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1.
1.1. Um processo penal consiste no fundo numa sequência articulada de atos
visando descobrir se alguém é autor de um crime e eventualmente
condenar essa pessoa se tiver cometido o crime ou absolve-la se não o
tiver cometido. E para isso, o que é que se tem de fazer para descobrir
se determinada pessoa cometeu o crime? Neste caso, havia dois crimes
de homicídio, a policia foi lá e descobriu vestígios biológicos, como ADN,
sangue, pele, ... e esses permitem identificar o ADN da pessoa a quem
esses vestígios biológicos pertencem. Ora bem, se aparecer uma
determinada pessoa suspeita de ter cometido aquele crime, há desde
logo um modo elementar de descobrir se ela efetivamente cometeu o
crime ou não: verificar se ela esteve no local do crime ou não. Se no
local do crime foram encontrados vestígios biológicos com um ADN
exatamente igual, único e irrepetível, ao do suspeito, então temos
99,9%, salvaguardando uma margem ínfima de erro, de que aquela
pessoa esteve no local do crime. Neste caso concreto, o suspeito foi
descoberto pela polícia, mas a policia nada pode fazer no processo penal
sem ser sob direção do ministério público e portanto a polícia informou
o Ministério Público e o Ministério Público ordenou que a pessoa fosse
fazer exames de ADN ao instituto de medicina legal. E a pessoa chegou
lá e com um cotonete tirou vestígios biológicos do fundo da garganta,
queriam lhe fazer uma zaragatoa bocal para lhe tirar o perfil de ADN
através da sua saliva. Ele recusou-se por não haver nenhuma lei a prever
esse exame, tal não é legítimo, está em causa a sua intimidade, o seu
ADN pertence àquilo que lhe é mais próprio, único e irrepetível, não
permite que ninguém lhe venha tirar vestígios biológicos assim sem
mais, recusando-se a prestar consentimento. A polícia ameaçou que se
fosse necessário o faria à força. Força coerciva do Direito, obrigar
alguém pela força física a submeter-se a um determinado exame.
Simplesmente, o arguido disse que não queria violência, não se iria opor
fisicamente a que fosse realizado o exame, mas fez uma declaração
escrita dizendo que era contra a sua vontade a realização do exame e
que só o iria fazer para evitar a violência física. O exame foi realizado
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mas remeteu a decisão final para o tribunal espanhol para que ele
pudesse avaliar este ultimo ponto.
- O direito ao esquecimento em 2016 veio a ser consagrado de forma
autónoma no artigo 17º do novo regulamento de proteção de dados
da legislação europeia, que irá entrar em vigor em maio de 2018,
tendo revogado a diretiva anterior.
- À luz do direito constitucional português, devemos considerá-lo um
direito fundamental?
- É o direito ao esquecimento um direito consagrado de forma
autónoma no catálogo da Constituição, dos artigos 24º ao 79º? A
última revisão constitucional foi feita em 2005, a constituição está
sem ser revista há 12 anos, sendo que em 2005 o legislador não
teve a preocupação de prever este direito ao esquecimento, que
não está expressamente previsto nem no catálogo nem fora do
mesmo.
- Assim sendo, pode ter o direito ao esquecimento a natureza de um
direito fundamental? Preferencialmente, devemos sempre ir pelos
direitos fundamentais implícitos, quando temos simultaneamente
essa possibilidade e a cláusula aberta do artigo 16º. O direito ao
esquecimento não está expressamente previsto na Constituição.
Na década de 70, o tribunal federal alemão estabeleceu este direito
ao esquecimento relativamente à publicação de noticias, o que é
novo é a aplicabilidade deste direito ao esquecimento
relativamente aos motores de busca. Podemos tentar encaixá-lo
num direito expressamente previsto na Constituição, direito
fundamental implícito. Direito à reserva da vida privada, o que é
este direito à luz do direito civil? Direito especial de personalidade
previsto de forma autónoma no artigo 80º do CC, os direitos de
personalidade estão tutelados na Constituição? Sim, no artigo 26º:
agrupa uma série de direitos de personalidade. Direito à reserva da
intimidade da vida privada e familiar, no 26º/1, do qual retiramos
de que o direito à reserva da vida privada é um direito fundamental
e mais do que isso é um direito de liberdade e garantia. Se
aceitarmos que o direito ao esquecimento é um direito que está
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entre direito e moral, estamos a fazer uma censura moral sobre estas
pessoas que se aproveitam da prostituição de outrem.
Figueiredo Dias: a dignidade da pessoa humana não é um bem jurídico,
não há bem jurídico por detrás da criminalização do lenocínio, e de
acordo com o princípio constitucional do bem jurídico só é válido
estabelecer uma criminalização para proteger um determinado bem
jurídico concreto. A dignidade da pessoa humana é um princípio
jurídico que engloba todo o sistema, mas não é um bem jurídico
determinado que implique a criminalização.
Poderíamos afirmar que isto está abrangido pela liberdade de
consciência e da liberdade de profissão, as pessoas se quiserem
poderem-se prostituir.
