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Autor:
Diego Cerqueira Berbert
Vasconcelos
Aula 02
26 de Fevereiro de 2020
Diego Cerqueira Berbert Vasconcelos
Aula 02
APRESENTAÇÃO
Olá, alunos do Estratégia OAB!
Como estão os estudos? Preparados para mais uma aula de Dir. Constitucional?
Aqui, deixo uma dica. Atenção mais que especial na leitura do pdf, pois
abordaremos alguns temas recorrentes da FGV.
diegocerqueira@estrategiaconcursos.com.br
https://www.facebook.com/profdiegocerqueira/
@profdiegocerqueira
*Esse curso é desenvolvido pelo Prof. Diego Cerqueira, mas conta com a
participação da Advogada Dra. Lara Abdala na produção do conteúdo para 1ª fase
em Dir. Constitucional.
Apresentação .................................................................................................................... 1
9. Direitos Sociais .......................................................................................................3
9.1 – Direitos sociais na Constituição Federal de 1988 .......................................... 4
9.2 - Cláusula de reserva do financeiramente possível ........................................... 4
9.3 - Princípio do mínimo existencial ...................................................................... 5
9.4 - Princípio da Vedação ao Retrocesso .............................................................. 6
10 - Direitos de Nacionalidade.................................................................................11
10.1 - Atribuição de Nacionalidade ...................................................................... 13
10.2 - Condição especial dos portugueses residentes do Brasil .......................... 20
10.3 - Condição jurídica do nacionalizado ............................................................ 21
10.4 - Perda de Nacionalidade ............................................................................. 23
11 - Direitos Políticos ................................................................................................35
11.1 - Direitos Políticos Positivos .......................................................................... 36
11.1.1 – Capacidade eleitoral ativa ................................................................... 38
11.1.2 – Capacidade eleitoral passiva ............................................................... 41
11.2 - Direitos Políticos Negativos ........................................................................ 47
11.2.1 – Inelegibilidades .................................................................................... 48
11.2.2 – Perda e suspensão dos direitos políticos ............................................. 65
11.2.3 – Princípio da anterioridade eleitoral...................................................... 66
12 - Dos Partidos Políticos ........................................................................................69
9. DIREITOS SOCIAIS
Primeiramente, vamos fazer uma revisão rápida dos assuntos já abordados.
Lembram dos direitos de 1ª geração?
Pois bem. Estes direitos têm a função de evitar que o Poder Público interfira sobre
o espaço de autodeterminação dos indivíduos (ou seja a esfera privada), pois
estabelecem uma diretriz ao Estado: a obrigação de não fazer. É a limitação do
poder estatal.
Em relação aos direitos de 2ª geração, o que temos aqui é uma situação inversa,
uma atuação positiva do Estado. Representa uma obrigação de fazer por parte do
Poder Público. São os denominados direitos sociais. Através destes, fica evidente o
dever do Estado no cumprimento das prestações sociais, concretizando a chamada
igualdade material.
Com a crise do Estado liberal, passou-se a perceber que a “igualdade formal” até
então conferida já não era mais suficiente. Era necessário um papel mais atuante do
Estado. Assim, após a 1ª Guerra Mundial, o Estado passou a atuar como agente do
bem-estar e da justiça social1 (Estado do Bem-Estar Social).
Nesse sentido, tivemos a Constituição de Weimar de 1919 que regulou os deveres
do Estado no campo social, sendo um marco no tema dos direitos sociais. Em
âmbito nacional, a Constituição de 1934 teve um grande papel, pois foi nela que
ocorreu a primeira previsão de norma constitucional acerca da ordem social.
A Constituição de 1988 trouxe um capítulo próprio para tratamento do tema dos
direitos sociais. (art. 6º ao art. 11). Contudo, a doutrina e a jurisprudência entendem
que há outros direitos espalhados ao longo da Carta política. Um exemplo disso
seria o art. 194, que aborda a seguridade social. Temos também a previsão do art.
196 que rege o direito à saúde; o art. 205 com a temática do direito à educação,
enfim.
O próprio Supremo Tribunal entende que estamos diante de um rol instituído no
art. 6º de caráter meramente exemplificativo2.
1
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição. Ed. Juspodium. Salvador: 2016, p. 1310.
2
STF, ADI nº 639, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 02.06.2005.
Vamos pensar o seguinte. Digamos que o Estado esteja com grave problema
financeiro e orçamentário. Então inicia o exercício de 2019 e ele precisa custear a
manutenção dos serviços públicos (saúde pública, rede hospital, sanitária, serviços
de educação básica, ensino médio estadual...etc). Será que o Estado pode alegar a
reserva do possível?
Pode. Mas, cuidado! O princípio serve para determinar quais os limites em que o
Estado deixa de ser obrigado a dar efetividade aos direitos sociais. Se o Estado
está com grave problema financeiro, tudo bem. Nem todos os serviços públicos
serão ofertados (em sua integralidade). Mas, por outro lado, o Estado não pode
chegar e dizer " não tenho dinheiro para absolutamente nada. Corte-se a verba
pública de todos os postos de saúde, feche-se todas as escolas estaduais de ensino
básico".
Ele não pode simplesmente alegar que não possui recursos orçamentários. O
Supremo tribunal Federal entende que, ocorrendo uma situação extrema, é
fundamental que o Poder Público demonstre objetivamente a inexistência de
recursos públicos e a falta de previsão orçamentária da respectiva despesa.
Alguma coisa ele precisa prestar.3
“Professor...e o Judiciário pode intervir nesses casos?”
De acordo com o STF, excepcionalmente pode o Poder Judiciário intervir nas
políticas públicas, de forma a implementá-las, em caso de inércia estatal
injustificável. Quer ver um exemplo? Quando temos uma determinação judicial para
a concessão do tratamento de câncer pelo Estado a um indivíduo4.
