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Rafael Bizarria
Sou advogado e pós-graduando em Direito Penal Econômico pela
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG).
Durante meu período de graduação tive a oportunidade de atuar junto ao
Ministério Público do Estado de São Paulo e junto ao Ministério Público Federal,
podendo conhecer a rotina destas instituições e aprendendo a atuação prática
do Parquet no processo penal pátrio, notadamente com a função de Estado-
acusador.
Na advocacia, atuo em áreas correlatas a crimes empresariais e
econômicos, sobretudo naqueles crimes expostos em legislações extravagantes,
tais como os crimes tributários.
Além disso, divido meu tempo atuando juntamente à Ordem dos
Advogados do Brasil na Seccional do Estado de São Paulo por meio de suas
comissões, notadamente na Comissão do Jovem Advogado da 85ª Subseção,
sempre buscando atualização profissional e dignificação da classe.
No campo acadêmico, sou autor de artigos jurídicos e palestrante,
especificamente nas áreas de penal, processo penal e direitos fundamentais.
Já estando devidamente apresentado a você, vamos ao curso. Espero que
tenha um bom aproveitamento com o material disponibilizado, e lembre-se: em
caso de dúvida, entre em contato comigo no fórum de dúvidas ou pelas minhas
redes sociais.
AULA CONTEÚDO
00 Inquérito Policial: natureza, início e dinâmica
09 Da execução
Bons estudos!
Sumário
2 Natureza ........................................................................................ 9
3 Finalidade .................................................................................... 10
4 Características ............................................................................. 11
5 Fundamento ................................................................................. 17
6 Titularidade .................................................................................. 18
7 Grau de cognição.......................................................................... 19
13 Indiciamento ............................................................................. 37
conduzidas pela
conjunto de
autoridade
diligências
policial
Inquérito
Policial
obtenção de
elementos -
AUTORIA
Procedimento visando
Administrativo comprovanção
materialide das
INFRAÇÕES
penais
titular da ação
para ingressar
penal (MP ou
em juízo
ofendido)
No dia a dia, o inquérito é designado pela sigla IP, no âmbito das Polícias
Civis, e IPL, quando se refere ao procedimento de atribuição da Polícia Federal.
2 Natureza
A natureza do IP/IPL é de procedimento administrativo, composto
por uma sequência de atos, que se iniciam com sua instauração e vão até sua
conclusão, formalizada em um relatório da autoridade policial.
A natureza de procedimento foi reafirmada pela Lei n.º 12.830/2013,
consoante se observa de seu art. 1º, § 4º.
O inquérito policial tem caráter preliminar, preparatório da ação penal.
Trata-se de peça informativa, pré-processual, destinada a subsidiar o
oferecimento da denúncia pelo Ministério Público – nos crimes sujeitos a ação
penal pública - ou ao exercício do direito de queixa pelo ofendido - nos crimes
de ação penal privada.
Observe que não se trata de um processo administrativo, mas, sim,
de procedimento inquisitorial, razão pela qual não se aplica a ele plenamente
o princípio do contraditório e da ampla defesa.
IP ou IPL
é processo administrativo
é obrigatória assistência de
advogado
3 Finalidade
Como já dito anteriormente, o inquérito policial destina-se à obtenção de
elementos que apontem a autoria e comprovem a materialidade das infrações
4 Características
Se deverá acompanhar a
IP / IPL instaurado peça inicial
ADMINISTRATIVO
INQUISITIVO
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO
OFICIAL
OFICIOSO
ESCRITO
POLICIAL
INDISPONÍVEL
DISPENSÁVEL
SIGILOSO
DISCRICIONÁRIO
TEMPORÁRIO
5 Fundamento
No Código de Processo Penal, o inquérito policial está disciplinado no
Título II, o qual abrange do art. 4º ao art. 23.
Contudo, em um Estado Constitucional Democrático de Direito, todas as
normas que compõem o ordenamento jurídico buscam sua fonte de
validade na Constituição Federal, a Lei Maior. É, portanto, em torno da
Constituição Federal que gira todo o ordenamento jurídico, ocupando essa a
posição central e fundamentadora do todo.
DIREITO
CIVIL
DIREITO DIREITO
PRC. CIVIL ELEITORAL
DIREITO
DIREITO CONSTITUIÇÃO
PROC.
