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Autor:
Isabella Pires
22 de Setembro de 2021
Sumário
Considerações Iniciais ......................................................................................................................... 3
1. Vida ............................................................................................................................................................................... 4
2. Igualdade ...................................................................................................................................................................... 6
3 – Questões Comentadas............................................................................................................................ 29
3.1. Interceptação ambiental (Art. 3º, II, da Lei 12.850/13 – Captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos) ........................................................................................................................................................................ 42
05098883482 -714561
naum da silva ribeiro
Isabella Pires
Aula 09
3 – Questões Comentadas............................................................................................................................ 68
AULA 09
RETA FINAL PCERJ
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá, queridas alunas e queridos alunos! Como estão os estudos por aí?
Vamos lá?
DIREITO CONSTITUCIONAL
Nosso foco de estudo, de hoje será o seguinte ponto do edital:
Sobre esse tema, iremos trazer apenas alguns conceitos doutrinários, mas o estudo do tópico será
eminentemente legislativo e jurisprudencial, com a ajuda do nosso Vade-Mécum Estratégico.
Direitos e deveres individuais e coletivos e Remédios Constitucionais, segundo o Estudo
Estratégico, é o segundo tema mais cobrado em provas de Delegado, sendo requisitado em mais
de 130 questões nos últimos 5 anos!!
Ressalto que eventuais comentários feitos por mim estarão nessa formatação sombreada.
1. Vida
Em sua acepção negativa, garante o direito de estar vivo, de permanecer vivo, de forma que nem
o Estado e nem o particular poderão intervir na existência física de alguém.
A acepção positiva garante a vida digna, de modo que não basta estar vivo, mas viver com a
dignidade própria de um ser da espécie humana. Essa acepção garante aos indivíduos o direito de
exigir que o Estado desenvolva políticas públicas capazes de assegurar o mínimo existencial.
O direito à vida, embora seja o mais fundamental dos direitos, não é absoluto. As restrições ao
direito à vida ora resultam de lei, ora de decisão judicial, ora da própria Constituição. Analisemos:
➢ Pena de Morte
Em caso de guerra declarada, na forma da lei, poderá ser aplicada. Nos termos do artigo 56 do
Código penal Militar, a pena de morte se dá por fuzilamento.
Vale enfatizar que nem mesmo emenda à Constituição será capaz de instituir outras hipóteses de
pena de morte, eis que a garantia constitucional da vida é cláusula pétrea.
➢ Aborto
Nos termos dos artigos 124 e 126 do Código Penal, o aborto é crime. Todavia, a redação do artigo
128 do mesmo diploma jurídico aborda duas hipóteses de aborto não puníveis: o aborto terapêutico
(a má-formação do feto coloca a vida da gestante em risco) e o aborto sentimental (a gravidez é
proveniente de estupro).
➢ “Lei do abate”
O artigo 303, parágrafo 2º, da Lei 7.565/1986, regulamentado pelo Decreto 5.144/2004, prevê que
aeronaves classificadas como hostis ou suspeitas de tráfico de drogas, após esgotamento dos
meios coercitivos legalmente previstos, sejam abatidas.
➢ Excludentes de antijuridicidade
O direito à vida digna (concepção positiva) fundamenta a garantia contida no inciso III do artigo 5º
da CF: “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.”
O policial que provoca danos físicos à pessoa sujeita ao seu poder, momentaneamente, para
obrigá-la a confessar delito, pratica o crime de tortura (HC 70.389).
"Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente
ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo
da responsabilidade civil do Estado". (Súmula Vinculante 11).
2. Igualdade
Diz-se igualdade formal o tratamento equânime dado pela lei a todos os indivíduos,
independentemente de etnia, sexo, religião ou capacidade econômica. Trata-se de uma perspectiva
apenas negativa, que objetiva subordinar a todos ao crivo da lei.
A igualdade material buscar proporcionar tratamento igualitário aos que estão em condição de
igualdade e tratamento desigual aos que estão em condição de desigualdade, à medida de suas
próprias desigualdades. a igualdade material não apenas assegura a igualdade perante a lei
(destinada ao legislador), mas também a igualdade na lei (destinada ao intérprete).
A Lei Maior primou por uma igualdade material e não apenas por uma igualdade jurídica.
Essa é a razão de a Constituição ter garantido no inciso I do artigo 5º que “homens e mulheres são
iguais em direitos e obrigações” e no artigo 7º, inciso XX, a proteção ao mercado de trabalho da
mulher, mediante incentivos específicos.
Em sua dimensão objetiva, a igualdade impõe ao Poder Público a adoção de medidas que
reduzam as desigualdades sociais e regionais e de medidas que amparem a todos quantos
estiverem em situação de desigualdade.
Por outro lado, em sua dimensão subjetiva, o princípio da igualdade assegura prestações
negativas (o indivíduo tem o direito de defesa perante o Estado, de modo que este não aja
arbitrariamente por meio de igualizações) e prestações positivas (grupos têm o direito de exigir
políticas públicas que minimizem a desigualdade de fato, como por exemplo, quotas para negros
nas universidades e quotas para deficientes na Administração Pública).
1. “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores
públicos sob o fundamento de isonomia.” (Súmula Vinculante 37).
2. “É constitucional a regra que veda, no âmbito do SUS, a internação em acomodações superiores, bem
como o atendimento diferenciado por médico do próprio SUS, ou por médico conveniado, mediante o
pagamento da diferença dos valores correspondentes.” (RE 581.488)
6. “Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças
prestadoras de serviço militar inicial.” (Súmula Vinculante 6). A CF não estendeu aos militares a garantia
de remuneração não inferior ao salário mínimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores. A
obrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para a
adequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas.
7. O estabelecimento de limite de idade para inscrição em concurso público apenas é legítimo quando
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido (ARE 678.112). Assim, é constitucional
o limite máximo de idade para ingresso nas carreiras militares.
8. “A adoção de critérios diferenciados para licenciamento dos militares temporários, em razão do sexo,
não viola a isonomia.” (RE 489.064).
9. O artigo 25 da Lei 12.485/2011 é inconstitucional, porque ao proibir a oferta de canais que veiculem
publicidade comercial direcionada ao público brasileiro contratada no exterior por agência de
publicidade estrangeira, estabelece uma completa exclusividade em proveito das empresas brasileiras,
o que fere a isonomia (ADI 4.747).
Por outro lado, as peças apócrifas e as delações anônimas, segundo o STF (Inquérito 1.957/PR),
podem até ser utilizadas como provas formais, quando produzidas pelos próprios acusados ou para
constituir o corpo de delito do crime (bilhetes de pedido de resgate, cartas para ameaçar, etc).
4. Inviolabilidade da Casa
A Constituição Federal assegura a inviolabilidade do sigilo de dados (art. 5º, Inciso XII). Todavia,
havendo fundados elementos de suspeita de prática de atos ilícitos, tal sigilo poderá ser quebrado,
eis que os direitos fundamentais não são absolutos.
O sigilo de dados poderá ser quebrado por ordem judicial e por determinação de Comissão
Parlamentar de Inquérito.
Tribunais de Contas e o Ministério Público não poderão, diretamente, sem ordem judicial,
quebrar sigilo de dados. Caso a investigação seja referente a transações subsidiadas com
dinheiro do erário público, a cláusula de sigilo deve ser afastada, porque devem prevalecer os
princípios da Administração Pública, mormente a publicidade. Movimentações financeiras que
envolvem recursos públicos não estão contempladas por sigilo bancário.
O sigilo de comunicação de dados telemáticos (e-mail) está garantido pelo artigo 5º, inciso XII, da
Constituição Federal. Todavia, como inexistem garantias absolutas, para combater a prática de atos
ilícitos, tal sigilo poderá ser quebrado, por ordem judicial. (RHC 132.115)
1. O sigilo de comunicação de dados telemáticos (e-mail) está garantido pelo artigo 5º,
inciso XII, da Constituição Federal. Todavia, como inexistem garantias absolutas, para
combater a prática de atos ilícitos, tal sigilo poderá ser quebrado, por ordem judicial.
