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Direito Constitucional - Auditor Fiscal da Receita Federal Prof.

Nathalia Masson
Aula 02

Aula 01
Direito Constitucional – Teoria Geral dos
Direitos e Garantias Fundamentais
Técnico do INSS
Prof. Nathalia Masson
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Sumário
SUMÁRIO ............................................................................................................................. 2
TEORIA GERAL DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.......................................... 3
(1) RECADO INICIAL ..............................................................................................................................................3
(2) PRIMEIRAS PALAVRAS ....................................................................................................................................3
(3) CONCEITO DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 10
(3.1) CONCEITO E DISTINÇÃO: “DIREITOS FUNDAMENTAIS” E “DIREITOS HUMANOS” ............................... 10
(3.2) CONCEITO DE GARANTIAS FUNDAMENTAIS ............................................................................................ 12
(4) DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .............................................................. 13
(5) CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................................................. 17
(6) GERAÇÕES (DIMENSÕES) DE DIREITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................ 24
(7) APLICABILIDADE DAS NORMAS DEFINIDORAS DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .............33
(8) EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS (EFICÁCIA HORIZONTAL E
DIAGONAL).....................................................................................................................................................................35
(9) COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................................................................... 40
(10) DIREITOS FUNDAMENTAIS: LIMITE DOS LIMITES .................................................................................. 44
(11) QUESTÕES RESOLVIDAS EM AULA ............................................................................................................. 48
(12) OUTRAS QUESTÕES: PARA TREINAR ..........................................................................................................59
(13) RESUMO DIRECIONADO ............................................................................................................................. 70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 75

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TEORIA GERAL DOS DIREITOS E GARANTIAS


FUNDAMENTAIS
(1) Recado inicial
Lembre-se que esta aula foi produzida para o concurso de Técnico do INSS, banca CESPE, sendo
datada de abril de 2020. Como o conteúdo de Direito Constitucional é o que mais se altera no mundo
jurídico (em razão das constantes mudanças legislativas e, em especial, das incessantes novas decisões
do STF), não desperdice seu tempo ou arrisque sua aprovação estudando um material desatualizado.
Busque sempre a versão oficial da aula no site do nosso curso!

(2) Primeiras palavras


Ol|, meu caro! Animado para iniciarmos o nosso estudo sobre o importante tema “Direitos e
Garantias Fundamentais"?
Acredito que uma boa maneira de começarmos a estudar esse relevante e muito cobrado tópico é
verificando a estrutura da nossa Constituição Federal de 1988. Abra seu documento constitucional e
verifique que ele está dividido em Títulos. No Título I, que é composto por 4 artigos, temos os
“Princípios Fundamentais”. J| no Título II, foco dessa nossa aula, temos os “Direitos e garantias
Fundamentais”.
Avance em sua análise e note que tal Título é subdividido em cinco capítulos que abrigam, nesta
ordem, (i) os direitos e deveres individuais e coletivos, (ii) os direitos sociais, (iii) os direitos de
nacionalidade, (iv) os direitos políticos e o regramento a respeito dos partidos políticos.
Com este breve olhar podemos facilmente perceber que o texto constitucional estabeleceu os
direitos e garantias fundamentais como gênero do qual os demais direitos são espécies.

Dos Direitos e Deveres Individuais


e Coletivos
(Capítulo I - art. 5º)

Dos Direitos Sociais


(Capítulo II - art. 6º ao 11)
DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS
(Título II, CF/88)
Da Nacionalidade
(Capítulo III- art. 12 e 13)

Dos Direitos Políticos e dos Partidos


Políticos
(Capítulos IV e V - art. 14 a 17 )

Nesta nossa aula, iremos tratar apenas do gênero “Direitos e Garantias Fundamentais”, cuidando
dos aspectos que envolvem a Teoria Geral do assunto, sem abordar profundamente suas espécies, pois

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estas são estudadas em outras aulas específicas (inclusive, em nossa Aula inaugural 00, já falamos do
tema “Nacionalidade”). No entanto, queria repassar com você, de forma breve e r|pida, a ideia geral de
cada uma delas. Vejamos:
 Direitos e deveres individuais e coletivos (capítulo I): são aqueles
destinados à proteção não só dos indivíduos (direitos individuais), mas também dos
diferentes grupos sociais (coletivos). Estão estritamente vinculados ao conceito de
pessoa humana e da sua própria personalidade (a vida, a liberdade, a honra, a
dignidade).
 Direitos sociais (capítulo II): têm por finalidade não só a melhoria das
condições de vida das pessoas hipossuficientes, mas também a promoção da
igualdade social, através de normas que, por exemplo, protegem o trabalhador,
garantem o direito à educação, à saúde, à previdência etc.
 Direito de nacionalidade (capítulo III): enquanto vínculo jurídico-político que
explicita a ligação entre um indivíduo e determinado Estado, a nacionalidade
apresenta-se como direito básico que capacitará o indivíduo a exigir proteção do
Estado e o sujeitará ao cumprimento de alguns deveres.
 Direitos políticos (capítulo IV): regulamentam o direito democrático de
participação popular na formação da vontade política do Estado diretamente ou por
meio dos seus representantes.
 Dos partidos políticos (capítulo V): prevê normas de organização do
instrumental necessário para concretizar o sistema representativo.
Para finalizar essas considerações iniciais, gostaria de destacar uma informação MUITO
importante. Apesar de o Poder Constituinte Originário ter organizado os direitos e garantias
fundamentais no Título II da Constituição, existem outros artigos fora desse título que também
consagram direitos fundamentais. Um bom exemplo são os artigos 205 e seguintes que tratam do
direito fundamental { educaç~o. Quer outro exemplo? O STF j| nos disse que o art. 150, III, ‘b’, da
CF (que prevê o princípio da anterioridade tributária) representa uma garantia individual do
contribuinte (ADI 939, Rel. Min. Sydney Sanches), sendo, portanto, um direito fundamental.
Destarte, fica fácil entender porque a doutrina defende que existem
“direitos fundamentais catalogados” (uma vez que est~o relacionados no rol do Título II) e, de outro
lado, existem os “direitos fundamentais n~o catalogados” – que são aqueles inseridos no
documento constitucional de 1988, todavia, em outros dispositivos que são externos ao Título II.
Ademais, não custa adicionar aqui nesses comentários, o entendimento que a doutrina tem da
chamada “Cláusula de abertura”, do § 2° do art. 5° da CF/88 1, segundo a qual “Os direitos e

1
. Saiba, meu caro aluno, que esse nosso parágrafo foi inspirado na emenda IX feita à Constituição Federal dos Estados
Unidos da América (uma das poucas reformas que atingiu o texto magno daquele país). Tal emenda influenciou muitas
outras Constituições pelo mundo afora, pois traduz o entendimento de que os direitos fundamentais não se esgotam num

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garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte”. Este dispositivo constitucional nos confirma que o rol dos direitos e garantias fundamentais
enunciado pelo Título II da nossa Constituição não é taxativo, não é estático, mas dinâmico, vez
que podem ser identificados outros direitos e outras garantias que não estão previstos
expressamente em nosso documento constitucional – mas são decorrentes do regime (como, por
exemplo, o “direito de resistência”) e dos princípios por ela adotados (como, por exemplo, o “direito
{ identidade pessoal”) ou, ainda, dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte.
Aliás, falando de tratados ou convenções internacionais, precisamos entender, de uma vez
por todas, como eles podem ser incorporados em nosso ordenamento (para valerem como normas
internas).
De início, futuro Técnico do INSS, você terá que avaliar o conteúdo desse tratado internacional.
Ser~o duas as opções: ou ele versar| sobre “Direitos Humanos”, ou sobre um outro tema qualquer,
que n~o seja referente aos “Direitos Humanos”.
Pois bem. Se esse tratado tiver por conteúdo um assunto qualquer que não se relacione com os
“Direitos Humanos”, ele ser| incorporado pelo rito ordinário e entrará em nosso ordenamento
como lei ordinária (ou seja, como uma norma infraconstitucional, que se situa, como você bem
sabe, abaixo da Constituição).
De outro lado, caso esse tratado trabalhe com o tema “Direitos Humanos”, ser~o dois os ritos
de incorporação possíveis: o rito especial (do art. 5°, § 3°, CF/88) e o rito ordinário. Como são dois os
ritos de incorporação, claro que também serão dois os status possíveis que o tratado terá ao entrar
em nosso ordenamento (pois o status do tratado tem relação direta com o rito de incorporação que
tenha sido usado). Falemos dos dois ritos possíveis:
(i) Rito especial: foi introduzido em nossa Constituição no ano de 2004, por meio da EC nº 45 – que
inseriu o § 3° no art. 5°, CF/88. Esse rito exige que o tratado seja aprovado nas duas Casas do
Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), em dois turnos de votação em
cada Casa; nos quais a maioria de aprovaç~o ser| de 3/5 dos membros. Ou seja: seguiremos a “regra
do 2235” (2 casas; 2 turnos; maioria de 3/5). Repare que esse rito é idêntico ao rito de feitura de uma
emenda constitucional, conforme você pode ler no art. 60, § 2°, CF. Assim, nossa conclusão só pode
ser a seguinte: esse tratado sobre direitos humanos incorporado segundo esse rito especial entrará
em nosso ordenamento com o status de emenda constitucional!

elenco meramente exemplificativo formalizado em uma Constituição, pois eles são, acima de tudo, direitos que se destacam
pela sua substancialidade. Há, portanto, para a doutrina e jurisprudência norte-americana (assim como há para a brasileira),
direitos fundamentais que não estão expressamente previstos no texto constitucional.

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Em resumo, veja o esquema explicativo:

E antes que você se pergunte se esse rito já foi utilizado em algum momento no direito
pátrio, eu lhe digo: sim! Vejamos os exemplos. Em 2009 foram aprovados sob o rito especial
previsto no §3º, do art. 5º, a Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência e
seu protocolo facultativo. Possuem, portanto, em nosso ordenamento pátrio, o status normativo
equivalente ao de emenda constitucional. Em outubro de 2018, o Decreto nº 9.522 promulgou o
Tratado de Marraqueche para facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com
deficiência visual ou com outras dificuldades, para ter acesso ao texto impresso, firmado em
Marraqueche, em 27 de junho de 2013. Eis outro tratado que também ingressou em nosso
ordenamento pátrio com o status normativo equivalente ao de emenda constitucional.
(ii) Rito ordinário: se o tratado ou convenção internacional versar sobre direitos humanos, mas não
for incorporado pelo rito especial e, sim, pelo ordinário, ele ingressará em nosso ordenamento
como um status intermediário, ou seja, como norma supralegal! O que isso significa? Ora, significa
que estará abaixo da Constituição (porque não é norma constitucional), mas acima das leis (porque
também não tem status de lei ordinária, é superior a elas). Esse é o status que o Pacto de São José
da Costa Rica possui em nosso ordenamento. É um tratado internacional que versa sobre direitos
humanos, mas não foi incorporado pelo rito especial (que, aliás, nem existia na época da
incorporação, no início dos anos 90) e, sim, pelo rito ordinário. Então, em 2008, no julgamento do
RE nº 466.343, o STF confirmou que este tratado tinha status supralegal.

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Bom, em finalização a este item, vou lhe propor duas coisas: (1) que você avalie o esquema
posto logo a seguir2, que sintetiza os ritos de incorporação e a hierarquia dos Tratados e
Convenções Internacionais; (2) que verifiquemos juntos de que forma as conclusões acima
apresentadas podem ser exigidas em provas. Vamos lá:

Questões para fixar


[CESPE - 2009 - MMA - Agente Administrativo] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o
próximo item:

Os direitos e garantias fundamentais encontram-se destacados exclusivamente no art. 5º do texto


constitucional.
Comentário:

Eis uma assertiva falsa, cujo erro pode ser identificado com tranquilidade. Para começar, os direitos e as
garantias fundamentais estão enunciados em rol bastante amplo da nossa Constituição (que se inicia no art.
5º e vai até o art. 17). Portanto, o art. 5° não é o único a listar direitos fundamentais. Ademais, ainda que o
examinador tivesse dito que só existem direitos individuais no art. 5°, teríamos também um erro, pois tal
artigo não lista um conjunto exaustivo, sendo possível encontrarmos outros direitos individuais ao longo do
texto constitucional e, até mesmo, implícitos. Vou lhe dar dois exemplos: o princípio da anterioridade da lei
eleitoral (art. 16) e o princípio da anterioridade tributária (art. 150, III, b). por fim, lembre-se que trataremos
dos direitos individuais em uma próxima aula.
Gabarito: Errado

[CESPE - 2014 - Instituto Rio Branco - Diplomata] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e garantias
fundamentais:

O catálogo de direitos fundamentais na CF inclui, além dos direitos e garantias expressos em seu texto,
outros que decorrem do regime e dos princípios por ela adotados, ou de tratados internacionais em que a

2
. MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 7ª. ed. Salvador: Juspodivm, 2019, p. 236.

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República Federativa do Brasil seja parte.

Comentário:

O item é verdadeiro, pois em completa consonância com a previsão do art. 5º, §2º da CF/88.

Gabarito: Certo

[CESPE - 2011 - STM - Técnico Judiciário - Segurança] A respeito dos direitos e garantias fundamentais,
julgue o próximo item:

Os direitos e as garantias expressos na Constituição Federal de 1988 (CF) excluem outros de caráter
constitucional decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, uma vez que a enumeração
constante no artigo 5º da CF é taxativa.

Comentário:

F|cil notar que a assertiva é falsa, pois em desacordo com o que prevê o art. 5º, §2º da CF/88, que dita: “Os
direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.”

Gabarito: Errado

[COPS-UEL - 2011 - PGE/PR - Procurador do Estado] O entendimento de que existem direitos fundamentais
“fora de cat|logo”, ou seja, de que é possível extrair direitos fundamentais de outras normas constitucionais,
além daquelas do Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), tendo em vista a abertura material do
catálogo dos direitos fundamentais da Constituição, é afirmado pela jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal em relação:

A) à extradição;
B) à assistência judiciária;

C) à anterioridade tributária;

D) ao devido processo legal


Comentário:

Excelente questão! De fato, os direitos e as garantias fundamentais não se esgotam no Título II da CF/88, e
realmente temos decisão do STF nesse sentido, como ilustra o pronunciamento da nossa Corte Suprema na
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 939, relatada pelo Min. Siney Sanches. Naquela ocasião, o STF
afirmou que a anterioridade tribut|ria, prevista no art. 150, III, “b” da CF/88, ou seja, fora do rol do Título II, é
uma garantia individual do contribuinte – raz~o pela qual a alternativa ‘c’ deverá ser marcada.

Para complementar a resolução, é importante destacar que todas as demais alternativas trazem direitos e
garantias que encontram respaldo no art. 5º da CF/88 (nos incisos LI e LII; LXXIV; LIV):

(a) A extradição está prevista no Título II da Constituição Federal, no art. 5º, incisos LI e LII;

(b) A assistência judiciária é um direito fundamental que está previsto no rol do Título II da CF/88, no art. 5º,
inciso LXXIV;

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(d) Encontra-se no Título II da Constituição Federal, no art. 5º, LIV.

Gabarito: C

[TRT 15ªR - 2013 - TRT 15ªR - Juiz do Trabalho - Adaptada] Na ordem jurídica brasileira, à luz da Constituição
da República, das leis complementares que a regulamentam e da jurisprudência dominante no Supremo
Tribunal Federal, analise e julgue a assertiva abaixo:

O rol do artigo 5º da Constituição não exaure os direitos e garantias individuais no âmbito constitucional.

Comentário:

A assertiva é verdadeira! O rol do art. 5º da CF/88 não é exaustivo, ou seja, existem direitos e garantias
individuais fora deste dispositivo, como, por exemplo, o princípio da anterioridade tributária (contemplado
no art. 150, III, “b” da CF/88, conforme decidido na ADI 939-DF) e o princípio da anterioridade eleitoral (art. 16
da CF/88, conforme decidido na ADI 3.685-DF)

Gabarito: Correto

[TRT 16ªR - 2015 - TRT 16ªR - Juiz do Trabalho Substituto] Considerando as afirmações abaixo, julgue os
itens:
I- A abertura material do catálogo constitucional permite o reconhecimento de direitos fundamentais
implícitos, decorrentes do sistema como um todo.

II - Essa mesma abertura, porém, não enseja o reconhecimento de direitos fundamentais fora do catálogo do
art. 5º da CF, uma vez que, a partir de uma perspectiva topográfica, o legislador buscou estabelecer os
direitos expressos a partir de um critério sistemático.

Comentário:
O item I é verdadeiro, enquanto o item II é falso: o rol de direitos e garantias apresentados no Título II não é
exaustivo, ou seja, existem direito e garantias fundamentais elencados fora da lista feita pela Constituição,
que vai do seu art. 5º ao 17.

Gabarito: I) Correto / II) Errado

[VUNESP - 2018 - Câmara de Campo Limpo Paulista - SP - Procurador Jurídico - Adaptada] A respeito dos
direitos e garantias fundamentais, julgue a assertiva:

Os tratados de direitos humanos aprovados por processo legislativo ordinário são incorporados no direito
brasileiro com natureza supralegal, suspendendo a eficácia das normas infralegais que com eles sejam
conflitantes.

Comentário:

Aqui temos uma questão que cobrou um entendimento do STF sobre a internalização dos tratados e
convenções internacionais sobre direitos humanos. Nossa Suprema Corte entendeu, no julgamento do RE
466.343, que o status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo
Brasil torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao
ato de adesão. Dessa forma, m razão de a assertiva estar em conformidade com o referido entendimento,
podemos marca-la como verdadeira.

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Gabarito: Correto

[CESPE - 2018 - STJ - Conhecimentos Básicos - Cargo: 1] A respeito dos direitos e garantias fundamentais,
julgue o item que se segue, tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal de 1988 é taxativo, isto é, o Brasil adota um
sistema fechado de direitos fundamentais.

Comentário:
A assertiva é claramente falsa. O rol dos direitos e garantias fundamentais não é taxativo, outros direitos
podem vir a ser inseridos no texto constitucional, como ocorreu, por exemplo, com o art. 5º, LXXVIII, CF/88 –
que prevê a razoável duração do processo – incluído pela EC nº 45/2004. Outros exemplos podem ser
extraídos dos tratados internacionais que foram incorporados pelo rito especial do art. 5°, § 3°, CF/88.

Gabarito: Errado

[IESES - 2018 - TJ-AM - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento - Adaptada] Conforme o
disposto na Constituiç~o Federal no Título II “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, julgue a assertiva:
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes
às emendas constitucionais.

Comentário:

Marcou essa assertiva de que forma? Identificou com tranquilidade que ela é verdadeira? Bastaria você
recordar o que diz o art. 5º, § 3º, CF/88: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

Gabarito: Correto

Bom, agora o próximo passo é estudar o significado das expressões “direitos fundamentais” e
“garantias fundamentais”. Vamos avançar!

(3) Conceito de Direitos e Garantias Fundamentais


(3.1) Conceito e distinção: “direitos fundamentais” e “direitos
humanos”
Fundamentais são aqueles direitos considerados indispensáveis à existência digna de todo e
qualquer ser humano. Por isso, diversos autores usam a express~o “direitos fundamentais” como
sinônimo de direitos humanos. Mas fiquem atentos: apesar dessas duas locuções serem realmente
muito próximas (pois tanto os direitos fundamentais quanto os direitos humanos buscam assegurar e
promover a dignidade da pessoa humana) a maioria da doutrina destaca algumas importantes
diferenças entre elas.

