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HOMERO MEDEIROS
Copyright © 2023 por Homero Lupo Medeiros
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desse livro pode ser utilizada
ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por
escrito dos editores.
Edição: Z Cursos
Medeiros, Homero
Blocklist Bancária [livro eletrônico] / Homero
Medeiros. -- Campo Grande, MS : Z Cursos, 2023.
Bibliografia.
ISBN nº 978-65-6033-027-6
23-150441 CDU-332.10981
www.professorhomero.com.br
bancarionapratica@gmail.com
2
BLOCKLIST BANCÁRIA
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO __________________________________________________________ 4
2. BLOCK LIST BANCÁRIA: ORIGEM, CONCEITO E BASE NORMATIVA _________________ 6
3. HIPÓTESES DE CABIMENTO DA AÇÃO E O DEVER DE REPARAR ___________________ 9
4. SUJEITOS DA RELAÇÃO __________________________________________________ 18
5. ROTEIRO DE ATUAÇÃO PRÁTICA __________________________________________ 20
5.1 Check-list dos documentos essenciais ___________________________________________ 20
5.2 Perguntas para entrevista cliente ______________________________________________ 21
6. APÊNDICE 01: MODELOS DE NOTIFICAÇÕES _________________________________ 25
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (falta de notificação) _____________________________________ 25
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (renegociação de dívida) __________________________________ 27
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (ação judicial) __________________________________________ 29
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (pessoa jurídica – falta de notificação)_______________________ 31
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (pessoa jurídica – renegociação) ___________________________ 33
7. APÊNDICE 02: MODELOS DE PETIÇÃO INICIAL ________________________________ 36
MODELO DE PETIÇÃO INICIAL (pessoa física – falta de notificação) ______________________ 36
MODELO DE INICIAL (pessoa física – renegociação) ___________________________________ 48
MODELO DE INICIAL (pessoa física – ação judicial)____________________________________ 62
MODELO DE INICIAL (pessoa jurídica – falta de notificação) ____________________________ 74
MODELO DE INICIAL (pessoa jurídica – renegociação) _________________________________ 86
8. APÊNDICE 03: JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS ____________________________ 100
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS___________________________________________ 141
1. INTRODUÇÃO
É muito provável que esta seja a primeira vez que você está ouvindo a
expressão “BLOCK LIST BANCÁRIA”.
Como dito na introdução, Block List foi um termo que criei para explicar aos
meus alunos acerca do Sistema de Informações de Créditos – SCR. Mas antes desse
sistema, existia no Brasil o sistema Central de Risco de Crédito, regulamentado pelas
resoluções nº 2.724, 31/05/2000 e nº 2.798, 30/11/2000.
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/exibenormativo?tipo=Instru%C3%A7%C3%A3o%20Normativa
%20BCB&numero=327. Acesso em 27/04/2023.
responsabilidades de clientes em operações de crédito.” (art. 2º, II, da Resolução
CMN nº 5.037/22).
I - empréstimos e financiamentos;
II - adiantamentos;
2
Essa é a posição do Banco Central do Brasil, senão veja-se:
[...]2 – no caso das operações em atraso, até quando elas aparecem no SCR?
Quando uma operação completa 60 meses em atraso, o banco realiza um registro no sistema de forma que ela
deixa de aparecer para todos os meses sob consulta.
Porém, ela continua aparecendo nos sistemas internos do banco onde consta a dívida.
Já as outras instituições, que não são credoras dessa operação, somente podem consultar as informações
consolidadas dos últimos 24 meses. (Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_scr. Acesso 27/04/2023.
3
“O prazo de 5 anos, previsto no Código de Defesa do Consumidor, é o prazo máximo em que uma informação
de caráter restritivo, como uma dívida não paga, pode estar disponível em cadastros. Assim, quando uma dívida
completa 5 anos em atraso, o banco marca aquela operação no sistema com um símbolo especial. A partir daí, a
dívida deixa de aparecer no relatório. Porém, ainda que não apareça no cadastro, o valor em aberto pode ser
exigido pelos bancos.” Disponível em: https://www.bcb.gov.br/meubc/faqs/p/periodo-de-consulta-de-dividas-
em-atraso. Acesso em 27/04/2023.
VIII - créditos que tenham sido objeto de negociação com retenção substancial de riscos
e de benefícios ou de controle;
4
Conforme a nota anexa da INSTRUÇÃO NORMATIVA BCB Nº 327, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2022.
Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/exibenormativo?tipo=Instru%C3%A7%C3%A3o%20Normativa
%20BCB&numero=327. Acesso em 27/04/2023.
3. HIPÓTESES DE CABIMENTO DA AÇÃO E O DEVER DE REPARAR
“[...]cabe comentar que a função birô de crédito do SCR vem evoluindo desde a sua
criação. Dentro desse processo de aprimoramento do intercâmbio de informações entre
instituições financeiras e atendendo à demanda do próprio sistema financeiro, a
exclusão do termo “consolidadas” torna possível disponibilizar informações mais
detalhadas e granulares, o que permite aprimorar a análise de risco pelo sistema
financeiro e, consequentemente, trazer maior segurança para o processo de concessão
de crédito.”7
5
REsp 1099527/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe
24/09/2010
6
No mesmo sentido: REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014;
7
Disponível em: https://normativos.bcb.gov.br/Votos/CMN/202276/Voto_do_CMN_76_2022.pdf. Acesso em
27/04/2023.
o seu nome nos campos dívida vencida e prejuízo do SCR. Isso por força tanto Código
de Defesa do Consumidor8 e a Resolução CMN nº 5.037/229.
[...]
8
Art. 43 [...] § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada
por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
9
Art. 13. As instituições originadoras das operações de crédito ou que tenham adquirido tais operações de
entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional devem comunicar previamente ao cliente que os
dados de suas respectivas operações serão registrados no SCR.
§ 1º Na comunicação referida no caput devem constar as orientações e os esclarecimentos relacionados no art.
16.
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ocorrer anteriormente à remessa das informações para o
SCR.
§ 3º As instituições referidas no caput devem manter a guarda da comunicação de que trata este artigo, em meio
físico ou eletrônico que permita comprovar a sua autenticidade, por um período de cinco anos, contado da data de
emissão do documento, sem prejuízo de outras disposições que fixem prazo maior para a sua guarda.
10
[...]2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como o
SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do Brasil é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido. Inteligência da Súmula
572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento.
(REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2021,
DJe 08/04/2021)
Desse modo, conclui-se que não é possível imputar ao BACEN a responsabilidade,
prevista no artigo 43, §2º, do CDC, por notificar previamente a pessoa física ou jurídica
quando de sua inclusão no SCR, uma vez que esta obrigação incumbe à instituição
financeira que alimentou o sistema do BACEN com os dados de seus consumidores.
Assim, não há falar em legitimidade passiva do Banco Central do Brasil para responder
por danos resultantes da ausência de notificação prévia de pessoa física ou jurídica
acerca de sua inclusão no Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR).
Nesse prumo, o recurso especial deve ser parcialmente provido, para reformar o
acórdão recorrido e afastar a condenação do BACEN, uma vez que a este não incumbe
a notificação prévia por ocasião da inclusão do nome de pessoa física ou jurídica no
SCR.
Dessa forma, quem deve figurar no polo passivo dessas ações que
debatem a responsabilidade pela notificação prévia à negativação é a própria
instituição financeira que encaminhou a informação ao SCR.
11
52452150 - APELAÇÕES CÍVEL E ADESIVA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
MANUTENÇÃO DA DÍVIDA, OBJETO DE ACORDO, NO SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO
DO BANCO CENTRAL DO BRASIL (SCR) COMO "PREJUÍZO". PROVA CONCRETA DE RECUSA DE
EMPRÉSTIMO AMPARADA NA ANOTAÇÃO. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
RAZOÁVEL E PROPORCIONAL. MANUTENÇÃO. RECURSOS DESPROVIDOS. Manutenção de
apontamento do nome do autor no Sistema de Informação de Crédito do Banco Central (SCR/SISBACEN),
com a referência de categoria prejuízos, mesmo após acordo. A informação transmitida pelo banco ao SCR,
de maneira equivocada, possui potencial capaz de restringir o crédito da parte, uma vez que uma das finalidades
desse sistema é propiciar o intercâmbio de informações entre as instituições financeiras sobre os débitos de
responsabilidade de clientes nas operações de crédito (Resolução n. 3.658/2008 do Banco Central). No caso, a
parte autora, comprovou que teve recusado pedido de empréstimo para desenvolvimento de atividade rural, em
face da anotação equivocada, de modo que não restam dúvidas quanto a configuração dos danos morais. (TJMT;
AC 0001985-53.2016.8.11.0004; Primeira Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Sebastião Barbosa Farias; Julg
19/07/2022; DJMT 25/07/2022) g/n
Um terceiro cenário é quando a instituição financeira anota no sistema do
SCR um prejuízo decorrente de ação judicial que desconstituiu a dívida ou a declarou
inexistente.
12
Em igual sentido: 89716185 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE
DÉBITO C/C INDENIZATÓRIA. DÉBITO QUITADO. NOME DO CONSUMIDOR NO SCR. DANOS
MORAIS. OCORRÊNCIA. VALOR. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. 1. Embora diverso dos
tradicionais cadastros restritivos de crédito (SERASA e SPC), o Sistema de Informação de Crédito. SCR também
possui caráter restritivo de crédito, na medida em que serve de base de análise do perfil do consumidor para fins
de liberação de crédito, de forma que eventual inscrição indevida é passível de indenização. 2. Em se tratando de
ação declaratória de inexistência de débito, incumbe ao fornecedor comprovar a existência da relação jurídica
geradora da dívida, sob pena de declaração de sua inexistência. 2. Havendo provas, na ação revisional conexa,
que o débito apontado pela instituição financeira inexiste, há de se reconhecer a ocorrência de danos morais em
razão de inclusão indevida no Sistema de Informação de Crédito. SCR. 4. O valor dos danos morais deve ser
arbitrado em atenção aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, não podendo ser fonte de
enriquecimento ilícito da vítima tampouco irrisório ao ofensor. (TJMG; APCV 5000209-71.2021.8.13.0239;
Décima Câmara Cível; Rel. Des. Claret de Moraes; Julg. 29/03/2022; DJEMG 05/04/2022)
a sua data de vencimento, mas se sabe que esta última hipótese é bem mais rara de
acontecer.
Exemplifica-se:
13
Em igual sentido: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. Empresa que inscreveu o nome
da autora em sistema de informação ao crédito do Banco Central do Brasil (scr). Parcial procedência na origem.
Recurso da autora. Dano moral. Pleito de majoração. Valor da indenização fixado na sentença em R$ 2.000,00.
Majoração ao patamar de R$ 8.000,00. Arbitramento em atenção ao princípio da proporcionalidade e aos critérios
compensatório da vítima e sancionatório da infratora. (..)(TJSC; APL 5000519-49.2022.8.24.0235; Sétima
Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Osmar Nunes Júnior; Julg. 31/08/2023)
QUANTUM ARBITRADO. VALOR RAZOÁVEL. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO.
14
Vg. 76918974 - APELAÇÃO. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO INDENIZATÓRIA C/C OBRIGAÇÃO DE
FAZER. ALEGAÇÃO DE RESTRIÇÃO CLASSIFICADA COM EQUÍVOCO JUNTO AO SCR SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE
CRÉDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. PESSOA JURÍDICA. DIREITO À CORREÇÃO DA INFORMAÇÃO. DANOS
MORAIS NÃO CONFIGURADOS. De acordo com o que dispõe o art. 373 do Novo Código de Processo Civil,
incumbe à parte autora o ônus da prova quanto ao fato constitutivo do seu direito (inciso I) E, à parte ré, o ônus
da prova quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora (inciso II).
