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Exame de Julgamento BJCP
Este documento se destina àqueles que já leram o Guia de Estudos do BJCP, prestaram e
passaram no Exame de Admissão (online). Para quem não realizou o Exame de Admissão, verifique
este LINK para saber como proceder e, depois de passar, volte aqui.
Este documento NÃO se destina àqueles que estão se preparando para se tornar Graders, haja
vista que muitos aspectos e passos da correção de súmulas são omitidos ou negligenciados por este
documento, que tem como único objetivo ajudar no aprimoramento do preenchimento de súmulas
por parte dos juízes e dos candidatos ao Exame de Julgamento BJCP.
Por último, gostaria de esclarecer que, como este documento foi criado com o intuito de
concentrar informações e dados em português de diversas fontes em inglês, muitos parágrafos
encontrados nestas páginas serão meras traduções livres de parágrafos encontrados em suas fontes
originais. Tais fontes estarão listadas na Bibliografia, ao final deste documento. Portanto, se você
encontrar qualquer divergência na tradução e/ou no conceito traduzido e quiser contribuir, basta
entrar em contato comigo através dos meios indicados ao final do Prefácio.
Bons estudos!!!
Índice
Introdução.............................................................................................................................................5
O Exame de Julgamento.......................................................................................................................6
O que se espera do candidato?.........................................................................................................6
Quais Estilos Estudar?.....................................................................................................................7
A Súmula BJCP....................................................................................................................................7
Área 1 – Informações do Juiz (Candidato)......................................................................................7
Área 2 – Informações sobre o Estilo e a Amostra............................................................................8
Área 3 – Definição de Nomenclatura..............................................................................................8
Área 4 – Comentários sobre a amostra............................................................................................9
Área 5 – Guia de Pontuação..........................................................................................................10
Área 6 – Escalas.............................................................................................................................10
Preenchimento da Súmula..................................................................................................................11
Estratégias de Decisão...................................................................................................................11
Estratégia Top-Down.................................................................................................................11
Estratégia Bottom-Up................................................................................................................11
Passo a passo BJCP........................................................................................................................12
Correção do Exame de Julgamento....................................................................................................14
Distribuição da Pontuação..................................................................................................................15
Precisão de Pontuação (20 pontos)................................................................................................16
Percepção (20 pontos)....................................................................................................................16
Habilidade de Descrição (20 pontos).............................................................................................18
Feedback (20 pontos).....................................................................................................................19
Melhorando o Feedback.................................................................................................................21
Completude e Comunicação (20 pontos).......................................................................................22
Dicas de Estudo..................................................................................................................................23
Como adulterar amostras...............................................................................................................24
Kit de Off-flavor.......................................................................................................................25
O Resultado do Exame.......................................................................................................................26
Apenso I – Roda de Aromas e Gostos................................................................................................27
Apenso II – Características da Cerveja – Causas e Soluções.............................................................28
Bibliografia.........................................................................................................................................45
1. Introdução
O BJCP é uma organização que tem como um dos seus principais objetivos promover,
reconhecer e desenvolver a análise sensorial, o julgamento e as habilidades de comunicação sobre
cerveja, hidromel e cidra. Para realizar tal função, sua principal ferramenta é o Exame BJCP. Este
exame consiste de três etapas: Exame de Admissão (Online), Exame de Julgamento e o Exame de
Proficiência Escrita.
Passar no Exame de Admissão (Etapa 1) dá direito ao candidato de prestar o Exame de
Julgamento (Etapa 2), exame sobre o qual se trata este documento, que consiste em um exame
prático de julgamento de amostras. Até aqui, o candidato é considerado Juiz Provisório (Provisional
Judge), que não é um nível de juiz, mas um status temporário que o candidato sustenta por até um
ano após ter realizado a prova online, período em que o mesmo deve realizar o Exame de
Julgamento ou será obrigado a refazer o Exame de Admissão.
Para que o candidato tenha acesso ao Exame de Proficiência Escrita é necessário que tenha
tirado 80 ou mais pontos no Exame de Julgamento e ainda tenha, no mínimo, 10 pontos de
experiência, sendo que metade desses pontos de experiência seja de julgamento.
As notas adquiridas no Exame de Julgamento e no Exame de Proficiência Escrita, além dos
pontos de experiência, são utilizados para determinar o nível de cada juiz, conforme tabela abaixo.
1 GMSR (Grand Master Service Requirement) – pontuação necessária para adquirir um nível de Grand Master. Para
cada nível, é necessário um total de 240 créditos de GMSR, que podem ser adquiridos de várias formas, entre elas
podemos destacar exercer o papel de Administrador de Exames, Proctor e Grader. O nível Grand Master é obtido
em níveis, começando em Grand Master I. Para aumentar o nível, é necessário mais 100 pontos de experiência,
sendo no mínimo 50 pontos de julgamento, mais um GMSR (240 créditos de GMSR). Para mais informações sobre
GMSR, favor verificar este LINK.
2 Pontos de Julgamento BJCP só podem ser recebidos por julgamentos ou exercendo o papel de Proctor em exames.
3 Apprentice é um nível temporário atribuído ao candidato que não passou no Exame de Julgamento, ou seja, que
tirou menos de 60 pontos. Este candidato tem até dois anos para realizar novamente o Exame de Julgamento, caso
contrário, deverá realizar o exame online novamente. Este nível não torna o candidato um membro completo do
BJCP.
2. O Exame de Julgamento
Como podemos perceber, é o resultado do Exame de Julgamento (>= 60) que efetivamente
transforma o candidato em um Juiz BJCP e define seu nível inicial. Além disso, é este mesmo
resultado combinado com 10 pontos de experiência que dão acesso à Etapa 3 do Exame BJCP, ou
seja, o Exame de Proficiência Escrita.
O Exame de Julgamento consiste no julgamento de 6 amostras em um tempo máximo de 90
minutos. Este exame NÃO permite consultar nenhuma fonte. Os candidatos se posicionam nas
mesas com os materiais permitidos (aconselho que você leve apenas lapiseira e borracha), recebem
as súmulas para conferência das informações já preenchidas e preenchem outras referentes aos seus
próprios dados. Depois que todos os candidatos estão prontos, as amostras são trazidas uma a uma,
com um intervalo de tempo de 15 minutos entre cada uma, ou menos, se assim determinado pelo
organizador do exame (no único exame que prestei, pedimos para que as amostras viessem de 12
em 12 minutos).