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A primeira diferença é que a ideia de direitos humanos é considerada mais ampla e mais abstrata
do que a ideia de direitos fundamentais. Isto porque os direitos humanos estão relacionados ao gênero
humano como um todo e são válidos para todos os povos, sem distinção. Em razão disso, a expressão
“direitos humanos” traduz também o conjunto de direitos aceitos pela comunidade internacional como
essenciais à vida digna da humanidade como um todo.
Neste ponto podemos já mencionar a segunda diferença. A doutrina majoritária usa
frequentemente a express~o “direitos humanos” para designar os direitos fundamentais que est~o
previstos em tratados e acordos internacionais firmados entre Estados ou entre Estados e
Organizações. Em outras palavras, poderíamos dizer, então, que os direitos humanos correspondem
aos direitos fundamentais previstos em normas de Direito Internacional.
É importante lembrar que nosso texto constitucional prevê o princípio da prevalência dos direitos
humanos como norteador das relações internacionais estabelecidas entre o nosso país e outros Estados
(art. 4º, II). Esta regra impõe ao Brasil, no plano internacional, o dever de adotar posicionamento
contrário às práticas violadoras de direitos humanos que eventualmente ocorram em outros Estados.
Agora, vamos investigar o sentido e o alcance da express~o “direitos fundamentais” e suas
diferenças em relaç~o aos “direitos humanos”.
Prevalece o entendimento de que os direitos fundamentais têm um sentido menos abrangente,
pois seu alcance limita-se ao plano interno de um país. Além disso, sua previsão estará não em tratados
internacionais, mas nas normas constitucionais internas de cada Estado e sua observância estará
restrita ao âmbito do território correspondente. Por esta razão, consideram-se direitos fundamentais o
conjunto de direitos e liberdades que foram institucionalmente reconhecidos e garantidos pelo Estado.
E por que alguns consideram as duas expressões sinônimas? Ora, porque muitas vezes os direitos
humanos e os direitos fundamentais representam os mesmos direitos.
Para exemplificar, vamos ver o que dispõe o artigo 24 da Convenção Americana de Direitos
Humanos (conhecida também como Pacto de San José da Costa Rica):
Artigo 24. Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação,
a igual proteção da lei.

Agora vamos lembrar o que fala o caput do art. 5º da nossa Constituição de 1988:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade (...)

É fácil perceber a semelhança entre os dois dispositivos. O que faz do primeiro um direito humano
e o segundo um direito fundamental é simplesmente o tipo de instrumento normativo em que estão
previstos: o primeiro está em um Tratado Internacional e o segundo na Constituição da República
Federativa do Brasil.

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Atenção! Nem sempre um direito humano estará consagrado como um direito fundamental na
Constituição de um país ou um direito fundamental de um país será necessariamente um direito
humano. Um exemplo é art. 5º, inciso LVIII da Constituiç~o Federal que estabelece “o civilmente
identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. No }mbito
interno do nosso país, esse dispositivo é um direito fundamental que, no entanto, não encontra paralelo
(por enquanto) em qualquer tratado internacional de direitos humanos. Portanto, trata-se de um
direito fundamental que ainda não foi consagrado como direito humano.

(3.2) Conceito de garantias fundamentais


Vencida essa primeira parte referente ao conceito da express~o “direitos fundamentais”, vamos
agora avançar para a compreens~o do significado da locuç~o “garantias fundamentais”.
As garantias fundamentais são normas que funcionam como instrumentos de proteção ou defesa
dos direitos fundamentais. O texto constitucional prevê para cada direito fundamental uma garantia
respectiva. Exemplificando, se uma pessoa for indevidamente presa, ela poderá utilizar o remédio
constitucional chamado habeas corpus (art. 5º, LXVIII, CF/88) para ser libertada e, assim, garantir que
seu direito fundamental à liberdade de locomoção (art. 5º, XV, CF/88) seja respeitado.
Poderíamos dizer, portanto, que os direitos fundamentais são os bens protegidos
constitucionalmente (é o que se passa, por exemplo, com o direito à liberdade, à vida, etc.).
Já as garantias, por seu turno, são os mecanismos que a Constituição cria para proteger/tutelar esses
mesmos bens.
Vejamos uma questão sobre o tema:

Questão para fixar


[Quadrix - 2018 - CRM-DF - Serviço Administrativo] Julgue o item seguinte a respeito dos direitos e das
garantias individuais na Constituição Federal de 1988 (CF):

Enquanto os direitos fundamentais traduzem viés declaratório, as garantias possuem caráter instrumental,
ou seja, constituem os meios segundo os quais se pretende assegurar os direitos.

Comentário:

Eis um item verdadeiro! Os direitos fundamentais são normas de conteúdo declaratório, ou seja, os direitos
fundamentais são os bens protegidos constitucionalmente. Enquanto que as garantias são meios que têm
como objetivo assegurar (proteger/tutelar) o exercício desses direitos. Como exemplos de direitos
fundamentais podemos citar o direito à vida, à propriedade, à informação, entre outros. Em relação as
garantias fundamentais, podemos citamos como exemplo o mandado de segurança, o habeas data e o
habeas corpus, que são instrumentos utilizados para garantir o exercício dos direitos fundamentais.

Gabarito: Correto

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(4) Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais


Vamos iniciar o estudo desse ponto com a pergunta: quem são os titulares dos direitos e as
garantias fundamentais previstos na Constituição Federal?
A resposta ao questionamento parece estar inscrita já no caput do art. 5º. Vejamos sua redação:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, { segurança e { propriedade, nos seguintes termos: (...)”

Ao ler o dispositivo acima, pode parecer natural compreender que apenas as pessoas humanas
que sejam brasileiras ou as estrangeiras que residam no Brasil são destinatárias dos direitos e garantias
fundamentais. Tal conclusão, contudo, está equivocada.
Para ilustrar, vamos analisar uma situação hipotética. Imagine que um importante empresário
paraguaio (que mora em Paris) venha ao Brasil passar férias em Florianópolis e que, enquanto passeava
por uma praia, foi preso por policiais que o confundiram com um criminoso foragido. Neste caso, o
turista terá o direito de impetrar habeas corpus para proteger o seu direito de locomoção? Se prevalecer
essa interpretação restritiva do caput do art. 5º, o paraguaio não poderá utilizar a garantia
constitucional (habeas corpus) para atacar a prisão injusta de que foi vítima, uma vez que não é
residente do Brasil. Contudo, a resposta correta é a afirmação de que o turista pode usar o HC, pois é
também destinatário de direitos e garantias fundamentais previstos no texto constitucional.
A resposta correta decorre da interpretação dada pela doutrina e pelo STF ao caput do art. 5º, que
reconhece que todas as pessoas, inclusive os estrangeiros sem domicílio no Brasil (ou os apátridas), são
possuidoras de todas as prerrogativas básicas que lhe assegurem a preservação da dignidade.
Fique atento, entretanto, a um detalhe: nem todos os direitos do art. 5º são aplicáveis a todas as
pessoas. Podemos trazer como exemplo a ação popular, prevista no art. 5º, LXXIII, que é uma garantia
constitucional que admite como autor apenas os cidadãos brasileiros. Portanto, um estrangeiro não
poderia manejar essa ação, pois só um cidadão (um nacional no exercício dos seus direitos políticos) é
legitimado para propor uma ação popular.
E quanto às pessoas jurídicas? Será que elas também são destinatárias de direitos e garantias
fundamentais constantes da CF?
Essa pergunta já foi objeto de muitas discussões. Inicialmente, prevalecia o entendimento de que
tais direitos eram destinados apenas às pessoas físicas. Contudo, atualmente, a maioria reconhece que
as pessoas jurídicas também são titulares de certos direitos e garantias elencados no texto
constitucional que sejam compatíveis com sua natureza. Ex.: direito de propriedade.

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A jurisprudência reconhece, inclusive, que as pessoas jurídicas possuem os direitos fundamentais à


honra (objetiva) e à imagem, que se forem violados podem gerar o direito à reparação pecuniária.
Nesse sentido, é o enunciado da súmula 227 do STJ que prevê: “A pessoa jurídica pode sofrer dano
moral”.
Cumpre destacar, também, que muito embora as pessoas jurídicas sejam consideradas titulares
de vasto rol de direitos, alguns são exclusivos das pessoas físicas. Isso porque a natureza de certas
garantias, como a que diz respeito à prisão (art. 5º, LXI CF/88), e também aos direitos políticos – como o
de votar e o de ser eleito para cargo político – ou aos direitos sociais, como o de assistência social, é
determinante para que as pessoas físicas sejam percebidas como únicas destinatárias.
Em conclusão, meu caro aluno, você deve notar que em nossa Constituição Federal de 1988
temos:
(i) direitos fundamentais voltados para as pessoas naturais, jurídicas e estatais (o direito de propriedade
é um ótimo exemplo – art. 5º, XXII);
(ii) direitos fundamentais que poderão ser fruídos por pessoas naturais e também pessoas jurídicas
(para ilustrar: assistência jurídica gratuita e integral – art. 5º, LXXIV);
(iii) direitos fundamentais exclusivamente voltados para a pessoa natural (direito de locomoção, por
exemplo – art. 5º, XV);
(iv) direitos fundamentais que ficam restritos aos cidadãos (ação popular, por exemplo – art. 5º, LXXIII);
(v) direitos fundamentais voltados exclusivamente para a pessoa jurídica (direito de existência das
associações, direitos fundamentais dos partidos políticos – art. 5º, XIX, e art. 17, respectivamente);
(vi) direitos fundamentais voltados exclusivamente para o Estado (direito de requisição administrativa,
por exemplo – art. 5º, XXV).
Então, fique muito atento, estimado aluno! Apesar de parecer suficiente afirmar que são as
pessoas humanas os titulares dos direitos e das garantias fundamentais previstos no texto
constitucional, as informações acima mencionadas não podem ser esquecidas, pois demonstram que a
resposta correta é um pouco mais detalhada do que essa.
A resolução de algumas questões vão te auxiliar a compreender melhor o tema:

Questões para fixar


[CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nível Superior] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue a
assertiva:
O regime jurídico das liberdades públicas protege as pessoas naturais brasileiras e as pessoas jurídicas
constituídas segundo a lei nacional, às quais são garantidos os direitos à existência, à segurança, à
propriedade, à proteção tributária e aos remédios constitucionais, direitos esses que não alcançam os
estrangeiros em território nacional.

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Comentário:
Os direitos fundamentais, uma vez que são necessários para garantir a dignidade da pessoa humana, têm por
destinatários todas as pessoas, indistintamente, ainda que o caput do art. 5º pareça dispor que a titularidade
dos direitos e garantias fundamentais pertença apenas aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país.
Isso porque, em razão do entendimento firmado pelo STF, mesmo o estrangeiro sem domicílio no Brasil é
possuidor de todas as prerrogativas básicas capazes de lhe assegurar a preservação de sua dignidade.

Atente-se, entretanto, à seguinte informação: alguns direitos são assegurados a todos, independentemente
da nacionalidade, porque são intrínsecos ao princípio da dignidade humana. Cite-se como exemplo a
garantia do habeas corpus, que pode ser manejada por estrangeiro em trânsito no território nacional (turista)
se eventualmente sua liberdade de locomoção tiver sido violada. Noutro giro, existem direitos que são
dirigidos ao indivíduo enquanto cidadão, portanto apenas aos brasileiros que estejam exercendo seus direitos
políticos, como, por exemplo, a propositura de uma ação popular (art. 5º, LXXIII, CF/88). No mesmo sentido,
direitos sociais, como alguns direitos referentes ao trabalho, são compreendidos como não acessíveis aos
estrangeiros sem residência no país. Concluindo, a assertiva deverá ser marcada como falsa.

Gabarito: Errado

[CESPE - 2012 - TC-DF - Auditor de Controle Externo] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e
garantias fundamentais:
Embora a CF estabeleça como destinatários dos direitos e garantias fundamentais tanto os brasileiros quanto
os estrangeiros residentes no país, a doutrina e o STF entendem que os estrangeiros não residentes (como os
que estiverem em trânsito no país) também fazem jus a todos os direitos, garantias e ações constitucionais
previstos no art. 5° da Carta da República.

Comentário:
A assertiva está errada uma vez que dita que os estrangeiros não residentes fazem jus a todos os direitos,
garantias e ações constitucionais previstos no art. 5º da Constituição Federal. De fato, via de regra, os
direitos e garantias fundamentais se aplicam aos brasileiros e estrangeiros, residentes ou não no país.
Todavia, nem todos os direitos do art. 5º da CF/88 são aplicáveis aos estrangeiros. Ex.: a ação popular,
prevista no art. 5º, LXXIII, é uma ação constitucional que admite como autor apenas os cidadãos brasileiros.
Sendo assim, é falsa.
Gabarito: Errado

[TRT 15ªR - 2013 - TRT 15ªR - Juiz do Trabalho - Adaptada] Na ordem jurídica brasileira, à luz da Constituição
da República, das leis complementares que a regulamentam e da jurisprudência dominante no Supremo
Tribunal Federal, analise assertiva abaixo:

O rol do artigo 5º da Constituição, por tratar de direitos e garantias individuais, não contempla direitos ou
posições jurídicas extensíveis a pessoas jurídicas.

Comentário:
A alternativa é claramente falsa! Alguns dos direitos previstos no art. 5º da CF/88 beneficiam, também, as
pessoas jurídicas, desde que compatíveis com sua natureza. São exemplos: o princípio da isonomia, o
princípio da legalidade, o direito de resposta, o direito de propriedade, o sigilo da correspondência e das

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comunicações em geral, dentre tantos outros. Não nos esqueçamos, ademais, que as pessoas jurídicas
possuem direitos fundamentais até mesmo referentes à honra e à imagem, que, violados, podem culminar
em reparação pecuniária, (STJ súmula nº 227 – “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”).

Gabarito: Errado

[TRF 3ªR - 2016 - TRT 3ªR - Juiz Federal - Adaptada] Analise a proposição abaixo:

Os direitos e deveres individuais e coletivos estendem-se aos estrangeiros que apenas estão em trânsito pelo
Brasil.

Comentário:

A assertiva é verdadeira! É certo que uma interpretação literal do caput do art. 5º da CF/88 parece indicar
que ele somente referencia, de modo expresso, como titulares dos direitos fundamentais, os brasileiros –
natos ou naturalizados – e os estrangeiros residentes no país. Entretanto, a doutrina mais abalizada e a
Suprema Corte têm realizado interpretação do dispositivo na qual o fator meramente circunstancial da
nacionalidade não excepciona o respeito devido à dignidade de todos os homens, de forma que os
estrangeiros não residentes no país, assim como os apátridas, devam ser também considerados destinatários
dos direitos fundamentais.

Gabarito: Correto

[MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto - Adaptada] Sobre direitos fundamentais, julgue a assertiva:

As pessoas jurídicas de direito público são titulares de direitos fundamentais apenas de cunho processual (por
exemplo, o contraditório e a ampla defesa), sendo incompatíveis com sua natureza direitos de natureza
estritamente material.

Comentário:
O item é falso. Uma breve pesquisa no texto constitucional confirma que muitos dos direitos de natureza
material, que estão enumerados nos incisos do art. 5º, são extensíveis às pessoas jurídicas, tais como o
direito de propriedade, o sigilo da correspondência e das comunicações em geral e a inviolabilidade do
domicílio. Até mesmo os direitos fundamentais à honra e à imagem que, violados, podem culminar em
reparação pecuniária, são titularizados por pessoas jurídicas – consoante preceitua a súmula 227 do STJ (“A
pessoa jurídica pode sofrer dano moral”).

Gabarito: Errado

[Quadrix - 2018 - CRM-DF - Serviço Administrativo] Julgue o item seguinte a respeito dos direitos e das
garantias individuais na Constituição Federal de 1988 (CF):

São destinatários da proteção conferida pelos direitos fundamentais as pessoas naturais e jurídicas, nacionais
e estrangeiras.

Comentário:
Marcou essa assertiva como verdadeira? Parabéns! Apesar de o caput do art. 5º da CF/88 parecer referenciar
de modo expresso como titulares dos direitos fundamentais somente os brasileiros e os estrangeiros
residentes, bem sabemos que os direitos fundamentais beneficiam, também, estrangeiros não residentes,

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apátridas e pessoas jurídicas (brasileiras e estrangeiras) atuantes em nosso país.

Gabarito: Correto

[SIPROS - 2018 - PGE-PA - Técnico em Procuradoria - Direito - Adaptada] Leia a assertiva a seguir e julgue se
é verdadeira ou falsa:

Incluem-se os estrangeiros não residentes no Brasil no elenco de titulares dos direitos fundamentais,
notadamente daqueles direitos inequivocamente fundados na dignidade da pessoa humana.

Comentário:

O item é verdadeiro. Sabemos que a doutrina mais abalizada e a nossa Suprema Corte têm realizado
interpretação do art. 5°, caput na qual o fator meramente circunstancial da nacionalidade não excepciona o
respeito devido à dignidade de todos os homens, de forma que os estrangeiros não residentes no país, assim
como os apátridas, devam ser considerados também destinatários dos direitos fundamentais.

Gabarito: Correto

[COSEAC - 2018 - Prefeitura de Maricá - RJ - Procurador do Município] A respeito dos direitos e garantias
fundamentais, de acordo com a Constituição Federal de 1988 e do entendimento consolidado dos Tribunais
Superiores, julgue o próximo item:

Os direitos e garantias fundamentais não são aplicáveis aos estrangeiros não residentes no país, mesmo que
a violação ocorra enquanto estão em território brasileiro.

Comentário:

Já sabemos que estamos diante de uma assertiva falsa. Como vimos anteriormente, os estrangeiros,
residentes no país ou em trânsito, são destinatários dos direitos e garantias fundamentais.

Gabarito: Errado

(5) Características dos Direitos Fundamentais


É uma tarefa indiscutivelmente complexa listar características para os direitos fundamentais que
sejam sempre válidas – em todo lugar, em qualquer momento. No entanto, grande parte da doutrina
indica qualidades que podem ser associadas a esses direitos de forma corriqueira. Vejamos quais são
elas:
(i) Universalidade
Esta característica aponta a existência de um núcleo mínimo de direitos que deve estar presente
em todo lugar e para todas as pessoas, independentemente da condição jurídica, ou do local onde se
encontra o sujeito – uma vez que a mera condição de ser humano é suficiente para a titularização desse
conjunto básico.
Note, meu caro e estudioso aluno, que essa é uma característica relacionada à titularidade, que
nos indica que toda a coletividade é detentora de direitos fundamentais, numa definição que, a

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princípio, não admite discriminação de qualquer espécie e abarca todos os indivíduos, independente da
nacionalidade, raça, gênero ou outros atributos.
Mas, como já vimos nessa aula, é certo que nem todos os direitos podem ser universalmente
realizados por todas as pessoas, afinal é perfeitamente adequado que a Constituição limite aos
detentores de certas particularidades – como, por exemplo, ser cidadão, ser nacional, ser trabalhador,
ser pessoa física, dentre outros atributos – o exercício de algumas prerrogativas. Isso significa, como
indica Gilmar Mendes, que no rol enunciado na Constituiç~o brasileira “h| direitos de todos os homens
– como o direito à vida –, mas há também posições que não interessam a todos os indivíduos,
referindo-se apenas a alguns – aos trabalhadores, por exemplo”.3
(ii) Historicidade
Entenda, prezado aluno, que os direitos fundamentais não surgiram todos ao mesmo tempo e
em um idêntico momento histórico.
Os direitos fundamentais são proclamados em certa época, podem desaparecer em outras ou
serem modificados com o passar do tempo, apresentam-se como um corpo de prerrogativas que
somente fazem sentido se contextualizadas num determinado período histórico.
Isso nos permite concluir que os direitos fundamentais são direitos dotados de caráter histórico-
evolutivo, que não nascem todos de uma só vez – pois são o resultado de avanços jurídico-sociais
determinados pelas lutas do povo em defesa de novas liberdades em face de poderes antigos ou em
face das novas afeições assumidas pelo antigo poder –, tampouco são compreendidos da mesma
maneira durante todo o tempo em que compõem o ordenamento. Vê-se, pois, que direitos
fundamentais não são obra da natureza, mas das necessidades humanas, e eles podem ser ampliados
ou restringidos a depender das circunstâncias.
Novamente citarei o Min. Gilmar Mendes 4, para lhe lembrar que é o caráter da historicidade que
justifica que os direitos sejam proclamados em certa época, desapareçam em posteriores, ou se
modifiquem com o transcurso do tempo, o que revela, sem dúvida, a índole evolutiva desses direitos.
Como exemplo da mudança de compreensão que um direito fundamental pode sofrer, cite-se a
jurisprudência do STF, que durante muitos anos admitiu “a extradiç~o para o cumprimento de penas de
car|ter perpétuo”, jurisprudência somente revista em 200456.
(iii) Indivisibilidade
Essa característica revela que não podemos compartimentalizar os direitos fundamentais, seja

3
. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. Curso de Direito Constitucional.
5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 316.
4
. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. Curso de Direito Constitucional.
5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 317.
5
. Admitindo a extradição para cumprimento de pena perpétua: Extr. 598-Itália, Extr. 669-0/EUA e Extr. 711-Itália,
julgamento em 18-2-1998. A jurisprudência muda com a Extr. 855, julgada em 26-8-2004, Rel. Min. Celso de Mello.
6
. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. Curso de Direito Constitucional.
5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 318.

