2º Simulado

ENAM

EXAME NACIONAL DA MAGISTRATURA (PÓS-EDITAL)

Tipo – GRAN

a F rova
SUA PROVA INFORMAÇÕES GERAIS

As questões objetivas têm cinco alternativas de Verifique se seu caderno está completo, sem repe-

GV
ba de p
resposta (A, B, C, D, E) e somente uma delas tição de questões ou falhas. Caso contrário, noti-
está correta; fique imediatamente o Fiscal da Sala, para que
sejam tomadas as devidas providências;
Além deste caderno de questões, contendo
setenta questões objetivas, você receberá do Confira seus dados pessoais, especialmente nome,
ela to
Fiscal de Sala: nc número de inscrição e documento de identidade
e leia atentamente as instruções para preencher
o cartão-resposta das questões objetivas.
ma

o cartão-resposta;
Use somente caneta esferográfica, fabricada em
material transparente, com tinta preta ou azul;
ad o for

Assine seu nome apenas no(s) espaço(s)

reservado(s);
TEMPO
Confira sua cor e tipo do caderno de questões.
op
on

Caso tenha recebido caderno de cor ou tipo

Você dispõe de 4h para a realização da prova, já
diferente do impresso em seu cartão-resposta,
incluído o tempo para a marcação do cartão-res-
o fiscal deve ser obrigatoriamente informado
ad

posta e preenchimento da folha de texto definitivo;

para o devido registro na Ata da Sala;
3 horas após o início da prova é possível retirar-se
lic

Reserve tempo suficiente para o preenchimento

se

da sala, sem levar o caderno de questões;

do seu material. O preenchimento é de sua res-
Faltando 30 minutos para o final da prova é ponsabilidade e não será permitida a troca do
ap
Ba

possível retirar-se da sala levando o caderno cartão-resposta ou folha de texto definitivo em

de questões. caso de erro;
Para fins de avaliação, serão levadas em considera-
ção apenas as marcações realizadas no cartão-
-resposta e na folha de texto definitivo;
Os candidatos serão submetidos ao sistema de
detecção de metais quando do ingresso e
NÃO SERÁ PERMITIDO
da saída de sanitários durante a realização
das provas.
Qualquer tipo de comunicação entre os candidatos
durante a aplicação da prova; Boa sorte!

Levantar da cadeira sem autorização do

Fiscal de Sala;
Usar o sanitário ao término da prova, após
deixar a sala.
 FOLHA DE ROSTO ORIENTATIVA PARA PROVA OBJETIVA
LEIA AS ORIENTAÇÕES COM CALMA E ATENÇÃO!

INSTRUÇÕES GERAIS

● Atenção ao tempo de duração da prova, que já inclui o preenchimento da folha de respostas.

● Cada uma das questões da prova objetiva está vinculada ao comando que imediatamente
a antecede e contém orientação necessária para resposta. Para cada questão, existe
apenas UMA resposta válida e de acordo com o gabarito.
● Faltando uma hora para o término do simulado, você receberá um e-mail para preencher
o cartão-resposta, a fim de avaliar sua posição no ranking. Basta clicar no botão vermelho
de PREENCHER GABARITO, que estará no e-mail, ou acessar a página de download da
prova. Você deve fazer o cadastro em nossa plataforma para participar do ranking. Não se
preocupe: o cadastro é grátis e muito simples de ser realizado.
– Se a sua prova for estilo Certo ou Errado (CESPE/CEBRASPE):
marque o campo designado com o código C, caso julgue o item CERTO; ou o campo
designado com o código E, caso julgue o item ERRADO. Se optar por não responder
a uma determinada questão, marque o campo “EM BRANCO”. Lembrando que, neste
estilo de banca, uma resposta errada anula uma resposta certa.
Obs.: Se não houver sinalização quanto à prova ser estilo Cespe/Cebraspe, apesar de
ser no estilo CERTO e ERRADO, você não terá questões anuladas no cartão-resposta
em caso de respostas erradas.
– Se a sua prova for estilo Múltipla Escolha:
marque o campo designado com a letra da alternativa escolhida (A, B, C, D ou E). É
preciso responder a todas as questões, pois o sistema não permite o envio do cartão
com respostas em branco.
● Uma hora após o encerramento do prazo para preencher o cartão-resposta, você receberá um
e-mail com o gabarito para conferir seus acertos e erros. Caso você seja aluno da Assinatura
Ilimitada, você receberá, com o gabarito, a prova completa comentada – uma vantagem
exclusiva para assinantes, com acesso apenas pelo e-mail e pelo ambiente do aluno.
● Não serão realizadas correções individuais das provas discursivas.

Em caso de solicitação de recurso para alguma questão, envie para o e-mail:

treinodificil_jogofacil@grancursosonline.com.br.
Nossa ouvidoria terá até dois dias úteis para responder à solicitação.

Desejamos uma excelente prova!

 FICHA TÉCNICA DO MATERIAL
grancursosonline.com.br

CÓDIGO:
2403044177M

TIPO DE MATERIAL:
Simulado Preparatório

NUMERAÇÃO:
2º Simulado

NOME DO ÓRGÃO:
Exame Nacional da Magistratura
ENAM

MODELO/BANCA:
FGV

EDITAL:
Pós-Edital

DATA DE APLICAÇÃO:
03/2024

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:
03/2024

Este material está sujeito a atualizações. O Gran não se responsabiliza por custos
de impressão, que deve ser realizada sob responsabilidade exclusiva do aluno.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)

Direito Constitucional, Direito Constitucional (C) Os estados podem estabelecer foro especial aos ve-
do Trabalho, Direito Constitucional Tributário e readores, ressalvada a competência constitucional
do tribunal do júri.
Normas Constitucionais de Processo Penal (D) A imunidade material garantida ao parlamentar afas-
Samuel Marques ta a responsabilidade administrativa por palavras,
opiniões e votos, desde que expressos no espaço da
1 Casa Legislativa por ele integrada.
A ação civil pública, instrumento relevante do ordena- (E) Deputados estaduais e vereadores gozam de imuni-
mento jurídico brasileiro, desempenha um papel funda- dade material somente no exercício do mandato e na
mental na defesa dos interesses coletivos e individuais circunscrição do município sede do Poder Legislativo
indisponíveis da sociedade. Diante do instituto ação civil do qual são integrantes.
pública e do entendimento do Supremo Tribunal Federal
e dos tribunais superiores, julgue as afirmativas a seguir. 3
Sobre as disposições jurisprudenciais acerca da proteção
I – O Ministério Público não possui legitimidade para
dos direitos fundamentais, julgue as afirmativas a seguir.
propor ação civil pública que trate sobre honorários
advocatícios abusivos. I – É inconstitucional a lei de proteção animal que, a
II – O Ministério Público pode propor ação civil pública fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o
com o objetivo de invalidar um acordo celebrado en- sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de
tre o contribuinte e o poder público, caso seja cons- matriz africana.
tatado que tal acordo prejudica as receitas públicas II – Admitem-se limitações por lei ao livre exercício das
devido à diminuição da arrecadação tributária. profissões, sendo consideradas legítimas quando
III – O Ministério Público tem competência para contes- o inadequado exercício de determinada atividade
tar, por meio de uma ação civil pública, a restrição na possa vir a causar danos a terceiros e desde que
dedução de despesas com educação no imposto de obedeçam a critérios de adequação e razoabilidade.
renda das pessoas físicas, considerando os direitos III – Não viola o direito à intimidade a requisição, pelo
individuais homogêneos dos contribuintes afetados.
Ministério Público, de informações bancárias de ti-
Está(ão) correta(s): tularidade de órgão e entidades públicas, a fim de
(A) Afirmativas I e II. proteger o patrimônio público.
(B) Afirmativas I e III.
Assinale a alternativa que corresponda a todas as afir-
(C) Afirmativa II, somente.
(D) Afirmativas II e III. mativas corretas.
(E) Afirmativa I, somente. (A) Itens I e III.
(B) Item I, somente.
2 (C) Itens II e III.
As imunidades parlamentares são garantias conferidas (D) Item II, somente.
aos membros do Poder Legislativo em muitos países de- (E) Itens I, II e III.
mocráticos, visando proteger a independência e o livre
exercício das funções parlamentares. Elas são importan-
tes para o funcionamento eficaz do sistema democrático
e para proteger os representantes do povo contra even-
tuais abusos ou pressões externas.
Sobre tal temática, assinale a alternativa correta.
(A) Em tema de responsabilização civil de parlamentar,
na hipótese de as declarações ofensivas à honra da
pessoa terem sido assacadas no recinto da Casa Le-
gislativa, notadamente da tribuna parlamentar, já
decidiu o Supremo Tribunal Federal pelo reconheci-
mento da natureza absoluta da imunidade material.
(B) Aos suplentes de senadores e deputados federais
são garantidas as mesmas prerrogativas dos titula-
res, ainda que aqueles não estejam em exercício.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
4 (C) O instituto da cláusula de reserva de plenário en-
O Congresso Nacional aprovou projeto de lei, apresenta-
do pela Senadora Kelly, que aumentava os vencimentos
dos servidores públicos federais. O Presidente da Repú-
blica, considerando tal projeto de lei como inconstitu-
cional, o vetou. Em momento posterior, o veto foi rejei-
tado pela maioria relativa dos Deputados e Senadores,
sendo ao final promulgada pelo Presidente da Repúbli-
ca a Lei YY.
À luz da sistemática constitucional, o processo legislativo
que culminou com a promulgação da Lei YY apresenta:
(A) Um vício formal de inconstitucionalidade, uma vez
que o veto só poderia ser rejeitado mediante a maio-
ria absoluta dos deputados e senadores.
(B) Um vício material de inconstitucionalidade em relação
à matéria do projeto de lei, cuja iniciativa é reservada ao
chefe do Poder Executivo, e um vício formal em relação
à rejeição ao veto, já que este só poderia ocorrer me-
diante a maioria absoluta dos deputados e senadores.
(C) Um vício material de inconstitucionalidade, pois a
matéria versada no projeto era de iniciativa reserva-
da do Presidente da República Federativa do Brasil.
(D) Dois vícios formais de inconstitucionalidade, pois a
matéria era de iniciativa reservada do Chefe do Po-
der Executivo e o veto só poderia ser rejeitado pela
maioria absoluta dos Deputados e Senadores.
(E) Dois vícios formais de inconstitucionalidade, pois o veto
só poderia ser rejeitado pela maioria absoluta dos De-
putados e Senadores e a promulgação da lei deveria ser
realizada pelo presidente do Senado Federal.
5 mentação a partir das respectivas normas organi-
A cláusula de reserva de plenário é de extrema importân-
cia para as decisões de controle de constitucionalidade,
pois assegura a preservação da segurança jurídica e da
estabilidade das instituições. Essa cláusula estabelece,
de forma geral, o necessário pronunciamento da maio-
ria absoluta membros de órgão jurisdicional colegiado.
Diante do instituto da cláusula de reserva de plenário,
assinale a alternativa correta.
(A) A cláusula da reserva de plenário não alcança o Su-
premo Tribunal Federal, em virtude das característi-
cas institucionais que lhe conferem estatura de genu-
ína corte constitucional.
(B) A cláusula de reserva de plenário somente se aplica
ao Supremo Tribunal Federal no exercício do contro-
le concentrado de constitucionalidade.
contra mitigações em algumas situações, como, por
exemplo, em decisões em que se aplica o método de
decisão em interpretação conforme.
(D) Via de regra, a cláusula de reserva de plenário deve
ser aplicada em todas as decisões de órgãos colegia-
dos que visem a declaração de constitucionalidade
de lei ou ato normativo.
(E) Não viola a cláusula de reserva de plenário a deci-
são de órgão fracionário de tribunal que, embora
não declare expressamente a inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte.
6
As imunidades conferem proteção aos titulares de car-
gos públicos em diferentes níveis, desempenhando um
papel crucial na garantia da independência e no funcio-
namento adequado das instituições democráticas.
Sobre as imunidades aplicáveis aos chefes do Poder Exe-
cutivo, assinale a alternativa correta.
(A) As imunidades processuais do Presidente da Repú-
blica, relacionadas ao foro, à prisão, ao processo e
à admissibilidade legislativa não são extensíveis aos
governadores, pois são inerentes à função de Chefia
de Estado.
(B) Os chefes do Poder Executivo, em semelhança aos
cargos de membros do Poder Legislativo, são titula-
res de imunidades formais e materiais.
(C) A responsabilização dos chefes do Poder Executivo,
nos diferentes níveis de federação, encontra funda-
zatórias.
(D) Em semelhança do que ocorre com a responsabili-
zação do Presidente da República, o Governador de
estado só poderá ser julgado por crime comum caso
haja autorização de dois terços da Assembleia Legis-
lativa do respectivo estado.
(E) O Governador de estado deverá ser julgado pela As-
sembleia Legislativa em razão de crime de respon-
sabilidade, conforme preceitua a respectiva Cons-
tituição Estadual, em simetria ao estabelecido pela
Constituição Federal.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
7 9
As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) desempe-
nham um papel crucial no sistema democrático, especial-
mente no âmbito do Poder Legislativo. Elas são ferramen-
tas poderosas de investigação, fiscalização e transparência,
e sua importância pode ser observada em vários aspectos.
Sobre as CPIs, diante de sua compreensão constitucional
e jurisprudencial, assinale a alternativa correta.
(A) As comissões parlamentares de inquérito possuem
poderes de investigação próprios de autoridades ju-
diciais para a apuração de fato determinado por pra-
zo indeterminado.
(B) As CPIs instauradas pelos poderes legislativos muni-
cipais possuem poderes investigativos próprios das
autoridades judiciais.
(C) Dado o princípio majoritário adotado pela CF, o pedi-
do de criação de comissão parlamentar de inquérito
efetuado por um terço dos membros da casa legis-
lativa fique condicionado à vontade da maioria do
plenário, que, se assim deliberar, poderá impedir a
instalação da respectiva comissão.
(D) As CPIs possuem margem de discricionariedade para
decidir sobre as possíveis linhas investigativas sobre
quem recai a investigação.
(E) Competem às comissões parlamentares de inquéri-
to a apuração de irregularidades e a aplicação das
respectivas sanções, constituindo tais competências
hipóteses de controle político.
8
Considerando a doutrina clássica e majoritária do direito
constitucional brasileiro sobre as técnicas de interpreta-
ção hermenêutica e concepções de constituições, assi-
nale a alternativa incorreta.
(A) A abordagem sociológica da Constituição destaca
que esse documento é influenciado por uma varie-
dade de fatores sociais, políticos e econômicos que
caracterizam a sociedade, além de ser moldado
pelo contexto histórico e pelas relações de poder
vigentes.
(B) Quando uma norma apresenta múltiplas interpreta-
ções e o STF determina que apenas uma delas está
em conformidade com os preceitos constitucionais,
caracteriza-se o processo de interpretação conforme
à Constituição.
(C) Os princípios funcionam como mandamentos de oti-
mização, dotados de máxima eficácia, orientando a
interpretação constitucional e representando o ideal
a ser alcançado por meio das diferentes respostas
possíveis dentro do ordenamento jurídico.
(D) A Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen buscava dis-
sociar a ciência jurídica de qualquer consideração de
natureza moral.
(E) Carl Schmitt afirma que a Constituição significa a
decisão política fundamental; vale dizer, a decisão
concreta sobre o modo e a forma de existência da
unidade política.
As garantias dos magistrados são importantes para asse-
gurar a independência, imparcialidade e integridade do
Poder Judiciário. Essas garantias visam proteger os juízes
de possíveis pressões externas e interferências políticas,
garantindo que eles possam exercer suas funções de for-
ma livre e justa.
Sobre as garantias dos magistrados, julgue as afirmati-
vas a seguir:
I – Os magistrados adquirem vitaliciedade após
dois anos de exercício no cargo, seja em que ins-
tância for.
II – A irredutibilidade impede que os subsídios recebi-
dos pelos juízes sofram qualquer espécie de des-
conto, de natureza tributária ou previdenciária.
III – Os advogados que ingressam nos tribunais estadu-
ais ou federais pelo quinto constitucional adquirem
vitaliciedade após dois anos de efetivo exercício
da carreira.
Assinale a alternativa que corresponda a todas as afir-
mativas incorretas.
(A) Itens I e III.
(B) Item I, somente.
(C) Itens II e III.
(D) Item II, somente.
(E) Itens I, II e III.
10
A repartição de competências entre os entes federativos
é um dos princípios fundamentais do federalismo e de-
sempenha um papel crucial na organização e na estabi-
lidade do Estado.
Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
(A) No tocante à legislação sobre proteção e integração
social das pessoas portadoras de deficiência, à União
cabe o estabelecimento de normas gerais.
(B) É constitucional lei que obrigue supermercados ou
similares à prestação de serviços de acondiciona-
mento ou embalagem das compras.
(C) É inconstitucional lei municipal que proíba o uso de
fogos de artifício de efeito sonoro ruidoso no âmbito
do Município.
(D) É inconstitucional lei municipal que estabelece que
os supermercados e hipermercados do Município fi-
quem obrigados a colocar à disposição dos consumi-
dores pessoal suficiente no setor de caixas, de forma
que a espera na fila para o atendimento seja de, no
máximo, 15 minutos.
(E) O município não tem competência para estabelecer
sobre horário de funcionamento comercial.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)

11 (C) Os regimentos internos dos tribunais não podem ser

O sistema tributário nacional é essencial para financiar objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade.
o Estado, promover a justiça social, estimular a econo- (D) A súmula de jurisprudência e a súmula vinculante
mia, controlar a inflação e fortalecer a cidadania. Ele é são consideradas atos normativos, sujeitos, portan-
crucial para garantir os recursos necessários para os ser- to, ao controle de constitucionalidade concentrado.
viços públicos e para redistribuir a renda de forma mais (E) Dado o princípio da unidade da Constituição Federal,
equitativa, além de ser um instrumento importante para norma constitucional originária pode ser objeto de
o desenvolvimento econômico e o controle da estabili- Ação Direta de Inconstitucionalidade.
dade financeira.
Diante do exposto, analise as seguintes afirmativas: 13
O controle de convencionalidade sustenta que as leis
I – De acordo com o Supremo Tribunal Federal, norma podem ser avaliadas não apenas quanto à sua confor-
legal que altera o prazo de recolhimento de obri- midade com a Constituição, mas também com tratados
gação tributária não se sujeita ao princípio da an- e convenções internacionais sobre Direitos Humanos.
terioridade. Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Fede-
II – O princípio constitucional que proíbe a instituição ral sobre tratados internacionais, assinale a alternativa
de tributo federal não uniforme no território nacio- incorreta.
nal impede a concessão de tratamento fiscal dife- (A) Tratados internacionais sobre direitos humanos equi-
renciado, com base em critérios regionais. valentes às normas supralegais podem ser objeto de
III – Há imunidade tributária na importação e comercializa- controle de convencionalidade.
ção, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) (B) Em âmbito interno, o controle de convencionalidade
e dos suportes exclusivamente utilizados para fixá-los, é um poder-dever não só dos membros do Poder Ju-
como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda diciário, mas de toda e qualquer autoridade pública.
que possuam funcionalidades acessórias. (C) De acordo com a CF, os tratados internacionais de
direitos humanos que forem aprovados, em cada
Assinale a alternativa correta.
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
(A) I e II estão corretas.
quintos dos votos dos respectivos membros, terão
(B) II e III estão corretas.
status de norma constitucional.
(C) I e III estão corretas.
(D) Os tratados internacionais equivalentes às emendas
(D) Somente I está correta.
constitucionais podem fundamentar tanto o controle
(E) Todas as afirmativas estão corretas.
de constitucionalidade quanto o controle de conven-
cionalidade.
12
(E) Os tratados internacionais sobre direitos humanos,
O controle de constitucionalidade é essencial para ga-
anteriores à promulgação da Emenda Constitucional
rantir a supremacia da Constituição e a harmonia entre
os poderes do Estado. Ele assegura que as leis e atos n. 45, independentemente da forma de aprovação,
normativos estejam em conformidade com os preceitos serão equivalentes às normas supralegais.
constitucionais, protegendo os direitos fundamentais
dos cidadãos e fortalecendo o Estado de Direito. Além
disso, contribui para a estabilidade jurídica e a seguran-
ça das relações sociais, políticas e econômicas.
Diante do tema, assinale a alternativa correta.
(A) Conforme entendimento consolidado pelo Supremo Tri-
bunal Federal, admite-se a constitucionalidade superve-
niente de norma que, quando da edição, esteja eivada
de inconstitucionalidade, mas que se torna válida após a
mudança do parâmetro normativo constitucional.
(B) Estará prejudicado o julgamento de Ação Direta de In-
constitucionalidade quando houver revogação do ato
normativo que estava sendo impugnado e não for de-
monstrada a ocorrência de fraude processual, com o ob-
jetivo de evitar que o STF declare o ato inconstitucional.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)

