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HOMERO MEDEIROS
Copyright © 2023 por Homero Lupo Medeiros

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escrito dos editores.
Edição: Z Cursos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP - Brasil)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Medeiros, Homero
Blocklist Bancária [livro eletrônico] / Homero
Medeiros. -- Campo Grande, MS : Z Cursos, 2023.

PDF

Bibliografia.
ISBN nº 978-65-6033-027-6

1. Direito bancário - Brasil 2. Lista de negativação


dos bancos 3. Blocklist Bancária I. Título.

23-150441 CDU-332.10981

www.professorhomero.com.br
bancarionapratica@gmail.com

2
BLOCKLIST BANCÁRIA
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 4
2. BLOCK LIST BANCÁRIA: ORIGEM, CONCEITO E BASE NORMATIVA _________________ 6
3. HIPÓTESES DE CABIMENTO DA AÇÃO E O DEVER DE REPARAR ___________________ 9
4. SUJEITOS DA RELAÇÃO __________________________________________________ 18
5. ROTEIRO DE ATUAÇÃO PRÁTICA __________________________________________ 20
5.1 Check-list dos documentos essenciais ___________________________________________ 20
5.2 Perguntas para entrevista cliente ______________________________________________ 21
6. APÊNDICE 01: MODELOS DE NOTIFICAÇÕES _________________________________ 25
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (falta de notificação) _____________________________________ 25
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (renegociação de dívida) __________________________________ 27
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (ação judicial) __________________________________________ 29
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (pessoa jurídica – falta de notificação)_______________________ 31
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (pessoa jurídica – renegociação) ___________________________ 33
7. APÊNDICE 02: MODELOS DE PETIÇÃO INICIAL ________________________________ 36
MODELO DE PETIÇÃO INICIAL (pessoa física – falta de notificação) ______________________ 36
MODELO DE INICIAL (pessoa física – renegociação) ___________________________________ 48
MODELO DE INICIAL (pessoa física – ação judicial)____________________________________ 62
MODELO DE INICIAL (pessoa jurídica – falta de notificação) ____________________________ 74
MODELO DE INICIAL (pessoa jurídica – renegociação) _________________________________ 86
8. APÊNDICE 03: JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS ____________________________ 100
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS___________________________________________ 141
1. INTRODUÇÃO

É muito provável que esta seja a primeira vez que você está ouvindo a
expressão “BLOCK LIST BANCÁRIA”.

Essa é uma expressão que eu criei para denominar as situações de


“negativações indevidas” perante o Sistema de Informações de Crédito do Banco
Central do Brasil. Banco de dados esse totalmente diverso daqueles tradicionais
cadastros de dados de restrição ao crédito tradicionais (SPC, SCPC, SERASA e
cartórios de protesto). Algumas pessoas conhecem por SCR, Registrato etc., mas eu
chamo de BLOCK LIST BANCÁRIA.

No Sistema de Informações de Crédito do Banco Central do Brasil (SCR)


as instituições financeiras registram todas as operações de crédito que realizam com
seus clientes, porém em algumas situações as informações encaminhadas ao SCR
são indevidas. Com isso, acabam por macular o nome do cliente bancário, pessoa
natural e jurídica, e consequentemente as portas do acesso ao crédito bancário se
fecham.

É aqui que nasce a grande oportunidade para a advocacia bancária,


porque a partir do Código de Defesa do Consumidor, do Código Civil e das normativas
infralegais editadas no Conselho Monetário Nacional é possível constatar que as
instituições financeiras realizam uma prática abusiva e por isso devem responder
pelos danos patrimoniais e extrapatrimoniais causados.

A partir de uma forte e diligente atuação extrajudicial é possível identificar


e demonstrar a precisa responsabilidade das instituições financeiras em promover
ilicitamente a negativação de pessoas naturais e jurídicas neste cadastro interno,
tanto para reparar os danos patrimoniais quanto os extrapatrimoniais. E em muitos
casos há fortes chances de composição amigável com a imediata retirada do cadastro
e até pagamento de indenização.

Contudo, a maioria das advogadas e advogados tem deixado essa


oportunidade passar. Por esse motivo resolvi escrever mais um livro digital, a fim de
auxiliar os profissionais que desejam atuar na advocacia bancária diferenciada.
Com toda certeza, por meio da teoria e prática compilada neste livro você
terá condições de fazer uma advocacia bancária diferenciada na área da Block List
Bancária.
2. BLOCK LIST BANCÁRIA: ORIGEM, CONCEITO E BASE
NORMATIVA

Como dito na introdução, Block List foi um termo que criei para explicar aos
meus alunos acerca do Sistema de Informações de Créditos – SCR. Mas antes desse
sistema, existia no Brasil o sistema Central de Risco de Crédito, regulamentado pelas
resoluções nº 2.724, 31/05/2000 e nº 2.798, 30/11/2000.

O SCR surgiu com a Resolução CMN nº 3.658, de 17/12/2008 e que vigeu


até 1º/1/2018, quando então sofreu a revogação total pela Resolução CMN n° 4.571
de 26/5/2017. Atualmente, o SCR é regulamentado apenas pela Resolução CMN nº
5.037/22, pela Instrução Normativa BCB n° 327 de 22/11/2022, Instrução Normativa
BCB n° 393, de 14/6/2023, Instrução Normativa BCB n° 408, de 25/8/2023 e pela
Circular n° 3.870 de 19/12/2017 e Carta Circular nº 3.869, de 19/03/2018.

O SCR éÉ um sistema administrado pelo Banco Central do Brasil e


constituído por informações de operações de crédito realizada no âmbito do sistema
financeiro nacional, que são remetidas mensalmente pelas instituições financeiras. 1

A primeira finalidade do SCR é permitir que a supervisão bancária, no caso


o Banco Central do Brasil, adote medidas preventivas e aumente a eficácia na
avaliação dos riscos inerentes à atividade financeira. Com o uso do sistema, o Banco
Central consegue verificar operações de crédito atípicas e de alto risco, sempre
mantendo o sigilo bancário dos clientes.

Trata-se assim de uma ferramenta importante para acompanhar as


instituições financeiras na prevenção de crises, garantindo maior estabilidade no setor
e proteção dos clientes e do sistema financeiro como um todo.

No entanto, considera-se que a sua principal finalidade é “propiciar o


intercâmbio de informações entre instituições financeiras, conforme definido no art. 1º
da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001, sobre o montante de

https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/exibenormativo?tipo=Instru%C3%A7%C3%A3o%20Normativa
%20BCB&numero=327. Acesso em 27/04/2023.
responsabilidades de clientes em operações de crédito.” (art. 2º, II, da Resolução
CMN nº 5.037/22).

Esse intercâmbio de informações entre instituições financeiras pode


ocorrer durante o prazo de vinte e quatro meses 2. Tempo durante o qual o nome da
pessoa natural ou jurídica ficará disponível para a consulta de todas as instituições
financeiras, de modo a restringir completamente o acesso ao crédito, em especial
quando os valores das operações de crédito são lançados como vencido ou prejuízo.

Posteriormente a esse prazo as informações não poderão mais ser objeto


de intercâmbio entre as instituições financeiras, porém ficarão ainda registradas no
SCR pelo prazo de 60 (sessenta) meses, contados do seu vencimento, com acesso
exclusivo ao titular dos dados.3

Neste aspecto, são registrados no SCR os seguintes produtos bancários,


consoante preceitua o art. 3º da Resolução CMN n° 5.037 de 29/9/2022:

I - empréstimos e financiamentos;

II - adiantamentos;

III - operações de arrendamento mercantil;

IV - prestação de aval, fiança, coobrigação ou qualquer outra modalidade de garantia


pessoal do cumprimento de obrigação financeira de terceiros;

V - compromissos de crédito não canceláveis incondicional e unilateralmente pela


instituição concedente;

VI - créditos contratados com recursos a liberar;

VII - créditos baixados como prejuízo;

2
Essa é a posição do Banco Central do Brasil, senão veja-se:
[...]2 – no caso das operações em atraso, até quando elas aparecem no SCR?
Quando uma operação completa 60 meses em atraso, o banco realiza um registro no sistema de forma que ela
deixa de aparecer para todos os meses sob consulta.
Porém, ela continua aparecendo nos sistemas internos do banco onde consta a dívida.
Já as outras instituições, que não são credoras dessa operação, somente podem consultar as informações
consolidadas dos últimos 24 meses. (Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_scr. Acesso 27/04/2023.
3
“O prazo de 5 anos, previsto no Código de Defesa do Consumidor, é o prazo máximo em que uma informação
de caráter restritivo, como uma dívida não paga, pode estar disponível em cadastros. Assim, quando uma dívida
completa 5 anos em atraso, o banco marca aquela operação no sistema com um símbolo especial. A partir daí, a
dívida deixa de aparecer no relatório. Porém, ainda que não apareça no cadastro, o valor em aberto pode ser
exigido pelos bancos.” Disponível em: https://www.bcb.gov.br/meubc/faqs/p/periodo-de-consulta-de-dividas-
em-atraso. Acesso em 27/04/2023.
VIII - créditos que tenham sido objeto de negociação com retenção substancial de riscos
e de benefícios ou de controle;

IX - operações com instrumentos de pagamento pós-pagos;

X - operações de empréstimo e de financiamento entre pessoas por meio de plataforma


eletrônica; e

XI - outras operações ou contratos com características de crédito, que sejam assim


reconhecidos pelo Banco Central do Brasil.

Os registros de débito dos clientes, pessoas naturais e jurídicas, cujo risco


direto na instituição financeira seja igual ou superior a R$ 200,00 (duzentos reais) são
registrados de forma individualizada no Sistema de Informações de Créditos do Banco
Central (SCR).4

Já os valores inferiores são enviados ao SCR de forma agregada, ou seja,


quando o conjunto das operações dos clientes for inferior a quantia de R$200,00,
agrupam-se os débitos até alcançar o valor para serem enviados conjuntamente.

A consulta ao Relatório de Empréstimos e Financiamentos (SCR) é


realizada via sistema Registrato, usando a Conta Gov.br (nível prata ou ouro). Por
este motivo é um sistema seguro e confiável, projetado para preservar a privacidade
do cliente e garantir a segurança das informações financeiras.

Em resumo, o SCR é um relatório no qual são registradas informações de


créditos das instituições financeiras de pessoas naturais e pessoas jurídicas, isto é,
dívidas com instituições financeiras. Contudo, por vezes, sua anotação acontece de
modo irregular, maculando o bom nome e a imagem da pessoa natural e da pessoa
jurídica no mercado de crédito, como será estudado nos capítulos seguintes.

4
Conforme a nota anexa da INSTRUÇÃO NORMATIVA BCB Nº 327, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2022.
Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/exibenormativo?tipo=Instru%C3%A7%C3%A3o%20Normativa
%20BCB&numero=327. Acesso em 27/04/2023.
3. HIPÓTESES DE CABIMENTO DA AÇÃO E O DEVER DE REPARAR

De acordo com a Lei Complementar 105, de 10/1/2001, em seu art. 1º,


parágrafo 3º, inciso I, a troca de informações entre instituições financeiras para fins
cadastrais, incluindo centrais de risco, não constitui violação do dever de sigilo, desde
que sejam observadas as normas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional e
pelo Banco Central do Brasil.

A Resolução CMN n° 5.037 de 29/9/2022 estabelece que as instituições


financeiras, para fins de uma análise de risco de crédito, podem consultar as
informações consolidadas por cliente no sistema, desde que seja obtida a autorização
específica do cliente para essa finalidade, consoante prevê o art. 12 da mencionada
normativa.

É importante mencionar que a obtenção da autorização de consulta acima


citada deve ser precedida de orientações sobre:

- qual é finalidade e o uso das informações do SCR;

- quais são as formas de consulta às informações;

- quais são os procedimentos que as instituições financeiras devem tomar


para corrigir e excluir as informações do SCR, cadastrar medida judicial
relativa a um crédito e registro de contestação quanto a uma informação
lançada no SCR.

Na prática, cabe ao tomador de crédito permitir ou não o compartilhamento


de seus dados, inclusive para fins de análise de risco e conceder o crédito. Sem a
autorização do cliente, nenhuma instituição financeira pode acessar suas informações
no sistema para fins do art. 2º, II, da Resolução objeto de estudo.

Isso porque o SCR é projetado para preservar a privacidade do cliente,


pois exige que a instituição financeira obtenha a autorização expressa do cliente antes
de consultar suas informações no sistema.

É importante ressaltar que as pessoas físicas e jurídicas com registros no


Sistema de Informações de Crédito não ficam impedidas de contrair novos
empréstimos e financiamentos.
Assim, o SCR é uma ferramenta importante para as instituições
financeiras, que podem utilizá-lo de forma responsável e transparente para tomar
decisões de crédito mais informadas e seguras.

Entretanto, o que se verifica é que em muitas situações o SCR vem sendo


utilizado indevidamente pelas instituições financeiras, porquanto sabem que o
sistema é uma forma de banco de dados de restrição ao crédito.

Neste sentido, desde o ano de 20105, o Superior Tribunal de Justiça tem o


pacífico entendimento de que “as informações fornecidas pelas instituições
financeiras ao Sisbacen afiguram-se como restritivas de crédito, visto que esse
sistema de informação avalia a capacidade de pagamento do consumidor de serviços
bancários.”6

O próprio Conselho Monetário também reconhece que as anotações no


SCR integram um banco de dados de restrição ao crédito. Veja o seguinte trecho do
VOTO 76/2022–CMN, DE 29 DE SETEMBRO DE 2022 que ensejou a edição da
Resolução CMN n° 5.037 de 29/9/2022.

“[...]cabe comentar que a função birô de crédito do SCR vem evoluindo desde a sua
criação. Dentro desse processo de aprimoramento do intercâmbio de informações entre
instituições financeiras e atendendo à demanda do próprio sistema financeiro, a
exclusão do termo “consolidadas” torna possível disponibilizar informações mais
detalhadas e granulares, o que permite aprimorar a análise de risco pelo sistema
financeiro e, consequentemente, trazer maior segurança para o processo de concessão
de crédito.”7

Como é um banco de dados que restringe o acesso ao crédito, as


instituições financeiras devem observar o Código de Defesa do Consumidor e a Lei
nº 12.414/2011, assim como nas relações de direito civil a probidade e a boa-fé devem
ser respeitadas.

A primeira hipótese de anotação irregular no SCR deriva do


descumprimento do dever de realizar a prévia notificação do devedor antes de incluir

5
REsp 1099527/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe
24/09/2010
6
No mesmo sentido: REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014;
7
Disponível em: https://normativos.bcb.gov.br/Votos/CMN/202276/Voto_do_CMN_76_2022.pdf. Acesso em
27/04/2023.
o seu nome nos campos dívida vencida e prejuízo do SCR. Isso por força tanto Código
de Defesa do Consumidor8 e a Resolução CMN nº 5.037/229.

Entretanto, diferentemente do que preceitua o enunciado sumular 359 do


STJ, o dever de realizar a notificação prévia no caso do SCR é da própria instituição
financeira credor, e não do Banco Central do Brasil, por força da retromencionada
resolução CMN. Como inclusive, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, por sua
Primeira Turma.10

Em decisão monocrática mais recente, o Ministro MAURO CAMPBELL


MARQUES voltou a reafirmar esse entendimento ao julgar o REsp n. 1.996.677,
Ministro Mauro Campbell Marques, DJe de 12/05/2022. Veja-se um trecho da decisão:

O acesso ao SCR não é público, pois é limitado às áreas especializadas do Banco


Central, às instituições financeiras, desde que autorizadas por seus clientes, bem como
às pessoas físicas e jurídicas que constam no sistema.

Destarte, o que se pode concluir é que a função desempenhada pelo BACEN, na


qualidade de gestor do SCR, é de interesse público relevante e sem intuito de obtenção
de lucros, mas sim de proteção de todo o sistema financeiro, através do monitoramento
e avaliação da carteira de créditos das instituições financeiras.

Portanto, mostra-se equivocada a comparação entre esta função do BACEN por


intermédio do SCR e a função, de interesse predominantemente privado, de um serviço
de proteção ao crédito comercial, com intuito de obtenção de lucro, como é o caso do
SPC e do SERASA.

[...]

8
Art. 43 [...] § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada
por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
9
Art. 13. As instituições originadoras das operações de crédito ou que tenham adquirido tais operações de
entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional devem comunicar previamente ao cliente que os
dados de suas respectivas operações serão registrados no SCR.
§ 1º Na comunicação referida no caput devem constar as orientações e os esclarecimentos relacionados no art.
16.
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ocorrer anteriormente à remessa das informações para o
SCR.
§ 3º As instituições referidas no caput devem manter a guarda da comunicação de que trata este artigo, em meio
físico ou eletrônico que permita comprovar a sua autenticidade, por um período de cinco anos, contado da data de
emissão do documento, sem prejuízo de outras disposições que fixem prazo maior para a sua guarda.
10
[...]2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como o
SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do Brasil é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido. Inteligência da Súmula
572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento.
(REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2021,
DJe 08/04/2021)
Desse modo, conclui-se que não é possível imputar ao BACEN a responsabilidade,
prevista no artigo 43, §2º, do CDC, por notificar previamente a pessoa física ou jurídica
quando de sua inclusão no SCR, uma vez que esta obrigação incumbe à instituição
financeira que alimentou o sistema do BACEN com os dados de seus consumidores.

Assim, não há falar em legitimidade passiva do Banco Central do Brasil para responder
por danos resultantes da ausência de notificação prévia de pessoa física ou jurídica
acerca de sua inclusão no Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR).

Nesse prumo, o recurso especial deve ser parcialmente provido, para reformar o
acórdão recorrido e afastar a condenação do BACEN, uma vez que a este não incumbe
a notificação prévia por ocasião da inclusão do nome de pessoa física ou jurídica no
SCR.

Dessa forma, quem deve figurar no polo passivo dessas ações que
debatem a responsabilidade pela notificação prévia à negativação é a própria
instituição financeira que encaminhou a informação ao SCR.

Um segundo cenário possível de “negativação indevida” é quando o


credor encaminha ao SCR a anotação de prejuízo decorrente de descontos que
concedeu quando realiza renegociação de uma dívida com o devedor.

A anotação é irregular por dois motivos. O primeiro é a falta de informação


adequada e clara antes de celebrar a renegociação e no próprio instrumento de
acordo acerca da consequência do desconto que seria concedido, ou seja, que isso
ensejaria uma anotação no SCR, no campo prejuízo, que enseja restrição creditícia.

Por outro lado, a anotação de prejuízo em casos de renegociação da dívida


tem verdadeira natureza jurídica de novação, o que deveria constituir verdadeiro
obstáculo ao lançamento da informação de prejuízo, à luz do que os preceituam arts.
360, I, 361 e 364 do CC. 11

11
52452150 - APELAÇÕES CÍVEL E ADESIVA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
MANUTENÇÃO DA DÍVIDA, OBJETO DE ACORDO, NO SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO
DO BANCO CENTRAL DO BRASIL (SCR) COMO "PREJUÍZO". PROVA CONCRETA DE RECUSA DE
EMPRÉSTIMO AMPARADA NA ANOTAÇÃO. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
RAZOÁVEL E PROPORCIONAL. MANUTENÇÃO. RECURSOS DESPROVIDOS. Manutenção de
apontamento do nome do autor no Sistema de Informação de Crédito do Banco Central (SCR/SISBACEN),
com a referência de categoria prejuízos, mesmo após acordo. A informação transmitida pelo banco ao SCR,
de maneira equivocada, possui potencial capaz de restringir o crédito da parte, uma vez que uma das finalidades
desse sistema é propiciar o intercâmbio de informações entre as instituições financeiras sobre os débitos de
responsabilidade de clientes nas operações de crédito (Resolução n. 3.658/2008 do Banco Central). No caso, a
parte autora, comprovou que teve recusado pedido de empréstimo para desenvolvimento de atividade rural, em
face da anotação equivocada, de modo que não restam dúvidas quanto a configuração dos danos morais. (TJMT;
AC 0001985-53.2016.8.11.0004; Primeira Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Sebastião Barbosa Farias; Julg
19/07/2022; DJMT 25/07/2022) g/n
Um terceiro cenário é quando a instituição financeira anota no sistema do
SCR um prejuízo decorrente de ação judicial que desconstituiu a dívida ou a declarou
inexistente.

Nesse sentido tem o seguinte precedente:

90689137 - APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO


DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. AÇÃO REVISIONAL
PRETÉRITA. INCLUSÃO DE INFORMAÇÕES INIDÔNEAS NO SISTEMA SISBACEN
(SCR). DANOS MORAIS CONFIGURADOS. QUANTUM. MAJORAÇÃO. 1. Certo é que
houve a inscrição indevida do nome da parte autora no sistema de informação de crédito
(scr) do Banco Central do Brasil, já que, mesmo sendo proferida sentença de procedência
na ação revisional em 06/2018, mantida a anotação de forma irregular nos meses de
06/2018 a 10/2018. 2. De acordo com o posicionamento do e. STJ e desta corte,
considera-se in re ipsa o dano moral decorrente da irregularidade da restrição no sistema
sisbacen (scr), hipótese dos autos. 3. São grandes os transtornos de quem tem seu nome
inscrito em cadastro e o crédito abalado perante o comércio de bens, ultrapassando o
mero dissabor, especialmente diante das peculiaridades da espécie. 4. Quantum
indenizatório majorado para R$ 8.000,00 (oito mil reais), conforme requerido pela parte,
de molde a assegurar o caráter repressivo e pedagógico da indenização, sem constituir-
se elevado bastante ao enriquecimento indevido. Recurso do réu desprovido e recurso da
parte autora provido. (TJRS; AC 5002127-87.2021.8.21.0013; Erechim; Quinta Câmara
Cível; Relª Desª Isabel Dias Almeida; Julg. 14/12/2022; DJERS 14/12/2022) 12

A quarta hipótese ocorre quando a anotação lançada nos campos “dívida


vencida” ou “prejuízo” é oriunda de um contrato no qual não tem situação de mora.
Essa ausência de mora pode decorrer do fato de que a dívida foi efetivamente paga
no seu vencimento, porém o pagamento foi ignorado pelo credor. Ou também pode
ser no cenário que a negativação tenha ocorrido antes mesmo da dívida ultrapassar

12
Em igual sentido: 89716185 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE
DÉBITO C/C INDENIZATÓRIA. DÉBITO QUITADO. NOME DO CONSUMIDOR NO SCR. DANOS
MORAIS. OCORRÊNCIA. VALOR. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. 1. Embora diverso dos
tradicionais cadastros restritivos de crédito (SERASA e SPC), o Sistema de Informação de Crédito. SCR também
possui caráter restritivo de crédito, na medida em que serve de base de análise do perfil do consumidor para fins
de liberação de crédito, de forma que eventual inscrição indevida é passível de indenização. 2. Em se tratando de
ação declaratória de inexistência de débito, incumbe ao fornecedor comprovar a existência da relação jurídica
geradora da dívida, sob pena de declaração de sua inexistência. 2. Havendo provas, na ação revisional conexa,
que o débito apontado pela instituição financeira inexiste, há de se reconhecer a ocorrência de danos morais em
razão de inclusão indevida no Sistema de Informação de Crédito. SCR. 4. O valor dos danos morais deve ser
arbitrado em atenção aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, não podendo ser fonte de
enriquecimento ilícito da vítima tampouco irrisório ao ofensor. (TJMG; APCV 5000209-71.2021.8.13.0239;
Décima Câmara Cível; Rel. Des. Claret de Moraes; Julg. 29/03/2022; DJEMG 05/04/2022)
a sua data de vencimento, mas se sabe que esta última hipótese é bem mais rara de
acontecer.

A quinta hipótese está situada no contexto da manutenção indevida da


restrição (“dívida vencida” ou de “prejuízo”) mesmo depois de ser sido adimplida. Aqui
é necessário um cuidado especial, porque a sistemática do SCR é diferente dos
demais órgãos de restrição ao crédito que removem a anotação no prazo de 5 dias
úteis e não deixam nenhum outro tipo de registro no relatório visível ao público.

No SCR, para se considerar ilícita a essa manutenção é preciso que se


analise o momento em que o credor encaminhou o comunicado ao BACEN para se
retificar o apontamento como dívida vencida ou como prejuízo. Isso porque
normalmente o registro no SCR somente será efetivamente modificado no mês
subsequente ao apontamento.

Consoante a CARTA CIRCULAR Nº 3.869, DE 19 DE MARÇO DE 2018, o


envio de informações será mensal e dentro da seguinte sistemática: “Art. 2º [...]§ 2º
O documento de código 3040, de periodicidade mensal, cujo saldo a ser informado
corresponde ao existente no último dia do mês, deve ser remetido até o 9º (nono) dia
útil do mês seguinte ao da respectiva data-base.”

Exemplifica-se:

Em 08/2023 há uma anotação do BANCO xxxx de dívida vencida no valor


de R$ 1.000,00. Na hipótese de o devedor realizar o pagamento ou formalizar acordo
de renegociação da dívida no dia 15/09/2023, o registro de dívida vencida ainda
continuará no SCR no mês 09/2023, porque a atualização do sistema somente vai
acontecer no mês 10/23, subsequente ao comunicado realizado pelo credor que vai
acontecer até o 9º dia útil do mês 10 (outubro). Portanto, somente será ilícita a
manutenção se o registro de dívida vencida continuar a aparecer no sistema em
10/23.

Neste sentido vem decidindo os tribunais. Veja-se:

APELAÇÃO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR


DANO MORAL. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. Manutenção do nome do
devedor junto ao Sistema de Informações de Crédito (SCR) do Banco Central do Brasil,
mesmo depois de quitada a dívida contraída com o banco réu. Sistema com natureza de
cadastro restritivo de crédito. Ilícito caracterizado. Inteligência o art. 43, § 3º do CDC.
Precedentes do C. STJ e E. TJSP. Responsabilidade do banco réu pela exclusão, nos
termos do art. 13 da Resolução BACEN nº 4.571/2017. Dano moral in re ipsa. Indenização
de R$ 10.000,00 (dez mil reais), fixada pela r. Sentença, proporcional e razoável,
conforme precedentes desta C. 15ª Câmara de Direito Privado e circunstâncias do caso
concreto. Sentença mantida. Recurso da ré desprovido. (TJSP; AC 1080633-
06.2022.8.26.0100; Ac. 17198056; São Paulo; Décima Quinta Câmara de Direito Privado;
Rel. Des. Elói Estevão Troly; Julg. 26/09/2023; DJESP 05/10/2023; Pág. 2351) 13

A última situação ocorre quando uma dívida já prescrita é enviada ou é


mantida no SCR como “dívida vencida” ou como “prejuízo. À luz do novo
entendimento do Superior Tribunal de Justiça de que não é possível realizar a
cobrança extrajudicial de dívida prescrita, firmado em outubro de 2023 pela Terceira
Turma no julgamento dos recursos REsp nº 2088100 / SP e REsp nº 2094303 / SP,
também não será devida a manutenção ou inscrição no SCR, porque este é um meio
coercitivo de cobrança da dívida, uma vez que constitui hipótese de restrição ao
crédito.

Todas essas situações de negativações ilícitas ou indevidas no SCR faz


nascer uma violação dos atributos da personalidade da pessoa humana, em especial
o nome, a intimidade e honra. Isso porque as pessoas naturais que possuem essas
anotações no SCR acabam sendo consideradas pessoas que não cumprem suas
obrigações e que estão endividadas, de modo que não conseguem mais acesso ao
crédito no mercado de consumo e no mercado bancário.

E isso culmina no surgimento de um dano moral presumido para a pessoa


natural que tem seu nome inserido indevidamente no SCR, à luz do que dispõe de
modo pacífico o Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM
CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL CONFIGURADO.

13
Em igual sentido: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. Empresa que inscreveu o nome
da autora em sistema de informação ao crédito do Banco Central do Brasil (scr). Parcial procedência na origem.
Recurso da autora. Dano moral. Pleito de majoração. Valor da indenização fixado na sentença em R$ 2.000,00.
Majoração ao patamar de R$ 8.000,00. Arbitramento em atenção ao princípio da proporcionalidade e aos critérios
compensatório da vítima e sancionatório da infratora. (..)(TJSC; APL 5000519-49.2022.8.24.0235; Sétima
Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Osmar Nunes Júnior; Julg. 31/08/2023)
QUANTUM ARBITRADO. VALOR RAZOÁVEL. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO.

1. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento pacífico de que o dano


moral, oriundo de inscrição ou manutenção indevida em cadastro de
inadimplentes, prescinde de prova, configurando-se in re ipsa, visto que é
presumido e decorre da própria ilicitude do fato. [...] (AgInt no AREsp
1501927/GO, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
12/11/2019, DJe 09/12/2019)9 g/n

No que diz respeito às negativações de nome das pessoas jurídicas, a


jurisprudência tem caminhado no sentido de que não há um dano moral presumido 14.
Então, seria necessário algo além da anotação de dívida como “vencida” ou como
“prejuízo, ou seja, é essencial a demonstração de que houve efetivo prejuízo ao nome
e à imagem da pessoa jurídica. Um exemplo disso é quando a pessoa jurídica não
consegue obter um crédito bancário ou uma compra de mercadorias e serviços a
prazo por conta da anotação do SCR.

Nesse sentido, é muito importante que as demandas de reparação de


danos em favor de pessoa jurídica sejam instruídas com provas da negativa de
crédito.

Por fim, é importante ressaltar que nos casos de negativação no SCR


também se aplica o enunciado sumular 385 do Superior Tribuna de Justiça, a saber:
“Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por

14
Vg. 76918974 - APELAÇÃO. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO INDENIZATÓRIA C/C OBRIGAÇÃO DE
FAZER. ALEGAÇÃO DE RESTRIÇÃO CLASSIFICADA COM EQUÍVOCO JUNTO AO SCR SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE
CRÉDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. PESSOA JURÍDICA. DIREITO À CORREÇÃO DA INFORMAÇÃO. DANOS
MORAIS NÃO CONFIGURADOS. De acordo com o que dispõe o art. 373 do Novo Código de Processo Civil,
incumbe à parte autora o ônus da prova quanto ao fato constitutivo do seu direito (inciso I) E, à parte ré, o ônus
da prova quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora (inciso II).
Faz jus a parte autora à correção do cadastro para a classificação do débito de forma correta, tendo em vista a
renegociação procedida. Embora a pessoa jurídica possa sofrer dano moral (Súmula nº 227 do STJ), deve-se
atentar que a ocorrência deste dano está relacionada à honra objetiva da empresa, ou seja, aquela que diz
respeito ao nome, prestígio, boa fama perante o meio social em que atua. Na hipótese, contudo, conquanto
demonstrada a existência de informação equivocada junto ao SCR Sistema de Informações de Crédito do Banco
Central do Brasil, tal circunstância, por si só, não é suficiente para gerar o direito a indenização por danos morais,
devendo haver comprovação cabal do prejuízo que, na hipótese, em se tratando a parte autora de pessoa
jurídica, diz respeito à honra objetiva da empresa. Nesse sentido, não verifico a existência prejuízo nesses
moldes à pessoa jurídica. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (TJRS; AC 80581-65.2018.8.21.7000; Rio Pardo;
Décima Sexta Câmara Cível; Rel. Des. Eduardo Kraemer; Julg. 09/05/2019; DJERS 28/05/2019)
dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao
cancelamento.”

Logo, não se deve manejar ações indenizatórias quando a pessoa natural


ou jurídica possuir negativações no SCPC, SPC, SERASA e PROTESTO anteriores
e válidas.

Se for uma negativação anterior que esteja sendo objeto de outro


questionamento judicial, aí se abre espaço para a mitigação da súmula supracitada,
conforme vem decidindo o STJ:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO COM PEDIDO DE DANOS
MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA. ANOTAÇÕES PRETÉRITAS DISCUTIDAS
JUDICIALMENTE. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES DO CONSUMIDOR.
FLEXIBILIZAÇÃO DA SÚMULA 385/STJ. DANO MORAL CONFIGURADO.

1. Ação declaratória de inexigibilidade de débito com pedido de danos morais 2. Admite-


se a flexibilização da orientação contida na súmula 385/STJ para reconhecer o dano moral
decorrente da inscrição indevida do nome do consumidor em cadastro restritivo, ainda
que não tenha havido o trânsito em julgado das outras demandas em que se apontava a
irregularidade das anotações preexistentes, desde que haja nos autos elementos aptos a
demonstrar a verossimilhança das alegações. Precedentes.

3. Agravo interno no agravo em recurso especial não provido.

(AgInt no AREsp n. 2.163.040/RJ, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma,


julgado em 5/12/2022, DJe de 7/12/2022.)

Esse são os principais cenários de aplicação e manejo de ações


reparatórias por negativações indevidas no banco de dados do SCR, que nomino de
block list bancária.
4. SUJEITOS DA RELAÇÃO
As instituições financeiras utilizam o Sistema de Informações de Crédito do
Banco Central (SCR) como um importante instrumento de gestão de crédito, que
ajuda na atuação responsável dessas instituições.

Assim, o SCR permite que as instituições financeiras tenham uma visão


mais clara da capacidade de pagamento dos clientes, contribuindo para a
quantificação dos riscos envolvidos nas operações de crédito.

Neste aspecto, são instituições que devem prestar as informações acerca


deste cadastro as seguintes elencadas, conforme art. 4º da Resolução CMN n° 5.037
de 29/9/2022:

I - agências de fomento;

II - associações de poupança e empréstimo;

III - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES);

IV - bancos comerciais;

V - bancos de câmbio;

VI - bancos de desenvolvimento;

VII - bancos de investimento;

VIII - bancos múltiplos;

IX - caixas econômicas;

X - companhias hipotecárias;

XI - cooperativas de crédito;

XII - sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários;

XIII - sociedades de arrendamento mercantil;

XIV - sociedades de crédito ao microempreendedor e à empresa de pequeno porte;

XV - sociedades de crédito, financiamento e investimento;

XVI - sociedades de crédito imobiliário;

XVII - sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários;


XVIII - outras classes de instituições sujeitas à regulação do Banco Central do Brasil,
autorizadas a realizar ou adquirir operações de crédito de que trata esta Resolução, nos
termos da regulamentação editada pelo Banco Central do Brasil;

XIX - outras classes de instituições autorizadas a realizar ou adquirir operações de crédito


de que trata esta Resolução e sujeitas à regulação de órgão diverso do Banco Central do
Brasil, observados os requisitos previstos nos §§ 2º e 3º;

XX - sociedade de crédito direto; e

XXI - sociedade de empréstimo entre pessoas.

De outro norte, essas instituições financeiras anotam no SCR informações


de operações de crédito tanto de pessoas naturais quanto jurídica.
5. ROTEIRO DE ATUAÇÃO PRÁTICA

O êxito nas ações de BLOCK LIST depende muito da eficiência na atuação


extrajudicial. É por isso que se pensou na construção de um roteiro base para que o
caso chegue ao judiciário, caso necessário, com todos os elementos de prova já
produzidos para compelir as instituições financeiras a excluir a anotação indevida,
assim como a reparar os eventuais danos extrapatrimoniais e patrimoniais.

PASSO 01: colheita de documentos essenciais;

PASSO 02: expedir notificação para a instituição financeira que promoveu


a anotação no SCR, conforme os modelos deste material;

PASSO 03: personalizar a petição inicial consoante as peculiaridades do


caso concreto.

5.1 Checklist dos documentos essenciais


Compreende-se que em toda ação de SCR deve conter os seguintes
documentos:

-Documentos pessoais ou documentos constitutivos da PJ;

-Procuração para fase extrajudicial e judicial;

- Extrato detalhado do SCR;

- Extrato do SPC, SCPC, SERASA e protesto;

- Prova da notificação à instituição financeira;

- Comprovante (contrato ou outro documento) da dívida que ensejou a


anotação;

- Comprovante de que a anotação é irregular (termo de renegociação, ação


judicial etc.);

- no caso de cartão de crédito, é essencial também instruir o processo com


as faturas do período da negativação;
- para a prova do dano moral em favor de PESSOAS JURÍDICAS, é
essencial documentar eventual negativa de crédito ou outro tipo de prejuízo à imagem
e nome da sociedade empresária.

O extrato SCR como já dito deve ser providenciado pelo cliente, que precisa
realizar o cadastro junto ao site do Bacen. Do mesmo modo, o extrato aos órgão de
proteção ao crédito são importantes para que o cliente demonstre a ausência de
negativação anterior e a irregularidade da cobrança.

Sendo fundamental analisar tais documentos antes da realização da fase


extrajudicial, bem como do ajuizamento. Uma vez que em sendo verificada ausência
de nexo causal não há no que se falar em reparação de danos.

5.2 Perguntas para entrevista cliente

A advocacia bancaria diferenciada precisa durante a entrevista com o cliente


identificar se o caso se enquadra como anotação irregular ou não. Bem como se
houve recebimento de notificação por parte do banco ou outro órgão de proteção de
crédito (SPC, SERASA, etc.)
A fim de contribuir com a comunicação assertiva durante o atendimento
inicial, sugere-se o seguinte roteiro:

ETAPA 01 - QUALIFICAÇÃO DO CLIENTE ANTES DA REUNIÃO:

a. explicar brevemente o que é a block list;

b. solicitar os seguintes documentos iniciais:

 extrato detalhado do registrato/scr (últimos 60 meses);


 extratos do SPC/SCPC/SERASA;
 documentos pessoais (rg, cpf e atos constitutivos, se PJ);
 comprovante de endereço (últimos 90 dias);
 eventual negativa de crédito que tenha sofrido.
c. esclarecer que é uma cortesia do escritório fazer a pré-análise dos
documentos;

ETAPA 02 - FASE DE ANÁLISE INTERNA:

a. extrair as informações dos extratos e aplicar nos quadros abaixo;

HIPÓTESES NO SCR SIM NÃO

dívida anotada na coluna do vencido?

dívida anotada na coluna do prejuízo?

HIPÓTESES de negativação SPC/SCPC/SERASA SIM NÃO

é anterior ao mês e ano da anotação de dívida vencida ou de prejuízo?

é posterior à anotação de dívida vencida ou de prejuízo?

a anotação do SPC/SCPC/SERASA é válida?

b. sendo viável a ação, agendar reunião com o potencial cliente, fornecendo no


convite para a reunião a lista de documentos COMPLEMENTARES:

 contrato relativo à dívida anotada no campo vencido ou prejuízo;


 comprovantes de pagamento ou renegociação da dívida, se possuir;
 se a dívida for de cartão, faturas dos meses que constam como vencido ou
prejuízo.

ETAPA 03- REUNIÃO COM O CLIENTE COM ROTEIRO DE PERGUNTAS :

I. Apresentar ao cliente apenas as dívidas que constam no campo vencido ou


prejuízo : (abrir extrato SCR do cliente)
II. Questionar o cliente acerca dos seguintes pontos:

1) A dívida com o BANCO XXXX, do mês ____/____, na modalidade de


(empréstimo, cartão de crédito, cheque especial etc.) foi realmente
contraída pelo cliente?

a) Não reconhece a dívida: advogado(a) deve esclarecer ao cliente que existe


a possibilidade de ajuizar ação para invalidar o contrato e, ainda, pedir a
reparação de danos morais (contrato indevido + desvio produtivo +
negativação indevida SCR)
b) Reconhece a dívida: vai para o próximo passo.

2) Este contrato realizado está sendo pago em dia ou há o atraso no


pagamento de parcelas?
a) Se houve atraso/mora no pagamento, indicar:
 Qual é o valor em atraso/mora;
 Qual é a data de vencimento da parcela/dívida?
b) Este valor que estava em aberto foi pago quando

3) Foi realizada a negociação da dívida junto ao Banco?


a) Foi escrita ou verbal?
b) Qual o valor da dívida negociada?
c) Houve a concessão de desconto para celebrar o acordo?
d) O acordo foi cumprido ou está sendo cumprido em dia?
e) Possui os comprovantes de pagamento?

4) Recebeu algum tipo de notificação do banco informando que


negativaria/inseriria seu nome no cadastro do Bacen (SCR)?

5) Como descobriu que seu nome estava inserido no SCR?


a) Passou por algum constrangimento na obtenção de crédito recentemente?
b) Possui alguma comprovação acerca da negativa de crédito?
c) Questionou seu banco acerca desta negativação?
III. Como convencer o cliente a fechar o contrato:
 Seja assertivo e claro em dizer por que o caso dele é considerado uma
negativação indevida (extrair das respostas do cliente);
 Apresente ao cliente casos análogos que a Justiça fixou indenização, em
especial julgados do TJ onde tramitará a ação;
 Explique no que consistirá o seu serviço extrajudicial e judicial;

Apesar de não haver qualquer tipo de garantia de resultado favorável na


demanda, tem-se que o respeito à metodologia aqui aplicada e a sua conjugação com
a (frisa-se: sempre necessária) a análise de viabilidade segundo a posição de cada
tribunal onde tramitará a ação aumentará muito a chance de êxito.

