATÉGICAS DE DOUTRINA


As exposições a seguir tomam por base, principalmente, a Aula 01 do Curso Regular de Direito
Constitucional, de autoria da Professora Nelma Fontana. A utilização de outras fontes será
expressamente destacada.

Ressalto que eventuais comentários feitos por mim estarão nessa formatação sombreada.

1. Vida

Os cinco direitos enumerados no caput do art. 5º (vida, liberdade, igualdade, segurança e


propriedade) são classificados como direitos fundamentais básicos (ou raízes), pois dão
origem a todos os outros.

O direito à vida tem dupla acepção, uma negativa e uma positiva.

Em sua acepção negativa, garante o direito de estar vivo, de permanecer vivo, de forma que nem
o Estado e nem o particular poderão intervir na existência física de alguém.

A acepção positiva garante a vida digna, de modo que não basta estar vivo, mas viver com a
dignidade própria de um ser da espécie humana. Essa acepção garante aos indivíduos o direito de
exigir que o Estado desenvolva políticas públicas capazes de assegurar o mínimo existencial.

O direito à vida, embora seja o mais fundamental dos direitos, não é absoluto. As restrições ao
direito à vida ora resultam de lei, ora de decisão judicial, ora da própria Constituição. Analisemos:

➢ Pena de Morte

Em caso de guerra declarada, na forma da lei, poderá ser aplicada. Nos termos do artigo 56 do
Código penal Militar, a pena de morte se dá por fuzilamento.

Vale enfatizar que nem mesmo emenda à Constituição será capaz de instituir outras hipóteses de
pena de morte, eis que a garantia constitucional da vida é cláusula pétrea.

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➢ Aborto

Nos termos dos artigos 124 e 126 do Código Penal, o aborto é crime. Todavia, a redação do artigo
128 do mesmo diploma jurídico aborda duas hipóteses de aborto não puníveis: o aborto terapêutico
(a má-formação do feto coloca a vida da gestante em risco) e o aborto sentimental (a gravidez é
proveniente de estupro).

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADPF 54/DF, declarou inconstitucional qualquer


interpretação que considere a interrupção da gestação de feto anencéfalo crime de aborto.

➢ Uso de células-tronco embrionárias para fins terapêuticos

O STF, na ADI 3.510, declarou a constitucionalidade do artigo 5º da Lei 11.105/2005 (Lei da


Biossegurança), que permite, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco
embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro, quando embriões
inviáveis ou quando congelados há três anos ou mais. A maioria dos Ministros da Corte
Constitucional entendeu não existir afronta à Constituição, pois o embrião congelado não tem
atividade cerebral

➢ “Lei do abate”

O artigo 303, parágrafo 2º, da Lei 7.565/1986, regulamentado pelo Decreto 5.144/2004, prevê que
aeronaves classificadas como hostis ou suspeitas de tráfico de drogas, após esgotamento dos
meios coercitivos legalmente previstos, sejam abatidas.

➢ Excludentes de antijuridicidade

O estado de necessidade, a legítima defesa e o estrito cumprimento do dever legal excluem a


ilicitude do ato, mesmo quando atentatório à vida de alguém.

O direito à vida digna (concepção positiva) fundamenta a garantia contida no inciso III do artigo 5º
da CF: “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.”

 O policial que provoca danos físicos à pessoa sujeita ao seu poder, momentaneamente, para
obrigá-la a confessar delito, pratica o crime de tortura (HC 70.389).
 "Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente
ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo
da responsabilidade civil do Estado". (Súmula Vinculante 11).

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2. Igualdade

Primeiramente temos que distinguir a igualdade formal da igualdade material

Diz-se igualdade formal o tratamento equânime dado pela lei a todos os indivíduos,
independentemente de etnia, sexo, religião ou capacidade econômica. Trata-se de uma perspectiva
apenas negativa, que objetiva subordinar a todos ao crivo da lei.

A igualdade material buscar proporcionar tratamento igualitário aos que estão em condição de
igualdade e tratamento desigual aos que estão em condição de desigualdade, à medida de suas
próprias desigualdades. a igualdade material não apenas assegura a igualdade perante a lei
(destinada ao legislador), mas também a igualdade na lei (destinada ao intérprete).

A Lei Maior primou por uma igualdade material e não apenas por uma igualdade jurídica.
Essa é a razão de a Constituição ter garantido no inciso I do artigo 5º que “homens e mulheres são
iguais em direitos e obrigações” e no artigo 7º, inciso XX, a proteção ao mercado de trabalho da
mulher, mediante incentivos específicos.

O princípio da igualdade está consubstanciado em duas dimensões: uma objetiva e outra


subjetiva.

Em sua dimensão objetiva, a igualdade impõe ao Poder Público a adoção de medidas que
reduzam as desigualdades sociais e regionais e de medidas que amparem a todos quantos
estiverem em situação de desigualdade.

Por outro lado, em sua dimensão subjetiva, o princípio da igualdade assegura prestações
negativas (o indivíduo tem o direito de defesa perante o Estado, de modo que este não aja
arbitrariamente por meio de igualizações) e prestações positivas (grupos têm o direito de exigir
políticas públicas que minimizem a desigualdade de fato, como por exemplo, quotas para negros
nas universidades e quotas para deficientes na Administração Pública).

É na perspectiva dessas dimensões que surgem as chamadas “ações afirmativas do Estado”.

A respeito do princípio da igualdade, conheça algumas decisões do Supremo Tribunal


Federal:

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1. “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores
públicos sob o fundamento de isonomia.” (Súmula Vinculante 37).

2. “É constitucional a regra que veda, no âmbito do SUS, a internação em acomodações superiores, bem
como o atendimento diferenciado por médico do próprio SUS, ou por médico conveniado, mediante o
pagamento da diferença dos valores correspondentes.” (RE 581.488)

3. É inconstitucional a fixação de segunda chamada em etapa de concurso público em razão de situações


pessoais do candidato. Assim, caso o candidato não faça a prova porque chegou atrasado em razão de
acidente de trânsito que congestionou a via, ou porque estava internado, não terá direito a segunda
chamada, tendo em vista a impessoalidade e o interesse público (RE 630.733).

4. O Supremo Tribunal Federal reconheceu, em tese de repercussão geral, o direito de candidatas


gestantes à remarcação de testes de aptidão física em concursos públicos, independentemente de haver
previsão legal (RE 1058333).

5. É inconstitucional a atribuição excessivamente valorizada de pontos na prova de títulos em concurso


público pelo simples exercício anterior de cargos públicos (AI 830.011).

6. “Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças
prestadoras de serviço militar inicial.” (Súmula Vinculante 6). A CF não estendeu aos militares a garantia
de remuneração não inferior ao salário mínimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores. A
obrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para a
adequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas.

7. O estabelecimento de limite de idade para inscrição em concurso público apenas é legítimo quando
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido (ARE 678.112). Assim, é constitucional
o limite máximo de idade para ingresso nas carreiras militares.

8. “A adoção de critérios diferenciados para licenciamento dos militares temporários, em razão do sexo,
não viola a isonomia.” (RE 489.064).

9. O artigo 25 da Lei 12.485/2011 é inconstitucional, porque ao proibir a oferta de canais que veiculem
publicidade comercial direcionada ao público brasileiro contratada no exterior por agência de
publicidade estrangeira, estabelece uma completa exclusividade em proveito das empresas brasileiras,
o que fere a isonomia (ADI 4.747).

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3. Direito de Expressão e de Manifestação de Pensamento

A respeito da vedação ao anonimato, o Supremo Tribunal Federal se posicionou no sentido de não


admitir a utilização de escritos e de notícias apócrifos como atos de natureza processual, porque
não têm caráter oficial (STF – Inquérito 1.957/PR). Disso resulta a impossibilidade de o Estado,
tendo por únicos fundamentos tais escritos apócrifos, dar início, somente por meios deles, à
persecutio criminis (instaurar inquérito policial ou oferecer denúncia).

Por outro lado, as peças apócrifas e as delações anônimas, segundo o STF (Inquérito 1.957/PR),
podem até ser utilizadas como provas formais, quando produzidas pelos próprios acusados ou para
constituir o corpo de delito do crime (bilhetes de pedido de resgate, cartas para ameaçar, etc).

1. Em 2018, no período eleitoral, várias decisões proferidas por juízes eleitorais


autorizaram a busca e apreensão, em universidades, de panfletos e material de
campanha eleitoral e proibiram aulas com temática eleitoral, a pretexto de cumprimento
da Lei 9.504/1997. O Supremo Tribunal Federal, na ADPF 548, suspendeu tais decisões,
dada a ofensa à livre manifestação do pensamento, à divulgação de ideias e ao direito
de reunião dos cidadãos.

2. Para o STF, é inconstitucional dispositivo de lei que proíbe as emissoras de rádio e


televisão de usarem montagem ou brincadeiras que, de alguma forma, degradem ou
ridicularizem candidato, partido ou coligação. De igual modo, não poderá haver restrição
legal à difusão de opinião favorável ou contrária a candidato ou partido (ADI 4.451). Para
o Tribunal, a intervenção do Estado seria censura prévia.

3. A liberdade de pensamento permite a exteriorização da fé religiosa, que não é exercida


apenas em âmbito privado, mas também no espaço público, e inclui o direito de tentar
convencer os outros, por meio do ensinamento, a mudar de religião. O serviço de
radiodifusão comunitária pode ser utilizado para divulgar discurso proselitista. (ADI
2.556).

4. É inconstitucional a proibição judicial de eventos públicos de defesa da legalização ou


da descriminalização do uso de entorpecentes, porque ofende o direito fundamental de
reunião, o direito de informação e as liberdades de expressão e manifestação do
pensamento (ADI 4.274).

5. A liberdade de expressão religiosa permite a utilização de discurso proselitista,


mediante persuasão, para alcançar o outro, ainda que por meio da comparação entre
diversas religiões, inclusive com explicitação de certa animosidade. Esse foi o

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posicionamento do STF quando do julgamento do RHC 134.682, em que se avaliou a


publicação de um livro, escrito por um padre, em que se percebe a incitação da
comunidade católica a empreender resgate religioso direcionado à salvação de adeptos
do espiritismo, em atitude que, a despeito de considerar inferiores os praticantes de fé
distinta, o faz sem sinalização de violência, escravização ou redução de direitos
fundamentais.

6. A liberdade de informação e o direito de crítica que dela emanam permitem a crítica


jornalística aos que exercem qualquer atividade de interesse da coletividade em geral
(as pessoas públicas, investidas ou não de autoridade governamental), por mais duras
e veementes que possam ser, o que não induz responsabilidade civil (AI 705.630 AgR).

4. Inviolabilidade da Casa

O conceito de casa é abrangente e ultrapassa a moradia. Contempla qualquer local fechado,


habitado e não aberto ao público. De igual maneira, a recepção de um hotel não pode ser
considerada casa, eis que aberta ao público, mas o quarto de hotel, após a locação, materializa o
direito à privacidade. Note que o ânimo de permanecer se opõe ao ânimo de locomover e não exige
um tempo mínimo de permanência.

Vejamos agora a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto:

1. Para garantir a inviolabilidade domiciliar e ao mesmo tempo a atividade policial, o


Supremo Tribunal Federal estabeleceu a seguinte interpretação: a entrada na casa, a
pretexto de flagrante de crime, depende da demonstração de “fundadas razões”, nos
termos do artigo 240, parágrafo 1º do CPP. É preciso existir elementos que justifiquem a
suspeita de flagrante. Não basta a constatação de flagrante posterior à entrada forçada
no domicílio.

2. Escritório de advocacia, quando o advogado é o investigado, pode ser alvo de busca


e apreensão, nos termos da decisão judicial. Todavia, tratando-se de local onde existem
documentos que dizem respeito a outros sujeitos não investigados, é indispensável a
especificação do âmbito de abrangência da medida, que não poderá ser executada sobre
a esfera de direitos de não investigados. (HC 91.610).

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3. A entrada à noite, em escritório de advocacia, mediante ordem judicial, para instalação


de equipamento de escuta ambiental, quando o advogado é suspeito da prática de crime,
sobretudo concebido e consumado em seu escritório profissional, não configura prova
ilícita e não fere a inviolabilidade domiciliar. (Inquérito 2.424).

4. Qualquer que seja a espécie de flagrante, próprio ou impróprio, é permitida a prisão,


mediante entrada forçada na casa do indivíduo, sem ordem judicial. (RHC 91.189).

5. O atributo da autoexecutoriedade dos atos administrativos, não prevalece sobre a


garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar, ainda que se cuide de atividade
exercida pelo poder público em sede de fiscalização tributária. Assim, nenhum agente
público poderá entrar, inclusive os da administração tributária, contra a vontade de quem
de direito, em espaço privado em que se exerce atividade profissional, sem ordem
judicial. (HC 93.050).

5. Sigilo de dados e de comunicação telefônica

A Constituição Federal assegura a inviolabilidade do sigilo de dados (art. 5º, Inciso XII). Todavia,
havendo fundados elementos de suspeita de prática de atos ilícitos, tal sigilo poderá ser quebrado,
eis que os direitos fundamentais não são absolutos.

O sigilo de dados poderá ser quebrado por ordem judicial e por determinação de Comissão
Parlamentar de Inquérito.

Tribunais de Contas e o Ministério Público não poderão, diretamente, sem ordem judicial,
quebrar sigilo de dados. Caso a investigação seja referente a transações subsidiadas com
dinheiro do erário público, a cláusula de sigilo deve ser afastada, porque devem prevalecer os
princípios da Administração Pública, mormente a publicidade. Movimentações financeiras que
envolvem recursos públicos não estão contempladas por sigilo bancário.

Autoridades e os agentes fiscais tributários, no curso de processo administrativo, poderão ter


acesso direto a dados bancários dos contribuintes, não incidindo na hipótese, quebra de sigilo, mas
apenas movimentação de dados.

O sigilo de comunicação de dados telemáticos (e-mail) está garantido pelo artigo 5º, inciso XII, da
Constituição Federal. Todavia, como inexistem garantias absolutas, para combater a prática de atos
ilícitos, tal sigilo poderá ser quebrado, por ordem judicial. (RHC 132.115)

1. O sigilo de comunicação de dados telemáticos (e-mail) está garantido pelo artigo 5º,
inciso XII, da Constituição Federal. Todavia, como inexistem garantias absolutas, para
combater a prática de atos ilícitos, tal sigilo poderá ser quebrado, por ordem judicial.
(RHC 132.115)

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2. Para a 2ª Turma do STF, a comunicação telefônica não se confunde com o


registro telefônico, de modo que a proteção aos dados, contida no artigo 5º, XII, da CF,
não diz respeito ao registro, ao depósito registral, mas à comunicação dos dados. Dito
de outra forma: o sigilo é da comunicação dos dados e não dos dados em si. Dessa
maneira, a autoridade policial, nos termos do artigo 6º do CPP, para colher
elementos de prova, poderá proceder à pesquisa na agenda eletrônica dos
aparelhos telefônicos devidamente apreendidos. (HC 91.867)

3. Em sentido diverso, a 5ª Turma do STJ, ao julgar o RHC 89.981, em 2019, entendeu


ser ilícita a prova obtida por meio da análise de mensagem contida no aplicativo
WhastApp de aparelho telefônico apreendido pela polícia, sem autorização do
interessado ou sem ordem judicial. Para o Colegiado, a autoridade policial deveria ter
requerido autorização judicial para a quebra de sigilo de dados armazenados, em razão
da garantia da inviolabilidade da intimidade.

4. Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas


ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal
ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo
disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos,
ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa
prova. (Inquérito 2.424 QO-QO. Ministro Barroso).

6. Liberdade de Reunião

A existência do direito de reunião está condicionada aos seguintes elementos: 1) elemento


teleológico; 2) finalidade pacífica; 3) ausência de armas; 4) prévio aviso às autoridades
competentes.

A tão simples aglomeração de pessoas não caracteriza o direito de reunião. Note: é necessário
comunicar previamente às autoridades públicas. Não é necessário pedir autorização, pois esta já
foi dada pela Constituição. Basta avisar.

Atendidos a todos os requisitos para a materialização do direito (finalidade compartilhada, fim


pacífico e sem armas; aviso prévio; não frustração de outra reunião já marcada), é possível que a
liberdade de reunião sofra limitação, pois o decreto de estado de defesa (artigo 136 da CF) ou de
estado de sítio (artigo 137 da CF) é capaz de restringir direitos fundamentais.

Caso alguma autoridade pública, de modo ilegal ou abusivo, prejudique o exercício do direito de
reunião, será cabível a impetração de mandado de segurança.

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4. Liberdade de Associação

É prevista no art. 5º da CF, do inciso XVII ao XXI.

A liberdade de associação possui duas dimensões, uma dimensão positiva, que assegura a
qualquer pessoa (física ou jurídica) o direito de associar-se e de formar associações, e uma
dimensão negativa, pois garante a qualquer pessoa o direito de não se associar, nem de ser
compelida a filiar-se ou a desfiliar-se de determinada entidade.

A interferência do Estado no funcionamento de uma associação só poderá ocorrer em duas


hipóteses: 1) prática de atos ilícitos; 2) caráter paramilitar.

Uma associação só poderá ser compulsoriamente dissolvida ou ter as suas atividades


suspensas compulsoriamente mediante sentença judicial, exigindo-se no primeiro caso o trânsito
em julgado. Perceba que liminar é capaz de suspender as atividades de uma associação, mas não
poderá ser utilizada para dissolvê-la.

Cuidado para não confundir associação com sindicato! Para ajudar na distinção, há a tabela abaixo:

Associação (artigo 5º da CF) Sindicato (artigo 8º da CF)


Direito individual de expressão coletiva. Direito social.
Direito de primeira geração. Direito de segunda geração.
Finalidade ampla, desde que lícita. Representação profissional.
Não depende de autorização para criação. Não depende de autorização para criação.
Não há restrição numérica. Um sindicato, por categoria, por base territorial.
Não obrigatoriedade de associação. Não obrigatoriedade de sindicalização.
Não intervenção estatal. Não intervenção estatal.
Depende de autorização dos associados para Não depende de autorização dos sindicalizados
representá-los judicialmente e para representá-los judicialmente e
extrajudicialmente. extrajudicialmente.
Não depende de autorização dos filiados para Não depende de autorização dos filiados para
atuar em substituição processual. atuar em substituição processual.
Precisa estar em funcionamento há um ano Não precisa estar em funcionamento há um ano
para impetrar mandado de segurança coletivo e para impetrar mandado de segurança coletivo e
mandado de injunção coletivo (substituição mandado de injunção coletivo (substituição
processual). processual).

5. Direito de Petição

A petição judicial não se confunde com o direito de petição. No primeiro caso, o autor, por meio de
advogado, relata lesão ou ameaça de lesão a direito pessoal e pede solução ao problema. No

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segundo caso, tem-se participação política, por meio de um processo administrativo, que objetiva
requerer direito próprio ou de terceiro.

O exercício do direito de petição, ainda que em grau de recurso, não pode ser vinculado ao
pagamento de taxas. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante 21.

Órgãos públicos não podem ser compelidos a fornecerem a eventual interessado informações que
envolvam terceiros, sob pena de ferir o direito à privacidade, além de expor terceiros a riscos
previsíveis. (AI 739.338)

Fechando a parte teórica, vamos agora estudar nosso Vade-mécum Estratégico:

2 - VADE-MÉCUM ESTRATÉGICO

TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

(PC-MG 2018)
O STF considerou inconstitucional a expressão "sem identificação dos doadores",
contida no art. 28, §12, da Lei 9.504/1997, sob o fundamento de que o princípio do
sistema democrático de representação popular exige a identificação dos particulares
responsáveis pela doação ao partido. (ADI 5.394, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 22-3-
2018, P, DJE de 18-2-2019)
É inconstitucional a realização de doações por pessoas jurídicas a partidos políticos.
Eis que o princípio democrático norteia o processo político, de modo que as doações por
pessoas jurídicas, antes de refletir eventuais preferências políticas, denota um agir
estratégico destes grandes doadores, no afã de estreitar suas relações com o poder público,
em pactos, muitas vezes, desprovidos de espírito republicano. (ADI 4.650, rel. min. Luiz Fux,
j. 17-9-2015, P, DJE de 24-2-2016)

I - a soberania;

Em regra, não cabe ao STF conhecer de ação que envolve Estados Soberanos, na qual
se veicula o descumprimento de tratado, visto que não é detentor de soberania
internacional. (Rcl 11.243, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 8-6-2011, P, DJE de 5-10-2011)

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II - a cidadania

A garantia de passe livre às pessoas com deficiência é constitucional e está calcada


no fundamento da cidadania e da dignidade da pessoa humana. (ADI 2.649, voto da
rel. min. Cármen Lúcia, j. 8-5-2008, P, DJE de 17-10-2008)

III - a dignidade da pessoa humana;

Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de


perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,
justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e
penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. (Súmula Vinculante 11)
A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em
regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros
fixados no RE 641.320/RS. (Súmula Vinculante 56)
É incompatível com a Constituição Federal a condução coercitiva de investigados ou
de réus para interrogatório, tendo em vista que o imputado não é legalmente obrigado
a participar do ato. (ADPF 395 e ADPF 444, rel. min. Gilmar Mendes, j. 14-6-2018,
P, DJE de 22-5-2019.)
As lesões corporais, mesmo que consideradas de natureza leve, praticadas contra a
mulher em âmbito doméstico, atua-se mediante ação penal pública incondicionada.
(ADI 4.424, voto do rel. min. Marco Aurélio, j. 9-2-2012, P, DJE de 1º-8-2014)
As pesquisas com células-tronco embrionárias para fins terapêuticos não violam os
fundamentos da dignidade da pessoa humana e o direito à vida, que passa pelo direito
à saúde e ao planejamento familiar. (ADI 3.510, rel. min. Ayres Britto, j. 29-5-2008, P, DJE de
28-5-2010)
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua
classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da
manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela
via judicial como diretamente pela via administrativa. (RE 670.422, rel. min. Dias Toffoli,
j. 15-8-2018)
É dever do Estado ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados
aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de
encarceramento. (RE 580.252, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 16-2-2017, P, DJE de 11-
9-2017)

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)

É garantido o livre exercício da atividade de transporte individual de passageiros,


observada apenas a regulação proporcionalmente definida em lei federal. (ADPF 449,
rel. min. Luiz Fux, j. 8-5-2019, P, DJE de 2-9-2019)
A proibição ou restrição da atividade de transporte privado individual por motorista
cadastrado em aplicativo é inconstitucional, por violação aos princípios da livre
iniciativa e da livre concorrência; e no exercício de sua competência para regulamentação

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e fiscalização do transporte privado individual de passageiros, os Municípios e o Distrito


Federal não podem contrariar os parâmetros fixados pelo legislador federal (CF/1988, art.
22, XI). (RE 1.054.110, rel. min. Roberto Barroso, j. 9-5-2019, P, DJE de 6-9-2019)
O serviço postal não consubstancia atividade econômica em sentido estrito, a ser
explorada pela empresa privada. (ADPF 46, voto do rel. p/ o ac. min. Eros Grau, j. 5-8-
2009, P, DJE de 26-2-2010)
É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas
jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas,
mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante. (RE 958.252, rel. min.
Luiz Fux, j. 30-8-2018, P, DJE de 13-9-2019)
São inconstitucionais as leis que obrigam supermercados ou similares à prestação de
serviços de acondicionamento ou embalagem das compras, por violação ao princípio
da livre iniciativa (art. 1º, IV, e 170 da Constituição). (RE 839.950, rel. min. Luiz Fux, j. 24-
10-2018, P, DJE de 2-4-2020)

V - o pluralismo político.

(PC-MG 2018)
Constitui afronta ao fundamento do pluralismo político o estabelecimento do número
de candidatos às câmaras municipais em razão do número de representantes do
respectivo partido na Câmara Federal. (ADI 1.355 MC, rel. min. Ilmar Galvão, j. 23-11-
1995, P, DJ de 23-2-1996)

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.

(PC-AC 2017) (PC-GO 2018) (PF 2018)

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário.

É inconstitucional a criação, por Constituição estadual, de órgão de controle


administrativo do Poder Judiciário do qual participem representantes de outros
Poderes ou entidades. (Súmula 649 do STF)
O STF reconheceu presente quadro de violação massiva e persistente de direitos
fundamentais no sistema penitenciário nacional, caracterizando-o como "estado de
coisas inconstitucional". (ADPF 347 MC, rel. min. Marco Aurélio, j. 9-9-2015, P, DJE de
19-2-2016)
É lícito ao Judiciário impor à administração pública obrigação de fazer, consistente na
promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos
prisionais. (RE 592.581, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 13-8-2015, P, DJE de 1º-2-2016)
São inconstitucionais as disposições que amarram a destituição dos dirigentes da
agência reguladora estadual somente à decisão da Assembleia Legislativa. (ADI 1.949,
rel. min. Dias Toffoli, j. 17-9-2014, P, DJE de 14-11-2014)

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É inconstitucional qualquer tentativa do Poder Legislativo de definir previamente


conteúdos ou estabelecer prazos para que o Poder Executivo, em relação às matérias
afetas a sua iniciativa, apresente proposições legislativas, mesmo em sede da
Constituição estadual, porquanto ofende, na seara administrativa, a garantia de gestão
superior dada ao chefe daquele Poder. (ADI 179, rel. min. Dias Toffoli, j. 19-2-2014,
P, DJE de 28-3-2014)
Não cabe ao Poder Legislativo apreciar recursos interpostos contra decisões tomadas
em processos administrativos nos quais se discuta questão tributária. (ADI 523, rel.
min. Eros Grau, j. 3-4-2008, P, DJE de 17-10-2008)
A intromissão do Poder Legislativo no processo de provimento das diretorias das
empresas estatais colide com o princípio da harmonia e interdependência entre os
Poderes. A escolha dos dirigentes dessas empresas é matéria inserida no âmbito do
regime estrutural de cada uma delas. (ADI 1.642, rel. min. Eros Grau, j. 3-4-2008,
P, DJE de 19-9-2008)
Os requisitos constitucionais legitimadores da edição de medidas provisórias,
vertidos nos conceitos jurídicos indeterminados de "relevância" e "urgência" (art. 62
da CF), apenas em caráter excepcional se submetem ao crivo do Poder Judiciário, por
força da regra da separação de poderes (art. 2º da CF). (ADI 4.029, rel. min. Luiz Fux, j.
8-3-2012, P, DJE de 27-6-2012)
Afronta os princípios constitucionais da harmonia e independência entre os Poderes
e da liberdade de locomoção norma estadual que exige prévia licença da assembleia
legislativa para que o governador e o vice-governador possam ausentar-se do País
por qualquer prazo. Espécie de autorização que, segundo o modelo federal, somente
se justifica quando o afastamento exceder a quinze dias. (ADI 307, rel. min. Eros Grau,
j. 13-2-2008, P, DJE de 1º-7-2009)

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

(PC-MG 2018) (PJC-MT 2017)

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

(PC-MG 2018)

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

(PJC-MT 2017)

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.

(PJC-MT 2017)

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Não se pode permitir que a lei faça uso de expressões pejorativas e discriminatórias,
ante o reconhecimento do direito à liberdade de orientação sexual como liberdade
existencial do indivíduo. Manifestação inadmissível de intolerância que atinge grupos
tradicionalmente marginalizados. (ADPF 291, rel. min. Roberto Barroso, j. 28-10-2015,
P, DJE de 11-5-2016)
O STF reconheceu a possibilidade de união estável entre pessoas do mesmo sexo.
Segundo o Min. Ayres Britto, a Constituição consagra a proibição de discriminação das
pessoas em razão do sexo, seja no plano da dicotomia homem/mulher (gênero), seja no
plano da orientação sexual de cada qual deles. Dessa forma, o art. 1.723 do C/2002 deve
ser interpretado à luz da Constituição, a fim de excluir do dispositivo qualquer significado que
impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo
sexo como família. (ADI 4.277 e ADPF 132, rel. min. Ayres Britto, j. 5-5-2011, P, DJE de 14-
10-2011)

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:

(PC-PI 2018)

I - independência nacional;

(PC-PI 2018)
O descumprimento do tratado, em tese, gera uma lide entre Estados soberanos, cuja
resolução não compete ao STF, que não exerce soberania internacional, máxime para
impor a vontade da República Italiana ao chefe de Estado brasileiro, cogitando-se de
mediação da Corte Internacional de Haia, nos termos do art. 92 da Carta das Nações Unidas
de 1945. (Rcl 11.243, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 8-6-2011, P, DJE de 5-10-2011)

II - prevalência dos direitos humanos;

(PC-PI 2018)
A essencialidade da cooperação internacional na repressão penal aos delitos comuns
não exonera o Estado brasileiro – e, em particular, o STF – de velar pelo respeito aos
direitos fundamentais do súdito estrangeiro que venha a sofrer, em nosso país,
processo extradicional instaurado por iniciativa de qualquer Estado estrangeiro. (Ext 633,
rel. min. Celso de Mello, j. 28-8-1996, P, DJ de 6-4-2001)

III - autodeterminação dos povos;

(PC-PI 2018)

IV - não-intervenção;

(PC-PI 2018)

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V - igualdade entre os Estados;

(PC-PI 2018)
O STF reconheceu a constitucionalidade dos atos normativos proibitivos da importação de
pneus usados de Países que não compõem o Mercosul. Autorização para importação de
remoldados provenientes de Estados integrantes do Mercosul limitados ao produto final,
pneu, e não às carcaças: determinação do Tribunal ad hoc, à qual teve de se submeter o
Brasil em decorrência dos acordos firmados pelo bloco econômico: ausência de tratamento
discriminatório nas relações comerciais firmadas pelo Brasil. (ADPF 101, rel. min. Cármen
Lúcia, j. 24-6-2009, P, DJE de 4-6-2012)

VI - defesa da paz;

(PC-PI 2018)

VII - solução pacífica dos conflitos;

(PC-PI 2018)

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

(PC-PI 2018)

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

(PC-PI 2018)

X - concessão de asilo político.