Faz jus a parte autora à correção do cadastro para a classificação do débito de forma correta, tendo em vista a
renegociação procedida. Embora a pessoa jurídica possa sofrer dano moral (Súmula nº 227 do STJ), deve-se
atentar que a ocorrência deste dano está relacionada à honra objetiva da empresa, ou seja, aquela que diz
respeito ao nome, prestígio, boa fama perante o meio social em que atua. Na hipótese, contudo, conquanto
demonstrada a existência de informação equivocada junto ao SCR Sistema de Informações de Crédito do Banco
Central do Brasil, tal circunstância, por si só, não é suficiente para gerar o direito a indenização por danos morais,
devendo haver comprovação cabal do prejuízo que, na hipótese, em se tratando a parte autora de pessoa
jurídica, diz respeito à honra objetiva da empresa. Nesse sentido, não verifico a existência prejuízo nesses
moldes à pessoa jurídica. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (TJRS; AC 80581-65.2018.8.21.7000; Rio Pardo;
Décima Sexta Câmara Cível; Rel. Des. Eduardo Kraemer; Julg. 09/05/2019; DJERS 28/05/2019)
dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao
cancelamento.”
I - agências de fomento;
IV - bancos comerciais;
V - bancos de câmbio;
VI - bancos de desenvolvimento;
IX - caixas econômicas;
X - companhias hipotecárias;
XI - cooperativas de crédito;
O extrato SCR como já dito deve ser providenciado pelo cliente, que precisa
realizar o cadastro junto ao site do Bacen. Do mesmo modo, o extrato aos órgão de
proteção ao crédito são importantes para que o cliente demonstre a ausência de
negativação anterior e a irregularidade da cobrança.
Este é o nosso objetivo: fazer com que você faça uma advocacia bancária
cada vez mais assertiva e formadora de precedentes positivos para os consumidores
bancários.
6. APÊNDICE 01: MODELOS DE NOTIFICAÇÕES
Atenciosamente,
ASSINATURA CLIENTE
ASSINATURA ADVOGAD(A)
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (renegociação de dívida)
Atenciosamente,
ASSINATURA CLIENTE
ASSINATURA ADVOGAD(A)
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (ação judicial)
Atenciosamente,
ASSINATURA CLIENTE
ASSINATURA ADVOGAD(A)
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (pessoa jurídica – falta de notificação)
Atenciosamente,
ASSINATURA CLIENTE
ASSINATURA ADVOGAD(A)
MODELO DE NOTIFICAÇÃO (pessoa jurídica – renegociação)
Atenciosamente,
ASSINATURA CLIENTE
ASSINATURA ADVOGAD(A)
7. APÊNDICE 02: MODELOS DE PETIÇÃO INICIAL
AÇÃO DE CONHECIMENTO
com pedido de obrigação de fazer e reparação de danos
15
Conforme procuração anexa.
em desfavor de NOME DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, pessoa jurídica
de direito privado, inscrita no CNPJ nº XX.XXX.XXX/XXXX-XX, com sede na Rua XX,
nº XXX, bairro XXX, Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@gmail.com, pelos fatos e
fundamentos seguintes.
I – FUNDAMENTOS FÁTICOS
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
16
Essa é a posição do Banco Central do Brasil, senão veja-se:
[...]2 – no caso das operações em atraso, até quando elas aparecem no SCR?
Quando uma operação completa 60 meses em atraso, o banco realiza um registro no sistema de forma que ela
deixa de aparecer para todos os meses sob consulta.
Porém, ela continua aparecendo nos sistemas internos do banco onde consta a dívida.
Já as outras instituições, que não são credoras dessa operação, somente podem consultar as informações
consolidadas dos últimos 24 meses. (Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_scr. Acesso 14/05/22(
verdadeiro banco de dados na forma da lei do cadastro positivo (art. 2º, I, da Lei
12.414/2011), assim como do art. 43 do Código de Defesa do Consumidor.
17
REsp 1099527/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe
24/09/2010
18
No mesmo sentido: REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014;
19
Art. 43 [...] § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada
por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
20
Art. 13. As instituições originadoras das operações de crédito ou que tenham adquirido tais operações de
entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional devem comunicar previamente ao cliente que os
dados de suas respectivas operações serão registrados no SCR.
§ 1º Na comunicação referida no caput devem constar as orientações e os esclarecimentos relacionados no art.
16.
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ocorrer anteriormente à remessa das informações para o
SCR.
§ 3º As instituições referidas no caput devem manter a guarda da comunicação de que trata este artigo, em meio
físico ou eletrônico que permita comprovar a sua autenticidade, por um período de cinco anos, contado da data de
emissão do documento, sem prejuízo de outras disposições que fixem prazo maior para a sua guarda.
21
[...]2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como o
SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do Brasil é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido. Inteligência da Súmula
572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento.
(REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2021,
DJe 08/04/2021)
Diante disso, deverá a demandada ser compelida a excluir a anotação
da negativação no SCR, na forma do art. 15, parágrafo único, II e IV, Resolução
CMN nº 5.037/22, porque o ato foi praticado ao arrepio de todo o sistema normativo.
22
No mesmo sentido:
TJGO; AC 5185191-19.2021.8.09.0051; Goiânia; Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Leobino Valente Chaves;
Julg. 28/04/2022; DJEGO 02/05/2022; Pág. 1313
(TJSP; AC 1020502-16.2019.8.26.0506; Ac. 15437130; Ribeirão Preto; Vigésima Quarta Câmara de Direito
Privado; Relª Desª Jonize Sacchi de Oliveira; Julg. 25/02/2022; DJESP 07/03/2022; Pág. 3061
23
Em igual sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. CENTRAL DE RISCO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL.
NATUREZA DE CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL "IN RE IPSA".
PRESUNÇÃO. DESNECESSIDADE DE PROVA. AGRAVO DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1183247/MT,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe
20/08/2012)
24
Sábias as palavras do professo e Desembargador BESSA: “No mercado, a atuação dos bancos de dados de
proteção ao crédito são potencialmente ofensivas à honra... Tanto a informação positiva como a negativa
contribuem para a definição do perfil do consumidor, [...]ensejando juízos de valor negativos e,
consequentemente, discriminação injusta, denegação ou alteração das condições de concessão de crédito.”
(BESSA, Leonardo Rosco. Nova Lei de Cadastro Positivo. São Paulo: RT, 2019, p. 51)
25
Sobre o assunto também já se manifestou o TJSC: 67553474 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA
DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. INSCRIÇÃO DO NOME DO
AUTOR EM ROL DE INADIMPLENTES. Procedência à origem. Recurso do réu. Contrato carreado após a
contestação. Documentos disponíveis e indispensáveis à defesa. Ausência de motivo apto a justificar a juntada
extemporânea. Aplicação o art. 434 do código de processo civil. Preclusão temporal. Inadmissão da prova.
Aventado exercício regular de direito. Telas do sistema interno que, por si sós, não se prestam a corroborar a
legalidade da transação. Inclusão de pendência no sistema de informação de créditos do Banco Central (scr).
Natureza de cadastro restritivo reconhecida pela jurisprudência. Ato ilícito configurado. Prejuízo moral decorrente
da própria situação. Valor arbitrado pelo juízo de origem, todavia, desproporcional às circunstâncias do caso.
Na linha defendida pelo Superior Tribunal de Justiça26, o valor da
indenização deve seguir o critério bifásico de mensuração dos danos morais.
Adequação necessária. Recurso parcialmente provido. (TJSC; APL 5001739-95.2022.8.24.0166; Quinta Câmara
de Direito Civil; Rel. Des. Ricardo Orofino da Luz Fontes; Julg. 12/09/2023)
26
84712627 - RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. [...] QUANTUM
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO
BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por
danos morais, atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais
arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano,
trazendo um ponto de equilíbrio pelo qual se consegue alcançar razoável correspondência entre o valor da
indenização e o interesse jurídico lesado, bem como estabelecer montante que melhor corresponda às
peculiaridades do caso. 2. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em
conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo
de casos). 3. Na segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso com base nas suas circunstâncias
(gravidade do fato em si, culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes),
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz. [...] 5. Recurso
Especial provido. (STJ; REsp 1.608.573; Proc. 2016/0046129-2; RJ; Rel. Min. Luis Felipe Salomão; Julg.
13/12/2018; DJE 19/12/2018; Pág. 14838) destacou-se; (vide também REsp 1.152.541/RS e Recurso Especial
1.473.393/SP)
27
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
VALOR INDENIZATÓRIO. FIXAÇÃO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
DA PROPORCIONALIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. 3. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
1. A revisão do valor fixado a título de danos morais só é viável em recurso especial quando o valor fixado for
exorbitante ou ínfimo.
2. Na hipótese, o montante estipulado pelas instâncias ordinárias em R$ 10.000,00 (dez mil reais), com base nas
particularidades fáticas do caso e na extensão do abalo sofrido pela autora, está adequado ao contexto dos autos,
não havendo ofensa aos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade, de modo que a alteração do julgado
demandaria nova incursão acerca dos fatos e provas contidos no processo, o que esbarraria no óbice da Súmula n.
7/STJ, não sendo caso de revaloração jurídica.
3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 2.318.642/AL, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, julgado em 21/8/2023, DJe de 23/8/2023.)
28
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL DO RÉU.
1. O valor da reparação pelos danos morais pela inscrição indevida do nome da parte nos cadastros restritivos do
SISBACEN, atual SCR, fora estipulado considerando o caráter pedagógico e reparatório da medida, sendo
arbitrado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), quantia que se mostra razoável e proporcional gravame causado. 2.
Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp 1876629/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 09/08/2021, DJe 17/08/2021)
29
Assim, as principais circunstâncias a serem consideradas como elementos objetivos e subjetivos de concreção
são:
como gravíssima, no sentido a parte reclamante privada de ser consumidor no
mercado já que não tinha credibilidade no mercado para compras a prazo; a
culpabilidade é grave, haja vista que a Demandada agiu de má-fé ao não notificar a
parte demandante antes do ato de negativação, bem assim porque não buscou
solucionar a questão na esfera extrajudicial; não houve qualquer culpa do
consumidor neste caso, ao revés, este buscou minimizar os problemas por meio da
solução amigável, porém tudo foi em vão; enfim, a capacidade econômica da parte
reclamada é notória30, por se tratar de instituição financeira, enquanto a do reclamante
é a de um cidadão de classe média31.
33
[...] 3. A manutenção eventualmente indevida do nome da agravada no Sistema de Informação de Crédito do
Banco Central do Brasil (SCR) produz-lhe efeitos negativos perante o sistema financeiro como um todo,
porquanto o SISBACEN configura espécie de cadastros de inadimplentes, assim como os órgãos específicos de
restrição ao crédito, tais como SPC, SERASA, CDL e outros. Precedentes do STJ. 4. Embora a instituição
financeira agravante sustente que o envio da notificação ao devedor é encargo do órgão de proteção e não do
credor, o STJ afastou a legitimidade passiva do Banco Central do Brasil, na condição de gestor do SISBACEN,
nas ações indenizatórias por ausência de notificação prévia do consumidor ao cadastro no referido sistema.
Precedente do STJ. 5. A tutela de urgência pretendida mostra-se perfeitamente reversível, uma vez que, caso a
(TJGO; AI 5205249-65.2022.8.09.0000; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Anderson Máximo de Holanda; Julg.
05/05/2022; DJEGO 09/05/2022; Pág. 2504)
IV – REQUERIMENTOS E PEDIDOS
Pede deferimento.
34
[...]3. Tratando-se de indenização por danos morais decorrente de responsabilidade contratual, os juros de mora
incidem a partir da citação e a correção monetária desde a data do arbitramento do quantum indenizatório.
Precedentes. 4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. (STJ; EDcl-AgInt-REsp 1.834.637; Proc.
2019/0256543-4; RS; Rel. Min. Moura Ribeiro; DJE 27/08/2020)
xxxxxxxxxxxxxxxxx
Advogad@
AÇÃO DE CONHECIMENTO
35
Conforme procuração anexa.
com pedido de obrigação de fazer e reparação de danos
I – FUNDAMENTOS FÁTICOS
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
36
Essa é a posição do Banco Central do Brasil, senão veja-se:
[...]2 – no caso das operações em atraso, até quando elas aparecem no SCR?
Quando uma operação completa 60 meses em atraso, o banco realiza um registro no sistema de forma que ela
deixa de aparecer para todos os meses sob consulta.
Porém, ela continua aparecendo nos sistemas internos do banco onde consta a dívida.