AMBIENTAL FEDERAL
PENAL
DIREITO DIREITO
TRIBUTÁRIO PENAL
OUTROS
RAMOS DO
DIREITO
6 Titularidade
Segundo Mirabete: “Polícia, instrumento da Administração, é uma
instituição de direito público, destinada a manter e a cobrar, junto à sociedade
e na medida dos recursos dos quais dispõem, a paz pública ou a segurança
Lei 12.830/2013
Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica,
essenciais e exclusivas de Estado.
7 Grau de cognição
O grau de cognição do inquérito policial é sumário, ou seja, não visa
estabelecer certeza quanto à autoria da prática delitiva, pois essa só pode ser
alcançada ao final do processo judicial. O inquérito objetiva atingir um certo
grau de probabilidade da autoria delitiva, a fim de subsidiar a propositura da
ação penal.
Por conta da sumariedade do grau de cognição do inquérito policial, não
há um aprofundamento da análise da matéria fático-jurídica, sob o crivo da
ampla defesa e do contraditório, contentando-se, ao final das investigações,
apenas com a probabilidade da prática da infração penal.
8 Valor Probatório
Em razão da não obrigatoriedade da observância dos princípios do
contraditório e da ampla defesa, o inquérito policial não tem valor probatório
amplo, capaz de fundamentar uma sentença condenatória.
A finalidade do inquérito policial é reunir elementos para subsidiar a
formação da opinião do titular da ação penal (Ministério Público ou ofendido),
não podendo, portanto, ingressar no processo judicial como prova capaz de
embasar a condenação, razão pela qual, os elementos informativos,
colhidos durante a fase investigativa, deverão ser reexaminados na fase
judicial.
Neste sentido dispõe o artigo 155, do Código de Processo Penal:
Art. 155.
O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos durante
a investigação, ressalvada as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.
A regra trazida pelo Codex processual é a de que as provas produzidas
em fase de inquérito policial devem ser repetidas durante o processo judicial,
sob pena de serem desconsideradas pelo juiz na formação da sua convicção.
Contudo, existem determinadas provas que não podem ser repetidas em
fase processual por sua natureza e/ou por questões temporais: são as chamadas
provas não repetíveis.
As provas não repetíveis são aquelas que não podem ser realizadas
posteriormente ao momento de seu aparecimento, sob pena de prejuízo quanto
à verdade real dela extraída. O exemplo clássico se dá nos casos de exames
periciais no local do crime. Outra situação hipotética de prova não repetível é
aquela em que um depoimento colhido em fase policial não pode ser repetido
em fase judicial pelo falecimento do depoente.
Por óbvio, a não possibilidade de utilização da supracitada prova
configuraria flagrante teratologia no âmbito do processo penal, lesando o
princípio da verdade real em matéria processual penal, uma vez que a
impossibilidade de repetição da prova não se deu por vontade dos envolvidos e
tampouco por morosidade do Poder Judiciário.
Havendo justa comprovação da impossibilidade de repetição da prova
colhida durante fase inquisitorial, entende-se que não há vedação quanto à sua
utilização para formação do pleito condenatório, pois que o supramencionado
dispositivo já prevê tal exceção. Não há o que se falar, portanto, de lesão ao
contraditório nesta situação.
9 Vícios e irregularidades
Os vícios do inquérito policial não constituem nulidades, mas meras
irregularidades, não acarretando, portanto, nulidades processuais. Assim
sendo, caso ocorra uma irregularidade durante o inquérito policial, esta não
afetará a posterior ação penal.
Esse é o entendimento que tem prevalecido no Superior Tribunal de
Justiça.
[...] 2. No que se refere aos alegados vícios no inquérito policial, a
jurisprudência desta Superior Corte de Justiça já se firmou no sentido
de que eventuais irregularidades ocorridas na fase inquisitorial não
possuem o condão de macular todo o processo criminal. 3. Ademais,
as mencionadas nulidades ocorridas no inquérito não passam de
meras imperfeições, sequer comprovadas nos autos e, portanto,
inaptas para anular as provas colhidas na fase inquisitorial,
especialmente quando não demonstrada a ocorrência de qualquer
prejuízo. [...] 5. Ordem parcialmente conhecida e, nesta extensão,
denegada.
(STJ - HC: 216201 PR 2011/0195868-3, Relator: Ministra ALDERITA
RAMOS DE OLIVEIRA - DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE,
Data de Julgamento: 02/08/2012, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 13/08/2012).