(PC-PI 2018) (PF 2018)

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política,


social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações.

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TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(PC-AC 2017) (PC-ES 2019) (PC-MS 2017) (PC-PI 2018) (PJC-MT 2017)

I - homens e mulheres são iguais em direitosae obrigações, nos termos desta Constituição;

É inconstitucional, por transgressão ao princípio da isonomia entre homens e


mulheres Constituição Federal (CF), art. 5º, I, a exigência de requisitos legais
diferenciados para efeito de outorga de pensão por morte de ex-servidores públicos
em relação a seus respectivos cônjuges ou companheiros/companheiras (CF, art. 201,
V). (RE 659424/RS, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento virtual em 9.10.2020)
Encontra-se em sintonia com o direito fundamental à igualdade material (art. 5º, I, da
CFRB) Lei estadual que impõe a obrigatoriedade de que as crianças e adolescentes
do sexo feminino vítimas de estupro sejam examinadas por perito legista mulher. (ADI
6.039 MC, rel. min. Edson Fachin, j. 13-3-2019, P, DJE de 1º-8-2019)
O STF conferiu interpretação conforme a Constituição Federal à Lei 11.340/2006 (Lei Maria
da Penha), de modo a não se aplicar a Lei 9.099/1995 aos crimes glosados pela lei,
assentando-se que, em se tratando de lesões corporais, mesmo que consideradas de
natureza leve, praticadas contra a mulher em âmbito doméstico, atua-se mediante
ação penal pública incondicionada. (ADI 4.424, voto do rel. min. Marco Aurélio, j. 9-2-
2012, P, DJE de 1º-8-2014)
Não fere o direito à saúde, tampouco a autonomia profissional do médico, o normativo
que veda, no âmbito do SUS, a assistência diferenciada mediante pagamento ou que
impõe necessidade de triagem dos pacientes em postos de saúde previamente à
internação. (RE 581.488, rel. min. Dias Toffoli, j. 3-12-2015, P, DJE de 8-4-2016)

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

(PC-ES 2019) (PC-GO 2017) (PC-MA 2018)


Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo
público. (Súmula 686, STF)
Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da
legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas
infraconstitucionais pela decisão recorrida. (Súmula 636, STF)

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A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a


sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. (Súmula 711,
STF)

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou


de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,
justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e
penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. (Súmula Vinculante 11)
O uso de algemas durante audiência de instrução e julgamento pode ser determinado
pelo magistrado quando presentes, ede maneira concreta, riscos à segurança do
acusado ou das pessoas ao ato presentes. (Rcl 9.468 AgR, rel. min. Ricardo
Lewandowski, j. 24-3-2011, P, DJE de 11-4-2011)
O policial militar que, a pretexto de exercer atividade de repressão criminal em nome
do Estado, inflige, mediante desempenho funcional abusivo, danos físicos a menor
momentaneamente sujeito ao seu poder de coerção, valendo-se desse meio executivo
para intimidá-lo e coagi-lo à confissão de determinado delito, pratica,
inequivocamente, o crime de tortura (...) (HC 70.389, voto do rel. min. Celso de Mello, j.
23-6-1994, P, DJ de 10-8-2001)

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

(PC-BA 2018) (PC-PA 2016)


São inconstitucionais os dispositivos legais que tenham a nítida finalidade de controlar ou
mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao regime democrático.
Impossibilidade de restrição, subordinação ou forçosa adequação programática da
liberdade de expressão a mandamentos normativos cerceadores durante o período
eleitoral. (ADI 4.451, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 21-6-2018, P, DJE de 6-3-2019)
Viola a Constituição Federal a proibição de veiculação de discurso proselitista em
serviço de radiodifusão comunitária. A liberdade religiosa não é exercível apenas em
privado, mas também no espaço público, e inclui o direito de tentar convencer os outros, por
meio do ensinamento, a mudar de religião. O discurso proselitista é, pois, inerente à
liberdade de expressão religiosa. (ADI 2.566, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 16-5-2018,
P, DJE de 23-10-2018)
O STF julgou legítima a "Marcha da Maconha". Eis que, no caso, estão presentes duas
liberdades individuais: o direito de reunião (liberdade-meio) e o direito à livre
expressão do pensamento (liberdade-fim). (ADPF 187, rel. min. Celso de Mello, j. 15-6-
2011, P, DJE de 29-5-2014)

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano


material, moral ou à imagem;

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VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos


cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

(PC-PA 2016)
É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa,
permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana. (RE
494.601, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 28-3-2019, P, DJE de 19-11-2019)
A liberdade religiosa não é exercível apenas em privado, mas também no espaço
público, e inclui o direito de tentar convencer os outros, por meio do ensinamento, a
mudar de religião. O discurso proselitista é, pois, inerente à liberdade de expressão
religiosa. (ADI 2.566, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 16-5-2018, P, DJE de 23-10-2018)
O Brasil é uma república laica, surgindo absolutamente neutro quanto às religiões.
(ADI 4.439, rel. p/ o ac. min. Alexandre de7 Moraes, j. 27-9-2017, P, DJE de 21-6-2018)
A oficialização da Bíblia como livro-base de fonte doutrinária para fundamentar princípios,
usos e costumes de comunidades, igrejas e grupos no Estado de Rondônia implica
inconstitucional discrímen entre crenças, além de caracterizar violação da neutralidade
exigida do Estado pela Constituição Federal. (ADI 5.257, rel. min. Dias Toffoli, j. 20-9-2018,
P, DJE de 3-12-2018)

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis
e militares de internação coletiva;

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

(PC-PA 2016)
É possível a fixação de obrigações alternativas a candidatos em concursos públicos
e a servidores em estágio probatório, que se escusem de cumprir as obrigações legais
originalmente fixadas por motivos de crença religiosa, desde que presentes a
razoabilidade da alteração, a preservação da igualdade entre todos os candidatos e
que não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir
de maneira fundamentada. (RE 611874/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, redator do acórdão Min.
Edson Fachin, j. 26.11.2020)

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,


independentemente de censura ou licença;

As limitações ao livre exercício das profissões serão legítimas apenas quando o


inadequado exercício de determinada atividade possa vir a causar danos a terceiros e
desde que obedeçam a critérios de adequação e razoabilidade, o que não ocorre em
relação ao exercício da profissão de músico, ausente qualquer interesse público na
sua restrição. (ADPF 183, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 27-9-2019, P, DJE de 18-11-
2019)

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O direito fundamental à liberdade de expressão não se direciona somente a proteger


as opiniões supostamente verdadeiras, admiráveis ou convencionais, mas também
aquelas que são duvidosas, exageradas, condenáveis, satíricas, humorísticas, bem
como as não compartilhadas pelas maiorias. (ADI 4.451, rel. min. Alexandre de Moraes,
j. 21-6-2018, P, DJE de 6-3-2019)
O pensamento crítico é parte integrante da informação plena e fidedigna. O possível
conteúdo socialmente útil da obra compensa eventuais excessos de estilo e da própria
verve do autor. O exercício concreto da liberdade de imprensa assegura ao jornalista
o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero ou
contundente, especialmente contra as autoridades e os agentes do Estado. A crítica
jornalística, pela sua relação de inerência com o interesse público, não é aprioristicamente
suscetível de censura, mesmo que legislativa ou judicialmente intentada. (ADPF 130, rel.
min. Ayres Britto, j. 30-4-2009, P, DJE de4 6-11-2009)

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

A inviolabilidade dos sigilos bancário e fiscal não é absoluta, podendo ser afastada
quando eles estiverem sendo utilizados para ocultar a prática de atividades ilícitas. A
mera solicitação de providências investigativas é atividade compatível com as atribuições
constitucionais do Ministério Público. Se a legislação de regência impositivamente determina
que o COAF "comunicará às autoridades competentes para a instauração dos
procedimentos cabíveis, quando concluir pela existência de crimes previstos nesta Lei, de
fundados indícios de sua prática, ou de qualquer outro ilícito" (art. 15 da Lei 9.613/1998),
seria contraditório impedir o Ministério Público de solicitar ao COAF informações por
esses mesmos motivos. (RE 1.058.429 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 20-2-2018,
1ª T, DJE de 6-3-2018)

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)

(PC-AC 2017) (PC-AP 2017) (PC-BA 2018) (PC-DF 2015) (PC-GO 2018) (PC-MA 2018) (PC-PA 2016) (PC-
PA 2016)
Não há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado
judicial, em apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma
transitória ou eventual, se a aparente ausência de residentes no local se alia à fundada
suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime permanente. (HC 588.445-
SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma, j. 25/08/2020, DJe 31/08/2020)
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período
noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a
posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade
dos atos praticados. (RE 603.616, rel. min. Gilmar Mendes, j. 5-11-2015, P, DJE de 10-5-
2016)

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O sigilo profissional constitucionalmente determinado não exclui a possibilidade de


cumprimento de mandado de busca e apreensão em escritório de advocacia. O local de
trabalho do advogado, desde que este seja investigado, pode ser alvo de busca e
apreensão, observando-se os limites impostos pela autoridade judicial. (HC 91.610, rel.
min. Gilmar Mendes, j. 8-6-2010, 2ª T, DJE de 22-10-2010)
É permitido o ingresso da autoridade policial, no período noturno, em escritório de
advocacia, para a instalação de equipamento de escuta ambiental e exploração de
local. (Inq 2.424, rel. min. Cezar Peluso, j. 26-11-2008, P, DJE de 26-3-2010)

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e


das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
(Vide Lei nº 9.296, de 1996) 1
(PC-AC 2017) (PC-AP 2017) (PC-DF 2015) (PC-MA 2018) (PC-PA 2016)

A determinação judicial de quebra de sigilo de dados informáticos estáticos


(registros), relacionados à identificação de usuários que operaram em determinada
área geográfica, suficientemente fundamentada, não ofende a proteção constitucional
à privacidade e à intimidade. (RMS 61.302-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 3ª Seção,
por maioria, j. 26/08/2020, DJe 04/09/2020)
A inviolabilidade dos sigilos bancário e fiscal não é absoluta, podendo ser afastada
quando eles estiverem sendo utilizados para ocultar a prática de atividades ilícitas. A
mera solicitação de providências investigativas é atividade compatível com as atribuições
constitucionais do Ministério Público. Se a legislação de regência impositivamente determina
que o COAF "comunicará às autoridades competentes para a instauração dos
procedimentos cabíveis, quando concluir pela existência de crimes previstos nesta Lei, de
fundados indícios de sua prática, ou de qualquer outro ilícito" (art. 15 da Lei 9.613/1998),
seria contraditório impedir o Ministério Público de solicitar ao COAF informações por
esses mesmos motivos. (RE 1.058.429 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 20-2-2018,
1ª T, DJE de 6-3-2018)

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações


profissionais que a lei estabelecer;

(PC-SP 2018)
A exigência de garantia para o exercício da profissão de leiloeiro, prevista nos artigos
6º a 8º do Decreto 21.981/1932, é compatível com o art. 5º, XIII, da Constituição Federal
de 1988 (CF). (RE 1263641/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre
de Moraes, j. 9.10.2020)
As limitações ao livre exercício das profissões serão legítimas apenas quando o
inadequado exercício de determinada atividade possa vir a causar danos a terceiros e
desde que obedeçam a critérios de adequação e razoabilidade, o que não ocorre em
relação ao exercício da profissão de músico, ausente qualquer interesse público na

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sua restrição. (ADPF 183, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 27-9-2019, P, DJE de 18-11-
2019)
O motorista particular, em sua atividade laboral, é protegido pela liberdade
fundamental insculpida no art. 5º, XIII, da Carta Magna, submetendo-se apenas à
regulação proporcionalmente definida em lei federal, pelo que o art. 3º, VIII, da Lei
Federal 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) e a Lei Federal 12.587/2012, alterada pela
Lei 13.640 de 26 de março de 2018, garantem a operação de serviços remunerados de
transporte de passageiros por aplicativos. (ADPF 449, rel. min. Luiz Fux, j. 8-5-2019,
P, DJE de 2-9-2019)
A vedação do exercício da atividade de advocacia por aqueles que desempenham,
direta ou indiretamente, serviço de caráter policial, prevista no art. 28, V, da Lei
8.906/1994, não se presta para fazer qualquer distinção qualificativa entre a atividade
policial e a advocacia. (ADI 3.541, rel. min. Dias Toffoli, j. 12-2-2014, P, DJE de 24-3-2014)
Ao garantir o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, o art. 5º, XIII, da CF,
não o faz de forma absoluta, pelo que a observância dos recolhimentos tributários no
desempenho dessas atividades impõe-se legal e legitimamente. (ADI 395, rel. min.
Cármen Lúcia, j. 17-5-2007, P, DJ de 17-8-2007)
É legítimo suspender a habilitação de qualquer motorista que tenha sido condenado
por homicídio culposo na direção de veículo. Com maior razão, a suspensão deve ser
aplicada ao motorista profissional, que maneja o veículo com habitualidade e, assim,
produz risco ainda mais elevado para os demais motoristas e pedestres. (RE 607.107,
rel. min. Roberto Barroso, j. 12-2-2020, P, DJE de 14-4-2020)
É inconstitucional, sob o ângulo da liberdade fundamental do exercício da profissão e
do devido processo legal, preceito normativo a versar previsão de cancelamento
automático do registro em conselho profissional, ante a inadimplência da anuidade,
ausente prévia oitiva do associado. (RE 808.424, rel. min. Marco Aurélio, j. 19-12-2019,
P, DJE de 30-4-2020)
O Exame de Ordem mostra-se consentâneo com a CF, que remete às qualificações
previstas em lei. (RE 603.583, rel. min. Marco Aurélio, j. 26-10-2011, P, DJE de 25-5-2012)

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando


necessário ao exercício profissional;

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa,


nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

(PC-PA 2016) (PC-SP 2018)


O STF julgou legítima a "Marcha da Maconha". Eis que, no caso, estão presentes duas
liberdades individuais: o direito de reunião (liberdade-meio) e o direito à livre
expressão do pensamento (liberdade-fim). (ADPF 187, rel. min. Celso de Mello, j. 15-6-
2011, P, DJE de 29-5-2014)

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XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

(PC-PA 2016) (PC-SP 2018)