Este é o nosso objetivo: fazer com que você faça uma advocacia bancária
cada vez mais assertiva e formadora de precedentes positivos para os consumidores
bancários.
6. APÊNDICE 01: MODELOS DE NOTIFICAÇÕES

MODELO DE NOTIFICAÇÃO (falta de notificação)

ORIENTAÇÕES SOBRE O MODELO


- hipótese de uso: falta de notificação prévia para inscrição da dívida no campo vencido ou prejuízo
do SCR;
- finalidade: solicitar a exclusão da anotação, reparar os danos e amealhar provas para ação judicial;
- documentos que devem instruir a notificação:
a) cópia dos documentos pessoais do consumidor;
b) procuração com poderes específicos;
c) cópia da carteira da OAB do advogado;
d) extrato do scr.
- canais de envio da notificação: www.consumidor.gov.br ou sistema reclamação do BACEN
(https://www.bcb.gov.br/meubc/faleconosco ).

Cidade, dia de mês de 2023.

À Ouvidoria do Banco XXXXXX S/A

ASSUNTO: negativação irregular

FULANO DE TAL, brasileiro, estado civil, profissão, CPF nº XXX.XXX.XXX-


XX, residente na rua XXX, Cidade – Estado, titular da conta corrente nº XXXX,
vinculada à agência XXX do Banco XXXX, juntamente com seu advogado CICLANO
DE TAL, OAB/MS nº XXXXX, com escritório na RUA XXX, e-mail XXXXX@gmail.com,
telefone nº 00-0000.0000, vem apresentar a seguinte proposta de solução
consensual quanto a anotação irregular no banco de dados do Sistema de
Informações de Crédito, vinculado ao Banco Central do Brasil.

Essa instituição financeira inscreveu no SCR o nome do notificante como


devedor da quantia de R$ XXXX,XX, no mês ___ do ano de ____ (cf. anexo).
Independentemente de ser devida a anotação, a anotação é ilícita por não
respeitar o dever de comunicação prévia estabelecido na Resolução CMN n.
5.037/2022 (art. 13).

Como se trata de um ato ilícito, propõe-se a solução extrajudicial do litígio


nos seguintes moldes:

a) Exclusão do registro do SCR do consumidor, relativo ao contrato XXXX, da


informação lançada no mês ___ de 2022 como vencido ou prejuízo;
b) Seja compensado o prejuízo extrapatrimonial gerado pela “negativação”
indevida mediante o pagamento de indenização no valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais);

Com ou sem a formalização do acordo, esta notificação serve para


solicitar:

a) a cópia do contrato de que originou a negativação;

b) cópia do termo de acordo de renegociação de dívida (se aplicável ao caso);

c) cópia do comprovante de notificação expedida para comunicar o devedor antes


da negativação;

d) faturas do cartão de crédito do período da negativação (se aplicável ao caso)

A resposta à presente deverá ser fornecida no prazo de 10 (dez) dias


úteis (art. 5º, III, da Lei 12.414/2011), a contar do seu recebimento.

Para evitar qualquer tipo de negativa de resposta com base no argumento


do sigilo bancário, acosta-se à presente a cópia do documento pessoal do titular da
conta, a cópia da procuração com poderes específicos e a cópia da carteira da OAB
do subscritor da presente. Com o devido respaldo também ao previsto no art. 1º, §2º
da Resolução CMN 2835/01 assim autoriza essa solicitação.

Por fim, em caso não atendimento desta solicitação, serão adotadas


providências junto ao Banco Central do Brasil, aos órgãos de proteção ao consumidor
e, se for o caso, ao Poder Judiciário.

Atenciosamente,

ASSINATURA CLIENTE

ASSINATURA ADVOGAD(A)
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (renegociação de dívida)

ORIENTAÇÕES SOBRE O MODELO


- hipótese de uso: falta de notificação prévia para inscrição e anotação indevida de prejuízo
decorrente de renegociação de dívida;
- finalidade: solicitar a exclusão da anotação, reparar os danos e amealhar provas para ação judicial;
- documentos que devem instruir a notificação:
a) cópia dos documentos pessoais do consumidor;
b) procuração com poderes específicos;
c) cópia da carteira da OAB do advogado;
d) extrato do scr;
e) comprovante de que a anotação é indevida
- canais de envio da notificação: www.consumidor.gov.br ou sistema reclamação do BACEN
(https://www.bcb.gov.br/meubc/faleconosco ).

Cidade, dia de mês de 2023

À Ouvidoria do Banco XXXXXX S/A

ASSUNTO: negativação do nome no SCR

FULANO DE TAL, brasileiro, estado civil, profissão, CPF nº XXX.XXX.XXX-


XX, residente na rua XXX, Cidade – Estado, titular da conta corrente nº XXXX,
vinculada à agência XXX do Banco XXXX, juntamente com seu advogado CICLANO
DE TAL, OAB/MS nº XXXXX, com escritório na RUA XXX, e-mail XXXXX@gmail.com,
telefone nº 00-0000.0000, vem apresentar a seguinte proposta de solução
consensual quanto a anotação indevida no banco de dados do Sistema de
Informações de Crédito, vinculado ao Banco Central do Brasil.

Essa instituição financeira inscreveu o nome do notificante no SCR por


uma dívida no valor de R$ XXXX,XX, no campo prejuízo, em decorrência de desconto
concedido na renegociação do débito derivado do contrato nº XXXX.

Além de ser uma inscrição indevida, houve completa violação do dever de


transparência e informação na constituição dessa anotação.

Isso porque não houve qualquer informação dessa possível anotação de


prejuízo, como também não houve o esclarecimento da NOTIFICANTE de que isso
iria ocorrer. Ao contrário, a NOTIFICANTE saiu acreditando que seu nome seria
integralmente limpo.

Como se trata de um ato ilícito, propõe-se a solução extrajudicial do litígio


nos seguintes moldes:

c) Exclusão do registro do SCR do consumidor, relativo ao contrato XXXX, da


informação lançada no mês ___ de 2022 como prejuízo;
d) Seja compensado o prejuízo extrapatrimonial gerado pela “negativação”
indevida mediante o pagamento de indenização no valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais);
e) Seja informado ao SCR a quitação do contrato objeto desta negociação.

Com ou sem a formalização do acordo, esta notificação serve para


solicitar:

a) a cópia do contrato de que originou a negativação;

b) cópia do termo de acordo de renegociação de dívida;

c) cópia do comprovante de notificação expedida para comunicar o devedor antes


da negativação;

d) cópia da fatura do cartão que ensejou a negativação (se aplicável).

A resposta à presente deverá ser dada no prazo de 10 (dez) dias úteis


(art. 5º, III, da Lei 12.414/2011), a contar do seu recebimento.

Para evitar qualquer tipo de negativa de resposta com base no argumento


do sigilo bancário, acosta-se à presente a cópia do documento pessoal do titular da
conta, a cópia da procuração com poderes específicos e a cópia da carteira da OAB
do subscritor da presente. Com o devido respaldo também ao previsto no art. 1º, §2º
da Resolução CMN 2835/01 assim autoriza essa solicitação.

Por fim, em caso não atendimento desta solicitação, serão adotadas


providências junto ao Banco Central do Brasil, aos órgãos de proteção ao consumidor
e, se for o caso, ao Poder Judiciário.

Atenciosamente,

ASSINATURA CLIENTE

ASSINATURA ADVOGAD(A)
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (ação judicial)

ORIENTAÇÕES SOBRE O MODELO


- hipótese de uso: falta de notificação prévia para inscrição e anotação indevida de dívida vencida
ou de prejuízo quando a dívida é inexistente ou revisada por força de decisão judicial;
- finalidade: solicitar a exclusão da anotação, reparar os danos e amealhar provas para ação judicial;
- documentos que devem instruir a notificação:
a) cópia dos documentos pessoais do consumidor;
b) procuração com poderes específicos;
c) cópia da carteira da OAB do advogado;
d) extrato do scr;
e) comprovante de que a anotação é indevida
- canais de envio da notificação: www.consumidor.gov.br ou sistema reclamação do BACEN
(https://www.bcb.gov.br/meubc/faleconosco ).

Cidade, dia de mês de 2023

À Ouvidoria do Banco XXXXXX S/A

ASSUNTO: negativação do nome no SCR

FULANO DE TAL, brasileiro, estado civil, profissão, CPF nº XXX.XXX.XXX-


XX, residente na rua XXX, Cidade – Estado, titular da conta corrente nº XXXX,
vinculada à agência XXX do Banco XXXX, juntamente com seu advogado CICLANO
DE TAL, OAB/MS nº XXXXX, com escritório na RUA XXX, e-mail XXXXX@gmail.com,
telefone nº 00-0000.0000, vem apresentar a seguinte proposta de solução
consensual quanto a anotação indevida no banco de dados do Sistema de
Informações de Crédito, vinculado ao Banco Central do Brasil.

Essa instituição financeira inscreveu o nome do notificante no SCR por


uma dívida no valor de R$ XXXX,XX, no campo prejuízo, relativamente ao contrato
nº XXXX.

A inscrição é absolutamente indevida. Primeiro, por não ter havido a prévia


notificação antes da anotação no SCR. Segundo, em razão de não existir dívida ou
débito relativo ao contrato mencionado, uma vez que ele foi objeto de ação judicial a
qual declarou inexiste o débito (v. anexo).
Como se trata de um ato ilícito, propõe-se a solução extrajudicial do litígio
nos seguintes moldes:

f) Exclusão do registro do SCR do consumidor, relativo ao contrato XXXX,


da informação lançada no mês ___ de 2022 como prejuízo;
g) Seja compensado o prejuízo extrapatrimonial gerado pela
“negativação” indevida mediante o pagamento de indenização no valor
de R$ 5.000,00 (cinco mil reais);
h) Seja informado ao SCR a quitação do contrato objeto desta negociação.

Com ou sem a formalização do acordo, esta notificação serve para


solicitar:

a) esclarecimentos sobre o motivo da anotação no SCR no caso em


questão;

c) cópia do comprovante de notificação expedida para comunicar o


devedor antes da negativação.

A resposta à presente deverá ser dada no prazo de 10 (dez) dias úteis


(art. 5º, III, da Lei 12.414/2011), a contar do seu recebimento.

Para evitar qualquer tipo de negativa de resposta com base no argumento


do sigilo bancário, acosta-se à presente a cópia do documento pessoal do titular da
conta, a cópia da procuração com poderes específicos e a cópia da carteira da OAB
do subscritor da presente. Com o devido respaldo também ao previsto no art. 1º, §2º
da Resolução CMN 2835/01 assim autoriza essa solicitação.

Por fim, em caso não atendimento desta solicitação, serão adotadas


providências junto ao Banco Central do Brasil, aos órgãos de proteção ao consumidor
e, se for o caso, ao Poder Judiciário.

Atenciosamente,

ASSINATURA CLIENTE

ASSINATURA ADVOGAD(A)
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (pessoa jurídica – falta de notificação)

ORIENTAÇÕES SOBRE O MODELO


- hipótese de uso: falta de notificação prévia para inscrição da dívida no vencido ou em casos de
PESSOAS JURÍDICAS;
- finalidade: solicitar a exclusão da anotação, reparar os danos e amealhar provas para ação judicial;
- documentos que devem instruir a notificação:
a) cópia dos documentos constitutivos da pessoa jurídica;
b) procuração com poderes específicos;
c) cópia da carteira da OAB do advogado;
d) extrato do scr;
e) comprovante de que a anotação é indevida
- canais de envio da notificação: sistema reclamação do BACEN
(https://www.bcb.gov.br/meubc/faleconosco ).

Cidade, dia de mês de 2023

À Ouvidoria do Banco XXXXXX S/A

ASSUNTO: negativação do nome no SCR

EMPRESA TAL, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ n. XXX, com


sede na _____, Cidade – Estado, titular da conta corrente nº XXXX, vinculada à
agência XXX do Banco XXXX, juntamente com seu advogado CICLANO DE TAL,
OAB/MS nº XXXXX, com escritório na RUA XXX, e-mail XXXXX@gmail.com, telefone
nº 00-0000.0000, vem apresentar a seguinte proposta de solução consensual quanto
A anotação indevida no banco de dados do Sistema de Informações de Crédito,
vinculado ao Banco Central do Brasil.

Essa instituição financeira inscreveu o nome do notificante no SCR por


uma dívida no valor de R$ XXXX,XX, no campo prejuízo, relativamente ao contrato
nº XXXX.

A inscrição é absolutamente indevida por não ter havido a prévia


notificação antes da anotação no SCR, o que viola o art. 13 da Resolução CMN
5.037/2022.
Em decorrência dessa “negativação”, a notificante teve seu pedido de
crédito bancário negado sob o fundamento de que estava com restrição interna (v.
comprovante anexo).

Como se trata de um ato ilícito, propõe-se a solução extrajudicial do litígio


nos seguintes moldes:

i) Exclusão do registro do SCR da empresa notificante, relativo ao contrato


XXXX, da informação lançada no mês ___ de 2022 como prejuízo;
j) Seja compensado o prejuízo extrapatrimonial gerado pela “negativação”
indevida mediante o pagamento de indenização no valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais);
k) Seja informado ao SCR a quitação do contrato objeto desta negociação.

Com ou sem a formalização do acordo, esta notificação serve para


solicitar:

a) esclarecimentos sobre o motivo da anotação no SCR no caso em


questão;

c) cópia do comprovante de notificação expedida para comunicar o


devedor antes da negativação.

A resposta à presente deverá ser fornecida no prazo de 10 (dez) dias


úteis (art. 5º, III, da Lei 12.414/2011), a contar do seu recebimento.

Para evitar qualquer tipo de negativa de resposta com base no argumento


do sigilo bancário, acosta-se à presente a atos constitutivos da empresa, documentos
do representante legal da empresa, a cópia da procuração com poderes específicos
e a cópia da carteira da OAB do subscritor da presente. Com o devido respaldo
também ao previsto no art. 1º, §2º da Resolução CMN 2835/01 assim autoriza essa
solicitação.

Por fim, em caso não atendimento desta solicitação, serão adotadas


providências junto ao Banco Central do Brasil, aos órgãos de proteção ao consumidor
e, se for o caso, ao Poder Judiciário.

Atenciosamente,

ASSINATURA CLIENTE

ASSINATURA ADVOGAD(A)
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (pessoa jurídica – renegociação)

ORIENTAÇÕES SOBRE O MODELO


- hipótese de uso: falta de notificação prévia para inscrição e anotação indevida de prejuízo
decorrente de renegociação em casos de PESSOAS JURÍDICAS;
- finalidade: solicitar a exclusão da anotação, reparar os danos e amealhar provas para ação judicial;
- documentos que devem instruir a notificação:
a) cópia dos documentos constitutivos da pessoa jurídica;
b) procuração com poderes específicos;
c) cópia da carteira da OAB do advogado;
d) extrato do scr;
e) comprovante de que a anotação é indevida
- canais de envio da notificação: sistema reclamação do BACEN
(https://www.bcb.gov.br/meubc/faleconosco ).

Cidade, dia de mês de 2023

À Ouvidoria do Banco XXXXXX S/A

ASSUNTO: negativação do nome no SCR

EMPRESA TAL, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ n. XXX, com


sede na _____, Cidade – Estado, titular da conta corrente nº XXXX, vinculada à
agência XXX do Banco XXXX, juntamente com seu advogado CICLANO DE TAL,
OAB/MS nº XXXXX, com escritório na RUA XXX, e-mail XXXXX@gmail.com, telefone
nº 00-0000.0000, vem apresentar a seguinte proposta de solução consensual quanto
A anotação indevida no banco de dados do Sistema de Informações de Crédito,
vinculado ao Banco Central do Brasil.

Essa instituição financeira inscreveu o nome do notificante no SCR por


uma dívida no valor de R$ XXXX,XX, no campo prejuízo, relativamente ao contrato
nº XXXX.

A inscrição é absolutamente indevida. Primeiro, por não ter havido a prévia


notificação antes da anotação no SCR. Segundo, em razão de não existir dívida ou
débito relativo ao contrato mencionado, uma vez que ele renegociado e o
parcelamento está em dia (v. anexo).
Em decorrência dessa “negativação”, a notificante teve seu pedido de
crédito bancário negado sob o fundamento de que estava com restrição interna (v.
comprovante anexo).

Como se trata de um ato ilícito, propõe-se a solução extrajudicial do litígio


nos seguintes moldes:

l) Exclusão do registro do SCR da empresa notificante, relativo ao contrato


XXXX, da informação lançada no mês ___ de 2022 como prejuízo;
m) Seja compensado o prejuízo extrapatrimonial gerado pela “negativação”
indevida mediante o pagamento de indenização no valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais);
n) Seja informado ao SCR a quitação do contrato objeto desta negociação.

Com ou sem a formalização do acordo, esta notificação serve para


solicitar:

a) esclarecimentos sobre o motivo da anotação no SCR no caso em


questão;

b) seja apresentada a cópia do contrato de originário da dívida e o contrato


da renegociação;

c) cópia do comprovante de notificação expedida para comunicar o


devedor antes da negativação.

A resposta à presente deverá ser fornecida no prazo de 10 (dez) dias


úteis (art. 5º, III, da Lei 12.414/2011), a contar do seu recebimento.

Para evitar qualquer tipo de negativa de resposta com base no argumento


do sigilo bancário, acosta-se à presente a atos constitutivos da empresa, documentos
do representante legal da empresa, a cópia da procuração com poderes específicos
e a cópia da carteira da OAB do subscritor da presente. Com o devido respaldo
também ao previsto no art. 1º, §2º da Resolução CMN 2835/01 assim autoriza essa
solicitação.

Por fim, em caso não atendimento desta solicitação, serão adotadas


providências junto ao Banco Central do Brasil, aos órgãos de proteção ao consumidor
e, se for o caso, ao Poder Judiciário.

Atenciosamente,
ASSINATURA CLIENTE

ASSINATURA ADVOGAD(A)
7. APÊNDICE 02: MODELOS DE PETIÇÃO INICIAL

MODELO DE PETIÇÃO INICIAL (pessoa física – falta de notificação)

ORIENTAÇÕES SOBRE O MODELO


- hipótese de uso: falta de notificação prévia para inscrição da dívida no campo vencido ou prejuízo
do SCR;
- competência: Como se trata de uma reparação de danos, a competência é do Juízo de domicílio
do autor (art. 101, I, CDC), podendo ser manejada na justiça comum ou no juizado, porque não
é uma causa complexa e nem exige prova técnica;
- valor da causa: soma do valor da dívida anotada com o valor da indenização pleiteada.
- personalização: personalize a petição conforme seu padrão de escrita e não se esqueça de alterar
os fatos de acordo como caso concreto;
- jurisprudência: busque sempre criar modelos com citação de julgados do tribunal onde tramitará
a ação.

Ao Juízo da ____ª Vara Xxxxxxx da Comarca de XXXXXXX – MS:

JUÍZO 100% DIGITAL


PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO

NOME COMPLETO, estado civil (solteiro, casado, viúvo, divorciado,


separado judicialmente, convivente), profissão, CPF/MF nº XXX.XXX.XXX.-XX, RG
nº XXXXX SSP/UF, com domicílio e residência na Rua XX, nº XXX, bairro XXX,
Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@gmail.com, por seu Advogado15, que receberá
as intimações no seu escritório situado na Rua XX, nº XXX, bairro XXX, Cidade-UF,
CEP: XX.XXX-XXX, xxx@adv.com, vem perante esse Juízo propor, pelo
procedimento comum (art. 318 e seguintes do CPC/2015),

AÇÃO DE CONHECIMENTO
com pedido de obrigação de fazer e reparação de danos

15
Conforme procuração anexa.
em desfavor de NOME DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, pessoa jurídica
de direito privado, inscrita no CNPJ nº XX.XXX.XXX/XXXX-XX, com sede na Rua XX,
nº XXX, bairro XXX, Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@gmail.com, pelos fatos e
fundamentos seguintes.

I – FUNDAMENTOS FÁTICOS

A parte demandante teve seu nome inserido, na coluna de débito vencido,


no Sistema de Informações de Crédito (SCR) por uma dívida relativa ao contrato nº
XXXX, celebrado em ____/___/_____, conforme imagem a seguir:

A parte demandante não ignora o fato de que realmente caiu em mora


quanto ao pagamento das prestações do aludido contrato, pois passou por uma forte
crise financeira (v. documentos anexos).

Entretanto, não recebeu qualquer tipo de notificação prévia da parte


demandada no sentido de que seu nome e débito passariam a constar do Sistema de
Informações de Crédito (SCR) como de uma pessoa devedora.

A ausência de notificação, mesmo na existência débito, torna ilícita a


negativação gerada no SCR, principalmente porque a parte autora restou fortemente
abalada em seu psicológico quando foi até o estabelecimento XXX, para comprar
alimentos para toda a família, e teve a compra negada devido a aludida restrição no
Bacen.

Como é indevida essa anotação, tentou-se junto à parte demandada a


exclusão da negativação e a reparação do prejuízo extrapatrimonial decorrente desse
ato ilícito, porém não houve possibilidade de solução extrajudicial pela intransigência
da demandada (v. comprovante anexo).

Sendo assim, deve ser reputada ilícita a anotação de prejuízo aqui


questionada, com a consequente determinação para que esse apontamento seja
excluído do SCR. Ainda, deve ser reconhecido o dever de a parte demandada reparar
o prejuízo moral sofrido pela parte demandante, haja vista a negativação indevida de
seu nome.

II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS

II.1. Do caráter restritivo de crédito do SCR e a falta de notificação prévia

O Sistema de Informações de Créditos – SCR, instituído pela Resolução


CMN nº 3.658/08 e atualmente regulamentado pela Resolução CMN nº 5.037/22, tem
como uma de suas finalidades “propiciar o intercâmbio de informações entre
instituições financeiras, conforme definido no art. 1º da Lei Complementar nº 105,
de 10 de janeiro de 2001, sobre o montante de responsabilidades de clientes em
operações de crédito.” (art. 2º, II)

Esse intercâmbio de informações entre instituições financeiras pode


ocorrer durante o prazo de vinte e quatro meses16. Tempo durante o qual o nome da
parte demandante ficará disponível para a consulta de todas as instituições
financeiras, de modo a restringir completamente o acesso do consumidor ao crédito,
em especial quando os valores das operações de crédito são lançados como vencido
ou prejuízo.

Ora, se as informações do SCR servem de elementos para a análise de


risco e viabilidade de concessão de crédito, é evidente que esse sistema é um

16
Essa é a posição do Banco Central do Brasil, senão veja-se:
[...]2 – no caso das operações em atraso, até quando elas aparecem no SCR?
Quando uma operação completa 60 meses em atraso, o banco realiza um registro no sistema de forma que ela
deixa de aparecer para todos os meses sob consulta.
Porém, ela continua aparecendo nos sistemas internos do banco onde consta a dívida.
Já as outras instituições, que não são credoras dessa operação, somente podem consultar as informações
consolidadas dos últimos 24 meses. (Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_scr. Acesso 14/05/22(
verdadeiro banco de dados na forma da lei do cadastro positivo (art. 2º, I, da Lei
12.414/2011), assim como do art. 43 do Código de Defesa do Consumidor.

Desde o ano de 201017, o Superior Tribunal de Justiça tem o pacífico


entendimento de que “as informações fornecidas pelas instituições financeiras
ao Sisbacen afiguram-se como restritivas de crédito, visto que esse sistema de
informação avalia a capacidade de pagamento do consumidor de serviços
bancários.”18 (g/n)

Deste modo, se o SCR serve como banco de dados de consumidores, as


instituições financeiras devem observar o Código de Defesa do Consumidor e a Lei
nº 12.414/2011.

Embora devedora, assistia à parte autora o direito de receber uma


notificação previamente à anotação de débito “vencido”, conforme o Código de
Defesa do Consumidor19 e a Resolução CMN nº 5.037/2220.

Frisa-se que aqui, diferentemente do enunciado sumular 359 do STJ, o


dever de realizar a notificação prévia é da própria instituição financeira, por força da
retromencionada resolução CMN, como bem recentemente decidiu o Superior
Tribunal de Justiça, por sua Primeira Turma.21

17
REsp 1099527/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe
24/09/2010
18
No mesmo sentido: REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014;
19
Art. 43 [...] § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada
por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
20
Art. 13. As instituições originadoras das operações de crédito ou que tenham adquirido tais operações de
entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional devem comunicar previamente ao cliente que os
dados de suas respectivas operações serão registrados no SCR.
§ 1º Na comunicação referida no caput devem constar as orientações e os esclarecimentos relacionados no art.
16.
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ocorrer anteriormente à remessa das informações para o
SCR.
§ 3º As instituições referidas no caput devem manter a guarda da comunicação de que trata este artigo, em meio
físico ou eletrônico que permita comprovar a sua autenticidade, por um período de cinco anos, contado da data de
emissão do documento, sem prejuízo de outras disposições que fixem prazo maior para a sua guarda.
21
[...]2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como o
SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do Brasil é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido. Inteligência da Súmula
572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento.
(REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2021,
DJe 08/04/2021)
Diante disso, deverá a demandada ser compelida a excluir a anotação
da negativação no SCR, na forma do art. 15, parágrafo único, II e IV, Resolução
CMN nº 5.037/22, porque o ato foi praticado ao arrepio de todo o sistema normativo.

II. 2. Do dever de reparar os danos extrapatrimoniais:

A Lei 8.078/90 expressamente prevê como direito básico do consumidor a


efetiva reparação dos patrimoniais e morais (art. 6º, VI), o qual é aferido a partir da
análise dos requisitos seguintes: a) conduta ilícita; b) resultado danoso; c) nexo
de causalidade entre ambos. Isso porque se está diante de uma verdadeira
situação de fato do serviço (art. 14 do CDC).

O ilícito aqui consiste na violação do princípio da boa-fé e de seus


corolários, em especial a transparência e a informação adequada, clara e verdadeira,
na medida em que a parte consumidora não recebeu qualquer tipo de notificação
prévia ao ato de inserir seu nome no cadastro de devedores.

Em caso análogo, o Tribunal de Justiça de Goiás também reconheceu a


ilegalidade da negativação por falta de notificação prévia.

3. É responsabilidade exclusiva das instituições financeiras as inclusões,


correções e exclusões dos registros constantes do SCR, bem como a prévia
comunicação ao cliente da inscrição dos dados de suas operações no aludido
sistema, conforme Resolução nº 4.571/2017 do Banco Central do Brasil. 4.
Considerando que a instituição financeira apelada não se desincumbiu do ônus
probatório de comprovar ter comunicado previamente o consumidor acerca da
anotação dos dados no SCR, afigura-se ilegítima a inclusão do nome do autor
no SISBACEN/SCR sem a sua prévia comunicação, o que caracteriza dano
moral in re ipsa, dispensando-se a prova material do abalo sofrido, impondo-se
ao banco recorrente o dever de reparar os danos morais causados. 5. Para a
fixação do valor da indenização, é preciso se observar a razoabilidade e a
proporcionalidade, considerando-se as posições sociais do ofensor e do ofendido,
a intensidade do ânimo de ofender, a gravidade da ofensa e, ainda, a sua
repercussão, sendo razoável e proporcional o valor de R$ 5.000,00, que deverá
incidir correção monetária, desde a data do arbitramento (Súmula nº 362 do STJ),
além de juros de mora de 1% ao mês, a partir do evento danoso (Súmula nº
54/STJ). 6. Existindo a dívida e sendo a situação de inadimplência incontroversa,
é legítima a inscrição do nome do consumidor junto àquele órgão, em face da
necessidade inerente à atividade de se colher informação sobre os possíveis
clientes nas diversas operações de crédito, não se caracterizando como ato ilícito,
mas, tão somente, como regular exercício do direito da parte credora. 8. Como
consectário da reforma empreendida na sentença, necessária a inversão dos
ônus da sucumbência. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PARCIALMENTE
PROVIDA. (TJGO; AC 5206022-54.2022.8.09.0051; Quarta Câmara Cível; Relª
Desª Nelma Branco Ferreira Perilo; Julg. 19/04/2023; DJEGO 24/04/2023; Pág.
4768)g/n22
E isso fez nascer um dano moral presumido para a parte demandante, à
luz do que dispõe de modo pacífico o Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM
CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL CONFIGURADO.
QUANTUM ARBITRADO. VALOR RAZOÁVEL. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO.
1. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento pacífico de que o dano
moral, oriundo de inscrição ou manutenção indevida em cadastro de
inadimplentes, prescinde de prova, configurando-se in re ipsa, visto que é
presumido e decorre da própria ilicitude do fato. [...] (AgInt no AREsp
1501927/GO, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
12/11/2019, DJe 09/12/2019)23 g/n
Sem dúvida e como bem provado pelos documentos anexos, o bom nome
e a honra da parte demandante somente foram violados por causa da “negativação”
objeto desse processo24, pois não consta qualquer outra restrição em seu nome.

Logo, deve a parte demandada ser condenada a pagar indenização por


danos morais à parte demandante.25

22
No mesmo sentido:
TJGO; AC 5185191-19.2021.8.09.0051; Goiânia; Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Leobino Valente Chaves;
Julg. 28/04/2022; DJEGO 02/05/2022; Pág. 1313
(TJSP; AC 1020502-16.2019.8.26.0506; Ac. 15437130; Ribeirão Preto; Vigésima Quarta Câmara de Direito
Privado; Relª Desª Jonize Sacchi de Oliveira; Julg. 25/02/2022; DJESP 07/03/2022; Pág. 3061
23
Em igual sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. CENTRAL DE RISCO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL.
NATUREZA DE CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL "IN RE IPSA".
PRESUNÇÃO. DESNECESSIDADE DE PROVA. AGRAVO DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1183247/MT,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe
20/08/2012)
24
Sábias as palavras do professo e Desembargador BESSA: “No mercado, a atuação dos bancos de dados de
proteção ao crédito são potencialmente ofensivas à honra... Tanto a informação positiva como a negativa
contribuem para a definição do perfil do consumidor, [...]ensejando juízos de valor negativos e,
consequentemente, discriminação injusta, denegação ou alteração das condições de concessão de crédito.”
(BESSA, Leonardo Rosco. Nova Lei de Cadastro Positivo. São Paulo: RT, 2019, p. 51)
25
Sobre o assunto também já se manifestou o TJSC: 67553474 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA
DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. INSCRIÇÃO DO NOME DO
AUTOR EM ROL DE INADIMPLENTES. Procedência à origem. Recurso do réu. Contrato carreado após a
contestação. Documentos disponíveis e indispensáveis à defesa. Ausência de motivo apto a justificar a juntada
extemporânea. Aplicação o art. 434 do código de processo civil. Preclusão temporal. Inadmissão da prova.
Aventado exercício regular de direito. Telas do sistema interno que, por si sós, não se prestam a corroborar a
legalidade da transação. Inclusão de pendência no sistema de informação de créditos do Banco Central (scr).
Natureza de cadastro restritivo reconhecida pela jurisprudência. Ato ilícito configurado. Prejuízo moral decorrente
da própria situação. Valor arbitrado pelo juízo de origem, todavia, desproporcional às circunstâncias do caso.
Na linha defendida pelo Superior Tribunal de Justiça26, o valor da
indenização deve seguir o critério bifásico de mensuração dos danos morais.

Para a primeira fase, devem-se considerar o valor fixado para os casos


análogos sobre indenização por danos morais em decorrência negativação indevida.

Em situações idênticas à presente, o Superior Tribunal de Justiça tem


fixado e mantido condenações das instâncias de origem que oscilam de R$
10.000,0027 a R$ 20.000,0028.

Para a segunda fase, como brilhantemente assentou o Min. Paulo de


Tarso Sanseverino29, é de se considerar que: a dimensão do dano deve ser vista

Adequação necessária. Recurso parcialmente provido. (TJSC; APL 5001739-95.2022.8.24.0166; Quinta Câmara
de Direito Civil; Rel. Des. Ricardo Orofino da Luz Fontes; Julg. 12/09/2023)
26
84712627 - RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. [...] QUANTUM
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO
BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por
danos morais, atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais
arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano,
trazendo um ponto de equilíbrio pelo qual se consegue alcançar razoável correspondência entre o valor da
indenização e o interesse jurídico lesado, bem como estabelecer montante que melhor corresponda às
peculiaridades do caso. 2. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em
conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo
de casos). 3. Na segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso com base nas suas circunstâncias
(gravidade do fato em si, culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes),
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz. [...] 5. Recurso
Especial provido. (STJ; REsp 1.608.573; Proc. 2016/0046129-2; RJ; Rel. Min. Luis Felipe Salomão; Julg.
13/12/2018; DJE 19/12/2018; Pág. 14838) destacou-se; (vide também REsp 1.152.541/RS e Recurso Especial
1.473.393/SP)
27
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
VALOR INDENIZATÓRIO. FIXAÇÃO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
DA PROPORCIONALIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. 3. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
1. A revisão do valor fixado a título de danos morais só é viável em recurso especial quando o valor fixado for
exorbitante ou ínfimo.
2. Na hipótese, o montante estipulado pelas instâncias ordinárias em R$ 10.000,00 (dez mil reais), com base nas
particularidades fáticas do caso e na extensão do abalo sofrido pela autora, está adequado ao contexto dos autos,
não havendo ofensa aos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade, de modo que a alteração do julgado
demandaria nova incursão acerca dos fatos e provas contidos no processo, o que esbarraria no óbice da Súmula n.
7/STJ, não sendo caso de revaloração jurídica.
3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 2.318.642/AL, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, julgado em 21/8/2023, DJe de 23/8/2023.)
28
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL DO RÉU.
1. O valor da reparação pelos danos morais pela inscrição indevida do nome da parte nos cadastros restritivos do
SISBACEN, atual SCR, fora estipulado considerando o caráter pedagógico e reparatório da medida, sendo
arbitrado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), quantia que se mostra razoável e proporcional gravame causado. 2.
Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp 1876629/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 09/08/2021, DJe 17/08/2021)
29
Assim, as principais circunstâncias a serem consideradas como elementos objetivos e subjetivos de concreção
são:
como gravíssima, no sentido a parte reclamante privada de ser consumidor no
mercado já que não tinha credibilidade no mercado para compras a prazo; a
culpabilidade é grave, haja vista que a Demandada agiu de má-fé ao não notificar a
parte demandante antes do ato de negativação, bem assim porque não buscou
solucionar a questão na esfera extrajudicial; não houve qualquer culpa do
consumidor neste caso, ao revés, este buscou minimizar os problemas por meio da
solução amigável, porém tudo foi em vão; enfim, a capacidade econômica da parte
reclamada é notória30, por se tratar de instituição financeira, enquanto a do reclamante
é a de um cidadão de classe média31.

Com isso, é razoável a fixação da indenização no caso presente no


mínimo R$ 10.000,00 (dez mil reais), com juros de mora de 1% ao mês, desde a
citação, e correção monetária pelo IGPM desde o arbitramento.

IV. 3. Da inversão legal do ônus da prova:

A situação de fato do serviço regida pelo art. 14 do CDC apresenta uma


verdadeira hipótese de inversão legal do ônus probatório, no sentido de que a parte
demandada somente restará isenta de responsabilidade caso demonstre cabalmente
alguma das hipóteses do §3º do art. 14 CDC.

Assim, fica requerida a inversão do ônus da prova para a requerida, com a


imposição deste ônus já na fase de saneamento do feito, por se tratar de uma regra
de procedimento32.

a) a gravidade do fato em si e suas conseqüências para a vítima (dimensão do dano);


b) a intensidade do dolo ou o grau de culpa do agente (culpabilidade do agente);
c) a eventual participação culposa do ofendido (culpa concorrente da vítima);
d) a condição econômica do ofensor;
e) as condições pessoais da vítima (posição política, social e econômica).
(Trecho extraído das fls. 12 de voto vencedor no julgamento do REsp 1.152.541; Proc. 2009/0157076-0; RS;
Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; Julg. 13/09/2011; DJE 21/09/2011)
30
JUNTAR NOTÍCIA DO LUCRO ANUAL DA INSTITUIÇÃO, SE POSSÍVEL. Ou pegar o capital social da
empresa na receita federal.
31
https://exame.com/brasil/afinal-quem-e-classe-media-no-
brasil/#:~:text=Dentro%20dessa%20faixa%2C%20a%20classe,retorno%20%C3%A0%20condi%C3%A7%C3
%A3o%20de%20pobreza.. Acesso em 29/11/2020
32
A inversão do ônus da prova não é regra estática de julgamento, mas norma dinâmica de
procedimento/instrução (EREsp 422.778/SP, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Rel. p/ acórdão Ministra
Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, DJe 21.6.2012). ... (REsp 1806813/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2019, DJe 10/09/2019)
III – DA TUTELA DE URGÊNCIA

Independentemente da natureza da tutela provisória de urgência


(antecipada ou cautelar), estabelece o novo Código de Processo Civil que seus
requisitos gerais são: a) probabilidade do direito; e, b) perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

Em sede de tutela antecipada (satisfativa), ainda há o acréscimo do


requisito negativo, qual seja, ausência de risco de irreversibilidade da medida (§3º,
art. 300, CPC).

Os elementos coligidos na inicial sumariamente demonstram a


verossimilhança dos fatos deduzidos na exordial, na medida em que não houve
comunicação antes de se realizar a “negativação”, tanto que a parte demandada não
a apresentou quando provocada pela parte autora.

O perigo da demora consiste no fato de que o nome da parte demandante


ficará restrito durante todo o tramitar da ação, o que prejudicará ou até mesmo
impedirá a parte demandante de realizar compras a prazo no mercado de consumo.
E isso não é justo diante da evidente ilegalidade da negativação.33

Por fim, tem-se como plenamente reversível a medida a ser concedida,


haja vista que a negativação pode ser refeita a qualquer momento.

Destaca-se que no caso da demandante, por ser hipossuficiente, deve ser


dispensada a prestação de caução real ou fidejussória, conforme autoriza o §1º do já
citado artigo 300 do CPC.

Dessa forma, merece ser concedida a tutela de urgência satisfativa


(antecipada) no caso presente, para determinar que a demandada promova a
imediata exclusão da negativação questionada nesta demanda.

33
[...] 3. A manutenção eventualmente indevida do nome da agravada no Sistema de Informação de Crédito do
Banco Central do Brasil (SCR) produz-lhe efeitos negativos perante o sistema financeiro como um todo,
porquanto o SISBACEN configura espécie de cadastros de inadimplentes, assim como os órgãos específicos de
restrição ao crédito, tais como SPC, SERASA, CDL e outros. Precedentes do STJ. 4. Embora a instituição
financeira agravante sustente que o envio da notificação ao devedor é encargo do órgão de proteção e não do
credor, o STJ afastou a legitimidade passiva do Banco Central do Brasil, na condição de gestor do SISBACEN,
nas ações indenizatórias por ausência de notificação prévia do consumidor ao cadastro no referido sistema.
Precedente do STJ. 5. A tutela de urgência pretendida mostra-se perfeitamente reversível, uma vez que, caso a
(TJGO; AI 5205249-65.2022.8.09.0000; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Anderson Máximo de Holanda; Julg.
05/05/2022; DJEGO 09/05/2022; Pág. 2504)
IV – REQUERIMENTOS E PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se sejam deferidos os seguintes requerimentos e


pedidos:

a) seja implantado o JUÍZO 100% DIGITAL neste feito, na


forma da Resolução CNJ nº 345/2020;

b) a tramitação prioritária do feito, na forma do art. 1.048,


do Código de Processo Civil;

c) a concessão da TUTELA DE URGÊNCIA, liminarmente e


sem a oitiva da parte adversa, para:
i. determinar que a demandada promova a exclusão da informação
de prejuízo, no SCR, relativamente ao contrato nº XXX, no valor
R$ XXXX, lançamento no mês XXX/202;
ii. determinar que a parte ré se abstenha de promover qualquer tipo
de medida extrajudicial ou judicial coercitiva ou de cobrança dos
valores relativos ao contrato objeto desta ação;
iii. seja fixada multa diária, no valor de R$ 500,00, para a hipótese de
descumprimento total, parcial ou cumprimento moroso, valendo-
se, se for caso, de quaisquer uma das medidas específicas
previstas no art. 297 do CPC, para assegurar a eficácia do
provimento jurisdicional;

d) em razão de a parte autora concordar com a solução


amigável do litígio, a citação e intimação da parte demandada, por meio eletrônico
(art. 246, CPC c/c art. 2º, parágrafo único, Resolução CNJ nº 345/2020), ou, caso a
empresa não conste no banco de dados, por Correios, para comparecer à audiência
de composição, sob pena de aplicação de multa (§8º do art. 334, CPC), bem assim
para apresentar defesa no prazo legal, sob pena de revelia;
e) a inversão LEGAL do ônus da prova em favor da autora,
transferindo-se para a requerida o ônus probatório integral sobre os fatos debatidos
nesta demanda.

f) Seja deferida a produção de todos os meios de prova


admitidos (legal ou moralmente), em especial a juntada de documentos, a inspeção
judicial, o depoimento pessoal do demandado, oitiva de testemunhas (rol abaixo) e
provas técnicas etc.