3
ADPF 45 MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 29.04.2004, DJ 04.05.2004.
4
STF, RE 436.996 – AgR. Rel. Min. Celso de Mello. 22.11.2005.
A vedação ao retrocesso significa que, uma vez concretizado um direito social, este
não pode ser suprimido, ou seja, as conquistas sociais obtidas ficam impedidas de
serem desconstituídas. Na visão do ilustre jurista J.J Canotilho, ao ser conquistado,
o direito social passa “a constituir, simultaneamente, uma garantia institucional e um
direito subjetivo” 8.
Além de exigir que a política pública esteja em harmonia com os direitos sociais
adquiridos, este princípio (denominado pela doutrina francesa de effet cliquet)
busca impedir a revogação da norma infraconstitucional que materializou um direito
5
SARLET, Ingo Wolfgang; FIGUEIREDO, Maria Filchtiner. Reserva do possível, mínimo existencial e direito à saúde: algumas aproximações. Direitos
Fundamentais & Justiça, Porto Alegre, ano 1, n. 1, p. 171-231, out./dez., 2007, p. 178.
6
STF, RE 639.637. AgR. Rel. Min. Celso de Mello. 15.09.2011
7
RE 592.581/RS. Rel. Min. Ricardo Lewandowski. 13.08.2015.
8
J.J.G.Canotilho, Direito constitucional e teoria da Constituição, 6. ed. p. 468.
“cláusula que veda o retrocesso em matéria de direitos a prestações positivas do Estado (como o direito
à educação, o direito à saúde ou o direito à segurança pública, v.g.) traduz, no processo de efetivação
desses direitos fundamentais individuais ou coletivos, obstáculo a que os níveis de concretização de tais
prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado”. 9
Pessoal, para a prova de direito constitucional, nesta parte da aula tratamos daquilo
que tem mais probabilidade de ser cobrado em termos de Direitos Sociais. As
disposições do art. 7º a 11º da CRFB/88 são temas com um enfoque mais específico
no estudo do Direito do Trabalho.
Comentário:
9
STF, RE 436.996 – AgR. Rel. Min. Celso de Mello. 22.11.2005.
Comentários:
A letra A está incorreta. Acabamos de estudar que os direitos sociais
geralmente exigem uma ação (e não uma omissão) dos poderes constituídos.
Atenção extra hein? rs
A letra B está incorreta. Opa! Pegadinha. Estamos diante dos direitos
fundamentais de 2ª geração.
A letra C está incorreta. Há sim uma observância pela disponibilidade de
recursos financeiros para sua implementação. (reserva do financeiramente
possível)
A letra D está correta. Perfeito. É o nosso gabarito. Os direitos sociais podem
exigir prestações específicas para sua implementação. Temos como exemplo o
direito à saúde, previsto no contexto da ordem social.
Comentários:
Opa! Pessoal, essa questão é para que possamos reforçar a previsão do art. 6º,
CF/88. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.
Gabarito Letra A.
Comentários:
Meus amigos, chegamos a comentar essa questão em aula anterior. Mas, vamos
treiná-la novamente, até para que possamos reforçar os conceitos.
Letra A: errada. Os direitos prestacionais estão ligados ao Estado Social de
direito (direitos 2ª geração).
Letra B: errada. A cláusula da reserva do possível deve ser levada em
consideração na tarefa de concretização dos direitos sociais. O Estado, para
concretizar direitos sociais, depende de recursos econômicos e financeiros.
Letra C: errada. De fato, o direito ao meio ambiente é um direito de 3a geração,
possuindo natureza indivisível. Trata-se, porém, de um direito difuso, cuja
titularidade é indeterminada. Todas as pessoas são titulares do direito ao
ambiente, independentemente de quaisquer circunstâncias de fato que as
liguem.
Letra D: correta. Temos aqui o gabarito! Os direitos de defesa (liberdades
negativas) são classificados na 1ª geração de direitos fundamentais. Estado
Liberal de direito.
Comentários:
Meus amigos, questão bem interessante trazida pela FGV. Lembram do que
estudamos há pouco?
A teoria da reserva do possível no diz que a efetivação dos direitos sociais deve
acontecer na medida exata do possível, mais especificamente “na medida do
financeiramente possível”. Há, em verdade, uma espécie de limitação da
obrigação de fazer do Estado.
E a banca trouxe um exemplo exatamente nessa linha. ;) O primeiro argumento
jurídico diz respeito à reserva do possível fática (ou reserva do financeiramente
possível).
No caso do segundo argumento, estamos diante do princípio da separação dos
poderes, encampado no art. 2º da CRFB/88: “são Poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
Gabarito letra B.
10 - DIREITOS DE NACIONALIDADE
Pessoal, vamos conversar um pouco agora acerca dos Direitos de Nacionalidade.
Prevalece na doutrina o entendimento que o Estado possui 03 elementos para sua
formação: território, governo (este em caráter soberano) e povo.
10
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.
NACIONALIDADE
SECUNDÁRIA
PRIMÁRIA
(ADQUIRIDA OU
(ORIGINÁRIA)
DERIVADA)
“IUS SOLI”
(REGRA) OU “IUS
NASCIMENTO ATO VOLITIVO
SANGUINIS”
(EXCEÇÃO)
A alínea “a” determina que qualquer indivíduo nascido no território nacional será
brasileiro nato. Como regra geral, aquele que nasceu no território nacional será
considerado brasileiro nato. (critério “jus soli”). Mas, cuidado, temos uma exceção:
quando o indivíduo nascer no Brasil e for filho de estrangeiros que estejam a serviço
do seu país de origem. Neste caso, não haverá atribuição de nacionalidade
originária.