14 (C) A participação de membro do Ministério Público, na

A Teoria Geral dos Direitos Fundamentais estabelece que fase investigatória criminal, acarretará o seu impedi-
esses direitos são inerentes à condição humana, univer- mento para o oferecimento de denúncia.
sais, indivisíveis e imprescritíveis. Eles visam garantir a (D) É constitucional dispositivo de Constituição Estadu-
dignidade, liberdade e igualdade de todos os indivíduos al que dispõe competir à Assembleia Legislativa do
perante o Estado e a sociedade. Esses direitos são funda- Estado processar e julgar Defensor Público-Geral do
mentais para a proteção dos valores democráticos e do Estado nos crimes de responsabilidade.
Estado de Direito, devendo ser respeitados, promovidos (E) Em razão da simetria, os princípios institucionais e as
e protegidos pelos poderes públicos em todas as suas prerrogativas funcionais do Ministério Público e da
Defensoria Pública podem ser estendidos às procu-
dimensões: civil, política, econômica, social e cultural.
radorias estaduais.
Assinale a alternativa correta.
(A) Os direitos fundamentais se diferenciam dos direitos
humanos a partir de seu objetivo.
16
Sobre as provas no âmbito do processo penal constitu-
(B) A cláusula de abertura material do catálogo de direi-
cional, assinale a alternativa correta.
tos fundamentais expressa no parágrafo 2º do art. 5º
(A) O Supremo Tribunal Federal entende que é dispen-
da Constituição Federal autoriza que direitos consa-
sável que todo o conteúdo das conversas captadas
grados fora do Título II do texto constitucional sejam
por meio de interceptação telefônica seja degravado
incorporados ao referido rol.
(transcrito) e colocado à disposição da defesa, o que
(C) A dimensão subjetiva dos direitos fundamentais está
não ofende à paridade de armas e à ampla defesa e
ligada ao reconhecimento de que tais direitos impli-
de consequente decretação de nulidade.
cam deveres de proteção do Estado.
(B) A realização de busca e apreensão pessoal ou domi-
(D) As normas definidoras dos direitos e garantias funda-
ciliar exige prévia expedição de mandado pela auto-
mentais têm aplicabilidade imediata.
ridade judicial competente.
(E) Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos,
(C) O princípio da comunhão das provas estabelece que
o Procurador-Geral da República, com a finalidade de
todas as provas, sem exceção, uma vez no processo,
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes
pertencem a todos os sujeitos processuais.
de tratados internacionais de direitos humanos dos
(D) O Código de Processo Penal faculta que o juiz, de ofí-
quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o
cio, ordene a produção de provas, desde que tenha
Supremo Tribunal Federal, em qualquer fase do in-
sido iniciada a ação penal.
quérito ou processo, incidente de deslocamento de
(E) Segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores,
competência para a Justiça Federal.
a confissão do suspeito torna desnecessárias outras
diligências para a elucidação do caso, desde que o
15
autor tenha indicado os motivos e circunstâncias do
As funções essenciais à justiça desempenham papéis
fundamentais para o funcionamento e a garantia da fato e se outras pessoas concorreram para a infração.
justiça e do Estado de Direito. Elas incluem o Ministé-
rio Público, a Defensoria Pública, a Advocacia Pública e
a Advocacia Privada. Essas instituições atuam na defe-
sa dos direitos individuais e coletivos, na promoção da
igualdade perante a lei e no combate à impunidade, as-
segurando a efetividade do sistema jurídico e o acesso à
justiça para todos os cidadãos.
Sobre as funções essenciais à Justiça, assinale a alterna-
tiva correta.
(A) É inconstitucional norma estadual que autoriza ocupan-
te de cargo em comissão a desempenhar atribuições de
assessoramento jurídico, no âmbito do Poder Executivo.
(B) A Defensoria Pública não pode prestar orientação jurí-
dica e exercer a defesa em favor de pessoas jurídicas.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
Direito Administrativo
Renato Borelli
17
O ato de nomeação de Ministros do STF, em que a von-
tade final da Administração Pública exige a intervenção
de agentes ou órgãos diversos, havendo autonomia em
cada uma das manifestações, pode ser classificado como
ato administrativo:
(A) Complexo.
(B) Composto.
(C) Simples.
(D) Coletivo.
(E) Consultivo.
18
Quanto ao Poder de Polícia, marque a alternativa correta.
(A) A polícia administrativa restringe o exercício das ati-
vidades ilícitas, vedadas pelo ordenamento e apre-
senta relacionamento direito e imediato com o Po-
der Judiciário.
(B) A licença não pode ser negada ao particular quan-
do este atende a todos os requisitos legais a sua
obtenção.
(C) A licença não pode estar sujeita a prazo de valida-
de, mas pode ser anulada ante ilegalidade super-
veniente.
(D) A autorização tendo sido outorgada por prazo certo,
é possível a sua revogação por questão de conveni-
ência administrativa.
(E) A autorização é, em regra, ato administrativo vincu-
lado, pelo qual a Administração consente no exercí-
cio de certa atividade.
19
Durante grave epidemia de dengue, João, médico do Es-
tado Alfa, diretor de hospital público da municipalidade
Gama, recebe um ofício da União Federal, subscrito pelo
ministro da Saúde, pelo qual se determina a entrega, em 24
horas, de cem mil seringas, duzentas máquinas de diálise
e três tomógrafos adquiridos com recursos exclusivos dos
cofres catarinenses. O ministro, no ofício, informa que se
trata de requisição do SUS, prevista na legislação federal de
regência. Preocupado e sem saber como agir, João procura
a PGE/Alfa e pede sua opinião legal sobre o ocorrido.
A correta manifestação do procurador do Estado Alfa é:
(A) João, pelo cargo que ocupa, deverá avaliar a conveni-
ência e oportunidade de atender à requisição.
(B) A União Federal está agindo de acordo com a Consti-
tuição da República de 1988, que prevê a competência
exclusiva da União Federal para legislar sobre saúde.
(C) A norma da legislação federal que permite à União
Federal requisitar, no âmbito do SUS, bens e serviços
de outros entes federativos, é inconstitucional, por
violar a autonomia dos Municípios, dos Estados e do
Distrito Federal.
(D) A União Federal está agindo de acordo com a Consti-
tuição da República de 1988, que lhe permite requi-
sitar, a qualquer momento, bem dos Municípios, dos
Estados e do Distrito Federal.
(E) A União Federal pode desapropriar qualquer bem
móvel dos demais entes federativos, desde que pa-
gue indenização prévia.
20
Autoridade competente declarou de utilidade pública,
por meio de decreto, determinada faixa de terras de
imóveis particulares, a fim de viabilizar a instalação de
um empreendimento que executará serviços públicos
utilizando gasodutos. Após acordo entre os proprietá-
rios dos imóveis situados na rota do gasoduto e o Poder
Público, com indenização em valor equivalente ao pre-
juízo que os particulares irão suportar, houve a regular
implantação dos gasodutos nas áreas privadas. O caso
em tela descreve a forma de intervenção do Estado na
propriedade caracterizada como direito real público que
autoriza o Poder Público a usar a propriedade imóvel
para permitir a execução de obras e serviços de interes-
se coletivo. Trata-se da:
(A) Requisição.
(B) Ocupação temporária.
(C) Limitação administrativa.
(D) Servidão administrativa.
(E) Desapropriação.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
21
Maria é proprietária de grande imóvel rural que engloba
vasta extensão na área rural do município Beta. O imó-
vel de Maria, sem seu conhecimento, foi invadido por
terceiras pessoas que passaram a cultivar maconha de
forma ilícita. A municipalidade Beta ajuizou ação peran-
te a Justiça Estadual visando à desapropriação confisco
do imóvel de João.
Nesta situação, de acordo com o entendimento do Su-
premo Tribunal Federal, a expropriação prevista no art.
243 da Constituição da República de 1988:
(A) Pode ser afastada, desde que a proprietária compro-
ve que não incorreu em dolo ou culpa grave, pois
possui responsabilidade subjetiva, vedada a inversão
do ônus da prova, mas o Juízo deve extinguir o pro-
cesso sem resolução do mérito pela ilegitimidade ati-
va do Município, pois a ação deve ser proposta pela
União, na Justiça Federal.
(B) Pode ser afastada, desde que a proprietária compro-
ve que não incorreu em dolo ou culpa grave, pois
possui responsabilidade subjetiva, vedada a inversão
do ônus da prova, mas o Juízo deve extinguir o pro-
cesso sem resolução do mérito pela ilegitimidade ati-
va do Município, pois a ação deve ser proposta pelo
Estado.
(C) Não pode ser afastada, pois Maria possui responsa-
bilidade objetiva, vedada a inversão do ônus da pro-
va, e o Judiciário deve julgar procedente o pedido de
desapropriação confisco, de maneira que o imóvel de
João seja destinado à reforma agrária e a programas
de habitação popular, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previs-
tas em lei.
(D) Pode ser afastada, desde que a proprietária compro-
ve que não incorreu em culpa, ainda que in vigilan-
do ou in eligendo, pois possui responsabilidade sub-
jetiva, com inversão do ônus da prova, mas o Juízo
deve extinguir o processo sem resolução do mérito
pela ilegitimidade ativa do Município, pois a ação
deve ser proposta pela União, na Justiça Federal.
(E) Não pode ser afastada, pois Maria possui responsabi-
lidade objetiva, admitida a inversão do ônus da pro-
va, e o Judiciário deve julgar procedente o pedido de
desapropriação confisco, sendo que todo e qualquer
bem de valor econômico apreendido em decorrência
do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será
confiscado e reverterá a fundo especial com destina-
ção específica, na forma da lei.
22
No que concerne à estrutura da Administração Pública,
considerando os textos da Constituição da República e
da legislação, bem como da jurisprudência referente à
matéria, marque a alternativa correta.
(A) Alguns órgãos públicos que embora não possuam
personalidade jurídica, mas possuem personalidade
judiciária, podem, excepcionalmente, demandar em
juízo para defender seus direitos institucionais.
(B) As empresas públicas, as sociedades de economia mis-
ta e as fundações serão criadas somente por lei especí-
fica enquanto a instituição de autarquias é autorizada.
(C) As sociedades qualificadas como Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) passam
a integrar a Administração Pública indireta após a
aquisição da qualificação.
(D) Todas as empresas estatais, pelo fato de integrarem
a Administração Pública Indireta, enquadram-se no
conceito de Fazenda Pública, sendo extensíveis a elas
todas as prerrogativas inerentes às pessoas jurídicas
de direito público.
(E) A proibição de acumulação remunerada de cargos, em-
pregos e funções não se estende às empresas públicas,
sociedades de economia mista e suas subsidiárias, por
se tratar de pessoas jurídicas de direito privado.
23
Como se sabe, a competência é irrenunciável e se exer-
ce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída
como própria, salvo os casos de delegação e avocação
legalmente admitidos. Dessa forma, marque a alterna-
tiva correta.
(A) A delegação exige que entre as autoridades exista
uma relação de hierarquia.
(B) A avocação exige que entre as autoridades exista
uma relação de hierarquia.
(C) A delegação, em respeito ao princípio da segurança
jurídica e da estabilidade das relações sociais, não
poderá ser revogada a qualquer tempo pela autori-
dade delegante.
(D) É possível que mediante acordo entre órgãos públi-
cos, a competência administrativa seja renunciada.
(E) Visando conferir celeridade ao processo administra-
tivo, a Lei n. 9.784/1999 permite que a edição de re-
cursos administrativos seja objeto de delegação.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
24
Sabe-se que a estrutura da Administração Pública é divi-
dida entre direta e indireta. Em tal contexto, no que se
refere às empresas estatais integrantes da Administra-
ção Pública Indireta, marque a alternativa correta.
(A) As empresas públicas são entidades dotadas de per-
sonalidade jurídica de direito privado, com criação
autorizada por lei, necessariamente sob a forma de
sociedade anônima.
(B) O capital social das sociedades de economia mista
deverá ser integralmente detido pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
(C) É competente a Justiça Federal para julgar as causas
em que é parte sociedade de economia mista.
(D) As sociedades de economia mista só têm foro na Jus-
tiça Federal, quando a União intervém como assis-
tente ou opoente.
(E) Os juízes federais não serão competentes para julgar
os mandados de segurança contra ato de dirigente
de sociedade de economia mista federal.
25
Sabe-se que serviço público é toda atividade adminis-
trativa ou de prestação direta e indireta de serviços à
população, exercida por um órgão ou entidade da Admi-
nistração Pública ou pela iniciativa privada. Quanto ao
regime jurídico da concessão de serviços públicos, mar-
que a alternativa correta.
(A) Concessão de serviço público é a delegação de sua
prestação por intermédio de licitação, na modali-
dade de concorrência, à pessoa jurídica ou consór-
cio de empresas que demonstre capacidade para
seu desempenho, por sua conta e risco e por título
precário.
(B) No procedimento licitatório que anteceder a conces-
são de serviços públicos, é legítima a inversão da or-
dem das fases de habilitação e julgamento.
(C) A encampação ocorrerá mediante lei autorizativa es-
pecífica e independe de prévio pagamento de inde-
nização ao concessionário.
(D) À concessionária incumbe a execução do serviço
concedido por sua conta e risco, vedada a fixação de
tarifas diferenciadas em função dos custos específi-
cos provenientes do atendimento aos distintos seg-
mentos de usuários.
(E) A falência ou extinção da empresa concessionária
não impõe a obrigatória extinção do contrato de
concessão.
26
Mesmo sem uma definição específica e uníssona na
doutrina, prevalece o entendimento de que são públicos
os bens destinados ao uso e gozo do povo, como aqueles
que o Estado reserva para uso próprio ou de suas insti-
tuições e serviços públicos. Sobre o tema, marque a al-
ternativa correta.
(A) Os bens integrantes do acervo patrimonial de socie-
dades de economia mista, pessoa jurídica de direito
privado, ainda que sujeitos a uma destinação públi-
ca, não poderão ser equiparados a bens públicos,
sendo, portanto, suscetíveis de serem adquiridos por
meio de usucapião.
(B) A ocupação indevida de bem público é mera deten-
ção de bem, inexistindo indenização por benfeito-
rias, ainda que úteis ou necessárias.
(C) Terras em faixas de fronteira e aquelas sem registro
imobiliário são, por si só, terras devolutas.
(D) Os registros de propriedade particular de imóveis
situados em terrenos de marinha são oponíveis
à União.
(E) É vedado ao administrador público impor o uso co-
mum dos bens públicos de forma retribuída.
Noções Gerais de Direito e Formação
Humanística
Juliano Alves
27
Analise as seguintes afirmações sobre o conceito de Di-
reito em Hans Kelsen:
I – O Direito é uma ordem da conduta humana. Uma
"ordem" é um sistema de regras.
II – O Direito não é, como às vezes se diz, uma regra. É
um conjunto de regras que possui o tipo de unidade
que entendemos por sistema.
III – É possível conhecer a natureza do Direito se restrin-
girmos a atenção a uma regra isolada.
IV – O fato de o Direito ser uma ordem da conduta hu-
mana não significa que a ordem jurídica diga res-
peito apenas à conduta humana, que nada além da
conduta humana faça parte do conteúdo das regras
jurídicas.
Assinale a alternativa correta a respeito do pensamento
de Hans Kelsen.
(A) Apenas a III.
(B) Apenas a I e a III.
(C) Todas são verdadeiras.
(D) Apenas a I, II e IV.
(E) Todas são falsas.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
28
Assinale a alternativa que corretamente preenche as la-
cunas na seguinte frase representando o pensamento de
Ronald Dworkin:
Os __________________ podem ser identificados como
uma espécie particular de um ____________________,
isto é, um ____ a uma decisão de um tribunal na
sua função judicante.
(A) direitos jurídicos; direito institucional; direito político.
(B) direitos jurídicos; direito político; direito institucional.
(C) direitos institucionais; direito jurídico; direito político.
(D) direitos políticos; direito institucional; direito jurídico.
(E) direitos políticos; direito jurídico; direito institucional.
29
Assinale a alternativa que representa corretamente o
pensamento de Émile Durkheim.
(A) A solidariedade produzida pela divisão do trabalho
implica que os indivíduos se assemelham.
(B) A solidariedade orgânica implica que os indivíduos se
assemelham.
(C) Na solidariedade orgânica, a consciência coletiva dei-
xa descoberta uma parte da consciência individual.
(D) A solidariedade orgânica só é possível na medida em
que a personalidade individual é absorvida na perso-
nalidade coletiva.
(E) Quanto mais extensa é a consciência individual,
mais forte é a coesão que resulta da solidariedade
mecânica.
30
Em Vigiar e Punir, o que Foucault quis mostrar foi como,
a partir dos séculos XVII e XVIII, houve verdadeiramente
um desbloqueio tecnológico da produtividade do poder.
A respeito dessa obra, assinale a alternativa errada.
(A) Foucault trata da passagem de uma sociedade mar-
cada pelo poder soberano para a sociedade discipli-
nar. A marca dessa passagem consiste no surgimento
da crueldade física das penas.
(B) Foucault destaca que o poder disciplinar é um poder
que, em vez de se apropriar e de retirar, tem como
função maior “adestrar”.
(C) O sucesso do poder disciplinar foucaultiano se deve
ao uso de instrumentos simples, quais sejam: o olhar
hierárquico, a sanção normalizadora e sua com-
binação num procedimento que lhe é específico,
o exame.
(D) A função jurídico-política do suplício era a de restau-
rar a soberania lesada por um instante.
(E) Para Foucault, o aparelho disciplinar perfeito é aque-
le que capacita um único olhar tudo ver permanen-
temente. Um ponto central seria ao mesmo tempo
fonte de luz que iluminasse todas as coisas, e lugar
de convergência para tudo o que deve ser sabido.
31
Pela doutrina de Tércio Sampaio, na obra “A ciência do direi-
to”, “Savigny, numa fase do seu pensamento anterior a 1814,
afirmava que interpretar era mostrar aquilo que a lei diz. A
alusão ao verbo dizer nos faz ver que Savigny estava preocu-
pado com o texto da lei. A questão técnica da interpretação
era, então, como determinar o sentido textual da lei”.
Assentado em tais premissas, Tércio afirma que Savigny
elaborou algumas técnicas, exceto:
(A) A interpretação gramatical, que procurava o sentido
vocabular da lei.
(B) Ainterpretação lógica, que visava o seu sentido pro-
posicional.
(C) A sistemática, que buscava o sentido global.
(D) A interpretação pela lógica do razoável que se con-
trapõe à matemática.
(E) A histórica, que tentava atingir o seu sentido
genético.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
32
Considerando a Convenção das Nações Unidas sobre a Eli-
minação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mu-
lher (Decreto n. 4.377/2022), leia as afirmações a seguir:
I – Os Estados-Partes tornarão todas as medidas apro-
priadas para: a) modificar os padrões socioculturais
de conduta de homens e mulheres, com vistas a
alcançar a eliminação dos preconceitos e práticas
consuetudinárias e de qualquer outra índole que
estejam baseados na ideia da inferioridade ou su-
perioridade de qualquer dos sexos ou em funções
estereotipadas de homens e mulheres.
II – Os Estados-Partes outorgarão às mulheres direitos
iguais aos dos homens para adquirir, mudar ou con-
servar sua nacionalidade. Garantirão, em particular,
que nem o casamento com um estrangeiro, nem a
mudança de nacionalidade do marido durante o
casamento, modifiquem automaticamente a nacio-
nalidade da esposa, convertam-na em apátrida ou
a obriguem a adotar a nacionalidade do cônjuge.
III – Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro-
priadas para eliminar a discriminação contra a mu-
lher, a fim de assegurar-lhe a igualdade de direitos
com o homem na esfera da educação e em parti-
cular para assegurarem condições de igualdade
entre homens e mulheres: a) as mesmas condições
de orientação em matéria de carreiras e capacita-
ção profissional, acesso aos estudos e obtenção
de diplomas nas instituições de ensino de todas as
categorias, tanto em zonas rurais como urbanas;
essa igualdade deverá ser assegurada na educação
pré-escolar, geral, técnica e profissional, incluída a
educação técnica superior, assim como todos os ti-
pos de capacitação profissional.
IV – Os Estados-Partes reconhecerão à mulher, em maté-
rias civis, uma capacidade jurídica idêntica do homem
e as mesmas oportunidades para o exercício dessa ca-
pacidade. Em particular, reconhecerão à mulher iguais
direitos para firmar contratos e administrar bens e dis-
pensar-lhe-ão um tratamento igual em todas as etapas
do processo nas cortes de justiça e nos tribunais.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e II, apenas.
(B) II e IV, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II, apenas.
(E) I, II, III e IV.
Direitos Humanos
Odair José
33
Considere o texto a seguir:
Para os propósitos da Convenção Americana e o exercí-
cio da jurisdição contenciosa da Corte Interamericana, o
Estado é responsável de forma integral, como um todo.
Nesse sentido, a responsabilidade é global, diz respeito
ao Estado como um todo e não pode estar sujeita à di-
visão de atribuições estabelecida pela legislação nacio-
nal. Não é possível dividir o Estado internacionalmente,
vincular perante a Corte apenas um ou alguns de seus
órgãos, entregar-lhes a representação do Estado no jul-
gamento - sem que esta representação tenha repercus-
sões sobre o Estado como um todo - e retirar outros des-
se regime convencional de responsabilidade, deixando
suas ações fora do "controle da convencionalidade" que
a jurisdição da Corte internacional traz consigo.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Caso Myrna
Mack Chang v. Guatemala, Voto em separado do Juiz Sergio
García Ramírez, 25 de Novembro de 2003.
Em relação ao controle de convencionalidade e a Con-
venção Americana de Direitos Humanos, é correto
afirmar que:
(A) Os juízes e tribunais internos estão sujeitos ao impé-
rio da lei e, por isso, são obrigados a aplicar as dispo-
sições vigentes no ordenamento jurídico, ainda que
essas disposições sejam violadoras da Convenção
Americana de Direitos Humanos.
(B) Os Estados-membros devem exercer controle de con-
vencionalidade, por meio do Poder Judiciário, entre as
normas jurídicas internas aplicadas a casos concretos
e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
(C) Quando um Estado ratifica um tratado internacional,
seus juízes, como parte do aparato estatal, somente
estão submetidos ao tratado no caso de expressa dis-
posição na Convenção.
(D) O controle de convencionalidade é incompatível com
a soberania dos Estados-Membros.
(E) As constituições dos Estados devem prever expressa-
mente o controle de convencionalidade, sob pena de
violação da soberania do próprio Estado.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
34
Considerando os sistemas de proteção dos direitos hu-
manos, é correto afirmar:
(A) Em razão da hierarquia entre os sistemas nacionais
e regionais de direitos humanos, a Corte Interameri-
cana de Direitos Humanos somente poderá ser acio-
nada após o esgotamento de todos os recursos no
sistema interno do Estado-Membro.
(B) Em respeito à soberania dos Estados, o Sistema in-
ternacional de proteção dos Direitos Humanos atua
apenas de forma auxiliar ao dever interno de prote-
ção dada pelo Estado.
(C) Os sistemas de proteção buscam a máxima efetivi-
dade dos direitos humanos, não havendo hierar-
quia entre eles, devendo prevalecer o princípio pro
homine.
(D) O princípio pro homine somente deverá prevalecer
em conflitos entre os sistemas de proteção dos direi-
tos humanos quando expressamente determinado
nos tratados.
(E) Por não possuir natureza jurídica, a Declaração dos
Direitos Humanos atua apenas como baliza das re-
gras internas dos Estados signatários.
35
Em relação às características dos Direitos Humanos,
considere:
I– Não possuem conteúdo econômico-social.
II – Não se perde pelo decorrer do tempo.
III – Solidificam-se com a evolução da sociedade.
IV – Pertencem a todos os seres humanos.
As afirmações acima se referem às características dos
direitos humanos. Assim sendo, a sequência correta é:
(A) Irrenunciabilidade; imprescritibilidade; inalienabili-
dade; universalidade.
(B) Aplicabilidade imediata; irrenunciabilidade; historici-
dade; inalienabilidade.
(C) Universalidade; imprescritibilidade; aplicabilidade
imediata; historicidade.
(D) Imprescritibilidade; irrenunciabilidade; historicida-
de; inalienabilidade.
(E) Inalienabilidade; imprescritibilidade; historicidade;
universalidade.
36
Os direitos humanos podem sofrer limitações no confron-
to com outros direitos, do que se conclui que esses direi-
tos não são absolutos, ao contrário, são também relativos.
Desse modo, considerando a relatividade dos direitos
humanos, é correto afirmar que:
(A) Os direitos humanos podem sofrer limitações para
acomodar outros direitos na ordem jurídica interna,
inclusive admitindo-se a escravidão e a tortura.
(B) Em respeito ao princípio da autodeterminação dos
povos, os tratados internacionais devem ser relativi-
zados na ordem jurídica interna, sob pena de viola-
ção da soberania nacional.
(C) Não há hipótese em que se admita a tortura e o tra-
balho escravo, do que se deduz, nos termos do pen-
samento de Norberto Bobbio, a incompatibilidade
entre os sistemas de proteção global e nacional de
direitos humanos.
(D) Não se admite relativização quanto a vedação à tor-
tura e ao trabalho escravo.
(E) As limitações a que qualquer direito pode sofrer não
alcança os direitos humanos, sob pena de se promo-
ver sua total ineficácia.
37
O titular de direitos humanos é o próprio homem em
toda a sua dimensão, não importando sua origem, sexo,
raça ou qualquer outra condição ou atributo particular.
Trata-se do seu caráter universal, o que impõe a questão
acerca dos fundamentos e legitimidade desses direitos.
Sobre esse tema, analise as afirmativas que se seguem:
I – Da consciência e da experiência do convívio social,
são extraídos direitos subjetivos baseados em prin-
cípios que independem de regras prévias.
II – Os direitos humanos se fundamentam em normas
anteriores e superiores às normas estatais, cuja ori-
gem é a própria razão.
III – A validade formal de qualquer direito é imprescin-
dível à sua legitimidade e exigibilidade.
Considerando as afirmativas acima, a ordem correspon-
dente às teorias que elas representam é
(A) Jusnaturalista; positivista; moralista.
(B) Neoconstitucionalista; pós-positivista; positivista.
(C) Moralista; jusnaturalista; positivista.
(D) Positivista; moralista; pós-positivista.
(E) Jusnaturalista; utilitarista; positivista.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
38
Conforme preceitua o art. 5º, § 3º, da Constituição Fe-
deral, os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes
às emendas constitucionais.
Ainda, há que se considerar a jurisprudência do Supre-
mo Tribunal Federal quanto ao “status normativo supra-
legal dos tratados internacionais de direitos humanos
subscritos pelo Brasil torna inaplicável a legislação infra-
constitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou
posterior ao ato de adesão”.
(STF. Plenário. RE 349703, Rel. p/ ac. Min. Gilmar Mendes, DJ
5/6/2009).
Assim, considerando as disposições acima, é correto
afirmar que:
(A) Aprovado pelo Congresso Nacional em 2015 e pro-
mulgado em 2018, o Tratado de Marraqueche, que
visa facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas
cegas, tem status de norma constitucional.
(B) O Pacto de San José da Costa Rica de 1969, ratifica-
do pelo Brasil em 1992, tem status de norma consti-
tucional.
(C) A Convenção Interamericana contra o Racismo, a
Discriminação Racial e as Formas Correlatas de Into-
lerância, promulgado pelo Decreto n. 10.932/2022,
tem status de norma supralegal.
(D) A Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a
Tortura, promulgado pelo Decreto n. 98.386/1989,
tem status de norma constitucional.
(E) A Convenção da ONU sobre Direitos das Pessoas com
Deficiência, por tratar de regras que versam sobre
direitos humanos, foi recepcionada pelo Brasil com
status de norma supralegal.
Direito Processual Civil
Cristiny Rocha
39
Sobre precedentes judiciais, é correto afirmar que:
(A) O overruling visa demonstrar argumentativamen-
te, por meio do tribunal, como órgãos julgadores, o
desgaste ou a superação de determinada razão de
decidir, no que tange a sua congruência social e sua
integridade sistêmica.
(B) O distinguishing se caracteriza pelo confronto do
caso à ratio decidendi do paradigma, visando aplicar,
afastar ou demonstrar a revogação do entendimento
paradigmático consubstanciado no precedente.
(C) Obter dictum podem ser utilizados com força vincu-
lativa determinante.
(D) O que forma o precedente é sua razão de decidir do jul-
gado, a sua ratio decidendi, assim como o stare decisis.
(E) A atividade do STJ e do STF está vinculada ao direito
consuetudinário.
40
Sobre incidentes em tribunais, assinale a alternativa
incorreta.
(A) O IRDR é instituto inspirado no procedimento-mode-
lo (Musterverfahren) do sistema processual alemão.
(B) Conforme entendimento do STJ, a instauração do
IRDR não pressupõe a existência de processo pen-
dente no respectivo tribunal.
(C) O incidente de resolução de demandas repetitivas
não é recurso, e sim um incidente instaurado no jul-
gamento de recursos, remessa necessária ou proces-
so de competência originária.
(D) No IAC, para sua admissão, deve haver relevante
questão de direito com repercussão social, mas não
efetiva repetição em múltiplos processos.
(E) Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalida-
de de lei ou de ato normativo do Poder Público, o
relator, após ouvir o Ministério Público e as partes,
submeterá a questão à turma ou à câmara à qual
competir o conhecimento do processo.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
41
De acordo com o que estabelece o STF e o Código de
Processo Civil, com relação aos poderes, deveres e res-
ponsabilidades das partes, dos procuradores e dos juí-
zes, assinale a alternativa correta.
I – Há suspeição do juiz quando for sócio ou membro
de direção ou de administração de pessoa jurídica
parte no processo.
II – É constitucional a regra de impedimento do juiz no
caso em que figure como parte cliente do escritó-
rio de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que
patrocinado por advogado de outro escritório.
III – O juiz só decidirá por equidade nos casos previs-
tos em lei.
Estão corretas:
(A) Apenas I e II.
(B) Apenas I e III.
(C) Apenas II.
(D) Apenas III.
(E) Todas estão corretas.
42
Bernardete ajuíza ação condenatória contra João, para
fins de indenização por dano moral. Ao fim, instruída a
demanda, o juízo julgou a ação procedente. Manejado
recurso de apelação, houve divergência no julgamento.
Sobre o tema, analise.
(A) A técnica de julgamento ampliado só será cabível se
o Tribunal reformou a decisão do juízo a quo.
(B) Os julgadores que já tiverem votado não poderão
rever seus votos por ocasião do prosseguimento do
julgamento.
(C) Havendo voto vencido, esse será necessariamente de-
clarado e considerado parte integrante do acórdão para
todos os fins legais, inclusive de pré-questionamento.
(D) O prosseguimento do julgamento dar-se-á sempre em
nova sessão, colhendo-se os votos de outros julgado-
res que porventura componham o órgão colegiado.
(E) A técnica de julgamento ampliado aplica-se igualmen-
te ao incidente de resolução de demandas repetitivas.
43
Sobre as modalidades de intervenção de terceiros, é cor-
reto afirmar:
(A) Não cabe instrução probatória no incidente de des-
consideração da personalidade jurídica.
(B) A denunciação à lide é modalidade espontânea de
intervenção de terceiros, podendo ter lugar tanto no
processo de conhecimento quanto no de execução.
(C) Conforme entendimento do STJ, somente pode in-
tervir como assistente o terceiro que tiver interesse
jurídico em que uma das partes vença a ação.
(D) A denunciação da lide, o chamamento ao processo e
a nomeação à autoria são espécies vigentes de inter-
venção de terceiros.
(E) Incidente de desconsideração da personalidade jurí-
dica pode ser instaurado a pedido da parte, do Mi-
nistério Público e pelo próprio magistrado, quando
entender pertinente.
44
Sobre a tutela da evidência, assinale a alternativa correta.
(A) Nos casos em que a urgência for contemporânea à
propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se
ao requerimento da tutela da evidência e à indicação
do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do
direito que se busca realizar e do perigo de dano ou
do risco ao resultado útil do processo.
(B) A tutela da evidência será concedida, independen-
temente da demonstração de perigo de dano ou de
risco ao resultado útil do processo, mas respeitará o
contraditório participativo sempre que requerida.
(C) Quando as provas do fato forem irrefutáveis, o juiz
poderá conceder a tutela da evidência, como forma
de salvaguardar a crise do direito.
(D) Por ser uma tutela provisória, a tutela da evidência
não comporta a aplicação de penalidades coerciti-
vas, como de multa.
(E) Havendo manifesto propósito protelatório da parte,
o juiz poderá conceder tutela da evidência, indepen-
dentemente de perigo de dano.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
45
Contra o acórdão de julgamento de apelação cível, Ma-
ria interpôs recursos especial e extraordinário ao Supe-
rior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal,
respectivamente. Sobre a tramitação e o julgamento dos
recursos nos Tribunais Superiores, é correto afirmar que:
(A) Relator do recurso extraordinário poderá admitir,
na análise da repercussão geral, a manifestação de
terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos
termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal.
(B) Da decisão do relator acerca da repercussão geral,
caberá agravo interno.
(C) Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, enten-
der que o recurso especial versa sobre questão cons-
titucional, deverá conceder prazo para que o recor-
rente demonstre a existência de repercussão geral e
se manifeste sobre a questão constitucional, deven-
do o Supremo Tribunal Federal julgar o recurso, sem
devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça.
(D) Cabe agravo contra decisão do presidente ou do
vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir
recurso extraordinário ou recurso especial fundado
na aplicação de entendimento firmado em regime
de repercussão geral ou em julgamento de recursos
repetitivos.
(E) Concluído o julgamento do recurso especial, os autos
serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para
apreciação do recurso extraordinário, ainda que este
esteja prejudicado.
46
João Maurício teve seu automóvel atingido por uma viatu-
ra da Polícia Militar do Estado que reside. Buscando obter a
reparação dos danos sofridos, comprovadamente no valor
de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), ajuizou ação perante o
Juizado Especial de Fazenda Pública em face do Estado. Par-
tindo dessa narrativa, assinale a afirmativa correta.
(A) O Estado terá prazo em dobro para suas manifesta-
ções, exceto para recorrer.
(B) A citação para a audiência de conciliação deve ser efe-
tuada com antecedência mínima de 20 (vinte) dias.
(C) Por se tratar de Fazenda Pública, os representantes
do Estado não poderão transigir.
(D) Não caberá exame técnico no Juizado da Fazenda,
por ser um rito que tem como critério a simplicidade
e informalidade.
(E) Se o Estado for condenado e não apresentar recurso,
não haverá remessa necessária.
47
Sobre a força probante dos documentos, podemos afir-
mar que é correto:
(A) As declarações constantes do documento particular
escrito e assinado ou somente assinado presumem-
-se verdadeiras em relação ao destinatário.
(B) Quando a lei exigir instrumento público como da
substância do ato, nenhuma outra prova, por mais
especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
(C) O documento feito por oficial público incompetente ou
sem a observância das formalidades legais, ainda que
subscrito pelas partes, não tem eficácia probatória.
(D) A nota escrita pelo credor em qualquer parte de do-
cumento representativo de obrigação, ainda que não
assinada, faz prova em benefício do credor.
(E) Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica,
a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie,
tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas
representadas, ainda que sua conformidade com o
documento original seja impugnada por aquele con-
tra quem foi produzida.
48
Sobre a ação popular, conforme Lei n. 4.717/1965, analise:
I – Ação será proposta contra as pessoas públicas ou
privadas, bem como contra as autoridades, fun-
cionários ou administradores que houverem au-
torizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato
impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado
oportunidade à lesão, e contra os beneficiários di-
retos dele, ainda que indeterminado o benefício.
II – É facultado a qualquer cidadão se habilitar como
litisconsorte ou assistente do réu da ação popular.
III – A sentença que concluir pela carência ou pela im-
procedência da ação não está sujeita ao duplo grau
de jurisdição.
Está(ão) correta(s):
(A) Apenas I e II.
(B) Apenas I e III.
(C) Apenas II.
(D) Apenas III.
(E) Todas estão incorretas.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
49
Maria deseja interditar seu esposo José, visto que ele
sofre de doença mental grave. Nesse caso, assinale a al-
ternativa correta.
(A) Nesse caso, havendo cônjuge ou companheiro, não
poderá haver iniciativa do Ministério Público para a
interdição.
(B) Poderá ser dispensada entrevista pelo juiz no caso de
doença mental grave.
(C) Conforme entendimento do STJ, o laudo médico para
a propositura da ação é indispensável.
(D) Nesse caso, ainda que exista cônjuge ou companhei-
ro, poderá haver iniciativa do Ministério Público para
a interdição.
(E) A perícia poderá ser dispensada pelo juiz quando se
convencer da doença mental em entrevista prévia.
50
Maria é filha de Maurício, que não tem realizado o paga-
mento das verbas alimentares fixadas. Nessa linha, assi-
nale a alternativa correta.
(A) No cumprimento de sentença que condene ao paga-
mento de prestação alimentícia ou de decisão inter-
locutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento
do exequente, mandará intimar o executado pesso-
almente para, em 15 dias, pagar o débito, provar que
o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
(B) Conforme entendimento do STJ, o devedor de ali-
mentos não precisa ser intimado pessoalmente
sobre uma segunda execução baseada na mesma
sentença.
(C) O cumprimento da pena exime o executado do paga-
mento das prestações vencidas e vincendas.
(D) O débito alimentar que autoriza a prisão civil do ali-
mentante é o que compreende as 3 prestações ante-
riores ao ajuizamento da execução.
(E) Conforme entendimento do STJ, o exequente terá
que optar pela expropriação ou prisão.
Direito Civil
Maryanne Abreu
51
Acerca do contrato de seguro de vida, tomando por base
a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça sobre o
tema, é correto afirmar que:
(A) Em caso de embriaguez do segurado, fica dispensado
o pagamento de indenização em seguro de vida.
(B) A constituição em mora de que trata o art. 763, do
Código Civil, é automática.
(C) Nos contratos de seguro de vida, a correção monetá-
ria incide desde a data da ocorrência do sinistro até o
dia do efetivo pagamento do seguro.
(D) A partir do início da contratação, resta garantida a
indenização em caso de suicídio.
(E) A indenização securitária é devida quando ausente
a comunicação prévia do segurado acerca do atraso
no pagamento do prêmio, por constituir requisito es-
sencial para a suspensão ou resolução do contrato
de seguro.
52
No que tange ao contrato de doação, conforme estabe-
lece o Código Civil, é correto afirmar:
(A) É vedada doação verbal.
(B) A doação far-se-á por escritura pública ou instru-
mento particular.
(C) A doação de ascendentes a descendentes, ou de um
cônjuge a outro, não importa adiantamento do que
lhes cabe por herança.
(D) É anulável a doação de todos os bens sem reserva
de parte, ou renda suficiente para a subsistência do
doador.
(E) Por sua própria natureza de liberalidade, a doação é
irrevogável.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
53
Em relação ao Direito das Coisas, segundo o Código Civil,
é correto afirmar que:
(A) O descobridor responde pelos prejuízos causados ao
proprietário ou possuidor legítimo.
(B) Os direitos reais sobre coisas móveis, quando cons-
tituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se
adquirem com a tradição.
(C) O imóvel que o proprietário abandonar, com a inten-
ção de não mais o conservar em seu patrimônio, po-
derá ser arrecadado, três anos depois, à propriedade
da União.
(D) O possuidor de má-fé sempre responde pela perda,
ou deterioração da coisa, ainda que acidentais.
(E) Aquele que restituir coisa achada terá direito a re-
compensa em valor não inferior a 10% do valor
do bem.
54
Na forma prevista no Código Civil, é correto afirmar so-
bre o usufruto:
(A) Não se pode transferir o usufruto por alienação;
mas o seu exercício pode ceder-se apenas por título
gratuito.
(B) O usufrutuário é obrigado a pagar as deteriorações
resultantes do exercício regular do usufruto.
(C) Se a coisa estiver segurada, incumbe ao proprietário
pagar, durante o usufruto, as contribuições do segu-
ro, uma vez que a ele caberá o direito contra o se-
gurador.
(D) Incumbem ao usufrutuário as prestações e os tri-
butos devidos pela posse ou rendimento da coisa
usufruída.
(E) Se o usufruto recair num patrimônio, ou parte deste,
será o proprietário obrigado aos juros da dívida que
onerar o patrimônio ou a parte dele.
55
Em relação aos contratos de alienação fiduciária em garan-
tia regidos pelo DL n. 911/1969, é incorreto afirmar que:
(A) Não se aplica a teoria do adimplemento substancial
aos contratos de alienação fiduciária em garantia re-
gidos pelo Decreto-Lei n. 911/1969.
(B) A efetivação de medida liminar concedida em ação
de busca e apreensão de bem móvel, por Juízo onde
se localize o bem, a pedido da parte interessada,
atrai a competência desse Juízo para eventual im-
pugnação ao conteúdo da liminar.
(C) O prazo de cinco dias para pagamento da integralida-
de da dívida deve ser considerado de direito material,
não se sujeitando, assim, à contagem em dias úteis.
(D) A comprovação da mora é imprescindível à busca e
apreensão do bem alienado fiduciariamente.
(E) Para a comprovação da mora nos contratos garanti-
dos por alienação fiduciária, é suficiente o envio de
notificação extrajudicial ao devedor no endereço in-
dicado no instrumento contratual.
56
Acerca dos alimentos consoante a legislação vigente e
a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é cor-
reto afirmar:
(A) O valor recebido pelo alimentante a título de horas
extras, por ser de caráter não habitual, não integra a
base de cálculo para a incidência dos alimentos fixa-
dos em percentual sobre os rendimentos líquidos do
devedor.
(B) Na ação de alimentos gravídicos, o réu será citado
para apresentar resposta em 15 (quinze) dias.
(C) Os efeitos da sentença que reduz, majora ou exone-
ra o alimentante do pagamento retroagem à data da
distribuição da ação.
(D) A teoria do adimplemento substancial tem incidên-
cia nos vínculos jurídicos familiares de modo que, se
o devedor pagar valor substancial, a prisão poderá
ser revogada.
(E) É possível a realização de acordo com a finalidade de
exonerar o devedor do pagamento de alimentos de-
vidos e não pagos.
57
Acerca da prioridade de atendimento e promoção da
acessibilidade das pessoas com deficiência ou com
mobilidade reduzida bem como os seus direitos fun-
damentais previstos na Lei n. 13.146/2015, é incorreto
afirmar que:
(A) Nos serviços de emergência públicos e privados, a
prioridade conferida pela Lei não é condicionada aos
protocolos de atendimento médico.
(B) A pessoa com deficiência tem direito a receber aten-
dimento prioritário, sobretudo com a finalidade de
recebimento de restituição de imposto de renda.
(C) A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a
se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a tra-
tamento ou a institucionalização forçada.
(D) É assegurada a participação da pessoa com deficiên-
cia na elaboração das políticas de saúde a ela des-
tinadas.
(E) O poder público adotará programas e ações estraté-
gicas para apoiar a criação e a manutenção de mo-
radia para a vida independente da pessoa com defi-
ciência.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)