Durante a prova, os Proctors também julgam as mesmas amostras que os candidatos, pois é
com base nas súmulas dos Proctors que as súmulas dos candidatos serão corrigidas.
Após a prova, geralmente, há uma pequena reunião com os Proctors que falam sobre as
amostras, o que eles encontraram, quais notas deram e respondem a algumas perguntas dos agora
aflitos candidatos.
3. A Súmula BJCP
A Súmula de Cerveja do BJCP pode ser adquirida neste LINK.
A súmula não é nenhum bicho de sete cabeças, sendo
praticamente autoexplicativa. Mesmo assim, é muito comum ver
súmulas preenchidas nos concursos faltando inúmeros dados e
informações.
Para facilitar a compreensão e as referências, dividi a Súmula
em seis áreas a fim de facilitar a referência a elas através de seus
números.
Nesta área são colocadas todas as informações de identificação do juiz. Nos concursos, é
4 Para se ter uma ideia, o BJCP diz que na média, juízes experientes devem ser capazes de completar a análise da
amostra e chegar a um consenso sobre a nota em 10 minutos (Questão 43 – Questions on BJCP Ethics, Levels and
the Judging Process).
5 Este LINK leva à tradução oficial do Guia de Estilos BJCP 2015, por Mauro Manzali.
comum receber uma etiqueta adesiva com as três primeiras informações.
De qualquer maneira, quando prestei o exame, foi me dado um número de identificação, que
foi a única informação que precisei incluir nesta área.
Esta área recebe as informações do estilo a ser julgado e o número da amostra a ser
confrontada com o estilo. Durante o exame, conforme o organizador entrega a amostra, ele informa
os dados do estilo (número da categoria e letra e nome da subcategoria). Durante o exame não
haverá ingredientes especiais ou inspeção de garrafa, motivo pelo qual estes campos ficarão em
branco.
Mesmo que a Inspeção de Garrafa fosse realizada, lembre-se, esta informação não deve
interferir na pontuação da amostra.
Esta é a única área da súmula normal que difere da súmula utilizada no exame. Na súmula do
exame não há descrições dos aromas e sabores listados, apenas os nomes. Além disso, é a área que
merece mais estudo, pois o candidato deve conhecer todos as características listadas para saber que
deve marcá-las quando as perceber na amostra e se deve ou não dar um feedback sobre elas.
Uma boa dica relacionada a esta área diz respeito a toda área em branco que sobra ao serem
retiradas todas as descrições dos aromas e sabores. É um bom lugar para o candidato registrar todo
seu conhecimento que não cabe nas linhas da Área 4.
Esta é a principal área da súmula. Quase que toda a nota recebida pelo candidato vem desta
área. Aqui são colocados todos os comentários e pontuações que a amostra deve receber. O
candidato deve se preocupar com tamanho de letra, ocupar a maior quantidade de linhas possíveis,
assinalar todas as pontuações e ainda ser cordial. Todas estas habilidades serão tratadas abaixo.
Para facilitar os textos e as referências, chamarei as categorias dentro desta área de seções:
Seção Aroma, Seção Aparência, etc.
Está área possui 3 escalas nas quais devemos marcar em qual nível delas a amostra se
encontra. Eu não encontrei nenhum documento que informasse uma maneira correta ou objetiva de
preencher estas escalas, devendo o candidato tentar ser o mais coerente possível com os
comentários feitos na Área 4.
4. Preenchimento da Súmula
Assim que a amostra é servida, o natural é partir para o ataque. Uns já começam cheirando,
outros já começam fazendo anotações sobre a aparência e tem até quem já tome um trago. E dá-lhe
escrever. Porém, como o tempo para preencher é relativamente curto e a tensão ainda atrapalha, o
BJCP indica duas estratégias de decisão e um passo a passo para dinamizar o processo.
Procedimento:
1. Prepare a súmula. Escreva o número da amostra, os nomes e números da categoria e da
subcategoria do estilo, seu nome e qualquer outra informação necessária (Nível ou Situação
BJCP, e-mail) na súmula ou utilize uma etiqueta pré-impressa;
2. Inspecione visualmente a garrafa (se ela for entregue). Examine o nível de enchimento, a
limpidez, a existência de sedimentos e sinais de problema (como sinais de ferrugem no
gargalo da garrafa). A identificação de tais características pode ajudar a descrever falhas
descobertas durante o processo de avaliação formal. Entretanto, tome cuidado para não
prejulgar a cerveja baseado na inspeção visual da garrafa;
3. Sirva a cerveja em um copo de amostra limpo, fazendo um esforço para agitá a cerveja o
suficiente para produzir um colarinho generoso (mas não o suficiente para produzir um
colarinho tão grande que interfira na análise). Para cervejas altamente carbonatadas, pode
ser necessário servir cuidadosamente em um copo inclinado. Para cervejas com baixa
carbonatação, pode ser necessário servir diretamente no centro do copo, com uma queda de
15 cm a partir da garrafa. Sirva cada cerveja de uma maneira que dê a elas sua melhor
aparência, lembrando que algumas amostras podem estar muito ou pouco carbonatadas;
4. Cheire a amostra. Assim que a cerveja for servida, gire o copo, traga a amostra próxima ao
nariz e inale os aromas da amostra várias vezes. Quando uma amostra está gelada, pode ser
necessário girá-la no copo, esquentá-la segurando o copo entre as mãos ou colocar a mão no
topo do copo para permitir que os aromas voláteis se acumulem em uma concentração
suficiente para serem detectados. Escreva suas impressões sobre os aromas da amostra na
súmula, especialmente, sobre qualquer off aroma que você detectar. Não pontue Aroma
ainda;
5. Faça a inspeção visual da amostra. Dê ao seu nariz um descanso e avalie a Aparência da
Cerveja. Incline o copo e examine-a através contra a luz. Para cervejas escuras, pode ser
necessário usar uma pequena lanterna para iluminar a cerveja adequadamente. Examine a
cor da cerveja, transparência e colarinho (retenção, cor e textura). Escreva comentários
sobre se a cor, a transparência e o colarinho estão de acordo com o estilo pretendido e
pontue esta seção. Pontue a amostra na seção de Aparência, dando um máximo de 1 ponto
para cada uma destas características;
6. Cheire a amostra novamente. De novo, gire o copo, traga a amostra próxima ao nariz e inale
os aromas da amostra várias vezes. Perceba como os aromas da amostra mudam conforme
ela esquenta e os aromas voláteis começam a dissipar. Escreva suas impressões sobre os
aromas da amostra, especialmente os aromas do malte, do lúpulo, da levedura e dos
subprodutos da fermentação. Note qualquer off aroma remanescente. Não pontue Aroma
ainda;
7. Prove a amostra. Coloque aproximadamente 30ml da amostra na boca e cubra todo o interior
de sua boca com eles. Assegure-se de que a amostra entrará em contato com seus lábios,
gengivas, dentes, palato e com todos os lados da língua. Engula a amostra e exale através do
nariz. Escreva suas impressões dos sabores iniciais (malte, lúpulo, álcool e dulçor), dos
sabores intermediários (sabores adicionais de malte e lúpulo, frutado, diacetil e acidez) e dos
sabores do aftertaste (amargor dos lúpulos, oxidação e adstringência). Não pontue Sabor
ainda.