10 Formas de Instauração
As formas de instauração do inquérito policial variam conforme a
modalidade de ação penal às quais as infrações penais, em tese praticadas, se
sujeitam. Havendo formas diferentes para instauração do IP/IPL para apurar
crimes de ação penal pública incondicionada, ação penal pública condicionada e
ação penal privada.
a) De ofício;
b) Por requisição da autoridade judiciária;
c) Por requisição do Ministério Público;
d) Por requerimento da vítima ou de seu representante legal;
De ofício
Em observância ao princípio da obrigatoriedade, que incide também na
fase investigatória, a autoridade policial, durante suas atividades rotineiras, ao
tomar conhecimento da prática de uma infração penal (por qualquer meio
idôneo: reportagem jornalística, registro de ocorrência, etc.), deverá instaurar
o inquérito policial de ofício, sem a necessidade de provocação, nos termos
do art. 5º, inc. I, do CPP.
Nessa hipótese, a autoridade policial dará início ao inquérito por meio de
portaria, onde constará a síntese do fato e as diligências a serem empreendidas.
REQUERIMENTO
Ação penal privada
do ofendido
12 Procedimentos investigativos
Os artigos 6º e 7º do Código de Processo Penal trazem um rol
exemplificativo de diligências a serem adotadas pela autoridade policial.
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a
autoridade policial deverá:
13 Indiciamento
O indiciamento é o ato privativo da autoridade policial (Delegado
de Polícia), por meio do qual atribui a alguém a condição de possível autor
ou partícipe de uma infração penal
14 Garantias do indiciado
Há diversos princípios constitucionais que têm aplicação direta no Direito
Processual Penal, os quais serão trabalhados ao longo do curso. Vimos que
durante a fase pré-processual, em razão do caráter inquisitivo do inquérito
policial, não há aplicação dos princípios do contraditório e da ampla
defesa. Contudo, há princípios e garantias que incidem diretamente na fase de
investigação.
Presunção de inocência
Nos termos do art. 5º, LVII, da Constituição Federal, ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Trata-se do princípio da presunção de inocência (ou presunção de não-
culpa, como preferem alguns). Tal princípio deve ser observado também na fase
de investigação criminal.
Este princípio confere verdadeira regra de tratamento ao investigado,
conforme explica Aury Lopes Junior. Esta regra de tratamento possui três
CF
Art. 5º (...) LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado;
Incomunicabilidade do preso.
Segundo o art. 21 do CPP, a incomunicabilidade do indiciado dependerá
sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da
sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. Este artigo não foi
recepcionado pela Constituição Federal de 1988, não havendo,
portanto, possibilidade de incomunicabilidade do preso no atual
ordenamento jurídico brasileiro. Assim sendo, é uma garantia do indiciado
que ele não será mantido incomunicável.
A incomunicabilidade do preso não é admitida nem mesmo durante o estado
de defesa, conforme expressa o art. 136, § 3º, inc. IV, da Constituição Federal.
Interesse público
Avocação ou
redistribuição de Despacho fundamentado
inquérito
Procedimento previsto
em Regulamento
16 Conclusão e prazos
16.1 Relatório
Concluídas as investigações, a autoridade policial deve fazer um
minucioso relatório acerca do que foi apurado no inquérito policial, enviando-o,
em seguida ao juiz competente, conforme estabelece o art. 10, § 1º, do CPP.
Art. 10
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado
e enviará autos ao juiz competente.
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não
tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser
encontradas.
R Peça
E
L
A
Elaborada pela autoridade
T
policial
Ó
R
I
Conteúdo descritivo
O
Oferecer a denúncia
Providências do
Requerer o arquivamento
Minisério Público
16.3 Prazos
Contagem dos prazos
Tem-se entendido que a contagem do prazo para conclusão do inquérito
policial seguirá regras diferentes, caso se trate de indiciado preso ou solto.
Quando o indiciado estiver solto, o prazo é processual, seguindo a
regra do artigo 798, § 1º, do CPP, em que não se computa o dia do começo,
incluindo-se o do vencimento.
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia
feriado.
§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se,
porém, o do vencimento.
Lei 5.010/66
A Lei 5.010/66 organiza a Justiça Federal em primeira instância. Em seu
art. 66 a referida lei dispõe acerca do prazo de tramitação do inquérito policial.
Lei 5.010/66
Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze
dias, quando o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por
mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da
autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento
do processo.
Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão
do inquérito, a autoridade policial deverá apresentar o preso ao Juiz.