58
Sobre o direito sucessório, é correto afirmar:
(A) Não se pode aceitar ou renunciar a herança em par-
te, mas é possível sob condição.
(B) Legitimam-se a suceder apenas as pessoas nascidas
no momento da abertura da sucessão.
(C) A renúncia da herança deve constar expressamente
de instrumento público ou termo judicial.
(D) O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto,
mas poderá administrar os bens que a seus sucesso-
res couberem na herança.
(E) Os atos de aceitação ou de renúncia da herança são
passíveis de revogação.
59
A respeito do Direito Obrigacional previsto no Código Ci-
vil, aponte o item correto:
(A) O credor não pode renunciar à solidariedade em fa-
vor de apenas um dos devedores.
(B) Enquanto alguns dos credores solidários não deman-
darem o devedor comum, a qualquer daqueles po-
derá este pagar.
(C) A obrigação que se resolver em perdas e danos não
perde a qualidade de indivisível.
(D) Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao cre-
dor, se outra coisa não se estipulou.
(E) Nas obrigações de dar coisa incerta, antes da escolha,
pode o devedor alegar perda da coisa por caso fortuito.
60
Assinale a alternativa incorreta sobre a formação dos
contratos conforme dispõe Código Civil.
(A) Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que
foi proposto.
(B) Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela
ou com ela chegar ao proponente a retratação do
aceitante.
(C) A revogação da oferta é possível desde que realizada
pela mesma via de sua divulgação.
(D) Deixa de ser obrigatória a proposta se, feita a pessoa
ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro
do prazo dado.
(E) A aceitação fora do prazo, com adições, restrições,
ou modificações, importará nova proposta.
61
Assinale a alternativa correta sobre os direitos do con-
sumidor à luz da jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça.
(A) Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor a todos
os contratos de plano de saúde.
(B) Uma vez que a proposta vincula, ainda que se trate
de erro grosseiro de sistema, a empresa é obrigada a
emitir passagens compradas ao preço apresentado.
(C) O tratamento por home care deve abranger todos os
insumos que o paciente teria caso estivesse interna-
do no hospital.
(D) É indispensável o aviso de recebimento (AR) na carta
de comunicação ao consumidor sobre a negativação
de seu nome em bancos de dados e cadastros.
(E) A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII,
do CDC, é regra de julgamento.
62
No que diz respeito à prática do ato infracional, é correto
afirmar que:
(A) O adolescente não tem direito à identificação dos
responsáveis pela sua apreensão, todavia, deve ser
informado acerca de seus direitos.
(B) A internação, antes da sentença, pode ser determi-
nada pelo prazo máximo de sessenta dias.
(C) É assegurado ao adolescente direito de solicitar a
presença de seus pais ou responsável em qualquer
fase do procedimento.
(D) No procedimento para aplicação de medida socioe-
ducativa, pela celeridade que é peculiar, é possível a
desistência de outras provas em face da confissão do
adolescente.
(E) A advertência poderá ser aplicada sempre que hou-
ver prova da materialidade e da autoria.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
Direito Empresarial
Edilson Enedino
63
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, na
apreciação dos litígios societários, tem posição firmada
no seguinte sentido:
(A) O simples ingresso de terceiro em grupo controlador
de sociedade anônima – especialmente quando não
há posição de maioria acionária dentro do grupo de
controle e papel de preponderância na companhia;
e exista paridade entre ele e os demais integrantes
do grupo – é insuficiente para, por si só, configurar a
alienação de controle.
(B) O silêncio intencional do legislador na Lei n.
11.638/2007 não afasta a obrigatoriedade de as so-
ciedades limitadas de grande porte publicarem suas
demonstrações contábeis.
(C) Em ação de dissolução parcial de sociedade por co-
tas, a sociedade empresária não possui legitimidade
para figurar no polo passivo da fase executiva, quan-
do não tenha sido citada e não tenha integrado a
fase de conhecimento, mesmo que todos que parti-
cipavam do quadro social tenham integrado a lide e
não se constata prejuízos às partes.
(D) A alteração no contrato social da sociedade empre-
sária pode produzir efeitos desde logo, antes mesmo
de seu registro na Junta Comercial ou no Registro Ci-
vil das Pessoas Jurídicas, sendo que a produção de
efeitos externos, em relação a terceiros, também
não exige que seja adequadamente formalizada e
publicizada por intermédio de seu registro.
(E) É suficiente para, por si só, configurar a alienação de
controle, o simples ingresso de terceiro em grupo
controlador de sociedade anônima – especialmente
quando não há posição de maioria acionária dentro
do grupo de controle e papel de preponderância na
companhia, e exista paridade entre ele e os demais
integrantes do grupo.
64
Dos itens abaixo, indique aquele que expressa entendi-
mento consolidado do Superior Tribunal de Justiça sobre
o redirecionamento da execução fiscal contra sócios de
responsabilidade limitada de sociedade empresária:
(A) O redirecionamento da execução fiscal, quando
fundado na dissolução irregular da pessoa jurídica
executada ou na presunção de sua ocorrência, não
pode ser autorizado contra o sócio ou o terceiro não
sócio que, embora exercesse poderes de gerência
ao tempo do fato gerador, sem incorrer em prática
de atos com excesso de poderes ou infração à lei, ao
contrato social ou aos estatutos, dela regularmente
se retirou e não deu causa à sua posterior dissolução
irregular.
(B) Presume-se dissolvida irregularmente a empresa
que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem
comunicação aos órgãos competentes, todavia tal
fato não legitima o redirecionamento da execução
fiscal para o sócio-gerente.
(C) O redirecionamento da execução fiscal, quando fun-
dado na dissolução irregular da pessoa jurídica exe-
cutada ou na presunção de sua ocorrência, pode ser
autorizado contra o sócio ou o terceiro não sócio,
com poderes de administração na data em que con-
figurada ou presumida a dissolução irregular, desde
que tenha exercido poderes de gerência quando
ocorrido o fato gerador do tributo não adimplido.
(D) O inadimplemento da obrigação tributária pela so-
ciedade gera, por si só, a responsabilidade solidária
do sócio-gerente.
(E) O simples fechamento de filial de pessoa jurídica
basta para fundamentar a inclusão de sócio no polo
passivo de execução fiscal.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
65
À recuperação judicial, o Superior Tribunal de Justiça
tem aplicado o seguinte entendimento:
(A) A remuneração do administrador judicial é crédito
concursal, portanto se submete aos efeitos do plano
de recuperação judicial.
(B) No caso de descumprimento do plano após o prazo
de fiscalização judicial, o credor vai se habilitar na fa-
lência pelo valor original do crédito e nada obsta que
prossiga na execução contra os coobrigados, com
base no título executivo que teve suas garantias res-
tabelecidas, ainda que originalmente tenha aderido
à cláusula de supressão.
(C) Havendo manifestação do Juízo da recuperação judi-
cial no sentido de que determinado crédito não inte-
gra o patrimônio da recuperanda ou não está subme-
tido aos efeitos da recuperação judicial, a ele caberá
ultimar os atos de pagamento, ante a vinculação da
conta judicial em que depositado este crédito.
(D) Não é possível a convolação da recuperação judicial
em falência após o transcurso do prazo bienal de su-
pervisão judicial, mesmo que não haja decisão judi-
cial de encerramento da recuperação.
(E) A presença de procurador de instituição financeira
em assembleia, comprovada por sua assinatura, ain-
da que ocorra apenas no campo relativo aos demais
credores por ele representados, permite sua partici-
pação nas deliberações e votações, considerando-se
essa ocorrência mera irregularidade.
66
Sobre os contratos empresariais, o Superior Tribunal
de Justiça tem adotado posicionamento jurisprudencial
que afirma:
(A) Se o devedor fiduciante se escusa, por diversas ve-
zes, de receber as intimações para purgar a mora em
seu endereço comercial, conforme expressamente
indicado no contrato de alienação fiduciária de imó-
vel, induzindo os Correios a erro ao indicar possível
mudança de domicílio que nunca existiu, não há óbi-
ce à presunção de sua intimação ante a entrega da
correspondência no endereço contratual.
(B) Em decorrência da aplicação da Teoria Finalista, não
se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos
contratos de empréstimo tomados por sociedade
empresária independentemente de qual seja a finali-
dade do valor obtido.
(C) Se o devedor fiduciante se escusa, por diversas ve-
zes, de receber as intimações para purgar a mora em
seu endereço comercial, conforme expressamente
indicado no contrato de alienação fiduciária de imó-
vel, induzindo os Correios a erro ao indicar possível
mudança de domicílio que nunca existiu, não há óbi-
ce à sua intimação por edital.
(D) Em decorrência das teorias aplicáveis à definição de
quem é o consumidor, não se aplica o Código de De-
fesa do Consumidor às sociedades empresárias, em
razão de serem pessoas jurídicas.
(E) Em decorrência da aplicação da Teoria Finalista Mi-
tigada, aplica-se o Código de Defesa do Consumidor
aos contratos de empréstimo tomados por socie-
dade empresária para implementar ou incrementar
suas atividades negociais.
67
As instituições financeiras, de regra, não se submetem
ao processo de falência e de recuperação previstos na
Lei n. 11.101/2005. É possível a decretação da falência
apenas de forma subsidiária, enquanto não aprovada lei
própria aplicável às liquidações extrajudiciais vedadas
por lei. Sobre a insolvência das instituições financeiras, o
Superior Tribunal de Justiça tem firmado:
(A) Na hipótese de decretação de falência de institui-
ção financeira, apenas os avalistas de cédula de
crédito bancário possuem direito de preferência em
sua aquisição em leilão realizado no processo de li-
quidação.
(B) Não é possível a compensação de créditos constituí-
dos anteriormente à decretação da liquidação extra-
judicial.
(C) Na hipótese de decretação de falência de institui-
ção financeira, os emitentes e avalistas de cédula de
crédito bancário não possuem direito de preferência
em sua aquisição em leilão realizado no processo de
liquidação.
(D) É possível a compensação de créditos constituídos
posteriormente à decretação da liquidação extra-
judicial.
(E) Na hipótese de decretação de falência de institui-
ção financeira, apenas os emitentes de cédula de
crédito bancário possuem direito de preferência em
sua aquisição em leilão realizado no processo de li-
quidação.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
68
A recente jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
sobre a falência adota o seguinte entendimento:
(A) A certidão expedida em feito executivo, para o fim de
requerimento de falência fundada em execução frus-
trada, desde que haja protesto, enseja a presunção
legal da insolvência do devedor e não cabe exigir do
credor a prova dessa circunstância fático-jurídica.
(B) Mesmo diante de certidão expedida em feito execu-
tivo, para o fim de requerimento de falência fundada
em execução frustrada, a caracterização da insolvên-
cia do devedor exige do credor a prova dessa circuns-
tância fático-jurídica.
(C) A exigibilidade do protesto da duplicata mercantil
para a instrução do processo de falência exige a re-
alização do protesto especial para fins falimentares,
não bastando qualquer das modalidades de protesto
previstas na legislação de regência.
(D) Durante a fase de conhecimento do processo fali-
mentar, o devedor atua como parte no feito, contu-
do, após a decretação da falência, o devedor falido
convola-se em expectador no processo, cumprindo
ao administrador judicial os atos processuais em de-
fesa da massa falida.
(E) A exigibilidade do protesto da duplicata mercantil
para a instrução do processo de falência permite
realizar diretamente o protesto por falta de paga-
mento ou o protesto especial para fins falimentares,
mesmo que o credor não venha a pedir a falência do
devedor.
Direito Penal
Léo Castro
69
No interior de um ônibus de transporte público, João,
de 32 anos, de forma dissimulada, ejaculou no ombro
de Ana, criança com 10 anos de idade, que percebeu o
ocorrido ao passar a mão no local em que João havia eja-
culado. Imediatamente, a mãe de Ana acionou a polícia,
e João foi preso em flagrante por crime contra a dignida-
de sexual. No caso narrado, é correto afirmar que João
incorreu na prática do delito de:
(A) Estupro de vulnerável.
(B) Importunação sexual.
(C) Fraude sexual.
(D) Constrangimento ilegal.
(E) Violação sexual mediante fraude.
70
Um cidadão senegalês ingressou no Brasil com um pas-
saporte falsificado de Guiné-Bissau, levando o Ministé-
rio Público Federal a denunciá-lo por uso de documento
falso. Ao longo do processo, apesar de seu pedido de
refúgio ser negado pelo governo brasileiro, foi-lhe con-
cedida a residência permanente, ajustando-se às pecu-
liaridades de sua situação. Nesse caso, de acordo com a
jurisprudência do STJ, é correto afirmar que:
(A) O STJ entende que a residência permanente permite
ao estrangeiro responder penalmente por crimes an-
teriores, incluindo o uso de documento falso, como
uma forma de assegurar a legalidade de sua estadia
no Brasil.
(B) De acordo com a jurisprudência do STJ, apenas o
reconhecimento da condição de refugiado, e não a
concessão de residência permanente, pode resultar
na anistia de crimes relacionados à falsificação e uso
de documento falso.
(C) A jurisprudência do STJ indica que a concessão de re-
sidência permanente ao estrangeiro o obriga a sub-
meter-se a um novo julgamento pelos crimes de uso
de documento falso, considerando a alteração de sua
situação migratória.
(D) A concessão de residência permanente ao estran-
geiro equivale a uma anistia legal para os crimes de
uso de documento falso e falsificação de documen-
to público, conforme estabelecido em lei em rela-
ção aos refugiados, eliminando a justa causa para a
ação penal.
(E) Segundo o STJ, a entrada irregular no país e o uso
subsequente de documento falso por um estrangeiro
são considerados atos separados, e a regularização
da situação migratória não afeta o andamento da
ação penal por falsificação de documento.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
71
João entrou em uma agência dos Correios e, simulando
estar armado, ameaçou o empregado com as palavras:
"É um assalto. Me dá o dinheiro do caixa. Anda logo.
Quer morrer?", levando consigo R$ 220,00 do caixa.
Poucos metros adiante, na rua, foi detido por policiais
militares em ronda, que descobriu tratar-se de uma
"arma de brinquedo". Diante dos fatos, o Ministério Pú-
blico denunciou João por roubo simples, conforme o art.
157, caput, do Código Penal, que prevê pena de reclusão
de quatro a dez anos e multa por subtrair coisa móvel
alheia mediante grave ameaça ou violência. Ao final, o
juiz sentenciou João a 4 anos de reclusão, negando a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos. Nesse caso, de acordo com a jurisprudência
do STJ, é correto afirmar que:
(A) O juiz agiu corretamente ao negar a substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
pois a utilização de simulacro de arma durante o as-
salto configura grave ameaça, subsumindo-se à hipó-
tese legal que veda a substituição da pena.
(B) O juiz errou ao não substituir a pena privativa de li-
berdade por restritiva de direitos, pois o uso de um
simulacro de arma não constitui grave ameaça.
(C) O crime praticado por João é hediondo.
(D) O réu faz jus tanto à substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos quanto à suspen-
são condicional da pena.
(E) A sentença foi equivocada ao considerar a ação como
roubo simples.
72
João, após investigação detalhada, foi condenado por
cometer oito furtos em estabelecimentos comerciais
distintos, dentro de um intervalo de dois meses, carac-
terizando crime continuado devido à similaridade das
ações e à proximidade temporal e geográfica dos even-
tos. Consequentemente, em razão do reconhecimento
do crime continuado, a pena de João foi aumentada em
2/3. Nesse caso, de acordo com a jurisprudência do STJ,
é correto afirmar que:
(A) A pena de João foi corretamente aumentada em 2/3.
(B) A pena de João deveria ter sido aumentada em 1/2.
(C) A pena de João deveria ter sido aumentada em 1/3.
(D) A pena de João deveria ter sido aumentada em 1/4.
(E) A pena de João deveria ter sido aumentada em 1/5.
73
Em 2019, João Silva, um engenheiro civil de 35 anos,
adquiriu ilegalmente uma pistola .40, arma de fogo de
uso restrito, e um lote de munição com traçador, de uso
proibido, com o intuito de autodefesa devido ao aumen-
to percebido da criminalidade em sua área. Ele ocultou
esses itens em um compartimento secreto em sua resi-
dência, sem intenção de usá-los para cometer crimes.
Ao longo dos anos, João manteve a arma e a munição
em segredo, mas, em 2024, refletindo sobre as consequ-
ências legais e morais de suas ações, decidiu se desfazer
dos itens. Nesse caso, considerada a jurisprudência dos
tribunais superiores, é correto afirmar que:
(A) João deverá ser responsabilizado por posse ilegal de
arma de fogo de uso restrito, desconsiderada a he-
diondez, e por posse ilegal de arma de fogo de uso
proibido, com as penas mais altas impostas pelo Pa-
cote Anticrime (Lei n. 13.964/2019).
(B) Por se tratar de hipótese de novatio legis in pejus, as
atuais penas impostas à posse ilegal de arma de fogo
de uso proibido não podem ser impostas quando da
punição de João.
(C) Em razão da motivação apontada no enunciado, é
possível o reconhecimento da exclusão da culpabili-
dade em razão de inexigibilidade de conduta diversa.
(D) João responderá apenas pelo crime de posse ilegal
de arma de fogo de uso proibido.
(E) João responderá apenas pelo crime de posse ilegal
de arma de fogo de uso restrito.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
74
Utilizando o comprovante de matrícula escolar de seus
filhos, Anderson, que passava por dificuldades financei-
ras, conseguiu comprar três passagens de transporte
público integrado com desconto estudantil, pagando R$
2,15 por cada uma — metade do valor normal. Depois,
vendeu essas passagens por R$ 4,00 cada uma. Os com-
pradores fizeram uso efetivo dos bilhetes. Essa conduta
causou prejuízo à empresa de transporte público e ge-
rou um lucro indevido para Anderson. Diante disso, o
Ministério Público o acusou de praticar um delito contra
a Administração Pública. Com base na jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), é possível afirmar que:
(A) O princípio da insignificância não pode ser aplicado
em crimes contra a Administração Pública, indepen-
dentemente do valor do prejuízo.
(B) O princípio da insignificância, como causa de exclu-
são da culpabilidade, pode ser reconhecido, de for-
ma excepcional, no caso descrito.
(C) Embora não seja possível o reconhecimento do princí-
pio da insignificância no caso descrito, a pena de Ander-
son deve ser diminuída em razão do baixo lucro obtido.
(D) A conduta de Anderson é atípica.
(E) É possível, excepcionalmente, aplicar o princípio da
insignificância aos crimes praticados contra a Admi-
nistração Pública quando for ínfima a lesão ao bem
jurídico tutelado.
75
Maria, após terminar um relacionamento, passa a ser
incessantemente perseguida por seu ex-namorado João,
que a ameaça por meio de mensagens nas redes sociais
e aparece sem aviso em lugares que ela frequenta, como
seu trabalho e academia, restringindo sua liberdade
de locomoção e invadindo sua privacidade. Apesar de
mudar suas rotinas, João continua a segui-la, enviando
mensagens ameaçadoras e tentando isolá-la de amigos
e familiares ao espalhar falsos rumores, causando a Ma-
ria uma constante sensação de medo e ansiedade. Esse
comportamento de João, que ameaça a integridade físi-
ca e psicológica de Maria, reiteradamente e por diversos
meios, configura o crime de perseguição:
(A) Na forma qualificada, delito de ação penal pública
incondicionada.
(B) Na forma qualificada, delito de ação penal pública
condicionada.
(C) Delito de ação penal pública incondicionada, aumen-
tada a pena de um terço até metade, caso fique de-
monstrado que a conduta se deu por razões da con-
dição de sexo feminino.
(D) Delito de ação penal pública incondicionada, aumentada
a pena de metade, caso fique demonstrado que a condu-
ta se deu por razões da condição de sexo feminino.
(E) Delito de ação penal pública condicionada à repre-
sentação, aumentada a pena de metade, caso fique
demonstrado que a conduta se deu por razões da
condição de sexo feminino.
76
Em uma operação meticulosamente planejada, uma
pessoa com profundos conhecimentos em tecnologia
da informação emprega um programa de computador
malicioso para infiltrar-se nos sistemas de segurança da
Caixa Econômica Federal (CEF). Para mascarar sua loca-
lização real e dificultar a rastreabilidade de suas ações,
o criminoso faz uso de um servidor mantido fora do
território nacional, valendo-se de uma VPN (Virtual Pri-
vate Network – Rede Virtual Privada) com IP (Internet
Protocol – Protocolo de Internet) oriundo da Índia. Por
meio dessa estratégia, ele acessa as contas bancárias de
diversos clientes e subtrai valores para uma conta sob
seu controle, sem o conhecimento ou consentimento
dos titulares. O ato é executado de forma a deixar o mí-
nimo de vestígios possível, postergando a detecção pela
instituição financeira e pelas autoridades competentes.
Com base no exemplo narrado, é correto afirmar que:
(A) O criminoso praticou forma qualificada do crime de fur-
to, compatível, em tese, com o denominado furto privi-
legiado, desde que observadas as demais exigências le-
gais, pois se trata de qualificadora de natureza objetiva,
devendo a pena ser aumentada em razão do uso de um
servidor mantido fora do território nacional.
(B) O criminoso praticou forma qualificada do crime de
furto, incompatível com o denominado furto privi-
legiado, pois se trata de qualificadora de natureza
subjetiva, devendo a pena ser aumentada em razão
do uso de um servidor mantido fora do território
nacional.
(C) O criminoso praticou forma qualificada do crime de
furto, incompatível com o denominado furto privi-
legiado, pois se trata de qualificadora de natureza
subjetiva.
(D) O criminoso praticou o crime de fraude eletrônica,
forma qualificada do crime de estelionato, depen-
dendo a instauração de inquérito policial de manifes-
tação da vítima, pois se trata de crime de ação penal
pública condicionada.
(E) O criminoso praticou o crime de fraude eletrônica,
forma qualificada do crime de estelionato, depen-
dendo a instauração de inquérito policial de manifes-
tação da vítima, pois se trata de crime de ação penal
pública incondicionada.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
77
João, com conhecimentos avançados em informática,
decide acessar sem autorização o smartphone de sua ex-
-parceira, instalando secretamente um software de mo-
nitoramento para espionar suas comunicações e locali-
zação. Aproveitando um momento de descuido, instala
o aplicativo oculto no dispositivo dela, permitindo-lhe
acessar remotamente informações pessoais e privadas,
como mensagens, e-mails, fotos e localização em tempo
real. Contudo, naquele mesmo dia, por coincidência, ela
formatou seu celular, apagando todo o conteúdo, sem
que João conseguisse obter dados ou informações sem
autorização.
Com base nas informações narradas, assinale a alterna-
tiva correta.
(A) Se o telefone celular fosse de propriedade de João
e estivesse temporariamente emprestado a Maria, a
conduta seria atípica.
(B) Se o celular não estivesse protegido por senha ou
outro mecanismo de segurança, a conduta de João
seria atípica.
(C) O fato de não ter conseguido obter as informações
desejadas faz com que João deva ser punido na for-
ma tentada.
(D) O crime praticado por João é de ação penal pública
incondicionada.
(E) João praticou o crime de invasão de dispositivo infor-
mático na forma consumada.
78
Mariana, Oficiala de Justiça, foi denunciada por falsificar
o conteúdo de certidões de intimação, resultando em
quatro acusações de falsidade ideológica em concurso
material. Ao final do processo, recebeu a condenação de
1 ano e 7 meses de reclusão, com a pena privativa de
liberdade substituída por duas restritivas de direitos. O
pedido do Ministério Público para que Mariana perdes-
se seu cargo foi negado pelo magistrado, argumentando
que a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos impede a aplicação do art. 92, I, do
Código Penal (“Art. 92. São também efeitos da conde-
nação: I – a perda de cargo, função pública ou mandato
eletivo”).
Com base no exemplo narrado, é correto afirmar
o seguinte:
(A) A decisão do magistrado em relação ao não perdi-
mento do cargo público está em consonância com a
jurisprudência do STJ.
(B) Para o STJ, não há incompatibilidade entre o efeito
de perda do cargo e a substituição da pena privativa
de liberdade por restritiva de direitos.
(C) Por se trata de efeito automático da sentença conde-
natória nos crimes funcionais, o magistrado deveria
ter determinado a perda do cargo público.
(D) Com base no quantum de pena aplicado, o magistra-
do deveria ter decretado apenas uma pena restritiva
de direitos, e não duas.
(E) Ao substituir a pena privativa de liberdade por res-
tritivas de direitos, o magistrado deve impor, no caso
narrado, a pena de prestação de serviços à comu-
nidade ou a entidades públicas e de suspensão do
exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo
prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos
vencimentos e das vantagens.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)

79
Durante uma discussão em casa, um homem, movido
por ciúmes e inconformismo com o término do rela-
cionamento, ataca sua ex-companheira com uma arma
branca, causando-lhe lesões que resultam em morte. O
ato ocorre enquanto uma chamada de vídeo está ativa
com os pais da vítima, que presenciam o ocorrido em
tempo real, apesar de estarem em outra cidade.
Com base no exemplo narrado, é correto afirmar que:
(A) Se reconhecida a prática de feminicídio, a pena deve-
rá ser aumentada de 1/3 (um terço) até a metade.
(B) O fato de ter praticado o crime motivado por ciúmes
faz com que o homicídio seja qualificado pelo moti-
vo torpe.
(C) O fato de ter praticado o crime motivado por ciúmes
faz com que o homicídio seja qualificado pelo moti-
vo fútil.
(D) O emprego de arma branca faz com que deva ser re-
conhecida a qualificadora do meio cruel.
(E) O emprego de arma branca é circunstância agravante
do crime de homicídio, devendo a pena ser aumen-
tada de 1/6 (um sexto).

80
Joana, após terminar seu relacionamento com Marcos,
passou a receber dele constantes mensagens de texto
e ligações. Nessas comunicações, Marcos ameaçava di-
vulgar fotos íntimas de Joana nas redes sociais, a menos
que ela retomasse o relacionamento. Além disso, Mar-
cos enviava mensagens depreciativas sobre a capacida-
de de Joana tomar decisões por si mesma, afirmando
que ela jamais seria capaz de encontrar alguém que a
tratasse tão bem quanto ele. Joana, sentindo-se amea-
çada, humilhada e incapaz de tomar decisões livremente
sobre sua vida pessoal, procurou a polícia para relatar as
ações de Marcos.
Com base no relato de Joana, assinale qual é a tipifica-
ção mais adequada para a conduta de Marcos, conforme
previsto na legislação brasileira.
(A) Injúria, conforme definido no Código Penal, por ofen-
der a dignidade de Joana.
(B) Difamação, pela intenção de Marcos em macular a
reputação de Joana perante terceiros.
(C) Ameaça, visto que Marcos coagiu Joana com o intui-
to de intimidá-la a retomar o relacionamento.
(D) Violência psicológica contra a mulher, por causar
dano emocional a Joana, visando degradar e contro-
lar suas ações, comportamentos e decisões, median-
te ameaça, constrangimento e humilhação.
(E) Perseguição, caracterizado pela perseguição insis-
tente de Marcos por meio de mensagens e ligações.
 2º Simulado
Exame Nacional da Magistratura

GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
C A C D C A D A E A
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
C B A B A A A B C D
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
D A B D B B D B C A
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
D E B C E D C A A B
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
D C C E A E B E A B
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
E B B D B E A C B C
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
C C A A E C C E A D
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
A A A E E E E B A D
 Valorize seu tempo
e seu dinheiro:
Estude para concursos com a única assinatura
capaz de potencializar a sua compreensão do
conteúdo e agilizar a sua aprovação. Só a nova
Assinatura Ilimitada 9.0 tem tudo na palma da
sua mão: são mais de 40 mil cursos com
videoaulas e PDFs para todas as carreiras, 80 mil
horas de audiolivros e 2,7 milhões de questões. E,
agora, a Assinatura Ilimitada 9.0 está ainda mais
tecnológica, confira:

NUNCA MAIS ESTUDE SÓ, APRENDA COM A MAIA

Além dos nossos mais de 500 professores especialistas, agora
você tem a MAIA, a assistente educacional inteligente que está
sempre pronta para tirar dúvidas, comentar questões e
recomendar e comparar os cursos e os concursos alinhados aos
seus objetivos.

CRONOGRAMA DE ESTUDOS ATUALIZADO

Edite o seu cronograma de estudos de acordo com a sua rotina: mescle videoaulas com PDFs, altere
a sequência de conteúdos e selecione a quantidade de cursos que quiser.

ELIMINE EXCESSOS
Com os PDFs sintéticos do Gran, você nunca mais precisará se preocupar em resumir o que
estudou. Eles são resumos completos, objetivos e esquematizados, voltados para o estudo
otimizado das matérias.

MAIS TECNOLOGIA E USABILIDADE

A nova plataforma de estudos passou por uma remodelação na estrutura do menu. A página de cursos
foi atualizada e o material de boas-vindas vai te surpreender ao explicar de maneira ágil como usar a
plataforma. Agora, você pode contar com app para o seu desktop, implementação do modo noturno
e Gran Comunidade na sala de aula.

Contato para vendas:

Quero ser assinante
(61) 99884-6348 | De segunda a quinta até as 22h e sexta até as 21h. ilimitado agora
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)