Já as outras instituições, que não são credoras dessa operação, somente podem consultar as informações
consolidadas dos últimos 24 meses. (Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_scr. Acesso 14/05/22(
verdadeiro banco de dados na forma da lei do cadastro positivo (art. 2º, I, da Lei
12.414/2011), assim como do art. 43 do Código de Defesa do Consumidor.
37
REsp 1099527/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe
24/09/2010
38
No mesmo sentido: REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014;
39
Art. 43 [...] § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada
por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
40
Art. 13. As instituições originadoras das operações de crédito ou que tenham adquirido tais operações de
entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional devem comunicar previamente ao cliente que os
dados de suas respectivas operações serão registrados no SCR.
§ 1º Na comunicação referida no caput devem constar as orientações e os esclarecimentos relacionados no art.
16.
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ocorrer anteriormente à remessa das informações para o
SCR.
§ 3º As instituições referidas no caput devem manter a guarda da comunicação de que trata este artigo, em meio
físico ou eletrônico que permita comprovar a sua autenticidade, por um período de cinco anos, contado da data de
emissão do documento, sem prejuízo de outras disposições que fixem prazo maior para a sua guarda.
Frisa-se que aqui, diferentemente do enunciado sumular 359 do STJ, o
dever de realizar a notificação prévia é da própria instituição financeira, por força da
retromencionada resolução CMN, como bem recentemente decidiu o Superior
Tribunal de Justiça, por sua Primeira Turma.41
41
[...]2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como o
SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do Brasil é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido. Inteligência da Súmula
572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento.
(REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2021,
DJe 08/04/2021)
42
Em igual sentido: TJMS; AC 0827552-30.2019.8.12.0001; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Alexandre Bastos;
DJMS 01/07/2021; Pág. 99; TJSP; AC 1007624-55.2020.8.26.0011; Ac. 14621127; São Paulo; Décima Sétima
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Irineu Fava; Julg. 14/04/2021; DJESP 17/05/2021; Pág. 2147
CMN nº 5.037/22, porque o ato foi praticado ao arrepio de todo o sistema normativo.
43
43
Sábias as palavras do professo e Desembargador BESSA: “No mercado, a atuação dos bancos de dados de
proteção ao crédito são potencialmente ofensivas à honra... Tanto a informação positiva como a negativa
contribuem para a definição do perfil do consumidor, [...]ensejando juízos de valor negativos e,
consequentemente, discriminação injusta, denegação ou alteração das condições de concessão de crédito. ”
(BESSA, Leonardo Rosco. Nova Lei de Cadastro Positivo. São Paulo: RT, 2019, p. 51)
44
Tema repetitivo nº 40 do STJ: A ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu nome em
cadastros de proteção ao crédito, prevista no art. 43, § 2º, do CDC, enseja o direito à compensação por danos
morais.
45
APELAÇÃO. AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. INSCRIÇÃO NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO
DE CRÉDITO (SCR). AUSÊNCIA DE DÉBITO. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL
CONFIGURADO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. TERMO INICIAL. JUROS DE MORA. DATA DA
CITAÇÃO. Conforme entendimento adotado por este Tribunal, o Sistema de Informação de Crédito do Banco
Central. SCR constitui cadastro público e restritivo de crédito, assim, sendo o lançamento indevido em seus
registros, considerado ato ilícito. A inscrição indevida do nome da parte autora nos cadastros de inadimplentes
gera o direito à indenização independentemente da comprovação do dano moral, que, na hipótese, é in re ipsa. Ao
arbitrar o valor da indenização por dano moral, o juiz deve levar em consideração os princípios da razoabilidade
e da proporcionalidade, além do caráter pedagógico da condenação, no sentido de inibir eventuais e futuros atos
E isso fez nascer um dano moral presumido para a parte demandante, à
luz do que dispõe de modo pacífico o Superior Tribunal de Justiça, in verbis:
danosos. A condenação não deve ser aquém, de forma que não sirva de repreensão para quem tem o dever de
pagá-la, nem além, que possa proporcionar o enriquecimento sem causa de quem recebe a indenização, sob pena
de desvirtuar o instituto do dano moral. Em se tratando de relação contratual, a mora, em regra, é ex persona,
exigindo-se a prévia constituição do devedor em mora, passando a fluir os juros moratórios desde a citação,
conforme previsão do art. 405 do CC. (TJMG; APCV 5001043-09.2023.8.13.0335; Décima Terceira Câmara
Cível; Rel. Des. Marco Aurélio Ferrara Marcolino; Julg. 28/09/2023; DJEMG 29/09/2023)
46
Em igual sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. CENTRAL DE RISCO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL.
NATUREZA DE CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL "IN RE IPSA".
PRESUNÇÃO. DESNECESSIDADE DE PROVA. AGRAVO DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1183247/MT,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe
20/08/2012)
47
84712627 - RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. [...] QUANTUM
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO
BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por
danos morais, atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais
arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano,
trazendo um ponto de equilíbrio pelo qual se consegue alcançar razoável correspondência entre o valor da
indenização e o interesse jurídico lesado, bem como estabelecer montante que melhor corresponda às
peculiaridades do caso. 2. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em
conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo
de casos). 3. Na segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso com base nas suas circunstâncias
(gravidade do fato em si, culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes),
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz. [...] 5. Recurso
Especial provido. (STJ; REsp 1.608.573; Proc. 2016/0046129-2; RJ; Rel. Min. Luis Felipe Salomão; Julg.
13/12/2018; DJE 19/12/2018; Pág. 14838) destacou-se; (vide também REsp 1.152.541/RS e Recurso Especial
1.473.393/SP)
Para a primeira fase, devem-se considerar o valor fixado para os casos
análogos sobre indenização por danos morais em decorrência desses negativação
indevida.
48
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
VALOR INDENIZATÓRIO. FIXAÇÃO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
DA PROPORCIONALIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. 3. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
1. A revisão do valor fixado a título de danos morais só é viável em recurso especial quando o valor fixado for
exorbitante ou ínfimo.
2. Na hipótese, o montante estipulado pelas instâncias ordinárias em R$ 10.000,00 (dez mil reais), com base nas
particularidades fáticas do caso e na extensão do abalo sofrido pela autora, está adequado ao contexto dos autos,
não havendo ofensa aos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade, de modo que a alteração do julgado
demandaria nova incursão acerca dos fatos e provas contidos no processo, o que esbarraria no óbice da Súmula n.
7/STJ, não sendo caso de revaloração jurídica.
3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 2.318.642/AL, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, julgado em 21/8/2023, DJe de 23/8/2023.)
49
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL DO RÉU.
1. O valor da reparação pelos danos morais pela inscrição indevida do nome da parte nos cadastros restritivos do
SISBACEN, atual SCR, fora estipulado considerando o caráter pedagógico e reparatório da medida, sendo
arbitrado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), quantia que se mostra razoável e proporcional gravame causado. 2.
Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp 1876629/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 09/08/2021, DJe 17/08/2021)
50
Assim, as principais circunstâncias a serem consideradas como elementos objetivos e subjetivos de concreção
são:
a) a gravidade do fato em si e suas conseqüências para a vítima (dimensão do dano);
b) a intensidade do dolo ou o grau de culpa do agente (culpabilidade do agente);
c) a eventual participação culposa do ofendido (culpa concorrente da vítima);
d) a condição econômica do ofensor;
e) as condições pessoais da vítima (posição política, social e econômica).
(Trecho extraído das fls. 12 de voto vencedor no julgamento do REsp 1.152.541; Proc. 2009/0157076-0; RS;
Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; Julg. 13/09/2011; DJE 21/09/2011)
notória51, por se tratar de instituição financeira, enquanto a do reclamante é a de um
cidadão de classe média52.
51
JUNTAR NOTÍCIA DO LUCRO ANUAL DA INSTITUIÇÃO, SE POSSÍVEL. Ou pegar o capital social da
empresa na receita federal.
52
https://exame.com/brasil/afinal-quem-e-classe-media-no-
brasil/#:~:text=Dentro%20dessa%20faixa%2C%20a%20classe,retorno%20%C3%A0%20condi%C3%A7%C3
%A3o%20de%20pobreza..
53
A inversão do ônus da prova não é regra estática de julgamento, mas norma dinâmica de
procedimento/instrução (EREsp 422.778/SP, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Rel. p/ acórdão Ministra
Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, DJe 21.6.2012). ... (REsp 1806813/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2019, DJe 10/09/2019)
Os elementos coligidos na inicial sumariamente demonstram a
verossimilhança dos fatos deduzidos na exordial, na medida em que está
evidente que o contrato de renegociação firmado entre as partes não teve previsão
expressa de que haveria a anotação do desconto concedido como prejuízo no SCR.
Além disso, não houve comunicação antes de se realizar a “negativação”, tanto que
a parte demandada não a apresentou quando provocada pela parte autora.
54
50563265 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. MANUTENÇÃO DA INSCRIÇÃO DO NOME DA CONSUMIDORA NO SISTEMA
DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL (SCR). NATUREZA RESTRITIVA
DE CRÉDITO. EXCLUSÃO. ASTREINTES. SÚMULA Nº 410 DO STJ. DECISÃO AGRAVADA
REFORMADA. 1. As informações fornecidas ao SISBACEN possuem a natureza restritiva de crédito, uma vez
que as instituições financeiras as utilizam para consulta prévia de operações de crédito realizadas pelos
consumidores, a fim de avaliar a capacidade de pagamento e diminuir os riscos advindos de tomada de crédito.
Precedentes do STJ. 2. Segundo a Resolução nº 4.571/2017 do BACEN, constitui obrigação das instituições
financeiras a remessa das informações relativas às operações de crédito, sendo responsabilidade exclusiva dessas
as inclusões, correções e exclusões dos registros constantes do SCR. 3. Na hipótese, a Agravante quitou as dívidas,
após renegociação com a empresa cessionária, de modo que a manutenção do seu nome perante o cadastro do
Banco Central do Brasil – SCR, é ilegítima. 4. A tutela de urgência pretendida mostra-se perfeitamente reversível,
uma vez que, caso a instrução probatória demonstre em juízo exauriente a regularidade da inscrição do nome da
Agravante no SCR, o cadastro poderá ser retomado. 5. Pode o juiz, de ofício, ou a requerimento da parte, impor
multa diária no intuito de desestimular a recalcitrância do obrigado, assegurando, de consequência, o
adimplemento da obrigação de fazer imposta, nos termos do artigo 537, caput, do CPC/2015. 6. O valor arbitrado
de R$200,00 (duzentos reais), limitado a 30 (trinta) dias, atende aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, considerando-se o porte e a capacidade econômica da instituição financeira, além de guardar
poder coercitivo suficiente para a sua finalidade. 7. A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição
necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer (Súmula nº 410 do
STJ). AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (TJGO; AI 5113562-
37.2023.8.09.0011; Aparecida de Goiânia; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Maurício Porfírio Rosa; Julg.
09/05/2023; DJEGO 11/05/2023; Pág. 4041)
IV – REQUERIMENTOS E PEDIDOS
Pede deferimento.
CIDADE–UF, XX de xxxx de xxx.
xxxxxxxxxxxxxxxxx
Advogad@
55
[...]3. Tratando-se de indenização por danos morais decorrente de responsabilidade contratual, os juros de mora
incidem a partir da citação e a correção monetária desde a data do arbitramento do quantum indenizatório.
Precedentes. 4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. (STJ; EDcl-AgInt-REsp 1.834.637; Proc.
2019/0256543-4; RS; Rel. Min. Moura Ribeiro; DJE 27/08/2020)
DOCUMENTOS QUE INSTRUEM A INICIAL:
ANEXO 01 - documento pessoal;
ANEXO 02 - comprovação da hipossuficiência;
ANEXO 03 – contrato objeto da ação;
ANEXO 04 – contrato de renegociação da dívida e comprovantes de pagamentos;
ANEXO 05 – extrato detalhado do SCR;
ANEXO 06 – extrato do SPC e SERASA;
ANEXO 07 – notificação enviada à requerida;
ANEXO 08 – resposta da notificação.