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na tarefa interpretativa, seja na de aplicação às circunstâncias concretas. Isso porque tais direitos
formam um sistema harmônico, coerente e indissociável.
(iv) Imprescritibilidade, inalienabilidade
Essa característica nos lembra que os direitos fundamentais não são passíveis de alienação, deles
não se pode dispor, tampouco prescrevem.
Inalienabilidade é característica que exclui os atos de disposição, seja ela material – destruição
física do bem –, seja ela jurídica – renúncia, compra e venda ou doação. Deste modo, um indivíduo, tendo
em conta a proteção constitucional que recai sob sua integridade física, não pode vender parte do seu
corpo ou dispor de uma função vital sua, muito menos se mutilar voluntariamente.
Como a indisponibilidade justifica-se pela proteção que devemos dar à dignidade da pessoa
humana, nem todos os direitos fundamentais devem ser interpretados como absolutamente
indisponíveis. Indisponíveis seriam tão somente os direitos que visam preservar a vida biológica – sem a
qual não há substrato físico para o desenvolvimento da dignidade – ou que visam resguardar as condições
ordinárias de saúde física e mental, assim como a liberdade de tomar decisões sem coerção externa. Em
nossa percepção, o correto é analisar a indisponibilidade perante cada situação, afinal, muito embora
seja inaceitável a disposição irrevogável dos direitos fundamentais, em certas ocorrências fáticas nada
impedirá que o exercício dos direitos seja restringido em prol de uma finalidade aceita ou tolerada pela
ordem constitucional. Assim, “a liberdade de express~o, v.g., cede {s imposições de n~o-divulgação de
segredos obtidos no exercício de um trabalho ou profissão. A liberdade de professar qualquer fé, por
seu turno, pode não encontrar lugar propício no recinto de uma ordem religiosa específica”7. Outro
exemplo: em programas de televis~o intitulados “Reality Shows” (o “Big Brother Brasil” bem ilustra
esse tipo de entretenimento), os participantes, no intuito de receberem as compensações financeiras
ofertadas como prêmio, dispõem, temporariamente (durante a exibição do programa) do seu direito à
inviolabilidade da imagem e da privacidade (art. 5º, X, CF/88).
Por último, lembremos que os direitos fundamentais são imprescritíveis, eis que a prescrição é
instituto jurídico que apenas alcança a exigibilidade de direitos de cunho patrimonial, nunca a de
direitos personalíssimos. Estes últimos são sempre exercitáveis, de forma que o fato de o sujeito não ter
fruído seu direito fundamental durante grande lapso temporal não será argumento para impossibilita-
lo de agora exerce-lo, porque esse direito não estará prescrito.
(v) Relatividade
Você já ouviu dizer que o exercício de um direito fundamental pode ocasionar conflitos com
outros direitos constitucionalmente resguardados? Certamente sim! Tal fato se deve à circunstância de
nenhum direito ser absoluto ou prevalecer perante os demais em abstrato. Como todos os direitos são
relativos, eventualmente podem ter seu âmbito de incidência reduzido e ceder (em prol de outros) em

7
. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. Curso de Direito Constitucional.
5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 320.

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casos concretos específicos. Nestas hipóteses, de aparente confronto e incompatibilidade entre os


diferentes direitos, caberá ao intérprete decidir qual deverá prevalecer, sempre tendo em conta a regra
da máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos, conjugando-a com a sua mínima
restrição8.
Por fim, acho importante já deixar firmado que de todas as características, esta é,
disparadamente, a mais exigida nas provas. Você verá isso quando começarmos a treinar por meio de
questões.
(vi) Inviolabilidade
Esta característica confirma a impossibilidade de desrespeito aos direitos fundamentais por
determinação infraconstitucional ou por atos de autoridade, sob pena de responsabilização civil,
administrativa e criminal.
(vii) Complementaridade
Direitos fundamentais não são interpretados isoladamente, de maneira estanque; ao contrário,
devem ser conjugados, reconhecendo-se que compõem um sistema único – pensado pelo legislador
com o fito de assegurar a m|xima proteç~o ao valor “dignidade da pessoa humana”. Essa
complementaridade também se faz sentir quando do exercício dos direitos, que igualmente pode ser
cumulativo: por exemplo, quando um jornalista transmite certa notícia (direito de informação) e,
simultaneamente, emite uma opinião (direito de opinião)9.
(viii) Efetividade
A atuação dos Poderes Públicos deve se pautar (sempre) na necessidade de se efetivar os
direitos e garantais institucionalizados, inclusive por meio da utilização de mecanismos coercitivos, se
necessário for.
(ix) Interdependência
Em que pese a autonomia, as previsões constitucionais que se traduzem em direitos
fundamentais possuem interseções/ligações, com o intuito óbvio de intensificar a proteção engendrada
pelo catálogo de direitos. Estes estão todos interligados, associados – a liberdade de locomoção, por
exemplo, está intimamente vinculada à garantia do habeas corpus, bem como a previsão de que a
prisão válida somente se efetivará em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judicial competente.

8
. LENZA, PEDRO, Direito Constitucional Esquematizado. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 672.
9
. LENZA, PEDRO, Direito Constitucional Esquematizado. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 672.

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Um esquema, que nos ajude na visualização da explicação é sempre bem-vindo, concorda?

Universalidade

Historicidade

Indivisibilidade

Imprescritibilidade
PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS DOS Inalienabilidade
DIREITOS FUNDAMENTAIS
Relatividade

Inviolabilidade

Complementaridade

Efetividade

Interdependência

Bom, com as características centrais dos Direitos Fundamentais já mapeadas, podemos seguir
resolvendo mais um conjunto de questões, que bem irão ilustrar o modo como o tema será explorado
pelo seu examinador!

Questões para fixar


[CESPE - 2014 - SUFRAMA - Nível Superior] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o
próximo item:
O direito à vida, assim como todos os demais direitos fundamentais, é protegido pela CF de forma não
absoluta.

Comentário:
A assertiva é verdadeira. O direito à vida, bem como todos os demais direitos fundamentais previstos em
nosso ordenamento, não é um direito absoluto. Isto é, poderá sofrer limitações pela Constituição Federal.
Para exemplificar, lembremos que existe a previsão de aplicação da pena de morte em caso de guerra
formalmente declarada, nos termos do art. 5°, XLVII, ‘a’, CF/88. Cabe lembrar que os direitos fundamentais

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poderão, ainda, tem seu âmbito de incidência reduzido em casos de colisão com outros direitos
fundamentais resguardados pelo texto constitucional (como, por exemplo, a colisão entre o princípio da
liberdade de imprensa e o direito à privacidade).

Gabarito: Correto

[CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e garantias
fundamentais:

Os direitos fundamentais, pela sua própria relevância, não são suscetíveis de renúncia nem tampouco de
autolimitações.

Comentário:

Pode marcar a assertiva como falsa. Por não possuírem caráter patrimonial, os direitos fundamentais são
considerados indisponíveis, vale dizer, insuscetíveis de renúncia absoluta. Contudo, é juridicamente
permitida ao autor a limitação voluntária ao exercício de certos direitos fundamentais. Ex.: em reality shows,
os participantes dispõem temporariamente do seu direito à intimidade e à vida privada.
Gabarito: Errado

[CESPE - 2014 - TJ-SE - Analista Judiciário] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e garantias
fundamentais:

A historicidade, como característica dos direitos fundamentais, proclama que seu conteúdo se modifica e se
desenvolve de acordo com o lugar e o tempo. Por isso, os direitos fundamentais podem surgir e se
transformar.

Comentário:

A assertiva apresentada pelo CESPE é verdadeira. Uma vez que os direitos fundamentais são fruto de
processos históricos, refletindo o contexto da época em que foram reconhecidos. Um exemplo é a
consagração dos direitos civis e políticos clássicos, frutos da luta pela superação do Estado absolutista.

Gabarito: Correto

[CESPE - 2011 - STM - Cargos de Nível] Julgue a assertiva abaixo:

As liberdades individuais garantidas na Constituição Federal de 1988 não possuem caráter absoluto.
Comentário:

Pode marcar essa assertiva como verdadeira. Os direitos e garantias fundamentais podem ser limitados pela
própria Constituição ou até mesmo por uma lei infraconstitucional. Poderão, ainda, ter seu âmbito de
incidência reduzido diante da ocorrência de fatos que demonstrem uma colisão com outros direitos
constitucionalmente resguardados. Ex.: colisão entre o princípio da liberdade de imprensa e o direito à
privacidade.
Gabarito: Correto

[MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto - Adaptada] Sobre direitos fundamentais, julgue a assertiva:

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O princípio da universalidade significa que todas as pessoas, pelo fato de serem pessoas, são titulares dos
direitos fundamentais consagrados na Constituição, sendo ilegítima qualquer distinção entre nacionais e
estrangeiros.

Comentário:

Conseguiu identificar que a assertiva é falsa? Realmente, por força do princípio da universalidade dos direitos
fundamentais, há um núcleo mínimo de direitos que deve estar presente em todo lugar e para todas as
pessoas, independentemente da condição jurídica, ou do local onde se encontra o sujeito – porquanto a mera
condição de ser humano é suficiente para a titularização. Todavia, nem todos os direitos podem ser
universalmente realizados por todas as pessoas, afinal é perfeitamente aceitável que a Constituição limite
aos detentores de certas particularidades – como, por exemplo, ser cidadão, nacional, trabalhador, pessoa
física, dentre outros atributos – o exercício de algumas prerrogativas. Nesse sentido, a assertiva se torna falsa
ao afirmar que é “ilegítima qualquer distinç~o entre nacionais e estrangeiros”. N~o, n~o é ilegítimo
diferencia-los.

Gabarito: Errado

[IDHTEC - 2018 - CRQ - 19ª Região (PB) - Advogado] São características dos direitos fundamentais, exceto:
A) Inalienabilidade
B) Universalidade
C) Imprescritibilidade
D) Irrenunciabilidade

E) Ilimitabilidade
Comentário:
Nossa reposta é a da letra ‘e’, j| que todos os direitos fundamentais s~o relativos e podem, eventualmente,
ter seu âmbito de incidência reduzido e ceder (em prol de outros) em ocorrências fáticas específicas. Então, é
a relatividade dos direitos fundamentais e a possibilidade de os mesmos sofrerem restrições que impede o
reconhecimento da característica mencionada na letra ‘e’.
Gabarito: E

[DPE-SC Prova: FUNDATEC - 2018 - DPE-SC - Analista Técnico] Segundo a doutrina majoritária, NÃO deve
ser reconhecido(a) como uma característica dos direitos fundamentais:
A) Historicidade.
B) Inalienabilidade.
C) Imprescritibilidade.
D) Irrenunciabilidade.

E) Ser absoluto.

Comentário:

Eis uma questão bem fácil para você que já sabe que não existem direitos absolutos e que a relatividade é

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justamente uma marca dos direitos fundamentais. Pode assinalar a letra ‘e’.
Gabarito: E

[VUNESP - 2018 - IPSM – Procurador - Adaptada] Tendo em vista a importância dos direitos fundamentais no
ordenamento jurídico brasileiro, julgue a assertiva:
A universalidade, historicidade, inalienabilidade, imprescritibilidade, irrenunciabilidade e ilimitabilidade são
características dos direitos fundamentais.

Comentário:

De fato, a universalidade, a historicidade, a inalienabilidade, a imprescritibilidade e a irrenunciabilidade são


características dos direitos fundamentais. Entretanto, a ilimitabilidade não poderia ser listada como
característica dos referidos direitos, especialmente tendo em conta a possibilidade de eles serem
restringidos. A assertiva é, portanto, falsa.

Gabarito: Errado

(6) Gerações (dimensões) de Direitos Fundamentais


Os direitos fundamentais não surgiram todos de uma só vez, em um mesmo e único momento
histórico – como já bem sabemos, já que vimos no item anterior a característica da historicidade. Sua
evolução e fortalecimento ocorreram aos poucos e são o resultado de diversas demandas e lutas
surgidas em diferentes épocas.
A partir dessa evolução histórica, a doutrina moderna classificou os direitos e garantias
fundamentais em gerações de direitos. Essa divisão tem uma proposta didática, pois procura delinear
as características comuns dos direitos que foram conquistados em uma determinada época.
Foi Paulo Bonavides o autor pátrio que mais se destacou ao traçar um perfil histórico-temporal desse
desenvolvimento dos direitos, reunindo-os em diferentes grupos, denominados gerações10. O primeiro
autor a falar em uma teoria das gerações, contudo, foi o jurista francês de origem checa Karel Vasak, em
uma Conferência proferida no Instituto Internacional de Direitos Humanos de Estrasburgo, na França, em
1979, tendo nesta oportunidade classificado os direitos humanos em três gerações11.
Vale destacar, também, que o voc|bulo “geraç~o” n~o est| isento de críticas. Para muitos, é um termo
que remete à ideia de superação, significando que uma nova “geraç~o” sucede a outra, tornando-a
ultrapassada, o que, sabemos, n~o ocorre. Em verdade, a sucess~o de “gerações” deve ser vista como uma
evolução que amplia o catálogo de direitos fundamentais da anterior, sendo possível, inclusive, modificar o
modo de interpretá-los. Desta forma, n~o podemos falar em sedimentaç~o de direitos por “geraç~o”,
tampouco em substituiç~o da “geraç~o” antecedente pela posterior.

10
. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15ª ed. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 563.
11
. RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 55.

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Outra quest~o: em que pese a crítica ao termo “geraç~o” e a proposta de uma nova palavra que a
substitua – a saber, “dimens~o” –, o voc|bulo “geraç~o” segue sendo largamente utilizado, n~o só pela
doutrina, como também pelas bancas examinadoras de concurso.
No mais, não existe consenso sobre o número de gerações/dimensões. A classificação mais
tradicional afirma a existência de três gerações de direitos fundamentais, existindo outras classificações
que reconhecem até seis gerações. Aqui, vamos estudar apenas as mais conhecidas e que são as mais
prováveis de serem cobradas em sua prova. Aliás, acerca delas, preceituam os constitucionalistas
pátrios12 que podem ser organizadas temporalmente a partir do revolucionário lema do século XVIII:
“liberdade, igualdade e fraternidade”.
Comecemos com os direitos de primeira geração/dimensão. São os que consagram os direitos
civis e políticos clássicos, essencialmente ligados ao valor liberdade. Esses direitos nasceram das
conquistas obtidas pelas Revoluções Liberais que marcaram o século XVIII e contestaram a tirania dos
governos absolutistas da época.
Seus principais marcos históricos são a independência dos Estados Unidos, e criação de sua
Constituição (em 1787), e a Revolução Francesa, iniciada em 1789 e que resultou na Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão.
Para que possamos melhor compreender o momento histórico que originou os direitos de
primeira dimensão, precisamos recordar alguns detalhes importantes a respeito do absolutismo. Em
Estados absolutistas, o comando era inteiramente centralizado na figura do rei que, por ser o
representante de Deus na terra, tinha o direito divino de governar de acordo com a sua livre vontade,
pois esta seria a vontade da entidade divina. O exercício desse poder, portanto, era ilimitado e, por
óbvio, não se submetia a qualquer regramento ou lei. E foi justamente como uma tentativa de impor
restrições ao poder absoluto do Estado – que se revelava muitas vezes opressor – que as Revoluções
Liberais eclodiram.
Os revolucionários (que eram em sua maioria burgueses) pretendiam principalmente impedir a
interferência estatal ilegítima na vida dos indivíduos. Essa demanda deu origem aos direitos de primeira
geração que estabeleceram o dever de abstenção (de “não fazer”; de “não agir”) do Estado em favor
das liberdades públicas, impondo limites à intromissão dos governantes na vida dos governados. Por
isso é comum que se diga que tais direitos têm natureza negativa.
Vale lembrar, ainda, que esse momento histórico revolucionário marcou também a conquista de
direitos políticos, viabilizando a participação ativa dos cidadãos na vida do Estado.
Alguns exemplos de direitos que foram consagrados nessa época são o direito à vida, à liberdade,
à propriedade, à liberdade de expressão, à liberdade de religião, à participação política, dentre outros.
Em resumo, vamos organizar quais seriam os principais pontos a serem lembrados a respeito dos
direitos de primeira geração/dimensão:

12
. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15ª ed. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 562.

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1) Nasceram no contexto histórico das Revoluções Liberais do século XVIII;


2) São direitos que visavam impor restrições ao poder absoluto do Estado;
3) São direitos civis (ligados ao valor liberdade) e políticos (que viabilizaram a participação das pessoas
na vida política do Estado);
4) Tais direitos são marcadamente de caráter negativo, pois impõem um dever de abstenção do Estado,
impedindo a intromissão indevida na vida dos indivíduos.
Sigamos agora com a nossa conversa avançando para os detalhes a respeito das circunstâncias
históricas que deram origem à segunda geração/dimensão de direitos.
A primeira informação que você deve guardar a respeito dela é que esse movimento deu origem
aos chamados direitos de igualdade, representados pelos direitos sociais, econômicos e culturais. Aqui,
ao contrário da primeira geração, não se buscava o afastamento do Estado da vida das pessoas, mas a
sua atuação positiva para redução das desigualdades sociais que se acentuaram muito no século XIX –
em razão principalmente da Revolução Industrial que promoveu profundas mudanças econômicas no
sistema de produção e submeteu as pessoas a péssimas condições de trabalho e remuneração.
Isto ocorreu porque as políticas de não-intervenção do Estado liberal, instituído pelas Revoluções
do século XVIII estudadas anteriormente, fez com que este assumisse uma postura passiva em relação
às práticas brutais e desumanas de exploração do trabalho. Os abusos da industrialização envolviam
jornadas de trabalho extenuantes em ambientes insalubres que expunham as pessoas a inúmeros riscos
de acidentes, sem falar dos salários miseráveis e da exploração generalizada do trabalho infantil.
Foram essas circunstâncias que geraram movimentos das classes de operárias que exigiam condições
melhores que garantissem um mínimo de dignidade para o trabalhador.
Perceba, futuro Técnico do INSS, que as Revoluções Liberais que deram origem aos direitos de
primeira geração tiveram como atores principais os burgueses que estavam descontentes com o Estado
absolutista que limitavam sua liberdade de forma despropositada. Por outro lado, nos movimentos da
segunda geração de direitos, estamos em um contexto no qual os burgueses são os donos das
indústrias e os atores centrais das reivindicações são os trabalhadores que se insurgem exigindo do
Estado uma atuação positiva para melhorar suas condições de vida.
Assim, devemos lembrar que os direitos de segunda dimensão visam alcançar a igualdade
(material) entre os homens, sendo chamados também de "direitos do bem-estar". Eles exigem do
Estado uma atuação positiva (um fazer; um agir), pois sua implementação depende de políticas
públicas estatais. Alguns direitos básicos que foram conquistados nesse período são: saúde, educação,
trabalho, habitação, previdência e assistência social.
Um outro importante detalhe que devemos guardar é que as primeiras Constituições que previram
tais direitos foram a Constituição mexicana de 1917 e a Constituição alemã de 1919 (a Constituição de
Weimar).