Direito Constitucional, Direito Constitucional 2

do Trabalho, Direito Constitucional Tributário e As imunidades parlamentares são garantias conferidas
aos membros do Poder Legislativo em muitos países de-
Normas Constitucionais de Processo Penal mocráticos, visando proteger a independência e o livre
Samuel Marques exercício das funções parlamentares. Elas são importan-
tes para o funcionamento eficaz do sistema democrático
1 e para proteger os representantes do povo contra even-
A ação civil pública, instrumento relevante do ordena- tuais abusos ou pressões externas.
mento jurídico brasileiro, desempenha um papel funda- Sobre tal temática, assinale a alternativa correta.
mental na defesa dos interesses coletivos e individuais (A) Em tema de responsabilização civil de parlamentar,
indisponíveis da sociedade. Diante do instituto ação civil na hipótese de as declarações ofensivas à honra da
pública e do entendimento do Supremo Tribunal Federal pessoa terem sido assacadas no recinto da Casa Le-
e dos tribunais superiores, julgue as afirmativas a seguir. gislativa, notadamente da tribuna parlamentar, já
decidiu o Supremo Tribunal Federal pelo reconheci-
I – O Ministério Público não possui legitimidade para
mento da natureza absoluta da imunidade material.
propor ação civil pública que trate sobre honorários
(B) Aos suplentes de senadores e deputados federais
advocatícios abusivos.
são garantidas as mesmas prerrogativas dos titula-
II – O Ministério Público pode propor ação civil pública
res, ainda que aqueles não estejam em exercício.
com o objetivo de invalidar um acordo celebrado en-
(C) Os estados podem estabelecer foro especial aos ve-
tre o contribuinte e o poder público, caso seja cons-
readores, ressalvada a competência constitucional
tatado que tal acordo prejudica as receitas públicas
do tribunal do júri.
devido à diminuição da arrecadação tributária.
(D) A imunidade material garantida ao parlamentar afas-
III – O Ministério Público tem competência para contes-
ta a responsabilidade administrativa por palavras,
tar, por meio de uma ação civil pública, a restrição na
opiniões e votos, desde que expressos no espaço da
dedução de despesas com educação no imposto de
Casa Legislativa por ele integrada.
renda das pessoas físicas, considerando os direitos
(E) Deputados estaduais e vereadores gozam de imuni-
individuais homogêneos dos contribuintes afetados.
dade material somente no exercício do mandato e na
Está(ão) correta(s): circunscrição do município sede do Poder Legislativo
(A) Afirmativas I e II. do qual são integrantes.
(B) Afirmativas I e III.
Letra a.
(C) Afirmativa II, somente.
Assunto abordado: Poder Legislativo. Repartição de
(D) Afirmativas II e III.
Competências e atribuições do Poder Judiciário
(E) Afirmativa I, somente.
(A) Certa. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal fir-
mou-se no sentido de que, quando as declarações do parla-
Letra c.
mentar são proferidas dentro do Congresso Nacional, a imu-
Assunto abordado: Funções Essenciais à Justiça. Ministé-
nidade material incide de forma absoluta. (STF, Pet 7634 AgR)
rio Público
(B) Errada. Segundo o Supremo Tribunal Federal, em de-
I – Errada. Conforme compreendido a partir do REsp
cisão proferida a partir do Inq 2.453 AgR, a diplomação
207940, o Ministério Público tem legitimidade para
do suplente não lhe estende automaticamente o regime
propor ação civil pública que trate de contrato de ho-
político-jurídico dos congressistas.
norários advocatícios abusivos, desde que haja litigantes
(C) Errada. Os entes federados não dispõem de compe-
hipossuficientes e repercussão social que transcenda a
tência para ampliar as imunidades constitucionalmen-
esfera dos interesses privados.
te previstas aos vereadores no inciso VIII do art. 29 da
II – Certa. Segundo o entendimento do Supremo Tribunal
Constituição da República, conforme o Supremo Tribu-
Federal, estabelecido a partir do Tema 56, com repercussão
nal Federal entendeu a partir do julgamento da ADI 558.
geral, o Ministério Público tem legitimidade para propor
(D) Errada. A imunidade material conferida aos parla-
ação civil pública com o objetivo de anular Termo de Acor-
mentares somente se aplica às hipóteses de responsa-
do de Regime Especial — TARE firmado entre o Poder Pú-
bilização civil e criminal, não se estendendo à responsa-
blico e contribuinte, em face da legitimação ad causam que
bilização administrativa, uma vez que os parlamentares
o texto constitucional lhe confere para defender o erário.
poderão ser punidos com a perda do mandato em razão
III – Errada. O Ministério Público não tem legitimidade
de atos incompatíveis com o decoro parlamentar, na for-
para ajuizar ação civil pública com o objetivo de obrigar a
ma do artigo 55, inciso II, da Constituição Federal.
Fazenda Pública a deduzir da base de cálculo do Imposto
(E) Errada. A Constituição Federal, em seu artigo 29, in-
de Renda os gastos efetuados por pessoa física com aqui-
ciso VIII, somente trouxe limitação circunscricional às
sição de livros, cursos de informática e de idiomas estran-
imunidades materiais dos vereadores.
geiros e cursos preparatórios para concursos e vestibular.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
3 4
Sobre as disposições jurisprudenciais acerca da proteção
dos direitos fundamentais, julgue as afirmativas a seguir.
I – É inconstitucional a lei de proteção animal que, a
fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o
sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de
matriz africana.
II – Admitem-se limitações por lei ao livre exercício das
profissões, sendo consideradas legítimas quando
o inadequado exercício de determinada atividade
possa vir a causar danos a terceiros e desde que
obedeçam a critérios de adequação e razoabilidade.
III – Não viola o direito à intimidade a requisição, pelo
Ministério Público, de informações bancárias de ti-
tularidade de órgão e entidades públicas, a fim de
proteger o patrimônio público.
Assinale a alternativa que corresponda a todas as afir-
mativas corretas.
(A) Itens I e III.
(B) Item I, somente.
(C) Itens II e III.
(D) Item II, somente.
(E) Itens I, II e III.
Letra c.
Assunto abordado: Teoria Geral dos Direitos Fundamen-
tais. Direitos Individuais
I – Errada. É constitucional a lei de proteção animal que,
a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sa-
crifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz
africana, conforme entendimento do Supremo Tribunal
Federal no RE 494.601.
II – Certa. Segundo o Supremo Tribunal Federal, no jul-
gamento do RE 414.426, a regra é a liberdade. Apenas
quando houver potencial lesivo na atividade, é que
pode ser exigida inscrição em conselho de fiscalização
profissional.
III – Certa. É lícita a requisição pelo Ministério Público
de informações bancárias de contas de titularidade de
órgãos e entidades públicas, com o fim de proteger o pa-
trimônio público, conforme decidiu o Superior Tribunal
de Justiça, a partir do julgamento do HC 308.493.
O Congresso Nacional aprovou projeto de lei, apresenta-
do pela Senadora Kelly, que aumentava os vencimentos
dos servidores públicos federais. O Presidente da Repú-
blica, considerando tal projeto de lei como inconstitu-
cional, o vetou. Em momento posterior, o veto foi rejei-
tado pela maioria relativa dos Deputados e Senadores,
sendo ao final promulgada pelo Presidente da Repúbli-
ca a Lei YY.
À luz da sistemática constitucional, o processo legislativo
que culminou com a promulgação da Lei YY apresenta:
(A) Um vício formal de inconstitucionalidade, uma vez
que o veto só poderia ser rejeitado mediante a maio-
ria absoluta dos deputados e senadores.
(B) Um vício material de inconstitucionalidade em relação
à matéria do projeto de lei, cuja iniciativa é reservada ao
chefe do Poder Executivo, e um vício formal em relação
à rejeição ao veto, já que este só poderia ocorrer me-
diante a maioria absoluta dos deputados e senadores.
(C) Um vício material de inconstitucionalidade, pois a
matéria versada no projeto era de iniciativa reserva-
da do Presidente da República Federativa do Brasil.
(D) Dois vícios formais de inconstitucionalidade, pois a
matéria era de iniciativa reservada do Chefe do Po-
der Executivo e o veto só poderia ser rejeitado pela
maioria absoluta dos Deputados e Senadores.
(E) Dois vícios formais de inconstitucionalidade, pois o veto
só poderia ser rejeitado pela maioria absoluta dos De-
putados e Senadores e a promulgação da lei deveria ser
realizada pelo presidente do Senado Federal.
Letra d.
Assunto abordado: Processo Legislativo. Controle de
Constitucionalidade
(A) Errada. A situação narrada encontra dois vícios de in-
constitucionalidade formal, um em relação à iniciativa re-
servada do projeto de lei ao Presidente da República, con-
forme determina o artigo 61, parágrafo 1º, inciso II, alínea
“a”, da Constituição Federal, e outro em relação à rejeição
do veto, que somente poderia ocorrer mediante a votação
da maioria absoluta dos deputados e senadores, conforme
expõe o artigo 66, parágrafo 4º, da Constituição Federal.
(B) Errada. O vício de inconstitucionalidade em relação
à iniciativa reservada do Presidente da República tem
caráter formal, uma vez que o desacordo com a Consti-
tuição Federal se apresenta a partir de uma formalidade,
e não em razão da matéria.
(C) Errada. O vício de iniciativa, a partir da condição re-
servada ou privativa dada pela Constituição Federal, na
forma do seu artigo 61, apresenta-se como de natureza
formal ou procedimental.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
(D) Certa. Os vícios de inconstitucionalidade apresenta-
dos de fato são de natureza formal, uma vez que envol-
veu lesão ao devido processo legislativo, um em relação
à iniciativa do projeto de lei que, de acordo com o artigo
61 da Constituição Federal, é reservada ao Presidente da
República e outro em relação à rejeição do veto, que so-
mente pode acontecer mediante a vontade da maioria
absoluta dos deputados e senadores.
(E) Errada. Em relação à promulgação, o procedimento
após a rejeição do veto é de que o Presidente da Repú-
blica deverá promulgá-lo, na forma do artigo 66, pará-
grafo 5º, da Constituição Federal, somente devendo ser
de responsabilidade do presidente do Senado Federal
caso o Presidente da República não o faça em até 48
horas, conforme preceitua o artigo 66, parágrafo 7º, da
Constituição Federal.
5 da decisão em que se utiliza o método de interpreta-
A cláusula de reserva de plenário é de extrema importân-
cia para as decisões de controle de constitucionalidade,
pois assegura a preservação da segurança jurídica e da
estabilidade das instituições. Essa cláusula estabelece,
de forma geral, o necessário pronunciamento da maio-
ria absoluta membros de órgão jurisdicional colegiado.
Diante do instituto da cláusula de reserva de plenário,
assinale a alternativa correta.
(A) A cláusula da reserva de plenário não alcança o Su-
premo Tribunal Federal, em virtude das característi-
cas institucionais que lhe conferem estatura de ge-
nuína corte constitucional.
(B) A cláusula de reserva de plenário somente se aplica
ao Supremo Tribunal Federal no exercício do contro-
le concentrado de constitucionalidade.
(C) O instituto da cláusula de reserva de plenário en-
contra mitigações em algumas situações, como, por
exemplo, em decisões em que se aplica o método de
decisão em interpretação conforme.
(D) Via de regra, a cláusula de reserva de plenário deve
ser aplicada em todas as decisões de órgãos colegia-
dos que visem a declaração de constitucionalidade
de lei ou ato normativo.
(E) Não viola a cláusula de reserva de plenário a deci-
são de órgão fracionário de tribunal que, embora
não declare expressamente a inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte.
Letra c.
Assunto abordado: Poder Judiciário. Controle de Cons-
titucionalidade
(A) Errada. Na forma do artigo 97, da Constituição Fede-
ral, a cláusula de reserva de plenário alcança as decisões
em que visem a declaração de inconstitucionalidade
proferidas por órgãos jurisdicionais colegiados, inclusive
o próprio Supremo Tribunal Federal.
(B) Errada. A cláusula de reserva de plenário deverá ser
respeitada no juízo de inconstitucionalidade exercido
por órgãos jurisdicionais colegiados, no exercício dos
controles difuso e concentrado de constitucionalidade,
conforme preceitua o artigo 97 da Constituição Federal.
(C) Certa. Somente a declaração de inconstitucionali-
dade é que, via de regra, gera a necessidade de respei-
to à cláusula de reserva de plenário, não se aplicando
ao juízo de constitucionalidade, que é tomado a partir
ção conforme.
(D) Errada. A cláusula de reserva de plenário, presente
no artigo 97, da Constituição Federal, não é aplicável no
juízo de constitucionalidade das leis e atos normativos,
uma vez que toda norma já é presumidamente constitu-
cional, mas deve ser respeitada, via de regra, em juízo de
inconstitucionalidade.
(E) Errada. Conforme destaca a Súmula Vinculante 10,
viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora
não declare expressamente a inconstitucionalidade de
lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua inci-
dência, no todo ou em parte.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
6 Letra a.
As imunidades conferem proteção aos titulares de car-
gos públicos em diferentes níveis, desempenhando um
papel crucial na garantia da independência e no funcio-
namento adequado das instituições democráticas.
Sobre as imunidades aplicáveis aos chefes do Poder Exe-
cutivo, assinale a alternativa correta.
(A) As imunidades processuais do Presidente da Repú-
blica, relacionadas ao foro, à prisão, ao processo e
à admissibilidade legislativa não são extensíveis aos
governadores, pois são inerentes à função de Chefia
de Estado.
(B) Os chefes do Poder Executivo, em semelhança aos
cargos de membros do Poder Legislativo, são titula-
res de imunidades formais e materiais.
(C) A responsabilização dos chefes do Poder Executivo,
nos diferentes níveis de federação, encontra funda-
mentação a partir das respectivas normas organi-
zatórias.
(D) Em semelhança do que ocorre com a responsabili-
zação do Presidente da República, o Governador de
estado só poderá ser julgado por crime comum caso
haja autorização de dois terços da Assembleia Legis-
lativa do respectivo estado.
(E) O Governador de estado deverá ser julgado pela As-
sembleia Legislativa em razão de crime de respon-
sabilidade, conforme preceitua a respectiva Cons-
tituição Estadual, em simetria ao estabelecido pela
Constituição Federal.
Assunto abordado: Poder Executivo
(A) Certa. Segundo o Supremo Tribunal Federal, nos jul-
gamentos das ADI 978 e ADI 5540, as imunidades pro-
cessuais do Presidente da República (foro, prisão, pro-
cesso e admissibilidade legislativa) não são extensíveis
aos governadores, pois são inerentes à Chefia de Estado.
(B) Errada. A Constituição Federal, em seu texto, não
conferiu imunidades materiais aos chefes dos Poder
Executivo, o que implica na possiblidade de serem res-
ponsabilizados civil e penalmente por seus atos. So-
mente se conferiu imunidades de caráter procedimental
ou formal.
(C) Errada. Segundo a Súmula Vinculante 46, a definição
dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das
respectivas normas de processo e julgamento são da
competência legislativa privativa da União; logo, os esta-
dos não têm autonomia para dispor sobre regramentos
próprios em suas respectivas constituições.
(D) Errada. Segundo o Supremo Tribunal Federal, no
julgamento da ADI 5540, é inconstitucional norma de
constituição estadual que condicione a autorização da
Assembleia Legislativa para instauração de processo de
responsabilização de governador de estado.
(E) Errada. A responsabilização por crime de responsa-
bilidade de governador deve ser condicionada a tribu-
nal especial de julgamento dos governadores, de acordo
com a lei de Responsabilidade (Lei n. 1.079/1950), que
será composto por 5 desembargadores do Tribunal de
Justiça e 5 deputados estaduais
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
7 8
As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) desempe-
nham um papel crucial no sistema democrático, especial-
mente no âmbito do Poder Legislativo. Elas são ferramen-
tas poderosas de investigação, fiscalização e transparência,
e sua importância pode ser observada em vários aspectos.
Sobre as CPIs, diante de sua compreensão constitucional
e jurisprudencial, assinale a alternativa correta.
(A) As comissões parlamentares de inquérito possuem
poderes de investigação próprios de autoridades ju-
diciais para a apuração de fato determinado por pra-
zo indeterminado.
(B) As CPIs instauradas pelos poderes legislativos muni-
cipais possuem poderes investigativos próprios das
autoridades judiciais.
(C) Dado o princípio majoritário adotado pela CF, o pedi-
do de criação de comissão parlamentar de inquérito
efetuado por um terço dos membros da casa legis-
lativa fique condicionado à vontade da maioria do
plenário, que, se assim deliberar, poderá impedir a
instalação da respectiva comissão.
(D) As CPIs possuem margem de discricionariedade para
decidir sobre as possíveis linhas investigativas sobre
quem recai a investigação.
(E) Competem às comissões parlamentares de inquéri-
to a apuração de irregularidades e a aplicação das
respectivas sanções, constituindo tais competências
hipóteses de controle político.
Letra d.
Assunto abordado: Poder Legislativo. Comissão Parla-
mentar de Inquérito. Separação dos Poderes
(A) Errada. Conforme determina o artigo 58, parágrafo
3º, da Constituição Federal, as Comissões Parlamentares
de Inquérito possuem poderes de investigação próprios
de autoridades judiciais para apuração de fato determi-
nado, mas em um prazo certo.
(B) Errada. A transferência de poderes jurisdicionais não
se pode dar no âmbito do município, exatamente por-
que o município não dispõe de jurisdição nem de poder
jurisdicional, a transferir, na área da CPI, do Judiciário
ao Legislativo, conforme indicado na ACO 730, em julga-
mento no Supremo Tribunal Federal.
(C) Errada. Em razão do respeito à minoria parlamentar,
o Supremo Tribunal Federal entendeu, no julgamento
do MS 24831, que o juízo de instauração da Comissão
Parlamentar de Inquérito é vinculado ao presidente da
respectiva casa legislativa, assim como não se sujeita à
deliberação do plenário da casa.
(D) Certa. Segundo o Supremo Tribunal Federal, no julga-
mento do MS 33.751, há espaço para que o Parlamento se
movimente com certa discricionariedade nos quadrantes
das diversas possíveis linhas investigativas a serem traça-
das no âmbito das Comissões Parlamentares de Inquérito.
(E) Errada. As comissões parlamentares de inquérito
não são competentes para o estabelecimento de san-
ções, pois seu papel é destinado à fiscalização somente.
Considerando a doutrina clássica e majoritária do direito
constitucional brasileiro sobre as técnicas de interpreta-
ção hermenêutica e concepções de constituições, assi-
nale a alternativa incorreta.
(A) A abordagem sociológica da Constituição destaca
que esse documento é influenciado por uma varie-
dade de fatores sociais, políticos e econômicos que
caracterizam a sociedade, além de ser moldado
pelo contexto histórico e pelas relações de poder
vigentes.
(B) Quando uma norma apresenta múltiplas interpreta-
ções e o STF determina que apenas uma delas está
em conformidade com os preceitos constitucionais,
caracteriza-se o processo de interpretação conforme
à Constituição.
(C) Os princípios funcionam como mandamentos de oti-
mização, dotados de máxima eficácia, orientando a
interpretação constitucional e representando o ideal
a ser alcançado por meio das diferentes respostas
possíveis dentro do ordenamento jurídico.
(D) A Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen buscava dis-
sociar a ciência jurídica de qualquer consideração de
natureza moral.
(E) Carl Schmitt afirma que a Constituição significa a
decisão política fundamental; vale dizer, a decisão
concreta sobre o modo e a forma de existência da
unidade política.
Letra a.
Assunto abordado: Interpretação constitucional. Prin-
cípios da interpretação constitucional. Concepções de
Constituição
(A) Errada. A abordagem sociológica constitucional, nas
lições de Ferdinand Lassale, reporta que a Constituição é
formada pelo somatório dos fatores sociais, políticos ou
econômicos que permeiam a sociedade.
(B) Certa. O método de interpretação conforme à Cons-
tituição se relaciona exatamente ao conceito de que o
Supremo Tribunal Federal define que apenas uma in-
tepretação estaria em conformidade com os preceitos
constitucionais.
(C) Certa. Os princípios são mandamentos de otimiza-
ção, como critério hermenêutico, e implicam o ideal re-
gulativo que deve ser buscado pelas diversas respostas
constitucionais possíveis.
(D) Certa. A Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen
procurava afastar a ciência jurídica de todo juízo de
ordem moral.
(E) Certa. Carl Schmitt, em sua obra “Teoria da Constitui-
ção”, afirma que a Constituição significa a decisão polí-
tica fundamental; vale dizer, a decisão concreta sobre o
modo e a forma de existência da unidade política.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
9 10
As garantias dos magistrados são importantes para asse-
gurar a independência, imparcialidade e integridade do
Poder Judiciário. Essas garantias visam proteger os juízes
de possíveis pressões externas e interferências políticas,
garantindo que eles possam exercer suas funções de for-
ma livre e justa.
Sobre as garantias dos magistrados, julgue as afirmati-
vas a seguir:
I – Os magistrados adquirem vitaliciedade após dois
anos de exercício no cargo, seja em que instância for.
II – A irredutibilidade impede que os subsídios recebi-
dos pelos juízes sofram qualquer espécie de des-
conto, de natureza tributária ou previdenciária.
III – Os advogados que ingressam nos tribunais estadu-
ais ou federais pelo quinto constitucional adquirem
vitaliciedade após dois anos de efetivo exercício
da carreira.
Assinale a alternativa que corresponda a todas as afir-
mativas incorretas.
(A) Itens I e III.
(B) Item I, somente.
(C) Itens II e III.
(D) Item II, somente.
(E) Itens I, II e III.
Letra e.
Assunto abordado: Poder Judiciário
I – Errada. A vitaliciedade será conferida aos magistrados
após dois anos de exercício no cargo, quando do primei-
ro grau, conforme se indica o artigo 95, inciso I, da Cons-
tituição Federal.
II – Errada. A irredutibilidade de subsídios não é uma
garantia de caráter absoluto, uma vez que o artigo 95,
inciso III, da Constituição Federal, estabeleceu algumas
ressalvas, dentre elas, a do artigo 153, que corresponde
à dedução tributária sobre a remuneração.
III – Errada. A vitaliciedade, para os magistrados que não
ingressam por concurso público, será garantida a partir
da posse, conforme determina o art. 22 da LOMAN e se
depreende da interpretação do texto do artigo 95, inciso
I, da Constituição Federal.
A repartição de competências entre os entes federativos
é um dos princípios fundamentais do federalismo e de-
sempenha um papel crucial na organização e na estabi-
lidade do Estado.
Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
(A) No tocante à legislação sobre proteção e integração
social das pessoas portadoras de deficiência, à União
cabe o estabelecimento de normas gerais.
(B) É constitucional lei que obrigue supermercados ou
similares à prestação de serviços de acondiciona-
mento ou embalagem das compras.
(C) É inconstitucional lei municipal que proíba o uso de
fogos de artifício de efeito sonoro ruidoso no âmbito
do Município.
(D) É inconstitucional lei municipal que estabelece que
os supermercados e hipermercados do Município fi-
quem obrigados a colocar à disposição dos consumi-
dores pessoal suficiente no setor de caixas, de forma
que a espera na fila para o atendimento seja de, no
máximo, 15 minutos.
(E) O município não tem competência para estabelecer
sobre horário de funcionamento comercial.
Letra a.
Assunto abordado: Organização do Estado. Repartição
de Competências
(A) Certa. A competência legislativa sobre proteção e in-
tegração social das pessoas portadoras de deficiência é
concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal,
cabendo à União legislar sobre normas gerais, conforme
preceitua o artigo 24, parágrafo 1º, da Constituição Federal.
(B) Errada. O Supremo Tribunal Federal entendeu por in-
constitucionais, no julgamento da ADI 907, leis que obri-
gam supermercados ou similares à prestação de serviços
de acondicionamento ou embalagem das compras, por
violação ao princípio da livre iniciativa.
(C) Errada. A constitucionalidade de lei municipal que
proíba o uso de fogos de artifício de efeito sonoro rui-
doso no âmbito municipal foi compreendida a partir do
julgamento da ADPF 567.
(D) Errada. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento
do RE 839950, entendeu pela constitucionalidade de lei
municipal que estabelece que os supermercados e hiper-
mercados do Município fiquem obrigados a colocar à dis-
posição dos consumidores pessoal suficiente no setor de
caixas, de forma que a espera na fila para o atendimento
seja de, no máximo, 15 minutos, diante da competência
municipal para legislar sobre assuntos de interesse local,
notadamente sobre a definição do tempo máximo de es-
pera de clientes em estabelecimentos empresariais.
(E) Errada. Segundo a Súmula Vinculante 38, é compe-
tente o município para fixar o horário de funcionamento
de estabelecimento comercial.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
11
O sistema tributário nacional é essencial para financiar
o Estado, promover a justiça social, estimular a econo-
mia, controlar a inflação e fortalecer a cidadania. Ele é
crucial para garantir os recursos necessários para os ser-
viços públicos e para redistribuir a renda de forma mais
equitativa, além de ser um instrumento importante para
o desenvolvimento econômico e o controle da estabili-
dade financeira.
Diante do exposto, analise as seguintes afirmativas:
I – De acordo com o Supremo Tribunal Federal, norma
legal que altera o prazo de recolhimento de obri-
gação tributária não se sujeita ao princípio da an-
terioridade.
II – O princípio constitucional que proíbe a instituição
de tributo federal não uniforme no território nacio-
nal impede a concessão de tratamento fiscal dife-
renciado, com base em critérios regionais.
III – Há imunidade tributária na importação e comercializa-
ção, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book)
e dos suportes exclusivamente utilizados para fixá-los,
como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda
que possuam funcionalidades acessórias.
Assinale a alternativa correta.
(A) I e II estão corretas.
(B) II e III estão corretas.
(C) I e III estão corretas.
(D) Somente I está correta.
(E) Todas as afirmativas estão corretas.
Letra c.
Assunto abordado: Sistema Tributário Nacional
I – Certa. Conforme determina a Súmula Vinculante 50,
a norma legal que altera o prazo de recolhimento da
obrigação tributária não se sujeita ao princípio da an-
terioridade.
II – Errada. O artigo 150, inciso I, da Constituição Fede-
ral, dispõe ser admitida a concessão de incentivos fiscais
destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
socioeconômico entre as diferentes regiões do País.
III – Certa. Em respeito à Súmula Vinculante 57, determi-
na-se que a imunidade tributária constante do art. 150,
VI, “d”, da CF/88, aplica-se à importação e comerciali-
zação, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book)
e dos suportes exclusivamente utilizados para fixá-los,
como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda
que possuam funcionalidades acessórias.
12
O controle de constitucionalidade é essencial para ga-
rantir a supremacia da Constituição e a harmonia entre
os poderes do Estado. Ele assegura que as leis e atos
normativos estejam em conformidade com os preceitos
constitucionais, protegendo os direitos fundamentais
dos cidadãos e fortalecendo o Estado de Direito. Além
disso, contribui para a estabilidade jurídica e a seguran-
ça das relações sociais, políticas e econômicas.
Diante do tema, assinale a alternativa correta.
(A) Conforme entendimento consolidado pelo Supremo Tri-
bunal Federal, admite-se a constitucionalidade superve-
niente de norma que, quando da edição, esteja eivada
de inconstitucionalidade, mas que se torna válida após a
mudança do parâmetro normativo constitucional.
(B) Estará prejudicado o julgamento de Ação Direta de In-
constitucionalidade quando houver revogação do ato
normativo que estava sendo impugnado e não for de-
monstrada a ocorrência de fraude processual, com o ob-
jetivo de evitar que o STF declare o ato inconstitucional.
(C) Os regimentos internos dos tribunais não podem ser
objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade.
(D) A súmula de jurisprudência e a súmula vinculante
são consideradas atos normativos, sujeitos, portan-
to, ao controle de constitucionalidade concentrado.
(E) Dado o princípio da unidade da Constituição Federal,
norma constitucional originária pode ser objeto de
Ação Direta de Inconstitucionalidade.
Letra b.
Assunto abordado: Controle de Constitucionalidade
(A) Errada. O Supremo Tribunal Federal não admite
constitucionalidade superveniente. Assim, norma decla-
rada inconstitucional não tem a possibilidade de tornar-
-se compatível por mudanças de parâmetros, conforme
se destacou no julgamento da ADI 145.
(B) Certa. Segundo o entendimento firmado pelo Su-
premo Tribunal Federal no julgamento da ADI3306, em
regra haverá a perda do objeto, mas não haverá perda
superveniente do objeto e ADI deve ser conhecida e jul-
gada caso fique demonstrado que houve “fraude proces-
sual”, ou seja, a norma foi revogada de forma proposital
a afim de evitar que o STF declarasse inconstitucional e
anulasse os efeitos produzidos.
(C) Errada. Os Regimentos Internos dos Tribunais podem
ser objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade, pois
são normas estaduais, genéricas e autônomas.
(D) Errada. Segundo o Supremo Tribunal Federal, no jul-
gamento da ADI 594, a súmula não apresenta as carac-
terísticas de ato normativo, portanto não está sujeita à
jurisdição constitucional concentrada.
(E) Errada. De acordo com o princípio da unidade, nor-
ma constitucional originária não pode ser objeto de
ações de controle de constitucionalidade.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
13
O controle de convencionalidade sustenta que as leis
podem ser avaliadas não apenas quanto à sua confor-
midade com a Constituição, mas também com tratados
e convenções internacionais sobre Direitos Humanos.
Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Fede-
ral sobre tratados internacionais, assinale a alternativa
incorreta.
(A) Tratados internacionais sobre direitos humanos equi-
valentes às normas supralegais podem ser objeto de
controle de convencionalidade.
(B) Em âmbito interno, o controle de convencionalidade
é um poder-dever não só dos membros do Poder Ju-
diciário, mas de toda e qualquer autoridade pública.
(C) De acordo com a CF, os tratados internacionais de
direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, terão
status de norma constitucional.
(D) Os tratados internacionais equivalentes às emendas
constitucionais podem fundamentar tanto o controle
de constitucionalidade quanto o controle de conven-
cionalidade.
(E) Os tratados internacionais sobre direitos humanos,
anteriores à promulgação da Emenda Constitucional
n. 45, independentemente da forma de aprovação,
serão equivalentes às normas supralegais.
Letra a.
Assunto abordado: Poder Judiciário. Competências
Jurisdicionais
(A) Errada. Os tratados internacionais equivalentes às
normas supralegais podem ser parâmetro (não objeto)
de controle de convencionalidade.
(B) Certa. O controle de convencionalidade consiste na
análise de compatibilidade dos atos internos em face
das normas internacionais. Este pode ser de matriz in-
ternacional, realizado pelos órgãos internacionais, tais
como a CIDH e de matriz nacional, realizados pelos ór-
gãos nacionais, tais como os juízes e órgãos públicos.
(C) Certa. O procedimento de aprovação de um tratado
internacional sobre direitos humanos como equivalen-
tes às emendas constitucionais é estabelecido no artigo
5º, parágrafo 3º, da Constituição Federal.
(D) Certa. Por se apresentarem em status normativo de
natureza constitucional, serão parâmetro tanto para
o controle de constitucionalidade, quanto para o con-
trole difuso.
(E) Certa. Conforme se depreende do entendimento do
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 466.343,
os tratados internacionais sobre Direitos Humanos apro-
vados antes da promulgação da Emenda Constitucional
n. 45 serão equivalentes às normas supralegais.
14
A Teoria Geral dos Direitos Fundamentais estabelece que
esses direitos são inerentes à condição humana, univer-
sais, indivisíveis e imprescritíveis. Eles visam garantir a
dignidade, liberdade e igualdade de todos os indivíduos
perante o Estado e a sociedade. Esses direitos são funda-
mentais para a proteção dos valores democráticos e do
Estado de Direito, devendo ser respeitados, promovidos
e protegidos pelos poderes públicos em todas as suas
dimensões: civil, política, econômica, social e cultural.
Assinale a alternativa correta.
(A) Os direitos fundamentais se diferenciam dos direitos
humanos a partir de seu objetivo.
(B) A cláusula de abertura material do catálogo de direi-
tos fundamentais expressa no parágrafo 2º do art. 5º
da Constituição Federal autoriza que direitos consa-
grados fora do Título II do texto constitucional sejam
incorporados ao referido rol.
(C) A dimensão subjetiva dos direitos fundamentais está
ligada ao reconhecimento de que tais direitos impli-
cam deveres de proteção do Estado.
(D) As normas definidoras dos direitos e garantias funda-
mentais têm aplicabilidade imediata.
(E) Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos,
o Procurador-Geral da República, com a finalidade de
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes
de tratados internacionais de direitos humanos dos
quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o
Supremo Tribunal Federal, em qualquer fase do in-
quérito ou processo, incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal.
Letra b.
Assunto abordado: Classificação das normas constitucio-
nais. Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais
(A) Errada. Direitos fundamentais são direitos humanos
dentro do texto da Constituição Federal, logo seus ob-
jetivos são os mesmos, que é a proteção e garantia da
dignidade da pessoa humana.
(B) Certa. A cláusula de abertura presente no texto do
parágrafo 2º, do artigo 5º, da Constituição Federal, au-
toriza que outros direitos mais sejam considerados na
mesma perspectiva dos direitos fundamentais.
(C) Errada. A dimensão objetiva dos direitos fundamen-
tais é a que está ligada ao reconhecimento de que tais
direitos implicam deveres de proteção do Estado.
(D) Errada. As normas definidoras dos direitos e garan-
tias fundamentais têm aplicação imediata, mas nem to-
das têm aplicabilidade imediata.
(E) Errada. O incidente de deslocamento de competên-
cia é de competência do Superior Tribunal de Justiça,
conforme determina o artigo 109, parágrafo 5º, da Cons-
tituição Federal.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
15
As funções essenciais à justiça desempenham papéis
fundamentais para o funcionamento e a garantia da
justiça e do Estado de Direito. Elas incluem o Ministé-
rio Público, a Defensoria Pública, a Advocacia Pública e
a Advocacia Privada. Essas instituições atuam na defe-
sa dos direitos individuais e coletivos, na promoção da
igualdade perante a lei e no combate à impunidade, as-
segurando a efetividade do sistema jurídico e o acesso à
justiça para todos os cidadãos.
Sobre as funções essenciais à Justiça, assinale a alterna-
tiva correta.
(A) É inconstitucional norma estadual que autoriza ocupan-
te de cargo em comissão a desempenhar atribuições de
assessoramento jurídico, no âmbito do Poder Executivo.
(B) A Defensoria Pública não pode prestar orientação jurí-
dica e exercer a defesa em favor de pessoas jurídicas.
(C) A participação de membro do Ministério Público, na
fase investigatória criminal, acarretará o seu impedi-
mento para o oferecimento de denúncia.
(D) É constitucional dispositivo de Constituição Estadu-
al que dispõe competir à Assembleia Legislativa do
Estado processar e julgar Defensor Público-Geral do
Estado nos crimes de responsabilidade.
(E) Em razão da simetria, os princípios institucionais e as
prerrogativas funcionais do Ministério Público e da
Defensoria Pública podem ser estendidos às procu-
radorias estaduais.
Letra a.
Assunto abordado: Funções Essenciais à Justiça
(A) Certa. De acordo com o Supremo Tribunal Federal,
no julgamento da ADI 4.261, norma estadual que autori-
za ocupante de cargo em comissão a desempenhar atri-
buições de assessoramento jurídico do Poder Executivo,
em virtude do princípio da unicidade da representação
judicial dos Estados e do Distrito Federal.
(B) Errada. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da
ADI 4636, entendeu que as expressões “insuficiência de re-
cursos” e “necessitados” podem aplicar-se tanto às pessoas
físicas quanto às pessoas jurídicas. Portanto, há a possibilida-
de de que pessoas jurídicas sejam, de fato, hipossuficientes
e, deste modo, sejam assistidas pela Defensoria Pública.
(C) Errada. Conforme dispõe a Súmula 234 do STJ, a par-
ticipação de membro do Ministério Público na fase in-
vestigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou
suspeição para o oferecimento da denúncia.
(D) Errada. A competência para definição de crimes de
responsabilidade, assim como as normas para seu pro-
cessamento, é privativa da União, conforme determina a
Súmula Vinculante 46.
(E) Errada. Os princípios institucionais e as prerrogativas
funcionais do Ministério Público e da Defensoria Pública
não podem ser estendidos às Procuradorias de Estado,
porquanto as atribuições dos procuradores de estados
não guardam pertinência com as funções conferidas aos
membros daquelas outras instituições, conforme se de-
preende do julgamento da ADI 217.
16
Sobre as provas no âmbito do processo penal constitu-
cional, assinale a alternativa correta.
(A) O Supremo Tribunal Federal entende que é dispen-
sável que todo o conteúdo das conversas captadas
por meio de interceptação telefônica seja degravado
(transcrito) e colocado à disposição da defesa, o que
não ofende à paridade de armas e à ampla defesa e
de consequente decretação de nulidade.
(B) A realização de busca e apreensão pessoal ou domi-
ciliar exige prévia expedição de mandado pela auto-
ridade judicial competente.
(C) O princípio da comunhão das provas estabelece que
todas as provas, sem exceção, uma vez no processo,
pertencem a todos os sujeitos processuais.
(D) O Código de Processo Penal faculta que o juiz, de ofí-
cio, ordene a produção de provas, desde que tenha
sido iniciada a ação penal.
(E) Segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores,
a confissão do suspeito torna desnecessárias outras
diligências para a elucidação do caso, desde que o
autor tenha indicado os motivos e circunstâncias do
fato e se outras pessoas concorreram para a infração.
Letra a.
Assunto abordado: Das Provas. Normas Constitucionais
do Processo Penal
(A) Certa. Não é necessária a transcrição integral dos di-
álogos captados por meio de interceptação telefônica.
Basta que sejam transcritos os trechos necessários ao
embasamento da denúncia oferecida e que seja entre-
gue à defesa todo o conteúdo das gravações em mídia
eletrônica, conforme se depreende do entendimento do
Supremo Tribunal Federal, a partir da AP 508.
(B) Errada. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, no jul-
gamento do RHC 141.737, não há exigência legal de que o
mandado de busca e apreensão detalhe o tipo de documen-
to a ser apreendido, ainda que ele tenha natureza sigilosa.
(C) Errada. O princípio da comunhão das provas dispõe
que, mesmo que a prova seja produzida por um dos liti-
gantes, ela pertence ao processo e pode ser usada por
todos os sujeitos envolvidos.
(D) Errada. O art. 156, I, do Código de Processo Penal,
permite a produção antecipada de provas antes de ini-
ciada a ação penal.
(E) Errada. Conforme determina o artigo 197, do Códi-
go de Processo Penal, a confissão deve ser confrontada
com as demais provas do processo para averiguar sua
compatibilidade e concordância.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
Direito Administrativo
Renato Borelli
17
O ato de nomeação de Ministros do STF, em que a von-
tade final da Administração Pública exige a intervenção
de agentes ou órgãos diversos, havendo autonomia em
cada uma das manifestações, pode ser classificado como
ato administrativo:
(A) Complexo.
(B) Composto.
(C) Simples.
(D) Coletivo.
(E) Consultivo.
Letra a.
Assunto abordado: Ato administrativo. Classifica-
ção dos atos
O enunciado retratou exemplo de ato complexo, aquele
que necessita da conjugação de vontade de dois ou mais
diferentes órgãos ou autoridades para a sua perfeita for-
mação. Apesar da conjugação de vontades, trata-se de
ato único.
Dessa forma, o ato não será considerado perfeito com
a manifestação da vontade de um único órgão ou agen-
te. São exemplos a nomeação de Ministros do STF, que
depende da indicação do chefe do Executivo e da apro-
vação do Senado, na forma do art. 101, parágrafo único,
da CF/88, e a aposentadoria do servidor público, que de-
pende da manifestação da entidade administrativa e do
respectivo Tribunal de Contas.
A saber, no que tange à classificação dos atos adminis-
trativos, temos que em relação ao processo de formação
da vontade administrativa, eles podem ser elencados
como simples, complexos e compostos, assim definidos
pela professora DI PIETRO:
Atos simples são os que decorrem da declaração de
vontade de um único órgão, seja ele singular ou cole-
giado. Exemplo: a nomeação pelo Presidente.
Atos complexos são os que resultam da manifestação
de dois ou mais órgãos, sejam eles singulares ou co-
legiados, cuja vontade se funde para formar um ato
único. As vontades são homogêneas; resultam de vá-
rios órgãos de uma mesma entidade ou de entidades
públicas distintas, que se unem em uma só vontade
para formar o ato; há identidade de conteúdo e de
fins. Exemplo: o decreto que é assinado pelo Chefe
do Executivo e referendado pelo Ministro de Estado;
o importante é que há duas ou mais vontades para a
formação de um ato único.
Ato composto é o que resulta da manifestação de dois
ou mais órgãos, em que a vontade de um é instru-
mental em relação a de outro, que edita o ato prin-
cipal. Enquanto no ato complexo fundem-se vontades
para praticar um ato só, no ato composto, praticam-se
dois atos, um principal e outro acessório; este últi-
mo pode ser pressuposto ou complementar daquele.
Exemplo: a nomeação do Procurador-Geral da Repúbli-
ca depende da prévia aprovação pelo Senado (art. 128,
§ 1º, da Constituição); a nomeação é o ato principal,
sendo a aprovação prévia o ato acessório, pressuposto
do principal. A dispensa de licitação, em determinadas
hipóteses, depende de homologação pela autoridade
superior para produzir efeitos; a homologação é ato
acessório, complementar do principal.
Os atos, em geral, que dependem de autorização,
aprovação, proposta, parecer, laudo técnico, homolo-
gação, visto etc., são atos compostos.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 32. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2019.)
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
18
Quanto ao Poder de Polícia, marque a alternativa correta.
(A) A polícia administrativa restringe o exercício das ati-
vidades ilícitas, vedadas pelo ordenamento e apre-
senta relacionamento direito e imediato com o Po-
der Judiciário.
(B) A licença não pode ser negada ao particular quan-
do este atende a todos os requisitos legais a sua
obtenção.
(C) A licença não pode estar sujeita a prazo de valida-
de, mas pode ser anulada ante ilegalidade super-
veniente.
(D) A autorização tendo sido outorgada por prazo certo,
é possível a sua revogação por questão de conveni-
ência administrativa.
(E) A autorização é, em regra, ato administrativo vincu-
lado, pelo qual a Administração consente no exercí-
cio de certa atividade.
Letra b.
Assunto abordado: Atos administrativos e Poderes da
Administração Pública
(A) Errada. O poder de polícia pode ser conceituado
como uma atividade da Administração Pública, que se
expressa por meio de seus atos normativos ou concre-
tos, com fundamento na supremacia geral do interesse
público para, na forma da lei, condicionar a liberdade e
a propriedade individual, mediante ações fiscalizado-
ras preventivas e repressivas.
A polícia administrativa, portanto, destina-se sim a res-
tringir o exercício de atividades ilícitas, não sendo pos-
sível afirmar, todavia, que apresenta relacionamento
direito e imediato com o Poder Judiciário.
Quando se trata do poder de polícia, este é caracteriza-
do pela presença de três atributos: a discricionariedade,
a autoexecutoriedade e a coercibilidade.
Com relação à autoexecutoriedade, esta corresponde
A prerrogativa conferida à Administração para imple-
mentar os seus atos, sem a necessidade de manifes-
tação prévia do Poder Judiciário. O Poder Público
pode, por exemplo, retirar os invasores e destruir
construções irregulares em áreas de preservação am-
biental, utilizando-se da força proporcional, quando
o caso. 1
Observem, assim, que a implementação do poder de po-
lícia, via de regra, independe da manifestação imediata
do Poder Judiciário, cuja atuação poderá ocorrer apenas
em um segundo momento, quando do exame de eventu-
ais ilegalidades do ato de polícia praticado, por exemplo.
1 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito. 9. ed. rev., atual. e ampl.
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2021.
Quanto às demais alternativas, para respondê-las corre-
tamente, era necessário conhecer as características dos
atos de polícia licença e autorização.
Licença:
É o ato administrativo vinculado que reconhece o di-
reito do particular para o exercício de determinada
atividade (ex.: licença para construir, para exercer
profissão regulamentada, para dirigir veículo). 2
Segundo Rafael Carvalho Rezende Oliveira:
As características básicas da licença podem ser assim
sintetizadas:
(a) ato de consentimento estatal: a Administração
consente com o exercício da atividade privada;
(b) ato vinculado: preenchidos os requisitos legais
pelo particular, o Poder Público deverá editar, neces-
sariamente, a licença; e
(c) ato declaratório: reconhece o direito subjetivo do
particular, habilitando o seu exercício. 3
Já autorização é o ato administrativo unilateral, precá-
rio e discricionário utilizado pela Administração Pública
para facultar a alguém a prática de uma atividade ou o
uso de um bem. Ex.: autorização para fechamento de
rua; autorização para porte de arma.
A autorização possui as seguintes características:
(a) ato de consentimento estatal: a Administração
consente com o exercício da atividade privada ou a
utilização de bem público por particular;
(b) ato discricionário: a autoridade administrativa
possui margem de liberdade para analisar a conveni-
ência e a oportunidade do ato; e
(c) ato constitutivo: antes da edição do ato, o particu-
lar possui apenas expectativa de direito, e não direito
subjetivo ao ato. 4
Com isso, temos que:
(B) Certa. De fato, por tratar-se de ato vinculado, a licen-
ça não pode ser negada ao particular quando este aten-
de a todos os requisitos legais a sua obtenção.
(C) Errada. A licença pode sim estar sujeita a prazo de
validade, tal como ocorre, por exemplo, na licença para
dirigir veículos automotores
2 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 6. ed. rev.,
atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
3 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito. 9. ed. rev., atual. e ampl.
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2021.
4 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito. 9. ed. rev., atual. e ampl.
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2021.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
(D) Errada. Hely Lopes Meirelles defende que
A autorização expedida com prazo determinado
perde sua natureza de ato unilateral, precário e dis-
cricionário, assumindo caráter contratual, tal como
ocorre com a autorização especial para o uso da água
e autorização de acesso ao patrimônio genético 5.
(E) Errada. A autorização é, em regra, o ato administra-
tivo unilateral, precário e discricionário utilizado pela
Administração Pública para facultar a alguém a prática
de uma atividade ou o uso de um bem.
19
Durante grave epidemia de dengue, João, médico do Es-
tado Alfa, diretor de hospital público da municipalidade
Gama, recebe um ofício da União Federal, subscrito pelo
ministro da Saúde, pelo qual se determina a entrega, em 24
horas, de cem mil seringas, duzentas máquinas de diálise
e três tomógrafos adquiridos com recursos exclusivos dos
cofres catarinenses. O ministro, no ofício, informa que se
trata de requisição do SUS, prevista na legislação federal de
regência. Preocupado e sem saber como agir, João procura
a PGE/Alfa e pede sua opinião legal sobre o ocorrido.
A correta manifestação do procurador do Estado Alfa é:
(A) João, pelo cargo que ocupa, deverá avaliar a conveni-
ência e oportunidade de atender à requisição.
(B) A União Federal está agindo de acordo com a Consti-
tuição da República de 1988, que prevê a competência
exclusiva da União Federal para legislar sobre saúde.
(C) A norma da legislação federal que permite à União
Federal requisitar, no âmbito do SUS, bens e serviços
de outros entes federativos, é inconstitucional, por
violar a autonomia dos Municípios, dos Estados e do
Distrito Federal.
(D) A União Federal está agindo de acordo com a Consti-
tuição da República de 1988, que lhe permite requi-
sitar, a qualquer momento, bem dos Municípios, dos
Estados e do Distrito Federal.
(E) A União Federal pode desapropriar qualquer bem
móvel dos demais entes federativos, desde que pa-
gue indenização prévia.
Letra c.
Assuntos abordados: Intervenção do Estado na propriedade
Recentemente, no julgamento da ADI 3454/DF, o STF
definiu que
Ofende o princípio federativo a requisição de bens
e serviços de um ente federado por outro, o que so-
mente se admitiria excepcionalmente à União duran-
te a vigência de estado de defesa (CF/1988, art. 136, §
1º, II) e estado de sítio (CF/1988, art. 139, VII).
5
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 35ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2009, p. 191.
Sobre o tema, Informativo 1.059-STF:
A requisição administrativa “para atendimento de
necessidades coletivas, urgentes e transitórias, de-
correntes de situações de perigo iminente, de cala-
midade pública ou de irrupção de epidemias” — pre-
vista na Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (Lei
n. 8.080/1990) — não recai sobre bens e/ou serviços
públicos de outro ente federativo.
O permissivo constitucional para a requisição admi-
nistrativa de bens particulares, em caso de iminente
perigo público (1), tem aplicação nas relações entre
Poder Público e patrimônio privado, não sendo possí-
vel estender a hipótese às relações entre as unidades
da Federação.
Nos termos da jurisprudência desta Corte (2), ofende
o princípio federativo a requisição de bens e serviços
de um ente federado por outro, o que somente se ad-
mitiria excepcionalmente à União durante a vigência
de estado de defesa (CF/1988, art. 136, § 1º, II) e es-
tado de sítio (CF/1988, art. 139, VII).
Entre os entes federados não há hierarquia, sendo-lhes
assegurado tratamento isonômico, ressalvadas apenas
as distinções porventura constantes na própria CF/1988.
Portanto, como as relações entre eles se caracterizam
pela cooperação e horizontalidade, tal requisição, ain-
da que a pretexto de acudir situação fática de extrema
necessidade, importa ferimento da autonomia daquele
cujos bens ou serviços públicos são requisitados, acarre-
tando-lhe incontestável desorganização.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por una-
nimidade, julgou procedente a ação para atribuir in-
terpretação conforme a Constituição ao art. 15, XIII,
da Lei n. 8.080/1990 (3), excluindo a possibilidade de
requisição administrativa de bens e serviços públicos
de titularidade de outros entes federativos.
(1) CF/1988: “Art. 5º (...) XXV – no caso de iminente
perigo público, a autoridade competente poderá usar
de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano;”
(2) Precedentes citados: ACO 3463 MC-Ref; ACO 3393
MC-Ref.; ACO 3398 (monocrática); e ACO 3385 (mo-
nocrática).
(3) Lei n. 8.080/1990: “Art. 15. A União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios exercerão, em seu
âmbito administrativo, as seguintes atribuições: (...)
XIII – para atendimento de necessidades coletivas, ur-
gentes e transitórias, decorrentes de situações de pe-
rigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção
de epidemias, a autoridade competente da esfera ad-
ministrativa correspondente poderá requisitar bens e
serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas,
sendo-lhes assegurada justa indenização;”
ADI 3454/DF, relator Min. Dias Toffoli, julgamen-
to virtual finalizado em 20.6.2022 (segunda-feira),
às 23:59.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
20
Autoridade competente declarou de utilidade pública,
por meio de decreto, determinada faixa de terras de
imóveis particulares, a fim de viabilizar a instalação de
um empreendimento que executará serviços públicos
utilizando gasodutos. Após acordo entre os proprietá-
rios dos imóveis situados na rota do gasoduto e o Poder
Público, com indenização em valor equivalente ao pre-
juízo que os particulares irão suportar, houve a regular
implantação dos gasodutos nas áreas privadas. O caso
em tela descreve a forma de intervenção do Estado na
propriedade caracterizada como direito real público que
autoriza o Poder Público a usar a propriedade imóvel
para permitir a execução de obras e serviços de interes-
se coletivo. Trata-se da:
(A) Requisição.
(B) Ocupação temporária.
(C) Limitação administrativa.
(D) Servidão administrativa.
(E) Desapropriação.
Letra d.
Assuntos abordados: Intervenção do Estado na
propriedade
A alternativa faz referência à servidão administrativa.
A servidão administrativa define-se como o direito real
público que autoriza o Estado ou seus delegatários a uti-
lizar propriedade alheia para a satisfação de interesse
público. São exemplos de servidão administrativa a co-
locação em prédios privados de placas e avisos para a
população, como nome de ruas; a colocação de ganchos
em prédios públicos para sustentar a rede elétrica; e a
servidão de passagem instituída sobre imóvel particular
para permitir a passagem de ambulâncias de determina-
do hospital público.
Como a servidão administrativa não implica supressão
da propriedade, em regra o proprietário do imóvel ser-
viente não tem direito à indenização. Contudo, se da
servidão decorrer efetivo prejuízo, os danos porventura
existentes deverão ser indenizados.
21
Maria é proprietária de grande imóvel rural que engloba
vasta extensão na área rural do município Beta. O imó-
vel de Maria, sem seu conhecimento, foi invadido por
terceiras pessoas que passaram a cultivar maconha de
forma ilícita. A municipalidade Beta ajuizou ação peran-
te a Justiça Estadual visando à desapropriação confisco
do imóvel de João.
Nesta situação, de acordo com o entendimento do Su-
premo Tribunal Federal, a expropriação prevista no art.
243 da Constituição da República de 1988:
(A) Pode ser afastada, desde que a proprietária compro-
ve que não incorreu em dolo ou culpa grave, pois
possui responsabilidade subjetiva, vedada a inversão
do ônus da prova, mas o Juízo deve extinguir o pro-
cesso sem resolução do mérito pela ilegitimidade ati-
va do Município, pois a ação deve ser proposta pela
União, na Justiça Federal.
(B) Pode ser afastada, desde que a proprietária compro-
ve que não incorreu em dolo ou culpa grave, pois
possui responsabilidade subjetiva, vedada a inversão
do ônus da prova, mas o Juízo deve extinguir o pro-
cesso sem resolução do mérito pela ilegitimidade ati-
va do Município, pois a ação deve ser proposta pelo
Estado.
(C) Não pode ser afastada, pois Maria possui responsa-
bilidade objetiva, vedada a inversão do ônus da pro-
va, e o Judiciário deve julgar procedente o pedido de
desapropriação confisco, de maneira que o imóvel de
João seja destinado à reforma agrária e a programas
de habitação popular, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previs-
tas em lei.
(D) Pode ser afastada, desde que a proprietária compro-
ve que não incorreu em culpa, ainda que in vigilan-
do ou in eligendo, pois possui responsabilidade sub-
jetiva, com inversão do ônus da prova, mas o Juízo
deve extinguir o processo sem resolução do mérito
pela ilegitimidade ativa do Município, pois a ação
deve ser proposta pela União, na Justiça Federal.
(E) Não pode ser afastada, pois Maria possui responsabi-
lidade objetiva, admitida a inversão do ônus da pro-
va, e o Judiciário deve julgar procedente o pedido de
desapropriação confisco, sendo que todo e qualquer
bem de valor econômico apreendido em decorrência
do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será
confiscado e reverterá a fundo especial com destina-
ção específica, na forma da lei.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
Letra d.
Assunto abordado: Intervenção do Estado na proprieda-
de – Desapropriação confisco
A desapropriação confiscatória, prevista no art. 243 da
Constituição Federal, apesar do nome conferido pela
doutrina, não se trata de uma espécie de desapropria-
ção, mas, sim, do instituto denominado desapropriação
ou expropriação confiscatória, uma vez que a União
não indenizará o proprietário da terra, que irá perdê-
-la como forma de penalidade por ter utilizado a pro-
priedade para:
a) Praticar a atividade ilícita de cultivar plantas psico-
trópicas; ou por
b) Ter explorado trabalho escravo.
Segundo o STF, a expropriação é espécie de confisco
constitucional e tem caráter sancionatório.
Ainda de acordo com a Suprema Corte, em tese de re-
percussão geral, tem-se que:
A expropriação prevista no art. 243 da Constituição
Federal pode ser afastada, desde que o proprietário
comprove que não incorreu em culpa, ainda que in
vigilando ou in eligendo.
(Tese de repercussão geral fixada no RE 635.336,
Relator(a): Min. Gilmar Mendes, julgado em
14/12/2016)
Explico: a função social da propriedade impõe ao pro-
prietário o dever de garantir o uso do seu imóvel para
fins lícitos, mesmo que não esteja na posse direta do
bem. Todavia, essa responsabilidade não é absoluta e a
expropriação poderá ser evitada se demonstrado que o
proprietário não agiu com culpa. Por exemplo: foi enga-
do pelo locatário do imóvel, de modo que não era pos-
sível ter conhecimento da destinação ilícita que vinha
sendo dada ao bem 6.
Porém, se demonstrado a sua culpa no episódio, ainda
que in vigilando ou in eligendo, a expropriação fatalmen-
te ocorrerá.
6
Nas palavras do Ministro Gilmar Mendes: “Só se pode exigir do proprietário que
evite o ilícito, quando evitar o ilícito estava razoavelmente ao seu alcance.”
Caracteriza-se:
a) Culpa in vigilando: quando o proprietário não
exerceu uma efetiva fiscalização quanto ao uso
do bem; e
b) Culpa in elegendo (ou responsabilidade pela má
eleição): quando o proprietário escolheu mal quem
estaria na posse do bem.
É por isso que se diz que:
A expropriação prevista no art. 243 da Constituição
Federal pode ser afastada, desde que o proprietário
comprove que não incorreu em culpa, ainda que in
vigilando ou in eligendo.
(Tese de repercussão geral fixada no RE 635.336,
Relator(a): Min. Gilmar Mendes, julgado em
14/12/2016)
Cumpre asseverar que é do proprietário, e não da União,
o ônus de demonstrar que não atuou com culpa.
A natureza da responsabilidade do proprietário é, por-
tanto, de natureza subjetiva, no entanto muito próxima
de uma responsabilidade de natureza objetiva, pois con-
tra ele aplica-se uma presunção relativa de culpa.
Com efeito, o procedimento da expropriação confiscató-
ria motivada pelo cultivo ilegal de plantas psicotrópicas
é disciplinado pela Lei n. 8.257/1991, que, por sua vez,
é regulamentada pelo Decreto n. 577/1992, sendo da
União a competência exclusiva para promover “ação
expropriatória”, perante a Justiça Federal, a fim de efe-
tivar a medida estampada no art. 243 da Carta Políti-
ca de 1988.
Por todo o exposto, correta a alternativa "d"! No caso
em tela, de acordo com o entendimento do Supremo Tri-
bunal Federal, a expropriação pode ser afastada, desde
que a proprietária Maria comprove que não incorreu em
culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo, pois pos-
sui responsabilidade subjetiva, com inversão do ônus da
prova, mas o Juízo deve extinguir o processo sem resolu-
ção do mérito pela ilegitimidade ativa do Município, pois
a ação deve ser proposta pela União, na Justiça Federal.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
22
No que concerne à estrutura da Administração Pública,
considerando os textos da Constituição da República e
da legislação, bem como da jurisprudência referente à
matéria, marque a alternativa correta.
(A) Alguns órgãos públicos que embora não possuam
personalidade jurídica, mas possuem personalidade
judiciária, podem, excepcionalmente, demandar em
juízo para defender seus direitos institucionais.
(B) As empresas públicas, as sociedades de economia mis-
ta e as fundações serão criadas somente por lei especí-
fica enquanto a instituição de autarquias é autorizada.
(C) As sociedades qualificadas como Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) passam
a integrar a Administração Pública indireta após a
aquisição da qualificação.
(D) Todas as empresas estatais, pelo fato de integrarem
a Administração Pública Indireta, enquadram-se no
conceito de Fazenda Pública, sendo extensíveis a elas
todas as prerrogativas inerentes às pessoas jurídicas
de direito público.
(E) A proibição de acumulação remunerada de cargos, em-
pregos e funções não se estende às empresas públicas,
sociedades de economia mista e suas subsidiárias, por
se tratar de pessoas jurídicas de direito privado.
Letra a.
Assunto abordado: Administração Pública – Organiza-
ção da Administração Pública
(A) Certa. A principal característica dos órgãos públicos é
a ausência de
personalidade jurídica própria, razão pela qual não go-
zam, via de regra, de capacidade processual (ou judiciá-
ria) para demandar ou ser demandado em Juízo.
A jurisprudência e a doutrina, porém, excepcionalmente,
reconhecem a capacidade processual aos órgãos públi-
cos que preencham dois requisitos cumulativos, a saber:
a) órgão da cúpula da hierarquia administrativa; e
b) defesa de suas prerrogativas institucionais.
Nesse sentido, vejamos a Súmula n. 525 do STJ:
A Câmara de Vereadores não possui personalidade
jurídica, apenas personalidade judiciária, somente
podendo demandar em juízo para defender os seus
direitos institucionais.
(B) Errada. Ao contrário. Conforme o art. 37, XIX, da
CF/88, as empresas públicas, as sociedades de economia
mista e as fundações públicas de direito privado serão
criadas após autorização firmada em lei e as autarquias
e fundações públicas de direito público serão criadas di-
retamente por lei.
Vejam:
XIX – somente por lei específica poderá ser criada au-
tarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
de sociedade de economia mista e de fundação, ca-
bendo à lei complementar, neste último caso, definir
as áreas de sua atuação;
(C) Errada. As Organizações da Sociedade Civil de Inte-
resse Público (OSCIPs) integram o denominado “Tercei-
ro setor” da economia.
No terceiro setor,
Estão presentes as entidades privadas que atuam, sem
finalidade lucrativa, visando garantir o interesse da so-
ciedade, executando atividades de interesse social, go-
zando, desta forma, de benefícios pagos pelo ente esta-
tal, como forma de incentivar a atuação do particular. A
doutrina costuma chamá-las de entidades paraestatais,
haja vista sua atuação ao lado da Administração Pública,
praticando atos e realizando atividades de interesse do
Estado, na busca de trazer benefícios à sociedade. 7
São exemplos de entidades paraestatais as Entidades de
apoio, os Serviços Sociais Autônomo (Sistema “S”), as
Organizações Sociais (OS) e as Organizações da Socieda-
de Civil de Interesse Público (OSCIPs).
Importante destacar que as organizações do terceiro
setor não integram a Administração Pública, primeiro
setor da economia.
(D) Errada. A denominação Fazenda Pública abrange as
pessoas jurídicas de direito público, quais sejam:
a) Os entes da Administração Pública Direta (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios); e
b) As autarquias e fundações públicas de direito pú-
blico, que integram a Administração Pública Indireta.
As empresas estatais (sociedades de economia mista e
empresas públicas), em que pese integrem a Adminis-
tração Pública Indireta, gozam de personalidade jurídica
de direito privado, não enquadrando-se no conceito de
Fazenda Pública Fazenda Pública.
(E) Errada. A proibição de acumulação remunerada de
cargos, empregos e funções se estende às empresas
públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiá-
rias, nos termos do art. 37, XVII, da CF/88; in verbis:
XVII – a proibição de acumular estende-se a empre-
gos e funções e abrange autarquias, fundações, em-
presas públicas, sociedades de economia mista, suas
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indi-
retamente, pelo poder público;
7
CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. 4. ed. rev. ampl. e
atual. Salvador: JusPODIVM, 2017. p. 722
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
23
Como se sabe, a competência é irrenunciável e se exer-
ce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída
como própria, salvo os casos de delegação e avocação
legalmente admitidos. Dessa forma, marque a alterna-
tiva correta.
(A) A delegação exige que entre as autoridades exista
uma relação de hierarquia.
(B) A avocação exige que entre as autoridades exista
uma relação de hierarquia.
(C) A delegação, em respeito ao princípio da segurança
jurídica e da estabilidade das relações sociais, não
poderá ser revogada a qualquer tempo pela autori-
dade delegante.
(D) É possível que mediante acordo entre órgãos públi-
cos, a competência administrativa seja renunciada.
(E) Visando conferir celeridade ao processo administra-
tivo, a Lei n. 9.784/1999 permite que a edição de re-
cursos administrativos seja objeto de delegação.
Letra b.
Assunto abordado: Atos administrativos – Delegação e
avocação do ato
(A) Errada. A delegação não exige que entre a autorida-
de delegante e a autoridade delegada exista uma rela-
ção de hierarquia, conforme se observa da leitura do art.
12 da Lei n. 9.784/99:
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular pode-
rão, se não houver impedimento legal, delegar par-
te da sua competência a outros órgãos ou titulares,
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de
circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
jurídica ou territorial.
(B) Certa. De acordo com o art. 15 da Lei n. 9.784/1999:
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por
motivos relevantes devidamente justificados, a avo-
cação temporária de competência atribuída a órgão
hierarquicamente inferior.
(C) Errada. O art. 13, § 2º, da Lei n. 9.784/1999, é claro
ao apontar que: “§ 2º O ato de delegação é revogável a
qualquer tempo pela autoridade delegante”.
(D) Errada. A competência administrativa é irrenunci-
ável, inderrogável, imodificável e imprescritível. Isso
porque ela decorre de lei, sendo atribuída ao seu titular
por motivos de interesse público, não sendo permitido
ao administrador dela dispor e mediante acordo re-
nunciá-la. Neste sentido, o art. 11 da Lei n. 9.784/1999
impõe que:
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pe-
los órgãos administrativos a que foi atribuída como
própria, salvo os casos de delegação e avocação legal-
mente admitidos.
Cumpre destacar que, na delegação e na avocação, exis-
te uma transferência temporária do exercício de deter-
minada competência, e não a transferência da titularida-
de da competência.
(E) Errada. O art. 13 da Lei n. 9.784/1999 define que:
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I – a edição de atos de caráter normativo;
II – a decisão de recursos administrativos;
III – as matérias de competência exclusiva do órgão
ou autoridade.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
24
Sabe-se que a estrutura da Administração Pública é divi-
dida entre direta e indireta. Em tal contexto, no que se
refere às empresas estatais integrantes da Administra-
ção Pública Indireta, marque a alternativa correta.
(A) As empresas públicas são entidades dotadas de per-
sonalidade jurídica de direito privado, com criação
autorizada por lei, necessariamente sob a forma de
sociedade anônima.
(B) O capital social das sociedades de economia mista
deverá ser integralmente detido pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
(C) É competente a Justiça Federal para julgar as causas
em que é parte sociedade de economia mista.
(D) As sociedades de economia mista só têm foro na Jus-
tiça Federal, quando a União intervém como assis-
tente ou opoente.
(E) Os juízes federais não serão competentes para julgar
os mandados de segurança contra ato de dirigente
de sociedade de economia mista federal.
Letra d.
Assunto abordado: Organização da Administração Públi-
ca – Administração Pública Indireta
(A) Errada. O erro está na parte final da assertiva, tendo
em vista que as empresas públicas podem adotar qual-
quer forma societária dentre as admitidas em Direito,
enquanto as Sociedades de Economia Mista, necessaria-
mente, deverão ser constituídas sob a forma de socie-
dade anônima. Neste sentido, confira o art. 4º da Lei n.
13.303/2016:
Art. 4º. Sociedade de economia mista é a entidade
dotada de personalidade jurídica de direito privado,
com criação autorizada por lei, sob a forma de socie-
dade anônima, cujas ações com direito a voto perten-
çam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito
Federal, aos Municípios ou a entidade da administra-
ção indireta.
(B) Errada. A alternativa está se referindo às empresas
públicas, havendo no art. 3º da Lei n. 13.303/2016 a pre-
visão de que:
Art. 3º. Empresa pública é a entidade dotada de per-
sonalidade jurídica de direito privado, com criação
autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo ca-
pital social é integralmente detido pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
(C) Errada. Em regra, será a Justiça Comum Estadual a
competente para julgar as causas em que for parte as
sociedades de economia mista, tendo em vista que estas
entidades não foram expressamente elencadas no art.
109 da CF, que define a competência da Justiça Federal.
Esse é o entendimento do STF, que na Súmula 556 sedi-
mentou que: “É competente a Justiça Comum para julgar
as causas em que é parte sociedade de economia mista.”
Excepcionalmente, as sociedades de economia mista fe-
deral serão processadas e julgadas na Justiça Federal na
hipótese de a União intervir como assistente ou opoen-
te, consoante a Súmula 517 do STF, que assim dispõe:
“As sociedades de economia mista só têm foro na Jus-
tiça Federal, quando a União intervém como assistente
ou opoente.”
Outra exceção está prevista no art. 109, VIII, da CF, que
determina ser da Justiça Federal a competência para
processar e julgar os mandados de segurança e os ha-
beas data contra ato de autoridade federal, o que inclui
os dirigentes das sociedades de economia mista fede-
ral. Vejamos:
Art. 109, CF. Aos juízes federais compete processar e
julgar:
VIII – os mandados de segurança e os habeas
data contra ato de autoridade federal, excetuados os
casos de competência dos tribunais federais;
(D) Certa. Trata-se da reprodução da Súmula 517 do STF.
(E) Errada. Contraria o previsto no art. 109, VIII, da CF.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
25
Sabe-se que serviço público é toda atividade adminis-
trativa ou de prestação direta e indireta de serviços à
população, exercida por um órgão ou entidade da Admi-
nistração Pública ou pela iniciativa privada. Quanto ao
regime jurídico da concessão de serviços públicos, mar-
que a alternativa correta.
(A) Concessão de serviço público é a delegação de sua
prestação por intermédio de licitação, na modali-
dade de concorrência, à pessoa jurídica ou consór-
cio de empresas que demonstre capacidade para
seu desempenho, por sua conta e risco e por título
precário.
(B) No procedimento licitatório que anteceder a conces-
são de serviços públicos, é legítima a inversão da or-
dem das fases de habilitação e julgamento.
(C) A encampação ocorrerá mediante lei autorizativa es-
pecífica e independe de prévio pagamento de inde-
nização ao concessionário.
(D) À concessionária incumbe a execução do serviço
concedido por sua conta e risco, vedada a fixação de
tarifas diferenciadas em função dos custos específi-
cos provenientes do atendimento aos distintos seg-
mentos de usuários.
(E) A falência ou extinção da empresa concessionária
não impõe a obrigatória extinção do contrato de
concessão.
Letra b.
Assunto abordado: Serviços Públicos – Concessão de
serviço público – Lei n. 8.987/1995
(A) Errada. A concessão de serviço público não ocorre-
rá por título precário, mas por prazo determinado, de
modo que a sua extinção, antes do termo final e sem
culpa do concessionário, gera ao particular o direito de
ser indenizado.
De acordo com o art. 2º, II, da Lei n. 8.987/1995,
considera-se:
Concessão de serviço público: a delegação de sua
prestação, feita pelo poder concedente, mediante
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre ca-
pacidade para seu desempenho, por sua conta e risco
e por prazo determinado;
(B) Certa. Nos moldes do art. 18-A, da Lei n. 8.987/1995:
Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da ordem
das fases de habilitação e julgamento, hipótese em
que: (Incluído pela Lei n. 11.196, de 2005)
I – encerrada a fase de classificação das propostas
ou o oferecimento de lances, será aberto o invólucro
com os documentos de habilitação do licitante mais
bem classificado, para verificação do atendimento
das condições fixadas no edital;
II – verificado o atendimento das exigências do edital,
o licitante será declarado vencedor;
III – inabilitado o licitante melhor classificado, serão
analisados os documentos habilitatórios do licitante
com a proposta classificada em segundo lugar, e as-
sim sucessivamente, até que um licitante classificado
atenda às condições fixadas no edital;
IV – proclamado o resultado final do certame, o obje-
to será adjudicado ao vencedor nas condições técni-
cas e econômicas por ele ofertadas.
(C) Errada. A encampação é uma das formas de extinção
do contrato de concessão, sendo definida no art. 37, da
Lei n. 8.987/1995, como:
A retomada do serviço pelo poder concedente du-
rante o prazo da concessão, por motivo de interesse
público, mediante lei autorizativa específica e após
prévio pagamento da indenização, na forma do artigo
anterior.
(D) Errada. No que tange à política tarifária da conces-
são, o art. 13, da Lei n. 8.987/1995, dispõe:
As tarifas poderão ser diferenciadas em função das
características técnicas e dos custos específicos pro-
venientes do atendimento aos distintos segmentos
de usuários.
(E) Errada. Uma vez que os contratos administrativos,
no geral, são intuitu personae, a falência ou extinção da
empresa concessionária e o falecimento ou incapacida-
de do titular, no caso de empresa individual, ensejam,
necessariamente, a extinção da concessão. No art. 35,
da Lei n. 8.987/1995, aliás, há a seguinte previsão:
Extingue-se a concessão por:
I – advento do termo contratual;
II – encampação;
III – caducidade;
IV – rescisão;
V – anulação; e
VI – falência ou extinção da empresa concessionária
e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de
empresa individual.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)

