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1.

PERSONALIDADE, PESSOA NATURAL E CAPACIDADE


1.1 DIRETOS DE PERSONALIDADE
Conforme ensina Flavio Tartuce (2016, p. 110): "os direitos da personalidade são
tidos como intransmissíveis, irrenunciáveis, extrapatrimoniais e vitalícios, eis que comuns à
própria existência da pessoa. Tratam-se ainda de direitos subjetivos, inerentes à pessoa
(inatos), tidos como absolutos, indisponíveis, imprescritíveis e impenhoráveis",
Os direitos da personalidade são considerados absolutos por serem oponíveis contra
todos, e não por não poderem sofrer algum tipo de limitação, até porque, a própria leitura do
art. 11 do Código Civil permite a conclusão de que eles podem sim sofrer limitação ("com
exceção dos casos previstos em lei").

P: OS DIREITOS DE PERSONALIDADE SE EXTINGUEM COM A MORTE?


NÃO.
"Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e
reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida
prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral
até o QUARTO grau".

P: O EXERCÍCIO DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE PODE SOFRER


LIMITAÇÃO VOLUNTÁRIA?
Pode, NOS CASOS PREVISTOS EM LEI. Além disso, a limitação NÃO PODE SER
PERMANENTE E NEM GERAL.
Enunciado de número 4 do CJF nesse sentido. Vejamos: “O exercício dos direitos da
personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral";

P: A OFENSA A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA GERA DANO MORAL?


A ocorrência de grave e injusta ofensa à dignidade da pessoa humana configura o dano
moral, sendo desnecessária a comprovação de dor e sofrimento para o recebimento de
indenização por esse tipo de dano.
DIREITO CIVIL. DANO MORAL. OFENSA À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
DANO IN RE IPSA.
Sempre que demonstrada a ocorrência de ofensa injusta à dignidade da pessoa
humana, dispensa-se a comprovação de dor e sofrimento para configuração de dano
moral. Segundo doutrina e jurisprudência do STJ, onde se vislumbra a violação de um direito
fundamental, assim eleito pela CF, também se alcançará, por consequência, uma inevitável
violação da dignidade do ser humano. A compensação nesse caso independe da demonstração
da dor, traduzindo-se, pois, em consequência in re ipsa, intrínseca à própria conduta que
injustamente atinja a dignidade do ser humano. Aliás, cumpre ressaltar que essas sensações
(dor e sofrimento), que costumeiramente estão atreladas à experiência das vítimas de danos
morais, não se traduzem no próprio dano, mas têm nele sua causa direta. REsp. 1.292.141 –
SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012. (Informativo 513 do STJ)
A ocorrência de grave e injusta ofensa à dignidade da pessoa humana configura o dano
moral, sendo desnecessária a comprovação de dor e sofrimento para o recebimento de
indenização por esse tipo de dano.

P: AS PESSOAS PÚBLICAS E AS NOTÓRIAS TEM RESGUARDADO OS


DIREITOS DE PERSONALIDADE?
"DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MATÉRIA JORNALÍSTICA SOBRE
PESSOA NOTÓRIA. Não constitui ato ilícito apto à produção de danos morais a matéria
jornalística sobre pessoa notória a qual, além de encontrar apoio em matérias anteriormente
publicadas por outros meios de comunicação, tenha cunho meramente investigativo,
revestindo-se, ainda, de interesse público, sem nenhum sensacionalismo ou intromissão na
privacidade do autor.
O embate em exame revela, em verdade, colisão entre dois direitos fundamentais,
consagrados tanto na CF quanto na legislação infraconstitucional: o direito de livre
manifestação do pensamento de um lado e, de outro lado, a proteção dos direitos da
personalidade, como a imagem e a honra.
Não se desconhece que, em se tratando de matéria veiculada em meio de
comunicação, a responsabilidade civil por danos morais exsurge quando a matéria for
divulgada com a intenção de injuriar, difamar ou caluniar terceiro.
Além disso, é inconteste também que as notícias cujo objeto sejam pessoas notórias
não podem refletir críticas indiscriminadas e levianas, pois existe uma esfera íntima do
indivíduo, como pessoa humana, que não pode ser ultrapassada.
De fato, as pessoas públicas e notórias não deixam, só por isso, de ter o resguardo de
direitos da personalidade. Apesar disso, em casos tais, a apuração da responsabilidade civil
depende da aferição de culpa sob pena de ofensa à liberdade de imprensa.
Tendo o jornalista atuado nos limites da liberdade de expressão e no seu exercício
regular do direito de informar, não há como falar na ocorrência de ato ilícito, não se podendo,
portanto, responsabilizá-lo por supostos danos morais. Precedentes citados: REsp 1.082.878-
RJ, DJe 18/11/2008; e REsp 706.769-RN, DJe 27/4/2009. REsp 1.330.028-DF, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 6/11/2012". (Informativo nº 508 do STJ).

a) ATO DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO


É defeso o ato de disposição sobre o próprio corpo quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Será possível em caso de
TRANSPLANTES e POR DETERMINAÇÃO MÉDICA.

b) DIREITO A INTIMIDADE
A intimidade (VIDA PRIVADA) da pessoa natural é inviolável, e o juiz adotará as
providências para fazer cessar ato contrário a esta norma.

c) DIREITO A IMAGEM
O art. 20 trata do direito à imagem, sendo que para a sua utilização é necessária a
autorização do titular, sendo a mesma dispensável não só para a MANUTENÇÃO DA
ORDEM PÚBLICA, mas, ainda, quando for necessária à ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA.
Outro aspecto a ser abordado é que a utilização da imagem poderá ser proibida não
apenas quando se destinar a fins econômicos, mas, também, quando atingir a honra, a boa
fama ou a respeitabilidade, de acordo com as palavras utilizadas pelo legislador no caput do
dispositivo legal, só que aqui vale uma ressalva: O STF julgou procedente a Ação Direto de
Inconstitucionalidade de número 4815, reconhecendo a inconstitucionalidade parcial dos arts.
20 e 21 sem redução de texto.
A ação foi proposta pela Associação Nacional de Editores de Livros, para que
pudessem ser publicados livros sem haver a necessidade do consentimento da pessoa
biografada, tendo, pois, prevalecido liberdade de expressão, do contrário, caracterizar-se-
ia verdadeira censura.

PUBLICAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE IMAGEM DE PESSOAS COM FINS


ECONÔMICOS OU COMERCIAIS: Súmula 403 STJ - Independe de prova do prejuízo a
indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou
comerciais.
d) TRATAMENTO MÉDICO E INTERVENÇÃO CIRÚRGICA
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
O artigo 15 do CC/02 faz referência à necessidade do paciente ser informado pelo
médico responsável sobre a escolha do tratamento médico ou cirúrgico que imponha risco de
vida ao paciente.

e) CARACTERISTÍCAS DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE


Inatos – pois inerentes à condição humana;

Ilimitados – o rol trazido pela Lei não é taxativo, mas, apenas, exemplificativo.

Absolutos – são absolutos pois tem oponibilidade erga omnes, ou seja, todos deverão
respeitar a personalidade do outro.
Limitação voluntária – alguns dos direitos da personalidade podem sofrer limitações,
desde que não seja permanente, nem geral.

f) DISPOSIÇÃO GRATUITA DO PRÓPRIO CORPO APÓS A MORTE


Art. 14, Código Civil. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição
gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
EX: Luiz Antônio, sentindo-se perto da morte, por meio de testamento, dispõe
gratuitamente do próprio corpo em prol da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, para
estudos em curso médico. Excepciona porém o coração, em relação ao qual pleiteia seja
enterrado no túmulo de sua família.

g) INVIOLABILIDADE DE CONSCIÊNCIA E CRENÇA E TRANSFUSÃO DE


SANGUE: PODE SER EXERCIDA POR REPRESENTANTE LEGAL?
Enunciado 403 da V Jornada de Direito Civil:
403 - Art. 15. O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no
art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento
médico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do tratamento
ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena,
excluído o suprimento pelo representante ou assistente; b) manifestação de vontade livre,
consciente e informada; e c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do
declarante.

A oposição de consciência ou de crença não pode ser exercida por representante legal de
adolescente para impedir transfusão de sangue, ainda que urgente e necessária.

RETIRADA DE ORGÃOS, TECIDOS E PARTES DO CORPO HUMANO APÓS A


MORTE DESTINADOS A TRANSPLANTE OU TRATAMENTO: deverá ser precedida
de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes
das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e
tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.

1.2 NOME
P: O NOME DE OUTREM PODE SER EMPREGADO EM PUBLICAÇÕES OU
REPRESENTAÇÕES QUE A EXPONHAM AO DESPREZO PÚBLICO?
NÃO, ainda que NÃO HAJA intenção difamatória.

P: PODE SE UTILIZAR DE NOME ALHEIO EM PROPAGANDA COMERCIAL?


Somente se HOUVER AUTORIZAÇÃO. Se não houver, não pode.

a) PSEUDÔNIMO: goza da proteção que se dá ao nome.

1.3 CAPACIDADE JURÍDICA:


Consiste na possibilidade de um indivíduo, dotado de personalidade jurídica, poder
atuar e ser titular nas relações jurídicas.

CAPACIDADE DE DIREITO: é a aptidão para exercer direitos e contrair deveres na órbita


civil, sendo que, para Carlos Roberto Gonçalves, o seu conceito confunde-se com o da própria
personalidade.

CAPACIDADE DE FATO: é a aptidão para exercer direitos e contrair deveres por si só.

P: QUEM É CAPAZ DE DIREITOS E DEVERES NA ORDEM CIVIL?


TODA PESSOA.
P: QUANDO SE INICIA A PERSONALIDADE CIVIL DA PESSOA NATURAL?
Se inicia do NASCIMENTO COM VIDA. Porém, a lei põe a salvo, DESDE A
CONCEPÇÃO, os direitos do nascituro.
OBS:
A teoria natalista prevalecia entre os autores modernos ou clássicos do Direito Civil
Brasileiro, para quem o nascituro não poderia ser considerado pessoa, pois o Código Civil
exigia e ainda exige, para a personalidade civil, o nascimento com vida. Assim sendo, o
nascituro não teria direitos, mas mera expectativa de direitos. (...) ADOTADA PELO C.C
A teoria concepcionista é aquela que sustenta que o nascituro é pessoa humana,
tendo direitos resguardados pela lei. (Tartuce, Flávio Manual de direito civil: volume único.
6. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016).
Conforme a teoria natalista, o nascituro não possui personalidade, possuindo
expectativa de direito. Já o natimorto possui proteção no que concerne aos direitos da
personalidade, tais como nome, imagem e sepultura.
A teoria da personalidade condicional, que seria um desdobramento da teoria natalista,
diz que a aquisição da personalidade está sob a dependência de condição suspensiva (ou seja,
o nascimento com vida). Ou seja, também diz que a personalidade tem início com o
nascimento com vida.

NASCITURO
O nascituro é aquele que já foi concebido e está por nascer. Ele tem expectativa de
direito, estando sob uma condição suspensiva (nascimento com vida), essa, vindo a ser
realizada, o nascituro adquire a personalidade jurídica se tornando apto a ser sujeito de direito.
Se não nascer com vida, não adquire personalidade e nenhum direito.

OBS: DIREITOS DO NASCITURO:


➢ Pode receber DOAÇÃO (recolhe o imposto de transmissão);
➢ Pode receber legado e herança;
➢ Tem direito à realização do exame de DNA, para aferição de paternidade, como
decorrência da proteção que lhe é conferida pelos direitos da personalidade;
➢ Tem direito a alimentos;
➢ Pode ser nomeado curador para defender seus interesses.
INÍCIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO: Art. 45. Começa a existência
legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo
registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

P: QUANDO CESSARÁ A MENORIDADE?


Aos 18 anos COMPLETOS, quando a pessoa fica habilitar a praticar TODOS OS ATOS DA
VIDA CIVIL.

P: É POSSÍVEL QUE O MENOR DE 18 ANOS ADQUIRA A CAPACIDADE CIVIL


PLENA?
Sim, a emancipação trará a capacidade civil plena, mas não trará a maioridade.
Maioridade somente com 18 (dezoito) anos.

P: A INCAPACIDADE, PARA OS MENORES DE 18 ANOS, PODE CESSAR ANTES


DE COMPLETADA A IDADE?
SIM, em alguns casos:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial; OU
- por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego,
desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia
própria.

EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA CONCEDIDA PELOS PAIS: é ato irrevogável.


Enunciado 397 da V Jornada de Direito Civil:

397) Art. 5º. A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está
sujeita a desconstituição por vício de vontade.
A emancipação voluntária dos pais é ato irrevogável, definitiva e irretratável. Porém,
segundo o Enunciado da V Jornada de Direito Civil, a emancipação pode ser desconstituída
por vício de vontade.

EMANCIPAÇÃO E RESPONSABILIDADE DOS PAIS


A emancipação voluntária NÃO faz cessar a responsabilidade dos pais em relação
aos ilícitos cometidos por seus filhos menores.
EMANCIPAÇÃO:
1. VOLUNTÁRIA: Há responsabilidade solidária dos pais.
2. LEGAL OU JUDICIAL: NÃO há responsabilidade dos pais.

a) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES (DEVEM SER REPRESENTADOS)


São os menores de 16 anos.
OBS: o negócio praticado por ABSOLUTAMENTE INCAPAZ NÃO SERÁ
INEXISTENTE, será NULO.

b) RELATIVAMENTE INCAPAZES (DEVEM SER ASSISTIDOS)


I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade;
IV - os pródigos.
OBS: A assistência dos incapazes é decorrente da lei (art. 1.690 do Código Civil e 71
do CPC/2015), logo, não é necessária autorização judicial.

CASO CONCRETO: Amanda tem 15 anos de idade. Mateus, por deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática pessoal dos atos da vida civil. Tício é
excepcional, sem desenvolvimento mental completo. De acordo com o Código Civil e o
Estatuto da Pessoa com Deficiência, considera(m)-se absolutamente incapaz(es) de
exercer, pessoalmente, os atos da vida civil:

SOMENTE AMANDA, POIS É MENOR DE 16 ANOS.


Percebe-se que as pessoas com deficiência, que antes eram tratadas como incapazes, agora
recebem um outro tratamento, sendo consideradas capazes. Nesse sentido, vejamos o art. 6º
do estatuto:
“A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: I - casar-se e
constituir união estável; II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - exercer o direito de
decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e
planejamento familiar; IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização
compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e VI -
exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas".

OBSERVAÇÃO
ATOS PRATICADOS (SEM REPRESENTANTE) = ATO NULO (ABSOLUTAMENTE
INCAPAZES)
ATOS PRATICADOS (SEM ASSISTÊNCIA) = ATO ANULÁVEL (RELATIVAMENTE
INCAPAZES)

P: A DECRETAÇÃO DE NULIDADE DE ATO PRATICADO POR INCAPAZ


DEPENDE DE SENTENÇA DE INTERDIÇÃO?
Não é necessária a sentença de interdição para reconhecer a nulidade ou anulabilidade
do ato.

REsp 296.895-PR . Nulidade de ato jurídico praticado por incapaz antes da sentença de
interdição . Reconhecimento da incapacidade e da ausência de notoriedade. Proteção do
adquirente de boa-fé. Precedentes da Corte. 1. A decretação da nulidade do ato jurídico
praticado pelo incapaz não depende da sentença de interdição. Reconhecida pelas instâncias
ordinárias a existência da incapacidade, impõe-se a decretação da nulidade, protegendo-se o
adquirente de boa-fé com a retenção do imóvel até a devolução do preço pago, devidamente
corrigido, e a indenização das benfeitorias, na forma de precedente da Corte. 2. Recurso
especial conhecido e provido.

1.4 REGISTRO E AVERBAÇÃO


"Art. 9º Serão registrados em registro público:
I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida".

"Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:


I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o
divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação".

1.5 MORTE DA PESSOA NATURAL


a) COMORIÊNCIA
FRANÇA destaca que “se duas ou mais pessoas morrem na mesma ocasião, não se
podendo provar quem faleceu primeiro, presume-se, pela legislação civil brasileira, que
elas tiveram mortes simultâneas. A isso chama-se comoriência.
Desta forma, comoriência é o instituto jurídico que admite mortes simultâneas de duas
ou mais pessoas falecidas em um mesmo momento e quando não se pode estabelecer quem
morreu primeiro (Código Civil, artigo 8o – “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma
ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-
se-ão simultaneamente mortos”).
Todavia, havendo condições de provar que uma delas faleceu momentos antes – dá-se
o nome de premoriência –, pode haver, por exemplo, sensíveis modificações na ordem da
sucessão, variando de acordo com a cronologia dessas mortes.”
FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal, Editora Guanabara Koogan, 10ª
edição, 2015, p. 1075
Estamos diante da presunção relativa, ou seja, “iuris tantum", já que admite prova em
contrário, podendo ser afastada, por exemplo, por laudo médico ou outra prova do momento
da morte real (TARTUCE. Flavio. Manual de direito civil. Volume único. 10. ed. São Paulo:
Método. 2020. p. 228).
A consequência é importante para os direitos das sucessões: um não herdará do outro.
Exemplo: Maria e João acabaram de se casar pelo regime da comunhão parcial e partem para
a lua de mel. Maria vai de avião e João vai de carro. No meio da viagem, o avião explode e o
carro colide com um ônibus. Ambos morrem, mas não se sabe qual acidente ocorreu primeiro.
Morrem sem deixar ascendentes e nem descendentes, mas apenas um irmão, cada um.
A consequência é que um não herdará do outro. Dessa forma, aplicaremos o art. 1.829,
inciso IV do CC, de maneira que seja chamado a suceder o irmão de Maria, no que toca aos
bens por ela deixados, e o irmão de João, no que toca aos bens por ele deixados. Percebam
que se aplica a comoriência por mais que os acidentes não tenham acontecido no mesmo
lugar, bastando que não se saiba o momento da morte.
Situação diferente seria se Maria tivesse morrido primeiro, sendo chamado a suceder
seu marido João, em consonância com a ordem de vocação hereditária estabelecida pelo art.
1.829, inciso I do CC. Recebendo a herança de Maria e falecendo em seguida, o irmão de
João é quem seria contemplado (art. 1.829, inciso IV), nada recebendo o irmão de Maria.

b) MORTE PRESUMIDA SEM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA


Art. 7 o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até
dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data
provável do falecimento.

P: QUANDO TERMINA A EXISTÊNCIA DA PESSOA NATURAL?


Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto
aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

1.6) AUSÊNCIA
a) PESSOA DESAPARECEU DO DOMICÍLIO SEM DEIXAR NOTÍCIAS OU
REPRESENTANTE/PROCURADOR PARA ADMINISTRAR OS BENS:
> A requerimento de QUALQUER INTERESSADO ou do MP;
> o Juiz DECLARA AUSÊNCIA;
> Nomeia CURADOR.

b) QUEM SERÁ O CURADOR NA AUSÊNCIA?


Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou
de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
➢ FALTA DO CONJUGE: a curadoria cabe aos PAIS ou
DESCENDENTES, nessa ordem;
➢ Entre os DESCENDENTES, os mais próximos PRECEDEM os mais
remotos;
➢ Na falta de tais pessoas, compete ao JUIZ ESCOLHER O CURADOR.

c) AUSENTE (OU ALGUM DOS SEUS ASCENDENTES OU DESCENDENTES)


REGRESSA NOS 10 ANOS SEGUINTES A ABERTURA DA SUCESSÃO
DEFINITIVA:
- O ausente ou seus ascendentes ou descendentes HAVERÃO SÓ OS BENS EXISTENTES;
- No estado em que se encontrem;
- Os SUBROGADOS EM SEU LUGAR, ou o PREÇO QUE OS HERDEIROS houverem
recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.

d)IMÓVEIS DO AUSENTE
Art. 31, CC. "Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por
desapropriação, ou hipotecar, quando ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.

1.7) DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL


Local em que a pessoa permanece com ânimo definitivo ou o decorrente de imposição
normativa, como ocorre com os militares.
DOMICÍLIO CONTRATUAL: Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes
especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.

1.8) PESSOA JURÍDICA


a) DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:
Para que haja a desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica, não
basta o simples inadimplemento de suas obrigações. Afirma o art. 50 do Código Civil:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos
administradores ou sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.

P: AS PESSOAS JURÍDICAS SÃO PROTEGIDAS PELOS DIREITOS DE


PERSONALIDADE?
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade.
Súmula 227 STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

P: A LEI CIVIL ADMITE A PLURALIDADE DE DOMICÍLIO VOLUNTÁRIO DA


PESSOA JURÍDICA?
Art. 75 do CC: “Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares
diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados".

P: O ENTE SEM PERSONALIDADE JURÍDICA PODE INGRESSAR EM JUÍZO?


Sim, se possuir personalidade judiciária.
Não vamos confundir personalidade jurídica com personalidade judiciária.
A primeira tem a ver com o reconhecimento como entidade e a capacidade para
exercer direitos e deveres na ordem jurídica. Em razão de uma técnica jurídica, as pessoas
jurídicas gozam de personalidade.
A capacidade judiciária é o reconhecimento da possibilidade de o ente ir em juízo e
atuar como parte em um processo.
Ex: massa falida, espólio, condomínio.
Súmula 525/STJ. A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica,
mas apenas personalidade judiciária, de modo que só pode demandar em juízo para
defender os seus direitos institucionais, entendidos esses como sendo os relacionados ao
funcionamento, autonomia e independência do órgão.
2. PESSOA JURÍDICA
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.

MNEMÔNICO: S.O.F.A PARTIDO EIRELI


S-ociedade;
O-rganização religiosa;
F-undação;
A-ssociação;
PARTIDO político;
EIRELI.

2.0) TEORIAS SOBRE A PESSOA JURÍDICA


Teoria da Ficção Legal: é aquela que reconhece que a personalidade das Pessoas
Jurídicas é fruto de sua existência ideal. Em outras palavras, não existe no plano dos fatos, só
existe no plano de Direito, ou seja, só reconhece a existência ideal da Lei. Teoria da Ficção
Legal ignora a existência do plano real da Pessoa Jurídica.

A Teoria da Realidade Orgânica reconhece que a personalidade da Pessoa Jurídica é


fruto apenas do plano material, não importa se existe Lei ou não reconhecendo a Pessoa
Jurídica. A Pessoa Jurídica é uma realidade social que não pode ser ignorada.
Para a Teoria da Realidade Orgânica, a Pessoa Jurídica é o organismo social vivo, ou
seja, tem existência (nasce, respira, existe, morre).
O Código Civil adotou a Teoria da Realidade Técnica é o meio termo entre as duas
anteriores, ela reconhece que a personalidade da Pessoa Jurídica é fruto da soma da existência
real (plano dos fatos) com a existência ideal (plano do Direito). É a conjugação dos dois
elementos, os dois fatores são importante.

O Código Civil de 2002 adotou a teoria da realidade técnica.


Essa teoria constitui uma somatória entre as outras duas teorias justificatórias da
existência da pessoa jurídica: a teoria da ficção – de Savigny – e a teoria da realidade
orgânica ou objetiva – de Gierke e Zitelman.
Para a primeira teoria, as pessoas jurídicas são criadas por uma ficção legal, o que
realmente procede. Entretanto, mesmo diante dessa criação legal, não se pode esquecer que a
pessoa jurídica tem identidade organizacional própria, identidade essa que deve ser
preservada (teoria da realidade orgânica). Assim sendo, cabe o esquema a seguir:
Teoria da Realidade Técnica (Código Civil de 2002) = Teoria da Ficção + Teoria da
Realidade Orgânica.

2.1) RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA


A responsabilidade penal da pessoa jurídica é ponto polêmico na doutrina nacional e
estrangeira. A maioria absoluta da doutrina defende a completa incapacidade penal da pessoa
jurídica, uma vez que os institutos da teoria do crime que seguimos não é compatível com tal
responsabilização. A pessoa jurídica não é capaz de conduta (conforme conceituada enquanto
elemento do fato típico) e os elementos da culpabilidade dependem de características
biopsicológicas (BITENCOURT, 2020, p. 421).
Contudo, a Constituição Federal permitiu que pessoa jurídica fosse responsabilizada
nos crimes contra o meio ambiente em seu artigo 225 § 3º.
(art. 225) § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Tratando-se de norma constitucional de eficácia limitada, a lei dos crimes ambientais
(9.605/98) regulamentou (ainda que parcamente) a matéria de forma que hoje a
responsabilidade penal da pessoa jurídica é possível, o que já foi reconhecido pelos tribunais
superiores.
O pressuposto da responsabilidade penal da pessoa jurídica que está transcrito no
artigo 3º da lei 9.605/98.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da
sua entidade.

TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO: PARA QUE A PESSOA JURÍDICA SEJA


RESPONSABILIZADA, É NECESSÁRIA A RESPONSABILIZAÇÃO SIMULTÂNEA
DA PESSOA FÍSICA?
O STF (RE 548.181) e STJ (RMS 39.173) não utilizam mais a teoria da dupla
imputação, de forma que não mais se condiciona a responsabilização penal da pessoa
jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese
responsável no âmbito da empresa, uma vez que o artigo 225, § 3º da Constituição Federal
não traz qualquer condição.

2.2) DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


CASO CONCRETO
Pedro é sócio, juntamente com sua esposa Maria, da pessoa jurídica “PM LTDA”.
Maria, sem o conhecimento de Pedro, começou a desviar valores dos cofres da empresa,
mediante a emissão de notas fiscais frias, para Ricardo, seu concubino. Em razão dos desvios
realizados por Maria, a empresa “PM LTDA” parou de pagar seus fornecedores, que
ajuizaram demanda visando receber os valores devidos. Pedro descobriu a traição e divorciou-
se de Maria, que foi viver com seu concubino com todos os valores desviados da “PM
LTDA”. Os fornecedores requereram a desconsideração da personalidade jurídica, para que
pudessem satisfazer seus créditos com o patrimônio pessoal de Maria e de Pedro.