8. Pontue Sensações na Boca. Prove a amostra novamente e verifique se as sensações de boca
da amostra estão de acordo com o estilo pretendido. Sensações na Boca incluem corpo,
carbonatação, aquecimento, cremosidade e adstringência. Escreva comentários sobre suas
impressões e pontue a amostra entre 2 e 5 pontos, sendo pontuações mais altas refletindo
sensações na boca apropriadas e pontuações mais baixas indicando o aumento de desvios do
estilo pretendido;
9. Analise a Impressão Geral da amostra. Relaxe. Respire profundamente. Cheire a amostra
novamente, prove-a novamente. Dê uma pausa para considerar em qual faixa de pontuação a
amostra melhor se encaixa (Excelente, Muito Bom, Bom Razoável e Problemático) e em
qual faixa as amostras similares se encaixaram durante a sessão de julgamento. Se você
utiliza uma estratégia de decisão Top-Down, defina a pontuação geral da amostra,
colocando-a na súmula, e então, mentalmente, subtraia os pontos das categorias restantes, ou
seja, aroma e sabor, consistente com suas impressões de como a amostra é deficiente. Use a
seção Impressão Geral para ajustar a pontuação final até o nível que você acha apropriado
para a amostra. Se você utiliza uma estratégia de decisão Bottom-Up, pontue todas as seções
restantes, ou seja, Aroma e Sabor, e, depois, Impressão Geral. Ao final, escreva as sugestões
de melhoria para melhorar de acordo com qualquer deficiência que você tenha percebido
durante a análise sensorial;
10. Marque todos as caixas de seleção da Área 3 que sejam consistentes com seus comentários;
11. Verifique sua súmula. Adicione as pontuações faltantes6. Se você utiliza a abordagem
Bottom-Up, duplique a checagem para assegurar que você adicionou corretamente as
pontuações de todas as seções. Se você utiliza a abordagem Top-Down, assegure-se de que a
soma de todas as seções seja igual à Pontuação Total. Quando os outros juízes terminarem
de pontuar suas amostras, discutam os méritos técnicos e de estilo da amostra até chegarem
a um consenso. Esteja preparado para ajustar suas pontuações para que fiquem distantes
apenas de 5 a 7 pontos dos outros juízes da mesa;
12. Marque as escalas da Área 6. Marque a caixa de seleção apropriada em cada escala.
6 No original ele diz “Add your category scores”, o que me fez entender que, quando ele diz “pontue”, não é o
mesmo que “defina a pontuação e a escreva na respectiva seção”, mas apenas “defina a pontuação”. De qualquer
maneira, traduzi para “escreva as pontuações faltantes”, pois, neste ponto do processo, é presumido que a súmula já
esteja completa e que estamos apenas verificando se nada faltou.
7 Para se tornar Grader é necessário ser National, Master ou Grand Master e concluir o Curso Online para Grader
do BJCP.
Para definir o nível do candidato no Exame de Julgamento, o Grader leva em consideração as
seguintes informações:
• Apprentice – o candidato mostra baixa habilidade de degustação, as súmulas possuem
inaceitáveis níveis baixos de preenchimento, informações descritivas e/ou feedbacks;
• Recognized – o candidato demonstra níveis aceitáveis nas habilidades de julgar e
comunicar;
• Certified – o candidato preencheu pelo menos três das seis súmulas com boa precisão,
apresentando razoáveis completude, informações descritivas e feedbacks apropriados;
• National – o candidato preencheu pelo menos quatro das seis súmulas com boa precisão e
ótima qualidade;
• Master – o candidato preencheu pelo menos cinco das seis súmulas com boa precisão e com
ótimos níveis de completude, informações descritivas e feedbacks.
6. Distribuição da Pontuação
Como dito anteriormente, ao candidato são dadas 6 amostras e para cada amostra, uma
súmula é preenchida. Cada súmula do candidato possui 100 pontos, sendo 20 pontos alocados para
precisão da pontuação dada para a cerveja e os outros 80 pontos alocados para os comentários
escritos na súmula.
Neste ponto é muito importante que o candidato tenha em mente que preencher uma súmula
para o exame é diferente de preencher uma súmula durante um julgamento. Para o exame, não
basta o candidato escrever apenas as características percebidas da amostra e pontuá-las. É
primordial que, além de apresentar uma boa habilidade de percepção e descrição, ele apresente
conhecimentos sólidos sobre tudo que envolve a cerveja (degustação, processo de produção, off-
flavors, etc).
O candidato precisa entender que não há uma fórmula para se preencher uma súmula de nível
Master, mas há alguns critérios que podem ajudar a maximizar a nota recebida. Estes critérios são
utilizados para validar o nível de cada Súmula preenchida e ainda apresentar maior nível de
transparência nas correções das súmulas. Tais critérios foram listados no documento BJCP
Scoresheet Guide, que indica métricas quantitativas para todas as cinco competências avaliadas
neste exame: Precisão de Pontuação, Percepção, Feedback, Habilidade de Descrição e Completude,
e Comunicação.