(RHC 132.115)
6. Liberdade de Reunião
A tão simples aglomeração de pessoas não caracteriza o direito de reunião. Note: é necessário
comunicar previamente às autoridades públicas. Não é necessário pedir autorização, pois esta já
foi dada pela Constituição. Basta avisar.
Caso alguma autoridade pública, de modo ilegal ou abusivo, prejudique o exercício do direito de
reunião, será cabível a impetração de mandado de segurança.
4. Liberdade de Associação
A liberdade de associação possui duas dimensões, uma dimensão positiva, que assegura a
qualquer pessoa (física ou jurídica) o direito de associar-se e de formar associações, e uma
dimensão negativa, pois garante a qualquer pessoa o direito de não se associar, nem de ser
compelida a filiar-se ou a desfiliar-se de determinada entidade.
Cuidado para não confundir associação com sindicato! Para ajudar na distinção, há a tabela abaixo:
5. Direito de Petição
A petição judicial não se confunde com o direito de petição. No primeiro caso, o autor, por meio de
advogado, relata lesão ou ameaça de lesão a direito pessoal e pede solução ao problema. No
segundo caso, tem-se participação política, por meio de um processo administrativo, que objetiva
requerer direito próprio ou de terceiro.
O exercício do direito de petição, ainda que em grau de recurso, não pode ser vinculado ao
pagamento de taxas. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante 21.
Órgãos públicos não podem ser compelidos a fornecerem a eventual interessado informações que
envolvam terceiros, sob pena de ferir o direito à privacidade, além de expor terceiros a riscos
previsíveis. (AI 739.338)
2 - VADE-MÉCUM ESTRATÉGICO
TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
(PC-MG 2018)
O STF considerou inconstitucional a expressão "sem identificação dos doadores",
contida no art. 28, §12, da Lei 9.504/1997, sob o fundamento de que o princípio do
sistema democrático de representação popular exige a identificação dos particulares
responsáveis pela doação ao partido. (ADI 5.394, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 22-3-
2018, P, DJE de 18-2-2019)
É inconstitucional a realização de doações por pessoas jurídicas a partidos políticos.
Eis que o princípio democrático norteia o processo político, de modo que as doações por
pessoas jurídicas, antes de refletir eventuais preferências políticas, denota um agir
estratégico destes grandes doadores, no afã de estreitar suas relações com o poder público,
em pactos, muitas vezes, desprovidos de espírito republicano. (ADI 4.650, rel. min. Luiz Fux,
j. 17-9-2015, P, DJE de 24-2-2016)
I - a soberania;
Em regra, não cabe ao STF conhecer de ação que envolve Estados Soberanos, na qual
se veicula o descumprimento de tratado, visto que não é detentor de soberania
internacional. (Rcl 11.243, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 8-6-2011, P, DJE de 5-10-2011)
II - a cidadania
V - o pluralismo político.
(PC-MG 2018)
Constitui afronta ao fundamento do pluralismo político o estabelecimento do número
de candidatos às câmaras municipais em razão do número de representantes do
respectivo partido na Câmara Federal. (ADI 1.355 MC, rel. min. Ilmar Galvão, j. 23-11-
1995, P, DJ de 23-2-1996)
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário.
(PC-MG 2018)
(PJC-MT 2017)
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
(PJC-MT 2017)
Não se pode permitir que a lei faça uso de expressões pejorativas e discriminatórias,
ante o reconhecimento do direito à liberdade de orientação sexual como liberdade
existencial do indivíduo. Manifestação inadmissível de intolerância que atinge grupos
tradicionalmente marginalizados. (ADPF 291, rel. min. Roberto Barroso, j. 28-10-2015,
P, DJE de 11-5-2016)
O STF reconheceu a possibilidade de união estável entre pessoas do mesmo sexo.
Segundo o Min. Ayres Britto, a Constituição consagra a proibição de discriminação das
pessoas em razão do sexo, seja no plano da dicotomia homem/mulher (gênero), seja no
plano da orientação sexual de cada qual deles. Dessa forma, o art. 1.723 do C/2002 deve
ser interpretado à luz da Constituição, a fim de excluir do dispositivo qualquer significado que
impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo
sexo como família. (ADI 4.277 e ADPF 132, rel. min. Ayres Britto, j. 5-5-2011, P, DJE de 14-
10-2011)
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
(PC-PI 2018)
I - independência nacional;
(PC-PI 2018)
O descumprimento do tratado, em tese, gera uma lide entre Estados soberanos, cuja
resolução não compete ao STF, que não exerce soberania internacional, máxime para
impor a vontade da República Italiana ao chefe de Estado brasileiro, cogitando-se de
mediação da Corte Internacional de Haia, nos termos do art. 92 da Carta das Nações Unidas
de 1945. (Rcl 11.243, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 8-6-2011, P, DJE de 5-10-2011)
(PC-PI 2018)
A essencialidade da cooperação internacional na repressão penal aos delitos comuns
não exonera o Estado brasileiro – e, em particular, o STF – de velar pelo respeito aos
direitos fundamentais do súdito estrangeiro que venha a sofrer, em nosso país,
processo extradicional instaurado por iniciativa de qualquer Estado estrangeiro. (Ext 633,
rel. min. Celso de Mello, j. 28-8-1996, P, DJ de 6-4-2001)
(PC-PI 2018)
IV - não-intervenção;
(PC-PI 2018)
(PC-PI 2018)
O STF reconheceu a constitucionalidade dos atos normativos proibitivos da importação de
pneus usados de Países que não compõem o Mercosul. Autorização para importação de
remoldados provenientes de Estados integrantes do Mercosul limitados ao produto final,
pneu, e não às carcaças: determinação do Tribunal ad hoc, à qual teve de se submeter o
Brasil em decorrência dos acordos firmados pelo bloco econômico: ausência de tratamento
discriminatório nas relações comerciais firmadas pelo Brasil. (ADPF 101, rel. min. Cármen
Lúcia, j. 24-6-2009, P, DJE de 4-6-2012)
VI - defesa da paz;
(PC-PI 2018)
(PC-PI 2018)
(PC-PI 2018)
(PC-PI 2018)
TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(PC-AC 2017) (PC-ES 2019) (PC-MS 2017) (PC-PI 2018) (PJC-MT 2017)
I - homens e mulheres são iguais em direitosae obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
(PC-PA 2016)
É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa,
permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana. (RE
494.601, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 28-3-2019, P, DJE de 19-11-2019)
A liberdade religiosa não é exercível apenas em privado, mas também no espaço
público, e inclui o direito de tentar convencer os outros, por meio do ensinamento, a
mudar de religião. O discurso proselitista é, pois, inerente à liberdade de expressão
religiosa. (ADI 2.566, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 16-5-2018, P, DJE de 23-10-2018)
O Brasil é uma república laica, surgindo absolutamente neutro quanto às religiões.
(ADI 4.439, rel. p/ o ac. min. Alexandre de7 Moraes, j. 27-9-2017, P, DJE de 21-6-2018)
A oficialização da Bíblia como livro-base de fonte doutrinária para fundamentar princípios,
usos e costumes de comunidades, igrejas e grupos no Estado de Rondônia implica
inconstitucional discrímen entre crenças, além de caracterizar violação da neutralidade
exigida do Estado pela Constituição Federal. (ADI 5.257, rel. min. Dias Toffoli, j. 20-9-2018,
P, DJE de 3-12-2018)
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis
e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
(PC-PA 2016)
É possível a fixação de obrigações alternativas a candidatos em concursos públicos
e a servidores em estágio probatório, que se escusem de cumprir as obrigações legais
originalmente fixadas por motivos de crença religiosa, desde que presentes a
razoabilidade da alteração, a preservação da igualdade entre todos os candidatos e
que não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir
de maneira fundamentada. (RE 611874/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, redator do acórdão Min.