RESPOSTA:
Os bens pessoais de Pedro não podem responder pelas dívidas da empresa, tendo em
vista que não houve ato doloso de sua parte, bem como ele não se beneficiou direta ou
indiretamente dos desvios.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares
de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo
abuso.
STJ:
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE FALÊNCIA.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE.
NÃO OCORRÊNCIA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
INVIABILIDADE. INCIDÊNCIA DO ART. 50 DO CC/02. APLICAÇÃO DA TEORIA
MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ALCANCE DO
SÓCIO MAJORITÁRIO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DO REENCHIMENTO
DOS REQUISITOS LEGAIS. 1. Ausentes os vícios do art. 535 do CPC, rejeitam-se os
embargos de declaração. 2. A ausência de decisão acerca dos argumentos invocados pelo
recorrente em suas razões recursais impede o conhecimento do recurso especial. 3. A regra
geral adotada no ordenamento jurídico brasileiro, prevista no art. 50 do CC/02, consagra a
teoria maior da desconsideração, tanto na sua vertente subjetiva quanto na objetiva. 4.
Salvo em situações excepcionais previstas em leis especiais, somente é possível a
desconsideração da personalidade jurídica quando verificado o desvio de finalidade (Teoria
Maior Subjetiva da Desconsideração), caracterizado pelo ato intencional dos sócios de fraudar
terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica, ou quando evidenciada a confusão
patrimonial (Teoria Maior Objetiva da Desconsideração), demonstrada pela inexistência, no
campo dos fatos, de separação entre o patrimônio da pessoa jurídica e os de seus sócios. 5. Os
efeitos da desconsideração da personalidade jurídica somente alcançam os sócios
participantes da conduta ilícita ou que dela se beneficiaram, ainda que se trate de sócio
majoritário ou controlador. 6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte,
provido. (REsp 1325663SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 1162013, DJe 2462013)

No caso em comento, vê-se que Pedro não desviou e não se beneficiou pelo abuso,
uma vez que Maria foi viver com Ricardo, com todos os valores desviados da “PM LTDA".
Ricardo, por sua vez, não poderá ser alcançado, pois, apesar de ter sido beneficiado,
não é administrador ou sócio da pessoa jurídica.
Os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica somente alcançam os sócios
participantes da conduta ilícita ou que dela se beneficiaram, ainda que se trate de sócio
majoritário ou controlador.
OBS: Lembrando que o CC adota a Teoria Maior da Desconsideração da
Personalidade Jurídica, exigindo abuso da personalidade jurídica (desvio de finalidade ou
confusão patrimonial); diferente é no Direito Ambiental ou do Consumidor, que adotam a
Teoria Menor, em que basta o inadimplemento para que o juiz possa determinar a
desconsideração da personalidade jurídica e conseqüente acesso aos bens dos sócios. STJ

2) CASO CONCRETO
Suponha as seguintes situações hipotéticas:
i) o marido, tendo em vista seu desejo de futuramente se divorciar da
esposa, pretendendo excluir alguns bens adquiridos durante o
casamento (sob o regime da comunhão parcial) da meação, integraliza-
os, utilizando-se de procuração outorgada por sua esposa e sem ciência
desta, de parte de seu patrimônio em pessoa jurídica da qual é
detentor de 99% do capital social (o 1% restante é detido por seu pai);
PODE HAVER A DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE
JURÍDICA. O PREJUÍZO SERÁ DA ESPOSA, NESSE CASO.
ii) sociedade limitada que, sem fraudes e em razão de dificuldades
financeiras decorrentes de alta do dólar, deixa de pagar todos os seus
fornecedores, apesar de terem os sócios vultoso patrimônio;
NÃO É POSSÍVEL DESCONSIDERAR A PERSONALIDADE JURÍDICA, POIS, O
C.C ADOTOU A TEORIA MAIOR (EXIGE DESVIO DE FINALIDADE OU CONFUSÃO
PATRIMONIAL).

iii) pessoa jurídica encerra irregularmente suas atividades.


O ENCERRAMENTO IRREGULAR DAS ATIVIDADES GERA PRESUNÇÃO DE
FRAUDE NO AMBITO TRIBUTÁRIO, E NÃO NO AMBITO CÍVEL. ASSIM, PARA
DESCONSIDERAR A PJ NESSE CASO, É NECESSÁRIO A EXISTENCIA DE
CONFUSÃO PATRIMONIAL OU DESVIO DE FINALIDADE.
Considerando a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, assinale a
alternativa correta.
RESPOSTA: Na hipótese “ii”, não existe possibilidade de desconsideração da personalidade
jurídica, em razão do acolhimento da Teoria Maior pelo Código Civil, sendo possível a
desconsideração da personalidade jurídica na situação “i”, bem como na “iii”; nesta última,
apenas se verificada a existência de confusão patrimonial ou desvio de finalidade.
Teoria MAIOR:
O Direito Civil brasileiro adotou a chamada teoria maior da desconsideração. Isso
porque o art. 50 exige, além da insolvência, que se prove o desvio de finalidade (teoria maior
subjetiva) ou a confusão patrimonial (teoria maior objetiva).
Deve-se provar:
1) Insolvência; e
2) Abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial).

Teoria MENOR:
No Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, adotou-se a teoria menor da
desconsideração. Isso porque, para que haja a desconsideração da personalidade jurídica nas
relações jurídicas envolvendo consumo ou responsabilidade civil ambiental, basta provar
a insolvência da pessoa jurídica.
Deve-se provar apenas a insolvência.

Jornada de Direito Civil - Enunciado 7: Só se aplica a desconsideração da personalidade


jurídica quando houver a prática de ato irregular e, limitadamente, aos administradores ou
sócios que nela hajam incorrido.

Enunciado 51 da I Jornada de Direito Civil:


51. Art. 50 - A teoria da desconsideração da personalidade jurídica - disregard doctrine - fica
positivada no novo Código Civil, mantidos os parâmetros existentes nos microssistemas
legais e na construção jurídica sobre o tema.
As novas disposições sobre a desconsideração da personalidade jurídica constantes no Código
Civil não implicaram mudança nas disposições relativas a essa matéria constantes no CDC.

Jornada de Direito Civil - Enunciado 146: Nas relações civis, interpretam-se


restritivamente os parâmetros de desconsideração da personalidade jurídica previstos no art.
50 (desvio de finalidade social ou confusão patrimonial).

APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO E DEMONSTRAÇÃO DE


INSOLVÊNCIA
Jornada de Direito Civil - Enunciado 281: A aplicação da teoria da
desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração de
insolvência da pessoa jurídica.

ENCERRAMENTO IRREGULAR DAS ATIVIDADES DA PESSOA JURÍDICA


Jornada de Direito Civil - Enunciado 282: O encerramento irregular das
atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso da
personalidade jurídica.

DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA


Jornada de Direito Civil - Enunciado 283: É cabível a desconsideração da
personalidade jurídica denominada "inversa" para alcançar bens de sócio que se valeu da
pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros.

PESSOAS JURÍDICAS SEM FINS LUCRATIVOS OU DE FINS NÃO ECONÔMICOS


Jornada de Direito Civil - Enunciado 284: As pessoas jurídicas de direito privado
sem fins lucrativos ou de fins não-econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da
personalidade jurídica.

P: A TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO PODE SER INVOCADA PELA PJ EM SEU


FAVOR?
Jornada de Direito Civil - Enunciado 285: A teoria da desconsideração, prevista no
art. 50 do Código Civil, pode ser invocada pela pessoa jurídica, em seu favor.

Jornada de Direito Civil - Enunciado 406: A desconsideração da personalidade jurídica


alcança os grupos de sociedade quando estiverem presentes os pressupostos do art. 50 do
Código Civil e houver prejuízo para os credores até o limite transferido entre as
sociedades.

DISREGARD OF LEGAL ENTITY


A doutrina do disregard of legal entity tem por finalidade superar ou desconsiderar a
personalidade jurídica de pessoas jurídicas, responsabilizando-lhes os sócios ou
administradores, mas sem considerar nula a personificação, apenas a tornando ineficaz para
certos atos.
2.3) COMEÇO DA EXISTÊNCIA DAS PESSOAS JURÍDICAS
De acordo com o art. 45 do CC “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de
direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro
todas as alterações por que passar o ato constitutivo". Portanto, começa a existência legal com
a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, atentando-se para o fato de que, em
algumas situações, a lei exige a previa autorização ou aprovação do Executivo, como
acontece, por exemplo, com as sociedades seguradoras.

2.4) DISSOLUÇÃO DA PESSOA JURÍDICA OU CASSAÇÃO DA AUTORIZAÇÃO


PARA FUNCIONAMENTO
“Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua".
Logo, diante da dissolução ou cassação da autorização, a pessoa jurídica não se
extinguirá, mas subsistirá para fins de liquidação. Interessante é a observação da doutrina, no
sentido de que, ao contrário do que acontece com a pessoa natural, a extinção da pessoa
jurídica não ocorre de forma instantânea, fazendo-se necessária a fase da liquidação para a
realização do ativo e pagamento dos passivos.

2.5) DIREITOS DE PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA


O art. 52 do CC prevê que “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção
dos direitos da personalidade".
Vale a pena lembrar da Súmula 227 do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano
moral".

2.6) DISPOSIÇÕES ACERCA DAS ASSOCIAÇÕES


Aplicam-se subsidiariamente às sociedades empresárias e às sociedades simples.
A associação civil é uma pessoa jurídica de direito privado criada a partir da união de
pessoas em torno de uma finalidade que não seja lucrativa. No entanto, não há qualquer
impedimento para que uma organização sem fins lucrativos desenvolva atividades
econômicas para geração de renda, desde que não partilhe os resultados decorrentes entre
os associados.
P: AS ASSOCIAÇÕES PODEM DESENVOLVER ATIVIDADE ECONÔMICA?
As associações, conforme descrição dada pelo Código Civil em seu artigo 53, são uma
união de pessoas que se organizam para fins não econômicos. Todavia, entende-se que o
legislador não acertou ao estabelecer o termo fins "econômicos" em vez de "lucrativos", uma
vez que o termo usado possui vários significados, tanto como atividade produtiva como
lucrativa.
Desta forma, o Enunciado 534 da VI Jornada de Direito Civil veio pacificar o
entendimento de que as associações podem exercer atividades produtivas. Vejamos:
Enunciado 534 da VI Jornada de Direito Civil: As associações podem desenvolver
atividade econômica, desde que não haja finalidade lucrativa.

2.7) INTRANSMISSIBILIDADE DA QUALIDADE DE ASSOCIADO


Art. 56 do CC prevê: A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não
dispuser o contrário.

REGRA: é intransmissível a qualidade de associado.


EXCEÇÃO: se o estatuto dispuser de modo contrário, ou seja, permitindo a
transmissão a qualidade de associado.

2.8) EXCLUSÃO DE ASSOCIADO


Segundo o Art. 57 do CC, no procedimento do exclusão do associado, é assegurado o
direito de defesa e de recurso. Vejamos:
Art. 57 do CC. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim
reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos
previstos no estatuto.

P: HÁ DIREITOS E OBRIGAÇÕES RECÍPROCAS ENTRE ASSOCIADOS?


Art 53, parágrafo único, CC. "Não há entre os associados, direitos e obrigações
recíprocos."

P: O ESTATUTO PODE INSTITUIR CATEGORIA DE ASSOCIADOS COM


VANTAGENS ESPECIAIS?
Os associados devem ter iguais direitos, sendo permitido ao estatuto da associação
instituir categorias com vantagens especiais.
2.9) ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS
São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das
organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou
registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.
OBS: Tanto as Organizações Religiosas quanto os Partidos Políticos são PESSOAS
JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO.

2.10) FUNDAÇÕES
As fundações são o resultado da personificação de um patrimônio, por escritura
pública ou testamento, com o objetivo de realizar um determinado fim. As fundações são
criadas a partir da afetação de um patrimônio, da união de bens livres e não de uma união de
pessoas.
As fundações podem tanto ser de direito privado como público.
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento,
dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se
quiser, a maneira de administrá-la.

a) EXTINÇÃO DA FUNDAÇÃO
Tornando-se ILÍCITA, INÚTIL ou IMPOSSÍVEL a finalidade a que visa a fundação,
OU VENCIDO O PRAZO DA SUA EXISTÊNCIA, o órgão do MP, ou qualquer
INTERESSADO, promoverá a EXTINÇÃO.

b) CONSTITUIÇÃO DA FUNDAÇÃO POR NEGÓCIO JURÍDICO ENTRE


VIVOS
O instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os
bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.

c) ALTERAÇÃO NO ESTATUTO DA FUNDAÇÃO


Para alterar estatuto da fundação a reforma deverá:
- ser deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representá-la.
- NÃO PODE CONTRARIAR OS FINS DA FUNDAÇÃO;
- DEVE SER APROVADA PELO M.P NO PRAZO MÁXIMO DE 45 DIAS. Se
findar o prazo ou o MP negar, o Juiz pode suprir (interessado requer).
OBS: Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, ao
submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria
vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.

2.11) EIRELI – EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA


* Pessoa Jurídica de Direito Privado;
* Constituída por uma ÚNICA PESSOA TITULAR DA TOTALIDADE DO CAPITAL
SOCIAL (devidamente integralizado);
* Não será INFERIOR a 100 vezes o maior salário mínimo vigente no país.

Enunciado 468 - Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada só


poderá ser constituída por pessoa natural.
Enunciado 469 - Arts. 44 e 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada
(EIRELI) não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado.

2.12) BENS DA UNIVERSALIDADE DE FATO


Podem ser objeto de RELAÇÕES JURÍDICAS PRÓPRIAS.

2.13) ATOS DOS ADMINISTRADORES EXERCIDO NOS LIMITES DOS PODERES


DETERMINADOS NO ATO CONSTITUTIVO
VÃO OBRIGAR A PESSOA JURÍDICA.

2.14) QUEBRA DA AFFECTIO SOCIETATIS


Enunciado 67 da I Jornada de Direito Civil:
67. Art. 1.033, III - A quebra do affectio societatis não é causa para a exclusão do
sócio minoritário, mas apenas para dissolução (parcial) da sociedade.

2.15) PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL NA INTERPRETAÇÃO DA EMPRESA


Enunciado 53 da I Jornada de Direito Civil:
53. Art. 966 - Deve-se levar em consideração o princípio da função social na
interpretação das normas relativas à empresa, a despeito da falta de referência expressa.
Na interpretação das normas relativas à empresa, deve-se considerar o princípio da
função social.
2.16) FALTA DA ADMINISTRAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Art. 49 do CC: "Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, de ofício ou
a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório".

2.17) DIREITO DE ANULAR A CONSTITUIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA POR


DEFEITO DO ATO RESPECTIVO: decai em 3 anos, contado o prazo da publicação de
sua inscrição no registro.

2.18) DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA


Art. 75. § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes,
cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
3. AUSÊNCIA
3.1) IMÓVEIS DO AUSENTE
Diz o legislador, no art. 31 do CC, que “os imóveis do ausente SÓ SE PODERÃO
ALIENAR, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, PARA
LHES EVITAR A RUÍNA". Assim, percebe-se que, por regra, os bens imóveis do ausente
são inalienáveis, até que ocorra a divisão e partilha.

OBS: Durante o período de sucessão provisória, os imóveis do ausente somente poderão ser
alienados por decisão judicial;

3.2) CAPITALIZAÇÃO DE FRUTOS E PRESTAÇÃO DE CONTAS AO JUIZ


Os ASCENDENTES, DESCENDENTES, CÔNJUGE OU COMPANHEIRO DO
AUSENTE não terão que capitalizar os frutos e nem prestar contas ao MP, mas esta
imposição legal é, apenas, para os demais sucessores, para aqueles que nãos sejam
descendentes, ascendentes, cônjuge ou companheiro do ausente, ou seja, para quem não
seja considerado herdeiro necessário (art. 1.845 do CC) e é nesse sentido do art. 33 do CC: “O
descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os
frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão
capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com
o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente".

3.3) REPRESENTAÇÃO ATIVA E PASSIVA DO AUSENTE


Art. 32 do CC: “Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão
representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações
pendentes e as que de futuro àquele forem movidas".
3.4) SUCESSÃO POR MORTE OU POR AUSÊNCIA: QUAL LEI REGE?
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos
bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente,
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.

3.5) FASES DA AUSÊNCIA


A ausência possui 3 fases: Curadoria dos bens do ausente (artigos 22 a 25 CC),
Sucessão Provisória (artigos 26 a 36 CC) e Sucessão Definitiva (artigos 37 a 39 CC).

3.5.1) CURADORIA
➢ PESSOA DESAPARECEU: NÃO HÁ NOTÍCIAS DELA, NÃO DEIXOU
REPRESENTANTE E NEM PROCURADOR PARA ADMINISTRADOR OS
BENS:
O juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a
ausência, e nomear-lhe-á curador (1ª FASE DA AUSÊNCIA).

3.5.2) SUCESSÃO PROVISÓRIA


➢ 1 ANO DA ARRECADAÇÃO DOS BENS DO AUSENTE: Se não deixou
representante ou procurador, após 1 ano, pode requerer a abertura da sucessão
provisória;
➢ SE DEIXOU REPRESENTANTE OU PROCURADOR, APÓS 3 ANOS:
Poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a
sucessão.
a) EFEITO DA SENTENÇA QUE DETERMINA A ABERTURA DA SUCESSÃO
PROVISÓRIA:
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá
efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, LOGO QUE PASSE EM
JULGADO, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha
dos bens, como se o ausente fosse falecido.
b) AUSENTE REAPARECE
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a
posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando,
todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu
dono.

3.5.3) SUCESSÃO DEFINITIVA: presumi a morte da pessoa.


Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da
sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o
levantamento das cauções prestadas.

P: EXISTEM OUTROS CASOS EM QUE SE PODER DECRETAR A SUCESSÃO


DEFINITIVA, SEM QUE PRECISE AGUARDAR OS 10 ANOS?
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente
conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.

3.6) INTERESSADOS PARA REQUERER A AUSÊNCIA


I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.

OBS: LEGÍTIMO CURADOR: Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja
separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência,
será o seu legítimo curador.

3.7) MORTE PRESUMIDA SEM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA


7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até
dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data
provável do falecimento.
P: OS ASCENDENTES, DESCENDENTES OU CÔNJUGE PRECISAM PRESTAR
GARANTIA PARA SE IMITIREM NA POSSE DOS BENS DO AUSENTE?
De acordo com o caput do art. 30 do CC, “os herdeiros, para se imitirem na posse dos
bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas
equivalentes aos quinhões respectivos".
A prestação da garantia é condição para a imissão na posse dos bens do ausente,
SALVO DE ASCENDENTES, DESCENDENTES OU CÔNJUGE, desde que comprovada a
sua qualidade de herdeiros (§ 2º do art. 30). Caso o herdeiro não possa prestar as garantias
exigidas, os bens ficarão sob a administração de um curador ou de outro herdeiro
designado pelo magistrado (§ 1º do art. 30). Portanto, para se imitirem na posse, os filhos,
por exemplo, NÃO PRECISARÃO DAR GARANTIA DE SUA RESTITUIÇÃO e é nesse
sentido o § 2º do art. 30: “Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a
sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos
bens do ausente".

P: A COMORIÊNCIA É COMPATÍVEL COM A MORTE PRESUMIDA, SEM


DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA?
SIM.

P: EM QUE MOMENTO É PRESUMIDA A MORTE EM RELAÇÃO AOS


AUSENTES?
No momento em que a lei autoriza a abertura da sucessão DEFINITIVA.
4. DOMICÍLIO E BENS
4.1) DIVERSIDADE DE DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA
Art. 75 do CC: “Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares
diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados".

4.1.1) DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO:


Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:

IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e


administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.

O domicílio das pessoas jurídicas de direito privado é o lugar onde funcionarem as


respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu
estatuto ou atos constitutivos.

4.2) DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL: é o lugar onde ela estabelece a sua residência
com ânimo definitivo.

a) DOMICÍLIO DO TRABALHADOR
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à
profissão, o lugar onde esta é exercida.

P: E SE A PESSOA EXERCITAR A PROFISSÃO EM LUGARES DIVERSOS?


Cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.

CASO CONCRETO
João, maior, natural de Vila Velha, casado com Marina sob o regime de
comunhão total de bens, exerce a profissão de gerente em empresa comercial. No
exercício de sua profissão, João atua nas cidades de Cariacica, Fundão e Guarapari.
Peçanha, subordinado de João, pretende ajuizar ação de indenização civil em face deste,
sob a alegação de ter sofrido dano moral ocorrido no âmbito de suas atividades na
empresa comercial. Nesta circunstância específica de interesse de Peçanha, para efeito
de determinação do Domicílio de João, de acordo com o Código Civil, é correto afirmar
que:
RESPOSTA: Em razão da atividade concernente à profissão, Cariacica, Fundão e
Guarapari podem ser considerados domicílio de João.

b) DOMICILIO NECESSÁRIO
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o
marítimo e o preso.
Domicílio Necessário – P.M S.I.M
PRESO: lugar que cumpri a sentença;
MILITAR: onde servir. Se for da Marinha ou Aeronáutica, sede do comando que se
encontrar subordinado.
SERVIDOR PÚBLICO: onde exerce permanentemente suas funções;
INCAPAZ: é o do seu representante/assistente;
MARÍTIMO: onde o navio está matriculado.

c) PESSOA NATURAL QUE NÃO POSSUI RESIDÊNCIA HABITUAL: é seu


domicílio o lugar onde for encontrada.

d) PESSOA NATURAL POSSUI DIVERSAS RESIDÊNCIA, ONDE VIVA


ALTERNADAMENTE: Considera-se domicílio qualquer delas.

e) MUDANÇA DE DOMICÍLIO
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de
o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às
municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da
própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.

f) DOMICÍLIO CONTRATUAL-CONVENCIONAL:
Está de acordo com o art. 78 do CC. Cuida-se do domicílio contratual/convencional,
em que se estabelece o foro competente para a hipótese de eventual discussão do contrato,
denominando-se de CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO (TARTUCE, Flavio. Direito
Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. v. 1. p. 209).
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se
exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
5. BENS
Filosoficamente, bem será tudo quanto possa proporcionar ao homem uma satisfação.
Juridicamente, porém, são valores materiais ou imateriais que são objeto de uma relação
jurídica. São bens jurídicos os de natureza patrimonial englobam tudo aquilo que se possa
incorporar ao nosso patrimônio, como por exemplo uma casa, um carro, uma roupa... Além
disso, temos os bens jurídicos não patrimoniais, ou seja, que não são economicamente
estimáveis, como por exemplo a vida e a honra.

De acordo com o Código Civil, os bens são classificados como:


1) Bens considerados em si mesmos: são os bens móveis e imóveis, fungíveis
e infungíveis, consumíveis e inconsumíveis, divisíveis e indivisíveis, bens
singulares e coletivos.

1.1) Bens móveis, conforme artigo 82 do Código Civil, são aqueles suscetíveis de
movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da
destinação econômico-social, além das previsões dos artigos 83 e 84.
Já os imóveis são considerados como o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente, conforme artigo 79 do Código Civil, com as previsões do artigo 80 e 81.

a) CLASSIFICAÇÃO DOS BENS IMÓVEIS


Os bens imóveis classificam-se da seguinte forma:
BENS IMÓVEIS POR NATUREZA, que são formados pelo solo, sua superfície, o
subsolo e o espaço aéreo (ex: a árvore que cresce naturalmente);
BENS IMÓVEIS POR ACESSÃO FÍSICA INDUSTRIAL, que têm origem em
construções e plantações, não podendo ser removidos sem que isso implique na sua destruição
ou deterioração (ex: as edificações); e
BENS IMÓVEIS POR ACESSÃO FÍSICA INTELECTUAL, que abrange tudo aquilo
que for empregado para a exploração industrial, aformoseamento e comodidade (TARTUCE,
Flavio. Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. 13. ed. Rio de janeiro: Forense, 2017. v.
1, p. 298).

b) AQUISIÇÃO DE BENS MÓVEIS E IMÓVEIS


A aquisição de bens móveis se dá por simples tradição, enquanto a de bens imóveis
exige escritura pública e registro em cartório, com exceção daqueles cujo valor atinja até
trinta vezes o maior salário mínimo do país.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade
dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de
direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no
País.

c) BENS CONSIDERADOS IMÓVEIS PELA LEI CIVIL


➢ Direito à sucessão aberta;
➢ Direito real sobre imóveis e as ações que o assegurarem;
➢ os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem;
OBS: Os materiais provenientes da demolição de um prédio, são bens móveis;
➢ as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local;

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO:
➢ Se já tiverem sido empregados antes, ainda que estejam provisoriamente separados,
mas serão reempregados = BEM IMÓVEL.
➢ Se não foram empregados em nada antes = BEM MÓVEL
➢ Se já foram empregados, mas houve demolição = BEM MÓVEL. Está expresso no
art. 84 do CC que os materiais provenientes de demolição de um prédio readquirem a
qualidade de bens móveis.

e) BENS CONSIDERADOS MÓVEIS PELA LEI CIVIL


II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
- direito pessoal de caráter patrimonial e respectivas ações.
1.2) Bens fungíveis, de acordo com o artigo 85 do Código Civil, são os móveis que
podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade, como por exemplo
a água, dinheiro, etc.
Bens infungíveis, ao contrário dos fungíveis, não podem ser substituídos por outro em
virtude de sua característica individual específica, podendo surgir da própria natureza da
coisa ou da vontade das partes.
OBS: O atributo da fungibilidade de um bem pode decorrer da sua natureza ou da
vontade das partes.
OBS: Conforme vimos acima, apenas os bens móveis possuem a característica de
fungibilidade, podendo ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade,
segundo disposto no artigo 85 do Código Civil.

1.3) Bens consumíveis são os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da
própria substância, SENDO TAMBÉM CONSIDERADO TAIS OS DESTINADO À
ALIENAÇÃO (Ex: um veículo a venda em uma concessionária), conforme artigo 86 do
Código Civil. Temos, portanto, a consuntibilidade física, quando o consumo do bem implica
na sua destruição imediata; e a consuntibilidade jurídica, quando o bem for objeto de
consumo, ou seja, pode ser alienado (TARTUCE, Flavio. Direito Civil. Lei de Introdução e
Parte Geral. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. v. 1. p. 301);
Os bens inconsumíveis podem ser usados de forma contínua e reiterados sem que isso
importe na sua destruição imediata.