É constitucional a norma estadual que assegura, no âmbito da educação superior: (i) a livre
criação e a auto-organização de centros e diretórios acadêmicos, (ii) seu
funcionamento no espaço físico da faculdade, (iii) a livre circulação das ideias por eles
produzidas, (iv) o acesso dos seus membros às salas de aula e (v) a participação em
órgãos colegiados, em observância aos mandamentos constitucionais da liberdade
de associação (CF/1988, art. 5º, XVII), da promoção de uma educação plena e
capacitadora para o exercício da cidadania (CF/1988, art. 205) e da gestão democrática
da educação (CF/1988, art. 206, VI). (ADI 3.757, rel. min. Dias Toffoli, j. 17-10-2018,
P, DJE de 27-4-2020)
A obrigatoriedade do visto de advogado para o registro de atos e contratos
constitutivos de pessoas jurídicas (art. 1º, § 2º, da Lei 8.906/1994) não ofende os
princípios constitucionais da isonomia e da liberdade associativa. (ADI 1.194, rel. p/ o
ac. min. Cármen Lúcia, j. 20-5-2009, P, DJE de 11-9-2009)
Confederações são meros organismos de coordenação de entidades sindicais ou não,
que não integram a hierarquia das entidades sindicais, e que têm sido admitidas em
nosso sistema jurídico tão só pelo princípio da liberdade de associação. (ADI 444 MC,
rel. min. Moreira Alves, j. 14-6-1991, P, DJ de 25-10-1991)
Não se há de confundir a liberdade de associação, prevista de forma geral no inciso XVII do
rol das garantias constitucionais, com a criação, em si, de sindicato. O critério da
especificidade direciona à observação do disposto no inciso II do art. 8º da CF, no que
agasalhada a unicidade sindical de forma mitigada, ou seja, considerada a área de
atuação, nunca inferior à de um Município. (RE 207.858, rel. min. Marco Aurélio, j. 27-10-
1998, 2ª T, DJ de 14-5-1999)

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de


autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

(PC-SP 2018)

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades


suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

(PC-DF 2015) (PC-SP 2018)

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

Viola os princípios constitucionais da liberdade de associação (art. 5º, XX) e da


liberdade sindical (art. 8º, V), ambos em sua dimensão negativa, a norma legal que
condiciona, ainda que indiretamente, o recebimento do benefício do seguro-
desemprego à filiação do interessado a colônia de pescadores de sua região. (ADI
3.464, rel. min. Menezes Direito, j. 29-10-2008, P, DJE de 6-3-2009)

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Por não se confundir a associação de moradores com o condomínio disciplinado pela Lei
4.591/1964, descabe, a pretexto de evitar vantagem sem causa, impor mensalidade a
morador ou a proprietário de imóvel que a ela não tenha aderido. Considerações sobre
o princípio da legalidade e da autonomia da manifestação de vontade – art. 5º, II e XX, da
CF. (RE 432.106, rel. min. Marco Aurélio, j. 20-9-2011, 1ª T, DJE de 4-11-2011)

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para


representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

(PC-SP 2018)
A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos
associados independe da autorização destes. (Súmula 629, STF)
Beneficiários do título executivo, no caso de ação proposta por associação, são
aqueles que, residentes na área compreendida na jurisdição do órgão julgador,
detinham, antes do ajuizamento, a condição de filiados e constaram da lista
apresentada com a peça inicial. (RE 612.043, rel. min. Marco Aurélio, j. 10-5-2017,
P, DJE de 6-10-2017)
A autorização a que se refere o art. 5º, XXI, deve ser expressa por ato individual do
associado ou por assembleia da entidade, sendo insuficiente a mera autorização
genérica prevista em cláusula estatutária. (RE 573.232, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio,
voto do min. Teori Zavascki, j. 14-5-2014, P, DJE de 19-9-2014)
Não se exige, tratando-se de segurança coletiva, a autorização expressa aludida no inciso
XXI do art. 5º da Constituição, que contempla hipótese de representação. O objeto do
mandado de segurança coletivo será um direito dos associados, independentemente
de guardar vínculo com os fins próprios da entidade impetrante do writ, exigindo-se,
entretanto, que o direito esteja compreendido na titularidade dos associados e que
exista ele em razão das atividades exercidas pelos associados, mas não se exigindo
que o direito seja peculiar, próprio, da classe. (RE 193.382, rel. min. Carlos Velloso, j. 28-
6-1996, P, DJ de 20-9-1996)

XXII - é garantido o direito de propriedade;

(PC-SP 2018)
A vinculação da utilização de veículo automotivo ao pagamento de débitos relativos a
tributos, encargos e multas a ele vinculados não constitui não limitam o direito de
propriedade, tampouco constituem-se coação política para arrecadar o que é devido.
(ADI 2.998, rel. p/ o ac. min. Ricardo Lewandowski, j. 10-4-2019)
O processo de reforma agrária, em uma sociedade estruturada em bases democráticas, não
pode ser implementado pelo uso arbitrário da força e pela prática de atos ilícitos de violação
possessória, ainda que se cuide de imóveis alegadamente improdutivos, notadamente
porque a Constituição da República – ao amparar o proprietário com a cláusula de
garantia do direito de propriedade (CF, art. 5º, XXII) – proclama que "ninguém será
privado (...) de seus bens, sem o devido processo legal" (art. 5º, LIV). (ADI 2.213 MC,
rel. min. Celso de Mello, j. 4-4-2002, P, DJ de 23-4-2004)

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XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa
grave hipoteca social, a significar que, descumprida a função social que lhe é inerente
(CF, art. 5º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial privada,
observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os procedimentos
fixados na própria Constituição da República. (ADI 2.213 MC, rel. min. Celso de Mello, j.
4-4-2002, P, DJ de 23-4-2004)

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade


pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados
os casos previstos nesta Constituição;

(PC-SP 2018)
Não contraria a Constituição o art. 15, § 1º, do DL 3.365/1941 (Lei da Desapropriação por
Utilidade Pública). (Súmula 652, STF)
Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% ao ano.
(Súmula 618, STF)
É constitucional o percentual de juros compensatórios de 6% (seis por cento) ao ano
para a remuneração do proprietário pela imissão provisória do ente público na posse
do seu bem, na medida em que consiste em ponderação legislativa proporcional entre o
direito constitucional do proprietário à justa indenização (art. 5º, XXIV, CF/88) e os princípios
constitucionais da eficiência e da economicidade (art. 37, caput, CF/88). (ADI 2.332, rel. min.
Roberto Barroso, j. 17-5-2018, P, DJE de 16-4-2019)

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de


propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

(PC-AP 2017) (PC-DF 2015) (PC-GO 2017) (PC-GO 2018) (PC-MS 2017)

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família,
não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

(PC-DF 2015)
A norma que torna impenhorável determinado bem desconstitui a penhora
anteriormente efetivada, sem ofensa de ato jurídico perfeito ou de direito adquirido do
credor. (RE 136.753, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 13-2-1997, P, DJ de 25-4-1997)

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de


suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

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a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e


voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que


participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e
associativas;

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes
de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País;

XXX - é garantido o direito de herança;

A Constituição garante o direito de herança, mas a forma como esse direito se exerce é
matéria regulada por normas de direito privado. (ADI 1.715 MC, rel. min. Maurício Corrêa, j.
21-5-1998, P, DJ de 30-4-2004)

XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do "de cujus";

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas
veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). "Consumidor", para os efeitos
do CDC, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade
bancária, financeira e de crédito. (ADI 2.591 ED, rel. min. Eros Grau, j. 14-12-2006, P, DJ de
13-4-2007)
As normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das
transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e
Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor. (RE
636.331, rel. min. Gilmar Mendes, j. 25-5-2017, P, DJE de 13-11-2017)

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011)

É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos


de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
defesa. (Súmula Vinculante 14)
O parlamentar, na condição de cidadão, pode exercer plenamente seu direito fundamental
de acesso a informações de interesse pessoal ou coletivo, nos termos do art. 5º, inciso

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XXXIII, da CF e das normas de regência desse direito. (RE 865.401, rel. min. Marco Aurélio,
j. 25-4-2018, P, DJE de 19-10-2018)
É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela administração
pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos
e vantagens pecuniárias. (ARE 652.777, rel. min. Teori Zavascki, j. 23-4-2015, P, DJE de
1º-7-2015)

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

(PC-GO 2018)

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder;

(PC-AC 2017)
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens
para admissibilidade de recurso administrativo. (Súmula Vinculante 21)
A natureza jurídica da reclamação não é a de um recurso, de uma ação e nem de um
incidente processual. Situa-se ela no âmbito do direito constitucional de petição
previsto no art. 5º, XXXIV, da CF. (ADI 2.212, rel. min. Ellen Gracie, j. 2-10-2003, P, DJ de
14-11-2003)

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de


situações de interesse pessoal;

(PC-AC 2017)

O direito à gratuidade das certidões, contido no art. 5º, XXXIV, b, da Carta Magna,
também inclui as certidões emitidas pelo Poder Judiciário, inclusive aquelas de
natureza forense. (ADI 2.259, rel. min. Dias Toffoli, j. 14-2-2020, P, DJE de 25-3-2020)

3 – QUESTÕES COMENTADAS

As questões comentadas a seguir expostas também foram extraídas da Aula 01 da Professora


Nelma Fontana.

1. (2019/CESPE/TJ-BA/Juiz de Direito Substituto) No que se refere à liberdade de expressão,


à liberdade de imprensa e aos seus limites, assinale a opção correta.

A) De acordo com o STF, o consumo de droga ilícita em passeata que reivindique a


descriminalização do uso dessa substância é assegurado pela liberdade de expressão.

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B) A legislação pertinente determina que os comentários de usuários da Internet nas páginas


eletrônicas dos veículos de comunicação social se sujeitem ao direito de resposta do ofendido.

C) A publicação de informações falsas em veículos de comunicação social não está assegurada


pela liberdade de imprensa.

D) A retratação ou retificação espontânea de mensagem de conteúdo ofensivo à honra ou imagem


de outrem impede eventual direito de resposta do ofendido.

E) Além do direito de resposta, a liberdade de expressão garante o direito de acesso e exposição


de ideias em veículos de comunicação social.

Gabarito: C

A) Errada. O STF, na ADPF 187, assegurou a liberdade de consciência e a liberdade de


manifestação do pensamento, de forma que não poderá ser criminalizada a manifestação favorável
a uma mudança na legislação acerca do uso da maconha. Não houve nenhuma liberação do uso
da droga durante a passeata.

B) Errada. Os comentários realizados por usuários da internet nas páginas eletrônicas dos veículos
de comunicação não geram direito de resposta (Lei 13.188/2015, parágrafo 2º).

C) Certa. Informações falsas (fake news) geram para os meios de comunicação a responsabilidade
civil e ainda asseguram o direito de resposta ao ofendido. A Liberdade de imprensa não é absoluta.

D) Errada. A retratação ou retificação espontânea de mensagem de conteúdo ofensivo à honra ou


imagem de outrem não impede eventual direito de resposta do ofendido (Lei 13.188/2015, parágrafo
3º).

E) Errada. No caso, a garantia da exposição de ideias em veículos de comunicação é a liberdade


de imprensa e não a liberdade de expressão. O direito em questão é o de informação e não o de
expressão

2. (2018/FCC/Prefeitura de Caruaru/Procurador do Município) Ao dispor sobre o direito de


reunião, a Constituição brasileira

A) impede a indicação de medida coercitiva, em face de decretação de estado de defesa, que


importe em restrição ao exercício do direito de reunião no âmbito de associações.

B) garante seu exercício independentemente de autorização ou prévia comunicação sobre a


realização da reunião à autoridade administrativa competente.

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C) não veda medida preventiva do Poder Público voltada a impedir a utilização de carros de som
ou equipamentos assemelhados em manifestações públicas em praças e vias próximas à sede da
Prefeitura ou da Câmara Municipal.

D) veda medida preventiva do Poder Público com o objetivo de impedir a realização de reunião em
local aberto ao público em virtude de outra reunião anteriormente convocada para o mesmo espaço
ou local.

E) não veda medida preventiva do Poder Público com o objetivo de impedir a participação em
reunião de cidadãos munidos com arma de fogo, ainda que possuam autorização de porte nos
termos da lei.

Gabarito: E

A) Errado. O direito de reunião, assim como os demais direitos fundamentais, não é absoluto. O
estado de defesa, dadas as circunstâncias da medida, restringe a aplicação de alguns direitos
fundamentais, inclusive o direito de reunião (artigo 136, parágrafo 1º, inciso I, a).

B) Errado. O exercício do direito de reunião embora não esteja condicionado à prévia autorização
de autoridade administrativa, depende de prévia comunicação ao poder público.

C) Errado. Fere a liberdade de expressão e o direito de reunião a proibição de utilização de carros


de som em manifestações públicas em locais públicos (ADI 1969-DF).

D) Errado. Uma reunião não pode frustrar outra reunião previamente comunicada ao poder público
(artigo 5º, inciso XVI, da CF).

E) Certo. O direito de reunião não se coaduna com a utilização de armas, ainda que os
manifestantes tenham o porte (artigo 5º, inciso XVI, da CF).

3. (2018/COSEAC/Prefeitura de Maricá/ Procurador do Município) A respeito dos direitos e


garantias fundamentais, de acordo com a Constituição Federal de 1988 e do entendimento
consolidado dos Tribunais Superiores, é correto afirmar que:

A) a garantia de imunidade de domicílio não abrange aposentos habitados de pensões, hotéis e


congêneros.

B) a garantia do sigilo bancário impede que a Receita Federal possa requerer das instituições
financeiras informações a respeito de contas bancárias de pessoas sob fiscalização tributária.

C) os direitos e garantias fundamentais não são aplicáveis aos estrangeiros não residentes no país,
mesmo que a violação ocorra enquanto estão em território brasileiro.

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D) é vedada a criação de associações de caráter paramilitar, mas não de associações de classe


militar.

E) a Constituição da República assegura a gratuidade dos registros de nascimento, mas não a


gratuidade dos registros de casamento e óbito.

Gabarito: D

A) Errado. A garantia constitucional é ampla e contempla qualquer compartimento fechado, não


aberto ao público.

B) Errado. LC 105/2001, artigo 6º.

C) Errado. Estrangeiros também são titulares de direitos fundamentais. Universalidade.

D) Certo.

E) Errado. A CF assegura, aos pobres, gratuidade de certidão de nascimento e de óbito.

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL


Iremos estudar o seguinte ponto do seu edital:

PONTO 1: Organizações Criminosas (Leis nº 12.694/2012 e 12.850/2013) -Direito Penal


PONTO 1: 6 Lei do Crime Organizado (Lei 12.850, de 2013). -Direito Processual Penal

Colegas, vamos adentrar, efetivamente, no estudo dos nossos temas de hoje. E partiremos de um
assunto que, de acordo com os Estudos Estratégicos, apareceu em nada menos que 80
alternativas (!!!) nas provas de primeira fase dos concursos Delegado da Polícia Civil nos últimos
5 anos.

Além disso, ressalto que a Lei passou por importantes reformas legislativas, situação que as bancas
sempre gostaram de explorar! Por isso, atenção redobrada quando estudarem as inovações.

Não bastasse alta incidência, a matéria tem um alto custo-benefício, porque o seu estudo ainda
pode ser reaproveitado para a elaboração da sua peça processual (principalmente quanto ao
instituto do agente infiltrado!!).

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Em razão das características do ponto em comento, o estudo contará com Pílulas Estratégicas de
Doutrina, Excertos do Vade-mécum Estratégico e Questões Comentadas, que já dão a base
suficiente para enfrentar as questões da prova objetiva.