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Para finalizar essa geração, vamos agora destacar os principais pontos a respeito dos direitos de
segunda geração/dimensão, fazendo novamente um breve resumo:
1) Nasceram no contexto histórico das Revolução Industrial do século XIX;
2) Exigiam a atuação (um fazer) do Estado para melhorar as condições das classes menos favorecidas;
3) Instituíram direitos sociais (ligados ao valor igualdade);
4) Tais direitos são de caráter positivo, pois impõem um dever de atuação do Estado para garantir
direitos básicos e as condições mínimas de igualdade para todos.
Avançando, vejamos as características referentes à terceira geração. É neste momento que
nascem os direitos de fraternidade ou solidariedade, em respostas às guerras ocorridas ao longo do
século XX e as atrocidades cometidas pelos regimes totalitários nazista e fascista.
Essa geração engloba, entre outros, os direitos ao desenvolvimento, ao progresso, ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, à autodeterminação dos povos, à propriedade sobre o
patrimônio comum da humanidade, à qualidade de vida, os direitos do consumidor e da infância e
juventude.
O momento histórico que marcou o surgimento de tais direitos é o fim da Segunda Grande Guerra
Mundial, ocasião em que foi realizada uma reflexão a respeito do triste saldo dos conflitos e verificou-se
uma profunda preocupação com as futuras gerações, o que revelou a necessidade de afirmar uma visão
fraternal e solidária da humanidade. Perceba que esta terceira geração de direitos, portanto, não se
destina à proteção de interesses de indivíduos ou de um determinado grupo da sociedade, pois é aqui
que nasce a ideia de direitos difusos (ou metaindividuais), os quais não pertencem a uma pessoa
determinada, mas a toda a coletividade – um ótimo exemplo é o direito ao meio ambiente equilibrado.
Os principais pontos da terceira geração/dimensão, em resumo, são os seguintes:
1) Nasceram no contexto histórico do pós-Segunda Guerra Mundial (segunda metade do século XX);
2) Resultaram da reflexão da comunidade internacional a respeito do saldo lamentável dos conflitos do
século XX e da necessidade de proteger as gerações futuras;
3) Instituíram direitos difusos ou metaindividuais (ligados ao valor fraternidade ou solidariedade);
4) Tais direitos não são titularizados por uma pessoa ou um grupo de pessoas determinado, mas por
toda a coletividade.
Pois bem. Considerando que já conhecemos as três mais importantes dimensões ou gerações de
direitos, vamos visitar, a seguir, os direitos de quarta e quinta geração – que são reconhecidas por
apenas alguns autores.
A quarta geração/dimensão é representada pelos direitos à democracia, à informação e ao
pluralismo, resultado da globalização política. Esse grupo de direitos abarca também os referentes à
biotecnologia, à bioética e à regularização da engenharia genética, sendo fruto dos avanços
tecnológicos e da globalização da informação. Um bom exemplo que envolve os direitos dessa quarta

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dimensão são as discussões e polêmicas envolvendo a utilização de células tronco-embrionárias para


fins terapêuticos.
Por fim, a quinta geração/dimensão, cuja existência é reconhecida apenas por alguns teóricos,
abarca o direito à paz13, necessário à boa convivência humana e para a própria conservação da nossa
espécie. Paulo Bonavides é um importante nome da doutrina nacional que têm defendido a existência
dessa dimensão de direitos. Segundo ele, a paz é um direito fundamental de quinta geração que
legitima o estabelecimento da ordem, da liberdade e do bem comum na convivência dos povos. Em
suma ele reserva ao direito à paz o papel central de supremo direito da humanidade.
O esquema posto abaixo, vai lhe ajudar a fixar as informações essenciais que foram transmitidas
neste item acerca das três principais gerações (com um adicional sobre a 4ª). Vamos conferir?

1ª São os direitos essencialmente ligados ao


geração valor liberdade

2ª São os direitos que acentuam o princípio da


geração igualdade material entre os homens

GERAÇÕES DE
3ª Engloba os direitos relacionados à
DIREITOS
FUNDAMENTAIS
geração fraternidade

4ª Consagração de direitos, como por exemplo,


geração à democracia, à informação e ao pluralismo


Abarca o direito à paz
geração

Com as gerações já apresentadas, podemos treinar o tema por meio de questões emblemáticas.
Vamos conhece-las!

13
. Vale destacar que, para a doutrina tradicional, que somente reconhece três gerações de direitos, o direito à paz encontra-
se na 3ª geração.

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Questões para fixar


[MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o
próximo item:

De acordo com autorizada doutrina, os interesses transindividuais se inscrevem entre os direitos


denominados de primeira geração.

Comentário:

Eis algo muito comum nas provas: o examinador apresentar um direito específico e trocar a geração
correspondente. A assertiva é falsa, pois os direitos transindividuais (que ultrapassam o indivíduo e
pertencem à coletividade), são direitos relacionados à solidariedade e podem ser classificados como
integrantes da terceira geração, e não da primeira, como dita a assertiva (os direitos da primeira, não custa
relembrar, são os que consagram direitos civis e políticos clássicos, ligados ao valor liberdade).
Gabarito: Errado

[CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Consultor Legislativo] Julgue a assertiva abaixo:

Historicamente, os direitos fundamentais de primeira dimensão pressupõem dever de abstenção pelo


Estado, ao contrário dos direitos fundamentais de segunda dimensão, que exigem, para sua concretização,
prestações estatais positivas.
Comentário:

Excelente questão, pois nos oportuniza lembrar que os direitos fundamentais são o resultado de constantes
lutas, em momentos históricos muito diferentes. Por isso, sua evolução histórica é dividida pela doutrina em
gerações (ou dimensões). Em apertada síntese, podemos dizer que os que direitos fundamentais de primeira
geração consagram os direitos civis e políticos clássicos, essencialmente ligados ao valor liberdade, exigindo
realmente do Estado um dever de abstenção. Já os direitos fundamentais de segunda dimensão exigem, para
sua concretização, prestações estatais positivas, isto é, uma atuação do Estado no sentido de implementar
políticas públicas de caráter social visando implementar um bem-estar social. Podemos exemplificar os
direitos de segunda geração com os seguintes: a saúde, a educação, o trabalho, a habitação, a previdência e a
assistência social. Nossa assertiva, em conclusão, é verdadeira.

Gabarito: Correto

[CESPE - 2009 - DPE-ES] Sobre as gerações dos direitos e garantias fundamentais, julgue o próximo item:

Os direitos de primeira geração ou dimensão (direitos civis e políticos) — que compreendem as liberdades
clássicas, negativas ou formais — realçam o princípio da igualdade; os direitos de segunda geração (direitos
econômicos, sociais e culturais) — que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas —
acentuam o princípio da liberdade; os direitos de terceira geração — que materializam poderes de
titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais — consagram o princípio da
solidariedade.

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Comentário:

A assertiva apresenta dois pequenos erros e estaria perfeitamente escrita da seguinte maneira: “Os direitos
de primeira geração ou dimensão (direitos civis e políticos) — que compreendem as liberdades clássicas,
negativas ou formais — realçam o PRINCÍPIO DA LIBERDADE; os direitos de segunda geração (direitos
econômicos, sociais e culturais) — que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas —
acentuam o PRINCÍPIO DA IGUALDADE; os direitos de terceira geração — que materializam poderes de
titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais — consagram o princípio da
solidariedade.” Como se vê a partir dos trechos destacados, a afirmaç~o promove uma invers~o de
expressões justamente para lhe confundir, mantendo todo o resto do conceito sem qualquer outra
incorreção.

Gabarito: Errado

[FUNECE - 2017 - UECE - Advogado] É exemplo de direito fundamental individual de primeira dimensão
arrolado no texto constitucional o direito à:

A) saúde.
B) educação.

C) herança.

D) moradia.

Comentário:

A nossa alternativa correta é a ‘c’: o direito { herança é considerado um direito de primeira geraç~o. Deriva
do direito de propriedade e pode ser definido como o conjunto de bens que é transmitido pela morte de
alguém a seus herdeiros. Todas as demais contemplam direitos sociais e, logo, direitos de segunda geração.
Aproveitando o ensejo, leia o art. 6° e veja os direitos que nossa Constituição elencou como sociais.

Gabarito: C

[VUNESP - 2012 - TJMG - Juiz Substituto - Adaptada] Analise e julgue a afirmativa a seguir:
Os chamados pela doutrina de “direitos fundamentais de primeira geraç~o” est~o relacionados com a
igualdade e compõem alguns direitos sociais, tais como os direitos trabalhistas, previdenciários, econômicos
e culturais, e outros vinculados à educação e à saúde.

Comentário:

Notou o erro, caro aluno? Os direitos de primeira geração são os responsáveis por inaugurar, no final do
século XVIII e início do século XIX, o constitucionalismo ocidental, e importam na consagração de direitos
civis e políticos clássicos, essencialmente ligados ao valor liberdade (e não igualdade, como nos diz a
assertiva), e, enquanto desdobramentos deste: o direito à vida, o direito à liberdade religiosa – também de
crença, de locomoção, de reunião, de associação – o direito à propriedade, à participação política, à
inviolabilidade de domicílio e segredo de correspondência.

Gabarito: Errado

[FAFIPA - 2017 - Fundação Araucária - Advogado] Conforme a teoria dos direitos fundamentais, assinale a

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alternativa CORRETA:

A) Os direitos de primeira geração caracterizam-se por uma dimensão positiva ou liberdades positivas,
exigindo uma prestação positiva por parte do Estado.

B) Os direitos de primeira geração são considerados direitos de defesa, direitos do indivíduo frente ao
Estado, caracterizando-se pela abstenção do Estado e por direito de liberdade do indivíduo.
C) Os direitos de segunda geração são direitos de fraternidade ou solidariedade, tendo como objetivo a
proteção da coletividade.

D) Os direitos de terceira geração correspondem aos direitos civis e políticos, caracterizam-se por liberdades
positivas, exigindo prestação positiva por parte do Estado.

Comentário:
Existe um modo clássico de o examinador cobrar este tema em prova e já o encontramos! É criar assertivas
misturando os direitos e as gerações e os valores que cada qual consagra. Isso é algo corriqueiro e, com um
pouco de atenção, você nunca errará uma questão deste tipo em prova!

Comecemos com a letra ‘a’. Est| nitidamente incorreta, pois, ao contr|rio do que afirma, os direitos de
primeira geração caracterizam-se por conferir aos sujeitos liberdades-negativas (ou liberdades
impedimentos) que restringem o poder estatal, criando esferas de não ingerência (não interferência) do
poder público na vida dos indivíduos.

Já na letra ‘b’, identificamos um item verdadeiro (eis nossa resposta!). Isso porque a primeira geraç~o
consagra os direitos civis e políticos clássicos, essencialmente ligados ao valor liberdade. Apresentam-se
como direitos dos indivíduos e são oponíveis, sobretudo, ao Estado, na medida em que exigem deste,
precipuamente, uma abstenção, um não-fazer, possuindo, dessa forma, inequívoco caráter negativo.

Continuando a an|lise dos demais itens, vemos na letra ‘c’ uma afirmaç~o incorreta. As características
descritas pela assertiva correspondem à terceira geração de direitos fundamentais. Os direitos de segunda
geração, na verdade, acentuam o princípio da igualdade entre os homens (igualdade material). Usualmente
denominados “direitos do bem-estar”, pretendem ofertar os meios materiais imprescindíveis para a
efetivação dos direitos individuais. Para tanto, exigem do Estado uma atuação positiva, um fazer, o que
significa que sua realização depende da implementação de políticas públicas estatais, do cumprimento de
certas prestações sociais por parte do Estado, tais como: saúde, educação, trabalho, habitação, previdência e
assistência social.

Por último, a letra ‘d’ também é incorreta. Os direitos de terceira geraç~o, classificados como direitos de
fraternidade e solidariedade, têm como objetivo a proteção da coletividade. Englobam, dentre outros, os
direitos ao desenvolvimento, ao progresso, ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, à
autodeterminação dos povos, à propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade, à qualidade de vida,
os direitos do consumidor e da infância e juventude.

Gabarito: B

[VUNESP - 2018 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento - Adaptada] Julgue a
assertiva:

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Os denominados direitos fundamentais de terceira geração são de titularidade coletiva.

Comentário:

O item é verdadeiro, visto que os direitos de terceira geração são realmente os direitos que não se ocupam da
proteção a interesses individuais, ao revés, são direitos atribuídos genericamente a todas as formações
sociais, pois buscam tutelar interesses de titularidade coletiva ou difusa, que dizem respeito ao gênero
humano.

Gabarito: Correto

[IDHTEC - 2018 - CRQ - 19ª Região (PB) - Advogado] Os direitos fundamentais são tradicionalmente
classificados pela Doutrina Majoritária em três gerações, referindo-se aos momentos de evolução histórica
no qual surgiram. Tendo isto em vista, a única alternativa que apresenta a correta correspondência entre o
direito indicado e a geração à qual pertence é:
A) Direito de propriedade – Segunda Geração
B) Direito de associação – Terceira Geração
C) Direito à educação – Primeira Geração
D) Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado – Terceira Geração

E) Direito à locomoção – Segunda Geração


Comentário:

Questão interessante! Repare, caro aluno, que as assertivas ‘a’, ‘b’ e ‘e’ est~o incorretas, visto que os direitos
de propriedade, de associação e de locomoção, são classificados como direitos de primeira geração. No que
tange ao direito à educação, este está entre os direitos de segunda geraç~o (o que torna a letra ‘c’
equivocada). Só nos resta assinalar a letra ‘d’, visto que o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado está elencado entre os direitos de terceira geração.

Gabarito: D

[Quadrix - 2018 - CRM-DF - Serviço Administrativo] Julgue o item seguinte a respeito dos direitos e das
garantias individuais na Constituição Federal de 1988 (CF):

Os direitos fundamentais de terceira geração guardam relação com os chamados direitos difusos, de que são
exemplo um meio ambiente saudável e a paz.

Comentário:
O item está em consonância com a classificação doutrinária relativa às gerações dos direitos e garantias
fundamentais. Isso porque na terceira geração apareceram os direitos de fraternidade (ou solidariedade) que
englobam, dentre outros, os direitos ao desenvolvimento, ao progresso, ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, à autodeterminação dos povos, à propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade, à
qualidade de vida, os direitos do consumidor e da infância e juventude. Sobre o direito à paz, este é
classificado pela doutrina majoritária como um direito de terceira geração. Entretanto, vale destacar que o
autor Paulo Bonavides o classifica como um direito de quinta geração. Observe, ademais, que o examinador
não considerou a classificação apresentada pelo renomado autor pátrio.

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Gabarito: Correto

[UERR - 2018 - IPERON - RO - Auditor] O direito de comunicação é um direito fundamental de:


A) quinta geração
B) quarta geração.
C) primeira geração.
D) segunda geração.

E) terceira geração.

Comentário:
Conseguiu identificar que se trata de um direito de terceira geração? O direito de comunicação – juntamente
com os direitos relacionados ao desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos
povos, bem como ao direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade – representa um
direito transindividual, destinado { proteç~o do gênero humano. Nossa resposta, portanto, est| na letra ‘e’.

Gabarito: E

Pronto! Mais questões devidamente solucionadas, estamos aptos a avançar em um próximo


tópico.

(7) Aplicabilidade das normas definidoras dos Direitos e Garantias


Fundamentais
A Constituiç~o brasileira dispõe, no § 1º do art. 5º, que “as normas definidoras dos direitos e
garantias fundamentais têm aplicaç~o imediata”. Isto significa dizer que, via de regra, as normas
constitucionais que enunciam os direitos fundamentais não dependem de atuação legislativa para que
tenham eficácia.
O legislador constituinte, ao estabelecer essa regra, pretendeu evitar que tais direitos, tão
importantes para toda a sociedade, acabassem por se tornar “letra morta” em caso de omiss~o
legislativa (em caso de o Congresso Nacional não atuar elaborando as normas complementares
necessárias ou agir nessa confecção muito lentamente...). Em outras palavras, o mandamento que o §
1° do art. 5° traz estabelece a obrigatória observância e cumprimento dos direitos e garantias
fundamentais por todo e qualquer órgão público e também pelos particulares, independentemente da
existência ou não ato legislativo.
Apesar disso, é necessária atenção para um importante detalhe: essa regra poderá ser
excepcionada, mas apenas pelo próprio texto constitucional. Assim, a Constituição poderá exigir norma
regulamentadora para que certos direitos fundamentais possam ser plenamente exercidos, isto é, para
que eles possam produzir todos os seus efeitos essenciais. A esse propósito, afirma Manoel Gonçalves
Ferreira Filho que pode ser facilmente percebida a existência de normas constitucionais consagradoras
de direitos fundamentais “n~o bastantes em si” e essa t~o divulgada “aplicaç~o imediata” “tem por

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limite a natureza das coisas”. Da mesma maneira se manifesta André Ramos Tavares, entendendo que
“n~o h| como pretender a aplicação imediata, irrestrita, em sua integralidade, de direitos não definidos
de maneira adequada, cuja própria hipótese de incidência ou estrutura ficam claramente a depender de
integraç~o por meio de lei”.
Desta forma, uma coisa é certa: não são todos os direitos e garantias fundamentais que estão
expressos em nossa Constituição por meio de normas de eficácia plena ou contida, isto é, que vão ser
capazes de produzir todos os seus efeitos essenciais independentemente de qualquer regulamentação
normativa posterior. Existem normas constitucionais definidoras de direitos que são possuidoras de
efic|cia limitada, como o art. 5º, XXXII, que determina que “o Estado promover|, na forma da lei, a
defesa do consumidor”.
Podemos concluir, então que, em regra, os direitos constitucionais inseridos na Constituição da
República de 1988 terão eficácia e aplicabilidade imediata; no entanto, é preciso reconhecer a
existência de direitos desprovidos da capacidade de produzir todos os seus efeitos de modo imediato,
pois, para estes, fez a Constituição depender de legislação posterior e/ou políticas públicas a
aplicabilidade plena e imediata.
Após toda essa explicação, vou lhe confidenciar algo muito importante: a maioria das questões de
prova irá, tão somente, suprimir o prefixo “i” do termo “imediata”, o que pode levar os incautos a
cometer um erro. Em outras palavras: você terá muitas chances de acertar a questão de prova que
cobrar este tema se estiver muito atento ao uso dos termos “imediata” e “mediata”. Veja como:

Questões para fixar


[CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nível Superior] Julgue o item abaixo:

As normas que consubstanciam os direitos fundamentais democráticos e individuais são de eficácia e


aplicabilidade mediata.

Comentário:
As normas que consagram os direitos fundamentais, ao contrário do que apresenta a assertiva, possuem
aplicação imediata, conforme prevê o art. 5º, §1º da CF/88.

Gabarito: Errado

[MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o
próximo item:

Em regra, as normas que definem os direitos fundamentais democráticos e individuais são de eficácia e
aplicabilidade imediata.

Comentário:

A assertiva está correta! As normas constitucionais que estabelecem os direitos fundamentais não dependem
de atuação legislativa para ter eficácia, ou seja, possuem aplicabilidade imediata segundo o §1º do art. 5º da
CF/88. Entretanto, o texto constitucional poderá excepcionar essa regra e exigir norma regulamentadora

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que para que certos direitos fundamentais possam ser plenamente exercidos.

Gabarito: Correto

[FAURGS 2017 - TJ/RS - Analista Judiciário] Segundo a Constituição Federal, as normas definidoras dos
direitos e garantias fundamentais têm aplicação:

A) após regulamentação legal.

B) imediata.
C) após ratificação por tratado internacional.

D) definida pela vacatio legis.

E) imediatamente após terem sido reconhecidas pelo Supremo Tribunal Federal.