Vamos pensar num exemplo. Digamos que um casal de uruguaios venha ao Brasil a
título de passeio e se encante com nossa terra. Em seguida, eles decidem morar em
Morro de São Paulo na Bahia e montam um empreendimento da região. Dois anos
depois nasce o pequeno Suarez. Esse filho será considerado brasileiro nato? Sim. O
casal estava morando aqui no Brasil e eles não estavam a serviço do país de origem.
Agora, vamos complicar um pouco (rs). Imagine que um casal de diplomatas italianos
venha ao Brasil a serviço da Itália. Durante este período, eles acabam tendo o
pequeno Baggio. Esse filho será considerado brasileiro nato? Não!!! Por qual razão?
Então. Mesmo com o nascimento no território brasileiro, a criança não será
2ª situação:
•Um filho de pai ou mãe •Um filho de estrangeiros
brasileiro, ou ambos, que não estão a serviço
nasce em território •Um filho de estrangeiros de seu país nasce em
brasileiro: será brasileiro que estão a serviço de território brasileiro: será
nato. seu país nasce em brasileiro nato.
território brasileiro: não
será brasileiro nato.
1ª situação: 3ª situação:
11
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional, 11ª ed. Salvador: Editora JusPodium, 2016, pág. 482-483.
12
Trata-se de uma regra consuetudinária de direito internacional, que os filhos de agentes de Estados estrangeiros, como diplomatas e cônsules, sejam
normalmente excluídos da atribuição de nacionalidade pelo critério “jus soli”.
13
CARVALHO, Dardeau de Carvalho, Nacionalidade e cidadania, p. 57, apud José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, 36. ed.rev. São
Paulo: Malheiros, 2013, p. 290.
14
A Receita Federal possui uma “função” chamada de Adido, que se trata de uma representação da Administração Tributária Federal em outros países. Os
Adidos Tributários e Aduaneiros Auditores Fiscais lotados nos países que possuem acordos comerciais e aduaneiros com o Brasil.
Olha só meus amigos! Percebam que a condição da alínea “c” permite que um filho
de pai ou mãe brasileira que não esteja a serviço do Brasil e que venha a nascer no
exterior possa ser considerado brasileiro nato. São duas condições em que tal fato
pode ocorrer:
Ä O indivíduo ter sido registrado em repartição brasileira competente
ou;
Ä Vir a residir no Brasil e optar, em qualquer tempo, depois de
atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
Em relação a primeira hipótese, é necessário apenas o registro do indivíduo perante
repartição competente. Fez o registro na repartição brasileira competente? Sim.
Será considerado brasileiro nato.
Já na segunda hipótese, é preciso o preenchimento de dois requisitos: (i) o indivíduo
precisa residir no Brasil; e (ii) também manifestar sua vontade. Este ato de
manifestação apenas acontecerá com a maioridade e será realizada em um processo
perante a Justiça Federal.
Importante frisar que a opção do indivíduo em se tornar brasileiro revela uma
condição potestativa, ou seja, preencheu os requisitos tem direito subjetivo ao
reconhecimento da nacionalidade originária. Daí a doutrina dizer em nacionalidade
potestativa.
“Mas, professor, e no caso deste indivíduo vir a morar ainda menor no país, se ele
só pode optar pela nacionalidade após a maioridade, como fica a relação dele com
o Brasil até o momento da escolha? Muito boa a sua pergunta!
O Supremo Tribunal Federal entende que, apesar da aquisição ocorrer apenas
quando atingir a maioridade, durante o período ainda menor o residente será
considerado um nacional, mais especificamente um brasileiro nato.
E depois de atingida a maioridade, até que faça a opção, continua tendo o mesmo
tratamento? Não. A partir do momento em que chega à maioridade, até que se
manifeste, sua condição de brasileiro nato fica suspensa. Então, a maioridade se
apresenta aqui como uma condição suspensiva da nacionalidade.
Vamos consolidar? ;)
Brasileiro nato
Nacidos no
Estrangeiro de Pai
Nascidos no Brasil
brasileiro ou mãe
brasileira...
15
RE 264.848-5 / TO. Rel. Min. Carlos Ayres Britto. Julgamento em 29.06.2005.
Importante destacar que já foi consolidado pelo STF o entendimento que no sistema
jurídico-constitucional brasileiro não cabe a aquisição da nacionalidade pelo simples
casamento civil. Ou seja, a nacionalidade não é um efeito direto e imediato do
casamento civil16. Não há assim previsão da nacionalidade brasileira jure matrimonii.
Naturalização Naturalização
Ordinária Extraordinária
Os estrangeiros de
Os que, na forma da lei,
qualquer nacionalidade,
adquiram a nacionalidade
desde que requeiram a
brasileira
nacionalidade brasileira
Trata-se de ato
A concessão é direito
discricionário do
subjetivo do interessado
Presidente da República
Art. 12 (...)
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver
reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes
ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
16
Ext 1.121, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 18-12-2009, Plenário, DJE de 25-6-2010.
O §3º traz uma das mais importantes diferenças: a ocupação de alguns cargos
públicos. Os cargos que constam no parágrafo são aqueles cuja CRFB/88 reservou
apenas aos brasileiros natos.
Não é difícil decorar quais são os cargos exclusivos de brasileiro nato, quando
pensamos na importância que estes possuem para a manutenção da soberania e
segurança estatal.
Vamos à explicação...
Em relação aos incisos I, II, III e IV, a preocupação foi evitar que o ocupante da
posição de Chefe de Estado venha a utilizar o cargo para servir aos interesses de
outros Estados. Por conta disto, houve a previsão da exclusividade ao cargo de
Presidente da República, assim como aos cargos em que seus titulares podem vir a
suceder o Presidente: Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara,
Presidente do Senado Federal e Ministros do STF.
