3º Simulado

Exame Nacional da Magistratura

EXAME NACIONAL DA MAGISTRATURA

Tipo – GRAN

a F rova
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GV
ba de p
resposta (A, B, C, D, E) e somente uma delas tição de questões ou falhas. Caso contrário, noti-
está correta; fique imediatamente o Fiscal da Sala, para que
sejam tomadas as devidas providências;
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ap
Ba

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de questões. caso de erro;
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ção apenas as marcações realizadas no cartão-
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 FICHA TÉCNICA DO MATERIAL
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CÓDIGO:
2403155505M

TIPO DE MATERIAL:
Simulado Preparatório

NUMERAÇÃO:
3º Simulado

NOME DO ÓRGÃO:
Exame Nacional da Magistratura
ENAM

MODELO/BANCA:
FGV

EDITAL:
Pré-Edital

DATA DE APLICAÇÃO:
3/2024

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:
3/2024

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3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
CONHECIMENTOS GERAIS
Direito Constitucional, Direito Constitucional
do Trabalho, Direito Constitucional Tributário e
Normas Constitucionais de Processo Penal
Samuel Marques
1
Maria e Antônia são funcionárias públicas e vivem em
união estável há mais de 4 anos. Maria engravidou por
meio de inseminação artificial e deu à luz a uma criança
saudável. Como mãe biológica, Maria solicitou e teve de-
ferido o pedido de licença-maternidade, conforme pre-
visto na legislação trabalhista. Antônia, companheira de
Maria, por sua vez, questionou ao seu advogado sobre a
possibilidade de também gozar de licença em razão do
nascimento do seu filho, mesmo não sendo a gestante.
Diante do entendimento do Supremo Tribunal Federal
acerca de tal direito, assinale a opção que deve funda-
mentar a resposta do advogado.
(A) Diante da situação narrada, a mãe, funcionária pú-
blica, não gestante, em união homoafetiva também
tem direito ao gozo de licença-maternidade.
(B) Como a companheira gestante utilizou do benefício
da licença-maternidade, a companheira não gestan-
te fará jus apenas à licença por período equivalente
ao da licença-paternidade.
(C) Em razão de as duas mulheres serem mães, ambas de-
vem ter o direito ao benefício da licença-maternidade.
(D) Não terá direito à licença-maternidade por falta de
previsão legal.
(E) Somente poderá usufruir de licença-adotante, cuja
duração é inferior ao da licença-maternidade.
2 cem interpretações consistentes das leis e da Constitui-
O Tribunal de Contas é responsável pela fiscalização das
contas públicas e pelo controle da legalidade, da eco-
nomicidade, da eficiência e da eficácia da gestão dos
recursos públicos. Seu papel é crucial para garantir a
transparência, a probidade administrativa e o bom uso
do dinheiro público. Sobre tal temática, analise as afir-
mativas a seguir.
I – A titularidade da função de controle externo da
União pertence ao Tribunal de Contas da União, ao
qual compete realizar a fiscalização contábil, finan-
ceira, orçamentária, operacional e patrimonial das
entidades da administração direta e indireta.
II – É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erá-
rio fundada em decisão de Tribunal de Contas.
III – A competência técnica do Tribunal de Contas do Esta-
do, ao negar registro de admissão de pessoal, não se
subordina à revisão pelo Poder Legislativo respectivo.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e III.
(B) III, apenas.
(C) II e III.
(D) II, apenas.
(E) I, II e III.
3
A vedação ao nepotismo refere-se à proibição de favo-
recimento ou nomeação de familiares para cargos pú-
blicos, com base em relações de parentesco, sem con-
siderar critérios de mérito, competência ou qualificação
profissional. Essa prática pode comprometer a impar-
cialidade, a moralidade e a eficiência na administração
pública, além de gerar desigualdades de oportunidades
no acesso aos cargos e funções públicas.
Diante da temática apresentada, assinale a alternati-
va incorreta.
(A) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, leis que
tratam dos casos de vedação a nepotismo são de ini-
ciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo.
(B) A vedação ao nepotismo se aplica a agentes de todos
os poderes, incluindo o poder judiciário, impedindo
a contração de parentes até o terceiro grau.
(C) Para o Supremo Tribunal Federal, a vedação ao ne-
potismo dispensa edição de lei formal, visto que a
proibição é extraída diretamente dos princípios cons-
titucionais que norteiam a atuação administrativa.
(D) O nepotismo configura-se como violação ao princí-
pio da impessoalidade.
(E) É inconstitucional lei estadual que permite a nomea-
ção, por agente público, de até dois parentes de au-
toridades, além do cônjuge do chefe do Poder Execu-
tivo, para cargos em comissão ou função gratificada
4
As jurisprudências do Supremo Tribunal Federal forne-
ção, garantindo uniformidade, estabilidade e previsibili-
dade no sistema jurídico brasileiro.
À luz do entendimento jurisprudencial do Supremo Tri-
bunal Federal, assinale a alternativa correta.
(A) Ofende o princípio da livre concorrência a lei munici-
pal que fixe horário de funcionamento de estabeleci-
mento comercial.
(B) É constitucional a lei estadual que determina a vin-
culação do reajuste de vencimentos de servidores
estaduais a índices federais de correção monetária.
(C) Prescinde de previsão legal a exigência de aprovação
em exame psicotécnico para habilitação de candida-
to a cargo público.
(D) A falta de estabelecimento penal apropriado não
justifica a manutenção do condenado em um regime
prisional mais severo.
(E) Projeto de lei que discipline os vencimentos dos
membros das polícias civil e militar e do corpo de
bombeiros militar do Distrito Federal será discutido
e votado na Câmara Legislativa.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
5 7
A Constituição Federal brasileira assegura a proteção ao
meio ambiente como um direito fundamental, estabele-
cendo princípios, diretrizes e instrumentos para garantir
a sua preservação e uso sustentável.
Acerca dos princípios do direito ambiental, com base nas
jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e do Supe-
rior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta.
(A) A criação de um procedimento de licenciamento am-
biental estadual menos eficiente à proteção do meio
ambiente equilibrado em relação às atividades de
mineração é contrária à Constituição Federal.
(B) Deve ser proibida qualquer prática que submeta os
animais à crueldade, até mesmo as práticas espor-
tivas que sejam manifestações culturais, registradas
como bem de natureza imaterial integrante do patri-
mônio cultural brasileiro.
(C) Apesar de reconhecer a relevância do meio ambien-
te para a qualidade de vida da sociedade, o Supremo
Tribunal Federal decidiu que o direito a um meio am-
biente ecologicamente equilibrado não é considera-
do um direito de terceira geração.
(D) Considera-se inconstitucional lei que autorize ato
decorrente de liturgia religiosa, mesmo de matrizes
africanas, que disponha sobre o sacrifício de animais.
(E) A competência federativa para proteger o meio am-
biente restringe-se aos estados.
6 (A) I e III.
O controle de constitucionalidade é o processo pelo qual
se verifica a conformidade das leis e atos normativos
com a Constituição, assegurando a sua compatibilidade
com os princípios e normas constitucionais.
Com base no controle de constitucionalidade abstrato,
tendo por parâmetro a Constituição Federal, assinale a
alternativa que indique um legitimado.
(A) Advogado-Geral da União.
(B) Procurador Geral de Justiça.
(C) Entidade de classe com representatividade em 9 es-
tados da federação.
(D) Mesa das câmaras municipais.
(E) Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.
O procedimento de intervenção federal é uma medida
excepcional em que o governo federal intercede nos
estados ou no Distrito Federal para garantir o cumpri-
mento da Constituição. Já a intervenção estadual ocorre
quando um estado interfere nos municípios para corrigir
desvios constitucionais. Ambas as intervenções visam
assegurar a regularidade do equilíbrio federativo.
Diante do instituto da intervenção, analise os
itens a seguir.
I – A decretação de intervenção federal é competên-
cia privativa do Presidente da República, enquanto
a execução é competência exclusiva do Congres-
so Nacional.
II – Em caso de descumprimento reiterado de ordem
judicial emitida pela Justiça Estadual, para que o
instrumento da intervenção seja aprovado, será ne-
cessária a requisição do Supremo Tribunal Federal,
do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Su-
perior Eleitoral.
III – A decisão de Tribunal de Justiça que determina a
intervenção estadual em município tem natureza
político-administrativa, não ensejando, assim, o
cabimento do recurso extraordinário perante o Su-
premo Tribunal Federal.
Está correto o que se afirma em:
(B) III, apenas.
(C) II e III.
(D) II, apenas.
(E) I, II e III.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
8 (D) É lícito conhecer de ação direta de inconstituciona-
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é de suma
importância no âmbito do Poder Legislativo, pois permi-
te a investigação de questões relevantes para a socieda-
de. Ela desempenha um papel crucial na fiscalização das
ações do governo e de outros órgãos, contribuindo para
a transparência e a prestação de contas no Estado. Além
disso, ao trazer à tona problemas e irregularidades, a CPI
promove o debate público e a conscientização dos cida-
dãos sobre questões políticas e sociais.
Diante do exposto acima e com base nas Comissões Par-
lamentares de Inquérito, assinale a alternativa correta.
(A) É cabível mandado de segurança para questionar re-
latório parcial de Comissão Parlamentar de Inquérito.
(B) As Comissões Parlamentares de Inquérito têm per-
missão legal para encaminhar relatório circunstan-
ciado a outros órgãos públicos, além do Ministério
Público e da Advocacia-Geral da União.
(C) Diante juízo discricionário, cabe ao presidente da
Câmara dos Deputados autorizar a instauração de
Comissão Parlamentar de Inquérito após o requeri-
mento de, no mínimo, um terço dos deputados.
(D) Compete à Comissão Parlamentar de Inquérito indi-
ciar as pessoas investigadas que tenham cometido
infrações penais apuradas nos inquéritos.
(E) A Comissão Parlamentar de Inquérito, ao concluir a
existência de crime cometido pelo investigado, deve-
rá promover, perante o Poder Judiciário, a responsa-
bilidade criminal do infrator.
9 11
O papel do poder judiciário no julgamento das ações de
controle de constitucionalidade é garantir que as leis e
atos normativos estejam em conformidade com a Consti-
tuição. O judiciário analisa se as normas são compatíveis
com os preceitos constitucionais, assegurando a suprema-
cia da Constituição e a condição de rigidez constitucional.
Sobre o Controle de Constitucionalidade, assinale a al-
ternativa incorreta.
(A) O Supremo Tribunal Federal, ao analisar a norma
objeto da ação e lhe dar interpretação conforme a
Constituição, não precisa observar o princípio da re-
serva de plenário.
(B) Tribunais de justiça têm competência para exercer
controle concentrado de constitucionalidade de leis
municipais, utilizando como parâmetro normas da
Constituição Federal, desde que se trate de normas
de reprodução obrigatória pelos estados.
(C) A perda superveniente da representatividade do par-
tido político no Congresso Nacional não acarreta o
arquivamento de ação direta de inconstitucionalida-
de proposta por esse partido.
lidade como arguição de descumprimento de pre-
ceito fundamental.
(E) A técnica de modulação dos efeitos é exclusivamen-
te utilizada no contexto do controle concentrado de
constitucionalidade, sendo inadmissível em casos de
controle difuso.
10
A federação é uma forma de estado na qual o poder é
dividido entre entes federativos autônomos. A divisão
de competências é baseada em uma regra de predomi-
nância de interesses, consagrando, ao final, a autonomia
e equilíbrio entre os entes federativos.
Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
(A) Apesar de terem personalidade jurídica, os Territó-
rios Federais não são dotados de autonomia política.
(B) É constitucional dispositivo previsto em constituição
estadual que prevê a construção de centrais termoe-
létricas e hidrelétricas no território daquela unidade
federativa brasileira.
(C) É constitucional lei estadual que estabelece número
de vereadores para os municípios de seu território.
(D) É constitucional lei estadual que concede o porte
de arma de fogo para servidor agente penitenciá-
rio estadual.
(E) É constitucional lei municipal que estabeleça a obri-
gação de implantação de ambulatório médico em
shopping centers.
A ordem econômica e financeira na Constituição Fede-
ral brasileira é regulada pelos princípios da livre inicia-
tiva, da valorização do trabalho humano, da defesa do
consumidor e da livre concorrência. Ela visa promover
o desenvolvimento nacional equilibrado, a redução das
desigualdades regionais e sociais, e a busca pelo ple-
no emprego.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
(A) Viola o princípio da livre iniciativa a obrigatoriedade
de exigir que os supermercados e estabelecimentos
do gênero ofereçam serviço de empacotamento
das compras.
(B) A Lei Orçamentária Anual não poderá conter previ-
sões de despesas para exercícios seguintes.
(C) O princípio constitucional que veda a instituição de
tributo federal não uniforme no território nacional
impede a concessão de tratamento fiscal diferencia-
do, com base em critérios regionais.
(D) É constitucional a incidência do Imposto sobre Servi-
ços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de
locação de bens móveis.
(E) É incompatível com o texto da CF/1988, a cobrança
de taxa em razão dos serviços públicos de coleta, re-
moção e tratamento de lixos ou resíduos sólidos.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
12
As funções essenciais à justiça desempenham um papel
fundamental na garantia do Estado de Direito e na pro-
teção dos direitos dos cidadãos. Elas incluem o Ministé-
rio Público, a advocacia pública, a advocacia privada e a
defensoria pública. Essas instituições atuam na promo-
ção da justiça, na defesa dos direitos fundamentais e na
garantia da igualdade perante a lei, contribuindo para o
funcionamento adequado do sistema jurídico e para a
manutenção da democracia.
Diante do tema, analise as afirmativas a seguir.
I – Por falta de previsão expressa no texto da Constitui-
ção Federal sobre os procuradores municipais, não
se considera como teto remuneratório dos procura-
dores municipais o subsídio dos desembargadores
do tribunal de justiça.
II – A Defensoria Pública tem legitimidade para propor
ação civil pública em defesa de interesses difusos.
III – O Ministério Público não tem legitimidade para
propor ação civil pública que vise o fornecimento
de remédios a portadores de deficiência.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e III.
(B) III, apenas.
(C) II e III.
(D) II, apenas.
(E) I, II e III.
13
Os direitos constitucionais do trabalho são fundamen-
tais para assegurar condições dignas e justas no ambien-
te laboral. Eles garantem proteção aos trabalhadores,
regulam a relação entre empregados e empregadores
e promovem a justiça social. Esses direitos contribuem
para a redução das desigualdades, a melhoria das condi-
ções de trabalho e o fortalecimento da democracia.
Sobre tais direitos, analise as afirmativas a seguir.
I – Em razão da não promulgação de lei complementar
que regulamente a despedida arbitrária ou sem jus-
ta causa, determina-se que sejam aplicadas as regras
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
II – A intervenção sindical prévia é exigência procedi-
mental imprescindível para a dispensa em massa
de trabalhadores.
III – Os prazos da licença adotante não podem ser infe-
riores aos prazos da licença gestante.
Está correto o que se afirma em:
(A) II e III.
(B) I, apenas.
(C) I e III.
(D) II, apenas.
(E) I, II e III.
14
As súmulas vinculantes são importantes instrumentos
jurídicos que conferem maior segurança jurídica e uni-
formidade na interpretação e aplicação das leis. Elas
estabelecem precedentes obrigatórios, reduzindo diver-
gências interpretativas e garantindo uma maior previsi-
bilidade nas decisões judiciais. Isso promove a eficiência
do sistema jurídico e contribui para a estabilidade das
relações sociais.
Acerca do tema, assinale a alternativa incorreta.
(A) As súmulas vinculantes dependem de decisão de
dois terços dos membros do Supremo Tribunal Fede-
ral para serem aprovadas.
(B) A súmula vinculante conferirá eficácia geral e vincu-
lante às decisões proferidas pelo Supremo Tribunal
Federal sem afetar diretamente a vigência de leis
porventura declaradas inconstitucionais no processo
de controle incidental.
(C) A edição de súmula vinculante pelo Supremo Tribu-
nal Federal só pode ser realizada de ofício, mediante
proposição de um dos Ministros da Corte, não sendo
admitida a criação de súmulas oriundas de provoca-
ção de terceiros.
(D) O Supremo Tribunal Federal, guardião da Constitui-
ção Federal de 1988, de ofício ou mediante provo-
cação, tem exclusividade para a edição, a revisão e o
cancelamento de enunciado de súmula vinculante.
(E) Constitui requisito para a aprovação de súmulas vin-
culantes a existência de controvérsia atual sobre a
matéria em questão entre órgãos judiciários ou entre
estes e a Administração Pública, que esteja a suscitar
grave insegurança jurídica.
15
Os direitos sociais são essenciais para garantir condições
dignas de vida, promover a igualdade e reduzir as de-
sigualdades sociais. Eles asseguram acesso a educação,
saúde, trabalho, moradia, lazer, entre outros benefícios,
contribuindo para o bem-estar e a inclusão social. Além
disso, os direitos sociais são fundamentais para fortale-
cer a coesão social e o desenvolvimento sustentável de
uma sociedade.
Sobre os direitos sociais, assinale a alternativa correta.
(A) Certos direitos sociais podem vir a ser reconhecidos
não necessariamente por previsão normativa ex-
pressa, mas em virtude de prestações estatais que se
incorporam, com o tempo, ao patrimônio jurídico.
(B) A revogação de norma que assegura direitos funda-
mentais sociais, sem a implementação de medidas
alternativas que tenham a capacidade de compensar
eventuais perdas já sedimentadas, não contraria o
princípio da proibição do retrocesso social.
(C) O direito à moradia é necessariamente um direito à
casa própria.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
(D) É inconstitucional norma que obriga escolas privadas
a oferecer atendimento adequado a pessoas com
deficiência, vedado o repasse do custo financeiro da
adaptação às mensalidades escolares.
(E) Com base no princípio da isonomia, é cabível a equi-
paração de remuneração entre empregados da em-
presa tomadora de serviços e empregados da em-
presa contratada, desde que ambos desempenhem
a mesma função, na mesma localidade e com igual
produtividade e perfeição técnica.
16
A ponderação é uma técnica usada para resolver con-
flitos entre normas que envolvem valores ou escolhas
políticas quando as técnicas tradicionais de interpre-
tação não são eficazes. Isso é comum em situações
em que normas constitucionais entram em conflito,
pois não é possível aplicar critérios como hierarquia,
ordem cronológica ou especialidade para resolver a
disputa de valores.
Sobre a ponderação como técnica de interpretação
constitucional, analise as afirmativas a seguir.
I – Tendo em vista que a liberdade de imprensa é direito
de compreensão absoluta, segundo a jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal, não é aplicável ao refe-
rido direito fundamental a metódica da ponderação.
II – A ponderação é um princípio utilizado para a resolu-
ção dos casos de colisão entre direitos fundamentais.
III – A colisão entre princípios constitucionais resolve-se
com a técnica da ponderação.
Está incorreto o que se afirma em:
(A) II e III.
(B) I, apenas.
(C) I e II.
(D) II, apenas.
(E) I, II e III.
Direito Administrativo
Renato Borelli
17
Com base nas jurisprudências do STJ e do STF, marque a
alternativa correta.
(A) O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos ta-
beliães e registradores oficiais que, no exercício de suas
funções, causem danos a terceiros, assentado o dever
de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou
culpa, sob pena de improbidade administrativa.
(B) Os servidores ocupantes de cargos em comissão, por
serem estes de livre nomeação e exoneração, não
gozam de qualquer espécie de estabilidade.
(C) Os guardas municipais possuem direito à aposenta-
doria especial.
(D) É plenamente possível efetuar o corte no forne-
cimento de serviços públicos essenciais quando a
inadimplência do usuário decorrer de débitos preté-
ritos não relativos ao mês de consumo.
(E) É imprescritível a ação de reparação de danos à Fa-
zenda Pública decorrente de ilícito civil doloso.
18
Considerando a Lei n. 9.784/1999 e a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, marque a opção correta.
(A) Nos processos administrativos, não se admite a mo-
tivação aliunde (per relationem).
(B) É obrigatória a presença de advogado em processo
administrativo disciplinar que possa resultar na im-
posição da pena de demissão ao servidor, tendo em
vista a gravidade em concreto da sanção.
(C) Em que pese o teor da Súmula Vinculante n. 3, o Su-
premo Tribunal Federal compreende que o Tribunal
de Contas da União deverá assegurar o contraditório
e a ampla defesa se, dentro do prazo de cinco anos,
contados da entrada do processo administrativo na
Corte de Contas, não apreciar a legalidade do ato de
concessão de aposentadoria, reforma ou pensão.
(D) Nos processos administrativos, por expressa previ-
são legal, admite-se a aplicação retroativa de nova
interpretação.
(E) É compatível com o texto constitucional a exigência
de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou
bens para admissibilidade de recurso administrativo.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
19
A respeito do direito de greve na Administração Pública,
e tendo como base a Constituição Federal e o entendi-
mento do Supremo Tribunal Federal, analise as afirma-
tivas abaixo.
I – O exercício do direito de greve, sob qualquer forma
ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a to-
dos os servidores públicos que atuem diretamente
na área de segurança pública.
II – A competência para julgar a abusividade da greve
dos servidores estatutários da Administração pú-
blica direta, autárquica e fundacional é da justiça
comum. Todavia, em relação aos servidores subme-
tidos ao regime celetista dessas entidades, a com-
petência será da Justiça do Trabalho.
III – Ainda que o movimento grevista tenha sido pro-
vocado por ato ilícito do Poder Público, deverá a
Administração Pública proceder ao desconto dos
dias de paralisação, tendo em vista a suspensão do
vínculo funcional.
IV – É legítimo à Administração Pública impor, em par-
cela única, o desconto sobre a remuneração do ser-
vidor público dos dias parados e não compensados
oriundos do movimento grevista.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) III e IV.
(D) I, apenas.
(E) nenhum item.
20
Sabe-se que, de maneira excepcional, a Constituição Fe-
deral de 1988 admitiu a acumulação remunerada de car-
gos públicos. Sobre o tema, marque a alternativa correta.
(A) A acumulação de cargos públicos de profissionais da
área de saúde sujeita-se ao limite de 60 horas sema-
nais previsto em norma infraconstitucional.
(B) De acordo com o texto constitucional, a possibilida-
de de acumular cargos públicos não se aplica aos mi-
litares dos Estados.
(C) A soma das remunerações dos cargos acumulados não
poderá ultrapassar o teto constitucional remuneratório.
(D) A proibição de acumular limita-se aos cargos públi-
cos, não se estendendo aos empregos e às funções.
(E) As empresas estatais são abrangidas pela proibição
de acumular.
21
Tendo por fundamento a Lei n. 8.112/1990 e a jurispru-
dência do STJ e do STF, marque a alternativa incorreta.
(A) Não poderá participar de comissão de sindicância ou
de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou co-
lateral, até o terceiro grau.
(B) É permitida a prova emprestada no processo admi-
nistrativo disciplinar, desde que devidamente autori-
zada pelo juízo competente e respeitados o contradi-
tório e a ampla defesa.
(C) Não se admite a instauração de processo administra-
tivo disciplinar com base em denúncia anônima.
(D) O prazo prescricional interrompido com a abertura
do Processo Administrativo Disciplinar – PAD voltará
a correr por inteiro após 140 dias.
(E) A responsabilidade administrativa do servidor será
afastada no caso de absolvição criminal que negue a
existência do fato ou sua autoria.
22
Analise as proposições a seguir.
I – É constitucional a remarcação de curso de forma-
ção para o cargo de agente penitenciário feminino
de candidata que esteja lactante à época de sua re-
alização, independentemente da previsão expressa
em edital do concurso público.
II – Para o fim de disputar as vagas reservadas em con-
cursos públicos, o portador de surdez unilateral não
pode ser qualificado como pessoa com deficiência.
III – Para o fim de disputar as vagas reservadas em con-
cursos públicos, o portador de visão monocular não
pode ser qualificado como pessoa com deficiência.
IV – Segundo o Superior Tribunal de Justiça, o candidato
aprovado em concurso público fora do número de
vagas tem direito subjetivo à nomeação caso sur-
jam novas vagas durante o prazo de validade do
certame, desde que haja manifestação inequívoca
da administração sobre a necessidade de seu provi-
mento e não tenha restrição orçamentária, ou qual-
quer obstáculo financeiro.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e II, apenas.
(B) III e IV, apenas.
(C) I, III e IV.
(D) I, II e IV.
(E) I, II, III e IV.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
23
A polícia administrativa tem por objeto a manutenção
habitual da ordem pública no âmbito da Administração
Pública geral. Em relação ao poder de polícia administra-
tiva, aponte a opção correta.
(A) A autorização para porte de arma de fogo, ato admi-
nistrativo de natureza vinculada, deverá ser concedi-
da a todo aquele que preencher os requisitos legais.
(B) Para o Superior Tribunal de Justiça, o poder de polí-
cia, em qualquer dos seus aspectos, é indelegável às
pessoas jurídicas de direito privado.
(C) Em razão da autoexecutoriedade que reveste os atos
de polícia, a multa poderá ser satisfeita pela vonta-
de unilateral da Administração Pública, dispensada a
via jurisdicional.
(D) A aplicação de uma penalidade administrativa a um
servidor é exemplo clássico do exercício do poder
de polícia.
(E) Licença é o ato administrativo unilateral e vinculado
pelo qual a Administração faculta àquele que preen-
cha os requisitos legais o exercício de uma atividade.
24
O objetivo principal dos consórcios públicos é a presta-
ção de serviços e desenvolvimento de ações conjuntas
que visem ao interesse coletivo. Recente levantamento
feito por entidades da sociedade civil, IBGE e com parti-
cipação do Tribunal de Contas da União, aponta que há
723 consórcios públicos ativos no Brasil e que mais de
85% (ou 4.783) dos Municípios participam de, pelo me-
nos, um consórcio público. No que concerne à disciplina
dos consórcios públicos, indique a alternativa incorreta.
(A) A União somente participará de consórcios públi-
cos em que também façam parte todos os Estados
em cujos territórios estejam situados os Municípios
consorciados.
(B) Os entes da Federação consorciados, ou os com eles
conveniados, poderão ceder-lhe servidores.
(C) Os entes da Federação consorciados respondem sub-
sidiariamente pelas obrigações do consórcio público.
(D) É nula a cláusula do contrato de consórcio que preve-
ja a cessão de uso de bens móveis de ente da Federa-
ção ao consórcio público.
(E) Se praticarem atos em desconformidade com a lei, os
dirigentes do consórcio público responderão pesso-
almente pelas obrigações por ele contraídas.
25
Sobre a disciplina jurídica das entidades integrantes da
Administração Pública Indireta e as pertencentes ao de-
nominado terceiro setor, marque a alternativa correta.
(A) Por meio de lei específica e desde que preenchidos os
requisitos legais, as autarquias e fundações públicas
poderão ser qualificadas como agências executivas.
(B) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, é constitu-
cional determinação judicial que decreta a constrição
de bens de sociedade de economia mista, prestado-
ra de serviços públicos em regime não concorrencial,
para fins de pagamento de débitos trabalhistas.
(C) Organização Social é a qualificação jurídica dada a
pessoa jurídica de direito público ou privado, sem
fins lucrativos, instituída por iniciativa de particula-
res, e que recebe delegação do Poder Público, me-
diante contrato de gestão, para desempenhar servi-
ço público de natureza social.
(D) Cumpridos os requisitos legais, a qualificação de uma
pessoa jurídica como a Organização da Sociedade Ci-
vil de Interesse Público (OSCIP) é ato vinculado.
(E) A Lei n. 13.303/2016 dispõe sobre o estatuto das es-
tatais, com aplicação restrita para as empresas pú-
blicas e sociedades de economia mista que exerçam
atividade econômica.
26
O governador do estado de Alfa, visando garantir maior
eficiência e organização, criou uma secretaria voltada
para monitoramento da crise na epidemia da dengue.
Sobre essa situação, é correto afirmar que representa
um exemplo do fenômeno denominado:
(A) desconcentração, que pressupõe a existência de,
pelo menos, duas pessoas jurídicas.
(B) descentralização, mediante a especialização de fun-
ções dentro de uma mesma pessoa jurídica.
(C) desconcentração, que se caracteriza pela existência
de uma relação de subordinação.
(D) descentralização, não sendo possível afirmar que a
entidade descentralizada estará subordinada ao ente
político que a criou.
(E) descentralização, pois ocorreu a criação de um ór-
gão público.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
Noções Gerais de Direito e
Formação Humanística
Juliano Alves
27
Considerando a Política Nacional de Gestão de Pessoas do
Poder Judiciário e a Resolução CNJ n. 351, de 28/10/2020,
analise as seguinte afirmativas a respeito dos conceitos
atinentes à Política de Prevenção e Enfrentamento do As-
sédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação.
I – Assédio moral: ação intencional que viola a dig-
nidade ou integridade psíquica ou física de outra
pessoa por meio de conduta abusiva, por meio
da degradação das relações socioprofissionais e
do ambiente de trabalho, podendo se caracterizar
pela exigência de cumprimento de tarefas desne-
cessárias ou exorbitantes, discriminação, humilha-
ção, constrangimento, isolamento, exclusão social,
difamação ou situações humilhantes e constrange-
doras suscetíveis de causar sofrimento, dano físico
ou psicológico.
II – Assédio moral organizacional: processo contínuo
de condutas abusivas ou hostis, amparado por es-
tratégias organizacionais e/ou métodos gerenciais
que visem obter engajamento intensivo ou excluir
aqueles que a instituição não deseja manter em
seus quadros, por meio do desrespeito aos seus di-
reitos fundamentais.
III – Assédio sexual: conduta de conotação sexual prati-
cada contra a vontade de alguém, sob forma verbal,
não verbal ou física, manifestada por palavras, ges-
tos, contatos físicos ou outros meios, com o efeito
de perturbar ou constranger a pessoa, afetar a sua
dignidade, ou de lhe criar um ambiente intimidativo,
hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador.
IV – Discriminação: compreende toda distinção, exclu-
são, restrição ou preferência fundada na raça, etnia,
cor, sexo, gênero, religião, deficiência, opinião políti-
ca, ascendência nacional, origem social, idade, orien-
tação sexual, identidade e expressão de gênero, ou
qualquer outra que atente contra o reconhecimento
ou exercício, em condições de igualdade, dos direitos
e liberdades fundamentais nos campos econômico,
social, cultural, laboral ou em qualquer campo da
vida pública; abrange todas as formas de discrimina-
ção, inclusive a recusa de adaptação razoável.
Está correto o que se afirma em:
(A) I, II e III.
(B) II, III e IV.
(C) I e II, apenas.
(D) I e III, apenas.
(E) I, II, III e IV.
28
A respeito das Resoluções do CNJ, analise as afirmati-
vas a seguir.
I – Os Pontos de Inclusão Digital disciplinados pela Reso-
lução CNJ n. 508, 22/06/2023, autorizam a realização
de atos processuais por sistema de videoconferên-
cia. Essa permissão abrange partes e testemunhas.
II – Nos termos da Resolução CNJ n. 520/2023, que dis-
põe sobre a Política Judiciária sobre Pessoas Idosas
e suas interseccionalidades, nos processos que en-
volvam direitos e interesses de pessoas idosas, em
caso de não haver acordo na audiência preliminar
de conciliação ou de instrução e julgamento, ava-
liada a pertinência temática do caso, os autos do
processo poderão ser remetidos à oficina sobre o
envelhecimento.
III – Nos termos da Resolução CNJ n. 498, de 04/05/2023,
que dispõe sobre a atuação do Poder Judiciário no
âmbito da política de proteção às crianças e aos
adolescentes expostos à grave e iminente ameaça
de morte, serão cadastrados no Sistema Nacional
de Adoção os acolhimentos institucionais ou fa-
miliares decorrentes da indicação do Programa de
Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de
Morte em razão da exposição de crianças e adoles-
centes a grave e iminente ameaça de morte.
IV – Nos termos da Resolução CNJ n. 492, de 17/03/2023,
que estabelece a adoção de Perspectiva de Gênero
nos julgamentos em todo o Poder Judiciário, os tri-
bunais promoverão cursos de formação inicial e for-
mação continuada que incluam, obrigatoriamente,
os conteúdos relativos aos direitos humanos, gê-
nero, raça e etnia, conforme as diretrizes previstas
no Protocolo para Julgamento com Perspectiva de
Gênero, os quais deverão ser disponibilizados com
periodicidade mínima anual.
Está correto o que se afirma em:
(A) I, II e III.
(B) II, III e IV.
(C) I e II, apenas.
(D) IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.
29
De acordo com o protocolo para julgamento com pers-
pectiva de gênero, é correto afirmar que a magistratura
brasileira deve evitar:
(A) julgamentos imparciais, mas atentos às desigualda-
des estruturais.
(B) o princípio da igualdade substantiva.
(C) neutralidade judicial sem contaminação de vieses.
(D) uma interpretação que se propõe neutra e abstrata.
(E) estar familiarizada com diversos métodos interpreta-
tivos que guiam o processo decisório.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
30
A Resolução n. 332, de 21/08/2020, tratando do uso de
Inteligência Artificial no Poder Judiciário, apresenta o se-
guinte conceito: “Sequência finita de instruções execu-
tadas por um programa de computador, com o objetivo
de processar informações para um fim específico”. Trata-
-se do conceito de:
(A) deepweb.
(B) modelo de Inteligência Artificial.
(C) blockchain.
(D) criptomoeda.
(E) algoritmo.
31
A Resolução n. 332, de 21/08/2020, tratando do uso
de Inteligência Artificial no Poder Judiciário, apresenta
o seguinte conceito: “Conjunto de dados computacio-
nais, concebidos a partir de modelos matemáticos, cujo
objetivo é oferecer resultados inteligentes, associados
ou comparáveis a determinados aspectos do pensa-
mento, do saber ou da atividade humana”. Trata-se do
conceito de:
(A) darkweb.
(B) modelo de Inteligência Artificial.
(C) automação do processo.
(D) contrato inteligente.
(E) algoritmo.
32
“No debate a respeito da relação entre as funções judici-
ária e legislativa, existe um importante instituto que per-
mite ao legislador reeditar a lei declarada inconstitucio-
nal pela Suprema Corte, especificamente no Canadá. Ela
estabelece uma prática judicial fortemente pautada pela
noção da supremacia constitucional, em que a Suprema
Corte não se arroga na condição de intérprete último
e definitivo da Constituição, mas entende a si mesma
como mais um dos atores integrantes da comunidade
de intérpretes. Assim, lá, o Poder Judiciário mostra-se
muito mais propício a cumprir com o papel de tutor do
processo discursivo da formação da vontade política”.
A descrição acima refere-se a:
(A) backlash.
(B) constitucionalismo.
(C) o ativismo judicial.
(D) ativismo congressual.
(E) cláusula não obstante.
Direitos Humanos
Odair José
33
Conforme preceitua o art. 12 da Declaração Universal
dos Direitos Humanos: “Ninguém será sujeito à interfe-
rência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou
na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e re-
putação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei
contra tais interferências ou ataques”.
Contudo, apesar de o Brasil ser signatário da Declara-
ção Universal dos Direitos Humanos, a norma consti-
tucional pátria, no seu art. 5º, XII, admite hipóteses de
limitação da inviolabilidade do sigilo da correspondên-
cia e das comunicações telegráficas, de dados e das co-
municações telefônicas.
Diante das informações apresentadas acima, é correto
concluir que:
(A) o Brasil infringe direitos humanos ao admitir hipó-
teses constitucionais de mitigação da inviolabilidade
da vida privada.
(B) a restrição à inviolabilidade da correspondência, pre-
vista na Constituição Federal, é justificável porque
objetiva a harmonização daquele direito a outras
normas previstas no ordenamento pátrio, sem que
se caracterize violação dos direitos humanos.
(C) em razão da superioridade dos direitos humanos e
do seu caráter objetivo, não se admite qualquer res-
trição, razão pela qual a norma inscrita no art. 5º,
inciso XII, da Constituição, é violadora de direito hu-
mano fundamental.
(D) o caráter absoluto dos direitos humanos não admite
qualquer restrição ou limitação.
(E) como regra, quando direitos humanos se confron-
tam com regras internas de um país, admite-se a sua
restrição ou limitação, a fim de harmonizá-los ao di-
reito interno.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
34
Com base nas normas supralegais, analise as seguin-
tes afirmativas.
I – Quando as normas supralegais entram em confli-
to com algum dispositivo da Constituição Federal,
haverá que se modificar o texto constitucional em
razão da supremacia daquelas normas.
II – Em situação de conflito entre o texto constitucional
e uma norma supralegal, a norma supralegal tende
a gerar um efeito paralisante no texto da Constitui-
ção Federal.
III – Em relação ao texto constitucional que admite a pri-
são do depositário infiel (CF/1988, art. 5º, LXVII), hou-
ve a revogação deste dispositivo a partir do momento
em que o Brasil incorporou a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos como norma supralegal.
Está correto o que se afirma em:
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) III, apenas.
(D) I e II.
(E) I e III.
35
Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o
Procurador-Geral da República, com a finalidade de as-
segurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais
o Brasil seja parte, poderá suscitar incidente de desloca-
mento de competência para a Justiça Federal.
Para que o incidente de deslocamento de competência
aconteça, será necessária a observância de cinco requi-
sitos. Com base nesses requisitos, assinale a alternativa
que indica corretamente um deles.
(A) O Procurador-Geral da República deverá suscitar o
incidente de deslocamento de competência perante
o Supremo Tribunal Federal.
(B) O pedido de incidente de deslocamento de compe-
tência poderá ocorrer apenas na fase de inquérito.
(C) O Tribunal Regional Federal é competente para julgar
o incidente de deslocamento de competência.
(D) Em qualquer fase do inquérito ou processo o pedido
de incidente de deslocamento de competência po-
derá ser dirigido ao Supremo Tribunal Federal.
(E) O pedido de incidente de deslocamento de compe-
tência será dirigido ao Superior Tribunal de Justiça.
36
O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos foi
incorporado ao ordenamento pátrio por meio do Decre-
to n. 592/1992.
Sobre esse pacto e a sua incorporação ao ordenamento
pátrio, é correto afirmar que:
(A) revogou a pena de morte, em caso de guerra decla-
rada, prevista na Constituição Federal, em seu art.
5º, XLVII, alínea “a”.
(B) foi recepcionado com status de norma constitucional,
nos termos do art. 5º, § 3º, da Constituição Federal.
(C) não considera trabalhos forçados aquele exigido de
um indivíduo que tenha sido encarcerado em cum-
primento de decisão judicial ou que, tendo sido obje-
to de tal decisão, ache-se em liberdade condicional.
(D) proíbe qualquer tipo de pena de morte.
(E) admite pena de morte apenas para condenados
por genocídio.
37
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
é o órgão principal e autônomo da Organização dos Esta-
dos Americanos (OEA), sendo encarregado da promoção
e proteção dos direitos humanos no continente ameri-
cano. Acerca das suas funções, analise os itens a seguir.
I – Solicitar aos governos dos Estados membros que
lhe proporcionem informações sobre as medidas
que adotarem em matéria de direitos humanos.
II – Conhecer de qualquer caso relativo à interpretação e
aplicação das disposições desta Convenção (Conven-
ção Americana sobre Direitos Humanos) que lhe seja
submetido, desde que os Estados-Partes no caso te-
nham reconhecido ou reconheçam a referida compe-
tência, seja por declaração especial, como preveem
os incisos anteriores, seja por convenção especial.
III – Atender às consultas que, por meio da Secretaria-
-Geral da Organização dos Estados Americanos, lhe
formularem os Estados-membros sobre questões
relacionadas com os direitos humanos e, dentro de
suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento
que eles lhe solicitarem.
IV – Determinar que sejam reparadas as consequências
da medida ou situação que haja configurado a vio-
lação de direitos humanos, bem como o pagamen-
to de indenização justa à parte lesada.
Está correto apenas o que se afirma em:
(A) I e III.
(B) II e IV.
(C) III e IV.
(D) I e II.
(E) I e IV.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
38
Sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH), é correto afirmar que:
(A) consagra direitos de terceira geração.
(B) não dispõe de força cogente.
(C) estruturou um conjunto de direitos fundados no jus-
naturalismo, razão pela qual foi aprovada de forma
unânime e sem abstenções.
(D) é o principal instrumento do sistema global de direi-
tos humanos.
(E) os direitos foram dispostos de forma hierárquica,
reconhecendo a supremacia de alguns direitos, tais
como vida e liberdade.
Direito Processual Civil
Cristiny Rocha
39
No que diz respeito à possibilidade de concessão de tu-
telas de urgência no procedimento arbitral, é correto
afirmar que:
(A) o judiciário poderá rever a tutela concedida, ainda
que instituída a arbitragem, uma vez que se trata de
medida provisória.
(B) após instituída a arbitragem, as partes poderão re-
correr ao Poder Judiciário para a concessão de medi-
da cautelar.
(C) estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou
de urgência será requerida diretamente aos árbitros.
(D) os árbitros, assim como o juiz, podem revogar a me-
dida cautelar durante o procedimento arbitral.
(E) é vedado ao Judiciário conceder tutela provisória
quando existe cláusula arbitral.
40
Sobre o sistema dos Juizados Especiais da Fazenda Públi-
ca, analise os itens a seguir.
I – O juiz poderá, desde que a requerimento das par-
tes, deferir quaisquer providências cautelares e an-
tecipatórias no curso do processo, para evitar dano
de difícil ou de incerta reparação.
II – A competência do Juizado Especial da Fazenda Pú-
blica é absoluta.
III – De acordo com entendimento do STJ, os Juizados
Especiais da Fazenda Pública não têm competência
para o julgamento de ações decorrentes de aciden-
te de trabalho em que o Instituto Nacional do Segu-
ro Social figure como parte.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) II, apenas.
(D) III, apenas.
(E) I, II e III.
41
Com relação ao litisconsórcio, de acordo com o que es-
tabelece o STJ e o Código de Processo Civil, analise os
itens a seguir.
I – O STJ entende que não há litisconsórcio passivo
necessário entre o provedor de aplicação e o au-
tor do conteúdo publicado on-line, em demanda
que objetiva a remoção de publicação ofensiva em
rede social e o fornecimento de registros de acesso
e conexão.
II – O juiz poderá limitar o litisconsórcio simples quanto
ao número de litigantes na fase de conhecimento,
na liquidação de sentença ou na execução, quan-
do este comprometer a rápida solução do litígio ou
dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.
III – O requerimento de limitação do litisconsórcio fa-
cultativo interrompe o prazo para manifestação ou
resposta, que recomeçará da intimação da decisão
que o solucionar.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II, apenas.
(D) III, apenas.
(E) I, II e III.
42
Maria Eugênia ajuíza ação contra Carlos Eduardo bus-
cando, por meio da tutela de urgência, o pagamento de
verba alimentar, pois não possui condições de subsistên-
cia ante a separação de fato. Sobre o tema, de acordo
com o CPC, assinale a alternativa correta.
(A) Concedidos os alimentos liminarmente pelo ma-
gistrado, a autora deverá aditar a inicial no prazo
de 15 dias.
(B) Caso entenda que não há elementos para a conces-
são de tutela antecipada, o órgão jurisdicional deter-
minará a emenda da petição inicial em até 15 dias,
sob pena de ser indeferida e de o processo ser extin-
to sem resolução de mérito.
(C) Se não for realizado o aditamento da inicial por Ma-
ria Eugênia, o processo será extinto sem resolução
do mérito.
(D) Carlos Eduardo terá prazo de 3 dias para justificar
eventual impossibilidade relativa ao pagamento.
(E) Carlos Eduardo poderá ser preso pelo inadimple-
mento dos alimentos definitivos, mas não pelo
dos provisórios.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
43
Sobre coisa julgada no processo civil, pode-se
afirmar que:
(A) opera secundum eventum probationis nos interesses
individuais homogêneos.
(B) a coisa julgada material abrange apenas a questão
principal expressamente decidida, já que os motivos
da decisão não fazem coisa julgada.
(C) não fazem coisa julgada os motivos, exceto quando
importantes para determinar o alcance da parte dis-
positiva da sentença.
(D) conforme entendimento do STJ, o dispositivo da sen-
tença faz coisa julgada material, mas o pedido e a
causa de pedir não integram a res judicata.
(E) o STJ entende que a sentença prolatada faz coisa jul-
gada às partes entre as quais é dada, inexistindo pos-
sibilidade de “readequar” em fase de cumprimento
de sentença o título devidamente constituído.
44
Sobre os temas intervenção de terceiros e atuação da
Defensoria Pública, é correto afirmar que:
(A) se a defensoria pública vier a ser aceita como amicus
curiae em processo em que há um grande número
de vulneráveis e possibilidade de firmar precedente,
poderá, ante seus desígnios constitucionais, interpor
toda modalidade de recursos.
(B) o Superior Tribunal de Justiça, ao interpretar os re-
quisitos legais para a atuação coletiva da Defensoria
Pública, adota exegese ampliativa da condição jurídi-
ca de “necessitado”.
(C) a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça en-
tende ser cabível a intervenção anômala no Manda-
do de Segurança.
(D) a denunciação deve ser admitida quando o denun-
ciante busca eximir-se da responsabilidade pelo even-
to danoso, atribuindo-o com exclusividade a terceiro.
(E) o atual Código de Processo Civil prevê a obrigatorie-
dade da denunciação da lide nos casos de evicção.
45
Acerca de competência, analise as assertivas a seguir.
I – É competente o foro do lugar onde está a sede para
a ação em que for ré pessoa jurídica.
II – É competente o foro do lugar do ato ou fato para
a ação de reparação de dano sofrido em razão de
delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves
III – É competente o foro de domicílio ou residência do ali-
mentante, para a ação em que se pedem alimentos.
Está incorreto o que se afirma em:
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) II, apenas.
(D) III, apenas.
(E) I, II e III.
46
Sobre recursos aos Tribunais Superiores, é correto
afirmar que:
(A) admitido o recurso extraordinário ou o recurso espe-
cial por um fundamento, não se devolve ao tribunal
superior o conhecimento dos demais fundamentos.
(B) para efeito de relevância da questão federal, será
considerada a existência ou não de questões rele-
vantes do ponto de vista econômico, político, social
ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos
do processo.
(C) haverá repercussão geral sempre que o recurso im-
pugnar acórdão que contrarie súmula ou jurispru-
dência dominante do Supremo Tribunal Federal.
(D) o recurso que tiver a repercussão geral reconhecida
deverá ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá pre-
ferência sobre os demais feitos.
(E) a súmula da decisão sobre a repercussão geral cons-
tará de ata, que será publicada no diário oficial, mas
não valerá como acórdão.
47
João Maurício teve relação societária com Carla Cristina
durante 10 anos, e após desfazimento da sociedade en-
tendeu por necessária ação judicial na qual postulava o
ressarcimento de prejuízos havidos por sua saída, que
importavam na quantia de 50 mil reais, além de postu-
lar dano moral de 5 mil reais. Indicou que o pagamento
dos danos patrimoniais também poderia se dar median-
te entrega de automóvel em nome da sociedade. Nessa
linha, assinale a afirmativa correta.
(A) Trata-se de cumulação imprópria de pedidos no que
tange ao dano moral e material.
(B) Trata-se de cumulação imprópria subsidiária.
(C) É lícita a cumulação, em um único processo, contra o
mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles
não haja conexão.
(D) A interpretação do pedido considerará o conjunto da
postulação e observará o princípio da razoabilidade.
(E) Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber
ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir
a prestação de um ou de outro modo, salvo se o au-
tor não tenha formulado pedido alternativo.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
48
Sobre a força probante dos documentos, é correto
afirmar que:
(A) as declarações constantes do documento particular
escrito e assinado ou somente assinado presumem-
-se verdadeiras em relação ao destinatário.
(B) quando a lei exigir instrumento público como o da
substância do ato, nenhuma outra prova, por mais
especial que seja, poderá suprir-lhe a falta.
(C) o documento feito por oficial público incompetente ou
sem a observância das formalidades legais, ainda que
subscrito pelas partes, não tem eficácia probatória.
(D) a nota escrita pelo credor em qualquer parte de do-
cumento representativo de obrigação, ainda que não
assinada, faz prova em benefício do credor.
(E) qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica,
a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie,
tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas
representadas, ainda que sua conformidade com o
documento original seja impugnada por aquele con-
tra quem foi produzida.
49
Sobre a audiência de instrução e julgamento, analise os
itens a seguir.
I – Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as par-
tes, independentemente do emprego anterior de
outros métodos de solução consensual de conflitos,
como a mediação e a arbitragem.
II – O juiz poderá dispensar a produção das provas re-
queridas pela parte cujo advogado ou defensor pú-
blico não tenha comparecido à audiência, aplican-
do-se a mesma regra ao Ministério Público.
III – A audiência poderá ser integralmente gravada
em imagem e em áudio, em meio digital ou ana-
lógico, desde que previamente autorizado pelo
magistrado.
Está incorreto o que se afirma em:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II, apenas.
(D) III, apenas.
(E) I, II e III.
50
Maria é acionada judicialmente pelo Município de Be-
lém para pagar o seu IPTU, sendo que a citação foi re-
alizada validamente no dia 14/03/2024. Sobre o tema,
assinale a alternativa correta.
(A) A competência para processar e julgar a execução da
Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer
outro Juízo, inclusive o da falência, da concordata, da
liquidação, da insolvência ou do inventário.
(B) Maria será citada para pagar a dívida, garantir a exe-
cução ou opor embargos em 30 (trinta) dias, conta-
dos da juntada aos autos do instrumento de citação,
que pode ser por aviso de recebimento ou mandado.
(C) Nos embargos à execução fiscal é incabível a desig-
nação de audiência de instrução e julgamento.
(D) A dívida ativa da Fazenda Pública, compreendendo
a tributária e a não tributária, abrange a atualização
monetária, mas não os juros e as multas de mora.
(E) Na execução fiscal, até a decisão de segunda instân-
cia, a certidão de dívida ativa poderá ser emendada
ou substituída, assegurada ao executado a devolu-
ção do prazo para embargos.
Direito Civil
Maryanne Abreu
51
Acerca da tomada de decisão apoiada, assinale a alter-
nativa correta.
(A) O cônjuge ou companheiro, não separado judicial-
mente ou de fato, é, de direito, o apoiador.
(B) Na falta do cônjuge ou companheiro, é apoiador legí-
timo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente
que se demonstrar mais apto.
(C) A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade
e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que
esteja inserida nos limites do apoio acordado.
(D) Uma vez designado, o apoiador não pode solicitar ao
juiz a exclusão de sua participação do processo de
tomada de decisão apoiada.
(E) Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou
prejuízo relevante, havendo divergência de opiniões
entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, preva-
lece a decisão desses últimos.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
52
Carlos Henrique, um fenômeno da natação, aos 17 anos
foi contratado pelo Clube Minas como atleta profissional
auferindo mensalmente um salário de R$ 25.000,00 (vin-
te e cinco mil reais) que lhe possibilitava ter a sua própria
economia. Todavia, Carlos Henrique vem constantemen-
te sendo impedido pelos pais de usar livremente o seu
dinheiro ao fundamento de que ele é menor de idade e
não possui capacidade para exercer plenamente atos de
gerência do seu dinheiro e dos seus bens.
Nesse caso, diante da situação narrada, é correto
afirmar que:
(A) Carlos Henrique encontra-se emancipado e pode ad-
ministrar livremente o seu dinheiro e os seus bens
sem a assistência dos seus pais.
(B) os pais de Carlos Henrique estão corretos, já que a
capacidade civil se adquire aos 18 (dezoito) anos.
(C) Carlos Henrique encontra-se emancipado, mas os
pais mantêm o poder familiar.
(D) os pais de Carlos Henrique perderam a adminis-
tração dos bens do filho, mas permanecem como
usufrutuários.
(E) o salário de Carlos Henrique pode por ele ser gerido,
mas eventuais bens permanecem sob a administra-
ção dos pais até que ele complete a maioridade civil
aos 18 (dezoito) anos.
53
A expressão “meu reino por um cavalo”, da obra de
Shakespeare, pode ser um exemplo de vício do negócio
jurídico denominado:
(A) erro.
(B) coação.
(C) estado de perigo.
(D) simulação.
(E) fraude contra credores.
54
Levando-se em consideração as regras dispostas no Có-
digo Civil acerca dos institutos da prescrição e da deca-
dência, é correto afirmar que:
(A) os prazos de prescrição podem ser alterados por
acordo das partes.
(B) a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a
correr contra o seu sucessor.
(C) prescreve em três anos a pretensão para haver
prestações alimentares, a partir da data em que
se vencerem.
(D) tratando-se de decadência convencional, a parte a
quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de
jurisdição e o juiz pode suprir a alegação.
(E) é passível de anulação a renúncia à decadência fixa-
da em lei.
55
Acerca da Lei n. 8.009/1990, que dispõe sobre a impe-
nhorabilidade do bem de família e a jurisprudência dos
Tribunais Superiores, assinale a alternativa incorreta.
(A) É válida a penhora de bem de família pertencente a
fiador de contrato de locação.
(B) É constitucional a penhora de bem de família perten-
cente a fiador de contrato de locação, seja residen-
cial, seja comercial.
(C) Se o devedor não alegar a impenhorabilidade do bem
de família no momento oportuno haverá preclusão.
(D) Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de
transporte, obras de arte e adornos suntuosos.
(E) A impenhorabilidade convencional é relativa, uma vez
que o imóvel apenas estará protegido da execução por
dívidas subsequentes à sua constituição, não servindo
às obrigações existentes no momento de seu gravame.
56
Acerca da transmissão das obrigações nos termos do Có-
digo Civil, analise as proposições abaixo.
I – Salvo estipulação em contrário, o cedente sempre
responde pela solvência do devedor.
II – Salvo disposição em contrário, na cessão de um cré-
dito abrangem-se todos os seus acessórios.
III – Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor
para que consinta na assunção da dívida, interpre-
tando-se o seu silêncio como aceitação.
É correto o que se afirma em:
(A) I, apenas.
(B) I e II.
(C) II, apenas.
(D) II e III.
(E) I, II e III.
57
O princípio da boa-fé objetiva traduz uma cláusula geral
principiológica de conteúdo ético e exigibilidade jurídi-
ca implícita em todo o contrato. Assim, toda e qualquer
cláusula contratual deve ter seu sentido e alcance de-
terminado pela ética que se espera das partes.
Conforme a doutrina civilista, o trecho em destaque tra-
duz uma função da boa-fé objetiva. Assinale-a.
(A) Função constitutiva.
(B) Função integradora.
(C) Função interpretativa.
(D) Função limitativa.
(E) Função de controle.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
58
De acordo com o disposto no Código Civil sobre o contra-
to de transporte, assinale a alternativa incorreta.
(A) O dano, resultante do atraso ou da interrupção da
viagem, será determinado em razão da totalidade
do percurso.
(B) O transportador responde pelos danos causados às
pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo
de força maior, sendo passível de anulação cláusula
excludente da responsabilidade.
(C) É lícito ao transportador exigir a declaração do valor
da bagagem, a fim de fixar o limite da indenização.
(D) O transportador pode recusar a coisa cuja embala-
gem seja inadequada.
(E) O transportador pode exigir que o remetente lhe
entregue relação discriminada das coisas a serem
transportadas.
59
A teoria da perda de uma chance determina que, se al-
guém, ao praticar um ato ilícito, fizer com que outra pes-
soa perca a oportunidade de obter uma vantagem ou de
se evitar um prejuízo, esta conduta ensejará indenização
pelos danos causados.
Levando-se em consideração a jurisprudência dos tribu-
nais superiores, é correto afirmar que:
(A) o Superior Tribunal de Justiça estabeleceu os seguin-
tes requisitos para aplicação da teoria: a existência
de chance, concreta, real, com alto grau de probabi-
lidade; o nexo causal e a necessidade de atentar para
o fato de que o dano não é o benefício perdido.
(B) a responsabilidade pela perda de uma chance pode
ter como consequência o dever de indenizar os pre-
juízos materiais e os danos morais, não sendo possí-
vel, todavia, que o seja de forma concomitante.
(C) o dano resultante da aplicação da teoria da perda de
uma chance é considerado lucro cessante, uma vez
que é algo que a pessoa deixou de ganhar.
(D) havendo pedido de indenização por perdas e danos
em geral, não pode o juiz reconhecer a aplicação da
perda de uma chance.
(E) na teoria da perda de uma chance se paga como in-
denização o valor do resultado final que poderia ter
sido obtido.
60
Sobre a hipoteca, assinale a alternativa correta.
(A) Pode ser objeto de hipoteca a propriedade superficiária.
(B) Salvo caso de insolvência do devedor, o credor da se-
gunda hipoteca, desde que vencida, poderá executar
o imóvel antes de vencida a primeira.
(C) O inadimplemento da obrigação garantida por hipote-
ca impõe ao credor declarar vencidas as demais obriga-
ções de que for titular garantidas pelo mesmo imóvel.
(D) A extensão da hipoteca poderá exceder ao prazo e ao
valor máximo garantido constantes da especialização
da garantia original, desde que previamente ajustada.
(E) Considera-se insolvente o devedor por faltar ao pa-
gamento das obrigações garantidas por hipotecas
posteriores à primeira.
61
Acerca das práticas comerciais previstas no Código de
Defesa do Consumidor, assinale a alternativa correta.
(A) Os fabricantes deverão assegurar a oferta de com-
ponentes enquanto não cessar a fabricação, porém,
cessada a produção, a oferta será mantida por no mí-
nimo 90 (noventa) dias.
(B) É vedada a publicidade de bens por telefone, quando
a chamada for onerosa ao consumidor que a origina.
(C) O fornecedor do produto ou serviço é subsidiaria-
mente responsável pelos atos de seus prepostos ou
representantes autônomos.
(D) Inexiste no Código de Defesa do Consumidor espe-
cificações e exigências expressas para veiculação
de publicidade.
(E) A publicidade é enganosa apenas por comissão.
62
São medidas específicas expressas de proteção ao idoso
com base na Lei n. 10.741/2003, exceto:
(A) abrigo temporário.
(B) inclusão em programa oficial ou comunitário de auxí-
lio, orientação e tratamento a usuários dependentes
de drogas lícitas ou ilícitas a pessoa de convivência
do idoso.
(C) requisição para tratamento de sua saúde em regi-
me domiciliar.
(D) abrigo em entidade.
(E) internação compulsória em caso de doença grave.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
Direito Empresarial
Edilson Enedino
63
Sobre as sociedades empresárias e a responsabilidade
pelas obrigações sociais, o Superior Tribunal de Justiça e
o Supremo Tribunal Federal consolidaram alguns enten-
dimentos. Com base nesses entendimentos, assinale a
alternativa correta.
(A) Não ofende o princípio da livre concorrência lei mu-
nicipal que impede a instalação de estabelecimentos
comerciais do mesmo ramo em determinada área.
(B) É ilegítima a penhora da sede do estabelecimento
comercial.
(C) Na apuração de haveres prevalece o balanço, mes-
mo não aprovado pelo sócio falecido, excluído ou
que se retirou.
(D) Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabi-
lidade da sucessora abrange não apenas os tributos
devidos pela sucedida, mas também as multas mora-
tórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocor-
ridos até a data da sucessão.
(E) Presume-se dissolvida irregularmente a empresa
que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem
comunicação aos órgãos competentes, legitimando
o redirecionamento da execução fiscal para todos os
sócios da pessoa jurídica.
64
Os contratos empresariais têm sido objeto constante
de apreciações do Superior Tribunal de Justiça. Assina-
le a alternativa que indica um entendimento consolida-
do pelo STJ.
(A) No contrato de arrendamento mercantil (leasing),
em razão da existência de cláusula resolutiva expres-
sa, não é necessária a notificação prévia do arrenda-
tário para constituí-lo em mora.
(B) A notificação destinada a comprovar a mora nas dívi-
das garantidas por alienação fiduciária exige a indica-
ção do valor do débito.
(C) Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos
contratos de plano de saúde.
(D) As administradoras de consórcio têm liberdade para
estabelecer a respectiva taxa de administração, ain-
da que fixada em percentual superior a dez por cen-
to, não havendo abusividade da cláusula que estabe-
lece percentual superior.
(E) Não cabe ação monitória para haver saldo remanes-
cente oriundo de venda extrajudicial de bem aliena-
do fiduciariamente em garantia.
65
Com base na jurisprudência consolidada do Superior Tri-
bunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal sobre o
cheque, assinale a alternativa que apresenta o entendi-
mento adotado por ambos os tribunais.
(A) A simples devolução indevida de cheque caracteriza
dano moral. O mesmo ocorre no caso de apresenta-
ção antecipada de cheque pré-datado.
(B) O prazo para ajuizamento de ação monitória em face
do emitente de cheque sem força executiva é quinque-
nal, a contar da data de emissão estampada na cártula.
(C) Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajui-
zada contra o endossante, é dispensável a menção ao
negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
(D) O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadas-
tro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF),
tem a responsabilidade de notificar previamente o
devedor acerca da sua inscrição no aludido cadas-
tro, bem como legitimidade passiva para as ações
de reparação de danos fundadas na ausência de
prévia comunicação.
(E) O estabelecimento bancário é responsável pelo pa-
gamento de cheque falso, independentemente de
culpa exclusiva ou concorrente do correntista.
66
O acrônimo ESG (environmental, social and governan-
ce) surgiu no contexto do Pacto Global, em decorrência
de iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU),
da qual resultou o Relatório Who Cares Wins (Quem se
importa, vence), em 2004. Função social da empresa,
responsabilidade social e sustentabilidade são as molas
propulsoras do engajamento das empresas na imple-
mentação de Direitos Fundamentais. A implantação do
princípio ESG fez surgir outros bens intangíveis a com-
por o patrimônio total da empresa. Indique a alternativa
que indica esses novos bens imateriais de empresa en-
gajada no ESG.
(A) Patente e qualidade da governança.
(B) Marca e qualidade da gestão.
(C) Nome empresarial e reputação.
(D) Ponto e aspectos sociais e trabalhistas.
(E) Qualidade da gestão e histórico de respeito aos direi-
tos humanos.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
67
Dentre as novidades introduzidas na Lei de Falências
pela Lei n. 14.112/2005, a consolidação processual e a
consolidação substancial vieram para permitir um pro-
cesso de recuperação judicial coletivo. Permite-se que
empresários de um mesmo grupo econômico formem
um litisconsórcio ativo, todavia o destino de cada empre-
sário poderá ser distinto dos demais, pois o tratamento
intraprocessual será individualizado para cada um. As-
sim, alguns poderão levar a cabo a sua recuperação, en-
quanto outros poderão ter a sua falência decretada. Há
possibilidade de solução unificada para todas as empre-
sas, a consolidação substancial. Sobre esse instituto, é
correto afirmar que:
(A) para que o juiz autorize a consolidação substancial
deverá ser demonstrada a identidade total ou parcial
do quadro societário.
(B) para que o juiz autorize a consolidação substancial
deverá ser demonstrada a interconexão e a confusão
entre ativos ou passivos dos devedores.
(C) para que o juiz autorize a consolidação substancial
deverá ser demonstrada a existência de garantias
cruzadas entre os postulantes.
(D) para que o juiz autorize a consolidação substancial
deverá ser demonstrada a atuação conjunta no mer-
cado entre os postulantes.
(E) em decorrência da consolidação substancial, ativos e
passivos de devedores serão tratados separadamen-
te para cada recuperando.
68
A falência frustrada decorre da ausência de patrimônio
suficiente para suportar as despesas do processo fali-
mentar. Sobre o referido instituto, é correto afirmar que:
(A) a legislação falimentar brasileira sempre previu a fa-
lência frustrada.
(B) porque caracterizada no início do processo, a falência
frustrada dispensa a intervenção do Ministério Público.
(C) o procedimento de execução frustrada poderá ser
requerido pelo administrador judicial ou por qual-
quer credor.
(D) mesmo caracterizada a falência frustrada, os credo-
res poderão evitá-la.
(E) os poucos bens eventualmente arrecadados deverão
ser alienados no prazo de 30 dias, os móveis, e 90
dias, os imóveis.
Direito Penal
Léo Castro
69
João, decidido a furtar um celular em uma loja de ele-
trônicos, entra no estabelecimento e, após escolher o
aparelho que deseja subtrair, o esconde dentro de sua
roupa, saindo da loja sem ser percebido. Vinte minutos
após a ação, sentindo-se extremamente culpado pelo
que fez, João decide voltar à loja para devolver o celular
intacto e se entregar às autoridades, explicando todo o
ocorrido. Com base nos fatos apresentados, assinale a
alternativa correta.
(A) João cometeu o crime de furto consumado, sendo
irrelevante o ato de devolver o bem subtraído.
(B) A atitude de João caracteriza tentativa de furto, pois
houve desistência voluntária antes da consumação
do crime.
(C) João será responsabilizado pelo crime de furto, mas
deverá ser beneficiado por circunstância atenuante
em razão da devolução do bem.
(D) Não há crime no ato de João, considerando a sua de-
sistência voluntária e a devolução do bem antes de
qualquer denúncia formal.
(E) João pode se beneficiar do arrependimento poste-
rior, previsto no Código Penal, tendo em vista a de-
volução voluntária e integral do bem.
70
Após consumir voluntariamente grande quantidade de
bebida alcoólica em uma festa, Carlos se envolve em
uma briga e, agindo sob os efeitos do álcool, lesiona
gravemente outra pessoa. Levado à justiça, a defesa de
Carlos alega que a sua capacidade de entendimento e
determinação estava completamente comprometida no
momento do ato, buscando assim isentar-se de pena.
Com base nos fatos apresentados e na legislação penal
brasileira, assinale a alternativa correta.
(A) Carlos é considerado inimputável, pois estava sob o
efeito de substância psicoativa que anulou a sua ca-
pacidade de entendimento e autodeterminação.
(B) A embriaguez completa e voluntária é causa de ex-
clusão da imputabilidade penal, devendo Carlos ser
absolvido.
(C) Carlos pode ser considerado semi-imputável, redu-
zindo-se a pena se comprovado que a embriaguez
afetou parcialmente a sua capacidade de entendi-
mento e determinação.
(D) Carlos é inimputável, pois a embriaguez, indepen-
dentemente de ser voluntária ou não, exclui a culpa-
bilidade.
(E) Carlos é plenamente responsabilizado por seus atos,
visto que a embriaguez voluntária não exclui a impu-
tabilidade penal.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
71
Joana estava caminhando em um parque quando, de re-
pente, um cachorro grande e desconhecido avançou em
sua direção de forma agressiva, latindo e mostrando os
dentes, claramente pronto para lhe atacar. Joana, perce-
bendo que não haveria tempo para fugir ou buscar ajuda
e temendo por sua integridade física, pegou uma pedra
do chão e atirou contra o cachorro, conseguindo afastá-
-lo e evitando o ataque. Considerando os elementos nar-
rados, é correto afirmar que a ação de Joana pode ser
juridicamente classificada como:
(A) legítima defesa, pois houve uso moderado dos meios
necessários para repelir uma agressão iminente.
(B) estado de necessidade, pois Joana estava protegen-
do seu bem jurídico mais precioso, a vida, diante de
uma situação de perigo atual.
(C) exercício regular de um direito, visto que qualquer
pessoa tem o direito de se defender de agressões em
locais públicos.
(D) estrito cumprimento do dever legal, uma vez que
agir para proteger a própria integridade física é um
dever imposto por lei.
(E) causa supralegal de exclusão da culpabilidade.
72
Com base na Lei de Abuso de Autoridade – Lei n.
13.869/2019, identifique a alternativa correta.
(A) A pena para todos os crimes previstos nesta lei é de
detenção.
(B) A condenação por abuso de autoridade leva automa-
ticamente à perda do cargo público.
(C) Pode-se impor a inabilitação para o exercício de cargo,
mandato ou função pública, por um período de 1 a 6
anos, em caso de condenação por abuso de autoridade.
(D) Essa lei não se aplica aos militares.
(E) É típica a conduta conhecida por crime de herme-
nêutica.
73
Durante um conflito relacionado a vagas de estaciona-
mento no condomínio, João, impulsionado por uma for-
te emoção, decorrente de ofensas dirigidas à sua mãe
por Carlos, referiu-se a este último como “macaco” em
um contexto claramente racial. Diante dessa situação, é
adequado afirmar que João deve responder por:
(A) injúria racial, conforme o art. 140, § 3º, do Códi-
go Penal.
(B) injúria motivada por discriminação ou preconceito,
de acordo com o art. 2º-A da Lei n. 7.716/1989.
(C) calúnia, conforme estipulado no art. 138 do Códi-
go Penal.
(D) difamação, segundo o art. 139 do Código Penal.
(E) nenhum crime, pois agiu amparado por causa exclu-
dente da ilicitude.
74
Durante um assalto a uma loja de conveniência, João,
utilizando um simulacro de arma de fogo, ameaça o cai-
xa e subtrai todo o dinheiro disponível. Considerando a
ação de João e a legislação penal brasileira, bem como a
jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a alter-
nativa correta.
(A) João cometeu um ato de ameaça simples, pois utili-
zou um simulacro, não configurando roubo.
(B) João será punido por furto, uma vez que não houve
violência física direta contra a vítima.
(C) A pena de João pode ser substituída por restritivas
de direitos, visto que não houve uso de arma de fogo
verdadeira.
(D) O ato de João configura roubo, e ele não poderá ter
a pena substituída por restritivas de direitos, devido
ao uso de grave ameaça.
(E) O uso de simulacro por João é considerado uma for-
ma leve de coerção, caracterizando o crime como
furto qualificado.
75
Três indivíduos foram denunciados por subtrair R$ 224
mil de uma empresa de segurança e transporte de valo-
res. O Ministério Público sugeriu a exasperação da pena-
-base devido ao prejuízo vultoso.
Contudo, considerando a natureza da vítima (uma em-
presa de transporte de valores), avalie as seguintes al-
ternativas e indique a correta sobre a exasperação da
pena-base.
(A) A pena-base deve ser aumentada devido ao alto va-
lor subtraído.
(B) O prejuízo financeiro justifica a exasperação da pena-
-base independentemente do negócio da vítima.
(C) A exasperação da pena-base é válida, pois crimes
contra empresas de segurança têm tratamento penal
mais severo.
(D) O alto valor subtraído impede a suspensão condicio-
nal do processo.
(E) No crime de furto contra empresa de segurança e
transporte de valores, o prejuízo está inserido no ris-
co do negócio e não autoriza a exasperação da pena
basilar, porquanto ínsito ao tipo penal.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
76
Em um caso concreto, Roberto insinuou, por meio de
uma mensagem enviada a diversos conhecidos, que
Weverton mantinha um relacionamento homossexual
extraconjugal com outro homem. Sentindo-se ofendida
pela insinuação que atingia a honra de seu marido e, por
extensão, a sua própria, a esposa de Weverton decidiu
tomar medidas legais.
Considerando o contexto e a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal (STF), assinale a alternativa que melhor
representa a possibilidade legal da esposa de Weverton
ajuizar queixa-crime por injúria contra Roberto.
(A) A esposa não tem legitimidade, pois a injúria foi dire-
cionada exclusivamente a Weverton.
(B) Apenas Weverton pode ajuizar queixa-crime, uma vez
que a mensagem não mencionava a esposa diretamente.
(C) A esposa tem legitimidade para ajuizar queixa-crime
apenas se Weverton também o fizer.
(D) Qualquer pessoa que se sentiu ofendida pela mensa-
gem pode ajuizar queixa-crime.
(E) A esposa tem legitimidade para ajuizar queixa-cri-
me contra Roberto pela prática do crime de injúria,
independentemente de ter sido mencionada na
mensagem.
77
Durante a apuração de violência contra jovens margina-
lizados no Brasil, o Deputado Federal Carlos Silva expres-
sou preocupação sobre estereótipos negativos prevalen-
tes em relação a pessoas negras e pobres. Seu discurso
foi alterado e compartilhado de maneira deturpada por
outro parlamentar, o Deputado Felipe Andrade, em uma
rede social. O vídeo editado excluiu partes importantes
do discurso, fazendo parecer que Silva afirmava: “Uma
pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa. É mais
perigosa do que uma pessoa branca de classe média”,
ao contrário do contexto original, em que Silva criticava
essa percepção discriminatória. Diante dessa manipula-
ção, Silva ingressou com uma queixa-crime contra An-
drade, acusando-o de difamação, com base no art. 139
do Código Penal, que define difamação como imputar a
alguém fato ofensivo à sua reputação.
Com base na situação apresentada, assinale a alterna-
tiva que indica a correta decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF) sobre a admissibilidade da queixa-crime.
(A) O STF recusou a queixa-crime, considerando que a
edição do vídeo estava amparada pela imunidade
parlamentar.
(B) A queixa foi aceita, condicionada à apresentação de
mais evidências da intenção difamatória por parte
de Andrade.
(C) A queixa-crime foi recusada, por julgar que não hou-
ve intenção de difamar na edição do vídeo.
(D) O STF recebeu a queixa-crime, destacando que a edi-
ção do vídeo teve a clara intenção de difamar Silva,
não sendo protegida pela imunidade parlamentar. O
Ministro relator do caso, ao analisar os fatos, enfati-
zou que tal manipulação do discurso visava atribuir a
Silva a defesa de ideias racistas, podendo até motivar
acusações de calúnia. A decisão ressaltou a presença
do dolo na ação de Andrade, configurando, assim, o
crime de difamação.
(E) A queixa-crime foi aceita sob o argumento de que
não havia suficiente clareza quanto à intenção de
Andrade, necessitando de investigação adicional.
78
João, ao atualizar seu currículo na plataforma Lattes, in-
cluiu informações sobre títulos acadêmicos que não pos-
sui, visando melhorar as suas chances em um processo
seletivo para uma vaga de pesquisa. Posteriormente, a
instituição descobriu a inverdade e decidiu tomar me-
didas legais.
Considerando a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), assinale a alternativa que indica como se
classifica a conduta de João de inserir informações falsas
em seu currículo Lattes.
(A) João cometeu o crime de estelionato, pois tentou ob-
ter vantagem ilícita mediante fraude.
(B) A conduta de João configura falsidade documental,
pois alterou um documento público.
(C) João é responsável por falsidade ideológica, visto
que inseriu dados falsos em um documento com o
intuito de obter vantagem.
(D) Inserir informações falsas no currículo Lattes não é
considerado crime de falsidade ideológica, segundo
entendimento do STJ.
(E) A ação de João pode ser enquadrada como crime
contra a ordem tributária, por falsificar informações
que poderiam influenciar em contribuições sociais.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
79
Durante uma blitz de trânsito, João foi abordado e apre-
sentou aos policiais uma carteira de habilitação que,
após consulta ao sistema do DETRAN, revelou-se falsifi-
cada. João confessou ter adquirido a CNH por R$ 250,00,
sem realizar os exames necessários. Posteriormente,
João foi condenado pelo crime de uso de documento
falso, baseado nos depoimentos dos policiais e em sua
própria confissão. A defesa de João recorreu da conde-
nação, argumentando que a falta de exame pericial no
documento impedia a condenação, conforme o art. 158
do Código de Processo Penal (CPP), que estabelece a
necessidade de exame de corpo de delito nos casos em
que a infração deixa vestígios.
Diante do exposto, acerca da tese da defesa de João, é
correto afirmar que o Superior Tribunal de Justiça (STJ):
(A) a aceitou, pois o STJ entende que a ausência de exa-
me pericial impede qualquer condenação pelo crime
de uso de documento falso.
(B) não a aceitou, porque o STJ admite a condenação
baseada em outros elementos de prova, como docu-
mentos e testemunhos, sem a necessidade de exame
pericial, quando há confissão do acusado.
(C) a aceitou, uma vez que o STJ considera o exame pericial
como único meio de prova válido para a comprovação
da materialidade do crime de uso de documento falso.
(D) não a aceitou, porém somente se a defesa tivesse
solicitado a realização do exame pericial durante o
processo, o que não ocorreu.
(E) a aceitou, já que o STJ sustenta que sem o exame pe-
ricial específico, não se pode estabelecer a autentici-
dade ou falsidade de um documento com certeza.
80
Pedro, um agente penitenciário, foi surpreendido com 2
quilos de maconha e 7 aparelhos celulares durante uma
revista na entrada do presídio onde trabalhava. Diante
deste fato, o Ministério Público o denunciou pelos cri-
mes de tráfico de drogas e favorecimento real impróprio,
com base no art. 349-A do Código Penal, que criminaliza
o ato de ingressar ou facilitar a entrada de dispositivos
de comunicação móvel ou similares em estabelecimen-
tos prisionais sem autorização legal.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisou o caso. Com
base na interpretação do STJ sobre a natureza da condu-
ta de Pedro em relação ao crime previsto no artigo 349-A
do Código Penal, assinale a alternativa correta.
(A) O STJ considerou que houve consumação do crime,
visto que Pedro tinha a intenção de introduzir os
itens proibidos no presídio.
(B) Foi entendido pelo STJ que a conduta de Pedro cons-
tituiu tentativa do crime, pois foi interceptado ainda
durante a revista, antes de efetivamente ingressar no
presídio com os itens.
(C) O STJ decidiu que Pedro não cometeu crime algum
sob o art. 349-A do CP, considerando a sua posição
como agente penitenciário.
(D) O STJ interpretou que Pedro deveria ser acusado ex-
clusivamente pelo crime de tráfico de drogas, des-
considerando a acusação sob o art. 349-A do CP.
(E) A corte julgou que Pedro realizou um ato preparató-
rio, não configurando nem mesmo tentativa do cri-
me previsto no art. 349-A do CP.
 3º Simulado
Exame Nacional da Magistratura

GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
B C A D A C C B E A
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
A D E C A C A C D E
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
C D E C D C B D D E
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
B E B B E C A D C B
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
B C E B B C C B D A
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
C A C B C C C B A A
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
B E D D A E B D E E
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
B A B D E E D D B B
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3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
CONHECIMENTOS GERAIS
Direito Constitucional, Direito Constitucional
do Trabalho, Direito Constitucional Tributário e
Normas Constitucionais de Processo Penal
Samuel Marques
1 o benefício.
Maria e Antônia são funcionárias públicas e vivem em
união estável há mais de 4 anos. Maria engravidou por
meio de inseminação artificial e deu à luz a uma criança
saudável. Como mãe biológica, Maria solicitou e teve de-
ferido o pedido de licença-maternidade, conforme pre-
visto na legislação trabalhista. Antônia, companheira de
Maria, por sua vez, questionou ao seu advogado sobre a
possibilidade de também gozar de licença em razão do
nascimento do seu filho, mesmo não sendo a gestante.
Diante do entendimento do Supremo Tribunal Federal
acerca de tal direito, assinale a opção que deve funda-
mentar a resposta do advogado.
(A) Diante da situação narrada, a mãe, funcionária pú-
blica, não gestante, em união homoafetiva também
tem direito ao gozo de licença-maternidade.
(B) Como a companheira gestante utilizou do benefício
da licença-maternidade, a companheira não gestan-
te fará jus apenas à licença por período equivalente
ao da licença-paternidade.
(C) Em razão de as duas mulheres serem mães, ambas de-
vem ter o direito ao benefício da licença-maternidade.
(D) Não terá direito à licença-maternidade por falta de
previsão legal.
(E) Somente poderá usufruir de licença-adotante, cuja
duração é inferior ao da licença-maternidade.
Letra b.
Assunto abordado: Direitos Fundamentais Sociais. Direi-
to ao Trabalho. Direito Constitucional do Trabalho.
(A) Errada. Diante do entendimento do Supremo Tribu-
nal Federal, a partir do julgamento do RE 1211446, com
repercussão geral, caso a companheira tenha utilizado o
benefício, fará jus à licença pelo período equivalente ao
da licença-paternidade.
(B) Certa. O fundamento se encontra no julgamento do
Supremo Tribunal Federal, o RE 1211446, com repercus-
são geral, em que se fixou a tese de que a mãe servido-
ra ou trabalhadora não gestante em união homoafeti-
va tem direito ao gozo de licença-maternidade. Caso a
companheira tenha utilizado o benefício, fará jus à licen-
ça pelo período equivalente ao da licença-paternidade.
(C) Errada. Tal afirmativa foi considerada como tese ven-
cida no julgamento do RE 1211446, em que o STF en-
tendeu que a mãe não gestante só gozaria da licença-
-maternidade caso a companheira gestante não tenha
utilizado o benefício.
(D) Errada. Trata-se de afirmativa que não tem validade
diante do entendimento do Supremo Tribunal Federal
acerca da determinação de aplicação das diretrizes cons-
titucionais e legais na situação narrada.
(E) Errada. Conforme explanado nos comentários ante-
riores, fixou-se a tese de que, na situação narrada, deve
ser concedido o benefício pelo período equivalente à li-
cença-paternidade, uma vez que a mãe gestante utilizou
2
O Tribunal de Contas é responsável pela fiscalização das
contas públicas e pelo controle da legalidade, da eco-
nomicidade, da eficiência e da eficácia da gestão dos
recursos públicos. Seu papel é crucial para garantir a
transparência, a probidade administrativa e o bom uso
do dinheiro público. Sobre tal temática, analise as afir-
mativas a seguir.
I – A titularidade da função de controle externo da
União pertence ao Tribunal de Contas da União, ao
qual compete realizar a fiscalização contábil, finan-
ceira, orçamentária, operacional e patrimonial das
entidades da administração direta e indireta.
II – É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erá-
rio fundada em decisão de Tribunal de Contas.
III – A competência técnica do Tribunal de Contas do Esta-
do, ao negar registro de admissão de pessoal, não se
subordina à revisão pelo Poder Legislativo respectivo.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e III.
(B) III, apenas.
(C) II e III.
(D) II, apenas.
(E) I, II e III.
Letra c.
Assunto abordado: Poder Legislativo. Fiscalização Con-
tábil, Financeira e Orçamentária. Tribunal de Contas.
I) Errado. A função de controle externo da União, conforme
determina o art. 71 da CF/1988, é do Congresso Nacional,
sendo o Tribunal de Contas da União um órgão de auxílio.
II) Certo. Trata-se de afirmativa em acordo com o previsto
em decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do RE 636886, com repercussão geral, em
que se discutiu o alcance da regra estabelecida no art. 37,
§ 5º, da CF/1988, relativamente a pretensões de ressar-
cimento ao erário fundadas em decisões de Tribunal de
Contas, em que foi fixada a tese de que, em tal situação,
é prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário
III) Certo. De acordo com o Supremo Tribunal Federal,
a partir do julgamento do RE 576920, com repercussão
geral, a competência técnica do Tribunal de Contas do
Estado, ao negar registro de admissão de pessoal, não
se subordina à revisão pelo respectivo Poder Legislativo.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
3 decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37,
A vedação ao nepotismo refere-se à proibição de favo-
recimento ou nomeação de familiares para cargos pú-
blicos, com base em relações de parentesco, sem con-
siderar critérios de mérito, competência ou qualificação
profissional. Essa prática pode comprometer a impar-
cialidade, a moralidade e a eficiência na administração
pública, além de gerar desigualdades de oportunidades
no acesso aos cargos e funções públicas.
Diante da temática apresentada, assinale a alternati-
va incorreta.
(A) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, leis que
tratam dos casos de vedação a nepotismo são de ini-
ciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo.
(B) A vedação ao nepotismo se aplica a agentes de todos
os poderes, incluindo o poder judiciário, impedindo
a contração de parentes até o terceiro grau.
(C) Para o Supremo Tribunal Federal, a vedação ao ne-
potismo dispensa edição de lei formal, visto que a
proibição é extraída diretamente dos princípios cons-
titucionais que norteiam a atuação administrativa.
(D) O nepotismo configura-se como violação ao princí-
pio da impessoalidade.
(E) É inconstitucional lei estadual que permite a nomea-
ção, por agente público, de até dois parentes de au-
toridades, além do cônjuge do chefe do Poder Execu-
tivo, para cargos em comissão ou função gratificada
Letra a.
Assunto abordado: Administração Pública.
(A) Errada. Conforme o entendimento do Supremo Tri-
bunal Federal, no julgamento do RE 570392, com reper-
cussão geral, fixou-se a tese de que leis que tratam dos
casos de vedação a nepotismo não são de iniciativa ex-
clusiva do Chefe do Poder Executivo.
(B) Certa. Trata-se do entendimento indicado na Súmula
Vinculante 13, que dispõe o seguinte:
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em
linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servi-
dor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de
direção, chefia ou assessoramento, para o exercício
de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
função gratificada na administração pública direta e
indireta em qualquer dos poderes da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, compreen-
dido o ajuste mediante designações recíprocas, viola
a Constituição Federal.
(C) Certa. O Supremo Tribunal Federal fixou tese, dian-
te do julgamento do RE 579951, com repercussão geral,
de que a vedação ao nepotismo não exige a edição de
lei formal para coibir a prática, dado que essa proibição
caput, da CF/1988.
(D) Certa. A prática de nepotismo viola o princípio da im-
pessoalidade ao introduzir critérios subjetivos na admi-
nistração pública, comprometendo a imparcialidade e a
neutralidade dos atos administrativos. Além disso, fere o
princípio da igualdade, ao privilegiar determinados indi-
víduos com base em relações familiares, em detrimento
de outros candidatos que possam ser mais qualificados
e aptos para ocupar os cargos públicos.
(E) Certa. Corresponde ao entendimento estabelecido
pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI
3745, em que se compreendeu que tal matéria, além de
subverter o intuito moralizador inicial da norma, ofende
irremediavelmente a Constituição Federal.
4
As jurisprudências do Supremo Tribunal Federal forne-
cem interpretações consistentes das leis e da Constitui-
ção, garantindo uniformidade, estabilidade e previsibili-
dade no sistema jurídico brasileiro.
À luz do entendimento jurisprudencial do Supremo Tri-
bunal Federal, assinale a alternativa correta.
(A) Ofende o princípio da livre concorrência a lei munici-
pal que fixe horário de funcionamento de estabeleci-
mento comercial.
(B) É constitucional a lei estadual que determina a vin-
culação do reajuste de vencimentos de servidores
estaduais a índices federais de correção monetária.
(C) Prescinde de previsão legal a exigência de aprovação
em exame psicotécnico para habilitação de candida-
to a cargo público.
(D) A falta de estabelecimento penal apropriado não
justifica a manutenção do condenado em um regime
prisional mais severo.
(E) Projeto de lei que discipline os vencimentos dos
membros das polícias civil e militar e do corpo de
bombeiros militar do Distrito Federal será discutido
e votado na Câmara Legislativa.
Letra d.
Assunto abordado: Supremo Tribunal Federal. Organiza-
ção do Poder Judiciário.
(A) Errada. Conforme se depreende do entendimento
da Súmula Vinculante 38, o Município é competente
para fixar o horário de funcionamento de estabeleci-
mento comercial.
(B) Errada. A afirmativa se encontra em oposição ao in-
dicado na Súmula Vinculante 42, que dispõe ser incons-
titucional a vinculação do reajuste de vencimentos de
servidores estaduais ou municipais a índices federais de
correção monetária.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
(C) Errada. De acordo com a Súmula Vinculante 44, só
por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilita-
ção de candidato a cargo público.
(D) Certa. Essa afirmativa está alinhada com o que é es-
tabelecido na Súmula Vinculante 56, que determina que
a falta de estabelecimento penal adequado não autoriza
a manutenção do condenado em regime prisional mais
gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâ-
metros fixados no RE 641.320. RS.
(E) Errada. A Súmula Vinculante 39 determina que com-
pete privativamente à União legislar sobre vencimentos
dos membros das polícias civil e militar e do corpo de
bombeiros militar do Distrito Federal.
5
A Constituição Federal brasileira assegura a proteção ao
meio ambiente como um direito fundamental, estabele-
cendo princípios, diretrizes e instrumentos para garantir
a sua preservação e uso sustentável.
Acerca dos princípios do direito ambiental, com base nas
jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e do Supe-
rior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta.
(A) A criação de um procedimento de licenciamento am-
biental estadual menos eficiente à proteção do meio
ambiente equilibrado em relação às atividades de
mineração é contrária à Constituição Federal.
(B) Deve ser proibida qualquer prática que submeta os
animais à crueldade, até mesmo as práticas espor-
tivas que sejam manifestações culturais, registradas
como bem de natureza imaterial integrante do patri-
mônio cultural brasileiro.
(C) Apesar de reconhecer a relevância do meio ambien-
te para a qualidade de vida da sociedade, o Supremo
Tribunal Federal decidiu que o direito a um meio am-
biente ecologicamente equilibrado não é considera-
do um direito de terceira geração.
(D) Considera-se inconstitucional lei que autorize ato
decorrente de liturgia religiosa, mesmo de matrizes
africanas, que disponha sobre o sacrifício de animais.
(E) A competência federativa para proteger o meio am-
biente restringe-se aos estados.
Letra a.
Assunto abordado: O direito ao meio ambiente saudá-
vel e equilibrado.
(A) Certa. Segundo o julgado pelo Supremo Tribunal Fe-
deral, na ADI 6650, o estabelecimento de procedimento
de licenciamento ambiental estadual que torne menos
eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado quan-
to às atividades de mineração afronta o caput do art. 225
da CF/1988 por inobservar o princípio da prevenção.
(B) Errada. Conforme determina o art. 225, § 7º, da
CF/1988, não se consideram cruéis as práticas des-
portivas que utilizem animais, desde que sejam mani-
festações culturais registradas como bem de natureza
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro,
devendo ser regulamentadas por lei específica que asse-
gure o bem-estar dos animais envolvidos.
(C) Errada. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento
do RE 134.297, indicou que o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado corresponde à consagração
constitucional de um típico direito de terceira geração.
(D) Errada. Para o Supremo Tribunal Federal, diante do
julgamento do RE 494601, fixou-se a tese de que é cons-
titucional a lei de proteção animal que, a fim de resguar-
dar a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de
animais em cultos de religiões de matriz africana.
(E) Errada. Diante do art. 23, VI, da CF/1988, conclui-se que
a proteção ao meio ambiente é competência comum da
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
6
O controle de constitucionalidade é o processo pelo qual
se verifica a conformidade das leis e atos normativos
com a Constituição, assegurando a sua compatibilidade
com os princípios e normas constitucionais.
Com base no controle de constitucionalidade abstrato,
tendo por parâmetro a Constituição Federal, assinale a
alternativa que indique um legitimado.
(A) Advogado-Geral da União.
(B) Procurador Geral de Justiça.
(C) Entidade de classe com representatividade em 9 es-
tados da federação.
(D) Mesa das câmaras municipais.
(E) Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.
Letra c.
Assunto abordado: Controle de Constitucionalidade.
Poder Judiciário.
(A) Errada. O Advogado-Geral da União não se encon-
tra como um dos legitimados indicados no art. 103
da CF/1988.
(B) Errada. Não há previsão de legitimidade para o Pro-
curador-Geral de Justiça no art. 103 da CF/1988. Portan-
to, não será considerado legitimado.
(C) Certa. Carece de legitimação para propor ação di-
reta de inconstitucionalidade a entidade de classe que,
embora de âmbito estatutário nacional, não tenha re-
presentação em, pelo menos, 9 Estados da Federação,
nem represente toda a categoria profissional, cujos in-
teresses pretenda tutelar, conforme se depreende do
entendimento do Supremo Tribunal Federal, a partir do
julgamento da ADI 3617.
(D) Errada. As únicas mesas diretoras de casas legislativas
que encontram legitimidade para propor ações de controle
concentrado de constitucionalidade, segundo o art. 103 da
CF/1988, são as da Câmara dos Deputados, do Senado Fe-
deral, das Assembleias Legislativas e da Câmara Legislativa.
(E) Errada. Segundo o art. 103 da CF/1988, a entidade
de classe OAB só pode propor ação de controle concen-
trado de constitucionalidade por meio do seu Conse-
lho Federal.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
7 8
O procedimento de intervenção federal é uma medida
excepcional em que o governo federal intercede nos
estados ou no Distrito Federal para garantir o cumpri-
mento da Constituição. Já a intervenção estadual ocorre
quando um estado interfere nos municípios para corrigir
desvios constitucionais. Ambas as intervenções visam
assegurar a regularidade do equilíbrio federativo.
Diante do instituto da intervenção, analise os
itens a seguir.
I – A decretação de intervenção federal é competên-
cia privativa do Presidente da República, enquanto
a execução é competência exclusiva do Congres-
so Nacional.
II – Em caso de descumprimento reiterado de ordem
judicial emitida pela Justiça Estadual, para que o
instrumento da intervenção seja aprovado, será ne-
cessária a requisição do Supremo Tribunal Federal,
do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Su-
perior Eleitoral.
III – A decisão de Tribunal de Justiça que determina a
intervenção estadual em município tem natureza
político-administrativa, não ensejando, assim, o
cabimento do recurso extraordinário perante o Su-
premo Tribunal Federal.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e III.
(B) III, apenas.
(C) II e III.
(D) II, apenas.
(E) I, II e III.
Letra c.
Assunto abordado: Poder Legislativo. Comissão Parla-
mentar de Inquérito. Separação dos Poderes.
I) Errado. Segundo o art. 84, X, da CF/1988, compete pri-
vativamente ao Presidente da República decretar e exe-
cutar a intervenção federal.
II) Certo. Conforme determina o art. 36, II, da CF/1988,
a decretação de intervenção dependerá, no caso de de-
sobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição
do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral.
III) Certo. A Súmula 637 do STF determina que não cabe
recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de
justiça que defere pedido de intervenção estadual em
município, tendo por fundamentação a condição de a
intervenção ter natureza político-administrativa e não
jurisdicional, conforme se depreende do entendimento
firmado no AI 631.534.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é de suma
importância no âmbito do Poder Legislativo, pois permi-
te a investigação de questões relevantes para a socieda-
de. Ela desempenha um papel crucial na fiscalização das
ações do governo e de outros órgãos, contribuindo para
a transparência e a prestação de contas no Estado. Além
disso, ao trazer à tona problemas e irregularidades, a CPI
promove o debate público e a conscientização dos cida-
dãos sobre questões políticas e sociais.
Diante do exposto acima e com base nas Comissões Par-
lamentares de Inquérito, assinale a alternativa correta.
(A) É cabível mandado de segurança para questionar re-
latório parcial de Comissão Parlamentar de Inquérito.
(B) As Comissões Parlamentares de Inquérito têm per-
missão legal para encaminhar relatório circunstan-
ciado a outros órgãos públicos, além do Ministério
Público e da Advocacia-Geral da União.
(C) Diante juízo discricionário, cabe ao presidente da
Câmara dos Deputados autorizar a instauração de
Comissão Parlamentar de Inquérito após o requeri-
mento de, no mínimo, um terço dos deputados.
(D) Compete à Comissão Parlamentar de Inquérito indi-
ciar as pessoas investigadas que tenham cometido
infrações penais apuradas nos inquéritos.
(E) A Comissão Parlamentar de Inquérito, ao concluir a
existência de crime cometido pelo investigado, deve-
rá promover, perante o Poder Judiciário, a responsa-
bilidade criminal do infrator.
Letra b.
Assunto abordado: Poder Legislativo. Comissão Parla-
mentar de Inquérito.
(A) Errada. Segundo entendimento firmado pelo Su-
premo Tribunal Federal, no julgamento do MS 25991, o
mandado de segurança não é meio hábil para questio-
nar relatório parcial de CPI, cujo trabalho, presente no §
3º do art. 58 da CF/1988, deve ser conclusivo.
(B) Certa. Conforme se depreende do raciocínio indica-
do pelo Supremo Tribunal Federal, diante do MS 35216,
as CPIs possuem permissão legal para encaminhar rela-
tório circunstanciado não só ao Ministério Público e à
AGU, mas também a outros órgãos públicos, podendo
veicular, inclusive, documentação que possibilite a ins-
tauração de inquérito policial em face de pessoas envol-
vidas nos fatos apurados.
(C) Errada. O Supremo Tribunal Federal entendeu, no jul-
gamento do MS 37760, que a instalação de uma CPI não
se submete a um juízo discricionário, seja do Presidente
da casa legislativa, seja do plenário da própria casa legis-
lativa, em respeito ao princípio da minoria parlamentar.
(D) Errada. De acordo com o art. 2º, § 6º, da Lei n.
12.830/2013, o indiciamento é ato privativo de delegado
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
de polícia e o papel a ser exercido pela Comissão Parla-
mentar de Inquérito é o de investigação.
(E) Errada. O art. 58, § 3º, da CF/1988, determina que
as conclusões de uma Comissão Parlamentar de Inquéri-
to devem ser encaminhadas ao Ministério Público, para
que este promova as eventuais ações de responsabiliza-
ção dos infratores.
9 mento de preceito fundamental, quando coexistentes
O papel do poder judiciário no julgamento das ações de
controle de constitucionalidade é garantir que as leis e
atos normativos estejam em conformidade com a Consti-
tuição. O judiciário analisa se as normas são compatíveis
com os preceitos constitucionais, assegurando a suprema-
cia da Constituição e a condição de rigidez constitucional.
Sobre o Controle de Constitucionalidade, assinale a al-
ternativa incorreta.
(A) O Supremo Tribunal Federal, ao analisar a norma
objeto da ação e lhe dar interpretação conforme a
Constituição, não precisa observar o princípio da re-
serva de plenário.
(B) Tribunais de justiça têm competência para exercer
controle concentrado de constitucionalidade de leis
municipais, utilizando como parâmetro normas da
Constituição Federal, desde que se trate de normas
de reprodução obrigatória pelos estados.
(C) A perda superveniente da representatividade do par-
tido político no Congresso Nacional não acarreta o
arquivamento de ação direta de inconstitucionalida-
de proposta por esse partido.
(D) É lícito conhecer de ação direta de inconstituciona-
lidade como arguição de descumprimento de pre-
ceito fundamental.
(E) A técnica de modulação dos efeitos é exclusivamen-
te utilizada no contexto do controle concentrado de
constitucionalidade, sendo inadmissível em casos de
controle difuso.
Letra e.
Assunto abordado: Poder Judiciário.
(A) Certa. A técnica de decisão da interpretação, con-
forme parte de um juízo de constitucionalidade, dis-
pensa a aplicação da cláusula de reserva de plenário,
uma vez que esta só é necessária para declaração de
inconstitucionalidade.
(B) Certa. De acordo com o entendimento consolidado
a partir do julgamento da ADI 5647, o Supremo Tribu-
nal Federal afirmou ser admissível o controle abstrato
de constitucionalidade pelo Tribunal de Justiça, de leis
e atos normativos estaduais e municipais em face da
Constituição da República, apenas quando o parâmetro
de controle invocado for norma de reprodução obrigató-
ria ou exista, no âmbito da Constituição estadual, regra
de caráter remissivo à Carta federal.
(C) Certa. Entende o Supremo Tribunal Federal que a
perda superveniente de representação parlamentar do
partido político não desqualifica a permanência no polo
ativo da relação processual, conforme se extrai do julga-
mento da ADI 2618.
(D) Certa. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da
ADI 4180, entendeu que é lícito conhecer a ação direta
de inconstitucionalidade como arguição de descumpri-
todos os requisitos de admissibilidade desta, em caso de
inadmissibilidade daquela.
(E) Errada. No julgamento do RE 522897, o Supremo Tri-
bunal Federal entendeu que é possível a modulação de
efeitos em sede de controle incidental
10
A federação é uma forma de estado na qual o poder é
dividido entre entes federativos autônomos. A divisão
de competências é baseada em uma regra de predomi-
nância de interesses, consagrando, ao final, a autonomia
e equilíbrio entre os entes federativos.
Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
(A) Apesar de terem personalidade jurídica, os Territó-
rios Federais não são dotados de autonomia política.
(B) É constitucional dispositivo previsto em constituição
estadual que prevê a construção de centrais termoe-
létricas e hidrelétricas no território daquela unidade
federativa brasileira.
(C) É constitucional lei estadual que estabelece número
de vereadores para os municípios de seu território.
(D) É constitucional lei estadual que concede o porte
de arma de fogo para servidor agente penitenciá-
rio estadual.
(E) É constitucional lei municipal que estabeleça a obri-
gação de implantação de ambulatório médico em
shopping centers.
Letra a.
Assunto abordado: Organização do Estado. Repartição
de Competências.
(A) Certa. Os territórios federais, por serem compreendi-
dos como autarquias territoriais, possuem personalida-
de jurídica de direito público, porém não são dotados de
autonomia, uma vez que tal capacidade só é garantida
aos entes federativos.
(B) Errada. É inconstitucional, pois compete privativa-
mente à União Federal legislar sobre os serviços de ener-
gia, de acordo com o art. 22, XII, da CF/1988.
(C) Errada. O Supremo Tribunal Federal entende que
viola a autonomia dos Municípios lei estadual que fixa
o número de vereadores ou a forma como essa fixação
deve ser feita.
(D) Errada. De acordo com o entendimento firmando na
ADI 7450, o Supremo Tribunal Federal entendeu que lei
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
estadual que concede o porte de arma de fogo institu-
cional a que tem direito o servidor agente penitenciário
estadual a outras categorias da estrutura organizacional
da Polícia Penal é formalmente inconstitucional, violan-
do a competência atribuída à União.
(E) Errada. É inconstitucional lei municipal que estabe-
leça a obrigação da implantação, nos shopping centers,
de ambulatório médico ou serviço de pronto-socorro
equipado para o atendimento de emergência, confor-
me entendido no julgamento do RE 833291, com reper-
cussão geral.
11
A ordem econômica e financeira na Constituição Fede-
ral brasileira é regulada pelos princípios da livre inicia-
tiva, da valorização do trabalho humano, da defesa do
consumidor e da livre concorrência. Ela visa promover
o desenvolvimento nacional equilibrado, a redução das
desigualdades regionais e sociais, e a busca pelo ple-
no emprego.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
(A) Viola o princípio da livre iniciativa a obrigatoriedade
de exigir que os supermercados e estabelecimentos
do gênero ofereçam serviço de empacotamento
das compras.
(B) A Lei Orçamentária Anual não poderá conter previ-
sões de despesas para exercícios seguintes.
(C) O princípio constitucional que veda a instituição de
tributo federal não uniforme no território nacional
impede a concessão de tratamento fiscal diferencia-
do, com base em critérios regionais.
(D) É constitucional a incidência do Imposto sobre Servi-
ços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de
locação de bens móveis.
(E) É incompatível com o texto da CF/1988, a cobrança
de taxa em razão dos serviços públicos de coleta, re-
moção e tratamento de lixos ou resíduos sólidos.
Letra a.
Assunto abordado: Princípio do direito tributário. Or-
dem econômica e financeira.
(A) Certa. De acordo com o entendimento firmado a
partir do julgamento da ADI 907, o Supremo Tribunal
Federal entendeu que uma lei estadual que torne obri-
gatória a prestação de serviços de empacotamento nos
supermercados é inconstitucional por afrontar o princí-
pio constitucional da livre inciativa.
(B) Errada. Conforme determina o art. 165, § 14, da
CF/1988, a lei orçamentária anual poderá conter pre-
visões de despesas para exercícios seguintes, com a
especificação dos investimentos plurianuais e daqueles
em andamento.
(C) Errada. O art. 151, I, da CF/1988, dispõe que é admi-
tida a concessão de incentivos fiscais destinados a pro-
mover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico
entre as diferentes regiões do País.
(D) Errada. Conforme a Súmula Vinculante 31, é incons-
titucional a incidência do Imposto sobre Serviços de
Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de
bens móveis.
(E) Errada. A taxa cobrada exclusivamente em razão dos
serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou
destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis
não viola o art. 145, II, da CF/1988, conforme se depre-
ende da Súmula Vinculante 19.
12
As funções essenciais à justiça desempenham um papel
fundamental na garantia do Estado de Direito e na pro-
teção dos direitos dos cidadãos. Elas incluem o Ministé-
rio Público, a advocacia pública, a advocacia privada e a
defensoria pública. Essas instituições atuam na promo-
ção da justiça, na defesa dos direitos fundamentais e na
garantia da igualdade perante a lei, contribuindo para o
funcionamento adequado do sistema jurídico e para a
manutenção da democracia.
Diante do tema, analise as afirmativas a seguir.
I – Por falta de previsão expressa no texto da Constitui-
ção Federal sobre os procuradores municipais, não
se considera como teto remuneratório dos procura-
dores municipais o subsídio dos desembargadores
do tribunal de justiça.
II – A Defensoria Pública tem legitimidade para propor
ação civil pública em defesa de interesses difusos.
III – O Ministério Público não tem legitimidade para
propor ação civil pública que vise o fornecimento
de remédios a portadores de deficiência.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e III.
(B) III, apenas.
(C) II e III.
(D) II, apenas.
(E) I, II e III.
Letra d.
Assunto abordado: Funções essenciais à justiça.
I) Errado. Conforme se visualiza no julgamento do RE
663696, com repercussão geral, a expressão “Procura-
dores”, contida na parte final do inciso XI do art. 37 da
CF/1988, compreende os Procuradores Municipais, uma
vez que estes se inserem nas funções essenciais à justi-
ça, estando, portanto, submetidos ao teto de noventa
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
II) Certo. A Defensoria Pública tem legitimidade para a
propositura de ação civil pública que vise promover a tu-
tela judicial de direitos difusos ou coletivos de que sejam
titulares, em tese, pessoas necessitadas, segundo tese fi-
xada no julgamento do RE 733433, com repercussão geral.
III) Errado. De acordo com a tese fixada no RE 605533,
com repercussão geral, o Supremo Tribunal Federal en-
tendeu que o Ministério Público é parte legítima para
ajuizamento de ação civil pública que vise o fornecimen-
to de remédios a portadores de certa doença.
13
Os direitos constitucionais do trabalho são fundamen-
tais para assegurar condições dignas e justas no ambien-
te laboral. Eles garantem proteção aos trabalhadores,
regulam a relação entre empregados e empregadores
e promovem a justiça social. Esses direitos contribuem
para a redução das desigualdades, a melhoria das condi-
ções de trabalho e o fortalecimento da democracia.
Sobre tais direitos, analise as afirmativas a seguir.
I – Em razão da não promulgação de lei complementar
que regulamente a despedida arbitrária ou sem jus-
ta causa, determina-se que sejam aplicadas as regras
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
II – A intervenção sindical prévia é exigência procedi-
mental imprescindível para a dispensa em massa
de trabalhadores.
III – Os prazos da licença adotante não podem ser infe-
riores aos prazos da licença gestante.
Está correto o que se afirma em:
(A) II e III.
(B) I, apenas.
(C) I e III.
(D) II, apenas.
(E) I, II e III.
Letra e.
Assunto abordado: Direito constitucional do trabalho.
Direitos fundamentais sociais.
I) Certo. Até que seja promulgada uma lei complementar
regulamentando o inciso I do art. 7º da CF/1988, a prote-
ção contra despedida arbitrária ou sem justa causa fica
limitada aos termos do art. 10 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias.
II) Certo. A intervenção sindical prévia é exigência procedi-
mental imprescindível para a dispensa em massa de traba-
lhadores, que não se confunde com autorização prévia por
parte da entidade sindical ou celebração de convenção ou
acordo coletivo, conforme determina o entendimento fi-
xado no julgamento do RE 999435, com repercussão geral.
III) Certo. Os prazos da licença adotante não podem ser
inferiores aos prazos da licença gestante, o mesmo va-
lendo para as respectivas prorrogações. Em relação à li-
cença adotante, não é possível fixar prazos diversos em
função da idade da criança adotada, conforme se depre-
ende do julgamento do RE 778889.
14
As súmulas vinculantes são importantes instrumentos
jurídicos que conferem maior segurança jurídica e uni-
formidade na interpretação e aplicação das leis. Elas
estabelecem precedentes obrigatórios, reduzindo diver-
gências interpretativas e garantindo uma maior previsi-
bilidade nas decisões judiciais. Isso promove a eficiência
do sistema jurídico e contribui para a estabilidade das
relações sociais.
Acerca do tema, assinale a alternativa incorreta.
(A) As súmulas vinculantes dependem de decisão de
dois terços dos membros do Supremo Tribunal Fede-
ral para serem aprovadas.
(B) A súmula vinculante conferirá eficácia geral e vincu-
lante às decisões proferidas pelo Supremo Tribunal
Federal sem afetar diretamente a vigência de leis
porventura declaradas inconstitucionais no processo
de controle incidental.
(C) A edição de súmula vinculante pelo Supremo Tribu-
nal Federal só pode ser realizada de ofício, mediante
proposição de um dos Ministros da Corte, não sendo
admitida a criação de súmulas oriundas de provoca-
ção de terceiros.
(D) O Supremo Tribunal Federal, guardião da Constitui-
ção Federal de 1988, de ofício ou mediante provo-
cação, tem exclusividade para a edição, a revisão e o
cancelamento de enunciado de súmula vinculante.
(E) Constitui requisito para a aprovação de súmulas vin-
culantes a existência de controvérsia atual sobre a
matéria em questão entre órgãos judiciários ou entre
estes e a Administração Pública, que esteja a suscitar
grave insegurança jurídica.
Letra c.
Assunto abordado: Poder judiciário. Súmulas vinculantes.
(A) Certa. Afirmativa em acordo com o disposto no art.
103-A, § 3º, da CF/1988.
(B) Certa. As súmulas vinculantes não incidem sobre a
atividade legislativa típica em razão de uma compreen-
são de independência entre os poderes e a fim de se evi-
tar o fenômeno da fossilização constitucional.
(C) Errada. Somente o STF pode editar súmula vinculan-
te de ofício, mas nada impede os demais legitimados
proporem sua edição mediante requerimento, na forma
do art. 103-A da CF/1988.
(D) Certa. Competência em acordo com o disposto no
art. 103-A da CF/1988.
(E) Certa. Conforme se depreende da determinação pre-
sente no art. 103-A, § 1º, da CF/1988.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
15
Os direitos sociais são essenciais para garantir condições
dignas de vida, promover a igualdade e reduzir as de-
sigualdades sociais. Eles asseguram acesso a educação,
saúde, trabalho, moradia, lazer, entre outros benefícios,
contribuindo para o bem-estar e a inclusão social. Além
disso, os direitos sociais são fundamentais para fortale-
cer a coesão social e o desenvolvimento sustentável de
uma sociedade.
Sobre os direitos sociais, assinale a alternativa correta.
(A) Certos direitos sociais podem vir a ser reconhecidos
não necessariamente por previsão normativa ex-
pressa, mas em virtude de prestações estatais que se
incorporam, com o tempo, ao patrimônio jurídico.
(B) A revogação de norma que assegura direitos funda-
mentais sociais, sem a implementação de medidas
alternativas que tenham a capacidade de compensar
eventuais perdas já sedimentadas, não contraria o
princípio da proibição do retrocesso social.
(C) O direito à moradia é necessariamente um direito à
casa própria.
(D) É inconstitucional norma que obriga escolas privadas
a oferecer atendimento adequado a pessoas com
deficiência, vedado o repasse do custo financeiro da
adaptação às mensalidades escolares.
(E) Com base no princípio da isonomia, é cabível a equi-
paração de remuneração entre empregados da em-
presa tomadora de serviços e empregados da em-
presa contratada, desde que ambos desempenhem
a mesma função, na mesma localidade e com igual
produtividade e perfeição técnica.
Letra a.
Assunto abordado: Direitos fundamentais sociais.
(A) Certa. Os direitos sociais estão presentes no texto da
CF/1988 de forma exemplificativa, o que implica a possi-
bilidade de reconhecimento de outros decorrentes dos
princípios e do regime adotados pela Constituição, bem
como dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil faz parte, conforme se entende do §
2º do art. 5º.
(B) Errada. A efetivação de direitos sociais é gradativa,
porém o Estado nunca pode voltar atrás. O Estado deve
sempre melhorá-los. Em razão disso, nasceu o princípio
da vedação ao retrocesso.
(C) Errada. O direito à moradia não pode ser confundido
com o direito de propriedade, enquanto este é um direi-
to civil, aquele é considerado um direito social.
(D) Errada. No julgamento da ADI 5357, o Supremo Tri-
bunal Federal entendeu como Constitucional lei que
obriga escolas privadas a oferecer atendimento ade-
quado a pessoas com deficiência, vedado o repasse do
custo financeiro da adaptação às mensalidades, anuida-
des e matrículas.
(E) Errada. Conforme se depreende do julgamento do
RE 635546, com repercussão geral, a equiparação de
remuneração entre empregados da empresa tomadora
de serviços e empregados da empresa contratada (ter-
ceirizada) fere o princípio da livre iniciativa, por se tratar
de agentes econômicos distintos, que não podem estar
sujeitos a decisões empresariais que não são suas.
16
A ponderação é uma técnica usada para resolver con-
flitos entre normas que envolvem valores ou escolhas
políticas quando as técnicas tradicionais de interpre-
tação não são eficazes. Isso é comum em situações
em que normas constitucionais entram em conflito,
pois não é possível aplicar critérios como hierarquia,
ordem cronológica ou especialidade para resolver a
disputa de valores.
Sobre a ponderação como técnica de interpretação
constitucional, analise as afirmativas a seguir.
I – Tendo em vista que a liberdade de imprensa é direito
de compreensão absoluta, segundo a jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal, não é aplicável ao refe-
rido direito fundamental a metódica da ponderação.
II – A ponderação é um princípio utilizado para a resolu-
ção dos casos de colisão entre direitos fundamentais.
III – A colisão entre princípios constitucionais resolve-se
com a técnica da ponderação.
Está incorreto o que se afirma em:
(A) II e III.
(B) I, apenas.
(C) I e II.
(D) II, apenas.
(E) I, II e III.
Letra c.
Assunto abordado: Interpretação constitucional.
Ponderação.
I) Errado. Não há que se falar em direito fundamental
de consagração absoluta, devido à sua característica de
limitabilidade ou relatividade.
II) Errado. Ponderação não é um princípio, mas, sim, um
método de solução utilizado nos conflitos entre princí-
pios constitucionais.
III) Certo. Na colisão entre regras, uma delas é afastada
mediante critérios como cronologia ou especialidade.
No entanto, na colisão entre princípios, nenhum é de-
clarado inválido. Em vez disso, diante das circunstâncias
do caso específico, um princípio prevalece sobre o outro
por meio de ponderação.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
Direito Administrativo
Renato Borelli
17
Com base nas jurisprudências do STJ e do STF, marque a
alternativa correta.
(A) O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos ta-
beliães e registradores oficiais que, no exercício de suas
funções, causem danos a terceiros, assentado o dever
de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou
culpa, sob pena de improbidade administrativa.
(B) Os servidores ocupantes de cargos em comissão, por
serem estes de livre nomeação e exoneração, não
gozam de qualquer espécie de estabilidade.
(C) Os guardas municipais possuem direito à aposenta-
doria especial.
(D) É plenamente possível efetuar o corte no forne-
cimento de serviços públicos essenciais quando a
inadimplência do usuário decorrer de débitos preté-
ritos não relativos ao mês de consumo.
(E) É imprescritível a ação de reparação de danos à Fa-
zenda Pública decorrente de ilícito civil doloso.
Letra a.
Assunto abordado: Jurisprudência das cortes superiores
– temas variados.
(A) Certa. De acordo com a seguinte tese de reper-
cussão geral:
O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos
tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de
suas funções, causem dano a terceiros, assentado o
dever de regresso contra o responsável, nos casos de
dolo ou culpa, sob pena de improbidade administra-
tiva. (RE 842846/RJ, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em
27.2.2019) (Info. 932)
(B) Errada. De fato, os cargos em comissão são de livre
nomeação e exoneração. Todavia, existem situações ex-
cepcionais em que será possível falar em estabilidade.
Por exemplo, uma servidora ocupante de cargo comis-
sionado que venha a engravidar. Consoante a jurispru-
dência do STF, ela terá direito a estabilidade provisória
desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o
parto. Vejamos:
1. As servidoras públicas e empregadas gestantes, in-
clusive as contratadas a título precário, independen-
temente do regime jurídico de trabalho, têm direito
à licença-maternidade de cento e vinte dias e à esta-
bilidade provisória desde a confirmação da gravidez
até cinco meses após o parto. [...] (AI 804574 AgR,
Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado
em 30/08/20114) (Grifos nossos.)
Tese de repercussão geral:
A incidência da estabilidade prevista no art. 10, II, do
ADCT, somente exige a anterioridade da gravidez à dis-
pensa sem justa causa. (RE 629053/SP, rel. Min. Marco
Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julga-
mento em 10.10.2018) (Info. 919) (Grifos nossos.)
Isto é, a estabilidade surge com a gravidez, sendo irrele-
vante questionar se o empregador ou a própria empre-
gada tinham conhecimento da gestação.
(C) Errada. O plenário do STF, em julgamento conjunto e
por maioria, negou provimento ao agravo regimental no
MI 6.515, e deu provimento aos agravos regimentais nos
MIs 6.770, 6.773, 6.780 e 6.874, definindo que o bene-
fício da aposentadoria especial não pode ser estendido
aos guardas civis, uma vez que suas atividades precí-
puas não são inequivocamente perigosas e, ainda, pelo
fato de não integrarem o conjunto de órgãos de seguran-
ça pública relacionados no art. 144, I a V, da CF/1988.
O Tribunal ponderou, também, que diante da ausên-
cia de legislação específica, não cabe ao Poder Judiciá-
rio garantir aposentadoria especial (art. 40, § 4º, II, da
CF/1988) a guarda municipal.
(D) Errada. Segundo o STJ:
É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços pú-
blicos essenciais quando a inadimplência do usuário
decorrer de débitos pretéritos, uma vez que a inter-
rupção pressupõe o inadimplemento de conta regu-
lar, relativa ao mês do consumo. (Jurisprudência em
teses. Edição n. 13) (Grifos nossos.)
(E) Errada. A ação de reparação de danos à Fazenda Pú-
blica decorrente de ilícito civil é PRESCRITÍVEL. Vejamos:
É prescritível a ação de reparação de danos à Fazen-
da Pública decorrente de ilícito civil. STF. Plenário.
RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
03/02/2016 (repercussão geral). (Grifos nossos.)
Não confunda com os atos de improbidade administra-
tiva dolosos:
São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao
erário fundadas na prática de ato doloso tipificado
na Lei de Improbidade Administrativa. STF. Plenário.
RE 852475/SP, Rel. orig. Min. Alexandre de Moraes,
Rel. para acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
08/08/2018 (repercussão geral) (Grifos nossos.)
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
18
Considerando a Lei n. 9.784/1999 e a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, marque a opção correta.
(A) Nos processos administrativos, não se admite a mo-
tivação aliunde (per relationem).
(B) É obrigatória a presença de advogado em processo
administrativo disciplinar que possa resultar na im-
posição da pena de demissão ao servidor, tendo em
vista a gravidade em concreto da sanção.
(C) Em que pese o teor da Súmula Vinculante n. 3, o Su-
premo Tribunal Federal compreende que o Tribunal
de Contas da União deverá assegurar o contraditório
e a ampla defesa se, dentro do prazo de cinco anos,
contados da entrada do processo administrativo na