P: OS BENS INCONSUMÍVEIS, QUANDO SOFREM DETERIORAÇÕES DEVIDO


AO USO, PERDEM SUA CARACTERISTICA?
Os bens não consumíveis, quando sofrem deteriorações devido ao uso, não perdem sua
característica de inconsumíveis, visto que o uso reiterado não importa em destruição. Nos
bens consumíveis, por sua vez, o uso importa em destruição imediata da própria substância.
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da
própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.

1.4) Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância,
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam (artigo 87 do CC).
OBS: Cumpre ressaltar que os bens naturalmente divisíveis podem se tornar
indivisíveis por determinação da lei ou se for da vontade das partes. Portanto, além da
indivisibilidade natural (ex: relógio), ou seja, decorrente da própria natureza do bem, temos,
também, a indivisibilidade que decorre da lei (ex: herança, que é indivisível até que ocorra a
partilha) ou da vontade das partes (ex: art. 1.320, § 1º do CC);
Bens indivisíveis são aqueles que não podem sofrer divisão sob pena de redução
considerável de seu valor econômico, de sua substância, qualidade ou utilidade essencial.

1.5) Bens singulares são os bens que, embora reunidos, se consideram de per si,
independentemente dos demais (artigo 89 do CC).
Bens coletivos são aqueles que, constituídos de bens singulares formam um todo, mas
sem que desapareça a condição jurídica de cada parte, podendo ser coletividade de fato ou de
direito.

2) Bens reciprocamente considerados: bens principais e acessórios.


De acordo com o artigo 92 do Código Civil, principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou
concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.

OBS: A presunção de que o proprietário do bem principal é também proprietário do bem


acessório é RELATIVA.

P: OS FRUTOS E PRODUTOS PODEM SER OBJETO DE NEGÓCIO JURÍDICO?


Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser
objeto de negócio jurídico.
Uma vez separados do bem principal, os frutos e os produtos adquirem existência
autônoma, perdendo a condição de bens acessórios. Os produtos saem da coisa principal e
diminuem a sua quantidade e a sua substancia (ex: pepita de ouro retirada da mina); os frutos,
ao contrário, produzem-se com certa periodicidade, sem importar na diminuição da substancia
ou quantidade do bem principal (as frutas da árvore)
(TARTUCE, Flavio. Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. 13. ed. Rio de
janeiro: Forense, 2017. v. 1, p. 305).

PERTENÇAS
O conceito de pertenças vem previsto no art. 93 do CC: “São pertenças os bens que,
não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou
ao aformoseamento de outro". Exemplos: o trator da fazenda, o quadro da casa.

P: OS NEGÓCIOS JURÍDICOS QUE DIZEM RESPEITO AO BEM PRINCIPAL


ABRANGEM AS PERTENÇAS?
O artigo 93 conceitua as pertenças como os bens que, não constituindo partes
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de
outro. Um exemplo seria um armário, cama, em uma casa, pois, em regra, não integram o
bem principal que é o imóvel.

Assim, tem-se que os bens acessórios acompanham o principal, enquanto as


pertenças não, salvo se previsto em lei, manifestação de vontade ou circunstâncias do caso.

Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso.

BENFEITORIAS
A benfeitoria é toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma coisa com o
propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. Assim, não existe benfeitoria
"natural", ou seja, sem que haja a intervenção do homem.
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos
ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.

OBS: PERTENÇA x BENFEITORIA:


PERTENÇA SE DIFERE DAS BENFEITORIAS.
Ambos são considerados acessórios, sendo que as benfeitorias podem ser conceituadas
como acessórios introduzidos em um bem móvel ou imóvel, visando a sua conservação ou
melhora da sua utilidade" (TARTUCE, Flavio. Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral.
13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. v. 1. p. 309).
As benfeitorias classificam-se em úteis, necessárias e voluptuárias. De acordo com o §
3º “São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore", como, por
exemplo, uma obra para trocar a parte elétrica da casa."
PRINCÍPIO DA GRAVITAÇÃO JURÍDICA
Pelo princípio da gravitação jurídica, a propriedade dos bens acessórios segue a
sorte do bem principal, podendo, entretanto, haver disposição em contrário pela vontade da
lei ou das partes.
Código Civil:
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório,
aquele cuja existência supõe a do principal.
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam,
de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem
as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso.
“Princípio geral do Direito Civil – o bem acessório segue o principal,
salvo disposição especial em contrário (acessorium sequeatur principale) –
princípio da gravitação jurídica.” (Tartuce, Flávio. Manual de direito civil:
volume único. 6. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2016).
(...)
Ensina Maria Helena Diniz que as pertenças “são bens que se
acrescem, como acessórios à coisa principal, daí serem considerados como res
annexa (coisa anexada). Portanto, são bens acessórios sui generis destinados,
de modo duradouro, a conservar ou facilitar o uso ou prestar serviço ou, ainda,
a servir de adorno ao bem principal, sem ser parte integrante. (...). Apesar de
acessórios, conservam sua individualidade e autonomia, tendo apenas como
principal uma subordinação econômico-jurídica, pois sem haver qualquer
incorporação vinculam-se ao principal para que atinja suas finalidades.
(Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 6. ed. rev., atual. e
ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016).
Pelo princípio da gravitação jurídica, a propriedade dos bens acessórios segue a
sorte do bem principal, podendo, entretanto, haver disposição em contrário pela vontade
da lei ou das partes.

2) Bens de acordo com a titularidade: bens públicos e privados.


2.1) BENS PÚBLICOS
a) BENS PÚBLICOS DE USO COMUM DO POVO: são bens públicos de uso
comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
b) BENS PÚBLICOS DE USO ESPECIAL: Os bens de uso especial são aqueles
que se destinam especialmente à execução de serviços públicos (art. 99, II do CC),
tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas
autarquias. Assim, as delegacias são bens de uso especial. Exemplo: o prédio em
que o INSS presta os seus serviços é um bem público afetado, considerado um bem
de uso especial;
c) BENS DOMINICAIS: que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas
entidades.

P: OS BENS PÚBLICOS SÃO ALIENÁVEIS?


Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Os bens
DOMINICIAIS fazem parte do patrimônio disponível da pessoa jurídica de Direito Público e,
ao contrário dos outros dois, são bens alienáveis (arts. 100 e 101 do CC). Mesmo que sejam
alienáveis não perdem os bens dominicais sua característica de serem “públicos”.

P: OS BENS PÚBLICOS SÃO PASSÍVEIS DE USUCAPIÃO?


Os bens públicos não são passiveis de usucapião, por expressa vedação do art. 102 do
CC. Portanto, a contrario senso, é possível afirmar que são suscetíveis de usucapião os bens
privados, claro, naturalmente, desde que preenchidos os requisitos legais.
Súmula 619 do STJ: “A ocupação indevida de bem público configura mera
detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e
benfeitorias".

P: O BEM PÚBLICO PODE SER HIPOTECADO?


No âmbito do Direito Civil, bens imóveis, navios e aeronaves podem ser dados como
garantia ao pagamento de uma obrigação, através do instituto da hipoteca, de maneira que,
diante do inadimplemento, há a possibilidade de execução direta e penhora desses bens.
Acontece que um bem público não pode ser hipotecado, por conta da característica da
sua NÃO ONERABILIDADE, não sendo possível deixá-lo como garantia para o credor no
caso de inadimplemento da obrigação. Isso acontece porque A CRFB traz o regime de
precatórios para o pagamento dos créditos de terceiros contra a Fazenda, excluindo o sistema
da penhora processual.

P: É POSSÍVEL OS BENS DOMINICAIS INTEGRAREM O PATRIMÔNIO DE


PESSOA JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO A QUE SE TENHA DADO
ESTRUTURA DE DIREITO PRIVADO?
SIM.

P: O USO DOS BENS PÚBLICOS DEVE SER GRATUITO?


Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme
for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
A utilização comum dos bens públicos – de uso comum do povo, de uso especial e
dominicais, pode ser gratuita ou retribuída, conforme for estabelecido pela entidade a cuja
administração pertencerem.
EX: A cobrança pelo uso de estacionamentos nas ruas das cidades (rotativos) é
exemplo de uso oneroso de bem público.

OCUPAÇÃO IRREGULAR DE IMÓVEL PÚBLICO: Segundo STJ, não se trata de posse


injusta, MAS MERA DETENÇÃO.

UNIVERSALIDADE DE FATO: a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma


pessoa, tenham destinação unitária.

UNIVERSALIDADE DE DIREITO: o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa,


dotadas de valor econômico.
6. ATO, FATO E NEGÓCIO JURÍDICO
6.1 ESCADA PONTEANA
A) EXISTÊNCIA: AGENTE, VONTADE, OBJETO E FORMA;
Ex de negócio INEXISTENTE: A falsidade de documento na celebração de escritura pública
resulta na inexistência do negócio jurídico, por conta da ausência da manifestação de vontade de
quem falsamente participou do contrato.
B) VALIDADE:
AGENTE CAPAZ;
VONTADE LIVRE e CONSCIENTE;
OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO ou DETERMINÁVEL; e
FORMA PRESCRITA OU NÃO PROIBIDA EM LEI;
C) EFICÁCIA:

P: QUAL NORMA DEVE SER CONSIDERADA PARA A VALIDADE DOS


NEGÓCIOS JURÍDICOS?
A regra presente no Código Civil quanto à aplicação das normas no tempo é de que,
quanto à validade dos negócios jurídicos, a estes deve ser aplicada a norma atual, ou seja,
do momento da sua constituição ou celebração.

VALIDADE DA DECLARAÇÃO DE VONTADE: não depende de forma especial,


SENÃO QUANDO A LEI EXPRESSAMENTE EXIGIR.

CASO CONCRETO
Mateus em contato telefônico com uma empresa X, consentiu que ela lhe enviasse
um contrato de publicidade para destacar sua empresa em um determinado site.
Segundo as informações repassadas via telefone foi a de que Mateus pagaria R$ 15,00
(quinze reais) mensais durante 12 (doze) meses. Estabelecido o negócio jurídico, Mateus
recebeu o contrato via email, assinou e encaminhou a empresa, não tendo percebido que
a referida Empresa procedera, intencionalmente a substituição do valor inicialmente
avençado para cada parcela, fazendo constar o importe de R$ 150,00 (cento e cinquenta
reais) por mês. Diante da situação posta, é possível afirmar acerca do negócio jurídico:
RESPOSTA: Mateus poderá anular o negócio jurídico, por encontrar-se defeituoso,
na figura do dolo, pois a empresa X se utilizou de expediente astucioso, a fim de que Mateus
assinasse o contrato, levando-o a crer que as condições pactuadas via contato telefônico
estariam mantidas.

6.2) VÍCIO DO CONSENTIMENTO


Se não houver vontade, o negócio é INEXISTENTE. Se existir vontade, porém, ela for
VICIADA, o negócio será anulável pelo vício do consentimento.
OBS: SIMULAÇÃO E FRAUDE SÃO VÍCIOS SOCIAIS.

6.2.1) DOLO:
> Gera ANULABILIDADE;
> O agente vai INDUZIR alguém a erro;
> Consiste em um artifício malicioso (má-fé) que induz uma das partes a celebrar um negócio
jurídico prejudicial. Em essência, trata-se de um erro provocado. É um erro provocado
dolosamente pela outra parte;
> AMBAS AS PARTES PROCEDEM COM DOLO: nenhuma pode alega-lo para
ANULAR O NEGÓCIO, ou RECLAMAR INDENIZAÇÃO;
> DOLO ACIDENTAL: Dispõe o art. 146 do CC que “O dolo acidental só obriga à
satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado,
embora por outro modo";
OMISSÃO DOLOSA: Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma
das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão
dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.

6.2.2) ERRO:
Erro é um vício de consentimento, que gera a anulabilidade do negócio jurídico (art.
171, II do CC) e que significa a falsa noção da realidade. Exemplo; Caio compra uma
bijuteria, mas pensa que está comprando uma joia.
O erro, entretanto, só é considerado como causa de anulabilidade do negócio
jurídico se for:
a) essencial (substancial);
b) escusável (perdoável).
Nesse sentido, dispõe nossa Lei Codificada:
“Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal,
em face das circunstâncias do negócio”.
Substancial é o erro que incide sobre a essência (substância) do ato que se
pratica, sem o qual este não se teria realizado. É o caso do colecionador que, pretendendo
adquirir uma estátua de marfim, compra, por engano, uma peça feita de material sintético.
O Código Civil de 2002 enumerou as seguintes hipóteses de erro substancial, em seu
art. 139:
a) quando interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a
alguma das qualidades a ele essenciais;
b) quando concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se
refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
c) sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único
ou principal do negócio jurídico.
Vê-se, portanto, que o erro poderá incidir no negócio, no objeto ou na pessoa.
O erro invalidante há que ser, ainda, escusável, isto é, perdoável, dentro do que se
espera do homem médio que atue com grau normal de diligência. Não se admite, outrossim,
a alegação de erro por parte daquele que atuou com acentuado grau de displicência. O
direito não deve amparar o negligente. Ademais, a própria concepção de homem médio deve
levar em consideração o contexto em que os sujeitos estão envolvidos. Afinal, a compra de
uma joia falsa pode ser um erro escusável de um particular, mas muito dificilmente de um
especialista em tal comércio.
(Manual de direito civil; volume único / Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona
Filho. – São Paulo : Saraiva, 2017)
OBS: "De acordo com esse mesmo art. 138 do CC/02, não mais interessa se o erro é
escusável (justificável) ou não. Isso porque foi adotado pelo comando legal o princípio da
confiança. Na sistemática do atual Código, está valorizada a eticidade, motivo pelo qual,
presente a falsa noção relevante, merecerá o negócio a anulabilidade. A essa conclusão
chegou o corpo de juristas que participou da I Jornada de Direito Civil, promovida pelo
Conselho da Justiça Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça, com a aprovação do
Enunciado n. 12, cuja redação merece destaque: "na sistemática do art. 138, é irrelevante
ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança".

O Erro divide-se, ainda, em:


a)Erro Substancial (essencial ou principal)- é aquele que recai em relação a aspecto
determinante, tornando-se anulável. Ex.: comprar um relógio de bronze achando que era de
ouro;
b) Erro Acidental- o aspecto não é determinante, de modo que não é anulável.
Em se tratando de erro, este não prejudicará a validade do negócio jurídico quando a
pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na
conformidade da vontade real do manifestante.

> ERRO DE CÁLCULO: Já o erro de cálculo é quando há uma conta errada, um


EQUÍVOCO, um OPS! E pelo Código Civil, o erro de cálculo NÃO ANULA o negócio
jurídico apenas retifica!
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.

6.2.3) COAÇÃO:
Coação é um vício de consentimento, que gera a anulabilidade do negócio jurídico
(art. 171, II do CC) e pode ser conceituada como “pressão física ou moral exercida sobre o
negociante, visando obriga-lo a assumir uma obrigação que não lhe interessa" (TARTUCE,
Flavio. Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
v. 1. p. 417).
Coação física (vis absoluta) – “constrangimento corporal que venha retirar toda a
capacidade de querer de uma das partes, implicando ausência total de consentimento, o que
acarretará nulidade absoluta do negócio". (...)
Obs: ALGUNS AUTORES ENTENDEM QUE NO CASO DE COAÇÃO
FÍSICA, O NEGÓCIO JURÍDICO É INEXISTENTE, POIS NÃO HOUVE VONTADE.
Coação moral ou psicológica (vis compulsiva) – coação efetiva e presente, causa
fundado temor de dano iminente e considerável à pessoa do negociante, à sua família, à
pessoa próxima ou aos seus bens, gerando a anulabilidade do ato (art. 151 do CC). Tartuce,
Flávio. Manual de direito civil: volume único. 6. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.
a coação que constitui vício da vontade e torna anulável o negócio jurídico (CC, art.
171, II) é a relativa ou moral. Nesta, deixa-se uma opção ou escolha à vítima: praticar o ato
exigido pelo coator ou correr o risco de sofrer as consequências da ameaça por ele feita.
Trata-se, portanto, de uma coação psicológica.

P: O QUE NÃO É CONSIDERADO COMO COAÇÃO?


Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem
o simples temor reverencial.
EX: João, um homem rico de 50 anos, diz expressamente à sua sobrinha Maria que,
se esta não lhe vender sua casa, não vai contemplá-la em seu testamento. Temendo perder
parte de uma herança que sempre teve em vista receber, Maria realiza a venda da casa a seu
tio João, pelo valor de mercado.
Nesse caso, NÃO HOUVE COAÇÃO, sendo o negócio válido.

P: A COAÇÃO EXERCIDA POR TERCEIRO VICIA O NEGÓCIO JURÍDICO?


SIM, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta
responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.

6.2.4) LESÃO
De acordo com o legislador, no art. 157 do CC, “ocorre a lesão quando uma pessoa,
sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente
desproporcional ao valor da prestação oposta". Desta maneira, nosso ordenamento não
mais tolera os chamados “negócios da China", não mais aceitando prestações manifestamente
desproporcionais (GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de
Direito Civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v. I, p. 376). O exemplo dado pela doutrina é
do empregador que coloca à disposição de seus empregados mercadorias, no próprio local de
trabalho, com preços bem superiores aos praticados no comércio. Também gera a
anulabilidade do negócio jurídico (art. 171, II do CC).
A lesão é um vício de consentimento que implica na manifestação volitiva em razão
de premente necessidade ou inexperiência, cujo efeito é a assunção de prestação
manifestamente desproporcional. Para que se configure, exige-se:
a) ELEMENTO SUBJETIVO: Premente necessidade ou inexperiência
(desconhecimento técnico);
b) ELEMENTO OBJETIVO: Assumir prestação manifestamente desproporcional.
> DOLO DE APROVEITAMENTO: é importante lembrar que no vício da lesão não
há exigência de dolo de aproveitamento (Enunciado 150 do CJF).
> SUPLEMENTO SUFICIENTE: Não se decretará a anulação do negócio, se for
oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do
proveito.
Enunciado 149 do CJF: “Em atenção ao princípio da conservação dos contratos,
a verificação da lesão deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial do
negócio jurídico e não à sua anulação, sendo dever do magistrado incitar os contratantes a
seguir as regras do art. 157, § 2º, do Código Civil de 2002".
Ex: Verificando a condição culturalmente baixa de José Roberto, lavrador em Ribas
do Rio Pardo, Glauco Silva adquire sua propriedade agrícola por R$ 500.000,00, quando o
valor de mercado era o de R$ 2.000.000,00. A venda se deu por premente necessidade
financeira de José Roberto.

6.2.5) ESTADO DE PERIGO


O estado de perigo é um vício de consentimento que gera a anulabilidade do negócio
jurídico e é tratado no art. 156 do CC: “Configura-se o estado de perigo quando alguém,
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano
conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa".
Tem como elemento objetivo a obrigação excessivamente onerosa e, como elemento
subjetivo, o perigo que acomete o negociante, pessoa de sua família ou amigo íntimo, sendo
de conhecimento do outro negociante. Maria Helena Diniz traz como exemplo alguém que
tem uma pessoa de sua família sequestrada, tendo sido fixado como resgate o valor de R$
10.000,00. Um terceiro, tendo conhecimento do fato, oferece para pessoa justamente esse
valor por uma joia, cujo valor gira em torno de R$ 50.000,00. O negócio é realizado, pois a
pessoa estava movida pelo desespero.
Configura-se quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua
família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa.
OBS: No estado de perigo, exige-se DOLO DE APROVEITAMENTO.
SUPLEMENTO SUFICIENTE:
A doutrina majoritária firmou o entendimento de aplicação analógica do art. 157, § 2.º,
do CC, também para os casos de estado de perigo. Essa, aliás, foi a conclusão a que se chegou
na III Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho da Justiça Federal e pelo Superior
Tribunal, com a elaboração do Enunciado 148 do CFJ: “ao 'estado de perigo' (art. 156 do
CC) aplica-se, por analogia, o disposto no § 2.º do art. 157. E a respeito de referido
diploma, assim dispõe:
Art. 157 do CC.
(...)
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

6.4) NEGÓCIOS JURÍDICOS BENÉFICOS E RENÚNCIA: interpretam-se de forma


ESTRITA.
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
Os negócios jurídicos benéficos a ambas as partes se interpretam de forma estrita.

6.5) VALIDADE DA DECLARAÇÃO DE VONTADE: Não depende de forma especial,


senão quando a LEI EXPRESSAMENTE EXIGIR.

6.6) DECLARAÇÕES DE VONTADE E SENTIDO LITERAL DA LINGUAGEM: O


sentido literal da linguagem não prevalece sobre a intenção embutida na declaração de
vontade.

6.7) INCAPACIDADE DO AGENTE QUE CELEBRA O NEGÓCIO JURÍDICO


a) ABSOLUTA: O negócio jurídico será NULO;
b) RELATIVA: O negócio jurídico será ANULÁVEL.

P: ATOS PRATICADOS POR INCAPAZES ANTES DA INTERDIÇÃO SÃO


VÁLIDOS?
“Em regra, os atos praticados pelo incapaz mesmo antes da interdição são inválidos.
Vale dizer, se praticados por absolutamente incapaz são nulos, enquanto que se praticados por
relativamente incapaz, são anuláveis.
Isto porque a sentença de interdição, conforme doutrina civilista, apenas declara
a situação de incapacidade já existente antes.
Portanto, em regra os atos praticados por incapazes são nulos ou anuláveis. A exceção
se faz quando tais atos são praticados com terceiro de boa fé, ou seja, aquele que não sabia e
não teria como saber que o outro possuía alguma incapacidade."
Não é necessária a sentença de interdição para reconhecer a nulidade ou anulabilidade
do ato.
REsp 296.895-PR . Nulidade de ato jurídico praticado por incapaz antes da sentença
de interdição . Reconhecimento da incapacidade e da ausência de notoriedade. Proteção do
adquirente de boa-fé. Precedentes da Corte. 1. A decretação da nulidade do ato jurídico
praticado pelo incapaz não depende da sentença de interdição. Reconhecida pelas instâncias
ordinárias a existência da incapacidade, impõe-se a decretação da nulidade, protegendo-se o
adquirente de boa-fé com a retenção do imóvel até a devolução do preço pago, devidamente
corrigido, e a indenização das benfeitorias, na forma de precedente da Corte. 2. Recurso
especial conhecido e provido.

MENOR ENTRE 16 ANOS E 18 ANOS QUE OCULTOU SUA IDADE


Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra
parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
Portanto, a partir do momento em que o menor relativamente capaz declarou-se maior,
deve cumprir sua obrigação (não pode eximir-se de uma obrigação se, no ato de obrigar-se,
declarou-se maior). O negócio é, pois, válido.
Não confundir:
Art. 171." Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico: I - por incapacidade relativa do agente." Neste caso, o menor não oculta sua idade ou
declara-se maior.

6.8) NULIDADE E ANULABILIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO


FILTRO: SUPERIOR, DIREITO, ANOS 17-18-19-20-21. (RESOLVI AS 83 QUESTÕES)
A invalidade do negócio jurídico é relativa diante da presença de vícios que gerem a
sua anulabilidade. Tais vícios não são considerados tão graves, por não ofenderem
preceitos de ordem pública, mas envolverem, somente, os interesses das partes. Por tal
razão, eles devem ser alegados dentro de um prazo decadencial. Assim, a parte tem o direito
potestativo de requerer a anulação do negócio jurídico. Após o decurso desse tempo, o vício
convalesce, ou seja, ele morre. À título de exemplo, temos o negócio realizado mediante
coação, sujeito ao prazo decadencial do art. 178, I do CC. Após o prazo, o vício desaparece.
A invalidade do negócio jurídico é absoluta diante da presença de vícios que gerem a
sua nulidade, considerados mais graves, por ofenderem preceitos de ordem pública, como
é o caso da simulação (art. 167). Por esta razão, tais vícios não convalescem com o decurso do
tempo, de acordo com o art. 169 do CC: “O negócio jurídico nulo não é suscetível de
confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo". O ato não pode ser aproveitado,
convalidado.

CONVERSÃO SUBSTANCIAL (ART. 170, C.C)


Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este
quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se
houvessem previsto a nulidade.
É sabido que as nulidades de pleno direito/absolutas não são passíveis de serem
sanadas.
A conversão substancial não se trata de medida que visa sanar invalidade absoluta
do negócio jurídico, até porque, por sua natureza, a nulidade não admite convalidação. A
partir dela, apenas aproveita-se a vontade declarada para a formação de um ato, a
princípio nulo, transformando-o em outro, para o qual concorrem os requisitos formais e
substanciais, sendo perfeitamente válido e eficaz.
De fato, a conversão substancial tem previsão no art. 170 do Código Civil e é a
possibilidade de recategorização do negócio nulo, aproveitando-se da manifestação de
vontade para reconhecer outro negócio jurídico, desde que sejam respeitados seus requisitos
formais.
Note que o negócio jurídico original, porquanto nulo, não será validado. Apenas
será aproveitada a manifestação de vontade livremente emitida pelas partes para garantir a
celebração de nova avença.

A) NULIDADE:
P: QUAIS NEGÓCIOS JURÍDICOS SÃO NULOS?
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; RELATIVAMENTE É ANULÁVEL;

P: TODO NEGÓCIO JURÍDICO CELEBRADO POR PESSOA ABSOLUTAMENTE


INCAPAZ É NULO?
Enunciado 138 da III Jornada de Direito Civil:
138. – Art. 3º. A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3º
é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes,
desde que demonstrem discernimento bastante para tanto.
Nem todo negócio jurídico realizado por absolutamente incapaz, sem o representante,
é nulo de pleno direito, tendo em vista que a vontade dos absolutamente incapazes é
relevante na concretização de situações existenciais que dizem respeito a eles, desde que
demonstrem discernimento bastante para tanto.

OBS: Em algumas situações, o ato-fato jurídico praticado pelo menor absolutamente


incapaz produz efeitos.
O melhor exemplo de ato-fato jurídico válidos feito por menores é o senhor da
banquinha que vende bombons ou revistinhas para menores de idade.