26 Noções Gerais de Direito e Formação

Mesmo sem uma definição específica e uníssona na Humanística
doutrina, prevalece o entendimento de que são públicos
Juliano Alves
os bens destinados ao uso e gozo do povo, como aqueles
que o Estado reserva para uso próprio ou de suas insti-
27
tuições e serviços públicos. Sobre o tema, marque a al-
Analise as seguintes afirmações sobre o conceito de Di-
ternativa correta.
reito em Hans Kelsen:
(A) Os bens integrantes do acervo patrimonial de socie-
dades de economia mista, pessoa jurídica de direito I – O Direito é uma ordem da conduta humana. Uma
privado, ainda que sujeitos a uma destinação públi- "ordem" é um sistema de regras.
ca, não poderão ser equiparados a bens públicos, II – O Direito não é, como às vezes se diz, uma regra. É
sendo, portanto, suscetíveis de serem adquiridos por um conjunto de regras que possui o tipo de unidade
meio de usucapião. que entendemos por sistema.
(B) A ocupação indevida de bem público é mera deten- III – É possível conhecer a natureza do Direito se restrin-
ção de bem, inexistindo indenização por benfeito- girmos a atenção a uma regra isolada.
rias, ainda que úteis ou necessárias. IV – O fato de o Direito ser uma ordem da conduta hu-
(C) Terras em faixas de fronteira e aquelas sem registro mana não significa que a ordem jurídica diga res-
imobiliário são, por si só, terras devolutas. peito apenas à conduta humana, que nada além da
(D) Os registros de propriedade particular de imóveis conduta humana faça parte do conteúdo das regras
situados em terrenos de marinha são oponíveis jurídicas.
à União.
Assinale a alternativa correta a respeito do pensamento
(E) É vedado ao administrador público impor o uso co-
de Hans Kelsen.
mum dos bens públicos de forma retribuída.
(A) Apenas a III.
(B) Apenas a I e a III.
Letra b.
(C) Todas são verdadeiras.
Assunto abordado: Bens públicos
(D) Apenas a I, II e IV.
(A) Errada. Na Edição 124 de Jurisprudência em teses, o
(E) Todas são falsas.
STJ sedimentou:

Letra d.
Os bens integrantes do acervo patrimonial de socie-
Assunto abordado: Filosofia do Direito. Noções gerais –
dades de economia mista sujeitos a uma destinação
O conceito de Direito
pública equiparam-se a bens públicos, sendo, por-
I – Certa. “O Direito é uma ordem da conduta huma-
tanto, insuscetíveis de serem adquiridos por meio de
na. Uma "ordem" é um sistema de regras” (p. 5).
usucapião.
II – Certa. “O Direito não é, como às vezes se diz, uma
regra. É um conjunto de regras que possui o tipo de uni-
(B) Certa. O STJ consolidou na Súmula 619 que: “A ocu-
dade que entendemos por sistema” (p. 5).
pação indevida de bem público é mera detenção de
III – Errada. “É impossível conhecermos a natureza do
bem, inexistindo indenização por benfeitorias”.
Direito se restringirmos nossa atenção a uma regra iso-
(C) Errada. “Terras em faixas de fronteira e aquelas sem
lada” (p. 5).
registro imobiliário não são, por si só, terras devolu-
IV – Certa. “O fato de o Direito ser uma ordem da con-
tas, cabendo ao ente federativo comprovar a titulari-
duta humana não significa que a ordem jurídica diga
dade desses terrenos.” (Jurisprudência em teses. Edi-
respeito apenas à conduta humana, que nada além da
ção n. 124)
conduta humana faça parte do conteúdo das regras jurí-
(D) Errada. Súmula 496 do STJ: “Os registros de proprie-
dicas” (p. 5).
dade particular de imóveis situados em terrenos de ma-
rinha não são oponíveis à União.”
(A) Errada. Dispõe o art. 103 do Código Civil que “o uso
comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuí-
do, conforme for estabelecido legalmente pela entidade
a cuja administração pertencerem.”
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
28
Assinale a alternativa que corretamente preenche as la-
cunas na seguinte frase representando o pensamento de
Ronald Dworkin:
Os __________________ podem ser identificados como
uma espécie particular de um ____________________,
isto é, um ____ a uma decisão de um tribunal na
sua função judicante.
(A) direitos jurídicos; direito institucional; direito político.
(B) direitos jurídicos; direito político; direito institucional.
(C) direitos institucionais; direito jurídico; direito político.
(D) direitos políticos; direito institucional; direito jurídico.
(E) direitos políticos; direito jurídico; direito institucional.
Letra b.
Assunto abordado: Filosofia do Direito. Noções gerais –
O conceito de Direito
Os direitos jurídicos podem ser identificados como
uma espécie particular de um direito político, isto é,
um direito institucional a uma decisão de um tribunal
na sua função judicante. (p. 15).
29
Assinale a alternativa que representa corretamente o
pensamento de Émile Durkheim.
(A) A solidariedade produzida pela divisão do trabalho
implica que os indivíduos se assemelham.
(B) A solidariedade orgânica implica que os indivíduos se
assemelham.
(C) Na solidariedade orgânica, a consciência coletiva dei-
xa descoberta uma parte da consciência individual.
(D) A solidariedade orgânica só é possível na medida em
que a personalidade individual é absorvida na perso-
nalidade coletiva.
(E) Quanto mais extensa é a consciência individual,
mais forte é a coesão que resulta da solidariedade
mecânica.
Letra c.
Sociologia do Direito – Noções gerais – Relações sociais
e relações jurídicas
Bem diverso é o caso da solidariedade produzida pela
divisão do trabalho. Enquanto a precendente impli-
ca que os indivíduos se assemelham, esta supõe que
eles diferem uns dos outros. A primeira só é possí-
vel na medida em que a personalidade individual é
absorvida na personalidade coletiva; a segunda só é
possível se cada um tiver uma esfera de ação própria,
por conseguinte, uma personalidade. É necessário,
pois, que a consciência coletiva deixe descoberta uma
parte da consciência individual, para que nela se es-
tabeleçam essas funções especiais que ela não pode
regulamentar; e quanto mais essa região é extensa,
mais forte é a coesão que resulta dessa solidariedade.
(p. 108).
30
Em Vigiar e Punir, o que Foucault quis mostrar foi como,
a partir dos séculos XVII e XVIII, houve verdadeiramente
um desbloqueio tecnológico da produtividade do poder.
A respeito dessa obra, assinale a alternativa errada.
(A) Foucault trata da passagem de uma sociedade mar-
cada pelo poder soberano para a sociedade discipli-
nar. A marca dessa passagem consiste no surgimento
da crueldade física das penas.
(B) Foucault destaca que o poder disciplinar é um poder
que, em vez de se apropriar e de retirar, tem como
função maior “adestrar”.
(C) O sucesso do poder disciplinar foucaultiano se deve
ao uso de instrumentos simples, quais sejam: o olhar
hierárquico, a sanção normalizadora e sua com-
binação num procedimento que lhe é específico,
o exame.
(D) A função jurídico-política do suplício era a de restau-
rar a soberania lesada por um instante.
(E) Para Foucault, o aparelho disciplinar perfeito é aque-
le que capacita um único olhar tudo ver permanen-
temente. Um ponto central seria ao mesmo tempo
fonte de luz que iluminasse todas as coisas, e lugar
de convergência para tudo o que deve ser sabido.
Letra a.
Sociologia do Direito – Noções gerais – Controle Social
e o Direito
O item “a” é falso, pois o suplício tornou-se rapidamente
intolerável.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
31
Pela doutrina de Tércio Sampaio, na obra “A ciência do direi-
to”, “Savigny, numa fase do seu pensamento anterior a 1814,
afirmava que interpretar era mostrar aquilo que a lei diz. A
alusão ao verbo dizer nos faz ver que Savigny estava preocu-
pado com o texto da lei. A questão técnica da interpretação
era, então, como determinar o sentido textual da lei”.
Assentado em tais premissas, Tércio afirma que Savigny
elaborou algumas técnicas, exceto:
(A) A interpretação gramatical, que procurava o sentido
vocabular da lei.
(B) Ainterpretação lógica, que visava o seu sentido pro-
posicional.
(C) A sistemática, que buscava o sentido global.
(D) A interpretação pela lógica do razoável que se con-
trapõe à matemática.
(E) A histórica, que tentava atingir o seu sentido
genético.
Letra d.
Assunto abordado: Filosofia do Direito. Noções gerais –
A interpretação do Direito
O item “d” é a falso, pois a interpretação pela lógica do
razoável não é de Savigny, e sim de Recaséns Siches.
32
Considerando a Convenção das Nações Unidas sobre a Eli-
minação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mu-
lher (Decreto n. 4.377/2022), leia as afirmações a seguir:
I – Os Estados-Partes tornarão todas as medidas apro-
priadas para: a) modificar os padrões socioculturais
de conduta de homens e mulheres, com vistas a
alcançar a eliminação dos preconceitos e práticas
consuetudinárias e de qualquer outra índole que
estejam baseados na ideia da inferioridade ou su-
perioridade de qualquer dos sexos ou em funções
estereotipadas de homens e mulheres.
II – Os Estados-Partes outorgarão às mulheres direitos
iguais aos dos homens para adquirir, mudar ou con-
servar sua nacionalidade. Garantirão, em particular,
que nem o casamento com um estrangeiro, nem a
mudança de nacionalidade do marido durante o
casamento, modifiquem automaticamente a nacio-
nalidade da esposa, convertam-na em apátrida ou
a obriguem a adotar a nacionalidade do cônjuge.
III – Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro-
priadas para eliminar a discriminação contra a mu-
lher, a fim de assegurar-lhe a igualdade de direitos
com o homem na esfera da educação e em parti-
cular para assegurarem condições de igualdade
entre homens e mulheres: a) as mesmas condições
de orientação em matéria de carreiras e capacita-
ção profissional, acesso aos estudos e obtenção
de diplomas nas instituições de ensino de todas as
categorias, tanto em zonas rurais como urbanas;
essa igualdade deverá ser assegurada na educação
pré-escolar, geral, técnica e profissional, incluída a
educação técnica superior, assim como todos os ti-
pos de capacitação profissional.
IV – Os Estados-Partes reconhecerão à mulher, em maté-
rias civis, uma capacidade jurídica idêntica do homem
e as mesmas oportunidades para o exercício dessa ca-
pacidade. Em particular, reconhecerão à mulher iguais
direitos para firmar contratos e administrar bens e dis-
pensar-lhe-ão um tratamento igual em todas as etapas
do processo nas cortes de justiça e nos tribunais.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e II, apenas.
(B) II e IV, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II, apenas.
(E) I, II, III e IV.
Letra e.
Assunto abordado: Teoria Geral do Direito – Gênero e
Patriarcado. Discriminação e Desigualdades de Gênero
– questões centrais – Direito da antidiscriminação – Dis-
criminação e desigualdades de gênero: questões centrais.
Gênero e patriarcado
I – Certa.
Artigo 5º. Os Estados-Partes tornarão todas as medi-
das apropriadas para:
a) Modificar os padrões socioculturais de conduta de
homens e mulheres, com vistas a alcançar a elimina-
ção dos preconceitos e práticas consuetudinárias e
de qualquer outra índole que estejam baseados na
ideia da inferioridade ou superioridade de qualquer
dos sexos ou em funções estereotipadas de homens
e mulheres.
II – Certa.
Artigo 9º. 1. Os Estados-Partes outorgarão às mulhe-
res direitos iguais aos dos homens para adquirir, mu-
dar ou conservar sua nacionalidade. Garantirão, em
particular, que nem o casamento com um estrangei-
ro, nem a mudança de nacionalidade do marido du-
rante o casamento, modifiquem automaticamente a
nacionalidade da esposa, convertam-na em apátrida
ou a obriguem a adotar a nacionalidade do cônjuge.
III – Certa.
Artigo 10. Os Estados-Partes adotarão todas as me-
didas apropriadas para eliminar a discriminação con-
tra a mulher, a fim de assegurar-lhe a igualdade de
direitos com o homem na esfera da educação e em
particular para assegurarem condições de igualdade
entre homens e mulheres:
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
a) As mesmas condições de orientação em matéria
de carreiras e capacitação profissional, acesso aos
estudos e obtenção de diplomas nas instituições de
ensino de todas as categorias, tanto em zonas rurais
como urbanas; essa igualdade deverá ser assegurada
na educação pré- escolar, geral, técnica e profissional,
incluída a educação técnica superior, assim como to-
dos os tipos de capacitação profissional;
IV – Certa.
Artigo 15. 2. Os Estados-Partes reconhecerão à mu-
lher, em matérias civis, uma capacidade jurídica idên-
tica do homem e as mesmas oportunidades para o
exercício dessa capacidade. Em particular, reconhe-
cerão à mulher iguais direitos para firmar contratos
e administrar bens e dispensar-lhe-ão um tratamento
igual em todas as etapas do processo nas cortes de
justiça e nos tribunais.
Direitos Humanos
Odair José
33
Considere o texto a seguir:
Para os propósitos da Convenção Americana e o exercí-
cio da jurisdição contenciosa da Corte Interamericana, o
Estado é responsável de forma integral, como um todo.
Nesse sentido, a responsabilidade é global, diz respeito
ao Estado como um todo e não pode estar sujeita à di-
visão de atribuições estabelecida pela legislação nacio-
nal. Não é possível dividir o Estado internacionalmente,
vincular perante a Corte apenas um ou alguns de seus
órgãos, entregar-lhes a representação do Estado no jul-
gamento - sem que esta representação tenha repercus-
sões sobre o Estado como um todo - e retirar outros des-
se regime convencional de responsabilidade, deixando
suas ações fora do "controle da convencionalidade" que
a jurisdição da Corte internacional traz consigo.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Caso Myrna
Mack Chang v. Guatemala, Voto em separado do Juiz Sergio
García Ramírez, 25 de Novembro de 2003.
Em relação ao controle de convencionalidade e a Con-
venção Americana de Direitos Humanos, é correto
afirmar que:
(A) Os juízes e tribunais internos estão sujeitos ao impé-
rio da lei e, por isso, são obrigados a aplicar as dispo-
sições vigentes no ordenamento jurídico, ainda que
essas disposições sejam violadoras da Convenção
Americana de Direitos Humanos.
(B) Os Estados-membros devem exercer controle de con-
vencionalidade, por meio do Poder Judiciário, entre as
normas jurídicas internas aplicadas a casos concretos
e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
(C) Quando um Estado ratifica um tratado internacional,
seus juízes, como parte do aparato estatal, somente
estão submetidos ao tratado no caso de expressa dis-
posição na Convenção.
(D) O controle de convencionalidade é incompatível com
a soberania dos Estados-Membros.
(E) As constituições dos Estados devem prever expressa-
mente o controle de convencionalidade, sob pena de
violação da soberania do próprio Estado.
Letra b.
Assunto abordado: Controle de convencionalidade
O conceito de controle de convencionalidade foi gesta-
do a partir da jurisprudência da Corte Interamericana de
Direitos Humanos, sob a sua concepção, compreende-se
que se um Estado ratifica um tratado, obriga-se a si mes-
mo ao seu cumprimento e essa obrigação se estende a
todo o aparato estatal, o que inclui o Poder Judiciário.
Por fim, a própria ratificação de um tratado pelo Estado
significa que houve a incorporação das suas disposições
normativas à ordem jurídica interna. Desse modo, a úni-
ca alternativa possível é a letra "b".
34
Considerando os sistemas de proteção dos direitos hu-
manos, é correto afirmar:
(A) Em razão da hierarquia entre os sistemas nacionais
e regionais de direitos humanos, a Corte Interameri-
cana de Direitos Humanos somente poderá ser acio-
nada após o esgotamento de todos os recursos no
sistema interno do Estado-Membro.
(B) Em respeito à soberania dos Estados, o Sistema in-
ternacional de proteção dos Direitos Humanos atua
apenas de forma auxiliar ao dever interno de prote-
ção dada pelo Estado.
(C) Os sistemas de proteção buscam a máxima efetivi-
dade dos direitos humanos, não havendo hierar-
quia entre eles, devendo prevalecer o princípio pro
homine.
(D) O princípio pro homine somente deverá prevalecer
em conflitos entre os sistemas de proteção dos direi-
tos humanos quando expressamente determinado
nos tratados.
(E) Por não possuir natureza jurídica, a Declaração dos
Direitos Humanos atua apenas como baliza das re-
gras internas dos Estados signatários.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
Letra c.
Assunto abordado: Sistemas de proteção dos direi-
tos humanos
Não há hierarquia entre os sistemas de proteção dos
direitos humanos, o que faz da alternativa "a" errada.
Além disso, o sistema internacional não tem apenas
papel auxiliar, ao contrário, impõe obrigações aos Es-
tados-Membros nos termos do tratado em que esses
Estados são signatários, logo a alternativa "b" também
está errada.
A alternativa "c" é o gabarito. Não há hierarquia entre
os sistemas de proteção e, entre eles, deverá prevale-
cer a regra mais benéfica a fim de se garantir a máxima
efetividade.
Não há exigência de que o princípio pro homine esteja
previsto nos tratados para que tenha eficácia, logo a al-
ternativa "d" está errada.
A alternativa "e" também erra por desconsiderar a na-
tureza jurídica da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, natureza essa já reconhecida tanto em razão
do costume internacional, quanto dos princípios nela
dispostos.
35
Em relação às características dos Direitos Humanos,
considere:
I– Não possuem conteúdo econômico-social.
II – Não se perde pelo decorrer do tempo.
III – Solidificam-se com a evolução da sociedade.
IV – Pertencem a todos os seres humanos.
As afirmações acima se referem às características dos
direitos humanos. Assim sendo, a sequência correta é:
(A) Irrenunciabilidade; imprescritibilidade; inalienabili-
dade; universalidade.
(B) Aplicabilidade imediata; irrenunciabilidade; historici-
dade; inalienabilidade.
(C) Universalidade; imprescritibilidade; aplicabilidade
imediata; historicidade.
(D) Imprescritibilidade; irrenunciabilidade; historicida-
de; inalienabilidade.
(E) Inalienabilidade; imprescritibilidade; historicidade;
universalidade.
Letra e.
Assunto abordado: Características dos direitos humanos
I – inalienabilidade; II – imprescritibilidade; III – historici-
dade; IV – universalidade.
36
Os direitos humanos podem sofrer limitações no confron-
to com outros direitos, do que se conclui que esses direi-
tos não são absolutos, ao contrário, são também relativos.
Desse modo, considerando a relatividade dos direitos
humanos, é correto afirmar que:
(A) Os direitos humanos podem sofrer limitações para
acomodar outros direitos na ordem jurídica interna,
inclusive admitindo-se a escravidão e a tortura.
(B) Em respeito ao princípio da autodeterminação dos
povos, os tratados internacionais devem ser relativi-
zados na ordem jurídica interna, sob pena de viola-
ção da soberania nacional.
(C) Não há hipótese em que se admita a tortura e o tra-
balho escravo, do que se deduz, nos termos do pen-
samento de Norberto Bobbio, a incompatibilidade
entre os sistemas de proteção global e nacional de
direitos humanos.
(D) Não se admite relativização quanto a vedação à tor-
tura e ao trabalho escravo.
(E) As limitações a que qualquer direito pode sofrer não
alcança os direitos humanos, sob pena de se promo-
ver sua total ineficácia.
Letra d.
Assunto abordado: Relatividade dos direitos humanos
A relativização dos direitos humanos insere-se na com-
preensão de que em eventual conflito entre direitos, é
possível sim se estabelecer limitações. Contudo, essa re-
lativização dos direitos humanos não se aplica a vedação
da tortura e da escravidão, motivo pelo qual o filósofo
italiano Norberto Bobbio defendeu a tese de que nes-
tes casos estaríamos diante de direitos absolutos. Desse
modo, a única alternativa correta é a letra “d”.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
37
O titular de direitos humanos é o próprio homem em
toda a sua dimensão, não importando sua origem, sexo,
raça ou qualquer outra condição ou atributo particular.
Trata-se do seu caráter universal, o que impõe a questão
acerca dos fundamentos e legitimidade desses direitos.
Sobre esse tema, analise as afirmativas que se seguem:
I – Da consciência e da experiência do convívio social,
são extraídos direitos subjetivos baseados em prin-
cípios que independem de regras prévias.
II – Os direitos humanos se fundamentam em normas
anteriores e superiores às normas estatais, cuja ori-
gem é a própria razão.
III – A validade formal de qualquer direito é imprescin-
dível à sua legitimidade e exigibilidade.
Considerando as afirmativas acima, a ordem correspon-
dente às teorias que elas representam é
(A) Jusnaturalista; positivista; moralista.
(B) Neoconstitucionalista; pós-positivista; positivista.
(C) Moralista; jusnaturalista; positivista.
(D) Positivista; moralista; pós-positivista.
(E) Jusnaturalista; utilitarista; positivista.
Letra c.
Assunto abordado: Teoria dos direitos humanos
A afirmativa I se refere à teoria moralista, que tem em
Chaïm Perelmam um dos seus representantes. Defende
a tese de que os direitos humanos se estruturam e se
fundamentam na consciência moral e na experiência
dos povos.
A afirmativa II se encontra no âmbito da teoria jusnatu-
ralista. A defesa é a de que os direitos possuem um fun-
damento divino ou advém da razão. Tomás de Aquino é
uma das referências dessa concepção.
A afirmativa III parte da concepção segundo a qual os
direitos são constituídos pela ordem estatal que lhes
confere validade e exigibilidade, Thomas Hobbes é um
dos autores que defendem esse pensamento.
38
Conforme preceitua o art. 5º, § 3º, da Constituição Fe-
deral, os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes
às emendas constitucionais.
Ainda, há que se considerar a jurisprudência do Supre-
mo Tribunal Federal quanto ao “status normativo supra-
legal dos tratados internacionais de direitos humanos
subscritos pelo Brasil torna inaplicável a legislação infra-
constitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou
posterior ao ato de adesão”.
(STF. Plenário. RE 349703, Rel. p/ ac. Min. Gilmar Mendes, DJ
5/6/2009).
Assim, considerando as disposições acima, é correto
afirmar que:
(A) Aprovado pelo Congresso Nacional em 2015 e pro-
mulgado em 2018, o Tratado de Marraqueche, que
visa facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas
cegas, tem status de norma constitucional.
(B) O Pacto de San José da Costa Rica de 1969, ratifica-
do pelo Brasil em 1992, tem status de norma consti-
tucional.
(C) A Convenção Interamericana contra o Racismo, a
Discriminação Racial e as Formas Correlatas de Into-
lerância, promulgado pelo Decreto n. 10.932/2022,
tem status de norma supralegal.
(D) A Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a
Tortura, promulgado pelo Decreto n. 98.386/1989,
tem status de norma constitucional.
(E) A Convenção da ONU sobre Direitos das Pessoas com
Deficiência, por tratar de regras que versam sobre
direitos humanos, foi recepcionada pelo Brasil com
status de norma supralegal.
Letra a.
Assunto abordado: Direitos Humanos na Constituição
Apenas quatro tratados foram recepcionados no orde-
namento pátrio com status constitucional, seguindo o
rito das Emendas Constitucionais, são eles: Convenção
da ONU sobre Direitos das Pessoas com Deficiência e
o seu Protocolo Facultativo; Tratado de Marraqueche;
Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discrimi-
nação Racial e a Formas Correlatas.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
Direito Processual Civil
Cristiny Rocha
39
Sobre precedentes judiciais, é correto afirmar que:
(A) O overruling visa demonstrar argumentativamen-
te, por meio do tribunal, como órgãos julgadores, o
desgaste ou a superação de determinada razão de
decidir, no que tange a sua congruência social e sua
integridade sistêmica.
(B) O distinguishing se caracteriza pelo confronto do
caso à ratio decidendi do paradigma, visando aplicar,
afastar ou demonstrar a revogação do entendimento
paradigmático consubstanciado no precedente.
(C) Obter dictum podem ser utilizados com força vincu-
lativa determinante.
(D) O que forma o precedente é sua razão de decidir do jul-
gado, a sua ratio decidendi, assim como o stare decisis.
(E) A atividade do STJ e do STF está vinculada ao direito
consuetudinário.
Letra a.
Assunto abordado: Precedentes judiciais: conceito e
efeitos para o juízo. Técnicas e métodos na formação e
superação de precedentes
Era necessário o conhecimento da lei seca e da teo-
ria. Vejamos:
(A) Certa. Por meio dessa técnica (overruling), o prece-
dente é revogado ou superado em razão da modificação
dos valores sociais, dos conceitos jurídicos, da tecnolo-
gia ou mesmo em virtude de erro gerador de instabilida-
de em sua aplicação. O paradigma escolhido se aplicaria
ao caso sob julgamento, contudo, em face desses fato-
res, não há conveniência na preservação do precedente.
(B) Errada. A revogação ou superação do precedente se
dá pela overruling.
(C) Errada. Obter dictum não podem ser utilizados com
força vinculativa por não terem sido determinantes para
a decisão. São argumentos acessórios.
(D) Errada.
O termo stare decisis, traduzido do latim como “man-
ter o que foi decidido”, refere-se ao princípio jurídi-
co que determina que os tribunais devem seguir as
decisões anteriores ao julgar casos semelhantes. É
importante esclarecer que o que forma o precedente
é apenas a razão de decidir do julgado, a sua ratio
decidendi. Em outras palavras, os fundamentos que
sustentam os pilares de uma decisão é que podem ser
invocados em julgamentos posteriores. As circunstân-
cias de fato que deram embasamento à controvérsia
e que fazem parte do julgado não têm o condão de
tornar obrigatória ou persuasiva a norma criada para
o caso concreto (DONIZETTI, 2023, p. 1237).
(E) Errada.
A atividade do STJ e do STF de forma alguma está
vinculada ao direito consuetudinário (Common Law).
Não há obrigatoriedade de respeito ao direito dos an-
tepassados, como ocorre principalmente no sistema
inglês. É nesse ponto que podemos diferenciar o nos-
so ordenamento do sistema anglo-saxão (DONIZETTI,
2023, p. 1238).
40
Sobre incidentes em tribunais, assinale a alternativa
incorreta.
(A) O IRDR é instituto inspirado no procedimento-mode-
lo (Musterverfahren) do sistema processual alemão.
(B) Conforme entendimento do STJ, a instauração do
IRDR não pressupõe a existência de processo pen-
dente no respectivo tribunal.
(C) O incidente de resolução de demandas repetitivas
não é recurso, e sim um incidente instaurado no jul-
gamento de recursos, remessa necessária ou proces-
so de competência originária.
(D) No IAC, para sua admissão, deve haver relevante
questão de direito com repercussão social, mas não
efetiva repetição em múltiplos processos.
(E) Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalida-
de de lei ou de ato normativo do Poder Público, o
relator, após ouvir o Ministério Público e as partes,
submeterá a questão à turma ou à câmara à qual
competir o conhecimento do processo.
Letra b.
Assunto abordado: Incidente de resolução de deman-
das repetitivas. Julgamento de recursos repetitivos nos
tribunais superiores. Incidente de assunção de compe-
tência. Incidente de arguição de inconstitucionalidade
em tribunal.
Vejamos cada alternativa:
(A) Certa. O procedimento padrão ou modelo tem por
fim evitar (i) a eternização de discussões sobre teses
jurídicas, o que gera ganhos em termos de celeridade;
(ii) discrepâncias, o que provoca quebra da isonomia
dos litigantes e, por conseguinte, insegurança jurídica.
O novel instituto foi inspirado no procedimento-modelo
(Musterverfahren) do sistema processual alemão. A rigor
não é correto falar em pretensões isomórficas (seme-
lhantes), uma vez que o isomorfismo recai tão somente
sobre a questão de direito e, como sabido, também os
fatos constituem substrato da pretensão.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
(B) Errada.
A pendência de causa junto ao tribunal foi a tese ado-
tada pelo STJ, que definiu como condicionante para
o cabimento do IRDR a pendência de julgamento, no
tribunal, de uma causa recursal ou originária. Assim,
“se já encerrado o julgamento, não caberá mais a
instauração do IRDR, senão em outra causa penden-
te; mas não naquela que já foi julgada” (STJ, AREsp
1.470.017/SP, Rel. Min. Francisco Falcão, 2ª Turma, j.
15.10.2019. DJe19.10.2019).
(C) Certa. O incidente de resolução de demandas repeti-
tivas não é recurso, e sim um incidente instaurado no jul-
gamento de recursos, remessa necessária ou processo
de competência originária. A decisão proferida no IRDR,
tal como ocorre com a tese definida em julgamento de
recursos repetitivos, servirá de parâmetro para o julga-
mento de todos os processos – presentes e futuros, indi-
viduais ou coletivos – que versem sobre idêntica questão
de direito e que tramitem ou venham a tramitar na área
de jurisdição do respectivo tribunal, ou seja, vinculará os
órgãos de primeiro grau e o próprio tribunal. O acórdão
passará a ser a “lei” que regerá os processos em trâmite
e que venham a ser instaurados sobre a mesma questão
jurídica. Ao julgador caberá fazer a subsunção dos fatos
a essa norma jurídica editada pelo tribunal.
(D) Certa.
Art. 947. É admissível a assunção de competência
quando o julgamento de recurso, de remessa neces-
sária ou de processo de competência originária envol-
ver relevante questão de direito, com grande reper-
cussão social, sem repetição em múltiplos processos.
(E) Certa.
Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucio-
nalidade de lei ou de ato normativo do poder público,
o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes,
submeterá a questão à turma ou à câmara à qual
competir o conhecimento do processo.
41
De acordo com o que estabelece o STF e o Código de
Processo Civil, com relação aos poderes, deveres e res-
ponsabilidades das partes, dos procuradores e dos juí-
zes, assinale a alternativa correta.
I – Há suspeição do juiz quando for sócio ou membro
de direção ou de administração de pessoa jurídica
parte no processo.
II – É constitucional a regra de impedimento do juiz no
caso em que figure como parte cliente do escritó-
rio de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que
patrocinado por advogado de outro escritório.
III – O juiz só decidirá por equidade nos casos previs-
tos em lei.
Estão corretas:
(A) Apenas I e II.
(B) Apenas I e III.
(C) Apenas II.
(D) Apenas III.
(E) Todas estão corretas.
Letra d.
Assunto abordado: O juiz, sua atuação e poderes, impe-
dimento e suspeição
Vejamos as assertivas:
I – Errada.
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado
exercer suas funções no processo:
V – quando for sócio ou membro de direção ou de
administração de pessoa jurídica parte no processo;
II – Errada. O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)
julgou inconstitucional regra do Código de Processo Civil
(CPC) que amplia o impedimento de juízes. A decisão se
deu, em sessão virtual do julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 5953, ajuizada pela Associação
dos Magistrados Brasileiros (AMB). O dispositivo em dis-
cussão é o artigo 144, inciso VIII, do CPC, que prevê o impe-
dimento do juiz nos processos em que a parte for cliente de
escritório de advocacia de cônjuge, companheiro ou paren-
te consanguíneo, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, ainda que, na causa submetida a ele, a mesma parte
seja representada por advogado de outro escritório.
III – Certa.
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação
de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos
casos previstos em lei.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
42
Bernardete ajuíza ação condenatória contra João, para
fins de indenização por dano moral. Ao fim, instruída a
demanda, o juízo julgou a ação procedente. Manejado
recurso de apelação, houve divergência no julgamento.
Sobre o tema, analise.
(A) A técnica de julgamento ampliado só será cabível se
o Tribunal reformou a decisão do juízo a quo.
(B) Os julgadores que já tiverem votado não poderão
rever seus votos por ocasião do prosseguimento do
julgamento.
(C) Havendo voto vencido, esse será necessariamente de-
clarado e considerado parte integrante do acórdão para
todos os fins legais, inclusive de pré-questionamento.
(D) O prosseguimento do julgamento dar-se-á sempre em
nova sessão, colhendo-se os votos de outros julgado-
res que porventura componham o órgão colegiado.
(E) A técnica de julgamento ampliado aplica-se igualmen-
te ao incidente de resolução de demandas repetitivas.
Letra c.
Assunto abordado: Julgamento estendido em caso de
divergência
(A) Errada. Na apelação, independentemente do resulta-
do, haverá ampliação do julgamento. Veja:
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unâ-
nime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a
ser designada com a presença de outros julgadores, que
serão convocados nos termos previamente definidos no
regimento interno, em número suficiente para garantir a
possibilidade de inversão do resultado inicial, assegura-
do às partes e a eventuais terceiros o direito de susten-
tar oralmente suas razões perante os novos julgadores.
(B) Errada. Art. 942, § 2º “Os julgadores que já tiverem
votado poderão rever seus votos por ocasião do prosse-
guimento do julgamento”.
(C) Certa. É a previsão do § 3º do art. 941:
Art. 941. Proferidos os votos, o presidente anunciará
o resultado do julgamento, designando para redigir
o acórdão o relator ou, se vencido este, o autor do
primeiro voto vencedor.
§ 1º O voto poderá ser alterado até o momento da
proclamação do resultado pelo presidente, salvo
aquele já proferido por juiz afastado ou substituído.
§ 2º No julgamento de apelação ou de agravo de ins-
trumento, a decisão será tomada, no órgão colegiado,
pelo voto de 3 (três) juízes.
§ 3º O voto vencido será necessariamente declarado
e considerado parte integrante do acórdão para todos
os fins legais, inclusive de pré-questionamento.
(D) Errada.
Art. 942. (...)
§ 1º Sendo possível, o prosseguimento do julgamen-
to dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os votos
de outros julgadores que porventura componham o
órgão colegiado.
(E) Errada.
Art. 942. (...)
§ 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao jul-
gamento:
I – do incidente de assunção de competência e ao de
resolução de demandas repetitivas;
II – da remessa necessária;
III – não unânime proferido, nos tribunais, pelo plená-
rio ou pela corte especial.
43
Sobre as modalidades de intervenção de terceiros, é cor-
reto afirmar:
(A) Não cabe instrução probatória no incidente de des-
consideração da personalidade jurídica.
(B) A denunciação à lide é modalidade espontânea de
intervenção de terceiros, podendo ter lugar tanto no
processo de conhecimento quanto no de execução.
(C) Conforme entendimento do STJ, somente pode in-
tervir como assistente o terceiro que tiver interesse
jurídico em que uma das partes vença a ação.
(D) A denunciação da lide, o chamamento ao processo e
a nomeação à autoria são espécies vigentes de inter-
venção de terceiros.
(E) Incidente de desconsideração da personalidade jurí-
dica pode ser instaurado a pedido da parte, do Mi-
nistério Público e pelo próprio magistrado, quando
entender pertinente.
Letra c.
Assunto abordado: Modalidades de intervenção
de terceiros
(A) Errada.
Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa
jurídica será citado para manifestar-se e requerer as
provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
(B) Errada. A denunciação da lide não pode ser feita no
processo de execução. Segundo o art. 126 do CPC/2015:
Art. 126. A citação do denunciado será requerida
na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na
contestação, se o denunciante for réu, devendo ser
realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131.
É modalidade provocada.
(C) Certa. O assistente luta pela vitória do assistido ou
porque a sua relação jurídica é vinculada àquele, ou a
res in iudicium deducta também lhe pertence. De toda
sorte, além desses fatores, o assistente intervém porque
a decisão proferida na causa entre o assistido e a parte
contrária interferirá na sua esfera jurídica. Doutrina aba-
liza pontifica que:
Somente pode intervir como assistente o terceiro que
tiver interesse jurídico em que uma das partes ven-
ça a ação. Há interesse jurídico do terceiro quando a
relação jurídica da qual seja titular possa ser reflexa-
mente atingida pela sentença que vier a ser proferida
entre assistido e parte contrária. Não há necessidade
de que o terceiro tenha, efetivamente, relação jurídi-
ca com o assistido, ainda que isto ocorra na maioria
dos casos. Por exemplo, há interesse jurídico do su-
blocatário em ação de despejo movida contra o lo-
catário. O interesse meramente econômico ou moral
não enseja a assistência, se não vier qualificado como
interesse também jurídico.
(Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery,
in Código de Processo Civil Comentado e Legislação
Extravagante, 9ª ed., Ed. Revista dos Tribunais, São
Paulo, 2006, pág. 232).
Nessa linha o STJ, Ag Resp 427.623-PR.
(D) Errada. Nomeação à autoria não é mais forma de in-
tervenção de terceiros como ocorria no CPC/1973.
(E) Errada.
Art. 133. O incidente de desconsideração da persona-
lidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou
do Ministério Público, quando lhe couber intervir no
processo.
44
Sobre a tutela da evidência, assinale a alternativa correta.
(A) Nos casos em que a urgência for contemporânea à
propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se
ao requerimento da tutela da evidência e à indicação
do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do
direito que se busca realizar e do perigo de dano ou
do risco ao resultado útil do processo.
(B) A tutela da evidência será concedida, independen-
temente da demonstração de perigo de dano ou de
risco ao resultado útil do processo, mas respeitará o
contraditório participativo sempre que requerida.
(C) Quando as provas do fato forem irrefutáveis, o juiz
poderá conceder a tutela da evidência, como forma
de salvaguardar a crise do direito.
(D) Por ser uma tutela provisória, a tutela da evidência
não comporta a aplicação de penalidades coerciti-
vas, como de multa.
(E) Havendo manifesto propósito protelatório da parte,
o juiz poderá conceder tutela da evidência, indepen-
dentemente de perigo de dano.
Letra e.
Assunto abordado: Tutela provisória
(A) Errada.
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contem-
porânea à propositura da ação, a petição inicial pode
limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à
indicação do pedido de tutela final, com a exposição
da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de
dano ou do risco ao resultado útil do processo.
(B) Errada. Nos incisos II e III, do art. 311, do CPC, a tute-
la da evidência poderá ser concedida liminarmente, logo
haverá contraditório diferido.
(C) Errada. Somente prova documental não é apta à con-
cessão de tutela da evidência, conforme incisos do art.
311 do CPC.
(D) Errada.
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, inde-
pendentemente da demonstração de perigo de dano
ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em
prova documental adequada do contrato de depósi-
to, caso em que será decretada a ordem de entrega
do objeto custodiado, sob cominação de multa;
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
(E) Certa.
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, inde-
pendentemente da demonstração de perigo de dano
ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou
o manifesto propósito protelatório da parte;
45
Contra o acórdão de julgamento de apelação cível, Ma-
ria interpôs recursos especial e extraordinário ao Supe-
rior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal,
respectivamente. Sobre a tramitação e o julgamento dos
recursos nos Tribunais Superiores, é correto afirmar que:
(A) Relator do recurso extraordinário poderá admitir,
na análise da repercussão geral, a manifestação de
terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos
termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal.
(B) Da decisão do relator acerca da repercussão geral,
caberá agravo interno.
(C) Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, enten-
der que o recurso especial versa sobre questão cons-
titucional, deverá conceder prazo para que o recor-
rente demonstre a existência de repercussão geral e
se manifeste sobre a questão constitucional, deven-
do o Supremo Tribunal Federal julgar o recurso, sem
devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça.
(D) Cabe agravo contra decisão do presidente ou do
vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir
recurso extraordinário ou recurso especial fundado
na aplicação de entendimento firmado em regime
de repercussão geral ou em julgamento de recursos
repetitivos.
(E) Concluído o julgamento do recurso especial, os autos
serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para
apreciação do recurso extraordinário, ainda que este
esteja prejudicado.
Letra a.
Assunto abordado: Recursos em espécie (apelação,
agravo de instrumento, embargos de declaração, agra-
vo interno, recurso ordinário constitucional, recurso
extraordinário, recurso especial). Prazos e procedimen-
tos recursais, pressupostos específicos, modos de in-
terposição, peculiaridades específicas. Ordem dos pro-
cessos nos tribunais. Julgamento estendido em caso de
divergência.
(A) Certa. O Supremo Tribunal Federal, em decisão ir-
recorrível, não conhecerá do recurso extraordinário
quando a questão constitucional nele versada não tiver
repercussão geral, nos termos deste artigo. O relator po-
derá admitir, na análise da repercussão geral, a manifes-
tação de terceiros, subscrita por procurador habilitado,
nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal, de acordo com o art. 1.035, § 4º, do CPC.
(B) Errada.
Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão
irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário
quando a questão constitucional nele versada não ti-
ver repercussão geral, nos termos deste artigo.
(C) Errada.
Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Jus-
tiça, entender que o recurso especial versa sobre
questão constitucional, deverá conceder prazo de
15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a
existência de repercussão geral e se manifeste sobre
a questão constitucional.
Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o
caput, o relator remeterá o recurso ao Supremo Tri-
bunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, po-
derá devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça.
(D) Errada.
Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presiden-
te ou do vice-presidente do tribunal recorrido que
inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial,
salvo quando fundada na aplicação de entendimento
firmado em regime de repercussão geral ou em julga-
mento de recursos repetitivos.
Nesse caso, caberá agravo interno.
(E) Errada. A primeira parte da assertiva está correta, no
entanto, concluído o julgamento do recurso especial, os
autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para
apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver
prejudicado, de acordo com o art. 1.031, § 1º, do CPC.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
46
João Maurício teve seu automóvel atingido por uma viatu-
ra da Polícia Militar do Estado que reside. Buscando obter a
reparação dos danos sofridos, comprovadamente no valor
de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), ajuizou ação perante o
Juizado Especial de Fazenda Pública em face do Estado. Par-
tindo dessa narrativa, assinale a afirmativa correta.
(A) O Estado terá prazo em dobro para suas manifesta-
ções, exceto para recorrer.
(B) A citação para a audiência de conciliação deve ser efe-
tuada com antecedência mínima de 20 (vinte) dias.
(C) Por se tratar de Fazenda Pública, os representantes
do Estado não poderão transigir.
(D) Não caberá exame técnico no Juizado da Fazenda,
por ser um rito que tem como critério a simplicidade
e informalidade.
(E) Se o Estado for condenado e não apresentar recurso,
não haverá remessa necessária.
Letra e.
Assunto abordado: Juizados Especiais da Fazenda Pública
Era necessário o conhecimento da Lei n. 12.153/2009.
Vejamos:
(A) Errada.
Art. 7º. Não haverá prazo diferenciado para a prática
de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de
direito público, inclusive a interposição de recursos,
devendo a citação para a audiência de conciliação ser
efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias.
(B) Errada.
Art. 7º. Não haverá prazo diferenciado para a prática
de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de
direito público, inclusive a interposição de recursos,
devendo a citação para a audiência de conciliação ser
efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias.
(C) Errada.
Art. 8º. Os representantes judiciais dos réus presen-
tes à audiência poderão conciliar, transigir ou desistir
nos processos da competência dos Juizados Especiais,
nos termos e nas hipóteses previstas na lei do respec-
tivo ente da Federação.
(D) Errada.
Art. 10. Para efetuar o exame técnico necessário à
conciliação ou ao julgamento da causa, o juiz nome-
ará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até 5
(cinco) dias antes da audiência.
(E) Certa. "Art. 11. Nas causas de que trata esta Lei, não
haverá reexame necessário".
47
Sobre a força probante dos documentos, podemos afir-
mar que é correto:
(A) As declarações constantes do documento particular
escrito e assinado ou somente assinado presumem-
-se verdadeiras em relação ao destinatário.
(B) Quando a lei exigir instrumento público como da
substância do ato, nenhuma outra prova, por mais
especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
(C) O documento feito por oficial público incompetente ou
sem a observância das formalidades legais, ainda que
subscrito pelas partes, não tem eficácia probatória.
(D) A nota escrita pelo credor em qualquer parte de do-
cumento representativo de obrigação, ainda que não
assinada, faz prova em benefício do credor.
(E) Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica,
a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie,
tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas
representadas, ainda que sua conformidade com o
documento original seja impugnada por aquele con-
tra quem foi produzida.
Letra b.
Assunto abordado: Provas em espécie e sua produção
Vejamos conforme o CPC:
(A) Errada.
Art. 408. As declarações constantes do documento
particular escrito e assinado ou somente assinado
presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.
(B) Certa.
Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público
como da substância do ato, nenhuma outra prova,
por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
(C) Errada.
Art. 407. O documento feito por oficial público in-
competente ou sem a observância das formalidades
legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mesma efi-
cácia probatória do documento particular.
(D) Errada.
Art. 416. A nota escrita pelo credor em qualquer par-
te de documento representativo de obrigação, ainda
que não assinada, faz prova em benefício do devedor.
(E) Errada.
Art. 422. Qualquer reprodução mecânica, como a fo-
tográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou de ou-
tra espécie, tem aptidão para fazer prova dos fatos ou
das coisas representadas, se a sua conformidade com
o documento original não for impugnada por aquele
contra quem foi produzida.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
48
Sobre a ação popular, conforme Lei n. 4.717/1965, analise:
I – Ação será proposta contra as pessoas públicas ou
privadas, bem como contra as autoridades, fun-
cionários ou administradores que houverem au-
torizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato
impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado
oportunidade à lesão, e contra os beneficiários di-
retos dele, ainda que indeterminado o benefício.
II – É facultado a qualquer cidadão se habilitar como
litisconsorte ou assistente do réu da ação popular.
III – A sentença que concluir pela carência ou pela im-
procedência da ação não está sujeita ao duplo grau
de jurisdição.
Está(ão) correta(s):
(A) Apenas I e II.
(B) Apenas I e III.
(C) Apenas II.
(D) Apenas III.
(E) Todas estão incorretas.
Letra e.
Assunto abordado: Ação Popular
I – Errada.
Art. 6º. A ação será proposta contra as pessoas pú-
blicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º,
contra as autoridades, funcionários ou administrado-
res que houverem autorizado, aprovado, ratificado
ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas,
tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os bene-
ficiários diretos do mesmo.
§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou
se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação
será proposta somente contra as outras pessoas indi-
cadas neste artigo.
II – Errada.
Art. 6º. (...)
§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como
litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
III – Errada.
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela
improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de
jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação proce-
dente caberá apelação, com efeito suspensivo. (Reda-
ção dada pela Lei n. 6.014, de 1973).
49
Maria deseja interditar seu esposo José, visto que ele
sofre de doença mental grave. Nesse caso, assinale a al-
ternativa correta.
(A) Nesse caso, havendo cônjuge ou companheiro, não
poderá haver iniciativa do Ministério Público para a
interdição.
(B) Poderá ser dispensada entrevista pelo juiz no caso de
doença mental grave.
(C) Conforme entendimento do STJ, o laudo médico para
a propositura da ação é indispensável.
(D) Nesse caso, ainda que exista cônjuge ou companhei-
ro, poderá haver iniciativa do Ministério Público para
a interdição.
(E) A perícia poderá ser dispensada pelo juiz quando se
convencer da doença mental em entrevista prévia.
Letra a.
Assunto abordado: Procedimentos especiais e sua re-
lação com o procedimento comum. O trânsito de téc-
nicas processuais entre procedimentos. Procedimentos
especiais de jurisdição contenciosa e voluntária: noções
gerais. Tipos codificados e não codificados.
(A) Certa.
Art. 748. O Ministério Público só promoverá interdi-
ção em caso de doença mental grave:
I – se as pessoas designadas nos incisos I, II e III do art.
747 não existirem ou não promoverem a interdição;
II – se, existindo, forem incapazes as pessoas mencio-
nadas nos incisos I e II do art. 747.
(B) Errada.
Art. 751. O interditando será citado para, em dia de-
signado, comparecer perante o juiz, que o entrevis-
tará minuciosamente acerca de sua vida, negócios,
bens, vontades, preferências e laços familiares e afe-
tivos e sobre o que mais lhe parecer necessário para
convencimento quanto à sua capacidade para prati-
car atos da vida civil, devendo ser reduzidas a termo
as perguntas e respostas.
(C) Errada.
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
estabeleceu que o laudo médico exigido pelo artigo
750 do Código de Processo Civil (CPC) para a proposi-
tura da ação de interdição pode ser dispensado se o in-
terditando não concordar em se submeter ao exame.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
Para o colegiado, como o documento tem a finalidade
principal de fornecer elementos indiciários para a ve-
rificação da plausibilidade do pedido, é possível ado-
tar menos rigor em sua exigência – o que não afasta
a necessidade da produção de outras provas ao lon-
go da ação, inclusive a produção de prova pericial. O
número deste processo não é divulgado em razão de
segredo judicial.
Notícia de 08/02/2022: https://www.stj.jus.br/sites/portalp/
Paginas/Comunicacao/Noticias/08022022-Laudo-medico-pode-
-ser-dispensado-na-propositura-da-interdicao-se-o-interdi-
tando-se-negar-a-fazer-o-exame.aspx
(D) Errada. Vide letra "a".
(E) Errada. A prova pericial é obrigatória. Veja:
Art. 753. Decorrido o prazo previsto no art. 752, o juiz
determinará a produção de prova pericial para avalia-
ção da capacidade do interditando para praticar atos
da vida civil.
§ 1º A perícia pode ser realizada por equipe composta
por expertos com formação multidisciplinar.
§ 2º O laudo pericial indicará especificadamente, se
for o caso, os atos para os quais haverá necessidade
de curatela.
50
Maria é filha de Maurício, que não tem realizado o paga-
mento das verbas alimentares fixadas. Nessa linha, assi-
nale a alternativa correta.
(A) No cumprimento de sentença que condene ao paga-
mento de prestação alimentícia ou de decisão inter-
locutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento
do exequente, mandará intimar o executado pesso-
almente para, em 15 dias, pagar o débito, provar que
o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
(B) Conforme entendimento do STJ, o devedor de ali-
mentos não precisa ser intimado pessoalmente
sobre uma segunda execução baseada na mesma
sentença.
(C) O cumprimento da pena exime o executado do paga-
mento das prestações vencidas e vincendas.
(D) O débito alimentar que autoriza a prisão civil do ali-
mentante é o que compreende as 3 prestações ante-
riores ao ajuizamento da execução.
(E) Conforme entendimento do STJ, o exequente terá
que optar pela expropriação ou prisão.
Letra b.
Assunto abordado: Cumprimento de sentença
(A) Errada.
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene
ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão
interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimen-
to do exequente, mandará intimar o executado pesso-
almente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar
que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
(B) Certa.
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
decidiu, por unanimidade, que o devedor de alimen-
tos não precisa ser intimado pessoalmente sobre
uma segunda execução baseada na mesma sentença.
A partir desse entendimento, o colegiado não conhe-
ceu de um habeas corpus e cassou a liminar que sus-
pendia a ordem de prisão de um homem por falta de
pagamento da pensão alimentícia. A turma julgadora
entendeu que ele tinha pleno conhecimento da exe-
cução da dívida, tanto que chegou a ser preso duran-
te o primeiro cumprimento de sentença instaurado.
"Somente se fosse instaurado um novo cumprimento
de sentença, referente a outro título judicial, é que
seria necessária nova intimação pessoal do devedor,
o que não é o caso dos autos", avaliou o relator, mi-
nistro Marco Aurélio Bellizze. O número deste proces-
so não é divulgado em razão de segredo judicial.
Notícia de 20/02/2024: https://www.stj.jus.br/sites/portalp/
Paginas/Comunicacao/Noticias/2024/20022024-Devedor-
-de-alimentos-nao-precisa-ser-intimado-pessoalmente-da-
-segunda-execucao-com-base-na-mesma-sentenca.aspx
(C) Errada. "Art. 528, § 5º O cumprimento da pena não
exime o executado do pagamento das prestações venci-
das e vincendas".
(D) Errada.
Art. 528. (...)
§ 7º O débito alimentar que autoriza a prisão civil do
alimentante é o que compreende até as 3 (três) pres-
tações anteriores ao ajuizamento da execução e as
que se vencerem no curso do processo.
(E) Errada.
A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) en-
tendeu que, para a cobrança de alimentos, é cabível a
cumulação das medidas de coerção pessoal (prisão) e de
expropriação patrimonial (penhora) no âmbito do mes-
mo procedimento executivo, desde que não haja prejuí-
zo ao devedor – a ser comprovado por ele – nem ocorra
tumulto processual, situações que devem ser avaliadas
pelo magistrado em cada caso. O número deste proces-
so não é divulgado em razão de segredo judicial.
Notícia de 30/08/2022. Disponível em: https://www.stj.jus.
br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/30082022-E-
-possivel-cumular-pedidos-de-prisao-e-de-penhora-no-mesmo-
-procedimento-para-execucao-de-divida-alimentar.aspx
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
Direito Civil
Maryanne Abreu
51
Acerca do contrato de seguro de vida, tomando por base
a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça sobre o
tema, é correto afirmar que:
(A) Em caso de embriaguez do segurado, fica dispensado
o pagamento de indenização em seguro de vida.
(B) A constituição em mora de que trata o art. 763, do
Código Civil, é automática.
(C) Nos contratos de seguro de vida, a correção monetá-
ria incide desde a data da ocorrência do sinistro até o
dia do efetivo pagamento do seguro.
(D) A partir do início da contratação, resta garantida a
indenização em caso de suicídio.
(E) A indenização securitária é devida quando ausente
a comunicação prévia do segurado acerca do atraso
no pagamento do prêmio, por constituir requisito es-
sencial para a suspensão ou resolução do contrato
de seguro.
Letra e.
Assunto abordado: Contratos em espécie, seguro
(A) Errada. Nos termos da Súmula 620 do STJ:
A embriaguez do segurado não exime a seguradora
do pagamento da indenização prevista em contra-
to de seguro de vida. STJ. 2ª Seção. Aprovada em
12/12/2018, DJe 17/12/2018.
(B) Errada. Dispõe o art. 763:
Não terá direito a indenização o segurado que estiver
em mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinis-
tro antes de sua purgação.
Ainda, o Enunciado n. 376, da Jornada de Direito Civil –
CJF, prevê: "Para efeito de aplicação do art. 763 do Có-
digo Civil, a resolução do contrato depende de prévia
interpelação”.
Em outras palavras, a mora do segurado não é automá-
tica ou ex re, mas ex persona, sendo necessária a sua
notificação prévia, seja judicial ou extrajudicial, para a
eventual e posterior extinção do contrato. Trata-se da
incidência do dever de informação da boa-fé objetiva.
(C) Errada. Nos termos da Súmula 632 do STJ:
A correção monetária incide desde a data da celebra-
ção do contrato até o dia do efetivo pagamento do
seguro, pois a apólice deve refletir o valor contratado
atualizado. A termo inicial da correção portanto, é a
data de celebração do contrato e não da ocorrência
do sinistro.
(D) Errada. Nos termos da Súmula 610 do STJ:
O suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de
vigência do contrato de seguro de vida, ressalvado o
direito do beneficiário à devolução do montante da
reserva técnica formada.
(E) Certa. Trata-se da literalidade da Súmula 616 do STJ:
A indenização securitária é devida quando ausente
a comunicação prévia do segurado acerca do atraso
no pagamento do prêmio, por constituir requisito es-
sencial para a suspensão ou resolução do contrato de
seguro.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
52
No que tange ao contrato de doação, conforme estabe-
lece o Código Civil, é correto afirmar:
(A) É vedada doação verbal.
(B) A doação far-se-á por escritura pública ou instru-
mento particular.
(C) A doação de ascendentes a descendentes, ou de um
cônjuge a outro, não importa adiantamento do que
lhes cabe por herança.
(D) É anulável a doação de todos os bens sem reserva
de parte, ou renda suficiente para a subsistência do
doador.
(E) Por sua própria natureza de liberalidade, a doação é
irrevogável.
Letra b.
Assunto abordado: Contrato em espécie: Doação
A doação é um negócio jurídico bilateral firmado entre
o doador e o donatário, em virtude do qual o primei-
ro transfere bens para o patrimônio do segundo que os
aceita, nos termos do art. 538 do CC.
(A) Errada. Dispõe o parágrafo único, do art. 541, que a
doação verbal será válida, se, versando sobre bens mó-
veis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tra-
dição. A regra é que a doação seja um contrato formal,
ressalvada a doação de bens móveis e de pequeno valor
seguida de imediata tradição, quando poderá ser for-
malizada verbalmente. Nesse caso, é denominada pela
doutrina como doação manual.
(B) Certa. Consoante preceitua o art. 541, a doação far-
-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Como pontuado no item anterior, o art. 541 classifica a
doação como um contrato formal em regra, com a res-
salva da doação verbal de bem móveis e de pequeno va-
lor com entrega imediata.
(C) Errada. Prevê o art. 544 do CC que a doação de as-
cendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro,
importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
Trata de modalidade de doação como adiantamento de
legítima, assim deverá ser trazido à colação no momento
do falecimento do doador o valor dos bens recebidos no
ato inter vivos de liberalidade.
(D) Errada. Art. 548. É nula a doação de todos os bens
sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsis-
tência do doador.
É nula e não anulável como fez constar o item. Trata-
-se da doação universal, cuja vedação tem por objetivo
principal proteger a pessoa de seu próprio excesso de
liberalidade, e desmotivar o donatário a agir de modo a
aproveitar-se de um momento de fragilidade e captar a
vontade do doador, reduzindo-o a situação de miserabi-
lidade econômica.
(E) Errada.
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingrati-
dão do donatário, ou por inexecução do encargo. A
doação é contrato irrevogável, por regra, obrigando-
-se, inclusive, os herdeiros do doador a cumprirem o
avençado com o donatário nos limites das forças da
herança. Entretanto, a lei possibilita ao doador, em
hipóteses excepcionais voltar atrás na palavra mani-
festada em caso de descumprimento do encargo ou
por ingratidão do donatário.
53
Em relação ao Direito das Coisas, segundo o Código Civil,
é correto afirmar que:
(A) O descobridor responde pelos prejuízos causados ao
proprietário ou possuidor legítimo.
(B) Os direitos reais sobre coisas móveis, quando cons-
tituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se
adquirem com a tradição.
(C) O imóvel que o proprietário abandonar, com a inten-
ção de não mais o conservar em seu patrimônio, po-
derá ser arrecadado, três anos depois, à propriedade
da União.
(D) O possuidor de má-fé sempre responde pela perda,
ou deterioração da coisa, ainda que acidentais.
(E) Aquele que restituir coisa achada terá direito a re-
compensa em valor não inferior a 10% do valor
do bem.
Letra b.
Assunto abordado: Direitos reais
(A) Errada.
Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuí-
zos causados ao proprietário ou possuidor legítimo,
quando tiver procedido com dolo.
O descobridor somente responderá por perdas e danos
se agir dolosamente, destruindo a coisa ou não cum-
prindo intencionalmente com o dever legal de restituir
a coisa, ou seja, se não houver a intenção manifesta de
causar prejuízo ao dono da coisa ou ao legítimo possui-
dor, não exsurgirá a obrigação de reparar o dano.
(B) Certa. "Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas mó-
veis, quando constituídos, ou transmitidos por atos en-
tre vivos, só se adquirem com a tradição".
(C) Errada.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário aban-
donar, com a intenção de não mais o conservar em
seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de
outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e
passar, três anos depois, à propriedade do Município
ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas
circunscrições.
(D) Errada.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela per-
da, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais,
salvo se provar que de igual modo se teriam dado,
estando ela na posse do reivindicante.
O possuidor de má-fé somente ficará alforriado do de-
ver de indenizar se provar que a perda ou destruição da
coisa se daria, ainda que o bem estivesse nas mãos do
reivindicante.
(E) Errada.
Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos
termos do artigo antecedente, terá direito a uma re-
compensa não inferior a cinco por cento do seu valor,
e à indenização pelas despesas que houver feito com
a conservação e transporte da coisa, se o dono não
preferir abandoná-la.
O artigo estabelece uma recompensa denominada achá-
dego e que na atual codificação conta com um tarifa-
mento mínimo não inferior a 5% cinco por cento, sem
prejuízo do ressarcimento das despesas que houver fei-
to com a conservação e transporte da coisa se o dono
não preferir abandoná-la.
54
Na forma prevista no Código Civil, é correto afirmar so-
bre o usufruto:
(A) Não se pode transferir o usufruto por alienação;
mas o seu exercício pode ceder-se apenas por título
gratuito.
(B) O usufrutuário é obrigado a pagar as deteriorações
resultantes do exercício regular do usufruto.
(C) Se a coisa estiver segurada, incumbe ao proprietário
pagar, durante o usufruto, as contribuições do segu-
ro, uma vez que a ele caberá o direito contra o se-
gurador.
(D) Incumbem ao usufrutuário as prestações e os tri-
butos devidos pela posse ou rendimento da coisa
usufruída.
(E) Se o usufruto recair num patrimônio, ou parte deste,
será o proprietário obrigado aos juros da dívida que
onerar o patrimônio ou a parte dele.
Letra d.
Assunto abordado: Direitos reais, usufruto
Usufruto é um direito real sobre a coisa alheia, exercido
pelo usufrutuário, que adquire o direito temporário de
uso e fruição do bem pertencente ao nu-proprietário,
utilizando do mesmo e extraindo todas as vantagens
possíveis com a obrigação de preservação da substância
da coisa sobre a qual o direito incide e restituir finda a
condição ou termo que o instituiu.
(A) Errada.
Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alie-
nação; mas o seu exercício pode ceder-se por título
gratuito ou oneroso.
O usufruto é inalienável a terceiros, mas o seu exercício
pode ser cedido a título gratuito ou oneroso.
(B) Errada.
Art. 1.402. O usufrutuário não é obrigado a pagar
as deteriorações resultantes do exercício regular do
usufruto.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
Sendo o direito ao uso do bem da essência do usufruto,
obviamente que durante a vigência do direito, a coisa
sofrerá o desgaste natural do tempo. Assim, não será
obrigado a pagar as deteriorações resultantes do exer-
cício regular do usufruto. Por outro lado, não poderá
por óbvio o usufrutuário por abuso do direito danificar o
bem, quando então será obrigado a ressarcir.
(C) Errada.
Art. 1.407. Se a coisa estiver segurada, incumbe ao
usufrutuário pagar, durante o usufruto, as contribui-
ções do seguro.
§ 1º Se o usufrutuário fizer o seguro, ao proprietário
caberá o direito dele resultante contra o segurador.
O usufrutuário não é obrigado a fazer seguro da coisa, sal-
vo se a isso se obrigou no ato de constituição. Contudo, se
a coisa estiver segurada, competirá ao usufrutuário pagar
o prêmio a fim de cobrir o nu-proprietário do risco de pe-
recimento do bem. Ocorrendo o sinistro e, portanto, sur-
gindo o dever de indenizar, caberá ao proprietário exigir
da seguradora o direito resultante do contrato de seguro.
(D) Certa.
Art. 1.403. Incumbem ao usufrutuário:
I – as despesas ordinárias de conservação dos bens no
estado em que os recebeu;
II – as prestações e os tributos devidos pela posse ou
rendimento da coisa usufruída.
(E) Errada. "Art. 1.405. Se o usufruto recair num patri-
mônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos
juros da dívida que onerar o patrimônio ou a parte dele".
55
Em relação aos contratos de alienação fiduciária em garan-
tia regidos pelo DL n. 911/1969, é incorreto afirmar que:
(A) Não se aplica a teoria do adimplemento substancial
aos contratos de alienação fiduciária em garantia re-
gidos pelo Decreto-Lei n. 911/1969.
(B) A efetivação de medida liminar concedida em ação
de busca e apreensão de bem móvel, por Juízo onde
se localize o bem, a pedido da parte interessada,
atrai a competência desse Juízo para eventual im-
pugnação ao conteúdo da liminar.
(C) O prazo de cinco dias para pagamento da integralida-
de da dívida deve ser considerado de direito material,
não se sujeitando, assim, à contagem em dias úteis.
(D) A comprovação da mora é imprescindível à busca e
apreensão do bem alienado fiduciariamente.
(E) Para a comprovação da mora nos contratos garanti-
dos por alienação fiduciária, é suficiente o envio de
notificação extrajudicial ao devedor no endereço in-
dicado no instrumento contratual.
Letra b.
Assunto abordado: Contratos em espécie
(A) Certa.
Não se aplica a teoria do adimplemento substancial
aos contratos de alienação fiduciária em garantia re-
gidos pelo Decreto-Lei n. 911/1969.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.622.555-MG, Rel. Min. Marco
Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 22/2/2017 (Info 599)
(B) Errada.
A efetivação de medida liminar concedida em ação
de busca e apreensão de bem móvel, por Juízo onde
se localize o bem, a pedido da parte interessada,
com fundamento no art. 3º, § 12, do Decreto-Lei n.
911/1969, não atrai a competência desse Juízo para
eventual impugnação ao conteúdo de tal liminar,
que deverá ser postulada perante o Juízo da causa
que concedeu a liminar, afigurando-se igualmente
competente para o julgamento de eventual recurso
interposto contra essa decisão o Tribunal ao qual se
encontra vinculado esse Juízo natural.
STJ. 2ª Seção. CC 186.137-PR, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 8/11/2023 (Info 794).
(C) Certa.
O prazo de cinco dias para pagamento da integralida-
de da dívida, previsto no art. 3º, § 2º, do Decreto-Lei
n. 911/1969, deve ser considerado de direito mate-
rial, não se sujeitando, assim, à contagem em dias
úteis, prevista no art. 219, caput, do CPC/2015.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.770.863-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 09/06/2020 (Info 673).
(D) Certa. Súmula 72 do STJ: “A comprovação da mora
é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado
fiduciariamente”.
(E) Certa.
Para a comprovação da mora nos contratos garanti-
dos por alienação fiduciária, é suficiente o envio de
notificação extrajudicial ao devedor no endereço in-
dicado no instrumento contratual, dispensando-se a
prova do recebimento, quer seja pelo próprio desti-
natário, quer por terceiros.
STJ. 2ª Seção. REsps 1.951.662-RS e 1.951.888-RS,
Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 9/8/2023 (Recurso
Repetitivo – Tema 1132) (Info 782).
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
56
Acerca dos alimentos consoante a legislação vigente e
a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é cor-
reto afirmar:
(A) O valor recebido pelo alimentante a título de horas
extras, por ser de caráter não habitual, não integra a
base de cálculo para a incidência dos alimentos fixa-
dos em percentual sobre os rendimentos líquidos do
devedor.
(B) Na ação de alimentos gravídicos, o réu será citado
para apresentar resposta em 15 (quinze) dias.
(C) Os efeitos da sentença que reduz, majora ou exone-
ra o alimentante do pagamento retroagem à data da
distribuição da ação.
(D) A teoria do adimplemento substancial tem incidên-
cia nos vínculos jurídicos familiares de modo que, se
o devedor pagar valor substancial, a prisão poderá
ser revogada.
(E) É possível a realização de acordo com a finalidade de
exonerar o devedor do pagamento de alimentos de-
vidos e não pagos.
Letra e.
Assunto abordado: Aspectos gerais do direito de família
(A) Errada. Conforme decidiu o STJ:
O valor recebido pelo alimentante a título de horas
extras, mesmo que não habituais, embora não osten-
te caráter salarial para efeitos de apuração de outros
benefícios trabalhistas, é verba de natureza remune-
ratória e, portanto, integra a base de cálculo para a
incidência dos alimentos fixados em percentual sobre
os rendimentos líquidos do devedor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.741.716-SP, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 25/05/2021 (Info 698).
(B) Errada. Nos termos do art. 7º, da Lei n. 11.804/2008,
o réu será citado para apresentar resposta em 5 (cin-
co) dias, e não e 15 (quinze) dias, conforme constou na
assertiva.
(C) Errada. Nos termos da Súmula 621 do STJ:
Os efeitos da sentença que reduz, majora ou exone-
ra o alimentante do pagamento retroagem à data da
citação, vedadas a compensação e a repetibilidade.
(D) Errada.
A teoria do adimplemento substancial não tem inci-
dência nos vínculos jurídicos familiares, revelando-se
inadequada para solver controvérsias relacionadas a
obrigações de natureza alimentar.
STJ. 4ª Turma. HC 439.973-MG, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, Rel. Acd. Min. Antonio Carlos Ferreira, jul-
gado em 16/08/2018 (Info 632).
(E) Certa.
É irrenunciável o direito aos alimentos presentes e
futuros (art. 1.707 do Código Civil). O credor pode,
contudo, renunciar aos alimentos pretéritos devidos
e não prestados. Isso porque a irrenunciabilidade
atinge o direito, e não o seu exercício.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.529.532-DF, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 09/06/2020 (Info 673).
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
57
Acerca da prioridade de atendimento e promoção da
acessibilidade das pessoas com deficiência ou com
mobilidade reduzida bem como os seus direitos fun-
damentais previstos na Lei n. 13.146/2015, é incorreto
afirmar que:
(A) Nos serviços de emergência públicos e privados, a
prioridade conferida pela Lei não é condicionada aos
protocolos de atendimento médico.
(B) A pessoa com deficiência tem direito a receber aten-
dimento prioritário, sobretudo com a finalidade de
recebimento de restituição de imposto de renda.
(C) A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a
se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a tra-
tamento ou a institucionalização forçada.
(D) É assegurada a participação da pessoa com deficiên-
cia na elaboração das políticas de saúde a ela des-
tinadas.
(E) O poder público adotará programas e ações estraté-
gicas para apoiar a criação e a manutenção de mo-
radia para a vida independente da pessoa com defi-
ciência.
Letra a.
Assunto abordado: Direitos das pessoas com deficiência
Trata-se de questão que exige apenas conhecimen-
to da literalidade dos dispositivos previstos na Lei n.
13.146/2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão
da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com De-
ficiência).
(A) Errada. Dispõe o § 2º, do art. 9º, da Lei n. 13.146/2015,
que nos serviços de emergência públicos e privados,
a prioridade conferida por esta Lei é condicionada aos
protocolos de atendimento médico.
(B) Certa.
Art. 9º. A pessoa com deficiência tem direito a rece-
ber atendimento prioritário, sobretudo com a finali-
dade de:
(...)
VI – recebimento de restituição de imposto de renda.
(C) Certa. "Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá
ser obrigada a se submeter a intervenção clínica ou ci-
rúrgica, a tratamento ou a institucionalização forçada".
(D) Certa.
Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da
pessoa com deficiência em todos os níveis de com-
plexidade, por intermédio do SUS, garantido acesso
universal e igualitário.
§ 1º É assegurada a participação da pessoa com de-
ficiência na elaboração das políticas de saúde a ela
destinadas.
(E) Certa.
Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito à mo-
radia digna, no seio da família natural ou substituta,
com seu cônjuge ou companheiro ou desacompa-
nhada, ou em moradia para a vida independente da
pessoa com deficiência, ou, ainda, em residência in-
clusiva.
§ 1º O poder público adotará programas e ações es-
tratégicas para apoiar a criação e a manutenção de
moradia para a vida independente da pessoa com
deficiência.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
58
Sobre o direito sucessório, é correto afirmar:
(A) Não se pode aceitar ou renunciar a herança em par-
te, mas é possível sob condição.
(B) Legitimam-se a suceder apenas as pessoas nascidas
no momento da abertura da sucessão.
(C) A renúncia da herança deve constar expressamente
de instrumento público ou termo judicial.
(D) O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto,
mas poderá administrar os bens que a seus sucesso-
res couberem na herança.
(E) Os atos de aceitação ou de renúncia da herança são
passíveis de revogação.
Letra c.
Assunto abordado: Sucessão em geral
(A) Errada. "Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar
a herança em parte, sob condição ou a termo".
A aceitação e renúncia são atos jurídicos em sentido es-
trito pela regra do artigo 1808. Isso significa que os efei-
tos da aceitação e da renúncia não poderão estar subor-
dinados a um evento futuro e incerto – condição – nem
um evento futuro e certo-termo.
(B) Errada. "Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pes-
soas nascidas ou já concebidas no momento da abertura
da sucessão".
Não só as pessoas já nascidas, como também os nas-
cituros, ou seja, aqueles que já foram concebidos, mas
ainda não nasceram, terão direito a suceder legitima-
mente seus parentes, independentemente da existência
de testamento que os beneficie. Os direitos patrimoniais
do nascituro são subordinados à condição resolutiva, ou
seja, ao nascimento com vida.
(C) Certa. "Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar
expressamente de instrumento público ou termo judicial".
A renúncia à herança é pouco comum, quase inexisten-
te. Para que alguém abra mão de direitos, deixe de ter as
vantagens da sucessão deverá fazê-lo de forma inequí-
voca, sem que haja dúvidas. É por isso que, para renun-
ciar à herança, deve o declarante fazê-lo por instrumen-
to público ou termo judicial.
(D) Errada. Dispõe o art. 1.816 que são pessoais os efei-
tos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído
sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da
sucessão. Acrescenta o parágrafo único que o excluído
da sucessão não terá direito ao usufruto ou à adminis-
tração dos bens que a seus sucessores couberem na he-
rança, nem à sucessão eventual desses bens.
(E) Errada. "Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de acei-
tação ou de renúncia da herança".
O herdeiro não é obrigado a aceitar a herança, tendo
ampla liberdade para repudiá-la. Contudo, os atos de
aceitação e de renúncia não comportam arrependimen-
to em razão da insegurança jurídica que isso criaria.
59
A respeito do Direito Obrigacional previsto no Código Ci-
vil, aponte o item correto:
(A) O credor não pode renunciar à solidariedade em fa-
vor de apenas um dos devedores.
(B) Enquanto alguns dos credores solidários não deman-
darem o devedor comum, a qualquer daqueles po-
derá este pagar.
(C) A obrigação que se resolver em perdas e danos não
perde a qualidade de indivisível.
(D) Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao cre-
dor, se outra coisa não se estipulou.
(E) Nas obrigações de dar coisa incerta, antes da escolha,
pode o devedor alegar perda da coisa por caso fortuito.
Letra b.
Assunto abordado: Obrigações
(A) Errada. "Art. 282. O credor pode renunciar à solidarie-
dade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores".
A renúncia é negócio jurídico unilateral, ou seja, só de-
pende da vontade do credor e de sua capacidade para
ser válida. A renúncia à solidariedade pode beneficiar
todos os devedores solidários, alguns ou apenas um de-
les. Atentem-se aos seguintes enunciados.
Enunciado 349, CJF:
Com a renúncia à solidariedade quanto a apenas um
dos devedores solidários, o credor só poderá cobrar
do beneficiado a sua quota na dívida, permanecendo
a solidariedade quanto aos demais devedores, abati-
da do débito a parte correspondente aos beneficia-
dos pela renúncia.
Enunciado 351: “A renúncia à solidariedade em favor de
determinado devedor afasta a hipótese de seu chama-
mento ao processo”.
(B) Certa. "Art. 268. Enquanto alguns dos credores soli-
dários não demandarem o devedor comum, a qualquer
daqueles poderá este pagar".
(C) Errada. "Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a
obrigação que se resolver em perdas e danos".
(D) Errada. "Art. 252. Nas obrigações alternativas, a es-
colha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou".
(E) Errada. "Art. 246. Antes da escolha, não poderá o de-
vedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que
por força maior ou caso fortuito".
Aqui há o traço que claramente distingue a obrigação de dar
coisa certa daquela de dar coisa incerta. A perda da coisa.
Isso porque, enquanto a coisa certa perece, a incerta não,
pois gênero não perece. Assim, a causa da perda do gênero
(com culpa ou sem culpa do devedor) passa a ser irrelevante,
pois a obrigação persiste com o perecimento da coisa.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
60
Assinale a alternativa incorreta sobre a formação dos
contratos conforme dispõe Código Civil.
(A) Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que
foi proposto.
(B) Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela
ou com ela chegar ao proponente a retratação do
aceitante.
(C) A revogação da oferta é possível desde que realizada
pela mesma via de sua divulgação.
(D) Deixa de ser obrigatória a proposta se, feita a pessoa
ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro
do prazo dado.
(E) A aceitação fora do prazo, com adições, restrições,
ou modificações, importará nova proposta.
Letra c.
Assunto abordado: Contratos em geral: teoria geral dos
contratos. Formação e interpretação
(A) Certa. "Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato
no lugar em que foi proposto".
(B) Certa. "Art. 433. Considera-se inexistente a aceita-
ção, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a
retratação do aceitante".
A regra espelha uma permissão que o Código Civil re-
serva também ao proponente. Para que a retratação do
aceitante surta efeitos, deve chegar ao conhecimento
do proponente antes ou simultaneamente à aceitação.
Caso chegue posteriormente, já estará formado o con-
trato, de nada valendo a retratação.
(C) Errada.
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta
quando encerra os requisitos essenciais ao contra-
to, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou
dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mes-
ma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta
faculdade na oferta realizada.
O parágrafo único do at. 429 autoriza a revogação da
oferta ao público, desde que tal possibilidade tenha sido
ressalvada na própria oferta. Deve-se, nesse caso, ado-
tar a mesma via de publicização empregada na oferta.
Garante-se, com isso, tanto uma margem de flexibilida-
de ao ofertante como a preservação das expectativas do
público, que, uma vez alertados da possibilidade de re-
vogação, poderá ter conhecimento da retirada da oferta.
(D) Certa.
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I – se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi ime-
diatamente aceita. Considera-se também presente a
pessoa que contrata por telefone ou por meio de co-
municação semelhante;
II – se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorri-
do tempo suficiente para chegar a resposta ao conhe-
cimento do proponente;
III – se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida
a resposta dentro do prazo dado;
IV – se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao
conhecimento da outra parte a retratação do pro-
ponente.
(E) Certa. "Art. 431. A aceitação fora do prazo, com
adições, restrições, ou modificações, importará nova
proposta".
Expressa ou tácita, a aceitação precisa ser realizada em
tempo, porque o efeito obrigatório da proposta não per-
dura para sempre. A comunhão entre proposta e aceita-
ção, se ocorrida a destempo, não forma o contrato, pois
encontra o proponente já desobrigado.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
61
Assinale a alternativa correta sobre os direitos do con-
sumidor à luz da jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça.
(A) Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor a todos
os contratos de plano de saúde.
(B) Uma vez que a proposta vincula, ainda que se trate
de erro grosseiro de sistema, a empresa é obrigada a
emitir passagens compradas ao preço apresentado.
(C) O tratamento por home care deve abranger todos os
insumos que o paciente teria caso estivesse interna-
do no hospital.
(D) É indispensável o aviso de recebimento (AR) na carta
de comunicação ao consumidor sobre a negativação
de seu nome em bancos de dados e cadastros.
(E) A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII,
do CDC, é regra de julgamento.
Letra c.
Assunto abordado: Direito do consumidor
(A) Errada. Súmula 608 do STJ: “Aplica-se o Código de
Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde,
salvo os administrados por entidades de autogestão”.
(B) Errada. “Erro grosseiro de sistema não obriga empre-
sas a emitir passagens compradas a preço muito baixo”.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.794.991-SE, Rel. Min. Nancy Andri-
ghi, julgado em 05/05/2020.
(C) Certa.
A cobertura de internação domiciliar, em substituição
à internação hospitalar, deve abranger os insumos
necessários para garantir a efetiva assistência médica
ao beneficiário – insumos a que ele faria jus caso esti-
vesse internado no hospital –, sob pena de desvirtua-
mento da finalidade do atendimento em domicílio, de
comprometimento de seus benefícios e da sua subu-
tilização enquanto tratamento de saúde substitutivo
à permanência em hospital.
STJ. 3ª Turma. REsp 2017759-MS, Rel. Min. Nancy An-
drighi, julgado em 14/2/2023 (Info 765).
(D) Errada. Súmula 404 do STJ: “É dispensável o aviso de
recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumi-
dor sobre a negativação de seu nome em bancos de da-
dos e cadastros”.
(E) Errada.
A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII,
do Código de Defesa do Consumidor, é regra de ins-
trução e não regra de julgamento, motivo pelo qual a
decisão judicial que a determina deve ocorrer antes
da etapa instrutória ou, quando proferida em mo-
mento posterior, há que se garantir à parte a quem foi
imposto o ônus a oportunidade de apresentar suas
provas, sob pena de absoluto cerceamento de defesa.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.286.273-SP, Rel. Min. Marco Bu-
zzi, julgado em 08/06/2021 (Info 701).
62
No que diz respeito à prática do ato infracional, é correto
afirmar que:
(A) O adolescente não tem direito à identificação dos
responsáveis pela sua apreensão, todavia, deve ser
informado acerca de seus direitos.
(B) A internação, antes da sentença, pode ser determi-
nada pelo prazo máximo de sessenta dias.
(C) É assegurado ao adolescente direito de solicitar a
presença de seus pais ou responsável em qualquer
fase do procedimento.
(D) No procedimento para aplicação de medida socioe-
ducativa, pela celeridade que é peculiar, é possível a
desistência de outras provas em face da confissão do
adolescente.
(E) A advertência poderá ser aplicada sempre que hou-
ver prova da materialidade e da autoria.
Letra c.
Assunto abordado: Estatuto da Criança e do Adolescente
(A) Errada.
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberda-
de senão em flagrante de ato infracional ou por ordem es-
crita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identifi-
cação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo
ser informado acerca de seus direitos.
(B) Errada. "Art. 108. A internação, antes da sentença,
pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e
cinco dias".
(C) Certa.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre ou-
tras, as seguintes garantias:
I – pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
infracional, mediante citação ou meio equivalente;
II – igualdade na relação processual, podendo con-
frontar-se com vítimas e testemunhas e produzir to-
das as provas necessárias à sua defesa;
III – defesa técnica por advogado;
IV – assistência judiciária gratuita e integral aos ne-
cessitados, na forma da lei;
V – direito de ser ouvido pessoalmente pela autorida-
de competente;
VI – direito de solicitar a presença de seus pais ou res-
ponsável em qualquer fase do procedimento.
(D) Errada. Súmula 342 do STJ: “No procedimento para
aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência
de outras provas em face da confissão do adolescente”.
(E) Errada.
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos
II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas su-
ficientes da autoria e da materialidade da infração, res-
salvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada
sempre que houver prova da materialidade e indícios
suficientes da autoria.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
Direito Empresarial
Edilson Enedino
63
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, na
apreciação dos litígios societários, tem posição firmada
no seguinte sentido:
(A) O simples ingresso de terceiro em grupo controlador
de sociedade anônima – especialmente quando não
há posição de maioria acionária dentro do grupo de
controle e papel de preponderância na companhia;
e exista paridade entre ele e os demais integrantes
do grupo – é insuficiente para, por si só, configurar a
alienação de controle.
(B) O silêncio intencional do legislador na Lei n.
11.638/2007 não afasta a obrigatoriedade de as so-
ciedades limitadas de grande porte publicarem suas
demonstrações contábeis.
(C) Em ação de dissolução parcial de sociedade por co-
tas, a sociedade empresária não possui legitimidade
para figurar no polo passivo da fase executiva, quan-
do não tenha sido citada e não tenha integrado a
fase de conhecimento, mesmo que todos que parti-
cipavam do quadro social tenham integrado a lide e
não se constata prejuízos às partes.
(D) A alteração no contrato social da sociedade empre-
sária pode produzir efeitos desde logo, antes mesmo
de seu registro na Junta Comercial ou no Registro Ci-
vil das Pessoas Jurídicas, sendo que a produção de
efeitos externos, em relação a terceiros, também
não exige que seja adequadamente formalizada e
publicizada por intermédio de seu registro.
(E) É suficiente para, por si só, configurar a alienação de
controle, o simples ingresso de terceiro em grupo
controlador de sociedade anônima – especialmente
quando não há posição de maioria acionária dentro
do grupo de controle e papel de preponderância na
companhia, e exista paridade entre ele e os demais
integrantes do grupo.
Letra a.
Assunto abordado: Teoria geral do direito societário
Informativos do STJ:
769 – REsp 1.824.891-RJ, Rel. Ministro Moura Ribei-
ro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
21/3/2023, DJe 23/3/2023.
O silêncio intencional do legislador na Lei n.
11.638/2007 afasta a obrigatoriedade de as socieda-
des limitadas de grande porte publicarem suas de-
monstrações contábeis.
REsp 1.837.538-SP, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Rel.
para acórdão Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Ter-
ceira Turma, por maioria, julgado em 7/3/2023, DJe
22/3/2023.
O simples ingresso de terceiro em grupo controlador
de sociedade anônima – especialmente quando não
há posição de maioria acionária dentro do grupo de
controle e papel de preponderância na companhia;
e exista paridade entre ele e os demais integrantes
do grupo – é insuficiente para, por si só, configurar a
alienação de controle de que trata o art. 254-A da Lei
n. 6.404/1976.
771 – AgInt no AgInt no REsp 1.922.029-DF, Rel. Mi-
nistro Marco Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 18/4/2023.
Em ação de dissolução parcial de sociedade por co-
tas, a sociedade empresária possui legitimidade para
figurar no polo passivo da fase executiva, ainda que
não tenha sido citada e não tenha integrado a fase
de conhecimento, quando todos que participavam do
quadro social integraram a lide e não se constata pre-
juízos às partes.
789 – REsp 1.864.618-RJ, Rel. Ministro Antonio Carlos
Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
12/9/2023, DJe 19/9/2023.
Embora a alteração no contrato social da sociedade
empresária possa produzir efeitos desde logo, antes
mesmo de seu registro na Junta Comercial ou no Re-
gistro Civil das Pessoas Jurídicas, a produção de efei-
tos externos, em relação a terceiros, pressupõe que
seja adequadamente formalizada e publicizada por
intermédio de seu registro.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)