Corte de Contas, não apreciar a legalidade do ato de
concessão de aposentadoria, reforma ou pensão.
(D) Nos processos administrativos, por expressa previ-
são legal, admite-se a aplicação retroativa de nova
interpretação.
(E) É compatível com o texto constitucional a exigência
de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou
bens para admissibilidade de recurso administrativo.
Letra c.
Assunto abordado: Lei do Processo Administrativo Fe-
deral – Lei n. 9.787/1999.
(A) Errada. Haverá motivação aliunde ou per relationem
quando a motivação do ato:
[...] resume-se à concordância com os fundamentos
apresentados em manifestações ou atos anteriores,
na forma do art. 50, § 1º, da Lei n. 9.784/1999 (ex.:
decisão administrativa que faz expressa referência à
concordância com as conclusões do parecer emitido
pelo órgão técnico).
(OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito
Administrativo. 6. ed. rev., atual e ampl. Rio de Janei-
ro: Forense; São Paulo: Método, 2018.)
Além de ser admitida pela doutrina e jurisprudência,
como foi apontado logo acima, a motivação aliunde
encontra previsão expressa no art. 50, § 1º, da Lei n.
9.784/1999:
Art. 50, § 1º A motivação deve ser explícita, clara e
congruente, podendo consistir em declaração de con-
cordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso,
serão parte integrante do ato.
(B) Errada. Há muito, o Supremo Tribunal Federal pa-
cificou ser facultativo ao servidor constituir advogado
em âmbito de processo administrativo disciplinar. Nes-
se sentido, cita-se a Súmula Vinculante n. 5: “A falta de
defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição”.
(C) Certa. A Súmula Vinculante n. 3, em sua parte final,
prevê que o TCU não precisará garantir o contraditório e
a ampla defesa quando apreciar a legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
Isso porque o contraditório e a ampla defesa já foram ga-
rantidos em momento anterior perante o órgão ao qual
o servidor está vinculado.
Explicando melhor: o ato de aposentadoria do servidor
público se configura como ato complexo, sendo neces-
sária, para a sua perfeição, a manifestação do órgão ao
qual o servidor está vinculado somada à aprovação pelo
Tribunal de Contas. Sendo assim, no momento em que
a Corte de Contas se manifesta em sentido contrário à
aposentadoria pretendida pelo servidor, ela não estará
desconstituindo uma garantia já consolidada em ato per-
feito, mas, sim, evitando a perfeição do ato, o que justifi-
ca a desnecessidade de se instaurar o contraditório.
Olha o teor da Súmula Vinculante n. 3:
Súmula Vinculante 3. Nos processos perante o Tribu-
nal de Contas da União asseguram-se o contraditório
e a ampla defesa quando da decisão puder resultar
anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposenta-
doria, reforma e pensão. (Grifos nossos.)
Ocorre que, uma vez deferida a aposentadoria pela Ad-
ministração Pública, o servidor, enquanto aguarda a ma-
nifestação do Tribunal de Contas, ficará provisoriamente
afastado de suas funções, usufruindo do benefício. Pri-
vilegiando o princípio da confiança — face subjetiva do
princípio da segurança jurídica —, a jurisprudência do
STF consolidou-se no sentido de que, se ultrapassados
mais de cinco anos para confirmar a aposentadoria, caso
o TCU pretenda posicionar-se contra o seu deferimento,
deverá permitir que o servidor que dela vinha se bene-
ficiando participe do processo, apresentando os argu-
mentos que repute favoráveis à sua manutenção.
NEGATIVA DE REGISTRO DE APOSENTADORIA JUL-
GADA ILEGAL PELO TCU. DECISÃO PROFERIDA APÓS
MAIS DE 5 (CINCO) ANOS DA CHEGADA DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO AO TCU E APÓS MAIS DE 10 (DEZ)
ANOS DA CONCESSÃO DA APOSENTADORIA PELO ÓR-
GÃO DE ORIGEM. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDI-
CA (CONFIANÇA LEGÍTIMA). GARANTIAS CONSTITU-
CIONAIS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA.
EXIGÊNCIA. 5. CONCESSÃO PARCIAL DA SEGURANÇA.
[...] II – A recente jurisprudência consolidada do STF
passou a se manifestar no sentido de exigir que o TCU
assegure a ampla defesa e o contraditório nos casos
em que o controle externo de legalidade exercido
pela Corte de Contas, para registro de aposentado-
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
rias e pensões, ultrapassar o prazo de cinco anos, sob
pena de ofensa ao princípio da confiança – face sub-
jetiva do princípio da segurança jurídica. Precedentes.
III – Nesses casos, conforme o entendimento fixado
no presente julgado, o prazo de 5 (cinco) anos deve
ser contado a partir da data de chegada ao TCU do
processo administrativo de aposentadoria ou pensão
encaminhado pelo órgão de origem para julgamento
da legalidade do ato concessivo de aposentadoria ou
pensão e posterior registro pela Corte de Contas. [...]
(MS 24.781, rel. min. Ellen Gracie, red. p/ o ac. min.
Gilmar Mendes, P, j. 2-3-2011, DJE 110 de 9-6-2011.)
(D) Errada. O art. 2º, parágrafo único, XIII, da Lei n.
9.784/1999, contempla não ser possível a aplicação re-
troativa de nova interpretação:
Art. 2º, Parágrafo único. Nos processos administrati-
vos serão observados, entre outros, os critérios de:
XIII – interpretação da norma administrativa da forma
que melhor garanta o atendimento do fim público a
que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação. (Grifos nossos.)
(E) Errada. É justamente o contrário do que prevê a Sú-
mula Vinculante n. 21. Vejamos:
Súmula vinculante n. 21. É inconstitucional a exigên-
cia de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro
ou bens para admissibilidade de recurso administrati-
vo. (Grifos nossos.)
19
A respeito do direito de greve na Administração Pública,
e tendo como base a Constituição Federal e o entendi-
mento do Supremo Tribunal Federal, analise as afirma-
tivas abaixo.
I – O exercício do direito de greve, sob qualquer forma
ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a to-
dos os servidores públicos que atuem diretamente
na área de segurança pública.
II – A competência para julgar a abusividade da greve
dos servidores estatutários da Administração pú-
blica direta, autárquica e fundacional é da justiça
comum. Todavia, em relação aos servidores subme-
tidos ao regime celetista dessas entidades, a com-
petência será da Justiça do Trabalho.
III – Ainda que o movimento grevista tenha sido pro-
vocado por ato ilícito do Poder Público, deverá a
Administração Pública proceder ao desconto dos
dias de paralisação, tendo em vista a suspensão do
vínculo funcional.
IV – É legítimo à Administração Pública impor, em par-
cela única, o desconto sobre a remuneração do ser-
vidor público dos dias parados e não compensados
oriundos do movimento grevista.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) III e IV.
(D) I, apenas.
(E) nenhum item.
Letra d.
Assunto abordado: Agentes públicos. Direito de greve.
Jurisprudência dos tribunais superiores.
I) Certo. Trata-se de tese de repercussão geral:
O exercício do direito de greve, sob qualquer forma
ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos
os servidores públicos que atuem diretamente na
área de segurança pública. (ARE 654432/GO, rel. orig.
Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgamento em 5.4.2017) (Info. 860)
No caso, prevaleceu o voto do Ministro Alexandre
de Moraes.
Para ele, a Constituição tratou das carreiras policiais
de forma diferenciada ao deixá-las de fora do capítulo
específico dos servidores públicos. Segundo o minis-
tro, as carreiras policiais são carreiras de Estado sem
paralelo na atividade privada, visto que constituem
o braço armado do Estado para a segurança pública,
assim como as Forças Armadas são o braço armado
para a segurança nacional. Em outras palavras, não
há possibilidade de nenhum outro órgão da iniciativa
privada suprir essa atividade, que, por si só, é impor-
tantíssima e, se paralisada, afeta ainda o exercício do
Ministério Público e do próprio Poder Judiciário.
Por isso, considerou que a segurança pública, privati-
va do Estado, deve ser tratada de maneira diferencia-
da tanto para o bônus quanto para o ônus.
Ponderou não se tratar, no caso, de um conflito entre
o direito de greve e o princípio da continuidade do
serviço público ou da prestação de serviço público.
Haveria um embate entre o direito de greve, de um
lado, e o direito de toda a sociedade à garantia da se-
gurança pública, à garantia da ordem pública e da paz
social, de outro. (Info. 860)
II) Errado.
A justiça comum, federal ou estadual, é competen-
te para julgar a abusividade de greve de servidores
públicos celetistas da Administração pública direta,
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
autarquias e fundações públicas.(RE 846854/SP, rel.
orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgamento em 01.8.2017) (repercussão ge-
ral) (Info. 845) (Grifos nossos.)
Assim, é da justiça comum (estadual ou federal) a com-
petência para o julgamento de causa relacionada ao di-
reito de greve de servidor público, independentemente
se celetista ou estatutário.
III) Errado. Com repercussão geral, o STF definiu que,
caso fique demonstrado que a greve foi provocada por
conduta ilícita do Poder Público, será incabível o descon-
to dos dias de paralisação. Vejamos:
A administração pública deve proceder ao desconto
dos dias de paralisação decorrentes do exercício do
direito de greve pelos servidores públicos, em virtude
da suspensão do vínculo funcional que dela decorre,
permitida a compensação em caso de acordo. O des-
conto será, contudo, incabível se ficar demonstra-
do que a greve foi provocada por conduta ilícita do
Poder Público. (RE 693456/RJ, rel. Min. Dias Toffoli,
27.10.2016) (Info. 845) (Grifos nossos.)
IV) Errado. O STJ compreende que:
Não se mostra razoável a possiblidade de desconto
em parcela única sobre a remuneração do servidor
público dos dias parados e não compensados prove-
nientes do exercício do direito de greve. (RMS 49.339-
SP, Rel. Ministro Francisco Falcão, por unanimidade,
julgado em 6/10/2016, DJe 20/10/2016) (Info. 592)
(Grifos nossos.)
Para o Tribunal da Cidadania, a desproporção e a irra-
zoabilidade da medida fica ainda mais evidente quando
manifestada pelo servidor a intenção de pagar de forma
parcelada o débito. Ademais, por se tratar de verba de
natureza alimentar, o desconto em parcela única causar-
-lhe-ia dano desarrazoado.
20
Sabe-se que, de maneira excepcional, a Constituição Fe-
deral de 1988 admitiu a acumulação remunerada de car-
gos públicos. Sobre o tema, marque a alternativa correta.
(A) A acumulação de cargos públicos de profissionais da
área de saúde sujeita-se ao limite de 60 horas sema-
nais previsto em norma infraconstitucional.
(B) De acordo com o texto constitucional, a possibilida-
de de acumular cargos públicos não se aplica aos mi-
litares dos Estados.
(C) A soma das remunerações dos cargos acumulados não
poderá ultrapassar o teto constitucional remuneratório.
(D) A proibição de acumular limita-se aos cargos públi-
cos, não se estendendo aos empregos e às funções.
(E) As empresas estatais são abrangidas pela proibição
de acumular.
Letra e.
Assunto abordado: Agentes públicos. Acumulação
de cargos.
(A) Errada. Em 2018, as duas turmas do STF manifesta-
ram entendimento no sentido de que a acumulação de
cargos públicos de profissionais da área de saúde não se
sujeita a limite de jornada de trabalho semanal previs-
to em norma infraconstitucional. Isto é, não é legítima
a norma infraconstitucional que estipule que a acumu-
lação somente será legítima na hipótese de a jornada
semanal dos dois cargos ser de até 60 horas, tendo em
vista que a única exigência estabelecida pelo texto cons-
titucional foi a de haver compatibilidade de horários.
Vejamos:
[...] a jurisprudência desta Corte segue a orientação no
sentido de que a acumulação de dois cargos privativos
de profissionais de saúde, com profissões regulamen-
tadas, nos termos do art. 37, XVI, c, da Constituição,
está condicionada apenas à existência de horários
compatíveis entre os cargos exercidos. Dessa forma,
este Tribunal tem afastado o argumento de que a
existência de norma infraconstitucional que estipu-
le limitação de jornada semanal constituiria óbice
ao reconhecimento do direito à acumulação permi-
tida pela Carta Maior. [...] (RMS 34257, Relator(a):
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 01/02/2018,
publicado em processo eletrônico DJe-022 DIVULG
06/02/2018 PUBLIC 07/02/2018) (Grifos nossos.)
I – A existência de norma infraconstitucional que es-
tipula limitação de jornada semanal não constitui
óbice ao reconhecimento do direito à acumulação
prevista no art. 37, XVI, c, da Constituição, desde
que haja compatibilidade de horários para o exercí-
cio dos cargos a serem acumulados. [...] (RMS 34257
AgR, Relator(a): Min. Ricardo Lewandowski, Segunda
Turma, julgado em 29/06/2018) (Grifos nossos.)
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
Aderindo ao entendimento, cita-se o seguinte jul-
gado do STJ:
[...] 1. A Primeira Seção desta Corte Superior tem re-
conhecido a impossibilidade de acumulação remune-
rada de cargos ou empregos públicos privativos de
profissionais da área de saúde quando a jornada de
trabalho for superior a 60 (sessenta) horas semanais.
2. Contudo, ambas as Turmas do Supremo Tribunal
Federal, reiteradamente, posicionam-se “[...] no sen-
tido de que a acumulação de cargos públicos de pro-
fissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da
CF/88, não se sujeita ao limite de 60 horas semanais
previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste
tal requisito na Constituição Federal” (RE 1.094.802
AgR, Relator Min. Alexandre de Moraes, Primeira Tur-
ma, julgado em 11/5/2018, DJe 24/5/2018).
3. Segundo a orientação da Corte Maior, o único re-
quisito estabelecido para a acumulação é a compa-
tibilidade de horários no exercício das funções, cujo
cumprimento deverá ser aferido pela administração
pública. Precedentes do STF.
4. Adequação do entendimento da Primeira Seção
desta Corte ao posicionamento consolidado no Su-
premo Tribunal Federal sobre o tema.
5. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp
1767955/RJ, Rel. Ministro OG Fernandes, primeira se-
ção, julgado em 27/03/2019, DJe 03/04/2019)
(B) Errada. A Emenda Constitucional n. 101, de 2019,
estendeu aos militares dos Estados, do Distrito Federal
e dos Territórios a possibilidade de acumulação remu-
nerada de cargos públicos nas hipóteses previstas no
art. 37, XVI, da Constituição Federal. Até então, apenas
o militar das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aero-
náutica), da área da saúde, poderia acumular um cargo
também na área da saúde, nos moldes do art. 142, § 3º,
VIII, da CF/1988.
Vamos à leitura dos dispositivos constitucionais:
Art. 37, VI – é vedada a acumulação remunerada de
cargos públicos, exceto, quando houver compatibili-
dade de horários, observado em qualquer caso o dis-
posto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico
ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
Art. 142, VIII – aplica-se aos militares o disposto no
art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art.
37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da
lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37,
inciso XVI, alínea “c”;
Art. 42, § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios o disposto no art.
37, inciso XVI, com prevalência da atividade militar.
(Incluído pela Emenda Constitucional n. 101, de
2019) (Grifos nossos.)
Observe que a EC n. 101 estendeu as hipóteses de acu-
mulação do art. 37 para os militares dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Territórios, não abrangendo os milita-
res das Forças Armadas.
(C) Errada. Quando a Constituição admitir a acumula-
ção remunerada de cargos, empregos e funções, o teto
remuneratório previsto no art. 37, XI, do texto consti-
tucional, deverá ser analisado de forma isolada sobre a
remuneração de cada um dos vínculos do servidor, ve-
dado o seu exame a partir do somatório dos ganhos do
agente público.
Por exemplo, se o teto constitucional for de R$ 35 mil e
o servidor receber R$ 25 mil em um cargo e R$ 20 mil no
outro, não haverá ofensa ao limite remuneratório, pois
a avaliação deve ser individual, incidindo sobre cada
cargo isoladamente.
É o posicionamento do STF:
Nos casos autorizados constitucionalmente de acu-
mulação de cargos, empregos e funções, a incidência
do art. 37, inciso XI, da Constituição Federal pressu-
põe consideração de cada um dos vínculos formali-
zados, afastada a observância do teto remuneratório
quanto ao somatório dos ganhos do agente público.
(RE 602043) (repercussão geral) (Grifos nossos.)
(D) Errada. Determina o art. 37, XVII, da CF/1988, que:
Art. 37, XVII – a proibição de acumular estende-se a
empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista,
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público; (Grifos nossos.)
(E) Certa. As empresas estatais (empresas públicas e so-
ciedades de economia mista) são abrangidas pela proi-
bição de acumular. É o que está previsto no art. 37, XVII,
da CF/1988:
Art. 37, XVII – a proibição de acumular estende-se a
empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista,
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público; (Grifos nossos.)
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
21
Tendo por fundamento a Lei n. 8.112/1990 e a jurispru-
dência do STJ e do STF, marque a alternativa incorreta.
(A) Não poderá participar de comissão de sindicância ou
de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou co-
lateral, até o terceiro grau.
(B) É permitida a prova emprestada no processo admi-
nistrativo disciplinar, desde que devidamente autori-
zada pelo juízo competente e respeitados o contradi-
tório e a ampla defesa.
(C) Não se admite a instauração de processo administra-
tivo disciplinar com base em denúncia anônima.
(D) O prazo prescricional interrompido com a abertura
do Processo Administrativo Disciplinar – PAD voltará
a correr por inteiro após 140 dias.
(E) A responsabilidade administrativa do servidor será
afastada no caso de absolvição criminal que negue a
existência do fato ou sua autoria.
Letra c.
Assunto abordado: Agentes públicos. Lei n. 8.112/1990.
Jurisprudências dos tribunais superiores.
(A) Certa. É o que prevê o art. 149, § 2º, da Lei n.
8.112/1990:
Art. 149, § 2º Não poderá participar de comissão de
sindicância ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou
parente do acusado, consanguíneo ou afim, em linha
reta ou colateral, até o terceiro grau.
(B) Certa. Conforme a Súmula 591 do STJ:
Súmula 591. É permitida a prova emprestada no pro-
cesso administrativo disciplinar, desde que devida-
mente autorizada pelo juízo competente e respeita-
dos o contraditório e a ampla defesa.
(C) Errada. Conforme a Súmula 611 do STJ:
Súmula 611. Desde que devidamente motivada e
com amparo em investigação ou sindicância, é permi-
tida a instauração de processo administrativo disci-
plinar com base em denúncia anônima, em face do
poder-dever de autotutela imposto à Administração.
(Grifos nossos.)
(D) Certa. Conforme a Súmula 635 do STJ:
Súmula 635. Os prazos prescricionais previstos no ar-
tigo 142 da Lei 8.112/1990 iniciam-se na data em que
a autoridade competente para a abertura do proce-
dimento administrativo toma conhecimento do fato,
interrompem-se com o primeiro ato de instauração
válido – sindicância de caráter punitivo ou processo
disciplinar – e voltam a fluir por inteiro, após decor-
ridos 140 dias desde a interrupção. (Grifos nossos.)
(E) Certa. Conforme o art. 126 da Lei n. 8.112/1990:
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servi-
dor será afastada no caso de absolvição criminal que
negue a existência do fato ou sua autoria.
22
Analise as proposições a seguir.
I – É constitucional a remarcação de curso de forma-
ção para o cargo de agente penitenciário feminino
de candidata que esteja lactante à época de sua re-
alização, independentemente da previsão expressa
em edital do concurso público.
II – Para o fim de disputar as vagas reservadas em con-
cursos públicos, o portador de surdez unilateral não
pode ser qualificado como pessoa com deficiência.
III – Para o fim de disputar as vagas reservadas em con-
cursos públicos, o portador de visão monocular não
pode ser qualificado como pessoa com deficiência.
IV – Segundo o Superior Tribunal de Justiça, o candidato
aprovado em concurso público fora do número de
vagas tem direito subjetivo à nomeação caso sur-
jam novas vagas durante o prazo de validade do
certame, desde que haja manifestação inequívoca
da administração sobre a necessidade de seu provi-
mento e não tenha restrição orçamentária, ou qual-
quer obstáculo financeiro.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e II, apenas.
(B) III e IV, apenas.
(C) I, III e IV.
(D) I, II e IV.
(E) I, II, III e IV.
Letra d.
Assunto abordado: Agentes públicos. Jurisprudência
dos tribunais superiores.
I) Certo. Corresponde à posição do STJ no julgamento do
RMS 52.622/MG (Informativo 645):
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. AGENTE
PENITENCIÁRIO FEMININO. CURSO DE FORMAÇÃO.
CANDIDATA LACTANTE. PROTEÇÃO CONSTITUCIO-
NAL. REMARCAÇÃO. POSSIBILIDADE.
1. O Supremo Tribunal Federal, sob a sistemática da
repercussão geral (RE 630.733/DF), pacificou o enten-
dimento de que não há direito à remarcação de pro-
vas de concurso público em razão de circunstâncias
pessoais dos candidatos, exceto se previsto em edital,
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
julgado este que tem sido acompanhado pelas duas
Turmas de Direito Público desta Corte Superior.
2. Em julgamento mais hodierno, a Excelsa Corte,
também sob a sistemática da repercussão geral, en-
tendendo que o RE 630.733/DF não seria aplicável às
candidatas gestantes, estabeleceu a seguinte tese: “É
constitucional a remarcação do teste de aptidão física
de candidata que esteja grávida à época de sua reali-
zação, independentemente da previsão expressa em
edital do concurso público”.
3. Hipótese em que as premissas estabelecidas no no-
vel julgado são plenamente aplicáveis à candidata que,
ao ser convocada para o Curso de Formação para o
cargo de Agente Penitenciário Feminino, encontrava-
-se em licença maternidade, com apenas um mês de
nascimento da sua filha, período em que sabidamente
todas as mulheres estão impossibilitadas de praticar
atividades físicas, estando totalmente voltadas para
amamentação e cuidados com o recém-nascido.
4. Direitos constitucionalmente previstos (saúde, ma-
ternidade, família e planejamento familiar) que devem
ser protegidos, merecendo a candidata lactante o mes-
mo amparo estabelecido pelo STF para as gestantes.
5. Recurso provido. (RMS 52.622/MG, Rel. Ministro
GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
26/03/2019, DJe 29/03/2019)
II) Certo. Esse é o teor da Súmula n. 552 do STJ:
Súmula 552. O portador de surdez unilateral não se
qualifica como pessoa com deficiência para o fim de
disputar as vagas reservadas em concursos públicos.
III) Errado. A Súmula n. 377 do STJ define a visão mo-
nocular como deficiência para fins de concurso públi-
co. Vejamos:
Súmula 377. O portador de visão monocular tem di-
reito de concorrer, em concurso público, às vagas re-
servadas aos deficientes.
Não confunda:
Surdez unilateral Visão monocular
Não é definida como É definida como defici-
deficiência para fins de ência para fins de con-
concurso público. curso público.
IV) Certo. No julgamento do MS 22.813-DF, o STJ assim
posicionou-se:
O candidato aprovado em concurso público fora do
número de vagas tem direito subjetivo à nomeação
caso surjam novas vagas durante o prazo de validade
do certame, desde que haja manifestação inequívoca
da administração sobre a necessidade de seu provi-
mento e não tenha restrição orçamentária, ou qual-
quer obstáculo financeiro. (MS 22.813-DF, Rel. Min.
Og Fernandes, por maioria, julgado em 13/06/2018,
DJe 22/06/2018) (Info. 630)
O STJ considerou que a situação acima narrada foi pre-
vista pelo STF como hipótese na qual haverá direito sub-
jetivo à nomeação.
Façamos a leitura do RE 837311/PI, julgado pelo STF sob
a sistemática da repercussão geral:
O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo
concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de va-
lidade do certame anterior, não gera automaticamen-
te o direito à nomeação dos candidatos aprovados
fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hi-
póteses de preterição arbitrária e imotivada por parte
da administração, caracterizada por comportamento
tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar
a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado
durante o período de validade do certame, a ser de-
monstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o
direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado
em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses:
1 – Quando a aprovação ocorrer dentro do número
de vagas dentro do edital;
2 – Quando houver preterição na nomeação por não
observância da ordem de classificação;
3 – Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo
concurso durante a validade do certame anterior, e
ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrá-
ria e imotivada por parte da administração nos ter-
mos acima.
(RE 837311/PI, rel. Min. Luiz Fux, 9.12.2015) (reper-
cussão geral) (Info. 811) (Grifos nossos.)
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
23
A polícia administrativa tem por objeto a manutenção
habitual da ordem pública no âmbito da Administração
Pública geral. Em relação ao poder de polícia administra-
tiva, aponte a opção correta.
(A) A autorização para porte de arma de fogo, ato admi-
nistrativo de natureza vinculada, deverá ser concedi-
da a todo aquele que preencher os requisitos legais.
(B) Para o Superior Tribunal de Justiça, o poder de polí-
cia, em qualquer dos seus aspectos, é indelegável às
pessoas jurídicas de direito privado.
(C) Em razão da autoexecutoriedade que reveste os atos
de polícia, a multa poderá ser satisfeita pela vonta-
de unilateral da Administração Pública, dispensada a
via jurisdicional.
(D) A aplicação de uma penalidade administrativa a um
servidor é exemplo clássico do exercício do poder
de polícia.
(E) Licença é o ato administrativo unilateral e vinculado
pelo qual a Administração faculta àquele que preen-
cha os requisitos legais o exercício de uma atividade.
Letra e.
Assunto abordado: Poderes da administração pública.
Polícia administrativa.
(A) Errada. A autorização para porte de arma de fogo
é ato administrativo de natureza discricionária, que
será concedida pela Administração quando for cons-
tatada a inexistência de prejuízo para o interesse pú-
blico após uma análise fundamentada na oportunida-
de e na conveniência.
Vejamos a lição do professor Carvalho Filho:
Autorização é o ato administrativo pelo qual a Admi-
nistração consente que o particular exerça atividade
ou utilize bem público no seu próprio interesse. É ato
discricionário e precário [...].
É necessária a autorização quando a atividade solici-
tada pelo particular não pode ser exercida legitima-
mente sem o consentimento do Estado. No exercício
de seu poder de polícia, porém, o Poder Público dá
o seu consentimento no que se refere ao desempe-
nho da atividade, quando não encontra prejuízo para
o interesse público. Exemplos de autorização: auto-
rização para estacionamento de veículos particulares
em terreno público; autorização para porte de arma;
autorização para fechamento de rua por uma noite
para a realização de festa comunitária; a autorização
para operar distribuição de sinais de televisão a cabo
etc. (Grifos nossos.)
(CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direi-
to administrativo. 32. ed. rev., atual e ampl. São Pau-
lo: Atlas, 2018.)
(B) Errada. Existe doutrina que afirma que o exercício do
poder de polícia se desenvolve em quatro fases, a saber:
i) ordem de polícia; ii) consentimento de polícia; iii) fis-
calização de polícia; e, iv) sanção de polícia.
O STJ, fundamentado em tal doutrina, vem compreen-
dendo que as fases de “consentimento de polícia” e de
“fiscalização de polícia” poderão ser delegadas a pesso-
as jurídicas de direito privado integrantes da administra-
ção pública.
Indico a leitura de ementa bastante elucidativa so-
bre o tema:
[...] 3. As atividades que envolvem a consecução do
poder de polícia podem ser sumariamente divididas
em quatro grupo, a saber: (i) legislação, (ii) consenti-
mento, (iii) fiscalização e (iv) sanção.
4. No âmbito da limitação do exercício da proprie-
dade e da liberdade no trânsito, esses grupos ficam
bem definidos: o CTB estabelece normas genéricas
e abstratas para a obtenção da Carteira Nacional de
Habilitação (legislação); a emissão da carteira corpo-
rifica a vontade o Poder Público (consentimento); a
Administração instala equipamentos eletrônicos para
verificar se há respeito à velocidade estabelecida em
lei (fiscalização); e também a Administração sanciona
aquele que não guarda observância ao CTB (sanção).
5. Somente o atos relativos ao consentimento e à
fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes à
legislação e à sanção derivam do poder de coerção do
Poder Público.
6. No que tange aos atos de sanção, o bom desen-
volvimento por particulares estaria, inclusive, com-
prometido pela busca do lucro – aplicação de multas
para aumentar a arrecadação. [...] (REsp 817.534/
MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segun-
da Turma, julgado em 10/11/2009, DJe 10/12/2009)
(Grifos nossos)
(C) Errada. A autoexecutoriedade é, de fato, atributo
que reveste os atos de polícia, motivo pelo qual a Ad-
ministração poderá implementar a sua vontade sem a
necessidade de prévia manifestação do Poder Judiciário.
Isto é, poderá o Poder Público, por exemplo, ordenar a
retirada de invasores de terras públicas sem a necessida-
de de autorização judicial.
Ocorre que nem todos os atos de polícia, como é o caso
da multa, serão autoexecutáveis. Assim, aplicada uma
multa ao particular, em caso de inadimplemento, a Ad-
ministração só poderá cobrá-la por meio da propositura
da execução fiscal perante o Poder Judiciário.
(D) Errada. A aplicação de uma penalidade administrati-
va a um servidor é exemplo clássico do exercício do po-
der disciplinar.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
Poder disciplinar e poder de polícia não se confundem.
Enquanto o primeiro incidirá sobre aquele que mantém
relações jurídicas decorrentes de vínculos específicos
com a Administração (ex.: vínculo funcional, contratos,
usuários de serviços públicos etc.), o segundo pressupõe
relações jurídicas genéricas entre o Estado e o cidadão.
A professora Di Pietro explica:
Poder disciplinar é o que cabe à Administração Pú-
blica para apurar infrações e aplicar penalidades aos
servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disci-
plina administrativa; é o caso dos estudantes de uma
escola pública.
Não abrange as sanções impostas a particulares não
sujeitos à disciplina interna da Administração, por-
que, nesse caso, as medidas punitivas encontram seu
fundamento no poder de polícia do Estado.
(DI PIETRO, Maria Sylvia. Direito administrativo. 32.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.)
(E) Certa. Trata-se do conceito fornecido pela professora
Di Pietro:
Licença é o ato administrativo unilateral e vinculado
pelo qual a Administração faculta àquele que preen-
cha os requisitos legais o exercício de uma atividade.
(DI PIETRO, Maria Sylvia. Direito administrativo. 32.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.)
24
O objetivo principal dos consórcios públicos é a presta-
ção de serviços e desenvolvimento de ações conjuntas
que visem ao interesse coletivo. Recente levantamento
feito por entidades da sociedade civil, IBGE e com parti-
cipação do Tribunal de Contas da União, aponta que há
723 consórcios públicos ativos no Brasil e que mais de
85% (ou 4.783) dos Municípios participam de, pelo me-
nos, um consórcio público. No que concerne à disciplina
dos consórcios públicos, indique a alternativa incorreta.
(A) A União somente participará de consórcios públi-
cos em que também façam parte todos os Estados
em cujos territórios estejam situados os Municípios
consorciados.
(B) Os entes da Federação consorciados, ou os com eles
conveniados, poderão ceder-lhe servidores.
(C) Os entes da Federação consorciados respondem sub-
sidiariamente pelas obrigações do consórcio público.
(D) É nula a cláusula do contrato de consórcio que preve-
ja a cessão de uso de bens móveis de ente da Federa-
ção ao consórcio público.
(E) Se praticarem atos em desconformidade com a lei, os
dirigentes do consórcio público responderão pesso-
almente pelas obrigações por ele contraídas.
Letra c.
Assunto abordado: Organização da administração públi-
ca. Serviços públicos. Consórcios públicos.
(A) Certa. Conforme o art. 1º, § 2º, da Lei n. 11.107/2005:
Art. 1º, § 2º A União somente participará de consór-
cios públicos em que também façam parte todos os
Estados em cujos territórios estejam situados os Mu-
nicípios consorciados.
(B) Certa. Na esteira do art. 4º, § 4º, da Lei n.
11.107/2005:
Art. 4º, § 4º Os entes da Federação consorciados, ou
os com eles conveniados, poderão ceder-lhe servido-
res, na forma e condições da legislação de cada um.
(C) Errada. É válida a cláusula do contrato de consórcio
que preveja a cessão de uso de bens móveis de ente da
Federação ao consórcio público. Trata-se de exceção es-
tampada no art. 4º, § 3º, da Lei n. 11.107/2005:
Art. 4º, § 3º É nula a cláusula do contrato de consór-
cio que preveja determinadas contribuições financei-
ras ou econômicas de ente da Federação ao consór-
cio público, salvo a doação, destinação ou cessão do
uso de bens móveis ou imóveis e as transferências
ou cessões de direitos operadas por força de gestão
associada de serviços públicos. (Grifos nossos.)
(D) Certa. O Decreto n. 6.017/2007 regulamenta a Lei n.
11.107/2005 e indicou, no seu art. 9º, a responsabilida-
de subsidiária dos entes da Federação consorciado.
Art. 9º Os entes da Federação consorciados respon-
dem subsidiariamente pelas obrigações do consór-
cio público.
(E) Certa. Nos moldes do art. 9º, parágrafo único, do De-
creto n. 6.017/2007:
Art. 9º, Parágrafo único. Os dirigentes do consórcio
público responderão pessoalmente pelas obrigações
por ele contraídas caso pratiquem atos em descon-
formidade com a lei, os estatutos ou decisão da as-
sembleia geral.
Sobre a responsabilidade dos entes consorciados, a
ementa a seguir é bastante didática:
[...] Quanto à responsabilidade sobre o cumprimen-
to das obrigações contraídas, importante saber se o
Consórcio ainda vige pois, se extinto, até que seja de-
limitada a responsabilidade por cada obrigação, os
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
entes consorciados responderão solidariamente pe-
las obrigações remanescentes, garantido o direito de
regresso em face dos entes que deram causa à obriga-
ção (art. 12, § 20, da Lei n. 11.107/2005). Caso esteja
em vigor o contrato do consórcio, como presumo ser
a situação do Consórcio demandado, haja vista a ine-
xistência de provas em sentido diverso, os entes con-
sorciados respondem apenas subsidiariamente pelas
obrigações do consórcio público (art. 90 do Decreto
n. 6.017/2007). [...] (ARE 1098568, Relator(a): Min.
Marco Aurélio, julgado em 19/12/2017, publicado
em processo eletrônico DJe-020 DIVULG 02/02/2018
PUBLIC 05/02/2018) (Grifos nossos.)
25
Sobre a disciplina jurídica das entidades integrantes da
Administração Pública Indireta e as pertencentes ao de-
nominado terceiro setor, marque a alternativa correta.
(A) Por meio de lei específica e desde que preenchidos os
requisitos legais, as autarquias e fundações públicas
poderão ser qualificadas como agências executivas.
(B) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, é constitu-
cional determinação judicial que decreta a constrição
de bens de sociedade de economia mista, prestado-
ra de serviços públicos em regime não concorrencial,
para fins de pagamento de débitos trabalhistas.
(C) Organização Social é a qualificação jurídica dada a
pessoa jurídica de direito público ou privado, sem
fins lucrativos, instituída por iniciativa de particula-
res, e que recebe delegação do Poder Público, me-
diante contrato de gestão, para desempenhar servi-
ço público de natureza social.
(D) Cumpridos os requisitos legais, a qualificação de uma
pessoa jurídica como a Organização da Sociedade Ci-
vil de Interesse Público (OSCIP) é ato vinculado.
(E) A Lei n. 13.303/2016 dispõe sobre o estatuto das es-
tatais, com aplicação restrita para as empresas pú-
blicas e sociedades de economia mista que exerçam
atividade econômica.
Letra d.
Assunto abordado: Organização da administração públi-
ca. Terceiro setor.
(A) Errada. É por meio de um decreto (e não lei!) que as
autarquias e fundações públicas poderão ser qualifica-
das como agências executivas, conforme o art. 51 da Lei
n. 9.649/1998:
Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como
Agência Executiva a autarquia ou fundação que tenha
cumprido os seguintes requisitos:
I – ter um plano estratégico de reestruturação e de
desenvolvimento institucional em andamento;
II – ter celebrado Contrato de Gestão com o respecti-
vo Ministério supervisor.
§ 1º A qualificação como Agência Executiva será feita
em ato do Presidente da República. (Grifos nossos.)
(B) Errada. O entendimento proferido pelo STF no julga-
mento da ADPF 275/PB foi o seguinte:
É inconstitucional determinação judicial que decreta
a constrição de bens de sociedade de economia mis-
ta, prestadora de serviços públicos em regime não
concorrencial, para fins de pagamento de débitos
trabalhistas. [...]
O Tribunal entendeu que sociedade de economia
mista prestadora de serviço público não concorren-
cial está sujeita ao regime de precatórios (CF, art.
100) e, por isso, impossibilitada de sofrer constrição
judicial de seus bens, rendas e serviços, em respeito
ao princípio da legalidade orçamentária (CF, art. 167,
VI) e da separação funcional dos poderes (CF, art. 2º
c/c art. 60, § 4º, III). (ADPF 275/PB, rel. Min. Alexan-
dre de Moraes, julgamento em 17.10.2018) (Info.
920) (Grifos nossos.)
Cumpre destacar que o STF, em outras oportunidades, já se
manifestou sobre as situações em que as empresas esta-
tais pagariam os seus débitos pelo regime de precatórios:
É aplicável o regime dos precatórios às sociedades
de economia mista prestadoras de serviço público
próprio do Estado e de natureza não concorrencial.
(ADPF 387/PI, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento
em 23.3.2017) (Info. 858)
Não se submetem ao regime de precatório as em-
presas públicas dotadas de personalidade jurídica de
direito privado com patrimônio próprio e autonomia
administrativa que exerçam atividade econômica sem
monopólio e com finalidade de lucro. (RE 892727/DF,
rel. orig. Min. Alexandre de Morais, red. p/ o ac. Min.
Rosa Weber, julgamento em 7.8.2018) (Info. 910)
(C) Errada. Somente pessoas jurídicas de direto privado
poderão receber a qualificação de organização social.
Na lição da professora Di Pietro:
Organização Social é a qualificação jurídica dada a
pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucra-
tivos, instituída por iniciativa de particulares, e que
recebe delegação do Poder Público, mediante contra-
to de gestão, para desempenhar serviço público de
natureza social.
Nenhuma entidade nasce com o nome de organiza-
ção social; a entidade é criada pela iniciativa privada
como associação ou fundação e, habilitando-se pe-
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
rante o Poder Público, recebe a qualificação; trata-se
de título jurídico outorgado e cancelado pelo Poder
Público. (Grifos nossos.)
(DI PIETRO, Maria Sylvia. Direito administrativo. 32.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.)
(D) Certa. O art. 1º, § 2º, da Lei n. 9.790/1999, assim
determina:
Art. 1º, § 2º A outorga da qualificação prevista neste
artigo é ato vinculado ao cumprimento dos requisitos
instituídos por esta Lei. (Grifos nossos.)
(E) Errada. A Lei n. 13.303/2016 também será aplicada
para as empresas estatais que prestam serviços públicos.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da
empresa pública, da sociedade de economia mista
e de suas subsidiárias, abrangendo toda e qualquer
empresa pública e sociedade de economia mista da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
cípios que explore atividade econômica de produção
ou comercialização de bens ou de prestação de ser-
viços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita
ao regime de monopólio da União ou seja de presta-
ção de serviços públicos. (Grifos nossos.)
26
O governador do estado de Alfa, visando garantir maior
eficiência e organização, criou uma secretaria voltada
para monitoramento da crise na epidemia da dengue.
Sobre essa situação, é correto afirmar que representa
um exemplo do fenômeno denominado:
(A) desconcentração, que pressupõe a existência de,
pelo menos, duas pessoas jurídicas.
(B) descentralização, mediante a especialização de fun-
ções dentro de uma mesma pessoa jurídica.
(C) desconcentração, que se caracteriza pela existência
de uma relação de subordinação.
(D) descentralização, não sendo possível afirmar que a
entidade descentralizada estará subordinada ao ente
político que a criou.
(E) descentralização, pois ocorreu a criação de um ór-
gão público.
Letra c.
Assunto abordado: Organização da administração públi-
ca. Atos administrativos.
(A) Errada. A criação de uma secretaria, novo órgão pú-
blico, é um exemplo típico de desconcentração adminis-
trativa, em que haverá a distribuição interna de compe-
tências no âmbito de uma mesma pessoa jurídica.
(B) Errada. É um exemplo de desconcentração.
(C) Certa. Ao contrário da descentralização, em que não
será possível falar na existência de subordinação entre a
entidade descentralizada e o ente político que a criou,
a desconcentração é caracterizada por um vínculo de
subordinação entre o órgão público e a pessoa jurídica
a que está vinculado.
(D) Errada. A criação de uma secretaria (órgão público) é
exemplo de desconcentração.
(E) Errada. Novamente: ocorreu o fenômeno da des-
concentração.
Noções Gerais de Direito e
Formação Humanística
Juliano Alves
27
Considerando a Política Nacional de Gestão de Pessoas do
Poder Judiciário e a Resolução CNJ n. 351, de 28/10/2020,
analise as seguinte afirmativas a respeito dos conceitos
atinentes à Política de Prevenção e Enfrentamento do As-
sédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação.
I – Assédio moral: ação intencional que viola a dig-
nidade ou integridade psíquica ou física de outra
pessoa por meio de conduta abusiva, por meio
da degradação das relações socioprofissionais e
do ambiente de trabalho, podendo se caracterizar
pela exigência de cumprimento de tarefas desne-
cessárias ou exorbitantes, discriminação, humilha-
ção, constrangimento, isolamento, exclusão social,
difamação ou situações humilhantes e constrange-
doras suscetíveis de causar sofrimento, dano físico
ou psicológico.
II – Assédio moral organizacional: processo contínuo
de condutas abusivas ou hostis, amparado por es-
tratégias organizacionais e/ou métodos gerenciais
que visem obter engajamento intensivo ou excluir
aqueles que a instituição não deseja manter em
seus quadros, por meio do desrespeito aos seus di-
reitos fundamentais.
III – Assédio sexual: conduta de conotação sexual prati-
cada contra a vontade de alguém, sob forma verbal,
não verbal ou física, manifestada por palavras, ges-
tos, contatos físicos ou outros meios, com o efeito
de perturbar ou constranger a pessoa, afetar a sua
dignidade, ou de lhe criar um ambiente intimidativo,
hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador.
IV – Discriminação: compreende toda distinção, exclu-
são, restrição ou preferência fundada na raça, etnia,
cor, sexo, gênero, religião, deficiência, opinião políti-
ca, ascendência nacional, origem social, idade, orien-
tação sexual, identidade e expressão de gênero, ou
qualquer outra que atente contra o reconhecimento
ou exercício, em condições de igualdade, dos direitos
e liberdades fundamentais nos campos econômico,
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura

social, cultural, laboral ou em qualquer campo da Gênero, os quais deverão ser disponibilizados com
vida pública; abrange todas as formas de discrimina- periodicidade mínima anual.
ção, inclusive a recusa de adaptação razoável.
Está correto o que se afirma em:
Está correto o que se afirma em: (A) I, II e III.
(A) I, II e III. (B) II, III e IV.
(B) II, III e IV. (C) I e II, apenas.
(C) I e II, apenas. (D) IV, apenas.
(D) I e III, apenas. (E) I, II, III e IV.
(E) I, II, III e IV.
Letra d.
Letra b. Assunto abordado: Resoluções do CNJ.
Assunto abordado: Psicologia judiciária. Assédio moral I) Errado. Não são só partes e testemunhas, mas tam-
e assédio sexual. Resoluções do CNJ. bém “outros colaboradores da justiça”, conforme o art.
O item I está errado, pois o art. 2º, I, da Resolução CNJ 1º da Resolução CNJ n. 508/2023:
n. 351/2020, afirma que o assédio moral independe de
intencionalidade. Já os demais itens estão corretos, con- Art. 1º Incumbe aos Tribunais instalar, na medida das
forme o art. 2º da referida Resolução. suas disponibilidades e nos termos da presente Reso-
lução, por meio de ações conjuntas com os demais ra-
28 mos com jurisdição na localidade, Pontos de Inclusão
A respeito das Resoluções do CNJ, analise as afirmati- Digital (PID) nas cidades, povoados, aldeias e distritos
vas a seguir. que não sejam sede de comarca ou de unidade física
do Poder Judiciário, com o objetivo de promover o
I – Os Pontos de Inclusão Digital disciplinados pela Reso-
acesso aos vários ramos da Justiça.
lução CNJ n. 508, 22/06/2023, autorizam a realização
Parágrafo único. Considera-se PID qualquer sala ou
de atos processuais por sistema de videoconferên-
espaço que permita, de forma adequada e simulta-
cia. Essa permissão abrange partes e testemunhas.
neamente para mais de um ramo do Poder Judiciário,
II – Nos termos da Resolução CNJ n. 520/2023, que dis-
a realização de atos processuais, como depoimentos
põe sobre a Política Judiciária sobre Pessoas Idosas
de partes, de testemunhas e de outros colaborado-
e suas interseccionalidades, nos processos que en-
res da justiça, por sistema de videoconferência, bem
volvam direitos e interesses de pessoas idosas, em
como o atendimento por meio do Balcão Virtual,
caso de não haver acordo na audiência preliminar
instituído pela Resolução CNJ n. 372/2021, com pos-
de conciliação ou de instrução e julgamento, ava-
sibilidade de agregação de outros serviços públicos
liada a pertinência temática do caso, os autos do
voltados à cidadania.
processo poderão ser remetidos à oficina sobre o
envelhecimento.
II) Errado. Conforme o art. 8º da Resolução CNJ
III – Nos termos da Resolução CNJ n. 498, de 04/05/2023,
n. 520/2023:
que dispõe sobre a atuação do Poder Judiciário no
âmbito da política de proteção às crianças e aos
Art. 8º Os processos que envolvam direitos e interes-
adolescentes expostos à grave e iminente ameaça
ses de pessoas idosas poderão ser remetidos à oficina
de morte, serão cadastrados no Sistema Nacional
sobre o envelhecimento e suas repercussões no cam-
de Adoção os acolhimentos institucionais ou fa-
po da justiça, preferencialmente antes da audiência
miliares decorrentes da indicação do Programa de
conciliatória ou de instrução e julgamento, avaliada a
Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de
pertinência temática do caso.
Morte em razão da exposição de crianças e adoles-
centes a grave e iminente ameaça de morte.
III) Errado. A regra é exatamente a proibição do cadastro,
IV – Nos termos da Resolução CNJ n. 492, de 17/03/2023,
conforme o art. 3º da Resolução CNJ n. 498/2023:
que estabelece a adoção de Perspectiva de Gênero
nos julgamentos em todo o Poder Judiciário, os tri-
Art. 3º Para fins desta Resolução, a ação de proteção
bunais promoverão cursos de formação inicial e for-
à criança ou ao(à) adolescente exposto(a) à grave e
mação continuada que incluam, obrigatoriamente,
iminente ameaça de morte, acolhimento institucional
os conteúdos relativos aos direitos humanos, gê-
ou familiar por indicação do Programa de Proteção a
nero, raça e etnia, conforme as diretrizes previstas
Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PP-
no Protocolo para Julgamento com Perspectiva de
CAAM), não se confunde com a medida de proteção
de acolhimento institucional ou familiar prevista nas
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
hipóteses do art. 98 do Estatuto da Criança e do Ado-
lescente (Lei n. 8.069/1990).
§ 1º Não serão cadastrados no Sistema Nacional de
Adoção (SNA) os acolhimentos institucionais ou fami-
liares decorrentes da indicação do PPCAAM em razão
da exposição de crianças e adolescentes a grave e imi-
nente ameaça de morte.
IV) Certo. Conforme o art. 2º da Resolução CNJ
n. 492/2023:
Art. 2º Os tribunais, em colaboração com as escolas
da magistratura, promoverão cursos de formação ini-
cial e formação continuada que incluam, obrigatoria-
mente, os conteúdos relativos aos direitos humanos,
gênero, raça e etnia, conforme as diretrizes previstas
no Protocolo para Julgamento com Perspectiva de
Gênero, os quais deverão ser disponibilizados com
periodicidade mínima anual.
29
De acordo com o protocolo para julgamento com pers-
pectiva de gênero, é correto afirmar que a magistratura
brasileira deve evitar:
(A) julgamentos imparciais, mas atentos às desigualda-
des estruturais.
(B) o princípio da igualdade substantiva.
(C) neutralidade judicial sem contaminação de vieses.
(D) uma interpretação que se propõe neutra e abstrata.
(E) estar familiarizada com diversos métodos interpreta-
tivos que guiam o processo decisório.
Letra d.
Assunto abordado: Protocolo de julgamento com pers-
pectiva de gênero.
Segundo o Protocolo (p. 41):
A neutralidade também pode ser prejudicada pelo
fato de que, embora a interpretação se proponha neu-
tra e abstrata, na realidade, ela muitas vezes reproduz
experiências dos(as) julgadores(as), em detrimento
das experiências concretas de grupos subordinados.
30
A Resolução n. 332, de 21/08/2020, tratando do uso de
Inteligência Artificial no Poder Judiciário, apresenta o se-
guinte conceito: “Sequência finita de instruções execu-
tadas por um programa de computador, com o objetivo
de processar informações para um fim específico”. Trata-
-se do conceito de:
(A) deepweb.
(B) modelo de Inteligência Artificial.
(C) blockchain.
(D) criptomoeda.
(E) algoritmo.
Letra e.
Assunto abordado: Direito digital. Resoluções do CNJ
sobre inovações tecnológicas no judiciário.
De acordo com o art. 3º, I, da Resolução n. 332/2020:
Art. 3º Para o disposto nesta Resolução, considera-se:
I – Algoritmo: sequência finita de instruções executa-
das por um programa de computador, com o objetivo
de processar informações para um fim específico;
31
A Resolução n. 332, de 21/08/2020, tratando do uso
de Inteligência Artificial no Poder Judiciário, apresenta
o seguinte conceito: “Conjunto de dados computacio-
nais, concebidos a partir de modelos matemáticos, cujo
objetivo é oferecer resultados inteligentes, associados
ou comparáveis a determinados aspectos do pensa-
mento, do saber ou da atividade humana”. Trata-se do
conceito de:
(A) darkweb.
(B) modelo de Inteligência Artificial.
(C) automação do processo.
(D) contrato inteligente.
(E) algoritmo.
Letra b.
Assunto abordado: Direito digital. Resoluções do CNJ
sobre inovações tecnológicas no judiciário.
De acordo com o art. 3º, II, da Resolução n. 332/2020:
Art. 3º Para o disposto nesta Resolução, considera-se:
II – Modelo de Inteligência Artificial: conjunto de da-
dos e algoritmos computacionais, concebidos a partir
de modelos matemáticos, cujo objetivo é oferecer
resultados inteligentes, associados ou comparáveis a
determinados aspectos do pensamento, do saber ou
da atividade humana;
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
32
“No debate a respeito da relação entre as funções judici-
ária e legislativa, existe um importante instituto que per-
mite ao legislador reeditar a lei declarada inconstitucio-
nal pela Suprema Corte, especificamente no Canadá. Ela
estabelece uma prática judicial fortemente pautada pela
noção da supremacia constitucional, em que a Suprema
Corte não se arroga na condição de intérprete último
e definitivo da Constituição, mas entende a si mesma
como mais um dos atores integrantes da comunidade
de intérpretes. Assim, lá, o Poder Judiciário mostra-se
muito mais propício a cumprir com o papel de tutor do
processo discursivo da formação da vontade política”.
A descrição acima refere-se a:
(A) backlash.
(B) constitucionalismo.
(C) o ativismo judicial.
(D) ativismo congressual.
(E) cláusula não obstante.
Letra e.
Assunto abordado: Teoria geral do direito. Relações en-
tre a política e o direito.
A notwithstanding clause (non-obstante ou override
clause) ou, simplesmente, “cláusula não obstante”:
[...] permite ao legislador reeditar a lei declarada in-
constitucional pela Suprema Corte do Canadá, em
face da Seção 2 (que compreende os direitos funda-
mentais à liberdade de consciência, de expressão, de
associação e de reunião) e das Seções 7 a 15 (referen-
tes ao direito à vida, à liberdade e à segurança da pes-
soa, liberdade de não vir a ser irrazoavelmente inves-
tigado, confiscado, preso ou detido, além do direito à
igualdade dentre outros) da Carta de Direitos [...] no
Canadá, estabelecida uma prática judicial fortemen-
te pautada pela noção da supremacia constitucional,
em que a Suprema Corte não se arroga na condição
de intérprete último e definitivo da Constituição,
mas entende a si mesma como mais um dos atores
integrantes da comunidade de intérpretes. Assim, lá,
o Poder Judiciário mostra-se muito mais propício a
cumprir com o papel de tutor do processo discursivo
da formação da vontade política.
(CONTINENTINO, Marcelo Casseb. A Notwithstanding
Clause e a Constituição do Canadá. OBSERVATÓRIO
DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL. Brasília: IDP, Ano
4, 2010, p. 1.)
Direitos Humanos
Odair José
33
Conforme preceitua o art. 12 da Declaração Universal
dos Direitos Humanos: “Ninguém será sujeito à interfe-
rência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou
na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e re-
putação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei
contra tais interferências ou ataques”.
Contudo, apesar de o Brasil ser signatário da Declara-
ção Universal dos Direitos Humanos, a norma consti-
tucional pátria, no seu art. 5º, XII, admite hipóteses de
limitação da inviolabilidade do sigilo da correspondên-
cia e das comunicações telegráficas, de dados e das co-
municações telefônicas.
Diante das informações apresentadas acima, é correto
concluir que:
(A) o Brasil infringe direitos humanos ao admitir hipó-
teses constitucionais de mitigação da inviolabilidade
da vida privada.
(B) a restrição à inviolabilidade da correspondência, pre-
vista na Constituição Federal, é justificável porque
objetiva a harmonização daquele direito a outras
normas previstas no ordenamento pátrio, sem que
se caracterize violação dos direitos humanos.
(C) em razão da superioridade dos direitos humanos e
do seu caráter objetivo, não se admite qualquer res-
trição, razão pela qual a norma inscrita no art. 5º,
inciso XII, da Constituição, é violadora de direito hu-
mano fundamental.
(D) o caráter absoluto dos direitos humanos não admite
qualquer restrição ou limitação.
(E) como regra, quando direitos humanos se confron-
tam com regras internas de um país, admite-se a sua
restrição ou limitação, a fim de harmonizá-los ao di-
reito interno.
Letra b.
Assunto abordado: Limitação dos direitos humanos.
(A) Errada. Pois a norma inscrita na Constituição, no
art. 5º, XII, refere-se à excepcionalidade, o que se ad-
mite na própria doutrina dos direitos humanos em ra-
zão da necessidade de se harmonizar aqueles direitos
com outros direitos.
(B) Certa. Conforme o comentário da letra “a”.
(C) (D) Erradas. Elas praticamente se repetem. É preciso
considerar que não há direitos absolutos e a mitigação,
restrição ou limitação de um direito é admissível, a fim
de se harmonizar direitos.
(E) Errada. Trata de uma exceção como se fosse regra.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
34
Com base nas normas supralegais, analise as seguin-
tes afirmativas.
I – Quando as normas supralegais entram em confli-
to com algum dispositivo da Constituição Federal,
haverá que se modificar o texto constitucional em
razão da supremacia daquelas normas.
II – Em situação de conflito entre o texto constitucional
e uma norma supralegal, a norma supralegal tende
a gerar um efeito paralisante no texto da Constitui-
ção Federal.
III – Em relação ao texto constitucional que admite a pri-
são do depositário infiel (CF/1988, art. 5º, LXVII), hou-
ve a revogação deste dispositivo a partir do momento
em que o Brasil incorporou a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos como norma supralegal.
Está correto o que se afirma em:
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) III, apenas.
(D) I e II.
(E) I e III.
Letra b.
Assunto abordado: Normas supralegais.
I) Errado. A norma supralegal não modifica o texto cons-
titucional, mas pode gerar efeito paralisante.
II) Certo. É o que se verificou em relação à prisão do de-
positário infiel (CF/1988, art. 5º, LXVII), visto que o texto
constitucional não foi alterado, mas sofreu um efeito pa-
ralisante e levou o STF a editar a Súmula Vinculante 25.
III) Errado. A norma supralegal não revoga o texto consti-
tucional, mas pode provocar efeito paralisante.
35
Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o
Procurador-Geral da República, com a finalidade de as-
segurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais
o Brasil seja parte, poderá suscitar incidente de desloca-
mento de competência para a Justiça Federal.
Para que o incidente de deslocamento de competência
aconteça, será necessária a observância de cinco requi-
sitos. Com base nesses requisitos, assinale a alternativa
que indica corretamente um deles.
(A) O Procurador-Geral da República deverá suscitar o
incidente de deslocamento de competência perante
o Supremo Tribunal Federal.
(B) O pedido de incidente de deslocamento de compe-
tência poderá ocorrer apenas na fase de inquérito.
(C) O Tribunal Regional Federal é competente para julgar
o incidente de deslocamento de competência.
(D) Em qualquer fase do inquérito ou processo o pedido
de incidente de deslocamento de competência po-
derá ser dirigido ao Supremo Tribunal Federal.
(E) O pedido de incidente de deslocamento de compe-
tência será dirigido ao Superior Tribunal de Justiça.
Letra e.
Assunto abordado: Direitos humanos na Constitui-
ção Federal.
(A) (C) Erradas. Pois afirmaram ser o STF e o TRF, res-
pectivamente, os órgãos competentes para receberem o
pedido de incidente de deslocamento de competência.
No entanto, como o próprio dispositivo constitucional
determina, o pedido será dirigido ao STJ.
(B) Errada. Pois afirma que o pedido somente poderá ser
feito na fase de inquérito.
(D) Errada. Pois indica o STF como o órgão competente.
(E) Certa. Trata-se de dispositivo previsto no art. 109, §
5º, da CF/1988:
Art. 109, § 5º Nas hipóteses de grave violação de
direitos humanos, o procurador-geral da República,
com a finalidade de assegurar o cumprimento de
obrigações decorrentes de tratados internacionais de
direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, pode-
rá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
deslocamento de competência para a Justiça Federal.
36
O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos foi
incorporado ao ordenamento pátrio por meio do Decre-
to n. 592/1992.
Sobre esse pacto e a sua incorporação ao ordenamento
pátrio, é correto afirmar que:
(A) revogou a pena de morte, em caso de guerra decla-
rada, prevista na Constituição Federal, em seu art.
5º, XLVII, alínea “a”.
(B) foi recepcionado com status de norma constitucional,
nos termos do art. 5º, § 3º, da Constituição Federal.
(C) não considera trabalhos forçados aquele exigido de
um indivíduo que tenha sido encarcerado em cum-
primento de decisão judicial ou que, tendo sido obje-
to de tal decisão, ache-se em liberdade condicional.
(D) proíbe qualquer tipo de pena de morte.
(E) admite pena de morte apenas para condenados
por genocídio.
Letra c.
Assunto abordado: Pacto internacional sobre direitos
civis e políticos.
O art. 6º do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Po-
líticos admite pena de morte em casos de crimes graves
e que haja previsão na legislação pátria, além de se exigir
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
que a sentença seja cumprida somente com o trânsito
em julgado. Com isso, as alternativas “a”, “d” e “e” estão
erradas, porque a convenção não proibiu a pena de mor-
te e não a limitou para os condenados pela prática de ge-
nocídio. Ainda, o pacto não foi recepcionado pelo Brasil
com status de norma constitucional, o que torna incor-
reta a alternativa “b”. Já a alternativa “c”, nosso gabarito,
está em conformidade com o art. 8º do referido Pacto,
que admite a possibilidade de trabalho realizado por con-
denados sem que se caracterize como trabalho forçado.
37
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
é o órgão principal e autônomo da Organização dos Esta-
dos Americanos (OEA), sendo encarregado da promoção
e proteção dos direitos humanos no continente ameri-
cano. Acerca das suas funções, analise os itens a seguir.
I – Solicitar aos governos dos Estados membros que
lhe proporcionem informações sobre as medidas
que adotarem em matéria de direitos humanos.
II – Conhecer de qualquer caso relativo à interpretação e
aplicação das disposições desta Convenção (Conven-
ção Americana sobre Direitos Humanos) que lhe seja
submetido, desde que os Estados-Partes no caso te-
nham reconhecido ou reconheçam a referida compe-
tência, seja por declaração especial, como preveem
os incisos anteriores, seja por convenção especial.
III – Atender às consultas que, por meio da Secretaria-
-Geral da Organização dos Estados Americanos, lhe
formularem os Estados-membros sobre questões
relacionadas com os direitos humanos e, dentro de
suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento
que eles lhe solicitarem.
IV – Determinar que sejam reparadas as consequências
da medida ou situação que haja configurado a vio-
lação de direitos humanos, bem como o pagamen-
to de indenização justa à parte lesada.
Está correto apenas o que se afirma em:
(A) I e III.
(B) II e IV.
(C) III e IV.
(D) I e II.
(E) I e IV.
Letra a.
Assunto abordado: Sistema internacional de proteção
dos direitos humanos.
I, III) Certos. Dizem respeito às funções da Comissão Inte-
ramericana de Direitos Humanos, conforme preceitua o
art. 41 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
II, IV) Errados. Referem-se às funções da Corte Interame-
ricana de Direitos Humanos, conforme disposição nos
arts. 62 e 63 da mesma convenção.
38
Sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH), é correto afirmar que:
(A) consagra direitos de terceira geração.
(B) não dispõe de força cogente.
(C) estruturou um conjunto de direitos fundados no jus-
naturalismo, razão pela qual foi aprovada de forma
unânime e sem abstenções.
(D) é o principal instrumento do sistema global de direi-
tos humanos.
(E) os direitos foram dispostos de forma hierárquica,
reconhecendo a supremacia de alguns direitos, tais
como vida e liberdade.
Letra d.
Assunto abordado: Declaração Universal dos Direi-
tos Humanos.
(A) Errada. Pois a DUDH consagra direitos de primeira e
de segunda geração.
(B) Errada. Pois é reconhecida a natureza jurídica na
declaração, visto que consagra costumes e princípios
internacionais.
(C) Errada. Pois não foi estruturada apenas numa pers-
pectiva jusnaturalista, tampouco foi assinada por todos,
visto que, ao contrário do que afirma, houve abstenções.
(D) Certa. A DUDH é o principal instrumento de prote-
ção dos direitos humanos e tem servido como inspiração
para diversos outros tratados.
(E) Errada. Pois a declaração dispôs os direitos com pari-
dade hierárquica.
Direito Processual Civil
Cristiny Rocha
39
No que diz respeito à possibilidade de concessão de tu-
telas de urgência no procedimento arbitral, é correto
afirmar que:
(A) o judiciário poderá rever a tutela concedida, ainda
que instituída a arbitragem, uma vez que se trata de
medida provisória.
(B) após instituída a arbitragem, as partes poderão re-
correr ao Poder Judiciário para a concessão de medi-
da cautelar.
(C) estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou
de urgência será requerida diretamente aos árbitros.
(D) os árbitros, assim como o juiz, podem revogar a me-
dida cautelar durante o procedimento arbitral.
(E) é vedado ao Judiciário conceder tutela provisória
quando existe cláusula arbitral.
Letra c.
Assunto abordado: Tutelas de urgência antes, durante e
depois do processo arbitral.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
(A) Errada. Conforme o art. 22-B da Lei n. 9.307/1996:
Art. 22-B. Instituída a arbitragem, caberá aos árbi-
tros manter, modificar ou revogar a medida caute-
lar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário.
(Grifos nossos.)
(B) Errada. Conforme o art. 22-A da Lei n. 9.307/1996:
Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes
poderão recorrer ao Poder Judiciário para a concessão
de medida cautelar ou de urgência. (Grifos nossos.)
(C) Certa. Conforme o art. 22-A, parágrafo único. da Lei
n. 9.307/1996.
(D) Errada. Conforme o art. 22-B da Lei n. 9.307/1996:
Art. 22-B. Instituída a arbitragem, caberá aos árbi-
tros manter, modificar ou revogar a medida caute-
lar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário.
(Grifos nossos.)
(E) Errada. Conforme o art. 22-A da Lei n. 9.307/1996:
Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes
poderão recorrer ao Poder Judiciário para a concessão
de medida cautelar ou de urgência. (Grifos nossos.)
40
Sobre o sistema dos Juizados Especiais da Fazenda Públi-
ca, analise os itens a seguir.
I – O juiz poderá, desde que a requerimento das par-
tes, deferir quaisquer providências cautelares e an-
tecipatórias no curso do processo, para evitar dano
de difícil ou de incerta reparação.
II – A competência do Juizado Especial da Fazenda Pú-
blica é absoluta.
III – De acordo com entendimento do STJ, os Juizados
Especiais da Fazenda Pública não têm competência
para o julgamento de ações decorrentes de aciden-
te de trabalho em que o Instituto Nacional do Segu-
ro Social figure como parte.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) II, apenas.
(D) III, apenas.
(E) I, II e III.
Letra b.
Assunto abordado: Juizados especiais cíveis. Juizados
especiais da Fazenda Pública.
I) Errado. Conforme o art. 3º da Lei n. 12.153/2009:
Art. 3º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das
partes, deferir quaisquer providências cautelares e
antecipatórias no curso do processo, para evitar dano
de difícil ou de incerta reparação. (Grifos nossos.)
II) Certo. Conforme o art. 2º, § 4º, da Lei n. 12.153/2009:
Art. 2º, § 4º No foro onde estiver instalado Juizado Espe-
cial da Fazenda Pública, a sua competência é absoluta.
III) Certo. Conforme o Tema Repetitivo 1053 do STJ:
Os Juizados Especiais da Fazenda Pública não têm
competência para o julgamento de ações decorrentes
de acidente de trabalho em que o Instituto Nacional
do Seguro Social figure como parte.
41
Com relação ao litisconsórcio, de acordo com o que es-
tabelece o STJ e o Código de Processo Civil, analise os
itens a seguir.
I – O STJ entende que não há litisconsórcio passivo
necessário entre o provedor de aplicação e o au-
tor do conteúdo publicado on-line, em demanda
que objetiva a remoção de publicação ofensiva em
rede social e o fornecimento de registros de acesso
e conexão.
II – O juiz poderá limitar o litisconsórcio simples quanto
ao número de litigantes na fase de conhecimento,
na liquidação de sentença ou na execução, quan-
do este comprometer a rápida solução do litígio ou
dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.
III – O requerimento de limitação do litisconsórcio fa-
cultativo interrompe o prazo para manifestação ou
resposta, que recomeçará da intimação da decisão
que o solucionar.
Está correto o que se afirma em:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II, apenas.
(D) III, apenas.
(E) I, II e III.
Letra b.
Assunto abordado: Litisconsórcio necessário e unitário.
I) Certo.
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JU-
RISDICIONAL. INEXISTÊNCIA. PEDIDO DE REMOÇÃO
DE PUBLICAÇÕES ALEGADAMENTE ILÍCITAS E CONCES-
SÃO DE REGISTROS DE CONEXÃO E ACESSO. LITISCON-
SÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO ENTRE O PROVIMENTO
DE APLICAÇÃO E O SUPOSTO AUTOR DO CONTEÚDO.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
AUSÊNCIA.1. Ação de obrigação de fazer ajuizada
em 02/12/2020, da qual foi extraído o presente re-
curso especial interposto em 01/07/2021 e concluso
ao gabinete em 25/01/2022.2. O propósito recursal
consiste em dizer se houve negativa de prestação ju-
risdicional e se há litisconsórcio passivo necessário
entre o provedor de aplicação e o autor do conteúdo
publicado on-line.3. É de ser afastada a existência de
omissão no acórdão recorrido, pois a matéria indicada
como não examinada foi enfrentada de forma obje-
tiva e fundamentada no julgamento do recurso. 4. A
responsabilidade dos provedores de aplicações por
conteúdos gerados por terceiros é subjetiva, tornan-
do-se responsável solidariamente com aquele que
gerou o conteúdo ofensivo a partir do conhecimento
da lesão que determinada informação causa, se não
tomar as providências necessárias para a sua remoção
e caso o fato tenha se verificado quando não estava
em vigor a Lei n. 12.965/14, ou a partir da notifica-
ção judicial para remoção do conteúdo, nos termos
do art. 19 do MCI.5. São dois os fundamentos do li-
tisconsórcio necessário: (i) a existência de específica
determinação legal, em razão do juízo de conveniên-
cia formulado pelo legislador; (ii) a incindibilidade das
situações jurídicas de dois ou mais sujeitos (art. 114
do CPC/2015).O segundo fundamento refere-se aos
casos de litisconsórcio passivo unitário, nos quais não
é possível que um sujeito da relação jurídica suporte
determinado efeito sem atingir todos os que dela par-
ticipam.6. Tratando-se de demanda na qual se busca
impor ao provedor de aplicação a obrigação de remo-
ver determinadas publicações e de fornecer registros
de acesso e conexão, não há litisconsórcio passivo ne-
cessário com o autor dos conteúdos. Tais providências
incumbem ao provedor, mantenedor da rede social.
Ou seja, eventual procedência dos pedidos não atin-
girá a esfera jurídica do autor das publicações. Ade-
mais, eventual ilicitude do conteúdo da publicação e
que poderá, eventualmente, resultar na responsabili-
zação do seu autor, não acarretará, necessariamente,
a responsabilidade do provedor.7. Recurso especial
conhecido e provido. (REsp n. 1.980.014/SP, relatora
Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em
14/6/2022, DJe de 21/6/2022.)
II) Errado. Conforme o art. 113, § 1º, do CPC:
Art. 113, § 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio
facultativo quanto ao número de litigantes na fase de
conhecimento, na liquidação de sentença ou na exe-
cução, quando este comprometer a rápida solução do
litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sen-
tença. (Grifos nossos.)
III) Certo. É o teor do § 2º do art. 113 do CPC.
42
Maria Eugênia ajuíza ação contra Carlos Eduardo bus-
cando, por meio da tutela de urgência, o pagamento de
verba alimentar, pois não possui condições de subsistên-
cia ante a separação de fato. Sobre o tema, de acordo
com o CPC, assinale a alternativa correta.
(A) Concedidos os alimentos liminarmente pelo ma-
gistrado, a autora deverá aditar a inicial no prazo
de 15 dias.
(B) Caso entenda que não há elementos para a conces-
são de tutela antecipada, o órgão jurisdicional deter-
minará a emenda da petição inicial em até 15 dias,
sob pena de ser indeferida e de o processo ser extin-
to sem resolução de mérito.
(C) Se não for realizado o aditamento da inicial por Ma-
ria Eugênia, o processo será extinto sem resolução
do mérito.
(D) Carlos Eduardo terá prazo de 3 dias para justificar
eventual impossibilidade relativa ao pagamento.
(E) Carlos Eduardo poderá ser preso pelo inadimple-
mento dos alimentos definitivos, mas não pelo
dos provisórios.
Letra c.
Assunto abordado: Tutela provisória antecedente e inciden-
te. Cumprimento de sentença na obrigação de alimentos.
(A) Errada. Conforme o art. 303, § 1º, I, do CPC:
Art. 303, § 1º Concedida a tutela antecipada a que se
refere o caput deste artigo:
I – o autor deverá aditar a petição inicial, com a com-
plementação de sua argumentação, a juntada de no-
vos documentos e a confirmação do pedido de tutela
final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior
que o juiz fixar; (Grifos nossos.)
(B) Errada. Conforme o art. 303 do CPC:
Art. 303. Caso entenda que não há elementos para a
concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional
determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cin-
co) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo
ser extinto sem resolução de mérito. (Grifos nossos.)
(C) Certa. Conforme o art. 303, § 2º, do CPC:
Art. 303, § 2º Não realizado o aditamento a que se
refere o inciso I do § 1º deste artigo, o processo será
extinto sem resolução do mérito.
(D) Errada. Conforme o art. 528, § 2º, do CPC:
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene
ao pagamento de prestação alimentícia ou de deci-
são interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a reque-
rimento do exequente, mandará intimar o executado
pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito,
provar que o fez ou justificar a impossibilidade de
efetuá-lo.
§ 2º Somente a comprovação de fato que gere a im-
possibilidade absoluta de pagar justificará o inadim-
plemento. (Grifos nossos.)
(E) Errada. Conforme o art. 531, § 1º, do CPC:
Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos ali-
mentos definitivos ou provisórios.
§ 1º A execução dos alimentos provisórios, bem como
a dos alimentos fixados em sentença ainda não tran-
sitada em julgado, se processa em autos apartados.
(Grifos nossos.)
43
Sobre coisa julgada no processo civil, pode-se
afirmar que:
(A) opera secundum eventum probationis nos interesses
individuais homogêneos.
(B) a coisa julgada material abrange apenas a questão
principal expressamente decidida, já que os motivos
da decisão não fazem coisa julgada.
(C) não fazem coisa julgada os motivos, exceto quando
importantes para determinar o alcance da parte dis-
positiva da sentença.
(D) conforme entendimento do STJ, o dispositivo da sen-
tença faz coisa julgada material, mas o pedido e a
causa de pedir não integram a res judicata.
(E) o STJ entende que a sentença prolatada faz coisa jul-
gada às partes entre as quais é dada, inexistindo pos-
sibilidade de “readequar” em fase de cumprimento
de sentença o título devidamente constituído.
Letra e.
Assunto abordado: Coisa julgada: natureza, conceito,
classificação, limites objetivos e subjetivos. Coisa julgada
formal e material. Limites subjetivos, objetivos e tempo-
rais. Coisa julgada e resolução de questão prejudicial in-
cidental. Efeitos das sentenças coletivas e coisa julgada.
(A) Errada. Subsiste em nosso sistema a coisa julgada se-
cundum eventum probationis, que é aquela que só se
forma em caso de esgotamento das provas, ou seja, se a
demanda for julgada procedente, que é sempre com es-
gotamento de prova, ou improcedente com suficiência
de provas, cuja decisão judicial só produzirá coisa julga-
da se forem exauridos todos os meios de prova. Se a de-
cisão proferida no processo julgar a demanda improce-
dente por insuficiência de provas, ela não formará coisa
julgada. No regime geral (pro et contra), a improcedência
por falta de provas torna-se indiscutível pela coisa julga-
da. São exemplos de coisa julgada secundum eventum
probationis: a) ações coletivas que versem sobre direi-
tos difusos ou direitos coletivos em sentido estrito (art.
103, I e II, CDC); b) ação popular (art. 18 da Lei Federal n.
4.717/1965); c) o mandado de segurança, individual ou
coletivo (art. 19 da Lei Federal n. 12.016/2009).
Diferentemente, os direitos individuais homogêneos es-
tão sujeitos à coisa julgada secundum eventum litis, de
modo que qualquer fundamento que leve à improce-
dência não afetará os interesses dos indivíduos titulares
do direito (art. 103, III, do CDC). Assim, independente-
mente da fundamentação, em caso de improcedência
da ação coletiva, os indivíduos não estarão vinculados
a esse resultado, podendo ingressar livremente as suas
ações individuais. A única sentença que os vincula é a de
procedência, porque os beneficia, permitindo-se que o
indivíduo se valha dessa sentença coletiva, liquidando-a
e executando-a. A isso a doutrina denomina coisa julga-
da secundum eventum litis in utilibus, porque somente a
decisão que seja útil ao individuo será capaz de vinculá-
-lo à sua coisa julgada material.
(B) Errada. Conforme o art. 503, § 1º, do CPC:
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o
mérito tem força de lei nos limites da questão princi-
pal expressamente decidida.
§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de
questão prejudicial, decidida expressa e incidente-
mente no processo, se:
I – dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e
efetivo, não se aplicando no caso de revelia;
III – o juízo tiver competência em razão da matéria
e da pessoa para resolvê-la como questão principal.
(C) Errada. Conforme o art. 504, I, do CPC:
Art. 504. Não fazem coisa julgada:
I – os motivos, ainda que importantes para deter-
minar o alcance da parte dispositiva da sentença;
(Grifos nossos.)
(D) Errada.
Conquanto seja de sabença que o que faz coisa julga-
da material é o dispositivo da sentença, faz-se mister
ressaltar que o pedido e a causa de pedir, tal qual
expressos na petição inicial e adotados na fundamen-
tação do decisum, integram a res judicata, uma vez
que atuam como delimitadores do conteúdo e da
extensão da parte dispositiva da sentença. (Ministro
do STJ Luiz Fux, em voto proferido no REsp 875.635/
MG.) (Grifos nossos.)
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
(E) Certa. Conforme notícia recente do STJ (27/07/2023):
[...] 7. A impugnação ao cumprimento de sentença,
com fundamento no excesso de execução exige a de-
monstração da desconformidade entre o pleiteado e
o devido, de acordo com os parâmetros estabeleci-
dos no título executivo (art. 525, § 1º, V, do CPC/15).
Na impugnação, permite-se também que o executa-
do alegue causa extintiva ou modificativa da obriga-
ção, desde que superveniente à sentença (art. 525,
§ 1º, VII, do CPC/15). 8. Hipótese em que o recor-
rente foi condenado ao pagamento de remuneração
pelo salvamento de embarcação, arbitrada no valor
da avaliação do bem e repartida, proporcionalmen-
te, entre os salvadores recorridos (autores na ação
de cobrança originária). Em fase de cumprimento
definitivo de sentença, o recorrente insurge-se com
fundamento nos arts. 525, V e VII, do CPC/15. Toda-
via, não apresenta excesso de execução e tampouco
configura causa superveniente extintiva ou modifi-
cativa da obrigação a alienação da embarcação, em
momento posterior à sentença, por valor inferior ao
estabelecido no título judicial. Ademais, a sentença
prolatada faz coisa julgada às partes entre as quais
é dada, inexistindo possibilidade de “readequar”, em
recurso especial decorrente de impugnação em fase
de cumprimento de sentença, o título devidamente
constituído a fim de “incluir” outra empresa salva-
dora – que sequer participou da demanda originária
– na distribuição proporcional do quantum. Necessi-
dade de manutenção da decisão. 9. Recurso especial
conhecido e desprovido. (REsp n. 2.043.324/RJ, rela-
tora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado
em 18/4/2023, DJe de 20/4/2023.)
44
Sobre os temas intervenção de terceiros e atuação da
Defensoria Pública, é correto afirmar que:
(A) se a defensoria pública vier a ser aceita como amicus
curiae em processo em que há um grande número
de vulneráveis e possibilidade de firmar precedente,
poderá, ante seus desígnios constitucionais, interpor
toda modalidade de recursos.
(B) o Superior Tribunal de Justiça, ao interpretar os re-
quisitos legais para a atuação coletiva da Defensoria
Pública, adota exegese ampliativa da condição jurídi-
ca de “necessitado”.
(C) a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça en-
tende ser cabível a intervenção anômala no Manda-
do de Segurança.
(D) a denunciação deve ser admitida quando o denun-
ciante busca eximir-se da responsabilidade pelo even-
to danoso, atribuindo-o com exclusividade a terceiro.
(E) o atual Código de Processo Civil prevê a obrigatorie-
dade da denunciação da lide nos casos de evicção.
Letra b.
Assunto abordado: Modalidades de intervenção de ter-
ceiros. Tutela dos interesses transindividuais.
(A) Errada. A intervenção como amicus curiae tem recor-
ribilidade restrita (art. 138, CPC). Nessa linha, a DPU já
requereu sua admissão como custos vulnerabilis:
Admite-se a intervenção da Defensoria Pública da
União no feito como custos vulnerabilis nas hipóte-
ses em que há formação de precedentes em favor
dos vulneráveis e dos direitos humanos. STJ. 2ª Seção.
EDcl no REsp 1.712.163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 25/09/2019 (Info 657).
(B) Certa. O Superior Tribunal de Justiça, ao interpretar
os requisitos legais para a atuação coletiva da Defensoria
Pública, adota exegese ampliativa da condição jurídica
de “necessitado”, de modo a possibilitar sua atuação em
relação aos necessitados jurídicos em geral, não apenas
aos hipossuficientes sob o aspecto econômico (STJ. 1ª
Turma. AgInt nos EDcl no REsp 1.529.933/CE, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 20/5/2019).
(C) Errada.
[...] 2. O Supremo Tribunal Federal já fixou que “(...)
o rito procedimental do mandado de segurança é in-
compatível com a intervenção de terceiros, ex vi do
art. 24 da Lei n. 12.016/09, ainda que na modalida-
de de assistência litisconsorcial, na forma da juris-
prudência remansosa do Supremo Tribunal Federal
(....)” ( MS 32.074/DF, Relator Min. Luiz Fux, Primeira
Turma, Processo Eletrônico publicado no DJe-217 em
5.11.2014.). 3. Em caso, todo similar ao encontrado
no presente feito, a Primeira Seção já manteve o inde-
ferimento de entidade da Administração Pública fede-
ral indireta que postulava o ingresso no feito manda-
mental para auxiliar na defesa da autoridade coatora
e da União; no caso, restou assentado que “a jurispru-
dência vem se consolidando no sentido de considerar
incompatível o instituto da assistência simples com o
rito e a finalidade do mandado de segurança” e que
“não se aplica ao mandado de segurança o art. 5º,
parágrafo único, da Lei n. 9.469/1997, que confere à
pessoa jurídica de direito público o privilégio de in-
tervir como assistente em qualquer causa” (AgRg no
MS 15.298/DF, Rel. Ministro Og Fernandes, Primeira
Seção, DJe 14.10.2014). Agravo regimental impro-
vido.(STJ – AgRg no MS: 16702 DF 2011/0094355-3,
Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Jul-
gamento: 14/10/2015, S1 – PRIMEIRA SEÇÃO, Data de
Publicação: DJe 22/10/2015)
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
(D) Errada. A denunciação da lide não tem como objeti-
vo eximir o denunciante da responsabilidade pelo dano.
O entendimento do STJ é de que não cabe denunciação
da lide com fundamento no art. 125, II, do CPC/2015, se
a parte denunciante objetiva se eximir de responsabili-
dade, atribuindo-a a terceiro:
[...] 2. Consoante orientação do STJ, “não se admite
a denunciação da lide com fundamento no art. 125,
II, do CPC se o denunciante objetiva eximir-se da res-
ponsabilidade pelo evento danoso, atribuindo-o com
exclusividade a terceiro” (AgInt no AREsp 1.483.427/
SP, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
julgado em 24//2019, DJe 30/9/2019). 3. O Tribunal
estadual entendeu pelo não cabimento da denuncia-
ção da lide aos fundamentos de que não é obrigatória
no presente caso e de que o objetivo do denunciante
é eximir-se da obrigação, atribuindo a responsabili-
dade dos danos causados no acidente, com exclusi-
vidade a terceiro. 4. O acórdão recorrido encontra-se
em harmonia com o entendimento consolidado no
STJ, não merecendo reforma. Incidência da Súmula
83/STJ. 5. Agravo interno não provido.(STJ – AgInt
no AREsp: 1850758 RJ 2021/0063671-9, Relator: Mi-
nistro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento:
30/08/2021, T4 – QUARTA TURMA, Data de Publica-
ção: DJe 09/09/2021)
(E) Errada. A evicção é a perda de um bem por ordem
judicial ou administrativa. No entanto, a denunciação é
facultativa, o que não impede que o direito regressivo
seja exercido por ação autônoma.
45
Acerca de competência, analise as assertivas a seguir.
I – É competente o foro do lugar onde está a sede para
a ação em que for ré pessoa jurídica.
II – É competente o foro do lugar do ato ou fato para
a ação de reparação de dano sofrido em razão de
delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves
III – É competente o foro de domicílio ou residência do ali-
mentante, para a ação em que se pedem alimentos.
Está incorreto o que se afirma em:
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) II, apenas.
(D) III, apenas.
(E) I, II e III.
Letra b.
Assunto abordado: Identificação de foro competente.
I) Certo. Conforme o art. 53, III, a, do CPC.
II) Errado. Conforme o art. 53, V, do CPC:
Art. 53, V – de domicílio do autor ou do local do fato,
para a ação de reparação de dano sofrido em razão
de delito ou acidente de veículos, inclusive aerona-
ves. (Grifos nossos.)
III) Errado. Conforme o art. 53, II, do CPC:
Art. 53, II – de domicílio ou residência do alimen-
tando, para a ação em que se pedem alimentos.
(Grifos nossos.)
46
Sobre recursos aos Tribunais Superiores, é correto
afirmar que:
(A) admitido o recurso extraordinário ou o recurso espe-
cial por um fundamento, não se devolve ao tribunal
superior o conhecimento dos demais fundamentos.
(B) para efeito de relevância da questão federal, será
considerada a existência ou não de questões rele-
vantes do ponto de vista econômico, político, social
ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos
do processo.
(C) haverá repercussão geral sempre que o recurso im-
pugnar acórdão que contrarie súmula ou jurispru-
dência dominante do Supremo Tribunal Federal.
(D) o recurso que tiver a repercussão geral reconhecida
deverá ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá pre-
ferência sobre os demais feitos.
(E) a súmula da decisão sobre a repercussão geral cons-
tará de ata, que será publicada no diário oficial, mas
não valerá como acórdão.
Letra c.
Assunto abordado: Recursos.
(A) Errada. Conforme o art. 1.034, parágrafo úni-
co, do CPC:
Art. 1.034, Parágrafo único. Admitido o recurso extra-
ordinário ou o recurso especial por um fundamento,
devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos
demais fundamentos para a solução do capítulo im-
pugnado. (Grifos nossos.)
(B) Errada. Conforme o art. 1.035, § 1º, do CPC:
Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão
irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário
quando a questão constitucional nele versada não ti-
ver repercussão geral, nos termos deste artigo.
§ 1º Para efeito de repercussão geral, será conside-
rada a existência ou não de questões relevantes do
ponto de vista econômico, político, social ou jurídico
que ultrapassem os interesses subjetivos do proces-
so. (Grifos nossos.)
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
(C) Certa. Conforme o art. 1.035, § 3º, I, do CPC:
Art. 1.035, § 3º Haverá repercussão geral sempre que
o recurso impugnar acórdão que:
I – contrarie súmula ou jurisprudência dominante do
Supremo Tribunal Federal;
(D) Errada. Conforme o art. 1.035, § 9º, do CPC:
Art. 1.035, § 9º O recurso que tiver a repercussão
geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1
(um) ano e terá preferência sobre os demais feitos,
ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos
de habeas corpus. (Grifos nossos.)
(E) Errada. Conforme o art. 1.035, § 11, do CPC:
Art. 1.035, § 11. A súmula da decisão sobre a reper-
cussão geral constará de ata, que será publicada no
diário oficial e valerá como acórdão. (Grifos nossos.)
47
João Maurício teve relação societária com Carla Cristina
durante 10 anos, e após desfazimento da sociedade en-
tendeu por necessária ação judicial na qual postulava o
ressarcimento de prejuízos havidos por sua saída, que
importavam na quantia de 50 mil reais, além de postu-
lar dano moral de 5 mil reais. Indicou que o pagamento
dos danos patrimoniais também poderia se dar median-
te entrega de automóvel em nome da sociedade. Nessa
linha, assinale a afirmativa correta.
(A) Trata-se de cumulação imprópria de pedidos no que
tange ao dano moral e material.
(B) Trata-se de cumulação imprópria subsidiária.
(C) É lícita a cumulação, em um único processo, contra o
mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles
não haja conexão.
(D) A interpretação do pedido considerará o conjunto da
postulação e observará o princípio da razoabilidade.
(E) Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber
ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir
a prestação de um ou de outro modo, salvo se o au-
tor não tenha formulado pedido alternativo.
Letra c.
Assunto abordado: Petição inicial. Requisitos e controle
de admissibilidade. Pedido. Pedido: alteração, aditamento
e cumulação. Pedidos alternativo, sucessivo e subsidiário.
Para resolver a questão, era necessário o conhecimento
sobre o tema de “pedidos”.
(A) Errada. Trata-se de cumulação simples, modalidade
de cumulação própria, uma vez que poderá receber tan-
to o dano moral quanto o dano material.
(B) Errada. Não há ordem de preferência entre os pedi-
dos, logo não se trata de cumulação imprópria subsidiá-
ria, conforme o art. 326 do CPC:
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em or-
dem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do pos-
terior, quando não acolher o anterior. (Grifos nossos.)
(C) Certa. Conforme o art. 327 do CPC:
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo,
contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que en-
tre eles não haja conexão.
(D) Errada. Conforme o art. 322, § 2º, do CPC:
Art. 322, § 2º A interpretação do pedido considerará
o conjunto da postulação e observará o princípio da
boa-fé. (Grifos nossos.)
(E) Errada. Conforme o art. 322, parágrafo único, do CPC:
Art. 325, Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo
contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe asse-
gurará o direito de cumprir a prestação de um ou de
outro modo, ainda que o autor não tenha formulado
pedido alternativo. (Grifos nossos.)
48
Sobre a força probante dos documentos, é correto
afirmar que:
(A) as declarações constantes do documento particular
escrito e assinado ou somente assinado presumem-
-se verdadeiras em relação ao destinatário.
(B) quando a lei exigir instrumento público como o da
substância do ato, nenhuma outra prova, por mais
especial que seja, poderá suprir-lhe a falta.
(C) o documento feito por oficial público incompetente ou
sem a observância das formalidades legais, ainda que
subscrito pelas partes, não tem eficácia probatória.
(D) a nota escrita pelo credor em qualquer parte de do-
cumento representativo de obrigação, ainda que não
assinada, faz prova em benefício do credor.
(E) qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica,
a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie,
tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas
representadas, ainda que sua conformidade com o
documento original seja impugnada por aquele con-
tra quem foi produzida.
Letra b.
Assunto abordado: Provas em espécie e sua produção.
(A) Errada. Conforme o art. 408 do CPC:
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
Art. 408. As declarações constantes do documento
particular escrito e assinado ou somente assinado
presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.
(Grifos nossos.)
(B) Certa. Conforme o art. 406 do CPC:
Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público
como da substância do ato, nenhuma outra prova,
por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
(C) Errada. Conforme o art. 407 do CPC:
Art. 407. O documento feito por oficial público
incompetente ou sem a observância das formali-
dades legais, sendo subscrito pelas partes, tem a
mesma eficácia probatória do documento particu-
lar. (Grifos nossos.)
(D) Errada. Conforme o art. 416 do CPC:
Art. 416. A nota escrita pelo credor em qualquer par-
te de documento representativo de obrigação, ainda
que não assinada, faz prova em benefício do deve-
dor. (Grifos nossos.)
(E) Errada. Conforme o art. 422 do CPC:
Art. 422. Qualquer reprodução mecânica, como a fo-
tográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou de ou-
tra espécie, tem aptidão para fazer prova dos fatos ou
das coisas representadas, se a sua conformidade com
o documento original não for impugnada por aquele
contra quem foi produzida. (Grifos nossos.)
49
Sobre a audiência de instrução e julgamento, analise os
itens a seguir.
I – Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as par-
tes, independentemente do emprego anterior de
outros métodos de solução consensual de conflitos,
como a mediação e a arbitragem.
II – O juiz poderá dispensar a produção das provas re-
queridas pela parte cujo advogado ou defensor pú-
blico não tenha comparecido à audiência, aplican-
do-se a mesma regra ao Ministério Público.
III – A audiência poderá ser integralmente gravada
em imagem e em áudio, em meio digital ou ana-
lógico, desde que previamente autorizado pelo
magistrado.
Está incorreto o que se afirma em:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II, apenas.
(D) III, apenas.
(E) I, II e III.
Letra d.
Assunto abordado: Audiência de instrução e julgamento.
I) Certo. É o teor do art. 359 do CPC.
II Certo. É o teor do art. 362, § 2º, do CPC.
III) Errado. Conforme o art. 359, § 5º, do CPC:
Art. 359, § 5º A audiência poderá ser integralmente
gravada em imagem e em áudio, em meio digital ou
analógico, desde que assegure o rápido acesso das
partes e dos órgãos julgadores, observada a legisla-
ção específica. (Grifos nossos.)
50
Maria é acionada judicialmente pelo Município de Be-
lém para pagar o seu IPTU, sendo que a citação foi re-
alizada validamente no dia 14/03/2024. Sobre o tema,
assinale a alternativa correta.
(A) A competência para processar e julgar a execução da
Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer
outro Juízo, inclusive o da falência, da concordata, da
liquidação, da insolvência ou do inventário.
(B) Maria será citada para pagar a dívida, garantir a exe-
cução ou opor embargos em 30 (trinta) dias, conta-
dos da juntada aos autos do instrumento de citação,
que pode ser por aviso de recebimento ou mandado.
(C) Nos embargos à execução fiscal é incabível a desig-
nação de audiência de instrução e julgamento.
(D) A dívida ativa da Fazenda Pública, compreendendo
a tributária e a não tributária, abrange a atualização
monetária, mas não os juros e as multas de mora.
(E) Na execução fiscal, até a decisão de segunda instân-
cia, a certidão de dívida ativa poderá ser emendada
ou substituída, assegurada ao executado a devolu-
ção do prazo para embargos.
Letra a.
Assunto abordado: Execução fiscal.
(A) Certa. Conforme o art. 5º da LEF.
(B) Errada. Conforme o art. 8º da LEF:
Art. 8º O executado será citado para, no prazo de
5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa
de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida
Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguin-
tes normas:
I – a citação será feita pelo correio, com aviso de recep-
ção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma;
II – a citação pelo correio considera-se feita na data
da entrega da carta no endereço do executado, ou, se
a data for omitida, no aviso de recepção, 10 (dez) dias
após a entrega da carta à agência postal;
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
III – se o aviso de recepção não retornar no prazo de
15 (quinze) dias da entrega da carta à agência postal,
a citação será feita por Oficial de Justiça ou por edital;
IV – o edital de citação será afixado na sede do Juízo,
publicado uma só vez no órgão oficial, gratuitamente,
como expediente judiciário, com o prazo de 30 (trin-
ta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exequente,
o nome do devedor e dos corresponsáveis, a quantia
devida, a natureza da dívida, a data e o número da
inscrição no Registro da Dívida Ativa, o prazo e o en-
dereço da sede do Juízo.
(C) Errada. Conforme o art. 8º da LEF:
Art. 17. Recebidos os embargos, o Juiz mandará in-
timar a Fazenda, para impugná-los no prazo de 30
(trinta) dias, designando, em seguida, audiência de
instrução e julgamento. (Grifos nossos.)
(D) Errada. Conforme o art. 2º, § 2º, da LEF:
Art. 2º, § 2º A Dívida Ativa da Fazenda Pública, com-
preendendo a tributária e a não tributária, abrange
atualização monetária, juros e multa de mora e demais
encargos previstos em lei ou contrato. (Grifos nossos.)
(E) Errada. Conforme o art. 2º, § 8º, da LEF:
Art. 2º, § 8º Até a decisão de primeira instância, a
Certidão de Dívida Ativa poderá ser emendada ou
substituída, assegurada ao executado a devolução do
prazo para embargos. (Grifos nossos.)
Direito Civil
Maryanne Abreu
51
Acerca da tomada de decisão apoiada, assinale a alter-
nativa correta.
(A) O cônjuge ou companheiro, não separado judicial-
mente ou de fato, é, de direito, o apoiador.
(B) Na falta do cônjuge ou companheiro, é apoiador legí-
timo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente
que se demonstrar mais apto.
(C) A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade
e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que
esteja inserida nos limites do apoio acordado.
(D) Uma vez designado, o apoiador não pode solicitar ao
juiz a exclusão de sua participação do processo de
tomada de decisão apoiada.
(E) Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou
prejuízo relevante, havendo divergência de opiniões
entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, preva-
lece a decisão desses últimos.
Letra c.
Assunto abordado: Direito civil. Curatela.
(A) Errada. A tomada de decisão apoiada é o processo
pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2
(duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos
e que gozem de sua confiança. Inexiste uma ordem de
preferência para apoiadores como na curatela. Na toma-
da de decisão apoiada é a própria pessoa quem elege o
seu apoiador.
(B) Errada. O deficiente é quem elege 2 (duas) pessoas
idôneas de sua confiança para auxílio nas decisões sobre
atos da vida civil. O pedido é iniciativa do portador de
deficiência mental, que estipula os limites de atuação
dos apoiadores. A decisão de deferimento da tomada de
decisão apoiada é do magistrado, auxiliado por equipe
multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público e das
pessoas que prestarão apoio.
(C) Certa. Nos termos do art. 1.783-A, § 4º, da Lei n.
13.146/2015, a decisão tomada por pessoa apoiada terá
validade e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde
que esteja inserida nos limites do apoio acordado.
(D) Errada. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão
de sua participação do processo de tomada de decisão
apoiada, sendo seu desligamento condicionado à ma-
nifestação do juiz sobre a matéria é o que dispõe art.
1.783-A, § 10, da Lei n. 13.146/2015. É importante res-
saltar, ainda, que a pessoa apoiada pode, a qualquer
tempo, solicitar o término de acordo firmado em pro-
cesso de tomada de decisão apoiada.
(E) Errada. Havendo divergência de opiniões em negócio
jurídico com risco relevante, a decisão cabe ao juiz, ouvi-
do o Ministério Público, inclusive, devendo ser analisado
o grau de incapacidade. O apoiador pode ser afastado
pelo juiz em caso de negligência (art. 186 do CC) ou de
agir em contrariedade aos interesses do apoiado, bem
como solicitar voluntariamente a sua exclusão e, ainda,
responsabilizá-lo civilmente, já que ele responderá obje-
tivamente por força dos arts. 932, II, c/c 933 do CC.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
52
Carlos Henrique, um fenômeno da natação, aos 17 anos
foi contratado pelo Clube Minas como atleta profissional
auferindo mensalmente um salário de R$ 25.000,00 (vin-