NÃO há uma fórmula para se preencher uma súmula de nível Master, mas há alguns
critérios que podem ajudar a maximizar a nota recebida.
Para auxiliar nos estudos desta competência, coloquei uma roda de aromas no Apêndice I, que
peguei no Pinterest do CluBeer. Foi a única que encontrei em português.
9 Lembre-se que para que uma retenção de espuma seja considerada boa ou persistente ela precisa de pelo menos 1
(um) minuto para ser reduzida até a metade.
6.4. Feedback (20 pontos)
Esta competência está diretamente ligada a capacidade de o candidato dar sugestões
pertinentes e construtivas no sentido de ajudar o cervejeiro a ajustar a receita e/ou os processos de
produção a fim de produzir uma cerveja mais próxima ao estilo desejado. Os comentários devem
estar de acordo com as características percebidas e com a pontuação dada a amostra.
O Feedback não deve ser restrito apenas à seção Impressão Geral da súmula,
podendo ser colocado em qualquer seção.
Com base na pontuação recebida de acordo com as informações acima é que o nível para esta
competência será definido, conforme tabela abaixo:
Nível Nota Pontuação de Feedback
Master 18 – 20 13 ou mais
National 16 – 17 11 – 12
Certified 14 – 15 9 – 10
Recognized 12 – 13 7–8
Apprentice 10 – 11 Menos de 7, mas esforçou-se em dar um feedback
Há poucos comentários na súmula, mas não o
Mínimo 8–9
suficiente para avaliar a habilidade de dar feedback
Antes de continuar, gostaria de salientar algo que foi discutido com alguns amigos e se refere
ao item “o feedback NÃO fazer suposições sobre o processo ou sobre os ingredientes utilizados na
receita”. É muito comum, principalmente para quem faz cerveja há um bom tempo, usar a sua
experiência para supor algo, principalmente se o estilo em julgamento for um bem conhecido do
candidato, o que não é bem-visto pelo BJCP (perde 1 ponto na competência). Por isso, evite colocar
frases como “diminua o malte X” ou “aumente o tempo da parada proteica”, pois não é possível ter
certeza de que o cervejeiro realmente esteja utilizando o “malte X” ou esteja fazendo “uma parada
proteica curta”. Em vez de colocar frases desse tipo, prefira frases mais sugestivas e menos
imperativas, como “verifique se a quantidade dos maltes utilizados favorecem ...” ou “realizar uma
parada proteica com tempo adequado pode ...”. Nestes exemplos, não sabemos se o cervejeiro está
usando malte Pilsen ou se está ou não fazendo parada proteica (nem sabemos se ele sabe o que isso
significa), por isso, a sugestão de melhoria deve indicar para “onde” o cervejeiro deve olhar para
resolver o problema, pois, nos exemplos apresentados, se ele já estivesse utilizando uma quantidade
adequada de malte Pilsen e já estivesse fazendo uma parada proteica com um tempo grande, a
solução proposta pelo candidato soaria prepotente e não ajudaria em nada.
10 Componentes Aplicáveis significam características que são esperadas para o estilo sendo julgado ou que sejam
consideradas um defeito para tal estilo. Neste contexto, endereçá-las significa indicar se a característica listada está
de acordo ou não com o estilo em questão. (Obs.: Confesso que tive dúvidas na tradução deste conceito, mas esta
foi a melhor maneira que encontrei para explicar seu significado)
ponto) e o espaço para pontuação total também (1 ponto);
• 1 ponto – Todas as seções da área 6 tiveram seus checkboxes marcados (Precisão de Estilo,
Mérito Técnico e Intangíveis). Não há crédito parcial neste quesito;
• 1 ponto – Os checkboxes da área 3 foram marcados corretamente (características que sejam
percebidas como de moderadas a altas ou que sejam uma falha do estilo sendo julgado).
Créditos parciais podem ser concedidos neste quesito;
• 1 ponto – Os comentários estão bem organizados e legíveis;
• 1 ponto – Os espaços horizontais das linhas foram utilizados com eficiência. Uma súmula
bem preenchida tem de 6 a 7 palavras por linha, possuindo tamanho de fonte e espaçamento
condizentes com uma boa legibilidade.
Com base na pontuação recebida de acordo com as informações acima é que o nível para esta
competência será definido, conforme tabela abaixo:
7. Dicas de Estudo
Estudar cerveja é bom demais! Beber então … o problema é que a arte de degustar é muito
volátil, precisando de manutenção a todo tempo, pois estamos em constante contato com novas
comidas, bebidas e hábitos que afetam nossas habilidades de análise sensorial, sem contar que o
tempo não para e o envelhecimento diminui nossa capacidade sensorial. Por isso, a primeira dica
que deixo aqui é faça, pelo menos, uma análise sensorial com preenchimento de súmula por
semana. Isso garantirá que você conheça as mudanças e consiga trabalhar com elas. Além disso,
fará com que o ato de preencher uma súmula se torne familiar, melhorando suas estratégias de
decisão (tente fazer com tempo limite de 12 minutos e não de 15 minutos, como no exame).
Uma informação importante a se ter quando for realizar uma análise sensorial é conhecer bem
os seus “equipamentos”, ou seja, minha segunda dica é conheça seus sentidos. Todos somos
diferentes e assim é com nossos poderes sensoriais, que podem ser mais sensíveis para
determinadas substâncias, mas menos sensíveis para outras. Uma substância que para você lembra
maçã verde, para mim pode ser percebida como abóbora recém-cortada. Você pode ser capaz de
sentir diacetil, mas eu não (aproximadamente 10% da população é “cega” para diacetil). Além
disso, nossas experiências e consequentemente nossos vocabulários sensoriais também são
diferentes e é muito importante saber o que essas diferenças significam, pois elas nos ajudam a
calibrar e a alinhar melhor nossos sentidos e vocabulários com os dos outros juízes.