Não há nada que leva a querer que a prostituição não possa ser um
trabalho nem uma profissão, pode é haver outras razões que nos levam
a concluir que deve haver limites a esse trabalho, mas à Partida devem
estar incluídos na liberdade de profissão e de trabalho.
Um homem ou uma mulher prostituir-se pode considerar-se abrangido
pela liberdade de profissão ou na liberdade de consciência? Na
liberdade de profissão parece poder encaixar-se, o professor não vê
porque não, a menos que consigamos encontrar um interesse coletivo
que justifique por termo a isso.
Liberdade de consciência: se a liberdade de consciência fosse a
liberdade de fazer o que quer uma pessoa podia cometer qualquer
crime e depois invocar a liberdade de consciência. “Matei porque
acredito que posso dispor da vida dos outros”. Liberdade de
consciência: liberdade da pessoa fazer aquilo que tende correto, sendo
certo que pode haver diferentes opiniões sobre aquilo que é ou não é
correto. é o direito à autonomia ética. cada um fazer o que tende
eticamente correto ou aceitável. António Cortês: pode-se ainda
concluir eventualmente ainda a prostituição dentro da liberdade de
consciência entendida desta forma, entendida desta forma de se poder
fazer aquilo que se entende eticamente correto ou aceitável, não é
indefensável que a liberdade de dispor do corpo, inclusivamente
sexualmente, por dinheiro, que isso seja defendido. Por exemplo, numa
posição utilitarista, esta posição seria claramente aceitável, o
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2.2. Saber se este despacho normativo que proíbe esta atividade é ou não
inconstitucional.
- Outra coisa são os fundamentos invocáveis para solucionar o caso no
sentido da inconstitucionalidade, ou, por outro lado, no sentido da não
inconstitucionalidade.
- Primeira coisa a saber qual é a norma objeto de fiscalização da
constitucionalidade.
- A seguir, temos de ver que direitos ou princípios é que podem estar a ser
violados: liberdade de exercício da profissão que também especifica a
liberdade de escolha do género de trabalho 47º/1 Constituição. O anão não
poderia invocar o direito ao trabalho previsto no artigo 58º? Porque não é
um direito de liberdade e garantia, não é um direito que a Constituição
consagre expressamente como um direito diretamente aplicável, é um
direito social com um sentido essencialmente programático. No entanto,
hoje, a doutrina defende cada vez mais que há uma tendencial equiparação
dos direitos sociais aos direitos, liberdades e garantias, não choca,
portanto, que se invocasse com a consciência de que o direito ao trabalho é
apenas um direito social, é um objetivo a prosseguir pelo Estado, e não um
direito diretamente exigível pelas pessoas, é um objetivo político e
programático para a ação do Estado. O que é diretamente exigível em
Tribunal é a liberdade que a pessoa tem de exercer a profissão que quiser e
de escolher o género de trabalho que quer.
- Poderíamos recorrer à formula de Dürig: a dignidade humana é degradada
quando uma pessoa é utilizada como mero objeto, como mero instur,ento e
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coisa fungível, sendo que aqui está claramente a ser utilizada como um
mero instrumento de arremesso.
- Se a liberdade de escolha de profissão for verdadeira, se não estiver o anão
a ser pressionado ou compelido a isso, essa liberdade de escolha de
profissão deve ser garantia. António Cortês: temos de ter em conta não
apenas a liberdade de escolha da profissão, mas também a dignidade das
pessoas, e de acordo com a fórmula de Dürig, tendo em conta a dignidade
da pessoa humana, postula que as pessoas não sejam utilizadas como mero
objeto ou meras coisas fungíveis. Para o professor é difícil de conceber uma
situação em que uma pessoa esteja a ser mais instrumentalizada do que
neste caso.
- Há muitas situações em que o Direito sanciona quem se aproveita da
instrumentalização de outras pessoas, mas não sanciona a própria as
pessoas instrumentalizadas, é como por exemplo o auxilio a suicídio, o
suicídio não é punido por razoes de compaixão, mas a pessoa que põe ali a
pistola ao lado é punida porque não respeita a vida do outro, é punida não
com pena de homicídio, mas auxilio ao suicídio, o que resulta numa pena
muito inferior.
- Mas imaginando que o dinheiro daquele jogo é todo para o anão, não é a
dignidade da pessoa humana deixá-la fazer o que ela quer? O anão é
adulto, faz o que quiser, se quiser ser lançado por 15€. Faz isto sentido?
- É legitima uma lei que limite esta liberdade de profissão? Se não houver lei
nenhuma, se não houver este despacho normativo a proibir isto, esta
prática é uma prática lícita ou não? Se não houver uma regra ou principio a
proibir, em princípio poder-se-ia dizer que é lícita. Podia-se dizer que havia
a dignidade da pessoa humana, mas este princípio só por si não é
suficientemente denso para só por si implicar a proibição de uma prática.
Tem que haver uma norma mais especifica que venha concretizar este
princípio proibindo esta prática.
- Não haveria problema algum no lançamento do anão se não houvesse
nenhuma norma a proibi-la de forma expressa.