Edson Fachin, j. 26.11.2020)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
A inviolabilidade dos sigilos bancário e fiscal não é absoluta, podendo ser afastada
quando eles estiverem sendo utilizados para ocultar a prática de atividades ilícitas. A
mera solicitação de providências investigativas é atividade compatível com as atribuições
constitucionais do Ministério Público. Se a legislação de regência impositivamente determina
que o COAF "comunicará às autoridades competentes para a instauração dos
procedimentos cabíveis, quando concluir pela existência de crimes previstos nesta Lei, de
fundados indícios de sua prática, ou de qualquer outro ilícito" (art. 15 da Lei 9.613/1998),
seria contraditório impedir o Ministério Público de solicitar ao COAF informações por
esses mesmos motivos. (RE 1.058.429 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 20-2-2018,
1ª T, DJE de 6-3-2018)
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
(PC-AC 2017) (PC-AP 2017) (PC-BA 2018) (PC-DF 2015) (PC-GO 2018) (PC-MA 2018) (PC-PA 2016) (PC-
PA 2016)
Não há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado
judicial, em apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma
transitória ou eventual, se a aparente ausência de residentes no local se alia à fundada
suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime permanente. (HC 588.445-
SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª Turma, j. 25/08/2020, DJe 31/08/2020)
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período
noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a
posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade
dos atos praticados. (RE 603.616, rel. min. Gilmar Mendes, j. 5-11-2015, P, DJE de 10-5-
2016)
(PC-SP 2018)
A exigência de garantia para o exercício da profissão de leiloeiro, prevista nos artigos
6º a 8º do Decreto 21.981/1932, é compatível com o art. 5º, XIII, da Constituição Federal
de 1988 (CF). (RE 1263641/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre
de Moraes, j. 9.10.2020)
As limitações ao livre exercício das profissões serão legítimas apenas quando o
inadequado exercício de determinada atividade possa vir a causar danos a terceiros e
desde que obedeçam a critérios de adequação e razoabilidade, o que não ocorre em
relação ao exercício da profissão de músico, ausente qualquer interesse público na
sua restrição. (ADPF 183, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 27-9-2019, P, DJE de 18-11-
2019)
O motorista particular, em sua atividade laboral, é protegido pela liberdade
fundamental insculpida no art. 5º, XIII, da Carta Magna, submetendo-se apenas à
regulação proporcionalmente definida em lei federal, pelo que o art. 3º, VIII, da Lei
Federal 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) e a Lei Federal 12.587/2012, alterada pela
Lei 13.640 de 26 de março de 2018, garantem a operação de serviços remunerados de
transporte de passageiros por aplicativos. (ADPF 449, rel. min. Luiz Fux, j. 8-5-2019,
P, DJE de 2-9-2019)
A vedação do exercício da atividade de advocacia por aqueles que desempenham,
direta ou indiretamente, serviço de caráter policial, prevista no art. 28, V, da Lei
8.906/1994, não se presta para fazer qualquer distinção qualificativa entre a atividade
policial e a advocacia. (ADI 3.541, rel. min. Dias Toffoli, j. 12-2-2014, P, DJE de 24-3-2014)
Ao garantir o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, o art. 5º, XIII, da CF,
não o faz de forma absoluta, pelo que a observância dos recolhimentos tributários no
desempenho dessas atividades impõe-se legal e legitimamente. (ADI 395, rel. min.
Cármen Lúcia, j. 17-5-2007, P, DJ de 17-8-2007)
É legítimo suspender a habilitação de qualquer motorista que tenha sido condenado
por homicídio culposo na direção de veículo. Com maior razão, a suspensão deve ser
aplicada ao motorista profissional, que maneja o veículo com habitualidade e, assim,
produz risco ainda mais elevado para os demais motoristas e pedestres. (RE 607.107,
rel. min. Roberto Barroso, j. 12-2-2020, P, DJE de 14-4-2020)
É inconstitucional, sob o ângulo da liberdade fundamental do exercício da profissão e
do devido processo legal, preceito normativo a versar previsão de cancelamento
automático do registro em conselho profissional, ante a inadimplência da anuidade,
ausente prévia oitiva do associado. (RE 808.424, rel. min. Marco Aurélio, j. 19-12-2019,
P, DJE de 30-4-2020)
O Exame de Ordem mostra-se consentâneo com a CF, que remete às qualificações
previstas em lei. (RE 603.583, rel. min. Marco Aurélio, j. 26-10-2011, P, DJE de 25-5-2012)
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
(PC-SP 2018)
Por não se confundir a associação de moradores com o condomínio disciplinado pela Lei
4.591/1964, descabe, a pretexto de evitar vantagem sem causa, impor mensalidade a
morador ou a proprietário de imóvel que a ela não tenha aderido. Considerações sobre
o princípio da legalidade e da autonomia da manifestação de vontade – art. 5º, II e XX, da
CF. (RE 432.106, rel. min. Marco Aurélio, j. 20-9-2011, 1ª T, DJE de 4-11-2011)
(PC-SP 2018)
A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos
associados independe da autorização destes. (Súmula 629, STF)
Beneficiários do título executivo, no caso de ação proposta por associação, são
aqueles que, residentes na área compreendida na jurisdição do órgão julgador,
detinham, antes do ajuizamento, a condição de filiados e constaram da lista
apresentada com a peça inicial. (RE 612.043, rel. min. Marco Aurélio, j. 10-5-2017,
P, DJE de 6-10-2017)
A autorização a que se refere o art. 5º, XXI, deve ser expressa por ato individual do
associado ou por assembleia da entidade, sendo insuficiente a mera autorização
genérica prevista em cláusula estatutária. (RE 573.232, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio,
voto do min. Teori Zavascki, j. 14-5-2014, P, DJE de 19-9-2014)
Não se exige, tratando-se de segurança coletiva, a autorização expressa aludida no inciso
XXI do art. 5º da Constituição, que contempla hipótese de representação. O objeto do
mandado de segurança coletivo será um direito dos associados, independentemente
de guardar vínculo com os fins próprios da entidade impetrante do writ, exigindo-se,
entretanto, que o direito esteja compreendido na titularidade dos associados e que
exista ele em razão das atividades exercidas pelos associados, mas não se exigindo
que o direito seja peculiar, próprio, da classe. (RE 193.382, rel. min. Carlos Velloso, j. 28-
6-1996, P, DJ de 20-9-1996)
(PC-SP 2018)
A vinculação da utilização de veículo automotivo ao pagamento de débitos relativos a
tributos, encargos e multas a ele vinculados não constitui não limitam o direito de
propriedade, tampouco constituem-se coação política para arrecadar o que é devido.
(ADI 2.998, rel. p/ o ac. min. Ricardo Lewandowski, j. 10-4-2019)
O processo de reforma agrária, em uma sociedade estruturada em bases democráticas, não
pode ser implementado pelo uso arbitrário da força e pela prática de atos ilícitos de violação
possessória, ainda que se cuide de imóveis alegadamente improdutivos, notadamente
porque a Constituição da República – ao amparar o proprietário com a cláusula de
garantia do direito de propriedade (CF, art. 5º, XXII) – proclama que "ninguém será
privado (...) de seus bens, sem o devido processo legal" (art. 5º, LIV). (ADI 2.213 MC,
rel. min. Celso de Mello, j. 4-4-2002, P, DJ de 23-4-2004)
O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa
grave hipoteca social, a significar que, descumprida a função social que lhe é inerente
(CF, art. 5º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial privada,
observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os procedimentos
fixados na própria Constituição da República. (ADI 2.213 MC, rel. min. Celso de Mello, j.