Uma outra dica muito importante e que inclusive está implícita no Passo a Passo do BJCP é
tenha paciência com a amostra. Conforme ela esquenta, novos aromas e sabores são
desbloqueados, tendo cervejas que se tornam produtos totalmente diferentes. Além disso, ao provar
a amostra aguarde um tempo para entender tudo que está acontecendo no retrogosto, no aftertaste e
na boca em geral. Um exemplo importante disso é o fato de o amargor precisar de um tempo maior
para ser registrado pelas papilas gustativas e expor toda sua intensidade.
Monte um grupo de estudos pequeno com amigos que moram na mesma localidade e/ou
que possam se encontrar pelo menos uma vez ao mês para realizarem um painel sensorial,
preenchendo súmulas, discutindo aromas, sabores, intensidades, estilos, cores, etc. Eu,
particularmente, tenho um grupo de estudos via WhatsApp, no qual estamos tentando algumas
abordagens para vencer a distância (se progredir, conto depois como estamos fazendo).
Por último, faça cursos e workshops de Análise Sensorial e Off-flavors. É sempre bom
participarmos desses eventos para tirar dúvidas, analisar como nossas percepções estão em
comparação com pessoas gabaritadas e degustar diferentes tipos de amostras, além de sair de nossas
zonas de conforto, o que aumenta o aprendizado.
Para ajudar no treinamento, achei por bem colocar as dicas de como adulterar amostras para
obter off-flavors a fim de aumentar as variações dos testes (principalmente os em grupo) (dicas do
próprio Guia de Estudos BJCP).
No material do BJCP há outras adulterações recomendadas, mas que, após algumas pesquisas,
verifiquei que são difíceis de encontrar, como Extrato de Lúpulo, Extrato de Banana e Extrato de
Manteiga. Por esse motivo, não incluí estes adulterantes. De qualquer maneira, recomendo a
utilização de Kits de Off-Flavors, que são mais fáceis de encontrar e mais confiáveis.
Esta lista é apenas ilustrativa, se você conhece outros kits ou produz o seu kit e gostaria de tê-
lo listado aqui, basta entrar em contato comigo.
8. O Resultado do Exame
Atualmente o exame no Brasil é traduzido por voluntários e depois são enviados para
correção nos Estados Unidos. Todo esse trâmite (do exame a correção) têm levado
aproximadamente 6 meses para ocorrer.
Durante este período o BJCP entra em contato com o candidato no máximo 2 vezes: a
primeira, quando o cadastro BJCP do candidato é feito e ele passa a ter sua ID BJCP; a segunda,
quando a nota final é entregue com o nível do novo juiz.
Apenso I – Roda de Aromas e Gostos
Apenso II – Características da Cerveja – Causas e Soluções
Para facilitar o aprendizado e a memorização, além das informações sobre o sensorial e das
possíveis soluções, coloquei também as possíveis causas, para que o candidato entenda o porquê de
determinada sugestão de solução. Pois, entender as causas pode ser o suficiente para que o
candidato possa sugerir soluções baseando-se em seus conhecimentos prévios sobre o processo
cervejeiro sem haver a necessidade de decorar as soluções aqui enumeradas. Além disso, saiba que
eu não listei todas as possíveis causas e soluções. Ainda assim, nos casos que julguei necessário,
sublinhei as causas e as soluções consideradas mais comuns e/ou aquelas mais fáceis de acontecer
com cervejeiros caseiros.
Saiba ainda que algumas destas características, principalmente as que fazem parte do rol de
off-flarvors, dependendo da intensidade, podem ser aceitáveis e/ou até desejáveis em alguns estilos,
não sendo consideradas um problema e portanto, não precisando de um feedback 14, por isso é de
suma importância estudar os estilos do Guia de Estilos BJCP.
E, antes de começar, saiba que, a não ser que seja explicitamente mencionado na descrição do
estilo, todos os estilos possuem uma fermentação limpa e são livres de defeitos técnicos, ou seja,
sem acetaldeído, adstringência, álcool superior, clorofenol, diacetil, DMS ou fenólicos, além de
defeitos relacionados ao mal acondicionamento da cerveja pronta, como oxidação, lightstruck,
acidez e mofado.
Acetaldeído (aldeído)
Sensorial: Este off-flavor é um aroma e pode ser percebido principalmente como aroma de
queijo envelhecido, de cabra, de suor, de chulé ou de podre.
Causa(s): A principal causa é a utilização de lúpulos envelhecidos ou lúpulos que foram secos
de maneira imprópria ou guardados em locais com alta temperatura e na presença de
oxigênio (qualquer causa que tenha levado a oxidação das resinas dos lúpulos). Este
aroma também é produzido por mofo, por levedura Brettanomyces e por bactéria
Pediococcus.
Solução(ões): Verificar se os lúpulos utilizados estão/foram acondicionados corretamente, de
preferência em freezer, dentro de pacotes livres de oxigênio e selados a vácuo • No caso
de ter sido gerado por mofo, Brettanomyces ou Pediococcus, verificar os procedimentos
de sanitização.
Estilo(s): Alta intensidade deste aroma pode ser encontrado em European Sour Ales (exceto
Oud Bruin) e American Wild Ales.
Área 3 da Súmula: N/A.
Adstringência (polifenóis)
Sensorial: Adstringência é uma sensação na boca que pode ser comparada a secura ou
enrugamento, sendo geralmente mais percebida na parte de trás da língua. Pode
aumentar a sensação de amargor, sendo muitas vezes confundida com ela. Banana ou
cajú verdes, saquinhos de chá-verde ou preto podem proporcionar um bom exemplo de
adstringência.
Causa(s): As três causas mais comuns são: moagem excessiva dos grãos; lavagem excessiva
do malte; e lavagem com água alcalina pH > 6.0 e/ou água quente T > 77ºC. Pode ser
causada também por: resíduos de contaminação por bactéria Acetobacter ou levedura
selvagem; oxidação; adição de condimentos, como coentro, casca de laranja e canela.
Pode ainda ser fruto de alta dosagem de lúpulos ou dry-hopping excessivo.
Solução(ões): Verificar se moagem não está muito fina • Verificar se o tempo de lavagem do
mosto está excessivo • Verificar se a água de lavagem está alcalina (pH > 6.0) e/ou
muito quente (T > 77ºC) • Verificar os processos de sanitização • Verificar se o tempo de
dry-hopping não está demasiadamente grande.
