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Aula 04 - Prof.

Vinícius
Silva.
Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com
Correção - Pós-Edital

Autores:
Fernando Bezerra, Ivo Martins,
Vinicius Silva
Aula 04 - Prof. Vinícius Silva.
4 de Maio de 2020
Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva
Aula 04 - Prof. Vinícius Silva.

Sumário
1. Apresentação ................................................................................................................. 2
2. Aspectos teóricos acerca da busca domiciliar ................................................................. 3
3. Representação por busca domiciliar ............................................................................ 14
3.1 Legitimação................................................................................................................ 14
3.2 Fundamentos de fato ou Fatos ................................................................................... 15
3.3 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 16
3.4. Pedido ...................................................................................................................... 21
4. Modelo de representação por Busca Domiciliar ........................................................... 22
4.1 Endereçamento.......................................................................................................... 22
4.2 Preâmbulo ................................................................................................................. 22
4.3 Fatos .......................................................................................................................... 23
4.4 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 23
4.5 Do Pedido. ................................................................................................................. 24
5. Questões comentadas de prova. .................................................................................. 27

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1. APRESENTAÇÃO

Olá futuro Delegado de Polícia Civil do Paraná,

Espero que esteja gostando do nosso curso de Peças Práticas para Delegado de
Polícia Civil. Estou pesquisando muito, através de vários livros e doutrina
especializada em atividade de polícia judiciária, e jurisprudência atualizada, a fim de
poupar o seu trabalho, fazendo com que esse seja o seu material principal e que você
não precise recorrer a outras obras.

Na aula de hoje, vamos continuar estudando as medidas cautelares e a representação


do delegado de polícia, o tema de hoje é a representação por expedição de
mandado de busca domiciliar, nos termos do art. 240 e ss. do CPP.
A matéria não possui regulamentação ordinária específica, encontrando-se o seu
fundamento no próprio código de processo penal, a partir do art. 240.

Estamos diante de mais uma medida cautelar típica do cotidiano da autoridade policial,
a foto acima mostra uma operação policial de busca e apreensão em que podemos notar
a mobilização de muitos agentes de polícia e de várias autoridades.

É comum na atividade policial a busca domiciliar, é um meio de obtenção de prova


que afeta diretamente um dos direitos fundamentais expostos na carta política, qual
seja, a inviolabilidade domiciliar.

No entanto, usando da ponderação, não podemos admitir que um direito


fundamental seja utilizado para acobertar a prática criminosa em nosso país.

O ordenamento jurídico brasileiro atua de forma uníssona, ele não é incoerente,


tampouco conflitante. O que deve ser feito é um juízo de ponderação entre os direitos
em questão.

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Professor, não entendi muito bem


essa ponderação que deve ser feita,
quais direitos estão em questão, no
bojo da busca domiciliar?

Aderbal, a CF/88 garante a inviolabilidade


domiciliar, inclusive o Código Penal tipifica o crime
de invasão de domicílio, no entanto, o agente
delituoso não se pode valer dessa garantia para a
prática de delitos. Caso isso fosse possível, estar-
se-ia criando um estado de total instabilidade e
insegurança.

2. ASPECTOS TEÓRICOS ACERCA DA BUSCA DOMICILIAR

Conceitualmente, há uma diferença muito grande entre a busca e a apreensão, ou


seja, são institutos jurídicos previstos na esfera penal bem distintos.

A busca é o meio pelo qual se objetiva apreender a coisa. Devemos entender,


portanto, que não existe a necessidade de os dois institutos ocorrerem na mesma
oportunidade.

Pode haver busca sem apreensão e também pode haver apreensão sem que
haja busca.

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Professor, não entendi muito


bem, dê exemplos dessas
possibilidades de busca sem
apreensão e apreensão sem
busca, acabei ficando confuso.

É simples Aderbal. Imagine a situação de


uma prisão em flagrante delito em um
delito de roubo tentado. Os objetos
roubados serão apreendidos pela autoridade
policial, sem que tenha havido busca.

Da mesma forma, em uma hipótese de uma busca domiciliar em que se procura uma
arma de fogo utilizada em um crime de homicídio, se na casa em que for dada a busca
não for encontrada a arma, estaremos diante de um caso clássico de busca sem
apreensão.

Portanto, tenha em mente uma coisa, o quadro abaixo resume bem essa história de
busca e apreensão serem institutos jurídicos distintos.

BUSCA Apreensão
Meio utilizado
Finalidade

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Outro ponto teórico importante é que a busca domiciliar que estaremos aprendendo a
representar por ela é uma medida sujeita à reserva de jurisdição, ou seja, trata-se
de uma medida cautelar a ser determinada pelo juiz, inclusive por conta da salvaguarda
constitucional a que está sujeito o domicílio.

Esse tipo de aspecto vale muito a pena ser ressalvado, ou seja, que a medida é
excepcional, tendo em vista a regra da inviolabilidade. Inclusive, na prova da PCPE –
2016, esse foi um dos aspectos importantes a serem ressalvados, que valia 4,00 dos
30 pontos a serem distribuídos pela peça prática.

Aqui não estamos falando da busca pessoal, prevista no art. 240, §2°, do CPP, ocasião
em que não será necessária a determinação judicial.

Nesses casos o agente policial, seja ele civil ou militar, deve proceder à busca sempre
que esteja diante de uma circunstância de fundada suspeita de que o agente passivo
da busca porte consigo arma ou qualquer objeto ilícito ou proibido.

§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver


fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma
proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e
letra h do parágrafo anterior.

Então professor, na
busca pessoal faz a
busca sem precisar de
mandado?

Perfeito Aderbal, é isso aí! Já pensou


se o policial tivesse que pedir para o
suspeito aguardar a ordem judicial
para que pudesse proceder à busca
pessoal?

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Ou seja, pela própria urgência da medida devemos ter uma ação imediata do agente
policial, sob pena de ser ineficaz a diligência.

Por outro lado, a busca domiciliar, aquela cuja representação você vai aprender nessa
aula, podemos afirmar que apenas a autoridade judiciária, ou seja, o juiz competente
está apto a determiná-la.

Professor, existem casos em que a


autoridade policial pode adentrar no
domicílio de uma pessoa sem
autorização judicial

Claro que sim Aderbal, inclusive temos


vários casos em que isso é possível,
vamos fazer uma análise do art. 5°, XI,
da CF/88.

O citado inciso do art. 5°, da CF/88 é aquele famoso inciso que carrega em si a proteção
ao direito fundamental da inviolabilidade domiciliar.

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XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem


consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

O dispositivo constitucional acima visa proteger uma liberdade individual que é o direito
à intimidade, à vida privada.

No entanto, já foi dito que esse direito, assim como qualquer outro não pode ser
absoluto, sendo relativizado em algumas hipóteses, quais sejam as seguintes:

1. Quando o morador consentir, sem qualquer tipo de coação, no ingresso da autoridade


ou de seus agentes. É obvio que se o morador consentir, não há óbice algum. No
entanto, o morador não pode ser coagido a fazê-lo, tendo a necessidade de ser uma
ação natural do particular.

2. Flagrante delito. Nesse caso, pode-se adentrar na casa, sem ter qualquer
possiblidade de violação ao direito fundamental exposto no referido inciso, pois
qualquer do povo está autorizado a fazer cessar a ação criminosa quando dela está
ciente de que ocorre, ainda que seja no interior de uma casa habitada.

3. Desastre. A vida e a integridade física do indivíduo são dois direitos fundamentais,


tão importantes que podem ser utilizados para a violação do domicílio, ou seja, em caso
de desastre qualquer pessoa, notadamente os agentes públicos estão autorizados a
penetrar no domicílio.

4. Prestar socorro. Caso semelhante ao caso 3, pois aqui se busca a proteção de um


direito tão relevante quanto o da inviolabilidade domiciliar, que é a proteção da vida e
da integridade física da vítima, que necessita de socorro imediato.

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Portanto, mostramos 5 hipóteses em que a inviolabilidade domiciliar é relativizada.


Veja que as previsões acima estão dentro do mesmo dispositivo que garante o direito.

Alguns pontos precisam ser esclarecidos, quais sejam: o que é considerado dia, para
o cumprimento do mandado? O que é considerado casa, para efeitos penais?

Vamos por partes.

a) conceito de dia

Aqui busquei o entendimento majoritário na doutrina e principalmente na jurisprudência


do STF, a controvérsia é grande, alguns entendendo que o dia seria o período
compreendido entre as 06:00 e as 18:00, por outro lado, o ministro Celso de Mello, do
STF, entende que dia seria o período compreendido entre o nascer e o pôr do sol.
Respeitadas as divergências, tendo em vista que você irá prestar um concurso para
Delegado de Polícia, devendo defender as atribuições da autoridade policial, ficamos
com a posição de Capez, que assim como Celso de Mello, entende ser entre o nascer
o pôr do sol o período chamado de dia.

Nesse ponto faço um comentário interessante acerca de uma decisão do STF em relação
ao cumprimento de mandado de busca domiciliar em escritório de advocacia, cumprido
no horário noturno, ocasião em que foram captados sinais ópticos (imagens) e
instalados sinais de captação de áudio.

A decisão consta no informativo 529, do STF, um pouco antigo, mas muito importante
para esse ponto da prova. Vejamos.