MODELO DE INICIAL (pessoa física – ação judicial)
AÇÃO DE CONHECIMENTO
56
Conforme procuração anexa.
com pedido de obrigação de fazer e reparação de danos
I – FUNDAMENTOS FÁTICOS
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
57
Essa é a posição do Banco Central do Brasil, senão veja-se:
[...]2 – no caso das operações em atraso, até quando elas aparecem no SCR?
Quando uma operação completa 60 meses em atraso, o banco realiza um registro no sistema de forma que ela
deixa de aparecer para todos os meses sob consulta.
Porém, ela continua aparecendo nos sistemas internos do banco onde consta a dívida.
Já as outras instituições, que não são credoras dessa operação, somente podem consultar as informações
consolidadas dos últimos 24 meses. (Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_scr. Acesso 14/05/22(
Desde o ano de 201058, o Superior Tribunal de Justiça tem o pacífico
entendimento de que “as informações fornecidas pelas instituições financeiras
ao Sisbacen afiguram-se como restritivas de crédito, visto que esse sistema de
informação avalia a capacidade de pagamento do consumidor de serviços
bancários.”59 (g/n)
58
REsp 1099527/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe
24/09/2010
59
No mesmo sentido: REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014;
60
RECURSO INOMINADO CÍVEL. CONSUMIDOR. BANCÁRIO. NEGATIVAÇÃO EM SISTEMA DE
INFORMAÇÃO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL (SCR). NATUREZA DE CADASTRO RESTRITIVO.
AUSÊNCIA DE INADIPLEMENTO. DADOS INSERIDOS DE FORMA INDEVIDA. FALHA NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. DANO MORAL CONFIGURADO
IN RE IPSA. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1 - As
informações fornecidas pelas instituições financeiras acerca de operações com seus clientes ao SISBACEN
equivalem a registro nos órgãos restritivos de crédito. Especialmente quando culminarem em negativa de crédito
ao consumidor por outra instituição financeira, uma vez que um dos propósitos deste sistema de informação é
justamente avaliar a capacidade de pagamento do consumidor dos serviços bancários. 2 - "O sistema de
informações de crédito do Banco Central - SCR é banco de dados que tem natureza de cadastro restritivo de
crédito. Por isso, a simples inserção indevida confessada pelas rés gera o dever de indenizar o autor a título de
dano moral, encontrado in re ipsa. (STJ - 4ª T - RESP nº 1.365.284/SC - Rel. Ministra Maria ISABEL Gallotti -
Rel. P/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO - j. 18/9/2014 - DJe 21/10/2014). (JECMT; RInom 1017699-
98.2023.8.11.0001; Primeira Turma Recursal; Rel. Des. Walter Pereira de Souza; Julg 25/09/2023; DJMT
29/09/2023)
Por conseguinte, indevida é a anotação de prejuízo
realizada em relação um débito que não existe por haver a declaração
de abusividade, já que revisado judicialmente."
61
Art. 43 [...] § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada
por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
62
Art. 13. As instituições originadoras das operações de crédito ou que tenham adquirido tais operações de
entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional devem comunicar previamente ao cliente que os
dados de suas respectivas operações serão registrados no SCR.
§ 1º Na comunicação referida no caput devem constar as orientações e os esclarecimentos relacionados no art.
16.
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ocorrer anteriormente à remessa das informações para o
SCR.
§ 3º As instituições referidas no caput devem manter a guarda da comunicação de que trata este artigo, em meio
físico ou eletrônico que permita comprovar a sua autenticidade, por um período de cinco anos, contado da data de
emissão do documento, sem prejuízo de outras disposições que fixem prazo maior para a sua guarda.
63
[...]2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como o
SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do Brasil é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido. Inteligência da Súmula
572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento. (REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2021, DJe 08/04/2021)
de causalidade entre ambos. Isso porque se está diante de uma verdadeira
situação de fato do serviço (art. 14 do CDC).
64
Tema repetitivo nº 40 do STJ: A ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu nome em
cadastros de proteção ao crédito, prevista no art. 43, § 2º, do CDC, enseja o direito à compensação por danos
morais.
65
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO
INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
ARBITRADO. VALOR RAZOÁVEL. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiça
tem entendimento pacífico de que o dano moral, oriundo de inscrição ou manutenção indevida em cadastro de
inadimplentes, prescinde de prova, configurando-se in re ipsa, visto que é presumido e decorre da própria ilicitude
do fato. [...] (AgInt no AREsp 1501927/GO, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
12/11/2019, DJe 09/12/2019)
Sem dúvida e como bem provado pelos documentos anexos, o bom nome
e a honra da parte demandante somente foram violados por causa da “negativação”
objeto desse processo66, pois não consta qualquer outra restrição em seu nome.
66
Sábias as palavras do professo e Desembargador BESSA: “No mercado, a atuação dos bancos de dados de
proteção ao crédito são potencialmente ofensivas à honra... Tanto a informação positiva como a negativa
contribuem para a definição do perfil do consumidor, [...]ensejando juízos de valor negativos e,
consequentemente, discriminação injusta, denegação ou alteração das condições de concessão de crédito.”
(BESSA, Leonardo Rosco. Nova Lei de Cadastro Positivo. São Paulo: RT, 2019, p. 51)
67
Sobre o assunto também já se manifestou o TJMG: APELAÇÃO. AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO.
INSCRIÇÃO NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO (SCR). AUSÊNCIA DE DÉBITO.
INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL CONFIGURADO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. TERMO
INICIAL. JUROS DE MORA. DATA DA CITAÇÃO. Conforme entendimento adotado por este Tribunal, o
Sistema de Informação de Crédito do Banco Central. SCR constitui cadastro público e restritivo de crédito, assim,
sendo o lançamento indevido em seus registros, considerado ato ilícito. A inscrição indevida do nome da parte
autora nos cadastros de inadimplentes gera o direito à indenização independentemente da comprovação do dano
moral, que, na hipótese, é in re ipsa. Ao arbitrar o valor da indenização por dano moral, o juiz deve levar em
consideração os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, além do caráter pedagógico da condenação,
no sentido de inibir eventuais e futuros atos danosos. A condenação não deve ser aquém, de forma que não sirva
de repreensão para quem tem o dever de pagá-la, nem além, que possa proporcionar o enriquecimento sem causa
de quem recebe a indenização, sob pena de desvirtuar o instituto do dano moral. Em se tratando de relação
contratual, a mora, em regra, é ex persona, exigindo-se a prévia constituição do devedor em mora, passando a fluir
os juros moratórios desde a citação, conforme previsão do art. 405 do CC. (TJMG; APCV 5001043-
09.2023.8.13.0335; Décima Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Marco Aurélio Ferrara Marcolino; Julg.
28/09/2023; DJEMG 29/09/2023)
68
84712627 - RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. [...] QUANTUM
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO
BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por
danos morais, atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais
arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano,
trazendo um ponto de equilíbrio pelo qual se consegue alcançar razoável correspondência entre o valor da
indenização e o interesse jurídico lesado, bem como estabelecer montante que melhor corresponda às
peculiaridades do caso. 2. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em
conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo
de casos). 3. Na segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso com base nas suas circunstâncias
(gravidade do fato em si, culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes),
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz. [...] 5. Recurso
Especial provido. (STJ; REsp 1.608.573; Proc. 2016/0046129-2; RJ; Rel. Min. Luis Felipe Salomão; Julg.
13/12/2018; DJE 19/12/2018; Pág. 14838) destacou-se; (vide também REsp 1.152.541/RS e Recurso Especial
1.473.393/SP)
Em situações idênticas à presente, o Superior Tribunal de Justiça tem
fixado e mantido condenações das instâncias de origem que oscilam de R$
10.000,0069 a R$ 20.000,0070.
69
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
VALOR INDENIZATÓRIO. FIXAÇÃO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
DA PROPORCIONALIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. 3. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
1. A revisão do valor fixado a título de danos morais só é viável em recurso especial quando o valor fixado for
exorbitante ou ínfimo.
2. Na hipótese, o montante estipulado pelas instâncias ordinárias em R$ 10.000,00 (dez mil reais), com base nas
particularidades fáticas do caso e na extensão do abalo sofrido pela autora, está adequado ao contexto dos autos,
não havendo ofensa aos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade, de modo que a alteração do julgado
demandaria nova incursão acerca dos fatos e provas contidos no processo, o que esbarraria no óbice da Súmula n.
7/STJ, não sendo caso de revaloração jurídica.
3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 2.318.642/AL, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, julgado em 21/8/2023, DJe de 23/8/2023.)
70
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL DO RÉU.
1. O valor da reparação pelos danos morais pela inscrição indevida do nome da parte nos cadastros restritivos do
SISBACEN, atual SCR, fora estipulado considerando o caráter pedagógico e reparatório da medida, sendo
arbitrado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), quantia que se mostra razoável e proporcional gravame causado. 2.
Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp 1876629/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 09/08/2021, DJe 17/08/2021)
71
Assim, as principais circunstâncias a serem consideradas como elementos objetivos e subjetivos de concreção
são:
a) a gravidade do fato em si e suas conseqüências para a vítima (dimensão do dano);
b) a intensidade do dolo ou o grau de culpa do agente (culpabilidade do agente);
c) a eventual participação culposa do ofendido (culpa concorrente da vítima);
d) a condição econômica do ofensor;
e) as condições pessoais da vítima (posição política, social e econômica).
(Trecho extraído das fls. 12 de voto vencedor no julgamento do REsp 1.152.541; Proc. 2009/0157076-0; RS;
Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; Julg. 13/09/2011; DJE 21/09/2011)
72
JUNTAR NOTÍCIA DO LUCRO ANUAL DA INSTITUIÇÃO, SE POSSÍVEL. Ou pegar o capital social da
empresa na receita federal.
73
https://exame.com/brasil/afinal-quem-e-classe-media-no-
brasil/#:~:text=Dentro%20dessa%20faixa%2C%20a%20classe,retorno%20%C3%A0%20condi%C3%A7%C3
%A3o%20de%20pobreza.
Com isso, é razoável a fixação da indenização no caso presente em no
mínimo R$ 10.000,00 (dez mil reais), com juros de mora de 1% ao mês, desde a
citação, e correção monetária pelo IGPM desde o arbitramento.
74
A inversão do ônus da prova não é regra estática de julgamento, mas norma dinâmica de
procedimento/instrução (EREsp 422.778/SP, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Rel. p/ acórdão Ministra
Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, DJe 21.6.2012). ... (REsp 1806813/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2019, DJe 10/09/2019)
O perigo da demora consiste no fato de que o nome da parte demandante
ficará restrito durante todo o tramitar da ação, o que prejudicará ou até mesmo
impedirá a parte demandante de realizar compras a prazo no mercado de consumo.
E isso não é justo diante da evidente ilegalidade da negativação.75
IV – REQUERIMENTOS E PEDIDOS
75
[...] 3. A manutenção eventualmente indevida do nome da agravada no Sistema de Informação de Crédito do
Banco Central do Brasil (SCR) produz-lhe efeitos negativos perante o sistema financeiro como um todo,
porquanto o SISBACEN configura espécie de cadastros de inadimplentes, assim como os órgãos específicos de
restrição ao crédito, tais como SPC, SERASA, CDL e outros. Precedentes do STJ. 4. Embora a instituição
financeira agravante sustente que o envio da notificação ao devedor é encargo do órgão de proteção e não do
credor, o STJ afastou a legitimidade passiva do Banco Central do Brasil, na condição de gestor do SISBACEN,
nas ações indenizatórias por ausência de notificação prévia do consumidor ao cadastro no referido sistema.
Precedente do STJ. 5. A tutela de urgência pretendida mostra-se perfeitamente reversível, uma vez que, caso a
(TJGO; AI 5205249-65.2022.8.09.0000; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Anderson Máximo de Holanda; Julg.