Comentário:

A nossa alternativa correta é a letra ‘b’, pois est| em conformidade com o previsto no art. 5º, §1º da CF/88,
que dita que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Gabarito: B

(8) Eficácia dos Direitos Fundamentais nas relações privadas (eficácia


horizontal e diagonal)
Já sabemos que os direitos fundamentais não surgiram todos de uma só vez, em um mesmo contexto
histórico. Quando surgiram os primeiros direitos, aqueles integrantes da 1ª geração, tínhamos direitos
que visavam limitar o exercício do poder do Estado – de modo a barrar a ação usurpadora deste nas suas
relações com os indivíduos. Assim, em um primeiro momento, surgiram direitos fundamentais que eram
aplicáveis em uma relação entre os particulares e o Poder Público.
De fato, o constitucionalismo tradicional apenas identificava nos direitos fundamentais direitos
subjetivos de defesa dos indivíduos exercidos contra o poder do Estado-opressor, do Estado-Leviatã!
Nesse sentido, os direitos eram atribuídos ao indivíduo para que este pudesse se proteger das ações
lesivas/abusivas dos Poderes Públicos. Afinal, o Estado, em sua relação com o indivíduo isoladamente
considerado, se mostrava demasiado poderoso, firmando uma autêntica relação de subordinação-
superioridade.
A conjectura, entretanto, alterou-se. O Direito Constitucional contemporâneo vem reconhecendo a
expansão da eficácia dos direitos fundamentais para abarcar, também, as relações privadas. Essa

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tendência, cujas discussões se iniciaram na Alemanha 14, explicita a potencialidade dos direitos
fundamentais de produzirem efeitos não exclusivamente numa perspectiva vertical (do particular
frente ao Estado), mas também numa ótica horizontal (entre particulares) – a metáfora
vertical/horizontal justifica-se em razão da leitura que se faz da arquitetura jurídico-social dos polos
contrapostos: o particular seria a parte enfraquecida perante o Estado forte, poderoso e opressor, daí a
ideia de subordinação, de aplicação verticalizada de direitos; noutro giro, entre particulares, o
confronto de interesses se daria num plano horizontal, a partir de uma relação de coordenação, porque
entre indivíduos que se situam (ao menos em tese) de modo similar/equilibrado na estrutura de forças
do ordenamento.
A verdade é que, hoje em dia, já ultrapassamos essa discussão referente à possibilidade de os direitos
fundamentais terem ou não eficácia nas relações privadas: não há dúvidas que os preceitos
constitucionais se aplicam nas relações entre os particulares, afinal, é preciso compreender que não só o
Estado atua enquanto órgão opressor dos indivíduos, mas também que outros particulares podem agir
nesse sentido, como os violadores dos direitos mais caros dos cidadãos.
O que ainda não está muito bem delineado é a forma de incidência desses direitos: se a incidência
será direta ou indireta. E foi exatamente esta dúvida que impulsionou o desenvolvimento de diferentes
teses a respeito da operacionalização dos direitos fundamentais nas relações privadas.
Temos uma 1ª corrente, que é favorável a uma “eficácia indireta e mediata” dos direitos
fundamentais nas relações privadas (tese sustentada, inicialmente, por Durig, na doutrina alemã, em
1956). Segundo esta corrente, a aplicação dos direitos fundamentais nas relações particulares somente
pode se dar por meio da produção de leis infraconstitucionais. A irradiação de efeitos dos direitos
fundamentais nas relações entre privados fica condicionada à mediação promovida pelo legislador ou
mesmo pelo juiz – que deve ler o direito infraconstitucional com os óculos da Constituição. Adotar esta
tese é aceitar a ideia de dependência: a efetividade dos direitos fundamentais em âmbito privado
restaria condicionada à produção legislativa infraconstitucional ulterior, ou, em sendo o caso, à
interpretação judicial da norma constitucionalmente adequada.
Para os defensores desta teoria, ou se aceita que essa incorporação (dos direitos fundamentais em
âmbito privado) deva ser direcionada pelo legislador ou, do contrário, estaríamos promovendo uma
desfiguração do direito privado a partir da superação de seu princípio basilar: a autonomia da vontade.
Segundo Canaris15, os direitos fundamentais “devem ser considerados na concretizaç~o das cl|usulas
gerais juscivilistas”, jamais dissociados desse contexto.
Por outro lado, há quem entenda que a eficácia horizontal dos direitos fundamentais deva ser

14
. Nas décadas de 40 e 50 do século XX, notadamente após a decis~o no not|vel “Caso Luth”, em 1958, no qual adotou-se o
posicionamento de que os direitos fundamentais não atingiam diretamente a relação entre os particulares num caso
referente à manifestação de pensamento.

15
. CANARIS, Claus-Wilhelm. A Influência dos Direitos Fundamentais sobre o Direito Privado, p. 236, In: SARLET, Ingo
Wolfgang (Org.). Constituição, Direitos Fundamentais e Direito Privado. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.

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“direta e imediata”. Surge, assim, uma segunda corrente, partidária da tese de que tais direitos têm
aplicabilidade (ampla e plena) nas relações entre particulares. Seria, portanto, dispensável qualquer
mediação, por parte do legislador (que n~o mais precisaria criar a lei que serviria de “ponte” entre os
particulares e a observância dos dispositivos constitucionais) ou mesmo do magistrado (em atividade
interpretativa da legislação infraconstitucional à luz da Constituição). Para esta teoria os Direitos
fundamentais estariam aptos a vincular de modo imediato os agentes particulares, sendo
desnecessária a intermediação legislativa.
Em nosso país, direitos fundamentais têm sido aplicados nas relações privadas, conforme podemos
notar acompanhando a doutrina constitucionalista pátria e importantes precedentes jurisprudenciais. No
entanto, ainda não há uma fundamentação teórica específica acerca dos limites e alcance dessa aplicação
na jurisprudência. Kildare diz o seguinte: “A aplicação dos direitos fundamentais às relações entre
particulares, apesar dos esforços doutrinários e do tratamento que vem obtendo no âmbito de algumas
Constituições, ainda n~o assumiu contornos claros e definidos”16.
Apesar disso, é possível encontrar decisões em que o Supremo Tribunal Federal aplicou, de forma
“direta”, os direitos fundamentais nas relações privadas. Vou citar alguns casos, em que tivemos o
reconhecimento da eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais: (i) Caso Air France: a empresa francesa
não agiu de modo constitucionalmente legítimo quando concedeu aumento salarial apenas aos seus
funcionários franceses, discriminado os brasileiros que exerciam as mesmas funções (RE 161243-6,
julgado em 2006 e relatado pelo Ministro Carlos Velloso); (ii) A decisão que de modo mais aprofundado
explorou o tema envolveu uma certa sociedade empresária, na qual um sócio não cumpria com diligência
suas atribuições, o que ocasionou nos outros sócios o desejo de retir|‐lo da sociedade. Na ocasi~o, o STF
decidiu que eles não poderiam expulsar um dos sócios sem que lhe fosse concedido o direito à ampla
defesa e ao contraditório. Os Ministros disseram que normas fundamentais de índole procedimental,
como foi considerada a garantia da ampla defesa, podem incidir sim de modo direto nas relações entre
particulares – sobretudo quando a associação desempenha papel relevante para a vida profissional ou
comercial do associado.
Em finalização a este tópico, preciso lhe dizer, caríssimo aluno, que a doutrina 17 tem utilizado com
bastante frequência a expressão “eficácia diagonal” dos direitos fundamentais, para ilustrar a
incidência destes nas relações entre particulares que não estão em situação simétrica, isto é, naqueles
casos em que um dos polos da relação jurídica se encontra em condição de hipossuficiência, de
flagrante desigualdade fática. É o que se passa, por exemplo, nas relações trabalhistas e consumeristas.

16
. CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional. 15ª ed. São Paulo: Del Rey, p. 725, 2009.
17
. CONTRERAS, Sérgio Gamonal: “Na efic|cia diagonal dos direitos fundamentais no contrato de trabalho a racionalidade
acerca do objeto se vincula com o fim perseguido pelo contrato de trabalho enquanto prestação de serviço sob
subordinação que, afinal, não pode alterar direitos fundamentais de uma das partes pelo único objetivo econômico do
contrato ou da atividade empresarial. A livre iniciativa econômica e o direito de propriedade não podem desprezar outros
direitos básicos dos trabalhadores em uma sociedade democrática, exceto em casos muito excepcionais e sempre que se
cumpram os requisitos que expusemos nas linhas anteriores.” (Cidadania na empresa e eficácia diagonal dos direitos
fundamentais. São Paulo: LTr, 2011, p. 33).

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A ementa abaixo ilustra o modo como o tema tem aparecido em decisões na esfera trabalhista:

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. Recurso ordinário do Município de Volta Redonda. DISPENSA


INDEVIDA. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO SEM AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO.
OFENSA À DECISÃO DO STF RE 589998/PI. AFRONTA À EFICÁCIA DIAGONAL DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS E AO PRINCÍPIO DA GRADAÇÃO DA PENA. Entendo que há mesmo a
necessidade da motivação do ato de dispensa, com procedimento formal, dos empregados das
empresas públicas e sociedades de economia mistas, com arrimo nos princípios insculpidos no art.
37, caput, da CR (Legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade), na decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal, em sede de Plenário, no RE 589.998, nos princípios constitucionais da
ampla defesa e do contraditório, tendo em vista a eficácia diagonal dos direitos fundamentais – é a
oponibilidade dos direitos fundamentais nas relações trabalhistas –, bem como no art. 2º e 50º da
Lei nº 9.784/99 que determinam a motivação dos atos administrativos. Recurso improvido. (TRT-1 -
RO: 7524420125010342 RJ, Relator: Bruno Losada Albuquerque Lopes, Data de Julgamento:
09/09/2013, Sétima Turma, Data de Publicação: 16-09-2013).

Teoria apresentada, chegou novamente o grande momento da aula: o de resolver mais questões.
Afinal, por mais interessante que seja conhecer os assuntos que estamos trabalhando aqui nessa aula, o
que realmente deve lhe motivar é buscar sempre acertar mais e mais questões! Essa é a meta!

Questões para fixar


[FAPEMS 2017 - Polícia Civil - Delegado de Polícia] Sobre a eficácia dos direitos fundamentais, analise as
afirmativas a seguir:

I. A eficácia vertical dos direitos fundamentais foi desenvolvida para proteger os particulares contra o arbítrio
do Estado, de modo a dedicar direitos em favor das pessoas privadas, limitando os poderes estatais.

II. A eficácia horizontal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares, tendo na
constitucionalização do direito privado a sua gênese.

III. A eficácia diagonal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares nas hipóteses em
que se configuram desigualdades fáticas.

Está correto o que se afirma em:

A) III, apenas.
B) I e III, apenas.

C) II e III, apenas.

D) I e II, apenas.

E) I, II e III.

Comentário:

Excelente essa questão! Ao mesmo tempo cobrou todas as tipologias de eficácia que estudamos no tópico!
Vamos marcar a letra ‘e’, porque todas as três alternativas s~o verdadeiras. A I est| correta, pois realmente os
direitos fundamentais foram construídos como afirmação das liberdades dos indivíduos em contenção aos

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poderes do Estado. Portanto, é sob a perspectiva vertical que os direitos fundamentais colocam o indivíduo a
salvo de interferências estatais indevidas. Por seu turno, o item II também é verdadeiro por ser a eficácia
horizontal aquela que permite a aplicação dos direitos fundamentais às relações privadas ainda que em
contraposição à autonomia de vontade, de modo que não só o Estado mas toda a sociedade sejam
considerados sujeitos passivos desses direitos. Por último, o item III é igualmente verdadeiro, pois a eficácia
diagonal dos direitos fundamentais é aplicável aos particulares numa busca para reequilibrar juridicamente
certa relação nas situações em que a realidade fática revela que um dos envolvidos está em posição de
desvantagem em relação ao outro. Ex.: relações de trabalho; relações de consumo.
Gabarito: E

[VUNESP - 2018 - Câmara de Campo Limpo Paulista - SP - Procurador Jurídico - Adaptada] A respeito dos
direitos e garantias fundamentais, julgue a assertiva:

Os direitos fundamentais têm por objetivo principal impedir abusos do Estado frente aos cidadãos, razão
pela qual não são aplicáveis em relações privadas.

Comentário:
Essa questão cobra um ponto muito interessante da nossa matéria, que é a eficácia dos direitos
fundamentais nas relações privadas. A assertiva acertou ao afirmar que os direitos fundamentais têm por
objetivo principal impedir abusos do Estado frente ao cidadão, definindo o que seria a aplicação desses
direitos numa perspectiva vertical (do particular frente ao Estado). Entretanto, equivocou-se ao dizer que os
direitos fundamentais não são aplicáveis nas relações privadas, visto que é inconteste a aplicabilidade dos
preceitos constitucionais nas relações entre os particulares – afinal, já está claro que não é só o Estado que
age enquanto violador dos direitos dos indivíduos, mas também outros particulares podem atuar nesse
sentido, como ofensores dos direitos mais caros aos cidadãos. Nesse sentido, os direitos fundamentais
também são aplicáveis numa ótica horizontal (entre particulares).

Gabarito: Errado

[VUNESP - 2018 - IPSM – Procurador - Adaptada] Tendo em vista a importância dos direitos fundamentais no
ordenamento jurídico brasileiro, julgue a assertiva:

A expressão eficácia diagonal tem sido utilizada para designar a aplicação de direitos fundamentais às
relações contratuais entre particulares onde há desequilíbrio fático.

Comentário:
Essa questão foi fácil. Aqui o examinador trouxe exatamente o conceito de eficácia diagonal dos direitos
fundamentais. Doutrinariamente, tem-se utilizado com frequência a express~o ‘efic|cia diagonal’ dos
direitos fundamentais, para ilustrar a incidência destes nas relações entre particulares que estão em situação
assimétrica, de desiquilíbrio, isto é, naqueles casos em que um dos polos da relação jurídica se encontra em
condição de hipossuficiência, de flagrante desigualdade fática.

Gabarito: Correto

[IBFC - 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto - Adaptada] Julgue o item abaixo:

A chamada eficácia horizontal dos direitos fundamentais impõe a sua observância mesmo nas relações
jurídicas estabelecidas entre particulares. Portanto, afigura-se possível a revisão judicial da exclusão de

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associado dos quadros de associação privada, quando violado direito individual previsto na Constituição
Federal.

Comentário:

Essa assertiva traz o entendimento consolidado do STF de que a chamada eficácia horizontal dos direitos
fundamentais deve ser observada nas relações jurídicas estabelecidas entre particulares. No caso (verídico)
citado pela questão, nossa Suprema Corte decidiu que na hipótese de exclusão de associado decorrente de
conduta contrária aos estatutos, impõe-se a observância ao devido processo legal, viabilizado o exercício da
ampla defesa e do contraditório.

Gabarito: Correto

(9) Colisão de Direitos Fundamentais


Creio que a essa altura da aula você já tenha percebido que os direitos fundamentais são
impregnados de abertura e variação, e que é exatamente em razão dessa natureza aberta que os
caracteriza, que os direitos fundamentais entram em colisão entre si, ou podem colidir com outros
valores protegidos constitucionalmente. Trata-se da denominada colisão de direitos fundamentais,
“fenômeno que emerge quando o exercício de um direito fundamental por parte de um titular impede
ou embaraça o exercício de outro direito fundamental por parte de outro titular”18.
Para compreender o tema, é muito importante tomarmos como ponto de partida a classificação
das normas jurídicas em duas espécies, quais sejam, os princípios e as regras19.
Conforme sintetiza Gilmar Mendes, as regras são espécies de normas que, diante da ocorrência do
seu suposto de fato, exigem, proíbem ou permitem algo em termos categóricos. Note-se, portanto,
que é inviável fixar um modo gradual de cumprimento do que a regra estabelece (ou a regra é cumprida
ou ela é desobedecida). Assim, havendo um conflito de uma regra com outra contrária, ele será
resolvido em termos de validade (se uma regra é válida a outra será inválida). Por outro lado,
os princípios são espécies de normas que exigem a realização de algo, da melhor forma possível, de
acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas (razão pela qual os princípios são chamados de
mandados de otimização). Assim, os princípios são determinações no sentido de que certo bem jurídico
seja satisfeito e protegido na maior medida que as circunstâncias permitirem. Observe-se, então, que
um princípio poderá ser aplicado em graus diferenciados, conforme as peculiaridades de cada caso20.

18
CLÈVE, Clèmerson Merlin; FREIRE, Alexandre Reis Siqueira. Algumas notas sobre colisão de direitos fundamentais.
Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/15706-15707-1-PB.pdf> Acesso em: 03.12.2015.
19
Como referências no estudo de tal classificação temos: DWORKIN, Robert. Levando os direitos a sério. Tradução e notas:
Nelson Boeira. São Paulo: Martins Fontes, 2002; e ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad. Virgílio A. Da
Silva. São Paulo: Malheiros, 2008.
20
. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 10ª ed. São Paulo: Saraiva,
2015, p. 183.

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Nas palavras de Dworkin, é de natureza lógica a diferença entre os princípios jurídicos e as regras
jurídicas, já que
(...) as regras são aplicáveis à maneira do tudo-ou-nada. Dados os fatos que uma regra estipula,
então ou a regra é válida, e neste caso a resposta que ela fornece deve ser aceita, ou não é válida, e
nesse caso em nada contribui para a decisão21.

Noutro giro, os princípios possuem uma dimensão que as regras não têm – a dimensão do peso ou
importância. Assim, segundo o autor
Quando os princípios de intercruzam (por exemplo, a política de proteção aos compradores de
automóveis se opõe aos princípios de liberdade de contrato), aquele que vai resolver o conflito tem
de levar em conta a força relativa de cada um22.

Alexy também nos apresenta a distinção entre regras e princípios, explicando que
(...) o ponto decisivo na distinção entre regras e princípios é que princípios são normas que ordenam
que algo seja realizado na maior medida possível dentro das possibilidades jurídicas e fáticas
existentes. Princípios são, por conseguinte, mandamentos de otimização23.

Nesse sentido, nos informa o autor que eles “s~o caracterizados por poderem ser satisfeitos em
graus variados e pelo fato de que a medida devida de sua satisfação não depende somente das
possibilidades fáticas, mas também das possibilidades jurídicas”24. Quanto às regras, por outro lado,
“s~o normas que são sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas. Se uma regra vale, então, deve se fazer
exatamente aquilo que ela exige; nem mais, nem menos. Regras contêm, portanto, determinações no
âmbito daquilo que é fática e juridicamente possível”25.
Os direitos fundamentais, conforme é possível constatar, apresentam-se com maior frequência na
forma de princípios. Destarte, em havendo colisão entre princípios, deve-se buscar a conciliação entre
eles, aplicando-se cada um deles em extensões variadas, conforme a relevância que apresentarem no
caso concreto, não sendo admitida a exclusão de um deles do ordenamento jurídico26.
E a busca por soluções conciliadoras diante das colisões de direitos fundamentais exige o
manuseio do postulado da proporcionalidade27 e da técnica de ponderação.

21
. DWORKIN, Robert. Levando os direitos a sério. Tradução e notas: Nelson Boeira. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p.39.
22
. DWORKIN, Robert. Levando os direitos a sério. Tradução e notas: Nelson Boeira. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 42.
23
. ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad. Virgílio A. Da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 90-91.
24
. ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad. Virgílio A. Da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 90-91.
25
. ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad. Virgílio A. Da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 90-91.
26
. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 10ª ed. São Paulo: Saraiva,
2015, p. 183.
27
. É digna de destaque a consideraç~o de SILVA, Virgílio Afonso, para quem “O chamado princípio da proporcionalidade
não pode ser considerado um princípio, pelo menos não com base na classificação de Alexy, pois não tem como produzir
efeitos em variadas medidas, j| que é aplicado de forma constante, sem variações”. SILVA, Virgílio Afonso. O proporcional e
o razoável. Disponível em: <http://www.sbdp.org.br/arquivos/material/69_SILVA,%20Virgilio%20Afonso%20da%20-
%20O%20proporcional%20e%20o%20razoavel.pdf> Acesso em: 03.02.2015.