Busca domiciliar em período noturno. Validade das


provas obtidas a partir do ingresso autorizado da
autoridade policial, no período noturno, em
escritório de advocacia - STF - INQ 2424/RJ - DJ
26.03.2010.

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A fundamentação eu o STF deu para o caso foi a de que o mandado jamais teria
efetividade, caso fosse cumprido durante o dia, com publicidade da diligência, sob pena
de total ineficácia da medida.

Acertadamente o STF buscou dar efetividade à medida, pois caso contrário, o local
nunca poderia ser violado e estar-se-ia protegendo um local em que as práticas
delituosas poderiam ser reiteradamente realizadas.

Veja como o STF fundamentou nesse trecho:

“(...) Enfatizou-se que os interesses e valores jurídicos, que não têm caráter
absoluto, representados pela inviolabilidade do domicílio e pelo poder-dever
de punir do Estado, devem ser ponderados e conciliados à luz da
proporcionalidade quando em conflito prático segundo os princípios da
concordância.(...)”

Vejamos a ementa da decisão emblemática para esse tema de que estamos tratando:

“[...] 8. PROVA. Criminal. Escuta ambiental e


exploração de local. Captação de sinais óticos e
acústicos. Escritório de advocacia. Ingresso da
autoridade policial, no período noturno, para
instalação de equipamento. Medidas autorizadas por
decisão judicial. Invasão de domicílio. Não
caracterização. Suspeita grave da prática de crime
por advogado, no escritório, sob pretexto de
exercício da profissão. Situação não acobertada pela
inviolabilidade constitucional.
Inteligência do art. 5º, X e XI, da CF, art. 150, § 4º,
III, do CP, e art. 7º, II, da Lei nº 8.906/94.
Preliminar rejeitada. Votos vencidos. Não opera a
inviolabilidade do escritório de advocacia, quando o
próprio advogado seja suspeito da prática de crime,
sobretudo concebido e consumado no âmbito desse
local de trabalho, sob pretexto de exercício da
profissão. [...]” (STF, Inq. 2424/RJ, Tribunal Pleno,
Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 26.03.2010).

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Entendido o conceito de dia, e essa exceção que mencionamos acerca da possibilidade


de cumprimento de mandado no período da noite em escritório de advocacia,
passaremos ao próximo conceito que deve ser entendido.

O que é casa, para fins de concurso?

b) conceito de “casa”:

Casa é um conceito bem amplo, e deve ser interpretado como qualquer compartimento
habitado.

Alguns pontos devem ser levados em consideração quando o assunto é “casa”.

1. Automóvel:

O automóvel, para fins de busca, pode ser considerado um caso de busca pessoal,
ocasião em que não seria necessária a expedição de mandado para proceder à busca.

No entanto, caso o automóvel seja utilizado como casa, por exemplo, no caso
das pessoas que moram em trailers ou em boleias de caminhões, como
caminhoneiros, a situação nessas hipóteses é diferente, sendo o automóvel
inserido no conceito de casa, gozando da proteção constitucional.

2. Hotel/Motel

Em locais de habitação coletiva, apenas a parte habitada goza da proteção


constitucional, ou seja, se o quarto de hotel ou motel estiver desabitado ou no caso do
hall de entrada do estabelecimento, não caberá invocar a inviolabilidade.

Em suma, aquilo que estiver aberto ao público não goza da proteção. Como os
quartos desabitados e a parte comum está aberta ao público, não faz sentido mencionar
a proteção domiciliar nesses casos.

3. Escritórios/Consultórios

No caso de escritórios de advocacia e consultórios médicos, odontológicos etc., eles


gozam da proteção constitucional, uma vez que são tidos pela jurisprudência e doutrina

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como casa. No entanto, lembre-se da decisão que foi mostrada no item anterior em
relação ao cumprimento de mandado de busca em escritório de advocacia em período
noturno sem o conhecimento do investigado.

“[...] 8. PROVA. Criminal. Escuta ambiental e


exploração de local. Captação de sinais óticos e
acústicos. Escritório de advocacia. Ingresso da
autoridade policial, no período noturno, para
instalação de equipamento. Medidas autorizadas por
decisão judicial. Invasão de domicílio. Não
caracterização. Suspeita grave da prática de crime
por advogado, no escritório, sob pretexto de
exercício da profissão. Situação não acobertada pela
inviolabilidade constitucional.
Inteligência do art. 5º, X e XI, da CF, art. 150, § 4º,
III, do CP, e art. 7º, II, da Lei nº 8.906/94.
Preliminar rejeitada. Votos vencidos. Não opera a
inviolabilidade do escritório de advocacia, quando o
próprio advogado seja suspeito da prática de crime,
sobretudo concebido e consumado no âmbito desse
local de trabalho, sob pretexto de exercício da
profissão. [...]” (STF, Inq. 2424/RJ, Tribunal Pleno,
Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 26.03.2010).

Ou seja, locais em que se desenvolve atividade profissional são protegidos pela


inviolabilidade domiciliar.

Aqui cabe a ressalva mais uma vez de que as partes comuns dos locais, por
estarem abertas ao público não gozam da proteção, pois estão abertas ao público,
não sendo, portanto, locais em que se necessita de tutela à intimidade e vida
profissional.

Outro ponto importante é que os clientes que, porventura, encontrarem-se no


interior do local não sofrem a busca, a menos que haja suspeitas de que participam
da atividade delituosa.

No caso de escritório de advocacia, ainda se faz necessário a presença de representante


da OAB para que a diligência não seja eivada de vício, no entanto, já decidiu o STF que,
uma vez informada a OAB, caso não envie representante, a diligência pode prosseguir,

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devendo tudo ser registrado nos autos, a fim de que não seja alegada a nulidade
posterior.

Isso é mais que coerente, uma vez que não podemos frustrar a atividade policial por
conta da inércia das instituições (OAB). O dever de informar sendo cumprido, não há
impedimento nenhum ao prosseguimento da busca.

4. Repartições Públicas

Há divergência na doutrina, mas prevalece o entendimento que há duas possibilidades


de se efetuar a busca quando se tratar de repartição pública em que se encontram os
objetos da apreensão.

A primeira hipótese é o próprio juiz a quem se representa requisitar a documentação


ao chefe da repartição.

A outra possibilidade é a clássica expedição de mandado, hipótese em que a autoridade


policial e/ou seus agentes efetuarão a diligência de busca.

Vistos esses principais aspectos teóricos, vamos passar a entender a representação em


si, seus requisitos e como montar a peça prática. Lembrando que esses pontos acima
mencionados são importantes para não representar incorretamente.

Outro ponto importante é não violar as garantias acima, pois eventual desrespeito não
será enquadrado na hipótese do art. 150, do CP

Violação de domicílio

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou


astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou
tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
dependências:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

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Professor, não entendo porque não


se aplica o crime acima, uma vez
que está todo encaixado na
conduta.

Simples, Aderbal, nesse caso


estamos diante de um caso em
que se aplica o princípio da
especialidade.

Quando é a autoridade pública que comete a conduta tipificada acima, temos um tipo
penal mais específico, que se adota quando a autoridade pública, ou seja, o Delegado
de Polícia viola o domicílio, esse crime está previsto na lei de abuso de autoridade,
ou seja, pela especialidade do crime previsto na Lei n° 4.898/65.

Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer


atentado:

(...)

b) à inviolabilidade do domicílio;

Obviamente cumulando o dispositivo acima com o artigo abaixo:

Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta


lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de
natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e
sem remuneração.

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Ou seja, a autoridade que violar o domicílio estará incursa no crime acima, e não no
Código Penal.

3. REPRESENTAÇÃO POR BUSCA DOMICILIAR

3.1 LEGITIMAÇÃO

Antes de falar da legitimação, é importante ressaltar que essa medida


dificilmente virá sozinha no corpo de uma questão. Geralmente ela se cumula
com outro pedido cautelar, como a prisão preventiva.

Assim, vamos poder trabalhar nos exercícios com duas cautelares na mesma
representação. Isso é muito comum em alguns casos. Provas como a da Polícia
Federal geralmente abordam as peças práticas sob essa perspectiva.

A prova da PCBA-2013, comentada na aula de prisão temporária também possuía esse


viés de cumulação. Se eu pudesse dizer uma peça que tem essa grande possibilidade,
eu diria que a medida cautelar de busca domiciliar é muito provável de vir acompanhada
de uma prisão, por exemplo.

Aqui funciona como uma prova em que se acumula o conteúdo, ou seja, numa eventual
questão de peça, poderá cair não só a representação por uma medida, apenas, mas
uma representação por várias medidas cumuladas.

A legitimação da autoridade policial para representar pela expedição de mandado de


busca está na própria legitimação que lhe confere o art. 240, do CPP.

A autoridade policial na busca de elementos de informação poderá representar pela


busca com a finalidade de apreender objetos frutos da ação delituosa, a eventual arma
utilizada no crime, pessoas que estejam em poder de bandidos, etc.

Ou seja, a atividade policial por si só já legitima a autoridade representar pela medida.


Você, que será Delegado de Polícia, quando no desempenho das suas atribuições de
polícia judiciária será legitimado a representar pela expedição de mandado de busca.