Indiciado preso
10 dias improrrogáveis
Just. Estadual
Indiciado preso
15 dias + 15 dias
Just. Federal
Indiciado solto
30 dias prorrogáveis
JF/JE
Lei 11.343/06
Os crimes previstos na Lei de Drogas (Lei 11.343/06) tem tratamento
diferenciado no que se refere ao prazo para conclusão dos inquéritos policiais,
conforme expressamente declarado no art. 51.
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta)
dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando
solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser
duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido
justificado da autoridade de polícia judiciária.
Investigado + 30 dias
preso 30 dias
Lei 1521/51
Dispõe a Lei 1.521/51 (Lei de Crimes Contra a Economia Popular), em
seu art. 10, § 1º:
indiciado 10 indiciado
preso dias solto
Crimes Militares
O inquérito policial militar tem prazo específico para ser concluído, de
acordo com o Código de Processo Penal Militar, sendo de 20 dias, caso preso
o investigado, e 40 dias, prorrogáveis por mais 20, se solto (art. 20 do
Decreto-lei 1.002/1969).
Crimes Federais
Indic. preso: 15d
Indiciado solto: 30d
Legislação Especial
Crimes contra econ.
popular
Indic. preso: 10d
conclusão do
Prazos de
Crimes Militares
Indic. preso: 20d
Indic. solto: 40d
Pedido de arquivamento do
IP/IPL
PG designa outro
PG oferece órgão do MP para PG insiste na
denúncia oferecer a promoção de
denúncia arquivamento
Juiz é obrigado a
arquivar o
inquérito
Arquivamento Implícito
O arquivamento implícito ocorre quando o Ministério Público não
inclui na denúncia um indiciado, ou tratando-se de mais de um crime,
não inclui todos eles. A exemplo de praticado por três indivíduos, sendo a
denúncia oferecida apenas em face de dois deles; ou na hipótese da denúncia
oferecida em face de três indivíduos, que, em concurso de agentes, teriam
praticado, em tese, dois crimes distintos, mas o Ministério Público, na
denúncia, imputa-lhes a prática de somente um crime.
Assim, o arquivamento implícito classifica-se em: objetivo (quando
a omissão se dá com relação às infrações praticadas) ou subjetivo (quando a
omissão se dá com relação aos acusados).
A doutrina e jurisprudência não têm admitido o arquivamento
implícito, uma vez que a denúncia pode ser aditada, em observância ao
princípio da indisponibilidade, após tomadas as providências do art. 28 do CPP.
Mesmo que não haja o aditamento da denúncia, não há impedimento para que
o indiciado seja denunciado posteriormente, dando início a um novo processo.
O arquivamento indireto
Segundo doutrina, arquivamento indireto é na verdade uma forma de o
membro do Ministério Público suscitar a incompetência do juízo. Ocorre
quando o Ministério Público deixa de oferecer a denúncia por entender que o
juízo é incompetente. Nesta hipótese, não pode o magistrado, se entender ser
competente, obrigar o MP a oferecer a denúncia, em razão da independência
funcional do membro do Ministério Público, devendo, portanto, aplicar, por
analogia, o Art. 28 do CPP.
REGRA IRRECORRÍVEL
Arquivamento
do IP/IPL Crimes contra a economia
popular
EXCEÇÕES
Contravenções penais (jogo
do bicho e corrida de
cavalo)
Inexistência de prova
da materialidade
Possibilidade
coisa julgada formal
Inexistência de
indícios da
Arquivamento de autoria/participação
inquérito policial por
ausência de justa
causa Prova da não
existência do fato
Impossibilidade
coisa julgada
material
Prova da não
autoria/participação
c) Atipicidade da conduta
Se o inquérito for arquivado por entender o Ministério Público que a
conduta é atípica, não poderá ser desarquivado, mesmo que surjam novas
provas, fazendo a decisão de arquivamento coisa julgada material.
"Não se revela cabível a reabertura das investigações penais, quando
o arquivamento do respectivo inquérito policial tenha sido
determinado por magistrado competente, a pedido do Ministério
Público, em virtude da atipicidade penal do fato sob apuração,
hipótese em que a decisão judicial - porque definitiva - revestir-se-á
de eficácia preclusiva e obstativa de ulterior instauração da
'persecutio criminis', mesmo que a peça acusatória busque apoiar-se
em novos elementos probatórios. Inaplicabilidade, em tal situação,
do art. 18 do CPP e da Súmula 524/STF. Doutrina. Precedentes."
(SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, HC 84156, Relator Ministro Celso de
Mello, Segunda Turma, julgamento em 26.10.2004, DJ de 11.2.2005)
d) Excludente de ilicitude
Se o arquivamento do inquérito for baseado na presença de causa
excludente da ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, exercício
regular de direito, estrito cumprimento do dever legal), há divergência entre
o STF e o STJ acerca da possibilidade de desarquivamento dos autos, caso
surjam novas provas.
STF
Entende que se o inquérito for arquivado com fundamento em uma
excludente de ilicitude, se surgirem provas no sentido de que a excludente não
existiu, é possível o desarquivamento dos autos, não fazendo, portanto, do
despacho de arquivamento coisa julgada material.
(...) 1. A decisão que determina o arquivamento de inquérito policial,
a pedido do Ministério Público e determinada por juiz competente,
que reconhece que o fato apurado está coberto por excludente de
ilicitude, não afasta a ocorrência de crime quando surgirem novas
provas, suficientes para justificar o desarquivamento do inquérito,
como autoriza a Súmula 524 deste Supremo Tribunal Federal. 2.
Habeas corpus conhecido e denegado.
(HC 95211, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma,
julgado em 10/03/2009, DJe-160 DIVULG 19-08-2011 PUBLIC 22-08-
2011 EMENT VOL-02570-01 PP-00169)
STJ
Entende que se o inquérito foi arquivado com base na presença de uma
excludente de ilicitude, mesmo que surjam novas provas, não poderá ser
desarquivado.
(...) 1. A permissão legal contida no art. 18 do CPP, e pertinente
Súmula 524/STF, de desarquivamento do inquérito pelo surgimento
de provas novas, somente tem incidência quando o fundamento
daquele arquivamento foi a insuficiência probatória – indícios de
autoria e prova do crime. 2. A decisão que faz juízo de mérito do
caso penal, reconhecendo atipia, extinção da punibilidade (por
morte do agente, prescrição…), ou excludentes da ilicitude,
e) Excludente de culpabilidade
Entende a doutrina que o arquivamento do inquérito policial
fundamentado em causa manifesta de excludente da culpabilidade (ex:
coação moral irresistível ou obediência a ordem superior não manifestamente
ilegal, nos termos do art. 22 do CP) impede o desarquivamento dos autos,
mesmo diante de novas provas. Esta é uma posição doutrinária, não havendo
na jurisprudência enfrentamento a esse tema.
f) Extinção da punibilidade
Extinta a punibilidade do agente, nos termos do art. 107 do Código
Penal ou por qualquer outra causa, não será admitido o desarquivamento
do inquérito policial.
Exceção: somente em caso de declaração de extinção de punibilidade em
decorrência da morte do agente (art. 107, I, do CP), embasada em certidão
de óbito falsa, é possível o desarquivamento do inquérito policial.
TRANCAMENTO DO IP/IPL
7. (FCC/DPE-RS/Analista Processual/2017)
No tocante ao inquérito policial relativo à apuração de crime a que se procede
mediante ação penal pública incondicionada, é correto afirmar:
a) É vedada a instauração de inquérito policial de ofício.
b) O ofendido não pode requerer diligência no curso de inquérito policial.
c) A autoridade policial poderá mandar arquivar autos de inquérito.
d) A autoridade policial poderá mandar instaurar inquérito a partir de
comunicação de fato feita por qualquer pessoa, mas deve aguardar a iniciativa
do ofendido ou seu representante legal para que seja instaurado.
e) Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária,
por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas
pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Resolução
a) Errado: quando se tratar de crime a que se procede mediante ação penal
pública incondicionada, o inquérito policial poderá ser instaurado de ofício pelo
delegado de polícia, nos termos do art. 5º, I, do CPP.
b) Errado: nos termos do art. 14 do CPP, o ofendido, ou seu representante legal,
e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não,
a juízo da autoridade.
c) Errado: em razão do caráter indisponível do inquérito, a autoridade policial
não poderá mandar arquivar autos, nos termos do art. 17 do CPP.
d) Errado: a autoridade policial poderá instaurar o inquérito a partir de
comunicação de fato feita por qualquer pessoa, nos termos do art. 5º, § 3º, do
CPP, contudo não se faz necessário aguardar a iniciativa do ofendido ou seu
representante legal, porquanto se trata de crime sujeito a ação penal pública
incondicionada, devendo atuar de ofício, com base no inc. I do art. 5º.
e) Certo: conforme disposição expressa no art. 18 do CPP.