- É esta norma legítima e constitucional? É o poder que tem que se justificar
em face da liberdade e não a liberdade em face do poder. Será que o poder
público que proíbe esta prática tem justificação suficiente para a proibir, ou
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saudáveis quais têm um grupo HLA compatível com a terceira pessoa que
precisa do transplante – irmão. Assegura-se, deste modo, que a criança que
vem a nascer cumpre os requisitos e pode atuar como dador do seu irmão.
Não estamos a atuar no interesse do embrião, mas sim do terceiro, utiliza-
se uma técnica de PMA para conceber uma criança que vem ao mundo com
uma função determinada de salvar o irmão, criar um dador.
- Bebé-medicamento: é cumprida em muitos casos à nascença por este
irmão.
- Estamos perante um caso em que a criança nasce, e ao longo da sua vida é
chamada para fazer novas doações e salvar a vida do irmão ao longo da sua
vida.
- Desde 2016, esta técnica é legal em Portugal. Em 2015 foi feito o primeiro
pedido para utilizar esta técnica, o filho tinha leucemia, tendo a autorização
sido concebida.
- Esta técnica tem o mérito inegável de salvar a pessoa que esta a morrer,
mas é polémica porque corremos o risco de instrumentalizar a vida humana
apenas para criar futuros dadores.
- 4ª finalidade: 4º/3 da Lei da PMA, permite-se a gestação de substituição,
mulher funciona como barriga de aluguer para gestar a criança de outro
casal. Também se alargam s beneficiários de PMAs, permite-se que
qualquer mulher solteira pode recorrer a estas técnicas, o que veio
revolucionar todo o regime subjacente às PMAs. Isto levanta muitos
problemas, foi alargada e não se pode dizer que continua a ser um processo
subsidiário de reprodução humana.
- TC é chamado em 2009 para apreciar o artigo 7º/3 da Lei das PMAs para a
finalidade de tratar as doenças de terceiro. Foi chamado a apreciar se esta
disposição era compatível com a dignidade da pessoa humana e com
possíveis direitos fundamentais do embrião.
- O TC afirma que só são titulares de direitos fundamentais as pessoas que
existem, que tenham existido, antes disso não é titular de direitos
fundamentais. Estamos perante um embrião não nascido, não podendo
falar de direitos fundamentais, do direito à vida do embrião.
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3.
3.1.
3.2. Quem é que pode em condições normais pedir a fiscalização preventiva
da Constitucionalidade?
- Antigamente eram os ministros da republica, agora são os representantes
da república que eram os defensores dos interesses nacionais em face das
regiões autónomas, e o seu pode principal era um poder de veto dos
decretos legislativos regionais ou do envio para o TC desses decretos. Mas
relativamente aos decretos nacionais, quem é que pode pedir a fiscalização
preventiva da constitucionalidade? As leis orgânicas têm de ser aprovadas
por uma maioria qualificada e que incidem sobre matéria específicas, a lei
sobre a organização e formulação do TC são leis orgânicas.
- 166º/2: só algumas matérias de reserva de competência absoluta da AR
revestem a forma da lei orgânica, é uma possibilidade excecional, as
matérias de reserva relativa nem podem revestir essa forma. Retira-se daí,
a contrato, que a fiscalização preventiva da constitucionalidade só pode ser
pedida por quem tem o poder de promulgar atos administrativos: leis e
decretos leis é o Presidente da República, no caso de decretos legislativos
regionais é o representante da republica, nomeado pelo presidente da
república.
- Um processo destes entra no Tribunal e quem é que é notificado para
responder ao requerimento do Presidente da República?
- Neste caso, era um decreto da assembleia da república, quem é que vai ser
notificado para responder ao requerimento do Presidente da República? O
órgão autor da norma, expressão tecnicamente correta. Antes da
promulgação, a lei é inexistente, daí não se dizer quem legisla sobre a
matéria. O órgão autor da norma é a Assembleia da República, os órgãos
são notificados na pessoa do seu presidente, os órgãos do Estado são
notificados na pessoa do seu presidente, tal como os órgãos
administrativos, entre outros.
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Resolução do caso:
- Processo de fiscalização preventiva da Constitucionalidade, que se
contrapõe à sucessiva. Fiscalização preventiva: tem lugar relativamente a
normas que ainda não entraram em vigor no ordenamento jurídico.
- A AR envia as leis para o PR, que pode promulgar, ou pode usar o veto
político, mas também se tiver dúvidas acerca da constitucionalidade de um
diploma pode requerer ao TC preventivamente a constitucionalidade desse
diploma. Ou o TC diz que aquilo não tem problemas de constitucionalidade,
e aí o PR ou promulga ou usa o veto político, ou o TC diz que é
inconstitucionalidade e o PR usa o veto da inconstitucionalidade.
- Neste caso concreto, o PR tinha duvidas acerca da constitucionalidade e
enviou para o TC.
- Serviços de informação e segurança são os nossos serviços secretos (como a
CIA), PICOLO.