II - for ilícito, impossível ou indeterminável seu objeto;


III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, FOR ILÍCITO;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei CONSIDERE ESSENCIAL para a sua
validade;
VI - tiver por objetivo FRAUDAR LEI IMPERATIVA;
VII - a lei taxativamente O DECLARAR NULO, ou proibir-lhe a prática, sem
cominar sanção.

DOAÇÃO UNIVERSAL: A nulidade da doação universal está prevista no art. 548 do CC,
que assim dispõe: é nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente
para a subsistência do doador.

QUEM PODE ALEGAR TAIS NULIDADES?


Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado,
ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.

P: O NEGÓCIO JURÍDICO NULO PODE SER CONFIRMADO PELO JUIZ OU


PELO DECURSO DO TEMPO?
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce
pelo decurso do tempo;

VÍCIOS SOCIAIS
SIMULAÇÃO: causa NULIDADE!
A simulação é a “declaração falsa, enganosa, da vontade, visando aparentar negócio
diverso do efetivamente desejado" (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro.
Parte Geral. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 1. p. 483).
Nas palavras de Washington Monteiro de Barros, se caracteriza por um desacordo
intencional entre a vontade interna e a declarada, no sentido de criar, aparentemente, um
ato jurídico que, de fato, não existe, ou então oculta, sob determinada aparência, o ato
realmente querido.
A simulação não corresponde à verdadeira intenção das partes, sendo feita para
enganar terceiros.

➢ NEGÓCIO JURÍDICO SIMULADO: É NULO. Porém, o que se DISSIMULOU,


SUBSISTE, se for válido na FORMA e na SUBSTÂNCIA.
SIMULAÇÃO RELATIVA:
De acordo com o art. 167 do CC: “É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá
o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma". Estamos diante do que se
denomina de simulação relativa quando, na aparência, há um negócio jurídico, que é o
simulado, mas, na essência, celebra-se outro, que é o negócio dissimulado, escondido.
Exemplo: na aparência celebra-se comodato, mas, na verdade, estão celebrando contrato de
locação. O contrato de locação será válido, desde que não ofenda a lei ou direitos de terceiros
e tenha todos os requisitos de validade (art. 104).

P: QUANDO HAVERÁ SIMULAÇÃO NOS NEGÓCIOS JURÍDICOS?


QUANDO:
➢ os instrumentos particulares forem ANTEDATADOS, ou PÓS-DATADOS;
➢ aparentarem conferir ou transmitir direitos a PESSOAS DIVERSAS DAQUELAS às
quais realmente se conferem, ou transmitem;
➢ contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula NÃO VERDADEIRA.

FRAUDE CONTRA CREDORES: é um vício social, porém, causa ANULABILIDADE!


Fraude contra credores é um vício social, que gera a anulabilidade do negócio jurídico.
Tem previsão nos arts. 158 e seguintes do CC, podendo ser conceituada como “atuação
maliciosa do devedor, em estado de insolvência ou na iminência de assim tornar-se, que
dispõe de maneira gratuita ou onerosa o seu patrimônio, para afastar a possibilidade de
responderem os seus bens por obrigações assumidas em momento anterior à
transmissão" (TARTUCE, Flavio. Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. 13. ed. Rio
de janeiro: Forense, 2017. v. 1. p. 429). Exemplo: o vencimento das dívidas encontra-se
próximo e o devedor aliena os seus bens ao terceiro, que está ciente do estado de insolvência
do alienante.

B) ANULABILIDADE
P: PODE SER CONFIRMADA PELAS PARTES?
Art. 172. O negócio ANULÁVEL pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de
terceiro;

P: QUEM PODE ALEGAR A ANULABILIDADE?


Só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem,
salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.

P: A ANULABILIDADE PODE SER PRONUNCIADA DE OFÍCIO?


NÃO, só os interessados podem alegar.

P: A ANULABILIDADE TEM EFEITO ANTES DE SER JULGADA POR


SENTENÇA?
NÃO.

P: QUAL É O PRAZO DECADENCIAL PARA ALEGAR A ANULABILIDADE DE


UM NEGÓCIO JURÍDICO?
Nesses casos abaixo, a lei fala em 4 anos, contado:
➢ COAÇÃO: do dia em que ela SE CESSAR;
➢ INCAPAZ: do dia em QUE CESSAR A INCAPACIDADE;
➢ ERRO, DOLO, FRAUDE CONTRA CREDORES, ESTADO DE PERIGO ou
LESÃO: do dia em que REALIZOU O NEGÓCIO JURÍDICO.
OBS: E SE A LEI NÃO ESTABELECE PRAZO PARA ANULAÇÃO?
Será de 2 anos, contado da CONCLUSÃO do negócio.

P: QUAIS NEGÓCIOS JURÍDICOS SÃO ANULÁVEIS?


Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores.
➢ NEGÓCIO JURÍDICO QUE O REPRESENTANTE CELEBRA COM ELE
MESMO: é anulável;
➢ NEGÓCIO CONCLUÍDO PELO REPRESENTANTE EM CONFLITO DE
INTERESSES COM O REPRESENTADO: será ANULÁVEL, se tal fato era ou
devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.
Parágrafo único. É de 180 dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da
incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.

P: SE O NEGÓCIO É ANULÁVEL POR FALTA DE AUTORIZAÇÃO DE


TERCEIRO, CASO HAJA POSTERIOR AUTORIZAÇÃO, PODERÁ SER
VALIDADO?
SIM.
Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será
validado se este a der posteriormente.

INVALIDADE PARCIAL: Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um


negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da
obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da
obrigação principal.

P: A CONFIRMAÇÃO EXPRESSA, OU EXECUÇÃO VOLUNTÁRIA DE NEGÓCIO


ANULÁVEL, IMPORTA EXTINÇÃO DAS AÇÕES OU EXCEÇÕES?
Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos
termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que
contra ele dispusesse o devedor.
P: O FALSO MOTIVO VICIA A DECLARAÇÃO DE VONTADE?
Só vicia quando EXPRESSO COMO RAZÃO DETERMINANTE.

P: A PESSOA PODE RECLAMAR O QUE PAGOU A UM INCAPAZ EM UMA


OBRIGAÇÃO ANULADA?
Não, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.

EFEITOS DA ANULAÇÃO
➢ Restituir-se-ão as partes ao estado QUE ANTES DELE SE ACHAVAM;
➢ Se não for possível, serão INDENIZADAS COM O EQUIVALENTE.

P: O MENOR ENTRE 16 E 18 ANOS PODE INVOCAR SUA IDADE PARA EXIMIR-


SE DE UMA OBRIGAÇÃO?
O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação,
invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato
de obrigar-se, declarou-se maior.

6.9) ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO


A) CONDIÇÃO: subordina os efeitos do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

P: A CONDIÇÃO É ALCANÇADA PELA NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO?


A condição é um elemento acidental do negócio jurídico, assim, em caso de nulidade
do negócio jurídico, a condição será alcançada, não permanecendo válida (será nula,
também).

CONDIÇÃO RESOLUTIVA (FÍSICA OU JURIDICAMENTE IMPOSSÍVEL): A


palavra resolutiva tem um T no meio, logo, se a condição for impossível física ou
juridicamente e resoluTiva, o negócio é inexisTenTe.
➢ Condição resoluTiva física ou juridicamente IMPOSSÍVEL: negócio
INEXISTENTE.
CONDIÇÃO SUSPENSIVA (FÍSICA OU JURIDICAMENTE IMPOSSÍVEL): A
palavra Suspensiva começa com S, logo, se a condição for impossível física ou juridicamente
e Suspensiva, invalida-Se o negócio jurídico.
➢ Condição Suspensiva física ou juridicamente IMPOSSÍVEL: invalida-Se o
negócio.

CONDIÇÃO FÍSICA OU JURIDICAMENTE IMPOSSÍVEL

* inexisTentes -> quando resoluTivas

*Invalida-Se-> quando Suspensiva

ATENÇÃO: CONDIÇÃO RESOLUTIVA E SUSPENSIVA (ILÍCITAS, OU DE FAZER


COISAS ILÍCITAS): Nesse caso, INVALIDA o negócio jurídico.

B) TERMO: subordina os efeitos do negócio jurídico a evento futuro e certo.


EX: Maria celebrou contrato de doação de bem imóvel a João. Na negociação, ficou
estipulado que a transferência do bem somente se aperfeiçoará quando da morte da doadora.
A morte é um evento futuro e certo, porém com data indeterminada. Mas, existe a
certeza de que irá ocorrer. Portanto, na situação apresentada, o evento morte funciona
como termo.
"O termo pode ser ainda certo ou incerto (ou determinado e
indeterminado), conforme conceitos a seguir transcritos:

- Termo certo ou determinado – sabe-se que o evento ocorrerá e quando ocorrerá.


Exemplo: o fim de um contrato de locação celebrado por tempo determinado.

- Termo incerto e indeterminado – sabe-se que o evento ocorrerá, mas não se sabe
quando. Exemplo: a morte de uma determinada pessoa."

TERMO ESSENCIAL: diz-se que é essencial o termo quando o efeito pretendido


deva ocorrer em momento bem preciso, sob pena de, verificado depois, não ter mais
valor.” (Gonçalves, Carlos Roberto. Direito civil esquematizado v.1 – 4.ed. rev. e atual. – São
Paulo: Saraiva, 2014).
TERMO NÃO ESSENCIAL: é aquele que admite o cumprimento do objeto do
negócio jurídico após o seu vencimento.

C) ENCARGO: O encargo ou modo é o elemento acidental do negócio jurídico que traz um


ônus relacionado com uma liberalidade. Geralmente, tem-se o encargo na doação, testamento
e legado. Para Vicente Ráo, “modo ou encargo é uma determinação que, imposta pelo autor
do ato de liberalidade, a esta adere, restringindo-a” (Tartuce, Flávio. Manual de direito civil:
volume único. 6. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2016).
O encargo é elemento acidental característico dos negócios jurídicos que envolvam
uma liberalidade, pois junto com a liberalidade, impõe-se um ônus a ser cumprido pelo
beneficiado da liberalidade.
OBS: INEXECUÇÃO DO ENCARGO: Nos casos de inexecução do encargo, há
previsão de mecanismos de coerção por parte do disponente, como exigir o seu cumprimento
no caso de doação com encargo, ou mesmo revogar a doação (liberalidade) por inexecução do
encargo.

6.10) TEORIA DA REPRESENTAÇÃO


a) PODERES DE REPRESENTAÇÃO: podem ser conferidos pela LEI ou pelo
INTERESSADO;

b)PARTE GERAL: A Teoria geral da representação é própria da parte geral do Código


Civil, no que concerne ao estudo dos Negócios Jurídicos.
Código Civil - Da Representação – Arts. 115 ao 120.

P: É POSSÍVEL O MANDATO EM CAUSA PRÓPRIA?


O mandato em causa própria é lícito desde que o mandante outorgue poderes ao
mandatário (representante) para que ele (representante) realize negócio jurídico consigo
mesmo.
O estudo do autocontrato envolve a teoria da representação, em que a lei ou o
representado autoriza a celebração do contrato consigo mesmo, e, sem essa autorização, o
negócio jurídico é anulável.
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que
o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.

P: A INCAPACIDADE RELATIVA DE UMA DAS PARTES PODE SER INVOCADA


PELA OUTRA EM BENEFÍCIO PRÓPRIO?
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra
em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for
indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

P: A IMPOSSIBILIDADE INICIAL DO OBJETO INVALIDA O NEGÓCIO


JURÍDICO?
Não invalida se:
➢ FOR RELATIVA; ou
➢ se CESSAR ANTES DE REALIZADA A CONDIÇÃO A QUE ESTÁ
SUBORDINADA.
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for
relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.

P: A VALIDADE DE DECLARAÇÃO DE VONTADE DEPENDE DE FORMA


ESPECIAL?
Não, somente quando a lei EXPRESSAMENTE EXIGIR.

P: A ESCRITURA PÚBLICA É ESSENCIAL A VALIDADE DOS NEGÓCIOS


JURÍDICOS?
Se a lei NÃO DISPOR EM CONTRÁRIO, a escritura pública é ESSENCIAL a
validade dos NJ que visam à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos
reais sobre imóveis de VALOR SUPERIOR A 30 VEZES o maior salário mínimo vigente
no País.

NEGÓCIO JURÍDICO CELEBRADO COM A CLÁUSULA DE NÃO VALER SEM


INSTRUMENTO PÚBLICO: este é da SUBSTÂNCIA do ato.

REGRAS DE INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS:


Art. 113, CC/02, § 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de
preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas
em lei.

6.11) PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA


FILTRO: DELEGADO e SUPERIOR DIREITO (ANOS 17-18-19-20-21)
6-11-1) PRESCRIÇÃO
A prescrição extingue o direito à pretensão, ou seja, o poder de exigir algo de alguém
por meio de um processo jurídico, caso esse direito não tenha sido utilizado em
determinado espaço de tempo.
O direito material ainda existe, porém ele não pode ser alcançado por vias jurídicas.
OBS: A PRESCRIÇÃO SÓ PODE SER ESTABELECIDA POR LEI.

TEORIA DA ACTIO NATA SUBJETIVA


A teoria da actio nata subjetiva está relacionada justamente com a prescrição, tendo
como entendimento que o termo inicial para a contagem do prazo prescricional se dá com a
ciência inequívoca da violação do direito, tal como entendimentos do STJ (exemplos: REsp nº
1.698.732/MG, REsp 1.388.030/MG).
- Segundo o Código Civil (art. 189) começa a correr da data da violação;
- para o STJ começa a correr da data do CONHECIMENTO da violação (teoria da
actio nata)[1];
"O surgimento da pretensão ressarcitória não se dá necessariamente no
momento em que ocorre a lesão ao direito, mas sim quando o titular do direito subjetivo
violado obtém plena ciência da lesão e de toda a sua extensão, bem como do responsável
pelo ilícito, inexistindo, ainda, qualquer condição que o impeça de exercer o correlato direito
de ação (pretensão).
Compreensão conferida à teoria da actio nata (nascimento da pretensão) que
encontra respaldo em boa parte da doutrina nacional e já é admitida em julgados do
Superior Tribunal de Justiça, justamente por conferir ao dispositivo legal sob comento (art.
189, CC) interpretação convergente à finalidade do instituto da prescrição." (STJ, REsp
1.347.715/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado
em 25/11/2014).
Em sede jurisprudencial a teoria da actio nata pode ser retirada do teor da Súmula
278 do mesmo STJ, que enuncia: “O termo inicial do prazo prescricional, na ação
de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade
laboral”.
Nesse mesmo sentido, Informativo 470 STJ: "(...) consignou-se que o termo a
quo da prescrição da pretensão indenizatória pelo erro médico é a data da ciência do dano,
não a data do ato ilícito. Segundo o Min. Relator, se a parte não sabia que havia
instrumentos cirúrgicos em seu corpo, a lesão ao direito subjetivo era desconhecida, portanto
ainda não existia pretensão a ser demandada em juízo. Precedente citado: REsp 694.287-RJ,
DJ 20.09.2006” (STJ, REsp. 1.020.801/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 26.04.2011).

[1] Súmula nº 278 do STJ: O termo inicial do prazo prescricional, na ação


de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade
laboral.

- Para o CDC (arts. 26 e 27) é a teria da actio nata também.


a) ALTERAÇÃO DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS POR ACORDO DAS PARTES
Por força do art. 192 do CC:
“Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes".
Embora a doutrina não seja pacífica, muitos entendem que os prazos prescricionais
não podem ser alterados pela vontade das partes por estarmos diante de matéria de
ordem pública, o que, inclusive, possibilita que o juiz conheça de oficio (Nelson Nery e
Rosa Maria de Andrade Nery, Maria Helena Diniz, Roberto Senise Lisboa). Outros
doutrinadores defendem que a prescrição não é matéria de ordem pública por envolver
direitos patrimoniais, estando relacionada à ordem privada. Acontece que, embora a
prescrição não seja matéria de ordem pública, a celeridade processual é, sendo considerado
como direito fundamental o razoável andamento do processo e a celeridade das ações pelo art.
5º, LXXVIII da CRFB. Portanto, os prazos prescricionais só teriam origem legal.

c) RENÚNCIA A PRESCRIÇÃO
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser EXPRESSA ou TÁCITA, e só valerá,
sendo feita, sem prejuízo de terceiro, DEPOIS que a prescrição se consumar; tácita é a
renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.
2 REQUISITOS PARA A RENÚNCIA DA PRESCRIÇÃO:
➢ SEM PREJUÍZO DE TERCEIRO;
➢ DEPOIS (NÃO ANTES) que a prescrição SE CONSUMAR.

d) A INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO APROVEITA A TODOS OS


CREDORES?
De acordo com o art. 204 do CC
“A interrupção da prescrição POR UM CREDOR não aproveita aos outros (...)",
isso porque a legislação dá o caráter personalíssimo ao ato interruptivo, mas aproveitará se a
obrigação for solidária, conforme previsão do § 1º do mesmo dispositivo legal: “a
interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros (...)";

OBS: SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO EM FAVOR DE UM DOS CREDORES:


Somente APROVEITARÁ ao outro se a obrigação for INDIVISÍVEL.
e) DIFERENÇA ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
➢ Prescrição: violação de direito SUBJETIVO, relacionada às ações
CONDENATÓRIAS;
➢ Decadência: relacionada aos direitos POTESTATIVOS, atingindo ações constitutivas
POSITIVAS e NEGATIVAS, principalmente ações anulatórias.

f) A PRESCRIÇÃO PODE SER ALEGADA EM QUALQUER GRAU DE


JURISDIÇÃO?
Sim, pela parte A QUEM APROVEITA.
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem
aproveita.

g) A PRESCRIÇÃO INICIADA CONTRA UMA PESSOA CONTINUA A


CORRER CONTRA O SEU SUCESSOR?
SIM.
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.

h) A PRESCRIÇÃO PODE SER INTERROMPIDA POR QUEM?


Pode ser interrompida POR QUALQUER INTERESSADO.

i) QUANDO A PRESCRIÇÃO É INTERROMPIDA, ELA RECOMEÇA A


CONTAR DE ONDE?
Recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do
processo para a interromper.

j) HIPÓTESES DE INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO:


➢ DESPACHO DO JUIZ, mesmo INCOMPETENTE, que ordenar a citação;
➢ Pelo PROTESTO;
➢ PROTESTO CAMBIAL;
➢ Apresentação do TÍTULO DE CRÉDITO;
➢ Qualquer ATO JUDICIAL QUE CONSTITUA EM MORA O DEVEDOR;
➢ Qualquer ato INEQUÍVOCO, ainda que extrajudicial, QUE O DEVEDOR
RECONHEÇA O DIREITO.
OBS: interrupção SÓ OCORRE UMA ÚNICA VEZ!
A interrupção da prescrição torna o prazo até então transcorrido inútil, caso em que deverá
ser reiniciada a contagem do lapso prescricional a partir do zero, desprezando-se o tempo
anteriormente perpassado.

P: O PEDIDO DE CONCESSÃO DE PRAZO PARA ANALISAR DOCUMENTOS


TEM O CONDÃO DE INTERROMPER A PRESCRIÇÃO?
Nos autos do REsp 1.677.895/SP, o STJ formou entendimento de que O pedido de
concessão de prazo para analisar documentos com o fim de verificar a existência de
débito NÃO tem o condão de interromper a prescrição, pois o pedido de concessão de prazo
para analisar os documentos apresentados apenas poderia ser considerado como ato
inequívoco que importasse em reconhecimento de débito (direito de receber) se fosse
destinado ao pagamento de valores, mas nunca para analisar a existência do próprio débito.
Assim, por ausência de enquadramento nas hipóteses do art. 202 do CC/02, não há que
se falar em interrupção do prazo prescricional.

k) EM QUE HIPÓTESES NÃO CORRE A PRESCRIÇÃO?


➢ Entre CONJUGES, na constância da sociedade conjugal;
➢ Entre ASCENDENTE/DESCENDENTE, durante PODER FAMILIAR;
➢ Tutelados/curatelados e seus tutores/curadores;
➢ INCAPAZES ABSOLUTOS;
➢ AUSENTES DO PAÍS EM SERVIÇO DA UNIÃO/ESTADOS/MUNICÍPIOS;
➢ Aqueles que SERVIREM F.A’S EM TEMPO DE GUERRA;
➢ Pendendo condição SUSPENSIVA;
➢ Prazo NÃO VENCIDO;
➢ Pendendo AÇÃO DE EVICÇÃO.

l) EXCEÇÃO E PRETENSÃO: prescreve NO MESMO PRAZO.

m) AÇÃO QUE SE ORIGINA DE FATO QUE DEVE SER APURADO NA


ESFERA CRIMINAL: QUANDO COMEÇA CORRER O PRAZO
PRESCRICIONAL?
O art. 200 esclarece que:
"Quando a ação se originar de fato QUE DEVA SER APURADO NO JUÍZO
CRIMINAL, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva".
Assim, observa-se que enquanto a sentença criminal não transitar em julgado, o prazo
prescricional do art. 206, §3º, II do Código Civil não começará a correr.
De acordo com a jurisprudência dominante do STJ, o termo inicial para a contagem do
prazo prescricional que atinge a pretensão de recomposição de danos, fixada na esfera
criminal, é o trânsito em julgado da sentença penal condenatória que fixou a obrigação
de indenizar.
OBSERVAÇÃO:
O Código Civil prevê a interrupção da prescrição cível tão somente enquanto
houver a concorrência entre o juízo cível e o juízo criminal.
Logo, não tendo havido a instauração de inquérito ou a propositura de ação penal, não
haveria que se falar em concorrência entre os juízos e, tampouco, em interrupção da
prescrição.
Neste sentido é o precedente do STJ REsp 1.180.237 (Info 500).

n) OS RELATIVAMENTE INCAPAZES PODEM ACIONAR OS SEUS


ASSISTENTES SE DEREM CAUSA A PRESCRIÇÃO?
Sim, assim como as Pessoas Jurídicas podem acionar seus representantes legais.
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus
assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem
oportunamente.

o) PRESCRIÇÃO NO CASO DE RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E


EXTRACONTRATUAL:
Responsabilidade CONTRATUAL -> Prazo de 10 anos (regra geral);
Responsabilidade EXTRACONTRATUAL -> Prazo de 3 anos (art. 206, V, CC).

p) AS AÇÕES DECLARATÓRIAS ESTÃO SUJEITAS A PRAZO


PRESCRICIONAL OU DECADENCIAL?
Não estariam sujeitas a prazo prescricional e nem decadencial, pois nelas busca-se
a certeza jurídica.
Segundo Tartuce, são imprescritíveis as pretensões que versem sobre:
• Direitos da personalidade, relacionados com a vida, honra, nome, imagem;
• O estado da pessoa, como a filiação, a cidadania, a condição conjugal. Portanto, a
ação de investigação de paternidade é imprescritível, cuja sentença, para muitos
doutrinadores, teria natureza declaratória;
• As ações declaratórias de nulidade absoluta, por envolverem questão de ordem
pública, sendo que o vício da nulidade não convalesce pelo decurso do tempo;
• As pretensões relativas ao Direito de Família no que toca à pensão alimentícia, à
vida conjugal, à nulidade do casamento, ao divórcio, ao reconhecimento e dissolução da união
estável;
• As ações referentes aos bens públicos, que são bens imprescritíveis, já que não
podem ser objeto de usucapião (TARTUCE, Flavio. Direito Civil. Lei de Introdução e Parte
Geral. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. v. 1. p. 517);

q) PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO RELATIVA À TUTELA: ocorre em 4 anos, a


contar da data da aprovação das contas.

r) PRAZO PARA QUE O CONDOMÍNIO GERAL OU EDILICIO EXERCITE A


PRETENSÃO RELATIVA A COBRANÇA DE TAXA CONDOMINIAL: Prazo
de 5 anos, à contar do dia seguinte ao VENCIMENTO DA PRESTAÇÃO.

s) PRAZO PARA COBRANÇA DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS: 5 ANOS.

t) PRETENSÃO DO BENEFICIÁRIO CONTRA O SEGURADOR, E A DO


TERCEIRO PREJUDICADO, NO CASO DE SEGURO DE RESP. CIVIL
OBRIGATÓRIO: 3 ANOS.

u) PRETENSÃO PARA HAVER PRESTAÇÕES ALIMENTARES: 2 ANOS, A


PARTIR DA DATA QUE SE VENCEREM.

v) PRETENSÃO DOS TABELIÃES, AUXILIARES DE JUSTIÇA,


SERVENTUÁRIOS, ARBITROS E PERITOS: 1 ANO.

w) PRETENSÃO RELATIVA A ALUGUÉIS DE PRÉDIOS URBANOS E


RÚSTICOS: PRESCREVE EM 3 ANOS.
x) COBRANÇA DE DÍVIDAS LÍQUIDAS DE INSTRUMENTOS PÚBLICOS OU
PARTICULARES: PRESCREVE EM 5 ANOS.

y) PRETENSÃO DE REPARAÇÃO CIVIL e RESSARCIMENTO DE


ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA: prescreve em 3 anos.

z) LEI NÃO FIXA PRAZO PARA PRESCRIÇÃO: OCORRE EM 10 ANOS.

OBSERVAÇÃO:
O rol dos prazos PRESCRICIONAIS, que constam nos artigos 205 e 206, são TAXATIVOS.

P: A DÍVIDA PRESCRITA PODE SER EXIGIDA JUDICIALMENTE?


Não pode ser exigida judicialmente, mas constitui obrigação natural, cujo
pagamento voluntário é válido, não podendo o devedor pedir a devolução do que foi pago.

6-11-2) DECADÊNCIA
A perda do direito potestativo pela inércia do seu titular, no período determinado
em lei.
Na decadência, também chamada de caducidade, o que se perde é o próprio direito
material, por falta do uso desse direito.
Nele, existe um direito, e seu pedido deve ser formalizado na justiça dentro de
determinado prazo. Caso a formalização não seja feita, o direito deixa de existir.

a) RENÚNCIA A DECADÊNCIA: Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em


lei.
➢ DECADÊNCIA LEGAL: não pode renunciar;
➢ Prescrição: pode haver renúncia (expressa ou tácita): só vale depois que consumar e
sem prejuízo de terceiro;

b) ESPÉCIES DE DECADÊNCIA:
➢ Legal: decorre da lei;
➢ Convencional: por vontade das partes. Nesse caso, a parte a quem aproveita, pode
alega-la em QUALQUER GRAU DE JURISDIÇÃO, mas o juiz não pode suprir a
alegação.
Obs: NÃO EXISTE PRESCRIÇÃO CONVENCIONAL.

c) A DECADÊNCIA CORRE CONTRA OS ABSOLUTAMENTE INCAPAZES?