te e cinco mil reais) que lhe possibilitava ter a sua própria
economia. Todavia, Carlos Henrique vem constantemen-
te sendo impedido pelos pais de usar livremente o seu
dinheiro ao fundamento de que ele é menor de idade e
não possui capacidade para exercer plenamente atos de
gerência do seu dinheiro e dos seus bens.
Nesse caso, diante da situação narrada, é correto
afirmar que:
(A) Carlos Henrique encontra-se emancipado e pode ad-
ministrar livremente o seu dinheiro e os seus bens
sem a assistência dos seus pais.
(B) os pais de Carlos Henrique estão corretos, já que a
capacidade civil se adquire aos 18 (dezoito) anos.
(C) Carlos Henrique encontra-se emancipado, mas os
pais mantêm o poder familiar.
(D) os pais de Carlos Henrique perderam a adminis-
tração dos bens do filho, mas permanecem como
usufrutuários.
(E) o salário de Carlos Henrique pode por ele ser gerido,
mas eventuais bens permanecem sob a administra-
ção dos pais até que ele complete a maioridade civil
aos 18 (dezoito) anos.
Letra a.
Assunto abordado: Direito civil. Pessoas naturais.
Emancipação.
(A) Certa. A emancipação legal é aquela que decorre das
hipóteses previstas em lei, conforme o art. 5º, II a V, do
CC (a saber: pelo casamento; pelo exercício de emprego
público efetivo; pela colação de grau em curso de ensi-
no superior; pelo estabelecimento civil ou comercial, ou
pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos completos
tenha economia própria).
Na situação narrada, Carlos Henrique é maior de 16 anos
e possui uma relação de emprego que lhe possibilitou
ter uma economia própria. Assim, independentemen-
te de autorização dos pais, tornou-se emancipado. A
emancipação pode ser conceituada como sendo o ato
jurídico que antecipa os efeitos da aquisição da maio-
ridade, e da consequente capacidade civil plena, para
data anterior àquela em que o menor atinge a idade de
18 anos, para fins civis. Com a emancipação, o menor
deixa de ser incapaz e passa a ser capaz. Nos termos do
art. 1.693, excluem-se do usufruto e da administração
dos pais: “II – os valores auferidos pelo filho maior de
dezesseis anos, no exercício de atividade profissional
e os bens com tais recursos adquiridos”. Assim, Carlos
Henrique pode administrar livremente o seu dinheiro e
os seus bens sem a assistência dos seus pais, assim como
afirmado na assertiva.
(B) Errada. A emancipação é um instituto jurídico civil,
que permite a antecipação da capacidade plena (efeitos
da maioridade), para data anterior aos 18 anos.
(C) Errada. Nos termos do art. 1.635 do CC, extingue-se
o poder familiar: pela emancipação, nos termos do art.
5º , parágrafo único. Assim, uma vez emancipado, extin-
gue-se o poder familiar dos pais de Carlos Henrique.
(D) Errada. Nos termos do art. 1693, excluem-se do
usufruto e da administração dos pais: “II – os valores
auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exer-
cício de atividade profissional e os bens com tais recur-
sos adquiridos”.
(E) Errada. Conforme preceitua o art. 1693 do Código Ci-
vil, os genitores não terão mais a administração dos bens.
53
A expressão “meu reino por um cavalo”, da obra de
Shakespeare, pode ser um exemplo de vício do negócio
jurídico denominado:
(A) erro.
(B) coação.
(C) estado de perigo.
(D) simulação.
(E) fraude contra credores.
Letra c.
Assunto abordado: Direito civil. Defeitos do negó-
cio jurídico.
(A) Errada. Teoricamente, o erro é um estado de espíri-
to positivo. É a falsa percepção da realidade. Por outro
lado, a ignorância traduz um estado de espírito negativo.
É uma situação de desconhecimento. O erro é defeito
invalidante do negócio jurídico, nos termos dos arts. 138
e seguintes do Código Civil.
(B) Errada. A coação se caracteriza pela violência psico-
lógica. A coação (moral – vis compulsiva), causa de in-
validade do negócio jurídico (anulação), opera quando
uma das partes é vítima de violência psicológica para
realizar o negócio jurídico que a sua vontade interna não
deseja efetuar (art. 151 do CC). É uma ameaça, diferen-
temente do dolo, que é um engodo.
(C) Certa. Trata-se de uma aplicação do estado de ne-
cessidade ao Direito Civil. Configura-se estado de perigo
quando o agente, diante de situação de perigo de dano
material ou moral, conhecido pela outra parte, assume
obrigação excessivamente onerosa (art. 156 do CC). No
estado de perigo, a gravidade é maior do que na lesão.
Não é uma simples necessidade ou inexperiência socioe-
conômica. O perigo é a saúde mental, física ou material.
A outra parte tem ciência do perigo (há quem diga que
aqui há dolo de aproveitamento). A frase representa um
exemplo de estado de perigo, visto que a pessoa assume
uma obrigação altamente desproporcional, muito além
da lesão, que é a troca de “um reino por um cavalo”.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
(D) Errada. Na simulação, celebra-se um negócio jurídico
que tem aparência normal, mas que não pretende atin-
gir o efeito que juridicamente deveria produzir. Para
Beviláqua, na simulação, há uma declaração enganosa
de vontade bilateral.
(E) Errada. A fraude contra credores traduz a prática de
um ato negocial que diminui o patrimônio do devedor,
prejudicando o credor preexistente.
54
Levando-se em consideração as regras dispostas no Có-
digo Civil acerca dos institutos da prescrição e da deca-
dência, é correto afirmar que:
(A) os prazos de prescrição podem ser alterados por
acordo das partes.
(B) a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a
correr contra o seu sucessor.
(C) prescreve em três anos a pretensão para haver
prestações alimentares, a partir da data em que
se vencerem.
(D) tratando-se de decadência convencional, a parte a
quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de
jurisdição e o juiz pode suprir a alegação.
(E) é passível de anulação a renúncia à decadência fixa-
da em lei.
Letra b.
Assunto abordado: Direito civil. Prescrição e decadência.
(A) Errada. Conforme o art. 192 do CC: “Art. 192. Os pra-
zos de prescrição não podem ser alterados por acordo
das partes”. O instituto da prescrição é matéria de ordem
pública, sendo vedada a sua dilação convencional pelas
partes. Não cabe às partes estipular em contrato prazo
prescricional, visto que essa matéria está regida pelo Có-
digo Civil ou lei específica, sendo de ordem pública.
(B) Certa. Conforme o art. 196 do CC: “Art. 196 A prescri-
ção iniciada contra uma pessoa continua a correr contra
o seu sucessor”.
A prescrição não é personalíssima, pois não se liga à
pessoa, e sim aos direitos que esta possuía; da mesma
maneira que os direitos são transmissíveis, a prescrição
também o é.
(C) Errada. Na forma do art. 206, § 2º, prescreve em dois
anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a
partir da data em que se vencerem.
Prazos de prescrição são, apenas e exclusivamente, os
taxativamente discriminados na Parte Geral, nos arts.
205 (regra geral) e 206 (regras especiais), sendo de de-
cadência todos os demais, por conta do princípio da apli-
cabilidade, estabelecidos como complemento de cada
artigo que rege a matéria, tanto na Parte Geral quanto
na Especial. Para evitar a discussão se a ação prescre-
ve ou não, adotou-se a tese da prescrição da pretensão,
por ser considerada a mais condizente com o direito pro-
cessual contemporâneo. A prescrição irá acontecer no
prazo de dez anos, se a lei não discriminar. No caso de o
prazo se iniciar com base no Código Civil de 1916, deve-
-se analisar o art. 2.028 do CC.
(D) Errada. Conforme o art. 211 do CC:
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a
quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de
jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.
Quando a decadência advier de convenção entre as par-
tes (art. 421 do CC), poderá o beneficiado por ela alegá-
-la em qualquer grau de jurisdição e, ainda, arbitragem,
porém é vedada ao juiz a sua declaração de ofício (art.
210 do CC).
(E) Errada. Conforme o art. 209 do CC: “Art. 209. É nula a
renúncia à decadência fixada em lei”. A decadência legal
é matéria de ordem pública que corre irrevogavelmente
e de forma indisponível, portanto não comporta renún-
cia, não sendo por suposto transacionada (arts. 840 a
850 do CC). É resultante de prazo legal e não pode ser
renunciada pelas partes, nem antes nem depois de con-
sumada, sob pena de nulidade.
55
Acerca da Lei n. 8.009/1990, que dispõe sobre a impe-
nhorabilidade do bem de família e a jurisprudência dos
Tribunais Superiores, assinale a alternativa incorreta.
(A) É válida a penhora de bem de família pertencente a
fiador de contrato de locação.
(B) É constitucional a penhora de bem de família perten-
cente a fiador de contrato de locação, seja residen-
cial, seja comercial.
(C) Se o devedor não alegar a impenhorabilidade do bem
de família no momento oportuno haverá preclusão.
(D) Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de
transporte, obras de arte e adornos suntuosos.
(E) A impenhorabilidade convencional é relativa, uma vez
que o imóvel apenas estará protegido da execução por
dívidas subsequentes à sua constituição, não servindo
às obrigações existentes no momento de seu gravame.
Letra c.
Assunto abordado: Direito civil. Bem de família.
(A) Certa. É o que dispõe a Súmula 549 do STJ: “É váli-
da a penhora de bem de família pertencente a fiador de
contrato de locação”.
(B) Certa. Trata-se de tese fixada pelo Supremo Tribu-
nal Federal:
É constitucional a penhora de bem de família perten-
cente a fiador de contrato de locação, seja residen-
cial, seja comercial. (STF. Plenário. RE 1.307.334/SP,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/3/2022)
(Repercussão Geral – Tema 1127).
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
(C) Errada.
A impenhorabilidade do bem de família é matéria
de ordem pública, dela podendo conhecer o juízo a
qualquer momento, antes da arrematação do imóvel,
desde que haja prova nos autos. Logo, mesmo que o
devedor não tenha arguido a impenhorabilidade no
momento oportuno, é possível sua alegação desde
que ocorra antes da arrematação do imóvel (STJ. 4ª
Turma. REsp 981.532-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salo-
mão, julgado em 7/8/2012).
(D) Certa. Trata-se da literalidade do art. 2º da Lei n.
8.009/1990: “Excluem-se da impenhorabilidade os veí-
culos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos”.
(E) Certa.
Entendeu o STJ que, para o bem de família instituído
nos moldes da Lei n. 8.009/1990, a proteção confe-
rida pelo instituto alcançará todas as obrigações do
devedor indistintamente, ainda que o imóvel tenha
sido adquirido no curso de uma demanda executi-
va. Por sua vez, a impenhorabilidade convencional
é relativa, visto que o imóvel apenas estará prote-
gido da execução por dívidas subsequentes à sua
constituição, não servindo às obrigações existentes
no momento de seu gravame. 6. Recurso especial
não provido. (REsp n. 1.792.265/SP, relator Minis-
tro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em
14/12/2021, DJe de 14/3/2022.)
56
Acerca da transmissão das obrigações nos termos do Có-
digo Civil, analise as proposições abaixo.
I – Salvo estipulação em contrário, o cedente sempre
responde pela solvência do devedor.
II – Salvo disposição em contrário, na cessão de um cré-
dito abrangem-se todos os seus acessórios.
III – Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor
para que consinta na assunção da dívida, interpre-
tando-se o seu silêncio como aceitação.
É correto o que se afirma em:
(A) I, apenas.
(B) I e II.
(C) II, apenas.
(D) II e III.
(E) I, II e III.
Letra c.
Assunto abordado: Direito civil. Transmissão das obrigações.
Cessão de crédito: é o negócio jurídico pelo qual o cre-
dor (cedente) transfere a terceiro (cessionário), indepen-
dentemente do consenso do devedor (cedido), os seus
direitos creditórios. Pode-se dizer, portanto, que a ces-
são de crédito é um negócio jurídico bilateral, gratuito
ou oneroso, pelo qual o credor de uma obrigação, cha-
mado cedente, transfere, no todo ou em parte, a tercei-
ro – cessionário –, independentemente do consenso do
devedor (cedido) e sua posição na relação obrigacional,
com todos os acessórios e garantias, salvo disposição em
contrário, sem que se opere a extinção do vínculo obri-
gacional. Qualquer crédito poderá ser cedido, conste ou
não de um título, esteja vencido ou por vencer, se a isto
não se opuser: a natureza da obrigação; o ordenamento
jurídico; e, a convenção do devedor.
I) Errado. Pois o art. 296 preceitua que, salvo estipulação
em contrário, o cedente não responde pela solvência
do devedor.
O cedente, salvo estipulação em contrário, não responde
pela solvência do devedor, visto que, em regra, apenas
assume uma obrigação de garantia e existência do cré-
dito. No direito civil, a solvência exprime a boa situação
econômica, em virtude de o devedor possuir haveres em
valor superior ao montante de suas dívidas.
II) Certo. Conforme dispõe o art. 287 do Código Civil:
“Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito
abrangem-se todos os seus acessórios”.
Portanto, não havendo disposição em contrário, será
transmitido ao cessionário, além do direito à prestação
principal, todos os acessórios do crédito, ou seja, os di-
reitos pessoais e os reais de garantia, os direitos de pre-
ferência, a cláusula penal (art. 420 do CC) etc.
Cessão de débito ou assunção de dívida: é o negócio
jurídico pelo qual o devedor, com a anuência expressa
do credor, transfere a terceiro os encargos obrigacionais,
o qual substitui o devedor. A cessão de débito, também
conhecida como assunção de dívida, é um negócio jurí-
dico bilateral em que o devedor, com o consentimento
expresso do credor, transfere a terceiros os encargos
obrigacionais. Diferentemente da cessão de crédito, o
consentimento na assunção de dívida deve ser dado
pelo credor. Deve ser estipulado prazo ao credor para
que dê o consentimento, essencial para a validade desse
negócio jurídico (art. 104, III, primeira parte do CC, que
dispõe: “a validade do negócio jurídico requer: […] III –
forma prescrita ou não defesa em lei”), interpretando-
-se seu silêncio como recusa.
III) Errado. Porque o silêncio é interpretado como recu-
sa, e não como aceitação.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
57
O princípio da boa-fé objetiva traduz uma cláusula geral
principiológica de conteúdo ético e exigibilidade jurídi-
ca implícita em todo o contrato. Assim, toda e qualquer
cláusula contratual deve ter seu sentido e alcance de-
terminado pela ética que se espera das partes.
Conforme a doutrina civilista, o trecho em destaque tra-
duz uma função da boa-fé objetiva. Assinale-a.
(A) Função constitutiva.
(B) Função integradora.
(C) Função interpretativa.
(D) Função limitativa.
(E) Função de controle.
Letra c.
Assunto abordado: Direito civil. Princípios contratuais.
A boa-fé objetiva é a materialização da eticidade no
campo contratual. É o comportamento ético exigido dos
contratantes. É a ética que se espera deles.
A doutrina menciona algumas funções da boa-fé objeti-
va, sendo elas:
• Função interpretativa – a boa-fé orienta o magis-
trado na interpretação do contrato. O contrato
deve ser interpretado conforme a boa-fé. Toda e
qualquer cláusula contratual deve ter seu sentido
e alcance determinado pela ética que se espera
das partes;
• Função constitutiva ou integradora – consti-
tui deveres anexos (colaterais ou de proteção) à
obrigação contratual. Estabelece deveres anexos,
laterais e implícitos. São deveres que estarão pre-
sentes nos contratos, independentemente de as
partes desejarem;
• Função limitativa ou restritiva (função de con-
trole) – limita a autonomia privada e o exercício
da liberdade contratual. Logo, o contratante não
pode, amparado em uma suposta autonomia con-
tratual, realizar um ato contratual em desconfor-
midade com os padrões éticos e leais. A boa-fé
objetiva veda o abuso de direito.
58
De acordo com o disposto no Código Civil sobre o contra-
to de transporte, assinale a alternativa incorreta.
(A) O dano, resultante do atraso ou da interrupção da
viagem, será determinado em razão da totalidade
do percurso.
(B) O transportador responde pelos danos causados às
pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo
de força maior, sendo passível de anulação cláusula
excludente da responsabilidade.
(C) É lícito ao transportador exigir a declaração do valor
da bagagem, a fim de fixar o limite da indenização.
(D) O transportador pode recusar a coisa cuja embala-
gem seja inadequada.
(E) O transportador pode exigir que o remetente lhe
entregue relação discriminada das coisas a serem
transportadas.
Letra b.
Assunto abordado: Direito civil. Contrato em espécie –
transporte.
Contrato de transporte – contrato pelo qual o transpor-
tador (pessoa física ou empresa) se obriga, mediante
retribuição, a transportar, de um local para outro (via
terrestre, aquaviária, férrea ou aérea), pessoas (viajante
ou passageiro) ou coisas animadas ou inanimadas, as-
sumindo os riscos desse empreendimento. É bilateral,
oneroso, comutativo, por adesão, consensual.
Espécies
I) transporte de pessoas – contrato pelo qual o transpor-
tador se obriga a transportar uma pessoa e sua bagagem
de um local para outro, mediante remuneração;
II) transporte de coisas – contrato pelo qual o expedidor
ou remetente entrega certo objeto para o transportador,
para que seja levado a outro local e entregue ao destina-
tário (consignatário) indicado;
III) transporte terrestre – quanto ao veículo, pode ser
ferroviário e rodoviário; quanto à extensão coberta,
pode ser urbano, intermunicipal, interestadual e in-
ternacional;
IV) transporte aquaviário;
V) transporte aéreo.
(A) Certa. Conforme o art. 733, § 1º, do CC:
Art. 733, § 1º O dano, resultante do atraso ou da in-
terrupção da viagem, será determinado em razão da
totalidade do percurso.
(B) Errada. Conforme o art. 734 do CC:
Art. 734. O transportador responde pelos danos cau-
sados às pessoas transportadas e suas bagagens, sal-
vo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláu-
sula excludente da responsabilidade. (Grifos nossos.)
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
A responsabilidade por acidente não se exclui por cul-
pa de terceiro (art. 735), situação que ordinariamente
ocorre quando o descuido causador do dano é do outro
motorista, caso em que a transportadora responde pela
reparação do dano sofrido pelo seu passageiro. A res-
ponsabilidade pelo dano causado a um terceiro que não
seja passageiro, como no atropelamento de pedestre, é
extracontratual e se regula pelas regras do ilícito abso-
luto (art. 186). A culpa aqui mencionada é a culpa em
sentido estrito, não ao dolo, situação que não foi espe-
cificamente regulada no Código Civil. Quando há uma si-
tuação de dolo, como acontece no assalto ou outros atos
de violência, tem-se que remeter para a situação geral
da força maior, do fato inevitável, e saber se essa ação
do terceiro se inclui ou não na situação da força maior.
(C) Certa. Conforme o art. 734, parágrafo único, do CC:
Art. 734, Parágrafo único. É lícito ao transportador
exigir a declaração do valor da bagagem a fim de fixar
o limite da indenização.
Atentem-se para a Súmula 161 do STF:
Súmula 161. Em contrato de transporte, é inoperante
a cláusula de não indenizar.
(D) Certa. Conforme o art. 746 do CC:
Art. 746. Poderá o transportador recusar a coisa cuja
embalagem seja inadequada, bem como a que possa
pôr em risco a saúde das pessoas, ou danificar o veí-
culo e outros bens.
O transportador poderá se recusar a transportar a coisa
que possua inadequação de embalagem ou possa ofere-
cer risco para si ou para outrem, bem como periclitar a
saúde e bem-estar em geral, ou então constituir ameaça
de dano a seu veículo ou outros bens.
(E) Certa. Conforme o art. 744, parágrafo único, do CC:
Art. 744, Parágrafo único. O transportador poderá
exigir que o remetente lhe entregue, devidamente
assinada, a relação discriminada das coisas a serem
transportadas, em duas vias, uma das quais, por ele
devidamente autenticada, ficará fazendo parte inte-
grante do conhecimento.
Trata-se de um título de crédito impróprio, denominado
conhecimento de transporte de carga ou frete, cuja efi-
cácia se exprime em provar o recebimento da coisa e a
obrigação de efetuar o transporte. Dessa forma, observa
preceitos de literalidade e autonomia, podendo ser exi-
gido que do título conste relação específica dos objetos
do contrato de transporte.
59
A teoria da perda de uma chance determina que, se al-
guém, ao praticar um ato ilícito, fizer com que outra pes-
soa perca a oportunidade de obter uma vantagem ou de
se evitar um prejuízo, esta conduta ensejará indenização
pelos danos causados.
Levando-se em consideração a jurisprudência dos tribu-
nais superiores, é correto afirmar que:
(A) o Superior Tribunal de Justiça estabeleceu os seguin-
tes requisitos para aplicação da teoria: a existência
de chance, concreta, real, com alto grau de probabi-
lidade; o nexo causal e a necessidade de atentar para
o fato de que o dano não é o benefício perdido.
(B) a responsabilidade pela perda de uma chance pode
ter como consequência o dever de indenizar os pre-
juízos materiais e os danos morais, não sendo possí-
vel, todavia, que o seja de forma concomitante.
(C) o dano resultante da aplicação da teoria da perda de
uma chance é considerado lucro cessante, uma vez
que é algo que a pessoa deixou de ganhar.
(D) havendo pedido de indenização por perdas e danos
em geral, não pode o juiz reconhecer a aplicação da
perda de uma chance.
(E) na teoria da perda de uma chance se paga como in-
denização o valor do resultado final que poderia ter
sido obtido.
Letra a.
Assunto abordado: Direito civil. Responsabilidade civil.
Perda de uma chance.
(A) Certa. O STJ estabeleceu os seguintes requisitos para
aplicação da teoria: a) a existência de chance, concreta,
real, com alto grau de probabilidade; b) o nexo causal
entre a ação ou omissão do defensor e a perda da opor-
tunidade de exercer a chance (sendo desnecessário que
esse nexo se estabeleça diretamente com o objeto final);
c) a necessidade de atentar para o fato de que o dano
não é o benefício perdido.
(B) Errada. Conforme o Enunciado 444, CJF:
A responsabilidade civil pela perda de chance não se
limita à categoria de danos extrapatrimoniais, pois,
conforme as circunstâncias do caso concreto, a chan-
ce perdida pode apresentar também a natureza jurí-
dica de dano patrimonial. A chance deve ser séria e
real, não ficando adstrita a percentuais apriorísticos.
Ainda, entende o STJ que os prejuízos materiais e os
danos morais podem ser indenizados pela perda de
uma chance, inclusive de forma concomitante, “a de-
pender da espécie de posição jurídica violada em cada
hipótese concreta”.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
(C) Errada.
Com efeito, a teoria da perda de uma chance visa à
responsabilização do agente causador, e não de um
dano emergente, tampouco de lucros cessantes, mas
de algo intermediário entre um e outro, precisamen-
te a perda da possibilidade de se buscar posição
mais vantajosa que muito provavelmente se alcan-
çaria, não fosse o ato ilícito praticado. (STJ. 4ª Turma,
REsp 1.190.180/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, jul-
gado em 16/11/2010.) (Grifos nossos.)
(D) Errada. Decidiu o STJ que:
O princípio da congruência ou da adstrição determi-
na que o magistrado deve decidir a lide dentro dos
limites fixados pelas partes. O pedido formulado deve
ser examinado a partir de uma interpretação lógico-
-sistemática, não podendo o magistrado se esquivar
da análise ampla e detida da relação jurídica posta,
mesmo porque a obrigatória adstrição do julgador ao
pedido expressamente formulado pelo autor pode
ser mitigada em observância aos brocardos da mihi
factum dabo tibi ius (dá-me os fatos que te darei o
direito) e iura novit curia (o juiz é quem conhece o
direito). Logo, não existe julgamento extra petita, pois
o autor postulou indenização por danos materiais e o
juízo a quo condenou o réu em conformidade com o
pedido utilizando, contudo, como fundamento jurídi-
co a teoria da perda de uma chance. (STJ. 3ª Turma.
REsp 1.637.375-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cue-
va, julgado em 17/11/2020) (Info 683).
(E) Errada. Nos termos da jurisprudência do STJ, na te-
oria da perda de uma chance não se paga como inde-
nização o valor do resultado final que poderia ter sido
obtido, mas, sim, uma quantia a ser arbitrada pelo juiz,
levando em consideração o caso concreto.
60
Sobre a hipoteca, assinale a alternativa correta.
(A) Pode ser objeto de hipoteca a propriedade superficiária.
(B) Salvo caso de insolvência do devedor, o credor da se-
gunda hipoteca, desde que vencida, poderá executar
o imóvel antes de vencida a primeira.
(C) O inadimplemento da obrigação garantida por hipote-
ca impõe ao credor declarar vencidas as demais obriga-
ções de que for titular garantidas pelo mesmo imóvel.
(D) A extensão da hipoteca poderá exceder ao prazo e ao
valor máximo garantido constantes da especialização
da garantia original, desde que previamente ajustada.
(E) Considera-se insolvente o devedor por faltar ao pa-
gamento das obrigações garantidas por hipotecas
posteriores à primeira.
Letra a.
Assunto abordado: Direito civil. Direitos reais de garantia.
Hipoteca – trata-se de direito real de garantia constituí-
do por escritura pública registrada que grava bem imóvel
do devedor de terceiro, sem tradição ao credor, confe-
rindo a este o direito de executar a garantia, pagando-se,
preferencialmente, se inadimplente o devedor.
STJ, Súmula 308. A hipoteca firmada entre a cons-
trutora e o agente financeiro, anterior ou posterior à
celebração da promessa de compra e venda, não tem
eficácia perante os adquirentes do imóvel.
(A) Certa. Conforme o art. 1.473 do CC:
Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca:
I – os imóveis e os acessórios dos imóveis conjunta-
mente com eles;
II – o domínio direto;
III – o domínio útil;
IV – as estradas de ferro;
V – os recursos naturais a que se refere o art. 1.230,
independentemente do solo onde se acham;
VI – os navios;
VII – as aeronaves;
VIII – o direito de uso especial para fins de moradia; ;
IX – o direito real de uso; ;
X – a propriedade superficiária;
XI – os direitos oriundos da imissão provisória na pos-
se, quando concedida à União, aos Estados, ao Distri-
to Federal, aos Municípios ou às suas entidades de-
legadas e a respectiva cessão e promessa de cessão.
(B) Errada. Conforme o art. 1.477 do CC:
Art. 1.477. Salvo o caso de insolvência do devedor,
o credor da segunda hipoteca, embora vencida, não
poderá executar o imóvel antes de vencida a primei-
ra. (Grifos nossos.)
(C) Errada. Conforme o art. 1.477, § 2º, do CC:
Art. 1.477, § 2º O inadimplemento da obrigação ga-
rantida por hipoteca faculta ao credor declarar venci-
das as demais obrigações de que for titular garantidas
pelo mesmo imóvel. Trata-se de faculdade e não de
dever. (Grifos nossos.)
(D) Errada. Conforme o art. 1.487-A, § 1º, do CC:
Art. 1.487-A. A hipoteca poderá, por requerimento
do proprietário, ser posteriormente estendida para
garantir novas obrigações em favor do mesmo credor,
mantidos o registro e a publicidade originais, mas res-
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
peitada, em relação à extensão, a prioridade de direi-
tos contraditórios ingressos na matrícula do imóvel.
§ 1º A extensão da hipoteca não poderá exceder ao
prazo e ao valor máximo garantido constantes da es-
pecialização da garantia original. (Grifos nossos.)
(E) Errada. Conforme o art. 1.477, § 1º, do CC:
Art. 1477, § 1º Não se considera insolvente o devedor
por faltar ao pagamento das obrigações garantidas
por hipotecas posteriores à primeira. (Grifos nossos.)
61
Acerca das práticas comerciais previstas no Código de
Defesa do Consumidor, assinale a alternativa correta.
(A) Os fabricantes deverão assegurar a oferta de com-
ponentes enquanto não cessar a fabricação, porém,
cessada a produção, a oferta será mantida por no mí-
nimo 90 (noventa) dias.
(B) É vedada a publicidade de bens por telefone, quando
a chamada for onerosa ao consumidor que a origina.
(C) O fornecedor do produto ou serviço é subsidiaria-
mente responsável pelos atos de seus prepostos ou
representantes autônomos.
(D) Inexiste no Código de Defesa do Consumidor espe-
cificações e exigências expressas para veiculação
de publicidade.
(E) A publicidade é enganosa apenas por comissão.
Letra b.
Assunto abordado: Direito civil. Direito do consumidor.
(A) Errada. Conforme o art. 32, parágrafo único, do CDC:
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão as-
segurar a oferta de componentes e peças de repo-
sição enquanto não cessar a fabricação ou importa-
ção do produto.
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação,
a oferta deverá ser mantida por período razoável de
tempo, na forma da lei. (Grifos nossos.)
A lei não traz um prazo mínimo, apenas informa que será
por um período razoável.
Atenção! O dever de assistência com peças e componen-
tes obriga apenas o fabricante e o importador, não se
aplicando ao mero distribuidor. Já o dever de assistência
técnica, como mera prestação de serviços, é devido não
apenas pelo fabricante e importador, mas também pelo
próprio distribuidor, uma vez que é inerente à sua ativi-
dade no mercado.
(B) Certa. Conforme o art. 33, parágrafo único, do CDC:
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou
reembolso postal, deve constar o nome do fabricante
e endereço na embalagem, publicidade e em todos os
impressos utilizados na transação comercial.
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e
serviços por telefone, quando a chamada for onerosa
ao consumidor que a origina.
(C) Errada. Conforme o art. 34 do CDC:
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solida-
riamente responsável pelos atos de seus prepostos
ou representantes autônomos. (Grifos nossos.)
Este dispositivo legal é da mais alta relevância. Não são
poucos os casos em que o consumidor lesado fica to-
talmente impossibilitado de acionar o fornecedor – be-
neficiário de um comportamento inadequado de um de
seus vendedores – sob o argumento de que estes não
estavam sob sua autoridade, tratando-se de meros re-
presentantes autônomos. Agora, a voz do representan-
te, mesmo o autônomo, é a voz do fornecedor e, por isso
mesmo, o obriga de forma solidária e não subsidiária.
(D) Errada. Conforme o art. 36, parágrafo único, do CDC:
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma
que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifi-
que como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de
seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder,
para informação dos legítimos interessados, os da-
dos fáticos, técnicos e científicos que dão sustenta-
ção à mensagem.
Este dispositivo acolhe o princípio da identificação da
mensagem publicitária. A publicidade só é lícita quando
o consumidor puder identificá-la. Mas isso não basta: a
identificação há que ser imediata (no momento da expo-
sição) e fácil (sem esforço ou capacitação técnica). Publi-
cidade que não quer assumir a sua qualidade é atividade
que, de uma forma ou de outra, tenta enganar o consu-
midor. E o engano, mesmo o inocente, é repudiado pelo
Código de Defesa do Consumidor. A mensagem publici-
tária deve surgir aos olhos do público identificada como
tal, colocando assim os seus destinatários de sobreaviso
acerca das intenções comerciais dos textos ou imagens. O
dispositivo visa a impedir que a publicidade, embora atin-
gindo o consumidor, não seja por ele percebida como tal.
(E) Errada. Conforme o art. 36, § 3º, do CDC:
Art. 36, § 3º Para os efeitos deste código, a publici-
dade é enganosa por omissão quando deixar de in-
formar sobre dado essencial do produto ou serviço.
(Grifos nossos.)
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
62
São medidas específicas expressas de proteção ao idoso
com base na Lei n. 10.741/2003, exceto:
(A) abrigo temporário.
(B) inclusão em programa oficial ou comunitário de auxí-
lio, orientação e tratamento a usuários dependentes
de drogas lícitas ou ilícitas a pessoa de convivência
do idoso.
(C) requisição para tratamento de sua saúde em regi-
me domiciliar.
(D) abrigo em entidade.
(E) internação compulsória em caso de doença grave.
Letra e.
Assunto abordado: Direito civil. Estatuto do Idoso.
As medidas de proteção buscam resguardar e promover
os direitos das pessoas idosas, aplicando-se não somen-
te às pessoas idosas, como também aos familiares e pes-
soas que com elas convivam. São cabíveis não apenas
em casos de violações, mas ainda nas ameaças aos direi-
tos das pessoas idosas. As medidas de proteção à pessoa
idosa poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamen-
te, e levarão em conta os fins sociais a que se destinam e
o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
O art. 45 dispõe que:
Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas
no art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário,
a requerimento daquele, poderá determinar, dentre
outras, as seguintes medidas:
I – encaminhamento à família ou curador, mediante
termo de responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – requisição para tratamento de sua saúde, em re-
gime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de au-
xílio, orientação e tratamento a usuários dependentes
de drogas lícitas ou ilícitas, à própria pessoa idosa ou à
pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação;
V – abrigo em entidade; e
VI – abrigo temporário.
Assim, a resposta é a letra “e”, visto que não há previsão
expressa como medida de proteção ao idoso a interna-
ção compulsória em caso de doença grave.
Direito Empresarial
Edilson Enedino
63
Sobre as sociedades empresárias e a responsabilidade
pelas obrigações sociais, o Superior Tribunal de Justiça e
o Supremo Tribunal Federal consolidaram alguns enten-
dimentos. Com base nesses entendimentos, assinale a
alternativa correta.
(A) Não ofende o princípio da livre concorrência lei mu-
nicipal que impede a instalação de estabelecimentos
comerciais do mesmo ramo em determinada área.
(B) É ilegítima a penhora da sede do estabelecimento
comercial.
(C) Na apuração de haveres prevalece o balanço, mes-
mo não aprovado pelo sócio falecido, excluído ou
que se retirou.
(D) Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabi-
lidade da sucessora abrange não apenas os tributos
devidos pela sucedida, mas também as multas mora-
tórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocor-
ridos até a data da sucessão.
(E) Presume-se dissolvida irregularmente a empresa
que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem
comunicação aos órgãos competentes, legitimando
o redirecionamento da execução fiscal para todos os
sócios da pessoa jurídica.
Letra d.
Assunto abordado: Teoria geral do direito societário. A
responsabilidade dos sócios.
(A) Errada. Conforme a Súmula 646 do STF:
Súmula 646. Ofende o princípio da livre concorrência
lei municipal que impede a instalação de estabeleci-
mentos comerciais do mesmo ramo em determinada
área. (Grifos nossos.)
(B) Errada. Conforme a Súmula 451 do STJ:
Súmula 451. É legítima a penhora da sede do estabe-
lecimento comercial. (Grifos nossos.)
(C) Errada. Conforme a Súmula 256 do STF:
Súmula 265. Na apuração de haveres não prevalece o
balanço não aprovado pelo sócio falecido, excluído ou
que se retirou. (Grifos nossos.)
(D) Certa. Conforme a Súmula 554 do STJ:
Súmula 554. Na hipótese de sucessão empresarial, a
responsabilidade da sucessora abrange não apenas
os tributos devidos pela sucedida, mas também as
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
multas moratórias ou punitivas referentes a fatos ge-
radores ocorridos até a data da sucessão.
(E) Errada. Conforme a Súmula 435 do STJ:
Súmula 435. Presume-se dissolvida irregularmente a
empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fis-
cal, sem comunicação aos órgãos competentes, legiti-
mando o redirecionamento da execução fiscal para o
sócio-gerente. (Grifos nossos.)
64
Os contratos empresariais têm sido objeto constante
de apreciações do Superior Tribunal de Justiça. Assina-
le a alternativa que indica um entendimento consolida-
do pelo STJ.
(A) No contrato de arrendamento mercantil (leasing),
em razão da existência de cláusula resolutiva expres-
sa, não é necessária a notificação prévia do arrenda-
tário para constituí-lo em mora.
(B) A notificação destinada a comprovar a mora nas dívi-
das garantidas por alienação fiduciária exige a indica-
ção do valor do débito.
(C) Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos
contratos de plano de saúde.
(D) As administradoras de consórcio têm liberdade para
estabelecer a respectiva taxa de administração, ain-
da que fixada em percentual superior a dez por cen-
to, não havendo abusividade da cláusula que estabe-
lece percentual superior.
(E) Não cabe ação monitória para haver saldo remanes-
cente oriundo de venda extrajudicial de bem aliena-
do fiduciariamente em garantia.
Letra d.
Assunto abordado: Contratos empresariais.
(A) Errada. Conforme a Súmula 369 do STJ:
Súmula 369. No contrato de arrendamento mercantil
(leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expres-
sa, é necessária a notificação prévia do arrendatário
para constituí-lo em mora. (Grifos nossos.)
(B) Errada. Conforme a Súmula 245 do STJ:
Súmula 245. A notificação destinada a comprovar a
mora nas dívidas garantidas por alienação fiduciária dis-
pensa a indicação do valor do débito. (Grifos nossos.)
(C) Errada. Conforme a Súmula 469 do STJ:
Súmula 469. Aplica-se o Código de Defesa do Consumi-
dor aos contratos de plano de saúde. (Grifos nossos.)
(D) Certa. Conforme a Súmula 538 do STJ:
Súmula 538. As administradoras de consórcio têm
liberdade para estabelecer a respectiva taxa de admi-
nistração, ainda que fixada em percentual superior a
dez por cento.
(E) Errada. Conforme a Súmula 384 do STJ:
Súmula 384. Cabe ação monitória para haver saldo
remanescente oriundo de venda extrajudicial de bem
alienado fiduciariamente em garantia. (Grifos nossos.)
65
Com base na jurisprudência consolidada do Superior Tri-
bunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal sobre o
cheque, assinale a alternativa que apresenta o entendi-
mento adotado por ambos os tribunais.
(A) A simples devolução indevida de cheque caracteriza
dano moral. O mesmo ocorre no caso de apresenta-
ção antecipada de cheque pré-datado.
(B) O prazo para ajuizamento de ação monitória em face
do emitente de cheque sem força executiva é quinque-
nal, a contar da data de emissão estampada na cártula.
(C) Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajui-
zada contra o endossante, é dispensável a menção ao
negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
(D) O Banco do Brasil, na condição de gestor do Cadas-
tro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), tem
a responsabilidade de notificar previamente o de-
vedor acerca da sua inscrição no aludido cadastro,
bem como legitimidade passiva para as ações de re-
paração de danos fundadas na ausência de prévia
comunicação.
(E) O estabelecimento bancário é responsável pelo pa-
gamento de cheque falso, independentemente de
culpa exclusiva ou concorrente do correntista.
Letra a.
Assunto abordado: Títulos de crédito.
(A) Certa. Conforme as Súmulas 388 e 370 do STJ:
Súmula 388. A simples devolução indevida de cheque
caracteriza dano moral.
Súmula 370. Caracteriza dano moral a apresentação
antecipada de cheque pré-datado.
(B) Errada. Conforme a Súmula 503 do STJ:
Súmula 503. O prazo para ajuizamento de ação moni-
tória em face do emitente de cheque sem força exe-
cutiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data
de emissão estampada na cártula. (Grifos nossos.)
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
(C) Errada. Conforme a Súmula 531 do STJ:
Súmula 531. Em ação monitória fundada em cheque
prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a
menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da
cártula. (Grifos nossos.)
(D) Errada. Conforme a Súmula 572 do STJ:
Súmula 572. O Banco do Brasil, na condição de gestor
do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos
(CCF), não tem a responsabilidade de notificar pre-
viamente o devedor acerca da sua inscrição no aludi-
do cadastro, tampouco legitimidade passiva para as
ações de reparação de danos fundadas na ausência
de prévia comunicação. (Grifos nossos.)
(E) Errada. Conforme a Súmula 28 do STF:
Súmula 28. O estabelecimento bancário é responsá-
vel pelo pagamento de cheque falso, ressalvadas as
hipóteses de culpa exclusiva ou concorrente do cor-
rentista. (Grifos nossos.)
66
O acrônimo ESG (environmental, social and governan-
ce) surgiu no contexto do Pacto Global, em decorrência
de iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU),
da qual resultou o Relatório Who Cares Wins (Quem se
importa, vence), em 2004. Função social da empresa,
responsabilidade social e sustentabilidade são as molas
propulsoras do engajamento das empresas na imple-
mentação de Direitos Fundamentais. A implantação do
princípio ESG fez surgir outros bens intangíveis a com-
por o patrimônio total da empresa. Indique a alternativa
que indica esses novos bens imateriais de empresa en-
gajada no ESG.
(A) Patente e qualidade da governança.
(B) Marca e qualidade da gestão.
(C) Nome empresarial e reputação.
(D) Ponto e aspectos sociais e trabalhistas.
(E) Qualidade da gestão e histórico de respeito aos direi-
tos humanos.
Letra e.
Assunto abordado: Função social da empresa. Respon-
sabilidade ambiental, social e de governança na pers-
pectiva do ESG (Environmental, Social and Governance).
Novos ativos intangíveis:
• Goodwill;
• Reputação;
• Qualidade da governança;
• Qualidade da gestão;
• Histórico de respeito aos direitos humanos;
• Aspectos sociais e trabalhistas; e,
• Consideração dos ecossistemas na comunidade
onde a empresa opera.
Fonte: Guia IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, 2007, p. 6.
67
Dentre as novidades introduzidas na Lei de Falências
pela Lei n. 14.112/2005, a consolidação processual e a
consolidação substancial vieram para permitir um pro-
cesso de recuperação judicial coletivo. Permite-se que
empresários de um mesmo grupo econômico formem
um litisconsórcio ativo, todavia o destino de cada empre-
sário poderá ser distinto dos demais, pois o tratamento
intraprocessual será individualizado para cada um. As-
sim, alguns poderão levar a cabo a sua recuperação, en-
quanto outros poderão ter a sua falência decretada. Há
possibilidade de solução unificada para todas as empre-
sas, a consolidação substancial. Sobre esse instituto, é
correto afirmar que:
(A) para que o juiz autorize a consolidação substancial
deverá ser demonstrada a identidade total ou parcial
do quadro societário.
(B) para que o juiz autorize a consolidação substancial
deverá ser demonstrada a interconexão e a confusão
entre ativos ou passivos dos devedores.
(C) para que o juiz autorize a consolidação substancial
deverá ser demonstrada a existência de garantias
cruzadas entre os postulantes.
(D) para que o juiz autorize a consolidação substancial
deverá ser demonstrada a atuação conjunta no mer-
cado entre os postulantes.
(E) em decorrência da consolidação substancial, ativos e
passivos de devedores serão tratados separadamen-
te para cada recuperando.
Letra b.
Assunto abordado: Noções gerais de recuperação judi-
cial do empresário e da sociedade empresária.
De acordo com os arts. 69-J e 69-K da Lei n. 11.101/2005:
Art. 69-J. O juiz poderá, de forma excepcional, in-
dependentemente da realização de assembleia-ge-
ral, autorizar a consolidação substancial de ativos
e passivos dos devedores integrantes do mesmo
grupo econômico que estejam em recuperação ju-
dicial sob consolidação processual, apenas quando
constatar a interconexão e a confusão entre ativos
ou passivos dos devedores, de modo que não seja
possível identificar a sua titularidade sem excessivo
dispêndio de tempo ou de recursos, cumulativamen-
te com a ocorrência de, no mínimo, 2 (duas) das se-
guintes hipóteses:
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
I – existência de garantias cruzadas;
II – relação de controle ou de dependência;
III – identidade total ou parcial do quadro societário; e
IV – atuação conjunta no mercado entre os postulantes.
Art. 69-K. Em decorrência da consolidação substancial,
ativos e passivos de devedores serão tratados como se
pertencessem a um único devedor. (Grifos nossos.)
68
A falência frustrada decorre da ausência de patrimônio
suficiente para suportar as despesas do processo fali-
mentar. Sobre o referido instituto, é correto afirmar que:
(A) a legislação falimentar brasileira sempre previu a fa-
lência frustrada.
(B) porque caracterizada no início do processo, a falência
frustrada dispensa a intervenção do Ministério Público.
(C) o procedimento de execução frustrada poderá ser
requerido pelo administrador judicial ou por qual-
quer credor.
(D) mesmo caracterizada a falência frustrada, os credo-
res poderão evitá-la.
(E) os poucos bens eventualmente arrecadados deverão
ser alienados no prazo de 30 dias, os móveis, e 90
dias, os imóveis.
Letra d.
Assunto abordado: Noções gerais de falência do empre-
sário e da sociedade empresária.
De acordo com o art. 114-A da Lei n. 11.101/2005:
Art. 114-A. Se não forem encontrados bens para
serem arrecadados, ou se os arrecadados forem in-
suficientes para as despesas do processo, o adminis-
trador judicial informará imediatamente esse fato ao
juiz, que, ouvido o representante do Ministério Públi-
co, fixará, por meio de edital, o prazo de 10 (dez) dias
para os interessados se manifestarem.
§ 1º Um ou mais credores poderão requerer o pros-
seguimento da falência, desde que paguem a quantia
necessária às despesas e aos honorários do admi-
nistrador judicial, que serão considerados despesas
essenciais nos termos estabelecidos no inciso I-A do
caput do art. 84 desta Lei.
§ 2º Decorrido o prazo previsto no caput sem mani-
festação dos interessados, o administrador judicial
promoverá a venda dos bens arrecadados no prazo
máximo de 30 (trinta) dias, para bens móveis, e de
60 (sessenta) dias, para bens imóveis, e apresentará o
seu relatório, nos termos e para os efeitos dispostos
neste artigo.
§ 3º Proferida a decisão, a falência será encerrada
pelo juiz nos autos.
Direito Penal
Léo Castro
69
João, decidido a furtar um celular em uma loja de ele-
trônicos, entra no estabelecimento e, após escolher o
aparelho que deseja subtrair, o esconde dentro de sua
roupa, saindo da loja sem ser percebido. Vinte minutos
após a ação, sentindo-se extremamente culpado pelo
que fez, João decide voltar à loja para devolver o celular
intacto e se entregar às autoridades, explicando todo o
ocorrido. Com base nos fatos apresentados, assinale a
alternativa correta.
(A) João cometeu o crime de furto consumado, sendo
irrelevante o ato de devolver o bem subtraído.
(B) A atitude de João caracteriza tentativa de furto, pois
houve desistência voluntária antes da consumação
do crime.
(C) João será responsabilizado pelo crime de furto, mas
deverá ser beneficiado por circunstância atenuante
em razão da devolução do bem.
(D) Não há crime no ato de João, considerando a sua de-
sistência voluntária e a devolução do bem antes de
qualquer denúncia formal.
(E) João pode se beneficiar do arrependimento poste-
rior, previsto no Código Penal, tendo em vista a de-
volução voluntária e integral do bem.
Letra e.
Assunto abordado: Iter criminis. Consumação e tentati-
va. Crime impossível. Desistência voluntária e arrependi-
mento eficaz. Arrependimento posterior.
A alternativa correta é a letra “e”, conforme fundamen-
to do art. 16 do Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei n.
2.848/1940), que trata do arrependimento posterior.
Este instituto ocorre quando, após a consumação do de-
lito, o agente repara o dano ou restitui a coisa, até o re-
cebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário.
Diferentemente da desistência voluntária, o arrependi-
mento posterior só pode ocorrer após a consumação do
crime, oferecendo ao agente a possibilidade de redução
de pena. No caso de João, ao devolver voluntariamente
o celular subtraído antes do recebimento de denúncia,
enquadra-se no cenário do arrependimento posterior.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
70
Após consumir voluntariamente grande quantidade de
bebida alcoólica em uma festa, Carlos se envolve em
uma briga e, agindo sob os efeitos do álcool, lesiona
gravemente outra pessoa. Levado à justiça, a defesa de
Carlos alega que a sua capacidade de entendimento e
determinação estava completamente comprometida no
momento do ato, buscando assim isentar-se de pena.
Com base nos fatos apresentados e na legislação penal
brasileira, assinale a alternativa correta.
(A) Carlos é considerado inimputável, pois estava sob o
efeito de substância psicoativa que anulou a sua ca-
pacidade de entendimento e autodeterminação.
(B) A embriaguez completa e voluntária é causa de ex-
clusão da imputabilidade penal, devendo Carlos ser
absolvido.
(C) Carlos pode ser considerado semi-imputável, redu-
zindo-se a pena se comprovado que a embriaguez
afetou parcialmente a sua capacidade de entendi-
mento e determinação.
(D) Carlos é inimputável, pois a embriaguez, indepen-
dentemente de ser voluntária ou não, exclui a culpa-
bilidade.
(E) Carlos é plenamente responsabilizado por seus atos,
visto que a embriaguez voluntária não exclui a impu-
tabilidade penal.
Letra e.
Assunto abordado: Imputabilidade penal. Inimputáveis
e semi-imputáveis. Menoridade penal. Emoção e paixão.
Embriaguez.
A alternativa correta é a letra “e”, conforme o disposto
no art. 28, II, do Código Penal, o qual estabelece que não
exclui a imputabilidade penal o estado de embriaguez
quando este resulta do uso voluntário de bebida alcoóli-
ca ou de outra substância de efeitos similares.
71
Joana estava caminhando em um parque quando, de re-
pente, um cachorro grande e desconhecido avançou em
sua direção de forma agressiva, latindo e mostrando os
dentes, claramente pronto para lhe atacar. Joana, perce-
bendo que não haveria tempo para fugir ou buscar ajuda
e temendo por sua integridade física, pegou uma pedra
do chão e atirou contra o cachorro, conseguindo afastá-
-lo e evitando o ataque. Considerando os elementos nar-
rados, é correto afirmar que a ação de Joana pode ser
juridicamente classificada como:
(A) legítima defesa, pois houve uso moderado dos meios
necessários para repelir uma agressão iminente.
(B) estado de necessidade, pois Joana estava protegen-
do seu bem jurídico mais precioso, a vida, diante de
uma situação de perigo atual.
(C) exercício regular de um direito, visto que qualquer
pessoa tem o direito de se defender de agressões em
locais públicos.
(D) estrito cumprimento do dever legal, uma vez que
agir para proteger a própria integridade física é um
dever imposto por lei.
(E) causa supralegal de exclusão da culpabilidade.
Letra b.
Assunto abordado: Antijuridicidade. Legitima defesa e
do excesso. Estado de necessidade. Estrito cumprimento
do dever legal. Exercício regular de direito.
Segundo a doutrina e a jurisprudência, a legítima defesa
pressupõe uma agressão injusta, atual ou iminente, per-
petrada por outro ser humano. A agressão por parte de
animais, como no caso do cachorro, não se enquadra no
conceito de legítima defesa, pois esta é reservada para
agressões emanadas de seres humanos. Portanto, a al-
ternativa correta é a letra “b”.
72
Com base na Lei de Abuso de Autoridade – Lei n.
13.869/2019, identifique a alternativa correta.
(A) A pena para todos os crimes previstos nesta lei é de
detenção.
(B) A condenação por abuso de autoridade leva automa-
ticamente à perda do cargo público.
(C) Pode-se impor a inabilitação para o exercício de cargo,
mandato ou função pública, por um período de 1 a 6
anos, em caso de condenação por abuso de autoridade.
(D) Essa lei não se aplica aos militares.
(E) É típica a conduta conhecida por crime de herme-
nêutica.
Letra a.
Assunto abordado: Lei n. 13.869/2019.
(A) Certa. De fato, a Lei de Abuso de Autoridade (LAA)
não prevê penas de reclusão.
(B) Errada. Contrariamente ao que foi afirmado aqui, o
art. 4º, parágrafo único, da LAA, estabelece que os efei-
tos da condenação, como a perda de cargo, mandato ou
função pública, dependem da reincidência em crimes de
abuso de autoridade e requerem declaração motivada
na sentença.
(C) Errada. O prazo estipulado no art. 4º, II, da LAA, varia
de 1 a 5 anos.
(D) Errada. O art. 2º, I, da LAA, cita explicitamente os militares.
(E) Errada. Conforme o art. 1º, § 2º, da LAA, divergências
na interpretação de leis ou na avaliação de fatos e pro-
vas não constituem abuso de autoridade.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
73
Durante um conflito relacionado a vagas de estaciona-
mento no condomínio, João, impulsionado por uma for-
te emoção, decorrente de ofensas dirigidas à sua mãe
por Carlos, referiu-se a este último como “macaco” em
um contexto claramente racial. Diante dessa situação, é
adequado afirmar que João deve responder por:
(A) injúria racial, conforme o art. 140, § 3º, do Códi-
go Penal.
(B) injúria motivada por discriminação ou preconceito,
de acordo com o art. 2º-A da Lei n. 7.716/1989.
(C) calúnia, conforme estipulado no art. 138 do Códi-
go Penal.
(D) difamação, segundo o art. 139 do Código Penal.
(E) nenhum crime, pois agiu amparado por causa exclu-
dente da ilicitude.
Letra b.
Assunto abordado: Lei n. 7.716/1989.
De acordo com o art. 2º da Lei n. 7.716/1989:
Art. 2º A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou proce-
dência nacional.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se
o crime for cometido mediante concurso de 2 (duas)
ou mais pessoas.
74
Durante um assalto a uma loja de conveniência, João,
utilizando um simulacro de arma de fogo, ameaça o cai-
xa e subtrai todo o dinheiro disponível. Considerando a
ação de João e a legislação penal brasileira, bem como a
jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a alter-
nativa correta.
(A) João cometeu um ato de ameaça simples, pois utili-
zou um simulacro, não configurando roubo.
(B) João será punido por furto, uma vez que não houve
violência física direta contra a vítima.
(C) A pena de João pode ser substituída por restritivas
de direitos, visto que não houve uso de arma de fogo
verdadeira.
(D) O ato de João configura roubo, e ele não poderá ter
a pena substituída por restritivas de direitos, devido
ao uso de grave ameaça.
(E) O uso de simulacro por João é considerado uma for-
ma leve de coerção, caracterizando o crime como
furto qualificado.
Letra d.
Assunto abordado: Crimes contra o patrimônio.
Segundo jurisprudência do STJ:
A utilização de simulacro de arma configura a ele-
mentar grave ameaça do tipo penal do roubo, sub-
sumindo à hipótese legal que veda a substituição da
pena. (STJ. 3ª Seção. REsp 1.994.182-RJ, Rel. Min. Se-
bastião Reis Júnior, julgado em 13/12/2023) (Recurso
Repetitivo – Tema 1171) (Info 799).
75
Três indivíduos foram denunciados por subtrair R$ 224
mil de uma empresa de segurança e transporte de valo-
res. O Ministério Público sugeriu a exasperação da pena-
-base devido ao prejuízo vultoso.
Contudo, considerando a natureza da vítima (uma em-
presa de transporte de valores), avalie as seguintes al-
ternativas e indique a correta sobre a exasperação da
pena-base.
(A) A pena-base deve ser aumentada devido ao alto va-
lor subtraído.
(B) O prejuízo financeiro justifica a exasperação da pena-
-base independentemente do negócio da vítima.
(C) A exasperação da pena-base é válida, pois crimes
contra empresas de segurança têm tratamento penal
mais severo.
(D) O alto valor subtraído impede a suspensão condicio-
nal do processo.
(E) No crime de furto contra empresa de segurança e
transporte de valores, o prejuízo está inserido no ris-
co do negócio e não autoriza a exasperação da pena
basilar, porquanto ínsito ao tipo penal.
Letra e.
Assunto abordado: Crimes contra o patrimônio.
Segundo jurisprudência do STJ, embora seja possível a
exasperação da pena-base pela valoração negativa das
consequências do delito em casos de prejuízo expressi-
vo à vítima, tal medida não se justifica quando o preju-
ízo está inserido no risco do negócio, como é o caso de
empresas de segurança e transporte de valores. Assim,
no caso em questão, não se pode afirmar que o prejuí-
zo extrapolou o tipo penal, considerando a natureza da
atividade empresarial (STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp
2.322.175-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 30/5/2023).
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura

76
Em um caso concreto, Roberto insinuou, por meio de
uma mensagem enviada a diversos conhecidos, que
Weverton mantinha um relacionamento homossexual
extraconjugal com outro homem. Sentindo-se ofendida
pela insinuação que atingia a honra de seu marido e, por
extensão, a sua própria, a esposa de Weverton decidiu
tomar medidas legais.
Considerando o contexto e a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal (STF), assinale a alternativa que melhor
representa a possibilidade legal da esposa de Weverton
ajuizar queixa-crime por injúria contra Roberto.
(A) A esposa não tem legitimidade, pois a injúria foi dire-
cionada exclusivamente a Weverton.
(B) Apenas Weverton pode ajuizar queixa-crime, uma vez
que a mensagem não mencionava a esposa diretamente.
(C) A esposa tem legitimidade para ajuizar queixa-crime
apenas se Weverton também o fizer.
(D) Qualquer pessoa que se sentiu ofendida pela mensa-
gem pode ajuizar queixa-crime.
(E) A esposa tem legitimidade para ajuizar queixa-cri-
me contra Roberto pela prática do crime de injúria,
independentemente de ter sido mencionada na
mensagem.
Letra e.
Assunto abordado: Crimes contra a honra.
Isso se fundamenta na decisão do STF na Pet 7417 AgR/
DF, relatada pelo Ministro Luiz Fux e redigida para o
acórdão pelo Ministro Marco Aurélio, julgada em 9 de
outubro de 2018 (Info 919). Nessa decisão, o STF reco-
nheceu que, em situações em que a injúria atinge a hon-
ra de um cônjuge de forma que possa refletir sobre o
outro, este último tem legitimidade para ajuizar queixa-
-crime. Esse entendimento está alinhado com a prote-
ção da dignidade das pessoas envolvidas, reconhecendo
que ofensas que atingem um dos cônjuges podem, por
extensão, afetar a honra do outro, legitimando-o a bus-
car reparação legal.
77
Durante a apuração de violência contra jovens margina-
lizados no Brasil, o Deputado Federal Carlos Silva expres-
sou preocupação sobre estereótipos negativos prevalen-
tes em relação a pessoas negras e pobres. Seu discurso
foi alterado e compartilhado de maneira deturpada por
outro parlamentar, o Deputado Felipe Andrade, em uma
rede social. O vídeo editado excluiu partes importantes
do discurso, fazendo parecer que Silva afirmava: “Uma
pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa. É mais
perigosa do que uma pessoa branca de classe média”,
ao contrário do contexto original, em que Silva criticava
essa percepção discriminatória. Diante dessa manipula-
ção, Silva ingressou com uma queixa-crime contra An-
drade, acusando-o de difamação, com base no art. 139
do Código Penal, que define difamação como imputar a
alguém fato ofensivo à sua reputação.
Com base na situação apresentada, assinale a alterna-
tiva que indica a correta decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF) sobre a admissibilidade da queixa-crime.
(A) O STF recusou a queixa-crime, considerando que a
edição do vídeo estava amparada pela imunidade
parlamentar.
(B) A queixa foi aceita, condicionada à apresentação de
mais evidências da intenção difamatória por parte
de Andrade.
(C) A queixa-crime foi recusada, por julgar que não hou-
ve intenção de difamar na edição do vídeo.
(D) O STF recebeu a queixa-crime, destacando que a edi-
ção do vídeo teve a clara intenção de difamar Silva,
não sendo protegida pela imunidade parlamentar. O
Ministro relator do caso, ao analisar os fatos, enfati-
zou que tal manipulação do discurso visava atribuir a
Silva a defesa de ideias racistas, podendo até motivar
acusações de calúnia. A decisão ressaltou a presença
do dolo na ação de Andrade, configurando, assim, o
crime de difamação.
(E) A queixa-crime foi aceita sob o argumento de que
não havia suficiente clareza quanto à intenção de
Andrade, necessitando de investigação adicional.