05/05/2022; DJEGO 09/05/2022; Pág. 2504)
c) a concessão da TUTELA DE URGÊNCIA, liminarmente e
sem a oitiva da parte adversa, para:
i. determinar que a demandada promova a exclusão da informação
de prejuízo, no SCR, relativamente ao contrato nº XXX, no valor
R$ XXXX, lançamento no mês XXX/202x;
ii. determinar que a parte ré se abstenha de promover qualquer tipo
de medida extrajudicial ou judicial coercitiva ou de cobrança dos
valores relativos ao contrato objeto desta ação;
iii. seja fixada multa diária, no valor de R$ 500,00, para a hipótese de
descumprimento total, parcial ou cumprimento moroso, valendo-
se, se for caso, de quaisquer uma das medidas específicas
previstas no art. 297 do CPC, para assegurar a eficácia do
provimento jurisdicional;
Pede deferimento.
xxxxxxxxxxxxxxxxx
Advogad@
76
[...]3. Tratando-se de indenização por danos morais decorrente de responsabilidade contratual, os juros de mora
incidem a partir da citação e a correção monetária desde a data do arbitramento do quantum indenizatório.
Precedentes. 4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. (STJ; EDcl-AgInt-REsp 1.834.637; Proc.
2019/0256543-4; RS; Rel. Min. Moura Ribeiro; DJE 27/08/2020)
MODELO DE INICIAL (pessoa jurídica – falta de notificação)
77
Conforme procuração anexa.
Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@adv.com, vem perante esse Juízo propor, pelo
procedimento comum (art. 318 e seguintes do CPC/2015),
AÇÃO DE CONHECIMENTO
com pedido de obrigação de fazer e reparação de danos
I – FUNDAMENTOS FÁTICOS
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
78
Essa é a posição do Banco Central do Brasil, senão veja-se:
[...]2 – no caso das operações em atraso, até quando elas aparecem no SCR?
Quando uma operação completa 60 meses em atraso, o banco realiza um registro no sistema de forma que ela
deixa de aparecer para todos os meses sob consulta.
Porém, ela continua aparecendo nos sistemas internos do banco onde consta a dívida.
Já as outras instituições, que não são credoras dessa operação, somente podem consultar as informações
consolidadas dos últimos 24 meses. (Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_scr. Acesso 14/05/22(
financeiras, de modo a restringir completamente o acesso ao crédito, em especial
quando os valores das operações de crédito são lançados como vencido ou prejuízo.
“[...]cabe comentar que a função birô de crédito do SCR vem evoluindo desde a sua
criação. Dentro desse processo de aprimoramento do intercâmbio de informações entre
instituições financeiras e atendendo à demanda do próprio sistema financeiro, a
exclusão do termo “consolidadas” torna possível disponibilizar informações mais
detalhadas e granulares, o que permite aprimorar a análise de risco pelo sistema
financeiro e, consequentemente, trazer maior segurança para o processo de concessão
de crédito.”81
79
REsp 1099527/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe
24/09/2010
80
No mesmo sentido: REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014;
81
Disponível em: https://normativos.bcb.gov.br/Votos/CMN/202276/Voto_do_CMN_76_2022.pdf. Acesso em
27/04/2023.
Resolução CMN nº 5.037/2282. E mesmo que não houvesse essa disposição, a boa-
fé objetiva e seus deveres anexos impõem à parte demandada a obrigação de agir
com lealdade e transparência, o que não aconteceu no caso presente diante da
abrupta negativação do nome da parte demandante.
O Código Civil de 2002 fixou nos seus artigos 186 e 927 que a
responsabilidade civil é verificada, como regra, quando presentes os seguintes
pressupostos: a) conduta ilícita culposa; b) resultado danoso; c) nexo de causalidade.
O ilícito culposo aqui consiste na violação do dever expresso de
notificação do art. 13 da Resolução CMN n. 5.037/22, do princípio da boa-fé e de
seus corolários, na medida em que a parte demandante não recebeu qualquer tipo de
notificação prévia ao ato de inserir seu nome no cadastro de devedores do SCR.
82
Art. 13. As instituições originadoras das operações de crédito ou que tenham adquirido tais operações de
entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional devem comunicar previamente ao cliente que os
dados de suas respectivas operações serão registrados no SCR.
§ 1º Na comunicação referida no caput devem constar as orientações e os esclarecimentos relacionados no art.
16.
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ocorrer anteriormente à remessa das informações para o
SCR.
§ 3º As instituições referidas no caput devem manter a guarda da comunicação de que trata este artigo, em meio
físico ou eletrônico que permita comprovar a sua autenticidade, por um período de cinco anos, contado da data de
emissão do documento, sem prejuízo de outras disposições que fixem prazo maior para a sua guarda.
83
[...]2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como o
SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do Brasil é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido. Inteligência da Súmula
572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento.
(REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2021,
DJe 08/04/2021)
O dano neste caso é à moral (honra objetiva) da pessoa jurídica 84
demandante, na medida em que seu nome perante os fornecedores, inclusive os de
crédito, ficou taxado como de mal pagador a ponto de lhe impedir de obter crédito no
mercado, como bem prova a inclusa documentação. É indubitável que uma restrição
no SCR macula plenamente a credibilidade da demandante!
84
súmula 227 STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. DJ 20.10.1999, p. 49
85
Em igual sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. CENTRAL DE RISCO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL.
NATUREZA DE CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL "IN RE IPSA".
PRESUNÇÃO. DESNECESSIDADE DE PROVA. AGRAVO DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1183247/MT,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe
20/08/2012)
86
67560960 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C PEDIDO
DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ANOTAÇÃO NEGATIVA NO SCR. Sentença de procedência com
declaração de inexistência do débito e condenação do réu ao pagamento de R$ 10.000,00 a título de indenização.
Recurso do réu. Tese de que o scr não se equipara a cadastro restritivo. Rejeição. Jurisprudência sedimentada no
sentido oposto. Regularidade da dívida não comprovada. Anotação negativa que configura ato ilícito. Dano moral
configurado. Demonstração de dano concreto consistente na negativa de crédito que frustrou negociação de
caminhão. Dever de indenizar mantido. Quantum de R$ 10.000,00 que se insere nos limites acolhidos por este
Na linha defendida pelo Superior Tribunal de Justiça87, o valor da
indenização deve seguir o critério bifásico de mensuração dos danos morais.
colegiado em demandas de mesma natureza e se mostra adequado frente às peculiaridades do caso. Pedido de
minoração afastado. Requerimento de incidência de juros de mora apenas a partir da citação. Não acolhimento.
Tese inaugural de inexistência de contratação. Réu que não provou o contrário. Responsabilidade extracontratual.
Aplicação da Súmula nº 54, do STJ. Recurso conhecido e não provido. (TJSC; APL 5000767-94.2021.8.24.0026;
Quarta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Helio David Vieira Figueira dos Santos; Julg. 28/09/2023)
87
84712627 - RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. [...] QUANTUM
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO
BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por
danos morais, atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais
arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano,
trazendo um ponto de equilíbrio pelo qual se consegue alcançar razoável correspondência entre o valor da
indenização e o interesse jurídico lesado, bem como estabelecer montante que melhor corresponda às
peculiaridades do caso. 2. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em
conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo
de casos). 3. Na segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso com base nas suas circunstâncias
(gravidade do fato em si, culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes),
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz. [...] 5. Recurso
Especial provido. (STJ; REsp 1.608.573; Proc. 2016/0046129-2; RJ; Rel. Min. Luis Felipe Salomão; Julg.
13/12/2018; DJE 19/12/2018; Pág. 14838) destacou-se; (vide também REsp 1.152.541/RS e Recurso Especial
1.473.393/SP)
88
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
VALOR INDENIZATÓRIO. FIXAÇÃO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
DA PROPORCIONALIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. 3. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
1. A revisão do valor fixado a título de danos morais só é viável em recurso especial quando o valor fixado for
exorbitante ou ínfimo.
2. Na hipótese, o montante estipulado pelas instâncias ordinárias em R$ 10.000,00 (dez mil reais), com base nas
particularidades fáticas do caso e na extensão do abalo sofrido pela autora, está adequado ao contexto dos autos,
não havendo ofensa aos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade, de modo que a alteração do julgado
demandaria nova incursão acerca dos fatos e provas contidos no processo, o que esbarraria no óbice da Súmula n.
7/STJ, não sendo caso de revaloração jurídica.
3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 2.318.642/AL, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, julgado em 21/8/2023, DJe de 23/8/2023.)
89
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL DO RÉU.
1. O valor da reparação pelos danos morais pela inscrição indevida do nome da parte nos cadastros restritivos do
SISBACEN, atual SCR, fora estipulado considerando o caráter pedagógico e reparatório da medida, sendo
arbitrado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), quantia que se mostra razoável e proporcional gravame causado. 2.
Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp 1876629/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 09/08/2021, DJe 17/08/2021)
Para a segunda fase, como brilhantemente assentou o Min. Paulo de
Tarso Sanseverino90, é de se considerar que: a dimensão do dano deve ser vista
como gravíssima, no sentido de que a parte demandante depende do seu bom nome
e imagem para realizar as compras de produtos e serviços para o funcionamento da
atividade empresarial, sendo que a mácula causada pela negativação até mesmo
impediu a demandante de realizar ______; a culpabilidade é grave, haja vista que a
demandada agiu de má-fé ao não notificar a parte demandante antes do ato de
negativação, bem assim porque não buscou solucionar a questão na esfera
extrajudicial; não houve qualquer culpa da parte autora neste caso, ao revés, este
buscou minimizar os problemas por meio da solução amigável, porém tudo foi em
vão; enfim, a capacidade econômica da parte reclamada é notória91, por se tratar de
instituição financeira, enquanto a do reclamante é _____.
Como regra geral, o Código de Processo Civil fixa que o ônus probatório do
autor incide sobre os fatos constitutivos de seu direito, enquanto o do réu sobre fatos
impeditivos, modificativos e extintivos (art. 373, inciso I e II, CPC).
No entanto, o caso em testilha merece atenção especial desse Juízo, pois
aqui merece ser aplicada a distribuição dinâmica do ônus probatório nas
situações fixadas no §1º do artigo 3737.
90
Assim, as principais circunstâncias a serem consideradas como elementos objetivos e subjetivos de concreção
são:
a) a gravidade do fato em si e suas conseqüências para a vítima (dimensão do dano);
b) a intensidade do dolo ou o grau de culpa do agente (culpabilidade do agente);
c) a eventual participação culposa do ofendido (culpa concorrente da vítima);
d) a condição econômica do ofensor;
e) as condições pessoais da vítima (posição política, social e econômica).
(Trecho extraído das fls. 12 de voto vencedor no julgamento do REsp 1.152.541; Proc. 2009/0157076-0; RS;
Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; Julg. 13/09/2011; DJE 21/09/2011)
91
JUNTAR NOTÍCIA DO LUCRO ANUAL DA INSTITUIÇÃO, SE POSSÍVEL. Ou pegar o capital social da
empresa na receita federal.
No caso em estudo é imprescindível a inversão para a parte demandada,
pois a produção da produção da prova dos fatos narrados nesta petição se mostra
excessivamente difícil ou até mesmo impossível para a parte autora.
É que a prova da ausência comunicação prévia seria um fato negativo para
a parte autora (prova impossível), na medida em que não tem o controle das
comunicações que são realizadas pela parte demandada.
Frisa-se que a inversão pleiteada não torna diabólica a prova para a parte
requerida (§2º do art. 373, CPC), haja vista que lhe é plenamente possível produzir a
prova do fato supra, notadamente em razão de ela ter o dever legal de comunicar a
guardar a prova disso, consoante a Resolução CMN 5.037/22.
Assim, fica requerida a inversão do ônus da prova para a requerida, com a
imposição deste ônus já na fase de saneamento do feito, por se tratar de uma regra
de procedimento92.