NÃO, assim como a prescrição.

d) NORMAS QUE SUSPENDEM, IMPEDEM OU INTERROMPEM A


PRESCRIÇÃO: em regra, NÃO SÃO APLICADAS A DECADÊNCIA, salvo
disposição legal em contrário.

e) A DECADÊNCIA PODE SER CONHECIDA DE OFÍCIO?


Sim, se for estabelecida por LEI.
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei

f) INSTITUÍDO POR LEI PRAZO DECADENCIAL PARA O EXERCÍCIO DE


DETERMINADO DIREITO, ANTERIORMENTE NÃO SUJEITO A
DECADÊNCIA, ESSE PRAZO PODE INCIDIR SOBRE SITUAÇÃO
ANTERIOR A LEI?
Sim, conforme jurisprudência do STF, poderá incidir sobre os direitos adquiridos antes da sua
vigência, sem com isso implicar em retroatividade ou ofensa a direito adquirido.

g) DIREITO DE ANULAR AS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITOS PRIVADO,


POR DEFEITO DO ATO RESPECTIVO: Decai em 3 anos, contado o prazo da
publicação de sua inscrição.

Fiz até a questão 44 SUPERIOR DIREITO ANOS 17-18-19-20-21


DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
FILTRO: resolvi todas de DELEGADO + superior direito 19-20-21 (resolvi as 106 Q)
VINCULO IMATERIAL OU ESPIRITUAL DA OBRIGAÇÃO
O vínculo imaterial ou espiritual da obrigação consiste no vínculo jurídico existente
entre as partes na relação obrigacional, ou seja, o elo que sujeita o devedor à determinada
prestação, seja ela positiva ou negativa, em favor do credor.

1 ) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA


P: O CREDOR DE COISA CERTA PODE SER OBRIGADO A RECEBER OUTRA?
Não, ainda QUE MAIS VALIOSA.
“Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda
que mais valiosa".

P: NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA, OS ACESSÓRIOS SÃO


ABRANGIDOS?
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora
não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do
caso. [princípio da gravitação jurídica]
No estudo da obrigação de dar coisa certa revela-se o princípio da gravitação jurídica,
pelo qual a obrigação de dar a coisa certa abrange os seus acessórios, salvo se o contrário
resultar do título ou das circunstâncias do caso.

1.1) COISA SE PERDE, SEM CULPA DO DEVEDOR, ANTES DA TRADIÇÃO,


OU PENDENTE CONDIÇÃO SUSPENSIVA: fica resolvida a obrigação para
ambas as partes (SUPORTAM OS PREJUÍZOS);

➢ Se a perda resultar de CULPA DO DEVEDOR, responderá este pelo equivalente e


mais perdas e danos.
Sobre a teoria do risco proveito, sendo culpado o devedor obrigacional, cabe ao credor
exigir o equivalente com pagamento de juros e correções monetárias pertinentes, mais perdas
e danos.

1.2) DETERIORAÇÃO DA COISA:


a) COM CULPA DO DEVEDOR:
➢ Credor pode exigir o equivalente + perdas e danos;
➢ Aceitar a coisa no estado que se acha + perdas e danos.

b) SEM CULPA DO DEVEDOR:


➢ Credor pode resolver a obrigação; ou
➢ Aceitar a coisa com abatimento do preço.

1.3) OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR


a) COISA RESTITUÍVEL SE DETERIORA SEM CULPA DO DEVEDOR:
➢ Credor RECEBE, como se ache, sem direito a indenização;
➢ SE HOUVER CULPA DO DEVEDOR: Responde pelo EQUIVALENTE +
PERDAS E DANOS.

P: ATÉ A TRADIÇÃO A COISA PERTENCE A QUEM?


Art. 237 do Código Civil. Até a tradição PERTENCE AO DEVEDOR A COISA,
com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir AUMENTO DO
PREÇO; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.

OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR COISA CERTA

SEM CULPA
Perder antes da tradição: credor sofre a perda e resolve-se a obrigação;
Deteriorar: o credor receberá a coisa como se achar, sem direito a indenização.
CC, Art. 238. Se a obrigação for de RESTITUIR coisa certa, e esta, sem culpa do
devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá,
RESSALVADOS O SEU DIREITO ATÉ O DIA DA PERDA.

COM CULPA
Perder: equivalente + perdas e danos
Deteriorar: equivalente + perdas e danos.

2 ) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA


P: NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA, O DEVEDOR PODE ALEGAR
PERDA OU DETERIORAÇÃO ANTES DA ESCOLHA?
NÃO, ainda que ocorra CASO FORTUITO ou FORÇA MAIOR.

2.1) COISAS DETERMINADAS PELO GÊNERO E QUANTIDADE:


A escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação;
mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Nas obrigações de dar coisa incerta, há de se indicar ao menos o gênero e a
quantidade, cabendo a escolha ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação, e
sendo certo que não poderá dar a coisa pior nem será obrigado a prestar a melhor.
P: A COISA INCERTA É INDICADA PELO QUE?
Pelo menos pelo GÊNERO e pela QUANTIDADE.
“Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade".

3 ) OBRIGAÇÃO DE FAZER
3.1) OBRIGAÇÃO INTUITU PERSONAE:
Se a obrigação É SÓ A ESSE DEVEDOR imposta, ou só por ele exequível, E ELE
SE RECUSA, deverá arcar com PERDAS E DANOS.

Na obrigação de fazer de natureza personalíssima, caso o devedor se negue a


cumpri-la, a obrigação de fazer converter-se-á em obrigação de dar, devendo o sujeito passivo
arcar com perdas e danos, incluídos os danos materiais.
GABARITO: CERTO!

3.2) FATO PODE SER EXECUTADO POR TERCEIRO


Será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora
deste, sem prejuízo da indenização cabível.
OBS: SE HOUVER URGÊNCIA: pode o credor, independentemente de
autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido".

3.3) PRESTAÇÃO SE TORNA IMPOSSÍVEL


> SEM CULPA DO DEVEDOR: EXTINGUE A OBRIGAÇÃO;
> COM CULPA DO DEVEDOR: Responde ele por PERDAS E DANOS.

4 ) OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER (NEGATIVAS)


P: NA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER, EM QUAL MOMENTO O DEVEDOR É
CONSIDERADO INADIMPLENTE?
Desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.
Art. 390, CC: Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em
que executou o ato de que se devia abster.

P: QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS SE O DEVEDOR PRATICAR O ATO A CUJA


ABSTENÇÃO SE OBRIGOU?
O credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa,
ressarcindo o culpado perdas e danos.

P: E NO CASO DE URGÊNCIA?
Poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização
judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

P: QUANDO É EXTINTA A OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER?


Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem
culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato,
que se obrigou a não praticar.
A obrigação de não fazer possui uma natureza negativa, ou seja, obriga o devedor a deixar de
executar determinado ato em virtude de um contrato estabelecido entre as partes. Quando,
sem culpa do devedor, for impossível seu cumprimento, o vínculo obrigacional se resolve,
voltando as partes ao estado que estavam antes.

5 ) OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL
Art. 258 do CC: "A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma
coisa ou um fato não suscetíveis de divisão:
➢ por sua natureza;
➢ por motivo de ordem econômica;
➢ ou dada a razão determinante do negócio jurídico".

P: SE UM DOS CREDORES REMITIR (PERDOAR) A DÍVIDA, A OBRIGAÇÃO


FICA EXTINTA PARA OS OUTROS CREDORES?
Não, mas a obrigação só poderá ser exigida pelos outros credores, DESCONTADA A
QUOTA DO CREDOR REMITENTE.
OBS: O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou
confusão.

P: QUANDO É PERDIDA A QUALIDADE DE INDIVISÍVEL?


Art. 263 - Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e
danos.
P: NA OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL, HAVENDO DOIS OU MAIS DEVEDORES,
CADA UM É OBRIGADO PELA DÍVIDA TODA?
Sim.
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será
obrigado pela dívida toda.

P: O DEVEDOR QUE PAGA A DÍVIDA SUBROGA-SE NO DIREITO DO CREDOR?


Sim. Dispõe o § ú do art. 259 do CC que “o devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no
direito do credor em relação aos outros coobrigados".

5.1) OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL EM QUE A CULPA RECAI SOBRE UM DOS


DEVEDORES
Art. 414 do Código Civil: Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo
em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do
culpado, respondendo cada um dos outros SOMENTE PELA SUA QUOTA.
Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra aquele que
deu causa à aplicação da pena.

Enunciado 540 das Jornadas de Direito Civil do CJF:


Havendo perecimento do objeto da prestação indivisível por culpa de apenas um dos
devedores, todos respondem, de maneira divisível, pelo equivalente e só o culpado,
pelas perdas e danos.

5.2) APENAS UM DOS CREDORES RECEBE A PRESTAÇÃO DEVIDA POR


INTEIRO DO DEVEDOR: a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em
dinheiro a parte que lhe caiba no total.

P: COMO O DEVEDOR SE DESOBRIGA NA OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL EM


CASO DE PLURALIDADE DE CREDORES?
Na obrigação indivisível, quando há pluralidade de credores, o devedor se desobriga
de duas formas:
pagando a todos os credores conjuntamente; ou
a um, dando ESTE CAUÇÃO DE RATIFICAÇÃO DOS OUTROS CREDORES.
6 ) OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA
As obrigações solidárias (arts. 264 e seguintes) são aquelas em que há pluralidade de
agentes, devedores ou credores. Quando se fala em solidariedade ativa, há pluralidade
de credores.
Por sua vez, as obrigações solidárias passivas são aquelas em que há pluralidade
de devedores.

P: NAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS ATIVA, CONVERTENDO-SE A OBRIGAÇÃO


EM PERDAS E DANOS, SUBSISTE A SOLIDARIEDADE?
Sim.

P: A PROPOSITURA DE AÇÃO PELO CREDOR EM FACE DE UM OU ALGUNS


DEVEDORES IMPORTA RENÚNCIA DA SOLIDARIEDADE?
NÃO.

6.1) DEVEDOR SOLIDÁRIO FALECE E DEIXA HERDEIROS


Nenhum dos herdeiros é obrigado a pagar importância que supere a quota que
corresponder ao seu quinhão hereditário.
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes
será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, SALVO SE
A OBRIGAÇÃO FOR INDIVISÍVEL; mas todos reunidos serão considerados como um
devedor solidário em relação aos demais devedores.

P: A SOLIDARIEDADE PODE SER PRESUMIDA?


Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

6.2) DEVEDOR QUE SATISFAZ A DÍVIDA POR INTEIRO: Art. 283. O devedor que
satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua
quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais,
no débito, as partes de todos os co-devedores.

P: O DEVEDOR DEMANDADO PODE OPOR AO CREDOR EXCEÇÕES?


Sim, as que forem PESSOAS e às COMUNS A TODOS. OBS: não aproveita a ele exceções
PESSOAS DE OUTRO CODEVEDOR.
P: A OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA PODE SER PURA E SIMPLES?
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou
co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.

6.3) MORTE DE QUALQUER DOS CREDORES OU DEVEDORES


Não põe fim a solidariedade.

6.4) HERDEIROS DOS CREDORES SOLIDÁRIOS


Art. 270 do CC: “Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, CADA
UM DESTES SÓ TERÁ DIREITO A EXIGIR E RECEBER A QUOTA DO CRÉDITO
QUE CORRESPONDER AO SEU QUINHÃO HEREDITÁRIO, salvo se a obrigação for
indivisível".

6.5) HERDEIROS DOS DEVEDORES SOLIDÁRIOS


Em harmonia com o art. 276 do CC: “Se um dos devedores solidários falecer deixando
herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu
quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; MAS TODOS REUNIDOS
SERÃO CONSIDERADOS COMO UM DEVEDOR SOLIDÁRIO em relação aos demais
devedores".

P: SE A PRESTAÇÃO CONVERTER-SE EM PERDAS E DANOS, SUBSISTE A


SOLIDARIEDADE?
SIM.

6.6) CREDOR QUE REMITIR A DÍVIDA, OU RECEBER O PAGAMENTO


Responderá aos outros pela parte que LHES CAIBA.

P: O CREDOR PODE RENUNCIAR A SOLIDARIEDADE EM RELAÇÃO A ALGUM


DEVEDOR?
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de
todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores,
subsistirá a dos demais.
6.8) CLÁUSULA, CONDIÇÃO OU OBRIGAÇÃO ADICIONAL ESTIPULADAS
ENTRE UM DOS DEVEDORES SOLIDÁRIOS E O CREDOR
Não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.

6.9) JULGAMENTO CONTRÁRIO AOS CREDORES SOLIDÁRIOS


Não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de
exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles.

6.10) PAGAMENTO PARCIAL DA OBRIGAÇÃO POR UM DOS DEVEDORES


SOLIDÁRIOS: O pagamento parcial da obrigação por um dos devedores solidários e a
remissão por ele obtida aproveita aos demais até a correspondente quantia paga ou relevada
(277 CC).
Ou seja: Vamos dizer que Lúcio Weber, Renato Z e Renê me deviam R$ 300,00. Lúcio pagou
R$ 100,00. Entendi que estava tudo okay e o liberei. O simples fato dele ter pago sua parte
não me impede de continuar cobrando o restante R$ 200,00 em face dos outros devedores.
Entretanto, se eu recebi R$ 100,00 não posso continuar cobrando a integralidade da dívida.

6.11) DEVEDOR SOLIDÁRIO QUE SATISFEZ A DÍVIDA POR INTEIRO:


Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um
dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o
houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.

7) OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS
As obrigações alternativas são aquelas em que a prestação pode ser cumprida de duas
maneiras, uma ou outra.

P: QUAL É A REGRA DE ESCOLHA NAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS?


Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe AO DEVEDOR, se outra coisa
não se estipulou.

P: O DEVEDOR PODE OBRIGAR O CREDOR A RECEBER PARTE EM UMA


PRESTAÇÃO E PARTE EM OUTRA?
Não.
7.1) ESCOLHA CABE AO CREDOR, E UMA DAS PRESTAÇÕES SE TORNA
IMPOSSÍVEL, POR CULPA DO DEVEDOR:
O credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas
e danos;

OBS: AMBAS PRESTAÇÕES SE TORNAREM IMPOSSÍVEIS POR CULPA


DO DEVEDOR: poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da
indenização por perdas e danos.

7.2) PRESTAÇÕES SE TORNAREM IMPOSSÍVEIS SEM CULPA DO DEVEDOR:


Extingue a obrigação.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-
á a obrigação.

7.3) OBRIGAÇÃO DE PRESTAÇÕES PERIÓDICAS


A faculdade de opção pode ser exercida EM CADA PERÍODO.

7.4) PLURALIDADE DE OPTANTES


Se não houver ACORDO unânime ENTRE ELES, DECIDE O JUIZ, ao fim do prazo que
ele assinalou.
Obs: OPÇÃO DEFERIDA A TERCEIRO: Nesse caso, se o terceiro NÃO QUISER, ou
NÃO PUDER EXERCÊ-LÁ, cabe ao Juiz a escolha, se não houver acordo.

8) PAGAMENTO: modalidade de extinção direta.


O pagamento significa cumprimento ou adimplemento de qualquer espécie de
obrigação, podendo ser direto ou indireto, constituindo meio normal de extinção da obrigação.

P: O PAGAMENTO É EFETUADO EM QUE LUGAR?


Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes
convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou
das circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
8.1) PAGAMENTO COM COISA FUNGÍVEL
Se o pagamento se deu com coisa FUNGÍVEL, não se pode mais reclamar do credor que
recebeu de BOA FÉ E CONSUMIU, ainda que o solvente NÃO TIVESSE DIREITO DE
ALIENÁ-LA.

P: PARA QUEM É FEITO O PAGAMENTO?


É requisito essencial de validade que o pagamento seja feito ao credor ou a quem de
direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto
reverter em seu proveito, ou propiciar o direito à repetição.

P: O CREDOR É OBRIGADO A RECEBER COISA DIVERSA DA DEVIDA?


O objeto do pagamento é a prestação, não sendo obrigado o credor receber prestação
diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. O credor, porém, pode consentir em
receber prestação diversa da que lhe é devida.

P: O DEVEDOR QUE PAGA TEM DIREITO A QUITAÇÃO?


Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento,
enquanto não lhe seja dada.

8.2) REQUISITOS DA QUITAÇÃO


A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará:
➢ o valor e a espécie da dívida quitada;
➢ o nome do devedor, ou quem por este pagou;
➢ o tempo e o lugar do pagamento;
➢ a assinatura do credor, ou do seu representante.
OBS: E SE NÃO HOUVER OS REQUISITOS? Ainda que sem os requisitos
estabelecidos, valerá a quitação se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido
paga a dívida.

8.3) DÍVIDA DE JOGO


Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode
recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o
perdente é menor ou interdito.
8.4) OBRIGAÇÃO NATURAL
A obrigação natural não é exigível. Contudo, se o devedor pagar espontaneamente,
o pagamento será válido.
A obrigação natural pode ser garantida pelo próprio devedor ou por terceiros.
Contudo, a garantia oferecida pelo próprio devedor não transforma a obrigação natural em
civil.

8.5) PAGAMENTO EM OURO OU EM MOEDA ESTRANGEIRA


“Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda
estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional,
excetuados os casos previstos na legislação especial".

P: O CREDOR PODE SER OBRIGADO A RECEBER OU O DEVEDOR A PAGAR


POR PARTES SE ASSIM NÃO SE AJUSTOU?
Não, ainda que a obrigação tenha por objeto PRESTAÇÃO DIVÍSEL.

8.6) AUMENTO PROGRESSIVO DE PRESTAÇÕES SUCESSIVAS


É LÍCITO convencionar.

P: QUANDO QUE A QUITAÇÃO FICARÁ SEM EFEITO?


Se o credor provar, em 60 dias, A FALTA DO PAGAMENTO.

P: O PAGAMENTO FEITO AO CREDOR PUTATIVO É VÁLIDO?


Sim, ainda provado depois que não era credor.

8.7) PAGAMENTO FEITO AO CREDOR INCAPAZ DE QUITAR


Não é válido, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente
reverteu.

P: QUALQUER INTERESSADO NA EXTINÇÃO DA DÍVIDA PODE PAGA-LÁ?


Sim, usando-se, se o credor SE OPUSER, dos meios CONDUCENTES à exoneração do
devedor.
OBS: Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em
nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.
8.8) TERCEIRO NÃO INTERESSADO QUE PAGA A DÍVIDA EM SEU PRÓPRIO
NOME: tem direito a reembolsar-se do que pagar; MAS NÃO SE SUB-ROGA NOS
DIREITOS DO CREDOR.
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no
vencimento.

OBS:
a) terceiro INTERESSADO: sub-roga
b) terceiro NÃO INTERESSADO: NÃO sub-roga
> se em nome próprio: reembolso
> se em nome do devedor: não reembolso

PAGAMENTO FEITO POR TERCEIRO, COM DESCONHECIMENTO OU


OPOSIÇÃO DO DEVEDOR: não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha
meios para ilidir a ação.

P: O PORTADOR DA QUITAÇÃO É AUTORIZADO A RECEBER O


PAGAMENTO?
Sim, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.

ENTREGA DO TÍTULO AO DEVEDOR: firma a PRESUNÇÃO do pagamento.

9) INADIMPLENTO DA OBRIGAÇÃO
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais
juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e
honorários de advogado.

9.1) PERDAS E DANOS - DANOS EMERGENTES E LUCROS CESSANTES


Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos
devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente
deixou de lucrar.
A reparação completa pelo inadimplemento envolvem o que o credor efetivamente
perdeu e o que razoavelmente deixou de lucrar. Ou seja, danos emergentes e lucros
cessantes.

P: AS PERDAS E DANOS, NAS OBRIGAÇÕES DE PAGAMENTO EM DINHEIRO,


SÃO PAGAS COM QUE?
Atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos,
abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.

P: OS JUROS DE MORA CONTAM DESDE QUANDO?


Responsabilidade EXTRACONTRATUAL --> do EVENTO danoso, salvo
pensionamento (cada parcela)
Responsabilidade CONTRATUAL --> da CITAÇÃO

9.2) PREJUÍZOS RESULTANTES DE CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR


Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força
maior, se expressamente NÃO SE HOUVER POR ELES RESPONSABILIZADO.

P: QUAIS BENS RESPONDEM PELO INADIMPLENTOS?


Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.

10) EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO


10.1) CONFUSÃO
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as
qualidades de credor e devedor.
No caso de o devedor ser simultaneamente devedor e credor, aplicar-se-á a
modalidade de extinção das prestações por confusão.

10.2) CONSIGNAÇÃO
Considera-se pagamento a consignação que pode ser conceituada como o meio judicial
ou extrajudicial adotado pelo devedor ou terceiro para libertar-se da obrigação
depositando o valor devido nos casos e formas legais.
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em
estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.
A) RESPEITO AOS REQUISITOS
No caso da consignação em pagamento de dívida em dinheiro, é obrigatório ao solvens
respeitar todos os requisitos objetivos e subjetivos previamente ajustados para o pagamento,
sem os quais não é válido o pagamento.

10.3) IMPUTAÇÃO AO PAGAMENTO


Imputar significa apontar. Assim, quando o devedor possuir mais de um débito com o
mesmo credor, mas não tiver dinheiro suficiente para saldar toda a dívida, poderá
apontar qual irá pagar primeiro, com a exigência legal de que as dívidas sejam líquidas e
vencidas.
A imputação do pagamento é prevista no ordenamento jurídico civil nos casos de o
devedor possuir duas ou mais obrigações da mesma natureza para com um mesmo credor,
indicando a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só
credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e
vencidos.

Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à
imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem
todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.

10.4) SUBROGAÇÃO
Pode ser LEGAL ou CONVENCIONAL.
A sub-rogação do pagamento é prevista no ordenamento jurídico civil nos casos em
que um terceiro paga a dívida alheia, transferindo-se a ele (terceiro) a qualidade de credor,
podendo ser sub-rogação legal ou convencional.

10.5) DAÇÃO EM PAGAMENTO


Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.
A dação em pagamento é modalidade de extinção indireta de dívida.
TOME NOTA: O credor não é obrigado a receber a prestação diversa da que lhe é
devida, ou seja, aceitar “aliud pro alio" (uma coisa por outra), ainda que mais valiosa, em
consonância com o Princípio da Especificidade; contudo, caso aceite, estará praticando um
modo extintivo da obrigação, que é a dação em pagamento prevista no art. 356 e seguintes do
CC.
DETERMINAÇÃO DO PREÇO DA COISA DADA EM PAGAMENTO:
Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes
regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.

CREDOR EVICTO DA COISA RECEBIDA EM PAGAMENTO: restabelecer-se-á a


obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

10.6) COMPENSAÇÃO
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas
obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
A compensação é modalidade de extinção indireta de dívida.
A) REQUISITOS PARA COMPENSAÇÃO: Dívidas LIQUIDAS, VENCIDAS e
coisas FUNGÍVEIS.

10.7) NOVAÇÃO
Opera-se a novação quando uma nova obrigação é criada para SUBSTITUIR E
EXTINGUIR a obrigação anterior. Há um novo ajuste contratual, liquidando-se a obrigação
anterior. Não se confunde com a dação em pagamento, pois nesta não há criação de obrigação
nova e sim mera mudança de objeto da obrigação.
Requisitos da novação:
Existência de uma obrigação anterior;
Criação de uma obrigação nova substancialmente diversa da primeira;
Ânimo de novar (animus novandi).
Código Civil. Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a
anterior (letras A e C);
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor (letra D);
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo,
ficando o devedor quite com este (letra B).
APROFUNDANDO:
Trata-se a Novação da substituição de uma obrigação antiga por uma obrigação
nova, diante da substituição de seus elementos. É modo extintivo não satisfatório. Toda
novação tem natureza jurídica negocial. Ou seja, por princípio, nunca poderá ser imposta por
lei. Nesse sentido, podemos afirmar não existir, em regra, novação legal.
Requisitos da novação:
• a) Obrigação anterior (novada). Existência da antiga obrigação: inclusive, se
a obrigação for nula ou estiver extinta, não pode ser novada. A anulável, contudo, pode ser
confirmada pela novação;
• b) Obrigação nova (novadora). Quando a instituição financeira apenas
concede o parcelamento da dívida, aumenta o prazo para pagamento, ou recalcula a taxa de
juros aplicada, não necessariamente estará realizando uma novação;
• c) Animus novandi: expresso ou tácito, mas sempre inequívoco (art. 361, CC).
“Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda
obrigação confirma simplesmente a primeira".

Modalidades da novação:
• → Novação objetiva ou real = substituição da prestação
• → Novação subjetiva ativa = substituição do credor
• → Novação subjetiva passiva = substituição do devedor
Delegação: acontece com o consentimento do antigo devedor.
Expromissão: ocorre sem o consentimento do antigo devedor (art. 362, CC). Possível.
Expromissão é uma forma de novação contratual, na qual há uma substituição do
devedor primitivo por outro sem a sua anuência. Ou seja, substitui-se o devedor, sem que o
devedor primitivo tenha conhecimento, isto é, sem que ele participe
“Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser
efetuada independentemente de consentimento deste".
OBS.: em caso de dúvida na prova objetiva falar que se trata de novação subjetiva
passiva por expromissão.
Efeitos da novação:
• 1) O principal efeito é o liberatório, ou seja, a extinção da primitiva
obrigação, por meio de outra, criada para substituí-la;
• 2) Extingue os acessórios e as garantias da dívida, a não ser que haja
aquiescência do terceiro fiador ou proprietário dos bens dados em garantia (Súmula 214 do
STJ: “o fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não
anuiu”); Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso como devedor
principal (art. 366);
• 3) Se a obrigação é solidária, a novação concluída entre o credor e um dos
devedores exonera os demais, subsistindo as preferências e garantias do crédito novado
somente sobre os bens do devedor que contrai a nova;
• 4) Se a solidariedade for ativa, extingue-se a dívida perante os demais credores,
devendo estes se entenderem com o credor operante;
• 5) Se ela for indivisível, pela impossibilidade da prestação parcial, a novação
acaba beneficiando os demais devedores;
• 6) No caso de novação objetiva, o perecimento do objeto não dá ao credor o
direito de perseguir o da antiga;
• 7) A anulabilidade oponível à antiga obrigação não cabe após a novação (na
verdade, um dos principais préstimos da novação é justamente confirmar obrigações
anuláveis).