64 738 – REsp 1.645.333-SP, Rel. Min. Assusete Ma-

Dos itens abaixo, indique aquele que expressa entendi-
mento consolidado do Superior Tribunal de Justiça sobre
o redirecionamento da execução fiscal contra sócios de
responsabilidade limitada de sociedade empresária:
(A) O redirecionamento da execução fiscal, quando
fundado na dissolução irregular da pessoa jurídica
executada ou na presunção de sua ocorrência, não
pode ser autorizado contra o sócio ou o terceiro não
sócio que, embora exercesse poderes de gerência
ao tempo do fato gerador, sem incorrer em prática
de atos com excesso de poderes ou infração à lei, ao
contrato social ou aos estatutos, dela regularmente
se retirou e não deu causa à sua posterior dissolução
irregular.
(B) Presume-se dissolvida irregularmente a empresa
que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem
comunicação aos órgãos competentes, todavia tal
fato não legitima o redirecionamento da execução
fiscal para o sócio-gerente.
(C) O redirecionamento da execução fiscal, quando fun-
dado na dissolução irregular da pessoa jurídica exe-
cutada ou na presunção de sua ocorrência, pode ser
autorizado contra o sócio ou o terceiro não sócio,
com poderes de administração na data em que con-
figurada ou presumida a dissolução irregular, desde
que tenha exercido poderes de gerência quando
ocorrido o fato gerador do tributo não adimplido.
(D) O inadimplemento da obrigação tributária pela so-
ciedade gera, por si só, a responsabilidade solidária
do sócio-gerente.
(E) O simples fechamento de filial de pessoa jurídica
basta para fundamentar a inclusão de sócio no polo
passivo de execução fiscal.
galhães, Primeira Seção, por maioria, julgado em
25/05/2022. (Tema 981)
O redirecionamento da execução fiscal, quando funda-
do na dissolução irregular da pessoa jurídica executada
ou na presunção de sua ocorrência, pode ser autorizado
contra o sócio ou o terceiro não sócio, com poderes de
administração na data em que configurada ou presumi-
da a dissolução irregular, ainda que não tenha exercido
poderes de gerência quando ocorrido o fato gerador do
tributo não adimplido, conforme art. 135, III, do CTN.
Tema 962:
O redirecionamento da execução fiscal, quando fundado
na dissolução irregular da pessoa jurídica executada ou
na presunção de sua ocorrência, não pode ser autoriza-
do contra o sócio ou o terceiro não sócio que, embora
exercesse poderes de gerência ao tempo do fato gerador,
sem incorrer em prática de atos com excesso de poderes
ou infração à lei, ao contrato social ou aos estatutos, dela
regularmente se retirou e não deu causa à sua posterior
dissolução irregular, conforme artigo 135, III, do CTN.
Súmula 430 do STJ: “O inadimplemento da obrigação
tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsa-
bilidade solidária do sócio-gerente”.
Súmula 435 do STJ:
Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que
deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comu-
nicação aos órgãos competentes, legitimando o redi-
recionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.