92
A inversão do ônus da prova não é regra estática de julgamento, mas norma dinâmica de
procedimento/instrução (EREsp 422.778/SP, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Rel. p/ acórdão Ministra
Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, DJe 21.6.2012). ... (REsp 1806813/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2019, DJe 10/09/2019)
O perigo da demora consiste no fato de que o nome da parte demandante
ficará restrito durante todo o tramitar da ação, o que prejudicará ou até mesmo
impedirá a parte demandante de realizar compras a prazo no mercado de consumo,
sendo que atualmente a empresa demandante precisa de crédito para exercer sua
atividade. E isso não é justo diante da evidente ilegalidade da negativação. 93
IV – REQUERIMENTOS E PEDIDOS
93
[...] 3. A manutenção eventualmente indevida do nome da agravada no Sistema de Informação de Crédito do
Banco Central do Brasil (SCR) produz-lhe efeitos negativos perante o sistema financeiro como um todo,
porquanto o SISBACEN configura espécie de cadastros de inadimplentes, assim como os órgãos específicos de
restrição ao crédito, tais como SPC, SERASA, CDL e outros. Precedentes do STJ. 4. Embora a instituição
financeira agravante sustente que o envio da notificação ao devedor é encargo do órgão de proteção e não do
credor, o STJ afastou a legitimidade passiva do Banco Central do Brasil, na condição de gestor do SISBACEN,
nas ações indenizatórias por ausência de notificação prévia do consumidor ao cadastro no referido sistema.
Precedente do STJ. 5. A tutela de urgência pretendida mostra-se perfeitamente reversível, uma vez que, caso a
(TJGO; AI 5205249-65.2022.8.09.0000; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Anderson Máximo de Holanda; Julg.
05/05/2022; DJEGO 09/05/2022; Pág. 2504)
ii. determinar que a parte ré se abstenha de promover qualquer tipo
de medida extrajudicial ou judicial coercitiva ou de cobrança dos
valores relativos ao contrato objeto desta ação;
iii. seja fixada multa diária, no valor de R$ 500,00, para a hipótese de
descumprimento total, parcial ou cumprimento moroso, valendo-
se, se for caso, de quaisquer uma das medidas específicas
previstas no art. 297 do CPC, para assegurar a eficácia do
provimento jurisdicional;
94
[...]3. Tratando-se de indenização por danos morais decorrente de responsabilidade contratual, os juros de mora
incidem a partir da citação e a correção monetária desde a data do arbitramento do quantum indenizatório.
h) Condenar a parte demandada ao pagamento das despesas
processuais (art. 82, §2º, CPC) e honorários advocatícios (art. 85,
CPC), estes no patamar de 20% do valor da condenação ou da
causa, em favor do advogado do autor;
95
Conforme procuração anexa.
Cidade-UF, CEP: XX.XXX-XXX, xxx@adv.com, vem perante esse Juízo propor, pelo
procedimento comum (art. 318 e seguintes do CPC/2015),
AÇÃO DE CONHECIMENTO
com pedido de obrigação de fazer e reparação de danos
I – FUNDAMENTOS FÁTICOS
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
96
Essa é a posição do Banco Central do Brasil, senão veja-se:
[...]2 – no caso das operações em atraso, até quando elas aparecem no SCR?
Quando uma operação completa 60 meses em atraso, o banco realiza um registro no sistema de forma que ela
deixa de aparecer para todos os meses sob consulta.
Porém, ela continua aparecendo nos sistemas internos do banco onde consta a dívida.
Já as outras instituições, que não são credoras dessa operação, somente podem consultar as informações
consolidadas dos últimos 24 meses. (Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_scr. Acesso 14/05/22(
Desde o ano de 201097, o Superior Tribunal de Justiça tem o pacífico
entendimento de que “as informações fornecidas pelas instituições financeiras
ao Sisbacen afiguram-se como restritivas de crédito, visto que esse sistema de
informação avalia a capacidade de pagamento do consumidor de serviços
bancários.”98 (g/n)
“[...]cabe comentar que a função birô de crédito do SCR vem evoluindo desde a sua
criação. Dentro desse processo de aprimoramento do intercâmbio de informações entre
instituições financeiras e atendendo à demanda do próprio sistema financeiro, a
exclusão do termo “consolidadas” torna possível disponibilizar informações mais
detalhadas e granulares, o que permite aprimorar a análise de risco pelo sistema
financeiro e, consequentemente, trazer maior segurança para o processo de concessão
de crédito.”99
97
REsp 1099527/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/09/2010, DJe
24/09/2010
98
No mesmo sentido: REsp 1365284/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2014, DJe 21/10/2014;
99
Disponível em: https://normativos.bcb.gov.br/Votos/CMN/202276/Voto_do_CMN_76_2022.pdf. Acesso em
27/04/2023.
viola de uma só vez a boa-fé objetiva e seus deveres anexos, bem assim a Resolução
CMN nº 5.037/22100.
100
Art. 13. As instituições originadoras das operações de crédito ou que tenham adquirido tais operações de
entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional devem comunicar previamente ao cliente que os
dados de suas respectivas operações serão registrados no SCR.
§ 1º Na comunicação referida no caput devem constar as orientações e os esclarecimentos relacionados no art.
16.
§ 2º A comunicação de que trata o caput deve ocorrer anteriormente à remessa das informações para o
SCR.
§ 3º As instituições referidas no caput devem manter a guarda da comunicação de que trata este artigo, em meio
físico ou eletrônico que permita comprovar a sua autenticidade, por um período de cinco anos, contado da data de
emissão do documento, sem prejuízo de outras disposições que fixem prazo maior para a sua guarda.
101
[...]2. Ante o papel de gestor do SISBACEN, de natureza pública e distinto dos cadastros privados como o
SERASA e o SPC, que auferem lucros com o cadastramento dos inadimplentes, o Banco Central do Brasil é parte
ilegítima para figurar no polo passivo da ação manejada, na origem, pelo ora Recorrido. Inteligência da Súmula
572/STJ.
3. Recurso Especial a que se dá provimento.
(REsp 1626547/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2021,
DJe 08/04/2021)
promove a inclusão indevida do nome de consumidor nesse sistema de informação
(SCR). Precedentes do STJ e do TJGO. O montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)
atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, mostrando-se adequada à
reparação do dano. 3. DO ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA[...] Sentença reformada. (TJGO;
AC 5447831-97.2021.8.09.0011; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Itamar de Lima; Julg.
02/02/2023; DJEGO 08/02/2023; Pág. 2774)102
O Código Civil de 2002 fixou nos seus artigos 186 e 927 que a
responsabilidade civil é verificada, como regra, quando presentes os seguintes
pressupostos: a) conduta ilícita culposa; b) resultado danoso; c) nexo de causalidade.
O ilícito culposo aqui consiste na violação do dever expresso de
notificação do art. 13 da Resolução CMN n. 5.037/22, do princípio da boa-fé e de
seus corolários, na medida em que a parte demandante não recebeu qualquer tipo de
notificação prévia ao ato de inserir seu nome no cadastro de devedores do SCR.
102
Em igual sentido: TJMS; AC 0827552-30.2019.8.12.0001; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Alexandre Bastos;
DJMS 01/07/2021; Pág. 99; TJSP; AC 1007624-55.2020.8.26.0011; Ac. 14621127; São Paulo; Décima Sétima
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Irineu Fava; Julg. 14/04/2021; DJESP 17/05/2021; Pág. 2147
103
Sábias as palavras do professo e Desembargador BESSA: “No mercado, a atuação dos bancos de dados de
proteção ao crédito são potencialmente ofensivas à honra... Tanto a informação positiva como a negativa
contribuem para a definição do perfil do consumidor, [...]ensejando juízos de valor negativos e,
consequentemente, discriminação injusta, denegação ou alteração das condições de concessão de crédito. ”
(BESSA, Leonardo Rosco. Nova Lei de Cadastro Positivo. São Paulo: RT, 2019, p. 51)
RE IPSA. Cabível a condenação, por danos morais in re ipsa, da instituição financeira que
promove a inclusão indevida do nome de consumidor nesse sistema de informação
(SCR). Precedentes do STJ e do TJGO. O montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)
atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, mostrando-se adequada à
reparação do dano. 3. DO ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA[...] Sentença reformada. (TJGO;
AC 5447831-97.2021.8.09.0011; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Itamar de Lima; Julg.
02/02/2023; DJEGO 08/02/2023; Pág. 2774)104
104
Em igual sentido: TJMS; AC 0827552-30.2019.8.12.0001; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Alexandre Bastos;
DJMS 01/07/2021; Pág. 99; TJSP; AC 1007624-55.2020.8.26.0011; Ac. 14621127; São Paulo; Décima Sétima
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Irineu Fava; Julg. 14/04/2021; DJESP 17/05/2021; Pág. 2147
105
súmula 227 STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. DJ 20.10.1999, p. 49
106
Em igual sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. CENTRAL DE RISCO DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL.
NATUREZA DE CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL "IN RE IPSA".
PRESUNÇÃO. DESNECESSIDADE DE PROVA. AGRAVO DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1183247/MT,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe
20/08/2012)
restrição em seu nome. Demais disso, houve até mesmo uma negativa em concreto
de crédito como bem prova a documentação anexa.
107
67560960 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ANOTAÇÃO NEGATIVA NO SCR. Sentença de
procedência com declaração de inexistência do débito e condenação do réu ao pagamento de R$ 10.000,00 a título
de indenização. Recurso do réu. Tese de que o scr não se equipara a cadastro restritivo. Rejeição. Jurisprudência
sedimentada no sentido oposto. Regularidade da dívida não comprovada. Anotação negativa que configura ato
ilícito. Dano moral configurado. Demonstração de dano concreto consistente na negativa de crédito que frustrou
negociação de caminhão. Dever de indenizar mantido. Quantum de R$ 10.000,00 que se insere nos limites
acolhidos por este colegiado em demandas de mesma natureza e se mostra adequado frente às peculiaridades do
caso. Pedido de minoração afastado. Requerimento de incidência de juros de mora apenas a partir da citação. Não
acolhimento. Tese inaugural de inexistência de contratação. Réu que não provou o contrário. Responsabilidade
extracontratual. Aplicação da Súmula nº 54, do STJ. Recurso conhecido e não provido. (TJSC; APL 5000767-
94.2021.8.24.0026; Quarta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. Helio David Vieira Figueira dos Santos; Julg.
28/09/2023)
108
84712627 - RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. [...] QUANTUM
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO
BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. O método bifásico, como parâmetro para a aferição da indenização por
danos morais, atende às exigências de um arbitramento equitativo, pois, além de minimizar eventuais
arbitrariedades, evitando a adoção de critérios unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano,
trazendo um ponto de equilíbrio pelo qual se consegue alcançar razoável correspondência entre o valor da
indenização e o interesse jurídico lesado, bem como estabelecer montante que melhor corresponda às
peculiaridades do caso. 2. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em
conta o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca da matéria (grupo
de casos). 3. Na segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso com base nas suas circunstâncias
(gravidade do fato em si, culpabilidade do agente, culpa concorrente da vítima, condição econômica das partes),
procedendo-se à fixação definitiva da indenização, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz. [...] 5. Recurso
Especial provido. (STJ; REsp 1.608.573; Proc. 2016/0046129-2; RJ; Rel. Min. Luis Felipe Salomão; Julg.
13/12/2018; DJE 19/12/2018; Pág. 14838) destacou-se; (vide também REsp 1.152.541/RS e Recurso Especial
1.473.393/SP)
Em situações idênticas à presente, o Superior Tribunal de Justiça tem
fixado e mantido condenações das instâncias de origem que oscilam de R$
10.000,00109 a R$ 20.000,00110.
109
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS.
VALOR INDENIZATÓRIO. FIXAÇÃO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
DA PROPORCIONALIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. 3. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
1. A revisão do valor fixado a título de danos morais só é viável em recurso especial quando o valor fixado for
exorbitante ou ínfimo.
2. Na hipótese, o montante estipulado pelas instâncias ordinárias em R$ 10.000,00 (dez mil reais), com base nas
particularidades fáticas do caso e na extensão do abalo sofrido pela autora, está adequado ao contexto dos autos,
não havendo ofensa aos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade, de modo que a alteração do julgado
demandaria nova incursão acerca dos fatos e provas contidos no processo, o que esbarraria no óbice da Súmula n.
7/STJ, não sendo caso de revaloração jurídica.
3. Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 2.318.642/AL, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, julgado em 21/8/2023, DJe de 23/8/2023.)
110
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA RECURSAL DO RÉU.
1. O valor da reparação pelos danos morais pela inscrição indevida do nome da parte nos cadastros restritivos do
SISBACEN, atual SCR, fora estipulado considerando o caráter pedagógico e reparatório da medida, sendo
arbitrado em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), quantia que se mostra razoável e proporcional gravame causado. 2.
Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp 1876629/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 09/08/2021, DJe 17/08/2021)
111
Assim, as principais circunstâncias a serem consideradas como elementos objetivos e subjetivos de concreção
são:
a) a gravidade do fato em si e suas conseqüências para a vítima (dimensão do dano);
b) a intensidade do dolo ou o grau de culpa do agente (culpabilidade do agente);
c) a eventual participação culposa do ofendido (culpa concorrente da vítima);
d) a condição econômica do ofensor;
e) as condições pessoais da vítima (posição política, social e econômica).
(Trecho extraído das fls. 12 de voto vencedor no julgamento do REsp 1.152.541; Proc. 2009/0157076-0; RS;
Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; Julg. 13/09/2011; DJE 21/09/2011)
112
JUNTAR NOTÍCIA DO LUCRO ANUAL DA INSTITUIÇÃO, SE POSSÍVEL. Ou pegar o capital social da
empresa na receita federal.
Com isso, é razoável a fixação da indenização no caso presente em no
mínimo R$ 10.000,00 (dez mil reais), com juros de mora de 1% ao mês, desde a
citação, e correção monetária pelo IGPM desde o arbitramento.
Como regra geral, o Código de Processo Civil fixa que o ônus probatório do
autor incide sobre os fatos constitutivos de seu direito, enquanto o do réu sobre fatos
impeditivos, modificativos e extintivos (art. 373, inciso I e II, CPC).
No entanto, o caso em testilha merece atenção especial desse Juízo, pois
aqui merece ser aplicada a distribuição dinâmica do ônus probatório nas
situações fixadas no §1º do artigo 3737.
No caso em estudo é imprescindível a inversão para a parte demandada,
pois a produção da produção da prova dos fatos narrados nesta petição se mostra
excessivamente difícil ou até mesmo impossível para a parte autora.
É que a prova da ausência comunicação prévia seria um fato negativo para
a parte autora (prova impossível), na medida em que não tem o controle das
comunicações que são realizadas pela parte demandada.
Frisa-se que a inversão pleiteada não torna diabólica a prova para a parte
requerida (§2º do art. 373, CPC), haja vista que lhe é plenamente possível produzir a
prova do fato supra, notadamente em razão de ela ter o dever legal de comunicar a
guardar a prova disso, consoante a Resolução CMN 5.037/22.
Assim, fica requerida a inversão do ônus da prova para a requerida, com a
imposição deste ônus já na fase de saneamento do feito, por se tratar de uma regra
de procedimento113.
113
A inversão do ônus da prova não é regra estática de julgamento, mas norma dinâmica de
procedimento/instrução (EREsp 422.778/SP, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Rel. p/ acórdão Ministra
Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, DJe 21.6.2012). ... (REsp 1806813/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2019, DJe 10/09/2019)
requisitos gerais são: a) probabilidade do direito; e, b) perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
IV – REQUERIMENTOS E PEDIDOS
114
[...] 3. A manutenção eventualmente indevida do nome da agravada no Sistema de Informação de Crédito do
Banco Central do Brasil (SCR) produz-lhe efeitos negativos perante o sistema financeiro como um todo,
porquanto o SISBACEN configura espécie de cadastros de inadimplentes, assim como os órgãos específicos de
restrição ao crédito, tais como SPC, SERASA, CDL e outros. Precedentes do STJ. 4. Embora a instituição
financeira agravante sustente que o envio da notificação ao devedor é encargo do órgão de proteção e não do
credor, o STJ afastou a legitimidade passiva do Banco Central do Brasil, na condição de gestor do SISBACEN,
nas ações indenizatórias por ausência de notificação prévia do consumidor ao cadastro no referido sistema.
Precedente do STJ. 5. A tutela de urgência pretendida mostra-se perfeitamente reversível, uma vez que, caso a
(TJGO; AI 5205249-65.2022.8.09.0000; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Anderson Máximo de Holanda; Julg.
05/05/2022; DJEGO 09/05/2022; Pág. 2504)
Ante o exposto, requer-se sejam deferidos os seguintes requerimentos e
pedidos:
a) seja implantado o JUÍZO 100% DIGITAL neste feito, na forma
da Resolução CNJ nº 345/2020;
115
[...]3. Tratando-se de indenização por danos morais decorrente de responsabilidade contratual, os juros de
mora incidem a partir da citação e a correção monetária desde a data do arbitramento do quantum indenizatório.
Precedentes. 4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos. (STJ; EDcl-AgInt-REsp 1.834.637; Proc.
2019/0256543-4; RS; Rel. Min. Moura Ribeiro; DJE 27/08/2020)
8. APÊNDICE 03: JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS
99366836 - APELAÇÃO CÍVEL. Ação de obrigação de fazer c/c indenização por danos morais c/c
tutela antecipada. Recurso de ambas as partes. Não comprovação pelo banco que notificou a
consumidora de suposto débito e da sua origem. Inclusão indevida no sistema de informações de
crédito do Banco Central. Sisbacen/scr. Central de risco do Banco Central do Brasil. Sisbacen. É órgão
de restrição ao crédito, que possibilita o acesso de instituições financeiras a todas as informações dos
cadastrados, desempenhando papel análogo aos dos bancos de dados da SERASA e do SPC. Ato
evidentemente lesivo. Parte ré que não se desincumbiu do seu ônus probatório. Aplicação do Código
de Defesa do Consumidor. Falha na prestação do serviço. Responsabilidade objetiva. Inteligência do
artigo 14 do CDC. Dano moral in re ipsa. Dano moral configurado. Majoração dos danos morais em R$
4.000,00 (quatro mil reais) em razão de tratar-se de negativação indevida. Sentença reformada para
majorar a condenação por danos morais. Recurso da requerente conhecido e parcialmente provido.
Recurso da requerida conhecido e desprovido. (TJSE; AC 202300839364; Ac. 37651/2023; Segunda
Câmara Cível; Rel. Des. Não Identificado; DJSE 02/10/2023)
99366666 - APELAÇÃO CÍVEL. Ação de indenização por danos morais. Apontamento do nome da
autora no sistema de informação de crédito do Banco Central. Scr. Possibilidade. Existência de débitos
da requerente com o banco, ora apelado. Alegada ausência de notificação prévia. Inexigibilidade.
Responsabilidade do mantenedor do cadastro. Manutenção da decisão recorrida. Apelo improvido.
Decisão unânime. (TJSE; AC 202300834258; Ac. 38624/2023; Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Não
Identificado; DJSE 29/09/2023)
52562606 - BANCO. NOME DA CONSUMIDORA INSERIDO NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO. AUSÊNCIA DE PROVA DA ORIGEM DA OBRIGAÇÃO. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA.
FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MORAL
CONFIGURADO. INDENIZAÇÃO FIXADA NOS PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1. O artigo 14 do Código de Defesa do
Consumidor atribui ao fornecedor de serviços a responsabilidade objetiva quanto aos danos causados
ao consumidor, em decorrência de falha na prestação do serviço, fundada na teoria do risco da
atividade, não se exigindo dolo ou culpa para emergir o dever de indenizar. 2. Se a consumidora nega
a responsabilidade pela obrigação ora questionada, no valor de R$ 1.129,12, disponibilizada em
16/07/2022, cabia à instituição financeira Reclamada comprovar a sua origem, ônus que se não se
desincumbiu a teor do disposto no art. 373, II, do Código de Processo Civil. 3. A inclusão do nome da
consumidora nos órgãos de proteção ao crédito, por obrigação considerada indevida, configura falha
na prestação do serviço e gera a obrigação de indenizar por dano moral, na modalidade in re ipsa, que
prescinde da comprovação efetiva do dano, bastando à prova do fato. 4. A sentença que apresentou
a seguinte parte dispositiva: "Ante o exposto, nos moldes do art. 487, I, do CPC c/c art. 6º da Lei nº
9.099/95, OPINO pela PARCIAL PROCEDÊNCIA dos pedidos iniciais a fim de DECLARAR inexigível
o débito no valor de R$ 1.129,12 (mil cento e vinte e nove reais e doze centavos); DETERMINAR a
exclusão do nome do reclamante dos órgãos de proteção ao crédito (SPC, SERASA, SCR e
congêneres); e CONDENAR a reclamada a pagar ao reclamante, o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais), a título de indenização por danos morais, corrigido monetariamente pelo INPC a partir desta
data, e acrescido de juros de mora de 1% ao mês a partir do evento danoso (data da disponibilização).",
não merece reparos e deve ser mantida por seus próprios fundamentos. A Súmula do julgamento serve
de acórdão, nos termos do art. 46 da Lei nº 9.099/95.5. Recurso improvido. A Recorrente arcará com
as custas e honorários advocatícios arbitradas em 15% (quinze por cento) sobre o valor da
condenação. Valmir Alaércio dos SantosJuiz de Direito - Relator (JECMT; RInom 1065152-
26.2022.8.11.0001; Terceira Turma Recursal; Rel. Juiz Valmir Alaércio dos Santos; Julg 25/09/2023;
DJMT 29/09/2023)
99363207 - APELAÇÕES CÍVEIS. Ação de obrigação de fazer c/c indenização por danos morais c/c
tutela antecipada. Sentença de procedência parcial. Inclusão indevida do nome da autora em orgão de
restrição ao crédito. Não comprovação pela ré/apelada que notificou a consumidora do suposto débito.
Inclusão indevida no sistema de informações de crédito do Banco Central (sisbacen/scr). Parte ré que
não se desincumbiu do ônus probatório. Majoração dos danos morais de r$2.000,00 para r$4.000,00.
Majoração dos honorários de sucumbência. Recursos conhecidos, sendo o da autora parcialmente
provido e o do banco desprovido. Por unanimidade. (TJSE; AC 202300831840; Ac. 33279/2023;
Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Não Identificado; DJSE 30/08/2023)
.
67548251 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA
COM PEDIDOS DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL. INSCRIÇÃO DO NOME DO
AUTOR NO SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO DO BANCO CENTRAL (SCR). Sentença de
parcial procedência. Insurgência da parte ré. Aventada ausência de falha no serviço prestado. Dívida
oriunda da contratação de seguro de cartão de crédito. Pretenso afastamento do dever de indenizar.
Insubsistência. Cobrança do seguro que somente se legitimaria após o desbloqueio do cartão e
pagamento da primeira fatura. Condições que não foram comprovadas pela ré. Cobrança que se
mostrou indevida. Apontamento no sistema scr que é equiparado à inserção de dados em cadastro de
restrição ao crédito. Precedentes. Dano moral in re ipsa. Pleito de minoração do quantum fixado pelo
juízo a quo. Não acolhimento. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade observados.
Manutenção do valor indenizatório arbitrado na origem. Decisão mantida. Honorários recursais
cabíveis. Recurso conhecido e desprovido. (TJSC; APL 5000123-28.2021.8.24.0067; Terceira Câmara
de Direito Civil; Rel. Des. Sérgio Izidoro Heil; Julg. 29/08/2023)
50558241 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C REPARAÇÃO POR DANOS
MORAIS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. INCIDÊNCIA DO CDC.
AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. ÔNUS DA PROVA. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA.
EXISTÊNCIA DE INSCRIÇÃO ANTERIOR. INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS. SÚMULA Nº 385,
DO STJ. REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS SUCUMBENCIAL. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. 1. Não há
que se falar em cerceamento de defesa quando já constam dos autos as provas necessárias à solução
da lide. 2. O Sistema de Informações de Créditos (SCR) é um sistema constituído por informações
remetidas ao Banco Central do Brasil sobre operações de crédito, que tem por finalidade o
monitoramento do crédito no sistema financeiro, a fiscalização das atividades bancárias, bem como
propiciar o intercâmbio de informações entre instituições financeiras, acerca do montante da
responsabilidade de seus clientes. As informações fornecidas ao SISBACEN possuem a natureza
restritiva de crédito, uma vez que as instituições financeiras utilizam para consulta prévia de operações
de crédito realizadas pelos consumidores, a fim de avaliar a capacidade de pagamento e diminuir os
riscos de tomada de crédito. 3. É responsabilidade exclusiva das instituições financeiras as inclusões,
correções e exclusões dos registros constantes do SCR, bem como a prévia comunicação ao cliente
da inscrição dos dados de suas operações no aludido sistema, conforme Resolução nº 4.571/2017 do
Banco Central do Brasil. In casu, o banco recorrente não se desincumbiu do ônus probatório de
comprovar ter comunicado previamente o consumidor acerca da anotação dos dados no SCR. Assim,
afigura-se ilegítima a inclusão do nome da autora no SISBACEN/SCR sem a sua prévia comunicação.