- Apenas uma parte do artigo 68º/2 que levantava dúvidas de
constitucionalidade. Este diploma vinha permitir aos espiões dos serviços
secretos o acesso aos meta dados, termo tecnicamente impreciso, o termo
técnico são dados de trafego de informações, os meta dados os dados sobre
dados de comunicação. Não é o acesso ao conteúdo das comunicações,
nunca esteve em aberto que os serviços secretos viessem a ouvir as
comunicações das pessoas, mas apenas a dados eventuais PICOLO, dados de
tráfego: com quem a pessoa falou, quanto tempo, a que horas, e dados de
localização: permitem que dessem uma indicação sobre a localização
geográfica das pessoas quando efetuaram as comunicações, apenas
informações instrumentais.
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lugar – processo penal – mas não exclui outras restrições que sejam
necessárias em face de outros interesses ou direitos, ou está apenas a criar a
exceção para o caso do processo penal? O TC entendeu que à luz desta
norma só é admissível restringir o direito ao sigilo do direito das
telecomunicações em matéria de processo penal e em mais nenhum
domínio. O tribunal entendeu que o legislador constitucional que fez esta
norma fez uma ponderação expressa entre o sigilo das telecomunicações e
as finalidades no âmbito do direito penal, interesses de justiça, segurança, ...
não seriam admitidas outas restrições para salvaguardar outras restrições
que não estas.
- O tribunal entendeu que havia a regra do sigilo das comunicações que
comportava apenas uma exceção: em matéria de processo penal.
- Partindo desta ideia, o tribunal passou a apreciar a constitucionalidade
deste diploma, vendo se esta possibilidade de acesso a meta dados cumpria
o regime previsto no 34º/4 parte final, o tribunal entendeu que não
cumpria:
• O que os serviços de informações fazem não é uma investigação dentro
do processo penal. O processo penal apenas tem início quando se tem
noticia da prática de um crime que já ocorreu, apenas se inicia num
momento posterior à prática de um crime. Aqui temos um momento
anterior à prática de um crime, já que os serviços de informações visam
prevenir crimes no futuro, nomeadamente atividades terroristas, surge
antes do processo penal.
• Para alem de não ser um processo penal, não é um processo judicial,
porque a autoridade a quem incumbia aceder a autorização é uma
autoridade administrativa, entidade de controlo prévio, e não judicial, e,
portanto, o legislador cria um sistema diverso do previsto para as escutas
telefónicas em que é necessário de uma autorização de um tribunal. Para
alem de não estarmos dentro de um processo penal, o regime nem
sequer essa parecido com o do tribunal, apesar de ter juízes esta
comissão, eles estão a atuar no seu âmbito pessoal e não judiciário, os
juízes só exercem as funções judiciais no tribunal.
• Não havia garantias análogas às que existem no processo penal quando
esta em causa a interceção de comunicações O regime não era preciso
suficiente para salvaguardar os interesses dos cidadãos.
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3.1.
- Direitos liberdades e garantias beneficiam de um regime especial para a sua
restrição pelo artigo 18º/2 e 3.
- Conjugando este artigo com um outro, temos a exigência de lei formal. 2º
requisito: casos previstos na constituição. Esta formulação deve ser
entendida de forma ampla – ou está expressamente prevista ou lançamos
mão das figuras das restrições implícitas. Restrição proporcional: deve
limitar-se ao necessário para salvaguardar os interesses legalmente
protegidos. 3 testes que têm de ser feitos quando discutimos a questão da
proporcionalidade da restrição: adequação – relação meio fim –,
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4.3. A imagem e a voz eram captadas durante 24 horas durante todo o tempo
do programa.
- O artigo 79º do CC só é possível porque existe previamente uma questão
constitucional de direitos fundamentais. O direito à imagem, antes de estar
previsto no CC, em termos de prioridade lógica, está previsto na
Constituição. Artigo 26º, direito de cada pessoa se apresentar em privado e
publicamente com a imagem que mais lhe aprouver está previsto desde
logo no artigo 26º. Este direito à imagem é um direito fundamental, parece
que é também um direito inalienável. Mas será assim? Os direitos
fundamentais são inalienáveis, são indisponíveis?
- Há um contrato entre Antonieta e a cadeia televisiva, temos de ver a
relevância dos direitos fundamentais ao nível dos contratos. A questão que
se pode levantar é se este contrato é contrário ou não aos bons costumes,
porque a sê-lo será nulo nos termos do 280º do CC. Para sabermos se um
contrato é ou não contrário aos bons costumes temos um parâmetro jus-
fundamental, o de saber se ele viola direitos fundamentais ou se os
restringe de forma desproporcional. Para sabermos isso nesse caso temos
de saber se é possível dispor em alguma medida do direito fundamental, o
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- Ela pode livremente dispor deste direito, a única coisa a que a empresa está
vinculada é à tal não objetivação grave com conteúdo de humilhação
gratuita da pessoa, a empresa apenas estará vinculada a este conteúdo
essencial do princípio da dignidade da pessoa humana. A empresa terá
ainda que respeitar o direito à imagem no sentido de a apresentação
concreta da imagem não descontextualizar e não distorcer a imagem que a
pessoa transmite ao longo do dia, fazendo cortes cirúrgicos de forma a dar
uma imagem não verdadeira ou falsa da realidade, do modo como a pessoa
se apresentou no programa.