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Afinal, quando reconhecemos que grande parte dos direitos fundamentais são princípios, estamos
concordando que eles são normas que determinam que algo seja efetivado na maior medida possível,
dentro das possibilidades fáticas e jurídicas. E, segundo Virgílio, “a análise da proporcionalidade é
justamente a maneira de se aplicar esse dever de otimização ao caso concreto”28.
Perceba, caro aluno, que o juízo de ponderação está conectado ao postulado da
proporcionalidade, exigindo que o sacrifício de um direito seja útil para a solução do problema, isto é,
que não exista outro meio menos danoso para atingir o resultado desejado e que seja proporcional em
sentido estrito. Assim, os direitos em colisão devem ser reduzidos no menor grau possível, de maneira a
preservar a sua essência, o seu núcleo fundamental29.
Com efeito, a proporcionalidade subdivide-se em três elementos, como eu já mencionei nessa
nossa aula. Lembra quais são eles? A adequação, a necessidade e a proporcionalidade em sentido
estrito! E eles se relacionam como corolários entre si, de forma que a análise dessas regras seja
realizada segundo uma ordem pré-definida – note que a análise da adequação vem primeiro; depois
verificamos a necessidade, e, por fim, é feita a verificação da proporcionalidade em sentido estrito.
Destarte, segundo Virgílio,
(...) a análise da necessidade só é exigível se, e somente se, o caso já não tiver sido resolvido com a
análise da adequação; e a análise da proporcionalidade em sentido estrito só é imprescindível se o
problema já não tiver sido solucionado com as análises da adequação e da necessidade. Assim, a
aplicação da regra da proporcionalidade pode esgotar-se, em alguns casos, com o simples exame da
adequação do ato estatal para a promoção dos objetivos pretendidos. Em outros casos, pode ser
indispensável a análise acerca de sua necessidade. Por fim, nos casos mais complexos, e somente
nesses casos, deve-se proceder à análise da proporcionalidade em sentido estrito30.

A adequação está presente quando o meio escolhido permite que um objetivo pretendido seja
alcançado ou, ao menos, fomentado (promovido). Por seu turno, a necessidade é comprovada quando
a realização do objetivo pretendido não pode ser promovida, com igual intensidade, por intermédio de
outro ato que limite o direito fundamental em menor medida, isto é, de forma menos impactante31.
Por proporcionalidade em sentido estrito, entenda-se “o sopesamento entre a intensidade da
restrição ao direito fundamental atingido e a importância da realização do direito fundamental que com

28
. SILVA, Virgílio Afonso. O proporcional e o razoável. Disponível em:
<http://www.sbdp.org.br/arquivos/material/69_SILVA,%20Virgilio%20Afonso%20da%20-
%20O%20proporcional%20e%20o%20razoavel.pdf
29
. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 10ª ed. São Paulo: Saraiva,
2015, p. 183.
30
. SILVA, Virgílio Afonso. O proporcional e o razoável. Disponível em:
<http://www.sbdp.org.br/arquivos/material/69_SILVA,%20Virgilio%20Afonso%20da%20-
%20O%20proporcional%20e%20o%20razoavel.pdf> Acesso em: 03.02.2015.
31
. Segundo SILVA, Virgílio Afonso, “A diferença entre o exame da necessidade e o da adequação é clara: o exame da
necessidade é um exame imprescindivelmente comparativo, enquanto que o da adequação é um exame absoluto. Ver
em: O proporcional e o razoável. Disponível em:
<http://www.sbdp.org.br/arquivos/material/69_SILVA,%20Virgilio%20Afonso%20da%20-
%20O%20proporcional%20e%20o%20razoavel.pdf> Acesso em: 03.02.2015.

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ele colide e que fundamenta a adoção da medida restritiva”32. Afinal, mesmo quando uma medida
limitadora de um direito fundamental é adequada e necessária, isso não significa que ela seja
proporcional.
Para ilustrar a relevância da terceira subregra do postulado da proporcionalidade, Virgílio se vale
de um exemplo tão interessante quanto extremo. Diz o autor:
“Se, para combater a disseminação da Aids, o Estado decidisse que todos os cidadãos devessem
fazer exame para detectar uma possível infecção pelo HIV e, além disso, prescrevesse que todos os
infectados fossem encarcerados, estaríamos diante da seguinte situação: a medida seria, sem
dúvida, adequada e necessária – nos termos previstos pela regra da proporcionalidade –, já que
promove a realização do fim almejado e, embora seja fácil imaginar medidas alternativas que
restrinjam menos a liberdade e a dignidade dos cidadãos, nenhuma dessas alternativas teria a
mesma eficácia da medida citada. Somente o sopesamento que a proporcionalidade em sentido
estrito exige é capaz de evitar que esse tipo de medidas descabidas seja considerado proporcional,
visto que, após ponderação racional, não há como não decidir pela liberdade e dignidade humana
(art. 5º e 1º, III), ainda que isso possa, em tese, implicar um nível menor de proteção à saúde pública
(art. 6º)”33.

Para concluirmos este tópico, note, meu caro aluno, que a prevalência de um direito sobre outro
se dará em razão das peculiaridades do caso concreto, não existindo, portanto, um critério de solução
de conflitos válido em termos abstratos34. Vou encerrar o tópico com uma questão.

Questão para fixar


[MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o
próximo item:

Quando houver conflito entre dois ou mais direitos e garantias fundamentais, o operador do direito deve
interpretá-los de forma a coordenar e combinar os bens jurídicos em dissenso, evitando o sacrifício total de
uns em relação aos outros, realizando uma redução proporcional do âmbito de alcance de cada qual, de
forma a conseguir uma aplicação harmônica do texto constitucional.

Comentário:

A assertiva é verdadeira! Os direitos fundamentais não podem ser suprimidos. Assim, quando houver colisão
entre dois ou mais direitos, o aplicador deve encontrar uma interpretação que os equilibre, se utilizando do
princípio da harmonização, sempre resguardando o núcleo essencial dos direitos envolvidos.
Gabarito: Correto

32
. SILVA, Virgílio Afonso. O proporcional e o razoável. Disponível em:
<http://www.sbdp.org.br/arquivos/material/69_SILVA,%20Virgilio%20Afonso%20da%20-
%20O%20proporcional%20e%20o%20razoavel.pdf> Acesso em: 03.02.2015.
33
. SILVA, Virgílio Afonso. O proporcional e o razoável. Disponível em:
<http://www.sbdp.org.br/arquivos/material/69_SILVA,%20Virgilio%20Afonso%20da%20-
%20O%20proporcional%20e%20o%20razoavel.pdf> Acesso em: 03.02.2015.
34
. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 10ª ed. São Paulo: Saraiva,
2015, p. 185.

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(10) Direitos Fundamentais: limite dos limites


Já vimos no item 05 que uma importante característica dos Direitos Fundamentais é a
relatividade. Não existem direitos fundamentais absolutos. Todos eles podem vir a ser limitados, seja
por restrições trazidas pela regulamentação produzida pelo legislador (naquelas hipóteses nas quais a
Constituição autoriza que a normatização restritiva seja produzida), seja pela contenção imposta pela
convivência com os demais e tão diversos direitos, que tem indiscutível potencial de ensejar colisões.
Até mesmo o mais elementar e crucial direito de todos, que é o direito à vida, sofre uma limitação
explícita no próprio texto constitucional, quando prevê, no inciso XLVII, ‘a’, do art. 5º, a possibilidade de
aplicação da pena de morte em caso de guerra formalmente declarada.
Saiba, meu caro aluno, que em diversos julgados o STF já se pronunciou nesse mesmo sentido.
Escolho, para ilustrar, um trecho do voto do Min. Celso de Mello no MS 23.452-RJ, que bem exemplifica
o posicionamento da Corte nesse tema:
“OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM CARÁTER ABSOLUTO.

Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter
absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do princípio
de convivência das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos
órgãos estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que
respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição.

O estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão
sujeitas – e considerado o substrato ético que as informa – permite que sobre elas incidam
limitações de ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse social e,
de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia
pode ser exercido em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de
terceiros” (grifos nossos).

Assim, precisamos sempre lembrar que os direitos fundamentais consagrados e assegurados pelo
nosso texto constitucional:
(i) não podem anular um igual direito das outras pessoas, devendo todos eles ser aplicados de forma
harmônica;
(ii) não podem anular os demais direitos que também estão previstos na Constituição;
(iii) não podem servir de escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas.
Vou exemplificar este último tópico: não se pode alegar o exercício do direito à liberdade de
manifestação do pensamento na propagação de ideias racistas ou discriminatórias, de acordo com o
que j| decidiu o STF no famoso “Caso Ellwanger”, no qual Siegfried Ellwanger foi condenado por
racismo, em razão de ter publicado uma obra defendendo a não ocorrência do holocausto. Disse o STF:
“(...) Liberdade de express~o. Garantia constitucional que não se tem como absoluta. Limites
morais e jurídicos. O direito à livre expressão não pode abrigar, em sua abrangência, manifestações
de conteúdo imoral que implicam ilicitude penal. 14. As liberdades públicas não são incondicionais,

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por isso devem ser exercidas de maneira harmônica, observados os limites definidos na própria
Constituição Federal (CF, artigo 5º, § 2º, primeira parte). O preceito fundamental de liberdade de
express~o n~o consagra o ‘direito { incitaç~o ao racismo’, dado que um direito individual não pode
constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a honra.
Prevalência dos princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica.” STF, Plen|rio,
HC 82.424/RS, Rel. p/ Acórdão Min. Maurício Corrêa, DJ de 19.03.2004. (grifo nosso).

Um cuidado deve ser aqui tomado: as afirmações acima apresentadas não podem lhe levar a
concluir, erroneamente, que direitos, liberdades e garantias podem sofrer limitações ou restrições
ilimitadas! Elas também se sujeitam { limites, segundo a teoria dos “Limites Iminentes” ou “Limites
dos Limites”. Essa ideia, de que até os limites que serão impostos ao direito sofrem limitações, vai
balizar a atuação do legislador e do intérprete quando estes forem impor restrições aos direitos.
Não temos, em nosso texto constitucional, previs~o expressa dessa teoria dos “Limites dos
Limites”. Implicitamente, todavia, extraímos da Constituiç~o a obrigatoriedade de protegermos o
núcleo essencial de cada direito fundamental. Isso exigirá que todas as restrições impostas sejam claras
e, em especial, proporcionais. Afinal, se cada direito fundamental possui um conteúdo elementar, vital
para sua caracterização, este deve ser considerado intocável, pois desguarnece-lo significaria
corromper o próprio direito e comprometer sua eficácia.
Destarte, podemos concluir que uma restrição a um direito fundamental só será admitida quando
compatível com os ditames constitucionais e quando respeitados os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade. Consoante a jurisprudência constitucional alemã, que tem sido sistematicamente
adotada pelo nosso Supremo Tribunal Federal, o parâmetro para controlar as restrições impostas pelo
Estado a um direito fundamental será o princípio da proporcionalidade – que se subdivide nos
subprincípios da adequação, da necessidade e da proporcionalidade em sentido estrito. Konrad Hesse
vai nos explicar o que cada um desses subprincípios significa: “A limitaç~o de direitos fundamentais
deve, por conseguinte, ser adequada para produzir a proteção do bem jurídico, por cujo motivo ela é
efetuada. Ela deve ser necessária para isso, o que não é o caso, quando um meio mais ameno bastaria.
Ela deve, finalmente, ser proporcional em sentido restrito, isto é, guardar relação adequada com o
peso e o significado do direito fundamental 35”.
Vou estruturar um exemplo que, espero, lhe ajude a compreender melhor a incidência desse
princípio:
- Ao ler o inciso XIII do art. 5°, notamos que nossa Constituição estabeleceu como direito fundamental a
liberdade profissional, o que significa que as pessoas irão exercer livremente o trabalho/ofício/profissão
que desejarem.
- No entanto, essa liberdade não é absoluta! O próprio texto constitucional permite que o Congresso
Nacional edite leis regulamentadoras estabelecendo requisitos para que haja o exercício de certas

35
. HESSE, Konrad. Elementos de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha, p. 256. Porto Alegre: Editora
Fabris, 1998.

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profissões. Note, meu caro aluno, que nem todos os ofícios ou profissões poderão ser condicionadas ao
cumprimento de condições legais para seu exercício, afinal, nos termos da Constituição, a regra é a
liberdade profissional.
- Assim, somente quando houver potencial lesivo na atividade é que poderão ser exigidos requisitos
para a profissão ou o ofício serem exercitados, lembrando que referidos requisitos devem guardar nexo
lógico com as funções e atividades a serem empenhadas.
- Para exemplificar, lembremos do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (art. 8º, IV, da Lei n°
8.906/1994), que constitui requisito essencial para que o bacharel em Direito possa se inscrever nos
quadros da instituição de classe e atuar como advogado. Por outro lado, você acha que seria
proporcional que a lei regulamentadora da profissão exigisse que o indivíduo, além de ser bacharel em
Direito e advogado inscrito na OAB, tivesse que comprovar que é Pós-Doutor (P.h.D) em Direito para
poder exercer a advocacia? Não me parece algo adequado ou razoável. Se uma lei assim fosse editada,
certamente seria considerada inconstitucional!
- Agora, se não houver potencial lesivo na atividade (se não há risco social decorrente de um eventual
mal desempenho da atividade), não poderá o legislador editar normas criando uma série de requisitos
para que a profiss~o seja cumprida. Foi nesse contexto que o STF determinou que “a atividade de
músico não depende de registro ou licença de entidade de classe para seu exercício”, afinal, a liberdade
de exercício profissional é “quase absoluta e qualquer restriç~o a ela só se justifica se houver
necessidade de proteção a um interesse público, a exemplo de atividades para as quais fosse requerido
conhecimento específico, técnico, ou ainda, habilidade j| demonstrada”. Portanto, como a atividade de
músico, se for mal desempenhada (de maneira negligente e imprópria) não vai gerar risco para a
população (no máximo as pessoas se recusarão a ouvir as músicas mal executadas!), não seria razoável
permitirmos que o legislador criasse normas regulamentando e estabelecendo uma série de requisitos
para o exercício da profissão. Noutro giro, pense na profissão de engenheiro civil. O risco social de
alguém executar mal a atividade é imenso (uma ponte pode cair; um prédio desabar!). Por isso,
entendemos como absolutamente razoável que o legislador edite normas exigindo o cumprimento de
vários requisitos para que a profissão seja desempenhada.
- Quer conhecer outra manifestação importante do STF sobre o tema? Vou citar a decisão tomada no
RE 511.961, no qual o Plenário do Supremo Tribunal declarou como não recepcionado pela Constituição
de 1988 o art. 4°, V, do Decreto-Lei 972/1969, que exigia diploma de curso superior para o exercício da
profissão de jornalista. Na ementa, o STF disse o seguinte:
O jornalismo é uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno exercício das
liberdades de expressão e de informação. O jornalismo é a própria manifestação e difusão do
pensamento e da informação de forma contínua, profissional e remunerada. (...) No campo da
profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às qualificações
profissionais. O art. 5°, IV, IX, XIV, e o art. 220 não autorizam o controle, por parte do Estado,
quanto ao acesso e exercício da profissão de jornalista. Qualquer tipo de controle desse tipo, que
interfira na liberdade profissional no momento do próprio acesso à atividade jornalística, configura,

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ao fim e ao cabo, controle prévio que, em verdade, caracteriza censura prévia das liberdades de
expressão e de informação, expressamente vedada pelo art. 5°, IX, da Constituição. A
impossibilidade do estabelecimento de controles estatais sobre a profissão jornalística leva à
conclusão de que não pode o Estado criar uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a
fiscalização desse tipo de profissão. (grifos nossos).

Bom, com isso finalizamos o tópico. E devo lhe convidar para resolvermos juntos algumas
questões sobre os temas trabalhados. Vamos treinar!

Questões para fixar


[CESPE - 2008 - HEMOBRÁS - Analista de Gestão Corporativa - Advogado] A respeito do direito
constitucional, julgue o item que segue:

A teoria dos limites serve para impor restrições à possibilidade de limitação dos direitos fundamentais.

Comentário:

Item exato, que bem elucida o conceito da teoria dos limites. Pode marca-lo como verdadeiro.
Gabarito: Correto

[PGR - 2015 - PGR - Procurador da República-Adaptada] Julgue o enunciado posto abaixo:

Para que a diminuição na proteção de um direito fundamental seja permitida, é preciso que se preserve o
núcleo do direito envolvido e que se observe o princípio da proporcionalidade.
Comentário:

Item verdadeiro, pois delimita a teoria de forma acertada.


Gabarito: Correto

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(11) Questões resolvidas em aula


QUESTÃO 01
[CESPE - 2009 - MMA - Agente Administrativo] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue
o próximo item:
Os direitos e garantias fundamentais encontram-se destacados exclusivamente no art. 5º do texto
constitucional.
QUESTÃO 02
[CESPE - 2014 - Instituto Rio Branco - Diplomata] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e
garantias fundamentais:
O catálogo de direitos fundamentais na CF inclui, além dos direitos e garantias expressos em seu texto,
outros que decorrem do regime e dos princípios por ela adotados, ou de tratados internacionais em que
a República Federativa do Brasil seja parte.
QUESTÃO 03
[CESPE - 2011 - STM - Técnico Judiciário - Segurança] A respeito dos direitos e garantias fundamentais,
julgue o próximo item:
Os direitos e as garantias expressos na Constituição Federal de 1988 (CF) excluem outros de caráter
constitucional decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, uma vez que a enumeração
constante no artigo 5º da CF é taxativa.
QUESTÃO 04
[COPS-UEL - 2011 - PGE/PR - Procurador do Estado] O entendimento de que existem direitos
fundamentais “fora de cat|logo”, ou seja, de que é possível extrair direitos fundamentais de outras
normas constitucionais, além daquelas do Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), tendo em
vista a abertura material do catálogo dos direitos fundamentais da Constituição, é afirmado pela
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal em relação:
A) à extradição;
B) à assistência judiciária;
C) à anterioridade tributária;
D) ao devido processo legal
QUESTÃO 05

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[TRT 15ªR - 2013 - TRT 15ªR - Juiz do Trabalho - Adaptada] Na ordem jurídica brasileira, à luz da
Constituição da República, das leis complementares que a regulamentam e da jurisprudência
dominante no Supremo Tribunal Federal, analise e julgue a assertiva abaixo:
O rol do artigo 5º da Constituição não exaure os direitos e garantias individuais no âmbito
constitucional.
QUESTÃO 06
[TRT 16ªR - 2015 - TRT 16ªR - Juiz do Trabalho Substituto] Considerando as afirmações abaixo, julgue
os itens:
I- A abertura material do catálogo constitucional permite o reconhecimento de direitos fundamentais
implícitos, decorrentes do sistema como um todo.
II - Essa mesma abertura, porém, não enseja o reconhecimento de direitos fundamentais fora do
catálogo do art. 5º da CF, uma vez que, a partir de uma perspectiva topográfica, o legislador buscou
estabelecer os direitos expressos a partir de um critério sistemático.
QUESTÃO 07
[VUNESP - 2018 - Câmara de Campo Limpo Paulista - SP - Procurador Jurídico - Adaptada] A respeito
dos direitos e garantias fundamentais, julgue a assertiva:
Os tratados de direitos humanos aprovados por processo legislativo ordinário são incorporados no
direito brasileiro com natureza supralegal, suspendendo a eficácia das normas infralegais que com eles
sejam conflitantes.
QUESTÃO 08
[CESPE - 2018 - STJ - Conhecimentos Básicos - Cargo: 1] A respeito dos direitos e garantias
fundamentais, julgue o item que se segue, tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal.
O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal de 1988 é taxativo, isto é, o Brasil
adota um sistema fechado de direitos fundamentais.
QUESTÃO 09
[IESES - 2018 - TJ-AM - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento - Adaptada] Conforme
o disposto na Constituição Federal no Título II “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, julgue a
assertiva:
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.