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O próprio art. 241 nos traz também a legitimação:

Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou


judiciária não a realizar pessoalmente, a busca
domiciliar deverá ser precedida da expedição de
mandado.

Essa expedição de mandado será feita mediante provocação do delegado de polícia,


através de sua representação.

Há doutrina que menciona que pode ser utilizado, por analogia, art. 242, do CPP, como
elemento de legitimação, o que eu acredito possível e até recomendo que você o faça
em sua peça, mencionando de forma expressa que se trata de uma analogia.

Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou


a requerimento de qualquer das partes.

Você vai usar também a lei 12.830/13, art. 1°, §§ 1° e 2°, que preveem que ao
delegado de polícia cabe a condução da investigação e, por via de consequência,
utilizar-se dos mais diversos dispositivos legais que lhe possibilitem apreender objetos
ligados ao crime, e assim a convicção de que a materialidade existe e os fortes indícios
de autoria apontam para o investigado.

Portanto, caberá a você, futuro delta, representar pela busca na intenção de obter
provas que substanciem o oferecimento da denúncia pelo membro do MP.

É claro que o art. 144, §4º, da CF se fará presente em nosso preâmbulo, pois de forma
genérica ele pode trazer elementos que legitimam o delegado a representar pela
medida.

3.2 FUNDAMENTOS DE FATO OU FATOS

Aqui é a mesma coisa da aula anterior e das seguintes aulas também, acostume-se a
resumir ou parafrasear um texto. Sugiro a você algumas técnicas de resumo de textos,
que você encontra em um bom livro de produção textual.

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Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre destacando
aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação jurídica.

Lembre-se de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser repetitivo em
relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena utilizar a regrinha da
resposta às perguntas abaixo:

O que?

Quem?

Quando? ACONTECEU

Onde?

Por que?

Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem objetivo, sua
narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação dessa parte estará
garantida.

Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até quando estiver
contando uma história a algum colega.

Na busca domiciliar, vale muito ressaltar os fatos relativos às provas de que há grande
probabilidade de que o que você procura apreender encontra-se escondido no local
onde será realizada a busca. Procure ressaltar esses fatos e coloque esses elementos
em sua representação.

3.3 FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar mais pontos, nela
você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a medida cautelar pela qual
representa.

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O importante aqui é destacar o objeto da busca, que está previsto no art. 240,
§1°, do CPP, onde se elencam todas as hipóteses do que pode ser encontrado
por meio da diligência.

Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.

§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando


fundadas razões a autorizarem, para:

a) prender criminosos;

b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios


criminosos;

c) apreender instrumentos de falsificação ou de


contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;

d) apreender armas e munições, instrumentos


utilizados na prática de crime ou destinados a fim
delituoso;

e) descobrir objetos necessários à prova de


infração ou à defesa do réu;

f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao


acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que
o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à
elucidação do fato;

g) apreender pessoas vítimas de crimes;

h) colher qualquer elemento de convicção.

Veja que se trata de um rol extenso, e que ainda possui algumas alíneas muito
“coringas”, que podem ser utilizadas pelo delegado na sua fundamentação de forma
muito livre, pois pelo próprio texto do código deixam um grau de interpretação muito
amplo a ser feito pela autoridade policial.

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Estou falando dos incisos “e” e “h”, pois o seu teor é bem amplo, do ponto de vista da
adequação ao caso concreto.

e) descobrir objetos necessários à prova de


infração ou à defesa do réu;

A alínea acima é muito adaptável à investigação policial, podendo ser utilizada em


muitas investigações preliminares (inquéritos policiais).

Ou seja, se você, na qualidade de autoridade policial vislumbrar que há algum objeto


necessário à prova da infração, como, por exemplo, armas de fogo, vestes sujas
de sangue, rés furtiva, poderá ser cabível a busca.
h) colher qualquer elemento de convicção.

Essa alínea é mais ampla ainda, ela te dá uma série de possibilidades em que pode ser
tomada essa medida.

O que você vai fazer é fundamentar a sua representação em alguma dessas alíneas.
Estou lhe dando a sugestão dessas duas, pois são muito amplas e podem se adequar a
muitos casos concretos.

Temos ainda que lembrar que doutrinadores como Nucci, entendem que esse rol do art.
240, §1° não é taxativo, de forma que, com base no poder geral de cautela do juiz, ele
pode deferir uma busca com fundamento diverso daquele trazido pelo dispositivo acima.

Assim, se você precisar memorizar


algum dispositivo legal, em caso de
concurso em que não é permitida a
consulta à legislação, sugiro que
você memorize esses dois
dispositivos.

Algumas representações não possuem o cabimento e os requisitos cautelares distintos,


separados. A busca domiciliar, como se trata de uma peça simples geralmente se
fundamenta conjuntamente no mesmo dispositivo o cabimento e o requisito cautelar.

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Como se trata de uma medida simples é por isso que ela, provavelmente, não virá
sozinha em uma prova de alto nível. Se você se prepara para grandes concursos da
área policial, tenha certeza que essa medida será cumulada com uma prisão.

Boas questões envolvem essas misturas de medidas cautelares.

O nosso curso será da mesma forma, a medida que formos crescendo no conteúdo
vamos representar por medidas mistas, cumulando alguns pedidos que sejam
importantes para a elucidação das infrações e para o prosseguimento das investigações.

Assim, tenha em mente que se for possível cumular a busca domiciliar, faça esse
pedido. Isso é muito “feelling” de delegado, que você deverá mostrar desde já.

As questões em que se deve representar pela busca são aquelas em que a


questão mostra o endereço de alguém, essa é uma dica muito importante para
a escolha da medida. O endereço provável onde se está escondida rés furtiva,
o sequestrado, ou qualquer objeto que interesse ao prosseguimento da
investigação.

A medida de busca domiciliar não pode ser decretada em uma favela inteira,
ou em um condomínio inteiro, isso violaria o direito a intimidade daqueles que não estão
envolvidos no delito.

Portanto, deve ser fornecida na questão o provável endereço do local em que se


pretende encontrar o objeto da busca.

Outro fato importante que deve constar na sua fundamentação é a individualização da


coisa a ser apreendida por meio da busca pela qual se representa.

Na busca domiciliar não se pode buscar qualquer objeto no local, não é uma
medida legal você buscar “alguma coisa” no morro da rocinha, o ideal é buscar a
coisa Y, no local X, ou seja, individualização do local e da coisa a ser apreendida
por meio da busca.

Entenda então que a medida que estamos estudando requer uma série de requisitos
que estarão espalhados pelo enunciado. Esses pontos devem ser mencionados na
fundamentação, pois são importantes para a elucidação do crime ou para a prova da
autoria ou fortalecimento dos indícios.

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Armas utilizadas em crimes mediante violência própria são muito comuns em questões
dessa natureza, no entanto, é importante visualizar o local onde esse instrumento do
crime pode estar escondido.

Ao mandado de busca pode ainda ser cumulada a prisão, no entanto, os requisitos para
a temporária ou preventiva devem estar presentes.

Não podemos no meio do mandado de busca efetuar uma prisão, a menos que
seja uma prisão em flagrante.

É muito comum isso ocorrer em casos de crimes permanentes, cuja consumação se


protrai no tempo. Um caso muito comum é o tráfico de drogas. Geralmente, se pede a
busca domiciliar para encontrar drogas, nas famosas “bocas de fumo”, nesse caso
apenas com o mandado de busca é possível prender o agente ativo do crime de tráfico,
pois como se trata de crime em que um dos verbos é o ter em depósito, enquanto o
investigado tiver a droga em depósito, ao mesmo tempo você poderá buscar, apreender
a droga e ainda por cima prender o criminoso, é o que se chama de barba, cabelo e
bigode.

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,


produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e


pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa.

Veja que realmente estamos falando de um crime em que pela sua própria natureza
tem sua consumação a cada instante de tempo, enquanto permanecer a ação ter em
depósito.

É importante fundamentar tudo que é possível na busca. Lembre-se de que a banca


examinadora quer saber a sua capacidade de investigação, é momento de mostrar o
policial, o Delegado que existe dentro de você.

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Portanto, o fundamento é bem livre, bastando que você mostre ao juiz que a medida
pela qual você representa é necessária ao andamento das investigações. Não se
esqueça da individualização do local e do objeto a ser buscado.

Para não me estender muito na fundamentação, remeto você ao curso completo de


processo penal para dirimir eventuais dúvidas referentes ao encontro fortuito de provas,
caso contrário estaríamos saindo muito do nosso objetivo.

Bom, passada essa parte do fundamento, vamos ao pedido, no qual você deverá repetir
alguns pontos da fundamentação.

3.4. PEDIDO

Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua peça, você já está
chegando ao final da sua representação.

Aqui temos um detalhe importante, que é o local da busca e o objeto dela.

Vamos aguçar nosso faro investigativo.

Suponha que num crime de homicídio, você, na qualidade de delegado de polícia e


cumprindo suas atribuições tenha comparecido ao local do crime e tenha recolhido
projéteis de arma de fogo.