- Ela ficou chateada com as imagens que foram apresentadas, e resolve sair
do programa. Pode fazê-lo?
- Há uma norma legal que é o artigo 81º do CC que de alguma forma
enquadra esta questão de direitos fundamentais, no qual se fala em ordem
pública, simplesmente esta tem de ser apreciada em termos de direitos
fundamentais, não é um conceito vago. Aplicando ao nosso caso, para
sabermos se é contrária ou não aos princípios da ordem pública, temos de
saber se atenta contra direitos fundamentais ou não. Em princípio,
tratando.se de direitos comunicacionais não atenta contra a ordem pública
a não ser que se trate de uma objetivação da pessoa que leve a uma
violação do princípio da dignidade da pessoa humana. A pessoa pode
limitar os seus direitos de personalidade, mas ao contrário do que sucede
no contrato normal em que ela está vinculada àquilo que disse no contrato,
ela pode revogar a todo o tempo aquilo que deu no seu consentimento.
Pode por a todo o termo fim ao contrato, algo que não acontece nos
contratos normais. Mas, pelo 81º CC, fica obrigada a indemnizar os
prejuízos das expectativas que se criaram. É possível fazer um contrato
sobre direitos de personalidade, que são direitos fundamentais, dispondo
deles, desde que isso não seja contrário à ordem publica, mas também é
possível por termo a toda a altura a esse mesmo contrato, sob de possível
indemnização.
- Temos de ponderar por um lado, a proteção forte dos direitos de
personalidade, e, por outro lado, a proteção dos interesses que se possam
contrapor a essa proteção forte dos direitos de personalidade. Dar tutela
aos direitos de personalidade ao permitir que o consentimento relativo à
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4.
1. Prevaricador: pessoa que não respeita uma determinada obrigação legal,
empresas prevaricadoras são pessoas que não respeitam uma obrigação
legal. Só poderiam exercer funções de segurança privada as empresas
determinadas.
- Temos um primeiro problema, saber se o DL é ou não inconstituicional por
restringir direitos, liberdades e garantias sem cumprir os requisitos previstos
na lei.
- Outro problema: problema central, saber como é que a AP deve proceder
quando é chamada a aplicar uma lei e a mesma suspeita que a mesma possa
ser inconstitucional por violar direitos, liberdades e garantias. Porque é que
isto é um problema? Regime específico para os direitos, liberdades e
garantias, um dos aspetos é que este regime beneficiava de um regime
especial em matéria de restrições, mas há mais aspetos ao regime de
direitos, liberdades e garantias previsto no artigo 18º.
• Um dos aspetos do regime específico de direitos, liberdades e garantias,
consiste no facto de eles vincularem as entidades publicas e as privadas,
previsto no 18º/1 2ª parte, que estabelece duas características:
aplicabilidade direta, valem sem lei, o simples facto de estarem na
constituição faz com que sejam diretamente aplicáveis em situações
concretas, e eles valem contra a lei.
• A lei que os contrarie vai ser declarada incosntitucional, segunda grande
ideia da aplicabilidade direta.
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• Jorge Miranda:
∆ Regra é que devemos aplicar, temos de ver se se verifica alguma das
exceções que ele enuncia.
∆ A liberdade de escolha de profissão não está prevista no catálogo de
direitos fundamentalíssimos no 19º/6.
∆ A segunda é discutível, o TC tem uma jurisprudência de considerar
inconstitucionais normas que violem o princípio dos efeitos
automáticos das penas. Podemos invocar que o TC tem vindo a
considerar outras normas semelhantes a esta como inconstitucionais, e
a AP pode remeter para a fundamentação do TC para essas demais
normas e não aplicar a lei.
- Como é que as empresas e os trabalhadores podem reagir, sendo aplicada
esta coima?
• 21º Constituição: direito à resistência, não usam da força, mas o direito
de resistência neste caso implicaria não pagar voluntariamente a coima,
poderiam esperar que a AP os viesse a executar judicialmente, ou então
podem antecipar-se e impugnar o ato administrativo do tribunal
mediante um processo administrativo, indo dar à inconstitucionalidade
da norma legal. Caberia ao Tribunal de 1ª instância apreciar se a norma é
ou não inconstitucional, decidindo que era então não teriam de pagar a
coima.
5.
6. Testamento vital
2.
- Através deste documento, pode ser feito por qualquer pessoa desde que
maior de idade e incapaz, em que manifeste de forma antecipada a sua
vontade quanto a um assunto muito especifico: o de determinar quais os
cuidados médicos que deseja ou não receber caso um dia no futuro exista
necessidade de existir uma intervenção médica quanto à prestação desses
cuidados e a pessoa não se encontre capaz nesse momento de demonstrar
o seu consentimento quanto a esse assunto – coma, por exemplo.
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- Para assegurar que essa pessoa pode assegurar o seu consentimento prévio
existe esta ideia do testamento vital, que tem algumas similitudes com a
figura do testamento civil.