4-4-2002, P, DJ de 23-4-2004)
(PC-SP 2018)
Não contraria a Constituição o art. 15, § 1º, do DL 3.365/1941 (Lei da Desapropriação por
Utilidade Pública). (Súmula 652, STF)
Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% ao ano.
(Súmula 618, STF)
É constitucional o percentual de juros compensatórios de 6% (seis por cento) ao ano
para a remuneração do proprietário pela imissão provisória do ente público na posse
do seu bem, na medida em que consiste em ponderação legislativa proporcional entre o
direito constitucional do proprietário à justa indenização (art. 5º, XXIV, CF/88) e os princípios
constitucionais da eficiência e da economicidade (art. 37, caput, CF/88). (ADI 2.332, rel. min.
Roberto Barroso, j. 17-5-2018, P, DJE de 16-4-2019)
(PC-AP 2017) (PC-DF 2015) (PC-GO 2017) (PC-GO 2018) (PC-MS 2017)
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família,
não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
(PC-DF 2015)
A norma que torna impenhorável determinado bem desconstitui a penhora
anteriormente efetivada, sem ofensa de ato jurídico perfeito ou de direito adquirido do
credor. (RE 136.753, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 13-2-1997, P, DJ de 25-4-1997)
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes
de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País;
A Constituição garante o direito de herança, mas a forma como esse direito se exerce é
matéria regulada por normas de direito privado. (ADI 1.715 MC, rel. min. Maurício Corrêa, j.
21-5-1998, P, DJ de 30-4-2004)
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do "de cujus";
As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas
veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). "Consumidor", para os efeitos
do CDC, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade
bancária, financeira e de crédito. (ADI 2.591 ED, rel. min. Eros Grau, j. 14-12-2006, P, DJ de
13-4-2007)
As normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das
transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e
Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor. (RE
636.331, rel. min. Gilmar Mendes, j. 25-5-2017, P, DJE de 13-11-2017)
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011)
XXXIII, da CF e das normas de regência desse direito. (RE 865.401, rel. min. Marco Aurélio,
j. 25-4-2018, P, DJE de 19-10-2018)
É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela administração
pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos
e vantagens pecuniárias. (ARE 652.777, rel. min. Teori Zavascki, j. 23-4-2015, P, DJE de
1º-7-2015)
(PC-GO 2018)
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder;
(PC-AC 2017)
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens
para admissibilidade de recurso administrativo. (Súmula Vinculante 21)
A natureza jurídica da reclamação não é a de um recurso, de uma ação e nem de um
incidente processual. Situa-se ela no âmbito do direito constitucional de petição
previsto no art. 5º, XXXIV, da CF. (ADI 2.212, rel. min. Ellen Gracie, j. 2-10-2003, P, DJ de
14-11-2003)
(PC-AC 2017)
O direito à gratuidade das certidões, contido no art. 5º, XXXIV, b, da Carta Magna,
também inclui as certidões emitidas pelo Poder Judiciário, inclusive aquelas de
natureza forense. (ADI 2.259, rel. min. Dias Toffoli, j. 14-2-2020, P, DJE de 25-3-2020)
3 – QUESTÕES COMENTADAS
Gabarito: C
B) Errada. Os comentários realizados por usuários da internet nas páginas eletrônicas dos veículos
de comunicação não geram direito de resposta (Lei 13.188/2015, parágrafo 2º).
C) Certa. Informações falsas (fake news) geram para os meios de comunicação a responsabilidade
civil e ainda asseguram o direito de resposta ao ofendido. A Liberdade de imprensa não é absoluta.
C) não veda medida preventiva do Poder Público voltada a impedir a utilização de carros de som
ou equipamentos assemelhados em manifestações públicas em praças e vias próximas à sede da
Prefeitura ou da Câmara Municipal.
D) veda medida preventiva do Poder Público com o objetivo de impedir a realização de reunião em
local aberto ao público em virtude de outra reunião anteriormente convocada para o mesmo espaço
ou local.
E) não veda medida preventiva do Poder Público com o objetivo de impedir a participação em
reunião de cidadãos munidos com arma de fogo, ainda que possuam autorização de porte nos
termos da lei.
Gabarito: E
A) Errado. O direito de reunião, assim como os demais direitos fundamentais, não é absoluto. O
estado de defesa, dadas as circunstâncias da medida, restringe a aplicação de alguns direitos
fundamentais, inclusive o direito de reunião (artigo 136, parágrafo 1º, inciso I, a).
B) Errado. O exercício do direito de reunião embora não esteja condicionado à prévia autorização
de autoridade administrativa, depende de prévia comunicação ao poder público.
D) Errado. Uma reunião não pode frustrar outra reunião previamente comunicada ao poder público
(artigo 5º, inciso XVI, da CF).
E) Certo. O direito de reunião não se coaduna com a utilização de armas, ainda que os
manifestantes tenham o porte (artigo 5º, inciso XVI, da CF).
B) a garantia do sigilo bancário impede que a Receita Federal possa requerer das instituições
financeiras informações a respeito de contas bancárias de pessoas sob fiscalização tributária.
C) os direitos e garantias fundamentais não são aplicáveis aos estrangeiros não residentes no país,
mesmo que a violação ocorra enquanto estão em território brasileiro.
Gabarito: D
D) Certo.
Colegas, vamos adentrar, efetivamente, no estudo dos nossos temas de hoje. E partiremos de um
assunto que, de acordo com os Estudos Estratégicos, apareceu em nada menos que 80
alternativas (!!!) nas provas de primeira fase dos concursos Delegado da Polícia Civil nos últimos
5 anos.
Além disso, ressalto que a Lei passou por importantes reformas legislativas, situação que as bancas
sempre gostaram de explorar! Por isso, atenção redobrada quando estudarem as inovações.
Não bastasse alta incidência, a matéria tem um alto custo-benefício, porque o seu estudo ainda
pode ser reaproveitado para a elaboração da sua peça processual (principalmente quanto ao
instituto do agente infiltrado!!).
Em razão das características do ponto em comento, o estudo contará com Pílulas Estratégicas de
Doutrina, Excertos do Vade-mécum Estratégico e Questões Comentadas, que já dão a base
suficiente para enfrentar as questões da prova objetiva.
Faremos nosso estudo de Legislação Extravagante em Reta Final a partir, principalmente, das
Aulas do Professor Vitor de Luca, no Curso Regular, extraindo conceitos, classificações e o
instrumental teórico necessário à compreensão e melhor assimilação (e memorização) dos
diplomas normativos.
Chamo a atenção de vocês para o fato de que, eventuais observações ou considerações a serem
feitas por mim, estarão identificadas com a presente formatação sombreada.
Vejamos as lições fornecidas pelo Professor Vitor de Luca (Aula 15 – Legislação Penal Especial):
Com a Lei 12.850/13 a organização criminosa deixou de ser uma forma de praticar crime para se
tornar delito autônomo. Cuida-se de uma novatio legis incriminadora. Logo, não retroage para
alcançar fatos cometidos antes de sua vigência
A Lei 12.850/13 detém 5 finalidades, segundo se infere do art. 1º, caput1: a) define organização
criminosa; b) dispõe sobre investigação criminal das organizações criminosas; c) cuida dos meios
de obtenção de prova; d) estabelece sanções penais; e) versa sobre o procedimento criminal
aplicável.
Esses meios de obtenção de provas descritos na Lei 12.850/13 (ex: ação controlada,
colaboração premiada, agente infiltrado, dentre outros) podem ser aplicados para crimes não
catalogados como organização criminosa:
o Às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando,
iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro,
ou reciprocamente
1
Art. 1º, caput, da Lei 12850/13: Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobe a investigação criminal, os meios de
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
Bem Jurídico tutelado – O delito de organização criminosa visa proteger a paz pública.
Sujeito ativo – Cuida-se de crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa) e
plurissubjetivo, porquanto o delito de organização criminosa exige, no mínimo, 4 pessoas. Lembre-
se, por oportuno, que nesse número mínimo de 4 pessoas para a configuração do delito de
organização criminosa pode ser computado agente(s) inumputável(is).