P: PODE SER OBJETO DE NOVAÇÃO OBRIGAÇÕES NULAS OU EXTINTAS?


Art. 367. SALVO AS OBRIGAÇÕES SIMPLEMENTE ANULÁVEIS, não podem
ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas.

P: A NOVAÇÃO IMPEDE A DISCUSSÃO DE CONTRATOS EXTINTOS?


Contrato bancário. Novação. Revisão dos contratos extintos. Possibilidade. A novação
não impede a revisão dos contratos findos para afastar eventuais ilegalidades. (STJ. Resp
n. 510.319, 3ª T. rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. 20.9.2004).

P: SE O NOVO DEVEDOR FOR INSOLVENTE, O CREDOR QUE ACEITOU A


NOVAÇÃO TEM DIREITO DE REGRESSO CONTRA O PRIMEIRO DEVEDOR?
Não, salvo se o devedor obteve por má-fé a substituição.

NOVAÇÃO FEITA SEM O CONSENSO DO FIADOR COM O DEVEDOR


PRINCIPAL: IMPORTA EXONERAÇÃO DO FIADOR.

11) MORA
"Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o
credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção
estabelecer".
Pois bem, em primeiro lugar, é importante lembrar que a mora é o atraso no
cumprimento de uma obrigação assumida. Portanto, está em mora o devedor que deixa de
cumprir uma obrigação no tempo e forma assumidos.
Por conseguinte, a purga da mora significa que o devedor vai cumprir a obrigação.

Vejamos o que dispõe o art. 401 do Código Civil sobre a purga da mora:
“Art. 401. Purga-se a mora:
I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos
prejuízos decorrentes do dia da oferta;

II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se


aos efeitos da mora até a mesma data".

Ou seja, conforme se observa do inciso I, para que o devedor, estando em atraso com
sua obrigação assumida, a cumpra, é preciso que seja viável o seu cumprimento. Por
exemplo, caso uma pessoa tenha sido contratada para pintar uma parede no dia X, que seja
possível fazê-lo no dia Y sem prejuízo ao credor, da mesma forma em que fora pactuado.

Por outro lado, um fotógrafo que é contratado para filmar uma festa que ocorreu no dia
X, não tem a possibilidade de fazê-lo no dia Y, já que a festa já ocorreu, ou seja, não é viável
purgar a mora.

Neste segundo caso, observa-se que o devedor (fotógrafo) não está em atraso, mas se
torna totalmente inadimplente em relação à obrigação assumida.

QUESTÃO: A possibilidade de o devedor purgar a mora depende da viabilidade do


cumprimento da obrigação.
CORRETO!
Purgar a mora é liberar a pessoa da responsabilidade de pagá-la.
Só se fala em mora no inadimplemento relativo.
No inadimplemento absoluto cabe perdas e danos, não mora.
Inadimplemento relativo: cumprimento se dá de forma imperfeita, mas é ÚTIL (ou
viável, como na questão) ao credor. Como exemplo, o pagamento atrasado da obrigação.
Nesse caso, cabe purgar a mora.
Inadimplemento absoluto: cumprimento da obrigação torna-
se INÚTIL (inviável) ao credor, como, por exemplo, o perecimento do objeto. Ora, se é
inútil/inviável ao credor, não cabe purgar a mora.
EX: "A" contratou "B" para cantar em sua festa de casamento. “B" não compareceu à
comemoração do casamento na data estipulada.

P: O DEVEDOR EM MORA RESPONDE PELA IMPOSSIBILIDADE DA


PRESTAÇÃO, AINDA QUE DECORRA DE CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR?
É neste sentido a previsão do legislador, no art. 399 do CC: “O devedor em mora
responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso
fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo SE PROVAR
ISENÇÃO DE CULPA, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse
oportunamente desempenhada".

11.1) JUROS MORATÓRIOS NÃO CONVENCIONADOS OU CONVENCIONADOS


SEM TAXA OU SE PROVIEREM DE LEI
Serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de
impostos devidos à Fazenda Nacional.

11.2) CLAÚSULA PENAL


É uma multa contratual estabelecida pelas partes com o intuito de prefixar as perdas e
danos.
O devedor incorre de PLENO DIREITO NA CLAÚSULA PENAL, desde que
CULPOSAMENTE deixe de cumprir a obrigação OU se constitua em mora.

P: A CLÁUSULA PENAL PODE SE REFERIR A QUE?


À inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à
mora.

11.3) PENA CONVENCIONAL


Para EXIGIR, o credor NÃO necessita alegar prejuízo.

OBS: PREJUÍZO EXCEDER O PREVISTO NA CLÁUSULA PENAL: não pode o


credor exigir indenização suplementar SE ASSIM NÃO FOI CONVENCIONADO. Se o
tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo
excedente.

P: O VALOR DA CLÁUSULA PENAL PODE EXCEDER O VALOR DA


OBRIGAÇÃO PRINCIPAL?
NÃO.

11.4) MORA DO CREDOR


Art. 400 do CC: “A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à
responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas
empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao
devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua
efetivação".

P: É POSSÍVEL CUMULAR PERDAS E DANOS COM CLÁUSULA PENAL?


Segundo o ilustre professor Márcio André, o entendimento atual ficou assim:
Entendimento atual do STJ:
Em um contrato no qual foi estipulada uma cláusula penal, caso haja o
inadimplemento, é possível que o credor exija o valor desta cláusula penal e mais as perdas
e danos?
NÃO. Isso tanto em caso de cláusula penal moratória como
também compensatória.
QUESTÃO: A cláusula penal moratória tem a finalidade de indenizar pelo
adimplemento tardio da obrigação, e, em regra, estabelecida em valor equivalente ao locativo,
afasta-se sua cumulação com lucros cessantes. V

P: O JUIZ PODE REDUZIR EQUITATIVAMENTE A PENALIDADE?


A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente PELO JUIZ se a obrigação principal
tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo,
tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.

11.5) CLÁUSULAS QUE PREVEEM RETENÇÃO DO SINAL COM MULTA


MORATÓRIA: NÃO PODEM SER CUMULADAS, POR CONFIGURAREM BIS IN
IDEM.
12) CESSÃO DE CRÉDITO
A cessão de crédito é o negócio jurídico por meio do qual o credor de uma obrigação
(cedente) transfere a um terceiro (cessionário) o crédito que tem perante o seu devedor
(cedido). Assim, o cessionário passa a ser o credor do cedido.

Na cessão de crédito pro soluto, o cedente responde pela existência e legalidade do


crédito, mas não pela solvência do devedor/cedido.

Por sua vez, na cessão de crédito pro solvendo, ele responde pela existência,
legalidade e também pela solvência do devedor/cedido.

Pela interpretação dos dispositivos legais do Código Civil (arts. 286 a 298) sobre o
assunto, observa-se que a regra é a cessão pro soluto, devendo ser expressa a pro solvendo:

"Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do
devedor".

P: O CEDENTE RESPONDE PELA SOLVÊNCIA DO DEVEDOR?


Não, salvo estipulação em contrário.

P: O CESSIONÁRIO PODE EXERCER OS DIREITOS CONSERVATÓRIOS DO


DIREITO CEDIDO INDEPENDENTE DE CONHECIMENTO DA CESSÃO PELO
DEVEDOR?
Sim.

P: A CESSÃO DE CRÉDITO ABRANGE OS ACESSÓRIOS?


Sim, salvo disposição em contrário.

P: NA CESSÃO POR TÍTULO ONEROSO, O CEDENTE FICA RESPONSÁVEL AO


CESSIONÁRIO PELA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO AO TEMPO EM QUE LHE
CEDEU, AINDA QUE NÃO SE RESPONSABILIZE?
Sim, e a mesma responsabilidade lhe cabe NAS CESSÕES POR TÍTULO GRATUITO, se
tiver procedido de má-fé.
P: A CESSÃO DE CRÉDITO É EFICAZ EM RELAÇÃO A TERCEIROS?
Art. 288 CC. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não
celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades
do .

P: A CESSÃO DE CRÉDITO TEM EFICÁCIA EM RELAÇÃO AO DEVEDOR?


ART. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão
quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou
particular, se declarou ciente da cessão feita.

13) ASSUNÇÃO DE DÍVIDA


P: A ASSUNÇÃO DE DÍVIDA DEPENDE DA CONCORDÂNCIA DO CREDOR?
Sim.
A assunção de dívida depende do consentimento do credor:
"Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o
consentimento expresso do credor, FICANDO EXONERADO O DEVEDOR
PRIMITIVO, salvo se aquele, ao tempo da assunção, ERA INSOLVENTE e o credor o
ignorava".

P: O NOVO DEVEDOR PODE OPOR AO CREDOR AS EXCEÇÕES PESSOAIS QUE


COMPETIAM AO DEVEDOR PRIMITIVO?
NÃO.

GARANTIAS ESPECIAIS DADA AO CREDOR PELO DEVEDOR PRIMITIVO:


Salvo CONSENTIMENTO EXPRESSO DO DEVEDOR PRIMITIVO, as garantias
consideram-se EXTINTAS.

SUBSTITUIÇÃO DO DEVEDOR ANULADA: restaura-se o débito, com todas as suas


garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que
inquinava a obrigação.

14) ARRAS
P: A PARTE INOCENTE PODE PEDIR INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR?
SIM, SE PROVAR MAIOR PREJUÍZO, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte
inocente exigir a execução do contrato, COM AS PERDAS E DANOS, valendo as arras como o
mínimo da indenização.

ARRAS CONFIRMATÓRIAS:
- SEM CLÁUSULA DE ARREPENDIMENTO
- COM PERDAS E DANOS
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por
desfeito, RETENDO-AS; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu
haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de
advogado.
PARTE INOCENTE:
Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, SE PROVAR MAIOR
PREJUÍZO, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a
execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da
indenização.
EXEMPLO:
Miguel e Thais firmaram um contrato de compra e venda de um automóvel, sem
direito de arrependimento, no qual restou estipulado que, além da entrega de uma moto, a
título de sinal, Miguel pagaria 6 (seis) parcelas de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a Thais.
Depois de pagos o sinal e duas parcelas, Miguel deixa de executar a sua parte do contrato.
RESPOSTA: Thais pode exigir a execução do contrato, com as perdas e os danos,
valendo a moto como o mínimo da indenização.

ARRAS PENITENCIAIS: Se o contrato previu arras penitenciais, não haverá direito a


indenização complementar.
"As arras são chamadas de penitenciais quando têm por função resguardar o direito de
arrependimento das partes. Pode a parte infratora decidir por liberar esse valor à outra ao
invés do cumprimento da obrigação. O objetivo não é ressarcir os prejuízos da parte afetada,
mas sim representar uma pequena punição pelo descumprimento da outra."

- NATUREZA INDENIZATÓRIA DA ARRAS;


- COM CLÁUSULA DE ARREPENDIMENTO;
- SEM PERDAS E DANOS.
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das
partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu
perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente.
Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.

Das arras ou sinal:


1. Conceito – trata-se de disposição convencional pela qual uma das partes contratantes
entrega à outra, como garantia da firmeza da obrigação contraída. A depender da espécie das
arras dadas, poderá conferir às partes o direito de se arrepender:
a. Confirmatórias – aquelas que, quando prestadas, marcam o início da execução do
contrato, pois firmam a obrigação pactuada, de maneira a não permitir direito de se
arrepender. Quando da não execução contratual, cabe indenização suplementar, onde valerá
as arras como taxa mínima (art. 417 a 419 do CC).

b. Penitenciais – quando estipuladas, garantem o direito de se arrepender e possuem um


condão unicamente indenizatório (arras tão somente indenizatórias). Nestas, exercido o direito
de arrependimento, não haverá direito a indenização suplementar (art. 420 do CC).
OBS – Súmula 412-STF – No compromisso de compra e venda com cláusula de
arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por
quem o recebeu, exclui indenização maior, a título de perdas e danos, salvo os
juros moratórios e os encargos do processo.
2. Diferenças e semelhanças entre as arras confirmatórias das penitenciais:
a. Semelhanças:
i. Ambas são pagas antecipadamente;
ii. As arras devem ser sempre expressas
b. Diferenças:
i. Confirmatórias – finalidade de confirmar a avença;
ii. Penitenciais – finalidade de garantir o direito de se
arrepender;
iii. Confirmatórias – como não há direito de se
arrepender, a inadimplência gerará direito à indenização
iv. Penitenciais – como assegura o direito de se
arrepender, não há que falar em indenização complementar, uma vez que se arrepender foi
uma faculdade assegurada no contrato.

15) Frutos –
São bens acessórios que têm sua origem no bem principal, mantendo a integridade
desse último, sem a diminuição da sua substância ou quantidade.
Quanto ao estado em que eventualmente se encontrarem, os frutos podem ser
classificados da seguinte forma, categorização que remonta a Clóvis Beviláqua:
– Frutos pendentes – São aqueles que estão ligados à coisa principal, e que não foram
colhidos. Exemplo: maçãs que ainda estão presas à macieira.

– Frutos percebidos – São os já colhidos do principal e separados. Exemplo: maçãs que


foram colhidas pelo produtor.

– Frutos estantes – São aqueles frutos que foram colhidos e encontram-se armazenados.
Exemplo: maçãs colhidas e colocadas em caixas em um armazém.

– Frutos percipiendos – São os frutos que deveriam ter sido colhidos, mas não foram.
Exemplo: maçãs maduras que já deveriam ter sido colhidas e que estão apodrecendo.

– Frutos consumidos – São os frutos que já foram colhidos e já não existem mais. São as
maçãs que foram colhidas pelo produtor e já vendidas a terceiros.

Percipiendos – deveriam ter sido, mas ainda não foram colhidos;

Percebidos – os que já foram colhidos.

Pendentes – estão ligados à coisa que o produziu.

Pode-se classificar as uvas colhidas na época da safra da uva vermelha como frutos
percebidos e aquelas que ainda estão na videira, como frutos pendentes.
OBS: Art. 237. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os
pendentes.

O que é a teoria da perda de uma chance?


Trata-se de teoria inspirada na doutrina francesa (perte d’une chance). Na Inglaterra é
chamada de loss-of-a-chance.
Segundo esta teoria, se alguém, praticando um ato ilícito, faz com que outra pessoa
perca uma oportunidade de obter uma vantagem ou de evitar um prejuízo, esta conduta
enseja indenização pelos danos causados.
Em outras palavras, o autor do ato ilícito, com a sua conduta, faz com que a vítima perca a
oportunidade de obter uma situação futura melhor.
Com base nesta teoria, indeniza-se não o dano causado, mas sim a chance perdida.
Fonte: Dizer o Direito
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
A LINDB é considerada uma lex legum, ou seja, uma norma de sobredireito.
A Lei de Introdução, embora venha anexa, apesar de ser assim chamada, não é mera
lei “introdutória" ao Código Civil, nem tem com ele ligação necessária ou exclusiva.
Rigorosamente falando, não é uma “lei de introdução". É lei autônoma,
independente, editando princípios e regras sobre todas as normas, a respeito das leis em
geral. Na verdade, como queria Freitas, como propôs Valladão, é lei geral de aplicação, no
tempo e no espaço, das normas jurídicas, sejam de direito público ou de direito privado.
Portanto, é uma lex legum, conjunto de normas sobre normas, um direito sobre direito
(sobredireito =Überrecht = surdroit), enfim, um código de normas. Enuncia Pontes de
Miranda que a palavra portuguesa que melhor traduz Überrecht é “sobredireito", advertindo
que “não se trata de direito superlativo, de direito hipertrofiado, a que serviria, com mais
exatidão, a expressão “superdireito"; mas de direito que está por sobre outro direito, que dita
regras a outro direito, que é direito sobre direito" (inComentários à Constituição de 1946. Rio
de Janeiro, Henrique Cahen Ed., 1947, v. I, Cap. I, Seção III, § 3, p. 66). Normas de
sobredireito, em suma, são regras a respeito da incidência das leis; são leis sobre leis. (Código
Civil comentado / coordenadora Regina Beatriz Tavares da Silva. – 8. ed. São Paulo : Saraiva,
2012).

FILTRO: DELEGADO (resolvi todas) + superior direito 17-18-19-20-21 (fiz até Q. 50)

P: OS GOVERNOS ESTRANGEIROS E ÀS ORGANIZAÇÕES DE QUALQUER


NATUREZA QUE ELES TENHAM CONSTITUÍDO, DIRIJAM OU HAJAM
INVESTIDO DE FUNÇÃO PÚBLICA PODEM ADQUIRIR IMÓVEIS NO BRASIL?
NÃO, e nem os bens suscetíveis de DESAPROPRIAÇÃO.
EXCEÇÃO: § 3o. Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos
prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.

VACATIO LEGIS – é o lapso temporal a partir da publicação de uma lei até que ela
entre em vigor. Após a publicação é que a lei entra em vacatio legis. O artigo 1º da Lei de
introdução trata desse tema. A lei entra em vigor, no Brasil, salvo disposição em contrário, 45
dias após a sua publicação. Por outro lado, nada impede que exista a determinação de outro
prazo fixado no texto da lei. Se nada for previsto a lei começara a vigorar 45 dias após a
publicação.
Em todo o país ==> 45 DIAS depois de oficialmente publicada.
Estados estrangeiros==> 3 meses depois de oficialmente publicada.
Art. 1. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de
oficialmente publicada.
§ 1 Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se
inicia 3 meses depois de oficialmente publicada.

OBS: LEI EM PERÍODO DE VACATIO TEM VIGÊNCIA, MAS AINDA NÃO


TEM VIGOR.

P: A LEI PODE ENTRAR EM VIGOR NA DATA DE SUA PUBLICAÇÃO?


Sim, mas deve haver PREVISÃO nesse sentido.

P: ATÉ QUANDO UMA LEI PERMANECE EM VIGOR?


Se não estivermos diante de uma lei temporária, até que OUTRA a MODIFIQUE ou
a REVOGUE.
Trata-se da previsão do art. 2º da LINDB. Estamos diante do Princípio da
Continuidade da Lei, ou seja, no momento em que ela entra em vigor, terá eficácia
contínua, até que surja outra lei que a modifique ou a revogue.
Vale a pena recordar que lei temporária classifica-se em lei temporária
propriamente dita, que possui um termo inicial e um termo final, ou seja, a lei já “nasce"
sabendo quando irá “morrer"; e lei excepcional, sendo criada para vigorar em determinadas
situações excepcionais, tais como guerra, calamidade.

SE ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI, OCORRER NOVA PUBLICAÇÃO,


DESTINADA À CORREÇÃO: o prazo deste artigo (45 DIAS) e dos parágrafos anteriores
(3 MESES) começará a correr da nova publicação.

CORREÇÕES NO TEXTO DE LEI: É CONSIDERADA LEI NOVA.

REPRISTINAÇÃO
Não existe repristinação AUTOMÁTICA.
art. 2° § 3 Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a
lei revogadora perdido a vigência.
Repristinação: Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter
a lei revogadora perdido a vigência.

Efeito repristinatório: "o efeito repristinatório é a reentrada em vigor de


norma aparentemente revogada, ocorrendo quando uma norma que revogou outra é
declarada inconstitucional. (1)
Exemplo: uma determinada lei é revogada; posteriormente, o STF reconhece a
inconstitucionalidade da lei revogadora – que, destarte, é tida por nula. Ora, o que é nulo, nulo
efeito produz, conforme narra a antiga parêmia jurídica (quod nullum est nullum efectum
producit), ou seja, a revogação não produziu efeito algum. (2)
"Na doutrina, o escólio de Alexandre de Moraes: “a declaração de
inconstitucionalidade de uma norma acarreta a repristinação da norma anterior que
por ela havia sido revogada, uma vez que norma inconstitucional é norma nula, não
subsistindo nenhum de seus efeitos”. Contudo, o efeito da sua revogação é nulo. Ato
inconstitucional é ato nulo; ato nulo não produz efeitos jurídicos, logo, não houve efeito a
revogação da primeira lei, a qual, consequentemente, volta a surtir efeitos. Com isso, percebe-
se que embora não houve repristinação, gerou-se efeito repristinatório." (2)

PERSONALIDADE, CAPACIDADE, NOME E OS DIREITOS DE FAMÍLIA


Art. 7 A lei do país em que DOMICILIADA A PESSOA determina as regras sobre
o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
LEI DO PAÍS EM QUE FOR DOMICILIADA A PESSOA DETERMINA AS
REGRAS SOBRE: FA.CA NO PÉ DÓI
FA - FAMÍLIA
CA - CAPACIDADE
NO - NOME
PE – PERSONALIDADE
DÓI – DÓMICÍLIO

CASAMENTO REALIZADO NO BRASIL:


É aplicada a LEI BRASILEIRA quanto aos IMPEDIMENTOS DIRIMENTES e às
FORMALIDADES DA CELEBRAÇÃO.

CASOS DE INVALIDADE DO MATRIMÔNIO:


Se os nubentes tiverem domicílio diverso, regerá tais casos a lei do PRIMEIRO
DOMICÍLIO CONJUGAL.
OBS: (NÃO É A LEI DO ÚLTIMO DOMICÍLIO, E SIM DO PRIMEIRO).

REGIME DE BENS LEGAL OU CONVENCIONAL: obedece à lei do país em que


tiverem os nubentes domicílio, e, SE ESTE FOR DIVERSO, a do primeiro domicílio
conjugal.
OBEDECE:
➢ LEI ONDE OS NUBENTES TIVEREM DOMICÍLIO;
➢ SE FOR DIVERSO, LEI DO PRIMEIRO DOMICÍLIO.

CASAMENTO DE ESTRANGEIROS
PODERÁ celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de
ambos os nubentes.

P: AS AUTORIDADES CONSULARES BRASILEIRAS PODEM CELEBRAR


SEPARAÇÃO CONSENSUAL E DIVÓRCIO CONSENSUAL DE BRASILEIROS?
§ 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação
consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou
incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da
respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e
à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de
solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.

SUCESSÃO POR MORTE OU POR AUSÊNCIA:


Obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer
que seja a natureza e a situação dos bens.

OMISSÃO LEGAL
Juiz decidirá de acordo com: P.A.C
➢ Princípios gerais de direito;
➢ Analogia;
➢ Costumes;
Cristiano Chaves fala em ordem PREFERENCIAL E TAXATIVA. Assim, são os
mecanismos de integração: a analogia, os costumes e os Princípios gerais do direito. (Curso
de Direito Civil, 19ª Edição, 2021, pág. 143).

RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS


Responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou
erro grosseiro.

P: AS SANÇÕES APLICADAS AOS AGENTES SÃO LEVADAS EM CONTA NA


DOSIMETRIA DAS DEMAIS SANÇÕES DA MESMA NATUREZA E RELATIVA
AO MESMO FATO?
Sim.

AUMENTO DE SEGURANÇA NA APLICAÇÃO DAS NORMAS


Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica
na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e
respostas a consultas.

ESFERAS ADMINISTRATIVAS, CONTROLADORA E JUDICIAL


NÃO SE DECIDIRÁ COM BASE EM VALORES JURÍDICOS ABSTRATOS sem
que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.

DECISÃO QUE DECRETAR INVALIDAÇÃO DE ATO: Art. 21. A decisão que, nas
esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste,
processo ou norma administrativa deverá indicar de MODO EXPRESSO suas
consequências jurídicas e administrativas.

REVISÃO NAS ESFERAS ADMINISTRATIVA, CONTROLADORA E JUDICIAL


REVISÃO DEVERÁ LEVAR EM CONTA A ORIENTAÇÃO VIGENTE NA
ÉPOCA DA PRÁTICA DO ATO

Com base na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, com as alterações


introduzidas pela Lei n.º 13.655/2018, julgue o item.
A proibição do comportamento contraditório (nemo potest venire contra factum
proprio) subordina a Administração, impedindo, por exemplo, que mudança de orientação
geral fundamente a invalidação de ajuste cuja produção já se haja completado. Certa
Art. 24. A REVISÃO, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à
validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se
houver completado levará em conta AS ORIENTAÇÕES GERAIS DA ÉPOCA, sendo
vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas
situações plenamente constituídas.
A proibição dos comportamentos contraditórios, também conhecido como venire
contra factum proprium, é um princípio cada vez mais enraizado em nosso ordenamento
jurídico e, atualmente, tem uma aplicação quase que pacífica nos tribunais, notadamente ao se
considerar a sua relação com o princípio da boa-fé objetiva e da segurança jurídica.
Por meio deste princípio é vedado que uma parte adote um comportamento diverso
daquele adotado anteriormente, em verdadeira surpresa à outra parte, sendo evidente que se
busca proteger com este princípio a confiança e lealdade das relações jurídicas.

DECISÃO QUE ESTABELECE INTERPRETAÇÃO OU ORIENTAÇÃO NOVA


SOBRE NORMA DE CONTEÚDO INDETERMINADO:
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que
estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado,
impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime de
transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja
cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.
Se houver uma mudança na forma como tradicionalmente a Administração
Pública, os Tribunais de Contas ou o Poder Judiciário interpretavam determinada
norma, deverá ser previsto um regime de transição.
Este regime de transição representa a concessão de um prazo para que os
administradores públicos e demais pessoas afetadas pela nova orientação possam se adaptar à
nova interpretação. É como se fosse uma modulação dos efeitos.

PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA


Conforme o art. 6º da LINDB “A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada". A própria
CRFB, em seu art. 5º, XXXVI, dispõe que: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada".

P: O QUE É UM ATO JURÍDICO PERFEITO?