Gabarito 7: E
9. (FCC/PC-AP/Agente de Polícia/2017)
Incumbe à autoridade policial:
a) presidir a instrução processual penal.
b) realizar as diligências requisitadas pelo Ministério Público.
c) citar e intimar o réu e as testemunhas.
d) promover a ação penal pública.
e) decretar a prisão preventiva.
Resolução
a) Errado: a presidência da instrução processual penal é competência do juiz
competente, não do delegado de polícia.
b) Certo: a alternativa espelha o contido no art. 13, II, do CPP
Gabarito 23: B
24. (FCC/TJ-AP/Juiz/2014)
Em relação ao exercício do direito de defesa no inquérito policial, a autoridade
policial poderá negar ao defensor, no interesse do representado, ter acesso aos
a) elementos de prova cobertos pelo sigilo.
III. Errado: o inquérito policial tem caráter sigiloso, conforme dispõe o art. 20
do CPP: “a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação
do fato ou exigido pelo interesse da sociedade”.
II. A autoridade policial poderá mandar arquivar o inquérito policial se, pelos
elementos de prova colhidos, ficar evidenciada a inocorrência de qualquer
delito.
III. Nos crimes de ação pública, o inquérito policial poderá ser iniciado de ofício.
50. (FCC/METRÔ-SP/Advogado/2010)
O inquérito policial:
a) nos crimes em que a ação pública depender de representação, poderá ser
sem ela ser instaurado, pois o ofendido poderá oferecê-la em juízo.
b) poderá ser arquivado pela autoridade policial, quando, no curso das
investigações, ficar demonstrada a inexistência de crime.
c) somente poderá ser instaurado, nos crimes de ação penal privada, a
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
d) poderá ser instaurado, nos crimes de ação pública, somente mediante
requerimento escrito do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-
lo.
7. (FCC/DPE-RS/Analista Processual/2017)
No tocante ao inquérito policial relativo à apuração de crime a que se procede
mediante ação penal pública incondicionada, é correto afirmar:
a) É vedada a instauração de inquérito policial de ofício.
9. (FCC/PC-AP/Agente de Polícia/2017)
Incumbe à autoridade policial:
a) presidir a instrução processual penal.
b) realizar as diligências requisitadas pelo Ministério Público.
c) citar e intimar o réu e as testemunhas.
d) promover a ação penal pública.
e) decretar a prisão preventiva.
23. (FCC/TJ-CE/Juiz/2014)
O inquérito policial
a) é imprescindível para a propositura da ação penal, mas não pode subsidiar
com exclusividade a prolação de sentença condenatória.
b) não pode ser retomado, se anteriormente arquivado por decisão judicial que
reconheceu a atipicidade do fato, a requerimento do Promotor de Justiça, ainda
que obtidas provas novas.
c) deve terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado estiver preso, prazo
que, se excedido, levará a constrangimento ilegal sanável pela via do habeas
corpus, com prejuízo de prosseguimento do procedimento.
d) pode ser instaurado de ofício para apuração de crime de ação penal pública
condicionada.
e) não pode ser objeto de trancamento pela autoridade judiciária.
24. (FCC/TJ-AP/Juiz/2014)
33. (FCC/TJ-PE/Juiz/2013)
Em relação ao inquérito policial, é Correto afirmar que
a) uma vez relatado o inquérito policial, não poderá ser devolvido à autoridade
policial, a requerimento do Ministério Público.
b) o sigilo total do inquérito policial pode ser oposto ao indiciado, de acordo
com entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal.
c) depois de ordenado seu arquivamento pela autoridade judiciária, por falta
de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas
pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
d) nos crimes de ação penal privada, a autoridade policial pode iniciar o
inquérito policial mediante notícia de crime formulada por qualquer do povo.
e) a autoridade policial poderá mandar arquivar autos de inquérito, quando se
convencer acerca da atipicidade da conduta investigada.
II. A autoridade policial poderá mandar arquivar o inquérito policial se, pelos
elementos de prova colhidos, ficar evidenciada a inocorrência de qualquer
delito.
III. Nos crimes de ação pública, o inquérito policial poderá ser iniciado de ofício.
50. (FCC/METRÔ-SP/Advogado/2010)
O inquérito policial:
a) nos crimes em que a ação pública depender de representação, poderá ser
sem ela ser instaurado, pois o ofendido poderá oferecê-la em juízo.