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QUESTÃO 10
[Quadrix - 2018 - CRM-DF - Serviço Administrativo] Julgue o item seguinte a respeito dos direitos e das
garantias individuais na Constituição Federal de 1988 (CF):
Enquanto os direitos fundamentais traduzem viés declaratório, as garantias possuem caráter
instrumental, ou seja, constituem os meios segundo os quais se pretende assegurar os direitos.
QUESTÃO 11
[CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nível Superior] A respeito dos direitos e garantias fundamentais,
julgue a assertiva:
O regime jurídico das liberdades públicas protege as pessoas naturais brasileiras e as pessoas jurídicas
constituídas segundo a lei nacional, às quais são garantidos os direitos à existência, à segurança, à
propriedade, à proteção tributária e aos remédios constitucionais, direitos esses que não alcançam os
estrangeiros em território nacional.
QUESTÃO 12
[CESPE - 2012 - TC-DF - Auditor de Controle Externo] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e
garantias fundamentais:
Embora a CF estabeleça como destinatários dos direitos e garantias fundamentais tanto os brasileiros
quanto os estrangeiros residentes no país, a doutrina e o STF entendem que os estrangeiros não
residentes (como os que estiverem em trânsito no país) também fazem jus a todos os direitos,
garantias e ações constitucionais previstos no art. 5° da Carta da República.
QUESTÃO 13
[TRT 15ªR - 2013 - TRT 15ªR - Juiz do Trabalho - Adaptada] Na ordem jurídica brasileira, à luz da
Constituição da República, das leis complementares que a regulamentam e da jurisprudência
dominante no Supremo Tribunal Federal, analise assertiva abaixo:
O rol do artigo 5º da Constituição, por tratar de direitos e garantias individuais, não contempla direitos
ou posições jurídicas extensíveis a pessoas jurídicas.
QUESTÃO 14
[TRF 3ªR - 2016 - TRT 3ªR - Juiz Federal - Adaptada] Analise a proposição abaixo:
Os direitos e deveres individuais e coletivos estendem-se aos estrangeiros que apenas estão em
trânsito pelo Brasil.
QUESTÃO 15

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[MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto - Adaptada] Sobre direitos fundamentais, julgue a
assertiva:
As pessoas jurídicas de direito público são titulares de direitos fundamentais apenas de cunho
processual (por exemplo, o contraditório e a ampla defesa), sendo incompatíveis com sua natureza
direitos de natureza estritamente material.
QUESTÃO 16
[Quadrix - 2018 - CRM-DF - Serviço Administrativo] Julgue o item seguinte a respeito dos direitos e das
garantias individuais na Constituição Federal de 1988 (CF):
São destinatários da proteção conferida pelos direitos fundamentais as pessoas naturais e jurídicas,
nacionais e estrangeiras.
QUESTÃO 17
[SIPROS - 2018 - PGE-PA - Técnico em Procuradoria - Direito - Adaptada] Leia a assertiva a seguir e
julgue se é verdadeira ou falsa:
Incluem-se os estrangeiros não residentes no Brasil no elenco de titulares dos direitos fundamentais,
notadamente daqueles direitos inequivocamente fundados na dignidade da pessoa humana.
QUESTÃO 18
[COSEAC - 2018 - Prefeitura de Maricá - RJ - Procurador do Município] A respeito dos direitos e
garantias fundamentais, de acordo com a Constituição Federal de 1988 e do entendimento consolidado
dos Tribunais Superiores, julgue o próximo item:
Os direitos e garantias fundamentais não são aplicáveis aos estrangeiros não residentes no país,
mesmo que a violação ocorra enquanto estão em território brasileiro.
QUESTÃO 19
[CESPE - 2014 - SUFRAMA - Nível Superior] A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o
próximo item:
O direito à vida, assim como todos os demais direitos fundamentais, é protegido pela CF de forma não
absoluta.
QUESTÃO 20
[CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e garantias
fundamentais:
Os direitos fundamentais, pela sua própria relevância, não são suscetíveis de renúncia nem tampouco
de autolimitações.
QUESTÃO 21

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[CESPE - 2014 - TJ-SE - Analista Judiciário] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e garantias
fundamentais:
A historicidade, como característica dos direitos fundamentais, proclama que seu conteúdo se modifica
e se desenvolve de acordo com o lugar e o tempo. Por isso, os direitos fundamentais podem surgir e se
transformar.
QUESTÃO 22
[CESPE - 2011 - STM - Cargos de Nível] Julgue a assertiva abaixo:
As liberdades individuais garantidas na Constituição Federal de 1988 não possuem caráter absoluto.
QUESTÃO 23
[MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto - Adaptada] Sobre direitos fundamentais, julgue a
assertiva:
O princípio da universalidade significa que todas as pessoas, pelo fato de serem pessoas, são titulares
dos direitos fundamentais consagrados na Constituição, sendo ilegítima qualquer distinção entre
nacionais e estrangeiros.
QUESTÃO 24
[IDHTEC - 2018 - CRQ - 19ª Região (PB) - Advogado] São características dos direitos fundamentais,
exceto:
A) Inalienabilidade
B) Universalidade
C) Imprescritibilidade
D) Irrenunciabilidade
E) Ilimitabilidade
QUESTÃO 25
[DPE-SC Prova: FUNDATEC - 2018 - DPE-SC - Analista Técnico] Segundo a doutrina majoritária, NÃO
deve ser reconhecido(a) como uma característica dos direitos fundamentais:
A) Historicidade.
B) Inalienabilidade.
C) Imprescritibilidade.
D) Irrenunciabilidade.
E) Ser absoluto.
QUESTÃO 26

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[VUNESP - 2018 - IPSM – Procurador - Adaptada] Tendo em vista a importância dos direitos
fundamentais no ordenamento jurídico brasileiro, julgue a assertiva:
A universalidade, historicidade, inalienabilidade, imprescritibilidade, irrenunciabilidade e ilimitabilidade
são características dos direitos fundamentais.
QUESTÃO 27
[MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça] A respeito dos direitos e garantias fundamentais,
julgue o próximo item:
De acordo com autorizada doutrina, os interesses transindividuais se inscrevem entre os direitos
denominados de primeira geração.
QUESTÃO 28
[CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Consultor Legislativo] Julgue a assertiva abaixo:
Historicamente, os direitos fundamentais de primeira dimensão pressupõem dever de abstenção pelo
Estado, ao contrário dos direitos fundamentais de segunda dimensão, que exigem, para sua
concretização, prestações estatais positivas.
QUESTÃO 29
[CESPE - 2009 - DPE-ES] Sobre as gerações dos direitos e garantias fundamentais, julgue o próximo
item:
Os direitos de primeira geração ou dimensão (direitos civis e políticos) — que compreendem as
liberdades clássicas, negativas ou formais — realçam o princípio da igualdade; os direitos de segunda
geração (direitos econômicos, sociais e culturais) — que se identificam com as liberdades positivas,
reais ou concretas — acentuam o princípio da liberdade; os direitos de terceira geração — que
materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais —
consagram o princípio da solidariedade.
QUESTÃO 30
[FUNECE - 2017 - UECE - Advogado] É exemplo de direito fundamental individual de primeira dimensão
arrolado no texto constitucional o direito à:
A) saúde.
B) educação.
C) herança.
D) moradia.
QUESTÃO 31
[VUNESP - 2012 - TJMG - Juiz Substituto - Adaptada] Analise e julgue a afirmativa a seguir:

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Os chamados pela doutrina de “direitos fundamentais de primeira geraç~o” est~o relacionados com a
igualdade e compõem alguns direitos sociais, tais como os direitos trabalhistas, previdenciários,
econômicos e culturais, e outros vinculados à educação e à saúde.
QUESTÃO 32
[FAFIPA - 2017 - Fundação Araucária - Advogado ] Conforme a teoria dos direitos fundamentais,
assinale a alternativa CORRETA:
A) Os direitos de primeira geração caracterizam-se por uma dimensão positiva ou liberdades positivas,
exigindo uma prestação positiva por parte do Estado.
B) Os direitos de primeira geração são considerados direitos de defesa, direitos do indivíduo frente ao
Estado, caracterizando-se pela abstenção do Estado e por direito de liberdade do indivíduo.
C) Os direitos de segunda geração são direitos de fraternidade ou solidariedade, tendo como objetivo a
proteção da coletividade.
D) Os direitos de terceira geração correspondem aos direitos civis e políticos, caracterizam-se por
liberdades positivas, exigindo prestação positiva por parte do Estado.
QUESTÃO 33
[VUNESP - 2018 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento - Adaptada] Julgue a
assertiva:
Os denominados direitos fundamentais de terceira geração são de titularidade coletiva.
QUESTÃO 34
[IDHTEC - 2018 - CRQ - 19ª Região (PB) - Advogado] Os direitos fundamentais são tradicionalmente
classificados pela Doutrina Majoritária em três gerações, referindo-se aos momentos de evolução
histórica no qual surgiram. Tendo isto em vista, a única alternativa que apresenta a correta
correspondência entre o direito indicado e a geração à qual pertence é:
A) Direito de propriedade – Segunda Geração
B) Direito de associação – Terceira Geração
C) Direito à educação – Primeira Geração
D) Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado – Terceira Geração
E) Direito à locomoção – Segunda Geração
QUESTÃO 35
[Quadrix - 2018 - CRM-DF - Serviço Administrativo] Julgue o item seguinte a respeito dos direitos e das
garantias individuais na Constituição Federal de 1988 (CF):

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Os direitos fundamentais de terceira geração guardam relação com os chamados direitos difusos, de
que são exemplo um meio ambiente saudável e a paz.
QUESTÃO 36
[UERR - 2018 - IPERON - RO - Auditor] O direito de comunicação é um direito fundamental de:
A) quinta geração
B) quarta geração.
C) primeira geração.
D) segunda geração.
E) terceira geração.
QUESTÃO 37
[CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nível Superior] Julgue o item abaixo:
As normas que consubstanciam os direitos fundamentais democráticos e individuais são de eficácia e
aplicabilidade mediata.
QUESTÃO 38
[MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça] A respeito dos direitos e garantias fundamentais,
julgue o próximo item:
Em regra, as normas que definem os direitos fundamentais democráticos e individuais são de eficácia e
aplicabilidade imediata.
QUESTÃO 39
[FAURGS - 2017 - TJ/RS - Analista Judiciário] Segundo a Constituição Federal, as normas definidoras
dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação:
A) após regulamentação legal.
B) imediata.
C) após ratificação por tratado internacional.
D) definida pela vacatio legis.
E) imediatamente após terem sido reconhecidas pelo Supremo Tribunal Federal.
QUESTÃO 40
[FAPEMS - 2017 - Polícia Civil - Delegado de Polícia] Sobre a eficácia dos direitos fundamentais, analise
as afirmativas a seguir:
I. A eficácia vertical dos direitos fundamentais foi desenvolvida para proteger os particulares contra o
arbítrio do Estado, de modo a dedicar direitos em favor das pessoas privadas, limitando os poderes
estatais.

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II. A eficácia horizontal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares, tendo na
constitucionalização do direito privado a sua gênese.
III. A eficácia diagonal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares nas hipóteses
em que se configuram desigualdades fáticas.
Está correto o que se afirma em:
A) III, apenas.
B) I e III, apenas.
C) II e III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 41
[VUNESP - 2018 - Câmara de Campo Limpo Paulista - SP - Procurador Jurídico - Adaptada] A respeito
dos direitos e garantias fundamentais, julgue a assertiva:
Os direitos fundamentais têm por objetivo principal impedir abusos do Estado frente aos cidadãos,
razão pela qual não são aplicáveis em relações privadas.
QUESTÃO 42
[VUNESP - 2018 - IPSM – Procurador - Adaptada] Tendo em vista a importância dos direitos
fundamentais no ordenamento jurídico brasileiro, julgue a assertiva:
A expressão eficácia diagonal tem sido utilizada para designar a aplicação de direitos fundamentais às
relações contratuais entre particulares onde há desequilíbrio fático.
QUESTÃO 43
[IBFC - 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto - Adaptada] Julgue o item abaixo:
A chamada eficácia horizontal dos direitos fundamentais impõe a sua observância mesmo nas relações
jurídicas estabelecidas entre particulares. Portanto, afigura-se possível a revisão judicial da exclusão de
associado dos quadros de associação privada, quando violado direito individual previsto na Constituição
Federal.
QUESTÃO 44
[MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justiça] A respeito dos direitos e garantias fundamentais,
julgue o próximo item:
Quando houver conflito entre dois ou mais direitos e garantias fundamentais, o operador do direito
deve interpretá-los de forma a coordenar e combinar os bens jurídicos em dissenso, evitando o

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sacrifício total de uns em relação aos outros, realizando uma redução proporcional do âmbito de
alcance de cada qual, de forma a conseguir uma aplicação harmônica do texto constitucional.
QUESTÃO 45
[CESPE - 2008 - HEMOBRÁS - Analista de Gestão Corporativa - Advogado] A respeito do direito
constitucional, julgue o item que segue:
A teoria dos limites serve para impor restrições à possibilidade de limitação dos direitos fundamentais.
QUESTÃO 46
[PGR - 2015 - PGR - Procurador da República-Adaptada] Julgue o enunciado posto abaixo:
Para que a diminuição na proteção de um direito fundamental seja permitida, é preciso que se preserve
o núcleo do direito envolvido e que se observe o princípio da proporcionalidade.

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GABARITO
1–F 11 – F 21 – V 31 – F 41 – F
2–V 12 – F 22 – V 32 – B 42 – V
3–F 13 – F 23 – F 33 – V 43 – V
4–C 14 - V 24 – E 34 – D 44 – V
5–V 15 – F 25 – E 35 – V 45– V
6–VF 16 – V 26 – F 36 – E 46 – V
7–V 17 – V 27 – F 37 – F
8–F 18 – F 28 – V 38 – V
9–V 19 – V 29 – F 39 – B
10 – V 20 – F 30 – C 40 – E

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(12) Outras questões: para treinar


QUESTÃO 01
[CESPE - 2014 - TJ-SE - Técnico Judiciário] Julgue a assertiva abaixo:
Os direitos fundamentais têm o condão de restringir a atuação estatal e impõem um dever de
abstenção, mas não de prestação.
QUESTÃO 02
[CESPE - 2011 - TJ-PB - Juiz] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e garantias fundamentais:
A jurisprudência do STF reconhece que os estrangeiros, mesmo os não residentes no país, são
destinatários dos direitos fundamentais consagrados pela CF, sem distinção de qualquer espécie em
relação aos brasileiros. No mesmo sentido, as pessoas jurídicas são destinatárias dos direitos e
garantias elencados na CF, na mesma proporção das pessoas físicas.
QUESTÃO 03
[CESPE - 2014 - SUFRAMA - Nível Superior] Julgue a assertiva abaixo:
Os direitos previstos na CF alcançam tanto as pessoas naturais, brasileiras ou estrangeiras, no território
nacional, como as pessoas jurídicas.
QUESTÃO 04
[CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Papiloscópico] Julgue a assertiva abaixo:
A característica de relatividade dos direitos fundamentais possibilita que a própria Constituição Federal
de 1988 (CF) ou o legislador ordinário venham a impor restrições ao exercício desses direitos.
QUESTÃO 05
[CESPE - 2012 - Banco da Amazônia - Técnico Científico] Julgue a assertiva abaixo:
Os direitos fundamentais cumprem a função de direito de defesa dos cidadãos, sob dupla perspectiva,
por serem normas de competência negativa para os poderes públicos, ou seja, que não lhes permitem a
ingerência na esfera jurídica individual, e por implicarem um poder, que se confere ao indivíduo, não só
para que ele exerça tais direitos positivamente, mas também para que exija, dos poderes públicos, a
correção das omissões a eles relativas.
QUESTÃO 06
[CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Agente de Polícia Legislativa] Julgue a assertiva abaixo:
Os direitos e garantias individuais previstos na CF têm caráter absoluto.
QUESTÃO 07
[CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Consultor Legislativo] Julgue a assertiva abaixo:

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As cláusulas pétreas existentes na CF estão dispostas apenas em seu artigo quinto, referente aos
direitos e às garantias fundamentais.
QUESTÃO 08
[CESPE - 2014 - PM-CE - Oficial da Polícia Militar] A respeito dos direitos e garantias fundamentais,
julgue o próximo item:
Segundo a doutrina majoritária, os direitos fundamentais de terceira geração, também denominados
de direitos de fraternidade ou de solidariedade, caracterizam-se por se destinarem à proteção de
direitos transindividuais.
QUESTÃO 09
[CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo] A respeito dos direitos e garantias
fundamentais, julgue o próximo item:
As pessoas jurídicas de direito privado ou público são destinatárias dos direitos e garantias
fundamentais compatíveis com sua natureza.
QUESTÃO 10
[CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo] Julgue a assertiva abaixo:
O exercício dos direitos e garantias fundamentais está sujeito aos prazos prescricionais previstos na CF
e no Código Civil brasileiro.
QUESTÃO 11
[CESPE - 2018 - MPE-PI - Técnico Ministerial - Área Administrativa] De acordo com as disposições da
Constituição Federal de 1988 (CF) sobre princípios, direitos e garantias fundamentais, julgue o seguinte
item:
Tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em cada casa do
Congresso Nacional, nos termos da CF, serão equivalentes às emendas constitucionais.
QUESTÃO 12
[CESPE - 2018 - STJ - Conhecimentos Básicos - Cargo: 1] A respeito dos direitos e garantias
fundamentais, julgue o item que se segue, tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal:
O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal de 1988 é taxativo, isto é, o Brasil
adota um sistema fechado de direitos fundamentais.
QUESTÃO 13
[CESPE - 2018 - PGE-PE - Procurador do Estado] Considere as duas afirmações a seguir:

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Aula 01

I - Em um processo judicial, o Estado deve assegurar a observância do contraditório e da ampla defesa.


II - Nas relações entre a imprensa e os particulares, a imprensa deve observar o direito à honra, sob
pena de consequências como direito de resposta e indenização por dano material ou moral.
As afirmações I e II contemplam situações que exemplificam a:
A) eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
B) eficácia externa dos direitos fundamentais.
C) eficácia diagonal dos direitos individuais.
D) eficácia vertical e a eficácia horizontal dos direitos individuais, respectivamente.
E) eficácia externa e a eficácia vertical dos direitos individuais, respectivamente.
QUESTÃO 14
[CESPE - 2018 - CGM de João Pessoa - PB - Técnico Municipal de Controle Interno - Geral] Acerca dos
princípios, fundamentos e objetivos da Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir:
Os direitos e as garantias fundamentais constitucionais estendem-se aos estrangeiros em trânsito no
território nacional, mas não às pessoas jurídicas, por falta de previsão constitucional expressa.
QUESTÃO 15
[CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Administrativa] Em relação à eficácia das
normas constitucionais, aos direitos e garantias fundamentais e às disposições gerais constitucionais
sobre os servidores públicos, julgue o item a seguir:
A Constituição Federal, ao prever, de forma exaustiva, os direitos e garantias fundamentais dos
indivíduos, faz que sejam desconsiderados outros direitos humanos, mesmo que estejam previstos em
tratados internacionais dos quais o Brasil seja parte.
QUESTÃO 16
[CEBRASPE - 2019 - TJ-PR - Técnico Judiciário] As normas definidoras dos direitos e das garantias
fundamentais:
A) são programáticas.
B) têm aplicação imediata.
C) estabelecem hierarquia entre os direitos previstos.
D) vedam a ampliação de seu conteúdo por tratados internacionais.
E) são listadas em rol taxativo na Constituição Federal de 1988 (CF).
QUESTÃO 17

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[CESPE - 2019 - TJ AM - Assistente Judiciário] A respeito das dimensões dos direitos fundamentais e de
seus destinatários, julgue o item a seguir:
As dimensões negativas e prestacionais dos direitos sociais deixam de ser oponíveis às relações entre
particulares à medida que o Estado cumpre seu papel de provedor.