1 - PÍLULAS ESTRATÉGICAS DE DOUTRINA

Faremos nosso estudo de Legislação Extravagante em Reta Final a partir, principalmente, das
Aulas do Professor Vitor de Luca, no Curso Regular, extraindo conceitos, classificações e o
instrumental teórico necessário à compreensão e melhor assimilação (e memorização) dos
diplomas normativos.

Chamo a atenção de vocês para o fato de que, eventuais observações ou considerações a serem
feitas por mim, estarão identificadas com a presente formatação sombreada.

Vejamos as lições fornecidas pelo Professor Vitor de Luca (Aula 15 – Legislação Penal Especial):

Com a Lei 12.850/13 a organização criminosa deixou de ser uma forma de praticar crime para se
tornar delito autônomo. Cuida-se de uma novatio legis incriminadora. Logo, não retroage para
alcançar fatos cometidos antes de sua vigência

1. Delito de Organização Criminosa

A Lei 12.850/13 detém 5 finalidades, segundo se infere do art. 1º, caput1: a) define organização
criminosa; b) dispõe sobre investigação criminal das organizações criminosas; c) cuida dos meios
de obtenção de prova; d) estabelece sanções penais; e) versa sobre o procedimento criminal
aplicável.

 Esses meios de obtenção de provas descritos na Lei 12.850/13 (ex: ação controlada,
colaboração premiada, agente infiltrado, dentre outros) podem ser aplicados para crimes não
catalogados como organização criminosa:
o Às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando,
iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro,
ou reciprocamente

1
Art. 1º, caput, da Lei 12850/13: Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobe a investigação criminal, os meios de
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.

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o Às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para aa prática dos


atos de terrorismo legalmente definidos.

Bem Jurídico tutelado – O delito de organização criminosa visa proteger a paz pública.

Sujeito ativo – Cuida-se de crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa) e
plurissubjetivo, porquanto o delito de organização criminosa exige, no mínimo, 4 pessoas. Lembre-
se, por oportuno, que nesse número mínimo de 4 pessoas para a configuração do delito de
organização criminosa pode ser computado agente(s) inumputável(is).

OBS: Nesse cálculo de 4 pessoas para a configuração de organização criminosa não é contado o
agente infiltrado2 (aquele que ingressa na sociedade criminosa com o escopo de colher informes
com a finalidade de obter o seu desmantelamento).

Sujeito passivo – Trata-se de crime vago, pois o sujeito passivo é a coletividade.

Elementos objetivos do tipo – É um tipo penal misto alternativo. Diante de um mesmo contexto
fático, se o agente praticar mais de uma conduta delineada no tipo penal responderá tão somente
por um único delito, com base no princípio da alternatividade.

São 4 as condutas previstas no artigo 2º da Lei 12850/13:

I. Promover.
II. Constituir.
III. Financiar.
IV. Integrar.

São 3 os pressupostos fixados em lei para o reconhecimento da organização criminosa.

Associação de 4 ou mais pessoas: É indispensável a estabilidade e a permanência. OBS: O


agente infiltrado não pode ser levado em conta como membro do grupo para se obter o número
legal de 4 integrantes.
Estrutura ordenada que se caracteriza pela divisão de tarefas, ainda que informalmente.

2
O agente infiltrado não age com o indispensável animus associativo, pois visa justamente a destruição desse grupo criminoso.

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Finalidade de obtenção de vantagem de qualquer natureza mediante a prática de infrações


penais (crimes e contravenções penais) cujas penas máximas sejam superiores a 4
(quatro) anos, ou de caráter transnacional. Ante a ausência de qualquer ressalva pelo
legislador, conclui-se que as infrações penais abrangem tanto os crimes comuns (julgados pela
Justiça Estadual e Federal) como os crimes eleitorais e militares (julgados respectivamente pelas
Justiças Eleitoral e Militar). É fundamental que a organização criminosa seja efetivada antes
da deliberação dessas infrações. Não confunda organização criminosa com concurso de
pessoas. Na organização criminosa primeiro reúne-se as pessoas para posteriormente deliberar
quais infrações penais serão praticadas. Já no concurso de pessoas reúne-se os membros com
os delitos a serem praticados já previamente deliberados.

Elemento subjetivo – É o dolo consubstanciado no animus associativo. É necessário ainda


especial fim do agente, qual seja, de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza mediante a prática de infrações penais com penas máximas superiores a 4 anos ou de
caráter transnacional3.

Consumação – Por ser considerado um crime formal (de resultado cortado ou de consumação
antecipada), consuma-se com a mera associação de 4 pessoas para a prática de infrações penais
com pena máxima superior a 4 anos ou de caráter transnacional. Assim, consuma-se o crime com
a societatis criminis, independentemente dessa organização criminosa praticar qualquer delito por
ela planejado. Se os agentes praticarem as infrações penais para as quais se associaram,
responderão também pelos ilícitos cometidos em concurso material com o crime de organização
criminosa.

Por oportuno, alertamos para não confundir a definição de crime organizado por natureza com o
conceito de crime organizado por extensão. Essa alerta foi dada pelo professor Renato Brasileiro
de Lima:

A expressão crime organizado por natureza refere-se à punição, de per si, pelo crime de
organização criminosa, ou seja, pelo tipo penal do art. 2°, caput, da Lei n° 12.850/13, ou pelos
delitos de associação criminosa (CP, art. 288; Lei n° 11.34 3/06, art. 35). Noutro giro, a expressão
crime organizado por extensão refere-se às infrações penais praticadas pela organização
criminosa ou pelas associações criminosas.

3
Para os delitos de caráter transnacional não importa o quantum da pena. Delito transnacional é aquele que transcende o
território nacional.

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Estamos diante de um delito permanente.

Logo, o agente pode ser preso em flagrante delito enquanto não cessar a permanência
(art. 303 do CPP), o prazo prescricional apenas inicia-se quando cessar a permanência
(art. 111, III, do CP) e no delito de organização criminosa aplica-se o verbete sumular
711 do STF (A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.

Atenção (!!!) A organização criminosa é incompatível com a figura tentada. Leciona Renato
Brasileiro de Lima:

Considerando-se que o art. 2º da Lei 12.850/13 exige a existência de uma organização


criminosa, conclui-se que, presentes a estabilidade e a permanência do agrupamento, o
delito estará consumado; caso contrário, o fato será atípico. Em síntese, os atos
praticados com o objetivo de formar a associação (anteriores à execução de qualquer
dos núcleos) são meramente preparatórios.4

Figura equiparada

Art. 2º, §1º, da Lei 12.850/13 – Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma,
embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa.

 Trata-se do delito também conhecido como obstrução ou embaraço de infração penal


referente à organização criminosa.

Aqui, o bem jurídico tutelado é a Administração da Justiça (e não mais a paz pública) e o sujeito
passivo é o Estado-Administração.

4
BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Volume único. 6ª edição. Salvador: Editora
JusPodvm, 2018, p.677.

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Observe que o tipo penal em comento faz referência à obstrução ou ao embaraço na fase
investigativa de infração penal referente à organização criminosa. Diante disso, indago-lhe: Haverá
esse crime tal obstrução ocorrer em sede de processo judicial?

Segundo a jurisprudência firmada pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça nos autos do
HC de nº 487.962-SC:

[...] 3. A tese de que a investigação criminal descrita no art. 2º, § 1º, da Lei nº
12.850/13 cinge-se à fase do inquérito, não deve prosperar, eis que as investigações
se prolongam durante toda a persecução criminal, que abarca tanto o inquérito policial
quanto a ação penal deflagrada pelo recebimento da denúncia. Com efeito, não havendo
o legislador inserido no tipo a expressão estrita "inquérito policial", compreende-se ter
conferido à investigação de infração penal o sentido de persecução penal, até porque
carece de razoabilidade punir mais severamente a obstrução das investigações do
inquérito do que a obstrução da ação penal. Ademais, sabe-se que muitas diligências
realizadas no âmbito policial possuem o contraditório diferido, de tal sorte que não é
possível tratar inquérito e ação penal como dois momentos absolutamente
independentes da persecução penal. (HC 487.962/SC, Rel. Ministro JOEL ILAN
PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 28/05/2019, DJe 07/06/2019)

OBS: Esse tipo penal descrito no art. 2º, §1º, da Lei 12.850/13 é especial em relação ao delito de
coação no curso do processo (art. 344 do CP).

Majorante do Emprego da Arma de Fogo

É dispensável a apreensão da arma de fogo, desde que a sua utilização fique demonstrada por
outros meios de prova.

Agravante referente ao comando da organização criminosa

Essa agravante aplica-se ao autor intelectual (ou de escritório), ainda que não pratique
pessoalmente os atos executórios. Para evitar o indevido bis in idem, a atenuante do art. 2º, §3º,
da Lei 12850/13 afasta a incidência concomitante da prevista no art. 62, I, do CP5.

5
Art. 62 do CP: A pena será ainda agravada em relação ao agente que:

I – promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;

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Perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e interdição para o exercício de função ou cargo
público

Cuida-se do efeito extrapenal da sentença condenatória definitiva, independentemente da


quantidade de pena imposta ao agente.

Da mesma forma que ocorre na Lei da Tortura (art. 1º, §5º, da Lei 9.455/97), esse efeito é
automático, dispensando motivação expressa na sentença condenatória.

Repare ainda que a lei não admite o afastamento cautelar do detentor de mandato
eletivo (art. 2º, §5º, da Lei 12850/13), porém admite a perda do mandato eletivo como
efeito extrapenal da sentença penal condenatória transitada em julgado (art. 2º, §6º).

No que se refere ao mandato eletivo, prevalece no campo doutrinário que essa perda deve ser
votada no Congresso Nacional, por ser matéria interna corporis, nos moldes do art. 55, §2º,
da CF, ou seja, existindo o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a perda do mandato
será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto aberto e maioria
absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegura ampla defesa. Essa regra da perda do mandato eletivo também
alcança os deputados estaduais e distritais, por força do art. 27, §1º, da CF. Todavia, vale destacar
que o STF já decidiu que a perda é exequível imediatamente após o manto da coisa julgada, pouco
importando se o agente exercia ou não o mandato eletivo ao tempo do julgamento. Eis a questão
de ordem apreciada na Ação Penal 565 pelo Supremo Tribunal Federal:

QUESTÃO DE ORDEM NA AÇÃO PENAL. CONSTITUCIONAL. PERDA


DE MANDATO PARLAMENTAR. SUSPENSÃO E PERDA DOS
DIREITOS POLÍTICOS.
1. A perda do mandato parlamentar, no caso em pauta, deriva do
preceito constitucional que impõe a suspensão ou a cassação dos direitos políticos.
2. Questão de ordem resolvida no sentido de que, determinada a suspensão dos direitos
políticos, a suspensão ou a perda do cargo são medidas decorrentes do julgado e imediatamente
exequíveis após o trânsito em julgado da condenação criminal, sendo desimportante para a
conclusão o exercício ou não de cargo eletivo no momento do julgamento. (AP-QO 396,
Relatora: Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 26/06/2013, publicado em 04/10/2013, Tribunal
Pleno)

Cabe ainda pontuar que a perda do cargo se refere àquele que já era ocupado pelo agente.
Já a interdição diz respeito à impossibilidade de o agente vir a ocupar qualquer função estatal no
prazo de 8 anos, ou seja, seus efeitos projetam-se para o futuro.

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Investigação de policiais envolvidos com organizações criminosas

Chamo atenção de vocês para o normativo do art. 2º, §7º, que determina uma situação excepcional
caso a investigação sobre alguma organização criminosa indique a participação de alguém da força
policial. Nesse caso, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao
Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão.

Diferenças entre associação criminosa do art. 288 do CP e organização criminosa

Podem ser observadas 4 grandes diferenças entre associação criminosa e organização criminosa.

ASSOCIAÇÃO ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA


CRIMINOSA
Número mínimo de Exige-se o mínimo de 3 Exige-se, ao menos, 4 pessoas.
integrantes pessoas.
Objetivo Visa a prática de crimes, Visa a prática de infrações penais
independentemente da (crimes e contravenções penais)
pena cominada. cujas penas sejam superiores a 4
anos, ou que sejam de caráter
transnacional.
Divisão de tarefas Não se exige divisão de Para a configuração da organização
tarefas entre os agentes criminosa é indispensável a
para a sua configuração. existência de uma estrutura
ordenada e a existência de uma
divisão de tarefas.
Especial fim de agir Apresenta como especial Apresenta como especial fim de agir
fim de agir a prática de a obtenção, direta ou indireta, de
crimes. vantagem de qualquer natureza.

2. Demais Crimes da Lei

Esses tipos penais estão intimamente ligados aos meios extraordinários de obtenção de provas
descritos na Lei 12.850/13 (colaboração premiada, agente infiltrado, ação controlada, quebra de
sigilos, etc). Com o propósito de assegurar a eficácia e a eficiência desses meios de obtenção de
provas, a Lei 12.850/13 criou tipos penais intimamente ligados com tais meios.

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 Art. 18: revelação sobre a pessoa do colaborador

O art. 5º, II, da Lei 12850/13 assegura ao agente colaborador sigilo quanto ao seu nome,
qualificação, imagem e demais informações pessoais. Além do mais, o art. 5º, V, da Lei 12850/13
anuncia ser direito do colaborador não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação,
sem sua prévia autorização por escrito.

OBS: Se a identidade revelada for do agente infiltrado, o fato será atípico. O crime é punido à título
de dolo (eventual e direto).

 Art. 19: Colaboração Fraudulenta

Esse delito pode ser cometido por 2 formas: a) Colaboração caluniosa6: imputar falsamente, sob
pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que sabe inocente. b)
colaboração fraudulenta: o colaborador revela informações sobre a estrutura de organização
criminosa que sabe inverídicas. Essa conduta admite inúmeros meios de execução (escrito,
palavras, gestos, etc.), sendo, portanto, um crime de execução livre.

Ambas as formas não têm compatibilidade com o dolo eventual, apenas o direto. Assim, se o
colaborador está convencido da veracidade das imputações e das revelações, o crime não se
aperfeiçoa por ausência de dolo.

 Art. 20 Descumprimento do sigilo sobre ação controlada e infiltração de agentes

Esse delito pode ser praticado por ação (ex: o agente revela dados sigilosos) ou omissão (ex: o
agente por meio de sua inação permite que terceiros tenham acesso a dados cobertos pelo sigilo).

Pouco importa se o sigilo revelado é feito a um outro funcionário público não autorizado ou a um
particular. O legislador protege o sigilo nas investigações, porquanto em sede processual o
advogado terá acesso a todas as peças produzidas ao longo do inquérito policial.

Se existir justa causa para a revelação exclui-se a ilicitude do fato. Admite-se o sursi processual

6
Diferentemente do que ocorre com a denunciação caluniosa (art. 339 do CP), o art. 19 da Lei 12850/13 dispensa que da falsa
imputação resulte a instauração de um procedimento oficial em face do inocente imputado.