- No civil, a pessoa demonstra de forma antecipada o que quer que aconteça
com o seu património antes de morrer, no testamento vital a pessoa decide
quais os cuidados médicos que quer receber caso um dia no futuro tenha
de ser tomada uma decisão com essa natureza, documento a priori, antes
de ocorrer uma decisão em concreto que implica essa decisão.
- O testamento vital é atualmente legal e possível em Portugal? Sim, desde
que estão preenchidos os pressupostos estabelecidos no diploma.
- Eutanásia: vem do grego antigo, que significa boa morte, significa a
possibilidade de antecipar a morte de alguém, pedido para morrer. Os
ordenamentos jurídicos que permitem esta prática em casos de doença
terminal de uma pessoa, que sabe que é uma questão de tempo até
morrer, e a pessoa pede para que tenham o comportamento ativo de a
matar, feita através de uma injeção letal. Pedido de antecipação da própria
morte, o que em Portugal ainda não é permitido,
- Coisa bem distinta do testamento vital, em que a pessoa apenas diz de
forma antecipada quais os cuidados médicos que deseja e não deseje
receber. Nos ordenamentos jurídicos em que a eutanásia é proibida, o
testamento vital nunca pode permitir a eutanásia. A própria lei do
testamento vital tem um artigo que diz que se o pedido concretizar um
auxílio ao suicídio, é como se não estivesse escrito.
- Nos ordenamentos jurídicos em que a eutanásia é legal, Bélgica, Suíça,
Holanda e Canadá, já é possível que uma pessoa peça, por via de
testamento vital, que lhe seja aplicada a eutanásia.
- Quais são os pedidos que podem ser feitos? Ortotanásia, algo permitido no
ordenamento jurídico português. Diferença entre ortotanásia e eutanásia:
na ortotanásia está em causa um pedido não de antecipação da morte, mas
sim que a morte venha quando deve vir, recusar tratamentos que estão a
prolongar a vida e que na sua falta vão fazer com que o doente vai morrer,
e desligar a máquina. Na eutanásia, estamos perante um comportamento
ativo dos médicos, os médicos ativamente matam a pessoa, e na
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7.
3. Qual é a norma objeto da apreciação da constitucionalidade? Normas para
efeitos de fiscalização da constitucionalidade, podem ser três coisas:
- Preceito ou artigo legal;
- Uma parte de um preceito ou artigo legal;
- Uma interpretação normativa: artigo quando interpretado num
determinado sentido na medida em que se aplica a determinado tipo de
situações ou não.
- Neste caso concreto, a norma objeto de fiscalização da constitucionalidade
é verdadeiramente uma interpretação normativa do 101º do DL 244/98 na
medida em que permite a expulsão de cidadãos estrangeiros que tenham a
seu cargo filhos de menores portugueses, o 101º não fala em parte alguma
de se ter ou deixar de ter filhos de menores portugueses a cargo, por e
simplesmente permite-se a expulsão de cidadãos estrangeiros.
- Uma coisa diferente do objeto de apreciação da constitucionalidade são os
seus parâmetros, que são as disposições constitucionais ou os princípios
consignados na Constituição.
- 204º e 207º Constituição: indicação clara do que é o objeto e o que são os
parâmetros de apreciação da constitucionalidade. 204º: está em causa, na
apreciação da constitucionalidade, a não aplicação de normas, sendo certo
que o tribunal tem estendido de tal forma este conceito de norma, que
abrange não apenas os artigos legais e parte desses artigos, mas também a
interpretação normativa desses artigos legais. Ou aquilo que está
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8.
3. Rendimento social de inserção
- Qual é a norma cuja inconstitucionalidade se está a apreciar? 4º/1 do
Decreto da AR que pretender alterar o rendimento social instituído
estabelecendo o rendimento mínimo social de inserção.
- Este artigo altera a idade mínima de atribuição do subsídio, que antes era
de 18 anos, podia ser concedida a qualquer cidadão maior de idade, e com
esta lei passa só a ser concedido a qualquer cidadão com mais de 25 anos.
- Qual é o grande princípio tradicional em matéria de direitos sociais? Grande
princípio que de alguma forma hoje em dia rejeitamos para dizer que ele
não é automo relativamente a outros dois princípios? Proibição do
retrocesso social, atingido um determinado nível de proteção do estado
social, concretizado um determinado direito social, não é possível alterar
essa lei para pior, nem muito menos revoga-la. Isto era o grande princípio
em matéria de direitos sociais. Pressupunha-se que a sociedade estava
numa constante marcha para melhor.
- A ideia que aparecia muito claramente na jurisprudência do TC e na
Constituição anotada de Gomes Canotilho e Vital Moreira a ideia era a de
que quando há um direito social estabelecido na Constituição, o legislador
fica só por isso investido numa obrigação positiva de concretizar esse
direito social de forma a dar-lhe efetividade. Portanto, se a Constituição
prevê o direito à segurança social o legislador fica obrigado a fazer uma lei
de bases da segurança social prevendo as prestações que a segurança social
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dá e a forma de calculo de cada uma dessas prestações. Uma vez feita a lei
da segurança social, o legislador fica investido numa obrigação negativa de
se abster, de revogar essa lie ou de a alterar para pior, suprimindo, assim, o
direito social já concretizado na lei.