O ideal é encontrar essa arma de fogo, e isso poderá ser feito por meio de busca
domiciliar na casa do investigado pelo crime. A coisa a ser buscada é a arma de fogo,
que você terá como identificar por meio das marcas que cada arma deixa nos projéteis
disparados por ela. Ou seja, você vai saber que foi um revólver, calibre 38, de cano
curto, que efetuou aquele disparo, portanto sabe que terá de buscar essa arma no
domicílio do investigado.

Isso deverá constar no pedido. Ademais, nada de importante a acrescentar no pedido


dessa representação.

Lembrando que se a medida for cumulada com outra, você terá de representar por
todas as medidas, em pedido único, citando a prisão e a busca, por exemplo.

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4. MODELO DE REPRESENTAÇÃO POR BUSCA DOMICILIAR

Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. Poucas coisas vão
mudar em relação aos outros (prisões), na verdade estaremos diante de um modelo
até mais enxuto.

4.1 ENDEREÇAMENTO

O endereçamento continua sendo muito importante, no caso de busca domiciliar,


geralmente ela é endereçada ao juízo de direito da comarca onde ocorreu o
delito. Lembre-se também que se o crime for de homicídio, teremos que representar
ao presidente do tribunal do júri.

Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for mencionado isso no
enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em branco, para não perder pontos e
nem ser prejudicado totalmente com uma possível identificação de prova.

Fique ligado nos crimes de competência do juizado especial criminal (JECRIM), pois
há a possibilidade de se representar a ele pela busca domiciliar, desde que estejamos
diante de um crime de menor potencial ofensivo.

• EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL


DA COMARCA DE __________.

• EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JÚRI DA


COMARCA DE __________.

• EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL


CRIMINAL DA COMARCA DE __________.

4.2 PREÂMBULO

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Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 3, e colocar o


preâmbulo cujo modelo segue abaixo, no entanto, acho interessante você mencionar a
referência do inquérito policial no bojo do qual se representa pela busca:

“A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de Polícia,


ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre
outros dispositivos, pelo art. 144, §4°, da CF88, pelo art. 240, § 1° (citar a
alínea mais adequada, e, na dúvida, citar as alíneas “e” e “h”), do CPP; art. 2°,
§1°, da Lei 12.830/2013, vem, com o devido respeito, a presença de Vossa
Excelência, representar pela expedição de mandado de busca domiciliar a ser
efetuado no endereço citado no pedido desta, pelos fundamentos de fato e de
direito que a seguir passa a expor:”.

Se estiver diante de um pedido cumulado, mais uma vez você deverá mencionar os
dispositivos legais que legitimam o delegado de polícia a representar pela prisão
também.

Um bom preâmbulo já mostra conhecimento. Citar a lei 12.830/2013, comprova que


você tem sangue de delegado e que vai procurar valorizar as suas atribuições quando
no exercício delas.

4.3 FATOS

Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, você vai ser
medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não negligencie esse ponto, pois
o examinador pode já não gostar muito da sua peça, caso os fatos não sejam
corretamente narrados.

Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo. Responder àquelas
perguntas que já mencionei anteriormente pode ser um bom norte a ser seguido.

4.4 FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Na parte dos fundamentos o ideal é você desdobrá-la em 3 pontos, quais sejam, do


crime sob investigação, do cabimento, dos requisitos cautelares.

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No caso da peça que estamos estudando, vale a pena você mencionar que a
inviolabilidade domiciliar não pode servir de salvaguarda para acobertar o
cometimento de delitos e que em prol do princípio do “in dubio, pro societate”,
a medida se faz necessária à elucidação do crime e à cessação da atividade delituosa,
lembre-se do caso do tráfico de drogas, da Lei n° 11.343/06.

Aqui, se você mencionar que a medida se subordina à reserva de jurisdição, vai ficar
melhor ainda, pois o juiz vai entender que você, na qualidade de delegado de polícia,
reconhece os limites legais e constitucionais de sua atuação. E preza pelo
reconhecimento das medidas sujeitas à reserva de jurisdição.

4.5 DO PEDIDO.

No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida sempre de forma
objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de polícia representa e não requer,
quem requer é o membro do MP.

Não se esqueça de mencionar o endereço individualizado do local onde se


procederá à diligência e nem se furte à menção do objeto da busca.

Se houver prisão, represente pela prisão e em cumulação pela busca, conforme já


explicado anteriormente.

Lembre-se de pedir a oitiva do MP, apesar de não constar na lei esse requisito, trata-
se de uma prática comum no dia a dia forense ouvir o titular da ação penal acerca da
decretação da medida.

“Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pela expedição de mandado de busca
domiciliar no endereço __________________________, com a finalidade de
apreender ________________, por ser a medida de direito adequada ao caso
conforme se demonstra na fundamentação exposta, após a oitiva do ilustre
membro do Ministério Público”.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

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Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.”

Vamos agora colocar tudo isso em um modelo.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE


__________.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JÚRI DA COMARCA DE


__________.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA


DE __________.

Ref. Inquérito policial n°___

“A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 144, §4°, da CF88, pelo art. 242, e 240, § 1° (citar a alínea mais adequada, e,
na dúvida, citar as alíneas “e” e “h”), do CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem, com
o devido respeito, a presença de Vossa Excelência, representar pela expedição de
mandado de busca domiciliar a ser efetuado no endereço citado no pedido desta, pelos
fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor:”.

1. Dos fatos

Narrativa dos fatos, conforme instruções já mencionadas.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

Vale a pena demonstrar a tipificação do crime cometido.

2.2 Da reserva de jurisdição

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Aqui mencione que a medida se sujeita à reserva de jurisdição, invocando a proteção


constitucional domiciliar, sempre ressaltando que a constituição não pode servir de
manto de acobertamento da prática delituosa.
2.3 Do cabimento

Mencione que a medida é cabível, pois o art. 240, §1°, do CPP prevê a possibilidade de
busca domiciliar para buscar objetos do crime, etc. sempre fundamentando nas alíneas
do parágrafo. Não se esqueça de que as alíneas mestras são as de letra “e” e “h”.

Quanto à necessidade da cautelar, demonstre que é necessário encontrar o objeto que


se busca para a continuidade da investigação e que há uma grande probabilidade de ele
estar escondido no local em que se representa pela diligência.

3. Do pedido

“Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pela expedição de mandado de busca domiciliar
no endereço __________________________, com a finalidade de apreender
________________, por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se
demonstrada na fundamentação exposta, após a oitiva do ilustre membro do Ministério
Público”.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

Vejam que não é muito longa e não requer muitos detalhes a produção da
representação por expedição de mandado de busca.

Vamos agora aos exercícios de prova.

Escolhi para a nossa aula uma questão um pouco longa, adaptada do problema
apresentado na prova de Delegado de Polícia de São Paulo, do ano de 2014, prova
essa elaborada pela fundação Vunesp-SP.

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5. QUESTÕES COMENTADAS DE PROVA.

Questão de peça prática

1. Adaptada pelo Prof. Vinícius Silva

Delegado de Polícia - Concurso: PCSP - Ano: 2014 - Banca: VUNESP - Disciplina:


Direito Processual Penal - Assunto: Inquérito Policial - PEÇA PRÁTICA –

No dia 11.06.2014, a vítima “A”, aos 60 anos de idade, encontrava-se no


interior da loja de automóveis Maria’s Car, de sua propriedade, que fica
localizada na Rua beta, 99, Centro, São Paulo-SP, ocasião em que quatro
indivíduos, em concurso, ingressaram no estabelecimento, todos portando
arma de fogo e encapuzados, arrebataram a vítima e subtraíram alguns
objetos eletrônicos e certa quantia em dinheiro. De acordo com testemunhas,
quando do arrebatamento, em frente ao estabelecimento comercial estavam
estacionados dois veículos – um Ford Fusion de placas AAA-1111 e um GM
Vectra de placas BBB-2222- que foram utilizados na fuga dos criminosos e
para condução da vítima. Em pesquisa verificou-se que ambos os veículos não
possuíam queixa de crime. Após duas horas do arrebatamento, um dos
sequestradores entrou em contrato com a família da vítima, momento em que
identificador de chamadas não revelou o número da linha telefônica,
anunciando que estavam em poder da vítima. Passados três dias, no decorrer
das investigações, foi preso “B”, que acabou confessando o crime, dizendo que
iriam exigir R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) como condição para a
libertação da vítima, apontando voluntariamente o local onde esta se
encontrava cativa, informou o endereço à Rua Alfa, 42, Centro, São Paulo-SP,
como local do cativeiro. “B” alegou, quando de seu interrogatório no auto de
prisão em flagrante, ter agido juntamente com outros três indivíduos, “C”, com
20 anos, “D”, com 33 anos e “E”, com 19 anos de idade, dos quais apenas os
endereços não foram identificados. Informou ainda que, com os mesmos
comparsas, havia praticado outros crimes de sequestros e roubos, narrando
tratar-se de uma estrutura ordenada, onde as tarefas são divididas entre seus
integrantes.

O devido expediente policial foi instaurado, sob o nº. IPL 211/2014.

Na qualidade de Delegado de Polícia da 3ª Delegacia de combate ao crime


organizado, elabore a peça de polícia judiciária pertinente, com a correta
tipificação do(s) crime(s), cabível nesse momento da investigação.

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Comentário e modelo de peça proposto.