O conceito encontra-se previsto no § 1º do referido dispositivo legal: “Reputa-se ato
jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou".
EX: Diante do Código Civil de 2002, um contrato e um casamento celebrado antes
de sua entrada em vigor devem ser vistos como atos jurídicos perfeitos" (TARTUCE,
Flavio. Lei de Introdução e Parte Geral. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 42).

- Direito Adquirido: é o que já se integrou ao patrimônio e à personalidade de seu


titular.

- Ato Jurídico Perfeito: é o que já se consumou, segundo a norma vigente no tempo


em que se praticou o ato.

- Coisa Julgada - é a decisão da qual não cabe mais nenhum recurso.

P: A LEI NOVA, QUE DISCIPLINA ASSUNTOS GERAIS OU ESPECIAIS DA LEI


ANTERIOR, A REVOGA OU MODIFICA?
NÃO.
Art. 2º. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

P: QUANDO A LEI POSTERIOR REVOGARÁ A LEI ANTERIOR?


§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando:
➢ expressamente o declare;
➢ quando seja com ela incompatível; ou
➢ quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

A LEI POSTERIOR SÓ REVOGA LEI ANTERIOR QUANDO: § 1°

• EXPRESAMENTE O DECLARE;
• QUANDO SEJA COM ELA INCOMPATÍVEL; e
• QUANDO REGULE INTEIRAMENTE A MATÉRIA DE QUE TRATAVA A LEI ANTERIOR.

A LEI NOVA NÃO REVOGA NEM MODIFICA A LEI ANTERIOR QUANDO: § 2°

• SE ESTABELECER DISPOSIÇÕES GERAIS OU ESPECIAIS A PAR DAS JÁ EXISTENTES.

ORGANIZAÇÕES DESTINADAS À FINS DE INTERESSE COLETIVO


Como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se
constituirem.

OBRIGAÇÕES: QUAL LEI REGE?


A lei que REGE é a lei do país em que se constituírem.

PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE
Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
O princípio da obrigatoriedade das leis (também chamado de princípio da
inescusabilidade da ignorância das leis) é aquele em que publicada a lei, ninguém se escusa
de cumpri-la alegando que não a conhece (art. 3°, LINDB), tornando-se obrigatória para
todos os seus destinatários (ignorantia legis neminem excusat). Tal dispositivo visa garantir a
estabilidade e a eficácia do sistema jurídico que ficaria comprometido, caso admitida a
alegação de ignorância de lei em vigor.
Ocorre que tal princípio não é absoluto, uma vez que o próprio Código Civil admite
expressamente a possibilidade do erro de direito (art. 139, III, CC): O erro é substancial
quando: (...) III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo
único ou principal do negócio jurídico.

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇAS ESTRANGEIRAS: COMPETE AO STJ.

JUIZ DESCONHECE A LEI ESTRANGEIRA


Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca
prova do texto e da vigência.

APLICAÇÃO EM RELAÇÃO AOS BENS MÓVEIS


Aplica a lei do país em que for DOMICILIADO O PROPRIETÁRIO.
APLICAÇÃO EM RELAÇÃO AOS BENS IMÓVEIS
Art. 8 Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a
lei do país em que estiverem situados.

IRRETROATIVIDADE DA LEI
No direito brasileiro a irretroatividade da lei é regra. A regra adotada pelo
ordenamento jurídico é de que a norma não poderá retroagir, ou seja, a lei nova não será
aplicada às situações constituídas sob a vigência da lei revogada ou modificada (princípio da
irretroatividade).

P: QUAIS FINS O JUIZ ATENDERÁ NA APLICAÇÃO DA LEI?


Art. 5 LINDB - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige
e às exigências do bem comum.

APLICAÇÃO DE SANÇÕES
O art. 22, §2º, da LINDB determina que as sanções sejam aplicadas com base na:
1. Natureza da infração;
2. gravidade da infração;
3. danos para a ADM;
4. agravantes;
5. atenuantes;
6. antecedentes do agente.
Art. 22, § 2º: Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da
infração cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as
circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente.

DIFICULDADES REAIS DO GESTOR


Art. 22, LINDB. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão
considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas
públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados.
QUESTÃO:
As normas de gestão pública exigem, em sua interpretação, que se considerem
aspectos práticos, como, por exemplo, as dificuldades reais enfrentadas pelo gestor.
(CERTO)
QUESTÃO 2:
Os obstáculos reais do administrador devem ser levados em conta na interpretação de
normas sobre gestão pública, sem prejuízo dos interesses dos administrados.
(CERTO)

COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE JUDICIÁRIA BRASILEIRA


P: QUANDO A AUTORIDADE JUDICIÁRIA BRASILEIRA SERÁ COMPETENTE?
Será competente a autoridade judiciária brasileira quando o réu tiver DOMICÍLIO NO
BRASIL ou quando A OBRIGAÇÃO TIVER DE SER CUMPRIDA NO BRASIL.

APLICAÇÃO DA LEI
P: O QUE DEVE ATENDER O JUIZ NA APLICAÇÃO DA LEI?
LINDB. Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige
e às exigências do bem comum.

PROVA DOS FATOS OCORRIDAS EM PAÍS ESTRANGEIRO


Rege-se pela lei que nele vigorar, QUANTO AO ÔNUS e aos MEIOS DE
PRODUZIR-SE, não admitindo os tribunais brasileiros PROVAS QUE A LEI
BRASILEIRA DESCONHEÇA.

LEIS, ATOS, SENTENÇAS E DECLARAÇÕES DE VONTADE DE OUTRO PAÍS


Não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem
pública e os bons costumes.

PROMULGAÇÃO, PUBLICAÇÃO E VIGÊNCIA:


Primeiro a lei é promulgada, depois publicada e por fim entra em vigor.
Promulgação está relacionada com a validade da lei. Significa que a lei está em
conformidade com os trâmites legais exigidos para a elaboração de uma lei.
Publicação é um requisito de eficácia da lei. Eficácia é a qualidade da norma que
indica a possibilidade concreta de seus efeitos ocorrerem
A vigência da lei ocorre após o período de vacatio legis (prazo contado a partir da
publicação da lei para que ela entre em vigor). Vigência é qualidade indicativa da força
vinculante da lei.
Vale lembrar:
Derrogação ----> Revogação PARCIAL;

Ab rogação -----> Revogação ABSOLUTA.


DIREITO DE FAMÍLIA
FILTRO: ÁREA POLICIAL (resolvi todas) + SUPERIOR DIREITO 19,20,21 (resolvi
todas) + REGIME DE BENS E OUTROS DIREITOS – 17-18-19-20-21(resolvi todas) +
CASAMENTO – SUPERIOR DIREITO – 17, 18 (resolvi todas!) + obrigação alimentar –
17, 18 (PAREI NA Q. 17

PARENTES COLATERAIS:
➢ 1ª INFORMAÇÃO: Não existe parente COLATERAL de 1º grau;
➢ 2ª INFORMAÇÃO: Os parentes colaterais vão do 2º ao 4º grau.

➢ COLATERAIS 2º GRAU: irmãos;


➢ 3º GRAU: tios e sobrinhos;
➢ 4º GRAU: primos, tios avós e sobrinhos netos.

UNIÃO ESTÁVEL:
Dispõe o legislador, no art. 1.723 do CC, que “é reconhecida como entidade familiar a
união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família".
Assim, a união deve ser pública, ou seja, não pode ser oculta, clandestina; deve ser
contínua, sem interrupções, sem o famoso “dar um tempo"; duradoura; e os companheiros
devem ter o objetivo de estabelecerem uma verdadeira família (“animus familiae").
Interessante é que o legislador não exige que eles residam sob o mesmo teto, bem como não
exige qualquer requisito formal, permanecendo em vigor a Súmula 382 do STF: “A vida em
comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é indispensável à caracterização do concubinato"
(TARTUCE, Flavio. Direito Civil. Direito de Família. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
v. 5. p. 199).
Vale ressaltar que também configura a união estável entre pessoas do mesmo sexo. É
verdade que o art. 226, § 3º da CRFB nos informa que “para efeito de proteção do Estado, é
reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei
facilitar a sua conversão em casamento". Acontece que as modalidades de entidade familiar,
previstas na Constituição, são meramente exemplificativas, admitindo-se outras.
Posteriormente, em decisão inédita, publicada no seu Informativo nº 432, o STJ
reconheceu a possibilidade da adoção homoafetiva, com fundamento no princípio do melhor
interesse da criança.
Em 2011, no Informativo 625 do STF reconheceu que as regras relativas à união
estável aplicar-se-iam, por analogia e sem exceção, à união homoafetiva (STF, ADI 4.277/DF,
Rel. Min. Ayres Britto, 04 e 05.05.2011).

P: A PESSOA DIVORCIADA, ENQUANTO NÃO HOUVER SIDO HOMOLOGADA


OU DECIDIDA A PARTILHA, PODE CONSTITUIR UNIÃO ESTÁVEL?
A pessoa poderá se casar, bem como constituir união estável, mas o regime de
comunhão parcial de bens será ineficaz, tendo em vista que se aplicam as regras da separação
de bens.

DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA:


Reconhecida a união estável, o regime de bens aplicável, nos termos do art. 1.725 do
Código Civil é o da comunhão parcial. Assim, a partilha a ser realizada em sede de dissolução
de união estável incide sobre bens e direitos adquiridos durante a convivência, sendo
presumida a colaboração do casal durante a união para amealhar o patrimônio, daí porque
não se exige prova do esforço comum, devendo a partilha ser feita em partes iguais,
ressalvados os bens particulares e os sub-rogados em seu lugar. Também se partilham as
obrigações contraídas pelos conviventes ou por um deles em benefício da união.

REGIME DE BENS NA UNIÃO ESTÁVEL:


Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às
relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

P: A UNIÃO ESTÁVEL PODE CONVERTER-SE EM CASAMENTO?


Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos
companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.

P: A EXISTÊNCIA DE CASAMENTO VÁLIDO OBSTA A UNIÃO ESTÁVEL?


Tese 5) A existência de casamento válido NÃO OBSTA o reconhecimento da união
estável, DESDE QUE haja separação de fato ou judicial entre os casados.
UNIÃO ESTÁVEL DE PESSOA MAIOR DE 70 ANOS:
Tese 6) Na união estável de pessoa maior de setenta anos (art. 1.641, II, do CC/02),
impõe-se o regime da separação obrigatória, SENDO POSSÍVEL a partilha de bens
adquiridos na constância da relação, desde que comprovado o esforço comum.

UNIÃO ESTÁVEL SIMULTÂNEAS: Não é possível reconhecer.

FIANÇA PRESTADA PELO FIADOR CONVIVENTE EM UNIÃO ESTÁVEL:


NÃO é nula a fiança prestada por fiador convivente em união estável sem a
autorização de sua companheira.
Resp 1299894/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/02/2014.

P: A PESSOA CASADA PODE SER PARTICÍPE EM UNIÃO ESTÁVEL?


A união estável não se constituirá se ocorrer algum dos impedimentos matrimoniais,
mas a pessoa casada, achando-se separada de fato ou judicialmente, pode ser partícipe de
união estável.

1)Definição de União Estável:


"A união estável é uma entidade familiar, caracterizada pela união entre duas
pessoas, do mesmo sexo ou de sexos diferentes, que possuem convivência pública, contínua
e duradoura, com o objetivo de constituição de família'' (Dizer o Direito).
2)Requisitos:
São requisitos para a caracterização da união estável:
• A união deve ser pública: não pode ser oculta, clandestina;
• A união deve ser duradoura: ou seja, estável, apesar de não se exigir um tempo
mínimo;
• A união deve ser contínua: sem que haja interrupções constantes;
• A união deve ser estabelecida: objetivo de constituir uma família;
• As duas pessoas não podem ter impedimentos para casar;
• A união entre essas duas pessoas deve ser exclusiva: é impossível a existência de
uniões estáveis concomitantes e a existência de união estável se um dos componentes é
casado e não separado de fato.
3)Diferença de união estável para namoro:
Esse objetivo de constituir família é presente, enquanto no namoro esse objetivo é
futuro. É isto que se diferencia do namoro. Na união estável, há a constituição da família com
a mulher no presente.
4)Prazo:
A lei não fala em prazo mínimo para constituição da união estável, tampouco
uma prole comum. Além disso, a lei não exige que companheiros coabitem sob o mesmo
teto.
5)Deveres:
O efeito pessoal da união estável está no art. 1.724, em que traz os deveres dos
companheiros:
• Dever de lealdade: está o dever de fidelidade.
• Dever de respeito
• Dever de mútua assistência
• Dever de guarda, sustento e educação dos filhos.
6)Regime:
O art. 1.725 diz que na união estável, salvo se houver um contrato de
convivência, aplicar-se-á o regime de bens da comunhão parcial.
Fonte: CPIURIS

CASAMENTO:
P: COM A E.C 66, O INSTITUTO DA SEPARAÇÃO JUDICIAL FOI EXTINTO?
Enunciado 514: A Emenda Constitucional n. 66/2010 não extinguiu o instituto da
separação judicial e extrajudicial.

COMUNHÃO PLENA DE VIDA:


Os homens e as mulheres possuem direitos e deveres iguais na criação e educação dos
filhos, sendo que o entendimento de o marido promovia o sustento da família e a mulher a
educação dos filhos está ultrapassado, tanto que o Código Civil de 2002 prevê a igualdade de
direitos e deveres dos cônjuges.
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade
de direitos e deveres dos cônjuges.
O casamento é um ato personalíssimo pois diz respeito às características individuais
dos nubentes, é ato solene pois deve respeitar as solenidades impostas pela Lei, de união
permanente, pois não há prazo de duração, regido por normas de ordem pública e dissolúvel,
pois como prevê a EC 66/2010 o casamento pode ser dissolvido pelo divórcio (Art. 226, §6º
da CF/88).
Constituição Federal:
Art. 226. § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio."
O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, sem que se tenha que alegar
alguma causa ou mesmo sem mais prazo algum.

IMPOSSIBILIDADE DE COMUNHÃO DE VIDA:


Art. 1.573, CC. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a
ocorrência de algum dos seguintes motivos:
I - adultério;
II - tentativa de morte;
III - sevícia ou injúria grave;
IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;
V - condenação por crime infamante;
VI - conduta desonrosa.
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a
impossibilidade da vida em comum.

INTERFERÊNCIA NA COMUNHÃO DE VIDA DA FAMÍLIA:


CC/02.Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado,
interferir na comunhão de vida instituída pela família.

NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO:


No que concerne à sua natureza jurídica do casamento, três são as teorias que
procuram justificá-las:
a) Teoria institucionalista: para essa corrente, o casamento é uma instituição social.
Essa concepção é definida por Maria Helena Diniz, pois a ideia de matrimônio é oposta à de
contrato. Haveria aqui uma forte carga moral e religiosa.
b) Teoria contratualista: o casamento constitui um contrato de natureza especial, e
com regras próprias de formação. Parece-nos que a essa corrente está filiado Silvio Rodrigues,
que assim define o instituto: "Casamento é o contrato de direito de família que tem por fim
promover a união do homem e da mulher, de conformidade com a lei, a fim de regularem suas
relações sexuais, cuidarem da prole comum e se prestarem a mútua assistência". É pertinente
apontar que essa corrente é adotada pelo Código Civil português, que em seu art. 1.577 traz a
seguinte previsão: "Casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente
que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida, nos termos das
disposições deste Código."
c) Teoria mista ou eclética: segundo esta corrente, o casamento é uma instituição
quanto ao conteúdo e um contrato especial quanto à formação, corrente esta que é defendida
por Eduardo de Oliveira Leite e Flávio Augusto Monteiro de Barros, ente outros autores.
Das três correntes expostas, somos adeptos da terceira (teoria eclética ou mista), que
pode ser considerada a majoritária na atualidade.

P: EM QUE MOMENTO É REALIZADO O CASAMENTO?


No momento em que o homem e a mulher manifestam, PERANTE AO JUIZ, a
vontade de estabelecer VÍNCULO CONJUGAL, e o juiz os declara casados.

P: A PESSOA QUE AINDA NÃO ATINGIU 16 ANOS PODE CASAR?


Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu
a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
13.811, de 2019)
A idade núbil (mínima para se casar) é de 16 anos (art. 1.517).

P: A PESSOA COM 16 ANOS PODE CASAR?


Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se
autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a
maioridade civil.
Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a
autorização.
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo
juiz.

P: ESSA EXIGÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO SE APLICA AO EMANCIPADO?


Enunciado nº 512 do CJF
O art. 1.517 do Código Civil, que exige autorização dos pais ou responsáveis para
casamento, enquanto não atingida a maioridade civil, não se aplica ao emancipado.

O que acontece se, mesmo depois da Lei nº 13.811/2019, for realizado casamento de
pessoa menor de 16 anos? O casamento envolvendo pessoa que não tenha a idade núbil é
nulo ou anulável?
Este casamento será anulável, nos termos do art. 1.550, I, do CC:
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos poderá ser requerida:
I - pelo próprio cônjuge menor;
II - por seus representantes legais;
III - por seus ascendentes.
Hipóteses nas quais não haverá a anulação
É muito difícil, na prática, que uma pessoa que não tenha a idade núbil (menor de 16
anos) consiga casar. Isso porque essa situação seria facilmente detectada na fase de
habilitação e o Oficial do Registro Civil faria a oposição (art. 1.529).
No entanto, imaginemos que houve uma falha geral e esse casamento foi realizado
mesmo havendo essa vedação legal.
O casamento será anulável, conforme vimos acima. O Código prevê, no entanto, duas
hipóteses nas quais o casamento infantil será mantido:
1) Quando o cônjuge menor, depois de atingir a idade núbil, confirmar seu casamento:
Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá-la,
confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, se necessária, ou
com suprimento judicial.
2) Se do casamento resultou gravidez:
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez.
Então, o artigo 1520 não revogou tacitamente o artigo 1523.

0) CASAMENTO RELIGIOSO:
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos
exigidos para o casamento civil.
§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa
dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por
iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a
habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova
habilitação.
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código,
terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no
registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o
prazo do art. 1.532.

P: QUANDO QUE O REGISTRO CIVIL DO CASAMENTO RELIGIOSO SERÁ


NULO?
Será NULO se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem
casamento civil.

PROVA DO CASAMENTO REALIZADO NO BRASIL:


Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro.
Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer
outra espécie de prova.

HABILITAÇÃO DO CASAMENTO:
P: QUEM FARÁ A HABILITAÇÃO?
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro
Civil, com a audiência do Ministério Público.

P: E SE HOUVER IMPUGNAÇÃO?
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de
terceiro, a habilitação será submetida ao juiz."

REQUERIMENTO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO:


Será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por
procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos (...)

6 ) LOCAL DE REALIZAÇÃO DO CASAMENTO:


Art. 1.534, do CC/02. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda
publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos
contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício
público ou particular.
§ 1 Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas
durante o ato.
§ 2 Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos
contraentes não souber ou não puder escrever.

7 ) NÚMERO DE TESTEMUNHAS NO CASAMENTO:


2 testemunhas - regra geral;
4 testemunhas - se algum dos nubentes não sabe ler/escrever OU se realizado em
edifício particular;
6 testemunhas - casamento nuncupativo.

8 ) EFICÁCIA DA HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO:


Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi
EXTRAÍDO O CERTIFICADO.

CASAMENTO NUNCUPATIVO:
NUBENTE QUE NÃO ESTÁ EM IMINENTE RISCO DE VIDA: pode fazer-se
REPRESENTAR.

1-) CAUSAS SUSPENSIVAS DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO:


“nenhum desses impedimentos veda a celebração do matrimônio. Desatendidas as
restrições legais, o casamento não é nulo nem anulável. As sequelas são exclusivamente
patrimoniais. A lei impõe o regime de separação de bens”. Concomitantemente temos os
artigos , e , do que tratam dos efeitos de ordem patrimonial, sendo o regime de separação dos
bens do casamento, e a hipoteca, respectivamente. (Maria Berenice Dias (2007, p. 149),
Um macete para saber quando é causa suspensiva é a
palavra ENQUANTO. "Enquanto não fizer inventário, enquanto não houver sido
homologada..."
Porque se trata de questão pendente que se solucionada autoriza o casamento, fora
disso não é causa suspensiva.
P: QUEM PODE ALEGAR?
➢ Parentes em linha RETA de UM dos NUBENTES (consanguíneos ou afins);
➢ Colaterais em 2º grau (consanguíneos ou afins).

1.1) SUSPENSÃO DO CASAMENTO EM RAZÃO DO SUPOSTO


ARREPENDIMENTO DE UMA DAS PARTES:
Código Civil, Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente
suspensa se algum dos contraentes:
• I - Recusar a solene afirmação da sua vontade;
• II - Declarar que esta não é livre e espontânea;
• III - Manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der
causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.

2-) IMPEDIMENTOS:
“percebe-se que o objetivo do nosso legislador foi evitar uniões que afetem a prole, a
ordem moral ou pública, por representarem um agravo ao direito dos nubentes, ou aos
interesses de terceiros”. Maria Helena Diniz (2013, p. 81)

P: ATÉ QUE MOMENTO PODEM SER OPOSTOS?


Até o momento da CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO, por qualquer pessoa CAPAZ.

a) OFICIAL DE REGISTRO OU O JUIZ TEM CONHECIMENTO DO


IMPEDIMENTO: São obrigados a declará-los.

P: A EXISTÊNCIA DE CASAMENTO VÁLIDO OBSTA O RECONHECIMENTO DE


UNIÃO ESTÁVEL?
Não, desde que haja separação DE FATO ou JUDICIAL entre os casados.

B) CAUSAS IMPEDITIVAS DO CASAMENTO:


Essas pessoas não poderão casar!
➢ Adotado com o filho do adotante;
➢ O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio
contra o seu consorte;
➢ Os afins em linha reta; QUALQUER GRAU EM LINHA RETA HÁ O
IMPEDIMENTO.
➢ Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
➢ Pessoas casadas;
➢ IRMÃOS, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até 3º grau inclusive; OBS:
PRIMOS PODEM CASAR, pois são colaterais de 4º grau.
➢ Adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi do adotante.
OBS: CASAR INFRINGINDO CAUSA DE IMPEDIMENTO TORNA O
CASAMENTO NULO.

1) ANULAÇÃO DO CASAMENTO:
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de
um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não
caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança,
capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;

3.1) SENTENÇA QUE DECRETA NULIDADE DO CASAMENTO:


Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua
celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-
fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado.

3.2) CASAMENTO ANULADO POR CULPA DE UM DOS CÔNJUGES:


Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cônjuges, este
incorrerá:
I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente;
II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial.

CAUSAS DE ANULAÇÃO DO CASAMENTO:


I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da
revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.

P: O CASAMENTO PODE SER CELEBRADO MEDIANTE PROCURAÇÃO?


Sim, por INSTRUMENTO PÚBLICO, com poderes especiais.

P: A AFINIDADE SE EXTINGUE COM A DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO ou


UNIÃO ESTÁVEL?
Na linha reta, não se extingue.

P: PODE HAVER INTERFERÊNCIA NA COMUNHÃO DE VIDA INSTITUÍDA


PELA FAMÍLIA?
Não, é vedado a qualquer pessoa, de direito público ou privado.

4 ) TÉRMINO DA SOCIEDADE CONJUGAL:


I - Pela morte de um dos cônjuges;
II - Pela nulidade ou anulação do casamento;
III - Pela separação judicial;
IV - Pelo divórcio.

5 ) MOLÉSTIA GRAVE DE UM DOS NUBENTES:


Art. 1.539, do CC/02. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente
do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite,
perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.

9) CASAMENTO CELEBRADO POR AUTORIDADE INCOMPETENTE:


Trata-se de importante mudança que ocorreu com o casamento celebrado por
autoridade incompetente, o qual era previsto, no Código Civil de 1916, como Casamento
Nulo, e no novo código Civil é tratado como causa de Anulabilidade do Matrimônio,
conforme disposição legal do inciso VI do artigo 1.550.
Art. 1.550. É anulável o casamento:
(...)
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
No entanto, o artigo 1554, também do novo Código, dispõe que "subsiste o casamento
celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida por lei, exercer publicamente
as funções de juiz de casamentos e, nesta qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil".
Portanto, nesse contexto, percebe-se que o casamento celebrado por pessoa incapaz de
faze-lo, ainda, será válido caso esta pessoa exerça a função de "Juiz de paz" publicamente, e
após a celebração realizou-o no Registro Civil.

P: A PESSOA COM DEFICIÊNCIA MENTAL OU INTELECTUAL PODE CASAR?


Art. 1.550, § 2º, CC - A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia
poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu
responsável ou curador.

DIVÓRCIO:
P: O DIVÓRCIO PODE SER CONCEDIDO SEM QUE HAJA PRÉVIA PARTILHA
DOS BENS?
Sim.
Enquanto não houver sido HOMOLOGADA ou DECIDIDA a partilha, o divorciado
não deve casar (causa suspensiva).
Todavia, SE CASAR, será OBRIGATÓRIO o regime da SEPARAÇÃO DE BENS.

P: O DIVÓRCIO MODIFICA OS DIREITOS E DEVERES DOS PAIS EM RELAÇÃO


AOS FILHOS?
Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos
filhos.
Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá
importar restrições aos direitos e deveres previstos neste artigo.

RESTABELECIMENTO DO NOME DE SOLTEIRA EM CASO DE FALECIMENTO


DO CÔNJUGE:
Não há previsão legal para a retomada do nome de solteira em caso de morte do
marido - a lei somente prevê a possibilidade de o homem ou a mulher voltarem a usar
o nome de solteiro (a) em caso de divórcio.
Apesar disso, o STJ entende que isso deve ser permitido:
É admissível o restabelecimento do nome de solteiro na hipótese de dissolução do
vínculo conjugal pelo falecimento do cônjuge. STJ. 3ª Turma. REsp 1.724.718-MG, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/05/2018 (Info 627).

PENSÃO ALIMENTÍCIA:
Alimentos civis = Condição social.
Alimentos naturais = Sobreviver.

P: QUEM DEVE PRESTAR ALIMENTOS?


Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em
falta de outros.
Art. 1.697: Na falta de ascendente cabe a obrigação aos descendentes, guardada a
ordem de sucessão e faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.