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 Art. 21: recusar ou omitir informações requisitadas pelas autoridades

Atenção: Servidor público não pratica esse delito, podendo, a depender do caso concreto, praticar
o delito de prevaricação (art. 319 do CP7). Para os particulares, esse tipo penal apresenta-se como
uma figura delituosa especial em relação ao delito de desobediência (art. 330 do CP

Vale dizer, independentemente de ordem judicial, o membro do MP e a autoridade policial pode


requisitar diretamente dados cadastrais de investigado constante em instituição financeira,
operadoras de telefonia, etc.

3. Aspectos Processuais

Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os
seguintes meios de obtenção da prova:

I. Colaboração premiada;
II. Captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;
III. Ação controlada;
IV. Acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de
dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais;
V. Interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica;
VI. Afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica;
VII. Infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11;
VIII. Cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas
e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.

Vamos comentar os pontos mais relevantes sobre esses meios de obtenção de prova.

7Art. 319 do CP: Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

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3.1. Interceptação ambiental (Art. 3º, II, da Lei 12.850/13 – Captação ambiental de sinais
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos)

Será considerada como comunicação ambiental toda aquela que não for telefônica, ou melhor, é
aquela que ocorre no próprio ambiente sem a utilização de qualquer meio ou método artificial de
transmissão de som e imagem.

É ainda fundamental fazer a distinção entre interceptação telefônica, escuta telefônica,


gravação telefônica, comunicação ambiental, interceptação ambiental, escuta ambiental e
gravação ambiental.

Sobre o assunto, vale a pena destacar a lição do professor Renato Brasileiro de Lima.

 Interceptação telefônica (ou interceptação em sentido estrito): consiste na captação da


comunicação telefônica alheia por um terceiro, sem o conhecimento de nenhum dos
comunicadores. Essa é a interceptação em sentido estrito
 Escuta telefônica: é a captação da comunicação telefônica por terceiro, com o
conhecimento de um dos comunicadores e desconhecimento do outro.

Para a 5ª Turma do STJ (REsp 1630097/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 18/04/2017, DJe
28/04/2017), sem consentimento do acusado ou prévia autorização judicial, é ilícita a prova,
colhida de forma coercitiva pela polícia, de conversa travada pelo investigado com terceira
pessoa em telefone celular, por meio do recurso ‘viva-voz’, que conduziu ao flagrante do crime
de tráfico ilícito de entorpecentes no interior de sua residência.

 Gravação telefônica ou gravação clandestina: é a gravação da comunicação telefônica


feita por um dos comunicadores, ou seja, trata-se de uma autogravação
 Comunicação ambiental: refere-se às comunicações realizadas diretamente no meio
ambiente, sem transmissão e recepção por meios físicos, artificiais, como fios elétricos,
cabos óticos etc
 Interceptação ambiental: é a captação sub-reptícia de uma comunicação no próprio
ambiente dela, por um terceiro, sem conhecimento dos comunicadores.
 Escuta ambiental: é a captação de uma comunicação, no ambiente dela, feita por terceiro,
com o consentimento de um dos comunicadores.
 Gravação ambiental: é a captação no ambiente da comunicação feita por um dos
comunicadores (ex. gravador, câmeras ocultas etc.) .

Questões: A captação ambiental é lícita? Essa captação ambiental necessita de prévia autorização
da autoridade judiciária competente?

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O melhor caminho para responder essa indagação é analisar o local em que essa gravação é
realizada. Dessa forma, vamos analisar as seguintes hipóteses.

I. Captação de conversa alheia realizada em local público: Na espécie, em virtude de a conversa


ter sido realizada em local público, não há expectativa de privacidade. Houve renúncia à proteção
da intimidade ou da vida privada. Dessa forma, essa captação pode ser feita independente de
prévia autorização judicial.

II. Captação de conversa alheia realizada em local público, porém com natureza sigilosa
expressamente declarada pelos interlocutores: Na espécie, ante o caráter sigiloso ressaltada
por, ao menos, um dos interlocutores é indispensável a prévia autorização judicial, ainda que a
conversa ocorra em local público.

Obs.: É válida a captação ambiental de uma conversa travada entre advogado e seu
cliente em local público, porém com conteúdo sigiloso?

Nessa situação nem menos uma autorização judicial poderá dar legitimidade à
captação ambiental dessa conversa, porquanto ao advogado é assegurado o sigilo
profissional para exercer o seu mister.

III. Captação de conversa alheia realizada em local privado: A conversa realizada em local
privado está acobertada pelo direito à inviolabilidade domiciliar (art. 5º, XI, da Constituição
Federal8). Dessa forma, é forçoso concluir que pode ser feita a captação dessa conversa, desde
que tenha prévia autorização judicial.

A gravação clandestina e o Direito à privacidade

A gravação clandestina sem autorização judicial deve ser analisada à luz do princípio da
proporcionalidade, ou seja, é considerada válida quando tal gravação visa produzir prova de ser
vítima de uma ação criminosa praticada por outrem. Essa é a posição do Supremo Tribunal Federal.
Vejamos:

8
Art. 5º, XI, da CF: A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

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PROVA. Criminal. Conversa telefônica. Gravação clandestina,


feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro.
Juntada da transcrição em inquérito policial, onde o interlocutor
requerente era investigado ou tido por suspeito. Admissibilidade.
Fonte lícita de prova. Inexistência de interceptação, objeto de vedação constitucional. Ausência
de causa legal de sigilo ou de reserva da conversação. Meio, ademais, de prova da alegada
inocência de quem a gravou. Improvimento ao recurso. Inexistência de ofensa ao art. 5º, incs. X,
XII e LVI, da CF. Precedentes. Como gravação meramente clandestina, que se não confunde com
interceptação, objeto de vedação constitucional, é lícita a prova consistente no teor de
gravação de conversa telefônica realizada por um dos interlocutores, sem conhecimento do
outro, se não há causa legal específica de sigilo nem de reserva da conversação, sobretudo
quando se predestine a fazer prova, em juízo ou inquérito, a favor de quem a gravou. (RE
402717, Relator: Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 02/12/2008).

Obs.: com o escopo de manter o sigilo das investigações, em caso de necessidade justificada,
o legislador dispensou a licitação para aquisição desses bens ou para a contratação de serviços
especializados, bem como a publicação resumida do instrumento do contrato ou de seus
aditamentos na imprensa oficial.

3.2. Colaboração Premiada

Importante inovação restou prevista no art. 3º-B da Lei nº 12.850/13, com redação dada pela Lei nº
13.964/19, porquanto o recebimento da proposta de formalização de acordo de delação premiada
fixa o início das negociações e representa o marco de confidencialidade. Logo, configura violação
de sigilo e quebra de confiança e de boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de documento
que as formalize, até o levantamento do sigilo por decisão judicial.

Caso não haja o indeferimento sumário da proposta de acordo de colaboração premiada, com a
devida justificativa, as partes firmarão o indispensável Termo de confidencialidade para continuar
as tratativas, o que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e obstará qualquer indeferimento
posterior sem justa causa.

A colaboração tem que ser voluntária, ou seja, o agente tem quer vontade livre para
realizar esse acordo. Não necessita ser espontânea

Atenção (!!!) O mero recebimento da proposta de colaboração para análise ou a assinatura do


Termo de Confidencialidade não implica, por si só, na suspensão da investigação, salvo se
existir acordo em sentido contrário no tocante à propositura de medidas processuais cautelares e
assecuratórias, assim como medidas processuais cíveis admitidas na legislação processual civil em
vigor.

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Questão: Qual é a diferença entre colaboração premiada e delação premiada?

Colaboração premiada deve ser compreendida como gênero9, do qual a delação premiada seria
uma de suas espécies. Delação premiada, também conhecida como chamamento de corréu,
ocorre quando o acusado, além de confessar a sua participação na empreitada criminosa, aponta
também quem são os demais comparsas. Contudo, além de confessar o crime, o agente pode
ajudar os órgãos de persecução penal sem delatar seus comparsas, noticiando, por exemplo, o
local em que se encontra o produto do crime. Nesse caso não há delação premiada (espécie), mas
existe colaboração premiada (gênero).

Além de optar pelo não exercício do direito constitucional de permanecer em silêncio, o


colaborador deve assumir o compromisso legal de dizer a verdade.

Por qual motivo o colaborador ainda deve prestar o compromisso de dizer a verdade?

Inicialmente cabe pontuar que o colaborador não responde pelo delito de falso testemunho
(art. 342 do Código Penal), pois o crime mencionado exige uma qualidade especial do sujeito ativo,
qual seja, ser testemunha, status que não pode ser atribuído ao colaborador, que é
necessariamente um partícipe ou coautor da infração penal. A justificativa para o colaborador
prestar o compromisso legal de dizer a verdade se dá em razão do crime previsto no art. 19
da Lei 12850/1310, pois o colaborador pode praticar tal crime se imputar, falsamente, sob o
pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração a pessoa que sabe ser inocente, ou
revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas.

Lembre-se que nenhuma tratativa sobre a colaboração premiada deve ser realizada sem
a presença do advogado constituído ou defensor público. Em caso de eventual conflito
de interesses, ou de colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá solicitar a presença
de outro advogado ou a participação de defensor público.

9Observe que a própria Lei 12850/13 emprega a terminologia mais adequada, porquanto nos arts. 3º, I, 4º, 5º, 6º e 7º o termo
emprego é colaboração premiada ao invés da expressão delação premiada.

10Art. 19 da Lei 12.850/13: Imputar, falsamente, sob o pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração a pessoa
que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

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Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de
nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra
finalidade. Trata-se da adoção do dever de lealdade e boa –fé (queen for a day/proffer session – se não for
firmado o acordo, todas as informações dadas pelo colaborador devem ser desconsideradas).

A colaboração inicial prestada diante de um Delegado de Polícia perde relevância se não for ratificada em
juízo, por não ter contribuído de fato para o alcance do resultado previsto em lei. Afinal de contas, “em
qualquer caso a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as
circunstancias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração” (art. 4º,
§1º, da Lei 12.850/13).
==ae741==

Se a colaboração ocorrer antes da sentença, ou seja, o agente colaborador pode ter sua pena
reduzida em até dois terços (2/3). Se a colaboração ocorrer após a sentença, ou seja, essa pena
poderá ser reduzida em até metade (1/2).

Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações do
agente colaborador (art. 4º, §16, da Lei 12850/13). As declarações do colaborador devem se somar
aos demais elementos probatórios produzidos em juízo. Daí que surge a regra da corroboração,
isto é, o agente colaborador deve trazer aos autos elementos de prova capazes de demonstrar a
veracidade de suas declarações.

Questão: Terceiro pode impugnar acordo de colaboração premiada já homologado?

A resposta é negativa. Esse tema foi enfrentado pelo Supremo Tribunal Federal, ocasião em que um dos réus
na operação Lava-Jato impetrou no STF habeas corpus contra ato do Min. Teori Zavascki, que homologou o
acordo de delação premiada de Alberto Youssef. Veja parte do julgado:

6. Por se tratar de negócio jurídico personalíssimo, o acordo de colaboração premiada


não pode ser impugnado por coautores ou partícipes do colaborador na organização
criminosa e nas infrações penais por ela praticadas, ainda que venham a ser
expressamente nominados no respectivo instrumento no “relato da colaboração e seus
possíveis resultados” (art. 6º, I, da Lei nº 12.850/13). 7. De todo modo, nos
procedimentos em que figurarem como imputados, os coautores ou partícipes delatados
- no exercício do contraditório - poderão confrontar, em juízo, as declarações do
colaborador e as provas por ele indicadas, bem como impugnar, a qualquer tempo, as
medidas restritivas de direitos fundamentais eventualmente adotadas em seu desfavor.
8. A personalidade do colaborador não constitui requisito de validade do acordo de
colaboração, mas sim vetor a ser considerado no estabelecimento de suas cláusulas,
notadamente na escolha da sanção premial a que fará jus o colaborador, bem como no
momento da aplicação dessa sanção pelo juiz na sentença (art. 4º, § 11, da Lei nº

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12.850/13). 9. A confiança no agente colaborador não constitui elemento de existência


ou requisito de validade do acordo de colaboração. 11. Os princípios da segurança
jurídica e da proteção da confiança tornam indeclinável o dever estatal de honrar o
compromisso assumido no acordo de colaboração, concedendo a sanção premial
estipulada, legítima contraprestação ao adimplemento da obrigação por parte do
colaborador. 12. Habeas corpus do qual se conhece. Ordem denegada. (HC 127483,
Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 27/08/2015)

Ademais, atenção, o descumprimento de cláusulas do acordo de colaboração premiada ou a


frustração na sua realização não autoriza, por si só, na decretação da prisão preventiva.

HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. PRISÃO PREVENTIVA. ACORDO DE


COLABORAÇÃO PREMIADA. DESCUMPRIMENTO. CAUSA DE IMPOSIÇÃO DE
PRISÃO PROCESSUAL. DESCABIMENTO. ORDEM CONCEDIDA.

1. A prisão processual desafia a presença de algum dos requisitos previstos no art. 312
do CPP.

2. Inexiste relação necessária entre a celebração e/ou descumprimento de acordo de


colaboração premiada e o juízo de adequação de medidas cautelares gravosas. 3. A teor
do art. 316, CPP, a imposição de nova prisão preventiva desafia a indicação de base
empírica idônea e superveniente à realidade ponderada no momento da anterior
revogação da medida prisional.

4. Ordem parcialmente concedida, com confirmação da liminar deferida. (HC 138207,


Relator: Min. EDSON FACHIN, Segunda Turma, julgado em 25/04/2017)

Questão: Em que momento deve o réu não colaborador deve apresentar suas alegações finais?

Em julgamento realizado em 27/08/2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o réu delatado
tem o direito de apresentar suas alegações finais depois do réu delator. “O direito fundamental
ao contraditório e à ampla defesa deve permear todo o processo legal, garantindo-se sempre a
possibilidade de manifestações oportunas da defesa, bem como a possibilidade de se fazer ouvir
no julgamento e de oferecer, por último, os memoriais de alegações finais. Pouco importa, na
espécie, a qualificação jurídica do agente acusador: Ministério Público ou corréu colaborador.

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3.3. Ação Controlada

A ação controlada é uma técnica especial de investigação por meio do qual é postergado a ação
dos órgãos estatais incumbidos da persecução penal para intervir no melhor momento sob o ponto
de vista de obtenção de provas e de informações.

Não confunda ação controlada com flagrante esperado. Na ação


controlada, o agente já se encontra em estado de flagrância. No flagrante
esperado, a polícia é previamente avisada da prática de uma infração penal,
dirige-se ao locus delicti e aguarda, de maneira escondida, a realização do
ilícito penal para prender o agente em flagrante delito. OBS: O flagrante esperado é válido,
porquanto o auto do fato criminoso age por sponte propria.

Na Lei das Organizações Criminosas, a ação controlada para a sua efetivação não necessita de
prévia autorização judicial. Todavia, iniciada a ação controlada, o juiz deverá ser comunicado
e, se for o caso, estabelecerá os limites e comunicará ao Ministério Público. Em resumo, não
necessita de prévia autorização judicial.