Ao fim, sejam julgados procedentes os pedidos para, tornando


definitiva a tutela provisória, ou concedê-la ao final:

g) Obrigar a demandada promover a exclusão definitiva da


informação de prejuízo, no SCR, relativamente ao contrato nº XXX,
no valor R$ XXXX, lançamento no mês XXX/2021;
h) Condenar a demandada ao pagamento de indenização por danos
morais e por desvio produtivo do consumidor, no valor de R$
XXXX,XXX, com juros de mora de 1% ao mês desde a citação e
correção monetária pelo IGPM desde o arbitramento; 34
i) Condenar a parte demandada ao pagamento das despesas
processuais (art. 82, §2º, CPC) e honorários advocatícios (art. 85,
CPC), estes no patamar de 20% do valor da condenação ou da
causa, em favor do advogado do autor;

Dá-se à causa o valor de R$ ____, __ (por extenso), com


fundamento no artigo 292, incisos II, V e VI do CPC.

Pede deferimento.

CIDADE–UF, xx de xxxx de xxxx.

34
[...]3. Tratando-se de indenização por danos morais decorrente de responsabilidade contratual, os juros de mora
incidem a partir da citação e a correção monetária desde a data do arbitramento do quantum indenizatório.
Precedentes. 4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. (STJ; EDcl-AgInt-REsp 1.834.637; Proc.
2019/0256543-4; RS; Rel. Min. Moura Ribeiro; DJE 27/08/2020)
xxxxxxxxxxxxxxxxx
Advogad@

DOCUMENTOS QUE INSTRUEM A INICIAL:


ANEXO 01 - documento pessoal;
ANEXO 02 - comprovação da hipossuficiência;
ANEXO 03 – contrato objeto da ação;
ANEXO 04 – extrato detalhado do SCR;
ANEXO 05 – extrato do SPC e SERASA;
ANEXO 06 – notificação enviada à requerida;
ANEXO 07 – resposta da notificação
MODELO DE INICIAL (pessoa física – renegociação)

ORIENTAÇÕES SOBRE O MODELO


- hipótese de uso: falta de notificação prévia para inscrição da dívida no campo vencido ou prejuízo
do SCR e em decorrência de acordo/renegociação de dívida que está sendo paga em dia;
- competência: Como se trata de uma reparação de danos, a competência é do Juízo de domicílio
do autor (art. 101, I, CDC), podendo ser manejada na justiça comum ou no juizado, porque não
é uma causa complexa e nem exige prova técnica;
- valor da causa: soma do valor da dívida anotada com o valor da indenização pleiteada.
- personalização: personalize a petição conforme seu padrão de escrita e não se esqueça de alterar
os fatos de acordo como caso concreto;
- jurisprudência: busque sempre criar modelos com citação de julgados do tribunal onde tramitará
a ação.

Ao Juízo da ____ª Vara Xxxxxxx da Comarca de XXXXXXX – MS:

JUÍZO 100% DIGITAL


PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO

NOME COMPLETO, estado civil (solteiro, casado, viúvo, divorciado,


separado judicialmente, convivente), profissão, CPF/MF nº XXX.XXX.XXX.-XX, RG
nº XXXXX SSP/UF, com domicílio e residência na Rua XX, nº XXX, bairro XXX,
Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@gmail.com, por seu Advogado35, que receberá
as intimações no seu escritório situado na Rua XX, nº XXX, bairro XXX, Cidade-UF,
CEP: XX.XXX-XXX, xxx@adv.com, vem perante esse Juízo propor, pelo
procedimento comum (art. 318 e seguintes do CPC/2015),

AÇÃO DE CONHECIMENTO

35
Conforme procuração anexa.
com pedido de obrigação de fazer e reparação de danos

em desfavor de NOME DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, pessoa jurídica


de direito privado, inscrita no CNPJ nº XX.XXX.XXX/XXXX-XX, com sede na Rua XX,
nº XXX, bairro XXX, Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@gmail.com, pelos fatos e
fundamentos seguintes.

I – FUNDAMENTOS FÁTICOS

A parte demandante firmou com a parte demandada, em xx de xxde ___,


contrato de empréstimo pessoal não consignado para pagamento mediante débito em
conta (contrato nº XXXXX – vide cópia anexa).

O valor mutuado foi de R$ XXXX, tendo a parte demandante que pagar XX


prestações mensais de R$ XXXX,XX, com início em ___/___/___ e previsão de
término em ___/___/___.

Por conta de sua dificuldade financeira, a parte demandante deixou de


pagar as prestações vencidas a partir de ___/___/___. Com isso, seu nome foi
incluído no SPC, SERASA e no Sistema de Informação de Crédito (SCR) do Banco
Central do Brasil (cf. extratos anexos).

Em ___/___/___, houve um feirão de negociações promovido pela parte


demandada, ocasião em que a parte demandante aderiu à proposta de repactuação
do seu débito, vindo a formalizar o contrato de renegociação nº XXXXXX, diante do
bom desconto que lhe fora concedido.

O valor da renegociação foi de R$ xxxx,xxx (por extenso), para pagamento


parcelado em XX prestações mensais de R$ XXXX,XXX (por extenso), com início em
___/___/___ e término em ___/___/___.

Neste contrato ficou convencionado que: “4.7 A comunicação aos


órgãos de proteção ao crédito para exclusão da informação de inadimplemento
ocorrerá em até 5 dias úteis, após a efetivação da renegociação.”
A parte demandante vem adimplindo pontualmente sua obrigação fixada
na renegociação de dívida, porém a parte demandada não adimpliu a sua obrigação
de promover a exclusão de todas as negativações existentes em nome da
demandante. Apenas houve a exclusão do banco de dados do SPC e SERASA (v.
extratos anexos), todavia permanece o nome da parte demandante no SCR –
Sistema de Informações de Crédito do Banco Central do Brasil.

O relatório de informações do SCR demonstra que, após a formalização


da renegociação, a dívida anterior renegociada foi excluída da base de dados do
sistema em ___ de 202x. Contudo a parte demandada inscreveu o desconto
concedido no contrato de renegociação na coluna de prejuízo a partir do mês de ___
de 202x. Veja-se:

Essa anotação é completamente indevida, porque constitui verdadeira


“negativação” do nome da parte demandante perante o mercado de consumo quando
não possui qualquer débito vencido e não pago perante a demanda, conforme o
contrato de renegociação acima mencionado.

Não bastasse isso, a parte demandada não informou a demandante


quando da formalização da renegociação que isso ocorreria, como também não
houve notificação da parte demandante previamente à essa anotação de prejuízo no
SCR.

Como é indevida essa anotação, tentou-se junto à parte demandada a


exclusão da negativação e a reparação do prejuízo extrapatrimonial decorrente desse
ato ilícito, porém não houve possibilidade de solução extrajudicial pela intransigência
da demandada (v. comprovante anexo).
Sendo assim, deve ser reputada ilícita a anotação de prejuízo aqui
questionada, com a consequente determinação para que esse apontamento seja
excluído do SCR. Ainda, deve ser reconhecido o dever de a parte demandada reparar
o prejuízo moral sofrido pela parte demandante, haja vista a negativação indevida de
seu nome.

II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS

II.1. Do caráter restritivo de crédito do SCR e a inclusão indevida de


informação como prejuízo

O Sistema de Informações de Créditos – SCR, instituído pela Resolução


CMN nº 3.658/08 e atualmente regulamentado pela Resolução CMN nº 5.037/22, tem
como uma de suas finalidades “propiciar o intercâmbio de informações entre
instituições financeiras, conforme definido no art. 1º da Lei Complementar nº 105,
de 10 de janeiro de 2001, sobre o montante de responsabilidades de clientes em
operações de crédito.” (art. 2º, II)

Esse intercâmbio de informações entre instituições financeiras pode


ocorrer durante o prazo de vinte e quatro meses36. Tempo durante o qual o nome da
parte demandante ficará disponível para a consulta de todas as instituições
financeiras, de modo a restringir completamente o acesso do consumidor ao crédito,
em especial quando os valores das operações de crédito são lançados como vencido
ou prejuízo.

Ora, se as informações do SCR servem de elementos para a análise de


risco e viabilidade de concessão de crédito, é evidente que esse sistema é um

36
Essa é a posição do Banco Central do Brasil, senão veja-se:
[...]2 – no caso das operações em atraso, até quando elas aparecem no SCR?
Quando uma operação completa 60 meses em atraso, o banco realiza um registro no sistema de forma que ela
deixa de aparecer para todos os meses sob consulta.
Porém, ela continua aparecendo nos sistemas internos do banco onde consta a dívida.
Já as outras instituições, que não são credoras dessa operação, somente podem consultar as informações
consolidadas dos últimos 24 meses. (Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_scr. Acesso 14/05/22(
verdadeiro banco de dados na forma da lei do cadastro positivo (art. 2º, I, da Lei
12.414/2011), assim como do art. 43 do Código de Defesa do Consumidor.

Desde o ano de 201037, o Superior Tribunal de Justiça tem o pacífico


entendimento de que “as informações fornecidas pelas instituições financeiras
ao Sisbacen afiguram-se como restritivas de crédito, visto que esse sistema de
informação avalia a capacidade de pagamento do consumidor de serviços
bancários.”38 (g/n)

Desse modo, se o SCR serve como banco de dados de consumidores, as


instituições financeiras devem observar o Código de Defesa do Consumidor e a Lei
nº 12.414/2011.

A parte demandada não agiu de acordo com a boa-fé e nem com a


transparência exigidas pelo CDC (art. 4º, caput e III, CDC) quando da formalização
da renegociação da dívida com a parte demandante, pois não informou que o
desconto concedido seria lançado como prejuízo no SCR e que isso constituiria uma
verdadeira negativação de seu nome perante as demais instituições financeiras.

Por conseguinte, também violou a parte demandada o direito à informação


do consumidor (art. 6º, CDC).

Não bastasse isso, deixou a parte demandada de previamente notificar


a parte demandante sobre a inserção da operação como um prejuízo no SCR, o que
viola de uma só vez o CDC39 e a Resolução CMN nº 5.037/2240.

37
REsp 1099527/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe
24/09/2010
38
No mesmo sentido: REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014;
39
Art. 43 [...] § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada
por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
40
Art. 13. As instituições originadoras das operações de crédito ou que tenham adquirido tais operações de
entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional devem comunicar previamente ao cliente que os
dados de suas respectivas operações serão registrados no SCR.
§ 1º Na comunicação referida no caput devem constar as orientações e os esclarecimentos relacionados no art.
16.
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ocorrer anteriormente à remessa das informações para o
SCR.
§ 3º As instituições referidas no caput devem manter a guarda da comunicação de que trata este artigo, em meio
físico ou eletrônico que permita comprovar a sua autenticidade, por um período de cinco anos, contado da data de
emissão do documento, sem prejuízo de outras disposições que fixem prazo maior para a sua guarda.
Frisa-se que aqui, diferentemente do enunciado sumular 359 do STJ, o
dever de realizar a notificação prévia é da própria instituição financeira, por força da
retromencionada resolução CMN, como bem recentemente decidiu o Superior
Tribunal de Justiça, por sua Primeira Turma.41

Por fim, é de se compreender que a renegociação da dívida firmada entre


as partes litigantes jamais poderia ter sido lançada no sistema do SCR como um
prejuízo, porque aquela constituiu verdadeira novação de dívida à luz do que
disciplinam os arts. 360, I, 361 e 364 do CC.

Consequentemente, a dívida anterior deveria ter sido reputada extinta pela


parte demandada, com a sua total exclusão do SCR, e não ter sido lançada como
prejuízo. Afinal, se a dívida anterior foi extinta pela constituição de uma nova, o
desconto concedido não pode ser classificado com um débito não pago e que se
transformou em prejuízo pelo seu não pagamento.

Em caso análogo assim vem decidindo os Tribunais:

50538545 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE ATO ILÍCITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 1. INSCRIÇÃO DO NOME DO CONSUMIDOR
NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL
(SCR). NATUREZA RESTRITIVA DE CRÉDITO. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DÍVIDA PAGA.
NECESSIDADE DE CANCELAMENTO. Devidamente comprovado o pagamento da
dívida, por renegociação, há que se reconhecer a inexistência da dívida, bem como
a indevida inscrição no Sistema de Informações de Créditos (SCR) efetuada em
desfavor do consumidor e a necessidade de cancelamento desta. 2. DANOS MORAIS IN
RE IPSA. Cabível a condenação, por danos morais in re ipsa, da instituição financeira que
promove a inclusão indevida do nome de consumidor nesse sistema de informação
(SCR). Precedentes do STJ e do TJGO. O montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)
atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, mostrando-se adequada à
reparação do dano. 3. DO ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA[...] Sentença reformada. (TJGO;
AC 5447831-97.2021.8.09.0011; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Itamar de Lima; Julg.
02/02/2023; DJEGO 08/02/2023; Pág. 2774)42

Diante disso, deverá a demandada ser compelida a excluir a anotação


da negativação no SCR, na forma do art. 15, parágrafo único, II e IV, Resolução

41
[...]2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como o
SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do Brasil é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido. Inteligência da Súmula
572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento.
(REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2021,
DJe 08/04/2021)
42
Em igual sentido: TJMS; AC 0827552-30.2019.8.12.0001; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Alexandre Bastos;
DJMS 01/07/2021; Pág. 99; TJSP; AC 1007624-55.2020.8.26.0011; Ac. 14621127; São Paulo; Décima Sétima
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Irineu Fava; Julg. 14/04/2021; DJESP 17/05/2021; Pág. 2147
CMN nº 5.037/22, porque o ato foi praticado ao arrepio de todo o sistema normativo.
43

II. 2. Do dever de reparar os danos extrapatrimoniais:

A Lei 8.078/90 expressamente prevê como direito básico do consumidor a


efetiva reparação dos patrimoniais e morais (art. 6º, VI), o qual é aferido a partir da
análise dos requisitos seguintes: a) conduta ilícita; b) resultado danoso; c) nexo
de causalidade entre ambos. Isso porque se está diante de uma verdadeira
situação de fato do serviço (art. 14 do CDC).

O ilícito aqui consiste na violação do princípio da boa-fé e de seus


corolários, em especial a transparência e a informação adequada, clara e verdadeira,
na medida em que a parte consumidora não foi informada de que a renegociação que
realizou iria deixar seu nome com restrição no banco de dados do SCR.

E mesmo que houvesse a informação prévia de que a renegociação


ensejaria a remessa ao SCR da informação de prejuízo quanto aos valores do
desconto, não houve notificação prévia para se realizar a negativação.44

Tem-se, portanto, um verdadeiro fato do serviço na medida em que a falta


de transparência e de informação adequada e clara fez com que a parte demandante
fosse induzida ao erro de que seu nome seria integralmente “limpo” ao firmar uma
renegociação de sua dívida. Mas isso não ocorreu. Além disso, é ilícita a anotação de
prejuízo quando o débito é objeto de renegociação com a parte demandada.45

43
Sábias as palavras do professo e Desembargador BESSA: “No mercado, a atuação dos bancos de dados de
proteção ao crédito são potencialmente ofensivas à honra... Tanto a informação positiva como a negativa
contribuem para a definição do perfil do consumidor, [...]ensejando juízos de valor negativos e,
consequentemente, discriminação injusta, denegação ou alteração das condições de concessão de crédito. ”
(BESSA, Leonardo Rosco. Nova Lei de Cadastro Positivo. São Paulo: RT, 2019, p. 51)
44
Tema repetitivo nº 40 do STJ: A ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu nome em
cadastros de proteção ao crédito, prevista no art. 43, § 2º, do CDC, enseja o direito à compensação por danos
morais.
45
APELAÇÃO. AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. INSCRIÇÃO NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO
DE CRÉDITO (SCR). AUSÊNCIA DE DÉBITO. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL
CONFIGURADO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. TERMO INICIAL. JUROS DE MORA. DATA DA
CITAÇÃO. Conforme entendimento adotado por este Tribunal, o Sistema de Informação de Crédito do Banco
Central. SCR constitui cadastro público e restritivo de crédito, assim, sendo o lançamento indevido em seus
registros, considerado ato ilícito. A inscrição indevida do nome da parte autora nos cadastros de inadimplentes
gera o direito à indenização independentemente da comprovação do dano moral, que, na hipótese, é in re ipsa. Ao
arbitrar o valor da indenização por dano moral, o juiz deve levar em consideração os princípios da razoabilidade
e da proporcionalidade, além do caráter pedagógico da condenação, no sentido de inibir eventuais e futuros atos
E isso fez nascer um dano moral presumido para a parte demandante, à
luz do que dispõe de modo pacífico o Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM
CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL CONFIGURADO.
QUANTUM ARBITRADO. VALOR RAZOÁVEL. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO.
1. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento pacífico de que o dano
moral, oriundo de inscrição ou manutenção indevida em cadastro de
inadimplentes, prescinde de prova, configurando-se in re ipsa, visto que é
presumido e decorre da própria ilicitude do fato. [...] (AgInt no AREsp
1501927/GO, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
12/11/2019, DJe 09/12/2019)46 g/n
Logo, deve a parte demandada ser condenada a pagar indenização por
danos morais à parte demandante.

Na linha defendida pelo Superior Tribunal de Justiça47, o valor da


indenização deve seguir o critério bifásico de mensuração dos danos morais.

danosos. A condenação não deve ser aquém, de forma que não sirva de repreensão para quem tem o dever de
pagá-la, nem além, que possa proporcionar o enriquecimento sem causa de quem recebe a indenização, sob pena
de desvirtuar o instituto do dano moral. Em se tratando de relação contratual, a mora, em regra, é ex persona,
exigindo-se a prévia constituição do devedor em mora, passando a fluir os juros moratórios desde a citação,
conforme previsão do art. 405 do CC. (TJMG; APCV 5001043-09.2023.8.13.0335; Décima Terceira Câmara
Cível; Rel. Des. Marco Aurélio Ferrara Marcolino; Julg. 28/09/2023; DJEMG 29/09/2023)
46
Em igual sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. CENTRAL DE RISCO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL.
NATUREZA DE CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL "IN RE IPSA".
PRESUNÇÃO. DESNECESSIDADE DE PROVA. AGRAVO DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1183247/MT,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe
20/08/2012)
47
84712627 - RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. [...] QUANTUM
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO
BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por
danos morais, atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais
arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano,
trazendo um ponto de equilíbrio pelo qual se consegue alcançar razoável correspondência entre o valor da
indenização e o interesse jurídico lesado, bem como estabelecer montante que melhor corresponda às
peculiaridades do caso. 2. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em
conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo
de casos). 3. Na segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso com base nas suas circunstâncias
(gravidade do fato em si, culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes),
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz. [...] 5. Recurso
Especial provido. (STJ; REsp 1.608.573; Proc. 2016/0046129-2; RJ; Rel. Min. Luis Felipe Salomão; Julg.
13/12/2018; DJE 19/12/2018; Pág. 14838) destacou-se; (vide também REsp 1.152.541/RS e Recurso Especial
1.473.393/SP)
Para a primeira fase, devem-se considerar o valor fixado para os casos
análogos sobre indenização por danos morais em decorrência desses negativação
indevida.

Em situações idênticas à presente, o Superior Tribunal de Justiça tem


fixado e mantido condenações das instâncias de origem que oscilam de R$
10.000,0048 a R$ 20.000,0049.

Para a segunda fase, como brilhantemente assentou o Min. Paulo de


Tarso Sanseverino50, é de se considerar que: a dimensão do dano deve ser vista
como gravíssima, no sentido a parte reclamante privada de ser consumidor no
mercado já que não tinha credibilidade no mercado para compras a prazo; a
culpabilidade é grave, haja vista que a Demandada agiu de má-fé ao não informar
e esclarecer a parte autora sobre a operação de inscrever a diferença do valor
renegociado como prejuízo no SCR; não houve qualquer culpa do consumidor neste
caso, ao revés, este buscou minimizar os problemas por meio da solução amigável,
porém tudo foi em vão; enfim, a capacidade econômica da parte reclamada é

48
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
VALOR INDENIZATÓRIO. FIXAÇÃO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
DA PROPORCIONALIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. 3. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
1. A revisão do valor fixado a título de danos morais só é viável em recurso especial quando o valor fixado for
exorbitante ou ínfimo.
2. Na hipótese, o montante estipulado pelas instâncias ordinárias em R$ 10.000,00 (dez mil reais), com base nas
particularidades fáticas do caso e na extensão do abalo sofrido pela autora, está adequado ao contexto dos autos,
não havendo ofensa aos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade, de modo que a alteração do julgado
demandaria nova incursão acerca dos fatos e provas contidos no processo, o que esbarraria no óbice da Súmula n.
7/STJ, não sendo caso de revaloração jurídica.
3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 2.318.642/AL, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, julgado em 21/8/2023, DJe de 23/8/2023.)
49
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL DO RÉU.
1. O valor da reparação pelos danos morais pela inscrição indevida do nome da parte nos cadastros restritivos do
SISBACEN, atual SCR, fora estipulado considerando o caráter pedagógico e reparatório da medida, sendo
arbitrado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), quantia que se mostra razoável e proporcional gravame causado. 2.
Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp 1876629/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 09/08/2021, DJe 17/08/2021)
50
Assim, as principais circunstâncias a serem consideradas como elementos objetivos e subjetivos de concreção
são:
a) a gravidade do fato em si e suas conseqüências para a vítima (dimensão do dano);
b) a intensidade do dolo ou o grau de culpa do agente (culpabilidade do agente);
c) a eventual participação culposa do ofendido (culpa concorrente da vítima);
d) a condição econômica do ofensor;
e) as condições pessoais da vítima (posição política, social e econômica).
(Trecho extraído das fls. 12 de voto vencedor no julgamento do REsp 1.152.541; Proc. 2009/0157076-0; RS;
Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; Julg. 13/09/2011; DJE 21/09/2011)
notória51, por se tratar de instituição financeira, enquanto a do reclamante é a de um
cidadão de classe média52.

Com isso, é razoável a fixação da indenização no caso presente em no


mínimo R$ 10.000,00 (dez mil reais), com juros de mora de 1% ao mês, desde a
citação, e correção monetária pelo IGPM desde o arbitramento.

IV. 3. Da inversão legal do ônus da prova:

A situação de fato do serviço regida pelo art. 14 do CDC apresenta uma


verdadeira hipótese de inversão legal do ônus probatório, no sentido de que a parte
demandada somente restará isenta de responsabilidade caso demonstre cabalmente
alguma das hipóteses do §3º do art. 14 CDC.

Assim, fica requerida a inversão do ônus da prova para a requerida, com a


imposição deste ônus já na fase de saneamento do feito, por se tratar de uma regra
de procedimento53.

III – DA TUTELA DE URGÊNCIA

Independentemente da natureza da tutela provisória de urgência


(antecipada ou cautelar), estabelece o novo Código de Processo Civil que seus
requisitos gerais são: a) probabilidade do direito; e, b) perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

Em sede de tutela antecipada (satisfativa), ainda há o acréscimo do


requisito negativo, qual seja, ausência de risco de irreversibilidade da medida (§3º,
art. 300, CPC).

51
JUNTAR NOTÍCIA DO LUCRO ANUAL DA INSTITUIÇÃO, SE POSSÍVEL. Ou pegar o capital social da
empresa na receita federal.
52
https://exame.com/brasil/afinal-quem-e-classe-media-no-
brasil/#:~:text=Dentro%20dessa%20faixa%2C%20a%20classe,retorno%20%C3%A0%20condi%C3%A7%C3
%A3o%20de%20pobreza..
53
A inversão do ônus da prova não é regra estática de julgamento, mas norma dinâmica de
procedimento/instrução (EREsp 422.778/SP, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Rel. p/ acórdão Ministra
Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, DJe 21.6.2012). ... (REsp 1806813/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2019, DJe 10/09/2019)
Os elementos coligidos na inicial sumariamente demonstram a
verossimilhança dos fatos deduzidos na exordial, na medida em que está
evidente que o contrato de renegociação firmado entre as partes não teve previsão
expressa de que haveria a anotação do desconto concedido como prejuízo no SCR.
Além disso, não houve comunicação antes de se realizar a “negativação”, tanto que
a parte demandada não a apresentou quando provocada pela parte autora.

O perigo da demora consiste no fato de que o nome da parte demandante


ficará restrito durante todo o tramitar da ação, o que prejudicará ou até mesmo
impedirá a parte demandante de realizar compras a prazo no mercado de consumo.
E isso não é justo diante da evidente ilegalidade da negativação.54

Por fim, tem-se como plenamente reversível a medida a ser concedida,


haja vista que a negativação pode ser refeita a qualquer momento.

Destaca-se que no caso da demandante, por ser hipossuficiente, deve ser


dispensada a prestação de caução real ou fidejussória, conforme autoriza o §1º do já
citado artigo 300 do CPC.

Dessa forma, merece ser concedida a tutela de urgência satisfativa


(antecipada) no caso presente, para determinar que a demandada promova a
imediata exclusão da negativação questionada nesta demanda.

54
50563265 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. MANUTENÇÃO DA INSCRIÇÃO DO NOME DA CONSUMIDORA NO SISTEMA
DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL (SCR). NATUREZA RESTRITIVA
DE CRÉDITO. EXCLUSÃO. ASTREINTES. SÚMULA Nº 410 DO STJ. DECISÃO AGRAVADA
REFORMADA. 1. As informações fornecidas ao SISBACEN possuem a natureza restritiva de crédito, uma vez
que as instituições financeiras as utilizam para consulta prévia de operações de crédito realizadas pelos
consumidores, a fim de avaliar a capacidade de pagamento e diminuir os riscos advindos de tomada de crédito.
Precedentes do STJ. 2. Segundo a Resolução nº 4.571/2017 do BACEN, constitui obrigação das instituições
financeiras a remessa das informações relativas às operações de crédito, sendo responsabilidade exclusiva dessas
as inclusões, correções e exclusões dos registros constantes do SCR. 3. Na hipótese, a Agravante quitou as dívidas,
após renegociação com a empresa cessionária, de modo que a manutenção do seu nome perante o cadastro do
Banco Central do Brasil – SCR, é ilegítima. 4. A tutela de urgência pretendida mostra-se perfeitamente reversível,
uma vez que, caso a instrução probatória demonstre em juízo exauriente a regularidade da inscrição do nome da
Agravante no SCR, o cadastro poderá ser retomado. 5. Pode o juiz, de ofício, ou a requerimento da parte, impor
multa diária no intuito de desestimular a recalcitrância do obrigado, assegurando, de consequência, o
adimplemento da obrigação de fazer imposta, nos termos do artigo 537, caput, do CPC/2015. 6. O valor arbitrado
de R$200,00 (duzentos reais), limitado a 30 (trinta) dias, atende aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, considerando-se o porte e a capacidade econômica da instituição financeira, além de guardar
poder coercitivo suficiente para a sua finalidade. 7. A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição
necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer (Súmula nº 410 do
STJ). AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJGO; AI 5113562-
37.2023.8.09.0011; Aparecida de Goiânia; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Maurício Porfírio Rosa; Julg.
09/05/2023; DJEGO 11/05/2023; Pág. 4041)
IV – REQUERIMENTOS E PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se sejam deferidos os seguintes requerimentos e


pedidos:

a) seja implantado o JUÍZO 100% DIGITAL neste feito, na


forma da Resolução CNJ nº 345/2020;

b) a tramitação prioritária do feito, na forma do art. 1.048,


do Código de Processo Civil;

c) a concessão da TUTELA DE URGÊNCIA, liminarmente e


sem a oitiva da parte adversa, para:
i. determinar que a demandada promova a exclusão da informação
de prejuízo, no SCR, relativamente ao contrato nº XXX, no valor
R$ XXXX, lançamento no mês XXX/202x;
ii. determinar que a parte ré se abstenha de promover qualquer tipo
de medida extrajudicial ou judicial coercitiva ou de cobrança dos
valores relativos ao contrato objeto desta ação;
iii. seja fixada multa diária, no valor de R$ 500,00, para a hipótese de
descumprimento total, parcial ou cumprimento moroso, valendo-
se, se for caso, de quaisquer uma das medidas específicas
previstas no art. 297 do CPC, para assegurar a eficácia do
provimento jurisdicional;

d) em razão de a parte autora concordar com a solução


amigável do litígio, a citação e intimação da parte demandada, por meio eletrônico
(art. 246, CPC c/c art. 2º, parágrafo único, Resolução CNJ nº 345/2020), ou, caso a
empresa não conste no banco de dados, por Correios, para comparecer à audiência
de composição, sob pena de aplicação de multa (§8º do art. 334, CPC), bem assim
para apresentar defesa no prazo legal, sob pena de revelia;
e) a inversão LEGAL do ônus da prova em favor da autora,
transferindo-se para a requerida o ônus probatório integral sobre os fatos debatidos
nesta demanda.
f) Seja deferida a produção de todos os meios de prova
admitidos (legal ou moralmente), em especial a juntada de documentos, a inspeção
judicial, o depoimento pessoal do demandado, oitiva de testemunhas (rol abaixo) e
provas técnicas etc.

Ao fim, sejam julgados procedentes os pedidos para, tornando


definitiva a tutela provisória, ou concedê-la ao final:

g) Obrigar a demandada promover a exclusão definitiva da


informação de prejuízo, no SCR, relativamente ao contrato nº XXX,
no valor R$ XXXX, lançamento no mês XXX/2021;
h) Condenar a demandada ao pagamento de indenização por danos
morais e por desvio produtivo do consumidor, no valor de R$
XXXX,XXX, com juros de mora de 1% ao mês desde a citação e
correção monetária pelo IGPM desde o arbitramento; 55
i) Condenar a parte demandada ao pagamento das despesas
processuais (art. 82, §2º, CPC) e honorários advocatícios (art. 85,
CPC), estes no patamar de 20% do valor da condenação ou da
causa, em favor do advogado do autor;

Dá-se à causa o valor de R$ ____, __ (por extenso), com


fundamento no artigo 292, incisos II, V e VI do CPC.

Pede deferimento.
CIDADE–UF, XX de xxxx de xxx.
xxxxxxxxxxxxxxxxx
Advogad@

55
[...]3. Tratando-se de indenização por danos morais decorrente de responsabilidade contratual, os juros de mora
incidem a partir da citação e a correção monetária desde a data do arbitramento do quantum indenizatório.
Precedentes. 4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. (STJ; EDcl-AgInt-REsp 1.834.637; Proc.
2019/0256543-4; RS; Rel. Min. Moura Ribeiro; DJE 27/08/2020)
DOCUMENTOS QUE INSTRUEM A INICIAL:
ANEXO 01 - documento pessoal;
ANEXO 02 - comprovação da hipossuficiência;
ANEXO 03 – contrato objeto da ação;
ANEXO 04 – contrato de renegociação da dívida e comprovantes de pagamentos;
ANEXO 05 – extrato detalhado do SCR;
ANEXO 06 – extrato do SPC e SERASA;
ANEXO 07 – notificação enviada à requerida;
ANEXO 08 – resposta da notificação.
MODELO DE INICIAL (pessoa física – ação judicial)

ORIENTAÇÕES SOBRE O MODELO


- hipótese de uso: falta de notificação prévia para inscrição da dívida no campo vencido ou prejuízo
do SCR e em decorrência de ação judicial que declarou inexistente a dívida/contrato, como
também serve para as situações em que houve a revisão judicial do contrato;
- competência: Como se trata de uma reparação de danos, a competência é do Juízo de domicílio
do autor (art. 101, I, CDC), podendo ser manejada na justiça comum ou no juizado, porque não
é uma causa complexa e nem exige prova técnica;
- valor da causa: soma do valor da dívida anotada com o valor da indenização pleiteada.
- personalização: personalize a petição conforme seu padrão de escrita e não se esqueça de alterar
os fatos de acordo como caso concreto;
- jurisprudência: busque sempre criar modelos com citação de julgados do tribunal onde tramitará
a ação.

Ao Juízo da ____ª Vara Xxxxxxx da Comarca de XXXXXXX – MS:

JUÍZO 100% DIGITAL


PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO

NOME COMPLETO, estado civil (solteiro, casado, viúvo, divorciado,


separado judicialmente, convivente), profissão, CPF/MF nº XXX.XXX.XXX.-XX, RG
nº XXXXX SSP/UF, com domicílio e residência na Rua XX, nº XXX, bairro XXX,
Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@gmail.com, por seu Advogado56, que receberá
as intimações no seu escritório situado na Rua XX, nº XXX, bairro XXX, Cidade-UF,
CEP: XX.XXX-XXX, xxx@adv.com, vem perante esse Juízo propor, pelo
procedimento comum (art. 318 e seguintes do CPC/2015),

AÇÃO DE CONHECIMENTO

56
Conforme procuração anexa.
com pedido de obrigação de fazer e reparação de danos

em desfavor de NOME DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, pessoa jurídica


de direito privado, inscrita no CNPJ nº XX.XXX.XXX/XXXX-XX, com sede na Rua XX,
nº XXX, bairro XXX, Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@gmail.com, pelos fatos e
fundamentos seguintes.

I – FUNDAMENTOS FÁTICOS

A parte demandante ingressou com ação anulatória de contrato bancário


(nº XXXX) emitido pela parte demandada de forma indevida (ou ação revisional de
cláusulas abusivas do contrato bancário n. xxx, emitido pela parte demandada). O
feito tramitou sob os autos nº XXXX e foi julgado procedente o pedido de invalidação
(ou revisão) do contrato, tendo a sentença transitado em julgado em ___/___/___.

Apesar disso, a parte demandada inscreveu o valor da contratação no


Sistema de Informações de Crédito – SCR, do Banco Central do Brasil, como sendo
um prejuízo causado pela parte demandante (v. extrato anexo)

Essa anotação é completamente indevida, porque constitui verdadeira


“negativação” do nome da parte demandante perante o mercado de consumo quando
não possui qualquer débito vencido e não pago perante a demanda, conforme a ação
judicial do contrato acima informada.

Não bastasse isso, a parte demandada não fez a prévia notificação da


parte demandante quanto a essa anotação de prejuízo no SCR.

Tentou-se junto à parte demandada a exclusão da negativação e a


reparação do prejuízo extrapatrimonial decorrente desse ato ilícito, porém não houve
possibilidade de solução extrajudicial pela intransigência da demandada (v.
comprovante anexo).

Sendo assim, deve ser reputada ilícita a anotação de prejuízo aqui


questionada, com a consequente determinação para que esse apontamento seja
excluído do SCR. Ainda, deve ser reconhecido o dever de a parte demandada reparar
o prejuízo moral sofrido pela parte demandante, haja vista a negativação indevida de
seu nome.

II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS

II.1. Do caráter restritivo de crédito do SCR e a inclusão indevida de


informação como prejuízo

O Sistema de Informações de Créditos – SCR, instituído pela Resolução


CMN nº 3.658/08 e atualmente regulamentado pela Resolução CMN nº 5.037/22, tem
como uma de suas finalidades “propiciar o intercâmbio de informações entre
instituições financeiras, conforme definido no art. 1º da Lei Complementar nº 105,
de 10 de janeiro de 2001, sobre o montante de responsabilidades de clientes em
operações de crédito.” (art. 2º, II)

Esse intercâmbio de informações entre instituições financeiras pode


ocorrer durante o prazo de vinte e quatro meses57. Tempo durante o qual o nome da
parte demandante ficará disponível para a consulta de todas as instituições
financeiras, de modo a restringir completamente o acesso do consumidor ao crédito,
em especial quando os valores das operações de crédito são lançados como vencido
ou prejuízo.

Ora, se as informações do SCR servem de elementos para a análise de


risco e viabilidade de concessão de crédito, é evidente que esse sistema é um
verdadeiro banco de dados na forma da lei do cadastro positivo (art. 2º, I, da Lei
12.414/2011), assim como do art. 43 do Código de Defesa do Consumidor.

57
Essa é a posição do Banco Central do Brasil, senão veja-se:
[...]2 – no caso das operações em atraso, até quando elas aparecem no SCR?
Quando uma operação completa 60 meses em atraso, o banco realiza um registro no sistema de forma que ela
deixa de aparecer para todos os meses sob consulta.
Porém, ela continua aparecendo nos sistemas internos do banco onde consta a dívida.
Já as outras instituições, que não são credoras dessa operação, somente podem consultar as informações
consolidadas dos últimos 24 meses. (Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_scr. Acesso 14/05/22(
Desde o ano de 201058, o Superior Tribunal de Justiça tem o pacífico
entendimento de que “as informações fornecidas pelas instituições financeiras
ao Sisbacen afiguram-se como restritivas de crédito, visto que esse sistema de
informação avalia a capacidade de pagamento do consumidor de serviços
bancários.”59 (g/n)

Se houve a invalidação judicial do contrato (ou a revisão judicial do valor


do contrato) anotado no SCR, a parte demanda não poderia jamais inserir qualquer
registro desabonador da honra e da imagem da parte demandante naquele banco de
dados.60

Isso porque a anulação ou invalidação de um contrato faz retornar as


partes ao momento anterior à contratação, conforme enunciado o art. 182 do Código
Civil. Logo, não pode a anotação no SCR, derivada do contrato invalidado,
permanecer registrada, pois antes do pacto ela não existia.

Em caso de ação revisional, substituir o parágrafo anterior


por estes dois.

"A revisão judicial do contrato declara a abusividade de


suas cláusulas, com efeitos retroativos à sua celebração. Logo, não
se pode falar que houve prejuízo por força da decisão judicial.

58
REsp 1099527/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe
24/09/2010
59
No mesmo sentido: REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014;
60
RECURSO INOMINADO CÍVEL. CONSUMIDOR. BANCÁRIO. NEGATIVAÇÃO EM SISTEMA DE
INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL (SCR). NATUREZA DE CADASTRO RESTRITIVO.
AUSÊNCIA DE INADIPLEMENTO. DADOS INSERIDOS DE FORMA INDEVIDA. FALHA NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. DANO MORAL CONFIGURADO
IN RE IPSA. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1 - As
informações fornecidas pelas instituições financeiras acerca de operações com seus clientes ao SISBACEN
equivalem a registro nos órgãos restritivos de crédito. Especialmente quando culminarem em negativa de crédito
ao consumidor por outra instituição financeira, uma vez que um dos propósitos deste sistema de informação é
justamente avaliar a capacidade de pagamento do consumidor dos serviços bancários. 2 - "O sistema de
informações de crédito do Banco Central - SCR é banco de dados que tem natureza de cadastro restritivo de
crédito. Por isso, a simples inserção indevida confessada pelas rés gera o dever de indenizar o autor a título de
dano moral, encontrado in re ipsa. (STJ - 4ª T - RESP nº 1.365.284/SC - Rel. Ministra Maria ISABEL Gallotti -
Rel. P/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO - j. 18/9/2014 - DJe 21/10/2014). (JECMT; RInom 1017699-
98.2023.8.11.0001; Primeira Turma Recursal; Rel. Des. Walter Pereira de Souza; Julg 25/09/2023; DJMT
29/09/2023)
Por conseguinte, indevida é a anotação de prejuízo
realizada em relação um débito que não existe por haver a declaração
de abusividade, já que revisado judicialmente."

Não bastasse isso, deixou a parte demandada de previamente notificar


a parte demandante sobre a inserção da operação como um prejuízo no SCR, o que
viola de uma só vez o CDC61 e a Resolução CMN nº 5.037/2262.

Frisa-se que aqui, diferentemente do enunciado sumular 359 do STJ, o


dever de realizar a notificação prévia é da própria instituição financeira, por força da
retromencionada resolução CMN, como bem recentemente decidiu o Superior
Tribunal de Justiça, por sua Primeira Turma.63

Diante disso, deverá a demandada ser compelida a excluir a anotação


da negativação no SCR, na forma do art. 15, parágrafo único, II e IV, Resolução
CMN nº 5.037/22, porque o ato foi praticado ao arrepio de todo o sistema normativo.

II. 2. Do dever de reparar os danos extrapatrimoniais:

A Lei 8.078/90 expressamente prevê como direito básico do consumidor a


efetiva reparação dos patrimoniais e morais (art. 6º, VI), o qual é aferido a partir da
análise dos requisitos seguintes: a) conduta ilícita; b) resultado danoso; c) nexo

61
Art. 43 [...] § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada
por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
62
Art. 13. As instituições originadoras das operações de crédito ou que tenham adquirido tais operações de
entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional devem comunicar previamente ao cliente que os
dados de suas respectivas operações serão registrados no SCR.
§ 1º Na comunicação referida no caput devem constar as orientações e os esclarecimentos relacionados no art.
16.
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ocorrer anteriormente à remessa das informações para o
SCR.
§ 3º As instituições referidas no caput devem manter a guarda da comunicação de que trata este artigo, em meio
físico ou eletrônico que permita comprovar a sua autenticidade, por um período de cinco anos, contado da data de
emissão do documento, sem prejuízo de outras disposições que fixem prazo maior para a sua guarda.
63
[...]2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como o
SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do Brasil é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido. Inteligência da Súmula
572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento. (REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2021, DJe 08/04/2021)
de causalidade entre ambos. Isso porque se está diante de uma verdadeira
situação de fato do serviço (art. 14 do CDC).