OBS: Nesse cálculo de 4 pessoas para a configuração de organização criminosa não é contado o
agente infiltrado2 (aquele que ingressa na sociedade criminosa com o escopo de colher informes
com a finalidade de obter o seu desmantelamento).
Elementos objetivos do tipo – É um tipo penal misto alternativo. Diante de um mesmo contexto
fático, se o agente praticar mais de uma conduta delineada no tipo penal responderá tão somente
por um único delito, com base no princípio da alternatividade.
I. Promover.
II. Constituir.
III. Financiar.
IV. Integrar.
2
O agente infiltrado não age com o indispensável animus associativo, pois visa justamente a destruição desse grupo criminoso.
Consumação – Por ser considerado um crime formal (de resultado cortado ou de consumação
antecipada), consuma-se com a mera associação de 4 pessoas para a prática de infrações penais
com pena máxima superior a 4 anos ou de caráter transnacional. Assim, consuma-se o crime com
a societatis criminis, independentemente dessa organização criminosa praticar qualquer delito por
ela planejado. Se os agentes praticarem as infrações penais para as quais se associaram,
responderão também pelos ilícitos cometidos em concurso material com o crime de organização
criminosa.
Por oportuno, alertamos para não confundir a definição de crime organizado por natureza com o
conceito de crime organizado por extensão. Essa alerta foi dada pelo professor Renato Brasileiro
de Lima:
A expressão crime organizado por natureza refere-se à punição, de per si, pelo crime de
organização criminosa, ou seja, pelo tipo penal do art. 2°, caput, da Lei n° 12.850/13, ou pelos
delitos de associação criminosa (CP, art. 288; Lei n° 11.34 3/06, art. 35). Noutro giro, a expressão
crime organizado por extensão refere-se às infrações penais praticadas pela organização
criminosa ou pelas associações criminosas.
3
Para os delitos de caráter transnacional não importa o quantum da pena. Delito transnacional é aquele que transcende o
território nacional.
Logo, o agente pode ser preso em flagrante delito enquanto não cessar a permanência
(art. 303 do CPP), o prazo prescricional apenas inicia-se quando cessar a permanência
(art. 111, III, do CP) e no delito de organização criminosa aplica-se o verbete sumular
711 do STF (A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
Atenção (!!!) A organização criminosa é incompatível com a figura tentada. Leciona Renato
Brasileiro de Lima:
Figura equiparada
Art. 2º, §1º, da Lei 12.850/13 – Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma,
embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa.
Aqui, o bem jurídico tutelado é a Administração da Justiça (e não mais a paz pública) e o sujeito
passivo é o Estado-Administração.
4
BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada. Volume único. 6ª edição. Salvador: Editora
JusPodvm, 2018, p.677.
Observe que o tipo penal em comento faz referência à obstrução ou ao embaraço na fase
investigativa de infração penal referente à organização criminosa. Diante disso, indago-lhe: Haverá
esse crime tal obstrução ocorrer em sede de processo judicial?
Segundo a jurisprudência firmada pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça nos autos do
HC de nº 487.962-SC:
[...] 3. A tese de que a investigação criminal descrita no art. 2º, § 1º, da Lei nº
12.850/13 cinge-se à fase do inquérito, não deve prosperar, eis que as investigações
se prolongam durante toda a persecução criminal, que abarca tanto o inquérito policial
quanto a ação penal deflagrada pelo recebimento da denúncia. Com efeito, não havendo
o legislador inserido no tipo a expressão estrita "inquérito policial", compreende-se ter
conferido à investigação de infração penal o sentido de persecução penal, até porque
carece de razoabilidade punir mais severamente a obstrução das investigações do
inquérito do que a obstrução da ação penal. Ademais, sabe-se que muitas diligências
realizadas no âmbito policial possuem o contraditório diferido, de tal sorte que não é
possível tratar inquérito e ação penal como dois momentos absolutamente
independentes da persecução penal. (HC 487.962/SC, Rel. Ministro JOEL ILAN
PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 28/05/2019, DJe 07/06/2019)
OBS: Esse tipo penal descrito no art. 2º, §1º, da Lei 12.850/13 é especial em relação ao delito de
coação no curso do processo (art. 344 do CP).
É dispensável a apreensão da arma de fogo, desde que a sua utilização fique demonstrada por
outros meios de prova.
Essa agravante aplica-se ao autor intelectual (ou de escritório), ainda que não pratique
pessoalmente os atos executórios. Para evitar o indevido bis in idem, a atenuante do art. 2º, §3º,
da Lei 12850/13 afasta a incidência concomitante da prevista no art. 62, I, do CP5.
5
Art. 62 do CP: A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
Perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e interdição para o exercício de função ou cargo
público
Da mesma forma que ocorre na Lei da Tortura (art. 1º, §5º, da Lei 9.455/97), esse efeito é
automático, dispensando motivação expressa na sentença condenatória.
Repare ainda que a lei não admite o afastamento cautelar do detentor de mandato
eletivo (art. 2º, §5º, da Lei 12850/13), porém admite a perda do mandato eletivo como
efeito extrapenal da sentença penal condenatória transitada em julgado (art. 2º, §6º).
No que se refere ao mandato eletivo, prevalece no campo doutrinário que essa perda deve ser
votada no Congresso Nacional, por ser matéria interna corporis, nos moldes do art. 55, §2º,
da CF, ou seja, existindo o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a perda do mandato
será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto aberto e maioria
absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegura ampla defesa. Essa regra da perda do mandato eletivo também
alcança os deputados estaduais e distritais, por força do art. 27, §1º, da CF. Todavia, vale destacar
que o STF já decidiu que a perda é exequível imediatamente após o manto da coisa julgada, pouco
importando se o agente exercia ou não o mandato eletivo ao tempo do julgamento. Eis a questão
de ordem apreciada na Ação Penal 565 pelo Supremo Tribunal Federal:
Cabe ainda pontuar que a perda do cargo se refere àquele que já era ocupado pelo agente.
Já a interdição diz respeito à impossibilidade de o agente vir a ocupar qualquer função estatal no
prazo de 8 anos, ou seja, seus efeitos projetam-se para o futuro.
Chamo atenção de vocês para o normativo do art. 2º, §7º, que determina uma situação excepcional
caso a investigação sobre alguma organização criminosa indique a participação de alguém da força
policial. Nesse caso, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao
Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão.
Podem ser observadas 4 grandes diferenças entre associação criminosa e organização criminosa.
Esses tipos penais estão intimamente ligados aos meios extraordinários de obtenção de provas
descritos na Lei 12.850/13 (colaboração premiada, agente infiltrado, ação controlada, quebra de
sigilos, etc). Com o propósito de assegurar a eficácia e a eficiência desses meios de obtenção de
provas, a Lei 12.850/13 criou tipos penais intimamente ligados com tais meios.
O art. 5º, II, da Lei 12850/13 assegura ao agente colaborador sigilo quanto ao seu nome,
qualificação, imagem e demais informações pessoais. Além do mais, o art. 5º, V, da Lei 12850/13
anuncia ser direito do colaborador não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação,
sem sua prévia autorização por escrito.
OBS: Se a identidade revelada for do agente infiltrado, o fato será atípico. O crime é punido à título
de dolo (eventual e direto).
Esse delito pode ser cometido por 2 formas: a) Colaboração caluniosa6: imputar falsamente, sob
pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que sabe inocente. b)
colaboração fraudulenta: o colaborador revela informações sobre a estrutura de organização
criminosa que sabe inverídicas. Essa conduta admite inúmeros meios de execução (escrito,
palavras, gestos, etc.), sendo, portanto, um crime de execução livre.