4. Nos termos do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a existência de registros anteriores
afasta a caracterização do dano moral e, de consequência, a obrigação da reparação, sendo devido
apenas o cancelamento do apontamento impróprio. 5. Por consequência do parcial provimento do
recurso, com o julgamento pela parcial procedência dos pedidos exordiais, deve ser reconhecida a
sucumbência recíproca, impondo-se a distribuição proporcional das despesas processuais e dos
honorários advocatícios entre as partes, à luz da norma do art. 86, caput, do CPC. Apelação Cível
conhecida e parcialmente provida. (TJGO; AC 5234410-98.2021.8.09.0051; Segunda Câmara Cível;
Rel. Juiz Subst. Rodrigo de Silveira; Julg. 20/04/2023; DJEGO 25/04/2023; Pág. 1679)
67499935 - RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO NO SCR. Natureza de crédito restritivo. Sentença
de parcial procedência. Insurgência da autora. Preliminar. Justiça gratuita. Requisitos preenchidos.
Deferimento. Pretensão de majoração do quantum indenizatório. Acolhimento. Quantia arbitrada
insuficiente para atender o caráter pedagógico da medida. Adequação aos parâmetros adotados por
esta turma recursal em casos análogos. Recurso conhecido e parcialmente provido. (JECSC; RCív
5013621-63.2021.8.24.0045; Segunda Turma Recursal; Relª Juíza Margani de Mello; Julg.
25/04/2023)
6500762032 - DANO MORAL. Inclusão e manutenção do nome da pessoa física nos cadastros do
SCR-BACEN. Desobediência à ordem proferida anteriormente em outra ação judicial. Ato ilícito.
Existência. Impedimento de contratar com o banco. Ocorrência. Presença de caráter desabonador.
Dano moral. Cabimento:. Em que pese a manutenção do nome do consumidor nos cadastros do SCR.
BACEN não seja dotada de publicidade, uma vez que se trata de cadastro de cunho administrativo,
sem caráter desabonador, no presente caso, houve prova nos autos de que esse fato impediu o autor
de contratar com o banco, cuja ilicitude se torna passível de indenização. DANO MORAL. Fixação que
deve servir como repreensão do ato ilícito. Enriquecimento indevido da parte prejudicada.
Impossibilidade. Razoabilidade do quantum indenizatório:. A fixação de indenização por danos morais
deve servir como repreensão do ato ilícito e pautada no princípio da razoabilidade sem que se
transforme em fonte de enriquecimento indevido da parte prejudicada. OBRIGAÇÃO DE FAZER.
Manutenção indevida nos cadastros do SCR-BACEN. Dívida inexigível. Prejuízo comprovado. Retirada
dos cadastros. Necessidade:. De rigor a condenação à obrigação de fazer para retirada do nome do
apelante, nos cadastros do SCR-BACEN, uma vez que a dívida foi declarada judicialmente inexigível,
e sua manutenção comprovadamente lhe trouxe prejuízos. Incidência de multa por descumprimento à
ordem. RECURSO PROVIDO. (TJSP; AC 1002444-95.2020.8.26.0322; Ac. 16094420; Lins; Décima
Terceira Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Nelson Jorge Júnior; Julg. 28/09/2022; DJESP
04/10/2022; Pág. 1878)
50481407 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. INSCRIÇÃO DO NOME NO SCR/SISBACEN (SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CRÉDITO).
1. A inscrição do nome do consumidor no Sistema de Informação de Crédito (SCR) sem a sua prévia
notificação é considerada irregular e dispensa de comprovação dos efetivos prejuízos, por se tratar de
dano in re ipsa. 2. A fixação do valor dos danos morais se orienta pela valoração das circunstâncias
do caso e do interesse jurídico lesado à luz dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,
considerando especialmente a repercussão do dano e a capacidade financeira das partes, cuidando
para não dar ensejo ao enriquecimento sem causa e efetivamente inibir a reiteração da conduta
ofensiva. À luz dessas diretrizes e dos precedentes deste Tribunal, afigura-se suficiente arbitrar o valor
da indenização no patamar de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). APELAÇÃO CONHECIDA E
PARCIALMENTE PROVIDA. (TJGO; AC 5224379-06.2021.8.09.0120; Paraúna; Sexta Câmara Cível;
Rel. Des. Norival de Castro Santomé; Julg. 05/05/2022; DJEGO 09/05/2022; Pág. 3919)
6500186280 - APELAÇÃO. Ação de obrigação de fazer C.C. Indenização por danos morais.
Apontamento junto ao Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR). Sentença de
improcedência. Recurso do autor. EXCLUSÃO DA ANOTAÇÃO NEGATIVA EM NOME DO AUTOR
JUNTO AO SCR. Ausência de comprovação, por parte da cooperativa ré, de cumprimento da
providência relativa à prévia notificação do cliente acerca do lançamento de seu nome perante o SCR.
Inteligência do art. 11 da Resolução BACEN n. 4.571/2017 e do art. 42, § 2º, do CDC. Prazo máximo
de 05 (cinco) anos para manutenção de apontamentos negativos junto ao SCR já ultrapassado ao
tempo do ajuizamento da presente demanda. Aplicação da Súmula n. 323 do STJ, do art. 12 da
Resolução. BACEN n. 4.571/2017 e do art. 43, §§ 1º e 5º, do CDC. Exclusão da anotação que, por
qualquer ângulo que se analise o tema, é de rigor. Providência a cargo da demandada. Precedentes
desta Corte Bandeirante. DANO MORAL. Não configuração. Inexistência de prova no sentido de que
a negativa de contratação com terceiros decorreu do lançamento da informação impugnada. Situação
vexatória e constrangedora não verificada. Jurisprudência deste Tribunal de Justiça. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP; AC 1020502-16.2019.8.26.0506; Ac. 15437130; Ribeirão Preto;
Vigésima Quarta Câmara de Direito Privado; Relª Desª Jonize Sacchi de Oliveira; Julg. 25/02/2022;
DJESP 07/03/2022; Pág. 3061)
90462801 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. EMPREENDIMENTO JARDINS
DO SHOPPING. FALÊNCIA DA CONSTRUTORA. DEVER DE FISCALIZAÇÃO DO BANCO DO
BRASIL. BAIXA DO CADASTRO BACEN (SCR). INSCRIÇÃO COMO PREJUÍZO. DANO MORAL
VERIFICADO. SENTENÇA MANTIDA. PREQUESTIONAMENTO. Gratuidade judiciária: Apelo não
conhecido, no ponto, quando houve o indeferimento do pedido na origem. Obrigação de fazer: Trata-
se de imóvel com financiamento no âmbito do programa minha casa, minha vida, sendo o Banco do
Brasil também responsável pela fiscalização do empreendimento no prazo contratado. Falência da
construtora, no caso em concreto, sem a sua substituição, que ocasionou a paralisação total e
permanente da construção há mais de 06 anos. Manutenção da decisão que determinou a baixa do
apontamento junto ao Banco Central do Brasil (scr) como prejuízo. Precedentes. Inversão do ônus da
prova: Incidente, ao caso em concreto, os dispositivos contidos no CDC, vez que a relação é de
consumo, sendo cabível a inversão do ônus da prova, nos termos do que dispõe o artigo 6º da Lei
consumerista. Dano moral: O sistema de informações de crédito do Banco Central (scr) tem a natureza
de cadastro restritivo de crédito, justamente pelo caráter de suas informações, tal qual os demais
cadastros de proteção, pois visam a diminuir o risco assumido pelas instituições na decisão de tomada
de crédito (STJ - RESP 1365284/SC). As informações fornecidas pela instituição financeira ao BACEN
acabam por restringir o crédito do consumidor/cliente, já que tais sistemas são utilizados para avaliar
a capacidade de pagamento desse consumidor. Desta forma, evidente o prejuízo sofrido pelo autor,
considerando a discussão travada nos autos. Quantum indenizatório: O valor da indenização deve ser
arbitrado em conformidade com o princípio da razoabilidade, compatível com a reprovabilidade da
conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado. Quantum mantido em R$
5.000,00 (cinco mil reais), no caso em concreto. Honorários advocatícios: A verba honorária fixada na
sentença se coaduna com o disposto nos §§2º e 8º do art. 85 do CPC, pois bem remunera o procurador.
Apelo desprovido para fins de redução dos honorários advocatícios em favor da parte autora.
Prequestionamento: O prequestionamento de normas constitucionais e infraconstitucionais fica
atendido nas razões de decidir deste julgado, o que dispensa manifestação pontual acerca de cada
artigo aventado. Tampouco se negou vigência aos dispositivos normativos que resolvem a lide.
Negaram provimento ao recurso de apelação, na parte conhecida. (TJRS; AC 5004686-
11.2021.8.21.0015; Gravataí; Décima Nona Câmara Cível; Rel. Des. Eduardo João Lima Costa; Julg.
08/04/2022; DJERS 18/04/2022)
67284132 - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
MANUTENÇÃO INDEVIDA DO NOME DA EMPRESA AUTORA NO SISTEMA CENTRAL DE RISCO
DE CRÉDITO (SCR). Sentença de procedência. Insurgência da parte ré. Aventada inexistência de
dano moral. Alegação de que o scr é apenas um banco de dados informativo. Insubsistência.
Entendimento sedimentado na corte superior e neste tribunal de que o scr possui natureza de cadastro
restritivo de crédito. Apontamento indevido. Abalo ao crédito e à honra objetiva da empresa que se
presume (dano moral in re ipsa). Pessoa jurídica que desfruta da proteção ao nome e ao crédito junto
à comunidade em que está inserida. Inteligência do art. 52 do CC e da Súmula nº 227 do STJ. Súmula
nº 30 desta corte de justiça. Dever de indenizar que se mantém. Pleito de minoração do quantum
indenizatório. Insubsistência. Observância dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
Quantia arbitrada na origem que se mantém. Fixação de honorários recursais. Recurso desprovido.
(TJSC; APL 0301244-56.2019.8.24.0073; Florianópolis; Sexta Câmara de Direito Civil; Rel. Des. André
Luiz Dacol; Julg. 13/07/2021)
90219984 - APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PESSOA JURÍDICA. ACORDO
JUDICIAL QUITADO. INSCRIÇÃO DO NOME EM CADASTRO DE INADIMPLENTES
(SISBACEN/SCR). DANOS MORAIS CARACTERIZADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
CRITÉRIOS. Situação dos autos em que restou comprovado que o banco demandado comandou
indevidamente o nome da parte autora no denominado sistema de Informações do Banco Central -
SISBACEN, mesmo após acordo judicial homologado entre as partes e os pagamentos efetuados pela
parte. Como decorrência da anotação indevida no aludido cadastro, que possui natureza idêntica às
anotações lançadas nos demais órgãos de proteção ao crédito, e seus conhecidos efeitos deletérios,
há a ocorrência de danos extrapatrimoniais suscetíveis de indenização, que independem de prova
efetiva e concreta de sua existência. De se ressaltar, ademais, que a pessoa jurídica é suscetível de
sofrer dano moral, considerada a ofensa a sua honra objetiva, constituída do prestígio no meio
comercial, fama, bom nome e qualificação dos serviços que presta, atingida pela conduta irregular da
demandada. Súmula nº 227 do STJ. Valor da indenização fixado em R$ 10.000,00, diante das
peculiaridades do caso concreto e dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, bem como da
natureza jurídica da indenização. RECURSO PROVIDO. (TJRS; APL 0045187-26.2020.8.21.7000;
Proc 70084068287; Caxias do Sul; Nona Câmara Cível; Rel. Des. Tasso Caubi Soares Delabary; Julg.
16/09/2020; DJERS 02/10/2020)
BESSA, Leonardo Rosco. Nova Lei de Cadastro Positivo. São Paulo: RT, 2019.