O ilícito aqui consiste na manutenção de negativação do nome da parte


demandante mesmo depois de ela ser declarada inválida judicialmente (ou revisada
judicialmente. Além disso, é ilícita a negativação que não precedida de notificação do
consumidor.64

Nesse sentido é o precedente colhido do TJMG:

89716185 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


DÉBITO C/C INDENIZATÓRIA. DÉBITO QUITADO. NOME DO CONSUMIDOR
NO SCR. DANOS MORAIS. OCORRÊNCIA. VALOR. PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE. 1. Embora diverso dos tradicionais cadastros restritivos de
crédito (SERASA e SPC), o Sistema de Informação de Crédito. SCR também
possui caráter restritivo de crédito, na medida em que serve de base de análise
do perfil do consumidor para fins de liberação de crédito, de forma que eventual
inscrição indevida é passível de indenização. 2. Em se tratando de ação
declaratória de inexistência de débito, incumbe ao fornecedor comprovar a
existência da relação jurídica geradora da dívida, sob pena de declaração de sua
inexistência. 2. Havendo provas, na ação revisional conexa, que o débito
apontado pela instituição financeira inexiste, há de se reconhecer a
ocorrência de danos morais em razão de inclusão indevida no Sistema de
Informação de Crédito. SCR. 4. O valor dos danos morais deve ser arbitrado em
atenção aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, não podendo ser
fonte de enriquecimento ilícito da vítima tampouco irrisório ao ofensor. (TJMG;
APCV 5000209-71.2021.8.13.0239; Décima Câmara Cível; Rel. Des. Claret de
Moraes; Julg. 29/03/2022; DJEMG 05/04/2022)
Tem-se, portanto, um verdadeiro fato do serviço que causou verdadeira
afronta aos atributos da personalidade da parte demandante, na medida em que teve
seu nome mantido como de um mal pagador, quando a suposta dívida foi declarada
judicialmente inválida.

E isso fez nascer um dano moral presumido para a parte demandante, à


luz do que dispõe de modo pacífico o Superior Tribunal de Justiça65.

64
Tema repetitivo nº 40 do STJ: A ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu nome em
cadastros de proteção ao crédito, prevista no art. 43, § 2º, do CDC, enseja o direito à compensação por danos
morais.
65
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO
INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
ARBITRADO. VALOR RAZOÁVEL. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiça
tem entendimento pacífico de que o dano moral, oriundo de inscrição ou manutenção indevida em cadastro de
inadimplentes, prescinde de prova, configurando-se in re ipsa, visto que é presumido e decorre da própria ilicitude
do fato. [...] (AgInt no AREsp 1501927/GO, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
12/11/2019, DJe 09/12/2019)
Sem dúvida e como bem provado pelos documentos anexos, o bom nome
e a honra da parte demandante somente foram violados por causa da “negativação”
objeto desse processo66, pois não consta qualquer outra restrição em seu nome.

Logo, deve a parte demandada ser condenada a pagar indenização por


danos morais à parte demandante.67

Na linha defendida pelo Superior Tribunal de Justiça68, o valor da


indenização deve seguir o critério bifásico de mensuração dos danos morais.

Para a primeira fase, devem-se considerar o valor fixado para os casos


análogos sobre indenização por danos morais em decorrência de negativação
indevida.

66
Sábias as palavras do professo e Desembargador BESSA: “No mercado, a atuação dos bancos de dados de
proteção ao crédito são potencialmente ofensivas à honra... Tanto a informação positiva como a negativa
contribuem para a definição do perfil do consumidor, [...]ensejando juízos de valor negativos e,
consequentemente, discriminação injusta, denegação ou alteração das condições de concessão de crédito.”
(BESSA, Leonardo Rosco. Nova Lei de Cadastro Positivo. São Paulo: RT, 2019, p. 51)
67
Sobre o assunto também já se manifestou o TJMG: APELAÇÃO. AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO.
INSCRIÇÃO NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO (SCR). AUSÊNCIA DE DÉBITO.
INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL CONFIGURADO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. TERMO
INICIAL. JUROS DE MORA. DATA DA CITAÇÃO. Conforme entendimento adotado por este Tribunal, o
Sistema de Informação de Crédito do Banco Central. SCR constitui cadastro público e restritivo de crédito, assim,
sendo o lançamento indevido em seus registros, considerado ato ilícito. A inscrição indevida do nome da parte
autora nos cadastros de inadimplentes gera o direito à indenização independentemente da comprovação do dano
moral, que, na hipótese, é in re ipsa. Ao arbitrar o valor da indenização por dano moral, o juiz deve levar em
consideração os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, além do caráter pedagógico da condenação,
no sentido de inibir eventuais e futuros atos danosos. A condenação não deve ser aquém, de forma que não sirva
de repreensão para quem tem o dever de pagá-la, nem além, que possa proporcionar o enriquecimento sem causa
de quem recebe a indenização, sob pena de desvirtuar o instituto do dano moral. Em se tratando de relação
contratual, a mora, em regra, é ex persona, exigindo-se a prévia constituição do devedor em mora, passando a fluir
os juros moratórios desde a citação, conforme previsão do art. 405 do CC. (TJMG; APCV 5001043-
09.2023.8.13.0335; Décima Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Marco Aurélio Ferrara Marcolino; Julg.
28/09/2023; DJEMG 29/09/2023)
68
84712627 - RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. [...] QUANTUM
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO
BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por
danos morais, atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais
arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano,
trazendo um ponto de equilíbrio pelo qual se consegue alcançar razoável correspondência entre o valor da
indenização e o interesse jurídico lesado, bem como estabelecer montante que melhor corresponda às
peculiaridades do caso. 2. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em
conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo
de casos). 3. Na segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso com base nas suas circunstâncias
(gravidade do fato em si, culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes),
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz. [...] 5. Recurso
Especial provido. (STJ; REsp 1.608.573; Proc. 2016/0046129-2; RJ; Rel. Min. Luis Felipe Salomão; Julg.
13/12/2018; DJE 19/12/2018; Pág. 14838) destacou-se; (vide também REsp 1.152.541/RS e Recurso Especial
1.473.393/SP)
Em situações idênticas à presente, o Superior Tribunal de Justiça tem
fixado e mantido condenações das instâncias de origem que oscilam de R$
10.000,0069 a R$ 20.000,0070.

Para a segunda fase, como brilhantemente assentou o Min. Paulo de


Tarso Sanseverino71, é de se considerar que: a dimensão do dano deve ser vista
como gravíssima, no sentido a parte reclamante privada de ser consumidor no
mercado já que não tinha credibilidade no mercado para compras a prazo; a
culpabilidade é grave, haja vista que a Demandada agiu de má-fé ao não cumprir
um comando judicial, como também por não cumprir dever legal de prévia notificação;
não houve qualquer culpa do consumidor neste caso, ao revés, este buscou
minimizar os problemas por meio da solução amigável, porém tudo foi em vão; enfim,
a capacidade econômica da parte reclamada é notória72, por se tratar de instituição
financeira, enquanto a do reclamante é a de um cidadão de classe média73.

69
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
VALOR INDENIZATÓRIO. FIXAÇÃO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
DA PROPORCIONALIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. 3. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
1. A revisão do valor fixado a título de danos morais só é viável em recurso especial quando o valor fixado for
exorbitante ou ínfimo.
2. Na hipótese, o montante estipulado pelas instâncias ordinárias em R$ 10.000,00 (dez mil reais), com base nas
particularidades fáticas do caso e na extensão do abalo sofrido pela autora, está adequado ao contexto dos autos,
não havendo ofensa aos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade, de modo que a alteração do julgado
demandaria nova incursão acerca dos fatos e provas contidos no processo, o que esbarraria no óbice da Súmula n.
7/STJ, não sendo caso de revaloração jurídica.
3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 2.318.642/AL, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, julgado em 21/8/2023, DJe de 23/8/2023.)
70
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL DO RÉU.
1. O valor da reparação pelos danos morais pela inscrição indevida do nome da parte nos cadastros restritivos do
SISBACEN, atual SCR, fora estipulado considerando o caráter pedagógico e reparatório da medida, sendo
arbitrado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), quantia que se mostra razoável e proporcional gravame causado. 2.
Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp 1876629/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 09/08/2021, DJe 17/08/2021)
71
Assim, as principais circunstâncias a serem consideradas como elementos objetivos e subjetivos de concreção
são:
a) a gravidade do fato em si e suas conseqüências para a vítima (dimensão do dano);
b) a intensidade do dolo ou o grau de culpa do agente (culpabilidade do agente);
c) a eventual participação culposa do ofendido (culpa concorrente da vítima);
d) a condição econômica do ofensor;
e) as condições pessoais da vítima (posição política, social e econômica).
(Trecho extraído das fls. 12 de voto vencedor no julgamento do REsp 1.152.541; Proc. 2009/0157076-0; RS;
Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; Julg. 13/09/2011; DJE 21/09/2011)
72
JUNTAR NOTÍCIA DO LUCRO ANUAL DA INSTITUIÇÃO, SE POSSÍVEL. Ou pegar o capital social da
empresa na receita federal.
73
https://exame.com/brasil/afinal-quem-e-classe-media-no-
brasil/#:~:text=Dentro%20dessa%20faixa%2C%20a%20classe,retorno%20%C3%A0%20condi%C3%A7%C3
%A3o%20de%20pobreza.
Com isso, é razoável a fixação da indenização no caso presente em no
mínimo R$ 10.000,00 (dez mil reais), com juros de mora de 1% ao mês, desde a
citação, e correção monetária pelo IGPM desde o arbitramento.

IV. 3. Da inversão legal do ônus da prova:

A situação de fato do serviço regida pelo art. 14 do CDC apresenta uma


verdadeira hipótese de inversão legal do ônus probatório, no sentido de que a parte
demandada somente restará isenta de responsabilidade caso demonstre cabalmente
alguma das hipóteses do §3º do art. 14 CDC.

Assim, fica requerida a inversão do ônus da prova para a requerida, com a


imposição deste ônus já na fase de saneamento do feito, por se tratar de uma regra
de procedimento74.

III – DA TUTELA DE URGÊNCIA


Independentemente da natureza da tutela provisória de urgência
(antecipada ou cautelar), estabelece o novo Código de Processo Civil que seus
requisitos gerais são: a) probabilidade do direito; e, b) perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

Em sede de tutela antecipada (satisfativa), ainda há o acréscimo do


requisito negativo, qual seja, ausência de risco de irreversibilidade da medida (§3º,
art. 300, CPC).

Os elementos coligidos na inicial sumariamente demonstram a


verossimilhança dos fatos deduzidos na exordial, na medida em que está
evidente que o contrato inscrito como prejuízo foi declarada inválido judicialmente.
Além disso, não houve comunicação antes de se realizar a “negativação”, tanto que
a parte demandada não a apresentou quando provocada pela parte autora.

74
A inversão do ônus da prova não é regra estática de julgamento, mas norma dinâmica de
procedimento/instrução (EREsp 422.778/SP, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Rel. p/ acórdão Ministra
Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, DJe 21.6.2012). ... (REsp 1806813/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2019, DJe 10/09/2019)
O perigo da demora consiste no fato de que o nome da parte demandante
ficará restrito durante todo o tramitar da ação, o que prejudicará ou até mesmo
impedirá a parte demandante de realizar compras a prazo no mercado de consumo.
E isso não é justo diante da evidente ilegalidade da negativação.75

Por fim, tem-se como plenamente reversível a medida a ser concedida,


haja vista que a negativação pode ser refeita a qualquer momento.

Destaca-se que no caso da demandante, por ser hipossuficiente, deve ser


dispensada a prestação de caução real ou fidejussória, conforme autoriza o §1º do já
citado artigo 300 do CPC.

Dessa forma, merece ser concedida a tutela de urgência satisfativa


(antecipada) no caso presente, para determinar que a demandada promova a
imediata exclusão da negativação questionada nesta demanda.

IV – REQUERIMENTOS E PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se sejam deferidos os seguintes requerimentos e


pedidos:

a) seja implantado o JUÍZO 100% DIGITAL neste feito, na


forma da Resolução CNJ nº 345/2020;

b) a tramitação prioritária do feito, na forma do art. 1.048,


do Código de Processo Civil;

75
[...] 3. A manutenção eventualmente indevida do nome da agravada no Sistema de Informação de Crédito do
Banco Central do Brasil (SCR) produz-lhe efeitos negativos perante o sistema financeiro como um todo,
porquanto o SISBACEN configura espécie de cadastros de inadimplentes, assim como os órgãos específicos de
restrição ao crédito, tais como SPC, SERASA, CDL e outros. Precedentes do STJ. 4. Embora a instituição
financeira agravante sustente que o envio da notificação ao devedor é encargo do órgão de proteção e não do
credor, o STJ afastou a legitimidade passiva do Banco Central do Brasil, na condição de gestor do SISBACEN,
nas ações indenizatórias por ausência de notificação prévia do consumidor ao cadastro no referido sistema.
Precedente do STJ. 5. A tutela de urgência pretendida mostra-se perfeitamente reversível, uma vez que, caso a
(TJGO; AI 5205249-65.2022.8.09.0000; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Anderson Máximo de Holanda; Julg.
05/05/2022; DJEGO 09/05/2022; Pág. 2504)
c) a concessão da TUTELA DE URGÊNCIA, liminarmente e
sem a oitiva da parte adversa, para:
i. determinar que a demandada promova a exclusão da informação
de prejuízo, no SCR, relativamente ao contrato nº XXX, no valor
R$ XXXX, lançamento no mês XXX/202x;
ii. determinar que a parte ré se abstenha de promover qualquer tipo
de medida extrajudicial ou judicial coercitiva ou de cobrança dos
valores relativos ao contrato objeto desta ação;
iii. seja fixada multa diária, no valor de R$ 500,00, para a hipótese de
descumprimento total, parcial ou cumprimento moroso, valendo-
se, se for caso, de quaisquer uma das medidas específicas
previstas no art. 297 do CPC, para assegurar a eficácia do
provimento jurisdicional;

d) em razão de a parte autora concordar com a solução


amigável do litígio, a citação e intimação da parte demandada, por meio eletrônico
(art. 246, CPC c/c art. 2º, parágrafo único, Resolução CNJ nº 345/2020), ou, caso a
empresa não conste no banco de dados, por Correios, para comparecer à audiência
de composição, sob pena de aplicação de multa (§8º do art. 334, CPC), bem assim
para apresentar defesa no prazo legal, sob pena de revelia;

e) a inversão LEGAL do ônus da prova em favor da autora,


transferindo-se para a requerida o ônus probatório integral sobre os fatos debatidos
nesta demanda.

f) Seja deferida a produção de todos os meios de prova


admitidos (legal ou moralmente), em especial a juntada de documentos, a inspeção
judicial, o depoimento pessoal do demandado, oitiva de testemunhas (rol abaixo) e
provas técnicas etc.

Ao fim, sejam julgados procedentes os pedidos para, tornando


definitiva a tutela provisória, ou concedê-la ao final:
g) Obrigar a demandada promover a exclusão definitiva da
informação de prejuízo, no SCR, relativamente ao contrato nº XXX,
no valor R$ XXXX, lançamento no mês XXX/202X;
h) Condenar a demandada ao pagamento de indenização por danos
morais e por desvio produtivo do consumidor, no valor de R$
XXXX,XXX, com juros de mora de 1% ao mês desde a citação e
correção monetária pelo IGPM desde o arbitramento; 76
i) Condenar a parte demandada ao pagamento das despesas
processuais (art. 82, §2º, CPC) e honorários advocatícios (art. 85,
CPC), estes no patamar de 20% do valor da condenação ou da
causa, em favor do advogado do autor;

Dá-se à causa o valor de R$ ____, __ (por extenso), com


fundamento no artigo 292, incisos II, V e VI do CPC.

Pede deferimento.

CIDADE–UF, 25 de outubro de 2023.

xxxxxxxxxxxxxxxxx
Advogad@

DOCUMENTOS QUE INSTRUEM A INICIAL:


ANEXO 01 - documento pessoal;
ANEXO 02 - comprovação da hipossuficiência;
ANEXO 03 – contrato objeto da ação;
ANEXO 04 – cópia da inicial objeto do processo;
ANEXO 05 – extrato detalhado do SCR;
ANEXO 06 – extrato do SPC e SERASA;
ANEXO 07 – notificação enviada à requerida;
ANEXO 08 – cópia da sentença e certidão de trânsito em julgado.

76
[...]3. Tratando-se de indenização por danos morais decorrente de responsabilidade contratual, os juros de mora
incidem a partir da citação e a correção monetária desde a data do arbitramento do quantum indenizatório.
Precedentes. 4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. (STJ; EDcl-AgInt-REsp 1.834.637; Proc.
2019/0256543-4; RS; Rel. Min. Moura Ribeiro; DJE 27/08/2020)
MODELO DE INICIAL (pessoa jurídica – falta de notificação)

ORIENTAÇÕES SOBRE O MODELO


- hipótese de uso: em favor de Pessoa jurídica com falta de notificação prévia para inscrição da
dívida no campo vencido ou prejuízo do SCR;
- competência: Como em regra a relação é de Direito Civil, a competência é do domicílio do Réu
(art. 46 CPC). A regra é que a ação poderá ser manejada na justiça comum. No juizado,
permanece o domicílio do réu como critério, mas somente poderão demandar nele as pessoas
jurídicas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas, empresas de
pequeno porte, oscip e sociedade de crédito ao microempreendedor;
- valor da causa: soma do valor da dívida anotada com o valor da indenização pleiteada.
- personalização: personalize a petição conforme seu padrão de escrita e não se esqueça de alterar
os fatos de acordo como caso concreto;
- jurisprudência: busque sempre criar modelos com citação de julgados do tribunal onde tramitará
a ação.

Ao Juízo da ____ª Vara Xxxxxxx da Comarca de XXXXXXX – MS:

JUÍZO 100% DIGITAL

EMPRESA DE TAL, pessoal jurídica de direito privado, CNPJ n. XXXXXX,


com sede na Rua ____, Cidade, UF, Cep, e-mail xxxx@gmail.com, por seu sócio
administrador NOME COMPLETO, estado civil (solteiro, casado, viúvo, divorciado,
separado judicialmente, convivente), profissão, CPF/MF nº XXX.XXX.XXX.-XX, RG
nº XXXXX SSP/UF, com domicílio e residência na Rua XX, nº XXX, bairro XXX,
Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@gmail.com, representada pelo seu Advogado77,
que receberá as intimações no seu escritório situado na Rua XX, nº XXX, bairro XXX,

77
Conforme procuração anexa.
Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@adv.com, vem perante esse Juízo propor, pelo
procedimento comum (art. 318 e seguintes do CPC/2015),

AÇÃO DE CONHECIMENTO
com pedido de obrigação de fazer e reparação de danos

em desfavor de NOME DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, pessoa jurídica


de direito privado, inscrita no CNPJ nº XX.XXX.XXX/XXXX-XX, com sede na Rua XX,
nº XXX, bairro XXX, Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@gmail.com, pelos fatos e
fundamentos seguintes.

I – FUNDAMENTOS FÁTICOS

A parte demandante teve seu nome inserido, na coluna de débito vencido


ou no prejuízo, no Sistema de Informações de Crédito (SCR) por uma dívida relativa
ao contrato nº XXXX, celebrado em ____/___/_____, conforme imagem a seguir:

COLAR A IMAGEM DO SCR

A parte demandante não ignora o fato de que realmente caiu em mora no


pagamento das prestações do aludido contrato, pois passou por uma forte crise
financeira (v. documentos anexos).

Entretanto, não recebeu qualquer tipo de notificação prévia da parte


demandada no sentido de que seu nome e débito passariam a constar do Sistema de
Informações de Crédito (SCR) como de uma pessoa devedora.

A ausência de notificação, mesmo na existência débito, torna ilícita a


negativação gerada no SCR, porque se trata de um dever legal dos bancos.

Ao lado disso, a parte demandante não teve a oportunidade purgar a mora


ou questionar a negativação, o que acabou por macular sua imagem perante os
demais credores, tanto que recebeu a negativa de crédito quando solicitou junto ao
banco XXXX, como prova o documento anexo.

Como é indevida essa anotação, tentou-se junto à parte demandada a


exclusão da negativação e a reparação do prejuízo extrapatrimonial decorrente desse
ato ilícito, porém não houve possibilidade de solução extrajudicial pela intransigência
da demandada (v. comprovante anexo).

Sendo assim, deve ser reputada ilícita a anotação de prejuízo aqui


questionada, com a consequente determinação para que esse apontamento seja
excluído do SCR. Ainda, deve ser reconhecido o dever de a parte demandada reparar
o prejuízo moral sofrido pela parte demandante, haja vista a negativação indevida de
seu nome.

II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS

II.1. Do caráter restritivo de crédito do SCR e a falta de notificação prévia

O Sistema de Informações de Créditos – SCR, instituído pela Resolução


CMN nº 3.658/08 e atualmente regulamentado pela Resolução CMN nº 5.037/22, tem
como uma de suas finalidades “propiciar o intercâmbio de informações entre
instituições financeiras, conforme definido no art. 1º da Lei Complementar nº 105,
de 10 de janeiro de 2001, sobre o montante de responsabilidades de clientes em
operações de crédito.” (art. 2º, II)

Esse intercâmbio de informações entre instituições financeiras pode


ocorrer durante o prazo de vinte e quatro meses78. Tempo durante o qual o nome da
parte demandante ficará disponível para a consulta de todas as instituições

78
Essa é a posição do Banco Central do Brasil, senão veja-se:
[...]2 – no caso das operações em atraso, até quando elas aparecem no SCR?
Quando uma operação completa 60 meses em atraso, o banco realiza um registro no sistema de forma que ela
deixa de aparecer para todos os meses sob consulta.
Porém, ela continua aparecendo nos sistemas internos do banco onde consta a dívida.
Já as outras instituições, que não são credoras dessa operação, somente podem consultar as informações
consolidadas dos últimos 24 meses. (Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_scr. Acesso 14/05/22(
financeiras, de modo a restringir completamente o acesso ao crédito, em especial
quando os valores das operações de crédito são lançados como vencido ou prejuízo.

Ora, se as informações do SCR servem de elementos para a análise de


risco e viabilidade de concessão de crédito, é evidente que esse sistema é um
verdadeiro banco de dados na forma da lei do cadastro positivo (art. 2º, I, da Lei
12.414/2011).

Desde o ano de 201079, o Superior Tribunal de Justiça tem o pacífico


entendimento de que “as informações fornecidas pelas instituições financeiras
ao Sisbacen afiguram-se como restritivas de crédito, visto que esse sistema de
informação avalia a capacidade de pagamento do consumidor de serviços
bancários.”80 (g/n)

Inclusive, o próprio Conselho Monetário também reconhece que as


anotações no SCR integram um banco de dados de restrição ao crédito. Veja o
seguinte trecho do VOTO 76/2022–CMN, DE 29 DE SETEMBRO DE 2022 que
ensejou a edição da Resolução CMN n° 5.037 de 29/9/2022.

“[...]cabe comentar que a função birô de crédito do SCR vem evoluindo desde a sua
criação. Dentro desse processo de aprimoramento do intercâmbio de informações entre
instituições financeiras e atendendo à demanda do próprio sistema financeiro, a
exclusão do termo “consolidadas” torna possível disponibilizar informações mais
detalhadas e granulares, o que permite aprimorar a análise de risco pelo sistema
financeiro e, consequentemente, trazer maior segurança para o processo de concessão
de crédito.”81

Desse modo, se o SCR serve como banco de dados de restrição ao crédito,


as instituições financeiras devem observar a Lei nº 12.414/2011 e a Resolução CMN
5.037/22.

Embora devedor, assistia à parte autora o direito de receber uma


notificação previamente à anotação de débito “vencido”, conforme preconiza a

79
REsp 1099527/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe
24/09/2010
80
No mesmo sentido: REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014;
81
Disponível em: https://normativos.bcb.gov.br/Votos/CMN/202276/Voto_do_CMN_76_2022.pdf. Acesso em
27/04/2023.
Resolução CMN nº 5.037/2282. E mesmo que não houvesse essa disposição, a boa-
fé objetiva e seus deveres anexos impõem à parte demandada a obrigação de agir
com lealdade e transparência, o que não aconteceu no caso presente diante da
abrupta negativação do nome da parte demandante.

Frisa-se que aqui, diferentemente do enunciado sumular 359 do STJ, o


dever de realizar a notificação prévia é da própria instituição financeira, por força da
retromencionada resolução CMN, como bem recentemente decidiu o Superior
Tribunal de Justiça, por sua Primeira Turma.83

Diante disso, deverá a demandada ser compelida a excluir a anotação


da negativação no SCR, na forma do art. 15, parágrafo único, II e IV, Resolução
CMN nº 5.037/22, porque o ato foi praticado ao arrepio de todo o sistema normativo.

II. 2. Do dever de reparar os danos extrapatrimoniais:

O Código Civil de 2002 fixou nos seus artigos 186 e 927 que a
responsabilidade civil é verificada, como regra, quando presentes os seguintes
pressupostos: a) conduta ilícita culposa; b) resultado danoso; c) nexo de causalidade.
O ilícito culposo aqui consiste na violação do dever expresso de
notificação do art. 13 da Resolução CMN n. 5.037/22, do princípio da boa-fé e de
seus corolários, na medida em que a parte demandante não recebeu qualquer tipo de
notificação prévia ao ato de inserir seu nome no cadastro de devedores do SCR.

82
Art. 13. As instituições originadoras das operações de crédito ou que tenham adquirido tais operações de
entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional devem comunicar previamente ao cliente que os
dados de suas respectivas operações serão registrados no SCR.
§ 1º Na comunicação referida no caput devem constar as orientações e os esclarecimentos relacionados no art.
16.
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ocorrer anteriormente à remessa das informações para o
SCR.
§ 3º As instituições referidas no caput devem manter a guarda da comunicação de que trata este artigo, em meio
físico ou eletrônico que permita comprovar a sua autenticidade, por um período de cinco anos, contado da data de
emissão do documento, sem prejuízo de outras disposições que fixem prazo maior para a sua guarda.
83
[...]2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como o
SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do Brasil é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido. Inteligência da Súmula
572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento.
(REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2021,
DJe 08/04/2021)
O dano neste caso é à moral (honra objetiva) da pessoa jurídica 84
demandante, na medida em que seu nome perante os fornecedores, inclusive os de
crédito, ficou taxado como de mal pagador a ponto de lhe impedir de obter crédito no
mercado, como bem prova a inclusa documentação. É indubitável que uma restrição
no SCR macula plenamente a credibilidade da demandante!

Aliás, tem-se que as negativações indevidas fazem nascer um dano moral


presumido para a parte demandante, à luz do que dispõe de modo pacífico o Superior
Tribunal de Justiça, in verbis:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM
CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL CONFIGURADO.
QUANTUM ARBITRADO. VALOR RAZOÁVEL. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO.
1. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento pacífico de que o dano
moral, oriundo de inscrição ou manutenção indevida em cadastro de
inadimplentes, prescinde de prova, configurando-se in re ipsa, visto que é
presumido e decorre da própria ilicitude do fato. [...] (AgInt no AREsp
1501927/GO, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
12/11/2019, DJe 09/12/2019)85 g/n
Mesmo que não se considerasse presumido o dano, neste caso concreto
está patenteado nos autos que a honra objetiva da parte demandante fora violada por
causa da “negativação” objeto desse processo, pois não consta qualquer outra
restrição em seu nome. Demais disso, houve até mesmo uma negativa em concreto
de crédito como bem prova a documentação anexa.

Logo, deve a parte demandada ser condenada a pagar indenização por


danos morais à parte demandante.86

84
súmula 227 STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. DJ 20.10.1999, p. 49
85
Em igual sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. CENTRAL DE RISCO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL.
NATUREZA DE CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL "IN RE IPSA".
PRESUNÇÃO. DESNECESSIDADE DE PROVA. AGRAVO DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1183247/MT,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe
20/08/2012)
86
67560960 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C PEDIDO
DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ANOTAÇÃO NEGATIVA NO SCR. Sentença de procedência com
declaração de inexistência do débito e condenação do réu ao pagamento de R$ 10.000,00 a título de indenização.
Recurso do réu. Tese de que o scr não se equipara a cadastro restritivo. Rejeição. Jurisprudência sedimentada no
sentido oposto. Regularidade da dívida não comprovada. Anotação negativa que configura ato ilícito. Dano moral
configurado. Demonstração de dano concreto consistente na negativa de crédito que frustrou negociação de
caminhão. Dever de indenizar mantido. Quantum de R$ 10.000,00 que se insere nos limites acolhidos por este
Na linha defendida pelo Superior Tribunal de Justiça87, o valor da
indenização deve seguir o critério bifásico de mensuração dos danos morais.

Para a primeira fase, devem-se considerar o valor fixado para os casos


análogos sobre indenização por danos morais em decorrência negativação indevida.

Em situações idênticas à presente, o Superior Tribunal de Justiça tem


fixado e mantido condenações das instâncias de origem que oscilam de R$
10.000,0088 a R$ 20.000,0089.

colegiado em demandas de mesma natureza e se mostra adequado frente às peculiaridades do caso. Pedido de
minoração afastado. Requerimento de incidência de juros de mora apenas a partir da citação. Não acolhimento.
Tese inaugural de inexistência de contratação. Réu que não provou o contrário. Responsabilidade extracontratual.
Aplicação da Súmula nº 54, do STJ. Recurso conhecido e não provido. (TJSC; APL 5000767-94.2021.8.24.0026;
Quarta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Helio David Vieira Figueira dos Santos; Julg. 28/09/2023)
87
84712627 - RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. [...] QUANTUM
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO
BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por
danos morais, atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais
arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano,
trazendo um ponto de equilíbrio pelo qual se consegue alcançar razoável correspondência entre o valor da
indenização e o interesse jurídico lesado, bem como estabelecer montante que melhor corresponda às
peculiaridades do caso. 2. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em
conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo
de casos). 3. Na segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso com base nas suas circunstâncias
(gravidade do fato em si, culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes),
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz. [...] 5. Recurso
Especial provido. (STJ; REsp 1.608.573; Proc. 2016/0046129-2; RJ; Rel. Min. Luis Felipe Salomão; Julg.
13/12/2018; DJE 19/12/2018; Pág. 14838) destacou-se; (vide também REsp 1.152.541/RS e Recurso Especial
1.473.393/SP)
88
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
VALOR INDENIZATÓRIO. FIXAÇÃO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
DA PROPORCIONALIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. 3. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
1. A revisão do valor fixado a título de danos morais só é viável em recurso especial quando o valor fixado for
exorbitante ou ínfimo.
2. Na hipótese, o montante estipulado pelas instâncias ordinárias em R$ 10.000,00 (dez mil reais), com base nas
particularidades fáticas do caso e na extensão do abalo sofrido pela autora, está adequado ao contexto dos autos,
não havendo ofensa aos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade, de modo que a alteração do julgado
demandaria nova incursão acerca dos fatos e provas contidos no processo, o que esbarraria no óbice da Súmula n.
7/STJ, não sendo caso de revaloração jurídica.
3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 2.318.642/AL, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, julgado em 21/8/2023, DJe de 23/8/2023.)
89
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL DO RÉU.
1. O valor da reparação pelos danos morais pela inscrição indevida do nome da parte nos cadastros restritivos do
SISBACEN, atual SCR, fora estipulado considerando o caráter pedagógico e reparatório da medida, sendo
arbitrado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), quantia que se mostra razoável e proporcional gravame causado. 2.
Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp 1876629/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 09/08/2021, DJe 17/08/2021)
Para a segunda fase, como brilhantemente assentou o Min. Paulo de
Tarso Sanseverino90, é de se considerar que: a dimensão do dano deve ser vista
como gravíssima, no sentido de que a parte demandante depende do seu bom nome
e imagem para realizar as compras de produtos e serviços para o funcionamento da
atividade empresarial, sendo que a mácula causada pela negativação até mesmo
impediu a demandante de realizar ______; a culpabilidade é grave, haja vista que a
demandada agiu de má-fé ao não notificar a parte demandante antes do ato de
negativação, bem assim porque não buscou solucionar a questão na esfera
extrajudicial; não houve qualquer culpa da parte autora neste caso, ao revés, este
buscou minimizar os problemas por meio da solução amigável, porém tudo foi em
vão; enfim, a capacidade econômica da parte reclamada é notória91, por se tratar de
instituição financeira, enquanto a do reclamante é _____.

Com isso, é razoável a fixação da indenização no caso presente em no


mínimo R$ 10.000,00 (dez mil reais), com juros de mora de 1% ao mês, desde a
citação, e correção monetária pelo IGPM desde o arbitramento.

IV. 3. Da inversão do ônus da prova:

Como regra geral, o Código de Processo Civil fixa que o ônus probatório do
autor incide sobre os fatos constitutivos de seu direito, enquanto o do réu sobre fatos
impeditivos, modificativos e extintivos (art. 373, inciso I e II, CPC).
No entanto, o caso em testilha merece atenção especial desse Juízo, pois
aqui merece ser aplicada a distribuição dinâmica do ônus probatório nas
situações fixadas no §1º do artigo 3737.

90
Assim, as principais circunstâncias a serem consideradas como elementos objetivos e subjetivos de concreção
são:
a) a gravidade do fato em si e suas conseqüências para a vítima (dimensão do dano);
b) a intensidade do dolo ou o grau de culpa do agente (culpabilidade do agente);
c) a eventual participação culposa do ofendido (culpa concorrente da vítima);
d) a condição econômica do ofensor;
e) as condições pessoais da vítima (posição política, social e econômica).
(Trecho extraído das fls. 12 de voto vencedor no julgamento do REsp 1.152.541; Proc. 2009/0157076-0; RS;
Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; Julg. 13/09/2011; DJE 21/09/2011)
91
JUNTAR NOTÍCIA DO LUCRO ANUAL DA INSTITUIÇÃO, SE POSSÍVEL. Ou pegar o capital social da
empresa na receita federal.
No caso em estudo é imprescindível a inversão para a parte demandada,
pois a produção da produção da prova dos fatos narrados nesta petição se mostra
excessivamente difícil ou até mesmo impossível para a parte autora.
É que a prova da ausência comunicação prévia seria um fato negativo para
a parte autora (prova impossível), na medida em que não tem o controle das
comunicações que são realizadas pela parte demandada.
Frisa-se que a inversão pleiteada não torna diabólica a prova para a parte
requerida (§2º do art. 373, CPC), haja vista que lhe é plenamente possível produzir a
prova do fato supra, notadamente em razão de ela ter o dever legal de comunicar a
guardar a prova disso, consoante a Resolução CMN 5.037/22.
Assim, fica requerida a inversão do ônus da prova para a requerida, com a
imposição deste ônus já na fase de saneamento do feito, por se tratar de uma regra
de procedimento92.

III – DA TUTELA DE URGÊNCIA

Independentemente da natureza da tutela provisória de urgência


(antecipada ou cautelar), estabelece o novo Código de Processo Civil que seus
requisitos gerais são: a) probabilidade do direito; e, b) perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

Em sede de tutela antecipada (satisfativa), ainda há o acréscimo do


requisito negativo, qual seja, ausência de risco de irreversibilidade da medida (§3º,
art. 300, CPC).

Os elementos coligidos na inicial sumariamente demonstram a


verossimilhança dos fatos deduzidos na exordial, na medida em que não houve
comunicação antes de se realizar a “negativação”, tanto que a parte demandada não
a apresentou quando provocada pela parte autora.

92
A inversão do ônus da prova não é regra estática de julgamento, mas norma dinâmica de
procedimento/instrução (EREsp 422.778/SP, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Rel. p/ acórdão Ministra
Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, DJe 21.6.2012). ... (REsp 1806813/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2019, DJe 10/09/2019)
O perigo da demora consiste no fato de que o nome da parte demandante
ficará restrito durante todo o tramitar da ação, o que prejudicará ou até mesmo
impedirá a parte demandante de realizar compras a prazo no mercado de consumo,
sendo que atualmente a empresa demandante precisa de crédito para exercer sua
atividade. E isso não é justo diante da evidente ilegalidade da negativação. 93

Por fim, tem-se como plenamente reversível a medida a ser concedida,


haja vista que a negativação pode ser refeita a qualquer momento.

Destaca-se que no caso da demandante, por ser hipossuficiente, deve ser


dispensada a prestação de caução real ou fidejussória, conforme autoriza o §1º do já
citado artigo 300 do CPC.

Dessa forma, merece ser concedida a tutela de urgência satisfativa


(antecipada) no caso presente, para determinar que a Demandada promova a
imediata exclusão da negativação questionada nesta demanda.

IV – REQUERIMENTOS E PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se sejam deferidos os seguintes requerimentos e


pedidos:

a) seja implantado o JUÍZO 100% DIGITAL neste feito, na


forma da Resolução CNJ nº 345/2020;

b) a concessão da TUTELA DE URGÊNCIA, liminarmente e


sem a oitiva da parte adversa, para:
i. determinar que a demandada promova a exclusão da informação
de prejuízo, no SCR, relativamente ao contrato nº XXX, no valor
R$ XXXX, lançamento no mês XXX/202X;

93
[...] 3. A manutenção eventualmente indevida do nome da agravada no Sistema de Informação de Crédito do
Banco Central do Brasil (SCR) produz-lhe efeitos negativos perante o sistema financeiro como um todo,
porquanto o SISBACEN configura espécie de cadastros de inadimplentes, assim como os órgãos específicos de
restrição ao crédito, tais como SPC, SERASA, CDL e outros. Precedentes do STJ. 4. Embora a instituição
financeira agravante sustente que o envio da notificação ao devedor é encargo do órgão de proteção e não do
credor, o STJ afastou a legitimidade passiva do Banco Central do Brasil, na condição de gestor do SISBACEN,
nas ações indenizatórias por ausência de notificação prévia do consumidor ao cadastro no referido sistema.
Precedente do STJ. 5. A tutela de urgência pretendida mostra-se perfeitamente reversível, uma vez que, caso a
(TJGO; AI 5205249-65.2022.8.09.0000; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Anderson Máximo de Holanda; Julg.
05/05/2022; DJEGO 09/05/2022; Pág. 2504)
ii. determinar que a parte ré se abstenha de promover qualquer tipo
de medida extrajudicial ou judicial coercitiva ou de cobrança dos
valores relativos ao contrato objeto desta ação;
iii. seja fixada multa diária, no valor de R$ 500,00, para a hipótese de
descumprimento total, parcial ou cumprimento moroso, valendo-
se, se for caso, de quaisquer uma das medidas específicas
previstas no art. 297 do CPC, para assegurar a eficácia do
provimento jurisdicional;

c) em razão de a parte autora concordar com a solução


amigável do litígio, a citação e intimação da parte demandada, por meio eletrônico
(art. 246, CPC c/c art. 2º, parágrafo único, Resolução CNJ nº 345/2020), ou, caso a
empresa não conste no banco de dados, por Correios, para comparecer à audiência
de composição, sob pena de aplicação de multa (§8º do art. 334, CPC), bem assim
para apresentar defesa no prazo legal, sob pena de revelia;

d) a inversão do ônus da prova em favor da autora (art. 373,


§1º, CPC), transferindo-se para a requerida o ônus probatório integral sobre os fatos
debatidos nesta demanda.

e) Seja deferida a produção de todos os meios de prova


admitidos (legal ou moralmente), em especial a juntada de documentos, a inspeção
judicial, o depoimento pessoal do demandado, oitiva de testemunhas (rol abaixo) e
provas técnicas etc.

Ao fim, sejam julgados procedentes os pedidos para, tornando


definitiva a tutela provisória, ou concedê-la ao final:
f) Obrigar a demandada promover a exclusão definitiva da
informação de prejuízo, no SCR, relativamente ao contrato nº XXX,
no valor R$ XXXX, lançamento no mês XXX/2021;
g) Condenar a demandada ao pagamento de indenização por danos
morais, no valor de R$ XXXX,XXX, com juros de mora de 1% ao
mês desde a citação e correção monetária pelo IGPM desde o
arbitramento; 94

94
[...]3. Tratando-se de indenização por danos morais decorrente de responsabilidade contratual, os juros de mora
incidem a partir da citação e a correção monetária desde a data do arbitramento do quantum indenizatório.
h) Condenar a parte demandada ao pagamento das despesas
processuais (art. 82, §2º, CPC) e honorários advocatícios (art. 85,
CPC), estes no patamar de 20% do valor da condenação ou da
causa, em favor do advogado do autor;

Dá-se à causa o valor de R$ ____, __ (por extenso), com


fundamento no artigo 292, incisos II, V e VI do CPC.
Pede deferimento.
CIDADE–UF, 25 de outubro de 2023.
xxxxxxxxxxxxxxxxx
Advogad@

DOCUMENTOS QUE INSTRUEM A INICIAL:

ANEXO 01 – documentos constitutivos da empresa;


ANEXO 02 – procuração;
ANEXO 03 – certidão de protesto;
ANEXO 04 – extrato detalhado do SCR;
ANEXO 05 – extrato do SPC e SERASA;
ANEXO 06 – notificação enviada à requerida;
ANEXO 07 – resposta da notificação.

Precedentes. 4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. (STJ; EDcl-AgInt-REsp 1.834.637; Proc.