Regra: Estão excluídos do âmbito dos alimentos os parentes por afinidade (genro,
madrasta, cunhado, etc.) e colaterais de 3º e 4º graus.

Exceção: parentes por afinidade ou em linha transversal de 3º e 4º graus exercendo


guarda ou tutela, como por exemplo no caso do padastro que tenha a guarda do enteado (art.
33 - ECA).
Resumindo: (PADI)

1.pais e filhos
2.ascendentes (mais próximos)
3.descendentes (guardada a ordem de sucessão)
4.irmãos
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em
condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau
imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na
proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais
ser chamadas a integrar a lide.

CESSAÇÃO DO DEVER DE PRESTAR ALIMENTOS:


➢ Casamento, união estável ou concubinato do credor;
➢ Se o credor tiver PROCEDIMENTO INDIGNO em relação ao devedor.

SITUAÇÃO EM QUE HÁ CULPA DE QUEM PLEITEA OS ALIMENTOS:


Art. 1.694. § 2 Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a
situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.

OBRIGAÇÃO ALIMENTAR DOS AVÓS:


• SÚMULA 596, STJ: A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e
subsidiária, somente se configurando no caso de impossibilidade total ou parcial de
seu cumprimento pelos pais.

P: A GUARDA COMPARTILHADA IMPLICA NA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO


DE PENSÃO ALIMENTÍCIA?
Enunciado 607 da VII Jornada de Direito Civil do CJF: A guarda compartilhada não
implica ausência de pagamento de pensão alimentícia.

P: PODE SER MANEJADO H.C PARA VERIFICAÇÃO DA INCAPACIDADE


FINANCEIRA?
Entendimento jurisprudência é no sentido de que não cabe habeas corpus para
verificação da incapacidade financeiro nos casos envolvendo pensão alimentícia. As provas
no procedimento de habeas corpus devem ser pré constituídas e ai encontra-se a grande
dificuldade da utilização desta via nestes casos. Segue jurisprudência, senão vejamos:
"Na linha da jurisprudência da Corte, a propositura de ação revisional
não impede a prisão civil do devedor de alimentos e o habeas corpus não
constitui via adequada para o exame aprofundado de provas indispensáveis
à aferição da incapacidade financeira do paciente para pagar os
alimentos no montante fixado."

P: A MAIORIDADE CESSA O DEVER DE PRESTAR ALIMENTOS?


Súmula 358 do STJ:
“O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está
sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.”
"É cediço que o entendimento desta Corte Superior se filiou à corrente de que cabe as
instâncias ordinárias aferir a necessidade, não sendo a maioridade, por si só, critério
automático da cessação da obrigação alimentar. Deve o magistrado oportunizar ao
alimentando o direito de se manifestar sobre a exoneração." (HC 77839 SP, Rel. Ministro
HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, QUARTA TURMA, julgado em 09/10/2007, DJe
17/03/2008).
"- Com a maioridade, extingue-se o poder familiar, mas não cessa desde logo o dever
de prestar alimentos, fundado a partir de então no parentesco. - É vedada a exoneração
automática do alimentante, sem possibilitar ao alimentando a oportunidade de manifestar-se
e comprovar, se for o caso, a impossibilidade de prover a própria subsistência. Precedentes do
STJ." (REsp 682889 DF, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado
em 23/08/2005, DJ 02/05/2006, p. 334).
"Consta dos autos que o paciente depositou valores aquém do devido, ou seja, por
conta própria reduziu o valor da pensão alimentícia, ao fundamento de que dois de seus filhos
alcançaram a maioridade civil. Reprovável tal conduta, vez que somente na ação civil
própria, distinta da via do habeas corpus, poderia se exonerar da obrigação alimentar
ou vê-la reduzida." (RHC 15310 SP, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS,
TERCEIRA TURMA, julgado em 02/03/2004, DJ 29/03/2004, p. 227).

JURISPRUDÊNCIA EM TESE - - EDIÇÃO N. 65: ALIMENTOS


ALIMENTOS DEVIDOS AO FILHO MAIOR:
2) É devido alimentos ao FILHO MAIOR quando comprovada a frequência em
curso universitário ou técnico, por força da obrigação parental de promover
adequada formação profissional.

CONSTITUIÇÃO DE NOVA FAMÍLIA:


13) A constituição de nova família pelo alimentante NÃO acarreta a revisão
automática da quantia estabelecida em favor dos filhos advindos de união anterior.

ALIMENTOS DEVIDOS ENTRE EX-CÔNJUGES:


14) Os alimentos devidos entre ex-cônjuges devem ter caráter excepcional, transitório
e devem ser fixados por prazo determinado, exceto quando um dos cônjuges não possua mais
condições de reinserção no mercado do trabalho ou de readquirir sua autonomia financeira.
OBS: É permitida a RENÚNCIA de alimentos entre ex-cônjuges.

RESPONSABILIDADE DOS AVÓS EM PRESTAR ALIMENTOS:


15) A responsabilidade dos avós de prestar alimentos aos netos apresenta natureza
complementar e subsidiária, somente se configurando quando demonstrada a insuficiência
de recursos do genitor.

ALIMENTOS GRAVÍDICOS:
Os alimentos gravídicos são devidos pelo suposto pai, à mulher gestante, bastando a
existência de indícios de paternidade para sua fixação.
Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão
alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.
Com o nascimento com vida da criança, os alimentos gravídicos concedidos à gestante
serão convertidos automaticamente em pensão alimentícia em favor do recém-nascido,
com mudança, assim, da titularidade dos alimentos, sem que, para tanto, seja necessário
pronunciamento judicial ou pedido expresso da parte.

P: CABE A PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS


DEFERIDOS EM CARÁTER DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA?
Sim.
Enunciado n. 522 da V Jornada de Direito Civil: “Cabe prisão civil do devedor nos
casos de não prestação de alimentos gravídicos estabelecidos com base na Lei n.
11.804/2008, inclusive deferidos em qualquer caso de tutela de urgência”

PODER FAMILIAR
1) CARACTERÍSTICAS:
- Irrenunciável;
- Personalíssimo;
- Intransferível;
- Imprescritível.

P: QUEM ESTÁ SUJEITO AO PODER FAMILIAR?


Art. 1630 do CC: "Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores".

P: A QUEM COMPETE O PODER FAMILIAR?


Art. 1631, caput, do CC: "Durante o casamento e a união estável, compete o poder
familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com
exclusividade".

1.1) EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR:


Art. 1635 do CC: "Extingue-se o poder familiar:
I - pela morte dos pais ou do filho;
II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único;
III - pela maioridade;
IV - pela adoção;
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638".

P: O PAI OU A MÃE PODE PERDER O PODER FAMILIAR POR ATO JUDICIAL?


Sim, nos seguintes casos:
I - Castigar imoderadamente o filho;
II - Deixar o filho em abandono;
III - Praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - Incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente;
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção. (Incluído pela
Lei nº 13.509, de 2017).
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que:
(Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: (Incluído pela
Lei nº 13.715, de 2018)
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte,
quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo
ou discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão;
(Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: (Incluído pela Lei nº 13.715, de
2018)
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte,
quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo
ou discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à
pena de reclusão. (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)

2) COMPETÊNCIAS DOS PAIS NO EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR EM


RELAÇÃO AOS FILHOS:
> representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil,
e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;

3)USUFRUTO: O pai e a mãe, ENQUANTO NO EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR,


são usufrutuários dos BENS DOS FILHOS.

4)DIVERGÊNCIA DOS PAIS QUANTO AO EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR:


Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é
assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.

5)PAI OU MÃE QUE ABUSA DE SUA AUTORIDADE OU ARRUÍNA OS BENS DO


FILHO:
Cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que
lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder
familiar, quando convenha.

6) SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR:


Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados
por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.
7) COLISÃO DE INTERESSES DOS PAIS COM OS FILHOS: A requerimento do filho
ou do MP o juiz dará CURADOR ESPECIAL.

P: OS PAIS PODEM ALIENAR OU GRAVAR DE ÔNUS REAL IMÓVEL DOS


FILHOS?
Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos,
nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples
administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia
autorização do juiz.

GUARDA COMPARTILHADA
A guarda compartilhada encontra suas origens na “Common Law” do Direito Inglês,
com a denominação de “joint custody”. A partir da década de 1960, se difundiu tal conceito
pela Europa, porém, foi nos Estados Unidos da América que a denominada guarda conjunta
avançou em virtude de intensas pesquisas em decorrência da transformação das famílias. Daí,
é possível concluir que a adoção de previsão legal da guarda compartilhada no Brasil retrata
uma crescente tendência mundial, fortalecida pela Convenção de Nova Iorque sobre Direitos
da Criança (ONU, 1989).
A guarda compartilhada define os dois genitores como detentores da autoridade
parental para tomar todas as decisões que afetem os filhos, visando manter os laços de
afetividade e abrandar os efeitos que o fim da sociedade conjugal pode trazer à prole, ao passo
que tenta manter de forma igualitária a função parental, consagrando os direitos da criança e
de seus genitores. Em face disso, a guarda compartilhada, como regra, é recomendável, não
se aplicando, porém, quando um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda
do menor ou um dos genitores não estiver apto a exercer o poder familiar.

P: A APLICAÇÃO DA GUARDA COMPARTILHADA DEPENDE DE CONSENSO


DOS GENITORES?
NÃO. “a instituição de guarda compartilhada não se sujeita à transigência dos
genitores ou à existência de naturais desavenças entre os cônjuges separados” (STJ. 3ª Turma.
REsp 1.591.161/SE, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 21.02.2017).

GUARDA UNILATERAL OU COMPARTILHADA


REGRA: o CC determina que, quando não houver acordo entre a mãe e o pai
quanto à guarda do filho, o juiz deverá aplicar a guarda compartilhada (art. 1.584, § 2º).
EXCEÇÕES:
Não será aplicada a guarda compartilhada se:
a) um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor;
b) um dos genitores não estiver apto a exercer o poder familiar.
O § 2º do art. 1.584 afirma que “encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o
poder familiar”, será aplicada a guarda compartilhada. O que significa essa expressão:
“genitores aptos a exercer o poder familiar”? Quando o genitor não estará apto a exercer o
poder familiar?
A guarda compartilhada somente deixará de ser aplicada quando houver
inaptidão de um dos ascendentes para o exercício do poder familiar, fato que deverá ser
declarado, prévia ou incidentalmente à ação de guarda, por meio de decisão judicial (STJ. 3ª
Turma. REsp 1.629.994-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/12/2016. Info 595).
O § 2º do art. 1.584 somente admite duas exceções em que não será aplicada a guarda
compartilhada. A interpretação desse dispositivo pode ser relativizada? É possível afastar a
guarda compartilhada com base em peculiaridades do caso concreto mesmo que não previstas
no § 2º do art. 1.584 do CC?
O STJ está dividido, havendo decisões em ambos os sentidos:
1ª) NÃO. A guarda compartilhada apresenta força vinculante, devendo ser
obrigatoriamente adotada, salvo se um dos genitores não estiver apto a exercer o poder
familiar ou se um deles declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor (STJ. 3ª
Turma. REsp 1626495/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/09/2016).
2ª) SIM. As peculiaridades do caso concreto podem servir como argumento para que
não seja implementada a guarda compartilhada. Ex: se houver dificuldades geográficas (pai
mora em uma cidade e mãe em outra, distante). Isso porque deve-se atentar para o princípio
do melhor interesse dos menores. Assim, as partes poderão demonstrar a existência de
impedimento insuperável ao exercício da guarda compartilhada, podendo o juiz aceitar
mesmo que não expressamente previsto no art. 1.584, § 2º. A aplicação obrigatória da guarda
compartilhada pode ser mitigada se ficar constatado que ela será prejudicial ao melhor
interesse do menor (STJ. 3ª Turma. REsp 1605477/RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 21/06/2016).
STJ. 3ª Turma. REsp 1629994-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/12/2016
(Info 595).
P: COMO PODE SER REQUERIDA?
Por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de
separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar;

A)GUARDA UNILATERAL:
Art. 1.583. § 5º. A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a
supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos
genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas,
objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde
física e psicológica e a educação de seus filhos.

P: A GUARDA PODE SER DEFERIDA A OUTRA PESSOA QUE NÃO O PAI OU A


MÃE?
A guarda pode ser deferida para outra pessoa que não seja o pai ou a mãe. Se o juiz
verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda
a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de
preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade.

PATERNIDADE:
P: A CONFISSÃO MATERNA EXCLUI A PATERNIDADE?
Art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a paternidade.

A ) PROVA DA IMPOTÊNCIA DO CÔNJUGE PARA GERAR:


Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a
presunção da paternidade.

B ) CONTESTAÇÃO DA PATERNIDADE:
Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de
sua mulher, sendo tal ação imprescritível.
Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na
ação.
P: O ADULTÉRIO DA MULHER BASTA PARA ILIDIR A PRESUNÇÃO DE
PATERNIDADE?
Não.

P: PODE SER VINDICADO ESTADO CONTRÁRIO AO QUE RESULTA DO


REGISTRO DE NASCIMENTO?
Não, salvo se for provado ERRO ou FALSIDADE do registro.
Art. 1.603: A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada
no registro Civil.
Art. 1.604: Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de
nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro.

C ) FILHOS QUE PRESUMEM TER SIDO CONCEBIDOS NA CONSTÂNCIA DO


CASAMENTO:
I - Nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência
conjugal;
II - Nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por
morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários,
decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização
do marido.

P: É POSSÍVEL RECONHECER ABANDONO AFETIVO ANTES DO


RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE?
Não há responsabilidade por dano moral decorrente de abandono afetivo antes do
reconhecimento da paternidade (edição 125 da jurisprudência em teses do STJ).

RECONHECIMENTO DE FILHOS FORA DO CASAMENTO:


SERÁ FEITO:
I - no registro do nascimento;
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não
haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.

P: O RECONHECIMENTO PODE REVOGADO?


Art. 1.610 CC O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito
em testamento.

P: O RECONHECIMENTO PODE SER POSTERIOR AO FALECIMENTO DO


FILHO?
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser
posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.

AUSÊNCIA DO PAI AO EXAME DE DNA:


Súm. 301 STJ - "Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao
exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade". Sendo iuris tantum (portanto,
relativa), admite prova em contrário, sendo que a jurisprudência é firme no sentido de que a
presunção deve se coadunar com um mínimo arcabouço probatório contido nos autos.

SEPARAÇÃO DE CORPOS
Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a de
separação judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a
parte, comprovando sua necessidade, a separação de corpos, que será concedida pelo juiz
com a possível brevidade.

A)SENTENÇA DE SEPARAÇÃO JUDICIAL: Importa a SEPARAÇÃO DE CORPOS e a


PARTILHA DE BENS.
Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta dos cônjuges e
homologada pelo juiz ou por este decidida.

TUTELA
ESCUSA DE TUTELA:
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:
I - mulheres casadas;
II - maiores de sessenta anos;
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;
IV - os impossibilitados por enfermidade;
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;
VII - militares em serviço.

P: A QUEM COMPETE O DIREITO DE NOMEAR TUTOR?


Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em conjunto.
Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro
documento autêntico.

FALTA DE TUTOR NOMEADO PELOS PAIS:


Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos parentes
consangüíneos do menor, por esta ordem:
I - Aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;
II - Aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos,
e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz escolherá
entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do menor.

P: QUANDO OS FILHOS MENORES SÃO POSTOS EM TUTELA?


➢ Com o FALECIMENTO DOS PAIS, ou sendo estes julgados AUSENTES;
➢ Em caso de os pais DECAÍREM do Poder Familiar.

a)BENS DO MENOR:
Art. 1.745. Os bens do menor serão entregues ao tutor mediante termo especificado
deles e seus valores, ainda que os pais o tenham dispensado.

Parágrafo único. Se o patrimônio do menor for de valor considerável, poderá o juiz


condicionar o exercício da tutela à prestação de caução bastante, podendo dispensá-la se o
tutor for de reconhecida idoneidade.

P: AS REGRAS DA TUTELA APLICAM-SE A CURATELA?


As regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da curatela, com as restrições
previstas em Lei, pois são institutos autônomos que tratam de absolutamente incapazes ou
relativamente incapazes, respectivamente.

NULIDADE DA NOMEAÇÃO DE TUTOR:


Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo de sua
morte, não tinha o poder familiar.

NOMEAÇÃO DE TUTOR PELO JUIZ:


Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio do menor:
I - na falta de tutor testamentário ou legítimo;
II - quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;
III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário.

DOMICÍLIO DO CASAL:
Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e
outro podem ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao exercício
de sua profissão, ou a interesses particulares relevantes.

REGIME DE BENS:
P: QUANDO COMEÇA VIGORAR O REGIME DE BENS?
Começa a vigorar DESDE A DATA DO CASAMENTO.

P: A SEPARAÇÃO DE FATO PÕE FIM AO REGIME DE BENS?


Segundo a jurisprudência do STJ, a separação de fato põe fim ao regime de bens.

P: SE NÃO HÁ CONVENÇÃO, OU ELA É NULA OU INEFICAZ, QUAL REGIME


DE BENS VIGORARÁ?
O regime da comunhão PARCIAL de bens. TAMBÉM CONHECIDO COMO
REGIME LEGAL SUPLETIVO.

DISTINÇÃO DE REGIME ENTRE CÔNJUGES E COMPANHEIROS:


"(...) com a fixação da seguinte tese: No sistema constitucional vigente, é
inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros,
devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do CC/2002."
STF. Plenário. RE nº878.694/MG, Relator o Min. Roberto Barroso, julgado em
26/10/2018.

P: O DIREITO A MEAÇÃO É RENUNCIÁVEL?


Não, nem cessível ou penhorável na VIGÊNCIA de regime matrimonial.

P: O QUE O MARIDO E A MULHER PODEM FAZER LIVREMENTE,


INDEPENDENTEMENTE DO REGIME DE BENS?
➢ Administrar os bens próprios.

P: O QUE O CÔNJUGE NÃO PODE FAZER SEM AUTORIZAÇÃO DO OUTRO,


SALVO NO REGIME DE SEPARAÇÃO ABSOLUTA?
Dispõe o art. 1.647 do CC que, “ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos
cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam
integrar futura meação".

DECRETAÇÃO DE INVALIDADE DOS ATOS PRATICADOS SEM OUTORGA:


"Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem
consentimento, ou sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem
cabia concedê-la, ou por seus herdeiros".

P: O QUE UM CÔNJUGE PODE COMPRAR SEM AUTORIZAÇÃO DO OUTRO?


Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro:
- Comprar, mesmo que a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;
- obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas exigir.
Tais situações vão os obrigar solidariamente.
DESPESAS DO CASAL:
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na
proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário
no pacto antenupcial.

P: É POSSÍVEL ALTERAR O REGIME DE BENS?


Art. 1.639. § 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização
judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões
invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

PACTO ANTENUPCIAL POR ESCRITURA PÚBLICA:


Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos
seus bens, o que lhes aprouver.
Assim, a lei não impõe um determinado regime matrimonial, permitindo a ampla
liberdade para a escolha, salvo algumas exceções de ordem pública, como a imposição do
regime de separação obrigatória.

P: ELE É NECESSÁRIO EM QUAIS REGIMES DE BENS?


É necessário ao casal que escolher o regime da comunhão universal, o da separação
absoluta de bens ou o da participação final nos aquestos, sendo incabível no regime da
comunhão parcial.

NULIDADE DO PACTO ANTENUPCIAL:


Art. 1.653. É NULO o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e
INEFICAZ se não lhe seguir o casamento.

EFICÁCIA DO PACTO ANTENUPCIAL REALIZADO POR MENOR:


Fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de
regime OBRIGATÓRIO de separação de bens.

EFEITOS DA CONVENÇÕES ANTENUPCIAIS PERANTE TERCEIROS:


Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de
registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.
PACTO ANTENUPCIAL QUE ADOTA O REGIME DE PARTICIPAÇÃO NOS
AQUESTOS:
Pode-se convencionar a LIVRE DISPOSIÇÃO dos bens IMÓVEIS, desde que
PARTICULARES.

CONVENÇÃO OU CLÁUSULA QUE CONTRAVENHA DISPOSIÇÃO ABSOLUTA


DE LEI: É NULA.

1-) COMUNICAÇÃO DE BENS:


• Separação LEGAL (obrigatória) - é a prevista no art. 1.641 do Código Civil.
Comunicam-se os adquiridos na constância do casamento, desde que comprovado o esforço
comum para sua aquisição.
• Separação ABSOLUTA - é a separação convencional, ou seja, estipulada
voluntariamente pelas partes (art. 1.687 do CC). Não há comunicação dos bens adquiridos na
constância do casamento.

2-) REGIME DA SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA:


Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da
celebração do casamento (ex: divorciado, enquanto não houver sido decidida a partilha dos
bens);
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. Ex: pessoas
maiores de 16 anos e menores de 18 anos, em que os pais não autorizem o casamento.

2.1) COMUNICAÇÃO DE BENS NA SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA:


Informativo 628 STJ: No regime de separação legal de bens, comunicam-se os
adquiridos na constância do casamento, desde que comprovado o ESFORÇO
COMUM para sua aquisição. Esse esforço comum NÃO PODE SER PRESUMIDO. Deve
ser comprovado. (EREsp 1.623.858-MG, j. 23/05/2018).

2.2) DIFERENÇA ENTRE SEPARAÇÃO LEGAL E SEPARAÇÃO ABSOLUTA:


Importante destacar a diferença entre separação LEGAL (ou obrigatória) e separação
ABSOLUTA (ou convencional):
1- Separação Legal:
a. Separação LEGAL (obrigatória) é aquela prevista nas hipóteses do art. 1.641 CC.
b. No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância
do casamento, desde que comprovado o esforço comum para sua aquisição.
2 - Separação Absoluta:
a. Separação ABSOLUTA é a separação convencional, ou seja, estipulada
voluntariamente pelas partes (art. 1.687 CC).
b. Na separação absoluta (convencional), não há comunicação dos bens adquiridos
na constância do casamento. Assim, somente haverá separação absoluta (incomunicável) na
separação convencional.
Fonte: Dizer o Direito

3 ) REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS:


CC, art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que
sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos
seguintes.

A ) BENS EXCLUÍDOS DA COMUNHÃO:


I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na
constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos
cônjuges em SUB-ROGAÇÃO DOS BENS PARTICULARES (Ex: Fernanda tinha um
apartamento. Durante a constância do casamento, Fernanda vendeu o apartamento e, com o
fruto da venda, adquiriu uma casa, constando a sub-rogação do bem na escritura pública);
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V - os BENS DE USO PESSOAL, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as PENSÕES, MEIOS-SOLDOS, MONTEPIOS e outras rendas semelhantes.

B ) ENTRAM NA COMUNHÃO:
I - Os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só
em nome de um dos cônjuges (EX: Flávio adquiriu em seu nome e sem a participação
econômica de sua esposa, um prédio comercial);
IV – Benfeitorias em bens PARTICULARES de cada cônjuge;
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou
despesa anterior;
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os
cônjuges;

4 ) PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS


Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os por ele
adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento.

5 ) REGIME DA SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS:


A ) FIANÇA PRESTADA POR UM DOS CÔNJUGES SEM AUTORIZAÇÃO DO
OUTRO: é válida e eficaz no regime da separação CONVENCIONAL.

B ) CONTRIBUIÇÕES PARA AS DESPESAS DO CASAL:


No regime de separação de bens, ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as
despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo
estipulação em contrário no pacto antenupcial.

6 ) REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS:


Importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges, mas os
proventos do trabalho pessoal de cada consorte estão excluídos da comunhão.

6.1) CLÁUSULA DE INCOMUNICABILIDADE:


No regime de comunhão universal não se comunicam os bens doados com cláusula de
incomunicabilidade.
OBS: Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo
antecedente não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.

6.2) BENS EXCLUÍDOS DA COMUNHÃO UNIVERSAL:


III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus
aprestos, ou reverterem em proveito comum;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-
rogados em seu lugar;

BEM DE FAMÍLIA
INSTITUIÇÃO:
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou
testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que
não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas
as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por
testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os
cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.

1 ) ISENÇÃO DE EXECUÇÃO POR DÍVIDAS:


Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua
instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de
condomínio.

P: COMO SE CONSTITUI O BEM DE FAMÍLIA?


Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por terceiro, constitui-
se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis.

2) EXTINÇÃO DO BEM DE FAMÍLIA:


- Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente
poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal;
- Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a
maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela.

P: A DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL EXTINGUE O BEM DE


FAMÍLIA?
CC, Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família.

OBS: Súmula 364/STJ. O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange


também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

RECONHECIMENTO DE FILHO:
1-) RECONHECIMENTO DE FILHO EM TESTAMENTO DE MODO INCIDENTAL:
Código Civil, Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo
quando feito em testamento.

2-) RECONHECIMENTO DE FILHO HAVIDO FORA DO CASAMENTO OU DA


UNIÃO ESTÁVEL:
Art. 1° O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será
feito:
I - no registro de nascimento;
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
IV - por manifestação expressa e direta perante o juiz, ainda que o reconhecimento não
haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.
Os genitores comparecem perante o oficial de registro, pessoalmente, ou por
intermédio de procurador com poderes específicos, para efetuar o assento, do qual constará o
nome dos genitores e dos respectivos avós.
Apenas a mãe comparece perante o oficial de registro com declaração de
reconhecimento ou anuêncla do pai à efetivação do registro.

P: É POSSÍVEL RECONHECER FILHO NA ATA DE CASAMENTO?


Art. 3° E vedado legitimar e reconhecer filho na ata do casamento.

RECUSA DO SUPOSTO PAI EM SE SUBMETER A DNA:


Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético -
DNA gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto
probatório. (Incluído pela Lei nº 12.004, de 2009).
Súmula 301, STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao
exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.

P: O FILHO MAIOR PODE SER RECONHECIDO SEM SEU CONSENTIMENTO?


Art. 4° O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento.

SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU QUE RECONHECE A PATERNIDADE:


Art. 7° Sempre que na sentença de primeiro grau se reconhecer a paternidade, nela se
fixarão os alimentos provisionais ou definitivos do reconhecido que deles necessite.

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