Bom, a questão é belíssima, pois retrata um caso muito comum em delegacias do nosso
Brasil, trata-se de um concurso de crimes cometidos pelos sequestradores.

Podemos citar como crimes cometidos por eles: roubo praticado em face da vítima
A, uma vez que foram subtraídos objetos eletrônicos e certa quantia em dinheiro. Sendo
que esse roubo é do tipo majorado por conta da utilização de arma de fogo, nos termos
do art. 157, §2°, II, do CP; extorsão mediante sequestro (art. 159, do CP) e
ainda resta configurado o crime de formação de organização criminosa, uma vez
que ficou configurada a organização criminosa, pelo preenchimento de seus requisitos
formadores.

Quanto à organização criminosa, sabemos que existem três requisitos para que seja
caracterizada a sua formação, quais sejam, o elemento pessoal, ou seja, ser
constituída por, pelo menos, 4 indivíduos; o elemento estrutural, ou seja, a
organização deve ser uma estrutura organizada e com divisão de tarefas e
atribuições; e, por fim, o elemento finalístico, que fica configurado, por exemplo,
quando o intuito da organização é o cometimento de crimes cujas penas
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos.

No caso acima, alguns pontos deixam claro a formação de organização criminosa - O.C:

...ter agido juntamente com outros três indivíduos, “C”, com 20 anos, “D”, com
33 anos e “E”, com 16 anos de idade... (elemento pessoal),...

...dos quais apenas os endereços não foram identificados. Informou ainda que,
com os mesmos comparsas, havia praticado outros crimes de sequestros e
roubos... (elemento finalístico),...

...narrando tratar-se de uma estrutura ordenada, onde as tarefas são divididas


entre seus integrantes...(elemento estrutural).

Fica, portanto, caracterizado o crime de formação de O.C.

Quanto aos demais crimes o enunciado é claro ao afirmar que houve a extorsão
mediante sequestro majorada pelo tempo do sequestro, que foi maior que 24 horas

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e de roubo circunstanciado pelo uso da arma de fogo e pelo concurso de


agentes.

A peça adequada para o decorrer das investigações não poderia ser uma prisão
preventiva, a meu ver, o ideal seria, nesse momento, utilizar a temporária, que é a
peça por excelência da polícia judiciária. Até por conta da continuidade das diligências.

Portanto, caberia a prisão temporária, pois os crimes cometidos estão listados no rol
do art. 1°, III, da Lei n° 7.960/89, pelo menos o roubo e a extorsão mediante
sequestro estão previstos.

Quanto à previsão da alínea “l”:

Art. 1° Caberá prisão temporária:

III - quando houver fundadas razões, de acordo com


qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria
ou participação do indiciado nos seguintes crimes:

(...)

l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;

Há uma grande celeuma doutrinária, pois a Lei de Prisão Temporária não teve seu texto
modificado diante do novo crime de O.C., tampouco houve modificação quanto ao delito
do art. 288, do CP, que passou a ser chamado de Associação Criminosa e não mais
Quadrilha ou Bando.

Assim, sem entrar nessa seara, podemos afirmar que houve o roubo e a extorsão,
mesmo que não tenha havido a solicitação do resgate, pois basta a privação da
liberdade com a intenção de exigir preço pelo resgate para que o crime esteja
consumado. Trata-se de delito formal. Assim, encontram-se consumados os dois crimes
e cabe a prisão temporária, a mais adequada nesse momento de investigação.

Quanto à possibilidade de mais medidas cautelares, não entendo ser cabível nessa
questão a interceptação das comunicações telefônicas, pois não se sabe o número do
telefone com que os sequestradores fizeram o contato inicial.

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Por fim, caberá, com o intuito de resgatar a vítima com vida, a busca domiciliar no
endereço fornecido pelo comparsa que foi preso.

Veja que se trata de uma peça em que se mesclam duas cautelares. Na verdade, na
questão original, sem as modificações que eu promovi, caberia até a interceptação das
comunicações telefônicas, pois na versão original do enunciado, constava o número do
telefone celular.

Enfim, fica assim definida a necessidade da busca domiciliar e da prisão


temporária dos demais componentes da O.C.

A busca está fundamentada na seguinte alínea do art. 240, §1°:

§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas


razões a autorizarem, para:

(...)

g) apreender pessoas vítimas de crimes;


(...)

Veja que o nosso caso concreto se adequa perfeitamente ao previsto no referido inciso.

Quanto à prisão temporária, acredito que você já entendeu o seu cabimento e o


preenchimento dos requisitos cautelares.

Definida a peça que vamos produzir, mãos à obra.

Quanto à competência para julgar esse tipo de delito, houve crime contra o patrimônio
(roubo e extorsão), portanto, vamos dirigir a nossa representação ao Juiz de Direito da
Vara Criminal da Comarca de São Paulo-SP.

Quanto ao local, ficou claro que o crime ocorreu em São Paulo-SP, podendo ficar claro
que a consumação deu-se nessa cidade, e o juiz competente para decidir acerca da
representação é o juiz de direito de uma das varas criminais da comarca de São Paulo,
partindo do pressuposto que não hajam varas especializadas.

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Caso haja vara especializada nesse tipo de delito, sugiro que você enderece a ela, mas
para isso você deverá estudar o código de organização judiciária do estado para o qual
você presta concurso.

Na maioria das provas isso não é previsto, de modo que você não será penalizado em
sua peça se não mencionar a vara especializada para a qual deve ser dirigida a sua
representação.

Assim, o endereçamento correto seria ao juízo de direito da comarca de São Paulo.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE SÃO PAULO-SP.

Ref. Inquérito policial n° 211/2014

A Polícia Civil do Estado de São Paulo, por meio do seu Delegado de Polícia, ao
final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre
outros dispositivos, pelo art. 2°, caput, da Lei 7.960/89, bem como no art. 2°,
§1°, da Lei 12.830/2013 e art. 242 e 240, §1°, “g”, do CPP, vem, mui
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela decretação
da prisão temporária de “C”, “D” e “E”, pelos fundamentos de fato e de direito
que a seguir passa a expor

1. Dos fatos

Os autos do inquérito policial em epígrafe apuram o fato ocorrido no dia 11 de junho


de 2014, na Rua Beta, 99, Centro, São Paulo, no interior da loja de carros “Maria’s Car”,
oportunidade em que a vítima “A” foi arrebatada, após ter objetos eletrônicos de sua
propriedade roubados e certa quantia em dinheiro roubados pelos 4 indivíduos (B, C, D
e E), que, agindo em concurso, adentraram a referida loja todos portando arma de
fogo, com o intuito de cometer os crimes abaixo especificados.

Passados mais de 3(três) dias do ocorrido, houve contato telefônico dos


sequestradores, os quais mencionaram que estavam em poder da vítima.

No decorrer da investigação, “B” foi preso em flagrante e em seu interrogatório


informou à autoridade policial que ele e os demais agentes delituosos sequestraram

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“A”, com o intuito de solicitar um resgate no valor de R$ 3.000.000,00 (três milhões de


reais).

Afirmou ainda que se trata de uma estrutura organizada, com divisão de atribuições, e
que já cometeram vários crimes de roubo e sequestro.

Ao final de sua oitiva, “B” informou o endereço em que a vítima encontrava-se cativa.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Das Práticas delituosas

Da narrativa dos fatos acima, podemos confirmar que houve crime de roubo
consumado, circunstanciado pelo concurso de agentes e pelo uso da arma de fogo, uma
vez que a vítima teve seu patrimônio subtraído em meio a ação delituosa que ocorrera
no interior de sua loja.

Por outro lado, os investigados arrebataram a vítima e a colocaram em cativeiro, cujo


endereço é conhecido, configurando o delito do art. 159, §2°, do CP, caracterizando a
modalidade qualificada do referido crime, pelo fato de a vítima ter tido sua liberdade
cerceada por período superior a 24 horas.

Por fim, de acordo com as investigações, pode-se comprovar que os quatro investigados
agem em uma estrutura organizada, em que há divisão de tarefas e estrutura
criminosa, visando à prática de crimes cujas penas máximas são superiores a 4 (quatro)
anos, configurando o crime de formação de Organização Criminosa, da Lei n°
12.850/13.

Cumpre salientar ainda que os crimes de roubo e de extorsão mediante sequestro estão
previstos no rol do art. 1°, III, da Lei n° 7.960/89.

Ressalte-se que o crime de extorsão mediante sequestro é um crime hediondo, previsto


no art. 1°, da Lei 8.072/90.

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2.2 Do cabimento da prisão temporária e da busca domiciliar

O cabimento da prisão temporária encontra guarida no art. 1°, III, da Lei n°


7.960/89. Portanto, para que seja cabível a medida cautelar pessoal em baila, basta
que o crime esteja previsto no rol de crimes em que cabe a prisão temporária.

Conforme item 2.1, duas das condutas delituosas cometidas foram o crime de extorsão
mediante sequestro e roubo majorado pelo uso da arma de fogo, sendo previstos nas
alínea “c” e “e”, do referido inciso do art. 1°.

Assim, cabível é a prisão temporária para o caso concreto sob luzes.

Vale dizer ainda sobre o cabimento da busca domiciliar, uma vez que a vítima do
sequestro encontra-se com sua liberdade cerceada por meio da ação criminosa.