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GABARITO COMENTADO
QUESTÃO 01
[CESPE - 2014 - TJ-SE - Técnico Judiciário] Julgue a assertiva abaixo:
Os direitos fundamentais têm o condão de restringir a atuação estatal e impõem um dever de
abstenção, mas não de prestação.
Comentário:
A assertiva é claramente falsa. Apenas os direitos fundamentais classificados como de primeira
geração, essencialmente ligados ao valor liberdade, exigem do Estado o dever de abstenção. Por outro
lado, os direitos fundamentais de segunda geração (em sua maioria), exigem do Estado, para sua
concretização, o oposto, ou seja, demandam uma atuação positiva, de prestação de políticas públicas
de caráter social, visando promover o bem-estar social.
QUESTÃO 02
[CESPE - 2011 - TJ-PB - Juiz] Julgue o item que se segue, acerca dos direitos e garantias fundamentais:
A jurisprudência do STF reconhece que os estrangeiros, mesmo os não residentes no país, são
destinatários dos direitos fundamentais consagrados pela CF, sem distinção de qualquer espécie em
relação aos brasileiros. No mesmo sentido, as pessoas jurídicas são destinatárias dos direitos e
garantias elencados na CF, na mesma proporção das pessoas físicas.
Comentário:
De início, lembremos que, via de regra, os direitos fundamentais têm por destinatários todas as pessoas
indistintamente, pois são necessários à promoção da dignidade humana. Entretanto, nem todos os
direitos previstos na Constituição são aplicáveis a todas as pessoas. Pensemos, para ilustrar, na ação
popular, prevista no art. 5º, LXXIII, que admite como autor apenas os cidadãos brasileiros. Portanto, um
estrangeiro não poderia manejar essa ação, pois só um cidadão (um nacional no exercício dos seus
direitos políticos) é legitimado para propor uma ação popular. Outro exemplo: o direito de se
candidatar e se eleger ao cargo de Presidente da República somente existe para os brasileiros natos
(não abraçando os estrangeiros, os naturalizados, os estrangeiros e os apátridas). No que se refere às
pessoas jurídicas, essas serão destinatárias de direitos e garantias fundamentais, porém não na mesma
proporção das pessoas físicas, cabendo-lhes apenas aqueles direitos compatíveis com a sua natureza
(ex.: o direito de propriedade).
QUESTÃO 03
[CESPE - 2014 - SUFRAMA - Nível Superior] Julgue a assertiva abaixo:

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Os direitos previstos na CF alcançam tanto as pessoas naturais, brasileiras ou estrangeiras, no território


nacional, como as pessoas jurídicas.
Comentários:
O item foi considerado verdadeiro pela banca examinadora. Afinal, é verdade que os direitos descritos
na CF/88 têm por destinatários as pessoas físicas, nacionais ou estrangeiras, e as pessoas jurídicas. A
assertiva se tornaria errada se dissesse que todos os direitos descritos na nossa Constituição podem ser
fruídos por todas as pessoas.
QUESTÃO 04
[CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Papiloscópico] Julgue a assertiva abaixo:
A característica de relatividade dos direitos fundamentais possibilita que a própria Constituição Federal
de 1988 (CF) ou o legislador ordinário venham a impor restrições ao exercício desses direitos.
Comentário:
Uma vez que não são absolutos, e sim relativos, os direitos fundamentais podem ser limitados pela
Constituição ou por lei infraconstitucional. Podem, ainda, ter seu âmbito de incidência reduzido diante
de eventual colisão com outros direitos fundamentais constitucionalmente resguardados. Deste modo,
a assertiva é verdadeira.
QUESTÃO 05
[CESPE - 2012 - Banco da Amazônia - Técnico Científico] Julgue a assertiva abaixo:
Os direitos fundamentais cumprem a função de direito de defesa dos cidadãos, sob dupla perspectiva,
por serem normas de competência negativa para os poderes públicos, ou seja, que não lhes permitem a
ingerência na esfera jurídica individual, e por implicarem um poder, que se confere ao indivíduo, não só
para que ele exerça tais direitos positivamente, mas também para que exija, dos poderes públicos, a
correção das omissões a eles relativas.
Comentário:
A assertiva é verdadeira, uma vez que os direitos fundamentais correspondem a mecanismos de
limitação do poder do Estado, visando impedir a intervenção estatal na vida das pessoas, e,
simultaneamente, conferem prerrogativas aos particulares que pleitearem ações estatais capazes de
garantir e efetivar direitos individuais declarados no texto constitucional.
QUESTÃO 06
[CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Agente de Polícia Legislativa] Julgue a assertiva abaixo:
Os direitos e garantias individuais previstos na CF têm caráter absoluto.

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Comentário:
A característica mais cobrada dos direitos fundamentais, sem dúvida, é a relatividade! Espere sempre
em sua prova questões de prova que insinuem, erroneamente, que certo direito seria absoluto e que
jamais poderia sofrer qualquer tipo de restrição. A assertiva que essa questão enuncia é, portanto, falsa,
pelo simples fato de os direitos poderem ser limitados pela Constituição ou por lei infraconstitucional,
podendo, ainda, ter seu âmbito de incidência reduzido diante da colisão com outros direitos
constitucionalmente resguardados.
QUESTÃO 07
[CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Consultor Legislativo] Julgue a assertiva abaixo:
As cláusulas pétreas existentes na CF estão dispostas apenas em seu artigo quinto, referente aos
direitos e às garantias fundamentais.
Comentários
A afirmação está incorreta por variados motivos. O mais simples deles é o seguinte: o artigo 5° é o
principal repositário de direitos e garantias individuais (espécie) e não dos direitos e garantias
fundamentais (gênero). Outro aspecto: as cláusulas pétreas estão previstas no art. 60, § 4º, CF/88 e
abrangem não apenas os direitos e garantias individuais (inciso IV do dispositivo), mas também a forma
federativa de Estado (inciso I); o voto direto, secreto, universal e periódico (inciso II) e a separação dos
Poderes (inciso III).
QUESTÃO 08
[CESPE - 2014 - PM-CE - Oficial da Polícia Militar] A respeito dos direitos e garantias fundamentais,
julgue o próximo item:
Segundo a doutrina majoritária, os direitos fundamentais de terceira geração, também denominados
de direitos de fraternidade ou de solidariedade, caracterizam-se por se destinarem à proteção de
direitos transindividuais.
Comentário:
Os direitos de terceira dimensão são aqueles que ultrapassam o indivíduo e se relacionam com os
valores da fraternidade e solidariedade. São direitos ligados ao meio ambiente, à comunicação, à
fraternidade e solidariedade. Deste modo, pode assinalar a assertiva como correta.
QUESTÃO 09
[CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo] A respeito dos direitos e garantias
fundamentais, julgue o próximo item:

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As pessoas jurídicas de direito privado ou público são destinatárias dos direitos e garantias
fundamentais compatíveis com sua natureza.
Comentário:
A orientação majoritária da doutrina – adotada inclusive por parte do STF – é no sentido de que as
pessoas jurídicas (independente da sua natureza) também possuem direitos fundamentais compatíveis
com sua natureza (ex.: direito de propriedade), os quais são dignos de proteção constitucional. Nesse
sentido, a assertiva é verdadeira.
QUESTÃO 10
[CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo] Julgue a assertiva abaixo:
O exercício dos direitos e garantias fundamentais está sujeito aos prazos prescricionais previstos na CF
e no Código Civil brasileiro.
Comentário:
Os direitos e as garantias fundamentais são imprescritíveis, ou seja, não sofrerão os efeitos da
prescrição e sua proteção poderá ser buscada a qualquer tempo. Sendo assim, a assertiva é falsa.
QUESTÃO 11
[CESPE - 2018 - MPE-PI - Técnico Ministerial - Área Administrativa] De acordo com as disposições da
Constituição Federal de 1988 (CF) sobre princípios, direitos e garantias fundamentais, julgue o seguinte
item:
Tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em cada casa do
Congresso Nacional, nos termos da CF, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Comentário:
A assertiva está correta! De fato, apenas os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, pelo rito previsto na CF/88 (no art. 5° § 3°),
terão status de emenda constitucional.
QUESTÃO 12
[CESPE - 2018 - STJ - Conhecimentos Básicos - Cargo: 1] A respeito dos direitos e garantias
fundamentais, julgue o item que se segue, tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal:
O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal de 1988 é taxativo, isto é, o Brasil
adota um sistema fechado de direitos fundamentais.
Comentário:

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Consoante prevê a cláusula de abertura do § 2° do art. 5°, CF/88, o rol de direitos fundamentais previsto
na CF/88 não exclui outros direitos fundamentais decorrentes de outros regimes e regras por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Deste
modo, a assertiva deverá ser marcada como falsa.
QUESTÃO 13
[CESPE - 2018 - PGE-PE - Procurador do Estado] Considere as duas afirmações a seguir:
I - Em um processo judicial, o Estado deve assegurar a observância do contraditório e da ampla defesa.
II - Nas relações entre a imprensa e os particulares, a imprensa deve observar o direito à honra, sob
pena de consequências como direito de resposta e indenização por dano material ou moral.
As afirmações I e II contemplam situações que exemplificam a:
A) eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
B) eficácia externa dos direitos fundamentais.
C) eficácia diagonal dos direitos individuais.
D) eficácia vertical e a eficácia horizontal dos direitos individuais, respectivamente.
E) eficácia externa e a eficácia vertical dos direitos individuais, respectivamente.
Comentário:
Perceba que na primeira hipótese a relação é entre Estado e particular, sendo assim, como já sabemos,
os direitos fundamentais estarão sendo aplicados em uma perspectiva vertical. Por outro lado, na
segunda hipótese, o Estado não é um dos sujeitos da relação, onde só figuram particulares. Sendo
assim, a efic|cia é horizontal e nossa alternativa correta é a ‘d’.
QUESTÃO 14
[CESPE - 2018 - CGM de João Pessoa - PB - Técnico Municipal de Controle Interno - Geral] Acerca dos
princípios, fundamentos e objetivos da Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir:
Os direitos e as garantias fundamentais constitucionais estendem-se aos estrangeiros em trânsito no
território nacional, mas não às pessoas jurídicas, por falta de previsão constitucional expressa.
Comentário:
Ainda que não haja previsão constitucional expressa, é pacífico que os direitos fundamentais poderão
ser aplicados às pessoas jurídicas, nos limites de sua natureza (uma vez que é impossível falar sobre
proteção do direito à vida, por exemplo, de uma pessoa jurídica). É um exemplo de tal incidência o
enunciado 227 da súmula do STJ, que prevê que as pessoas jurídicas poderão sofrer dano moral.
QUESTÃO 15

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[CESPE - 2017 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Administrativa] Em relação à eficácia das
normas constitucionais, aos direitos e garantias fundamentais e às disposições gerais constitucionais
sobre os servidores públicos, julgue o item a seguir:
A Constituição Federal, ao prever, de forma exaustiva, os direitos e garantias fundamentais dos
indivíduos, faz que sejam desconsiderados outros direitos humanos, mesmo que estejam previstos em
tratados internacionais dos quais o Brasil seja parte.
Comentário:
Basta lembrar da redação do §2º do art. 5º (que estabelece a tão importante cláusula de abertura!) para
você marcar a assertiva como falsa, tendo em vista que os direitos e garantias expressos no texto
constitucional não excluirão outros decorrentes do regime e dos princípios por ele adotados, ou dos
tratados internacionais em que a Brasil seja parte.
QUESTÃO 16
[CEBRASPE - 2019 - TJ-PR - Técnico Judiciário] As normas definidoras dos direitos e das garantias
fundamentais:
A) são programáticas.
B) têm aplicação imediata.
C) estabelecem hierarquia entre os direitos previstos.
D) vedam a ampliação de seu conteúdo por tratados internacionais.
E) são listadas em rol taxativo na Constituição Federal de 1988 (CF).
Comentário:
Vimos em nossa aula que a Constituiç~o brasileira dispõe, no § 1º do art. 5º, que “as normas definidoras
dos direitos e garantias fundamentais têm aplicaç~o imediata”. Isto significa dizer que, via de regra, as
normas constitucionais que enunciam os direitos fundamentais não dependem de atuação legislativa
para que tenham eficácia.
Pode marcar a letra ‘B’ como resposta.
QUESTÃO 17
[CESPE - 2019 - TJ AM - Assistente Judiciário] A respeito das dimensões dos direitos fundamentais e de
seus destinatários, julgue o item a seguir:
As dimensões negativas e prestacionais dos direitos sociais deixam de ser oponíveis às relações entre
particulares à medida que o Estado cumpre seu papel de provedor.

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Comentário:
Conforme vimos na aula, o item é falso, pois a eficácia horizontal de tais direitos se mantém.

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(13) Resumo direcionado


 Primeiras palavras

* Espécies:
Direitos e
Garantias - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (Capítulo I - art. 5º)
Fundamentais - Dos Direitos Sociais (Capítulo II - arts. 6º ao 11)
– Título II, CF/88
- Da Nacionalidade (Capítulo III- arts. 12 e 13)
(gênero)
- Dos Direitos Políticos e dos Partidos Políticos (Capítulos IV e V - arts. 14 a 17).

 Conceito de direitos e garantias fundamentais

- Fundamentais são aqueles direitos considerados indispensáveis à existência digna de


todo e qualquer ser humano.
Conceito e
- A ideia de direitos humanos é considerada mais ampla e mais abstrata do que a ideia
distinção: “direitos
de direitos fundamentais. Isto porque os direitos humanos estão relacionados ao
fundamentais” e
gênero humano como um todo e são válidos para todos os povos, sem distinção.
“direitos
humanos” - Os direitos humanos correspondem aos direitos fundamentais previstos em normas de
Direito Internacional.
- Consideram-se direitos fundamentais o conjunto de direitos e liberdades que foram
institucionalmente reconhecidos e garantidos pelo Estado em seu ordenamento
interno.
Conceito de
As garantias fundamentais são normas que funcionam como instrumentos de proteção
garantias
ou defesa dos direitos fundamentais. São meios assecuratórios.
fundamentais

 Destinatários dos direitos e garantias fundamentais

- Todas as pessoas, nacionais ou estrangeiras (com ou sem domicílio no Brasil), são possuidoras de
todas as prerrogativas básicas que lhe assegurem a preservação da dignidade.

- Não são todos os direitos do art. 5º que são aplicáveis a todas as pessoas. Podemos trazer como
exemplo a alistabilidade e a elegibilidade, que são prerrogativas constitucionais que só podem ser
exercidas pelos nacionais (ver art. 14, §§ 2º e 3º, CF/88).

- As pessoas jurídicas também são titulares de certos direitos e garantias elencados no texto
constitucionais que sejam compatíveis com sua natureza.

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 Características dos direitos fundamentais

Esta característica aponta a existência de um núcleo mínimo de direitos que deve estar
presente em todo lugar e para todas as pessoas, independentemente da condição
Universalidade
jurídica, ou do local onde se encontra o sujeito – uma vez que a mera condição de ser
humano é suficiente para a titularização desse conjunto básico.

Os direitos fundamentais não surgiram todos ao mesmo tempo e num idêntico


momento histórico. São proclamados em certa época, podem desaparecer em outras
Historicidade
ou serem modificados com o passar do tempo, apresentam-se como um corpo de
prerrogativas que somente fazem sentido se contextualizadas num determinado
período histórico.

Essa característica revela que não podemos compartimentalizar os direitos


fundamentais, seja na tarefa interpretativa, seja na de aplicação às circunstâncias
Indivisibilidade
concretas. Isso porque tais direitos formam um sistema harmônico, coerente e
indissociável.

Imprescritibilidade, Essa característica nos lembra que os direitos fundamentais não são passíveis de
inalienabilidade alienação, deles não se pode dispor, tampouco prescrevem.

Nenhum direito é absoluto ou prevalece perante os demais em abstrato. Como todos


Relatividade os direitos são relativos, eventualmente podem ter seu âmbito de incidência reduzido e
ceder (em prol de outros) em casos concretos específicos.

Esta característica confirma a impossibilidade de desrespeito aos direitos fundamentais


Inviolabilidade por determinação infraconstitucional ou por atos de autoridade, sob pena de
responsabilização civil, administrativa e criminal.

Direitos fundamentais não são interpretados isoladamente, de maneira estanque; ao


contrário, devem ser conjugados, reconhecendo-se que compõem um sistema único –
Complementaridade
pensado pelo legislador com o fito de assegurar a m|xima proteç~o ao valor “dignidade
da pessoa humana”.

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A atuação dos Poderes Públicos deve se pautar (sempre) na necessidade de se efetivar


Efetividade
os direitos e garantais institucionalizados, inclusive por meio da utilização de
mecanismos coercitivos, se necessário for.

Em que pese a autonomia, as previsões constitucionais que se traduzem em direitos


Interdependência fundamentais possuem interseções/ligações, com o intuito óbvio de intensificar a
proteção engendrada pelo catálogo de direitos.

 Gerações (dimensões) de direitos fundamentais

1) Nasceram no contexto histórico das Revoluções Liberais do século XVIII;

2) São direitos que visavam impor restrições ao poder absoluto do Estado;


3) São direitos civis (ligados ao valor liberdade) e políticos (que viabilizaram a
Primeira geração
participação das pessoas na vida política do Estado);
4) Tais direitos são marcadamente de caráter negativo, pois impõem um dever de
abstenção do Estado, impedindo a intromissão indevida na vida dos indivíduos.

1) Nasceram no contexto histórico das Revolução Industrial do século XIX;

2) Exigiam a atuação (um fazer) do Estado para melhorar as condições das classes
menos favorecidas;
Segunda geração
3) Instituíram direitos sociais (ligados ao valor igualdade);

4) Tais direitos são de caráter positivo, pois impõem um dever de atuação do Estado
para garantir direitos básicos e as condições mínimas de igualdade para todos.

1) Nasceram no contexto histórico do pós-Segunda Guerra Mundial (segunda metade


do século XX);

2) Resultaram da reflexão da comunidade internacional a respeito do saldo lamentável


dos conflitos do século XX e da necessidade de proteger as gerações futuras;
Terceira geração
3) Instituíram direitos difusos ou metaindividuais (ligados ao valor fraternidade ou
solidariedade);

4) Tais direitos não são titularizados por uma pessoa ou um grupo de pessoas
determinado, mas por toda a coletividade.

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É representada pelos direitos à democracia, à informação e ao pluralismo, resultado da


Quarta geração globalização política. Esse grupo de direitos abarca também os referentes à
biotecnologia, à bioética e à regularização da engenharia genética, sendo fruto dos
avanços tecnológicos e da globalização da informação.

Abarca o direito à paz, necessário à boa convivência humana e para a própria


Quinta geração
conservação da nossa espécie.

 Aplicabilidade das normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais

A Constituiç~o brasileira dispõe, no § 1º do art. 5º, que “as normas definidoras dos direitos e
garantias fundamentais têm aplicaç~o imediata”. Isto significa dizer que, via de regra, as
Regra
normas constitucionais que enunciam os direitos fundamentais não dependem de atuação
legislativa para que tenham eficácia.

A Constituição poderá exigir norma regulamentadora para que certos direitos fundamentais
Exceção possam ser plenamente exercidos, isto é, para que eles possam produzir todos os seus efeitos
essenciais.

 Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas (eficácia horizontal e diagonal)

Eficácia Os direitos fundamentais são aplicáveis em uma relação entre os particulares e o Poder
vertical Público.

- Eficácia indireta e mediata: a aplicação dos


direitos fundamentais nas relações particulares
somente pode se dar por meio da produção de leis
Eficácia infraconstitucionais.
Os direitos fundamentais são aplicáveis
horizontal
nas relações privadas (entre particulares). - Eficácia direta e imediata: os Direitos
fundamentais estariam aptos a vincular de modo
imediato os agentes particulares, sendo
desnecessária a intermediação legislativa.

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Eficácia Os direitos fundamentais incidem nas relações entre particulares que não estão em situação
diagonal simétrica, isto é, naqueles casos em que um dos polos da relação jurídica se encontra em
condição de hipossuficiência, de flagrante desigualdade fática.

 Colisão de direitos fundamentais

Os direitos fundamentais são dotados de conteúdos nucleares abertos e variados, os quais são revelados
apenas no caso concreto e nas interações entre si ou quando relacionados com outros valores
consagrados na Constituição. Destarte, os direitos fundamentais entram em colisão entre si, ou podem
colidir com outros valores protegidos constitucionalmente.

Os direitos fundamentais se apresentam com maior frequência na forma de princípios. E, havendo


conflito entre princípios, deve-se buscar a conciliação entre eles, aplicando-se cada um deles em
extensões variadas, conforme a relevância que apresentarem no caso concreto. Assim, na busca por
soluções conciliadoras diante das colisões de direitos fundamentais, será necessário o manuseio do
princípio da proporcionalidade e da técnica de ponderação.

 Direitos fundamentais: limites dos limites

Os direitos fundamentais consagrados e assegurados pelo nosso texto constitucional:


(i) não podem anular um igual direito das outras pessoas, devendo todos eles ser aplicados de forma
harmônica;

(ii) não podem anular os demais direitos que também estão previstos na Constituição;

(iii) não podem servir de escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2017.

BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal anotada. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 7ª. ed. Salvador: Juspodivm, 2019.

MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de
Direito Constitucional. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 41ª ed. atual. São Paulo: Malheiros,
2018.

SILVA, José Afonso da. Comentário contextual à Constituição. 9ª ed. São Paulo: Malheiros, 2014.

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