Letra a.
Assunto abordado: Teoria geral do direito societário: a
responsabilidade dos sócios
Informativos do STJ:

Informativo – Ed. Especial n. 8 – AgInt no REsp

1.925.113-AC, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
28/11/2022, DJe 30/11/2022.
O simples fechamento de filial de pessoa jurídica não
basta para fundamentar a inclusão de sócio no polo
passivo de execução fiscal.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
65
À recuperação judicial, o Superior Tribunal de Justiça
tem aplicado o seguinte entendimento:
(A) A remuneração do administrador judicial é crédito
concursal, portanto se submete aos efeitos do plano
de recuperação judicial.
(B) No caso de descumprimento do plano após o prazo
de fiscalização judicial, o credor vai se habilitar na fa-
lência pelo valor original do crédito e nada obsta que
prossiga na execução contra os coobrigados, com
base no título executivo que teve suas garantias res-
tabelecidas, ainda que originalmente tenha aderido
à cláusula de supressão.
(C) Havendo manifestação do Juízo da recuperação judi-
cial no sentido de que determinado crédito não inte-
gra o patrimônio da recuperanda ou não está subme-
tido aos efeitos da recuperação judicial, a ele caberá
ultimar os atos de pagamento, ante a vinculação da
conta judicial em que depositado este crédito.
(D) Não é possível a convolação da recuperação judicial
em falência após o transcurso do prazo bienal de su-
pervisão judicial, mesmo que não haja decisão judi-
cial de encerramento da recuperação.
(E) A presença de procurador de instituição financeira
em assembleia, comprovada por sua assinatura, ain-
da que ocorra apenas no campo relativo aos demais
credores por ele representados, permite sua partici-
pação nas deliberações e votações, considerando-se
essa ocorrência mera irregularidade.
Letra e.
Assunto abordado: Noções gerais de recupera-
ção judicial
Informativos do STJ:
Informativo – Ed. Especial n. 12 – REsp 1.899.107-
PR, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 25/4/2023, DJe
28/4/2023.
No caso de descumprimento do plano dentro do pra-
zo de fiscalização judicial, o credor vai se habilitar na
falência pelo valor original do crédito e nada obsta
que prossiga na execução contra os coobrigados, com
base no título executivo que teve suas garantias res-
tabelecidas, ainda que originalmente tenha aderido à
cláusula de supressão.
CC 185.966-AM, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em
14/12/2022, DJe 19/12/2022.
Havendo manifestação do Juízo da recuperação judi-
cial no sentido de que determinado crédito não inte-
gra o patrimônio da recuperanda ou não está subme-
tido aos efeitos da recuperação judicial, cabe ao Juízo
a que vinculada a conta judicial em que depositado
este crédito ultimar os atos de pagamento.
REsp 1.707.468-RS, Rel. Ministro Marco Aurélio Belli-
zze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
25/10/2022, DJe 8/11/2022.
É possível a convolação da recuperação judicial em
falência após o transcurso do prazo bienal de supervi-
são judicial, enquanto não houver decisão judicial de
encerramento da recuperação.
789 – REsp 1.848.292-MT, Rel. Ministro Antonio Car-
los Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado
em 12/9/2023, DJe 19/9/2023.
A presença de procurador de instituição financeira
em assembleia, comprovada por sua assinatura, ain-
da que ocorra apenas no campo relativo aos demais
representados, permite sua participação nas delibe-
rações e votações, considerando-se essa ocorrência
mera irregularidade.
764 – REsp 1.905.591-MT, Rel. Ministro Ricardo Villas
Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julga-
do em 7/2/2023, DJe 13/2/2023.
A remuneração do administrador judicial é crédito ex-
traconcursal, não se submetendo aos efeitos do plano
de recuperação judicial.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
66
Sobre os contratos empresariais, o Superior Tribunal
de Justiça tem adotado posicionamento jurisprudencial
que afirma:
(A) Se o devedor fiduciante se escusa, por diversas ve-
zes, de receber as intimações para purgar a mora em
seu endereço comercial, conforme expressamente
indicado no contrato de alienação fiduciária de imó-
vel, induzindo os Correios a erro ao indicar possível
mudança de domicílio que nunca existiu, não há óbi-
ce à presunção de sua intimação ante a entrega da
correspondência no endereço contratual.
(B) Em decorrência da aplicação da Teoria Finalista, não
se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos
contratos de empréstimo tomados por sociedade
empresária independentemente de qual seja a finali-
dade do valor obtido.
(C) Se o devedor fiduciante se escusa, por diversas ve-
zes, de receber as intimações para purgar a mora em
seu endereço comercial, conforme expressamente
indicado no contrato de alienação fiduciária de imó-
vel, induzindo os Correios a erro ao indicar possível
mudança de domicílio que nunca existiu, não há óbi-
ce à sua intimação por edital.
(D) Em decorrência das teorias aplicáveis à definição de
quem é o consumidor, não se aplica o Código de De-
fesa do Consumidor às sociedades empresárias, em
razão de serem pessoas jurídicas.
(E) Em decorrência da aplicação da Teoria Finalista Mi-
tigada, aplica-se o Código de Defesa do Consumidor
aos contratos de empréstimo tomados por socie-
dade empresária para implementar ou incrementar
suas atividades negociais.
Letra c.
Assunto abordado: Alienação fiduciária em garantia.
Mútuo bancário.
Informativos do STJ:
795 – REsp 1.497.574-SC, Rel. Ministro Raul Araú-
jo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
24/10/2023, DJe 3/11/2023.
Empréstimo tomado por sociedade empresária. Im-
plementação ou incremento de atividades negociais.
Ausência de relação de consumo. Teoria Finalista.
Hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da
pessoa jurídica não configurada. Não incidência do
Código de Defesa do Consumidor.
Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos
contratos de empréstimo tomados por sociedade em-
presária para implementar ou incrementar suas ativi-
dades negociais.
794 – REsp 1.733.777-SP, Rel. Ministra Maria Isabel
Gallotti, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
17/10/2023, DJe 23/10/2023.
Se o devedor fiduciante se escusa, por diversas vezes, de
receber as intimações para purgar a mora em seu endere-
ço comercial, conforme expressamente indicado no con-
trato de alienação fiduciária de imóvel, induzindo os Cor-
reios a erro ao indicar possível mudança de domicílio que
nunca existiu, não há óbice à sua intimação por edital.
67
As instituições financeiras, de regra, não se submetem
ao processo de falência e de recuperação previstos na
Lei n. 11.101/2005. É possível a decretação da falência
apenas de forma subsidiária, enquanto não aprovada lei
própria aplicável às liquidações extrajudiciais vedadas
por lei. Sobre a insolvência das instituições financeiras, o
Superior Tribunal de Justiça tem firmado:
(A) Na hipótese de decretação de falência de institui-
ção financeira, apenas os avalistas de cédula de
crédito bancário possuem direito de preferência em
sua aquisição em leilão realizado no processo de li-
quidação.
(B) Não é possível a compensação de créditos constituí-
dos anteriormente à decretação da liquidação extra-
judicial.
(C) Na hipótese de decretação de falência de institui-
ção financeira, os emitentes e avalistas de cédula de
crédito bancário não possuem direito de preferência
em sua aquisição em leilão realizado no processo de
liquidação.
(D) É possível a compensação de créditos constituídos
posteriormente à decretação da liquidação extra-
judicial.
(E) Na hipótese de decretação de falência de institui-
ção financeira, apenas os emitentes de cédula de
crédito bancário possuem direito de preferência em
sua aquisição em leilão realizado no processo de li-
quidação.
Letra c.
Assunto abordado: Liquidação extrajudicial de institui-
ções financeiras
Informativos do STJ:
770 – AgInt no REsp 1.811.966-RJ, Rel. Ministra Maria
Isabel Gallotti, Quarta Turma, por unanimidade, julga-
do em 6/3/2023, DJe 10/3/2023.
É possível a compensação de créditos constituídos an-
teriormente à decretação da liquidação extrajudicial.
REsp 2.035.515-SP, Rel. Ministro Antônio Carlos Fer-
reira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
7/3/2023.
Na hipótese de decretação de falência de instituição fi-
nanceira, os emitentes e avalistas de cédula de crédito
bancário não possuem direito de preferência em sua
aquisição em leilão realizado no processo de liquidação.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
68
A recente jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
sobre a falência adota o seguinte entendimento:
(A) A certidão expedida em feito executivo, para o fim de
requerimento de falência fundada em execução frus-
trada, desde que haja protesto, enseja a presunção
legal da insolvência do devedor e não cabe exigir do
credor a prova dessa circunstância fático-jurídica.
(B) Mesmo diante de certidão expedida em feito execu-
tivo, para o fim de requerimento de falência fundada
em execução frustrada, a caracterização da insolvên-
cia do devedor exige do credor a prova dessa circuns-
tância fático-jurídica.
(C) A exigibilidade do protesto da duplicata mercantil
para a instrução do processo de falência exige a re-
alização do protesto especial para fins falimentares,
não bastando qualquer das modalidades de protesto
previstas na legislação de regência.
(D) Durante a fase de conhecimento do processo fali-
mentar, o devedor atua como parte no feito, contu-
do, após a decretação da falência, o devedor falido
convola-se em expectador no processo, cumprindo
ao administrador judicial os atos processuais em de-
fesa da massa falida.
(E) A exigibilidade do protesto da duplicata mercantil
para a instrução do processo de falência permite
realizar diretamente o protesto por falta de paga-
mento ou o protesto especial para fins falimentares,
mesmo que o credor não venha a pedir a falência do
devedor.
Letra e.
Assunto abordado: Noções gerais de recuperação judi-
cial, recuperação extrajudicial e a falência do empresário
e da sociedade empresária
Informativos do STJ:
Ed. Especial n. 12 – AgInt no AREsp 1.681.533-GO, Rel.
Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 24/4/2023, DJe 28/4/2023.
A certidão expedida em feito executivo, na forma do
art. 94, II, § 4º, da Lei n. 11.101/2005, enseja a pre-
sunção legal da insolvência do devedor e não cabe
exigir do credor a prova dessa circunstância fático-
-jurídica.
767 – REsp 2.028.234-SC, Rel. Ministro Antônio Carlos
Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
7/3/2023.
A exigibilidade do protesto da duplicata mercantil
para a instrução do processo de falência (i) não exige
a realização do protesto especial para fins falimenta-
res, bastando qualquer das modalidades de protesto
previstas na legislação de regência; (ii) torna-se sufi-
ciente a triplicata protestada ou o protesto por indi-
cações, desde que acompanhada da prova da entrega
da mercadoria, por cuidar-se de título causal; e (iii)
é possível realizar diretamente o protesto por falta
de pagamento ou o protesto especial para fins fali-
mentares.
775 – EDcl no AgInt no AREsp 1.271.076-GO, Rel.
Ministro Antônio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 24/4/2023, DJe 28/4/2023.
Depois da decretação da falência, o devedor falido
não se convola em mero expectador no processo fali-
mentar, podendo praticar atos processuais em defesa
dos seus interesses próprios.
Direito Penal
Léo Castro
69
No interior de um ônibus de transporte público, João,
de 32 anos, de forma dissimulada, ejaculou no ombro
de Ana, criança com 10 anos de idade, que percebeu o
ocorrido ao passar a mão no local em que João havia eja-
culado. Imediatamente, a mãe de Ana acionou a polícia,
e João foi preso em flagrante por crime contra a dignida-
de sexual. No caso narrado, é correto afirmar que João
incorreu na prática do delito de:
(A) Estupro de vulnerável.
(B) Importunação sexual.
(C) Fraude sexual.
(D) Constrangimento ilegal.
(E) Violação sexual mediante fraude.
Letra a.
Assunto abordado: Crimes contra a dignidade sexual
Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, pró-
pria ou de terceiro, a prática de ato libidinoso com
menor de 14 anos configura o crime de estupro de
vulnerável (art. 217-A do CP), independentemente da
ligeireza ou da superficialidade da conduta, não sen-
do possível a desclassificação para o delito de impor-
tunação sexual (art. 215-A do CP).
STJ. 3ª Seção. REsp 1.959.697-SC, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 08/06/2022 (Recurso Repetitivo
– Tema 1121) (Info 740).
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
70
Um cidadão senegalês ingressou no Brasil com um pas-
saporte falsificado de Guiné-Bissau, levando o Ministé-
rio Público Federal a denunciá-lo por uso de documento
falso. Ao longo do processo, apesar de seu pedido de
refúgio ser negado pelo governo brasileiro, foi-lhe con-
cedida a residência permanente, ajustando-se às pecu-
liaridades de sua situação. Nesse caso, de acordo com a
jurisprudência do STJ, é correto afirmar que:
(A) O STJ entende que a residência permanente permite
ao estrangeiro responder penalmente por crimes an-
teriores, incluindo o uso de documento falso, como
uma forma de assegurar a legalidade de sua estadia
no Brasil.
(B) De acordo com a jurisprudência do STJ, apenas o
reconhecimento da condição de refugiado, e não a
concessão de residência permanente, pode resultar
na anistia de crimes relacionados à falsificação e uso
de documento falso.
(C) A jurisprudência do STJ indica que a concessão de re-
sidência permanente ao estrangeiro o obriga a sub-
meter-se a um novo julgamento pelos crimes de uso
de documento falso, considerando a alteração de sua
situação migratória.
(D) A concessão de residência permanente ao estran-
geiro equivale a uma anistia legal para os crimes de
uso de documento falso e falsificação de documen-
to público, conforme estabelecido em lei em rela-
ção aos refugiados, eliminando a justa causa para a
ação penal.
(E) Segundo o STJ, a entrada irregular no país e o uso
subsequente de documento falso por um estrangeiro
são considerados atos separados, e a regularização
da situação migratória não afeta o andamento da
ação penal por falsificação de documento.
Letra d.
Assunto abordado: Crimes contra a fé pública
Ainda que indeferido o pedido de refúgio, a concessão
de residência permanente ao estrangeiro equivale a
uma anistia legal para os crimes de uso de documento
falso e falsificação de documento público, conforme
estabelecido no art. 10, § 1º, da Lei n. 9.474/97 em
relação aos refugiados.
STJ. 5ª Turma. AREsp 2.346.755-SP, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 7/11/2023 (Info 795).
71
João entrou em uma agência dos Correios e, simulando
estar armado, ameaçou o empregado com as palavras:
"É um assalto. Me dá o dinheiro do caixa. Anda logo.
Quer morrer?", levando consigo R$ 220,00 do caixa.
Poucos metros adiante, na rua, foi detido por policiais
militares em ronda, que descobriu tratar-se de uma
"arma de brinquedo". Diante dos fatos, o Ministério Pú-
blico denunciou João por roubo simples, conforme o art.
157, caput, do Código Penal, que prevê pena de reclusão
de quatro a dez anos e multa por subtrair coisa móvel
alheia mediante grave ameaça ou violência. Ao final, o
juiz sentenciou João a 4 anos de reclusão, negando a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos. Nesse caso, de acordo com a jurisprudência
do STJ, é correto afirmar que:
(A) O juiz agiu corretamente ao negar a substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
pois a utilização de simulacro de arma durante o as-
salto configura grave ameaça, subsumindo-se à hipó-
tese legal que veda a substituição da pena.
(B) O juiz errou ao não substituir a pena privativa de li-
berdade por restritiva de direitos, pois o uso de um
simulacro de arma não constitui grave ameaça.
(C) O crime praticado por João é hediondo.
(D) O réu faz jus tanto à substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos quanto à suspen-
são condicional da pena.
(E) A sentença foi equivocada ao considerar a ação como
roubo simples.
Letra a.
Assunto abordado: Crimes contra o patrimônio
A utilização de simulacro de arma configura a elemen-
tar grave ameaça do tipo penal do roubo, subsumin-
do à hipótese legal que veda a substituição da pena.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.994.182-RJ, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 13/12/2023 (Recurso Repetiti-
vo – Tema 1171) (Info 799).
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)

72
João, após investigação detalhada, foi condenado por
cometer oito furtos em estabelecimentos comerciais
distintos, dentro de um intervalo de dois meses, carac-
terizando crime continuado devido à similaridade das
ações e à proximidade temporal e geográfica dos even-
tos. Consequentemente, em razão do reconhecimento
do crime continuado, a pena de João foi aumentada em
2/3. Nesse caso, de acordo com a jurisprudência do STJ,
é correto afirmar que:
(A) A pena de João foi corretamente aumentada em 2/3.
(B) A pena de João deveria ter sido aumentada em 1/2.
(C) A pena de João deveria ter sido aumentada em 1/3.
(D) A pena de João deveria ter sido aumentada em 1/4.
(E) A pena de João deveria ter sido aumentada em 1/5.
Letra a.
Assunto abordado: Concurso de crimes
A resposta está na Súmula 659 do STJ:
A fração de aumento em razão da prática de crime
continuado deve ser fixada de acordo com o número
de delitos cometidos, aplicando-se 1/6 pela prática
de duas infrações, 1/5 para três, 1/4 para quatro, 1/3
para cinco, 1/2 para seis e 2/3 para sete ou mais in-
frações.
73
Em 2019, João Silva, um engenheiro civil de 35 anos,
adquiriu ilegalmente uma pistola .40, arma de fogo de
uso restrito, e um lote de munição com traçador, de uso
proibido, com o intuito de autodefesa devido ao aumen-
to percebido da criminalidade em sua área. Ele ocultou
esses itens em um compartimento secreto em sua resi-
dência, sem intenção de usá-los para cometer crimes.
Ao longo dos anos, João manteve a arma e a munição
em segredo, mas, em 2024, refletindo sobre as consequ-
ências legais e morais de suas ações, decidiu se desfazer
dos itens. Nesse caso, considerada a jurisprudência dos
tribunais superiores, é correto afirmar que:
(A) João deverá ser responsabilizado por posse ilegal de
arma de fogo de uso restrito, desconsiderada a he-
diondez, e por posse ilegal de arma de fogo de uso
proibido, com as penas mais altas impostas pelo Pa-
cote Anticrime (Lei n. 13.964/2019).
(B) Por se tratar de hipótese de novatio legis in pejus, as
atuais penas impostas à posse ilegal de arma de fogo
de uso proibido não podem ser impostas quando da
punição de João.
(C) Em razão da motivação apontada no enunciado, é
possível o reconhecimento da exclusão da culpabili-
dade em razão de inexigibilidade de conduta diversa.
(D) João responderá apenas pelo crime de posse ilegal
de arma de fogo de uso proibido.
(E) João responderá apenas pelo crime de posse ilegal
de arma de fogo de uso restrito.

Letra a.
Assunto abordado: Lei penal no tempo
A fundamentação da resposta a, que indica a responsa-
bilização de João por posse ilegal de arma de fogo de
uso restrito e por posse ilegal de arma de fogo de uso
proibido, com as penas mais altas impostas pelo Pacote
Anticrime (Lei n. 13.964/2019), pode ser apoiada pela
Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal (STF). A Súmu-
la 711 estabelece que "A lei penal mais grave se aplica
ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência". Nesse contexto, a posse ilegal da arma
de fogo e da munição por João configura um crime per-
manente, cuja continuidade se estende até o momento
em que ele decide se desfazer dos itens. Considerando
que as alterações promovidas pelo Pacote Anticrime en-
traram em vigor antes de João cessar a permanência do
crime (ao decidir se desfazer da arma e da munição em
2024), aplica-se a ele a legislação mais severa introduzi-
da por essa lei, conforme interpretado pela Súmula 711
do STF. Assim, a responsabilização de João sob as penas
mais rigorosas reflete a aplicação direta desse entendi-
mento jurisprudencial ao caso.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
74
Utilizando o comprovante de matrícula escolar de seus
filhos, Anderson, que passava por dificuldades financei-
ras, conseguiu comprar três passagens de transporte
público integrado com desconto estudantil, pagando R$
2,15 por cada uma — metade do valor normal. Depois,
vendeu essas passagens por R$ 4,00 cada uma. Os com-
pradores fizeram uso efetivo dos bilhetes. Essa conduta
causou prejuízo à empresa de transporte público e ge-
rou um lucro indevido para Anderson. Diante disso, o
Ministério Público o acusou de praticar um delito contra
a Administração Pública. Com base na jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), é possível afirmar que:
(A) O princípio da insignificância não pode ser aplicado
em crimes contra a Administração Pública, indepen-
dentemente do valor do prejuízo.
(B) O princípio da insignificância, como causa de exclu-
são da culpabilidade, pode ser reconhecido, de for-
ma excepcional, no caso descrito.
(C) Embora não seja possível o reconhecimento do princí-
pio da insignificância no caso descrito, a pena de Ander-
son deve ser diminuída em razão do baixo lucro obtido.
(D) A conduta de Anderson é atípica.
(E) É possível, excepcionalmente, aplicar o princípio da
insignificância aos crimes praticados contra a Admi-
nistração Pública quando for ínfima a lesão ao bem
jurídico tutelado.
Letra e.
Assunto abordado: Tipicidade
A resposta correta é "e" porque, segundo a jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o princípio da insig-
nificância pode ser aplicado em casos específicos, mesmo
quando se trata de delitos contra a Administração Pública.
No caso de Anderson, que comprou passagens de trans-
porte público com desconto estudantil e depois as ven-
deu por um preço superior, gerando um pequeno lucro
e causando um prejuízo mínimo à empresa de transpor-
te, o STJ considerou as particularidades da situação para
aplicar o princípio da insignificância. O valor envolvido na
conduta de Anderson foi considerado ínfimo, represen-
tando menos de 0,5% do salário-mínimo vigente na épo-
ca dos fatos, e não havia indicação de envolvimento em
outros delitos. Além disso, foi levado em consideração o
contexto de dificuldades financeiras enfrentadas por An-
derson. Com base nessas considerações, o STJ entendeu
que a conduta tinha um desvalor mínimo e decidiu pelo
trancamento do processo-crime, demonstrando que, em
circunstâncias particulares e com prejuízos financeiros
muito pequenos, o princípio da insignificância pode ser
aplicável, mesmo em casos de crimes contra a Adminis-
tração Pública (RHC 153.480/SP). O entendimento foi re-
petido no Jurisprudência em Teses n. 220:
É possível, excepcionalmente, afastar a incidência da Sú-
mula n. 599/STJ para aplicar o princípio da insignificân-
cia aos crimes praticados contra a Administração Pública
quando for ínfima a lesão ao bem jurídico tutelado.
75
Maria, após terminar um relacionamento, passa a ser
incessantemente perseguida por seu ex-namorado João,
que a ameaça por meio de mensagens nas redes sociais
e aparece sem aviso em lugares que ela frequenta, como
seu trabalho e academia, restringindo sua liberdade
de locomoção e invadindo sua privacidade. Apesar de
mudar suas rotinas, João continua a segui-la, enviando
mensagens ameaçadoras e tentando isolá-la de amigos
e familiares ao espalhar falsos rumores, causando a Ma-
ria uma constante sensação de medo e ansiedade. Esse
comportamento de João, que ameaça a integridade físi-
ca e psicológica de Maria, reiteradamente e por diversos
meios, configura o crime de perseguição:
(A) Na forma qualificada, delito de ação penal pública
incondicionada.
(B) Na forma qualificada, delito de ação penal pública
condicionada.
(C) Delito de ação penal pública incondicionada, aumen-
tada a pena de um terço até metade, caso fique de-
monstrado que a conduta se deu por razões da con-
dição de sexo feminino.
(D) Delito de ação penal pública incondicionada, aumen-
tada a pena de metade, caso fique demonstrado que
a conduta se deu por razões da condição de sexo
feminino.
(E) Delito de ação penal pública condicionada à repre-
sentação, aumentada a pena de metade, caso fique
demonstrado que a conduta se deu por razões da
condição de sexo feminino.
Letra e.
Assunto abordado: Crimes contra a pessoa
O artigo 147-A do Código Penal define o crime de per-
seguição (stalking) e estipula que a ação penal é movida
mediante representação, o que significa que o proces-
so só é iniciado a partir da manifestação de vontade da
vítima. Além disso, a lei prevê o aumento da pena em
metade quando o crime é cometido contra a mulher por
razões da condição de sexo feminino.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)

76 Letra e.
Em uma operação meticulosamente planejada, uma Assunto abordado: Crimes contra o patrimônio
pessoa com profundos conhecimentos em tecnologia O artigo 155, § 4º-B, do Código Penal, agora prevê que o
da informação emprega um programa de computador furto mediante fraude, cometido por meio de dispositivo
malicioso para infiltrar-se nos sistemas de segurança da eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de
Caixa Econômica Federal (CEF). Para mascarar sua loca- computadores, com ou sem a violação de mecanismo de
lização real e dificultar a rastreabilidade de suas ações, segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por
o criminoso faz uso de um servidor mantido fora do qualquer outro meio fraudulento análogo, é punido com
território nacional, valendo-se de uma VPN (Virtual Pri- pena de reclusão de quatro a oito anos, além de multa.
vate Network – Rede Virtual Privada) com IP (Internet Além disso, o § 4º-C estabelece aumentos de pena de-
Protocol – Protocolo de Internet) oriundo da Índia. Por pendendo da gravidade do resultado lesivo, incluindo a
meio dessa estratégia, ele acessa as contas bancárias de utilização de servidor mantido fora do território nacio-
diversos clientes e subtrai valores para uma conta sob nal, o que é aplicável ao caso descrito na questão. So-
seu controle, sem o conhecimento ou consentimento bre o furto privilegiado, por se tratar de qualificadora de
dos titulares. O ato é executado de forma a deixar o mí- natureza objetiva, nada impede o seu reconhecimento,
nimo de vestígios possível, postergando a detecção pela desde que, é claro, observadas as demais exigências le-
instituição financeira e pelas autoridades competentes. gais, com fundamento na Súmula 511 do STJ:
Com base no exemplo narrado, é correto afirmar que:
(A) O criminoso praticou forma qualificada do crime de É possível o reconhecimento do privilégio previsto no
furto, compatível, em tese, com o denominado furto § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto
privilegiado, desde que observadas as demais exi- qualificado, se estiverem presentes a primariedade
gências legais, pois se trata de qualificadora de na- do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora
tureza objetiva, devendo a pena ser aumentada em for de ordem objetiva.
razão do uso de um servidor mantido fora do territó-
rio nacional.
(B) O criminoso praticou forma qualificada do crime de
furto, incompatível com o denominado furto privi-
legiado, pois se trata de qualificadora de natureza
subjetiva, devendo a pena ser aumentada em razão
do uso de um servidor mantido fora do território
nacional.
(C) O criminoso praticou forma qualificada do crime de
furto, incompatível com o denominado furto privi-
legiado, pois se trata de qualificadora de natureza
subjetiva.
(D) O criminoso praticou o crime de fraude eletrônica,
forma qualificada do crime de estelionato, depen-
dendo a instauração de inquérito policial de manifes-
tação da vítima, pois se trata de crime de ação penal
pública condicionada.
(E) O criminoso praticou o crime de fraude eletrônica,
forma qualificada do crime de estelionato, depen-
dendo a instauração de inquérito policial de manifes-
tação da vítima, pois se trata de crime de ação penal
pública incondicionada.
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
77
João, com conhecimentos avançados em informática,
decide acessar sem autorização o smartphone de sua ex-
-parceira, instalando secretamente um software de mo-
nitoramento para espionar suas comunicações e locali-
zação. Aproveitando um momento de descuido, instala
o aplicativo oculto no dispositivo dela, permitindo-lhe
acessar remotamente informações pessoais e privadas,
como mensagens, e-mails, fotos e localização em tempo
real. Contudo, naquele mesmo dia, por coincidência, ela
formatou seu celular, apagando todo o conteúdo, sem
que João conseguisse obter dados ou informações sem
autorização.
Com base nas informações narradas, assinale a alterna-
tiva correta.
(A) Se o telefone celular fosse de propriedade de João
e estivesse temporariamente emprestado a Maria, a
conduta seria atípica.
(B) Se o celular não estivesse protegido por senha ou
outro mecanismo de segurança, a conduta de João
seria atípica.
(C) O fato de não ter conseguido obter as informações
desejadas faz com que João deva ser punido na for-
ma tentada.
(D) O crime praticado por João é de ação penal pública
incondicionada.
(E) João praticou o crime de invasão de dispositivo infor-
mático na forma consumada.
Letra e.
Assunto abordado: Crimes contra a pessoa
João cometeu o crime de invasão de dispositivo infor-
mático, na forma consumada, visto que se configura
como um crime formal. Com a entrada em vigor da Lei
n. 14.155, de 2021, que modificou o artigo 154-A, do
Código Penal, não é mais necessária a violação de me-
canismo de segurança. Além disso, conforme a redação
atual, o sujeito passivo pode ser simplesmente o usuário
do dispositivo informático, vítima da conduta praticada
pelo titular.
78
Mariana, Oficiala de Justiça, foi denunciada por falsificar
o conteúdo de certidões de intimação, resultando em
quatro acusações de falsidade ideológica em concurso
material. Ao final do processo, recebeu a condenação de
1 ano e 7 meses de reclusão, com a pena privativa de
liberdade substituída por duas restritivas de direitos. O
pedido do Ministério Público para que Mariana perdes-
se seu cargo foi negado pelo magistrado, argumentando
que a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos impede a aplicação do art. 92, I, do
Código Penal (“Art. 92. São também efeitos da conde-
nação: I – a perda de cargo, função pública ou mandato
eletivo”).
Com base no exemplo narrado, é correto afirmar
o seguinte:
(A) A decisão do magistrado em relação ao não perdi-
mento do cargo público está em consonância com a
jurisprudência do STJ.
(B) Para o STJ, não há incompatibilidade entre o efeito
de perda do cargo e a substituição da pena privativa
de liberdade por restritiva de direitos.
(C) Por se trata de efeito automático da sentença conde-
natória nos crimes funcionais, o magistrado deveria
ter determinado a perda do cargo público.
(D) Com base no quantum de pena aplicado, o magistra-
do deveria ter decretado apenas uma pena restritiva
de direitos, e não duas.
(E) Ao substituir a pena privativa de liberdade por res-
tritivas de direitos, o magistrado deve impor, no caso
narrado, a pena de prestação de serviços à comu-
nidade ou a entidades públicas e de suspensão do
exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo
prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos
vencimentos e das vantagens.
Letra b.
Assunto abordado: Efeitos da condenação
De acordo com o STJ, não existe incompatibilidade entre
a imposição do efeito de perda do cargo, função pública
ou mandato eletivo, previsto no art. 92, I, do Código Pe-
nal, e a substituição da pena privativa de liberdade por
restritivas de direitos. Esse entendimento foi reforçado
em julgamentos pela 5ª e 6ª Turmas do STJ, nos quais se
concluiu que a substituição da pena privativa de liberda-
de por pena restritiva de direitos não impede a aplicação
do efeito de perda do cargo público (Informativo n. 798).
2º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura (Pós-Edital)
79
Durante uma discussão em casa, um homem, movido
por ciúmes e inconformismo com o término do rela-
cionamento, ataca sua ex-companheira com uma arma
branca, causando-lhe lesões que resultam em morte. O
ato ocorre enquanto uma chamada de vídeo está ativa
com os pais da vítima, que presenciam o ocorrido em
tempo real, apesar de estarem em outra cidade.
Com base no exemplo narrado, é correto afirmar que:
(A) Se reconhecida a prática de feminicídio, a pena deve-
rá ser aumentada de 1/3 (um terço) até a metade.
(B) O fato de ter praticado o crime motivado por ciúmes
faz com que o homicídio seja qualificado pelo moti-
vo torpe.
(C) O fato de ter praticado o crime motivado por ciúmes
faz com que o homicídio seja qualificado pelo moti-
vo fútil.
(D) O emprego de arma branca faz com que deva ser re-
conhecida a qualificadora do meio cruel.
(E) O emprego de arma branca é circunstância agravante
do crime de homicídio, devendo a pena ser aumen-
tada de 1/6 (um sexto).
Letra a.
Assunto abordado: Crimes contra a pessoa
A majoração da pena de 1/3 (um terço) até a metade
está fundamentada legalmente no artigo 121, § 7º, in-
ciso III, do Código Penal, que dispõe sobre o aumento
da pena do feminicídio se o crime for praticado na pre-
sença física ou virtual de descendente ou de ascendente
da vítima. No caso em questão, o ato foi cometido en-
quanto uma chamada de vídeo estava ativa com os pais
da vítima, que presenciaram o ocorrido, satisfazendo a
condição de "presença virtual" de ascendente da vítima.
80
Joana, após terminar seu relacionamento com Marcos,
passou a receber dele constantes mensagens de texto
e ligações. Nessas comunicações, Marcos ameaçava di-
vulgar fotos íntimas de Joana nas redes sociais, a menos
que ela retomasse o relacionamento. Além disso, Mar-
cos enviava mensagens depreciativas sobre a capacida-
de de Joana tomar decisões por si mesma, afirmando
que ela jamais seria capaz de encontrar alguém que a
tratasse tão bem quanto ele. Joana, sentindo-se amea-
çada, humilhada e incapaz de tomar decisões livremente
sobre sua vida pessoal, procurou a polícia para relatar as
ações de Marcos.
Com base no relato de Joana, assinale qual é a tipifica-
ção mais adequada para a conduta de Marcos, conforme
previsto na legislação brasileira.
(A) Injúria, conforme definido no Código Penal, por ofen-
der a dignidade de Joana.
(B) Difamação, pela intenção de Marcos em macular a
reputação de Joana perante terceiros.
(C) Ameaça, visto que Marcos coagiu Joana com o intui-
to de intimidá-la a retomar o relacionamento.
(D) Violência psicológica contra a mulher, por causar
dano emocional a Joana, visando degradar e contro-
lar suas ações, comportamentos e decisões, median-
te ameaça, constrangimento e humilhação.
(E) Perseguição, caracterizado pela perseguição insis-
tente de Marcos por meio de mensagens e ligações.
Letra d.
Assunto abordado: Crimes contra a pessoa
No caso apresentado, Marcos ameaça divulgar fotos ínti-
mas de Joana, além de enviar mensagens depreciativas,
com o objetivo de manipular e controlar as decisões de
Joana, caracterizando uma clara situação de violência
psicológica. Sua conduta visa causar dano emocional,
afetando negativamente a saúde psicológica de Joana
e sua capacidade de autodeterminação, enquadrando-
-se perfeitamente na definição legal de violência psico-
lógica contra a mulher prevista no artigo 147-B do Có-
digo Penal.