Já o inciso V temos a carreira diplomática. Tecnicamente, a função do diplomata é
representar bem o Brasil diante da comunidade de nações, defendendo sempre os
interesses do país no exterior. A ideia que se tem é que o naturalizado poderia
sucumbir mais facilmente, quando a discussão girasse em torno dos interesses do
país da sua outra nacionalidade. Exemplo: na celebração de um acordo entre
Canadá e Brasil, caso um o diplomata fosse um canadense naturalizado brasileiro
esta seria uma tarefa difícil para ele.
Por fim, temos o oficial das Forças Armadas e o Ministro da Defesa, cargos que
envolvem a segurança do Estado. Como um naturalizado pode exercer um cargo
que pode o colocar, futuramente, em uma situação de ataque a sua terra natal?
Comentários:
Questão bem interessante cobrada no XXVI Exame OAB. Estamos diante da
condição para o português adquirir a nacionalidade brasileira. Temos a regra
do art. 12, II - a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por
um ano ininterrupto e idoneidade moral;
Assim, uma vez comprovada a idoneidade moral, Afonso poderá, na forma da
lei, adquirir a qualidade de brasileiro naturalizado. Além disso, temos um
“plus”. Será que Afonso poderia se candidatar ao cargo de prefeito?
Para esta condição, temos que analisar o § 3º: São privativos de brasileiro nato
os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente
da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de
Comentários:
Letra A: errada. O cargo de Ministro do STF é privativo de brasileiro nato. Logo,
se Alessandro se naturalizar brasileiro, não poderá ser Ministro do STF.
Letra B: errada. O cargo de Presidente da Câmara dos Deputados é privativo
de brasileiro nato.
Comentários:
Letra A: errada. Ser casado com brasileira não é requisito suficiente para a
concessão de naturalização.
Letra B: errada. A naturalização de indivíduos originários de países de língua
portuguesa depende de residência por um ano ininterrupto e idoneidade
moral.
Letra C: errada. A naturalização extraordinária depende de residência no Brasil
há mais de 15 anos ininterruptos e ausência de condenação penal.
Letra D: correta. Maria já reside no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e
não teve condenação penal. Ela até foi processada, mas foi absolvida por
Comentários:
Letra A: errada. João poderia, sim, ter se candidatado ao cargo de Deputado
Federal. Esse cargo não é privativo de brasileiro nato.
Letra B: errada. Os cargos da carreira diplomática são privativos de brasileiro
nato. João poderia ser Deputado Federal, mas não poderia ingressar na carreira
diplomática.
Letra C: correta. O cargo de Presidente da Câmara dos Deputados é privativo
de brasileiro nato. João poderia até ter se candidatado ao cargo de Deputado
Federal, mas não poderia exercer a Presidência da Câmara dos Deputados.
Gabarito letra C.
Letra D: errada. Os cargos de Deputado Federal e de Senador não são
privativos de brasileiro nato. Assim, João poderia ter se candidatado aos dois
cargos.
Comentários:
Dentre as opções apresentadas, é privativo de brasileiro nato o cargo de
diplomata. Portanto, o gabarito é a letra B.
Comentários:
Pegadinha! Estão lembrados da aula anterior? Segundo o art. 5º, LII, não será
concedida a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.
Gabarito letra C.
Comentários:
Letra A: errada. O brasileiro nato pode, sim, perder a nacionalidade. Isso
ocorrerá quando houver aquisição voluntária de outra nacionalidade.
Letra B: correta. São brasileiros natos os nascidos na República Federativa do
Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço
de seu país. Como os pais alemães não estão no Brasil a serviço da Alemanha,
seu filho será brasileiro nato.
Letra C: errada. O brasileiro naturalizado poderá ser extraditado em caso de
crime comum praticado antes da naturalização.
Letra D: errada. Não é admitida a extradição de brasileiro nato.
Comentários:
Questão tranquila né? Trata-se da condição do art. 12º, inciso I, alínea b, da
CRFB/88. Rosenval é brasileiro nato e estava no exterior a serviço da República
Federativa do Brasil, já que estava trabalhando para o Banco do Brasil, que é
uma sociedade de economia mista integrante da Adm. Pública indireta. Assim,
seu filho será brasileiro nato independentemente de qualquer opção ou
registro. Gabarito letra B.
Comentários:
A letra A está incorreta. Trata-se de condição de brasileiro naturalizado (art. 12,
II, “a”, CF), exigindo-se, ainda, a idoneidade moral.
Comentários:
Letra A: errada. Paul nasceu no Brasil, mas é filho de pais estrangeiros que
estavam a serviço do seu país. Portanto, ele não será considerado brasileiro.
Letra B: correta. Este é o nosso gabarito. Olha só que questão interessante.
Diego nasceu no nos EUA e é filho de pai brasileiro e mãe brasileira. No
entanto, estes não estavam a serviço da República Federativa do Brasil. Como
ele foi registrado em repartição brasileira competente, então ele será
considerado brasileiro nato.
Comentários:
Letra A: correta. De fato, a CF/88, ao atribuir nacionalidade, utilizou em
conjunto os critérios jus sanguinis e jus soli.
Letra B: correta. O cargo de Ministro do STF é privativo de brasileiro nato.
Letra D: correta. Exatamente. De acordo com a previsão do art. 222, CF/88,
somente poderão ser proprietários de empresa jornalística e de radiodifusão
sonora e de imagens brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos.
Letra D: errada. Este é o nosso gabarito. Item Errado, pessoal. Cuidado!!! São
brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes
na República Federativa do Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
Comentários:
Pessoal, questão que trago para fixação do art. 12, 4º, II, b, da CF/88. No caso
prático, Renato estava residindo em País, que por meio de lei passou a exigir
dele a naturalização como condição de permanência em seu território. Então,
temos aqui a exceção prevista na Constituição Federal. Não haverá declaração
de perda da nacionalidade.