2019/0256543-4; RS; Rel. Min. Moura Ribeiro; DJE 27/08/2020)
MODELO DE INICIAL (pessoa jurídica – renegociação)

ORIENTAÇÕES SOBRE O MODELO


- hipótese de uso: em favor de Pessoa jurídica com falta de notificação prévia para inscrição da
dívida no campo vencido ou prejuízo do SCR e porque a dívida foi objeto de renegociação com
o banco;
- competência: Como em regra a relação é de Direito Civil, a competência é do domicílio do Réu
(art. 46 CPC). A regra é que a ação poderá ser manejada na justiça comum. No juizado,
permanece o domicílio do réu como critério, mas somente poderão demandar nele as pessoas
jurídicas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas, empresas de
pequeno porte, oscip e sociedade de crédito ao microempreendedor;
- valor da causa: soma do valor da dívida anotada com o valor da indenização pleiteada.
- personalização: personalize a petição conforme seu padrão de escrita e não se esqueça de alterar
os fatos de acordo como caso concreto;
- jurisprudência: busque sempre criar modelos com citação de julgados do tribunal onde tramitará
a ação.

Ao Juízo da ____ª Vara Xxxxxxx da Comarca de XXXXXXX – MS:

JUÍZO 100% DIGITAL

EMPRESA DE TAL, pessoal jurídica de direito privado, CNPJ n. XXXXXX,


com sede na Rua ____, Cidade, UF, Cep, e-mail xxxx@gmail.com, por seu sócio
administrador NOME COMPLETO, estado civil (solteiro, casado, viúvo, divorciado,
separado judicialmente, convivente), profissão, CPF/MF nº XXX.XXX.XXX.-XX, RG
nº XXXXX SSP/UF, com domicílio e residência na Rua XX, nº XXX, bairro XXX,
Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@gmail.com, representada pelo seu Advogado95,
que receberá as intimações no seu escritório situado na Rua XX, nº XXX, bairro XXX,

95
Conforme procuração anexa.
Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@adv.com, vem perante esse Juízo propor, pelo
procedimento comum (art. 318 e seguintes do CPC/2015),

AÇÃO DE CONHECIMENTO
com pedido de obrigação de fazer e reparação de danos

em desfavor de NOME DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, pessoa jurídica


de direito privado, inscrita no CNPJ nº XX.XXX.XXX/XXXX-XX, com sede na Rua XX,
nº XXX, bairro XXX, Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@gmail.com, pelos fatos e
fundamentos seguintes.

I – FUNDAMENTOS FÁTICOS

A parte demandante firmou com a parte demandada, em xx de xxde ___,


contrato de crédito para capital de giro para pagamento mediante débito em conta
(contrato nº XXXXX – vide cópia anexa).

O valor mutuado foi de R$ XXXX, tendo a parte demandante que pagar XX


prestações mensais de R$ XXXX,XX, com início em ___/___/___ e previsão de
término em ___/___/___.

Por conta de sua dificuldade financeira, a parte demandante deixou de


pagar as prestações vencidas a partir de ___/___/___. Com isso, seu nome foi
incluído no SPC, SERASA. Especificamente no SCR, a parte demandada anotou que
a dívida estava vencida no valor de R$ XXX, no __/____ (cf. extratos anexos).

Em ___/___/___, houve um feirão de negociações promovido pela parte


demandada, ocasião em que a parte demandante aderiu à proposta de repactuação
do seu débito, vindo a formalizar o contrato de renegociação nº XXXXXX, diante do
bom desconto que lhe fora concedido.

O valor da renegociação foi de R$ xxxx,xxx (por extenso), para pagamento


parcelado em XX prestações mensais de R$ XXXX,XXX (por extenso), com início em
___/___/___ e término em ___/___/___.
A parte demandante vem adimplindo pontualmente sua obrigação fixada
na renegociação de dívida, porém a parte demandada não adimpliu a sua obrigação
de promover a exclusão de todas as negativações existentes em nome da
demandante. Apenas houve a exclusão do banco de dados do SPC e SERASA (v.
extratos anexos), todavia permanece o nome da parte demandante no SCR –
Sistema de Informações de Crédito do Banco Central do Brasil.

O relatório de informações do SCR demonstra que, após a formalização


da renegociação, a dívida anterior renegociada foi excluída da base de dados do
sistema em ___ de 202x. Contudo a parte demandada inscreveu o desconto
concedido no contrato de renegociação na coluna de prejuízo a partir do mês de ___
de 202x. Veja-se:

COLAR O EXTRATO SCR DO MÊS DA INCLUSÃO EM PREJUÍZO

Essa anotação é completamente indevida, porque constitui verdadeira


“negativação” do nome da parte demandante perante o mercado quando não possui
qualquer débito vencido e não pago perante a demanda, conforme o contrato de
renegociação acima mencionado.

Não bastasse isso, a parte demandada não informou a demandante


quando da formalização da renegociação que isso ocorreria, como também não
houve notificação da parte demandante previamente à essa anotação de prejuízo no
SCR.

Em decorrência disso a parte demandante não conseguiu crédito para


realizar sua atividade empresarial, como bem provam os documentos anexos.

Como é indevida essa anotação, tentou-se junto à parte demandada a


exclusão da negativação e a reparação do prejuízo extrapatrimonial decorrente desse
ato ilícito, porém não houve possibilidade de solução extrajudicial pela intransigência
da demandada (v. comprovante anexo).

Sendo assim, deve ser reputada ilícita a anotação de prejuízo aqui


questionada, com a consequente determinação para que esse apontamento seja
excluído do SCR. Ainda, deve ser reconhecido o dever de a parte demandada reparar
o prejuízo moral sofrido pela parte demandante, haja vista a negativação indevida de
seu nome.

II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS

II.1. Do caráter restritivo de crédito do SCR e a inclusão indevida de


informação como prejuízo

O Sistema de Informações de Créditos – SCR, instituído pela Resolução


CMN nº 3.658/08 e atualmente regulamentado pela Resolução CMN nº 5.037/22, tem
como uma de suas finalidades “propiciar o intercâmbio de informações entre
instituições financeiras, conforme definido no art. 1º da Lei Complementar nº 105,
de 10 de janeiro de 2001, sobre o montante de responsabilidades de clientes em
operações de crédito.” (art. 2º, II)

Esse intercâmbio de informações entre instituições financeiras pode


ocorrer durante o prazo de vinte e quatro meses96. Tempo durante o qual o nome da
parte demandante ficará disponível para a consulta de todas as instituições
financeiras, de modo a restringir completamente o acesso do consumidor ao crédito,
em especial quando os valores das operações de crédito são lançados como vencido
ou prejuízo.

Ora, se as informações do SCR servem de elementos para a análise de


risco e viabilidade de concessão de crédito, é evidente que esse sistema é um
verdadeiro banco de dados na forma da lei do cadastro positivo (art. 2º, I, da Lei
12.414/2011).

96
Essa é a posição do Banco Central do Brasil, senão veja-se:
[...]2 – no caso das operações em atraso, até quando elas aparecem no SCR?
Quando uma operação completa 60 meses em atraso, o banco realiza um registro no sistema de forma que ela
deixa de aparecer para todos os meses sob consulta.
Porém, ela continua aparecendo nos sistemas internos do banco onde consta a dívida.
Já as outras instituições, que não são credoras dessa operação, somente podem consultar as informações
consolidadas dos últimos 24 meses. (Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_scr. Acesso 14/05/22(
Desde o ano de 201097, o Superior Tribunal de Justiça tem o pacífico
entendimento de que “as informações fornecidas pelas instituições financeiras
ao Sisbacen afiguram-se como restritivas de crédito, visto que esse sistema de
informação avalia a capacidade de pagamento do consumidor de serviços
bancários.”98 (g/n)

Inclusive, o próprio Conselho Monetário também reconhece que as


anotações no SCR integram um banco de dados de restrição ao crédito. Veja o
seguinte trecho do VOTO 76/2022–CMN, DE 29 DE SETEMBRO DE 2022 que
ensejou a edição da Resolução CMN n° 5.037 de 29/9/2022.

“[...]cabe comentar que a função birô de crédito do SCR vem evoluindo desde a sua
criação. Dentro desse processo de aprimoramento do intercâmbio de informações entre
instituições financeiras e atendendo à demanda do próprio sistema financeiro, a
exclusão do termo “consolidadas” torna possível disponibilizar informações mais
detalhadas e granulares, o que permite aprimorar a análise de risco pelo sistema
financeiro e, consequentemente, trazer maior segurança para o processo de concessão
de crédito.”99

Desse modo, se o SCR serve como banco de dados de restrição ao crédito,


as instituições financeiras devem observar a Lei nº 12.414/2011 e a Resolução CMN
5.037/22.

A parte demandada não agiu de acordo com a boa-fé e nem com a


probidade exigidas pelo Código Civil (art. 422 c/c art. 113, III, CC) quando da
formalização da renegociação da dívida com a parte demandante, pois não informou
que o desconto concedido seria lançado como prejuízo no SCR e que isso constituiria
uma verdadeira negativação de seu nome perante as demais instituições financeiras.

Não bastasse isso, deixou a parte demandada de previamente notificar


a parte demandante sobre a inserção da operação como um prejuízo no SCR, o que

97
REsp 1099527/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe
24/09/2010
98
No mesmo sentido: REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014;
99
Disponível em: https://normativos.bcb.gov.br/Votos/CMN/202276/Voto_do_CMN_76_2022.pdf. Acesso em
27/04/2023.
viola de uma só vez a boa-fé objetiva e seus deveres anexos, bem assim a Resolução
CMN nº 5.037/22100.

Frisa-se que aqui, diferentemente do enunciado sumular 359 do STJ, o


dever de realizar a notificação prévia é da própria instituição financeira, por força da
retromencionada resolução CMN, como bem recentemente decidiu o Superior
Tribunal de Justiça, por sua Primeira Turma.101

Por fim, é de se compreender que a renegociação da dívida firmada entre


as partes litigantes jamais poderia ter sido lançada no sistema do SCR como um
prejuízo, porque aquela constituiu verdadeira novação de dívida à luz do que
disciplinam os arts. 360, I, 361 e 364 do CC.

Consequentemente, a dívida anterior deveria ter sido reputada extinta pela


parte demandada, com a sua total exclusão do SCR, e não ter sido lançada como
prejuízo. Afinal, se a dívida anterior foi extinta pela constituição de uma nova, o
desconto concedido não pode ser classificado com um débito não pago e que se
transformou em prejuízo pelo seu não pagamento.

Em caso análogo assim vem decidindo os Tribunais:

50538545 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE ATO ILÍCITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 1. INSCRIÇÃO DO NOME DO CONSUMIDOR
NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL
(SCR). NATUREZA RESTRITIVA DE CRÉDITO. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DÍVIDA PAGA.
NECESSIDADE DE CANCELAMENTO. Devidamente comprovado o pagamento da
dívida, por renegociação, há que se reconhecer a inexistência da dívida, bem como
a indevida inscrição no Sistema de Informações de Créditos (SCR) efetuada em
desfavor do consumidor e a necessidade de cancelamento desta. 2. DANOS MORAIS IN
RE IPSA. Cabível a condenação, por danos morais in re ipsa, da instituição financeira que

100
Art. 13. As instituições originadoras das operações de crédito ou que tenham adquirido tais operações de
entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional devem comunicar previamente ao cliente que os
dados de suas respectivas operações serão registrados no SCR.
§ 1º Na comunicação referida no caput devem constar as orientações e os esclarecimentos relacionados no art.
16.
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ocorrer anteriormente à remessa das informações para o
SCR.
§ 3º As instituições referidas no caput devem manter a guarda da comunicação de que trata este artigo, em meio
físico ou eletrônico que permita comprovar a sua autenticidade, por um período de cinco anos, contado da data de
emissão do documento, sem prejuízo de outras disposições que fixem prazo maior para a sua guarda.
101
[...]2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como o
SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do Brasil é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido. Inteligência da Súmula
572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento.
(REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2021,
DJe 08/04/2021)
promove a inclusão indevida do nome de consumidor nesse sistema de informação
(SCR). Precedentes do STJ e do TJGO. O montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)
atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, mostrando-se adequada à
reparação do dano. 3. DO ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA[...] Sentença reformada. (TJGO;
AC 5447831-97.2021.8.09.0011; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Itamar de Lima; Julg.
02/02/2023; DJEGO 08/02/2023; Pág. 2774)102

Diante disso, deverá a demandada ser compelida a excluir a anotação


da negativação no SCR, na forma do art. 15, parágrafo único, II e IV, Resolução
CMN nº 5.037/22, porque o ato foi praticado ao arrepio de todo o sistema normativo.
103

II. 2. Do dever de reparar os danos extrapatrimoniais:

O Código Civil de 2002 fixou nos seus artigos 186 e 927 que a
responsabilidade civil é verificada, como regra, quando presentes os seguintes
pressupostos: a) conduta ilícita culposa; b) resultado danoso; c) nexo de causalidade.
O ilícito culposo aqui consiste na violação do dever expresso de
notificação do art. 13 da Resolução CMN n. 5.037/22, do princípio da boa-fé e de
seus corolários, na medida em que a parte demandante não recebeu qualquer tipo de
notificação prévia ao ato de inserir seu nome no cadastro de devedores do SCR.

Some-se a isso o fato que de a anotação de prejuízo de uma dívida que


não está mora por força de acordo celebrado entre as partes jamais poderia ser objeto
de uma conduta desabonadora da imagem e honra da demandante.

Em caso análogo assim vem decidindo os Tribunais:


50538545 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE ATO ILÍCITO C/C
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 1. INSCRIÇÃO DO NOME DO CONSUMIDOR
NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL
(SCR). NATUREZA RESTRITIVA DE CRÉDITO. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DÍVIDA PAGA.
NECESSIDADE DE CANCELAMENTO. Devidamente comprovado o pagamento da
dívida, por renegociação, há que se reconhecer a inexistência da dívida, bem como
a indevida inscrição no Sistema de Informações de Créditos (SCR) efetuada em
desfavor do consumidor e a necessidade de cancelamento desta. 2. DANOS MORAIS IN

102
Em igual sentido: TJMS; AC 0827552-30.2019.8.12.0001; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Alexandre Bastos;
DJMS 01/07/2021; Pág. 99; TJSP; AC 1007624-55.2020.8.26.0011; Ac. 14621127; São Paulo; Décima Sétima
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Irineu Fava; Julg. 14/04/2021; DJESP 17/05/2021; Pág. 2147
103
Sábias as palavras do professo e Desembargador BESSA: “No mercado, a atuação dos bancos de dados de
proteção ao crédito são potencialmente ofensivas à honra... Tanto a informação positiva como a negativa
contribuem para a definição do perfil do consumidor, [...]ensejando juízos de valor negativos e,
consequentemente, discriminação injusta, denegação ou alteração das condições de concessão de crédito. ”
(BESSA, Leonardo Rosco. Nova Lei de Cadastro Positivo. São Paulo: RT, 2019, p. 51)
RE IPSA. Cabível a condenação, por danos morais in re ipsa, da instituição financeira que
promove a inclusão indevida do nome de consumidor nesse sistema de informação
(SCR). Precedentes do STJ e do TJGO. O montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)
atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, mostrando-se adequada à
reparação do dano. 3. DO ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA[...] Sentença reformada. (TJGO;
AC 5447831-97.2021.8.09.0011; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Itamar de Lima; Julg.
02/02/2023; DJEGO 08/02/2023; Pág. 2774)104

O dano neste caso é à moral (honra objetiva) da pessoa jurídica 105


demandante, na medida em que seu nome perante os fornecedores, inclusive os de
crédito, ficou taxado como de mal pagador a ponto de lhe impedir de obter crédito no
mercado, como bem prova a inclusa documentação. É indubitável que uma restrição
no SCR macula plenamente a credibilidade da demandante!

Aliás, tem-se que as negativações indevidas fazem nascer um dano moral


presumido para a parte demandante, à luz do que dispõe de modo pacífico o Superior
Tribunal de Justiça, in verbis:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM
CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL CONFIGURADO.
QUANTUM ARBITRADO. VALOR RAZOÁVEL. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO.
1. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento pacífico de que o dano
moral, oriundo de inscrição ou manutenção indevida em cadastro de
inadimplentes, prescinde de prova, configurando-se in re ipsa, visto que é
presumido e decorre da própria ilicitude do fato. [...] (AgInt no AREsp
1501927/GO, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
12/11/2019, DJe 09/12/2019)106 g/n
Mesmo que não se considerasse presumido o dano, neste caso concreto
está patenteado nos autos que a honra objetiva da parte demandante fora violada por
causa da “negativação” objeto desse processo, pois não consta qualquer outra

104
Em igual sentido: TJMS; AC 0827552-30.2019.8.12.0001; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Alexandre Bastos;
DJMS 01/07/2021; Pág. 99; TJSP; AC 1007624-55.2020.8.26.0011; Ac. 14621127; São Paulo; Décima Sétima
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Irineu Fava; Julg. 14/04/2021; DJESP 17/05/2021; Pág. 2147
105
súmula 227 STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. DJ 20.10.1999, p. 49
106
Em igual sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. CENTRAL DE RISCO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL.
NATUREZA DE CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL "IN RE IPSA".
PRESUNÇÃO. DESNECESSIDADE DE PROVA. AGRAVO DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1183247/MT,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe
20/08/2012)
restrição em seu nome. Demais disso, houve até mesmo uma negativa em concreto
de crédito como bem prova a documentação anexa.

Logo, deve a parte demandada ser condenada a pagar indenização por


danos morais à parte demandante.107

Na linha defendida pelo Superior Tribunal de Justiça108, o valor da


indenização deve seguir o critério bifásico de mensuração dos danos morais.

Para a primeira fase, devem-se considerar o valor fixado para os casos


análogos sobre indenização por danos morais em decorrência negativação indevida.

107
67560960 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ANOTAÇÃO NEGATIVA NO SCR. Sentença de
procedência com declaração de inexistência do débito e condenação do réu ao pagamento de R$ 10.000,00 a título
de indenização. Recurso do réu. Tese de que o scr não se equipara a cadastro restritivo. Rejeição. Jurisprudência
sedimentada no sentido oposto. Regularidade da dívida não comprovada. Anotação negativa que configura ato
ilícito. Dano moral configurado. Demonstração de dano concreto consistente na negativa de crédito que frustrou
negociação de caminhão. Dever de indenizar mantido. Quantum de R$ 10.000,00 que se insere nos limites
acolhidos por este colegiado em demandas de mesma natureza e se mostra adequado frente às peculiaridades do
caso. Pedido de minoração afastado. Requerimento de incidência de juros de mora apenas a partir da citação. Não
acolhimento. Tese inaugural de inexistência de contratação. Réu que não provou o contrário. Responsabilidade
extracontratual. Aplicação da Súmula nº 54, do STJ. Recurso conhecido e não provido. (TJSC; APL 5000767-
94.2021.8.24.0026; Quarta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Helio David Vieira Figueira dos Santos; Julg.
28/09/2023)
108
84712627 - RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. [...] QUANTUM
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO
BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por
danos morais, atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais
arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano,
trazendo um ponto de equilíbrio pelo qual se consegue alcançar razoável correspondência entre o valor da
indenização e o interesse jurídico lesado, bem como estabelecer montante que melhor corresponda às
peculiaridades do caso. 2. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em
conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo
de casos). 3. Na segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso com base nas suas circunstâncias
(gravidade do fato em si, culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes),
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz. [...] 5. Recurso
Especial provido. (STJ; REsp 1.608.573; Proc. 2016/0046129-2; RJ; Rel. Min. Luis Felipe Salomão; Julg.
13/12/2018; DJE 19/12/2018; Pág. 14838) destacou-se; (vide também REsp 1.152.541/RS e Recurso Especial
1.473.393/SP)
Em situações idênticas à presente, o Superior Tribunal de Justiça tem
fixado e mantido condenações das instâncias de origem que oscilam de R$
10.000,00109 a R$ 20.000,00110.

Para a segunda fase, como brilhantemente assentou o Min. Paulo de


Tarso Sanseverino111, é de se considerar que: a dimensão do dano deve ser vista
como gravíssima, no sentido de que a parte demandante depende do seu bom nome
e imagem para realizar as compras de produtos e serviços para o funcionamento da
atividade empresarial, sendo que a mácula causada pela negativação até mesmo
impediu a demandante de realizar ______; a culpabilidade é grave, haja vista que a
demandada agiu de má-fé ao não notificar a parte demandante antes do ato de
negativação, bem assim porque não buscou solucionar a questão na esfera
extrajudicial; não houve qualquer culpa da parte autora neste caso, ao revés, este
buscou minimizar os problemas por meio da solução amigável, porém tudo foi em
vão; enfim, a capacidade econômica da parte reclamada é notória112, por se tratar
de instituição financeira, enquanto a do reclamante é _____.

109
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
VALOR INDENIZATÓRIO. FIXAÇÃO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
DA PROPORCIONALIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. 3. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
1. A revisão do valor fixado a título de danos morais só é viável em recurso especial quando o valor fixado for
exorbitante ou ínfimo.
2. Na hipótese, o montante estipulado pelas instâncias ordinárias em R$ 10.000,00 (dez mil reais), com base nas
particularidades fáticas do caso e na extensão do abalo sofrido pela autora, está adequado ao contexto dos autos,
não havendo ofensa aos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade, de modo que a alteração do julgado
demandaria nova incursão acerca dos fatos e provas contidos no processo, o que esbarraria no óbice da Súmula n.
7/STJ, não sendo caso de revaloração jurídica.
3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 2.318.642/AL, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, julgado em 21/8/2023, DJe de 23/8/2023.)
110
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL DO RÉU.
1. O valor da reparação pelos danos morais pela inscrição indevida do nome da parte nos cadastros restritivos do
SISBACEN, atual SCR, fora estipulado considerando o caráter pedagógico e reparatório da medida, sendo
arbitrado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), quantia que se mostra razoável e proporcional gravame causado. 2.
Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp 1876629/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 09/08/2021, DJe 17/08/2021)
111
Assim, as principais circunstâncias a serem consideradas como elementos objetivos e subjetivos de concreção
são:
a) a gravidade do fato em si e suas conseqüências para a vítima (dimensão do dano);
b) a intensidade do dolo ou o grau de culpa do agente (culpabilidade do agente);
c) a eventual participação culposa do ofendido (culpa concorrente da vítima);
d) a condição econômica do ofensor;
e) as condições pessoais da vítima (posição política, social e econômica).
(Trecho extraído das fls. 12 de voto vencedor no julgamento do REsp 1.152.541; Proc. 2009/0157076-0; RS;
Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; Julg. 13/09/2011; DJE 21/09/2011)
112
JUNTAR NOTÍCIA DO LUCRO ANUAL DA INSTITUIÇÃO, SE POSSÍVEL. Ou pegar o capital social da
empresa na receita federal.
Com isso, é razoável a fixação da indenização no caso presente em no
mínimo R$ 10.000,00 (dez mil reais), com juros de mora de 1% ao mês, desde a
citação, e correção monetária pelo IGPM desde o arbitramento.

IV. 3. Da inversão do ônus da prova:

Como regra geral, o Código de Processo Civil fixa que o ônus probatório do
autor incide sobre os fatos constitutivos de seu direito, enquanto o do réu sobre fatos
impeditivos, modificativos e extintivos (art. 373, inciso I e II, CPC).
No entanto, o caso em testilha merece atenção especial desse Juízo, pois
aqui merece ser aplicada a distribuição dinâmica do ônus probatório nas
situações fixadas no §1º do artigo 3737.
No caso em estudo é imprescindível a inversão para a parte demandada,
pois a produção da produção da prova dos fatos narrados nesta petição se mostra
excessivamente difícil ou até mesmo impossível para a parte autora.
É que a prova da ausência comunicação prévia seria um fato negativo para
a parte autora (prova impossível), na medida em que não tem o controle das
comunicações que são realizadas pela parte demandada.
Frisa-se que a inversão pleiteada não torna diabólica a prova para a parte
requerida (§2º do art. 373, CPC), haja vista que lhe é plenamente possível produzir a
prova do fato supra, notadamente em razão de ela ter o dever legal de comunicar a
guardar a prova disso, consoante a Resolução CMN 5.037/22.
Assim, fica requerida a inversão do ônus da prova para a requerida, com a
imposição deste ônus já na fase de saneamento do feito, por se tratar de uma regra
de procedimento113.

III – DA TUTELA DE URGÊNCIA

Independentemente da natureza da tutela provisória de urgência


(antecipada ou cautelar), estabelece o novo Código de Processo Civil que seus

113
A inversão do ônus da prova não é regra estática de julgamento, mas norma dinâmica de
procedimento/instrução (EREsp 422.778/SP, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Rel. p/ acórdão Ministra
Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, DJe 21.6.2012). ... (REsp 1806813/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2019, DJe 10/09/2019)
requisitos gerais são: a) probabilidade do direito; e, b) perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

Em sede de tutela antecipada (satisfativa), ainda há o acréscimo do


requisito negativo, qual seja, ausência de risco de irreversibilidade da medida (§3º,
art. 300, CPC).

Os elementos coligidos na inicial sumariamente demonstram a


verossimilhança dos fatos deduzidos na exordial, na medida em que não houve
comunicação antes de se realizar a “negativação”, tanto que a parte demandada não
a apresentou quando provocada pela parte autora.

O perigo da demora consiste no fato de que o nome da parte demandante


ficará restrito durante todo o tramitar da ação, o que prejudicará ou até mesmo
impedirá a parte demandante de realizar compras a prazo no mercado de consumo,
sendo que atualmente a empresa demandante precisa de crédito para exercer sua
atividade. E isso não é justo diante da evidente ilegalidade da negativação. 114

Por fim, tem-se como plenamente reversível a medida a ser concedida,


haja vista que a negativação pode ser refeita a qualquer momento.

Destaca-se que no caso da demandante, por ser hipossuficiente, deve ser


dispensada a prestação de caução real ou fidejussória, conforme autoriza o §1º do já
citado artigo 300 do CPC.

Dessa forma, merece ser concedida a tutela de urgência satisfativa


(antecipada) no caso presente, para determinar que a Demandada promova a
imediata exclusão da negativação questionada nesta demanda.

IV – REQUERIMENTOS E PEDIDOS

114
[...] 3. A manutenção eventualmente indevida do nome da agravada no Sistema de Informação de Crédito do
Banco Central do Brasil (SCR) produz-lhe efeitos negativos perante o sistema financeiro como um todo,
porquanto o SISBACEN configura espécie de cadastros de inadimplentes, assim como os órgãos específicos de
restrição ao crédito, tais como SPC, SERASA, CDL e outros. Precedentes do STJ. 4. Embora a instituição
financeira agravante sustente que o envio da notificação ao devedor é encargo do órgão de proteção e não do
credor, o STJ afastou a legitimidade passiva do Banco Central do Brasil, na condição de gestor do SISBACEN,
nas ações indenizatórias por ausência de notificação prévia do consumidor ao cadastro no referido sistema.
Precedente do STJ. 5. A tutela de urgência pretendida mostra-se perfeitamente reversível, uma vez que, caso a
(TJGO; AI 5205249-65.2022.8.09.0000; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Anderson Máximo de Holanda; Julg.
05/05/2022; DJEGO 09/05/2022; Pág. 2504)
Ante o exposto, requer-se sejam deferidos os seguintes requerimentos e
pedidos:
a) seja implantado o JUÍZO 100% DIGITAL neste feito, na forma
da Resolução CNJ nº 345/2020;

b) a concessão da TUTELA DE URGÊNCIA, liminarmente e


sem a oitiva da parte adversa, para:
i. determinar que a demandada promova a exclusão da informação
de prejuízo, no SCR, relativamente ao contrato nº XXX, no valor
R$ XXXX, lançamento no mês XXX/202X;
ii. determinar que a parte ré se abstenha de promover qualquer tipo
de medida extrajudicial ou judicial coercitiva ou de cobrança dos
valores relativos ao contrato objeto desta ação;
iii. seja fixada multa diária, no valor de R$ 500,00, para a hipótese de
descumprimento total, parcial ou cumprimento moroso, valendo-
se, se for caso, de quaisquer uma das medidas específicas
previstas no art. 297 do CPC, para assegurar a eficácia do
provimento jurisdicional;

c) em razão de a parte autora concordar com a solução


amigável do litígio, a citação e intimação da parte demandada, por meio eletrônico
(art. 246, CPC c/c art. 2º, parágrafo único, Resolução CNJ nº 345/2020), ou, caso a
empresa não conste no banco de dados, por Correios, para comparecer à audiência
de composição, sob pena de aplicação de multa (§8º do art. 334, CPC), bem assim
para apresentar defesa no prazo legal, sob pena de revelia;

d) a inversão do ônus da prova em favor da autora (art. 373,


§1º, CPC), transferindo-se para a requerida o ônus probatório integral sobre os fatos
debatidos nesta demanda.

e) Seja deferida a produção de todos os meios de prova


admitidos (legal ou moralmente), em especial a juntada de documentos, a inspeção
judicial, o depoimento pessoal do demandado, oitiva de testemunhas (rol abaixo) e
provas técnicas etc.

Ao fim, sejam julgados procedentes os pedidos para, tornando


definitiva a tutela provisória, ou concedê-la ao final:
f) Obrigar a demandada promover a exclusão definitiva da
informação de prejuízo, no SCR, relativamente ao contrato nº XXX,
no valor R$ XXXX, lançamento no mês XXX/2021;
g) Condenar a demandada ao pagamento de indenização por danos
morais, no valor de R$ XXXX,XXX, com juros de mora de 1% ao
mês desde a citação e correção monetária pelo IGPM desde o
arbitramento; 115
h) Condenar a parte demandada ao pagamento das despesas
processuais (art. 82, §2º, CPC) e honorários advocatícios (art. 85,
CPC), estes no patamar de 20% do valor da condenação ou da
causa, em favor do advogado do autor;

Dá-se à causa o valor de R$ ____, __ (por extenso), com


fundamento no artigo 292, incisos II, V e VI do CPC.
Pede deferimento.
CIDADE–UF, 25 de outubro de 2023.
xxxxxxxxxxxxxxxxx
Advogad@

DOCUMENTOS QUE INSTRUEM A INICIAL:

ANEXO 01 – documentos constitutivos da empresa;


ANEXO 02 – procuração;
ANEXO 03 – certidão de protesto;
ANEXO 04 – extrato detalhado do SCR;
ANEXO 05 – extrato do SPC e SERASA;
ANEXO 06 – notificação enviada à requerida;
ANEXO 07 – resposta da notificação;
ANEXO 08 – contrato objeto da negativação;
ANEXO 09 – acordo ou termo de renegociação;
ANEXO 10 – prova da tentativa de obtenção de crédito

115
[...]3. Tratando-se de indenização por danos morais decorrente de responsabilidade contratual, os juros de
mora incidem a partir da citação e a correção monetária desde a data do arbitramento do quantum indenizatório.
Precedentes. 4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. (STJ; EDcl-AgInt-REsp 1.834.637; Proc.
2019/0256543-4; RS; Rel. Min. Moura Ribeiro; DJE 27/08/2020)
8. APÊNDICE 03: JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS
99366836 - APELAÇÃO CÍVEL. Ação de obrigação de fazer c/c indenização por danos morais c/c
tutela antecipada. Recurso de ambas as partes. Não comprovação pelo banco que notificou a
consumidora de suposto débito e da sua origem. Inclusão indevida no sistema de informações de
crédito do Banco Central. Sisbacen/scr. Central de risco do Banco Central do Brasil. Sisbacen. É órgão
de restrição ao crédito, que possibilita o acesso de instituições financeiras a todas as informações dos
cadastrados, desempenhando papel análogo aos dos bancos de dados da SERASA e do SPC. Ato
evidentemente lesivo. Parte ré que não se desincumbiu do seu ônus probatório. Aplicação do Código
de Defesa do Consumidor. Falha na prestação do serviço. Responsabilidade objetiva. Inteligência do
artigo 14 do CDC. Dano moral in re ipsa. Dano moral configurado. Majoração dos danos morais em R$
4.000,00 (quatro mil reais) em razão de tratar-se de negativação indevida. Sentença reformada para
majorar a condenação por danos morais. Recurso da requerente conhecido e parcialmente provido.
Recurso da requerida conhecido e desprovido. (TJSE; AC 202300839364; Ac. 37651/2023; Segunda
Câmara Cível; Rel. Des. Não Identificado; DJSE 02/10/2023)

5400048682 - APELAÇÃO. AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. INSCRIÇÃO NO SISTEMA DE


INFORMAÇÃO DE CRÉDITO (SCR). AUSÊNCIA DE DÉBITO. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO
MORAL CONFIGURADO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. TERMO INICIAL. JUROS DE MORA. DATA
DA CITAÇÃO. Conforme entendimento adotado por este Tribunal, o Sistema de Informação de Crédito
do Banco Central. SCR constitui cadastro público e restritivo de crédito, assim, sendo o lançamento
indevido em seus registros, considerado ato ilícito. A inscrição indevida do nome da parte autora nos
cadastros de inadimplentes gera o direito à indenização independentemente da comprovação do dano
moral, que, na hipótese, é in re ipsa. Ao arbitrar o valor da indenização por dano moral, o juiz deve
levar em consideração os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, além do caráter
pedagógico da condenação, no sentido de inibir eventuais e futuros atos danosos. A condenação não
deve ser aquém, de forma que não sirva de repreensão para quem tem o dever de pagá-la, nem além,
que possa proporcionar o enriquecimento sem causa de quem recebe a indenização, sob pena de
desvirtuar o instituto do dano moral. Em se tratando de relação contratual, a mora, em regra, é ex
persona, exigindo-se a prévia constituição do devedor em mora, passando a fluir os juros moratórios
desde a citação, conforme previsão do art. 405 do CC. (TJMG; APCV 5001043-09.2023.8.13.0335;
Décima Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Marco Aurélio Ferrara Marcolino; Julg. 28/09/2023; DJEMG
29/09/2023)

99366666 - APELAÇÃO CÍVEL. Ação de indenização por danos morais. Apontamento do nome da
autora no sistema de informação de crédito do Banco Central. Scr. Possibilidade. Existência de débitos
da requerente com o banco, ora apelado. Alegada ausência de notificação prévia. Inexigibilidade.
Responsabilidade do mantenedor do cadastro. Manutenção da decisão recorrida. Apelo improvido.
Decisão unânime. (TJSE; AC 202300834258; Ac. 38624/2023; Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Não
Identificado; DJSE 29/09/2023)
52562606 - BANCO. NOME DA CONSUMIDORA INSERIDO NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO. AUSÊNCIA DE PROVA DA ORIGEM DA OBRIGAÇÃO. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA.
FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MORAL
CONFIGURADO. INDENIZAÇÃO FIXADA NOS PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1. O artigo 14 do Código de Defesa do
Consumidor atribui ao fornecedor de serviços a responsabilidade objetiva quanto aos danos causados
ao consumidor, em decorrência de falha na prestação do serviço, fundada na teoria do risco da
atividade, não se exigindo dolo ou culpa para emergir o dever de indenizar. 2. Se a consumidora nega
a responsabilidade pela obrigação ora questionada, no valor de R$ 1.129,12, disponibilizada em
16/07/2022, cabia à instituição financeira Reclamada comprovar a sua origem, ônus que se não se
desincumbiu a teor do disposto no art. 373, II, do Código de Processo Civil. 3. A inclusão do nome da
consumidora nos órgãos de proteção ao crédito, por obrigação considerada indevida, configura falha
na prestação do serviço e gera a obrigação de indenizar por dano moral, na modalidade in re ipsa, que
prescinde da comprovação efetiva do dano, bastando à prova do fato. 4. A sentença que apresentou
a seguinte parte dispositiva: "Ante o exposto, nos moldes do art. 487, I, do CPC c/c art. 6º da Lei nº
9.099/95, OPINO pela PARCIAL PROCEDÊNCIA dos pedidos iniciais a fim de DECLARAR inexigível
o débito no valor de R$ 1.129,12 (mil cento e vinte e nove reais e doze centavos); DETERMINAR a
exclusão do nome do reclamante dos órgãos de proteção ao crédito (SPC, SERASA, SCR e
congêneres); e CONDENAR a reclamada a pagar ao reclamante, o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais), a título de indenização por danos morais, corrigido monetariamente pelo INPC a partir desta
data, e acrescido de juros de mora de 1% ao mês a partir do evento danoso (data da disponibilização).",
não merece reparos e deve ser mantida por seus próprios fundamentos. A Súmula do julgamento serve
de acórdão, nos termos do art. 46 da Lei nº 9.099/95.5. Recurso improvido. A Recorrente arcará com
as custas e honorários advocatícios arbitradas em 15% (quinze por cento) sobre o valor da
condenação. Valmir Alaércio dos SantosJuiz de Direito - Relator (JECMT; RInom 1065152-
26.2022.8.11.0001; Terceira Turma Recursal; Rel. Juiz Valmir Alaércio dos Santos; Julg 25/09/2023;
DJMT 29/09/2023)

52563075 - RECURSO INOMINADO CÍVEL. CONSUMIDOR. BANCÁRIO. NEGATIVAÇÃO EM


SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL (SCR). NATUREZA DE
CADASTRO RESTRITIVO. AUSÊNCIA DE INADIPLEMENTO. DADOS INSERIDOS DE FORMA
INDEVIDA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. DANO
MORAL CONFIGURADO IN RE IPSA. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. 1 - As informações fornecidas pelas instituições financeiras acerca de
operações com seus clientes ao SISBACEN equivalem a registro nos órgãos restritivos de crédito.
Especialmente quando culminarem em negativa de crédito ao consumidor por outra instituição
financeira, uma vez que um dos propósitos deste sistema de informação é justamente avaliar a
capacidade de pagamento do consumidor dos serviços bancários. 2 - "O sistema de informações de
crédito do Banco Central - SCR é banco de dados que tem natureza de cadastro restritivo de crédito.
Por isso, a simples inserção indevida confessada pelas rés gera o dever de indenizar o autor a título
de dano moral, encontrado in re ipsa. (STJ - 4ª T - RESP nº 1.365.284/SC - Rel. Ministra Maria ISABEL
Gallotti - Rel. P/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO - j. 18/9/2014 - DJe 21/10/2014). (JECMT;
RInom 1017699-98.2023.8.11.0001; Primeira Turma Recursal; Rel. Des. Walter Pereira de Souza; Julg
25/09/2023; DJMT 29/09/2023)
52562915 - RECURSO INOMINADO. CESSÃO DE CRÉDITO. AUSÊNCIA DA PROVA DA RELAÇÃO
JURÍDICA. NOME DO CONSUMIDOR INSERIDO NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.
FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MORAL
CONFIGURADO. PRETENSÃO DE MAJORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO REJEITADO.
EXISTÊNCIA DE APONTAMENTOS POSTERIORES. INDENIZAÇÃO FIXADA NOS PARÂMETROS
DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO.
1. O artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor atribui ao fornecedor de serviços a
responsabilidade objetiva quanto aos danos causados ao consumidor, fundada na teoria do risco da
atividade. 2. Para validade da cessão de crédito, imprescindível a comprovação dos termos da cessão
e da origem da dívida, sem os quais a inscrição é indevida e enseja o pagamento de indenização por
dano moral, se tratando de dano moral in re ipsa. 3. Se o consumidor alega desconhecer a existência
de relação jurídica entre as partes e, consequentemente, a responsabilidade pelo débito questionado,
no valor de R$3.993,22, incluído em 14/05/2018, cabia a Cessionária comprovar a origem do débito
negativado, ônus que não se desincumbiu nos termos do artigo 373, II do Código de Processo Civil.
4. Se o quantum indenizatório foi fixado nos parâmetros da proporcionalidade e razoabilidade, bem
como atendendo as peculiaridades do caso concreto quanto ao valor da negativação e a existência de
apontamentos posteriores, conforme consulta abaixo, o pedido de majoração da condenação a titulo
de indenização por dano moral ser rejeitado. 5. A respeito do quantum indenizatório fixado a título de
dano moral, deve ser aplicado o teor da Súmula nº 29 da Turma Recursal Única do Estado de Mato
Grosso, in verbis: Devem ser consideradas na quantificação dos danos morais as anotações
posteriores constantes nos cadastros dos órgãos de proteção ao crédito. 6. A sentença que apresentou
a seguinte parte dispositiva: Ante o exposto, nos moldes do art. 487, I, do CPC c/c art. 6º da Lei nº
9.099/95, OPINO pela PARCIAL PROCEDÊNCIA dos pedidos iniciais a fim de DECLARAR inexigível
o débito no valor de R$ R$ 3.993,22 (três mil, novecentos e noventa e três reais e vinte e dois
centavos); DETERMINAR a exclusão do nome do reclamante dos órgãos de proteção ao crédito (SPC,
SERASA, SCR e congêneres); e CONDENAR a reclamada a pagar ao reclamante, o valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais), a título de indenização por danos morais, corrigido monetariamente pelo
INPC a partir desta data, e acrescido de juros de mora de 1% ao mês a partir do evento danoso (data
da disponibilização)., não merece reparos e deve se mantida por seus próprios fundamentos. A Súmula
do julgamento serve de acórdão, nos termos do art. 46 da Lei nº 9.099/95.7. Recurso improvido.
Condeno a parte Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por
cento) sobre o valor da condenação. Valmir Alaércio dos SantosJuiz de Direito - Relator (JECMT;
RInom 1010047-30.2023.8.11.0001; Terceira Turma Recursal; Rel. Juiz Valmir Alaércio dos Santos;
Julg 25/09/2023; DJMT 29/09/2023)
52562655 - RECURSO INOMINADO. BANCO. SCR SISBACEN. ANOTAÇÃO DE PREJUÍZO NO
SISTEMA DE INFORMAÇÃO AO CRÉDITO DO BANCO CENTRAL. BANCO QUE NÃO COMPROVA
A EXISTÊNCIA DA DÍVIDA NA ÉPOCA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL
CONFIGURADO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. O artigo 14 do Código de Defesa do
Consumidor atribui ao fornecedor de serviços a responsabilidade objetiva quanto aos danos causados
ao consumidor, decorrentes de falha na prestação do serviço, baseada na teoria do risco do negócio.
Comprovado que a instituição financeira realizou a anotação de informação de prejuízo no Sistema de
Informações de Crédito do Banco Central SCR, referente a débito que não comprovou sua existência
é devida indenização a título de dano moral. Recurso parcialmente provido. (JECMT; RInom 1003482-
50.2023.8.11.0001; Terceira Turma Recursal; Rel. Juiz Valmir Alaércio dos Santos; Julg 25/09/2023;
DJMT 29/09/2023)