Letra d.
Assunto abordado: Crimes contra a honra.
O STF recebeu a queixa-crime, destacando que a edição
do vídeo teve a clara intenção de difamar Silva, não sen-
do protegida pela imunidade parlamentar. O Ministro
relator do caso, ao analisar os fatos, enfatizou que tal
manipulação do discurso visava atribuir a Silva a defe-
sa de ideias racistas, podendo até motivar acusações de
calúnia. A decisão ressaltou a presença do dolo na ação
de Andrade, configurando assim o crime de difamação
(STF, 1ª Turma, Pet 5705/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 5/9/2017).
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura
78
João, ao atualizar seu currículo na plataforma Lattes, in-
cluiu informações sobre títulos acadêmicos que não pos-
sui, visando melhorar as suas chances em um processo
seletivo para uma vaga de pesquisa. Posteriormente, a
instituição descobriu a inverdade e decidiu tomar me-
didas legais.
Considerando a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), assinale a alternativa que indica como se
classifica a conduta de João de inserir informações falsas
em seu currículo Lattes.
(A) João cometeu o crime de estelionato, pois tentou ob-
ter vantagem ilícita mediante fraude.
(B) A conduta de João configura falsidade documental,
pois alterou um documento público.
(C) João é responsável por falsidade ideológica, visto
que inseriu dados falsos em um documento com o
intuito de obter vantagem.
(D) Inserir informações falsas no currículo Lattes não é
considerado crime de falsidade ideológica, segundo
entendimento do STJ.
(E) A ação de João pode ser enquadrada como crime
contra a ordem tributária, por falsificar informações
que poderiam influenciar em contribuições sociais.
Letra d.
Assunto abordado: Crimes contra a fé pública.
O entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ),
explicitado no RHC 81451-RJ, relatado pela Ministra Ma-
ria Thereza de Assis Moura e julgado em 22 de agosto de
2017, a inserção de dados falsos em currículo Lattes não
constitui o crime de falsidade ideológica. Esse entendi-
mento se baseia em dois principais pontos: 1) o currículo
Lattes, sendo um documento eletrônico sem assinatura
digital, não é considerado um documento para fins do
art. 299 do Código Penal, que define o crime de falsi-
dade ideológica; e 2) o STJ considera que, quando um
documento é passível de averiguação quanto à veracida-
de das informações que contém, a inserção de informa-
ções falsas por si só não configura o crime de falsidade
ideológica.
79
Durante uma blitz de trânsito, João foi abordado e apre-
sentou aos policiais uma carteira de habilitação que,
após consulta ao sistema do DETRAN, revelou-se falsifi-
cada. João confessou ter adquirido a CNH por R$ 250,00,
sem realizar os exames necessários. Posteriormente,
João foi condenado pelo crime de uso de documento
falso, baseado nos depoimentos dos policiais e em sua
própria confissão. A defesa de João recorreu da conde-
nação, argumentando que a falta de exame pericial no
documento impedia a condenação, conforme o art. 158
do Código de Processo Penal (CPP), que estabelece a
necessidade de exame de corpo de delito nos casos em
que a infração deixa vestígios.
Diante do exposto, acerca da tese da defesa de João, é
correto afirmar que o Superior Tribunal de Justiça (STJ):
(A) a aceitou, pois o STJ entende que a ausência de exa-
me pericial impede qualquer condenação pelo crime
de uso de documento falso.
(B) não a aceitou, porque o STJ admite a condenação
baseada em outros elementos de prova, como docu-
mentos e testemunhos, sem a necessidade de exame
pericial, quando há confissão do acusado.
(C) a aceitou, uma vez que o STJ considera o exame pericial
como único meio de prova válido para a comprovação
da materialidade do crime de uso de documento falso.
(D) não a aceitou, porém somente se a defesa tivesse
solicitado a realização do exame pericial durante o
processo, o que não ocorreu.
(E) a aceitou, já que o STJ sustenta que sem o exame pe-
ricial específico, não se pode estabelecer a autentici-
dade ou falsidade de um documento com certeza.
Letra b.
Assunto abordado: Crimes contra a fé pública.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do HC
307.586-SE, relatado pelo Ministro Walter de Almeida
Guilherme, em 25 de novembro de 2014, firmou enten-
dimento de que é possível a condenação pelo crime de
uso de documento falso, conforme o art. 304 do Código
Penal (CP), sem a realização de exame pericial no docu-
mento em questão. Essa decisão se baseia no fato de
que a materialidade do crime pode ser comprovada por
meio de outros elementos de prova presentes no pro-
cesso, como depoimentos de testemunhas e a confissão
do acusado, especialmente se a defesa não solicitou,
em momento oportuno, a realização do exame pericial.
O crime de uso de documento falso é considerado um
delito formal, que se consuma com a simples utilização
do documento falso, independentemente da realização
de exame pericial. Este entendimento destaca a flexibi-
lidade na avaliação das provas para a comprovação da
materialidade do crime, enfatizando a importância da
confissão e de testemunhos no processo penal.
3º Simulado – ENAM – Exame Nacional da Magistratura