Estilo(s): O Guia de Estudos BJCP, na parte Atributos Comuns de Todos os Estilos de
Cerveja, diz que supõe-se que todas as cervejas sejam livres de adstringência. Apesar
disso, estilos que possuem uma alta carga de lúpulos podem apresentar leve grau de
adstringência desde que o final não seja áspero (harsh), como, por exemplo, American
IPA e Doubla IPA (“No harsh hop-derived astrigency.”). Estilos que utilizam maltes
torrados também aceitam leve grau de adstringência, como é o caso de Rauchbier,
Altbier, Dark Mild, Irish Stouts e American Porter. Além destes, Flanders Red Ale é o
estilo que permite maior grau de adstringência, podendo ir de baixo a médio, inclusive
sendo uma das características que o distingue do estilo Oud Bruin, que não permite
adstringência.
Área 3 da Súmula: Marcar ADSTRINGÊNCIA.
Sensorial: Sabor de álcool pode ser detectado como condimentado, muitas vezes interpretado
como vínico ou licoroso, podendo ser suave e prazeroso, estando bem integrado ao
conjunto da cerveja, ou pode trazer uma sensação incômoda, áspera (harsh), e
apresentar notas de solvente, podendo ser acompanhado de sensação de aquecimento
e/ou até de formigamento em ambos os casos. Geralmente, o sabor de álcool que se
sobressai está relacionado ao álcool superior (fusel alcohol), pois este possui baixo
threshold se comparado ao etanol. Vale lembrar que, segundo o BJCP, em Atributos
Comuns a Todos os Estilos de Cerveja, do Guia de Estilos, cervejas com menos de 6%
de álcool não deve apresentar aquecimento alcoólico, a não ser que seja mencionado na
descrição do estilo.
Causa(s): As duas causas mais comuns são: Altas temperaturas de fermentação, geralmente
acima de 27ºC; e Baixa quantidade de levedura inoculada em mostos de alta densidade,
o que acaba por estressar as leveduras. Além disso, pode-se citar baixo nível de
oxigenação do mosto antes da inoculação e baixos níveis de FAN (Free Available
Nutrients).
Solução(ões): Verifique as temperaturas de fermentação, dando prioridade às temperaturas
mais baixas da faixa recomendada para a levedura utilizada • Verifique se a quantidade
de levedura inoculada está condizente com a densidade do mosto produzido e/ou com a
quantidade de açúcares que porventura esteja sendo adicionada ao mosto.
Estilo(s): Desejado em cervejas fortes (ales ou lagers, mas principalmente ales), como:
Eisbock, Imperial Stout e English e American Barleywines.
Área 3 da Súmula: Marcar ALCOÓLICO e/ou SOLVENTE (ver SOLVENTE).
Amargor15
Sensorial: Como era de se esperar, aqui temos o gosto básico amargo. Quando está em
excesso, é percebido com uma sensação áspera e seca, principalmente na parte de trás
da língua. Pode ainda simplesmente estar em intensidade incompatível com o estilo
pretendido.
Causa(s): Geralmente está ligada ao uso excessivo de lúpulo, principalmente os que possuem
alta concentração de alfa ácidos. Pode ser consequência também da utilização de
lúpulos envelhecidos, haja vista que a oxidação dos beta-ácidos produzem componentes
de amargor desagradáveis. Pode inclusive ser produto de contaminação por leveduras
selvagens, quando é geralmente acompanhada por adstringência.
Solução(ões): Verificar se a quantidade e os varietais de lúpulos utilizados estão adequados
para a quantidade de mosto produzido e para o estilo pretendido, e se os tempos de
adição de lúpulo durante a fervura estão corretos • Verificar se os lúpulos utilizados
estão acondicionados corretamente, de preferência em freezer dentro de pacotes livres
de oxigênio e selados a vácuo • No caso de quantidade incompatível com o estilo,
verificar a quantidade de lúpulos adicionados, aumentando/diminuindo a quantidade de
lúpulos.
Estilo(s): Apesar de nenhum estilo aceitar aspereza, há muitos estilos em que altos níveis de
amargor são desejados, desde que estejam bem inseridos na cerveja, como é o caso de
15 O Amargor deve ser visto junto ao Dulçor, pois as duas características trabalham juntas para determinar como é o
equilíbrio da cerveja. O candidato deverá determinar qual das duas características, senão as duas, está em
intensidade incorreta para o estilo antes de propor qualquer alteração.
IPAs e American Barleywine;
Área 3 da Súmula: N/A.
Sensorial: Este é um off-flavor percebido através do aroma da cerveja e que lembra gambá
(Não! Eu nunca cheirei um gambá) ou grãos de café recém-torrados.
Causa(s): Ocorre por reações fotoquímicas de moléculas isomerizadas do lúpulo. No caso,
moléculas de isohumulona são quebradas pela luz ultravioleta e os radicais resultantes
se combinam com componentes de enxofre. Comum em cervejas colocadas em garrafas
claras ou verdes e/ou que foram expostas à luz.
Solução(ões): Colocar a cerveja em garrafas escuras e acondicionar as garrafas em locais
protegidos da luz ultravioleta (luz do sol ou luz fluorescente).
Estilo(s): Nenhum estilo aceita este aroma. É raro encontrá-lo em cervejas caseiras, pois a
levedura ajuda a inibir a reação e, além disso, a utilização de garrafas escuras é mais
comum no meio caseiro;
Área 3 da Súmula: Marcar ATINGIDO POR LUZ.
Sensorial: Este é outro dos gostos básicos. Os dois ácidos mais comuns em cervejas são o
ácido lático (Lactobacillus e Peciococcus) e o ácido acético (Acetobacter, Zymomonas e
leveduras das famílias Kloeckera e Brettanomyces) e ambos são acompanhados por
aromas característicos.
Causa(s): Comumente um problema sanitário, principalmente se estiver em altas
concentrações (quando não são propositais, claro).
Solução(ões): Verifique os procedimentos de sanitização.
Estilo(s): Apesar de serem vistos como um off-flavor, em altas concentrações são partes
importantes das características de alguns estilos, como European Sour Ales (Berliner
Weiss, Flanders Red Ale, Oud Bruin e Lambic) e Gose. Em baixa intensidade, é
permitido em Belgian Witbier e Saison;
Área 3 da Súmula: Marcar AZEDO/ÁCIDO.