Ambas as formas não têm compatibilidade com o dolo eventual, apenas o direto. Assim, se o
colaborador está convencido da veracidade das imputações e das revelações, o crime não se
aperfeiçoa por ausência de dolo.
Esse delito pode ser praticado por ação (ex: o agente revela dados sigilosos) ou omissão (ex: o
agente por meio de sua inação permite que terceiros tenham acesso a dados cobertos pelo sigilo).
Pouco importa se o sigilo revelado é feito a um outro funcionário público não autorizado ou a um
particular. O legislador protege o sigilo nas investigações, porquanto em sede processual o
advogado terá acesso a todas as peças produzidas ao longo do inquérito policial.
Se existir justa causa para a revelação exclui-se a ilicitude do fato. Admite-se o sursi processual
6
Diferentemente do que ocorre com a denunciação caluniosa (art. 339 do CP), o art. 19 da Lei 12850/13 dispensa que da falsa
imputação resulte a instauração de um procedimento oficial em face do inocente imputado.
Atenção: Servidor público não pratica esse delito, podendo, a depender do caso concreto, praticar
o delito de prevaricação (art. 319 do CP7). Para os particulares, esse tipo penal apresenta-se como
uma figura delituosa especial em relação ao delito de desobediência (art. 330 do CP
3. Aspectos Processuais
Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os
seguintes meios de obtenção da prova:
I. Colaboração premiada;
II. Captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;
III. Ação controlada;
IV. Acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de
dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais;
V. Interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica;
VI. Afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica;
VII. Infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11;
VIII. Cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas
e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.
Vamos comentar os pontos mais relevantes sobre esses meios de obtenção de prova.
7Art. 319 do CP: Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
3.1. Interceptação ambiental (Art. 3º, II, da Lei 12.850/13 – Captação ambiental de sinais
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos)
Será considerada como comunicação ambiental toda aquela que não for telefônica, ou melhor, é
aquela que ocorre no próprio ambiente sem a utilização de qualquer meio ou método artificial de
transmissão de som e imagem.
Sobre o assunto, vale a pena destacar a lição do professor Renato Brasileiro de Lima.
Para a 5ª Turma do STJ (REsp 1630097/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 18/04/2017, DJe
28/04/2017), sem consentimento do acusado ou prévia autorização judicial, é ilícita a prova,
colhida de forma coercitiva pela polícia, de conversa travada pelo investigado com terceira
pessoa em telefone celular, por meio do recurso ‘viva-voz’, que conduziu ao flagrante do crime
de tráfico ilícito de entorpecentes no interior de sua residência.
Questões: A captação ambiental é lícita? Essa captação ambiental necessita de prévia autorização
da autoridade judiciária competente?
O melhor caminho para responder essa indagação é analisar o local em que essa gravação é
realizada. Dessa forma, vamos analisar as seguintes hipóteses.
II. Captação de conversa alheia realizada em local público, porém com natureza sigilosa
expressamente declarada pelos interlocutores: Na espécie, ante o caráter sigiloso ressaltada
por, ao menos, um dos interlocutores é indispensável a prévia autorização judicial, ainda que a
conversa ocorra em local público.
Obs.: É válida a captação ambiental de uma conversa travada entre advogado e seu
cliente em local público, porém com conteúdo sigiloso?
Nessa situação nem menos uma autorização judicial poderá dar legitimidade à
captação ambiental dessa conversa, porquanto ao advogado é assegurado o sigilo
profissional para exercer o seu mister.
III. Captação de conversa alheia realizada em local privado: A conversa realizada em local
privado está acobertada pelo direito à inviolabilidade domiciliar (art. 5º, XI, da Constituição
Federal8). Dessa forma, é forçoso concluir que pode ser feita a captação dessa conversa, desde
que tenha prévia autorização judicial.
A gravação clandestina sem autorização judicial deve ser analisada à luz do princípio da
proporcionalidade, ou seja, é considerada válida quando tal gravação visa produzir prova de ser
vítima de uma ação criminosa praticada por outrem. Essa é a posição do Supremo Tribunal Federal.
Vejamos:
8
Art. 5º, XI, da CF: A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
Obs.: com o escopo de manter o sigilo das investigações, em caso de necessidade justificada,
o legislador dispensou a licitação para aquisição desses bens ou para a contratação de serviços
especializados, bem como a publicação resumida do instrumento do contrato ou de seus
aditamentos na imprensa oficial.
Importante inovação restou prevista no art. 3º-B da Lei nº 12.850/13, com redação dada pela Lei nº
13.964/19, porquanto o recebimento da proposta de formalização de acordo de delação premiada
fixa o início das negociações e representa o marco de confidencialidade. Logo, configura violação
de sigilo e quebra de confiança e de boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de documento
que as formalize, até o levantamento do sigilo por decisão judicial.
Caso não haja o indeferimento sumário da proposta de acordo de colaboração premiada, com a
devida justificativa, as partes firmarão o indispensável Termo de confidencialidade para continuar
as tratativas, o que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e obstará qualquer indeferimento
posterior sem justa causa.
A colaboração tem que ser voluntária, ou seja, o agente tem quer vontade livre para
realizar esse acordo. Não necessita ser espontânea
Colaboração premiada deve ser compreendida como gênero9, do qual a delação premiada seria
uma de suas espécies. Delação premiada, também conhecida como chamamento de corréu,
ocorre quando o acusado, além de confessar a sua participação na empreitada criminosa, aponta
também quem são os demais comparsas. Contudo, além de confessar o crime, o agente pode
ajudar os órgãos de persecução penal sem delatar seus comparsas, noticiando, por exemplo, o
local em que se encontra o produto do crime. Nesse caso não há delação premiada (espécie), mas
existe colaboração premiada (gênero).
Por qual motivo o colaborador ainda deve prestar o compromisso de dizer a verdade?
Inicialmente cabe pontuar que o colaborador não responde pelo delito de falso testemunho
(art. 342 do Código Penal), pois o crime mencionado exige uma qualidade especial do sujeito ativo,
qual seja, ser testemunha, status que não pode ser atribuído ao colaborador, que é
necessariamente um partícipe ou coautor da infração penal. A justificativa para o colaborador
prestar o compromisso legal de dizer a verdade se dá em razão do crime previsto no art. 19
da Lei 12850/1310, pois o colaborador pode praticar tal crime se imputar, falsamente, sob o
pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração a pessoa que sabe ser inocente, ou
revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas.
Lembre-se que nenhuma tratativa sobre a colaboração premiada deve ser realizada sem
a presença do advogado constituído ou defensor público. Em caso de eventual conflito
de interesses, ou de colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá solicitar a presença
de outro advogado ou a participação de defensor público.
9Observe que a própria Lei 12850/13 emprega a terminologia mais adequada, porquanto nos arts. 3º, I, 4º, 5º, 6º e 7º o termo
emprego é colaboração premiada ao invés da expressão delação premiada.
10Art. 19 da Lei 12.850/13: Imputar, falsamente, sob o pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração a pessoa
que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas:
Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de
nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra
finalidade. Trata-se da adoção do dever de lealdade e boa –fé (queen for a day/proffer session – se não for
firmado o acordo, todas as informações dadas pelo colaborador devem ser desconsideradas).
A colaboração inicial prestada diante de um Delegado de Polícia perde relevância se não for ratificada em
juízo, por não ter contribuído de fato para o alcance do resultado previsto em lei. Afinal de contas, “em
qualquer caso a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as
circunstancias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração” (art. 4º,
§1º, da Lei 12.850/13).
==ae741==
Se a colaboração ocorrer antes da sentença, ou seja, o agente colaborador pode ter sua pena
reduzida em até dois terços (2/3). Se a colaboração ocorrer após a sentença, ou seja, essa pena
poderá ser reduzida em até metade (1/2).
Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações do
agente colaborador (art. 4º, §16, da Lei 12850/13). As declarações do colaborador devem se somar
aos demais elementos probatórios produzidos em juízo. Daí que surge a regra da corroboração,
isto é, o agente colaborador deve trazer aos autos elementos de prova capazes de demonstrar a
veracidade de suas declarações.
A resposta é negativa. Esse tema foi enfrentado pelo Supremo Tribunal Federal, ocasião em que um dos réus
na operação Lava-Jato impetrou no STF habeas corpus contra ato do Min. Teori Zavascki, que homologou o
acordo de delação premiada de Alberto Youssef. Veja parte do julgado:
1. A prisão processual desafia a presença de algum dos requisitos previstos no art. 312
do CPP.
Questão: Em que momento deve o réu não colaborador deve apresentar suas alegações finais?
Em julgamento realizado em 27/08/2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o réu delatado
tem o direito de apresentar suas alegações finais depois do réu delator. “O direito fundamental
ao contraditório e à ampla defesa deve permear todo o processo legal, garantindo-se sempre a
possibilidade de manifestações oportunas da defesa, bem como a possibilidade de se fazer ouvir
no julgamento e de oferecer, por último, os memoriais de alegações finais. Pouco importa, na
espécie, a qualificação jurídica do agente acusador: Ministério Público ou corréu colaborador.
A ação controlada é uma técnica especial de investigação por meio do qual é postergado a ação
dos órgãos estatais incumbidos da persecução penal para intervir no melhor momento sob o ponto
de vista de obtenção de provas e de informações.
Na Lei das Organizações Criminosas, a ação controlada para a sua efetivação não necessita de
prévia autorização judicial. Todavia, iniciada a ação controlada, o juiz deverá ser comunicado
e, se for o caso, estabelecerá os limites e comunicará ao Ministério Público. Em resumo, não
necessita de prévia autorização judicial.
OBS: Alguns doutrinadores apontam diferença entre a entrega vigiada e a ação controlada.
Todavia, a doutrina majoritária entende que entrega vigiada é uma espécie do gênero ação
controlada.
Entrega vigiada limpa (ou com substituição) – nessa situação as remessas ilícitas são substituídas antes
de chegarem ao seu destino final por outro produto qualquer, eliminando, assim, o risco de extravio da
mercadoria.
Entrega vigiada suja (ou com acompanhamento) – nessa situação as remessas ilícitas não são substituídas,
exigindo, assim, monitoramento redobrado das autoridades para atenuar o risco de perda ou extravio de
objetos ilícitos.
• infiltração policial: espécie de infiltração em que o agente tem uma atuação ativa na organização
criminosa, chegando a praticar condutas ilícitas em nome dessa organização.
O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade da
investigação, responderá pelos excessos praticados. Não é punível, no âmbito da infiltração,
a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta
diversa
OBS: Com o advento da Lei 13.441/17, que introduziu o art. 190-A no Estatuto da Criança e
Adolescente11, passou a existir no Brasil a infiltração de agentes virtual (eletrônica ou cibernética).
11
Art. 190-A do ECA. A infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar os crimes previstos
nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes
regras: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
I – será precedida de autorização judicial devidamente circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os
limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de
2017)
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou representação de delegado de polícia e conterá a
demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas
investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas
pessoas; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total
não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade
judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requisitar relatórios parciais da operação de infiltração
antes do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441,
de 2017)
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
4. Disposições Finais
Independentemente da quantidade da pena prevista para o tipo penal descrito na Lei 12850/13 ou
das infrações penais conexas, o legislador elegeu o procedimento ordinário para o desenrolar da
persecução penal judicial. Em sintonia com a princípio constitucional da razoável duração do
processo (art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal), a Lei 12850/13 ainda estabeleceu o prazo
máximo de 120 dias para a instrução processual em caso de réu preso, lapso temporal que
pode ser prorrogável por decisão motivada em caso da complexidade da causa ou por fato
procrastinatório atribuível ao réu.
2 - VADE-MÉCUM ESTRATÉGICO
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
(PC-CE 2015)
(PC-CE 2015)
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de
terrorismo legalmente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016)
(PC-CE 2015)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às
demais infrações penais praticadas.
(PC-ES 2019)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação
de infração penal que envolva organização criminosa.
(PC-ES 2019)
O tipo penal previsto no art. 2º, §1º, da Lei 12.850/13 define conduta delituosa que
engloba o inquérito policial e a ação penal. (HC 487.962/SC, rel. min. Joel Ilan Paciornik, j.
28-05-2019)
§ 7º Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a
Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que
designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão.
CAPÍTULO II
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA
Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já
previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:
(PC-ES 2019)
I - colaboração premiada;
(PC-ES 2019)
O prazo de 15 dias das interceptações telefônicas deve ser contado a partir da efetiva
implementação da medida (e não da decisão). (AgRg no RHC 114.973/SC, rel. min. Jorge
Mussi, j.19-05-2020)
Descobertos novos crimes durante a interceptação, a autoridade deve apurá-los, ainda
que que apenados com detenção (AgRg no RHC 114.973/SC, rel. min. Jorge Mussi, j. 19-
05-2020, DJE 27-05-2020)
O fato de a interceptação telefônica ter visado elucidar outra prática delituosa não
impede a sua utilização em persecução criminal diversa por meio do compartilhamento
da prova. (HC 128102/SP, rel. min. Marco Aurélio, j.09-12-2015)
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica;
(PC-ES 2019)
É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de contas de
titularidade da Prefeitura Municipal, com o fim de proteger o patrimônio público, não se
podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário. (HC 308.493/CE, rel. min. Reynaldo
Soares da Fonseca, j. 20-10-2015)
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca
de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.
§ 2º No caso do § 1º , fica dispensada a publicação de que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei
nº 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da
realização da contratação. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
SEÇÃO I
DA COLABORAÇÃO PREMIADA
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar Termo de Confidencialidade
para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e impedirá
o indeferimento posterior sem justa causa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse não poderá se
valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para
qualquer outra finalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do interessado
com poderes específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada
pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser realizada sem a presença de
advogado constituído ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve narrar todos os fatos ilícitos para os
quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos investigados. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até
2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele
que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal,
desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá deixar de oferecer
denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não
tenha prévio conhecimento e o colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou
será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos.
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do
acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com
a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado
ou acusado e seu defensor.
(PC-CE 2015) (PC-GO 2017) (PC-MA 2018) (PC-PA 2016) (PJC-MT 2017)
O Poder Judiciário não pode obrigar o Ministério Público a celebrar o acordo de
colaboração premiada. (MS 35693 AgR/DF, rel. min. Edson Fachin, j. 28-05-2019)
O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de
inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se
manifestar, sem caráter vinculante, previamente à decisão judicial. (ADI 5508/DF, rel.
min. Marco Aurélio, j. 20-06-2018, DJE 05-11-2019)
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o
respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir
sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará
os seguintes aspectos na homologação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
(PC-CE 2015)
O delatado possui o direito de ter acesso às declarações prestadas pelos colaboradores
que o incriminem, desde que já documentadas e que não se refiram à diligência em
andamento que possa ser prejudicada. (Rcl 30742 AgR/SP, rel. min. Ricardo Lewandowski,
j. 04-02-2020)
Os terceiros que tenham sido mencionados pelos colaboradores podem obter acesso
integral aos termos dos colaboradores, desde que estejam presentes os requisitos positivo
e negativo. (Pet 7494 AgR/DF, rel. orig. min. Edson Fachin, red. p/ o ac. min. Gilmar Mendes,
j.19-05-2020)
II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo,
sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento
de pena do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as regras
de cada um dos regimes previstos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei
de Execução Penal) e os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados mínimos exigidos nos incisos I, II,
III, IV e V do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao direito de impugnar a decisão
homologatória. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais,
devolvendo-a às partes para as adequações necessárias. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)
(PC-GO 2017)
(PC-BA 2018)
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá
ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial.