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Pedro, um agente penitenciário, foi surpreendido com 2
quilos de maconha e 7 aparelhos celulares durante uma
revista na entrada do presídio onde trabalhava. Diante
deste fato, o Ministério Público o denunciou pelos cri-
mes de tráfico de drogas e favorecimento real impróprio,
com base no art. 349-A do Código Penal, que criminaliza
o ato de ingressar ou facilitar a entrada de dispositivos
de comunicação móvel ou similares em estabelecimen-
tos prisionais sem autorização legal.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisou o caso. Com
base na interpretação do STJ sobre a natureza da condu-
ta de Pedro em relação ao crime previsto no artigo 349-A
do Código Penal, assinale a alternativa correta.
(A) O STJ considerou que houve consumação do crime,
visto que Pedro tinha a intenção de introduzir os
itens proibidos no presídio.
(B) Foi entendido pelo STJ que a conduta de Pedro cons-
tituiu tentativa do crime, pois foi interceptado ainda
durante a revista, antes de efetivamente ingressar no
presídio com os itens.
(C) O STJ decidiu que Pedro não cometeu crime algum
sob o art. 349-A do CP, considerando a sua posição
como agente penitenciário.
(D) O STJ interpretou que Pedro deveria ser acusado ex-
clusivamente pelo crime de tráfico de drogas, des-
considerando a acusação sob o art. 349-A do CP.
(E) A corte julgou que Pedro realizou um ato preparató-
rio, não configurando nem mesmo tentativa do cri-
me previsto no art. 349-A do CP.

Letra b.
Assunto abordado: Crimes contra a administra-
ção pública.
Segundo o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julga-
mento do AREsp 2.104.638-RJ, relatado pelo Ministro
Jesuíno Rissato e julgado em 7 de novembro de 2023,
foi estabelecido que, no caso de um agente ser flagrado
antes do efetivo ingresso no interior de um estabeleci-
mento prisional com itens proibidos, como aparelhos
celulares ou drogas, ainda durante a revista, a conduta
configura apenas uma tentativa do crime previsto no art.
349-A do Código Penal. Isso significa que, para a con-
sumação do crime de ingressar, promover, intermediar,
auxiliar ou facilitar a entrada de tais itens em estabeleci-
mento prisional sem autorização legal, é necessário que
o agente consiga efetivamente introduzir os objetos no
interior do presídio. Como Pedro foi interceptado duran-
te o procedimento de revista, impedindo a entrada dos
objetos proibidos, sua ação é considerada apenas uma
tentativa de cometer o delito especificado no art. 349-
A do CP, não havendo a consumação do referido crime.