À autoridade policial cabe, portanto, empreender diligência nos sentido de regatar a


vítima do cativeiro, nos termos do art. 240, §1°, “g”, do CPP.

2.3 Dos requisitos cautelares

Uma vez que são cabíveis, a busca domiciliar e a prisão temporária, devemos
demonstrar os requisitos de cautelaridade para que sejam deferidas as medidas.

Não restam dúvidas quanto à presença do fumus commissi delicti e do periculum


libertatis. Vejamos.

A fumaça do cometimento do delito deve ser dividida em prova da existência do crime


e indícios suficientes de autoria, que permitam atribuir aos representandos a
responsabilidade pelo delito cometido. Esse requisito encontra-se provado pelo
depoimento de testemunhas e do próprio B, que participou da ação delituosa, ademais
consta o contato telefônico dos sequestradores com os familiares da vítima afirmando
que estão em poder de A, restando consumado o delito de extorsão mediante
sequestro, pois crime formal que é não necessita de resultado para a sua consumação,
bastando para isso a restrição da liberdade e a intenção de exigir o preço do resgate.
Verifica-se no caso em baila que isso foi demonstrado.

Quanto aos indícios de autoria, podemos afirmar que eles também estão satisfeitos no
caso concreto, pois o depoimento do comparsa informa os nomes dos demais

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componentes da organização criminosa, confirmando que há fortes indícios de autoria


atribuída aos componentes, inclusive constando que os investigados já atuam na
atividade criminosa, cometendo outros crimes, mediante organização criminosa.

Por outro lado, a investigação ainda necessita de uma busca domiciliar, por meio da
qual se visa resgatar a vítima incólume. Não há como vislumbrar a proteção domiciliar
constitucional diante de tamanha violação ao direito de liberdade da vítima.

Portanto, se faz necessária, além da prisão, a busca domiciliar no endereço especificado


no pedido desta, em relação à vítima “A”, nos termos do art. 240, §1°, “g”, do CPP.

Quanto ao periculum libertatis assim está demonstrado, pois a liberdade dos


investigados pode vir a atrapalhar a colheita de elementos de informação, no caso em
tela, a prisão é imprescindível para a continuidade das investigações.

3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pela decretação da prisão temporária de “C”, “D”
e “E”, sem a oitiva da parte contrária, pela própria natureza da medida, após a
competente manifestação do membro do Ministério Público, pelo prazo de 30(trinta)
dias, nos termos do art. 2°, § 4°, da Lei n° 8.072/90.

Ademais, solicita-se a expedição de mandado de busca domiciliar com a finalidade de


apreender a vítima do sequestro, “A”, no endereço Rua Alfa, 42, Centro, São Paulo-SP,
podendo no bojo do mandado constar a prisão dos investigados, a serem cumpridas na
mesma diligência.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
3ª Delegacia de Polícia Contra o Crime Organizado
Matrícula

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Delegado de Polícia - Concurso: PCRS - Ano: 2009 - Banca: IBDH - Disciplina:


Peça Prática.

A DENARC realizou longa investigação sobre tráfico de drogas no Bairro da Saúde, em


Porto Alegre. Foram monitoradas as atividades de várias pessoas, inclusive com escutas
telefônicas autorizadas pela Justiça. No dia 12.6.2009 a policia prendeu em flagrante
Pedro de Tal, que dirigia um automóvel marca Audi, Placas XXX, de sua propriedade,
sendo encontrados no interior do veiculo cinco pacotes contendo cocaína (total de 2,5
Kg). Também foi apreendida uma metralhadora marca Uzi, de 9mm (uso restrito),
municiada com 25 cartuchos completos, que estava debaixo do banco do caroneiro. A
droga foi submetida a perícia e deu resultado positivo para cocaína. Pedro de Tal ao ser
ouvido pela autoridade policial disse que não trabalha no tráfico sozinho, porém não
quis dizer o nome de seus comparsas. O relatório da seção de investigação mostrou
ainda que as conversas telefônicas eram oriundas sempre de um mesmo telefone fixo,
que está vinculado ao endereço Rua Dos Remédios, 44, Saúde, Porto Alegre.

Na qualidade de Delegado de Polícia, represente pela medida de polícia judiciária cabível


ao desbaratamento das ações delituosas, bem como para a conclusão das
investigações.

Comentário e proposta de peça:

Trata-se de um caso clássico de busca domiciliar, por meio da qual a autoridade policial
prendeu em flagrante um dos membros de uma suposta associação para o tráfico.

O conduzido provavelmente estará incurso nos crimes de tráfico de drogas, porte ilegal
de arma de fogo de uso restrito, e há uma forte suspeita de ser integrante de uma
associação para o tráfico, tipificada nos termos da lei de drogas.

Veja que existe um relatório da seção de investigações mostrando que há ligações


telefônicas oriundas de um telefone fixo, mas que não foi mencionado o número, ou
seja, não seria possível nessa questão representar por interceptação telefônica, no
entanto, com o objetivo de prender em flagrante os demais componentes da suposta
associação, bem como apreender mais drogas e armas que podem estar em poder da
quadrilha, o ideal seria representar pela busca domiciliar.

O fundamento seria o constante no art. 240, §1°, alíneas “d” e “e”, especificamente,
no entanto, você poderia utilizar a alínea coringa “h”.

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Enfim, a identificação da peça parece que é bem tranquila. Quanto a possibilidade de


representar pela temporária, não entendo ser cabível, pois ao juiz, quando recebe o
auto de prisão em flagrante, cabe, entre outras medidas converter a prisão em flagrante
em preventiva, assim não é interessante pedir a temporária, pois a materialidade e
autoria já estão comprovadas em relação a ele, uma vez que foi preso em flagrante.

A temporária de outros envolvidos também não é cabível, uma vez que não sabemos
nem quem são os demais envolvidos.

Ademais, há fortes indícios de que no local de onde se originam as ligações podem ser
encontradas drogas, armas e os supostos componentes da associação para o tráfico.

O juiz é o juízo comum, ou seja, o Juiz de Direito da Comarca de Porto Alegre.

O endereço foi mencionado e então podemos representar tranquilamente pela busca.

Vamos à peça.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO da _____ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE PORTO ALEGRE.

Ref. Inquérito policial n°___

“A Polícia Civil do estado do Rio Grande do Sul, por meio do seu Delegado de Polícia,
ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros
dispositivos, pelo art. 240, § 1°, alíneas “d” e “e”; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
(citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual está
prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência,
representar pela expedição de mandado de busca domiciliar, a ser efetuada no
endereço citado no pedido desta e em face da pessoa especificada também no pedido,
pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”.

1. Dos fatos

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Narram os autos, que no dia 12 de junho de 2009, Pedro de Tal foi preso em flagrante
após operação policial oriunda de investigação desse distrito, que culminou na
apreensão de 2,5 kg (dois quilogramas e meio) de cocaína (conforme laudo anexo) e
uma metralhadora de uso restrito, marca UZI, com 25 cartuchos completos.

O investigado foi trazido a esta delegacia, onde foram lavrados os procedimentos de


praxe. Ao ser ouvido, Pedro de Tal mencionou que atua no tráfico juntamente com
demais componentes de uma suposta associação para o tráfico, contudo não quis
declinar o nome dos envolvidos na atividade criminosa.

As diligências da seção operacional dessa unidade registraram que há frequentes


ligações telefônicas oriundas de uma linha fixa localizada no endereço da Rua dos
Remédios 44, Saúde, Porto Alegre, envolvendo os investigados.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

As investigações da autoridade policial, notadamente o resultado do flagrante que foi


realizado, levam à tipificação de alguns crimes capitulados na legislação penal
extravagante, quais sejam, o de tráfico de substância entorpecente, tipificado ao teor
do art. 33, da Lei n° 11.343/06, bem como o de porte ilegal de arma de fogo, todas as
condutas referentes ao investigado Pedro de Tal.

Por outro lado, o investigado supramencionado, ao que parece, após as diligências da


equipe operacional, compõe uma associação para o tráfico, uma vez que citou não atuar
no tráfico de drogas sozinho, mas na companhia de alguns comparsas que não quis
declinar o nome, portanto, estaríamos diante da tipificação do crime de mesmo nome.

2.2 Da reserva de jurisdição e da ponderação

A prática delituosa não pode ser acobertada pelo manto dos direitos
constitucionalmente previstos como individuais e fundamentais. Ou seja, não se pode
invocar a inviolabilidade domiciliar para fins de salvaguarda da prática delituosa.

Assim, as medidas a serem requeridas no bojo desta representação são medidas


reservadas à atividade jurisdicional, e por isso são medidas que afetam diretamente
um direito fundamental dos investigados.

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No entanto, não se tolera num estado democrático de direito a prática de crimes e ao


mesmo tempo a proteção constitucional eventualmente invocada.
2.3 Do cabimento

A medida pleiteada nessa representação é plenamente cabível. Vejamos.

A busca domiciliar verifica-se cabível, pois há fortes indícios de que no endereço a ser
violado, em caso de deferimento, funciona a base local da associação criminosa de que
faz parte o indivíduo preso em flagrante, uma vez que as ligações telefônicas sempre
são originadas daquele local.