77328574 - DIREITO DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO (SCR) DO
BANCO CENTRAL. DANOS MORAIS. CABIMENTO. VALOR INDENIZATÓRIO MANTIDO.
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. MODIFICAÇÃO DE OFÍCIO DO
TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. MANUTENÇÃO DAS
ASTREINTES FIXADAS. AMPARO LEGAL NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 1. Nos termos da
jurisprudência consolidada no âmbito deste Egrégio Tribunal, é cabível indenização por danos morais
em decorrência da inscrição indevida de débito no Sistema de Informação de Crédito (SCR) do Banco
Central, que se trata de banco de dados público e utilizado pelas instituições financeiras para analisar
o risco da concessão de crédito ao consumidor. 2. Considerando os critérios de extensão do dano
causado e da capacidade econômica das partes, revela-se razoável e proporcional manter o valor
fixado a título de danos morais na r. Sentença no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). 3. Tratando-
se de dano moral decorrente de responsabilidade contratual, os juros de mora são devidos desde a
citação inicial, nos termos do art. 405 do Código Civil. 4. Os juros de mora são consectários legais da
condenação principal e possuem natureza de ordem pública, podendo ser fixados ou até mesmo
revistos de ofício, sem que esteja configurado julgamento extra petita ou reformatio in pejus. 5. A
cláusula cominatória (astreintes), com amparo legal no art. 536, §1º, do Código de Processo Civil,
possui o escopo de coagir o devedor a cumprir determinação exarada pelo Poder Judiciário,
preservando, assim, a autoridade das decisões judiciais, de modo que seu afastamento não se mostra
adequado ou razoável na hipótese dos autos. 6. Recurso de apelação desprovido. Alteração, de ofício,
do termo inicial de fluência dos juros de mora incidentes sobre a indenização por danos morais e
majoração dos honorários sucumbenciais, por força do art. 85, §11, da legislação processual. (TJDF;
APC 07016.22-05.2022.8.07.0011; 175.9474; Terceira Turma Cível; Relª Desª Ana Maria Ferreira da
Silva; Julg. 14/09/2023; Publ. PJe 28/09/2023)
67561798 - DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. OBRIGAÇÕES. RESPONSABILIDADE CIVIL.
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E
CANCELAMENTO DE NEGATIVAÇÃO. INSCRIÇÃO NEGATIVA INDEVIDA NO SCR.
PROCEDÊNCIA EM 1º GRAU. RECURSO DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA RÉ. 1. Dever de indenizar
abalo moral. Pleito de afastamento. Inacolhimento. Dano moral presumido. Fundamento da
manutenção do registro indemonstrado. Inscrição negativa irregular. Indenização mantida. 2. Redução
do quantum indenizatório - binômio razoabilidade e proporcionalidade. Verba adequada. Valor
indenizatório confirmado. Sentença mantida. Recurso improvido. 1. Comete ilícito aquele que inscreve
o consumidor nos cadastros de inadimplentes por dívida indemonstrada, acarretando-lhe abalo moral
presumido. 2. Mantém-se o quantum indenizatório em patamar que respeita os critérios de
razoabilidade e proporcionalidade, com valor que não seja fonte de lucro à vítima e que não gere
revolta ao patrimônio moral do ofendido. (TJSC; APL 5019389-17.2022.8.24.0018; Segunda Câmara
de Direito Civil; Rel. Des. Antônio do Rêgo Monteiro Rocha; Julg. 28/09/2023)

67561429 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO. SENTENÇA DE


PARCIAL PROCEDÊNCIA. Recurso da parte ré. Inexistência de relação jurídica e inadimplência.
Inscrição indevida no sistema de informações do Banco Central do Brasil (scr). Dano moral
configurado. Súmula nº 30 do grupo de câmaras de direito civil deste tribunal de justiça. Artigo 944 do
Código Civil claro ao estabelecer que a indenização mede-se pela extensão do dano. Negativa de
venda a prazo. Transação bancária obstada. Ausência de maiores consequências creditícias. Valor de
R$ 20.000,00, considerando a média de precedentes desta câmara e o caso concreto, além da
extensão da lesão imaterial. Redução para R$ 10.000,00 que se mostra adequada. Recurso conhecido
e parcialmente provido. (TJSC; APL 5002650-18.2022.8.24.0034; Primeira Câmara de Direito Civil;
Rel. Des. Edir Josias Silveira Beck; Julg. 28/09/2023)

67560960 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C


PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ANOTAÇÃO NEGATIVA NO SCR. Sentença de
procedência com declaração de inexistência do débito e condenação do réu ao pagamento de R$
10.000,00 a título de indenização. Recurso do réu. Tese de que o scr não se equipara a cadastro
restritivo. Rejeição. Jurisprudência sedimentada no sentido oposto. Regularidade da dívida não
comprovada. Anotação negativa que configura ato ilícito. Dano moral configurado. Demonstração de
dano concreto consistente na negativa de crédito que frustrou negociação de caminhão. Dever de
indenizar mantido. Quantum de R$ 10.000,00 que se insere nos limites acolhidos por este colegiado
em demandas de mesma natureza e se mostra adequado frente às peculiaridades do caso. Pedido de
minoração afastado. Requerimento de incidência de juros de mora apenas a partir da citação. Não
acolhimento. Tese inaugural de inexistência de contratação. Réu que não provou o contrário.
Responsabilidade extracontratual. Aplicação da Súmula nº 54, do STJ. Recurso conhecido e não
provido. (TJSC; APL 5000767-94.2021.8.24.0026; Quarta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Helio
David Vieira Figueira dos Santos; Julg. 28/09/2023)
67560241 - RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SERVIÇOS BANCÁRIOS. Lide apreciada sob a égide do CDC.
Lisura da origem da relação jurídica e do débito não comprovadas. Ônus que incumbia ao banco réu
(art. 373, II, CPC). Suposta fraude que não exclui a responsabilidade do banco, constituindo fortuito
interno inerente à atividade econômica desenvolvida. Débito que se declara inexistente. Inscrição
indevida do nome do autor no sistema de informações de crédito do Banco Central scr. Natureza de
cadastro restritivo. Dano moral presumido. Dever de indenizar. Quantum adequadamente fixado.
Sentença mantida por seus próprios fundamentos. Recurso do banco réu desprovido. (JECSC; RCív
5003939-64.2022.8.24.0008; Terceira Turma Recursal; Relª Juíza Adriana Mendes Bertoncini; Julg.
27/09/2023)

53824952 - APELAÇÃO. INSCRIÇÃO INDEVIDA DE NOME NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE


CRÉDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL SCR. NATUREZA RESTRITIVA. Danos morais
configurados. Quantum indenizatório mantido. Juros de mora a partir do evento danoso. Recurso
improvido. (TJMS; AC 0837989-62.2021.8.12.0001; Campo Grande; Primeira Câmara Cível; Rel. Des.
João Maria Lós; DJMS 25/09/2023; Pág. 66)

43257927 - APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM


PAGAMENTO COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. INFORMAÇÃO INSERIDA NO SISTEMA
DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO (SCR/BACEN). Recurso aviado pelo banco demandado na lide
ordinária. Sentença de procedência que, além de declarar quitada a dívida consubstanciada no acordo
celebrado entre as partes e determinar a liberação do valor depositado em juízo em favor da credora,
condenou a instituição financeira ao pagamento de astreintes no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais), ante o descumprimento liminar reiterado. Instituição financeira que, mesmo após advertida por
duas vezes, manteve a inscrição indevida de informação desabonadora no nome da autora no scr, que
possui natureza de cadastro restritivo de crédito. Restabelecimento das astreintes, limitada ao patamar
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Redução que se impõe em conformidade com precedentes desta
corte de justiça. Sentença reformada em parte. Apelo conhecido e provido. (TJAL; AC 0728064-
81.2019.8.02.0001; Maceió; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Tutmés Airan de Albuquerque Melo;
DJAL 22/09/2023; Pág. 212)

6200399094 - APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. Relação de


consumo. Manutenção do nome da autora no scr (sistema de informações de créditos) do Banco
Central após a quitação da dívida. Sentença que julgou procedente o pedido, declarando a inexistência
do débito e condenando o réu ao pagamento de r$6.000,00 (seis mil reais) a título de indenização por
danos morais. Apelo do banco réu alegando não teria responsabilidade sobre as anotações constantes
no scr do BACEN e que, após o pagamento da dívida, teria excluído o nome da autora dos cadastros
do SPC e SERASA. Recurso adesivo da autora pleiteando a majoração por danos morais. Restou
incontroverso nos autos que a autora quitou o débito que possuía junto ao réu, mas seu nome
continuou nos cadastros do Banco Central. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no
sentido de que sistema de informações do Banco Central possui um caráter restritivo com relação à
sua utilização na avalição para a concessão de crédito no mercado, de modo que a indevida inscrição
ou manutenção dos dados cadastrais do cliente no referido banco de dados implica na caracterização
de danos morais. Dano moral in re ipsa. Súmula nº 89 TJRJ. Verba indenizatória fixada em R$ 6.000,00
que se adequa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade e não distoa dos valores
usualmente arbitrados por esta corte em situações congêneres. Súmula nº 343 TJRJ. Sentença
mantida. Desprovimento de ambos os recursos. (TJRJ; APL 0033055-69.2021.8.19.0205; Rio de
Janeiro; Décima Quarta Câmara de Direito Privado; Relª Desª Sandra Santarem Cardinali; DORJ
22/09/2023; Pág. 665)

52560117 - RECURSO INOMINADO. INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. SERVIÇOS BANCÁRIOS. COBRANÇA ILEGÍTIMA. NEGATIVAÇÃO DO CONSUMIDOR
EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL (SCR). INAPLICABILIDADE
DA SÚMULA Nº 385 DO STJ. DANOS MORAIS RECONHECIDOS. SENTENÇA REFORMADA EM
PARTE. RECURSO DA PARTE REQUERENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
RECURSO DA PARTE REQUERIDA CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. O Sistema de Informação de
Crédito do Banco Central (SCR) possui natureza de cadastro restritivo de crédito, de modo que a
inscrição de dívida considerada inexigível em ação anteriormente ajuizada configura falha na prestação
do serviço, resultando em indenização por dano extrapatrimonial na modalidade in re ipsa.2. Na
hipótese de ausência de demonstração de negativações pretéritas, não há como aplicar o
entendimento constante na Súmula nº 385 do STJ, de modo que é devida a fixação de danos morais.
3. Recurso da parte requerente conhecido e parcialmente provido4. Recurso da parte requerida
conhecido e improvido5. Sentença reformada em parte. (JECMT; RInom 1065670-16.2022.8.11.0001;
Segunda Turma Recursal; Relª Desª Juanita Cruz da Silva Clait Duarte; Julg 18/09/2023; DJMT
22/09/2023)
52560127 - RECURSO INOMINADO. DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. MANUTENÇÃO DO NOME DO CONSUMIDOR SISTEMA DE
INFORMAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL. SCR. NATUREZA DE CADASTRO DE
PROTEÇÃO AO CRÉDITO. CRÉDITO CEDIDO. IMPOSSIBILIDADE DE MANTER A RESTRIÇÃO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MORAL CONFIGURADO IN RE IPSA. DEVER DE
INDENIZAR. DANO MORAL EXCESSIVO. REDUÇÃO DO QUANTUM. RECURSO CONHECIDO E
PACIALMENTE PROVIDO. 1. No caso, não há prova da legalidade do débito negativado, pois o débito
foi cedido a outra empresa e, por consequência, a instituição financeira não possui mais o exercício
regular de direito de cobrá-lo. 2. Assim, a manutenção no Sistema de Informações de Crédito do Banco
Central do Brasil (SCR) revela-se indevida, o que caracteriza o ato ilícito (artigo 186 do Código Civil) e
enseja o dever de indenizar (artigo 927 do Código Civil c/c artigo 14 do Código de Defesa do
Consumidor). 3. O dano moral deve ser fixado em consonância com os critérios da razoabilidade e
proporcionalidade. Havendo fixação do valor em excesso, o mesmo deve ser reduzido, em respeito
aos referidos princípios. 4. Reforma parcial da sentença para reduzir o dano moral. 5. Recurso
conhecido e parcialmente provido. (JECMT; RInom 1036736-45.2022.8.11.0002; Segunda Turma
Recursal; Relª Desª Juanita Cruz da Silva Clait Duarte; Julg 18/09/2023; DJMT 22/09/2023)

5400042818 - APELAÇÃO CIVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. INSCRIÇÃO JUNTO AO SISTEMA DE
INFORMAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL (SCR). ASPECTO RESTRITIVO
DO CADASTRO. INCLUSÃO INDEVIDA. DANO MORAL IN RE IPSA. CONFIGURAÇÃO. DANO
MATERIAL. ÔNUS PROBATÓRIO DO AUTOR NÃO DESINCUMBIDO. ART. 373, I, DO CPC. NÃO
CONFIGURAÇÃO. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. De acordo com reiterados entendimentos do STJ, o
SCR. Sistema de Informação de Crédito do Banco Central possui a mesma natureza dos cadastros de
inadimplentes, motivo pelo qual a inclusão ou manutenção indevida do nome do consumidor em seus
registros caracteriza o dano moral in re ipsa. Nos termos do art. 373, do Código Civil, cabe ao autor a
prova dos fatos constitutivos de seu direito e ao réu a prova de fatos impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor. Tendo o autor se limitado a juntar aos autos, como meio de prova de suas alegações
exordiais, Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária, Extrato Bancário do Banco do Brasil e Notificação
desse banco quanto ao atraso de pagamento de algumas operações, verifica-se que o requerente não
se desincumbiu de seu ônus de comprovar o nexo de causalidade entre ato ilícito praticado pela
financeira e o alegado dano a ensejar a indenização pleiteada. (TJMG; APCV 5000761-
94.2018.8.13.0480; Vigésima Primeira Câmara Cível Especializada; Rel. Des. José Eustáquio Lucas
Pereira; Julg. 20/09/2023; DJEMG 21/09/2023)

501695235 - TUTELA DE URGENCIA. Ação declaratória e indenizatória. Hipótese em que alega a


autora ter quitado o débito apontado pelo agravante no Sistema de Informação de Crédito, mantido
pelo BACEN. Consideração de que há verossimilhança nas alegações da autora e que estão reunidos
os pressupostos da plausibilidade do direito invocado, bem assim do fundado perigo de dano.
Inexistência de risco de irreversibilidade do provimento antecipado na espécie. Tutela de urgência
deferida para determinar que a instituição financeira proceda à imediata exclusão do débito por ela
inserido, em nome da autora, do Sistema de Informação de Crédito. SCR, do Banco Central do Brasil,
sob pena de multa diária de R$ 500,00, limitada a R$ 10.000,00, para a hipótese de descumprimento
da ordem. Decisão reformada. Recurso provido. Dispositivo: Deram provimento ao recurso. (TJSP; AI
2102444-77.2023.8.26.0000; Ac. 17144007; São Paulo; Décima Nona Câmara de Direito Privado; Rel.
Des. João Camillo de Almeida Prado Costa; Julg. 13/09/2023; DJESP 15/09/2023; Pág. 2797)

6501694908 - AÇÃO INDENIZATÓRIA C.C. OBRIGAÇÃO DE FAZER. SENTENÇA DE PARCIAL


PROCEDÊNCIA. Recurso de ambas as partes. Apelo do réu. Danos morais. Manutenção. Abertura de
conta corrente em nome do autor mediante fraude. Situação que ultrapassa o mero aborrecimento.
Quantum arbitrado que comporta redução para R$ 6.000,00. Dano de natureza extracontratual que
impede o cômputo dos juros de mora a partir do arbitramento. Recurso parcialmente provido. Recurso
do autor. Pretensão de exclusão de todos os dados dos cadastros do banco réu e de cancelamento
do cartão de crédito. Banco réu que procedeu ao encerramento da conta e cancelou o referido cartão
antes mesmo da propositura da ação. Ausencia de prova de cobranças após o encerramento da conta.
Sistema scr-BACEN que se trata de banco de dados cujos registros são nele inseridos pelas
instituições financeiras, de forma obrigatória, permitindo a supervisão pelo Banco Central. Majoração
dos honorários advocatícios. Acolhimento diante da redução do montante arbitrado a título de danos
morais, a fim de que a quantia não se torne irrisória. Majorada a verba para 20% do valor da
condenação. Parcial provimento. (TJSP; AC 1097538-86.2022.8.26.0100; Ac. 17143542; São Paulo;
Décima Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. César Zalaf; Julg. 13/09/2023; DJESP
15/09/2023; Pág. 2709)

90904280 - RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS


EXTRAPATRIMONIAIS. Requerida que reconheceu tratar-se de contrato cancelado, pois fraudulento.
Manutenção indevida. Sistema scr/BACEN. Incidente de uniformização de jurisprudência nº 71009781709.
Danos morais in re ipsa. Quantum mantido. Imediatidade. Sentença mantida por seus próprios fundamentos.
Recurso desprovido. (JECRS; RInom 5174812-05.2022.8.21.0001; Porto Alegre; Terceira Turma Recursal Cível;
Rel. Juiz Luís Francisco Franco; Julg. 14/09/2023; DJERS 14/09/2023)

5400036803 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO
CENTRAL (SCR). NATUREZA DE CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO. MANUTENÇÃO DA
INSCRIÇÃO DO NOME DO CONSUMIDOR APÓS QUITAÇÃO DA DÍVIDA. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. INDENIZAÇÃO. FIXAÇÃO EM VALOR RAZOÁVEL. Consoante posicionamento já
firmado pelo Colendo STJ, o Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR) trata-se de
cadastro público que tem viés de proteção tanto do interesse público quanto dos interesses privados.
Justamente por se tratar de sistema de informação que avalia a capacidade de pagamento do
consumidor, tal sistema possui clara natureza de cadastro restritivo de crédito. Compete ao próprio
credor que requereu a inscrição providenciar a exclusão de apontamento incidente sobre o nome do
consumidor, após a efetiva quitação do débito, sob pena de causar-lhe dano de ordem moral, passível
de indenização, dano este que inclusive é presumido e decorre da própria manutenção indevida do
apontamento. A indenização por danos morais deve ser arbitrada segundo critérios de razoabilidade e
proporcionalidade, com observância das peculiaridades do caso e sempre tendo em vista os objetivos
do instituto, quais sejam, compensar a vítima pelos prejuízos vivenciados, punir o agente pela conduta
adotada e inibi-lo na prática de novos ilícitos. (TJMG; APCV 5020751-71.2022.8.13.0079; Décima
Oitava Câmara Cível; Rel. Des. Arnaldo Maciel; Julg. 12/09/2023; DJEMG 13/09/2023)

50576889 - RECURSO DE APELAÇÃO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS C/C TUTELA ANTECIPADA. RESTRIÇÃO INDEVIDA. SISTEMA DO BANCO
CENTRAL DO BRASIL. NATUREZA DE CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO. AUSÊNCIA DE
NOTIFICAÇÃO PRÉVIA PARA A INCLUSÃO DO NOME DO CONSUMIDOR NOS ÓRGÃOS DE
PROTEÇÃO. DESCUMPRIMENTO DO § 2º DO ARTIGO 43 DA LEI CONSUMERISTA. ATO ILÍCITO
CARACTERIZADO. DANO MORAL CONFIGURADO. VALOR FIXADO. MANUTENÇÃO.
HONORÁRIOS RECURSAIS. PERCENTUAL MÁXIMO. INAPLICABILIDADE DO § 11 DO ARTIGO 85
DO CPC. 1. O fornecedor de serviços é responsável pelos danos causados ao consumidor
independentemente da verificação de culpa, por se tratar de responsabilidade objetiva decorrente do
risco da atividade, nos termos do artigo 14 do CDC. Assim, basta a aferição do ato ilícito praticado pelo
fornecedor de serviços, do nexo de causalidade e do dano causado ao consumidor, para que reste
configurada a obrigação de indenizar. 2. O Sistema de Informações de Créditos (SCR) é constituído
por informações remetidas ao Banco Central do Brasil sobre operações de crédito, que tem por
finalidade o monitoramento do crédito no sistema financeiro, a fiscalização das atividades bancárias,
bem como propiciar o intercâmbio de informações entre instituições financeiras acerca do montante da
responsabilidade de seus clientes. As informações fornecidas ao SISBACEN possuem a natureza
restritiva de crédito, uma vez que as instituições financeiras utilizam para consulta prévia de operações
de crédito realizadas pelos consumidores a fim de avaliar a capacidade de pagamento e diminuir os
riscos de tomada de crédito. 3. É responsabilidade exclusiva das instituições financeiras as inclusões,
correções e exclusões dos registros constantes do SCR, bem como a prévia comunicação ao cliente
da inscrição dos dados de suas operações no aludido sistema, conforme Resolução nº 4.571/2017, do
Banco Central do Brasil. 4. No caso sub examine, o apelante não se desincumbiu do ônus probatório
de demonstrar a prévia comunicação do apelado acerca da anotação dos seus dados no SCR,
afigurando-se, assim, ilegítima a inclusão do seu nome no SISBACEN/SCR, caracterizando o dano
moral in re ipsa e o dever de compensação. 5. A quantia arbitrada em R$ 5.000,00, pela sentença,
atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, devendo ser mantida. 6. Considerando
que os honorários advocatícios foram fixados no percentual máximo, 20%, não há se falar em
honorários recursais, diante do impeditivo previsto no § 11 do art. 85 do Código de Processo Civil.
APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA. (TJGO; RAPL 5215667-66.2023.8.09.0149; Segunda
Câmara Cível; Rel. Des. Reinaldo Alves Ferreira; DJEGO 12/09/2023)

90901695 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZATÓRIA POR
DANOS MORAIS. TUTELA DE URGÊNCIA. EXCLUSÃO DE INSCRIÇÃO NO SCR/SISBACEN.
NATUREZA DE CADASTRO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. MULTA COMINATÓRIA AO BANCO.
VIABILIDADE E ADEQUAÇÃO. 1. O entendimento dominante na jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça é no sentido de que os registros lançados no src sisbacen - sistema integrado pelo cadastro
informativo de créditos não quitados do setor público (CADIN), bem ainda pelo cadastro de emitentes
de cheques sem fundos (CCF) e pelo sistema de informações de crédito do Banco Central (scr) - têm
a mesma natureza e produzem eficácia idêntica àquelas anotações lançadas nos demais órgãos de
proteção ao crédito. 2. Caso concreto em que há prova de que o autor está no sistema de informações
de crédito do Banco Central (scr), em razão de débitos relativos ao contrato objeto do feito, o que
fortalece a verossimilhança de suas alegações. Não fosse isso, evidente a possibilidade de dano
irreparável ou de difícil reparação decorrente dos prejuízos experimentados por restrição ao crédito
indevida. 3. Cabível a fixação de astreintes quando existente obrigação de fazer, porquanto consiste
em meio coercitivo para cumprimento, sendo a sua eleição uma opção do juízo à luz do art. 536, § 1º,
do CPC. Valor da multa que pode ser revisto a qualquer tempo, não se mostrando necessária sua
alteração neste momento processual. Agravo de instrumento desprovido. (TJRS; AI 5231856-
79.2022.8.21.0001; Getúlio Vargas; Nona Câmara Cível; Rel. Des. Carlos Eduardo Richinitti; Julg.
12/09/2023; DJERS 12/09/2023)

67553474 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E


INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. INSCRIÇÃO DO NOME DO AUTOR EM ROL DE
INADIMPLENTES. Procedência à origem. Recurso do réu. Contrato carreado após a contestação.
Documentos disponíveis e indispensáveis à defesa. Ausência de motivo apto a justificar a juntada
extemporânea. Aplicação o art. 434 do código de processo civil. Preclusão temporal. Inadmissão da
prova. Aventado exercício regular de direito. Telas do sistema interno que, por si sós, não se prestam
a corroborar a legalidade da transação. Inclusão de pendência no sistema de informação de créditos
do Banco Central (scr). Natureza de cadastro restritivo reconhecida pela jurisprudência. Ato ilícito
configurado. Prejuízo moral decorrente da própria situação. Valor arbitrado pelo juízo de origem,
todavia, desproporcional às circunstâncias do caso. Adequação necessária. Recurso parcialmente
provido. (TJSC; APL 5001739-95.2022.8.24.0166; Quinta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Ricardo
Orofino da Luz Fontes; Julg. 12/09/2023)

67553663 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. Recurso da
requerida. Responsabilidade civil. Inclusão, pela apelante, de informações financeiras do apelado no
sistema de informações de crédito do Banco Central (scr). Discussão apenas em torno do dever de
indenizar os danos morais. Alegação de inexistência de provas acerca da inserção de informações no
sistema em questão. Insubsistência. Apresentação de certidão expedida pelo Banco Central na qual
consta o registro de informações pela apelante acerca do apelado. Supressão dos valores inseridos
pela apelante que não diminui o dano presumido sofrido. Prova constituída nos termos do art. 373, I,
do CPC. Apelo desprovido no ponto. Alegada inexistência de dano moral decorrente da inserção de
informações. Fundamento de que o ato não restringiu o crédito do apelado. Descabimento. Sistema
de informações de crédito do Banco Central. Scr. Que reúne informações sobre a vida financeira dos
consumidores, visando ampliar ou restringir as linhas de crédito. Equiparação a cadastro restritivo de
crédito. Precedentes desta corte estadual. Dever de indenizar configurado. Dano moral in re ipsa.
Sentença mantida no ponto. Irresignação contra o valor fixado a título indenizatório. Impossibilidade.
Juízo que arbitrou a indenização em valor menor do que o parâmetro estabelecido por esta câmara.
Inexistência de circunstância atenuante a permitir a redução do montante. Apelo desprovido. Sentença
irretocável. Recurso conhecido e desprovido. (TJSC; APL 5001620-13.2020.8.24.0035; Sexta Câmara
de Direito Civil; Rel. Des. Eduardo Gallo Jr; Julg. 12/09/2023)
67553663 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. Recurso da
requerida. Responsabilidade civil. Inclusão, pela apelante, de informações financeiras do apelado no
sistema de informações de crédito do Banco Central (scr). Discussão apenas em torno do dever de
indenizar os danos morais. Alegação de inexistência de provas acerca da inserção de informações no
sistema em questão. Insubsistência. Apresentação de certidão expedida pelo Banco Central na qual
consta o registro de informações pela apelante acerca do apelado. Supressão dos valores inseridos
pela apelante que não diminui o dano presumido sofrido. Prova constituída nos termos do art. 373, I,
do CPC. Apelo desprovido no ponto. Alegada inexistência de dano moral decorrente da inserção de
informações. Fundamento de que o ato não restringiu o crédito do apelado. Descabimento. Sistema
de informações de crédito do Banco Central. Scr. Que reúne informações sobre a vida financeira dos
consumidores, visando ampliar ou restringir as linhas de crédito. Equiparação a cadastro restritivo de
crédito. Precedentes desta corte estadual. Dever de indenizar configurado. Dano moral in re ipsa.
Sentença mantida no ponto. Irresignação contra o valor fixado a título indenizatório. Impossibilidade.
Juízo que arbitrou a indenização em valor menor do que o parâmetro estabelecido por esta câmara.
Inexistência de circunstância atenuante a permitir a redução do montante. Apelo desprovido. Sentença
irretocável. Recurso conhecido e desprovido. (TJSC; APL 5001620-13.2020.8.24.0035; Sexta Câmara
de Direito Civil; Rel. Des. Eduardo Gallo Jr; Julg. 12/09/2023)

53818704 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. MANUTENÇÃO DO NOME DO CONSUMIDOR EM ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO POR DÍVIDA JÁ QUITADA. RECONHECIMENTO DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO COM A
CONSEQUENTE EXCLUSÃO NO CADASTRO RESTRITIVO. SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO
BANCO CENTRAL DO BRASIL (SISBACEN). ANOTAÇÃO COM NATUREZA RESTRITIVA DE
CRÉDITO. RESTRIÇÃO INDEVIDA. INEXISTÊNCIA DE DÉBITO EM NOME DA AUTORA
PENDENTE DE PAGAMENTO. DANO MORAL PRESUMIDO. DEVER DE INDENIZAR. VALOR DA
INDENIZAÇÃO PORDANOSMORAIS. FIXAÇÃO CONFORME PRECEDENTES. SENTENÇA
REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Discute-se no presente recurso: A) a
declaração de inexistência da dívida com a consequente exclusão do nome do consumidor junto ao
Banco Central; e b) a ocorrência ou não dos danos morais na espécie. 2. Em se tratando de anotação
de dívida já quitada, deve ser declarada a sua inexistência, com baixa da negativação indevida em
nome da parte autora. 3. A anotação de eventual débito no Sistema de Informações do Banco Central
do Brasil (Sisbacen), não se trata de mera anotação interna, tendo, ao revés, o condão de impor
restrições de crédito ao consumidor. 4. O Sistema de Informações do Banco Central do Brasil
(Sisbacen) e seus desdobramentos, dentre eles o CCF, CADIN e SCR, possuem a natureza restritiva
de crédito, de modo a se reputar como negativa a pecha atribuída a pessoa que é indevidamente
inserida ou mantida nestas bases de dados. Precedentes do STJ. 5. Assim, é cabível a condenação
por danos morais in re ipsa em razão da inclusão indevida do nome de consumidor nesse sistema de
informação (SISBACEN). 6. Segundo o método bifásico de fixação de indenização por danos morais,
na primeira etapa, deve-se estabelecer um valor básico, à luz de um grupo de precedentes
jurisprudenciais que apreciaram casos semelhantes, conforme o interesse jurídico lesado; e, na
segunda etapa, devem ser consideradas as circunstâncias do caso, para a fixação definitiva do valor
da indenização, atendendo-se, assim, a determinação legal de arbitramento equitativo pelo Juiz. 7.
Considerando-se o grupo de precedentes da Câmara, e levando-se em conta a condição financeira
das partes, a finalidade educativa e preventiva da condenação e a razoável gravidade do dano, reputo
ser adequado fixar o valor da indenização por danos morais em R$ 6.000,00, montante que se afigura
adequado e proporcional às especificidades do caso em análise. 8. Apelação Cível conhecida e
provida. (TJMS; AC 0805228-87.2022.8.12.0018; Paranaíba; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Paulo
Alberto de Oliveira; DJMS 04/09/2023; Pág. 205)

5400030503 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO.


INSCRIÇÃO DO NOME DO AUTOR NO SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO
CENTRAL-SCR. INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO RECONHECIDA. DANO MORAL CONFIGURADO.
JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. FIXAÇÃO DE ASTREINTES. POSSIBILIDADE. ARTIGOS 497
E 537 AMBOS DO CPC. ADEQUAÇÃO DO VALOR DA ASTREINTES PARA O CUMPRIMENTO DA
OBRIGAÇÃO DE FAZER. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Conforme entendimento
do Superior Tribunal de Justiça, a inscrição negativa operada junto ao Sistema de Informações de
Crédito do Banco Central (SCR) equipara-se à anotação nos cadastros de inadimplentes. A inclusão
do nome da parte no cadastro SCR, sem prova efetiva da existência do débito, atesta a ilicitude da
conduta perpetrada pela empresa ré. O dever de indenizar decorre da própria inscrição indevida,
prescindindo de comprovação do prejuízo. Inexistindo parâmetros objetivos para a fixação da
indenização por danos morais, deve o julgador observar a razoabilidade e a proporcionalidade,
atentando para o seu caráter punitivo-educativo, e, também amenizador do infortúnio causado.
Tratando-se de relação extracontratual, os juros moratórios são devidos desde a data do evento
danoso, nos termos da Súmula nº 54 do STJ. Nos termos dos artigos 497 e 537 ambos do CPC, nas
ações que têm por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, caberá ao juiz, de ofício
ou a requerimento da parte, tomar as providências cabíveis e necessárias para assegurar o resultado
prático ou a efetivação da tutela específica. Nessa linha, perfeitamente possível a fixação de multa nos
casos de deferimento de tutela provisória de urgência na fase de conhecimento, devendo ser
observado os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade no momento da estipulação do valor
da astreintes. Desta feita, considerando que o magistrado primevo deixou de observar a alteração do
quantum realizado em sede de julgamento de agravo de instrumento, necessária se faz a reforma da
sentença no intuito de adequar a multa. Segundo dispõe o art. 85, §2º do CPC, os honorários
advocatícios devem ser fixados entre o mínimo de dez por cento e o máximo de vinte por cento sobre
o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
atualizado da causa, atendidos os critérios estabelecidos nos incisos do mesmo dispositivo legal.
(TJMG; APCV 5001080-59.2018.8.13.0481; Décima Primeira Câmara Cível; Relª Desª Shirley Fenzi
Bertão; Julg. 31/08/2023; DJEMG 01/09/2023)
5400028811 - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO.
PRELIMINAR. OFENSA AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. REJEIÇÃO. MÉRITO. SISTEMA DE
INFORMAÇÕES DE CRÉDITO. SCR. CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. INSCRIÇÃO
INDEVIDA. DANO MORAL IN RE IPSA. INDENIZAÇÃO. MAJORAÇÃO. POSSIBILIDADE. Não há que
se falar em ofensa ao princípio da dialeticidade se a parte recorrente, em suas razões recursais, atacou
suficientemente os fundamentos da decisão agravada, explicitando os motivos do pedido de reexame
da decisão. Conforme precedentes do STJ, o Sistema de Informações de Crédito. SCR (do Banco
Central), integrante do SISBACEN, é mais do que simples cadastro informativo, haja vista que, nele
lançado o nome do consumidor, a inscrição importa em verdadeira restrição de crédito, por alterar o
risco informado da operação. A inscrição indevida em cadastro de devedores configura ato ilícito apto
a ensejar a condenação ao pagamento de indenização por danos morais. O dano moral, neste caso,
existe in re ipsa, ou seja, para sua configuração basta a prova da ocorrência do fato ofensivo. A
indenização por dano moral deve ser arbitrada com observância da natureza e da intensidade do dano,
da repercussão no meio social, da conduta do ofensor, bem como das capacidades econômicas das
partes envolvidas. Deve ser mantido o percentual dos honorários advocatícios fixados na sentença
com observância dos princípios da proporcionalidade e da justa remuneração do advogado. O termo
inicial para incidência dos juros moratórios envolvendo responsabilidade civil contratual é a data da
citação (artigo 219 do CPC e artigo 405 do CC). (TJMG; APCV 5085595-98.2022.8.13.0024; Décima
Sétima Câmara Cível; Relª Desª Aparecida Grossi; Julg. 30/08/2023; DJEMG 31/08/2023)

90882109 - APELAÇÕES CÍVEIS. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO


DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA NO SISTEMA DE
INFORMAÇÃO DE CRÉDITO (SCR). Processos conexos. Inexistência de dívida. Inclusão do nome da
parte autora no scr - sistema de informações de crédito do Banco Central do Brasil. Prova documental
que ampara a tese sustentada pela demandante. Dano moral configurado. Dever de indenizar do banco
demandado. Dano in re ipsa. Precedentes desta câmara e do e. STJ. Inscrição no scr. O sistema de
informações de crédito do Banco Central do Brasil possui dúplice natureza, porquanto, não só é registro
público, exercendo função de regular o sistema bancário, como também atende ao interesse privado,
servindo como instrumento de aferição de risco para as instituições financeiras. Jurisprudência do e.
STJ a respeito. Dano moral in re ipsa. Afastada a incidência da Súmula n. 385 do STJ, uma vez que
inexistiam registros preexistentes ativos na data em que o lançamento se tornou indevido. Montante
fixado em sentença mantido, nos termos dos parâmetros utilizados por esta câmara. Negaram
provimento aos apelos. (TJRS; AC 5007567-98.2020.8.21.0013; Erechim; Vigésima Câmara Cível;
Rel. Des. Glênio José Wasserstein Hekman; Julg. 30/08/2023; DJERS 31/08/2023)

67549877 - APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. Empresa que inscreveu o
nome da autora em sistema de informação ao crédito do Banco Central do Brasil (scr). Parcial
procedência na origem. Recurso da autora. Dano moral. Pleito de majoração. Valor da indenização
fixado na sentença em R$ 2.000,00. Majoração ao patamar de R$ 8.000,00. Arbitramento em atenção
ao princípio da proporcionalidade e aos critérios compensatório da vítima e sancionatório da infratora.
Sentença parcialmente reformada. Honorários recursais incabíveis. Recurso conhecido e parcialmente
provido. (TJSC; APL 5000519-49.2022.8.24.0235; Sétima Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Osmar
Nunes Júnior; Julg. 31/08/2023)

45251337 - RECURSO INOMINADO. RELAÇÃO DE CONSUMO. Instituição financeira. Ausência de


informação prévia. Violação ao principio da informação. Inclusão dos dados no scr sem a devida
comprovação do débito. Dever de reparar o dano. Sentença mantida por seus próprios fundamentos.
Recurso conhecido e improvido. (JECAM; RInomCv 0710890-97.2022.8.04.0001; Manaus; Primeira
Turma Recursal; Rel. Juiz Luiz Pires de Carvalho Neto; Julg. 31/08/2023; DJAM 31/08/2023)

45250727 - RECURSO INOMINADO. RELAÇÃO DE CONSUMO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. AÇÃO


PROPOSTA ANTERIORMENTE POR DÉBITO QUE FORA CONSIDERADO INEXIGÍVEL.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE MANTEVE O NOME DA CONSUMIDORA JUNTO AOS ÓRGÃOS
DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO, MESMO APÓS A DECLARAÇÃO DE INEXIGIBILIDADE
TRANSITADA EM JULGADO. Sistema scr que compõe o sisbacen possui o condão de atestar
restrição de crédito. Abusividade na conduta da instituição financeira, mesmo após reiteradas buscas
via administrativa. Dever de reparar o dano. Obrigação de fazer determinada. Sentença mantida por
seus próprios fundamentos. Recurso conhecido e improvido. (JECAM; RInomCv 0500129-
54.2023.8.04.0001; Manaus; Primeira Turma Recursal; Rel. Juiz Luiz Pires de Carvalho Neto; Julg.
31/08/2023; DJAM 31/08/2023)

99363207 - APELAÇÕES CÍVEIS. Ação de obrigação de fazer c/c indenização por danos morais c/c
tutela antecipada. Sentença de procedência parcial. Inclusão indevida do nome da autora em orgão de
restrição ao crédito. Não comprovação pela ré/apelada que notificou a consumidora do suposto débito.
Inclusão indevida no sistema de informações de crédito do Banco Central (sisbacen/scr). Parte ré que
não se desincumbiu do ônus probatório. Majoração dos danos morais de r$2.000,00 para r$4.000,00.
Majoração dos honorários de sucumbência. Recursos conhecidos, sendo o da autora parcialmente
provido e o do banco desprovido. Por unanimidade. (TJSE; AC 202300831840; Ac. 33279/2023;
Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Não Identificado; DJSE 30/08/2023)

67548519 - RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO EM


CADASTRO SISBACEN/SCR. DÉBITO INEXISTENTE. DANO MORAL CONFIGURADO. DEVER DE
INDENIZAR. VERBA DE NATUREZA COMPENSATÓRIA. Manutenção 1 configurando sistema
múltiplo de dados, nos quais são inseridas informações positivas e negativas sobre as operações de
crédito realizadas por clientes de instituições bancárias e financeiras, os cadastros sisbacen e scr não
se confundem com os demais bancos de dados. Contudo, a inserção de informações negativas de
maneira equivocada, em razão da potencial natureza de restrição ao crédito, implica a
responsabilização da instituição pelos danos morais causados. 2 não demonstrado pela parte ré a
existência de débitos que originaram as anotações do nome do autor nos cadastros sisbacen/scr, ônus
que lhe competia, mostra-se ilegítima a conduta da instituição bancária, de forma que a procedência
do pedido indenizatório é medida de rigor. 3 na fixação do valor dos danos morais deve o julgador, na
falta de critérios objetivos, estabelecer o quantum indenizatório com prudência, de modo que sejam
atendidas as peculiaridades e a repercussão econômica da reparação, devendo esta guardar
proporcionalidade com o grau de culpa e o gravame sofrido. (TJSC; APL 5001807-44.2022.8.24.0037;
Quinta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Luiz Cézar Medeiros; Julg. 29/08/2023)