Gabarito Letra D.
11 - DIREITOS POLÍTICOS
A doutrina do Direito Constitucional vai nos dizer que os direitos políticos formam a
base do regime democrático, pois é por meio deles que a Carta Magna garante o
exercício da soberania popular (característica do regime democrático).
Ao prever esses instrumentos, a Constituição garante ao cidadão uma espécie de
direito subjetivo: o chamado “direito de participação na vida política do Estado”.
Conclui-se, então, que os direitos políticos estão relacionados ao exercício da
cidadania.
Democracia Democracia
Democracia direta: representativa ou semidireta ou
indireta: participativa:
Capacidade Capacidade
eleitoral eleitoral Sufrágio
ativa passiva
Ao possuir capacidade eleitoral ativa, o cidadão pode exercitar o sufrágio por meio
do voto. Vale destacar que o exercício do direito de votar não se limita às eleições,
mas também se manifesta no plebiscito e no referendo.
No ordenamento jurídico brasileiro, a capacidade eleitoral ativa depende da
aquisição da qualidade de eleitor. Tal fato ocorre com o alistamento eleitoral, que
se dá com o pedido do interessado de inscrição junto à Justiça Eleitoral.
Importante esclarecer que a qualidade de eleitor dá ao nacional a capacidade de
votar, mas não só isso. A partir de então, o indivíduo passa a ser considerado
juridicamente como cidadão, em pleno gozo dos seus direitos políticos, podendo
inclusive ajuizar Ação Popular e até propor iniciativa de lei juntamente com outros
cidadãos, respeitando logicamente os demais requisitos constitucionais.
Assim, nota-se que diversos direitos políticos podem ser exercidos após o
alistamento eleitoral, mas para o exercício de todos os direitos políticos é necessário
o preenchimento de demais requisitos previstos na CRFB/88. Afinal, o direito de
elegibilidade, ou seja, o direito de ser votado tem o alistamento como uma das
condições a serem preenchidas, nos termos no §3º do art. 14, (Calma que elas serão
trabalhadas em tópico posterior rs)
Primeiro, vamos estudar o §1º do art. 14 da CRFB/88, que trata do alistamento
eleitoral e do voto. O Constituinte fez uma divisão em obrigatório, facultativo ou
proibido.
Sim. Ele pode se alistar como eleitor e ser eleito, mas há certos cargos políticos que
são privativos de brasileiro nato (art. 12 §3° da CF/88). (comentamos um pouco mais
à frente)
O §2º também traz uma outra característica no critério do alistamento eleitoral: a
vedação aos conscritos. Agora, calma que não a todos eles, apenas aqueles que
estejam prestando o serviço militar obrigatório.
“não estará sujeita a sanção a pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou
demasiadamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais, relativas ao alistamento e ao
exercício do voto”.
O TSE também editou uma Resolução para regulamentar a questão dos índios e a
comprovação de quitação do serviço militar para a realização do alistamento
eleitoral. Na Resolução nº 20.806/2001 determinou a exclusão dos índios isolados
ou em via de integração dessa obrigatoriedade. Então, apenas os índios integrados
17
Resolução do TSE no 15.850/89.
Comentários:
Questão para fixação, pessoal! São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos.
Por consequência, serão inelegíveis. Para os analfabetos, o alistamento eleitoral
é facultativo. Gabarito letra D.
19. (ESTRATEGIA OAB/ INÉDITA) Pode-se afirmar que os direitos políticos são
valores fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988, sendo fruto
de manifestação da chamada soberania popular e com a participação do
cidadão na vida pública. Nesse contexto, a Carta Política assevera:
a) o voto indireto e secreto, com valor igual para todos.
Comentários:
Letra A: errada. O voto é direto, secreto e com valor igual para todos.
Letra B: errada. O voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e menores de
70 anos.
Letra C: correta. O voto é facultativo para: i) os analfabetos; ii) os maiores de
70 anos e; iii) os maiores de 16 anos e menores de 18 anos.
Letra D: errada. É o Congresso Nacional que autoriza referendo e convoca
plebiscito. Portanto, esses instrumentos contam com a participação do Poder
Legislativo.
19
ADI 5081 / DF, Rel. Min. Luís Roberto Barroso. Julg. 27.05.2015.
NACIONALIDADE
BRASILEIRA
PLENO EXERCÍCIO
IDADE MÍNIMA DOS DIREITOS
POLÍTICOS
CONDIÇÕES DE
ELEGIBILIDADE
FILIAÇÃO ALISTAMENTO
PARTIDÁRIA ELEITORAL
DOMICÍLIO
ELEITORAL NA
CIRCUNSCRIÇÃO
Comentários:
Letra A: Então, pessoal. Esse item foi considerado errado pela FGV. Entretanto,
vale uma observação. O enunciado não deixa claro na questão se José havia
cumprido apenas um mandato de prefeito. Se for o caso, ele poderá se
candidatar à reeleição, mas não precisa se desincompatibilizar. Caso José já
tenha cumprido 2 (dois) mandatos consecutivos como Prefeito, ele não poderá,
em qualquer hipótese, se candidatar a uma nova reeleição.
Letra B: correta. Para que João se candidate a Prefeito, ele deve ter a idade
mínima de 21 anos. Esse requisito é preenchido por João.
Letra C: errada. Os analfabetos são inelegíveis. Logo, Marcos não poderá se
candidatar ao cargo de Prefeito.
Letra D: errada. Em razão de Luís ter menos de 10 anos de serviço, Luís terá
que se afastar das atividades militares.
Comentários:
A letra A está incorreta. A idade mínima para o cargo de Deputado Federal é
de 21 anos (art. 14, § 3º, VI, “c”, CF).