Carbonatação (CO2)
Casca/Grão
Sensorial: Aroma e sabor de grãos (crus ou germinando) que são geralmente acompanhados
por adstringência.
Causa(s): Os componentes responsáveis por estes aromas são aldeídos provenientes do malte.
Malte Pilsner tem um alto teor destes aldeídos, o que resulta nestes aromas de grão.
Moagem excessiva dos grãos, lavagem excessiva do malte e lavagem com água alcalina
pH > 6.0 e/ou água quente T > 77ºC são as principais causas do aumento da intensidade
destes aromas e da adstringência. Maltes torrados também podem transmitir estes
aromas para a cerveja.
Solução(ões): Verificar se moagem não está muito fina • Verificar se o tempo de lavagem do
mosto está excessivo • Verificar se a água de lavagem está alcalina (pH > 6.0) e/ou
muito quente (T > 77ºC) • (Para cervejas escuras) Verificar se a quantidade de maltes
especiais/torrados não está demasiada (John Palmer recomenda que esta quantidade não
seja superior a 10% da quantidade total de malte).
Estilo(s): Em baixa intensidade, estes aromas são aceitáveis em International Pale Lager,
German Pils, German Helles Exportbier, Dark Mild, Scottish Ales, Oatmeal Stout e
American Porter. Altbier e Irish Red Ales podem apresentar intensidades maiores no
sabor e no aroma;
Área 3 da Súmula: N/A.
Cebola/Urina de Gato/Borracha Queimada (Mercaptanos)
Cidra
16 Os mercaptanos dos lúpulos Citra e Mosaic podem apresentar aromas de maracujá, toranja, frutas tropicais e de uva
(sauvignon blanc). Já os mercaptanos dos lúpulos Summit e Simcoe podem apresentar aromas de cebola recém-
cortada.
Colarinho (estabilidade/retenção de espuma)
Corpo
Diacetil
Sensorial: Geralmente descrito como aroma de manteiga, caramelo ou toffee (uma boa pipoca
de micro-ondas superamanteigada é um bom exemplo de diacetil). Em baixa
concentração, é possível perceber uma sensação escorregadia na língua.
Causa(s): Pode ser um subproduto da fermentação ou resultado de contaminação bacteriana
(por exemplo: Pedioccocus damnosus). Os precursores do diacetil são produzidos no
início da fermentação, depois de oxidados, são transformados em diacetil que, na
sequência, é reabsorvido pela levedura ao final da fermentação e convertido em um
composto sensorialmente insignificante. Se em uma batelada, a fermentação tem uma
Fase de Adaptação (Lag Phase) muito grande, muitos precursores serão produzidos.
Esse alargamento da fase de adaptação pode ocorrer devido a leveduras fracas ou baixa
aeração do mosto. Além disso, uma cerveja que teve sua fermentação muito rápida,
deixou para trás muitos precursores de diacetil que podem oxidar e formar o diacetil
depois de envasadas. Por isso é importante prevenir a exposição do mosto ao oxigênio
durante a fermentação.
Solução(ões): Verifique a possibilidade de promover um Descanso Diacetil ao final da
fermentação a uma temperatura que varie de 15 a 18 ºC. • Verifique se a quantidade de
levedura inoculada está de acordo com a quantidade de mosto produzido • Verifique se a
oxigenação do mosto não está excessiva ou insuficiente • Verifique se o tempo de
fermentação está correto e garanta que a mesma não esteja sendo interrompida.
Estilo(s): É permitido em alguns estilos, como Czech Lagers, English Bitters, Brown e Dark
British Beers, e Irish Red Ale. NÃO é permitido em German Lagers (exceto
Kellerbiers), Irish Stout, American ales ou Belgian ales;
Área 3 da Súmula: Marcar DIACETIL.
17 O Dulçor deve ser visto junto ao Amargor, pois as duas características trabalham juntas para determinar como é o
equilíbrio da cerveja. O candidato deverá determinar qual das duas características, senão as duas, está em
intensidade incorreta para o estilo antes de propor qualquer alteração.
Enxofre (ovo podre)
18 Aromas frutados provenientes dos lúpulos, principalmente linalol e geraniol, são tecnicamente alcoóis e não ésteres,
mas, por terem aromas semelhantes, estão localizados na mesma seção na roda de aromas que os ésteres e são
geralmente agrupados com ésteres frutais em julgamentos.
Estilo(s): Problemas ligados a altas intensidades e/ou aromas de removedor de esmalte NÃO
são permitidos em nenhum estilo. Ésteres frutais em baixa intensidade são permitidos
em algumas Lagers, como é o caso das Czech Lagers (Pale, Amber e Dark);
Área 3 da Súmula: Marcar ÉSTERES.
Fenólico (cravo/condimentado)
Sensorial: Aromas de carne, caldo de carne, borracha queimada e gosto umami, da autólise
das leveduras, ou seja, após morrerem, suas paredes se rompem e seu conteúdo é
despejado na cerveja. Além disso, esta característica pode apresentar aroma de massa de
pão, que é causado por leveduras frescas. No caso de autólise, deverá haver quantidade
suficiente de leveduras suspensas para promover um leve brilho ou turbidez, além disso,
grande quantidade de leveduras suspensas pode contribuir com o amargor e/ou com uma
sensação na boca que pode ser descrita como pulverulenta (que lembra pó).
Causa(s): No caso de autólise, a causa da morte é geralmente por inanição e é mais provável
de ocorrer com pacotes de levedura velhos, condições ruins de fermentação, cervejas
acondicionadas em garrafas guardadas em locais com alta temperatura e/ou tempo de
fermentação excessivo (duração de meses). No caso de levedura fresca, a presença da
mesma.
Solução(ões): Separar a cerveja da levedura antes de um longo período de maturação, o que
19 Lúpulos como Fuggles e Mosaic podem produzir notas gramíneas, principalmente se utilizados no dry-hopping.
pode ser feito através de cold-conditioning, o que facilita a sedimentação da levedura
depois que a fermentação esteja completa • Utilizar cepas de leveduras mais floculentas.