O Superior Tribunal de Justiça já sedimentou que “a ação controlada prevista no § 1° do art. 8° da


Lei n. 12.850/2013 não necessita de autorização judicial. A comunicação prévia ao Poder Judiciário,
a seu turno, visa a proteger o trabalho investigativo, de forma a afastar eventual crime de
prevaricação ou infração administrativa por parte do agente público, o qual responderá por
eventuais abusos que venha a cometer.” (STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 18/08/2020 - Informativo 677).

OBS: Alguns doutrinadores apontam diferença entre a entrega vigiada e a ação controlada.
Todavia, a doutrina majoritária entende que entrega vigiada é uma espécie do gênero ação
controlada.

Por sua vez, a entrega vigiada pode ser classificada em:

Entrega vigiada limpa (ou com substituição) – nessa situação as remessas ilícitas são substituídas antes
de chegarem ao seu destino final por outro produto qualquer, eliminando, assim, o risco de extravio da
mercadoria.
Entrega vigiada suja (ou com acompanhamento) – nessa situação as remessas ilícitas não são substituídas,
exigindo, assim, monitoramento redobrado das autoridades para atenuar o risco de perda ou extravio de
objetos ilícitos.

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3.4. Infiltração de Agentes

No tocante a forma, a infiltração de agentes ainda pode ser catalogada em:

• infiltração preventiva: espécie de infiltração em que o agente acompanha o desenrolar da


organização criminosa, sem cometer ilícito penal, para ter uma intervenção no instante em que
ocorrer uma ação policial para desmantelar a organização criminosa.

• infiltração policial: espécie de infiltração em que o agente tem uma atuação ativa na organização
criminosa, chegando a praticar condutas ilícitas em nome dessa organização.

 O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade da
investigação, responderá pelos excessos praticados. Não é punível, no âmbito da infiltração,
a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta
diversa

OBS: Com o advento da Lei 13.441/17, que introduziu o art. 190-A no Estatuto da Criança e
Adolescente11, passou a existir no Brasil a infiltração de agentes virtual (eletrônica ou cibernética).

11
Art. 190-A do ECA. A infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar os crimes previstos
nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes
regras: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
I – será precedida de autorização judicial devidamente circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os
limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de
2017)
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou representação de delegado de polícia e conterá a
demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas
investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas
pessoas; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total
não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade
judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios parciais da operação de infiltração
antes do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441,
de 2017)
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

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4. Disposições Finais

Independentemente da quantidade da pena prevista para o tipo penal descrito na Lei 12850/13 ou
das infrações penais conexas, o legislador elegeu o procedimento ordinário para o desenrolar da
persecução penal judicial. Em sintonia com a princípio constitucional da razoável duração do
processo (art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal), a Lei 12850/13 ainda estabeleceu o prazo
máximo de 120 dias para a instrução processual em caso de réu preso, lapso temporal que
pode ser prorrogável por decisão motivada em caso da complexidade da causa ou por fato
procrastinatório atribuível ao réu.

2 - VADE-MÉCUM ESTRATÉGICO

CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.

(PC-CE 2015) (PC-DF 2015)


Na hipótese em que a atuação do agente na organização criminosa de tráfico de drogas
se limitava à lavagem de dinheiro, há possibilidade de aplicação de medidas cautelares
diversas da prisão quando constatada impossibilidade da organização continuar a
atuar, ante a prisão dos integrantes responsáveis diretamente pelo tráfico. (HC
376.169/GO, rel. min. Nefi Cordeiro, rel. p/ ac. min. Sebastião Reis Júnior, j. 01-12-2016)

II – dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário registrado ou


autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso tenha sido
atribuído no momento da conexão.
§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não será admitida se a prova puder ser obtida por outros
meios. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

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§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas


estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente,
com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que
sejam de caráter transnacional.

(PC-AC 2017) (PC-CE 2015) (PC-DF 2015) (PC-MA 2018)


O requisito "não ter integrado organização criminosa" incluso no inciso V do § 3º do art. 112
da LEP, para progressão de regime da mulher gestante, mãe ou responsável por criança ou
pessoa com deficiência, deve ser interpretado de acordo com a definição de organização
criminosa da Lei n. 12.850/2013. (HC 522.651-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 04/08/2020, DJe 19/08/2020)

§ 2º Esta Lei se aplica também:

(PC-CE 2015)

I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a


execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;

(PC-CE 2015)

II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de
terrorismo legalmente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016)

(PC-CE 2015)

Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa,


organização criminosa:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às
demais infrações penais praticadas.

(PC-ES 2019)

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação
de infração penal que envolva organização criminosa.

(PC-ES 2019)
O tipo penal previsto no art. 2º, §1º, da Lei 12.850/13 define conduta delituosa que
engloba o inquérito policial e a ação penal. (HC 487.962/SC, rel. min. Joel Ilan Paciornik, j.
28-05-2019)

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§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver


emprego de arma de fogo.

§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização


criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.

§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):

I - se há participação de criança ou adolescente;

II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa


condição para a prática de infração penal;

III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior;

IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas


independentes;

V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização.

§ 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização


criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução
processual.

§ 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo,


função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público
pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.

§ 7º Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a
Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que
designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão.

§ 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à disposição


deverão iniciar o cumprimento da pena em estabelecimentos penais de segurança máxima.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 9º O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime


praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de
pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos
probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

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CAPÍTULO II
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA

É legal o auxílio da agência de inteligência ao Ministério Público Estadual durante


procedimento criminal instaurado para apurar graves crimes em contexto de organização
criminosa. (STJ, HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 18/08/2020, DJe
25/08/2020)

Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já
previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:

(PC-ES 2019)

I - colaboração premiada;

(PC-ES 2019)

II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;

III - ação controlada;

No tocante ao flagrante retardado ou à ação controlada, a ausência de autorização


judicial não tem o condão de tornar ilegal a prisão em flagrante postergado, vez que o
instituto visa a proteger o trabalho investigativo, afastando a eventual responsabilidade
criminal ou administrava por parte do agente policial. (HC 424553/SP, rel. min. Reynaldo
Soares da Fonseca, j. 21-08-2018, DJE 28-08-2018)

IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de


bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais;

V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação


específica;

O prazo de 15 dias das interceptações telefônicas deve ser contado a partir da efetiva
implementação da medida (e não da decisão). (AgRg no RHC 114.973/SC, rel. min. Jorge
Mussi, j.19-05-2020)
Descobertos novos crimes durante a interceptação, a autoridade deve apurá-los, ainda
que que apenados com detenção (AgRg no RHC 114.973/SC, rel. min. Jorge Mussi, j. 19-
05-2020, DJE 27-05-2020)
O fato de a interceptação telefônica ter visado elucidar outra prática delituosa não
impede a sua utilização em persecução criminal diversa por meio do compartilhamento
da prova. (HC 128102/SP, rel. min. Marco Aurélio, j.09-12-2015)

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Durante interceptação telefônica deferida em primeiro grau de jurisdição, a captação


fortuita de diálogos mantidos por autoridade com prerrogativa de foro não impõe, por
si só, a remessa imediata dos autos ao Tribunal, sem que antes se avalie a idoneidade
e a suficiência dos dados colhidos. (HC 307.152/GO, rel. min. Sebastião Reis Júnior, rel.
p/ ac. min. Rogerio Schietti Cruz, j. 19-11-2015)
Não é necessária a transcrição integral das conversas interceptadas, desde que
possibilitado ao investigado o pleno acesso a todas as conversas captadas. (Inq
3693/PA, rel. min. Cármen Lúcia, j. 10-04-2014)
A interceptação telefônica é subsidiária e excepcional, só podendo ser determinada
quando não houver outro meio para se apurar os fatos tidos por criminosos. Assim, é ilegal
que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base em “denúncia
anônima”. (HC 108147/PR, rel. min. Cármen Lúcia, J. 11-12-2012)

VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica;

(PC-ES 2019)
É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de contas de
titularidade da Prefeitura Municipal, com o fim de proteger o patrimônio público, não se
podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário. (HC 308.493/CE, rel. min. Reynaldo
Soares da Fonseca, j. 20-10-2015)

VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11;

VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca
de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.

§ 1º Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a capacidade investigatória,


poderá ser dispensada licitação para contratação de serviços técnicos especializados,
aquisição ou locação de equipamentos destinados à polícia judiciária para o rastreamento e
obtenção de provas previstas nos incisos II e V. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)

§ 2º No caso do § 1º , fica dispensada a publicação de que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei
nº 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da
realização da contratação. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)

SEÇÃO I
DA COLABORAÇÃO PREMIADA

(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de


obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

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Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formalização de acordo de colaboração demarca o


início das negociações e constitui também marco de confidencialidade, configurando violação
de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de documento
que as formalize, até o levantamento de sigilo por decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

§ 1º A proposta de acordo de colaboração premiada poderá ser sumariamente indeferida,


com a devida justificativa, cientificando-se o interessado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar Termo de Confidencialidade
para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e impedirá
o indeferimento posterior sem justa causa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º O recebimento de proposta de colaboração para análise ou o Termo de Confidencialidade


não implica, por si só, a suspensão da investigação, ressalvado acordo em contrário quanto à
propositura de medidas processuais penais cautelares e assecuratórias, bem como medidas
processuais cíveis admitidas pela legislação processual civil em vigor. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser precedido de instrução, quando houver


necessidade de identificação ou complementação de seu objeto, dos fatos narrados, sua definição
jurídica, relevância, utilidade e interesse público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 5º Os termos de recebimento de proposta de colaboração e de confidencialidade serão


elaborados pelo celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo advogado ou
defensor público com poderes específicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse não poderá se
valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para
qualquer outra finalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do interessado
com poderes específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada
pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser realizada sem a presença de
advogado constituído ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de colaborador hipossuficiente, o


celebrante deverá solicitar a presença de outro advogado ou a participação de defensor
público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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§ 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve narrar todos os fatos ilícitos para os
quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos investigados. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração e os anexos com os fatos


adequadamente descritos, com todas as suas circunstâncias, indicando as provas e os elementos
de corroboração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até
2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele
que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal,
desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:

(PC-CE 2015) (PC-MA 2018) (PC-MG 2018)


O réu colaborador não terá direito ao perdão judicial, mas apenas à redução da pena,
caso a sua colaboração não tenha tido grande efetividade como meio para obter provas.
(HC 129877/RJ, rel. min. Marco Aurélio, j. 18-04-2017)
Se o réu confessa o crime, mas suas declarações não representam efetiva colaboração
com a investigação policial e com o processo criminal nem fornecem informações
eficazes para a descoberta da trama delituosa, ele não terá direito ao benefício da
delação premiada. (HC 174.286/DF, rel. min. Sebastião Reis Júnior, j. 10-04-2012)

I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações


penais por eles praticadas;

(PC-MA 2018) (PC-MG 2018)

II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;

(PC-MA 2018) (PC-MG 2018)

III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;

(PC-MA 2018) (PC-MG 2018)

IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas


pela organização criminosa;

(PC-MA 2018) (PC-MG 2018)

V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

(PC-MA 2018) (PC-MG 2018)

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§ 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do


colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato
criminoso e a eficácia da colaboração.

§ 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo,


e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério
Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao
colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-
se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo
Penal).

(PC-GO 2017) (PC-MG 2018)


O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de
inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se
manifestar, sem caráter vinculante, previamente à decisão judicial. (ADI 5508/DF, rel.
min. Marco Aurélio, j. 20-06-2018, DJE 05-11-2019)

§ 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá


ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas
as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.

(PC-GO 2017) (PC-MG 2018) (PC-PE 2016) (PC-SP 2018)

§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá deixar de oferecer
denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não
tenha prévio conhecimento e o colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

(PC-GO 2017) (PC-MG 2018) (PC-PE 2016)

I - não for o líder da organização criminosa;

(PC-GO 2017) (PC-PE 2016)

II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.

(PC-GO 2017) (PC-PE 2016)

§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infração quando o Ministério Público


ou a autoridade policial competente tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório
para apuração dos fatos apresentados pelo colaborador. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou
será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos.

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(PC-BA 2018) (PC-PE 2016)

§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do
acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com
a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado
ou acusado e seu defensor.

(PC-CE 2015) (PC-GO 2017) (PC-MA 2018) (PC-PA 2016) (PJC-MT 2017)
O Poder Judiciário não pode obrigar o Ministério Público a celebrar o acordo de
colaboração premiada. (MS 35693 AgR/DF, rel. min. Edson Fachin, j. 28-05-2019)
O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de
inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se
manifestar, sem caráter vinculante, previamente à decisão judicial. (ADI 5508/DF, rel.
min. Marco Aurélio, j. 20-06-2018, DJE 05-11-2019)

§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o
respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir
sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará
os seguintes aspectos na homologação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

(PC-CE 2015)
O delatado possui o direito de ter acesso às declarações prestadas pelos colaboradores
que o incriminem, desde que já documentadas e que não se refiram à diligência em
andamento que possa ser prejudicada. (Rcl 30742 AgR/SP, rel. min. Ricardo Lewandowski,
j. 04-02-2020)
Os terceiros que tenham sido mencionados pelos colaboradores podem obter acesso
integral aos termos dos colaboradores, desde que estejam presentes os requisitos positivo
e negativo. (Pet 7494 AgR/DF, rel. orig. min. Edson Fachin, red. p/ o ac. min. Gilmar Mendes,
j.19-05-2020)

I - regularidade e legalidade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo,
sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento
de pena do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as regras
de cada um dos regimes previstos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei
de Execução Penal) e os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados mínimos exigidos nos incisos I, II,
III, IV e V do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

IV - voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos casos em que o colaborador


está ou esteve sob efeito de medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fundamentada do mérito da denúncia, do


perdão judicial e das primeiras etapas de aplicação da pena, nos termos do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
1941 (Código de Processo Penal), antes de conceder os benefícios pactuados, exceto quando
o acordo prever o não oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo ou já
tiver sido proferida sentença. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao direito de impugnar a decisão
homologatória. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais,
devolvendo-a às partes para as adequações necessárias. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)

(PC-GO 2017)

§ 9º Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu


defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável
pelas investigações.

§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias


produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.

(PC-BA 2018)

§ 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir ao réu delatado a oportunidade de


manifestar-se após o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia.

§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá
ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial.

§ 13. O registro das tratativas e dos atos de colaboração deverá ser feito pelos meios ou recursos
de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a
obter maior fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização de cópia do material ao
colaborador. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor,
ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.

(PC-BA 2018) (PC-PE 2016)

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§ 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o colaborador


deverá estar assistido por defensor.