A letra B está incorreta. A idade mínima para Prefeito é de 21 anos (art. 14, §
3º, VI, “c”, CF).
A letra C está correta. É o que prevê o art. 14, § 3º, VI, “d”, da Constituição. A
idade mínima para Vereador é 18 anos.
A letra D está incorreta. Para Senador, a idade mínima é de 35 anos (art. 14, §
3º, VI, “a”, CF).
22. (FGV / XIX Exame de Ordem – 2016) André, jovem de 25 anos, é Vereador
pelo Município M, do Estado E. Portanto, com domicílio eleitoral nesse Estado.
Suas perspectivas políticas se alteram quando, ao liderar um grande movimento
de combate à corrupção, o seu nome ganha notoriedade em âmbito nacional.
A partir de então, passa a receber inúmeras propostas para concorrer a diversos
cargos eletivos, advindas, inclusive, de outros Estados da Federação, a exemplo
do Estado X. Nessas condições, seduzido pelas propostas, analisa algumas
possibilidades. De acordo com a Constituição Federal, assinale a opção que
indica o cargo eletivo ao qual André pode concorrer.
a) Deputado Estadual pelo Estado X.
b) Deputado Federal pelo Estado E.
c) Senador da República pelo Estado E.
d) Governador pelo Estado E.
Comentários:
Letra A: errada. Uma das condições de elegibilidade é o domicílio eleitoral na
circunscrição. Tendo em vista que André tem domicílio eleitoral no Estado E,
ele não poderá concorrer ao cargo de Deputado Estadual por outro Estado.
Letra B: correta. É possível, sim, que André concorra ao cargo de Deputado
Federal pelo Estado E. Cabe destacar que a idade mínima para que alguém
possa se candidatar a Deputado Federal é 21 anos, requisito preenchido por
André.
Letra C: errada. A idade mínima para o cargo de Senador é de 35 anos.
Letra D: errada. A idade mínima para o cargo de Governador é de 30 anos.
Comentários:
A idade mínima como critério de elegibilidade para o cargo de Governador é
de 30 anos, nos moldes do §3°, do art. 14, da CF/88, que deve ser avaliada
apenas na data da posse (Lei nº 9.504/97, art.11, §2º). Contudo, somente
poderá concorrer caso adquira a nacionalidade brasileira, tendo em vista que o
enunciado diz apenas que os pais são brasileiros e que ele nasceu nos Estados
Unidos, ficando claro que ainda não possui a nacionalidade brasileira, que é
requisito essencial para ter capacidade eleitoral passiva (§3°, I, do art. 14, da
CF/88 e alínea “c”, I, do art. 12, da CF/88).
Gabarito letra A.
Pessoal, muita atenção agora. Vamos entrar no tópico mais sensível da aula. ;)
(inclusive é o tema mais abordado pela FGV quando da cobrança dos “Direitos
Políticos”)
11.2.1 – Inelegibilidades
Mario Covas foi reeleito em 1998, juntamente com Geraldo Alckmin sendo
o seu Vice. Até aqui, nenhum problema! Certo?
20
RE 637485/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 1º.8.2012. (RE-637485)
(...)
E, em relação a cargo diferente do ocupado, o Presidente, Governador ou Prefeito
podem se candidatar? A Constituição permite desde que respeitado o que
determina art. 14, § 6º:
21
RE 366.488, rel. min. Carlos Velloso, j. 4-10-2005, 2ª T, DJ de 28-10-2005.
Professor, mas essa regra também deve ser seguida pelos vices?
Então. A regra para os vices (Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito)
é um pouquinho diferente, pois é permitido que concorram normalmente a outros
cargos, preservando seus mandatos, desde que nos seis meses anteriores ao
pleito não tenham sucedido ou substituído o titular.
(...)
A inelegibilidade reflexa está prevista no art. 14, § 7º, da Constituição Federal.
Chama-se reflexa, porque determinado indivíduo que ocupa um cargo eletivo acaba
afetando a elegibilidade de terceiros. Ou seja, de maneira reflexa ele provoca uma
inelegibilidade.
Vamos fazer a leitura do texto constitucional!
Quando pensamos em inelegibilidade reflexa, temos que ter em mente que serão
afetados aqueles que possuem um grau de conexão com o titular de um mandato
eletivo. E esse grau de conexão será por motivo de casamento, parentesco ou
afinidade.
O próprio §7º deixa muito claro ao mencionar que serão “São inelegíveis (...) o
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção
(...)
Tudo bem até aqui? Ok. ;)
Agora, um segundo ponto importante. Precisamos compreender quem afeta a
elegibilidade de terceiros. Aqui, a resposta é clara de direta: aqueles que ocupam
os cargos de Chefia do Poder Executivo.
“Então, professor, você está querendo dizer que se um indivíduo for Deputado
Federal ou Senador ele não afeta a elegibilidade de terceiros? Seus filhos, pais e
esposa, podem concorrer normalmente aos cargos políticos?” SIMMM!!!
Aquele que ocupa um cargo no legislativo não afeta a elegibilidade por motivo de
casamento, parentesco ou afinidade. Ex: Se Jorge ocupa o cargo de Deputado
Federal, sua esposa, filhos, parentes consanguíneos ou afins poderão se candidatar
a qualquer cargo político.
Tudo bem até aqui? ;)
Mais uma informação importante. Será que essa afetação quanto à elegibilidade vale
por todo o território nacional? A inelegibilidade reflexa alcança somente o território
de jurisdição do titular do cargo do Poder Executivo.
Suponha que Diego seja Prefeito do Município de Salvador. A afetação que ele
provoca em terceiros está adstrita aos cargos políticos dentro do território do
Município de Salvador: Prefeito, vice-prefeito, vereador...