Estilo(s): Características relacionadas a levedura são inapropriadas na maioria dos estilos,
particularmente estilos lager (exceto os produzidos para serem não filtrados) e British
Bitters. O aroma de levedura fresca é apropriado em German Lagers não filtradas,
Australian Sparkling Ale, Gose e algumas Belgian Ales; Os sabores relacionados a
autólise da levedura não são apropriados a nenhum estilo.
Área 3 da Súmula: Marcar LEVEDURA.
Metálico
Mofo/Mofado
Sensorial: Aroma e sabor de mofo, terroso, porão, livro velho ou madeira em decomposição.
Causa(s): O mofo pode contaminar tanto o mosto quanto a cerveja expostos a bolor ou áreas
de despejo depois da fervura ou no início da fermentação.
Solução(ões): Verificar os procedimentos de sanitização a fim de evitar expor ingredientes,
equipamentos, mosto e até a cerveja a áreas de despejo ou locais/utensílios que possam
conter mofo. Oxidação também pode causar este off-flavor que será percebido como
porão ou rolha.
Estilo(s): Não é apropriado em nenhum estilo. Já foi aceito como característica do estilo Bière
de Garde, mas o atual consenso é de que esta característica representava mais um erro
de acondicionamento/manipulação de exemplares comerciais de exportação.
Área 3 da Súmula: Marcar MOFO e/ou OXIDADO (ver OXIDADO/PAPEL/PAPELÃO).
Oxidação/Papel/Papelão
Sensorial: Em cervejas claras, pode ser percebido como aroma e sabor de pepino, papel
reciclado, batom ou papelão molhado. Em cervejas escuras e com maior complexidade
de maltes, pode desenvolver aromas de Xerez (ver XEREZ/JEREZ/JÊRES/SHERRY).
Causa(s): Exposição da cerveja ao oxigênio após a fermentação ou durante o
acondicionamento, seja na garrafa, barril ou qualquer outro recipiente. Pode ser causado
ainda por alta temperatura nos locais de estocagem.
Solução(ões): Durante o engarrafamento, evite despejar a cerveja dentro do recipiente
fazendo com que ela espirre ao bater no fundo da garrafa • Verifique o nível de
enchimento do recipiente, garantindo que o headspace não seja maior que 5 cm •
Armazenar a bebida em locais frios.
Estilo(s): Este é o problema mais comum que afeta todas as cervejas. Não é permitido em
nenhum estilo;
Área 3 da Súmula: Marcar OXIDADO.
Solvente
Sensorial: São sabores que incluem álcool e ésteres em quantidade suficiente para serem
ásperos para a língua. Podem lembrar acetona, removedor de tinta (thinner) e
terebentina, geralmente sendo acompanhado por aquecimento na língua.
Causa(s): Geralmente são frutos da combinação de alta temperatura de fermentação e
oxidação, mas ainda podem estar relacionados a estresse da levedura devido a baixa
taxa de inoculação de leveduras, aeração insuficiente do mosto quente antes da
fermentação e fermentação do trub.
Solução(ões): Verificar se as temperaturas de fermentação estão corretas e se estão sendo
seguidas corretamente • Verificar se a oxigenação do mosto é suficiente para a
quantidade de leveduras inoculadas e para o mosto produzido. Ver Soluções em
Oxidado (item 6.4.1.25).
Estilo(s): Não é permitido em nenhum estilo, mas, em baixa concentração, pode trazer
complexidade para Strong Ales, como Old Ale, Barleywine e American Strong Ale;
Área 3 da Súmula: Marcar SOLVENTE e/ou ALCOÓLICO (ver ALCOÓLICO).
Transparência
Sensorial: É percebido através da inspeção visual da cerveja, que poderá estar transparente
(cristalina) ou turva (em diversas intensidades).
Causa(s): Pode ser causado por uma fervura fraca ou curta. Cepas de leveduras pouco
floculentas.
Solução(ões): Realizar uma fermentação vigorosa • Resfriar o mosto até a temperatura de
fermentação o mais rápido possível • Verifique se a cepa de levedura utilizada está de
acordo com o estilo pretendido • Verificar a possibilidade de se utilizar um agente
clarificador ou de realizar maturação a frio.
Estilo(s): Ver caso a caso;
Área 3 da Súmula: Marcar N/A.
Xerez/Jerez/Jêres/Sherry
Sensorial: Aromas e sabores de jerês seco (um tipo de vinho espanhol), que contêm aromas
de avelã, amêndoa, frutas secas, semente de cereja e/ou marzipã.
Causa(s): Esta característica é produzida através da oxidação das melanoidinas.
Solução(ões): Ver OXIDAÇÃO/PAPEL/PAPELÃO.
Estilo(s): De baixa a moderada intensidade, podem ser aceitos em Old Ales e Englush
Barleywine. Exemplos envelhecidos de Oud Bruin e Weizenbock podem conter em
baixa intensidade. Não é apropriada em nenhum estilo de leve ou baixa gravidade.
Área 3 da Súmula: Marcar OXIDADO.
Bibliografia
Links BJCP
BJCP – https://www.bjcp.org/
BJCP Scoresheet Guide – http://dev.bjcp.org/exam-certification/exam-grading/bjcp-scoresheet-guide/
Exam Scoring Guide – http://dev.bjcp.org/exam-certification/exam-grading/exam-scoring-guide/
Grand Master Service Requirement – http://dev.bjcp.org/policies/grand-master-service-requirements/
Judge Ranks – http://dev.bjcp.org/about/reference/judge-ranks/
Links Gerais
ConCerveja – Off Flavors (https://concerveja.com.br/category/off-flavors-geral/)
Links YouTube
Doug Piper – Andrew Luberto Webinar Maximazing Your BJCP Beer Tasting Exam Score (Link)
Livros
MOSHER, R. Tasting Beer : An Insider’s Guide to the World’s Greatest Drink. 2 ed. North Adams,
Massachusetts : Storey Publishing, 2017.
PALMER, J. How To Brew : Everything You Need to Know to Brew Great Beer Every Time. 4 ed.
Boulder, Colorado: Brewers Publication, 2017.
The OXFORD companion to beer. New York: Oxford University Press, 2012.