§ 13. O registro das tratativas e dos atos de colaboração deverá ser feito pelos meios ou recursos
de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a
obter maior fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização de cópia do material ao
colaborador. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor,
ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou proferida com fundamento apenas
nas declarações do colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 17. O acordo homologado poderá ser rescindido em caso de omissão dolosa sobre os fatos
objeto da colaboração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado,
sem sua prévia autorização por escrito;
VI - cumprir pena ou prisão cautelar em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou
condenados. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e conter:
§ 2º O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia,
como forma de garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do
representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito
de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às
diligências em andamento.
O sigilo sobre o conteúdo da colaboração premiada deve permanecer, como regra, até
o recebimento da denúncia. A citada regra não encerra observância absoluta, mas
termo final máximo. Uma vez realizadas as diligências cautelares, cuja
indispensabilidade tiver sido demonstrada a partir das declarações do colaborador, ou
inexistentes estas, não subsiste razão para o sigilo. Nada impede que o sigilo do acordo
seja afastado em momento anterior ao recebimento da denúncia. Não há direito subjetivo
do colaborador a que se mantenha, indefinidamente, a restrição de acesso ao conteúdo do
acordo, ao argumento de que o sigilo teria sido elemento constitutivo da avença. (Inq 4435
AgR, rel. min. Marco Aurélio, j.12-09-2017, DJE 19-02-2018)
A decisão do magistrado que nega ao réu denunciado em um acordo de colaboração
premiada o acesso a outros termos de declarações que não digam respeito aos fatos
pelos quais ele está sendo acusado, sobretudo se as referidas declarações ainda estão
em curso, não viola os preceitos da Súmula Vinculante 14. (Rcl 22009 AgR/PR, rel. min.
Teori Zavascki, j. 16-02-2016)
(PC-MG 2018)
SEÇÃO II
DA AÇÃO CONTROLADA
(PC-MG 2018)
§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam
indicar a operação a ser efetuada.
(PC-GO 2018)
§ 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério
Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações.
(PC-GO 2018)
(PC-GO 2018)
SEÇÃO III
DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES
Não há infiltração policial quando agente lotado em agência de inteligência, sob identidade
falsa, apenas representa o ofendido nas negociações da extorsão, sem se introduzir ou se
infiltrar na organização criminosa com o propósito de identificar e angariar a confiança de seus
membros ou obter provas sobre a estrutura e o funcionamento do bando. (STJ, HC 512.290-
RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 18/08/2020, DJe 25/08/2020)
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado
de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia
quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e
sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites.
(PC-SP 2018)
§ 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º e se a
prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis.
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais
renovações, desde que comprovada sua necessidade.
§ 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o
Ministério Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.
Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os
requisitos do caput do art. 10, na internet, com o fim de investigar os crimes previstos nesta
Lei e a eles conexos, praticados por organizações criminosas, desde que demonstrada sua
necessidade e indicados o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas
investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação
dessas pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de
Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º desta
Lei e se as provas não puderem ser produzidas por outros meios disponíveis. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais
renovações, mediante ordem judicial fundamentada e desde que o total não exceda a 720
(setecentos e vinte) dias e seja comprovada sua necessidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o relatório circunstanciado, juntamente com todos
os atos eletrônicos praticados durante a operação, deverão ser registrados, gravados,
armazenados e apresentados ao juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério
Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o
Ministério Público e o juiz competente poderão requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade
de infiltração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz,
ao Ministério Público e ao delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de
garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet,
colher indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos no art. 1º desta Lei. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da
investigação responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação
deverão ser registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público,
juntamente com relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput deste artigo serão reunidos
em autos apartados e apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial,
assegurando-se a preservação da identidade do agente policial infiltrado e a intimidade dos
envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
(PC-SP 2018)
Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de dados
próprios, mediante procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações
necessárias à efetividade da identidade fictícia criada, nos casos de infiltração de agentes na
internet. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter
informações que possam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que será
infiltrado.
§ 3º Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação
será sustada mediante requisição do Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se
imediata ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial.
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade
da investigação, responderá pelos excessos praticados.
(PC-DF 2015)
Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado
no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.
(PC-DF 2015)
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9º da Lei nº 9.807,
de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a testemunhas;
(PC-DF 2015)
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais
preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em
contrário;
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicação,
sem sua prévia autorização por escrito.
SEÇÃO IV
DO ACESSO A REGISTROS, DADOS CADASTRAIS, DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES
Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e
permanente do juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos bancos de dados de
reservas e registro de viagens.
Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à
disposição das autoridades mencionadas no art. 15, registros de identificação dos números dos
terminais de origem e de destino das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e locais.
SEÇÃO V
DOS CRIMES OCORRIDOS NA INVESTIGAÇÃO E NA OBTENÇÃO DA PROVA
Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização
por escrito:
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração
penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização
criminosa que sabe inverídicas:
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e
a infiltração de agentes:
Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações requisitadas
pelo juiz, Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo:
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala, divulga ou
faz uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei.
CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados mediante
procedimento ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Processo Penal), observado o disposto no parágrafo único deste artigo.
(PC-SP 2018)
Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual não
poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogáveis em até
igual período, por decisão fundamentada, devidamente motivada pela complexidade da causa
ou por fato procrastinatório atribuível ao réu.
(PC-SP 2018)
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para
garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor,
no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao
exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os
referentes às diligências em andamento.
(PC-MS 2017)
3 – QUESTÕES COMENTADAS
As questões comentadas a seguir expostas também foram extraídas da Aula 15 do Professor Vitor
de Luca.
Delegado da PF instaurou IP para apurar crime cometido contra órgão público federal.
Diligências constataram sofisticado esquema de organização criminosa criada com a intenção
de fraudar programa de responsabilidade desse ente público. Com base nessas informações e
com relação à prática de crime por organização criminosa, julgue o item seguinte.
Se algum dos indiciados no âmbito desse IP apresentar elementos que justifiquem a celebração
de acordo de colaboração premiada, e se a situação permitir a concessão do benefício a esse
indiciado, o próprio delegado que estiver à frente da investigação poderá celebrar diretamente
o acordo, devendo submetê-lo à homologação judicial.
Comentário: O item está correto. O Pretório Excelso entendeu que o Delegado de Polícia pode
formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito policial, respeitadas as
prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante,
previamente à decisão judicial (STF. Plenário. ADI 5508/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
20/6/2018 -Informativo 907).
A alternativa C está errada. Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao
juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações
(art. 8º, §3º, da Lei 12850/13)
A alternativa D está errada. O retardamento da intervenção policial ou administrativa será
previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e
comunicará ao Ministério Público (art. 8º, §1º, da Lei 12850/13).
A alternativa E está errada. Se envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção
policial ou administrativa poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem
como provável itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio
do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime (art. 9º da Lei 12850/13).
Comentários: O item está correto. A Lei 12850/13 autoriza que, após homologado o acordo, as
partes realizem retratação de sua proposta. Nessa situação, as provas autoincriminatórias
produzidas pelo agente colaborador não poderão ser empregadas exclusivamente em seu desfavor,
mas apenas em relação aos demais agentes
A alternativa B está errada. O juiz não pode conceder a colaboração premiada de ofício. O
magistrado não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do
acordo de colaboração premiada, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o
defensor, com a manifestação do Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor (art.
4º, §6º, da Lei 12850/13). Realizado o acordo, o termo será encaminhado ao magistrado para fins
de homologação.
A alternativa D está errada. Os objetivos estampados nos incisos do art. 4º, caput, da Lei 12850/13
são alternativos. A ocorrência de outros resultados também autoriza a concessão de prêmios legais.
Comentário: O item está correto. Com a finalidade de resguardar a observância dos direitos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com isso, despeço-me por hoje!
Raissaaraujo.r@gmail.com
Até mais!!