Seus parentes podem se candidatar a Governador, Presidente da República,
Deputado Federal, por exemplo...
Ä Aspecto jurisprudencial
Outro detalhe. Para que o militar seja elegível, ele deve cumprir certas condições. E
o texto constitucional trouxe o requisito do tempo de serviço.
Se contar mais de 10
anos, será agregado pela
autoridade superior e, se
eleito, passará
automaticamente, no ato
da diplomação para a
inatividade. Nesse caso, o
militar se conservará ativo
até a diplomação.
Por último, vale destacar que uma das condições de elegibilidade é a filiação
partidária. E, aqui, temos um problema. Nossa Constituição, em seu art. 143, §3º,
V, veda a filiação do militar a partido político.
Então, como resolvemos professor? pois vejo toda eleição alguns militares se
candidatando...
O Tribunal Superior Eleitoral –estabeleceu que, caso o militar venha a se candidatar
a algum cargo, a ausência de filiação partidária poderá suprida com um registro da
candidatura apresentada pelo partido político e autorizada pelo candidato.
A partir da leitura desses dois dispositivos, fica evidente que a Constituição trouxe
apenas noções basilares sobre a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo - “AIME”,
tratando sobre o prazo, o fundamento da ação e a característica de tramitar em
segredo de justiça.
Tecnicamente, AIME deve ser intentada visando combater o abuso de poder
econômico, a corrupção e a fraude. Deve ser alegado pelo autor da ação que o
candidato foi eleito por meio de uma das 03 condições acima. Só cabível apenas
contra essas ilicitudes.
E quem pode propor a AIME? Ela pode ser proposta por um outro candidato ao
mesmo cargo, partido político, coligação ou Ministério Público. O Réu da ação
em questão será, portanto, o titular do mandato eletivo impugnado. (art. 3º. da
LC 64/90) Cuidado, pois não há previsão do cidadão ser legitimado ativo na AIME.
Comentários:
A letra A está incorreta. O cargo de Deputado Federal não é privativo de
brasileiro nato. Essa restrição aplica-se apenas ao cargo de Presidente da
Câmara (art. 12, § 3º, II, CF).
A letra B está incorreta. Como vimos, o cargo de Deputado Federal não é
privativo de brasileiro nato, o que já bastaria para a alternativa estar errada. Há,
entretanto, mais um erro na questão: o ingresso na carreira diplomática requer
a condição de brasileiro nato (art. 12, § 3º, V, CF).
A letra C está correta. É o que prevê a Constituição Federal (art. 12, § 3º, II,
CF). O cargo de Presidente da Câmara dos Deputados é privativo de brasileiro
nato, motivo pelo qual João não poderá exercê-lo. Quanto ao cargo de
Deputado Federal, exige-se idade mínima de 21 anos.
Comentários:
Letra A: errada. Não há qualquer óbice a que o filho do Prefeito do Município
X se candidate a Deputado Estadual, uma vez que a inelegibilidade reflexa
alcança apenas os cargos que estão no território de jurisdição do titular. Assim,
o filho do Prefeito do Município X não poderia se candidatar a vereador por
esse mesmo Município. Até aqui tudo bem! O problema é que José da Silva
Junior tem apenas 18 anos, e a idade mínima para elegibilidade ao cargo de
deputado estadual é de 21 anos (art. 14, § 3º, VI, “c”, CF).
Letra B: errada. Como Maria é candidata a reeleição, não é necessária a
desincompatilização de José da Silva. De acordo com o § 7º do art. 14 da
Constituição Federal, “são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por
adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território,
Comentários:
Letra A: correta. São instrumentos de participação popular: i) o voto direto,
secreto e com valor igual para todos; ii) o plebiscito; iii) o referendo e; iv) a
iniciativa popular.
Letra B: correta. Os estrangeiros e os conscritos não podem se alistar como
eleitores. Trata-se de hipóteses de inelegibilidade absoluta.
Letra C: errada. O mandato eletivo pode ser impugnado no prazo de 15 dias
contados da diplomação (e não da posse!).
Comentários:
Olha só pessoal!! Questão bem fresca do XXIII Exame de Ordem!!! A ação de
impugnação de mandato eletivo tem como fundamentos o abuso do poder
econômico, a corrupção e a fraude. Deverá ser proposta perante a Justiça
Eleitoral, dentro de 15 dias após a diplomação (art. 14, § 10, CF/88). Gabarito
Letra B.
Comentários:
Trata-se de uma questão com fundamento no art. 14, § 7o, CF/88, o chamado
tema da inelegibilidade reflexa. Resulta do fato de que uma pessoa, ao ocupar
um cargo de Chefe do Poder Executivo, afeta a elegibilidade de terceiros
(cônjuge, parentes e afins). No caso prático, Letícia preenche a idade mínima
para o cargo de deputada estadual, mas não poderá concorrer ao cargo no
executivo estadual, pois está afetada pela incidência do art. 14, parágrafo 7º.
Gabarito letra A.
29. (FGV/XXVI Exame de Ordem/2018) José Maria, no ano de 2016, foi eleito
para exercer o seu primeiro mandato como Prefeito da Cidade Delta, situada
no Estado Alfa. Nesse mesmo ano, a filha mais jovem de José Maria, Janaína
(22 anos), elegeu-se vereadora e já se organiza para um segundo mandato
como vereadora.
Rosária (26 anos), a outra filha de José Maria, animada com o sucesso da irmã
mais nova e com a popularidade do pai, que pretende concorrer à reeleição,
faz planos para ingressar na política, disputando uma das cadeiras da
Assembleia Legislativa do Estado Alfa.