Assim, há fortes indícios de que se possam encontrar armas, drogas e até mesmo os
demais componentes da associação para o tráfico que se configura no caso dos autos.

Demonstra-se necessária a busca domiciliar uma vez que, no caso sob investigação, é
imperioso para o sucesso do inquérito a busca da maior quantidade de objetos
vinculados à prática delituosa, quais sejam armas e drogas, uma vez que se trata de
uma associação para o tráfico, em que um dos seus componentes já foi preso em
flagrante com uma quantidade considerável de cocaína e uma arma de uso restrito e
munições não deflagradas.

Portanto, deve-se proceder à busca domiciliar com o objetivo de encontrar demais


objetos da prática delituosa.

3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pela expedição de mandado de busca domiciliar
no endereço Rua dos Remédios, 44, Saúde, Porto Alegre, com a finalidade de apreender
armas e drogas, bem como subsidiar possível prisão em flagrante dos demais
componentes da associação para o tráfico, por ser a medida de direito adequada ao
caso conforme se demonstrada na fundamentação exposta, após a oitiva do ilustre
membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

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Questão 2:

(VINICIUS SILVA) No dia 22/01/2015 o estabelecimento comercial VIP SHOP


COMÉRCIO DE ELETRÔNICOS foi vítima de um suposto furto, perpetrado por 3
indivíduos (B, C e D), que agiram em conluio, visando subtrair aparelhos de televisão
do referido estabelecimento.

Na noite do dia 22, por volta das 23:00, os três elementos adentraram a loja
arrombando os cadeados e demais dispositivos de segurança física do estabelecimento,
adentrando em seu recinto e subtraindo 12 aparelhos Smart TV de 42 polegadas, da
marca XX, que estavam embalados em caixas de papelão com as logomarcas
características da marca XX.

Ao saírem do estabelecimento, já no dia 23, os indivíduos se depararam com a ação do


vigilante do local que empreendeu perseguição aos delinquentes, no entanto, eles
dispararam contra o vigilante de modo a assegurar a fuga.

Dias depois a proprietária da loja, a Senhora “A”, compareceu ao 2° Distrito Policial e


narrou todos os fatos, levando ao conhecimento da autoridade policial o fato criminoso.

O vigilante foi ouvido e afirmou que poderia reconhecer os agentes delituosos,


confirmou a versão dos fatos alegados pela proprietária da loja e disse que conhece os
assaltantes e disse que eles portavam 3 armas de fogo do tipo pistola calibre 380.

O Delegado responsável instaurou inquérito policial para apurar as condutas e os fatos


e o setor operacional enviou relatório afirmando que na casa de um dos suspeitos,
endereço à rua alpha, 12, Belo Monte, Cidade: Jardim, foi verificada uma intensa
entrada e saída de pessoas sempre carregando caixas de papelão enroladas em lençóis
que eram colocadas em carros após a entrega de dinheiro aos suspeitos.

Foi juntada aos autos do inquérito a folha de antecedentes dos suspeitos B, C e D;


ocasião em que foi possível comprovar que eles já haviam sido presos por tráfico de
drogas.

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Diante dos fatos acima, na qualidade de delegado de polícia que preside o referido
inquérito, represente pela medida cabível ao prosseguimento das diligências
investigativas.

Comentários e modelo de peça:

Aparentemente, no caso acima, teríamos um caso clássico de crime de furto qualificado,


pelo rompimento de obstáculo, majorado por ter sido perpetrado durante o repouso
noturno.

No entanto, para garantir o furto, os indivíduos dispararam com arma de fogo contra o
vigilante local, o que caracteriza o roubo previsto no art. 157, §1°, uma vez que foi
empregada violência contra a pessoa do vigilante para assegurar a detenção da coisa
para si, circunstanciado ainda pelo uso de arma de fogo.

Assim, podemos tipificar a conduta como sendo incursa no dispositivo legal


retromencionado.

Por fim, podemos ainda caracterizar a conduta deles como de formação de associação
criminosa, pois não é a primeira vez que os suspeitos B, C e D associam-se com o fim
de cometer crimes.

Portanto, verifico os requisitos do fumus comissi delicti e do periculum libertatis


plenamente presentes nesse caso concreto, pois há prova da existência do crime e
indícios suficientes de autoria de B, C e D. Quanto ao segundo requisito, na prisão
temporária ele se faz presente quando, por exemplo, a prisão é imprescindível para o
andamento das investigações.

Note que no caso concreto acima, devemos ainda encontrar possíveis armas, objetos
frutos da atividade criminosa, drogas, etc. Portanto, a prisão dos investigados é
imprescindível para o andamento das investigações.

Além da medida cautelar pessoal, há fortes indícios de que os investigados estão


guardando objetos do roubo perpetrado em face da loja de eletrônicos na casa de um
dos comparsas, haja vista o depoimento da testemunha que se coaduna com a atividade
de comercialização dos aparelhos de TV.

De acordo com a história narrada, vamos então poder representar pela prisão
temporária dos investigados, bem como pela busca domiciliar, requerendo a expedição

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do mandado de busca cumulado com a prisão, na mesma ordem judicial, uma vez que
é provável encontrar além dos objetos, os investigados no local da busca.

Vamos à peça

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO da _____ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE JARDIM.

Ref. Inquérito policial n°___

A Polícia Civil do estado do ____________, por meio do seu Delegado de Polícia, ao


final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros
dispositivos, pelo art. 240, § 1°, alíneas “a”, “d” e “e”; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
bem assim pela Lei n°. 7.960/89, (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia
civil do estado para o qual está prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a
presença de Vossa Excelência, representar pela expedição de mandado de busca
domiciliar e de prisão temporária, a ser efetuado no endereço citado no pedido desta e
em face de B, C e D, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Narram os autos, que na noite do dia 22, por volta de 23:00, três indivíduos adentraram
a loja de eletrônicos VIP SHOP, com o intuito de subtrair 12 aparelhos de TV SMARTV,
da marca XX, de propriedade da referida loja, cuja proprietária é a Sr. A.

Durante a fuga, os indivíduos tiveram de efetuar disparos contra a pessoa do vigilante


da loja de modo a assegurar o produto da empreitada criminosa.

Consta ainda depoimento da vítima e do vigilante, por meio do qual foi possível obter
informação da identidade dos três suspeitos, bem como o possível endereço, onde o
produto do roubo pode estar sendo guardado.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

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As investigações da autoridade policial mostram que foram cometidos alguns delitos


pelos três agentes.

A primeira conduta que se verifica é a de roubo, aquele previsto no art. 157, §3°, do
Código Penal, uma vez que eles tiveram de usar de violência (disparo de arma de fogo)
para assegurar o produto do furto, transformando-se assim a conduta em roubo
circunstanciado pelo uso de arma de fogo.

A segunda é a de formação de associação criminosa, pois os três indivíduos associaram-


se com a finalidade específica de cometer crimes, o que condiz com a conduta prevista
no art. 288, do Código Penal.

2.2 Da reserva de jurisdição e da ponderação

A prática delituosa não pode ser acobertada pelo manto dos direitos
constitucionalmente previstos como individuais e fundamentais. Ou seja, não se pode
invocar a inviolabilidade domiciliar, tampouco a liberdade ambulatorial para fins de
salvaguarda da prática delituosa.

Assim, as medidas a serem requeridas no bojo desta representação são medidas


reservadas à atividade jurisdicional, e por isso são medidas que afetam diretamente
um direito fundamental dos investigados.

No entanto, não se tolera num estado democrático de direito a prática de crimes e ao


mesmo tempo a proteção constitucional eventualmente invocada.

2.3 Do cabimento

As medidas pleiteadas nessa representação são plenamente cabíveis. Vejamos.

Quanto à busca domiciliar, verifica-se cabível, pois há fortes indícios de que no endereço
a ser violado, em caso de deferimento, estão sendo guardados os aparelhos de SMARTV
que foram objeto do roubo perpetrado.

Assim, há fortes indícios de que se possam encontrar as TV’s, armas, drogas e até
mesmo os demais componentes da associação criminosa.

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Quanto ao cabimento da prisão temporária dos investigados, mostra-se cabível, pois o


crime de associação criminosa e roubo estão previstos no rol do art. 1°, III, da Lei
7.960/89.

2.4 Dos requisitos Cautelares

Primeiramente, demonstra-se necessária a busca domiciliar uma vez que, no caso sob
investigação, é imperioso para o sucesso do inquérito policial a busca da maior
quantidade de objetos vinculados à prática delituosa, quais sejam armas e drogas, bem
como a recuperação do produto do roubo, uma vez que há fortes indícios de que os
objetos do roubo estejam sendo guardados no endereço constante do pedido.

Portanto, a busca domiciliar e posterior apreensão dos objetos é necessária para a


investigação do crime em apreço.
Quanto à prisão temporária dos investigados B, C e D, mostra-se adequada, bem como
preenchidos os requisitos cautelares para o deferimento, pois é imprescindível para o
prosseguimento das investigações em crime de roubo cumulado com associação
criminosa (art. 288, do CP) estando assim preenchidos os requisitos dos incisos I e III,
do art. 1°, da Lei n°. 7.960/89.