.
67548251 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA
COM PEDIDOS DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL. INSCRIÇÃO DO NOME DO
AUTOR NO SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL (SCR). Sentença de
parcial procedência. Insurgência da parte ré. Aventada ausência de falha no serviço prestado. Dívida
oriunda da contratação de seguro de cartão de crédito. Pretenso afastamento do dever de indenizar.
Insubsistência. Cobrança do seguro que somente se legitimaria após o desbloqueio do cartão e
pagamento da primeira fatura. Condições que não foram comprovadas pela ré. Cobrança que se
mostrou indevida. Apontamento no sistema scr que é equiparado à inserção de dados em cadastro de
restrição ao crédito. Precedentes. Dano moral in re ipsa. Pleito de minoração do quantum fixado pelo
juízo a quo. Não acolhimento. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade observados.
Manutenção do valor indenizatório arbitrado na origem. Decisão mantida. Honorários recursais
cabíveis. Recurso conhecido e desprovido. (TJSC; APL 5000123-28.2021.8.24.0067; Terceira Câmara
de Direito Civil; Rel. Des. Sérgio Izidoro Heil; Julg. 29/08/2023)

67547405 - RECURSOS INOMINADOS. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Inscrição indevida no sistema de informações de
crédito do Banco Central. Scr. Sentença de parcial procedência. Insurgência de ambas as partes.
Recurso do demandado. Preliminar de incompetência do juizado especial, em razão da necessidade
de perícia. Tese rejeitada. Débito declarado inexistente em ação judicial anterior. Coisa julgada.
Inviabilidade de rediscussão. Mérito. Sustentada legalidade da cobrança. Não acolhimento. Inscrição
arbitrária. Pedido de afastamento dos danos morais. Não acolhimento. Documento extraído do sistema
do Banco Central que faz referência ao registro desabonador. Cadastro que possui natureza restritiva
e impede a obtenção de crédito no mercado. Ato ilícito práticado. Dano moral configurado. Dever de
indenizar caracterizado. Pedido de minoração do quantum indenizatório. Não acolhimento. Recurso
conhecido e desprovido. Recurso da demandante. Pretensão de aplicação das penalidades por
litigância de má-fé. Insubsistência. Alegações que, muito embora genéricas, não desbordaram do mero
exercício do direito de defesa. Pleito de majoração do quantum indenizatório. Não acolhimento.
Anotação indevida no sistema de informações de crédito do banco do central (scr). Circunstância que,
em princípio, inviabilizou a celebração de contrato de financiamento imobiliário, ao menos até o
deferimento da tutela de urgência concedida na espécie. Demandante que já obteve êxito em
pretensão de reparação por danos morais, em lide anteriormente ajuizada, em razão da inscrição
indevida nos órgãos de restrição ao crédito supostamente relacionada à mesma relação obrigacional
reconhecida como inexistente. Peculiaridade do caso a demosntrar que o valor fixado a título de
reparação por prejuízos imateriais está de conformidade com a extensão dos danos (CC, art. 944).
Recursos conhecidos e desprovidos. Sentença mantida pelos próprios fundamentos (Lei nº 9.099/95,
art. 46). (JECSC; RCív 5007830-65.2022.8.24.0082; Segunda Turma Recursal; Rel. Juiz Reny Baptista
Neto; Julg. 29/08/2023)

6501630206 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DECISÃO DE DEFERIMENTO DE TUTELA DE URGÊNCIA.
INCONFORMISMO DO REQUERIDO. 1. Preliminar de ausência de condição da ação. Ilegitimidade
passiva para a causa. Impossibilidade de julgamento sem resolução do mérito nesse momento.
Indicação à autoria, nos termos do art. 338 e 339, do CPC, que ainda será impulsionada pelo juízo de
origem. 2. Manutenção indevida do nome da autora junto ao Sistema de Informações de Créditos
(SCR). Dever do réu de excluir a informação do SCR. Em juízo sumário, não se desincumbindo o réu
do ônus de provar fato impeditivo ou extintivo do direito da autora, deve-se entender que as provas
coligadas pela demandante, aliadas ao prejuízo de se manter informação inexata em banco de dados
de acesso a outras pessoas jurídicas, são suficientes para preencher os requisitos para a concessão
de tutela de urgência. 3. Multa diária por descumprimento da obrigação de fazer. Dívida discutida que
não ultrapassa o valor de um salário mínimo. Possível enriquecimento sem causa se mantida a sanção
processual. Redução do valor para R$ 100,00 por dia de descumprimento, até o limite de 45 dias.
Decisão parcialmente reformada. Recurso parcialmente provido. (TJSP; AI 2166570-
39.2023.8.26.0000; Ac. 17081284; Piracicaba; Vigésima Primeira Câmara de Direito Privado; Rel. Des.
Régis Rodrigues Bonvicino; Julg. 24/08/2023; rep. DJESP 28/08/2023; Pág. 2389)

43253221 - APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO


POR DANO MORAL. INSCRIÇÃO SISBACEN (SISTEMA DE RISCO DO BANCO CENTRAL. SCR).
BANCO PÚBLICO DE DADOS. Natureza similar aos órgãos restritivos de crédito. Jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça. Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. Súmula nº 297 do
STJ. Inserção na central de risco por parcelas a vencer. Comprovação da relação jurídica.
Inobservância à necessidade de comunicação prévia da inscrição à consumidora. Ônus que incumbia
à instituição financeira. Aplicação do verbete sumular nº 572 do Superior Tribunal de Justiça. Inscrição
indevida. Dano moral in re ipsa. Método bifásico. Precedentes deste tribunal de justiça. Fixação em R$
5.000,00 (cinco mil reais). Reforma da sentença. Recurso conhecido e provido. Inversão do ônus
sucumbencial. (TJAL; AC 0716336-38.2022.8.02.0001; Maceió; 4ª Câmara Cível; Rel. Des. Fabio
Costa de Almeida Ferrario; DJAL 25/08/2023; Pág. 243)
43253221 - APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANO MORAL. INSCRIÇÃO SISBACEN (SISTEMA DE RISCO DO BANCO CENTRAL. SCR).
BANCO PÚBLICO DE DADOS. Natureza similar aos órgãos restritivos de crédito. Jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça. Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. Súmula nº 297 do
STJ. Inserção na central de risco por parcelas a vencer. Comprovação da relação jurídica.
Inobservância à necessidade de comunicação prévia da inscrição à consumidora. Ônus que incumbia
à instituição financeira. Aplicação do verbete sumular nº 572 do Superior Tribunal de Justiça. Inscrição
indevida. Dano moral in re ipsa. Método bifásico. Precedentes deste tribunal de justiça. Fixação em R$
5.000,00 (cinco mil reais). Reforma da sentença. Recurso conhecido e provido. Inversão do ônus
sucumbencial. (TJAL; AC 0716336-38.2022.8.02.0001; Maceió; 4ª Câmara Cível; Rel. Des. Fabio
Costa de Almeida Ferrario; DJAL 25/08/2023; Pág. 243)

45242489 - RECURSO INOMINADO. DIREITO DO CONSUMIDOR. INSCRIÇÃO DO NOME NO


SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL. SCR. SISBACEN. NATUREZA
DE INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. PRECEDENTES STJ. DANOS MORAIS IN RE
IPSA EM CASO DE INSCRIÇÃO INDEVIDA. CASO CONCRETO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO
DA LEGITIMIDADE DO DÉBITO REGISTRADO. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL IN RE IPSA.
RECURSO PROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. SEM CUSTAS E
HONORÁRIOS. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou procedentes os
pleitos de retirada do registro de débito do SCR/SISBACEN e os danos morais. Sem preliminares,
passo ao mérito. O Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR) possui um caráter
restritivo com relação à sua utilização na avaliação para a concessão de crédito no mercado e a
indevida inscrição ou manutenção indevida dos dados cadastrais do cliente no referido banco de dados
configura o dano moral in re ipsa. No caso em tela, cumpria ao recorrente demonstrar a inadimplência
da parte recorrida a fim de legitimar a inserção de seus dados cadastrais no SCR/SISBACEN (Art. 14,
§ 3º do CDC c/c art. 373, II do CPC), o que não ocorreu. Com efeito, a contestação apresentada
consubstancia-se em singelo arrazoado jurídico sem qualquer lastro probatório das teses ali aduzidas,
uma vez que sequer foi juntado o contrato que originou as obrigações indiretamente cobradas pelo
registro impugnado. Deste modo, a retirada do registro é medida que se impõe. Pressupostos os danos
morais in re ipsa (AG 1.379.761), o quantum originalmente, contudo, revela-se exacerbado, dadas as
nuances do caso concreto, pelo que o reduzo para R$ 2.000,00, quantia proporcional e razoável, que
serve de medida punitivo-pedagógica suficiente a incutir no recorrente a necessidade de não reiterar
o ilícito aqui combatido, pelo que não merece reparação. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer
e dar provimento ao recurso interposto, reformando a sentença para determinar a retirada do registro
da plataforma no prazo de 05 (cinco) dias úteis, sob pena de multa a ser cominada em eventual fase
executiva, e condenar a parte recorrida ao pagamento de indenização moral no valor de R$ 2.000,00
(dois mil reais), com juros e correção monetária a contar do arbitramento (Súmula nº 362 do STJ). Sem
custas e honorários, dado o resultado do julgamento. É como voto. (JECAM; RInomCv 0494856-
94.2023.8.04.0001; Manaus; Terceira Turma Recursal; Relª Juíza Lídia de Abreu Carvalho Frota; Julg.
25/08/2023; DJAM 25/08/2023)

45243022 - RECURSO INOMINADO. DIREITO DO CONSUMIDOR. INSCRIÇÃO DO NOME NO


SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL. SCR. SISBACEN. NATUREZA
DE INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. PRECEDENTES STJ. DANOS MORAIS IN RE
IPSA EM CASO DE INSCRIÇÃO INDEVIDA. CASO CONCRETO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO
DA LEGITIMIDADE DO DÉBITO REGISTRADO. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL IN RE IPSA.
QUANTUM QUE DEVE SER ARBITRADO EM PATAMAR PROPORCIONAL E RAZOÁVEL.
RECURSO PROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. SEM CUSTAS E
HONORÁRIOS. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou procedentes os
pleitos de retirada do registro de débito do SCR/SISBACEN e os danos morais. Sem preliminares,
passo ao mérito. O Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR) possui um caráter
restritivo com relação à sua utilização na avaliação para a concessão de crédito no mercado e a
indevida inscrição ou manutenção indevida dos dados cadastrais do cliente no referido banco de dados
configura o dano moral in re ipsa. No caso em tela, cumpria ao recorrente demonstrar a inadimplência
da parte recorrida a fim de legitimar a inserção de seus dados cadastrais no SCR/SISBACEN (Art. 14,
§ 3º do CDC c/c art. 373, II do CPC), o que não ocorreu. Com efeito, a contestação apresentada
consubstancia-se em singelo arrazoado jurídico sem qualquer lastro probatório das teses ali aduzidas,
uma vez que sequer foi juntado o contrato que originou as obrigações indiretamente cobradas pelo
registro impugnado. Deste modo, a retirada do registro é medida que se impõe, tal como disposto no
decisum combatido. Pressupostos os danos morais in re ipsa (AG 1.379.761), o quantum
originalmente, contudo, revela-se exacerbado, dadas as nuances do caso concreto, pelo que o reduzo
para R$ 2.000,00, quantia proporcional e razoável, que serve de medida punitivo-pedagógica suficiente
a incutir no recorrente a necessidade de não reiterar o ilícito aqui combatido, pelo que não merece
reparação. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer e dar parcial provimento ao recurso interposto,
reformando a sentença tão somente para reduzir o valor da indenização moral para R$ 2.000,00 (dois
mil reais), com juros e correção monetária a contar do arbitramento (Súmula nº 362 do STJ), mantendo-
a inalterada em seus demais termos. Sem custas e honorários, dado o resultado do julgamento. É
como voto. (JECAM; RInomCv 0499358-76.2023.8.04.0001; Manaus; Terceira Turma Recursal; Relª
Juíza Lídia de Abreu Carvalho Frota; Julg. 23/08/2023; DJAM 23/08/2023)
5400016755 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA EM GRAU RECURSAL.
DESERÇÃO NÃO CONFIGURADA. DIALETICIDADE. ENFRENTAMENDO DAS RAZÕES DE
DECIDIR. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL (SCR). NATUREZA DE
CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO. MANUTENÇÃO DAS ANOTAÇÕES APÓS QUITAÇÃO DAS
DÍVIDAS. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL IN RE IPSA. QUANTUM
INDENIZATÓRIO. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. Não há que se falar em deserção do
recurso se, após indeferido o pedido de justiça gratuita formulado em grau recursal, a parte efetua o
recolhimento do preparo no prazo assinalado. Não vulnera o princípio da dialeticidade recursal e
tampouco autoriza o reconhecimento de inépcia o recurso munido das razões pelas quais o apelante
pretende ver revertido o entendimento externado na sentença recorrida. Conforme entendimento
exarado pelo colendo Superior Tribunal de Justiça, o Sistema de Informação de Crédito do Banco
Central (SCR) possui natureza de cadastro restritivo de crédito. (RESP 1365284/SC). A manutenção
indevida do nome do consumidor nos cadastros restritivos de crédito ocasiona danos morais in re ipsa.
Na fixação do quantum devido a título de danos morais, o Julgador deve atentar-se pelo bom senso,
moderação e prudência, de acordo com o seu livre convencimento, sem perder de vista que, por um
lado, a indenização deve ser a mais completa possível e, por outro, ela não pode tornar-se fonte de
lucro, devendo o Julgador analisar o caso concreto. (TJMG; APCV 5008673-38.2021.8.13.0707;
Décima Câmara Cível; Relª Desª Jaqueline Calábria Albuquerque; Julg. 08/08/2023; DJEMG
11/08/2023)

98620025 - RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. BANCÁRIO. INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DO AUTOR NO
SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO. SCR DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. Réu que não
se desincumbiu de seu ônus probatório. Art. 373, inciso II, do CPC. Inexigibilidade do débito. Exclusão
da informação. Natureza de cadastro restritivo. Dano moral configurado. Aplicação do enunciado nº.
11 das turmas recursais/PR. Quantum fixado em R$ 7.000,00 (sete mil reais) que não comporta
redução. Valor que se encontra abaixo dos parâmetros adotados por esta turma recursal. Devida a
aplicação de astreintes em caso de descumprimento da obrigação de fazer. Valor que não se mostra
excessivo. Sentença mantida em razão do princípio da non reformatio in pejus. Recurso conhecido e
desprovido. (JECPR; RInomCv 0009604-60.2022.8.16.0044; Apucarana; Primeira Turma Recursal;
Rel. Juiz Nestario da Silva Queiroz; Julg. 07/08/2023; DJPR 10/08/2023)

67535153 - APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. Empresa que inscreveu o
nome da autora em sistema de informação ao crédito do Banco Central do Brasil (scr). Procedência
na origem. Inconformismo comum. Recurso da ré. Responsabilidade civil. Aventada regularidade na
cobrança do débito. Insubsistência. Ausência de prova da origem da dívida. Ausência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do demandante, nos termos do art. 373, II, do CPC.
Inscrição indevida evidenciada. Dano moral presumido. Obrigação de indenizar mantida. Dano moral.
Inconformismo comum. Tese da autora: Pleito de majoração. Valor da indenização fixado na sentença
em R$ 12.000,00. Tese da ré: Pretendida minoração do quantum. Acolhimento somente do pleito
emanado pela demandada. Redução do montante para R$ 10.000,00. Arbitramento em atenção ao
princípio da proporcionalidade e aos critérios compensatório da vítima e sancionatório da infratora.
Termo inicial de incidência, fixado a quo, dos juros moratórios. Impossibilidade de readequação. Dano
extrapatrimonial decorrente de inscrição indevida em cadastro de inadimplentes que é extracontratual,
ainda que a dívida objeto da inscrição seja contratual. Acertada aplicação da Súmula nº 54 do Superior
Tribunal de Justiça. Sentença parcialmente reformada. Honorários recursais incabíveis. Recurso da ré
conhecido e parcialmente provido. Recurso da autora conhecido e desprovido. (TJSC; APL 5031200-
08.2021.8.24.0018; Sétima Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Osmar Nunes Júnior; Julg. 03/08/2023)

43247362 - APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS E PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA. SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA. Apelação do réu. Relação jurídica válida não comprovada. Informação inserida no
sistema de informações de crédito do Banco Central. Scr. Equiparação aos órgãos restritivos de
crédito. Precedente do Superior Tribunal de Justiça. Inclusão dos dados indevidamente. Ausência de
notificação. Incumbência da instituição financeira. Responsabilidade objetiva. Art. 14 do CDC. Dever
de indenizar configurado. Dano moral in re ipsa. Quantum fixado, na origem, em R$ 3.000,00 (três mil
reais). Impossibilidade de redução. Valor fixado aquém do patamar aplicado por esta Câmara Cível em
casos semelhantes. Correção, de ofício, dos consectários legais. Fixação da taxa selic. Recurso
conhecido e não provido. Honorários sucumbenciais majorados. (TJAL; AC 0702000-
91.2018.8.02.0058; Arapiraca; Segunda Câmara Cível; Relª Desª Elisabeth Carvalho Nascimento;
DJAL 26/07/2023; Pág. 177)
90861666 - APELAÇÕES CÍVEIS. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. CONTRATOS DE CARTÃO
DE CRÉDITO. Ação declaratória de inexistência de débito c/c pedido de indenização por danos morais
e tutela de urgência preliminar contrarrecursal da parte autora: Deserção. A parte apelada alega que o
recurso deve ser extinto por deserção, já que as custas recursais foram pagas de forma incompleta.
Entretanto, sobreveio informação da contadoria judicial, no evento 9, em resposta ao despacho de
evento 6, ambos do recurso, no seguinte sentido: Atendendo ao despacho, informo que o valor da guia
de custas paga é de 08 urc, conforme art. 13 da Lei nº 14.634/14. O recurso foi interposto no mês
subsequente ao do pagamento da guia, o que não costuma ser considerado como pago a menor, pois
o pagamento foi feito antecipadamente, não com atraso. Como a atualização do valor da urc não ocorre
em data fixa, mas até o dia 10 de cada mês, as guias geradas até essa data ficam com o valor da urc
do mês anterior. Também cabe informar que no sistema eproc não existe a opção de complementação
de custas, em virtude de não haver essa previsão na Lei nº 14.634/14. Em caso de pagamento
equivocado ou a menor, cabe a restituição do valor pago erroneamente, e a intimação para o
pagamento da guia no valor correto. Portanto, entendo que não é o caso de ser extinto o recurso por
deserção. Dessa maneira, rejeito a preliminar suscitada em contrarrazões. Apelação da parte ré:
Responsabilidade civil das instituições financeiras. Trata-se responsabilidade civil pelo fato do serviço
fundada na teoria do risco do empreendimento. Cadastros sisbacen/scr. Equivalência à cadastro de
restrição. É inegável conferir ao cadastro do sisbacen/scr o caráter restritivo de crédito, pois, a partir
das informações fornecidas pelas instituições financeiras acerca do comportamento do consumidor em
suas relações negociais passadas, pode lhe ser concedida ou não a obtenção de crédito. Precedentes
do STJ. Portanto, o resultado prático do cadastramento no sisbacen/scr leva a produzir os mesmos
efeitos dos já conhecidos cadastros restritivos de crédito (SPC, SERASA, cdl). Trata-se, pois, de dano
moral in re ipsa, onde provada a ofensa, resta provado o dano, sendo desnecessária qualquer outra
prova além da inscrição em rol de inadimplentes para a configuração do abalo moral, o que somente
serviria para mensurar a extensão do dano. Dano moral. Não configurado. Manutenção indevida. Não
comprovada. Como se vê, o documento acostado à petição inicial apenas demonstra a existência de
anotação, referente ao débito do cartão de crédito, ainda não adimplido totalmente em 31/08/2022
(evento 16, out3, p. 9), antes de haver a renegociação da dívida. Entretanto, nos meses subsequentes,
não há mais valores indicados como vencidos. Logo, não há de se falar em anotação indevida, já que,
a partir de setembro/2021, após o pagamento da primeira parcela da repactuação, não há mais indícios
disso. Para demonstrar a manutenção indevida, tinha a parte autora que trazer aos autos a informação
de prejuízo após o adimplemento da dívida, ou seja, após 01/01/2022, período não mais abrangido no
documento acostado. Ônus que lhe competia e do qual não se desincumbiu (art. 373, I, do CPC).
Destarte, o que se verifica é que, ao contrário do sustentado, não há comprovação de manutenção de
qualquer restrição em seu nome após o adimplemento do débito, de forma que incabível o deferimento
de indenização por danos morais. Recurso adesivo da parte autora: Inexistência de dívidas lançadas
como vencidas. Majoração do valor do dano moral. Tendo em vista o provimento da apelação, para
que seja julgada improcedente a ação, tenho que o recurso adesivo interposto pela parte autora resta
prejudicado. Dessa forma, não conheço do recurso adesivo, por esse ter restado prejudicado.
Sucumbência. Considerando o resultado do julgamento, redimendiono o ônus sucumbencial fixado na
sentença. Ficando suspensa a exigibilidade do pagamento em relação ao autor, por esse litigar sob o
abrigo da gratuidade judiciária (evento 12). Preliminar contrarrecursal da parte autora rejeitada.
Recurso adesivo da parte autora prejudicado. Apelação provida. Por unanimidade. (TJRS; AC
5002655-02.2022.8.21.0009; Carazinho; Vigésima Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Altair de Lemos
Junior; Julg. 26/07/2023; DJERS 26/07/2023)
43246920 - APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANO MORAL. INSCRIÇÃO SISBACEN (SISTEMA DE RISCO DO BANCO CENTRAL. Scr).
Banco público de dados. Natureza similar aos órgãos restritivos de crédito. Jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça. Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. Súmula nº 297 do STJ.
Inserção na central de risco por dívida. Ausência de comprovação da relação jurídica. Inobservância à
necessidade de comunicação prévia da inscrição à parte consumidora. Ônus que incumbia à instituição
financeira. Aplicação do verbete sumular nº 572 do Superior Tribunal de Justiça. Entendimento firmado
no julgamento do RESP nº 1.626.547/RS. Inscrição indevida. Dano moral in re ipsa. Método bifásico.
Precedentes deste tribunal de justiça. Fixação em R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Reforma da sentença.
Inversão dos ônus sucumbenciais. Recurso conhecido e provido. (TJAL; AC 0710542-
36.2022.8.02.0001; Maceió; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Fábio Costa de Almeida Ferrario; DJAL
24/07/2023; Pág. 192)

67528197 - APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA


DE DÉBITO C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. Banco que inscreveu o nome da autora em
sistema de informações de crédito do Banco Central. Scr. Procedência na origem. Recurso de ambas
as partes. Apelo da autora. Não conhecimento. Recurso interposto fora do prazo. Intempestividade
caracterizada. Inteligência do art. 935, III, do CPC/2015. Recurso não conhecido. Recurso da ré.
Alegada licitude da inscrição no sistema de informação sob o fundamento de que não possui caráter
negativo. Descabimento. Sistema de informações de crédito do Banco Central. Scr. Que detém
natureza de cadastro restritivo de crédito. Precedentes desta corte estadual. Inexistência de
comprovação de débito por parte da autora. Inscrição indevida evidenciada. Dano moral presumido.
Obrigação de indenizar manifesta. Honorários recursais arbitrados. Apelação do réu conhecida e
desprovida. Recurso da autora não conhecido. (TJSC; APL 5005042-70.2022.8.24.0020; Sétima
Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Osmar Nunes Júnior; Julg. 20/07/2023)

6501512666 - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER E INDENIZAÇÃO. CONTRATO BANCÁRIO.


DESCONTOS EM FOLHA DE PAGAMENTO E/OU DEBITADOS EM CONTA-CORRENTE. Limitação
a 30% da remuneração líquida determinada em ação anterior por acórdão transitado em julgado.
Descumprimento pelo réu, levando o autor a incorrer em saldo negativo e inscrição do nome no sistema
BACEN-scr. Dano moral configurado. Montante adequado. Apelação improvida. (TJSP; AC 1000599-
23.2022.8.26.0495; Ac. 16943719; Registro; Vigésima Segunda Câmara de Direito Privado; Rel. Des.
Matheus Fontes; Julg. 14/07/2023; DJESP 19/07/2023; Pág. 2173)

52536082 - RECURSO INOMINADO. INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DA AUTORA NO SCR.


SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DA LEGITIMIDADE DO DÉBITO. DANO MORAL CONFIGURADO IN RE IPSA.
REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. incidência dos juros moratórios a partir da data da
citação, em caso de relação contratual - alteração de ofício - recurso conhecido e parcialmente provido.
(JECMT; RInom 1015793-65.2022.8.11.0015; Turma Recursal Única; Rel. Juiz Gonçalo Antunes de
Barros Neto; Julg 26/06/2023; DJMT 03/07/2023)

43242018 - APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO COM PRECEITO


DECLARATÓRIO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E CONDENATÓRIO POR DANO MORAL.
INFORMAÇÃO INSERIDA NO SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO (SCR/BACEN). Sentença
de improcedência. Recurso autoral. Impugnação contrarrecursal à dialeticidade do apelo. Rejeição.
Mérito. Incidência do Código de Defesa do Consumidor. Manutenção indevida de informação
desabonadora do nome do autor no scr, que possui natureza de cadastro restritivo de crédito, passível
de gerar dano moral, segundo entendimento do STJ. Dano moral configurado no caso em concreto.
Pressupostos da responsabilidade civil comprovado. Ato ilícito. Sentença reformada. Apelo conhecido
e provido. (TJAL; AC 0702362-88.2021.8.02.0058; Arapiraca; Primeira Câmara Cível; Rel. Des.
Tutmés Airan de Albuquerque Melo; DJAL 19/06/2023; Pág. 167)

90856615 - APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Inscrição indevida no sistema de informação de
crédito scr. Ocorrência. Danos morais evidenciados. Ausência de comprovação de inscrição
preexistente. Impossibilidade de aplicação do que disposto na Súmula nº 385 do STJ. Quantum
indenizatório coerente com o caso concreto. Sucumbência mantida nos termos da sentença.
Apelações improvidas. (TJRS; AC 5010087-94.2021.8.21.0013; Erechim; Décima Primeira Câmara
Cível; Rel. Des. Guinther Spode; Julg. 23/05/2023; DJERS 30/05/2023)

43236405 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. INSCRIÇÃO NO SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE


CRÉDITO DO BANCO CENTRAL. SCR. SISBACEN. Decisão que determinou a exclusão do nome da
parte autora do cadastro do sistema de informações de créditos do Banco Central do Brasil, sob pena
de multa diária. Possibilidade. Banco de dados com natureza de cadastro restritivo de crédito.
Astreintes reduzida para o valor de R$ 200,00 (duzentos reais) por dia de descumprimento, limitada a
R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Recurso conhecido e parcialmente provido. Decisão unânime. (TJAL;
AI 0801139-20.2023.8.02.0000; Maceió; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Klever Rêgo Loureiro; DJAL
25/05/2023; Pág. 199)

50558241 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C REPARAÇÃO POR DANOS
MORAIS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. INCIDÊNCIA DO CDC.
AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. ÔNUS DA PROVA. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA.
EXISTÊNCIA DE INSCRIÇÃO ANTERIOR. INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS. SÚMULA Nº 385,
DO STJ. REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS SUCUMBENCIAL. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. 1. Não há
que se falar em cerceamento de defesa quando já constam dos autos as provas necessárias à solução
da lide. 2. O Sistema de Informações de Créditos (SCR) é um sistema constituído por informações
remetidas ao Banco Central do Brasil sobre operações de crédito, que tem por finalidade o
monitoramento do crédito no sistema financeiro, a fiscalização das atividades bancárias, bem como
propiciar o intercâmbio de informações entre instituições financeiras, acerca do montante da
responsabilidade de seus clientes. As informações fornecidas ao SISBACEN possuem a natureza
restritiva de crédito, uma vez que as instituições financeiras utilizam para consulta prévia de operações
de crédito realizadas pelos consumidores, a fim de avaliar a capacidade de pagamento e diminuir os
riscos de tomada de crédito. 3. É responsabilidade exclusiva das instituições financeiras as inclusões,
correções e exclusões dos registros constantes do SCR, bem como a prévia comunicação ao cliente
da inscrição dos dados de suas operações no aludido sistema, conforme Resolução nº 4.571/2017 do
Banco Central do Brasil. In casu, o banco recorrente não se desincumbiu do ônus probatório de
comprovar ter comunicado previamente o consumidor acerca da anotação dos dados no SCR. Assim,
afigura-se ilegítima a inclusão do nome da autora no SISBACEN/SCR sem a sua prévia comunicação.
4. Nos termos do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a existência de registros anteriores
afasta a caracterização do dano moral e, de consequência, a obrigação da reparação, sendo devido
apenas o cancelamento do apontamento impróprio. 5. Por consequência do parcial provimento do
recurso, com o julgamento pela parcial procedência dos pedidos exordiais, deve ser reconhecida a
sucumbência recíproca, impondo-se a distribuição proporcional das despesas processuais e dos
honorários advocatícios entre as partes, à luz da norma do art. 86, caput, do CPC. Apelação Cível
conhecida e parcialmente provida. (TJGO; AC 5234410-98.2021.8.09.0051; Segunda Câmara Cível;
Rel. Juiz Subst. Rodrigo de Silveira; Julg. 20/04/2023; DJEGO 25/04/2023; Pág. 1679)
67499935 - RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO NO SCR. Natureza de crédito restritivo. Sentença
de parcial procedência. Insurgência da autora. Preliminar. Justiça gratuita. Requisitos preenchidos.
Deferimento. Pretensão de majoração do quantum indenizatório. Acolhimento. Quantia arbitrada
insuficiente para atender o caráter pedagógico da medida. Adequação aos parâmetros adotados por
esta turma recursal em casos análogos. Recurso conhecido e parcialmente provido. (JECSC; RCív
5013621-63.2021.8.24.0045; Segunda Turma Recursal; Relª Juíza Margani de Mello; Julg.
25/04/2023)

98568002 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA


COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Inscrição na SERASA e registro no scr do BACEN
realizada por crédito de terceiro. Inexistência de relação jurídica entre as partes reconhecida. Inscrição
indevida que gera o dever de indenizar. Dano moral in re ipsa. quantum indenizatório. Método bifásico.
Exame de grupo de casos e circunstâncias do caso concreto para o arbitramento do valor da
indenização. Apelação conhecida e provida. (TJPR; ApCiv 0013634-17.2021.8.16.0031; Guarapuava;
Oitava Câmara Cível; Relª Desª Ana Claudia Finger; Julg. 20/04/2023; DJPR 24/04/2023)

6500777672 - APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO DE


DÉBITO INDEVIDO NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL. SCR.
DANOS MORAIS. PESSOA JURÍDICA. QUANTUM INDENIZATÓRIO. I. Sentença de parcial
procedência. Apelo do réu. II. Incontroversa a indevida inscrição do nome da autora no SCR-
SISBACEN. SCR-SISBACEN que possui natureza de cadastro restritivo de crédito. III. Pessoa jurídica
passível de sofrer danos morais, vez que possui honra objetiva. Ato ilícito caracterizador da
responsabilidade civil, por abalo extrapatrimonial causado à pessoa jurídica, que é aquele cuja
repercussão atinge o conceito e a credibilidade de que goza a empresa no meio social. Súmula nº 227
do STJ. Dano moral caracterizado. Ainda que não haja prova do prejuízo, o dano moral puro é
presumível. Indenização devida, devendo ser fixada com base em critérios legais e doutrinários.
Indenização mantida, ante as peculiaridades do caso, em R$10.000,00, quantia suficiente para
indenizar a autora e, ao mesmo tempo, coibir o réu de atitudes semelhantes. Precedentes deste E. TJ.
Decisão mantida. Aplicação do art. 252 do Regimento Interno do TJSP. Apelo improvido. ÔNUS.
SUCUMBÊNCIA. Tendo em vista o trabalho adicional desenvolvido, em sede recursal, pela recorrida,
majoram-se os honorários advocatícios de 10% para 15% sobre o valor da condenação, nos termos
do art. 85, §11, do NCPC. Apelo improvido. (TJSP; AC 1026261-78.2020.8.26.0100; Ac. 16108311;
São Paulo; Vigésima Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Salles Vieira; Julg. 30/09/2022;
DJESP 06/10/2022; Pág. 2071)

6500762032 - DANO MORAL. Inclusão e manutenção do nome da pessoa física nos cadastros do
SCR-BACEN. Desobediência à ordem proferida anteriormente em outra ação judicial. Ato ilícito.
Existência. Impedimento de contratar com o banco. Ocorrência. Presença de caráter desabonador.
Dano moral. Cabimento:. Em que pese a manutenção do nome do consumidor nos cadastros do SCR.
BACEN não seja dotada de publicidade, uma vez que se trata de cadastro de cunho administrativo,
sem caráter desabonador, no presente caso, houve prova nos autos de que esse fato impediu o autor
de contratar com o banco, cuja ilicitude se torna passível de indenização. DANO MORAL. Fixação que
deve servir como repreensão do ato ilícito. Enriquecimento indevido da parte prejudicada.
Impossibilidade. Razoabilidade do quantum indenizatório:. A fixação de indenização por danos morais
deve servir como repreensão do ato ilícito e pautada no princípio da razoabilidade sem que se
transforme em fonte de enriquecimento indevido da parte prejudicada. OBRIGAÇÃO DE FAZER.
Manutenção indevida nos cadastros do SCR-BACEN. Dívida inexigível. Prejuízo comprovado. Retirada
dos cadastros. Necessidade:. De rigor a condenação à obrigação de fazer para retirada do nome do
apelante, nos cadastros do SCR-BACEN, uma vez que a dívida foi declarada judicialmente inexigível,
e sua manutenção comprovadamente lhe trouxe prejuízos. Incidência de multa por descumprimento à
ordem. RECURSO PROVIDO. (TJSP; AC 1002444-95.2020.8.26.0322; Ac. 16094420; Lins; Décima
Terceira Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Nelson Jorge Júnior; Julg. 28/09/2022; DJESP
04/10/2022; Pág. 1878)

98453940 - RECURSOS INOMINADOS. BANCÁRIO. APONTAMENTO NO SCR (SISTEMA DE


INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL). CARACTERÍSTICA DE CADASTRO
RESTRITIVO DE CRÉDITO. PRECEDENTES DO STJ. ANOTAÇÃO INDEVIDA DE DÍVIDA VENCIDA
E PREJUÍZO. Débito declarado inexigivel em ação pretérita. Abusividade da conduta. Ausência de
apontamento desabonador anterior. Inaplicabilidade da Súmula nº 385 do STJ. Danos morais fixados.
Obrigação de fazer mantida. Recurso do autor provido. Recurso do réu desprovido. (JECPR; Rec
0029004-66.2021.8.16.0021; Cascavel; Segunda Turma Recursal; Rel. Juiz Álvaro Rodrigues Júnior;
Julg. 21/10/2022; DJPR 25/10/2022)

89761358 - APELAÇÃO CÍVEL. NULIDADE DA SENTENÇA POR FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO.


PRELIMINAR REJEITADA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA
DO NOME DO CONSUMIDOR NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. SISTEMA DE
INFORMAÇÕES DE CRÉDITO AO BANCO CENTRAL (SCR). DANOS MORAIS PRESUMIDOS.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. QUANTUM INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS.
Tendo o Juiz primevo indicado os motivos que formaram o seu convencimento, de forma clara e
inequívoca, não há que se falar em falta de fundamentação da sentença. Em que pese não configurar
um sistema essencialmente restritivo, as anotações no Sistema de Informações de Crédito do Banco
Central (SCR) podem causar transtornos ao consumidor para aprovação de crédito junto a instituições
financeiras. Neste caso, a existência de danos morais é in re ipsa, ou seja, decorre automaticamente
da negativação do nome do consumidor junto aos órgãos de proteção ao crédito, ao que pode ser
equiparado o SCR, sendo prescindível a comprovação de efetivo prejuízo, na medida em que o mesmo
é presumido. O quantum indenizatório por dano moral não deve ser causa de enriquecimento ilícito
nem ser tão diminuto em seu valor, que perca o sentido de punição. (TJMG; APCV 5026618-
50.2021.8.13.0024; Décima Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Valdez Leite Machado; Julg. 21/07/2022;
DJEMG 21/07/2022)

52452150 - APELAÇÕES CÍVEL E ADESIVA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


MANUTENÇÃO DA DÍVIDA, OBJETO DE ACORDO, NO SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO
DO BANCO CENTRAL DO BRASIL (SCR) COMO "PREJUÍZO". PROVA CONCRETA DE RECUSA
DE EMPRÉSTIMO AMPARADA NA ANOTAÇÃO. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
RAZOÁVEL E PROPORCIONAL. MANUTENÇÃO. RECURSOS DESPROVIDOS. Manutenção de
apontamento do nome do autor no Sistema de Informação de Crédito do Banco Central
(SCR/SISBACEN), com a referência de categoria prejuízos, mesmo após acordo. A informação
transmitida pelo banco ao SCR, de maneira equivocada, possui potencial capaz de restringir o crédito
da parte, uma vez que uma das finalidades desse sistema é propiciar o intercâmbio de informações
entre as instituições financeiras sobre os débitos de responsabilidade de clientes nas operações de
crédito (Resolução n. 3.658/2008 do Banco Central). No caso, a parte autora, comprovou que teve
recusado pedido de empréstimo para desenvolvimento de atividade rural, em face da anotação
equivocada, de modo que não restam dúvidas quanto a configuração dos danos morais. (TJMT; AC
0001985-53.2016.8.11.0004; Primeira Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Sebastião Barbosa Farias;
Julg 19/07/2022; DJMT 25/07/2022)

50482351 - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS. INCLUSÃO NO SISTEMA


SISBACEN/SCR. NATUREZA RESTRITIVA DE CRÉDITO. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA.
DANO MORAL IN RE IPSA. QUANTUM INDENIZATÓRIO. TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA.
I. O Sistema de Informações de Créditos (SCR) é um sistema constituído por informações remetidas
ao Banco Central do Brasil sobre operações de crédito, que tem por finalidade o monitoramento do
crédito no sistema financeiro, a fiscalização das atividades bancárias, bem como propiciar o
intercâmbio de informações entre instituições financeiras, acerca do montante da responsabilidade de
seus clientes. As informações fornecidas ao SISBACEN possuem a natureza restritiva de crédito, uma
vez que as instituições financeiras utilizam para consulta prévia de operações de crédito realizadas
pelos consumidores, a fim de avaliar a capacidade de pagamento e diminuir os riscos de tomada de
crédito. II. É responsabilidade exclusiva das instituições financeiras as inclusões, correções e
exclusões dos registros constantes do SCR, bem como a prévia comunicação ao cliente da inscrição
dos dados de suas operações no aludido sistema, conforme Resolução nº 4.571/2017 do Banco
Central do Brasil. III. In casu, o banco recorrente não se desincumbiu do ônus probatório de comprovar
ter comunicado previamente a consumidora acerca da anotação dos dados no SCR. Assim, afigura-se
ilegítima a inclusão do nome da autora no SISBACEN/SCR sem a sua prévia comunicação, o que
caracteriza dano moral in re ipsa, dispensando-se a prova material do abalo sofrido, impondo-se ao
banco recorrente o dever de reparar os danos morais causados. lV. A quantia arbitrada em R$ 5.000,00
(cinco mil reais), atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, mostrando-se adequada
à reparação do dano. V. Os juros de mora incidem desde a data da inclusão indevida dos dados da
consumidora no sistema, porquanto tratando-se de responsabilidade extracontratual, os juros fluem a
partir do evento danoso. Apelação conhecida e desprovida. (TJGO; AC 5298368-98.2020.8.09.0146;
Quarta Câmara Cível; Rel. Juiz Subst. Reinaldo Alves Ferreira; Julg. 06/05/2022; DJEGO 11/05/2022;
Pág. 3721)

50481407 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. INSCRIÇÃO DO NOME NO SCR/SISBACEN (SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO).
1. A inscrição do nome do consumidor no Sistema de Informação de Crédito (SCR) sem a sua prévia
notificação é considerada irregular e dispensa de comprovação dos efetivos prejuízos, por se tratar de
dano in re ipsa. 2. A fixação do valor dos danos morais se orienta pela valoração das circunstâncias
do caso e do interesse jurídico lesado à luz dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,
considerando especialmente a repercussão do dano e a capacidade financeira das partes, cuidando
para não dar ensejo ao enriquecimento sem causa e efetivamente inibir a reiteração da conduta
ofensiva. À luz dessas diretrizes e dos precedentes deste Tribunal, afigura-se suficiente arbitrar o valor
da indenização no patamar de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). APELAÇÃO CONHECIDA E
PARCIALMENTE PROVIDA. (TJGO; AC 5224379-06.2021.8.09.0120; Paraúna; Sexta Câmara Cível;
Rel. Des. Norival de Castro Santomé; Julg. 05/05/2022; DJEGO 09/05/2022; Pág. 3919)

Veja o trecho do voto:

50479430 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS.