Diante desse quadro, a família contrata um advogado para orientá-la. Após
analisar a situação, seguindo o sistema jurídico-constitucional brasileiro, o
advogado afirma que
A) as filhas não poderão concorrer aos cargos almejados, a menos que José
Maria desista de concorrer à reeleição para o cargo de chefe do Poder
Executivo do Município Delta.
B) Rosária pode se candidatar ao cargo de deputada estadual, mas Janaína não
poderá́ se candidatar ao cargo de vereadora em Delta, pois seu pai ocupa o
cargo de chefe do Poder Executivo do referido município.
C) as candidaturas de Janaína, para reeleição ao cargo de vereadora, e de
Rosária, para o cargo de deputada estadual, não encontram obstáculo no fato
de José Maria ser prefeito de Delta.
D) Janaína pode se candidatar ao cargo de vereadora, mas sua irmã Rosária
não poderá se candidatar ao cargo de deputada estadual, tendo em vista o fato
de seu pai exercer a chefia do Poder Executivo do município.
Comentários:
A FGV já gosta do tema da inelegibilidade reflexa, né? Mais uma questão sobre
esse assunto. Desta vez no recente XXXI Exame OAB.
Temos aqui um chefe do poder executivo que afeta a elegibilidade de terceiros.
Mas, essa afetação é apenas na jurisdição onde ele ocupa a chefia. Portanto, a
filha de José Maria pode se candidatar a outros cargos fora da jurisdição
municipal, como é o caso do cargo de deputada estadual.
Além disso, no caso filha Janaína, esta já exerce mandato eletivo e agora só
está concorrendo ao cargo em reeleição. Assim, ela pode tentar novamente o
cargo de vereadora.
Gabarito letra C.
DIREITOS POLÍTICOS
SUSPENSÃO DOS
TRANSITADA EM JULGADO TRANSITADA EM JULGADO,
POLÍTICOS
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de
sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data
de sua vigência
Comentários:
Letra A: errada. O cancelamento de naturalização por decisão (judicial)
transitada em julgado é hipótese de perda dos direitos políticos.
Letra B: errada. No Brasil, é vedada a cassação de direitos políticos.
Letra C: correta. De fato, a improbidade administrativa importa na suspensão
dos direitos políticos.
Letra D: errada. A incapacidade civil absoluta é hipótese de suspensão dos
direitos políticos.
Comentários:
Letra A: errada. A condenação criminal transitada em julgado, enquanto
durarem seus efeitos, importa na suspensão dos direitos políticos.
Letra B: errada. A incapacidade civil absoluta implica na suspensão dos direitos
políticos.
Letra C: errada. O cancelamento de naturalização por decisão judicial transitada
em julgado leva à perda dos direitos políticos.
Letra D: correta. A improbidade administrativa implica na suspensão dos
direitos políticos.
Comentários:
Letra A: errada. A incapacidade civil absoluta é que implica na suspensão dos
direitos políticos.
Letra B: errada. O examinador misturou as coisas. Cuidado! Ocorrerá suspensão
dos direitos políticos no caso de condenação criminal transitada em julgado,
I - caráter nacional;
22
STF, RE 164.458-AgRg, DJ de 02.06.1995.
23
Já no caso do parágrafo 4º, essa proibição se coaduna com o art. 5º, XVII, CF/88, que dispõe que “é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
vedada a de caráter paramilitar”.
Eleições para a
Número mínimo de Partido político deverá
Câmara dos
votos válidos: ter...
Deputados
03 % dos votos
Com um mínimo de
válidos, distribuídos
2% (dois por cento)
em pelo menos 1/3
dos votos válidos em
(um terço) das
cada uma delas
unidades da federação
Número mínimo de
Cumprir a “cláusula de
2ª Condição: Deputados Federais
barreira”
eleitos:
Caso não atenda a qualquer dos dois critérios acima, ocorrerá uma restrição no
funcionamento parlamentar do partido. Ele não será automaticamente extinto, mas
a falta de acesso à principal fonte de recursos das legendas pode ocasionar a
extinção a longo prazo.
Vale ressaltar que a Emenda trouxe uma regra de transição no seu texto. O
constante no § 3º somente vai produzir total efeito a partir das eleições de 2030.
Enquanto isso, a sua aplicação acontece de forma gradativa a partir das eleições
após o ano de 2018.24
Aqui, notamos uma regra bem interessante. A Emenda também trouxe um direito
ao candidato eleito do partido que não preencheu os requisitos do §3º. A ele não
24
Art. 3o O disposto no § 3o do art. 17 da Constituição Federal quanto ao acesso dos partidos políticos aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio e na
televisão aplicar-se-á a partir das eleições de 2030.
Parágrafo único. Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão os partidos políticos que:
I - na legislatura seguinte às eleições de 2018:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 1,5% (um e meio por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação,
com um mínimo de 1% (um por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos nove Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação;
II - na legislatura seguinte às eleições de 2022:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2% (dois por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com
um mínimo de 1% (um por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos onze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação;
III - na legislatura seguinte às eleições de 2026:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2,5% (dois e meio por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação,
com um mínimo de 1,5% (um e meio por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos treze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação.
Comentários:
Letra A: errada. Os partidos políticos não podem receber recursos financeiros
de entidade ou governo estrangeiro.
Comentários:
Gabarito Letra A. De fato, nossa CRFB/88 em seu art. 17 estabelece a livre a
criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos. Agora, o detalhe
é que a constituição dos partidos políticos acontece na forma da lei civil (Lei.
9.096/95) perante o serviço de registro civil de pessoas jurídicas competente.
Uma vez realizado o registro, há a aquisição de personalidade jurídica, e em
seguida formaliza-se o registro de seu estatuto perante o TSE.
(...)
Espero que tenham gostado da aula. ;)
Forte abraço e até a próxima,
Prof. Diego Cerqueira