3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pela expedição de mandado de busca domiciliar
no endereço Rua Alpha, 12, Belo Monte, Jardim, com a finalidade de apreender objetos
do crime, tais como armas, e também o produto do roubo (TV’s Smartv, marca XX),
bem como subsidiar possível prisão em flagrante dos demais componentes da
associação criminosa.

Representa também pela prisão temporária dos investigados A, B e C, pelo prazo de


5(cinco) dias, caso não sejam presos em flagrante em eventual diligência de busca
domiciliar, nos termos da Lei 7.960/89.

Requer-se ainda a oitiva do ilustre membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

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Local, data.

Delegado de Polícia
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Questão 3 (VINÍCIUS SILVA) No dia 13 de abril de 2014, a divisão de homicídios foi


acionada para uma ocorrência na rua Padre Pio XII, Bom Jardim, Fortaleza, ocasião em
que chegando ao local, foi possível verificar o óbito de Francisco da Silva, trabalhador
da construção civil, que passava pelo local quando retornava para casa depois de um
dia de trabalho.

A Polícia Civil instaurou inquérito policial sob o n° 415/2014 a fim de apurar as possíveis
infrações penais que estavam ocorrendo no mesmo local, sob as mesmas condições e
modus operandi.

A autoridade policial passou a ouvir testemunhas dos crimes e, no dia 20 de abril de


2014 ouviu uma testemunha ocular do crime que vitimou Francisco da Silva. A
testemunha mencionou que na ocasião o autor do crime anunciou o assalto e a vítima
esboçou reação, momento em que o agente delituoso disparou duas vezes um revólver
que portava no momento do crime.
Ficou constatado ainda, através de depoimento da mãe do suspeito, que ele é viciado
em drogas e costumava praticar pequenos furtos e roubos para “sustentar o vício”.

Assim, o delegado de polícia indiciou o então suspeito, de nome Gustavo Barbosa de


Lima. Ainda não foi possível ouvir o indiciado, pois ele não possui residência fixa,
tampouco foi possível identificar se ele possui trabalho fixo.

Pelo que consta nos autos ele está foragido e não foi possível localizá-lo.

A equipe operacional desta delegacia empreendeu diligências e foi possível constatar


uma intensa movimentação de pessoas no endereço constante à rua Amâncio Bezerra,
42, Bom Jardim, Fortaleza, CE.

Os policiais não identificaram ainda o indiciado no local, no entanto, foi possível verificar
sempre nos mesmos horários as mesmas pessoas entrando e saindo da residência. A
mãe do suspeito, a esposa e os filhos são os que mais entram no local.

Todas essas informações constam do relatório da equipe de diligências dessa delegacia.

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Assim, diante dos fatos até então apresentados, represente pela medida cautelar
cabível ao caso para a continuidade das diligências investigativas. Não crie fatos novos.

Resposta e comentário:

A questão acima retrata uma típica situação em que o delegado de polícia precisa
representar pela prisão do indiciado, que se encontra foragido, e sua prisão é
fundamental para o deslinde das investigações, uma vez que ele não possui endereço
fixo, tampouco trabalho fixo.

Assim, vamos representar pela temporária do indiciado, pois já temos fortes indícios de
que seja ele o autor dos reiterados delitos, inclusive já houve o formal indiciamento
dele.

O crime cometido foi o de latrocínio, pois ele tinha a intenção de roubar e depois mudou
seu animus para o necandi, haja vista a reação da vítima.

Logo, temos crime de latrocínio, portanto, vamos representar pela prisão temporária
do indiciado, assim como pela busca domiciliar no endereço apresentado, uma vez que
será possível encontrar objetos ligados ao crime, armas e demais elementos que
possibilitem uma melhor elucidação dos delitos pretéritos.

Quanto à busca, é possível concluir que ela se fará necessária para prender o criminoso,
assim como para recuperar objetos ligados ao crime e eventuais armas que foram
utilizadas nas empreitadas criminosas.

Assim, além da prisão, a busca será necessária também, pois vários são os elementos
que poderão ajudar a elucidar os delitos, que podem ser encontrados mediante a busca.

Vamos endereçar a peça ao juiz de direito, uma vez que o crime de latrocínio é um
crime contra o patrimônio, logo não é de competência do Tribunal do Júri.

Vamos à peça:

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO da _____ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE FORTALEZA - CE.

Ref. Inquérito policial n° 415/2014

A Polícia Civil do estado do Ceará, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos,
pelo art. 240, § 1°, alíneas “a”, “b” “d”, “e” e “h”; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013,
bem assim pela Lei n°. 7.960/89, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa
Excelência, representar pela expedição de mandado de busca domiciliar e de prisão
temporária, a ser efetuado no endereço citado no pedido desta e em face de Gustavo
Barbosa de Lima, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Narram os autos, que nas imediações da rua Padre Pio XII, sempre estão ocorrendo
crimes de latrocínio e de roubo. Nas ocasiões as vítimas são abordas a pé e seus bens
são subtraídos mediante violência, ocorrendo em algumas oportunidades a morte das
vítimas que, eventualmente, reagem à ação delituosa.

Foi ouvida testemunha ocular de um crime de Latrocínio, que vitimou o Sr. Francisco
da Silva, já qualificado nos autos, ocasião em que as declarações e depoimentos
juntados aos autos demonstram que reconhecem a pessoa do indiciado como o autor
dos delitos.

Diante disso, o representando foi indiciado e desde então procura-se ele para realização
de interrogatório em sede policial, bem como para que possam ser prestados os devidos
esclarecimentos.

O indiciado não possui residência, tampouco trabalho fixos, e não se sabe de seu
paradeiro.

O relatório da equipe operacional desta delegacia mostra que no endereço a ser citado
no pedido desta há uma intensa movimentação de pessoas próximas ao indiciado.

2. Dos fundamentos jurídicos

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2.1 Da Prática delituosa

As investigações da autoridade policial demonstram que ocorreu o crime de latrocínio,


cometido pelo indiciado, que também é suspeito de cometer crimes de roubo na mesma
região.

Ademais, no despacho de indiciamento consta incursão do representando na conduta


delituosa de latrocínio.
.
2.2 Da reserva de jurisdição e da ponderação

A prática delituosa não pode ser acobertada pelo manto dos direitos
constitucionalmente previstos como individuais e fundamentais. Ou seja, não se pode
invocar a inviolabilidade domiciliar, tampouco a liberdade ambulatorial para fins de
salvaguarda da prática delituosa.

Assim, as medidas a serem requeridas no bojo desta representação são medidas


reservadas à atividade jurisdicional, e por isso são medidas que afetam diretamente
um direito fundamental dos investigados.

No entanto, não se tolera num estado democrático de direito a prática de crimes e ao


mesmo tempo a proteção constitucional eventualmente invocada.
2.3 Do cabimento

As medidas pleiteadas nessa representação são plenamente cabíveis. Vejamos.


Quanto à busca domiciliar, verifica-se cabível, pois há fortes indícios de que no endereço
a ser violado, em caso de deferimento, estão sendo guardados objetos dos delitos, bem
como há fortes possibilidades de ser encontrado o indiciado.

Quanto ao cabimento da prisão temporária do indiciado, mostra-se cabível, pois o crime


de latrocínio e o de roubo estão previstos no rol do art. 1°, III, da Lei 7.960/89.
2.4 Dos requisitos Cautelares

Primeiramente, demonstra-se necessária a busca domiciliar uma vez que, no caso sob
investigação, é imperioso para o sucesso do inquérito policial a busca da maior
quantidade de objetos vinculados à prática delituosa, quais sejam armas utilizadas nos
crimes, bem como a recuperação dos produtos dos roubos e latrocínios, uma vez que

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há fortes indícios de que os objetos do roubo estejam sendo guardados no endereço


constante do pedido, pois é lá que provavelmente esconde-se o indiciado.

Portanto, a busca domiciliar e posterior apreensão dos objetos é necessária para a


investigação do crime em apreço.

Quanto à prisão temporária do investigado, mostra-se adequada, bem como


preenchidos os requisitos cautelares para o deferimento, pois é imprescindível para o
prosseguimento das investigações nos crimes acima, bem assim podemos afirmar que
o investigado não possui endereço e trabalho fixos, estando assim preenchidos os
requisitos dos incisos I, II e III, do art. 1°, da Lei n°. 7.960/89.

3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos,


representa, essa autoridade policial, pela expedição de mandado de busca domiciliar
no endereço Rua Amâncio Bezerra, 42, Bom Jardim, Fortaleza, CE, com a finalidade de
apreender objetos do crime, bem como subsidiar possível cumprimento do mandado de
prisão do representando.

Representa também pela prisão temporária do investigado, pelo prazo de 30(trinta)


dias, nos termos das Leis 7.960/89 e 8.072/90.

Requer-se ainda a oitiva do ilustre membro do Ministério Público, bem como o


deferimento da medida sem a oitiva da parte contrária.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

Por hoje é só, espero que tenham gostado da aula 03, onde você continua comprovando
que valeu a pena investir nesse curso, cujo material completo contempla
aproximadamente 35 (trinta e cinco) questões comentadas de peças práticas, focadas
no concurso de Delegado de Polícia do Espírito Santo.

Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital 48


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Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva
Aula 04 - Prof. Vinícius Silva.

Abraços.

Bons Estudos.

Prof. Vinícius Silva.

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