- No acórdão, ainda se invoca este princípio? Não, pois dizem que este
principio não é aceitável por limitar a liberdade de conformação do
legislador democraticamente eleito, limita a livre conformação do
legislador. Se aceitarmos este principio, uma vez feita uma lei a concretizar
um determinado direito social, já não é possível fazer uma nova lei a
eliminar o direito social tal como está concretizado nessa lei. Cristaliza e
rigidifica este subsídio impedindo o legislador atual de eliminar, por
exemplo, uma determinada comparticipação de cuidados médicos.
- Porque é que o acórdão, apesar de vir dizer que o princípio hoje já não é
aceitável, discute esse princípio? O princípio da proteção da confiança não
espera nenhuma expectativa legitima de que as leis não possam ser
alteradas para o futuro, o que ele garante são as situações já concretizadas
no passado. Não podemos ter a expectativa de vir um dia, daqui a trinta
anos, a receber a reforma nos exatos termos que estão hoje na lei, a menos
que vigorasse a proibição do retrocesso social.
- Este acórdão faz a aplicação de uma forma claríssima dos parâmetros.
Tradicionalmente, tratavam-se os problemas de direitos sociais à luz do
princípio do retrocesso social.
- Hoje em dia, fala-se no princípio do não retorno da concretização que é
especificado através de 3 subprincípios que têm de ser autonomizados:
• Princípio da proteção da confiança: criada uma determinada expectativa
legítima pelo Estado de existência de um direito social só é possível
alterar esse direito social para pior ou eliminá-lo se houver um interesse
público suficientemente forte que o justifique. Tem que se demonstrar
que essa alteração é fundamental do ponto de vista da sustentabilidade
do direito social. Altera-se a lei da segurança social demonstrando que se
não for feita essa alteração o sistema não será sustentável a prazo,
entrar em falência, não será possível pagar pensões a ninguém. Quando
se fazem estas alterações, respeitam-se as situações já consolidadas,
respeita-se o princípio da confiança. Neste caso, não havia violação do
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PICOLO 11/05/18
Fiscalização da constitucionalidade
- A ideia foi mesmo só a de atrasar um pouco a justiça.
- O problema a esta num segundo tipo de casos em que o recurso tem
fundamento e razão de ser porque tem alguns efeitos. Pode acontecer que
a pessoa tenha toda a razoado, mas como o recurso está mal feito, o
tribunal nada pode fazer.
- Os recursos não são fáceis de fazer, é complicado mesmo para quem
trabalha no Tribunal Constitucional, e, por outro lado, geralmente, as
faculdades de direito não apontam no ensino da forma de fundamentais
destes processos.
- Rem que parte da Constituição é que estes processos estão previstos?
Quarta e última parte, uma relativa à garantia e outra relativamente à
revisão da Constituição, a fiscalização da constitucionalidade é uma forma
de garantia da Constituição, de assegurar que as normas da Constituição
são verificadas + 69º a 85º da Lei do TC.
- Há dois diferentes processos de fiscalização da constitucionalidade:
fiscalização concreta e fiscalização abstrata. Tanto a abstrata como a
concreta incidem sobre normas especificas.
- Fiscalização abstrata: a apreciação sobre a possível inconstitucionalidade de
uma norma é feita em abstrato, independentemente da aplicação dessa
norma num caso concreto num determinado processo judiciário.
• Fiscalização abstrata sucessiva: casos em mais comuns em que a norma
está em vigor, e a produzir efeitos e certa entidade com legitimidade
pede ao TC que aprecie a norma.
• Preventiva: é feita antes de uma norma entrar em vigor. Em regra, é o PR
que tem legitimidade para fazer este tipo de pedidos ao TC. Quando um
tratado internacional ou uma lei é enviado para promulgação, pode
enviar o diploma para o TC antes de os promulgar. Se entender que tem
uma norma ou várias normas inconstitucionais, o PR usa o veto por
inconstitucionalidade e devolve o diploma ao órgão do qual emanou. O
instrumento normativo em que a norma se insere não entrou em vigor.
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• Por omissão: mais raro, discute-se uma omissão legislativa, i.e., o facto de
o legislador não ter emanado uma determinada norma fundamental para
cumprir um determinado princípio, uma determinada norma
constitucional. Ou então a mesma pode ser insuficiente para cumprir uma
determinada coordenada constitucional.
- Fiscalização concreta: a apreciação é feita em concreto, a propósito da
aplicação de uma norma a um caso concreto num processo judicial. Três
características essenciais do processo.
• Processos de fiscalização normativa: incide sobre normas, muitas vezes
este é o grande problema dos recursos, discutir-se a inconstitucionalidade
de atos que não são normas. No nosso ordenamento jurídico apenas
podem ser apreciadas a inconstitucionalidade de normas gerais e
abstratas.
∆ Não pode ser suscitada a inconstitucionalidade de atos administrativos,
pode ser impugnada a inconstitucionalidade, mas a mesma deve ser
feita nos tribunais administrativos. Também não pode ser sindicada a
inconstitucionalidade de decisões judiciais.