INSCRIÇÕES NO SCR-SISBACEN. NECESSIDADE DE PRÉVIA NOTIFICAÇÃO DO CONSUMIDOR.
JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STJ. AUSÊNCIA DE PROVA DO ENVIO DE
COMUNICAÇÕES PRÉVIAS. DEVER DE INDENIZAR. DANO IN RE IPSA. INEXISTÊNCIA DE
INSCRIÇÕES PREEXISTENTES. QUANTUM CONDENATÓRIO EM CONSONÂNCIA COM A
JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE. 1. O STJ possui entendimento sedimentado no sentido de vetar
a inscrição do nome de consumidores no SCR. SISBACEN, sem que haja prévia notificação, por
entender que, neste cadastro, há informações que podem prejudicar o fornecimento de serviços, pela
análise de risco de disponibilização de crédito, equiparando-o aos sistemas de proteção ao crédito
(SPC, SERASA). 2. Inexistente prévia anotação do nome da apelante no referido cadastro, e não
comprovado o envio de notificação prévia comunicando o ato à recorrente, exsurge o dever de
indenizar, eis que o dano é in re ipsa, além da obrigação de cancelamento das inscrições. 3. Sem
descurar da finalidade pedagógica do instituto, guiado pela proporcionalidade e também pela vedação
ao enriquecimento ilícito, confiro que o montante de R$ 5.000,00 (cinco mil) reais é suficiente para
compensar a violação à reputação da consumidora, em atenção, também, ao que a jurisprudência do
STJ e desta Corte vem fixando para casos similares. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA.
(TJGO; AC 5185191-19.2021.8.09.0051; Goiânia; Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Leobino Valente
Chaves; Julg. 28/04/2022; DJEGO 02/05/2022; Pág. 1313)

6500186280 - APELAÇÃO. Ação de obrigação de fazer C.C. Indenização por danos morais.
Apontamento junto ao Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR). Sentença de
improcedência. Recurso do autor. EXCLUSÃO DA ANOTAÇÃO NEGATIVA EM NOME DO AUTOR
JUNTO AO SCR. Ausência de comprovação, por parte da cooperativa ré, de cumprimento da
providência relativa à prévia notificação do cliente acerca do lançamento de seu nome perante o SCR.
Inteligência do art. 11 da Resolução BACEN n. 4.571/2017 e do art. 42, § 2º, do CDC. Prazo máximo
de 05 (cinco) anos para manutenção de apontamentos negativos junto ao SCR já ultrapassado ao
tempo do ajuizamento da presente demanda. Aplicação da Súmula n. 323 do STJ, do art. 12 da
Resolução. BACEN n. 4.571/2017 e do art. 43, §§ 1º e 5º, do CDC. Exclusão da anotação que, por
qualquer ângulo que se analise o tema, é de rigor. Providência a cargo da demandada. Precedentes
desta Corte Bandeirante. DANO MORAL. Não configuração. Inexistência de prova no sentido de que
a negativa de contratação com terceiros decorreu do lançamento da informação impugnada. Situação
vexatória e constrangedora não verificada. Jurisprudência deste Tribunal de Justiça. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP; AC 1020502-16.2019.8.26.0506; Ac. 15437130; Ribeirão Preto;
Vigésima Quarta Câmara de Direito Privado; Relª Desª Jonize Sacchi de Oliveira; Julg. 25/02/2022;
DJESP 07/03/2022; Pág. 3061)
90462801 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. EMPREENDIMENTO JARDINS
DO SHOPPING. FALÊNCIA DA CONSTRUTORA. DEVER DE FISCALIZAÇÃO DO BANCO DO
BRASIL. BAIXA DO CADASTRO BACEN (SCR). INSCRIÇÃO COMO PREJUÍZO. DANO MORAL
VERIFICADO. SENTENÇA MANTIDA. PREQUESTIONAMENTO. Gratuidade judiciária: Apelo não
conhecido, no ponto, quando houve o indeferimento do pedido na origem. Obrigação de fazer: Trata-
se de imóvel com financiamento no âmbito do programa minha casa, minha vida, sendo o Banco do
Brasil também responsável pela fiscalização do empreendimento no prazo contratado. Falência da
construtora, no caso em concreto, sem a sua substituição, que ocasionou a paralisação total e
permanente da construção há mais de 06 anos. Manutenção da decisão que determinou a baixa do
apontamento junto ao Banco Central do Brasil (scr) como prejuízo. Precedentes. Inversão do ônus da
prova: Incidente, ao caso em concreto, os dispositivos contidos no CDC, vez que a relação é de
consumo, sendo cabível a inversão do ônus da prova, nos termos do que dispõe o artigo 6º da Lei
consumerista. Dano moral: O sistema de informações de crédito do Banco Central (scr) tem a natureza
de cadastro restritivo de crédito, justamente pelo caráter de suas informações, tal qual os demais
cadastros de proteção, pois visam a diminuir o risco assumido pelas instituições na decisão de tomada
de crédito (STJ - RESP 1365284/SC). As informações fornecidas pela instituição financeira ao BACEN
acabam por restringir o crédito do consumidor/cliente, já que tais sistemas são utilizados para avaliar
a capacidade de pagamento desse consumidor. Desta forma, evidente o prejuízo sofrido pelo autor,
considerando a discussão travada nos autos. Quantum indenizatório: O valor da indenização deve ser
arbitrado em conformidade com o princípio da razoabilidade, compatível com a reprovabilidade da
conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado. Quantum mantido em R$
5.000,00 (cinco mil reais), no caso em concreto. Honorários advocatícios: A verba honorária fixada na
sentença se coaduna com o disposto nos §§2º e 8º do art. 85 do CPC, pois bem remunera o procurador.
Apelo desprovido para fins de redução dos honorários advocatícios em favor da parte autora.
Prequestionamento: O prequestionamento de normas constitucionais e infraconstitucionais fica
atendido nas razões de decidir deste julgado, o que dispensa manifestação pontual acerca de cada
artigo aventado. Tampouco se negou vigência aos dispositivos normativos que resolvem a lide.
Negaram provimento ao recurso de apelação, na parte conhecida. (TJRS; AC 5004686-
11.2021.8.21.0015; Gravataí; Décima Nona Câmara Cível; Rel. Des. Eduardo João Lima Costa; Julg.
08/04/2022; DJERS 18/04/2022)

90435559 - APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO DECLARATÓRIA COM


PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 1. Inclusão indevida no sistema de informações
de crédito do Banco Central do Brasil (scr). O sistema de informações de crédito do Banco Central do
Brasil (scr) é instituição restritiva de crédito por avaliar a capacidade de pagamento do consumidor. No
caso em tela, tendo havido o cadastro indevido do nome da requerente no sistema de informações de
crédito do Banco Central (scr), na esteira da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e desta
câmara julgadora, resta demonstrada a falha na prestação de serviços da parte ré, um dos requisitos
autorizadores da responsabilidade civil. Outrossim, à luz da disciplina da Súmula nº 359 do STJ,
incumbe ao órgão mantenedor do cadastro restritivo de crédito o envio ao devedor da notificação prévia
à inscrição. Daí porque, na hipótese, não há que se falar em responsabilização do credor por eventual
ausência de encaminhamento de comunicação prévia à parte devedora. 2. Dano moral. Inocorrência.
Súmula nº 385 do STJ. Estando a autora prévia e legitimamente inscrita em cadastros restritivos de
crédito, descabida é a indenização por danos morais, nos termos da Súmula nº 385 do Superior
Tribunal de Justiça. Apelação parcialmente provida. Unânime. (TJRS; AC 5005506-40.2019.8.21.0002;
Alegrete; Vigésima Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Fernando Flores Cabral Junior; Julg. 30/03/2022;
DJERS 30/03/2022)

67349001 - CIVIL. SCR. IRREGULARIDADE NA ANOTAÇÃO. ALEGADA AUSÊNCIA DE


NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. INEXIGIBILIDADE. Responsabilidade do mantenedor do cadastro 1
conforme noção cediça, pacífico é o entendimento de que a comunicação compete ao órgão
responsável pelo cadastro, e não ao credor ou à instituição financeira, afigurando-se inviável, na
espécie, imputar responsabilidade ao recorrente pela ausência de aviso prévio sobre a inclusão do
nome do devedor em cadastro de inadimplentes (RESP. Nº 849.233/MT, Min. Hélio quaglia barbosa).
2 afinal, cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito a notificação do devedor antes
de proceder à inscrição (STJ, súm. N. 359). 3 ademais, a partir dos termos da legislação afeta ao
Sistema Financeiro Nacional, os cadastros integrantes do sisbacen se destinam, precipuamente, à
atividade fiscalizadora do recorrente, discrimen suficiente para justificar o afastamento das regras
consumeristas aplicáveis aos cadastros restritivos de crédito que praticam serviços de informação
mercantil (RESP 1626547/RS, minª. Regina helena costa). Assim, a notificação prévia de que trata o
art. 43, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor não pode ser imposta ao cadastro scr, que decorre
do sisbacen. (TJSC; APL 5003949-17.2021.8.24.0082; Quinta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Luiz
Cézar Medeiros; Julg. 15/03/2022)

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS – INSCRIÇÃO INDEVIDA JUNTO AO SCR DO BANCO CENTRAL – PEDIDO
DE CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO – REJEITADO – CARTÃO DE CRÉDITO
– AUSÊNCIA DE PROVA ACERCA DA CONTRATAÇÃO – DÉBITO INEXISTENTE – INSCRIÇÃO
INDEVIDA DO NOME DO CONSUMIDOR EM ÓRGÃO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO – ATO ILÍCITO
VERIFICADO – DEVER DE INDENIZAR – PRETENSÃO DE REDUÇÃO DO VALOR ARBITRADO A
TÍTULO DE DANO MORAL – QUANTUM REDUZIDO – RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE
– RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. [...] A cobrança de serviços contratados
ou fornecidos pelo banco mostra-se possível, desde que a instituição financeira produza algum
documento apto a comprovar a existência de relação jurídica entre as partes, ônus do qual o
Requerido/Apelante não se desincumbiu (art. 373, II, do CPC/15). O dano moral decorrente da
negativação indevida em órgãos de proteção ao crédito configura dano in re ipsa, ou seja,
aquele que independe de produção de prova. O valor da indenização por danos morais deve ser
fixado de acordo com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, tendo em vista a finalidade
de reparar o ofendido e desestimular a conduta do ofensor. Diante das peculiaridades do caso
concreto, o quantum deve ser reduzido para R$ 6.000,00 (seis mil reais). (TJMS. Apelação Cível n.
0815575-70.2021.8.12.0001, Campo Grande, 5ª Câmara Cível, Relator (a): Desª Jaceguara Dantas
da Silva, j: 06/05/2022, p: 10/05/2022)

E M E N T A – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS –


SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL – SCR – NATUREZA
RESTRITIVA DE CRÉDITO – MANUTENÇÃO DA INSCRIÇÃO – DÍVIDA PAGA – DANO MORAL –
QUANTUM INDENIZATÓRIO – PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE –
RECURSO PROVIDO. 1. O colendo Superior Tribunal de Justiça fixou entendimento no sentido de que
o SRC - Sistema de Informação de Crédito tem natureza de cadastro restritivo de crédito, não devendo
permanecer ali registrada a operação financeira de dívida que encontra-se quitada ou questionada
judicialmente. 2. Restando comprovada a manutenção indevida do nome do consumidor naquele
cadastro, por dívida já paga, exsurge o direito à indenização por danos morais, fixada de acordo com
o princípio da proporcionalidade. 3. Recurso provido. (TJMS. Apelação Cível n. 0822543-
53.2020.8.12.0001, Campo Grande, 4ª Câmara Cível, Relator (a): Juiz Lúcio R. da Silveira, j:
31/01/2022, p: 04/02/2022)
AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS – TUTELA PROVISÓRIA – – INSCRIÇÃO EM ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO – SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO BANCO CENTRAL DO BRASIL (SISBACEN) –
ANOTAÇÃO COM NATUREZA RESTRITIVA DE CRÉDITO – VEROSSIMILHANÇA DA TESE
EXPOSTA NA INICIAL – AUSÊNCIA DE ELEMENTOS CONCRETOS QUE INDIQUEM A
EXISTÊNCIA DE UM DÉBITO EM NOME DA AUTORA PENDENTE DE PAGAMENTO –
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS PARA A CONCESSÃO DE TUTELA PROVISÓRIA –
DEFERIMENTO – AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Controvérsia centrada
na discussão acerca do preenchimento, ou não, dos requisitos legais para o deferimento de tutela
provisória de natureza antecipada, destinada a baixa de restrição lançada em nome da autora-
agravante em órgão de proteção ao crédito (Sisbacen, atual SCR). 2. O art. 300, do CPC/2015, prevê
que a tutela de urgência, espécie de tutela provisória (art. 294, CPC/15), será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo, podendo ser de natureza cautelar ou antecipada. 4. Em sede recursal, a interposição de
Agravo de Instrumento contra decisão que apreciou, na origem, pedido de tutela provisória de urgência,
devolve ao Tribunal a apreciação desses requisitos (art. 299, parágrafo único, CPC/15), a fim de ser
deferida, ou não, a medida liminar pleiteada. 5. Na espécie, a análise dos autos, constata-se, de início,
que a ré-agravada, em suas Contrarrazões, não negou que lançou anotação de inadimplemento pela
autora-agravante no Sistema de Informações do Banco Central do Brasil (Sisbacen). A ré também não
negou a afirmação da autora de que o único débito que possui junto às Lojas Renner S/A, parceira
daquela, não está em situação de mora, sendo certo, ainda, que a autora-agravante fez prova indiciária
de que está em dia com o parcelamento realizado junto àquela empresa. Além disso, a ré também não
apontou qual é o débito da autora, a justificar a negativação alegada. 6. Nesse contexto, em se tratando
de relação consumerista, na qual se alega a ocorrência de fato do serviço, tem-se que a inversão do
ônus da prova ocorre ope legis (art. 14, § 3º, CDC), de modo, a par do incipiente momento processual,
é possível extrair alguma verossimilhança das alegações da autora-agravante, a justificar a concessão
da tutela provisória pleiteada. 7. A anotação de eventual débito no Sistema de Informações do Banco
Central do Brasil (Sisbacen), não se trata de mera anotação interna, tendo, ao revés, o condão de
impor restrições de crédito ao consumidor. 8. O Sistema de Informações do Banco Central do Brasil
(Sisbacen) e seus desdobramentos, dentre eles o CCF, Cadin e SCR, possuem a natureza restritiva
de crédito, de modo a se reputar como negativa a pecha atribuída a pessoa que é indevidamente
inserida ou mantida nestas bases de dados. Precedentes do STJ. 9. Agravo de Instrumento conhecido
e provido. (TJMS. Agravo de Instrumento n. 1417085-72.2021.8.12.0000, Paranaíba, 3ª Câmara
Cível, Relator (a): Des. Paulo Alberto de Oliveira, j: 16/12/2021, p: 10/01/2022)

APELAÇÃO CÍVEL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DO


CONSUMIDOR – PRESCRIÇÃO E INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA – AFASTADAS - SISTEMA DE
INFORMAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL - SCR – DANO MORAL IN RE
IPSA – QUANTUM INDENIZATÓRIO REDUZIDO – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. A
indevida inscrição do nome da parte autora em cadastros restritivos de crédito configura ato ilícito
passível de indenização por danos morais que, nesse caso, prescinde de prova (in re ipsa). Revelando-
se excessivo o valor fixado a título de danos morais, cabível sua redução em observância aos princípios
de proporcionalidade e razoabilidade. (TJMS. Apelação Cível n. 0833100-02.2020.8.12.0001, Campo
Grande, 2ª Câmara Cível, Relator (a): Des. Julizar Barbosa Trindade, j: 30/11/2021, p: 07/12/2021)

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA C.C INDENIZATÓRIA – AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO


PRÉVIA À INSCRIÇÃO NEGATIVA – NOTIFICAÇÃO ENVIADA AO ENDEREÇO ELETRÔNICO –
IMPOSSIBILIDADE. DANO MORAL CONFIGURADO – QUANTUM MANTIDO. JUROS - TERMO
INICIAL A PARTIR DO EVENTO DANOSO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MANTIDOS – VALOR
RAZOÁVEL. 1) De acordo com entendimento firmado em recurso repetitivo pelo STJ, "os órgãos
mantenedores de cadastros possuem legitimidade passiva para as ações que buscam a reparação
dos danos morais e materiais decorrentes da inscrição, sem prévia notificação, do nome de devedor
em seus cadastros restritivos, inclusive quando os dados utilizados para a negativação são oriundos
do CCF do Banco Central ou de outros cadastros mantidos por entidades diversas" (REsp
1061134/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/12/2008, DJe
01/04/2009). 2) Não comprovado o envio de prévia notificação ao endereço do consumidor, declara-
se ilegal a inscrição de seu nome em cadastro restritivo de crédito. 3) A empresa ré, na condição de
fornecedora de serviços, responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços. 4) A inclusão do
nome do autor em cadastros de proteção ao crédito em razão de dívida já quitada e, portanto, indevida,
gera dano moral in re ipsa. 5) O valor da indenização por danos morais não tem tabelamento e nem
se encontra arrolada em lei, devendo ser fixado com prudência e moderação pelo magistrado, com
observação das diretrizes traçadas para casos idênticos pelos Tribunais Superiores, sempre levando
em consideração o dano experimentado, sua extensão e repercussão na esfera e no meio social em
que vive o autor, a conduta que o causou e a situação econômica das partes. Valor mantido em R$
5.000,00 (cinco mil reais). 6) O termo inicial para incidência dos juros, no caso de indenização por
danos morais decorrente de relação extracontratual deve ser a partir do evento danoso, conforme
Súmula 54 do STJ. 7) Os honorários advocatícios se configuram como remuneração do profissional
que despende seu tempo, trabalho e conhecimento no acompanhamento da causa, não podendo ser
esta prestação subestimada. Recursos do autor e da ré conhecidos e improvidos. (TJMS. Apelação
Cível n. 0805258-60.2020.8.12.0029, Naviraí, 3ª Câmara Cível, Relator (a): Des. Dorival Renato
Pavan, j: 18/10/2021, p: 22/10/2021)

42054421 - PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO


C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CONHECIMENTO PARCIAL. RAZÕES DISSOCIADAS
DA FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA. DIALETICIDADE. AUSÊNCIA. MÉRITO. COBRANÇAS DE
DÍVIDAS JÁ QUITADAS CONFORME DECISÃO JUDICIAL. INCLUSÃO DO DEVEDOR EM "LISTA
NEGRA". ILICITUDE DA CONDUTA DO BANCO. DANO MORAL. CONFIGURADO. QUANTUM
INDENIZATÓRIO. ADEQUAÇÃO AO CASO CONCRETO. REDUÇÃO. VALOR FIXADO COM
PROPORCIONALIDADE. 1. As razões do apelo dissociadas dos fundamentos da sentença não podem
ser conhecidas diante da ausência de dialeticidade. 2. É ilícita a conduta do banco que realiza
cobranças e insere o nome do autor em lista de restrição interna, privando-lhe de crédito inclusive
outras instituições financeiras, por conta de dívidas já declaradas quitadas, conforme decisão judicial
transitada em julgado. 3. Tal conduta caracteriza dano moral, na medida em que gera angústia e
sofrimento na parte autora, o qual se viu endividado e sem crédito na praça. 3. Ainda que se considere
o abalo sofrido pelo demandante e o fato de o banco ter violado a autoridade do Poder Judiciário, o
montante fixado na sentença (quinze mil reais) deve ser reduzido para dez mil reais, como forma de
evitar o enriquecimento se causa do ofendido. 4. Apelo parcialmente conhecido e, nessa extensão,
parcialmente provido. (TJAC; AC 0700720-52.2019.8.01.0002; Cruzeiro do Sul; Segunda Câmara
Cível; Relª Desª Regina Ferrari; DJAC 15/04/2021; Pág. 7)

OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CONTRATO DE


CONSÓRCIO. Autora contemplada. Não liberação da carta de crédito em razão de restrição
desabonadora. Quitação da dívida. Crédito não liberado diante da manutenção de restrição interna
junto à Requerida. Descabimento. Alegação genérica e insuficiente para a recusa na liberação da carta
de crédito. Danos morais configurados. Hipótese em que a Autora viu frustrada a pretensão de adquirir
o bem em virtude da demora da ré em fornecer a carta de crédito. Indenização devida. Sentença
mantida. Recurso não provido. (TJSP; AC 1001288-22.2020.8.26.0177; Ac. 15153679; Embu-Guaçu;
Trigésima Oitava Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Mario de Oliveira; Julg. 29/10/2021; DJESP
08/11/2021; Pág. 3305)

52353877 - RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C TUTELA DE


URGÊNCIA E DANOS MORAIS. ‘RESTRIÇÃO INTERNA’ MESMO APÓS QUITAÇÃO DA DÍVIDA.
FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL CARACTERIZADO. DEVER DE INDENIZAR.
QUANTUM ADEQUADO. TERMO A QUO DE INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA E CORREÇÃO
MONETÁRIA. DANO MORAL. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. JUROS DE MORA E DA
CORREÇÃO MONETÁRIA INCIDE, RESPECTIVAMENTE, NAS DATAS DA CITAÇÃO E DO
ARBITRAMENTO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. RECURSO DO AUTOR
PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO DO BANCO. DESPROVIDO. Restando comprovado nos
autos a falha da instituição financeira, eis que houve a quitação da dívida pelo cliente, a restrição
interna imposta é ilegal gerando a cliente o bloqueio de cartão, bloqueio de empréstimos, dentre outros,
o que impõe a indenização por dano moral. A fixação do valor da indenização por dano moral deve
atender às circunstâncias do caso concreto, não devendo ser fixado em quantia irrisória, assim como
em valor elevado a ponto de propiciar enriquecimento sem causa. (TJMT; AC 1025525-
65.2017.8.11.0041; Primeira Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Sebastião Barbosa Farias; Julg
22/06/2021; DJMT 25/06/2021)

 SUPERIOR DE TRIBUNAL JUSTIÇA


AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL DO RÉU.
1. O valor da reparação pelos danos morais pela inscrição indevida do nome da parte nos cadastros
restritivos do SISBACEN, atual SCR, fora estipulado considerando o caráter pedagógico e reparatório
da medida, sendo arbitrado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), quantia que se mostra razoável e
proporcional gravame causado.
2. Agravo interno desprovido.
(AgInt no REsp 1876629/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 09/08/2021,
DJe 17/08/2021)

RECURSO ESPECIAL PROCESSUAL CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - REGULAÇÃO.


CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. CADASTRAMENTO NO SISBACEN. AUSÊNCIA DE
NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. BANCO CENTRAL DO BRASIL. ILEGITIMIDADE PASSIVA. RECURSO
PROVIDO. SÚMULA 572/STJ.
1. A partir dos termos da legislação afeta ao Sistema Financeiro Nacional, os cadastros integrantes do
SISBACEN se destinam, precipuamente, à atividade fiscalizadora do Recorrente, discrimen suficiente
para justificar o afastamento das regras consumeristas aplicáveis aos cadastros restritivos de crédito
que praticam serviços de informação mercantil.
2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como
o SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do
Brasil é parte ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido.
Inteligência da Súmula 572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento.
(REsp n. 1.626.547/RS, relatora Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, julgado em 6/4/2021,
DJe de 8/4/2021.)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INDENIZATÓRIA. SISBACEN.


SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL (SCR). DANO
MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. MONTANTE FIXADO DE
ACORDO COM OS VALORES ASSENTADOS POR ESTA CORTE EM HIPÓTESES ANÁLOGAS.
AGRAVO DESPROVIDO. 1. O montante indenizatório fixado em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título
de dano moral em razão da inscrição indevida do nome da autora no SISBACEN encontra-se em
consonância com os valores fixados por esta Corte em hipóteses análogas. Precedentes.
2. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1139656/RS, Rel. Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), QUARTA TURMA, julgado em 24/10/2017, DJe 31/10/2017)

RECURSO ESPECIAL PROCESSUAL CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - REGULAÇÃO.


CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. CADASTRAMENTO NO SISBACEN. AUSÊNCIA DE
NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. BANCO CENTRAL DO BRASIL. ILEGITIMIDADE PASSIVA. RECURSO
PROVIDO. SÚMULA 572/STJ.
1. A partir dos termos da legislação afeta ao Sistema Financeiro Nacional, os cadastros integrantes do
SISBACEN se destinam, precipuamente, à atividade fiscalizadora do Recorrente, discrimen suficiente
para justificar o afastamento das regras consumeristas aplicáveis aos cadastros restritivos de crédito
que praticam serviços de informação mercantil.
2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como
o SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do
Brasil é parte ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido.
Inteligência da Súmula 572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento.
(REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
06/04/2021, DJe 08/04/2021)

RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DE PESSOA JURÍDICA NO CADASTRO DE INADIMPLENTES
DO SISBACEN/SCR. DETERMINAÇÃO JUDICIAL PROFERIDA EM LIMINAR EM AÇÃO
REVISIONAL DETERMINANDO QUE A RÉ SE ABSTIVESSE DE INCLUIR OU MANTER O NOME
DA AUTORA NO ROL DE "QUALQUER ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO". ATO ILÍCITO
CONFIGURADO. DANO MORAL. RAZOABILIDADE NA FIXAÇÃO DO QUANTUM.
1. O Sistema de Informações do Banco Central - Sisbacen, mais precisamente o Sistema de
Informações de Crédito do Banco Central - SCR, é cadastro público que tem tanto um viés de proteção
do interesse público (como regulador do sistema - supervisão bancária), como de satisfação dos
interesses privados (seja instituições financeiras - gestão das carteiras de crédito -, seja mutuários -
demonstração de seu cadastro positivo).
2. Por óbvio que referido órgão deve ser tratado de forma diferente dos cadastros de inadimplentes
como o Serviço de Proteção ao Crédito - SPC e o Serasa. Contudo, não se pode olvidar que ele
também tem a natureza de cadastro restritivo de crédito, justamente pelo caráter de suas informações,
tal qual os demais cadastros de proteção, pois visam a diminuir o risco assumido pelas instituições na
decisão de tomada de crédito.
3. Observa-se, pois, que apesar da natureza de cadastro público, não tem como se desvincular de sua
finalidade de legítimo arquivo de consumo para operações de crédito, voltado principalmente às
instituições financeiras para que melhor avaliem os riscos na sua concessão à determinada pessoa,
isto é, o crédito é justamente o objeto da relação jurídica posta.
4. A Lei n. 12.414/2011, chamada de lei do "cadastro positivo", apesar de disciplinar a formação e
consulta a banco de dados com informações de adimplemento para histórico de crédito (art. 1°),
estabelece que os bancos de dados de natureza pública terão regramento próprio (parágrafo único do
art. 1°), o que, a contrario sensu, significa dizer que eles também são considerados bancos de dados
de proteção ao crédito, os quais futuramente serão objeto de regulamentação própria.
5. Na hipótese, a informação do Sisbacen sobre o débito que ainda está em discussão judicial pode
ter sido apta a restringir, de alguma forma, a obtenção de crédito pela recorrida, haja vista que as
instituições financeiras, para a concessão de qualquer empréstimo, exigem (em regra, via contrato de
adesão) a autorização do cliente para acessar o seu histórico nos arquivos do Bacen.
6. Recurso especial a que se nega provimento.
(REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSCRIÇÃO


INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
INOCORRÊNCIA. CENTRAL DE RISCO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL. NATUREZA DE
CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL "IN RE IPSA". PRESUNÇÃO.
DESNECESSIDADE DE PROVA. AGRAVO DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1183247/MT, Rel.
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe
20/08/2012)

JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA SOBRE NEGATIVAÇÃO NO SCR – SISTEMA DE


INFORMAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA JURÍDICA

6500882964 - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CC. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


SENTENÇA QUE JÁ RECONHECEU A INEXIGIBILIDADE DAS DÍVIDAS INDEVIDAMENTE
INSCRITAS PELO RÉU NO SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL
(SCR). Anotação que também possui caráter restritivo. Pessoa jurídica. Súmula nº 227 do STJ.
Precedentes. Danos morais caracterizados e arbitrados em R$10.000,00. Indenização devida. Recurso
provido. (TJSP; AC 1019609-04.2021.8.26.0361; Ac. 16210963; Mogi das Cruzes; Décima Sexta
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Jovino de Sylos; Julg. 04/11/2022; DJESP 16/11/2022; Pág.
1965)
6500777672 - APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO DE
DÉBITO INDEVIDO NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL. SCR.
DANOS MORAIS. PESSOA JURÍDICA. QUANTUM INDENIZATÓRIO. I. Sentença de parcial
procedência. Apelo do réu. II. Incontroversa a indevida inscrição do nome da autora no SCR-
SISBACEN. SCR-SISBACEN que possui natureza de cadastro restritivo de crédito. III. Pessoa jurídica
passível de sofrer danos morais, vez que possui honra objetiva. Ato ilícito caracterizador da
responsabilidade civil, por abalo extrapatrimonial causado à pessoa jurídica, que é aquele cuja
repercussão atinge o conceito e a credibilidade de que goza a empresa no meio social. Súmula nº 227
do STJ. Dano moral caracterizado. Ainda que não haja prova do prejuízo, o dano moral puro é
presumível. Indenização devida, devendo ser fixada com base em critérios legais e doutrinários.
Indenização mantida, ante as peculiaridades do caso, em R$10.000,00, quantia suficiente para
indenizar a autora e, ao mesmo tempo, coibir o réu de atitudes semelhantes. Precedentes deste E. TJ.
Decisão mantida. Aplicação do art. 252 do Regimento Interno do TJSP. Apelo improvido. ÔNUS.
SUCUMBÊNCIA. Tendo em vista o trabalho adicional desenvolvido, em sede recursal, pela recorrida,
majoram-se os honorários advocatícios de 10% para 15% sobre o valor da condenação, nos termos
do art. 85, §11, do NCPC. Apelo improvido. (TJSP; AC 1026261-78.2020.8.26.0100; Ac. 16108311;
São Paulo; Vigésima Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Salles Vieira; Julg. 30/09/2022;
DJESP 06/10/2022; Pág. 2071)

52466042 - RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PROCEDÊNCIA. INCLUSÃO INDEVIDA NO
SISTEMA DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL. SCR. ALEGAÇÃO DE QUE SE TRATA DE PESSOA
JURÍDICA E AUSÊNCIA DE COPROVAÇÃO DE ABALO À HONRA OBJETIVA. SEMELHANÇA
ENTRE O SCR E OS CADASTROS MANTIDOS POR ENTIDADES PRIVADAS. ATO ILÍCITO
CONFIGURADO. DANO MORAL CARACTERIZADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO. PEDIDO DE
REDUÇÃO. DESCABIMENTO. ADEQUAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA A PARTIR DA CITAÇÃO.
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. RECURSO DESPROVIDO. Apesar de divergir dos tradicionais
cadastros restritivos de crédito (SERASA e SPC), ao contrário do que alega o apelante, o SCR também
possui caráter restritivo de crédito, uma vez que serve de base para análise do perfil do consumidor
para fins de liberação de crédito, razão pela qual, eventual apontamento indevido é passível de gerar
dano moral. A inserção indevida do nome do consumidor nos cadastros negativos de crédito gera
consequências negativas que devem ser indenizadas. Nesses casos, o entendimento jurisprudencial
do Superior Tribunal de Justiça é unânime quanto à desnecessidade de comprovar o dano moral,
sendo suficiente a inscrição injusta. Há de ser mantido o valor indenizatório por dano moral se
atendidos os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Decorrendo o dever de indenizar de um
ilícito contratual, devem os juros de mora ser computados a partir da citação, nos termos do art. 240
do CPC/15 e art. 405 do CC/2002. (TJMT; AC 1030268-16.2020.8.11.0041; Segunda Câmara de
Direito Privado; Relª Desª Marilsen Andrade Addario; Julg 31/08/2022; DJMT 01/09/2022)

6200140613 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. Pessoa


jurídica. Honra objetiva. Danos morais. Sentença de parcial procedência. Inconformismo de ambas as
partes. A inscrição indevida do nome da autora no sistema de informações de crédito do Banco Central
restou incontroversa, uma vez que a ré não nega tal fato, apenas se limitando a argumentar que não
se trata de cadastro restritivo de crédito e que não houve comprovação do dano moral. O STJ possui
entendimento no sentido de que sistema de informações do Banco Central (sisbacen) tem natureza de
cadastro restritivo de crédito, assim como o SPC, a SERASA e demais cadastros do gênero, pois suas
informações objetivam diminuir o risco assumido pelas instituições financeiras na hora de conceder
crédito. No caso, tratando-se de pessoa jurídica, o e. STJ possui entendimento no sentido de que, para
a pessoa jurídica, o dano moral é fenômeno distinto daquele relacionado à pessoa natural, não se
admitindo o dano moral em si mesmo, como decorrência intrínseca à existência de ato ilícito, devendo
haver a demonstração do prejuízo extrapatrimonial. A conduta desabonadora, materializada na
inscrição indevida (e não notificada) no cadastro de inadimplentes do scr enseja a reparação por dano
moral, com assento exclusivamente na ameaça de sofrer abalo de crédito. Necessidade de redução
dos danos morais e do valor arbitrado a título de multa. Alegação de decisão extra petita que merece
acolhimento. Ausência de pedido expresso para publicação de edital de retratação. Adequação da
obrigação de fazer ao pedido formulado na petição inicial. Rejeição da tese de litigância de má-fé por
parte do réu. Sentença parcialmente reformada. Provimento parcial do primeiro recurso e
desprovimento do segundo. (TJRJ; APL 0030488-79.2014.8.19.0021; Duque de Caxias; Vigésima
Primeira Câmara Cível; Rel. Des. André Emilio Ribeiro Von Melentovytch; DORJ 24/06/2022; Pág. 577)

89615534 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. INCLUSÃO EM CADASTRO DE


PROTEÇÃO AO CRÉDITO (SISBACEN/SCR). AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO. DANOS MORAIS.
PESSOA JURÍDICA. CONFIGURAÇÃO. PARÊMETROS. 1. As informações fornecidas pelas
instituições financeiras ao Sisbacen afiguram-se como restritivas de crédito, visto que esse sistema de
informação avalia a capacidade de pagamento do consumidor de serviços bancários (STJ, Informativo
nº 0447, RESP 1099527/MG). 2. Sendo o Sisbacen equivalente aos órgãos de proteção ao crédito, a
ele aplica-se a Súmula nº 359 do STJ in verbis Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção
ao Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição. 2. A pessoa jurídica pode sofrer
dano moral. (Súmula nº 227 do STJ). 3. O valor da indenização deve ser fixado examinando-se as
peculiaridades de cada caso e, em especial, a gravidade da lesão, a intensidade da culpa do agente.
(TJMG; APCV 0166720-20.2017.8.13.0261; Décima Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Wanderley Paiva;
Julg. 13/09/2021; DJEMG 20/09/2021)

67284132 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
MANUTENÇÃO INDEVIDA DO NOME DA EMPRESA AUTORA NO SISTEMA CENTRAL DE RISCO
DE CRÉDITO (SCR). Sentença de procedência. Insurgência da parte ré. Aventada inexistência de
dano moral. Alegação de que o scr é apenas um banco de dados informativo. Insubsistência.
Entendimento sedimentado na corte superior e neste tribunal de que o scr possui natureza de cadastro
restritivo de crédito. Apontamento indevido. Abalo ao crédito e à honra objetiva da empresa que se
presume (dano moral in re ipsa). Pessoa jurídica que desfruta da proteção ao nome e ao crédito junto
à comunidade em que está inserida. Inteligência do art. 52 do CC e da Súmula nº 227 do STJ. Súmula
nº 30 desta corte de justiça. Dever de indenizar que se mantém. Pleito de minoração do quantum
indenizatório. Insubsistência. Observância dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
Quantia arbitrada na origem que se mantém. Fixação de honorários recursais. Recurso desprovido.
(TJSC; APL 0301244-56.2019.8.24.0073; Florianópolis; Sexta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. André
Luiz Dacol; Julg. 13/07/2021)
90219984 - APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PESSOA JURÍDICA. ACORDO
JUDICIAL QUITADO. INSCRIÇÃO DO NOME EM CADASTRO DE INADIMPLENTES
(SISBACEN/SCR). DANOS MORAIS CARACTERIZADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
CRITÉRIOS. Situação dos autos em que restou comprovado que o banco demandado comandou
indevidamente o nome da parte autora no denominado sistema de Informações do Banco Central -
SISBACEN, mesmo após acordo judicial homologado entre as partes e os pagamentos efetuados pela
parte. Como decorrência da anotação indevida no aludido cadastro, que possui natureza idêntica às
anotações lançadas nos demais órgãos de proteção ao crédito, e seus conhecidos efeitos deletérios,
há a ocorrência de danos extrapatrimoniais suscetíveis de indenização, que independem de prova
efetiva e concreta de sua existência. De se ressaltar, ademais, que a pessoa jurídica é suscetível de
sofrer dano moral, considerada a ofensa a sua honra objetiva, constituída do prestígio no meio
comercial, fama, bom nome e qualificação dos serviços que presta, atingida pela conduta irregular da
demandada. Súmula nº 227 do STJ. Valor da indenização fixado em R$ 10.000,00, diante das
peculiaridades do caso concreto e dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, bem como da
natureza jurídica da indenização. RECURSO PROVIDO. (TJRS; APL 0045187-26.2020.8.21.7000;
Proc 70084068287; Caxias do Sul; Nona Câmara Cível; Rel. Des. Tasso Caubi Soares Delabary; Julg.
16/09/2020; DJERS 02/10/2020)

46245842 - APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE QUITAÇÃO DE DÍVIDA C/C INDENIZATÓRIA


POR DANOS MORAIS. PESSOA JURÍDICA. FINANCIAMENTO DE VEÍCULO. INSCRIÇÃO
INDEVIDA NOS ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO E NO SRC SISTEMA DE INFORMAÇÕES
DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL. PARCELA PAGA. MÁ PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. DANOS
MORAIS CONFIGURADOS. V ALOR DA INDENIZAÇÃO ARBITRADA EM CONFORMIDADE COM O
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
IMPROVIDO. I. O Código de Defesa do Consumidor adotou a teoria do risco da atividade pelos danos
causados ao consumidor, no sentido de que a simples existência de atividade mercantil, exercida pelo
fornecedor de produto e/ou serviços, já o incumbe com a obrigação de reparar o dano causado pelo
exercício da sua atividade. Registre-se que não é necessária a aferição de culpa ou a existência de
caso fortuito ou força maior, pois somente as circunstâncias previstas no inciso II, §3º, do art. 14, do
CDC podem ser invocadas para eximir o fornecedor do dever de indenizar. II. No caso, é incontroversa
a conduta do apelado em proceder a inscrição indevida da apelada nos órgão de proteção ao crédito,
o que, indubitavelmente, representa falha na prestação do serviço, cuja prova em sentido contrário
competiria ao fornecedor, que não se desincumbiu do seu ônus processual. III. A fixação de danos
morais em favor da autora, no importe de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), se afigura razoável e
proporcional aos danos sofridos, decorrentes da inscrição indevida nos órgão de proteção ao crédito,
por mais de 2 (dois) anos, notadamente por se tratar de pessoa jurídica. Ademais, houve, ainda,
inscrição do nome da empresa no Sistema de Informações de Crédito do Banco Central. SCR. Que,
em que que pese não se tratar de órgão de restrição de crédito, funciona como tal em relação às
instituições financeira para análise de risco, o que potencializa a restrição de acesso a crédito para
fomentar a atividade empresarial e, por conseguinte, gera injusto prejuízo à honra objetiva da empresa.
APELO IMPROVIDO. (TJBA; AP 0317228-14.2011.8.05.0001; Salvador; Segunda Câmara Cível; Relª
Desª Maria do Socorro Barreto Santiago; Julg. 13/08/2019; DJBA 21/08/2019; Pág. 374)
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em


> http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm . Acesso em:
10 set. 2023.

BRASIL. Lei 8.078, de 11 de setembro 1990. Institui o Código de Defesa do


Consumidor. Disponível em >
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm . Acesso em: 10 set.
2023.

BRASIL. Resolução CMN nº 3.658, de 17 de dezembro de 2008. Disponível em:


https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/exibenormativo?tipo=Resolu%C3%A7
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BRASIL. Banco Central do Brasil. Resolução nº 2.724, de 31 de maio de 2000.


Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/exibenormativo?tipo=Resolu%C3%A7%C3%A3o
&numero=2724. Acesso em 05 jul. 2023

BRASIL. Banco Central do Brasil. Resolução nº 2.798, de 30 de novembro de 2000.


Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/exibenormativo?tipo=Resolu%C3%A7%C3%A3o
&numero=2798. Acesso em 05 jul. 2023

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https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/exibenormativo?tipo=Resolu%C3%A7
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