§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou proferida com fundamento apenas
nas declarações do colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

As restrições previstas no § 16 do art. 4º da Lei n. 12.850/2013, com a redação dada pela


Lei n. 13.964/2019, aplicam-se também aos processos penais para os quais a
colaboração premiada foi trasladada como prova emprestada. (Enunciado 22, I Jornada
de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ)

I - medidas cautelares reais ou pessoais; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

III - sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 17. O acordo homologado poderá ser rescindido em caso de omissão dolosa sobre os fatos
objeto da colaboração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe que o colaborador cesse o envolvimento


em conduta ilícita relacionada ao objeto da colaboração, sob pena de rescisão. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 5º São direitos do colaborador:

I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica;

II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados;

III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes;

IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados;

V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado,
sem sua prévia autorização por escrito;

VI - cumprir pena ou prisão cautelar em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou
condenados. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e conter:

I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados;

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O delatado possui o direito de ter acesso às declarações prestadas pelos colaboradores


que o incriminem, desde que já documentadas e que não se refiram à diligência em
andamento que possa ser prejudicada. (Rcl 30742 AgR/SP, rel. min. Ricardo Lewandowski,
j. 04-02-2020)

II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia;

O descumprimento de acordo de delação premiada ou a frustração na sua realização,


isoladamente, não autoriza a imposição da segregação cautelar. (HC 138207/PR, rel. min.
Edson Fachin, j. 25-04-2017)

III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor;

IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do colaborador


e de seu defensor;

V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário.

Art. 7º O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo apenas


informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto.

§ 1º As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair


a distribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.

§ 2º O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia,
como forma de garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do
representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito
de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às
diligências em andamento.

O sigilo sobre o conteúdo da colaboração premiada deve permanecer, como regra, até
o recebimento da denúncia. A citada regra não encerra observância absoluta, mas
termo final máximo. Uma vez realizadas as diligências cautelares, cuja
indispensabilidade tiver sido demonstrada a partir das declarações do colaborador, ou
inexistentes estas, não subsiste razão para o sigilo. Nada impede que o sigilo do acordo
seja afastado em momento anterior ao recebimento da denúncia. Não há direito subjetivo
do colaborador a que se mantenha, indefinidamente, a restrição de acesso ao conteúdo do
acordo, ao argumento de que o sigilo teria sido elemento constitutivo da avença. (Inq 4435
AgR, rel. min. Marco Aurélio, j.12-09-2017, DJE 19-02-2018)
A decisão do magistrado que nega ao réu denunciado em um acordo de colaboração
premiada o acesso a outros termos de declarações que não digam respeito aos fatos
pelos quais ele está sendo acusado, sobretudo se as referidas declarações ainda estão
em curso, não viola os preceitos da Súmula Vinculante 14. (Rcl 22009 AgR/PR, rel. min.
Teori Zavascki, j. 16-02-2016)

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§ 3º O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão mantidos em


sigilo até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime, sendo vedado ao magistrado decidir
por sua publicidade em qualquer hipótese. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

(PC-MG 2018)

SEÇÃO II
DA AÇÃO CONTROLADA

Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa


à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob
observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais
eficaz à formação de provas e obtenção de informações.

(PC-MG 2018)

§ 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao


juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério
Público.

(PC-GO 2018) (PC-MG 2018)


A ação controlada prevista no § 1° do art. 8° da Lei n. 12.850/2013 independe de autorização,
bastando sua comunicação prévia à autoridade judicial. (STJ, HC 512.290-RJ, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 18/08/2020, DJe 25/08/2020)

§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam
indicar a operação a ser efetuada.

(PC-GO 2018)

§ 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério
Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações.

(PC-GO 2018)

§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada.

(PC-GO 2018)

Art. 9º Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção


policial ou administrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos
países que figurem como provável itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os
riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime.

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(PC-GO 2018) (PC-MG 2018)

SEÇÃO III
DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES
Não há infiltração policial quando agente lotado em agência de inteligência, sob identidade
falsa, apenas representa o ofendido nas negociações da extorsão, sem se introduzir ou se
infiltrar na organização criminosa com o propósito de identificar e angariar a confiança de seus
membros ou obter provas sobre a estrutura e o funcionamento do bando. (STJ, HC 512.290-
RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 18/08/2020, DJe 25/08/2020)

Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado
de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia
quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e
sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites.

(PC-CE 2015) (PC-DF 2015) (PC-SP 2018) (PF 2018)

§ 1º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir,


ouvirá o Ministério Público.

(PC-SP 2018)

§ 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º e se a
prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis.

§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais
renovações, desde que comprovada sua necessidade.

§ 4º Findo o prazo previsto no § 3º , o relatório circunstanciado será apresentado ao juiz competente,


que imediatamente cientificará o Ministério Público.

§ 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o
Ministério Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.

Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os
requisitos do caput do art. 10, na internet, com o fim de investigar os crimes previstos nesta
Lei e a eles conexos, praticados por organizações criminosas, desde que demonstrada sua
necessidade e indicados o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas
investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação
dessas pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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I - dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de
Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

II - dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário


registrado ou autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou
código de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

§ 2º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir,


ouvirá o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º desta
Lei e se as provas não puderem ser produzidas por outros meios disponíveis. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

§ 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais
renovações, mediante ordem judicial fundamentada e desde que o total não exceda a 720
(setecentos e vinte) dias e seja comprovada sua necessidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

§ 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o relatório circunstanciado, juntamente com todos
os atos eletrônicos praticados durante a operação, deverão ser registrados, gravados,
armazenados e apresentados ao juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério
Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o
Ministério Público e o juiz competente poderão requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade
de infiltração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

Art. 10-B. As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz


responsável pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz,
ao Ministério Público e ao delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de
garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet,
colher indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos no art. 1º desta Lei. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

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Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da
investigação responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação
deverão ser registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público,
juntamente com relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput deste artigo serão reunidos
em autos apartados e apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial,
assegurando-se a preservação da identidade do agente policial infiltrado e a intimidade dos
envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a representação do delegado de polícia para


a infiltração de agentes conterão a demonstração da necessidade da medida, o alcance das
tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local
da infiltração.

(PC-SP 2018)

Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de dados
próprios, mediante procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações
necessárias à efetividade da identidade fictícia criada, nos casos de infiltração de agentes na
internet. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter
informações que possam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que será
infiltrado.

§ 1º As informações quanto à necessidade da operação de infiltração serão dirigidas


diretamente ao juiz competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após
manifestação do Ministério Público na hipótese de representação do delegado de polícia,
devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito das investigações e a segurança do agente
infiltrado.

§ 2º Os autos contendo as informações da operação de infiltração acompanharão a denúncia


do Ministério Público, quando serão disponibilizados à defesa, assegurando-se a preservação da
identidade do agente.

§ 3º Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação
será sustada mediante requisição do Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se
imediata ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial.

Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade
da investigação, responderá pelos excessos praticados.

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(PC-DF 2015)

Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado
no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.

Art. 14. São direitos do agente:

(PC-DF 2015)

I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;

II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9º da Lei nº 9.807,
de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a testemunhas;

(PC-DF 2015)

III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais
preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em
contrário;

IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicação,
sem sua prévia autorização por escrito.

SEÇÃO IV
DO ACESSO A REGISTROS, DADOS CADASTRAIS, DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES

Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de


autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem
exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral,
empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão
de crédito.

(PC-PA 2016) (PC-SP 2018)

Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e
permanente do juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos bancos de dados de
reservas e registro de viagens.

Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à
disposição das autoridades mencionadas no art. 15, registros de identificação dos números dos
terminais de origem e de destino das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e locais.

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SEÇÃO V
DOS CRIMES OCORRIDOS NA INVESTIGAÇÃO E NA OBTENÇÃO DA PROVA

Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização
por escrito:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração
penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização
criminosa que sabe inverídicas:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e
a infiltração de agentes:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações requisitadas
pelo juiz, Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala, divulga ou
faz uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei.

CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados mediante
procedimento ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Processo Penal), observado o disposto no parágrafo único deste artigo.

(PC-SP 2018)

Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual não
poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogáveis em até
igual período, por decisão fundamentada, devidamente motivada pela complexidade da causa
ou por fato procrastinatório atribuível ao réu.

(PC-SP 2018)

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Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para
garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor,
no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao
exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os
referentes às diligências em andamento.

(PC-MS 2017)

Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor terá assegurada a


prévia vista dos autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três)
dias que antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela
investigação.

3 – QUESTÕES COMENTADAS

As questões comentadas a seguir expostas também foram extraídas da Aula 15 do Professor Vitor
de Luca.

1.VUNESP/Juiz de Direito do Rio de Janeiro/2016


Os funcionários de empresas telefônicas e provedores de internet que descumprirem requisição
do delegado de polícia, expedida durante o curso de investigação criminal e independentemente
de autorização judicial, por meio da qual são solicitados dados cadastrais do investigado
relativos exclusivamente à sua qualificação pessoal, filiação e endereço cometerão crime de
recusa de dados, previsto na Lei 12850/13.
Comentário: O item está correto, porquanto a situação fática em análise configura o delito de
sonegação de informações requisitadas, nos termos do art. 21, caput, da Lei 12850/13: Recusar ou
omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério
Público ou delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo.

2. CESPE/Delegado de Polícia Federal/2018

Delegado da PF instaurou IP para apurar crime cometido contra órgão público federal.
Diligências constataram sofisticado esquema de organização criminosa criada com a intenção
de fraudar programa de responsabilidade desse ente público. Com base nessas informações e
com relação à prática de crime por organização criminosa, julgue o item seguinte.

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Se algum dos indiciados no âmbito desse IP apresentar elementos que justifiquem a celebração
de acordo de colaboração premiada, e se a situação permitir a concessão do benefício a esse
indiciado, o próprio delegado que estiver à frente da investigação poderá celebrar diretamente
o acordo, devendo submetê-lo à homologação judicial.

Comentário: O item está correto. O Pretório Excelso entendeu que o Delegado de Polícia pode
formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito policial, respeitadas as
prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante,
previamente à decisão judicial (STF. Plenário. ADI 5508/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
20/6/2018 -Informativo 907).

3. UEG/Delegado de Polícia de Goiás/2018

Nos termos da Lei n. 12.850/2013, a ação controlada consiste em retardar a intervenção


policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela
vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida
legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de
informações. Acerca desse instituto, verifica-se que
A) no início da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada.
B) a comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam
indicar a operação a ser efetuada.
C) até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público
e à defesa técnica, como forma de garantir o êxito das investigações.
D) o retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao
Ministério Público que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao juiz competente.
E) se envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou administrativa
poderá ocorrer sem a cooperação das autoridades dos países que figurem como provável itinerário
ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto,
instrumento ou proveito do crime.
Comentários: A alternativa correta é a letra B. A comunicação será sigilosamente distribuída de
forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetuada (art. 8º, §2º, da Lei
nº 12.850/13).
A alternativa A está errada. Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da
ação controlada (art. 8º, §4º, da Lei 12850/13).

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A alternativa C está errada. Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao
juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações
(art. 8º, §3º, da Lei 12850/13)
A alternativa D está errada. O retardamento da intervenção policial ou administrativa será
previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e
comunicará ao Ministério Público (art. 8º, §1º, da Lei 12850/13).
A alternativa E está errada. Se envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção
policial ou administrativa poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem
como provável itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio
do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime (art. 9º da Lei 12850/13).

4. VUNESP/Delegado de Polícia da Bahia/2018


O criminoso “X”, integrante de uma determinada organização criminosa, após a sentença que
o condenou pela prática do crime, decide voluntariamente e na presença de seu defensor,
colaborar com as investigações. Nas suas declarações, “X” revela toda a estrutura hierárquica
e a divisão de tarefas da organização. Alguns dias após, arrepende-se e decide retratar-se das
declarações prestadas. Diante do exposto e nos termos da Lei n o 12.850/2013, é correto afirmar
que na hipótese de retratação, as provas produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas
em seu desfavor, mas apenas em detrimento dos interesses dos coautores e partícipes.

Comentários: O item está correto. A Lei 12850/13 autoriza que, após homologado o acordo, as
partes realizem retratação de sua proposta. Nessa situação, as provas autoincriminatórias
produzidas pelo agente colaborador não poderão ser empregadas exclusivamente em seu desfavor,
mas apenas em relação aos demais agentes

5. TRF da 3ª Região/Juiz Federal Substituto/2018


Relativamente à colaboração premiada prevista na Lei nº 12.850/2013, é CORRETO
afirmar que:
a) É expressamente prevista como meio de obtenção da prova, em qualquer fase da persecução
penal.
b) Pode ser concedida pelo juiz de ofício ou por requerimento do Ministério Público.
c) A personalidade do colaborador constitui requisito de validade do acordo de colaboração.

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d) A revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa é sempre


necessária para que haja o acordo de colaboração.

Comentário: A alternativa correta é a letra A. A colaboração premiada é um meio de obtenção


de prova que pode ser empregado a qualquer momento (fase investigativa, fase processual e
execução penal). Antes da sentença, o colaborador pode ser agraciado com os seguintes prêmios
legais: perdão judicial, redução da pena de até 2/3, substituição da pena privativa de liberdade por
restritivas de direitos (art. 4º, caput, da Lei 12850/13), sobrestamento do prazo para o oferecimento
da denúncia, suspensão do processo e não oferecimento da denúncia (art. 4º, caput, §§ 2º e 3º da
Lei 12850/13). Se a colaboração for posterior à sentença, a pena pode ser reduzida até a metade
ou admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos (art. 4º, §5º, da Lei
12850/13).

A alternativa B está errada. O juiz não pode conceder a colaboração premiada de ofício. O
magistrado não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do
acordo de colaboração premiada, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o
defensor, com a manifestação do Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor (art.
4º, §6º, da Lei 12850/13). Realizado o acordo, o termo será encaminhado ao magistrado para fins
de homologação.

A alternativa C está errada. A personalidade do colaborador não constitui requisito de validade do


acordo de colaboração, mas sim vetor a ser considerado no estabelecimento de suas cláusulas,
notadamente na escolha da sanção premial a que fará jus o colaborador, bem como no momento
da aplicação dessa sanção pelo juiz na sentença, nos termos do art. 4º, § 11, da Lei nº 12.850/13
(STF, HC 127483 – Min. Dias Toffoli)

A alternativa D está errada. Os objetivos estampados nos incisos do art. 4º, caput, da Lei 12850/13
são alternativos. A ocorrência de outros resultados também autoriza a concessão de prêmios legais.

6. FUNDATEC/Delegado de Polícia do Rio Grande do Sul/2017


Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração premiada, o colaborador
deverá estar assistido por defensor.

Comentário: O item está correto. Com a finalidade de resguardar a observância dos direitos

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constitucionais, em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração


premiada, o colaborador deverá estar assistido por advogado (art. 4º, §15, da Lei 12850/13).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com isso, despeço-me por hoje!

Estamos um passo mais perto da sua aprovação como Delegado de Polícia!!

Qualquer dúvida, sugestão ou feedback, você pode me encontrar no seguinte e-mail:

Raissaaraujo.r@gmail.com

Até mais!!

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