∆ Este recurso tem inicio num tribunal relativamente à possível
inconstitucionalidade ou não de uma norma, mas o juízo de apreciação
incide apenas sobre o problema da constitucionalidade da norma, que
é discutida neste processo, e não sobre a decisão concreta nesse
tribunal.
• Processo de fiscalização difusa: fiscalização difusa porque o controlo para
a fiscalização não está concentrado no TC, qualquer tribunal pode fazer
fiscalização concreta. Podem também apreciar se uma norma é ou não
inconstitucional nos processos em que são chamados a julgar.
∆ Na fiscalização abstrata, o controlo está concentrado no TC
∆ Na fiscalização concreta, dá-se o inverso. O TC apenas se pronuncia
eventualmente numa segunda fase quando haja recurso do tribunal
ordinário. Em França, só o Conselho Constitucional francês é que pode
fazer esta decisão, se um tribunal tem duvidas tem de suspender a
instância e remeter a questão para o TC.
∆ Isto é uma verdadeira obrigação dos tribunais, que decorre do 204º da
Constituição. Esta norma insere-se numa parte da Constituição que
regula o funcionamento dos tribunais e determina que os tribunais têm
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Fases da fiscalização
- O processo nasce sempre num tribunal que não é o TC: tribunal ordinário
204º Constituição, quando nasce a questão o tribunal tem que decidir e
pode preferir uma de duas decisões:
• Decisão positiva de acolhimento da inconstitucionalidade: julga a norma
como inconstitucional e não a aplica ao caso concreto. Em sede de
fiscalização concreta, mesmo que a norma seja considera
inconstitucional, ela não desaparece do ordenamento jurídico, o único
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9.
4.
- Decisão proferida em primeira instância que condenou o arguido, que não
se conformou e recorreu para o tribunal da relação invocando a
inconstitucionalidade do 127º do CPP.
- 127º: princípio da livre apreciação da prova por parte do julgador. Como
regra geral, o juiz pode apreciar livremente a prova produzida, salvo
algumas exceções, e para formar a sua convicção sobre os factos tende em
conta o que foi produzido.
- Este arguido foi condenado com base na prova indireta, que abrange a
prova por presunções judiciais. É quando o juiz parte de determinados
factos dados como provados, através de meios de prova admissíveis, para
dar também como provados determinados factos desconhecidos. Presume
que os factos desconhecidos foram cometidos como indício dos factos
comprovados. Os factos estão numa relação tal entre eles que se um foi
provado torna-se presumível que outro também foi cometido.
- Ao permitir que o juiz possa, indiretamente, fazer estas presunções
judiciais, o arguido invoca a inconstitucionalidade da norma que permite ao
juiz inferir várias ilações, partindo dos factos para dar outros factos
desconhecidos como provados, mesmo que fosse possível poder enunciar a
probabilidade de haver outros factos possíveis como provados, que fossem
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é verdade que se diga que a ratio decidendi era apenas o numero 1 desta
norma, não é correta a interpretação que o juiz relator invoca.
- O problema de inconstitucionalidade suscitado no processo e que leva a
uma decisão do tribunal ordinário, tem de ser o mesmo invocado pelo
recurso. A norma tem de ser a mesma e a interpretação invocada pelo
tribunal ordinário tem de ser a mesma objeto de recurso.
- 78º-A lei do TC: que é que constitui a conferência? 78º-A/3: o Presidente ou
o Vice-Presidente, consoante a secção em questão, quantos juízes
compõem? 3 juízes na conferencia 78º-A/3, Presidente ou Vice-presidente,
Relator e outro juiz da respetiva secção.
- Esta decisão não foi decidida pela conferencia, no caso, tendo sido
necessário reunir todos os juízes. Para que possa ser decidida pela
conferencia, é necessário que os 3 juízes estejam de acordo, basta que um
não concorde para que seja necessário reunir a secção 78º/4 Lei do TC.
- É mais comum haver um acórdão da conferência para dar continuidade à
reclamação, pois para decidir contra a reclamação é necessário que o
relator mude a sua posição, o que à partida, não acontecerá. Consoante
seja a secção ou a conferência a decidir, as possibilidades em aberto são as
mesmas quando estava em causa o processo preliminar da decisão sumária.
- Se a conferencia entenderem que não há razão para a reclamação, o
processo acaba aí, não se seguindo para a fase de alegações.
- Ou o processo prossegue e aplica-se o número 5.
- Neste caso, 3 juízes estavam de acordo, tendo sido proferido um acórdão.
- Quais são os efeitos de uma decisão do TC?
• 80º Lei do TC : caso julgado nesse processo, definitiva quanto ao
problema da inconstitucionalidade, nesse processo só, e a questão não
pode voltar a ser discutida. Efeitos limitados ao caso concreto, só se
produzem nesse processo concreto, continuando a norma em vigor no
ordenamento jurídico.
• Só quando o TC emita 3 decisões no sentido da inconstitucionalidade em
sede de fiscalização concreta, é dado inicio um processo de fiscalização
abstrata para que a norma seja extinta do ordenamento jurídico.
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